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1. Voc podia ao menos ter dito alguma coisa Achava que eu ficaria feliz s porque acaba de ganhar uma bolsa de estudos para uma escola supercara e aristocr tica Acha que eu ficaria feliz ao saber que vai viver t o longe de mim Afinal eu te amo Tove Eu te amo N o entende Eu gostaria que ficasse aqui comigo Ser assim t o dif cil entender uma coisa simples Eu nunca vi uma atitude t o ego sta E as assinaturas Voc falsificou a minha assinatura Tove levanta os olhos para a m e mas logo desvia o olhar para a carta em cima da mesa Dobra a carta calmamente Guarda a no envelope e coloca tudo novamente dentro do livro antes de se levantar Achei que ia ficar feliz por me ver feliz diz Tove com determina o na voz sem se mostrar triste Devia ter ficado Sabe o que significa estudar nessa escola O quanto custa Quais os contatos que se conseguem fazer l Ah sim eu falsifiquei a sua assinatura na solicita o J sabia que ia ficar zangada ainda que mais tarde talvez mudasse de opini o e se arrependesse desse seu maldito comportamento Isso crime Tove Sabe disso O seu pai sabia disso Est doida m e Claro que n o Ele n o sabia de nada Nem sabe ainda Era preciso apenas uma assinatura al m da minha E eu tamb m n o queria pedir para ele assinar Ele iria logo falar com voc E se desse certo se recebesse a bolsa eu queria contar para voc em primeiro lugar Malin respi
2. Confesse tudo sobre a tal Frente Libert ria Econ mica insiste Johan S o muitos aqueles que v o estar do seu lado O povo odeia os bancos essa a verdade E muitos acham de fato que a gan ncia das institui es se volta contra eles pr prios Ludvigsson sorri para eles um sorriso confidencial Portanto se voc contar tudo se voc confessar as suas ideias v o ter uma repercuss o enorme em todos os meios de comunica o Vai se tornar um m rtir mas isso s acontecer se resolver falar conosco Eo seu pai diz Zeke Ele foi demitido Sim E agora n o vai conseguir arranjar outro emprego Isso porque os bancos emprestaram uma quantia enorme para um especulador um especulador capitalista segundo os termos financeiros S o esses como a Falkengren que neste pa s destroem vidas como a do meu pai E s o muitas as vidas destru das Mas os bancos e os seus lacaios viram a cara e seguem em frente Essa tal de Falkengren ganhou vinte milh es no ano passado enquanto o meu pai era atirado para a rua da amargura s porque o banco financiou demais a empresa onde ele trabalhava Isso m rbido Completamente m rbido Temos de parar com isso Ap s as suas ltimas palavras Ludvigsson levanta as sobrancelhas Depois fecha os olhos e finge dormir Ent o fale mais seu assassino de crian as est ouvindo Zeke levanta se da cadeira D alguns passos para a frente pega diversos dre
3. N o acha que ele deve estar cansado Com os seus h bitos espanh is Ele contou que habitualmente ceava com a vov s dez horas da noite Talvez ele queira ficar em paz Acho que n o diz Tove Acho que voc que quer ficar em paz Fui descoberta pensa Malin A dona da verdade A garota amadureceu prematuramente Para onde a vida vai lev la Tove Eu telefono diz Malin E uma hora mais tarde os tr s est o sentados mesa da cozinha do apartamento de Malin comendo um espaguete bolonhesa com parmes o ralado dos mais baratos n o do tipo maturado A sensa o era de que estava tudo bem os tr s juntos conversando sobre assuntos sem a menor import ncia Quando o pai pergunta a respeito do caso se j chegaram a alguma conclus o a respeito do atentado a bomba contra o banco Malin conta sobre as v rias investiga es feitas e explica que no atual est gio eles n o podem excluir nenhuma das linhas de investiga o ou qualquer outra possibilidade apesar de haver uma organiza o que j assumiu a responsabilidade sobre o ato O povo come a a falar diz o pai E Tove confirma Todo o mundo est com medo diz ela Com medo de que estoure uma nova bomba Como eles disseram que iria acontecer no YouTube Todos viram o v deo M e acha que vai acontecer novamente Malin baixa os seus talheres Sente que iria fazer muit ssimo bem beber um copo de vinho tint
4. Na mesma hora todas as semanas pergunta B rje Sim responde Jeremy Lundin Nada de estranho nisso Eu conhe o a fama que ele tem mas nunca foi condenado e as empresas dele est o em ordem Para n s ele um cliente como outro qualquer Ser que est mentindo reflete Waldemar Duvido Para ele Stensson um cliente normal cujo anonimato deve ser defendido a qualquer pre o e em quaisquer circunst ncias Porque assim que defendem o banco e os lucros Em tempo h bil n s vamos requisitar todos os dados sobre as transa es de Stensson no banco Pode estar certo diz Waldemar Jeremy Lundin sorri Fa a isso responde Mais uma coisa o que voc sabe sobre a Frente Libert ria Econ mica Nada diz Jeremy Lundin enquanto uma madeixa de cabelo cai sobre a sua testa 16 J eram quase quatro horas quando Malin e Zeke estacionaram em frente do complexo industrial a que o grupo de motoqueiros Dickheads chama de sede Chegaram nuvens baixas do sul e o c u limpo de maio ficou contaminado de nuvens cinza que parecem espremer a fortaleza do grupo contra o solo J garvallen o nome do lugar Uma zona industrial pequena e sonolenta a alguns quil metros de Ryd Oficinas fechadas um canil hotel muito popular diante de um peda o de floresta e ent o o conjunto de constru es do grupo Dickheads rodeadas por um muro e com c meras de seguran a por cima de dois port e
5. Se eles forem tecnicamente competentes interfere Johan pode ser que j estejam cem passos nossa frente Pode at ser imposs vel conseguir apanh los Quantos poder o ser pergunta Zeke Imposs vel dizer responde Sven que em seguida abre o site no seu computador A p gina inicial foi modificada No topo vem agora um v deo ligado ao YouTube Sven clica no v deo e inicia o filme Um homem vestido com uma capa negra jeans escuro e uma m scara negra apresenta se diante de uma constru o parecida com um armaz m com um papel na m o Ao que parece a m o pertence a um homem de pele branca Igualzinho a um v deo da Al Qaeda comenta Karim Um desses em que eles cortam a cabe a de qualquer ocidental que aprisionaram Merda diz Zeke enquanto Waldemar explode Esse safado n s vamos peg lo Malin acha que demora uma eternidade antes de o homem come ar a ler o papel diante da c mera Numa voz clara mas ainda assim meio rouca Sem sotaque Adotada aparentemente para que n o seja reconhecida Povo sueco diz o homem evitem os bancos Voc s jamais v o saber quando acontecer a pr xima sauda o da Frente Libert ria Econ mica Os bancos e outras empresas financeiras assim como os capitalistas da Bolsa de Valores t m que ser punidos e arrasados O grande capital tem que acabar e deixar que nas a um novo tempo com uma nova tica e um novo senti
6. Ainda n o entendo como que eles puderam divulgar para a imprensa o v deo da Esta o Central Eles quiseram demonstrar quem que est frente da investiga o com a batuta na m o diz Sven Sj man E em seguida pergunta E como foi o invent rio no advogado Nem pergunte Sven nem queira saber E ela deixa o e segue para a sua mesa Na realidade sem a m nima ideia do que iria fazer Zeke entrou no carro e foi para casa por volta das nove horas da noite assim que terminou de preencher a papelada Waldemar Ekenberg Johan Jakobsson e B rje Sv rd fizeram o mesmo Malin ficou diante do computador navegando como uma man aca entre os sites dos notici rios a fim de saber o que se dizia a respeito do caso dos avan os do dia de todas as imagin veis e inimagin veis pistas da investiga o No site do jornal Dagens Nyheter de Estocolmo ela achou uma teoria de conspira o absurda a qual dizia que o atentado fora realizado por um comando da Al Qaeda enviado do Afeganist o Um professor maluco de uma universidade escocesa apoiava essa teoria mas era apenas uma especula o A hist ria parecia n o ter qualquer base na realidade N o J se sabia que os militantes islamitas n o tinham nada a ver com a bomba Que era outro primitivo mal que havia entrado em a o nesta primavera e que o motivo para a morte das meninas devia estar ligado a um acontecimento anterior ocorrido na nossa pr pria
7. As minhas costas est o muito bem obrigado Ent o eu vou na frente para preparar as cobertas O pai de Malin colocou Tove com todo o cuidado na cama Deixaram que ela continuasse de jeans e camiseta e depois ficam os dois lado a lado no escuro olhando como ela dormindo se cobre e fica deitada de costas com os bra os estendidos por cima da cabe a Quando as crian as dormem desse jeito sinal de que se sentem seguras diz o pai Ela n o mais uma crian a Voc nunca dormiu assim Malin acrescenta ele Dormia encolhida como um feto Eu costumava achar que a posi o denunciava receio de que o mundo inteiro estivesse atr s de voc de que o mundo queria lhe fazer mal Voc tentou me acalmar enquanto eu dormia O pai faz que sim Todas as noites Eu entrava todas as noites no seu quarto acariciava seu rosto e pedia que os seus sonhos fossem calmos Mas nada ajudava Voc se encolhia como se quisesse se defender Contra o qu papai Vamos conte agora O pai sai do quarto s crian as compreendem e sentem mais do que n s supomos diz ele Malin ouviu suas palavras e tamb m a gua que cai assim que ele abre a torneira da cozinha Eles acham que estou dormindo pensa Tove bom ficar aqui deitada e ouvir a conversa deles Escutar o vov falando de mam e quando ela era pequena Nunca os ouvi falar antes dessa maneira A m e parece n o ficar zangada
8. Atualmente as pessoas parecem capazes de fazer qualquer coisa por suas convic es Significa que n o h qualquer amea a contra os bancos do pa s Pelo menos a amea a tornou se muito menos aguda n o acha Eles podiam muito bem reabrir os bancos mesmo que fosse para diminuir a tens o do momento diz Sven Explodir uma bomba pensa Malin Numa pequena pra a de uma cidade modesta sem grandes pretens es Explodir duas meninas tirando lhes a vida Que esp cie de convic o levou algu m a fazer o que fez N o surgiu nenhuma pista entre as minorias religiosas de Link ping Tamb m n o foi detectada nenhuma interfer ncia de militantes mu ulmanos E a comercializa o de armas entre Dick Stensson e Jonathan Ludvigsson resultou em alguma coisa Nada N o encontramos nenhum sinal de qualquer coisa que pudesse ser ligada ao nosso caso Podemos apreender os computadores dos Dickheads N o no atual est gio das investiga es N o temos nem vest gios de irregularidades Eu considero a situa o da seguinte maneira diz Malin Dick Stensson os Dickheads e Los Rebels n o s o os melhores filhos de Deus e n o hesitariam em matar um concorrente mas ser o assassinos de crian as Ser o terroristas que n o hesitam em detonar uma carga de explosivos no meio de uma cidade normal no meio da popula o Isso me espantaria Em princ pio podemos abandonar essa linha de inv
9. Eu era o seu contato de apoio quando ela voltou para a cidade depois da interna o compuls ria recebida no norte na prov ncia de Norrland Muito antes de ela ter ficado gr vida Assim que Malin ouve as palavras interna o compuls ria lembrou se daquelas sensa es desagrad veis das roupas esfarrapadas da vergonha e repulsiva intimidade que ela vivenciou quando Sven Sj man a mandou para um estabelecimento de reabilita o para alco latras na floresta Mas Depois disso ela conseguiu manter a bebida a dist ncia Mas nada disso foi consequ ncia do tratamento de grupo n o Foi consequ ncia do meu desejo isso sim Ent o voc n o faz a menor ideia de onde n s podemos encontr la pergunta Zeke Ottilia Stenlund balan a a cabe a mas pelo seu olhar Malin tem a impress o de que ela sabe muito bem onde Josefina Marl w se encontra Pronta para pressionar Malin para diante da m o levantada de Ottilia Stenlund que diz J contei muito mais do que devia Tudo bem at aqui mas n o vou mais longe Voc s v o ter de perguntar aos seus colegas de Estocolmo Se Josefina ainda vive eles devem saber por onde ela anda Malin tem que ficar satisfeita com a informa o Zeke balan a ligeiramente a cabe a como se quisesse dizer que j era suficiente Ela nos deu muito mais do que pod amos exigir Por m Malin ainda pergunta E Kurtzon O que voc sabe sobre o pai E sobre a fam l
10. continua Sven Depois darei uma ordem para Aronsson interrogar os que estavam na pra a ou nas proximidades Como eu disse n o houve nenhuma tentativa de roubo antes da explos o Os empregados do banco est o reunidos numa sala estavam calmos quando eu os vi ainda h pouco Nenhum deles parecia estar ferido A for a da explos o parece ter sido dirigida para a parte externa do edif cio Falei rapidamente com o gerente da ag ncia que disse n o ter notado nada de estranho Apenas que de repente escutou um estrondo enorme Aos ouvidos de Malin chega novamente um som Um som fraco mas agudo Ela nem imagina o que possa ser Voc s est o ouvindo esse som pergunta Malin Ser que vem mais uma bomba por a As palavras voam da sua boca Os dois colegas olham para ela preocupados Tentam escutar Eu n o ou o nada diz Zeke Sven balan a a cabe a O som desaparece de novo parece ter sido sugado para dentro de uma sala vazia do hotel Os pombos voltaram Est o bicando os baldes amarelos que escondem os peda os de corpo das meninas O sol tamb m voltou por entre dois pr dios cujos reflexos est o nos vidros espalhados pelo ch o Malin pensa Que for a foi esta que se soltou como se fosse um violento desabrochar de viol ncia Ser um mal em forte processo de germina o E com ramifica es intensas no interior dos seres vivos Ouve se outro sinal Um som alto como se fosse u
11. Mas o velhote dos cachorros quentes na esquina j est no seu posto Aparece curvado sob um guarda sol colorido vermelho amarelo e laranja espera dos esfomeados do meio dia que chegam sempre para forrar o est mago ao custo baixo que ele oferece Dez coroas suecas ou seja cerca de um euro por um cachorro quente A florista tamb m j est a postos para tentar vender as suas tulipas de v rias nuances entre o rosa o amarelo o vermelho e o alaranjado As crian as duas meninas g meas de 6 anos de idade correm na sua frente na subida para o edif cio do banco SEB em dire o do caixa autom tico onde a m e costuma tirar dinheiro para as compras As g meas est o com roupas iguais casaquinho rosa jeans sapatinhos de gin stica com quatro listras vermelhas de cada lado S o duas mas vivem movimentam se e falam como se fossem uma Muitas vezes os estranhos n o conseguem ver nenhuma diferen a entre elas cativados como ficam pela vida a alegria e a beleza que as duas irm s irradiam como se toda a sua exist ncia fosse uma homenagem ao fato de o mundo sua volta existir e de elas duas existirem fazendo parte dele Seus cabelos louros esvoa am ao vento os corpos movimentam se do mesmo jeito entretanto os movimentos s o sacudidos e um pouco indisciplinados testemunho de que ainda h muito por descobrir tanto no seu pr prio corpo como no universo imenso que era o seu naquele momento naquela pra a e naquel
12. Os colegas olham para ela Olhares que revelam terem ficado conscientes de repente do que ela fez antes durante o dia do que ela teve que passar e est vivendo neste momento Preocupa o Compaix o Ela odeia compaix o Mas h tamb m uma d vida Ser que ela vai cair de novo por causa da press o Recome ar a beber N o se preocupem comigo diz Malin antecipando se Afinal precisam de mim aqui n o verdade Johan Jakobsson acena com a cabe a afirmativamente Karim faz o mesmo e diz N s agradecemos que tenha sido voc a falar primeiro das v timas Tudo bem E ent o o que sabemos a respeito delas Nada por enquanto responde Sven Sj man Uma das teorias a de que as crian as s o da mulher que est internada no Hospital da Universidade o HU com ferimentos s rios Parece que eram ela e as crian as que estavam mais pr ximas quando a bomba detonou Que se trata de duas crian as foi o m ximo a que Karin conseguiu chegar Malin faz um sinal de agradecimento pela informa o Ser que as crian as foram o alvo pergunta ainda S o apenas v timas inocentes com toda a certeza considera Sven Por um capricho do destino inexplic vel e cruel elas apenas se encontravam no lugar e no momento errados Capricho cruel Malin sente que j tomou o partido das crian as Se que elas onde quer que estejam ainda se importam com isso Estamos aqui M
13. consci ncia da meta a atingir como uma luz que penetra no escuro Eu trabalho mais com organiza es n o governamentais diz ele Achava que era forte mas assim que os irm os chegaram aqui eu cedi imediatamente s suas exig ncias J rgen St lsten pisca lentamente Acreditem em mim diz ele depois Henry e Leopold Kurtzon podem ter feito qualquer coisa E podem fazer o que for Basta que sirva aos seus interesses Mas n o tentem entender o que eles s o Sen o nunca mais v o dormir sossegados Salsichas grelhadas e uma salada de camar o temperatura ambiente um pouco de musse mostarda doce e ketchup que se misturam na boca al m da gordura que faz bem at alma Malin e Zeke est o comendo wraps Est o sob o sol junto do quiosque de salsichas no meio da pra a Odenplan O caf da manh n o estava inclu do no pre o do quarto de modo que a primeira refei o deixou de ser pequena e passou a ser almo o No restaurante Tranan as fam lias de classe m dia comem brunch por quatrocentas coroas suecas por pessoa H carrinhos de crian a por todo lado como se todos os felizes e bem sucedidos membros daquela rea de Estocolmo tivessem reproduzido seus descendentes crian as que eles querem certamente que sejam t o classe m dia e t o maioria silenciosa como eles Os irm os sabiam da exist ncia das meninas diz Zeke E podem ter agido sim J agiram ao pressio
14. ele que decide a hora e o lugar de estarmos juntos Quando quer N o quando eu quero A vida sexual com Kalle acabou por completo Eu n o consigo aguent lo mais e ele parece achar que est bem assim que tanto faz Ser que atualmente ainda nos divertimos com a nossa vida de casal Ser que estou apaixonada por Zeke N o me atrevo nem a pensar nisso E ela solta um palavr o bem alto para superar os seus pr prios pensamentos Passa a pensar nos tr s computadores um deles um laptop que foram confiscados O trailer parecia at um pequeno e simples centro tecnol gico Ela fica quieta respira fundo o ar viciado do trailer o cheiro de acampamentos baratos de pobreza de pontas de cigarros jogadas no ch o de garrafas vazias e panelas sujas com lentilhas secas por lavar E ent o ela solta um novo palavr o Porra Mas pensa Estamos deixando passar o tempo sem notar algo E p e se de joelhos procura de qualquer coisa que possa estar escondida pelos cantos do ch o de corti a do ve culo tenta levantar as pontas do sof e das cadeiras mas est o bem presas n o devem ter sido mexidas desde que o trailer fora constru do Ela continua analisando o banheiro e o lugar que serve de cozinha Fica de quatro rasteja procura mas n o acha nada Levanta se Volta ao ponto de partida O arm rio est colado no teto Mas l dentro parece que o teto est mais baixo do que devia Karin sobe no banco embutido
15. Malin verifica no escuro se h c meras de seguran a N o v nenhuma Nada de placas no port o Nenhuma caixa de correio Nada que revele quem e o que se esconde na ilha Malin consegue ouvir a respira o de Zeke ao seu lado Uma respira o pesada ofegante Se a respira o pode revelar raiva isso que acontece agora com Zeke Minha nossa diz ele Que lugar maldito N o sente isso Malin como se o pr prio mar cheirasse a enxofre N o a maresia nem a sal mas a enxofre E tamb m est mido sussurra Malin E mais quente do que seria normal n o Como se a noite primaveril aqui fosse mais quente O rel gio no carro marcava quinze para a uma quando paramos o ve culo N o se v ningu m na ilha Ningu m A pistola Ser agora que vou ser obrigada a us la pensa Malin Talvez As crian as est o aqui Os irm os tamb m Posso sentir isso Mas Malin e Zeke ainda n o decidiram como agir Zeke sem dizer uma palavra tirou o casaco e jogou o por cima do arame farpado Acha que o tecido vai cobrir bem as farpas Malin balan a a cabe a sente que eles n o podem ficar muito mais tempo no port o expostos como est o T m de ir em frente E n s nem podemos abrir o port o com um tiro Fuck it diz Zeke que pega impulso sobe pelas grades do port o e apoia a m o no casaco Ele tem sorte N o h farpa por baixo justo nesse lugar E ele consegue pular par
16. N o eu Vai vender o apartamento Ela sabia bem como se tornar complicada isso Na realidade sabia dar trabalho E como Ali s n s dois sempre soubemos disso Malin sorri O eufemismo do ano Por vezes sinto me s E isso tudo o que resta Voc s dois viveram juntos por muito tempo Talvez esteja apenas reprimindo a tristeza n o Isso acontece muitas vezes Acho at que j vivi triste por muitos anos Mais por aquilo que deixou de acontecer diz o pai Ficam ambos em sil ncio em frente um do outro bebericando o ch calmante Os sentimentos sejam quais forem nunca est o errados diz Malin O pai olha para ela por alguns instantes Em seguida confessa N o talvez n o Mas e as mentiras As mentiras sim est o sempre erradas n o verdade Que mentiras s o essas pai Tamb m existem diferen as entre as mentiras n o O pai esfrega os olhos Malin pensa nas cinzas da m e que ele j deve ter recebido Onde que ir espalh las Ela n o aguenta fazer a pergunta Espero poder conhecer a Tove melhor diz o pai Espero que n o seja tarde demais Claro que n o tarde afirma Malin Ali s Tove sempre desejou estreitar o relacionamento entre voc s Mas papai e as mentiras Que mentiras foram essas Vou embora agora diz o pai de repente E ele se levanta e sai Malin pensa que a mil sima vez que o pai foge do qu
17. O sol da primavera brilha sobre Link ping no centro da Su cia e sobre seus habitantes ainda p lidos marcados pela escurid o do prolongado inverno que ousaram sair para tomar caf nas esplanadas da pra a Algumas andorinhas voam em c rculos e as bancas de flores j exibem as suas tulipas coloridas Acompanhada de duas crian as uma m e dirige se ao caixa eletr nico de um banco De repente a calmaria interrompida por uma forte explos o A partir da Link ping nunca mais ser a mesma A detetive Malin Fors est diante do caix o da sua m e na Capela da Ressurrei o e tenta sentir algum tipo de emo o Irrompe no local um vago murm rio e logo ela est a caminho da Grande Pra a e de uma vis o que jamais iria esquecer Estilha os de vidros Tulipas despeda adas Verduras espalhadas por toda parte Um sapato infantil rasgado Uma pomba bicando o que aparenta ser um peda o de carne Uma trag dia no meio de um sil ncio ensurdecedor PR LOGO MAIO DE 2010 NA C MARA ESCURA Papai onde est Devia estar aqui comigo Para onde foi Papai papai tem que vir agora O meu irm ozinho est chorando Ele t o pequeno Est deitado no ch o e chora E papai h xixi espalhado pelo ch o H aranhas tamb m andando por aqui Ser que as serpentes tamb m v o entrar Lagartos pequenos e grandes com dentes amarelos s o eles que est o arranhando o meu corpo Papai se n s morrermos a culpa
18. pergunta B rje Jeremy Lundin acena que sim E voc seu palha o atacou Waldemar achou que isso n o era da maior import ncia para n s quando foi ouvido Voc deve saber muito bem quem ele E n o deve desconhecer que esses bandos de motoqueiros de vez em quando tentam se explodir uns aos outros causando o caos e o inferno Por que voc n o disse nada questiona B rje enquanto se senta numa das cadeiras em frente da mesa de Jeremy Lundin Waldemar Ekenberg prefere continuar de p andando para tr s e para a frente na dire o de Jeremy Lundin Eu achei que n o era importante mas agora entendo que pode ser Cheguei a pensar em telefonar para voc s Somos muito rigorosos em manter o anonimato dos nossos clientes e ele um bom cliente Tem v rias empresas bem sucedidas e todas t m conta aqui no banco O que Stensson fez ontem aqui pergunta B rje calmamente Agora voc vai dizer a verdade ok ruge Waldemar ao mesmo tempo que se senta em cima da mesa de Jeremy Lundin bem perto do computador Veio aqui fazer um dep sito Presumo que o dep sito foi feito com dinheiro que ele trouxe Ele costuma fazer isso com frequ ncia pergunta Waldemar Todas as segundas feiras pela manh na mesma hora Vai ao caixa l fora Ontem eu pessoalmente recebi o dinheiro N o pensem em nenhuma idiotice Ele sempre mostra c pia do recibo de onde o dinheiro veio
19. sua Ele reage Isso pura tolice Como em casa na piscina papai Ele tinha medo n o saltava nem mesmo com as boias nos bra os Eu n o tenho medo Sou corajosa Mais corajosa do que ele porque j tenho 6 anos e ele apenas 3 quase 4 Estou suando Est quente demais Mas apenas de vez em quando J tirei a camiseta posso Ouve se o mesmo barulho de passos Ou o os homens que chegam papai A luz por baixo da porta desaparece escuto batidas fica tudo escuro O meu irm ozinho precisa ficar quieto e em sil ncio Caso contr rio eles v o bater em n s Fico com medo e grito N o me batam n o me batam E ent o aparece de novo a luz por baixo da porta e os homens v o embora Eu escuto Mas logo estar o de volta Ser que vou morrer Papai ser que eles v o nos matar Estamos presos aqui mas eu queria que nos soltassem Eles trazem comida Temos um penico e uma caixa com giz Desenhamos figuras no ch o e nas paredes N o podemos v las mas continuamos a desenh las Estou com medo E o meu irm ozinho est com mais medo ainda De onde v m essas batidas Por onde andam aqueles lagartos horr veis Como brilhavam no escuro horr vel ficar com medo Eu abra o o meu irm ozinho Sinto o calor do seu corpo Ele chora Tenho pesadelos de que jamais gostaria de falar por isso que eles voltam s porque nunca falei deles antes Se formos bonzinhos todos ser o bonzinhos conosco Como voc
20. Lars em frente do seu apartamento e ao lado do port o lateral da igreja sobre o qual existe uma inscri o b blica Malin j leu essa inscri o milh es de vezes e repete a leitura mais uma vez LA Bem aventurados os pobres de esp rito porque deles o reino dos c us My ass Maldito seja Janne Ela bate a porta do carro e sente a melancolia atingir a sua mente Fica parada por alguns instantes no meio da noite primaveril e reconhece que aquilo que acabou de ver marca o in cio de algo novo Afinal Janne afastou se dela inexor vel e definitivamente Aquilo que viveram juntos desapareceu para sempre E sem querer a tristeza se abate sobre ela novamente Confusa Claramente confusa Eu jamais fiquei t o confusa Malin olha para o pub Pull amp Bear Certamente cheio de gente mas ela ouve as palavras de Sven O lcool n o resolve seus problemas N o foi isso que ele disse Todo o seu corpo grita acha que ele est errado Ela quer porque quer ir ao pub sentar se junto ao balc o e beber tanto que logo se sentir em outra dimens o onde tudo tem a maciez do algod o Assim se libertar de todas as recorda es e de todas as preocupa es quanto ao futuro H luz l em cima no apartamento Daniel H gfeldt Filho da m e Todos os homens safados indecentes deviam ter o p nis cortado Agem todos em fun o do p nis Ao passar pelo port o de entrada ela pensa que na realidade n
21. No entanto j sabemos quem que est por tr s do atentado protesta Waldemar S pode ser essa maldita Frente Libert ria Como seria poss vel um inocente qualquer assumir a realiza o de um incidente em que duas meninas foram assassinadas Por prazer diz Malin enquanto cruza as pernas por baixo da mesa Seria de um cinismo doentio exclama Johan Por prazer Ou para aproveitar a oportunidade para atrair a aten o para quest es que eles consideram importantes Conversa fiada insiste Waldemar Vamos apanh los muito em breve Outras pistas pergunta Zeke Bando de motociclistas Assaltantes de caixas autom ticos Essa pista de assalto ao caixa do banco fica de lado diz Sven Nada aponta nesse sentido E na situa o atual n o vemos nenhuma liga o com motoqueiros criminosos Ok diz Zeke E quanto ao explosivo usado Onde que eles tiveram acesso a ele Do que se compunha Qual o detonador pergunta B rje Disso vamos saber por Karin Muito em breve Voc e Waldemar podem muito bem come ar a investigar de onde eles poderiam conseguir o explosivo diz Sven Foi por meio de roubos em armaz ns de muni es nos ltimos tempos Ou em lojas de material de constru o que tamb m vendem explosivos Podem se comprar explosivos pela internet na Su cia Ao que parece voc sabe bastante sobre o assunto B rje Sou apenas
22. a segunda E finalmente Leopold dispara o primeiro tiro Na sala o eco enorme do disparo e o vidro da porta de correr espatifa se em mil e um peda os que caem como chuva no ch o Malin e Zeke avan aram pelo terreno escondendo se atr s dos troncos das rvores e ao mesmo tempo observando a luz que vinha do terra o de cima da casa Eram obrigados tamb m a olhar em volta no caso de os lagart es voltarem a atac los aqueles que ainda h pouco tinha aparecido na frente deles como pesadelos monstruosos Ao se aproximarem da casa puderam ver o esplendor das instala es apesar da escurid o A casa fora constru da com cimento armado madeira de cedro e m rmore numa solu o aberta em que os v rios andares foram erguidos em diferentes n veis n o necessariamente uns sobre os outros e como que injetados na rocha inclinada sobre a qual a casa est N o esquecendo as jaulas brancas embaixo perto do mar l que eles prendem os lagartos gigantes pergunta se Malin Eles conseguiram chegar escondidos at a porta de entrada do primeiro andar da casa Porta fechada Tamb m sem c mera de seguran a Subiram pelas rochas at o terra o superior da casa Estar o aqui questiona se Malin enquanto no m ximo sil ncio desciam para o ch o de pedras brancas do terra o Marko e Elena Voc s est o aqui Ou isto aqui apenas um sonho O esfor o repentino e o cansa o da decorrente faziam com que ela ficasse
23. abandonadas para dentro dos seus sonhos tenta consol las diz que tudo dar certo que tudo ficar bem E no sonho as crian as transformam se no seu pr prio irm o um sonho dentro dos sonhos em que as pessoas finalmente poder o descansar no meio de uma brancura cintilante e completa Quem fez isso Quem nos matou Foi a vontade de ter mais dinheiro que nos matou Vontade de ser como o pai de servir aos seus interesses ou apenas a vontade de ter o poder que s a riqueza oferece Aquele poder que permite dominar seja quem for obrigar seja quem for a fazer seja o que for Ou foi o desejo de poder sobre a vida das pessoas Sobre a vida das crian as Sobre a imagem de si mesmos das suas pr prias vidas Ou estar no caminho errado Malin Ser que existe a solu o deste enigma em um lugar completamente diferente Est dormindo agora N o durma demais As outras crian as as sequestradas que ainda n o est o mortas continuam esperando ser salvas N s morremos para o bem delas Ent o voc tem que salv las n o O rel gio continua com o seu tique taque A hora est definida mas voc ainda n o sabe Malin esccv Em ingl s no original Siga o dinheiro Sempre siga o dinheiro N T 49 Pouco depois das nove horas da manh o advogado J rgen St lsten recebe Malin e Zeke em p e de costas atr s da sua mesa de mogno Ele j desapertara a gravata rosa clara e olhava atrav s da janela com
24. ado grita ela mais uma vez na dire o do pai Nem para o advogado voc contou nada a este respeito n o verdade Achou que tudo isso seria esquecido Ela quer partir para H lsingland Para o asilo Ser que a mulher n o pode convid la para ir junto Para a mais escura de todas as florestas para um quarto que espera ficar mais iluminado com a sua presen a Mas ningu m lhe oferece nada As tr s pessoas na sala do advogado est o em sil ncio n o t m mais nada a acrescentar Malin nota como a mulher est embara ada Como demonstra desprezo ao olhar para o pai de Malin ke Fors permanece em sil ncio como se a vergonha tivesse costurado os seus l bios Malin acaba por fechar a porta de novo Com uma batida forte e curta Respira fundo E tenta imaginar Maldi o O que vai acontecer agora 31 Malin Malin Corre desesperada pela pra a da Associa o de Jardinagem Cuidado todo o cuidado pouco N o verdade Para onde quer ir Malin Para onde Acha que pode fugir Dedique se a n s Malin N o ligue para mais nada N s somos aquelas meninas despeda adas pela explos o De muitas maneiras somos iguais a voc Muito mais iguais do que pode pensar Tamb m as outras crian as as que est o presas fechadas num cub culo sem amor sem a possibilidade de sair de l Malin para no meio da pra a Inclina se para a frente Apoia as m os nas coxas e segura uma vontade de vomitar
25. contr ria aos direitos autorais e conseguiu legalizar a sua situa o N T PAT De onde v m todos os segredos Tove inclina a cabe a contra a janela do nibus v as cal adas da rua Vasagatan curvarem se em rever ncia diante da luz da manh e os troncos das b tulas ainda martirizadas pelo inverno mostrando nos ramos os rebentos que parecem vir de um outro mundo Cheirava mal no ponto de nibus O cheiro vinha de um cesto de lixo Alguma coisa deve ter apodrecido dentro dele Ela levou a m o ao nariz e teve de tomar cuidado para n o escorregar na areia que restou na cal ada depois de a neve ter derretido no momento em que subia para o nibus Ela n o escorregou N o escorrega nunca Por que n o posso contar m e sobre a carta que recebi pensa Tove Principalmente quando o que est escrito nela me deixa t o feliz Fiquei aliviada quando ela chegou t o cansada ontem E mais aliviada ainda quando desapareceu mais cedo para trabalhar e j n o estava em casa quando acordei Sei por que n o ouso dizer nada Estou com medo de que ela ultrapasse os limites novamente que recomece a beber e a se comportar como outra pessoa diferente daquela que eu sei que ela pode e quer ser Na realidade eu n o me atrevo a deix la mas tenho Devo faz lo e viajar para meu pr prio bem N o devo nem posso representar o papel de m e nem de anjo da guarda dela J assumi essa responsabilidade por tempo demais N o posso
26. dizendo o quanto a falecida era uma m e exemplar com talento para a decora o de interiores e para jogar golfe Para manter segredos Malin gostaria de acrescentar Sim ela tinha talento para guardar segredos e manter uma fachada a qualquer pre o Assim como em especial para se fazer importante de modo que ningu m muito menos eu se sentisse sua altura Enquanto a pastora falava Malin teve a sensa o de que tudo havia passado da hora de que a oportunidade fora perdida De que houvera uma possibilidade de ela e a m e se sentarem frente a frente e de conversarem como duas pessoas adultas Malin teria podido fazer aquela pergunta direta Mam e por que a senhora nunca se importou comigo Ou com Tove Ou melhor ainda A senhora alguma vez me amou Ou nos amou Malin coloca a flor sobre o caix o Movimenta os l bios Murmura para a m e l dentro do caix o senhora alguma vez me amou minha m e S Deus sabe o quanto eu a amei Claro que amei Quinhentos e quarenta e dois dias Esse o tempo em que Malin se mantinha s bria O tempo em que ela e Janne se deram bem O tempo em que ela conseguiu resistir aos desejos do corpo e da alma pela bebida alco lica Por esse tempo todo incrivelmente longo nem uma gota de bebida Seus colegas na pol cia de Link ping com Zacharias Zeke Martinsson e o superintendente Sven Sj man frente recearam que ela tivesse uma reca da ao saber a respeito
27. e at chegar ao homem curvado sob o guarda sol com as panelas fumegantes e a imagem do sandu che Ficam pulando em frente do homem enquanto a m e se aproxima apressadamente Estou com dinheiro claro que ainda tenho duas moedas de dez coroas Ela enfia a m o na bolsa procura pela carteira enquanto o homem de barba escura j atendia e dava a cada uma das meninas o p o com salsicha S ent o a m e chega o homem a reconhece e cumprimenta Suco Festis o de pera de que elas gostam n o Pera Ou ma O homem fala com forte sotaque enquanto a m e continua a procurar no fundo da bolsa de couro escuro acabando por achar exatamente como havia imaginado as duas moedas de dez bem frias ao toque Ela estende as ao vendedor de cachorros quentes que agradece inclinando levemente a cabe a e desejando que voltem sempre As meninas j seguem ligeiras rumo aos pequenos blocos que diante do hotel servem de apoio no estacionamento para bicicletas e d o suporte s lonas que separam as mesas na cal ada do ambiente em sua volta As sombras das meninas alongam se e a m e corre atr s delas chamando a sua aten o para que tenham cuidado e n o derramem ketchup na jaqueta nova A m e repara no que pode acontecer e resolve voltar ao carrinho onde o homem j se encontra de m o estendida com alguns guardanapos de papel Ela balan a a cabe a diante do seu pr prio esquecimento e logo acaba por se sentar num dos bl
28. e de Josefina Marl w Ambas chamam e falam para Malin mas esta n o consegue compreender o que dizem Estou sonhando Talvez Mais dois rostos Dois homens com queixo marcante e nariz reto id nticos abaixo de cabelos bem tratados penteados para o lado Um dos rostos mais redondo do que o outro mas ambos bem recortados Os seus olhos azuis ansiosos mas duros cheios de exig ncias e de gan ncia Malin procura em v o por alguma esp cie de calor humano nesses olhares Voc s s o os irm os Kurtzon n o s o Eles n o respondem n o dizem nada Simplesmente desaparecem no escuro E ent o aparece mais um rosto de homem transtornado pelo desespero Eu farei o que voc fez por Tove diz o homem Voc ama pergunta ela Voc salvou Tove diz o homem Quando ela estava correndo perigo de morte Agora eu salvei as minhas crian as E o rosto desaparece Estou sozinha N o Mas durmo Por favor digam que eu durmo e estou sonhando Estou num outro quarto que cheira a morte mas tamb m a vida obstinada N o estou sozinha aqui Vejo duas crian as pequenas Vejo as mas n o sei onde est o Elas chamam por mim Querem que eu as salve Tenho que salv las Est o gritando Gritam por medo Quero me aproximar delas mas onde est o Onde est o crian as guas escuras batem contra juncos quebrados no escuro Malin entra num sono mais profundo carrega consigo as duas crian as
29. gico verificar que apenas porque explodiu uma bomba todos os olhares se voltam para os mu ulmanos da cidade No entanto Kabari mostra se tamb m compreensivo Pensando em todos os atentados realizados em nome da sua religi o a situa o admiss vel mas lament vel As pessoas t m que aprender a conviver umas com as outras Os agentes da pol cia secreta tamb m se manifestam Um comiss rio chamado Frick afirma que eles est o realizando uma investiga o paralela da pol cia de Link ping e que a colabora o entre os dois rg os tem sido muito boa para n o dizer at exemplar O nico que ainda n o se manifestou foi Dick Stensson mas Daniel H gfeldt j sabe da visita dele ao banco e desenvolve uma teoria o atentado seria dirigido contra Stensson Tamb m n o se registrou nenhum coment rio da parte da Frente Libert ria Econ mica apenas publicaram a sua declara o ou o seu manifesto caso assim se queira cham lo Apenas lixo no jornal Ningu m conseguiu mais informa es sobre a organiza o antes desconhecida Cita se que a pol cia considera a Frente Libert ria a pista principal mas ainda n o tem certeza de que a organiza o est de fato por tr s do atentado Karim Akbar A experi ncia internacional demonstra que muitas vezes pessoas e organiza es se apresentam e se responsabilizam por tais atentados apesar de n o terem nada a ver com o ato Fotografias das meninas Tuva e Mira
30. m tiros de pistola Malin Eles atingiram voc Droga como sangra As copas dos abetos e dos pinheiros balan am no escuro Sentado embaixo ele segura o bra o Como que vou estancar o sangramento Parece que a bala atingiu a art ria Ent o estou fodido mas preciso salvar Malin Zeke levanta se Pega a pistola Arrasta se at o canto do terra o de onde veio o som dos tiros da arma autom tica Caiu O irm o que empunhava a submetralhadora caiu Continuou a atirar mas para o alto para o c u assim que recebeu um tiro na perna disparado por Malin Agora est deitado no terra o e sem gemer segura o joelho enquanto por baixo dele o m rmore branco do ch o fica vermelho No mesmo momento o outro irm o ergue lentamente a pistola e aponta o cano para Malin Esta ainda n o consegue ver o rosto Quem ele Quem o homem que vai atirar em mim ou em quem eu vou atirar Ela hesita Mas logo puxa o gatilho A bala por m n o sai a arma trava Malin agora pode ver o rosto do homem Ele sorri e coloca o dedo no gatilho da sua arma agora que eu vou morrer pensa Malin Ent o ouve um tiro e ela v o homem caindo sobre o parapeito baixo do terra o e desaparecendo em dire o aos canteiros do jardim de uma altura de dez metros Ela ouve a voz fraca de Zeke chamando Est a Malin Est bem Estou bem sim E ela corre para o homem deitado no ch o que soltou o joelho e tenta se ar
31. manh de ter a feira Se algu m tiver alguma informa o sobre ele por favor entre em contato imediatamente com a pol cia secreta pelo telefone 010 568 7000 E o v deo come a Um homem de capa at os p s digita num computador na sala de espera Est sozinho sentado em uma fila de cinco computadores poss vel ver seu rosto Imagens em preto e branco Mais n tidas do que quaisquer outras at agora na investiga o Sacanagem da S po Oferecem o v deo para o Rapport Mas n o para n s Como explicar isso imposs vel conseguir explicar a maneira de agir deles Segredos como objetivo Uma explos o de malditos segredos As imagens passam de novo O mesmo homem que esteve no banco e deixou a bicicleta Pode ser mas parece um pouco mais baixo e mais magro Idade Talvez 26 27 No momento escreve e envia a mensagem para o Corren As imagens perdem nitidez Os tra os fision micos parecem sair de foco Transformam se numa m scara Ser o assassino que eu vejo o homem da bomba o criminoso que matou duas pobres crian as Por que ele est em Estocolmo Seus tra os s o puramente suecos b sicos inocentes Malin respira fundo Se algu m no pa s reconhecer esse homem que est na minha frente eles v o ter o nome o mais tardar amanh ou a S po vai ter o seu nome Mas com toda a certeza algu m vai telefonar para a pol cia de Link ping Ser que eu o conhe o N o Nunca o vi an
32. medida que avan ava para a cozinha onde fez um sandu che de queijo com p o preparado em casa Depois fez aquilo que j fizera mil vezes antes Desceu mais uma escada at a sua marcenaria particular cujas paredes isolou cobrindo as com caixas vazias de ovos Comeu o sandu che de p junto do torno e quando terminou n o se atreveu a colocar a m quina em funcionamento muito menos pegar uma daquelas pe as de madeira em que estava trabalhando Resolveu sentar se num banco Olha agora para o torno para as ferramentas tem uma sensa o estranha de isolamento de solid o mas pensa em todos os utens lios de madeira que fez e que encontraram novos lares com clientes que visitam a loja de artesanato na rua Tr dg rdsgatan Uma bomba explodiu na sua cidade Quem poderia imaginar que uma coisa dessas podia acontecer Mas aconteceu Duas meninas mortas E quando correm de um lado para o outro quando o povo atingido por uma esp cie de p nico coletivo ali est ele como um pinheiro envelhecido impossibilitado de segurar e aguentar todos os ventos que sopram de todos os lados Malin Sven ainda n o tem certeza do que est acontecendo com ela Ao que parece j domina bem a bebida e j reconstruiu um bom relacionamento com a filha Tove Mas e com Janne Eu n o me arrependo de t la obrigado a se internar numa cl nica de reabilita o mas tenho a sensa o de que ela nunca mais vai voltar a confiar em mim completament
33. meio tonta o c rebro n o queria obedecer Ao seu lado Zeke bufava pelo esfor o casa devia ter no m nimo uns quinhentos metros quadrados pensa ela Como vamos fazer perguntou Zeke enquanto ela recuperava o f lego Acabaram por avan ar no terra o de pistolas em punho Viram primeiro uma cozinha vazia A porta de correr fechada N o quiseram fazer barulho tentando abri la nem correr o risco de ouvir o vidro tinir Passaram em frente de uma parede de vidro cujo lado interior estava coberto por cortinas brancas pesadas Em seguida desceram por uma escada de cimento at chegar a outro terra o Novas paredes de vidro cortinas Um canteiro de flores talvez uns dez metros abaixo de onde estavam O que h por tr s das vidra as pensa Malin A casa est vazia n o h ningu m aqui Depois voltaram para tr s sussurraram as d vidas entre si e subiram novamente para o terra o superior dispostos a entrar na casa Ao passar uma segunda vez pelas vidra as com cortinas o mundo explodiu Malin sentiu a bala passar perto da t mpora e logo ouviu o grito de Zeke No escuro Malin v o corpo de Zeke estendido sobre as pedras brancas do terra o e o sangue escorrendo para o ch o mas ela n o consegue saber por onde sai o sangue e tenta descobrir uma cobertura para as balas que continuam a passar por cima da sua cabe a e do corpo de Zeke Tenta olhar atrav s da cortina rasgada e por onde havia antes os vidros
34. ncia banc ria As moscas rec m nascidas deambulam pela poeira tra ando finas trilhas que juntas formam um padr o perturbador e indefin vel Como se fosse um esbo o por cima de toda a mob lia pensa Waldemar enquanto tira a carteira do bolso traseiro das suas cal as de l e mostra o seu distintivo para a funcion ria do banco N s queremos falar com o seu chefe diz Waldemar tentando o mais poss vel infundir respeito Jeremy Lundin acho que o nome dele Waldemar abana se Est quente Apesar de ter passado apenas um dia ap s a explos o parece que tudo aconteceu h muito mais tempo A ag ncia est praticamente inc lume Deve ter sido um grande perito que fez a bomba Toda a for a da explos o foi dirigida para fora para a pra a para quem passasse por perto N o devia ser assim pensa Waldemar Devia ter sido o contr rio caso o banco fosse o alvo principal Ser que a for a da explos o n o deveria ter sido voltada para a ag ncia Por outro lado o homem bomba pode ter ficado nervoso e colocado a bicicleta com a mochila na dire o errada Pela primeira vez sente se hesitante em rela o Frente Libert ria Econ mica N o queria nem ouvir falar desse tal de Stensson visto na filmagem muito menos ouvi lo No entanto agora acha que poder haver algum sentido nessa pista Por que a tal de Frente Libert ria Econ mica viria a aparecer do nada Se bem que foi o que aconteceu tamb m quando o
35. o devem encontrar nada Seria imposs vel Hoje em dia desinfetam se as salas e quartos dos hospitais quando os mortos ou os vivos saem para dar lugar a outros doentes Contrariadas as enfermeiras do plant o a deixaram entrar depois que ela mostrou a carteira de identifica o Ela n o conseguia se conter Perguntou logo por Peter Hamse apesar de saber que ele s chegaria s quatro e meia da manh e de as enfermeiras j suspeitarem das raz es que realmente a levavam a perguntar por ele Ela olha em volta Est chegando um homem pensa ela Ou uma mulher Puxa cautelosamente a almofada de debaixo da cabe a de Hanna Viger Segura o pesco o dela pela nuca e deixa que a cabe a assente suavemente no colch o antes de ele ou ela pressionar a almofada contra o nariz e a boca dela Hanna Viger n o pode oferecer resist ncia e talvez at nem queira resistir Talvez prefira ir para junto das suas meninas E na sua mente Malin v o homem ou talvez seja uma mulher que pressiona a almofada contra o rosto de Hanna Viger que cede os seus dedos se descontraem Resta apenas uma linha reta no monitor que mostra o ritmo das batidas do cora o Quem era voc O que voc fazia aqui O que faziam aqui Gostam de viol ncia Ou na realidade n o gostam mas foram obrigados a pratic la Obrigados por quem Acreditavam talvez que nenhum m dico legista ou patologista jamais iria saber que ela morrera sufocada Tudo is
36. o e pela curiosidade de ver a devasta o ou atra dos ainda pelos rumores que se espalharam pela cidade como se fossem ondas de press o provocadas pela explos o Todos t m de ser ouvidos Vai saber quem pode ter ou n o alguma informa o Quem sabe qual a dire o que esta investiga o poder tomar Johan pareceu chocado de in cio Principalmente depois de saber da morte de duas crian as quase da mesma idade das suas B rje estranhamente calmo desde o in cio Waldemar como sempre muito firme imperturb vel Um cigarro na boca e um olhar amistoso a que ele sempre consegue recorrer quando preciso Malin sabe que a mulher dele perdeu o emprego alguns meses antes quando a f brica de componentes Rex fechou Mas o desemprego da mulher parece n o preocup lo muito Zeke objetivo como sempre mas tamb m perturbado como se quisesse vingar se do que aconteceu na pra a Ainda n o conseguiu se distanciar da situa o Ainda se encontra bem no meio da rea atingida pela explos o o que faz dele um homem pequeno e ao mesmo tempo grande Eles fazem mil perguntas Recebem quase sempre a mesma resposta Viu alguma coisa de suspeito N o Como estavam as coisas minutos antes da explos o Eu estava tomando caf Tudo parecia normal N o sei nada N o vi nada Fiquei curioso e vim para c O medo nos olhos nos corpos das pessoas geral O que foi que aconteceu Desaprova o e
37. o o lugar de outras c meras de seguran a Esse trabalho de conseguir as grava es j est sendo feito acrescenta depois Eu quero receber tamb m as filmagens de dentro do banco Temos tamb m de encontrar e ouvir as pessoas que aparecem no v deo caso ainda n o tenham sido contatadas Temos ainda de expedir uma declara o ao p blico convocando todos a se manifestar caso tenham testemunhado alguma coisa que possa nos interessar Algu m havia notado o homem de capa negra Notou a sua presen a reconhece o rosto ou talvez o corpo Naturalmente o departamento t cnico tamb m precisa analisar este v deo Sven fica em sil ncio Parece ter se cansado de ouvir a sua pr pria voz Alguma ideia pergunta ele depois O homem parece ter agido sozinho comenta Zeke Mas n o sabemos se teve ou n o quaisquer ajudantes por perto ou em qualquer outro lugar Entretanto podemos constatar com toda a seguran a que a bomba foi trazida na mochila Podemos sim salienta Sven Karin vai confirmar isso Comecemos pela Frente Libert ria Econ mica No site foram mostradas as imagens de ag ncias banc rias em v rias cidades Assim vou ordenar que as pol cias das cidades em quest o sejam informadas e tomem as devidas medidas de seguran a Tenho certeza de que a S po vai fazer o mesmo Vou colocar tamb m o pessoal do departamento t cnico de sobreaviso Quero que eles usem todos os recursos s
38. o tenho mais tempo nem paci ncia para novas preocupa es 29 Ela dirige depressa demais Ainda n o acordou totalmente mas por estranho que pare a a sua mente est bem desperta Pisa ainda mais no acelerador A rua Djurg rdsgatan est fechada por causa de trabalhos na pista O carro passa r pido pela esquina do cemit rio da igreja mais antiga onde come am a surgir as primeiras folhas verdes nas rvores cheias de brotos Junto a um dos t mulos v se uma mulher colocando um grande ramo de flores na l pide Ao longe parecem ser rosas brancas e vermelhas Malin pensa na investiga o Tem certeza de que Jonathan Ludvigsson est dizendo a verdade e vai continuar a ser um ativista desgarrado mas jamais um assassino A Frente Libert ria Econ mica uma inven o sua Ele uma dessas pessoas que poderiam cruzar toda a Europa em todos os sentidos para protestar e exigir a estatiza o dos bancos e atirar na nuca de todos os seus diretores gananciosos E as armas E os explosivos no trailer Sonhos rom nticos e revolucion rios Como os dos anarquistas italianos nos Estados Unidos no in cio do s culo passado Mas ela est convencida de que Jonathan Ludvigsson nunca usou uma arma Foi preso a tempo Mas quem ent o o homem da bicicleta De onde veio Quais s o os seus motivos Malin obrigada a parar diante do sinal vermelho num cruzamento perto do quartel dos bombeiros Outro carro para
39. p blico Isso s o preconceitos E s o esses preconceitos que nos influenciam Em especial diante de amea as externas dif ceis de definir Malin olha pela janela No parque infantil h duas crian as que entram numa casinha escura Malin pensa que como se as crian as desaparecessem fossem sugadas e atra das para outra dimens o Fazemos diabruras na nossa casinha de brincar sem paredes numa rea t o escura e apertada da qual at parece imposs vel encontrar a sa da Mas somos n s que estamos tristes e choramos Ou s o outras crian as Que ainda vivem De quem a maldade se aproxima N s as vemos agora Malin uma menina bem pequena e um menino ainda menor Est o l dentro presas Est escuro E elas est o com medo E gritam Est o conosco Como assim Malin Como assim Precisamos saber Pessoas malvadas est o l fora Ou apenas uma pessoa m As crian as choram querem dormir Est o muito tristes Mas agora estamos alegres Ca amo nos uma outra num mundo branco que o nosso onde as flores das cerejeiras despontam por todos os lados mostram a sua beleza sua vontade de viver Eu corro atr s dela Ela corre atr s de mim Tentamos nos agarrar uma outra Abra amo nos nas camas da nossa casa Afastamo nos do parque infantil da casinha da brincadeira de que afinal n o podemos participar As l mpadas brilham no teto quase nos cegam mas as p lpebras da nossa m e est o fec
40. perguntas para o homem deitado na sua frente A voz sai aguda como se ela n o pudesse mais control la Por que Josefina cortou rela es com a fam lia O que o senhor fez contra seus filhos Por que nos contou tudo isso O senhor sabia que Josefina deu luz duas g meas E que foram deixadas para ado o O senhor sabe que essas duas meninas morreram numa explos o em Link ping Ela olha em volta da grande sala ainda mida e nota que vem das paredes um zumbido de ar condicionado Presume ent o que isso para facilitar o trabalho dos pulm es apodrecidos de Josef Kurtzon N o n o sabia Em seguida Kurtzon suspende a respira o fica ofegante esfor a se para conseguir mais ar Malin conclui que de fato ele est dizendo a verdade n o sabia da exist ncia das meninas A enfermeira volta sala Pega uma m scara de oxig nio embaixo da cama e tenta coloc la no rosto de Josef Kurtzon mas este a impede levantando o bra o com uma for a at estranha e fala rugindo Horror um horror o que as pessoas podem fazer umas s outras Deixar as crian as sozinhas com os seus horrores e seus fracassos assim que as pessoas se formam tendo o horror como companhia Sejam t o implac veis quanto for necess rio Era isso que eu queria que os meus filhos fossem E voc Malin Fors Os horrores tamb m lhe fazem companhia Malin escuta um alarme Um apito que se assemelha quele que
41. quer correr atr s deles mas n o pode N o quer Acha que est na hora de soltar as amarras que a luta para manter acesos aqueles amores para satisfazer as suas necessidades sexuais j terminou A m e O rosto dela uma m scara muda Onde foi parar o ar de desconsolo pensa Malin Karim Akbar Sven Sj man Johan Jakobsson Waldemar Ekenberg Zeke B rje Sv rd Karin Johannison Todos passam desfilando sorriem afagam a sua face desejam lhe felicidades E com essa sensa o que ela quer descansar A felicidade de Karim com a sua nova e repulsiva mulher A vontade de Karin em ter filhos est escrita no seu rosto e em todo o seu corpo A vontade incendeia se mas est l sempre o tempo todo uma surpresa para ela mesma Sempre o bem ao lado do mal Malin v o rosto de Maria Murvall Seus olhos estavam cheios de desejo Malin lembra se de Maria como ser humano um ser que se fechou sobre si mesmo num quarto depois noutro noutro at que finalmente s havia mais um espa o que era branco totalmente livre de m vontade de sustos e por isso tamb m completamente livre de recorda es e sentimentos Um dia eu vou entrar nesse espa o pensa Malin Irei pegar voc pela m o e tir la da Maria Ent o Malin v as meninas Os rostos nas fotografias encontradas no apartamento de Ekholm De in cio elas sorriem mas depois come am a gritar E na esteira dos seus gritos aparecem os rostos de Hanna Viger
42. v o ficar por a ainda por muito tempo caso n s n o cheguemos a uma conclus o rapidamente Enfim bate a porta do carro Avan a em dire o multid o de jornalistas que logo notam a sua aproxima o N o se interessam por ela pois est o concentrados no que acontece na recep o do departamento de pol cia Ela tem de usar a for a para chegar frente Nada de Daniel H gfeldt claro Ele est deitado na cama ao lado ou em cima de Helen Aneman Idiota Mas por que fiquei t o zangada Afinal ele pode fazer muito bem o que quiser Eu jamais o deixei entrar na minha vida e n o tenho o direito de exigir nada dele Nem de Helen H muitos anos que n s duas n o convivemos nem um pouco Ela nem poderia saber que eu e Daniel tivemos um caso As portas de entrada para o edif cio da pol cia abrem se para o lado automaticamente Junto da recep o est o tr s rapazes com dreadlocks e capas escoltados por tr s policiais fardados Est o de costas assinando uma papelada qualquer quando da porta que d para o grande sal o do departamento sai Sven Sj man que logo se dirige a Malin com um olhar de cansa o e de desconsolo Que bom que j voltou diz ele Enquanto isso os rapazes de dreadlocks se dirigem sa da e Malin ent o reconhece os como sendo os amigos de Jonathan Ludvigsson ou melhor os tr s companheiros da festa no trailer de Ludvigsson perto de Klockrike Est o fazendo caretas para mi
43. voc tenha ficado com medo continuou ela depois Deve ter pressentido do que os dois s o capazes Eu tenho esposa e duas crian as pequenas diz J rgen St lsten O que poderia fazer Eles chegaram aqui vestidos com os seus ternos feitos sob medida por alfaiates car ssimos com os olhos de r pteis mostrando fotografias das minhas crian as imagens que eles mandaram algum fot grafo tirar Foi o suficiente Entendi logo o que eles queriam Conte nos o que est escrito no testamento de Josefina E eu suspeito que foi a primeira vez que eles ouviram falar das duas meninas de Link ping de que Josefina teria dado luz duas g meas de que ela pensava deixar tudo para elas tudo o que ela iria receber do pai E que eles os irm os nem sequer eram mencionados N o se sinta culpado diz Malin E por que voc s est o me pressionando Acham que os irm os Kurtzon est o por tr s da bomba e depois do assassinato da m e adotiva das meninas Acham que Leopold e Henry seriam capazes de fazer uma coisa dessas Nem Malin nem Zeke responderam de imediato Entreolharam se E depois foi Malin quem falou Essa uma das teorias em que estamos trabalhando E voc o que acha pergunta Zeke Ser que eles poderiam fazer uma coisa dessas Deixem me lhes dizer uma coisa come a J rgen St lsten Quando estiveram aqui eu fiquei com a impress o de que eles s o capazes de
44. Central em Estocolmo Aquela que por sacanagem os caras da S po se recusaram a nos mostrar Malin fecha os olhos Ela deixa que todos os pensamentos explodam na sua mente Quando Tove lhe pergunta em que ela est pensando responde Eu n o penso em absolutamente nada Tento apenas limpar o c rebro Est acontecendo tanta coisa ao mesmo tempo Tove e eu sinto que n o consigo acompanhar Peter Hamse Com a minha idade Sem alian a Tenho de entrar em contato com ele Ela volta a ver as duas meninas na sua mente Aquele peda o de face no ch o com o olho pendurado Os olhos esbugalhados da m e Hanna no hospital Crian as n o devem morrer Crian as n o devem ser assassinadas destro adas em pequenos peda os A morte da minha pr pria m e tudo bem Afinal ela j tinha quase 70 anos E o que meu pai estar fazendo O que faz Janne Daniel H gfeldt Eu devia falar com Tove escutar como a sua vida de adolescente quais s o os seus sonhos mas estou com medo de que ela me conte alguma novidade mais alguma coisa que eu n o queira ouvir nem saber No meio disso tudo a lembran a da garrafa da tequila e da cerveja S isso me salvar no momento em que tudo for demais isso que vai acabar comigo se eu n o conseguir aguentar mais H dias estava diante do caix o da minha m e O que eu lhe disse O que lhe murmurei O que gostaria de ter lhe dito Peter Hamse Seu rosto seu corpo sua maneira
45. Detector de metais Aquela figura bem redonda em trajes civis que parecia ser o chefe tamb m estava muito nervoso Suores E depois tudo ocorreu rapidamente como de costume Os policiais tentaram puxar suas pistolas quando j estavam quase em cima dele Nessa altura usando sapatos de passeio ele j havia atirado a perna para o alto e dado um chute com o p direito Os policiais os rid culos tiras com colete de seguran a por baixo das camisas jaziam no ch o desmaiados Tudo previsto por Jokso Mirovi As pistolas deles ainda estavam nos coldres E depois Fuga Caso ainda n o fosse tarde demais Em um minuto o local iria ficar cheio de tiras Ele corre como um louco pelo hall maior do terminal 5 Passa pelos turistas de charter a caminho do sol e dos homens de neg cios a caminho do que eles com certeza consideram reuni es importantes Qual sa da melhor correr em frente e em seguida para dentro do Sky City e do hotel e ent o escolher a sa da para o estacionamento onde ser poss vel encontrar um carro roub vel Jokso Mirovi vira a cabe a Tr s policiais a uns cinquenta metros atr s dele Na frente duas m es apressadas que devem ter vindo da entrada C Mas agora eu n o posso ficar preso n o devo Caso contr rio toda a idiotice feita n o ter servido para nada Nenhuma arma nas m os Ele se sente de volta s trincheiras Ca ado pelo fogo de pistolas autom ticas e granadas de m
46. Deviam chegar ao destino logo depois da meia noite O sono chegou logo deitada como ela estava no assento do carro cujo encosto fora deslocado para tr s O melhor lugar para os sonhos chegarem os mais estranhos e peculiares O rosto das meninas Viger Brancos limpos de todas as culpas elas falam para Malin no meio das trevas do sonho Ser tarde demais Malin ser tarde demais N s sabemos mas n o ousamos contar N o tarde demais diz Malin mas a sua voz n o a dela mas de Tove N o tarde demais As meninas riem e depois desaparecem sendo substitu das por duas silhuetas brancas numa cela escura que estendem os seus bra os para ela Onde que voc s est o Onde que voc s est o E Malin pode ver Josefina Marl w no seu buraco subterr neo No sonho ela v ainda como Josefina estende os bra os na dire o do seu pai e da sua m e e como eles a recebem de bra os abertos embora os abra os deles sejam de metal incandescente com formato de espinhos de roseiras Ser que existem outras crian as l Elena e Marko Hanna Viger est l com um homem ao seu lado que deve ser o marido Hanna diz Existem sim Malin mas onde que est o elas Ainda n o encontramos as nossas meninas Gostar amos tanto de encontr las A morte n o isso um lugar onde existe apenas amor Mas logo o sonho acaba fica tudo negro Malin grita quer o sonho de volta quer saber
47. Estocolmo N s sabemos que foi voc quem mandou aquela mensagem para a reda o do Corren sobre a Frente Libert ria Econ mica N s sabemos que voc quem est por tr s do site dessa organiza o E apenas uma quest o de tempo n s termos a prova de que voc que est por tr s do atentado a bomba na Grande Pra a onde duas meninas inocentes morreram Jonathan Ludvigsson continua olhando fixamente para a mesa Na sala o sil ncio completo Voc est na merda entende diz Zeke E toda a suavidade desapareceu da voz Ele olha tamb m para o espelho como para dizer para Malin Agora o cretino vai falar E acrescenta Voc pode muito bem come ar a falar da Frente Libert ria Econ mica Na realidade quem s o voc s Malin bate com os dedos na bancada por baixo da janela de observa o Olha para Zeke para a sua cabe a raspada na luz morti a da sala Sente a presen a ao seu lado de Karim e Sven que respiram de maneira pesada tensa e esperan osa Uma pistola que afinal era um cigarro A raiva no prado j se desvaneceu mas ela sente que poder explodir de novo a qualquer momento H uma pequena mancha roxa na face de Ludvigsson resultado da luta entre os dois melhor contar tudo diz Johan calmamente At para seu bem E para o bem das duas meninas diz Zeke Aquelas que voc matou Aquelas que apenas chegaram aos 6 anos Como que voc se sente por t
48. Frente Libert ria Econ mica O v deo maneira islamita no YouTube O homem da filmagem da c mera de seguran a junto do caixa eletr nico O mesmo homem N o deu para ver mas quem sabe quantos s o os que militam nessa tal Frente Libert ria Deem me um vegetariano para eu lhe meter um pouco de carne pelo traseiro diz Waldemar Ekenberg de repente Todos os outros param de falar e olham para ele Sorry acrescenta ele Mas eu acho que temos de chegar a algum lugar em breve algum lugar que valha a pena At agora parecemos um grupo de porcos espinhos remexendo a terra sem resultado Malin Zeke diz Sven Acompanhem me minha sala Vamos realizar um esfor o conjunto para encontrar aquele ou aqueles que mandaram o e mail para o Corren Est bem Ok concorda Malin Vamos logo 19 Sven Sj man est em p atr s da sua mesa de trabalho com o telefone branco contra o ouvido Toda a sua sala demonstra concentra o Malin e Zeke est o sentados inclinados para a frente muito atentos Depois de tr s conversas curtas Sven consegue finalmente contatar a pessoa certa o homem da empresa Securitas respons vel pelas c meras de seguran a no terminal da Esta o Central de Estocolmo Malin observa a maneira de trabalhar do seu chefe Sven Sj man e mais uma vez fica espantada diante da sua energia e experi ncia da forma como o seu cansa o parece desaparecer quando focaliza toda a at
49. Gostaria de ouvi la junto da sua orelha senti lo dentro de si esse homem ainda estranho mas j t o conhecido Ser que ela poderia dizer mais alguma coisa Ser que ela se atreve Parece que ele est pensando alguma coisa hesita mas fala Seria bom se pud ssemos nos encontrar de novo n o Quero dizer se voc desejar puder e houver essa possibilidade Fora do servi o N s estamos trabalhando no caso diz ela Tenho de desligar Malin fecha os olhos respira fundo Depois desliga Por qu Por que este muro em minha volta Eu n o quero outra coisa sen o gritar lhe que sim que quero me encontrar com ele Olha para Zeke que esperava ansioso pelo fim da conversa para saber a novidade Era o m dico de Hanna Viger diz ela Hanna morreu esta manh bem cedo N o conseguiu sobreviver aos ferimentos Parece n o ter acontecido nada de extraordin rio O corpo n o aguentou mais ou n o quis aguentar mais 28 s nove horas os detetives do departamento de investiga o criminalista de Link ping fazem uma reuni o Foram informados da morte de uma terceira v tima durante a noite e reconheceram a exist ncia de um suspeito principal que confessou outros crimes em vez daquele que no momento est o investigando Sven Sj man Karim Akbar Waldemar Ekenberg Johan Jakobsson B rje Sv rd Zeke E Malin Ningu m mencionou o convite para fazer terapia de crise desde a
50. Hanna Viger dentro do esquema anterior Digam se precisarem de ajuda se for preciso ouvir algu m mais N s devemos ouvir sim algum colega de trabalho de Hanna Talvez B rje e Waldemar possam ajudar Sven faz que sim Mais alguma coisa Acredita mesmo que seja poss vel diz Malin depois Acha que posso estar certa Sven acena novamente que sim E acrescenta O marido dela morreu num acidente de carro sem outro ve culo envolvido Eu fico sempre muito c tico nesse tipo de acidente O que nos diz que ele n o foi v tima tamb m de um crime Vamos ter de analisar novamente o que aconteceu nesse acidente E verificar se n o h registros nas c meras de vigil ncia do hospital Talvez haja imagens do criminoso E ainda ouvir o pessoal que trabalhou na noite em que Hanna Viger morreu Sven olha para ela Vai aguentar Malin encarar a investiga o dessa maneira Eu aguento qualquer coisa O assassino das meninas n o pode ficar solto Sven concorda Malin sabe que a conversa entre eles sobre a investiga o terminou e que ele vai orientar os outros sobre o que devem fazer Deixar todas as op es abertas at que tenhamos certeza absoluta N o deixar por menos nem exagerar Trabalhar com todos os sentidos em alerta Assim fala Sven Ele olha diretamente para mim pensa Malin Ele inclina se para a frente e pergunta pela segunda vez no mesmo dia E a reuni o hoje Do inv
51. Malin Est o chamando a Venha venha gritam elas E chamam pelo pai delas mas este n o sabe onde elas est o E a m e delas n o vai chegar porque est morta como n s Na realidade n s nem queremos ajud las Por que dev amos querer se elas podem viver e n s n o Mas todas as crian as devem se ajudar e devem ser boas amigas isso Malin ajude as salve as Elas est o sua espera Esperam que chegue e as salve Fa a isso pois assim voc se salvar tamb m Escute bem e voc as ouvir tamb m Os adultos devem chegar quando n s chamamos por eles Mas voc n o as ouve Voc n o as ouve Zeke deixa Malin porta do pr dio cor de areia na rua gatan H luz no apartamento Ser Tove que est l Espero que sim Malin est com saudades de se sentar ao lado da filha no sof para lhe fazer sentir que ela tem m e uma m e que se preocupa com ela Que ela n o coloca o trabalho nem a bebida em primeiro lugar Que n o precisa telefonar de uma maldita cl nica de reabilita o para dizer que se sente melhor Estou com saudades de ter tamb m uma amiga pensa Malin Uma boa e verdadeira amiga com quem possa falar a s rio Com quem possa ousar ser trivial Ser que Helen Aneman a locutora de r dio poder vir a ser essa amiga muito poss vel Helen inteligente divertida e tem muita empatia Mas ainda n o houve oportunidade para um conv vio mais pr ximo entre as duas E Ma
52. O garoto chama se Marko e a menina Elena A m e est morta morreu em um acidente de helic ptero quando o menino tinha apenas um ano de idade Portanto vivo sozinho com os dois Jokso Mirovi faz uma pausa Respira fundo Voc s deviam ter visto as minhas crian as tomando banho na piscina da casa que temos em Phuket Passavam o dia inteiro na gua Voc s deviam ter visto Marko quando pela primeira vez se atreveu a pular para dentro da gua Deviam ter visto Elena naquele momento Ficou mais feliz do que ele Jokso Mirovi concentra se antes de continuar num tom factual H um ano e meio na noite de Ano Novo eu conheci os irm os Henry e Leopold Kurtzon em Sri Panwa um lugar bonito perto de onde eu moro Gostamos mutuamente do nosso conv vio que ainda durou um bocado Eles eram um pouco como aquelas pessoas implac veis que eu costumava encontrar antes e a conviv ncia para mim servia para matar a nostalgia De certa forma n s parec amos ter muitos pontos de afinidade Continue insistiu Malin Estou recuperando o f lego responde Jokso Mirovi com os olhos vazios e frios embora no fundo aparecesse uma esp cie de apelo H meio ano os dois irm os me falaram de um plano Conheciam o meu passado Devem ter chegado conclus o de que eu seria capaz de fazer qualquer coisa fosse o que fosse Talvez tenham ouvido tamb m algumas hist rias do que eu fiz durante a guerra Eles queriam que
53. O sal o maior do que se sup e do lado externo O teto alto mesmo assim Malin se sente confinada Al Kabari senta se num tapete a um canto ainda iluminado pelo sol e coloca as pernas cruzadas por baixo do tecido branco da sua bata Sentem se por favor Malin e Zeke sentam se Al Kabari olha para os dois e espera que comecem a falar Estamos aqui por causa da explos o que aconteceu hoje cedo na Grande Pra a diz Malin Parto do princ pio de que o senhor j sabe do que se passou Al Kabari confirma com um aceno abre os bra os e diz terr vel Duas meninas foram mortas comenta Zeke Compreendo o motivo da visita diz Al Kabari suspirando Por seu lado Malin ouve as suas pr prias palavras pedindo desculpas apesar de nunca antes ter feito isso durante qualquer investiga o Nunca pediu fosse pelo que fosse O nosso chefe quis que vi ssemos falar com o senhor O senhor sabe atentados bomba e islamitas Para a maioria das pessoas na nossa sociedade a liga o evidente Eu pe o desculpas se o senhor se sentir de alguma forma como suspeito Al Kabari mostra se compadecido Ajusta a sua batina sobre as pernas O seu chefe certamente crist o curdo n o sim confirma Zeke Al Kabari balan a a cabe a E acrescenta Tantos antagonismos Eu trabalho a favor da compreens o e da toler ncia Trabalho para que a nossa congrega o se integre n
54. St Lars e as nuvens altas que cobrem o c u de uma noite ainda apenas anunciada O perfil do seu pai bem delineado Malin pensa como ele deve ter sido bonito e como ainda pode ser considerado um homem atraente Espera at que encontre algu m uma mulher carinhosa pois certamente n o vai conseguir viver sozinho Como est pergunta ela Estou bem responde o pai Mesmo O pai faz que sim mas Malin tem a sensa o de que ele quer falar mais alguma coisa Ela acha que finalmente o pai vai lhe dizer aquilo que ela sabe que ainda resta contar Malin levanta se vai at a janela olha um pouco para fora antes de se virar novamente para dentro O olhar do pai est firme mas denota cansa o N o est na hora de contar tudo pergunta Malin Contar o qu O pai mostra se solit rio e com medo Com medo da sua pr pria solid o Ent o Malin percebe que n o est na hora de pression lo Tem alguma coisa para contar que pode p r em risco seja o que for Ele n o vai faz lo agora n o esta noite Estou cansada diz Malin Foi um dia muito longo J quer ir para a cama Ela faz que sim Ent o eu vou para a minha casa Por que voc s vieram para c Podiam ter ficado l na sua casa O pai a olha com um olhar cheio de significado Foi a Tove que quis vir aqui N o ela n o falou nada Mas o senhor quis Por qu Est na hora de interro
55. Vigero Tuva e Mira Viger 6 anos A identidade confirmada oficialmente N o foram encontrados outros parentes al m da m e E esta encontra se ainda no hospital inconsciente An lise dos v deos de seguran a O homem de capuz apenas uma silhueta nas fotografias Imposs vel saber quem Devem ter passado o filme ontem nos programas de televis o Rapport e TV4 Talvez tenham chegado alguns palpites de quem o homem bomba possa ser O jornal Corren apresentou algumas imagens poss veis do homem Entrevistou tamb m alguns dos habitantes da cidade que quiseram opinar sobre o homem no v deo Embora as suas palavras tenham sido redigidas o dio manifestado patente N o existe puni o suficientemente grande para um caso desses Matem no Talvez seja a maldade em pessoa como se os habitantes da cidade precisassem ter algu m contra quem demonstrar a sua raiva o seu dio e tamb m o seu medo Agora tinham o homem do v deo ele o dem nio diab lico que tem de ser encontrado e destru do Mas ele tamb m uma pessoa pensa Malin O que ele fez terr vel N s vamos peg lo O Corren sabe tanto quanto n s pensa Malin enquanto d uma mordida num sandu che N o temos ainda porra nenhuma Nada al m de uma por o de pressentimentos adivinha es mas na verdade muitas investiga es boas e bem sucedidas come aram assim com vozes que sussurram ideias nos ouvi
56. a sua nova garota Talvez a um ou dois quarteir es dali Mas deixa para l Pensa em Peter Hamse No irm o mais novo Em Tove Tenta estar presente aqui neste momento Mas ent o fa a o que mais importante diz Tove Como ele se chama O nome dele Stefan Mas todos o chamam talvez pelo diminutivo Steffe Malin balan a a cabe a e afirma Eu n o sei se ele tem algum apelido S sei que dev amos encontr lo mas o caso que estou tentando resolver Sinto que se trata de algo que ao mesmo tempo grande e pequeno que um caso de vida ou morte que tem de ser resolvido rapidamente mas n o sei como Que quer dizer com isso Que tem de salvar algu m Talvez diz Malin Mas n o sei quem Talvez voc mesma mam e comenta Tove sorrindo Talvez tenha de salvar voc mesma Est com medo de encontr lo n o Sim Na verdade estou com medo E se fizer isso por mim Podemos ir l por mim n o Vamos l as duas Tove Mas ainda n o At voc o est traindo tamb m Tamb m Malin sente que a vergonha parece assumir o seu lugar Recorda como a bebida e o trabalho quase a levaram a ignorar a filha por completo Fazer a mesma coisa agora N o A vergonha irrelevante ela sabe disso Tove Afinal sou apenas um ser humano mesmo diz Tove sorrindo Depois pega mais um peda o de pizza que coloca na boca mas
57. abre se O piercing no nariz Dreadlocks O cansa o no olhar meia luz no apartamento e o cheiro forte e not rio de maconha logo sentido por Malin Voc diz Sofia Karlsson O que est fazendo aqui Isso voc sabe muito bem O qu Ela parece realmente surpresa pensa Malin que logo empurra Sofia Karlsson para o lado e entra no apartamento Sofia parece at que n o se importa com a entrada abrupta talvez por ter fumado bastante maconha Sven e Zeke passam pela frente de Sofia Karlsson com as armas em punho Sofia parece nem not los mas logo ouve as vozes deles Limpo Limpo Todo o apartamento est limpo V o com calma Calma acima de tudo diz Sofia Karlsson Sofia Karlsson senta se na beirada da cama em cima da colcha colorida Tenta manter os olhos abertos e parece fazer um grande esfor o para entender o que eles lhe contam sobre Jonathan Ludvigsson com quem alugava o pequeno apartamento Com certeza ela n o viu o programa Rapport Eles lhe dizem todos os detalhes e ela franze exageradamente a testa Est t o drogada que mal consegue mentir pensa Malin Acham que Jonathan tem alguma coisa a ver com a bomba Em princ pio acho at que pode mas eu n o sei porra nenhuma sobre isso Essa a grande verdade De qualquer forma foi legal Jonathan ter feito Legal Legal Voc est louca Duas meninas de 6 anos morreram Malin fecha os punhos Zeke ta
58. aguentar mais Est completamente errado Tove olha novamente pela janela do nibus A rotat ria das b tulas Um tatuador trabalha no local perto da pra a considerado o melhor de Link ping Ela gostaria de fazer uma tatuagem num dos ombros Um drag o com dentes de lobo Essa imagem seria ela pr pria Aquela que por suas pr prias for as conseguiu ir em frente depois do que lhe aconteceu no ver o em que foi raptada por uma assassina e quase morreu Foi quando a m e caiu em depress o e abriu a porta para uma vida nas trevas para uma sala t o cheia de horrores e de solid o que por fim acabaria por dar lugar apenas morte No ch o do hall de entrada do apartamento a mensagem da m e Fui trabalhar cedo de novo Surgiu uma novidade As novidades surgem sempre e sempre v o surgir N o verdade m e Mas a situa o n o vai durar por muito mais tempo Agora eu vou partir para o mundo Vou fazer dele a minha morada N o vou ficar aqui neste buraco estreito e apertado como voc Acho que vejo melhor do que voc m e aquilo que faz Trabalha e luta para se justificar diante de si mesma Voc luta m e sem d vida Luta mas devia parar n o Infelizmente vou ter de partir em breve Justamente no momento em que o vov voltou para casa Eu gosto de ficar com ele Acho o bem menos complicado do que muitos outros adultos Ele parece se deleitar pelo simples fato de estar na minha companhia e de ouvi
59. alguns meses depois em um eterno ciclo de vida e morte Animais predadores que acordam nas suas tocas e se lan am para ca ar e satisfazer a sua fome que ca am e matam filhotes de outros animais para alimentar os seus e garantir a sobreviv ncia Rapazes vestidos com roupas leves Desejos contidos sem culpas Tudo reduzido a uma dan a de horm nios At as r deas de Malin querem se soltar Corpos descontra dos Corpos endurecidos Malin para e fica quieta diante do pr dio Crava as unhas nos bra os mas n o com tanta for a a ponto de romper a pele Eu ando em c rculos pensa Malin Ser que a decep o est vis vel no meu rosto Vou fazer em breve 37 anos O tempo passa por mim Tem de acontecer algo mais do que apenas essa ca ada desesperada por alguma coisa indefin vel Tem que acontecer alguma coisa Os segredos A procura por alguma coisa que possa me levar adiante com os meus pr prios p s Autoconfian a para mim e para os outros Alguma coisa que leve cura deste meu maldito desassossego Isso n o pode surgir como consequ ncia de uma primavera normal Poder uma bomba A morte de duas meninas inocentes Maria Murvall V tima de um estupro num caso sem solu o pelo qual eu ainda continuo quase obcecada Ser que poder me levar adiante Maria voc que ainda continua sentada no seu quarto no hospital psiqui trico de Vadstena e se recusa a sair de si mesma e ser o que um dia foi Voc anseia
60. ao fim da prova e tiveram de sair da escola ap s um ano de estudos Dif cil Mas n o t o dif cil como aquela sala de interrogat rio que est indescritivelmente desgastada com a tinta amarela das paredes a cair aos peda os com o tapete de pl stico no ch o cheio de furos enormes e no teto as l mpadas de merc rio que ao contr rio das l mpadas de halog nio das salas de interrogat rio da pol cia de Link ping d o uma luz agressiva e n o aquela luz suave que inspira confian a e que serve t o bem para conseguir confiss es O espelho na parede Alguns colegas de Estocolmo l atr s dele Sven Sj man telefonou quando ainda estavam no hotel para trocar de roupa Malin e Zeke compraram roupas ntimas e umas camisetas na loja hl n Malin usa a sua por baixo do vestido cada vez mais sujo Sven contou que Jokso Mirovi fora preso no aeroporto de Arlanda e levado para o departamento de pol cia de Estocolmo Tomaram um t xi e ao chegar a primeira coisa que tiveram de fazer foi convencer o hesitante colega no comando de que eles Malin e Zeke deviam ser os primeiros a interrogar Jokso Mirovi Isso n o devia ser feito pela S po Ou pelo menos pela pol cia de Estocolmo visto que foi no seu distrito que o suspeito foi preso Malin relatou todos os passos j dados por eles no caso e falou da necessidade de resolv lo o mais r pido poss vel a fim de que o p blico n o passasse desnecessariamente por mais ess
61. as presas Precisa ouvi las Elas precisam de voc e para saber quem elas s o deve descobrir quem somos o nico caminho N s vemos voc na enfermaria Pressionamo nos contra voc fazemos com que os nossos pequenos dedos fa am c cegas no seu pesco o como se fossem penas de p ssaros Sabe que estamos aqui no quarto em que mam e morreu n o verdade por isso que veio apesar de precisar dormir Est escuro mas o dia vai nascer e na Terra s o milh es como n s que se movimentam mas n o sabem nem como ousar olhar em frente A escurid o neste quarto n o nada em compara o com a escurid o em que voc vai afundar Malin A escurid o que a espera talvez n o acabe nunca Mas n o fique com medo Talvez n o ouse descer e a a escurid o vai crescer Voc respira Mant m os olhos fechados A sala cheira a material de limpeza e morte Escuta o que dizemos Malin Est nos ouvindo Malin abre os olhos As vozes que ela esperava ouvir n o est o mais ali n o estavam mais ali No entanto alguma coisa a estimulava a ir em frente a fechar os olhos at que a sua escurid o se transformasse num inferno de vapores inflam veis e ritmados E ela entendeu ent o que a solu o para o caso da bomba de Link ping estava nessa escurid o Um corvo voa em frente da janela O animal tem uma minhoca no bico e na escurid o a minhoca se transforma em uma pequena serpente que se arrasta pelo c u de
62. assim que acontecia E voc meu pai era voc que cuidava de mim n o verdade E cuidava bem n o Lembro me de uma vez em que fiquei no meu quarto em Sturefors espera que voc minha m e viesse me perguntar como eu estava Ou dissesse alguma coisa bonita Ou fizesse algum carinho Mas voc nunca veio Na sua falta eu ficava deitada na cama de olhar fixo no teto do quarto sem conseguir adormecer Numa noite de trovoada eu fui at a sua cama enfiei me ao seu lado Tinha 5 anos Voc acendeu o abajur na mesa de cabeceira O pai dormia ao seu lado Voc olhou para mim Fica aqui ao meu lado Est com medo dos trov es Depois apagou a luz e eu senti o calor do seu corpo por baixo do len ol em contato com o meu Logo ca no sono Como se tivesse entrado numa nave de calor protetor Quando acordei pela manh voc j tinha se levantado Fui encontr la na cozinha Sonolenta com olheiras Esta noite n o dormi voc disse Por sua causa Malin Nunca mais voltei a sentir o calor do seu corpo por baixo do len ol Voc raramente ficava zangada minha m e Mas era como se voc n o existisse apesar de estar em casa Voc decidia o que eu devia vestir queria decidir sobre isso de qualquer maneira Tentava me tornar mais feminina porque isso era o que as meninas deviam ser Eu odiava as saias que tentava me obrigar a usar Assim como os vestidos Eu tentava me impor Voc te
63. bem conhecidos na rea financeira Apesar de ele ter imaginado que a pol cia j estaria atr s deles foi um choque ter lido isso no site do maior jornal da Escandin via Foi como se tivesse recebido dois murros um no est mago e outro no cora o Ele tem a certeza de que tudo foi por gua abaixo Jokso Mirovi j teria contado a sua hist ria para a pol cia e agora seria apenas uma quest o de tempo encontr los ali Falta pouco para eles nos pegarem E vamos ser condenados pris o perp tua Trinta anos no m nimo J serei um velho quando sairmos da pris o Mas em seguida a coragem volta Ele faz uma careta e deixa que a energia e a capacidade de estabelecer metas retornem ao corpo Afinal como que eles podem nos encontrar aqui Ningu m sabe que n s temos este lugar Com a ajuda do dinheiro colocado nos bolsos certos tudo foi apagado Um terreno uma casa Problema nenhum O pai resolve Queria ter um lugar que existisse mas que n o existisse E ele deixou que n s tom ssemos conta daqui ordenou nos que mand ssemos vir drag es de komodo da sia e que trat ssemos desses bonitos predadores na nossa ilha Tentem aliment los Talvez voc s agora consigam ser bem sucedidos nisso E n o fracassem como aconteceu antes em todas as tentativas que fizeram Leopold sai para um dos terra os da casa Olha para as jaulas onde vivem os animais Ele odeia descer para l mesmo quando os animais est o bem
64. bem estampado no rosto de criminosos que confessam os seus crimes e se sentem preparados para enfrentar as consequ ncias dos seus atos mas acham bem no fundo das suas almas que tinham todo o direito de comet los Ele se vira para ela O que devo fazer Malin O que quer O que est feito est feito N o d para voltar atr s Espero naturalmente que voc me perdoe Est doido pensa Malin Completamente doido Levanta se de novo deixando o pai sozinho na sua sala de estar sem dizer sequer mais uma palavra Ela deixa o pai no apartamento com o sil ncio e as recorda es de horas e dias de viv ncia no caudal leitoso da mentira num ambiente de ar rarefeito Ela reconhece que a solid o do pai agressiva e mortal como um c ncer de f gado Sabe que poder deix lo nessa situa o sem hesitar Gostaria de me encontrar com Tove fala ele Deixe que eu me encontre com Tove Ela n o quer se encontrar com voc pensa Malin A Escola Lundsberg como se fosse um castelo sua volta Tove n o quer se encontrar com ningu m Ela est se afastando de n s E eu eu sei para onde devo ir A primeira luz da manh entra pela enfermaria rec m lavada e vazia A fita de pl stico azul e branca isolando a rea do crime j foi estendida entre as molduras das portas Certamente Sven Sj man j pediu para Karin Johannison marcar uma reuni o com algum dos colegas dela a fim de analisar toda a enfermaria Mas n
65. berros e gritos mas nenhum tiro Depois mais berros e gritos e uma voz que se destaca Calma Deitados quietos porra Temos todos esses idiotas de merda sob controle Malin ouve as palavras de Sundblom e ao mesmo tempo v uma figura escura que surge de repente a uma esquina do pr dio Tem tempo suficiente para chegar conclus o de que n o se trata de um colega A figura foge e desaparece por uma descida Logo entra em um prado escuro que parece ser mais um mar tranquilo sob a luz do luar Filho da m e diz Malin saltando do carro Ela corre pela rua por onde a figura desceu e entra no prado Corre atr s da figura que se desloca como uma silhueta l bem na frente Seja quem for homem ou mulher est tentando fugir O cora o de Malin parece que vai saltar pela boca N o puxe a pistola Aproxime se por tr s Depois pegue o Aproveite todas aquelas horas passadas no gin sio do por o do edif cio da pol cia neste ltimo ano em que n o bebeu quil metros e quil metros andados e corridos na esteira os milhares de metros nadados na piscina ol mpica do balne rio Tinnerb ck todas essas dores f sicas que sentiu com o treinamento a fim de perder a vontade de beber e dominar as explos es sedentas do corpo O cora o acelera as suas batidas mas o corpo aguenta Ela sente isso A figura j come a a perder velocidade Talvez n o aguente por muito mais tempo Ser Jonathan Ludvigsson Imposs vel
66. brinca e eu brinco com ele Desenhamos bonecos com giz no escuro embora n o possamos ver o que desenhamos Estamos com fome papai N o queremos morrer Nem ficar aqui presos para sempre Queremos voltar para o outro lado da ponte A mam e j est no c u claro que est Papai foi o que voc disse mas ainda n o queremos ir para o lado dela Queremos que venha aqui afastar os homens horrorosos e nos abra ar Abra ar nos por um longo momento e depois queremos brincar tomar banho e brincar ficar bem distantes de todos os horrores Mas os horrores repugnantes continuam aqui E cheira a morte Quero sair daqui papai Ir embora Apenas voc poder nos tirar daqui papai E nos levar para longe Ser que outra pessoa pode fazer isso Vou gritar mais uma vez N o ouso fazer nada al m disso E ele grita tamb m Gritamos os dois papai Est ouvindo Est o a meninas Todos os dias eu me pergunto o que aconteceu com voc s Fiquei deitada naquele lugar malcheiroso a me perguntar se o que eu fiz foi o certo Agora sei o que aconteceu a voc s explodiram em peda os Jamais vou me perdoar Eu teria que mant las longe da besta a qualquer pre o Eu era obrigada a salv las o principal dever de todos os pais de todas as m es o de defender as suas crias E eu fiz tudo o que podia mas n o foi o suficiente E tudo aquilo que eu agora quero estar com voc s Mas por que voc s iriam me dar as boas vin
67. caso estejam s brios por ordem de chegada at todas as camas ficarem ocupadas Todas as noites ficamos lotados Madelene Adeltj rn senta se a uma mesa bem pequena como se adivinhasse a curiosidade de Malin em saber o que uma mulher como ela faz ali naquele lugar naquele escrit rio N o existem cadeiras para visitantes de modo que Malin e Zeke permanecem de p Vejo que voc est curiosa diz Madelene Adeltj rn Eu venho do que voc s costumam chamar uma fam lia fina N s temos dinheiro mas n o existe nada de mais vazio do que isso Sou formada em Economia Social e aqui que eu considero o lugar certo para fazer o que quero ou seja alcan ar a minha realiza o Aqui neste lugar eu trabalho com pessoas que nunca tiveram uma vida f cil simples assim Com o dinheiro podemos alimentar a boca mas n o a alma Malin sente que a sua vez de deixar cair o queixo N o era minha inten o Ao seu lado Zeke faz uma careta e diz Claro que era a sua inten o sim N o sou nenhuma santa acrescenta Madelene Adeltj rn sorrindo Ali s tenho at h bitos car ssimos Nessa altura Zeke achou que estava na hora de ir em frente O que voc sabe sobre Josefina Marl w Ela costuma vir aqui Eu n o sou obrigada a guardar nenhum sigilo mas gosto de zelar pela privacidade dos meus h spedes Pode ficar descansada s queremos o bem dela N o vamos lev la para
68. certeza viu que eu liguei Est para aceitar a chamada Aceita mesmo sem ver quem que telefonou Malin Aqui Britta Ekholm N s nos encontramos ainda h pouco N o N o aguento Mas tenho mil perguntas a lhe fazer Pensei que talvez queira saber mais sobre o seu irm o Eu compreendo muito bem a sua rea o diante da not cia Malin continua andando passa pelo port o e acompanha o tr nsito intenso da Drottninggatan V ao longe o seu carro no estacionamento Ser que eu quero mesmo Ele est mal diz Britta Ekholm Est quase completamente cego Tamb m mentalmente perturbado Mas ainda d para conversar com ele Tem uma maneira especial de se expressar E muito amoroso A mente racional de Malin fica ligada da mesma forma instintiva com que ela agrediu antes o pai Ele consegue andar N o a sua capacidade motora ficou seriamente danificada ao nascer Mas voc vai gostar dele estou certa disso Em seguida Britta Ekholm conta tudo a respeito de Sj plogen a prov ncia onde o hospital est situado o que faz com que Malin possa imaginar uma mans o branca enorme com muitas janelas e muitos deficientes mentais de cabelos espetados gritando para as pessoas que passam embaixo Mas n o s o pessoas que metem medo antes loucos felizes os que ela v na sua imagina o Gostaria de pedir desculpas diz Britta Ekholm a seguir Por nunca ter tentado entrar em co
69. com a chave mestra as tr s fechaduras do port o de entrada do edif cio A escada cheira a rem dio contra tra as e a veneno contra ratos Eles sobem e chegam diante da porta do apartamento de Henry Kurtzon Malin demora apenas tr s segundos para abrir a fechadura As outras duas fechaduras de seguran a quinze minutos cada uma N o se ouve nenhum som de dentro do apartamento nem tinham visto antes qualquer luz nas janelas Nenhum alarme ligado N o deve haver ningu m em casa Mas eles ainda n o t m certeza Por isso Zeke e Conny Nygren ficam em cada um dos lados da porta de pistolas na m o prontos para qualquer a o enquanto Malin se esfor a rapidamente para abrir a porta do apartamento tentando fugir o m ximo poss vel de uma eventual linha de tiro Ser que as crian as est o aqui Ser que as estou ouvindo choramingar Elena e Marko N o apenas o som da cidade n o Ela consegue abrir a terceira fechadura e com ela a porta Zeke e Conny entram no escuro de armas em punho Sal es vazios uma cozinha vazia com portas esverdeadas arm rios vazios paredes vazias nenhuma l mpada para acender nenhuma pessoa para prender As crian as Malin procura no apartamento o quarto que d para o jardim interior Primeiro um quarto vazio a seguir um banheiro e do outro lado do banheiro mais uma porta Deve estar escuro l dentro Ela escuta um som irritante um arranhar qualquer Estou chegando pe
70. como se ela n o se preocupasse muito em saber onde estou e o que fa o Mas evidentemente ela tem que viver a vida dela N o aguenta mais simular um monte de sentimentos al m de preocupa es para a m e Ela pareceu at nem pensar na possibilidade de a miss o em que estou empenhada ser bastante perigosa No sentido contr rio outro carro O motorista n o baixa o farol alto Malin imagina logo que Zeke teve de fechar os olhos Luz Luz mais forte E depois a escurid o compacta quase total Malin sente que eles est o no caminho certo V o salvar as crian as V o salvar Elena e Marko N o pode ser tarde demais O terror seu servidor Josef Kurtzon pisca os olhos cegos pela catarata sabe que tudo est em jogo no momento sabe que a vida um jogo que nunca termina Fraqueza o que podemos fazer com ela Inseguran a Eu jogo com ela pensa ele Seus pulm es se contraem e todo o corpo entra em agita o terr vel provocada por uma tosse convulsiva que por pouco parece rebentar os seus vasos pulmonares Eu nunca parei de jogar O prazer sempre esteve do meu lado exatamente como agora nesta noite em que tudo se encaminha para o obscuro final O lagarto gigante empalhado ruge ao seu lado Ele afaga o em pensamento passa a m o pelo seu dorso e olha no escuro sua cegueira uma cegueira branca Ele n o tem medo do escuro Procurou por isso a vida inteira e fez da escurid o o seu mundo Josefin
71. como uma menina de 6 anos a correr pela sala passando por cima dos tapetes Ela brinca sozinha com o seu brinquedo preferido Parece at ela pr pria uma boneca bonita com os cabelos louros esvoa ando pela cabe a a pular e a gritar a soltar muitas gargalhadas e risos enquanto corre pela sala Ent o ela para no hall Bem na sua frente Olha para ele quer perguntar alguma coisa mas parece n o encontrar as palavras certas Logo ela parte a correr novamente Ele v que ela procura por alguma coisa febrilmente na sala de estar Levanta os tapetes as almofadas do sof e diz Onde que ela est Onde que ele est Onde que ele est ke Fors quer avan ar ao encontro da sua filha de 6 anos de idade Quer ajud la Ela diz Onde est a m e Onde est a m e Quer responder mas sabe que nada do que v realmente existe tudo cria o da sua imagina o como a eletricidade as recorda es e os sonhos O celular toca v rias vezes Sem resposta N o atende ke Fors desliga Deseja que tudo n o seja tarde demais Ainda n o tinha chegado a adormecer V o n mero de telefone do pai no visor do celular mas n o aguenta atend lo No entanto logo se lembra da reuni o no escrit rio do advogado O invent rio Hoje Ela esquecera completamente da reuni o mas ainda d tempo para dormir um pouco e chegar na hora Tente dormir um pouco Malin Precisa descansar Mesmo que n o qu
72. compreens o numa mistura que se transforma em medo Medo que mesmo assim n o suficientemente forte para manter os curiosos longe da trag dia Como no 11 de Setembro quando morreram milhares de pessoas Grupos de pessoas correram para onde existiam as torres g meas e foi poss vel ver na televis o como a curiosidade nos seus olhos mesmo assim era maior do que o medo Malin interroga as pessoas uma ap s outra Uma estudante com um curativo sobre um corte profundo na testa talvez apenas quatro anos mais velha do que Tove ela que diz Eu bebia uma Coca na esplanada do M rners Inn queria pegar um pouco de sol antes de ir estudar na biblioteca Pelo que eu entendi a explos o se deu de cima para baixo vinda do banco O que a senhora acha sobre o que aconteceu Quem que pode ter feito uma coisa dessas isso que n s estamos tentando descobrir responde Malin notando que a jovem na sua frente n o sente muita confian a na capacidade da pol cia Mais ou menos uma hora depois todos os que estavam na pra a tinham sido ouvidos Tamb m tinham interrogado o pessoal do banco inclusive o gerente da ag ncia V rios funcion rios j tinham deixado o local e voltado para casa para junto dos seus familiares Um grande n mero de policiais fardados tamb m ajudou nos interrogat rios na pra a Um pouco hesitantes com medo rodaram com um bloco de anota es na m o questionando os habitantes de Link ping que fo
73. comunidade Ela desligou o computador A ltima imagem a desaparecer era a de Tove de biquini numa praia pouco antes do p r do sol Tenho que lhe contar pensa Malin no momento em que v a fotografia de Tove Tenho que lhe contar tudo Tenho que lev la comigo na visita ao asilo em H lsingland N o posso desapont la de novo e manter o seu novo tio meu irm o longe dela E ent o ela v o quarto de novo com o rapaz a imagem do irm o mas atr s da imagem vibra um buraco negro que o dio pelo pai E talvez tamb m pela m e Como que p de Como que voc s puderam Ela engole em seco Vem novamente a sensa o de irrealidade E essa sensa o se transforma na sua melhor amiga Ela olha para Tove essa encarna o perfeita do amor e da bondade Malin pensa que as duas jamais v o se trair que sempre v o conviver e seguir os passos uma da outra at que ela pr pria morra de velhice sentada numa confort vel poltrona em uma varanda com vista para o mar Pela janela do lado de fora a noite j se anuncia e Malin acha que est na hora de voltar para casa deitar se na cama e tentar dormir Mas como fazer para o sono chegar N o se consegue dormir no meio de uma explos o Nem sequer fechar os olhos quando o mundo se parte em peda os Mas d para se embebedar E o Hamlet est aberto Ela se levanta segue para o estacionamento e senta se no carro Gira a chave de igni o e o carro liga Antes de part
74. conclui Karin Kvarnsten Depois de ouvir os funcion rios da escola B rje e Waldemar param no estacionamento para conversar E para Waldemar acender um cigarro Sem d vida nenhuma diz ele tudo pode acontecer Mas desde que n o atinja as pessoas a vida continua sem problemas n o verdade verdade sim concorda B rje Vamos ver agora se Malin e Zeke descobriram alguma coisa Ronny Karlsson fica murmurando ou resmungando qualquer coisa enquanto segue na frente de Malin e Zeke pela grande sala empoeirada e j acanhada onde est localizado o arquivo da Justi a Municipal que ocupa quatro andares do grande pr dio de tijolos vermelhos da administra o local vizinho da biblioteca perto do Slottsparken o parque do pal cio da cidade Os dois conseguiram os dados da pessoa respons vel pelo arquivo na internet e em seguida ligaram para o contrariado burocrata que ainda sob alguns protestos concordou em lhes mostrar os arquivos b sicos Deve ter compreendido que o assunto era s rio N o seria melhor Mas ainda no telefone acabou por deixar a pergunta pela metade N o n o daria para esperar N o h tempo para seguir os tr mites habituais com o preenchimento de uma infinidade de formul rios Muito bem Podem vir dentro de uma hora e meia E no momento l vai ele de cal as jeans e camisa de flanela vermelha na frente de Malin e Zeke O arquivo cheira a recinto fechado e
75. consegue por m distinguir o que dizem Ent o desvia a aten o do murm rio e passa a escutar Sven Sj man Considerem esta como uma reuni o oficial do departamento de investiga o Precisamos estruturar os nossos trabalhos At aqui temos trabalhado cada um para um lado desligados Antes de tudo o que acabamos de ver Pode ser o mesmo homem que vimos no v deo da Frente Libert ria Econ mica diz Johan Jakobsson Ou pode ser outro O estilo de roupa no entanto o mesmo As caracter sticas do corpo s o as mesmas Ap s essas considera es Johan fica em sil ncio mas os outros notam que ele gostaria de dizer mais alguma coisa Filho da puta exclama ele em seguida Que morra queimado no inferno Todos os outros colegas em volta da mesa olham para ele de certo modo envergonhados por pensarem da mesma forma e espantados com a atitude explosiva de Johan uma atitude que n o lhe caracter stica J de Waldemar Ekenberg n o seria de esperar outra coisa Que queime no inferno Malin v B rje Sv rd respirar fundo antes de se manifestar Porra rapazes est na hora de baixar o tom Estamos todos indignados diante do que aconteceu mas essa exalta o n o serve para nada Sven toma de novo a palavra Sabemos agora que o homem da bomba chegou ao local de bicicleta pelo lado norte e continuou a p para leste Isso nos d a possibilidade de tentar determinar com exatid
76. cruzamento central da rua do rei a Kungsgatan com Sveav gen Malin v que as jovens atravessam as ruas perto da loja da Adidas com uma firmeza que ela nunca teve quando estava com aquela idade e morava l Zeke ao volante vira agora para a rua R dmansgatan e sobe uma pequena ladeira at chegar a um jardim o Tegn rlunden onde a primavera encheu os canteiros de verde que rodeiam a rom ntica est tua de August Strindberg que parece um velho senhor qualquer com um le o ao lado Depois o carro segue por uma rua menor da qual Malin n o sabe o nome Teknologgatan Deve ser aqui diz Zeke antes de parar Servi o Social de Norrmalm escrit rio 4 Agora s esperar que Ottilia Stenlund nos receba se que ela est trabalhando neste s bado Caso contr rio vamos ter de ir v la na sua casa A necessidade jamais est de folga nesta primavera de 2010 A reparti o est aberta exatamente como Ottilia Stenlund dissera E ela est l Malin e Zeke tiveram de esperar numa sala sem janelas com as paredes pintadas de um tom amarelo agressivo o que faz Malin pensar em Hare Krishna Ottilia Stenlund vai receb los mas ter de atender primeiro a dois clientes Tem mais gente sentada nos sof s e nas cadeiras As pessoas folheando o jornal Metro a revista H nt i Veckan al m de outra revista sobre decora o de interiores que algu m deve ter trazido de casa e esquecido de levar de volta Algumas das
77. cruzamento diante do sinal vermelho perto do Hotel Zinkensdamn e do pub ao lado na esquina ainda com gente na fila para entrar Malin acha que viu o famoso compositor Ulf Lundell passar no outro lado da rua Logo os anjos v o aterrissar Malin recorda como ela e Janne dan aram ao som dessa can o quando eram jovens logo ap s Tove ter nascido E tamb m antes de come arem todos os problemas Espero que o compositor tenha raz o N o consigo ver l gica nenhuma neste maldito caso diz Zeke batendo os dedos no volante num esfor o para se manter acordado E voc Malin obriga se a retomar toda a situa o e consegue fazer com que a cabe a funcione Se tivessem alguma coisa a ver com este caso os irm os deviam ter assassinado primeiro Josefina Marl w n o acha diz Zeke Josefina estava entre eles e a heran a Ser que isso est certo pergunta Malin Josef Kurtzon disse a Josefina que ele daria toda a fortuna para uma institui o se ela morresse antes dele Mas por que os irm os iriam matar as meninas e Hanna Viger6 O que eles ganhariam com isso Talvez tenham chegado seguinte conclus o se Josefina Marl w herdar tudo de Josef Kurtzon e depois morrer as meninas que v o ficar com toda a fortuna mas se elas tamb m desaparecessem do mapa os dois irm os seriam os nicos herdeiros vivos da irm Mas Josef Kurtzon j organizou tudo para que os irm os
78. da cadeira mas n o se lembra do nome o que a irrita bastante Irrita se ainda mais por se irritar com coisas t o insignificantes Os dois sentam se em bancos almofadados em couro na frente de Karin Como ela olha para Zeke Quero estar com voc agora e a s s assim que ela olha para ele Na sua mente Malin volta a ver os dois enroscados na cama em algum dos hot is mais baratos de Link ping Talvez na rea de St ng n perto da esta o de trens N s sabemos qual foi o tipo de bomba usada diz Karin Qual o explosivo utilizado e como foi detonado Shoot diz Zeke E Karin sorri A bomba foi detonada por controle remoto Encontramos uma capa de detonador que costuma ser usado para detonar a dist ncia Inclusive partes do receptor Em princ pio pode se estar a uma grande dist ncia e ainda assim acionar esse detonador Trata se de um IED abreviatura das palavras em ingl s Improved Explosive Device A bomba foi fabricada artesanalmente montada por algu m que uniu v rias partes e v rios materiais explosivos A base explosiva foi formada por per xido de acetona que conhecido no ramo de explosivos como TATP O per xido de acetona usado pelo Ex rcito mas tamb m utilizado normalmente na constru o civil na Su cia Provavelmente muito utilizado Onde exatamente se pode comprar esse tal de TATP pergunta Malin inclinando se para a frente para destacar maior interesse
79. da m e da sua morte causada por um mal s bito de que o corpo de Margaretha Fors seria transportado para a Su cia para o funeral e que ke Fors o pai de Malin iria vender o apartamento em Tenerife e voltar definitivamente para casa A perda da m e abalaria fortemente qualquer um consideraram os seus colegas mas para uma alco latra em recupera o um acontecimento desses poderia significar a queda das barreiras uma garrafa novamente aberta a terminar no m nimo em uma incontorn vel bebedeira ou coisa muito pior Mas Malin j lhes tinha dito para n o se preocuparem quando lhe foi perguntado como se sentia A tristeza se que tinha alguma ela saberia como dominar Demonstrou se que a resolu o de problemas pr ticos passou a ser para ela antes uma terapia de trabalho mantendo a maldita ansiedade a dist ncia falar com o pai ao telefone contratar a ag ncia funer ria limpar o apartamento antes de o pai chegar falar com a pastora Tinha que se mexer organizar as coisas Uma hora depois de ter recebido a not cia ao saber pelo telefone que a av tinha morrido Tove ficou indiferente como s uma adolescente poderia ficar At ela reagiu em termos pr ticos Perguntou se as duas iriam viajar para Tenerife S ent o Malin reconheceu um tra o de medo na voz da filha M e voc n o tem nada para beber em casa n o gua e Coca Cola Tove N o falei de brincadeira n o Prometo q
80. de B rje Sv rd se contorcer Mas entende que B rje deve se recordar de Anna no momento em que os deficientes e os retardados s o levados de volta para os seus quartos e celas O pr prio Waldemar sempre ficava cheio de medo de um dia terminar desse jeito ou de as crian as que ele e a sua mulher nunca tiveram nascerem e viverem com defeitos permanentes Talvez tenha sido esse receio que determinou o fato de eles nunca terem desejado filhos Quem sabe Vamos entrar B rje acena afirmativamente Tocam a campainha da porta e esta feita de vidro espesso abre se imediatamente dando passagem para o interior do asilo Eles entram e logo s o abordados num corredor fortemente iluminado por uma jovem loura vestida com um macac o rosa de pintora Eles se identificam mostram seus distintivos e informam sobre o motivo da visita O meu nome Petronella Nilsson Sou terapeuta em atividades artesanais e a minha aula de pintura s come a s onze horas Eles seguem a jovem e entram em uma sala de pintura com pinc is latas e latinhas espalhadas pelas prateleiras ao longo das paredes A luz suave entra por uma enorme janela que d para um jardim florido interno Mesas manchadas de tinta e nada de cadeiras Cada um senta se num banco e Waldemar logo nota as sardas da jovem e como elas ornamentam o nariz arrebitado do seu rosto de 25 anos Este um panorama t o horr vel diz ela N o consigo entender N s to
81. de olhar para mim uma revela o explosiva Abrace me aperte me bem forte nos seus bra os Salve me dos meus desejos Tenho de ir ao banheiro diz Malin E levanta se Peter Hamse terminou o seu turno no hospital procurou o n mero de telefone de Malin na internet e agora est sentado diante do computador em seu apartamento na rua Konsistoriegatan Pensa se liga ou n o para ela Gostaria de ligar mas acha que melhor esperar ou talvez nem telefonar Resolve esperar Meu Deus como ela bonita Sensual esbelta e atl tica com olhos inteligentes e cabelos louros e curtos exatamente como ele gosta Mas ela tem algo mais Alguma coisa diferente Algum tipo de fraqueza e de vulnerabilidade combinadas com uma for a interior que a torna extremamente sensual Peter digita o nome dela no Google Pesquisa Malin Fors Mais de 5 milh es de resultados Ele l os artigos sobre ela as v rias investiga es em que trabalhou o que o leva a considerar que ela j passou por tudo se saiu muito bem na grande maioria dos casos e que deve ser uma verdadeira durona Quase assustadora Talvez seja melhor recuar Mas porra ela n o l sbica Houve uma incr vel tens o entre os dois Como se fosse um amor entre adolescentes com sobrecarga de horm nios Peter levanta se Pensa Vou telefonar Amanh Talvez Ou quem sabe corremos para os bra os um do outro nos encontramos de novo por causa de Hanna Vi
82. depois de ter parado de beber As endorfinas e o esfor o do corpo mant m a vontade de beber distante Correr em torno do lago St ng n nadar dez quil metros na piscina do balne rio de Tinnerb ck nadar cinquenta metros sem respirar tudo isso faz com que ela sinta o corpo quase explodindo por dentro e a vontade de beber explodindo para fora desaparecendo Horas e horas no gin sio da pol cia durante o inverno A barra de peso com mais de cem quilos pressionando e se aproximando perigosamente do seu pesco o Empurre para cima ou ent o voc morre N o existe ningu m por perto que possa ajud la aqui embaixo no por o Ningu m que possa ouvir os seus fracos gritos por ajuda caso deixe cair a barra em cima do seu pesco o A nsia por bebida s pode ser curada com perigo e sofrimento que colocam em andamento o sistema de compensa es quando as amea as s o vencidas A nsia por bebida desaparece pelo desgaste f sico Mas poder voltar a qualquer momento Mostra ent o o seu rosto com um sorriso de desprezo Fa a o que fizer Malin eu estou aqui e sempre estarei E sou eu que decido Ela tenta afastar a atra o do bar Na cidade impera a primavera Com uma luz de sol que chega a cegar durante o dia e que ilumina todo o lixo coberto antes pelo manto de neve Mo as vestidas com roupas leves e com quem os homens sonham depois de um inverno rigorosamente frio A natureza renasce para viver e morrer
83. diz a sua intui o N o sei Sven Mas aquele vendedor de cachorros quentes afirmou que costumava ver a fam lia regularmente na pra a n o verdade Talvez algu m tenha estudado esses h bitos E al m disso por que algu m iria assumir o risco de entrar no hospital e matar Hanna Viger O que ela poder ter visto Nenhuma das testemunhas na pra a tinha nada a dizer de importante sobre o caso Portanto por que Hanna seria a nica a ter alguma coisa para contar Ela devia saber de alguma outra coisa de import ncia fundamental para justificar a bomba Por isso quero direcionar a minha investiga o para a fam lia Trata se de uma sensa o com alguma l gica Sven E assim que deve ser em qualquer bom trabalho policial Ela bebe mais um gole de ch antes de continuar uma droga a maneira como tudo ocorreu r pido neste caso Ainda nem terminou o quarto dia desde que a bomba explodiu Parece at que n o tivemos tempo para respirar E uma situa o dessas n o ajuda nem um pouco a intui o Para trabalhar bem a intui o precisa de tempo e de espa o Eu vejo nessa ideia um caminho poss vel para avan ar na investiga o Sven parece refletir Vamos fazer assim diz ele ap s uma reflex o de talvez meio minuto mas sem qualquer hesita o na voz Concentrem se voc e Zeke nessa teoria N s os demais vamos continuar a trabalhar na investiga o de maneira geral e no assassinato de
84. dizer no escuro A fotografia da carteira de identidade que a pol cia recebeu j tinha mais de dez anos Ser que ele me escuta J n o corre s anda Talvez mais uns cem passos e conseguirei alcan lo Ela corre em dire o sua ca a e corre tamb m para a lua onde duas meninas sem asas de faces p lidas e cabelos brancos flutuam no espa o ao luar estimulando a a prosseguir Corra Malin corra Quem quer que seja que esteja correndo no prado na sua frente no escuro algu m que precisa ca ar n o verdade Pegue o jogue essa figura ao ch o Ser um animal excitante Malin v la ca ando mas n o ser a coisa mais horr vel que vai acontecer ainda esta noite As crian as presas dormem Elas pertencem ao nosso grupo Os lagartos horrorosos come am a roer a rede E as crian as escutam os lagartos gigantes e os homens nos seus sonhos Sente o vento Malin O vento frio que corre pela cidade e pela plan cie a morte que sussurra com o vento Malin E talvez talvez sussurra a morte atr s de voc N o sabemos O que dizem O que querem de mim Eu n o tenho tempo para ouvi las Malin sente como o cido l tico atinge os m sculos das pernas como sobe depois para o est mago e para os pulm es antes de atacar o cora o como uma pin a em brasa N o posso desistir agora Neste momento a figura negra para no meio do prado diante dela Vira se Parece enfiar a m o e
85. ela ouviu depois da explos o na Grande Pra a quando eles ainda acreditavam que havia outra bomba numa mala diante do Stora Hotellet x xx Ingvar Feodor Kamprad 1926 Empres rio sueco fundador da Ikea a maior organiza o do mundo na fabrica o e venda de m veis Considerado um dos homens mais ricos do mundo desde 2008 passou a ter nacionalidade su a Durante a Segunda Guerra Mundial em 1942 foi um dos fundadores do Novo Movimento Sueco de ideologia pr nazista fato de que s se soube na d cada de 1990 Isso motivou uma carta de desculpas escrita a todos os funcion rios das suas empresas N T 45 O que foi isso A voz de Zeke soa curiosa no momento em que os dois sa am do edif cio na Strandv gen Ambos escutam o barulho dos carros na avenida como se fosse pela primeira vez como se os seus ouvidos tivessem estado tapados por muito tempo Parece at que acabei de sair de um sonho pensa Malin Aquele alarme deixou de soar nos ouvidos Era o marca passo do cora o de Josef Kurtzon que come ou a tocar sem motivo Eu n o sei o que foi isso n o responde Malin Parece at que n o aconteceu nada de fato comenta Zeke A rvore em frente deles na alameda balan a com mais for a por causa de uma rajada de vento Porra como isso tudo afinal est relacionado questiona Zeke Eu tive a sensa o de que o velho tinha o controle de tudo o que nos contou e do porqu n
86. enfrentar a clientela atingida pela crise Quer dizer que voc trabalha aos s bados Eu li qualquer coisa sobre isso Demonstra interesse cria confian a essa a espinha dorsal do sucesso pensa Malin mais uma vez Eu trabalho tamb m aos s bados de vez em quando sim Ottilia Stenlund respira fundo uma respira o prolongada e profunda como se fosse para lhe dar tempo para pensar Em seguida Malin pergunta lhe Presumo que tenha acompanhado o caso das meninas Voc ainda se lembra delas Por juramento nada posso dizer um segredo sagrado diz Ottilia Stenlund Estarei quebrando nosso c digo de conduta se disser qualquer coisa Malin sente a raiva subindo pelo corpo e estourando na boca bem junto do fone Elas morreram explodidas em peda os Voc entendeu mesmo o que isso significa Esses dois doces beb s que voc ajudou a serem adotados cresceram e se tornaram duas meninas bonitas e maravilhosas que depois se transformaram em peda os de carne queimada de sangue espalhado pela pra a e de lixo Est entendendo Portanto n o venha para cima de mim com qualquer Foi ent o que Zeke resolveu correr para o outro lado do carro e tirar o telefone das m os de Malin Bem na hora Malin come a a sentir a vis o desaparecer a ter dificuldade em respirar Leva as m os para cima do teto do carro sente entre os dedos a porcaria ainda quente deixada pelos p ssaros e escuta Zeke
87. enquanto sente o cora o batendo com estrondo por dentro das costelas Ela inspira a sua pr pria raiva e com isso o ar frio primaveril E depois endireita se de novo As esplanadas da pra a est o meio cheias com pessoas a beber caf ou cerveja sob o sol da primavera Talvez o medo da explos o de uma nova bomba esteja se diluindo Mas eu n o teria tanta certeza pensa ela O maldito advogado E a mulher Como mesmo o nome dela Tenho de voltar a falar com ela Malin tenta ignorar a imagem do pai de cabe a baixa Tove A sua m e tem um irm o mais novo E voc um tio Vamos visit lo Vamos juntas entrar no cora o da floresta para encontr lo Seu av por parte de m e esse n o vamos encontrar nunca mais N o existe N o Eu digo n o Eu n o aceito o que se passou Ela sente que tem de p r tudo absolutamente tudo de lado e focar toda a sua aten o no caso a investigar para n o ficar doida Mas como vai ser qual pista seguir Dentro em pouco j devem estar minha espera no departamento Como que vou aguentar chegar l O pub Hamlet deve estar aberto e a esta hora quase certamente vazio Gostaria de ir para l agora e beber beber beber at esquecer tudo E nunca mais voltar a esta situa o Preciso de alguma coisa Daniel H gfeldt Quem sabe talvez ele esteja em casa a esta hora S o apenas tr s minutos at chegar ao seu apartamento Posso ir a p Vou mesmo Preciso
88. esse Tradu o livre do original sueco L bem fundo nas trevas tens de defender a sua vida N T 50 IRM OS A m e est nos chamando para o jantar A refei o servida no grande sal o Vamos sentar nas cadeiras Josef Frank em volta da grande mesa su a A m e mandou que a cozinheira preparasse por es de bacalhau e de perca com caviar iraniano quantidades absolutamente precisas para satisfazer as necessidades de crescimento de dois meninos de 7 e 8 anos de idade de acordo com as ltimas descobertas nutricionais Uma criada lava as nossas m os abotoa os nossos casacos e nos encaminha para o sal o junto com Josefina que tem apenas 5 anos e recebe uma por o menor do que deveria ser para meninas menores que ela caso a m e n o se preocupasse tanto com a sua beleza Nada demonstra melhor a falta de car ter que um par de quilos a mais Se brigamos mesa a m e nos bate com o garfo nos dedos que por isso est o feridos Os de Josefina tamb m pois ela j recebe uma batida se abrir a boca para falar Eu Leopold desafio a m e mais do que Henry mas fa o isso para agradar ao nosso pai quero ser o seu filho preferido De vez em quando bato em Henry para que ele pare de falar e siga nosso pai como eu fa o Mas a m e quem bate mais Porque o pai manda E eu noto como ela desfruta do prazer de bater no meu irm o Bate com bastante for a A comida deve manter a boca em sil ncio Ma
89. est o naquele lugar que Mirovi indicou Sri Panwa diz Conny Nygren Telefonamos para l e eles confirmaram que os irm os j haviam alugado antes uma mans o no local mas que n o estavam mais l Eles n o tinham nenhum outro endere o na Tail ndia N o E aqui na Su cia tamb m s temos o endere o da Strandv gen em Estocolmo Nada de casa de campo que a fam lia possua nada diz Conny Nygren Mas isso n o significa que eles n o estejam escondidos em qualquer outro lugar Estamos vigiando os apartamentos caso eles contra todas as expectativas apare am por l Onde estar o questiona Malin Eles t m de morar em algum lugar diz Zeke Jokso Mirovi estava a caminho da Tail ndia Ser que ele sabe de mais alguma coisa que ainda n o nos contou pergunta Conny Nygren Ele n o tem nenhuma raz o para mentir N s somos sua nica esperan a N o ser melhor expedir um mandado de procura internacional pergunta Conny Nygren Acho que sim diz Malin uma possibilidade Poder dar resultado Josef Kurtzon e Josefina Marl w correm algum perigo continua Conny Nygren N o acredito nisso Os irm os n o ganhariam nada em fazer lhes mal diz Malin E com Jokso Mirovi atr s das grades eles n o t m disposi o nenhum bra o estranho que possam usar Ent o o que acha que devemos fazer pergunta Zeke E at Conn
90. estejam todos dormindo confortavelmente instalados nos seus quartos de hotel Bastardos Jonathan Ludvigsson estar l dentro atr s da porta A porta que vai aparecer pela segunda vez em dois dias diante de Malin Sofia Karlsson ser que ela vai manter a m scara como da primeira vez Malin lembra se ainda do que ela disse Os bancos precisam de uma boa li o E a pode acontecer que algumas vidas sejam sacrificadas Esses jovens como Malin os considera s o terroristas frios uma esp cie nova de suecos imitando o grupo alem o Baader Meinhof dos anos 1960 Como que Jonathan Ludvigsson podia ser t o descuidado a ponto de n o pensar na c mera de seguran a colocada no terminal de Estocolmo Talvez tenha pensado que nunca descobririam de onde sua mensagem havia sido enviada Frente Libert ria Econ mica O apartamento estar cheio de bombas Ser que eles deviam ser ainda mais cuidadosos Havia luz vinda de dentro do apartamento a televis o estava ligada Ou talvez tenham entrado em p nico depois de Jonathan Ludvigsson ter sido visto na televis o Eles voltam a respirar fundo para recuperar o f lego A porta n o tem olho m gico Sven e Zeke puxam as pistolas e colocam se atr s de Malin Ela toca a campainha e ouve se o sinal um tom agudo meio irritante e irritado como se fosse de algu m com o pavio curto Ent o ela ouve passos que se aproximam da porta passos lentos cansados e solit rios A porta
91. eu matasse algumas crian as e seus pais na Su cia disseram que precisavam de ajuda para resolver o caso e que eu me encaixava perfeitamente Eu perguntei por que eles achavam que eu era o tipo que servia e por que achavam que eu ia fazer uma coisa dessas Eles responderam que haviam feito uma investiga o a meu respeito J parei com isso eu disse e nunca matei algu m por matar Muito menos crian as Jokso Mirovi faz uma pausa Levanta os olhos para Malin e Zeke olhos que dizem Eu matei muita gente voc s sabem disso e eu tamb m Eles se recusaram a explicar por que queriam que eu matasse essas pessoas Ofereceram me dois milh es de coroas suecas naquele momento E mais dois milh es ap s o trabalho ter sido feito Recusei De repente surge irrita o na voz de Jokso Mirovi Uma raiva contida Cerra os punhos at os dedos ficaram brancos mas logo relaxa Lembra se talvez de que n o estava na hora de ceder raiva O que aconteceu pergunta Malin Mandei os ir para o inferno E depois Depois um dia meus filhos foram pegos antes de eu aparecer na escola de arte que eles frequentavam perto de onde mor vamos Alguns homens que disseram ser da Interpol vieram busc los E o pessoal da escola achou que estava tudo certo Deixaram uma carta para mim A l mpada no teto come a a piscar Fica escuro durante alguns segundos e quando a luz voltou veio com menor pot ncia Malin
92. exageros responde B rje Por isso posso me dar ao luxo de ser bonzinho de vez em quando E fil sofo tamb m Quer tomar um u sque Porra ainda estou com dor de cabe a de quando estive a Malin acorda com o celular tocando Talvez tenha dormido uma hora no banco do passageiro que estava com o encosto mais inclinado para tr s Antes de atender ela pensa que j devem estar pr ximos do local a voz de Tove Mam e onde que voc est Estou tentando telefonar para voc Malin conta lhe tudo para onde eles v o que a investiga o os levou para o norte para o arquip lago mas tudo leva a crer que no dia seguinte voltar para casa Sinto a sua falta diz Tove Assim que chegar iremos a H lsingland ver o tio o seu irm o mais novo Iremos sim concorda Malin Voc tem que me deixar ir junto Malin nota certa inseguran a na voz de Tove E pensa que nessa noite de fato est correndo risco de morte sem se preocupar com a filha com a possibilidade de ela ficar sem a m e de ficar rf de m e caso aconte a o pior Mas Tove j n o uma crian a Talvez seja at mais madura e mais inteligente do que eu claro que voc ir junto confirma Malin Eu jamais iria v lo sem a sua companhia Tove desliga Malin sente como o medo de ir a H lsingland visitar o irm o se desfaz gra as conversa que teve com a filha A voz de Tove soou
93. fazendo piada aproveitando se da situa o Acredita nisso Sven interfere mais uma vez Waldemar Ser que ele parece mesmo estar fazendo gra a Pois eu digo vamos queimar esses filhos da puta quando sa rem da toca Vamos sim deixar que o pessoal do departamento t cnico analise o v deo Veremos o que poder sair da diz Sven no momento em que batem porta da sala Segundos depois aparece o rosto cheio de sardas de uma assistente Acabamos de receber o v deo feito pela c mera de seguran a do SEB que fica do lado de fora da entrada Os outros v deos v o chegar depois assim que conseguirem separ los diz ela estendendo uma fita de videocassete E acrescenta O respons vel pela seguran a do banco escreveu um bilhete no qual disse que n s devemos assistir ao v deo o mais r pido poss vel 13 Ser que vamos ver o rosto do assassino Malin sente como a adrenalina assalta o cora o e acelera um pouco o batimento card aco Todo o grupo de detetives se dirigiu para a sala de reuni o para onde algu m j havia instalado uma televis o e um aparelho de v deo O parque infantil da creche est vazio e o bonito sol da primavera parece querer chamar as crian as para os balan os e o trepa trepa Nenhuma an lise havia chegado do departamento t cnico embora se soubesse que Karin Johannison e sua equipe tinham trabalhado intensamente at de madrugada O que foi que explodiu Qu
94. ficando um pouco louca Retira a m o do fone Tove estou em Estocolmo a trabalho Telefono mais tarde Louca voc est h muito tempo diz Zeke Em seguida saem do elevador e do pr dio da assist ncia social na rea de Norrmalm E agora Agora vamos tentar desencantar essa Josefina Marl w diz Malin Morta ou viva vamos ter de encontr la importante Tem que significar alguma coisa 41 Quem era o nosso pai Malin Quem era aquele que se deitava com a nossa m e todas as noites Agora n s sabemos quem a nossa m e Malin E ela n o se encontra aqui conosco e isso tudo o que podemos garantir Tem que encontr la Malin S ela pode ajudar a encontrar as outras crian as antes que seja tarde Tem que encontr la caso contr rio jamais ficaremos em paz Malin n o tenha medo dos caminhos a que esta hist ria poder lev la Esta a hist ria da sua vida e voc n o pode ter medo da sua pr pria vida Est quente no lugar para onde voc vai Est ardendo Existem apenas os maus Nada de esperan a Nem can es de ninar Nem noite a m e para afagar as faces das suas crian as adormecidas num apartamento com imagens de uma vida feliz O vento balan a a copa das rvores do Tegn rlunden e mais acima no parque Malin consegue ouvir os risos e os gritos de crian as brincando Ela acha que est ouvindo tamb m algo mais nas correntes do vento S o as meni
95. filme at cheira mal pensa ela antigo e enfadonho mas o pai parece gostar de assistir a ele tarde ela lhe contou a respeito de Lundsberg Ele ficou feliz nem um pouco preocupado nem zangado como de in cio aconteceu com a m e Pelo contr rio ficou at muito orgulhoso Como se soubesse como fino e caro estudar l Uma escola de gente do tipo que mora em apartamentos na Strandv gen em Estocolmo E disso o pai sabia sim Tove quis perguntar sobre a mulher que a m e disse ter visto de bra o dado com ele Ela est curiosa A m e dissera lhe que era uma mulher ainda muito jovem coisa que a deixava meio abatida Tove presume que a vis o da jovem fez a m e sentir se velha abandonada e fracassada Sentimentos que ela gosta de ter e at a melhor do mundo em procurar t los Tove est curiosa tamb m em saber se o seu pai j sabe sobre o irm o mais novo da m e a m e que deve contar mas parece que ainda n o disse nada N o teve tempo Al m disso deve estar louca por causa da outra mulher No entanto acho que ela vai acabar ficando bem Acho que alguma coisa de bom vai acabar acontecendo Pai diz Tove em seguida a m e contou que viu voc com outra mulher na cidade noite Perto da loja de sandu ches Teddy Janne desvia o olhar do filme e encara a filha Um olhar cansado de quem n o quer ter uma conversa sobre esse assunto neste momento Ela disse isso Com outra Ao que pa
96. final da mat ria o jornalista escreveu Foi um al vio abandonar a companhia de Leopold Kurtzon Johan gostaria de fazer o mesmo ao clicar e procurar por outros sites Queria abandonar aquela investiga o n o ser mais obrigado a ler sobre pessoas como esses tais Kurtzon com suas personalidades que incorporam notoriamente enormes disfun es Passinhos curtos de crian a no escuro Uma voz de menina Papai estou com sede E logo o pai se levanta e se aproxima da filha que estava de pijama na entrada do hall esfregando os olhos Johan seguiu a at a cozinha e deu lhe um copo de gua gelada Depois levou a para a cama cobriu a e voltou para o computador Mas s depois de abra la um abra o t o forte que at deu para sentir o cora o dela bater no ritmo certo e com seguran a Henry Kurtzon O que havia sobre o outro filho Nada no Wall Street Journal Quase quinhentas cita es de seu nome Uma delas veio de um site com fotografias de festas na Riviera Saint Tropez em julho No clube noturno do Hotel Byblos havia uma fotografia de Henry Kurtzon sozinho no balc o do bar como se estivesse afastado do espet culo hedonista no fundo Mr Kurtzon enjoying the party era a legenda Mas voc parece n o estar se divertindo nem um pouco pensou Johan ao examinar o rosto com grandes olheiras embaixo dos olhos desfigurados pelo excesso de bebida alco lica As faces estavam vermelhas
97. fora do beliche dirige se porta da cela e grita Deixem me sair deixem me sair Bate na pequena janela da cela no olho da mo a que parece enviar raios mortais que fazem o seu cora o parar Calma calma a voz do guarda do outro lado da porta da cela que agora se abre A luz do corredor O que h Os olhos do guarda Eu quero contar tudo diz Jonathan Ludvigsson Contar o qu O que eu fiz Karin Johannison retira as armas e as granadas do trailer com todo o cuidado para que nada aconte a Passou por um mau momento cheia de medo quando o rel gio despertador que estava por baixo de algumas almofadas numa cadeira na parte da frente do trailer come ou a tocar Achou que o trailer e o esconderijo das armas estavam armados para explodir que ela pr pria iria pelos ares e ficaria em peda os tal como acontecera com as duas meninas Mas era apenas um maldito despertador O que n o evitou que durante alguns poucos segundos quando o sinal soou ela sentisse que a sua vida iria acabar Kalle a m e o pai todos os amantes que ela teve Zeke Como ela quis ficar abra ada a Zeke naqueles momentos cruciais de uma explos o anunciada E como ela quis lev lo consigo por aquela que julgou ser a sua ltima estrada Mas ent o tudo ficou em sil ncio Silenciosa e s ela compreendeu o que estava faltando na sua vida Ela j sabia antes sabia que devia estar com um desejo ardente
98. gravata borboleta branca Est o muito bem penteados e com olhar completamente vazio sem express o alguma Ao lado de Selda Kurtzon est sentada uma menina Josefina Kurtzon segundo a legenda Ela parece mais jovem e mais baixa do que os irm os Quando Johan examina os olhos dela quase sente um choque O olhar revela p nico refreado e controlado mas sem d vida vis vel Johan v puro medo naqueles olhos como se a menina n o quisesse fazer outra coisa sen o fugir da fotografia Do que que quer fugir menina O que que eles fazem com voc Eu ensino os meus rapazes a adorar o dinheiro diz Selda Kurtzon Eu ensino os a considerar que a gan ncia um sentimento bom Afinal o que poderemos fazer sem dinheiro Eu me lembro de quando era crian a A gente n o ningu m Absolutamente ningu m Sem dinheiro nenhuma pessoa tem qualquer valor Nesse caso at melhor morrer O rep rter da revista popular de fofocas salienta o coment rio de Selda Kurtzon e considera o uma piada Descreve que ambos riram imensamente mas Johan logo tem a sensa o de que n o se trata de nenhuma piada Selda Kurtzon parece gostar de fotografias Adora mostrar se e n o d de maneira nenhuma a impress o desarticulada que seu filho transmitiu na entrevista para o Wall Street Journal Josef Kurtzon pouco citado mas considerado como um dos membros da chamada Svenska Dallas liv a alta sociedade sueca Johan entra n
99. grupo a n o ser aquele que existe em todos os grupos atingidos por problemas de desemprego Karim insiste algu m precisa no entanto ouvir o im local mais cedo ou mais tarde E os servi os secretos talvez saibam de alguma coisa que voc s n o saibam Ainda que pare a muito rebuscado e racista temos de ouvi lo e ver o que aconteceu em rebro Esse tal de prisioneiro de Guant namo costumava visitar a mesquita local e depois voou para o Paquist o onde foi acusado de terrorista Mas o im em rebro o que ele sabia E o que que nos diz que aqui em Link ping n o pode existir uma c lula terrorista ativa N s ouvimos o que Karim est dizendo e sabemos o que ele pensa apesar de a Su cia ter uma tropa no Afeganist o parece que o povo n o entende que existe uma guerra Os islamitas querem nos matar Querem matar as nossas fam lias as nossas esposas mulheres e crian as uma quest o de n s ou eles Pura e simplesmente Malin ele pensa no pai que teve a oportunidade de fugir dos islamitas nacionalistas da Turquia e depois acabou com a pr pria vida em Sundsvall na Su cia Sozinho desnecess rio e amargurado com saudades da p tria Voc s pensam demais Tentam tratar a maldade de maneira simples compreensiva N s aqui n o pensamos tanto Mas sabemos Ser melhor assim Voc s falam muito N o n o aguentamos ouvir esse assunto de como os nossos corpos se desfizeram Malin a maneira como n s explodim
100. homem N o deve ter mais de 25 anos de idade Usa barba Caracter sticas bem suecas e olhos azuis zangados Os dreadlocks bem longos e sujos Malin reconheceu o como o homem do v deo de Estocolmo Esse Jonathan Ludvigsson diz ela enquanto se levanta e come a a voltar pelo prado para os carros e o trailer 24 QUINTA FEIRA 13 DE MAIO Jonathan Ludvigsson est sentado na sala de interrogat rio n mero 1 do outro lado da grande mesa escura sob a l mpada de halog neo Malin est vendo da sala de observa o atrav s da janela espelhada Karim Akbar e Sven Sj man est o ao seu lado Ao entrarem Sven disse logo Voc n o vai conduzir o interrogat rio Pensou que ele queria mat la no prado E isso n o um bom precedente para qualquer interrogat rio Zeke vai interrog lo junto com Johan Jakobsson que acabou de chegar e est bem disposto Malin protestou mas n o conseguiu nada Agora ela est atenta Nota o olhar desafiador de Jonathan Ludvigsson Podem desistir n o vou falar porra nenhuma E recusou a presen a de um advogado Eles todos s o parte do sistema podre da economia Todos e cada um deles Por isso eu n o quero ter nada a ver com eles Na parede o rel gio marca 12h35 Ludvigsson baixa o olhar para a mesa na sua frente e Malin consegue ver apenas os seus dreadlocks No trailer n o encontraram nenhuma das armas mencionadas por Sofia Karlsson Nada de pistolas na
101. horas na rua St Larsgatan 12 Tem de ser feito claro que tem de ser feito pensa Malin E contra a vontade pensa na heran a deixada pela m e Sabe que o pai que vai herdar tudo dentro das atuais circunst ncias mas mesmo assim ela sente que a gan ncia se apodera dos seus sentidos Como gostaria de receber parte dos milh es que a moradia dos pais em Tenerife deve valer Eu quero minha parte D me minha A gan ncia dos seres humanos a melhor amiga da maldade Estou me lixando para essa heran a Vai sair tudo bem com esse invent rio do esp lio diz Malin ao conseguir afastar da mente seus maus pensamentos apenas uma formalidade O pai concorda mas continua N o tanto assim Acontece apenas que Compreendo que vai dar trabalho diz Malin Mas estaremos l juntos Vai tudo dar certo Posso ir tamb m pergunta Tove N o precisa diz o av Bom aqui o nosso servi o est pronto n o verdade Tove faz que sim e deixa a toalha da cozinha em cima da bancada Eu ainda tenho de voltar ao departamento Vai haver muito trabalho a fazer Nenhum deles sequer mencionou a explos o Como se aquilo que aconteceu a apenas uns quinhentos metros dali pertencesse a outro mundo N s compreendemos diz Tove J vimos uma edi o extra do notici rio do canal stnytt verdade o que aconteceu com as crian as Tove sem medos Sem quer
102. ideia da exist ncia dessa tal Frente Libert ria Econ mica Mas a pol cia de Estocolmo resolveu mant lo em pris o preventiva para um eventual novo interrogat rio Isso n o me surpreende diz Malin enquanto desliga o computador E o perito em an lise de v deos e de padr es de movimentos do departamento t cnico tamb m acabou de dar informa es acrescenta Sven Ele acha que o homem no terminal de Estocolmo n o pode ser o mesmo homem que colocou a bomba perto do banco em Link ping Malin morde os l bios Na sua mente ela v as imagens dos dois homens de capuz mas cada um com sua atitude com os seus motivos e for as propulsoras No entanto temos que considerar serem v rias pessoas diz Zeke Jonathan Ludvigsson pode dizer que foi ele quem criou a Frente Libert ria Econ mica e tem uma explica o aceit vel para a exist ncia das armas em suas m os mas s o apenas palavras Ser que foi ele mesmo e s ele que produziu toda essa charada Sven faz que sim com a cabe a concorda Depois olha para Zeke e Malin que balan a a cabe a O departamento t cnico analisa os computadores incluindo o laptop Vamos ver o que eles encontram Ludvigsson tamb m vai mostrar lhes os seus dons em criptografia Devemos voltar a ouvir aqueles rapazes que apanhamos ontem noite N s podemos det los como suspeitos de posse de armas diz Malin E tamb m podemos intimar outros que ten
103. ido grande nave de pedra e devem se sentir mais seguras no belo ambiente da igreja Malin mesmo assim prefere n o ir para l quer voltar para casa N o necessita presenciar nenhuma demonstra o coletiva de medo de tristeza e de ren ncia O corpo d i de tanto cansa o e perplexidade Ainda sente o cheiro de poeira de carne humana e de roupas queimadas como uma premoni o flutuando na atmosfera No Grande Hotel o vidraceiro trabalha na coloca o de novas vidra as Alguns funcion rios do restaurante M rners Inn lavam o ch o de madeira do caf externo Incompreensivelmente o restaurante continua aberto E vazio Uma cerveja Iria cair loucamente bem Apenas uma pensa Malin ao passar pelo bar na descida para a rua gatan Mas n o N o n o Por muito que o corpo deseje por muito que as flores com o seu aroma sussurrem em volta O pai e Tove devem estar em casa no apartamento Ela acabou de falar com eles pelo celular Est o sua espera vendo televis o Malin espera que tamb m estejam cansados e que n o queiram conversar muito Parece at que este dia j esgotou todas as palavras da sua mente Tove est na sua frente como se tivesse dois tr s quatro cinco anos de idade Malin v a filha fazer todas as coisas que as crian as faziam nas fotografias que viu no quarto daquele apartamento V Tove fazer tudo o que fez depois dessa idade Tudo de bom que apesar dos pesares ela conseguiu vivencia
104. imagem das crian as sujas e cheias de medos Deixa que os corpos de Tove e das crian as se transformem em um nico corpo num tipo de tecido de que os sonhos s o feitos Fors levantou se bem cedo Est sentado mesa da cozinha com uma caneca de caf forte em uma das m os e o jornal Corren na outra N o aguenta mais ler as not cias n o quer saber das ltimas not cias sobre a bomba pois j est farto dessa explos o Do seu lugar quase sente a grama do parque em frente explodir de vida Sente as vibra es das minhocas e de tudo o que quer crescer mas parece hesitar ke Fors n o aguenta se levantar n o aguenta olhar para o parque em frente observar o bonito dia primaveril quase perfeito que vai nascer Malin Ele toma mais um gole de caf Quando que vai me perdoar Se que quer realmente me perdoar Mas precisamos nos reaproximar N o podemos desistir Vou continuar por aqui Vou ficar Vai demorar um pouco at esquecer os meus remorsos e a minha culpa Talvez a culpa fosse minha quando ela ca a de b bada Margaretha Como foi poss vel voc me controlar desse jeito Pois foi isso que aconteceu Sem d vida N o verdade Um passarinho canta Um zumbido de abelha Fosse l como fosse presumi que assim tudo ficaria mais f cil cy Tove e Malin abriram a janela que d para a Igreja de St Lars e deixaram que o calor do sol afagasse o rosto delas Tove est bebendo o seu c
105. importo com esse detalhe n o Que sou eu quem manda Malin concorda acha que o homem na sua frente est entusiasmado com a sua pr pria figura acha que invenc vel Contrariada sente que h qualquer coisa nele que a atrai fisicamente N o acha que algu m estaria querendo atingi lo ao colocar a bomba do lado de fora do banco pergunta Zeke Acho muito pouco prov vel diz Dick Stensson ao mesmo tempo em que digita qualquer coisa no teclado em frente do monitor do computador como se estivesse respondendo a alguma mensagem importante que n o pudesse esperar Por que seria pouco prov vel pergunta Malin Voc n o tem inimigos Nenhum inimigo reage Dick Stensson balan ando a cabe a N o sofreu nenhuma amea a nos ltimos tempos Por que deveria haver alguma amea a contra mim questiona Dick Stensson Afinal sou um simples empres rio N s recebemos relat rios de que houve um aumento de viol ncia entre voc e Como eu disse sou um simples e honesto empres rio Pare com essa conversa fiada diz Malin Todos n s tr s sabemos muit ssimo bem quem voc e o que faz H duas meninas mortas Estamos tentando saber o que aconteceu Se voc tem alguma coisa por m nima que seja que nos possa levar a uma pista diga logo sem rodeios Caso contr rio vou ficar de olho em voc e rastrear o seu traseiro at o fim dos seus dias Dick Stens
106. inchadas consequ ncia do excesso de champanhe Foi f cil para Johan imaginar Henry Kurtzon e seu irm o Leopold pulando de festa em festa sozinhos sem serem desejados por ningu m mas tamb m sem serem exclu dos do mundo a que pela l gica deviam pertencer Johan pesquisou no registro de im veis procura de alguma coisa que estivesse em nome dos irm os Sem sucesso Pesquisou no registro de empresas e encontrou uma quantidade enorme de firmas desativadas Loja de doces Animais ex ticos L amp H Financial Services IT Solutions E muitas outras Nenhuma das empresas faliu A ltima foi desativada tr s anos antes e de uma forma que pareceu bem ordenada Com certeza o pai deve ter feito uma limpeza geral pensou Johan E o que que voc s t m feito nos ltimos anos Viraram empregados em algum lugar Ele ainda procurou no Minist rio da Fazenda se constava alguma coisa a respeito de Henry e Leopold Kurtzon O endere o mencionado era de uma caixa postal no stermalm bairro central de Estocolmo e eles n o tinham pago impostos nos ltimos tr s anos Nada de receitas de capital Nada Ser que o pai deles n o os sustenta mais Parou de lhes dar dinheiro Johan tentou novamente ver os irm os por dentro entender quem eram e de onde vinham Deviam estar desconsolados por ter um pai que parecia cortar ouro com faca sem jamais conseguirem sucesso em qualquer outro ramo muito menos arranjar um amor duradouro Talvez dispuses
107. irm o expelindo dio e frustra o N s sab amos o que est vamos fazendo quando as sequestramos em Phuket e as trouxemos para aqui num avi o fretado n o grita ele O nosso plano n o era idiota de jeito nenhum Afinal ser que dev amos desistir de tudo Voc sabia muito bem o que estava fazendo quando as colocou para dormir antes da viagem e quando pagou ao piloto Henry permanece em sil ncio Depois diz E agora Agora n o vamos receber nada Mas ainda podemos mostrar para o pai a nossa for a retruca Leopold Naquele momento que devia ser de p nico subsiste uma tranquilidade estranha mais ou menos como naquelas hist rias que ouvimos sobre o afundamento do navio Titanic em que os passageiros calmamente aceitaram o seu destino e viram o navio afundar sem que houvesse o m nimo sinal de p nico Ou como no caso do naufr gio do navio Est nia em que se registraram hist rias semelhantes Podemos deix las viver insiste Henry Vamos deix las sair da casa Deixar que algu m as encontre Elas t m 3 e 6 anos N o podemos mat las Temos que mat las Por qu Para mostrar o nosso poder A nossa for a Deixar que o mundo inteiro veja isso Henry olha para o irm o reconhece a inexor vel clareza do seu olhar E sabe que o racioc nio dele cont m uma justificativa cruel Ningu m nunca escapa das trevas da sua c mara escura e estreita Ningu m que ten
108. l bios finos e olhos azuis incisivos com cabelos chanel O vestido um Chanel A mulher est diante de uma janela de vidros pequenos enquadrados Mar ao fundo Deve ser Selda Kurtzon A esposa A m e Malin examina os retratos Voc n o conseguiu aguentar essas pessoas Josefina O que fizeram com voc Como a maneira de eles verem o mundo a influenciou E Malin pensa no seu pr prio v cio a sua necessidade de bebida alco lica e na m e Pensa tamb m no seu apartamento e conclui que foi at bom os pais estarem longe durante o pior momento do alcoolismo e que a bebida para ela era o sinal da mesma necessidade de fuga que atormentava a vida de Josefina Apenas diferen as de gradua o De acontecimentos e genes de acasos e oportunidades de encontros que d o s coisas determinadas dire es E depois gera se um movimento que ningu m pode ou quer ou aguenta parar Tove Suponho que eu ainda n o a estraguei Malin desvia o olhar dos retratos e descobre uma pasta em cima da escrivaninha Abre a Est vazia Abre as gavetas Vazias Nada A ltima gaveta Uma nica fotografia Uma fotografia a rea que parece representar uma pequena ilha do arquip lago de Estocolmo Uma casa pintada de branco como se estivesse encaixada na rocha A constru o parece ser nova e h uma ponte que leva ao continente V rias casas brancas alongadas embaixo perto do mar A fotografia foi tirada no outono As florestas
109. lugar nenhum Temos apenas algumas perguntas que gostar amos de lhe fazer Madelene Adeltj rn nem pergunta do que se trata Faz simplesmente um aceno de concord ncia Eu sei quem Josefina Marl w e de onde vem Posso at me reconhecer nela embora a fuga tenha sido muito mais extrema no seu caso do que no meu O que quer dizer com isso pergunta Malin Quero dizer que existe uma grande diferen a entre trabalhar com vagabundos para corrigir os seus eventuais defeitos do que ser um deles Ela costuma vir aqui pergunta Zeke s vezes diz Adeltj rn Algumas noites durante a semana para jantar mas nunca dorme aqui E onde que ela dorme N o sei Talvez l embaixo no metr Voc disse que conhecia a hist ria dela Conte nos por favor pede Malin Eu disse que zelo Neste caso trata se de assassinato diz Malin E acrescenta Mas isso tudo o que posso dizer Malin nota que as pupilas de Madelene Adeltj rn se contraem tamanho o medo que a surpreendeu Ela filha de Josef Kurtzon viciada em hero na Vejo ela aqui desde que comecei e devo dizer que estou at surpresa pelo fato de ela ainda viver Est muito debilitada Talvez doente Ela n o tem mais contato com a fam lia pergunta Malin Acho que n o Por qu pergunta Zeke N o sei N o fa o a menor ideia mas o ambiente em que a vida apenas gira e
110. mas nunca chegou a senti lo Naquele momento os filhos que nunca teve flutuavam diante dos seus olhos E novamente surgiu aquele desejo ardente que nunca antes sentira ou que sempre estivera dentro de si um desejo maior do que todos os desejos uma atitude gananciosa n o por dinheiro mas por mais vida quando a sua vida parecia que chegaria ao fim Era como se s ent o tudo tivesse ficado claro quando ela pr pria sentiu que iria passar por uma cat strofe gigantesca E assim a vida muda Lentamente sem percebermos E de repente tudo fica claro Mas n o por causa de uma bomba Por causa de um despertador Sven Sj man dorme encolhido no sof na sala de descanso ainda no escuro Foi ele que recebeu a chamada de Karin e a not cia de terem encontrado armas e explosivos al m de outros ind cios no trailer mas n o aguentou ter de interrogar de novo Jonathan Ludvigsson Estava na hora de dormir n o s para o preso como para Sven de modo que ambos pudessem acordar descansados com novas ideias a respeito das investiga es mais confusas e escorregadias de que ele participou Tudo lhe dava a sensa o de se encontrar no meio de um curso aparente de eventos que evoluem por for a dos seus pr prios mecanismos e que ele eles n o conseguem influenciar assim que ele pensa em sonhos Sven Sven Mas ele n o quer acordar Um corpo velho um c rebro cansado mas ainda bem ativo e esperto quer dormir quer orde
111. meras de seguran a logo logo Ele deve estar nelas Voc sabe claro quem ele A mulher levanta a cabe a e olha para os dois Sem medo Talvez at com certa firmeza no olhar Depois acena que sim E fala Ele nosso cliente sim mas se esteve aqui ontem eu n o sei Os senhores devem receber a informa o pelo nosso chefe Obrigado diz Waldemar Os senhores podem falar com ele agora No fim do corredor Dick Stensson cliente do banco e esteve aqui ontem antes da explos o pergunta Waldemar inclinando se sobre a mesa de Jeremy Lundin O gerente da ag ncia pouco menos de 35 anos j gordinho e usando um terno azul brilhante os cabelos louros penteados para tr s alisados com gel Parece aterrorizado na sua cadeira parecendo querer se safar do h lito de nicotina e cafe na de Waldemar e da sua raiva Jeremy Lundin chega a tremer enche as bochechas de ar enquanto os seus olhos azuis clar ssimos tentam entender o que est acontecendo V com calma diz B rje que faz o papel do policial bonzinho Mas Waldemar n o recua e diz Voc a seu banc rio de merda Dick Stensson esteve aqui nesta ag ncia um pouco antes de a bomba explodir n o verdade Jeremy Lundin bate com os dedos em cima da sua mesa de tampo claro passa o olhar pelos dois e termina encarando a parede vazia Stensson esteve aqui sim Ele cliente do banco E voc sabe quem ele
112. mesmo assim transmitem sinais de vida As faixas de isolamento na Grande Pra a de Link ping foram retiradas As pessoas acenderam velas no local onde estava o caixa eletr nico Talvez umas cem velas acesas al m de flores pequenas mensagens escritas para as crian as que a imprensa mencionou como mortas mas que n o est o ainda oficialmente identificadas Algumas jovens na idade de Tove est o no meio da pra a abra adas chorando falando umas com as outras em tom baixo Por todo o lado as velas Talvez umas quinhentas espalhadas por toda a pra a As chamas iluminam o lugar p blico normalmente pouco frequentado quela hora como se fossem pequenos focos de inquietude Malin acha que parecem imagens de bom senso e de bondade a sair das pedras do ch o da pra a levantando se contra a viol ncia que afeta a todos As chamas representam manifesta es mudas a esvoa ar ao sabor do vento os suportes das velas s o pequenos casulos de esperan a de que tudo n o seja mais do que um grande erro um engano Que tudo o que aconteceu de fato n o aconteceu Que a luz se espalhar pelo mundo procurando iluminar e dominar as mentes Ser que v o conseguir No site do Corren Malin acaba de ler que todas as igrejas da cidade est o abertas ao p blico para que as pessoas possam se reunir se encontrar e conversar cuidando de suas almas inquietas Na catedral est acontecendo uma missa e certamente mais de mil pessoas devem ter
113. meu pai O senhor bonzinho n o verdade claro que o senhor bonzinho Eu resolvo bater na porta fechada gritar N o voltem N o quero morrer N s n o queremos morrer Papai corra venha depressa SEIS ANOS ANTES O meu corpo grita quer sentir o amor sem reivindica es O esquecimento tudo o que corre nas minhas veias Esquecer tudo o que meu corpo quer Esse sentir os sentimentos a minha nica preocupa o tudo o que desejo Voc s foram afastadas de mim Queria que fosse assim Ningu m sabe quem voc s s o la deix las para quem S esperava que fosse para algu m com muito amor para dar N o era sequer de esperar que voc s existissem e agora a est o as duas Eu me vejo na enfermaria do hospital Vejo como o c u de Estocolmo filtra a p lida luz dos raios de sol primaveril que se refletem no ch o de lin leo j meio riscado como se esses raios quisessem me tirar daqui Vou deix las agora para sempre Vou me afastar de voc s E voc s nem sequer v o se lembrar de mim Nem vale a pena saber quem foi o pai de voc s n o Talvez eu tenha sido violentada abandonada ainda inconsciente em algum albergue ou sob a luz morti a de algum dos banheiros na esta o central do metr Ou ainda algu m que me viu assim em alguma das esta es desertas e obscuras do metr onde adormeci nos bra os maravilhosos de mais uma dose Mas um dia voc s estiveram dentro de mim E agora e
114. minutos para o meio dia Zeke continua a caminhar lentamente ao lado de Malin Ambos seguem atr s de um muro de flores brancas de onde conseguem visualizar uma parte do pal cio da cidade e do parque que est fechado para o p blico Do outro lado veem a biblioteca com os vidros das janelas refletindo intensamente os raios solares Entre as prateleiras as pessoas procuram por livros e s mesas est o alguns estudantes inclinados sobre os seus computadores A biblioteca O lugar favorito de Tove Foi nos arredores no estacionamento da catedral que Malin e Zeke deixaram o seu carro E para l que caminham em sil ncio Conhe o cada recanto desta cidade pensa Malin Todas as pedras dos caminhos que levam igreja est o na minha mem ria Todas as rvores Cada detalhe da fachada do antigo sal o de gin stica faz parte de mim Todo o meu ser recorda as particularidades das pessoas todas as injusti as todas as tristezas as alegrias as pretens es e os pensamentos gananciosos Havia um nome na pasta preta do arquivo da Justi a Municipal N o o nome da mulher que resolveu oferecer as filhas para ado o nem tamb m o nome do pai mas o nome da assistente social que de alguma maneira esteve envolvida no caso Os pais suecos n o t m o direito de ficar an nimos quando oferecem os seus filhos para ado o Mas nos pap is das g meas Viger esses nomes n o apareceram nos documentos Por qu Um erro burocr tico
115. muitas empresas do imp rio do pai Deve ter acontecido a mesma coisa com o irm o Henry Segundo o pr prio Leopold o pai Kurtzon mantinha o sob observa o mas gradualmente foi perdendo o interesse por ele e o irm o uma vez que os considerou sem a capacidade nata para os neg cios de alto n vel Eu e o meu irm o tentamos demonstrar que ramos capazes mas era imposs vel convenc lo Ele j se decidira Est claro pensou Johan depois de ler o artigo que Leopold Kurtzon deve ter deixado o jornalista perplexo e confuso a ponto de escrever que n o conseguia compreender o motivo que levou Leopold a aceitar dar a entrevista Mas talvez tenha sido especulou ele para fazer mais uma tentativa de aproxima o com o pai Durante toda a conversa o rep rter teve a sensa o de fazer parte de um plano a pe a de um jogo muito al m da sua capacidade de compreens o Caso contr rio por que Leopold Kurtzon teria dito tudo aquilo para mim O jornalista descreve a maneira como Leopold se senta na poltrona na qual se encontra e confessa que sempre quis se casar que j teve centenas de mulheres mas nunca foi bem sucedido em se ligar a uma nica Nenhuma me servia Mais abaixo no texto O meu irm o Henry tamb m n o constituiu fam lia E talvez essa seja a maneira de nos vingarmos da mesquinhez do nosso pai em rela o a n s a de n o lhe dar nenhum herdeiro na pr xima gera o Ap s ter dito ess
116. muitas outras cidades sabe Deus quais Isto aqui n o est acontecendo N o aconteceu Mas aconteceu sim E o que vamos fazer agora Quando j n o podemos negar o fato e sentimos o medo que nos assalta a cada momento e temos de conviver com ele solitariamente Nessa altura mandamos uma flor Procuramos consolo no destino coletivo Talvez at seja bom saber que agora existe de fato uma crise real e concreta N o apenas uma crise econ mica lenta abstrata que nos ataca todos os dias E eu pensa Malin Fui ontem ao funeral da minha m e Para onde desejo ir O que quero Se parar para pensar posso ser obrigada a responder a essa quest o melhor ver o v deo Karim Akbar aperta o play e todos os detetives se recostam nas desconfort veis cadeiras Aparece ent o a imagem gravada com uma lente extremamente angular e redonda de um homem vestido com uma capa que estaciona uma bicicleta ao lado do caixa eletr nico e depois sai dali e segue lentamente em dire o pra a do hospital a Hospitalstorget S o imagens em preto e branco sem som Os detetives em sil ncio Os cartazes na vitrine do banco aparecem n tidos no v deo Fundos Kurtzon Kurtzon Malin reconhece o nome mas n o consegue situ lo em qualquer situa o anterior Deve ser uma firma nova administradora de fundos N o interessa Continua a ver o v deo Na cesta de arame da bicicleta foi deixada uma mochila preta amarrada O filho d
117. na alameda de limeiras os ramos verdejantes balan am orgulhosamente a sua clorofila clara como se estivessem vestidos com os seus roup es estivais Kurtzon O nome gravado numa placa de lat o do interfone O endere o n o t o secreto H uma pequena c mera ao lado do interfone Wallenberg o nome gravado em outra placa Al m do logotipo EF e dos nomes Brusser e Kviisten Gente que vale bilh es Mas ser que valem mesmo tudo isso Malin est com fome e com sede Quer beber A noite convida mesmo para uma cerveja servida num bar mas ela aperta o bot o do interfone Em seguida ouve se um estalido forte e depois s sil ncio Acha que ele est aqui pergunta ela a Zeke que esteve ao longo do dia com um aspecto de cansa o cada vez maior mas no momento mostrava se novamente disposto e atento pronto para entrar em a o fosse no que fosse e no que aquela noite lhes pudesse reservar J vamos saber diz ele E ouve se um novo estalido que vem do interfone seguido de uma voz feminina Sim Kurtzon Idade Trinta anos n o mais do que isso Zeke apresenta se diz ao que vem A mulher pede para eles esperarem Cinco minutos Dez Enfim h alguma coisa na voz da mulher que os faz esperar com paci ncia certos de que ela vai voltar Voc s podem subir no quarto andar A mulher tem uma voz bem profissional Malin e Zeke enquanto esperam que a grande porta se abra dando acesso ao
118. na ilha e nas ilhotas em volta brilham como se estivessem flamejantes em brasa dada a cor vermelha das copas das rvores Por que a fotografia est aqui A ilha dos irm os Estar o l Malin prende a respira o Vira a fotografia Nada escrito Pode ser qualquer lugar Ela chama Zeke e Conny Mostra lhes a fotografia O que voc s acham Pode ser uma das casas dos irm os Conny Nygren fica excitado alerta apesar de come ar a ficar tarde Imposs vel saber diz Zeke Ser que l que est o as crian as pergunta Malin a fotografia de uma casa em uma ilha muito mais setentrional do que a Tail ndia diz Zeke E as crian as Mirovi devem ter sido sequestradas em Phuket Por que estariam aqui na Su cia numa ilha se que essa fotografia representa alguma propriedade no pa s Eles podem ter trazido as crian as para a Su cia diz Conny Nygren Podem ter usado qualquer voo regular ou alugado um avi o O problema est no fato de que n s n o fazemos a m nima ideia de onde a fotografia foi tirada Se que foi tirada na Su cia diz Zeke J foi verificado se havia alguma propriedade em nome dos dois irm os em todos os registros No momento em que Zeke acabou de falar tocou o celular de Malin O n mero de Johan Jakobsson no visor N o podia ir para casa Voltar a ver as suas pr prias crian as quando outras permaneciam em perigo Talvez
119. na mesma pessoa Ser que existe outro segredo por tr s do segredo Eu tenho que contar tudo a Tove ainda esta noite Qualquer outra hip tese est fora de quest o Isso porque ela vai saber da verdade E se chegar conclus o de que eu n o lhe contei imediatamente ela vai ficar contra mim vai perder toda a confian a em mim a pouca confian a que ainda tem Se que ainda tem alguma A vergonha bate como um murro no est mago Ela sente antecipadamente toda a vergonha Mas vai contar sim O som surdo e regular do motor do carro A mec nica realizando o seu trabalho As luzes da cidade refletidas no c u crepuscular Logo vai chegar em casa Ainda pensa que talvez esteja na hora de voltar a telefonar para Peter Hamse ouvir o que ele tem a dizer em rela o s novas informa es sobre Hanna Viger mas j tarde e ele certamente est ocupado Tamb m n o absolutamente necess ria a sua opini o para a investiga o E eu acabaria por me mostrar uma desesperada Entretanto sente no corpo os movimentos do carro e tem uma sensa o de prazer e bem estar No cruzamento da Drottninggatan com a St Larsgatan obrigada a parar diante do sinal vermelho Atrav s da janela observa as pessoas preparadas para mais uma noite de s bado todas bem vestidas e dispostas a festejar seja o que for num dos bares da cidade Mas o que isso Esse homem ali de terno azul de bra o dado com uma jovem loura e bonita
120. na sala e estende a m o na dire o da mulher sentada reconhecendo que a situa o exigia delicadeza e respeito Diz Malin Fors E a senhora Sente se por favor diz o advogado Seja bem vinda Sente se por favor diz o pai Mas ela n o quer se sentar nem quer que lhe digam o que deve fazer A senhora por m acena com a cabe a e olha a de uma maneira que parecia querer dizer Vai ficar tudo bem mas melhor voc se sentar Malin reconhece ent o aquele olhar o mesmo que ela costuma usar quando obrigada a informar a morte de algu m para os seus familiares ou levar m s not cias para as pessoas Ela se senta Deixa que sua bunda seja maltratada pela cadeira estilo Windsor que est entre as duas poltronas Olha para o pai que insiste em n o encar la Seus ombros est o desca dos sob o peso da vergonha e de um segredo que injustamente permaneceu em sigilo por tempo demais O advogado Ele morde os l bios o que para Malin significa que est de ressaca Ela conhece bem a situa o sabe o quanto ele precisa se esfor ar para assumir o comando dominar o momento como se espera que fa a Uma tequila pensa ela O que eu n o daria por uma tequila neste momento Mas logo pressiona a unha do indicador com toda a for a contra o polegar E ent o a imagem dele aparece a de um rapaz sem rosto com quem ela sonhou durante tanto tempo tantas vezes durante tantos anos A imagem de um rapa
121. ncia que apresentar numa mans o de luxo rec m restaurada Nenhum dos interrogat rios das pessoas presentes ao incidente nem os das v timas levemente feridas levou a qualquer esclarecimento Mas foi ampliado o espectro dos interrogat rios a todas as pessoas que pudessem ter observado alguma coisa de interessante em todo o centro da cidade Nem os funcion rios da ag ncia banc ria nem o seu gerente notaram nada de anormal Alguns dos funcion rios estavam chocados mas todos puderam ser ouvidos E a pista islamita Nada surgiu disso A conversa com o im n o resultou em nada Talvez tenha sido uma iniciativa deselegante e apressada demais Era preciso ter mais cuidado e mais respeito nos pr ximos contatos Principalmente cuidado N o quero que haja quaisquer acusa es de racismo na imprensa afirma Karim assim que Sven parou de falar O im mostrou se extraordinariamente razo vel declara Malin E a mesquita estava cheia ontem noite Todos est o t o inquietos quanto todo o mundo Melhor assim diz Karim Mas devo salientar que continuo a achar que a conversa com Al Kabari foi absolutamente justificada Melhor do que ningu m ele conhece o estado de esp rito da comunidade mu ulmana de Link ping Vamos deixar essa pista em aberto diz Sven N o podemos p r de lado qualquer hip tese no atual est gio da investiga o Concordo N o podemos abandonar a pista islamita
122. no ve culo abre o arm rio de novo tira as coisas que ela j antes colocara de volta e ent o mete os dedos de uma das m os na ripa que serve de junta e puxa O teto por dentro do arm rio de repente se solta e parece cair como se viesse do c u cedendo a um peso imprevis vel As m os dela acabam por sentir o frio do a o Enfia a m o mais no fundo Puxa para baixo o que encontra em cima Uma Uzi Um Sig Sauer Tr s granadas de m o Ela enfia a m o ainda mais fundo entre o teto do trailer e o teto do arm rio e de repente sente uma esp cie de pasta Devo ter mais cuidado E se ele armou algum detonador Mas ela n o consegue se conter Puxa o pacote e v uma coisa que parecem ser tr s barras de explosivos cristais brancos por dentro de um pl stico sujo mas ainda transparente O suficiente para atirar pelos ares um quarteir o completo de Link ping Agora Karin todo o cuidado pouco Preciso de ajuda aqui grita ela para fora do trailer para os policiais fardados que ainda devem estar l Pelo menos o que ela espera AGORA Ent o ela escuta um sinal sonoro uma esp cie de apito um som que ecoa e penetra pela carne e pelo sangue e continua a ecoar por dentro dela passando por lugares desconhecidos at chegar medula N s n o sabemos de nada O interrogat rio dos tr s outros ativistas n o deu resultado nenhum claro que ele tinha o computador ligado e o site aberto q
123. nos salvar existem monstros aqui e eles querem nos morder eles gritam papai barulhos gritos agora sou eu que grito papai onde que voc est As palavras das crian as comovem Malin profundamente As vozes interrompidas por solu os revelam infinito medo e penetram como flechas incendi rias bem dentro dela Tove que grita o meio irm o de Malin Se a minha vida tem algum sentido pensa ela salvar essas crian as faz parte disso Caso contr rio que esp cie de ser humano sou eu A que inferno eu perten o Zeke est sentado ao lado de Malin ele tamb m est evidentemente comovido Jokso Mirovi continua Voc s ouviram tudo O que que eu podia fazer A m e costumava ir ao banco mesma hora todas as segundas feiras para sacar dinheiro e ir s compras Ent o eu detonei a bomba a dist ncia de outra pra a de onde podia ver tudo A m e escapou porque se agachou no momento da explos o Mas as meninas morreram Exatamente como devia ser O que que eu ou o na sua voz pensa Malin Arrependimento Amargura Voc est falando a verdade Ser falsa a grava o As imagens das crian as N o n o n o O medo das crian as o receio da morte eram verdadeiros Mirovi fala a verdade Malin nunca teve tanta certeza na sua vida E por que iria mentir Voc confessou As crian as Marko e Elena Voc quer que n s salvemos as crian as Eu v
124. o aos gritos dos croatas tudo se transforma em uma fra o de segundo num nico momento explosivo um momento em que existe apenas uma coisa a desejar liberdade Abaixa se quando os agentes j est o cinco metros atr s dele Deixa se escorregar com as cal as de algod o de lado no ch o Funciona Os policiais caem Rolam Ele se levanta rapidamente e segue em frente A manobra fez com que os perseguidores estejam agora a uns vinte metros atr s quando ele chegou ao sal o espacial do Sky City onde a luz agressiva N o h muitas pessoas andando de um lado para o outro na hora do almo o Ele faz uma curva Pega a escada rolante para o Hotel Radisson e acelera a corrida em dire o ao elevador Entra Aperta o bot o para fechar a porta E deixa os tiras para tr s Est o a dez metros quando as portas do elevador se fecham E quando se abrem um andar abaixo ele sai e corre por duas escadas rolantes Para a fim de recuperar o f lego e ent o imagina na sua frente as suas crian as o pai est aqui vai chegar V tamb m as duas meninas Viger brincando na pra a As outras crian as e ele querem gritar protestar mas ele sabe que no momento n o pode recuar nem por sentimentos justos E ent o para Droga Que inferno Atr s dos sof s na entrada de baixo do hotel est o cinco policiais entrincheirados Apontando as armas para ele Que n o tem nenhuma Tinha se livrado de sua arma no estacioname
125. o importa qual deixemos que seja a face de ambas as g meas Esperemos que estejam bem deseja Malin E o som vai embora Ela procura o caminho no quarto escuro O mundo parece negro diante dos seus olhos Malin Malin N s estamos vendo voc s voc e Zeke enquanto circulam pelo nosso quarto Conseguimos ouvir os seus coment rios enquanto olham para as nossas belas camas claro que s o belas Voc s n o encontram nada de estranho ali s n o encontram nada mesmo Apenas coisas e registros normais assim como as imagens de uma vida em que tudo normal N o verdade A vida de g meas Com muito amor em dobro com muita coisa boa em dobro A nossa m e agora est dormindo Voc s acham que ela vai voltar a morar aqui N s nunca vamos voltar Porque agora vivemos apenas de sensa es Todas as sensa es Todas as que qualquer ser humano pode sentir ainda que isso seja sentido muito muito de longe Mais longe do que se possa imaginar Aqui est escuro e frio Como em uma longa noite de primavera N s queremos que o nosso pai e a nossa m e venham logo nos abra ar Mas onde que est o nosso pai Malin Onde que ele est Onde que fica Voc s j est o fechando a porta do que foi o nosso lar Malin voc olha em volta j na escada pensa naqueles contornos que conseguiu ver no escuro Ouve o som sibilante de novo S o os p ssaros que cantam N o Somos n s apenas n s Malin S o o
126. o olhar do suspeito entender o que se passa atr s dele E ela chega conclus o de que v um desespero tranquilo o mesmo desespero que sentiu aquela vez em que Tove estava nas m os de uma assassina e ela corria e avan ava pelas florestas da prov ncia de Ostg taland para salvar a filha Aquele tipo de desespero que sabe que a tranquilidade vital que sabe como o p nico significa a morte Ele deve estar se sentindo um merda pensa Malin E assim que ele deve se sentir diante do que fez Mas ele duro Se fez aquilo Cem facadas Os test culos na boca do ped filo Ele n o tem resid ncia na Su cia desde 2004 At ent o tinha endere o em Gotemburgo Depois informou mudan a para a Tail ndia Confesse diz Malin o melhor que voc pode fazer Para seu pr prio bem N o me venham com essa conversa fiada mas eu vou contar Jokso Mirovi respira fundo A seguir come a a falar Inclina se para a frente para ficar pr ximo do gravador Quer que todas as palavras saiam bem claras Parece n o desejar demonstrar quaisquer sentimentos Quer apenas que a boca e a l ngua se movimentem Essa a imagem que quer apresentar inclusive um leve sotaque ao falar Eu moro ou digamos morava com as minhas duas crian as em Phuket Era para l como voc s devem saber que eu estava a caminho ao ser preso Eu abandonei a minha vida antiga As crian as t m 3 e 6 anos de idade um menino e uma menina
127. o resto da hist ria contada pela mulher e pelo advogado uma expira o Como se algu m tivesse segurado o ar inspirado por Malin durante toda a sua vida e s agora finalmente tivesse soltado a press o e deixado que ela expirasse e respirasse de novo O que vem depois Vem a indescrit vel raiva A sensa o de ter sido tra da Roubada Tiraram lhe algo importante Algo que durante toda a vida fez com que se sentisse pela metade Da a vontade de vingan a No nosso lar mora Stefan Malm Ele tem 31 anos e uma defici ncia grave Est morando conosco desde sempre Chegou semanas depois de ter nascido Estou aqui para zelar pelos interesses dele no invent rio ap s a morte da sua m e O advogado limpa a voz estica o pesco o e parece at que a ressaca j passou mas a sua tentativa de se mostrar autorit rio ao comandar a reuni o falhou por completo Na realidade sua atitude foi rid cula Britta Ekholm fica em sil ncio enquanto Johan Strandkvist prossegue No meu trabalho como inventariante surgiu um segundo herdeiro de acordo com o livro de nascimentos Quer dizer Malin que a sua m e teve um filho que ela abandonou desde o nascimento mas que agora ter direito a metade da heran a assim que pela ordem seu pai falecer Entretanto do ponto de vista jur dico preciso que a situa o fique esclarecida desde j para assegurar os direitos de todos os descendentes Devo salientar que tudo isso s
128. os olhos Ser que consigo dormir aqui nesta poltrona N o As costas n o v o aguentar Ele se levanta Nesse momento toca o telefone Deve ser Karin que j terminou enfim a per cia do trailer Mats Michael Hinze ficou conhecido como o Homem Bomba OS ao ser preso num jardim museu Millesg rden em Liding com uma mochila que continha uma bomba A Su cia candidatara se a organizar em 2004 os Jogos Ol mpicos de ver o em sueco OS Olympiska Sommarspelen e Mats Hinze ativista e fan tico pol tico neoliberal quis prejudicar a candidatura do pa s realiza o dessa grande competi o Hinze foi condenado em 1998 a sete anos de pris o N T 25 O que acontece de noite quando tudo est escuro N s estamos vendo voc dormir Malin Chegou em casa olhou um pouco para a sua Tove na cama Depois adormeceu Nem aguentou tirar a roupa Mas n s compreendemos que devia estar muito cansada Porque aquilo que nos aconteceu uma grande responsabilidade para o seu c rebro o seu cora o e a sua alma Quem poder ser esse algu m que nos fez tanto mal Jonathan Os irm os de f de Al Kabari Aqueles que gostam de andar de moto Algu m mais E o que aconteceu l no trailer Quem explodiria uma bomba em Link ping num dia de primavera O que a maldade quer fazer Quer machucar o menino e a menina que est o trancados eles que voc deve ter pressa em salvar E todo o resto Malin Como o s
129. pela resposta Com esse movimento sente que os bot es do vestido se esticam nas casas Talvez at d para ver alguns peda os da sua pele Entretanto pensa se ele ou eles viam o lugar quando dispararam o detonador bem que se podia ter evitado a morte das meninas Isso significa alguma coisa Mais do que simplesmente querer demonstrar que a a o devia ser levada a s rio Pode se comprar o per xido de acetona desde que se tenha autoriza o para isso A maioria das grandes construtoras t m essa permiss o Se for militar e exercer o comando certamente tem acesso ao material E ainda por cima o produto tamb m comercializado no mercado negro Pode ter sido roubado de algum almoxarifado do Ex rcito ou do dep sito de alguma construtora Para obt lo basta ter contatos no submundo Deve ser poss vel tamb m compr lo pela internet mas o TATP tem vida curta portanto a circula o no mercado deve ser r pida Os estoques precisam ser trocados com frequ ncia de modo que quem fez a bomba deve ter comprado o produto recentemente Zeke concorda e Malin umedece os l bios Pensa que B rje Sv rd e Waldemar Ekenberg podem agora orientar melhor as suas investiga es ao saber qual o tipo do explosivo usado por m tamb m sabem que vai ser mais dif cil do que o esperado Materiais comuns Com toda a certeza quase imposs vel saber de onde vieram O TATP tamb m comum no exterior pergunta Zeke Pode
130. pessoas pertencem ao quadro dos clientes normais Mulheres alco latras na mesma idade de Malin que parecem cem anos mais velhas e que cheiram mal a urina a lcool e a sujeira e que est o ali para receber a semanada que ir o gastar exclusivamente em mais bebida Uma das mulheres magra parece ter uns 40 anos mas n o deve ter mais de 20 Malin reconhece a dist ncia tamb m um viciado em drogas O seu olhar de desespero e de grande expectativa mas tamb m de aten o Na sala de espera a maior parte de gente comum uma m e orgulhosa com duas crian as bem pequenas um homem de uns 30 anos de terno e gravata um outro j aposentado de camisa bem passada de listras azuis e brancas As necessidades atacam cegamente pensa Malin Todos podem perder o emprego Ningu m est totalmente seguro Falta pagar a parcela do empr stimo banc rio relativo hipoteca do apartamento E se o pagamento n o for feito dentro de vinte dias o banco ter o direito de ficar com a sua casa Qualquer um pode estar na rua em menos de um m s No entanto dif cil ter pena dos compradores de apartamentos financiados nesses bairros gente bem paga que circula em carros extremamente caros e que gasta sem controle Algumas dessas pessoas v o agora saber o que viver em dificuldades Todos esses pensamentos de Malin foram interrompidos pela passagem de um homem malvestido e sujo certamente sem teto que saiu da sala de Ottilia Stenlund qu
131. por tr s do espelho ouviram o n mero e que Sven logo deve ter mandado conferir Eu mandei o e mail pela manh acrescenta Jonathan Ludvigsson Do terminal de nibus de Estocolmo antes de embarcar para Link ping Portanto voc n o pensou nas c meras de seguran a que existem l Como que posso acreditar nisso se voc pensou em todo o resto Eu sou bom em criptografia e em anonimato na internet Consegui at ajudar a The Pirate Bay Mas n o pensei em seguran a Cometi um erro ao esquecer a c mera No entanto devo dizer que eu mesmo inventei a Frente Libert ria Econ mica e que ningu m mais nem os que estavam no trailer nem Sofia Karlsson t m qualquer coisa a ver com o que eu fiz E insisto n o tenho nada a ver com a bomba Eu juro E os explosivos e armas encontradas no trailer insiste Malin tamb m uma inven o nossa Apenas isso j vai dar a voc muitos anos de pris o Isso a o pior dos meus erros Mas eu n o matei essas meninas Eu n o estou por tr s de nenhuma bomba Ele n o quer contar nada a respeito dos explosivos Por qu pensa Malin antes de prosseguir Mesmo que voc tenha estado na casa do seu amigo em Estocolmo a Frente Libert ria Econ mica ainda pode estar por tr s do atentado Voc s podem ser muitos N s n o sabemos de mais nada Voc s n o v o encontrar mais ningu m porque n o h mais ningu m Eu vou ajud los na
132. quase tropical se bem que n o h palmeiras por aqui Ou h N o B tulas pinheiros em forma es densas com fetos bem negros A sensa o de estarem numa floresta intocada bem forte depois assombrosa E eles ainda rodam v rios quil metros antes de a estrada chegar ao mar O ambiente fica mais claro e Zeke aproveita para desligar os far is a fim de que a chegada deles n o fosse revelada no caso de haver algu m espera Rodam por uma estrada que d para um precip cio Entram depois por uma enseada e passam a andar lentamente por um caminho de brita bem irregular Em frente deles a ilha se eleva numa massa rochosa entrecortada de altos pinheiros que rodeiam tamb m uma habita o que mal conseguem ver ao fundo e entre a vegeta o aparecendo bem no alto apenas as torres e os picos do telhado Luz nas janelas Tem algu m l dentro Os irm os As crian as Gente que se imp s natureza Derrubou a vegeta o assentou os seus pilares e depois recomp s todo o verde para poder viver junto dos monstros Este lugar tem alguma coisa de estranho S o vibra es que a ilha transmite Aqui as pessoas nunca deveriam ter constru do nada Aqui a natureza devia ter sido deixada em paz Malin e Zeke estacionam o carro a uns duzentos metros talvez da ponte que d acesso ilha Avan am escondidos at chegar ao port o gradeado da entrada de dois metros de altura sobre o qual havia arame farpado
133. que Malin n o consegue escutar Depois Malin pega a m o dele e sente os dedos longos e macios de Tove na sua outra m o apertando bem a sua Janne esgueirou se antes e j se encontra junto do seu carro novo um Jaguar prateado antigo que ele restaurou Parece querer acender um cigarro apesar de Malin saber que ele nunca fumou em toda a sua vida O pai ent o se solta D alguns passos para o lado e espera a passagem dos amigos agradecendo a sua presen a e apertando a m o de cada um deles Obrigado por ter vindo O caf ser servido na nossa casa na rua Barnhemsgatan Espero que possa ir N o se pode dizer que os que compareceram ao funeral da m e sejam de idade avan ada mas j n o est o muito longe disso Certamente est o felizes por ainda n o serem eles a estarem deitados naquele caix o No momento em que uma andorinha tenta ca ar um inseto no telhado de cobre da capela Malin olha e lembra se dos colegas no departamento de investiga es da pol cia de Link ping Uma mulher forte de cabelos ruivos apresenta os seus p sames em nome de Sven Sj man o chefe do departamento 72 anos de idade que durante o ltimo ano ganhou todos os quilos que perdera no ano anterior e de novo geme a cada pequeno esfor o que faz O gemido de Sven faz Malin acreditar que a qualquer momento ele vai seguir pelo mesmo caminho da m e dela Um homem idoso e careca apresenta se em nome de Johan Jakobsson o ex
134. rio dela Vai demorar mais encontrar o n mero dela por esse caminho O servi o de informa es mais r pido e mais simples Vamos tentar J est o junto do carro O teto branco do ve culo est coberto de coc de passarinhos coisa que n o havia antes de eles terem estacionado ali Malin v quando Zeke resolve olhar para o c u para a copa verde clara do velho carvalho onde at h pouco algum bando de andorinhas gralhas ou de qualquer outra praga da cidade com as suas necessidades por satisfazer deve ter pousado Zeke solta um palavr o mas n o foi totalmente convincente Sim temos aqui uma Ottilia Stenlund Na avenida Skogh jdsv gen 39 em Abrahamsberg Devo mandar um SMS ou completar a liga o Tr s segundos depois Malin ouve uma voz cansada e meio rouca de uma mulher na outra ponta da linha Ottilia Malin acha ter percebido na voz de Ottilia Stenlund um tom de quem est espera de uma chamada De n s O meu nome Malin Fors e eu sou inspetora criminalista da pol cia de Link ping Depois ela explica o motivo da chamada Pede desculpas por estarem lhe telefonando para casa mas diante da situa o n o podia ter evitado Eu trabalho ainda no mesmo escrit rio diz Ottilia Stenlund Mas hoje o meu dia de folga Uma sexta feira livre Malin lembra se de ter lido um artigo no jornal Expressen de que os servi os sociais em Estocolmo come am a semana no s bado para
135. se em dire o das filhas para limpar melhor a boca delas As salsichas j foram comidas e agora as suas duas meninas brincam de sugar os sucos de sabor artificial de que tanto gostam Na realidade n o sei nada pensa a m e ainda A n o ser que vivemos lado a lado que somos todos diferentes e que conseguimos viver juntos apenas porque decidimos nos tolerar uns aos outros Assim ficamos interligados independentemente da quantidade de dinheiro que est nas nossas contas de onde viemos e do que fazemos Mas todos temos o sonho muito simples de alcan ar a felicidade Por vezes n s nos mordemos uns aos outros N o agora N o aqui N o em um maravilhoso dia de primavera como este em que nada de mau pode acontecer Por isso Link ping o mais seguro de todos os casulos seguros para a vida humana Um dos nibus alaranjados da cidade para diante da est tua de Folke Filbyter considerado o ancestral dos fundadores do reino da Su cia Algumas pessoas entram no nibus antes de este retomar o seu caminho em dire o ao castelo Uma pedinte mulher de meia idade e de cabelos soltos desalinhados est sentada com a m o estendida diante da galeria Est o satisfeitas Sim m e Ent o vamos retirar dinheiro do caixa eletr nico Posso apertar os bot es E eu Tamb m quero Vamos faz lo juntas As tr s atravessam a pra a em dire o ao caixa autom tico onde a bicicleta com a mochila ai
136. soltou Malin No shit explode Zeke Vamos logo para l antes que a S po se antecipe Se que eles j n o est o l comenta Sven Vamos ligar a sirene pergunta Zeke Vamos seguir com algum apoio diz Sven Mas entrar com calma e cuidado N o acham que melhor assim Oh sim Com muita gente s pode dar errado acrescenta Zeke Bum bum tiros a mais sussurra Malin para si mesma Cheira mal a urina na escada em Ryd Pior do que da primeira vez E cheira tamb m a vinho derramado Malin sente novamente a vontade de beber mas tenta afastar logo o desejo a sensa o foi a de um alarme inescrut vel dentro do corpo Sven Sj man Zeke e Malin colocaram os coletes prova de bala O volume do coldre sobressai por baixo do casaco branco que ela deixa aberto para permitir que puxe a pistola em um segundo caso seja necess rio Duas viaturas j est o estacionadas a dist ncia fora da vis o do apartamento Dez policiais fardados tamb m com coletes cercam o pr dio e os arredores J bem tarde naquela noite de primavera que ainda n o tinha decidido se seria quente ou fria Malin respira fundo e ouve atr s de si os passos leves de Zeke Sven est ofegante subindo a escada Ela s espera que o cora o dele consiga aguentar o esfor o e a situa o e que acabe n o caindo na escada Ningu m da S po Talvez ningu m lhes tenha telefonado Talvez
137. suas meninas ficarem paralisadas taparem os ouvidos com as m os Ela compreende que o som agudo vem da mochila na bicicleta Quer correr para as meninas mas sente que n o consegue se mexer ainda presa numa posi o inc moda V os rostos das suas meninas se modificarem no momento em que o barulho da mochila as atinge todas as tr s como se fossem mordidas cheias de veneno Ent o a m e grita Grita os nomes das suas filhas mas os gritos se dissolvem entre um rel mpago azul e branco seguido de um calor mais intenso do que se poderia imaginar Ela atirada para o ar Depois sobrev m apenas o sil ncio um sil ncio que se sobrep e ao eco intermin vel e doloroso que se propaga por toda a cidade E em seguida por todas as florestas rec m renascidas de toda a prov ncia de sterg tland por todos os prados todos os mananciais de guas e por todos os lares Para as meninas como se o mundo acabasse despeda ado em milh es de fragmentos dilacerados por roedores para depois serem dissolvidos em uma luz cada vez maior que a seguir se transforma em algo mais num c u branco como uma bolha onde n o existe nem princ pio nem fim Folke Filbyter o nome popular do legend rio fundador pag o de um hist rico cl localizado em Bjelbo no centro da Su cia Folke Filbyter deve ter vivido no s culo XII Segundo a lenda o sobrenome Filbyter adv m do fato de Folke ter o h bito de capar cavalos arrancando com os dent
138. tamb m ao seu lado Uma fam lia com crian as O pai ao volante a m e atr s com as duas crian as Verde Malin pisa no acelerador novamente Mas ouve um enorme estrondo de ensurdecer Ela se encolhe atr s do volante sente uma contra o no est mago e pensa se tratar de mais uma bomba mas n o v fuma a nenhuma e logo se restabelece o sil ncio A que dist ncia Que tipo de explos o foi essa Quem Ter o sido atirados peda os de corpos pelos ares Ela para novamente O carro com a fam lia logo a seguir freia a seu lado As crian as gritam no assento traseiro e a mulher tenta acalm las Ao volante o pai come a a rir Aponta para a frente e ri Cinquenta metros frente em um ponto de nibus diante de um pr dio para estacionamento de carros um nibus todo inclinado para o lado como se fosse um barco empurrado por um tuf o O motorista desceu do ve culo e foi inspecionar o pneu da frente todo estourado sem ar Segundos antes tinha explodido Malin abre a porta do escrit rio do advogado Johan Strandkvist depois de ter batido e esperado por um aviso para entrar que n o veio Continuava sonolenta Era como se estivesse mal de novo O advogado com uns 40 anos de idade e cabelos compridos encaracolados na altura do ombro veste um casaco esportivo e uma camisa escarlate bem chamativa O rosto inchado pela bebida est cheio de rugas profundas Malin acha que ele deve ter festejado muito na noite anteri
139. tem a sensa o de que a sala tamb m ficou menor O que dizia a carta pergunta Zeke Dizia que eles tinham levado as crian as que j estavam em lugar secreto e que iam mat las caso eu n o os ajudasse a cometer os crimes Eu devia seguir as instru es e procur los j com planos prontos de como a fam lia na Su cia seria morta E voc n o procurou a pol cia pol cia tailandesa Nunca Eles tinham Elena e Marko Eu sabia que o caso envolvia muita grana Era o nico motivo para que os irm os Kurtzon quisessem acabar com uma fam lia inteira Compreendi tamb m que se eu fizesse alguma coisa para encontrar as minhas crian as eles iriam descobrir e mat las Ent o aceitei as condi es e de repente havia dois milh es na minha conta para despesas dinheiro que veio de Antigua no Caribe Comecei pelo pai Atirei no pneu do carro dele rebentou e ele morreu no choque Ningu m da pol cia suspeitou de nada Com as garotas foi pior Duas meninas de 6 anos n o morrem de qualquer maneira E foi ideia dos irm os o plano do banco Telefonaram para mim informaram me sobre a ideia a de que eu devia detonar uma bomba bem grande exageradamente grande diante de um banco de modo que a fam lia parecesse ter sido v tima de um ataque qualquer Eu lhes disse que estavam doidos Mas cerca de um m s depois recebi uma grava o em que as minhas crian as gritavam e chamavam por mim e ainda di
140. tend ncias da moda na procura incessante pelo vulgar Eu me convenci que queria ficar pensa Malin mas cheguei conclus o de que era praticamente imposs vel Eu queria mesmo era voltar para casa voltar para Janne talvez tentar tudo de novo mas a quest o era outra Um sentimento forte de n o me encaixar no ambiente de n o estar altura a mesma sensa o que voc minha m e sempre teve toda a sua vida N o foi A sensa o de que o mundo era grande e voc muito pequena De que os outros eram importantes mas voc nada valia Depois do t nel ao voltar luz do dia ela v o fundo do Parlamento Riksdagshuset e a ba a anexa Riddarfj rden e pensa Como que eu poderia sonhar em pertencer a este lugar Quantos foram bem sucedidos nessa viagem em que ela falhou Ao se mudar de uma cidade pequena e transformar a capital do pa s em um novo lar Em ser bem sucedida em ser algu m superior em deixar espantado todo o mundo embora essa capital seja apenas uma pequena parte dele H uma f brica de cerveja a Munchenbryggerie que parece mais um castelo da Idade M dia sa do das guas do lago M lar e que fica na avenida do lado sul do lago a S der M larstrand Por tr s um rochedo alto que parece ter sido posto ali para defender os encastelados de qualquer ataque E em frente a chama permanente do Pal cio da Cidade a Stadshus que parece avisar Podem vir mas n o queiram se apresentar como se fosse
141. ticos Um dos sinais o uso da palavra detest veis a dan ar na sua mente quando se fosse ela usaria a palavra malditas Mas detest veis a palavra perfeita a mais fina para uma menina bem nascida ao caracterizar a situa o Malin respira fundo Os raios do sol primaveril s o quentes quase amea am queimar a pele Pelo menos isso o que ela sente ao ficar diante da janela do apartamento Onde est o os meus culos de sol Ainda n o os procurei mas preciso faz lo O rel gio na torre da igreja marca oito e meia Apesar de Malin ter tido apenas algumas horas de sono na noite anterior j n o est cansada e sim pronta e cheia de entusiasmo diante de mais um dia de trabalho Todas as outras porcarias ser o postas de lado Colocadas numa sala pequena e bem afastada em algum lugar na sua mente Ser o acessadas quando chegar a hora B rje Sv rd caminha apressado pela Tornhagen Quer chegar ao departamento de pol cia antes do in cio da reuni o matinal Na caminhada passa por uma s rie de casas constru das sem grandes pretens es e por alguns pr dios amarelados de apartamentos de aluguel Foi uma caminhada diferente J tinha dado uma volta com os cachorros em torno das seis horas da manh Mas precisava se mexer muito mais n o para afastar as lembran as de sua falecida esposa Anna nem os problemas do caso que estavam investigando no momento Era como se quisesse dessa forma reter a
142. trabalho estivesse prestes a cair na sua frente Tinha estado com o telefone em uma das m os e com a outra a mexer na panela Tove Janne O meu ex marido Tenho de contar lhes Ser que a Tove vai ficar triste Malin deu uma olhada para o rel gio da Ikea na parede da cozinha viu o seu rosto magro com algum frescor renascido refletido no vidro da janela viu ainda como os seus cabelos louros tipo chanel emolduravam as ma s salientes do rosto e pensou na visita ao cabeleireiro j marcada para a semana seguinte Malin ela morreu Entendeu Tem algu m com voc a em casa Malin Quem pode ficar com voc papai Hasse e Kajsa Ekvall j est o a caminho Podem levar me para casa Vou fazer uma reserva Posso chegar a de avi o amanh de manh N o fa a isso Malin N o fa a isso Eu posso arranjar as coisas por aqui Nas palavras do pai ela notou novamente certo tom de al vio E pelo espa o et reo sentiu que ele a deixara entrever a possibilidade de um dia poder encarar o seu pr prio rosto no espelho sem mais d vidas por saber enfim qual era o segredo que os pais sempre haviam mantido no mais profundo de seu ser Os presentes ao funeral est o sentados encolhidos nos bancos da capela Os mais ntimos no primeiro banco O corpo da m e transportado de avi o chegou de Tenerife Malin colocou se atr s do caix o V o pai chorar um choro tranquilo silencioso Tove d
143. tranquilidade aparente que os rodeia todos est o muito agitados Zeke chegara h pouco Acenou para Malin da maneira que ela sabia significar Ol colega est na hora de voltar a trabalhar Malin olhou para ele e pensou O que que eu faria sem voc Zeke Como poderia resolver este problema se acontecesse alguma coisa com voc Zeke parece aspirar todos os odores que flutuam na pra a e deixa que seus olhos verdes pairem por toda a rea prontos para receber quaisquer sensa es Dois mortos pelo menos diz Malin Duas criancinhas Zeke balan a a cabe a fecha os olhos Tem uma mulher muito ferida diz Sven E outros feridos Quantos pergunta Malin Talvez uns trinta responde Sven Sem gravidade Arranh es Na maioria dos casos parece pior do que realmente Mas j bastante ruim diz Zeke Portanto duas crian as Com que idade Ainda n o sabemos responde Malin Mas pelo que vi trata se de duas crian as Karin e sua equipe acabam de chegar e j est o em campo para apurar os fatos Pelo canto dos olhos Malin observa a bonita perita criminalista Karin Johannison avan ando na dire o dos baldes amarelos que cobrem peda os do rosto e do corpo de crian as Existe algum risco de uma segunda explos o pergunta Malin depois o que costuma acontecer quando se trata de um atentado terrorista Primeiro uma explos o De
144. um leigo fascinado diz B rje abrindo os bra os O livro Receitas dos anarquistas uma leitura bizarra mas muito divertida Talvez fique mais f cil encontrar alguma coisa assim que Karin terminar a an lise do explosivo Pela janela que d para o parque infantil todos veem que a porta da creche foi aberta As crian as saem correndo todas de roupas bem coloridas Correm para os brinquedos em del rio numa demonstra o plena da sua capacidade de movimenta o Malin pensa em Tove que agora deve estar na escola Em como os seus movimentos diferenciam se por completo dos das crian as Como s o indolentes quase pregui osos mas ainda assim conscientes e econ micos incrivelmente sensuais diante de um rapaz da sua idade Malin pensa no pai que certamente est limpando os ltimos resqu cios de sujeira no apartamento depois do caf servido no dia anterior ap s o funeral da esposa Ela pensa tamb m na m e que com toda a certeza j foi transformada em cinzas Lembra se de que n o falaram ainda sobre o que fazer com os restos mortais Devem ser espalhados em algum lugar Nada fizeram antes logo o pai deve estar com a urna das cinzas em casa Talvez espalh las num campo de golfe em Tenerife Ou coloc las no memorial aonde Malin s vezes costuma ir em ocasi es em que sente a intensa falta de alguma coisa que ela n o sabe ao certo o que Terei sido exclu da por algum motivo pensa ela de novo Nes
145. veio direto para c entregou a grava o pessoalmente Eu e o Zeke achamos que conhecemos o homem mas ainda n o conseguimos saber de onde afirma Malin Parece que um profissional Isso fica mais patente ainda quando se aproxima do banco lugar em que deve ter feito um esfor o para agir o mais natural poss vel Mas parece saber o que est fazendo n o Exatamente um profissional concorda Sven Matador militar talvez at policial Seus movimentos s o extremamente bem definidos Um grupo de crian as passa por perto Uma classe escolar N o N o em um domingo As crian as gritam N o n o gritam Est o cantando uma can o que ecoa por toda a Odenplan antes de se afundar entre os sons complexos do tr nsito local O que pensa fazer daqui para a frente pergunta Malin Vamos fazer agora uma reuni o Depois mandar a imagem para as delegacias de todo o pa s procura do homem Se n o conseguirmos nada enviamos a imagem imprensa Queremos evitar isso claro para que o homem n o saiba que estamos atr s dele Para que n o se esconda ou fuja do pa s quer dizer se ele ainda estiver aqui Parece que o homem trabalha sozinho verdade Nesse caso s poder ser mesmo um profissional Com toda a certeza E tamb m poder ter sido contratado Acha que foi contratado pergunta Sven E ent o Malin conta o que eles conseguiram saber em Es
146. vista para a pra a Odenplan onde h nibus azuis que param junto da sa da do metr As pessoas entram e saem das mesmas lojas que existem em todos os arredores da capital sempre abertas at nos domingos e feriados tudo para servir os consumidores Johan Jakobsson telefonou de manh bem cedo Contou tudo o que conseguiu saber sobre os irm os Kurtzon e sua m e Malin sentiu a pele se arrepiar ao escutar Johan dizer como Leopold e Henry Kurtzon viviam isolados em constantes fugas mas que eram de certa forma personalidades fortes Falou ainda a respeito de como foram educados desde tenra idade e formados para que se tornassem m quinas perfeitas a servi o da gan ncia e sem qualquer sentimento de amor Malin e Zeke continuam a aguardar J rgen St lsten Conseguiram apanh lo ainda em casa num endere o do bairro stermalm e ele concordou em se encontrar com os dois embora fosse domingo N o perguntou qual seria o assunto mas Malin notou que havia medo na sua VOZ Ele pediu para se sentarem mas ambos recusaram o convite Quiseram assinalar que o assunto era importante e por isso preferiam ficar de p J rgen St lsten tem mais ou menos a idade de Malin Bonito com um rosto triangular cabelos claros ondulados e excessivamente longos n o muito compat veis com a profiss o Talvez seja por causa dos cabelos que ele n o trabalha em nenhum dos escrit rios de advocacia mais destacados todos situadas na Stureplan a
147. A perda da m e lamentada pelo pai por mim e pela sua neta Tove Mas ser mesmo que n s Tove e eu lamentamos o seu falecimento O fato de eu murmurar essa pergunta diante do seu caix o n o ser uma esp cie de blasf mia N o escuto nenhum solu o ningu m chora Em contrapartida noto o cheiro de mofo da capela fechada Vejo como o sol que penetra atrav s das finas cortinas aquece todo o ambiente mas n o o momento de luto Fecho os olhos revejo na mem ria o seu rosto mam e As rugas profundas descendentes em volta da sua boca O seu olhar aquele que jamais foi capaz de encarar o meu Eu olho para voc mam e antes de me virar e encarar aqueles que est o aqui sentados nos bancos Desejaria poder dizer que estou triste que lamento a sua partida mas n o sinto nada A chamada surgiu numa manh chuvosa de s bado tr s semanas antes quando ela estava sozinha no apartamento cozinhando nabos uma das terapias a que ela se entrega atualmente para enganar a vontade de beber tequila ou qualquer outra maldita bebida alco lica O pai na outra ponta da linha nervoso emocionado mas ainda controlado consciente e lamentoso Mesmo assim Malin p de notar certo tom de al vio na sua voz Ele come ou a chorar depois das primeiras palavras mas logo se recomp s e contou que ele e a m e tinham estado no campo de golfe de Abama que no terceiro buraco ou era o quarto ela bateu uma bola sobre um abismo lateral e
148. E agora est aqui deitada Num sono sem sonhos vazio mas ainda assim tranquilo Mas espere mam e Voc est sonhando claro que sim Sonha que est morta e que flutua aqui ao nosso lado olhando l para baixo para outro mundo muito melhor Escute o que vamos dizer N s a perdoamos Queremos que venha para perto de n s Juntas vamos persistir como prova de que o amor existe Malin e Zeke aguardam Concordam em n o acordar Josefina Marl w e esperam que ela desperte sozinha O nariz dos detetives j se habituou ao mau cheiro do lugar Sentam se no ch o sujo Iluminam o espa o que mais parece uma gruta com as l mpadas dos celulares Olham para os desenhos certamente feitos por Josefina Marl w com alguns dos peda os de giz espalhados pelo ch o Diversas figuras desenhadas com linhas como se fossem letras estranhas Parecem crian as brincando Malin e Zeke est o com sono J quase meia noite e eles querem dormir mas n o podem n o devem No entanto apesar de tudo do ch o duro e da temperatura estranha e mida os dois acabam por adormecer Malin e Zeke dormem e sonham que est o ambos num buraco como aquele em que se encontram agora E no buraco est o ainda duas crian as bem pequenas cheias de medo gritando por socorro mas n o se ouve nenhum grito S se veem os l bios das crian as se movendo Venham para c gritam elas Venham Agora Malin consegue ouvir as vozes sente
149. Leopold Kurtzon pela fotografia do passaporte Leopold Mas isso tem alguma import ncia Eu tomo conta dele Deixe comigo Procure as crian as diz Zeke Veja onde est o ecccv Em ingl s no original n o com um estrondo mas com um gemido Frase famosa de um texto do poeta T S Eliot sobre o fim do mundo e a morte do planeta N T 60 Malin corre pela casa procura em todos os cantos em todos os andares Zeke j telefonou chamou por refor os e ambul ncia Os minutos passam Tenho que encontrar Elena e Marko Tir los do escuro do medo Ela desce Procura no andar t rreo no meio por o da casa escura triste e solit ria Mais um pequeno terra o onde v duas p s no ch o Rec m usadas Imposs vel dizer Ela n o quer acreditar no pior Ali s sente que vai encontrar as crian as em algum lugar Ainda mais baixo descendo do terra o Ou atr s da porta na minha frente que parece levar a um subterr neo Ela abre a porta Por tr s um corredor mido e escuro que d acesso a uma s rie de c maras dispostas uma ao lado da outra Devo estar dentro da rocha Deve ser aqui Qual dessas portas deve dar para a cela escura Ela abre as portas uma a uma S o quartos sem janelas e c maras para guardar materiais Vazios Acende tudo medida que avan a para os fundos da casa Vai avan ando at chegar a uma parede que deve estar encostada na rocha Ela mant m a pistola pronta p
150. Malin por seu lado sente todo o peso do seu corpo se afundar numa das duas cadeiras de escrit rio colocadas no meio da sala Voc esteve no banco ontem pouco antes da explos o Confirma Dick Stensson acena com a cabe a e diz Confirmo Tive uma sorte danada em n o ser apanhado pela atrocidade feita por esses loucos J havia chegado ao castelo quando a bomba explodiu Deu para ouvir o estrondo at l de cima O que voc fez no banco pergunta Malin Depositei dinheiro O dinheiro dos caixas dos nossos diversos neg cios e um pouco do meu dinheiro pessoal Nada de estranho Verifiquei meus fundos Tenho um pouco aplicado no Kurtzon Global que recomendo abertamente O diretor Lundin afirmou que voc costuma ir ag ncia mesma hora todas as semanas Ele gerente n o diretor Sou um homem que gosta de regularidade na pr tica dos meus atos responde Dick Stensson recostando se na sua cadeira com um olhar brilhante Ele tem uma boa apar ncia pensa Malin Chega a ser atraente com toda a sua autossufici ncia atraente mesmo Nada de segundas inten es agora Voc n o tem medo dessa regularidade pergunta Malin Dick Stensson faz uma careta para ela e depois assume uma express o de espanto Do que eu deveria ter medo Os seus h bitos regulares podem torn lo uma v tima f cil Dick Stensson faz que sim Mas isso demonstra tamb m que eu n o me
151. Outro erro qualquer A assistente social foi uma tal Ottilia Stenlund que seis anos antes teria trabalhado no servi o social do bairro Norrmalm escrit rio 4 na rua Teknologgatan 13 em Estocolmo Vamos telefonar para Ottilia Stenlund diz Zeke ao passar por um gigantesco carvalho perto da antiga sala de gin stica O pal cio Um caixote cinzento com uns cem metros de comprimento bem na frente deles Resid ncia do presidente da prov ncia S gente fina convidada para os jantares da presid ncia al m dos jogadores de h quei sobre gelo do Link ping HC quando campe es A catedral Como se fosse um gigantesco sarc fago exige a aten o dos habitantes de Link ping mas ao que parece eles n o se interessam muito pelo que se passa na casa de Deus A mesquita em Ekholmen certamente mais frequentada A n o ser em tempos de explos es e no Natal quando a missa da meia noite iluminada luz de mil velas acesas Nessa ocasi o os habitantes de Link ping saem de suas casas e os cl rigos s o obrigados a receber o povo no port o de entrada da igreja a fim de encher as bolsas com os d zimos das suas consci ncias pesadas Droga pensa Malin Tal como Springsteen canta Still at the end of every hard earned day people find some reason to believe Ela pega ent o o celular Vou telefonar e saber se ela est na lista das informa es N o dever amos telefonar antes para o escrit
152. Talvez essa seja a nica maneira de cortar o la o que ainda nos une o la o do amor adulto que n s continuamos tendo Esse la o por m tem que ser cortado S ficaremos unidos para sempre por meio de Tove Ela n s dois ela absorveu o melhor de n s ela o ser humano que nos completa 30 Estamos vendo voc Malin no escrit rio do advogado Vai saber de uma coisa agora Est perturbada e com medo Sente que vai explodir que todos os seus sentimentos v o se dispersar em todas as dire es da sala em que voc s est o O advogado apresentou a mulher Ela lhe pediu para ser ela a dizer quem Calma Malin ela n o sua m e Acalme se Ela vai assumir a palavra agora E ainda que voc possa sentir o mundo todo estremecer bom que saiba que esta uma possibilidade que ela traz um presente talvez o mais bonito presente de todos Malin respira fundo sente como as narinas se expandem em contra es nervosas Ao mesmo tempo olha para o quadro uma pintura ou uma fotografia atr s do advogado Ela reconhece a imagem Mas n o consegue se lembrar de onde O quadro uma fotografia com pessoas em uma rede de jardim mas h apenas silhuetas que querem fugir de suas vidas Esse quadro n o estava pendurado no Castelo de Skogs Aquele castelo em que encontraram morto no fosso um desses novos ricos da rea de inform tica Malin quer se lembrar do quadro mas o ambiente na sala chama a de volta ao present
153. V uma mesa longa talvez de vinte metros e um sof branco em frente da parede mais longa da sala Eles disparam l detr s Devem ser os irm os Kurtzon E para l na dire o do sof que Malin resolve esvaziar o primeiro pente de balas Coloca o segundo pente e v que Zeke se apoia sobre os bra os Ser que a art ria foi atingida Nesse caso ele vai morrer aqui O tempo curto E Malin ent o dispara dois tiros seguidos e rapidamente avan a em dire o ao sof V sa rem duas figuras vestidas de negro de tr s do sof e em dire o a uma escada Ela volta a disparar contra elas um dois tiros Mas as duas figuras desaparecem pelas escadas Ela as persegue trope a numa mala aberta cheia de d lares e de outras moedas que n o conhece Encolhe se n o pode ser atingida A escada termina no terra o de baixo Ela v os irm os perto de uma escada que desce Parem ou eu atiro Um dos irm os vira se levanta o que parece ser uma submetralhadora na dire o de Malin e est prestes a atirar quando Malin aperta primeiro o gatilho esperando que n o seja tarde demais nem para ela nem para Zeke nem para as crian as desaparecidas e solit rias que talvez tamb m estejam aqui Que talvez n o estejam mortas Por favor digam que est o vivas Zeke consegue erguer se sobre os bra os Depois escuta disparos de arma autom tica E pelo som os tiros vinham do terra o de baixo Ser que ouvi tamb
154. a Ela n o gostava de falar sobre o assunto mas tive a sensa o de que deve ter acontecido um mont o de coisas ruins durante a inf ncia dela O nome dela tamb m n o consta em nenhum dos pap is da ado o N o respondeu Ottilia Stenlund A informa o deve ter desaparecido Nem mesmo o nosso sistema perfeito E onde que ela se encontra agora Josefina era considerada um dos anjos do submundo de Estocolmo O que voc quer dizer com isso Ela vivia no subterr neo acentuou ela Em galerias e esgotos nos t neis do metr E tudo o que ela via diante de si era a hero na N o me perguntem onde ela arranjava o dinheiro para compr la S sabemos que ela n o tinha nenhuma conta banc ria Presumo que ela se prostitu a talvez tamb m roubasse O que acontece com muitos viciados Mas se a fam lia era assim t o rica por que ela se prostitu a Ela n o queria ter nada a ver com o dinheiro da fam lia Malin fez que sim e depois ficou em sil ncio V Ottilia Stenlund se levantar andar um pouco pela sala indo e vindo refletir e dizer Presumo que voc s queiram falar com Josefina mas com toda a franqueza n o fa o a menor ideia de onde ela est Ela desapareceu por completo depois do nascimento das meninas Estava exausta quando saiu do hospital e depois disso nunca mais tive contato com ela J faz seis anos Ali s como que a senhora a conheceu
155. a Leopold Henry As irm s g meas Tuva e Mira As outras crian as Digam j existiu um jogo mais grandioso Fecha os olhos cegos Tenta imaginar o que vai acontecer Extasia se diante de tudo o que ainda vir a fazer parte da obra da sua vida 58 N o funcionou Quiseram ligar a luz na cela em que estavam as crian as Viram seus desenhos nas paredes e os olhos delas bem abertos cheios de pavor Ouviram os gritos quando levantaram os bra os e se abra aram Os irm os tinham apontado as armas j engatilhadas para as crian as mas n o conseguiram disparar Henry e Leopold Kurtzon gritaram um contra o outro As vozes misturaram se Era imposs vel distinguir Fa a isso Atire Esta miss o sua Mate as atire logo porra Mas nem um nem outro conseguiu apertar o gatilho Contratar algu m para matar assassinar crian as uma coisa muito diferente de eles pr prios fazerem isso O que aconteceu a dist ncia estranhamente ficcional A realidade aqui outra As crian as est o sozinhas na cela Em sil ncio Como se estivessem cegas Leopold e Henry viram os pequenos corpos na obscuridade e voltaram a gritar um para o outro Voc tem que atirar N o podemos deixar as coisas desse jeito Contudo Henry mudou de tom de voz e disse Temos de deix las N o Temos de mat las gritou Leopold de volta Eu n o consigo Fa a voc Se n o as mata
156. a m e pensa Malin Mas quem ele A mesma pessoa que apareceu no YouTube A seguir num espa o circular no meio da imagem veem se duas meninas vestidas com casacos e jeans a correr na dire o do caixa eletr nico no momento em que um homem indistingu vel de bra os nus sai pela porta e deixa o banco Imposs vel ver quem o homem Um cliente normal Ela n o consegue reconhec lo N o Estou apenas imaginando coisas Ningu m reage Meu Deus eu conhe o as crian as Elas passam perto do caixa eletr nico e desaparecem novamente Em seguida ap s talvez cinco minutos e dois outros clientes as meninas voltam poss vel ver a m e vindo atr s delas Os cabelos das meninas s o castanho claros mais escuros no v deo preto e branco e apesar da m qualidade da grava o poss vel ver que os olhos delas brilham est o aproveitando bem a manh na pra a e dispostas a conquistar o mundo a cada momento Malin fecha os olhos Zeke viu o mesmo que ela N o havia mais d vidas S o as g meas Vigero as crian as mortas massacradas A for a da bomba na mochila deve ter sido dirigida contra o caixa eletr nico e ao mesmo tempo para fora na dire o da pra a Isso n o ser imposs vel de definir por qualquer perito no assunto A bicicleta totalmente destru da N o encontraram nenhum peda o dela perto do banco Isso n o teria passado despercebido a Karin Ser que derreteu e se transformou em t
157. a o outro lado Malin segue os seus gestos Consegue evitar as farpas Os dois avan am e come am a passar pela ponte em dire o ao casar o da ilha A constru o retangular parece um gigantesco bloco de pedra branca que algu m pousou na encosta inclinada Um cais Um grande iate balan a ao sabor do mar com a luz oscilando na gua escura Parece que vai chover O c u tamb m est escuro N o se v nem uma estrela As jaulas ao lado e embaixo Uma porta est aberta E ouve se um constante arranhar por dentro das celas Ser isso mesmo Eles correm e terminam de passar pela ponte e entram na ilha Malin movimenta se sem ru do atr s de Zeke que empunha a sua pistola Procuram ref gio atr s do tronco de uma rvore Ela v que algo se aproxima Um corpo enorme se arrastando e rugindo Malin quer gritar e sabe que n o pode n o deve V que Zeke pega a lanterna que havia metido no bolso das cal as quando sa ram do carro Os olhos vermelhos da besta brilham no meio da noite escura Assim como os dentes amarelos O corpo listrado reluz Malin posiciona se atr s de Zeke sentindo o pavor que domina ela e o parceiro Um lagarto gigante Um lagarto enorme vivo com o corpo negro e amarelo a pele feita de escamas que parecem impenetr veis E atr s mais outro Os bichos rugem para eles Verdadeiros drag es de komodo esfomeados Os irm os est o aqui Malin sabe que est o E ent o os lagartos pulam para c
158. a parte de dentro dos muros do cemit rio parecem querer chamar a aten o de Malin As copas est o cobertas por pequenas flores cor de rosa que balan am ao sabor do vento Malin acha que as flores querem ficar agarradas aos ramos das rvores a todo custo mas considera que a sua luta est condenada ao fracasso N o d para lutar contra o que voc Pergunte a quem sabe Uma coisa que mudou com o fato de ela ter parado de beber foi a sua intui o a que outros talvez chamam de vis es Ficou mais forte Principalmente durante os sonhos Como se a falta do lcool tornasse o consciente mais claro mais receptivo quilo que dif cil de explicar N o est com medo Mas sabe que isso pode amedrontar muita gente Entretanto tenta abrir se mais para aquilo que poder perceber um dom que tem de aproveitar para ver mais intuir mais do que os outros O que significa isso N o vale a pena tentar esclarecer o caso Ela v a coisa da seguinte maneira o vento passa pelas folhas e balan a as copas das rvores Voc escuta uma voz que murmura Ou n o escuta nenhuma voz Na realidade nada mais que isso Sombras inquietas passam pelas pedras cobertas de musgo dos muros do cemit rio As flores vibrantes de vida e de morte um fim mas tamb m um in cio O rosa a cor dos rec m nascidos n o verdade O memorial Malin n o consegue v lo entre as rvores floridas Minha m e deve descansar nesse lugar Co
159. a pequena cidade do interior da Su cia A m e continua a andar envolta na atmosfera primaveril do momento Sente o aroma das tulipas rec m colhidas um aroma desesperado como se as flores quisessem segredar lhe Por que a nossa vida t o curta quando a sua a de voc s t o longa Como voc s vivem sem preocupa es pensa a m e olhando para as suas meninas Eu me preocupo pensa ela a seguir sei que toda a situa o poder mudar de um momento para o outro Tudo pode acontecer Um homem de capa negra com o capuz sobre a cabe a estaciona sua bicicleta perto do caixa eletr nico N o acorrenta a bicicleta e coloca em cima da cesta com todo o cuidado e com as m os enluvadas uma mochila O homem deixa a mochila na bicicleta e n o para fazer retirada no caixa do banco Segue rapidamente pela pra a a p em dire o a uma rua a Bokh llaregatan A m e n o imagina quem o homem possa ser mas estranha que ele use o capuz debaixo daquele sol primaveril e que tenha deixado a mochila e a bicicleta para tr s As meninas chegaram diante do caixa eletr nico Viram se e sorriem para a m e Esta sente o desejo de correr para elas levant las com seus bra os abra las e beij las para que conhe am todo o amor que ela tem para lhes dar e para que elas se sintam seguras e livres no mundo em que vivem As meninas olham para o carrinho de cachorros quentes O h bito e a fome fazem com que passem correndo pela m
160. a quest o se pode encontrar e falar as palavras certas se vai poder entender o que ela precisa saber Esperemos que sim mas acima de tudo n s queremos que venha ficar conosco Talvez isso esteja para acontecer em breve n o A maldade movimenta se como lagartos gigantes sem pernas As suas l nguas escuras lambem a atmosfera A horr vel maldade est tamb m se movimentando e se aproximando de voc mam e e voc n o pode se mexer e fugir N s n o queremos salv la queremos que venha para junto de n s E assim talvez o papai tamb m venha Seja como for mam e diga lhe o que sabe o que puder Tente fazer com que tudo funcione cole use fita adesiva e junte os peda os da imagem da mem ria e dos pensamentos Mexa a l ngua fa a com que ela pronuncie as palavras certas que possam reconstituir a nossa fam lia Agora j pode respirar Os tubos no seu nariz foram retirados e a luz vibra no seu quarto do hospital mas n o a bonita luz da primavera que domina aqui fora mas sim uma luz fosca Mantenha os tubos longe mam e mantenha a dist ncia Mas venha at n s Venha at n s que a amamos S assim poderemos salvar juntas as outras crian as Finalmente sou algu m que respira Eu sei O ar enche os meus pulm es e vejo alguma coisa de metal junto ao teto Mas o corpo n o existe Onde est o meu corpo voc s que eu vejo crian as Voc s est o a meninas O que foi que aconteceu Qu
161. a sabe o que nos aconteceu Est abalada triste Ela est como n s cheia de medo Venham aqui m e e pai voc s s o os nossos verdadeiros pais n o s o Pai m e venham para aqui para o nosso lugar Elas est o chorando agora Malin as outras crian as Os maus est o se aproximando de novo Cheios de raiva E os lagartos prontos para com las Tem que se apressar Malin Apresse se e salve as Antes que seja tarde demais xx xx Bernard Lawrence Bernie Madoff e Allen Stanford foram presidentes de sociedades de investimento respons veis por fraudes financeiras de bilh es de d lares N E 42 Zeke e Malin conseguem encontrar um lugar para estacionar perto do mais famoso elevador da cidade o Katarinahissen J eram tr s e meia da tarde Malin olha para o pr dio redondo que coroa o Slussen como se fosse o tronco grosso de uma rvore cortado pela metade e abandonado Esta rea urbana um verdadeiro labirinto de ruas cruzadas e viadutos sobrepostos em que a fachada da Stadsmissionen tenta insistentemente destacar se mas sem sucesso H ainda os cartazes de cores p lidas ornamentando as fachadas com o an ncio de uma exposi o sobre a cidade do futuro E quem se importa com o futuro Esse o pensamento que parece ocupar a mente dos transeuntes Malin desvia o olhar para o centro da cidade percorrendo com a vista a Skeppsbron uma avenida marginal onde os carros se enfileiram nos dois sentidos De u
162. a sociedade aqui mas n o f cil Quando eu condenei os atentados em Madri o Corren nem sequer mencionou a minha atitude N o se encaixava na sua imagem do mundo Foi essa a sensa o que eu tive Malin olha em volta sente se observada vigiada Nenhum ponto vermelho a piscar no teto Nenhuma c mera gravando a conversa Pelo visto n o existem c meras Estou paranoica Deixe que eu v direto ao assunto diz Zeke O senhor notou ou ouviu qualquer coisa na sua congrega o que possa ter alguma coisa a ver com o incidente Al Kabari balan a a cabe a Por que voc s acham necess rio fazer essa pergunta E ele faz uma pausa antes de continuar Posso dizer que est tudo tranquilo aqui na minha congrega o Juro que n o existe de forma alguma esse tipo de fanatismo N o h nenhum tipo de louco por aqui nenhum jovem desesperado nem talib s malucos que estejam escondidos em algum pequeno apartamento Em princ pio posso garantir isso a voc s Aqui existe apenas uma multid o de pessoas que tentam criar para si uma vida suport vel Malin nota sinceridade na voz do im Tristeza pela situa o Teremos hoje noite uma reuni o Muitas pessoas da nossa congrega o est o preocupadas com o que aconteceu Sei que voc s t m que apanhar quem matou as duas meninas diz ele N o sei de nada que possa ajud los mas espero que o culpado seja punido Malin ouve o toque do celular ao c
163. a viu desaparecer nas ondas do Atl ntico que ela ficou de mau humor mas ainda se conteve Na tacada seguinte a bola fez um slice desviou se muito para a direita e foi parar atr s de uns arbustos cerrados no meio de uma planta o de palmeiras Ent o eu vi como o seu rosto ficou vermelho Depois levou as m os ao pesco o como se n o pudesse mais respirar e caiu na grama rec m cortada Malin ela n o se mexia e tamb m n o respirava Est entendendo Malin o que eu quero dizer entende Ela compreendeu sim Pai onde o senhor est agora No Hospital de Tenerife Eles a trouxeram para aqui de ambul ncia Ela fez a pergunta apesar de saber a resposta j ouvira na voz do pai aquele tom especial um tom que reconhecera na voz de dezenas de parentes a quem dera a not cia da morte no seu trabalho como detetive da pol cia Como que ela est agora Ela morreu Malin Ela j estava morta quando eles a colocaram na ambul ncia Papai A sua figura alta e magra hesitante solit ria sentada num banco em alguma sala de espera num hospital espanhol A m o que ele passa inquieto pela cabe a e por seus cabelos escuros j um pouco grisalhos Malin gostaria de estar com ele de consol lo e ao mexer a panela com os tub rculos em fogo lento ela chegou conclus o de que n o devia ficar preocupada com medo nem sequer triste Antes devia encarar a situa o como se uma enorme montanha de
164. abelo louro est desarrumado Ela olha para Malin como se fosse a primeira vez que tivesse visto um ser humano V para o inferno Malin repete Daniel enquanto Helen pega no seu bra o mas n o o det m Essas palavras atingem Malin como se fossem um vendaval isso que ela acha ao descer as escadas do pr dio ao fugir dali e chegar rua O sol j se escondeu atr s das rvores da Associa o de Jardinagem Ela continua a andar apressada pelo parque Encontra um banco debaixo de uma cerejeira japonesa toda florida Senta se acha que as flores cor de rosa da cerejeira t o pequenas t o vibrantes marcam na com seu desprezo Depois concentra se liga o celular Por favor gostaria de ter o n mero de telefone de Peter Hamse em Link ping Tenho aqui um n mero de celular Posso acoplar para voc mandar uma mensagem SMS est bem Fa a ambas as coisas d me o n mero e ligue me para eu mandar uma mensagem a mensagem que Malin escreve e est disposta a mandar uma mensagem cheia de desejo uma verdadeira boia de salva o Logo a seguir ela fica cheia de medo Cheia de medo diante de todas as outras pessoas N o quer falar nunca mais com ningu m e ent o apaga a mensagem Guarda o celular no bolso do casaco e toma o caminho do carro que ela estacionou na pra a da antiga esta o rodovi ria No momento em que sa a do parque pelo port o de ferro toca o celular Deve ser ele Com
165. adlocks e levanta o corpo de Jonathan Ludvigsson da cadeira Malin v o que est acontecendo sente como a viol ncia se apodera dela contra ele contra o assassino de crian as Sente a mesma incontrol vel sensa o que teve no prado Karim e Sven continuam calmos ao seu lado mas preocupados Ent o vai fale logo sua besta Conte tudo sobre a Frente Libert ria Econ mica o que voc fazia em Estocolmo como voc ou voc s armaram a bomba Foi voc que mandou o e mail e algu m detonou a bomba grita Johan enquanto a sua raiva soa falsa como se essa raiva de fato n o existisse dentro dele Quem era o homem da bicicleta O que que h grita Jonathan Ludvigsson enquanto luta contra Zeke Est nas pontas dos p s suspenso fazendo uma careta de dor Uma nova Guant namo Mas Johan n o responde Nem liga para a pergunta Basta parece ele pensar Vai em frente Quem foi o homem da bicicleta que colocou a bomba em frente do banco Zeke levanta os bra os e assim o corpo de Jonathan Ludvigsson fica suspenso CIA voc s s o da CIA eu n o sei nada n o sei quem esse maldito ciclista Zeke solta Ludvigsson na cadeira N o sabe n o diz Johan Agora com dureza absoluta na voz como se os seus pr prios filhos tivessem sido mortos pela bomba Finalmente ele digeriu a quest o A viol ncia contra crian as torna vis vel o verdadeiro car ter dos seres humanos N
166. af da manh Cada uma saboreia o sandu che matinal enquanto Malin conta o que aconteceu com o seu pai e av de Tove Esta acaba repetindo Voc tem que perdo lo Pelo menos tente De certa forma agora n s somos tr s n o Malin n o reage Apenas observa l embaixo o novo Parque St Lars onde desde cedo um grupo de jovens est ocupado montando suas barracas de com rcio O que acha que eles v o vender pergunta Malin Isso quase um segredo explica Tove De qualquer forma o mercado est ficando cada vez maior medida que os jovens insistem em comparecer E depois ningu m sabe onde vai parar Vamos ver como o mercado evolui Mas agora o que eu fa o devo entrar em contato com a Escola Lundsberg uma boa ideia mas eu pr pria posso faz lo Voc quer falar com o pai sobre isso Janne A loura ao seu lado na noite anterior N o ser preciso Pode dizer a ele que concordei Eu vou mandar um e mail para o reitor Afinal um belo acontecimento n o verdade E para mim est tudo certo Quase todos os diretores neste pa s passaram por essa escola n o Quase todos confirma Tove Portanto voc tamb m vai ser diretora e assim ganhar o bastante para me sustentar quando eu ficar velha Eu n o vou ser nunca uma dessas detest veis diretoras diz Tove Malin olha o rosto da filha e sabe que ela vai fazer sucesso entre os grupos aristocr
167. ai de voc s sabe contar e converter essa capacidade em bons neg cios em um imp rio Ele foi o melhor estudante de matem tica de todos os tempos numa universidade de um pa s long nquo O pai raramente est em casa No jardim com um lagarto enorme bem alimentado e satisfeito pela coleira ao seu lado ele nos estimula a sermos ousados Quando n o ousamos realizar aquilo que ele nos provoca a fazer como subir no muro que d para a enseada de Liding l embaixo a uns vinte metros de altura ele solta as suas gargalhadas de costume chama nos de feiglings e solta o animal contra n s Depois a m e nos tranca no arm rio do por o porque nos viu da janela subindo no muro Voc s est o proibidos de subir no muro O que diriam as pessoas se voc s trope assem ca ssem e morressem O pai solta gargalhadas quando v o jardineiro ou a criada nos empurrando para dentro do arm rio no por o Para as trevas Acreditamos nas gargalhadas de desprezo e na raiva justificada Acreditamos na matem tica E no uso permanente de m todos racionais Mas o que isso Ficar bem quieto sentados ao lado da m e no sof dourado enquanto ela mostra o que tem o que conseguiu desde que chegou aqui vinda de um pa s onde ningu m tem nada Sorrir quando o fot grafo pede Fazer caretas para a irm mais nova que nunca aprendeu a sorrir nem a fingir Bater nela para demonstrar a nossa for a e a fraqueza dela Bater em outras cria
168. ainda n o se ouviu nenhum tiro Ou se ouviu Harry Karlsson se atira contra o homem que se esquiva e Karlsson cai de bru os e bate com o rosto no ch o Seus dentes da frente e de cima batem na pedra do piso com toda a for a Ele pensa Droga Que inferno Esta a o vai me custar um dinheir o no dentista Quando Jokso Mirovi viu os policiais vindo em sua dire o soube instintivamente que eles estavam sua espera e que vinham apanh lo J havia sentido isso desde o momento em que fez o check in no voo para Phuket na Tail ndia Alguma coisa estava errada mas considerou que seria at bom se divertir um pouco Estava habituado a situa es como aquela Entretanto a sua suspeita fortaleceu se na fila ao ver os dois policiais Sabia por experi ncia que muito raramente havia agentes policiais nos controles de seguran a Mesmo assim ainda encarou a situa o como um divertimento embora soubesse que n o devia fazer isso Achava que as pessoas precisam seguir sempre os seus instintos mas esse n o era o caso desta vez Simplesmente teria de pegar aquele avi o a qualquer custo N o havia outra hip tese Estava obrigado a procurar pelas crian as e a pista come ava na Tail ndia no lugar em que foram sequestradas Os passaportes delas foram deixados para tr s em casa portanto era poss vel que elas ainda estivessem no pa s Mas como que a pol cia conseguiu saber o que ele fez Como que puderam chegar a ele
169. ainda pudesse fazer alguma coisa por elas Johan Jakobsson continuava na pol cia de Link ping em frente do computador Estava cansado depois de um dia de muito trabalho com papelada e interrogat rios que n o deram em nada de ativistas de direita e de esquerda apontados por telefonemas an nimos Voltou a procurar nos registros de propriedades cruzou transa es umas com as outras digitou os nomes de todas as firmas desativadas dos irm os Kurtzon e at nomes parecidos com os das firmas Mas nada Era como se a fam lia Kurtzon os irm os nunca tivessem existido a n o ser como sombras em Estocolmo Ou como fantasmas em lugares onde havia dinheiro Ent o Johan lembrou se de ter lido a respeito de Josef Kurtzon num retrato apresentado no jornal Svenska Dagbladet que o homem era exc ntrico e que dizia ter lagartos gigantes como animais dom sticos Lembrou se ainda de ter visto Selda Kurtzon passeando com um desses lagartos pela coleira numa fotografia na revista H nt i Veckan Para importar lagartos gigantes ser preciso ter alguma licen a especial perguntou se Johan se que permitida legalmente essa importa o Uma derradeira oportunidade As letras no computador come avam a embaralhar se diante de seus olhos e no telefone j existiam tr s mensagens da esposa que certamente queria saber quando ele voltaria para casa Mas Johan ainda refez a liga o para a alf ndega e a nica importa o de lagartos r
170. ais diz Zeke Karin concorda e acrescenta E aquele homem parece ter direcionado a explos o para fora conscientemente na dire o da pra a mas imposs vel ter certeza disso A carga deve ter pesado entre tr s e cinco quilos Essa quantidade de TATP suficiente para produzir o impacto explosivo que a nossa bomba teve E o detonador pergunta Malin Encontrei apenas um pedacinho imposs vel dizer muita coisa sobre ele infelizmente O homem da capa negra Aquele que deixou a bomba em frente do banco em cima da bicicleta Ele deve ter deixado a pra a pensa Malin afastou se para algum lugar e acionou o detonador da bomba Teria uma vis o da pra a Das meninas Talvez tenha ido para longe e disparado o artefato sem ter a vis o do local Se ele disparou a bomba vendo as meninas se aproximando ent o com que esp cie de maldade estamos lidando Uma besta humana Um animal sedento de sangue sem pele que acorda no seu buraco na primavera depois de hibernar e dispara na ca ada s almas de outros seres humanos Um animal que mata pelo simples prazer de matar Um dedo que pressiona um bot o Talvez um criminoso solit rio O l der de uma Frente Libert ria Econ mica Ou qualquer outro completamente diferente Um motoqueiro querendo matar Stensson Mas a bomba n o acertou Stensson Longe disso E por que ele faria isso usando um detonador remoto Ainda h que levar em considera o que muitas bomb
171. al fora o explosivo usado na prepara o da bomba Qual o detonador usado Controle remoto Um timer Qual a pot ncia exata da bomba Nenhum de n s sequer teve tempo para pensar acha Malin A bomba explodiu ontem Desde ent o corremos para todos os lados aonde pod amos chegar E s agora soubemos da exist ncia dessa Frente Libert ria Econ mica e da chegada desse v deo que vamos ver As coisas foram acontecendo uma atr s da outra sem parar De modo que Malin tem a impress o de que todos ainda se encontram numa esp cie de v cuo como se ainda nenhum dos detetives do departamento realmente tivesse notado que explodira uma bomba na maior pra a da cidade Corremos corremos para todas as dire es sem parar acha Malin acionados por um turbilh o de ideias que surgem nas nossas mentes Sem tempo para parar sem tempo para pensar Um p nico desenfreado jamais ocorrido e uma quest o da decorrente que todos escutamos murmurada dentro de n s mesmos Ser que isto aqui est acima da nossa capacidade Ser que Link ping tem condi es de resolver o caso Quinze mil habitantes encheram todas as igrejas da cidade Procuraram consola o e ref gio onde esperavam que existissem Na Grande Pra a a quantidade de velas acesas cada vez maior assim como aumenta a toda hora a quantidade de flores O povo deve ter come ado a mand las por encomenda para a pra a vindas de Estocolmo de Gotemburgo de Malm e de
172. alhar um ratinho E quem est estra alhando Link ping Sofia Karlsson A ativista Ficou dois meses na pris o de Sk nning por atacar o criadouro de martas de Kindstrand em Kisa atualmente desativado Ela fora condenada a apenas dois meses pelo fato de que n o fora comprovado ter sido ela ou o grupo de que ela fazia parte quem ateou fogo granja Mas fora condenada por amea ar o propriet rio Ativista pelo direito dos animais Orgulhosa por ter estourado um empreendimento legal Orgulhosa por reivindicar que os animais irracionais s o iguais aos humanos Malin fecha os olhos Escuta o motor do carro trabalhando E pensa Tomara que eu consiga realizar o meu trabalho A escada do pr dio amarelo de dois andares com apartamentos para estudantes cheira a uma mistura de pizza e urina Dali basta andar quinhentos metros para chegar universidade Os estudantes pertencem a uma classe favorecida entre os habitantes do bairro de Ryd Aqueles que moram em apartamentos simples de aluguel pertencem classe em geral considerada como o refugo da cidade oper rios desempregados imigrantes m es solteiras com filhos pequenos alco latras retardados mentais Ningu m vai morar voluntariamente em Ryd al m dos estudantes que tiveram a felicidade de conseguir um apartamento na rea estudantil E l que mora Sofia Karlsson Segundo Johan Jakobsson ela estuda biologia A ci ncia faz Malin se lembrar dos cupins q
173. alimentados e pregui osos descansando em suas celas sob a ilumina o das l mpadas de aquecimento Quando est o com fome eles fazem um barulho infernal com as garras arranhando as grades Eles compraram os animais na Tail ndia e na Indon sia montaram uma firma apenas para isso e conseguiram a necess ria licen a de importa o Depois desativaram a empresa disseram que os animais tinham morrido e ningu m pareceu se importar mais com isso Eles se alternam em dar comida aos bichos J faz tempo Nem um nem o outro gosta de descer Nenhum deles aprecia a vis o daquelas mand bulas abrindo e fechando O homem que os ajuda no tratamento dos animais quando eles est o fora muitas vezes durante longos per odos mant m sil ncio sobre o trabalho Recebe um bom ordenado para n o dizer nada a ningu m Al m disso parece ter medo dos dois irm os que lhe disseram para n o aparecer caso n o fosse chamado Leopold voltou a ser atacado pela d vida Quem que conhece os caminhos trilhados pela pol cia Quem sabe o que a pol cia consegue e como consegue quando eles querem e precisam saber N s somos culpados de quatro mortes N s somos p rias A heran a nunca mais ser nossa Nunca mais poderemos aparecer em p blico E a pol cia j sabe das crian as tamb m E crian as raptadas s o prioridade Exatamente como em caso de assassinato Jamais v o deixar o caso por resolver Estamos mal O que vamos fazer Po
174. alin Perto de voc Mas tamb m por toda a parte N o aguentamos ouvir tudo o que voc s dizem na sala de reuni es quando falam de diferentes fac es na sociedade E dessa maneira ficam de conversa fiada querendo entender tudo A respeito de extremistas de direita que s o fortes na cidade Estar o eles por tr s da explos o Mas eles gostam muito dos seus bancos n o O capitalismo Al m dos seus pontos de vista expostos em alto e bom som doentios n o se mostram perigosos Nunca fizeram nada de especial aqui em Link ping a n o ser algumas demonstra es sem sucesso Agora Karim que fala Devemos mesmo ouvir o que ele diz Queremos flutuar ir embora para junto da nossa m e acariciar o rosto dela Mas ficamos ouvimos Ele levanta a hip tese de um ataque terrorista Por outro lado voc s nem sequer ousam pensar nessa teoria Ou ser que ele j sabe de alguma coisa que voc s n o conhecem Ele p e a quest o diretamente Ser que n o foram islamitas os que provocaram o incidente N o haver uma c lula terrorista escondida aqui em Link ping Um grupo clandestino n o ter se formado na comunidade islamita da cidade que acolheu alguns dos jovens desempregados e estes reunidos em grupo dirigiram as suas energias no sentido errado Mas Sven Sj man protesta diz que nenhum extremista de qualquer fac o foi apontado at agora pelos islamitas da cidade Que n o existe nenhum problema social no
175. am Eles se insultam Parecem estar com medo Exatamente como se um animal maldoso corresse atr s deles na floresta e estivesse pronto para engoli los Exatamente assim papai N s choramos Eu choro Ele chora Mas j n o grito mais pois por muito que eu grite a dor no est mago provocada pelo medo n o desaparece Estou com medo papai Ele tamb m est E esse medo s poder acabar quando vier nos buscar Eles bateram em n s quando tentamos fugir quando deixaram a porta aberta Por isso agora ficamos apenas encolhidos em um canto papai o mais longe poss vel deles Talvez se esque am de n s de maneira que possamos fugir correr em dire o floresta e desaparecer Mas a surgem os lagartos Quando os mo os os mostraram para n s assim que chegamos de avi o eu entendi que voc n o estaria aqui nossa espera como eles nos disseram As aranhas E as serpentes nos seus buracos Elas v o querer cortar a nossa pele nos morder com os seus dentes quentes inserir o seu veneno em n s para que ningu m mais queira nos abra ar de modo que n s nunca mais possamos sentir o calor de outra pele Pressione o dedo contra a veia e esta logo acordar para a vida Torna se forte e azul E ainda existem muitos lugares onde inserir a agulha no mapa dos meus cotovelos e antebra os maravilhoso no subterr neo Aqui posso ficar em paz Pelo menos na maior parte do tempo Aqui posso espetar a agulha e deixar qu
176. am ainda mais lojas que parecem simples buracos que escondem trag dias econ micas particulares que far o a hist ria da atualidade a de esperan as despeda adas e de sonhos interrompidos E isso para muitos muitos ser uma das consequ ncias da crise econ mica Passam algumas pessoas que olham para os dois Olhares de suspeita Movimentos r pidos acelerados como se as pessoas quisessem se afastar o mais r pido poss vel daquele lugar vazio Na porta de entrada da nova galeria um pedinte est sentado no ch o Apar ncia eslava Com fome o que est escrito num papel o aos seus p s Certamente est ligado de uma maneira ou de outra ao grupo de pedintes formado por imigrantes dos B lc s Ou ser que ele est mesmo em dificuldades Na realidade proibido ficar ali pedindo dinheiro Mas agora temos coisas mais importantes a fazer pensa Malin Que dia maravilhoso diz Zeke uma pena que as pessoas n o ousem sair de casa N o h nada de estranho nisso N o t o estranho quanto voc Cale a boca devasso Devasso O que quer dizer com isso Voc sabe muito bem o que eu quero dizer Zeke solta um grunhido Beberica o caf Momentos depois chega a gar onete para retirar as x caras Pouca gente comenta Zeke Ningu m se atreve a vir at o centro da cidade diz a garota O povo est com muito medo A nica coisa de que se fala agora de qua
177. am ao seu alcance a mesma indaga o feita antes diante de Madelene Adeltj rn se bem que o est gio de Josefina seja pior E a a sombra come ou a falar s meninas Eu sei o que aconteceu com as meninas Malin percebe que Josefina Marl w quer chorar mas como se o debilitado corpo na sua frente n o tivesse mais l quido para ser transformado em l grimas Elas eram as minhas g meas diz Josefina Marl w de olhos vazios E fica em sil ncio Por que voc n o tem mais contato com sua fam lia pergunta Zeke Malin vira se por um momento diante da pergunta feita de maneira t o direta e incisiva Logo v que a espontaneidade a falta de uma combina o anterior nada influiu na rea o de Josefina Marl w Esta apenas balan a a cabe a estremece e sussurra uma resposta Era imposs vel O que era imposs vel Viver l Por qu N o havia nenhum amor Como assim A ideia de nos ter jamais foi por amor De nos ter De ter filhos interrompe Malin Sim Eles jamais estiveram interessados em amor Apenas em outras coisas Que coisas Dinheiro Quer dizer que eles s estavam interessados em dinheiro Josefina Marl w n o responde A ltima luz do crep sculo acaba de sair do seu rosto e a sua pele fica com um brilho fraco uma tonalidade que Malin reconhece como a dos mortos E em brilho diz Josefina Marl w de
178. ama com len is brancos aqueles que servem para a gente se enfiar por baixo e fugir de tudo o que sujeira e maldade A m e das outras crian as mant m o isolamento Mas talvez tente se mostrar para elas como n s fazemos com voc Malin E se fizer isso ela vai escutar a respira o delas das crian as das suas batidas na porta Vai sentir o medo delas diante da maldade O medo de sair de onde est o Medo de nunca mais sair de onde est o O menino chora A menina abra a o e diz N o fique triste n o fique triste O toque mon tono Est come ando de novo H que parar com esse maldito toque Quero dormir Quero ficar sozinha no escuro do meu ambiente O sono tem um final brutal Ela abre os olhos e procura com a m o pelo seu celular no sof Aqui est Por engano pressiona o bot o errado e rejeita a chamada Mas antes mesmo de chegar a acender a luz do abajur o celular toca de novo N o reconhece o n mero Afinal que horas s o Dormi por quanto tempo Droga Ela se senta atende Malin Fors Ah sim o meu nome Johan Strandkvist sou advogado N s estamos sua espera aqui no meu escrit rio J s o duas e dez Marcamos uma reuni o que devia ter come ado s duas horas Quero saber apenas se voc J estou a caminho diz Malin E desliga Tenho que deixar esta reuni o de invent rio para tr s N o deve demorar mais de meia hora E ficar tudo resolvido N
179. aminhar para o carro por entre os pr dios de apartamentos alugados todos brancos em Ekholm Acha que deve ser uma chamada do pai ou de Tove O que estar o fazendo agora Eu devia estar com eles Ela pega o aparelho na bolsa e v o nome de Sven no visor Para atende Ao seu lado no meio do entardecer Zeke est com uma express o parecida com o aviso de perigo composto com uma caveira e duas t bias Sven Como foi na mesquita Conseguiram falar com ele Acabamos de sair de l N o acredito sinceramente que o acontecido tenha qualquer liga o com os mu ulmanos de Link ping Nenhum ind cio O im n o sabia de nada N o e acho que falou a verdade Voc s foram cuidadosos com o que disseram n o Ele ficou zangado quando chegaram N o n o ficou zangado Sven Demonstrou compreens o Alguma novidade Os policiais j ouviram todas as testemunhas que estavam na pra a todos os feridos no hospital e aqueles que n o sofreram nada e abandonaram o lugar Ningu m viu nada de anormal Porra nenhuma E encontramos at o velho do carrinho de cachorros quentes Aparentemente n s nos esquecemos dele durante o tumulto Ele disse que conhecia Hanna Viger que ela s vezes ia pra a durante as manh s com as filhas Isso significa alguma coisa Ela trabalha num lar para adultos com defici ncia No lar eles t m um esquema em que os funcion rios folgam de vez em quando duran
180. ande para a frente que conte a verdade do caso para as pessoas que fa a justi a s v timas da viol ncia O v deo passou na televis o na noite anterior mas n o deu em nada Ningu m sabia nem imaginava quem poderia ser o homem da Frente Libert ria Econ mica que apareceu no YouTube Todos prosseguem e discutem outras linhas de investiga o Ent o o sil ncio A certeza de qu o pouco resultado na realidade as suas suspeitas tinham dado A sensa o de que j estavam num beco sem sa da apesar de terem se passado apenas dois dias desde que a bomba explodiu Malin olha para Zeke que est sentado de costas para as crian as que brincam no parque V como as olheiras dele est o enormes E imagina que depois de t la deixado em casa talvez tenha visitado Karin Johannison no laborat rio na noite anterior Talvez tenha colocado Karin em cima da bancada de a o inoxid vel ao lado de um arm rio de gavetas para cad veres com um cheiro horr vel de produtos qu micos e de algum aparelho de vibra o autom tica para testes Gunilla a mulher de Zeke n o sabe de nada sobre o caso dele com Karin Ningu m sabe a n o ser eu E eu jamais iria conden lo por isso Zeke Tem de fazer o que deve ser feito N s sempre temos de fazer o que devemos claro que sim n o Waldemar Ekenberg que interrompe o sil ncio Vamos apanh los vivos A pergunta foi lan ada para a mesa mas foram Johan Jakobsson e B r
181. ando adulta De qualquer forma amor foi uma coisa que nunca quis me dar Amor foi uma coisa que da sua parte nunca houve Ou houve Do que que tinha medo minha m e Deus sabe o quanto eu precisei de voc quando fui para Academia de Pol cia e fiquei s com Tove O pai vinha de vez em quando a Estocolmo para me ver Mas voc n o Recusava se As mulheres n o devem ser policiais A dist ncia s aumentou com o passar dos anos A falta de amor acabou por se aprofundar Fui obrigada a esquecer voc minha m e Para mim era como se n o existisse Hoje sinto a falta da m e que nunca tive mas tamb m n o consigo lamentar a falta da que tive Ser que isso me torna uma pessoa m Um cheiro acre de queimado no ar certamente de alguma explos o paira na atmosfera primaveril ensolarada tornando a desagrad vel Malin segue os passos do pai ao longo do caminho de pedras que d acesso capela Est o de sa da Ela gostaria de passar o bra o pelo ombro dele de abra lo mas nota que ele preferia certamente estar em qualquer outro lugar O vento sopra e balan a a copa de um carvalho cujos ramos ainda guardam no interior a roupagem verde mais extrema Eu tinha raz o pensa Malin at mesmo os ramos mais sem vida durante o inverno j est o vibrando com a for a do sol da primavera que acaba de chegar O mesmo acontece com todas as rvores da cidade A pastora sorri aperta a m o do pai murmura qualquer coisa
182. ando nisso diz Zeke Malin v como o colega ficou furioso por ter respondido a Stensson e como ele ficou na defensiva justificando uma medida a ser tomada pela pol cia Filho da m e Obrigada Isso tudo diz Malin levantando se Podemos ouvir os motores Malin L dentro da oficina Ouvimos os motores como se fossem horr veis animais esfomeados ouvimos os grunhidos da sua can o lan ados na atmosfera da tarde H v rias portas fechadas Devem ser abertas Os nossos nomes est o agora na internet Nas p ginas dos jornais Agora todos sabem quem ramos As meninas Vigero Mam e Ainda respira Luta Tentamos atra la para junto de n s chamamos por ela mas ela se mant m firme n o quer Quer ficar onde est mas em breve certamente acabar se juntando a n s Est com febre Sonha Sonhos negros cheios dos nossos rostos e de figuras estranhas desumanas Figuras de quem apenas conhecemos alguns detalhes Chamamos pelo papai Vemos o homem de capuz o homem com a mochila na bicicleta Quem ele Malin ele o causador dos nossos medos A representa o do nosso desejo de mais vida Mais vida mais e mais vida N s ainda n o estamos prontas Malin N o estamos Queremos mais vida Ser que voc pode nos dar isso Queremos que nos ajude Malin a voltar a ser as meninas que ramos as meninas que supostamente dev amos ser As outras crian as tamb m est o gritando por voc
183. anelas e das vitrines explodidas O mau cheiro de carne e cabelos queimados era not rio mas ela n o ouvia nem gritos nem choros Viraram a esquina da galeria e viram ent o a pra a Ao ver a devasta o Malin quase desmaiou Foi obrigada a parar e a respirar fundo enquanto Janne continuava a correr em dire o s ambul ncias e aos caminh es dos bombeiros que haviam estacionado junto do restaurante M rners Inn e do Grande Hotel Os bombeiros e o pessoal das ambul ncias trabalhavam em volta de pessoas deitadas cujos corpos cobriam com cobertores met licos reluzentes e em cujas cabe as que sangravam eles colocavam compressas e ataduras que mal estancavam o sangue que escorria V rios dos feridos falavam pelo celular Certamente com os seus familiares A pr pria Malin sentiu uma estranha vontade de ligar para Tove apesar de ambas terem se despedido momentos antes Por toda a parte estilha os de vidros lixo e poeira O pequeno quiosque de flores estava totalmente virado de cabe a para baixo tulipas espalhadas por todo o lugar Um greyhound branco parecia perdido com as patas sangrando Havia pombos brancos sobrevoando a cena Voavam baixo para a frente e para tr s parecendo se espelhar nos cacos de vidro pelo ch o Todas as janelas do hotel talvez umas cinquenta que davam para a pra a estavam quebradas e os vidros estilha ados no asfalto espatifados em milh es de peda os cortantes No piso t rreo o restaurant
184. anhamente descoloridos Os olhos dela s o bonitos e seu nariz pontiagudo bem formado Sem dificuldade Malin v tristeza e desespero nos seus olhos e presume que Josefina Marl w sabe o que aconteceu s suas meninas Do refeit rio do albergue ouvem se as batidas de porcelanas e os suspiros de satisfa o Porra a sua comida est muito boa mesmo Manuel grita uma voz masculina e logo seguem se outras vozes concordando e aplausos Josefina Marl w parou assim que os viu e obviamente parecia querer falar com eles Ela escutou atentamente o que Malin e Zeke lhe contaram as raz es de estarem ali Josefina fez um sinal na dire o do port o e disse McDonald s l em cima v o para l A boca de Josefina Marl w est agora bem ocupada com o peda o de um Big Mac Uma boca bem grande Os dois dentes da frente da arcada superior nasceram e cresceram juntos Est com fome Malin sabe por que ela est t o magra Porque isso que a hero na faz A droga n o desgasta o corpo mas a pessoa morre porque n o se importa mais com o seu bem estar Ela ent o se destr i a personalidade a alma e o corpo desaparecem lentamente por efeito do desejo crescente por mais hero na Malin nunca chegou a provar essa droga mas escutou muitas descri es de viciados A droga inebria fazendo com que a pessoa se sinta envolvida por um banho de gua quente ao mesmo tempo em que a mente ascende para um mundo onde s e
185. antes que seja tarde E o meu irm o Est bem E as meninas e as outras crian as sem rosto sussurram Ele est bem sim mas sozinho Espera que venha logo visit lo B rje Sv rd anda de um lado para o outro na cozinha da sua casa Johan Jakobsson telefonou cerca de meia hora antes contando que Malin estava com Zeke a caminho de uma ilha no arquip lago de Estocolmo onde havia uma pequena chance de os irm os estarem escondidos com as crian as de Jokso Mirovi Todo o grupo de investiga o no caso foi avisado dos acontecimentos em Estocolmo e B rje teve a sensa o de que a investiga o se aproximava do fim N o tinha nada a ver com islamitas ativistas ou gangues de motoqueiros sua primeira rea o ao tomar conhecimento da viagem de Malin e Zeke durante a noite foi a de achar que era loucura viajar para l sem refor os mas depois reconheceu que era muito pouco prov vel que os irm os e as crian as estivessem l E mesmo que estivessem talvez fosse melhor fazer uma opera o pequena com dois policiais apenas em sil ncio e com toda a tranquilidade Ele conhece Malin Conhece t o bem que sabe por que quer fazer ela pr pria esse trabalho independente at as raias da loucura E Sven Sj man tende a deix la solta em oportunidades como essa Foi o que ele fez autorizando e at apoiando a sua ida para a ilha Mas apesar disso B rje n o podia deixar de ficar preocupado E por mais que pe
186. anto a inquieta o na cidade vai permanecer por muito tempo talvez nem v desaparecer O que foi que os atingiu Ele pensa nos seus detetives Em Waldemar Ekenberg cuja determina o implac vel vai ser agora necess ria Em Johan Jakobsson cujo talento em desencavar coisas do computador s Deus sabe como com certeza vai ser de grande utilidade Assim como a experi ncia de B rje Sv rd e a frieza de a o de Zeke Mas acima de tudo todos eles v o depender da intui o de Malin Quem sabe isso que vai lev los para a dire o certa E Karim Akbar Ao que parece ele chegou a um divisor de guas na sua vida onde em vez de se tornar mais tolerante prefere dividir as quest es em preto e branco n s contra eles E quem que poder censur lo quando isso acontece Malin Ele sabe que deve falar com Malin mas falta lhe tempo para isso Sabe que ela vai atirar se de corpo e alma ao trabalho e que talvez devesse fazer o contr rio ou seja resolver seus problemas pessoais E no m nimo os de Tove No entanto a sociedade e os contribuintes de Link ping em especial precisam dela agora Eu necessito dela pensa Sven Sj man De modo que eu vou deix la seguir os seus instintos A escada de acesso ao apartamento da Ekholmsv gen cheira a suor a fuma a e a peles de animais muito midas Est estranhamente mido por aqui Uma sensa o de vapor como se eles fossem transportados de um momento para o outro p
187. apareceu depois da morte do financista Agiram como se ele n o existisse embora fosse comprovadamente o meio irm o dos herdeiros Mas ser que tudo n o tinha sido uma distor o da imprensa Malin volta a ver na mente o homem da bicicleta que apareceu no v deo antes da explos o Seria um dos irm os Kurtzon Dirija para o albergue diz ela em seguida Quero tentar falar com Josefina Marl w ainda esta noite Alguma coisa me diz que precisamos nos apressar Mas ela nunca dorme l Talvez haja algu m que possa nos dizer onde ela est Tem alguma proposta melhor Ela ainda acrescenta Vou telefonar para Johan Jakobsson Pedir para tentar saber alguma coisa sobre os irm os Kurtzon Mas ele deve estar dormindo Ou de qualquer maneira em casa com a fam lia Isso n o pode esperar at amanh N o responde Malin xx xx Jan Hugo Stenbeck 1942 2002 era um financista sueco empreendedor fundador e propriet rio de diversas empresas de comunica o N T 46 O calor primaveril do dia foi substitu do por um frio mido noite E do parque de divers es Gr na Lund j n o se escutavam mais as vibra es e os gritos S o quase onze e meia da noite Johan Jakobsson ainda estava acordado e procuraria no computador de casa dados sobre os irm os Kurtzon O ru do caracter stico do tr nsito noturno de Estocolmo misturava se com o barulho entrada da Stadsmissionen
188. apartamento do quarto andar t m tempo suficiente para admirar a extraordin ria decora o do patamar da escada em que se v um tapete de boa origem servindo de base para uma orgia de pedras brilhantes e caras e na parede um quadro a leo de um pintor famoso pelos seus tons de azul Leander Engstr m Um homem na porta Vestido de mordomo Talvez uns 70 anos E atr s dele um hall de entrada bastante escuro com uma lareira a crepitar Malin e Zeke sentem um calor mido medida que passam pela porta e entram no apartamento com a sensa o apesar de tudo de que est o entrando direto no covil de um animal feroz O mordomo pede para que tirem os seus casacos e diz Herr Kurtzon vai receb los em breve Em seguida desaparece como que engolido pelo apartamento e seus c modos bem dispersos a partir do sagu o de entrada Malin repara logo no bom gosto da decora o interna onde se misturou o antigo com o moderno de uma forma car ssima Os dois esperam ainda no hall onde foram deixados sozinhos Malin gostaria de andar pelo sagu o mas cont m se A umidade faz com ela sinta dificuldade em respirar Come a a suar como se existisse no ambiente um calor tropical e como se alguma coisa de sangue mais quente do que o dos seres humanos vivesse entre essas paredes Uma mulher com uniforme de enfermeira sai de uma das portas e aproxima se Por favor sigam me Malin reconhece logo a voz do interfone Ambos segu
189. ar os meus pensamentos e transform los em palavras A m o O calor na minha face me faz bem N o pare por favor Seja quem for Ou ser que s o diversas m os Ah sim s o as m os de voc s minhas meninas Quer dizer que voc s existem para al m dos meus sonhos O que eu vi Vias meninas e o clar o Mas n o o que eu digo Se eu sei de alguma coisa importante Se algu m poder ter estado atr s de mim de n s Eu vi as meninas correndo rumo ao caixa eletr nico Depois vi um clar o forte o mais forte da minha vida Agora estou vendo um rosto que n o conhe o O rosto de uma mo a n o de menina Ela olha para mim carinhosamente Tem os cabelos chanel e a sua boca se movimenta Gostaria de poder ouvi la de saber o que ela diz mas n o ou o nada Sinto que a minha boca tamb m se move mas nem eu sei o que estou falando nem quais s o os pensamentos que antecipam as minhas palavras Nada coincide Eu quero chegar ao fim Quero me juntar a voc s meninas e ao seu pai Mas eu n o sei como fazer Digam me como se faz para morrer Hanna Viger olha fixamente em frente pisca volta a olhar fixamente N o existe calma apenas medo quase p nico no seu olhar N o importa qual a pergunta que Malin fa a sempre a mesma resposta Dinheiro dinheiro o dinheiro das meninas Voc s iam tirar dinheiro do caixa eletr nico J tinham recebido essa informa o do banco A fam lia n o tinha muito
190. ara eles Eu n o queria que as minhas meninas vivessem perto deles diz ela Tem que haver amor Caso contr rio a vida na terra transforma se num inferno n o Malin e Zeke olham para Josefina Marl w T m a sensa o de que ela poder desmaiar a qualquer momento cair sem vida diante deles Os olhos dela ficaram vazios E o que ela ainda tiver para dizer n o vai ser agora que contar As portas do McDonald s continuam a rodar E logo a sombra desaparece Engolida pela multid o que circula pelo Slussen A recepcionista do Hotel Tegn rlunden d a cada um deles uma chave Malin olha o recibo antes de coloc lo na carteira Tr s mil e oitocentas coroas suecas Por dois quartos simples uma noite Porra como est caro mas Sven aprovou o gasto e imposs vel encontrar o quarto mais barato em hotel de Estocolmo em poca de congressos e de confer ncias Vamos nos reencontrar aqui na recep o dentro de meia hora est bem pergunta Zeke Malin concorda e segue para a escada enquanto Zeke aperta o bot o do elevador J s o nove horas Nove e meia Ainda dar para visitar Josef Kurtzon Se que ele se encontra mesmo na Strandv gen Claro que sim N o existe raz o nenhuma para demonstrar respeito por dinheiro ou por idade na situa o em que est o O quarto pequeno Uma cama Um carpete vermelho cobre todo o ch o Um papel de parede de bolinhas e uma imagem com motivos f
191. ara qualquer emerg ncia Sil ncio Ouve alguma coisa Ela para e escuta Ouve umas batidas fracas um tique taque e respira es fracas Que tique taque esse Uma porta branca d para um dep sito Malin acende uma l mpada Ao fundo do dep sito mais uma porta que d para outra c mara mida e estranhamente quente Ela acende mais uma l mpada E mais outra porta mas desta vez ela parece ouvir alguma coisa atr s dela Uma respira o Vida S o voc s S o voc s Digam que s o voc s O tique taque Vozes atr s da porta Ela consegue ouvi las Fracas cheias de medo Papai venha venha estou com medo papai Mas que tique taque esse Est mais forte O que significa esse tique taque S o voc s Voc s est o a A luz entra por baixo da porta Est chegando algu m Por favor que n o sejam eles voc papai Papai venha venha Ser que v o nos matar Voc tem que nos salvar papai O que est acontecendo Nos leve daqui Voc n o deve desistir Diz que voc que est a Eles nos pegaram Apontaram as pistolas para n s para as nossas cabe as Gritaram um com o outro insultaram se mas depois voltaram a nos atirar para aqui dentro dizendo que de qualquer maneira ningu m iria nos encontrar Essas palavras esses acontecimentos v o ficar na nossa mem ria para sempre mesmo que a gente n o consiga encaixar as palavras nas a es corretament
192. ara uma floresta tropical No teto est piscando uma l mpada de merc rio o que faz com que as paredes de cimento pintadas de amarelo pare am mais p lidas e o ch o de pedra lisa cheio de rachaduras como se estivesse coberto de larvas rastejantes Malin toca a campainha da porta onde se v o nome Vigero boa educa o exige isso diz ela Os dois aguardam um pouco Malin toca novamente Vamos entrar diz por fim N o totalmente correto sim numa situa o anormal como esta Ela pega seu chaveiro procura a chave mestra e um minuto depois a porta do apartamento se abre Como seria o normal No hall de entrada paredes floridas Um cabideiro da Ikea Por baixo uma prateleira cheia de sapatos de crian as e de adultos bem alinhados Uma cozinha bem limpa com arm rios amarelos Dois bancos em volta da mesa de cozinha e duas cadeiras de pinho que parecem novas Uma sala de estar com um sof de canto esverdeado e um aparelho de televis o de tela plana Nas paredes fotografias em preto e branco de praias Fotografias que devem tamb m ter sido compradas na Ikea Entram em um quarto Persianas fechadas mas com uma luminosidade fraca entrando pelas frestas Colchas brancas cobrem duas camas Malin procura com a m o o interruptor Acende O quarto fica banhado por uma luz suave Malin v ent o mais fotografias emolduradas por cima das camas imagens da vida das meninas com elas
193. arando nos seus bra os mam e que n o a nossa m e e nos seus paizinho que n o o nosso pai Mas para n s voc s sempre foram a nossa m e e o nosso pai E sempre ser o dando nos a sensa o de um amor que se estende por todo o universo que integra os sons de todas as cataratas de todas as nuvens carregadas de raios que caem sobre as pessoas e lhes segredam Amem se uma outra amem se uma outra E se n o conseguirem fazer isso pelo menos n o se abandonem Porque n s fomos abandonadas mas tamb m fomos amadas Portanto quem foi que nos abandonou Quem foi que n o aguentou nos amar A boca que se movimenta a embaixo Ela diz algum nome Malin Voc vai conseguir chegar a algum nome Vai saber o nome de quem desistiu do primeiro sinal de amar Poder nos contar tudo sobre os nossos pais a m e e o pai biol gicos aqueles que nos colocaram num pequeno barco de junco deriva num mundo de maldades Malin viu a boca de Ottilia Stenlund se mexer Escutou o que ela disse Sentiu tamb m que j n o estavam mais sozinhos na sala Voc s est o aqui conosco n o verdade Podem ouvir o que ela diz E o que ela disse Ottilia Stenlund contou mas sem se dirigir diretamente a Malin ou a Zeke como se ela se sentisse culpada de um ato moralmente criminoso Malin reconheceu que a mulher na sua frente estava de fato cometendo um crime contra o sigilo profissional ao lhes falar o que eles precisavam sa
194. as no quarto delas Malin havia falado pouco Pediu para ele desenterrar tudo o que pudesse encontrar a respeito dos irm os Leopold e Henry Kurtzon se que havia alguma coisa sobre eles Quando se sentou diante do computador colocado sobre uma pequena mesa de carvalho a um canto do hall de entrada que Johan notou como estava cansado e como a investiga o o havia envenenado A intermin vel procura na internet por conex es e situa es as pesquisas nas vidas das pessoas e suas opini es tudo isso quase o levava a perder o fio da meada j n o sabia mais o que sabia nem o que ele achava sobre fosse o que fosse Mas assim que ligou o computador todos os pensamentos negativos desapareceram e ele entrou no Google escreveu Leopold Kurtzon e encontrou 2 150 sites relacionados a ele sendo na maior parte artigos publicados a respeito do pai Josef Kurtzon Um dos artigos era do Wall Street Journal no qual Johan clicou primeiro A p gina no entanto exigia o cadastramento e um pagamento de 35 d lares por um m s de acesso Duzentas coroas suecas Sven Sj man vai chiar pensou Johan mas resolveu pegar o cart o de cr dito para pagar e poder acessar o jornal norte americano O artigo era de 1998 de uma edi o de domingo e o t tulo dizia Inheritance of misfortune Falava de herdeiros no mundo inteiro que lutaram e quase perderam a oportunidade de ser considerados como parte da fam lia na hora de herdar as
195. as falham E falham com que frequ ncia Ao que parece isso mais uma regra do que uma exce o nos casos que chegam ao nosso conhecimento Portanto n o podemos ignorar que Stensson tenha sido o alvo Tamb m pode se tratar de um grupo religioso que est querendo marcar presen a mostrar for a atacar em qualquer lugar em qualquer momento Se bem que nada indica que seja esse o caso Al Kabari sabe como controlar os seus devotos pensa Malin Eu tive forte sensa o de que falou a verdade de que ele realmente quer contribuir para a cria o de uma comunidade que funcione bem E os detonadores d para saber de onde v m pergunta Malin depois situa o a mesma O que consegui determinar foi que o modelo usado dos mais comuns Talvez eles ou ele j soubessem de antem o que do detonador utilizado seria praticamente imposs vel determinar a origem Os tr s ficam em sil ncio por um momento Karin respira fundo Finalmente posso tamb m informar que as meninas mortas eram g meas Tuva e Mira Viger Elas foram a uma consulta num dentista aos cinco anos Ele tirou radiografias dos dentes visto que ambas tinham arcadas bem estranhas com v rios dos dentes crescendo muito pr ximos um do outro Comparamos as radiografias dent rias com o que encontramos na Grande Pra a e n o vimos motivo nenhum para duvidar Portanto acabamos de ter a confirma o daquilo que j sab amos Onde antes ex
196. as ou oferec las para os lagartos Deixar que os animais fa am o servi o As duas crian as podem desaparecer daqui sem deixar rastros Ou ent o deixar que elas explodam no ar Muito simples simplic ssimo As crian as ficaram com medo quando ele desceu para v las na ltima vez Gritaram Como se quisessem sobrepujar com a voz o seu medo Domin lo Tanto ele quanto Leopold j sentiram antes a raiva lhes subir cabe a Quem que estas crian as pensam que s o Algu m que consegue obrigar os irm os Kurtzon a se dobrar e a ficar bonzinhos isso O que as leva a pensar uma coisa dessas N o acreditam que n s somos duros eficientes Vamos ter que nos livrar delas Henry ainda diz Ser mesmo necess rio mat las O rosto de Leopold encolhe se numa careta Os olhos ficam com aquela express o decidida de sempre quando est convencido de alguma coisa E isso acontece muitas vezes Com muito mais frequ ncia do que no caso de Henry que a d vida personificada Tem alguma proposta melhor pergunta Leopold claro que podemos us las como ref ns mas elas v o ser um problema maior se estiverem vivas Mas as crian as precisam mesmo morrer Afinal com toda a certeza j est tudo perdido Vamos prosseguir at o final diz Leopold Quer ficar preso durante trinta anos N o claro que n o Foi um plano idiota desde o in cio afirma Henry enquanto v os olhos do
197. as palavras Leopold Kurtzon soltou uma gargalhada Segundo o rep rter uma gargalhada de inseguran a de solid o Uma empresa financeira que os dois irm os fundaram no Luxemburgo acabou fechando Depois o pai deu a cada um uma esp cie de carteira de investimentos e um apartamento para morar na Su cia al m de uma import ncia anual em dinheiro grande o suficiente para que pudessem viver em um n vel que a grande maioria das pessoas considera uma vida de luxo A partir da Leopold Kurtzon junto com o seu irm o Henry partiu para todos os tipos de investimentos desde uma cadeia de lojas de doces at uma empresa importadora de animais ex ticos Quando o rep rter perguntou a Leopold Kurtzon sobre sua inf ncia ele ficou verdadeiramente agressivo pela primeira e nica vez e com uma voz gelada e assustadora disse lhe para n o mexer na minha inf ncia como se fosse um desses malditos psicanalistas desses safados de que ningu m precisa O rep rter contou como deixou Leopold Kurtzon solit rio sentado na poltrona de um terra o que dava para o mar Viu como ele parecia personificar a solid o e a insensatez que fazem parte daqueles que se preocupam apenas com o dinheiro O rep rter descreveu ainda a sensa o desagrad vel muito forte que o assaltou quando o estado de esp rito de Leopold Kurtzon mudou deixando transparecer um est gio de quase desespero abismal e de muita raiva que dominava o herdeiro No
198. asculinidade na sua voz cheia de testosterona de energia e de equil brio como se ele sempre conseguisse equilibrar a sua vida acontecesse o que acontecesse Infidelidades O filho que se tornou um famoso jogador de h quei sobre gelo e se mudou para o Canad Um neto com quem raramente tem contato Uma esposa que s isso uma esposa com quem vive h muito tempo e que pretende conservar por for a do h bito Mas Zeke permanece onde est firme e livre aparentemente Feliz por completo com as escolhas feitas sem hesita es reais Ele n o pede mais nada N o existe nada que excite a sua gan ncia Oh sim Existe Sexo com Karin isso o que ele quer mais O que al m disso Estou esquecendo alguma coisa Que horas s o Olha no celular Quase dez Ela desliga a luz do abajur Deixa o celular ligado Sente como a escurid o da sala a envolve tal qual um abra o muito esperado Duas s duas horas hoje devia acontecer alguma coisa n o Mas o qu ke Fors segura uma x cara de caf na cozinha do seu apartamento na rua Barnhemsgatan Acaba de falar pelo telefone com o seu corretor de im veis em Tenerife Inesperadamente apareceu uma oferta pelo apartamento nas ilhas Can rias Uma oferta n o t o boa como havia esperado mas para os dias atuais aceit vel N s ou corrigindo se eu tenho conhecidos que passaram anos sem receber qualquer oferta para os seus apartamentos e que foram obrigados a ficar
199. austo bom e dedicado pai de duas crian as menores que parece viver feliz em uma casa geminada Um cavalheiro bronzeado veio em nome de B rje Sv rd que rapou o seu vasto bigode assim que a sua mulher Anna faleceu de esclerose m ltipla h cerca de um ano B rje ainda n o encontrou outra mulher Atualmente dedica se inteiramente aos seus cachorros aos torneios de tiro de pistola e ao trabalho de investigador policial O louco Waldemar Eckenberg forte avantajado e virulento detetive vindo de uma cidade vizinha Mj lby foi representado por uma mulher baixa de pele seca estragada pelo fumo com uma voz aguda e decidida Lamento muito mas infelizmente n o posso ir recep o Ela era uma pessoa muito fina O colega mais pr ximo de Malin o detetive Zeke est aqui e se apresenta carinhosamente de nariz fino e olhar atento n o muito diferente do verdadeiro Zeke aquele de cabe a rapada olhar frio direto com uma fraqueza amorosa pela perita Karin Johannison embora ambos sejam casados com outras pessoas E assim acabou o desfile dos presentes ao funeral da m e de Malin Todos v o em dire o aos seus respectivos carros Nenhum se parece com Karim Akbar o curdo com quase 40 anos chefe da pol cia de Link ping Karim acaba de sair da um div rcio terminou o seu livro no qual debate o problema da xenofobia na Su cia e no mundo e aparece nos jornais e na televis o com ternos impec veis e cabelos muito bem co
200. ava na aula ontem quando a bomba explodiu Isso voc s v o poder comprovar quando quiserem Como assim Acredita que n s estamos suspeitando de voc pergunta Zeke com um tom de voz artificialmente amig vel Ent o o que voc s est o fazendo aqui Estamos pescando em guas turvas diz Malin procura de um homem bomba de um assassino de crian as Voc conhece algu m assim Voc s podem ir embora se vieram para me intimidar O que voc acha daquilo que eles fizeram questiona Zeke A respeito daquilo que essa tal de Frente Libert ria Econ mica afirma ter feito Malin olha para o computador Podemos confisc lo N o n o temos nada contra Sofia Karlsson apenas uma poss vel conex o no caso que investigamos se que podemos cham la de conex o Sofia Karlsson olha para eles ainda sentada no sof cama Passa a palma das m os pela colcha A express o dos seus olhos de ferida e ansiosa passa para um olhar frio devotado quase man aco Acho que foi uma boa coisa diz ela Os bancos precisam de uma boa li o A gan ncia tem que acabar E a pode acontecer que algumas vidas sejam sacrificadas Malin tem de abafar o impulso de lhe dar uma bofetada na boca De enfiar pela goela abaixo da garota um pouco de bom senso Mas acrescenta Sofia Karlsson eu n o sei nada sobre o caso Absolutamente nada Voc usa drogas pergunta Zeke E
201. ber Mas droga era necess rio A mulher que deu luz as g meas Viger foi Josefina Marl w uma viciada em hero na que ent o estava com 30 anos de idade Vivia na rua sem moradia fixa e ficou gr vida Provavelmente violentada por algum outro viciado da mesma rua De qualquer forma ela n o sabia quem era o pai n o se lembrava sequer de ter tido rela o sexual Foi o que ela disse Josefina Marl w era filha do financista Josef Kurtzon um dos homens mais ricos da Su cia dono de um amplo e verdadeiro imp rio financeiro Malin achou que o nome Kurtzon lhe era conhecido mas n o conseguiu imaginar a sua figura Foi a miss o de Ottilia Stenlund como assistente social tomar conta das meninas ao nascerem A ideia de que elas poderiam permanecer nos bra os da m e solteira a dita Josefina Marl w viciada foi logo posta de lado Ottilia Stenlund confirmou o que Malin j ouvira que o mais natural nesses casos era colocar a crian a ou as crian as com algu m da fam lia mais pr xima ou numa esp cie de creche familiar Normalmente os servi os sociais faziam tudo para evitar uma ado o oficial As ado es de rec m nascidos dentro da Su cia ficaram praticamente paralisadas Mas Josefina Marl w insistiu numa ado o dessas A sua fam lia nem sequer devia saber que ela estivera gr vida muito menos que haviam nascido crian as e para onde elas tinham ido Ela teria abandonado a fam lia trocado de sobrenome e O
202. ber e entrar em depress o Tenho a sensa o de que espera apenas um bom motivo para beber toda a tequila do mundo Eu j vi isso acontecer com alguns dos rapazes do curso secund rio Eles bebem at n o poder mais exatamente como voc fazia Como se n o houvesse o dia de amanh como se existisse nos seus pr prios genes a origem da sua autodestrui o Eu te amo m e quero que saiba disso Eu jamais vou abandon la Mesmo que eu mude para outro lugar ou viaje para longe Janne observa Tove que est de cabe a virada para o sol e o corpo jogado na cadeira de pl stico Janne est em uma escada no meio da pequena planta o de macieiras que adornam o terreno da casa Est podando as rvores Sabe que devia contratar um jardineiro para conseguir ma s de boa qualidade mas quem que tem dinheiro para contratar um bom profissional e deixar que ele fa a o servi o Tove como se ela tivesse encarnado o melhor de n s dois A intelig ncia e persist ncia de Malin A minha calma mas n o a minha inquieta o Tamb m n o herdou a minha inaptid o para assumir responsabilidades A vontade de virar as costas e fugir assim que a situa o come a a esquentar de uma maneira ou de outra nos relacionamentos Ela vai se dar bem na vida Est preparada para chegar aonde n s dois n o chegamos nem vamos chegar Tenho certeza disso Eu e Malin n o somos pessoas de grande vis o Talvez sejamos bons naquilo que fa
203. ca poderemos aceitar Malin Ela ouve a voz de Zeke vindo de tr s A voz dele lhe traz seguran a E faz com que ela finalmente concentre a aten o nos acontecimentos do momento Tenho andado por a aos trancos e barrancos desde que a bomba explodiu pensa Let s start working diz Zeke Sven j me atualizou sobre Hanna Viger e do que ele quer que voc e eu fa amos Malin acena Eu estava pensando em come ar pelo registro da popula o Zeke puxa sua cadeira d a volta pela mesa dos dois e senta se ao lado de Malin que come a a digitar no computador usando o acesso especial da pol cia Logo eles encontram os dados de Hanna Viger todos expostos no monitor Nascida em Link ping em 1969 filha de Johan e Karin Karlsson Casou com Pontus Viger em 1994 E as filhas g meas Estas devem ter nascido em 2004 em janeiro Nada de estranho at aqui nada fora do comum As meninas diz Zeke Procure pelas meninas procure dados delas J n o verificamos os dados nas certid es de nascimento Que eu saiba n o Elas foram identificadas pelas arcadas dent rias E n o tivemos motivos para ir mais fundo na pesquisa Uma pupila escura um olho infantil angelical acima de um peda o de face retalhado Continuo sem saber a quem pertencia aquele olho quem olhava fixamente para mim daquela maneira pensa Malin mas que import ncia tem isso Voc s eram g meas Talvez se ap
204. cicleta por perto da c mera e a poss vel ver o seu rosto Rosto magro nariz aquilino e cabelos negros curtos al m de uma cicatriz leve por cima da sobrancelha direita Sven acha que o homem parece ser eslavo D para ver tamb m os seus olhos nas imagens em preto e branco O olhar decidido mas de forma alguma entusiasta ou medroso O homem parece ser um profissional pensa Sven Comporta se como se estivesse fazendo um trabalho como qualquer outro Seu trabalho o de explodir meninas Assassinar pessoas nos hospitais noite Afinal quem voc Ou ser que estou enganado talvez seja apenas um extremista Um maldito profissional diz Waldemar Ekenberg Exatamente concorda B rje Sv rd E s ent o Sven nota que ambos parecem cansados ou de ressaca Parece conhecido n o acham diz Johan Pode ter raz o Johan pensa Sven Eu tamb m j vi esse rosto Sven congela a imagem Mas quem ele N o fa o ideia comenta B rje Um momento pede Johan Porra acho que j vi esse cara antes ruge Waldemar O telefone em cima da mesa de Sven toca de um celular Deve ser Malin Como estar ela afinal Mas Sven afasta a ideia n o tem tempo para pensar nisso agora N s vimos o filme diz Malin ainda na Odenplan sombra de limeiras verdejantes crescidas volta de uma fonte Essa foi boa a S po j viu N o o t cnico da stg tatrafiken
205. como poder o ser ouvidas l dentro do apartamento Ekholmsv gen 324 V o l Vejam se h alguma coisa que possa interessar investiga o Malin escuta ent o um sinal Vou ter que desligar diz Sven Algu m quer entrar no escrit rio Sven Sj man reclina se na sua cadeira no escrit rio e diante dele os homens bebericam caf em canecas coloridas da Seven Eleven J fizeram as apresenta es mas apenas com o sobrenome sinal na Su cia de hoje que n o est o dispostos a intimidades Brantevik um homem de uns 50 anos de idade vestido com terno de veludo marrom escuro apresenta se com um rosto avermelhado desgastado pelos anos e por muito tabaco Stigman Tem a idade de Malin com cabelos louros curtos um queixo saliente pontiagudo e um olhar incisivo Roupa casual mas elegante com jeans escuros e um pul ver azul claro S po a pol cia de seguran a nacional da Su cia N o s o nem seis horas e eles j chegaram a Link ping Voc s j chegaram a alguma conclus o pergunta Brantevik com VOZ rouca Sven faz um relato sobre as linhas de investiga o completa e detalhadamente Os homens da S po acompanham o relato com acenos de cabe a Sem perguntas E voc s pergunta Sven enquanto olha pela janela da sala que d para a fachada alaranjada do Hospital da Universidade e para as centenas de autom veis no estacionamento O que voc s t m para nos oferecer Exist
206. conosco mas n s ainda n o podemos v los nem ouvi los N o podemos Mas gostar amos tanto pois mesmo considerando que a sua sala branca e macia e quente para voc mam e ela superterr vel para n s t o horr vel que n s come amos a chorar Vamos flutuar Vamos flutuar do subterr neo para a pra a empedrada onde Malin Fors est sentada num dos bancos Est estudando as fotografias dos nossos tios Tenta entender o que v Alguns moradores de rua bebem o almo o bem cedo no banco ao lado Malin e Zeke ainda est o na Odenplan Procuraram um banco sombra O sol da primavera ficou demasiado quente Est o revendo as fotografias dos irm os pelo celular Os dois s o bastante parecidos mas possuem algumas diferen as O rosto de Leopold anguloso com sobrancelhas escuras bem juntas que d o uma for a quase irreal a um longo nariz pontiagudo O rosto de Henry um pouco mais redondo mais amistoso mas os olhos azuis s o os de um homem ca ado e no seu olhar parece haver apenas um vazio nem sequer desejo Nenhum dos dois irm os parecido com o homem da bomba ambos s o muito mais escandinavos t m cabelos finos o que faz com que tenham aspecto de mais velhos do que realmente s o com os seus 41 e 42 anos de idade Os olhos de Leopold T m uma express o ao mesmo tempo vaga e decidida mas frio como se ele estivesse permanentemente considerando e calculando Parecem normais
207. da assim se pergunta Mas de quem poder ser ent o Ser que nem sequer eu posso imaginar quem seja E ent o ela se pergunta se o seu irm o parecido com ela Com quem voc se parece Essa uma quest o que ela faz para si mesma em voz baixa pensando nas meninas doces e bonitas com olhares cheios de vida na imagem da fam lia que Malin viu no apartamento em Ekholmen Uma imagem diga se de passagem n o estranhamente diferente da m e adotiva Hanna Viger Adotadas Algu m que n o quis ficar com elas mas quem poderia deixar de querer um par de meninas como voc s Quem p de desistir de voc s E ningu m absolutamente ningu m quis ficar com voc meu querido irm o Eu teria ficado mas eu nem sabia que existia Malin joga gua em seu rosto Sacode a cabe a Ser que no arquivo da Justi a Municipal h gente trabalhando Se as crian as foram adotadas e trazidas para Link ping a papelada deve estar toda aqui certo Caso contr rio vamos ter de encontrar algu m que possa nos indicar o caminho a seguir Vamos ver o que B rje e Waldemar conseguiram As cadeiras de rodas saem como cascata das camionetes cujas cores azuladas brilham luz do sol primaveril Pelo lugar espalha se um aroma forte que vem dos canteiros de tulipas que est o na fachada do edif cio t rreo revestido de tijolos brancos que acomoda o asilo de Vidingsj Verduras e mais verduras pensa Waldemar Ekenberg ao ver o rosto
208. da da S po Que rapidez sibila Waldemar Ekenberg Calma Waldemar diz Karim Akbar Acabei de falar com Karin Johannison Ela fez uma r pida an lise do buraco aberto perto do caixa eletr nico para chegar a uma certeza trata se de um atentado a bomba Por isso precisamos de toda ajuda poss vel A bomba parece ter sido colocada do lado de fora do caixa n o dentro dele e a maior parte da for a explosiva foi direcionada para fora A julgar por todos os ind cios foi uma carga de explosivos muito forte equivalente a um quiloton Em casos anteriores de tentativas de roubo em caixas autom ticos foram usadas bombas muito menores equivalentes talvez a um vinte avos disso Portanto eu acho que aqui e agora estamos diante de algo diferente n o de uma tentativa de roubo Sven aponta para o quadro Todos parecem estar de acordo N o se trata portanto de um caso normal de roubo J escrevi aqui as eventuais pistas a serem seguidas diz Sven depois sobre elas que podemos refletir pensando em quem poder estar por tr s de uma coisa dessas Uma coisa dessas pensa Malin A fatia de uma face Um olho que parece se fixar no dela Duas crian as mortas E Sven Sj man chama a isso de coisa mas apenas a sua maneira de se distanciar da viol ncia uma maneira necess ria para que a investiga o possa ser a mais eficiente poss vel O que sabemos sobre as v timas pergunta Malin
209. da de granadas de m o nada Tamb m nada de explosivos mas Karin Johannison est l agora analisando todo o trailer e os arredores ca ando provas Eles parecem ter conseguido manter segredo sobre a opera o Nenhum jornalista apareceu em Klockrike O corpo de Malin geme de sono sente coceira nos olhos e dores nos m sculos num surto de reclama es sem fim Ela presume que Zeke l dentro da sala tamb m deve estar muito cansado Jonathan Ludvigsson tamb m deve estar se sentindo da mesma maneira Ela olha para os seus cabelos acha que os dreadlocks parecem minhocas quando brilham luz da superf cie Johan parece bem recuperado Talvez os seus filhos tenham adormecido bem cedo na noite anterior E ele ent o fez o mesmo Portanto teve v rias horas de sono A fita do gravador continua a girar em cima da mesa Os outros tr s presos em Klockrike foram metidos numa cela e est o sendo ouvidos por B rje Sv rd e Waldemar Ekenberg que se apressaram para interrog los enquanto os presos ainda est o confusos e sonolentos Muito bem diz Zeke Sua voz soa suavemente pelo alto falante colocado no teto em cima de Malin O que que voc fez realmente em Estocolmo na manh de anteontem Eu n o estive em Estocolmo diz Jonathan Ludvigsson sem levantar o olhar E a partir de agora n o digo mais nada Olhe para n s enquanto fala diz Johan Est ouvindo N s sabemos que voc esteve em
210. da neve Voc suspeita dela mas trata se apenas de uma t bua pensa ela Um dia o prego penetra pela sola e entra no p A infec o espalha se pelo corpo a corrente de sangue est prestes a chegar ao cora o O que se pode fazer D para evitar a maldade que existe escondida por tr s de cada camada de bondade nos lugares mais pr ximos Nas flores venenosas do jardim Portanto o que poss vel fazer A f Procurar ref gio na f A maldade pura e simples Ela existe sente Malin E vamos ter que resistir a ela N o aceit la ou neg la Vamos tentar arras la As crian as querem a bondade mas a verdade pode doer pois as crian as n o conhecem o mundo Voc quis o bem das suas filhas n o verdade Hanna Voc quis o bem delas E o mal O que chegou como um fantasma Mas que fantasma Em que situa o chegou aqui e a sufocou Malin aproveita para respirar fundo No amanhecer de mais um dia ela fica quieta no quarto do hospital dominado ainda pela penumbra De repente sente um vento frio na sala Depois uma pequena corrente de ar quente contra o seu pesco o onde fica dan ando na garganta antes de subir para o ouvido e se transformar em sussurro Tem algu m aqui Tem algu m dentro de mim Tenho que escutar pensa ela N o estou com medo Isto aqui n o tem nada de extraordin rio Fale Eu vou escutar Prometo 36 N s estamos aqui Malin Estamos aqui para relembr la das crian
211. dando os primeiros passos em volta de uma caixa de areia que parece ainda nova a cavalgar num p nei a brincar numa praia j mais crescidas a entrar em uma creche a brincar em um parque infantil a descer num escorregador como se estivessem em Estocolmo no Gr na Lund Brinquedos de pl stico colorido numa caixa de madeira Jogos bem conservados Duas bonecas iguais Imagens do rosto das duas meninas Duas crian as as mais ador veis que se possa imaginar Olhos grandes bonitos Uma fotografia da m e afagando o rosto delas Malin escuta Zeke respirando fundo atr s dela O seu neto tem dois anos e meio Um nico neto com quem ele esteve apenas duas vezes Um contato dif cil de manter com regularidade quando o nico filho uma estrela do h quei sobre gelo e joga numa equipe canadense Caramba Que coisa diz Zeke Caramba Malin senta se na beira de uma das camas Passa as m os pela colcha branca Irm s Elas certamente davam se bem Eram amigas N s contra o mundo Como costumam fazer as irm s E os irm os tamb m A luz do teto pisca ouve se um clique e o quarto volta a ficar s escuras Malin escuta novamente um som sibilante tal como aconteceu na pra a De repente rev o olho da menina que encontrou l bem no meio do escuro e a face cortada de um rosto humano o rosto de uma crian a Ela v tudo com clareza como se viesse do seu pr prio ntimo O olho a face uma das meninas n
212. das A mim que entre todos mais as desapontei As chamas das velas iluminam os meus caminhos midos A sujeira desce lentamente para o ch o negro que est frio e grudento imposs vel de servir como descanso Ou o o trem passando l em cima e l embaixo Sinto que a montanha estremece sua passagem Eu quero ter voc s aqui comigo mas s o fato de pensar em voc s e naquilo que eu sou e de onde vim tudo isso fica inalcan vel Preparo a minha inje o Depois procuro e encontro uma pequena veia entre dois dos meus dedos Sinto a picada espero alguns segundos sopro e apago as luzes e logo a minha escurid o transforma se em outra escurid o uma escurid o branca macia a escurid o da mentira eu sei mas melhor essa do que as trevas da realidade da verdade 26 Sven Sj man telefonou Parecia estar bem acordado e ainda era noite ou pelo menos bem cedo Suas palavras Encontramos armas e explosivos no trailer Ludvigsson quer contar tudo Quero que assuma o interrogat rio agora Foi voc que o pegou e voc que melhor conhece a voz dele e que melhor pode pression lo faz lo contar tudo toda a verdade Sven eu preciso dormir Ok Cheguei a pensar que ia receber um tiro l fora no prado E eu usei for a excessiva Por que ele deveria confessar tudo para mim Ser que outra pessoa n o pode interrog lo Sven ficou em sil ncio Parecia pensar Eu preciso de voc agora Malin E ele
213. de qualquer coisa E ela come a a avan ar pela pra a As laboriosas pessoas que habitam a cidade de Link ping andam ao seu lado e na dire o oposta Para ela s o apenas contornos escuros com os olhos a brilhar como se fossem estrelas Olhos que expelem raios que atingem o seu corpo e o tornam inst vel de uma maneira como nunca esteve antes O rapaz Ou o homem o meu irm o mais novo Na sua cama Deficiente Abandonado Ser que ele fala Ainda n o tem rosto Ser que ele vai aprender a dizer o meu nome Entender que eu existo Ele j sabe que eu existo Malin segue pela Drottninggatan e tenta avan ar sob a luz do sol da tarde O rel gio por cima do cartaz do McDonald s marca tr s horas e quinze minutos Daniel mora no n mero 2 e ela ainda se lembra da senha para abrir o port o de entrada Digita o n mero e o port o abre se Ele mora no terceiro dos quatro andares do pr dio Quando chega l em cima est sem f lego Toca a campainha Sente o cheiro forte de um produto de limpeza Algu m deve ter limpado a escada adivinhando a sua chegada Ela ouve algu m atr s da porta Vozes A voz de Daniel Ela sente como todo o seu desejo toda a sua fome de clareza se concentram entre as pernas Para n o falar daquela sensa o de descansar novamente nos seus bra os Ela toca a campainha mais uma vez quer que ele abra a porta para que ambos corram para o quarto e para uma satisfa o m tua A corrente de segura
214. de pelo rapaz Ser que tinha responsabilidade desde o in cio N o N o n o ele n o era meu filho e eu n o queria ter nada a ver com ele mas claro que Malin tinha o direito de saber E Margaretha o direito de escolher n o O apartamento em Tenerife Talvez seja melhor apenas bater em retirada construir algo novo c us como h vi vas por a vi vas que alegremente abririam os bra os para ele Mas aqui e agora que a vida continua Aqui e agora com Malin e Tove aqui que a batalha acontece Mas h alguma coisa de errado E voc sabe disso pensa ele Os anos passam sem que re na for as para corrigir o erro O que isso nos diz sobre a natureza humana Acabei por ficar com medo de mim mesmo Por aquilo em que me transformei e por minha pr pria fraqueza dessa fraqueza que voc est com medo tamb m Malin E ser no meio desses medos que n s poderemos nos reencontrar Eu estava l quando voc ainda pequena tentava entender o mundo Eu a tirei das suas d vidas Da sua vergonha quando fazia alguma tolice Eu a consolava quando ficava triste Juntos Malin vamos terminar com os nossos medos Como pai e filha devem fazer O que poder ter acontecido na fam lia Kurtzon pensa Malin Ela e Zeke est o sentados no carro fazendo o caminho de volta para o Hotel Tegn rlunden Zeke est ao volante como quase sempre apesar de agora ela poder muito bem conduzir visto estar sempr
215. de roubo fracassada Que raio de roubo feito com uma bomba t o potente pergunta Sven Mas claro existem incompetentes por toda a parte em todas as fun es De qualquer forma j entrei no banco N o houve nenhuma tentativa de roubo antes da explos o mas os funcion rios estavam todos alarmados Vamos ter de ouvi los assim que for poss vel Isto aqui algo diferente diz Malin Disso n s tr s sabemos Algum tipo de amea a N o contra n s acha Sven Sj man Um Mercedes aproxima se e passa pelas barreiras autorizado por policiais fardados Para junto ao cinema na rua gatan Do carro sai Karim Akbar chefe da pol cia de Link ping Est vestido com um terno escuro com riscas brancas e uma camisa rosa bem engomada Malin d uma nova olhada pela pra a e descobre algo que n o vira antes Daniel H gfeldt do jornal stg ta Correspondenten o popular Corren e outros jornalistas movimentam se entre os levemente feridos que ainda se encontram na rea isolada N o h algu m que os ponha daqui para fora Como um murm rio ela escuta as perguntas que os jornalistas fazem assim como os cliques das m quinas fotogr ficas V tamb m as luzes vermelhas acesas das c meras de filmagem Depois a voz de Karim Akbar Isto aqui vai ser a maior not cia de que participamos A invas o da imprensa j come ou Malin reage quer dar uma bofetada na boca dele quer gr
216. decorrer do tempo compreendendo gradualmente que os pais n o viriam t o cedo ela n o aguentou o ritmo inicial Deixou at que as flores morressem O p come ou a se acumular e quando a m e morreu dias antes de seu pai voltar ela limpou todo o apartamento com um frenesi de que at ela se espantou Era como se fosse uma sess o de treinamento O suor come ou a escorrer e ela nem conseguia pensar em outra coisa a n o ser no p acumulado e que o apartamento teria de ficar bem limpo sem uma mancha para o pai reclamar Mas de in cio n o foi pensando no pai que ela limpou o apartamento Foi pensando em voc minha m e Mas voc nunca mais veio para casa E eu prometo que nunca mais vou limpar qualquer apartamento pensando em voc Voc nunca mais vir atr s de mim reclamando do que eu fizer como quando seguia os meus passos na casa de Sturefors assim que eu ainda pequena quis usar o aspirador de p Eu tinha 5 anos minha m e E a nica coisa que voc fez foi reclamar que o aspirador batia nos m veis tirava a tinta das paredes como se a nossa pequena casa fosse um maldito castelo real E tinha consci ncia o tempo todo da trai o cometida contra mim contra o meu irm o mais novo Escondeu a verdade mas logo compreendeu que a falta de transpar ncia tamb m a prejudicava Entendeu como isso me prejudicou entendeu como eu tive de lutar para estar perto de Tove e participar da sua vida Entendeu Entendeu q
217. demagogo de barba que se recusa a condenar sem reservas os atentados de terrorismo do 11 de Setembro em Nova York e a explos o de trens em Madri Mas ele condenou todas as formas de viol ncia recorda Malin De repente ela se sente mal perturbada com aquela visita O que os dois est o fazendo aqui assim t o depressa sem nenhuma prova Zeke tenta abrir o port o que est trancado Uma campainha preta e branca modelo antigo por baixo de uma abertura Malin aperta o bot o toca a campainha N o se escuta nenhum sinal mas dois minutos depois o port o se abre Mohamed Al Kabari sorri para eles com o rosto barbado No m ximo 50 anos de idade O nariz aquilino destaca ainda mais os seus olhos castanhos inteligentes J esperava por voc s diz ele amistosamente num sueco perfeito Entrem por favor Malin lan a lhe um olhar cheio de significado Ele compreende o que ela quis saber Mulheres diz ele s o bem vindas aqui tanto quanto os homens Com a cabe a coberta ou n o Mohamed Al Kabari movimenta se com ligeireza com sua longa bata A mesquita compreende um nico sal o enorme com paredes brancas Ap s a entrada h cabides e ainda uma porta que deve dar provavelmente para um toalete Pelo ch o veem se os tapetes orientais tecidos de l bem confort veis para os p s Por favor tirem os sapatos Al Kabari falou com um tom de voz paternal que n o dava margem para protestos
218. demais que o mundo mastigou e cuspiu os descartados As andorinhas grandes e negras voam baixo quase batendo nos telhados dos pr dios em volta N o cantam pensa Malin quando ela e Zeke passam pela entrada do hotel Ser que as andorinhas nunca cantam As pombas arrulham at a eu sei Ela reconhece que o pensamento sobre os p ssaros constitu a uma maneira de afast la das meninas da face despeda ada com um nico olho bem aberto pendurado que parecia encar la ainda receoso Essa imagem lhe vinha mente sempre que Malin pensava nas garotas mortas Eram bonitas as meninas como disse Stensson que as viu correndo e comendo apressadamente de uma maneira maravilhosa que s as crian as sabem fazer quando est o com muita fome e tentam aplac la como se n o houvesse uma nova chance no amanh N o pense nelas Malin n o dessa maneira diz Zeke Ela ao lado do colega concorda Eles j est o no sagu o do Grande Hotel e avan am na dire o de uma jovem loura bonita bem maquiada que est atr s do balc o da recep o espelhado Malin nota que ela veste uma saia azul e usa t nis enquanto lhe mostra a identifica o e diz Onde est o os homens da S po A jovem parece surpresa por ver Malin Deve t la reconhecido por fotografias no Corren Na sala de Folke Filbyster terceiro andar Eles usam a sala como escrit rio tempor rio Malin e Zeke esperam pelo elevador depois de ter apertado
219. dessas diz Tove Ele deve estar com aquela garota Quero dizer do seu av Tove abra a a sussurra no ouvido dela Ficarei bem aqui Trate o vov com carinho t Quinze minutos depois cansada e congelada por causa do passeio feito as tr s e quinze da madrugada Malin est diante do pr dio da Barnhemsgatan Hesita em digitar o c digo que abre o port o mas os seus dedos agem sem comando como se todo o seu organismo soubesse que tinha de ouvir o pai contar a hist ria de Stefan o seu irm o mais novo A escada cheira a mofo e a produto de limpeza Malin sobe contrariada Est com raiva por ter de subir a escada aqui e agora Pensa Vou fazer com que assuma a responsabilidade Vou obrig lo a contar toda a verdade pai O pai est sentado na grande poltrona da sala de estar do apartamento ou no sal o como a m e dizia O tecido verde da poltrona envolve o corpo cada vez mais magro e o rosto cada vez mais fino um rosto que costumava demonstrar autoconfian a e for a mas que agora mostra uma estranha mistura de cansa o e de medo uma nova esp cie de hesita o que Malin acha estar ligada solid o Tocou a campainha Ele abriu a porta depois do d cimo sinal raivoso N o estava zangado por ter sido acordado Parecia ter ficado feliz por v la Ela n o sentiu nada Os dois sentaram se em frente um do outro na sala de estar Malin no sof vermelho sentindo o tapete oriental barato fricci
220. dinheiro mas as meninas tinham cada uma a sua conta de poupan a com v rios milhares de coroas Voc ia tirar o dinheiro das meninas Dinheiro dinheiro das meninas sussurra ela novamente Zeke olha para Malin Balan a a cabe a dirige lhe um olhar que significa n s devemos parar agora ela delira est no meio do pior momento do horror melhor n o mant la neste estado e devemos terminar por aqui Malin fica em sil ncio acaricia novamente o rosto de Hanna Viger V que ela fecha os olhos e come a a respirar calmamente depois de pronunciar as palavras As meninas pensa Malin Em seguida acaricia v rias vezes mais o rosto de Hanna Viger antes de se levantar Os dois saem do quarto J no corredor Malin respira fundo inspira es profundas atmosfera outra aqui fora Cheirava a morte l dentro pensa Malin N o sentiu pergunta ela a Zeke Ele concorda Zeke foi ao banheiro e ela ficou sozinha com Peter Hamse junto dos elevadores que levam para a grande entrada do hospital Ele absurdamente bonito pensa Malin enquanto fala da conversa que teve com Hanna Viger que ela parecia estar com medo e confusa que n o disse nada de significativo mas parecia presa a uma mem ria horr vel de um momento repulsivo Peter Hamse olha para ela com carinho ao pronunciar as palavras momento repulsivo E diz Ela n o precisa ficar assim Vou lhe dar uma boa
221. diz Zeke E se de fato contrataram um matador profissional como que conseguiram encontrar um homem desses Est sendo ing nuo Zeke diz Malin Com dinheiro consegue se tudo Zeke esfrega o nariz e diz Mostre me por favor novamente as imagens do homem da bomba Malin passa o filme mais uma vez inclinando o celular em rela o ao sol de maneira que a luz n o atrapalhe a reprodu o O homem movimenta se na dire o da c mera E eles veem claramente o seu rosto Para para sussurra Zeke Pode aumentar a imagem Claro E Malin faz o que ele pediu Parou e aumentou a imagem do rosto do homem conseguindo ver at a cicatriz por cima da sobrancelha como uma linha pintada com pena de carv o Os olhos de Zeke ardem de tanta concentra o A sua respira o acelera se N o vai explodir agora pensa Malin Fuck it diz Zeke Eu sei quem ele Eu conhe o esse cara 52 Jokso Mirovi diz Zeke Em frente do banco onde est o sentados Malin e Zeke abrem se as portas da Igreja Gustaf Vasa Um idoso negro com colarinho de padre sai para a escada de pedra na entrada Atr s dele uma mulher gorda tamb m com colarinho de freira Os dois abra am se fazem um sinal de despedida um adeus e depois o padre desaparece para dentro da igreja Mirovi foi matador profissional utilizado pela m fia judaica no final da d cada de 1990 Eu me lembro dele de
222. dizendo Eu pe o desculpas A minha colega est sob grande press o N s estamos sob grande press o Voc n o poderia abrir uma exce o Qualquer decis o de um tribunal para quebrar o sigilo leva muito tempo tempo que n s n o temos A situa o volta a clarear As palavras de Zeke plenas de resigna o Quer dizer que n o quer abrir uma exce o Ent o est bem Obrigado Ele desliga o telefone Ela est com medo diz Zeke N o notou isso na voz dela Para mim ela est com muito muito medo s quatro e meia da tarde Zeke deixou Malin na porta do apartamento dela B rje Sv rd e Waldemar Ekenberg al m de Johan Jakobsson passaram a sexta feira inteira falando com pessoas que tiveram liga es com a fam lia Viger Nada de importante surgiu dessas conversas A ado o das meninas era um caso desconhecido de todos E a fam lia parecia ser feliz de uma felicidade quase imposs vel E a S po acabou por aparecer de novo Na mesma pista Muito poss vel Sven Sj man fez quest o de mant los a par de suas descobertas sucessivamente como combinado Mas quem poderia saber ao certo o que a pol cia secreta estaria fazendo com as informa es recebidas Ottilia Stenlund nossa o melhor caminho que eu tenho pela frente constatou Malin para si mesma O Pull amp Bear estava aberto e ela faz uma parada diante da entrada do pub Espera que o desejo do lcool caia feito uma duc
223. do o na internet Malin solta o mouse Vira se para Zeke Sabe por acaso onde podemos obter mais informa es Qual o departamento que arquiva o documento que nos interessa N o fa o a menor ideia Malin contata Johan pelo interfone Sabe que ele est sentado na outra ponta do grande sal o cheio de mesas o tribunal municipal que formaliza as ado es numa decis o puramente jur dica Presumo que exista mais alguma coisa nos seus registros diz ele Mas voc s precisam consultar a papelada que consta do arquivo Todas essas informa es ficam arquivadas n o digitalmente mas em papel conforme a lei de dados pessoais ainda manda Obrigada Johan A seguir Malin v entrar no sal o as figuras de B rje e Waldemar conversando animadamente Parecem dois velhos amigos que acabaram de se reencontrar depois de uma separa o de muitos anos Malin chama por eles Conta lhes o que deseja que eles fa am e tamb m o que ela sabe at o momento Ao contr rio do que esperava nenhum deles faz cara feia nem fica irritado antes parecem ter aceitado a autoridade da colega dizendo Deixa conosco E saem logo em seguida pelo mesmo caminho por que entraram Eu direi para Sven que hoje n o precisamos ter a reuni o matinal O espelho do banheiro pequeno e malcheiroso reflete o rosto de uma pessoa que de prefer ncia gostaria que n o fosse mas que Malin sabe ser ela mesma Ain
224. do que existia no quarto de Josef Kurtzon Josefina Marl w fica em sil ncio novamente e fecha os olhos antes de continuar Meu pai deixava que eles me batessem Batiam em mim no por o da casa Se os meus irm os n o me batessem porque n o queriam ele lhes dava choques el tricos Por isso eles continuavam a bater E tamb m me davam choques O pai queria que eles entendessem o significado da influ ncia social e da brutalidade Malin sentiu que o pequeno espa o em que estavam come ava a ficar desfocado diante de seus olhos Um mal estar estranho come ou a subir lhe pelas entranhas Mas ela ainda conseguiu se controlar e se recompor Ser que Josef Kurtzon quis transformar seus filhos em psicopatas Um ser humano deturpado perfeito para fazer neg cios Foi isso que voc tentou fazer com suas crian as Josef Kurtzon Malin sente uma vontade repentina de voltar ao apartamento na Strandv gen e furar aqueles olhos cegos pela catarata do velho E os irm os Kurtzon do que que eles s o capazes agora De matar explodir uma bomba numa pra a O pai sempre os desprezou diz ainda Josefina Marl w que voltou a abrir os olhos Por qu Porque a for a e o sucesso nos neg cios qualidades que ele esperava desenvolver neles apenas se transformaram em fraqueza e fracasso Ele s vezes investia nos projetos de neg cio criados por eles mas s para brincar acho eu para ridiculariz los pelos seus insucess
225. do seu corpo acalmando o com afagos Mal estar Sede O Hamlet est aberto Uma cerveja e uma dose de tequila agora iam cair muito bem E aqueles pombos t m que parar de bicar L est o eles novamente Perto da entrada do hotel est o colocando uma maca na ambul ncia O ferido recebe soro Ao lado o m dico que conhecido de Malin usa um pul ver azul j manchado de sangue Os pombos Ela aproxima se novamente Cabe a fria agora Malin Mantenha a calma Concentre se V Janne que usa um casac o do tipo Gore Tex para proteger o seu terno novo Age com calma e metodicamente ao tomar conta de dois estudantes feridos com quem ainda ningu m teve tempo de se preocupar Trata cuidadosamente das pequenas feridas que eles apresentavam nos bra os fala com eles Malin observa os movimentos da boca de Janne Embora n o consiga ouvir o que ele diz sabe que a sua a o totalmente profissional uma verdadeira rocha humana oferecendo seguran a e calor que acabam com qualquer estado de choque De novo ela sente vontade de fugir para o pub o Hamlet Mas resiste Os pombos Continuam a bicar a carne a pele os cabelos os cabelos das crian as Malin corre na sua dire o De bra os bem abertos imitando as asas de um gavi o De maneira impr pria Ela grita x x e os pombos fogem levantam voo e misturam se com as andorinhas que voam baixo em voo rasante Malin chega ao lugar onde os pombos estavam bicando A
226. dos de policiais cansados A corrente dos pensamentos de Malin interrompida por Tove que aparece porta da cozinha vestida com um largo roup o esfregando os olhos e dizendo bom dia Malin logo chega conclus o de que Tove deve ter se levantado durante a noite e trocado de roupa J de p t o cedo comenta Malin O caf est pronto pergunta Tove Caf Desde quando voc bebe caf Mam e tem muita coisa que voc ainda n o sabe sobre mim Desde quando Tove balan a a cabe a vai direto cafeteira e se serve de uma caneca daquele l quido negro de ess ncias saborosas Malin olha pela janela O c u est azul com uma luminosidade ainda fria mas carregada de promessas de calor Todos os bot es de flores das rvores que se avistam da janela parecem querer explodir como rebentos de vida Malin olha para Tove Como os seus seios come am a surgir pretensiosamente por baixo do tecido atoalhado j meio gasto do seu roup o A chuva fria esperada na noite anterior n o chegou Nada pode conter as for as vivas da primavera Pontualmente s nove horas come a a reuni o matinal do grupo de investigadores da pol cia de Link ping Investigadores cansados com profundas olheiras todos sentados em volta da mesa tentando desempenhar o seu papel interpretando dan ando conforme a m sica enquanto repassam a situa o da investiga o que todo o mundo exige que avance que
227. dos pudemos falar com os conselheiros terap uticos mas mesmo assim n o conseguimos entender As crian as de Hanna e agora ela N o quero nem pensar nisso Voc notou alguma coisa de diferente em Hanna antes da bomba Ela disse alguma coisa de estranho pergunta B rje N o nada N s falamos disso entre n s pensamos mas n o nos lembramos de nada em especial Como assim Voc s acham que a bomba era para ela Ela ainda n o sabe que Hanna foi assassinada pensa Waldemar A not cia ainda n o chegou aos jornais E Waldemar resolve n o falar do assunto N s continuamos trabalhando sem pistas diz ele Como era ela Ela estava um pouco doente desde o acidente com o marido Mas j tinha dito que ia voltar Era de fato a pessoa mais ador vel e alegre do mundo Os nossos clientes gostavam muito dela e ela tamb m gostava deles E ela amava as suas meninas Ela falava muito das crian as Isso o que fazem todas as m es n o Ela mencionou alguma vez algo de especial Petronella Nilsson pensa N o Apenas o normal Contava como elas tinham crescido Coisas assim coisas que disseram e que fizeram Voc sabia que as filhas dela eram adotivas Petronella Nilsson demonstra surpresa total Balan a a cabe a Eu jamais poderia pensar uma coisa dessas Voc n o sabia insiste Waldemar N o Hanna jamais mencionou qualquer coisa a esse respeito Hanna f
228. dos v o ter sua disposi o ajuda psicol gica e terapia de crise depois do que aconteceu hoje diz ainda Karim Pessoas capazes como eu disse estar o prontas para ajudar Basta se manifestarem Subentende se n o digam nada agora Se poss vel n o digam nada nunca N o amole am Sejam fortes fa am o que se espera de voc s Continuem sem pestanejar N o cedam s fraquezas e s vulnerabilidades dentro de si hora de agir n o de recorrer a complicadas terapias Comecem pelo im diz Sven Mas tenham cuidado N o queremos parecer racistas com dio aos mu ulmanos nas primeiras p ginas de todos os jornais E como disse pouco racional que se estabele am liga es j neste est gio dos acontecimentos Ent o n o ser talvez melhor aguardar pergunta Malin Trabalhar em sigilo Voc s devem ouvir o im diz Karim uma ordem Est na hora de apanharmos os malditos que fizeram isso Aquelas meninas tinham toda a vida pela frente Precisamente como essas crian as que agora est o brincando ali fora Se com as nossas a es vamos pisar em alguns calos que seja Entendido claro que o im deve ser ouvido diz Waldemar Mas Malin nota alguma hesita o nos olhos de Zeke de Johan e de B rje Sv rd De que servir apontar nessa dire o no in cio das investiga es quando n o existe nada de fato de que suspeitar a n o ser por um sentimento geral do
229. dose de tranquilizante E tamb m n o sentir dores Ela vai ficar boa pergunta Malin Acho que sim Mas ficar com les es permanentes n o Peter Hamse faz que sim Quase certo Os dois ficam se olhando em sil ncio Inconscientemente Malin aproxima se dele Ele tamb m d um passo em frente Malin nota que est balan ando Como ela est atra da por aquele buraquinho no queixo Ambos sorriem Peter Hamse abre os bra os e sussurra qualquer coisa a respeito de ser impr prio Ent o Malin diz claro estamos na primavera verdade Os devassos s o devassos ouve se Zeke dizer E logo em seguida junto com Malin os dois entram no elevador e descem Zeke faz mais uma careta na dire o dela Malin s pensa nas palavras de Peter Hamse Eu telefonarei assim que acontecer alguma coisa Alguma coisa aconteceu pensa Malin que depois sente um pouco de vergonha por aquilo que ela percebe estar acontecendo com o seu corpo Vergonha diante das meninas diante de Hanna Viger diante do pai e da m e e de Tove e de Janne At mesmo diante de Daniel H gfeldt ela sente vergonha V firme Malin diz Zeke Est tudo bem Seja tamb m uma devassa Ela tenta rir mas n o consegue Preferia correr para o Hamlet sentar se junto do balc o e beber para conter todas as malditas sensa es encharcar se toda de lcool 21 A noite desceu sobre Link ping O crep sculo apa
230. e Eu n o quero nem pensar mas pode ser que Karim esteja na pista certa ao dizer que talvez seja um atentado terrorista com liga es internacionais Ser Pode ser um atentado de terroristas islamitas Mas por que escolheriam Link ping entre tantas outras hip teses entre tantos outros lugares Os tr s ficam de novo em sil ncio quietos durante algum tempo pensa Malin por que alguns terroristas escolheriam Link ping para explodir uma bomba entre tantos outros lugares E por que n o Um apartamento em bairros como Sk ggetorp ou Ryd ou Berga poderia servir como c lula terrorista t o bem como em Roseng rd Madri ou qualquer sub rbio ao sul de Paris Os policiais para quem Karim gritou uma ordem est o agora ca a dos jornalistas fot grafos e curiosos na pra a afastando os da devasta o Ao longe Malin v como o jovem chefe da pol cia da cidade consegue controlar a situa o de uma maneira que nem sequer est mencionada em qualquer manual de instru es Ser que ele sendo de origem curda e crist pode pensar que o acontecido aqui tem liga o com o islamismo Aparentemente E quem formava a maioria dos curdos Xiitas Ou talvez sunitas O pessoal das ambul ncias e os bombeiros j levaram todos os feridos B rje Sv rd tamb m levou embora o cachorro na dire o de outra pra a a Hospitaltorget Em breve todas as entradas e passagens para a pra a do incidente estar o fechadas com faixas a
231. e Luz A escurid o antes da luz E depois muita muita luz algu m que abre a porta do nosso buraco As crian as Est o nuas Sujas Cheiram mal Mas s o elas S o Marko e Elena A cela onde est o cheira muito mal Est o magras se abra am no ch o em cima dos seus excrementos e urina Cerram os olhos para me ver mas n o conseguem ver a n o ser a minha silhueta E na sombra do meu corpo l est o elas as crian as Malin deixa o corpo cair fica de joelhos N o liga para a sujeira nem para o mau cheiro Isso n o conta O que conta mesmo s o as crian as Ela se aproxima das figuras na sua frente voc Marko E voc deve ser Elena n o Os desenhos nas paredes Estranhos sinais feitos com giz Figuras Como se fosse uma linguagem de outro planeta trazida para aquele buraco por naves espaciais de um long nquo futuro Agora est tudo bem sussurra ela para as crian as ao mesmo tempo em que as abra a e sente a pele quente delas Est tudo bem Marco e Elena De agora em diante n o precisam mais ter medo E ent o ela ouve uma voz imagina quatro pequenas asas brancas circulando por cima da sua cabe a N s tamb m n o temos mais medo escuta Malin Ela abra a as crian as com mais firmeza sente o sangue quente a circular pelos seus corpos e volta a ouvir o mesmo tique taque na c mara que dava acesso aquela cela em que estavam as crian as Mas o tique taque de repe
232. e Papai r Ele n o disse nem uma palavra E como se a alma da m e flutuasse na sala e o obrigasse a ser aquele fraco que tantas vezes ele foi na presen a dela Ela sente o pai n o controla mais a situa o Agora todo o drama escrito e dirigido por outro poder vai ser representado at o final A mulher Britta Ekholm est em frente de Malin olha bem nos olhos dela e come a a falar Como o advogado Strandkvist acabou de dizer o meu nome Britta Ekholm H mais de trinta anos trabalho no Hospital de Norrg rden na prov ncia de H lsingland no norte do pa s Nos ltimos quinze anos sou diretora da institui o No Hospital de Norrg rden n o existem idosos N s acolhemos principalmente crian as cujos pais n o conseguem cuidar bem delas crian as que nasceram ou que bem cedo foram consideradas deficientes Algumas delas j est o h muitos anos no nosso hospital que por isso mesmo se tornou o seu lar Um inferno Malin j suspeita aonde aquela conversa vai chegar N o quer ouvir mais nada Ou quer A voz da mulher A voz suave de uma contadora de hist rias Durante mais de trinta anos tenho desempenhado o papel de madrinha de Stefan Malm Malm Ela gostaria de voltar se para o pai mas n o consegue Quer gritar Afinal do que se trata O que voc s fizeram O que voc fez Mas continua em sil ncio Deixa que Britta Ekholm continue Malm O nome de solteira da m e E
233. e Como antes quando agia com a certeza de que eu iria aceitar a sua vontade sem pestanejar Ela dirigiu embriagada Bebia demais at mesmo quando estava em servi o Podia ter causado um acidente irrepar vel E ainda ferir algu m Eu n o podia permitir que isso acontecesse Agora a sua m e Lembro me de quando a minha m e morreu Foi como se uma ncora de seguran a me tivesse sido arrancada Como se de repente eu tivesse ficado finalmente adulto de um momento para o outro Libertado do medo de que ela desaparecesse Lamentei a sua morte mas acima de tudo cresci Ela j vivera bastante estava velha por m ainda guardo comigo o seu amor por mim Se ela tivesse vivido sem ter me dado o amor que deu talvez eu sentisse a sua morte de maneira diferente Talvez eu descobrisse que havia um buraco negro na minha vida que nunca jamais seria preenchido Malin balan a sobre uma corda fina A qualquer momento a corda poder ser dominada pela escurid o Mas Malin um ser humano e n s seres humanos temos de viver e vencer ao passar por essas situa es justamente por sermos humanos Seres humanos pequenos e vulner veis Morte queles que os atacam Morte a todos Johan Jakobsson admira as suas crian as dormindo nas camas no quarto que compartilham no andar t rreo da sua casa geminada Solta os seus sentimentos paternais n o quer que a vergonha os manche As crian as s o quase da mesma idade das duas meninas qu
234. e em certas ocasi es at dava dores de cabe a em Malin No entanto a ocasi o era das boas Ela encostou a cabe a contra a janela do carro fechou os olhos e adormeceu Quando acordou o carro j passava pela periferia do sul de Estocolmo No horizonte flutuante e pantanoso os edif cios desumanos de Botkyrka O esplendor escondido do alto M lar o lago em frente e o ambiente relativamente agrad vel de Midsommarkransen onde os pr dios parecem querer enfrentar o barulho dos motores na estrada e envolver os seus habitantes num amplo e maravilhoso abra o Estocolmo Foi para aqui que eu vim um dia pensa Malin Eu e Tove que era bem pequena na poca Era quase imposs vel levar uma vida de m e com beb para cuidar e ao mesmo tempo estudar na Academia de Pol cia Mas consegui aos trancos e barrancos Para mim Estocolmo era feita apenas de bastidores pensa Malin no momento em que passam pela ponte Skanstullsbro o lugar que divide o norte e o sul da capital sueca toda ela assentada em dezenas de ilhas e ilhotas que formam um grande e bonito arquip lago E passam por um t nel em cima do qual foi constru do um novo hotel de fachada brilhante toda envidra ada Eu nunca cheguei a visitar a cidade sempre faltava tempo as chances perdidas E como eu poderia conhec la Uma m e vivendo sozinha e estudando para ser policial Seria poss vel imaginar uma situa o mais inferior Numa cidade obcecada pelo dinheiro e pelas
235. e por exemplo alguma liga o internacional que devamos conhecer Relacionada com religi o Ou com pol tica Stigman respira fundo come a a falar num tom que revela gostar realmente de ouvir a pr pria voz Na situa o atual uma eventual informa o dessas ainda seria confidencial mas aqui entre n s posso dizer que n o temos nenhuma indica o nesse sentido N o recebemos nenhum aviso antecipado Sven entendeu N s estamos hospedados no Grande Hotel da cidade O hotel est aberto Oh sim Os quartos s o virados para a rua de tr s Inacredit vel Ao que parece v o ter de servir o caf da manh no sal o de reuni es mas a recep o passou inc lume pela explos o Vieram s voc s dois Por enquanto informa Brantevik Amanh chegam mais por m sou eu que chefio a investiga o Mantenha nos informados sobre os seus trabalhos E voc s sobre os seus ok Os homens do outro lado da mesa de Sven sorriem Stigman parece querer dizer Sure Charlie sure mas permanece calado Assim que os homens da S po deixaram a sala Sven Sj man inclina o corpo e volta a olhar para o hospital Hanna Vigero L em algum lugar ela luta por sua vida Outros feridos uns dez ainda v o ficar no hospital Alguns pelas pr ximas semanas Os que tiveram ferimentos leves puderam voltar para casa E os que est o em estado de choque j receberam cuidados Entret
236. e Estocolmo O rosto p lido e cheio de rugas Magro como uma linha exceto pela barriga que dispara para a frente como se fosse uma bala de canh o antigo por cima do cinto O tecido da sua camisa branca espalha se por cima da sua vida de comes e bebes Ele deve estar cansado a ponto de n o aguentar mais nada pensa Malin No entanto o policial na sua frente possui uma energia como ela s viu em poucos colegas at mesmo nos rec m formados Eu acho que ele diz a verdade sim confirma Malin As imagens e o filme gravado com as crian as s o aut nticos Isso est fora de quest o Eu tamb m acho diz Zeke Eu tamb m concorda Conny Nygren Acho que a hist ria contada por ele t o inacredit vel t o extraordinariamente inacredit vel que s pode ser verdadeira Nada de novo nas nossas carreiras n o Dinheiro diz Malin depois O dinheiro por vezes tamb m traz alguma coisa de bom n o Conny Nygren solta uma gargalhada Ganhei uma vez 780 mil coroas suecas numa aposta feita em corrida de cavalos de trote Com esse dinheiro pude conhecer o Caribe Foi de fato uma consequ ncia bem positiva Podemos considerar o caso agora como resolvido diz Malin Jokso Mirovi est por tr s da explos o da bomba na Grande Pra a em Link ping e do assassinato da fam lia Viger Ele fez isso para salvar as crian as dele chantageado pelos irm os Kurtzon Se Mirov
237. e e o bar estavam desertos e escancarados por causa da for a do vento Era como se Deus tivesse descido terra e declarado para todos que havia chegado o dia do Ju zo Final Malin fechou os olhos Sentiu de novo o mau cheiro de carne e tecidos queimados Olhou e viu os policiais fardados que esticavam as faixas de isolamento em volta do local Tentou acostumar se e compreender o que estava vendo tentou fazer com que seus olhos se acostumassem forte luz do sol primaveril o que fazia com que as pessoas na pra a parecessem mortas sem vida com a cor da pele t o branca que por contraste tornava o sangue esparramado pelas pedras da pra a ainda mais vermelho O velho do carrinho de cachorros quentes O guarda sol do carrinho n o era mais do que um espeto desnudado de a o As panelas estavam jogadas no ch o de pedra e as salsichas espalhadas por toda a parte Os guarda s is dos caf s tinham sido levados pelos ares como se uma boca gigantesca vinda do c u tivesse sugado todo o ar e depois lan ado vidros quebrados por cima daqueles habitantes de Link ping que gozavam o calor do excelente dia primaveril na maior pra a da cidade Havia duas viaturas da pol cia perto do antigo edif cio da C mara Municipal e um enorme buraco negro e malcheiroso perto do caixa eletr nico do SEB Nem sequer um peda o de dinheiro espalhado pela pra a Todas as notas devem ter sido engolidas pelo calor do centro da explos o Ser que aq
238. e esp cie de clar o poderoso veio e apagou a luz do sol Eu devo ter olhos Mas ser que tenho bra os e pernas E ser que isso tem alguma import ncia agora Afinal o que vou fazer com os bra os as pernas e as m os se n o posso tocar acariciar correr atr s e viver com voc s meninas J sei que morreram embora estejam tamb m aqui E eu sei que n o quero viver sem voc s Eu as ou o gritar no sonho que eu sei que n o sonho nenhum Quero estar com voc s mas n o posso Estou num hospital Ser Parece um quarto de hospital e devo estar doente Mas como foi que fiquei doente N o existe nenhuma dor f sica Devo ficar feliz com isso Conte tudo dizem voc s Tragam na aqui Mas o que devo contar Tento dizer alguma coisa por m a minha l ngua n o quer se mexer Oh sim ela se mexe mas n o pronuncia as palavras que devem ser ditas n o verdade O m dico Est diante de Malin O que ele diz Como ele bonito e atraente Zeke ao lado dela no corredor do hospital em frente da porta do quarto de Hanna Viger O m dico Peter Peter Hamse e veste bata branca Sussurra qualquer coisa para os dois mas Malin n o consegue se concentrar nas palavras dele Tem de se concentrar Fors Acorde ele que eu quero Peter tem mais ou menos a sua idade e n o usa alian a Os dois encararam se na recep o um pouco antes Malin notou os detalhes e continua a ter dificuldade em se concentrar no
239. e morreram na pra a Uma situa o toda irreal E ao mesmo tempo real Malin Assistiu ao funeral da sua m e naquela mesma manh Como a explos o ao contr rio do que se poderia esperar contribuiu para que ela se concentrasse e superasse o acontecido na fam lia Foi como se a explos o a tornasse mais compacta mais decidida e acima de tudo a ajudasse a prosseguir e a existir Johan fecha a porta do quarto das crian as Para fica em p um momento no hall de entrada Quem quer que seja o culpado do atentado a bomba vamos conseguir prend lo ele ela ou eles Existe uma linha divis ria nessa situa o pensa ele Aquele que culpado de uma viol ncia que comete um ato de crueldade contra crian as corrompe o nosso contrato humano unanimemente estabelecido A partir da o contrato deixa de valer Essa pessoa deixa de merecer o direito de fazer parte da nossa irmandade Por que nos tornamos policiais Por que me tornei um deles Deus sabe que eu n o sou um macho man como Waldemar Ou como B rje Sv rd de fato tamb m Mas eu gosto das particularidades do trabalho De mapear as pessoas e os acontecimentos De fu ar a hist ria da vida dos outros De ver como eles deixaram que os monstros nascessem dentro de si em determinado momento da vida muito simples Em casos como esses s afastar os v us e a simplicidade aparece Sou eu contra eles os que violentam crian as preto no branco Simples assi
240. e nunca se consegue entender uma pessoa como Josefina Marl w saber o que a move por que foi parar onde est que medos a atormentam Mas eu fiz uma coisa diz Josefina Marl w Se herdasse do meu pai todo o dinheiro as meninas iriam ficar com tudo quando eu morresse o que provavelmente iria acontecer em breve Mesmo que eu odeie o dinheiro as meninas ficariam com ele Organizei toda a papelada com um advogado Sil ncio Iriam ficar com tudo sussurra ela Mesmo que o dinheiro lhes pudesse fazer muito mal N o justo o que acontece mesmo quando as inten es s o boas n o Ser que seus irm os souberam disso pergunta Zeke Como teriam descoberto O seu pai ele sabia pergunta Malin que v como Josefina Marl w come a a ficar deriva Depois olha para a colher para a seringa para o papelote com o p que est o em um canto N o diz Josefina Marl w Ele n o sabia de nada Tenho certeza de que ele n o sabia da exist ncia das meninas Isso o que voc acha pensa Malin Portanto voc n o acredita que seus irm os estejam por tr s da bomba em Link ping que matou as suas filhas para que a heran a pare nas m os deles Quando a pessoa est sob press o ela capaz de fazer qualquer coisa sussurra Josefina Marl w Quem sabe o que meus irm os podem fazer O que eles podem inventar Aquilo que o pai disse a respeito de uma f
241. e o conte do da seringa saia como magma de um vulc o para dentro do meu corpo Tudo isso poder me ajudar a esquecer o que se passou e a lembrar que ainda existe um futuro A dor da agulha entrando pela pele maravilhosa visto que eu sei que a grande dor em breve ter passado Deito me em cima das pedras midas ou o os trens do metr entrando e saindo de uma linha para outra por cima de mim Deixo o corpo cair na cama quente sinto calor em volta E apenas o amor que me afaga at que de novo sinto que todo o amor desaparece e se torna imposs vel Os anos se passaram Eu fugi da minha fam lia troquei de nome fugi de todos os que me odeiam e me querem fazer mal Vivo nos subterr neos roubo tudo o que posso Vivo sozinha mas s vezes eles chegam os homens e eu n o sei o que eles fazem comigo J aconteceu algumas vezes o que n o pode acontecer o que n o devia acontecer num corpo t o dilacerado como o meu Fui separada de voc s duas no mesmo dia em que sa ram de mim Deixei o hospital e voltei para o meu lugar no subterr neo Virei as costas a voc s por amor para que n o sucumbissem diante da viol ncia deles Isso porque eles s o a soma de todas as maldades deste mundo S o como uma l mpada negra que esconde o sol e envia os seus raios sangrentos contra a vida das pessoas ao determinar por antecipa o como essa vida deve ser e no que deve se tornar No meu lugar subterr neo consigo evitar esses raio
242. e o que ele est ouvindo Ela sente um sopro de vento batendo no seu ouvido e escuta as vozes de duas meninas cantando Voc tem que encontr las Malin Elas est o presas nas m os dos nossos tios Voc tem que salvar aquele menino e aquela menina dos sequestradores 54 Malin pode imaginar Elena e Marko Mirovi na sua frente Figuras pequenas encolhidas tremendo de medo Encurraladas num espa o escuro estreito e reduzido Uma cela escura Negra A cela cheira a excrementos a urina e a medo uma cela onde toda a compaix o foi substitu da pela l gica da maldade As crian as v o acabar morrendo na escurid o Eu tenho que ajud las porque ningu m mais poder faz lo Voc s acham que ele est dizendo a verdade O homem que est sentado do outro lado da mesa no refeit rio do edif cio da pol cia em Estocolmo chama se Conny Nygren Suas palavras fazem com que Malin volte realidade de onde est o uma sala depressiva decorada com treli a de pinho pela qual as trepadeiras de pl stico sobem at o teto Essas arma es separam as suas mesas laminadas que est o rodeadas de cadeiras met licas de jardim bem desconfort veis Um rel gio de parede marca quinze para as oito da noite Um lanche r pido caf preto p o meio seco As horas depois do interrogat rio serviram para atualizar Link ping sobre as informa es e preencher a papelada burocr tica Conny Nygren detetive criminalista na pol cia d
243. e o risco de novos atentados Algu m assumiu a autoria pela viol ncia Ele responde com evasivas a todas as perguntas No momento est tudo em aberto Ningu m assumiu a autoria de nada E as v timas quem s o A mulher vai sobreviver Em sinal de respeito at que os parentes Dez vinte perguntas mais antes de ele se levantar e dizer Isso foi tudo por enquanto Depois sai da sala triunfante Daniel H gfeldt desliga o gravador e olha para a porta branca de seguran a por onde Karim Akbar acabou de desaparecer Os colegas sua volta est o desapontados parecem tentar imaginar como diabos v o saber de alguma coisa a respeito do assunto Ele v hesita o em seus olhos Ser que realmente aconteceu Que uma potente bomba explodiu num peda o do solo sueco bem no interior do pa s Havia preocupa o tamb m Se isso aconteceu aqui poder acontecer qualquer outra coisa em qualquer lugar Ningu m pode mais andar em seguran a nunca mais em parte alguma A pol cia fechou as portas O que sempre faz antes de chegar a algum lugar Karim Akbar comporta se como um verdadeiro homem de Estado pensa Daniel Com uma nova autoconfian a raramente vista Como se ele de repente tivesse encontrado dentro de si uma nova veia que o torna pronto para miss es realmente grandes e importantes Malin Certamente no meio da investiga o Sua l der informal H muito muito tempo que n o se viam Encontrou a
244. e pareciam Mas ainda assim estranho que ele esteja no banco pouco antes da explos o acrescenta Malin Um pressentimento Uma fa sca Ent o a investiga o divide se em mais um novo sentido Aqueles segundos de certeza e de orienta o que ela sentiu na reuni o anterior do grupo de investigadores transformaram se em um novo caos como nos minutos que sucederam explos o quando estilha os e poeira flutuaram no espa o e ca ram no ch o como estrelas empoeiradas e fuliginosas Ou estarei eu no meio da explos o pensa Malin N o entendo mais nada De qualquer forma um pouco estranho diz Malin depois Stensson tem direito a ter uma conta no banco como qualquer um diz Zeke Mas podemos ir at J garvallen ao local dos porras loucas e perguntar ao Stensson o que ele fazia no banco quela hora continua ele depois Acho melhor perguntar primeiro ao gerente do banco diz Malin Tenho uma ideia melhor diz ainda Zeke Vamos deixar que o Waldemar e o B rje conversem com o gerente e ver se conseguem tirar dele a informa o de que Stensson esteve no banco ontem Malin concorda Waldemar Ekenberg dos tais que nem hesita em meter a pistola pela goela abaixo de quem quer que seja para obrig lo a falar O gerente do SEB talvez nem fa a a menor ideia de quem realmente Dick Stensson Mas ati ar o Waldemar contra ele isso n s podemos fazer Por que raz o d
245. e perigo Portanto era melhor que ela e Zeke falassem logo com Jokso Mirovi J E n o depois E o comandante da guarda de servi o acabou por ceder mas s depois de falar pelo telefone com o chefe do departamento de homic dios Jokso Mirovi est na frente deles na sala de interrogat rio A cicatriz sobre o olho direito aparece com uma tonalidade rosada Ele espera que Malin ou Zeke digam alguma coisa e enquanto isso fica diante do espelho admirando o seu rosto magro exatamente como se fosse outra pessoa e n o ele pr prio quem estivesse ali naquela sala para ser interrogado pelo que fez Malin estende o bra o com o gravador e coloca o no meio da mesa Come a a gravar e diz Dia dezesseis de maio de 2010 quatro horas e dez minutos Interrogat rio de Jokso Mirovi sobre a explos o em Link ping ocorrida no dia sete de maio e o assassinato de Hanna Viger no Hospital Universit rio de Link ping na noite do dia dez de maio Malin pega o celular Mostra o v deo da c mera de seguran a fora da esta o ferrovi ria Jokso Mirovi v o seu rosto e sorri Depois ela mostra a filmagem feita em frente do banco e nesse momento Jokso Mirovi j n o sorri voc que est nos dois v deos At a n s sabemos diz Zeke Portanto melhor voc confessar logo e contar o que que tudo isso significa ok Jokso Mirovi olha para eles Primeiro para Zeke depois para Malin que tenta prender
246. e que assim nos abracemos Vindo da floresta em frente da nossa cela h um lagarto enorme gigantesco claro que ele est l E eu tenho pesadelos sonho com os seus dentes amarelos e bem afiados cortando as nossas pernas e mordendo os nossos p s at que desapare am E quando o lagarto gigante acabar conosco ele voltar a se arrastar para a floresta e a desaparecer entre as folhagens Os homens Eles est o l fora Est o fazendo alguma coisa O tique taque parou Mas volta logo em seguida Ser que eles v o nos matar agora papai Eles est o t o zangados O meu irm ozinho est mais tranquilo agora em sil ncio como se j estivesse cansado de tudo Uma vez ele pulou para dentro da piscina Em um dos cantos quando ningu m podia v lo O ar dentro das pequenas boias fez com que flutuasse A cabe a dele chegou a ficar totalmente submersa mas ele n o teve medo Havia decidido se arriscar Ele conseguiu Gritei Ele se arriscou Precisa se arriscar de novo Eu o abra o E ele cheira bem melhor a coisas boas N o a coisas repugnantes De resto cheira t o mal por aqui E esse o nosso cheiro papai tem de chegar agora Ou mandar que algu m venha nos buscar Caso contr rio vamos morrer e chegar ao c u a Deus a Jesus Cada vez est pior papai querido N s fazemos xixi e coc E ningu m vem limpar Eu vejo os p s deles por baixo da porta A luz desaparece fica escuro quando eles se aproxim
247. e s bria Quer dizer que ele deserdou os dois filhos comenta Zeke E falou isso para eles Tamb m lhes disse que Josefina Marl w ficar no controle da funda o Malin sente se muito cansada Tem dificuldade em pensar com clareza Os irm os s o a chave da hist ria diz ela Sinto isso Por que Ottilia Stenlund estava com medo Acho que ela tem medo da fam lia dos irm os O pai parece incapaz diante da situa o em que se encontra E j est assim h v rios anos Cego h muito mais Por outro lado quem sabe at onde ainda vai o seu poder N s n o sabemos at onde os dois irm os est o de acordo diz Zeke Johan n o contou nada a respeito deles quando falou de Kurtzon Nem sequer sabemos onde eles est o E n o sabemos nada tamb m a respeito do que os antecedentes das meninas Viger e do que o assassinato de Hanna a m e t m a ver com a bomba Josef Kurtzon parecia n o ter conhecimento delas Tudo isso deve estar interligado diz Zeke N s temos apenas de entender como Ao passar em frente do NK o mais conceituado shopping center de Estocolmo Malin pensa nos muitos rica os da capital que d o legitimidade ao implac vel capitalismo por meio do seu engajamento na administra o de institui es de caridade como a Stadsmissionen No entanto parece que Kurtzon jamais fez quest o de legitimidade e por isso o dinheiro sempre o adorou Ela pensa na
248. e ser inevit vel Quer sacudi lo obrig lo a falar a contar tudo do mesmo modo que est habituada a fazer com os suspeitos obrigando os a dizer a verdade Mas prefere continuar sentada Escuta os passos do pai desaparecendo no meio da noite de Link ping O que estar o fazendo os meus amantes Malin est deitada nua na cama Colocou a m o entre as coxas mas sente se cansada e vazia Nem sequer amantes eu tenho Meses atr s tinha Daniel H gfeldt Com Janne meu ex marido tudo terminou H mais de ano e meio Para sempre E desde ent o n o tive mais ningu m Acaba por levantar os bra os e coloc los por cima do len ol Fica escutando o sil ncio no escuro da noite Voc s meninas est o por a Alguma de voc s aquela que eu uma vez fui Qual delas As duas Ent o ela se levanta da cama Vai at a janela Levanta a persiana e v que as nuvens foram embora e que a noite est estrelada cheia de uma luz suave que parece afagar todo o planeta e aben oar todas as pessoas desejar lhes felicidades Fecha os olhos Ao abri los de novo v duas meninas flutuando como dois anjos brancos sem asas diante da janela Malin olha para elas Est o falando uma com a outra sussurrando discutindo voando sem que se deem conta de que ela as est vendo pela janela Sorri para as meninas ri sabe quem s o mas n o quer perturb las Est o todas a Est a mam e Tamb m quer aparecer para mim Qu
249. e tamb m apareceu uma mulher de uns 50 anos usando vestido longo florido em tons azuis O rosto redondo e abaixo de uma franja loura ondulada existe um par de olhos azul escuros e uma express o inteligente Agora posso atend los diz ela olhando para Malin e Zeke Podem entrar agora mas n o vai poder ser uma conversa muito longa Malin olha para o rel gio branco na parede da sala de Ottilia Stenlund Igual quele que no outono anterior existia no lar de reabilita o que ela frequentou Nove e vinte Os dois sentaram se enquanto Ottilia Stenlund olhava para eles do seu lugar um pouco mais elevado atr s de uma escrivaninha abarrotada de pastas e pap is Na sua frente em cima da mesa com a capa virada para baixo uma pasta preta Ela colocou uma das m os em cima da pasta como se quisesse defend la antes de entreg la Presumi que voc s viriam diz Ottilia Stenlund totalmente repulsivo o que aconteceu Malin j come a a sentir a raiva subindo cabe a de novo Mas acredita por alguns curtos segundos que Ottilia Stenlund vai dizer alguma coisa A detetive consegue controlar se e as suas apreens es n o se confirmam Foi um processo muito anormal continua Ottilia Stenlund Muito dif cil Desagrad vel Muito desagrad vel Nunca tive nada semelhante Tanto Malin como Zeke sentem como o medo se infiltra na sala como ele se arrasta como um lagarto infectado pe
250. e vestido escuro delicadamente bonito com pequenos desenhos de flores brancas parece estar meio entediada Ficou decidido que Malin seria a primeira a se aproximar do caix o e que Tove seguiria atr s do av Uma rosa branca na m o de Tove escolha que ela pr pria fez Malin sente um pouco de vergonha ao olhar para a filha de 16 anos Vergonha por tantas vezes n o ter sido uma boa m e deixando que o trabalho e ultimamente a bebida alco lica viessem em primeiro lugar Janne est sentado ao lado de Tove usando um terno azul que lhe cai mal e que ele deve ter comprado apressadamente para esta ocasi o numa das lojas Dressman Nos bancos atr s devem estar umas dez pessoas tamb m de roupas escuras Mais ou menos com a idade do pai Ela se lembra de algumas delas de Sturefors pessoas com quem os pais conviviam quando ela ainda era pequena Irm os e irm s a m e n o tinha Nenhum outro parente O caix o era comum sem decora es Em volta algumas coroas de flores vindas de Tenerife Malin nem sequer conhece os nomes de quem as mandou Tamb m nem quer saber Tanto faz Malin fecha os olhos Na sua mente surge novamente a imagem da m e mas apenas uma imagem sem sentimentos sem humanidade Ela reabre os olhos tenta soltar uma l grima para agradar ao pai mas por muito que tente n o consegue A pastora uma mulher de uns 50 anos sorri suavemente perto de uma das janelas Acabara de fazer uma ora o padr o
251. ecer alguma coisa Zeke ao seu lado no sof fechou os olhos Malin at consegue ouvi lo respirar e ela pr pria sente como gostaria de dormir um pouco Fecha os olhos tamb m mas logo no teatro aberto da sua mente aparece a figura de um rapaz um homem de corpo esbelto num quarto an nimo de hospital Est sozinho Ela quer se aproximar acariciar o rosto dele mas n o se atreve n o quer tirar dele a nica coisa que ele tem a sua solid o Pip pip Ela acorda do seu sonho com o toque do celular mais um SMS de Johan Ela aperta o bot o Josef Kurtzon Strandv gen 42 Como que Johan conseguiu isso N o importa Talvez tenha encontrado um endere o particular ligado a uma das firmas O rel gio no telefone j marca quase oito horas A Stadsmissionen abre dentro de doze minutos e a fila longa diante da porta As exist ncias mais abandonadas de Estocolmo chegaram para encher o est mago de comida e talvez at arranjar uma cama quente de len is lavados para dormir As mulheres s o poucas Josefina Marl w ser uma delas Zeke abriu os olhos espregui ou se e reclamou de dores nas costas Madelene Adeltj rn aparece na entrada Olha pela vidra a Voc s est o com sorte diz ela Estou vendo Josefina l no fim da fila mas n o saiam agora Esperem que ela entre Caso contr rio poss vel que v embora assim que os vir Malin olha para Josefina Marl w Os olhos negros grandes d
252. ecorda es do fot grafo pode ser dos irm os Talvez as crian as estejam l Zeke e Conny Nygren est o ao lado de Malin em sil ncio Johan deu a ela todas as instru es de como chegar at a ilha Malin sente que ele pode estar certo Talvez os irm os tenham trazido as crian as para a Su cia Talvez as estejam mantendo presas numa casa que n o existe mas que de fato existe O lagarto no apartamento de Josef Kurtzon Licen a de importa o V rios lagartos A estranha l gica da maldade Existir o ainda lagartos nessa ilha Vamos para l imediatamente diz Malin a nossa ltima esperan a Absolutamente a derradeira Johan concorda na outra ponta da linha Excelente trabalho Johan diz Malin Extraordin rio Agora j posso voltar para casa e para os meus filhos diz Johan Jakobsson E desliga 56 Leopold Kurtzon quase congelou ao ver o rosto de Jokso Mirovi na tela do seu laptop na primeira p gina do site do jornal Dagens Nyheter Era como se sentisse que o seu tempo estivesse prestes a terminar Jokso Mirovi foi preso Agora com certeza a pol cia j sabe de tudo Uma antiga fotografia de imprensa um pouco abaixo na primeira p gina do jornal Um matador preso em Arlanda Suspeito de participar da explos o da bomba em Link ping Leopold continua a ler Segundo informa es ainda n o confirmadas Jokso Mirovi estaria trabalhando para dois irm os
253. edo a barreira da vida mesmo antes de morrer Estavam cheirando muito mal quando os irm os as pegaram Os corpos estavam cobertos de sujeira Pareciam animais e n o pequenos seres humanos N o melhor lev las conosco perguntou Henry Para us las como ref ns Elas v o atrapalhar mais do que ser teis E se a pol cia nos apanhar vamos passar uma eternidade na pris o respondeu Leopold E Henry foi obrigado a reconhecer que o irm o tinha raz o O que tem de ser feito tem de ser feito Os dois irm os sentaram se cada um com uma das crian as no colo para que se acalmassem E a seguir apontaram as armas para a t mpora delas 59 Eles viraram direita e desceram para o mar que devia estar a alguns quil metros de dist ncia a leste Casas de campo vazias entre as rvores Acabaram de passar por uma placa que apontava para um antigo lugar de veraneio a quinze quil metros de dist ncia Conseguem se guiar pelo GPS sem problemas O movimento do carro no meio da escurid o aparece registrado no visor colorido que ilumina o interior do ve culo O que acha pergunta Zeke Ser que eles est o l Malin sente a pistola fria no coldre contra o seu peito Responde N o sei mas a minha intui o diz que eles est o Passam por aquela que seria a ltima casa antes do n mero 37 a casa que existindo n o existe Os far is brilham na floresta a vegeta o adensa se parece
254. egistrada fora feita dez anos antes por uma firma de nome Exotic Animals Uma empresa dos irm os Kurtzon A Exotic Animals fora desativada em 2003 mas havia um endere o na autoriza o que n o existia em nenhum outro lugar Lundviksv gen 37 Uma avenida em Norrhammar Onde fica Ele procurou nos mapas do Google O munic pio de Norrhammar fica a 160 quil metros ao norte de Norrt lje e a quase 250 quil metros ao norte de Estocolmo a cidade onde Malin estava Onde encontrar o 37 dessa avenida Nada Mas a fotografia do sat lite apontava o endere o para uma pequena ilha no arquip lago de Estocolmo com uma grande casa branca no meio da ilha e outras pequenas e alongadas perto do mar A branca devia ser a de n mero 37 E havia um 35 dentro da floresta uns dois quil metros adiante Quem ser o dono da propriedade Johan voltou novamente ao registro de propriedade e procurou o endere o mas n o havia nenhum pr dio registrado na Lundviksv gen 37 Era como se o endere o tivesse deixado de existir ou nunca tivesse existido A casa na imagem de sat lite na sua frente tem de ser a de n mero 37 Certo Como que uma casa pode desaparecer de todos os registros Deixar de existir Talvez quando os propriet rios querem viver realmente em paz e para isso corrompem as autoridades certas A imagem de Leopold Kurtzon no Wall Street Journal A fotografia parecia tirada num clima mais ameno Johan voltou novamente foto
255. eira Concentre se Ficar ativa o tempo todo n o a nica maneira de sobreviver Malin Est dormindo na sala de descanso com o celular ligado ao lado mas ao que parece ningu m quer perturb la Est deitada Malin e sente a falta da sua m e embora n o entenda por qu embora nem sequer note isso A nossa m e n o est aqui Embora j devesse estar E voc n o sabe ainda o que aconteceu com ela e talvez nunca saiba Talvez aquele homem que est retalhando o seu corpo sem vida l no hospital n o encontre nada de anormal na sua morte Tome muito cuidado Malin Tove gosta de voc O seu pai gosta de voc N o tenha medo do que vai acontecer Tente tente n o ficar zangada Tente n o condenar as pessoas por aquilo que est fora do seu controle ou da sua compreens o os seus sentimentos Bem l no fundo Malin voc est acima dessas pessoas Mas n s n s estamos com medo Por aqui a solid o muita escuro e frio Aqui onde nos encontramos um daqueles pesadelos que voc teve quando era pequenina Sonhava que estava sozinha no mundo que n o havia amor na sua vida Quando a sua m e a deixou ela ficou triste Pode acreditar Exatamente como aconteceu quando a nossa m e nos deixou Agora sabemos disso Ela j devia estar aqui conosco Entre n s Mas n o est nem o nosso pai N s gostar amos que estiv ssemos todos juntos novamente Dormir aconchegados uns aos outros numa grande c
256. eiro ao lado de Sven depois de dizer melhor deixar que os policiais fardados ajam Malin quis protestar mas depois se lembrou de Tove em casa na cama E resolveu ficar em sil ncio Mas Zeke acabou por resolver o impasse Malin e eu vamos entrar Est mais do que claro Estamos com os coletes Nem pensar diz Karim em tom decisivo E a quest o morreu ali dentro do carro no escuro enquanto do lado de fora os far is engoliam a estrada metro a metro no caminho que os conduzia talvez aos culpados de um dos piores crimes na hist ria da cidade Sven n o fala pelo r dio N o quer se arriscar a ser sintonizado e descoberto Prefere usar o celular no viva voz enquanto dirige atr s do comboio de policiais Um tal Sundblom com forte sotaque sueco finland s e que novo em Link ping est no comando do grupo de dez policiais completamente equipados que v o frente Informa pelo telefone ligado ao seu fone que ele e os seus homens j est o perto do pr dio da igreja Por enquanto n o vemos nenhum trailer Malin consegue ver os policiais a caminho do pr dio Seguem em intervalos de cinco metros entre cada um Depois abaixam se escondem se separam se em grupos de dois A partir da desaparecem no escuro da noite Temos contato visual com o alvo Tem luz dentro do trailer V o diz Sven Em seguida ouve se um estrondo surdo Deve ser a porta que foi pelos ares pensa Malin Ouvem se
257. eiro e nada mais Acho que a riqueza tem a sua pr pria regra a de que importante arranjar mais dinheiro o tempo todo cada vez mais dinheiro e nunca achar que suficiente Creio que Josef Kurtzon s est interessado no dinheiro em si Mas a m e Selda foi quem os tornou dependentes de um estilo de vida que exige dinheiro com todos os seus atributos Por isso at acho que eles ficaram dependentes tamb m do poder sobre outros o poder que apenas o dinheiro pode dar E quando eles fracassaram na administra o das empresas criadas o pai ridicularizou a inseguran a e a incompet ncia deles Quando ficaram mais velhos ouvi dizer que o pai os amea ava de tirar lhes o acesso ao dinheiro da fam lia Isso denota de fato uma atitude s dica diz Zeke s dica Eles fracassaram em todas as frentes E n o conseguiam ganhar dinheiro Por isso deixaram de ser bons filhos e tornaram se imprest veis aos olhos do pai E aos olhos da m e adornos sem valor Ela queria que eles fossem pequenas coisas perfeitas para mostrar aos outros Por muito que fizessem n o serviam para nada Como que voc sabe de tudo isso pergunta Malin querendo afastar a ideia de os irm os serem v timas Assassinos o que eles s o Matadores de crian as Eu os conheci na escola Depois continuei a ouvir hist rias a respeito deles ao longo dos anos por outros ex alunos da Lundsberg que por sua vez escutaram rumor
258. ejo sentada num t xi que me deixa numa pra a Sergelstorget Com uma boa nota de mil coroas na m o chamo a aten o de um homem negro que eu j conhecia Sei como me dirigir a uma das galerias mais afastadas da esta o central do metr onde encontro o que procuro uma colher uma chama uma seringa E o mundo torna se o que sempre devia ser um lugar de bra os abertos livre de todas as dificuldades sentimentais Uma hora mais tarde encontro me em plena pra a H torget luz reduzida de uma tarde quente Com c meras de seguran a por toda a parte Eles est o me vendo Eu vejo duas meninas talvez de 7 anos correndo pelo pavimento branco e preto da pra a em dire o vitrine do edif cio da Kulturhus Vejo as suas figuras refletidas no vidro mas n o consigo visualizar os rostos Viro as costas Muitas pessoas aos montes algumas apontam com as cabe as na minha dire o Como quem diz Est de volta Devolvo o aceno Viro as costas de novo As duas meninas desapareceram Engolidas pelas suas pr prias imagens na vitrine PARTE 1 O AMOR FAMINTO LINK PING SEGUNDA FEIRA 10 DE MAIO D quase para ver as nossas imagens refletidas no c u de t o azul espl ndido e explosivo que est o mesmo azul do interior de uma chama de ma arico pensa aquela m e que atravessa a Grande Pra a da cidade Storatorget cujas pedras est o bem juntas ligadas por milhares e milhares de passos apressados de pe
259. elas continuavam acesas no escuro e lan ando sombras animadas sobre o ch o de pedra A grande maioria dos estabelecimentos em volta j tinha substitu do as vidra as das vitrines A caminho da pizzaria elas n o falaram na bomba Discutiram sobre tudo o que aconteceu O fato de o pai provavelmente ter encontrado algu m parecia n o preocupar nem um pouco a filha Tove demonstrava n o sentir nenhum ci me nem desejo ardente de que a nova uni o se concretizasse e ela passasse a participar de uma nova constela o familiar Falaram sobre Lundsberg e Malin falou do rapaz no hospital Tove comentou Temos de ir visit lo Pode ser amanh Afinal ele meu tio por parte de m e Vamos sim Vamos v lo confirma Malin Tove escutou em sil ncio todo o relato sobre a reuni o do invent rio no escrit rio do advogado Foi ent o que Malin contou sobre o seu irm o Cada vez que contava essa hist ria para algu m mais real a hist ria ficava para ela era como se cada vez menos parecesse um sonho Quando Tove fala meu tio Malin sente pela primeira vez por completo que existe outro ser humano parecido com ela al m de Tove Malin balan a a cabe a Mas eu n o posso ir amanh Tenho que trabalhar Talvez a viagem seja mais importante diz Tove muito mais importante comenta Malin cujas faces est o agora mais oleosas por efeito da pizza Ela pensa que talvez Janne esteja por perto com
260. elevis o ligada Reportagem V as imagens de Link ping e de si mesmo L fora pela janela v que o estacionamento da pol cia est vazio A ilumina o da rua lan a estranhos fachos amarelos na noite primaveril que ele sabe estar fria Aparece o rosto da ministra da Justi a na televis o marcado pelas rugas originadas pelo cigarro tentando acalmar o medo A esta altura hoje n o existe nenhum sinal de terrorismo internacional E a pol cia local tem toda a minha confian a Karim desliga a televis o Olha para os escrit rios do ltimo andar do edif cio da C mara Municipal H luz acesa em uma das salas a sala dela V at a sua silhueta Ainda est sentada diante do computador Nesse momento o celular dele come a a tocar Ele l a mensagem Estou vendo voc Eu me acaricio s de contemplar a sua sombra Venha Malin resolveu voltar a p do departamento para casa Aproveita assim para sentir o aroma de todas as flores do parque da Associa o de Jardinagem viver a sensa o de que os gineceus est o mandando para o seu corpo sinais codificados Se solte fa a uma tolice qualquer Ceda s suas fraquezas Quem que se importa com isso Mas ela tem de se manter na linha Sabe disso J passa das dez horas da noite Sente que um dos dias mais longos da sua vida est terminando Est escuro os cones de luz projetados pelos postes das ruas est o livres de insetos mas
261. elular de Jonathan Ludvigsson mas nelas n o havia nada gravado relativo bomba Um cinesiologista da universidade esteve l Comparou a maneira de andar de Ludvigsson com a do indiv duo filmado junto do caixa eletr nico e quase em seguida afirmou que n o se tratava da mesma pessoa Em princ pio Ludvigsson era um nome fora da investiga o Mesmo que n s o prendamos por porte de armas amea as ilegais e talvez at por comportamento subversivo confirma Sven Eles tamb m fizeram contato com a pol cia do reino sobre a quest o da criminalidade das gangues de motoqueiros e apesar das indica es do aumento das atividades dos grupos mais conhecidos nada presumia qualquer liga o entre a bomba e a inten o de atacar Dick Stensson E eles tamb m j tinham eliminado essa hip tese A S po continuava a n o informar absolutamente nada Portanto aqui n s permanecemos ainda na estaca zero diz Sven Mas continuamos a trabalhar Johan n o conseguiu encontrar nenhum endere o de Kurtzon mas n o desistimos Os Kurtzon n o est o registrados em lugar nenhum do pa s mas em algum lugar devem morar Claro Na empresa Kurtzon ningu m sabe onde Josef est ou se recusam a dar essa informa o E com voc s como que v o as coisas Estamos na entrada da Stadsmissionen perto do Slussen esperando que Josefina Marl w apare a por aqui Ok N s tamb m ainda n o conseguimos nada a respeito da fa
262. em a enfermeira por um corredor escuro iluminado por velas em candelabros Passam por diversas portas fechadas e por corredores penetrando cada vez mais longe no apartamento ainda no escuro Finalmente uma luz por baixo da porta Estar algu m preso l dentro Como um apartamento pode ser assim t o grande Ser que este pertence a outro mundo Quando Malin j come ava a acreditar que n o teria mais fim o corredor d acesso a uma enorme sala retangular e escura onde pendem pesadas cortinas de veludo e atr s delas as janelas que devem dar para a enseada Nybroviken No meio da sala uma cama hospitalar A cabeceira da cama est um pouco mais elevada A sala est ainda mais abafada H um lagarto de boca aberta empalhado com dois metros de comprimento encostado em uma das paredes Seus dentes amarelados reluzem no escuro o couro com listras pretas e amarelas brilha Malin quer saber de onde o animal vem mas consegue conter a curiosidade Um idoso est deitado na cama coberto por um len ol branco A cena faz Malin recordar a figura da m e deitada no caix o na capela O nariz aquilino do homem aparece de perfil na contraluz de um simples abajur de ch o N o existe mais nenhum m vel no quarto nem uma nica cadeira apenas um sil ncio estranho interrompido a cada cinco segundos pelo som da inspira o profunda do homem e pelo sinal produzido por um aparelho Cheira a morte por aqui pensa Malin Eu jamais s
263. em baixa altitude As bombas explodem em mantos de fuma a E o mundo desaparece assim que voc se sente Malin Eu a vejo Como voc luta para conseguir que tudo se encaixe Talvez consiga A nica coisa que posso fazer dar lhe todo o apoio no trabalho tentar que se mantenha no caminho certo e ir busc la se tudo sair dos trilhos A reabilita o fez bem para voc E ao que parece n o ficou zangada comigo pelo fato de eu t la obrigado a ir para l De uma coisa deve saber Malin Fors Enquanto puder vou olhar atentamente por voc Malin respira fundo dentro do carro e logo sente que ali cheira a caf derramado e a suor a imensas horas passadas procurando e vendo realizando um trabalho com amor e que ao mesmo tempo deixa as suas marcas sob a forma de rugas que se aprofundam medida que os anos passam Link ping descansa na primavera Recupera seus sentidos Esta noite n o est prevista nenhuma missa extraordin ria na catedral da cidade As luzes das janelas dos apartamentos brilham em volta do parque da Associa o de Jardinagem as pessoas aparecem como peixes negros de aqu rio por tr s das vidra as Tove deve estar no apartamento O que devo lhe contar Nada N o aguento mais E pela sua mente passa a figura imaginada do seu irm o numa cama de hospital Gostaria de viajar at ele J tinham perdido tempo demais ele mesmo que ela v Ou a figura de Maria Murvall S o as duas figuras
264. em contato com ela Pode ser um bom come o Muito bem Johan diz Sven Malin Zeke fa am isso assim que esta reuni o terminar Mais alguma coisa Johan acrescenta o chefe Malin acha muito bom que o chefe assuma o comando passando a usar toda a sua longa experi ncia e pondera o De tudo o que eu consegui saber ontem essa Sofia de fato o nico caso interessante Mas vou continuar a pesquisar claro Fa a isso Johan diz Sven E a S po pergunta Zeke Eles devem saber de mais alguma coisa O que podemos esperar deles Nada diz Karim Akbar Absolutamente nada Eles telefonaram confirma Sven Eu lhes dei tudo o que tinha e sabia mas eles n o tinham nada para nos dar Foi o que afirmaram Em sua mente Malin v passar uma dezena de homens de terno escuro Imagens de pesadelo de homens da S po que avan am descontroladamente e estragam tudo no caminho com suspeitas infundadas e a es atabalhoadas e orientadas na dire o errada Ainda bem que por enquanto estamos livres deles diz Malin que ao mesmo tempo pensa Aqueles safados da S po acham se com certeza melhores do que o grupo de meros investigadores de um buraco no interior do reino Malin cont m se e n o diz em voz alta esse pensamento rid culo Deixe de se sentir inferior Malin Fors Voc n o inferior a nada N o ser melhor recorrer pol cia nacional perg
265. em espalhar as cinzas da m e em um dos campos de golfe da ilha O lugar onde ela foi mais feliz Mais feliz Tove tamb m acaricia a face do tio adormecido que na realidade parece mais um adolescente Malin vive ent o a sensa o de que pelo menos no momento todas as press es sobre si deram uma tr gua Eu estou aqui agora sussurra Malin diante do irm o N s estamos aqui Estou aqui agora repete ela E neste momento uma corrente de ar quente entra pela janela e ela sente as l grimas rolar pelas faces Eu estou aqui agora Perdoe me por ter demorado tanto Perdoe me por favor tudo o que posso dizer FIM Sobre o Autor Mons Kallentoft nasceu em 1968 em Ljungsbro perto de Link ping na Su cia cen rio deste romance A s rie protagonizada pela detetive Malin Fors fez dele um best seller em seu pa s agora publicado em todo o mundo Sangue no outono o terceiro t tulo da s rie Os outros tamb m lan ados pela Benvir s o Sangue no inverno e Sangue no ver o
266. en o numa tarefa que significa muito para ele Sim bom dia o meu nome Sven Sj man da pol cia de Link ping chefe das investiga es preliminares sobre o atentado a bomba na Grande Pra a da cidade que j deve ser do seu conhecimento Sven fica em sil ncio Malin v como os l bios do chefe se contraem ao ouvir o que a pessoa na outra ponta da linha lhe diz Novo sil ncio Quer dizer que a S po j o contatou ontem e requisitou o v deo E voc o entregou Novo sil ncio e em seguida a voz de Sven em tom incisivo e apelativo E uma c pia Presumo que voc tenha tudo gravado digitalmente e que possa assim mandar para n s uma c pia n o Basta mand la pela internet n o Sven faz uma careta Quer dizer que voc tinha s uma c pia no velho sistema VHS e que a entregou S po Sven levanta as sobrancelhas na dire o de Malin e Zeke e logo Malin compreende o problema Jamais a S po vai lhes enviar uma c pia da grava o quando j est dois passos frente Sim vamos contatar a S po Obrigado obrigado pela ajuda de qualquer maneira Sven desliga Deixa se cair na cadeira A S po chegou antes diz ele O resto voc s j sabem N s precisamos desse maldito v deo diz Zeke Malin faz uma careta e comenta Isso a foi pior do que esper vamos O que vamos fazer agora Voc s dois v o direto para os homens da S po que est o n
267. ent rio Como foi Malin nota toda a seriedade nas perguntas de Sven Nada de brincadeira a respeito de milh es escondidos Apenas um longo sil ncio na expectativa da resposta Eu tenho um irm o Sven Um irm o mais novo Ela sente uma contra o no est mago os olhos ficam midos mas ela engole em seco faz de conta que est bebendo um copo cheio de tequila e consegue conter as l grimas Limpa a voz Mais um gole de ch E ent o ela conta tudo enquanto Sven apenas escuta Quando finalmente ela fica de novo em sil ncio ele a olha por longo momento antes de falar Considere isso como um presente inesperado Malin Fa a um esfor o para perdoar Caso contr rio vai enlouquecer Ele respira fundo e acrescenta E aguente firme O lcool n o resolve seus problemas Disso voc j sabe n o verdade Depois de Malin sair Sven deixa se cair no sof da sala de estar e olha em volta apreciando a calma e a seguran a do seu lar N o lhe faltam muitos anos para se aposentar Mais ou menos h um ano sentiu se muito cansado mas essa sensa o desapareceu Em compensa o fica horrorizado s de pensar em deixar de trabalhar reconhecendo como a vida vai ficar vazia sem a atividade discreta mas altamente dram tica que o seu trabalho oferece todos os dias Nada de drama discreto na vida de Malin Bum bum bum Os acontecimentos uma s rie de explos es de bombas atiradas de um ca a a jato
268. entender quem eu sou Ou nem aprenda a me reconhecer Conny Nygren que est ao volante e diz Malin sabe que eu me lembro de voc quando ainda andava na Escola da Pol cia Mas acho que voc n o se lembra de mim n o Malin acorda do estado de sonol ncia abre os olhos justo no momento em que passam em frente da fachada envidra ada da Casa da Cultura a Kulturhus Sorry diz Malin J nos encontramos antes Eu era encarregado de um treinamento de tiro e voc estava entre os colegas que faziam o papel de policiais que entravam numa casa na qual estariam eventualmente suspeitos armados com ref ns De voc n o me lembro mas lembro me dos exerc cios Talvez agora precise usar esse treinamento pensa Malin J usei antes A voz de Conny Nygren de novo num tom de brincadeira Eu me lembro de que voc avan ava como louca Acho que nunca vi nenhum aluno atuar com tanta energia e vontade com tanta agressividade mas ao mesmo tempo sob tanto controle Por isso me lembro de voc Voc est apenas brincando comigo dif cil me imaginar nessa situa o Voc est rindo mas verdade Um minuto depois Conny Nygren estaciona o carro diante do pr dio da Strandv gen onde est o os dois apartamentos dos irm os Kurtzon Os tr s saem do carro e fazem sinal para os colegas da viatura Os policiais fardados devolvem a sauda o Parecem desejar lhes boa sorte Malin abre
269. entes que trabalha com ele S o todos jovens e muitos deles v o ser policiais precisamente como aqueles dois tiras que tamb m est o no controle hoje por ser um dia especial Obviamente deve ter havido um alarme geral para todo o pa s procura do homem que explodiu a bomba de Link ping Mandaram para c os dois policiais Para o caso de Mas quais s o as probabilidades de o homem da bomba aparecer por aqui Poucas mas n o inexistentes Os nossos guardas ainda n o viram nenhuma fotografia do homem mas os policiais certamente j receberam dados de como ele Por que n o nos mostram a fotografia Ou pelo menos nos d o o nome dele Consideram nos n s e a nossa empresa de seguran a incompetentes Deve ser isso mas ent o devem compreender tamb m que n s dessa maneira n o podemos fazer um trabalho t o bom como seria poss vel Certamente querem manter a informa o sob sigilo Bip bip Favor verificar se algum aposentado est levando a bordo qualquer tipo de arma nos sapatos s vezes a rigidez das novas regras chega ao rid culo Harry Karlsson nota que o olhar de um dos policiais se transformou E ambos congelaram O outro fez um sinal discreto para Harry Karlsson e este vai at ele e escuta Pode ser o nosso procurado Aquele que est embalando os seus pertences pessoais num saco pl stico Harry Karlsson segue a indica o e olha para a mesa com os sacos pl sticos um homem talvez uns d
270. enti esse cheiro t o forte E a solid o A mesma solid o encontrada no quarto de Maria Murvall A solid o daqueles que escolheram abandonar este mundo O senhor Kurtzon est muito debilitado diz a enfermeira Mas ele insistiu em receb los Fiquem agachados de joelhos ao lado da cama e ele falar para voc s A enfermeira sai silenciosamente da sala Fecha a porta atr s de si Os olhos do homem est o abertos O olhar est fixo no teto como se este estivesse cheio de aranhas de serpentes e de lagartos gigantes pr hist ricos examinando a cena por cima espera do momento certo para atacar os dois intrusos Os dois avan am em dire o da cama agachando se para ficar ao n vel do rosto do homem ligeiramente elevado pelo encosto do leito Quem este homem pensa Malin De onde veio Das selvas do interior do Congo De Treblinka De S o Petersburgo De Sundsvall esse o super homem de que ouvi falar ainda hoje Qual o mundo que o criou O meu O nosso Josef Kurtzon mexe os l bios a voz fraca mas n o desvia o olhar para os dois embora presumidamente saiba que est o l Voc s n o v o poder fazer perguntas sussurra ele N o quero ouvir nenhuma Malin sente logo vontade de dizer que ela vai fazer sim quantas perguntas quiser mas consegue dominar o impulso Olha para a cama hospitalar para o homem deitado nela e pensa no irm o solit rio em outra cama hospitalar e em out
271. ento Uma vampira aperfei oada por pl sticas sucessivas e que fica sugando champanhe de primeira linha em sua mans o na ilha chique de Djursholm no centro de Estocolmo Certamente algu m teria raz es de sobra para mand la pelos ares Por aquilo que tem feito e da sua responsabilidade Nos ltimos anos e por v rias vezes Malin sentiu vontade de vomitar diante da gan ncia dos diretores dos bancos E ela n o a nica Esses diretores deviam ser obrigados a pedir esmola nas ruas como hoje tantas pessoas s o obrigadas a fazer Ali s esses curiosos podem ficar onde est o T o perto do banco E pensar que isto pode ter sido um ataque terrorista Pensar que pode explodir uma nova bomba Um carrinho de crian a virado de rodas para o ar O que ser preciso para me derrubar pensa Malin ao ver os pombos bicando outros peda os de carne que absolutamente ela n o quer nem pensar de onde v m Alguns bombeiros que ela n o reconhece est o colocando baldes de pl stico sobre outros peda os de carne de seres humanos Um p Um pequeno p Um olho um rosto Afinal o que realmente aconteceu aqui O que isto aqui Dois rostos massacrados N ooo O greyhound late Sacode as patas ensanguentadas com estilha os de vidro O sangue do cachorro espalha se pelos peda os de vidro e pelas pedras do ch o Malin v a figura avantajada de B rje Sv rd pegando a coleira do c o agachando se e puxando o para junto
272. entualmente explodisse tamb m ele mesmo E o com rcio de armas um problema a ser investigado em outro momento n o verdade Se que ele n o vendeu outros explosivos para os que praticaram o atentado a bomba na pra a Acho que devemos telefonar para Stensson pura e simplesmente para saber o que ele tem a dizer sobre a afirma o de Ludvigsson Isso parece razo vel concorda Zeke Quem sabe conseguimos finalmente algum motivo qualquer um para det lo Muito bem Telefonaremos logo depois da reuni o matinal Alguma coisa da parte da S po pergunta Zeke N o nenhum sinal responde Sven Mas eles v o querer falar certamente com Jonathan Ludvigsson no decorrer do dia Sven deixa os na sala Malin recosta se na cadeira olha de novo para o site do jornal Corren Na p gina inicial a fotografia do passaporte de Jonathan Ludvigsson Ao lado a imagem do trailer Um texto sobre a sua deten o de como ele tentou fugir sendo indicado que ele o homem suspeito em colocar a bomba diante do banco e que aparece no v deo de Estocolmo N s j estamos na frente pensa Malin Pelo menos desta vez Se ela tivesse ido at a janela veria uma multid o de jornalistas em frente do edif cio da pol cia No momento contentam se em apreciar a luz da manh primaveril em deixar que os raios solares aque am as suas faces enquanto puxam fuma a dos seus cigarros e bebem o caf comprado no pos
273. er pedir desculpas As duas meninas param viram se para Malin e de repente a pele j n o cobre os seus rostos restam apenas feridas sangrando e seus olhos ficam cobertos de v rias camadas de poeira e fuligem Os bra os s o apenas tocos As pernas sacodem cortadas As meninas gritam mas n o sai nenhum som da boca delas Gritam mais N o quero ouvir os seus gritos pensa Malin Fecha os olhos novamente e espera que ao reabri los as meninas j n o estejam l Olhos abertos Apenas um c u estrelado Malin escuta a pr pria respira o A respira o de uma nica pessoa Elas n o existem mas ao mesmo tempo representam tudo 18 QUARTA FEIRA 12 DE MAIO Malin pega o jornal que est no ch o do hall de entrada do apartamento Toda a primeira p gina dedicada explos o que sacudiu a cidade inteira at as suas funda es A fotografia do drag o de komodo nascido no parque de Kolm rden est no canto superior direito Malin abre o jornal em cima da mesa da cozinha L enquanto prepara o caf e sente como o c rebro acorda para a vida ao realizar os diversos trabalhos caseiros Todos os tolos est o dispostos a falar O presidente da prov ncia um gorducho ex ministro da Agricultura uma velha direitista todos se manifestam e dizem que as pessoas precisam de seguran a e querem mais policiais nas ruas Karim Akbar fala Sem coment rios Mohamed Al Kabari comenta o racismo e diz que tr
274. er e que aquela primavera iria revelar o que estava escondido no escuro e no frio das almas Respirou fundo diante da janela Recebeu a primavera com confian a depois de ter passado todo o inverno lutando contra o anseio pela bebida a fortalecer se na sua solid o verdade que alguma coisa sempre aconteceu mas a primavera chegou como se esperava cumprindo a promessa de mais uma renova o Agora com uma rosa vermelha na m o Entrara na capela passara entre as paredes de cal decoradas com tons de laranja e azul claro at chegar perto do altar onde fora colocado o caix o branco e onde o teto era mais alto a fim de evidenciar a sacraliza o do ambiente As vibra es e o estrondo j tinham passado Malin est de costas para os paroquianos e pensa que n o pode ter sido um trov o ou um raio visto que l fora o c u est azul e claro at mesmo sem as pequenas nuvens brancas de costume O panorama formado pelas rvores e os arbustos demonstra mais uma vez que a terra depois do longo inverno est disposta a reafirmar a sua virilidade O caule da rosa vermelha foi raspado est livre de espinhos pronto para ser empunhado com seguran a Todos os acidentes poss veis evitados todas as dores poss veis afastadas Era assim que voc queria viver mam e Era esse o seu segredo Malin est ao lado do caix o Nota o sil ncio que paira na capela Escuta at a respira o das pessoas mais pr ximas N o s o muitas
275. er matado duas crian as Jonathan Ludvigsson continua a olhar para a mesa Nem sequer balan a a cabe a Suspira e respira fundo antes de levantar os olhos para Johan e Zeke O seu olhar est vazio como se tivesse entrado numa outra parte de si mesmo uma parte que ele havia anulado Ele tamb m olha para o espelho Sorri para aqueles que ele sabe estarem atr s do vidro espelhado Assassino de crian as o que voc diz Johan A pior esp cie de assassino Daqui a duzentos anos o seu nome ainda ser lembrado como assassino de crian as Jonathan Ludvigsson pisca P e o indicador e o polegar sobre os l bios Para fech los N s vamos em breve interrogar os seus companheiros diz Zeke Algum deles vai dar com a l ngua nos dentes E de fato eles pareceram estar prontos at para cagar nas cal as Arrasados e medrosos como se fossem lebres fala Johan olhando fixamente para Ludvigsson O homem da bomba reflete Malin Talvez O chamado Homem Bomba 08 em Estocolmo era justamente um desses ativistas fan ticos do tipo Ludvigsson que s o levados a usar m todos violentos de oposi o Mas naquele caso ele conseguiu o que queria Estocolmo n o foi a cidade escolhida para a realiza o dos Jogos Ol mpicos de 2004 E ainda bem que n o foi Ela olha de novo para Ludvigsson atrav s da janela de observa o Nota que ele oscilava entre momentos de medo e momentos de arrog ncia
276. er sensacionalismos Apenas curiosa Muit ssimo consciente da merda que o mundo pode atirar contra uma pessoa Muit ssimo capacitada para encarar essa merda apesar de t o jovem Isso n o posso dizer Ent o o que voc s sabem Pode dizer alguma coisa n o Malin reconhece que ainda n o sabem de nada a n o ser que eles pr prios n o podem ser atingidos pelo p nico Que o estado de choque em que a cidade e os seus habitantes se encontram pelo que aconteceu n o deve se alastrar para a pol cia Temos de manter a cabe a fria pensa ela Tem que fazer isso Manter a cabe a fria mas vai ser dif cil Quem sabe o que Karim pode estar dizendo Malin deixa os na cozinha emoldurados pelos arm rios de um verde claro e bonito que certamente devia estar na moda h vinte anos Voc s dois parecem dar se muito bem pensa ela ao descer correndo a escada ke Fors v a sua filha da janela da sala de estar Pensa como a primavera parece envolv la Como o amarelo dos a afr es parece estender se atr s dela na plan cie Os a afr es parecem querer ret la como defesa contra um futuro incerto Depois passa os dedos por um dos vasos de flores na janela pensa no fato de que nunca mais vai poder lhe dizer qualquer coisa que tudo vai vir tona na reuni o com o advogado Que tudo vai ter de seguir o seu caminho e acabar por se arranjar Tem que ser agora n o verdade Ele v Malin passar pelo Jaguar de Janne nu
277. era nenhuma pistola Ele parara para acender um cigarro aguardar o seu destino sentiu que ela o perseguia e compreendeu que n o conseguiria fugir que o jogo havia chegado ao fim Ela o jogou no ch o com um soco E acabou queimando a face com a brasa da ponta do cigarro Pressionou o rosto dele para baixo com for a contra a terra lamacenta do prado mas com o cuidado de saber que ele poderia respirar Voc Jonathan Ludvigsson Foi voc que matou as duas meninas Foi voc que fez isso Nesse caso n o precisa se preocupar mais Eu vou cuidar para que voc d o seu ltimo suspiro aqui mesmo por falta de oxig nio com a cara enterrada neste maldito prado Ela respirou fundo Continuou a pressionar a cara dele na terra ainda molhada enquanto puxava os dreadlocks Ainda respira n o Pois As meninas n o respiram mais disso voc sabe n o Malin sentiu uma pancada no lado do corpo Deixou de pressionar a cabe a dele e caiu mas ficou com um peda o de tran a na m o O homem tentou respirar e sair do sufoco mas n o soltou nenhum som Porra Malin Est tentando mat lo Sven n o est transtornado apenas realista Malin est de joelhos ao lado do homem Limpa a roupa olha para o rosto preocupado de Karim Akbar e para a movimenta o de Sven que coloca as algemas no homem e o ajuda a se levantar Eu o segurei apenas at voc s chegarem Uma ova N o queria mais nada n o O
278. erdadeira m e Malin Mate os eles s o maus mate os por aquilo que eles fizeram a n s e aos nossos pais adotivos claro Talvez tenha pena deles mas todo mundo tem total responsabilidade diante das crian as todo mundo Sem exce o Seja r pida Malin Pois embora tenhamos inveja desse menino e dessa menina n s queremos que os dois sobrevivam O rel gio n o para Est chegando a hora Apresse se Malin apresse se Eles est o chegando sussurra Leopold Kurtzon para o irm o Est o chegando a pol cia Vamos fazer o qu pergunta Henry Kurtzon Concorda que deve ser a pol cia O tratador dos animais nunca entraria na propriedade sem antes tocar a campainha E o port o tamb m est trancado S pode ser a pol cia Ou algu m que queira peg los Leopold sussurra mais uma vez Agora vamos at o fim como planejado Vamos disparar seja contra quem for sair daqui e ir direto para o iate E Henry segue compenetrado os passos do irm o ainda dentro da sala Pegam novamente as pistolas destravam as submetralhadoras fazem do sof a sua barricada e esperam Ent o a sombra transforma se num contorno bem escuro atr s da cortina branca Uma sombra mais escura do que o escuro da noite uma pessoa Depois mais outra Os irm os apontam as pistolas para elas Mas n o disparam Sentem os dedos nos gatilhos mas n o conseguem disparar E a surge a primeira silhueta de novo Ou
279. es a respeito dos irm os Kurtzon Ent o tivemos um jantar de confraterniza o dos ex alunos da Lundsberg no in cio da d cada de 1990 Os irm os apareceram juntos bronzeados no meio do inverno Tinham estado em algum lugar da sia se bem me lembro E era Leopold que vinha na frente com Henry atr s Era como se tivessem parado no tempo Todos sabiam que n o tinham chegado a lugar nenhum na firma do pai que este tal como Kamprad os humilhava No jantar os irm os falaram muito do sucesso das suas empresas mas assim que o pessoal come ou a fazer perguntas logo percebemos que era tudo conversa fiada Isso condiz com o que Johan nos informou diz Zeke Perd o Nada Por favor continue diz Malin E mais tarde naquela noite quando algu m se cansou de ouvir a conversa deles e os chamou de mentirosos Leopold ficou extremamente irritado e at podia ter havido uma briga se Henry n o tivesse avan ado e levado o irm o embora Lembro me que Leopold gritava qualquer coisa do estilo Esperem apenas at n s herdarmos tudo A eu vou comprar todos os seus malditos cus e enfiar neles uma banana de dinamite E depois voc s v o poder correr at explodir em peda os E eu chamarei os lagartos gigantes para comerem os restos Uma heran a aguardada pensa Malin Pessoas desesperadas Solit rias Desprezadas Quando que se encontrou com Josefina pela ltima vez Mais ou menos h dois
280. es civis que est o a ir e vir na sala uma parte j com as suas canecas de caf nas m os Eu nunca ouvi falar dessa Frente Libert ria Econ mica diz ela Mas ao que parece existe responde Daniel Eles mandaram que eu seguisse para um link e a imagem da p gina que encontrei com os diabos n o nada bonita de se ver Malin agora est diante do computador Qual o endere o Daniel O endere o o nome indicado ponto S E Fique a um momento vou clicar e entrar E o e mail mensagem veio de um remetente an nimo Os dedos correm pelo teclado Deu errado Diabos Depois ela consegue escrever o endere o certo do site Texto grande em azul sobre um fundo verde claro Uma marca no quadro que inclui logotipos brilhantes SEB Nordea Bank Handelsbanken e Swedbank Malin l Os bancos do pa s na ultrajante gan ncia dos seus donos diretores e funcion rios tomaram medidas que amea am todo o clima da sociedade O seu comportamento cria verdadeiras gaiolas de animais predadores para as nossas crian as viverem Por isso a Frente Libert ria Econ mica declara guerra aos bancos da Su cia Eles e a sua gan ncia t m que ser arrasados Imagens da Grande Pra a depois da explos o Malin rola a p gina para baixo Imagens de bancos em outras cidades Na legenda o mesmo texto em todas Pr ximo alvo Pr ximo alvo Depois no final mais abaixo novo texto As v
281. es os seus test culos N T Est agora no c u mam e No momento em que se aproxima do caix o onde a sua m e jaz Malin Fors sente o ch o vibrar sob seus p s Escuta tamb m um estrondo surdo mas nem as vibra es nem o estrondo fazem com que os vitrais da Capela da Ressurrei o estreme am Est o explodindo as rochas na constru o da estrada perto de Lambohov pensa Malin olhando para as pontas da bainha do seu longo vestido preto comprado na loja H amp M Est o construindo muito em Link ping gra as s medidas tomadas para atenuar a crise E com isso as explos es s o frequentes e necess rias Ou aconteceu alguma outra coisa voc minha m e que quer me dizer alguma coisa e que com todo o seu negativismo quer que o mundo comece a se quebrar J tinha passado bastante tempo desde que a ltima neve derretera deixando aparecer uma superf cie lamacenta em que a grama esperava impacientemente a hora de voltar a brotar Malin havia estado janela da sala de estar do seu apartamento olhando para os ramos aparentemente mortos das rvores em frente afagados de forma hesitante pelos ventos da primavera Ela chegou quase a achar que ouvia o despontar da vida voltando aos ramos das rvores na sua vontade extrema de cobrir de verde as silhuetas escuras numa nova transforma o de vida Quem sabe talvez fosse essa mesma vida a cantar nesses troncos Malin tamb m sentia que alguma coisa estava para acontec
282. esperados atr s de si Duas meninas gritam pela sua m e Uma m e grita pelas suas meninas Faltam quinze minutos para as seis quando Malin consegue finalmente deitar se na cama ao lado de Tove A filha n o acorda aconchega se instintivamente ao corpo da m e e ainda dormindo abre os bra os e abra a a Malin come a a suar acha que n o vai conseguir adormecer n o desse jeito mas mesmo assim que eu quero ficar para espremer todo o amor que existe neste mundo para pressionar o meu corpo contra o de Tove at que nada mais possa existir entre n s Em breve ela vai embora e isso me d medo faz com que eu sinta receio da solid o Eu gostaria tanto de mant la aqui comigo Todos me traem Tove quer ir para Lundsberg O pai Janne Daniel Todos desistem de mim Malin quer chorar quer afundar em autocomisera o mas sabe que isso n o vai resultar em nada que apenas vai conduzi la para o inferno Em vez disso prefere desfrutar do calor da filha O c rebro passa a funcionar a uma velocidade bem mais moderada mas com menos l gica E assim acaba por se imaginar numa lagoa florida onde se respira melhor e ela menina que avan a pela lagoa sem olhar para os seus p s descal os os p s de uma jovem que tem o horizonte como objetivo Ouve se um cachorro que ladra E a menina para e olha para o ch o Grita salta e tenta fugir dali mas acaba presa presa na lama em que cada filhote de lagarto tentava morde
283. esquecido com as estantes de prateleiras de a o pintadas de azul claro alt ssimas at o teto cheias de pastas alinhadas lado a lado e de caixas de papel o identificadas com caneta Havia ainda montes de pastas aparentemente bem separadas segundo um sistema de el sticos e de etiquetas destac veis As informa es aqui na sua maior parte s o de natureza p blica resmunga Ronny Karlsson que pula por cima de uma caixa maior colocada na meio de um corredor Ningu m se interessa por elas O que interessa a voc s deve estar aqui Mas n s estamos interessados sim acentua Malin E Ronny Karlsson para diante de uma prateleira com pastas pretas Deve ser aqui Diante dos dois policiais ele fica na ponta dos p s franze a testa e l a indica o escrita nas pastas antes de retirar uma delas Ronny Karlsson folheia o conte do L e depois estende a pasta para Malin Aqui est diz ele Aqui est tudo o que eu tenho a respeito das meninas Vigero 38 Este mundo est cheio de crian as indesejadas pensa Malin Uma ado o planejada que n o se concretizou Quem vai querer um deficiente quando se pode escolher D se prefer ncia a uma crian a morena ou loura ou ruiva a alguma com o c rebro malformado ou uma alma distorcida Malin olha o parque v as amoreiras as macieiras e as magn lias disputando a primazia de serem as mais bonitas a miss rvore 2010 Faltam quinze
284. est com medo Malin 32 Um sussurro no carro Ela acha que algu m disse para n o ir N o v agora A viagem pode esperar Primeiro preciso encontrar o assassino das meninas Ela mudou de curso j percorrida uma centena de quil metros Est estacionando diante do edif cio da pol cia de Link ping A tarde j est bem avan ada e come aram a chegar nuvens do norte e com elas um novo tipo de frio na atmosfera O calor da primavera sempre inst vel Trai oeiro Como esse acontecimento na hist ria da cidade Ela respira fundo Endurece a postura Apaga todos os pensamentos relativos ao que aconteceu durante o dia Vai dedicar todas as suas for as investiga o ao trabalho que esperam que ela realize Est disposta a utilizar o trabalho como uma esp cie de grande copo de tequila Vai ficar b bada de tanto trabalhar E nada vai se intrometer nesse trabalho Nada de pensar no pai ou na m e ou ainda no irm o mais novo O caso fingir que a mulher no escrit rio do advogado nunca existiu E o que ela contou n o conta O tempo vai passar E como voc dizia m e a nega o dos fatos acaba por prevalecer A imprensa est na entrada formando uma pequena multid o Instintivamente ela pensa em entrar pelo tribunal e chegar ao escrit rio pelos t neis subterr neos Acha que deviam erguer uma tenda para o pessoal dos jornais da r dio e da televis o Deixar que algu m vendesse caf para todos Afinal
285. estacam se Como os das filhas mas sem aquela total inoc ncia das meninas 43 B rje Sv rd e Waldemar Ekenberg est o sentados na cozinha da casa do primeiro e ambos sentem como as cadeiras pretas Myran irritam a bunda Saboreiam um copo de u sque puro Seus est magos se dilatam com a entrada de um estrogonofe de salsichas com arroz que B rje preparou Depois de terem trabalhado o dia inteiro investigando novas den ncias sem qualquer resultado eles acharam que estava na hora de parar Ficaram o tempo todo no grande sal o da pol cia cansados e suados olhando um para o outro Pensavam nos caminhos que a investiga o iria tomar se Malin n o encontrasse nada de novo em Estocolmo B rje achou que n o estava com disposi o para comer sozinho queria ainda tomar uma dose de bebida mas n o solit rio Quem que estava ali sua disposi o Waldemar E foi B rje que lan ou a pergunta no sal o O que voc diz de bebermos uma boa dose e jantarmos l em casa S para relaxar um pouco Waldemar abriu um largo sorriso Claro A minha velha ir me buscar quando terminarmos Cozinharam juntos Falaram sobre tudo menos de trabalho Beberam u sque para acompanhar o estrogonofe e tamb m cerveja Permitindo se ficar b bados Falaram sobre cachorros carros armas e casas de campo as stugas para usar durante o ver o Falaram ainda de crian as e da falta delas Sobre tristeza e sobre o direito que cada um
286. estiga o Pelo menos por enquanto diz Sven Concordo com voc E roubos de explosivos em dep sitos militares Ou dep sitos de venda por atacado Ou ainda de empreiteiras Alguma not cia pergunta Malin At agora n o recebemos nenhuma not cia sobre isso Nem foi feita nenhuma compra excepcional de explosivos em qualquer dos fornecedores da constru o civil nem do tal TATP Por tr s do balc o da recep o Ebba cumprimenta Malin com um aceno Malin acena de volta E a n s voltamos para onde come amos n o diz Malin depois N o sabemos quem o homem com a bicicleta que aparece na imagem do lado de fora do banco Para falar a verdade n o fazemos a menor ideia de quem seja Fora do departamento de pol cia reina o caos O sol desceu um pouco e com isso as imagens dos jornalistas e dos jovens ativistas rec m libertados pareciam se desfazer na contraluz Malin os v da janela Acha que qualquer um deles poderia ser o homem no v deo mas reconhece que n o devem ser eles embora todos sejam atores no triste drama que se abateu por aqui um drama que precisa ser desvendado a fim de que uma verdadeira calma ou pelo menos uma consistente ilus o de seguran a volte cidade aquela cujos habitantes escolheram para seu lar Mesmo assim depois disso a minha calma ainda ficar por vir N o existe nem uma possibilidade m nima pensa Malin de eu ficar calma A nica coisa que c
287. estima o Ele permite que o animal ande de coleira pelo jardim e o solta no nosso encal o Fugimos para o por o da casa para o arm rio onde ele nos fecha E ele deixa que o animal arranhe a porta esfomeado como se n s f ssemos alimento para r pteis Abra o Henry e acalmo seus medos e sua inseguran a Prometo que jamais vou abandon lo Prometo ajud lo a ser como o pai s vezes descemos sem ru do para o por o quando a Josefina est l sozinha Aproximamo nos do arm rio e a ouvimos chorar Ela chora exatamente como n s costumamos chorar l dentro fechados quando o lagart o chega Poder amos abrir a porta mas n o nos atrevemos Sussurramos palavras maliciosas para ela atrav s da porta Ela responde do mesmo jeito E ent o n s ficamos loucos Corremos atr s dela assim que ela sai do arm rio e batemos nela e damos pontap s O pai sorri satisfeito E a m e gargalha Aprendemos a acreditar na m e acreditamos que ela tem raz o A dor tem sempre raz o E ela nasce da l gica Ou da racionalidade como a m e diz palavra que ela usa para justificar tudo embora n o haja nenhum motivo l gico para as suas extravag ncias e vaidades materiais N s nos fundimos num s Tentamos ser o que ele deseja O que ela deseja Aqueles que amamos N o queremos outra coisa A matem tica O pensamento racional Tudo o que n s temos diz a m e adv m da matem tica do que n o depende de sentimentos O que o p
288. eu corpo reclama por uma bebida forte A sua m e O seu pai e Tove Com os seus segredos N s gostamos de segredos mas n o aquele segredo Esse terr vel Cuidado com os dentes de lagartos gigantes Malin Esta noite os animais esfomeados v o acordar da hiberna o Quem que est a caminho do hospital Da nossa m e que luta na cama sem saber contra o qu sozinha no seu quarto Algo negro se movimenta na dire o dela Acorde mam e acorde N o n o acorde Venha para junto de n s N o acorde n o acorde nunca mais Malin dorme com os bra os esticados por cima da cabe a mas n o o sono de uma crian a inocente Ela sonha um sonho de rostos Sua m e est em um canto escuro e grita aborrecida mas nenhuma palavra compreens vel sai da sua boca apenas uma massa sonora informe que corta o corpo de Malin As meninas Viger est o em um outro canto da sala com outras duas crian as Elas brincam com carros Lego para a frente e para tr s num padr o que parece remeter a um passado da hist ria em que pela primeira vez um ser humano quis alguma coisa O pai est de p com a m o estendida quer lhe dar um boneco a figura de um menino que por sua vez tamb m parece estender as suas m os de pl stico para ela num gesto que significa Ajude me Malin ajude me E Tove olha para ela de um lugar no meio da sala com os olhos cheios de uma intermin vel paisagem estranha onde uma nuvem rosa se decom
289. eva a morder o pr prio rabo Meia hora mais tarde todos os membros do grupo de investiga o est o reunidos na sala de Sven Sj man Waldemar Ekenberg B rje Sv rd Johan Jakobsson Zeke Malin e Karim Akbar Ningu m tira os olhos do computador Tentando perceber algo que imaginam poder estar no monitor isso a diz Waldemar Basta apanhar esses idiotas da Frente Libert ria Econ mica e resolvemos o caso N o acham a p gina fraca demais Johan que fala Eu nunca encontrei nenhuma Frente Libert ria ao fazer a pesquisa dos extremistas da cidade Nem em lugar nenhum Os ativistas daqui na maioria dos casos est o mais interessados na defesa dos direitos dos animais Podem surgir sempre novos grupos salienta B rje Quem sabe o que uma crise econ mica e injusti as doentias podem levar as pessoas a fazer At onde podem ficar desesperadas Vamos deixar que o departamento t cnico tente encontrar a pista da mensagem e verificar quem o provedor deste site diz Sven Nada apareceu no restante da imprensa e o Corren apresentou a not cia em sua p gina da internet cinco minutos atr s Portanto bem poss vel que a mensagem tenha sido mandada apenas para Daniel H gfeldt Tudo aponta para uma conex o local comenta B rje Pode at ser isso diz Malin Mas eles podem ter usado o Corren justamente para nos levar a acreditar que se trata de uma conex o local
290. evemos demonstrar compaix o por um mero gerente de banco N o se trata de explodir uma nova bomba Embora eles mere am mesmo um tratamento duro esses bastardos E n s O que vamos fazer pergunta Zeke Vamos ver se o departamento t cnico j chegou a alguma conclus o E voc vai poder voltar a ver a sua Karin Malin cuidado com o que diz pede Zeke Watch out Malin v os olhos verdes de Zeke brilhando luz da imagem congelada no monitor da televis o Voc s devem continuar a se encontrar na cama pensa Malin Meu Deus bem que eu gostaria de ter algu m para amar 15 Como ser a imagem de Zeke quando faz amor com Karin Johannison Eles t m um relacionamento secreto h quase dois anos Mas escondem isso muito bem pensa Malin Karin Johannison est sentada atr s da sua escrivaninha no departamento t cnico da pol cia Mexe lentamente uma x cara de ch bem quente Os seus cabelos louros e lisos caem at o queixo triangular Est vestida com uma blusa branca muito fina que destaca os seios As paredes da sala sem janelas que lhe serve de escrit rio est o cobertas de prateleiras cheias de pap is pastas e livros numa mistura descontra da O ch o desaparece por baixo de um tapete oriental nas cores rosa e vermelha e a sua cadeira de encosto elevado forrada de couro tem um design extremamente distinto O tapete e a cadeira evidentemente foram comprados por ela Malin conhece o estilo
291. ez alguma amizade especial com algu m daqui pergunta B rje em seguida Ela era amiga de todos afirma Petronella Nilsson acrescenta De todos e de ningu m N o convivia com nenhum de n s fora do servi o As tr s pareciam ter uma vida familiar muito forte Antes de deixar o asilo Waldemar e B rje ainda falaram com dois outros funcion rios que disseram o mesmo que Petronella Nilsson Ambos sa ram ent o e se lan aram a caminho por alguns poucos quil metros at chegar pr escola Nordanvinden Crian as brincando e gritando Mais pinc is Mais tintas Brinquedos e um som alt ssimo daqueles de provocar dor de cabe a em qualquer um Uma senhora j de certa idade Karin Kvarnsten administradora da escola est na entrada e recebe em p os dois policiais Waldemar Ekenberg e B rje Sv rd uma senhora de cabelos grisalhos olhos verdes e rosto redondo Quer dizer ent o que voc s chegam agora Ontem vieram os homens da S po Voc s n o trabalham em conjunto n o B rje e Waldemar entreolham se e parecem pensar o mesmo Estamos trabalhando na mesma linha de investiga o Mas talvez n o seja isso n o precisa ser assim Talvez os homens da S po tenham a mesma ambi o de tirar todas as pedras do caminho Eles gostam de conduzir segundo os seus pr prios instintos dizem ao mesmo tempo B rje e Waldemar profundamente irritados Eles seguem a senhora at a cozinha da esc
292. ez anos mais novo do que ele deve ter em torno de 45 anos Karlsson s consegue v lo de perfil mas nota que ele tem uma cicatriz por cima de um dos olhos Apesar da marca ele n o parece ser um valent o ou dur o mas mesmo assim a adrenalina agitou o corpo de Karlsson Isso acontece sempre que um conhecido contraventor se aproxima da cabine de controle apesar de ele j ter participado de mais de vinte capturas Vamos peg lo quando ele passar pelo detector de metais sussurra o policial O meu colega j mandou vir os refor os Harry Karlsson olha para o outro policial Voc s n o precisam fazer nada E voc deve apenas manter os seus guardas tranquilos ok Harry Karlsson concorda com um aceno Sabe que a essa hora os policiais j est o cobrindo todas as sa das do aeroporto todos os poss veis pontos de fuga e prontos para puxar as suas armas e disparar O suspeito est agora passando pelo detector de metais Tirou o casaco colocou uma mala na esteira e passou sem problemas Tranquilo e elegante Muito muito tranquilo E ent o os pol cias partem em dire o ao homem Empunham as armas Harry Karlsson v todos esses movimentos pelo canto do olho E de repente v o homem reagir e com uma das pernas dar um golpe de carat Ambos os policiais caem para tr s As pessoas na fila gritam Os agentes de Harry Karlsson atiram se no ch o para se defender ou por estarem em p nico At o momento
293. ezes E Zeke portanto o amor errado Ele jamais vai se separar da esposa E o marido dela Kalle vai querer manter a sua liberdade Zeke nunca chegou a dizer que empurrou Leopold Kurtzon do terra o da casa na ilha do arquip lago Norrhammar de Estocolmo Mas Malin sabe que ele o fez e admira o em sil ncio por isso Assassinos de crian as n o t m lugar entre n s Tampouco os ped filos Jonathan Ludvigsson foi punido com tr s meses de pris o por porte ilegal de armas A fict cia Frente Libert ria Econ mica n o chegou a ir a julgamento O assunto era muito complicado e foi arquivado como obra de arte pela promotora a carreirista mulher com quem Karim Akbar cada vez mais superior e convencido vai noivar Iniciou se uma investiga o contra Dick Stensson mas tamb m foi arquivada Ele dorme bem diz Tove E Malin responde Dorme que nem uma crian a Ela est descansada com a sensa o que o momento lhe d N o quer que a sua falecida m e entre mais na sua vida n o quer nunca mais pensar nela Acabou Nunca mais O pai voltou para Tenerife Por fim desistiu Malin deixou de atender s suas chamadas e ele nunca mais telefonou de novo E um dia foi embora Deixou uma carta na caixa de correio dizendo que pensava em morar mais algum tempo na ilha que o apartamento nas Can rias n o chegou a ser vendido e que o de Estocolmo ficaria sob a administra o de um conhecido seu Al m disso pensava
294. fazer qualquer coisa De que est o dispostos a passar todos os limites Para defender o dinheiro e terem certeza de que a heran a ficar com eles est o dispostos a tudo Sem a fortuna toda a vida deles acabar Voc s conhecem Karl Vennberg L ngst inne i dunklet m ste du v rja ditt liv completa Malin Perder o controle desses bilh es pelos quais passaram a vida inteira sonhando como perder tudo Esses bilh es s o para eles as trevas em que ter o de defender as suas vidas Eu pensei nisso Voc s se lembram de Juha Valjakkala que matou uma fam lia inteira em msele Uma mulher fugiu para a floresta mas ele acabou por mat la com um tiro a dist ncia Depois ele se arrastou com a namorada at o cad ver e insistiu para ela olhar enquanto ele esquartejava a mulher morta Foi a que ele definiu o seu autorretrato Acontece a mesma coisa com os dois irm os em rela o fortuna do pai Eles precisam possu la Caso contr rio se perder o Perder o o autorrespeito Como que voc os descreveria pergunta Malin Leopold o mais convencido o l der Henry o mais fraco mais inseguro Ou talvez mais certo seja dizer que ele mais reservado Henry pode ser considerado como subserviente a Leopold N o n o acredito nisso Eles s o apenas os dois lados da mesma moeda Eles se controlam mutuamente O olhar de J rgen St lsten expele fa scas de raiva
295. finalizar a aut psia de Hanna Viger E Os n veis de oxig nio no sangue dela n o est o normais Malin Ela tem pequenos sangramentos no nariz Muitos E as capilaridades nos pulm es est o inchadas de uma maneira nada natural O que quer dizer Malin olha para Karin Sente que vai saber de uma coisa que na realidade j sabia E nesse momento v uma pequena aranha negra atravessando o vidro do para brisa Parece at que a aranha est subindo para o c u como se a aranha conseguisse se agarrar num lugar inalcan vel por qualquer outro ser vivo Ela volta a olhar para Karin Nota que h solid o nos seus olhos como se a indecis o morasse por l Ou a saudade A fam lia pensa Malin Algu m quer atacar a fam lia Tenho de seguir essa pista Hanna Viger foi assassinada diz Karin Sufocada O mais prov vel que algu m tenha pressionado uma almofada contra o rosto dela PARTE 3 Na c mara escura O som dos dentes dos lagartos gigantes horr vel Diga a eles que n o podem vir at aqui e nos comer Diga isso agora Tire os daqui tire os daqui E tire tamb m os dedos daqueles homens aqueles que arranham a porta Papai para onde foi A mam e n o poder voltar do c u e nos salvar Venha venha A minha voz as nossas vozes s o tamb m as vozes das outras meninas O meu irm ozinho est com tanto medo papai Com mais medo do que nunca Queremos que venha aqui
296. g lo pensa Malin Est na hora Por que quis vir para c Quer que falemos sobre a m e A respeito dela n o existe nada de especial a falar n o Voc sabe muito bem que tipo de rela o a mam e e eu t nhamos O pai levanta se Fica de p junto da mesa da sala de estar com as m os nos bolsos das cal as escuras O rosto parece estranhamente redondo luz alaranjada da lumin ria de ch o Malin por favor Ela acaba de deixar este mundo Nem um segundo cedo demais se quiser saber o que eu penso Ela sente que a raiva repentina faz com que as palavras extremas lhe saiam pela boca t o imposs veis de evitar quanto antes lhe era imposs vel conter a bebida e evitar ficar embriagada fora de si maravilhosamente inconsciente Por que eu disse uma coisa dessas pensa Malin Minha m e era uma pessoa muito fria mas ela nunca me fez mal fisicamente falando Ou fez e eu n o me lembro Ser que eu reprimi essas lembran as Eu vou embora diz o pai Se n o nos virmos antes nos veremos diante do advogado na hora da leitura do invent rio Mas ele ainda permanece na sala Malin diz ele n o foi culpa minha ela ser como era Tentei de fato falar com ela tentei que se importasse mais com voc e com Tove Agora tarde demais N o a julgue de maneira t o dura Malin Pois nessa altura est nos julgando a todos O que quer dizer com isso Quero dizer que se v
297. gada responde Malin dando as costas para a filha coisa que fez com a sensa o de j ter feito isso mil vezes vezes demais O av se aproximou Pai o telefonema foi do trabalho aconteceu uma coisa horrorosa tenho que ir embora Ent o v responde ele sem hesitar O caf afinal n o vai ser um acontecimento divertido tenho certeza disso Ele n o pergunta o que aconteceu nem parece interessado No minuto seguinte Malin j est sentada no seu novo carro de servi o um Golf branco com Janne a seu lado O pai e Tove seguem para a recep o de Jaguar Os raios do sol da primavera fizeram com que aumentasse o calor dentro do carro Era como se estivessem num bunker no deserto Pelo retrovisor Malin v o pai e Tove ainda no estacionamento Est o abra ados mas Malin n o consegue perceber se choram ou n o Acha que n o Fica convencida apenas que os dois se amparam mutuamente para completar o que deve ser feito no resto do dia e se inspirar no cumprimento adequado dos respectivos futuros Janne respira fundo limpa a garganta antes de dizer J vi o que as explos es podem fazer com corpos Malin Prepare se para o pior Duas pombas brancas bicam alguma coisa que Malin acha ser um peda o de carne Deve ser carne humana n o Carne de um corpo despeda ado como se dentes afiados o tivessem feito em peda os As pedras do ch o na Grande Pra a est o cheias de poeira e de lixo formado pr
298. gan ncia e generosidade tudo se derrete em uma s subst ncia com as suas caracter sticas especiais a que falta nome mas que escorre por dentro dos dois r pida e claramente Os dois separam se descem para o andar t rreo aquele que est abaixo do solo pela metade encaixado na rocha em cima da qual a casa foi constru da Eles abrem uma porta atr s da outra no caminho que os leva cela na qual est o as duas crian as Eles escutam o tique taque Devem cuidar disso No in cio as crian as gritavam apesar do giz de cera que receberam Mas tivemos que silenci las pensa Leopold Pelo menos quase N s sab amos como faz lo Tiveram de sentir a nossa raiva Agora o sil ncio completo l dentro Elas n o gemem N o t m mais gritos no peito Apenas medo mudo Os irm os destravam as armas E abrem a ltima porta Aquela que d para a cela das trevas A que d para as crian as 57 DOMINGO 16 SEGUNDA FEIRA 17 DE MAIO Ouve se um barulho fraco quase um ru do surdo vindo do motor do carro Eles j passaram por Norrt lje dirigindo pelo meio das florestas densas que ladeiam a estrada do litoral As rvores parecem fantasmas na noite a sorrir para Malin apesar de ela n o conseguir ver o rosto dos seus troncos Zeke est ao volante Determinado Conny Nygren foi para casa Malin insistiu para que ele n o os acompanhasse De in cio ele protestou mas depois se convenceu Era muito pouco p
299. ger melhor procurar uma reaproxima o com todo o cuidado Voc parece mais calma agora m e diz Tove quando Malin volta do banheiro Esta pensa Ser que assim t o vis vel O que devo dizer Ela sente as suas faces ainda quentes e espera que Tove n o note Estou cansada Tove Deve ser o cansa o justamente que transparece N o algo diferente diz Tove Malin pensa Ela l os meus pensamentos como um livro aberto Mas claro n o vai nem suspeitar o que fui fazer no banheiro porque n o natural as crian as verem nos pais os aspectos sexuais da vida O que que eu sei da vida sexual de Tove Nada Ela nunca fala do que faz com os seus namorados com quem se encontra Mas quase certeza ela n o mais virgem Ou A novela finalmente termina Segue se o programa Rapport Tove levanta se e diz N o aguento mais ver essas not cias Vou para o quarto fazer uma ltima revis o da matem tica Malin acena Entendeu E concentra se na televis o V uma das duas apresentadoras habituais na tela Uma jovem que diz H apenas meia hora o Rapport recebeu um v deo da pol cia secreta O v deo mostra um homem que se sup e ter liga es com o atentado a bomba em Link ping em que duas meninas perderam a vida Vamos agora apresentar o v deo em que o homem envia um e mail do Caf Sidewalk num dos terminais da Esta o Central de Estocolmo s cinco e meia da
300. ger A cama est toda rebaixada Os cobertores amarelos do hospital aquecem as pernas laceradas que ela seguramente nunca mais vai poder usar Voc s est o aqui meninas Est o com certeza Malin as conhece nem precisa v las N o est com medo At deseja que a ajudem Zeke d a volta at o outro lado da cama posiciona se para criar uma sombra no rosto inchado e ferido de Hanna Viger Ela tem uma express o simp tica cheia de calor humano Boa pessoa Uma pessoa de bem como se costuma dizer cuja vida explodiu em peda os e que agora est deitada sozinha num quarto de hospital com a cabe a enrolada em gaze e um corpo que talvez queira deixar de funcionar Malin afaga levemente a face dela diz seu nome e quem eles s o Conta o que aconteceu sem mencionar as meninas Hanna Viger abre ent o os olhos O olhar por m est direcionado para cima com uma express o de ansiedade N o tenha medo mam e Ela quer ser apenas carinhosa N o tenha medo pelo que aconteceu Em breve vai estar conosco Finja que s o as nossas m os que est o afagando o seu rosto Finja que a nossa pele quente que voc sente Tente contar tudo Voc sabe voc sabe O que voc s est o falando Algu m est a Quem O que voc acabou de contar Eu sei o que aconteceu com as minhas meninas e por que voc s est o aqui Eu tento contar uma coisa como se eu j soubesse o que devo falar mas n o consigo lig
301. grafia Estudou a com todo o cuidado claro parecia ser tirada no Caribe mas poderia ser em qualquer outro lugar com um pouco de retoque Podia ser no arquip lago sueco Com luz suave E o rep rter foi instado a n o escrever o nome do lugar na entrevista O nome do fot grafo Um sueco Stefan Bj rck Entra no hitta se um site de pesquisa na Su cia Minutos depois Johan j falava com o fot grafo no telefone Um tipo agrad vel acess vel que disse Eu me lembro disso Fotografei em alguma ilha ao norte de Norrt lje Eles retocaram as imagens Tive a impress o de que Leopold Kurtzon e o irm o eram os donos do lugar Trataram me como se eu n o existisse e havia uma coisa muito estranha Eles tinham lagartos gigantes e um mont o de outras coisas na ilha Johan fez uma pausa Olhou em volta no grande sal o cheio de mesas Pensou em Jokso Mirovi e tamb m nesses irm os Kurtzon que talvez estivessem com os filhos dele Pensou ainda no fato de Jokso Mirovi ter matado outras crian as num esfor o para salvar as suas Eu teria feito o mesmo pensa Johan se se tratasse dos meus filhos Leopold Kurtzon na fotografia O seu nome leva Johan a pensar As crian as t m que ser salvas E voc s eu quero que se lixem Em seguida telefonou para Malin Viu que j eram quase onze horas da noite o melhor que posso dar a voc s diz Johan Jakobsson A casa que n o existe a n o ser na fotografia e nas r
302. grupo Baader Meinhof surgiu na m dia na d cada de 1970 Ningu m sabia o que era Ou quase ningu m Ele est no escrit rio informa a jovem ruiva N s queremos falar com ele A jovem telefona uma liga o interna Conversa faz que sim Quando desliga Waldemar que pergunta Voc sabe se Dick Stensson esteve aqui ontem Ele cliente da ag ncia n o Ontem eu n o trabalhei estive de folga gra as a Deus diz a jovem Mas tamb m n o posso dizer nada a respeito dos clientes do banco melhor falar com o senhor Jeremy Voc sabe quem Dick Stensson A jovem balan a a cabe a Nenhum dos malditos funcion rios do banco citou o nome de Stensson durante o interrogat rio de ontem N o mencionaram nenhum cliente pelo nome talvez porque foi implantada na sua cabe a uma frase os clientes t m que ficar no anonimato No entanto o dinheiro deles deve ser sugado o mais poss vel Ou foi a explos o que os entonteceu Ali s parece que todo o mundo est zonzo ou que o mundo passou a rodar r pido demais Waldemar pousou ambas as m os em cima do balc o diante da jovem uma situa o excepcional diz B rje Os olhos de Waldemar cerram se parecem quase duas linhas Quase sem mexer os l bios ele diz Ontem duas meninas foram feitas em pedacinhos Tinham 6 anos E uma sacaninha de merda como voc diz que n o pode falar N s vamos receber as grava es das c
303. guns meses depois num acidente de carro Quando sua m e percebeu que estava gr vida j era tarde para realizar um aborto Ela negou a situa o por muito tempo At que viajou afastou se de voc e do seu pai a fim de esconder a gravidez dos seus conhecidos Ela deu luz Stefan em H lsingland e pensou em abandon lo para ado o Pelo que pude entender n o queria nenhum esc ndalo ou afetar o casamento com o nascimento de uma crian a bastarda No entanto verificou se que a crian a era deficiente e portanto a ado o se tornou imposs vel O servi o social entrou em a o arranjou lugar no asilo e Britta Ekholm como madrinha E assim se passaram os anos diz Britta Ekholm Antes de continuar respira fundo calmamente Olha para Malin como se quisesse acalm la Os pensamentos voam na cabe a de Malin Foi voc pai que se recusou a receber a crian a Ou foi ela Certamente foi a m e que a qualquer pre o quis salvar a sua maldita apar ncia bom que voc saiba que Stefan um rapaz especial Voc devia se encontrar com ele Tenho certeza de que ele gostaria de se encontrar com voc E n o h sombra de rancor na voz da mulher nem de censura Apenas a esperan a de que aconte a alguma coisa de novo Talvez o fim da solid o de Stefan Malin sente as l grimas saindo de seus olhos D dois passos na dire o do pai e come a a bater nele d v rios tapas no seu rosto Repete os tapas sem fala
304. h da noite Malin pode sentir que a calma volta ao seu corpo O pai est bem na sua frente O seu rosto t o conhecido n o o mesmo Os olhos escuros est o plenos de sentimentos que ela n o consegue desvendar Ele quer falar sinto isso pensa Malin E de fato ele diz Malin quer ouvir uma coisa horr vel Posso contar lhe uma coisa terr vel Malin sente que um punho negro gelado acaba de lhe atingir o est mago Sente como se a m o entrasse nos intestinos e rodasse Est com medo N o quer ouvir o que est por vir o segredo que ser desvendado Existe mesmo um segredo Mas ela acena que sim quer ouvir N o consegue dizer nada A garganta est seca O sil ncio quase total S se escuta o tique taque do rel gio Eu n o sinto falta da sua m e diz ele Sinto at al vio o que ali s faz com que me sinta envergonhado Malin sente certo al vio tamb m na boca do est mago Finalmente este o dia da confiss o Eu tamb m n o sinto falta dela diz Nem por isso sinto a consci ncia pesada N o mesmo Malin Mal posso acreditar nisso A minha consci ncia est muito pesada sim mas tamb m n o posso deixar de sentir este al vio Papai n o seja t o duro consigo diz ela Nada mudar nem ficar melhor Eu n o vou voltar para Tenerife Vou ficar aqui Achei que gostava muito de calor Gosto sim mas foi ela que quis se mudar para l
305. ha em cima dela mas ao parar diante da janela vermelha e amarela ela n o sente nada Quer apenas subir para o apartamento e logo a seguir j est sentada na sala de estar olhando para as paredes Tove est na casa do pai Janne Aquele canalha cretino Come a a sentir seu corpo tremer e logo ela pula do sof Tem que chutar para longe aquela instabilidade emocional N o aguentava mais ver aquelas paredes manchadas do apartamento n o aguentava mais ouvir o tique taque do rel gio comprado na Ikea Resolve tirar do guarda roupa o equipamento esportivo e os t nis Nike j bem gastos Minutos depois est correndo por entre os pedestres ao longo do St ng promenaden Pelo canto dos olhos ela consegue ver os alt ssimos pr dios de apartamentos rec m constru dos 75 dos quais segundo refer ncias s o habitados por m dicos Correndo ela passa pela nova academia de boliche N o quer nem olhar para o outro lado da lagoa onde est o quartel dos bombeiros em que Janne trabalha um edif cio vermelho despretensioso que faz lembrar a vida e a sua infinita sucess o de lutas Com que rapidez ainda posso correr E qual a dist ncia As mans es bonitas constru das na d cada de 1950 ladeiam a descida para a lagoa Ela se lembra de que j esteve em algumas delas fazendo visitas relacionadas a outras investiga es O cora o bate que nem um martelo dentro do seu corpo O campo de vis o como se fosse o bin cu
306. ha estado l vai novamente erguer o olhar para cima para o c u Nunca mais Existem apenas desejos gan ncia nada mais E para onde iremos depois pergunta Henry Vamos embora Deixamos o tempo correr mas antes apagaremos todos os sinais de que estivemos aqui E vamos para onde Pegamos o iate para a Est nia Basta atravessar o mar B ltico O iate pode ir muito mais longe s com um tanque de combust vel Depois arranjamos uma maneira de voar para a Am rica do Sul Ou para a sia O mundo grande E temos dinheiro suficiente para sobreviver por bastante tempo Ok Vamos fazer como voc diz Muito bem mas primeiro temos que matar as crian as sussurra Leopold Ser que n o basta morrerem na explos o N o devemos mat las voc tem que fazer isso preciso ter certeza de que as crian as est o mortas Elas t m que desaparecer e n s precisamos fazer com que isso aconte a Henry finalmente cede acena que sim Ele levanta e baixa a cabe a repetidas vezes Ambos sobem mais um andar e entram num quarto que n o est sendo usado por ningu m Abrem o guarda roupa e retiram as pistolas e uma submetralhadora Os dois seguram as armas na semiobscuridade do quarto Entreolham se Sabem que t m apenas um ao outro Est o sozinhos Abra am se e como se as duas correntes sangu neas se transformassem numa s Hesita o e determina o amor e dio dor e felicidade
307. hadas e n s n o sabemos se ela vai nos ver de novo se vai acariciar de novo as nossas costas com as suas m os quentinhas na hora de dormir Mam e O m dico est cortando o seu corpo N o queremos ver isso Tem um len ol verde por cima do lugar onde ele enfia o bisturi N s fechamos os olhos e tudo fica bem Olhe por n s mam e O nosso pai Ele devia estar aqui n o mam e Mas ele n o est pelo menos n o conosco Mam e E voc N o pode vir Ficar aqui conosco As gotas que escorrem da l mpada da sala de opera es e caem no seu rosto s o as nossas l grimas Eu quero estar com voc s crian as Voc s eu as vejo e ou o mas por enquanto n o posso me aproximar Primeiro o pessoal aqui no hospital ainda vai tentar me curar consertar os meus peda os Mas eu n o quero ficar boa nem quero reviver o amor e a alegria que talvez ainda existam na beleza destes dias de maio Quero estar com voc s com o pai Quero que sejamos novamente uma fam lia vivendo junto Por m para isso n o posso continuar aqui N o chorem N o tenham medo Sinto as suas l grimas Estou dormindo e d i quando o m dico corta o meu corpo Mas ele faz isso porque um homem bom Talvez eu chegue em breve Contudo n o posso prometer nada Nem sempre podemos decidir tudo sobre todas as coisas Isso voc s j sabem n o verdade A vida n o uma l mpada que possamos desligar quando queremos A luz dos flashe
308. ham estado em contato com Ludvigsson diz Zeke Podemos tentar pression los Se que vamos encontrar algu m O que que voc s acham pergunta Sven Ser que a Frente Libert ria Econ mica apenas um produto da imagina o de Ludvigsson Apenas para chamar a aten o Isso n o seria surpresa para mim diz Malin A Karin j finalizou a compara o entre os explosivos J confirma Sven Os que n s encontramos no trailer n o s o da mesma esp cie dos usados na bomba da pra a E recebemos uma informa o do Swedbank confirmando que foi feita uma grande retirada da conta do Poder Vegan a organiza o de Ludvigsson na data indicada por ele O gerente da ag ncia banc ria foi muito compreensivo Essa boa exclama Malin O que conduz quest o seguinte diz Zeke Jonathan Ludvigsson disse que comprou as armas dos Dickheads de Stensson que ter de ser ouvido novamente O mais r pido poss vel Vamos ter de avan ar com calma interrompe Sven Avan aremos com todo o cuidado exclama Malin Se Dick Stensson j sabe que Jonathan Ludvigsson foi preso ent o tamb m sabe que n s estamos a caminho para ouvi lo de novo E tudo pode acontecer Em princ pio n s n o estamos atr s dele mas sim atr s daqueles que de fato cometeram o atentado A possibilidade de ele estar por tr s do crime m nima Ele jamais iria explodir uma bomba que ev
309. ho na escolha deles n o acha Se que eles t m liga o local N o acha que eles deviam preferir uma m dia mais ampla do pa s n o local Talvez tenham feito isso n o E vai demorar apenas dois segundos para que a not cia se espalhe Talvez eles queiram manter a liga o local Sei l Eles sabem com certeza que de um jeito ou outro a not cia vai se espalhar rapidamente Ok Muito obrigada de novo N s voltaremos a entrar em contato Inclusive a per cia para encontrar a pista do remetente Pode encaminhar a mensagem para mim por favor Claro timo O celular fica em sil ncio E como voc est pergunta Daniel depois de uns dez segundos que pareceram uma hora Ouvi falar que a sua m e faleceu Sorry estou sem tempo para falar agora sobre esse assunto Tenho de resolver este problema E ela desliga As v timas civis n o poder o ser evitadas As imagens do site parecem ter sido tiradas de diversos jornais N tidas e informativas de uma maneira que s as imagens de fot grafos profissionais conseguem ser Os baldes de pl stico amarelo aparecem nas imagens de ontem na pra a Nem querem pensar no que existia por baixo dos baldes guerra aos bancos da Su cia Eles e a sua gan ncia t m que ser arrasados Ser verdade pensa Malin Ser o dem nio do dinheiro que est por tr s disto aqui a bizarra gan ncia dos bancos e dos financistas que os l
310. hos novamente Talvez Ludvigsson tenha inventado tamb m essa liga o com Stensson Ludvigsson tem tend ncia para a mitomania At onde sabemos ele pode ter comprado as armas e os explosivos em qualquer outro lugar completamente diferente Pode ser diz Zeke Por esse caminho tamb m n o vamos chegar a lugar nenhum Eu vou descansar um pouco diz Malin ao se levantar da cadeira Sem desviar os olhos do seu teclado Zeke responde Eu resolvo aqui a papelada Se acontecer alguma coisa eu acordo voc A pequena sala sem janelas est iluminada apenas por um pequeno abajur Sven acaba de sair do c modo depois de tamb m descansar um pouco Malin sente um cheiro fraco deixado pela sua presen a o que lhe d um pouco de tranquilidade Coloca do lado de fora da porta da sala o sinal de ocupado Deita se no sof bastante confort vel deixa o abajur aceso e que os pensamentos se soltem Janne J quase n o penso nele Para mim praticamente n o existe ou pelo menos n o existe da mesma maneira de antes mas ainda algu m em quem posso me apoiar Ao v lo na pra a depois da bomba fiquei impressionada Precisamos de gente como ele pessoas como rvores s lidas que crescem e se agigantam nos piores momentos que aparecem e avan am e por meio da calma e da autoconfian a mostram qual o caminho a seguir Ser que ele vai encontrar alguma outra mulher com quem viver Como vou reagir a i
311. i n o tivesse sido preso os irm os Kurtzon poderiam aguardar a morte do pai e depois mandar Mirovi tirar tamb m do caminho Josefina Marl w Como esta n o tem mais descendentes vivos todo o dinheiro da fam lia iria parar com toda a certeza nas m os dos irm os Kurtzon sem que eles fossem considerados suspeitos de coisa alguma A partir de agora temos de nos concentrar em prender os irm os e salvar as crian as de Mirovi Zeke concorda tranquilo com um aceno Conny Nygren balan a a cabe a Isso se os irm os j n o tiverem matado as crian as para que n o possam testemunhar contra eles N s devemos partir do princ pio de que as crian as ainda vivem diz Malin De que os irm os ainda as mant m presas em algum lugar Eles j devem saber que n s prendemos Jokso Mirovi e devem estar completamente desesperados Isso me preocupa ainda mais por causa das crian as Os irm os antes usavam nas para chantagear Mirovi Agora o nico motivo para mant las sequestradas e com vida para us las como ref ns para fugir ou negociar Por isso precisamos encontrar imediatamente os irm os e as crian as antes que seja tarde demais Malin n o quer dizer o que pensa que talvez j seja tarde demais O plano dos irm os Kurtzon foi para o espa o e eles sabem disso diz Conny Nygren Onde ser que eles est o Na Su cia ou na Tail ndia pergunta Zeke De qualquer maneira n o
312. i reportada por parte das ag ncias banc rias apontadas no site da internet Os bancos do pa s continuariam fechados at obter novas not cias Da parte da S po nada foi ouvido Nada tamb m sobre ativismo islamita Karim Akbar dedicou grande parte do seu dia mantendo a m dia a dist ncia Com certeza alguns dos meios de comunica o iriam noticiar a liga o de grupos de motoqueiros com Stensson e com isso os jornais iriam vender mais exemplares Com certeza algum dos funcion rios do banco talvez at o pr prio Jeremy Lundin n o iria resistir tenta o de receber algum dinheiro do jornal Aftonbladet por informa es sigilosas Todos na pol cia concordaram em n o aprofundar as investiga es nos neg cios de Dick Stensson Pelo menos por agora Isso provavelmente ficaria longe da investiga o atual na qual eles precisavam se manter focados Ali s era quase imposs vel se manter concentrado num assunto que parecia mudar a cada segundo Vamos continuar amanh Malin diz Zeke no momento em que ela fechava a porta do carro Escureceu ainda mais Parece que vai chover Talvez a primavera volte a ficar com cara de inverno Talvez aqui venha a ficar como no norte do pa s na prov ncia de Norrland pensa Malin onde a natureza pula por cima da primavera e entra diretamente no ver o fazendo com que essa natureza rec m nascida passe por cima da inf ncia e chegue logo fase adulta Talvez para evitar as
313. ia Basta voc s entrarem na internet e j v o conseguir uma boa s rie de informa es Ele mais ou menos como os Wallenberg mas mais sigiloso Voc s j perceberam com certeza agir mas n o aparecer Eu sei o que eles fazem diz Zeke Trabalham com investimentos n o Com isso e muito mais diz Ottilia Stenlund enquanto caminha em dire o porta da sala Queiram me desculpar inspetores Mas tenho um cliente espera Eu n o gosto de trabalhar muito depois do meu hor rio aos s bados Sabe Malin sabe N s flutuamos l para baixo e ficamos no ar bem diante do rosto da mulher Tentamos ent o ler os l bios dela enquanto falava com voc E sabe Malin N s pudemos entender tudo e at entender o nome pronunciado de Josefina Josefina esse o nome da nossa m e de verdade Aquela que nos concebeu e que nos deu luz assim que ela se chama E quem ela Onde que ela est N s devemos procur la junto com voc Malin N s queremos v la ler o que dizem os seus l bios o que ela diz sobre n s Ela j pensou em n s N s existimos para ela Claro que devemos existir N s existimos E talvez ela at flutue aqui conosco entre n s embora n o a consigamos ver E o nosso pai verdadeiro Quem ele Talvez a nossa m e verdadeira n o soubesse nada a respeito dele Estamos chegando ao fim Malin N o isso que voc sente tamb m A primavera mostra ag
314. ia Malin senta se novamente em sil ncio A voz do pai como se fosse um sarc fago vazio um eco de algu m que aceita a sua infelicidade e a sua fraqueza e continua a viver sem nunca exigir de si mesmo uma melhoria ou a verdade Um tom de resigna o Um tom mais de morte do que de vida Afinal como que voc s puderam me trair Como puderam tra lo m e teve um caso com um vendedor solteiro que trabalhava com produtos para escrit rio Encontrou se com ele nos escrit rios da empresa Saab e novamente numa boate quando ela e uma amiga foram dan ar fora Uma noite no Hotel Frimis onde ele se hospedava Voc tinha ent o tr s anos quase quatro Ela ficou gr vida e ele morreu em seguida num acidente de tr nsito Nunca sequer chegamos a falar em separa o Cuidar amos do assunto Ela nos deixou durante a gravidez assim que a barriga come ou a crescer J sei de tudo isso queria Malin gritar Conte me alguma coisa que eu ainda n o saiba Como que voc s dois podiam pensar em esconder o meu irm o de mim Por que n o podia adot lo se o pai dele j estava morto Ela n o escuta o que o pai diz As palavras saem dela como se fossem peda os de vidro cortante em brasa Ado o n o era uma op o ningu m queria adot lo ele n o era meu filho al m disso era deficiente mental Eu n o aguentaria uma situa o dessas Era melhor fingir que ele n o existia era melhor nunca mencionar
315. ian as est o l fora Sobem at o topo do brinquedo mas n s flutuamos nas alturas Muito mais alto Voc s falam de c meras de seguran a de recolher as grava es e estud las de ver se algum culpado aparece nelas ou se d para ver a bomba antes de explodir Os peritos est o trabalhando diz Sven Procurando pistas para saber mais sobre a bomba identificando as v timas Voc s t m de procurar saber se havia alguma amea a contra o banco N o havia mais nenhuma bomba na pra a mas ser que vai haver mais bombas contra bancos Aqui Em algum outro lugar Voc s todos pensam nisso mas Sven que levanta a quest o Imposs vel saber diz Karim mas enquanto ningu m assumir o atentado ou seja anunciar novos ataques n s n o teremos praticamente nenhuma raz o para cercar toda a cidade de Link ping Voc s nunca mais v o parar de falar Malin Essa conversa n o tem nada de divertido Karim fala da sua entrevista coletiva para a imprensa Do lado de fora do edif cio da pol cia j est o reunidos os jornalistas certamente mais de uma centena Todos esperam tranquilamente que voc s lhes deem alguma informa o sobre a qual possam escrever Os jornalistas aguardam entediados mas podem mudar de um momento para o outro tornando se um grupo de abutres sedentos de sangue As possibilidades s o tantas voc pensa Malin tantos os caminhos por onde come ar Ent o toca o telefone de Sven A mulher com
316. igava a fazer exerc cios a marchar em volta da mesa de jantar a vestir determinadas roupas Obrigava os ainda a comer apenas determinados pratos que ela achava corretos E a m e ainda batia na filha e em seus irm os e fechava os num arm rio caso n o se comportassem como ela queria Voc e Josefina eram amigos pergunta Malin pensando que era melhor deixar que J rgen St lsten escolhesse o que e como contar em vez de tentar conduzi lo pois dessa forma poderiam ir parar num beco sem sa da E sem solu o Amigos Eu quero acreditar que sim Mas n o Na realidade n o Josefina n o deixava ningu m entrar na sua vida s vezes contava coisas sobre a sua fam lia Comentava as idas da sua m e escola no chamado dia dos pais Ela chegava de limusine com chofer Ficava andando em volta mostrando se vestida com as vulgares roupas italianas Todos riam dela e para ela mas a m e pensava sempre que era uma rainha O que aconteceu com Josefina depois da escola Ela n o voltou a Lundsberg para fazer o curso secund rio Achei que tinha come ado em algum outro lugar mas compreendi muito mais tarde que ela j tinha sido apanhada ent o pelo v cio Por que ela se entregou ao v cio Ela j tinha uma inclina o para isso E com o que acontecia em casa O pai dela ao que parece n o ligava nem um pouco para as crian as a n o ser como uma esp cie de experimenta o social A m e tratava os co
317. ima deles mas Zeke aponta a luz da lanterna diretamente nos olhos do animal maior Novamente Malin quer gritar fugir mas cont m se fica em sil ncio Zeke movimenta a lanterna rapidamente E ent o acontece um milagre Os animais sacodem os corpos Rodam sobre si mesmos E arrastam se por sobre as ervas daninhas de volta para a escurid o E ficam distantes espera Haver uma pr xima oportunidade para fazer algu m em peda os Lanterna desligada Malin e Zeke trocam olhares Balan am a cabe a e a um sinal de Zeke retomam o caminho para o casar o Os irm os est o sentados no sof do grande sal o da casa Exaustos Reuniram os seus pertences pegaram a mala do dinheiro e descansam agora por alguns minutos antes de seguir para o iate atracado no cais T m que sair dali A bomba Deve detonar mais ou menos no momento em que eles estiverem subindo embarca o Dentro de dez minutos Not with a bang but a whimper pensa Leopold Kurtzon Fecharam as persianas brancas pesad ssimas apagaram todas as l mpadas deixando a sala s escuras Voltaram a largar as pistolas desta vez em cima do tampo de vidro da mesa onde ficam a brilhar Eles continuam em sil ncio Saem da sala Ser que alguma coisa se mexeu no jardim Ser que os lagartos tentaram sair das jaulas S Deus sabe se conseguiram E a luz que os irm os viram desapareceu Talvez nem tenha existido H pouco pensaram e
318. imavera Voc est ouvindo Sim estou Eu vi Josefina h uns seis meses Primeiro achei que n o devia falar disso mas agora acho que devo Portanto tem que me desculpar Encontrei a atravessando a faixa de pedestre em frente dos armaz ns hlen no centro Ela me pareceu acabada mas n o me viu Estava suja e magra Sinceramente pareceu me ter chegado ao fim da linha Voc sabe onde ela pode estar agora Como eu disse n o fa o a menor ideia Pode sondar Vou perguntar queles que trabalham com os viciados no centro da cidade Voc acha que ela sabe o que aconteceu com as suas filhas Talvez Ela costumava querer saber o que acontecia com elas De acordo com a sua pr pria l gica Ent o ela pode estar confusa e desesperada Muito triste Essa ideia tamb m me ocorreu diz Ottilia Stenlund Um carro Jaguar prateado passa em frente de Malin Uma jovem sentada ao lado de um velho Que droga exclamou Malin Perd o Desculpe Eu j estava pensando em outra coisa responde Malin Uma quest o minha particular Tove Voc n o deve ir para Lundsberg Deve ficar perto de mim Onde eu possa vigi la N o pense que poder viajar Malin obriga se a voltar conversa com Ottilia Stenlund Ela costumava ficar em algum lugar no metr Podia ser na Esta o Central ou nas esta es do Slussen de Hornstull Existem muitas passagens e
319. incipalmente de peda os de madeira Um cartaz j sujo com a palavra saldos escrita m o com uma caneta de cor alaranjada voa em volta dela junto com centenas de p talas de tulipas avermelhadas Ser o realmente peda os de carne ali na frente Malin dirige se para o lugar onde est a tal coisa talvez a uns dez metros diante da farm cia Levanta os bra os agita os quer que os pombos fujam que deixem de bicar aquilo Parece que N o espero que n o seja N o n o n o A saia do seu vestido preto levanta levada por uma rajada de vento Lentamente ela continua na dire o daquilo que n o quer ver Malin e Janne estacionaram perto do pub Hamlet Da rua Storgatan n o se via nada da devasta o Tamb m n o se via ningu m Quando eles abriram as portas do carro havia apenas um grande sil ncio Logo come aram a correr em dire o pra a e esperada destrui o Talvez a conversa com Sven Sj man tenha sido apenas um sonho Talvez n o tenha acontecido nenhuma explos o Talvez nem tenha havido bomba nenhuma mas apenas uma tubula o de g s que rompeu Se bem que h muito tempo n o se usa g s em Link ping Aproximavam se da pra a Diminu ram o ritmo da corrida como se quisessem diminuir as batidas do cora o endurecer os sentidos preparar se assumir as personalidades profissionais O ch o diante da sapataria e da banca de jornais e revistas estava coberto de estilha os de vidro das j
320. inda por mais tempo a imagem da sua mulher falecida Caminha e respira fundo o ar fresco da primavera acolhedora Lembra se de Anna ainda jovem antes de a doen a degenerativa come ar a se manifestar e a lev la para a morte Mas a doen a nunca chegou a tirar dela a alegria de viver Assim como agora a explos o da bomba na pra a jamais vai tirar da cidade a alegria de existir Os ltimos dias de trabalho duro na investiga o do caso desgastaram os corpos e as mentes Pelo r dio ele ouviu que todos os bancos do pa s iriam reabrir as portas embora com novas e rigorosas medidas de seguran a e com mais funcion rios B rje Sv rd chega enfim avenida Vallaleden Espera a luz verde para atravess la e enquanto isso observa mais uma vez os pr dios antigos da velha cidade de Link ping a Gamla Link ping De repente ouve uma buzina ao lado Olha e v o carro verde de Waldemar parando na faixa de pedestres e o rosto do colega surgindo na janela Quer uma carona partner Partner Bom que seja assim claro melhor a gente parar no Seven Eleven e comprar caf n o acha diz Waldemar assim que o carro come a a andar Estou precisando de um bom caf do que estamos precisando sim responde B rje N o sei por qu mas estou sentindo que a investiga o vai entrar em uma nova fase n o acha Waldemar concorda com um aceno ao mesmo tempo em que acende um cigarro sem ao
321. inheiro para os seus irm os Eles n o se tornaram o que ele queria que fossem Queria que fossem Sim Ele fazia experi ncias com eles desde pequenos queria que fossem homens de neg cios perfeitos gananciosos implac veis E o que ele fazia com os filhos Tentava fazer com que eles se sentissem especiais escolhidos dava lhes poderes para dominar aqueles animais caseiros que comprava porquinhos da ndia coelhos filhotes de c o perdigueiro Ensinava os a dominar pela pancada Ele tamb m dava aos meus irm os quando ainda crian as grandes somas em dinheiro para gastar no que quisessem queria que sentissem o efeito do dinheiro como poder diante de lojistas comerciantes e aduladores de modo que ficassem cientes e entusiasmados com as possibilidades oferecidas pelo dinheiro como pe a de manobra e de poder N s t nhamos empregados dom sticos Meu pai delegava poderes aos meus irm os para mandar neles E n o s Podiam tamb m castig los Dureza total Meu pai jamais tinha para com os meus irm os palavras de consolo Batia neles gritava com eles punia os duramente quando alguma coisa corria mal tudo para que os filhos aprendessem a ser implac veis como ele Tinha um drag o de komodo uma esp cie de lagarto gigante quase um crocodilo que ele costumava ati ar s vezes contra os meus irm os para lhes meter medo para mostrar qual era o lugar deles Com certeza era o tal animal empalha
322. iolenta uma jovem A nossa m e verdadeira continua morando na sua casa subterr nea O pai dela e os irm os est o ainda mais embaixo em profundidades de que n o d nem para falar o nome Numa cela da pris o perto do Parque Kronoberg Jokso Mirovi est brincando com as suas crian as Foi autorizado a receb las e a ficar com elas durante algum tempo mas elas recebem mais amor na casa da sua tia onde moram e v o crescer durante os anos em que o seu pai estiver preso N s vemos as crian as de Jokso Mirovi brincando rindo exultantes cheias de vida E compreendemos a decis o tomada A m e de Elena e Marko n s tamb m a vemos Est perto deles mas na mesma dimens o que n s A sua m e tamb m esteve conosco Malin Ela quis saber como voc estava se estava bem E est n o verdade Agora est finalmente feliz A sua m e n o quis ou n o p de ou n o ousou se aproximar de voc ou de qualquer um de voc s Agora vamos desaparecer Malin Fors Est na hora Vamos brincar e fingir que somos gente e fazer o que as pessoas fazem Estamos vendo voc pela ltima vez Malin Obrigada por tudo Est perto de uma cama E nessa cama est deitado o seu irm o Malin segura a m o de Tove A sala em volta est mobiliada como se fosse a de um adolescente Uma escrivaninha uma prateleira com livros e alguns objetos decorativos al m de v rios v deos Filmes para crian as pelo que Malin p de ver Um u
323. iou um novo fundo para o grande p blico mais acess vel sem valor m nimo determinado permitindo investimentos mais baixos Eram os fundos Kurtzon Como se ele quisesse ter a alma de todo o povo Ele contratava os mais qualificados e pagava os melhores sal rios Guns for hire os contratados prostitutos e prostitutas do vil metal dos quais o ramo financeiro est cheio C rebros brilhantes que envelhecem e se degradam ao servi o do dinheiro Uma trag dia pensa Johan Assim ele v tamb m mentalmente a casa geminada da sua fam lia As cantoneiras desgastadas os tetos que precisam ser repintados a cozinha antiga a modernizar a ilumina o do teto precisando de reparos a falta de dinheiro que resultou na decad ncia da decora o Sua esposa gosta de design mas com um sal rio de policial e outro de professora tudo tem os seus limites exatamente como qualquer empresa como a Ikea por exemplo E a respeito do mitol gico escrit rio de Kurtzon um edif cio na sa da de Estocolmo para Liding todo ele recoberto de m rmore carrara cor de marfim brilhante e car ssimo Johan sabe qual o pr dio uma constru o bem conhecida mas jamais tinha imaginado quem o utilizava Kurtzon teria ocupado os tr s ltimos andares com escrit rios e era de l que ele dirigia toda a sua atividade a administra o do dinheiro dos realmente mais ricos Mas o pr dio foi vendido e a empresa mudou se para Kista O seu n cleo foi desat
324. ir ouve algu m batendo no vidro da janela do carro mas ela quer ignorar essas batidas Afinal nessa hora n o deve estar ningu m l fora n o Um olho Uma face explodida O olho isolado de uma menina que olha fixamente para ela E pede lhe uma coisa que considera importante esse olho a minha nica salva o Com fome Ela pensa no vendedor de cachorros quentes na pra a O que foi que ele disse ao ser interrogado pelos colegas da pol cia Que Hanna e as g meas costumavam passar por ali As batidas na janela continuavam interrompiam a sequ ncia dos seus pensamentos E tamb m a sensa o de fome Malin vira se V Karin Johannison ao lado do carro O rosto bonito est agora espantosamente s rio Porra o que aconteceu agora Ser que Zeke resolveu larg la de vez Ou foi o contr rio Abra Malin abra No minuto seguinte Karin est sentada ao lado de Malin no banco do passageiro Malin sente o cheiro doce e mido do perfume dela e pensa como deve ser uma fragr ncia cara t o cara quanto o vestido preto e branco de grife que ela veste Imagina tamb m o colega Zeke levantando aquele vestido A imagem n o a enche de repugn ncia antes provoca nela uma estranha excita o Karin olha para ela Um olhar de efici ncia dirigido para o futuro Malin entende enfim que o assunto tem a ver com o trabalho Eu queria contar para voc primeiro diz Karin Contar o qu Acabamos de
325. ir os seus protestos o seu eu ativista que vai voltar superf cie mas em vez disso volta dorm ncia da droga Ela fica tonta e volta a falar o que a pol cia quer ouvir claro que eles t m armas Algumas pistolas Algumas granadas de m o Alguma porra de AK4 que Jonathan comprou Tantas armas pergunta Sven sem demonstrar espanto ou preocupa o Sofia Karlsson confirma com um aceno ao mesmo tempo em que seus olhos se fecham Ent o ela diz Agora voc s podem ir Tenho que dormir Malin avan a na dire o de Sofia Karlsson e lhe d duas bofetadas bem fortes na cara Voc n o vai dormir porra nenhuma Vai nos mostrar o caminho para Klockrike 23 L embaixo Atr s do pr dio grande escuro diz Sofia Karlsson apontando do banco de tr s do carro da pol cia entre Malin e Zeke Ela est menos tonta agora A nebulosidade est se dissipando na sua mente Resta apenas o cansa o e a sede E ela n o ousou enfrent los Levou os ao lugar certo Malin se pergunta por qu Por que voc est traindo os seus companheiros Com certeza aconteceu alguma coisa entre eles Com certeza esse tal de Jonathan Ludvigsson n o deve ser uma pessoa f cil Eles t m explosivos Foi a ltima pergunta de Sven antes de sa rem do apartamento Sofia Karlsson respondeu que n o sabia e em seguida pediu a Malin para dar mais uma tragada na droga sem demonstrar a menor rea o perante as sua
326. istiam grandes vidra as na ag ncia do SEB havia agora placas de compensado de madeira como se algu m as tivesse pregado nas vitrines para evitar os efeitos de algum poderoso furac o Waldemar Ekenberg e B rje Sv rd batem porta recentemente trocada Atr s deles as velas j tinham se apagado e as flores come ado a murchar Mas a todo momento chegam mais pessoas com novas velas mais tulipas nos mesmos tons escarlate as cores do fogo da pr pria explos o trazendo com elas um novo medo uma nova tristeza pelo fato de a sua seguran a ter mudado para pior Um minuto depois uma jovem com um vestido cinza abre a porta do banco Eles entram Todo o local se transformou numa c mara escura por causa da falta da luz do dia Alguns dos funcion rios parecem receosos por tr s de um balc o em madeira de carvalho Tentam parecer ocupados e certamente devem estar continuando seus trabalhos apesar da crise econ mica Os nicos que parecem estar ganhando mais dinheiro do que nunca s o os bancos e seus funcion rios apesar dos muitos cr ditos perdidos da inadimpl ncia generalizada constata Waldemar uma idiotice ficar com medo pensa ele avan ando para o balc o seguido de B rje Se existe algum banco seguro para se visitar este Ele sente a irrita o aumentar dentro de si Banco maldito Waldemar sente coceira depois de manifestar a sua insatisfa o Uma poeira bege muito fina cobre o teto no interior da ag
327. itar H crian as mortas aqui feitas em pequenos peda os E voc s pensa na imprensa Karim diz Sven calmamente muito prov vel que uma bomba tenha sido detonada aqui nesta pra a muito prov vel que as duas v timas sejam crian as e h uma mulher gravemente ferida H tamb m muitos outros feridos Este o nosso problema principal N o a imprensa Karim franze as sobrancelhas N o foi o que eu quis dizer H perigo de novas explos es De fato isto aqui pode ser um atentado terrorista de dimens o internacional Essa hip tese sempre existe em situa es como esta comenta Malin Tratem de afastar o povo da pra a continua Karim E j Com essa ordem ele se afasta e avan a na dire o de um monte de policiais fardados membros de uma patrulha que acaba de chegar num ve culo Escutem aqui grita Karim para eles Afinal do que se trata isto aqui pergunta Sven Sj man depois em voz baixa enquanto encolhe a barriga Malin o que acha Malin balan a a cabe a negativamente N o fa o a menor ideia Zeke N o se trata de um roubo normal Nem brincadeira de garotos Isso est claro E se fosse a tentativa de explodir o caixa eletr nico certamente seria realizada durante a noite e n o agora quando h sempre gente na pra a N o o que aconteceu algo diferente Ficam em sil ncio Sil ncio interrompido novamente por Zek
328. ivado e todo o dinheiro dos rica os foi devolvido aos seus donos Muitos deles foram parar nas m os de Madoff e de Stanford eee assim que Kurtzon terminou Um par de artigos nos sites VA se de neg cios em geral e E24 de informa es semanais para o mercado de a es foram escritos sobre o enigma Kurtzon Nenhum resultado no site de pesquisa hitta se Nem no site do mundo dos neg cios o Financial Times E ent o mais outro rumor O de que Kurtzon n o teria herdeiros considerados por ele como dignos Casara se tarde e a sua esposa Selda morreu de c ncer h muito tempo E ele se fechou para a vida Tamb m se comentava que os seus tr s descendentes a filha Josefina e os filhos Henry e Leopold haviam entrado em conflito com o pai por raz es desconhecidas Corria o boato de que ele teria organizado uma funda o na Su a para controlar todo o seu imp rio Oitenta bilh es de d lares Dois trilh es de coroas suecas Esses eram os valores t o d spares calculados para a fortuna de Josef Kurtzon Johan chega a ter dores de cabe a s de imaginar quantos zeros direita s o necess rios para se escrever oitenta bilh es ou dois trilh es Fotografias nada mas numa p gina de perfis financeiros Johan encontrou a grava o do que se dizia ser a voz de Kurtzon embora sem nenhuma indica o do local e da poca em que as palavras foram registradas A voz sai de um gravador spera e grave neutra e num tom co
329. ixa de ver os carros que avan am em sentido contr rio e espera que nada v acontecer E nesse momento ouve umas vozes que ela reconhece mas n o quer escutar Quer gritar suplantar as vozes acha que tem de fazer o que deve N o tenho tempo para salvar os outros preciso que entendam isso Deixem me em paz Deixem me fazer agora o que devo Agora agora agora Ela abre os olhos de novo E segue em frente Malin agora escute bem o que temos a dizer N o se trata apenas de n s Para n s a esperan a j n o existe mais Mas voc que pode nos dar os nossos pais de volta Somos pequenas demais para ficarmos aqui sozinhas pequenas demais para sermos abandonadas pela nossa m e e pelo nosso pai Exatamente como acontece com o menino e a menina que s o crian as tamb m muito pequenas E est o presas Para elas ainda n o tarde demais Portanto escute bem Malin Pare o carro D meia volta Voc tem de encontrar as crian as presas N s temos inveja delas Queremos ter tudo o que elas t m mas j sabemos que nunca conseguiremos Mas ningu m precisa passar por tanto medo como elas Nunca Os lagartos gigantes na casa longa e branca querem morder as suas pernas N o pode viajar agora Malin N o para onde est a caminho O seu irm o precisa de voc sim Mas as duas crian as presas precisam ainda mais Ele est sozinho mas as crian as al m de sozinhas est o cheias de medo Ele pelo menos n o
330. je Sv rd que responderam quase em un ssono Com os diabos Waldemar Recebemos mais informa es a respeito da fam lia Viger diz Sven Sj man em seguida ignorando o coment rio de Waldemar Ela tinha uma vida financeira extremamente regular O pai antes de falecer era montador na f brica de elevadores em Kisa Hanna Viger trabalha com deficientes mentais mas ao que parece apenas meio expediente desde o nascimento das g meas Quanto ao acidente de autom vel do marido n o h registro de algo de estranho Como que est a m e Viger pergunta B rje Ao que sabemos continua est vel reage Sven Mas ainda n o podemos ouvi la Talvez se salve pensa Malin Talvez ainda haja uma pequena possibilidade mas como que vai poder continuar a viver O marido morreu E agora as duas filhas Seria poss vel eu continuar a viver se alguma coisa acontecesse a Tove Eu quase me matei de tanto beber depois daquela vez em que estive perto de perd la E por causa do lcool quase estraguei por completo o relacionamento com ela Estive perto de conseguir aquilo que a assassina n o fez Na realidade at que ponto eu n o expus a vida de Tove Malin sente necessidade de voltar ao gin sio no por o do edif cio da pol cia Quer sentir o enorme peso dos halteres matando a sede do corpo pela bebida e conseguir que essa sede desapare a para sempre Basta pensar em lcool para senti
331. joelha se Arruma o vestido preto Sente as contra es no est mago mas consegue conter os refluxos e o v mito Uma face cortada A bonita face de uma crian a cortada da bochecha at o queixo por uma for a extraordin ria destruidora Um olho ainda no lugar precisamente onde devia estar acima da bochecha como se ainda pudesse ver Um olho castanho pequeno bem aberto como se estivesse encarando Malin como se quisesse lhe dizer algo lhe pedir alguma coisa Malin chega a desviar o olhar Chama o bombeiro dos baldes de pl stico amarelo Aqui por favor Cubra isto aqui Est me vendo Malin Fors ou minha irm g mea N o sei n o me atrevo sequer a olhar a ver os restos daquilo que eu fui que n s fomos eu e a minha irm Fizemos 6 anos de idade Malin Seis anos Que vida t o curta n o Quer amos viver mais Talvez possa nos dar mais vida Malin Ou o nosso pai onde que ele est Por que ele n o est aqui Devia estar E n s queremos que ele venha e esteja aqui por perto porque a nossa mam e foi embora na ambul ncia Est quase aqui conosco n o verdade Aqui onde mora a solid o est muito escuro O cachorro branco ensanguentado andando de um lado para o outro uma vis o horr vel Afaste o cachorro Malin mande o embora No momento j atravessa a pra a n o aguentou mais ver a face e o olho Os estilha os de vidro estalam por baixo dos seus sapatos finos Es
332. la quisesse t lo e voc disse n o Naquela poca n o era assim t o f cil abandonar o marido n o verdade O pai afunda se cada vez mais na poltrona abre os bra os mas recolhe os rapidamente Parece repensar o assunto Depois diz sem qualquer tipo de hesita o na voz N o sei o que dizer Ent o n o diga nada grita Malin Ficou em sil ncio durante trinta anos Pode ficar com a boca fechada mais algum tempo Entendo que esteja zangada Mas os tempos eram outros como voc pr pria diz Ela o encara Outros tempos Pensa ela Obrigou a m e a renunciar ao filho n o E talvez ela n o tenha desejado fazer isso Por isso se tornou t o fria como se uma pequena camada de neve se derretesse revelando uma verdade Ent o outra camada se derrete e logo outra realidade v a luz do dia E depois O gelo surge novamente Camada em cima de camada de nega o e de esquecimento Malin afunda se ainda mais no sof Recupera o f lego Pai eu n o estou zangada Ou talvez esteja Mas acima de tudo estou triste Triste por mim Por ele meu irm o Triste por Tove por Janne por voc tamb m meu pai por minha m e porque tudo isso acabou por nos influenciar mil vezes mais do que possa imaginar Voc s fizeram da nossa vida uma farsa e eu estou triste por causa disso O pai levanta se A inseguran a e o medo s o substitu dos pelo olhar de um adulto Ela j viu aquele olhar antes
333. la via expressa europeia E4 na dire o norte atravessando a paisagem plana da prov ncia de Ostg taland S o ainda seis e meia da manh Malin est feliz porque Zeke est dirigindo Nenhum caf do mundo poder alivi la do cansa o do dia anterior apesar de ter dormido a noite inteira Teve de insistir com Sven Sj man no dia anterior para autoriz los a Viajar para Estocolmo a fim de ouvir pessoalmente Ottilia Stenlund O custo da viagem iria sobrecarregar o or amento j bem reduzido do departamento mas Malin achava fundamental ouvi la e n o deixar que um colega qualquer cumprisse a tarefa Malin tem certeza de que apenas ela iria conseguir interrogar da maneira correta Ela e Zeke E ela quer seguir essa pista No final Sven n o conseguiu contrari la Cansada t o cansada Ainda n o est recuperada As noites e os dias quando tudo parecia acontecer ao mesmo tempo ainda marcam o seu corpo Calculando bem ela precisaria dormir uma semana inteira mas n o agora Agora n o h tempo para isso No momento vale apenas ouvir o barulho do motor do carro e ver ao longe algumas vacas brancas ruminando num prado bem florido de cores amarelas diante de uma constru o avermelhada beira de uma densa floresta de b tulas O que se esconde entre as rvores pensa ela Nos intervalos negros Para onde vamos mesmo Zeke e eu Ser que vamos conseguir algo de novo Ou a ideia que nos leva presen a de Ottilia S
334. las com respeito ouviu E Malin insiste Entendeu bem Seja quem for E agora voltemos hist ria Onde fica a Stadsmissionen Desta vez Zeke que pergunta com voz grossa como s ele consegue fazer Maldito guarda Um minuto depois j est o diante do port o de entrada despretensioso e desgastado da assist ncia social logo no in cio da rea portu ria Stadsg rden Ao lado o barulho infernal de m quinas de ar condicionado a soprar para baixo Apesar disso o mau cheiro de gasolina e lixo insuport vel H um grupo de desempregados junto de uma escada Eles olham para Malin e Zeke admirados Um deles at se manifesta mostrando a sua boca desdentada Que policial bonita A situa o aqui est melhorando Uma mulher de meia idade ainda esbelta chamada Madelene Adeltj rn que veste uma blusa branca e cal as jeans azul escuras conduz os dois atrav s de um alojamento cujo ch o de lin leo amarelado e reflete a luz branca da ilumina o de merc rio Agora vazias as salas que servem de dormit rios est o sendo limpas o melhor poss vel por funcion rias negras No refeit rio um homem apanha os ltimos restos do almo o do dia N s fechamos entre o almo o e as oito horas da noite explica Madelene Adeltj rn enquanto os faz entrar na sua sala apertada com uma janela gradeada que d para um pequeno p tio Os nossos h spedes chegam para o jantar e depois se deitam
335. liga es abandonadas Quer dizer que Josefina Marl w pode estar literalmente no subterr neo Ottilia Stenlund faz sil ncio antes de prosseguir em voz baixa onde ela tem estado h muito tempo E ent o Malin nota novamente um tom de receio na voz de Ottilia Stenlund Suas ltimas palavras saem abafadas N o quero ter mais nada a ver com o caso Por favor n o mencionem nunca o meu nome para ningu m De qualquer forma voc s sem d vida n o vivem em subterr neos pensa Malin ao voltar a olhar para as pessoas que se apertam nas bonitas e j bem usadas mesas de madeira dentro do restaurante Rolf Os clientes por tr s da grande vidra a que d para a rua parecem fazer caretas para ela que se sente meio desarrumada no seu vestido e gostaria de mudar para alguma coisa mais chique Gostaria tamb m de estar sentada l dentro junto de todos os felizardos certa de que a ideia tinha a ver um pouco com inveja Estou com fome diz Zeke Eu tamb m diz Malin Ent o vamos entrar completa Zeke Deve ser poss vel arranjar dois lugares vazios para dois policiais esfomeados de Link ping Aqui deve ser caro demais diz Malin Mas temos dinheiro para isso Est no or amento da di ria As pessoas A comida parece boa e elas parecem estar empenhadas em discuss es ligeiras e interessantes daquelas que t m tudo a ver com a vida e n o com a morte Vamos proc
336. lin grita N ooo Ele pensou primeiro em se lan ar sobre a mala tentar deixar que o seu pr prio corpo absorvesse o impacto da explos o que estava por vir Isso contra todas as regras mas quem se importa com as regras quando alguma coisa est para explodir Uma mala esquecida deve ser detonada a dist ncia em circunst ncias como esta Zeke faz quest o de peg la Tem de lan la para bem longe das pessoas Mas o som para de repente Baixa a mala ao ch o de novo e estende a a Janne que abre o z per Procura Zeke v o suor escorrendo pela testa dele Nota tamb m que Malin se aproxima Roupas Livros Um iPod Em seguida o telefone Janne olha o visor ergue o para eles Chamada perdida Um toque muito estranho diz ele com um sorriso meio amarelo Em seguida larga a mala e segundos depois aparece um senhor de meia idade vindo de dentro do hotel que diz A mala minha Eu estava sentado l no M rners Inn Ela deve ter voado para aqui com a explos o N Johan Jakobsson e Waldemar Ekenberg chegaram pra a e junto com Malin Zeke B rje Sv rd e Sven Sj man passam a interrogar metodicamente primeiro os levemente feridos que ainda estavam no local os que estavam em condi es de voltar para casa logo depois do interrogat rio sem risco de entrar em estado de choque Depois s o interrogados todos os espectadores que chegaram pra a atra dos pelo estrondo da explos
337. lin n o daquelas que telefonam isso simplesmente Mas neste ltimo ano procurou ouvi la no r dio com mais frequ ncia No carro no retorno de J garvallen ela e Zeke discutiram o caso de Stensson Deixemos as ideias circularem livres Ser que algu m quis atingi lo e criou o site da Frente Libert ria para confundir a pol cia e direcionar as suspeitas em outra dire o Ser N o existem limites para os artif cios da criminalidade organizada E aqueles malditos ladr es podem viver muito bem dos seus crimes melhor do que os trabalhadores normais poderiam sonhar Uma vida de luxo que faria qualquer desempregado desmaiar A honestidade rende pouco Ou ent o foram alguns ativistas que aproveitaram a oportunidade de apresentar as suas ideias quando a possibilidade de chamar a aten o era maior Ao se aproximarem do centro da cidade Malin telefonou para Sven Sj man O departamento t cnico ainda n o tinha conseguido chegar a lugar nenhum na pista digital O endere o IP do site da Frente Libert ria estava escondido por tr s de t cnicas avan adas A quest o agora era saber se iriam ou n o conseguir o endere o ou pelo menos o da empresa que servia como hospedeira Eles tentaram saber tamb m de onde veio a mensagem enviada ao jornal Corren e ainda enviaram um pedido de informa es para o YouTube sobre o v deo divulgado mas a resposta iria demorar A origem do explosivo usado seria muito dif cil quase i
338. lo ch o E traz consigo o mau cheiro de carne podre que ningu m consegue evitar Do outro lado da mesa a mulher olha para eles N o vejo outra possibilidade sen o a de contar o que sei diz ela Vou lhes contar quem a m e biol gica das duas meninas 40 Mam e Essa n o a nossa m e N o a verdadeira m e De in cio n s ficamos confusas mas talvez j tiv ssemos pressentido isso E agora quando a senhora contou para voc Malin n s gostar amos de saber por que Hanna tomou conta de n s se n o era a nossa m e Por que quis tomar conta de n s Porque nos amava n o verdade Porque precisava de algu m para amar E deve ter sido isso o que aconteceu Mam e N s estamos chamando Queremos perguntar lhe por que nunca nos contou nada embora a gente possa compreender que voc certamente considerava que ainda ramos muito pequenas que queria nos defender de n s mesmas daquilo que n s somos de que n s ramos Foi isso mam e Estava com medo O pai tamb m n o era o nosso pai E tamb m n o est aqui N s estamos sozinhas muito sozinhas e vemos Malin sentada numa sala de reuni es numa grande cidade que n s ainda n o conhecemos E ao seu lado est aquele careca E diante deles est sentada uma mulher E n s podemos ver que a sua boca se movimenta mas n o conseguimos ouvir o que ela diz Achamos que deve ser importante Sabemos que fala de nossa hist ria Como acabamos p
339. lo de um pirata Afastem se desapare am Ela sente o corpo trabalhando obedecendo lhe e a adrenalina a esguichar por todos os lados Desvia se e segue para a ponte de Brasken e em seguida passa pelas instala es da Saab Era aqui que a minha m e trabalhava pensa ela Foi aqui que ela se encontrou com aquele homem que deu a ela outra crian a o meu irm o Foi aqui que a vida dos meus pais e a minha se tornou finalmente uma grande mentira Mas talvez coisas semelhantes j tivessem acontecido antes n o Eu me recuso pensa Malin Isso n o vai acontecer comigo Ela resolveu parar diante dos port es de ferro da f brica Apoiou as m os nos joelhos ficou inclinada para a frente respirando para recuperar o f lego Retoma a corrida em dire o ao centro E pensa Eu me recuso E insiste recuso me recuso me recuso me E o verbo repercute no seu corpo como um mantra aumenta o seu poder f sico Ela pensa estou com 36 anos n o posso deixar que seja definida pelo erro cometido por outra mulher e por seu marido Por seus erros e suas incapacidades em se confrontar consigo mesmos Para mim est a oportunidade de fazer isso de me ver no espelho e finalmente conseguir chegar a algum lugar na vida Preciso visitar o meu irm o mais novo Para meu pr prio bem para o bem da minha filha Tove e para o bem desse irm o que desconhe o Tenho que dominar os meus medos visto que medo o que sinto diante do que me espera
340. lorestais em cima da cama Malin deita se espregui a se Sente o celular no bolso do jeans Quer ligar para Tove mas acha que n o aguenta mais No entanto recomp e se pega o telefone e liga para a filha Cinco toques Depois ouve a voz de Tove Oi m e Oi Ainda est em Estocolmo Sim num hotel imundo perto de Tegn rlunden Onde fica No centro N o fa o a menor ideia Um dia n s duas voltaremos aqui Para Estocolmo Para vermos os museus Claro diz Tove J chegaram a alguma conclus o a respeito da bomba N o sei responde Malin Voc sabe como os adultos s o sempre pode ocorrer um monte de coisas estranhas Tove concorda com um hum na outra ponta da linha Parece respirar fundo Nessa altura uma explos o na mente de Malin Lembra se do momento em que um monstro de mulher apertou o pesco o de Tove Uma assassina raptou a filha e tentou mat la Malin procura ent o desviar a aten o Olha atrav s da janela para o parque Concentra se em uma rvore de que ela n o sabe a esp cie Pode ser uma castanheira ou um arbusto maior de lilases De qualquer forma a rvore tem as mais belas flores brancas que ela j viu na vida numa explos o de beleza para ornamentar o mundo Ser o flores de cerejeira importada de Kioto do Jap o Quer saber mais alguma coisa m e Queria apenas ouvir a sua voz E mostrar que eu me importo c
341. m B rje Sv rd dorme Waldemar Ekenberg dorme Dormem cada um na sua vila local mas as suas respira es despreocupadas os unem Na cama de B rje dormem tamb m os seus pastores alem es Estes podem ficar agora com ele e se sentem menos solit rios durante as noites B rje nota que assim eles se sentem melhor mais confiantes E que ele tamb m se sente mais seguro com a presen a atenta e protetora dos animais como se assim pudesse manter a maldade a dist ncia B rje esteve na catedral na missa junto com 2 500 outros habitantes da cidade Ficou l bem atr s da nave da igreja a observar as fileiras de costas sentadas nos bancos e a luz suave mas forte que iluminava a imagem de Jesus Cristo no altar As lumin rias nas paredes laterais pareciam exigir que at as pedras cantassem que todos ali reunidos mantivessem o medo e as preocupa es sob controle Essa foi tamb m a mensagem do bispo Em tempos como estes todos n s precisamos ficar unidos N o reclamar apontar com o dedo mas mostrar toler ncia N o deixar que o medo oriente as nossas vidas e as nossas escolhas Com f naquilo que de bom existe em n s vamos vencer o mal B rje torceu o nariz Em que que a f ajudou Anna Por acaso a f afastou a maldita doen a Com certeza n o Quase at o final ela teve uma vida toler vel Dif cil e dolorosa mas todos os dias ele viu a inquebrant vel for a com que ela lutava pela vida E tamb m
342. m Est o mesmo ou sou eu que estou imaginando coisas Hoje foi um inferno um dia para esquecer diz Malin Mas agora j est de volta isso que interessa responde Sven que acrescenta Fomos obrigados a soltar todos os rapazes menos o Ludvigsson O promotor n o encontrou nenhuma prova substancial para mant los na cadeia nem como medida preventiva E de fato n o apuramos nada que mostrasse que eles estivessem envolvidos no caso da bomba nem nas outras atividades de Ludvigsson Eu presumo tamb m que o promotor est com raz o diz Malin Mas estou muito longe de ter certeza de que eles estejam livres de todas as culpas Do lado de fora do departamento explodem os flashes dos fot grafos em cima dos tr s jovens e os rep rteres todos ao mesmo tempo gritam suas perguntas Enfim n s recebemos um relat rio preliminar dos t cnicos que est o pesquisando os computadores de Ludvigsson Nada indica que ele tenha mantido qualquer contato com outra pessoa nem no caso da Frente Libert ria Econ mica nem no caso da bomba Os t cnicos tamb m encontraram os c digos para acessar o site principal e o arquivo original do v deo que foi enviado pelo YouTube Parece que de fato foi Ludvigsson que criou a Frente Libert ria Econ mica para chamar a aten o para aquilo que ele acha ideologicamente importante Idiota Mas nem de perto t o idiota quanto muitos outros comenta Sven
343. m algu m Os pr dios requintados ao longo da avenida norte do lago a Norra M larstrand s o maiores do que Malin se lembrava Gostaria de poder imaginar como seria morar num lugar como aquele e acordar todas as manh s com vista para o lago e para a grande ponte que liga as duas margens a V sterbro Malin recordou se ent o do apartamento que sublocou e onde viveu com Tove Era um por o de um nico c modo Por cima uma rea com cestos de lixo O por o estava situado em Traneberg com vista para um estacionamento Mas Tove sentia se feliz ali Perto da sua creche Com assistentes sociais Talvez ambas tivessem a sensa o de que de fato estavam a caminho de algum lugar E talvez seja isso que Tove agora tamb m est fazendo indo para um novo lugar e com coragem para enfrentar um diferente projeto de vida Quem sabe se isso E n o por acaso que eu fico com raiva e em p nico s de pensar que ela vai embora Janne Daniel H gfeldt Ambos tamb m est o a caminho de algo novo E eu Para onde que eu estou caminhando Ela imagina a figura de um rapaz num asilo an nimo De certa forma essa figura fez com que o rosto da sua m e se esfumace sugou o mesmo considerando que ele agora um homem embora para ela continue a ser e ser sempre apenas um menino Outra avenida Sveav gen Eles acabam saindo de outro t nel e ficam presos no tr nsito infernal perto da fachada azulada do Sal o de Concertos no grande
344. m contornar essas paredes ou derrub las n o verdade Mas eu posso demonstrar como eu fiz e onde a p gina est Isso deve ser suficiente como prova Prova de qu De que voc n o est por tr s da bomba Jonathan Ludvigsson olha para Malin parece compreender o absurdo do que ele diz Eu sei tudo sobre criptografia diz ele Aprendi tudo na Universidade de Ume entre outros lugares N s encontramos explosivos no seu trailer Foi a mesma esp cie de material que usou na bomba da Grande Pra a Eu n o estou por tr s da bomba na Grande Pra a Eu n o matei as meninas Desesperado Um pouco Duas crian as duas meninas diz Malin E voc tem um hist rico de ativista militante Se quiser que eu acredite em voc tem de apresentar melhores provas de que n o est por tr s do atentado a bomba Pode ser Sim Como O meu amigo em Estocolmo Eu estava com ele no apartamento dele no bairro de Hornstull quando a bomba explodiu Portanto n o posso ter sido eu n o verdade Pode ter trabalhado com outras pessoas pensa Malin e estar por tr s da bomba Ter constru do e planejado o atentado mas ficado em Estocolmo no momento da explos o Como o seu amigo chama pergunta Malin Onde que ele mora Qual o n mero de telefone dele Ele se chama Johan Sj e mora na Hornstulls Strand Em seguida fala o n mero do telefone dele Malin sabe que
345. m lia Viger J analisamos o acidente de carro em que Pontus Viger morreu mas n o existe muita coisa a ser pesquisada O carro foi para a sucata h muito tempo e os relat rios dos bombeiros e at os nossos s o muito ex guos Ao que parece estourou um pneu ele perdeu a dire o e saiu da estrada N o houve nenhum motivo para suspeitar de crime E talvez agora tamb m n o haja Eu n o estou t o certa disso comenta Malin Nem eu Malin fica confusa com as palavras de Sven Sil ncio Voc s v o ficar esta noite em Estocolmo pergunta Sven Sj man Malin havia olhado para a rua do lado de Stadsg rden e visto que estava escurecendo Um crep sculo tranquilo mas impositivo invadindo a cidade Ent o ela se deu conta de que nem sequer pensaram onde dormir mas que sem d vida v o ficar aquela noite Ainda n o finalizaram a investiga o na cidade Malin pensa tamb m no seu cart o do banco no qual n o tem muito dinheiro mas deve haver o suficiente para pagar o quarto num hotel decente Claro que ela n o vai precisar dormir na rua nem em nenhum banheiro e nem tamb m na cama malcheirosa de qualquer albergue Vamos ficar Vamos encontrar algum lugar Muito bem diz Sven E de resto est tudo correndo bem Bem Muito longe disso Acima de tudo confuso mas quem sabe estamos no caminho certo Est tudo bem confirma Malin Entraremos em contato assim que acont
346. m a companhia dela E n s sabemos que voc sente dores O m dico por m acha que est melhor Talvez pud ssemos ajud la mam e mas n o ser isso que vamos fazer A porta para o seu quarto est deslizando para o lado Uma pessoa com um capuz negro est entrando N s vamos desaparecer daqui sussurrando no seu ouvido querida mam e N s nos veremos de novo em breve Hanna Viger sente quando o ar acaba Desaparece lentamente e de repente n o existe mais A sensa o tem um sabor de algod o Ela ainda tenta respirar por m n o consegue mais Eu notei que voc s estiveram aqui h pouco meninas Eu sei o que voc s querem E eu quero o mesmo Por isso que nem sequer tentei lutar nem um pouco mesmo que eu fisicamente pudesse N o luto mais contra a minha pr pria vontade Quero aquilo que est acontecendo agora E consigo at controlar o meu instinto mais b sico N o N o consigo Quero respirar respirar mas ao mesmo tempo n o quero Ao meu lado algu m sussurra Perdoa me Perdoa me Quero que aquele que pressiona a almofada contra o meu rosto seja bem sucedido em me sufocar No entanto ainda tento respirar Aquele que pressiona aplica agora mais for a N o tenho mais ar Tudo fica escuro e branco branco e escuro E abandono ent o a sala onde hibernei Vejo como o quarto desaparece e transforma se num ponto escuro para depois explodir numa luz branca de magn sio arden
347. m alarme de um nico tom que vem de uma mala negra que a explos o parece ter atirado contra a varanda do hotel onde v rios curiosos ainda se encontram O medo aparece nos olhos de Zeke e de Sven Merda grita Zeke Merda E corre em dire o mala Malin v Janne fazer o mesmo vindo do outro lado da pra a Annika Falkengren entrou para o Skandinaviska Enskilda Banken SEB como estagi ria em 1987 e atualmente presidente e diretora executiva do banco O SEB foi fundado na Su cia em 1856 pela fam lia Wallenberg uma das maiores dinastias de banqueiros da Europa Ela considerada tamb m uma das personalidades mais poderosas na rea financeira europeia N T Roseng rd um bairro da cidade de Malm no sul da Su cia Em 2007 60 da popula o do bairro aproximadamente 22 mil habitantes era composta de imigrantes Em 2008 86 da popula o do bairro era formada por imigrantes e seus descendentes Embora frequentemente mencionado como um sub rbio de Malm na realidade o bairro est situado numa rea central da cidade Tem sido cen rio de choques frequentes entre jovens e a pol cia e os bombeiros tamb m t m sido amea ados e atacados pela juventude local Os dez maiores grupos de imigrantes pela ordem chegaram do Iraque da antiga Iugosl via do L bano B snia e Herzegovina Som lia Dinamarca Pol nia Afeganist o Turquia e Maced nia N T Zeke levanta a mala preta Ma
348. m lado os pr dios originais da funda o da cidade a Gamla Stan Do outro barcos atracados com manchas de ferrugem e um navio de guerra cinza ancorado ao largo aguardando a pr xima viagem Do outro lado daquela ba a ouvem se os gritos meio sufocados dos frequentadores do parque de divers es Gr na Lund e veem se outros barcos menores no trajeto que as leva a mais uma ilha de gente sofisticada Djurg rden A atmosfera est carregada de fuma a de escapamento e de muito p len de flores mas o cheiro de diesel queimado que faz Malin se lembrar da bebida alco lica feita em casa que ela bebia na adolesc ncia Lembra se da sensa o agrad vel produzida pelo lcool mas tamb m dos pesadelos quando vomitava com a cabe a enfiada no vaso sanit rio nibus vermelhos passam por baixo dos dois um trem azulado sai em dire o periferia e passa pelo cais onde est ancorado um grande barco da Viking Line aguardando a chegada de uma multid o de bons bebedores e de aposentados para dar um passeio de barco e voltar no mesmo dia at o mar B ltico depois de comer e beber e de fazer compras de produtos sofisticados e livres de impostos Os dois descem para o cais param num posto de guarda diante da entrada de uma garagem Malin dirige se ao guarda jovem e magro e pergunta Voc sabe onde fica a Stadsmissionen O guarda olha para ela faz uma careta ruge e diz depois em tom raivoso Aqui aqui n o nenhuma cent
349. m quietos e encostados parede que nada acontecer Depois de os focos de luz da frente passarem Malin pode ver rapidamente o interior dos vag es com pessoas a caminho de casa depois do trabalho ou not vagos depois de uma boa noitada em algum restaurante ou bar Homens solit rios Adolescentes da idade de Tove em grupo Um casal de namorados Aposentados Todos cansados Todos parecem estar pedindo para chegar em casa e ir para a cama H tamb m os dur es que moram nos sub rbios em mangas de camisa apesar do frio Bandos de tatuados Desses quase n o h em Link ping L a criminalidade menor embora s vezes as brigas entre as gangues de jovens tamb m possam ser bem violentas Na maior parte dos casos por m s o problemas com man acos solit rios Uma corrente de ar bem forte Malin acha que vai pelos ares que vai cair nos trilhos e morrer eletrocutada Depois arder e fritar por dentro como uma puni o por todos os seus pecados por toda a sua incapacidade de enfrentar o que realmente significa alguma coisa Mas ela n o cai Logo a composi o do metr passa e o guarda continua a penetrar pelo t nel at chegar a uma porta de a o que ele abre com algum esfor o Atr s da porta existe uma escada que leva a mais um corredor O guarda acende ent o uma lanterna de bolso Os tr s descem pela escada no fim da qual existe uma longa galeria iluminada por algumas l mpadas que pendem de uma fia o el
350. m telefonar para o pai contar lhe tudo mas ser que ele ainda vive Ou o c ncer o venceu finalmente O que n s fizemos Quem somos n s O que somos Ao final n o conseguiram disparar as armas N o puderam fazer aquilo que obrigaram outra pessoa a realizar Quando achavam que estavam unidos encontraram apenas indecis o e uma vergonha ampla e profunda Voltaram a colocar as crian as na cela V o explodir com a casa E ficar enterradas nos escombros Ouve se ent o um baque no terra o Os irm os levantam se simultaneamente e se dirigem para a parede de vidro Abrem a cortina O lagarto tem quase dois metros de comprimento do focinho at a ponta da cauda e o corpo brilha como forma negra em contraste com as pedras brancas do ch o do terra o Certamente conseguiu subir pelas rochas inclinadas e de alguma maneira saltou para o terra o O animal viu os dois irm os atrav s do vidro da sala Para vira a cabe a para eles Depois levanta as garras aproxima se E os homens quase podem sentir o mau cheiro do est mago vazio do predador al m de escutar o barulho das garras nas pedras O animal levanta o corpo fica em p Olha para eles com uma express o mortal nos seus olhos amarelados Por momentos os irm os pensam que aquele o animal do pai o lagarto que costumava arranhar a porta do arm rio em Liding mas eles sabem que esse bicho j est morto e empalhado h muito tempo e que a sua boca aberta
351. m ter ficado confusos diante das posi es diferenciadas entre os seus pais n o pergunta Malin Afinal sua m e queria demonstrar que tinha dinheiro e seu pai desprezava exatamente esse comportamento Independentemente de quem falasse com os meus irm os quando crian as o assunto era sempre o mesmo dinheiro dinheiro e mais dinheiro Tire deles isso a promessa de heran a e voc tira deles a pr pria vida Malin sente que o calafrio no est mago est cada vez mais intenso medida que Josefina Marl w fala do ambiente familiar Onde est o os seus irm os pergunta Zeke Cada um ganhou um apartamento na Strandv gen Eu tamb m mas o meu j n o est mais em meu nome Est por aqui E Josefina Marl w aponta para o antebra o todo picado Eles n o est o na Strandv gen diz Malin E n s ainda n o conseguimos qualquer outro endere o Voc sabe onde eles podem estar Se algum deles tem outra resid ncia Uma casa de campo Alguma casa no exterior N o sei de nada responde Josefina Marl w com o olhar cada vez mais apagado H muito tempo que deixei de me preocupar com isso Ela parece querer desaparecer da superf cie da terra mas se o problema esse por que n o saltar na frente de algum trem do metr ou pular de alguma ponte como a V sterbro ou ainda meter dentro do corpo uma overdose de hero na pensa Malin Por que adiar essa solu o Malin reconhece qu
352. m tipo comenta Malin Ped filos dif cil ter compaix o por eles humanidade n o tem lugar para eles acrescenta Malin que logo sente vergonha pelo excesso de sinceridade Ela pega o celular telefona para Sven Sj man que logo decide lan ar um alerta por todo o pa s e informar os outros membros da equipe V o em frente diz Sven Assassinos de crian as n o podem andar por a em liberdade Harry Karlsson examina a fila na entrada B para o terminal 5 do aeroporto de Arlanda de Estocolmo Rec m constru do e bonito tem uns vinte metros de altura mas o terminal tem poucas esta es de controle de seguran a e sempre surgem filas intermin veis no hor rio de pico Como agora Pouco depois da uma hora da tarde A fila vai se estendendo at o balc o de check in da SAS deixando as pessoas impacientes irritadas com o cheiro dos perfumes do free shop ao lado Karlsson trabalha h trinta anos no aeroporto como funcion rio da Luftfartsverket o departamento de avia o civil do reino sueco e atualmente o supervisor do sistema superior de controles com um problema permanente de ter que distribuir pelos diversos lugares as pessoas com quem opera Os agentes que eles contratam devem ser gentis mas firmes Dar aos passageiros facilidades para viajar sem entraves e com alegria mas sem descuidar da seguran a Um trabalho nada apropriado para imbecis Harry Karlsson olha para um grupo de ag
353. m vez disso n s fomos atra das para junto de voc Por qu O que ainda n o sabemos n s que dev amos saber de tudo Mam e O homem com a almofada no seu quarto quem ele Como que ele p de fazer uma coisa dessas Talvez ele precisasse fazer isso contra voc e fazer o que fez contra n s para defender e salvar outras vidas Todos talvez sejam inocentes com exce o dos gananciosos Esses n o v o chegar aqui onde n s estamos Terminam entre os vermes em brasa entre os lagartos gigantes que comem a carne das pessoas at que rebentam e de dentro deles dos seus intestinos sangrentos saiam milhares de novos lagartinhos famintos As outras crian as est o presas e fechadas no jardim na frente do lugar N o se consegue descansar num lugar daqueles S d para gritar 33 Que raio vamos fazer agora Sven Sj man recostou se no sof da sua sala de estar e considerou a pergunta de Malin mais como uma constata o do que como uma indaga o Malin est bebericando o ch que a mulher de Sven acaba de lhe deixar na m o e que serve para tirar da boca o sabor forte do queijo v sterbotten do sandu che que comia Est escuro no quintal de Sven Malin foi at a casa do chefe com a not cia de Hanna Viger Queria falar diretamente com Sven sobre o assunto N o soltar os tambores na pra a antes de analisar o caso com toda a calma e ver o que significaria para a investiga o o assassinato de Hanna Vige
354. m volta do dinheiro pode ser mortal para a alma s vezes a pessoa explode n o quer mais Chega de poder e de gan ncia crescentes em preju zo do amor E a que a pessoa vai procurar algum lugar para onde fugir E uma vez encontrada a hero na ent o talvez seja a maneira mais eficaz de escapar Acha que ela vir hoje noite questiona Malin Madelene Adeltj rn balan a a cabe a Imposs vel saber Acha que algum dos que est o l fora pode saber onde ela se encontra Podem ir l e perguntar mas acho que ningu m estar especialmente interessado em falar com voc s Ningu m entre os homens e as mulheres em volta da Stadsmissionen quis falar direito com Malin e Zeke muito menos responder s perguntas sobre Josefina Marl w Por isso s restou uma coisa a fazer voltar para Madelene Adeltj rn que os convidou a esperar em um dos sof s velhos e esfarrapados da entrada e lhes ofereceu uma caneca com caf Ela logo desapareceu para as salas e dormit rios do local Cartazes nas paredes Que tratam do problema da aids e dos riscos de transmiss o dos sintomas e da import ncia de procurar tratamento para evitar que o v rus se alastre Malin pega o celular liga para Sven Sj man e este faz um relato dos trabalhos do dia com destaque para o fato de os outros continuarem sem encontrar nada de importante em qualquer das outras pistas Tinham investigado as mensagens eletr nicas da internet e do c
355. ma contraluz que transforma os seus cabelos louros em uma coroa de gl ria V o brilho que a ilumina e pensa Voc n o faz a menor ideia da bomba que vai explodir justamente agora na sua vida A menor ideia E espero que possa me perdoar O quadro branco na sala de reuni es j est todo cheio de anota es quando Malin chega s 15h15 a ltima a chegar entre todos os membros do grupo de detetives do departamento Ainda continua com o seu vestido preto Sente como essa roupa n o se encaixa com o lugar E ainda por cima cheia de marcas de poeira Todos chegaram diretamente da pra a Todos j est o nos seus devidos lugares Suas roupas tamb m est o manchadas aqui e ali tal qual a de Malin Recorda es do alarme da sujeira e do caos na pra a Apesar de tudo reina uma estranha calma na sala Que certamente serve para esconder a excita o e a forte preocupa o de todos O que aconteceu Que tipo de maldade saiu do esconderijo Ser que existia outro mundo diferente do habitual escondido por baixo da neve um mundo com capacidade para se transfigurar no frio um mundo que achamos ser a beleza da primavera e afinal se transformou numa nova era de horror de crueldade escondida por baixo de camadas e camadas de cores e cheiros peculiares Malin senta se em frente de Zeke Gostaria de poder olhar para o parque infantil atrav s da janela Olha e v um monte de crian as brincando na caixa de areia cond
356. ma intriga Seja o que for que ela tenha combinado com o advogado St lsten eu tenho certeza de que ela n o est em condi es de pensar no que acontecer com a heran a se as suas filhas g meas morrerem Ela n o queria nem acreditar na morte delas No interior do carro sil ncio S se escuta o barulho do motor Os irm os Kurtzon est o l com eles no escuro em pensamentos que caracterizam a possibilidade de terem assassinado uma fam lia inteira na tentativa de ficar com a fortuna Talvez Johan Jakobsson tenha conseguido saber mais alguma coisa sobre os irm os n o acha comenta Malin Vou telefonar para ele Telefone amanh de manh diz Zeke Deixe o descansar Nem todos s o t o man acos como voc Eu man aca O que quer dizer com isso Zeke faz uma careta Sua boca parece a de um palha o Um sorriso e uma express o de receio ao mesmo tempo Eles continuam pela Hornsgatan e ao passar diante do bistr Folkets Kebab Malin lembra se do tempo em que ela e a filha Tove atravessavam a cidade para vir comer ali onde sabiam ter uma boa refei o a um pre o razo vel E o bistr ainda est l Quer dizer que aquele homem que n s vimos no v deo pode ser um dos irm os Kurtzon pergunta Zeke Pode ser responde Malin Ou talvez tenham contratado outra pessoa N o lhes falta dinheiro embora queiram ter muit ssimo mais Mas tudo isso Matar crian as por dinheir
357. maldade E como s vezes levada a acreditar que a maldade n o existe s porque n o est t o pr xima Como no caso do inverno ao lan ar a sua ltima ofensiva contra a primavera e fazer surgir um dia em que os term metros chegam a marcar abaixo de zero e a neve cai e todos os corpos gritam A primavera foi uma ilus o N o existe Por outro lado Malin tem uma certeza a maldade existe Vive e alimenta se nos lugares onde existem pessoas E surge principalmente quando menos se espera por tr s de qualquer mata cerrada feita de bondade na alma de um ser humano Eu gostaria de falar de novo com Josefina Marl w e tentar tirar dela o que ela sabe a respeito dos planos do pai quanto heran a E funda o acrescenta Zeke Onde que est escrito que os irm os n o v o ter o controle do dinheiro se Josefina Marl w desaparecer Ser que o velho pensou nisso Ser que Josefina tamb m corre algum perigo O velho parece ser uma pessoa que pensa em tudo diz Malin Talvez esteja querendo manipular um outro jogo a partir do t mulo Os irm os tamb m podem ter sabido da exist ncia das g meas e quiseram desfazer se delas para que n o viessem a reclamar mais tarde parte do dinheiro N o n o faz sentido diz Malin N s ainda sabemos muito pouco Ela pensa na fam lia Stenbeck em que irm os e irm s maltrataram um filho desconhecido de Jan Stenbeck quando ele
358. mb m Mas Sven levanta a m o Faz sinal para que fiquem quietos e aponta para si mesmo como quem diz Deixem Eu trato disso N s sabemos que voc n o tem nada a ver com isso diz Sven Mas vai ter que vir conosco at o departamento esperar na cama da cela at que o efeito dessa droga passe para termos uma conversa depois Em todo caso vamos levar tamb m o seu computador Ele nem mexeu no meu computador Ele continua morando aqui O qu Ele mora aqui Ele est apenas registrado aqui As cartas v m para ac S isso Tem certeza Voc acha que eu ia para a cama com ele Sofia Karlsson revira os olhos de espanto e leva a m o vagina Eu jamais faria isso com ele Eu s gosto de homens de cor Avance agora Sven avance pensa Malin Quer dizer que ele nunca morou aqui N o Ele mora num trailer na plan cie perto de Vadstena Eu nunca estive l mas sei que ele mora l com outras pessoas Perto de Vadstena N o Klockrike quis dizer Perto da velha igreja de Pentecostes Eu estive l Quer dizer ent o que voc esteve l Sofia Karlsson leva as m os boca como se estivesse dando uma tragada na maconha Entendo diz Sven Voc sabe se eles t m armas l Aquela pergunta direta faz com que Sofia Karlsson estreme a e esbugalhe os olhos E por um segundo o seu olhar fica limpo Malin acha que chegou a hora de ouv
359. mbarcar num lugar que h muito tempo desejara visitar Voc tem o mesmo queixo que eu pensa ela os meus cabelos finos o meu nariz saliente A testa bonita de Tove como eu reflete enquanto afaga mais uma vez o rosto dele Malin encontrou se com Peter Hamse assim que voltou de Estocolmo Foram comer no restaurante Afrodite e falaram muito sobre assuntos pessoais Depois seguiram para a casa dela e aconteceu tudo como ela h tanto tempo esperava que fosse acontecer Ele a aceitou e a agradou nos m nimos detalhes Depois ela lhe pediu para ficar E ficaram os dois conversando a noite inteira Pela manh Peter resolveu esperar por Tove que dormira em casa do pai Explicou que queria conhec la o mais r pido poss vel Peter Hamse agora dorme quase todas as noites no apartamento de Malin Ela tem visto Janne e Daniel H gfeldt com as suas novas mulheres E aben oou as escolhas feitas por eles dos seus novos amores Tove est em f rias escolares Em agosto muda se para Lundsberg Como que vou conseguir ficar sem v la por tanto tempo Malin j tentou imaginar isso muitas vezes Vai conseguir sim Tem que conseguir Vai se enfiar nos bra os de Peter sempre que a preocupa o estiver corroendo por dentro O ferimento de Zeke foi superficial J cicatrizou Ele continua a se encontrar com Karin Johannison disso Malin sabe muito bem Karin gostaria muito de ter uma crian a Malin j viu esse desejo nela diversas v
360. medo que querem saber onde est a m e delas achando at que ela j devia estar junto das garotas Ou n o E o pai Papai onde est Mas os detetives n o conseguem escutar as meninas Em vez dos sussurros dela ouvem a voz de Sven Chegou um relat rio de Gotemburgo no qual se l que as tens es aumentaram entre os Hells Angels e os Bandidos Os dois grupos de motoqueiros envolveram se numa batalha em uma boate na cidade Portanto aparentemente alguma coisa est acontecendo entre esses grupos espalhafatosos pensa Malin Ser a bomba na realidade apenas um detalhe na guerra crescente entre grupos de motoqueiros Ser o os tr s membros da fam lia Viger apenas v timas inocentes da viol ncia cega e indiscriminada de gangues Ou de ativistas de todas as esp cies j preventivamente nas cadeias O que que eles querem Dezenas de possibilidades Malin sente como seu c rebro fica cansado Ela pensa nas meninas no olho pendurado de uma face retalhada por voc s que estou aqui por voc s que estou sentada nesta sala no meio do que sinto ser uma explos o ainda em andamento Sven parece j ter notado que ela est muito cansada que talvez tenha sido um exagero t la obrigado a vir interrogar Ludvigsson t o cedo Malin diz ele depois da reuni o acho que deve ir descansar V dormir um pouco Parece que n o aguenta mais nada E uma ordem concorda Karim Na realidade n o quero dormir Mas
361. menos perguntar ao companheiro se isso o importunaria Estranho haver t o pouca gente no departamento de pol cia Apenas um bando de policiais fardados andando de um lado para o outro e tentando mostrar que est o ocupados Com certeza a esta hora Sven Sj man j providenciou o interrogat rio l no hospital Onde est o B rje Sv rd e Waldemar Ekenberg Quero pedir a eles para falar com algu m do pessoal da creche Eles foram para a creche Nordanvinden em Ekholmen e algu m foi para a creche central de Vidindsj onde Hanna Viger trabalhava Malin est sentada diante do computador lugar pelo qual pretende come ar a investiga o Quer procurar saber quem era Hanna Viger quem eram as meninas Finalmente At o momento ningu m tinha feito isso por estranho que pare a Afinal tudo aconteceu t o r pido Zeke Onde que ele est Malin devia ter telefonado para ele mas espera que Sven diga o que ela e Zeke devem fazer Zeke vai seguir com ela Malin sabe disso Sabe tamb m que poder precisar dele da sua for a da sua capacidade de agir com rapidez De nunca virar as costas mas agir e ir em frente Ele aguenta seguir a pista da fam lia Viger Tamb m tentar ver a investiga o sobre a bomba na Grande Pra a a partir de um novo prisma Precisa aguentar N o h raz o que justifique o massacre de duas meninas de 6 anos A m e delas n o devia morrer asfixiada em uma noite no hospital Isso nun
362. mento entre os seres humanos um sentimento livre de gan ncia O v deo termina em seguida Os detetives continuam em sil ncio em torno do computador de Sven Malin acha que uma coisa dessas tinha de acontecer mais cedo ou mais tarde consequ ncia de como tudo est interligado Ela olha atrav s da janela Para o hospital Onde as enfermeiras e as assistentes trabalham como escravas durante longas horas por um fragmento do que os gananciosos barrigudos ganham em Estocolmo apenas clicando em teclas ao realizar neg cios idiotas que conduziram o pa s a um lama al econ mico Enquanto isso no hospital os pacientes recebem refei es deficientes Na cl nica de psicologia s o muitos os desempregados os desnecess rios e os solit rios no tratamento das suas agonias e ansiedades Vampiros gananciosos claro que por fim algu m iria reagir Uma nuvem interp e se diante do sol Escurece o dia e a sala Meu Deus malditos sejam reage Waldemar Gostaria de matar esse cara com um tiro na nuca E parece que sueco Com os diabos diz Sven Nada desse tipo de conversa fiada Contenha se Ekenberg Mas voc est certo Ele parece ser sueco Est na hora de manter a cabe a fria e tratar do nosso problema com toda a calma Precisamos rever a situa o metodicamente evidente que podemos estar no caminho certo mas como j sabemos de longa data tamb m pode ser apenas uma pista falsa alguns loucos
363. meses Fiquei completamente chocado diante do seu estado claro que j ouvira falar a seu respeito mas n o quis acreditar Quando a vi t o arrasada achei que era milagre ainda estar viva E foi ent o que voc preparou um testamento para ela pergunta Malin No qual as suas duas g meas iriam herdar tudo J rgen St lsten vira se novamente e fica de costas para eles olhando para a ponta da torre da Igreja Gustav Vasa Sim Ela mencionava tamb m os irm os no testamento N o E mencionava para quem iria o dinheiro se as crian as morressem antes dela N o Josefina n o fez nenhum outro testamento que deserdasse os irm os no caso de sua morte N o E os irm os vieram aqui n o foi pergunta Malin Esses irm os assustadores desesperados que voc j n o via desde o jantar de confraterniza o e n o queria ver mais estiveram aqui Vieram pression lo pelo testamento Queriam saber os seus termos Eles o amea aram J rgen St lsten desvia o olhar da torre da igreja e encara Malin A seguran a nos olhos azuis transforma se em medo o mesmo medo que ela viu nos olhos de Ottilia Stenlund como se os irm os Kurtzon tivessem entrado na sala Eles nunca estiveram aqui Sou obrigado a manter segredo e jamais Est claro que eles estiveram aqui diz Malin tentando fazer com que a sua voz mantivesse um tom de frieza e de simpatia Entendo que
364. mo acess rios para serem enquadrados na imagem que ela queria mostrar de si mesma Os irm os estudavam alguns anos na minha frente e eu tive a sensa o de que sofriam muita press o Ao que parece tiveram problemas na escola anterior Eles eram os piores valent es e podiam ficar muit ssimo raivosos nas mais inesperadas situa es Mais tarde vim a entender que talvez eles apenas fizessem aos outros aquilo que faziam com eles Estavam extremamente conscientes quanto ao poder do dinheiro e do status No seu mundo o dinheiro significava tudo Antepassados e rvore geneal gica nada E jamais falavam com algu m se n o soubessem que a pessoa era rica Ao mesmo tempo parecia que sentiam vergonha por terem dinheiro e por n o conseguirem evitar mostrar que tinham Era como se convivessem com um gigantesco conflito interior que podia exp los como seres inofensivos num momento e como perigosos e agressivos num outro Uma vez maltrataram um bolsista na sala de gin stica pois ele conseguia fazer mais flex es de bra o do que eles Os dois amarraram no com uma corda e colocaram no embaixo de um aparelho de gin stica um cavalo e ficaram dando pontap s O caso foi silenciado visto que o garoto se recusou a denunci los Mas todos sabiam do ocorrido Voc acha que o pai batia neles pergunta Zeke J rgen St lsten olha para os dois N o Mas creio que ele os encorajava desde os primeiros momentos a se importarem com dinh
365. mo est o seu pai pergunta Zeke Parece estar bem E voc Eu Sim como est N o se preocupe comigo Sabe que me preocupo automaticamente Por qu Zeke solta uma gargalhada Por que voc tem uma hist ria de autodestrui o That s why Malin faz uma careta Depois ambos ficam em sil ncio Ela se concentra nas not cias O caso da bomba est em destaque O locutor n o diz nada que eles j n o saibam Come a a falar das ag ncias banc rias desertas dos relatos que chegam de todo o pa s a respeito de as pessoas nem sequer passarem perto dos bancos O diretor de comunica o do banco Nordea informa que aumentaram a seguran a em todas as suas ag ncias E que eles como todos os outros bancos ainda mant m as suas ag ncias fechadas mas com toda a certeza vai ser seguro realizar todas as opera es dentro de um ou dois dias Naturalmente encaramos esta situa o com a maior seriedade Pode crer sussurra Zeke Fora do carro um daqueles dias de primavera com que todos sonham Em que o merc rio inesperadamente sobe bem alto no term metro e apenas algumas nuvens dispersas mancham o azul do c u at bom que esses malditos bancos fechem as portas por algum tempo continua Zeke Ser uma imagem da vergonha que deviam sentir depois de tudo o que criaram nos ltimos anos Por mim preferia que continuassem abertos e que n s n o estiv
366. mo se informasse fatos absolutamente inquestion veis Eu sempre quis procurar a ess ncia do que sou E ao faz lo logo entendo tamb m o que n s somos e aonde podemos chegar quando formados Johan volta a repetir a ltima parte da frase Eu E quem s o n s Johan pergunta para si mesmo A empresa dele N s seres humanos Dinheiro Quem s o os formados N s pessoas vamos ser formados O que n s somos O que n s somos Formados Johan fecha os olhos Suspira Que raio de pessoa esse tal Kurtzon parece ser Eu n o sou um desses sou Claro que n o Est na hora de telefonar para Malin Passar adiante o que encontrei Espero que isso possa ajud la Quando Johan telefonou Malin tinha acabado de pagar a conta na churrascaria Vou deix lo falar ouvir tudo agradecer antes de desligar e de saber como est o as coisas l em Link ping nada de novo em nenhuma frente Johan Jakobsson est curioso Pergunta como eles chegaram at Kurtzon E ela conta Johan sussurra qualquer coisa sobre tomar conta das crian as e desliga Malin passa tudo o que ouviu para Zeke Rico diz Zeke quando ela termina A porra do significado de rico tem que ser repensado Zeke parece um pouco desanimado ao saber da riqueza da fam lia Kurtzon apesar de tamb m n o lhe faltar dinheiro O seu filho Martin milion rio estrela mundial do h quei sobre gelo N o bilion rio Longe disso E defini
367. mos falar ent o com o advogado de Josefina Marl w O tal St lsten Agora est tarde demais Se ficar claro que os irm os conheciam a exist ncia das crian as e que Josefina Marl w fez testamento em favor delas n s podemos estar no caminho certo Zeke concorda E como habitualmente recorre ao seu ingl s Follow the money Always follow the money J era uma e meia da madrugada quando Malin finalmente jogou o corpo em cima da cama do hotel As roupas foram jogadas no ch o Deitou se completamente nua Tirou at a calcinha para que n o ficasse mais suja do que estava e esperava vir la do avesso no dia seguinte visto que n o tinha trazido muda de roupa Matar as sobrinhas As m os de Malin tremem s de pensar nisso Com que esp cie de monstros eles t m de tratar Os irm os Onde est o O meu irm o Quem voc Ela fecha os olhos e logo chegam os sonhos na forma de um n cleo negro com halo laranja de onde saem sucessivamente os rostos todos os rostos deste relato Tove vem em primeiro lugar Ela sussurra Eu vou embora mam e mas jamais vou abandon la O pai Ele sorri Mas eu n o posso sorrir de volta Em seguida aparece Peter Hamse vestido com seu avental de m dico e ela sente como o seu baixo ventre se contrai mas ele logo desaparece e com ele aquelas sensa es Daniel H gfeldt Janne Eles v m juntos Fazem um sinal com as m os Acenam lhe um adeus Ela
368. mposs vel determinar Durante a tarde Johan Jakobsson B rje Sv rd e Waldemar Ekenberg ouviram outros conhecidos ativistas mas as conversas n o levaram a lugar nenhum Ningu m conhecia essa tal Frente Libert ria Econ mica A organiza o apareceu como uma nuvem de fuma a depois da explos o e talvez viesse a desaparecer t o depressa quanto surgiu Nenhum outro jornal al m do Corren nem o resto da m dia recebeu a mesma mensagem Os detetives chegaram a contatar um professor em Estocolmo que nunca ouviu falar de qualquer ativismo de esquerda de orienta o econ mica na Su cia muito menos dessa Frente Libert ria Econ mica certo que os comunistas j tinham protestado diante do Enskilda Banken mas isso aconteceu na d cada de 1970 E a respeito de ser um movimento de extremistas de direita o professor achou que isso era bastante improv vel Em contrapartida achou prov vel o surgimento de uma nova forma de ativismo social para perturbar a comunidade na sequ ncia dos tempos de crise e dos desn veis sociais Era apenas uma quest o de saber quando surgiria a rea o daqueles que se sentiam exclu dos N o de saber se a rea o viria ou n o A per cia t cnica continuava a analisar os v deos das c meras de seguran a do banco As imagens do interior da ag ncia n o mostraram nada de importante mas foi poss vel ver Dick Stensson a caminho da sala de Jeremy Lundin com uma pasta na m o Nenhuma outra atividade fo
369. mse Estranho Como que ela nunca se sentiu t o instintivamente atra da por um homem como aconteceu com Peter e com a certeza de que tamb m era correspondida da mesma forma Ela mal pode respirar s de pensar no seu rosto no seu corpo por baixo do avental branco de m dico Ela queria fugir para o banheiro e se satisfazer de uma maneira quase medieval realizando o desejo que parece ter se apossado pouco a pouco do seu corpo Uma explos o isso que ela sente agora como se estivesse no centro de uma explos o em que tudo atirado contra si ao mesmo tempo num curto e concentrado momento Tudo jogado comprimido Nada fica no lugar nada para tudo perde o seu significado E ela obrigada a vivenciar cada momento do incidente A m e est morta A minha m e morreu h tr s semanas e dentro de dias ser feito o invent rio da heran a Meu pai estar l controla toda a situa o deve ter entendido que eu preciso trabalhar Talvez por isso nem me disse mais nada Ou ser que existe outro motivo Alguma coisa se aproxima na explos o Eu devia estar triste Devia estar muit ssimo mais triste mas vejo apenas o meu pai na minha frente vejo como ele entra e sai do apartamento na rua Barnhemsgatan e finalmente como parece se sentir livre aproveitar sua solid o novamente reconquistada Mam e Seu rosto como uma m scara vazia a sua vida como uma perspectiva em fuga como uma ilus o como uma mentira c
370. muito mais jovem do que ele muito mais formosa Eu o conhe o claro que ele n o pode fazer isso n o pode andar por a na companhia de uma jovem qualquer Ela quer saltar do carro e correr para ele para Janne que atravessa a rua na faixa de pedestre naquele terno de funeral falando com aquela mulher sem sequer olhar na dire o de Malin que sente dificuldade at para respirar Consternada ela v que o mundo tal como o conhecia acabou de explodir em mil peda os Mas ela consegue se manter dentro do carro N o pode nem se mexer O sinal abre Janne e a jovem desaparecem entre os pr dios da rua Ela nota que os dois ficam cada vez menores nem ouve a buzina do carro de tr s Os sinais sonoros s o de raiva exigindo que ela siga em frente no espa o estranho de uma primavera a desabrochar 34 Calma Malin Calma Malin Fors n o enlouque a n o fa a nenhuma idiotice nem pense na garrafa suba para o seu apartamento conte o que deve contar a Tove e depois v para a cama tente dormir para n o parecer cansada amanh de manh Como ele pode fazer uma coisa dessas Como que se atreve E qual seria a idade dela Que ela muito bonita n o h d vida Malin pensa em voltar e ir procura deles Onde ser que eles est o No Afrodite o restaurante grego com as paredes pintadas de amarelo imitando ouro Aposto que os pombinhos est o l a arrulhar Ela deixou o carro no estacionamento perto da Igreja St
371. muito mais um gesto sem sentido e sem efeito do que um sinal de perigo e fonte de medo Aqueles animais repugnantes nas jaulas Para ficarem no casar o foram obrigados a aguentar a sua exist ncia mas n o era para eles andarem livres e perigosos por ali Saia da saia v embora grita Leopold Desapare a sussurra Henry O lagarto parece compreender Vai embora desce por um dos cantos do terra o e desaparece no mato alto e selvagem do jardim O animal foi embora mas nesse mesmo momento Leopold observa uma sombra vagamente delineada pela luz que sai da sala a sombra de uma pessoa que circula pelo terra o n o Mas ele n o v ningu m Ser que o pai j morreu e vem aqui como um fantasma Est tudo perdido tarde demais para fugir E a bomba Devem faltar apenas alguns minutos para a bomba explodir Vamos sair daqui E j Pegue os agora Mate os Elimine de uma vez os nossos terr veis tios e todo o mal que h neles da superf cie da terra Vingue nos Malin Fors agora que se aproxima do repugnante ref gio O ber o dos malditos A maldade das maldades Aquela que surge quando chega ao fim a tentativa da maldade de se disfar ar A que nasce na hora em que as crian as s o deixadas sua dor Mas n o fique satisfeita s com isso Quando acabar com eles v fundo desvende a verdade Salve as crian as E com elas tudo o que h de bom em voc Mas mate os irm os da nossa v
372. n a retirada ela escuta o ru do o trinco corre e ele abre a porta Nu Tem na m o apenas uma camisa azul que mant m diante do sexo Malin diz ele O que est fazendo aqui Estava passando por perto reage ela E h muito tempo que a gente n o se via Em seguida ela ouve uma voz uma voz feminina que lhe parece conhecida Sim ela reconhece a voz escuta a com frequ ncia A voz tamb m de algu m que acaba de passar por um orgasmo feliz e irritada e confiante tudo ao mesmo tempo Daniel quem que est a Feche a porta e venha para c Malin sabe de quem a voz A locutora do r dio Minha amiga Helen Aneman Estavam fazendo amor Como que ela p de Vou mat la agora mesmo Calma a calma Daniel sorri para Malin Ela re ne uma por o maior de saliva na boca e pressiona a pelos l bios e cospe acertando em cheio no olho dele Daniel fica espantado e ao mesmo tempo parece inocente como se de fato o fosse Como se de fato aqueles outros l bios l dentro em que ele penetrou h pouco tamb m fossem inocentes O que est fazendo Malin Est doida Ela cospe de novo e ele grita Voc nunca se interessou por mim de verdade E j faz um temp o que esteve aqui e me usou como pau para a sua satisfa o Portanto chegou a sua hora de sair daqui e ir para o inferno para n o falar de outro lugar muito pior Helen aparece atr s de Daniel O c
373. n as que pensam ser melhores do que n s Que conseguem fazer coisas que n s n o conseguimos Voc tem que defender quem voc A todo custo seja qual for Isso nos ensina a m e Isso nos ensina o pai Eles nos ensinam o que significa sermos gente Eles ensinam isso tamb m a Josefina Ser gente ser maltratada pelos seus irm os de 7 e 8 anos de idade v los receber choques el tricos caso se recusem a fazer isso ficar trancado num lugar escuro e aceitar que isso seja justo porque aquele que sabe mais decidiu que isso justo E se tiver sorte aprende a conviver com os seus pr prios medos e horrores O pavor voc aprende a cont lo e a gostar dele a pedir por ele E sem que saiba disso j est espera do momento em que passa a ser normal atingindo o padr o chegada ent o a sua oportunidade de dominar Isso pode acontecer quando estiver com 14 anos e derrubar um colega da escola de 8 anos e enfiar a cabe a dele num buraco no gelo sem que o seu professor veja e com a ajuda do seu irm o apesar de este pedir para que o colega seja perdoado Pode acontecer ao dar uma surra em outro colega da escola amarrado a um aparelho de gin stica Pode acontecer quando atingir com uma garrafa de champanhe a cabe a de um noivo idiota de um sub rbio da capital no Caf Opera no mesmo dia em que seu pai riu da sua ltima proposta de neg cio Pode acontecer ao bater numa funcion ria do seu escrit rio em N
374. n o Maria Anseia por uma n o exist ncia da mesma maneira que as duas meninas Viger anseiam gritam e choram por mais vida Malin solta os bra os O vestido negro est manchado amarrotado O funeral pela manh Parece ter acontecido h mil anos N o aguento mais pensar nisso melhor olhar em frente n o Malin abre o port o Um minuto depois entra no hall do seu apartamento e v Tove vestindo o casaco bege imperme vel com um cinto uma c pia de um Burberry comprado na loja H amp M Malin v que o casaco faz com que Tove pare a mais velha mais consciente melhor do que ela jamais esteve Vai para casa do seu pai Pode ficar aqui se quiser Eu sei mas hoje o dia foi longo e eu tenho livros l que preciso levar para a escola amanh Sure Tove Est fugindo n o Exatamente como o seu pai sempre fez Ser que n o pode ficar uma vez Mam e por favor Ok pensa Malin Ok Mas eu j me mantive s bria por mais de um ano e meio Sem beber Ser que voc n o pode ficar aqui comigo com uma frequ ncia um pouco maior por causa do av Estive falando com ele durante toda a noite Ele disse que estava tudo bem A televis o est ligada Ele deve estar vendo algum concurso de perguntas Malin recorda a respira o profunda do pai Ele espera falar com a filha para que juntos terminem o dia em que ele enterrou a esposa e ela a m e Malin olha mais uma vez para T
375. n o verdade Tove Ela quer visit lo Malin aperta o est mago quer jogar para longe aquele sentimento em rela o a Tove a sensa o de perigo medo de perd la quando pensa nela Reconhece que comete em rela o filha o mesmo erro que sempre cometeu Mas Apesar de tudo Primeiro preciso trabalhar e esclarecer de uma vez o caso Preciso pressionar Ottilia Stenlund Pression la mais se for preciso Malin pensa tamb m em Peter Hamse Nem chegou a falar com ele durante todo o dia apesar de ter tido um bom motivo para faz lo Pensou tamb m em Daniel e Janne Canalhas E continua a correr Segue em frente sua volta passam cores sons dores e respira es ofegantes at que por fim ela chega abatida e esgotada diante do port o do seu pr dio O rel gio na Igreja de St Lars marca seis e meia Ela sente os m sculos do abd men tensionando De repente vira o corpo para o lado e vomita toda a bile que tinha no est mago E chega a sensa o maravilhosa do suor escorrendo por todo o corpo e uma umidade refrescante acariciando a pele Ela leva os dedos garganta Vomita o resto que ainda tinha no est mago V o rosto do pai na sua frente Papai pensa ela Como que vou perdo lo ecccv Em ingl s no original Assim no final de todos os dias duramente ganhos as pessoas sempre encontram alguma raz o para crer tradu o livre N T 39 S BADO s DE MAIO O carro avan a pe
376. n o recebam mais nada Ser isso mesmo Quem sabe o que ele decidiu a respeito da funda o quando Josefina Marl w morrer Talvez os irm os possam herdar nessa altura o controle da institui o De qualquer forma acho que Josef Kurtzon n o sabia da exist ncia das meninas Portanto Josefina Marl w est em perigo n o pergunta Zeke N o Se o plano dos irm os ficar com a heran a eles precisam manter a irm viva at que o pai morra Josef Kurtzon amea ou entregar tudo institui o p blica Arvsfonden caso ela morra antes dele Zeke parece repensar tudo mais uma vez e deixar que as ideias de Malin entrem bem na sua cabe a Temos de ouvir o advogado de que Josefina Marl w falou diz Zeke Malin concorda Talvez ele possa esclarecer a situa o Se os irm os sabiam da exist ncia das duas filhas da irm dadas para ado o e se a irm fez um testamento a seu favor esse racioc nio poder estar certo Pois se eles sabiam da exist ncia das g meas Viger certamente iriam querer se livrar delas para evitar que herdassem tudo tanto de Josef Kurtzon como da sua m e biol gica Mas Josefina Marl w poder ter ordenado a coisa de modo que os irm os n o possam controlar o dinheiro se ela morrer agora n o Ela pode ter feito um testamento a favor de outra pessoa Voc viu a Josefina h pouco diz Malin Ela n o estava em condi es absolutamente de imaginar u
377. n Sj man no visor Ele Agora Ele sabe que estou no funeral portanto alguma coisa de grav ssimo deve ter acontecido Malin sente o muito conhecido formigar a excita o que sempre reconhece pressente e quase esperava que acontecesse uma nova investiga o grande e importante a realizar estava se iniciando Depois chega a vergonha desta vez em dobro por ela sentir a alegria do trabalho como uma libera o naquele momento e daquela maneira Quem foi a v tima desta vez Uns b bados que acabaram se matando Um roubo espetacular Algumas crian as Meninas agora transformadas em anjos Meu Deus tomara que n o sejam crian as que est o sofrendo dif cil ficar insens vel quando a viol ncia e a maldade s o praticadas contra crian as Malin Malin Sven parece aborrecido quase confuso Mas logo se controla Sei que estou telefonando na hora errada mas aconteceu uma coisa verdadeiramente diab lica Algu m explodiu uma bomba na Grande Pra a de Link ping a Storatorget Uma explos o enorme Muitos feridos alguns muito graves Talvez haja mortos Um verdadeiro caos e Ela escuta as palavras de Sven Sj man mas n o entende O que ele est dizendo Realmente o que ele diz Ela entende mas n o entende E escuta a sua pr pria voz Estou a caminho O pai olha para ela a escuta e j sabe que ela est de partida para qualquer outro lugar Est com medo mas faz um aceno calmo ao lad
378. na ilha embora tivessem vontade de voltar para a Su cia Ser que devo pensa ele Vender Quem sabe o que vai acontecer ainda hoje no invent rio Malin capaz de enlouquecer Vai querer se afastar de mim de proibir que me encontre com Tove Ele sabe que a filha espera h muito tempo para saber a verdade que ela pressentia a exist ncia de um segredo na sua vida e que j tinha lhe pedido v rias vezes para revelar Mas a responsabilidade n o era minha pensa ke Fors ao bebericar mais um pouco de caf e vendo as copas das rvores em frente da janela balan ando ao vento Essas copas verde claras parecem acenar lhe como se estivessem chamando a aten o para o fato de que naquele mesmo dia ia come ar algo de novo Eu sempre senti a falta de Malin De Tove Mas n o sinto a sua falta Margaretha De qualquer forma voc conseguiu de mim o que queria Aceitei cedi neguei a Malin o direito de saber de ser completa n o verdade E ela vai me odiar por isso Ser que vou ser obrigado a fugir para a solid o do sol de Tenerife Terei eu o direito pelo menos de pedir para acompanhar suas vidas Gostaria de saber se ao menos ela se lembra da reuni o hoje no escrit rio do advogado Tenho de lhe telefonar ke Fors vai at o telefone instalado na parede do hall de entrada digita o n mero do celular da filha e aguarda Um sinal Apesar de Malin nunca ter morado naquele apartamento ele consegue imagin la
379. nada E por fim muitos anos mais tarde era como se tudo tivesse se tornado uma verdade diz o pai O segredo n o existia mais ramos apenas n s voc eu e a m e E ela ficou possu da pela ideia de se promover de promover a sua vida as suas escolhas que tudo devia ser bonito e perfeito quando na realidade era tudo med ocre e constru do de forma desprez vel E eu participava do jogo O pai fica em sil ncio Malin olha pela janela para o crep sculo que lentamente se estabelece Acha que aquilo que o pai diz parece rebuscado quase impuro Ela escutou tudo sem dizer nada E agora ele lhe pede Diga alguma coisa Malin Como que voc p de abandon lo deixando o sozinho ainda que ele n o fosse seu filho N o sentia nenhuma responsabilidade O pai olha para ela tenta atrair o seu olhar Malin sente que ele deseja compreens o mas ela n o tem nada para lhe dar Achava que eu n o tinha nenhum direito quanto ao meu pr prio irm o Sabia quanto eu sentia a falta de um irm o ou irm Como que p de me negar esse direito Ele deficiente Malin Ela se levanta grita Como se isso tivesse alguma coisa a ver Podia muito bem ter assumido a paternidade Ou foi a m e que n o quis Ou foi voc que obrigou a m e a se afastar dele Fez alguma amea a e tentou apresent la como a pior canalha quando n o era nem um pouco melhor Voc tamb m n o queria t lo em casa Talvez e
380. nar J rgen St lsten S isso j um crime s rio Estamos no caminho certo diz Zeke Tenho certeza Vamos em frente O advogado est t o amedrontado quanto a assistente social E voc n o estaria Malin Talvez responde ela E pensa N o eu n o ficaria com medo eu ficaria furiosa E defenderia tudo o que fosse meu a todo custo Depois acrescenta Temos que apanhar esses irm os Johan vai ter de procurar os endere os ainda hoje Zeke concorda O que eu ainda n o entendi diz ele depois como Josefina Marl w conseguiu manter a gravidez em segredo A fam lia com todos os seus tent culos n o devia mant la sob observa o permanente O wrap estava timo A sensa o de del cia misturada com a de repugn ncia na mesma mordida Com o passar dos anos ela ficou competente em se manter longe da fam lia diz Malin Competente em se esconder em dar a sensa o de que n o existia mais Talvez tenha ido para outra cidade Mas para uma gravidez tranquila preciso tomar certos cuidados A vida mais forte do que parece Zeke Sabe quantas m es viciadas d o luz crian as saud veis Ficaria espantado O seu celular toca Uma mensagem de Sven Sj man Um v deo Ela aperta o bot o p e o filme para rodar E pela primeira vez v bem na sua frente o rosto do assassino x xx Karl Vennberg 1910 1995 poeta sueco N T
381. nar as informa es recebidas em compartimentos bem limpos e arrumados que depois possam ser agrupados de uma maneira mais clara e compreens vel Mas algu m quer outra coisa Algu m chacoalha o seu corpo Sven Sven o senhor tem que acordar E Sven ent o levanta do sof Esfrega os olhos V quem est ao seu lado o assistente Antonstj rna um jovem inteligente mas com apenas 25 anos jovem demais para ser policial Ele quer contar tudo diz Antonstj rna Quem quer contar o qu Ludvigsson quer contar o que aconteceu o que ele fez Sven levanta se endireita as costas Que horas s o Quatro e vinte e cinco Vai amanhecer daqui a pouco N s temos for a podemos nos anunciar n o verdade N o somos assim t o pequenas e dependentes como todos voc s acreditam N s podemos ajud los Malin de fato podemos faz lo Mas voc precisa acreditar que n s existimos Porque se n o acreditar n s vamos desaparecer deixar de existir Estamos agora com a nossa m e Sentadas na sua cama a sussurrar bonitas palavras de amor ao seu ouvido Algu m vem pelo corredor e se aproxima lentamente muito lentamente Algu m que entrou sem ser notado pelos subterr neos do hospital e subiu at o nono andar pelas escadas e que agora como um homem invis vel furtivamente est quase chegando ao quarto N s vamos ajud lo porque queremos ter a mam e ao nosso lado N o aguentamos ficar se
382. nas pensa ela S o voc s que est o sussurrando para mim Mas eu n o consigo ouvir o que dizem Ela e Zeke passam por um novo pr dio residencial com uma fachada escura e varandas envidra adas onde algu m colou a silhueta gigantesca de uma rvore sem folhas Os dois descem a Tegn rsgatan em dire o Sveav gen e ao passar em frente do restaurante Rolf o telefone de Malin toca Malin Oi Ottilia Stenlund Malin para e enquanto escuta o que Ottilia Stenlund tem a dizer olha para dentro do restaurante cheio de gente onde imperam os bem vestidos bem conscientes os que folgam aos s bados e comem brunchs todos com idades semelhantes sua e bem sucedidos na grande cidade Onde ser que eles trabalham Na imprensa isso o que parece Certamente trabalham nas grandes revistas naquelas que Malin nunca l E ela v um homem Um perfil Sente um aperto no est mago Ser poss vel N o n o N o o m dico Peter Hamse mas ela sente a excita o no corpo Ela quer entregar se exatamente como Janne Zeke e Daniel H gfeldt se entregam numa atitude machista para satisfazer os seus instintos Mas reconhece que isso mesmo o que ela costuma fazer e que vai fazer com Peter Hamse mais cedo ou mais tarde No entanto ao realizar a liga o entre as palavras e o bonito rosto do m dico ela sente certo mal estar como se estivesse sujando uma coisa que deve ser pura e bonita t o perfumada como a pr
383. nda est l A m e olha para os cartazes na vitrine do banco Reconhece o estilo dos an ncios e das campanhas N o queria pensar no nome mas n o pode evit lo Kurtzon Fundos Kurtzon O banco SEB deu espa o nas vitrines empresa do famoso g nio das finan as tamb m reconhecido por ser avesso a publicidade As duas meninas chegam enfim ao caixa autom tico As portas da ag ncia abrem se automaticamente Sai um homem de colete de couro com os bra os bronzeados e com uma pasta escura em uma das m os Ele olha em volta sorri para as meninas antes de desaparecer em dire o ao antigo edif cio da C mara Municipal A m e aproxima se rapidamente das garotas mas trope a numa pedra um pouco mais elevada do que as outras e deixa cair a bolsa Na queda a carteira cai O verde do cart o Visa brilha Tem muito dinheiro na conta O fim do m s ainda est longe e nem sequer tocou no ltimo dep sito do seguro Ela se abaixa se ajoelha sente como as suas articula es estalam As meninas j est o junto do caixa brincam fingem que colocam um cart o na m quina apertam os bot es e imaginam retirar um enorme tesouro m gico da abertura Tudo isso a m e v como se fosse em c mera lenta A bolsa De novo na m o No momento em que estava prestes a se levantar ela ouve um estampido seguido de um zunido Como se tudo vibrasse dentro da sua cabe a e s restasse um som agudo de um apito A m e ainda v as
384. nda n o fora esquecido No estacionamento Malin quis futilmente que aquela poca do ano j tivesse passado No momento est na sala de estar do apartamento dos pais perto da janela em cujo parapeito estavam os vasos de flores h muito tempo j secas Malin olha em volta e escuta as vozes do pai e de Tove na cozinha Todos os convidados j haviam ido embora Perdeu o caf mas o aroma forte dos biscoitos gordurosos e do sufl de camar o fez com que sentisse fome Na cozinha o pai est junto da bancada lavando as x caras de porcelana e os pratos enquanto Tove seca a lou a H comida na geladeira se estiver com fome Ele sorri para Malin Parece at aliviado Sente se livre agora n o papai N o estou com fome responde ela Devia estar comenta Tove Coma coma alguma coisa E Malin vai ent o at a geladeira Abre e pesca alguns camar es do sufl H uma garrafa de licor de tangerina na sua frente dentro da geladeira A vontade de bebida contrai o seu est mago o cora o a alma Mas Malin diz Tove voc adorava esses camar es de lata quando era pequena N o me lembro de nada reage Tove Devo ter melhorado de gosto N o acredito Gostava mesmo desses camar es de lata O pai solta uma gargalhada mas logo se recomp e e para Na quinta feira temos uma reuni o marcada para o invent rio diz ele No escrit rio do advogado Strandkvist s duas
385. nde a pr xima bomba vai explodir Afinal o que foi posto em movimento Malin inspira o ar frio da manh Sente o cheiro da clorofila rec m acordada a vida da natureza que esperou para reviver a natureza que parece querer fazer amor consigo mesma num balan ar de vivacidade sem sentido Daniel H gfeldt estar l Entre a multid o N o consegue v lo Ao se aproximar do port o os jornalistas chamam por ela Malin Tem alguma coisa para n s Qual a sua pista principal Ativistas Islamitas Algu m assumiu o atentado Ela balan a a cabe a negativamente Coloca a m o diante do rosto desejando ter trazido os culos de sol mas est satisfeita por ter escolhido o seu bonito vestido azul se que a sua fotografia vai aparecer em algum lugar O coldre com a arma Sig Sauer est escondido embaixo do seu casaco branco de l T nis branco do modelo franc s que os velejadores usam Ela se sentiu verdadeiramente chique ao se olhar no espelho do seu quarto em casa o que a deixou satisfeita Al m disso verificou que a sua apar ncia havia melhorado estava recuperada apresentava um aspecto renovado desde que parara de beber Uma beleza Uma pele mais lisa e macia as ma s do rosto mais altas e vivas cabelos brilhantes Olhos azuis mais despertos Nada mal Mas por que me sinto t o s pensou ela Sem coment rios diz Malin enquanto a multid o se divide e abre espa o para ela entrar Talvez por re
386. ndo vai explodir uma nova bomba E voc n o est com medo pergunta Malin N o Sinceramente n o N o acredito que haja algum perigo Mas eu gostaria de torcer dez vezes o pesco o daquele cara do v deo que deixou a bomba na frente do banco Malin estremece diante daquelas palavras Torcer o pesco o A mulher deve ser apenas alguns poucos anos mais velha do que Tove bonita mas tem uma cicatriz desfigurando o queixo Aparentemente uma durona que sabe o que quer A funcion ria fica em p junto da mesa deles com a bandeja na m o E mesmo que eu estivesse com medo n o deixaria que meia d zia de terroristas idiotas interviesse na minha vida Nessa altura isso seria sinal de que eles teriam vencido n o verdade O caf faz com que o corpo evite a leve tend ncia de baixar a energia no momento em que eles voltam para o carro estacionado junto do pub Hamlet Quando seria a cerim nia em mem ria do atentado na Grande Pra a Na hora do almo o pensa Malin Ser em breve Talvez seja bom irmos l ver quem vai aparecer e avaliar o tamanho da ades o Seus pensamentos s o interrompidos por Zeke Aquele espresso fez muito bem diz ele Malin concorda com um aceno Sente que o celular no bolso do casaco est tremendo Sven n o deu em nada diz Malin Eles se recusaram a nos dar o v deo Eu segui pelo caminho da formalidade diz Sven Mandei um pedido diretamen
387. nem irritada Gostaria de saber o que ela quer que o seu pai conte A m e tamb m est saindo do quarto Deixando me aqui sozinha Tove estica o corpo enquanto pensa que por estranho que pare a n o contou para a m e sobre a carta De qualquer forma posso faz lo num outro dia n o h pressa A m e certamente n o vai dizer n o Ou vai Zangada certamente vai ficar Tove sente um frio na barriga acha que tem de contar logo sobre a carta claro que a m e vai perguntar imediatamente quando que eu recebi a carta Se eu deixar passar muitos dias ela vai ficar desconfiada Vai sentir se atacada e exclu da Ficar zangada e depois tudo poder acontecer Exatamente tudo e mais alguma coisa Ela n o pode voltar a beber N o pode Mas como dizer isso J se transformou agora em um segredo que tem de ser anunciado Que ela falsificou a assinatura da m e na hora de entrar com o pedido Tove sente que os seus pensamentos est o confusos Chega a sonhar acordada com salas de aula de tetos altos com filas de carteiras cheias de pessoas muito mais interessantes do que aquelas que constituem a maior parte dos colegas do seu curso secund rio na Escola Folkunga Pessoas com estilo Como se fossem retiradas dos romances de Jane Austen pensa Tove Depois os sonhos desaparecem dentro de si mesmos e logo ela adormece sem estar consciente de que realmente exista Est o sentados mesa da cozinha Bebericam o c
388. nham alugado uma mans o em Sri Panwa por um m s quando nos encontramos Isso j foi h muito tempo L eles n o est o mais Talvez estejam na Tail ndia A minha pista come a l por isso eu queria voltar Elas podem estar tamb m na Su cia Fiquei de olho nos apartamentos da Strandv gen por m eles n o apareceram e eu n o consegui encontrar nenhum outro endere o Jokso Mirovi volta a ficar em sil ncio Malin olha para Zeke que devolve o olhar Ser que ele est falando a verdade Zeke parece conferir como se ele se recusasse a aceitar de pronto as vozes sofridas das crian as no telefone Ser que os dois irm os Kurtzon ainda mant m realmente as duas crian as presas em algum lugar O menino e a menina das fotografias estar o na Tail ndia Na Su cia Ser que os irm os as torturam At conseguir que elas gritem de terror Eu falei a pura verdade sussurra Jokso Mirovi A grava o real Voc s t m que salvar as minhas crian as Malin volta a olhar para ele encara o o olhar de quem pede por favor Pensa nos pais que nos port es dos campos de concentra o dos nazistas e dos s rvios eram obrigados a escolher entre as suas crian as as que entrariam com eles sabendo que as outras iriam direto para a morte Ela balan a a cabe a e encara Jokso Mirovi V a cicatriz quase a vibrar na luz fria do ambiente Papai venha venha estou com medo papai solu os papai pa
389. no Slussen onde est sentado um grupo de moradores de rua trocando garrafas entre si Malin e Zeke avan am direto para os homens Ela se lembra de ter visto alguns deles no mesmo local Estavam espera de poder entrar e dormir mas talvez os dormit rios da institui o j estivessem cheios ou eles estivessem b bados drogados ou simplesmente excitados e barulhentos demais para conseguir uma cama Est o calmos agora Nada de amea as Apenas cansados e com frio Malin adiantou se e perguntou sem olhar para qualquer um dos homens em especial Algu m sabe onde podemos encontrar Josefina O que voc s querem com aquela prostituta pergunta um dos homens sem qualquer tom de amea a nem reclama o apenas constata o e curiosidade N s somos da Zeke interrompido Sabemos que voc s s o tiras diz outro homem Precisamos falar com ela diz Malin S isso Os homens permanecem em sil ncio olham para Malin e Zeke Esperam pelo bvio Malin pega a carteira e tira uma nota de quinhentas coroas Afinal o que acha que n s somos pergunta um terceiro homem enquanto os outros riem Malin junta mais uma nota de quinhentas coroas Um dos homens pega o dinheiro Voc s podem tentar encontr la na esta o do metr em Hornstull Ela costuma ficar por l Algum dos guardas pode indicar o caminho De in cio o guarda mostrou se contrariado mas eles conseguiram con
390. no apartamento Mant m a pistola em punho com a adrenalina circulando livremente pelas veias de novo O cansa o anterior desapareceu como por encanto todos os pensamentos e considera es tamb m Os tr s separam se pela casa e gritam limpo limpo limpo O apartamento est mobiliado Um pomposo estilo brit nico do s culo XIX As paredes do escrit rio est o cobertas de prateleiras cheias de livros com capas de couro Tudo empoeirado Tudo fechado mas dava a sensa o de que algu m j morou aqui Vamos procurar diz Conny Nygren assim que eles se re nem na cozinha por alguma coisa que nos indique onde eles possam estar Acendem todas as l mpadas Uma mulher vestida com trajes t picos da prov ncia da Dalic rlia do pintor sueco Zorn Outro quadro um de Carl Larsson Arte sueca cl ssica e muito valiosa para aqueles que se acham importantes Que querem mostrar que eles pr prios s o cultura Malin acha que falta de gosto e que todo o apartamento cheira a inseguran a Eles v o de sala em sala de quarto em quarto Abrem gavetas Remexem pap is contas jornais Afastam roupas nos arm rios Temos de encontrar alguma coisa pensa Malin ao entrar em uma sala que parece ser uma esp cie de escrit rio Uma mesa mas nenhum computador Aqui as paredes est o vazias com exce o de dois grandes retratos a leo Um deles representa um Josef Kurtzon ainda jovem Ao lado o retrato de uma mulher de
391. nsa ela enquanto gira a chave que est na porta Algu m est chegando Papai voc Tem que chegar logo No momento chegam os tios e eu pego o meu irm ozinho acomodo o bem junto ao meu corpo e vamos os dois para um canto onde talvez eles n o nos encontrem Parem N o quero N o nojento O que ser que eles v o fazer agora Estou com fome e o meu irm ozinho chora E voc tem que chegar papai voc que est chegando A porta abre se S n o podem ser os tios Se forem n o podem estar zangados N o podem Ser que v o nos transformar em comida para os lagartos gigantes Vamos gritar Gritamos para que n o percebamos o quanto estamos com medo 55 Vazio Um closet vazio Droga E o som dos arranh es Um rato enorme negro corre entre os p s de Malin e para dentro do apartamento Malin segue o com os olhos e acaba por encontrar Zeke e Conny perto de uma janela olhando para a famosa enseada Nybroviken com as armas pesadas e pendentes direcionadas para o ch o de tacos de madeira O p est acumulado uma camada grossa em cima do parapeito de m rmore branco Malin passa o dedo pelo p e se lembra do apartamento dos pais na Barnhemsgatan durante os anos em que ela tomou conta dele e enquanto eles estavam em Tenerife sem voltar para casa De in cio como ela teve ambi es at em rela o s flores Para n o falar do p e das aranhas que ela quis manter longe Mas com o
392. nsasse em outra coisa acabava sempre por achar que Malin j devia estar pr xima do objetivo e que devia estar em perigo Sem Anna a casa fica vazia Mesmo assim a alma dela flutua sobre a decora o que cem vezes melhor feita com bom gosto do que ele seria capaz de fazer O telefone toca O n mero de Waldemar Ekenberg no visor Waldemar Ekenberg est na cozinha fumando um cigarro debaixo do exaustor do fog o Tenta ficar tranquilo com as palavras de B rje mas n o est funcionando Estocolmo n o devia ter mandado refor os de apoio com eles Voc sabe muito bem como Malin N o ser melhor irmos para l J tarde demais n o acha E certamente uma pista cega Os Kurtzon s o ricos e filhos da p diz Waldemar dando uma ltima tragada no cigarro Cheirando a dinheiro ou ainda pior cheirando a perda de dinheiro eles podem fazer qualquer coisa Tudo pode acontecer Voc sabe disso t o bem quanto eu Os dois sabem como se cuidar insiste B rje embora pela voz pare a estar tentando tamb m se convencer do que est dizendo E Zeke bom Vamos esperar que eles matem os irm os se os encontrarem l diz Waldemar preparando se para que B rje seja contra Se isso acontecer n o vai haver testemunhas diz B rje contra todas as expectativas Voc dur o diz Waldemar E diferente de voc eu sou dur o sim mas sem
393. ntato com voc Confiei no que a sua m e me dizia que ningu m na fam lia queria ter qualquer relacionamento com Stefan Acho que voc fez o certo A sua miss o era tratar bem dele fazer o que fosse melhor para ele Portanto por que insistir na possibilidade de ele entrar em contato com pessoas que diziam n o querer ter nada a ver com ele verdade Mas vi a sua fotografia uma vez no jornal diz Britta Ekholm Naquele momento ainda pensei em lhe telefonar Tive a sensa o de que voc era uma pessoa que poderia assumir essa esp cie de responsabilidade Que responsabilidade responsabilidade do amor diz Britta Ekholm Malin introduz a chave na igni o e sai do estacionamento Sai tamb m da cidade e dali a pouco o autom vel cruza a plan cie aberta da prov ncia de Ostg taland e segue ao longo de um horizonte enevoado marcado por rvores escuras que j escondem tamb m pela metade o sol poente Ela deixa as m os descansar no volante O trajeto longo o caminho da prov ncia de H lsingland e da cidade de Sj plogen Tanta solid o T o pouco tempo Tantas dezenas de quil metros a percorrer Come a a cair no para brisa uma chuva leve primaveril Ela olha para o lado e v a plan cie se abrindo para os pingos de chuva disposta a receber a umidade como um presente dos c us e nova possibilidade de vida As gotas de chuva s o como diamantes Ela fecha os olhos por um momento de
394. ntava fazer com que eu me sentisse pequena no mundo e reconhecesse qual era o meu lugar Voc n o assim t o inteligente Malin Encontre algu m que tenha dinheiro Talvez devesse se tornar uma professora na pr escola Uma profiss o que cairia bem a voc Fa a o seu melhor Encontre algu m com um bom nome de fam lia Torne se uma parte do meu pr prio insucesso da minha incapacidade em aceitar a situa o em que me encontro daquilo em que eu me tornei Voc odiava a realidade minha m e Odiava me Porque eu era uma lembran a viva da sua pr pria realidade Quando chegava em casa com as minhas notas as suas palavras ditas num tom de voz revelador dos seus ressentimentos Est seduzindo os professores Quando Tove chegou voc amaldi oou o meu descuido Como que podia ter ficado gr vida T o jovem Voc disse que eu que n s n o ramos bem vindas Que sentia vergonha diante de todos os seus conhecidos e conhecidas porque eu n o soubera fechar as pernas Tove Voc nunca nem olhou para ela Nunca a segurou no colo Decidiu que ela era uma vergonha apenas porque a minha menina nunca esteve nos seus planos nem se encaixava na imagem perfeita que fazia de si pr pria e da vida que tentava pintar para si Mas ningu m se importava com essa sua imagem minha m e Eu me importava era com voc Queria ter o seu amor mas como n o tive esse amor durante a minha inf ncia talvez n o o tenha desejado qu
395. nte O sonho Outra coisa que n o seja a maldita Escola Folkunga Ir para longe de todos os problemas Da m e Meu Deus como ela sente vergonha s de pensar assim Deixa cair o envelope Pega o novamente e consegue abri lo da maneira certa Uma nica folha de papel Muito grossa S pode significar uma coisa n o Ela pega a carta senta se na cama acende o abajur da mesinha de cabeceira e desdobra a folha Ent o l Quer saltar pular rir e gritar mas logo sente o est mago se contrair Mam e mam e como que eu vou lhe contar mam e Malin tirou a roupa e se deitou na cama entre os len is e sob um cobertor barato Sente o colch o macio seu velho conhecido e solit rio colch o por baixo do corpo Tenta relembrar a imagem da m e mas n o consegue O rosto dela aparece apenas como um contorno de perfil Por que ser que n o consigo v la minha m e Por que n o consigo ficar triste Ser que n o consigo mais sentir tristeza Acho que n o A senhora me abandonou uma vez n o verdade E a tristeza que devia sentir agora eu senti naquele momento n o Talvez tenha sido essa tristeza que eu senti a vida inteira Ser que existe um motivo plaus vel para uma m e abandonar a filha Desistir dela Passar a usar mal a confian a de um amor verdadeiro e nico Virar as costas por maldade contra esse amor Apenas aproveitando se de todas as maneiras dele N o Por tudo isso uma m e me
396. nte se transformou num alarme estridente Malin n o quer largar as crian as quer se agarrar a elas com amor mas precisa saber o que aquilo Levanta se com as crian as no colo Sai da cela onde estavam N o pode deix las Uma caixa branca a um canto Ela solta as crian as que gritam Volta a ajoelhar se diante da caixa e abre a Cinquenta e cinco Cinquenta e quatro Fios e tubos met licos vis veis Um cron metro digital com cifras um fone que expele o som estridente do alarme As crian as est o agora em sil ncio atr s de Malin Explosivos Certamente dez quilos Um detonador Cinquenta Nenhum bot o para cancelar Posso puxar os fios deslig los O preto ou o branco O vermelho O verde O suor na testa de Malin Quarenta e cinco Vai tudo para o inferno se eu mexer na bomba Vai detonar Esse maldito alarme Quarenta Malin vira se pega as crian as uma em cada bra o e corre para fora do subterr neo Atravessa os v rios c modos depois o corredor e chega novamente ao ar livre no terra o inferior mas continua a contar medida que deixa de ouvir o alarme Trinta e cinco Trinta e quatro Chega ao terra o de entrada Zeke v que Malin est chegando com as crian as Ele est ensanguentado mas sorri As crian as gritam e ela tenta acalm las mas continua a correr Zeke est sozinho Para onde foi Leopold Kurtzon Malin olha para Zeke que aponta para o jardim e diz Ele e
397. ntes da explos o Est vendo V com quem ele se parece N o Vejo apenas um perfil Consegue fazer um zoom com este aparelho Malin um VHS com vinte anos de uso portanto com certeza n o d para fazer isso Malin roda um dos bot es do aparelho e a fita de seguran a avan a uma imagem de cada vez A Ela para a imagem O rosto do homem aparece mais n tido Aposto o que quiser que Dick Stensson diz Malin Zeke esfrega os olhos P Tem raz o Dick Stensson L der da gangue local de motoqueiros o Dickheads que tem o status de ser o Hells Angels da Su cia Nunca conseguiram encontrar nada para prend lo mas a lista das suspeitas que recaem sobre ele muito longa chantagem venda de drogas fraudes porte ilegal de armas viol ncia assassinato etc Se for ele mesmo diz Malin por que ele estava no banco minutos antes da explos o Quer dizer que ele pode ter sido o alvo pergunta Zeke Los Rebels em Rimforsa t m fortalecido a sua lideran a isso n s sabemos E tem andado na companhia do grupo autodesignado por Bandidos Ningu m no banco mencionou Stensson quando ouvimos os funcion rios depois da bomba Para eles talvez seja apenas um cliente como qualquer outro diz Malin Ele n o conhecido do p blico em geral Ou N o n o responde Zeke E talvez os funcion rios estivessem mais chocados do qu
398. nto Que inferno M os ao alto No ch o deitado Diversas possibilidades atravessam a mente de Jokso Mirovi Seguir em frente ser fuzilado morrer ou escapar e fazer o que deve ser feito Eu jamais vou conseguir passar Seria como avan ar direto pela terra de ningu m diante de uma linha inimiga formada por atiradores de primeira E eles tinham ordens para matar Sabem o que eu fiz Tenho de confiar que algu m far o que eu esperava fazer Mas ser que existe algum tira capaz de faz lo Lembra se dos seus camaradas na guerra dos que morreram dos que demonstraram uma coragem que ele jamais acreditaria que existisse e eles fossem capazes de ter Ele ergue os bra os para o alto Grita N o atirem N o atirem 53 O subterr neo est iluminado pela luz fria e branca de l mpadas de merc rio Um ataque permanente contra os olhos A sala de interrogat rio fica no terceiro andar dos por es do edif cio da pol cia perto de um florido parque o Kronobergsparken no centro de Estocolmo Desde os tempos em que estudou na Escola da Pol cia Malin sempre achou que o pr dio era feio uma arquitetura brutal da d cada de 1970 em que as janelas s o pequenas no meio de uma fachada de placas alaranjadas Os alunos faziam a prova de nata o na piscina do balne rio Kronobergsbadet Num dos exerc cios lutavam dentro da piscina contra bonecos pesados cheios de gua Alguns alunos nem sequer chegaram
399. o Um antigo escrit rio Um gorila barbudo de casac o de peles e camisa xadrez avan a na dire o deles com passadas decididas amea adoras Estende a m o e diz com uma voz suave e amistosa Bem vindos aos Dickheads Um aperto de m o firme mas agrad vel Zeke balan a a cabe a ao seguir o homem para o pr dio da administra o Dick vai atend los imediatamente diz o homem que desaparece em seguida deixando os sozinhos na sala de espera diante de uma maci a porta de carvalho Embora o pr dio por fora estivesse em mau estado por dentro tudo tinha a melhor das apar ncias As paredes s o de uma brancura imaculada O teto tem l mpadas de merc rio embutidas Os sof s de couro ao lado de Malin e Zeke s o arredondados e modernos O couro escuro brilhante e parece macio Segundo Malin devem ter custado muito dinheiro Ela tem a sensa o de que se encontra na casa de um empreendedor de sucesso rico e com bom gosto A porta de carvalho abre se e ouve se uma voz grossa um pouco enfastiada numa tonalidade usada para fechar neg cios que chama l de dentro Podem entrar agora Segundos depois Malin est diante de Dick Stensson sentado atr s da escrivaninha e vestido com uma capa Ao lado um computador Ele pergunta como se fosse um consultor econ mico de um banco ou de uma companhia de seguros O que eu posso fazer por voc s Um sorriso de satisfa o no seu rosto pequeno mas vigoroso
400. o E seus pais adotivos Quem poder ser o contratado para fazer uma coisa dessas Matar crian as N o acredito que haja um matador profissional neste pa s com coragem para fazer uma coisa dessas Dinheiro diz Malin Dinheiro Zeke voc sabe muito bem que existem pessoas que aceitam fazer qualquer coisa por dinheiro E o pai Kurtzon at ati ava os filhos com um lagarto gigante quando eles ainda eram pequenos O que mais ele deve ter feito para transform los em perfeitos homens de neg cios Quem sabe em que homens esses dois se transformaram Em homens que matam crian as Custa me muito a acreditar nisso Malin O olhar de Zeke muda de express o Fica duro e frio Ele acelera Mas matar as suas pr prias sobrinhas pensa Malin Ser poss vel Ela n o quer acreditar nisso mas considera que pode ser sim E sabe que a investiga o a est levando para uma rea complicada de inimagin vel amplitude Eu entendo por que Josefina Marl w deu para ado o as suas meninas Zeke diz Malin concorda Eu jamais deixaria uma crian a crescer naquele ambiente que existiu no apartamento de Josef Kurtzon Nem eu Mas voc acha realmente que o pai da Josefina n o sabia da exist ncia das meninas Com todo o seu poder e influ ncia De fato acho que n o diz Malin Acabam por encontrar um lugar para estacionar em frente do hotel Antes de sair do carro Malin ainda diz Amanh va
401. o Grande Hotel Vejam se conseguem o que queremos Pressionem at onde for poss vel Na Grande Pra a h uma intensa atividade sob um lindo sol primaveril Milh es de part culas flutuantes refletem os raios solares e lan am sombras microsc picas sobre as pedras rec m lavadas da pra a H marceneiros que instalam novas coberturas sobre o caf externo do M rners Inn suspendem novas lonas sobre as poltronas reparadas do Grande Hotel Os vidraceiros colocam novos vidros na varanda os t cnicos instalam um novo caixa eletr nico do lado de fora da ag ncia ainda fechada do SEB enquanto ainda outros vidraceiros substituem as placas de compensado pregadas nas vitrines por vidros resplandecentes Mais baixo perto da banca de jornal o pessoal da limpeza joga o restante de lixo e de poeira da explos o para dentro dos seus carrinhos de lixo amarelos As velas j gastas colocadas pelo povo continuam no lugar As flores tamb m Embora muitas j estivessem murchas e ao que parece n o tivessem sido substitu das por novas Na noite anterior tamb m houve menos pessoas nas missas das igrejas E em breve at mesmo as velas e as flores na pra a ser o recolhidas Uma bomba pensa Malin Oportunidade de trabalho para alguns Um extra necess rio para alguns dos habitantes de Link ping Pelo menos para alguns dos muitos que ficaram desempregados e n o conseguiram encontrar novos empregos Os desempregados ou aqueles j velhos
402. o Zeke 22 N o h jornalistas diante do departamento Apenas um estacionamento deserto onde os cones de luz dos postes de rua tentam afastar a indesej vel escurid o S o nove e trinta e cinco da noite Escurid o quase total Assim que terminou o programa na televis o Malin correu para o quarto de Tove que estava de costas sentada escrivaninha Sentou se na beira da cama e falou Aconteceu uma coisa Vou ter que trabalhar Sem se virar ou levantar os olhos do livro de matem tica Tove respondeu Ent o v Eu tenho bastante o que fazer aqui Sabe muito bem que eu consigo resolver os meus problemas Tem certeza V logo Malin ficou com a sensa o de que Tove queria mesmo era se livrar dela mas depois reconheceu que esse pensamento talvez fosse apenas racionaliza o do caso ou seja mais uma vez ela estava deixando a sua filha sozinha em casa mais uma vez dava prioridade ao trabalho Malin sentiu mais uma vez um pouco de culpa ao deixar o apartamento Mas logo j estava com Zeke e Sven Sj man na entrada do departamento ouvindo o que o chefe tinha a dizer Foi a m e dele que telefonou da cidade de Gr nna Disse estar certa de que era o filho quem ela viu nas imagens do v deo Por que ela telefonou para n s perguntou Zeke que parecia cansado como se tivesse adormecido antes de Sven ter ligado para ele Ela pareceu n o ter sequer refletido sobre isso ou ent o nem
403. o bem E por isso as armas e os explosivos poderiam vir a ser necess rios A situa o poderia piorar mas n o foi o caso agora N o desta vez Pela ltima vez onde foi que voc conseguiu as armas Jonathan Ludvigsson hesita Depois fecha os olhos Eu comprei tudo dos Dickheads Entrei em contato com o l der Dick Stensson por ouvir dizer que ele poderia arranjar o que eu quisesse Ele amea ou me surrar mas um m s mais tarde um dos seus auxiliares telefonou para mim Dick Stensson A investiga o continua a andar em c rculos pensa Malin as v rias pistas mordem os rabos umas das outras O que isso significa Como que se cruzam Ela fecha os olhos e escuta Jonathan Ludvigsson dizer Confirme com Stensson Estou escrevendo a minha senten a de morte mas fale com ele E o dinheiro Essas coisas s o caras Malin fixa novamente Jonathan Ludvigsson O Poder Vegan a organiza o de defesa dos animais que eu controlo recebe de vez em quando grandes doa es De pessoas an nimas Foi com esse dinheiro que eu comprei as armas e os explosivos O neg cio foi feito no come o de mar o Voc s podem confirmar a sa da da conta no Swedbank Malin levanta se Vamos ter de confirmar uma s rie de coisas diz ela Mas pode estar absolutamente certo de que vou querer falar com voc novamente The Pirate Bay TPB uma organiza o montada na Su cia para baixar m sicas e can es E
404. o bot o quando a jovem chama por eles Calma Eu tenho de inform los para saber se eles podem receb los N o precisa diz Malin Eles j sabem que estamos chegando As portas do elevador se fecham e lentamente eles sobem As paredes internas do elevador s o revestidas de v rios espelhos que reproduzem de mil maneiras sob diversos ngulos as figuras de Malin e Zeke O cheiro forte de suor de vendedores e homens de neg cios De repente plim Chegaram Na sua frente a porta da sala Folke Filbyster est entreaberta L de dentro ouvem se vozes tensas de pessoas que acham que podem e sabem tudo Malin abre mais a porta e entra Seu nome Stigman tem talvez 30 anos e veste um terno chique Malin o reconheceu por t lo visto perto do apartamento de Sofia Karlsson Est sentado ao lado de um homem mais velho cheio de rugas cujo nome Brantevik atr s de uma mesa de reuni es sobre a qual se veem dois iPhones entre v rios pap is Malin e Zeke est o de p em frente deles em atitude de expectativa mas j irritados enraivecidos e frustrados de uma maneira que sempre acontece ao se reconhecer que nada pode ser feito quando o controle n o est nas pr prias m os Stigman num tom ridiculamente diplom tico contou lhes que a S po tinha agora seis colaboradores trabalhando em Link ping mas muitos outros tamb m estavam atuando no caso e que o trabalho dele estava no momento num est gi
405. o corpo grita por descanso cada m sculo d i Uma ordem uma ordem n o verdade E um c rebro turvo e confuso n o serve para nada Malin est agora sentada sua mesa de trabalho Esfrega os olhos Ouve Zeke falando com Dick Stensson ao telefone enquanto se prepara para entrar na sala de descanso relativamente escurecida Ela fecha os olhos Ainda escuta as palavras de Zeke mas n o consegue prestar aten o Pensa na cidade l fora cromada por uma luz solar primaveril uma luz forte demais para os seus olhos Os acontecimentos sucedem se um ap s o outro pensa ela Sem dar tempo de parar para pensar tomar conhecimento do que se passa o que faz de n s maus investigadores Como crian as disputando um jogo de futebol vinte corpos ca ando uma bola no campo inteiro Momentos de reflex o Missas Minutos de sil ncio Tudo vai se acalmar um pouco agora As pessoas devem se resignar encontrar a sua pr pria tranquilidade recuperar a confian a Malin sente uma leve dor na regi o lombar que ela pretende aliviar por meio do cochilo ali mesmo na cadeira mas nem isso consegue se permitir Logo abre os olhos N o deu em nada a conversa Stensson apenas riu da nossa pretens o Acha que Jonathan Ludvigsson s diz disparates Disse que eles nunca se encontraram Stensson disse ainda que ser amos bem vindos para verificar as listas de telefonemas e os e mails informou Zeke depois de desligar Malin esfrega os ol
406. o d para perdoar pensa Malin N o deve ser perdoada E voc quer que n s acreditemos nisso pergunta Johan Jonathan Ludvigsson faz uma careta E afirma Mesmo que soubesse eu n o iria contar n o Em seguida faz o mesmo gesto de levar os dedos aos l bios Zeke tenta um novo ataque contra Ludvigsson que se esquiva Ao mesmo tempo Karim passa por Malin e abre a porta para a sala de interrogat rios O seu rosto s rio de perfil fica ainda mais s rio em consequ ncia da luz difusa Ele diz autoritariamente Agora chega J basta Voc s dois v o para casa e durmam Voc tamb m Malin Karin Johannison vasculhou o trailer procura de impress es digitais e em todas as gavetas atr s de provas Passou um pente fino em todos os cantos ca a de pistas atr s de vest gios de explosivos de TATP ou de qualquer outra coisa que pudesse ser usada na fabrica o de bombas As horas correram E agora ela est sozinha no espa o apertado Tira com a m o os cabelos louros do rosto sente se cansada mas mesmo assim gostaria de ter Zeke dentro de si Aquilo que come ou como um ato inocente fora do sexo marital transformou se em algo mais mas n o para ele E isso n o foi exatamente o que ela tinha pensado Ela reconhece agora que havia pensado precisamente o contr rio que ela iria brincar com ele o jogo dos pedintes que iria assumir o controle da situa o e fazer a cabe a do renitente colega Mas
407. o do seu antigo Volvo preto como se ele dissesse Eu resolvo tudo Mas no seu olhar existe tamb m algo mais algo que perseguia havia tempos um sentimento diferente de al vio que Malin ainda n o conseguiu entender mas sente que importante V diretamente para a pra a disse Sven Estarei l dentro de cinco minutos Ou talvez dez respondeu Malin Ela desliga logo arruma seu vestido longo e corre em dire o de Janne e Tove Janne parece preocupado olha para ela e aguarda a sua chegada com a testa franzida v como ela tem dificuldade em avan ar rapidamente por causa do vestido Deve t la visto tamb m falando em seu novo celular Sabia que era algo relacionado ao trabalho Preciso de um bombeiro agora na pra a e essa pessoa Janne Como estar a situa o por l pergunta ele Em estado de guerra responde Malin Com membros de pessoas cortados com sangue esparramado e gritos Janne conhece situa es como essa Ruanda B snia Sud o N o existe um lugar onde h ou houve situa es ultimamente de crise e confronto humano em que ele n o tenha estado para demonstrar compaix o N s temos de partir voc e eu diz ela enquanto puxa o bra o dele e explica lhe o que aconteceu Tove de olhos bem abertos com o rosto limpo de adolescente diz V o v o embora Eu tomo conta do vov e cuido do caf V o embora isso mais importante Obri
408. o lado Essa eles mandaram fazer em Bangcoc antes do sequestro em Phuket e suficientemente poderosa para fazer a casa inteira em pedacinhos O piloto do avi o alugado nem sabia que a bomba estava nas nossas malas As crian as raptadas tudo bem Mas uma bomba Eles aterrissaram no aeroporto que serve G vle ao norte de Estocolmo E da vieram para a ilha com as crian as Os dois irm os ficaram orgulhosos N s conseguimos Vai funcionar Resolveram ignorar a bomba nos ltimos dias N o aguentaram mais se preocupar com ela Deixaram que a amea a de morte para eles e para as crian as ficasse em suspenso Vamos deixar que a bomba exploda Falta apenas cerca de uma hora para que seja necess rio reajustar o cron metro do detonador Vamos embora agora gritou Leopold N o melhor soltar as crian as libert las perguntou Henry Temos de mat las O pai teria feito a mesma coisa n o Os irm os tinham voltado para o andar t rreo quase um por o Abriram todas as portas pegaram as crian as e arrastaram nas para a sala de estar Primeiro verificaram o cron metro do detonador da bomba recuaram um pouco o hor rio deram para si um pouco mais de tempo O mar continuava tranquilo Seria seguro atravessar o mar B ltico e chegar Est nia As crian as estavam em sil ncio Nem mesmo o menino de tr s anos havia soltado um pio Possivelmente as crian as j tinham passado a barreira do m
409. o muito sens vel em que todas as informa es tinham que ser consideradas pela S po como completa e absolutamente confidenciais Por isso lamentava n o poder compartilhar com eles o v deo do Caf Sidewalk Tamb m n o tinha nenhuma outra informa o que lhes pudesse dar E acrescentou Devo dizer por m que voc s demonstraram muita compet ncia ao chegar t o r pido fonte da informa o Confesso que nunca acreditei nessa possibilidade O que Malin queria dizer para o idiota que fosse merda gritar para ele que estava na hora de acabar com o sigilo das manobras da S po que a quest o principal era a possibilidade de uma nova bomba explodir a qualquer momento e que talvez eles pudessem impedir isso caso tivessem acesso c pia do maldito v deo Zeke suspira profundamente passa a m o pela cabe a raspada vira as costas e sai da sala Malin fica sozinha com os homens da S po que a observam como se ela fosse uma prostituta numa das vitrines do famoso distrito Redlight da cidade de Amsterd Posso ao menos ver o v deo Aqui e agora Stigman balan a a cabe a Sorry est em Estocolmo N o tenho nenhuma c pia aqui E mesmo que tivesse n o iria mostr la Seu idiota diz Malin n o aguentando mais se segurar Voc est atrapalhando as minhas investiga es Quer ler isso amanh no Aftonbladet Ou ler esse coment rio nos notici rios Em como a S po complica a nossa inves
410. o para acompanhar a massa por m acaba por se contentar com um copo de uma simples gua gaseificada preparada por uma nova m quina a Sodastream que ela comprou recentemente As bolhas na gua fazem com que ela se lembre das prometedoras bolhinhas de uma cerveja bem gelada que era bebida n o na hora do trabalho mas num momento de descontra o N o sei se vai explodir ou n o uma nova bomba diz Malin Mas voc s podem tentar evitar passar por perto dos bancos Isso n o f cil em Link ping diz o pai H uma ag ncia em cada pra a E n o parece que haja um final vista para essa desgra ada crise econ mica diz Malin Pensei que a empresa de manuten o de ve culos DT Trucks fosse a firma mais est vel do mundo Hoje chegou uma nova not cia Justamente quando todos come avam a achar que as coisas iam mudar de verdade que n o era apenas a Bolsa que ia subir mas tamb m toda a economia Trezentas e vinte pessoas perderam os seus empregos na DT Trucks na cidade de Mj lby um munic pio vizinho j muito atingido Na vida n o h nada garantindo que a crise ou seja o que for v durar para sempre diz o pai laconicamente Vai haver uma nova missa hoje na catedral acrescenta Malin Ao que parece ir muita gente Haver tamb m um ato em mem ria das v timas do atentado amanh na hora do almo o Al m de um minuto de sil ncio em toda a cidade s quatro hora
411. o registro da popula o sueca Selda Kurtzon faleceu alguns anos ap s a publica o do artigo Os irm os n o deveriam ter mais de 15 anos A menina seria ainda mais jovem Um maldito lagarto gigante como animal de estima o Tem gosto para tudo O que isso tem a ver com a investiga o Se que tem algo a ver Que raio de pista aquela que Malin resolveu seguir Rica os que se comportam de maneira estranha n o s o novidade Nem isso considerado tr gico S os pobret es ao se comportarem de maneira exc ntrica s o considerados esquisitos Johan volta mat ria no Wall Street Journal Olha para imagem de Leopold Kurtzon Os olhos O olhar parece estar fixo na sua pr pria pessoa no seu pr prio eu Uma pessoa rica mas tamb m capaz de tudo Quem voc pensa Johan antes de se levantar e ir para o quarto Uma cria malsucedida Pelo menos aos olhos do seu pai Johan para na porta do quarto da filha Olha para ela dormindo Escuta sua respira o Pensa Devo ensinar lhe uma coisa a de que o dinheiro n o tudo na vida e que est longe de ser o mais importante Depois deita na cama ao lado da esposa Ela est quente uma temperatura bem conhecida e s o cheiro do seu corpo faz com ele se acalme Amanh de manh tenho que telefonar para Malin Contar lhe o que consegui saber sobre os irm os evecv Em ingl s no original Heran a de infort nios N T eecccv Em ingl s no
412. o tem direito nenhum de exigir seja o que for de cada um deles mas mesmo assim n o deixa de ficar louca por causa do comportamento de seus homens Ou ex homens Ci mes Ela odeia essa palavra Mas admite que isso o que sente Mas eu n o devia Tove O que voc achou dessa mulher que Janne encontrou J sabia mas n o me contou nada Nesse caso portanto Portanto o qu Nada de mais confrontos esta noite melhor n o fazer nem dizer nada Tove poder sair e comprar uma pizza Enfim o que eu vou querer na minha pizza Presunto camar es e salame Talvez alguns peda os de alcachofras As alcachofras combinam muito bem com as pizzas Tove est sentada mesa da cozinha sob a luz de uma lumin ria nova da Rusta que Malin comprou um m s antes quando a da Biltema quebrou Ela est com os olhos presos num livro mas levanta os assim que Malin entra na cozinha Comenta Chegou tarde N o imagina o dia que eu tive Malin reconhece que n o vai conseguir se controlar E grita para Tove com uma voz cheia de uma raiva de que ela pr pria se espanta E voc Voc n o me contou nada nem uma palavra a respeito da nova amante do seu pai n o Como que p de pensar que eu n o ia saber disso mais cedo ou mais tarde Tove olha para ela com espanto Surpresa Despertada de seus sonhos liter rios por um perigo repentino Malin logo viu que Tove se recompusera Levanta se e por sua vez grita
413. oc n o tem culpa nenhuma ent o pode atirar a primeira pedra Quer dizer que a culpa minha de ela ser uma mulher fria desleixada sem sentimentos O pai fecha os olhos parece conter uma raiva interior e querer dizer alguma coisa mas acaba apenas soltando um longo suspiro antes de falar Voc precisa dormir A cena na pra a deve ter sido horr vel As meninas mortas As meninas O olho O rosto Malin sente a raiva se desfazendo dentro de si e acaba concordando com o pai com v rios movimentos de cabe a Desculpe diz ela depois Foi indigno de minha parte falar mal da mam e justo hoje Tudo bem diz o pai Voltamos a falar outro dia E voc tamb m vai ter que me perdoar por eu me ter comportado de maneira estranha Estranha Voc parece n o estar especialmente triste muito menos desesperado abatido por ter ficado vi vo Afinal como est Reservado reticente misterioso vazio estupefato Vou embora Est na hora de dormir diz o pai Em seguida desaparece no hall de entrada Malin escuta quando ele veste o seu casaco antes de falar em voz alta em dire o da sala Boa noite Beijos beijos E Malin responde Tchau papai Boa noite Tove v a carta em cima da c moda do hall ao entrar na casa do pai em Malmsl tt Deve ter sido ele que a colocou bem vista ao voltar do trabalho Ela v o logotipo no canto do envelope no momento em que ouve o
414. ocos ao lado das filhas debaixo do sol E fica vendo as comer limpando os l bios e dando mordidas em suas salsichas gordurosas O sol acaricia as suas faces levando o sangue ao rosto como se ele tamb m quisesse se aquecer As pessoas s mesas do caf Quem s o voc s pensa a m e Quer manter os pensamentos longe de suas preocupa es aquelas em que j n o aguenta pensar nem reconhecer H um aposentado bem vestido de casaco azul cal a bege e cabelos bem penteados Um engenheiro aposentado das ind strias de avia o Saab Um professor da universidade Ou talvez um ex neurocirurgi o Ou ainda do departamento de queimaduras no Hospital da Universidade Ou ser que apenas um velho normal um oper rio tradicional que gosta de dourar a sua velhice com boas roupas Ou eleva o padr o de vida a fim de encarar melhor a morte que inevitavelmente se aproxima Ela se repreende por seus pensamentos Em uma mesa na frente do M rners Inn est o quatro imigrantes de meia idade jogando dados Jogam palitos de f sforos em cima da mesa de modo que ela sabe que apostaram dinheiro Em outra mesa est o alguns estudantes do secund rio que cabularam pois s podem ter faltado escola para estar ali a menos que tivessem um per odo livre entre as aulas Ainda nas outras mesas est o sentadas pessoas de v rias idades certamente desempregados que perderam seus postos quando na sequ ncia de fal ncias em s rie das empresa
415. ola que cheira fortemente a curry e onde trabalha um cozinheiro barbudo mais ou menos da mesma idade deles que est cortando em rodelas uma gigantesca salsicha ao mesmo tempo em que mexe uma panela de cuscuz com gua fervente O homem apresenta se como Sten H kansson Conte nos como eram as meninas diz Waldemar As melhores crian as do mundo boas companhias bem desenvolvidas para a idade diz Karin Kvarnsten Elas n o voltaram para a escola depois do acidente do pai de modo que n o sabemos como reagiram E agora tamb m nunca mais vamos chegar a saber N o claro concorda B rje Foi uma coisa terr vel o que aconteceu diz Sten H kansson imposs vel de aceitar e de entender seja de que maneira for E continuamos preocupados com o que possa acontecer em Link ping Voc s sabiam que as g meas eram adotadas perguntou Waldemar Ou o pessoal da S po disse isso para voc s Adotadas O que voc s est o dizendo questiona Karin Kvarnsten cheia de espanto N s n o sab amos nada disso e jamais pod amos imaginar uma coisa dessas Sten H kansson para de mexer a panela de cuscuz Essa boa diz ele Nada foi mencionado pela S po a esse respeito Eles queriam saber apenas se n s ter amos notado alguma coisa de especial na fam lia E isso n o notamos n o n o ser o fato de que a fam lia parecia quase mais feliz do que todas as outras
416. olar como excepcionalmente amadurecido e talentoso revelador de uma promessa a de que talvez estejamos diante de uma autora de grande futuro Palavras Mais palavras Em seguida um convite para a respons vel entrar em contato com o reitor da escola um tal Ingvar kerstr m para combinar os detalhes relativos bolsa concedida ao alojamento gratuito oferecido enfim para a realiza o do contato formal necess rio por se tratar de uma adolescente de 16 anos ainda menor de idade mesmo que as assinaturas na solicita o feita revelem a aprova o formal dos pais Malin deixa que a carta escorregue da m o Onde que fica Lundsberg Na prov ncia de V rmland no norte Ela sabe muito bem que lugar aquele Fica a uns seiscentos quil metros daqui n o Aprova o formal Assinaturas Ela olha para Tove que parece estourar de orgulho Malin sente como se dois punhos estivessem retirando os intestinos do seu ventre e o cora o do seu peito Ela se levanta abre os bra os olha para Tove e diz Ent o voc acha que isso o melhor para voc mesmo isso o que voc quer Ir para uma escola de nobres uma escola de aristocratas Acha que eles v o olhar para voc e consider la como um deles do seu meio Acha que vai ser assim Malin escuta as pr prias palavras A sua crueldade Irritabilidade O seu grande e indesculp vel ego smo mas n o consegue se conter E levanta a voz de novo ao prosseguir
417. ole e bebe mais um gole de ch Os mesmos que a mataram tamb m podem estar por tr s da bomba Podem t la visto como uma testemunha diz Sven acrescentando E quiseram trocar o incerto pelo certo Nesse caso podem ser terroristas ativistas a Frente Libert ria Econ mica os bandos de motoqueiros ou qualquer outra coisa completamente diferente diz Malin Acho que quanto mais trabalhamos com todas essas pistas ou as colocamos de lado mais sentimos que estamos nos distanciando da verdade Ou a verdade est ali mesmo diz Sven E n s simplesmente n o conseguimos v la nem a encontramos entre todas as pistas consideradas Eu gostaria de pedir lhe uma coisa diz Malin olhando Sven bem nos olhos Assim desse jeito vou ficar preocupado diz Sven brincando Fale logo Eu gostaria que trabalh ssemos com outra pista j bem n tida diz Malin Eu sei exatamente o que quero fazer agora pensa Malin E voc vai deixar que eu fa a isso n o verdade Sven Ela respira fundo inclina o corpo para a frente a fim de demonstrar a seriedade do momento E Eu gostaria de trabalhar na hip tese de que foi a fam lia Viger o verdadeiro alvo da explos o De que n o se trata de qualquer grande compl ou conspira o ou ainda e acima de tudo de um caso pol tico A bomba e o assassinato no hospital de Hanna Viger podem ter a mesma motiva o E isso que
418. om voc de que ainda posso curar a minha dor de consci ncia Mas isso n o f cil n o Ok agora que j me ouviu tenho que continuar a estudar Lundsberg Merda Esqueci de mandar um e mail para o reitor Assim que chegar mandarei Fique tranquila m e diz Tove J mandei em seu nome Tove n o devia fazer isso n o Eu sabia que voc ia se esquecer de mandar a mensagem E agora como que eu vou responder a isso E quando que n s vamos ver o meu tio continua Tove Assim que esta investiga o terminar Ok E desligam Deixe que eu diga mais uma vez o quanto amo voc Tove isso que Malin pensa e gostaria de ter dito E ainda mais quero tamb m pedir desculpas por nem sempre ter tempo nem disposi o suficientes para dizer o quanto a amo 44 Os velhos barcos brancos cheirando a alcatr o que est o ancorados ao longo da Strandv gen parecem fazer parte do mar pelo modo como balan am ao seu sabor O edif cio em que segundo a informa o Josef Kurtzon mora fica mais ou menos na metade da avenida talvez a mais sofisticada da capital sueca Malin sente se pequena no meio do gigantesco portal de entrada para o pal cio dos ricos Lembra se ent o do apertamentozinho no bairro Traneberg onde ela e Tove moraram De l a vista era outra Aqui no cais uma onda humana circula na beira junto enseada A noite primaveril est amena e
419. omo mentiras por dentro de mentiras que por fim se transformam em verdades Um ataque do cora o durante um dia de sol num campo de golfe estranho mas n o sinto nenhuma tristeza n o sinto nada apenas al vio e talvez medo de que haja um rompimento da camada de sigilo como um bot o de rosa que se abre e que eu em breve venha a saber por que sou como sou Mas nem mesmo essa sensa o tem condi es de se fixar antes a vejo como uma explos o que vai me atirar de um lado para o outro e tudo poder acontecer tudo numa sequ ncia intermin vel Percebo essa sensa o mas n o me animo a compreend la muito menos a control la ou a fazer qualquer coisa contra o que for Uma explos o de rostos Esse o est gio da investiga o De palavras e circunst ncias que n o combinam Pelo menos o que me parece Mohamed Al Kabari e os tapetes na sua mesquita Racismo Ser o assim t o estranhas as nossas indaga es Ou ter o sido as meninas o alvo O que ser que nos leva a essa interpreta o Dick Stensson Repulsivamente atraente O sorriso de superioridade o dinheiro Cheiram mal Por fim o homem do capuz no v deo Aquele que de fato colocou a bomba diante do banco Aquele que toda a cidade parece odiar Ser ele a Frente Libert ria Econ mica Ser que Sofia Karlsson tem alguma coisa a ver com isso Ser o v rias pessoas E quem aquela figura que aparece no v deo no caf do terminal da Esta o
420. omos Na din mica da explos o quase tudo poss vel Nessa altura as meninas olham para a bicicleta para a mochila como se tivessem escutado um zumbido Depois no v deo tudo escuro e quieto Malin N s nos vimos durante os ltimos segundos antes do horror mas n o sentimos dor nenhuma Nunca chegou a doer Agora achamos que foi uma felicidade Malin o que vai fazer agora Est hesitante Voc viu o homem que deixou a bicicleta na frente do banco ele Foi ele que nos explodiu que nos matou isso mesmo estamos mortas Ficou tudo escuro Malin Depois iluminado claro e frio Como se n o pud ssemos ficar livres de n s mesmas antes de todos ficarem livres Voc n o compreende o que queremos dizer n o verdade Todos os seres humanos solit rios cheios de vida anseiam por se ver livres Malin O que voc v ao sermos destro adas Quando v sermos mortas As outras duas crian as vivem embora estejam presas e n s temos inveja delas por isso Mas n o queremos estar onde elas est o L o cheiro nauseante e terr vel O menino chora e a sua irm mais velha tenta consol lo mas n o consegue Malin N o consegue porque os dois est o sozinhos e cheios de medo diante de tudo o que existe para al m da escurid o cheios de medo diante da raiva Veja Malin veja como n s ramos As imagens s o mudas no entanto Malin acha que escuta um murm rio que vem das duas meninas N o
421. onado por baixo dos p s nus Olha para o pai que sabe o que se espera dele ele que come a pedindo desculpas ou pelo menos inicia uma explica o Eu devia ter contado tudo h muito tempo Voc tinha o direito de saber mas sabe como ou como essas coisas acabam por n o acontecer Como assim Como poderia ter sido pensa Malin querendo interromper o pai mas cont m se Deixa que ele continue Os anos passam e assim no final o segredo fica maior do que efetivamente Nunca fal vamos dele e nunca chegamos a decidir como dev amos contar para voc quando j tivesse crescido Nem mesmo quando a sua m e morreu consegui me convencer a faz lo apesar de saber que a verdade acabaria por aparecer Fui um fraco eu sei Queria acreditar que fiz tudo por causa da sua m e que ela jamais iria conseguir sobreviver caso tivesse de contar a grande mentira da sua vida Voc n o o menciona como pessoa pensa Malin Fala dele como um segredo Uma coisa O pai inclina se para a frente Malin sente como a raiva toma conta do seu corpo e volta a ter vontade de gritar mas consegue se controlar ao cravar as unhas no bra o de apoio da poltrona Por considera o minha m e Por sua pr pria vontade N o v n o viu como eu reajo Como eu sempre reagi a vida inteira E sabia que eu precisava saber que eu procurava por alguma coisa que me faltava Talvez fosse o amor de m e Ou o de um irm o que eu nem sabia que exist
422. onfirma ter entendido com um aceno Estes aqui s o Konrad Ekdahl Jan Th rnkvist e Stefan T rnvall Isso foi tudo o que conseguimos deles O que voc tem a dentro Computadores foi o que encontrei Mas existe uma grande quantidade de esconderijos poss veis num trailer enorme como este Entretanto os computadores parecem estar permanentemente conectados Nas rvores em volta do trailer existem cabos pendurados que est o ligados a uma antena em cima do telhado Alguma coisa sobre a Frente Libert ria Econ mica l dentro O site principal estava aberto num dos computadores mas eu n o mexi em mais nada timo diz Zeke Johannison j est a caminho Karin D a impress o de distanciamento diz Johannison Nunca me chame pelo prenome Rid culo N s dormimos juntos E tudo N o se trata de amor Ele v o rosto infinitamente aristocr tico de Karin na sua mente V tamb m esse mesmo rosto se transformar de um momento para o outro e ficar animalesco em um segundo quando ela sente a presen a dele per cia t cnica vai analisar diz Zeke Dos tr s homens presos no ch o ouvem se gemidos e murm rios que logo recebem palavras de ordem do tipo Calem a boca seus putos E todos os ru dos desaparecem num instante no meio do escuro da noite aliviado pela luz p lida da lua Onde est Malin Por que est demorando tenta imaginar Zeke N o
423. onsigo n o desviar a aten o do problema da sociedade Tem raz o Malin Estamos pisando em ovos mas sinto bem no fundo que alguma coisa vai acontecer que alguma coisa vai surgir para colocar tudo sob uma nova luz Acha mesmo Est na hora de escutar as vozes diz Sven As vozes da investiga o Escutar bem o que elas nos dizem o mantra de Sven aplicado a todas as investiga es que os dois j fizeram As vozes da investiga o Escute o que elas dizem Ela fez desse mantra tamb m o seu por m agora no deprimente sagu o do edif cio da pol cia as palavras s o vazias sem qualquer conte do claro que ela ouve as vozes sabe que elas est o sendo pronunciadas ali s s o pronunciadas por toda a parte mas s o apenas aquelas vozes inaud veis que podem ajud los a solucionar o mist rio Como que ela consegue aguentar e analisar os problemas relativos solu o do mist rio quando o seu pr prio eu parece estar prestes a explodir e a transformar se em peda os queimados de um quebra cabe a sem motivo Como aguentar toda a situa o se ela pr pria se sente arrasada Talvez tenha que ser assim mesmo Primeiro alguma coisa dentro de si mesma tem de morrer para que algo novo possa assumir o seu lugar Eu n o fa o a m nima ideia diz Malin de para onde isto aqui pode nos levar E da S po ouvimos alguma coisa Nem um pio At fa o de conta que eles n o existem
424. or e que aquela reuni o seria para ele apenas rotina Uma reuni o que precisa realizar e resolver E assim que eu penso tamb m Tudo deve ser resolvido o mais r pido poss vel E vamos em frente Juridicamente falando n o existe nada para discutir O pai deve ficar com tudo E mais tarde sou eu quem vai herdar tudo o que ele deixar Mas n o foram apenas as rugas que lhe fizeram pressentir problemas Havia tamb m no rosto do advogado certa tens o parecendo at que acima de tudo queria mesmo era fugir da sala Talvez afinal n o seja uma reuni o t o rotineira pensa Malin que olha para o pai Ele est sentado numa poltrona encostada a uma longa parede coberta por uma estante cheia de livros jur dicos prontos para serem usados O pai ainda n o olhou para mim De costas eretas ele desvia o olhar do jeito que a m e costumava fazer Ele olha para o advogado Ou estar a olhar atrav s da janela para o c u azul sem nuvens desta bonita tarde primaveril Ser que ele pensa nas cinzas da m e e tem de decidir onde espalh las Malin sabe para onde ele est olhando Ela reconhece isso agora assim que entrou na sala e olhou em volta Numa fra o de segundo notou algo de imprevis vel uma cena que nem sequer dava para tentar entender Afinal quem essa mulher de uns sessenta e tantos anos sentada numa outra poltrona olhando para mim e sorrindo um sorriso ao mesmo tempo amistoso estranho e protocolar Malin entra
425. ora o seu rosto cheio de medo Esses s o tamb m os nossos rostos que voc v cheios de caretas Malin a n s que voc ouve gritar Mam e papai venham at n s n s n o nos atrevemos mais a ficar s s n s n o queremos mais ter medo As outras crian as as que est o presas elas gritam do mesmo modo Gostar amos de saber fomos obrigadas a morrer para que elas pudessem viver Isso n o uma injusti a Ser que nem tudo deve ser justo Como que podemos entender alguma coisa de tudo isso Depois da reuni o com Ottilia Stenlund ao descer pelo elevador Malin liga o celular Duas chamadas perdidas Duas novas mensagens Papai N o me telefone Tove Merda merda merda Esqueci me de telefonar para Tove dizer que viria a Estocolmo Um aperto no est mago O cora o escurece o sangue l dentro parece coagular Como pude Ela digita o n mero de telefone de Tove que n o atende Apenas uma mensagem na bonita voz meio rouca da filha N o posso atender agora Por favor deixe a sua mensagem depois do sinal que eu ligarei em seguida a galope mesmo se estiver apressada Malin sorri Depois come a a rir J tinha esquecido o bom humor de Tove Chega a pensar se n o seria uma boa ideia ficar no elevador durante semanas ouvindo repetidamente a mesma mensagem O que est acontecendo Malin pergunta Zeke Ela tampa o fone com a m o e responde Nada Acho apenas que estou
426. original Senhor Kurtzon aproveitando a festa N T 48 como se o sangue oxigenado voltasse a correr pelas veias depois de o corpo ter visitado a morte Malin inspira o ar gananciosamente e apesar do tr nsito noturno na rea Hornstull ainda ser intenso ela sente que o ar entra como um afago pelos br nquios e pulm o Um grande cartaz publicit rio cobre uma parede inteira Uma mulher de biqu ni numa praia com palmeiras ao fundo Os dois caminham na dire o do carro estacionado em frente de um restaurante chin s no quarteir o seguinte As ruas est o praticamente vazias A essa hora os restaurantes j fecharam e poucas janelas dos pr dios em volta ainda est o iluminadas Malin sente como o asfalto cede um pouco por baixo dos p s E tamb m que o cansa o e a confus o est o a ponto de vencer o corpo Zeke caminha a seu lado em sil ncio mas ela sabe que o c rebro dele est trabalhando Deve estar tentando p r as suas ideias sobre a investiga o em ordem a fim de chegar ao n cleo da quest o e da verdade Pouco a pouco est o chegando l pensa Malin Por enquanto j est o satisfeitos em chegar ao carro A noite volta a ficar mais quente O c u est todo iluminado por estrelas o que a leva a pensar naqueles homens diante da Stadsmissionen Nessa noite v o passar menos frio espera de um lugar para dormir no albergue Zeke volta a ocupar o lugar ao volante Passam pela Hornsgatan param no
427. os E ao mesmo tempo tamb m os desprezava pelo desejo dos meus irm os de se mostrar ricos Mostrar riqueza Eles gostam de mostrar que s o ricos mas meu pai acha que o mais importante o dinheiro em si Comprar para demonstrar status e exibir os seus recursos isso s lhe causa desgosto Um homem de verdade nunca faz ISSO Quer dizer que seus irm os gostam de mostrar que t m dinheiro Sim exatamente como a nossa m e Para ela o mais importante era mostrar uma fachada perfeita e luxuosa Josefina Marl w fica em sil ncio mais uma vez Depois continua Foi isso que minha m e tentou ensinar lhes Que o verdadeiro e nico valor pelo qual se mede uma pessoa a quantidade de dinheiro que tem e para isso preciso mostrar as suas riquezas Se n o for para mostrar de que elas servem A m e era louca por dinheiro N s t nhamos o assento de um vaso sanit rio feito de ouro Seu pai e sua m e eram diferentes n o Sim mas tamb m iguais O dinheiro significava tudo O amor nada Conte nos mais a respeito dos seus irm os pede Malin O que existe mais para contar Henry o mais velho tem dois anos mais do que eu E a diferen a entre ele e Leopold de um ano Leopold quem domina apesar de ser mais novo A tend ncia Henry seguir o irm o Pelo menos eu sempre achei assim No entanto aos olhos dos nossos pais os dois eram iguais em debilidade Seus irm os deve
428. os como o nosso sangue nesse dia primaveril coloriu de vermelho o bonito ch o da pra a e as prateleiras com flores perto da farm cia um tema secund rio n o nos interessa N o preferimos ir ver as crian as brincar no parquinho fingir que ainda podemos usar o balan o descer no escorregador pular corda e correr ou apenas comer fruta entre as refei es Isso divertido Muito divertido Sven tem raz o a nossa m e que est deitada no hospital com tubos para dentro e para fora do corpo e que respira de uma maneira que nos enche de medo Voc s voltaram conversa fiada embora B rje e Johan continuem calados a maior parte do tempo Voc Malin diz alguma coisa de vez em quando Zeke completa enquanto Waldemar se mostra c tico fica na espera mas est chateado Achamos que ele precisaria fumar para se acalmar O nosso pai s vezes fazia isso Ele era muito bom Mas agora n o est aqui conosco Voc s falam de ativistas em Link ping Aqueles com liga es de esquerda dos estudantes que conseguiram fechar todas as lojas na cidade que vendiam casacos de peles e que talvez queiram atacar os bancos Da pode ter sido um atentado contra o SEB o cora o dos porcos e gananciosos capitalistas Vale a pena controlar os movimentos e as liga es dos ativistas conhecidos diz Sven Sj man Voc torce o nariz Malin n o acredita nisso Mas quem acreditaria que uma bomba seria detonada em Link ping As cr
429. os contou Foi como se de certa forma ele estivesse brincando conosco e j soubesse que chegar amos Portanto estava nossa espera Mas como isso est ligado fam lia Viger Com a explos o Tenho certeza de que ele n o sabia de nada sobre as g meas diz Malin Talvez seja melhor come ar pelos irm os diz Zeke apontando para a avenida Vamos ver se est o em casa diz Malin Os irm os Henry e Leopold moravam n o s ao lado como tamb m no quarto andar mas ningu m atendeu ao toque da campainha em ambos os apartamentos Aqui o port o n o tinha nenhuma c mera Malin chega a pensar em usar a chave mestra para invadir o pr dio e os apartamentos dos irm os apenas para ver o que poderiam encontrar mas as raz es que os levaram at ali eram vagas t o vagas quanto o cheiro de um ser humano um perfume Al m disso eles n o t m nenhuma prova de que os dois irm os estejam ligados de alguma maneira ao caso N o temos motivo para invadir Malin diz Zeke como se tivesse lido os pensamentos dela N o Voc tem raz o Que horas s o Parece at que j ficou escuro demais Onze e quinze Ainda faltavam quinze minutos para as dez quando n s entramos no apartamento de Josef Kurtzon N o ficamos assim tanto tempo na casa dele ficamos Zeke lan a uma olhada na dire o da enseada Nybroviken As guas do mar est o escuras e s o aparentemente fundas Da pra a mai
430. os drenos na barriga no pesco o e nas coxas ela que a nossa m e acordou e ficou consciente durante alguns momentos Disse o seu nome Ela se chama Hanna Hanna Viger e n s Tuva e Mira E s voc pode nos ajudar agora Malin s voc N s confiamos em voc Sven Sj man desligou o celular J sabemos quem a mulher no hospital Hanna Viger 38 anos m e de g meas Portanto as duas v timas fatais devem ser Tuva e Mira Viger 6 anos de idade moradoras no bairro de Ekholm Ela j acordou pergunta Waldemar Ekenberg Se ela se salvar esse criminoso danado ou esses criminosos v o ficar com menos uma v tima na consci ncia Se que eles t m consci ncia completa B rje Sv rd Claro que n o t m consci ncia nenhuma diz Waldemar Ela ficou consciente durante uns curtos momentos informa Sven Vamos ter de saber quais s o os parentes dela e inform los sobre o seu estado Eu cuido disso diz Johan Jakobsson com voz calma Paralelamente vou verificar se h na cidade alguns ativistas dos direitos de animais ou extremistas de direita Podemos ouvi la pergunta Malin Segundo os m dicos n o Ela est gravemente ferida Em princ pio imposs vel conversar com ela diz Sven Vai passar por uma opera o complexa ainda esta tarde Vamos ter de esperar para ouvi la Aronsson e mais alguns colegas est o interrogando os outros ferido
431. ou salv las E Jokso Mirovi olha para ela Eu sei que minhas crian as ainda est o com vida Voc tem que encontr las Como que voc sabe que elas ainda vivem pergunta Zeke Os irm os Kurtzon j podem ter se livrado delas Sei que ainda vivem Eu sinto isso Os irm os Kurtzon est o com Marko e Elena E os irm os Como que eles s o pergunta Malin Leopold mais decidido Henry mais t mido Mas eles se completam Formam uma unidade Hanna Viger diz Zeke sem desviar o olhar nem baixar a voz Eu a matei durante a noite Foi f cil Bastou entrar disfar adamente no hospital e colocar uma almofada sobre a sua boca Eu j tinha desligado o alarme do aparelho ligado a ela Minha mulher utilizou esse mesmo aparelho depois do acidente de helic ptero portanto eu sabia como funcionava Desliguei o por alguns momentos e depois voltei a lig lo E depois O que voc fez Os irm os disseram para eu desaparecer Eu protestei Tinha feito o que eles queriam mas eles falaram que eu ainda n o havia terminado Por isso fiquei na espera desapareci No entanto n o aguentei mais Fui obrigado a tomar uma decis o e viajar para a Tail ndia e de alguma maneira encontrar Marko e Elena tentar chegar at eles Caso contr rio a situa o nunca mais chegaria ao fim Eu precisava me arriscar Voc sabe onde as suas crian as est o agora N o Os irm os ti
432. ova York deixando a sangrando s porque ela se esqueceu de fazer uma reserva no restaurante para aquela noite No entanto no fundo voc tem consci ncia absoluta dos seus fracassos Isso pode acontecer quando a sua cadeia de lojas de doces falir e o seu pai for obrigado a pagar as suas d vidas Ou quando ele ridicularizar a sua atua o numa reuni o de conselheiros de uma das empresas da fam lia e diante de todos mandar que saia da sala e repetir tudo de novo como se fosse uma crian a envergonhada que n o entendeu nada da li o que deram ou idiota demais para poder entend la Isso pode acontecer tamb m quando algu m reconhecer a sua fraqueza e critic la numa reuni o de ex colegas do curso secund rio e na sua frente Pode acontecer quando todas as mulheres que encontrar merecedoras de serem amadas virarem lhe as costas visto que voc expele o mesmo cheiro que os produtos falsos e defeituosos Pode acontecer quando souber que n o hesitar em matar algu m de seu pr prio sangue se isso for o que a matem tica e a racionalidade exigirem Se isso for o necess rio para se salvar Voc pode querer fugir da racionalidade como fez Josefina Hesitar tentar ser am vel como Henry Tentar fingir que ainda existe outro caminho mais suave Esse caminho n o existe Todas as surras todos os meus insucessos e fracassos me convenceram disso E do que servir procurar um caminho mais agrad vel neste sofrimento
433. ove Depois balan a involuntariamente a cabe a O que h Nada estou apenas cansada V embora agora sen o perder o nibus Tenha cuidado Pode acontecer tudo l fora N o prefere tomar um t xi N o Ok V de nibus Malin deixa a palavra nibus flutuar no espa o como uma cansativa maldi o Voc n o vai ficar triste por isso n o Tove eu fui ao enterro da minha m e hoje pela manh claro que estou triste Tove olha para ela O seu olhar mostra que percebeu como as palavras ditas antes por Malin soavam falsas Por isso Tove sorri d dois passos em frente e abra a a m e Ambas ainda est o no hall abra adas sob a luz de uma l mpada bem fraca Malin sente o odor de um perfume barato que a filha usa Sente como esse perfume lhe transmite um ar doce e suave como o das mais conhecidas mulheres do mundo Mas ao mesmo tempo Tove tem um cheiro diferente uma novidade Parece um ser estranho que Malin jamais vai conseguir entender ou conhecer por completo Ela abra a Tove ainda com mais for a Tove corresponde Malin sente se obrigada a conter as l grimas essas malditas l grimas que acabam por ficar contidas na garganta A porta bate com um som surdo na sa da de Tove enquanto Malin se deixa cair no sof ao lado do pai Ele desliga a televis o com o controle remoto e ambos ficam sentados em sil ncio olhando atrav s da janela o telhado de cobre da Igreja de
434. p e ao longe num horizonte em chamas Outros rostos aparecem e desaparecem Os de Sven Sj man Zeke Karin Johannison Mohamed Al Kabari Jonathan Ludvigsson Dick Stensson Todos riem dela e gritam Como que voc pode ser t o tola Depois a amplitude do sonho se reduz a um ponto negro de mat ria concentrada em que todos os males praticados e vontades conflituosas das pessoas parecem se reunir Seus t mpanos explodem a pele se solta dos ossos e dos bra os em sangue das pernas dos dedos dos olhos e do cora o espalham se na atmosfera como uma chuva de brasas Um urso come o seu filhote rec m nascido numa gruta de uma ilha isolada esquecida desaparecida Come a sua pr pria cria Al akbar Al akbar Al akbar O coro n tido entre as nuvens de poeira que fazem parte dos ltimos turbilh es do seu sonho Al akbar As palavras transformam se num guincho e as crian as flutuam por dentro dos olhos de Malin Elas est o receosas e calmas ao mesmo tempo Malin no seu sonho sabe que tudo j aconteceu e vai continuar a acontecer E tudo fica quieto e em sil ncio Como depois de uma explos o Ela fica com dificuldade de respirar tenta respirar fundo mas nenhum ar parece ocupar os seus pulm es A situa o quase explosiva por falta de oxig nio mas por fim ela consegue se virar na cama Estava com o rosto enfiado no travesseiro Agora sim ela consegue respirar profundamente e desaparece de no
435. pai Malin respira fundo e pensa Eu faria o mesmo eu faria o mesmo que AD VOC Quer dizer que n s morremos para salvar as suas crian as a nossa vida pela delas Como que podemos entender uma coisa dessas Os nossos pais morreram tamb m por elas Acha que isso nos far sentir menos medo E que isso nos levar a perdo lo Voc nos matou A culpa sua independentemente de qual seja a sua desculpa Estamos bem pr ximos de voc Jokso Mirovi N s somos o vento que bate no seu pesco o E este sussurro nosso Ser que voc n o nos matou pelo dinheiro Ser que voc se preocupa realmente com seus filhos Elena e Marko na sua sala escura malcheirosa e mida cheia de medos N o Voc fez tudo por dinheiro n o Voc o lagarto gigante a aranha a cobra os dentes afiados famintos e malvados desses animais selvagens n o Voc a gan ncia personificada n o Malin v Jokso Mirovi levantar se em p nico Ele come a a agitar os bra os e a gritar no meio da sala Eu n o fiz isso por dinheiro N o recebi dinheiro nenhum N o sou nenhum animal predador Voc s ouviram Deixem me em paz Estou tentando salvar as minhas crian as Voc s entendem n o Eu matei voc s para salvar os meus filhos Em seguida Jokso Mirovi fica em sil ncio cai no ch o negro da sala de interrogat rios e cobre os olhos com as m os Malin sabe o que ele est vendo sab
436. pai fazendo alguma coisa na sala de estar Parece estar com o aspirador de p ligado n o Ela tem a sensa o de que algu m acaba de sair da casa outra pessoa desconhecida estava l Papai L est ele Tove vai em sua dire o e o abra a Claro ele tem mais for a do que a m e mais confi vel mais simples mas tamb m mais enfadonho Ela n o pode deixar de pensar assim de ter essa sensa o Chegou uma carta diz ele assim que eles se soltaram N o entendi de onde veio apenas publicidade de uma escola qualquer responde ela esperando que ele n o perceba a sua mentira Algu m esteve aqui O pai olha para ela surpreso Aqui Quem que poderia estar aqui numa noite normal a n o ser voc Claro Tem raz o diz Tove Agora a vez de ela ter outra sensa o de que h uma mentira no ar Mas com a carta na m o resolve subir a escada e ir para o seu quarto Estou cansada diz ela Vou me deitar um pouco O pai olha para ela Faz um aceno de compreens o antes de perguntar Como est sua m e A voz dele tem um tom que faz com que a pergunta soe como um dever de consci ncia o que instintivamente irrita Tove Est bem diz ela de maneira curta e grossa E seu av Tamb m A carta na m o Ela sente que as suas m os est o tremendo Tenta abrir o envelope com os dedos sem rasgar o conte do O logotipo da escola na fre
437. para a m e melhor parar de gritar O que disse Que o pai j encontrou algu m Malin fica em sil ncio Queria falar sim mas parece que a l ngua ficou paralisada Na sua frente Tove continuou agora em voz baixa controladamente como se pela primeira vez tivesse compreendido o que m e acabou de dizer Eu n o sei nada de ele ter uma amante Acho que n o se encontra com ningu m em especial Malin avan a para a filha abra a a sente o corpo tenso e esbelto da adolescente contra o seu Abra a a bem forte e diz lhe no ouvido Desculpe E em seguida ambas se sentam mesa uma em frente da outra Malin conta o que acabou de ver Tove escuta meio distra da Parece pensar em milh es de coisas antes de perguntar Como ela nisso que pensa Se ela bonita ou n o Malin pensa em devolver a pergunta para a filha mas cont m se e responde Loura bonita Com que idade Talvez 25 n o mais do que isso Mas mam e n o precisa ficar zangada Afinal voc s voc e o pai n o est o mais juntos Ainda bem que ele encontrou algu m assim deixa de se sentir sozinho Voc tamb m devia encontrar algu m para deixar de viver sozinha Sozinho Malin gostaria de saber como assim sozinho Afinal ele n o est s diz ela Ele est com voc l na casa dele E eu tenho voc N s n o vivemos sozinhos nenhum de n s vive s Gostaria apenas de que ele tives
438. parece estar rebentando de vigor Um cheiro doce como o de dois seres humanos que acabam de fazer amor Um advento simples Como se o melhor j tivesse acontecido H uma quantidade de carvalhos mal colocados em torno da mesquita E canteiros c nicos de flores que mais parecem p nis eretos de musgo pensa Malin Ela j sentiu saudades de outro corpo nesta primavera Saudades de se entregar a um ato sexual intenso e r pido em que nenhuma pergunta feita nem antes nem depois Sabe que precisa aliviar a press o Mas com quem Ou de outra coisa que estou precisando Amor Como se isso pudesse vir ao meu encontro a esta altura Ela sente o est mago se contrair e o cora o apertado por pin as negras e frias outro tipo de solid o que ela sente N o s de sexo Quer um abra o carinhoso ao qual se aconchegar um par de ouvidos que escute o que ela tem a dizer uma mente e um cora o que respondam que lhe queiram bem que gostem dela que a aceitem como ela Estou com saudades pensa Malin de ter algu m a quem amar mas confessar isso para mim mesma simplesmente horr vel Concentre se pensa ainda Malin No trabalho na visita dos dois mesquita Hoje todos aqueles que s o da pol cia podem entrar onde quiserem diz Zeke At mesmo as mulheres da pol cia Voc acha que ele est aqui Mohamed Al Kabari Conhecido pelo jornal Corren e pela televis o local Na m dia apresentado como um
439. parte t cnica Mostrar lhes tudo de maneira que acreditem em mim Ontem n o queria falar nada Por que mudou por que contar tudo hoje Jonathan Ludvigsson olha fixamente para Malin Medo e inseguran a no olhar Respira fundo antes de explicar Eu vi o olho de uma das meninas Sei que parece loucura Mas o olho parece que surgiu pelo buraco da porta da cela e se dirigiu para mim como se quisesse me matar Foi ent o que eu percebi que todo este caso tinha ido longe demais Nisso voc est absolutamente certo pensa Malin que continua olhando Jonathan Ludvigsson Esse malandro est mentindo ou falando a verdade Mas eu acredito nele Os seus olhos azuis esbugalhados s o honestos E ele parece bastante inteligente e ing nuo para ser ao mesmo tempo muito sofisticado e profundamente est pido E com medo do olho E as armas Os explosivos Como que voc explica isso Malin levanta se Esta a terceira vez que eu pergunto portanto est na hora de falar tudo de uma vez Jonathan Ludvigsson olha para ela com outro tipo de medo no olhar Eu tive a oportunidade de comprar tudo diz ele Ent o comprei Talvez viessem a servir para alguma coisa Servir para alguma coisa Existe uma guerra em andamento diz Jonathan Ludvigsson Entre as for as do mal e as for as do bem No mundo inteiro Eu odeio a gan ncia o capitalismo e os comedores de carne Eu estou do lado das for as d
440. perto da Inglaterra em Gibraltar e no Caribe Seu nome estava envolvido em muitos rumores entre eles o de que era um dos homens mais ricos do mundo No in cio da d cada de 1960 voltou ao mundo dos neg cios Fundou uma firma para administrar o dinheiro das pessoas mais ricas e mais bem sucedidas Dez por cento de lucros ano ap s ano Clientes internacionais Aristocratas e famosos Corria o boato de que tudo se tratava de um jogo de pir mide financeira mas nenhuma investiga o conseguiu comprovar Kurtzon teria investido em petr leo na Venezuela e na Noruega e certos analistas chegaram a considerar que foi o dinheiro dessas fontes que salvou a administradora Mas ent o para onde foi o dinheiro Nessa poca Kurtzon tinha uma grande mans o em Liding perto de Estocolmo mas excluindo essa constru o ele mantinha uma vida reservada Nunca deu nenhuma entrevista e contatava clientes em potencial por meio de representantes N o existiam fotografias dele Dizia se tamb m que tinha v rias nacionalidades Onde houvesse uma coroa sueca ou um d lar para ganhar ele sempre chegava primeiro para arrebat lo Para ele o dinheiro era uma coisa um produto N o servia para gastar Mas quem sabe talvez fosse o poder que o dinheiro lhe dava aquilo que mais o seduzia Esse era o pensamento de Johan medida que encontrava informa es na internet Existia claramente um padr o Kurtzon parecia querer sempre mais E assim cr
441. pois Em criar uma imagem brilhante Mam e pensa Malin A falta de amor O seu desejo de que tudo fosse diferente melhor do que realmente era Ser essa a imagem brilhante de que ela est falando Conte nos a respeito dessa imagem brilhante Malin escuta a voz de Zeke Ele tamb m sabe que as palavras de Josefina Marl w s o importantes embora ainda desconhe a o motivo Josefina Marl w fica p lida suas m os come am a tremer descontroladamente e seu olhar fica perdido parado Tenta levantar se mas como se as pernas n o quisessem suport la A minha mam e diz ela A minha m e sua m e pergunta Malin Meu pai E os meus irm os O que h com os seus irm os E ent o Josefina Marl w se reencontra N o havia amor nenhum naquele lar E eles eram s dicos tanto a minha mam e como o meu pai embora de maneiras diferentes Eu fui obrigada a abandonar a fam lia imposs vel viver num mundo como aquele Eles feriam voc Eles me trancavam E tamb m meus irm os Mas acima de tudo eles nos abandonavam nos deixavam s s numa idade em que as crian as n o devem ser deixadas sozinhas Onde que eles trancavam voc Numa sala escura e apertada E fria tamb m Eles nos abandonavam nos deixavam s s com a vergonha Eu n o podia deixar que eles se aproximassem das crian as Como que eu poderia fazer uma coisa dessas Depois Josefina Ma
442. pois outra quando as pessoas come am a correr em p nico em determinada dire o Foi o que aconteceu em Kuta em Bali acrescenta Zeke Precisamos tirar os curiosos daqui diz Sven E aumentar a rea de isolamento deixar que os cachorros farejem o lugar levar os feridos Ouvir todos os que podem ter visto alguma coisa Eu acho que n o deve haver uma segunda bomba comenta Malin Se houvesse j teria explodido J sabemos que se trata de uma bomba Zeke que p e a quest o Ser que n o foi qualquer outra coisa Porra que coisa poder ter sido pergunta Sven Malin nota que h mais de dez anos n o ouvia o chefe soltar um palavr o Se que o ouviu falar assim alguma vez Nota ainda que a c lera transparece um pouco no seu olhar Em breve estar com 35 anos de servi o na pol cia J deve ter visto e ouvido de tudo Mas agora isto aqui uma forte explos o uma bomba que explode em pleno dia na maior pra a da cidade Por onde come ar aonde chegar Como proteger os habitantes da cidade Como proteger se Como proteger os colegas enquanto fazem o que deve ser feito Ser que isto aqui algo muito maior do que eles ser o capazes de resolver Uma explos o de g s prossegue Zeke calmamente J n o se usa g s aqui em Link ping h mais de dez anos Ser que foi uma tentativa de explodir o caixa eletr nico insiste Zeke Uma tentativa
443. pra a high life de Estocolmo pensa Malin Esses cachos n o ficam bem no mundo conservador de juristas suecos Os dois contaram por que vinham o que queriam saber e agora esperavam a resposta J rgen St lsten prefere ficar na mesma posi o de costas para eles H pouco os seus olhos azuis estavam transparentes e sem qualquer express o de medo Como se fosse o olhar de algu m que cometeu um crime e que estava disposto a confessar tudo sem sentir nenhuma vergonha Como se fosse algu m que entendeu ter chegado a sua hora Eu estudei na escola b sica com Josefina diz J rgen St lsten No col gio Lundsberg Ela enfrentava um inferno quando ficava em casa nas f rias Eu sei disso At mesmo qualquer bullying na escola era melhor que aquilo Lundsberg Bullying As palavras ca ram como raios na mente de Malin que logo reconhece n o poder deixar Tove viajar N o podia mand la para uma floresta selvagem nem para uma escola aristocr tica cheia de rica os valent es Mas essa discuss o essa preocupa o n o tem nada a ver com o assunto de agora melhor racionalizar escutar deixar que J rgen St lsten conte a sua hist ria Ela come ou j aos nove Com maconha Havia muita droga na escola Talvez tenha come ado a usar outras drogas mais pesadas tamb m l O que acontecia em casa interrompe Zeke abruptamente Ela contava a respeito da sua m e De como era louca De como os obr
444. pragas e a exposi o a outros males n o Esperemos que n o comece a chover diz Malin Fizemos um bom trabalho hoje colega diz Zeke Malin concorda com um aceno Quer evitar assumir os louvores Quer que eles se afundem por si At amanh Ela fecha a porta Olha para o apartamento A minha filha Est a Ela pensa em Tove Na filhinha de 6 anos que um dia ela foi 17 O rel gio da Ikea na cozinha continua com o seu tique taque imperturb vel Marca 8h15 Tove corta uma cenoura calma e metodicamente quer fazer comida Malin est cansada cansada demais e acha que elas podiam se dar ao luxo de encomendar do Ming Palace um bom prato da sua especialidade para entrega em casa Tove est com uma saia curta de algod o uma blusa rosa bem transparente e meias pretas compridas Primeiro quando viu a roupa Malin quis fazer um coment rio dizer que achava a decora o muito leve mas se conteve Afinal pode ser que esse seja o estilo que as adolescentes adotaram para a primavera deste ano N o tem nenhuma comida em casa Se quiser podemos fazer um espaguete bolonhesa Podemos preparar uma por o grande que d para congelar uma parte diz Tove Ent o vamos fazer isso Logo depois h cebola e alho dourando numa grande frigideira e gua borbulhando numa panela ao lado N o vamos telefonar para o vov pergunta Tove Talvez ele esteja com fome
445. primeira reuni o Seria uma vergonha pedir uma interfer ncia dessa esp cie Esse o acordo silencioso Os investigadores est o reunidos em volta da mesa discutindo para a frente e para tr s todos os dados julgando a credibilidade das palavras das pessoas do que contam e das verdades que deixam de ser ditas Outras verdades escorrem pelas m os e desaparecem num buraco negro em que qualquer caso n o resolvido acaba por cair Em qualquer lugar a qualquer hora diante de qualquer banco poder explodir uma nova bomba As pessoas est o com medo e o medo n o deve perturbar qualquer sociedade civilizada O medo deve ser vencido Caso contr rio a sociedade tal como a conhecemos corre o perigo de afundar Essa a ideia que existe coletivamente no subconsciente de todos os detetives a sensa o sem nome que todos t m ao revisar as linhas da investiga o Como uma chuva de estrelas cadentes essas s o as linhas desta investiga o pensa Malin Logo pensa tamb m em Peter Hamse e em seguida em Tove no pai na m e e em tudo que parece acontecer ao mesmo tempo como se todos os lados da sua vida se juntassem numa nica imagem N o era para acontecer qualquer coisa ainda hoje Estou esquecendo de algo Os gritos e os risos das crian as no parque infantil l fora n o chegam aos ouvidos dos detetives dentro da sala de reuni es O que parece chegar s o os sussurros inaud veis de duas meninas flutuantes que falam de
446. procurar qualquer coisa no bolso Ser uma arma o que ele procura Se ele puxar uma arma talvez seja mais r pido do que eu Ser que chegou a minha hora de morrer isso que vai acontecer Ela busca todas as suas for as para avan ar em zigue zague os ltimos vinte metros antes de chegar pessoa na sua frente Alguma coisa acende Uma chama na boca de fogo antes do som do tiro que vai me matar Mas nada de tiro Ser que ele usa um silenciador Ela atira se para a frente Sente um impacto de calor contra uma das faces Zeke chega diante do trailer uma Kabe com cerca de doze metros de comprimento Sai uma luz fraca pelas janelas Do lado de fora em um lugar coberto de entulho est o localizados tr s barris grandes de leo Por perto se veem seis policiais inclinados em cima do que parecem ser tr s homens ainda jovens vestidos com aquelas roupas desbotadas e sujas que os membros da chamada New Age Travellers costumam usar No fundo podem ser viajantes sem destino sem morada e sem emprego Qual deles Jonathan Ludvigsson pergunta Zeke Nenhum deles diz Sundblom da porta do trailer Certamente ele estava fora do trailer talvez urinando Ent o o cara que Malin foi perseguir diz Zeke Ele correu em dire o ao prado Ela conseguiu prend lo N o sei Eu vim o mais r pido que pude Karim e Sven foram atr s dela e algemamos a Sofia Karlsson no carro Sundblom c
447. que algu m balan a o seu bra o algu m que diz Quer dizer que voc s vieram at aqui Como conseguiram Malin abre os olhos Zeke tamb m Na sua frente veem Josefina Marl w Ela est agachada Seu olhar parece atravessar a luz tr mula de uma vela Est bem desperta e l cida depois de o efeito da droga ter passado Malin a olha os olhos ainda sonolentos antes de falar As suas meninas N s tentamos verificar o que lhes aconteceu encontrar quem as matou Somente voc pode nos ajudar Josefina Marl w sentada no seu peda o de papel o olha para eles Ao seu lado uma colher e uma seringa v rios peda os de pano ensanguentados O bra o est cheio de picadas de agulha Eu sei que o meu pai Josef escreveu um testamento pelo qual ele me d o controle de tudo Ele mandou uns guarda costas me buscar e me levar para a Strandv gen alguns meses atr s acho eu Ele vai morrer em breve j sei Ele tamb m sabe poss vel que eu tenha voltado l depois disso N o tenho certeza At ent o nada de tremeliques Nada de gaguejos Antes uma sequ ncia de palavras de uma garota bem educada e segura de si Nenhum sinal de tristeza nem na voz nem no olhar Mas talvez uma esp cie de al vio O mesmo tipo de al vio que Malin notou no seu pai na hora de enterrar a m e O mesmo al vio que eu pr pria senti Ele me contou que havia deserdado os meus irm os Henry e Leopold e que eu controlaria uma f
448. que ele diz Em compensa o nota que ele tem uma cavidade no meio do queixo o nariz afilado e o queixo quase perfeito O que esta primavera est fazendo comigo Tenho que ouvir o que ele diz Em vez disso sente que gostaria de lev lo levar o doutor Peter Hamse para o banheiro mais pr ximo para a sala de enfermagem mais pr xima ou para a ducha mais pr xima e deixar que as coisas aconte am Desvia o olhar de Peter e olha pelo corredor Acha que v o ch o de lin leo amarelo derreter como se fosse uma camada de neve onde algu m urinou e os rostos de duas meninas tomam forma na janela ao fundo Ela fecha os olhos Domina a excita o do corpo P e de lado o prazer As meninas O que vieram fazer aqui Talvez queiram que a sua m e junte se a voc s n o Olha para Zeke e em seguida para Peter Hamse que no momento olha fixamente para ela com interesse e calor humano Zeke faz uma careta balan a a cabe a Peter Hamse finalmente fala Cinco minutos Com toda a calma delicadamente Chamem caso vejam que ela est se sentindo mal Ele se vira e segue pelo corredor pisando o ch o que parece borbulhar e em dire o aos rostos esperan osos das duas meninas destro adas Um aparelho que pisca uma luz verde e apita a cada dez segundos No quarto uma luz difusa mas estranhamente forte a respira o pesada de uma mulher e um cheiro forte de produtos qu micos Malin entra no quarto de Hanna Vi
449. que fugir e desaparecer no sono e nos sonhos mas in til Malin levanta se e senta se Ela consegue imaginar a noite silenciosa do lado de fora das persianas Sabe que Tove est no quarto ao lado e acha que ela est dormindo Lundsberg N o pense nisso Deixe que aconte a Tove quer ir e isso o mais importante Revelou iniciativa ao falsificar a minha assinatura na inscri o mas por que ela n o nos perguntou logo no in cio O que pensa de n s Tove Malin fecha os olhos de novo v o rosto da m e na sua frente de como ela corre persegue a dentro de casa e fica insistindo com a filha para que deixe tudo limpo ralha com ela para que n o fale demais que deve ficar calada na presen a dos adultos porque assim que uma menina fina se comporta e voc nunca me deixa ficar em paz E agora est morta m e foi embora n o existe mais por m continuar a conviver comigo enquanto eu viver Depois do que fez contra mim como que vou poder seguir em frente Tem de saber perdoar Perdoar aquele que ainda vive O tempo passa r pido J sei o que devo fazer pensa ela ao se levantar Veste o jeans deixa de lado o suti e enfia pela cabe a uma blusa rosa de algod o O cansa o at desapareceu O corpo solta um segundo f lego Vai at o quarto de Tove Chacoalha a filha Tove olha em volta no quarto fracamente iluminado pela luz do hall Vou para a casa do pai diz Malin N o fa a uma coisa
450. que voc tem que viver Caso contr rio n o ser nada E ser seja l o que for ser qualquer coisa deve ser melhor do que n o ser nada Os arque logos encontraram grutas com pinturas daqueles que viveram antes de n s S o imagens art sticas das suas vidas Imagens em espa os escuros solit rios que representam a maneira como eles se matavam a pauladas E por tr s desses espa os e dessas imagens existem outros espa os ainda mais negros onde eles comem as suas pr prias crian as em pinturas criativas feitas com tintas misturadas com sangue Foram os mais fortes da esp cie humana que lentamente muito lentamente evolu ram e se transformaram em gente xxx Em alem o no original covardes N T 51 As imagens De uma c mera de vigil ncia perto de um centro de turismo o Resecentrum na esta o ferrovi ria de Link ping Sven Sj man est sentado no escrit rio inclinado para a frente Quase encosta no monitor para chegar bem perto daquilo que est vendo Demorou um pouco para receber as imagens O disco r gido onde estavam apresentava problemas Os assistentes policiais encarregados de recolher as grava es das c meras de seguran a n o haviam feito o servi o de captura como deveria ser E nenhuma das outras c meras de seguran a da cidade registrara no dia do atentado a bomba qualquer evento de interesse para a investiga o Mas um dos t cnicos da empresa ferrovi ria stg tatrafiken re
451. r Era melhor que os outros continuassem a dormir porque precisavam bastante Acalmarem se um pouco em vez de correr para todos os lados como se estivessem fugindo de uma bomba marcada para explodir em apenas alguns segundos isso a o que vamos fazer Malin d mais uma mordida no sandu che Pensa na solit ria fam lia Viger uma fam lia que parecia n o ter parentes nem amigos Ningu m visitara Hanna no hospital embora o velho dos cachorros quentes da pra a tivesse dito que a m e e as filhas costumavam passar por l todas as manh s O queijo queimava nas gengivas Malin telefonou para Tove quando ia a caminho de Sven N o falou nada sobre a reuni o do invent rio Queria lhe dizer apenas que achava melhor ela ficar na casa do pai esta noite mas Tove insistiu que queria dormir no apartamento da m e E Malin achou que Tove tinha alguma coisa de importante para lhe contar Quem sabe ela est com um novo namorado Malin sentiu que a ltima coisa que queria naquela noite era receber mais uma not cia As que recebera j eram mais do que suficientes para um dia O que queria mesmo era desligar o c rebro como quem desliga um computador e fazer com que toda a atividade mental congelasse N o queria contar a Tove a respeito do hospital Ainda n o achava que estava preparada Ok tudo bem pode vir disse ela resignada Podemos ver um pouco de televis o e depois comer uma pizza Malin mastiga eng
452. r os seus calcanhares e segur la E as aranhas com pernas longas e peludas sobem pelos cabelos da menina entrando nos olhos dela na sua boca e nos seus ouvidos Os animais querem deix la muda cega e surda livre de todas as necessidades de todas as gan ncias Ent o a lagoa substitu da por uma enfermaria e ela v seu irm o deitado num len ol branco dormindo Ele adulto e ao mesmo tempo um bebezinho vestido de macac o azul claro que ela reconhece de muitos sonhos que teve O rosto dele pequeno e fr gil O queixo mi do e o corpo pequeno e magro Seu sono parece ser livre de sonhos e de preocupa es Nos sonhos pensa Malin n o sou eu a desamparada voc E se a vida das pessoas uma disputa para saber quem a mais desamparada talvez voc seja o vencedor n o Eu o tra N o Mas por que estou com tanto medo de viajar para conhec lo Eu quero dar lhe todo o meu amor Estarei com medo por aquilo que voc Estou com medo por n o saber o que vou sentir realmente por voc Ela quer conhecer o seu irm o Afagar o seu rosto Mas antes de seguir em frente o espa o do sonho se modifica passa a ser um buraco mofado cheirando mal e com gua por todos os lados com duas pequenas figuras em um canto figuras que ela quer retirar dali mas n o pode porque n o t m rosto nem nome e ela n o sabe onde est o Voc tem que nos salvar Tem que nos salvar E ela descansa naquela sala Congela a
453. r sem gritar Ele nem sequer tenta se desviar Aceita tudo como castigo Depois ela sente que foi abra ada contida pelos bra os do advogado e da mulher do asilo Malin sabe que tem que se conformar com a situa o mas n o faz a m nima ideia de qual decis o tomar S pensa em visitar o meio irm o agora agora Tenho que ver o meu irm o e abra lo Mostrar lhe que eu existo antes que seja tarde demais Afinal ningu m sabe o que este maldito mundo pode fazer contra n s nem o que vai fazer de n s Malin solta se dos bra os que a seguravam Vira se para a porta de sa da Quer bater ainda mais Mas seu corpo n o aguenta N o agora Cretino grita ela para o pai Ele baixa a cabe a sobre o peito Um cretino desgra ado o que voc Sabia o tempo todo n o Escondeu a verdade de mim Que covardia E por isso eu te odeio Foi voc que se recusou a receb lo Foi isso Talvez tenha sido voc quem obrigou a m e a abandon lo Quem voc afinal Nunca mais se aproxime de n s ouviu grita ela Nem sequer pense em me telefonar ou para Tove ou ainda para qualquer outra pessoa que tiver acesso a n s Pode ter a certeza de que irei procurar voc e mat lo Entendeu Malin eu Cale essa boca Malin Nem mais uma palavra Ela abre a porta mas quer que a mulher lhe diga para esperar H tanta coisa que ela ainda n o sabe E tem que saber Cretino desgra
454. r a oportunidade para chamar a aten o para o fato de os bancos estarem sugando o povo gente normal como o meu pai Eles estragam toda a sociedade com a sua arrog ncia a sua gan ncia e o seu desrespeito pela Hist ria Quis usar a bomba para isso encontrar uma maneira de rapidamente propagar uma mensagem anticapitalista Ent o utilizei a Frente Libert ria a fim de espalhar essa mensagem O c rebro Continuo cansada Mas se eu o entendo bem pensa Malin o que ele quer dizer que n o teve nada a ver com a bomba Pode ter sido apenas uma maneira de se vingar do que fizeram com o pai E ent o inventou a Frente Libert ria Portanto segundo o que diz voc inventou a Frente Libert ria Econ mica depois de a bomba ter explodido para encaminhar a sua mensagem anticapitalista e para de alguma forma honrar o seu pai n o foi Certo confirma Jonathan Ludvigsson ao mesmo tempo em que torce dois de seus dreadlocks com uma das m os Eu criei o site no meu laptop em poucas horas em casa de um amigo em Estocolmo Baixei as imagens dos bancos eu mesmo filmei o v deo na frente de uma parede branca no apartamento e mandei tudo pelo YouTube Est dif cil de acreditar nisso diz Malin Voc quer tentar apenas se safar n o Matou duas crian as e agora quer se safar Posso mostrar como eu entrei na p gina com o uso de um c digo firewalls com o meu endere o IP e provedor Voc s n o conseguira
455. r crescer a vontade de beber a habitual tequila Para afastar essa ideia ela crava as unhas de uma das m os na palma da outra pressionando at sentir uma dor agrad vel Funciona Como habitualmente No lar dos Viger n o encontramos nada de mais Nada que indicasse que algu m as amea ou diz Malin Talvez dev ssemos falar tamb m com os colegas do trabalho Ver se sabem mais alguma coisa a respeito da fam lia N o podemos investir mais nessa linha diz Karim Akbar S o pessoas normais que apenas tiveram o azar de estar no lugar errado na hora errada Acho melhor acelerar as investiga es procura dessa tal Frente Libert ria Quem s o eles Revirem cada uma das pedras que estiverem no caminho investiguem todos os ativistas conhecidos e os ainda desconhecidos quer da extrema esquerda quer da extrema direita Insistam com a per cia t cnica Alguma coisa eles t m de encontrar Vou verificar o passado de Hanna Viger6 pensa Malin mas ela sabe que ter de esperar Deve se manter leal investiga o Uma divis o neste momento pode levar a perder o pouco que t m Esse vai continuar a ser o foco das nossas investiga es diz Sven Voc s Johan Waldemar e B rje v o continuar na mesma rota Vamos pedir ao banco um relat rio das contas de Stensson e deixar que os nossos especialistas em finan as fa am uma an lise Talvez haja alguma coisa nesse sentido Malin concorda
456. r e certamente vai conseguir reviver Sente uma fisgada de consci ncia pesada Malin pensa nos momentos em que colocou Tove em segundo lugar na sua vida Talvez com demasiada frequ ncia Ficou muito melhor depois que parei de beber mas continuo a trabalhar demais pensa Malin n o tendo conseguido ainda penetrar bem no seu mundo isso que acontece Nada que eu possa negar diante de mim mesma Ela condena mais uma vez a sua fraqueza Gostaria de participar mais do mundo de Tove dos seus sonhos e da sua vida Mas ser que Tove quer isso Ela est agora com 16 anos Mais independente a cada dia que passa Forte e expl cita de uma maneira que eu jamais consegui ser Um odor de ver o nesta noite primaveril Um odor de ver o e um mau cheiro de maldade que ficou escondido na neve do inverno Dois corpos de crian as massacradas e queimadas Duas flores ca das no jardim do mal 10 Malin hesita diante do port o na rua gatan Ela escuta o rumor que vem do pub Pull amp Bear no andar t rreo do pr dio onde mora Era como se pudesse ouvir o borbulhar da cerveja na hora de sair da serpentina e da torneira e cair sob press o no copo esguio de chope Sabe que uma ilus o Sabe que esse borbulhar n o interfere mais no seu estado de esp rito Quaisquer que sejam as sensa es recebidas produzidas pela bebida ainda assim ela poder control las Ela crava as unhas no bra o A dor ajuda Tem treinado mais do que nunca
457. r o que tenho a dizer f cil notar que ele sente medo de alguma coisa quando est com voc m e como se guardasse um segredo uma verdade que poder estragar tudo A face dela j est fria por causa do contato com o vidro da janela Tove endireita se na cadeira O nibus aproxima se do lugar onde ela vai descer O rel gio no computador de Malin indica que s o oito horas e dezesseis minutos As imagens e as palavras no monitor misturam se Ela precisa se esfor ar para poder ver e ler Tem de dormir mais logo logo O site do Corren j apresenta a not cia de que Jonathan Ludvigsson foi preso por ter liga es com a investiga o O jornal tamb m recebeu informa es sobre os achados no trailer As imagens obtidas l mostram que foram tiradas ao amanhecer As imagens do homem que colocou a bomba na bicicleta A pergunta do dia Qual a puni o que ele deve receber Matem no com um tiro diz um padeiro de Ljungsbro Metam no numa cela e joguem fora a chave fala uma ajudante de enfermagem de Linghem Est confirmado Sven Sj man aproxima se dela e de Zeke na grande sala da pol cia cheia de mesas Seu olhar est l mpido a voz cansada mas decidida Conseguimos falar com o amigo de Jonathan Ludvigsson em Estocolmo Ele confirmou ter estado com ele no seu apartamento em Hornstull no momento da explos o H ainda mais outra pessoa que confirma isso O amigo diz que n o fazia a menor
458. r psicologia Mas deve manter dist ncia desses casos diz a enfermeira enquanto lhe estende a m o Siv Stark enfermeira de plant o Voc trabalhou na noite em que Hanna morreu Siv Stark confirma com a cabe a E diz Infelizmente N s temos de ouvir todos os que trabalham aqui Alguma coisa aconteceu at a eu entendo visto que os t cnicos da pol cia estiveram aqui fecharam o quarto e fizeram algum tipo de investiga o Mas qual Por qu Teve alguma coisa de estranho na morte de Hanna Viger Eu n o posso contar mais nada al m do que j disse mas se voc puder preparar os outros para o interrogat rio eu agrade o Peter Hamse Ela quer mas tamb m n o quer falar com ele Siv Stark acena com a cabe a e luz do amanhecer a sua boca parece ter o dobro do tamanho sem parecer assustadora ou grotesca Ela esteve aqui pergunta Siv Stark Ou talvez as suas meninas N o sei Talvez Tento escutar o que dizem Tento acreditar nelas Siv Stark procura por alguma coisa no bolso da sua bata Depois pega uma caixa de tabaco Generalsnus e coloca uma por o por baixo do l bio superior O cheiro do tabaco faz com que Malin sinta vontade de vomitar Fica com saudades da rua e do seu apartamento Saudades de Tove Do cheiro suave e puro da sua filha um odor que vai ficar com ela para sempre As duas mulheres deixam o quarto juntas N o conseguem ouvir os gritos des
459. ra fundo Resmunga qualquer coisa Fecha os olhos Esfrega os olhos com os dedos sente como gostaria de gritar E acaba por ceder grita espalhafatosamente Ruge sons indistintos no meio da cozinha como se fosse um animal selvagem preso numa armadilha E s quando esses sons enfraquecem ela reabre os olhos e v na sua frente a sua filha Tove De p ela sorri N o consigo ouvir o que voc diz mam e sussurra Tove Sei que deve ser duro para voc com tudo o que est acontecendo ultimamente incluindo a morte da vov Calma Fors calma Concentre se concentre se Ela consegue embora sinta as l grimas escorrendo pelas faces Pela segunda vez em poucos minutos Malin abra a a sua filha e sussurra no seu ouvido Desculpe Desculpe S quero que confie em mim Acho melhor a gente sair e comer pizza fora Assim poderei contar a mais estranha de todas as hist rias confessa ela Sturm und Drang diz Tove Malin tenta entender o que filha quis dizer mas n o consegue Presunto Camar es e salame Mas nenhuma alcachofra Est o sentadas a uma mesa isolada na pizzaria Shalom na rua Tr dg rdsgatan numa sala bem iluminada de paredes decoradas com pap is em tons amarelos Tove est com fome come peda o atr s de peda o quase sem mastigar Interrompendo a mastiga o apenas para engolir mais um gole de Cuba Cola Passaram pela Grande Pra a ainda h pouco Cerca de uma dezena de v
460. ral de informa es Portanto desapare am entenderam Instintivamente Zeke d um passo para tr s e dois para a frente Malin percebe que o guarda pensa que eles s o moradores de rua Mesmo se f ssemos esse desgra ado a jamais deve se dirigir a n s desse modo Ent o Fors melhor entrar no jogo dele Eu fiz apenas uma pergunta Voc n o tem nenhum direito de nos tratar Malin nota que Zeke j entendeu o que ela est fazendo Por isso fica atr s dela na expectativa Desapare am Caso contr rio vou chamar o refor o e prender os dois diz o guarda Voc s n o v o vagabundear por aqui Eu E depois vou chamar a pol cia Portanto tratem de pegar as suas porcarias e ir embora Olhe aqui seu merdinha diz Malin apontando o indicador no vidro do guich do guarda Voc est sentado a com o seu maldito e imerecido uniforme como um pequeno rato no seu buraco e acha que O guarda j estende a m o para o telefone ao seu lado mas antes Malin grita Est na hora de voc escutar atentamente o que eu vou lhe dizer Est claro Zeke logo se p e a seu lado apresentando o distintivo da pol cia contra a vidra a O guarda abre a boca como se fosse um peixe fora d gua e deixa cair o queixo Para Malin parece at que ficou com medo Pisca vira se e fica olhando para o mar Como que voc acha que deve tratar as pessoas Seja quem for voc tem que trat
461. ram ao local mas as respostas foram sempre as mesmas recolhidas por Malin e os seus colegas do departamento de investiga es Ningu m viu nada Ningu m sabe de nada Aronsson ficou de organizar os interrogat rios dos feridos que j haviam sido levados ao hospital e de outras pessoas de quem obtiveram os nomes e estavam presentes na pra a no momento da explos o mas que depois se afastaram antes de serem interrogadas Era preciso ouvi las tamb m Malin resolve dar uma volta pela pra a pisa no lixo espalhado pelo ch o sente os estilha os de vidro partirem se sob os seus p s e v Karin Johannison passando um pente fino na rea perto do banco procura de qualquer coisa que pudesse significar algo para a investiga o S o muitos os policiais convocados Enchem a pra a Quando acontece uma coisa dessas n o se nota o corte que tem sido feito nos ltimos anos na for a policial por causa da crise Problemas com o or amento s d para pensar depois Na verdade necess rio ter mais policiais na cidade Talvez mais no departamento respons vel pelos crimes de viol ncia familiar H um percentual rid culo de processos finalizados por exemplo contra pedofilia Apenas um em cada dez chega a julgamento e puni o N o vale a pena Temos de defender as crian as pensa Malin Quanto vale uma comunidade que n o pode defender as suas crian as Faces As faces de uma crian a Quem era voc pensa Malin enquan
462. rande Pra a As reflex es de Malin foram interrompidas pela voz de Ludvigsson Voc est cansada Parece Mas eu quero contar tudo agora imediatamente Passei por uma situa o bizarra l embaixo na cela O que voc quer contar Malin inclina se para a frente por cima da mesa Olha bem nos olhos dele Prometo que voc pode falar comigo com confian a Eu vou ser justa Ludvigsson pisca lentamente e depois respira fundo Os outros n o devem ter dito nada n o verdade Nada al m de que n o sabiam que voc est por tr s da Frente Libert ria Econ mica E verdade Eles n o sabem mesmo de nada Todo o compl foi coisa minha Eu n o diria que a explos o de uma bomba em plena Grande Pra a possa ser considerada como uma coisa Conte tudo desde o in cio com toda a calma Quem preparou a bomba Foi voc mesmo Malin escuta a sua pr pria voz Ela fala suavemente mas consegue introduzir um vago tom de amea a No momento vai tentar bajul lo quer fazer com que ele se sinta importante competente disposto a revelar a verdade Mesmo que queira contar tudo nada confirma que o que vai sair dos seus l bios seja a verdade Voc conseguiu realmente chamar a aten o para o atentado J me disseram que at o New York Times escreveu sobre o caso Jonathan Ludvigsson acena com a cabe a confirmando Foi isso mesmo diz ele Chamar a aten o Eu queria aproveita
463. ras que ningu m consegue ouvir Adeus diz uma delas em alto e bom som Tove estremece e abre os olhos De vi s olha para o av que continua a chorar Tem pena sempre gostou dele Mas e da av Tove nunca chegou a conhec la e quando nunca se conhece algu m n o se pode sentir tristeza por essa pessoa Nem mesmo a sua m e parecia estar realmente triste embora Tove notasse o quanto ela se esfor ava por demonstrar tristeza Uma tentativa apenas de demonstrar sentimentos Todos os que ela conhecia faziam exatamente isso Tove pensa na carta que espera receber N o contou nada para ningu m nem teve coragem de contar m e Foi feio e errado falsificar a assinatura dela no documento Mas pode dar certo Ser que ela vai ficar feliz N o N o certo Muito longe de estar certo A m e poder ter um ataque Tove n o p de conter um sorriso ao pensar na carta que talvez chegue Claro que n o se podia sorrir naquele lugar e naquele momento Embora n o existisse nenhuma exig ncia absoluta para que as pessoas chorassem tamb m n o era admiss vel que sorrissem A leitura de um salmo repercute na capela Sons de um rg o que tentam afastar o cheiro de mofo que tentam adornar a luz do dia com um calor que lhe falta Na ltima vez que esteve naquele lugar Malin assistiu ao funeral de uma v tima de um crime um homem gordo solit rio que o mundo parecia ter abandonado desde crian a No momento Malin j e
464. rastar e chegar submetralhadora a cerca de um metro de dist ncia um dos irm os Kurtzon Nariz fino Ela nota olha de lado Leopold S pode ser Leopold Kurtzon Malin d um pontap na arma afasta a Depois olha por cima do parapeito do terra o e v l embaixo o homem que ela sup e ser e deve ser Henry Kurtzon um corpo que parece agora uma flor em frangalhos entre tantas outras flores Os olhos dele est o abertos Sem vida E um dos lagartos gigantes j come ou a comer as suas pernas rasga o corpo em peda os sem ru do mas com um frenesi que Malin nunca viu igual Chegam outros lagartos gigantes As garras abrem se Os corpos movimentam se Rasgam ainda mais o corpo do homem Guincham de felicidade e chiam de raiva Malin prefere desviar o olhar desse cen rio Est bem Ela volta a ouvir a voz fraca de Zeke atr s Sim grita ela E voc Primeiro pensei que era a art ria que havia sido atingida mas n o Posso estancar o sangramento apertando o bra o Fique de olho aqui diz Malin dando um pontap no homem aos seus p s Enquanto eu vou verificar o resto do pr dio O homem do ch o levanta os olhos para ela Sorri Um sorriso estranho que mais parece uma careta no escuro Como se soubesse de uma coisa que ela ainda n o sabe Quem voc Henry ou Leopold sussurra Malin num tom de voz gelado Ela quer ter a certeza embora reconhe a
465. rece a sua m e ainda est com dificuldade em entender que tudo j terminou entre n s Talvez ela n o tenha se expressado exatamente assim n o me lembro mais Mas est certa Eu estava com uma garota com quem tenho sa do Ela trabalha num hospital no departamento de radiografia Voc vai gostar dela Quer dizer que vou ter que me encontrar com ela Se quiser mas vai ser dif cil evitar esse encontro pois eu gosto realmente dela Acha que eu tamb m vou gostar dela Com certeza Na televis o passa uma cena em que um homem de barba longa coloca uma corda em volta do pesco o de uma mulher em um beco estreito Ambos veem a cena at o final antes de o pai perguntar Est chateada por eu ter encontrado algu m N o Se o que voc quer E se quiser para mim est bem Assim terei certeza de que n o ficar sozinho O pai ent o passa o bra o pelos ombros de Tove e puxa o corpo dela para junto de si num abra o carinhoso O que eu fiz para merecer uma filha t o carinhosa e inteligente como voc Achei que ia ficar com ci mes se algum de voc s encontrasse algu m mas agora at me sinto muito bem Acho at bom que isso aconte a com voc Espero que aconte a o mesmo com a m e que tamb m encontre outro homem Voc sabe muito bem que eu sempre colocarei voc em primeiro lugar Tove franze a testa e solta uma gargalhada Depois diz Sure pai est
466. rece colorido pela janela da sala de estar Malin est sentada no sof ao lado de Tove ambas esperam a novela terminar para assistir ao notici rio do programa Rapport Enquanto isso bebem um copo de suco de uva s quatro horas da tarde quando houve o minuto de sil ncio de homenagem s meninas Viger Malin estava sentada sua mesa no escrit rio do departamento de pol cia De fato aconteceu um caso extraordin rio De repente tudo parou os corpos deixaram de se movimentar todos os ru dos se transformaram em sil ncio profundo e com isso deixou de existir um mundo tal como Malin o conhecia O sil ncio e a rever ncia tamb m foram respeitados no departamento Mas as meninas n o estavam l Malin teve a sensa o de que elas estavam em qualquer outro lugar Assim se passou o minuto e o vozerio no departamento voltou ao normal Malin estica as pernas Talvez quem sabe o Rapport fale sobre o caso sobre alguma coisa que n s desconhecemos pensa ela Tove tem estado em sil ncio e recolhida durante toda a noite Desta vez quer dormir no apartamento da m e Ter uma grande prova de matem tica no dia seguinte e quer descansar o m ximo poss vel antes de ir para a escola Ou ser que est aqui apenas para me controlar Acho que ela cada vez confia mais em mim mas talvez seja apenas um desejo muito forte da minha parte Ser Uma explos o Malin pensa no m dico com quem se encontrou durante o dia Peter Ha
467. rece morrer Isso trai o O segredo dessa atitude est agora com o pai E eu sinto que alguma coisa est para acontecer Sinto uma ruptura no ar Malin deita se de lado Tenta adormecer mas acha que o sono ainda vai demorar como costuma acontecer ultimamente O sono por m vem logo em seguida Nos sonhos ela v Maria Murvall V um pequeno rapaz descansando na cama de outro quarto do hospital mas o rapaz n o tem rosto Apenas uma boca negra bem aberta e dessa boca saem palavras em uma l ngua que Malin n o entende Ela nem sequer consegue perceber se se trata de um linguajar humano As duas meninas da pra a aparecem nos seus sonhos Elas flutuam brancas e bonitas por cima da cama onde a m e doente est deitada H um aparelho que come a a emitir um sinal nos seus sonhos Sinal que anuncia que ainda h vida que ainda h esperan a As meninas continuam a flutuar para a frente e para cima sobre uma floresta e ao longo de uma regi o costeira escura e tranquila De repente as meninas come am a gritar Viram se para Malin para o seu rosto aos gritos desesperadas H v rias vozes infantis que gritam muito E logo o sonho de Malin se transforma em um grito un ssono Soltem nos o que dizem Larguem nos Soltem nos 11 Sven Sj man n o conseguiu dormir o quarto estava quente demais de modo que resolveu se levantar e descer pela escada no escuro ouvindo o estalar das t buas do ch o
468. resentassem como sendo uma e a mesma pessoa como os g meos muitas vezes costumam fazer Eles conseguem os dados de Tuva Viger no monitor Um momento diz Zeke Est vendo o que eu vejo Malin prende a respira o Depois l Nascida em Estocolmo Hospital Karolinska 2004 Adotada ao nascer pelo casal Pontus e Hanna Viger Ser poss vel saber quem foram os seus verdadeiros pais N o sei responde Malin Procura a informa o mas n o a encontra Ela sabe que existe em algum lugar mas talvez n o esteja disposi o no banco de dados virtual Que azar diz Malin pouco habitual uma ado o completamente sueca comenta Zeke Mas isso acontece ainda hoje confirma Malin preciso ter uma sorte danada pelo que eu pude compreender Ao que parece acontecem de dez a vinte ado es desse tipo por ano Li isso em algum lugar O sistema social da Su cia prefere colocar as crian as suecas para ado o em fam lias j formadas Malin pensa no seu irm o mais novo Ningu m quis adot lo Ningu m quis adotar um ser malformado Nem mesmo a m e Eles rolam as imagens para baixo Buscam a irm g mea os dados de Mira A mesma ado o evidentemente Mais cliques feitos febrilmente para ver as letras neutras de par grafos formais que Malin sabe que escondem a verdade que por sua vez esconde novas verdades N o existe mais nenhuma informa o sobre a a
469. rio do meu pai pensa Malin Mas tamb m s o iguais homens que de maneiras diferentes conseguem o que querem Eles vieram Contei lhes a respeito da funda o que eu os deserdei que a princ pio jamais controlar o a fortuna Eles pediram e imploraram Foi pat tico Foi ent o que eu me convenci de que eles n o eram como n s Saiam daqui disse eu N o quero v los mais por perto Sei que vai doer muito neles quando souberem que Josefina receber o dinheiro quando o c ncer finalmente me levar para o outro mundo Josefina como Ela descomplicada N s somos iguais ela e eu Os pensamentos rodam na cabe a de Malin A heran a de um multibilion rio Uma filha que viciada em hero na Dois filhos cujo pai acha que s o um lixo O que significa isso tudo Qual a conex o com a bomba na Grande Pra a e a fam lia Viger Ela olha em volta no escuro da sala O animal empalhado parece querer subir pelas paredes com suas garras Parece olhar fixamente para Malin com os seus olhos artificiais para ferir os filhos pensa Malin depois que voc vai dar o controle da sua heran a para Josefina Marl w Apesar de saber que ela j lhe virou as costas Que ela o odeia que odeia todos da fam lia Pois foi isso que eu vi hoje no McDonald s perto do Slussen dio medo desprezo e desesperan a Onde N o Nada de perguntas Malin n o conseguiu se conter Queria saber Onde est o o
470. rl w fica em sil ncio Parece pensar antes de dizer Na realidade os meus pais n o se importavam comigo Mas eles conscientemente perverteram meus irm os deixando os tamb m obcecados por dinheiro e por tudo o que dependesse dele Podiam fazer qualquer coisa por grana por aquilo que achavam ser o amor do pai Um casal de jovens g ticos acaba de se sentar mesa do lado que seus irm os eram submetidos Josefina Marl w olha para Malin Uma exaust o repentina e horr vel se espalha por seu olhar Os olhos escurecem ficam negros O pai tentou fazer deles perfeitos homens de neg cios diz Josefina Como assim Josefina Marl w balan a a cabe a e revela Fazendo com que eles fossem impiedosos Impiedosos Josefina Marl w fecha os olhos parece desaparecer dentro de si mesma e estremece como se uma energia el trica acabasse de passar pelo seu corpo Ela faz sinal com a m o como que evitando responder pergunta de Malin O que ele fazia com os filhos Nada Voc ainda tem algum contato com os seus irm os pergunta Malin Sabe onde eles vivem imposs vel gagueja Josefina Marl w com a voz muito fraca imposs vel Ela consegue se levantar Malin tenta segur la quer saber mais ir mais fundo no que ela pode contar mas Josefina Marl w d as costas para os dois afasta se deles sussurra alguma coisa inaud vel antes de parar e se virar de novo p
471. rmos nunca vamos nos livrar delas Olhe como elas est o com medo solit rias Ent o eu vou matar voc N o vai conseguir E voc sabe muito bem disso Vamos deix las aqui N o podemos nos desentender agora Leopold olha para o irm o reconhecendo que ele tem raz o Fez que sim claro vamos deix las aqui Como esperar outra coisa Eu concordo com voc como sempre fiz N o sou ningu m Os irm os voltaram a fechar a porta deixando as crian as sozinhas na cela Depois correram para o terra o atiraram as armas no ch o de pedra e olharam para o jardim em frente no escuro e para o mar quase im vel tranquilo e ainda para as jaulas dos bichos Ouviram umas pancadas estranhas na porta de uma das jaulas O desespero veio devagar arrastando se e eles por momentos foram assaltados por uma sensa o de pura autodefesa O que vamos fazer agora vamos embora vamos deixar tudo aqui cometer suic dio deixar que as crian as vivam ou mat las primeiro e depois nos matar Quest es que rodavam em c rculos Tudo o que momentos antes na cela parecia estar decidido voltou como novos pontos de interroga o imposs veis de definir E por mais que fizessem por mais que tentassem acabar com a autocompaix o logo voltavam atr s indecis o o que os deixava completamente frustrados N s n o somos assim N s somos matem ticos A racionalidade E a bomba cujo tique taque prossegue na cela a
472. ro quarto Kurtzon come a a falar Eu deserdei os meus dois filhos diz ele N o v o receber nada depois da minha morte Coloquei tudo numa funda o que na atual situa o os deixa sem um tost o Josefina que vai controlar a funda o N o eles N o quero nem saber se ela aceita ou n o a incumb ncia ou se j morreu se mudou de nome Quando um homem como eu tem ambos os pulm es e as gl ndulas linf ticas em todo o corpo afetadas pelo c ncer isso n o tem a menor import ncia Nada disso me importa claro Os rapazes t m dinheiro Fui eu que lhes dei capital suficiente para que vivam bem Mas eles n o s o ricos como gostariam de ser Eu tentei eu tentei fazer com que eles entrassem para a firma mas E o talento Para que serviam eles Para nada Apesar de todos os meus esfor os para form los Nasceram defeituosos Como se n o fossem meus filhos E o que um pai pode fazer Voc s podem me dizer Realizei diversas experi ncias com eles desde pequenos para que se adequassem e fossem eficientes mas infelizmente os meus m todos de educa o n o funcionaram por completo Malin quer interromper o discurso Perguntar do que Josef Kurtzon est falando por que ele conta isso para eles e que m todos de educa o eram aqueles Nada de perguntas A sua voz embora fraca est cheia de frieza e de autoridade o que tornava qualquer pergunta impens vel Este homem exatamente o contr
473. rov vel que os irm os e as crian as estivessem na propriedade ao norte de Norrt lje A propriedade nem sequer estava registrada embora isso fosse apenas consequ ncia de algum erro administrativo Quero resolver eu mesma este caso pensa Malin Devo agir assim E se os irm os e as crian as estiverem l melhor que sejam poucos a se aproximar no meio da noite n o Zeke parece achar o mesmo Malin fecha os olhos A explos o na pra a mandou o meu corpo pelos ares pensa ela onda de press o est levando a para dentro das trevas suecas Primeiro tudo aumentou em volume se alargou e agora tudo volta a se reduzir Para onde que vamos Ser que os irm os est o l E as crian as Mas ela sabia que Jokso Mirovi falava a verdade sobre as crian as O desespero nos seus olhos n o podia ser uma pe a teatral E a grava o era original Papai papai Mas Elena e Marko podem estar em qualquer outra parte do mundo Talvez na Tail ndia Podem ter ficado por l em algum lugar Ou como crian as mortas mortas h v rios dias Nesse curto per odo n o tinham encontrado a menor pista dos dois irm os Nenhum tr fego de mensagens eletr nicas nada de chamadas entre celulares nenhum uso de cart es de cr dito em nome deles Nada Tente dormir Malin Tire uma soneca de uma hora antes da chegada Para ficar atenta depois As m os de Zeke tranquilas ao volante O sil ncio reina dentro do carro
474. rra o que vamos fazer Leopold n o quer pensar nisso mas sabe que tem de decidir alguma coisa Pense logicamente Leopold Racionalmente Ele sente o frio que vem do mar e da floresta em toda a ilha mas isso n o chega a perturbar Como sempre est mais quente aqui do que em outros lugares um estranho microclima Leopold olha mais uma vez para as jaulas dos lagartos E de repente sente se mais seguro ao pensar neles Tem certeza de que o pai sabe que os animais est o l que eles dois de fato foram bem sucedidos em aliment los embora todas as crias que as f meas tiveram tenham morrido logo ap s uma semana Leopold ouve novamente o barulho dos lagartos batendo contra as grades de prote o Ele fica com medo Ser que est o a ponto de sair das jaulas Ser que v o ficar rastejando por a na floresta V o subir para os terra os da casa E atacar Mas eles n o podem sair de onde est o Ou podem Leopold deixa de pensar nos lagartos e olha para o irm o sem planos deitado num sof bebendo Coca Cola Leopold chama por ele Meio contra a vontade Henry levanta se do sof Ambos seguem para a cozinha da casa toda equipada com aparelhos da famosa marca Gaggenau No caminho Leopold conta lhe o que leu na internet Ent o diz Vamos mat las e depois ir embora daqui Henry fica com medo da frieza do irm o mas depois acha que ele tem raz o A ideia tem l gica Matar as crian as enterr l
475. rso de Swarowski cartazes de um grupo de rock da d cada de 1970 nas paredes e do grupo finland s Lordi Um dia de ver o com uma corrente de vento entrando pela janela aberta L fora a luz do sol espalha se por um belo jardim onde h ma s ainda microsc picas come ando a tomar forma nos ramos das macieiras Hospital de Norrg rden Uma antiga resid ncia de um empres rio bem situada a um canto da cidade de Sj plogen no cora o das florestas da prov ncia de H lsingland Malin e Tove foram levadas para a sala de Britta Ekholm que ficou muito satisfeita em v las dizendo Ele est dormindo mas vai ficar muito feliz em v las assim que acordar Malin gostaria de fazer tantas perguntas O que posso esperar Como ser ele Mas n o pergunta nada Em vez disso ela e Tove entraram na sala indicada E sempre que a m e hesitava Tove pegava a sua m o e a puxava Em um dos cantos do quarto perto de uma janela que d para um jardim ensolarado h uma cama hospitalar E na cama dorme um homem magro Ao lado uma cadeira de rodas As duas aproximam se do corpo adormecido Ele descansa silenciosamente Malin v o rosto do irm o de perfil O queixo n o muito pronunciado e o nariz sobressai bastante entre as faces Malin pensa na sensa o que est tendo e acaba acariciando a face do irm o um carinho lento sobre a pele quente E esse calor passa a ser o dela E assim ela fica sabendo que acabou de dese
476. rtados e penteados com esmero Encontrou uma nova mulher uma promotora de justi a que Malin n o aguenta ver nem a dist ncia A promotora covarde uma aut ntica carreirista que n o autoriza a pol cia a ouvir eventuais acusados de pedofilia Brincadeira pensa Malin depois A minha m e est morta aqui fica o seu t mulo e tudo o que eu fa o brincar com as minhas ideias Tove est ao lado do pai Janne perto do Jaguar Janne e Malin continuam se falando por causa da filha Malin n o diz nada sobre nada sempre que se encontra com ele melhor que seja assim melhor manter longe o rancor a amargura e a solid o por meio do sil ncio N o dizer nada preciso nossa conversa gira em volta de Tove Coisas que t m de comprar para ela quem tem de pagar o qu como e onde a filha deve passar o tempo livre e as f rias escolares Ser que ele j est com outra mulher Malin ainda n o notou nada n o viu nada nem ouviu nada Ela costuma ter um bom faro para essas coisas Tove tamb m n o deu a entender que houvesse outra mulher frequentando a casa que fica no meio de um bosque no caminho para Malmsl tt nos arredores de Link ping Malin passa o bra o pelo do pai os dois se dirigem para o estacionamento e ela pergunta Ir o muitas pessoas para o caf Todos menos Dagny Bj rkqvist pois teve que ir a outro funeral em Sk rblacka Sk rblacka O lugar onde est situado o maior incinerador de li
477. s Ficar sentada o dia inteiro alimentando com dados um computador diante de um monitor Mas como era bom sentir se necess ria Waldemar parece n o gostar que ela trabalhe fora Prefere que o servi o em casa seja perfeito e que tenha comida benfeita na mesa quando chega em casa noite Waldemar preocupa se sempre com os seus Com os seus colegas por exemplo Com B rje Johan Sven E com Malin Demonstrou preocupa o com ela durante o jantar Disse recear que ela voltasse a beber ap s a morte da m e Mas parece que ela est no controle da situa o n o Ele disse isso exatamente como se a sua mulher pudesse saber Entretanto ela sabe de uma coisa por muito que a gente queira ajudar uma pessoa essa pessoa seja ela ou ele que tem no final e por seus pr prios meios de dominar os seus dem nios Quem que conhece quais s o os dem nios que na realidade assombram essa Malin Zeke est sentado diante do computador na cozinha da sua casa Acordou h pouco e n o conseguiu adormecer de novo Com um clique fez surgir a imagem do seu neto no Canad O neto chama se Per mas todos o tratam por Pelle Zeke lamenta ter estado com ele t o poucas vezes No quarto a mulher ressona mas o som surdo entrecortado da sua respira o serve apenas para acalmar Zeke ainda mais ao mesmo tempo em que o deixa mais acordado Que horr vel o que aconteceu com as duas meninas na pra a O que ele faria se isso aconteces
478. s da regi o todos os milhares de avisos de demiss o ca ram sobre eles Veem se resigna o e preocupa o nos seus olhares Ser que ainda tenho futuro Ser que vou arranjar um novo emprego Ser que tudo acabou para mim N o vou conseguir mais sustentar a minha fam lia Nem dar aos meus filhos um come o decente Uma mulher ainda jovem de bata branca e muito maquiada est fumando Eu a conhe o lembro me dela pensa a m e Trabalha no sal o de beleza l para os lados da Igreja de St Lars Passam pelo caf na cal ada tr s homens de terno escuro talvez advogados de algum dos poucos escrit rios de advocacia da cidade ou novos ricos da especula o financeira Ainda existem tipos dessa esp cie at mesmo em Link ping Eles arrumam as gravatas que brilham ao sol de uma maneira que ressalta a m qualidade da seda com que s o feitas Talvez sejam vendedores de m quinas copiadoras ou de celulares ou estejam trabalhando em algum dos bancos da pra a ou em alguma companhia de seguros Alguns t picos estudantes universit rios est o sentados em volta de uma mesa do Grande Hotel Parecem ser da rea t cnica a julgar pelo aspecto desajeitado mas inteligente Jeans blusas de l e t nis incrementados de quem gosta de fazer longas caminhadas pelas florestas Em suas pastas certamente encontram se os notebooks Em cima da mesa caf puro O que que eu conhe o das pessoas nesta cidade pensa a m e ao inclinar
479. s da tarde Acho que todas as igrejas v o estar abertas comenta o pai Tove que tinha ficado em sil ncio at ent o abriu a boca t pico Assim que acontece algum mal todas as pessoas correm para as igrejas Meu Deus como isso previs vel N o est sendo dura demais Tove pergunta Malin Talvez mas nem mesmo Deus quer apenas consolar n o Quer tamb m um pouco de aten o constante Depois do jantar os tr s sentam se no sof para ver o epis dio de um seriado norte americano que mostra a atividade de uma c lula terrorista nos Estados Unidos Mostra como homens que parecem suaves se transformam em mu ulmanos fan ticos que querem se vingar de injusti as contra eles e suas fam lias pouco prov vel que as coisas na realidade aconte am assim diz o pai Malin n o sabe como responder mas diz Na realidade elas s o um pouco mais obscuras Pelo menos eu acho isso E voc Tove o que acha Malin vira se para a filha v que ela j adormeceu est sentada com a boca meio aberta e de olhos fechados a caminho de um sono profundo e reparador de adolescente Eu posso lev la para a cama diz o pai mas Malin quer protestar Acha que deve ser ela a levar a sua filha para o leito individual que a espera Por m logo em seguida reflete melhor que seja o av a fazer isso Muito bem Ela pesada demais para mim Mas ser que as suas costas aguentam
480. s de ferro j meio enferrujados Uma campainha junto de um pequeno interfone com c mera Eles tocam a campainha Malin nunca havia estado l dentro mas pode imaginar um p tio de brita com muitas motocicletas algumas oficinas e um pr dio de administra o j desgastado pelo tempo Drogas Extors o Esconderijos para guardar sequestrados Trapa as fraudes falsifica es S o muitos os rumores do que os Dickheads fazem Assassinatos encomendados As autoridades prenderam um dos l deres dos Hells Angels em Gotemburgo no ano anterior por assassinato Mas em Link ping ainda n o se chegou a tanto nem nas atividades dos Dickheads nem nas dos seus rivais Los Rebels Uma voz rouca cansada quase p s ressaca Quem s o voc s e o que querem Malin olha para os port es e sente que est mesmo diante de uma fortaleza inviol vel com cheiro de pura maldade N o se pode deixar que a merda se fixe na rea Porque sen o ela acaba por prevalecer E o mundo transforma se num espa o negro Zeke mostra o distintivo da pol cia diante da c mera Pol cia Queremos falar com Dick Stensson Ele est Um longo sil ncio Depois um estalido no interfone e o port o abre se com um chiado prolongado Malin nota que a sua imagina o correspondia realidade Motos cromadas enfileiradas diante de duas oficinas cinzentas O que existe aqui Que corpos se escondem por tr s destas constru es O que est l dentr
481. s duas bofetadas O pr dio grande e escuro que deve ter servido como local de reuni o para as assembleias da Igreja Livre da Su cia est situado numa rua lateral de Klockrike uma pequena comunidade bem no meio da plan cie de Ostg tasl tten levemente iluminada pelo luar mas muito castigada pelo vento e pelo frio do inverno e pelo calor do ver o Um pequeno lugar entre muitos outros Talvez trezentas pessoas que com certeza absoluta se sentem muito bem vivendo uma vida simples na regi o rural do pa s Mas a igreja parece abandonada Agora s o os programas idiotas de televis o jogos on line e o h bito de surfar em programas pornogr ficos que substitu ram o tratamento das almas Dentro do pr dio com as luzes de quase todas as salas apagadas certamente est o vendo as disputas do programa de tev Bingolotto Ningu m perde uma oportunidade de apostar O pr dio da Igreja Livre atr s da qual estacionam as caravanas est localizado majestosamente no cimo de uma pequena eleva o beira de uma floresta e parece vigiar pela seguran a da pequena comunidade Parece dizer tamb m para os habitantes do lugar Aten o n s estamos controlando os seus movimentos Eles podem ser quantos pergunta Malin no meio do caminho na estrada para Ljungsbro Talvez apenas ele No m ximo quatro respondeu Sofia Karlsson Karim Akbar que se juntou ao grupo apenas resmungou um pouco do seu lugar de passag
482. s me ama pensa Karim Akbar Os flashes me amam e fazem com que os meus n veis de adrenalina subam corram c leres pelas minhas veias E eu me sinto cheio de vida Certamente h mais de cem jornalistas entre as paredes de madeira do grande e antigo audit rio do munic pio espera das minhas palavras nesta entrevista coletiva Karim est atr s de uma longa mesa de madeira clara Levanta os bra os tenta fazer com que a multid o se aquiete fique em sil ncio e pare de disparar perguntas preciso dominar e reger essa multid o Ele ainda mant m as m os no ar tenta acalmar os jornalistas fazer com que eles se sentem E consegue Lembra se de que tanto quanto se sentiu inseguro e fraco no momento em que a mulher o deixou ele se sente agora com o seu novo amor mais forte do que nunca Agora sabe que poder conseguir tudo Quanto vale um momento de solid o Existe sempre um novo amor para algu m como eu Posso me dar ao luxo dessa presun o n o Logo a multid o se sentou e escutou as suas palavras os flashes pararam de piscar e ele conta o que sabe sobre a bomba que as v timas v o permanecer an nimas enquanto os parentes n o forem contatados Nada mais do que isso Nada sobre as linhas de investiga o de suspeitos E assim que ele terminou as perguntas voltaram de enxurrada Voc s suspeitam de terroristas S po vai intervir Voc s acham que pode ser um atentado contra o banco Exist
483. s no hospital Aparentemente eles n o est o t o mal que n o possam ser ouvidos Depois v o falar com aqueles que abandonaram a pra a e dos quais temos os nomes Malin voc e o Zeke v o falar com o im ainda que achem talvez que cedo demais e n o vale a pena atrair a aten o para essa dire o Waldemar voc e o B rje Sv rd v o ouvir os funcion rios ausentes os que n o estavam no banco ok Perguntem pelas c meras E depois tentem verificar outras c meras na cidade O governo municipal deve ter acesso a elas n o B rje Sv rd acena que sim e diz Vamos agir j Cheira me a sangue completa Waldemar fazendo uma careta Eu tomo conta das hienas diz Karim A imprensa deve estar doida por novidades Em rela o S po vamos esperar que eles apare am por aqui O quadro atr s de Sven est cheio de riscos destacando as palavras islamitas e ativistas Malin observa o quadro e diz Poder ter sido um ataque contra a fam lia E n o contra o banco ou contra a popula o Os colegas olham para ela Obviamente ningu m tinha pensado ainda nessa ideia Improv vel Malin diz Sven Sj man Isto aqui algo maior algo diferente As pessoas apenas estavam l por acaso e se quisessem atacar a fam lia haveria meios mais simples do que colocar uma bomba em frente do banco n o acha Malin concorda Quis apenas levantar a hip tese Voc s to
484. s nossos corpos que flutuam e tentam encontrar a paz ao circular pelo espa o Mas n o conseguimos Malin Ainda n o encontramos a paz Karim Akbar est sentado na sua sala sente se como se estivesse amarrado cadeira O encosto de couro est quente aquece as suas costas o que faz com que ele se lembre e sinta saudades do corpo da sua nova mulher Tem saudades de tudo o que ela representa Quer ouvir a voz dela a intelig ncia que exprime Quer cheirar o seu h lito quando ela murmura palavras no seu ouvido Sentir como ela deseja tudo o que vem dele da mesma maneira como a natureza anseia pela vida na primavera Sua ex esposa aquela que se mudou para a cidade de Malm nos bra os de um maldito colega tendo levado consigo o filho Bayran pode muito bem ir para o inferno O orgulho da paix o Esse orgulho talvez me torne arrogante pensa Karim mas isso natural Vivianne promotora de justi a Veio da cidade de Norrk ping h um ano Cinco anos mais nova do que eu Oferece resist ncia e esperta como se acordasse o predador em mim com as suas ambi es Ela fez com que eu voltasse a lutar por uma carreira e transmite a impress o de que vai chegar a promotora do reino da Su cia A ministra da Justi a acaba de telefonar Queria saber a respeito da situa o de como iam as investiga es Karim n o ficou surpreso com a conversa Os notici rios em rela o bomba v m em primeiro lugar Ele est com a t
485. s pr xima da cidade vem um ru do cont nuo quase sonolento As milhares de estrelas parecem querer inflamar um c u que teima em n o ficar completamente escuro N o pense nisso Malin Nem pense nisso Se ela Josefina a nossa m e de verdade ent o Leopold e Henry s o nossos tios n o Josef nosso av Os nossos tios t m alguma coisa a ver com isto aqui Com o caso das crian as sequestradas por isso que essas crian as est o conectadas a n s O que que voc acha Malin N s sentimos como o nosso espa o fica cada vez mais escuro mais quente mais mido menor e mais apertado Como se ele recebesse um teto de medo e gritos que ningu m vivo ou morto precisa ouvir Voc est andando por essa avenida t o fina Malin J noite e precisa escutar as vozes precisa ouvi las Voc tem que salv las exatamente como salvou a sua Tove O nosso av quem ele Pode uma pessoa ser reduzida a um colecionador a um conservador e a um dilatador de recursos E como fica o resto dessa pessoa E quando tudo o que bom se perde para onde vai o mal isso justamente o que deve procurar saber Malin Esse o enigma que tem que solucionar Quem mata as prostitutas em Nova York Tove est sentada ao lado de Janne no sof diante da televis o da sala de estar do primeiro andar da casa em Malmsl tt Est com um cobertor rosa e lil s em volta das pernas e encostada em uma almofada macia O
486. s sangrentos Algu m est se aproximando Mais uma inje o Quem s o voc s Est o voltando de novo Eu n o quero me encontrar com o pai novamente Ele o pior de todos Desapare o de mim mesma e acabo por acordar diante do pior monstro entre todos eles Eu entendo como que vim parar aqui mais uma vez Estou sentada na sala oval rodeada de pain is de madeira nobre segurando a m o do meu pai que est morrendo Ele segura a minha m o com for a mas sei que ele n o quer pedir perd o palavra que n o existe no seu vocabul rio Arrependimento tamb m n o um daqueles sentimentos com que queira lidar Estou aqui Nenhum dos outros nenhum dos monstros dos meus irm os Seguro a m o do meu pai e ajudo o a morrer apesar de odi lo Eu pr pria j estou morta Morri quando voc s morreram minhas meninas E j se passou muito tempo Voc s meninas tamb m j est o aqui n o verdade N o sabemos por que estamos aqui Por que devemos olhar para voc quando se ajoelha ao lado da cama do doente no quarto mais interior do grande apartamento As persianas est o fechadas L fora est escuro e as luzes das estrelas deslizam por cima das guas em que circulam barcos a motor entre navios de passageiros As pessoas est o passeando ao longo de um cais com antigos barcos de madeira que cheiram a alcatr o Voc sabe quem n s somos n o Mam e ela j devia estar aqui conosco E o papai tamb m Mas e
487. s se s a dor silencia a boca vai ser preciso aguentar a dor Essa no fundo uma decis o completamente racional na qual acabamos por acreditar Acreditamos na m e acreditamos nas puni es como um caminho certo para um comportamento correto acreditamos no sil ncio s vezes por m por sermos apenas dois meninos n o podemos nos conter e ent o ela ordena que a criada com a ajuda do jardineiro nos tranque no arm rio vazio que existe no por o da mans o onde passamos a noite sentados O pai diz que devemos zombar dos servidores da casa mas depois ordena que eles nos castiguem batam em n s e nos prendam no arm rio Conversamos Reconquistamos a nossa personalidade Ficamos maiores quanto mais medo temos Muitas vezes a Josefina est conosco e eu me lembro do cheiro de excrementos Outras vezes ela fica sozinha sentada no escuro numa sala vazia e fria Com Josefina a situa o diferente A m e acha que ela deficiente por natureza e a sua exist ncia s se justifica para ser saco de pancada N s ganhamos animais Um coelho cinzento um porquinho da ndia e um cachorrinho O pai obriga nos a torturar os animais apesar de n o querermos fazer isso Ent o ele bate em n s at que a gente bata neles Aprendam a usar o poder diz ele Aprendam a ser implac veis S o voc s que decidem O pai viaja para o Congo No regresso traz um lagarto gigantesco vivo que se torna o seu animal de
488. s seus filhos Onde podemos falar com eles Tem que penetrar mais fundo nessa escurid o desfaz la escutar o que dizem essas vozes e salvar os bons isso o que ela sente sem saber explicar a raz o No momento o homem na sua frente adormece de cansa o mas Malin quer obrig lo a falar mais Voc sabia a respeito das meninas Das filhas dela Josef Kurtzon vira se para ela Malin v agora que os olhos dele est o com catarata que ele j deve estar cego h muitos anos Ele se agita e faz sinal com a m o Os meus filhos t m um apartamento no pr dio ao lado na dire o da ponte para Djurg rden Procurem por Henry e Leopold Josef Kurtzon vira o rosto como se quisesse deixar de encarar os dois Malin e Zeke Malin acha que tudo aquilo uma e a mesma coisa fam lia Kurtzon fam lia Viger as g meas a bomba Mas ela n o consegue articular tudo Ainda n o sabe o suficiente para estabelecer as conex es do caso Compreende que Kurtzon lhes disse apenas o que queria contar e que foi por algum motivo que ele contou sua hist ria Portanto continuava a brincar com ela e com Zeke apesar da idade e da debilidade f sica At a Malin havia entendido depois do que leu sobre o homem na internet talvez ele seja um dos c rebros mais afiados que o pa s j teve uma esp cie do egoc ntrico e especulador Ingvar Kamprad com um passado talvez igualmente fantasioso Malin n o se aguenta mais e faz as suas
489. scorregou l para baixo quando tentei ajud lo a se levantar Malin j imagina o que aconteceu Zeke n o explicou mais nada E ela escuta os lagartos gigantes embaixo a rugir e a chiar enquanto fazem Leopold Kurtzon em peda os Vinte e dois Uma bomba grita ela e d Elena para Zeke Sabe que ele pode lev la no colo apesar de ferido A bomba vai explodir logo Temos que sair daqui Zeke olha para ela e grita Foi por isso que ele riu o safado Ele corre atr s de Malin com a menina nos bra os Ambos sobem para a entrada da casa Dez Nove Saem pela porta entram no jardim Os lagartos n o v m est o ocupados com outras coisas Oito Sete A bomba grande Quanto que vamos precisar correr para n o nos transformarmos em cinzas Seis Cinco Quatro Cinquenta metros de descida da casa para o mar por cima de grama molhada pelo orvalho e em dire o ponte Depois atravessar a ponte E agora o mundo vai explodir Tr s Dois Malin e Zeke param ofegantes abra am as crian as Um Quanto A que dist ncia Zero 61 Um estrondo enorme A ilha parece vibrar e o pr dio treme A ponte balan a mas eles esperam que aguente A atmosfera fica densa O corpo de Malin parece que vai ser sugado por um v cuo perverso Eles ainda est o na ponte tentam ficar em p com as crian as nos bra os Viram se e veem o pr dio dos dois irm os desabar o telhado se contorcer No
490. se caso por qu Por quem Mas ela n o tem mais tempo para se dedicar a essas reflex es Ouviu a voz de Sven chamando a a resumir o que sabe sobre as meninas e a m e delas que no dia anterior foi operada com sucesso mas que ainda n o est fora de perigo Ainda n o podemos ouvi la segundo o m dico com quem falei diz Sven Na melhor das hip teses amanh de manh Talvez tarde Voc s viram o v deo diz Malin A bomba poderia estar dirigida contra elas Foi detonada talvez por controle remoto quando as meninas voltavam para o caixa eletr nico dif cil de acreditar nisso diz Waldemar Acho que uma ideia muito rebuscada Malin Waldemar tem raz o diz Sven Podemos partir da ideia de que a fam lia apenas uma v tima acidental N o ser melhor garantir a seguran a de Hanna Viger no hospital Voc deve ter ouvido o que eu disse Malin conforma se Acha de fato que as meninas s o isso mesmo v timas inocentes circunstanciais Waldemar diz Esses malditos safados poderiam ter evitado a morte das crian as caso quisessem Isso verdade Mas queriam demonstrar que est o agindo a s rio 14 O tempo n o poupa nada nem ningu m O rel gio no painel do carro marca onze horas No r dio transmitem o notici rio enquanto Zeke e Malin viram para a Rydsv gen e em grande velocidade passam pelo lado norte do antigo cemit rio As rvores n
491. se com o seu Pelle Ele iria fazer com que os malditos culpados sa ssem das suas tocas No entanto sabe que a agressividade sem um plano estabelecido n o vale a pena numa situa o como essa preciso ser met dico n o se deixar cegar pelo dio nem pela raiva Volta a olhar para o neto no monitor No dia em que ele deu os primeiros passos no jardim verdejante da casa onde o seu filho Martin mora Acha que a situa o diab lica Sabe que poder agir com dureza caso necess rio Go to hell pensa Zeke E na sua mente v um monstro com fisionomia de gente 12 TER A FEIRA DE MAIO O que quer qualquer jornalista Encontrar a verdade Libert la Parasitar Lucrar com ela Vender a sua pr pria ideia partilh la com aqueles a quem ela possa agradar Se que eles os jornalistas realmente querem alguma coisa O rel gio marca apenas quinze para as sete no momento em que Malin estaciona o carro diante do edif cio da pol cia Apesar de ser muito cedo j existe uma pequena multid o de jornalistas na entrada Os carros de reportagem dos canais de televis o SVT e TV4 j estavam a postos Num caso como este numa situa o extrema como esta no entanto era preciso e importante manter a imprensa a dist ncia n o deixar que os abutres movimentassem algo algo que pudesse afetar o p blico criando o medo Mas talvez os habitantes de Link ping tivessem raz es de sobra para estar com medo Quem sabe o
492. se encontr lo em todos os pa ses da Europa fabricado em v rios deles mas n o aqui na Su cia Caso se queira comprar o produto f cil conseguir Pode at mesmo ser feito por qualquer um Para sua informa o muitas bombas no Iraque e no Afeganist o s o feitas com TATP Tamb m foi usado em v rios atentados terroristas Ultimamente nos nibus de Londres Mas isso n o significa muita coisa O fato que qualquer pessoa querendo fazer uma bomba certamente vai utilizar esse produto No Iraque e no Afeganist o os rebeldes tamb m utilizam o nitrato de alum nio que tem uma composi o qu mica semelhante mas n o poderia ser usado no nosso caso Seria necess rio pelo menos uma tonelada do produto para produzir o efeito explosivo que tivemos na pra a Karin v a decep o nos olhos de Malin Reconhece as dificuldades que os investigadores v o enfrentar diante dessas novas informa es Sorry Malin Eu gostaria de poder falar algo mais espec fico S posso acrescentar que quem montou a bomba sabia muito bem o que estava fazendo De forma alguma pode ser considerada uma montagem amadora Ao contr rio foi um objeto muito bem constru do e est vel dentro de um inv lucro de ferro O TATP muito sens vel Muitos amadores j se rebentaram e foram pelos ares Portanto essa pessoa sabia o que estava fazendo Ali s o detonador usado tamb m de primeira linha Isso significa que estamos lidando com profission
493. se me encontrar com o meu meio irm o Malin sabe que a sua raiva devia ser dirigida contra o pai mas n o quer coloc lo contra a parede exigindo uma explica o N s ficamos com a impress o de que a fam lia toda queria ser deixada em paz Sua m e salientava isso todas as vezes A nossa miss o era a de cuidar de Stefan o melhor poss vel Registros de nascimentos pensa Malin deixando se cair de novo na cadeira Se eu tivesse verificado os registros da minha fam lia ao menos uma nica vez teria conhecimento dessa situa o h muito tempo A clareza E a irrealidade Ela v diante de si um garoto magro e pequeno deitado sozinho embaixo de um cobertor amarelo de hospital em uma cama a um canto de uma sala escura marcado pelo fato de que ningu m carne da sua carne sangue do seu sangue queria ter qualquer liga o com ele por m nima que fosse Um quarto sem amor Malin levanta se novamente Grita E voc Voc n o o pai dele Ela falou meio irm o O pai olha fixamente para o ch o O advogado diz com uma voz que parecia resumir os procedimentos de uma reuni o de qualquer empresa Seu pai n o o pai do rapaz O pai dele era um vendedor viajante que vendia material de escrit rio e que ela conheceu enquanto trabalhava na empresa Saab O pai fez um aceno lento de cabe a confirmando a hist ria Ela teve um encontro com esse homem no Grande Hotel Ele o pai de Stefan Malm faleceu al
494. se um pouco mais de calma N o quero que lhe aconte a nada acho eu Tove sorri Parece considerar a situa o Depois toma uma decis o e Malin pode ver um brilho nervoso nos olhos da filha Tem raz o mam e Voc s n o est o sozinhos Mas em breve v o ter de se acostumar ao fato de eu n o estar t o perto Malin v que Tove retirou de dentro do livro um envelope que colocou na sua frente com um sorriso de orgulho olhos agitados de expectativa e um olhar que revela um ato de coragem de decis o de estar fazendo uma coisa que deve ser feita Eu ainda n o contei nada ao pai diz ela Quis que voc fosse a primeira a saber Malin pega o envelope Por favor mais uma coisa n o pensa ela N o mais uma novidade Tenta soltar um sorriso N o aguento mais Tove insiste Leia m e leia Malin nem olha para o logotipo atr s do envelope j aberto e um pouco amassado Apenas retira a folha a desdobra e v ent o um logotipo moda antiga com as palavras Escola Particular de Lundsberg E mais abaixo Temos o prazer de informar que Tove Fors acaba de ser escolhida para receber uma bolsa de estudos completa para o ano escolar 2010 2011 oferta da Funda o Memorial do Casal Grevest l para alunos artisticamente talentosos de fam lias menos favorecidas O texto que a senhorita Tove Fors anexou ao seu pedido de subs dio O amor segundo Jane Austen foi considerado pela comiss o esc
495. sef Kurtzon Nascido em 1925 Abriu depois da guerra uma firma de investimentos administrando fortunas de fam lias judias que escaparam dos nazistas e tamb m as fortunas de pessoas que se deram bem com a guerra por terem roubado os bens de judeus mortos nos campos de concentra o ou por meio de fornecimentos feitos para o ex rcito alem o Um artigo faz o levantamento das contradi es nas atividades anteriores de Kurtzon em que ningu m parecia se preocupar com a tica desde que a entrada de dinheiro n o fosse interrompida De onde o pr prio Josef Kurtzon veio era um verdadeiro enigma O mesmo se poderia dizer do que ele foi e fez durante a Segunda Guerra Um dos textos dizia que ele ainda crian a fugira dos bolcheviques com a fam lia de S o Petersburgo no in cio do s culo XX Outro informava que ainda crian a viera de uma fam lia dona de uma serraria de Sundsvall Um terceiro texto assegurava que teria sido um suboficial no ex rcito de Mussolini E um quarto texto que viera de uma fam lia belga que fizera fortuna na explora o da borracha no Congo Parecia haver ainda muitas outras vers es sobre a origem de Josef Kurtzon mas n o dava para garantir que alguma delas fosse a verdadeira No entanto depois da guerra l estava ele pronto para administrar e duplicar o dinheiro dos outros Ele teria vendido a sua firma na d cada de 1950 para administrar sua pr pria fortuna por meio de firmas offshore em Jersey
496. sem tamb m de uma incapacidade total para amar Johan n o achou mais nada nos registros e a essa altura j estava quase caindo em cima do monitor sentindo que a pele ficava seca e os olhos pesados demais N o quer por m terminar ainda Acha que de alguma maneira est perto de encontrar alguma coisa muito importante Clica no Google o nome da m e Selda Kurtzon e logo encontra um artigo extra do de uma antiga revista sueca H nt i Veta dos ltimos anos da d cada de 1970 artigo que um blogueiro encontrou em um banheiro p blico perto da sua casa de campo e resolveu digitaliz lo e divulg lo porque era muito louco As imagens mostram uma mulher com um vestido de caracter sticas semelhantes pele de um leopardo e certamente de um valor astron mico do estilista Roberto Cavalli Ela segura pela coleira um lagarto enorme de corpo listrado de amarelo e preto e passeia por um jardim com vista para uma enseada de Liding Este o animal do meu marido Ele gosta dele Segundo o jornalista a mulher fala com sotaque polon s mas a sua origem real fica oculta Ela fala sobre o seu estilo cosmopolita de vida com viagens constantes pelo mundo inteiro Numa outra fotografia aparece sentada ao lado das suas crian as em um enorme sof dourado num gigantesco sal o com janelas gradeadas ao fundo Henry e Leopold talvez com 12 e 13 anos de idade est o vestidos com terno azul claro camisa cor de rosa e
497. sem saber por qu Ela fecha os olhos quer que a mente ponha em ordem seus pensamentos mas a estrutura da economia coisa que conhece s de leve Talvez estejam procurando na dire o errada mas at nisso ela est longe de ter certeza Toca o telefone de Sven Eles ouvem no murmurando huns dizendo sim n o sim sim E desliga Era Andersson do departamento t cnico Eles conseguiram saber de onde veio o e mail mandado para o Corren Foi enviado por um computador do Caf Sidewalk num dos terminais da Esta o Central de Estocolmo Eu conhe o o lugar diz Malin Com certeza existe por l uma c mera de seguran a Podemos ter sorte Podemos receber eventuais imagens de l afirma Sven Deve ser f cil conseguir isso dos donos ou da empresa de seguran a Nada de concreto em rela o ao servidor pergunta Johan Nada responde Sven Eles n o conseguiram saber quem estava por tr s da mensagem inicial da Frente Libert ria All right Todos agora j sabem o que t m a fazer n o verdade pergunta Karim Akbar sintetizando Os inspetores em volta da mesa acenam afirmativamente Malin acha que as suas diversas pistas giram em volta do caso tal como os tomos rodam em torno do n cleo As part culas que se separam ficam a circular como luas Mu ulmanos gangues de motoqueiros e al m deles a pista mais quente com toda a certeza o caminho da solu o do mist rio
498. so tem algum significado E ainda Voc um fantasma Se n o como que conseguiu entrar aqui durante a noite sem ser visto nem ouvido Voc empregado do hospital Malin olha em frente para o quarto da enfermaria e tenta entender os restos de motivos e sentimentos que foram deixados para tr s na atmosfera circundante Voc sabe exatamente o que est fazendo pensa ela Mas n o quer fazer isso N o verdade Malin fecha os olhos e na sua mente v um homem com capuz no momento de se virar para a mulher na cama O homem pede lhe perd o n o verdade E ainda repete o pedido Eu n o posso ver o seu rosto pensa Malin Mas quem ser N o pode ser Jonathan Ludvigsson porque esse ainda estava na pris o enquanto voc estava aqui Quem voc E por que veio Malin procura ordenar os seus pensamentos e os seus sentimentos que se expandem em todas as dire es no quarto escuro Qual a maldade que existe nesta enfermaria A maldade pode chegar at voc sob qualquer aspecto Muitas vezes o mal nos surpreende mas nem sempre Poderemos dedicar a vida inteira a defender as nossas crian as E um dia mais tarde abrimos a porta para um homem que deveria chegar com amor E ao virar as costas esse homem ataca as nossas crian as violenta as sem que ningu m pudesse esperar por isso Algu m sabe como se defender de tanta maldade a ingenuidade uma maldade em si A t bua de pregos enferrujados por baixo
499. sobre Hanna Viger diz ele depois Existe um bom motivo para ela ter estado doente O marido Pontus Vigero pai das crian as morreu num acidente de autom vel h cerca de um m s e meio Foi um acidente de carro na neve Aparentemente estava a caminho do trabalho e saiu da estrada batendo de frente num velho carvalho Lembra se do frio que fez no final de mar o com as estradas geladas e com neve por cima do gelo Ele trabalhava numa f brica de elevadores a Tidlund em Kisa Alguma coisa de estranho nesse acidente N o A investiga o demonstrou que se tratou de um acidente normal de derrapagem no gelo Pobre mulher diz Malin Primeiro o marido E agora as filhas Que situa o diab lica Para dizer o m nimo concorda Sven Sj man Algum outro parente Ningu m que a gente possa encontrar Os pais de ambos j morreram h muito tempo Nada de amigos N o A fam lia parece que pertencia ao grupo dos que gostam de isolamento Ao lado de Malin Zeke bate com os p s na grama repetidamente enquanto olha para cima para as varandas onde as parab licas apontam para o mundo E as crian as j foram identificadas N o Karin e sua equipe do laborat rio t cnico est o trabalhando intensamente nas an lises de DNA para compar las com o de Hanna Viger Mas por enquanto n o h novidade O celular fica em sil ncio por um segundo tempo que Malin apro
500. solvera n o desistir enquanto n o consertasse o disco r gido Dedicara horas extras durante v rios dias e at um fim de semana para conseguir recolocar no seu devido lugar todos os uns e os zeros O t cnico vira o filme reconstitu do Vira o homem da bomba com a sua bicicleta e ent o correra com o a grava o na m o para Sven que o recebera meia hora antes O t cnico sabia da urg ncia e estava satisfeito com o resultado obtido Sven elogiou o e disse at que de alguma maneira ele viria a receber um pr mio pelo trabalho realizado No momento Sven volta a clicar no mouse para ver o v deo novamente o mesmo homem o do banco e aquele da bicicleta Sem d vida Sven acaba de encaminhar o v deo para Malin e chamou os outros detetives para ver o filme Vieram rapidamente e entraram na sala Johan Jakobsson B rje Sv rd e Waldemar Ekenberg Entrem e vejam o que eu tenho aqui para lhes mostrar diz Sven Os tr s ficaram atr s dele para ver a filmagem Todos em sil ncio Nem mesmo Waldemar Ekenberg soltou um dos seus habituais coment rios dispens veis Devem ter notado a seriedade do momento Sven clica no bot o para passar o filme Todos olham para o homem nas imagens Veem quando ainda longe ele retira a bicicleta presa no teto de um Volvo preto quando pega cautelosamente uma mochila do banco traseiro do carro e a coloca depois com todo o cuidado na cesta da bicicleta Depois o homem passa com a bi
501. son ri Quer dizer que a damazinha temperamental diz ele depois com uma voz divertida e que leva Malin a querer pular por cima da mesa e puxar o nariz daquele motoqueiro infeliz mas cont m se Easy now diz Zeke Calma muita calma Quer dizer que n o tem nada para nos contar pergunta friamente para impor respeito a Stensson e acalmar Malin N o Voc pode estar certo de que vamos inspecionar em breve todos os seus neg cios acrescenta Zeke Posso garantir Vamos vasculhar cada papel A pol cia vai ter tempo para isso Dick Stensson ri de novo E acrescenta E eu n o sei nada sobre essa tal Frente Libert ria Econ mica Havia ouvido falar nela pergunta Zeke O jornal Aftonbladet fez dela a manchete na internet Ontem voc viu alguma coisa de estranho na pra a alguma coisa que tenha notado pergunta Malin Vi as meninas Vi que elas estavam comendo cachorros quentes e as achei bonitas Eu gosto muito de crian as e me lembro de que as achei bonitas demais para existirem no nosso planeta cruel disso que me lembro Malin Dick Stensson fixa os seus olhos azuis nos dela O olhar duro frio e impositivo Malin procura neles alguma esp cie de calor humano mas chega conclus o de que isso n o existe naquele olhar Voc s deviam centrar suas investiga es nessa tal de Frente Libert ria Eles assumiram o atentado Estamos trabalh
502. speito Muitos desses jornalistas j tinham coberto outros casos em que ela esteve envolvida Eles sabem que tipo de pessoa ela As portas autom ticas da entrada se abrem e ela entra ouvindo em seguida atr s dela o som abafado das portas se fechando Seu celular toca Ela procura na bolsa pega o v que o n mero de Daniel H gfeldt Pensou em n o aceitar a chamada mas desistiu Sou eu Malin Ela ouve a voz dele e nota pelo seu timbre que assunto de trabalho Ele n o quer que se encontrem para ir para a cama Escute bem diz ele Estou telefonando para voc em primeira m o dadas as circunst ncias da situa o Recebi uma mensagem eletr nica na reda o de pessoas que se designam por Frente Libert ria Econ mica Elas escreveram que est o desenvolvendo uma guerra contra todos os bancos os quais elas chamam de postos avan ados da gan ncia Afirmam serem elas que est o por tr s da explos o de ontem e que v o fazer novos atentados Malin para diante do balc o da recep o e a recepcionista Ebba que parece ter acabado de chegar faz um aceno na dire o dela O que est dizendo Voc ouviu bem o que eu disse Frente Libert ria Econ mica J ouviu falar desse grupo N o Nunca Malin come a a andar na dire o de sua mesa na grande sala da pol cia a primeira a chegar do grupo de investigadores mas h um grande n mero de policiais fardados e de alguns em traj
503. ssemos obrigados a fazer o que estamos fazendo comenta Malin claro Malin N o era isso o que eu quis dizer Eu sei Passam diante da parte mais antiga da cidade de Link ping As pessoas vestindo roupas cada vez mais leves ao passar dos dias Como se se atrevessem a confiar na primavera e no calor apesar do que aconteceu Alguns dos pr dios residenciais por onde passam precisam ser repintados mas a comunidade foi obrigada a adiar os projetos o or amento n o o permite num momento em que o n mero de desempregados na cidade aumentou Tamb m se falou em fechar o balne rio de Tinnerb ck um dia por semana e reduzir a manuten o dos parques infantis da cidade Malditos bancos Ser que esses diretores banc rios e os autodesignados investidores da Bolsa n o entendem que a gan ncia deles est intimamente ligada ao fato de as crian as do pa s estarem vendo o seu estilo de vida piorar Que elas se arriscam a ter as pernas arranhadas pelos pregos que se soltam por falta de uma boa conserva o dos equipamentos A responsabilidade coletiva pensa Malin anda agora muito por baixo Em alta s a responsabilidade individual pelas pr prias contas banc rias O r dio fala agora de uma novidade de que nasceram drag es de komodo no zool gico de Kolm rden sendo a primeira vez que isso acontece em cativeiro O que comem os filhotes dessa esp cie pensa Malin E imagina a imagem de dez filhotes do lagarto a estra
504. sso melhor nem pensar Acho que vou ficar louca j sei Ainda n o cheguei a ponto de poder aceitar uma situa o dessas Janne era como se fosse feito para tomar conta dos res duos deixados pela explos o Imagine se o mundo inteiro explodisse E se surgir uma nova guerra de verdade Se bem que a guerra continua em certas regi es aos poucos todos os dias Ela sente isso como se tivesse perdido algum detalhe Os meus dias correm pensa ela E continuo a respirar Respiro respiro mas onde est o meus sentimentos minhas emo es Onde eu me situo Peter Hamse Eu sinto alguma coisa por ele Quero ficar com ele dentro de mim Afinal uma coisa t o simples Ou n o Fica fria Fors o pior que pode acontecer agora perder o foco Tove O meu amor por ela vale tudo E ao mesmo tempo nada Como posso pensar assim O que h de errado comigo Guerra Bombardeiros nos c us Depois seres humanos que ficam em salas pequenas mal iluminadas em apartamentos estreitos e apertados onde ningu m quer morar E ficam a construir bombas que v o fazer criancinhas em peda os Como fomos parar a Ela fecha os olhos Sente sede A vontade de beber aquela branca e doce tequila j n o consegue incomod la Em compensa o n o havia alguma coisa que eu teria de fazer hoje Alguma coisa devia acontecer Alguma coisa importante O qu N o se lembra Nem aguenta tentar se lembrar Acaba pensando em Zeke A profunda m
505. ssoas que correm em todos os sentidos na permanente persegui o daquilo que esperam da vida O sol est baixo e os seus raios atravessam a atmosfera como lan as de a o brancas e afiadas antes de queimar o rosto das pessoas sentadas s mesas embaixo de gigantescos guarda s is espalhados pela cal ada em frente do restaurante M rners Inn e do Stora Hotellet o grande hotel da cidade Est um calor trai oeiro com o frio de inverno ainda latente no seu interior A m e olha para o edif cio da imobili ria admira os an ncios desesperados nas vitrines Nota que o espa o diante do caixa eletr nico est vazio e fixa a aten o no rel gio por baixo do telhado cujos ponteiros parecem parados no mesmo lugar mas que ela sabe estarem em movimento Dez e quinze Vitrines vazias por todos os lados da pra a Lojas e caf s foram obrigados a fechar por causa da crise econ mica As nicas vitrines ainda montadas oferecem saldos e liquida es e parecem pedir para que o povo se apresente e as vejam atrav s do fino p len que dan a no ar luz da manh estranho que o movimento de pessoas seja t o pequeno pensa ela Nada de agricultores das plan cies em volta tentando vender verduras org nicas cultivadas em estufas Nada de imigrantes tentando vender frutas sem recibo nada de vendedores ambulantes tentando vender por pre os escandalosos pequenos objetos decorativos que h muito tempo deviam ter ido parar em qualquer lixeira
506. st com cheiro de drogas aqui Sofia Karlsson n o responde Apenas encara Malin e Zeke enquanto eles deixam o apartamento Ao sair do pr dio em Ryd veem chegar um Volvo preto do qual saem dois homens de jeans e casaco azul quase iguais Devem ser Stigman e Brantevik de quem Sven falou antes Malin e Zeke acenam para eles All yours diz Zeke para eles ao se cruzarem na cal ada All yours E os dois homens do servi o secreto n o podem evitar um sorriso como se tudo aquilo aos seus olhos fosse apenas uma brincadeira Safados pensa Malin Voc s acham que s o superiores Mas me digam o que que fizeram de bom nos ltimos vinte anos Faz um gesto e encolhe os ombros antes de abrir a porta do carro J na estrada quatro motoqueiros passam por eles Espere Espere a O homem no v deo perto do caixa eletr nico Aquele que saiu de dentro da ag ncia banc ria Volte para o departamento Quero ver o v deo do caixa eletr nico novamente A a diz Malin E aperta o bot o de pausa do aparelho A sala de reuni es ficou quente e abafada com o sol da primavera Ela est com a sensa o de que seu est mago est cheio regurgitando por causa do pastel que comeu no carrinho da Snodda no caminho para o departamento Zeke est sentado ao seu lado e se inclina junto com ela na dire o do computador Malin aponta para o perfil meio escuro do homem de bra os nus que sai do banco pouco a
507. st o num quarto ao lado V o se encontrar com uma nova m e e com um novo pai Sinto vontade de gritar mas assim que tem de acontecer Devo partir para qualquer outro lugar Para mim n o existe o amor e voc s ser o o meu grande e sombrio segredo O pai biol gico de voc s pode ter sido qualquer um Portanto nunca perguntem a si mesmas quem ele Neste momento abre se a porta da minha sala Eu as vejo Voc s s o a nica coisa bonita que existe no planeta Nunca se esque am disso E choram Ser que a luz est forte demais Voc s descansam nos meus bra os Consigo que adorme am Fique com elas o tempo que for preciso diz a assistente social E ent o ela as pega de volta E eu me agarro cama e choro mas melhor que seja assim o melhor Voc s v o embora mas fiquem sabendo que a sua m e aqui adora voc s O Hospital Karolinska de Estocolmo cheira a morte e bact rias que nenhum antibi tico consegue eliminar Eu me viro e salto da cama visto as minhas roupas penduradas no guarda roupa e saio do quarto percorrendo todo o corredor at chegar ao elevador Tomo todo o cuidado para que nenhum dos funcion rios do hospital me veja Se eles me virem tentar o me parar Mas ningu m me v Eu sei como me tornar invis vel N o sinto nenhuma culpa nem vergonha Ou ser que sinto N o vale a pena nem tentar saber Tenho tantas saudades de voc s e n o posso nem quero contrariar essa sensa o Logo me v
508. stava caminhando em dire o sa da da capela ao lado do pai que fazia acenos de despedida para alguns dos presentes Malin repetia os gestos Acha que era assim mesmo que devia ser feito At que a porta da capela se abre E de repente na contraluz sobressaem os contornos da figura escura do pai que parece estar rodeado por duas meninas a flutuar no ar com asas de anjos Os seus rostos est o brancos cheios de medo O medo expresso nelas t o forte que Malin chega a sentir vontade de correr em frente de abra las no ar e de ficar com elas no colo bem junto de si Malin pisca Apenas o pai est l assim que os olhos se habituam luz do dia Apenas o pai e o cheiro de um terror difuso MALIN E A M E AO LONGO DOS ANOS Minha m e quando que eu a perdi Naquela vez em que voc desapareceu Que ficou longe quando eu ainda era pequena Ou n o E para onde que voc foi Para o planeta Cada Um Por Si Eu me aproximei de voc Claro que permitiu que eu me sentasse no seu colo mas nunca mais do que talvez cinco minutos Logo tinha outra coisa para fazer Eu era pesada demais quente demais Ficava no seu caminho demais Como que uma m e pode pensar que a sua filha fica demais no seu caminho Por isso eu virava as costas sa a do caminho Corria para o pai aquele que me acompanhava para os jogos ao ar livre me levava para as partidas de futebol cuidava para que eu fosse cortar o cabelo N o era
509. suas participa es em empresas pertencentes quase exclusivamente aos seus pais Entre outros exemplos norte americanos o dos filhos de Bernard Madoff E tamb m o dos rapazes de Ingvar Kamprad E depois um grande retrato de um personagem apresentado como figura desconhecida do grande p blico Leopold Kurtzon filho do mitol gico financista Josef Kurtzon O jornalista conseguiu que Leopold Kurtzon aceitasse dar uma longa entrevista e da mat ria constava uma fotografia do entrevistado num lugar que Johan achou que devia ser um iate N o dava para garantir no entanto onde a fotografia teria sido tirada Tamb m nada se dizia a esse respeito no artigo nem se mencionava o nome do mar que se via ao fundo e que portanto podia ser qualquer um Constava no artigo que o pai de Leopold Kurtzon teria preparado o filho para ser um pr ncipe entre os financistas mandando o estudar junto com o seu irm o Henry na Sweden s most prestigious private school Depois dessa escola particular eles receberam bolsas para estudar na Harvard Business School mas os dois irm os tinham dificuldades em completar os estudos e preferiam participar de festas de todos os tipos Um ex colega de classe manifestou a sua opini o sobre The Swedish maniacs Ap s dois anos de estudos Leopold e Henry Kurtzon foram impedidos de continuar na escola A essa altura Leopold Kurtzon voltou para Estocolmo a fim de desempenhar uma posi o menor como junior em uma das
510. t pensando quantas pessoas morreram Duas crian as Duas meninas Ou morreram mais pessoas N s j sabemos de tudo Malin at do que voc pensa apesar de termos apenas 6 anos De repente sabemos de tudo E sabemos falar bem E com toda essa capacidade e sabedoria chegamos conclus o de que n o sabemos de nada uma conclus o que nos preocupa que nos mete medo tanto medo que at voc poder ouvir o nosso medo atravessar a atmosfera como o som de quem assobia para um cachorro existe mas ao mesmo tempo n o existe Sven Sj man e Zeke est o perto de um carro preto em frente do M rners Inn Voc est se aproximando deles Malin Tamb m est com medo n o verdade Com medo de para onde esta explos o possa lev la Com medo dos desejos da vontade de alcan ar uma defini o dentro de si mesma de uma evolu o pessoal que a nossa morte t o r pida e violenta possa ter provocado Porque isso poder mudar tudo o que sabe a respeito da maldade humana Apenas seis anos Malin Foi o que vivemos Ent o fomos arrasadas E voc sabe que n s podemos acabar com voc E por isso que nos ama n o verdade Porque somos n s que podemos lhe dar paz a mesma paz que poder nos dar Sven Sj man encosta se no carro a pintura negra reflete com destaque o seu perfil e as rugas profundas que percorrem sua testa al m dos tra os de uma express o determinada e inquebrant vel no seu rosto Em contraste com a
511. t o na sua frente e lhe mostram os distintivos N s partimos do princ pio de que voc j sabe o que aconteceu na cidade diz Malin N o O que foi A bomba na Grande Pra a A Frente Libert ria Econ mica Voc conhece alguma coisa sobre eles N o Por que eu deveria saber alguma coisa sobre eles S sei o que ouvi no r dio esta manh e vi na internet Voc j entrou no site deles pergunta Zeke Sofia Karlsson acena que sim Voc sabe de alguma coisa sobre eles pergunta Malin de novo A maneira de eles agirem e depois de utilizar a imprensa faz lembrar muito aquela usada por voc contra o viveiro de martas Quer dizer que voc s acham que eu tenho alguma coisa a ver com essa maldita explos o Zeke d um passo em frente e se inclina na dire o de Sofia Morreram duas crian as murmura ele Se souber de alguma coisa melhor falar logo Zeke recua mas depois passa a m o por cima da prateleira da estante e atinge as miniaturas de animais que se partem em peda os contra o ch o de lin leo amarelo Malin sente primeiro a vontade de det lo mas volta atr s rapidamente Neste caso foi preciso demonstrar uma raiva do tipo Waldemar Ekenberg Sofia Karlsson levanta se e grita Voc s est o loucos Malditos tiras Completamente loucos Sente se a diz Malin E Sofia cai de novo no sof cama enquanto continua a balan ar a cabe a Eu est
512. talvez a f com que ela acreditava na bondade das pessoas Ainda na igreja ele pensou tamb m em Malin Na realidade como ela parecia carregar o mesmo peso que Anna Como tentava alcan ar a bondade apesar de sempre haver uma for a poderosa negativa amea ando se sobrepor Mas pensa ele talvez seja apenas quando a vida se torna preta e branca que a exist ncia fica clara para n s e ent o percebemos que as contradi es fundamentais talvez fa am parte dela Contudo aqui nesta igreja pensa ele n s tentamos nos convencer em conjunto de que as contradi es n o existem por mais que o padre diga que sim Na hora das dificuldades n s procuramos consolo Se n o o encontramos viramos as costas Ele deixou a catedral antes do fim da missa Sentiu que a atmosfera ficava sem oxig nio medida que as chamas das velas se estendiam na sua dire o Voltou a p apreciando a temperatura amena da noite primaveril Queria voltar para casa para o amor simples e f cil de entender dos seus cachorros Waldemar Ekenberg abra a a esposa na cama Ela est acordada ainda deitada e olha para ele admira a sua dureza a sua capacidade de jamais se dobrar de desistir N o liga para a sua tend ncia para o racismo e as simplifica es Acha que ele deve ter as suas raz es O marido cuida dela Sempre cuidou Os dois poderiam viver apenas do sal rio que ele ganha se fosse necess rio Ela nunca gostou de trabalhar na Rex Component
513. talvez esteja com medo de voc O medo pode ajudar na atual situa o J teve tempo de se recuperar Vai conseguir Malin Poder dormir depois Durante o dia Na sala de descanso Acabei de dormir l Funciona Talvez n o consiga dormir mais agora pensou Malin talvez esteja para explodir outra bomba em algum outro lugar E assim resolveu entrar debaixo da ducha Deixou que a gua fria soltasse nova vida no seu corpo vestiu se deixou uma mensagem para Tove e dirigiu se diretamente para o departamento s seis e quinze da manh Malin est sentada na sala de interrogat rios n mero 1 na frente de um Jonathan Ludvigsson bem acordado com uma caneca de caf muito forte na m o Ela acabou de ligar o gravador tenta classificar os assuntos na sua mente da melhor maneira poss vel para conseguir dele aquilo que ela e eles querem Ela olha para Jonathan Ludvigsson Olhos azuis inocentes N o os olhos de um homem violento Nesse caso por que as armas Por que a Frente Libert ria Econ mica Pode ter sido voc que aparece no v deo da c mera de seguran a com a bicicleta diante do banco mas eu acho improv vel O departamento t cnico est analisando ambos os v deos comparando a sua maneira de andar com a do homem perto do banco Um perito em movimento foi chamado para fazer isso E os explosivos que foram encontrados no trailer O departamento t cnico estuda a possibilidade de serem do mesmo tipo usado na bomba da G
514. tam como uma for a invis vel e forte parece arrancar as rvores e os arbustos e faz los em peda os E a ponte agora vibra ainda mais Em seguida o telhado da casa desaparece jogado para cima para o c u de uma noite de primavera Uma nuvem de fuma a escura vem da ilha e aproxima se deles E o mundo que existia tamb m desaparece numa nuvem de cinzas de fuma a e de poeira Malin cai de joelhos sente as fortes pranchas de carvalho da ponte protestando mant m a m o diante da boca de Marko para defend lo de tanta sujeira no ar ajuda o a respirar E v que Zeke faz o mesmo com Elena antes de a nuvem os envolver Est morrendo Zeke Pequenos fragmentos esverdeados venenosos voam entre a neblina Onde est Zeke Ah l com a menina nos bra os A fuma a come a aos poucos a desaparecer Ela v bem o colega ferido com a menina nos bra os O peito de ambos ofegando O menino nos seus bra os tamb m se esfor a para respirar um ar mais puro A fuma a em volta deles envenena Mesmo assim eles e as crian as conseguem respirar Ep logo H LSINGLAND JUNHO A mam e est aqui O papai tamb m Estamos juntos de novo como uma fam lia N o existe mais dor nenhuma Malin Nenhum desejo Existe apenas o momento em que podemos estar juntos Quem foi o nosso verdadeiro pai Malin O pai biol gico Ele n o est aqui se bem que devia estar Mas quem ele Uma sombra uma rvore na floresta que v
515. te para o chefe da S po Talvez assim a gente consiga Mais alguma coisa H sim acrescenta Sven Acabaram de telefonar do Hospital da Universidade O m dico de Hanna Viger disse que ela acordou e que n s temos uma pequena possibilidade de falar com ela Coisa r pida e feita com todo o cuidado Sem sequer pensar Malin j come a a correr quer ir logo ao lugar onde ela acredita que est a verdade Zeke segue os seus passos Vamos chegar l dentro de cinco ou dez minutos no m ximo diz Malin pelo telefone Pergunte pelo doutor Peter Hamse acrescenta Sven Um m dico metido a besta pensa Malin Hoje o dia da parada dos convencidos Ela sente a adrenalina misturando se com a cafe na no sangue o que a faz se sentir meio alta um pouco como no dia em que pela primeira e nica vez experimentou coca na Isso aconteceu numa festa em que ela descarrilou da pista no tempo em que frequentava a Academia de Pol cia em Estocolmo 20 Ela vai chegar agora mam e para falar com voc E na Grande Pra a onde a bomba explodiu est o se reunindo muitas pessoas Muitas mesmo Elas d o as m os umas s outras sentem o sol tocando a face a atmosfera limpa a encher os pulm es S o muitas as pessoas que choram mam e Choram por n s Claro que choram por n s mas talvez chorem tamb m por sua pr pria situa o Quem sabe Voc tem alguma coisa a dizer para Malin mam e mas
516. te as manh s Ela tem estado um pouco doente por isso teve algumas oportunidades para ir pra a E Waldemar e B rje estiveram no banco Sim J pediram as grava es das c meras de seguran a do banco V m de Estocolmo amanh Tudo guardado na capital E conversaram com o resto dos funcion rios da ag ncia Ningu m viu nada de anormal nem viram qualquer pessoa que parecesse suspeita Eu tamb m falei com o chefe de seguran a do SEB em Estocolmo Segundo ele nunca houve nenhuma esp cie de amea a Naturalmente questionou o fato de a bomba estar ou n o dirigida contra eles Acha que foi apenas uma coincid ncia a explos o ter acontecido naquele lugar No entanto o banco resolveu fechar todas as ag ncias por tempo indeterminado Eles tamb m falaram de novo com o gerente da ag ncia de Link ping Sim Ele tamb m confirmou mais uma vez que n o viu nada al m do normal fez quest o de salientar isso E Johan Est trabalhando intensamente para listar quem s o os extremistas de esquerda e de direita existentes na cidade Tenta reunir tudo o que n s sabemos sobre o assunto e encontrar algumas pessoas chave para serem interrogadas Mas dif cil Essas pessoas t m se mantido quietas h uns dois anos Talvez alguns novos idiotas tenham se mudado para c diz Malin De Ume Lund ou Uppsala Malin ouve um grunhido de Sven no outro lado da linha N s sabemos mais um pouco
517. te e de f sforo branco E logo eu me encontro num outro lugar Sinto que voc s est o aqui meninas A mam e est aqui agora Chamo por elas pelo nome Mira Tuva E fico repetindo os nomes chamando por elas Voc s est o aqui mas n o conseguem me ouvir nem me ver Mas est o aqui Eu sei E eu prometo que nunca mais vou deixar de procurar por voc s PARTE 2 SAIR DAS TREVAS CHEGAR A LUZ Na c mara escura Papai Venha O meu irm ozinho est com muito medo papai e eu tamb m Com mais medo do que quando a mam e desapareceu e foi para o c u Venha agora papai Venha agora Os homens s o maus Est o zangados E aqui est escuro escuro demais Eu tento abra ar o meu irm ozinho mas sou muito pequena O lugar horroroso Ele n o gosta deste horror nem eu Estou com medo papai Tento pensar no anivers rio na noite de Natal em qualquer momento mais divertido nos meus amiguinhos que n o est o aqui Queremos que nos salve agora Por que n o vem Por que deixou que entr ssemos no avi o com esses homens Tenho medo dos lagartos gigantes Eles nos mostraram os lagartos gigantes Disseram que eles nos comeriam se n o nos comport ssemos Os animais atacavam as grades com os dentes Batiam com as caudas nas grades Queriam nos comer Eu vi E tinham olhos pequenos mas brilhantes horrorosos Deve vir para c papai N o devemos ficar sozinhos aqui E o meu irm ozinho eu o abra o Ele
518. tem de dispor da sua pr pria e nica vida Saem depois para ficar junto dos cachorros no jardim E l que est o agora acariciando os animais naquela noite amena da primavera sentindo o odor dos pelos dos cachorros molhados pelo orvalho e discutindo as promessas de uma amizade que deve ser mantida O que acha que Malin e Zeke encontrar o em Estocolmo pergunta B rje Devem acontecer coisas muito boas responde Waldemar com um forte h lito de u sque E o que acha de Sven ter deixado Malin viajar assim sem mais nem menos Deixe que ele lhe d todo o apoio diz Waldemar Mesmo sendo mulher ela uma boa detetive Uma pessoa ou apenas uma sombra A mulher diante de Malin e Zeke n o deve pesar mais de quarenta quilos uns dez cent metros mais baixa do que Malin e as cal as jeans esfarrapadas e cheias de manchas quase n o param na cintura de t o magra que est A jaqueta que um dia deve ter sido branca est tr s n meros acima do tamanho certo para ela O rosto meio escondido por baixo do capuz da jaqueta Malin tem a impress o de que Josefina Marl w parecida com a figura do v deo do banco mas logo reconhece que n o podem ser a mesma pessoa Josefina Marl w mais baixa seus movimentos s o retorcidos e irregulares As m os tremem e ela parece ter dificuldade em falar como se a sua l ngua n o obedecesse aos sinais enviados do c rebro Os olhos Escuros mas estr
519. tenlund apenas uma pista falsa Ser o corretas as linhas de investiga o que Waldemar Ekenberg Johan Jakobsson B rje Sv rd e os outros seguem Talvez exista a verdade n o s na Frente Libert ria Econ mica mas tamb m em algum outro movimento ativista Talvez islamita Talvez algum bando de motoqueiros A pistola no coldre preso no ombro e por baixo do casaco estava incomodando um pouco No dia anterior por telefone Sven recomendou que sa ssem para Estocolmo o mais cedo poss vel Malin falou mais uma vez que eles teriam de obrigar Ottilia Stenlund a falar sobre a ado o e o chefe informou que ainda n o sabiam quem era o homem que deixou a bicicleta em frente do banco e que a investiga o no Hospital da Universidade n o tinha dado resultado nem as an lises feitas no departamento t cnico da pol cia Portanto o campo estava aberto para as investiga es de Malin e Zeke Fa am como quiserem teria dito Sven V o em frente Trataremos dos problemas dos gastos de viagem depois Malin sentiu que ele na realidade queria dizer V o em frente sem restri es no escuro Pela frente agora apenas o asfalto cinzento da E4 e uma indica o Norrk ping 14 Malin pensa Estou entrando mesmo numa rea escura e desconhecida Sinto isso mas nada me amedronta O que me d medo est em outro lugar Zeke estende a m o na dire o do som e p e para tocar um coral alem o em tom menor t o alto qu
520. tes No v deo o homem levanta se e desaparece da imagem Apenas resta no monitor a fila de computadores na sala de espera seguir reaparece a imagem da apresentadora e ela repete o que disse anteriormente Por baixo no monitor o n mero de telefone Acrescenta ainda que o v deo poder ser visto no site e que voltar a passar no final do programa Malin levanta se do sof O v deo passa mais uma vez pela sua mente Ela acha que a investiga o da pol cia de Link ping est para terminar Em seguida toca o telefone Sven Sj man voz engasgada cansada irritada esperan osa tudo ao mesmo tempo O que que voc acha Tudo indica que a S po quer resolver as coisas sua maneira diz Malin Mas v o acontecer coisas agora diz Sven Por que eles n o nos deram o v deo Quest o de prest gio reage Malin Voc sabe disso muito bem Morreram duas meninas de 6 anos Em princ pio todos os bancos e suas ag ncias no pa s est o sob a amea a de serem atacadas por bombas Muitas pessoas n o saem sequer de casa por medo de perderem a vida E eles s pensam em prest gio sso mesmo Espere a est entrando outra chamada N o desligue Minutos depois a voz de Sven Sj man retorna O homem foi identificado Sven diz o nome Ele est registrado em Link ping acrescenta Vamos para o departamento o mais depressa poss vel Eu telefono para
521. teve tempo de escrever o n mero da S po E quem ele Malin sente o quanto ela est impaciente ao fazer a pergunta sente como suas palavras sa ram sem rumo definido Caso seja ele mesmo chama se Jonathan Ludvigsson e segundo a m e n o entrou em contato com ela nos ltimos cinco ou seis anos Tudo porque segundo ela ele se tornou um extremista em todos os assuntos desde comida economia a meio ambiente Acima de tudo quando se trata dos efeitos sociais da economia Aparentemente o pai dele fora demitido de uma f brica que teve problemas quando um especulador capitalista emprestou dinheiro demais empresa para se apoderar dela Um vegan um tipo de vegetariano a favor dos animais diz Zeke sem poder esconder certa avers o Com frustra es econ micas Sven concorda E onde ele est agora A m e sabe Ela acha que o filho vive no extremo norte do pa s em Ume As rugas em volta dos olhos de Sven ficam mais profundas Expira fundo e deixa que sua barriga fique ainda maior Malin sabe que ele tem mais alguma coisa para dizer Esse Ludvigsson est registrado em Link ping Fale logo diz ela N s fizemos uma verifica o r pida diz Sven E imaginem ele morou em Ume at seis meses atr s Depois mudou se para Link ping E O que mais diz Zeke Ele est registrado no endere o de Sofia Karlsson E esta j sabemos quem Merda
522. tiga o Fa a o que quiser responde Stigman Mas acho que deve ser mais inteligente do que isso N o me parece ser uma boa coisa espalhar pela imprensa as brechas que existem entre as corpora es No entanto voc talvez n o esteja t o preocupada com a sua carreira n o Amea a contra amea a Um c rculo f til Eu sei agora quem voc diz Malin E prometo que um dia vou lhe mandar uma mensagem altura Stigman faz uma careta mais uma vez olhando bem nos olhos dela Mas n o mate o mensageiro diz ele E Malin reconhece que ele tem raz o A decis o a respeito do v deo n o de Stigman mas de algu m l em cima que se acha o melhor Quando ela se dirigia para sair da sala Brantevik chama sua aten o Olhe aqui garota deixe que os rapazes maiores tratem deste assunto Fa a uma pausa est na hora de beber um cafezinho O tempo est lindo l fora E isso o que eles fazem Descem at a Gyllentorget a Pra a Dourada e sentam se nas mesas externas da Gyllenfiket a Cafeteria Dourada onde Malin e Zeke bebem um caf espresso duplo O caf forte est gostoso e s o poucas as pessoas que circulam em volta Os dois est o completamente a s s no local N o h por perto nenhuma m e em licen a maternidade empurrando um carrinho de beb Nenhum desempregado Nenhum estudante E a falta de pessoas faz com que as vitrines das lojas vazias em volta da pra a sobressai
523. tiga e engole Parece pensar escolher as palavras antes de falar O que vai fazer com o vov Entendo que esteja com muita raiva dele N o sei Tove O que acha Existe apenas uma coisa a fazer mam e Deve perdo lo Tem apenas um pai M e e filha seguem de m os dadas pela noite de primavera Elas ainda n o sabem mas est o atravessando um dos muitos pontos de ruptura que fazem parte do n cleo da vida das pessoas As duas balan am ao longo da linha fr gil que a sua hist ria Tove pergunta m e N o vai me denunciar por ter falsificado a sua assinatura vai Afinal o que voc pensa de mim Claro que n o vou Deve estar feliz pelo resultado que obtive n o Sonho com isso h tanto tempo Malin solta a m o da filha E em seguida abra a a Um abra o carinhoso e caloroso E assim caminham abra adas ao longo da rua bem iluminada claro que estou muito feliz com o seu sucesso diz Malin Acontece apenas que eu vivo cheia de medo de perd la x xx Trecho de Mateus 5 3 N T eeeeee Sryym und Drang Tempestade e mpeto foi um movimento liter rio alem o do s culo XVIII em que a emo o colocada acima da raz o N E 35 SEXTA FEIRA 14 DE MAIO N o consigo dormir Mas tenho que dormir Se j dormi Oh sim adormeci e dormi algumas horas Depois acordei e agora n o sei para onde levar o meu corpo nem o que fazer da minha consci ncia Tenho
524. timas civis n o poder o ser evitadas na nossa luta para salvar a respeitabilidade e a incondicional considera o e amor que devem existir entre os seres humanos J leu A voz de Daniel est cheia de receio e de repugn ncia mas tamb m de esperan a em receber pelo menos uma palavra de gratid o J Nada mais Nada sobre a organiza o nada al m do que a nica p gina do site apresentava Uma grande safadeza comenta Malin J colocou isso no seu site N o entrei em contato com voc primeiro Espere um pouco mais por favor At que n s examinemos o conte do Filhos da m e N o posso esperar Malin Deve compreender Vai criar p nico Daniel O povo tem o direito de saber Malin E o que nos diz que eles n o mandaram para a maior parte da imprensa Se fizer uma verifica o vai encontrar essa mensagem em v rios lugares Ningu m mais se manifestou Voc s tamb m ainda n o a receberam Se j recebemos a mensagem N o sei Algu m mais a recebeu Ou apenas Daniel E nesse caso por que s ele Ela fecha os olhos Em sua mente v as fotografias das meninas na parede do apartamento Sabe que Daniel tem raz o O povo tem o direito de saber Ok diz ela Fa a o que deve fazer Mas n o imagina por que eles mandaram a mensagem justamente para voc N o mas eu sou o jornalista chefe e trabalho no melhor jornal da cidade portanto nada de estran
525. tivamente nenhum multibilion rio Ningu m precisa de tanto dinheiro pensa Malin ao se levantar da mesa e dando uma olhada em volta no local agora meio vazio Ela considera que a gan ncia o pior v rus que pode atacar uma pessoa porque parece que quando se tem muito sempre se quer mais A nossa verdade ela existe no dinheiro pensa Malin isso o que esse tal Kurtzon quer dizer E Zeke fala Acho que seria interessante nos encontrarmos com algum desses Kurtzon E voc acha que Josef Kurtzon sabia da exist ncia das g meas Zeke n o demonstra nenhum respeito instintivo nem a inferioridade que ela sente diante do tipo de pessoas como Kurtzon e seus imensos poderes N o sei n o comenta Malin Por qu Acha que importante N o mas sem d vida muito estranho que ela tenha desejado esconder da fam lia a gravidez e as crian as E que depois as tenha evitado como se fossem uma peste Vamos ter de telefonar novamente para Johan a fim de ver se de fato ele n o consegue encontrar o endere o de nenhum Kurtzon De prefer ncia Josefina Apesar de parecer que ela n o tem endere o O celular de Malin volta a tocar Uma mensagem SMS De Ottilia Stenlund Procure na assist ncia social da cidade a Stadsmissionen perto do Slussen O que tem l Josefina Marl w Ottilia Stenlund acha que provavelmente ela est l Malin Voc est se aproximando de Josefina El
526. to caminha na dire o de Sven Sj man O p nico e o medo j desapareceram do seu olhar Agora existe apenas a determina o calma da experi ncia profissional Est na hora de voltar para o departamento diz ele Vamos nos reunir e tentar montar um panorama da situa o Primeiro Malin passou na frente do apartamento dos pais na rua Barnhemsgatan sem parar sabendo que tinha de ir direto para o departamento de pol cia no bairro antigo onde antes estavam instaladas as unidades militares da cidade mas depois resolveu voltar e subir Tinha que voltar voltar para ver Tove e o pai Tinha que voltar e participar do caf servido depois do funeral Estacionou na antiga pra a dos nibus onde passou por um dos sem teto da cidade que metia a m o num cesto de lixo e por um grupo de garotas de saia curta e blusa transparente que caminhavam ao lado de um sujeito mais velho de casac o almofadado At mesmo ali havia um mau cheiro na atmosfera cheiro de queimado depois da explos o mas tamb m cheiro de excrementos de c es que vinha do parque da Associa o de Jardinagem c es cujos donos n o aguentaram ter de apanhar as fezes durante o frio do inverno e que agora derretida a neve voltavam a exalar o seu perfume horr vel na atmosfera primaveril A areia para evitar escorreg es e quedas no gelo ainda continuava espalhada nas ruas e nas cal adas Agora trai oeira escorregadia uma lembran a do frio que ai
527. to de gasolina da Statoil perto da rotat ria Os islamitas pensa ela Nada de novo nessa teoria Podemos retir los da investiga o N o n o completamente ainda n o Nesse momento toca o telefone na mesa de Malin Ela levanta o aparelho Atende A voz de Ebba da recep o Na linha est um m dico que quer falar com voc O nome dele Peter Hamse Quando Malin escuta esse nome como se perdesse logo o controle do pr prio corpo Sente um frisson entre as pernas e alguma dificuldade em respirar Espera que nada disso tenha sido notado que Zeke n o tenha visto o que acontece com ela um desfalecimento uma fraqueza uma vivacidade nas faces s de ouvir um nome Respirou fundo Soltou o ar lentamente E s ent o diz Pode transferir Ela escuta a voz dele palavras lentas mas decididas como se quisesse lhe confessar um segredo um segredo bem guardado h muito tempo Estou falando com Malin Fors Sim sou eu Nunca mais pensei nele desde aquela investida no trailer constata Malin Fui obrigada a focar a minha aten o em assuntos mais concretos Que bom ouvir a sua voz diz ela Malin diz sem pensar Acha depois que foi uma idiotice Disse as palavras erradas mas t o corretas e verdadeiras Sente vergonha e tamb m que vem por a alguma not cia importante Olha para Zeke que levanta os olhos e parece surpreso Na outra ponta da linha Peter Hamse diz Tamb m acho m
528. tocolmo a respeito da fam lia Kurtzon dos dois irm os das complexas manobras feitas quanto heran a e ao controle de uma funda o familiar com ativos no valor de cem bilh es Pode estar certo diz Sven Mas tamb m pode ser algo totalmente diferente Continuamos a trabalhar nessa pista diz Malin Podem continuar diz Sven Eu informarei os outros sobre os avan os do trabalho j feito por voc s Mais alguma novidade N o Malin olha em volta na Odenplan Ap s alguns curtos segundos a pra a fica sem carros e sem nibus As pessoas e os ciclistas dominam o espa o E neste momento ela sente um desejo repentino de voltar a morar em Estocolmo num cen rio maior mas menos impregnado onde ela ter de resolver casos em maior quantidade mas menos complexos e onde poder levar uma vida mais an nima mas ainda assim continuar a se sentir em casa Em Link ping tudo pequeno demais Todos sabem tudo sobre todos isso que sente de vez em quando Embora na realidade ningu m saiba nada sobre ningu m Malin sente se reconhecida com frequ ncia Algumas pessoas por exemplo olham para ela e seguem na com o olhar por alguns momentos L vai ela a detetive Malin Fors que n s vimos no jornal Corren ou na televis o Aqui em Estocolmo at as figuras p blicas e as estrelas circulam sem problemas Mesmo aqueles que conseguiram realizar algum feito especial s o deixados em paz Aq
529. trica empoeirada Quem era mesmo que voc s queriam encontrar Josefina Marl w O guarda acena com a cabe a Entendeu Iluminado pela luz fraca da lanterna seu rosto at parece uma caveira com dois buracos negros em vez dos olhos Mesmo assim esse seu rosto continua a irradiar amizade e Malin tem a sensa o de que ele quase faz quest o de defender os seus habitantes subterr neos Os tr s continuam a avan ar viram em um corredor ainda mais estreito at que chegam diante de mais uma porta de onde vem um cheiro forte de excrementos urina e sujeira Malin sente vontade de vomitar mas consegue se controlar at que o guarda ilumina o espa o reduzido que existe por tr s da porta Josefina Marl w est deitada em cima de um peda o sujo de papel o Pelas paredes escuras e midas pequenos e elegantes desenhos a giz representando pessoas Ela dorme com uma respira o leve suave e profundamente como qualquer drogado rec m injetado E sempre com o desejo de nunca mais precisar acordar Agora vou deix los diz o guarda Certamente voc s n o v o ter dificuldades em encontrar o caminho de volta Mam e O que est fazendo aqui debaixo do ch o Neste buraco em que nenhum ser vivo deve morar Voc mesma escolheu este lugar n o uma esp cie de defesa contra a maldade Quer se esconder e se retirar cada vez para mais longe Voc desistiu de n s porque sabia que n o havia mais volta
530. ttilia Stenlund n o queria nem talvez pudesse ter maior conhecimento dos motivos Os pensamentos viravam e reviravam na cabe a de Malin As meninas eram mesmo adotadas de uma das mais ricas fam lias da Su cia O que significava isso Algu m queria ficar com elas para de alguma forma conseguir dinheiro E o que teria levado essa viciada Josefina Marl w a desistir das suas filhas A necessidade de mais dinheiro para o v cio Ottilia Stenlund continuou Josefina manteve se limpa durante a gravidez mas nem um pouco al m do parto Queria porque queria que as crian as fossem adotadas por algum casal sueco bem est vel sem qualquer liga o com a sua fam lia e que n o poderia ser de muitas posses Josefina estava muito preocupada com o fato de os pais adotivos serem gente do povo como ela costumava dizer N s seguimos todas as suas orienta es e fizemos tudo conforme os seus desejos Juridicamente n o houve problema nenhum em n o informar ningu m de fora sobre o sucedido De acordo com a lei a gravidez e as crian as eram um assunto que s dizia respeito a Josefina E a fam lia dela Eles n o tinham nenhum controle sobre ela perguntou Zeke Mas Ottilia Stenlund apenas balan ou a cabe a e disse Essa fam lia me mete medo N o fa o ideia nenhuma se eles sabem ou n o o que se passava Talvez Josefina tenha perdido completamente o contato Por que ela n o queria ter nada a ver com a fam li
531. tudo bem Janne chega conclus o de que n o tem nenhuma resposta apropriada ao coment rio de Tove Os dois nem a m e nem o pai nunca a colocaram em primeiro lugar Ela sabe e aprendeu a conviver com isso Mas que estava errado estava Sempre esteve errado Que idade tem ela pergunta Tove depois Vinte e quatro anos Mas pai logo logo eu vou fazer vinte e quatro Janne fica em sil ncio sentindo o olhar de Tove em cima dele Voc sabe o suficiente sobre o amor para reconhecer que nem sempre a pessoa escolhe e encontra o ideal A mulher no filme solta se da corda e cai no asfalto molhado do beco escuro enquanto o homem se afasta correndo na dire o de uma entrada para o metr O que voc gosta nela Por favor Tove estou tentando ver o filme Afinal sou adulto e qualquer adulto geralmente quer conviver com algu m estar junto de algu m Isso eu entendo mas por que justamente ela As palavras do pai v m r pidas E entram como uma desagrad vel corrente de ar na alma bem aberta de uma adolescente Porque ela exatamente o oposto da sua m e Malin Ser que algum dia voc vai me perdoar Ser ke Fors n o consegue dormir O quarto do apartamento na rua Barnhemsgatan parece pequeno e quente a cama dura e solit ria Acha que n o merece o perd o e ent o pensa mais uma vez aquilo que j pensou muitas vezes Ser que eu tenho alguma responsabilida
532. ua disposi o a partir de agora na tentativa de encontrar a origem da mensagem recebida por Daniel H gfeldt do v deo e do site Eles v o contatar o YouTube a respeito de quem colocou o v deo De qual endere o IP ele veio pergunta Johan Acho que sim Como todos devem compreender esse novo grupo a nossa pista principal Vamos aprofundar a investiga o nessa pista custe o que custar Provavelmente o homem que vimos fora da ag ncia do banco membro do grupo Johan sabe alguma coisa sobre ativistas que possam estar por tr s desse grupo Ou sobre sua forma de conduta primeiro atacar e depois divulgar um site e fazer uma amea a Os outros inspetores do grupo olham esperan osos para Johan Malin nota que ele fica atrapalhado Com certeza n o se trata de um extremista de direita O que foi feito vai contra completamente a sua ideologia No entanto existe uma Sofia Karlsson com quem acabei me deparando ontem ao pesquisar sobre isso uma esquerdista uma verdadeira durona que j foi presa por ter posto fogo numa rea de cria o de martas em Kisa Deve estar agora com uns 25 anos de idade Ela e os seus comparsas criminosos trabalhavam mais ou menos com o mesmo m todo Designavam se a si pr prios como anjos da guarda dos animais Eu me lembro dela durante o interrogat rio Tinha sempre uma atitude zangada mas parecia capaz e inteligente Ela provavelmente ainda mora em Link ping Podemos entrar
533. uando n s chegamos l mas isso todo mundo fez hoje na Su cia n o Waldemar Ekenberg foi violento Abriu um dos l bios de Konrad Ekdahl mas isso n o foi suficiente para extrair dele e dos outros qualquer informa o Sven Sj man est sentado na cadeira de couro escurecido na sua sala no departamento de pol cia S o duas e meia da madrugada e l fora ainda n o come ou a clarear Ele fica a imaginar se Karin j conseguiu encontrar alguma coisa no trailer Encontrou Os detetives do grupo de investiga o foram para casa j devem estar deitados nas suas camas Ele pr prio pensou em tentar tirar algumas horas de sono no departamento na sala de descanso onde existe um sof que vai ter de servir Sven ficou andando de um lado para o outro de um interrogat rio para o outro Os tr s jovens confusos parecem estar dizendo a verdade Afirmaram que foram ao trailer para beber e festejar que eles n o sabiam nada sobre uma eventual liga o de Jonathan Ludvigsson com a Frente Libert ria Econ mica ou que ele estivesse por tr s dessa organiza o Sofia Karlsson que agora estava completamente l cida tamb m parecia falar a verdade Tamb m n o sabia de nada Frustra o Mas Jonathan Ludvigsson pode ter muitos outros companheiros Ou talvez tenha trabalhado com apenas uma outra pessoa Sven pensa na sua mulher em casa Deve estar dormindo Quanto ele n o pagaria para sentir o corpo quente dela ao seu lado Fecha
534. ue eu nem sequer consegui estar perto dela nas horas certas e de como isso me deixa triste e cheia de remorsos Como lutei para dar a Tove a m e que nunca tive e que esperei ter a vida inteira E como eu apesar de tudo fracassei N o sinto nenhum vazio ap s a sua morte m e Nenhuma tristeza Vejo o seu rosto por todos os cantos no escuro e penso como bom saber que n o volta mais Sei agora que finalmente talvez possa viver a minha pr pria vida uma vida sem segredos e anseios por satisfazer e sem eu fazer a menor ideia do porqu Voc morreu e eu a achei minha m e Posso buscar alimento no meu desamor por voc Isso far de mim uma pessoa ruim Malin escuta Zeke e Conny conversando mas n o imagina qual o assunto Sente se cansada est cansada de tudo mas quer tem que seguir em frente Venha Malin diz Zeke Aqui est tudo vazio Vamos para o apartamento de Leopold Kurtzon Assim que ela gira a terceira fechadura do apartamento de Leopold come a a tocar uma campainha estridente Um som alt ssimo que morde o seu consciente Um alarme Ou a porta est armada para explodir Vai detonar Conny Nygren corre para dentro do apartamento todo escuro Abre um arm rio no grande hall de entrada e parece ter encontrado o que procurava O alarme para de tocar O alarme estava ligado diz Conny Nygren As empresas costumam colocar o quadro no arm rio mais pr ximo da porta Malin entra
535. ue n o vou beber Tove Promete de verdade Tem que prometer m e s rio Prometo sim respondeu Malin compreendendo que a morte da m e era a oportunidade para ela como m e ganhar de volta a confian a da filha a confian a antes perdida Sentiu vergonha No trabalho teve satisfa o ao resolver casos de viol ncia e de assassinato custa da infelicidade de outros Ela sabia disso E aceitara a situa o Mas n o se sentia bem tirando proveito da morte da pr pria m e como que ela poderia fazer uma coisa dessas A retornou a vontade de beber uma dose de tequila Dada a extraordin ria atra o do lcool Dada a relativa insensibilidade que a bebedeira proporcionava O desejo podia chegar a qualquer hora sempre sem avisar Ela ainda tentou encontrar uma l gica nos ataques uma estrutura para que dessa maneira pudesse evitar certas situa es que a tornavam sedenta mas chegou conclus o de que n o havia l gica nenhuma Uma doen a Um parasita Um v rus incontrol vel que ataca depois de uma situa o prazerosa ou por capricho da natureza Era preciso aprender a conviver com isso como se fosse uma defici ncia invis vel Mas ent o diante do cozido de nabos depois da conversa com o pai e com Tove a vontade de beber ficou mais forte do que nunca Entretanto Malin fez como j tinha feito outras vezes Exp s se a uma dor Enfiou os dedos de uma das m os no cozido de nabos j fervente borb
536. ue se alimentam da madeira de uma caixa que est na escada Logo ela chega a um patamar e toca a campainha de uma velha porta toda grafitada Zeke est ao seu lado Ligeiramente inclinado para a frente De prontid o Pronto para puxar a pistola se acontecer alguma coisa Pronto para agir com viol ncia para usar a for a caso necess rio na defesa dos dois A porta abre se e aparece uma garota magra e baixa que mostra a cabe a no v o entre a porta e o batente Piercing no nariz v rios em cada uma das narinas brilhando Os cabelos com dreadlocks cuja gordura brilha sob a luz que entra por uma janela da escada Tiras parece ela pensar para logo fazer uma tentativa de fechar a porta mas Zeke mete o p no v o e evita que ela feche De jeito nenhum Sofia Karlsson desiste abre a porta e deixa que eles entrem O nico c modo da casa est mais arrumado do que Malin havia imaginado Limpo e organizado com pequenos animais de porcelana em cima de uma toalha dobrada sobre a prateleira de uma estante de um metro de altura O computador est em cima de uma mesa e h um sof cama coberto com uma colcha colorida Um leve cheiro de maconha Apenas um cartaz de guardi es de animais faz lembrar o ativismo de Sofia Karlsson Uma doninha que come uma mulher de casaco de peles O sangue escorre pelas feridas nas pernas da mulher Sofia Karlsson n o diz nada apenas senta se no sof cama Olha para os dois Malin e Zeke es
537. uele era o resultado do estouro de um caixa eletr nico De um assalto que deu errado N o H muitos e muitos anos que n o havia not cia de um nico estouro de caixa autom tico no pa s Aqueles que queriam roubar dinheiro dos caixas faziam no por meio de transfer ncias ilegais ou c pias de cart es e senhas A bomba foi forte demais pensou Malin Mas ser que foi mesmo um assalto que deu errado As c meras de vigil ncia por cima do caixa pareciam espantosamente intactas As vitrines do banco tinham ido pelos ares e as molduras de a o que envolviam o visor deviam ter derretido com a explos o Bicicletas jogadas pneus estra alhados Sven Zeke B rje Johan Waldemar Malin esfregou os olhos n o conseguia ver nenhum dos colegas mas sabia que eles deviam estar em algum lugar no meio do silencioso caos Dentro do banco ningu m S sil ncio Um monte de curiosos na esquina perto do caf e da galeria de arte Passagen No edif cio ao lado outro caixa eletr nico do Handelsbanken sem um arranh o Por qu Por n o ser acusado de ter responsabilidade pela crise financeira ao contr rio do SEB Por terem se comportado bem Malin pensou em Annika Falkengren diretora executiva do SEB que ganhou vinte milh es de coroas no mesmo ano em que a crise surgiu e ainda pensou em aumentar o seu sal rio base cuja lideran a contribuiu para jogar pessoas na ru na enquanto ela n o cansava de se gratificar sem constrangim
538. ui seus rostos fazem parte do dia a dia Mas mudar Daria certo Eu acho que o reconhe o diz Sven que por momentos esquece Malin Johan e Waldemar tamb m Mas quem ele Malin pode ouvir a discuss o tamb m entre os outros ao fundo Estou chegando l diz ela Acha que um dos irm os Kurtzon N o responde Malin n o nenhum dos irm os julgando pelas fotografias que o Johan conseguiu encontrar Mas podem estar por tr s do que aconteceu caso tenham contratado algu m Ou ent o estamos na pista errada Precisamos ver ao que essas imagens nos levam Acha que essa Josefina Marl w est em perigo caso suas dedu es estejam certas Talvez dev ssemos coloc la sob nossa vigil ncia Acho que eles ainda precisam dela com vida durante mais algum tempo diz Malin Por enquanto est tudo ok Tem certeza Antes de o pai Josef Kurtzon morrer n o haver nenhum perigo confirma Malin Ent o ele desse jeito Quem nos fez tanto mal N s sabemos onde est voc que a nossa m e biol gica Est deitada no seu buraco escuro e subterr neo Com os seus timos desenhos pendurados nas paredes A seringa desliza da sua m o Seu mundo agora um cobertor branco tudo bondade e calor humano Transforma o seu buraco escuro em uma sala branca mam e e n s estamos com voc Sentimos tamb m que a m e e o pai que voc nos deu est o agora
539. uito bom voltar a ouvir a sua voz Malin mas n o foi para isso que estou telefonando Hanna Viger faleceu esta noite Pensei que ela estava quase vencendo a pior crise mas por algum motivo n o resistiu aos ferimentos Simplesmente deixou de respirar pelo que podemos constatar at agora Hanna Vigero A terceira v tima da bomba e do homem da bicicleta Malin fica excitada cheia de tes o zangada triste tudo ao mesmo tempo Que bom escutar a sua voz tamb m Parou de respirar Lembro me de voc ter dito que achava poss vel ela se salvar Num caso dif cil como este nunca se sabe ao certo Mas verdade eu achei que ela ia conseguir sobreviver Quando ocorreu a morte Ela faleceu s cinco horas e quinze minutos Malin olha para o rel gio no computador Quase oito N o deviam ter telefonado logo Ele n o devia ter telefonado logo N o Ela faleceu por consequ ncia dos seus ferimentos Voc n o notou nada de anormal Alguma coisa estranha em rela o morte dela N o Assim que o alarme do aparelho respirat rio soou a enfermeira de plant o entrou em seu quarto e constatou que ela havia parado de respirar O pessoal ainda tentou reanim la mas nada conseguiu claro que ser feita a aut psia do corpo Malin conforma se e diz Obrigada J sabemos disso Em seguida o sil ncio O fone na m o est mido de suor Ela escuta a respira o dele na outra ponta da linha
540. ulhante Sentiu o calor como doeu mas n o chegou a queimar a pele O rosto de Tove est pr ximo do de Malin ambas sentadas em um banco da capela Sua pele est completamente lisa livre das borbulhas e p stulas que quase todas as adolescentes de 16 anos t m Tove toca com os dedos na rosa e m e e filha entreolham se rapidamente mas n o sabem ao certo o que querem dizer com seus olhares Na frente est deitada no caix o a av de uma e a m e de outra Pr xima a figura do av e pai em terno escuro Elas veem no virar se parar respirar chorar Depois murmurar qualquer coisa e pousar uma rosa vermelha no caix o antes de voltar para o seu lugar Malin e Tove olham uma para a outra imaginando o que deviam fazer naquele momento Enfim Tove toma a decis o de se dirigir ao caix o e sem tentar for ar as l grimas coloca a sua rosa dentro dele Tove nada reza nada diz apenas volta para o seu lugar Malin desvia o olhar para o pai olha depois de novo para Tove deseja poder adivinhar seus pensamentos mas v a aproxima o de Janne at o caix o com movimentos lentos rituais como se tudo o que acontecesse naquele momento na Capela da Ressurrei o naquele dia de primavera fizesse parte de um espet culo a representar at o final Tomara que isto termine logo pensa Tove fechando os olhos N o aguenta ver todas aquelas pessoas idosas que n o conhece uma ap s a outra aproximar se do caix o e murmurar palav
541. um amanhecer sem nuvens Tem de ajud las assim diz uma voz clara por tr s das costas dela Ela d um pulo vira se acha que a enfermeira noturna entrou no quarto sem ser notada Mas n o h ningu m apenas a quietude empoeirada da enfermaria e o cheiro da vida que chegou ao fim Tem de ajud las diz a voz novamente E Malin sente o medo diminuir diz voc Hanna voc que est aqui Ela espera pela resposta S o as suas meninas que eu devo ajudar Eu tento pelo menos lhes fazer justi a O quarto est em sil ncio em sil ncio total Malin quer escutar a voz tranquila de novo E eis que ela volta Eu n o vejo as minhas meninas por aqui Elas n o est o com voc A voz n o responde Malin pode senti la deslizar Desaparecer pela janela E ela vira se olha para o c u Quer receber respostas para as suas muitas perguntas Volte Hanna diz Malin Volte para mim e conte me o que devo fazer para ajud las Ela n o vai voltar Est morta A voz feminina vem por tr s vem da porta Malin vira se novamente v um corpo real coberto por um tecido branco que se movimenta para dentro do quarto e um rosto bem enrugado por baixo de uma cabeleira desalinhada Voc est falando com os mortos detetive Nada de ironias Nada de medos ou espantos apenas uma tranquila admira o Eu n o sei o que acontece comigo diz Malin Talvez devesse estuda
542. um caso em que trabalhei junto com o departamento de homic dios em Gotemburgo Ele era conhecido por ser inteligente e ter curso superior Diz se que recebeu aquela cicatriz em combate em Sarajevo Sarajevo B snia Foi para l que Janne fugiu quando n o aguentou mais brincar de casinha depois que Tove nasceu completamente fora do planejado Ele n o estava pronto para assumir responsabilidades E aconteceram ent o outras coisas no nosso relacionamento coisas que t m mais a ver com pesadelos Como que na poca pod amos viver juntos nessas condi es se n o conseguimos compartilhar os nossos problemas nem agora mais velhos e mais experientes Nunca mais vamos conseguir nos reaproximar Um nibus buzina Uma m e com carrinho de beb atravessa a rua caminhando contra a luz vermelha do sinal Lembro me ainda de que ele conseguiu asilo por ter participado da guerra dos B lc s e depois tornou se cidad o sueco Acho que ele desapareceu do mapa no in cio deste s culo diz Zeke Mas tenho certeza de que ele Est mais velho mas ele Um verdadeiro dem nio Diz se que est por tr s do assassinato de um homem de neg cios em Malm h dez anos O crime ainda est por esclarecer A v tima recebeu mais de cem facadas E era uma faca rombuda Conta se tamb m que foi ele quem matou um ped filo cortando os seus test culos e enfiando os na boca da v tima O homem morreu por asfixia Um bo
543. uma nica vez depois de ela ter passado pela reabilita o Naquele momento ela se mostrou meio fria e nem parecia presente quando fizeram sexo no apartamento dele Ent o Daniel lembrou se do tempo em que realmente pensava que a amava Foi antes de ter encontrado a mulher com quem vive agora Malin iria ficar louca se soubesse disso Embora eu esteja me lixando para o que voc acha Malin Fors Voc teve a sua chance Mesmo assim Daniel ainda se preocupa em saber como ela est Se alguma coisa lhe aconteceu Ele n o sabe de nada nem escutou nada a esse respeito Mas sempre assim que acontece com os amores que n o d o em nada E Karim Akbar Que maldito enganador ele se tornou Durante algum tempo pensei que havia mudado Mas as pessoas nunca mudam As mulheres podem entrar aqui Passa um pouco das cinco Num final de tarde j com pouca luz Malin e Zeke encontram se diante de uma antiga f brica em Ekholm transformada em mesquita para a popula o isl mica de Link ping A constru o est situada beira de um prado e junto de um bosque como se estivesse pressionada contra uma parede de sil ncio e de escurid o sem sentido Paredes externas de tijolos pintados de um branco vivo abaixo de um telhado de placas met licas com manchas marrons fixadas por ferragens j enferrujadas Uma constru o deprimente pensa Malin olhando para o prado coberto de an monas brancas e primaveras amarelas A natureza
544. unda o na Su a ou de institui o p blica pode ter sido conversa fiada Malin e Zeke entreolham se Tranquilamente sem fazer qualquer sinal os dois se entendem e confirmam a suspeita tentando evitar o medo ainda desconhecido a dist ncia Como se chama o advogado pergunta Malin J rgen J rgen St lsten Eu andei Na escola Com ele Onde que podemos Josefina Marl w j n o escuta mais nada Procura febrilmente o novo papelote com p Malin v os dedos magros dela procurando Josefina Marl w geme pronuncia palavras inintelig veis como se um esfomeado lagarto gigante tivesse aparecido dentro de si e mordido com os dentes afiados como bisturis seus rg os j desfalecidos Malin olha para Zeke Ele faz que sim E os dois saem do buraco deixando Josefina Marl w iluminada pela chama que prepara uma nova dose Eu vou ter de montar todo este quebra cabe a pensa Malin Vou ter mesmo que resolver este caso 47 S BADO s DOMINGO 16 DE MAIO Ela est perto de qu Felizmente a chamada de Malin n o acordou a fam lia O pr prio Johan Jakobsson ainda n o tinha adormecido apesar de j estar deitado na cama lendo uma velha revista Wired Ele atendeu ao segundo toque Sua esposa que estava ao seu lado na cama continuou a dormir aquele santo sono de uma m e cansada de cuidar das crian as pelo menos durante uma boa parte do dia E as crian as respiram levemente tranquil
545. unda o su a na qual teria colocado todos os seus recursos Ele estava deitado na cama e sorria enquanto me contava tudo isso O que eu poderia fazer Dizer que n o estava interessada Isso ele j sabia Talvez ele quisesse apenas aborrecer os meus irm os Tamb m n o estou interessada em entrar nesse jogo Voc n o se lembra de mais nada desse encontro pergunta Zeke Ele me disse que se eu morresse antes dele talvez entregasse todos os recursos para uma funda o p blica sueca a Allm nna Arvsfonden Ou entregaria tudo a uma administra o independente Uma administra o de dinheiro pelo dinheiro Por que acha que ele resolveu deixar a heran a toda para voc pergunta Malin ao mesmo tempo em que sente um calafrio passar pelo est mago Uma heran a bilh es para administrar numa funda o ou para desaparecer numa institui o p blica Dois irm os deserdados O motivo por tr s da bomba e da morte das meninas poder estar a Josefina Marl w fica em sil ncio por algum momento antes de responder Ele quer me dar o veneno O seu pr prio veneno em vez daquele que eu uso Ele odeia a ideia de que lhe virei as costas e vivo da maneira que quero Por muito ruim que possa ser Meu pai quer que eu seja como ele E ao mesmo tempo ele adora saber que eu sou como sou sem hesita es Eu sou perfeita no papel que escolhi para viver Na sua opini o qual o motivo de ele n o querer dar o d
546. unta B rje Sv rd Nada disso Que diabo a exclama o que sai da boca de Waldemar N o no est gio atual diz Karim Akbar S o um bando de maus cozinheiros Vamos analisar primeiro as filmagens insiste Sven de novo Depois fica em sil ncio Olha para a sua equipe em volta da mesa Espera que mais algu m se manifeste por m nada acontece Mais alguma ideia de como encontrar e atacar a tal Frente Libert ria Econ mica Veja o que dizem os peritos em seguran a interna nas universidades do pa s sugere Zeke Talvez algu m conhe a essa Frente Libert ria Econ mica Vamos fazer isso sim diz Karim Akbar Eu me encarrego disso Mais alguma ideia questiona Sven Vamos esperar que surja alguma coisa quando o p blico vir os v deos Malin prende a respira o Escuta a respira o dos outros Sabe que agora preciso agir r pido que numa investiga o as suas chances s o maiores nas primeiras 72 horas Muito bem diz ainda Sven Ent o vamos trabalhar em dire o da Frente Libert ria Econ mica Poder ser um grupo um homem solit rio ou qualquer outra coisa Sobre isso pelo menos estamos de acordo n o verdade Vamos ver o que vai surgir a partir de agora Vamos ver como est a situa o em geral Sven come a a rever os acontecimentos como se estivesse fazendo o resumo de uma viagem de f rias ou os preparativos de uma confer
547. urar outro lugar diz Malin virando as costas e subindo na dire o da Sveav gen Bifes maiores pre os menores Jensen s B fhus uma churrascaria dinamarquesa com carne importada Almo o de bife a 67 coroas menos de sete euros O lugar certo Outro p blico apesar de os dois restaurantes estarem muito perto um do outro E na frente da grande vidra a passam os carros na rua larga e despretensiosa na qual as pessoas parecem saber exatamente para onde querem ir Um bom bife sem d vida diz Zeke ao colocarem na sua frente um grande peda o de carne Em seguida pergunta O que faremos agora Vamos comer diz Malin que logo v como Zeke fica irritado com a brincadeira Ent o ela leva a m o aos l bios e acrescenta Vamos tentar encontrar Josefina Marl w e saber mais alguma coisa sobre a fam lia Kurtzon Essa ltima parte parece um trabalho perfeito para Johan Jakobsson Ele est de servi o hoje Todos trabalham todos os dias at que este caso esteja resolvido Malin pega o celular e envia um SMS Josef Kurtzon e fam lia Todas as informa es que puder encontrar Est com tempo A resposta veio em trinta segundos Est tudo tranquilo demais por aqui Vou coletar e mandar as informa es pedidas Qual a pista que Malin estar seguindo Johan Jakobsson j colocou no Google o nome Kurtzon Dezenas de milhares de cita es Chefe principal da fam lia Jo
548. urgiu como uma surpresa para mim e que fui eu quem encontrou a informa o pertinente Pai Voc devia saber Malin fecha os olhos respira de maneira ofegante e depois diz Portanto esse tal de Stefan Malm meu irm o n o Ele seu irm o confirma Britta Ekholm Um rosto um rosto sem express o uma m scara que se transforma no rosto de uma pessoa Seu meio irm o corrige Britta Ekholm Quer dizer que eu tenho um irm o mais novo Pai Malin n o consegue ver o seu olhar Ser que procura uma desculpa Est triste Com vergonha Afundou se ainda mais na poltrona Os ombros pressionados para baixo por for as invis veis A sua m e durante todos esses anos n o quis manter qualquer contato conosco diz a mulher Telefonei v rias vezes mas ela ficou zangada aborrecida dizendo que era para deixarmos a sua fam lia em paz M e Pai E voc Era como se ele n o estivesse na sala Como se o advogado e a mulher do asilo j tivessem esquecido a presen a dele Um irm o Um meio irm o Pai voc n o o pai dele E eu por que nunca me disseram que ele existia Devia ser uma escolha minha afinal conhecer ou n o o meu meio irm o n o verdade Ela se levanta olha para o pai Depois vira se para a mulher estranha e grita Por que voc n o entrou em contato comigo Se ele esteve no asilo durante toda a minha vida voc podia ter me procurado Talvez eu quises
549. uzindo pequenos carros de pl stico pulando corda subindo pela nova estrutura de ferro do trepa trepa colocada h menos de um m s e cujas s lidas cores pastel fazem com que Malin se lembre de como era quando realmente ficava muito embriagada Todos os detetives est o em sil ncio esperam que Sven Sj man l der das investiga es preliminares inicie a primeira reuni o sobre a investiga o da explos o ocorrida diante da ag ncia do SEB na Grande Pra a de Link ping no dia 7 de maio explos o que causou a morte de duas crian as ainda por identificar e ferimentos graves em cinco pessoas Sven para de escrever no quadro vira se Por um segundo os policiais em volta esperam que aconte a um milagre que Sven de uma maneira fant stica e desconhecida tenha resolvido o caso de uma vez Assim todos poderiam esquecer o assunto dar o perigo por terminado e revelar ao povo da cidade a verdade dos fatos Mas aquela primavera n o era poca de milagres em Link ping Neste momento devo informar o seguinte come a Sven O pessoal do servi o secreto da S po est a caminho da nossa cidade Este considerado um caso de poss vel tentativa de derrubar o funcionamento das atividades p blicas Formalmente somos n s que assumimos a responsabilidade principal pelas investiga es claro e espera se que possamos ajudar a S po na sua investiga o paralela No entanto n o de esperar que recebamos qualquer aju
550. veita para inspirar os odores que chegam do bairro Cheira a carne grelhada e cominho queimado al m de muita canela Ela fica com fome de novo chega a desejar que o povo tivesse a considera o de fazer a comida com as janelas e as portas das varandas fechadas Em seguida sente no ar o cheiro da grama primaveril a um tempo luxuriante gordurosa e amarga Isso faz com que ela se lembre de quando era pequena e corria pelo gramado do jardim da sua casa em Sturefors Era o cheiro de uma promessa de maior movimenta o de dar liberdade ao corpo uma sensa o que ela adorava uma sensa o de ilimitada liberdade Voc s ainda est o em Ekholm pergunta Sven Sj man Sim Ent o ainda podem aproveitar para dar uma olhada no apartamento da fam lia Viger Quer dizer que eles viviam aqui Foi o que eu disse na reuni o Perdi essa informa o Zeke tamb m Aconteceram muitas coisas ao mesmo tempo N o d para absorver tudo diz Sven O c rebro n o funciona t o perfeitamente pensa Malin Aconteceram coisas demais r pido demais como se todo o meu mundo fosse uma grande explos o O que devemos fazer no apartamento N o haver problema se tivermos de for ar a entrada Afinal elas s o v timas Entrem diz Sven importante Vejam quem s o os moradores Ou quem eram Voc sabe Malin escute as vozes da investiga o As vozes pensa Malin Vou tentar ouvi las Mas
551. venc lo Acabou dizendo que sabia onde os viciados costumavam ficar e que ele e os outros guardas se habituaram a deix los em paz Que limpavam o reduto de todo o material inflam vel Portanto o risco de haver uma cat strofe era m nimo O caso o seguinte dizia o guarda Eles n o t m outro lugar para onde ir E l em cima durante o inverno imposs vel aguentar o frio Malin est vendo as costas do uniforme do guarda na descida da escada rolante que leva direto para a plataforma A esta o do metr tem o seu pr prio clima Estranhamente quente um calor mido quase semelhante ao dos tr picos Uma composi o acaba de entrar na esta o com todos os ru dos e estalidos habituais As pessoas saem e entram no trem e quando este se p e de novo a caminho eles e o guarda j atingiam uma das pontas da plataforma Os tr s entram no t nel com o guarda andando na frente e abrindo um port o de ferro meio enferrujado que dava acesso a uma escada estreita de a o revestido de zinco Seguiram no escuro por uma murada um pouco elevada mas estreita avan ando lentamente e com toda a cautela Tomem todo o cuidado diz o guarda Se perderem o equil brio v o cair no trilho el trico com mais de dez mil volts bom que saibam disso Os focos de luz de uma nova composi o passam por eles e quase deixam Malin cega E deixam tamb m um zumbido em seus t mpanos O guarda para e grita Fique
552. vo no sono desta vez vazio sem sonhos quase igual morte Jonathan Ludvigsson est deitado no beliche da cela N o consegue dormir Um guarda enfia a cabe a pela janela da porta da cela Deve estar verificando se eu n o me matei pensa ele Certamente o tira j deve ter encontrado tudo no trailer E o que vai acontecer N o me importo nem um pouco melhor ficar em sil ncio Como fiz antes Os outros n o podem falar nada visto que nada sabem Existem coisas maiores do que eu E ser que existe algo mais irreal do que uma explos o Acontece mas n o acontece E uma coisa eu aprendi aquele que n o consegue fazer ouvir a sua voz n o existe Est acontecendo no planeta neste momento uma grande luta Entre n s e a natureza entre n s e a nossa pr pria natureza E nessa luta todos os meios s o permitidos Mas talvez eu tenha ido longe demais talvez n s tenhamos ido longe demais Desta vez A cela da cadeia est fria O cobertor alaranjado j n o suficiente As suas articula es est o doendo A janela da cela abre se e ele v um olho negro Um estrondo O olho desaparece mas continua vivo atr s da porta Mas outro olho Parece ser o olho de uma mo a e parece querer sufoc lo com a sua raiva Ele se encolhe em um canto do beliche e pretende afastar com viol ncia esse olho maldito Por que n o posso respirar Tenho de sair daqui De afastar o olho Jonathan Ludvigsson atira o corpo para
553. xiste o bom e nada mais preciso nem exigido Um mundo onde n o existe nenhuma necessidade nenhuma gan ncia nenhuma maldade Malin compreende bem a atra o da droga reconhece que chega a ser irresist vel Lembra se de que houve per odos na sua vida em que ela teria tido grandes dificuldades de recusar se algu m insistisse para que ela provasse um pouco de hero na Josefina Marl w d mais uma mordida no hamb rguer mas logo deixa o resto no prato Retirou depois o capuz da cabe a e deixou que os cabelos se soltassem e cobrissem parte do seu rosto magro e das suas faces fundas e cheias de marcas semelhantes s que aparecem com sarcomas kaposis um tumor maligno comum em pessoas com HIV Malin tem quase certeza de que ela foi contaminada j h muito tempo pelo v rus Josefina Marl w olha na dire o do Slussen dos carros e nibus que passam a caminho do centro da cidade ou na dire o contr ria a caminho do sul da cidade o chamado S dermalm Ao virar a cabe a de volta a pouca luz do crep sculo bate no seu rosto e destaca suas linhas de express o Nem Malin nem Zeke dizem qualquer coisa Esperam que a figura na sua frente fale conte alguma coisa importante para eles Malin tamb m pediu um hamb rguer que continua diante dela intocado N o est com fome S o pediu para fazer companhia a Josefina Marl w para quem olha pensando como poss vel chegar a esse ponto quando todas as possibilidades estari
554. xo da plan cie Ostg tasl tten s vezes o odor de Sk rblacka estende se como uma nuvem malcheirosa por cima de Link ping Nada de nuvem de Sk rblacka hoje gra as a Deus Apenas um cheiro estranho de algo queimado como se fosse de uma explos o Malin por receio n o quer nem pensar mas acha que cheira a carne queimada Ser que este cheiro vem da minha m e Os corpos dos mortos s o queimados aqui numa instala o ligada capela por uma galeria Mas como podem ter sido t o r pidos a ponto de minha m e j estar sendo queimada Que o seu corpo j esteja envolto em chamas Como pode o cheiro da carne queimada da m e se espalhar assim invisivelmente pela atmosfera Mas n o N o d para cobrir t o r pido a dist ncia da capela para o cremat rio O caix o ainda deve estar na capela De repente Malin sente at vontade de voltar at l abrir o caix o acariciar as faces da m e e fazer uma despedida final Mam e eu te perdoo seja pelo que for que tenha acontecido Mas ela fica no estacionamento com o pai Ver a sa da dos carros um atr s do outro acabou afastando da sua mente a imagem do caix o Opta por ligar o novo celular com um visor bem maior que ela conseguiu obter por persist ncia de Karim Akbar O nico investimento em equipamento do ano feito pela pol cia de Link ping Verificou se havia eventuais chamadas perdidas Assim que o aparelho ligou come ou a tocar Era o n mero de Sve
555. y Nygren olha para Malin como se ambos esperassem dela a indica o brilhante de um pr ximo passo Vamos invadir os apartamentos deles na Strandv gen J temos o mandado de busca e apreens o Tenho bons contatos na promotoria diz Conny Nygren Vou arranjar imediatamente o mandado Tira do bolso o celular e faz uma liga o Malin come a a gostar do seu colega de Estocolmo Ele n o espera age Minutos depois Conny Nygren termina a chamada e diz Conseguimos o mandado Bravo solta Malin E Zeke comenta Fucking good muito bem Malin levanta se Est na hora de agir de acelerar diz ela com o corpo j estourando de adrenalina Olha para o rel gio que marca oito e quinze e v que j est ficando escuro na rua Voc s est o armados pergunta Conny Nygren Malin e Zeke abrem os casacos e mostram lhe as armas nos coldres Voc s podem precisar delas Vou pedir os coletes de seguran a Conny Nygren sorri de novo um sorriso de esguelha que faz lembrar o de Waldemar Ekenberg Voc tamb m gosta de viol ncia pensa Malin enquanto na sua mente surge a imagem dos dois irm os feitos em pedacinhos Malin encosta a cabe a contra o vidro da janela do carro e pensa no seu irm o Gostaria de se encontrar logo com ele Sente o realmente como irm o E no seu cora o palpita mais uma raz o para continuar na luta N o tem import ncia nenhuma se ele jamais chegar a
556. z por quem ela procurou talvez sem saber ao certo o que procurava a minha m e a minha m e verdadeira que est sentada na poltrona Foi por isso que voc nunca ligou para mim m e Foi por isso que voc sempre virava as costas para mim sempre que eu procurava o seu amor Mas n o pode ser As coisas n o se encaixam Mam e Eu vi as suas fotografias gr vida de mim De quando me empurrava no carrinho de beb Quem essa mulher O que est fazendo aqui Quem a senhora Malin nota que foi agressiva uma agressividade na voz que n o queria demonstrar Mas sinto me amea ada Talvez esteja sendo agredida no mais ntimo do meu ser Estou no escuro n o sei como fazer Reagir N o verdade assim que se faz Esta senhora Britta Ekholm do Hospital de Norrg rden da cidade de Sj plogen prov ncia de H lsingland no norte do pa s A mulher confirma com um aceno Malin responde ao cumprimento mas logo se vira para o pai e pergunta O que ela est fazendo aqui Quem ela Tove est sentada no jardim da casa do seu pai Janne Espera ganhar um pouco de cor um pouco de bronzeado antes do encerramento das aulas M e Eu te amo m e mesmo fazendo muitas besteiras Mas acho que acima de tudo precisa ter algu m a quem abra ar algu m que goste de voc por ser quem e como s vezes tenho a sensa o de que n o vai conseguir que vai deixar a escurid o domin la voltar a be
557. zemos Talvez at muito bons mas ficamos por isso mesmo Alguns ramos grandes caem no ch o A grama por baixo est verde clara depois dos ltimos dias de sol e na falta de uma boa dose de calor e de umidade para lhe dar mais vida N s n o vamos deixar para tr s muitas saudades A sua m e Malin tamb m n o deixou saudades N o conseguiu sequer demonstrar amor pela filha nunca assumiu sequer essa responsabilidade Mas em rela o a Tove isso n s sempre fizemos embora eu saiba que por vezes a nossa filha se convenceu de que n s n o a am vamos o suficiente que n o demonstr vamos todo o amor que sent amos por ela Que n s de certa forma estragamos a situa o com nossa falta de firmeza com nossa incapacidade em manter aceso entre n s o amor familiar Mas ela vai conseguir tudo isso Ela mais forte do que n s conseguimos ou vamos conseguir ser Janne deixa cair a m quina de podar Porra pensa ele Desce da escada Ajoelha se na grama no meio do jardim Mentalmente rev o rosto da mulher com quem est saindo A outra N o consegue imaginar como Malin vai reagir quando souber oficialmente do que est acontecendo Tove n o sabe de nada nem sequer desconfia disso Est toda ocupada com os seus pr prios problemas e fica totalmente cega diante do que a cerca como s os adolescentes conseguem ficar A m quina volta para as suas m os Talvez esteja na hora de oficializar a rela o Malin
558. ziam que havia um lagarto gigante por perto que iria com las Voc ainda tem essa grava o pergunta Malin Isso faria com que fosse muito mais f cil para n s acreditar em voc No meu iPhone Aquele que voc s apreenderam quando me pegaram L tenho tamb m fotos de Elena e Marko Jokso Mirovi fica em sil ncio Olha fixamente em frente Podem trazer o iPhone Eles ficam em sil ncio na sala durante talvez uns dez minutos antes de a porta se abrir e um policial fardado entrar e deixar em cima da mesa um iPhone sem dizer uma palavra Por favor diz Zeke Jokso Mirovi pega o aparelho pressiona o bot o das imagens e aparecem duas crian as brincando numa piscina cintilante um menino de cabelos escuros e grandes olhos castanhos que j nada sem qualquer ajuda e uma menina maior atr s dele Esse Marko E Elena Jokso Mirovi fecha os olhos comovido Recomp e se Malin v as fotografias das crian as S o pequenas e cheias de vida Ser que ainda vivem pensa ela Ser que os irm os Kurtzon ainda est o com voc s em algum lugar Jokso Mirovi pega novamente o telefone pressiona outro bot o e depois recoloca o aparelho em cima da mesa Malin fecha os olhos Escuta os sons claros que logo come am a sair do telefone Papai venha venha estou com medo papai solu os papai papai estamos presos aqui tem que vir eles batem em n s papai venha
559. zuis e brancas Que raio aconteceu aqui perguntou novamente Sven Os tr s policiais sentem como a for ada inatividade espalha se pelos seus corpos como se fosse um veneno paralisante mas nenhum deles consegue sair dessa situa o como se tivessem esperado naquele dia por qualquer coisa tudo menos aquilo como se as for as desencadeadas na cidade fossem para eles totalmente desconhecidas quase sobrenaturais como se a responsabilidade que naquele dia tinha ca do sobre os seus ombros fosse para eles insuport vel antes mesmo de come ar a assumi la Olham uns para os outros como se quisessem perguntar E agora por onde vamos come ar Como foi o funeral pergunta Sven finalmente Isso como foi Malin acrescenta Zeke Malin olha espantada para os dois Depois encara seus colegas e se recusa a responder Merda como poss vel eles acharem que agora eu vou ter tempo para pensar no funeral Vamos ter de convocar todos para uma reuni o Todos do departamento que estejam dispon veis Johan Waldemar Precisamente todos por a que vamos come ar n o acham conclui Sven Sj man Faz sinal para o seguirem Andam em dire o do hotel e das suas vitrines quebradas e abertas Ele parece bem cansado pensa Malin e realmente velho pela primeira vez Vamos ficar aqui ainda um pouco interrogando os que estavam presentes quando aconteceu o incidente tantos quanto poss vel

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