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Processo n.º 53/2013

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1. o de direitos absolutos donde resultariam responsabiliza es com regimes algo diferentes verificando se muitas vezes como podia bem suceder no presente caso que o dano tivesse simultaneamente uma origem contratual e extracontratual Mas a verdade que deve atender se vontade expressa das partes e do articulado na ac o resulta que a A se dirige t o somente contra a gestora do parque e a sua seguradora desprezando a activa o de uma responsabilidade extra contratual invectivando nomeadamente a dona do parque RAEM 9 Vejamos ent o Provou se que Nessa noite ocorreu a passagem do tuf o Hagupit ao largo de Macau o qual na madrugada do incidente chegou a atingir o n vel 8 de tempestade tropical provocando ventos fortes e chuvas torrenciais Devido influ ncia do tuf o Hagupit v rias zonas baixas de Macau ficaram excepcionalmente inundadas dado que o n vel das guas na zona litoral de Macau atingiu n veis muito superiores 4 6m Segundo os registos obtidos junto da Direc o dos Servi os Meteorol gicos e Geof sicos de Macau a mar alta m xima nesse dia foi de 4 6 metros de altura de gua no per odo entre as 02h30 e as 03h00 ou seja dois metros superior altura m xima que tinha sido 8 Apontando essas diferen as ALMEIDA COSTA Direito das obriga es Almedina 485 e segs 53 2013 50 57 I anunciada pelas previs es meteorol gicas Dado que o tuf o Hagupit co
2. sa da do parque existem cancelas respectivamente para a entrada e a sa da de ve culos H A entrada e sa da de pe es faz se por meio de um corredor para o Terminal frente ao qual se si tua uma grande janela transparente atrav s da qual os guardas e o caixa do auto silo conseguem ver quem entra e sai 1 Ao abrigo do contrato de concess o referido em D o servi o prestado pela 1 R consistia principalmente em facultar lugares para o estacionamento de ve culo no Auto Silo l 1 Bem como prestar os servi os complementares relacionados como seja o de controlo das entradas e sa das cobran a de tarifas e administra o do edif cio 1 2 A 1 2 R respons vel pela organiza o dos lugares de estacionamento sua localiza o e gest o do tr fego no interior do silo J Cabe 1 2 R zelar pela higiene e limpeza das instala es K Cabe lhe velar pela manuten o dos equipamentos existentes neles se incluindo os elevadores e as bombas de gua c maras de vigil ncia cancelas l mpadas e outros L Bem como lhe cabe zelar pela seguran a das mesmas M Nos termos da informa o disponibilizada pelos Servi os de Meteorologia e Geof sicos As 8 horas de 19 de Setembro de 2008 uma depress o tropical formou se sobre o Noroeste do Pac fico 14 4 N 135 2 E cuja press o no seu centro de 1006hPa e movia se para oeste com uma velocidade de 24 km h s 20 horas da noite a depress o tropical intensifico
3. 26 Com efeito o estacionamento de ve culos no Auto Silo n o confund vel com qualquer contrato privado de guarda ou protec o de bens 27 O dep sito uma das modalidades do contrato de presta o de servi os definindo o a lei como aquele pelo qual uma das partes entrega outra uma coisa m vel ou im vel para que a guarde e a restitua quando for exigida cfr artigo 1111 do C digo Civil 28 E conforme se provou no caso dos autos n o houve uma entrega do ve culo da Recorrente 1 R ora Recorrida para que esta o guardasse nem esta aceitou guard lo 29 Pelo que no modesto entendimento da ora Recorrida jamais poderia tratar se de um contrato de dep sito porque n o houve traditio do autom vel para a Recorrida pelo que a ora Recorrida nunca poderia vir a ser responsabilizada pelo alegado incumprimento das obriga es do deposit rio previstas no artigo 113 do CC 30 Quanto s demais hip teses aventadas pela Recorrente nas suas Alega es de recurso concretamente se estamos perante um contrato de loca o hor ria de estacionamento ou um contrato de presta o de servi os na modalidade de mandato por serem de tal modo descabidas torna se desnecess rio tecer quaisquer considera es sobre elas 31 Nestes termos o recurso sub judice ter assim for osamente de improceder mantendo se a senten a ora recorrida nos seus precisos termos 53 2013 15 57 32 N o obstan
4. o seu autom vel ficaria guardado da intemp rie Ainda a A confiou na 1 R que este guardaria bem o seu veiculo e evitaria os perigos causados pelo mau tempo Bem como este faria tudo para assegurar a conserva o do seu ve culo Durante o tuf o a empresa 1 R n o tomou qualquer medida para prevenir e inunda o Os funcion rios da 1 R limitaram se a assistir aos acontecimentos como se nada se passasse N o tomaram nenhuma medida para parar a entrada de gua para dentro do silo 53 2013 52 57 N o utilizaram as bombas de guas por nenhuma dessas puseram a funcionar N o foram chamados os bombeiros nem policias nem protec o civil Nem foram chamados um reboque por forma a serem retiradas as viaturas para o piso superior do silo Nem sequer tentaram contactar empresas de especialidade que pudessem ter bombas de gua ou materiais de constru o de dique ou outras que permitissem vedar o parque de estacionamento Nem tomaram qualquer medida ara avisar os propriet rios das viaturas ali estacionadas incluindo A para que as fossem buscar Do exposto facilmente se pode concluir que a for a da intemp rie foi de tal ordem e a gua que entrou no auto silo de forma bruta e abrupta foi tanta que n o obstante os esfor os desenvolvidos pelo pessoal da 1 R n o foi poss vel evitar os danos causados pela inunda o Aparentemente a 1 R fez o que estava ao seu alcance fazer e
5. 956 00 correspondente ao valor do ve culo que ficou totalmente inutilizado Concluindo pediu que fosse a presente ac o julgada procedente e se condenasse a 1 R a pagar A a quantia de MOP 348 956 00 a t tulo de 53 2013 4 57 indemniza o por danos patrimoniais acrescida de juros de mora calculados taxa legal desde a data de cita o at efectivo e integral pagamento com custas e procuradoria condigna Devidamente citada a 1 R veio contestar suscitando excep es e impugnando os factos articulados pela A pedindo a improced ncia da ac o com a consequente absolvi o da 1 R dos pedidos Mais se requereu a interven o principal provocada da C Macau Company Limited com sede em Macau 2 A final foi julgada improcedente a ac o intentada pela A A contra as RR Companhia de Gest o de Parques de B Limitada e C Macau Company Limited absolvendo as de todos os pedidos 3 Inconformada vem a A recorrer alegando em s ntese conclusiva 1 O contrato atrav s do qual as partes acordam mediante pagamento o estacionamento de uma viatura num parque n o est especialmente regulado no direito da RAEM 2 A disciplina espec fica tra ada na lei para os contratos nominados obedece a um duplo objectivo do legislador a lei pretende auxiliar as partes e os tribunais fixando a disciplina jur dica aplic vel aos pontos em que n o obstante a import ncia que revestem a
6. Contrato de Presta o de Servi os entre a RAEM e a 1 R cfr fls 99 v dos autos incumbe a esta Consideram se inclu dos no objecto do contrato a realiza o durante o tempo de execu o do mesmo de todos os trabalhos fornecimentos e servi os incluindo os preparat rios e complementares necess rios para a gest o e explora o do auto silo nomeadamente os inerentes ao estacionamento de ve culos fiscaliza o do cumprimento das condi es e normas de utiliza o definidas no Regulamento de Utiliza o e Explora o do Auto Silo do Terminal Mar timo aprovado pela Portaria n mero 109 94 M de 2 de Maio de 1994 em particular as respeitantes ao controlo de entradas sa das e utiliza o e 53 2013 40 57 cobran a das tarifas respectivas e os servi os inerentes administra o global do edif cio que compreendem a opera o e manuten o dos sistemas de controlo de acessos de vigil ncia e seguran a de distribui o de gua de esgotos residuais e drenagem de guas pluviais de ilumina o tomadas e for a motriz de ventila o e ar condicionado de elevadores de detec o e sinaliza o de atmosfera perigosa CO e ainda a manuten o de quaisquer outros sistemas redes e equipamentos instalados a manuten o do pr prio edif cio e sua limpeza a gest o e pagamento dos seguros relativos a actividade de explora o do auto silo a gest o controlo e execu o dos trabalhos fornecimentos
7. R transferiu validamente para a referida seguradora a sua eventual responsabilidade civil por danos causados a terceiros at ao montante de MOP 1 500 000 00 S A A adquiriu o autom vel ligeiro particular de marca BMW com a matr cula ML 95 32 no 53 2013 32 57 montante de MOP 348 956 00 no final de Dezembro do ano 2006 1 No dia da ocorr ncia da inunda o o autom vel da A encontrava se em boas condi es 2 Provado apenas o teor da al nea Q dos factos assentes 6 Logo que a A voltou a Macau no dia 24 de Setembro de 2008 quando se deslocou ao silo para levantar o seu autom vel constatou que o piso inferior do parque tinha sido inundado 7 OS autom veis estacionados naquele piso ficaram danificados pela gua humidade e lama 8 A gua terra e lama entraram pela entrada e sa da do pr prio Auto Silo do Terminal Mar timo do Porto Exterior e pelos esgotos 17 Provado apenas o teor das al neas F e Q da mat ria de factos assentes 19 e 20 A A apenas utilizou o seu ve culo cerca de 1 ano e 9 meses 22 AA dirigiu se oficina BMW Concession rios Macau Limitada com vista repara o do seu carro ap s a inunda o 23 Tendo a oficina emitido o relat rio concluindo Uma vez que o valor da repara o total deste ve culo ser muito superior ao do seu valor econ mico conclu mos pela perda total Total Loss Basis 24 Sendo o montante da repara o superior ao v
8. do Auto Silo Na segunda abordagem de combate inunda o resulta da factualidade acima transcrita que tudo foi feito o que se configura como razo vel e pass vel de ter sido feito N o era necessariamente o i ar do sinal 8 que implicaria que a inunda o se desencadeasse o que de todo o modo ocorreu de uma forma r pida e inesperada Foram mesmo assim procurados os contactos dos utentes e n o se deixa de observar que nalguns casos porventura tamb m no caso da A mesmo que tal tivesse sido poss vel n o se evitaria o dano sobrevindo face aus ncia do utente em Hong Kong Ter sido assim por toda a factualidade provada nos autos que o Tribunal Colectivo consignou ficou convencido que a 1 R tentou 53 2013 55 57 recorrer a v rios meios e medidas para evitar que os ve culos estacionados no Auto Silo fossem inundados mas devido a raz es diversas n o lograram obter xito 2a Face ao exposto somos a concluir como se concluiu na douta senten a ora recorrida relativamente Autora n o logrou aquela alegar e provar os pressupostos da eventual responsabilidade civil extracontratual da 1 R sobretudo quanto obriga o da mesma de praticar algum suposto acto omitido resultante da lei ou de neg cio jur dico ao abrigo do artigo 477 e seguintes especialmente do artigo 479 do C digo Civil de Macau Caindo a responsabilidade da 1 R como evide
9. e disciplinadora sem qualquer contrapartida para al m da disponibiliza o do espa o p blico afecto a uma utiliza o privada Assim que se afigura quase como apod ctico que na segunda e terceira configura o o cidad o tivesse de assumir os riscos directamente advenientes da intemp rie excluindo se como evidente as situa es de uma 53 2013 36 57 inunda o s mediatamente provocada pelo tuf o por ac o ou omiss o dolosa ou negligente de terceiro N o passaria pela cabe a de ningu m nesses casos ir bater porta do Governo a pedir que lhe pagasse o carro que foi levado por uma onda gigante Mas j n o assim na primeira situa o onde suposto que o carro esteja devidamente resguardado onde suposto que essa onda n o entre n o obstante a imprevisibilidade nsita aos fen menos da natureza onde o cidad o paga por algo mais do que aquilo que est contido na situa o interm dia No caso de um parque de estacionamento se o cidad o fica sem o carro resguardado como estava desde logo se interroga sobre o que correu mal de forma a que o dano supostamente prevenido n o tivesse ocorrido E a entronca a dilucida o de quem o respons vel pelo dano ou pela sua n o ocorr ncia Como que se deu a inunda o porqu n o havia drenagem suficiente os esgotos n o foram suficientes o problema foi de ra z de manuten o ou o problema foi imprevis vel e era insuper vel
10. e servi os extraordin rios ap s aprova o do Governo bem como a realiza o de quaisquer outros trabalhos fornecimentos e servi os que nos termos do contrato incumbem sociedade adjudicat ria Come amos ent o a estar em condi es de caracterizar juridicamente a rela o existente entre a A e a 1 R partindo do princ pio de que sempre ser poss vel estabelecer uma rela o que n o se enquadre em qualquer contrato nominado bem podendo estar se perante um contrato at pico inominado ou numa situa o que seja regulada por regimes pertencentes a contratos distintos que numa determinada situa o concreta se fundam e completem 4 1 Nos autos seja para a A o evidenciar primeiro com firmeza na p i depois com alguma tibieza em sede de alega es chegando at mudar de agulha para a loca o seja para o infirmar na tese dos RR refere se como aplic vel ou n o o contrato de dep sito 53 2013 41 57 4 2 Dep sito o contrato pelo qual uma das partes entrega outra uma coisa m vel ou im vel para que a guarde e a restitua quando for exigida como decorre do disposto no art 1111 do CC O contrato de dep sito tem por objecto a cust dia de uma coisa esta a obriga o dominante no neg cio o deposit rio recebe a coisa para a guardar O deposit rio est obrigado a guardar a coisa depositada a avisar imediatamente o depositante quando saiba que algum perigo amea a a coisa em q
11. intelectual resultante da organiza o e distribui o do respectivo espa o incumbindo lhe ainda obriga es acess rias e complementares tal como acima visto destacando se entre elas o dever de manter os servi os de higiene e seguran a bem como a manuten o e a utiliza o dos equipamentos Tudo isto s faz sentido em fun o do servi o prestado aos utentes podendo se afirmar com seguran a que os deveres de seguran a e vigil ncia n o s o restritos aos equipamentos n o sendo estes o fim em si antes o devendo ser em fun o dos utentes e da utiliza o feita por estes daquele espa o naturalmente atrav s das suas viaturas A seguran a das instala es equipamentos pessoas trabalhadores utentes e viaturas n o deixa de ser indissoci vel E se a 1 R n o cumprir esses deveres n o s est a violar o seu dever de servi o p blico para com o Governo com quem contratou a concess o como est a violar o seu dever para com os utentes em fun o dos quais aqueles deveres s o institu dos e que por esse servi o n o deixam de remunerar a entidade exploradora do parque 53 2013 47 57 Assim sendo a responsabilidade que vem assacada 1 r e consequentemente 2 n o poder deixar de ser valorada luz da responsabilidade contratual pelo incumprimento nos termos das regras gerais In casu tendo sido celebrado entre as partes um contrato de presta o de servi os cujo objectivo imediato foi o
12. intensas fez subir a gua do mar a n veis anormais 49 Devido influ ncia do tuf o Hagupit v rias zonas baixas de Macau ficaram excepcionalmente 53 2013 34 57 inundadas dado que o n vel das guas na zona litoral de Macau atingiu n veis muito superiores 4 6m 50 Segundo os registos obtidos junto da Direc o dos Servi os Meteorol gicos e Geof sicos de Macau a mar alta m xima nesse dia foi de 4 6 metros de altura de gua no per odo entre as 02h30 e 03h00 ou seja dois metros superior altura m xima que tinha sido anunciada pelas previs es meteorol gicas 51 A inunda o ocorreu num curto espa o de tempo 52 Fazendo assim com que gua entrasse rapidamente no Auto Silo e se acumulasse na 2 Cave do mesmo 53 O Auto Silo foi projectado e constru do pela Regi o Administrativa Especial de Macau limitando se a 1 R a explorar o silo autom vel nos exactos termos em que este lhe foi entregue 54 55 e 56 NI FUNDAMENTOS 1 O objecto do presente recurso passa pela an lise das seguintes quest es Detec o e tutela dos interesses a tutelar Enquadramento da rela o ou rela es jur dicas em presen a Pressupostos da responsabilidade civil Presun o de culpa pelo incumprimento e sua elis o 2 No caso em presen a pelo curioso se n o caricato da situa o pese embora o seu dramatismo visto o n mero e frequ ncia dos casos em que sinistros desta na
13. o dever de guarda se imp e era o caso do parceiro pensador o pastor devia guardar os animais entregus para serem apascentados o caso do comodat rio que deve guardar e conservar a coisa emprestada o credor pignorat cio que deve guardar e administrar a coisa empenhada Mas em nenhuma dessas situa es tal como acontece na situa o presente e ao contr rio do configurado para o contrato de dep sito a cust dia se prefigura como uma obriga o principal Somos assim for ados a trilhar outro caminho Um caminho que absorva diferentes regimes e reflicta as obriga es efectivamente assumidas com o contrato celebrado 5 Um par ntesis apenas para referir que a hip tese de loca o aventada pela A n o se coaduna com a sua pretens o em termos da responsabiliza o da suposta locadora a 1 R se bem que se lhe reconhe a o m rito de a dita previs o contratual se encaixar bem nas obriga es principais PLe AV ob cit 755 53 2013 45 57 decorrentes de tal contrato dever de propocionar a outrem o gozo tempor rio de uma coisa mediante retribui o Mas n o mais do que isso Por isso sem necessidade de outras considera es nos apartamos dessa tese 6 O facto de o contrato de dep sito se configurar como uma modalidade do contrato de presta o de servi os cfr art 1081 direcciona nos para este tipo de contratos O contrato de presta o de servi os aquele em que uma das partes
14. o do deposit rio do Artigo 1113 do CC 7 O Artigo 1111 do CC deve ser interpretado de tal modo que o deposit rio obriga se a guardar a coisa entregue pelo depositante no sentido de providenciar acerca da sua conserva o material isto mant la no estado em que foi recebida defendendo a dos perigos de subtrac o destrui o ou dano 6 No dep sito de coisas infung veis o deposit rio n o tem o direito de usar a coisa tem o dever de cuidar dela mediante o pagamento de uma retribui o 9 As chaves de um autom vel n o s o essenciais para o desenvolvimento das actividades de vigil ncia e cust dia desse autom vel 10 A conclus o da douta senten a recorrida de que a obriga o contratual assumida pela 1 R perante a A era apenas facultar lhe lugares de estacionamento de ve culos n o condiz nem com a prova produzida nem com o direito constitu do 53 2013 6 57 11 Existe no Auto silo do Terminal Mar timo uma restri o da liberdade contratual com base na situa o de monop lio de facto que imp e uma obriga o de contratar 12 A liberdade de fixa o do conte do dos contratos move se dentro dos limites da lei mas essa liberdade conhece restri es quando as respectivas cl usulas s o de antem o e unilateralmente predispostas por um dos contraentes 13 Os utentes do Auto Silo ficam confinados a uma aceita o ou rejei o pura e simples e em blo
15. sempre teria de ser deduzido ao alegado valor venal 53 2013 24 57 78 Conforme est provado nos autos A 1 R celebrou com a 2 R ora Companhia de Seguros C Macau Company Limited actualmente alterada a sua denomina o social para COMPANHIA DE SEGUROS DA C MACAU S A um contrato de seguro de responsabilidade civil E com vig ncia entre 31 de Dezembro de 2007 e 30 de Dezembro de 2008 cfr doc n 8 junto com a contesta o Al nea R da Mat ria de Facto Assente 79 Atrav s desse contrato titulado pela ap lice n CIM LGP 2007 000629 a 1 R transferiu validam ente para a referida seguradora a sua eventual responsabilidade civil por danos causados a terceiros at ao montante de MOP 1 500 000 00 Al nea S da Mat ria de Facto Assente 80 Ora nos presentes autos a alegada responsabilidade civil da ora Recorrida reporta se a um incidente ocorrido na madrugada de 23 para 24 de Setembro de 2008 pelo que se houvesse in casu qualquer responsabilidade civil da mesma e n o h sempre essa responsabilidade se encontraria transferida para a referida COMPANHIA DE SEGUROS DA C MACAU S A 8l Em suma e porque a quantia indemnizat ria peticionada ainda que inflacionada est abaixo do montante segurado por for a da transfer ncia de responsabilidade sempre seria a Seguradora COMPANHIA DE SEGUROS DA C MACAU S A a respons vel pelo pagamento de qualquer quantia at ao montant
16. tima do dano patrimonial 18 Cria se assim uma situa o de injusti a gerada pelo facto de apenas alguns dos ve culos terem sido danificados devendo esse risco correr por conta de quem tem o 53 2013 7157 controlo efectivo da manuten o das bombas de gua e da localiza o dos lugares de estacionamento 19 Mesmo que se conclua que afinal se trata de uma loca o hor ria do lugar de estacionamento s o obriga es do locador assegurar ao locat rio o gozo da coisa para os fins a que a se destina 20 O contrato celebrado entre a Recorrida e a RAEM n o um contrato de concess o um II contrato para a presta o de servi os 21 As disposi es sobre o mandato s o extensivas com as necess rias adapta es s modalidades do contrato de presta o de servi o que a lei n o regule especialmente 22 O mandat rio se agir em nome pr prio adquire os direitos e assume as obriga es decorrentes dos actos que celebra embora o mandato seja conhecido dos terceiros que participem nos actos ou sejam destinat rios destes 23 As condi es de higiene e de limpeza o bom funcionamento dos equipamentos o funcionamento do sistema de drenagem de guas e das bombas de extrac o das mesmas s o obriga es assumidas pela 1 R perante os utentes do Auto silo em seu pr prio nome 24 A ap lice de seguro subscrita pela 1 R abrange a indemniza o pela perda ou dan
17. 2 Longe v o os tempos do DL 52 87 M de 13 7 entretanto revogado Regulamento Administrativo n 35 2003 e para onde remetia o primitivo Regulamento do auto silo em causa aprovado pela Portaria n 109 94 de 2 de Maio ao considerar os auto silos via p blica para efeitos de responsabilidade civil e criminal e ao fazer excluir a responsabilidade das concession rias por quaisquer danos que ali ocorressem artigos 1 e 2 53 2013 37 57 3 Vamos ent o enquadrar a rela o jur dica que conforma a 1 situa o que mais n o do que aquilo que se passa nos autos n o deixando de se assinalar a especificidade pr pria que decorre do contrato de presta o de servi os entre o Governo e a 1 R no que toca aos servi os de gest o e explora o do auto silo do Terminal Mar timo Como se caracteriza a situa o jur dica que decorre entre a rela o que existe entre a A e a 1 R sendo que a situa o da 2 R est umbilicalmente ligada responsabilidade da 1 A A prop e se estacionar naquele parque e faz a proposta premindo no bot o A 1 R porque tem lugares dispon veis anui e abre a cancela estabelecendo se assim um contrato que permite quela estacionar em qualquer dos lugares dispon veis cabendo A pagar por esse servi o de estacionamento um determinado pre o no momento da sa da de acordo com o tempo de utiliza o Desse contrato resultam deveres e obriga es para ambas as par
18. A Varela para quem o dep sito um contrato real em sentido contr rio Menezes Cordeiro Mas pode haver guarda P Lima e A Varela dizem ser esta a obriga o dominante no neg cio sem entrega materializada num acto de posse e disposi o da coisa Podemos at conceber a exist ncia de uma traditio brevi manu convers o da deten o em posse uma qualquer forma de traditio ficta feita atrav s de documenta o ou traditio loga manu dist ncia por acto significativo dessa transmiss o Mas o certo que tem de haver um acto de entrega e essa n o a encontramos na hip tese vertente com os contornos delineados Encontramos na Jurisprud ncia comparada situa es que parecem reconduzir casos de danos em viaturas parqueadas em garagens ao contrato de dep sito Mas trata se de situa es algo diferentes em que h um acto de entrega e recolha para guarda 1 _ Dtos Reais 73 CCA IL 3 ed 756 Dtos Reais 1979 1005 Ob cit 754 _ Cfr Menezes Leit o Dto das Obriga es III 6 ed 481 5 Acs Da RLx de11 7 80 CJ 1980 4 83 RP de 24 7 80 CJ 1090 4 206 53 2013 44 57 H ainda um outro argumento que nos leva a afastar da op o por este contrato tout court Como vimos a guarda da coisa a obriga o principal no dep sito Outros contratos h por m fora de um quadro alargado de presta o de servi os onde a lei integra o contrato de dep sito em que
19. A que n o estamos perante um contrato de dep sito porque no caso sub judice n o houve uma entrega 53 2013 10 57 efectiva do ve culo da Autora 1 R para que esta o guardasse pelo que nessa medida a 1 R nunca poderia vir a ser responsabilizada pelo alegado incumprimento das obriga es do deposit rio previstas no artigo 1113 do CC B a exclus o da sua responsabilidade contratual por cumprimento das suas obriga es contratuais C a exclus o de qualquer responsabilidade contratual por motivo de for a maior D a transfer ncia da sua responsabilidade para a RAEM e para o caso de assim n o se entender E impugnou o valor peticionado pela Autora por ser manifestamente exagerado e desproporcionado por ltimo a 1 R alegou ainda F a transfer ncia da sua responsabilidade civil para a Interveniente Companhia de Seguros da C Macau S A 6 Realizada a audi ncia de discuss o e julgamento da causa o Merit ssimo Juiz a quo concluiu e bem na senten a ora recorrida que a Autora n o logrou provar nenhum dos factos que alegou para demonstrar a alegada exist ncia de um contrato de dep sito celebrado entre a mesma e a 1 R desde logo como se pode verificar pela mat ria de facto dada por assente nas Al neas C a M da Mat ria de Facto Assente e pela resposta negativa dada pelo Tribunal Colectivo no Ac rd o de 21 de Mar o de 2012 mat ria de facto quesitada sob os Quesitos 3 4
20. Ora os danos advenientes de causa de for a maior n o obrigam a repara o pelo que na hip tese meramente acad mica do recurso da Recorrente vir a ser julgado procedente o que n o se concede a ora Recorrida sempre teria de ser absolvida do pedido formulado pela Recorrente porque os danos em causa foram causados por motivo de for a maior 72 Esta tamb m a conclus o que se pode retirar do disposto no ponto Um da Cl usula Vig sima Oitava do Contrato de Concess o cfr Doc n 1 do qual resulta expressamente que a sociedade adjudicat ria a 1 R n o respons vel por qualquer falta defici ncia ou atraso no cumprimento das suas obriga es contratuais resultante de um caso de for a maior definindo o ponto Dois da referida cl usula que s o considerados casos de for a maior entre outros os tuf es e as inunda es 73 Do exposto podemos concluir que os danos decorrentes de motivo de for a maior resultam obviamente do risco de ser propriet rio e correm exclusivamente por conta dos propriet rios de acordo com a m xima res suo domino perit pelo que uma vez mais 53 2013 23 57 n o poder nunca ser assacada ora Recorrida qualquer responsabilidade pelos danos eventualmente causados pela inunda o no ve culo da Recorrente e como tal dever ser julgado improcedente o recurso interposto pela ora Recorrente devendo manter se a decis o recorrida 74 No caso de se entender que a s
21. Processo n 53 2013 Recurso c vel Relator Jo o Gil de Oliveira Data 25 Abril 2013 ASSUNTOS Parqueamento em auto silo Contrato de dep sito e presta o de servi os Responsabilidade da empresa gestora do parque Danos causados em ve culo por inunda o decorrente de tuf o SUM RIO 1 N o de dep sito o contrato celebrado entre o utente e a empresa gestora de um auto silo na rela o entre ambos existente nem se tratar de uma loca o Materializando se aquela rela o na disponibiliza o de um lugar para estacionamento mediante o pagamento de um determinado pre o em fun o do tempo utilizado para al m de outros deveres antes se configura um contrato at pico de presta o de servi os donde resultam para ambas as partes 53 2013 1 57 determinados deveres principais e acess rios 2 Se em caso de tuf o a viatura de um determinado utente por virtude de fortes inunda es ficar danificada n o por ocorrer uma forte intemp rie que sem mais se eximir a responsabilidade da sociedade concession ria do parque importando antes ver em termos de responsabilidade contratual em termos de culpa se ilidiu a presun o de culpa que sobre ela recai em rela o ao incumprimento dos seus deveres para com os utentes nomeadamente os da manuten o e seguran a do edif cio e dos equipamentos que o devem ser em fun o dos utentes e suas viaturas 3 Se a concession ri
22. a o dos servi os de Gest o e Explora o do Auto Silo do Terminal Mar timo celebrado com a Regi o Administrativa Especial de Macau conforme resulta do Despacho do Secret rio para os Transportes e Obras P blicas n 122 2005 publicado no Boletim Oficial da RAEM n 33 II S rie de 17 8 2005 D A utiliza o e explora o do Auto Silo do Terminal Mar timo do Porto Exterior tamb m designado Silo do Terminal e Auto Silo Pak Lok foi regulamentada atrav s da Portaria n 109 94 M de 2 de Maio publicada no Boletim Oficial n 18 S rie de 2 5 1994 revogada pelo Despacho do Chefe do Executivo n 238 2009 publicado no BO n 27 S rie de 6 de Julho de 2009 E O estacionamento no referido parque processa se do seguinte modo para o p blico em geral ii Os clientes retiram um bilhete entrada do parque ap s o que se abre uma cancela iii Em seguida estacionam o seu autom vel num dos lugares vazios ii Para levantarem o seu autom vel os clientes devem proceder ao pagamento de um pre o determinado por frac o de tempo na caixa que se situa ao n vel do r s do ch o iv Em seguida os clientes dirigem se sua viatura deslocam se sa da do parque introduzem o bilhete numa m quina e a cancela abre se para poderem sair do parque F O Auto Silo explorado pela 1 2 R disp e se de c maras de seguran a vis veis pelo p blico em 53 2013 30 57 geral e pelos clientes do silo G entrada e
23. a prova que fez o que estava ao seu alcance e cumpriu as suas obriga es legais e contratuais quanto manuten o e gest o do referido parque providenciando ainda no sentido de serem minorados ou 53 2013 2 57 prevenidos os danos produzidos por acto devido a facto ac o ou omiss o de terceiro ou da Natureza n o lhe sendo imput vel o seu desencadeamento n o ser responsabilizada pelos danos ocorridos O Relator 53 2013 3 57 Processo n 53 2013 Recurso Civil e Laboral Data 25 Abril 2013 Recorrente A Recorridoas Companhia de Gest o de Parques de B Lda Companhia de Seguros da C Macau S A ACORDAM OS JU ZES NO TRIBUNAL DE SEGUNDA INST NCIA DA R A E M I RELAT RIO 1 A mais bem identificada nos autos intentou no Tribunal Judicial de Base ac o ordin ria contra Companhia de Gest o de Parques de B Limitada sociedade comercial com sede em Macau alegando em s ntese que a A estacionou o seu ve culo dentro do parque explorado pela 1 R tendo confiado que o seu carro ficaria abrigado da intemp rie e que esta mesma guardaria bem o seu ve culo mas depois quando se deslocou ao parque para levantar o seu autom vel veio a constatar que o piso inferior do parque tinha sido inundado e os autom veis estacionados naquele piso ficaram danificados pela gua humidade e lama e porque a 1 R nada fez para evitar o incidente foram causados preju zos A no montante de MOP 348
24. ada nos autos apresento a sua RESPOSTA dizendo em suma I Vem o Recurso a que ora se responde interposto da douta Senten a proferida pelo Tribunal a quo que julgou improcedente a presente ac o ordin ria intentada pela A A contra as RR Companhia de Gest o de Parques de B Limitada e C Macau Company Limited absolvendo as de todos os pedidos 53 2013 26 57 IH A ora Recorrente n o logrou provar nenhum dos factos por si alegados e nos quais sustentava o seu pedido HI Da factualidade apurada nos presentes autos resultou claro que os utentes do auto silo explorado pela 1 R n o lhe entregavam os ve culos para que esta os guardasse e lhos entregasse quando assim fosse solicitado IV As obriga es da 1 R assentes nos autos n o correspondiam a qualquer obriga o assumida com os utentes do Auto Silo mas sim perante a RAEM propriet ria do mesmo conforme estipulado no contrato de concess o celebrado entre as mesmas conforme resulta ali s do ponto 2 da cl usula primeira do contrato junto com a contesta o da 1 R V N o foi provado que fosse dever da 1 R guardar os ve culos estacionados no auto silo mas antes facilitar o acesso ao parque de estacionamento de ve culo e facultar lugares de estacionamento VI Os propriet rios dos ve culos estacionados no auto silo do terminal mar timo retiravam um bilhete entrada do parque de estacionamento em sequ ncia do que se abria u
25. alor do ve culo a A desistiu da repara o do mesmo 25 Provado apenas o teor da al nea L da mat ria de factos assentes 28 Provado apenas o teor da al nea K da mat ria de factos assentes 29 Os utentes do Auto Silo n o entregavam as chaves dos ve culos 1 2 R ou a qualquer empregado desta para os guardar 31 Os funcion rios da 1 R logo que se aperceberam da entrada da gua no Auto Silo pediram aux lio aos Bombeiros Direc o dos Servi os para os Assuntos de Tr fego DSAT ao Corpo de Pol cia de Seguran a P blica CPSP 32 e 33 Devido ao elevado n mero de incidentes registados nesse dia e hora aquelas entidades n o puderam disponibilizar ajuda imediata 34 Os funcion rios da 1 2 R utilizaram todas as bombas dispon veis para extrac o da gua 35 53 2013 33 57 Tentaram igualmente adquirir ou pedir emprestadas mais bombas de extrac o de gua 36 Dada a elevada procura de tais bombas tendo apenas conseguido comprar mais 3 e pedir outras 2 emprestadas 37 N o obstante a 2 Cave do Auto Silo estar equipada com diversas bombas de extrac o de gua no total 8 o certo que n o foi poss vel extrair o grande volume de gua do mar que entrou 38 Ao chegar a uma determinada altura acima do ch o a gua atingiu a caixa de controlo de funcionamento do sistema el ctrico das bombas de gua provocando um curto circuito e fazendo com que estas deixassem
26. as 21 9 N 109 4 E com vento m ximo no centro cerca de 112 km h Hagupit enfraqueceu se rapidamente ap s ter atingido no interior de Guangdong passou para ciclone tropical s 20 horas da noite 22 1 N 108 6 E com vento m ximo no centro reduzido para cerca de 75 km h e dissipando gradualmente disponivel em http www smg gov mo www cvm typhoon fp typhoonmain htm cfr doc n 8 junto com p i N Perante a aproxima o do tuf o a Macau os SMG mandaram i ar os sinais de tempestade tropical na Fortaleza da Guia e na Fortaleza do Monte pela seguinte ordem n 1 s 22 00 horas da noite de 22 9 2008 n 3 s 13 00 horas do dia 23 9 2008 n 8 NE s 19 15 n 8 SE s 3 00 de 24 9 2008 e n 3 entre as 9 30 e as 15 00 horas O A propriedade do ve culo com a matr cula ML 95 32 foi registada a favor da A A com a data de 10 07 2007 conforme consta da c pia do T tulo de Registo de Propriedade P A A estacionou o seu autom vel na 2 Cave daquele silo explorado pela 1 2 R s 12 horas e 10 minutos de 21 de Setembro de 2008 Q A 1 2 R celebrou com a 2 2 R ora Companhia de Seguros C Macau Company Limited actualmente alterada a sua denomina o social para COMPANHIA DE SEGUROS DA C MACAU S A um contrato de seguro de responsabilidade civil E com vig ncia entre 31 de Dezembro de 2007 e 30 de Dezembro de 2008 R Atrav s desse contrato titulado pela ap lice n CIM LGP 2007 000629 a 1 2
27. co sem qualquer alternativa de debate ou se aceitam as cl usulas preestabelecidas ainda por cima sem uma percep o exacta da disciplina global do neg cio ou fica se privado do servi o pretendido 14 O artigo 399 do CC deve ser interpretado de modo a permitir a que a cl usula segundo a qual Recorrida apenas cabia a responsabilidade de facultar o estacionamento de ve culos e n o estava vinculada a nenhuma obriga o de guarda ou protec o de bens dos seus utentes deva ser exclu da quer por falta de acordo contratual sobre a mesma pois n o era conhecida nem cognosc vel pelo aderente quer no plano de uma fiscaliza o pormenorizada do consentimento reputando a de sentido duvidoso e portanto interpret vel equitativamente 15 A presen a e visibilidade de c maras de seguran a e de guardas a instala o de bombas de gua afinal existem apenas para iludir os utentes oferecendo lhes uma falsa ideia de seguran a e profissionalismo do servi o prestado 16 A organiza o dos lugares de estacionamento sua localiza o e gest o do tr fego no interior do silo pertenciam Recorrida 17 Todo o consumidor tem os mesmos direitos que o outro se pagou o mesmo pre o pelo servi o e se alguns ve culos s o danificados por estarem na 2 Cave do estacionamento e outros que ficaram num piso superior est o protegidos das inunda es h uma pequena discrimina o em rela o v
28. de funcionar 40 N o obstante os funcion rios da 1 R terem contactado imediatamente os servi os da CEM a verdade que s lhes foi poss vel resolver esta situa o alguns dias depois 41 Os funcion rios da 1 2 R tentaram contactar telefonicamente todos os propriet rios dos ve culos estacionados no Auto Silo que eram titulares de passe mensal 42 Para os informar do que estava a suceder e pedir lhes para que retirassem os seus ve culos o que alguns deles efectivamente fizeram 43 Em rela o aos propriet rios dos ve culos titulares de bilhetes simples os funcion rios da 1 R tentaram obter informa es sobre os seus contactos telef nicos junto do CPSP 44 Para o efeito facultou ao CPSP uma lista com a matr cula de todos os ve culos estacionados no Auto Silo nessas condi es 45 Quando a 1 R logrou obter essa informa o atrav s das dilig ncias efectuadas j unto do CPSP j se encontrava i ado o sinal n 8 de tempestade tropical e os agentes do CPSP avisaram a 1 R que naquelas condi es atmosf ricas n o era aconselh vel por motivos de seguran a pedir s pessoas que sa ssem de casa para retirar os seus ve culos do Auto Silo 46 Logo que lhes foi poss vel os funcion rios da 1 R tamb m tentaram entrar em contacto com os propriet rios daqueles ve culos 47 Dado que o tuf o Hagupit coincidiu com a mar alta o que aliado aos ventos fortes e s chuvas
29. dispunha no local dos equipamentos considerados normais para escoar as guas numa situa o normal Mas o que poderia fazer mesmo com mais equipamento se a gua era tanta que atingiu a caixa de electricidade o que paralisou a utiliza o das m quinas 10 Podia ela prever a inunda o com tamanho caudal Essa uma pergunta que respeita a todos os interessados nomeadamente aos utentes nos cuidados que qualquer cidad o deve ter face ao i ar do sinal 8 53 2013 53 57 imprevisibilidade do que possa acontecer e imin ncia das inunda es invas o das guas do mar precipita es ventos fortes quedas de objectos e de rvores A quest o pode ser vista sob duas perspectivas Uma numa actua o em termos preventivos anterior aos factos Outra repressiva em termos de combate ac o das for as da natureza Na primeira abordagem h duas vertentes a da entidade que gere o silo a da entidade dona do silo e seu construtor Ent o na primeira vertente o que importa observar identificar se houve alguma falha em termos da manuten o da limpeza do estado dos equipamentos e se foi pela sua falta falha ou avaria que o dano se verificou aqui que n o se identifica ou se identifica e n o se provou a conduta censur vel da 1 R J na segunda vertente se se conclui que a inunda o causadora do dano em termos normais era suscept vel de ocorrer em caso de tuf o se se conclui que o pr
30. e 5 da Base Instrut ria 7 O que efectivamente se provou foi apenas que a utiliza o e explora o do Auto Silo do Terminal Mar timo do Porto Exterior tamb m designado Silo do Terminal e Auto Silo D foi regulamentada atrav s da Portaria n 109 94 M de 2 de Maio publicada no Boletim Boletim Oficial N 18 S rie I de 2 5 1994 revogada pelo Despacho do Chefe do Executivo n 238 2009 publicada no BO n 27 I S rie de 6 de Julho de 2009 cfr doc n 3 e 4 junto com a p i Al nea E da Mat ria de Facto Assente 8 E que ao abrigo do contrato de concess o celebrado entre a 1 R e a RAEM 53 2013 11 57 referido na al nea D da Mat ria de Facto Assente o servi o prestado pela 1 R consistia principalmente em facultar lugares para o estacionamento de ve culos no Auto Silo Al nea I 1 da Mat ria de Facto Assente 9 Tendo se conclu do na senten a ora recorrida que n o se trata a garagem em apre o dum parque de estacionamento privativo nem duma garagem fechada mas antes de um parque de estacionamento p blico 10 Porquanto os utentes do Auto Silo n o entregavam as chaves dos ve culos 1 R ou a qualquer empregado desta para os guardar Resposta ao Quesito 31 da Base instrut ria 11 Por outro lado tamb m se concluiu na senten a ora recorrida que a 1 R n o estava vinculada a nenhuma obriga o de guarda ou protec o de bens dos seus
31. e do capital segurado pela qual a ora Recorrida viesse ou venha a ser eventualmente considerada respons vel a t tulo de repara o pelos danos causados pela inunda o sub judice 62 De resto decorre da ap lice junta aos autos que entre 31 de Dezembro de 2007 e 30 de Dezembro de 2008 e recorde se mais uma vez que a inunda o ocorreu na 53 2013 25 57 madrugada de 23 para 24 de Setembro de 2008 o referido contrato de seguro era v lido e estava em vigor pelo que a eventual responsabilidade da ora Recorrida pelos danos causados pela inunda o foi validamente transferida para a Seguradora Nestes termos entende que o recurso deve ser julgado improcedente por manifestamente infundado devendo em consequ ncia manter se a decis o ora recorrida nos seus precisos termos cautela e sem prescindir no caso do recurso interposto pela recorrente ser julgado n o tendo o Tribunal recorrido conhecido de todas as quest es suscitadas pela ora Recorrida na senten a ora recorrida por as ter considerado prejudicadas pela solu o dada ao lit gio dever o Tribunal de Segunda Inst ncia delas conhecer ao abrigo do disposto no n 2 do artigo 630 do CPC uma vez que disp e de todos os elementos necess rios para o efeito devendo em consequ ncia a presente ac o ser Julgada improcedente por n o provada absolvendo se a 1 R ora recorrente dos pedidos 5 Companhia de Seguros da C Macau S A demand
32. entidades n o puderam disponibilizar ajuda imediata Resposta ao Quesito 34 da Base instrut ria 40 Al m disso os funcion rios da R utilizaram todas as bombas dispon veis para extrac o da gua Resposta ao Quesito 35 da Base instrut ria 4 Tentaram igualmente adquirir ou pedir emprestadas mais bombas de extrac o de gua Resposta ao Quesito 36 da Base instrut ria 42 Por m dada a elevada procura de tais bombas tendo apenas conseguido 53 2013 17 57 comprar mais 3 e pedir outras 2 emprestadas Resposta ao Quesito 37 da Base instrut ria 43 N o obstante a 2 Cave do Auto Silo estar equipada com diversas bombas de extrac o de gua no total 8 o certo que n o foi poss vel extrair o grande volume de gua do mar que entrou Resposta ao Quesito 38 da Base instrut ria 44 Acresce que ao chegar a uma determinada altura acima do ch o a gua atingiu a caixa de controlo de funcionamento do sistema el ctrico das bombas de gua provocando um curto circuito e fazendo com que estas deixassem de funcionar Resposta ao Quesito 40 da Base instrut ria 45 N o obstante os funcion rios da 1 R terem contactado imediatamente os servi os da CEM a verdade que s lhes foi poss vel resolver esta situa o alguns dias depois Resposta ao Quesito 41 da Base instrut ria 46 Como se n o bastasse os funcion rios da Recorrida tudo fizeram para entrar em contacto c
33. erdade que s lhes foi poss vel resolver esta situa o alguns dias depois Os funcion rios da 1 R tentaram contactar telefonicamente todos os propriet rios dos ve culos estacionados no Auto Silo que eram titulares de passe mensal para os informar do que estava a suceder e pedir lhes para que retirassem os seus ve culos o que alguns deles 53 2013 51 57 efectivamente fizeram Em rela o aos propriet rios dos ve culos titulares de bilhetes simples os funcion rios da 1 R tentaram obter informa es sobre os seus contactos telef nicos junto do CPSP Para o efeito facultou ao CPSP uma lista com a matr cula de todos os ve culos estacionados no Auto Silo nessas condi es Quando a 1 R logrou obter essa informa o atrav s das dilig ncias efectuadas junto do CPSP j se encontrava i ado o sinal n 8 de tempestade tropical e os agentes do CPSP avisaram a 1 R que naquelas condi es atmosf ricas n o era aconselh vel por motivos de seguran a pedir s pessoas que sa ssem de casa para retirar os seus ve culos do Auto Silo Mas logo que lhes foi poss vel os funcion rios da 1 R tamb m tentaram entrar em contacto com os propriet rios daqueles ve culos A inunda o ocorreu num curto espa o de tempo Por outro lado n o se provou ao contr rio do sustentado pela A que Tendo a Autora confiado na 1 R acreditando que estacionado dentro do silo explorado pela 1 R
34. erposto 53 2013 20 57 pela ora Recorrente confirmando se a senten a ora recorrida 59 Mesmo que tivesse ocorrido por parte da ora Recorrida incumprimento das suas obriga es contratuais o que n o sucedeu ainda assim a eventual culpa da ora Recorrida ficaria desde logo exclu da por o evento lesivo ser devido a caso de for a maior 60 Pois como no modesto entendimento da ora Recorrida se demonstrou ao contr rio do que alega a Recorrente nas suas Alega es de recurso a inunda o ocorrida no Auto Silo nunca poderia ter sido evitada pela Recorrida fossem quais fossem as medidas que tivesse tomado ou devesse ter tomado e na verdade tomou pois a inunda o ocorrida ficou a dever se conjuga o de diversos factores naturais 61 Com efeito nessa noite ocorreu a passagem do tuf o Hagupit ao largo de Macau o qual na madrugada do incidente chegou a atingir o n vel 8 de tempestade tropical provocando ventos fortes e chuvas torrenciais Al neas N e O da Mat ria de Facto Assente 62 Devido influ ncia do tuf o Hagupit v rias zonas baixas de Macau ficaram excepcionalmente inundadas dado que o n vel das guas na zona litoral de Macau atingiu n veis muito superiores 4 6m Resposta ao Quesito 50 da Base instrut ria 63 Segundo os registos obtidos junto da Direc o dos Servi os Meteorol gicos e Geof sicos de Macau a mar alta m xima nesse dia foi de 4 6 metros de altura de gua n
35. eto e potencial Ou Se ficou a dever a uma qualquer causa estrutural de concep o e constru o do silo Ou se era de todo insuper vel ou suscept vel de ser prevenida pelo menos quanto aos seus efeitos Anota se o facto de ficarmos sem saber para al m de que a inunda o proveio da subida do n vel das guas do mar por onde e de que forma que entrou no silo e por que raz o n o foi escoada Duas quest es t o singelas mas se afiguram deveras importantes quanto ao deslindamento de responsabilidades e s o a prova de que por vezes muito se fala muito se escreve e pouco se acerta Imaginemos que a gua entrou por um buraco que n o estava tapado pela porta de entrada galgando os drenos que estavam entupidos e se acumulou porque o sistema de escoamento n o deu resposta ou porque estava entupido S assim seria poss vel apurar o que se passou o que falhou no limite integrar ou excluir uma situa o de caso de for a maior excludente da responsabilidade 8 Vem peticionada a responsabilidade das r s em termos de responsabilidade contratual certo que tendo resultado dessa inunda o danos 53 2013 49 57 na viatura da A a viola o do seu direito de propriedade sobre esse bem tamb m poderia fundamentar a interven o do instituto da responsabilidade extracontratual Enquanto a responsabilidade civil de natureza contratual resulta da viola o de um direito de cr dito a extracontratual tem origem na viola
36. ia apenas por raz es de seguran a geral das instala es e no interesse exclusivo da 1 R essa tarefa de vigia n o correspondia a qualquer obriga o contratual assumida pela 1 R com os utentes do Auto Silo 22 Como tamb m n o cabia 1 R ora Recorrida assegurar a limpeza e seguran a dos ve culos nem constitu a sua obriga o contratual responder perante os utentes do Auto Silo por perdas danos ou acidentes que os ve culos estacionados nas suas instala es pudessem eventualmente sofrer 23 Por sua vez dentro das obriga es da 1 R al m do dever principal de facultar lugares para o estacionamento de ve culos cabia lhe ainda assegurar a preserva o e operacionalidade dos equipamentos bem como a conserva o manuten o limpeza e higiene das instala es do Auto Silo mas n o obviamente em rela o aos ve culos 24 Com efeito ao contr rio do que alega a Recorrente nas suas Alega es de recurso estas tarefas n o correspondiam a qualquer obriga o contratual assumida pela 1 R ora Recorrida com os utentes do Auto Silo mas sim perante a propriet ria do Auto Silo a RAEM conforme estabelecido no ponto Dois da Cl usula Primeira do Contrato de Concess o 53 2013 14 57 junto aos autos como Doc n 1 da Contesta o 25 Atento o supra exposto bem andou o Julgador ao concluir na decis o ora recorrida que na verdade n o estamos perante um contrato de dep sito
37. ifica o acidental de ve culos autom veis pertencentes ao p blico enquanto estiverem estacionados em qualquer estacionamento detido ou operado ou gerido pela 1 R 25 Ainda que se entenda que a obriga o da 1 R fosse uma mera obriga o de meios esta que tinha o dom nio sobre o modo de realiza o da presta o devendo aplicar se a presun o de culpa deve lhe caber o nus da prova de que actuou sem culpa e que a falha de cumprimento e os consequentes danos no autom vel se ficaram a dever a uma causa externa por exemplo facto de terceiro ou culpa do lesado 26 O Artigo 7887 1 do C digo Civil deve ser interpretado no sentido em que nas obriga es de meios o devedor prometer adoptar certas medidas com vista obten o de um certo resultado Ao credor incumbe a prova da exist ncia da obriga o e ao devedor incumbe a prova de cumpriu tal medidas sendo que na aus ncia de prova do cumprimento de tais medidas se presume a culpa 53 2013 8 57 27 A 1 R n o provou nem que as bombas de gua n o tinham por fun o a extrac o de gua resultante de inunda es tal modo invulgar e imprevis vel descrita nos autos nem que n o tinha controlo sobre as caracter sticas do local ou a falha no sistema de escoamento de guas do silo autom vel 28 A inunda o ocorrida no Auto Silo do Terminal Mar timo do Porto Exterior n o foi corrigida pelas bombas de gua e essas b
38. igiar ou guardar os ve culos que se encontravam nas suas instala es 16 Ali s nem poderia estar porque o acesso das pessoas ao Auto Silo era e continua a ser livre 17 N o se tratava dum parque de estacionamento privativo nem duma garagem fechada mas antes de um parque de estacionamento p blico 18 A confirmar este entendimento refira se o n 1 do artigo 1 do Regulamento do Auto Silo onde se diz expressamente que o silo situado junto do Terminal Mar timo do Porto Exterior um parque de estacionamento p blico constitu do por 1 e 2 caves conforme resulta do Doc n 3 junto pela Autora com a sua Peti o Inicial sublinhado nosso 19 No caso concreto qualquer ocorr ncia que afectasse os ve culos autom veis durante o estacionamento no Auto Silo corria por conta e risco dos propriet rios dos ve culos de resto semelhan a do que sucede quando os ve culos se encontram estacionados na via 53 2013 13 57 p blica 20 Isso mesmo o que vem expressamente consagrado nas normas e condi es de utiliza o do Auto Silo afixadas nos acessos ao mesmo e junto aos locais de cobran a de tarifas pelo que os utentes do Auto Silo deviam conhecer e respeitar escrupulosamente essas regras 21 Apesar das instala es da 1 R ora Recorrida disporem de um sistema de videovigil ncia e de terem permanentemente um funcion rio no local esse sistema de videovigil ncia exist
39. ilidade contratual por motivo de for a maior D a transfer ncia da sua responsabilidade para a RAEM e para o caso de assim n o se entender E a impugna o do valor peticionado pela Autora por ser manifestamente exagerado e desproporcionado e por ltimo F a transfer ncia da sua responsabilidade civil para a Interveniente Companhia de Seguros da C Macau S A 53 2013 16 57 35 Seo recurso interposto pela ora Recorrente vier a ser julgado procedente o Tribunal ad quem ao abrigo do disposto no referido normativo dever conhecer essas quest es e pronunciar se sobre as mesmas no mbito do presente recurso 36 Assim ainda que se entendesse que estamos perante um contrato de dep sito que n o estamos como bem se constatou na senten a ora recorrida o certo que tamb m se provou que n o houve qualquer incumprimento por parte da ora Recorrida das obriga es contratuais 37 Porquanto como a pr pria Recorrente tamb m reconhece nas suas Alega es de recurso a Recorrida tudo fez para evitar o sucedido 38 Com efeito os funcion rios da 1 R logo que se aperceberam da entrada da gua no Auto Silo pediram aux lio aos Bombeiros Direc o dos Servi os para os Assuntos de Tr fego DSAT ao Corpo de Pol cia de Seguran a P blica CPSP Resposta aos Quesitos 32 e 33 da Base instrut ria 39 Sucede que devido ao elevado n mero de incidentes registados nesse dia e hora aquelas
40. incidiu com a mar alta o que aliado aos ventos fortes e s chuvas intensas fez subir a gua do mar a n veis anormais Fazendo assim com que a gua entrasse rapidamente no Auto Silo e se acumulasse na 2 Cave do mesmo Os funcion rios da 1 R logo que se aperceberam da entrada da gua no Auto Silo pediram aux lio aos Bombeiros Direc o dos Servi os para os Assuntos de Tr fego DSAT ao Corpo de Pol cia de Seguran a P blica CPSP Sucede que devido ao elevado n mero de incidentes registados nesse dia e hora aquelas entidades n o puderam disponibilizar ajuda imediata Al m disso os funcion rios da R utilizaram todas as bombas dispon veis para extrac o da gua Tentaram igualmente adquirir ou pedir emprestadas mais bombas de extrac o de gua Por m dada a elevada procura de tais bombas tendo apenas conseguido comprar mais 3 e pedir outras 2 emprestadas N o obstante a 2 Cave do Auto Silo estar equipada com diversas bombas de extrac o de gua no total 8 o certo que n o foi poss vel extrair o grande volume de gua do mar que entrou Acresce que ao chegar a uma determinada altura acima do ch o a gua atingiu a caixa de controlo de funcionamento do sistema el ctrico das bombas de gua provocando um curto circuito e fazendo com que estas deixassem de funcionar N o obstante os funcion rios da 1 R terem contactado imediatamente os servi os da CEM a v
41. io n o est subordinado s ordens ou direc o do dono da coisa A coisa deve ser restitu da ao depositante ou aos seus sucessores devidamente habilitados e n o a terceiros Do lado do depositante obriga se este ao pagamento da retribui o art 1125 al a do CC tratando se de dep sito oneroso O deposit rio goza em rela o a este cr dito do direito de reten o sobre a coisa depositada O depositante obrigado a indemnizar o deposit rio pelos preju zos sofridos em consequ ncia do dep sito salvo se aquele houver procedido sem culpa Esta restri o p e em relevo a circunst ncia de os preju zos deverem em princ pio correr por conta do deposit rio com risco do pr prio neg cio Para garantia destas obriga es goza tamb m o deposit rio do direito de reten o art 745 n 1 al e do CC 4 3 Face ao regime acima descrito na sua globalidade em tra os largos somos a pronunciarmo nos no sentido de que n o nos encontramos perante um contrato de dep sito tout court Do artigo 1111 do CC retira se a necessidade de uma entrega real 53 2013 43 57 N o havendo entrega dir se que n o h dep sito Mas que tipo de entrega Em termos reais n o havendo traditio manu ou entrega das chaves elementos que podem corporizar a entrega em sentido real dir se que n o h dep sito Daqui emerge a querela sobre a natureza real do dep sito em sentido afirmativo Mota Pinto Pires de Lima e
42. itua o objecto dos presentes autos n o constitui um caso de for a maior e que a inunda o ficou a dever se s caracter sticas do local ou falha do sistema de escoamento de guas do silo autom vel o que apenas se concebe por dever de patroc nio cumpre ent o ainda dizer que conforme a ora Recorrida alegou e provou o Auto Silo foi projectado e constru do pela Regi o Administrativa Especial de Macau limitando se a Recorrida a explorar o silo autom vel nos exactos termos em que este lhe foi entregue Resposta aos Quesitos 54 55 e 56 da Base instrut ria 8 p 75 Pelo que salvo o devido respeito n o lhe poder ser assacada qualquer responsabilidade por qualquer eventual defeito na sua concep o e ou constru o ou pela quantidade ou qualidade dos seus equipamentos porquanto tal responsabilidade teria que ser imputada ao dono da obra neste caso RAEM ou em alternativa ao seu empreiteiro Em qualquer dos casos sempre ficaria exclu da a responsabilidade da ora Recorrida 76 A cautela e sem prescindir a Recorrida impugna os danos alegados pela Recorrente porquanto o valor venal do seu ve culo autom vel n o igual na data da sua aquisi o e 1 ano e 9 meses depois 77 Acresce que a ora Recorrente n o alegou muito menos provou quais eram as partes do seu ve culo autom vel que necessitavam de ser reparadas e qual o montante das despesas de repara o bem como o valor dos salvados o qual
43. ma cancela que lhes dava acesso ao interior do parque estacionavam os seus ve culos num dos lugares destinados para o efeito mantinham sempre as chaves dos ve culos consigo e limitavam se ao pagamento de uma taxa de utiliza o sa da do parque sem que tivessem necessidade de exigir a sua viatura a ningu m porquanto a mesma estava totalmente na sua disponibilidade VII Para que se pudesse falar em dep sito era necess rio a entrega efectiva do bem dado em dep sito para que o deposit rio o guardasse tratando se de um carro essa entrega teria necessariamente de passar pela entrega das chaves 53 2013 27 57 VIII A entrega efectiva do bem elemento essencial para a qualifica o de determinado contrato como um contrato de dep sito IX Sem entrega n o h guarda e sem guarda n o h dep sito X Nunca poderia a 1 R guardar o autom vel sem que lhe tivesse sido dado o controlo efectivo do mesmo XI N o pode aquele que n o entrega o controlo efectivo de determinado objecto a outrem pedir responsabilidade sobre a salvaguarda do mesmo XII A Autora ora Recorrente n o comprovou a exist ncia de um contrato de dep sito celebrado entre a A e a 1 R nem provou que sobre esta pendia alguma obriga o de meios ou de resultado XIII Ainda que se pudesse entender que sobre a 1 R impendia uma qualquer obriga o de meios ou de resultado ficou sobejamente comprovado que aquela cumpriu cabalmente a
44. mem m dio tudo tendo feito para evitar os danos que ocorreram no veiculo da Autora XX Em face da factualidade provada est exclu da a responsabilidade da 1 R pelos estragos ocorridos na viatura da Autora XXI Consequentemente estando exclu da a responsabilidade da 1 R est tamb m exclu da a responsabilidade da ora Recorrida seguradora com quem a 1 R celebrou o contrato de seguro de responsabilidade civil titulado pela ap lice n CIM LGP 2007 000629 e nos termos do qual a 1 R transferiu para a Seguradora a sua eventual responsabilidade civil por danos causados a terceiros at ao montante de MOP 1 500 000 00 XXII Em face da mat ria de facto provada e n o provada nos presentes autos a Recorrente carece totalmente de raz o quer no plano dos factos quer no plano do Direito 53 2013 29 57 nada podendo ser apontado aludida decis o que dever ser a final confirmada II FACTOS V m provados os seguintes factos A 1 R uma sociedade comercial por quotas regularmente constitu da e registada A O objecto social da 1 R gest o de parques de estacionamento conforme resulta da certid o da Conservat ria do Registo Comercial B Na prossecu o do seu fim social a 1 2 R entre outras actividades dedica se gest o e explora o do Auto Silo do Terminal Mar timo C A 1 2 R presta os servi os mencionados no artigo anterior no mbito de um Contrato para a prest
45. nte cair a responsabilidade da 2 R para quem aquela transferira a sua responsabilidade por via do contrato de seguro entre ambas celebrado Atento o supra exposto n o deixar de ser julgado improcedente o recurso interposto pela ora recorrente confirmando se a douta senten a ora recorrida IV DECIS O Pelas apontadas raz es acordam em negar provimento ao recurso confirmando a decis o recorrida Custas pela recorrente 53 2013 56 57 Macau 25 de Abril de 2013 Jo o Augusto Gon alves Gil de Oliveira Relator Ho Wai Neng Primeiro Juiz Adjunto Jos C ndido de Pinho Segundo Juiz Adjunto 53 2013 57 57
46. nten a de fls 423 a 431 dos autos que julgou improcedente a ac o e em consequ ncia absolveu a R Companhia de Gest o de Parques de B Limitada ora Recorrida dos pedidos formulados pela Autora A ora Recorrente 2 Pese embora o maior respeito que nos merece opini o diversa a decis o recorrida n o padece de qualquer ilegalidade ou de qualquer um dos v cios invocados pela Recorrente nas suas Alega es pelo que n o merecendo qualquer reparo dever ser mantida nos seus exactos termos 3 D se aqui por integralmente a decis o da mat ria de facto proferida pelo Tribunal Colectivo no Ac rd o de 21 de Mar o de 2012 4 Para fundamentar a sua pretens o a Autora alegou em suma que celebrou um contrato de dep sito com a 1 R nos termos do qual esta se comprometeu mediante o pagamento de uma retribui o a guardar o autom vel da Autora e a entregar lho quando esta assim o desejasse e que entre as obriga es da 1 R no mbito do referido contrato de dep sito cabia o dever de avisar a Autora de algum perigo que pudesse amea ar a coisa depositada concluindo que a 1 R deveria ser respons vel pelos danos causados no seu ve culo autom vel em consequ ncia da inunda o ocorrida no Auto Silo explorado pela 1 R nos termos das disposi es conjugadas dos artigos 479 787 788 e 1113 do C digo Civil CC 5 Por seu turno na sua contesta o a 1 R alegou em suma
47. ntitulada Aviso de storm surge conforme Doc n 7 junto com a Contesta o da 1 R ora Recorrida 68 Note se que foi na sequ ncia da referida Ordem Executiva que veio a ser publicado o Despacho do Chefe do Executivo n 238 2009 supra melhor identificado no artigo 18 do presente articulado que aprovou o novo Regulamento do Auto Silo no qual se diz expressamente no Artigo 1 n 6 da parte relativa s Condi es de utiliza o cfr Doc n 4 junto pela Autora com a sua Peti o Inicial que Quando estiver i ado o sinal n 1 de tempestade tropical ou emitido o aviso de storm surge de Grau 1I Amarelo encerrada imediatamente a 2 Cave quando estiver i ado o Sinal n 3 ou superior de tempestade tropical ou emitido o aviso de storm surge de Grau 2 Vermelho ou superior encerrado 53 2013 22 57 imediatamente o auto silo mas os utentes ainda podem durante o per odo de encerramento retirar os seus ve culos a estacionados 69 Ou seja foi o pr prio Governo da RAEM a reconhecer que numa situa o como a descrita nos presentes autos n o poss vel evitar a inunda o pelo que a nica medida de seguran a que prev o encerramento do Auto Silo 70 Assim fica sobejamente demonstrado que estamos perante um exemplo t pico de um caso de for a maior atenta a gravidade e raridade dos fen menos naturais que provocaram a inunda o objecto dos presentes autos 7I
48. o per odo entre as 02h30 e as 03h00 ou seja dois metros superior altura m xima que tinha sido anunciada pelas previs es meteorol gicas Resposta ao Quesito 51 da Base instrut ria 64 Dado que o tuf o Hagupit coincidiu com a mar alta o que aliado aos ventos fortes e s chuvas intensas fez subir a gua do mar a n veis anormais Resposta ao Quesito 53 2013 21 57 49 da Base instrut ria 65 Fazendo assim com que a gua entrasse rapidamente no Auto Silo e se acumulasse na 2 Cave do mesmo Resposta ao Quesito 53 da Base instrut ria 66 Por todo o exposto podemos concluir que as inunda es causadas pela passagem do tuf o Hagupit ao largo de Macau foram absolutamente excepcionais e ficaram a dever se a um conjuga o rara de fen menos naturais adversos resultantes da coincid ncia entre o estado da mar alta e a subida do n vel das guas provocada pelo tuf o 67 Tanto assim que na sequ ncia deste tuf o devastador foram desenvolvidas pelas respectivas entidades competentes nomeadamente pela DSSOPT pela DSAT e pela Direc o dos Servi os Meteorol gicos de Macau diversas medidas de conting ncia nos auto silos de subsolo situados ao longo de toda a zona litoral da RAEM com vista a minimizar para o futuro o eventual impacto causado por este tipo de calamidade sendo certo que um exemplo concreto dessas medidas esta patente na publica o da Ordem Executiva n 15 2009 de 2 de Abril i
49. ojecto concep o e constru o do auto silo fosse pela sua exposi o proximidade falta de capacidade de drenagem n o era seguro de forma a evitar o ocorrido ent o a estaremos perante um eventual caso de responsabilidade extra contratual que n o pode aqui ser dirimido n o vindo sequer a quest o colocada nesses termos N o sem que se deixe de observar que j depois dessa data em 2009 porventura na sequ ncia deste e doutos casos a Administra o passou a alertar para os perigos de estacionamento em auto silos subterr neos em caso de tuf o 53 2013 54 57 e elaborou o novo Regulamento daquele auto silo no qual se diz expressamente no artigo 1 n 6 da parte relativa s Condi es de utiliza o cfr doc n 4 junto pela A com a sua p i que Quando estiver i ado o sinal n 1 de tempestade tropical ou emitido o aviso de storm surge de Grau Amarelo encerrada imediatamente a 2 Cave quando estiver i ado o Sinal n 3 ou superior de tempestade tropical ou emitido o aviso de storm surge de Grau 2 Vermelho ou superior encerrado imediatamente o auto silo mas os utentes ainda podem durante o per odo de encerramento retirar os seus ve culos a estacionados Z E assim o pr prio Governo da RAEM a reconhecer que numa situa o como a descrita nos presentes autos n o poss vel evitar a inunda o pelo que a nica medida de seguran a que prev o encerramento
50. om os propriet rios dos ve culos que nessa noite se encontravam estacionados no Auto Silo 47 Com efeito ficou provado que os funcion rios da 1 R tentaram contactar telefonicamente todos os propriet rios dos ve culos estacionados no Auto Silo que eram titulares de passe mensal para os informar do que estava a suceder e pedir lhes para que retirassem os seus ve culos o que alguns deles efectivamente fizeram Resposta aos Quesitos 42 e 43 da Base instrut ria 48 Em rela o aos propriet rios dos ve culos titulares de bilhetes simples os funcion rios da 1 R tentaram obter informa es sobre os seus contactos telef nicos junto do CPSP Resposta ao Quesito 44 da Base instrut ria 53 2013 18 57 49 Parao efeito facultou ao CPSP uma lista com a matr cula de todos os ve culos estacionados no Auto Silo nessas condi es Resposta ao Quesito 45 da Base instrut ria 50 Quando a 1 R logrou obter essa informa o atrav s das dilig ncias efectuadas junto do CPSP j se encontrava i ado o sinal n 8 de tempestade tropical e os agentes do CPSP avisaram a 1 R que naquelas condi es atmosf ricas n o era aconselh vel por motivos de seguran a pedir s pessoas que sa ssem de casa para retirar os seus ve culos do Auto Silo Resposta ao Quesito 46 da Base instrut ria 51 Mas logo que lhes foi poss vel os funcion rios da 1 R tamb m tentaram entrar em contacto com os p
51. ombas de extrac o de gua n o funcionaram porque a pr pria gua as danificou 29 Assim A R n o provou que o equipamento instalado no auto silo n o fosse adequado nem provou que estava fora do seu alcance a solu o das falhas no sistema de escoamento de guas 30 O que est em causa n o saber se as inunda es poderiam ter sido evitadas pela R mas apenas saber se a R tudo fez para evitar os danos no ve culo da Autora 31 Pedia se R que impedisse a entrada das chuvas na cave subterr nea do silo por si explorado ou para o caso de n o conseguir impedir a entrada da gua que assegurasse o funcionamento das bombas de extrac o quando elas s o precisas ou seja quando h inunda es 32 A falha de oito bombas de extrac o de gua por efeito de gua proveniente de uma inunda o imput vel R que tinha o dever de manuten o dessas mesmas bombas 33 A douta senten a recorrida deveria ter fixado Recorrente uma indemniza o em dinheiro da responsabilidade solid ria de ambas as R s 34 Normas jur dicas violadas as dos Artigos 8 1 399 787 788Y1 11069 1111 11139 1125 do C digo Civil Termos em que pugna pela proced ncia do recurso 4 COMPANHIA DE GEST O DE PARQUES DE B LIMITADA apresentou as suas CONTRA ALEGA ES o que fez 53 2013 9 57 dizendo serem conclus es o seguinte 1 Vem o presente recurso interposto da se
52. parqueamento do ve culo da A e acessoriamente a guarda e seguran a do mesmo importa analisar se a prestadora do servi o n o ilidiu a presun o de culpa nos termos do artigo 788 n 1 do C digo Civil tendo se por culposo o seu incumprimento sendo que o devedor que falta culposamente ao cumprimento da sua obriga o torna se respons vel pelo preju zo que causa ao devedor art 787 do CC N o referindo a lei o crit rio de dilig ncia com que deve ser guardada a coisa depositada a quest o tem de ser solucionada com o princ pio geral fixado nos artigos 480 n 2 e 788 n 2 do C digo Civil que atendem dilig ncia em abstracto do bom pai de fam lia e n o culpa em concreto ao grau normal ou habitual de dilig ncia do agente ou do devedor 7 Posto isto des amos ao concreto e vejamos a conduta concreta desenvolvida pela 1 R de forma a observar se logrou afastar aquela presun o de culpa que sobre si reca a Ou Se n o obstante a ocorr ncia de uma inunda o de grandes propor es ainda que na decorr ncia de um tuf o muito agressivo num dos pisos de um parque de estacionamento onde a A parqueara a sua viatura se n o 53 2013 48 57 constitui a viola o de um dever acess rio de seguran a dos bens geradora da reponsabilidade contratual da 1 R Ou Se tendo esta feito o que podia e devia aquela inunda o se ficou a dever a outra causa exclu da do seu mbito de actua o concr
53. r que ainda que a eventual responsabilidade civil da 1 R pudesse ser de natureza extracontratual por factos il citos cujo princ pio geral estabelecido pelo artigo 477 n 1 do C digo Civil cabia Autora ora Recorrente o nus da prova dos factos que integram os pressupostos dessa eventual responsabilidade civil extracontratual atento o disposto nos artigos 335 e 480 do mencionado diploma legal e que conforme resulta do referido artigo 477 do C digo Civil consistem na viola o de um direito ou interesse alheio na ilicitude no v nculo de imputa o do facto ao agente na exist ncia de um dano e no nexo de causalidade entre o facto e o dano A Varela Obriga es 356 57 Por m n o tendo a Autora ora Recorrente alegado e provado nenhum dos referidos pressupostos nunca poderia ser assacada ora Recorrida qualquer responsabilidade civil extracontratual nesses termos tendo se conclu do isso mesmo na senten a ora recorrida onde se refere expressamente que relativamente Autora n o logrou aquela alegar e provar os pressupostos da eventual responsabilidade civil extracontratual da 1 R sobretudo quanto obriga o da mesma de praticar algum suposto acto omitido resultante da lei ou de neg cio jur dico ao abrigo do artigo 477 e seguintes especialmente do artigo 479 do C digo Civil de Macau 58 Atento o supra exposto dever ser julgado improcedente o recurso int
54. ropriet rios daqueles ve culos Resposta ao Quesito 47 da Base instrut ria 52 Do exposto facilmente se pode concluir que n o obstante no modesto entendimento da ora Recorrida a isso n o estar obrigada a 1 R tudo fez para minimizar os danos nos ve culos estacionados no Auto Silo causados pela inunda o 53 Exceptuando o caso dos titulares de passe mensal que tinham disponibilizado essa informa o no formul rio de inscri o a Recorrida n o dispunha como n o disp e dos n meros de telefone dos demais utentes do Auto Silo nomeadamente do da ora Recorrente sendo certo que n o poderia constituir obriga o contratual da ora Recorrida avisar os seus utentes atrav s dos meios de comunica o social como sugeriu a Recorrente na sua peti o inicial pois o seu cumprimento ficaria dependente de uma terceira entidade 54 Por outro lado como se provou a inunda o ocorreu num curto espa o de tempo Resposta ao Quesito 52 da Base instrut ria inutilizando assim os esfor os levados a cabo pela ora Recorrida para minorar os estragos que vieram a ocorrer 53 2013 19 57 55 Foi por toda a factualidade provada nos autos que o Tribunal Colectivo ficou convencido que a 1 R tentou recorrer a v rios meios e medidas para evitar que os ve culos estacionados no Auto Silo fossem inundados mas devido a raz es diversas n o lograram obter xito uu 56 cautela sempre se di
55. s conven es redigidas pelas partes s o frequentes vezes omissas Por outro lado a lei aproveita o esquema negocial t pico do contrato nominado para fixar as normas imperativas 53 2013 5 57 ditadas pelos princ pios b sicos do sistema As normas dispositivas inspiram se em larga medida na vontade presuntiva das partes Mas n o deixam de reflectir ainda o pensamento da lei sobre as solu es que num plano puramente objectivo se afiguram mais justas mais criteriosas mais razo veis ou convenientes 3 O Artigo 399 do C digo Civil deve ser interpretado no sentido de que sempre que na conven o celebrada entre as partes se instale um dos esquemas ou modelos previstos na lei e as cl usulas acrescentadas pelas partes n o destruam o n cleo essencial do seu acordo nem lhe aditem outro dos esquemas legalmente autonomizados o contrato continuar a pertencer ao tipo correspondente a esse esquema 4 O contrato de dep sito tem por objecto a guarda cust dia de uma coisa 5 A 1 R tinha obriga o de facultar lugares de estacionamento de ve culos como tamb m tinha como obriga es um dever de vigil ncia sobre as instala es e sobre os ve culos nelas estacionados 6 As obriga es assumidas pela Recorrente foram semelhantes s da defini o do depositante nos termos do disposto no artigo 1125 do C digo Civil e as obriga es assumidas pela 1 R foram semelhantes quelas da defini
56. s suas obriga es XIV A culpa apreciada pela dilig ncia de um bom pai de fam lia em face das circunst ncias do caso XV Dos factos provados resulta que o facto danoso em discuss o nos autos ou seja a gua que em propor es anormais entrou no silo e o inundou num curso espa o de tempo tendo provocando danos no ve culo da Recorrente integra o conceito de for a maior XVI Na esteira do Ilustre Professor Almeida Costa o caso de for a maior tem subjacente a ideia de inevitabilidade ser todo o acontecimento natural ou ac o humana que embora previs vel ou at prevenido n o se p de evitar nem em si mesmo nem as suas 53 2013 28 57 consequ ncias Vide ALMEIDA COSTA em Direito das obriga es p g 941 da 6 ed da Livraria Almedina XVII A anormalidade dos acontecimentos daquela noite justifica por si s que seja desculp vel que as bombas de gua tenham deixado de funcionar sem que a R pudesse fazer fosse o que fosse para o impedir XVII Os funcion rios da 1 R tudo fizeram para minimizar os efeitos daqueles acontecimentos XIX Qualquer presun o de culpa que eventualmente pudesse recair sobre a 1 R na eventualidade de qualificar o contrato como sendo de dep sito ou de loca o ou outro est ilidida pela demonstra o de que o facto lesivo integra o conceito de for a maior e a 1 R actuou com a dilig ncia e zelo que era exig vel em termos de padr o de ho
57. se obriga a proporcionar outra um certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual com ou sem retribui o art 1080 do CC aplicando se lhe o regime do mandato com as necess rias adapta es sempre que a lei n o o regule especialmente art 1082 do CC O contrato de presta o de servi os n o se esgota nas modalidades espec ficas do mandato dep sito e empreitada podendo ter vida aut noma constituindo uma figura mais ampla assumindo se assim como um contrato at pico Ora embora o contrato de dep sito n o se enquadre exactamente na situa o presente se a perspectivarmos com a amplid o gen rica consentida pelo art 1080 do CC n o dif cil configurar uma situa o a enquadr vel na medida em que a C de Gest o de Parques concession ria adjudicat ria de um servi o p blico n o interessa ao caso a qualifica o rigorosa desta qualidade no caso particular que nos ocupa n o h d vida que dentro do quadro contratual e legal acima escalpelizado a 1 R aprestou se a fornecer A um 7 Menezes Leit o ob cit 429 53 2013 46 57 servi o apodado de p blico que se traduzia na disponibiliza o de um espa o em edif cio pr prio edificado para o efeito para fins de estacionamento por um determinado per odo mediante uma contrapartida retributiva desse servi o de natureza pecuni ria Essa disponibiliza o n o deixa de traduzir a realiza o de um trabalho manual e
58. te cautela no caso do recurso interposto pela ora Recorrente vir a ser julgado procedente o que n o se concede e apenas se admite por dever de patroc nio ent o nessa hip tese o Tribunal ad quem dever pronunciar se sobre as demais quest es suscitadas pela ora Recorrida nos seus articulados e que n o chegaram a ser conhecidas pelo Tribunal a quo 33 Com efeito o n 2 do artigo 563 do CPC estipula que O juiz deve resolver todas as quest es que as partes tenham submetido sua aprecia o exceptuadas aquelas cuja decis o esteja prejudicada pela solu o dada s outras determinando por sua vez o n 2 do artigo 630 do mesmo diploma que Se o tribunal recorrido n o tiver conhecido de certas quest es designadamente por as considerar prejudicadas pela solu o dada ao lit gio o Tribunal de Segunda Inst ncia se entender que o recurso procede e nada obsta aprecia o daquelas delas conhece no mesmo ac rd o em que revogar a decis o recorrida sempre que disponha dos elementos necess rios 34 Ao concluir que n o estamos perante um contrato de dep sito e consequentemente a julgar improcedente a ac o intentada pela Autora o Merit ssimo Ju z a quo considerou prejudicado o conhecimento das demais quest es suscitadas pela ora Recorrida especificamente a B a exclus o da sua responsabilidade contratual por cumprimento das suas obriga es contratuais C a exclus o de qualquer responsab
59. tes sendo os principais a disponibiliza o do espa o durante um determinado per odo por parte da 1 R tendo como contrapartida o pagamento do pre o correlativo Mas importa descortinar outros deveres e obriga es principais ou acess rias que dimanem da celebra o desse contrato do Regulamento Geral ou do Regulamento espec fico para aquele parque 53 2013 38 57 Disp e o artigo 4 n 1 do Regulamento de Utiliza o e Explora o do Auto Silo Pak Lok Portaria 109 94 M tamb m designado por Auto Silo do Terminal Mar timo aprovado por Despacho do Chefe do Executivo n 238 2009 ainda que posterior data dos factos mas em sintonia com o contratualizado com a concession ria A entidade exploradora assegura ainda os servi os de higiene e seguran a bem como a manuten o e a utiliza o dos equipamentos existentes no Auto Silo D O artigo 1 e 2 do Regulamento Administrativo n 35 2003 que aprova o Regulamento do Servi o P blico dos parques de estacionamento definem o servi o prestado como servi o p blico e imp e deveres para a concession ria ora 1 R e para os utilizadores como foi a A no artigo 12 n 1 1 A proibi o de fumar ou foguear 2 A sa da do condutor e ocupantes do ve culo t o rapidamente quanto poss vel do parque ap s o estacionamento do ve culo 3 A proibi o de perman ncia de pessoas no interior dos parques em particular dos edificados em a
60. tureza v m ocorrendo vamos abordar a quest o vestindo a pele do lesado e colocando a como a poria um normal cidad o que recorre a um parque p blico constru do para esse efeito explorado para o exerc cio dessa 53 2013 35 57 actividade para a estacionar a sua viatura confiando que o parque lhe oferece as condi es de seguran a que s o expect veis num local preparado adequado e mantido para esse efeito que paga por esse servi o e n o obstante ao regressar passadas umas horas v o seu carro destru do por uma inunda o Vamos deixar por ora a causa directa ou mediata dessa inunda o Mas imaginemos que o mesmo cidad o tivesse deixado o carro aparcado num lugar delimitado na via p blica sujeito a parqu metros pagando igualmente uma taxa pelo tempo do estacionamento utilizado Ou que por e simplesmente estacionara o carro na via p blica Configure se a hip tese de o carro nas tr s situa es vir a ser destru do pelas inunda es provocadas por um dado tuf o Como est bem de ver independentemente da natureza da inunda o s o tidas como manifestamente diferentes as situa es sendo que o referido cidad o se sinta muito mais protegido na primeira do que em rela o s ltimas duas supondo estar protegido das intemp ries na primeira e j n o assim nas duas ltimas n o obstante o pagamento por um estacionamento na interm dia em que o pagamento assume uma natureza tribut ria
61. u se para ciclone tropical 13 8 N 132 7 E com a press o central de 998hPa e foi dada o nome de Hagupit 0814 e movia se a 20km h com vento m ximo no centro cerca de 65 km h s 8 horas do dia 20 Hagupit intensificou se para ciclone tropical severo no Pac fico a leste das Filipinas 13 3 N 130 5 E com a press o central de 990hPa tendo a sua velocidade reduzido ligeiramente para 11 km h e movendo se para o oeste com vento m ximo no centro cerca de 93 km h s 20 horas do dia seguinte Hagupit intensificou se para tuf o a nordeste de Luzon 18 10N 125 7 E com a press o central de 973hPa com vento m ximo no centro cerca de 118 km h aumentando a sua velocidade para 22 km h e a mover se continuamente para noroeste ap s ter ultrapassado o nordeste de 53 2013 31 57 Luzon Hagupit movia se para oeste ou oes noroeste para o Mar do Sul da China Hagupit tornou se a aumentar ligeiramente a sua velocidade de deslocamento sobre o Mar do Sul da China e come ou a aproximar se da costa do Sul da China com uma velocidade de 30 km h s 23 horas do dia 23 contornou aproximadamente 140 quil metros a Sul de Macau 20 8 N 113 4 E com a press o central de 937hPa com vento m ximo no centro de cerca de 173 km h s 6 45 horas do dia 24 Hagupit atingiu s proximidades de Dianbai da Provincia de Guangdong ocidental Devido influ ncia do atrito topogr fico Hagupit enfraqueceu se para ciclone tropical severo s 14 hor
62. ue terceiro se arroga direitos em rela o a ela desde que tal facto seja desconhecido do depositante e a restituir a coisa com os seus frutos Um dos tra os caracter sticos do contrato de dep sito o da obriga o da restitui o da coisa recebida em dep sito quando exigida pelo depositante No contrato de dep sito o deposit rio obriga se a guardar a coisa entregue pelo depositante no sentido de providenciar acerca da sua conserva o material isto mant la no estado em que foi recebida defendendo a dos perigos de subtrac o destrui o ou dano A afirma o de que o deposit rio h de guardar a coisa e restitui la quando ela lhe for exigida n o obsta a que as partes convencionem que a restitui o haja de ser feita independentemente de interpela o nesse sentido O pr prio deposit rio pode ter leg timo interesse em efectuar a restitui o antes de esta lhe ser exigida para se libertar do dever que assumiu quando no tempo ultrapasse o prazo fixado para a guarda da coisa ou quando tenha justa causa para o fazer art 1127 CC 53 2013 42 57 Guardar a coisa significa providenciar acerca da sua conserva o material isto mant la no estado em que foi recebida defendendo a dos perigos de subtrac o destrui o ou dano A realiza o destes fins requer do deposit rio certa actividade de conte do el stico e vari vel segundo a natureza da coisa No desempenho da sua miss o o deposit r
63. utentes muito menos foi essa a inten o das partes aquando da celebra o do respectivo contrato 12 Pois como muito bem se concluiu na decis o sobre a mat ria de facto proferida pelo Tribunal Colectivo por Ac rd o de 21 de Mar o de 2012 Foi dito pela testemunha da A precisamente pelo seu marido que foi deixado o ve culo da A no Auto Silo do Terminal Mar timo do Porto Exterior porque tinham de ir a Hong Kong naquele dia e nunca tinham pensado pelo menos naquela altura que o seu ve culo ficaria abrigado de algum tuf o sublinhado nosso 13 Por outro lado Conforme se provou n o houve qualquer entrega do ve culo da A 1 R para que esta guardasse nem esta aceitou guard lo tendo em considera o que a chave do ve culo n o era entregue 1 R ou a qualquer empregado desta para os 53 2013 12 57 guardar 14 Nestes termos por n o haver lugar entrega efectiva ou traditio do autom vel para a 1 R O contrato celebrado entre a A e 1 R n o pode ser entendido como um contrato de dep sito da que a R n o pode vir a ser responsabilizada pelo alegado incumprimento das obriga es do deposit rio previstas nos termos do artigo 1113 do C digo Civil de Macau 15 Acresce que ao contr rio do que alega nas suas Alega es de recurso a Recorrente tamb m n o logrou provar que entre as obriga es contratuais da 1 R ora Recorrida estava o dever de v
64. uto silo desde que tal indica o tenha sido dada por pessoal em servi o no parque ou por agente do Corpo de Pol cia de Seguran a P blica adiante designado por CPSP 4 A proibi o de buzinar sem fortes raz es justificativas 5 A proibi o de realiza o de opera es de limpeza repara o ou arranjo de ve culos com excep o das estritamente necess rias remo o do ve culo em caso de avaria 6 Outras proibi es legal ou regulamentarmente previstas 53 2013 39 57 2 Nos parques de estacionamento instalados em auto silos deve ainda ser observado o seguinte 1 Cumprir as normas gerais de utiliza o 2 Obedecer sinaliza o existente dentro e fora dos auto silos nomeadamente a respeitante a limita es de velocidade restri es de entrada e sentidos de circula o 3 Estacionar o ve culo somente nos locais expressamente indicados para o efeito para que o mesmo fique dentro das linhas indicadas para o espa o de estacionamento 4 N o estacionar o ve culo em lugar indicado como reservado a n o ser que esteja autorizado a faz lo 5 Desligar o motor do ve culo logo que estacionado 6 Obedecer a todas as indica es dadas pelo pessoal em servi o nos auto silos sempre que estas estejam conformes lei ou aos regulamentos 7 Retirar o ve culo do parque ap s o pagamento da respectiva tarifa no prazo m ximo fixado no regulamento espec fico do auto silo E nos termos do n 2 do

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