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1 INTRODUÇÃO - Pontificia Universidade Catolica de Minas Gerais

1. Regi o Metropolitana Admiss o Demiss o 1999 8 181 425 8 377 426 2000 9 668 132 9 010 536 2001 10 351 643 9 760 564 2002 9 812 379 9 049 965 2003 9 809 343 9 163 910 2004 11 296 496 9 773 220 2005 12 179 001 10 925 020 2006 12 831 149 11 602 463 2007 14 341 289 12 723 897 2008 16 659 331 15 207 127 2009 15 119 159 13 708 857 Fonte Minist rio do Trabalho e Emprego Cadastro Geral de Empregados e Desempregados Lei 4923 65 118 MINIST RIO DO TRABALHO E EMPREGO Tabela Evolu o do emprego no Brasil Dispon vel em http estatistica caged gov br consulta aspx mesCP T 1 amp anoCPT 2009 Acesso em 16 de janeiro de 2010 95 Isso significa que muitas dispensas ocorrem n o por real necessidade do servi o mas pela facilidade com que poss vel contratar e dispensar no Brasil Nota se a fragilidade do liame estabelecido entre empregado e empregador contrariando a inten o legislativa de que esse elo fosse duradouro Por tais motivos e tamb m por quest es de racionalidade produtiva vige no Direito do Trabalho o princ pio da continuidade da rela o de emprego segundo o qual referida rela o deve se estender no tempo constituindo contrato de trato sucessivo que deve extinguir se somente em casos excepcionais Nessa linha manifesta se Am rico Pl Rodriguez afirmando que se encontra no alcance desse princ pio a resist ncia em admitir a rescis o do contrato exclus
2. Importa salientar que por vezes a presta o de servi o de forma enganosamente aut noma propalada como ganho de liberdade para o prestador de servi o Todavia a verdadeira liberdade n o est condicionada aos nomes atribu dos mas as condi es asseguradas 145 Shakespeare ao descrever o conflito de Romeu e Julieta ao lutar contra o nome de suas fam lias afirmou que h em um nome O que chamamos rosa com outro nome exalaria o mesmo perfume O que o autor nos ensina com sua propriedade po tica que as denomina es tornam se vazias de sentido quando a realidade n o lhes atribui as condi es denotadas pela nomenclatura Nesse sentido o efetivo empregado ainda quando chamado de aut nomo ou de pessoa jur dica submete se mesma condi o de subordina o e de elo fr gil da rela o socioecon mica Possivelmente sua liberdade e dignidade estariam mais bem asseguradas se fosse reconhecido pela posi o de empregado que verdadeiramente ocupa 4 6 MAIOR PODER PARA OS SINDICATOS A FAL CIA DA REDU O DA LEGISLA O TRABALHISTA O sindicato vive hoje uma crise de identidade sem precedentes Se no passado suas lutas eram abrangentes e por natureza expansionistas hoje foram reduzidas quanto amplitude e amainadas quanto intensidade A globaliza o ao contr rio do que ocorreu no passado com o internacionalismo oper rio tem provocado desgastes e obst culos para a organiz
3. Os padr es m nimos a serem observados na pactua o laboral permitem que os ganhos obtidos no mercado sejam atribu dos tamb m queles que ajudaram na sua produ o promovendo condi es mais igualit rias na frui o desses bens 4 Fun o pol tica conservadora 7 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 125 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 125 52 Esta fun o de uma certa forma constitui se a base de sustenta o do pr prio sistema capitalista j que d a ele as condi es m nimas de equil brio indispens veis a sua pr pria sobreviv ncia N o fosse o Direito do Trabalho possibilitando a incorpora o de trabalhadores no mercado e assim alimentando a pr pria demanda por consumo necess ria manuten o do sistema o capitalismo j teria sucumbido em suas sucessivas crises O capitalismo sem reciprocidade desenfreado que exacerba os mecanismos de concentra o de renda e exclus o econ mico social pr prios do mercado deixado ao seu pr prio controle certamente levaria a um esgotamento do sistema A exist ncia do Direito do Trabalho n o deixa de ser assim um meio de legitima o cultural e pol tica do capitalismo por m concretizada em padr o civilizat
4. a luta pela inclus o social recente sendo tamb m avessa aos nossos instintos individualistas e egoc ntricos podendo variar a intensidade com que se consegue fazer cumprir ao longo da hist ria Importantes fatores que influenciam a capacidade de realiza o desses valores sociais s o correntes econ micas adotadas em cada na o Tais correntes do pensamento podem tornar se t o fortes e t o intensas que tomam caracter sticas t picas de ideologias Ideologia conceito multifacet rio Pode ser entendida como o conjunto de ideias sistematizadas ou mais especificamente sistema de ideias que explica e ao mesmo tempo encobre o real Nesta acep o assume car ter extremamente pejorativo presumindo inclusive certa intencionalidade lesiva daqueles que dela se utilizam As correntes econ micas como ideologia podem ostentar esses dois aspectos dependendo da forma como s o utilizadas Acreditamos que o neoliberalismo tem sido utilizado como ideologia e pelas caracter sticas de universalidade e imperatividade que seus propagadores sustentam assume o vi s de encobrimento do real Segundo Jos Luiz Quadros de Magalh es 12 MAGALH ES Jos Luiz Quadros de O encobrimento do real poder e ideologia na contemporaneidade In GALUPPO Marcelo Campos org O Brasil que queremos reflex es sobre o Estado democr tico de direito Belo Horizonte Editora PUC Minas 2006 p 281 283 p 291 292 101 O
5. o estatal a uma pesada estrutura burocr tica cuja atua o resta ineficiente Como consequ ncia exige a diminui o dessa estrutura com a privatiza o das empresas nacionais a redu o da legisla o referente a contratos privados principalmente aqueles relativos ao trabalho o corte de gastos estatais com pol ticas redistributivas e com pol ticas de assist ncia social 2 CHAU Marilena Ideologia neoliberal e universidade In OLIVEIRA Francisco PAOLI Maria C lia orgs Os sentidos da democracia pol ticas do dissenso e hegemonia global 2 ed Petr polis Vozes Bras lia NEDIC 1999 p 27 51 p 28 53 ANDERSON Perry Balan o do neoliberalismo In SADER Emir GENTILI Pablo orgs P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado Democr tico 5 ed S o Paulo Paz e Terra 2000 p 9 23 p 11 114 O principal agente de dinamismo econ mico e social passa a ser o mercado que concentra o papel de promover o desenvolvimento econ mico sem qualquer limite ou restri o quanto ao seu modo de atua o A contradi o inerente a esse discurso est na propaganda de que o Estado deve ser m nimo enxuto especialmente no que concerne sua atua o quanto a quest es sociais contudo deve agir fortemente para impedir que movimentos sociais limitem o capital ou ainda para proporcionar aos agentes econ micos melhores condi es para sua atua o Outro problema desse entendimento que
6. o sobre a quest o do capitalismo conseguiu se sedimentar como pensamento hegem nico A prop sito a matriz liberalista somente p de espraiar se e consolidar se de maneira t o ousada nos ltimos tempos precisamente porque a reflex o cr tica sobre o sistema capitalista entrou em refluxo mostrando se acuada dispersa ou em certos instantes e segmentos at mesmo cooptada pelo ide rio hegem nico das ltimas d cadas Esta afirmativa evidencia a for a com que a matriz liberalista vai se consolidando a partir do enfraquecimento do pr prio movimento de resist ncia ao pensamento liberal Ao encontrar espa o para se desenvolver a partir do enfraquecimento do sistema keyseniano baseado em um pensamento dirigido para a garantia de direitos sociais e em especial para a valoriza o do trabalho e do emprego a nova corrente de DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 83 4 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 95 109 pensamento investiu com for a na desconstru o do ide rio de que o trabalho e o emprego s o valores que devem ser preservados A falsa ideia de que a manuten o das pol ticas de trabalho e de emprego impediriam os avan os que poderiam ser alcan ados com a implanta o do liberal
7. pela internet indiscut vel que a internet nos propiciou novas e mais interativas formas de lazer mas para al m disso ao inv s de diminuir o tempo de trabalho as tecnologias t m 18 BRIDGES William Um mundo sem empregos S o Paulo Makron Books 1995 p 6 19 BRIDGES William Um mundo sem empregos S o Paulo Makron Books 1995 p 10 BRIDGES William Um mundo sem empregos S o Paulo Makron Books 1995 p 23 25 16l MASI Domenico de O futuro do trabalho fadiga e cio na sociedade p s industrial 6 ed Rio de Janeiro Jos Olympio 2001 p 211 212 119 trazido para a maioria dos trabalhadores uma dificuldade de gozar suas folgas plenamente recebendo e enviando de sua resid ncia emails relativos ao trabalho que muitas vezes demandam atividades a serem desempenhadas em casa al m de todas aquelas desempenhadas na empresa nos hor rios regulares de servi o Inversamente do proposto pelo autor nosso tempo de lazer e trabalho n o se interpenetram no sentido de tornar o trabalho mais leve ou de limitar sua dura o A tecnologia em especial a internet tem sido utilizada para invadir os momentos de lazer impondo necessidades urgentes do servi o que diminuem dia a dia os momentos de folga e de descanso os quais n o s o pela aus ncia de controle tradicional computadas como jornada extraordin ria Ao contr rio do cio vemos a tecnologia gerando mais trabalho embora trabalho n o remuner
8. permite aferir o grau democr tico e a forma de estrutura o de um pa s Numa segunda acep o temos a pol tica competitiva correspondente ao termo politics significando a arte de governar Concerne o exerc cio de cargos pol ticos e o processo de competi es e alian as que envolvem n o apenas o exerc cio de tais cargos como tamb m a disputa eleitoral para a escolha daqueles que desempenhar o tais fun es Refere se portando pol tica partid ria Finalmente o ltimo conceito que queremos especificar e com o qual se identifica o escopo e principal enfoque deste trabalho o de pol ticas p blicas relativo ao termo policy que significa plano de a es governamentais que pretendem influenciar e determinar decis es e a es futuras COUTO Cl udio Gon alves Pol tica constitucional pol tica competitiva e pol ticas p blicas In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 97 99 COUTO Cl udio Gon alves Pol tica constitucional pol tica competitiva e pol ticas p blicas In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 97 99 41 Podemos afirmar juntamente com Cl udio Gon alves Couto que a produ o das pol ticas p blicas condicionada tanto pela pol tica competitiva como pela pol tica constitucional sendo que
9. 12 Produ o puxada pela demanda e pelo crescimento inova o em rela o ao sistema fordista que produzia intensamente a fim de for ar os pre os das mercadorias para baixo acreditando que os baixos pre os e a intensa produ o seriam suficientes para promover e intensificar o consumo O toytismo funciona na l gica inversa produzindo somente as quantidades que julga necess rias tendo por term metro a demanda do mercado Esse modelo foi idealizado a partir da observa o de Ohno sobre a maneira como os supermercados funcionavam as prateleiras eram arrumadas com determinado n mero de produtos os quais eram repostos nas prateleiras conforme a velocidade com que se desse o seu consumo Esse padr o era seguido n o apenas em rela o ao produto final da Toyota os carros mas tamb m em rela o aos estoques de componentes utilizados na fabrica o dos carros Desse modo o fluxo das mercadorias que determina sua produ o A ideia da produ o puxada pela demanda gera a no o de produ o just in time que deve ser h bil ao responder rapidamente aos pedidos formulados pelos clientes atendendo s urgentes e vari veis necessidades do mercado Ela op e se produ o just in case do fordismo na qual os produtos e as pe as deveriam estar de antem o produzidos caso as necessidades surgissem 1 GOUNET Thomas Fordismo e toyotismo na civiliza o do autom vel S o Paulo Boitempo 1999 p 26 29
10. o minoria branca na frica do Sul e esta ter sido umas das formas mais intensas e expl citas de exclus o a separa o e aparta o social surgiram muito antes na hist ria humana como mencionamos anteriormente Desde a Gr cia havia a separa o entre cidad os da polis e os b rbaros os homens livres criados para a arte a cultura e a pol tica e os escravos criados para o servi o Do mesmo modo que a oficializa o da diferen a pelo regime do apartheid na frica do Sul aplacou a consci ncia e o senso de responsabilidade dos brancos pelo sofrimento dos negros no Brasil o aumento crescente da pobreza da marginaliza o e da indig ncia tem sido naturalizado de modo que os ricos brasileiros n o se sentem mais culpados ou individualmente imput veis pela mis ria que assola grande parte da popula o Se hoje as diferen as n o se d o primordialmente pela ra a mas pela situa o econ mica e social podemos afirmar que O apartheid renasceu com outra forma e em dimens o planet ria mas com o mesmo prop sito garantir por meio da BUARQUE Cristovam O que aparta o o apartheid social no Brasil S o Paulo Brasiliense 2003 p 10 Cole o Primeiros Passos BUARQUE Cristovam O que aparta o o apartheid social no Brasil S o Paulo Brasiliense 2003 p 11 14 Cole o Primeiros Passos 2 BUARQUE Cristovam O que aparta o o apartheid social no Brasil S o Paulo Brasi
11. o a que faz jus Quanto aos empregados sem carteira assinada sequer h dissimula o ou justificativa ideol gica para explicar a falta de prote o Simplesmente deixam de cumprir as determina es legais confiando na vantagem obtida pela certeza de que nem todos os trabalhadores reclamar o judicialmente seus direitos A contrata o por vezes se d de maneira irregular com anota o na carteira do empregado de valor diferente do realmente recebido a fim de diminuir os custos decorrentes da contrata o Referidas formas de presta o de servi o funcionam como instrumentos de exclus o social mitigando o poder transformador do Direito do Trabalho como forma de inser o social cultural e pol tica Elas permitem a inser o econ mica sem contudo propiciar a redistribui o t pica dos contratos de emprego formais aus DELGADO Maur cio Godinho Curso de Direito do Trabalho 8 ed S o Paulo LTr 2009 p 329 330 206 O constante descumprimento da legisla o em especial da legisla o trabalhista nos evidencia que toda pol tica p blica de valores materiais deve estar associada a uma eficiente pol tica p blica processual como um dos instrumentos de sua implementa o A tutela metaindividual tem se revelado importante mecanismo de transforma o social tendo em vista que sua abrang ncia e intensidade co bem os litigantes habituais 155 Quanto implementa o do Direito do Trabalho no Brasil M
12. o e de institui o e recomposi o da cidadania e dos pap is sociais Entendida dessa forma a inclus o promove a dignidade e se relaciona com a implementa o dos direitos fundamentais Ela proporciona uma verdadeira experi ncia do significado de ser membro de um Estado no qual os direitos humanos possuem relev ncia afastando a infeliz ocorr ncia por vezes comum de mero simulacro de cidadania Conforme defini o da autora francesa Martine Xiberras integra o quer dizer solidariedade ou seja a capacidade de restabelecer um reconhecimento m tuo por parte de todos os componentes da sociedade Para o Estado regulador isso equivaleria a capacidade de reger a express o de uma multiplicidade de cren as e valores Nota se que somente o Estado de Bem Estar Social em contraposi o aos Estados de matriz liberal e neoliberal que se preocupa intensamente com a realiza o de direitos fundamentais de maneira ampla promovendo a integra o de seus membros e fornecendo as bases para o reconhecimento m tuo 29 CARNEIRO Carla Bronzo Ladeira Pol ticas locais de inclus o social autonomia e empoderamento reflex es explorat rias Revista quadrimestral de servi o social S o Paulo Cortez a XXVII n 89 p 76 103 mar 2007 p 83 3 XIBERRAS Martine As teorias da exclus o para uma constru o do imagin rio do desvio Lisboa Instituto Piaget 1993 p 196 32 Assim a inclus o quest
13. o e do transporte ao passo que o alargamento das atividades de sa de e de educa o resulta de clara influ ncia do avan o tecnol gico na vida bem estar e longevidade dos seres humanos 16 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 37 40 123 A rica an lise efetuada por Mauricio Godinho Delgado e todas as exemplifica es por ele apresentadas nos permite compreender que a tecnologia cria novas necessidades e desejos de consumo situa o que impulsiona e alarga o mercado de trabalho Nesse sentido por mais que as transforma es tecnol gicas tenham sido significativas e que tentemos projetar para o futuro nossos medos e preocupa es do presente n o poss vel afirmar categoricamente como fazem os autores levantados o fim do emprego As escolhas pol ticas que realizarmos agora e nos pr ximos anos diante dessas transforma es que condicionar o aquilo que experimentaremos no porvir Nossas experi ncias hist ricas n o s o um dado mas um processo constru do e nesse sentido n o h fatalidades ou imperativos que n o possam ser transformados ou aculturados pelo agir pol tico 4 3 EMPRESAS SEM HOMENS AS POSS VEIS CONSEQU NCIAS DO TOYOTISMO O in cio da industrializa o marcado pelo modo de produ o taylorista fordista segundo o qual o trabalho era realizado de maneir
14. o e o sujeito que se coloca na condi o daquele que olha a realidade e tenta interpret la e compreend la por meio dos m todos e t cnicas que a ci ncia disponibiliza O m todo define assim a forma como o pesquisador pretendeu caminhar rumo ao encontro das respostas que o problema suscita 13 Enquanto caminho que se pretendeu seguir o m todo neste trabalho serviu para desvelar de maneira bastante simples nossa concep o de mundo de Direito e de justi a e a forma como ir amos tratar os impasses te ricos que se encontram na problem tica da inclus o social por meio do Direito do Trabalho Neste sentido fizemos um trabalho de natureza explorat ria e descritiva tendo como base para o racioc nio e para os enfrentamentos te ricos a dial tica A hist ria ainda que n o pudesse ser aqui utilizada enquanto m todo rigoroso em raz o dos limites de uma disserta o de mestrado foi utilizada no processo de interpreta o para compreens o do passado procurando servir de base para o entendimento do presente e constru o do futuro O Direito do Trabalho em car ter geral e as pol ticas de inclus o social por ele assumidas em car ter especial trazem embutidas a natureza dial tica implicitamente carregada de contradi es e confrontos com a pol tica econ mica e social implantada no pa s Estudar o tema em uma perspectiva de explor lo profundamente buscando descrever uma realidade complexa co
15. 1999 p 474 143 A grande quest o n o divulgada o fato de que a atividade empresarial requer habilidades peculiares e multifacetadas como capacidade de se relacionar com um mercado vol til percep o das transforma es e das mercadorias em alta ou em baixa capacidade de negociar com forneceres aptid o e sabedoria gerenciais entre outras habilidades Como poss vel perceber muitas pessoas podem trabalhar de maneira eficiente ser extremamente capazes em suas reas de conhecimento mas revelarem se inaptas para exercer seu neg cio como empres rios Desse modo a ilus o vendida de que qualquer pessoa pode ser seu pr prio patr o falsa e perigosa trazendo ainda maior preocupa o para o Direito especialmente o Direito do Trabalho quando pessoas que exercem sua atividade como t picos empregados s o convencidos ou em alguns casos compelidos a contratar como aut nomos ao inv s de contratar na forma prevista pela CLT Algo que se tem tornado comum a exig ncia por parte dos empregadores de que esses falsos aut nomos constituam uma pessoa jur dica unipessoal para evitar a caracteriza o da rela o de emprego Algumas empresas ante condena es sofridas pela Justi a do Trabalho exigem hoje que a pessoa jur dica tenha mais de um s cio a fim de evitar a identifica o da pessoa do prestador do servi o com o s cio unit rio Referido fen meno tem sido conhecido pelo neologismo pejo
16. 914 918 ago 2009 DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalismo contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 22 DIEESE Reduzir a jornada de trabalho gerar empregos de qualidade Nota T cnica n 57 nov 2007 Dispon vel em http www dieese org br notatecnica notatec57JornadaTrabalho pdf Acesso em 4 de janeiro de 2010 DWORKING Ronald Levando os direitos a s rio S o Paulo Martins Fontes 2002 568 p DWORKING Ronald Uma quest o de princ pios S o Paulo Martins Fontes 2000 593 p DUPAS Gilberto Economia global e exclus o social pobreza emprego Estado e o futuro do capitalismo 3 ed S o Paulo Paz e Terra 2001 257 p EAGLETON Terry A ideologia e suas vicissitudes no marxismo ocidental ZIZEK Slavoj org Um mapa da ideologia Rio de Janeiro Contraponto 1996 337 p p 167 226 ESCOREL Sarah Vidas ao l u trajet rias de exclus o social Rio de Janeiro Fiocruz 1999 275p FIORI Jos Luiz Os Moedeiros Falsos 5 ed Petr polis 1998 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necess rios pr tica educativa S o Paulo Paz e Terra 1996 Cole o Leitura GOMES Dinaura Godinho Pimentel A relev ncia do di logo social na era das reformas para resguardar o humanismo do Direito do Trabalho Revista de Direi
17. Analisa as teses neoliberais de desconstru o do trabalho incorpora o tecnol gica toyotismo globaliza o internacionaliza o dos mercados pejotiza o e flexibiliza o das rela es trabalhistas desconstruindo seus argumentos partir de suas pr prias contradi es e demonstrando que pol ticas p blicas de emprego e inclus o social tais como redu o da jornada de trabalho educa o e capacita o de trabalhadores prote o contra a automa o veda o dispensa arbitr ria destacadas dentre as muitas poss veis devem ser implementadas como forma de garantir a igualdade e a dignidade humana Conclui apresentando as teses de defesa para a sustenta o da ideia da centralidade do trabalho e de sua import ncia como categoria social relevante Palavras chave inclus o social pol ticas p blicas Direito do Trabalho ABSTRACT Intends to understand the social inclusion in capitalism and its relationship with social exclusion having as the analysis main proposal the ideal of centralization and valorization of labor and employment as a constitutional paradigm Analyses the struggle for the democratization of the social relations and points towards the social exclusion as the result of the brakeage of a social structure bond generated by unemployment and by precarious employment relations The examined studies indicate that unemployment and precarious employment relationships are sources for social exclusion d
18. No sentido de ampliar as possibilidades da an lise optamos por apresentar as express es com as quais os estudiosos do assunto buscam identificar a exclus o A partir dessas express es caracterizadoras 2 PAUGAM Serge Les formes contemporaines de la pauvret et de l exclusion Le point de vue sociologique Genesis v 31 n 1 p 138 159 juin 1998 p 141 21 buscamos desvendar os sentidos do termo conforme sustentado pelos autores que consideramos serem os que trouxeram maior contribui o para o entendimento do tema Importa destacar que a l gica da apresenta o pautou se na busca de encontrar no entendimento da exclus o o pr prio conceito de seu contr rio a inclus o Surgem consequentemente os conceitos de desqualifica o desinser o desfilia o e aparta o a desqualifica o termo utilizado por Serge Paugam O autor faz uma diferencia o entre tr s tipos ideais ou seja modelos de compreens o da realidade social de pobreza que passamos a analisar para buscar seu conceito de exclus o O primeiro tipo chamado de pobreza integrada sendo caracterizado por uma sociedade na qual grande parte da popula o encontra se na situa o social de pobre sem contudo que esse grupo se diferencie grandemente do restante da popula o e por esse mesmo motivo o preconceito em rela o a eles n o alto Refere se a uma regi o ou local de maneira geral carente Nesse sentido represe
19. O DISPENSA ARBITR RIA A import ncia da veda o da dispensa arbitr ria como pol tica p blica de emprego se coloca no momento da termina o do contrato de trabalho a fim de evitar que o empregador por meras motiva es pessoais injustificadas e por vezes antissociais extinga uma rela o jur dica planejada e projetada para durar no tempo A relev ncia de referida proibi o se coloca tamb m na vig ncia de todo o contrato vez que a amea a do desemprego n o mais estar sobre os trabalhadores impondo lhes a aceita o de quaisquer condi es de trabalho a fim de manterem se empregados e ainda pode servir como forma de diminuir o desemprego dado que limita as hip teses de dispensa e diminui a alta rotatividade Tabela 4 Tempo m dio de perman ncia no trabalho principal das pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de refer ncia por regi es metropolitanas segundo os meses da pesquisa mar 2002 nov 2009 Estimativa em semanas 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Recife 332 336 343 350 356 350 357 Salvador 322 327 334 337 343 0 329 339 Belo Horizonte 303 305 303 300 310 318 314 Rio de Janeiro 358 353 380 385 394 395 406 S o Paulo 296 303 318 321 325 318 330 Porto Alegre 316 324 327 333 334 339 342 Fonte IBGE poss vel perceber que em todas as regi es metropolitanas o tempo de perman ncia no servi o tem aumentado entretanto esse tempo continua
20. Revista de Direito do Trabalho S o Paulo n 132 p 184 205 out dez 2008 SILVA NETO Manoel Jorge e Controle de pol ticas p blicas na Justi a do Trabalho Revista de Direito do Trabalho a 34 n 131 p 96 110 jul set 2008 SOUTO MAIOR Jorge Luiz Indeniza o por dano social pela agress o volunt ria e reincidente de direitos trabalhistas XII Congresso Nacional de Magistrados da Justi a do Trabalho CONAMAT 2006 Macei Dispon vel em 183 http www anamatra org br hotsite conamat0O6 trab cientificosteses aprovadas cfm Acesso em 07 de janeiro de 2010 Prote o contra dispensa arbitr ria e aplica o da Conven o n 158 da OIT LTr v 68 n 11 p 1323 1331 nov 2004 Rela o de emprego e Direito do Trabalho no contexto da amplia o da justi a do trabalho S o Paulo LTr 2007 117 p O Direito do Trabalho como instrumento de Pol tica Social S o Paulo LTr 2000 SUSSEKIND Arnaldo Da den ncia da Conven o n 158 da OIT LTr v 72 n 8 p 903 906 ago 2008 SUSSEKIND Arnaldo Direito Internacional do Trabalho 3 ed S o Paulo LTr 2000 499 p TEODORO Maria Cec lia M ximo Rela o de trabalho x rela o de emprego In DELGADO Mauricio Godinho TEODORO Maria Cec lia M ximo Pereira Vanessa dos Reis Rela o de trabalho fundamentos interpretativos para a nova compet ncia da Justi a do Trabalho S o Paulo LTr 2005 p 88 105 TOJAL Sebasti o B
21. diretamente relacionada ao trabalho pode ser justificada pela relev ncia que a escolaridade e a capacita o profissional t m na empregabilidade do trabalhador brasileiro e em seu posicionamento no mercado e no lugar que ocupa no interior das empresas Dois aspectos merecem ser objeto de an lise no que respeita a rela o entre trabalho e educa o e ou capacita o para o trabalho O primeiro deles a exist ncia de uma rela o direta entre n vel educacionaltempo destinado a educa o e empregabilidade e n vel de rendimento O segundo diz respeito ao que pode ser considerado como educa o com vistas constru o da cidadania e n o escolaridade especificamente considerada Os ndices anal ticos que correlacionam potencial de empregabilidade rotatividade no trabalho e escolaridade apontam que estas condi es influenciam diretamente o mercado de trabalho a remunera o e as condi es de cidadania no trabalho As taxas de desemprego em rela o PEA que na d cada de 1990 eram crescentes come am a cair apesar da internacionaliza o dos mercados e do incremento da automatiza o da produ o conforme j visto em tabelas anteriormente referenciadas O certo que apesar do crescimento observado nos ndices de formaliza o de v nculos empregat cios no Brasil nos ltimos anos com consequente minimiza o de graves problemas que afetavam a qualidade de vida do trabalhador e sua seguran a n
22. entretanto por vezes ela necess ria quando as obviedades s o percebidas na vida quotidiana e se tornam encobertas no Direito ou na Economia geralmente ocultadas pelo manto da ideologia Mais do que interesses individuais as disputas no e pelo mercado envolvem m ltiplos interesses e direitos de grupos e de categorias de pessoas distintas na sociedade mas cuja import ncia foi tratada de forma igualmente relevante por uma Constitui o da Rep blica preocupada com os antagonismos e com a harmoniza o das diferen as Desse modo fixar regras para a competi o no mercado significa n o somente proteger empresas mas sobretudo conferir lhes condi es de igualdade na disputa Se os par metros m nimos s o semelhantes para todos a vantagem competitiva n o estar no dumping social constituindo responsabilidade de cada capitalista buscar fatores de diferencia o de seu produto no mercado sem depositar na precariza o da m o de obra sua nica vantagem comparativa A aus ncia de regras gerais e comuns longe de promover o aumento da competividade gera problemas sociais pela redu o das condi es de trabalho os quais extrapolam a esfera de afeta o dos trabalhadores atingindo tamb m os pr prios capitalistas seja pela diminui o do consumo e do escoamento de sua produ o seja pela viol ncia gerada pela exclus o social decorrente do empobrecimento da popula o Ademais uma vez ampliada mundialmen
23. lise independente da tem tica investigada sem que o assunto seja colocado no centro da discuss o No que respeita ao mundo do trabalho as consequ ncias s o de tal envergadura que chegaram a suscitar questionamentos tais como a possibilidade de que seu avan o nos leve a enfrentar o pr prio fim do trabalho S o ineg veis os avan os e benef cios que a ci ncia proporcionou O que fica como questionamento em que medida estes avan os melhoraram a qualidade de vida do homem tornando mais f cil sua exist ncia e deixando lhe mais tempo livre para desenvolver se enquanto pessoa que possui direito a uma dignidade garantida e fomentada pelo Estado O processo de automatiza o tamb m denominado de automa o tem sua g nese no processo de desenvolvimento que culminou no nascimento da ci ncia moderna necess rio compreend lo para analisar a situa o em que nos encontramos na atualidade no que se refere s mudan as por ele desencadeadas nos modos como o trabalho humano se organiza enfim suas consequ ncias para o mundo do trabalho He Apesar de a Constitui o Federal de 1988 utilizar o termo automa o em seu art 7 inciso XXVII o mais apropriado seria a utiliza o da palavra automatiza o que segundo o Dicion rio Houaiss da L ngua Portuguesa significa ato ou efeito de automatizar ou seja prover de m quinas ou de dispositivos mec nicos ou eletr nicos para agiliza o
24. o de todas as formas de trabalho for ado aboli o efetiva do trabalho infantil elimina o de todas as formas de discrimina o em mat ria de emprego e ocupa o b promo o do emprego de qualidade c extens o da prote o social d di logo social No Brasil a ideia de trabalho decente relaciona se fortemente ao conceito de trabalho regulado ou seja ao conceito de emprego Destaca se que trabalho g nero que engloba qualquer atividade do homem destinada a uma finalidade todas as formas de labor humano Desse modo emprego esp cie do g nero trabalho que dadas as condi es espec ficas de sua realiza o mereceu prote o especial do Direito Segundo Mauricio Godinho Delgado ORGANIZA O INTERNACIONAL DO TRABALHO OIT BRASIL Agenda nacional de trabalho decente Bras lia 2006 Dispon vel em http www oitbrasil org br info do wnloadfile php fileld 237 Acesso em 14 de dezembro de 2009 p 5 1 DELGADO Maur cio Godinho Curso de Direito do Trabalho 8 ed S o Paulo LTr 2009 p 285 DELGADO Maur cio Godinho Curso de Direito do Trabalho 8 ed S o Paulo LTr 2009 p 286 55 Passados duzentos anos do in cio de sua domin ncia no contexto socioecon mico do mundo ocidental pode se afirmar que a rela o empregat cia tornou se a mais importante rela o de trabalho existente no per odo quer sob a tica econ mico social quer sob a tica jur dica No primeiro p
25. o dela exclu dos Por esse motivo entendemos que a regula o do trabalho afeta para al m da economia envolvendo quest es relativas ordem social e viol ncia Costumamos tratar a viol ncia como mero problema repressivo a requerer leis mais severas puni es mais intensas e uma atua o mais efetiva do aparato policial Contudo precisamos reconhecer a incapacidade de um Estado Policial resolver quest es cujo fato gerador n o pode ser tratado nem coibido pela mera repress o Viol ncia pobreza marginaliza o e exclus o s o problemas referentes e dependentes de direitos sociais principalmente o acesso ao trabalho digno Ao tratar do aumento da criminalidade em anos recentes Bauman advoga que ela 23 BAUMAN Zygmunt O mal estar da p s modernidade Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 1998 p 55 158 o pr prio produto da sociedade de consumidores logicamente e n o legalmente leg timo e al m disso tamb m um produto inevit vel Quanto mais elevada a procura do consumidor isto quanto mais eficaz a sedu o do mercado mais a sociedade de consumidores segura e pr spera Todavia simultaneamente mais amplo e mais profundo o hiato entre os que desejam e os que podem satisfazer seus desejos ou entre os que foram seduzidos e passam a agir do modo como essa condi o os leva a agir e os que foram seduzidos e se mostram impossibilitados de agir do modo como se espera agirem os
26. p 107 200 CHIARELLI Carlos Alberto Direito coletivo do trabalho partida e chegada O sindicato em tempos de crise LTr S o Paulo v 73 n 3 p 267 271 mar 2009 p 269 151 5 TRABALHO EMPREGO E DIREITO DO TRABALHO COMO CAMINHO DE INCLUS O SOCIAL NO BRASIL Os argumentos neoliberais sustentam a fragilidade do emprego e dessa forma sua limitada exist ncia e import ncia hist rica no atual momento vivenciado pela humanidade Entretanto considerando a debilidade dos argumentos que se utilizam para sustentar tal assertiva conforme demonstrado no cap tulo anterior faz se necess rio destacarmos algumas considera es que refor am nosso posicionamento As cr ticas perpetradas ao Direito do Trabalho se deram no decorrer da d cada de 1980 e 1990 momentos marcados pelo auge e expans o para os pa ses perif ricos da crise econ mica experimentada e iniciada pela crise do petr leo em 1970 certo que os momentos de crise propiciam o surgimento de novos paradigmas fazendo nos pensar que nada ser como antes Todavia se em momentos de equil brio as previs es de futuro s o incertas com muito mais raz o e intensidade o s o em momentos de instabilidade econ mica e social Nesse sentido qualquer perspectiva condicionada pelo olhar do sujeito limitado por sua hist ria Podemos hoje perceber que n o somente a crise vivenciada nesse per odo foi superada como tamb m que o emprego permaneceu como p
27. rio mais alto e n o nos moldes do capitalismo sem reciprocidade sem peias A fim de finalizar esse cap tulo ressaltamos ap s a an lise das fun es do Direito do Trabalho a impossibilidade de consecu o de inclus o social no sistema capitalista sem a promo o desse ramo do Direito cuja preocupa o central justamente a distribui o de renda e a humaniza o do sistema tornando poss vel a participa o de todos na economia na cultura na sociedade e essencialmente na cidadania 7 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 126 53 3 POL TICAS P BLICAS DE EMPREGO E INCLUS O SOCIAL Conforme j explanado as pol ticas p blicas s o a maneira de implementar direitos fundamentais s o m todos concretizadores das importantes garantias m nimas asseguradas constitucionalmente Desse modo elas promovem a inclus o social e s o capazes de transformar a realidade aproximando o Direito de seu ideal de justi a e de seus prop sitos emancipat rios As pol ticas p blicas e as diversas formas de inclus o devem ser realizadas de maneira conjunta e expansionista de modo que atendam ao maior n mero de necessidades Todavia entendemos que s o as pol ticas p blicas de emprego aquelas capazes de alcan ar ao mesmo tempo o maior n mero de pessoas ultrapassando o novo empregado alcan
28. 10 Destaque se para fins de rigor metodol gico que os itens delineados a partir da obra de Gounet foram trabalhados sob forma de cita o por condensa o do trecho compreendido entre as p ginas 26 29 sendo que o texto encontra se entrecortado por an lises da pr pria autora desta disserta o a partir da obra de outros autores que mereceram a devida refer ncia no texto 126 A agilidade exigida pelo just in time tem uma consequ ncia altamente prejudicial aos empregados tendo em vista os momentos de aumento da produ o ocasionados pelo aumento da demanda exigindo que os poucos contratados da f brica toyotista trabalhem em sobrejornada para dar conta da produ o Ricardo Antunes alerta que o toyotismo estrutura se a partir de um n mero m nimo de trabalhadores ampliando os atrav s de horas extras trabalhadores tempor rios ou subcontrata es dependendo das condi es de mercado Tal assertiva evidencia que o n mero de horas laborado tem dependido n o de condi es de sa de e seguran a do trabalho mas de c lculos e economias pensadas pelo capital em seu pr prio benef cio 2 Combate ao desperd cio essa preocupa o gerada pela falta de espa o e de recursos naturais no Jap o o que requer o aumento do ndice de aproveitamento de tais recursos e tem como consequ ncia a concentra o dos esfor os da empresa na produ o propriamente dita que a nica fase agregadora de valor ao pro
29. 2010 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 31 Geneva 1931 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl C031 Acesso em 03 de janeiro de 2010 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 35 Geneva 1935 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl C047 Acesso em 03 de janeiro de 2010 69 A Constitui o de 1934 manteve referido par metro o qual foi reduzido pela Constitui o da Rep blica de 1988 que conservou o limite di rio em 8 horas reduzindo o semanal de 48 para 44 horas A tabela a seguir permite uma an lise comparativa da jornada de trabalho em alguns dos principais pa ses europeus Tabela 1 Dura o semanal do trabalho em 2004 nos principais estados industriais europeus Dur e conventionnelle moyenne de temps de travail par pays Estonie Gr ce Hongrie Lettonie Lituanie Malte Pologne et Slov nie Irlande et Luxembourg Oooo BB E 38 8 Belgique Chypre Italie R publique Tch que Fonte Minist re du Travail des Relations Sociales de la Famille de la Solidarit et dela Ville Nota se que nenhum deles possui jornada superior a 40 horas semanais mesmo os pa ses do leste europeu que ingressaram h pouco na Uni o Europ ia e enfrentam dificuldades para realizar a transi o de sua economia planificada para uma economia de mercado Ou seja o mundo ocidental desenvolvido cumpre os ditames da Co
30. Convention n 158 Geneva 1982 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl C158 Acesso em 05 de janeiro de 2010 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Recommendation n 166 Geneva 1982 Dispon vel em http Avww ilo org ilolex cgi lex convde pl R166 Acesso em 05 de janeiro de 2010 KANT Immanuel Fundamenta o da metaf sica dos costumes Lisboa Edi es 70 2005 KATO J M PONCHIROLLI O O desemprego no Brasil e os seus desafios ticos Revista da FAE Curitiba v 5 n 3 p 87 97 set dez 2002 LEITE Maria de Paula Reestrutura o produtiva novas tecnologias e novas formas de gest o da m o de obra In O mundo do trabalho crise e mudan as no final do s culo OLIVEIRA Carlos Alonso Barbosa de et alli orgs S o Paulo P gina Aberta 1994 p 563 587 MAGALH ES Jos Luiz Quadros de O encobrimento do real poder e ideologia na contemporaneidade In GALUPPO Marcelo Campos org O Brasil que queremos reflex es sobre o Estado democr tico de direito Belo Horizonte Editora PUC Minas 2006 p 281 283 MART NEZ Jos Maria Seco Globalizaci n el nirvana Del viejo orden burgues In RUBIO David S nches FLORES Joaqu n Herrera CARVALHO Salo de orgs Direitos humanos e globaliza o fundamentos e possibilidades desde a teoria cr tica Rio de Janeiro Lumen Juris 2004 p 141 160 MASI Domenico de O futuro do trabalho fadiga e cio na sociedade p s industria
31. Revista de Direito do Trabalho a 34 n 131 p 96 110 jul set 2008 p 102 amp SILVA NETO Manoel Jorge e Controle de pol ticas p blicas na Justi a do Trabalho Revista de Direito do Trabalho a 34 n 131 p 96 110 jul set 2008 p 104 48 Nossa compreens o est em conson ncia com esse entendimento Todavia n o entraremos nos meandros do debate concernente judicializa o das pol ticas p blicas tendo em vista que esse n o o enfoque desse trabalho Cumpre apenas ressaltar que um dos principais argumentos utilizados pelos opositores do controle judicial de pol ticas p blicas qual seja os custos necess rios para a efetiva o de direitos sociais e a consequente reserva do poss vel n o se aplicam s pol ticas p blicas de valoriza o do trabalho j que geralmente n o envolvem gastos do governo apenas impondo determinados nus ao capital Destaca se a impossibilidade de se discutir pol ticas p blicas sem discutir o fortalecimento do Estado e a redefini o de seu papel Torna se imperiosa a sua remodelagem a fim de que ele seja capaz de resistir aos interesses privados apto a promover bens coletivos e primordialmente seja h bil promo o do desenvolvimento nacional e transforma o social A compreens o de que o mercado por si s n o capaz de promover a inclus o leva nos certeza de que s o necess rias outras formas de promo o da inclus o social dentre as quais desta
32. a OIT elaborou a Recomenda o 119 que vedava a termina o da rela o de trabalho sem causa justificada houve altos ndices de aceita o Conforme S ssekind Esse diploma legal da OIT exerceu grande influ ncia em diversos pa ses que inovaram ou reformularam as respectivas legisla es conciliando a efetiva o do direito do trabalhador seguran a no emprego com a preserva o de respeit veis interesses da empresa e da pr pria economia nacional 121 SOUTO MAIOR Jorge Luiz Prote o contra dispensa arbitr ria e aplica o da Conven o n 158 da OIT LTr v 68 n 11 p 1323 1331 nov 2004 p 1325 122 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Recommendation n 119 Geneva 1963 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl R 119 Acesso em 05 de janeiro de 2010 123 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 158 Geneva 1982 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl C 158 Acesso em 05 de janeiro de 2010 124 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Recommendation n 166 Geneva 1982 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl R 166 Acesso em 05 de janeiro de 2010 135 S SSEKIND Arnaldo Direito Internacional do Trabalho 3 ed S o Paulo LTr 2000 p 371 98 Em raz o de grande aceita o da Recomenda o 119 e sua ado o por significativo n mero dos pa ses a OIT julgou por bem aprovar a Conven o 158 e a Reco
33. ando sua fam lia e de certo modo a comunidade na qual se insere Al m do aspecto quantitativo quanto ao n mero de abrangidos entendemos que as pol ticas p blicas de emprego s o qualitativamente dotadas do poder de satisfazer concomitante mais aspectos dos direitos sociais Nos dizeres de Ignacy Saches O emprego e o auto emprego decentes constituem a melhor maneira de atender as necessidades sociais por duas raz es a inser o no sistema produtivo oferece solu o definitiva enquanto as medidas assistenciais requerem financiamento recorrente em termos psicol gicos o exerc cio do direito ao trabalho promove a auto estima oferece oportunidades para a auto realiza o e o avan o na escala Merece destaque o entendimento de que a implementa o de direitos fundamentais por meio das pol ticas p blicas deve estar associada a uma pol tica processual eficiente que assegure aos lesados a restaura o de seu patrim nio jur dico Nas sociedades modernas sociedades de massa a maneira mais eficiente para lidar com as les es que tamb m ocorrem de modo massificado a tutela metaindividual quer por sua abrang ncia quer por sua capacidade de amparar direitos de pequeno valor patrimonial mas de significativo valor social Nesse sentido PIMENTA Jos Roberto Freire BARROS Juliana Augusta Medeiros de FERNANDES Nadia Soraggi Tutela metaindividual trabalhista S o Paulo LTr 2009 255 p 74 SACHES Ignacy
34. aspecto quantitativo quanto qualitativo Confirmada a hip tese inicial de que as pol ticas p blicas de emprego s o formas eficazes de inclus o social atuando n o apenas nos efeitos pontuais da exclus o mas procurando reverter suas causas no sentido de que s o permanentes e que diminuem as desigualdades conferindo ao benefici rio o sentimento de participa o e de relev ncia social encaminhamos a discuss o para o novo modo de atua o do poder p blico enquanto manifesta o de uma compreens o do Estado como agente promotor de direitos fundamentais e especialmente de direitos sociais Considerando que a efetiva o de direitos est relacionada atividade estatal orientada e definida por meio de pol ticas p blicas e tendo como base a defesa da import ncia e predomin ncia das pol ticas p blicas de emprego como promotoras de bem estar e de inclus o social destacamos a t tulo exemplificativo algumas pol ticas p blicas de emprego com maior potencial para a revers o da condi o de exclus o as quais precisam ser objeto de investimento tanto do Estado quanto do empresariado Feitas estas constata es passamos an lise das principais cr ticas do pensamento neoliberal quanto centralidade do emprego ressaltando seu vi s 171 ideol gico e os equ vocos argumentativos utilizados por seus propagadores Elencamos alguns motivos pelos quais entendemos que o emprego na sua forma protegida compreen
35. capacidade de renova o permanente e sistem tica o que lhe exige muito mais dedica o do que as horas de trabalho que lhe s o remuneradas O esfor o por qualifica o continuada e o risco do enquadramento na condi o de desqualificado para o trabalho submetem o trabalhador a uma exist ncia carregada de ansiedade e medo de desemprego o que afeta sua sa de e sua qualidade de vida Pol ticas p blicas de emprego devem contemplar medidas educativas minimizadoras do fosso entre o dom nio t cnico elementar para o exerc cio profissional e aquele necess rio para o estabelecimento de uma condi o de seguran a no trabalho compat vel com as exig ncias do mercado que tem sua l gica pautada na produ o e na competitividade 106 KATO J M PONCHIROLLI O O desemprego no Brasil e os seus desafios ticos Revista da FAE Curitiba v 5 n 3 p 87 97 set dez 2002 p 89 79 O problema n o est entretanto na ado o de medidas corretivas ou preventivas da desqualifica o profissional e consequente exclus o social do trabalhador j colocado ou desempregado O cerne do problema est fundamentalmente no processo educativo desde a sua g nese e que provoca consequ ncias que dificultam a revers o do quadro em etapas posteriores quando o trabalhador j se encontra inserido no mercado de trabalho ou em expectativa de ingresso Referindo se aos fatores estruturais do desemprego no pa s Kato e Ponchirolli apon
36. como nas condi es para a presta o do servi o Isso pode ser realizado de diversas formas como por exemplo pela redu o da jornada de trabalho oferta de subs dios para a contrata o no setor privado oferta de cr dito a pequenas e microempresas incentivo e investimento na forma o e capacita o dos trabalhadores prote o dos trabalhadores contra a automa o veda o da dispensa arbitr ria Destaca se que as classifica es t m mero prop sito did tico servindo para melhorar nossa compreens o a respeito do tema N o s o limitativas e desse modo poss vel que algumas pol ticas de emprego em certos aspectos se assemelhem a pol ticas ativas e em outros a pol ticas passivas Dadas as limita es temporais que uma disserta o de mestrado nos imp e ser o analisadas apenas algumas pol ticas p blicas de emprego as quais constituem rol meramente exemplificativo 66 3 1 REDU O DA JORNADA DE TRABALHO Novas discuss es acerca da jornada de trabalho t m sido suscitadas no Brasil por conta da aprova o em junho de 2009 pela Comiss o Especial da C mara dos Deputados da PEC n 231 1995 a qual prop e a altera o do artigo 7 incisos XIII e XVI da Constitui o da Rep blica a fim de constar a seguinte reda o Art 7 XIII Dura o do trabalho normal n o superior a oito horas di rias e quarenta horas semanais facultando a compensa o de hor rios e a redu o da jornada
37. cr nica do sal rio Petr polis Vozes 1998 p 24 CASTEL Robert As armadilhas da exclus o In W ANDERLEY Mariangela Belfiore org Desigualdades e a quest o social 2 ed S o Paulo Educ 2000 p 24 26 essencialmente diferentes se analisadas mais detalhadamente e sob outra perspectiva Em primeiro lugar ele fala de um desempregado de longa dura o que perdeu seu trabalho e se isolou na esfera dom stica Lembra que esse trabalhador apesar de viver sem qualquer tipo de priva o material isola se em casa em raz o da vergonha que sente com sua situa o Vivencia esse trabalhador uma exclus o que o isola do mundo exterior e que condiciona seu n cleo social limitando o esfera dom stica Paralelamente a essa situa o Castel apresenta o caso que se reproduz na periferia das grandes cidades com jovens que nunca tendo sido inseridos no mercado de trabalho vivenciam uma condi o que apesar de tamb m poder ser caracterizada como sendo de exclus o social pelo trabalho absolutamente diferente dos primeiros Sua viv ncia est vinculada ao espa o p blico e n o ao espa o privado como o dos desempregados de longa dura o Os jovens que n o alcan am o primeiro emprego vivem uma exclus o compartilhada com muitos em um ativismo no mais das vezes in til e improdutivo Com esses dois exemplos Castel confirma sua posi o relativa exist ncia de variados tipos de exclus o o qu
38. da d cada de 1930 a planifica o da economia era identificada somente aos pa ses da Uni o Sovi tica a partir desse per odo passa a ser algo comum aos pa ses do mundo capitalista que sem inviabilizar o mercado procuram planejar o futuro da economia e da na o Mais do que trazer benef cios coletivos a regula o estatal da economia passa a ser uma necessidade de prote o para a pr pria forma de produ o capitalista A despeito dos motes liberais de livre mercado e livre concorr ncia esta levada a extremos destr i as bases necess rias ao desenvolvimento do sistema o que se comprova pelas crises c clicas e regulares enfrentadas pelo capitalismo Esta a li o de Polanyi Por mais paradoxal que pare a n o eram apenas os seres humanos os recursos naturais que tinham que ser protegidos contra os efeitos BERCOVICI Gilberto Planejamento e pol ticas p blicas por uma nova compreens o do papel do Estado In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 145 27 BUCCI Maria Paula Dallari Direito administrativo e pol ticas p blicas S o Paulo Saraiva 2006 p 251 257 e 259 46 devastadores de um mercado auto regul vel mas tamb m a pr pria organiza o da produ o capitalista Sendo em si mesma contradit ria e produzindo efeitos autodestrutivos a autorregula o do mercado exige uma regula o extern
39. dados do conjunto das regi es brasileiras Nota se que a tabela refere se a pessoas de 10 anos ou mais de idade empregadas sem carteira de trabalho assinada situa o que nos surpreende e nos faz questionar primeira vista os dados Ora crian as entre dez e dezesseis anos 60 n o poderiam ter sua carteira de trabalho assinada pois o pr prio exerc cio de uma atividade laborativa lhes proibido Entretanto ao contr rio de comprometer as informa es trazidas pelo IBGE a tabela nos revela um outro problema a presta o de trabalho nos moldes empregat cios por crian as e adolescentes Se tal condi o suficientemente preocupante em rela o aos adultos com mais intensidade o em rela o s crian as que deixam de se desenvolver adequadamente e sequer recebem a prote o conferida pelo Direito do Trabalho A situa o de informalidade ainda mais grave quando comparamos no mesmo per odo o n mero de empregados sem carteira assinada com o total do n mero de empregados como no gr fico a seguir Gr fico 2 Percentual de empregados sem carteira de trabalho assinada em rela o ao n mero total de empregados por regi es metropolitanas nov 2009 O o E q 3 E q 25 6 25 0 20 0 s 15 0 10 0 5 0 0 0 Salvador Belo Horizonte Rio de Janeiro S o Paulo Porto Alegre Fonte IBGE Elabora o pr pria a partir de dados extra dos do IBGE e IBGE Dispon vel
40. de diversos autores discorrerem sobre estas fun es de maneira apropriada como por exemplo Alice Monteiro de Barros apropriamo nos das indica es de j DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalismo contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 23 6 DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalismo contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 22 23 66 BARROS Alice Monteiro de Curso de Direito do Trabalho 5 ed S o Paulo LTr 2009 p 96 50 Mauricio Godinho Delgado que analisa as quatro fun es que considera como sendo as mais importantes do Direito do Trabalho em raz o da compatibiliza o com a linha adotada por n s e pela profundidade com que s o apresentadas e analisadas o que consideramos como indispens vel para o alcance de nosso objetivo nesta pesquisa 12 Melhoria das condi es de pactua o da for a de trabalho na ordem socioecon mica Considerada por Maur cio Godinho Delgado como sua fun o mais not vel na sociedade contempor nea ela atua intervindo no sistema e permitindo que ocorra uma adequa o no que se considera o cerne da economia de mercado que sua busca por e
41. de ente independente e despersonalizado n o possuindo quaisquer SILVA Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da HORN Carlos Henrique O princ pio da regula o n o mercantil do mercado e das rela es de trabalho Revista de Direito do Trabalho S o Paulo n 132 p 184 205 out dez 2008 p 188 8 POLANYI Karl A grande transforma o as origens de nossa poca 4 ed Rio de Janeiro Campus 2000 p 94 95 57 compromissos morais culturais ou sociais situa o que justifica sua regula o externa pelo nico agente capaz de personificar o interesse comum o Estado Ao reconhecer a import ncia da atua o estatal preciso lembrar a redefini o de seu papel e consequentemente dos fatores que lhe conferem legitimidade Se no Estado Liberal ela se fundava exclusivamente na legisla o como manifesta o da soberania popular hoje ela definida por sua capacidade de realizar finalidades coletivas as quais somente poder o ser alcan adas por meio das pol ticas p blicas Ressalta se como dito alhures que as pol ticas p blicas de emprego t m o cond o de realizar concomitantemente grande n mero de finalidades coletivas contribuindo desse modo para a constru o de um Estado que experimenta altos n veis de legitimidade a qual pode ser expressa pela conformidade com o Direito Em nosso ordenamento n o poss vel afirmar a legitimidade de um governo que n o respeite ou que n o promova dire
42. de modo a potencializ la encontrando mecanismos de re agrega o e de identidade a despeito da diferen a no entendimento de que qualquer luta social por mais amplo e aparentemente difuso seja seu objeto tem como fundo a mesma finalidade democratiza o das rela es sociais e materializa o dos direitos fundamentais de modo a promover o homem como centro de prote o de desenvolvimento e de realiza o nessa mesma linha que Jos Luiz Bolzan de Moraes manifesta seu entendimento afirmando que se por um lado a globaliza o tende a ser um projeto econ mico hegem nico uniformizante e totalizante por outra via pode se tornar um projeto civilizat rio que conjuga uma perspectiva universal que se constr i em escala mundial e se concretiza no plano local a partir de padr es compartilhados do justo Sabedores do fato historicamente constatado da dif cil autolimita o humana conclu mos o papel primordial do Direito na modula o dos poss veis efeitos e consequ ncias da globaliza o o Direito e n o os interesses comerciais ou 182 SANTOS Boaventura de Sousa Poder o Direito ser emancipat rio Vit ria FDV Florian polis Funda o Boiteux 2007 p 26 183 MORAES Jos Luiz Bolzan de Direitos humanos Estado e globaliza o In R BIO David S nches FLORES Joaqu n Herrera CARVALHO Salo de orgs Direitos humanos e globaliza o fundamentos e possibilidades desde a teoria cr tic
43. e inform tica Analisando as teses dos autores que sustentam o fim do emprego em decorr ncia dos avan os tecnol gicos Mauricio Godinho Delgado faz uma s ntese de suas principais vertentes sustentando a incorre o de tais argumentos Afirma ele que os avan os tecnol gicos potencializaram o processo de diminui o dos postos de trabalho iniciado na crise econ mica de 1970 Esta situa o teve sua face mais n tida na ind stria onde os grandes aglomerados de trabalhadores foram substitu dos pela tecnologia Lembra M Godinho Delgado que esses avan os criaram e acentuaram formas de presta o laborativa que pareciam estranhas ao tradicional sistema de contrata es e controle empregat cio como por exemplo o teletrabalho e o escrit rio em casa home office 14 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 36 40 16 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 36 122 Entretanto o autor deixa claro que apesar da intensidade com que as mudan as impactaram o mundo do trabalho promovendo um rearranjo em profiss es e nas empresas n o h que se falar em elimina o do trabalho e do emprego em nossa sociedade Erraram na opini o dele aqueles que apostaram nesta condi o em raz o de quatro
44. e constitui abuso do exerc cio do direito potestativo do empregador de dispensar seus empregados O conceito de dispensa arbitr ria definido no artigo 165 da CLT a que n o se fundar em motivo disciplinar t cnico econ mico ou financeiro Pode ser 120 SOUTO MAIOR Jorge Luiz Prote o contra dispensa arbitr ria e aplica o da Conven o n 158 da OIT LTr v 68 n 11 p 1323 1331 nov 2004 p 1324 97 depreendida a contrario sensu a defini o de dispensa motivada que se dar quando for justificada por algum dos motivos definidos pela lei Baseando se na teoria das nulidades Souto Maior explica que uma vez ocorrida a dispensa arbitr ria referido ato configura ato nulo Declarada a nulidade as partes devem ser restauradas ao estado anterior o que significa no presente caso a reintegra o do empregado dispensado imotivadamente Verificando se imposs vel ou desaconselh vel a reintegra o dever ser fixada pelo juiz indeniza o compensat ria conclus o decorrente da aplica o anal gica do artigo 496 da CLT Somando se prote o da ordem jur dica nacional temos a Recomenda o 119 2 a Conven o 158 e a Recomenda o 166 todas da OIT A despeito de n o criarem obriga es para os Estados participantes as recomenda es funcionam como fonte material do direito influenciando o aperfei oamento das regras jur dicas internas pelo legislador Assim quando em 1963
45. estranho tanto pessoa do comprador como pessoa do vendedor O trabalho em contrapartida dotado de uma singularidade distintiva dado que trabalhador e trabalho o sujeito e o objeto dessa rela o est o de tal modo ligados amalgamados que se verifica imposs vel faticamente a aliena o do primeiro pelo segundo Trabalho ser sempre pessoal e intransfer vel n o podendo ser apropriado pelo tomador do servi o ainda que o objeto resultado do trabalho o possa Ele 78 TEODORO Maria Cec lia M ximo Rela o de trabalho x rela o de emprego In DELGADO Mauricio Godinho TEODORO Maria Cec lia M ximo Pereira Vanessa dos Reis Rela o de trabalho fundamentos interpretativos para a nova compet ncia da Justi a do Trabalho S o Paulo LTr 2005 p 88 105 p 96 56 portanto intang vel visto que a o atividade humana destinada uma finalidade e dependente de capacidades e atributos pessoais espec ficos Conforme nos ensinam Sayonara Grillo Coutinho e Carlos Henrique Horn Essa capacidade de trabalho n o se separa da pessoa humana e sob regime de trabalho livre n o se transfere a propriedade da pessoa ao comprador da mercadoria O que de fato se transaciona no mercado de trabalho o tempo disposi o do empregador para uso de sua capacidade de trabalho na atividade de produ o dando origem a uma rela o de trabalho quando a troca mercantil se conclui Nesse vi s tratar o la
46. globalmente o pol tico A ado o do entendimento de Dworkin da nica resposta correta para cada caso tamb m modifica o entendimento acerca da discricionariedade tendo em vista que a possibilidade de escolha n o autoriza qualquer escolha mas deve significar a busca pela melhor resposta poss vel ao caso concreto ainda que eventualmente o juiz ou o administrador no caso em que analisamos engane se a respeito do que seja a nica resposta correta O interessante desse entendimento o compromisso que exige daquele que foi dotado com certo grau de liberdade para decidir quest es importantes n o somente para si mesmo mas para toda uma coletividade compromisso esse que se v manifestado na obriga o de fundamenta o das decis es e na possibilidade de sujeit las a controle No caso de decis es judiciais controle por inst ncias superiores no caso da administra o p blica controle pelo Judici rio BARROS S rgio Rezende de A prote o dos direitos pelas pol ticas Revista Mestrado em Direito Osasco a 7 n 2 p 27 43 2007 p 35 48 SILVA NETO Manoel Jorge e Controle de pol ticas p blicas na Justi a do Trabalho Revista de Direito do Trabalho a 34 n 131 p 96 110 jul set 2008 p 103 CANOTILHO Jos Joaquim Gomes Constitui o dirigente e vincula o do legislador contributo para a compreens o das normas constitucionais program ticas Coimbra Coimbra Editora 2001 2 e
47. implantado na atualidade complexa e din mica do mundo contempor neo processo dos mais dolorosos para o pesquisador O ideal republicano de um Estado Democr tico de Direito onde o trabalho fonte de dignidade e o Direito a forma de garantir Direitos Fundamentais est sempre presente naqueles que fazem sua op o pelo Direito do Trabalho Refletir sobre emprego trabalho e inclus o social tendo como paradigma que o homem dotado de dignidade e que o trabalho meio de vivenciar sua humanidade de forma plena um exerc cio dif cil de ser articulado com as m ltiplas vis es de mundo que veem no trabalho exclusivamente um instrumento para alcan ar a supremacia econ mica e acumular capital Discutir temas dessa natureza ir de encontro a uma tend ncia que se acha fortemente consolidada no imagin rio das pessoas e tipificada como ideologia dominante dif cil de ser quebrada j que constru da e alimentada pelos que dela se 169 beneficiam Mais do que isso tantas vezes sustentada por uma vis o ing nua ou subserviente daqueles que sofrem muitas vezes sem a percep o exata da rela o de interdepend ncia existente as consequ ncias das vis es de mundo relacionadas ao trabalho ao emprego e aos direitos fundamentais transmitidas de forma a aparentarem ser a melhor alternativa a mais vi vel a que melhores resultados trar para a sociedade ou at quem sabe transmitidas como a nica alternativa poss
48. maneira pensamos que certas condi es m nimas de exist ncia devem ser asseguradas popula o e sociedade de modo geral a fim de que as particularidades e as escolhas dos indiv duos enquanto sujeitos possam ser tomadas autonomamente e n o sejam o mero resultado de necessidades vitais a contingenciar seus atos volitivos 8 MYSSIOR Silvia G Quest o de lugar uma contribui o da psican lise In Col quio tica da inclus o Belo Horizonte Armaz m de Id ias 2004 p 18 22 p 19 31 A finalidade da inclus o portanto promover o empoderamento dos antigos exclu dos de modo a torn los sujeitos de sua pr pria hist ria Esse neologismo trazido do ingl s refere se modifica o das rela es de poder sendo definido pela soci loga Carla Bronzo Ladeira Carneiro Empoderamento como processo e resultado das pol ticas de prote o social pode ser uma categoria s ntese para se referir amplia o da capacidade de escolhas dos indiv duos que ocorre quando se tem acesso a ativos que em intera o sin rgica entre si permitem a incorpora o de indiv duos e grupos no universo da cidadania com a garantia efetiva do exerc cio de direitos civis pol ticos e sociais Desse modo se a exclus o a ruptura das tramas sociais a inclus o deve ser o processo por meio do qual se estabelecem novos liames e pelo qual s o restaurados antigos elos sociais num movimento de constru o e reconstru
49. mediante acordo ou conven o coletiva de trabalho Art 7 XVI remunera o de servi o extraordin rio superior no m nimo em setenta e cinco por cento do normal Nota se uma longa dist ncia entre a data da propositura do Projeto de Emenda Constitui o em 1995 e a primeira aprova o que precisa ocorrer no longo processo legislativo em 2009 evidenciando a turbul ncia e a dificuldade de obten o de consenso quanto ao assunto em discuss o Ao longo desse per odo foram realizadas novas propostas como por exemplo a PEC n 75 20083 a qual prop e a altera o do artigo 7 XIII da Constitui o da Rep blica com redu o da jornada imediata para 40 horas semanais a partir do ano seguinte ao da aprova o da emenda constitucional e a redu o progressiva de uma hora por ano at o limite de 36 horas semanais Evidente que o segundo projeto enfrentou ainda mais resist ncias que o primeiro dado seu car ter altamente progressista consistindo proposta arrojada ao considerar se a grande diferen a entre a jornada atual e a jornada proposta A redu o na jornada de trabalho ao longo da hist ria sempre foi realizada de maneira gradual com pequenas altera es at que cada pa s alcan asse o patamar desfrutado atualmente BRASIL C mara dos Deputados Proposta de Emenda Constitui o n 231 de 1995 Di rio da c mara dos deputados Bras lia julho de 1996 Dispon vel em http www2 c
50. nos permite perceber que s o dotados sentidos pr prios Cumpre nos estabelecer suas diferen as Vejamos alguns exemplos poss vel a exist ncia de uma sociedade totalmente desprovida de recursos e portanto paup rrima sem que se verifique a desigualdade ou a exclus o tendo em vista que de maneira geral todos os membros dessa sociedade s o pobres A desigualdade por sua vez revela o car ter de diferen a disparidade de n o iguais contudo n o possui necessariamente a conota o de afastamento e n o pertencimento trazidos pela exclus o Temos que os conceitos de pobreza desigualdade e exclus o est o comumente ligados num processo de implica o crescente e consequente mas n o necess rio A pobreza usualmente gera a desigualdade que por sua vez usualmente gera a exclus o poss vel concluir juntamente com Serge Paugam que quest es de tal forma social e politicamente sens veis como estas requerem que os pesquisadores reconhe am no m nimo a inexist ncia de defini es absolutas tendo em vista que s o no es vari veis conforme a poca e o lugar Por esse mesmo motivo trataremos esquematicamente de alguns dos principais autores que discorrem sobre exclus o identificando as denomina es pr prias que utilizam 2 1 1 O conceito de exclus o variantes doutrin rias Assumir um conceito a priori como verdade constitui se um risco impondo ao trabalho uma limita o desnecess ria
51. o Os programas de educa o continuada foram implantados em quase todas as empresas e est o hoje inclu dos em seus Planejamentos Estrat gicos O que se espera desses programas de educa o continuada que sejam objeto de reflex o e mudan a Que o empresariado tem investido na qualifica o de seus trabalhadores uma realidade inquestion vel O problema que tais capacita es n o devem se restringir a espa os de mera reprodu o de conhecimentos t cnicos ou de doutrina o empresarial ainda Paulo Freire quem nos alerta para os riscos dessa vontade manifesta pelos empres rios e tamb m pelos trabalhadores de serem qualificados em servi o para um exerc cio t cnico mais eficiente reacion ria a afirma o segundo a qual o que interessa aos oper rios alcan ar o m ximo de sua efic cia t cnica e n o perder tempo com debates ideol gicos que a nada levam O oper rio precisa inventar a partir do pr prio trabalho a sua cidadania que n o se constr i apenas com sua efic cia t cnica mas tamb m com sua luta pol tica em favor da recria o da sociedade injusta a ceder seu lugar a outras menos injusta e mais humana Naturalmente reinsisto o empres rio moderno aceita estimula e patrocina o treino t cnico de seu oper rio O que ele necessariamente recusa a sua forma o que envolvendo o saber t cnico e cient fico indispens vel fala de sua presen a no mundo Presen a human
52. o apenas para pessoas espec ficas mas tem ocasionado o fim de empregos no mercado em geral os quais n o voltar o a ser ofertados definitivamente Al m da perda na quantidade do n mero de empregos ofertados afirma Bridges que a qualidade dos empregos oferecido decresce em fun o da tecnologia Contudo precisamos atentar para o fato de que a tecnologia mero instrumento incapaz de prejudicar a seguran a e a retribui o proporcionadas por ele O aumento dos trabalhadores tempor rios e eventuais pelo contr rio o resultado da precariza o das rela es de emprego por meio da flexibiliza o e desregulamenta o das normas trabalhistas e n o inevit vel imperativo tecnol gico 160 Bridges afirma ainda que a tecnologia possibilitou que o trabalho fosse realizado em qualquer lugar do globo e em qualquer espa o f sico suprido por um computador o que permitiu a dispers o da empresa em diferentes unidades bem como as novas formas de presta o do trabalho com o desaparecimento dos escrit rios e o surgimento e ascens o dos home offices Discutindo acerca das vantagens e transforma es trazidas pelo teletrabalho e pelo trabalho em casa Domenico de Masi assevera que vivenciamos a desestrutura o dos momentos de trabalho versus os momentos de lazer havendo uma interpenetra o desses espa os e desses tempos de modo que h um aumento do tempo livre com uma ubiquidade das formas de lazer proporcionadas
53. o precisaria arcar com os custos crescentes da m o de obra Outro fator gerador do desemprego seria a substitui o do trabalho humano intelectual por softwares avan ados melhores redes de computador e hardwares mais potentes Al m disso as empresas t m iniciado um processo de computadoriza o de seus processos produtivos gerando o que se convencionou chamar de reengenharia Ao fazerem isso est o eliminando n veis de ger ncia tradicionais comprimindo categorias de cargos criando equipes de trabalho treinando funcion rios em v rias habilidades reduzindo e simplificando os processos de produ o e de distribui o e dinamizando a administra o Para esse autor isso significa a possibilidade de produzir cada vez mais bens e servi os com um n mero cada vez menor de trabalhadores 155 RIFKIN Jeremy O fim dos empregos o cont nuo crescimento do desemprego em todo o mundo S o Paulo Makron Books 2004 p 3 156 RIFKIN Jeremy O fim dos empregos o cont nuo crescimento do desemprego em todo o mundo S o Paulo Makron Books 2004 p 5 6 7 RIFKIN Jeremy O fim dos empregos o cont nuo crescimento do desemprego em todo o mundo S o Paulo Makron Books 2004 p 7 118 Nessa mesma linha manifesta se William Bridges em seu livro Um mundo sem empregos cujo t tulo sugestivo nos assusta e j deixa antever as teses que sustentar Afirma que a tecnologia tem gerado o fim dos empregos n
54. p 33 40 jan jun 2001
55. principal influ ncia nas diversas rela es humanas chegando a atingir inclusive o Direito Construiu se uma no o de economicidade que tem norteado o Legislativo e o Judici rio de modo que leis e decis es economicamente vi veis t m sido preferidas leis e decis es dignas justas e at mesmo jur dicas Ressalta se entretanto que um dos maiores avan os alcan ados pela humanidade foi o estabelecimento de que o trabalho n o mercadoria n o podendo portanto ser regido por regras de economicidade Nesse sentido o valor atribu do ao trabalho deve se pautar num aspecto tico sendo fixado levando se em conta as necessidades humanas e n o apenas as possibilidades econ micas Eros Roberto Grau assevera que o Direito produzido pela estrutura econ mica mas tamb m interagindo em rela o ela nela produz altera es A economia condiciona o direito mas o direito condiciona a economia O papel do Direito do Trabalho consiste justamente em condicionar a estrutura econ mica de forma a conciliar interesses aparentemente opostos livre mercado e valoriza o do trabalho garantia do desenvolvimento do capital e preserva o da dignidade do trabalhador Logo o Direito do Trabalho se coloca como garantidor de que o mercado produza n o apenas crescimento mas tamb m desenvolvimento n o apenas riqueza mas tamb m distribui o de renda O mencionado ramo do Direito formado entre suor sofriment
56. que ocorre na hip tese do empregado intelectual que det m conhecimento diferenciado e daquele trabalhador cuja arte profissional definir a melhor maneira de realizar o servi o O empregado est integrado na atividade da empresa que conjuga diversas presta es de servi o de maneira organizada orientando as para a consecu o de suas finalidades prec puas Conforme explana o de Paulo Em lio Ribeiro de Vilhena a integra o ou inser o na empresa n o se d na pessoa do trabalhador mas na sua atividade D se o acoplamento da atividade do prestador na atividade da empresa Desse modo ainda que a pessoa do empregado seja altamente independente de seu empregador todas as vezes que sua atividade estiver inserida no universo empresarial como parte integrante de uma organiza o interdependente estar presente a subordina o Nos dias atuais temos experimentado diversos incentivos por parte da m dia para que pessoas invistam no seu pr prio neg cio tornando se aut nomos Por vezes pessoas que se v em exclu das do mercado formal de trabalho passam a investir seus parcos recursos em pequenas oficinas ou pequenos neg cios movidas pela possibilidade de se tornarem empres rios bem sucedidos 18 DELGADO Maur cio Godinho Curso de Direito do Trabalho 8 ed S o Paulo LTr 2009 p 303 19 VILHENA Paulo Em lio Ribeiro de Rela o de emprego estrutura legal e supostos 2 ed S o Paulo LTr
57. reas do conhecimento e das atividades humanas 2 SANTOS Boaventura de Sousa Poder o Direito ser emancipat rio Vit ria FDV Florian polis Funda o Boiteux 2007 p 36 157 nesse sentido que o trabalho p de ser reinventado passando a identificar se como produtor e produto da cidadania Ele proporciona a participa o na riqueza na pol tica na sociedade na cultura no conhecimento na educa o na sa de promovendo enfim a inclus o tornando aqueles que o exercem part cipes na cidadania Se hoje a economia as novas formas de produzir e o neoliberalismo t m buscado amea lo de extin o afirmando sua desnecessidade reduzindo as prote es que permitem sua n o identifica o ao sofrimento e controlando a m o de obra pela amea a angustiante do desemprego papel do Direito como o foi no momento de surgimento do Direito do Trabalho impedir que sejam exitosos em tal prop sito Essa prote o revelar se benef cio n o somente para os trabalhadores mas tamb m para aqueles que vivem da explora o do labor alheio tendo em vista a liga o intensa entre trabalho e cidadania Garantir condi es justas de trabalho significa promover aqueles que vivem de sua for a de trabalho Sobretudo significa a cria o de condi es de exist ncia capazes de evitar e combater a amea a constante experimentada por aqueles que s o dotados de uma cidadania integral em rela o aqueles que s
58. s o redefinidas pelo pr prio sistema assim evaporando dentro dele No caso de uma ideologia bem sucedida n o como se um corpo de id ias fosse percebido como mais poderoso leg timo ou persuasivo do que outro as pr prias bases para escolher racionalmente entre eles s o habilmente removidas de modo que se torna imposs vel pensar ou desejar fora dos termos do pr prio sistema Uma forma o ideol gica dessa natureza curva se sobre si mesma como o espa o c smico negando a possibilidade de qualquer exterioridade impedindo a gera o de novos desejos e impedindo os que j temos Experimentamos algo como que a restri o dos limites de nosso mundo dos espa os nos quais nos permitimos pensar Sustentar o exato oposto da teoria 130 EAGLETON Terry A ideologia e suas vicissitudes no marxismo ocidental ZIZEK Slavoj org Um mapa da ideologia Rio de Janeiro Contraponto 1996 337 p p 167 226 p 204 102 neoliberal dominante n o tarefa f cil mas dever do qual n o podemos nos furtar se pretendemos valorizar os direitos humanos e a ideia de inclus o social Somos diariamente convencidos pelos meios de comunica o de massa de que o trabalho humano possui um pre o excessivamente alto impratic vel no mercado e nos esquecemos de que quem define as regras do mercado s o os homens O mercado n o existe enquanto entidade independente e aut noma mas o resultado de escolhas e condutas muitas
59. servir a interesses espec ficos em detrimento de camadas populares sendo utilizado contra a pr pria cidadania Impende ressaltar que se no passado tivemos o desenvolvimento de uma teoria forte da discricionariedade administrativa e consequentemente do n o controle pelo 4 COUTO Cl udio Gon alves Pol tica constitucional pol tica competitiva e pol ticas p blicas In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 99 4 DAL BOSCO Maria Goretti Novo conceito da discricionariedade em pol ticas p blicas sob um olhar garantista para assegurar direitos fundamentais Revista Jur dica da UNIGRAN Dourados v 8 n 16 p 81 106 jul dez 2006 p 82 83 42 Judici rio do m rito administrativo hoje essa teoria se redefine no sentido de que as escolhas do administrador n o s o livres de par metros e portanto n o se podem dar em qualquer dire o que deseje A restri o se coloca pelo pr prio entendimento de constitui o dirigente trazido por Canotilho segundo o qual os poderes p blicos bem como os cidad os t m sua liberdade restringida conforme os programas constitucionais que definem regras m nimas de obedi ncia obrigat ria para o desenvolvimento social Nessa mesma linha o autor afirma que a tese que aqui se deixa subjacente de que todas as constitui es pretendem impl cita ou explicitamente conformar
60. situa es que demonstram claramente as possibilidades que dela decorreram 1 Os impactos se d o de forma diferenciada em cada fun o e ou profiss o A extin o de alguma delas n o implica a extin o de outras Apesar de terem reduzido ou eliminado a necessidade de pessoas em algumas reas espec ficas as tecnologias em outros momentos significaram potencializa o da atividade de outros grupos e segmentos da economia e da sociedade 2 O aumento da produtividade em raz o do uso de novas tecnologias implica redu o dos custos de produ o com a queda dos pre os e consequente aumento do consumo e da produ o 3 A extin o de algumas profiss es pode implicar a cria o de novos trabalhos inclusive com maiores exig ncias de quantitativo de pessoas do que as anteriores Em sua exemplifica o Godinho Delgado lembra se dos cocheiros que desapareceram na virada dos s culos XIX XX mas que em consequ ncia viram surgir in meras e maci as novas profiss es vinculadas s formas ent o revolucion rias de transporte humano 4 As inova es abriram espa o para o surgimento de necessidades antes n o existentes levando pessoas e institui es a demandar do mercado de trabalho com exig ncias cada vez mais sofisticadas e ampliadas de produtos e servi os Sustenta o autor que a amplia o das atividades tur sticas um claro demonstrativo dos reflexos dos avan os tecnol gicos nas reas da comunica
61. t picas calculadas sobre a folha de pagamentos diminuindo a arrecada o e sobrecarregando os demais contribuintes Felizmente poss vel perceber no gr fico a seguir a diminui o constante do grau de informalidade no Brasil 3 IBGE IPEADATA Dispon vel em http www ipeadata gov br ipeaweb dil ipeadata SessionID 1261306051 amp Tick 1263750426049 amp VAR FUNC AO Ser Temas 2060023838 amp Mod S Acesso em 17 de janeiro de 2010 62 Gr fico 3 Grau de informalidade Grau de Informalidade Defini o 55 03 55 21 48g 5508 55 22 54 30 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Fonte IPEADATA e IBGE Elabora o pr pria a partir dos dados informados Para melhor compreens o do gr fico destacamos que essa taxa corresponde defini o do IBGE obtida pelo resultado da seguinte divis o empregados sem carteira trabalhadores por conta pr pria trabalhadores protegidos empregados sem carteira trabalhadores por conta pr pria Os dados acima nos revelam que o grau de informalidade no mercado de trabalho est intimamente ligado a ado o de pr ticas neoliberais em nosso pa s No auge de um governo neoliberal percebemos o aumento da informalidade atingindo a alarmante taxa de 56 19 no ano de 1999 A partir dessa data houve uma mudan a na orienta o do governo federal que a despeito de vinculado a determinadas exig ncias do mercado financeiro vol
62. trabalho ensaio sobre a afirma o e nega o do trabalho Cole o Mundo do Trabalho S o Paulo Boitempo 1999 261 p ARRUDA Carlos ARA JO Marina RIOS Juan O Brasil destaque no relat rio global de competitividade de 2008 2009 do World EconomicForum WEF p 14 Dispon vel em http www fdc org br pt pesquisa competitividade Documents Awef2008 pdf Acesso em 10 de janeiro de 2010 BARBOSA Alexandre Freitas MORETO Amilton Pol ticas de emprego e prote o social S o Paulo ABET 1998 127 p BARROS Alice Monteiro de Curso de Direito do Trabalho 5 ed S o Paulo LTr 2009 1368 p BARROS S rgio Rezende de A prote o dos direitos pelas pol ticas Revista Mestrado em Direito Osasco a 7 n 2 p 27 43 2007 BAUMAN Zygmunt O mal estar da p s modernidade Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 1998 272 p BERCOVICI Gilberto Planejamento e pol ticas p blicas por uma nova compreens o do papel do Estado In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 143 161 BRAGA Marco GUERRA Andreia REIS Jos Claudio A belle poque da ci ncia s c XIX In BRAGA Marco Breve hist ria da ci ncia moderna Rio de Janeiro Zahar 2008 BRASIL C mara dos Deputados Proposta de Emenda Constitui o n 231 de 1995 Di rio da c mara dos deputados Bras lia julho de 1996 Dispon vel em http www2 camara go
63. trabalho vai deixando de servir de suporte cidadania e vice versa ou seja cada vez mais a cidadania vai deixando de servir de suporte ao trabalho Ao perder o estatuto pol tico que detinha enquanto produto e produtor de cidadania o trabalho fica reduzido a dor da exist ncia quer quando h sob a forma de trabalho desgastante quer quando n o h sob a forma de desemprego e n o menos desgastante E por isso que o trabalho apesar de dominar cada vez mais as vidas das pessoas est a desaparecer das refer ncias ticas que d o suporte autonomia e auto estima dos sujeitos Essa corros o do sentido do trabalho e sua identifica o com a dor da exist ncia num retorno acep o do termo no latim tripalium ou seja instrumento de tortura de tr s paus significando que trabalhar era ser torturado e por isso algo reservado aos escravos e aos servos algo que desconsidera a evolu o e o esfor o do homem para afastar o labor desses moldes A regula o das formas de trabalho consideradas l citas e adequadas pelo Direito permitiu que ao inv s de tortura o trabalho se transformasse em instrumento de realiza o pessoal e social proporcionando significado exist ncia humana extrapolando a sobreviv ncia e permitindo que cada trabalhador se sinta parte da constru o de um todo de uma sociedade interdependente que n o pode crescer e se desenvolver sem as contribui es individuais nas mais diversas
64. universidade In OLIVEIRA Francisco PAOLI Maria C lia orgs Os sentidos da democracia pol ticas do dissenso e hegemonia global 2 ed Petr polis Vozes Bras lia NEDIC 1999 p 27 51 CHIARELLI Carlos Alberto Direito coletivo do trabalho partida e chegada O sindicato em tempos de crise LTr S o Paulo v 73 n 3 p 267 271 mar 2009 COCURUTTO Ailton Os princ pios da dignidade da pessoa humana e da inclus o social S o Paulo Malheiros 2008 109 p COMPARATO F bio Konder Ensaio sobre o ju zo de constitucionalidade de pol ticas p blicas Revista de Informa o Legislativa a 35 n 138 p 39 48 abr jun 1998 COUTO Cl udio Gon alves Pol tica constitucional pol tica competitiva e pol ticas p blicas In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 97 130 178 DAL BOSCO Maria Goretti Novo conceito da discricionariedade em pol ticas p blicas sob um olhar garantista para assegurar direitos fundamentais Revista Jur dica da UNIGRAN Dourados v 8 n 16 p 81 106 jul dez 2006 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 149 p Curso de Direito do Trabalho 8 ed S o Paulo LTr 2009 1478 p Dura o do Trabalho o debate sobre a redu o para 40 horas semanais LTr S o Paulo v 73 n 8 p
65. vel contra a qual n o h possibilidade de redirecionamento hist rico j que determinada econ mica e socialmente Na tentativa de responder aos questionamentos se as mudan as desencadeadas pelo desenvolvimento tecnol gico e as crises econ micas interferem modificando o princ pio fundamental de prote o ao trabalhador e em que medida as pol ticas p blicas de emprego apresentam se como mecanismos eficazes para a promo o da inclus o social buscamos compreender o conceito e o significado de inclus o social utilizando nos para tanto de seu contraponto a exclus o Diante da car ncia de trabalhos que se prop em a enfrentar as diferentes concep es acerca do conceito de inclus o buscamos compreender o seu conceito inverso qual seja o conceito de exclus o Desse modo foi poss vel efetuar uma re constru o conceitual a partir da vis o de diferentes autores que foram utilizados como base te rica e que nos permitiram perceber que na atualidade ela tem sido relacionada precariza o ou aus ncia de trabalho evidenciando que o caminho para a inclus o se d por meio do fomento ao trabalho decente Tomando como ponto de partida a exclus o foi poss vel refazer os caminhos da inclus o social Tratada como a nova quest o social conforme posi o anteriormente atribu da a Castel a exclus o est relacionada com a aus ncia do emprego e com emprego precarizado o que coloca a inclus o por meio de pol tic
66. 008 pdf Acesso em 10 de janeiro de 2010 91 78 Esta invers o de prioridades est associada ao fato do pa s estar inserido nas cadeias produtivas e econ micas globais Confirmando o bom posicionamento do Brasil na quest o da automa o esses autores afirmam que Quanto a Prontid o Tecnol gica o Brasil tradicionalmente bem posicionado neste pilar muito influenciado pela alta capacidade de absor o de tecnologias por parte das firmas nacionais 422posi o A partir deste relat rio o F rum Econ mico Mundial apresenta o Brasil com uma p ssima coloca o no que respeita ao enfrentamento de problemas sociais enquanto assume uma posi o bem mais confort vel no quesito inova es tecnol gicas e sofistica o empresarial Esse resultado demonstra que os investimentos em automatiza o s o significativamente maiores do que os investimentos relativos ao enfrentamento dos problemas sociais entre eles certamente os problemas inerentes coloca o no mercado de trabalho A prote o contra a automatiza o precisa ser enfrentada como pol tica p blica de emprego que pode ter in meras linhas de atua o e que merece ser observada n o apenas perspectiva do Direito mas a outras reas da ci ncia com as quais o Direito estabelece suas interconec es O fomento a pesquisas que busquem alternativas para a inova o e incorpora o tecnol gica sem os custos sociais que t m originado
67. 1 n 1 p 138 159 juin 1998 p 147 15 Tradu o nossa No original La pauvret disqualifiante est une relation d interdependance entre les pauvres et le rest de la soci t qui g n re une angoisse colletictive car de plus em plus de personnes sont consid r es comme appartenant ces cat gories et beaucoup dont la situation est instable craignent de le devenir 23 A mescla de tipos ideais numa mesma sociedade ocorre especialmente em pa ses de industrializa o tardia como o Brasil nos quais convivem realidades antag nicas regi es altamente desenvolvidas e industrializadas com problemas t picos de sociedades p s industriais ao lado de regi es paup rrimas que lidam ainda com quest es relativas a sociedades subindustrializadas Podemos afirmar que a realidade brasileira se depara com os problemas da desqualifica o precariza o das rela es trabalhistas aumento significativo do desemprego sem que tenha eliminado os bols es de pobreza t picos da pobreza integrada e sem que tenha vivenciado plenamente ou significativamente o per odo da pobreza marginal que fortaleceu sobremaneira as redes de prote o social A exclus o em nosso pa s se coloca em n veis elevad ssimos como decorr ncia de um ac mulo de disfun es sociais sem que a correspondente constru o de solu es fosse inteiramente estruturada b desinser o termo utilizado por Gaujelac e Leonetti apud Mariangela Belfi
68. 1 2 Inclus o social crit rios ea 28 2 2 POL TICAS P BLICAS COMO INSTRUMENTO DE INCLUS O SOCIAL a A CR a a EA A a ES 34 3 POL TICAS P BLICAS DE EMPREGO E INCLUS O SOCIAL 52 3 1 REDU O DA JORNADA DE TRABALHO 65 3 2 EDUCA O E CAPACITA O DE TRABALHADORES 76 3 3 PROTE O CONTRA A AUTOMA O 85 3 4 VEDA O DISPENSA ARBITR RIA eeeeeeeereires 92 4 RESIST NCIAS INCLUS O SOCIAL O OBST CULO NEOLIBERALISTA 23 gorro sd A EE 99 4 1 ESTADO M NIMO CONCEP O E CONSEQU NCIAS 103 4 2 O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE PELA INCORPORA O TECNOL GICA Gusta e bind at 114 4 3 EMPRESAS SEM HOMENS AS POSS VEIS CONSEQU NCIAS DO TOMOTIS MO R a a 122 4 4 A INTENSIFICA O DA GLOBALIZA O E A INTERNACIONALIZA O DA ECONOMIA QUALIFICAM A EMPRESA NACIONAL E AMPLIAM OS MERCADOS tatiiitana indolor obra da A U baia AA A ab DA aa 132 4 5 SOU DONO DO MEU PR PRIO NEG CIO O ENGODO DA PEJOTIZA O E DOS FALSOS AUT NOMOS niei 139 4 6 MAIOR PODER PARA OS SINDICATOS A FAL CIA DA REDU O DA LEGISLA O TRABALHISTA eeeemeeess 144 5 TRABALHO EMPREGO E DIREITO DO TRABALHO COMO CAMINHO DE INCLUS O SOCIAL NO BRASIL teem 150 6 CONCLUS O ssa SCENE 167 7 REFER NCIAS sans aiicidiinda arterial a ia ES 175 10 1 INTRODU O Vivemos numa poca em que a economia tem sido a
69. 2 296 289 27 1 264 258 252 Negros 246 236 232 244 240 246 28 235 232 24 210 204 199 192 Brancos 265 252 22 265 257 263 243 251 24 1 23 7 222 218 218 213 Rural 297 281 267 283 261 267 239 257 241 249 230 21 2 209 206 AR o A 244 BA 26 M8 204 252 236 241 235 227 214 211 209 202 M dia de horas semanais trabalhadas da popula o ocupada todos os trabalhos 42 8 423 422 42 9 425 425 41 9 424 41 9 41 414 410 409 410 Mulheres 36 2 35 6 359 31 364 367 362 370 364 364 365 360 36 2 364 Homens 47 0 466 45 467 46 464 458 461 457 454 451 447 445 444 Negros 423 417 46 423 420 419 413 419 41 3 411 408 404 40 2 404 Brancos 43 1 427 427 4834 429 430 424 428 423 422 420 415 415 415 Rural 412 400 396 410 398 397 387 393 386 385 37 9 37 2 368 368 Urbano 433 9 830 835 493 433 429 491 425 424 422 418 417 418 Notas t Horas habitualmente trabalhadas por semana em todos os trabalhos 2 Horas habitualmente trabalhadas por semana em todos os trabalhos Fonte IBGE PNAD vida notas t cnicas O problema enfrentado pelo Brasil agrava se pelo fato de que 20 3 da popula o ocupada possui jornada superior a 48 horas semanais extrapolando em muito o m ximo legal Desse modo imperiosa n o apenas a redu o da jornada de trabalho a ORGANIZA O INTERNACIONAL DO TRABALHO OIT BRASIL Perfil do trabalho decente no Brasil Bras lia e Genebra OIT 2009 p 14 71 para 40 horas semanais mas sobretudo
70. 73 n 8 p 914 918 ago 2009 p 916 2 DIEESE Reduzir a jornada de trabalho gerar empregos de qualidade Nota T cnica n 57 nov 2007 Dispon vel em http www dieese org br notatecnica notatec57JornadaTrabalho pdf Acesso em 4 de janeiro de 2010 75 situa o que mesmo considerando a jornada de trabalho atual de 44 horas semanais possui potencial para gerar 1 200 000 novos empregos caso sejam extintas ou ao menos limitadas A equa o elaborada para esse c lculo a seguinte 52 800 000 44 1 200 000 Assim o fim das horas extras combinado com a redu o da jornada de trabalho tudo possui potencial extraordin rio para reduzir o desemprego Ainda que referidos c lculos sejam meras proje es e n o possam ser considerados como resultados absolutos eles nos apontam indicadores poss veis e altamente vantajosos da redu o da jornada de trabalho Todos os itens acima elencados est o relacionados entre si todavia poss vel notar uma vincula o mais estreita entre a gera o de empregos e a melhoria do mercado econ mico interno Isso ocorre porque o aumento dos n veis de emprego em determinado pa s contribui para o aumento da renda proporciona novos contingentes de consumidores que estimulam a produ o requerendo novos trabalhadores gerando finalmente um c rculo virtuoso O fortalecimento do mercado interno altamente desej vel tendo em vista que torna o pa s mais independente do
71. 8 o Estado tem que se organizar no facere e praestare incidindo sobre a realidade social a que o Estado social de direito transforma se em Estado democr tico de direito Se as pol ticas p blicas visam ao atendimento dos objetivos fundamentais do Estado e esses objetivos englobam a inclus o social conforme explicitamos no t pico anterior as pol ticas p blicas devem promover a inclus o social inclus o ampla que se revela inclus o na pr pria cidadania tamb m nesse sentido o entendimento de Sebasti o Botto de Barros Tojal 4 GRINOVER Ada Pellegrini O controle de pol ticas p blicas pelo poder judici rio Revista de Processo a 33 n 164 p 9 28 out 2008 p 11 4l TOJAL Sebasti o Botto de Barros Controle judicial da regulamenta o de pol ticas p blicas Revista da Academia Brasileira de Direito Constitucional n 3 p 185 195 2003 p 191 39 N o s o mais os procedimentos capazes exclusivamente isoladamente de legitimar a lei Legitimar o processo pol tico decis rio Ao rev s a sociedade hoje se preocupa de uma maneira enf tica e foi capaz de articular no sentido de definir a legitimidade da decis o a partir de seus resultados concretos E preciso pensar que hoje a legitima o n o se d mais partir apenas e t o somente de uma tica de responsabilidade em fun o da qual os meios definem os fins poss veis Forma e materialidade conjugam se no intuito de conferir
72. 9 mai 2007 POCHMANN Marcio Educa o e trabalho como desenvolver uma rela o virtuosa Educa o e Sociedade Campinas v 25 n 87 p 383 399 mai ago 2004 POLANYI Karl A grande transforma o as origens de nossa poca 4 ed Rio de Janeiro Campus 2000 349 p PORTO Lorena Vasconcelos A rela o de emprego e a subordina o a matriz cl ssica e tend ncias expansionistas LTr v 72 n 7 p 815 826 jul 2008 RIFKIN Jeremy O fim dos empregos o cont nuo crescimento do desemprego em todo o mundo S o Paulo Makron Books 2004 340 p RIZZO Mar al Rog rio A redu o da jornada de trabalho amenizando o problema do desemprego Revista das Faculdades Integradas Toledo S o Paulo Universit ria v 4 n 2 p 92 103 dez 2001 SACHES Ignacy Exclus o social pelo trabalho decente oportunidades obst culos pol ticas p blicas Estudos avan ados S o Paulo v 18 n 51 p 23 49 mai ago 2004 SANTOS Boaventura de Sousa Poder o Direito ser emancipat rio Vit ria FDV Florian polis Funda o Boiteux 2007 112 p SARLET Ingo Wolfgang A efic cia dos direitos fundamentais Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 453 p SHAKESPEARE William Romeu e Julieta In Obra completa v I Rio de Janeiro Editora Nova Aguilar 1995 SILVA Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da HORN Carlos Henrique O princ pio da regula o n o mercantil do mercado e das rela es de trabalho
73. 99 mai ago 2004 p 385 10 Cabe esclarecer que os percentuais indicados na cita o referem se aos ndices do per odo analisado por Pochmann e n o a estat sticas recentes o que n o compromete a an lise feita j que com pequenas altera es mant m se na atualidade 110 IBGE Pesquisa nacional por amostra de domic lios Rio de Janeiro v 29 p 1 129 2008 84 O Brasil sofre hoje as consequ ncias de anos de baixos investimentos em capacita o para o trabalho grave o problema de falta de trabalhadores com a qualifica o m nima para o exerc cio de determinadas atividades t cnicas A amplia o de v rias reas da economia nacional tem sido afetada pela falta de m o de obra especializada para que possa crescer de maneira adequada tanto quantitativa quanto qualitativamente Analisando a educa o enquanto forma de interven o no mundo Paulo Freire afirma que como experi ncia especificamente humana a educa o uma forma de interven o no mundo Interven o que al m do conhecimento dos conte dos bem ou mal ensinados e ou aprendidos implica tanto o esfor o de reprodu o de ideologia dominante quanto o seu desmascaramento Dial tica e contradit ria n o poderia ser a educa o s uma ou s outra dessas coisas N o apenas reprodutora nem apenas desmascaradora da ideologia dominante Neutra indiferente a qualquer destas hip teses a de reprodu o da ideologia dominante ou a
74. Exclus o social pelo trabalho decente oportunidades obst culos pol ticas p blicas Estudos avan ados S o Paulo v 18 n 51 p 23 49 mai ago 2004 p 25 26 54 social ao contr rio do des nimo e da falta de perspectivas vivenciadas por assistidos cr nicos Nesse sentido as pol ticas p blicas de emprego s o mais vantajosas para o Estado j que requerem baixos investimentos e transformam indiv duos dele dependentes em indiv duos aut nomos que possuem condi es pr prias de satisfazer suas necessidades e de sua fam lia S o ainda mais vantajosas no aspecto individual pois convertem sujeitos e fam lias deprimidos pelo desemprego afastados do conv vio social com sentimentos de n o pertencimento em pessoas inseridas no meio social nos benef cios prometidos pela modernidade e no exerc cio de uma gama ilimitada de direitos Impende ressaltar entretanto que a garantia a qualquer trabalho n o suficiente e tampouco desejada Importa ao contr rio que seja promovido o trabalho decente entendido como aquele que atende aos requisitos m nimos tra ados pela OIT almejando se sua amplia o constante no mbito de cada pa s a no o de trabalho decente se ap ia em quatro pilares estrat gicos a respeito s normas internacionais do trabalho em especial aos princ pios e direitos fundamentais do trabalho liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negocia o coletiva elimina
75. GADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 119 113 Segundo Hayek citado por Marilena Chau um dos principais problemas da crise consistia no demasiado poder conferido aos sindicatos que exigindo aumentos salariais e aumento dos encargos sociais impediram o exerc cio da atividade econ mica A recupera o estaria portanto relacionada quebra do poder dos movimentos oper rios por um Estado forte que fosse capaz de cortar os encargos sociais a que se sujeitava o empresariado Considera se segundo esse estu rio ultraliberalista como necessidade imperiosa do funcionamento do sistema certa taxa de desigualdade e de desemprego que seriam naturais servindo como incentivo atua o do empresariado e como forma de dinamizar a economia O Estado deveria proporcionar as condi es para o exerc cio da livre concorr ncia deixando aos agentes econ micos por sua atua o racional promover o crescimento Preocupa es com sa de educa o assist ncia e limita es ao exerc cio do capital n o pertenceriam ao Estado H uma ruptura com a l gica do Estado de Bem Estar Social Se esse havia incorporado diversas tarefas colocando se como respons vel pela promo o de bens coletivos o Estado Neoliberal como Estado M nimo afastava se desses compromissos O neoliberalismo procura identificar a atua
76. LIVEIRA Francisco PAOLI Maria C lia orgs Os sentidos da democracia pol ticas do dissenso e hegemonia global 2 ed Petr polis Vozes Bras lia NEDIC 1999 p 27 51 p 27 135 ANDERSON Perry Balan o do neoliberalismo In SADER Emir GENTILI Pablo orgs P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado Democr tico 5 ed S o Paulo Paz e Terra 2000 p 9 23 136 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 71 106 Em uma tentativa bastante simplificada de s ntese o que nos remete necessidade de leitura do texto original em sua ntegra tentamos apresentar cada uma dessas tr s dimens es como forma de compreender as concep es basilares do Estado m nimo e como elas influenciaram e ainda influenciam no estabelecimento de pol ticas p blicas direcionadas destrui o do emprego e Constru o cultural da hegemonia liberal e Constru o pol tica da hegemonia liberal e Constru o econ mica da hegemonia liberal Passemos apresenta o das tr s dimens es 12 Constru o cultural da hegemonia liberal Delgado divide esta dimens o em dois grandes processos e Formata o e generaliza o de um suposto pensamento econ mico nico de car ter ultraliberal e Fragmenta o de parte relevante do pensamento cr tico ao capitalismo ou pelo menos cr tico ao modelo laissez fai
77. MPREGO Evolu o do sal rio m nimo Dispon vel em http www2 mte gov br sal min EVOLEISM pdf Acesso em 12 de janeiro de 2010 64 Foi justamente o fortalecimento da prote o ao emprego que permitiu que Brasil enfrentasse a ltima crise econ mica em situa o mais tranquila do que outros pa ses Todavia a despeito dos avan os nacionais nessa rea h ainda muito por se fazer tendo o governo federal em 2006 elaborado uma Agenda Nacional de Trabalho Decente destacando as principais reas nas quais o pa s precisa avan ar Constam dessa agenda as seguintes prioridades 1 Gerar mais e melhores empregos com igualdade de oportunidades e de tratamento 2 Erradicar o trabalho escravo e eliminar o trabalho infantil em especial em suas piores formas 3 Fortalecer os atores tripartites e o di logo social como um instrumento de governabilidade democr tica Nota se que as prioridades definidas pela Agenda Nacional de Trabalho Decente constituem se primordialmente em pol ticas ativas de emprego Para compreendermos o que isso significa procederemos a uma pequena classifica o das pol ticas p blicas de emprego Quanto ao tipo as pol ticas p blicas de emprego podem ser classificadas em pol ticas passivas e pol ticas ativas As primeiras visam diminuir os riscos sociais criados pelo desemprego amenizando as dificuldades enfrentadas pelos desempregados e procurando diminuir a oferta excessiva de m o de o
78. Outra quest o que merece destaque a rela o entre rendimento por hora de trabalho em face dos anos de estudo Analisando a tabela 8 9 do IBGE podemos verificar que em 2008 pessoas brancas com 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de refer ncia ganhavam em m dia R 8 30 por hora trabalhada Se considerarmos a escolaridade com o rendimento veremos que esse montante cresce significativamente a cada aumento do n mero de anos de estudo Uma pessoa com escolaridade de at 4 anos tem rendimento de R 4 40 ou seja praticamente a metade da m dia nacional enquanto que uma pessoa com 12 anos ou mais de estudo recebe em m dia R 17 30 por hora trabalhada ou seja mais do dobro da m dia nacional Feitas as an lises da rela o entre escolaridade empregabilidade rendimento cabe considerar os aspectos concernentes capacita o profissional e a sua tend ncia eminentemente t cnica adotada no Brasil A capacita o para o trabalho apreciada independentemente da educa o formal precisa ser tamb m objeto de an lise Ela deve ser considerada tanto na perspectiva de capacita o em servi o sendo a uma responsabilidade do empregador quanto da capacita o para o servi o esta como uma responsabilidade do governo das empresas e de uma conscientiza o da sociedade 108 POCHMANN Marcio Educa o e trabalho como desenvolver uma rela o virtuosa Educa o e Sociedade Campinas v 25 n 87 p 383 3
79. PONTIF CIA UNIVERSIDADE CAT LICA DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE POS GRADUA AO EM DIREITO POL TICA P BLICA E INCLUS O SOCIAL O PAPEL DO DIREITO DO TRABALHO Marcela de Azevedo Bussinguer Belo Horizonte 2010 MARCELA DE AZEVEDO BUSSINGUER POL TICA P BLICA E INCLUS O SOCIAL O PAPEL DO DIREITO DO TRABALHO Disserta o apresentada ao Programa de P s Gradua o em Direito da Pontif cia Universidade Cat lica de Minas Gerais como requisito parcial para obten o do t tulo de Mestre em Direito Orientador Prof Dr Mauricio Godinho Delgado Belo Horizonte 2010 FICHA CATALOGR FICA Elaborada pela Biblioteca da Pontif cia Universidade Cat lica de Minas Gerais Bussinguer Marcela de Azevedo B981p Pol tica p blica e inclus o social o papel do direito do trabalho Marcela de Azevedo Bussinguer Belo Horizonte 2010 183f Orientador Mauricio Godinho Delgado Disserta o Mestrado Pontif cia Universidade Cat lica de Minas Gerais Programa de P s Gradua o em Direito 1 Direito do trabalho 2 Pol ticas p blicas 3 Inclus o social 3 I Delgado Maur cio Godinho II Pontif cia Universidade Cat lica de Minas Gerais Programa de P s Gradua o em Direito HI T tulo CDU 331 16 Marcela de Azevedo Bussinguer Pol tica p blica e inclus o social O papel do Direito do Trabalho Disserta o apresentada ao Programa de P s Gradua o em Direito da Pontif cia Universid
80. a es e de contextos de naturezas t o diversas que imposs vel pensar na exist ncia de uma nica condi o cultural e social exemplificativa que os aglutine Em contrapartida falar em desfilia o n o ratificar uma ruptura mas reconstruir um percurso A no o pertence ao mesmo campo sem ntico que a dissocia o a desqualifica o ou a invalida o social 8 CASTEL Robert As metamorfoses da quest o social uma cr nica do sal rio Petr polis Vozes 1998 p 26 1 CASTEL Robert As metamorfoses da quest o social uma cr nica do sal rio Petr polis Vozes 1998 p 26 25 Dentro dessa perspectiva o sujeito que se encontra fora do mercado de trabalho na atualidade encontra se em situa o claramente distinta de um sujeito que se encontrava nessa mesma condi o no passado O processo de desfilia o resultante da exclus o do mundo do trabalho vai se dando de modo progressivo na medida em que perduram ou se reproduzem estados de desemprego por tempo prolongado A ocupa o de um n o lugar em um mundo fortemente marcado pelas rela es sociais focadas no trabalho produz um processo de progressivo desatrelamento do homem de seu meio social O perdurar desta situa o coloca o trabalhador em uma condi o de vulnerabilidade social na qual come a a ocorrer uma corros o dos la os que o ligam ao seu grupo social colocando o em perspectiva de isolamento e de ruptura de la os A condi
81. a o sindical Segundo Gilberto Dupas 2 a mobilidade do capital desestabiliza as possibilidades de negocia o Ela se constitui numa amea a utilizada pelos capitalistas para for ar acordos desvantajosos aos empregados O projeto de transforma o do sistema foi abandonado Mais grave do que isso dentro do sistema capitalista experimentamos sua conforma o a ideologias 2 SHAKESPEARE William Romeu e Julieta In Obra completa v I Rio de Janeiro Editora Nova Aguilar 1995 p 307 12 DUPAS Gilberto Economia global e exclus o social pobreza emprego Estado e o futuro do capitalismo 3 ed S o Paulo Paz e Terra 2001 p 56 146 incompat veis com a melhoria e a expans o das condi es de trabalho e por que n o dizer incompat veis com a efetiva social democracia Nos dizeres de Ricardo Antunes os sindicatos Abandonam as perspectivas que se inseriam em a es mais globais que visavam emancipa o do trabalho luta pelo socialismo e pela emancipa o do g nero humano operando uma aceita o tamb m acr tica da social democratiza o ou o que ainda mais perverso debatendo no universo da agenda e do ide rio neoliberal A brutal defensiva dos sindicatos frente onda privatista express o do que estamos nos referindo Talvez esse n o seja o resultado de a es intencionais dos sindicalistas mas o resultado de um processo complexo de transforma es no mundo do trabalho e da pol ti
82. a Rio de Janeiro Lumen Juris 2004 p 133 139 interesses privados que deve indicar os rumos a serem seguidos por esse fen meno limitando a entrada livre de capital estrangeiro evitando os efeitos mal ficos de multinacionais que chegam e deixam o pa s em curtos per odos de tempo a depender das isen es e benef cios a elas concedidos definindo o modo de inser o internacional do pa s fixando par metros m nimos de dignidade e de civilidade nas rela es de trabalho mantendo os padr es de prote o social e negando a imposi o internacional por meio de orienta es tais como as proferidas no Consenso de Washington de desmantelamento das finas redes de amparo social criadas nacionalmente Somente ser poss vel inverter a l gica da globaliza o hegem nica quando formos capazes de compreender a necessidade de um crescimento conjunto compartilhado em contraposi o a um crescimento dependente e sustentado pelos miser veis Hoje experimentamos dois mundos imperdoavelmente separados por um precip cio mas inter relacionados em raz o da in rcia de seus destinos opostos a manuten o do primeiro requer a prostra o do segundo Enquanto aquele n o faz outra coisa sen o abra ar insistentemente o globo com o prop sito de apropriar se do mundo para logo concentrar toda sua riqueza em seu v rtice redemoinho o segundo que se debate entre seguir vivendo ou morrer se de fome desterrado ab
83. a presen a tica aviltada toda vez que transformada em pura sombra O que est claro na fala de Freire que n o se est aqui a defender nenhuma dicotomia entre o processo reflexivo e a pr tica do trabalhador representada por suas atividades t cnicas N o se prop e a substitui o de uma capacita o t cnica por uma educa o pol tica Todo processo e pr tica que proponham uma dicotomia entre a o e reflex o est o carregados de equ vocos e distor es O trabalhador precisa refletir a partir de sua pr pria realidade para construir sua cidadania Afirmar que os trabalhadores n o querem perder tempo com reflex es pol ticas mas que ao contr rio querem aprender a fazer melhor aquilo que lhes est destinado na 2 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necess rios pr tica educativa S o Paulo Paz e Terra 1996 p 102 Cole o Leitura 86 perspectiva t cnica sem sombra de d vidas distorcer o real e defender um discurso que interessa na realidade s pr prias elites que esperam melhorar o desempenho t cnico e a produtividade sem ter que conviver com um trabalhador mais consciente de si de seus direitos e de seu lugar no mundo 3 3 PROTE O CONTRA A AUTOMA O O avan o vertiginoso da ci ncia e da tecnologia com os consequentes desdobramentos no processo de automatiza o impactou a vida humana com tal intensidade e abrang ncia que n o h como efetuar qualquer tipo de an
84. a promovida pelo Estado capaz de limitar suas for as vorazes e potencializ las dentro de espa os capazes de promover melhoria da qualidade de vida para a popula o de modo geral e n o apenas para um restrito grupo Esse o papel das pol ticas p blicas a transforma o social Ao tratar desse tema importante nos atentarmos para o adjetivo p blica que segue a palavra pol tica a fim de compreendermos seu car ter essencial na defini o de seus destinat rios e de seus autores Quanto aos primeiros podemos afirmar que uma pol tica p blica quando atende ao interesse p blico em contraposi o interesses particulares Quanto a seus autores ela p blica porque autoriza a participa o dos interessados na sua elabora o e no acompanhamento de sua execu o por m mais do que isso porque deve ser realizada primordialmente pelo Estado ainda que com colabora es de particulares Assim se manifesta Alcindo Gon alves Mesmo que algumas defini es possam admitir a produ o de bens coletivos atrav s de a es planejadas e organizadas ao longo do tempo e do espa o a partir de organiza es n o governamentais entendemos que o conceito de pol ticas p blicas exige a presen a e a a o estatais para dar a elas o sentido de abrang ncia e n o exclusividade de seus resultados Somente o Estado possui atributos de legitimidade social de perman ncia e organiza o jur dico legal indispens veis p
85. a massiva repetitiva e homogeneizada tinha como prop sito tornar o trabalho t o simplificado quanto poss vel de modo que o tempo despendido em cada tarefa fosse cada vez menor otimizando a produ o que deveria ser intensa e numerosa a fim de baratear os pre os e incentivar a demanda Foram conjugadas as ideias de Ford da esteira rolante e de Taylor da administra o cient fica segundo as quais as tarefas deveriam ser rotineiras DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 37 40 124 demandando o menor esfor o poss vel com isso diminuindo o tempo necess rio para sua realiza o Se tal forma de produ o agiliza a presta o laboral ao mesmo tempo respons vel pelo esvaziamento do saber produtivo dos oper rios tornando suas tarefas enfastiosas e mec nicas transformando homens em ap ndices da maquinaria produtiva Todavia a partir das d cadas de 1960 e 1970 os oper rios passaram a reivindicar autonomia e independ ncia em rela o ao capital para que os meios materiais do processo produtivo fossem controlados pelos pr prios trabalhadores O movimento oper rio restou infrut fero para conceder aos empregados a autogest o e a hegemonia em rela o ao capital mas permitiu uma reavalia o por esse ltimo das possibilidades de explora o do trabalho humano verificando ser pos
86. a regula o estatal na fixa o de normas trabalhistas precarizar a legisla o existente e enfraquecer os sindicatos constituem claras medidas de desrespeito ao valor trabalho com inadmiss vel retrocesso civilizat rio Deixar a defini o das condi es m nimas de trabalho negocia o direta entre empregado e empregador revela retorno condi o do trabalho como simples mercadoria cujo pre o fixado pela atua o din mica de oferta e procura Diferentemente quando o Estado interv m fixando requisitos m nimos a serem cumpridos pelas partes resta claro que o trabalho deve ser objeto de prote o especial evitando o aviltamento do sujeito que o exerce 4 2 O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE PELA INCORPORA O TECNOL GICA Convive se diariamente com a tecnologia de modo que estamos t o acostumados com ela que j n o poss vel imaginar um mundo sem a sua presen a Sempre a vemos com olhares positivos e esperan osos de que novos produtos novas descobertas poder o transformar enormemente a vida humana sempre para melhor Esquecemo nos todavia de que nem todas as suas consequ ncias s o positivas acabamos sendo convencidos de que as incorpora es tecnol gicas em sua quase totalidade s o ben ficas e devem ingressar em nossas vidas livremente Os efeitos da tecnologia s o sentidos n o apenas na esfera da vida privada afetando tamb m o modo pelo qual se d a produ o de riquezas as rela es
87. abalho decente essere 69 Tabela 3 Popula o de 16 anos ou mais de idade ocupada no trabalho principal que realiza afazeres dom sticos por sexo segundo a m dia de horas semanais dedicadas ao mercado de trabalho e aos afazeres dom sticos 2007 72 Tabela 4 Tempo m dio de perman ncia no trabalho principal das pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de refer ncia por regi es metropolitanas segundo os meses da pesquisa mar 2002 nov 2009 92 Tabela 5 Evolu o do emprego no Brasil 93 LISTA DE GR FICOS Gr fico 1 Pessoas de 10 anos ou mais de idade empregadas sem carteira de trabalho assinada no trabalho principal em rela o ao total de pessoas ocupadas na semana de refer ncia por regi es metropolitanas nov 2009 58 Gr fico 2 Percentual de empregados sem carteira de trabalho assinada em rela o ao n mero total de empregados por regi es metropolitanas nov 2009 59 Gr fico 3 Grau de informalidade rara 61 Gr fico 4 Evolu o do sal rio m nimo e rreeana 62 SUM RIO 1 INTRODU O sans Dias 09 2 INCLUS O SOCIAL NO CAPITALISMO CARACTERIZA O E POSSIBILIDADES sas anais la ir da ain 15 2 1 INCLUS O SOCIAL CARACTERIZA O oseese 16 2 1 1 O conceito de exclus o social variantes doutrin rias 19 2
88. ade Cat lica de Minas Gerais como requisito parcial para obten o do t tulo de Mestre em Direito Prof Dr Mauricio Godinho Delgado Orientador PUC Minas Prof Dr Maria Cec lia M ximo Teodoro PUC Minas Prof Dr Regina Coeli Moreira Camargos Convidada externa PUC Minas Belo Horizonte fevereiro de 2010 AGRADECIMENTOS Ao professor Mauricio Godinho Delgado por nos ensinar despretensiosamente que o conhecimento uma integralidade que nos torna seres humanos melhores no conv vio e na compreens o do outro Por nos mostrar que os problemas te ricos que nos angustiam geralmente t m solu es pr ticas menos complexas do que imaginamos Aos professores do mestrado da PUC Minas que cada um ao seu modo pr prio nos incentivou transforma o Ao professor Luiz Ot vio Linhares Renault que em prosa e verso repensa o Direito Ao professor M rcio T lio Viana por nos ensinar que a sabedoria anda ao lado da simplicidade Ao professor Jos Roberto Freire Pimenta por provar que o tempo el stico sendo sempre poss vel encontrar tempo para o que importante e por provar que a busca pelo conhecimento deve ser sempre ilimitada Ao meu pai que no seu olhar revisor de m dico parece entender tudo de Direito A minha m e minha companheira nas d vidas e nas discuss es sempre pronta a debater comigo temas atinentes disserta o de tal modo que ao final desse trabalho se declarou tamb m apaixo
89. ado Domenico de Masi chama a sociedade na qual estamos vivendo de sociedade p s industrial e justifica o uso do termo afirmando que superamos o momento hist rico no qual o setor industrial ocupava a posi o de hegemonia passando para uma nova configura o na qual diversos setores convivem sem que nenhum deles seja preponderante Ao falar da sociedade p s industrial relaciona alguns dos valores emergentes nessa sociedade entre os quais se encontram a desestrutura o do trabalho do lazer e da qualidade de vida Entretanto vale destacar que a qualidade de vida somente poss vel por meio de condi es econ micas capazes de proporcionar bem estar condi es essas alcan adas pela maioria maci a da popula o mundial por meio do trabalho protegido Ao se desestruturar o trabalho especialmente o regulado e protegido desestruturam se as condi es de possibilidade para uma vida plena com qualidade O autor afirma ainda que algumas necessidades fr geis da sociedade industrial perder o o sentido na sociedade p s industrial contudo tais necessidades s o justamente aquelas compreendidas como indicadores de qualidade de vida quais 1 MASI Domenico de O futuro do trabalho fadiga e cio na sociedade p s industrial 6 ed Rio de Janeiro Jos Olympio 2001 p 179 205 120 sejam ser capaz de sustentar sua fam lia ter um lar e proporcionar estudos aos filhos Os autores citados nesse t pico s o un nime
90. ainda que o mercado fosse eficiente para promover por si s crescimento econ mico o que question vel historicamente ele n o possui quaisquer compromissos com as conquistas hist ricas de humaniza o do capitalismo evidenciando a necessidade de sua compatibiliza o com a efetiva o de direitos fundamentais Nota se que as promessas trazidas pelo receitu rio neoliberal n o foram cumpridas Conforme destaca Jos Luiz Fiori a hist ria tem demonstrado que as pol ticas neoliberais trouxeram resultados med ocres a infla o encontra se sob controle mas em contrapartida os ndices de desemprego dispararam a d vida p blica se manteve elevada o crescimento n o foi retomado os trabalhadores cada vez mais abrem m o de seus direitos as moedas s o mantidas elevadas de forma artificial as elites continuam atribuindo aos governos e aos trabalhadores a sua pr pria falta de competitividade A constru o te rica neoliberal e a consequente defesa do Estado M nimo t m sido utilizadas estrategicamente como m todo de destrui o do trabalho na sua forma protegida A alegada necessidade de flexibiliza o da legisla o trabalhista de redu o dos custos da m o de obra e ainda de aumento do espa o para a negocia o coletiva tem sido sustentada como medida imperativa para desenvolvimento do capital 154 FIORI Jos Luiz Os Moedeiros Falsos 5 ed Petr polis 1998 p 154 156 115 Todavia afastar
91. al das discuss es as contradi es que nelas s o encontradas Partimos dos equ vocos sobre os quais essas teses se sustentam procurando demonstrar que a incorpora o tecnol gica que em um primeiro momento pode reduzir postos de trabalho tem como desdobramento o aumento da produtividade e do consumo 15 capazes de gerar novas necessidades que demandar o a cria o de novos postos de trabalho ainda que em reas diversas das que foram extintas e com maior n vel de exig ncia t cnica do que os anteriores Atacamos a ideia toyotista de que empresas sobrevivem sem homens Destacamos para efeito desse processo de desconstru o de teses a quest o dos impactos da globaliza o e da internacionaliza o procurando evidenciar os equ vocos da ideia de que tais procedimentos geram qualifica o da empresa nacional ampliando os mercados O incentivo pejotiza o e busca de autonomia dando ao trabalhador a falsa ideia de que ser dono de seu pr prio neg cio o caminho que deve ser buscado por todos foi fortemente atacado deixando evidente que n o se est a condenar a priori qualquer inten o do trabalhador em estruturar se enquanto empres rio mas no engodo de sua estrutura o como falso aut nomo Finalmente procuramos apresentar as contradi es impl citas na defesa da ideia de que a redu o da legisla o trabalhista com aumento das normas aut nomas o caminho mais coerente para que se alcance a competit
92. alidade com que era vista nas sociedades anteriores gera para n s problemas de consci ncia moral e para al m disso graves problemas jur dicos no sentido de que representa uma profunda ruptura da solidariedade democr tica assegurada constitucionalmente a ponto de Friedrich M ller afirmar que o ataque mais perigoso democracia passa pela exclus o social A fim de evitar as rupturas mencionadas e os processos de desagrega o social deles decorrentes devemos compreender esse fen meno procurar conceitu lo e estud lo de maneira que tenhamos condi es de melhor enfrent lo e tamb m de promover o seu inverso desej vel qual seja a inclus o Primeiramente nos deparamos com a dificuldade da defini o ante a abertura do conceito tratado por cada autor com uma nuance ou causa espec fica permitindo nos afirmar a sua polifonia A amplitude e consequente abrang ncia do conceito por vezes colocam no como sin nimo de conceitos correlatos tais como pobreza e desigualdade mas uma 2 ESCOREL Sarah Vidas ao l u trajet rias de exclus o social Rio de Janeiro Fiocruz 1999 p 24 25 10 ESCOREL Sarah Vidas ao l u trajet rias de exclus o social Rio de Janeiro Fiocruz 1999 p 66 M LLER Friedrich Globaliza o exclus o social democracia Palestra proferida na UERJ em 27 05 2005 Dispon vel em www rio rj gov br pgm acesso em 03 06 2009 20 an lise mais minuciosa
93. alos entre as novas descobertas s o diminu dos Isso pode ser constatado pela observa o simples do tempo levado entre a Primeira e a Segunda Revolu o Industrial e entre esta e a Revolu o Tecnol gica O avan o da tecnologia permitiu a intensifica o da globaliza o pois as dist ncias e o tempo despendido para viagens e transmiss o das informa es foram encurtados Esse processo inovador pois difunde as transforma es e permite que pessoas em diferentes locais do planeta tenham acesso a inova es tecnol gicas desenvolvidas por outras regi es mas ao mesmo tempo propagador das tradi es no sentido de que difunde o conhecimento o respeito e a admira o pela heran a cultural de diversos povos Finalmente a globaliza o pode nos unir enquanto ra a humana enquanto sujeitos que experimentam o mundo em sua totalidade aproveitando e crescendo com a diversidade mas por vezes tem sido respons vel pelo afloramento de sentimentos nacionalistas exacerbados pelo ressurgimento do preconceito e da xenofobia fragmentando o mundo em ra as e fazendo ressurgir conflitos que pens vamos superados Podendo ser m ltiplas coisas devemos sempre pensar o que ela tem representado e como tem sido utilizada Se pode produzir efeitos ben ficos ou mal ficos verificamos que pode ser instrumentalizada e nesse sentido deve ser manejada cuidadosamente Impende salientar que a integra o internacional e a forma c
94. amara gov br internet proposicoes chamadaExterna html link http www camara gov br internet sileg Prop Detalhe asp id 14582 Acesso em 15 de dezembro de 2009 67 Assim como a exist ncia de trabalho subordinado surge com a Revolu o Industrial pelas caracter sticas espec ficas desse momento hist rico a quest o relativa jornada inicia se nesse per odo dado que o objeto vendido no mercado de trabalho justamente o tempo disposi o do empregador Ambas as partes dessa rela o visam maximizar seu ganhos o empregador explorando a for a de trabalho pelo maior tempo poss vel e o empregado que vive exclusivamente de seu sal rio trabalhando tanto quanto suas for as f sicas lhe permitam para aumentar sua renda familiar Todavia a l gica de mercado que ingressou na produ o trouxe graves preju zos sa de e seguran a do trabalhador sendo respons vel por jornadas excessivas de 14 e at 16 horas di rias O trabalho se iniciava antes do nascer do sol e s terminava quando j era noite O homem vivia exclusivamente para o trabalho e ainda assim tinha grandes dificuldades para sustentar sua fam lia o que exigia o trabalho de mulheres e crian as O labor e o sono preenchiam a totalidade do dia do prolet rio n o lhe restando tempo livre para o descanso o lazer e a conviv ncia familiar A jornada era de tal modo extenuante que os acidentes de trabalho eram corriqueiros e expulsavam do
95. an ados pelo desenvolvimento cient fico e tecnol gico inerente ao capitalismo Ora n o tem sentido admitir se em uma sociedade democr tica que todos os ganhos do espetacular avan o cient fico e tecnol gico ocorrido no sistema fiquem concentrados estritamente nas elites econ micas sem qualquer redistribui o social ainda que em parte claro O argumento trazido por Delgado demonstra que a redu o da jornada medida de justi a social devendo ser aplicada ainda que represente um pequeno nus ao empresariado Conforme proje es apresentadas pelo DIEESE a redu o em 4 horas da jornada de trabalho semanal representar a gera o potencial de 2 252 600 novos postos de trabalho no pa s O c lculo utilizou dados de 2005 da Rela o Anual das Informa es Sociais RAIS segundo a qual o n mero de pessoas trabalhando 44 horas semanais as quais passar o a trabalhar 40 horas de 22 526 000 devendo esse valor ser multiplicado pelo n mero de horas que se reduz da jornada 4 horas e dividido pela jornada que se tornar obrigat ria 40 horas gerada portanto a seguinte equa o 22 526 000 x 4 40 2 252 600 O DIEESE informa ainda com base em dados da RAIS de 2005 que s o realizadas no Brasil aproximadamente 52 800 000 horas extras por semana I DELGADO Mauricio Godinho Dura o do Trabalho o debate sobre a redu o para 40 horas semanais LTr S o Paulo v
96. andonado e condenado inviabilidade sob os jogos platonizantes do liberalismo redentor O pre o da riqueza de um a mis ria do segundo 8 Se a riqueza de algumas na es ou de grupos sociais depende da mis ria dos demais ela n o pode ser socialmente desejada N o se afirma uma igualdade absoluta que s pode ser alcan ada com certo ferimento liberdade situa o t o indesejada quanto a hip tese anterior Entretanto compreende se que a sustenta o de uns n o pode estar firmada na subjuga o de seus semelhantes 184 MART NEZ Jos Maria Seco Globalizaci n el nirvana Del viejo orden burgues In R BIO David S nches FLORES Joaqu n Herrera CARVALHO Salo de orgs Direitos humanos e globaliza o fundamentos e possibilidades desde a teoria cr tica Rio de Janeiro Lumen Juris 2004 p 151 185 Tradu o nossa dos mundos irremisiblemente separados por um precip cio pero inter relacionados por raz n de la inercia de SUS destinos opuestos el mantenimiento del primero requiere de la prostraci n del segundo Mientras que aqu l no hace otra cosa sino profiar abrazos al globo com el prop sito de apropriarse Del mundo para luego concentrar todo su riqueza em su v rtice el segundo que se debate entre seguir viviendo o murrirse de hambre es desterrado abandonado y condenado a la inviabilidad bajo los juegos platonizantes Del liberalismo redendor El precio de la riqueza de uno es la mis ria del segu
97. as de emprego como a alternativa sua revers o Nesse sentido a promo o de pol ticas p blicas de emprego que possuem car ter abrangente a alternativa com maior potencial de efic cia para minimizar os efeitos da exclus o social Diferentemente das demais pol ticas p blicas muito direcionadas inclus o na perspectiva individual com reflexos que n o passam da figura do sujeito e portanto 170 muito mais restritivas as pol ticas p blicas de emprego possuem car ter mais abrangente produzindo maior impacto na sociedade haja vista que extrapolam a figura do sujeito e reverberam para al m dele atingindo sua fam lia e o grupo social ao qual pertence Al m do aspecto quantitativo as pol ticas p blicas de emprego s o mais eficientes no aspecto qualitativo pois tem o cond o de promover maior n mero de direitos colocando na m o do benefici rio a responsabilidade pela gest o desses novos recursos Diferenciam se das pol ticas assistencialistas que por serem homog neas n o lhe permite a liberdade de garantir o atendimento s suas especificidades e s necessidades individuais De posse dos recursos que lhe s o garantidos pelo trabalho o sujeito pode ent o investir naquilo que melhor lhe parece conveniente seja cultura sa de lazer ou qualquer outro bem ou servi o que defina como priorit rio A defesa das pol ticas p blicas de emprego como a melhor forma de inclus o social justifica se tanto no
98. as estrat gias de implementa o dos est gios de forma o t cnica e profissional ainda pouco estimulados e valorizados enquanto pol ticas de emprego bem como os denominados contratos de aprendizagem que ainda n o encontraram o formato ideal para que possam cumprir sua finalidade Dois aspectos precisam ser objeto de reavalia o no contrato de aprendizagem a faixa et ria do aprendiz sobre a qual se estende o contrato e sua jornada de trabalho no que respeita ao n mero de horas di rias de atividade O artigo 428 da CLT ao definir que esta modalidade de contrato pode se estender dos 14 aos 24 anos acaba criando uma distor o ao colocar como de aprendiz adultos que j poderiam estar inseridos no mercado de trabalho formal tendo garantidos todos os direitos trabalhistas Essa condi o de aprendiz desfavorece o trabalhador se ela acontece fora de uma faixa et ria e de maturidade compat vel com o tipo de atividade a que se destina 81 Colocar um adolescente de 16 ou 17 anos nessa condi o extremamente prejudicial sua forma o J um adulto com 22 ou 23 anos que se encontra plenamente amadurecido e com aptid o para assumir responsabilidades adequadas a sua condi o f sica e ps quica ainda que n o tenha os conhecimentos necess rios ao desempenho da fun o poder ser capacitado para tal com a garantia dos direitos trabalhistas A dificuldade de estabelecer normas que respeitem as diferen as dessas faixa
99. as no mundo da vida que se vive e se descobre Este poema encerra nosso sentimento de finitude e incapacidade de concluir um trabalho desta grandeza Ele d conta de nossa expectativa de expressar nossa cren a de que a linguagem a morada do ser conforme pensamento de Heidegger e que como tal pode ir sendo complementada em todos os momentos e apreendida por cada um que a partir de suas pr prias viv ncias compreende o mundo seus desafios e as responsabilidades na garantia de preserva o da dignidade humana O oper rio em constru o Vinicius de Moraes Era ele que erguia casas Onde antes s havia ch o Como um p ssaro sem asas Ele subia com as casas Que lhe brotavam da m o Mas tudo desconhecia De sua grande miss o N o sabia por exemplo Que a casa de um homem um templo Um templo sem religi o Como tampouco sabia Que a casa que ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravid o De fato como podia Um oper rio em constru o Compreender por que um tijolo Valia mais do que um p o Tijolos ele empilhava Com p cimento e esquadria Quanto ao p o ele o comia Mas fosse comer tijolo E assim o oper rio ia Com suor e com cimento Erguendo uma casa aqui 225 MORAES Vinicius de Soneto de fidelidade e outros poemas 2 ed Rio de Janeiro Ediouro 1996 p 53 57 Cole o Cl ssicos de Ouro 26 HEIDEGGER Martin Ser e Tempo Petr polis Vozes 2002 Adiante um apartament
100. as tecnologias e novas formas de gest o da m o de obra In O mundo do trabalho crise e mudan as no final do s culo OLIVEIRA Carlos Alonso Barbosa de et alli orgs S o Paulo P gina Aberta 1994 p 563 587 p 566 128 exato oposto tendo em vista que o trabalho alardeado como flex vel significa concretamente a realiza o da mesma quantidade de trabalho por um n mero menor de trabalhadores gerando contingentes de pessoas que laboram assoberbadas de servi o cansadas e estressadas com a possibilidade de novos cortes de pessoal A exig ncia de que o oper rio seja vers til e multifuncional tende a vir acompanhada com um outro aspecto do modelo toyotista qual seja diminuir a separa o existente entre execu o e concep o dos produtos como se os pr prios empregados devessem se envolver e fossem capazes de contribuir para o desenho o desenvolvimento e o planejamento das mercadorias Marcia de Paula Leite ressalta a dificuldade de o empresariado brasileiro adaptar se a essa caracter stica e repassar tarefas de planejamento aos oper rios o que pode ter sido proporcionado pelos obst culos atinentes constru o da autonomia e independ ncia necess rias para o trabalhador polivalente quando haviam sido dela esvaziados Certamente que outros pa ses tamb m passaram por situa es como essa e adotaram o sistema com adapta es e especificidades evidenciando que a difus o do sistema n o se deu de man
101. as trabalho e emprego trazem sobre elas repercuss es nefastas O autor afirma que as taxas elevadas de juros causam al m do desemprego as seguintes repercuss es reduzem a atividade econ mica privada reduzem o investimento p blico na economia e na sociedade reduzem ou 7 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 111 148 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 115 117 1 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 115 116 112 eliminam a possibilidade de efetivo e consistente crescimento econ mico no respectivo pa s aprofundam os problemas relacionados ao perfil de concentra o de renda na respectiva sociedade e economia Em uma s ntese do segundo fator apresentado qual seja insist ncia na preserva o de pol ticas redutoras dos investimentos p blicos diretos e indiretos 150 Delgado afirma que necess rio reenfatizar se que o baixo n vel de investimento estatal compromete frontalmente qualquer pol tica s ria de combate ao desemprego E que os investimentos do Estado em suas m ltiplas dimens es por sua pr pria din mica e pela proje o que t m junto ao mercado econ mico pri
102. aumento de liberdade na negocia o coletiva com diminui o da legisla o trabalhista A liberdade na economia de modo geral e mais especificamente na negocia o coletiva tem sido t o fortemente propalada que quase nos esquecemos de antiga reflex o ainda atual os resultados nefastos dessa liberdade sem freio Verifica se hoje nas rela es dos assalariados com seus patr es que a liberdade para aqueles uma burla A fal cia da liberdade pode ser percebida todas as vezes em que as condi es materiais de exist ncia dos envolvidos forem de tal modo diferenciadas que a manifesta o da liberdade de um deles resta prejudicada pelo comportamento ou pela simples exist ncia da outra parte 198 MORAES Evaristo de Apontamentos de Direito Oper rio 4 ed S o Paulo LTr 1998 p 101 150 Nesse mesmo sentido desponta a conhecida frase de Lacordaire segundo a qual Entre o forte e o fraco entre o rico e o pobre entre o patr o e o empregado a liberdade que oprime e a lei que liberta N o se defende que as normas trabalhistas sejam exclusivamente fixadas pela legisla o heter noma tampouco se afirma o fim da negocia o coletiva Isso significaria uma ruptura do Direito do Trabalho com o combust vel que propiciou seu surgimento que permitiu sua expans o e amplia o ao longo dos s culos A negocia o coletiva indispens vel para o processo de democratiza o das rela es sociais pa
103. aur cio Godinho 207 Delgado nos ensina que ela foi marcada pela exclus o de grande parcela da popula o dada a resist ncia sua generaliza o Esse fator foi o respons vel pela constru o de uma sociedade extremamente desigual como a brasileira na qual o luxo e a mis ria convivem lado a lado Conforme o autor legisla o estatal e a negocia o coletiva no pa s iniciaram sua constru o mais consistente a partir de 1930 1945 per odo em que o Direito do Trabalho constituiu se em pol tica p blica oficial Entretanto referido avan o esteve restrito s cidades que somavam na poca somente 30 da popula o brasileira O regime militar 1964 1985 interrompeu esse per odo de consolida o atuando de modo repressivo em rela o aos sindicatos e restritivo em rela o legisla o trabalhista diminuindo os sal rios e iniciando o processo de extin o da estabilidade no emprego A redemocratiza o de 1985 e a Constitui o de 1988 retomaram e intensificaram a prote o ao valor trabalho por meio do tratamento de direitos trabalhistas como direitos fundamentais pela amplia o da estrutura da Justi a do Trabalho e do Minist rio P blico do Trabalho funcionando como incentivo ao cumprimento espont neo da legisla o em vigor Nesse sentido PIMENTA Jos Roberto Freire BARROS Juliana Augusta Medeiros de FERNANDES Nadia Soraggi Tutela metaindividual trabal
104. baixo Em m dia o per odo de perman ncia no emprego de 6 anos 357 a 314 semanas 117 IBGE Tabela 108 Tempo m dio de perman ncia no trabalho principal das pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de refer ncia por regi es metropolitanas segundo os meses da pesquisa mar 2002 nov 2009 Dispon vel em http www ibge gov br home estatistica indicadores trabalhoerendimento ome nova defaulttab hist sh tm Acesso em 16 de janeiro de 2010 94 Considerado o tempo necess rio para a aposentadoria 35 anos para o homem um chefe de fam lia enfrentar o desemprego no m nimo por seis vezes ao longo de sua carreira Ainda que a experi ncia corriqueira n o sirva como dado cient fico utilizamo nos para fins comparativos de uma lembran a bastante comum a nossos pais ou av s de que os empregos duravam por toda uma vida A troca constante gera instabilidade ao trabalhador e sua fam lia dificulta o planejamento financeiro a compra de um im vel gera mudan as nas condi es sociais aumenta os ndices de estresse sendo prejudicial tamb m ao empregador que perde o investimento em capacita o realizado com seu empregado e despende muito tempo at que o novo empregado se adapte s pr ticas da empresa 118 Percebe se na compara o da tabela a seguir que o n mero de dispensas demiss es e admiss es muito pr ximo Tabela 5 Evolu o do emprego no Brasil
105. bor ou reduzi lo condi o de mercadoria significa atingir o pr prio trabalhador numa das express es de sua dignidade coisificando o sendo inclusive capaz de retirar em casos extremos a liberdade alcan ada com o fim da escravid o Os problemas gerados pela mercantiliza o do trabalho e dos valores sociais como um todo trazem como consequ ncia rupturas sociais e desestabiliza o de uma sociedade pautada e estruturada sobre valores morais ainda que tais valores sejam vari veis conforme os grupos e o per odo hist rico sob an lise Nos dizeres de Polanyi Permitir que o mecanismo de mercado seja o nico dirigente do destino dos seres humanos e do seu ambiente natural e at mesmo o rbitro da quantidade e do uso do poder de compra resultaria no desmoronamento da sociedade Esta suposta mercadoria a for a de trabalho n o pode ser impelida usada indiscriminadamente ou at mesmo n o utilizada sem afetar o indiv duo humano que acontece ser o portador dessa mercadoria peculiar Ao dispor da for a de trabalho de um homem o sistema disporia tamb m incidentalmente da entidade f sica psicol gica e moral do homem ligado a essa etiqueta Despojados da cobertura protetora das institui es culturais os seres humanos sucumbiriam sob os efeitos do abandono social atrav s do v cio da pervers o do crime e da fome Isso ocorre pois o mercado a despeito de regulado e dirigido por homens tomou ares
106. bra no mercado a fim de que a lei da oferta e da procura n o pressione os sal rios e as condi es de trabalho para baixo Alguns exemplos das pol ticas passivas s o seguro desemprego aposentadoria antecipada extens o do per odo de forma o escolar dos jovens retardando sua entrada no mercado de trabalho 38 ORGANIZA O INTERNACIONAL DO TRABALHO OIT BRASIL Agenda nacional de trabalho decente Bras lia 2006 Dispon vel em http www oitbrasil org br info do wnloadfile php fileld 237 Acesso em 14 de dezembro de 2009 3 BARBOSA Alexandre Freitas MORETO Amilton Pol ticas de emprego e prote o social S o Paulo ABET 1998 p 20 65 Tais pol ticas referem se principalmente a medidas de seguridade social procurando restaurar e minimizar as consequ ncias de situa es de infort nio j ocorridas criadas pelo mercado Logo pol ticas passivas n o s o suficientes para lidar com o problema do desemprego crescente tampouco para proporcionar empregos com melhores condi es e mais garantias Por tal motivo elas devem ser combinadas com pol ticas ativas as quais visam modificar e qualificar a oferta de m o de obra O prop sito das pol ticas ativas criar postos de trabalho tanto com o aumento de vagas em reas j exploradas como com a abertura de novas frentes pela explora o de novas reas Al m do aspecto quantitativo visa se a melhoria na qualidade da retribui o pelo trabalho bem
107. ca que foram aos poucos minando as for as de um grupo que em outro momento hist rico teve tanto poder e tanta capacidade de press o sobre o capital e sobre as for as pol ticas que era temido e respeitado tendo sido capaz de abalar as bases do sistema de produ o capitalista Diversos fatores foram respons veis pelo seu enfraquecimento e entre eles podemos citar a queda do muro de Berlim e o fim da Uni o Sovi tica Esses dois fatores significaram n o somente o fim da Guerra Fria e o fim da divis o do mundo em dois grandes blocos capitalistas e socialistas mas sobretudo atingiram o imagin rio social e o que havia de simb lico no sistema socialista representando a vit ria do capitalismo sobre as lutas sociais Certamente que a supervaloriza o da igualdade no sistema da Uni o Sovi tica produziu mazelas sociais e diminui o do exerc cio democr tico situa o que n o podemos tolerar Todavia sua preocupa o com esse importante valor social promoveu no sistema que lhe oposto o melhor per odo experimentado pelo capitalismo qual seja o Estado de Bem Estar Social que se preocupa n o somente com o valor fundamental da liberdade mas procura conjug lo e promov lo em sua plenitude por meio do valor fundamental da igualdade 13 ANTUNES Ricardo Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do trabalho 13 ed S o Paulo Cortez 2008 p 40 41 147 Nesse sentido o fim do socialismo
108. ca de pa ses com cultura diferente recursos naturais e n vel de renda diversos de modo que os produtos n o atendiam s necessidades nacionais c ditadura limitou a participa o pol tica da popula o na defini o das metas e dos objetivos nacionais d concentra o de renda e endividamento os empr stimos nacionais e internacionais utilizados para investimentos na economia e no desenvolvimento industrial provocaram um elevado n vel de d vida interna e externa que com seus altos juros impediram investimentos necess rios em servi os BUARQUE Cristovam O que aparta o o apartheid social no Brasil S o Paulo Brasiliense 2003 p 26 Cole o Primeiros Passos BUARQUE Cristovam O que aparta o o apartheid social no Brasil S o Paulo Brasiliense 2003 p 56 62 e 84 Cole o Primeiros Passos 29 sociais b sicos sendo a camada pobre da popula o a mais atingida por isso f abandono de setores sociais d ficit de emprego de recursos p blicos em educa o saneamento b sico sa de entre outros deixando o acesso a esses bens apenas queles que podiam pagar por eles g nfase na exporta o em vez do aproveitamento do potencial de um mercado interno poss vel h cria o de cart rios que protegiam cada setor de uma economia imposs vel de funcionar livremente o sistema protegia os setores em crise da economia em vez de incentivar a cria o de novos setores autoss
109. cam se as pol ticas p blicas de emprego e a efetiva o do Direito do Trabalho enquanto mecanismo de regula o das rela es de emprego e instrumento para o alcance da justi a social a partir de uma redistribui o das riquezas que s o produzidas no mundo capitalista A constru o e a manuten o da democracia em um Estado de economia capitalista dependem da estrutura o de um aparato normativo capaz de garantir a justi a social As normas com potencial garantista e redistributivo de riquezas para terem sustentabilidade diante dos embates que sobre elas recaem diante da for a de uma ideologia dominante no mundo o neoliberalismo que direciona as decis es internacionais com reflexos nacionais em dire o contr ria precisam ter consist ncia te rica e pr tica de tal magnitude que n o sucumbam aos primeiros combates 49 Discutindo a import ncia do trabalho e do emprego como a forma mais eficiente para reduzir desigualdades proporcionar renda afirma o pessoal e bem estar em sociedades capitalistas Godinho Delgado e Porto afirmam que A id ia e pr tica de justi a social constroem se tamb m neste contexto aprofundando se no s culo XX O sistema capitalista at ent o havia sido capaz de produzir bens e riqueza como nunca na hist ria humana mas havia fracassado na estrutura o de um sistema mais igualit rio e justo para todos O individualismo prevalecente no liberalismo origin rio vai send
110. ceito de inclus o Saber o que algo significa implica primeiramente saber o que ele n o Nesse sentido inclus o e exclus o possuem sentidos antag nicos mas ao mesmo tempo de tal forma conexos que podemos afirmar que inexistem separadamente N o faz qualquer sentido falar de inclus o onde n o existem exclu dos mas ao mesmo tempo toda inclus o provoca em certa medida uma exclus o A preocupa o com a inclus o por meio do trabalho uma tentativa de que ela seja abrangente e provoque como contrapartida o menor n mero poss vel de exclu dos Acreditamos portanto que essa forma de inclus o produz o menor grau poss vel de danos marginais Nos ltimos anos o tema da inclus o social tem sido relacionado fortemente aos portadores de necessidades especiais Essa abordagem desvia de certa forma o foco de muitos problemas ligados exclus o dificultando at mesmo o estudo sobre o assunto Ineg vel a necessidade de adotarmos posturas e programas de inclus o dessas pessoas contudo devemos lembrar que inclus o social extrapola essa dimens o abrangendo o mbito social cultural e econ mico e regra geral uma gama muito mais variada de pessoas e segmentos sociais A preocupa o com esse t pico remonta d cada de 1990 per odo no qual encontramos uma vasta bibliografia sobre o tema indicando que vivenci vamos n o apenas a desigualdade n o somente a pobreza mas para al m disso 18 presenc
111. citada por YAZBEK Maria Carmelita Pobreza e exclus o social express es da quest o social no Brasil Temporalis Revista da Associa o Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servi o Social ABEPSS a II n 3 p 33 40 jan jun 2001 p 35 IBGE Tabela Pessoas de 10 anos ou mais de idade sem carteira de trabalho assinada Dispon vel em http www ibge gov br home estatistica indicadores trabalhoerendimento pme nova defaulttab hist shtm Acesso em 16 de janeiro de 2010 59 Gr fico 1 Pessoas de 10 anos ou mais de idade empregadas sem carteira de trabalho assinada no trabalho principal em rela o ao total de pessoas ocupadas na semana de refer ncia por regi es metropolitanas nov 2009 Recife Salvador Belo Horizonte Rio de Janeiro S o Paulo Porto Alegre Total Fonte IBGE Elabora o pr pria a partir de dados extra dos do IBGE Percebe se que em novembro de 2009 nas principais regi es metropolitanas do Brasil o percentual consider vel de 19 10 das Pessoas Ocupadas composta de empregados sem carteira assinada O quantitativo de pessoas representadas por este percentual altamente significativo e demonstra a desconsidera o que ainda se tem no Brasil pela formaliza o da rela o de emprego Se considerarmos que a tabela indica exclusivamente dados das principais regi es metropolitanas chegaremos conclus o de que a situa o certamente se apresentar mais grave se forem analisados
112. co restri o ao direito potestativo de dispensar trabalhadores A Conven o pretende coibir apenas os abusos no exerc cio desses direitos Para tanto exige que a dispensa quando n o configure justa causa seja motivada com a explicita o de algumas das hip teses previstas pela pr pria Conven o as quais se assemelham quelas previstas pelo artigo 165 da CLT 126 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 158 Geneva 1982 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl2C 158 Acesso em 05 de janeiro de 2010 99 Quanto aos aspectos formais da Conven o 158 da OIT esclarecemos que a mesma foi aprovada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n 68 de 1992 tendo sido denunciada por meio do Decreto n 2 100 de 25 12 1996 do Presidente da Rep blica da poca Arnaldo S ssekind afirma que a den ncia da Conven o foi inv lida pois n o obedeceu a diversos requisitos estabelecidos nesse documento bem como na Conven o 144 da OIT da qual o Brasil signat rio Primeiramente n o poderia o Presidente da Rep blica ter denunciado o tratado pois a legitimidade para tanto do Membro da Organiza o representado pelo Estado e n o do governo representado pelo Chefe do Executivo Um outro requisito n o observado foi a necessidade de discutir a aplica o ou n o das normas internacionais de Direito do Trabalho de maneira tripartite ou seja com repre
113. constantes tentativas de retirar a identifica o natural entre trabalho e emprego Aos terceirizados pela introdu o de uma terceira parte na rela o de trabalho retira se supostamente a subordina o entre prestador e tomador de servi o Quanto s falsas pessoas jur dicas falta conforme sustentam os elementos da 154 pessoalidade e da subordina o Em rela o aos cooperados eles estariam organizados em cooperativas para obter vantagens na sua associa o entretanto nas cooperativas de m o de obra marcadas pela falsa condi o de cooperados percebe se que a associa o funciona como mera intermediadora trazendo preju zos ao inv s de benef cios aos associados Nesse tipo de cooperativa n o se verifica a presen a dos princ pios que justificam o cooperativismo O princ pio da dupla qualidade segundo o qual o filiado deve ser concomitantemente cooperado e cliente da cooperativa n o est presente pelo fato de que o nico benef cio proporcionado pela cooperativa intermediar seus servi os Por sua vez o princ pio da retribui o pessoal diferenciada deixa de se efetivar porque o cooperado n o verdadeiramente um aut nomo que se associa para obter vantagens comparativas em rela o ao exerc cio de sua atividade isoladamente Estar associado n o lhe proporciona ganhos diferenciados pelo contr rio sua contrata o cl ssica como verdadeiro empregado lhe traria a adequada prote
114. contudo que onde a liberdade individual reina soberana a vontade geral expressa na Constitui o tendo como uma de suas nuances os direitos e garantias fundamentais n o logra xito em ser soberana Elas est o em conflito constante pois aquilo que realiza o maior prazer e satisfa o individual dificilmente coincide com aquilo que produz bem estar a um maior n mero de pessoas nos par metros fixados pelo conjunto delas reunidas em assembleia HESSE Konrad A for a normativa da Constitui o Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor 1991 p 19 37 SARLET Ingo Wolfgang A efic cia dos direitos fundamentais Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 80 33 BAUMAN Zygmunt O mal estar da p s modernidade Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 1998 p 9 37 Desse modo a sociedade p s moderna marcada pelo individualismo que lhe subjaz tumultuada pelas promessas que fez a si mesma na modernidade As promessas de seguran a de estabilidade de consecu o coletiva de bem estar de efetiva o de direitos individuais e sociais em conjunto e em harmonia n o foram cumpridas na modernidade e se mantiveram para hoje com o agravamento de que as ferramentas objetivas e ideol gicas necess rias para sua realiza o foram radicalmente modificadas transformadas e descaracterizadas Se o Estado se colocava como entidade forte hoje fragilizado pela ideologia neoliberal se a vida se realizava em espa os e ambien
115. d p 28 DWORKING Ronald Uma quest o de princ pios S o Paulo Martins Fontes 2000 p 215 216 Importante ressaltar a t tulo de esclarecimento que ao longo do cap tulo 5 concluindo nas p ginas supracitadas o autor n o menciona expressamente a nica resposta correta mas faz o racioc nio inverso afirmando a impossibilidade de que nenhuma resposta seja correta Desse modo afirma que alguma das respostas ou teorias poss veis poder sempre ser preferida em rela o outra e portanto considerada a nica correta 43 Nesse sentido a exist ncia de par metros previamente estabelecidos constitucionalmente evidencia a inexist ncia de verdadeira discricionariedade tendo em vista que para esse autor a verdadeira discricionariedade discricionariedade no sentido forte seria a possibilidade de agir sem o entrave de padr es de antem o fixados por uma autoridade Para Maria Goretti Dal Bosco estar amos diante de uma discricionariedade vinculada dado que as escolhas do administrador devem sempre apontar n o para escolhas que este faria conforme suas prefer ncias pessoais mas devem ser o resultado da pr pria vontade da lei e especialmente da Constitui o Utilizando nos ainda de um conceito de Ronald Dworkin podemos definir pol ticas p blicas como aquele tipo de padr o que estabelece um objetivo a ser alcan ado em geral uma melhoria em algum aspecto econ mico pol tico ou social da comunida
116. de Conclu mos assim que os objetivos tra ados pelas pol ticas p blicas n o s o aleat rios mas possuem uma conflu ncia comum no sentido de promo o em alguma medida do bem comum A busca do bem coletivo est geralmente ligada aos direitos sociais Contudo ainda que vivenciemos momento posterior ao Estado de Bem Estar Social e experimentemos a tentativa de desconstru o de seus pressupostos a constitucionaliza o desses direitos os torna de tal maneira essenciais que as conjunturas econ micas que procuram influenciar novas conforma es do Estado com cortes e limites sua efetividade n o podem prosperar sem que ao mesmo tempo promovam rupturas democr ticas De maneira semelhante se manifesta Maria Paula Dallari Bucci A inscri o de direitos sociais nas cartas pol ticas nacionais n o um decalque de uma situa o econ mica que muda com as circunst ncias 31 DWORKING Ronald Levando os direitos a s rio S o Paulo Martins Fontes 2002 p 52 DAL BOSCO Maria Goretti Novo conceito da discricionariedade em pol ticas p blicas sob um olhar garantista para assegurar direitos fundamentais Revista Jur dica da UNIGRAN Dourados v 8 n 16 p 81 106 jul dez 2006 p 87 Ro DWORKINGS Ronald Levando os direitos a s rio S o Paulo Martins Fontes 2002 p 36 BUCCI Maria Paula Dallari Direito administrativo e pol ticas p blicas S o Paulo Saraiva 2006 p 247 44 P
117. de trabalho as rela es interempresariais e ainda a rela o homem m quina O homem vem criando formas de melhorar e facilitar seu trabalho desde os prim rdios da humanidade Iniciando com ferramentas de ossos e pedras para 116 ajudar na ca a evoluiu de tal modo que hoje leigos s o incapazes de discernir os materiais usados para a produ o de determinados utilit rios e ferramentas As mudan as foram ocorrendo de modo gradual com sucessivos aprimoramentos Entretanto alguns momentos da hist ria foram marcados pela intensidade das inova es e das transforma es incorporadas no processo produtivo Esses momentos foram identificados como Revolu es Tecnol gicas Desde a primeira Revolu o Industrial que teve como principal inova o a m quina a vapor ao longo do s culo XVIII na Inglaterra fomos alimentando a cren a de que as m quinas substituiriam o homem reduzindo sua carga de trabalho e libertando o do peso da atividade laboral Esta foi a primeira grande revolu o tecnol gica do mundo contempor neo Essa ideia foi consolidando se nas revolu es seguintes e ainda hoje mesmo diante de sua n o confirma o em raz o das evid ncias parece dominar o imagin rio tanto de intelectuais da rea quanto da sociedade como um todo A segunda Revolu o Industrial situada na segunda metade do s culo XIX e in cio do s culo XX com as m ltiplas possibilidades desencadeadas pelo conhecimento da ex
118. de n o apenas de forma num rica mas participativa no trabalho na riqueza e na pol tica Nunca seremos completamente humanos enquanto os exclu dos forem sub humanos Para o desenvolvimento dessa disserta o colocamos os seguintes problemas As mudan as advindas do desenvolvimento tecnol gico e as crises econ micas vivenciadas na atualidade interferem modificando o princ pio fundamental de prote o ao trabalhador estrutura basilar princ pio tuitivo do Direito do Trabalho 3 DELGADO Maur cio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 79 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 29 DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalismo contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 22 DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalismo contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 22 7 SANTOS Boaventura de Sousa Palestra proferida em 21 09 07 na UFMG 12 em que medida as pol ticas p blicas de emprego apresentam s
119. de sua contesta o a educa o jamais foi ou pode ser Nessa afirmativa Freire evidencia as dificuldades de implementa o de pol ticas voltadas para a educa o no pa s Aqueles que investem e planejam precisariam ter sensibilidade e capacidade de perceber que o processo educativo implica algo bem mais complexo do que a mera reprodu o de conhecimentos t cnicos como acontece por exemplo em grande parte dos programas de educa o continuada fomentados pelas empresas e tamb m pelo governo A quest o que se coloca n o exclusivamente se os gestores dos recursos destinados aos programas de capacita o possuem ou n o essa sensibilidade mas se possuem a intencionalidade de oferecer uma educa o dentro dessa perspectiva Por mais que o empresariado brasileiro venha aparentemente se modernizando e assumindo pr ticas gestoras mais direcionadas e preocupadas com a capacita o n o podemos ainda falar em uma realidade pautada em uma ruptura ideol gica que apresente mudan as t o significativas democr ticas e direcionadas constru o de um trabalhador mais cr tico e com consci ncia de seus direitos 11 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necess rios pr tica educativa S o Paulo Paz e Terra 1996 p 98 Cole o Leitura 85 Na realidade a l gica do capital e do mercado continua a imperar ainda que disfar adas por pr ticas aparentemente inclusivas e qualificadoras do cidad
120. desejos difundidos pelo mercado 159 Vimos os problemas gerados por anseios exacerbados contudo no entendimento de Jos Luiz Quadros de Magalh es O problema n o o desejo comandar O problema que n o s o os nossos desejos que comandam mas os desejos de poucos que nos fazem acreditar que os seus desejos s o os nossos desejos Desse modo temos desejado aquilo que a m dia e o mercado nos incitam a desejar coisas das quais n o precisamos j possu mos equivalente com mesma funcionalidade ou ainda pelas quais n o podemos pagar Anelos referentes a bens imateriais s o deixados de lado e at mesmo ridicularizados como coisas ut picas inalcan veis irreais ou ainda antinaturais O liberalismo e o neoliberalismo transformaram a resigna o em rela o mis ria em normalidade considerando que certos graus de desigualdade desemprego e pobreza s o inerentes ao sistema algo inevit vel pela atua o humana Nos dizeres de Ant nio Jos Avel s Nunes A economia pol tica surgida com o capitalismo como ci ncia da burguesia dando se conta de que a mis ria crescia a par da riqueza procurou desde o in cio legitimar essa desigualdade apontando a como dado inelut vel inerente natureza das coisas resultante das leis naturais que regulam a economia leis que os homens n o poderiam alterar por serem leis de validade absoluta e universal v lidas em todos os tempos e em todos os lu
121. dido como trabalho decente mant m important ssimo papel como forma de express o humana instrumento capaz de assegurar direitos promover a inclus o social propiciar o conv vio e o crescimento dos indiv duos e ainda como meio para o desenvolvimento cultural e pol tico Pudemos perceber que a ideologia neoliberal a despeito de fundar suas teses em fatos verdadeiros da realidade chega a conclus es erradas j que utiliza como fundamento para suas an lises premissas equivocados As teses de que houve aumento da globaliza o mudan a tecnol gica incorpora o do toyotismo como forma de gest o e tantas outras teses levantadas como justificativas pelos neoliberais de seu receitu rio precarizador n o se sustentam S o fatos e evid ncias que n o permitem as conclus es expostas A necessidade de reduzir postos de trabalho em raz o da automatiza o empresarial n o encontra fundamento a longo prazo O aumento da produ o dela decorrente traz como consequ ncia o aumento do mercado consumidor criando um c rculo virtuoso que pode e deve ser controlado pelo Estado com vistas garantia constitucional de prote o contra a automa o A tese de que a qualidade de empres rio ou seja ser dono de seu pr prio neg cio condi o mais ben fica ao trabalhador n o nasce de um sentimento do pr prio sujeito em um processo libert rio de cidadania mas de um desejo forjado no interior do pr prio liberalismo que busca v
122. do e acumulado para os mesmos que o capitalismo mant m cada vez mais distantes da m dia da popula o Pol ticas de valoriza o do trabalhador em empresas que passam por qualifica o e redimensionamento de seu parque tecnol gico podem e devem ser cobradas como obrigat rias pelo Estado O Direito do Trabalho precisa estar atento a demiss es imotivadas ou com motiva es que ferem a tica e a dignidade do trabalhador como nos casos de processos de automatiza o de modo a intervir n o apenas em casos isolados de garantia do direito individual mas por meio de medidas e interven es de natureza coletiva Por fim relevante destacar que a atua o do Estado na prote o do trabalhador contra a automatiza o por meio de formula o e implementa o de pol ticas p blicas destinadas a esse fim apresenta como vantagem adicional o fato de que diferentemente das demais pol ticas p blicas garantidores de direitos sociais aqui n o h que se falar em gastos p blicos que onerem o Estado Os custos destas pol ticas devem ser assumidos pelo capital e n o necessariamente pelo Estado Tal nus n o deve ser considerado como custo adicional da produ o mas t o somente como redistribui o de renda na medida em que visa diminuir o desemprego ao mesmo tempo em que incorpora uma parcela dos ganhos originados da automatiza o trata se do custo social da automatiza o reduzindo as desigualdades sociais 93 3 4 VEDA
123. do objeto de an lises coerentes e esclarecedoras de seu real significado abrang ncia e consequ ncias Algumas an lises especialmente a que nos propomos realizar nas quais ser o discutidas a quest o da produ o e da concorr ncia das empresas tendo como pano de fundo a garantia do direito fundamental ao trabalho n o podem ser realizadas sem que sejam enfrentadas na perspectiva de um mundo cada vez mais internacionalizado Destaca se que poucos termos s o dotados de tanta contrariedade como esses especialmente a globaliza o e se a pr pria conceitua o carregada de paradoxos com muito mais raz o o a considera o de seus efeitos como vantajosos ou desvantajosos A globaliza o antiga e recente intensa e paulatina inovadora e propagadora das tradi es capaz de unificar ou fragmentar de expandir a solidariedade ou destru la de combater a explora o ou intensific la antiga pois desde Marx sabemos que o capitalismo essencialmente expansionista mas recente pelo fato de ser experimentada e sentida com maior intensidade a partir da d cada de 1980 e 1990 134 A globaliza o paulatina porque as mudan as que a proporcionaram foram constru das umas sobre as outras sendo as transforma es mais recentes proporcionadas por inven es ideias e mudan as anteriormente estruturadas Contudo ao mesmo tempo intensa porque medida que a evolu o tecnol gica avan a os interv
124. dos a adot la a fim de tornar seu produto competitivo Em s ntese a ado o do sistema toyotista n o se deu de forma generalizada e o que ocorre hoje uma combina o de diferentes formas de gest o Comentando 181 sobre a ado o parcial do toyotismo Mauricio Godinho Delgado afirma PDELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 52 18 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 51 81 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 52 133 Na verdade o que tem sido abandonado reiteradamente nas ltimas d cadas a reciprocidade trabalhista elogiada pelo fordismo reciprocidade material e cultural quanto ao trabalho em dire o a modalidades de administra o de m o de obra cada vez menos retributivas do trabalho 4 4 A INTENSIFICA O DA GLOBALIZA O E A INTERNACIONALIZA O DA ECONOMIA QUALIFICAM A EMPRESA NACIONAL E AMPLIAM OS MERCADOS Apesar de constitu rem temas amplamente discutidos em jornais livros especializados e na m dia em geral parecendo indicar um dom nio p blico disseminado os termos globaliza o e internacionaliza o este ainda que de forma mais restrita nem sempre tem si
125. duto As demais fases transporte estocagem e controle de qualidade devem ser ao m ximo reduzidas e otimizadas 3 Flexibiliza o da organiza o do trabalho essa caracter stica relaciona se com outras quais sejam trabalhador polivalente e trabalho em equipe Se a produ o se torna flex vel de modo a adaptar se s necessidades do mercado o novo tipo de produ o requer um novo tipo de trabalhador capaz de operar diversas m quinas ao mesmo tempo de agregar fun es antes separadas e parceladas entre trabalhadores diferentes Al m disso o novo trabalhador precisa ter habilidade de trabalhar em grupos tendo em vista que ao inv s de responsabilidades individualizadas agora os empregados s o organizados em equipes e cada equipe precisa dar conta de uma determinada tarefa w ANTUNES Ricardo Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do trabalho 13 ed S o Paulo Cortez 2008 p 34 127 Desse modo os pr prios colegas de trabalho tornam se supervisores uns dos outros no sentido de que um membro do grupo que n o trabalha adequadamente prejudica e sobrecarrega todos os demais O capital encontrou dessa forma uma maneira de transferir uma de suas principais responsabilidades aos trabalhadores que al m de seus servi os habituais e de suas responsabilidades corriqueiras agregaram o papel de fiscalizadores de seus colegas o que aumenta a competitividade corr i os tecidos de
126. e trabalhadores na ativa e ainda no crescimento de uma classe m dia que a despeito de sofrer com a explora o de seu trabalho sente se mais identificada com a classe alta formada por empres rios do que com a classe qual realmente pertence Regina Coeli Moreira Camargos acrescenta a essas dificuldades a incipiente representatividade qualitativa de muitos sindicatos que segundo ela se explica pela alta rotatividade existente no mercado de trabalho e pela aus ncia de mecanismos eficazes para limitar a dispensa imotivada 94 VIANA M rio T lio O Direito a Qu mica e a realidade sindical Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o Belo Horizonte v 29 n 59 p 49 51 jan jun 1999 p 50 195 CAMARGOS Regina Coeli Moreira Negocia o coletiva trajet rias e desafios Belo Horizonte RTM 2009 p 167 148 A defini o de sindicato de Ricardo Antunes nos leva a algumas reflex es s o associa es criadas pelos oper rios para sua pr pria seguran a para defesa contra a usurpa o incessante capitalista para a manuten o de um sal rio digno e de uma jornada menos extenuante uma vez que o lucro capitalista aumenta n o s em fun o da baixa de sal rios e da introdu o de m quinas mas tamb m em fun o do tempo excessivo de trabalho que o capitalista obriga o oper rio a exercer Mais ainda o papel dos sindicatos fornecer aos oper rios alguns meios de
127. e como mecanismos eficazes para a promo o da inclus o social No intuito de responder a essas perguntas partimos de duas hip teses a seguir relatadas que foram confirmadas ao final da disserta o as modifica es tecnol gicas e de reestrutura o empresarial bem como o aumento da globaliza o e da competitividade internacional n o modificam a import ncia do trabalho na sociedade contempor nea como principal forma de organiza o da produ o e at mesmo das rela es sociais devendo o emprego como manifesta o do trabalho regulado e protegido manter sua centralidade as pol ticas p blicas de emprego s o formas eficazes de inclus o social atuam n o apenas nos efeitos pontuais da exclus o mas procuram reverter suas causas no sentido de que s o permanentes conferem ao pr prio benefici rio da pol tica a possibilidade de administrar os recursos proporcionados por ela diminuem as desigualdades al m de conferirem ao benefici rio o sentimento de participa o e de relev ncia social que as pol ticas meramente assistencialistas n o t m o cond o de proporcionar A defini o metodol gica de nossa investiga o esteve intrinsecamente vinculada natureza do problema que se coloca como preocupa o do pesquisador e s concep es que sustentam sua forma de compreender o mundo N o h portanto possibilidade de haver incompatibilidade entre o m todo adotado o problema objeto de investiga
128. e deporia contra a utiliza o indiscriminada do termo para todo e qualquer caso j que essencialmente diferentes Critica a qualifica o puramente negativa da express o que designa a falta sem dizer no que ela consiste nem de onde prov m lembrando que os tra os constitutivos essenciais das situa es de exclus o n o se encontram nas situa es em si mesmas Por tal motivo mais importante do que reconhecer que a exclus o manifesta a falta de algo precisamos reconhecer os processos que geraram essa falta reconhecendo que est o ligados aus ncia ou precariza o do trabalho CASTEL Robert As armadilhas da exclus o In W ANDERLEY Mariangela Belfiore org Desigualdades e a quest o social 2 ed S o Paulo Educ 2000 p 21 27 d aparta o na literatura brasileira temos Cristovam Buarque com a utiliza o dessa terminologia que significa a exist ncia num mesmo pa s de grupos que partilham a mesma l ngua o mesmo direito de votar mas se sentem apartados um do outro como seres diferentes A crueldade da l gica da aparta o reside justamente no fato de parecermos iguais sermos legalmente iguais mas na faticidade da vida experimentarmos coisas t o distintas que nos fazem questionar se vivenciamos a mesma dignidade Segundo o autor apesar de referenciarmos o termo apartheid antiga situa o oficial de discrimina o e separa o da maioria negra em rela
129. e otimiza o da produ o dos servi os etc 87 A partir da primeira Revolu o Industrial ocorrida no s culo XVIII ci ncia e t cnica come am um processo de aproxima o impactando a forma como o trabalho se organiza O homem busca os fundamentos para suas realiza es at ent o baseadas quase que exclusivamente em modelos pr ticos originados da observa o da realidade Sobre eles precisa construir modelos te ricos capazes de explicar os fen menos que estavam acontecendo no mundo fabril Comentando sobre o avan o da ci ncia e a import ncia deste momento hist rico como base do desenvolvimento tecnol gico Braga Guerra e Reis lembram que Somente no final do s culo XVIII quando a Revolu o Industrial j se desenrolava h quase um s culo os homens de ci ncia come aram a construir modelos te ricos que explicassem o funcionamento daquelas m quinas A ci ncia moderna como a conhecemos hoje ou pelo menos no que se considera como tal a partir das ci ncias experimentais encontra neste ambiente um espa o prop cio ao seu desenvolvimento Assim pudemos ver no s culo XX uma expans o tecnol gica de tal dimens o e com tal velocidade que parece ter fugido do controle humano especialmente considerando a necessidade de que o Estado fa a o devido acompanhamento e monitoramento das consequ ncias deste desenvolvimento para a vida humana que precisa ser por ele protegida Que a ci ncia e a tecnolog
130. eira absoluta mas foi sendo constru da e transformada medida em que era transmitida 4 Sistema kanban esse sistema constitui se numa forma de facilitar a reposi o de pe as no estoque reduzido da f brica toyotista sendo proporcionado pelo avan o da tecnologia Kanban uma placa que fica acoplada aos componentes necess rios para fabricar o carro por exemplo Quando um desses componentes utilizado e retirado do estoque essa placa enviada ao departamento que fabrica a pe a utilizada e dessa forma esse setor da empresa avisado de que precisa repor o estoque 13 LEITE Maria de Paula Reestrutura o produtiva novas tecnologias e novas formas de gest o da m o de obra In O mundo do trabalho crise e mudan as no final do s culo OLIVEIRA Carlos Alonso Barbosa de et alli orgs S o Paulo P gina Aberta 1994 p 563 587 p 569 129 5 Produ o de muitos modelos cada um em s rie reduzida procura se criar novas op es de consumo situa o tamb m proporcionada pela tecnologia e pela cria o de m quinas adapt veis fabrica o de modelos diferenciados com redu o progressiva do tempo necess rio para modificar e adaptar as m quinas 6 Subcontrata es a necessidade de tornar a empresa competitiva exige que ela se concentre em sua atividade primordial terceirizando a produ o e a realiza o de tarefas secund rias no desenvolvimento do produto final Se na empresa fordi
131. eiriza o dentro das empresas deixa evidenciada que a l gica da organiza o do trabalho imp e condi es que impedem a pulveriza o do trabalho Os trabalhadores ainda quando terceirizados desenvolvem suas atividades no ambiente da pr pria empresa deixando clara a impossibilidade de desmonte da estrutura onde o trabalho se organiza e a depend ncia de uma gest o com algum grau de unifica o 178 alerta Considerando o problema da subcontrata o Mauricio Godinho Delgado que isto acontece em raz o da maior economicidade que o modelo de concentra o e centraliza o do capital propicia em termos de aplica o intensiva de capital organiza o e racionaliza o de instala es e equipamentos de treinamento de m o de obra de apropria o de desenvolvimento aplica o e resguardo de tecnologia de viabiliza o do controle rigoroso de todas as fases empresariais inclusive da dire o estrat gica do mercado A pr pria utiliza o intensa da terceiriza o refor a esse argumento pois se faz dentro da empresa tomadora comprovando que os grandes polos empresariais 18 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 70 132 permanecem O que se concretizou foi diminuir sensivelmente a reciprocidade material e cultural quanto ao trabalho A busca de diminui o de postos de trabal
132. eles Na tentativa de fazer uma diferencia o conceitual evitando a multiplicidade de entendimentos que a express o exclus o social suscita no leitor Castel foge do lugar comum de entendimento acerca do que seja esta condi o social que por vezes se mistura e confunde em seus plurissignificados e possibilidades de aplica o Busca um clareamento e delimita o denotativa capazes de apresentar as especificidades que a situa o de estar exclu do do mundo do trabalho implica para o sujeito que vivencia tal situa o Ao propor o termo desfilia o e justific lo enquanto mais apropriado para o clareamento conceitual este autor coloca o centro do debate n o mais no estado em que se encontra o sujeito como pode indicar a express o exclus o social mas em uma condi o de movimento propondo se a analisar os resultados desse processo Tentando justificar a utiliza o do voc bulo desfilia o em substitui o a exclus o 18 social Castel afirma que por isso que ao tema da exclus o hoje abundantemente orquestrado preferirei o da desfilia o para designar o desfecho deste processo N o se trata de uma vaidade de vocabul rio A exclus o estanque Designa um estado ou melhor estados de priva o Mas a constata o de car ncias n o permite recuperar os processos que engendram essas situa es Para ele ao falar em exclus o estamos nos referindo a um enorme contingente de situ
133. elo contr rio direitos sociais s o conquistas da humanidade que tendo avan ado e alcan ado a posi o hist rica vivenciada hoje n o pode abrir m o desses patamares que convencionou chamar de direitos humanos aos quais conferiu positividade tornando os direitos fundamentais Ao fazer isso entendeu que s o condi es abaixo das quais n o poss vel viver dignamente Se direitos fundamentais requerem atividade estatal para sua realiza o e a maneira pelo qual o Estado desenvolve sua atua o na sociedade s o as pol ticas p blicas podemos concluir que elas s o instrumentos viabilizadores indispens veis para a efetiva o de direitos fundamentais Desse modo a fun o de governar o n cleo da id ia de pol tica p blica redirecionando o eixo de organiza o do governo da lei para as pol ticas p blicas Isso n o significa que elas n o obede am a crit rios e requisitos de legalidade mas que temos hoje uma nova forma de governar n o estritamente pela lei mas tamb m por meio de programas de a o A exist ncia de uma nova forma de governar mais comprometida com sua auto vincula o a um futuro previdente exige algumas diferencia es Muitas vezes o planejamento tem sido identificado ou reduzido quest o or ament ria Embora de extrema relev ncia o or amento n o o principal ponto do planejamento que extrapola quest es financeiras a fim de comprometer se para al m disso com
134. em http www ibge gov br home estatistica indicadores trabalhoerendimento pme nova defaulttab hist shtm Acesso em 16 de janeiro de 2010 61 Verifica se que 25 2 dos empregados a despeito de prestarem seus servi os nas mesmas condi es dos empregados formais n o possuem sua carteira de trabalho assinada n o tendo assegurados os direitos decorrentes da formaliza o Nota se que 1 4 das pessoas que trabalham satisfazendo todos os requisitos para serem considerados empregados est o na informalidade e n o recebem os benef cios e as garantias decorrentes da posi o que ocupam Essa situa o manifesta a gravidade de uma exclus o camuflada daqueles que fazem parte do mercado mas somente segundo sua faceta mais cruel contribuindo para a produ o e para o crescimento econ mico sem contudo receber a contrapresta o adequada pelo servi o prestado e sem que o crescimento produza desenvolvimento humano A informalidade tem expressivas consequ ncias tendo em vista que est relacionada a situa es de aus ncia de limite na jornada a sal rios incompat veis com o m nimo legal ou com o m nimo da categoria aus ncia de prote o relativa a medicina e seguran a do trabalho bem como dificuldade na fiscaliza o pelo Minist rio do Trabalho e Emprego Os problemas gerados pela informalidade atingem tamb m o pr prio Estado que pela aus ncia de registros se v impossibilitado de tributar situa es
135. em firmadas A t tulo de conclus o embora parcial e encaminhamento ao pr ximo item do presente trabalho podemos afirmar que a inclus o social os direitos fundamentais e as pol ticas p blicas s o temas imbricados no sentido de que aquela promove e preocupa se com a efetiva o destes os quais somente poder o ser objetivados e tornados a o por meio das pol ticas p blicas 2 2 POL TICAS P BLICAS COMO INSTRUMENTO DE INCLUS O SOCIAL Muitas vezes tentamos compreender o Direito como uma quest o puramente jur dica relegando os problemas pol ticos aqueles que a exercem profissionalmente Contudo digno de nota que o homem essencialmente um ser pol tico e o Direito por tratar de quest es relativas ao homem em sociedade n o poderia deixar de envolver se sendo mesmo marcado e por que n o dizer condicionado pela pol tica Desse modo n o basta estudarmos os direitos humanos e seus institutos jur dicos fazendo se necess rio que compreendamos as for as pol ticas que condicionam sua efetiva o e a maneira como se d sua aplica o somente poss vel por meio das pol ticas p blicas Falar em direitos humanos em direitos sociais e essencialmente em dignidade implica logicamente em a es positivas do Estado Essa quest o parece bastante clara aos juristas e at mesmo popula o talvez n o nesses termos mas na ess ncia da ideia Torna se no entanto controvertida quando a preser
136. emanding therefore compatible scrutiny Concludes that the public policies in its broader sense and with the potential to guarantee civil rights beyond the individual to include the family and immediate social structures are the best way to promote equality and to correct distortions generated by capitalism The capability of the public policies to promote other civil rights other than labor rights is studied concluding that this is the best manner to endorse welfare and social inclusion Examines the neoliberal thesis of labor deconstruction technological incorporation toyotism markets globalization internationalization creation of personal companies and labor law flexibilization deconstructing its arguments from its own contradictions and revealing that public policies for employment and social inclusion such as reduction of work hours work force education and qualification automation protection prohibition to arbitrary dismissal detached from the many available must be implemented as an instrument to assure equality and human dignity Concludes by introducing defense thesis to support the ideal of labor s centrality and its relevance as an important social category Keywords social inclusion public policies Labor and Employment Law LISTA DE TABELAS Tabela 1 Dura o semanal do trabalho em 2004 nos principais estados industriais eU o 6 5 S pe ERRAR DE 4 CIR RR Rr RE ERR DER RE E NE E SR 68 Tabela 2 Jornada de tr
137. encontrassem na condi o de aprendizes e tivessem de ter uma jornada com dura o de 8 horas Al m dos aspectos levantados merece destaque o problema do n o cumprimento dos requisitos indispens veis ao desenvolvimento dos contratos de aprendizagem Pela CLT art 428 par grafo 4 A forma o t cnico cient fica a que se refere o caput deste artigo caracteriza se por atividades te ricas e pr ticas metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho Uma observa o emp rica da realidade ainda que n o comprovada por investiga o cient fica rigorosa permite nos inferir que esse requisito indispens vel modalidade n o vem sendo inteiramente seguido nos contratos de aprendizagem Afinal um dos tradicionais problemas brasileiros ainda o insuficiente cumprimento cabal da ordem jur dica imperativa no pa s 83 Ampliando um pouco mais a discuss o e analisando a import ncia da educa o na 108 inclus o de jovens no mercado de trabalho no Brasil Pocnman afirma que com rela o ao funcionamento do mercado de trabalho verifica se que o desemprego de jovens de baixa renda bem maior 26 2 que o desemprego dos jovens de renda elevada 11 6 Por fim cabe ainda destacar a rela o entre o n vel de renda e a educa o uma vez que entre jovens pobres apenas 38 1 estudavam ao passo que entre jovens ricos inativos 80 estudavam
138. ender a ideia de que ter um neg cio pr prio condi o que melhora a qualidade de vida e a possibilidade de ascens o social por parte dos trabalhadores que deixam de ser empregados para transmutarem se em pessoa jur dica tendo supostas garantias autonomia e liberdade Ainda que baseada em condi es poss veis no mundo das teses e at da realidade a pejotiza o neologismo advindo de PJ pessoa jur dica tal qual vendida e alimentada no bojo das teses neoliberais falaciosa e prejudicial ao trabalhador j que n o contempla e n o garante de fato as condi es indispens veis de impessoalidade independ ncia e abstra o 172 A tese de fortalecimento dos sindicatos transferindo a regulamenta o trabalhista para as normas aut nomas qual seja a amplia o do leque de negocia es a serem efetuadas diretamente pelas organiza es sindicais outra tese neoliberal falsamente favor vel aos trabalhadores mas que na realidade representa a possibilidade concreta de perda de direitos O enfraquecimento dos sindicatos realidade inquestion vel e a fuga de normas heter nomas garantidas por meio de legisla o de car ter abrangente tem significado de perda de direitos dos trabalhadores enfraquecidos com a amea a do desemprego O Direito precisa encontrar caminhos para o enfrentamento das teses neoliberais e o desmascaramento das falaciosas pol ticas liberalistas de favorecimento do trabalhador mas que na
139. erendimento pme nova defaulttab hist shtm Acesso em 16 de janeiro de 2010 IBGE Tabela Tempo m dio de perman ncia no trabalho principal Dispon vel em http www ibge gov br home estatistica indicadores trabalhoerendimento pme n ova defaulttab hist shtm Acesso em 16 de janeiro de 2010 IBGE IPEADATA Dispon vel em http www ipeadata gov br ipeaweb dllipeadata SessionlD 1261306051 amp Tick 126 3750426049 amp VAR FUNCAO Ser Temas 2060023838 amp Mod S Acesso em 17 de janeiro de 2010 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 1 Whashington 1919 Dispon vel em http Awww ilo org ilolex cgi lex convde pl C001 Acesso em 03 de janeiro de 2010 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 30 Geneva 1930 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl C0O30 Acesso em 03 de janeiro de 2010 180 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 31 Geneva 1931 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl C031 Acesso em 03 de janeiro de 2010 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 35 Geneva 1935 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl C047 Acesso em 03 de janeiro de 2010 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Recommendation n 119 Geneva 1963 Dispon vel em http Avww ilo org ilolex cgi lex convde pl R119 Acesso em 05 de janeiro de 2010 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO
140. est gio e de aprendizagem que n o cumprem os requisitos m nimos indispens veis sua exist ncia regular 82 Problema ainda mais s rio diz respeito dura o do trabalho do aprendiz O art 432 da CLT ao definir que o trabalho do aprendiz n o poder exceder seis horas di rias e que este limite poder ser estendido para oito horas di rias para aprendizes que j tiverem completado o ensino fundamental acaba criando condi o bastante desgastante e injustific vel Imagine se uma atua o di ria de oito horas pelo contrato de aprendizagem mais quatro horas de aulas no ensino m dio somadas ao tempo gasto no tr nsito Nesse quadro um aprendiz que tenha terminado o ensino fundamental e que tenha quinze anos por exemplo submete se a uma condi o que fere fundamentalmente o que est expresso no art 424 como dever dos respons veis legais do adolescente qual seja afast los de empregos que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudos reduzam o tempo de repouso necess rio sua sa de e constitui o f sica ou prejudiquem a sua educa o moral Nesse caso estar amos diante de uma situa o na qual a pr pria legisla o que deveria proteger o menor com normatiza o que o resguardasse autoriza condi es desumanas e de claro preju zo sua personalidade em forma o O que pode ser considerado grave para um menor n o teria tanto relevo no caso de estudantes maiores entre 18 e 20 anos que se
141. esta ltima define duas coisas Primeiramente a Constitui o define os par metros poss veis no mbito dos quais a competi o pol tica pode se desenvolver ou seja as regras do jogo Em segundo lugar ela estipula os conte dos leg timos das pol ticas p blicas que resultam dos desfechos do jogo pol tico determinando quais programas de a o governamental poder o ser iniciados interrompidos alterados ou prosseguidos Nesse sentido temos que a pol tica constitucional orientar toda a a o do Estado independentemente do tipo de pol tica que desempenhar e desse modo as pol ticas p blicas s o duplamente condicionadas seus conte dos e limites s o fixados constitucionalmente bem como os rg os que promovem a especifica o necess ria para sua implementa o Executivo e Legislativo recebem limites materiais e formais para a realiza o dessa tarefa por defini o da pol tica constitucional A discricionariedade pol tica e administrativa no tangente a pol ticas p blicas portanto reduzida restando poucos crit rios para escolha do administrador e do legislador Se as finalidades e modo pelo qual o debate pol tico se dar j est o fixados cabe somente a escolha dos melhores e mais eficientes meios para implement las Por um longo per odo da hist ria do Direito Administrativo experimentamos um modelo de ampla liberdade ao administrador o qual entretanto gerou graves problemas por
142. esultado de uma luta organizada dos grupos envolvidos fortalecida em determinado momento pelo aparecimento de um sistema contraposto que o amea ava o socialismo Todavia poss vel ainda notar que sem a presen a forte de um Estado capaz de impor limita es ao capital seria imposs vel pelo mero acordo entre mercado e indiv duos a justa composi o desses interesses contrapostos que dir sua adequada implementa o Nesse sentido tratar de inclus o social significa tratar tamb m do Estado enquanto ente capaz de harmonizar a contradi o inerente ao sistema de produ o permitindo o desenvolvimento e crescimento do capital mas promovendo tamb m a dignidade do cidad o por meio da prote o de sua sa de da educa o da justi a tribut ria da organiza o urbana e agr ria da seguridade social e essencialmente do emprego com esse intuito que a Constitui o sabiamente prescreveu que a ordem econ mica fosse fundada em institutos aparentemente paradoxais valoriza o do trabalho humano e exerc cio da livre iniciativa art 170 da CF Somente atrav s dessa composi o ser poss vel alcan ar a finalidade da ordem econ mica que 17 consiste em assegurar a todos a exist ncia digna conforme os ditames da justi a social 2 1 INCLUS O SOCIAL CARACTERIZA O Tratar de inclus o implica necessariamente tratar de exclus o pois este conceito como oposto daquele lan a luzes sobre o con
143. eventiva do que reativa No caso da automatiza o o problema parece constituir se da mais alta relev ncia j que houve Constitui o dar destaque necessidade de implementa o de pol ticas destinadas prote o do trabalhador quanto a esta condi o artigo 7 XXVII N o fosse o problema de tal magnitude por que teria a Carta Magna evidenciado com tal intensidade a necessidade de que fosse o mesmo objeto de cuidado por parte do Estado 90 Ao explicitar no inciso XXVII do artigo 7 da Constitui o sua preocupa o em proteger o trabalhador em face da automa o a Carta M xima assumiu a preocupa o com um problema que se apresentava e cada vez mais se apresenta como uma possibilidade concreta de risco para o trabalhador Teve a Constitui o a sensibilidade de perceber que na luta pela supremacia econ mica e na busca de competitividade entre os pa ses a automa o ao possibilitar o aumento da produ o com consequente redu o dos postos de trabalho e tendo como subproduto a amplia o do capital com menor esfor o demandado seria perversa para os trabalhadores aumentando o fosso existente entre os estratos sociais A contradi o encontrada entre o quanto se investe no Brasil em pol ticas p blicas e em automatiza o evid ncia substancial a demonstrar que o legislador conseguiu perceber os riscos da distor o das prioridades que s o estabelecidas para investimento no Brasil deixand
144. exclus o social justamente a 30 modifica o de tais conting ncias que devem perpassar a preocupa o central de uma sociedade que se pretende includente Modificando o processo gerador da exclus o podemos promover a inclus o de modo que tocando e combatendo sua causa primeira atingiremos seus efeitos e muitas outras formas de exclus o ser o abrandadas sen o extintas Falar sobre inclus o social numa sociedade capitalista e por isso mesmo essencialmente excludente significa andar na contracorrente do mercado e da l gica do sistema Significa humaniz lo trazendo para o centro das discuss es valores intang veis e n o comercializ veis Significa entender o homem como ser dotado de dignidade e por isso mesmo acima de qualquer pre o Havendo uma amplitude quase infinita de ramos nos quais se pode dar a exclus o social h de haver tamb m uma preocupa o equivalente nos mesmos n veis e na mesma propor o com a inclus o A preocupa o com a inclus o perpassa a compreens o de que os espa os p blicos devem estar abertos a todos quantos desejem neles transitar sem contudo estigmatizar aqueles que escolhem estar fora Conforme a psicanalista Silvia Myssior viver em comum n o significa que tenhamos que apagar as diferen as e as particularidades mas sobretudo que estas n o sejam tomadas como uma desgra a a ser eliminada em nome de uma suposta e ilus ria normalidade Dessa
145. falar apenas em sua inexist ncia lacuna ou omiss o ante seu car ter de imperativa realiza o e sua incorpora o em nossas pr ticas administrativas mas precisamos passar a VALLE Vanice L rio do Direito fundamental boa administra o pol ticas p blicas eficientes e a preven o do desgoverno Revista Interesse P blico a X n 48 p 87 109 2008 p 99 40 discutir sua capacidade para atingir as finalidades para as quais foram gestadas e seus modos de concretiza o A fim de continuarmos a busca pelo significado e melhor compreendermos o termo pol ticas p blicas podemos fazer uso de algumas distin es presentes na l ngua inglesa mas n o utilizadas no Brasil A aus ncia de termos distintos para tais significados pode trazer algumas confus es e por isso a import ncia das especifica es o que faremos conforme as observa es de Cl udio Gon alves Couto Primeiramente temos a pol tica constitucional referente ao termo polity no ingl s e cujo significado conforme a pr pria nomenclatura prenuncia remete nos constitui o de um pa s Isso porque nos Estados Modernos s o as Cartas Magnas que definem a forma de governo de uma na o a pol tica constitucional que nos permite verificar quem vota e quem pode ser votado a maneira pela qual os governantes podem e devem governar e exercer seu poder e ainda se os cidad os s o titulares de direitos sociais m nimos ou n o Ela
146. fici ncia produtividade e lucro importante destacar que o Direito do Trabalho atua por meio da norma jur dica buscando o alcance da justi a social e promovendo a equidade sem contudo inviabilizar o pr prio avan o deste sistema socioecon mico Esse ramo jur dico procura expandir as condi es de trabalho conquistadas por alguns seguimentos econ micos numa amplia o constante para todos os setores do maior n mero de direitos 2 Car ter modernizante e progressista do ponto de vista econ mico e social Na perspectiva de Delgado esta fun o refor a a primeira na medida em que atenua seus efeitos na perspectiva econ mica e permite que o crit rio de inser o de pessoas no sistema socioecon mico n o seja irracional mas bastante compat vel e favor vel ao pr prio capitalismo Confirma sua ideia com a informa o de que os pa ses mais desenvolvidos do ponto de vista econ mico social e cultural s o os que apresentam o n vel mais DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 121 126 6868 DELGADO Maur cio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 122 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Pa
147. forma o principalmente quando favorecem as camadas mais baixas da popula o Mar al Rog rio Rizzo destaca que A princ pio a redu o da jornada para 35 horas foi muito criticada principalmente pelo empresariado mas estudos recentes apontam que o desemprego na Fran a tem ca do em ritmo muito mais acelerado que em outros pa ses da Europa como por exemplo a Alemanha J citam a Fran a como locomotiva do crescimento esse ano Pelos motivos expostos poss vel afirmar que embora sofra cr ticas quanto sua implementa o a redu o da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais constitui pol tica p blica de emprego relevante capaz de trazer grandes resultados quanto ao problema do desemprego impulsionando a economia e trazendo diversos outros benef cios que afetar o positivamente a qualidade de vida da popula o brasileira 1 DIEESE Reduzir a jornada de trabalho gerar empregos de qualidade Nota T cnica n 57 nov 2007 Dispon vel em http www dieese org br notatecnica notatec57JornadaTrabalho pdf Acesso em 4 de janeiro de 2010 105 RIZZO Mar al Rog rio A redu o da jornada de trabalho amenizando o problema do desemprego Revista das Faculdades Integradas Toledo S o Paulo Universit ria v 4 n 2 p 92 103 dez 2001 p 100 17 3 2 EDUCA O E CAPACITA O DE TRABALHADORES O destaque dado nesta pesquisa educa o como pol tica p blica de inclus o social
148. gares como as leis da f sica e perante as quais n o teria sentido falar em justi a ou injusti a porque o que natural justo Ora sabe se que as leis naturais n o podem ser modificadas e o simples anseio de faz lo demonstra desconhecimento quanto sua imutabilidade Tratar a economia como ci ncia natural ao inv s de ci ncia social estrat gia altamente inteligente dado que eventos circunstanciais indesejados s o tratados como fatos permanentes intr nsecos ao sistema cuja modifica o sequer merece ser objeto de an lise Indubit vel que o capitalismo enquanto sistema tende desigualdade e exclus o contudo isso n o as naturaliza cabendo aos homens que elegeram esse modo de 214 MAGALH ES Jos Luiz Quadros de O encobrimento do real poder e ideologia na contemporaneidade In GALUPPO Marcelo Campos org O Brasil que queremos reflex es sobre o Estado democr tico de direito Belo Horizonte Editora PUC Minas 2006 p 281 283 p 284 NUNES Ant nio Jos Avel s Neoliberalismo e direitos humanos Rio de Janeiro Renovar 2003 p 30 160 produ o adequ lo e compatibiliz lo com outro tipo ideal que escolheram qual seja o Estado Democr tico de Direito cujo conte do impede que o desenvolvimento das empresas seja constru do sobre a explora o exacerbada da m o de obra alheia Muitas vezes referida explora o com desrespeito a direitos trabalhistas realizada rei
149. guia mestra da democracia ainda n o foi totalmente incorporada no cotidiano das rela es sociais A luta pelo direito ao trabalho digno e decente ainda desconsiderada por muitos Assim a defesa de normas de prote o ao trabalhador continua sendo assumida por uma minoria de pol ticos te ricos e juristas que nem sempre encontra a necess ria resson ncia para suas id ias Pensar em qualquer tipo de limita o ao desenvolvimento tecnol gico e da automatiza o do trabalho como resultado de uma pol tica p blica de garantia de postos de trabalho tem se mostrado um exerc cio dif cil de ser compartilhado voluntariamente no meio empresarial brasileiro e tamb m no pr prio servi o p blico A ado o de pol ticas p blicas que contemplem a garantia do pleno emprego precisa ser pensada de forma mais consistente pelo governo brasileiro Aceitar a posi o eminentemente reativa depois de surgido o problema como ocorreu no caso da substitui o de frentistas de postos gasolina que exigiu uma interven o governamental imediata e forte para reverter um problema que j se encontrava implantado buscar o caminho mais dif cil e inconsistente Se pensarmos na prote o ao trabalhador enquanto um princ pio constitucional cujo objetivo resguard lo de uma rela o desigual em que se enfrentam capital e trabalho veremos a necessidade de que sejam pensados mecanismos de enfrentamento do problema de forma mais ativa e pr
150. hista S o Paulo LTr 2009 255 p 7 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 129 131 8 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 129 2 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 130 2 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 131 1 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 131 156 Contraditoriamente logo em seguida a esse curto per odo de significativo avan o surge o discurso ultraliberal no pa s anos 1990 sustentando a necessidade de flexibiliza o e desregulamenta o do ramo jur dico trabalhista afirmando que mant lo constituiria conservadorismo e atraso ao desenvolvimento nacional Uma constru o jur dica deveras recente entraria em perigoso processo de desconstru o ocorrido em todo o mundo e com consider vel intensidade no Brasil que ainda trilhava os primeiros passos na pr pria prote o do trabalho Conforme nos alerta Boaventura de Sousa Santos cada vez mais o
151. ho e em rela o aos pr prios empres rios que por vezes o praticam Pretende se evitar a concorr ncia desleal assegurando se que todas as empresas que competem no mercado seja interno ou internacional estejam sujeitas s mesmas condi es despontando como mais vantajosas aos consumidores por diferenciais qualitativos e quantitativos que n o dependem do aviltamento da dignidade humana para serem alcan ados Empresas que oferecem bons pre os mas que somente conseguem se manter competitivas no mercado praticando o dumping social n o s o interessantes para o Direito para a economia e tampouco para a sociedade Se n o s o capazes de sobreviver cumprindo os direitos trabalhistas que s o ressalta se garantias m nimas precisam ser apenadas e modificar suas pr ticas Destacamos que o Direito do Trabalho fixa padr es m nimos de civilidade nas rela es laborais os quais n o podem ser diminu dos sob pena de serem lesadas a sa de e a seguran a do trabalhador sua liberdade j restrita na contrata o bem como sua capacidade de prover sustento para si e sua fam lia com seu sal rio 162 Considerando as transforma es tecnol gicas administrativas e concernentes globaliza o alguns autores como Claus Off afirmam que essas mudan as teriam modificado o trabalho de tal modo que n o mais configuraria categoria social relevante Tal entendimento manifesta se na considera o de q
152. ho por meio da agrega o de fun es por si s uma contradi o e uma forma perversa de aferi o de lucros s custas do trabalhador O que enquanto estrat gia gerencial de racionaliza o do trabalho pode a princ pio parecer eficaz encontra limites objetivos e vis veis em uma an lise racional se considerarmos que por mais que a capacidade humana possa ser potencializada ela est condicionada a limita es de natureza f sica e intelectual A inefici ncia torna se uma possibilidade concreta colocando em risco a expectativa inicial de potencializa o do trabalho e dos lucros Essas limita es n o podem ser consideradas apenas para os trabalhadores de menor qualifica o Mesmo os trabalhadores com maior qualifica o possuem limites ao assumir tarefas de natureza diversificada Ainda que os limites n o sejam quanto capacidade de desempenho eles existem pelas dificuldades em dedicar se ao mesmo tempo a coisas t o diferentes obtendo resultados satisfat rios Quanto terceiriza o por sua pr pria aplica o diferenciada nos pa ses pode se verificar que ela resulta de uma escolha pol tica e n o de um imperativo econ mico Certamente n o se pode permitir condi es desiguais de concorr ncia entre as empresas contudo sendo proibida a terceiriza o todas as empresas dever o adaptar se ao custo da produ o projetando o na mercadoria Do contr rio sendo ela tolerada os empres rios se ver o compeli
153. i vamos um agravamento das iniquidades sociais o que gerou um alto n vel de exclus o social A gravidade da quest o pode ser sentida quando compreendemos que a exclus o mais intensamente do que a desigualdade e a pobreza produz um sentimento cruel de n o pertencimento que esgar a as diversas formas de relacionamento do homem em sociedade Preocupa nos tamb m o fato de que com a virada do s culo naturalizamos a desigualdade a pobreza e a exclus o Reconhecemos sua exist ncia mas ao mesmo tempo acostumamo nos a ela O n mero de trabalhos cient ficos atuais escritos sobre o tema baix ssimo As pol ticas p blicas com vistas a combater esse mal s o consideradas gasto excessivo de dinheiro p blico Os autores da rea jur dica n o escrevem em n mero significativo sobre exclus o Se o Direito n o se preocupa com a exclus o ele precisa repensar seu papel Mais do que punitivo das condutas criminosas resultantes da forma o de um mar de pessoas sem acesso aos bens b sicos da exist ncia humana o Direito deve se preocupar com a elabora o de medidas preventivas desse fen meno Interessante considerar que a exclus o acompanha a hist ria humana mas a modernidade que pela proclama o dos ideais de igualdade a desnaturaliza Entretanto tal como o homem moderno contradit rio esse tema se coloca para n s de forma paradoxal teoricamente desnaturalizamos a exclus o enquanto empiricamente verifica
154. ia trouxeram possibilidades ilimitadas criatividade humana ineg vel Que elas encurtaram as dist ncias entre os homens e as na es fazendo com que a dimens o espa o tempo perdesse seu significado e modificasse o formato das rela es sociais e pol ticas at ent o vigentes n o h como ignorar ou tratar com indiferen a Que elas possuem potencial para tornar a vida mais leve e f cil para a grande maioria das pessoas tamb m uma realidade incontest vel e n o h neste sentido qualquer indicativo de que possa ou deva haver uma revers o desse ritmo de desenvolvimento at porque por si mesmo imposs vel de ser estancado oi BRAGA Marco GUERRA Andreia REIS Jos Claudio A belle poque da ci ncia s c XIX In BRAGA Marco Breve hist ria da ci ncia moderna Rio de Janeiro Zahar 2008 vol 4 p 15 88 N o seria razo vel defender o retorno a um estado anterior de desenvolvimento tecnol gico Ci ncia e inova o tecnol gica precisam fazer parte dos projetos de qualquer na o e devem ser contempladas com fomento adequado compartilhado com o setor privado O que precisa ser avaliado dentro do escopo desta investiga o em que medida a incorpora o tecnol gica interfere no mundo do trabalho e pode comprometer esse direito fundamental garantido constitucionalmente e objeto de tratados internacionais ratificados por muitas na es A l gica capitalista e globalizante se alimenta dos a
155. ismo passou a ser veiculada mostrando o desprezo desta corrente de pensamento pelo trabalho em contraposi o ao valor dado ao capital financeiro especialmente o especulativo O trabalho e o emprego perdem o seu lugar de destaque e de centralidade no discurso neoliberal que toma for a e consist ncia Em uma s ntese do que aconteceu neste processo de fragmenta o de uma parcela do pensamento cr tico ao neoliberalismo e de ascens o de uma nova cultura hegem nica Godinho Delgado destaca que alguns pensadores deixaram se seduzir ou assumiram ingenuamente ainda que com fundamentos diferentes a ideia de que o trabalho teria se tornado desimportante na estrutura e din mica do novo capitalismo sendo que o emprego a tradicional e dominante f rmula de trabalho neste sistema teria deca do para inevit vel anacronismo 2 Constru o pol tica da hegemonia liberal Delgado aponta dois processos que s o determinantes na constru o pol tica da hegemonia liberal o 1 as vit rias pol tico eleitorais de dois l deres radicais e agressivos do neoliberalismo Margareth Thatcher 1979 e Ronald Reagan 1980 nos dois pa ses chave do sistema financeiro mundial e da cultura mais assumidamente capitalista do globo a de l ngua inglesa E o 2 desaparecimento ou pelo menos debilita o de contrapontos pol ticos consistentes externos e internos ao sistema capitalista ocidental A for a com q
156. itos fundamentais trabalhistas e que n o atue de modo a realizar pol ticas p blicas de emprego Sabedores das dificuldades encontradas na realiza o do valor social do trabalho e dos diversos embates enfrentados pelo governo na sua realiza o dada sua contraposi o ao menos aparente ao capital ou ao capital descomprometido afirmamos juntamente com Comparato que a democracia nunca fruto de uma evolu o natural e inelut vel da sociedade pol tica Ela se institucionaliza muito ao contr rio ao longo de um incessante e penoso trabalho de modelagem das institui es pol ticas em defesa da dignidade humana Relembramos que democracia refere se n o apenas ao processo eleitoral atingindo esfera muito mais ampla e protetora podendo ser considerada como regime que confere participa o ampla a qual proporciona para al m da possibilidade de 81 COMPARATO F bio Konder Ensaio sobre o ju zo de constitucionalidade de pol ticas p blicas Revista de Informa o Legislativa a 35 n 138 p 39 48 abr jun 1998 p 44 8 COMPARATO F bio Konder Ensaio sobre o ju zo de constitucionalidade de pol ticas p blicas Revista de Informa o Legislativa a 35 n 138 p 39 48 abr jun 1998 p 48 58 manifesta o de vontade pol tica a participa o cultural social econ mica e humana numa sociedade constru da por todos e para todos Desse modo sua constru o n o f cil autom tica tampouc
157. iva de alcan ar os objetivos e o aclaramento do problema objeto desta investiga o organizamos os cap tulos seguindo uma ordem de encadeamento das ideias que nos levou seguinte estrutura o na Introdu o apresentamos o tema de forma problematizada indicando os objetivos que pretend amos atingir a partir da hip tese formulada e os caminhos metodol gicos e te ricos que trilhamos No Cap tulo 2 tratamos da inclus o social no capitalismo a partir de suas contradi es e possibilidades apresentando os conceitos b sicos necess rios para a compreens o do que pode ser considerado inclus o social e como alcan la por meio de pol ticas p blicas direcionadas para a implementa o dos direitos sociais No cap tulo 3 apresentamos as principais pol ticas p blicas de emprego geradoras de inclus o social redu o da jornada de trabalho prote o contra a automa o educa o e capacita o dos trabalhadores veda o dispensa arbitr ria destacando que a defini o dessas pol ticas foi feita considerando uma decis o da autora tomada com base na observa o da literatura que a elas d lugar de destaque dentre as demais N o h com as indica es feitas nenhuma inten o restritiva de esgotamento das pol ticas p blicas capazes de gerar a inclus o social sendo t o somente uma indica o exemplificativa No Capitulo 4 fizemos um trabalho de desconstru o das teses neoliberais tomando como ponto centr
158. ivamente pela vontade patronal compreendendo a despedida como anomalia jur dica O princ pio da continuidade da rela o de emprego j nos indica uma tend ncia de limitar a dispensa imotivada Referida prote o foi intensificada pela previs o constitucional do artigo 7 da Constitui o da Rep blica segundo a qual direito dos trabalhadores a rela o de emprego protegida contra a despedida arbitr ria ou sem justa causa nos termos de lei complementar que prever indeniza o compensat ria dentre outros direitos Assim como ocorre quanto a outros direitos sociais o direito rela o de emprego protegida contra a dispensa arbitr ria foi entendido por alguns como norma program tica dependendo de lei posterior que o regulamentasse para que pudesse ser exercido subjetivamente no caso em tela dependendo de lei complementar Cumpre entretanto destacar que o neoconstitucionalismo compreende que as normas que preveem direitos sociais s o normas de efic cia plena tendo aplica o imediata 1 PL RODRIGUEZ Am rico Princ pios de Direito do Trabalho 3 ed S o Paulo LTr 2000 p 264 96 Soma se a esse entendimento o fato de que o preceito constitucional claro ao instituir a veda o da dispensa arbitr ria n o dependo sua aplica o de qualquer esclarecimento acerca do conte do da norma A complementa o seria necess ria apenas para fixar a indeniza o no caso de descumprime
159. ividade No cap tulo 5 fizemos o caminho inverso do trilhado no cap tulo precedente Nele procuramos apresentar as teses de defesa para a sustenta o da ideia da centralidade do trabalho e de sua import ncia como categoria social relevante ainda quando alguns defendam que na atualidade essa condi o esteja em decl nio Na Conclus o apresentamos as considera es finais acerca da problem tica enfrentada e dos resultados encontrados a partir das an lises feitas Retomamos as teses defendidas e as apresentamos de forma a indicar poss veis alternativas para a consolida o da ideia de que o trabalho deve ocupar lugar de destaque na constru o de uma sociedade justa garantidora de dignidade e essencialmente democr tica 16 2 INCLUS O SOCIAL NO CAPITALISMO CARACTERIZA O E POSSIBILIDADES Inicialmente cumpre destacar que a preocupa o com a inclus o social n o da ess ncia do capitalismo e n o faz parte de seu escopo intr nseco Pelo contr rio Pensar o capitalismo como sistema de organiza o da produ o que visa eminentemente ao lucro e ao pr prio ac mulo de capital leva nos a uma valoriza o extrema da riqueza que tem como seu pressuposto indispens vel a pobreza ou a mis ria quando potenciada ao extremo de grande parcela daqueles que no mercado foram incapazes de acumular capital Observando a hist ria poss vel perceber que todas as tentativas de inclus o social no capitalismo foram o r
160. l 6 ed Rio de Janeiro Jos Olympio 2001 354 p MINIST RIO DO TRABALHO E EMPREGO Tabela Evolu o do emprego no Brasil Dispon vel em http estatistica caged gov br consulta aspx mesCPT 11 amp anoCPT 2009 Acesso em 16 de janeiro de 2010 181 MINIST RIO DO TRABALHO E EMPREGO Evolu o do sal rio m nimo Dispon vel em http Anww2 mte gov br sal min EVOLEISM pdf Acesso em 12 de janeiro de 2010 MINIST RE DU TRAVAIL DES RELATIONS SOCIALES DE LA FAMILLE DE LA SOLIDARITE ET DELA VILLE Evolution de la Dur e du Travail en France et dans le monde Dispon vel em http www ddtefp57 travail gouv fr inspection presentation historique evolution duree travail htm Acesso em 21 de janeiro de 2010 MORAES Evaristo de Apontamentos de Direito Oper rio 4 ed S o Paulo LTr 1998 170 p MORAES Jos Luiz Bolzan de Direitos humanos Estado e globaliza o In R BIO David S nches FLORES Joaquin Herrera CARVALHO Salo de orgs Direitos humanos e globaliza o fundamentos e possibilidades desde a teoria cr tica Rio de Janeiro Lumen Juris 2004 p 117 140 MORAES Vinicius de Soneto de fidelidade e outros poemas 2 ed Rio de Janeiro Ediouro 1996 Cole o Cl ssicos de Ouro M LLER Friedrich Globaliza o exclus o social democracia Palestra proferida na UERJ em 27 05 2005 Dispon vel em www rio rj gov br pgm acesso em 03 06 2009 MYSSIOR Silvia G Quest o de lugar uma cont
161. lano por generalizar se ao conjunto do mercado de trabalho demarcando uma tend ncia expansionista voltada a submeter s suas regras a vasta maioria de f rmulas de utiliza o da for a de trabalho na economia contempor nea No segundo plano por ter dado origem a um universo org nico e sistematizado de regras princ pios e institutos jur dicos pr prios e espec ficos tamb m com larga tend ncia de expansionismo o Direito do Trabalho Segundo Maria Cec lia M ximo Teodoro n o prudente a utiliza o da express o rela o de trabalho de forma ampla de modo a perder a caracteriza o espec fica da rela o de emprego Necess rio que essa forma de presta o de trabalho diferenciada o emprego possua prote o tamb m diferenciada por meio de um ramo jur dico voltado a essa finalidade o Direito do Trabalho O Brasil signat rio de diversas conven es da OIT tendo estruturado um ramo jur dico especializado na prote o do trabalho e tendo elevado ao n vel de direitos fundamentais diversos diretos trabalhistas tem o dever de proibir e coibir qualquer forma de explora o do trabalho humano que descumpra tais requisitos m nimos de modo a evitar a mercantiliza o do trabalho Uma compreens o adequada do termo mercadoria nos impede qualquer identifica o desse voc bulo com a palavra trabalho tendo em vista que aquela constitui se em qualquer produto que pode ser comprado ou vendido sendo objeto
162. le momento as teses sustentadas n o obtiveram a aceita o esperada dado que a pol tica keynesiana que criticavam vivenciava seu auge proporcionando o que ficou conhecido como os trinta gloriosos anos que combinaram crescimento econ mico e distribui o de renda nos pa ses capitalistas ocidentais centrais Foi a partir da d cada de 1970 que referidas id ias socialmente conservadoras come am a ganhar ades o ampla tendo em vista que as pol ticas keynesianas n o conseguiram oferecer uma resposta suficientemente r pida crise ent o deflagrada Esse novo per odo foi marcado pela crise do petr leo pelo aumento significativo da infla o e pela aus ncia de crescimento o que ficou conhecido como estagfla o Houve ademais um conjunto de fatores que beneficiaram o fortalecimento e a ascens o da teoria neoliberal como pensamento hegem nico autodesignado pensamento nico Analisando os fatores que deram sustenta o implanta o das ideias ultraliberalizantes nas quais a desvaloriza o do trabalho e do emprego tiveram papel de destaque enquanto orienta o de pol ticas p blicas do capitalismo 136 Maur cio Godinho Delgado afirma que A hegemonia da matriz neoliberal de gest o do Estado e da sociedade capitalista pode ser bem sintetizada em tr s principais dimens es a cultural a pol tica e a econ mica 134 CHAU Marilena Ideologia neoliberal e universidade In O
163. legitimidade considerando se n o apenas ritos como requisitos mas para al m do rito adequado deve se atender satisfatoriamente aos fins desejados Se n o s o os meios dispon veis que definem os fins poss veis precisamos rever e repensar os meios que t m sido empregados para a consecu o dos fins tra ados em rela o aos direitos sociais e especialmente ao emprego bem como o objetivo constitucional de inclus o social pois eles n o t m sido satisfeitos ou n o t m sido realizados a contento Os fins j tra ados exigem meios mais eficientes e esfor os governamentais mais efetivos do que os que acompanhamos diariamente Requerem ainda que a ideologia deixe de encobri los reduzilos e banaliz los sob a alega o de necessidade de corte or ament rio tendo em vista que este existe para satisfaz los A manifesta o das pol ticas p blicas como categoria relevante na administra o e no Direito revela uma preocupa o com o fato de que as a es governamentais n o sejam meros resultados de necessidades urgentes ditados pela emerg ncia de situa es que nos surpreendem repentinamente As a es governamentais precisam ser portanto o resultado de a es reflexivas planejadas ponderadas e programadas conforme necessidades reais ou idealmente tra adas Tendo como base esta concep o podemos de certa forma avan ar para um novo patamar da discuss o em torno das pol ticas p blicas N o h que se
164. liense 2003 p 11 17 Cole o Primeiros Passos 28 exclus o das grandes massas os privil gios que n o podem ser distribu dos para todos Pensamos que a l gica na qual se funda a organiza o social na atualidade deve ser questionada tendo em vista que se distancia dos ideais modernos a que nos propusemos a cumprir Entretanto ao tomarmos medidas que corroboram a no o de que os privil gios n o s o e n o podem ser para todos temos reconhecido a impossibilidade de se alcan arem igualdade e fraternidade Quando as classes m dia e alta de uma sociedade pensam e agem como se as benesses proporcionadas pela tecnologia pelo trabalho e pela legisla o fossem privil gios o movimento de separa o agravado de modo que a academia a linguagem a pol tica e os pr prios locais de uma cidade quer de lazer quer de moradia s o transformados em espa os intransit veis inacess veis e quase proibidos aos exclu dos Segundo Cristovam Buarque a aparta o a ltima etapa de um conjunto de escolhas inadequadas que pretenderam importar um modelo de economia desenvolvida num pa s de maioria pobre sem levar essa maioria em considera o Essas m s escolhas podem ser resumidas num conjunto de dez erros que trataremos rapidamente S o eles a industrializa o com manuten o da mesma estrutura agr ria b t cnicas desadaptadas importamos um conjunto de t cnicas para a industrializa o t pi
165. liza o do prefixo neo longe de exprimir novidade exprime seu exato oposto A despeito disso essa ideologia se vende como algo inovador chamando os defensores de uma democracia social e inclusiva de conservadores e antiquados atribuindo lhes significados pejorativos considerando contr rios modernidade e moderniza o aqueles que tradicionalmente promoveram lutas revolucion rias buscando uma inclus o social e um bem estar social jamais antes pensados e tratados como objetivos fundamentais de uma na o e do pr prio desenvolvimento dos povos universalmente considerados Num cen rio em que interlocutores procuram atribuir novos sentidos s terminologias para que melhor lhes sirvam precisamos sempre nos indagar de que conservadorismo se fala bem como se o chamado conservadorismo pela m dia n o constitui em verdade a mais inovadora e transformadora possibilidade de mudan a social de que os direitos fundamentais sejam implementados numa integralidade indispens vel dada sua mutualidade imanente Nota se que a ideologia apropria se da linguagem como instrumento de convencimento atribuindo novos sentidos deturpando sentidos anteriormente atribu dos o que nos impele ao cuidado terminol gico e aten o na avalia o dos discursos Conhecer o Direito n o apenas conhecer seus institutos eminentemente jur dicos mas sobretudo conhecer a linguagem de que s o revestidos sabendo identificar seus significad
166. lusiva da vida do proletariado Por tal motivo desde seu surgimento uma das preocupa es primordiais da OIT a diminui o das horas de trabalho versando sua primeira conven o sobre o tema De fato a Conven o n 1 da OIT j em 1919 previa a jornada de 8 horas di rias ou 48 horas semanais para os trabalhadores da ind stria Em 1930 e 1931 a mesma jornada foi estendida aos trabalhadores do com rcio e escrit rios e das minas de carv o respectivamente pelas Conven es n 30 e 31 da OIT Em 1935 foi elaborada a Conven o n 35 que previa a jornada de 40 horas semanais O Brasil n o ratificou nenhuma das conven es citadas evidenciando seu atraso quanto prote o do tempo de trabalho em descompasso com os avan os internacionais na mesma rea z O reconhecimento da necessidade de limita o do tempo trabalhado antiga Entretanto a primeira legisla o brasileira a tratar do assunto foi editada em 1932 Decreto 21 365 limitando em 8 horas di rias a jornada dos comerci rios e industri rios jornada estendida posteriormente a outros setores 2 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 1 Whashington 1919 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex conyde pl C001 Acesso em 03 de janeiro de 2010 3 INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION ILO Convention n 30 Geneva 1930 Dispon vel em http www ilo org ilolex cgi lex convde pl C030 Acesso em 03 de janeiro de
167. m a redu o do Estado e os processos de desregulamenta o na maior parte das vezes n o seguem os ditames de suas pr prias correntes ideol gicas O caso do aumento dos gastos p blicos para a gera o de produtos um exemplo digno de nota Cardoso nos d uma informa o que sustenta este dado Ao contrario do que apregoa a cartilha neoliberal pois os Estados nacionais no primeiro mundo est o aumentando sua presen a na gera o do produto Al m da for a das lideran as pol ticas ascendentes o desaparecimento ou fragiliza o de lideran as pol ticas contr rias ao capitalismo desenfreado fossem elas no mbito externo como o fracasso da experi ncia socialista fossem elas no plano interno com o enfraquecimento dos sindicatos tudo contribuiu para a ascens o e constru o de um pensamento hegem nico no que respeita destrui o de uma cultura baseada na social democracia com a consequente centralidade do trabalho e do emprego a CARDOSO Adalberto Moreira A d cada neoliberal e a crise dos sindicatos no Brasil S o Paulo Boitempo 2003 p 82 a CARDOSO Adalberto Moreira A d cada neoliberal e a crise dos sindicatos no Brasil S o Paulo Boitempo 2003 p 83 146 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 106 111 111 3 Constru o econ mica da hegemonia liberal A ltima dime
168. m a autonomia pr pria daquele tipo de vincula o Demonstrando quantum satis realidade tal emanada dos autos realizando a empresa demandada sucessivas contrata es de pessoas jur dicas para o nico fim da presta o pessoal de servi o intrinsecamente relacionado com os seus pr prios objetivos econ micos imp e se a declara o de nulidade dos pseudocontratos firmados com o reconhecimento do v nculo de emprego entre as partes e deferimento dos corol rios jur dicos pr prios Relator Desembargador J lio Bernardo do Carmo Cumpre destacar que ainda que o empregado concorde com referida pr tica tendo em vista sua hipossufici ncia sua concord ncia compreendida como decorr ncia de coa o econ mica havendo a presun o de que foi inv lida Ademais as normas de Direito do Trabalho s o de ordem p blica e portanto de indisponibilidade absoluta n o podendo as partes convencionarem pela sua n o aplica o ainda que em alguns casos muito espec ficos pela condi o especial do empregado de maior aptid o para negociar suas cl usulas do contrato seja considerada aparentemente vantajosa a contrata o por meio de pessoa jur dica Tal situa o deve ser evitada para proteger os empregados mas para al m da prote o individualizada h interesse de toda a sociedade na veda o dessa pr tica uma vez que o Estado n o pode tolerar a fraude legisla o imperativa que fixa a todos por ele regulados
169. menda o 166 que visam a coibir a dispensa imotivada do empregado pelo empregador Enquanto a Conven o apresenta normas gerais que ser o recepcionadas pelos Estados membros podendo ser por eles alteradas a Recomenda o 166 complementa as normas do tratado com vistas garantia dos direitos do trabalhador que nela est o previstos Cumpre destacar que a Recomenda o inova ao inserir disposi es normativas relacionadas aos casos coletivos de dispensava imotivada A Conven o 158 manteve texto semelhante ao da Recomenda o 119 elaborando a seguinte norma Art 4 n o se por fim rela o de trabalho de um trabalhador a menos que exista para isso uma causa justificada relacionada com sua capacidade ou sua conduta ou baseada nas necessidades fundamentais da empresa estabelecimento ou servi o poss vel perceber que n o h previs o de estabilidade dado que n o h garantia no emprego elidida somente pelas restritas hip teses do art 482 da CLT justas causas H ao contr rio limita o dispensa caprichosa justificada somente por motivos pessoais utilizada por vezes para dispensar um empregado que j conquistou bons patamares salariais e contratar algu m mais jovem e que aceite sal rios mais baixos Desse modo a principal preocupa o do empresariado em rela o veda o da dispensa arbitr ria n o se justifica tendo em vista que n o h limita o do poder empresarial tampou
170. mento de direitos fundamentais s o em s ntese inconstitucionais Apesar das tentativas neoliberais de desconstru o e limita o da efic cia social dos direitos sociais em nome do atendimento suposta governabilidade impende ressaltar que a Constitui o deve permanecer soberana e inteiramente aplic vel a despeito de conjunturas econ micas desafor veis mesmo porque geralmente o investimento em direitos sociais promove a melhoria das condi es econ micas e at mesmo por consequ ncia das condi es de seguran a p blica De maneira enf tica se manifesta o procurador do trabalho Manoel Jorge e Silva Neto Algo evidente por si s algo que ningu m nos dias atuais recusaria como um axioma que s o os governos que se submetem s Constitui es e n o as Constitui es que devem se submeter aos governos O autor segue sua argumenta o afirmando que se a pol tica p blica editada por meio de uma norma que possui car ter geral e abstrato n o h qualquer ativismo judicial em realizar seu controle a fim de conform la ao programa constitucional 9 AITH Fernando Pol ticas p blicas de Estado e de governo instrumentos de consolida o do Estado Democr tico de Direito In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 218 62 SILVA NETO Manoel Jorge e Controle de pol ticas p blicas na Justi a do Trabalho
171. mercado diversos trabalhadores que se tornavam deficientes e incapazes de trabalhar 91 Nesse contexto o Papa Le o XIII publicou em 1891 a Enc clica Rerum Novarum afirmando que N o justo nem humano exigir do homem tanto trabalho a ponto de fazer pelo excesso da fadiga embrutecer o esp rito e enfraquecer o corpo A actividade do homem restrita como a sua natureza tem limites que se n o podem ultrapassar O exerc cio e o uso aperfei oam na mas preciso que de quando em quando se suspenda para dar lugar ao repouso N o deve portanto o trabalho prolongar se por mais tempo do que as for as permitem Assim o n mero de horas de trabalho di rio n o deve exceder a for a dos trabalhadores e a quantidade de repouso deve ser proporcionada 2 PAPA LE O XII Enc clica Rerum Novarum Vaticano maio de 1891 Dispon vel em http www vatican va holy fathereo xiii encyclicals documents hf 1 xiii enc 15051891 rerum novarum po html Acesso em 03 de janeiro de 2010 68 qualidade do trabalho s circunst ncias do tempo e do lugar complei o e sa de dos oper rios O trabalho tornara se empecilho vida plena antagonizando se ao seu prop sito primeiro que justamente proporcionar os meios para uma vida de qualidade O instrumento da viv ncia transformou a em mera sobreviv ncia Era preciso a redu o da jornada para que houvesse o retorno do labor como instrumento e n o como finalidade exc
172. mercado internacional e possibilita sua inser o global de maneira n o subordinada Ressalta se que apesar de representar um aumento no valor da hora trabalhada a redu o da jornada de trabalho constitui acr scimo moderado se comparada com os limites de pa ses ocidentais desenvolvidos como a Fran a que possui jornada de 35 horas semanais 103 DIEESE Reduzir a jornada de trabalho gerar empregos de qualidade Nota T cnica n 57 nov 2007 Dispon vel em http www dieese org br notatecnica notatec57JornadaTrabalho pdf Acesso em 4 de janeiro de 2010 76 Al m disso referido acr scimo representa aumento nos custos dos empres rios de maneira geral e por tal motivo n o gerar qualquer empecilho competitividade dos agentes econ micos dado que todos devem obedecer ao mesmo padr o normativo Destaca se que segundo dados do DIEESE o custo gerado pela redu o da jornada de trabalho seria de apenas 1 99 de aumento no custo total da produ o podendo ser considerado um aumento irris rio se ponderamos que esse acr scimo ocorrer uma nica vez e ser compensado pelo aumento de produtividade gerada por trabalhadores descansados e satisfeitos Acrescenta se o argumento de que todos os custos da produ o s o repassados aos consumidores portanto esse impacto ser apenas inicial n o recaindo exclusivamente sobre o empresariado As cr ticas s o inerentes aos per odos de mudan a e trans
173. mia Lembra ele que Os governos europeus B8 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 73 74 1 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 80 108 filiados matriz keynesiana de pensar e gerir a economia e as pol ticas p blicas n o conseguiram dar resposta r pida e eficiente quanto debela o da crise surgida abrindo espa o em consequ ncia para o retorno do imp rio cultural liberalista extremado Mauricio Godinho Delgado elenca e analisa seis fatores agentes e canais de atua o sociopol tica e cultural que foram determinantes no processo de retomada e fortalecimento da hegemonia cultural do ultraliberalismo pol ticas econ micas ultraliberais atua o concertada de Organismos Internacionais tend ncia homogeneiza o acad mica uniformiza o ultraliberal dos meios de comunica o uniformiza o ultraliberal das burocracias estatais interc mbio de influ ncias ultraliberais Abordando a segunda dimens o da hegemonia cultural ultraliberal qual seja a fragmenta o de parte relevante do pensamento cr tico ao capitalismo ou pelo menos cr tico ao modelo laissez faire capitalista Godinho Delgado explica como se deu este processo e as raz es pelas quais essa interpreta
174. mo meio O autor considera que coisa tudo aquilo que pode ser substitu do por um equivalente que possui um pre o e dignidade tudo aquilo que n o possui equivalente estando acima de qualquer pre o Tratar algu m com dignidade requer que o consideremos como fim em si mesmo e jamais como meio para atingir outro fim Pensar o trabalhador como ser que tem dignidade significa humanizar o trabalho Significa compreend lo como ser racional coigual na mesma medida dotado de liberdade e que por esse motivo merece ser tratado como fim em si mesmo A despeito do capitalismo ter colocado um pre o em tudo que vemos e at mesmo naquilo que n o podemos ver afastando nos muitas vezes do exerc cio racional para viver na l gica do prazer e do consumo preciso relembrar que certas coisas jamais poder o ser colocadas venda Como lembra Kant somos cidad os de dois mundos o mundo sens vel e o mundo intelig vel Vivemos nesse eterno conflito do que desejamos fazer e do que a raz o nos determina fazer Exatamente porque nem sempre praticamos o que a raz o determina que se faz indispens vel o Direito Na rea do trabalho humano certo que o homem deve ser bem remunerado deve ser protegido dos riscos inerentes atividade que realiza deve ter per odos de descanso Isso decorre do pr prio exerc cio racional Contudo as for as do capital e do trabalho n o se harmonizando pacificamente dependem de uma reg
175. mo a que nos propomos aqui exigiu que o fiz ssemos por meio de uma caminhada te rica que nos levou a enfrentar quest es de dif cil consenso no mundo da pr tica pol tica e no mundo da vida cotidiana onde se encontram homens e mulheres em busca de trabalho em uma realidade direcionada n o para o resgate do homem pelo trabalho mas do capital a servi o de uma elite dominante que ainda controla e define as pol ticas sociais do pa s Nessa perspectiva como orienta o para o desenvolvimento do presente trabalho fixamos os seguintes objetivos que deveriam ser observados e atendidos para sua conclus o S o eles e analisar as contradi es e possibilidades da inclus o social na perspectiva do sistema capitalista e verificar em que medida as pol ticas de emprego atuam favoravelmente para inclus o social 14 e analisar as principais pol ticas p blicas de emprego com potencial para fomentar a inclus o social e para efetivar direitos fundamentais e analisar a cr tica ultraliberal ao Direito do Trabalho considerando a tendenciosidade ideol gica presente em seus fundamentos e sua fragilidade argumentativa e analisarem que medida a ado o de pol ticas ultraliberais afeta o emprego e analisar a import ncia do Direito do Trabalho e do emprego como seu principal instituto na sociedade contempor nea e analisar o papel do emprego como instrumento de inclus o social econ mica e pol tica do trabalhador Na tentat
176. mos que sua naturaliza o ainda est arraigada nas pr ticas sociais sendo por elas at mesmo intensificadas Desse modo exclus o torna se um problema apenas recentemente porque a pr pria preocupa o com a igualdade contempor nea Historicamente em muitas sociedades de diferentes culturas e pocas mulheres crian as estrangeiros escravos doentes os trabalhadores de todos os matizes al m de pessoas NASCIMENTO Elimar Pinheiro Exclus o a nova quest o social Proposta v 22 n 61 p 40 43 jun 1994 p 40 19 simplesmente diferentes da maioria da popula o todos foram discriminados com a legitima o dada pelo pr prio Direito Apenas a partir de meados do s culo XIX passado longo tempo das Revolu es Burguesas dos s culos XVIl e XVIII que a preocupa o com uma solidariedade democr tica surgiu Temos destarte que a igualdade n o inata caracter stica de uma natureza humana o produto da a o dos homens em sociedade e portanto n o constituinte da esfera privada muito menos do mbito da personalidade individual uma categoria da esfera p blica Nesse vi s a luta contra as iniquidades sociais uma luta contra n s mesmos uma luta contra aquilo que naturalmente somos inclinados a fazer e aquilo que reconhecemos ser melhor que fa amos A exclus o op e se s pr prias ideias fundadoras das sociedades modernas e A assim em contraposi o norm
177. n o se confirma na pr tica No contexto dos pa ses que melhor haviam estruturado Estados de Bem Estar Social por exemplo todos os pa ses n rdicos a Alemanha a Fran a os Pa ses Baixos e mesmo a Inglaterra as mudan as realizadas n o foram 34 DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalismo contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 25 34 capazes de desconstruir o padr o civilizat rio alcan ado com os EBES algumas adequa es t picas ocorreram claro por m sem capacidade de modificar as bases e os princ pios estruturais do Welfare State Destaca se que mais do que algo individualizado e pontual a promo o da inclus o e da integra o preocupa es t picas do EBES revela se geradora de benef cios generalizados extrapolando aqueles que conseguimos objetivamente verificar A sociedade torna se mais coesa e capaz de reconhecer as diferen as respeitosamente considerando que a integralidade do todo social formada n o pela homogeneidade mas pela capacidade de cada um reconhecer se em todos os demais A leitura do artigo 3 da Constitui o no qual s o tra ados os objetivos da Rep blica I construir uma sociedade livre justa e solid ria Il garantir o desenvolvimento nacional IIl erradicar a pobreza e a marginaliza o e reduzir a
178. nada pelo Direito do Trabalho Ao Henrique que n o somente entendeu as aus ncias mas sobretudo ajudou na procura das tabelas e na resolu o daqueles pequenos problemas que o computador cria para nos preocupar quando o tempo j n o conta a nosso favor RESUMO Busca compreender a inclus o social no capitalismo e sua rela o com a exclus o social tendo como fio condutor para o processo de an lise a ideia da centralidade e da valoriza o do trabalho e do emprego como paradigma constitucional Analisa as lutas pela democratiza o das rela es sociais e aponta a exclus o social como resultado de um rompimento de la os e quebra do liame social gerado prioritariamente pelo desemprego e pela precariza o das rela es de emprego Os estudos analisados indicam que o desemprego e a precariza o das rela es de trabalho s o fontes geradoras de exclus o social exigindo portanto enfrentamento compat vel com essa condi o Conclui que as pol ticas p blicas de emprego com seu car ter abrangente e com potencial para efetivar direitos para al m do pr prio individuo atingindo fam lia e grupamento social s o a melhor forma para promover a igualdade e corrigir as distor es geradas pelo sistema capitalista O potencial das pol ticas p blicas de trabalho e emprego para promover outros direitos al m do direito ao emprego analisada concluindo se ser esta a melhor forma de promo o do bem estar e da inclus o social
179. ndo 140 Desse modo o local e o global se conjugam no imperativo de a es conjuntas e de certo modo condicionadas Uma preocupa o internacional com as diferen as com o desenvolvimento de todos e com o compartilhar s pode ocorrer se localmente somos aptos a superar a desigualdade e capazes de potencializar a diferen a que promove o crescimento 4 5 SOU DONO DO MEU PR PRIO NEG CIO O ENGODO DA PEJOTIZA O E DOS FALSOS AUT NOMOS A fim de compreendermos o presente t pico indispens vel se faz entender o conceito de trabalho aut nomo e o seu oposto o trabalho subordinado manifestado na figura do emprego Aut nomo o sujeito que trabalha por sua pr pria conta e risco definindo o modo de presta o do seu servi o hor rio local materiais utilizados pre o atribu do ao que produzido t cnica utilizada e ainda sendo capaz de negociar diretamente sua produ o no mercado Nota se que o sentido de autonomia na presta o de servi os equivale na esfera do trabalho pr pria defini o do l xico capacidade de se autogovernar ou direito de administrar se livremente 8 O trabalhador aut nomo imp e suas pr prias regras podendo inclusive redefini las a qualquer tempo conforme seu melhor interesse Ele pode prestar seus servi os como pessoa f sica ou organizar se em pessoa jur dica submetendo se ent o s normas relativas a esse instituto Entretanto como vi
180. ndo o trabalho humano e aviltando diversos direitos trabalhistas arduamente conquistados Referindo se ao sistema toyotista ohnista de gest o do trabalho Mauricio Godinho 177 Delgado esclarece que ele visa a elevar a produtividade do trabalho e a adaptabilidade da empresa a contextos de alta competitividade no sistema econ mico e de insuficiente 176 POCHMANN Marcio A superterceiriza o F rum v 5 p 29 mai 2007 1 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 47 131 demanda no mercado consumidor portanto adaptar a empresa mesmo a contextos de crise Ao propor uma reorganiza o empresarial o sistema o faz com base em tr s principais vertentes conceito de empresa enxuta atua o concentrada nas atividades fins destina o das atividades meio para empresas contratadas para este mister multifuncionalidade do trabalhador concentra o de atividades diversificadas em um mesmo trabalhador redu o de estoques e produ o just in time Fica claro na an lise efetuada por Godinho Delgado sobre o sistema toyotista que a terceiriza o e as bases de sustenta o sobre as quais o sistema em sua ess ncia foi estruturado n o foi capaz de colocar fim ao emprego apenas encontrando diferenciadas formas e mecanismos de sua reorganiza o Uma observa o mais acurada da forma como se deu a terc
181. ns o apresentada por Delgado diz respeito forma como foi constru da a ideia de uma hegemonia econ mica pautada no capital financeiro especulativo e n o na no o de produ o t o cara s fases anteriores do capitalismo Alerta que este direcionamento da economia para o capital especulativo torna mais consistente a pol tica anti social do neoliberalismo Indica tr s fatores para justificar a exacerba o do ultraliberalismo e Elevado patamar de juros garantindo se remunera o privilegiada ao universo de credores financeiros e Insist ncia na preserva o de pol ticas redutoras dos investimentos p blicos diretos e indiretos e Destrui o do aparelho p blico de presta o de servi os e de interven o do Estado na din mica econ mica Referindo se ao primeiro fator indicado Delgado afirma que a manuten o de altas taxas de juros tem repercuss es devastadoras na economia na sociedade e no pr prio Estado Entre as repercuss es apresentadas destacamos a t tulo exemplificativo aquela que interfere diretamente no trabalho e no emprego qual seja as elevadas taxas de juros como deriva o dos in meros malef cios mencionados tamb m potenciam os ndices de desemprego na respectiva economia e sociedade induzindo ainda crescente desvaloriza o do trabalho Todas as demais repercuss es indicadas por Delgado ainda quando n o estejam diretamente relacionadas com as categori
182. nta mais o problema de uma regi o como um todo do que de um grupo espec fico O desenvolvimento econ mico baixo e a cobertura social fr gil mas os la os sociais com a fam lia e as pessoas pr ximas promovem a solidariedade Constitui sociedade t pica de pa ses ou regi es subdesenvolvidas e sub industrializadas O segundo tipo pobreza marginal inclui na categoria de pobres uma pequena parcela da popula o que altamente estigmatizada e cujos membros s o considerados os inadaptados da civiliza o moderna O desemprego reduzido havendo quase pleno emprego o que coincide com a manuten o ou diminui o das solidariedades familiares em contraposi o generaliza o da prote o social pelo Estado Refere se a sociedades industriais avan adas e pode ser facilmente identificada com o per odo conhecido como os 30 gloriosos ou era de ouro do 8 PAUGAM Serge Les formes contemporaines de la pauvret et de 1 exclusion Le point de vue sociologique Genesis v 31 n 1 p 138 159 juin 1998 22 capitalismo nos pa ses desenvolvidos per odo que se deu do p s guerra at a crise do petr leo na d cada de 1970 Finalmente o terceiro tipo foi denominado de pobreza desqualificadora ou desqualifica o Este o tipo que pode ser mais propriamente identificado com o problema da exclus o e com o que ficou conhecido como a nova quest o social Caracteriza se pela presen a de um grande n mero de exclu d
183. nto da norma Curioso observar que o direito sa de assegurado no artigo 6 da Constitui o possui conceito e abrang ncia altamente fluidos e subjetivos no entanto tem sido aplicado sem legisla o infraconstitucional por decis es reiteradas dos tribunais p trios inclusive o STF Nota se que a inaplicabildade refere se mais a quest es pol ticas do que a impossibilidades jur dicas Interpretando o dispositivo constitucional Jorge Luiz Souto Maior afirma que houve a cria o de uma nova modalidade de dispensa a dispensa imotivada integrando nosso sistema jur dico as seguintes modalidades de dispensa A dispensa imotivada equipara se dispensa arbitr ria e proibida constitucionalmente A dispensa motivada ou sem justa causa d ensejo ao recebimento pelo empregado de uma indeniza o equivalente 40 sobre o FGTS A dispensa com justa causa devidamente comprovada nos termos do art 482 da CLT provoca a cessa o do v nculo sem direito a indeniza o A dispensa discriminat ria vem expressa quanto defini o e aos seus efeitos na Lei 9 029 95 dando ensejo reintegra o ou indeniza o compensat ria grifo nosso Segundo o autor n o poss vel entender o cabimento de indeniza o de 40 sobre o FGTS para a dispensa imotivada ou arbitr ria pois isso significaria equipar la dispensa motivada fato inadmiss vel considerando que a primeira proibida pelo ordenamento
184. nven o n 35 da OIT dura o semanal de 40 horas ainda que n o necessariamente todos os pa ses sejam subscritores dessa Conven o de 1935 O Brasil um dos poucos pa ses ocidentais razoavelmente desenvolvidos com jornada semanal padr o muito superior a 40 horas possuindo ademais o agravante MINIST RE DU TRAVAIL DES RELATIONS SOCIALES DE LA FAMILLE DE LA SOLIDARIT ET DELA VILLE Evolution de la Dur e du Travail en France et dans le monde Dispon vel em http www ddtefp57 travail gouv fr inspection presentation historique evolution_duree_travail htm Acesso em 21 de janeiro de 2010 70 da ocorr ncia de sobrejornadas corriqueiras conforme evidenciado pela tabela a seguir Tabela 2 Jornada de Trabalho Decente Indicador de 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Trabalho Decente l Popula o ocupada com jornada de trabalho semanal acima de 44 horas em 43 3 431 422 435 40 6 389 37 7 37 4 355 Mulheres 281 276 21 99 281 272 264 268 252 Homens 53 1 531 520 524 49 6 47 5 460 452 432 Negros 41 436 426 438 41 2 396 383 375 359 Brancos 427 427 M9 432 40 1 383 37 1 37 2 352 Rural 451 430 45 384 361 341 334 323 com jornada de trabalho semanal acima de 48 horas em 25 1 245 243 256 249 255 231 a MA BI BA 21 BA 9 203 Mulheres 164 150 154 169 160 164 153 160 154 151 143 140 143 1372 Homens 317 307 303 313 309 316 294 30
185. o desenvolvimento nacional o qual se refere economia mas tamb m e essencialmente a ndices de desenvolvimento humano Essa identifica o pode ser inclusive utilizada para esvaziamento do prop sito do plano ou para justificar o n o atingimento de metas obrigat rias pela insufici ncia de recursos Nesse vi s planejamento estatal n o vazio de concep es valorativas nem atributo de administradores t cnicos mas deve resultar da conforma o pol tica de BUCCI Maria Paula Dallari Direito administrativo e pol ticas p blicas S o Paulo Saraiva 2006 p 252 45 uma dada sociedade historicamente considerada observando se sempre os limites fixados pela Constitui o Conforme ensina Gilberto Bercovici o planejamento est assim sempre comprometido axiologicamente tanto pela ideologia constitucional quanto pela busca da transforma o do status quo econ mico e social Quando os interesses dominantes est o ligados manuten o desse status quo o planejamento e o desenvolvimento s o esvaziados Em muitos casos as pol ticas p blicas ganham corpo jur dico por meio de planos cujo instrumento normativo a lei Todavia a pol tica transcende o plano e pode manifestar se inclusive pela omiss o estatal pelo que se conclui que n o obedece a um padr o jur dico uniforme podendo exteriorizar se por meio de atos decis es decretos portarias resolu es ou normas Se antes
186. o Al m uma igreja frente Um quartel e uma pris o Pris o de que sofreria N o fosse eventualmente Um oper rio em constru o Mas ele desconhecia Esse fato extraordin rio Que o oper rio faz a coisa E a coisa faz o oper rio De forma que certo dia mesa ao cortar o p o O oper rio foi tomado De uma s bita emo o Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa Garrafa prato fac o Era ele quem os fazia Ele um humilde oper rio Um oper rio em constru o Olhou em torno gamela Banco enxerga caldeir o Vidro parede janela Casa cidade na o Tudo tudo o que existia Era ele quem o fazia Ele um humilde oper rio Um oper rio que sabia Exercer a profiss o Ah homens de pensamento N o sabereis nunca o quanto Aquele humilde oper rio Soube naquele momento Naquela casa vazia Que ele mesmo levantara Um mundo novo nascia De que sequer suspeitava O oper rio emocionado Olhou sua pr pria m o Sua rude m o de oper rio De oper rio em constru o E olhando bem para ela Teve um segundo a impress o De que n o havia no mundo Coisa que fosse mais bela Foi dentro da compreens o Desse instante solit rio Que tal sua constru o Cresceu tamb m o oper rio Cresceu em alto e profundo Em largo e no cora o E como tudo que cresce Ele n o cresceu em v o Pois al m do que sabia Exercer a profiss o 174 O oper rio adquiriu Uma nova dimens o A dimens
187. o contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 19 32 DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalismo contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 20 33 DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalismo contempor neo In DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos org O Estado de Bem Estar Social no S culo XXI S o Paulo LTr 2007 p 23 24 33 O que curioso no EBES em suas diversas formula es concretas que ele se mostrou plenamente compat vel com as necessidades estritamente econ micas do sistema capitalista Muito al m disso ele se mostrou funcional ao desenvolvimento econ mico mais s lido duradouro e criativo desse sistema Gerando um mercado interno forte para as respectivas economias que se mostra tamb m poderosos consumidor para o mercado mundial valorizando a pessoa f sica do trabalhador e seu emprego e com isso dando melhores condi es para a cria o e avan o tecnol gicos assegurando maior coes o e estabilidade sociais o EBES torna os respectivos pa ses e economias melhor preparados para enfrentar o ass dio das press es internacionais e para conquistar os mercados mundiais O pa
188. o combate s jornadas que desrespeitam o par metro legal A experi ncia positiva de outros pa ses proporcionada pela redu o de sua jornada de trabalho permite afirmar faticamente para al m de proje es os benef cios resultantes de tal medida evidenciando que o limite da jornada de trabalho afeta outros aspectos da vida humana extrapolando a mera esfera trabalhista Mauricio Godinho Delgado sistematiza alguns dos principais aspectos relacionados a jornada a Sa de do a trabalhador a b Educa o do a trabalhador a c Rela es do a trabalhador a com sua fam lia especialmente crian as e adolescentes d Emprego versus desemprego e Mercado econ mico interno Quanto ao primeiro aspecto sabido que a quantidade de horas laboradas influencia a sa de do trabalhador estando comprovado que longas jornadas de trabalho resultam no aumento do estresse podem gerar depress o aumentam as chances de ocorr ncia das les es por esfor o repetitivo LER bem como aumentam os ndices de acidentes do trabalho Destaca se que a sa de do trabalhador influenciada tamb m por seu comportamento fora da empresa Longas jornadas dificultam ou at mesmo impossibilitam que desenvolvam h bitos saud veis como exercitar se alimentar se corretamente dormir adequadamente 33 Destaca se que evidentemente est se falando em redu o da jornada de trabalho sem redu o do sal rio tendo em vista que do contr ri
189. o como diretriz constitucional a necessidade que o Estado proteja o trabalhador em face da automa o O resultado do Relat rio Global de Competitividade de 2008 2009 do World Economic Forum WEF comentado por Arruda Ara jo e Rios mostra que o Brasil encontra se melhor posicionado na rea de inova o tecnol gica ocupando a 43 posi o no ranking demonstrando os investimentos feitos no parque tecnol gico por m mal posicionado quando s o avaliados ndices relacionados a investimentos em pol ticas p blicas Ora na preocupa o com a competitividade das empresas e necessidade de investir na rea da automa o que gera aumento da produtividade o Brasil pode deixar em segundo plano a preocupa o com investimentos na rea social entre os quais se encontra a preocupa o com a garantia do direito ao trabalho O Brasil apesar do avan o de oito posi es no ranking geral mant m seu comportamento n o previs vel com melhor desempenho nos pilares mais avan ados como sofistica o empresarial 35 e inova o 43 e pior desempenho nos pilares b sicos como estabilidade macroecon mica 122 institui es 91 sa de e educa o b sica 79 e infra estrutura HS ARRUDA Carlos ARA JO Marina RIOS Juan O Brasil destaque no relat rio global de competitividade de 2008 2009 do World EconomicForum WEF p 8 Dispon vel em http www fdc org br pt pesquisa competitividade Documents wef2
190. o da poesia E um fato novo se viu Que a todos admirava O que o oper rio dizia Outro oper rio escutava E foi assim que o oper rio Do edif cio em constru o Que sempre dizia sim Come ou a dizer n o E aprendeu a notar coisas A que n o dava aten o Notou que sua marmita Era o prato do patr o Que sua cerveja preta Era o u sque do patr o Que seu macac o de zuarte Era o terno do patr o Que o casebre onde morava Era a mans o do patr o Que seus dois p s andarilhos Eram as rodas do patr o Que a dureza do seu dia Era a noite do patr o Que sua imensa fadiga Era amiga do patr o E o oper rio disse N o E o oper rio fez se forte Na sua resolu o Ei 175 176 7 REFER NCIAS AITH Fernando Pol ticas p blicas de Estado e de governo instrumentos de consolida o do Estado Democr tico de Direito In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 217 245 ANDERSON Perry Balan o do neoliberalismo In SADER Emir GENTILI Pablo orgs P s neoliberalismo as pol ticas sociais e o Estado Democr tico 5 ed S o Paulo Paz e Terra 2000 p 9 23 ANTUNES Ricardo Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do trabalho 13 ed S o Paulo Cortez 2008 213 p O que sindicalismo S o Paulo Editora Nova Cultural 1996 186 p Cole o Primeiros Passos Os sentidos do
191. o de n o ser em raz o da n o ocupa o de um lugar social que o trabalho proporciona coloca o trabalhador no que definido por Castel como desfilia o retratada de maneira emblem tica no texto que ora reproduzimos N o penso aqui o trabalho enquanto rela o t cnica de produ o mas como um suporte privilegiado de inscri o na estrutura social Existe de fato como se verificar a longo prazo uma forte correla o entre o lugar ocupado na divis o social do trabalho e a participa o nas redes de sociabilidade e nos sistemas de prote o que cobrem um indiv duo diante dos acasos da exist ncia Donde a possibilidade de construir o que chamarei metaforicamente de zonas de coes o social Assim a associa o trabalho est vel inser o relacional s lida caracteriza uma rea de integra o Inversamente a aus ncia de participa o em qualquer atividade produtiva e o isolamento relacional conjugam seus efeitos negativos para produzir a exclus o ou melhor como vou tentar mostrar a desfilia o Referindo se em outra publica o imprecis o lingu stica da express o exclus o que pode ser utilizada em diversos contextos designativos das mis rias humanas 21 Castel apresenta duas situa es que apesar de serem no mais das vezes enquadradas como t picas situa es de exclus o social vinculadas ao trabalho s o 2 CASTEL Robert As metamorfoses da quest o social uma
192. o de pol ticas p blicas de emprego voltadas para a corre o dessa realidade precisa ser urgentemente inserida na pauta e nas 107 KATO J M PONCHIROLLI O O desemprego no Brasil e os seus desafios ticos Revista da FAE Curitiba v 5 n 3 p 87 97 set dez 2002 p 89 80 prioridades do governo federal dos governos estaduais e dos municipais bem como no setor privado que tamb m deve investir recursos pr prios na qualifica o dos trabalhadores considerando que a fun o social da empresa redunda em seu pr prio benef cio Parcela dos lucros auferidos precisa ser direcionada para a capacita o de trabalhadores e aqui n o estamos fazendo refer ncia exclusivamente aos programas de educa o continuada focados na qualifica o t cnica espec fica As empresas precisam investir de forma mais sistematizada articuladas com os programas governamentais de qualifica o profissional visando reverter esse processo que gera exclus o em n veis cada vez mais profundos se considerarmos o que acontece no mundo e as decis es da macro pol tica brasileira que com maior vigor buscam inserir o pa s na disputa com os pa ses do primeiro mundo Tratando de forma mais espec fica os poss veis caminhos da articula o entre pol ticas de emprego e pol ticas de educa o direcionadas para a garantia do direito fundamental ao trabalho o Brasil precisa enfrentar a quest o da educa o no trabalho e para o trabalho redefinir
193. o do Trabalho constitui se em Um poderoso e eficaz instrumento que conseguiu exatamente estabelecer uma forma de incorpora o do ser humano ao sistema socioecon mico em especial daqueles que n o tenham outro meio de afirma o sen o a pr pria for a de trabalho 2 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 128 168 6 CONCLUS O N o fosse a obrigatoriedade de incluir um cap tulo guisa de conclus o acreditamos que parcela significativa dos pesquisadores apresentaria seus relat rios de investiga o sem esse t pico N o que ele n o seja considerado importante ou que n o mere a ser escrito mas ter de redigi lo d sempre a ideia de fim encerramento de um ciclo sentimento de que necess rio apresentar respostas para nossas d vidas e tamb m as daqueles que ler o nosso trabalho Conquanto indiquemos algumas alternativas poss veis a partir das reflex es efetuadas no nosso caso n o h que se falar em caminhos novos a serem apontados como contribui o da pesquisa A contribui o maior sempre para pr prio pesquisador e se d durante a caminhada Os processos de reflex o invariavelmente s o sofridos e dif ceis de serem digeridos Descobrir nas leituras feitas que muito do que acreditamos visto como utopia e criticado como sonhos pueris de intelectuais de esquerda sem condi es de ser
194. o e luta coloca se hoje como instrumento capaz de responder aos anseios de justi a social por meio de um instituto totalmente leg timo qual seja o emprego SOUTO MAIOR Jorge Luiz O Direito do Trabalho como instrumento de Pol tica Social S o Paulo LTr 2000 p 184 185 GRAU Eros Roberto O direito posto e o direito pressuposto S o Paulo Malheiros 1996 p 40 11 O emprego contudo somente ser capaz de servir ao seu prop sito enquanto corresponder retribui o material e cultural pelo trabalho servindo ainda de instrumento de democratiza o da sociedade na medida em que atribui poder tamb m a quem destitu do de riqueza Por tudo quanto exposto o presente trabalho justifica se exatamente na necessidade de reafirma o do Direito do Trabalho e no fato de que uma sociedade que se pretende democr tica tem como pressuposto a ideia de liberdade a qual deve ser estendida a todos os seguimentos sociais trazendo em si a no o de liberdade substancial e por conseguinte de igualdade O primado do trabalho e do emprego traduz portanto a mais objetiva direta e eficiente maneira de propiciar igualdade de oportunidades de consecu o de renda de alcance de afirma o pessoal e de bem estar para a grande maioria das popula es na sociedade capitalista O tema assume relev ncia porque a nossa pr pria humanidade depende de reconhecermos o direito de todos de fazer parte da socieda
195. o fustigado pelas id ias de interven o da norma jur dica nos contratos privados especialmente no mais gen rico e importante deles o contrato de emprego A justi a social vai permeando n o s a atua o do Estado atrav s de pol ticas p blicas claramente garantidoras e ou redistributivistas as pol ticas previdenci rias e assistenciais s o claro exemplo disso como tamb m vai permeando as rela es sociais por meio principalmente do Direito do Trabalho com seu car ter distributivo de renda e de poder O papel regulador do Estado fica assim atestado como indispens vel consecu o da inclus o social deixando nos evidente o papel que tiveram as formula es do EBES no desenvolvimento econ mico e social de muitas na es Utilizando se de dados estat sticos apresentados pela Organiza o Internacional do Trabalho OIT Delgado e Porto afirmam que os pa ses mais desenvolvidos econ mica e socialmente do mundo e que adotam o Estado de Bem Estar Social s o aqueles que possuem o maior percentual da popula o economicamente ativa PEA na condi o de empregados e menor percentual nas categorias empregadores e trabalhadores aut nomos e trabalhadores familiares n o remunerados Estes dados que evidenciam a import ncia do EBES tornam se mais claramente entendidos a partir da compreens o de quais s o as fun es do Direito do Trabalho e como elas auxiliam na sua realiza o Apesar
196. o liberal originado de seus pr prios excessos levou ao seu esgotamento e abriu espa o para que despontasse um novo modelo que a partir de concep es direcionadas para a garantia de direitos e redistribui o das riquezas encontrou as condi es favor veis para o florescimento de uma matriz keynesiana de pol ticas p blicas e a implanta o de um Estado de Bem Estar Social pautado na ideia de inclus o e de garantia de direitos fundamentais Durante os anos de expans o e dura o dos Estados de Bem Estar Social o pensamento liberal continuou a fazer se ouvir e a despeito de enfraquecido manteve se como espa o de cr tica e apontamento das fragilidades do modelo ent o vigente Continuando sua linha hist rica de apresenta o do surgimento e consolida o de um pensamento hegem nico ultraliberal Delgado lembra que ap s um longo per odo de hegemonia keynesiana o pensamento liberal radical voltaria a ganhar for a Afirma ele que A corrente liberal radical entretanto conseguiu reconstruir sua hegemonia cultural tamb m hegemonia pol tica e econ mica claro nos pa ses ocidentais a partir do contexto gerado pela crise econ mica deflagrada em 1973 1974 Segundo Delgado aproveitando se de um contexto hist rico desfavor vel utilizaram se de argumentos que aparentemente fragilizavam o modelo social vigente para ent o divulgar as teses do liberalismo como sendo a alternativa redentora da sociedade e da econo
197. o linear Ao contr rio resulta de pequenas conquistas e transforma es que se incorporam ao patrim nio jur dico dos cidad os e que uma vez incorporados n o podem deles ser retirados ou aviltados Faz se imperioso evitar que direitos sejam tratados como benesses presentes concedidos por um Estado patriarcal principalmente no que se refere aos direitos sociais Essa uma tend ncia do pensamento neoliberal que deve ser combatida N o por acaso onde antes o discurso da cidadania e dos direitos tinha algum lugar de pertin ncia no cen rio p blico hoje ocupado pelo discurso da filantropia Por tal raz o percebemos o incentivo e o crescimento do Terceiro Setor que a despeito de promover importantes a es sociais constituem a privatiza o da quest o social transferindo a pequenos grupos a responsabilidade da solidariedade que se transforma de valor da rep blica em sentimento pessoal facultativo aqueles que se sensibilizam com a pobreza e a mis ria O gr fico abaixo nos permite conhecer melhor a situa o do Brasil no que se refere aos empregados informais Ressalte se que os percentuais diferentes encontrados nos tr s gr ficos seguintes e que poderiam gerar algum tipo de d vida ao leitor justificam se por terem sido elaboradas a partir de bases de c lculo diferentes Esse fato n o compromete a an lise que nos possibilita a compreens o do fen meno que nos propomos realizar 83 Vera Silva Telles
198. o os prop sitos almejados com a redu o da jornada restariam prejudicados DELGADO Mauricio Godinho Dura o do Trabalho o debate sobre a redu o para 40 horas semanais LTr S o Paulo v 73 n 8 p 914 918 ago 2009 12 Pessoas cansadas que trabalham em excesso realizam seu trabalho de maneira distra da absorta aumentando as chances de acidentes mas tamb m ocasionando uma diminui o de sua produtividade e da qualidade de seu servi o Desse modo a redu o da jornada ao influenciar positivamente a sa de do trabalhador gera vantagens tamb m ao tomador do servi o com o aumento da produtividade e a redu o dos gastos decorrentes de acidentes de trabalho No que concerne educa o do trabalhador a redu o da jornada para 40 horas semanais colocaria sua disposi o um dia a mais de folga que Ihe possibilitaria o investimento em sua capacita o profissional a realiza o de cursos em outras reas do conhecimento ainda que estes n o se relacionem diretamente com o campo de sua atua o profissional promovem seu crescimento pessoal melhoram sua forma de relacionar se com os outros ampliando sua vis o de mundo e a maneira de analisar antigas quest es Essa medida apresenta se como vantagem para o trabalhador para seu empregador e tamb m para a sociedade como um todo que experimentar ganhos culturais e sociais No que se refere s rela es do trabalhador com sua fam lia es
199. o t pica do Estado Social que a partir da interven o na economia e da regula o do mercado promove a estabilidade do sistema e a qualidade de vida para um maior n mero de pessoas Gestados em sociedades capitalistas e fruto dos reflexos das disparidades delas originadas os EBES traduziram f rmulas privilegiadas de afirma o da liberdade da democracia do trabalho e do emprego da justi a social e do bem estar na desigual sociedade capitalista Estruturados a partir da viv ncia de uma situa o de injusti a social que colocava os trabalhadores em desigualdade privados dos direitos m nimos para garantia da dignidade humana viabilizada por distribui o adequada da renda e lugar social reconhecido e respeitado em sua condi o de humano cidad o os EBES possibilitaram que Estados capitalistas forjassem Estados mais democr ticos s lidos e pr speros Conforme podemos constatar nos dizeres de Delgado e Porto o EBES certamente a mais completa abrangente e profunda s ntese dos grandes avan os experimentados pela hist ria social pol tica e econ mica nos ltimos trezentos anos Pensar na incorpora o de pol ticas p blicas voltadas para a inclus o retomar as teses do EBES que se mostraram eficazes quando implantadas em pa ses de economia capitalista Godinho Delgado e Porto lembram que al DELGADO Mauricio Godinho PORTO Lorena Vasconcelos O Estado de Bem Estar Social no capitalism
200. o trabalho permanece a urg ncia de que haja uma interven o do Estado por meio de pol ticas p blicas geradoras de emprego dentre elas pol ticas de educa o articuladas com pol ticas de trabalho e emprego 78 Analisando o desemprego no Brasil e os seus desafios ticos Kato e Ponchirolli 8 afirmam que a forma mais resistente de desemprego est ligada a um descompasso entre a estrutura qualificada da m o de obra necess ria e da for a de trabalho dispon vel No longo prazo a pior forma de desemprego estrutural resulta de uma defasagem entre a evolu o da tecnologia e o ensino N o h como ignorar que o processo de automatiza o colocou em fragilidade o trabalhador que precisa de aperfei oamento cont nuo haja vista que o avan o tecnol gico se d a uma velocidade inimagin vel e incompat vel com o tempo l gico necess rio para o acompanhamento daquele que est inserido no cotidiano do trabalho e precisa se qualificar O problema aqui n o est relacionado exclusivamente com a forma o profissional b sica encontrada no ensino formal profissionalizante ou nos cursos t cnicos e superiores espec ficos para a rea de atua o profissional O trabalhador vivencia uma condi o no trabalho que requer dele outras compet ncias que n o mais aquelas exclusivamente t cnicas que no passado lhe serviam de garantia de manuten o no emprego durante toda a vida O trabalho hoje demanda do trabalhador uma
201. ocr ticas da modernidade Esse ramo jur dico introduz ainda que impositivamente uma nova l gica equilibrando for as antag nicas e instrumentalizando a empresa para que seja geradora de lucro e incentive a iniciativa privada mas ainda e sobretudo para que proporcione valoriza o do trabalho Essa nova l gica retratada no princ pio da prote o ou princ pio tutelar cuja fun o central retifica o jur dica da reconhecida desigualdade socioecon mica e de poder entre os sujeitos da rela o de emprego zaa CARDOSO Adalberto Moreira A d cada neoliberal e a crise dos sindicatos no Brasil S o Paulo Boitempo 2003 p 115 23 DELGADO Maur cio Godinho Curso de Direito do Trabalho 8 ed S o Paulo LTr 2009 p 198 167 Por tal motivo a empresa passa a promover interesses privados do capitalista ao mesmo tempo em que subordina se a uma fun o social que condiciona o exerc cio da atividade vinculando a promo o de bens coletivos especialmente relacionados ao labor humano Nesse vi s o papel do Direito do Trabalho assegurar que a l gica da dignidade impere e n o a l gica do pre o garantir que o trabalhador seja visto como homem e n o como uma mera engrenagem da produ o garantir que a remunera o seja fixada conforme as necessidades m nimas de sustento e n o de modo a servir somente diminui o dos custos produtivos Ao cumprir o seu escopo o Direit
202. omo ela ser realizada consiste em uma op o pol tica e portanto este alegado determinismo n o merece prosperar Se um Estado faz sua inser o internacional de forma subordinada e irrespons vel certamente os impactos ser o negativos tanto economia do pa s quanto situa o laboral o que vem ocorrendo com os pa ses Latino Americanos 135 desde a d cada de 1980 que influenciados pelo Consenso de Washinton e presos a pol ticas monet rias internacionais mant m sua moeda valorizada de forma artificial trazendo ganhos ao segmento financeiro especulativo e ao capital internacional de car ter vol til O problema desta estrat gia que o mercado interno fica desprotegido a ind stria nacional n o possui incentivos ao crescimento a importa o assume elevados ndices e a exporta o diminui consideravelmente dada a baixa competitividade no plano externo Por tal motivo devemos considerar de maneira cautelosa as afirma es neoliberais de que a globaliza o teria intensificado de tal modo a concorr ncia capitalista que a fim de tornarem se competitivos os pa ses e as empresas nacionais ou internacionais deveriam adaptar se reduzindo seus custos ainda que tal redu o significasse cortes em n mero de pessoal diminui o dos direitos trabalhistas e mitiga o da prote o social Mais importante do que uma economia nacional organizada e promotora de desenvolvimento p trio a globaliza o neolibe
203. oncentra o da dire o do processo devendo a mesma ser realizada por organiza es hierarquizadas que t m se utilizado da fragmenta o apenas para diminuir a retribui o pelo trabalho A vantagem para o capital com as subcontrata es a redu o de custos que n o desaparecem simplesmente das planilhas or ament rias mas recaem sobre o elo mais fr gil dessa rela o ou seja o pr prio empregado que agora passa a ser terceirizado Essa nica possibilidade num processo que gera redu o de custos para a empresa tomadora e inclui um terceiro que visa ao lucro numa rela o de emprego pensada para ser dual A empresa prestadora de servi os ou terceirizada ingressa na rela o de emprego se interpondo entre empregado e empregador gerando uma dupla explora o do trabalho humano que antes era explorado por apenas uma empresa O empregado agora passa a ser o respons vel pela gera o de lucro e produ o de riqueza para duas empresas Se precisa gerar mais lucro a retribui o pelo trabalho reduzida o que resta evidenciado nas compara es entre os sal rios dos empregados efetivos e dos terceirizados O economista Marcio Pochmann afirma que na maior parte das vezes o trabalhador terceirizado recebe a metade que o trabalhador com contrato padr o alcan a para realizar exatamente a mesma fun o Nota se que a vantagem da terceiriza o manifesta se favor vel apenas para o capital precariza
204. onte IBGE Microdados da PNAD Nota se que a despeito de sua m dia de horas semanais no mercado de trabalho ser menor que a dos homens as mulheres possuem jornada mais intensa que a masculina dado que dedicam 12 7 horas por semana a mais nos afazeres dom sticos Desse modo a redu o da jornada de trabalho pode significar o aumento da participa o masculina na vida familiar aliviando a sobrecarga enfrentada pelas mulheres com sua dupla jornada de trabalho Na discuss o atinente ao emprego e desemprego a redu o da jornada de trabalho funciona como elemento que contribui para a diminui o do desemprego gerando novos postos de trabalho Esse fator extremante importante considerando a crise experimentada no final do ano de 2008 e ao longo de 2009 bem como o aumento do desemprego em diversos locais do globo 100 ORGANIZA O INTERNACIONAL DO TRABALHO OIT BRASIL Perfil do trabalho decente no Brasil Bras lia e Genebra OIT 2009 p 20 74 Parece il gico que num contexto no qual h grande contingente de m o de obra livre para o trabalho ele se concentre em poucas pessoas submetidas a longas jornadas Soma se ao argumento da redistribui o do trabalho em si considerado algo ainda mais importante que dele consequ ncia a redu o da jornada de trabalho desponta sem d vida como um dos mais eficazes instrumentos de redistribui o social de parte dos enormes ganhos de produtividade alc
205. ora Nova Cultural 1996 p 14 15 Cole o Primeiros Passos 197 GOMES Dinaura Godinho Pimentel A relev ncia do di logo social na era das reformas para resguardar o humanismo do Direito do Trabalho Revista de Direito do Trabalho S o Paulo a 31 n 118 p 44 56 abr jun 2005 p 48 149 Na realidade as estrat gias atuais utilizadas pelos neoliberais com vistas fragilza o do Direito do Trabalho s o apenas aparentemente diferentes das utilizadas em outros momentos da hist ria O objetivo final continua sendo o mesmo qual seja manter protegidos os interesses das classes dominantes Ainda quando parecem apoiar a amplia o dos espa os de participa o democr tica dos sindicatos eles est o na realidade buscando legitimar suas pr ticas mitigadoras de direitos dos trabalhadores No Brasil em 2001 essa estrat gia manifestou se no projeto de lei SF PLC 134 2001 que pretendia alterar o artigo 618 da CLT fixando a preval ncia do negociado sobre o legislado Desse modo os sindicados na negocia o coletiva n o estariam limitados pela legisla o infraconstitucional podendo fixar par metros inferiores aos estabelecidos pelo Estado como direitos m nimos Com a mudan a de orienta o no governo federal no final de 2002 e in cio de 2003 referido projeto foi arquivado com a promessa de que seriam discutidas as diretrizes para as reformas sindical e trabalhista mantendo se todavia o discurso de necessidade de
206. ori Wanderley Os autores ressaltam a import ncia de elementos objetivos relativos ao emprego e ao v nculo social contudo afirmam que o n vel de desinser o verificado numa dada sociedade depender de fatores de ordem simb lica e nesse sentido da rela o existente entre fatores objetivos e subjetivos existentes ou n o num grupo social A significa o de fatores objetivos pode se dar de maneira diferente em sociedades cujos valores vis o de mundo e representa es simb licas sejam diversos c desfilia o empregado por Robert Castel O voc bulo um neologismo no franc s e consequentemente tamb m no portugu s referindo se a um processo sucessivo de rupturas dos la os sociais que provoca o sentimento de n o pertencimento sociedade na qual se vive 16 WANDERLEY Mariangela Belfiore Refletindo sobre a no o de exclus o In As artimanhas da exclus o social an lise psicossocial e tica da desigualdade social 4 ed Petr polis Vozes 2002 p 16 26 17 CASTEL Robert As armadilhas da exclus o In WANDERLEY Mariangela Belfiore org Desigualdade e a quest o social 2 ed S o Paulo Educ 2000 p 24 24 Conforme o autor na maior parte dos casos o exclu do o desfiliado Importa por m que fa amos algumas ressalvas quanto ao termo exclus o pois tem sido utilizado indistintamente para designar os mais diferentes tipos de mis ria do mundo ocultando as especificidades de cada um d
207. os com forte aumento de desemprego e de condi es prec rias nas rela es de emprego de modo que o n mero de benefici rios da assist ncia social elevado onde essa assist ncia social est estruturada evidentemente Nos dizeres de Paugam a pobreza desqualificadora uma rela o de interdepend ncia entre os pobres e o resto da sociedade que gera uma ang stia coletiva pois mais e mais pessoas s o consideradas como pertencentes a essa categoria e muitos cuja situa o inst vel temem tornarem se integrantes dela Desse modo n o h uma caracter stica comum qualificadora desse grupo pelo contr rio ele marcado pela grande heterogeneidade de seus integrantes Esse tipo verifica se com maior probabilidade em sociedades p s industriais decorrendo das modifica es produtivas e das transforma es ocorridas nas rela es econ micas internacionais as quais refletiram na organiza o das rela es de trabalho precarizando as prote es sociais Importante ressaltar que tais tipos ideais isto modelos para a compreens o da realidade n o coincidem precisamente em todos os seus contornos com uma sociedade ou regi o espec fica tendo em vista que as realidades nacionais s o complexas e podem ser dotadas de caracter sticas de mais de um tipo ideal ao mesmo tempo 4 PAUGAM Serge Les formes contemporaines de la pauvret et de l exclusion Le point de vue sociologique Gen sis v 3
208. os e a intencionalidade de seus interlocutores Indubit vel que a pr pria autora dessa disserta o est marcada pela subjetividade intr nseca a qualquer pesquisador e por lealdade ao leitor destaca que toda a leitura do presente trabalho se fez sob a perspectiva dos direitos humanos e da social democracia Portanto esclarecemos que a leitura da economia ser feita nessa perspectiva na compreens o de que alegadas impossibilidades f ticas devem ser condicionadas e transformadas pelas possibilidades jur dicas e de que aquilo que o capital sustenta 104 como inexequ vel pode ser realizado com ganhos humanos democr ticos e at mesmo com vantagens para o pr prio capital Entendendo que o Direito existe a fim de que o mundo seja transformado sustentamos que a despeito da economia e do mercado influenciarem o Direito este n o vassalo de suas condicionantes pelo contr rio como resultado da vontade de um povo existe tamb m para coloc los a servi o dos homens e da preserva o dos direitos fundamentais 4 1 ESTADO M NIMO CONCEP O E CONSEQU NCIAS A ideia de estado m nimo est intimamente ligada ao renascimento das ideias liberais chamadas de neoliberalismo Assim os fatores que impulsionaram a constru o de uma nova hegemonia do pensamento neoliberal merecem ser estudados a fim de compreendermos o significado dessa modalidade de gerir o Estado O tema relaciona se ainda fortemente com a ques
209. otto de Barros Controle judicial da regulamenta o de pol ticas p blicas Revista da Academia Brasileira de Direito Constitucional n 3 p 185 195 2008 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE MINAS GERAIS Ac rd o n 00881 2007 024 03 00 7 RO Relator Desembargador J lio Bernardo do Carmo Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o Belo Horizonte v 47 n 77 p 239 331 jan jul 2008 VALLE Vanice L rio do Direito fundamental boa administra o pol ticas p blicas eficientes e a preven o do desgoverno Revista Interesse P blico a X n 48 p 87 109 2008 VIANA M rio T lio O Direito a Qu mica e a realidade sindical Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o Belo Horizonte v 29 n 59 p 49 51 jan jun 1999 VILHENA Paulo Em lio Ribeiro de Rela o de emprego estrutura legal e supostos 2 ed S o Paulo LTr 1999 734 p WANDERLEY Mariangela Belfiore Refletindo sobre a no o de exclus o In As artimanhas da exclus o social an lise psicossocial e tica da desigualdade social 4 ed Petr polis Vozes 2002 p 16 26 XIBERRAS Martine As teorias da exclus o para uma constru o do imagin rio do desvio Lisboa Instituto Piaget 1993 251 p 184 YAZBEK Maria Carmelita Pobreza e exclus o social express es da quest o social no Brasil Temporalis Revista da Associa o Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servi o Social ABEPSS a Il n 3
210. pacidade de englobar no manto protetivo do Direito do Trabalho pessoas que n o s o controladas diretamente mas que experimentam t pica rela o de emprego como o caso dos trabalhadores em domic lio e dos trabalhadores intelectuais Nossa pr pria legisla o trabalhista resolveu o problema quanto aos primeiros ao afirmar no artigo 6 n o haver distin o entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domic lio do empregado Quanto aos segundos afirmou no artigo 7 XXXII da CR e no artigo 3 par grafo nico da CLT a proibi o de distin o entre trabalho manual t cnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos 187 PORTO Lorena Vasconcelos A rela o de emprego e a subordina o a matriz cl ssica e tend ncias expansionistas LTr v 72 n 7 p 815 826 jul 2008 p 815 142 Tais considera es nos evidenciam a necessidade de adequar o conceito de subordina o s novas realidades experimentadas devendo ser compreendida pelo crit rio objetivo subordina o objetiva segundo o qual ela atua sob o modo de realiza o da presta o e n o sobre a pessoa do trabalhador Isso significa que o prestador de servi o ser subordinado sempre que potencialmente puder receber ordens de seu empregador ainda que tal possibilidade n o se verifique no plano f tico ou ainda que as ordens recebidas n o englobem todos os aspectos da presta o do servi o o
211. pecialmente crian as e adolescentes temos que a redu o da jornada proporcionaria o aumento do tempo dedicado pelos pais educa o de seus filhos retomando em certa medida uma fun o que foi comodamente relegado s institui es de ensino mas que n o pode ser por elas realizado em sua totalidade preciso resgatar o papel da fam lia na forma o moral das crian as e adolescentes forma o que difusamente constru da na vida em comum no compartilhar de experi ncias que se revelam aquisi o espont nea de conhecimento Assim a redu o da jornada permitiria corrigir e evitar alguns problemas sociais gerados pela aus ncia da fam lia na forma o do car ter e da personalidade das crian as e adolescentes bem como proporcionaria uma redefini o dos pap is 13 desempenhados por homens e mulheres no lar com redistribui o de tarefas dom sticas e familiares A tabela seguinte mostra como se d a divis o das horas no mercado de trabalho e nos afazeres dom sticos entre homens e mulheres Tabela 3 Popula o de 16 anos ou mais de idade ocupada no trabalho principal que realiza afazeres dom sticos por sexo segundo a m dia de horas semanais dedicadas ao mercado de trabalho e aos afazeres dom sticos 2007 M dia de Horas M dia de Horas Jomada Sexo Semanais no Semanais Gastas c Semanal Mercado de Trabalho A Afazeres Dom sticos B Total A B Mulheres 57 1 Homens oo P 523 F
212. pel de regular e garantir a inclus o social fundamentalmente do Estado que precisa ser controlado e alimentado por meio da participa o e do controle social efetivados a partir de mecanismos pr prios e direcionados que permitam que a vontade social seja percebida ouvida e acolhida seja na constru o legislativa seja na incorpora o de pol ticas p blicas garantidoras de direitos fundamentais tais como as pol ticas de emprego e outras que ajudam em sua efetiva o Considerando as interfaces entre os diversos direitos fundamentais e a necessidade de que sejam vistos como uma integralidade direcionada para a garantia da dignidade humana podemos tomar a ideia de Bem Estar parte integrante do conceito de sa de para fins de an lise do papel regulador do Estado para o alcance da justi a social O Estado garantidor de direitos sociais precisa formular pol ticas p blicas capazes de possibilitar sua efetiva o Seja por exemplo nas normas relativas educa o que de maneira mais ampla interferem no direito ao trabalho seja no pr prio Direito do Trabalho garantindo rela es ticas entre empregado e empregador com corre o de desvios direcionados concentra o de renda Contra as fal cias ultraliberais que buscam desmontar as concep es do EBES afirmando sua incompatibilidade com o sistema capitalista ou ainda seu car ter retr grado podemos utilizar a tese defendida por Godinho Delgado e Porto de que isto
213. pela sociedade 216 SOUTO MAIOR Jorge Luiz Indeniza o por dano social pela agress o volunt ria e reincidente de direitos trabalhistas XIII Congresso Nacional de Magistrados da Justi a do Trabalho CONAMAT 2006 Macei Dispon vel em http www anamatra org br hotsite conamat06 trab cientificos teses aprovadas cfm Acesso em 07 de janeiro de 2010 217 SOUTO MAIOR Jorge Luiz Indeniza o por dano social pela agress o volunt ria e reincidente de direitos trabalhistas XIII Congresso Nacional de Magistrados da Justi a do Trabalho CONAMAT 2006 Macei Dispon vel em http www anamatra org br hotsite conamat06 trab cientificos teses aprovadas cfm Acesso em 07 de janeiro de 2010 161 Isso significa que quando numa reclama o trabalhista a nica condena o de uma devedora contumaz pagar aquilo que j deveria ter adimplido acrescida de juros baix ssimos o descumprimento torna se altamente vantajoso Primeiramente porque nem todos os lesados procuram a Justi a do Trabalho em segundo lugar pois a prescri o trabalhista atua ferozmente a favor do empregador finalmente porque os rendimentos obtidos no mercado financeiro superam em muito o pequeno ajuste que dever pagar o empregador a t tulo de juros e corre o monet ria A veda o ao dumping social tem portanto duplo vi s protetivo em rela o aos trabalhadores evitando que sejam submetidos a condi es inadequadas e inaceit veis de trabal
214. plora o da energia el trica ao lado do surgimento do motor a explos o tamb m n o confirmou esta previs o Nem mesmo a terceira Revolu o Industrial que passamos a vivenciar ap s a Segunda Guerra Mundial e que introduziu a rob tica a microeletr nica a biotecnologia e a automa o foi capaz de reduzir a necessidade da presen a do homem na consecu o dos objetivos antes alcan ados pelo trabalho Ora se as revolu es tecnol gicas foram impactantes pela inova o a Terceira Revolu o Industrial n o apenas introduziu novas t cnicas como tamb m permitiu que tais t cnicas fossem utilizadas em diversos ramos da ind stria e da vida de maneira que pela sua intensidade e abrangente influ ncia ficou conhecida pelo ep teto de Revolu o Tecnol gica 117 A cren a de que com as sucessivas transforma es originadas dessa e das outras revolu es chegar amos a um est gio em que rob s e m quinas inteligentes fariam o servi o pelos homens que ficariam assim libertos da fadiga do trabalho ainda persiste Jeremy Rifkin chega a afirmar categoricamente que em menos de um s culo o trabalho em massa no setor do mercado ser provavelmente eliminado em praticamente todas as na es industrializadas do mundo Segundo o autor isso ocorreria porque 75 da for a de trabalho executam tarefas repetitivas que poderiam ser facilmente substitu das por m quinas com a vantagem de que o capital n
215. pode ser gerado pela pr pria ci ncia a ci ncia encontrando os caminhos do equil brio para o pr prio desequil brio que dela se origina A ideia de desenvolvimento sustent vel t o utilizada quando se faz refer ncia s quest es ambientais tamb m pode ser aplicada a este princ pio protetivo do trabalhador impresso no artigo 7 XXVII da Constitui o da Rep blica O aumento da produtividade como resultado da automa o n o um mal em si mesmo a militar contra o emprego Ele precisa originar pol ticas de manuten o do H6 ARRUDA Carlos ARA JO Marina RIOS Juan O Brasil destaque no relat rio global de competitividade de 2008 2009 do World EconomicForum WEF p 14 Dispon vel em http www fdc org br pt pesquisa competitividade Documents wef2008 pdf Acesso em 10 de janeiro de 2010 92 emprego que busquem a redistribui o de renda e n o a sua concentra o cada vez mais acentuada A incorpora o de tecnologias cada vez mais sofisticadas n o pode eliminar o trabalhador que ainda n o recebeu capacita o compat vel com sua utiliza o nos processos de trabalho conforme j explicitamos no item anterior Seja pela diminui o de postos de trabalho por ela desencadeados seja pela inadequa o do trabalhador a suas sistem ticas de utiliza o o que n o se pode admitir que o homem que trabalha seja penalizado e mitigado em sua dignidade apenas para que o capital seja valoriza
216. que chamamos de real s o as rela es que se constroem no mundo da vida como possibilidade de di logo e interven o na hist ria n o manipulada pelo outro O real n o busca estrategicamente encobrir os jogos de poder o real a revela o dos jogos de poder O encobrimento n o uma simples mentira que altera o fato ou exagera o fato O encobrimento tem uma finalidade estrat gica Assim pensamos que o encobrimento do real utilizado pelo neoliberalismo consiste n o na divulga o de fatos como o avan o tecnol gico como a reestrutura o empresarial ou ainda a intensifica o da globaliza o mas sim nas consequ ncias que atribuem a tais fatos especialmente o fim do emprego Nota se que a finalidade estrat gica est em que a sustenta o do fim do emprego gera o discurso da desnecessidade de proteg lo tendo em vista que institutos em vias de extin o no mundo f tico n o devem ensejar regula es pelo mundo jur dico Analisaremos no presente cap tulo os principais argumentos neoliberais para sustentar o fim do primado do trabalho e do emprego Veremos que tais argumentos t m sido t o fortemente sustentados que at mesmo a esquerda e intelectuais defensores dos direitos humanos e do pr prio Direito do Trabalho t m se curvado s consequ ncias do pensamento neoliberal aceitando as como inevit veis Nesse sentido se manifesta Terry Eagleton As condi es hist ricas de possibilidades do sistema
217. r Ensaio sobre o ju zo de constitucionalidade de pol ticas p blicas Revista de Informa o Legislativa a 35 n 138 p 39 48 abr jun 1998 p 45 38 Isso n o significa que anteriormente o Estado n o realizasse pol ticas p blicas mas a partir da forma o do Estado Social com a institucionaliza o de direitos sociais que o Estado se posiciona mais participativamente na vida social de maneira a modific la e a promover condi es materiais equ nimes e dignas Podemos afirmar que a despeito das normas e atos integrarem as pol ticas p blicas a legitimidade do Estado na atualidade extrapola a mera legalidade suficiente no Estado Liberal O Estado Democr tico de Direito aquele que n o apenas age em conformidade com a lei mas aquele capaz de distribuir democraticamente justi a social aquele que consegue efetivamente cumprir os prop sitos constitucionalmente fixados em 1988 Pol ticas p blicas dessa maneira deixam de ser compreendidas como meros planos e programas de governo a fim de serem entendidas como algo transformador capaz de interferir na vida de cada cidad o algo de import ncia singular e estreitamente relacionado com os direitos fundamentais e sua efetiva o Segundo o entendimento de Ada Pellegrini Grinover para atingir esses objetivos fundamentais fixados no art 3 da CF 88 aos quais acresce o princ pio da preval ncia dos direitos humanos art 4 Il da CF 8
218. ra a politiza o dos atores sociais bem como para o aprimoramento desse ramo jur dico Conforme ensinamento de Regina Coeli Moreira Camargos destaca se que o movimento sindical se projetou na cena pol tica brasileira como um dos principais protagonistas na luta pela redemocratiza o do pa s Um dos resultados mais expressivos dessa ascend ncia foi a conquista de novos direitos sociais trabalhistas Todavia para que tais fins sejam alcan ados h de haver uma estrutura legal m nima assegurando que sindicatos enfraquecidos n o acabem por legitimar a explora o aviltante da respectiva base laborativa em face de sua incapacidade de transacionar e por suas falhas de representatividade Conforme Carlos Alberto Chiarelli da conjuga o desses dois elementos interno e externo surge e vem consolidar se o Direito do Trabalho As duas ideias a da ajuda estatal e da autoajuda coletiva dominam a panor mica inspiradora de sua fei o moderna Necess rio o tempero entre rigidez e fluidez entre imutabilidade e transforma o a fim de que seja respeitado o princ pio da veda o do retrocesso ao mesmo tempo em que se assegura o espa o para que as partes mais afetadas no processo elaborem as normas que reger o seu comportamento e sua rela o tornando a mais leve e favor vel a ambas 19 CAMARGOS Regina Coeli Moreira Negocia o coletiva trajet rias e desafios Belo Horizonte RTM 2009
219. rabalho assalariado dependente concreto e materialmente verific vel na exist ncia de milhares de pessoas que o exercem desse modo diariamente e possuem sua vida e sua pr pria sobreviv ncia condicionadas por ele 8 OFFE Claus Capitalismo desorganizado S o Paulo Brasiliense 1989 322 p 21 OFFE Claus Capitalismo desorganizado S o Paulo Brasiliense 1989 p 172 2 OFFE Claus Capitalismo desorganizado S o Paulo Brasiliense 1989 p 176 163 Ademais ainda que trabalhadores n o seja uma categoria homog nea quando o foi no capitalismo poss vel afirmar que todos aqueles que integram referida categoria possuem pontos de identidade quanto aos aspectos relevantes para o Direito tornando os desse modo suficientemente semelhantes para o fim de receber a mesma prote o quanto aos seus direitos trabalhistas Por bvio a necessidade de par metros m nimos n o impede que cada setor ou ramo de atividade seja tratado conforme suas necessidades espec ficas Tampouco isso significa que n o exer am influ ncias sociais diferenciadas conforme o tipo de viv ncia experimentada por cada grupo menor que integra a categoria trabalhadores Categorias s o cria es artificiais que com base em pontos de semelhan a integram sujeitos ou coisas como parte delas Isso n o significa que sejam iguais mas apenas semelhantes em pontos relevantes para aquela classifica o podendo pertencer a categorias diferen
220. ral parece valorizar a inser o na economia internacional tendo em vista que esta constitui forma de manifesta o de poder de um pa s perante a comunidade global A competitividade se torna um mote seguido n o somente por pessoas jur dicas de direito privado mas tema que passa a orientar o pr prio Estado que ao contr rio da finalidade lucrativa deveria buscar como objetivo prim rio o interesse p blico Referida diretriz pode ser percebida em novos conceitos supervalorizados modernamente como governabilidade bem como em a es estatais justificadas por tornar a Administra o P blica mais competitiva como as privatiza es a descentraliza o administrativa exacerbada o aumento de concess es e permiss es e o surgimento de novos institutos como as parcerias p blico privadas que geralmente revelam se vantajosas somente para o parceiro privado 136 N o se pretende aqui afirmar que competividade seja algo reprov vel ou n o ben fico todavia na busca de alcan la precisamos avaliar que bens jur dicos podem devem ou valem a pena ser sacrificados Percebe se que tanto no mbito das empresas quanto no mbito da administra o p blica a implementa o cega da competitividade custou empregos prote o social venda de grandes empresas p blicas por pre os insignificantes incompat veis com seu valor de mercado e com seu potencial produtivo e social bem como o favorecimento de particulares na con
221. re capitalista A primeira dimens o conquanto tenha retomado com for a apenas em passado muito recente tem na realidade seu in cio no s culo XVIII quando a matriz econ mica liberal come a a constituir se como pensamento econ mico e a se estabelecer como pensamento hegem nico A despeito de sua longevidade as ideias liberalizantes passaram por sistem ticos e respeit veis enfrentamentos sendo que um dos mais importantes teve como resultado o surgimento do Direito do Trabalho que se colocava em contraposi o 137 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 69 119 107 ideia de um capitalismo sem comprometimento com a equidade e justa distribui o de riquezas Entretanto conforme assevera Godinho Delgado O imp rio cultural liberalista somente iria sofrer por m sua mais severa e abrangente derrota a contar do desastre econ mico social verificado nos fins da d cada de 1920 e desenrolar dos anos 30 a profunda recess o econ mica com elevad ssimas taxas de desemprego em m dia 20 nos EUA e Pa ses europeus circunst ncias provocadas pela gest o descontrolada da economia que o liberalismo tanto elogiava e impunha A profundidade e a generaliza o desse desastre tudo conduziu ao fim da hegemonia dessa matriz de explica o e gerenciamento da vida socioecon mica O enfraquecimento do pensament
222. realidade funcionam como fragiliza o de direitos com o aval muitas vezes do pr prio trabalhador e de seus sindicatos Os pontos de contato e de converg ncia entre pol ticas p blicas de educa o e de emprego precisam ser objeto de um olhar mais acurado dada a complexidade que OS processos educativos encerram Cabe como reflex o guisa de conclus o que na realidade a despeito de ter sido tratada como uma categoria isolada no cap tulo 3 deste relat rio final da pesquisa em face da necessidade de apontar as pol ticas p blicas de emprego com maior potencial para a inclus o social a educa o merece lugar de destaque j que encerra todas as demais categorias pol ticas p blicas aqui elencadas Independentemente de serem pol ticas de educa o formal informal profissional t cnica est gios contrato de aprendizagem ou qualquer outra modalidade que venha a ser estabelecida elas precisam encerrar o sentimento de que educar sensibilizar o homem para enxergar a si pr prio aos outros e ao mundo no qual estabelece suas rela es e encontra a possibilidade de viver e experimentar a plenitude da vida 173 No poema O Oper rio em constru o que a seguir reproduzimos em parte Vinicius de Moraes evidencia com beleza e sensibilidade o que representa o perceber se enquanto sujeito que trabalha e que constr i a hist ria e o verdadeiro significado do que estar inclu do n o apenas no mercado de trabalho m
223. relev ncia econ mica e social do trabalho com a finalidade de fragilizar as formas protegidas de presta o laboral o emprego Observe se o indissimul vel artif cio do argumento se o emprego est acabando ele n o precisa mais ser protegido e aqueles que conseguem trabalho tornam se meros privilegiados que devem se satisfazer com a possibilidade de receberem o que o mercado est disposto a pagar por seus servi os Os direitos antes garantidos v o sendo corro dos e descaracterizados pela legisla o e pela jurisprud ncia precarizante de modo a tornarem se aparentes privil gios Dessa maneira perde sentido o pr prio sentimento de organiza o e luta identificadores do esp rito combativo dos trabalhadores A pr pria identifica o solid ria entre os trabalhadores destru da pela forma o de um grupo de empregados trabalhadores protegidos e outro grupo formado pelos trabalhadores precarizados terceirizados trabalhadores a tempo parcial falsas pessoas jur dicas falsos cooperados empregados sem carteira de trabalho assinada As situa es de trabalhadores precarizados podem ser identificadas com situa es de informalidade nas quais os direitos m nimos deixam de ser assegurados e a inclus o pretendida pelo Direito do Trabalho resta impossibilitada de efetivar se Nota se que como no Brasil o combate exclus o por meio do trabalho est intimamente relacionada ao emprego formal emergem
224. resist ncia na sua luta contra os excessos do capitalismo Verifica se que o prop sito dessas associa es e das negocia es por elas engendradas a fixa o de regras e n o a desregulamenta o como se tem pretendido ou incentivado Infelizmente em alguns momentos os sindicatos n o t m conseguido cumprir o prop sito origin rio de sua cria o Nesse contexto a presun o criada pelo Direito do Trabalho entendendo o como ente coletivo capaz de negociar em igualdade de condi es com o empregador que por si s considerado ente coletivo tem se revelado pontualmente inver dica ante sua inaptid o de promover a melhoria das condi es de trabalho Por tal motivo afirma Dinaura Godinho Pimentel Gomes que um sistema pol tico de democracia formal que n o fortalece as entidades sindicais para a negocia o coletiva proporciona desequil brio na correla o de for as e ainda gera a involunt ria desregulamenta o provocando a volta da barb rie Se antes o Direito do Trabalho era combatido com argumentos contr rios pr pria exist ncia do sindicato dada sua for a transformadora hoje os argumentos neoliberais assumem vestes aparentemente democr ticas incentivando o aumento do espa o de negocia o coletiva com redu o das normas legisladas sabedores do enfraquecimento e da grave crise que acomete o sindicalismo hodiernamente 1 ANTUNES Ricardo O que sindicalismo S o Paulo Edit
225. ribui o da psican lise In Col quio tica da inclus o Belo Horizonte Armaz m de Id ias 2004 p 18 22 NASCIMENTO Elimar Pinheiro Exclus o a nova quest o social Proposta v 22 n 61 p 40 48 jun 1994 NUNES Ant nio Jos Avel s Neoliberalismo e direitos humanos Rio de Janeiro Renovar 2003 135 p OFFE Claus Capitalismo desorganizado S o Paulo Brasiliense 1989 322 p ORGANIZA O INTERNACIONAL DO TRABALHO OIT BRASIL Agenda nacional de trabalho decente Bras lia 2006 Dispon vel em http www oitbrasil org br info downloadfile php fileld 237 Acesso em 14 de dezembro de 2009 ORGANIZA O INTERNACIONAL DO TRABALHO OlT BRASIL Perfil do trabalho decente no Brasil Bras lia e Genebra OIT 2009 PAPA LE O XIII Enc clica Rerum Novarum Vaticano maio de 1891 Dispon vel em http www vatican va holy father leo xiii encyclicals documents hf xiii enc 15051891 rerum novarum po html Acesso em 03 de janeiro de 2010 PAUGAM Serge Les formes contemporaines de la pauvret et de I exclusion le point de vue sociologique Genesis v 31 n 1 p 138 159 juin 1998 182 PIMENTA Jos Roberto Freire BARROS Juliana Augusta Medeiros de FERNANDES Nadia Soraggi Tutela metaindividual trabalhista S o Paulo LTr 2009 255 p PL RODRIGUEZ Am rico Princ pios de Direito do Trabalho 3 ed S o Paulo LTr 2000 453 p POCHMANN Marcio A superterceiriza o F rum v 5 p 2
226. rincipal fonte de renda e de realiza o pessoal das fam lias Conforme Jorge Luiz Souto Maior n o podemos ignorar as milhares de pessoas que vemos todos os dias e com as quais convivemos que experimentam uma rela o t pica de emprego prestada nos moldes formais de sua concep o A tecnologia n o foi capaz de delet las de nosso cotidiano 21 SOUTO MAIOR Jorge Luiz Rela o de emprego e Direito do Trabalho no contexto da amplia o da Justi a do trabalho S o Paulo LTr 2007 p 20 152 Ademais sabemos que as crises do capitalismo s o c clicas e tendem a ser cada vez mais intensas com menor espa o de tempo entre si todavia assim como a exist ncia das crises uma constante no capitalismo assim o a presen a do trabalho humano Isso se justifica pelo fato de que a ess ncia desse sistema de produ o exatamente a organiza o dos fatores de produ o e a utiliza o do trabalho humano com a finalidade de gerar lucro para o capitalista e gerar meios de sobreviv ncia para o trabalhador que n o fosse a venda de sua for a produtiva n o conseguiria manter se Conforme ensinamento de Souto Maior Esse sistema econ mico tem como fundamento de sua pr pria exist ncia a acumula o de um capital que permite a seu possuidor o capitalista utilizar a for a de trabalho livre dita assalariada para incremento de uma atividade que lhe permite adicionar mais capital obter lucro e
227. rodu o consequente e duradoura das pol ticas p blicas cuja elabora o por organiza es privadas ou pelo mercado mais generalizadamente seria invi vel ou pelo menos incompleta grifo nosso Sabendo se que sem o Estado o homem e as institui es sociais por ele criadas funcionam como lobo do pr prio homem conforme afirma o de Hobbes somente o Estado poderia promover algo que extrapolasse interesses particularistas de POLANYI Karl A grande transforma o as origens de nossa poca 4 ed Rio de Janeiro Campus 2000 p 163 BUCCI Maria Paula Dallari Direito administrativo e pol ticas p blicas S o Paulo Saraiva 2006 p 269 GOL ALVES Alcindo Pol ticas p blicas e ci ncia pol tica In BUCCI Maria Paula Dallari org Pol ticas p blicas reflex es sobre o conceito jur dico S o Paulo Saraiva 2006 p 88 47 pessoas grupos ou classes Como categoria que busca a promo o de interesses coletivos e nesse sentido p blicos as pol ticas p blicas somente poderiam ser realizadas a contento por uma institui o igualmente p blica e igualmente voltada aos interesses de um grupo coletivamente considerado Nesse vi s podemos afirmar que a t nica do interesse p blico est nos direitos fundamentais governos representativos que n o sejam capazes de promov los est o fugindo do escopo de sua atua o Pol ticas p blicas que prejudicam ou simplesmente n o fomentam o desenvolvi
228. s et rias pode comprometer os objetivos e as finalidades dessa modalidade de contrato Outro aspecto a ser considerado nesta faixa et ria t o estendida que ela acaba se confundindo com os chamados est gios n o obrigat rios regulamentados pela Lei de Est gios Lei n 11 788 2008 Como definir se o que o aluno pretende um est gio n o obrigat rio ou um contrato de aprendizagem O que mais vantajoso para ele Em qual modalidade encontrar maior potencial de aprendizagem Qual delas possui maior condi o de propiciar aproveitamento para o emprego Independente de considerar se a coincid ncia de faixa et ria o tipo de estudo que o indiv duo tem de estar realizando tamb m suscita confus o Tanto no est gio quanto no contrato de aprendizagem exige se que aquele que pleiteia a condi o esteja estudando Alguns dos n veis elencados nas duas normas s o exatamente os mesmos Um aluno que esteja matriculado nos anos finais do ensino fundamental ou do ensino m dio por exemplo tanto poder pleitear um est gio quanto um contrato de aprendizagem Esta falta de clareza e especifica o entre as duas modalidades acaba por gerar d vidas o que n o interessante no estabelecimento de pol ticas de tal import ncia A utiliza o dessas modalidades tem se dado muitas vezes sem o controle e a avalia o que seriam indispens veis ao atingimento de sua finalidade Afinal na pr tica concreta h parcela de contratos de
229. s vel explorar o aspecto intelectual da for a humana produtiva Nesse contexto surge a busca pela produ o flex vel e por novas formas de gerenciamento da produ o e dos trabalhadores que podem ser identificadas em alguns aspectos ao toyotismo Esse modelo de produ o foi idealizado por Taiichi Ohno e surgiu na f brica da Toyota que tentava se reestruturar e adaptar sua produ o a um momento de dificuldades no qual era necess rio pensar meios para a recupera o econ mica Sendo um projeto para superar a crise vivenciada pelo Jap o do p s guerra e os per odos de baixas demandas a produ o foi adaptada de modo a reduzir os estoques e incentivar a produ o acelerada em determinados momentos gerando oferta de bens conforme as necessidades do mercado Muitos autores t m analisado as caracter sticas desse modo de produ o Optamos por nos apropriar neste cap tulo da an lise efetuada por Thomas Gounet que 168 ANTUNES Ricardo Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirma o e nega o do trabalho Cole o Mundo do Trabalho S o Paulo Boitempo 1999 p 42 45 125 nos pareceu englobar todas aquelas que consideramos indispens veis para a compreens o do problema a que nos propomos investigar Neste sentido utilizaremos as seis caracter sticas por ele apresentadas como base para a avalia o cr tica fazendo uso concomitante de outros autores para complementar a explana o do tema
230. s desigualdades sociais e regionais IV promover o bem de todos sem preconceitos de origem ra a sexo cor idade e quaisquer outras formas de discrimina o nos permite concluir juntamente com Ailton Cocurutto que a inclus o social princ pio impl cito de nossa constitui o Construir uma sociedade livre justa e solid ria erradicar a pobreza e a marginaliza o com redu o das desigualdades promover o bem de todos s o resultados de a es voltadas para a inclus o tendo como pressuposto a concep o de que todos s o dotados de dignidade e por isso mesmo merecem ser tratados igualmente podendo participar da sociedade e de seus frutos ben ficos da mesma maneira Essa implica o necess ria d se tamb m em rela o ao Estado Democr tico de Direito tendo em vista que um Estado ser de Direito quando limitado e vinculado legisla o sendo que o mais alto n vel da lei em nosso pa s a Constitui o da Rep blica vincula o Estado com o objetivo de inclus o social e com o princ pio da dignidade Ser Democr tico o Estado que permita a participa o irrestrita vista n o apenas na perspectiva pol tica mas tamb m na perspectiva social e cultural o que 3 COCURUTTO Ailton Os princ pios da dignidade da pessoa humana e da inclus o social S o Paulo Malheiros 2008 p 13 35 n o poder ser alcan ado sem que as bases proporcionadas pelos mencionados princ pios sejam estabelecidas e b
231. s em afirmar que a tecnologia proporcionar o aumento da produtividade com a simult nea redu o do n mero de trabalhadores gerando um inevit vel e astron mico crescimento do desemprego Andr Gorz escrevendo em 1987 chega a afirmar que em dez anos nada ser igual os impressos e os livros tender o a desaparecer com a consequente dissolu o das bibliotecas em bancos de dados haver uma desvaloriza o dos conhecimentos especializados bem como dos valores do ensino com a tend ncia ao auto ensino e o fim da tarefa dos professores as melhorias da telec pia teleimpress o e das telecomunica es substituir o os servi os postais haver uma diminui o dos servi os na ind stria mesmo os qualificados A previs o equivocada de Gorz um reconhecido e not vel intelectual social democrata explica se por ter sido pensada e escrita em momento peculiar e cr tico fim dos anos 70 e in cio da d cada de 1980 no auge de muitas das mudan as que s o atualmente corriqueiras e que j foram incorporadas s pr ticas sociais Hoje com o benef cio do tempo podemos afirmar que tais efeitos dr sticos certamente n o ocorreram e provavelmente n o ocorrer o A disponibilidade de certas informa es na forma de dados de computador e na internet ao contr rio de diminuir os impressos e o acesso s bibliotecas aumentou e facilitou a procura de informa es e de livros nas bibliotecas nos sebos e nas livrarias virt
232. seduzidos A sedu o do mercado ao mesmo tempo a grande igualadora e a grande divisora Sabe se que o homem movido pelo desejo contudo impressionante a intensidade com que o mercado na sociedade de consumo foi capaz de agu lo e de torn lo expresso essencialmente em objetos materiais que podem ser apropriados pelo dinheiro Como as propagandas e os incentivos ao consumo s o amplamente difundidos tanto aos que podem quanto aos que n o possuem condi es de responder aos seus apelos o hiato entre a vontade e a possibilidade de sua satisfa o por meios leg timos leva muitos a utilizarem se de meios n o leg timos para alcan arem o objeto de seu desejo Quando um jovem de classe m dia assaltado tendo levados seu t nis e seu rel gio de marca experimentou a autotutela para implementa o do direito igualdade de um jovem da periferia Certamente tais pr ticas n o s o justas adequadas ou aceit veis Todavia preciso compreender que a viol ncia em grande parte resultado de uma sociedade que experimenta crescimento econ mico sem promover distribui o de renda e n o ser resolvida pelo simples aumento da coer o estatal em rela o aos criminosos Importa ressaltar que a autoria de certos crimes tem se expandido para camadas da popula o que desfrutam de razo vel acesso ao consumo manifestando se no crescimento de produtos falsificados e piratas os quais representam simulacros de
233. sentantes do governo dos empregadores e dos trabalhadores Por tais motivos Arnaldo Sussekind defende que o ato do Governo Federal que promoveu a den ncia da conven o ato normativo e portanto sujeito ao controle de constitucionalidade tanto controle abstrato quanto difuso o que autorizaria a qualquer juiz mediante aprecia o de um caso concreto deixar de aplicar referido ato autorizando a aplica o da Conven o 158 Entendemos todavia que apesar de referida norma internacional constituir importante preceito para al m das discuss es acerca de sua aplicabilidade ou n o no Brasil dever amos lutar pela implementa o da veda o da despedida arbitr ria fundada nos princ pios e na legisla o p tria que j assegura suficientemente esse relevante direito fundamental tal SUSSEKIND Arnaldo Da den ncia da Conven o n 158 da OIT LTr v 72 n 8 p 903 906 ago 2008 p 903 12g S SSEKIND Arnaldo Da den ncia da Conven o n 158 da OIT LTr v 72 n 8 p 903 906 ago 2008 p 906 100 4 RESIST NCIAS INCLUS O SOCIAL O OBST CULO NEOLIBERALISTA Como j visto a inclus o social constitui preocupa o t pica da democracia preocupa o de Estados que como o brasileiro colocam como objetivo social a erradica o da pobreza e a diminui o das diferen as sociais e regionais artigo 3 da Constitui o de 1988 Assim como a luta pela democracia tal como a conhecemos hoje
234. solidariedade e aumenta os lucros do capital Uma outra forma de transferir parte da ger ncia aos empregados a introdu o dos C rculos de Controle de Qualidade CQC s que visam a aprimorar a efici ncia e a qualidade dos produtos Segundo Marcia de Paula Leite 2 os CQC s foram introduzidos em muitas empresas a partir da preocupa o gerencial em desviar o mpeto participativo dos trabalhadores para formas alternativas de organiza o que contassem com maior controle gerencial Ou seja foram utilizados como estrat gia do capital a fim de conferir uma ideia de aumento da participa o no controle da produ o quando na realidade aumentava somente o controle sobre si mesmos Essa caracter stica propalada como grande vantagem para os trabalhadores e como uma nova forma de trabalho que supera o trabalho maci o cansativo e repetitivo do fordismo constitui na realidade vantagem exclusiva do capital que passa a explorar um novo aspecto na for a de trabalho sua intelectualidade mas mant m se exaustivo na mesma medida ou melhor acentua se exigindo novas e mais intensas fun es dos empregados As tarefas realmente s o um pouco mais variadas todavia o conjunto de atividades destinado a uma pessoa permanece sempre o mesmo Quanto ao aspecto maci o do trabalho que essa estrat gia produtiva propala melhorar o resultado que faz o 172 LEITE Maria de Paula Reestrutura o produtiva nov
235. sta todos os elementos e pe as usados na fabrica o do carro s o produzidos dentro da pr pria f brica a empresa toyotista organizada em forma de uma rede na qual cada pequena empresa respons vel pela fabrica o de um componente que ser utilizado na montagem e finaliza o do produto pela empresa m e A riqueza das seis caracter sticas indicadas por Thomas Gounet de que nos apropriamos nesta an lise tem destaque nesta sexta caracter stica j que apontada e propagandeada como das mais importantes e imperativas para melhorar a competitividade e a l gica produtiva das empresas que podem concentrar se no verdadeiro objeto de sua produ o A realidade entretanto demonstra que a despeito de subcontratar muitos servi os as empresas tomadoras mant m sobre as contratadas uma forte fiscaliza o e uma s rie de exig ncias Gilberto Dupas destaca que as especifica es de como quando onde e a quantidade de lucro a ser auferida em cada fase do processo produtivo continuam sendo determinadas pela empresa contratante que repassa a produ o as terceirizadas com todas as especifica es que deseja 174 GOUNET Thomas Fordismo e toyotismo na civiliza o do autom vel S o Paulo Boitempo 1999 15 DUPAS Gilberto Economia global e exclus o social pobreza emprego Estado e o futuro do capitalismo 3 ed S o Paulo Paz e Terra 2001 p 51 130 Isso evidencia que a racionalidade produtiva exige c
236. sto em outros momentos do presente trabalho a partir da Revolu o Industrial surge uma nova forma de presta o de servi os que 186 HOUAISS Ant nio VILLAR Mauro de Salles Dicion rio Houaiss da L ngua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001 141 realizado pessoalmente por pessoa f sica com habitualidade de forma onerosa com uma nova caracter stica essencial que a diferencia das demais formas de presta o de trabalho a subordina o poss vel afirmar que esse mais intensamente que os demais o elemento essencial na caracteriza o do emprego dado que n o verific vel comumente em outras formas laborativas Tendo surgido em momento hist rico bem definido no qual a presta o de servi o era homog nea as tarefas eram simplificadas sendo marcadas pela heterodire o e pelo controle intenso e constante a subordina o foi identificada com essa forma espec fica Contudo como nos esclarece Lorena Vasconcelos Porto a sua defini o foi identificada com o conte do de uma de suas modalidades concretas o que levou restri o de seu conceito Referida forma de subordina o compreendida como subordina o cl ssica tendo sido utilizada por longo per odo de tempo dada a sua f cil identifica o por meio de um controle amplo referente quase totalidade dos aspectos relativos ao servi o modo lugar conte do t cnica O problema desse conceito sua inca
237. t muito mais pr xima dos oper rios do que da burguesia comum notarmos diversos empregados com condi es um pouco melhores adotarem discursos contr rios implementa o de direitos sociais discurso tipicamente liberal e burgu s sem se darem conta de que defendem preju zos para um grupo do qual tamb m fazem parte Estamos experimentando uma distor o identit ria que precisa ser restaurada pela valoriza o do trabalho e por seu retorno ao espa o da tica no qual suficientemente protegido para gerar o sentimento de que serve ao prop sito de promover a subsist ncia f sica mas ainda capaz de satisfazer e engrandecer os aspectos subjetivos de realiza o humana N o poss vel imaginar exist ncia sem trabalho dado que o homem sempre buscar por meio dele expressar sua criatividade intelig ncia e talento imprimindo no mundo marcos de sua pessoalidade Trabalho que vise exclusivamente sobreviv ncia precisa ser transformado a fim de que seja capaz de promover tudo aquilo que tem potencial para promover devendo o Direito combater todas as formas de trabalho degradante que firam a dignidade do trabalhador e que o utilizem como mero instrumento produtivo 165 Nos dizeres de Kant devemos pautar nosso agir pela seguinte m xima Age de tal maneira que uses a humanidade tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente co
238. t o do emprego e com a tentativa de retir lo do lugar de destaque que ocupava at ent o tendo em vista que temos observado na atualidade pol ticas p blicas direcionadas destrui o do emprego com o fortalecimento do entendimento de que o desemprego estrutural Essas pol ticas p blicas econ mico financeiras s o marcadas pelo vi s liberal monetarista direcionando a atua o estatal em benef cio do capital financeiro aplicando as concep es liberais como forma de regular a economia As bases do neoliberalismo foram forjadas logo ap s o fim da Segunda Guerra Mundial por um grupo de estudiosos reunidos em 1947 em Mont Saint P lerin na Su a em torno de seus principais te ricos Friedrich Hayek e Milton Friedman 132 o que exp e DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 70 71 133 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 70 105 Sua principal defesa concentrava se na necessidade de retomar a liberdade individual que se encontrava supostamente amea ada pela interven o estatal na economia que seria alegam caracterizadora de uma servid o moderna tanto que o t tulo do livro de Hayek que sustentava essa tese recebeu o nome de O caminho da servid o Entretanto naque
239. ta se a execu o de pol ticas sociais notadamente pol ticas de incentivo formaliza o do emprego e melhoria do n vel de renda da popula o 63 Gr fico 4 Evolu o do sal rio m nimo Evolu o do Sal rio M nimo 500 00 400 00 300 00 180 00 200 00 ep o 136 00 130 0 120 00 s100 00 112 00 A 100 00 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte Minist rio do Trabalho e emprego Observa se que ap s o ingresso no poder de um governo social os ndices de aumento do sal rio m nimo foram consideravelmente mais expressivos quando comparados com linearidade do gr fico na d cada de 1990 Apesar da veda o constitucional de que o sal rio m nimo funcione como indexador sabe se que o seu aumento repercute no sal rio dos demais trabalhadores que recebem mais que o m nimo legal constituindo o seu acr scimo importante fator de distribui o de renda em todo o pa s Ao comparar o decr scimo da informalidade nos mesmos per odos de acr scimo do sal rio m nimo comprova se a falsidade do argumento segundo o qual o custo da m o de obra no Brasil respons vel pelo aumento do desemprego e da informalidade Antes pelo contr rio a inclus o social proporcionada pelo emprego protegido propicia o aumento do consumo das fam lias o crescimento econ mico e a gera o de ainda mais empregos 7 MINIST RIO DO TRABALHO E E
240. tam tr s fatores que segundo eles s o perversos e entre eles apresentam a educa o insuficiente como um dos principais Afirmam que Destes fatores a educa o insuficiente desde a inf ncia respons vel direta ou indiretamente pela baixa qualifica o da m o de obra no Brasil e apresenta se como um dos pontos mais cr ticos para o pa s Assim poss vel evidenciar que boa parte dos problemas como desemprego no pa s gerada pela baixa qualifica o da m o de obra existente oriunda de uma educa o prec ria e insuficiente Considerando a situa o acima descrita como sendo realidade ainda hoje como de fato o temos de assumir que o problema ainda demorar d cadas at que tenha sido revertido em sua ess ncia Todo o processo educacional tem resultados de longo prazo Caso o pa s passe a adotar medidas radicais de investimento em pol ticas p blicas e priorize a educa o formal em todos os n veis ainda passaremos por um bom tempo de conviv ncia com a limita o imposta ao trabalhador pela inefici ncia prolongada A partir dessa observa o da realidade ampliada se torna a necessidade de investimento na qualifica o profissional com vistas a minimizar as limita es impostas pelo processo educacional precarizante vivenciado por d cadas e que as exig ncias impostas pela din mica de um mundo globalizado e de um mercado ultra competitivo tornam ainda mais agu adas Dentro dessa perspectiva a ado
241. te a estrat gia de precariza o para aumentar a competitividade o destaque inicial conquistado por empresas desaparecer havendo um novo encontro das condi es no mercado Todavia referido encontro se dar num espa o altamente indesejado o qual coincidir com o atingimento do limite m ximo da explora o Se as rela es humanas tendem universaliza o especialmente no que concerne a t cnicas e estrat gias produtivas de barateamento dos pre os a l gica e os 138 princ pios de isonomia e solidariedade nos compelem a nos encontrarmos nas condi es m nimas estabelecidas para experimenta o da dignidade preciso fazer uso da globaliza o de modo revolucion rio transformando a de mecanismo de opress o a mecanismo de empoderamento e emancipa o do sujeito conforme nos ensina Boaventura de Sousa Santos Com efeito se certo que esta propagou por todo o globo o mesmo sistema de domina o e de exclus o n o menos verdade que criou as condi es para que for as organiza es e movimentos contra hegem nicos localizados nas mais diversas partes do mundo se apercebessem da exist ncia de interesses comuns nas pr prias diferen as que h a separ los e que convergissem em combates contra hegem nicos consubstanciadores de projectos emancipat rios distintos mas relacionados entre si Necess rio se faz transformar a fragmenta o das lutas sociais experimentada de fraqueza em for a
242. terada e intencionalmente com vistas a potencializar a concorr ncia inter empresarial maximizando seus lucros e lan ando a no mercado internacional Referida pr tica conhecida como dumping social e significa incluir no planejamento estrat gico empresarial a utiliza o de m o de obra desprotegida de baixos custos ou submetida a condi es inaceit veis de trabalho a fim de tornar a empresa competitiva Alguns autores como Souto Maior sustentam que as empresas que reiteradamente descumprem direitos trabalhistas praticam ato il cito por exercerem o direito de explorar a ordem econ mica abusivamente como essa pr tica extrapola o mbito individual do lesado constitui dano social que deve ser coibido a fim de poupar futuras v timas A previs o legal estaria no pr prio C digo Civil nos artigos 186 187 927 e ainda no artigo 404 par grafo nico que prev indeniza o suplementar a ser paga pelo devedor contumaz Nos dizeres de Souto Maior Com rela o s empresas que habitam o cotidiano das Varas valendo se da pr tica inescrupulosa de agress es aos direitos dos trabalhadores para ampliarem seus lucros a mera aplica o do direito do trabalho recompondo se a ordem jur dica com pagamento de juros de 1 ao m s n o capitalizados e corre o monet ria por bvio n o compensa de forma integral nem o dano sofrido pelo trabalhador individualmente considerado quanto mais o dano experimentado
243. tes em outro tipo de classifica o que trace como par metro pontos diversos Nesse vi s para o Direito do Trabalho os aspectos a serem considerados para englobar algu m como empregado s o pessoalidade onerosidade subordina o e habitualidade Todos aqueles que preencherem esses requisitos ainda que com intensidade vari vel merecem a prote o estatal tendo em vista as caracter sticas especiais desse tipo de presta o laboral Ainda que altos empregados ou empregados intelectuais desfrutem de maior grau de liberdade quanto maneira de realizarem seu trabalho est o inseridos na atividade empresarial de seu empregador e do mesmo modo que um trabalhador manual n o s o donos do tempo que alienaram devendo obedecer a padr es e regras fixadas pelo tomador de seus servi os 164 Al m disso todos os tipos de trabalhadores qualquer que seja o ramo de sua atividade n o s o donos dos meios de produ o estando da mesma maneira submetidos imperiosamente necessidade de alienar sua for a de trabalho para o capital estando a ele submetido Se os empregados n o t m conseguido perceber o quanto s o iguais preciso encontrar novos pontos de identidade a fim de que sejam capazes de ver as semelhan as apesar das diferen as A luta por melhores condi es de trabalho e pela reestrutura o sindical com reavivamento das for as coletivas depende disso e ainda de que a classe m dia se aperceba de que es
244. tes p blicos ela se privatiza se as coletividades se organizavam a fim de reivindicar direitos hoje os grupos identit rios se fragmentaram de tal maneira que encontramos dificuldade em definir o que possuem em comum Todavia a despeito das contradi es vivenciadas em nosso tempo elegemos enquanto grupo social um direcionamento que deve ser seguido at que o modifiquemos organizadamente Esse direcionamento a Constitui o Federal de 1988 que nos tra a caminhos a serem seguidos objetivos a serem alcan ados e metas a serem atingidas Se racionalmente escolhemos esta dire o preciso segui la e o modo para fazer isso s o as pol ticas p blicas nesse sentido que Comparato define as como atividade que a pol tica aparece antes de tudo como uma atividade isto um conjunto organizado de normas e atos tendentes realiza o de um objetivo determinado O conceito de atividade que tamb m recente na ci ncia jur dica encontra se hoje no centro da teoria do direito empresarial em substitui o ao superado ato de com rcio e constitui o cerne da moderna no o de servi o p blico de procedimento administrativo e de dire o estatal da economia Essa maneira de entender as pol ticas p blicas nova porque tamb m relativamente recente a compreens o do Estado como ente din mico e ativo para a consecu o de fins que a sociedade elege como importantes 3 COMPARATO F bio Konde
245. tiza o a qual constitui se na contrata o de empregados por meio de pessoas jur dicas PJ s Nesse sentido interessante destacar parte da ementa do ac rd o do Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Regi o TRT 00881 2007 024 03 00 7 RO Publ No MG de 21 06 2008 EMENTA A utiliza o de m o de obra subordinada para presta o de servi os mascarada pela pessoa jur dica a qual obrigada a constituir imposta como 120 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE MINAS GERAIS Ac rd o n 00881 2007 024 03 00 7 RO Relator Desembargador J lio Bernardo do Carmo Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3 Regi o Belo Horizonte v 47 n 77 p 239 331 jan jul 2008 144 fator condicionante pr pria admiss o fraude que vem sendo descortinada dia ap s dia notadamente nos setores ligados rea de inform tica em todo territ rio nacional A configura o escancarada da burla legisla o trabalhista e aos direitos sociais dos trabalhadores fica ainda mais evidente quando a despeito da intermedia o da fict cia empresa atrav s da qual compelido o empregado inclusive emiss o de notas fiscais fraudulentas dissociadas da realidade sem as quais o pagamento do sal rio obstado remanesce o labor sujeito s ordens e diretrizes emanadas dos superiores hier rquicos com sujei o a hor rio e impossibilidade de se fazer substituir o que n o se coaduna absolutamente co
246. to do Trabalho S o Paulo a 31 n 118 p 44 56 abr jun 2005 GORZ Andr Adeus ao proletariado para al m do socialismo Rio de Janeiro Forense Universit ria 1987 203 p 179 GOUNET Thomas Fordismo e toyotismo na civiliza o do autom vel S o Paulo Boitempo 1999 117 p GRAU Eros Roberto O direito posto e o direito pressuposto S o Paulo Malheiros 1996 GRINOVER Ada Pellegrini O controle de pol ticas p blicas pelo poder judici rio Revista de Processo a 33 n 164 p 9 28 out 2008 HESSE Konrad A for a normativa da Constitui o Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor 1991 34 p HEIDEGGER Martin Ser e Tempo Petr polis Vozes 2002 HOUAISS Ant nio VILLAR Mauro de Salles Dicion rio Houaiss da L ngua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001 IBGE Pesquisa nacional por amostra de domic lios Rio de Janeiro v 29 p 1 129 2008 IBGE Tabela Pessoas de 10 anos ou mais de idade sem carteira de trabalho assinada Dispon vel em http www ibge gov br home estatistica indicadores trabalhoerendimento pme nova defaulttab hist shtm Acesso em 16 de janeiro de 2010 IBGE Tabela 108 Tempo m dio de perman ncia no trabalho principal das pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de refer ncia por regi es metropolitanas segundo os meses da pesquisa mar 2002 nov 2009 Dispon vel em http www ibge gov br home estatistica indicadores trabalho
247. trata o com o poder p blico Se em rela o ao poder p blico a justificativa se dava no sentido de que os particulares poderiam desenvolver a atividade e prestar o servi o com mais qualidade a realidade nos for a a enxergar a inverdade de tais argumentos dadas as diversas falhas na presta o de referidos servi os e a necessidade de intensa atua o das ag ncias reguladoras para fiscaliz los e obrig los adequada realiza o de suas atividades Considerando uma poss vel irreversibilidade dessa l gica privatista que coloca nas m os dos agentes econ micos a presta o de servi os p blicos sob a justificativa de sua melhor qualifica o para tal exerc cio necess rio levar em conta a responsabilidade do Estado em estabelecer padr es m nimos capazes de evitar que em nome da uma indispens vel competitividade e inser o internacional o empresariado venha a colocar em risco e sob amea a direitos fundamentais t o duramente conquistados preciso ponderar que ser competitivo depende n o somente de caracter sticas intr nsecas dos competidores mas sobretudo dos par metros m nimos fixados como balizadores da competi o Ora se as competi es esportivas que envolvem primordialmente interesses particulares exclusivos dos competidores possuem regras m nimas por que a disputa por mercado consumidor n o haveria de se submeter a regras tamb m 137 Desculpo me de antem o pela compara o singela
248. trouxe preju zos ou ao menos uma desacelera o quanto implementa o dos direitos sociais gerando uma certa quebra do compromisso assumido pelo capitalismo no per odo do Estado de Bem Estar Social de aumento de reciprocidade e de estabelecimento de limites atua o do capital Outro fator que afetou negativamente o sindicato foram as transforma es no modo de produ o Como nos ensina M rcio T lio Viana E por que o sindicato est em crise A explica o simples Ao externalizar os custos a empresa divide j n o apenas cada empregado mas a pr pria classe trabalhadora E nesse ponto mais do que em qualquer outro que reside a grande arma do novo modelo ele resolve a contradi o da f brica enquanto local de trabalho e ao mesmo tempo de fermenta o coletiva Isso ocorre porque se na f brica fordista a concentra o da produ o fomentava a uni o sindical a horizontaliza o e o fracionamento da produ o resultaram no afastamento dos trabalhadores e na sua fragmenta o O novo modelo resolveu portanto o problema criado pelo anterior sob a tica dos interesses capitalistas modificando as condi es que promoveram o nascimento da organiza o sindical As dificuldades experimentadas pelo sindicalismo podem ser evidenciadas na queda das taxas de sindicaliza o na dificuldade de representar um crescente contingente de desempregados que por tal motivo resta sem identidade com os grupos d
249. uais Hoje temos a possibilidade de comprar livros raros de um sebo no norte ou sul do pa s ou ent o comprar peri dicos internacionais em grandes livrarias de S o Paulo sem que precisemos ir at esses lugares Em rela o desvaloriza o do ensino e da fun o dos professores vemos que isso n o aconteceu Ao inverso assiste se o aumento progressivo de novas institui es de ensino e novos cursos t cnicos e superiores em raz o do aumento da 102 GORZ Andr Adeus ao proletariado para al m do socialismo Rio de Janeiro Forense Universit ria 1987 p 181 184 121 demanda num rica bem como de novas demandas em reas emergentes do conhecimento Al m disso a tecnologia criou um novo mercado de alunos e professores no ensino a dist ncia com cursos por sat lite No que concerne aos servi os postais as melhorias nos transportes intensificaram a rapidez das entregas e com isso a qualidade no servi o que continua sendo important ssimo na economia n o apenas para a comunica o e envio de cartas mas tamb m para a entrega de encomendas e compras pelo telefone e pela internet Quanto diminui o da import ncia relativa da ind stria a afirma o do autor estava correta Todavia n o apresenta como consequ ncia o fim do emprego tendo em vista o desenvolvimento e surgimento de outros setores na economia tais como o terci rio de servi os al m do quarten rio referente rob tica cibern tica
250. ue Thatcher e Reagan atuaram no sentido de combater o trabalho e o emprego que durante d cadas haviam se constitu do valores a serem preservados ajudou a consolidar um pensamento hegem nico de desvaloriza o do trabalho que 12 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 99 18 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 104 110 foi seguido por grande parte dos pa ses industrializados gerando dentre outros alt ssimo desemprego e redu o do Estado A ideia de que a desregulamenta o uma receita necess ria para a consolida o do modelo neoliberal parece levar a uma percep o equivocada com rela o ao tamanho do Estado e a implanta o do ideal liberalista Adalberto Moreira Cardoso lembra que Talvez a jact ncia dos neoliberais n o passe disso e sua vit ria seja apenas ideol gica Para alguns j se teria tornado evidente por exemplo que em lugar algum nem mesmo nos Estados Unidos e Inglaterra sob Reagan e Thatcher vingou a aposta no Estado M nimo Quando ocorreu nos pa ses centrais a desregulamenta o das rela es econ micas e sociais deu se de forma muito segmentada mesmo no caso do mercado de trabalho O interessante de observar que os pa ses do primeiro mundo que tanto apregoa
251. ue teria havido um rompimento com a id ia de que a esfera do trabalho tem um poder relativamente privilegiado para determinar a consci ncia e a a o social Desse modo apesar de ter exercido com a proletariza o da for a de trabalho grande influ ncia no comportamento social no in cio da Revolu o Industrial quando as circunst ncias do modo de produ o homogeneizavam o labor e pr pria vida o trabalho n o mais ocuparia esse papel Dadas as transforma es atuais dizer que algu m empregado n o traria muitas informa es tendo em vista que referida palavra carregada de significados t o diversificados quanto as m ltiplas formas de presta o de servi o as quais n o est o mais restritas ao mbito da ind stria tendo surgido novo setor da economia o setor de servi os que possui variedade quase infinita 220 Segundo Claus Of Sintomas de heterogeneidade crescente colocam em d vida se o trabalho assalariado dependente enquanto tal pode ainda ter significado preciso e compartilhado pela popula o trabalhadora e seus interesses e atitudes sociais e pol ticos Esses sintomas levantam a possibilidade de o trabalho em certo sentido ter se tornado abstrato de tal forma que pode ser considerado apenas uma categoria estat stica descritiva e n o mais uma categoria anal tica para explicar as estruturas sociais os conflitos e a a o Discordamos do autor no sentido de que o t
252. ulamenta o impositiva e necessariamente protetiva 21 KANT Immanuel Fundamenta o da metaf sica dos costumes Lisboa Edi es 70 2005 p 69 166 justamente a no o de dignidade como valor intr nseco e inalien vel do homem que deve orientar a a o humana e a o do pr prio Estado frente aos seus cidad os funcionando como limite atua o arbitr ria do poder p blico dos particulares e ainda como finalidade a ser alcan ada Destaca se o entendimento de Adalberto Moreira Cardoso O papel civilizat rio do direito do trabalho ent o teria a ver com a penetra o da prote o estatal ali onde as rela es parecem primeira vista ter car ter unicamente privado j que a empresa nada mais do que instrumento para produ o de lucro sendo como tal e legitimamente pass vel de gest o privada pelo propriet rio Aquele direito ent o penetraria as rela es privadas retirando as desta esfera de arb trio onde impera a lei do mais forte As caracter sticas especiais de que se reveste a rela o entre empregados e empregadores nos evidenciam que n o estamos diante de uma rela o cl ssica do Direito Civil na qual negociam partes iguais A necessidade de instaurar o equil brio onde impera a diferen a fez surgir um ramo jur dico que lidando com interesses privados fixa normas de ordem p blica a fim de que o modo de produ o capitalista seja compatibilizado com as conquistas dem
253. ulo 2006 p 124 51 elevado de retribui o ao trabalho dando como exemplo Dinamarca Alemanha Noruega Su a B lgica Finl ndia Holanda Reino Unido e outros Afirma Mauricio Godinho Delgado que O elevado n vel dos sal rios e do pr prio custo total do trabalho n o se constitui como se percebe em obst culo ao desenvolvimento de tais pa ses ao contr rio do que propaga certo tipo de discurso hoje dominante Ao inv s a densidade e o vigor dessas economias e sociedades muito devem consistente retribui o que tendem a deferir ao valor trabalho dentro de suas fronteiras Essa fun o revela a tentativa de compatibiliza o do desenvolvimento econ mico com a prote o social de modo que a livre iniciativa n o avilte o valor trabalho pelo contr rio exige que seja condicionada por ele 32 Car ter civilizat rio e democr tico A partir das an lises efetuadas por Delgado poss vel compreender o importante papel desempenhado pelo Direito do Trabalho na constru o de uma cultura civilizat ria e democr tica em um mundo dominado pelo mercado e pelo sistema capitalista Ao promover por meio das rela es de emprego e da inser o de pessoas no mercado a justi a social com distribui o das riquezas e de poder o Direito do Trabalho caracteriza se por ser um dos principais mecanismos de controle e atenua o das distor es socioecon micas inevit veis do mercado e sistema capitalista
254. ustent veis economicamente i comunica o social com compromissos exclusivamente privados Os sistemas de comunica o no pa s divulgavam um discurso un voco sem preocupa o pedag gica e cultural vendendo a ilus o de que a participa o nos privil gios poderia ser um dia alcan ada por todos j a partir de 1989 a democracia pol tica sem reforma nas prioridades a redemocratiza o do pa s n o reverberou em mudan as sociais e diminui o da exclus o significando somente a participa o eleitoral Os autores citados apesar de suas especificidades das diferentes nomenclaturas e dos contornos nicos que conferem ao tema ora discutido possuem uma linha condutora central comum que consideram como geradora da exclus o social ou seja a precariza o das rela es trabalhistas e a redu o da retribui o pelo trabalho as quais como in cio de um processo desencadeador provocam outros tipos de exclus o que se acumulam e se agravam mutuamente O ltimo autor aqui mencionado Cristovam Buarque apesar de curiosamente n o indicar de maneira expl cita o problema do trabalho trata como uma das principais raz es para a aparta o a concentra o de renda que pode ser combatida especialmente com a retribui o justa e adequada pelo trabalho 2 1 2 Inclus o social crit rios Este justamente o foco desta disserta o se as conting ncias negativas em rela o ao trabalho constituem a principal forma de
255. v br internet proposicoes chamadaExterna html link http Avw 177 w camara gov br internet sileg Prop Detalhe asp id 14582 Acesso em 15 de dezembro de 2009 BRIDGES William Um mundo sem empregos S o Paulo Makron Books 1995 269 p BUARQUE Cristovam O que aparta o o apartheid social no Brasil S o Paulo Brasiliense 2003 89 p Cole o Primeiros Passos BUCCI Maria Paula Dallari Direito administrativo e pol ticas p blicas S o Paulo Saraiva 2006 289 p CAMARGOS Regina Coeli Moreira Negocia o coletiva trajet rias e desafios Belo Horizonte RTM 2009 178 p CANOTILHO Jos Joaquim Gomes Constitui o dirigente e vincula o do legislador contributo para a compreens o das normas constitucionais program ticas Coimbra Coimbra Editora 2001 2 ed 539 p CARDOSO Adalberto Moreira A d cada neoliberal e a crise dos sindicatos no Brasil S o Paulo Boitempo 2008 327 p CARNEIRO Carla Bronzo Ladeira Pol ticas locais de inclus o social autonomia e empoderamento reflex es explorat rias Revista quadrimestral de servi o social S o Paulo Cortez a XXVII n 89 p 76 103 mar 2007 CASTEL Robert As armadilhas da exclus o In WANDERLEY Mariangela Belfiore org Desigualdade e a quest o social 2 ed S o Paulo Educ 2000 272 p As metamorfoses da quest o social uma cr nica do sal rio Petr polis Vozes 1998 611 p CHAU Marilena Ideologia neoliberal e
256. va o dos direitos humanos e sociais requer a es positivas dos particulares dos indiv duos como respons veis na sua promo o 36 Uma das caracter sticas mais importantes dos direitos humanos e na realidade dos direitos sociais a efic cia horizontal deixa muitas vezes de ser enfatizada e lembrada Ela significa que cada membro da sociedade tanto quanto o Estado respons vel pela aplica o e respeito a esses direitos Necess ria se faz a exist ncia de uma vontade de constitui o usando a express o de Konrad Hesse bem como uma vontade dos direitos fundamentais nos dizeres de Ingo Sarlet ou seja imposi o de limites e a es pr ticas do Estado mas tamb m um sentimento de coopera o solidariedade e co responsabilidade dos particulares na sua implementa o Se a compreens o da necessidade da a o de particulares se torna fr gil talvez seja porque a pr pria compreens o acerca da a o estatal esteja sendo desconstru da ap s as d cada de 1980 e 1990 A ideia de estado m nimo foi reavivada trazendo tona tamb m atitudes individualistas t picas da p s modernidade ou hipermodernidade Conforme Bauman a liberdade individual reina soberana o valor pelo qual todos os outros valores vieram a ser avaliados e a refer ncia pela qual a sabedoria acerca de todas as normas e resolu es supra individuais devem ser medidas O paradoxo que experimentamos
257. vado elevam com rapidez as taxas de emprego melhorando ainda por consequ ncia a valoriza o do trabalho na economia e na sociedade Finalmente Delgado fazendo uma s ntese das tr s dimens es que aqui reproduzimos deixa evidenciado que o pensamento hegem nico ultraliberal imp s uma pol tica p blica pautada no desprest gio do trabalho e do emprego justificada com base no desemprego estrutural tecnol gico organizacional e mercadol gico e se entendida neste sentido inevit vel Para ele entretanto O desprest gio do trabalho e do emprego no atual capitalismo e as elevadas taxas de desocupa o que ora o caracterizam n o tem car ter prevalentemente estrutural mas sim conjuntural sendo produto concertado de pol ticas p blicas dirigidas precisamente a alcan ar estes objetivos perversos e concentradores de renda no sistema s cio econ mico vigorante Analisando as diferentes teses e fundamentos acerca do neoliberalismo podemos verificar que as principais estrat gias ou receitas divulgadas por esta corrente de pensamento consistem no controle da infla o estabilidade monet ria reforma fiscal que propiciasse aumento dos investimentos privados afastamento do Estado da regula o da economia e de sua atua o como agente econ mico 10 DELGADO Mauricio Godinho Capitalismo trabalho e emprego entre o paradigma da destrui o e os caminhos da reconstru o S o Paulo 2006 p 117 5I DEL
258. van os e das incorpora es tecnol gicas Tem nela sua principal aliada e sobre ela sustenta sua fundamenta o da incapacidade do trabalhador em continuar atuando no mercado de trabalho A lideran a tecnol gica a base do posicionamento das na es no centro do poder econ mico Os pa ses perif ricos que importam tecnologia continuam a se submeter e a vender transferir suas riquezas para aqueles que possuem o dom nio tecnol gico Ora se olharmos para o problema exclusivamente por este ngulo certamente chegaremos a uma conclus o equivocada que refor a a l gica capitalista qual seja a de que n o h como fugir automatiza o dos processos de trabalho desde quando a competi o entre as na es e o desenvolvimento econ mico exigem que cada pa s se amolde s novas tecnologias que surgem com mais profus o e complexidade Os custos de abrir m o de um desenvolvimento tecnol gico fortemente restritivo de postos de trabalho s o certamente altos e precisam ser avaliados a partir de uma racionalidade que contemple todos os p los envolvidos no problema Iniciativa privada trabalhadores e sociedade civil ser o afetados por decis es desta natureza e n o se pode esperar que isolada e voluntariamente fa am a op o por uma condi o com potencial de interferir em seu desenvolvimento ainda que de maneiras diversas 89 A ideia de uma Constitui o que d destaque aos direitos humanos fundamentais como
259. vezes observadas com a inten o de beneficiar grupos espec ficos Ora a ideia do empresariado de colocar na regulamenta o do trabalho o peso de sua pr pria insustentabilidade recorrente e parece ser estrat gia equivocada j que quem define as regras possui o cond o de imprimir lhes as caracter sticas consideradas necess rias ou convenientes Outra ideia altamente difundida na m dia o fato de que precisamos obedecer a certas regras da economia regras que se colocam de maneira impositiva ante a tecnicidade deste ramo do conhecimento Importa todavia que estejamos atentos e tenhamos claro que a economia assim como qualquer ci ncia n o possui neutralidade cient fica que a exist ncia de um m todo adequado para o estudo das diversas reas do conhecimento n o capaz de retirar a caracter stica humana intr nseca de envolver se com seu objeto de estudo e atribuir lhe ou estud lo atrav s das lentes de suas pr concep es e de suas idiossincrasias Interessante observar a afirma o de Boaventura de Sousa Santos de que experimentamos hoje uma crise em que o conservadorismo floresce sob o nome enganador de neoliberalismo O neoliberalismo n o uma vers o nova do liberalismo mas antes uma vers o velha do conservadorismo 8 SANTOS Boaventura de Sousa Poder o Direito ser emancipat rio Vit ria FDV Florian polis Funda o Boiteux 2007 p 19 103 Vemos que a uti
260. xatamente pela utiliza o do trabalho alheio A despeito da atual nfase trazida pela pr pria tecnologia de investimento nos meios de produ o mais modernos chamados por Ricardo Antunes reportando se a Karl Marx de trabalho morto o nico trabalho capaz de gerar riqueza e novidade produtiva o trabalho vivo resultado do labor humano e da criatividade que somente o homem apto a gerar O autor Citando Francisco de Oliveira afirma que a articula o entre trabalho vivo e trabalho morto a condi o para que o sistema produtivo do capital se mantenha Nessa linha pensar na elimina o do trabalho vivo constitui erro estrat gico das teses neoliberais tendo em vista que constitui a origem da riqueza no capitalismo 202 SOUTO MAIOR Jorge Luiz Rela o de emprego e Direito do Trabalho no contexto da amplia o da Justi a do trabalho S o Paulo LTr 2007 p 22 23 ANTUNES Ricardo Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirma o e nega o do trabalho Cole o Mundo do Trabalho S o Paulo Boitempo 1999 p 120 24 ANTUNES Ricardo Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirma o e nega o do trabalho Cole o Mundo do Trabalho S o Paulo Boitempo 1999 p 120 153 bem como a possibilidade de perpetua o do sistema e de aumento do escoamento da produ o por meio do consumo O que se tem verificado a tentativa ideol gica de descaracterizar a

1 INTRODUÇÃO - Pontificia Universidade Catolica de Minas Gerais

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