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- Domínio Público

1. direitos fundamentais s o os direitos subjetivos pressupostos de todos os outros direitos Os direitos fundamentais t m validade normativa em si n o se vinculando a direito subjetivo anterior E direitos humanos s o especifica es hist ricas dos primeiros ligadas experi ncia concreta do evoluir da civiliza o Ambos convergem para uma valora o bastante expressiva enunciada como dignidade da pessoa humana Fixada essa distin o entre direitos fundamentais e direitos humanos cumpre prosseguir na investiga o respeitante hierarquia dos tratados internacionais de direitos humanos incorporados ao ordenamento jur dico interno Para Val rio de Oliveira Mazzuoli 2006 pp 91 92 diante do disposto no art 5 8 2 da Constitui o Federal o status do produto normativo constitucional no que tange prote o dos direitos humanos n o pode ser outro que n o o de verdadeira norma materialmente constitucional Diz se materialmente constitucional tendo em vista n o integrarem tais tratados formalmente a Carta Pol tica o que demandaria um procedimento de emenda Constitui o previsto no art 60 8 2 o qual prev que tal proposta ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando se aprovada se obtiver em ambos tr s quintos dos votos dos respectivos membros Integram os tratados de prote o dos direitos humanos entretanto o conte do material da Const
2. Como adverte Martins Op cit a Constitui o do Chile n o se dedica especificamente prote o do trabalho da crian a e do adolescente sendo 7 Cuadro de ratificaciones de los Convenios de la OIT n ms 138 y 182 y memorias anuales en relaci n con la abolici n efectiva del trabajo infantil presentadas con arreglo al seguimiento de la Declaraci n OIT 2002 30 disciplinada a mat ria pela legisla o infraconstitucional em especial pelo C digo do Trabalho de 1994 O referido diploma legal estabelece a possibilidade de contrato de trabalho para os maiores de 15 anos e menores de 18 anos em atividades que n o prejudiquem sua sa de e desenvolvimento e desde que mediante expressa autoriza o do respons vel e comprova o pr via da conclus o ou matr cula em curso do ensino m dio ou da educa o b sica O trabalho n o poder prejudicar a frequ ncia s aulas ou extrapolar o limite de 30 horas semanais CHILE De qualquer modo aqueles com menos de 18 anos n o poder o cumprir jornada de trabalho superior a 8 horas da mesma forma que n o poder o realizar atividades em minas subterr neas em cabar s ou estabelecimento similares e ainda em estabelecimentos que comercialzem bebidas alco licas a serem consumidas no local arts 14 e 15 Ademais a esses menores de 18 anos ser proibido o trabalho noturno 22h s 7h comercial ou industrial exceto quando se trate de local em que s trabalham memb
3. intimidade privacidade honra e estariam voltadas ainda a contribuir eficaz e positivamente para o desenvolvimento e da cidadania desses indiv duos p blico e not rio o expressivo n mero de crian as e adolescentes que trabalham em benef cio de emissoras de televis o empresas de publicidade e marketing cinema teatro e at mesmo da internet em telenovelas apresenta o de programas an ncios publicit rios programas infantis e humor sticos Haveria necessidade de estabelecer o modo pelo qual esses contratos se desenvolvem em termos de jornada de trabalho tempo disposi o do empregador ou do tomador de servi os benef cios previdenci rios e trabalhistas etc A autoriza o judicial mediante alvar nos moldes preconizados pela CLT e pelo ECA tem se revelado insuficiente tutela absoluta e integral da crian a e do adolescente como alerta Coutinho 2004 p 40 dado seus pressupostos revelarem uma maior preocupa o com a natureza do espet culo e do ambiente laboral do que com as condi es de trabalho a que s o submetidos os trabalhadores O caso Maisa como se ver adiante vem demonstrar que a pr pria autoriza o judicial tem se revelado insuficiente a conferir efetividade ao art 227 da Constitui o Federal tendo em vista n o regular aspectos do cotidiano laboral infantil art stico deixando os ao arb trio do poder econ mico que o explora 4 1 3 2 Um hard case O confronto do Es
4. Em ambos os casos sobressai relevante serem alternados o ensino te rico e o ensino pr tico de modo a integrar o trabalho no contexto da educa o Deve haver altern ncia de teoria educa se para o trabalho e da pr tica educa se pelo trabalho sem que a preposi o pelo indique ser o trabalho como valor supremo impedindo uma posi o cr tica positiva ou negativa sobre todo trabalho em suas condi es concretas sobretudo quando fator de explora o ou aviltante ibid p 112 O contrato de aprendizagem disciplinado pela CLT sendo alvo de sucessivas altera es legislativas Leis n 10 097 de 19 de dezembro de 2000 11 180 de 23 de setembro de 2005 e 11 788 de 25 de setembro de 2008 com 59 vistas adapta o realidade contempor nea e principalmente ado o da doutrina de prote o absoluta e integral crian a e ao adolescente pela Constitui o da Rep blica de 1988 e pelo ECA A mat ria veio a ser regulamentada pelo Decreto n 5 598 de 1 de dezembro de 2005 Trata se do nico contrato no direito brasileiro que confere ao empregado o direito de exigir do empregador que promova a forma o profissional OLIVEIRA 2004 p 166 No contrato de aprendizagem a forma o t cnico profissional pressup e programas pedag gicos desenvolvidos por entidades qualificadas para este mister e se realiza sob a orienta o e responsabilidade dessas entidades Relevante apanhado d
5. FERREIRA Eleanor Stange Trabalho infantil hist ria e situa o atual Canoas Editora Ulbra 2001 FONSECA Ricardo Tadeu Marques da Idade m nima para o trabalho RDT 31 de maio de 1999 FORUM de entidades nacionais de direitos humanos 07 08 2009 Dispon vel em http www direitos org br index php option com content amp task view amp id 53438ltemi d 1 Acesso em 05 de setembro de 2009 FRAHM Carina VILLATORE Marco Ant nio C sar Dumping social e o direito do trabalho In VIDOTTI Tarso Jos GIORDANI Francisco Alberto da Motta Peixoto Direito coletivo do trabalho em uma sociedade p s industrial homenagem ao Ministro Antonio Jos de Barros Levenhagen S o Paulo LTr 2003 FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 2005 FURLAN Julia Zerbetto Atividade de modelo manequim e o trabalho infanto juvenil S o Paulo LTr 2009 GON ALVES Aurora Aparecida Fernandes PASSOS Andreza Garbeloti CAMARGO Isabel Cristina Ramos Envelhecimento trabalho e tempo livre desmistificando essa rela o In MATIAS Maria Cristina Moreno ABIB Jos Antonio Dam sio Sociedade em Transforma o estudo das rela es entre trabalho sa de e subjetividade Londrina Eduel 2007 GOULART Marcelo Pedroso Responsabilidade p blica dos jovens na Am rica Latina The public responsibility of young people in Latin America Revista Seguran a Urbana e Juventude Araraquara v 1 n 1 2008 p 16
6. Isso quer dizer que os direitos fundamentais t m efeitos sobre o direito privado n o apenas por interm dio de suas normas espec ficas mas principalmente atrav s do direito constitucional pois em termos de l gica normativa a validade de uma norma somente pode ser aferida segundo uma norma de n vel hier rquico superior no sentido de uma lex superior CANARIS Op cit p 129 No exerc cio do poder familiar os pais det m a faculdade de dirigir a cria o e a educa o dos filhos em conformidade com princ pios morais ticos religiosos sociais e pol ticos que julgarem adequados art 1 634 do CCB 02 A princ pio portanto os genitores podem autorizar o trabalho infantil art stico se assim entenderem consent neo com seus interesses e principalmente com os interesses da crian a Esse poder familiar no entanto longe de ser absoluto concorre com o pr prio dever atribu do aos pais de assegurar crian a e ao adolescente o direito vida sa de alimenta o educa o ao lazer profissionaliza o cultura dignidade ao respeito liberdade e conviv ncia familiar e comunit ria al m de coloc los a salvo de toda forma de neglig ncia discrimina o explora o viol ncia crueldade e opress o BRASIL 2005 Esse poder dever concorre ainda com o dever atribu do ao Estado e tamb m sociedade de zelar pelo desenvolvimento biopsicossocial pleno da crian a e
7. an logos No mesmo diploma legal o artigo 406 consigna que O Juiz da Inf ncia e da Juventude poder autorizar ao menor o trabalho a que se referem as letras ae b do 8 3 do art 405 I desde que a representa o tenha fim educativo ou a pe a de que participe n o possa ser prejudicial sua forma o moral Il desde que se certifique ser a ocupa o do menor indispens vel pr pria subsist ncia ou de seus pais av s ou irm os e n o advir nenhum preju zo sua forma o moral BRASIL 1943 No mbito do ECA o artigo 149 inciso Il por sua vez prev Compete autoridade judici ria disciplinar atrav s de portaria ou autorizar mediante alvar Il a participa o de crian a e adolescente em a espet culos p blicos e seus ensaios b certames de beleza 8 1 Para os fins do disposto neste artigo a autoridade judici ria levar em conta dentre outros fatores a os princ pios desta Lei b as peculiaridades locais c a exist ncia de instala es adequadas d o tipo de frequ ncia habitual ao local e a adequa o do ambiente a eventual participa o ou frequ ncia de crian as e adolescentes f a natureza do espet culo 69 8 2 As medidas adotadas na conformidade deste artigo dever o ser fundamentadas caso a caso vedadas as determina es de car ter geral Brasil 1990 Apanhada a legisla o infraconstitucional sobre o tema sobressai a concess o
8. o qualificada em forma o t cnico profissional met dica destituindo se de validade o contrato efetivado t o s com vistas produ o Assim sendo o aprendiz deve estar vinculado a um programa pedag gico correlacionado as tarefas empreendidas no ambiente laboral de modo a auferir conhecimentos enquanto realiza atividades profissionais Para al m disso Oris de Oliveira 2004 p 119 afirma que Na atual conjuntura para propiciar empregabilidade a aprendizagem atual deve propiciar uma qualifica o polivalente uma multiqualifica o que se imp e para enfrentar as constantes altera es tecnol gicas com seus reflexos nas fases de aperfei oamento ou nas mudan as de ocupa es A aprendizagem deve ensinar aprender a aprender N o se admite o contrato de aprendizagem ajustado t cita ou verbalmente como os demais contratos de trabalho em geral mas apenas por escrito Trata se de forma prevista em lei que uma vez n o observada compromete a validade do contrato arts 8 da CLT e 104 do CCB O contrato dever consignar explicitamente o curso objeto da aprendizagem a jornada di ria a carga hor ria semanal a remunera o e o termo final e inicial Instru o Normativa SIT TEM n 26 de 21 de dezembro de 2001 Em se tratando de contrato de trabalho deve haver anota o da Carteira de Trabalho e Previd ncia Social CTPS na p gina destinada a Contrato de Trabalho inclusive mediante aposi
9. Fair Labor Standards Act EUA 1938 Referido diploma legal estabelece no mbito produtor fabril de distribui o e transporte proibi o de armazenamento e com rcio de bens produzidos mediante explora o do trabalho de crian as e adolescentes assim compreendidos os indiv duos com idade inferior a 16 anos O FLSA conceitua o trabalho infantil opressivo como o emprego em que qualquer trabalhador com idade inferior a 16 anos contratado por um empregador 8212 a Restrictions on shipment of goods prosecution conviction No producer manufacturer or dealer shall ship or deliver for shipment in commerce any goods produced in an establishment situated in the United States in or about which within thirty days prior to the removal of such goods there from any oppressive child labor has been employed Provided That any such shipment or delivery for shipment of such goods by a purchaser who acquired them in good faith in reliance on written assurance from the producer manufacturer or dealer that the goods were produced in compliance with the requirements of this section and who acquired such goods for value without notice of any such violation shall not be deemed prohibited by this subsection b c Oppressive child labor No employer shall employ any oppressive child labor in commerce or in the production of goods for commerce or in any enterprise engaged in commerce or in the production of goods for commerce FLSA EU
10. MELLO 2008 p 400 A par da li o de Silva apud COUTINHO 2004 p 39 segundo o qual Nossa Constitui o r gida a lei fundamental e suprema do Estado brasileiro Todas as normas que integram a ordena o jur dica nacional s ser o v lidas se se conformarem com as normas da Constitui o Federal Nesse sentido sustentam alguns que a exce o contida na cl usula normativa internacional anteriormente reproduzida padece do v cio da inconstitucionalidade Segundo Coutinho 2004 p 39 especificamente esta Conven o embora ratificada inconstitucional pois claramente contraria ao que disp e o artigo 7 inciso XXXIII da Constitui o da Rep blica Minharro Op cit p 37 defende ser necess ria altera o da Constitui o Federal para acrescentar que as atividades art sticas n o se sujeitam limita o de idade Nem se diga que o trabalho art stico por ser na vis o de alguns uma atividade mais leve mere a tratamento diferenciado pois semelhante assertiva esbarra na veda o imposta pelo inciso XXXII do artigo 7 da CF que pro be a distin o entre trabalho manual t cnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos Em resumo a nosso ver o inciso Il do artigo 149 da Lei n 8 069 90 n o foi recepcionado pela Emenda Constitucional n 20 98 N o se pode olvidar que mesmo com a ratifica o da Conven o n 138 da OIT pelo Brasil tal problema aind
11. Professor Doutor Luiz Fernando Coelho Membro Externo Curitiba de de 2010 AGRADECIMENTOS Como todo trabalho cient fico a presente disserta o n o fruto isolado da determina o direcionada da autora mas sim da alquimia de atos comportamentos e pensamentos de um expressivo n mero de pessoas cuja manifesta o deu lhe energia firmeza e coragem para n o desistir Imperioso assim que se lhes rendam as merecidas homenagens Agrade o primeiramente a Deus pela for a luz e prote o Aos meus filhos Fernanda Felipe e Renata presentes que pedi a Deus e que a cada dia mais me surpreendem pela consci ncia dos direitos de que s o sujeitos e pela capacidade de argumenta o e reflex o que possuem agrade o a compreens o nos momentos de aus ncia e de preocupa o Tamb m agrade o ao companheiro de tantos anos Cresus Aur lio Wagner Camargo meu grande incentivador minha m e e minha irm que me alicer am no cotidiano de concilia o das atividades em verdade inconcili veis no mesmo espa o temporal agrade o o apoio incondicional e conjunto para a supera o dos obst culos da vida Ao meu pai paradigma de honra e dignidade agrade o pelos valores a mim repassados em vida inclusive pela inspira o ao estudo e pela presen a marcante tamb m na elabora o do presente trabalho por interm dio dos livros que me legou minha amiga Fl via Mattos de Almeida Gon alves que me incentivou e a
12. Prote o do Trabalho da Crian a e do Adolescente Dentre as tratativas internacionais de prote o ao trabalho de crian as e adolescentes destacam se como dito anteriormente as Conven es n 138 e 182 da OIT formalizadas em 1973 e em 2002 respectivamente A primeira a Conven o n 138 objeto do presente estudo foi editada com a finalidade de unificar em instrumento geral as normas consolidadas em conven es internacionais anteriores relativas idade m nima para o emprego at ent o destinadas a categorias econ micas espec ficas No mesmo ano a OIT adotou a Recomenda o n 146 com o objetivo de tra ar orienta es para a ado o de pol ticas b sicas a serem realizadas de forma progressiva e coordenada a partir de cinco proposi es relativas Pol tica Nacional Idade M nima Empregos ou Trabalhos Perigosos Condi es de Trabalho e Medidas de Controle Dessa forma intentava viabilizar a efetiva prote o ao desenvolvimento f sico e mental de crian as e adolescentes tal como previsto na Conven o n 138 Referida Conven o estabelece em seu artigo 2 que a idade m nima para o trabalho n o ser inferior idade de conclus o da escolaridade compuls ria ou em qualquer hip tese n o inferior a 15 anos A pretens o da norma internacional consiste em assegurar a efetiva aboli o do trabalho infantil bem como elevar de forma progressiva a idade m nima de admiss o a emprego ou a trabalho
13. chamada de aprendizagem escolar o aluno assiste s aulas em escolas profissionais realizando est gio em empresas trata se de uma rela o entre estabelecimento de ensino e aluno Na segunda denominada aprendizagem empres ria o aluno no pr prio emprego submetido a uma aprendizagem met dica trata se de uma rela o entre empregador e empregado A aprendizagem que interessa ao objeto do presente estudo diz respeito aprendizagem empresarial Conforme assinalado acima de acordo com o ECA a aprendizagem a forma o t cnico profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legisla o de educa o em vigor A forma o t cnico profissional compreende um processo educativo permanente at o fim da vida 58 Embora possam parecer sin nimas e sejam assim largamente utilizadas as express es forma o t cnico profissional e forma o profissional t m significados distintos O Gloss rio Terminologia do ensino T cnico e Profissional da UNESCO a que faz remiss o Oris de Oliveira 2004 p 113 destaca a distin o proposta Ensino t cnico profissional termo utilizado em sentido lato para designar o processo educativo quando este implica al m de uma forma o geral estudos de car ter t cnico e aquisi o de conhecimentos e aptid es pr ticas relativas ao exerc cio de certas profiss es em diversos setores da vida econ mica e social Como consequ ncia de seus objetivos
14. como parece refletir a abundante m o de obra infantil envolvida no trabalho art stico como faz transparecer o cotidiano da ind stria do entretenimento dessumindo se existir uma permiss o individualizada e vinculada a determinadas condicionantes Todavia no modo como o labor art stico se desenvolve na sua conforma o pode vir evidenciado o prest gio aos direitos fundamentais e de forma primordial liberdade de express o e ao acesso a condi es de vida mais digna Por seu interm dio habilidades humanas como o talento musical de interpreta o e representa o al m de outras podem vir a ser descobertas estimuladas e aprimoradas No contexto jur dico normativo vigente a prote o dispensada pelo Estado ao trabalho da crian a e do adolescente em representa es art sticas apresenta se deficiente O Direito positivo brasileiro n o se ocupa de regular o modo como deve se realizar a atividade laboral art stica por parte de crian as e adolescentes limitando se a determinar que o juiz em sede de jurisdi o volunt ria avalie a adequa o do ambiente de execu o fase de desenvolvimento em que se encontram os pequenos trabalhadores Existe uma omiss o estatal a justificar a necessidade de interven o do legislador na fun o do imperativo de tutela a fim de estabelecer fatores como a dura o do contrato valor da remunera o jornada de trabalho m xima limite de tempo disposi o para testes de s
15. comuns passaram a ser etiquetados como educativos ibid p 461 57 Imperioso ressaltar como adverte Jos Roberto Dantas Oliva 2006 p 250 que em caso de desvio de finalidade do contrato de aprendizagem ou seja uma vez prejudicada a perspectiva educacional do labor haver nulidade dos atos tendentes fraudar impedir ou desvirtuar a aplica o da legisla o trabalhista art 9 da CLT estando assegurados os correspondentes direitos trabalhistas ainda que o adolescente tenha idade inferior a 16 anos c Contrato de Aprendizagem Trata se a aprendizagem de uma esp cie de trabalho educativo e pressup e a forma o t cnico profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legisla o de educa o em vigor art 62 do ECA A aprendizagem pode ser desde logo classificada de acordo com a entidade que det m a responsabilidade pela sua realiza o Assim na li o de Oris de Oliveira existe a aprendizagem escolar e a aprendizagem empresarial Naquela a aprendizagem desenvolve se em escolas t cnicas ou entidades qualificadas aprovadas e supervisionadas pela autoridade competente e nesta a aprendizagem efetiva se no pr prio ambiente de trabalho embora mediante vincula o com a entidade qualificada para o ensino te rico pr tico necess rio OLIVEIRA 2004 p 119 Minharro Op cit p 76 corrobora tal classifica o No Brasil existem duas esp cies de aprendizagem Na primeira delas
16. desde que l a representa o tenha fim educativo ou a pe a de que participe n o possa ser prejudicial sua forma o moral Il desde que se certifique ser a ocupa o do menor indispens vel pr pria subsist ncia ou de seus pais av s ou irm os e n o advir nenhum preju zo sua forma o moral Previs o semelhante encontra se no mbito do ECA O artigo 149 inciso Il estabelece a compet ncia da autoridade judici ria para expedi o de alvar para a participa o de crian as e adolescentes em espet culos p blicos e seus ensaios bem como em certames de beleza al m da entrada e sa da de locais considerados impr prios a que frequentem Para efeito deste dispositivo legal o juiz da Vara da Inf ncia e da Juventude dever observar os princ pios informados pelo ECA as peculiaridades locais a 139 exist ncia de instala es adequadas o tipo de frequ ncia habitual ao local a adequa o do ambiente a natureza do espet culo Apanhada a legisla o infraconstitucional aplic vel sobressai a concess o de alvar pelo Juiz da Vara da Inf ncia e da Juventude como a medida excepcional de permiss o do trabalho art stico de crian as e adolescentes Estaria ela no entanto sendo suficiente a promover a m xima efetividade garantia de prote o absoluta integridade f sica e precipuamente aos direitos de personalidade e integridade moral em suas v rias concep es como o direito imagem
17. efetiva aboli o do trabalho infantil bem como elevar de forma progressiva a idade m nima de admiss o a emprego ou a trabalho de molde a permitir o pleno desenvolvimento f sico e mental do ser humano at que ingresse no mercado de trabalho Como no Brasil at a edi o da EC 20 98 a idade m nima para o trabalho era de 14 anos exceto na condi o de aprendiz n o havia possibilidade diante da incompatibilidade normativa de o Estado brasileiro ratificar a Conven o mencionada Da o Congresso Nacional em 1991 ter rejeitado a ratifica o proposta pelo fato da norma constitucional interna estabelecer idade inferior tratativa internacional para o ingresso no mercado de trabalho Somente com a edi o da Emenda Constitucional 20 98 BRASIL 1998 que majorou para 16 anos a idade m nima para o emprego artigo 7 XXXIII da CF 88 o pa s finalmente pode ratificar a Conven o n 138 da OIT Decreto n 4 134 2002 Dispon vel em hitp Avww ilo org ilolex spanish recdisp1 htm Acesso em 24 de julho de 2009 5 Art 2 3 A idade m nima fixada nos termos do Par grafo 1 deste Artigo n o ser inferior idade de conclus o da escolaridade compuls ria ou em qualquer hip tese n o inferior a quinze anos 23 J a Conven o 182 da OIT editada em 1999 cuidou de conceituar as piores formas de trabalho infantil Art 3 a todas as formas de escravid o ou pr t icas an logas escravid o c
18. o do Trabalhador Adolescente a cria o desses grupos propiciou a consolida o de uma a o minuciosa de fiscaliza o que resultou na elabora o do primeiro diagn stico do trabalho infantil realizado em 1995 contendo informa es detalhadas que forneceram a base operacional para suas a es vindouras e estimulou a cria o dos F runs Estaduais Os Grupos Especiais de Combate ao Trabalho Infantil e Prote o do Trabalhador Adolescente informam e atualzam o mapa do trabalho infantil e investigam as condi es de sa de de crian as e adolescentes Analisam ainda os danos decorrentes da explora o de seu trabalho encaminhando as ao PETI al m de coordenar as a es de fiscaliza o com a es na rea de educa o e prote o familiar desenvolvidas por outras institui es BRASIL 2004a O MTE encaminhou ao Congresso Nacional a proposta de ratifica o das Conven es n 138 e 182 da OIT bem como de altera o da CLT EC 20 98 instituiu a Comiss o Tripartite para relacionar as piores formas de trabalho infantil existentes no Brasil e estabeleceu diretrizes para o combate ao trabalho infantil mediante estrat gias espec ficas de fiscaliza o Em 2003 o MTE lan ou o Programa Primeiro Emprego com a finalidade de estimular a abertura de vagas de emprego queles com idade entre 16 e 24 anos Loc cit 4 2 1 1 6 MPT e Justi a do Trabalho O MPT vem atuando ativamente no combate erradica o do trabalho infanti
19. queles e voltam se a corrigir sua insufici ncia Los valores y principios de la empresa responsable y sostenible son los siguientes el bien propio y el bien com n la colaboraci n y la competitividad lo emocional y lo racional la confianza y el control el aprendizaje y la eficiencia la coherencia y la imagen el di logo y la comunicaci n la holarquia y la jerarqu a la diversidad y la uniformidad Las empresas han de gestionar creativamente las tensiones que pueden generarse como consecuencia de la aparente contradicci n entre los valores tradicionales y los nuevos Dichas parejas no han de considerarse contrarios en lucha sino opuestos que se complementan ibid p 325 Para al m disso Santonja defende a RSE como valiosa ferramenta de gest o empresarial autorregulada e autocontrolada que comporta uma nova economia empresarial e de conseguinte abre o caminho para a reformula o do modelo capitalista liberal menos economicista e mais humanista Nessa diretriz a responsabilidade social cada vez mais difundida em todas as reas da sociedade e na esfera da atividade empresarial traduz se em reputa o positiva e credibilidade aos personagens conferindo contornos de valor agregado a seus produtos Diante do exposto de se reconhecer que os processos de produ o da empresa bem assim sua eventual altera o devem ter como foco a n o explora o de m o de obra infantil A efetiva implementa o da responsabili
20. segundo encontre resson ncia no mundo pr tico ou dele se distancie Na esfera do direito discursivo e portanto da regula o o Estado pode desempenhar uma fun o integradora do mundo da vida com o sistema jur dico sendo esta a fun o que se prop e no presente estudo especialmente no tocante ao trabalho infantil Em cr tica ao positivismo Habermas Op cit prop e a universalidade do pensamento dial tico em sobreposi o hermen utica 145 De acordo com referido autor a legitimidade do direito excede a quest o da positiva o pois dependente da intersubjetividade do mundo da vida em toda sua potencialidade de harmoniza o de valores culturas e expectativas pressupostas na racionalidade de um consenso a respeito de procedimentos sistem ticos Assim sendo a quest o da linguagem n o se reduz ao consensual mas tamb m assinala o conflito o novo a emancipa o O Direito enquanto sistema jur dico portanto constr i se sob os pilares de uma racionalidade discursiva e procedimental e da realidade que erigem da dial tica Francisco Cardozo Oliveira in GUNTHER 2008 p 193 destaca a intersubjetividade pressuposta legitima o do Direito Na teoria da a o comunicativa de Habermas embora esteja pressuposta a complexidade sist mica da sociedade tecnol gica preserva se o espa o do mundo da vida Lebenswell que n o se deixa reduzir ao processo de sistematiza o e constitui o que ele denomin
21. 2006 p 224 Dados publicados na edi o parcial do documento Intensificar la lucha contra el trabajo infantil Informe del Director General Conferencia internacional del Trabajo 99 reuni n 2010 CONFERENCIA INTERNACIONAL 2010 2 Dispon vel em hittp Avww oitbrasil org br prgatv in focus ipec errad trabin php Acesso em 19 de mar o de 2009 11 A concretiza o da doutrina da prote o integral e absoluta no Brasil vem enfrentando s rios e complexos obst culos dentre eles um problema arraigado no seio da sociedade um ran o do passado que permanece a assombrar a realidade contempor nea por uma vil e covarde explora o humana Aliada pobreza estrutural que como se disse imp e a crian as e adolescentes a necessidade de contribuir para a complementa o da renda familiar o n vel reduzido de educa o dos pr prios pais e o pouco interesse que a escola desperta mant m a cren a o habitus no Brasil de que crian a pobre precisa trabalhar habitus uma maneira pr pria de se estar e de fazer como define Bourdieu o sistema de disposi es duradouras e transpon veis que integrando todas as experi ncias passadas funciona em cada momento como uma matriz de percep es de aprecia es e de ac es tornando poss vel uma infinidade de tarefas diversificadas Bourdieu 1972 178 tais disposi es n o s o naturais no sentido em que n o surgem ao acaso ou por gera o espont
22. Constitui o escrita em fun o dos valores e princ pios nela consagrados A decis o atinge todos os casos de infidelidade deposit ria seja ele volunt rio contratual ou judicial Francisco Antonio Oliveira 1996 p 11 analisa com temeridade a nova tomada de posi o do STF Pelo direcionamento atual se o fiel deposit rio negar se a entregar ou mesmo desaparecer com o bem n o poder ser decretada sua pris o como 107 previa a S mula 619 do STF agora revogada Rompe se com o princ pio da autoridade Cria se mais uma oportunidade para o devedor dificultar e procrastinar um comando sentencial condenat rio A transforma o da condena o em realidade torna se mais dif cil Elp dio Donizetti Nunes 2008 por sua vez compartilha do entendimento de que a pris o civil decorrente de dep sito contratual t pico ou da aliena o fiduci ria carece de fundamento legal Todavia entende que em rela o aos dep sitos judiciais a recente decis o do STF no julgamento do RE 466343 SP DJE n 236 divulgado em 11 12 2008 que sedimentou a aboli o da pris o por d vida afigura se equivocada por duas raz es Primeiro por perfilhar diretriz contr ria adotada na ltima reforma do CPC no sentido de agilizar o processo de execu o e atribuir maior efetividade entrega da presta o jurisdicional e para al m disso por n o se afei oar o dep sito judicial nem de longe hip tese de pris o por
23. Os soldados do tr fico vivem em situa es de risco absoluto e sem qualquer perspectiva com a agravante de que os valores percebidos na atividade il cita s o bastante atrativos dificultando a efic cia de pol ticas p blicas de inser o no mercado de trabalho A tend ncia portanto a reprodu o da atividade laboral il cita e seu aprimoramento e tem como consequ ncia o aumento da viol ncia urbana e da criminalidade O combate a esse tipo de atividade deve ser intensificado principalmente na esfera preventiva O tema tem merecido a aten o da comunidade jur dica a exemplo do Primeiro Semin rio Nacional sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil Crian as no Narcoplantio e Tr fico de Drogas realizado nos dias 27 e 28 de novembro de 2002 no Superior Tribunal de Justi a STJ e organizado pelo F rum Nacional de Preven o e Erradica o do Trabalho Infantil FNPETI e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Crian a e do Adolescente CONANDA Relevante reproduzir o conte do da pesquisa da OIT realizada em 19 pa ses para diagnosticar as formas de trabalho infantil e que foi o principal alvo dos debates no evento conforme not cia extra da do site do STJ na internet De acordo com a pesquisa divulgada pela OIT 67 5 das crian as e adolescentes envolvidas com o tr fico entraram nas quadrilhas com menos de 13 anos Entre os entrevistados havia crian as que se tornaram traficantes entre os oit
24. PETI Programa de Erradica o do Trabalho Infantil PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domic lios RSE Responsabilidade Social da Empresa SENAC Servi o Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI Servi o Nacional de Aprendizagem Industrial SENAR Servi o Nacional de Aprendizagem Rural SENAT Servi o Nacional de Aprendizagem de Transportes SESCOOP Servi o Nacional de Aprendizagem de Cooperativismo STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justi a UE Uni o Europeia UNCTAD Confer ncia das Na es Unidas para o Com rcio e para o Desenvolvimento UNICEF Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia SUM RIO RESUMO none a a A 07 LISTAS DE SIGLAS 2 sa do pass a a 08 1 INTRODU O eretas rear neanta rnn 12 2 A PROTE O DO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE 16 2 1 A PROTE O DO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE NA RELA O ENTRE O DIREITO BRASILEIRO E O DIREITO INTERNACIONAL a suor ia sA end Ee a Si Dos a E a e 16 2 1 1 Contexto Hist rico e Rudimentos da Prote o do Trabalho da Crian a e do Co lolle TAEI E at read Loto A ELSE E ia sd abc E 16 2 1 2 A Declara o sobre Princ pios e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento de 1998 a Conven o 138 e a Recomenda o 146 da OIT sobre a Idade M nima para o Trabalho 20 2 1 3 O Direito Comparado cm Abe od refitadas odds Lo dia tta dada a io dida t bias a ddr
25. Ria e Ana a RETA CATA PARAR CAD RR RADAR AR 172 REFER NCIAS anaa a a a Ae a OR eS 181 1 INTRODU O O presente trabalho prop e se ao estudo da problem tica do trabalho infantil diante da proibi o de ingresso no mercado de trabalho antes da idade m nima fixada na CF 88 em especial no tocante ao tratamento dispensado pelo Estado na prote o de crian as e adolescentes que desempenham atividades art sticas em face da ind stria midi tica No segundo cap tulo observados o contexto hist rico e os rudimentos de prote o ao trabalho de crian as e adolescentes a problem tica do trabalho infantil em geral analisada luz do Direito Comparado adentrando a pesquisa das normas internacionais espec ficas do pr prio texto da CF 88 e da legisla o infraconstitucional relativa idade m nima para o trabalho luz do princ pio da prote o integral e prioridade absoluta Com vistas ado o de uma tend ncia j consolidada na esfera do estudo met dico do Direito busca se o vi s interdisciplinar da pesquisa avaliando se os fundamentos de ordem psicol gica pedag gica e sociol gica na constru o da prote o integral a crian as e adolescentes possibilitando o des cobrimento fascinante de uma demanda comum em torno do tema Com suped neo nos conceitos de trabalho inf ncia e trabalho infantil tem se presente a dicotomia entre trabalho permitido e trabalho proibido analisados estes por interm dio de alguns
26. a ser arrecadada pelo pa s consumidor equalizando o diferencial do efeito do sal rio do trabalhador da India com o da Holanda por exemplo no produto final O trabalhador na India nada ganharia com o fato ao contr rio provavelmente perderia o emprego Em an lise estat stica realizada pela Confer ncia das Na es Unidas para o Com rcio e para o Desenvolvimento UNCTAD em 1995 os fluxos comerciais internacionais n o evidenciaram redu o do super vit comercial dos pa ses mais desenvolvidos em decorr ncia do incremento das exporta es nos pa ses em desenvolvimento nas d cadas de 80 e 90 RICO Op cit 2005 p 132 Desse modo n o sobressai razo vel compreender que pa ses em desenvolvimento estariam obtendo vantagem no com rcio internacional em preju zo dos pa ses desenvolvidos Goyos Jr Op cit p 171 enfatiza os argumentos defendidos pelos pa ses em desenvolvimento para negar a possibilidade de inser o das cl usulas sociais nos tratados de com rcio Al m do fato de tratar se de medida arbitr ria ilegal e contr ria ao direito do com rcio internacional dado o seu potencial fortalecedor de grupos de press o protecionista e incremento utiliza o dos embargos unilaterais e boicotes com a consequente redu o das exporta es desses pa ses A pr pria Organiza o para a Coopera o e Desenvolvimento Econ mico OCDE entidade internacional intergovernamental da qual participam as na
27. as e adolescentes viabilizando sua amplia o em conformidade com as exig ncias do caso concreto Espera se que o debate proposto venha contribuir para a constru o de uma nova cidadania uma nova tica voltada para as futuras gera es e para a garantia dos direitos fundamentais de que s o sujeitos crian as e adolescentes 181 REFER NCIAS A NDIA nas favelas de Mumbai Jornal GAZETA do Povo Curitiba domingo 1 de mar o de 2009 ANCHISES Nara Cl usulas sociais Defesa de quem Revista Anamatra out 2008 ANTUNES Ricardo Adeus ao trabalho ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho 12 ed S o Paulo Cortez Campinas SP Editora da Universidade Estadual de Campinas 2007 ARGENTINA Ley 26 390 2008 Prohibici n del trabajo infantil y protecci n del trabajo adolescente Dispon vel em http Avww mpf gov ar Institucional UnidadesFE Ufase trata ElDelito Explotacion Lab oral LEY 26390 pdf Acesso em 1 de agosto de 2009 ARI S Philippe Hist ria social da crian a e da fam lia Rio de Janeiro LTC 2006 VILA Humberto Teoria dos princ pios Da defini o aplica o dos princ pios jur dicos S o Paulo Malheiros 2008 BAHIA Carolina Medeiros Princ pio da proporcionalidade nas manifesta es culturais e na prote o da fauna Curitiba Juru 2006 BAHIA Saulo Jos Casali Tratados internacionais no direito brasileiro Rio de Janeiro Forense 2000 BAR
28. de molde a permitir o pleno desenvolvimento f sico e mental do ser humano at que ingresse no mercado de trabalho Antes de adentrar ao estudo dos reflexos na ordem jur dica interna brasileira da Conven o n 138 da OIT notadamente diante do ac rd o proferido pelo STF no HC 90 450 MG e da doutrina que concebe a natureza constitucional dos tratados internacionais faz se necess rio enfocar conceitos de tratado e conven o bem como a natureza jur dica e as modalidades de Conven es da Organiza o Internacional do Trabalho Art 2 3 A idade m nima fixada nos termos do Par grafo 1 deste Artigo n o ser inferior idade de conclus o da escolaridade compuls ria ou em qualquer hip tese n o inferior a quinze anos 113 A Conven o de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 fornece o conceito de tratado em seu art 2 1 a acordo internacional celebrado entre Estados em forma escrita e regido pelo direito internacional que conste ou de um instrumento nico ou de dois ou mais instrumentos conexos qualquer que seja a sua denomina o espec fica esclarece J F Rezek 2002 p 60 Em concep o mais ampla a Conven o de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organiza es Internacionais ou entre Organiza es Internacionais de 1986 estabelece em seu art 2 1 e Il que tratado significa Acordo internacional regido pelo Direito Internacional e celebrado por
29. dio se transforma e mais ainda quando o trabalho o emancipa e o dignifica Por fim n o se reconhece como verdadeira a express o direito fundamental ao n o trabalho pois caso assim fosse ent o o direito vida denominar se ia direito ao n o homic dio o direito de propriedade direito de n o ser roubado o direito cidadania de direito de n o ser deportado o que n o sobressai razo vel 2 2 2 Conceito de Inf ncia Como esclarece Ana Lu sa Rego Melro a express o infantia do latim corresponde a um termo um tanto quanto negativo por m como explica Sarmento na Idade M dia a posi o estrutural da inf ncia era a da exclus o absoluta da perten a social por priva o da palavra infans o que n o fala 1999b 9 Trata se de acordo com o Dicion rio Enciclop dico do come o princ pio de algo MELRO 2007 p 9 A Conven o 138 da OIT define como crian a todo o indiv duo com idade inferior a 18 anos Segundo a Consolida o das Leis Trabalhistas CLT menor todo aquele trabalhador com idade entre 14 e 18 anos e as disposi es celet rias que a ele se aplicam se encontram nos artigos 402 a 441 valendo referir terem sido revogados pela CF 88 os artigos 403 413 e 415 a 423 do mesmo diploma legal Importante ressaltar na esp cie portanto que ao tratar do trabalho do menor o diploma celetista pressup e o indiv duo com idade acima de 14 anos BRASIL 1943 De acordo com
30. es mais industrializadas do mundo SAAD Op cit pp 43 44 avaliou como improcedente a inclus o de cl usulas sociais nos tratados de com rcio internacional 87 O rg o baseia se no fato de n o haver evid ncias de que pa ses com baixos ndices de cumprimento dos direitos trabalhistas tenham melhores patamares de exporta o global do que aqueles que respeitam o trabalhador Tamb m leva em conta a n o comprova o de que a libera o comercial sempre acompanhada de viola es ao direito de livre associa o Pelo contr rio a Organiza o diz que existe uma associa o positiva entre bem sucedidas reformas comerciais e melhorias nos padr es trabalhistas fundamentais Al m disso o respeito ou n o a esses padr es n o tem sido fator importante na decis o de onde instalar empresas multinacionais Tamb m a OCDE em estudo efetivado em 1996 veio a desmentir las acusaciones rec procas de los pa ses del Norte y del Sur ao assentar que o reconhecimento dos direitos de liberdade sindical e negocia o coletiva sequer constitui empecilho ao desenvolvimento econ mico aos pa ses menos industrializados tampouco seria respons vel por uma significativa vantagem a seus produtos comparativamente aos dos pa ses desenvolvidos RICO Op cit 2005 p 132 Em 2000 a OCDE constatou os efeitos ben ficos da ado o pelos pa ses em desenvolvimento das Conven es da OIT que tratam de direitos trabalhistas fu
31. es s o usadas para se referir aos acordos internacionais As mais comuns s o Conven o Pacto Protocolo Carta Conv nio como tamb m Tratado ou Acordo Internacional Pedro B A Dallari 2003 p 89 tamb m admite que as Conven es da OIT possuem natureza jur dica de tratados 114 Arnaldo Sussekind 1983 por sua vez ressalta que a utiliza o da express o tratado foi consagrada pela Conven o de Viena como abrangente de qualquer tipo de acordo internacional firmado entre Estados e afirma a tend ncia do direito comparado em adotar a terminologia conven o para designar os tratados multilaterais abertos tratados lei ou tratados como normas gerais adotados em confer ncias realizadas no mbito dos organismos internacionais de direito p blico Multilaterais porque podem ter um n mero irrestrito de partes aberto porque podem ser ratificadas sem limita o de prazo por qualquer os Estados membros da OIT ainda que esse Estado n o integrasse a Organiza o quando da aprova o do tratado o simples fato de estar filiado OIT permite ao pa s aderir a qualquer das conven es at ent o adotadas salvo as que foram revistas por outras e que por esse motivo n o mais permanecem abertas ratifica o de car ter normativo porque cont m normas cujo destino a incorpora o ao direito interno dos pa ses que manifestaram sua ades o ao respectivo tratado Ibid pp 36 37 Fixadas
32. leciona todas as normas constitucionais s o verdadeiras normas jur dicas e desempenham uma fun o til no ordenamento A nenhuma norma constitucional se pode dar interpreta o que lhe retire ou diminua a raz o de ser Considerando os princ pios da for a normativa da Constitui o e da tima concretiza o da norma norma constitucional deve ser atribu do o sentido que maior efic cia lhe d especialmente quando se trata de norma instituidora de direitos e garantias fundamentais Como observa Canotilho o princ pio da m xima efetividade das normas constitucionais hoje sobretudo invocado no mbito dos direitos fundamentais no caso de d vidas deve preferir se a interpreta o que reconhe a maior efic cia aos direitos fundamentais imp e se na esp cie a interven o estatal no sentido de condenar o demandado obriga o de n o fazer consistente na absten o do empregador em utilizar os servi os da menina em programas n o previstos no contrato de trabalho com vistas a fazer cessar o ato comprovadamente lesivo aos direitos de personalidade da trabalhadora mirim Isso significa que a menina n o dever mais participar de programas de audit rio destinados ao p blico adulto e portanto com conte do impr prio para sua 144 fase de desenvolvimento e tampouco deve ser permitida sua sujei o a situa es vexat rias como as que renderam ensejo ao ajuizamento da ACP imperioso ainda que a de
33. na menor aproximadamente 15 porque os jovens acreditam que o consumo da droga pode atrapalhar as atividades do tr fico O envolvimento com as drogas vem aumentando Em 1994 dos 2 200 jovens detidos pela 2 Vara de Inf ncia e Juventude do Rio 11 tinham envolvimento com o tr fico Hoje metade dos menores recolhidos por m s est envolvida com drogas BRASIL 2002 uma realidade assustadora por m apenas a integra o da sociedade nesse debate pode gerar avan o que n o seja o fomento do trabalho de crian as e adolescentes no narcotr fico e narcoplantio c Trabalho na rea rural Estudos cient ficos revelam que historicamente o trabalho rural o que mais utiliza o trabalho infantil como afirma Mary Del Priore 2008 pp 386 387 Em 1995 o Brasil tinha aproximadamente oito milh es de crian as e adolescentes de cinco a 17 anos trabalhando Muitos come am cedo na luta pela sobreviv ncia s o 522 mil crian as de cinco a nove anos trabalhando a maioria na agricultura O Sul a regi o onde h mais crian as ocupadas em atividades agr colas em Santa Catarina por exemplo todas as crian as trabalhadoras est o no campo A grande maioria destas crian as n o recebe qualquer tipo de remunera o pois trabalham ajudando os pais a aumentar a produtividade seja como empregados em propriedades alheias ou ocupadas nas unidades de produ o familiar ro as e f bricas de fundo de quintal Na faixa de dez
34. ncia dos sindicatos aus ncia de discuss es judiciais desconsidera o das veda es legais que ali s tamb m altamente significativo mas traduz principalmente o ind cio de um outro horizonte que tem sido permitido ultrapassar na sociedade O trabalho do menor no campo ou no ch o de f brica por acaso seriam mais ou menos aviltantes constru o de sua personalidade do que o que ocorre nos bastidores de uma televis o E nessa perspectiva que se busca compreender se h na condi o de artista algo especial que se pudesse subtrair da concep o geral de trabalho de sorte a que a sociedade n o repudie tal situa o ou ent o qui a vincula o com a fama e o sucesso externalize o desejo de cada um de conquistar aquele lugar que nos projeta para o sil ncio do sentido que torna presente n o s a imin ncia do n o dito que se pode dizer mas o indiz vel da presen a do sujeito e do sentido e a o rep dio seria a interdi o ao mais ntimo sonho projetado Que quais ideologia s permitiria m burlar a lei ao vivo e a cores para todo o Brasil com os aplausos de todos sob flashes fotos e reportagens de crian as privadas do seu maior bem obrigadas a serem adultos antes do tempo 138 Por m como afirma Freire Op cit p 90 n o no sil ncio que os homens se fazem mas na palavra no trabalho na a o reflex o Esses questionamentos instigam e conduzem a uma reflex o a resp
35. o e desconstru o operada pelo modo de vida e o discurso volta se a estabelecer o consenso no uso da linguagem Assim como elucida Bortolo Valle 2008 p 18 o valor de verdade ou falsidade dos conceitos conferido n o mais pela busca de uma linguagem purificada v lida universalmente mas pelo acordo partilhado por meio do uso que fazemos de nossas proposi es discursivas No caso da decis o proferida no HC 90 450 MG resta evidenciada a inclina o do STF em acompanhar a tend ncia mundial de ado o de pr ticas menos truculentas de solu o dos conflitos E de fato a realidade contempor nea n o pode permanecer atrelada a formas de garantias contratuais que recaiam sobre o corpo do devedor tal qual em remoto passado era considerado leg timo pela sociedade 110 Na trilha do pensamento wittgensteineano a linguagem n o compreende apenas a fun o de nomear objetos A apreens o do seu sentido ou dos seus sentidos somente se viabiliza na an lise dos jogos de linguagem pois estes constituem a representa o de um modo de vida e apenas este pode delinear os contornos das diferentes significa es dos s mbolos das palavras e das frases Quantas esp cies de frases existem Afirma o pergunta e comando talvez H in meras esp cies diferentes de emprego daquilo que chamamos signo palavras frases E essa pluralidade n o nada fixo um dado para sempre mas novos tipos de linguagem no
36. ou de colocar em risco sua educa o Loc cit Cabe sinalizar que as normas em estudo n o afastam a aplica o da legisla o mais favor vel existente em cada pa s Nesse sentido a Diretiva estabelece prescri es m nimas destinadas a promover a melhoria das condi es de trabalho e do n vel de prote o da seguran a e sa de de trabalhadores crian as e adolescentes tendo em vista integrarem grupos de riscos espec ficos bem como apresentarem maior vulnerabilidade decorrente da inexperi ncia da inconsci ncia destes riscos e da imaturidade em rela o aos demais trabalhadores Segundo a Diretiva em an lise jovem qualquer pessoa menor de 18 anos que se encontra em uma rela o de trabalho crian a qualquer jovem com menos de 15 anos ou ainda submetido obriga o escolar em per odo integral adolescente qualquer jovem com mais de 15 anos e menos de 18 anos e que n o se encontre mais submetido obriga o escolar em tempo integral como exige a lei nacional art 3 A proibi o de trabalho assegura o respeito idade m nima de ingresso no mercado de trabalho qual seja a idade em que cessa a escolaridade obrigat ria e em hip tese alguma antes dos 15 anos Lembra Erotilde Ribeiro dos Santos Minharro Op cit p 42 em rela o aqueles que se permite o trabalho de 15 a 18 anos devem os pa ses membros zelar para que n o sejam explorados economicamente e para que n o exer am 25 s
37. que tem repercuss o na concep o de uma sociedade e de conseguinte na vis o que possui da inf ncia e no tratamento dispensado s suas crian as Os chamados artistas mirins constituem verdadeiros paradigmas geracionais pois o tratamento que lhes conferido transcende a esfera individual da crian a ou adolescente que realiza o trabalho art stico em favor da atividade econ mica e passa a traduzir referencial de comportamento e de tratamento da sociedade perante a inf ncia e a juventude Nesse sentido o trabalho infantil na m dia potencializa a aceita o da explora o de outras formas de trabalho infantil porque aparece ali justificado sobressaindo tamb m neste particular a import ncia da discuss o a respeito de serem preservados direitos fundamentais em risco 4 1 3 O Trabalho Art stico de Crian as e Adolescentes no Direito Brasileiro e o Imperativo de Tutela o modo pelo qual o labor art stico se desenvolve sua conforma o que ir evidenciar o prest gio ao direito liberdade de express o sa de educa o e demais direitos fundamentais espec ficos A problem tica toca a quest o da efic cia dos direitos fundamentais nas rela es privadas para cujo equacionamento Canaris Op cit defende a doutrina dos deveres de prote o do Estado 127 O Estado principalmente o legislador n o s est proibido de violar os direitos fundamentais como est compelido a promover sua defesa
38. regulamentar as proibi es estabelecidas no art 79 relativamente a trabalhos leves ou em regime de est gio para aqueles com idade superior a 14 anos e a trabalhos insalubres e perigosos caso seja indispens vel forma o profissional do jovem e desde que a prote o de sua seguran a e sa de seja garantida pela vigil ncia de adulto respons vel No mesmo sentido h possibilidade de derroga o das proibi es de trabalho nas atividades de pesca e navega o nas for as armadas e pol cia em hospitais e estabelecimentos similares al m das atividades de cunho art stico cultural publicit rio ou esportivo De qualquer modo nesses casos dever ser respeitada a proibi o de qualquer trabalho entre 24h e 4h Tamb m devem ser respeitados os per odos de descanso anual e semanal remunerados arts 11 e 12 Diretiva UE Alerta Adalberto Martins Op cit p 51 que o ordenamento jur dico brasileiro n o contempla qualquer possibilidade de derroga o haja vista os expressos termos do dispositivo constitucional art 7 XXXIII e a inexist ncia de quaisquer 26 ressalvas J a Diretiva 33 94 como visto da Uni o Europ ia admite tal possibilidade em situa es espec ficas Pondera ainda o autor Loc cit que a diretiva em an lise n o visou a uniformiza o da legisla o mas sim sua harmoniza o J Minharro Op cit ao levar em considera o os componentes integrantes da supranacionalida
39. surgem aqui novamente a desigualdade e a exclus o de que fal mos h pouco Sob velhas ou novas formas organizacionais e interactivas as desigualdades pr existentes s o alimentadas e reproduzidas por h bitos e ac es rotineiras de institui es classes etnias e g nero dominantes Silva s d 14 De meros desconhecidos a cones dos adolescentes vai um passo curto dependendo tamb m de quem t m ao seu lado de quem os apoia Num pice estes 162 jovens s o obrigados a lidar com as consequ ncias de uma popularidade instant nea para a qual muitas vezes n o est o preparados MELRO Op cit p 123 Em se tratando de trabalho como qualquer outro deve ser regulado de molde a potencializar os dons art sticos individuais e contribuir para a forma o sadia da crian a e do adolescente Para tanto revela se imperiosa em primeiro lugar a tomada de consci ncia social do aliciamento existente em rela o ao trabalho art stico Para al m disso necess rio tamb m o conhecimento da realidade em que se desenvolve o trabalho infantil art stico e dos fatores nocivos nele presentes a serem neutralizados a fim de serem bem delineadas as condi es sob as quais pode se realizar Todas as crian as deveriam ter um tempo bem definido para brincar trabalhar ajudar os outros sejam eles os pais ou outros familiares amigos entre outros estudar descobrir etc mas nem sempre isso acontece No caso dos abusos fei
40. 138 da OIT bem como de eliminar as piores formas de trabalho infantil tal como previsto no art 6 da Conven o n 182 da OIT A CONAETI constitui se por diversas entidades governamentais e n o governamentais por organiza es internacionais por entidades representativas de empregados e de empregadores e por integrantes da sociedade civil sendo a OIT e o UNICEF seus oficiais colaboradores Cabe a essa comiss o a coordena o monitoramento avalia o e execu o do Plano Nacional de Erradica o do Trabalho Infantil e Prote o do Trabalhador Adolescente bem como de apresentar propostas para sua modifica o at o m s de dezembro de cada ano OLIVA 2006 p 148 4 2 1 1 5 MTE O MTE demonstrou preocupa o com a necessidade de combater o trabalho de crian as e adolescentes na d cada de 80 e perante Assembl ia Constituinte 153 participou ativamente na demanda por pr ticas pol ticas concretas de combate explora o de m o de obra de crian as e adolescentes exercendo forte press o pol tica pelo reconhecimento da condi o de sujeitos de direitos de crian as e adolescentes juntamente com os movimentos sociais espec ficos organizados poca como visto no cap tulo 2 Em 1990 o MTE instituiu comiss es de combate ao trabalho infantil atualmente Grupos nas Delegacias Regionais do Trabalho DRTs Conforme delineado no Plano Nacional de Preven o e Erradica o do Trabalho Infantil e Prote
41. 16 da Conven o Americana em preju zo das v timas integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra 3 O Estado violou os direitos s garantias judiciais e prote o judicial reconhecidos nos artigos 8 1 e 25 da Conven o Americana em preju zo das v timas a respeito da a o penal seguida contra o ex secret rio de seguran a do Paran da falta de investiga o dos respons veis pela primeira divulga o das conversas telef nicas e da falta de motiva o da decis o em sede administrativa relativa conduta funcional da ju za que autorizou a intercepta o telef nica Loc cit Em decorr ncia da condena o imposta pela organiza o internacional no prazo de um ano o Brasil dever indenizar os lesados al m de reconhecer publicamente a responsabilidade que lhe fora atribu da de forma a minimizar a les o perpetrada aos direitos de personalidade das v timas em especial o direito vida integridade e liberdade individual Dever ainda proceder investiga o dos fatos que culminaram com as les es al m de publicar a senten a no Di rio Oficial em outro jornal de ampla circula o nacional e em outro jornal de larga circula o no Estado do Paran al m de em um s tio web da Uni o Federal e do Estado do Paran em prazo de seis e dois meses respectivamente Por fim em um ano o Brasil ainda dever apresentar relat rio de execu o da senten a sujeitando se fiscaliza o
42. 31 Not cia veiculada na p gina da OIT O Brasil poder sediar a 3 Confer ncia Global sobre o Trabalho Infantil em 2013 A sugest o foi feita nesta ter a feira 11 05 pelo ministro do Desenvolvimento Social e Trabalho da Holanda Piet Hein Donner e aceita pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate Fome do Brasil M rcia Lopes no encerramento da 2 Confer ncia sobre o tema realizada em Haia na Holanda O ministro holand s elencou tr s motivos que o levaram a fazer a proposta Os esfor os que o Brasil tem feito para erradicar o trabalho infantil o envolvimento do pa s depois do encontro do G20 e finalmente porque acho que estamos entrando numa era onde confer ncias sobre o tema n o devem mais ser baseadas na Europa devem ser baseadas nos pa ses que enfrentam este problema http www oit org br topic ipec news news 159 php acesso em 15 de maio de 2010 151 4 2 1 1 2 FNPETI O F rum Nacional de Preven o e Erradica o do Trabalho Infantil FNPETI foi institu do em 1994 mediante arregimenta o pela OIT e Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia UNICEF 2 de vinte e duas entidades para a consecu o do objetivo comum de lutar pelo fim da explora o do trabalho infantil OLIVA 2006 p 142 O F rum Nacional segundo a OIT constitui o mais amplo e importante espa o para discuss o sobre a quest o da preven o e erradica o do trabalho infantil no Brasil n o a
43. Conven es da OIT de respeitar promover e tornar realidade de boa f e de conformidade com a Constitui o os princ pios relativos aos direitos fundamentais que s o objeto dessas Conven es dentre eles a efetiva aboli o do trabalho infantil OIT 1998 p 2 Referida Declara o veda expressamente que as normas do trabalho venham a ser utilizadas ou invocadas com objetivo comercial protecionista e insere os direitos m nimos dos trabalhadores dentre os Direitos Humanos consagrando concep o pioneira contida na Declara o Universal dos Direitos Humanos da Organiza o das Na es Unidas ONU aprovada em 1948 A par dessa Declara o sobre Princ pios e Direitos Fundamentais no Trabalho a OIT tem aprovadas mais outras duas a Declara o da Filad lfia sobre os fins e objetivos da OIT 1944 e a Declara o sobre o Apartheid 1964 al m de mais de 180 Conven es Internacionais do Trabalho dentre as quais merecem destaque as mencionadas a seguir A Conven o n 87 1948 trata da liberaliza o sindical liberdade de associa o e da prote o aos direitos dos sindicatos a Conven o n 98 1949 disciplina o direito de negocia o coletiva as Conven es n 29 1930 e n 105 1957 estabelecem a aboli o do trabalho for ado a Conven o n 100 1951 assegura igualdade salarial entre homem e mulher a Conven o n 111 1958 garante a n o discrimina o no emprego a Conven o n 138
44. GOYOS JR Durval de Noronha O dumping social e a agenda para a nova rodada de negocia es da Organiza o Mundial do Com rcio OMC In SANTOS et al Direito do trabalho na integra o regional S o Paulo Observador Legal 2002 GUIMAR ES Fernando Resende N o interven o do estado nas rela es de trabalho cl usula social nos tratados internacionais Revista do Tribunal Superior do Trabalho Ano 66 n 4 Bras lia S ntese jul set 2000 HABERMAS Jurgen Discurso filos fico da modernidade Lisboa D Quixote 1990 HUBERMAN Leo Hist ria da riqueza do homem Rio de Janeiro LTC 1986 JACCARD Pierre Hist ria social do trabalho das origens at aos nossos dias Rui de Moura trad Lisboa Livros Horizonte 1960 185 LOPEZ BENITEZ Ver nica Diana An lisis y recomendaciones para la mejor regulaci n y cumplimiento de la normativa nacional e internacional sobre el trabajo de los ni os ni as y adolescentes en Paraguay Lima OlT Oficina Regional para las Am ricas Programa IPEC Sudam rica 2004 MACHADO FILHO Cl udio Pinheiro Responsabilidade social e governan a o debate e as implica es S o Paulo Pioneira Thomson Learning 2006 MALLET Estev o Apontamentos sobre a compet ncia da Justi a do Trabalho ap s a Emenda Constitucional n 45 In COUTINHO Grijalbo Fernandes FAVA Marcos Neves coord Justi a do Trabalho compet ncia ampliada S o Paulo LTr 2005 MARTINS Adalberto A
45. Os particulares em rela o aos quais os direitos fundamentais se projetam por interm dio do imperativo de tutela tamb m est o a eles vinculados na forma estritamente definida pela legisla o infraconstitucional Como reconhece Daniel Sarmento e Lu s Roberto Barroso 2006 p 238 apesar da diferen a na formula o a teoria dos deveres de prote o aproxima se muito quanto aos efeitos da teoria da efic cia indireta dos direitos fundamentais nas rela es privadas que tamb m reclama em princ pio a media o do legislador Destaca Sarlet Op cit p 367 que independentemente do modo pelo qual os direitos fundamentais vinculam os particulares se de forma imediata ou mediata a aplica o de uma norma de direito privado pressup e a aplica o da pr pria Constitui o j que a caracter stica do relacionamento entre as normas constitucionais e o direito privado n o a exist ncia de um abismo mas antes de um cont nuo fluir A dogm tica jur dico constitucional formulada por Canaris Op cit p 105 auxilia na solu o para a problem tica ao considerar subordinados aos direitos fundamentais n o apenas o Estado mediante vincula o imediata mas tamb m os sujeitos de direito privado estes a partir da fun o dos direitos fundamentais como imperativos de tutela evitando se uma fuga demasiado apressada para a pondera o e para contrariar a cada vez mais crescente hipertrofia
46. a 14 anos a realidade parecida mais da metade n o recebe remunera o e trabalha de 15 a 39 horas semanais Minharro Op cit p 90 explica que a alta concentra o de trabalho infantil no setor rural se deve ao fato das fam lias trabalharem por produ o e do trabalhador rural necessitar da ajuda da esposa e filhos para aumentar a produ o e a renda mensal de modo a conseguir o m nimo para a subsist ncia da fam lia No mesmo sentido apontam os estudos de Del Priore Trata se de crian as e adolescentes que trabalham em contato com subst ncias insalubres ou perigosas e em condi es penosas at mesmo para adultos como a manipula o de 53 agrot xicos carregamento da produ o da colheita expostas a jornadas extensas e riscos de acidente N o se pode deixar de mencionar a demanda do mercado por m os pequenas e geis corpo obediente e pouco exigente H determinados tipos de tarefas que s o melhor realizadas pelas m os delicadas das crian as Empregadores na agroind stria elogiam a paci ncia e o cuidado das crian as na perigosa e insalubre tarefa de espalhar agrot xico pelas planta es Em Minas Gerais fica a cargo das meninas formicidas a tarefa de colocar veneno nos formigueiros nas fazendas de reflorestamento com eucalipto No norte do estado do Rio de Janeiro os florzinhas polinizam as planta es de maracuj Somente crian as podem catar restos do min rio cassiterita nos ga
47. a brincadeira constitui a pr pria nega o de uma racionalidade econ mica como acentua Melro Atrav s do tempo de lazer do jogo e da brincadeira exercita se um saber fazer controla se o tempo e o espa o E gra as ao jogo e brincadeira que para uma crian a e um adolescente a explora o das suas pr prias capacidades a forma o do processo de consciencializa o dos seus limites e das suas capacidades mas tamb m das suas possibilidades do aprender a perder e a ganhar a come ar e a recome ar do adquirir o autodom nio afectivo e da rela o com os outros se aprofundam e se desenvolvem Leandro 2000 35 Para al m disto as actividades das crian as enquanto participantes do jogo e do lazer n o devem ser compreendidas como meras actividades l dicas mas na express o m xima da subvers o dos valores da l gica da produ o do utilitarismo da racionalidade produtiva capitalista pelo contr rio ela a pr pria nega o desses valores a nega o do valor de troca Silva 2003 28 S o duas vis es positivas das pr ticas l dicas na medida em que por um lado o exerc cio experi ncia e o autoconhecimento det m alguma import ncia mas por outro tenta se ir contra os valores capitalistas da sociedade contempor nea MELRO Op cit pp 104 105 No mesmo vi s a utiliza o das representa es art sticas por alguns segmentos sociais atuantes no Brasil com vistas inclus o social de cria
48. acordo com Dumazedier aquele tem fun es importantes entre as quais se destacam tr s fun es de repouso de divertimento de desenvolvimento 1974 8 Desta forma o autor define lazer como o conjunto de ocupa es a que o indiv duo se pode entregar de livre vontade quer para repousar quer para se divertir quer para desenvolver a sua informa o ou a sua forma o desinteressada a sua participa o social volunt ria ou a sua livre capacidade criadora depois de se ter liberto das obriga es profissionais familiares e sociais Atrav s do tempo de lazer do jogo e da brincadeira exercita se um saber fazer controla se o tempo e o espa o E gra as ao jogo e brincadeira que para uma crian a e um adolescente a explora o das suas pr prias capacidades a forma o do processo de consciencializa o dos seus limites e das suas capacidades mas tamb m das suas possibilidades do aprender a perder e a ganhar a come ar e a recome ar do adquirir o autodom nio afectivo e da rela o com os outros se aprofundam e se desenvolvem Leandro 2000 35 ibid pp 104 105 Frente s peculiaridades que envolvem o trabalho infantil art stico afigura se imperioso analisar em que medida o Estado vem disciplinando a mat ria na esfera legislativa o que ser realizado adiante 4 2 2 A Regula o do Trabalho da Crian a e do Adolescente no Trabalho Art stico 4 2 2 1 Insufici ncia do arcabou o normati
49. acrescenta ainda existirem benef cios previdenci rios aos tomadores de servi os que lan am m o da contrata o de aprendizes por interm dio das ESFL pois nesse caso n o se lhes imp e o pagamento da cota parte do empregador das contribui es previdenci rias circunst ncia que fomenta a iniciativa empresarial na admiss o de pessoal pela modalidade da aprendizagem A intermedia o cumpre ressaltar apresenta grandes vantagens pois tendo natureza filantr pico assistencial as entidades que a efetuam acabam n o sendo obrigadas a recolher por exemplo a parte do empregador na Previd ncia Social o que favorece tamb m o tomador de servi os que al m disto ter considerada v lida a contrata o para preenchimento das cotas empresariais obrigat rias ibid p 237 Imperioso anotar a responsabilidade do tomador dos servi os n o apenas no tocante elei o da ESFL que lhe disponibilizar o aprendiz como tamb m em rela o ao desenvolvimento do contrato de aprendizagem pois responder por eventual les o ao direito do empregado Art 429 Os estabelecimentos de qualquer natureza s o obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Servi os Nacionais de Aprendizagem n mero de aprendizes equivalente a cinco por cento no m nimo e quinze por cento no m ximo dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento cujas fun es demandem forma o profissional 8 1 A O limite fixado neste artigo n o se
50. aplica quando o empregador for entidade sem fins lucrativos que tenha por objetivo a educa o profissional Art 4 do Decreto n 5 598 2005 A validade do contrato de aprendizagem pressup e anota o na Carteira de Trabalho e Previd ncia Social matr cula e frequ ncia do aprendiz escola caso n o haja conclu do o ensino fundamental e inscri o em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orienta o de entidade qualificada em forma o t cnico profissional met dica Art 7 da IN 26 2001 Os Auditores Fiscais do Trabalho verificar o se as entidades sem fins lucrativos que contratam aprendizes em conformidade com o art 431 da Consolida o das Leis do Trabalho CLT efetuaram o devido registro e a anota o na Carteira de Trabalho e Previd ncia Social CTPS e se est o assegurando os demais direitos trabalhistas e previdenci rios oriundos da rela o de emprego especial de aprendizagem examinando ainda 66 Significativa parcela da doutrina entende que a responsabilidade da tomadora de servi os na esp cie seria subsidi ria isto na hip tese da ESFL n o cumprir com as obriga es trabalhistas decorrentes do contrato de aprendizagem a benefici ria dos servi os prestados pelo aprendiz por elas responde Para Oliva 2006 simp tico a esse posicionamento entende aplicar se neste caso a orienta o constante da S mula 331 IV do TST reconhecendo se a responsabilidade subsidi ria da empresa tomad
51. cie em que confronta direitos fundamentais Nesse sentido o hard case apresentado no presente estudo revela os limites do poder familiar atraindo a atua o do Estado no sentido de prevenir e coibir preju zo integridade f sica e moral de crian as e adolescentes trabalhadores O Estado possui um importante mecanismo de prote o dos direitos fundamentais e de direitos espec ficos de crian as e adolescentes Trata se da linguagem do sistema jur dico por interm dio da qual estabelece integra o com o mundo da vida para al m da positiva o na perspectiva da intersubjetividade latente Nesse sentido conforme se alimente ou n o do mundo pr tico mundo da vida a atua o estatal coloniza aliena ou liberta e emancipa o indiv duo A harmoniza o de valores culturas e expectativas pressupostas na racionalidade de um consenso a respeito de procedimentos sistem ticos que se estabelecem a partir do conflito da tens o da entropia da realidade legitima o sistema jur dico em contraposi o a valores impostos pela racionalidade econ mica ou midi tica e nesse sentido ampliam se as possibilidades de tutela de crian as e adolescentes A atua o do Estado em face do trabalho art stico desempenhado por crian as e adolescentes demanda estudo a respeito de sua natureza e de suas implica es no desenvolvimento do ser humano muitas vezes ignorado ou ocultado bem como do modo como este trabalho se realiza e ainda d
52. conciliar os estudos a fam lia a escola e os amigos e onde menos se consegue as actividades circenses permitem que a crian a tamb m adquira alguma capacidade criativa vontade e maturidade podendo mesmo dizer se que o Circo tamb m uma escola onde o artista tal como o aluno tem autonomia para escolher o que sabe fazer assim como na escola o ensino aprendizagem devia partir parte das experi ncias dos alunos e dos seus saberes MELRO ibid pp 87 88 Coutinho 2004 tamb m enfatiza os efeitos nefastos que a participa o de crian as e adolescentes em atividades art sticas comerciais pode acarretar na forma o de sua personalidade dada al m da press o midi tica para o enquadramento em padr es de est tica e conduta a necessidade de interpreta o de uma gama variada de personagens muitas vezes em cenas carregadas de dramaticidade e realizadas mediante extensas jornadas de trabalho Al m disso destaca a autora que o trabalho infantil art stico na televis o mero reprodutor dos desejos do Outro aniquilando a criatividade que a verdadeira atividade art stica estimula em seu criador Por fim a frustra o do anonimato ou o ass dio inerente fama tamb m constituem fatores determinantes na forma o da personalidade da crian a e do adolescente e que podem ter influ ncia negativa sobre a fase de transi o para a vida a adulta nem todos atingem o patamar de fama que tanto almejam
53. custo mais barato da m o de obra nos primeiros D se o dumping social desse modo quando um pa s oferece produtos no mercado internacional com pre os notoriamente baixos mediante viola o a direitos m nimos dos trabalhadores como a exig ncia de extensas jornadas de trabalho manuten o de sistema previdenci rio prec rio explora o de m o de obra infantil etc Rico Op cit pp 126 127 assinala que Con el termino dumping social por tanto se designar a aquella situaci n en la que se produce una competencia desleal propiciada por Estados con bajos salarios y poco nivel de protecci n social frente a la cual los sectores m s afectados de los pa ses industrializados exigen la adopci n de mecanismos de protecci n adecuados Ressalta a autora o tra o distintivo entre dumping social e dumping derivado da pr tica comercial este materializado pela via normativa en el art culo VI Del Acuerdo General sobre Aranceles Aduaneros y Comercio GATT donde se condena exclusivamente el dumping de precios pr ctica comercial anormal en virtud de la cual el precio que se fija para el producto que se exporta es inferior al precio que dicho producto tiene en el mercado nacional De ah que como se ala acertadamente Hinojosa Mart nez si las condiciones sociales de los trabajadores en los pa ses en v as de desarrollo afectan de igual modo a la producci n destinada al mercado nacional y al extranjero no podemos habl
54. d vidas de que trata a veda o do art 7 do Pacto de San Jose da Costa Rica a recente decis o do STF est na contram o da linha adotada pela ltima onda reformadora do C digo de Processo Civil cujo escopo foi conferir maior celeridade e efetividade ao procedimento executivo e para tanto previu medidas coercitivas at para condutas antes reputadas leg timas como por exemplo para o caso de o executado sonegar bens sujeitos execu o art 652 p 3 656 p 1 c c art 14 par grafo nico do CPC Ora a possibilidade de se aplicar pena de pris o constitui importante instrumento para se coibir a m f daqueles deposit rios que maliciosamente poderiam se desfazer de bens constritos retardando ou at inviabilizando com isso a satisfa o do cr dito Mas n o s A meu ju zo os eminentes ministros laboraram em equ voco na exegese do art 7 da Carta de S o Jos da Costa Rica que conforme j afirmado veda a pris o por d vidas ou seja por d bito inadimplido exceto a resultante de alimentos ibid p 4 Guardado o devido respeito aos judiciosos entendimentos mencionados a m f n o autoriza a pris o do indiv duo dado n o se tratar de crime Em que pesem os percal os da execu o voltada contra o devedor de m f outras garantias devem ser buscadas para a satisfa o do cr dito que n o a coer o f sica extinta j na Roma republicana desde o advento no s culo V
55. da OIT que estabelece proibi o de trabalho antes da idade m nima que a exce o nela contida a respeito da possibilidade de trabalho art stico n o padece do v cio da inconstitucionalidade e que tampouco haveria necessidade de altera o da CF 88 para acrescentar que as atividades art sticas n o se sujeitam limita o de idade prevista no texto constitucional No caso do trabalho infantil art stico apenas a an lise de cada caso concreto permite inferir eventual viola o aos direitos fundamentais circunst ncia que impede pr via e gen rica concep o sobre a inconstitucionalidade da exce o constante da normativa internacional No trabalho art stico vinculado a uma atividade econ mica al m de produtores e consumidores crian as e adolescentes s o objetos de consumo a pr pria mercadoria o que se afigura mais vis vel em an ncios publicit rios desfiles e comerciais de TV submetendo se a obriga es espec ficas como a subordina o e portanto sujeitando se a riscos de toda ordem Tratando se de trabalho como qualquer outro proibido antes da idade m nima N o se infere contudo se tratar de proibi o absoluta Em car ter excepcional admite se a realiza o do trabalho art stico por crian as e adolescentes em favor da atividade econ mica e nas estritas condi es do art 8 da Conven o n 138 da OIT e da legisla o infraconstitucional 176 N o h uma exce o generalizada
56. da crian a e do adolescente tem se revelado insuficiente O presente estudo rejeita no entanto o paradigma economicista da legisla o norte americana que embora regulamente de forma minuciosa o trabalho infantil art stico estabelece a possibilidade de um adolescente realizar jornada de trabalho de 9 horas al m de autorizar a presta o de horas extras em manifesto vilip ndio a direitos que deveria resguardar A regula o do modo de execu o do trabalho art stico pela legisla o infraconstitucional e pelo juiz por interm dio do imperativo de tutela revela se imperiosa a fim de assegurar seja instrumento de inclus o de garantia educa o e de emancipa o para a constru o de cidadania plena essa a regula o que o presente estudo prop e E nesse sentido caminha o PL 6 937 2010 em tr mite na C mara dos Deputados o qual cumpre a fun o do imperativo de tutela porque direciona a execu o do trabalho art stico para a concretiza o dos direitos fundamentais e n o para a racionalidade midi tica ou econ mica em rela o s quais fixa importantes limites a evidenciar o respeito crian a e ao adolescente como ser humano emancipado e n o como mercadoria Por outro vi s referido Projeto de Lei fornece ao juiz os pressupostos m nimos a serem observados no momento da concess o ou n o de autoriza o para o trabalho art stico e com isso evita o engessamento das possibilidades de tutela de crian
57. de 1888 a qual j havia comprovado as vantagens econ micas advindas da explora o do trabalho de indiv duos mais d ceis mais adapt veis ao meio e portanto menos onerosos A extin o da escravatura foi um divisor de guas no que diz respeito ao debate sobre trabalho infantil multiplicaram se a partir de ent o iniciativas privadas e p blicas dirigidas ao preparo da crian a e do adolescente para o trabalho na ind stria e na agricultura O debate sobre a teoria de que o trabalho seria a solu o para o problema do menor abandonado e ou delinquente come ava na mesma poca a ganhar visibilidade A experi ncia da escravid o havia demonstrado que a crian a e o jovem trabalhador constitufam se em m o de obra mais d cil mais barata e com mais facilidade de adaptar se ao trabalho Nessa perspectiva muitas crian as e jovens eram recrutados nos asilos de caridade algumas a partir dos cinco anos de idade sob a alega o de propiciar lhes uma ocupa o considerada mais til capaz de combater a vagabundagem e a 79 criminalidade Trabalhavam 12 horas por dia em ambientes insalubres sob r gida disciplina Doen as como a tuberculose faziam muitas v timas Anteriormente ado o da doutrina da prote o absoluta e integral vigia a doutrina menorista em que crian as e adolescentes eram objetos de medidas tuteladoras e n o sujeitos de direitos Referida doutrina a par do assistencialismo e do tota
58. de alvar pelo Juiz da Vara da Inf ncia e da Juventude como medida excepcional de permiss o do trabalho art stico de crian as e adolescentes assim considerado em geral o trabalho como ator modelo manequim e o realizado no circo e no desporto De tudo at aqui esposado cabe adentrar ao exame dos fundamentos que justificam numa vis o interdisciplinar a prote o atribu da crian a e ao adolescente 2 2 4 Fundamentos da Proibi o de Trabalho Luz da Psicologia Sociologia e Pedagogia A partir da consagra o da doutrina da prote o integral a crian a e o adolescente passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direito pelo ordenamento jur dico constitucional brasileiro At ent o esses seres eram considerados objeto de tutela sendo desconsiderada sua subjetividade pois a legisla o tutelar de crian as e adolescentes nos prim rdios do s culo XIX fomentava a utiliza o do trabalho infantil e o valorizava enquanto instrumento de ordenamento do espa o urbano DEL PRIORE Op cit p 380 e de controle e reprodu o das classes populares CUST DIO Op cit p 189 Desde o final do s culo XVIII e in cio do s culo XIX a subjetividade dessas pessoas em peculiar condi o de desenvolvimento j havia sido reconhecida no mbito de outras ci ncias como a Pedagogia e a Psicologia Pioneiro na defesa da crian a v tima da explora o e do abuso aviltantes da Revolu o Industrial na Inglate
59. de modo que os bons resultados cient fico tecnol gicos restam por eles ofuscados N o obstante o expressivo avan o da ci ncia e tecnologia o trabalho infantil n o desaparece e milh es de crian as e adolescentes encontram se envolvidas em atividades econ micas que comprometem seu pleno e sadio desenvolvimento O Estado vem obtendo xito em reduzir o trabalho infantil por m n o logra elimin lo Na esfera da Psicologia o trabalho contrap e se brincadeira sendo esta a atividade pr pria da crian a j definida por Kant lembrado por Henri Wallon 2007 p 54 como sendo uma finalidade sem fim uma realiza o que n o tende a realizar nada al m dela mesma Nesse sentido por exemplo a atividade art stica desvinculada de uma finalidade econ mica adquire inquestion vel influ ncia positiva no desenvolvimento infanto juvenil e constitui uma necessidade digna de est mulo e tutela 13 Nesse contexto desatrelado do exerc cio de uma atividade econ mica recente pesquisa neurocient fica intitulada Learning Arts and the Brain revela a exist ncia de ntima rela o entre a pr tica de m sica e habilidades relacionadas s mem rias de curto e de longo prazo representa o geom trica e ao dom nio da leitura Ainda segundo o estudo a atua o em teatro melhora a mem ria e a dan a capaz de estimular a capacidade de observa o dos acad micos TRABALHO art stico Para al m disso
60. direito privado e de assegurar a sua efectiva capacidade funcional CANARIS Op cit p 107 Na diretriz perfilhada pelo doutrinador alem o o direito constitucional n o tem a fun o de oferecer os instrumentos de tutela necess rios a garantir uma eficiente prote o dos direitos fundamentais por ele eleitos competindo tal fun o legisla o infraconstitucional detentor no mais dos instrumentos capazes de lhes dar concretude O aparato te rico em estudo afigura se apropriado pesquisa levada a efeito no presente trabalho em especial necessidade latente preconizada por parte da doutrina juslaboral de regula o espec fica do trabalho art stico infantil pela legisla o infraconstitucional 120 4 O PAPEL DO ESTADO NA PROTE O DO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE NA ATIVIDADE ART STICA 4 1 O TRABALHO ART STICO E A CRIAN A E O ADOLESCENTE 4 1 1 O Trabalho Art stico de Crian as e Adolescentes nos EUA Um Paradigma Economicista Desde 1 de janeiro de 2000 por for a da edi o da chamada Lei Coogan no Estado da Calif rnia EUA os artistas mirins t m assegurados os lucros e ganhos resultantes da for a laboral despendida no trabalho art stico De acordo com a Lei Coogan constituem servi os art sticos ou criativos dentre outros os servi os prestados como ator dan arino m sico comediante cantor dubl int rprete recreacionista compositor produtor escritor
61. diretor core grafo maestro ou designer Referida norma legal deve ser observada nos contratos que tenham por finalidade a presta o de servi os art sticos ou criativos nos contratos que visem a negocia o de obra liter ria musical ou dram tica utiliza o da imagem de uma pessoa da voz de sua atua o ou de sua est ria de vida ou ainda de direito de uso destes aspectos em filmes televis o produ o de grava o de som ou teatro Tamb m se aplica a lei em comento aos contratos de presta o de servi os como jogador ou participante de determinada modalidade esportiva bem como de servi os como figurante ou similar Assegura mencionada lei serem de propriedade exclusiva do menor n o emancipado os lucros e ganhos que obtiver em decorr ncia de contratos de trabalho infantil art stico Desse modo pelo menos 15 do valor bruto devido ao pequeno trabalhador deve ser depositado pelo empregador em benef cio daquele em uma conta ou outro plano de poupan a mantido por institui o banc ria de reconhecida idoneidade Coutinho 2004 e Oliva 2006 afirmam situar se em 50 o percentual dos rendimentos a serem reservados crian a ou adolescente trabalhador Em regra um dos pais ou o respons vel legal da crian a ou adolescente poder ser nomeado administrador dos valores depositados e nesta condi o dever prestar contas anuais dos fundos de poupan a Quaisquer valores somente 121 ser o retirados dos f
62. diretriz perfilhada por Canaris ibid p 115 n o cabe ao direito constitucional disponibilizar os instrumentos de tutela porque tal realiza o acabaria por desnaturar a pr pria Constitui o O dever de prote o se realiza substancialmente no mbito do direito infraconstitucional o qual disp e de um vasto e variado instrument rio capaz de em seu funcionamento conjunto garantir uma eficiente prote o dos direitos fundamentais Ao tratar da dimens o objetiva dos direitos fundamentais Mendes et al 2008 p 267 reconhecem cumprir em tese ao legislador promover o refor o de posi es jur dicas fundamentais e indicar qual a medida a ser adotada para proteger os bens jur dicos abrigados pelas normas definidoras de direitos fundamentais dispondo para tanto de liberdade e discricionariedade 130 Na hip tese do texto constitucional esgotar o conte do da prote o n o caber redarguir com a fun o de imperativo de tutela dos direitos fundamentais Todavia n o esgotado o conte do da prote o no texto constitucional como no mais das vezes s i acontecer compete ao legislador atribuir lhe a concentra o e intensidade que merece mediante regula o do modo pelo qual deve se desenvolver Por m conforme o caso espec fico isso poder exigir lhe refor ar a prote o demandada pelo direito fundamental restringila quando j alcan ada tutela eficiente ou ainda deleg la ao Judici rio por interm
63. em sua autoridade normativa n o permane a vinculado a superadas concep es do passado nem seja impulsionado cegamente pelas for as de seu tempo MELLO 2009 Jos Afonso da Silva 1998 p 47 afirma no mesmo sentido que Toda constitui o nasce para ser aplicada mas s aplic vel na medida em que corresponde s aspira es s cio culturais da comunidade a que se destina Nesse passo traz se lembran a o estudo filos fico de Wittgenstein Op cit p 147 a respeito da linguagem para al m de um sistema de comunica o a revelar tratar se a linguagem de instrumento assim como tamb m o s o os seus conceitos porque n o s o verdades absolutas ou definitivas A linguagem um instrumento Seus conceitos s o instrumentos Pensamos talvez que n o possa fazer uma grande diferen a quais conceitos empreguemos Que possamos fazer f sica tanto com medidas como p e polegada como com metro e cent metro a diferen a apenas de comodidade Mas mesmo isso n o verdade se por exemplo em nosso sistema de medidas os c lculos requerem mais tempo e esfor o do que podemos despender relevante compreender portanto que n o importam tanto os conceitos sen o o modo como a realidade est conformada o modo de vida o fator determinante do mundo institucionalizado na medida em que o tensiona o calibra o destr i e o redefine Os jogos de linguagem surgem assim como instrumentos desta constru
64. encarado como total perda de tempo ou como atividade carente de sentido Educa o que n o ensinasse a trabalhar era tida como uma atividade desviante ora das tradi es familiares pois muitos pais m es e av s tiveram de trabalhar ao lado dos seus pais ora da pr pria realidade econ mica das fam lias dessas crian as pois a equa o era trabalhar para sobreviver ou passar fome BRASIL 2004a pp 14 15 Com o advento da Rep blica e a necessidade de fomentar o desenvolvimento industrial e a produ o agr cola um contingente numeroso de fam lias inteiras era arregimentado para o trabalho Ainda a m o de obra de crian as e adolescentes permanecia atraente classe dominante enquanto compunham uma for a de trabalho adestrada desde cedo ressalta Rizzini In DEL PRIORE Op cit pp 378 por m jamais verdadeiramente qualificada porque n o havia efetivo aprendizado 80 Asilos de caridade foram transformados em institutos escolas profissionais patronatos agr colas Surgem novas institui es algumas fundadas por industriais visando a adequa o do menor s necessidades da produ o artesanal e fabril formando desde cedo a futura m o de obra da ind stria Os patronatos recebiam o limbo da sociedade garotos que perambulavam pelas cidades Em acessos de limpeza e ordenamento social a pol cia recolhia os chamados pivettes express o datada de 1938 primeiramente no relat rio de Sab ia Lima e
65. extensos o ensino t cnico profissional distingue se da forma o profissional que visa essencialmente aquisi o de qualifica es pr ticas e de conhecimentos espec ficos necess rios para a ocupa o de um determinado emprego ou de um grupo de empregos determinados O ensino t cnico profissional dever constituir uma parte integrante do sistema geral de educa o e em face disso uma aten o particular dever ser concedida a seu valor cultural Dever exceder a simples prepara o para o exerc cio de uma determinada profiss o prepara o para cujo objetivo principal fazer com que o estudante adquira compet ncias e conhecimentos te ricos estritamente necess rios a esse fim dever juntamente com o ensino geral assegurar o desenvolvimento da personalidade do car ter e das faculdades de compreens o de julgamento de express o e de adapta o Para isso conviria elevar o conte do cultural do ensino t cnico profissional a tal n vel que a especializa o inevit vel n o fosse empecilho ao desenvolvimento de interesses mais amplos Assim forma o profissional um processo educativo de aprendizado te rico e pr tico relacionado a uma determinada atividade econ mica ou profiss o o treinamento de uma profiss o J a forma o t cnico profissional um processo educativo mais amplo de apreens o de conhecimentos t cnicos e pr ticos relacionados a profiss es de diversas reas s cio econ micas
66. hoje de uso corrente e o juizado o enviava s col nias onde seriam preparados para o trabalho agr cola Uma d cada depois a maioria dos patronatos foi extinta por terem se tornado centros indesej veis verdadeiros dep sitos de menores Tratava se de uma pol tica voltada para o ordenamento do espa o urbano e de sua popula o por meio do afastamento dos indiv duos indesej veis para transform los nos futuros trabalhadores da na o mas que culminava no uso imediato e oportunista do seu trabalho A hist ria destes institutos mostra que o preparo do jovem tinha mais um sentido pol tico ideol gico do que de qualifica o para o trabalho pois o mercado tanto industrial quanto agr cola pedia grandes contingentes de trabalhadores baratos e n o qualificados por m d ceis facilmente adapt veis ao trabalho idem Tendo em vista que o mote da institucionaliza o era a ideia de ressocializa o e reeduca o por interm dio do trabalho a orienta o pol tica poca ao menos no papel n o destoava da toada humanit ria internacional j voltada prote o integral de crian as e adolescentes N o se defendia a puni o Todavia n o havia aprendizado efetivo e o ciclo de pobreza e de explora o econ mica desses seres em especial fase de desenvolvimento se reproduziu Por isso no Brasil as crian as pobres sempre trabalharam A explora o econ mica sempre foi o motor do trabalho infantil di
67. m dio na educa o b sica e que lhe seja propiciado uma dura o de jornada de seis horas Desej vel tamb m que se deixem livres dois dias do fim de semana para propiciar ao aprendiz lazer descanso e executar tarefas escolares J se tem afirmado com raz o que a jornada de trabalho de todo adolescente aprendiz ou n o aprendiz deveria ser de meio per odo ou no m ximo de seis horas para facilitar os estudos A compatibilidade escola e aprendizagem fator relevante para uma aprendizagem de melhor qualidade Os dados estat sticos mais fidedignos evidenciam que um dos fatores que mais pesam no abandono da escola ou no fraco aproveitamento desta o trabalho precoce ou aquele que ocupa de tal maneira o dia do adolescente que tem s a alternativa de um curso noturno de not rias falhas Merecem enc mios as entidades e as empresas que em seus programas exigem apenas meio per odo de trabalho propiciando a escolaridade diurna e a possibilidade de maior tempo para estudar para o refor o escolar para o lazer para o esporte educativo Cabe acrescentar que a aprendizagem pode ocorrer n o apenas nas rela es de emprego como acima tratado mas podem estender se tamb m a outras rela es de trabalho a exemplo das que se desenvolvem no mbito das cooperativas cujo trabalho acoplado forma o t cnico profissional um dos melhores meios de educa o do jovem para o trabalho e pelo trabalho como assevera Oliva 2
68. meio da valoriza o da educa o como fator de inclus o social Observa se que a institui o vem obtendo xito no est mulo realiza o de f runs de prote o crian a e ao adolescente participando ativamente dessas iniciativas circunst ncia que evidencia o indubit vel car ter emancipat rio de sua miss o 4 2 1 1 7 Iniciativas voltadas ao trabalho infantil art stico No tocante a iniciativas voltadas prote o do trabalho infantil art stico pode se mencionar para o presente estudo a atua o paradigm tica do MPT no ajuizamento da ACP que questionou o trabalho da apresentadora Maisa da emissora SBT de televis o referido anteriormente A prop sito a falta de clareza na regula o do trabalho art stico e esportivo foi diagnosticada como lacuna existente na legisla o brasileira na An lise do arcabou o jur dico relativo a todas as formas de trabalho infanto juvenil do Plano Nacional de Preven o e Erradica o do Trabalho Infantil e Prote o ao Trabalhador Adolescente BRASIL 2004a 155 Conforme delineado em linhas pret ritas item 4 1 3 1 o trabalho infantil art stico constitui trabalho como qualquer outro e n o obstante tenha visibilidade p blica sua legitimidade n o questionada como se ao contr rio das demais formas de trabalho desempenhado por crian as e adolescentes n o fosse objeto de explora o econ mica A visibilidade latente do trabalho infantil a
69. nBab nada 24 2 1 3 1 Uni o Europ ade A EE a EERE 24 Base MENGOS I it E E ss E E 27 213 3 Estados UNidOS ig E A E E REE 33 2 1 4 Vincula o das Normas Internacionais com a Constitui o Federal de 1988 a Teoria da Prote o Integral ssssnsesnseeseesenrnnnrrnsserrrnnnrnnneseerrrrrnnn 35 2 2 A CHAGA SOCIAL DO TRABALHO INFANTIL E O TRABALHO COMO VEO a A A E EA TA AE DER RR A AN 40 2 2 1 Conceitodeirabalhon serea R 40 2 2 2 Conceito de NAN a na a tnnt rnrn mnnn ennenen 44 2 2 3 Trabalho Infantil No o de Trabalho Proibido e de Trabalho Permitido 45 2 2 3 1 Trabalho proibido rita eaeaaaanareeaaa aaa aaaaaaana 48 2 2 3 2 Trabalho permitido sims aspas serio npanaat Eron SR CE Ao E nda Nie Da sa nbl Ena rafa ensfa a aaEE co nhaienaao 53 2 2 4 Fundamentos da Proibi o de Trabalho Luz da Psicologia Sociologia e elole lole later ni isa aaa lab RS au aa E aa 69 3 A ASSIMILA O PELO DIREITO BRASILEIRO DAS REGRAS DE PROTE O DO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE 75 3 1 O INTERESSE ECON MICO NO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE ssa E E a E ES 75 3 1 1 O Hist rico de Explora o Econ mica do Trabalho Precoce no Brasil 77 3 1 2 O Interesse Econ mico no Trabalho da Crian a e do Adolescente Relacionado s Regras de Com rcio Internacional O Argumento Protecionista e o Confronto com as Regras Protetivas dos Direitos Fu nd memaiS o ee e pa ETAREN
70. na edi o da MP n 251 2005 como pelo Poder Legislativo que apresentou nada menos que 80 emendas ao texto da MP n 251 2005 conduzindo o int rprete do Direito a esfor os adicionais na tentativa de superar as incongru ncias legislativas presentes na esp cie por tratar da prote o do trabalho de maiores de 18 anos no cap tulo dedicado prote o do trabalho do menor Cap tulo IV do T tulo III da CLT e ao fato da aprendizagem ter sido assegurada a crian as e adolescentes pelo ECA sendo estes em qualquer caso os indiv duos com idade inferior a 18 anos OLIVA 2006 p 22 Alerta Fonseca apud OLIVA Loc cit que o pr prio trabalho do aprendiz deve portanto desenvolver se por meio de uma din mica pedagogicamente orientada sob o ponto de vista te rico e pr tico conduzindo aquisi o de um of cio ou de conhecimentos b sicos gerais para o trabalho qualificado O contrato de aprendizagem deve proporcionar forma o t cnico profissional met dica assim compreendida a atividade alternada entre a teoria e a pr tica de forma sistematizada Tal exig ncia na li o de Oliva 2006 p 221 222 diz respeito a um m todo de ensino trabalho que atenda a um projeto pedag gico e propicie efetiva 61 aprendizagem mediante aumento progressivo da complexidade das tarefas atribu das ao aprendiz Para tanto necess ria a inscri o do jovem em programa de aprendizagem desenvolvido por institui
71. nas corpora es de of cio a fim de obterem o conhecimento t cnico de determinadas profiss es O mestre assumia a obriga o de zelar pelo aprendiz como seu filho e lhe fornecia alimento e moradia O mestre no in cio da aprendizagem era indenizado pelo aprendiz que tamb m se comprometia a n o lhe causar danos sob pena de indeniza o N o raras vezes ante a impossibilidade de arcar com o pagamento de indeniza o o aprendiz era utilizado nos trabalhos dom sticos PEREZ Op cit 18 Mas foi na Revolu o Industrial que a explora o do trabalho infantil inaugurou sua faceta mais covarde Com a introdu o das m quinas e do sistema fabril bem assim a inven o da luz el trica as mesmas mercadorias que at ent o demandavam produ o manual t cnica e artesanal passaram a ser produzidas por m quinas de f cil manuseio que poderiam ser operadas inclusive por crian as e mulheres e em jornadas extenuantes n o mais limitadas exist ncia de luz solar como at ent o Nesse per odo a conjuntura era de uma raz o cr tica instrumentalizada pela economia pol tica e cnamada Liberalismo Em contraposi o ao Estado Absoluto reina a arte de governar o menos poss vel o princ pio da limita o do poder estatal e a cren a do poder de regula o econ mica pelo mercado Articulando se o espa o privado penetra o espa o p blico e degrada o poder estatal a partir da revela o de uma liberdade proporcionada pel
72. natureza do trabalho Na realidade se a id ia que o homem faz do seu trabalho se foi tornando com o tempo mais rica de resson ncias e tamb m mais abstracta n o deixou de ser sempre para ele uma no o simples e clara em seus elementos fundamentais Fabricando e aperfei oando os seus utens lios o homem do passado tinha em vista um fim preciso e consciente n o ignorava o sentido e a natureza do seu trabalho JACCARD 1960 p 15 Para o autor trabalho um comportamento triplamente funcional enquanto satisfaz a tr s necessidades humanas fundamentais a a necessidade de subsist ncia que corresponde a uma fun o econ mica b a necessidade de cria o que corresponde a uma fun o psicol gica e c a necessidade de colabora o equivalente a uma fun o social Na sociedade capitalista contempor nea a introdu o de expressivas inova es cient fico biotecnol gicas imp e ao trabalho uma nova forma de ser por m n o o faz desaparecer como sugere Jeremy Rifkin 2004 em alerta sobre a imin ncia de uma revolu o cient fico biotecnol gica a Terceira Revolu o Industrial que se infiltrou na sociedade ap s a Segunda Guerra Mundial O trabalho humano n o desaparecer tampouco suas caracter sticas funcionais acima mencionadas Como assevera Ricardo Antunes 2007 p 163 a 42 acumula o flex vel impingida pela l gica capitalista vigente n o ir promover o fim dos empregos e ainda que novas form
73. no direito interno bem como o princ pio da norma mais favor vel A partir de decis o paradigm tica que envolveu a interpreta o do art 59 88 2 e 39 da CF em face das disposi es constantes do Pacto de San Jose da Costa Rica o STF alterou o entendimento at ent o sufragado e manifestou a convic o que os tratados e conven es internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil signat rio ingressam no ordenamento jur dico brasileiro com status constitucional Referida decis o analisada mediante aproxima o com os jogos de linguagem de Wittgenstein Fortemente marcado o trabalho pelo recurso ao Direito Constitucional a teoria dos deveres de prote o surge como importante instrument rio dogm tico na pesquisa sobre a atua o do Estado na prote o de crian as e adolescentes que em situa o excepcional podem trabalhar em favor de uma atividade econ mica Surgem nesse passo as no es embrion rias do papel primordial do Estado de por interm dio do imperativo de tutela salvaguardar a fun o dos direitos fundamentais em face da interven o do comportamento de outros sujeitos de direito privado especialmente dos detentores de poder econ mico analisado no quarto cap tulo Analisa se outrossim a par da prote o integral dispensada crian a e ao adolescente pela doutrina internacional e pelas normas trabalhistas internacionais e nacionais se o trabalho art stico desempenhado por crian as e adole
74. no Trabalho Empreendido em Favor da Atividade Empresarial Aldo Olcese Santonja 2009 p 58 alerta para as diversas e complexas rela es e interrela es empresariais resultantes da globaliza o e das novas tecnologias da comunica o e da informa o bem assim para o crescente poder das grandes corpora es para o surgimento num contexto inusitado que est a exigir decis es coerentes com o novo paradigma da empresa respons vel e sustent vel Algunos han saludado la globalizaci n como el b lsamo de todos los males mientras que otros la han estigmatizado como el principio del fin Aunque como casi todo en la vida La globalizaci n presenta claroscuros lo que est claro es que es un fen meno inevitable La liberalizaci n de los mercados y el desarrollo de las tecnolog as de la informaci n han propiciado el avance imparable de la globalizaci n El mundo econ mico y empresarial se ha globalizado Las cadenas e aprovisionamento son globales Los mercados son globales Asimismo parece un hecho incuestionable que el fen meno de la globalizaci n ha propiciado que mientras diversas parcelas de poder que hasta hace poco detentaban los Estados y por lo tanto La sociedad civil se han visto menguadas las grandes corporaciones han visto c mo su poder de facto crec a Conforme descrito em linhas pret ritas o dumping social e a inser o das cl usulas sociais nos tratados de com rcio internacional enquanto representam r
75. o da modalidade de aprendizagem entidade que a ministra fun o etc no campo das anota es gerais OLIVA 2006 p 222 O contrato de aprendizagem constitui modalidade de contrato a termo e n o pode ser estipulado por mais de 2 anos devendo por isso ser fixado de antem o o seu termo final Havendo continuidade na presta o de servi os ap s a data fixada para seu t rmino o contrato se transforma em contrato por prazo indeterminado Cabe enfatizar que se trata de modalidade de contrato por prazo determinado distinta da prescrita no art 443 da CLT a qual se vincula aos pressupostos constantes do par grafo segundo quais sejam tratar se de servi o cuja transitoriedade justifique a predetermina o do prazo de atividade empresarial de car ter transit rio ou de contrato de experi ncia 62 Embora a aprendizagem n o se encaixe em tais permissivos a pr pria lei instituiu nova modalidade de contrato a termo como no mais tamb m o fez ao editar a Lei n 9 601 98 ao criar outras formas de contrata o por prazo determinado diversas daquelas que figuram nas al neas do artigo 443 da Consolida o das Leis do Trabalho salienta Minharro Op cit p 81 Cabe a rescis o do contrato de aprendizagem sem a indeniza o prevista no art 479 da CLT nas hip teses de desempenho insuficiente ou inaptid o do aprendiz falta disciplinar grave aus ncia injustificada escola que implique perda do ano letivo ped
76. p 348 como uma forma de pensamento que se sustenta em crit rios e valores tornados anacr nicos e portanto impr prios para as novas realidades est no centro da problem tica principalmente diante das transforma es a que a sociedade se submeteu e das distor es ideol gicas a que vem se sujeitando 111 N o sobressai razo vel admitir que a ideologia de per odos remotos da civiliza o ainda se sustente pois n o se compatibiliza e se revela insuficiente para sociedade contempor nea que demanda um Direito menos truculento e mais eficiente O pensamento neoliberal que fomentava a aplica o da pris o por d vida no pa s n o logrou prevalecer n o obstante os interesses das institui es financeiras na preserva o do instituto dele lan ando m o para coagir fisicamente o devedor satisfa o da obriga o O confinamento na esp cie estava arraigado no interesse dos grandes credores e em ltima an lise da acumula o de capital Diante da grave crise econ mica mundial instalada em 2008 a l gica do mercado deixou escancarada sua impot ncia para atender s necessidades da humanidade j que nem suas pr prias vicissitudes foram capazes de solucionar por interm dio da sabedoria absoluta sobre a qual alardeava ter o dom nio pleno pontual novamente a li o wittgensteineana no sentido de perten a da fun o de engajamento da linguagem VALLE Op cit p 20 Sabedores de que
77. per odo de 1992 a 2002 que as restri es comerciais se revelam ineficazes no combate ao trabalho infantil por duas raz es a porque a m o de obra infantil estaria empregada em setores cujos produtos n o s o negociados no com rcio internacional b porque as crian as que trabalham nos setores que mant m liga o com o com rcio internacional integram um grupo bem espec fico que n o representa o grupo priorit rio na luta contra o trabalho infantil CHAHAD SANTOS Op cit p 107 Na busca de uma maior intera o com a OMC inclusive em raz o de lhe ter reconhecido a compet ncia para controlar e fiscalizar a observ ncia das normas de prote o do trabalho a OIT aprovou em 1998 a Declara o sobre Princ pios e Direitos Fundamentais no Trabalho e seu Seguimento qual o presente estudo se dedicou no segundo cap tulo Em que pese n o ter se concretizada at o momento a ideia de inser o das cl usulas sociais nos tratados de com rcio internacional o debate em torno do fen meno gerou efeitos relevantes 90 Segundo aponta Gunther apud FRAHM e VILLATORE Op cit p 57 esses efeitos compreender se iam em dois fatores a corroboraram os movimentos sindicais haja vista o fortalecimento das condi es sociais dos trabalhadores b provocaram movimentos de empres rios em prol da tica nas rela es comerciais 3 1 3 A Quest o tica dos Direitos de Personalidade da Crian a e do Adolescente
78. por parte da Corte Interamericana at o cumprimento integral da decis o Diversas concep es cuidam de situar os tratados de direitos humanos no Direito Interno dentre elas a que lhes confere natureza supraconstitucional outra 103 que lhes atribui natureza constitucional a que lhes reconhece a natureza infraconstitucional mas supralegal e a que lhes confere status equivalente legisla o ordin ria federal Esta ltima segundo Piovesan Op cit p 68 corresponderia posi o majorit ria do Supremo Tribunal Federal STF Ocorre contudo que o pr prio STF veio a consagrar posicionamento que altera a concep o da jurisprud ncia p tria a respeito da hierarquia dos tratados internacionais de direitos humanos no mbito do direito interno Em recente decis o e espl ndida guinada na jurisprud ncia at ent o sufragada o STF pronunciou se no sentido de afastar a possibilidade da pris o do deposit rio infiel n o obstante a autoriza o constitucional em car ter excepcional 3 2 2 A Jurisprud ncia do Supremo Tribunal Federal e a Mudan a de Paradigma na Fixa o da Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos Rompendo com tradi o de v rias d cadas segundo Francisco Ant nio de Oliveira 2009 p 690 a jurisprud ncia do excelso STF estabeleceu marco importante sobre a internaliza o dos tratados e conven es internacionais de direitos humanos no mbito normativo
79. proclamada pela Declara o Universal dos Direitos da Crian a FONSECA Op cit p 19 A doutrina da prote o integral adotada de forma substantiva pela CF 88 consagra direitos fundamentais espec ficos reconhecendo a crian as e adolescentes direito de personalidade a condi o de sujeito de direitos Fl via Piovesan 2008 p 207 tamb m destaca a relev ncia deste marco te rico epistemol gico do Direito da crian a e do adolescente presente do mesmo modo na Conven o adotada pela ONU em 1989 ao acolher a concep o do desenvolvimento integral da crian a reconhecendo a como verdadeiro sujeito de direito a exigir prote o especial e absoluta prioridade Loc cit Oliva 2006 p 286 assevera ao lembrar as li es de Antonio Carlos Gomes da Costa que anteriormente CF 88 crian as e adolescentes eram considerados seres objeto de tutela Crian as e adolescentes deixaram assim de ser objeto de direitos para se transformarem em sujeitos de direitos Detentores de todos os direitos que t m os adultos e que sejam aplic veis sua idade e mais 38 direitos especiais que decorrem precisamente do seu estatuto ontol gico pr prio de pessoas em condi o peculiar de desenvolvimento A crian a e o adolescente que ao longo da hist ria permaneceram no abandono e indiferen a por parte do ordenamento jur dico constitucional passando a condi o de objetos de tutela inclusive na d
80. que a los bajos salarios en los pa ses en v as de desarrollo RICO Op cit 2005 pp 131 132 Terezinha Matilde Licks Prates 2008 p 224 formula hip tese que revela com objetividade o qu o temer ria seria a inser o de cl usulas sociais nos tratados internacionais de com rcio e sinaliza para os efeitos negativos para a economia brasileira 86 Hipoteticamente e de modo muito simplificado para efeitos de clareza poder se ia imaginar a seguinte situa o pequena comunidade nos Estados Unidos produz pares de cal ados a 200 d lares porque a m o de obra cara a mat ria prima cara etc Em S o Leopoldo no Rio Grande do Sul cal ados de qualidade equivalente custam 20 d lares o par Exportados para os Estados Unidos s o l vendidos a 50 d lares o par Enquanto isso no Paran por hip tese existiria f brica n o necessariamente de cal ados mas de qualquer outro produto que utiliza trabalho infantil ou trabalho for ado Em lit gio levado perante a Organiza o Mundial do Com rcio o Brasil poderia vir a ser considerado pa s descumpridor da cl usula social San es seriam permitidas e os cal ados de S o Leopoldo poderiam escolhidos como alvo passar a custar 400 d lares nos Estados Unidos Outra hip tese merece ser destacada formulada por Goyos Jr Op cit p 168 a de que a imposi o do direito antidumping nas quest es sociais possibilitaria a cria o de uma tarifa
81. se realizar e disciplinar dentre outros as seguintes a fixa o de jornada e intervalos protetivos os locais e servi os onde possam ser desempenhadas as manifesta es art sticas a garantia de acompanhamento da crian a e do adolescente pelos respons veis ou quem os represente durante a presta o do servi o o refor o escolar se necess rio acompanhamento m dico odontol gico e psicol gico previs o de percentual da remunera o a ser depositada em caderneta de poupan a 85 A autoriza o de que o trata o par grafo primeiro ser revogada se for descumprida a frequ ncia escolar m nima prevista no art 24 da Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 Como se v o legislador ordin rio destaca a proibi o do trabalho infantil em geral mas permite em car ter individual extraordin rio e excepcional a concess o de alvar pela autoridade judici ria competente para a realiza o de trabalho art stico A concess o do alvar dependeria ainda da comprova o da impossibilidade de substitui o da crian a ou do adolescente por jovens maiores de 16 anos Haver quem argumente sobre a burocracia criada para a realiza o do trabalho infantil art stico no caso da comprova o da impossibilidade do trabalho ser realizado por maior de 16 anos bem como sobre a majora o dos custos da atividade diante dos benef cios que o projeto pretende ver conferidos crian a e ao adolescente art stica Toda
82. se em dois casos de n o ser satisfeita obriga o de pagamento de pens o aliment cia e de deposit rio infiel A decis o proferida no Habeas Corpus 90 450 MG parte de premissa distintiva entre tratados internacionais sobre direitos humanos aos quais at ent o ora se atribu a car ter de supralegalidade conforme os precedentes RE 349 703 RS e RE 466 343 SP ora de car ter constitucional consoante precedentes sob n HC 87 585 TO RE 349 703 RS e RE 466 343 SP e tratados internacionais sobre as demais mat rias situados em posi o hier rquica equivalente s leis ordin rias Ingressando no ordenamento jur dico p trio com status de lei ordin ria o Pacto de San Jose da Costa Rica n o tinha o cond o de revogar a proibi o constitucional de pris o do deposit rio infiel dada a preval ncia da autoridade normativa da Constitui o O ac rd o paradigm tico em quest o ampara se em farta e s lida doutrina bem assim em forte tend ncia do direito comparado em atribuir qualifica o constitucional dos tratados internacionais de direitos humanos que ingressam no ordenamento jur dico brasileiro Merecem transcri o as li es de Piovesan Op cit pp 64 65 a respeito do tema conferir hierarquia constitucional aos tratados de direitos humanos com a observ ncia do princ pio da preval ncia da norma mais favor vel interpreta o que se situa em absoluta conson ncia com a ordem constitucional de 1988 b
83. sido ratificada no per odo entre a promulga o da CF de 1988 e a publica o da Emenda Constitucional 45 2004 e assim incluir se no bloco de constitucionalidade Tal convic o sobressai razo vel mesmo no que toca exce o contida no art 8 da Conven o 138 da OIT que trata do trabalho art stico e prop e criteriosa avalia o pela autoridade competente do modo sob o qual se desenvolve o labor em cada caso concreto Luiz Carlos Amorim Robortella e Antonio Galv o Peres 2005 p 151 lan am m o do princ pio da concord ncia pr tica na concilia o e complementa o dos preceitos constitucionais e entendem n o se fazer necess ria a previs o expressa da exce o no corpo da Constitui o dada a possibilidade de interpreta o do texto constitucional mediante a combina o e harmoniza o de preceitos apenas aparentemente contradit rios inclusive dentro do mesmo texto normativo para descobrir lhes a verdadeira dimens o e sentido Embora sob instrument rio jur dico distinto do apresentado pelos autores infere se ser poss vel estabelecer di logo entre o contido no art 7 XXXIII e a exce o prevista no art 8 da Conven o 138 da OIT evitando se exegese que conduza a conclus es anacr nicas e dissociadas da realidade social econ mica e cultural assegurando se a for a normativa da Constitui o e ao mesmo tempo a preserva o de seu n cleo essencial Tendo em vista a realidade contempor ne
84. tais premissas poss vel afirmar tratar se a conven o da esp cie da qual o tratado o g nero A respeito do tema ali s pontual a li o de Bahia 2000 ao elogiar a terminologia utilizada na reda o do art 5 2 da Constitui o Federal e confirmar o universo de atos compreendidos na express o tratados ali inserida Melhor andou o constituinte brasileiro ao redigir o 2 do artigo 5 quando ao abrigar direitos e garantias n o expressos na Constitui o referiu se t o apenas queles decorrentes do regime e dos princ pios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que o Brasil fosse parte O artigo fez uso assim de modo correto unicamente do g nero apropriado Ibid p 11 Destarte de acordo com as considera es esposadas anteriormente for oso reconhecer que sendo uma esp cie de tratado internacional as Conven es da OIT ingressam no ordenamento jur dico interno com hierarquia parit ria da norma constitucional Nesse sentido o ac rd o proferido pelo STF no HC 90 450 MG reconhece a evolu o da jurisprud ncia daquela Corte no tocante ao car ter subordinante dos tratados internacionais de direitos humanos e o indiscut vel primado que devem ostentar sobre o direito interno brasileiro as conven es internacionais de direitos humanos ressalta Mello 2008 p 393 Na mesma linha de pensamento a 28 Grifos n o existentes no original 115 C
85. trabalho infantil que deve ser eliminada com car ter de urg ncia Isto tamb m aplic vel quando a crian a foi v tima de tr fico e termina no servi o dom stico ou se existente uma situa o de servid o por d vidas ou qualquer outra pr tica an loga escravid o O conceito pior forma de trabalho infantil dom stico empregado como descri o de dita explora o para refletir o risco extremo para a crian a e promover sua imediata elimina o tal como promove a Conven o sobre as piores formas de trabalho infantil 1999 n 182 Dom stico Cabe atentar que a participa o dos filhos nos afazeres dom sticos n o est enquadrada pela proibi o constitucional Oris de Oliveira apud PEREZ Op cit p 110 afirma que nesse caso a atividade infantil integra um processo educativo no qual todos os filhos prestam colabora o para a organiza o m nima do ambiente residencial 51 b Trabalho no plantio e no tr fico de drogas O trabalho no narcotr fico e no narcoplantio n o s proibido il cito Segundo pesquisa realizada pela OIT o ingresso de crian as no tr fico de drogas do Rio de Janeiro tem ocorrido mais cedo que h uma d cada atr s Hoje as crian as entram no tr fico com 12 e 13 anos quando antes a m dia era entre 15 e 17 anos Oliva 2006 p 137 alerta para o problema da inser o de crian as e adolescentes no plantio e no com rcio de drogas considerando o grav ssimo
86. uma ordem capitalista reduz indevidamente o trabalho a o em trabalho produ o Trabalhar completa o sentido da vida quando se ajusta aos desejos tend ncias e aptid es do indiv duo bem como em raz o da extens o do tempo despendido em rela o sua exist ncia E uma fonte important ssima de satisfa es e problemas que influenciam notavelmente o modo de ser do trabalhador Pode se dizer que algumas pessoas tendem a escolher determinados trabalhos em fun o de sua personalidade e tamb m que um determinado trabalho ir contribuir para modelar a personalidade daqueles que o exercem Ao passo que o indiv duo se projeta no trabalho ele modificado pela a o e pelo resultado E um constituir constituindo se Nesse passo trabalho valor quando d concretude ao princ pio da dignidade humana insculpido na Constitui o da Rep blica Federal do Brasil de 1988 fundante da ordem jur dica art 19 III Por esta raz o revela se inaceit vel a express o direito fundamental ao n o trabalho cunhada por Marcelo Pedroso Goulart 2008 p 16 bem assim pelo Minist rio P blico do Trabalho BRASIL MPT 2008 O direito fundamental ao n o trabalho n o existe O trabalho um direito fundamental porque valor Trabalho no contexto moderno direito necessidade realiza o econ mica espiritual e social Fonte de subsist ncia de riqueza de qualidade de vida de forma o e manuten o familiar e s
87. una empresa est inextricablemente unida a la sostenibilidad del sistema f sico social del que forma parte medida que a globaliza o avan a o papel das empresas adquire maior relev ncia e notoriedade e o crescimento das m ltiplas e complexas rela es que estabelecem entre si perante os Estados e perante a sociedade potencializa sua contribui o para o desenvolvimento v lido Nesse sentido enfatiza Beck 1999 p 14 92 o aparecimento da globaliza o permite aos empres rios e suas associa es a reconquista e o pleno dom nio do poder de negocia o que havia sido politicamente domesticado pelo Estado do bem estar social capitalista organizado em bases democr ticas Ainda Santonja Op cit p 58 alerta que a problem tica econ mica social e ambiental que est a exigir das empresas opera es e decis es coerentes com um novo paradigma da empresa respons vel e sustent vel La problem tica econ mica social e medioambiental existente en nuestro planeta y las consecuencias de la globalizaci n hacen que la concepci n tradicional de la empresa resulte hoy en d a insuficiente Desde un punto de vista tico el mayor poder de las empresas fruto del fen meno de la globalizaci n conlleva una mayor responsabilidad sobre el estado Del sistema f sico social en el que operan Asimismo la sociedad en su conjunto apoy ndose en las posibilidades que les aporta el desarrollo de las tecnolog as de la
88. vel desse modo que o trabalho art stico precoce pode conforme o caso contribuir favoravelmente para o desenvolvimento da personalidade do indiv duo hip tese em que sua liminar proibi o culminaria por destruir uma possibilidade de acesso a condi es de vida mais dignas N o menos certo por m que o mesmo trabalho art stico pode vir a ensejar grave viola o a direitos fundamentais Cabe legisla o infraconstitucional portanto definir o modo pelo qual o trabalho art stico deve se desenvolver de molde a garantir prote o aos direitos fundamentais insculpidos na Constitui o Federal Apenas a an lise de cada caso concreto permitiria inferir eventual viola o aos direitos fundamentais circunst ncia que impede pr via e gen rica concep o sobre a inconstitucionalidade da exce o constante da normativa internacional Exsurge da a import ncia do papel do Estado por interm dio da legisla o infraconstitucional em conferir efetividade aos direitos fundamentais a serem preservados na esp cie art 8 da Conven o da OIT e art 149 Il do ECA poss vel conceber razo vel equacionamento entre a preserva o dos direitos fundamentais assegurados na Constitui o e a demanda pelo reconhecimento da legitimidade do trabalho art stico de crian as e adolescentes em face dos princ pios constitucionais essenciais sem que para tanto se cogite deflagrar o poder constituinte reformador inclusive porque at
89. 006 p 179 Como visto a aprendizagem uma figura que oferece oportunidade para as empresas porque lhes permite a forma o de trabalhadores qualificados e para os jovens porque os educa n o s para o exerc cio de atividades profissionais num mundo laboral em constante transforma o devido evolu o tecnol gica como para o exerc cio da cidadania e para o alcance de condi es de vida digna 68 d Trabalho art stico Conforme asseverado em linhas pret ritas a Conven o n 138 da OIT estabelece exce o para a idade m nima para o ingresso no trabalho na esp cie em que este se desenvolve com finalidade art stica Assim prev a exceptiva internacional 1 A autoridade competente ap s consulta com as organiza es de empregadores e de trabalhadores concernentes se as houver poder mediante licen as concedidas em casos individuais permitir exce es para a proibi o de emprego ou trabalho provido no artigo 2 dessa conven o para finalidades como a participa o em representa es art sticas 2 Licen as dessa natureza limitar o o n mero de horas de dura o do emprego ou trabalho e estabelecer o as condi es em que permitido OIT BRASIL 1973 A CLT em seu artigo 405 par grafo terceiro a preconiza que considera se prejudicial moralidade do menor o trabalho prestado de qualquer modo em teatros de revista cinemas boates cassinos cabar s dancings e estabelecimentos
90. 16 anos nesta categoria de trabalho infantil que em qualquer outro tipo de trabalho O trabalho infantil dom stico refere se a situa es nas quais meninos e meninas desenvolvem tarefas dom sticas nos lares de terceiros empregadores em condi es de explora o Quando esta explora o extrema incluindo o tr fico e o com rcio ilegal de crian as situa es similares escravid o ou o desenvolvimento de tarefas perigosas ou daninhas para a sa de f sica e mental do menor poss vel consider la como uma das piores formas de trabalho infantil Quase sem exce es os meninos e meninas que realizam servi os dom sticos s o v timas de diversos tipos de explora o S o explorados economicamente j que s o for ados a trabalhar durante extensas jornadas e sem descanso por sal rios muito baixos ou inexistentes S o explorados porque carecem em geral de prote o legal ou social e sofrem condi es laborais degradantes Invariavelmente s o privados dos seus direitos como crian as reconhecidos pela legisla o internacional incluindo o direito de brincar o direito sa de o direito de n o sofrer abuso ou ass dio sexual o direito a visitar ou ser visitado por sua fam lia a associar se com amigos a um alojamento decente e prote o contra a viol ncia f sica e mental Quando um menor de 18 anos trabalha no servi o dom stico em condi es perigosas ent o nos encontramos frente a uma pior forma de
91. 1973 fixa a idade 3 Dispon vel em hitp Avww oitbrasil org br inst fund index php Acesso em 25 de julho de 2009 22 m nima para trabalhar e por fim a Conven o n 182 que disp e sobre as piores formas de trabalho infantil Para o presente estudo destaca se a Conven o n 138 da OIT adotada em 1973 com a finalidade de unificar em instrumento geral as normas consolidadas em Conven es Internacionais anteriores relativas idade m nima para o emprego at ent o destinadas a categorias econ micas espec ficas bem como a Conven o n 182 que disp e sobre as piores formas de trabalho infantil No mesmo ano a OIT adotou a Recomenda o n 146 com o objetivo de estabelecer diretrizes pol ticas b sicas a serem realizadas de forma progressiva e coordenada a partir de cinco proposi es relativas Pol tica Nacional Idade M nima Empregos ou Trabalhos Perigosos Condi es de Trabalho e Medidas de Controle OIT Normas Internacionales del Trabajo Dessa forma intentava viabilizar a efetiva prote o ao desenvolvimento f sico e mental de crian as e adolescentes tal como previsto na Conven o n 138 Essa Conven o estabelece em seu artigo 2 idade m nima para o trabalho nunca inferior idade de conclus o da escolaridade compuls ria ou em qualquer hip tese n o inferior a 15 anos Loc cit A pretens o da norma internacional consiste em assegurar mediante comprometimento dos pa ses signat rios a
92. A 1938 34 que n o seja um membro da fam lia ou entre 16 e 18 anos para realiza o de atividade perigosa ou prejudicial sa de ou bem estar do indiv duo EUA 1938 A idade m nima para o trabalho em condi es perigosas situa se em 17 anos para o trabalho urbano e em 16 anos para o trabalho agr cola assim entendidas pela FLSA por exemplo a condu o de m quinas agr colas de mais de 20 cavalos a colheita de algod o e milho e a manipula o de subst ncias t xicas ressalta Minharro Op cit p 48 N o se admite qualquer trabalho durante o hor rio escolar tanto para trabalhadores urbanos como agr colas Al m disso para o trabalho urbano o limite de horas de trabalho compreende se em 3 horas di rias ou 18 semanais nos dias de aula Nos dias em que n o houver aula na escola a dura o do trabalho pode situar se em 8 di rias ou 40 semanais Desse modo h proibi o de trabalho para os menores de 16 anos nos hor rios escolares em mbito federal Alguns Estados estabelecem limita o de jornada laboral em quarenta horas semanais al m de proibirem o trabalho noturno Como destaca Cl udia Coutinho Stephan 2002 as crian as que trabalham em reas rurais n o se encontram totalmente protegidas pela legisla o federal ou estadual No mesmo sentido Minharro Op cit p 48 aponta a possibilidade dos jovens de 14 anos realizarem atividade laboral agr cola sem restri es e dos adolescentes
93. CENTRO UNIVERSIT RIO CURITIBA PROGRAMA DE P S GRADUA O stricto sensu MESTRADO EM DIREITO ANG LICA MARIA JUSTE CAMARGO O PAPEL DO ESTADO NA PROTE O DOS DIREITOS DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE EM FACE DA ATIVIDADE ECON MICA O TRABALHO ART STICO CURITIBA 2010 CENTRO UNIVERSIT RIO CURITIBA PROGRAMA DE P S GRADUA O stricto sensu MESTRADO EM DIREITO ANG LICA MARIA JUSTE CAMARGO O PAPEL DO ESTADO NA PROTE O DOS DIREITOS DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE EM FACE DA ATIVIDADE ECON MICA O TRABALHO ART STICO CURITIBA 2010 ANG LICA MARIA JUSTE CAMARGO O PAPEL DO ESTADO NA PROTE O DOS DIREITOS DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE EM FACE DA ATIVIDADE ECON MICA O TRABALHO ART STICO Disserta o apresentada ao Curso de Mestrado em Direito Empresarial e Cidadania do Centro Universit rio Curitiba como requisito parcial para a obten o do T tulo de Mestre em Direito Orientador Professor Doutor Francisco Cardozo Oliveira CURITIBA 2010 TERMO DE APROVA O O PAPEL DO ESTADO NA PROTE O DOS DIREITOS DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE EM FACE DA ATIVIDADE ECON MICA O TRABALHO ART STICO Disserta o aprovada como requisito parcial para obten o do t tulo em Mestre em Direito Empresarial e Cidadania da Faculdade de Direito de Curitiba pela Banca Examinadora formada pelos professores Presidente Professor Doutor Francisco Cardozo Oliveira Orientador Professor Doutor Bortolo Valle Membro Interno
94. Leis 1 680 2001 e 1 702 2001 dentre outras disposi es pro be o trabalho do adolescente em qualquer lugar subterr neo ou embaixo da gua ou em atividades perigosas ou nocivas sua sa de f sica moral ou ps quica Referido diploma legal estabelece que entre 14 e 16 anos o labor fica limitado a 4 horas di rias e 24 horas semanais De 16 a 18 anos o limite sobe para 6 horas di rias e 36 semanais exceto em institui es de ensino com jornada reduzida de 4 horas H proibi o do trabalho noturno at os 18 anos Destaca se a previs o relativa prote o do trabalhador adolescente com necessidades especiais e no setor dom stico Em rela o quele o texto pro be discrimina o salarial e laboral al m de estabelecer privil gios para admiss o no setor p blico Quanto ao trabalhador dom stico determina a escolaridade obrigat ria e sua facilita o pelo empregador sem qualquer dedu o salarial lembra Ver nica Diana Lopez Benitez 2004 p 33 Por sua vez o C digo Laboral promulgado pela Lei n 213 93 com as altera es da Lei n 496 94 estabelece permiss o para a celebra o de contrato de trabalho a partir dos 12 anos de idade com autoriza o do representante legal desde que o trabalho n o impe a a frequ ncia escolar nem apresente risco sa de e ao desenvolvimento do indiv duo H proibi o de trabalho na ind stria para aqueles com idade inferior a 15 anos exceto nos estabelecimentos i
95. Paulo Gustavo Gonet Curso de Direito Constitucional S o Paulo Saraiva 2008 MERCOSUL Declara o Sociolaboral do Mercosul 1998 Dispon vel em http www stf jus br arquivo cms forumCorteSupremaNorma forumCorteSupremaNor ma AP 75320 pdf Acesso em 30 de julho de 2009 MINHARRO Erotilde Ribeiro dos Santos A crian a e o adolescente no Direito do Trabalho S o Paulo LTr 2008 186 MINIST RIO P blico analisa fitas para proteger Ma sa contra poss veis atos de explora o 21 05 2009 Dispon vel em http babado ig com br noticias 2009 05 21 ministerio publico federal de sp invest iga exposicao de maisa no programa silvio santos 6266010 html Acesso em 24 de julho de 2009 MORAES Ant nio Carlos Flores de Trabalho do adolescente prote o e profissionaliza o 2 ed rev e atual Belo Horizonte Del Rey 2002 NASH Laura tica nas empresas guia pr tico para solu es de problemas ticos nas empresas S o Paulo Makron Books 2001 NEVES Renatto CASO Ma sa apresentadora mirim do Silvio Santos serve de alerta aos pais 24 05 2009 Dispon vel em http www renattoneves com br 2009 05 24 caso maisa apresentadora mirim do silvio santos serve de alerta aos pais Acesso em 24 de julho de 2009 NOVAIS Jorge Reis Os direitos fundamentais nas rela es jur dicas entre particulares In NETO Cl udio Pereira de Souza SARMENTO Daniel org A constitucionaliza o do direito fundamentos te r
96. RAL Welber Oliveira Dumping e com rcio internacional a regulamenta o antidumping ap s a Rodada Uruguai Rio de Janeiro Forense 2000 BARROS Alice Monteiro de Curso de Direito do Trabalho 2 ed S o Paulo LTr 2006 BECK Ulrich La sociedad del riesgo hacia una nueva modernidad Barcelona Ediciones Paid s Ib rica S A 1998 O que globaliza o Equ vocos do globalismo respostas globaliza o S o Paulo Paz e Terra 1999 La sociedad del riesgo mundial en busca de la seguridad perdida Barcelona Ediciones Paid s Ib rica S A 2008 BOBBIO Norberto Estado Governo Sociedade Para uma teoria geral da pol tica Editora Paz e Terra S A 1999 BRASIL CLT Decreto Lei n 5 452 1 de maio de 1943 DOU de 09 08 1948 CLT atual em 08 2009 Dispon vel em 182 http www81 dataprev gov br sislex paginas 10 1943 5452 htm Acesso em 8 de maio de 2010 Lei 8 069 13 de julho de 1990 Estatuto da crian a e do adolescente Dispon vel em http Awww planalto gov br ccivil 03 Leis L8069 htm Acesso em 04 de agosto de 2009 Decreto n 678 6 de novembro de 1992 Dispon vel em http www2 mre gov br dai m 678 1992 htm Acesso em 5 de setembro de 2009 Lei 9 394 20 de dezembro de 1996 Dispon vel em Lei de Diretrizes e Bases da Educa o http www planalto gov br ccivil 03 Leis L9394 htm Acesso em 25 julho 2009 Emenda Constitucional n 20 1998 15 de dezembro
97. a et ria OIT BRASIL Erradica o do Trabalho Infantil A realidade de mis ria em pa ses de economia perif rica como o Brasil imp e um quadro de explora o do trabalho de crian as e adolescentes e respons vel pela reprodu o do ciclo de pobreza A crian a pobre vem de fam lia pobre e trabalha assim como seus pais trabalharam na inf ncia devido necessidade de contribuir para a subsist ncia familiar O trabalho impede que esta crian a frequente a escola ou no m nimo que o fa a de forma proveitosa Com educa o insuficiente e deficiente a crian a cresce e se transforma em um adulto sem qualifica o profissional sem perspectiva de coloca o no mercado de trabalho sem possibilidade de alcan ar melhores condi es de vida e de conseguinte sem oportunidade de dar a seu filho outro destino que n o id ntico ao seu O ciclo se completa em seis etapas 1 o sujeito pobre porque assim tamb m seu pai 2 sendo pobre a necessidade o impele precocemente ao trabalho 3 o trabalho precoce prejudica o rendimento escolar quando n o provoca o abandono do estudo 4 sem educa o a pessoa desqualificada profissionalmente e despreparada intelectualmente 5 a sorte do trabalhador despreparado o desemprego o subemprego ou se tanto o emprego mal remunerado 6 com os parcos rendimentos do subemprego ou sem nenhum do desemprego o pobre d a seu filho como nica heran a a pobreza SANTOS apud OLIVA
98. a C da Lex Poetelia Papiria saudada ent o enquanto marco divisor entre dois per odos hist ricos como representando a aurora dos novos tempos MELLO 2009 Sobressai do ac rd o paradigm tico a ila o de que a interpreta o judicial desempenha um papel n o s de des cobrimento do sentido dos preceitos S mula 619 A pris o do deposit rio judicial pode ser decretada no pr prio processo em que se constituiu o encargo independentemente da propositura de a o de dep sito 108 normativos que comp em o ordenamento jur dico positivo mas sobretudo de adequa o da pr pria Constitui o s novas exig ncias necessidades e transforma es resultantes dos processos sociais econ micos e pol ticos que caracterizam a sociedade contempor nea Tal preocupa o aproxima a decis o do STF linha de ideia dos jogos de linguagem do fil sofo austr aco Ludwig Wittgenstein Ludwig Wittgenstein nasceu em Viena e viveu a experi ncia da educa o infantil Essa experi ncia o levou a entender que a palavra al m de ter uma forma cultural correta de ser pronunciada tamb m possui uma fun o social espec fica Assim conceituou jogos de linguagem como o agrupamento e a pluralidade de palavras que apesar de n o possu rem um significado fixo eterno t m a finalidade de designar uma atividade espec fica WITTGENSTEIN 1999 p 35 Para ele as palavras s o ferramentas que visam estabelecer o entendimen
99. a assim persiste pois ao entrar no ordenamento jur dico p trio a Conven o possui o mesmo valor de um lei ordin ria que n o pode se sobrepor Constitui o da Rep blica Para solucionar o impasse far se ia necess ria outra altera o na Carta Magna para seguindo o exemplo da Conven o n 138 da OIT e da Diretiva n 33 94 da Uni o Europ ia acrescentar que n o se sujeitam limita o de idade as atividades art sticas esportivas e afins Jos Roberto Dantas Oliva 2006a compartilha do entendimento manifestado por Minharro de que haveria necessidade de altera o constitucional prevendo a n o sujei o do trabalho art stico limita o de idade fixada na Constitui o Federal Na mesma diretriz posiciona se Oris de Oliveira 2009 p 690 por entender que o trabalho art stico envolve rela o de emprego como qualquer outra atividade laboral e assinala 117 Assiste pois raz o a autores que entendem que sem uma reforma da norma constitucional sobre idades m nimas no emprego reforma que aqui n o se pleiteia por outras raz es n o juridicamente aceit vel que crian as e adolescentes trabalhem ferindo o disposto no inciso XXXIII do art 7 da Carta Magna Todavia consoante explanado em se tratando de tratado internacional de direitos humanos a Conven o da OIT adentra ao ordenamento jur dico p trio com hierarquia de norma constitucional art 5 2 da CF assumindo este status dado ter
100. a atualidade e numa abordagem sint tica a atua o das sociedades empresariais em seu cotidiano de neg cios Diante de tais premissas sobressai ineg vel a crescente tend ncia das sociedades empresariais em engajarem se na promo o e participa o afirmativa no atendimento s necessidades da sociedade contempor nea em termos de gera o de riquezas e empregos e de inclus o social Parece ter havido uma resposta forte demanda em torno da implanta o de comportamentos ticos e socialmente respons veis na atua o empresarial perante o mercado Parcela da doutrina contudo n o reconhece na responsabilidade social um valor da empresa Nesse sentido Henry Mintzberg apud SANTONJA Op cit p 324 aponta serem cinco as verdades inquestion veis para boa parte da pr tica empresarial e da teoria econ mica todos somos homo economicus las empresas existen para maximizar el valor de sus accionistas las empresas requieren l deres heroicos la organizaci n eficaz es magra una pleamar de prosperidad hace que todos los barcos floten A Responsabilidade Social da Empresa RSE surgiu de movimentos sociais e empresariais com caracter sticas totalmente distintas de acordo com a regi o em que se deu sua introdu o Cappellin e Giffoni Op cit revelam n o ter havido homogeneidade no surgimento do lema da Responsabilidade Social nos Estados Unidos na Uni o Europ ia e no Brasil conforme observaram por interm dio d
101. a da p s modernidade para salvaguarda do trabalho imp e se abdicar de solu es radicais para o tema e simplesmente negar a legitimidade do trabalho desempenhado por crian as e adolescentes no meio art stico diante do direito educa o sa de ao lazer dignidade ao respeito liberdade e conviv ncia familiar e comunit ria Assim que a exce o contida no art 8 da Conven o n 138 da OIT ao permitir o trabalho art stico antes dos 16 anos n o implica em princ pio viola o a 118 direitos fundamentais Por interm dio do labor dessa natureza habilidades humanas como o talento musical de interpreta o e representa o al m de outras podem vir a ser descobertas estimuladas e aprimoradas Os direitos fundamentais s o fruto de diversas condi es sociais e hist ricas por isso como enfatizam Gilmar Ferreira Mendes Inoc ncio M rtires Coelho e Paulo Gustavo Gonet Branco 2008 p 235 preciso buscar em cada caso concreto as v rias raz es elementares poss veis para a eleva o de um direito a categoria de fundamental sempre tendo presentes as condi es os meios e as situa es nas quais este ou aquele direito haver de atuar N o basta assim que um direito encontre bons motivos filos ficos aceitos no momento para ser positivado indispens vel ainda o concurso de condi es sociais e hist ricas favor veis para que se incorpore aos estatutos vinculantes Ineg
102. a de cautela dos pais em permitir que a menina realizasse o trabalho art stico em tais condi es e por fim a absoluta falta de comprometimento da sociedade para com o desenvolvimento sadio da crian a cuja prote o integral tamb m lhe cabe Tal qual uma mercadoria exposta a milh es de espectadores a menina vulner vel e imatura submete se autoridade de um adulto no caso o dono da emissora que no exerc cio dos poderes que tal condi o lhe confere exige mesmo contra a vontade da pequena trabalhadora o cumprimento das obriga es contratuais ajustadas perante a emissora Assustada Maisa protagoniza uma cena de escancarada humilha o e cruel explora o econ mica em flagrante ofensa aos direitos fundamentais assegurados na Carta Magna cuja tutela integral e absoluta cabe n o s ao Estado como tamb m sociedade e fam lia A liminar proibi o no plano jur dico de qualquer trabalho art stico da menina por certo n o sobressairia suficiente e razo vel Primeiro porque o modelo capitalista da p s modernidade n o permitiria a proibi o intransigente do trabalho infantil art stico de modo que a ado o de uma tal racionalidade absolutamente incompat vel com a realidade tornaria in cua a nega o Para al m disso porque uma vez observadas criteriosamente determinadas e espec ficas condicionantes o trabalho art stico pode render benef cios crian a e ao adolescente que o exerce pois al m de um
103. a de racionalidade discursiva e procedimental desenvolvida a partir de uma consci ncia moral e do agir comunicativo De acordo com Habermas o sistema jur dico se diferencia pela positiva o mas ele n o pode dissociar se por completo de uma premissa de fundamenta o que em ltima an lise vai repousar no espa o do mundo da vida e numa racionalidade discursiva e procedimental a legitimidade do Direito desse modo para al m do sistema de positiva o depende do agir intersubjetivo no mundo da vida que seja capaz de harmonizar valores culturas e expectativas diferenciadas pelo consenso em torno de procedimentos Assim a hermen utica apresenta se limitada porque voltada compreens o do sentido da determina o contida em um texto espec fico enquanto somente a dial tica suscita a compreens o reflexiva assim concebida a compreens o do potencialmente incompreens vel HABERMAS Op cit p 298 subjacente ao texto e de ideologias que o formaram A teoria da raz o comunicativa de Habermas idem fundamenta se no consenso da linguagem numa racionalidade comunicativa evidenciada pela linguagem do mundo da vida personalidade sociedade e cultura e que permite alcan ar o consenso Desse modo a legitimidade do Direito pressup e uma racionalidade comunicativa sintonizada com a realidade s cio cultural e n o com valores sociais impostos por outras racionalidades como a racionalidade econ mica ou mesmo a racionalidade
104. a remunera o diferenciada em rela o aos demais trabalhadores infantis pode ter estimulados por interm dio do labor talentos e potencialidades inatas contribuindo para a forma o intelectual e emocional do indiv duo bem como para o desenvolvimento de valores ticos e cr ticos Nesses termos protegido o trabalho art stico desempenhado pela crian a e pelo adolescente confere concretude ao direito livre manifesta o art stica artigos 5 IX e 227 da CF e contribuir na promo o de cidadania de desenvolvimento inclusivo e de sustentabilidade em termos de educa o sa de e enfim dignidade para as futuras gera es tal como concebida a doutrina da prote o integral e prioridade absoluta 142 Por outro aspecto existe o direito dos pais de promover a cria o e educa o dos filhos em conformidade com os preceitos que julgam adequados melhor forma o da crian a seja na esfera ps quica f sica ou moral O caso Maisa quebra o sil ncio Existe a um caso de dif cil solu o em que a necessidade de regula o do Estado decorrente da fun o do imperativo de tutela dos direitos fundamentais colide com o direito dos pais de educar o filho conforme suas tradi es e de acordo com o poder familiar que det m O conflito tem solu o na esfera da teoria dos deveres de prote o segundo a qual imediata a vincula o do legislador de direito privado e tamb m do juiz aos direitos fundamentais
105. a situa o de explora o econ mica desses indiv duos e finalmente se de alguma forma se desenvolve em preju zo sua forma o sadia imperioso destacar assim haver uma dicotomia entre trabalho infantil proibido e trabalho infantil permitido na perspectiva da aboli o daquele e da regula o deste Determinados trabalhos contudo encontram se fora do campo de aplica o da normativa internacional ou s o autorizados em casos excepcionais ou ainda est o excepcionados da proibi o tamb m em car ter excepcional e mediante condi es a serem avaliadas pela autoridade competente o caso do art 5 3 47 relativo ao trabalho em regime familiar do artigo 6 atinente ao trabalho educativo a partir de 14 anos do artigo 7 referente a servi os leves para maiores de 15 anos e do artigo 8 relativo ao trabalho art stico No mesmo sentido parece trilhar a legisla o brasileira infraconstitucional inferindo se existirem trabalhos que devem ser permitidos e trabalhos que devem ser coibidos Como afirmado em linhas anteriores existem determinados trabalhos que por sua natureza como o trabalho educativo realizado mediante ensino t cnico profissional propicia benef cios ao desenvolvimento psicol gico e social desses indiv duos em especial fase de desenvolvimento Outros trabalhos como o trabalho art stico do mesmo modo e dependendo do contexto em que est o inseridos podem estimular talentos inat
106. ada tutela suficientemente eficiente H casos em que a proibi o constitucional afigura se como a nica alternativa tutela suficientemente eficiente do desenvolvimento pleno e sadio da crian a e do adolescente frente aos riscos a que o trabalho infantil art stico pode submet lo Em outros casos por m a proibi o n o ofereceria a mais eficiente e suficiente prote o dado o potencial repressivo ao direito liberdade de express o por exemplo Nesse caso a autoriza o excepcional para a realiza o do trabalho se justificaria mediante a delimita o pormenorizada das condi es laborais as quais por sua vez n o se esgotam naquelas possibilidades previstas na legisla o infraconstitucional ECA impondo se ao juiz no momento da concess o do alvar a avalia o criteriosa de todas as implica es da execu o daquele trabalho pela crian a ou adolescente V se portanto que a fun o do imperativo de tutela dos direitos fundamentais no caso do trabalho infantil art stico tem maior nfase na tarefa atribu da ao juiz na concess o e preserva o do alvar do que na atividade reservada ao legislador ordin rio Isso ao menos em face da legisla o 134 infraconstitucional vigente em que n o delimitadas na lei as condi es a serem observadas na execu o do trabalho infantil art stico mas apenas quest es afetas ambi ncia laboral Assim sendo mesmo diante de autoriza o ex
107. ade e inven o nsita ao real DEJOURS 2005 p 42 Alerta Oris de Oliveira 1994 para a necessidade de aferi o da medida em que o trabalho dignifica o homem ou o coisifica e ressalta a import ncia de se bem conhecerem as reais condi es de trabalho oferecidas aos trabalhadores e em especial a crian as e adolescentes que laboram O autor vincula ainda o trabalho a valor enquanto nele o indiv duo se reconhe a como sujeito O trabalho valor na medida em que se refere ao homem como pessoa sujeito mais perfeito da natureza o que se explica pela espiritualidade que se manifesta nas qualidades intelig ncia e vontade com a consequente possibilidade de agir livremente No plano do agir transparecem os caracteres inconfund veis de cada pessoa O agir o trabalhar permite que cada um marque sua obra com o sinete de sua imagem e semelhan a Assim conceituado o valor trabalho exprime um contato entre o homem e a obra final o artista e a est tua Esta o pr prio artista Mois s mais o pr prio Michelangelo do que a est tua exteriorizada H um momento em que n o h o artista e a obra um e outro s o uma s coisa ibid p 13 13 Grifos do autor 43 Aldacy Rachid Coutinho 2004 p 21 a seu turno leciona Trabalho em geral tido como a modifica o da natureza pelo homem com vistas cria o de valor de troca para o mercado a apropria o da categoria pela sociedade estruturada em
108. adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando e desse total 494 002 dedicam se ao trabalho dom stico PEREZ Op cit p 107 Imperioso ponderar que os n meros apresentados s o parciais principalmente em raz o de o trabalho dom stico ser concebido muitas vezes como uma ajuda e sequer ser considerado como trabalho sendo que a intermit ncia das atividades laborais e a exist ncia de veda o legal tamb m s o fatores que contribuem para sua omiss o nas estat sticas e acabam por interferir no resultado da pesquisa BRASIL 20054 p 9 De qualquer modo os n meros divulgados s o significativos em ambos os casos e revelam uma penosa realidade Perez enfatiza o enquadramento do trabalho dom stico como uma das piores formas de trabalho infantil e elenca as situa es de risco e vulnerabilidade que se imp em s crian as e adolescentes 49 A uma porque nele a crian a ou adolescente poder se sujeitar a carga hor ria ilimitada residindo ou n o no local de trabalho levando se conta a aus ncia de limita o legal e a exist ncia de uma rela o discrepante entre este e a autoridade de um ou mais adultos A duas porque a circunst ncia de ser um trabalho realizado em local privado permite a exposi o a qualquer tipo de abuso f sico moral ou sexual A tr s porque a lida com a limpeza da casa implica a manipula o de produtos qu micos inflam veis pe as cortantes utiliza o de fogo na cozin
109. al na seara empresarial poss vel inferir tratar se de ferramenta cada vez mais difundida em todas as reas da sociedade e principalmente na atividade empresarial inclusive porque se traduz em reputa o positiva e credibilidade al m de valor agregado 96 S o muitas as raz es para a promo o da tica no pensamento empresarial dos ltimos anos Os administradores percebem os altos custos impostos pelos esc ndalos nas empresas multas pesadas quebra da rotina normal baixo moral dos empregados aumento da rotatividade dificuldades de recrutamento fraude interna e perda de confian a p blica na reputa o da empresa Desenvolveu se at um setor da literatura que mostra os custos econ micos de uma reputa o danificada Dirigentes de empresas de porte como a Johnson amp Johnson a IBM a Goldman Sachs a Hewlett Packard a Ford a 3M a Wal Mart a General Mills e muitas outras j enfatizaram que altos padr es pessoais de conduta s o um ativo importante t o valioso economicamente quanto aquele outro bem intang vel e igualmente ilus rio chamado clientela ou ponto comercial NASH 2001 p 4 Santonja Op cit destaca que da mesma forma como ocorre com a cren a de que a nica finalidade da empresa o lucro os valores da empresa tradicional s o v lidos por m insuficientes no contexto da p s modernidade em que os valores da empresa respons vel e sustent vel surgem como valores complementares
110. alores desenvolvimento f sico ps quico moral e social a pr escolaridade a escolaridade o folguedo o brincar enfim o valor SER CRIAN A OLIVEIRA 1994 p 20 O trabalho infantil afeta sensivelmente o desenvolvimento biopsicossocial da crian a e do adolescente devido ao fato de prejudicar quando n o inviabiliza por completo o processo educativo de forma o intelectual e social desses seres Na medida em que o trabalho infantil prejudica a frequ ncia escola e a socializa o durante o per odo de desenvolvimento humano acarreta defici ncias que v o se refletir negativamente na intelig ncia e qualifica o profissional do indiv duo adulto Nesse passo o trabalho n o pode ocorrer antes da idade m nima ante a necessidade de preserva o da rela o de amor filial bem como da rela o educacional primordial para o sadio crescimento do ser humano Os processos de socializa o que se estabelecem com a fam lia num primeiro momento e depois com outras institui es como a escola e grupos de amigos n o podem ser interrompidos pelo processo laboral precoce porque dessa ruptura decorrem efeitos negativos ao processo de forma o do ser humano Cust dio Op cit p 189 190 alerta que o trabalho infantil provoca consequ ncias graves com reflexo no desenvolvimento f sico e psicol gico baixo n vel de escolariza o evas o escolar reprodu o do ciclo intergeracional e pobre e exclus o de
111. amos nos divertir quando o vemos esquecendo nos de que as crian as e jovens que nos apresentam naquele momento embora embelezadas e bem remuneradas algumas est o simplesmente a trabalhar Muitas vezes a distin o autom tica entre divertimento e trabalho n o feita n o conseguimos imaginar que aquele trabalho fruto de disciplina de horas de treino factores exigidos na apresenta o de qualquer trabalho art stico o que acarreta uma dedica o extrema distanciando as brincadeiras o divertimento da vida das crian as ibid 2007 p 72 Nesse sentido tamb m Oris de Oliveira 2009 pontua argutamente haver necessidade de regulamenta o espec fica da mat ria no tocante s condi es de labor de crian as e adolescentes no meio art stico em resposta ao clamor de educadores psic logos psiquiatras psicanalistas assistentes sociais profissionais da rea que conhecem as circunst ncias concretas das condi es de sele o de candidatos poucos os escolhidas e frustra o dos exclu dos press o dos pais das condi es de trabalho nas grava es e nas exibi es ao vivo de sua dura o de perda de aulas e li es ibid p 693 N o se pode permitir o bloqueio dos direitos fundamentais por aspectos econ micos alienantes O fato de n o se inserir dentre as piores formas de trabalho 137 precoce n o torna os chamados artistas mirins infensos prote o que merecem em face de sua con
112. ar de dumping en el sentido jur dico del termino tal y como se contempla en el actual sistema de La Organizaci n Mundial del Comercio OMC desde la conclusi n en 1994 del Acuerdo relativo a la aplicaci n del art culo VI del Acuerdo General sobre Aranceles Aduaneros y Comercio Ibid p 127 A inser o de cl usulas sociais nos tratados internacionais sobre com rcio constituiria uma medida antidumping uma forma de combate pr vio ao dumping social que os pa ses desenvolvidos pretendiam fosse implementada perante todos os pa ses com for a impositiva e fiscaliza o pela OMC Com sua implementa o os pa ses signat rios dos acordos econ micos comprometer se iam a respeitar os direitos sociais e trabalhistas m nimos no mbito das rela es comerciais internacionais sob pena de sofrerem san es salvaguardas e direitos compensat rios Desse modo as cl usulas sociais impediriam que pa ses com baixo n vel de respeito s condi es de trabalho viessem a obter vantagens comerciais no 85 mercado internacional reduzindo os custos da produ o pela explora o dos trabalhadores mediante sal rios reduzidos jornadas de trabalho excessivas trabalho escravo trabalho de crian as e adolescentes condi es laborais degradantes etc O debate gerou expressiva pol mica inclusive no mbito da OMC dada a compreens o por parte dos pa ses em desenvolvimento de que o chamado dumping social representa em verdade ma
113. as leis econ micas e do expressivo incremento da ind stria fazendo eclodir a superioridade de uma sociedade libertada relata Norberto Bobbio 1999 pp 61 62 A realidade no entanto era de aliena o Crian as e adolescentes passaram a trabalhar nas f bricas em jornadas de trabalho de 15 horas praticamente sem descanso mediante sal rios irris rios transparecendo desde logo aos detentores do capital as vantagens econ micas na sua utiliza o dada a redu o de custos e a docilidade e submiss o necess rias vigorante l gica econ mica de produ o em massa Sujeitos a toda a sorte de condi es prec rias e degradantes insalubres e perigosas os pequenos trabalhadores eram v timas de doen as respirat rias de maus tratos e abusos por parte de seus superiores hier rquicos quando n o sofriam acidentes de trabalho bastante comuns que os mutilavam e incapacitavam A realidade do trabalho infantil na Inglaterra do s culo XVIII era de uma disciplina r gida m alimenta o pouco descanso e promiscuidade N o havia aprendizado e em nome da maior produtividade poss vel crian as e adolescentes eram explorados e abusados f sica e moralmente os aprendizes crian as e adolescentes sa am da f brica ignorantes e corrompidos N o somente n o haviam recebido qualquer tipo de instru o durante sua lament vel escravid o como nem sequer haviam aprendido apesar das cl usulas formais do contrato d
114. as primeiras iniciativas e recursos program ticos adotados em cada uma dessas regi es Ainda que o objetivo do presente trabalho n o seja aprofundar o tema se faz imperiosa uma abordagem a respeito da quest o atinente heterogeneidade no surgimento da RSE com vistas a uma melhor compreens o dos diferentes processos culturais que a fundamentam Nos EUA destaca se a introdu o do lema da Responsabilidade Social pela intensidade da demanda social pela forte press o de movimentos sociais e pol ticos no sentido de exigir pr ticas empresariais concretas de combate discrimina o de defesa dos direitos humanos de todos os envolvidos com a atividade empresarial empregados e consumidores Atualmente as rela es contratuais norte americanas s o protegidas por diversos procedimentos de indeniza es obriga es e seguros que fomentam o 94 direito de responsabilidade mas o lema da Responsabilidade Social eclodiu em resposta ao forte apelo da sociedade J na UE a introdu o da RSE ocorreu em 1995 por um grupo de 20 empresas que fixaram diretrizes contra a exclus o social Motivada pela cren a de que a atividade empresarial fonte de emprego suscitou a necessidade de uma integra o estreita e din mica entre os pa ses da Comunidade Europ ia para a finalidade de reduzir o desemprego de 17 milh es de pessoas e melhorar a vida de 53 milh es de pessoas situadas abaixo da linha de pobreza Nesse processo a trans
115. as produtivas sejam instaladas equipamentos tecnol gicos jamais substituir o completamente o trabalho humano Por mais intelig ncia artificial que possa ser inventada as m quinas inteligentes n o podem extinguir o trabalho vivo Portanto ao inv s da substitui o do trabalho pela ci ncia ou ainda da substitui o da produ o de valores pela esfera comunicacional da substitui o da produ o pela informa o o que se pode presenciar no mundo contempor neo uma maior inter rela o uma maior interpenetra o entre as atividades produtivas e as improdutivas entre as atividades fabris e de servi os entre atividades laborativas e as atividades de concep o que se expandem no contexto da reestrutura o produtiva do capital O que remete ao desenvolvimento de uma concep o ampliada para se entender sua forma de ser do trabalho no capitalismo contempor neo e n o sua nega o Loc cit Relevante enfatizar a par da import ncia e exalta o m ximas do trabalho na contemporaneidade a no o de trabalho como fator de identifica o e consci ncia do sujeito al m de sua relev ncia como fator de desenvolvimento social quando imbu do de sentido efici ncia e utilidade como assinalam Gon alves et al Op cit p 146 enquanto atividade til coordenada definida por Christophe Dejours como a que pressup e o sucesso do saber e o rev s ocasionado pelo real com toda a demanda de criativid
116. brasileiro e de sua posi o hier rquica em rela o ao direito interno mediante constru o de direito materialmente fundamental a partir de previs o inserta em tratado internacional de direitos humanos Trata se do voto proferido no Habeas Corpus 90 450 Minas Gerais em 23 9 2008 que afasta a possibilidade de pris o do deposit rio infiel Um novo paradigma estabelecido sob os ausp cios da Conven o Americana de Direitos Humanos tamb m denominada Pacto de San Jose da Costa Rica a consagrar uma interpreta o do Direito luz de valores sociais e ticos contempor neos voltada a atender uma nova demanda da realidade social o primado da liberdade pessoal e da justi a social Conforme refere o relator do voto trazido a lume Celso de Mello 2009 o Pacto de San Jos da Costa Rica reafirmou o prop sito dos Estados americanos de fazerem consolidar neste Continente dentro do quadro das institui es democr ticas um regime de liberdade pessoal e de justi a social fundado no respeito dos direitos essenciais do Homem 104 O ordenamento constitucional brasileiro em regra veda a pris o civil Por m estabelece duas exce es a essa regra a inadimplemento de obriga o aliment cia b infidelidade deposit ria Contudo a Conven o Americana sobre Direitos Humanos assinala que Ningu m deve ser detido por d vidas Esse princ pio n o limita os mandados de autoridade judici ria competente expedido
117. c pios constitucionais insertos na proibi o de trabalho do art 7 XXXIII e no direito liberdade de express o assegurado no art 5 IX prevalecendo este ltimo em raz o de propiciar o desenvolvimento de talentos inatos acesso a n veis mais elevados de ensino dentre outros benef cios restando sociedade somente aceitar o fato como no mais vem hist rica e costumeiramente admitindo O trabalho art stico da crian a sempre foi aceito pelas sociedades podendo se at afirmar que de nada valeria proibi lo eis que consagrado pelos costumes e pr ticas vigentes Como ensinado pela mais cl ssica doutrina o direito costumeiro uma fonte paralela e subsidi ria apta a criar regras jur dicas como se positivas fossem Loc cit No espectro da discuss o embora t mida entre explora o do trabalho precoce artigo 7 XXXIII da CF e o direito fundamental da crian a e do adolescente se expressarem pela via art stica artigo 5 IX da CF n o sobressai razo vel entender que de nada valeria proibir o trabalho infantil art stico ELE PROIBIDO como j se enfatizado enquanto compreendido na proibi o constitucional de qualquer trabalho antes de 16 anos Se h possibilidade de existirem exce es a essa veda o urge ent o sejam reguladas as condi es laborais a que se submetem os chamados artistas mirins na atividade econ mica Coutinho 2004 pp 29 30 afirma que o fato de a sociedade
118. cepcional para o trabalho infantil art stico caber ao juiz no momento da concess o do alvar ou quando questionada sua manuten o calibrar a prote o dos direitos fundamentais Conforme o caso cumprir lhe refor ar a tutela dos direitos fundamentais a serem preservados permitindo o trabalho apenas nos casos em que n o prejudique a sa de biopsicossocial do pequeno trabalhador nem a frequ ncia escola o lazer e o conv vio com os amigos e com a fam lia Ou ainda reduzir o n vel de prote o nas situa es em que estas condi es encontram se integralmente asseguradas como ocorre no trabalho adequado fase de desenvolvimento do pequeno trabalhador e sem riscos a este 4 1 3 1 A necessidade de regula o do trabalho infantil art stico pelo Estado Na trilha da doutrina juslaboral referida no cap tulo 2 e analisada com vistas descoberta do conceito de trabalho infere se neste ltimo o potencial para dignificar o homem assim como tamb m para coisific lo Nesse sentido s o as condi es laborais oferecidas ou n o ao trabalhador que determinam a possibilidade de aperfei oamento e de desenvolvimento biopsicossocial bem como a oportunidade de fazer despertar sentimentos de identidade de transforma o interior de perten a a uma comunidade de liberdade e dignidade e finalmente de emancipa o Em sua obra o trabalhador coloca n o s a sua for a de trabalho mas tamb m suas potencialidades peculiare
119. cess o ou promessa de cess o de direitos autorais e conexos decorrentes da presta o de servi os profissionais art 13 isto direitos 158 autorais do artista restam preservados e protegidos contra apropria o pelo empregador ou tomador dos servi os por ele prestados Poder ser utilizada nota contratual expedida pelo Minist rio do Trabalho para a substitui o do artista ou para presta o de servi o caracteristicamente eventual por prazo n o superior a 7 dias consecutivos havendo possibilidade de utiliza o de profissional contratado por ag ncia de loca o de m o de obra sendo respons vel solid rio o tomador do servi o pelas obriga es legais e contratuais A jornada de trabalho do artista apresenta varia es significativas conforme a natureza do evento art stico de que participa art 21 A CLT e o ECA conforme alinhavado no cap tulo 2 subcap tulo 2 2 3 2 b disciplinam de modo insuficiente o trabalho infantil art stico Segundo o ECA a prote o do trabalho dos adolescentes regulada por legisla o especial sem preju zo do disposto nesta Lei art 61 BRASIL 1990 Esta legisla o especial no caso a CLT estabelece prote o ao trabalho do menor assim compreendido o indiv duo com idade entre 14 e 18 anos Partindo se de tal premissa portanto correto afirmar que os dispositivos do diploma trabalhista dedicados prote o do menor alcan am apenas ad
120. cie em que na presta o de servi os o jovem tem garantido que o aspecto produtivo n o prevalecer sobre o educativo No caso do trabalho educativo desenvolvido nos moldes acima o pagamento de remunera o ou a participa o na venda do produto de seu trabalho n o o desnatura A ESFL para funcionar dever ter registro no Conselho Municipal da Crian a e do Adolescente CMDCA que o comunicar por sua vez ao Conselho Tutelar e a autoridade judici ria local As mesmas formalidades devem ser observadas em rela o ao programa social levado a efeito pela entidade Alerta Oris de Oliveira 1999 para uma interpreta o restritiva do art 68 do ECA que tem ensejado a introdu o precoce de adolescentes no mercado de trabalho sob a justificativa de que a atividade desenvolvida seria educativa o que n o pode ser admitido Segundo essa corrente hermen utica O conceito n o seria gen rico mas espec fico criando a figura de uma modalidade de trabalho que se diferenciaria de todas as demais e ainda que executado em uma empresa n o criaria v nculo empregat cio porque educativo como se esta qualidade do trabalho por si s fosse capaz de frustrar direitos inerentes natureza do trabalho realizado Infelizmente esta interpreta o restritiva certamente sem que essa tenha sido a inten o de seus autores tem se prestado a amparar velhas pr ticas de inser o de adolescentes no mercado de trabalho em que trabalhos
121. cis o a ser proferida nos autos da ACP mencionada determine o modo da presta o de servi os mediante regula o de fatores n o s relativos dura o do contrato do valor da remunera o do acompanhamento do representante legal a fixa o de jornada de trabalho m xima e limite de tempo disposi o para grava es ou eventos similares de modo a garantir a aus ncia de preju zo frequ ncia e ao rendimento escolar Al m de ambiente laboral equilibrado principalmente sob o ponto de vista psicol gico a decis o deve assegurar trabalhadora mirim os benef cios previdenci rios e trabalhistas espec ficos bem como a reten o em caderneta de poupan a de parte dos rendimentos resultantes de sua for a de trabalho assim como garantia de efetiva e permanente assist ncia m dica odontol gica e psicol gica Assim delineada a atua o estatal cumpriria eficiente e suficientemente a tutela da pequena trabalhadora O trabalho infantil art stico nesse caso n o estaria merc da atividade econ mica mas direcionada efetividade dos direitos fundamentais que merecem sobre ela prevalecer 4 2 O PAPEL EMANCIPADOR DO ESTADO NA PROTE O DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE 4 2 1 O Papel Emancipador do Estado na Regula o do Trabalho da Crian a e do Adolescente Na diretriz do pensamento habermasiano a atua o estatal pode ser colonizadora ou emancipadora da sociedade conforme engesse ou liberte o mundo vivo isto
122. com idade entre 12 e 13 anos desde que com autoriza o dos pais exceto em ambos os casos o trabalho perigoso e o coincidente com os hor rios de aula Crian as de todas as idades podem trabalhar em atividades agr colas em estabelecimento familiar n o havendo limita o de jornada Ainda a respeito not cia veiculada no editorial do Jornal O Estado de S o Paulo de 26 de junho de 2000 apud MINHARRO loc cit confirma a conclus o da doutrinadora ao informar que a legisla o americana protege apenas o jovem trabalhador da zona urbana na zona rural dos Estados Unidos menores de 14 anos chegam a trabalhar mais de dez horas por dia sem as m nimas condi es de higiene sem acesso a sanit rios e sem prote o contra os pesticidas utilizados nas planta es z Tamb m n o fixada idade m nima para o trabalho de crian as e adolescentes em atividades art sticas em r dio televis o fimes ou produ es 35 teatrais e para trabalho realizado para os pais em estabelecimento familiar exce o do labor na ind stria ou perigoso Conclu do o estudo em torno da regulamenta o da idade m nima para o trabalho na Uni o Europ ia nos pa ses do Mercosul e nos Estados Unidos cumpre pesquisar o assunto de forma mais aprofundada no mbito do direito interno brasileiro o que a seguir ser apresentado 2 1 4 Vincula o das Normas Internacionais com a Constitui o Federal de 1988 a Teoria da P
123. dade ou as consequ ncias de determinado trabalho art stico no desenvolvimento infantil tomando por verdade absoluta o belo que se lhes apresenta a m dia O sistema capitalista globalizado conforta aliena e a sociedade n o questiona determinados comportamentos que nesse c rculo vicioso tendem a produzi lo A doutrina da prote o integral exsurge portanto como relevante marco na constru o de uma nova tica desta feita de inclus o e de desenvolvimento sustent vel promovidos pela fam lia pela sociedade e pelo Estado no desenvolvimento da personalidade humana N o se est a negar a possibilidade da crian a dedicar se a uma atividade laboral como a art stica por exemplo ainda que vinculada a uma atividade econ mica Todavia os direitos fundamentais de que s o sujeitos crian as e adolescentes devem subordinar esta atividade econ mica e n o o contr rio fazendo prevalecer os interesses individuais destes seres em especial fase de desenvolvimento sobre os interesses econ micos Tudo sempre em conformidade com os instrumentos disponibilizados pela Pedagogia e Psicologia para a compreens o da individualidade da crian a e do adolescente bem assim do tratamento a que fazem jus para atingir um desenvolvimento biopsicossocial sadio 75 3 A ASSIMILA O PELO DIREITO BRASILEIRO DAS REGRAS DE PROTE O DO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE 3 1 O INTERESSE ECON MICO NO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE O trabalh
124. dade social nas empresas gera fortes repercuss es nas rela es entre capital e trabalho bem como nas interfaces entre sociedades empresariais evidenciando o in cio de uma grande movimenta o 97 empresarial juntamente ao Estado e a sociedade rumo a uma sociedade mais justa e equilibrada assim compreendida uma sociedade sem trabalho infantil na forma preconizada pelas Conven es da OIT Referidos instrumentos normativos internacionais adentram o ordenamento jur dico brasileiro com hierarquia equivalente constitucional como se ver adiante 3 2 A INCORPORA O DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NO MBITO DO DIREITO BRASILEIRO INTERNO 3 2 1 Os Reflexos dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos no mbito do Direito Brasileiro Interno Distin o entre Direitos Fundamentais e Direitos Humanos Na rela o entre o direito interno brasileiro e o direito internacional sobressai debate de alta relev ncia atinente ao processo de incorpora o dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jur dico p trio Segundo Ingo Wolfgang Sarlet 2009 a doutrina estrangeira divide se ao tratar da posi o hier rquica do direito internacional em rela o ao direito infraconstitucional interno Uma corrente doutrin ria defende a supremacia do direito internacional como o caso da Constitui o portuguesa e outra corrente adota a teoria da paridade entre as normas internacionais e leis int
125. de crit rios para solu es segundo o esquema sim n o ou mesmo ou ou mas antes de proposi es comparativas com a estrutura quando mais e quanto mais forte tanto mais quanto maior o n vel do direito fundamental afectado quanto mais severa a interven o que se amea a quanto mais intenso o perigo quanto menores as possibilidades do seu titular para uma eficiente auto prote o e quanto menor o peso dos direitos fundamentais e interesses contrapostos tanto mais ser de reconhecer um dever jur dico constitucional de prote o ibid p 114 132 O conte do do dever de prote o assim compreende a efici ncia da prote o pela qual se indaga e que possui grada es diversas conforme o caso espec fico Da a necessidade do exame do caso concreto para aferir se se a prote o suficientemente eficiente Disp e a Conven o 138 da OIT em seu art 8 que ap s consulta s organiza es de empregadores e de trabalhadores espec ficas se existirem a autoridade competente poder conceder licen a individual para permitir a participa o de crian as e adolescentes em representa es art sticas oportunidade em que ser limitado o n mero de horas de dura o do emprego ou trabalho bem como estabelecidas as condi es em que deve desenvolver se O art 149 Il do ECA por sua vez realiza o imperativo constitucional de prote o da crian a e do adolescente que desenvolve trabalho ar
126. de 1998 Dispon vel em http www planalto gov br ccivil 03 Constituicao Emendas Emc emc20 htm Acesso 07 de fevereiro de 2009 STJ Participa o de crian as e adolescentes no narcotr fico tema de debate no STJ 27 de novembro de 2002 Dispon vel em http Anww sti gov br portal sti publicacao engine wsp tmp area 398 amp tmp texto 713 38 Acesso em 05 03 2010 Emenda Constitucional n 45 2004 30 de dezembro de 2004 Dispon vel em http www planalto gov br ccivil 03 constituicao Emendas Emc emc45 htm Acesso em 04 de setembro de 2009 MTE Plano Nacional de Preven o e Erradica o do Trabalho Infantil e Prote o ao Trabalhador Adolescente 2004a Dispon vel em http www mte gov br trab infantil 6361 pdf Acesso em 02 de agosto de 2009 Constitui o Federal S o Paulo Thomson IOB 2005 MS Trabalho infantil diretrizes para a aten o integral Sa de de Crian as e adolescentes economicamente ativos Bras lia Editora do Minist rio da Sa de 2005a MPT Programa Minist rio P blico do Trabalho e Leis Or ament rias 17 de dezembro de 2008 Dispon vel em http Awww pat mpt gov br atuacao trabalho infantil programa ministerio publico do trabalho leis orcamentarias html Acesso em 8 de maio de 2010 CANARIS Claus Wilhelm Direitos fundamentais e direito privado Coimbra Edi es Almedina AS 2006 CAPPELLIN Paolla GIFFONI Raquel As empresas nas sociedad
127. de caracter stica da Uni o Europ ia transfer ncia da soberania em rela o a determinadas mat rias atua o independente e aplicabilidade imediata e direta do ordenamento comunit rio defende haver na diretiva em estudo uma proposta de uniformiza o da legisla o Ambos os fen menos podem ser visualizados na esp cie Com efeito vislumbra se proposta de uniformiza o da legisla o por interm dio da normativa comunit ria no tocante s garantias m nimas por ela asseguradas a crian as e adolescentes porquanto os Estados membros est o obrigados a adotar e respeitar os direitos previstos na Diretiva 33 94 e n o podem descer a um n vel de prote o mais baixo Ineg vel por outro lado que os Estados membros integrantes da Uni o Europ ia det m liberdade para a fixa o de normas mais favor veis que as estabelecidas pela via legislativa comunit ria inferindo se neste particular uma proposi o voltada harmoniza o das normas nacionais com a supranacional de modo que embora n o uniformes se revelem harm nicas entre si Exemplo da liberdade dos Estados membros na fixa o de normas mais favor veis a crian as e adolescentes situa se o ordenamento jur dico austr aco destacado por Minharro ibid p 44 como suficiente prote o das crian as e adolescentes Gra as a um sistema de escolaridade obrigat ria a um sistema de seguridade social universal e a programas de prote o fam lia dados
128. de se realizar a aprendizagem como tamb m pelas entidades governamentais ou n o governamentais sem fins lucrativos caso em que segundo disp e n o gera v nculo de emprego com a empresa tomadora dos servi os Nesse caso al m de promover a forma o t cnico profissional do aprendiz a ESFL pode tamb m ser sua empregadora encaminhando o a um tomador de servi os N o se compartilha no particular da exegese cunhada por Amauri Mascaro Nascimento apud OLIVA 2006 p 235 seguida por Cl udia Coutinho Stephan 13 Endere o eletr nico lt http www mte gov br legislacao portarias 2007 p 20071213 615 pdf gt 65 Op cit p 115 no sentido de que o dispositivo legal em discuss o estaria a tratar de um tipo especial de aprendiz n o empregado quando a regra geral a do aprendiz empregado Isso porque o dispositivo legal em comento estipulou a inexist ncia de rela o de emprego com a empresa tomadora dos servi os e n o com a entidade contratante do aprendiz de modo que o v nculo empregat cio existe perante a pr pria ESFL Corroboram tal ila o diversos dispositivos legais e normativos a exemplo do art 429 19 da CLT art 4 do Decreto n 5 598 de 1 de dezembro de 2005 e do art 7 da Instru o Normativa SIT TEM n 26 de 20 de dezembro de 2001 Nesse sentido tamb m se posiciona expressiva parte da doutrina justrabalhista representada na esp cie por Oris de Oliveira 2004 Oliva 2006
129. denamento jur dico interno em especial diante do ineditismo da previs o constitucional no sentido de que os direitos e garantias estatu dos na Constitui o Federal de 1988 n o excluem outros decorrentes do regime e dos princ pios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a Rep blica Federativa do Brasil seja parte Antes contudo imperioso destacar a distin o existente entre direitos fundamentais e direitos humanos Canotilho apud PIOVESAN Op cit tra a distin o b sica entre as express es e afirma tratarem se os direitos fundamentais de direitos juridicamente institucionalizados e delimitados no espa o e no tempo ao contr rio dos direitos humanos dos quais s o titulares todos os povos 99 Carolina Medeiros Bahia 2006 p 25 adverte n o se confundirem as express es tratando se os primeiros de direitos reconhecidos e positivados na Constitui o de cada Estado enquanto os direitos humanos referem se queles direitos do homem reconhecidos pelas normas de direito internacional dos quais s o titulares portanto todos os povos Luiz Fernando Coelho 2009 p gina estabelece distin o sem ntica entre as express es Enfatizam os autores contudo na diretriz apresentada por Norberto Bobbio situar se a problem tica mais relevante no campo da efetividade das normas que se referem a direitos fundamentais e direitos humanos na medida em que ambos se dirigem a um valor comum o da dignidade humana
130. di o especial e da qual n o podem dispor em favor da prote o da racionalidade econ mica ou de qualquer outra N o obstante a idade m nima para trabalhar fixada na CF o trabalho precoce exibido a milh es de espectadores diariamente na m dia em novelas programas de audit rio an ncios publicit rios etc sem que haja qualquer debate a respeito da legitimidade do trabalho por eles desenvolvido tampouco discuss o com rela o s reais condi es de labor oferecidas a estas crian as Eventuais questionamentos ficam por tr s dos bastidores margem da vis o dos espectadores silenciados talvez pela aura de sucesso e prosperidade que envolve a atividade art stica maximizadas ao serem transmitidas principalmente via televisiva Talvez para a consci ncia coletiva a crian a e o adolescente n o tenham passado da condi o objetos de tutela ou pior de objetos de divertimento Residiria a talvez o encantamento da sociedade diante do trabalho de crian as e adolescentes cantores dan arinos manequins etc A aliena o caracter stica na sociedade explicaria quem sabe o sil ncio existente a respeito da contrata o de artistas mirins pelas empresas de comunica o Segundo Coutinho 2004 pp 20 21 O sil ncio em torno das atividades realizadas por artistas mirins na televis o nas lutas empreendidas em prol da erradica o do trabalho infantil n o retrata somente um vazio omiss o das autoridades neglig
131. dio das cl usulas gerais o legislador disp e em princ pio de amplas possibilidades para conformar o direito infraconstitucional e em especial tamb m para reduzir ou eventualmente at mesmo eliminar um padr o de protec o j alcan ado sem com isso descer aqu m do n vel m nimo de protec o constitucionalmente imposto e portanto ofender a proibi o de insufici ncia CANARIS Op cit p 118 Ao contr rio da proibi o de interven o que viabiliza controle dos direitos fundamentais a partir de disciplina pr pria preexistente no texto da Constitui o a fun o a ela aut noma do imperativo de tutela tem cabimento justamente nas hip teses em que n o haja uma disciplina a respeito dado que em geral A Constitui o imp e apenas a protec o como resultado mas n o a sua conforma o espec fica H pois num primeiro passo que fundamentar a exist ncia do dever de protec o como tal e num segundo que verificar se o direito ordin rio satisfaz suficientemente esse dever de protec o ou se pelo contr rio apresenta neste aspecto insufici ncias h pois que averiguar se a protec o do direito infra constitucional eficaz e apropriada ibid pp 123 124 O legislador e tamb m o juiz embora de forma mais t nue disp e da fun o de imperativo de tutela de direitos fundamentais que uma vez n o exercida concretiza verdadeiro d ficit inconstitucional de
132. dizes com idade inferior a 18 anos arts 429 e 430 le Il da CLT Referidas entidades devem possuir estrutura adequada a comportar a importante miss o que se lhes confere de promover um processo de ensino met dico de uma profiss o para o que devem dispor de material t cnico e humano qualificado sob o prisma pedag gico Discorda se do posicionamento exarado por Oliva 2006 de que referidas entidades de assist ncia e educa o profissional ESFL somente poderiam contratar e ministrar aprendizagem para adolescentes ou seja para aqueles em idade entre 14 e 18 anos Entende o autor que em raz o do dispositivo legal em an lise referir se a institui es com registro no CMDCA e da Portaria 702 2001 do Minist rio do Trabalho e Emprego MTE limitar o desenvolvimento de programas de aprendizagem por referidas entidades a adolescentes de 14 a 18 anos haveria restri o para o atendimento a jovens com idade superior Contudo entidades com registro no CMDCA podem desenvolver ensino t cnico profissional met dico para jovens at 24 anos ou acima de 24 anos em caso de aprendiz portador de defici ncia na hip tese da demanda n o poder ser suprida pelas entidades integrantes do sistema S 64 O registro perante o CMDCA n o impede que a entidade atenda p blico em faixa et ria superior Al m do que as mais recentes instru es do MTE tamb m indicam que n o se justifica a limita o proposta pois afastam a exig ncia de
133. do saciedade das problem ticas da omiss o nos direitos penal e civil e tamb m por outro lado de na sua satisfa o estar aberta ampla margem ao direito ordin rio O conte do do preceito constitucional fundamental vincula diretamente o legislador e o juiz sua finalidade bem como restringe sua liberdade de atua o e ainda que sob forma distinta tamb m se projeta sobre os sujeitos de direito privado exigindo conforma o aos princ pios e direitos fundamentais por parte de todos justamente essa conforma o que est pressuposta na exce o do trabalho art stico de crian as e adolescentes prevista na Conven o n 138 da OIT Possuindo status constitucional a norma internacional e tamb m aqui a exce o nela prevista integram o rol dos princ pios e direitos fundamentais que d o corpo ordem constitucional e cabe norma infraconstitucional fornecer os instrumentos adequados e eficazes para a prote o eficiente destes A tese de Canaris Op cit vem sofrendo cr ticas como a formulada por Sarmento e Barroso Op cit ao entender que evidenciaria mero preconceito a 129 exclus o dos particulares sobretudo os detentores de poder da condi o de destinat rios dos direitos fundamentais Afirma ainda o ltimo autor que a teoria dos deveres de prote o culminaria por deixar ao livre arb trio do legislador a prote o dos direitos fundamentais circunst ncia que al m de incompat vel com sua f
134. do disposi o do seu titular ou se pelo seu conte do fortemente pessoal for especialmente sens vel em rela o a uma vincula o jur dica e por outro lado se as possibilidades f cticas de livre decis o de um das partes contraentes estiverem significativamente afectadas O facto de problemas deste tipo serem em regra resolvidos de modo puramente privat stico n o impede a sua dimens o jur dico constitucional em caso de descida abaixo do m nimo de prote o imposto pelos direitos fundamentais Assim sendo ao inv s de excluir a exig ncia de autoriza o judicial para o trabalho art stico de crian as e adolescentes com idade entre 14 e 16 anos e afastar do Estado a responsabilidade pela preserva o dos valores mais fundamentais a estes indiv duos mencionado projeto deveria ter adotado orienta o em compasso 165 com a doutrina contempor nea e com o ordenamento constitucional de prote o integral Sabe se que o interesse econ mico est por tr s da explora o do trabalho de crian as e adolescentes e historicamente sobrep e se aos direitos fundamentais No entanto imperativa a interven o do Estado no sentido de conferir concretude aos direitos fundamentais destes seres em especial fase de desenvolvimento e n o se deixar seduzir pelo interesse econ mico dado n o mais existir fundamenta o te rica a amparar a utiliza o de m o de obra infantil desvinculada de uma preocupa o e z
135. do exceto para o aprendiz em jornada reduzida art 5 da Lei n 26 390 2008 e art 119 da Lei 20 744 74 De 16 a 18 anos h proibi o de jornada superior a 6 horas e de carga semanal superior a 36 horas sendo que a distribui o desigual de horas n o poder superar 7 di rias Com autoriza o da autoridade administrativa laboral as horas de trabalho poder o estender se at 8 horas por dia e 48 semanais Menores de 18 anos n o poder o exercer trabalho noturno 20h s 6h Em caso de acidente de trabalho decorrente da realiza o de tarefas proibidas ou efetuadas em condi es que se evidenciem il citas considerar se a responsabilidade do empregador sem que se admita prova em contr rio art 13 da Lei n 26 390 2008 e art 195 da Lei 20 744 74 A nova legisla o dedica se ainda ao contrato de aprendizagem assim entendido aquele com finalidade formativa te rico pr tica e realizado por jovem com idade entre 16 e 28 anos art 20 da Lei n 26 390 2008 e art 110 da Lei 20 744 74 Cabe enfatizar a previs o inserta no art 176 da Lei n 20 744 74 ao proibir qualquer trabalho penoso insalubre ou perigoso por indiv duo menor de 18 anos o que conforme revela Martins Op cit p 61 representa um avan o da legisla o Argentina em rela o brasileira eis que esta ltima n o se ocupou da proibi o do trabalho penoso ao menor de dezoito anos b Chile O Chile ratificou as Conven es 138 e 182 da OIT
136. do adolescente art 227 3 da CF 88 Para al m disso subordina se o poder familiar tutela dos direitos fundamentais envolvidos nomeadamente os direitos de personalidade e em ltimo plano ao princ pio da dignidade humana do qual todos os demais princ pios 143 constitucionais irradiam correto afirmar portanto que o poder dos pais encontra limites na dignidade dos filhos O problema surge quando este poder dever tamb m se v amparado em um direito fundamental Exsurge ent o um conflito No caso Maisa pode se aferir de um lado o direito dos pais de conduzir a educa o da filha de molde a prestigiar lhe a liberdade de express o e de pensamento assegurada na CF 88 art 59 IX e XXVII e de outro o dever do Estado e da pr pria fam lia de zelar para que nenhum fator externo venha a prejudicar a forma o moral ps quica f sica emocional ou social da crian a art 227 839 Encontrando limites na dignidade da filha o poder familiar no caso Ma sa perpassa pela autoriza o da outorga de condi es de trabalho que mais efetividade sufici ncia e efici ncia forne am ao princ pio da dignidade humana A solu o deve encaminhar se no sentido de promover a mais eficiente e suficiente tutela da dignidade de Ma sa Dentre as solu es poss veis o Poder Judici rio dever optar por aquela que cumpra a fun o do imperativo de tutela dos direitos fundamentais Nesse sentido Piovesan Op cit p 59
137. do de mais de 2000 anos a C como uma das primeiras regras relacionadas ao trabalho de crian as e jovens ao estabelecer a impossibilidade do aprendiz adotado retornar casa de seus pais biol gicos na hip tese do pai adotivo ter lhe ensinado seu of cio facultando lhe faz lo no caso deste of cio n o lhe ter sido transmitido S o as ra zes jur dico romanas da aprendizagem PEREZ 2008 p 28 pelas quais ao filho do trabalhador livre era ensinado o of cio de seu pai Assim durante muito tempo e tamb m durante a Idade M dia a crian a n o detinha perante os adultos uma imagem pr pria da inf ncia esta lhes era ignorada em suas particularidades Na Idade M dia durante a vig ncia da l gica econ mica do feudalismo consubstanciado em rela es desenvolvidas em fun o da propriedade da terra em que o senhor feudal cultivava uma parcela de suas terras destinando a outra a camponeses mediante pagamento de altas taxas tamb m havia trabalho infantil Como narra Andr Alba apud MINHARRO Op cit p 15 crian as e adolescentes trabalhavam sob iguais condi es em prol dos senhores feudais bem como se sujeitavam sua for a repressiva Nas cidades o trabalho infantil estava presente nas corpora es de of cio respons vel pela expans o da aprendizagem pelo continente europeu do fim do s culo XI e in cio do s culo XII Os filhos mediante contrato efetivado entre seus pais e o mestre eram inseridos
138. dor que d o nome programa o al m de apresentar o programa S bado Animado com conte do impr prio para crian as A par da aus ncia de autoriza o judicial para o trabalho art stico que vinha desempenhando infere o MPT que Maisa fora prejudicada em seus momentos de lazer e de estudo n o somente em raz o das horas despendidas em grava es de programas mas tamb m pelo fato de submeter se a intenso ass dio de paparazzi O fato mais grave e que culminou com o ajuizamento da ACP ocorreu nos dias 10 e 17 de maio de 2009 no Programa Silvio Santos No dia 10 de maio durante o programa Maisa foi trancada em uma mala e se assustou Depois entrou em aparente desespero com a exibi o de um menino mascarado chorando muito No domingo seguinte dia 17 a crian a ficou nervosa ao ser provocada por Silvio Santos desesperou se e chorou ao bater a cabe a em uma c mera NEVES 2009 A situa o tamb m chamou a aten o do Minist rio P blico Federal de S o Paulo que reconhece por interm dio de um de seus procuradores que a menina passou por situa es de pranto convulsivo e aparente estado de desespero enquanto o apresentador e animador de audit rio Senor Abravanel aparentava extrema tranquilidade e alegria com o desenrolar dos fatos nos ltimos dias 10 e 17 MINIST RIO P BLICO 21 05 2009 141 Trata se de incidente que revela al m da presta o de uma tutela insuficiente pelo Estado a falt
139. duca o dos filhos e para exigir destes obedi ncia respeito e servi os pr prios de sua idade e condi o 54 N o se depreende da exclus o constante da normativa internacional que crian as e adolescentes envolvidos com trabalho em regime familiar estariam margem de tutela dado que em sendo seres humanos em peculiar fase de desenvolvimento t m protegidos seus direitos por uma gama de normas de cunho gen rico constantes da Constitui o da Rep blica da CLT e do ECA al m da pr pria norma internacional OLIVEIRA 2004 p 53 uma vez evidenciada explora o econ mica do trabalho infantil em detrimento de direitos fundamentais ou em condi es prejudiciais sua integridade f sica ps quica ou moral Tanto assim que a legitimidade do trabalho em regime familiar pressup e o exerc cio do poder familiar por seus titulares no caso o pai a m e ou o tutor bem assim a n o realiza o de trabalho noturno art 7 XXXIII da CF perigoso insalubre art 405 da CLT ou penoso prejudicial moralidade e ao desenvolvimento do adolescente e ainda prejudicial frequ ncia escolar art 67 do ECA ou em regime de prorroga o de jornada arts 411 a 414 da CLT Salienta se n o obstante a aus ncia de regulamenta o do art 79 XXIII da CF e de conceitua o legal do trabalho penoso ter sido recepcionado o disposto no art 67 Il do ECA ao vedar ao adolescente empregado aprendiz em regime
140. e o integral tem sido alvo de judiciosos estudos Oliva 2006 ressalta n o se tratar de uma prote o qualquer mas INTEGRAL de absoluta prioridade e assinala os direitos que dela derivam nesse ramo do direito em especial como a garantia de acesso educa o a prote o contra trabalho que possa comprometer a sa de a seguran a f sica e ps quica e a moral da crian a e do adolescente A prote o integral aludida no plano trabalhista compreende notadamente o direito profissionalza o de adolescentes o desenvolvimento de programas de integra o social do adolescente portador de defici ncia por meio de treinamento para o trabalho o respeito idade m nima para ingresso no mercado de trabalho protegendo assim as crian as a garantia de direitos previdenci rios e trabalhistas e como n o podia deixar de ser garantia de acesso escola ibid p 110 Essa importante ferramenta dogm tico jur dica da prote o integral foi tamb m consagrada no mbito da legisla o infraconstitucional por ocasi o da edi o da Lei 8 069 90 o Estatuto da Crian a e do Adolescente ECA que ser objeto de an lise no cap tulo subsequente Diante da idade m nima de 16 anos para o trabalho fixada na CF 88 por for a do artigo 1 da EC 20 98 o texto constitucional anterior fixava 14 anos salvo na condi o de aprendiz a partir de 12 anos o artigo 60 2 da Lei 8 069 90 que fixava idade m nima de 14 anos fora
141. e empregadores e de trabalhadores concernentes se as houver poder mediante licen as concedidas em casos individuais permitir exce es para a proibi o de emprego ou trabalho provido no artigo 2 dessa conven o para finalidades como a participa o em representa es art sticas 2 Licen as dessa natureza limitar o o n mero de horas de dura o do emprego ou trabalho e estabelecer o as condi es em que permitido OIT BRASIL 1973 O texto transcrito acima suscita intrigante indaga o em torno de sua assimila o pelo ordenamento interno tendo em vista a limita o material emergente das garantias e direitos fundamentais que subordinam todas as normas internacionais ou internas ao texto constitucional a ele impondo sua conforma o irrecus vel por outro lado a supremacia da Constitui o sobre todos os tratados internacionais celebrados pelo Estado brasileiro inclusive aqueles que versarem o tema dos direitos humanos desde que neste ltimo caso as conven es internacionais que o Brasil tenha celebrado ou a que tenha 116 aderido importem em supress o modifica o gravosa ou restri o a prerrogativas essenciais ou a liberdades fundamentais reconhecidas e asseguradas pelo pr prio texto constitucional ou por anteriores tratados internacionais eis que os direitos e garantias individuais qualificam se como sabemos como limita es materiais ao poder reformador do Congresso Nacional
142. e sobre a vis o da inf ncia e sobre a l gica da ind stria do espet culo 126 Postman d principal aten o ao surgimento na sociedade do s culo XXI das novas tecnologias e repercuss o que isso poder eventualmente ter na vis o da inf ncia e na vida das crian as Para o autor os avan os tecnol gicos alteram as estruturas dos interesses as coisas que pensamos o car cter dos s mbolos as coisas com que pensamos e a natureza da comunidade a rea em que os pensamentos se desenvolvem 1999 34 Tentando fazer uma adapta o de todas estas mudan as contempor neas com a ind stria do espect culo poderemos observar que as estruturas de interesses diferem devido maneira como nos s o apresentadas ou seja pelo facto de termos crian as e jovens a apresentar um produto que vai ser utilizado por estes tendemos a considerar isso como algo natural e neste aspecto j nos encontramos no car cter dos s mbolos porque foi aquilo que nos deram para elaborarmos os nossos pensamentos Tudo isto se insere numa l gica contempor nea moderna na l gica da ind stria do espect culo na contemporaneidade que cada vez mais envolve crian as e jovens para demonstrar a sua exist ncia e mais importante perman ncia ibid p 67 A compreens o da realidade na perspectiva da rela o entre a ind stria da m dia e a sociedade permite estabelecer os limites do real no mundo dominado pelo signo midi tico imagem
143. e Oris de Oliveira ibid p 161 a respeito da obra de Mario Garmendia Arig n destaca ser indiscut vel a obriga o patronal de promover a forma o profissional do aprendiz porque corresponde ao pr prio objeto do contrato Desse modo a introdu o de novas tecnologias ou de novas t cnicas de gest o administrativa no mbito do empreendimento empregador na medida em que demandam diferente forma de trabalhar imp e a este a obriga o de fornecer a forma o profissional necess ria adapta o do empregado mediante aprendizagem met dica De acordo com o art 428 da CLT contrato de aprendizagem constitui Contrato de trabalho especial ajustado por escrito e por prazo determinado em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 quatorze e menor de 24 vinte e quatro anos inscrito em programa de aprendizagem forma o t cnico profissional met dica compat vel com o seu desenvolvimento f sico moral e psicol gico e o aprendiz a executar com zelo e dilig ncia as tarefas necess rias a essa forma o BRASIL 1943 O dispositivo legal transcrito colocou fim s discuss es at ent o existentes relativas natureza jur dica do contrato de aprendizagem Trata se de um contrato no qual o empregador compromete se a ensinar a teoria e a pr tica relacionadas a determinado of cio e o aprendiz compromete se frequentar as aulas e a aprender o que lhe for ensinado recebendo para tanto pelo meno
144. e aprendizagem o saber profissional necess rio para ganhar a vida nada sabiam al m do trabalho 19 magquinal ao qual haviam estado acorrentados durante longos e cru is anos Por isso estavam condenados a continuar para sempre como bra ais vinculados f brica como o servo gleba MINHARRO Op cit p 17 Tendo em vista a cren a de que a tortura era necess ria disciplina nem a Igreja nem o Estado intervinham e tampouco os pais diante da necessidade de suprir a subsist ncia familiar para o que o trabalho infantil se revelava imprescind vel ressalta Eleanor Stange Ferreira 2001 p 30 rf os eram meras mercadorias de arregimenta o e negocia o entre orfanatos e ind strias e mediante o pagamento de sal rios irris rios crian as e adolescentes aos poucos foram ocupando os postos de trabalho dos adultos nas minas de carv o nas tecelagens nas m quinas a vapor e outras tantas Leo Huberman faz um apanhado pontual do contexto da poca Os capitalistas achavam que podiam fazer como bem entendessem com as coisas que lhes pertenciam N o distinguiam entre suas m os e as m quinas N o era bem assim como as m quinas representavam um investimento e os homens n o preocupavam se mais com o bem estar das primeiras Pagavam os menores sal rios poss veis Buscavam o m ximo de for a de trabalho pelo m nimo necess rio para pag las Como mulheres e crian as podiam cuidar das m quina
145. e avan o democr tico relevante na constru o de um novo paradigma o da cidadania certamente legitimado pela demanda social pela forte press o de movimentos sociais e pol ticos no sentido de exigir pr ticas concretas de combate explora o da m o de obra de crian as e adolescentes e de efetiva o dos direitos humanos destes seres Ao mesmo passo em que Jos Sarney Vice de Tancredo Neves ent o eleito Presidente da Rep blica contudo morto antes da posse no cargo estabelecia as diretrizes para a implanta o da Nova Rep blica as lideran as em defesa dos interesses da comunidade infanto juvenil angariavam status nacional mediante a organiza o das Comiss es Locais e Estaduais Estas elegeram em 1985 a Coordena o Nacional do Movimento Meninos e Meninas de Rua o que se apresentou como um importante passo para a positiva o das pol ticas p blicas direcionadas ao grupo Convocada a Assembl ia Constituinte em 1987 SILVA 2006 p 89 iniciou se um amplo processo de sensibiliza o conscientiza o e mobiliza o da opini o p blica e dos constituintes para que a nova Carta Constitucional expressasse especificamente os direitos e garantias fundamentais da crian a e do adolescente e estabelecesse pol ticas p blicas a serem implementadas para a concretiza o dessas garantias e para que fosse incorporada a concep o da doutrina da prote o integral defendida pela Organiza o das Na es Unidas ONU e
146. e como a sociedade se comporta perante o trabalho infantil e do modo como penetra o direito instando o regula o ou n o conforme a demanda por tutela dos direitos fundamentais em cada caso concreto Essa an lise necess ria n o apenas em rela o ao trabalho infantil art stico mas tamb m s demais formas de trabalho admitidas pelo ordenamento jur dico como o trabalho em regime familiar e o trabalho educativo O Estado ent o precisa considerar a realidade da vida tamb m no exerc cio da prote o do trabalho de crian as e adolescentes sob pena de fracassar na tentativa de emancipa o dos indiv duos Isto est a indicar a necessidade de um olhar anal tico sobre o fen meno do trabalho infantil em toda a complexidade que lhe 180 subjacente na perspectiva de que o prop sito emancipador da luta pela aboli o da explora o de crian as e adolescentes alimente se da an lise de todos os fatores sociais que a fomentam Nesse sentido essencialmente emancipador o papel do Estado portanto em regular o trabalho infantil art stico a fim de que observados determinados par metros n o venham a absorver a configura o de trabalho prejudicial ao sadio desenvolvimento ps quico f sico moral e cognitivo de crian as e adolescentes Confirmou se portanto a hip tese colocada no presente estudo de que na atual conjuntura socioecon mica o papel desempenhado pelo Estado na prote o do trabalho art stico
147. e de os julgamentos destas estarem agora tamb m afetos Justi a do Trabalho art 114 VII da CF refor am a convic o ora externada OLIVA 2006 pp 201 202 Compartilha se da vis o adotada pela doutrina porquanto o art 114 da CF 88 com a reda o dada pela EC 45 2004 expl cito ao estender a compet ncia da Justi a do Trabalho a todas as rela es de trabalho nas quais se incluem o trabalho art stico de crian as e adolescentes Op em se frontalmente ao texto constitucional portanto os dispositivos constantes da CLT e do ECA que atribuem ao Juiz da Vara da Inf ncia e da Juventude a compet ncia para a concess o de autoriza o de trabalho infantil art stico Desenvolvendo se este seja mediante rela o de emprego seja sob outras modalidades de contrata o pertence Justi a do Trabalho a compet ncia para solucionar as controv rsias dele decorrentes Tanto assim que a ACP ajuizada com a finalidade de obstaculizar o trabalho da menina Maisa em programa dominical da emissora SBT relatada anteriormente fora promovida pelo Minist rio P blico do Trabalho e perante a Justi a Especializada n o se justificando portanto a manuten o da compet ncia para a expedi o de alvar ao Juiz da Inf ncia e da Juventude Corrobora tal ila o o pensamento de Oliva 2006 a respeito da compet ncia para a aprecia o de eventual a o de indeniza o por danos morais impingidos crian a ou adolescente em u
148. e estudo recha a o uso da express o menor no sentido de rejeitar qualquer estigma menor carente menor infrator etc decorrente de tutela menorista assistencialista e autorit ria Com efeito essa terminologia inspirada em doutrina para a qual pelo fato de estarem em peculiar condi o de desenvolvimento crian as e adolescentes eram meros objetos de tutela tendo desconsiderada a subjetividade que enquanto seres humanos inegavelmente det m N o obstante os respeitosos entendimentos no sentido de haver excesso de rigor lingu stico nessa op o a escolha tamb m visa a homenagear e a enfatizar a relev ncia da doutrina da prote o integral e prioridade absoluta encampada pela CF 88 em sobreposi o ao termo superado e preconceituoso at ent o adotado Ainda a express o trabalho infantil n o utilizada no texto com o significado de trabalho proibido embora n o se ignore assim seja adotada no mbito das tratativas internacionais e das pol ticas p blicas nacionais A escolha se deve ao fato de negar se uma vis o monol tica do trabalho infantil concebendo o na perspectiva n o s de trabalho proibido que precisa ser erradicado como tamb m de trabalho permitido que demanda a presen a do Estado no sentido de regular o modo pelo qual deve desenvolver se legitimamente o trabalho de crian as e adolescentes assim concebido n o s o trabalho art stico mas tamb m o trabalho educativo e o trabalho
149. eclara o sobre Princ pios e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento de 1998 a Conven o 138 e a Recomenda o 146 da OIT sobre a Idade M nima para o Trabalho Selando o fim da Primeira Guerra Mundial o Tratado de Versailles em 1919 consagrou garantias materiais dos direitos m nimos dos trabalhadores no mbito internacional assegurou a melhoria das rela es de emprego e a paz social e instituiu a Organiza o Internacional do Trabalho OIT OIT foi atribu da a finalidade de promover a uniformiza o da legisla o trabalhista a cria o e monitora o dos padr es trabalhistas com poderes de investiga o por m n o de 21 san o a eventual desrespeito s suas normas segundo Durval de Noronha Goyos Jr 2002 p 166 A atua o da OIT fundamenta se no princ pio de que a paz universal e permanente s pode basear se na justi a social OIT BRASIL Fundamentos p 18 Por interm dio de Conven es Internacionais do Trabalho e em aten o ao objetivo de buscar solu es que permitam a melhoria das condi es de trabalho no mundo Loc cit a Organiza o assegura princ pios e direitos fundamentais para os trabalhadores Reafirmou o conte do dessas conven es a Declara o sobre Princ pios e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento aprovada em 1998 pela OIT Por seu interm dio se restabeleceu o compromisso dos Membros independente de terem ratificado ou n o as
150. eito da efetiva tutela da crian a e do adolescente em face dos direitos fundamentais consagrados pela Carta Magna notadamente o princ pio da dignidade art 19 III que vincula todos os demais princ pios constitucionais incitando a uma investiga o a respeito de serem suficientes e eficientes os mecanismos existentes no ordenamento jur dico prote o de sua integridade f sica ps quica e moral observados os conceitos de sa de de est tica e bem estar dentre outros valores que integram a personalidade do ser humano No plano infraconstitucional interno brasileiro o trabalho art stico vem regulado pela CLT e por lei espec fica a Lei n 6 533 78 Esta por m conforme ressaltado nada disciplina a respeito das condi es do labor desenvolvido por crian as e adolescentes no meio art stico o que constitui uma inexplic vel omiss o e cont nua transgress o s normas constitucionais de prote o crian a no que tange ao trabalho na televis o FREIRE Op cit p 39 circunst ncia que est a reclamar urgente provid ncia estatal A CLT em seu artigo 405 par grafo terceiro a estabelece ser prejudicial moralidade da crian a e do adolescente o trabalho prestado em teatros de revista cinemas boates cassinos cabar s dancings e estabelecimentos an logos No mesmo diploma legal o artigo 406 da CF BRASIL 2005 consigna a possibilidade do juiz da Vara da Inf ncia e da Juventude autorizar este trabalho
151. ele o e ensaios aus ncia de preju zo frequ ncia e rendimento escolar ambiente laboral benef cios previdenci rios e trabalhistas caderneta de poupan a acompanhamento do representante legal garantia de efetiva e permanente assist ncia m dica odontol gica e psicol gica dentre outras condi es laborais N o se rejeita a possibilidade da crian a e do adolescente dedicar se a uma atividade art stica vinculada a uma atividade econ mica Por m o presente estudo prop e que as condi es laborais n o fiquem merc do interesse econ mico sem regulamenta o espec fica mas que os direitos fundamentais sujeitem esta atividade econ mica fazendo prevalecer os interesses individuais destes seres em especial fase de desenvolvimento sobre os interesses do poder dominante com vistas ao desenvolvimento biopsicossocial pleno e sadio do ser humano 177 Exsurge da a import ncia do papel do Estado no caso da legisla o infraconstitucional e do juiz em conferir efetividade aos direitos fundamentais a serem preservados na esp cie por interm dio do imperativo de tutela cujo objetivo principal no mbito das rela es entre particulares a prote o dos direitos fundamentais perante outros sujeitos de direito privado mormente os detentores do poder econ mico A Constitui o n o pode prever os mecanismos de defesa dos direitos fundamentais sob pena de perder sua identidade A legisla o infraconstitucional e o
152. elo para com a preserva o da forma o moral f sica intelectual emocional e social da crian a e do adolescente N o se prop e o desaparecimento dos interesses econ micos mas que estes se submetam aos direitos fundamentais em especial prote o a crian as e adolescentes exigindo se criteriosa avalia o de eventual potencial ofensivo da atividade a que se dedica sua sa de f sica moral ou ps quica Frente s considera es anteriores a respeito da consagrada prote o integral devida crian a e ao adolescente e que condiciona principalmente a atividade legiferante do Estado referido projeto de lei prop e um retrocesso estatal no exerc cio do poder normativo de cria o que det m al m de uma indesej vel sedu o pela utiliza o de m o de obra infanto juvenil em atividades econ micas cujo intento de facilita o n o logra esconder em detrimento da criteriosa avalia o de seu eventual potencial prejudicial sa de f sica moral e ps quica do ser humano em especial fase de desenvolvimento Referido projeto est na contram o da doutrina contempor nea e do ordenamento constitucional de prote o ao trabalho de crian as e adolescentes Novamente salienta Oris de Oliveira 2009 p 694 O projeto reflete uma vis o novecentista Com efeito quando no parlamento franc s se discutiu a edi o de normas sobre trabalho infanto juvenil n o faltaram parlamentares que afirmavam a inutilidade de qualque
153. em como com sua racionalidade e principiologia Trata se de interpreta o que est em harmonia com os valores prestigiados pelo sistema jur dico de 1988 em especial com o valor da dignidade humana que valor fundante do sistema constitucional Insiste se que a teoria da paridade entre o tratado internacional e a legisla o federal n o se aplica aos tratados internacionais de direitos humanos tendo em vista que a Constitui o de 1988 assegura a esses garantia de privil gio hier rquico reconhecendo lhes natureza de norma constitucional 106 Esse tratamento jur dico diferenciado conferido pelo art 5 par grafo 2 da Carta de 1988 justifica se na medida em que os tratados internacionais de direitos humanos apresentam um car ter especial distinguindo se dos tratados internacionais comuns Enquanto estes buscam o equil brio e a reciprocidade de rela es entre os Estados parte aqueles transcendem os meros compromissos rec procos entre os Estados pactuantes Os tratados de direitos humanos objetivam a salvaguarda dos direitos do ser humano e n o das prerrogativas dos Estados Ainda esclarece Piovesan Loc cit Uma abordagem hermen utica fundada em premissas axiol gicas que d o significativo realce e express o ao valor tico jur dico constitucionalmente consagrado CF art 4 II da preval ncia dos direitos humanos permitir a esta Suprema Corte rever a sua posi o jurisprudencial quant
154. em regime familiar Adalberto Martins 2002 p 21 n o v motivos para o rigor ling stico que alguns autores insistem em utilizar e aborda como sin nimas as express es trabalho do menor e trabalho da crian a e do adolescente 1 2 A PROTE O DO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE 2 1 A PROTE O DO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE NA RELA O ENTRE O DIREITO BRASILEIRO E O DIREITO INTERNACIONAL 2 1 1 Contexto Hist rico e Rudimentos da Prote o do Trabalho da Crian a e do Adolescente Tempos long nquos na hist ria da humanidade n o registram o trabalho espec fico de crian as por m isso n o significa que n o tenha existido Na verdade o trabalho de crian as sempre apareceu conjugado com o dos adultos na ambi ncia familiar ou tribal sem destaque para a singularidade presente na inf ncia contempor nea Sobressai razo vel admitir portanto que a origem do trabalho de crian as e adolescentes comum s do trabalho adulto Desse modo conquanto n o existam registros espec ficos do trabalho de crian as nos prim rdios da humanidade poss vel afirmar que desde ent o j se ocupavam de forma totalmente integrada aos adultos em especial s mulheres em tarefas de menor risco OLIVA 2006 p 30 Na Antiguidade a crian a era representada por personagens m ticos e educada com vistas constru o de uma sociedade perfeita contudo n o possu a um papel social definido l
155. emanais para os trabalhadores com idade inferior a 12 anos at 15 anos Entre 15 e 18 anos a jornada m xima fica em 6 horas e a carga semanal em 36 horas Reduz se o limite m ximo di rio a 2 horas no caso da crian a ou adolescente frequentar a escola mas sempre o m ximo de 7 horas computado o trabalho dedicado escola e ao trabalho PARAGUAI 1993 d Uruguai J em 2002 alertava Martins Op cit ter havido no Uruguai um aumento significativo no n mero de adolescentes que trabalhavam Ainda assim em contrapartida narra o autor tratar se do nico pa s da Am rica Latina em que o ndice de trabalho infantil inexpressivo principalmente em compara o com os pa ses vizinhos o que talvez explique a aus ncia de debate pol tico e social a respeito do tema O Uruguai ratificou praticamente todas as Conven es da OIT sobre o trabalho da crian a e do adolescente Assim como as Constitui es do Paraguai e do Chile a Constitui o do Uruguai art 54 URUGUAI cede regulamenta o infraconstitucional a mat ria relativa prote o do trabalho da crian a e do adolescente assegurando lhes a titularidade de direitos deveres e garantias inerentes sua condi o de pessoas humanas art 2 Loc cit O C digo da Crian a ainda em vigor foi promulgado em 1934 mas somente com a edi o da Lei n 12 030 53 a idade m nima para o trabalho naquele pa s passou a ser 15 anos URUGUAI 1934 Destaca se na legi
156. embra Ana Cristina Dubeux Dourado 2009 Registre se que somente a partir do s culo XII com a substitui o da aprendizagem pela escola como meio de educa o a crian a deixou de ser vista como um adulto em tamanho reduzido passando a ser reconhecida em sua morfologia espec fica circunst ncia representada inclusive pela arte como lembra Philippe Ari s 2006 p 17 N o existia poca uma consci ncia sobre uma individualidade e subjetividade espec ficas da crian a a qual era vista como adulto em miniatura Inexistia o sentimento da inf ncia conforme pontua o autor ibid p 99 o sentimento da inf ncia n o existia o que n o quer dizer que as crian as fossem negligenciadas abandonadas ou desprezadas O sentimento da inf ncia n o significa o mesmo que afei o pelas crian as corresponde consci ncia da particularidade infantil essa particularidade que distingue essencialmente a crian a do adulto mesmo jovem Essa consci ncia n o existia Por essa raz o assim que a crian a tinha condi es 17 de viver sem a solicitude constante de sua m e ou de sua ama ela ingressava na sociedade dos adultos e n o se distinguia mais destes No Egito os filhos aprendiam os of cios de seus ascendentes em grupos profissionais de artes os OLIVA 2006 p 30 Na Roma e Gr cia antigas os filhos de escravos trabalhavam em favor de seus donos MINHARRO 2003 Destaca se o C digo de Hamurabi data
157. emente ignorado na express o de Oliva 2006 p 225 14 Art 479 Nos contratos que tenham termo estipulado o empregador que sem justa causa despedir o empregado ser obrigado a pagar lhe a titulo de indeniza o e por metade a remunera o a que teria direito at o termo do contrato 63 N o est o obrigadas admiss o de aprendizes as microempresas e as empresas de pequeno porte art 11 da Lei n 9 841 99 bem assim as entidades sem fins lucrativos cujo objetivo a educa o profissional art 429 e 19 da CLT A Lei n 10 097 2000 por sua vez promoveu outra inova o expressiva na legisla o referente ao contrato de aprendizagem Trata se da possibilidade do ensino t cnico profissional met dico ser ministrado n o apenas pelas entidades componentes do chamado sistema S Servi os Nacionais de Aprendizagem SENAI SENAC SENAR SENAT e SESCOOP Essas det m a fun o institucional de promover a forma o t cnico profissional de aprendizes e por isso a aprendizagem deve ser efetivada em car ter primordial por tais entidades Todavia uma vez esgotadas as vagas dispon veis ou inexistentes os cursos necess rios ao desenvolvimento da aprendizagem h possibilidade de que a forma o t cnico profissional seja realizada por escolas t cnicas e entidades governamentais ou n o governamentais sem fins lucrativos ESFL Devem ser registradas no CMDCA quando o ensino se destinar a apren
158. en rico o que consta inclusive da Conven o 138 da OIT OLIVA 2006 pp 203 204 O trabalho art stico pode efetivar se sob modalidades diversas como aut nomos como s cios de cooperativa como trabalhadores eventuais como empregados OLIVEIRA 2009 p 691 Em rela o ao adolescente pode desenvolver se ainda sob a forma do contrato de aprendizagem caso em que dever observar as cl usulas espec ficas desta modalidade de contrata o artigos 428 a 433 da CLT alinhadas no cap tulo 1 do presente trabalho item 1 2 3 2 O mesmo se diga no tocante ao contrato de est gio mediante o qual tamb m pode vir a se realizar o trabalho art stico do adolescente Lei n 11 788 2008 Conforme j afirmado em linhas pret ritas as normas que visam a proteger a crian a e o adolescente envolvidos em atividade econ mica que explora o trabalho art stico por eles realizado t m se revelado insuficiente tutela dos direitos fundamentais esculpidos na CF 88 em especial os direitos de personalidade que para o presente estudo est o em fase de forma o O trabalho art stico aliciante como conclui Ana Lu sa Rego Melro em pesquisa realizada em Portugal mediante entrevistas com crian as adolescentes e seus pais trabalhar na rea art stica ser famoso ou poder um dia s lo aliciante deixando por isso de ser cansativo mas sim um divertimento para a maior parte das crian as e jovens estes tiveram um pa
159. enda pol tica das na es da erradica o do trabalho infantil e a promo o de programas concretos voltados a tal mister mediante mobiliza o e press o de diversos atores nacionais e ag ncias internacionais bem assim integra o entre entidades governamentais e n o governamentais sociedade civil e organiza es de empregados e empregadores OLIVA 2006 p 140 Mediante parcerias o IPEC promove campanhas de informa o e conscientiza o da sociedade al m de implementar programas de erradica o do trabalho infantil S o parceiros do IPEC diversas entidades da sociedade civil e do Poder P blico dentre estas a Companhia Hidrel trica do Vale do S o Francisco Projeto Xing CHESF o CONANDA Conselho Estadual dos Direitos da Crian a e do Adolescente CONDECA SP Minist rio da Educa o Minist rio da Justi a Minist rio da Previd ncia e Assist ncia Social SEAS Secretaria de Assist ncia Social MPT MTE Prefeitura Municipal de Bebedouro Secretaria de Trabalho e Assist ncia Social do Governo da Bahia SERTRAS Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Social do Estado de Pernambuco SEPLANDES PE O Brasil destaca se no cen rio internacional pelos esfor os envidados e resultados obtidos no combate explora o do trabalho infantil Tal circunst ncia inclusive contribuiu para formula o de convite para que o pa s venha a sediar a 3 Confer ncia Global sobre o Trabalho Infantil em 2013
160. endo com as demais formas de trabalho admitidas pelo ordenamento jur dico como o trabalho em regime familiar e o trabalho educativo a fim de que observados determinados par metros n o venham a absorver a configura o de trabalho prejudicial ao sadio desenvolvimento ps quico f sico moral e cognitivo de crian as e adolescentes Nesse sentido a atua o do Estado fundamental para que a prote o crian a e ao adolescente seja resguardada tanto numa perspectiva n o apenas de preven o e erradica o do trabalho infantil como tamb m de tutela pela via regulat ria de determinados trabalhos que n o sejam moral social ou fisicamente atentat rios ao desenvolvimento da inf ncia e da adolesc ncia H trabalho infantil legal crian as que preferem exercer uma actividade remunerada e quando isso acontece devem ser criadas todas as condi es favor veis ao seu controlo com regras claras inspec es frequentes e formas de evitar os abusos das crian as promovendo o seu saud vel desenvolvimento f sico mental espiritual moral e social porque o valor da 148 vida n o pode ser medido pela sua dura o mas sim pela sua qualidade MELRO Op cit p 131 Quanto a esses trabalhos impreter vel a regula o pelo Estado tendente a inibir fatores circunstanciais capazes de despertar o potencial nocivo inerente a todo trabalho infantil assegurando desse modo a aceita o desse labor apenas e t o somente nas c
161. eras outras Declara es e Conven es foram elaboradas algumas sobre novos direitos outras relativas a determinadas viola es outras ainda para tratar de determinados grupos caracterizados como vulner veis A elabora o dessas in meras Conven es pode ser compreendida luz do processo de multiplica o de direitos para adotar a terminologia de Norberto Bobbio Na vis o de Bobbio esse processo envolveu n o apenas o aumento dos bens merecedores de tutela mediante a amplia o dos direitos presta o como os direitos sociais econ micos e culturais como tamb m a extens o da titularidade de direitos com o alargamento do pr prio conceito de sujeito de direito que passou a abranger al m do indiv duo as entidades de classe as organiza es sindicais os grupos vulner veis e a pr pria humanidade Esse processo implicou ainda a especifica o do sujeito de direito tendo em vista que ao lado do sujeito gen rico e abstrato delineia se o sujeito de direito concreto visto em sua especificidade e na concretude de suas diversas rela es O processo de internacionaliza o dos direitos humanos conjugado com o processo de multiplica o desses direitos resultou em um complexo sistema internacional de prote o marcado pela coexist ncia do sistema geral e do sistema especial de prote o Os reflexos dos tratados internacionais de direitos humanos no mbito do direito brasileiro interno podem ser sentido
162. eresse Econ mico no Trabalho da Crian a e do Adolescente Relacionado as Regras de Com rcio Internacional O Argumento Protecionista e o Confronto com as Regras Protetivas dos Direitos Fundamentais No per odo entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a d cada de 70 com a ascens o da industrializa o e a derrocada do comunismo o modelo capitalista difundiu se por todo o mundo For a motriz do intenso processo de globaliza o econ mica e pol tica o Capitalismo disseminou se e imp s profundas modifica es na rela o capital trabalho nas rela es sociais e culturais de cada pa s e no com rcio internacional inclusive diante do aumento do poder das grandes empresas multinacionais de molde a promover intensa transforma o de toda a economia Pode se ent o afirmar a quest o da globaliza o na virada para o s culo XXI representa para as empresas que fazem neg cios transnacionais o mesmo que a quest o das classes sociais representava para o movimento dos trabalhadores no s culo XIX mas com uma diferen a essencial enquanto o movimento dos trabalhadores atuava como poder de oposi o as empresas globais atuam at este momento sem oposi o transnacional A economia de atua o global enterra os fundamentos do Estado e da economia nacional E assim entra em curso uma subpolitiza o de dimens es impensadas e consequ ncias imprevis veis Trata se de um novo round para se derrubar elegantemente o velho adv
163. ernas de acordo com o princ pio da revoga o da lei anterior pela lei posterior Tendo em vista que nenhum dos dispositivos da Constitui o brasileira estabelece a posi o do Direito Internacional em rela o ao direito interno Piovesan Op cit defende ter sido adotada uma sistem tica mista de incorpora o dos tratados internacionais segundo sejam tratados de direitos humanos ou tratados tradicionais dado aqueles ter sido estatu do um sistema de internaliza o autom tica art 5 1 que dispensa a edi o de ato normativo interno para torn lo obrigat rio no mbito do direito interno bem assim ter sido atribu do o status de norma constitucional art 5 2 e 3 relativamente aos tratados internacionais de prote o dos direitos humanos a Constitui o brasileira de 1988 em seu art 5 1 acolhe a sistem tica da incorpora o autom tica dos tratados o que reflete a ado o 98 da concep o monista Ademais como apreciado no t pico anterior a Carta de 1988 confere aos tratados de direitos humanos o status de norma constitucional por for a do art 5 894 2 e 3 O regime jur dico aplic vel aos demais tratados isto aos tradicionais No que tange a estes adota se a sistem tica da incorpora o legislativa exigindo que ap s a ratifica o um ato com for a de lei no caso brasileiro esse ato um decreto expedido pelo Executivo confira execu o e cump
164. ers rio trabalho mas ao mesmo tempo trata se principalmente da demiss o do capitalismo ideal e completo como Marx chamava o Estado ou seja trata se da liberta o das amarras do trabalho e do Estado tais como estes surgiram nos s culos XIX e XX BECK 1999 pp 14 15 Fernando Resende Guimar es complementa sintetizando 2000 p 171 O conflito Leste Oeste capitalismo x comunismo foi deslocado para o conflito Norte Sul pa ses desenvolvidos x pa ses subdesenvolvidos eufemisticamente chamados de pa ses em desenvolvimento onde o embate travado pela conquista de mercados internacionais com o objetivo maior 82 de obten o de super vit na balan a comercial As novas tecnologias permitiram uma acelera o da informa o e o barateamento das ind strias de telecomunica es e de transporte o que fez reduzir drasticamente a import ncia da localiza o geogr fica As grandes empresas passaram a maximizar em n vel planet rio o seu sistema produtivo A concorr ncia passou a ser mundial Entraram em cena os pa ses denominados em desenvolvimento e eclodiu no cen rio internacional globalizado uma inusitada integra o comercial respons vel por implementar uma acirrada competi o na busca da maior produtividade e na obten o de menores custos de produ o Nesse campo de intensa competitividade no mercado internacional intensificaram se discuss es a respeito da cria o de barreiras alfandeg ria
165. es que dificultam a divis o estanque entre trabalho infantil proibido e trabalho infantil permitido o presente trabalho rejeita posi es monol ticas radicais como a da aboli o de todas as formas de trabalho infantil Por m prop e uma reflex o te rica sobre o papel do Estado sob a perspectiva da aboli o de determinadas formas de trabalho infantil explora o e de regula o de outras ante a possibilidade de reconhecimento do trabalho tamb m como fator de educa o e de constru o da tica e da cidadania As condi es de trabalho revelam em que medida o trabalho dignifica o homem ou o coisifica sendo o modo como o trabalho se realiza o determinante de benef cios ou malef cios crian a e ao adolescente O trabalho valor quando cumpre al m de uma funcionalidade econ mica tamb m e principalmente uma funcionalidade transformadora mediante est mulo da personalidade e das potencialidades individuais intr nsecas ao ser humano fazendo nele despertar o desejo de aprendizado identifica o aprimoramento e supera o Nesse sentido o trabalho complementa a vida Ineg vel portanto conceber o trabalho como valor quando o indiv duo com ele se identifica por seu interm dio se transforma e mais ainda se emancipa e dignifica A atua o do Estado fundamental para que a prote o crian a e ao adolescente seja resguardada tanto numa perspectiva de preven o e erradica o do trabalho infantil c
166. es que mudam A responsabilidade social no norte e no sul Cadernos do CRH UFBA 2007 Dispon vel em http www dep ufscar br grupos nesefi st anais st mr paola cappellin pdf Acesso em 2 de agosto de 2009 183 CASO Maisa SBT MPF SP pressiona agora Minist rio das Comunica es 22 05 2009 Dispon vel em http oglobo globo com cultura revistadatv mat 2009 05 22 caso maisa sbt mpf sp pressiona agora ministerio das comunicacoes 755988727 asp Acesso em 24 de julho de 2009 CHAHAD Jos Paulo Zeetano SANTOS Emvylli Helmer O trabalho infantil no Brasil evolu o legisla o e pol ticas visando sua erradica o Revista de Direito do Trabalho Coord Nelson Mannrich ano 32 out dez 2006 CHILD Labor Law 2000 Dispon vel em http www dir ca gov dlse ChildLaborPamphlet2000 html 8 Acesso em 17 de maio de 2010 CHILE Ministerio del Trabajo y Previsi n Social Subsecretaria del Trabajo Ley DFL 1 s d Dispon vel em http Anww leychile cl Navegar idNorma 207436 Acesso em 21 de abril de 2010 COELHO Fernando SARMENTO Manuel Trabalho infantil por conta de outrem Minist rio do Trabalho e da Solidariedade Social Programa para Preven o e Elimina o da Explora o do Trabalho Infantil Lisboa 2008 COELHO Luiz Fernando Direito constitucional e filosofia da Constitui o 1 ed ano 2006 4 tir Curitiba Juru 2009 CONVEN O de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Orga
167. escentes f a natureza do espet culo 2 As medidas adotadas na conformidade deste artigo dever o ser fundamentadas caso a caso vedadas as determina es de car ter geral BRASIL 1990 133 permiss o individualizada e vinculada a determinadas condicionantes voltadas preserva o dos direitos fundamentais que a norma constitucional assegura Analisadas as premissas at aqui expendidas indaga se se existe uma omiss o estatal a justificar a necessidade de interven o do legislador ou do juiz na fun o do imperativo de tutela Na diretriz da doutrina dos deveres de prote o se o texto constitucional aqui tamb m compreendida a norma de exce o contida na Conven o n 138 da OIT como analisado no cap tulo anterior esgota no todo o conte do da tutela descabe ponderar com a fun o de imperativo de tutela dos direitos fundamentais Por outro vi s se n o esgotado o conte do da prote o no texto constitucional resta ao legislador ordin rio mediante regula o ou ao juiz por interm dio da defini o de par metros espec ficos conferir densidade norma fundamental estabelecendo o modo pelo qual deve se desenvolver o trabalho art stico Nesse contexto o trabalho infantil art stico deve ser analisado em cada caso concreto cabendo ao legislador ou ao juiz conforme o caso refor ar a prote o de um direito fundamental a fim de atribuir lhe efetividade ou alivi la quando j alcan
168. escrito entre um ou mais Estados e uma ou mais organiza es internacionais ou Il entre organiza es internacionais quer este acordo conste de um instrumento nico quer de dois ou mais instrumentos conexos e qualquer que seja sua denomina o espec fica CONVEN O DE VIENA 1986 Saulo Jos Casali Bahia 2000 pondera o esfor o doutrin rio na cria o de distin es terminol gicas no campo dos tratados internacionais diante da imprecis o vocabular fomentada pela pr tica internacional Para o autor a o express o tratado considerado como o termo gen rico a designar um acordo de vontades entre pessoas de direito internacional e regido pelo direito das gentes o preferindo se a express o conven o para designar os tratados do tipo normativo que estabele am normas gerais em determinado campo ibid p 8 Para Rezek Op cit p 16 o termo conven o reflete apenas uma das variantes terminol gicas de tratado que se pode conceber diante da an lise da experi ncia convencional brasileira Segundo Henkin apud Piovesan Op cit p 44 o termo Conven o uma das denomina es usadas para referir se a Tratado O termo ratado geralmente usado para se referir aos acordos obrigat rios celebrados entre sujeitos de Direito Internacional que s o regulados pelo Direito Internacional Al m do termo tratado diversas outras denomina
169. estinadas a entreter o p blico e em outros setores da economia Essa lei fixa crit rios detalhados para a realiza o de trabalho art stico por crian as e adolescentes estabelecendo a possibilidade de que seja autorizado entre indiv duos de 15 dias a 18 anos mediante procedimento instaurado pelo pai ou respons vel legal instru do com a participa o da escola que o pequeno trabalhador frequenta Prev a lei tamb m n o serem emitidas autoriza es para o labor em ambiente impr prio sob condi es prejudiciais sa de ou educa o do pequeno trabalhador Referida lei define a jornada de trabalho m xima dos menores em 8 horas e o limite da carga hor ria semanal em 48 horas estabelecendo limites de tempo no ambiente laboral em conformidade com a faixa et ria e natureza do evento que pela sua especificidade merecem ser destacados entre 6 meses e 2 anos de idade at 2 horas de trabalho e limite de at 4 horas para perman ncia no local de trabalho 122 entre 2 anos e 6 anos de idade at 3 horas de trabalho e limite de at 6 horas para perman ncia no local de trabalho entre 6 anos e 9 anos de idade durante o ano letivo e em atividade a escola a perman ncia no local de trabalho permitida at 8 horas 4 horas de trabalho 3 horas de aprendizagem escolar e 1 hora para descanso e recrea o Nas circunst ncias em que a escola n o estiver em funcionamento o limite de trabalho sobe pa
170. familiar de trabalho aluno de escola t cnica assistido em entidade governamental ou n o governamental inclusive sob a modalidade de aprendiz o labor em condi es penosas BRASIL 1990 Como tais podem ser compreendidas todas aquelas atividades que demandam for as superiores do trabalhador art 483 a da CLT al m daquelas que demandam o emprego de for a f sica superior a 20 quilos em trabalho cont nuo ou de 25 quilos em trabalho ocasional art 405 5 da CLT c c art 390 par grafo nico da CLT como sinaliza Oliva 2006 p 182 Imperioso destacar como afirma Oris de Oliveira n o se tratar de trabalho em regime familiar o labor desempenhado mediante rela o de emprego entre parentes ou a situa o bastante comum no meio rur cola Nesse tipo de trabalho os genitores prestam servi os a terceiros e colocam disposi o destes o trabalho dos filhos a fim de majorar a remunera o e assim garantir o sustento da fam lia pois sem o envolvimento de todos os seus membros n o se viabilizaria prov lo OLIVEIRA 2004 p 52 55 Nesse caso desconfigura se o trabalho em regime familiar e o tomador dos servi os passa a responder diretamente pelos direitos trabalhistas de todos os membros da fam lia trabalhadora Conforme acentua o mesmo autor existe na esp cie do trabalho em regime familiar uma sociedade de fato em que todos os integrantes participam dos riscos da atividade econ mica N
171. ficientes e a consolida o de uma rede nacional de preven o e erradica o do trabalho infantil e de prote o ao trabalhador adolescente Loc cit J no cap tulo 3 desta pesquisa foi poss vel aferir redu o do ndice de trabalho infantil no mundo e no Brasil No in cio da d cada de 90 eram 8 4 milh es de crian as entre 5 e 17 anos exercendo atividade econ mica Dez anos depois o n mero situa se em 5 milh es de crian as na mesma faixa et ria de acordo com dados da PNAD de 2001 do IBGE Contribufram para esta expressiva redu o as pol ticas p blicas implantadas a partir de organismos e iniciativas institu das pela OIT como o IPEC o FNPETI o PETI a CONAETI por interm dio do Plano de Erradica o do Trabalho Infantil e Prote o ao Trabalhador Adolescente o pr prio MTE o MPT e a Justi a do Trabalho Sem a pretens o de exaurir a mat ria por m com a finalidade de contribuir para uma compreens o mais abrangente desta chaga social que a explora o do trabalho infantil prop e se um exame um pouco mais detido a respeito da atua o de cada uma das entidades dedicadas ao seu combate 2 Do ingl s International Program on the Elimination of Child Labor 150 4 2 1 1 1 IPEC O Programa Internacional para Elimina o do Trabalho Infantil IPEC da OIT foi implantado em 1992 em todo o globo e desde ent o vem sendo adotado pelo Brasil O objetivo do programa a introdu o na ag
172. fim dos empregos S o Paulo M Books do Brasil 2004 ROBORTELLA Luiz Carlos Amorim PERES Antonio Galv o Trabalho art stico da crian a e do adolescente valores constitucionais e normas de prote o Revista LTr vol 69 fevereiro 2005 SAAD Eduardo Gabriel Dumping social Curitiba G nesis fevereiro 1995 SANTONJA Aldo Olcese El capitalismo humanista Madri Marcial Pons Ediciones Jur dicas Y Sociales 2009 SARLET Ingo Wolfgang A efic cia dos direitos fundamentais uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional 10 ed rev atual e ampl Porto Alegre Livraria do Advogado 2009 SARMENTO Daniel BARROSO Lu s Roberto org A vincula o dos particulares aos direitos fundamentais no direito comparado e no Brasil 2 ed Rio de Janeiro Renovar 2006 SILVA Jos Afonso da Aplicabilidade das normas constitucionais S o Paulo Malheiros 1998 SILVA Ov dio A Baptista da Processo e ideologia Genesis Revista de Direito Processual Civil Curitiba abril junho de 2008 p 348 SILVA L dia Munhoz da Uma an lise cr tica sobre as normas de prote o ao trabalho da crian a e do adolescente no Brasil 118 f Monografia Curso de Direito Faculdade de Direito de Presidente Prudente 2007 STEPHAN Cl udia Coutinho Trabalhador adolescente S o Paulo LTr 2002 SUSSEKIND Arnaldo Direito internacional do trabalho S o Paulo LTr 1983 TRABALHO art stico facilita mem
173. fornecidos pela Organiza o Internacional do Trabalho com base em estat sticas da inspe o geral do trabalho austr aco revelam que a Austria n o tem necessidade de outras medidas protetivas A ustria ratificou tanto a Conven o 182 como a Conven o 138 da OIT e a legisla o que disciplina a mat ria no pa s a KJBG pro be o trabalho infantil exceto na realiza o de trabalhos leves de curta dura o e sem periculosidade O trabalho em condi es de periculosidade rural ou urbano proibido salvo sob autoriza o em situa es espec ficas relacionadas discriminadamente em Di rio 27 Oficial Mediante autoriza o espec fica admite se o trabalho de crian as e adolescentes em representa es art sticas salvo no caso de haver possibilidade de danos sua sa de f sica ps quica ou moral ibid p 43 2 1 3 2 Mercosul O Mercado Comum do Sul MERCOSUL institu do em 26 de mar o de 1991 por interm dio da assinatura do Tratado de Assun o pela Argentina Brasil Chile Paraguai e Uruguai com vistas ado o de um processo de integra o econ mica no Cone Sul prev garantias de prote o aos direitos de crian as e adolescentes A par do compromisso de ado o de pol ticas p blicas de combate ao trabalho infantil de est mulo progressiva eleva o da idade m nima para o trabalho e de favorecimento ao desenvolvimento saud vel de crian as e adolescentes estabeleceu se na Decla
174. gem maculada dos empres rios e das empresas que muitos consideravam respons veis pela concentra o da riqueza e pelo car ter cada vez mais especulativo dos investimentos financeiros Em outras palavras muitas empresas e seus dirigentes brasileiros utilizam se da RSE para restabelecer a confian a dos trabalhadores aqueles que t m permanecido empregados ap s as significativas fus es reestrutura es e moderniza es internas aumentar sua competitividade e sobretudo consolidar a fidelidade dos consumidores e a aceita o da coletividade Numa poca de mercados de trabalho flex veis e 95 de desregulamenta o dos custos da m o de obra a responsabilidade social permite s empresas amenizar os efeitos desses processos CAPPELLIN GIFFONI Op cit p 8 Assim como se revelaram extremamente negativas para a credibilidade de algumas empresas as repercuss es internacionais de utiliza o de trabalho escravo trabalho infantil e dos altos n veis de acidentes de trabalho a participa o positiva da sociedade empresarial nas reas de prote o ao meio ambiente combate pobreza e viol ncia e promo o da educa o reverte em uma imagem favor vel empresa Destacam ainda Cappellin e Giffoni Op cit que a RSE no Brasil se destaca especialmente pela filantropia por programas assistencialistas aos exclu dos das possibilidades restritas de v nculos de emprego s lidos e n o inclui proposi es para de fo
175. ha al m dos aparelhos el tricos E a quatro porque a combina o de todos esses riscos acarreta s rios comprometimentos biopsicossociais que por consequ ncia prejudicam a aprendizagem dessas crian as provocando sua evas o da escola PEREZ Op cit p 108 O Minist rio P blico do Trabalho explica que a dificuldade de fiscaliza o ao trabalho infantil dom stico reside no fato de realizar se em ambiente oculto no interior das resid ncias bem assim fora do sistema econ mico n o causando impacto no mercado de trabalho pois n o visa lucro Da a necessidade da intera o de rg os governamentais e de toda a sociedade na sua compreens o e no seu combate O trabalho infantil dom stico tem a mesma raiz do trabalho infantil em geral a pobreza Jos Roberto Dantas Oliva esclarece que a crian a e o adolescente envolvido no trabalho infantil assim como seus familiares sequer reconhecem a explora o nele existente devido ao estado de mis ria em que vivem A mis ria a que est o submetidos de tal ordem que os pais e tamb m a crian a s o levados a crer que o fato de algu m estar acolhendo esta ltima em seu lar e dando lhe de comer em troca de pequenos afazeres dom sticos um ato de benemer ncia E comum em situa es tais ouvir se dos tomadores de servi o express es como est comigo desde crian a ou como se fosse da fam lia OLIVA 2006 p 134 O referido autor des
176. he execution of the artwork for the realization of full citizenship Keywords child labor protective role of the State artistic child labor LISTAS DE SIGLAS ACP A o Civil P blica CCB C digo Civil Brasileiro CF Constitui o Federal CLT Consolida o das Leis Trabalhistas CMDCA Conselho Municipal da Crian a e do Adolescente CONAETI Comiss o Nacional de Erradica o do Trabalho Infantil CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Crian a e do Adolescente CRFB Constitui o da Rep blica Federal do Brasil CTPS Carteira de Trabalho e Previd ncia Social DRT Delegacias Regionais do Trabalho ECA Estatuto da Crian a e do Adolescente ESFL Entidades sem Fins Lucrativos FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FLSA Fair Labor Standards Act FNPETI F rum Nacional de Preven o e Erradica o do Trabalho Infantil HC Habeas Corpus IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IPEC Programa Internacional para a Elimina o do Trabalho Infantil LDB Lei de Bases e Diretrizes da Educa o MERCOSUL Mercado Comum do Sul MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MPT Minist rio P blico do Trabalho MTE Minist rio do Trabalho e Emprego OCDE Organiza o para a Coopera o e Desenvolvimento Econ mico OIT Organiza o Internacional do Trabalho OMC Organiza o Mundial do Com rcio ONU Organiza o das Na es Unidas
177. ho a ser desempenhado por essas pessoas em peculiar condi o de desenvolvimento e deixar tal avalia o ao livre e exclusivo arb trio dos pais a decis o sobre o trabalho dos filhos Como visto em linhas pret ritas a responsabilidade pela prote o absoluta e integral crian a e ao adolescente cabe n o apenas fam lia mas tamb m ao Estado e sociedade Poder se ia questionar a sim a absoluta omiss o legislativa a respeito da forma como se desenvolvem os contratos de trabalho art stico de crian as e adolescentes por m jamais negar vig ncia ao nico dispositivo legal destinado tutela pelo Estado do trabalho que esses seres despendem na m dia Crian as e adolescentes que despendem sua for a de trabalho na execu o de atividades tidas como art sticas enquanto indiv duos mais vulner veis e imaturos exigem do Estado um comportamento diferente mais coerente e mais compat vel com o zelo e a prote o integral adotada pela via constitucional exige uma vis o multidisciplinar da mat ria por parte de seus redatores do PLS 83 2006 e que n o ignorem como de fato se faz a sele o dos candidatos como se executam os ensaios as grava es as apresenta es ao vivo e sua dura o OLIVEIRA 2009 p 690 Concorda com este ponto de vista Oliva 2006 p 108 ao asseverar ser necess ria uma compensa o do desequil brio entre capital e trabalho de molde a justificar a interven o estatal na tute
178. ia DF OIT 1994 OLIVEIRA Oris de Trabalho educativo Revista LTr S o Paulo LTr vol 63 n 4 abril 1999 p 459 Trabalho e profissionaliza o do jovem S o Paulo LTr 2004 Trabalho art stico da crian a e do adolescente S o Paulo Revista LTr Ano 73 n 6 junho 2009 p 690 PARAGUAI Ley N 213 93 C digo Del Trabajo 1993 Dispon vel em http Avww lexadin nl Awlg legis nofr oeur Ixwepar htm ASesso em 21 de abril de 2010 PEREZ Viviane Matos Gonz lez Regula o do Trabalho do Adolescente Curitiba Juru 2008 PIOVESAN Fl via Direitos humanos e o direito constitucional internacional S o Paulo Saraiva 2008 PRATES Terezinha Matilde Licks N o interven o do estado nas rela es de trabalho cl usula social nos tratados internacionais Revista do Tribunal Superior do Trabalho Ano 66 n 4 Bras lia S ntese out dez 2000 RABAGNY Agn s L image juridique du monde 1 ed Paris Presses Universitaires de France 2008 188 RAMIDOFF M rio Luiz Direito da crian a e do adolescente teoria jur dica da prote o integral Curitiba Vicentina 2008 REZEK J F O direito internacional no s culo XXI S o Paulo Saraiva 2002 RICO Elena Del Mar Garc a El dumping social y ambiental y la protecci n de los derechos sociales y econ micos In ANNONI Danielle coord Direitos humanos amp poder econ mico conflitos e alian as Curitiba Juru 2005 RIFKIN Jeremy O
179. ica pelo Estado mais afeta portanto compreens o de subs dio estatal e da obra de Jacob Viner Dumping a Problem in International Trade que classificou o dumping em tr s modalidades espor dico de curto prazo e permanente lbid p 10 A partir de movimentos sociais dos pa ses desenvolvidos novos tipos de dumping surgiram conquanto sem base normativa desta feita atrelados a diferen as estruturais socioecon micas de pa ses em desenvolvimento as quais teriam origem em menores garantias normativas conquistadas ao longo do processo democr tico e do desenvolvimento econ mico lbid p 13 Nesse contexto a par do dumping ambiental e do dumping cambial lan aram se as bases do dumping social entendido como a vantagem comparativa derivada da superexplora o de m o de obra nos pa ses em desenvolvimento O argumento principal de que a globaliza o econ mica n o implicou na extens o das garantias sociais do Estado de Bem Estar aos trabalhadores de pa ses em desenvolvimento mas antes na redu o de garantias para os trabalhadores dos pa ses desenvolvidos acuados pela amea a crescente do desemprego e da transfer ncia f sica do parque fabril ibid p 14 Segundo Noronha Jr apud GOYOS Jr Op cit p 165 Chama se social dumping a vantagem comparativa e relativa dos pa ses em desenvolvimento sobre 84 os pa ses desenvolvidos em termos de trocas internacionais pelo
180. ico ps quico e moral sadio de crian as e adolescentes Tendo em vista a import ncia do modo sob o qual no caso concreto o trabalho infantil art stico se desenvolve para a aferi o da sua influ ncia principalmente na forma o da personalidade da crian a ou adolescente o legislador ordin rio visa a elencar os padr es trabalhistas m nimos a serem observados na execu o do contrato laboral Para al m disso pretende o legislador fixar um m nimo existencial para a garantia de um desenvolvimento biopsicossocial sadio do ser humano buscando fixar as condi es b sicas para prevenir que los riesgos se convierten en realidad BECK 2008 p 28 Tratam se de requisitos m nimos a serem observados na realiza o do trabalho art stico pela crian a ou adolescente e deles os pais ou respons veis n o podem dispor pois conforme assinalado acima o poder familiar encontra limites na dignidade dos filhos e esta a inspira o do elenco proposto no projeto que no mais n o peca por aprisionar as condi es laborais em hip teses r gidas dada inclusive a expressiva variedade de atividades envolvidas em representa es art sticas cada qual com peculiaridades pr prias Como anteviam Luiz Carlos Amorim Robortella e Antonio Galv o Peres Op cit p 157 as peculiaridades do trabalho do artista mirim permitem aos ju zes estipular artigo 149 do ECA regras especiais para o caso concreto superando a generalidade das
181. icos e aplica es espec ficas Rio de Janeiro L men J ris 2007 NUNES Elp dio Donizetti Dep sito judicial e pris o civil do deposit rio infiel an lise do julgamento do RE 466343 SP Associa o Nacional dos Magistrados Estaduais Anamages 2008 Dispon vel em http www timg jus br info pdf index jsp uri institucional discursos artigos elpidio d onizetti depositario infiel processo 466343sp pdf Acesso em 05 de setembro de 2009 CONFERENCIA internacional del Trabajo Oficina Internacional del Trabajo Intensificar la lucha contra el trabajo infantil Informe del Director General Conferencia internacional del Trabajo 99 reuni n 2010 Dispon vel em http www ilo org wemsp5 groups public dgreports dcomm documents publicationAwems 126694 pdf Acesso em 7 de maio de 2010 OIT BRASIL Erradica o do trabalho infantil s d Dispon vel em http www oitbrasil org br prgatv in focus jpec errad trabin php Acesso em 19 de mar o de 2009 Fundamentos s d Dispon vel em http www oitbrasil org br inst fund index php Acesso em 25 de julho de 2009 Conven o 138 1973 Dispon vel em http Avww oitbrasil org br info download conv 138 pdf Acesso em 25 de julho de 2009 Conven o 182 1999 Dispon vel em http www oitbrasil org br info download conv 182 pdf Acesso em 25 de julho de 2009 OIT Normas Internacionales del Trabajo s d Dispon vel em http www ilo org ilolex span
182. ido do aprendiz assistido pelos pais caso menor de 18 anos Interpreta o sistem tica da legisla o espec fica autoriza concluir se pela impossibilidade do empregador despedir o aprendiz imotivadamente havendo na esp cie verdadeira estabilidade provis ria durante o per odo aprazado da contratualidade aponta Oliva 2006 pp 241 242 Desse modo extinto o contrato pelo advento de seu termo o aprendiz n o ter direito ao pagamento de verbas rescis rias assim entendidas as parcelas referentes ao aviso pr vio e multa de 40 do FGTS mas sim indeniza o prevista no art 479 da CLT O jovem deve estar matriculado na escola e deve haver acompanhamento de sua frequ ncia escolar caso n o tenha conclu do o ensino fundamental Deve ainda o aprendiz executar com zelo e dilig ncia as atividades que lhe forem confiadas Tanto verdade que se demonstrar inaptid o para o trabalho desempenho insuficiente cometer falta disciplinar grave ou deixar de frequentar a escola sem justificativa de forma a comprometer o ano letivo poder o empregador rescindir o contrato antecipadamente art 433 29 da CLT Existe ainda a obriga o dos estabelecimentos de qualquer natureza de contratar e matricular nos centros de forma o do sistema S aprendizes num percentual m nimo de 5 dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento cujas fun es demandem forma o profissional Trata se de preceito solen
183. imento Rejeita se desse modo uma vis o monol tica do trabalho infantil como trabalho proibido apontando se para a possibilidade de reconhecimento do trabalho tamb m como fator de educa o e de constru o da tica e da cidadania O trabalho tem um componente tico social de constru o da tica e da cidadania conforme estudo procedido no cap tulo 2 subcap tulo 2 2 1 Nessa perspectiva o trabalho uma forma de educa o N o se nega contudo que o trabalho pode ser contr rio constru o desses valores principalmente quando passa a ser instrumento de explora o econ mica A principiologia choca se com a realidade por isso os conceitos que n o podem ser lidos de forma absoluta Dessume se a partir de tais premissas n o consistir o papel emancipador do Estado apenas na proibi o de todo e qualquer trabalho a crian as e adolescentes mas tamb m na preserva o e determina o de condi es que assegurem no seu modo de execu o o respeito prote o integral e absoluta de crian as e adolescentes Assim que em rela o ao trabalho art stico o papel emancipador do Estado n o se perfaz pela proibi o pura e simples Proibir e fazer perder a chance de 147 obten o de condi es mais dignas de vida por interm dio do trabalho al m de n o sobressair razo vel diante da pr pria doutrina da prote o integral n o encontra resson ncia no mundo pr tico A inten o emancipadora do ser hu
184. import ncia do esp rito cr tico frente a uma verdade pronta e acabada fornecida pela m dia inclusive para assegurar a preserva o da verdadeira democracia A base de produ o dos direitos e especificamente dos direitos de crian as e adolescentes deve ampliar se impondo se sociedade o dever de engajar se e de participar ativamente da face pol tica fomentando a necessidade de regula o ou n o bem assim definindo quais leis devem ser editadas e quais n o devem ser Para tanto a sociedade deve integrar se ao debate sobre o trabalho infantil bem assim aos diversos movimentos pol ticos voltados erradica o do trabalho ofensivo prote o integral e prioridade absoluta de que s o sujeitos crian as e adolescentes A amplia o da tutela da crian a e do adolescente contribui para a evolu o do sistema jur dico e consequentemente na vis o de Habermas aprofunda a comunica o intersubjetiva no mundo da vida A intersubjetividade nesse passo evidencia maior concretiza o de justi a no mundo O papel do Estado em rela o aos deveres da sociedade para com crian as e adolescentes por sua vez tamb m n o passivo na medida em que a atua o 179 estatal o fio condutor da conscientiza o e da constru o dessa sociedade emancipada No mesmo sentido o Estado tem o dever concorrente com a fam lia de promover os direitos espec ficos de crian as e adolescentes cerceando o poder familiar na esp
185. informaci n y las telecomunicaciones est exigiendo que las empresas se comporten de acuerdo a dicha responsabilidad Da porque o funcionamento e a tomada de decis es no mbito empresarial constituem importantes mecanismos de contribui o para o desenvolvimento v lido assim compreendido o desenvolvimento economicamente vi vel ecol gica e socialmente respons vel Duas correntes de pensamento que reconhecem a par da dimens o legal e econ mica a dimens o tica da atividade empresarial estabelecendo se distin o a respeito da natureza dessa dimens o segundo a vis o dos stakeholders e a vis o dos stokholders Cl udio Pinheiro Machado Filho 2006 pp 2 3 relata que na primeira corrente Os gestores t m a atribui o formal de incrementar o retorno dos acionistas ou cotistas da empresa Para atingir tais objetivos eles deveriam atuar somente de acordo com as for as impessoais do mercado que demandam efici ncia e lucro Na segunda corrente prossegue o mesmo autor esclarecendo tratar se daquela em que os gestores t m a atribui o tica de respeitar os direitos de todos os agentes afetados pela empresa e promover o seu bem incluindo nesse conjunto os clientes fornecedores funcion rios acionistas ou cotistas majorit rios e minorit rios comunidade local bem como gestores que devem ser agentes a servi o desse grupo ampliado Loc cit 93 Essas correntes de pensamento sintetizam n
186. ingu m trabalha pois para outrem ou por conta de outrem Ningu m empregado de ningu m Loc cit Do mesmo modo inadmiss vel o trabalho em regime familiar em condi es de explora o econ mica da crian a e do adolescente situa o recorrente em diversos estados do pa s O trabalho assim desenvolvido pode assumir formas perversas caso em que assume caracter sticas das piores formas de trabalho infantil e assim deve ser severamente combatido b Trabalho educativo O trabalho educativo aquele desenvolvido a partir de programa social de responsabilidade de entidade governamental ou n o governamental sem fins lucrativos e que assegura ao adolescente que dele participe condi es de capacita o para o exerc cio de atividade regular remunerada Esse o conceito do art 68 do ECA para al m de mera atividade laborativa em que se exija a frequ ncia escolar Oris de Oliveira 1999 p 459 elenca os pressupostos indispens veis caracteriza o do trabalho educativo al m da intera o com a escola a trabalho associado educa o do cidad o que possibilite a identifica o e realiza o de potencialidades individuais bem como a forma o e o desenvolvimento da personalidade do educando b fazer despertar no adolescente suas aptid es naturais e contribuir para o seu desenvolvimento f sico e emocional bem como para a forma o de valores ticos morais culturais e cr ticos c pr
187. institutos jur dicos espec ficos trabalho em regime familiar trabalho educativo aprendizagem e de rela es de trabalho il citas ou simplesmente proibidas trabalho dom stico trabalho no plantio e tr fico de drogas trabalho rural No terceiro cap tulo a partir de uma vis o hist rica a pesquisa aprofunda se no descortino do interesse econ mico existente por detr s da explora o do trabalho infantil inclusive no mbito macroecon mico evidenciado no debate em torno do chamado dumping social e da inser o de cl usulas sociais nos tratados internacionais de com rcio Faz se a tentativa de inferir neste particular o que h de verdadeiro nos argumentos suscitados principalmente no tocante alegada inten o de assegurar padr es trabalhistas m nimos de preservar direitos fundamentais e de salvaguardar direitos de crian as e adolescentes em escala mundial bem como de analisar os efeitos da discuss o nas rela es entre capital e trabalho 13 Considerada a exist ncia no ordenamento jur dico brasileiro de uma nica exce o proibi o de qualquer trabalho antes dos 16 anos qual seja o contrato de aprendizagem questiona se a necessidade de Emenda Constitucional para inclus o da norma exceptiva internacional exce o do trabalho art stico constante da Conven o n 138 da OIT no texto constitucional Analisa se para tanto a problem tica da internaliza o dos tratados internacionais de direitos humanos
188. ior de 18 anos tendo em vista a idade m xima de 24 anos fixada no caput do mesmo dispositivo legal e a aus ncia de limite et rio no tocante ao aprendiz portador de defici ncia 5 e 69 A dura o da jornada de trabalho do aprendiz de 6 horas 36 semanais nela computadas as horas despendidas na entidade de forma o t cnico 17 No mesmo sentido se pronuncia Stephan 2002 18 Mensagem n 1889 de 19 12 2000 67 profissional e tamb m no estabelecimento empregador vedado o trabalho em regime de prorroga o ou de compensa o hor ria No caso do aprendiz que j tenha completado o ensino fundamental a lei abre exce o ao limite de jornada acima facultando sua fixa o em 8 horas 44 semanais circunst ncia que n o se coaduna com a finalidade do ensino t cnico profissional Esse envolve como se disse anteriormente um incessante aprendizado que deve permear toda a exist ncia do ser humano como no mais pressup e o ECA e a Lei de Bases e Diretrizes da Educa o LDB na forma o do cidad o e do profissional Nesse diapas o leciona Oris de Oliveira 2004 p 170 Fica subliminarmente entendido que o patamar do ensino fundamental bastante e suficiente E ideal que o adolescente que tenha terminado o ensino fundamental seja estimulado a ingressar no m dio da educa o escolar ou m dio de forma o profissional em conformidade com o esp rito do art 21 da Lei n 9 394 96 LDB que inclui o e nsino
189. iores de 14 anos mediante contrato de aprendizagem Todavia de acordo com a Conven o 138 da OIT o trabalho antes da idade m nima proibido tendo em vista os efeitos nocivos para a sa de educa o e a amea a ao desenvolvimento normal da crian a e do adolescente Decompondo estes tr s aspectos os efeitos negativos na sa de compreendem o facto de a actividade desenvolvida originar situa es de doen a les es acidentes problemas cr nicos e impedir o desenvolvimento f sico normal Na educa o significa prejudicar a assiduidade escolar e ou aproveitamento escolar 14 Cf DR I S rie A n 177 29 de Julho de 2004 pp 4835 4837 No normal desenvolvimento da crian a remete para situa es de inexist ncia de tempos livres e inviabiliza o da possibilidade de desenvolver actividades sociais recreativas culturais ou desportivas Fialho 2001 178 MELRO Op cit p 93 N o se adota a concep o de Jos Roberto Dantas Oliva no sentido de que a express o trabalho infantil corresponde a trabalho proibido Embora a compreens o estanque proposta pelo autor facilite o estudo da mat ria acaba por arregimentar situa es de trabalho que mesmo abaixo da idade m nima afiguram se leg timas Assim que na presente pesquisa a proibi o de trabalho encontra seu fundamento n o na mera atividade laboral de crian as e adolescentes mas sim nas condi es em que o trabalho se realiza se existe um
190. iqueza Chassagne 1998 Hendrick 1994 cit In ibidem 44 MELRO Op cit pp 96 97 O trabalho infantil no Brasil remonta o per odo das expedi es mar timas europ ias que marcaram a hist ria dos s culos XVI e XVII em que crian as e adolescentes portugueses de fam lias pobres eram recrutados para trabalhar a bordo das caravelas os conhecidos grumetes que tinham as piores condi es de vida a bordo e os pajens da nobreza submetidos a condi es n o t o degradantes quanto aqueles DEL PRIORE Op cit p 20 A cultura de explora o do trabalho infantil portanto introduziu se j a partir do descobrimento estendendo se pelo per odo de coloniza o a par da evangeliza o dos jesu tas de crian as e adolescentes ind genas CHAMBOULEYRON ibid p 56 A realidade de explora o do trabalho infantil n o foi diferente no per odo escravagista e as crian as escravas da Col nia e do Imp rio eram recrutadas atividade rural com seus pais e em atividades dom sticas para seus donos Crian as rf s eram submetidas aos mesmos trabalhos com a diferen a de que muitas vezes eram submetidas a condi es mais degradantes que os escravos e seus filhos pois esses valiam dinheiro e aquelas n o ressalta Perez Op cit p 37 Narra Rizzini ibid pp 376 377 ter se deflagrado intenso debate em torno da explora o do trabalho de crian as e adolescentes t o logo abolida a escravid o Lei urea
191. is p blicas de direitos humanos fundamentais como o direito vida educa o sa de ao lazer assist ncia e principalmente prote o contra toda forma de viol ncia neglig ncia crueldade ou explora o de acordo com Andr Viana Cust dio 2005 pp 189 190 36 No Brasil a CF 88 consagrou os direitos sociais dos trabalhadores tutelando a dignidade humana dentre outras provid ncias ao fixar idade m nima para o trabalho A reda o dada pela EC 20 98 estabeleceu em seu artigo 7 XXXIII a proibi o de qualquer trabalho a menores de 16 anos salvo na condi o de aprendiz a partir de 14 anos como esclarece Alice Monteiro de Barros 2006 p 317 e 322 Ainda ao menor de 18 anos vedado o trabalho noturno penoso perigoso ou insalubre assim como o realizado em locais prejudiciais ao seu desenvolvimento moral em ruas pra as e outros logradouros no subsolo o que exija o emprego da for a muscular superior a 20 quilos para o trabalho cont nuo ou 25 quilos para o trabalho ocasional al m do exerc cio da profiss o de propagandista e vendedor de produtos farmac uticos A grande inova o constitucional por sua vez est presente no artigo 227 3 da CF BRASIL 2005 em que o legislador constituinte estabelece prote o integral e especial crian a e ao adolescente em texto de destacada substancialidade dever da fam lia da sociedade e do Estado assegurar crian a e ao ad
192. is para o pagamento de bolsas e manuten o de jornadas ampliadas As fam lias recebem R 25 00 e R 30 00 por crian a conforme residam na rea rural ou urbana respectivamente al m de Do ingl s The United Nations Children s Fund 152 participarem de a es socioeducativas As crian as por sua vez devem frequentar a escola bem como participar da jornada ampliada Inicialmente o Programa contemplou fam lias em tr s estados MS BA e PE onde era poss vel encontrar crian as na produ o de carv o de fibra do sisal e de cana de a car Al m da concess o de bolsas o PETI prev e exige a implementa o de jornadas ampliadas trabalha com o eixo da sensibiliza o da sociedade sobre os malef cios do trabalho infantil e atua sobre o fortalecimento das fam lias das crian as trabalhadoras especialmente com a implementa o de programas de gera o de emprego e renda BRASIL 2004a Admite se contudo que o PETI vem enfrentando s rias dificuldades dada a impossibilidade de o Estado fiscalizar sozinho a concess o do expressivo n mero de bolsas concedidas havendo distor es de ordem gerencial na execu o do programa 4 2 1 1 4 CONAETI Plano de PETIPTA A Comiss o Nacional de Erradica o do Trabalho Infantil CONAETI foi institu da pelo MTE em 2002 com o compromisso de seguir uma pol tica nacional para a aboli o do trabalho infantil conforme exig ncia contida no art 1 da Conven o n
193. is uma iniciativa dos pa ses desenvolvidos de estabelecer prote o a seus produtos mediante a cria o de barreiras contra a exporta o daqueles pa ses como assinala Nara Anchises 2008 p 43 Essas discuss es culminaram em reivindica es de pa ses altamente desenvolvidos no sentido de que fossem adotados mecanismos de prote o aos direitos m nimos dos trabalhadores gerando intensas rodadas de negocia es comerciais em torno do tema a mais expressiva ocorrida de 1986 a 1994 que resultou na funda o da Organiza o Mundial do Com rcio em 1995 Com propriedade Eduardo Gabriel Saad 1995 p 174 pondera que as na es ricas n o logram ocultar seu verdadeiro objetivo que o de protegerem se contra a invas o de produtos mais baratos que aqueles produzidos em seu territ rio No mesmo sentido conclui Rico ao analisar o tema sob a perspectiva das tend ncias do com rcio internacional afirmando que El nivel de remuneraci n de los trabajadores solo es otro facto que influye en la fijaci n del precio final del producto y depende principalmente del grado de productividad de la industria lo que explicar a que pa ses con un alto coste social compitan eficazmente en los mercados internacionales La realidad de los flujos comerciales internacionales parece indicar por el contrario que la desregulaci n laboral de finales del siglo XX se debe m s a la competencia entre los propios Estados desarrollados
194. isco cont m em si uma fuerza pol tica transformadora BECK 2008 p 28 tanto que as discuss es em torno desses temas gerou efeitos relevantes no mbito da sociedade dentre eles o que importa para o presente estudo e que compreende a demanda por uma nova tica nas rela es comerciais A tica a parte da filosofia que aborda o comportamento humano seus anseios desejos e vontades e as normas que ao longo dos tempos foram sendo institu das por grupos e comunidades MASIP 2002 p 19 91 As sociedades empresariais exercem um papel central no conjunto das transforma es sociais como explicam Paolla Cappellin e Raquel Giffoni 2007 p 2 com este intuito que para Sainsaulieu e Segrestin 1986 a sociologia da empresa nasce fazendo frente aos preju zos tecnocr ticos das empresas Tamb m para o soci logo Castel a estrutura o recente do emprego em suas formas de subcontrata o flexibilidade externa e o enfrentamento de novas situa es de mercado flexibilidade interna reabre a discuss o sobre a fun o integradora da empresa j que estas pr ticas empresariais aprofundam a seletividade permanente dos trabalhadores A estrutura o do emprego decorre das escolhas de pol ticas de transforma o e inova o tecnol gica aliadas as solicita es cont nuas para modificar as exig ncias de compet ncias e de qualifica es Santonja Op cit pp 35 36 tamb m enfatiza o pape
195. ish recdisp1 htm Acesso em 24 de julho de 2009 187 Declara o da OIT sobre os princ pios e direitos fundamentais no trabalho 1998 Dispon vel em http www oitbrasil org br info download declarac port pdf Acesso em 25 de julho de 2009 Un futuro sin trabajo infantil 90 reuni o da Confer ncia Internacional do Trabalho Genebra Oficina Internacional del Trabajo 2002 OLIVA Jos Roberto Dantas O princ pio da prote o integral e o trabalho da crian a e do adolescente no Brasil com as altera es promovidas pela Lei n 11 180 de 23 de setembro de 2005 que ampliou o limite de idade nos contratos de aprendizagem para 24 anos S o Paulo LTr 2006 Autoriza o para o trabalho infanto juvenil art stico e nas ruas e pra as par metros e compet ncia exclusiva do juiz do trabalho 2006a Dispon vel em http bdjur stj gov br jspui bitstream 201 1 18494 2 Autorizay C3 A7HCI AS0 par a O Trabalho Infanto Juvenil pdf Acesso em 06 de fevereiro de 2009 OLIVEIRA Francisco Antonio O deposit rio infiel na nova vis o do STF Outros temas especiais em sede execut ria Curitiba PR Decis rio Trabalhista 1996 OLIVEIRA Francisco Cardozo Os limites da linguagem no processo o sistema m dia e o sistema jur dico in GUNTHER Luiz Eduardo Jurisdi o crise efetividade e plenitude institucional Curitiba Juru 2008 OLIVEIRA Oris de O trabalho da crian a e do adolescente S o Paulo LTr Bras l
196. itui o o seu bloco de constitucionalidade Sarlet Op cit enfatiza a significativa amplitude do conceito materialmente aberto de direito fundamental compreendida na previs o constitucional pioneira Esse conceito permite a identifica o e a constru o jurisprudencial n o s de direitos materialmente fundamentais n o escritos como tamb m de direitos fundamentais previstos em outros dispositivos do texto constitucional e at mesmo 100 em tratados internacionais dos quais o Brasil seja signat rio de modo a ampliar sensivelmente o n cleo m nimo dos direitos protegidos pela Constitui o Inspirada na IX Emenda da Constitui o dos EUA e tendo por sua vez posteriormente influenciado outras ordens constitucionais de modo especial a Constitui o portuguesa de 1911 art 4 a citada norma traduz o entendimento de que para al m do conceito formal de Constitui o e de direitos fundamentais h um conceito material no sentido de existirem direitos que por seu conte do por sua subst ncia pertencem ao corpo fundamental da Constitui o de um Estado mesmo n o constando no cat logo ibid pp 90 91 Os direitos fundamentais em sentido material s o aqueles que em virtude de seu conte do e relev ncia s o equipar veis aos catalogados pela Constitui o ou pelos tratados internacionais desde que equivalentes ao conte do e dignidade dos direitos fundamentais arrolados no T tulo Il da Constitui
197. iva que establezca una edad m nima de admisi n al empleo distinta a la fiada en el segundo p rrafo se considerar a ese solo efecto modificada por esta norma La inspecci n del trabajo deber ejercer las funciones conducentes al cumplimiento de dicha prohibici n Mais adiante estabelece o art 7 da nova lei ao dar nova reda o ao art 189 da Lei 20 744 74 proibi o de qualquer trabalho a menores de 16 anos qualquer que seja a atividade persiga o no fines de lucro A exce o compreende se no trabalho em empresa da fam lia cuja jornada e carga semanal n o excedam 3 horas e 16 horas respectivamente desde que n o se trate de atividade perigosa penosa Un futuro sin trabajo infantil Informe global con arreglo al seguimiento de la declaraci n de la OIT relativa a los principios y derechos fundamentales en el trabajo 90 reuni o da Confer ncia Internacional do Trabalho Genebra Oficina Internacional del Trabajo 2002 29 ou insalubre e que n o haja preju zo da frequ ncia escolar Tal atividade de qualquer modo depender da autoriza o administrativa competente O art 3 confere nova reda o ao artigo 32 da Lei 20 744 74 e estabelece a capacidade dos maiores de 18 anos celebrarem contrato de trabalho e dos maiores de 16 anos estes com autoriza o do respons vel a qual se presume existente se o adolescente vive independentemente dos pais ou respons vel H proibi o de sal rio reduzi
198. iza o de dados etc respons vel pela cria o de um discurso para a constru o de uma realidade interessante apenas a quem o produz e n o minoria preocupada com a verdade com o humano e a com intersubjetividade a esta pressuposta A pr pria arte e ainda a cultura perderam a identidade diante dos efeitos nefastos da acelera o do processo de industrializa o da ascens o do capitalismo e do surgimento da sociedade de consumo caracter sticos da globaliza o econ mica e pol tica Devidamente processadas na ind stria cultural arte e cultura s o hoje bens de consumo padronizados massificados homogeneizados e destitu dos de 125 subjetividade a fim de bem cumprir sua funcionalidade econ mica fen meno ao qual Theodor Wiesengrund Adorno atribui a express o de vulgariza o da arte pela massifica o do mercantilismo apud FURLAN 2009 pp 56 57 O pr prio papel social da crian a na contemporaneidade segundo Melro Op cit p 46 resultado da reentrada da inf ncia na esfera econ mica pelo lado da produ o pelo lado do marketing pelo lado do consumo As crian as foram promovidas a consumidores e dos mais criteriosos N o sendo suficiente as vendas ascenderem a muitos milh es de euros t m campanhas publicit rias focadas exclusivamente nelas MTSS SIETI 2005 15 A respeito de a globaliza o ter sido respons vel pela oferta de bens de consumo para cria
199. juiz disp em dos instrumentos capazes de dar concretude aos direitos fundamentais previstos na Constitui o cumprindo lhes conferir densidade ao seu conte do por meio da indica o das medidas suficientemente eficientes para sua prote o Em outras palavras cabe ao legislador ordin rio e ao juiz no exerc cio da jurisdi o volunt ria art 149 Ill do ECA ou contenciosa regular e definir os contornos do trabalho infantil art stico que pode ser realizado disciplinar o comportamento dos sujeitos de direito privado com vistas a no exerc cio de uma fun o de prote o salvaguardar os direitos fundamentais o que conforme a situa o poder exigir lhe um refor o de prote o a fim de garantir lhes concretude ou uma restri o quando j alcan ada tutela eficiente mas sempre uma calibragem para cada caso concreto Na diretriz do pensamento habermasiano a atua o estatal pode ser colonizadora ou emancipadora da sociedade conforme engesse ou liberte o mundo da vida isto segundo encontre resson ncia no mundo pr tico ou dele se distancie Na esfera do direito discursivo e portanto da regula o o Estado pode e deve desempenhar uma fun o integradora do mundo da vida com o sistema jur dico A regula o do fen meno do trabalho infantil art stico requer incurs o pelas estruturas sociais e culturais Uma vez mais ante a complexidade das determinantes da explora o do trabalho infantil qua
200. l e na luta pela concretiza o da prote o integral a crian as e adolescentes tanto na esfera administrativa quanto na esfera judicial 154 Destaca se a institui o como meta priorit ria da erradica o do trabalho infantil e prote o do trabalhador adolescente e a consequente cria o de sua respectiva Coordenadoria Nacional Al m disso o MPT tem promovido a articula o entre os diversos setores envolvidos com a problem tica com participa o ativa na constitui o e manuten o de F runs Estaduais Loc cit Oliva 2006 p 154 enfatiza ainda o papel da Justi a do Trabalho no cumprimento de seu dever constitucional na medida em que tem dado resposta eficaz aos anseios da sociedade quer no que respeita ao julgamento de lit gios individuais como nas a es civis p blicas propostas envolvendo trabalho infanto juvenil e bem assim na execu o de termos de ajustamento de conduta art 876 da CLT sobre a mat ria A Associa o Nacional dos Magistrados do Trabalho Anamatra tem inclusive uma ouvidoria que recebe den ncias sobre trabalho infantil A atua o institucional do MPT tem se revelado eficiente no sentido da integra o com entidades governamentais e n o governamentais para o combate ao trabalho infantil e para a conscientiza o da sociedade civil a respeito da necessidade de constru o de uma sociedade mais justa livre e solid ria art 3 da CF principalmente por
201. l modo a n o merecer regula o espec fica no mbito do Direito do Trabalho Aprofunda ainda o questionamento a respeito dos efeitos da racionalidade midi tica sobre a sociedade e de que modo esta se reflete no tratamento dispensado a crian as e adolescentes A partir do estudo de recente julgamento do STF exsurge a convic o de que os tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil signat rio dentre eles a Conven o 138 da OIT que contempla o trabalho art stico como exce o idade m nima para o trabalho ingressam no ordenamento jur dico brasileiro com status constitucional Referida decis o analisada mediante aproxima o com os jogos de linguagem de Ludwig Wittgenstein O presente estudo sinaliza para a necessidade de uma atividade regulat ria mais intensa e efetiva por parte do Estado no sentido de coibir a exposi o a que crian as e adolescentes v m sendo submetidas e ainda para evitar a supress o das horas de estudo de conv vio social e familiar e de lazer que o labor art stico lhes imp e O ECA disciplina a mat ria de forma insuficiente e o PLS 83 2006 n o sobressai condizente com a doutrina da prote o integral Por m a regula o do modo de execu o do trabalho art stico pela legisla o infraconstitucional e pelo juiz por interm dio do imperativo de tutela revela se imperiosa a fim de assegurar limita o racionalidade econ mica e midi tica e passe a ser instrument
202. l relevante das empresas na contemporaneidade tendo em vista uma vis o sist mica do mundo em que est inserida e o surgimento do novo paradigma cultural predominante que est a exigir lhes um novo comportamento La empresa es sin duda una de las instituciones sociales m s importantes y con un mayor poder de influir positiva o no tan positivamente en el sistema econ mico natural y social Lo que hemos de pensar es que la concepci n tradicional de la empresa es hija de su tiempo es decir del paradigma cultural predominante Y este paradigma se genera y prospera en unos momentos en los que desde una ptica medioambiental no hab a una conciencia de l mite porque las sefiales que el sistema f sico nos mandaba sobre los perjuicios a los ecosistemas que la industrializaci n conllevaba eran demasiado tenues para que repar ramos en ellas Es decir los limites f sicos estaban tan lejanos que o bien no se ve an o bien pod an ignorarse Asimismo desde un punto de vista social el mundo no estaba tan inextricable y evidentemente ligado como el fen meno de la globalizaci n y los avances de las nuevas tecnolog as han puesto de manifiesto hoy en d a Por ello el papel social de la empresa pod a circunscribirse a su implicaci n en el entorno social inmediato Adem s de alguna manera las implicaciones del nuevo paradigma no suponen una ruptura con la concepci n tradicional de la empresa la permanencia en el tiempo de
203. la do desenvolvimento pleno da crian a e do 167 adolescente dada sua condi o ainda mais suscet vel s investidas daqueles que s enxergam no semelhante fonte de renda e lucro J na fase conclusiva do presente trabalho e na busca incessante de material para o enriquecimento da pesquisa notadamente em torno da investiga o a respeito do comportamento do Estado na prote o da crian a e do adolescente envolvida no trabalho infantil art stico veio tona o Projeto de Lei n 6 937 apresentado C mara Federal no ltimo dia 10 de mar o objeto de an lise adiante 4 2 2 3 O PL 6 937 2010 O Projeto de Lei n 6 937 2010 altera o artigo 60 do ECA e expl cito ao enfatizar a proibi o do trabalho antes do 16 anos salvo na condi o de aprendiz a partir dos 14 anos A reda o atual do mencionado dispositivo legal inserto no Cap tulo V que trata Do Direito Profissionaliza o e Prote o no Trabalho estabelece proibi o de qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade salvo na condi o de aprendiz Uma leitura desavisada do dispositivo legal em refer ncia poderia conduzir a uma suposta inconstitucionalidade na esp cie em que a idade m nima para o trabalho prevista na CF 88 situa se em 16 anos salvo na condi o de aprendiz a partir dos 14 anos Interpreta o sistem tica do texto legal contudo permite vislumbrar a inexist ncia de contrariedade ao texto constitucional p
204. lho como conseq ncia do elastecimento de compet ncia ditada pela Emenda Constitucional n 45 Passado o per odo de transi o para a concretiza o do ideal legislativo impingido pela Reforma Constitucional e superados ainda que n o em definitivo as d vidas e os percal os estruturais de sua implanta o a Justi a do Trabalho vem enfrentando os desafios da amplia o de sua compet ncia de modo que as dificuldades suscitadas pelo autor n o representam obst culo intranspon vel assimila o da compet ncia para a aprecia o e concess o de alvar s para o trabalho infantil art stico Portanto ampliada a compet ncia da Justi a do Trabalho para o julgamento das a es relativas ao trabalho da pessoa natural em geral MALLET In COUTINHO FAVA 2005 p 72 n o mais se justifica que as autoriza es para a realiza o de trabalho art stico por crian as e adolescentes sejam apreciadas pelo Juiz da Vara da Inf ncia e da Juventude A problem tica relativa car ncia de recursos material e humano bem assim de estrutura suficiente a uma presta o jurisdicional mais c lere e eficiente n o se restringe esfera laboral estendendo se a todos os ramos do Poder Judici rio e segundo Grijalbo Fernandes Coutinho e Marcos Neves Fava 2005 p 95 n o constituindo bice ao deslocamento da compet ncia decorrente de mandamento constitucional CONCLUS O N o obstante a complexidade e a multiplicidade de fator
205. lho infantil Para o indiv duo inserto numa sociedade capitalista que superprotege a propriedade privada a educa o e a profissionaliza o constituem a chance realista de quebrar o ciclo perverso que aprisiona o pobre na pobreza ressalta Santos apud OLIVA 2006 p 224 A escola precisa ter um valor e um valor superior ao do trabalho Esse valor somente percebido na medida em que se afere o poder transformador da educa o tarefa que encontra grande dificuldade de internaliza o na sociedade em pa ses de economia capitalista perif rica como o Brasil Isso acontece pela complexidade dos fatores respons veis pelo mercado de trabalho precoce que al m da quest o da apropria o econ mica do labor de crian as e adolescentes por outrem tem suas ra zes fincadas em problema estrutural de profunda desigualdade social e de distribui o de renda Melro destaca a import ncia que a escola adquiriu na contemporaneidade O tempo escolar de facto adquiriu uma nova import ncia nas sociedades contempor neas podendo se inclusivamente estabelecer uma compara o entre este e o tempo do trabalho organizado da mesma maneira local pr prio hor rio calend rio progress o Mas o tempo escolar pode ser igualmente considerado numa perspectiva metassocial na medida em que a 12 escola tal como a fam lia quer pelo curr culo formal quer pelo chamado curr culo oculto cria contextos de aprendizagem para a estr
206. liberal por interm dio do qual o modo capitalista de produ o e a economia de mercado se imp em como verdade absoluta e solu o para todos os males e excluem quaisquer outras formas de organiza o que n o se renda a seus postulados O projeto em refer ncia evidencia um Estado minimalista fei o dos projetos globalizantes do modelo econ mico e da ideologia neoliberal leciona Sarlet Op cit p 430 distante portanto do papel que o Estado deve assumir na prote o dos direitos de personalidade e demais direitos espec ficos os quais demandam tutela contra amea as e les es no mbito das rela es privadas especialmente em face os detentores de maior poder econ mico A atua o estatal tomando se por base o projeto de lei em estudo n o tem se orientado na dire o dos direitos fundamentais assegurados na CF O PLS 83 2006 peca por fornecer solu o que desce abaixo do m nimo de prote o imposto pelos direitos fundamentais e falha ent o na tentativa de exercer a fun o do imperativo de tutela no mbito das rela es contratuais Como assinala Canaris Op cit pp 134 135 A fun o dos direitos fundamentais de imperativo de tutela tamb m se aplica em princ pio em rela o auto vincula o por contrato Ela tem aqui relev ncia especial por um lado se pelo seu car ter personal ssimo o bem protegido por direitos fundamentais cujo exerc cio contratualmente limitado n o estiver de to
207. litarismo ditatorial paralelamente vigorantes poca refor ava cada vez mais a exclus o a estigmatiza o e a desigualdade de tratamento entre crian as abandonadas infratoras e pobres os menores e as demais de fam lias de bem e de bens A estas eram reservados os trabalhos intelectuais e quelas as medidas corretivas e disciplinares al m de toda a pol tica assistencialista que sinalizava para a solu o do problema a partir do direcionamento ao trabalho na ind stria ou no campo A valoriza o do trabalho infantil era o emblema do pensamento menorista vigente at a edi o do ECA Lei n 8 069 90 que consagrou a virtuosidade do trabalho de crian as e adolescentes condenando sua desocupa o O trabalho infantil no Brasil ao longo da sua hist ria nunca foi representado como um fen meno negativo na mentalidade da sociedade brasileira At a d cada de 80 o consenso em torno desse tema estava consolidado para entender o trabalho como sendo um fator positivo no caso de crian as que dada sua situa o econ mica e social viviam situa es de pobreza de exclus o e de risco social Tanto a elite como as classes mais pobres compartilhavam plenamente dessa forma de encarar o trabalho infantil A educa o desvinculada de um usufruto econ mico imediato era colocada como desnecess ria e at problem tica Aprender a brincar divertir se vivenciar o car ter l dico e contemplativo de algumas atividades foi
208. lquer atua o do Estado e portanto tamb m a regula o demanda um olhar espec fico para o mundo da vida conforme o pensamento habermasiano O problema surge na forma como a sociedade se estrutura e deixa de reagir de aferir os riscos subjetivos imanentes ao trabalho infantil O sistema capitalista 178 globalizado aliena e a sociedade sequer questiona comportamentos que ensejam risco a crian as e adolescentes envolvidos em trabalho art stico E a aliena o caracter stica da sociedade de massas p s moderna explica o sil ncio existente a respeito da utiliza o de artistas mirins pela atividade econ mica O mundo p s moderno est dominado pela racionalidade midi tica que penetra os indiv duos por interm dio de uma verdade produzida e acabada que determina o modo de vida dos indiv duos seus desejos sua linguagem eliminando tens es e dissipando a linguagem que por interm dio da oposi o legitima a realidade institu da na vis o de Wittgenstein Trata se de uma realidade interessante apenas a quem o produz e n o minoria preocupada com a verdade com o humano e a com intersubjetividade a esta pressuposta o que talvez explique a invisibilidade do trabalho infantil nos bastidores da televis o dos desfiles dos est dios publicit rios dos jogos e dos palcos Os saberes imprescind veis a uma sociedade contudo demandam necessariamente um ato humano de consci ncia e intersubjetividade da sobressaindo a
209. m na ind stria do entretenimento e frequentam a escola regular n o podem trabalhar a mesma quantidade de horas que as crian as submetidas ao ensino de um professor est dio pois o ensino em escola regular demanda muito mais horas de dedica o segundo prev a lei s crian as e adolescentes que n o s o atores profissionais assegurado o sal rio m nimo bem como o pagamento de horas extras excedentes de 8 di ria e 40 semanal 123 A legisla o norte americana n o logra esconder a racionalidade econ mica que a inspira A preserva o do tempo destinado educa o aparece com nfase na lei certo Todavia o limite de jornada de trabalho situa se em patamar bastante elevado al m de ser admitida a realiza o de labor em regime de prorroga o de hor rio Ademais h veda o gen rica de trabalho em ambiente impr prio ou em preju zo sa de da crian a e n o s o especificadas as condi es laborais que assegurariam a preserva o do desenvolvimento biopsicossocial sadio desses seres em especial fase de forma o N o obstante a riqueza de detalhes na regula o do trabalho infantil art stico sobressai do texto legal em an lise a preval ncia do vi s economicista do labor de forma a adequar as condi es peculiares de crian as e adolescentes s necessidades da ind stria do entretenimento quando deveria ser o contr rio ou seja que estas se submetessem aquelas Por tais raz es n o
210. ma dos deveres de prote o dos direitos fundamentais inarred vel aferir que o PLS 83 2006 antes mesmo de sua aprova o pelo Congresso Nacional padece do v cio da inconstitucionalidade porquanto falha no exerc cio da fun o de imperativo de tutela O Projeto de Lei iniciado no Senado sob n 83 2006 estabelece a possibilidade de atua o em cinema teatro televis o e an ncios publicit rios do indiv duo maior de 14 e menor de 18 anos mediante autoriza o de seu respons vel exigindo autoriza o judicial apenas para menores de 14 anos Ao inv s de estabelecer o modo pelo qual o trabalho art stico precoce deve desenvolver se de molde a contribuir para a efetividade de direitos fundamentais espec ficos o PLS mencionado prop e seja abolido do ordenamento e retirado do Estado o poder de avalia o das condi es de labor no meio art stico atribuindo o aos pais em franca oposi o norma constitucional de exce o inserta no art 8 da Conven o 138 da OIT e ao art 7 XXXIII da Constitui o Federal 164 No tocante ao PLS 83 2006 aplica se a proibi o de insufici ncia porque dele resulta uma lacuna de prote o t o massiva que neste aspecto n o estaria satisfeita a exig ncia de uma realiza o eficiente da fun o de imperativo de tutela CANARIS Op cit p 118 Luiz Fernando Coelho Op cit alerta para uma das formas perniciosas e amea adoras do totalitarismo o fundamentalismo neo
211. ma rela o de trabalho infantil art stico assim como de a o voltada a questionar penalidade administrativa impingida pelo Minist rio do Trabalho e Emprego ao confrontar irregularidades na execu o do correspondente contrato arts 434 e 438 da CLT Em ambos os casos pertence Justi a do Trabalho a compet ncia para o equacionamento do conflito OLIVA 2006 p 122 A autoriza o para o trabalho infantil art stico compreende mat ria de jurisdi o volunt ria caracterizada pela aus ncia de partes e contradit rio bem assim pela aus ncia de conflito de interesses Neste caso imp e se uma demanda por tutela especial ao Estado juiz com vistas garantia de que o ato no caso o trabalho se realize no modo como concebido pela lei Oris de Oliveira 2009 p 690 perfilha o mesmo entendimento por m sinaliza com prud ncia para a necessidade de pessoal qualificado e estrutura judici ria adequada para o atendimento da demanda 172 o exerc cio desta fun o exige uma capilaridade presencial em todas ou quase todas as cidades do territ rio nacional e que tamb m a implanta o exigiria infraestrutura adequada e pessoal de apoio a Justi a do Trabalho s deveria assumir a fun o desde que fossem dadas as condi es para exerc la sem preju zo do exerc cio da jurisdi o contenciosa com que est assoberbada e se tornar ainda mais quando come arem a se avolumarem as a es relativas s rela es de traba
212. mano portanto n o se restringe luta pela erradica o do trabalho infantil em algumas de suas formas Urge ainda a regula o de outras observadas as estruturas e dimens es sociais e culturais que envolvem o trabalho de crian as e adolescentes com vista sua prote o em face daqueles que se beneficiam de seu trabalho sejam eles a fam lia ou uma atividade empresarial espec fica ao contr rio do Estado cl ssico e liberal de Direito no qual os direitos fundamentais na condi o de direitos de defesa tinham por escopo proteger o indiv duo de inger ncias por parte dos poderes p blicos na sua esfera pessoal e no qual em virtude de uma preconizada separa o entre Estado e sociedade entre o p blico e o privado os direitos fundamentais alcan avam sentido apenas nas rela es entre os indiv duos e o Estado no Estado social de Direito n o apenas o Estado ampliou suas atividades e fun es mas tamb m a sociedade cada vez mais participa ativamente do exerc cio do poder de tal sorte que a liberdade individual n o apenas carece de prote o contra os poderes p blicos mas tamb m contra os mais fortes no mbito da sociedade isto os detentores de poder social e econ mico j que nesta esfera que as liberdades se encontram particularmente amea adas SARLET Op cit p 365 Nesse passo ressalta se o papel essencialmente emancipador do Estado em regular o trabalho infantil art stico o mesmo ocorr
213. membros do Mercosul notadamente em face da aus ncia de uma harmoniza o legislativa em torno do tema nos pa ses do Cone Sul motivo da aus ncia de um direito comunit rio como assevera Minharro loc cit a Argentina A Argentina assim como o Brasil ratificou as Conven es 138 e 182 da OIT conforme publicado no anexo 2 do cuadro de ratificaciones de los Convenios de la OIT n ms 138 y 182 y memorias anuales en relaci n con la abolici n efectiva del trabajo infantil presentadas con arreglo al seguimiento de la Declaraci n A par disso em 24 de junho de 2008 foi promulgada naquele pa s a Lei n 26 390 Referida legisla o estabeleceu proibi o de trabalho infantil e prote o ao trabalho do adolescente e alterou dispositivos existentes na legisla o anterior a respeito do trabalho de crian as e adolescentes majorando a idade m nima que at ent o estava fixada em 14 anos Lei n 20 744 74 para 16 anos O novo diploma legal estabelece em seu artigo 2 ARGENTINA 2008 La presente ley alcanzar el trabajo de las personas menores de dieciocho 18 a os en todas sus formas Se eleva la edad m nima de admisi n al empleo a diecis is 16 afios en los t rminos de la presente Queda prohibido el trabajo de las personas menores de diecis is 16 a os en todas sus formas exista o no relaci n de empleo contractual y sea ste remunerado o no Toda ley convenio colectivo o cualquier otra fuente normat
214. mesmo este sofre limita es na prote o contra a ruptura da ordem constitucional sejam estas 119 limita es materiais expressamente concebidas no texto da Constitui o cl usulas p treas ou limita es materiais impl citas Ora uma vez pr concebida a norma internacional de exce o como uma redu o para al m do m nimo essencial assegurado pela CF seria de question vel constitucionalidade at mesmo a edi o de Emenda voltada absor o da regra exceptiva e a ordem constitucional estaria condenada a perder sua for a normativa diante do descompasso com a conjuntura social e econ mica de um lado e da proibi o de reforma de outro Tendo em conta que a quest o do trabalho art stico desempenhado por crian as e adolescentes gira em torno da amea a a direitos fundamentais espec ficos a exist ncia de risco de les o a estes direitos h de ser aferido luz do caso concreto em face de elementos do direito privado assim compreendidos a lei a jurisprud ncia e todos os sujeitos envolvidos em atos jur dicos neg cios jur dicos etc de se ter em conta que o legislador ordin rio exerce um papel primordial na prote o dos direitos fundamentais por interm dio do que Claus Wilhelm Canaris denomina imperativo de tutela O objetivo principal da tutela no mbito das rela es entre particulares a prote o dos bens jur dico fundamentais perante interven es f cticas por parte de outros sujeitos de
215. midi tica Imperioso destarte o estudo da natureza do trabalho desempenhado por crian as e adolescentes em face de uma atividade econ mica bem como do modo 146 como este trabalho se realiza Ainda e importante de como a sociedade se comporta perante o trabalho infantil inclusive o art stico e de que modo penetra o direito instando o regula o ou n o conforme a demanda por tutela dos direitos fundamentais em cada caso concreto Importante tamb m considerar outrossim que modernamente o Estado deixou de ter um papel meramente regulador como denunciado por Marx Op cit para quem o direito representa estrutura de domina o em prol dos interesses da classe dominante Nesse sentido o papel do Estado deve ser emancipador na perspectiva de libertar o trabalhador no caso o trabalhador infantil da aliena o para que crian as e adolescentes possam desenvolver a cidadania plena O Estado ent o precisa considerar a realidade da vida tamb m no exerc cio da prote o desses seres sem o que fracassa na experi ncia de configura o do mundo e de conseguinte na tentativa emancipadora A luta contra a explora o do trabalho infantil deve levar em conta a necessidade de prote o a crian as e adolescentes para um desenvolvimento plenamente sadio por m ao mesmo tempo deve reconhecer em determinados trabalhos desde que realizados sob condi es espec ficas que existe um potencial ben fico a este desenvolv
216. n as afirma a autora que j n o s o mais os pais ou tutores que decidem o que comprar mas sim as pr prias assumiram este papel das crian as consumidoras ibid pp 45 46 A par de perceber se uma invisibilidade do trabalho infantil nos bastidores da televis o dos desfiles dos jogos e nos palcos existe uma visibilidade que permite uma valoriza o social das crian as inseridas no mundo art stico em compara o com as an nimas sen o veja se os programas que j d o nfase a essas crian as e jovens e as reportagens escritas que se v o fazendo para dar a conhecer o seu mundo Os pais ou tutores investem cada vez mais na profiss o dos filhos ibid p 59 60 Por isso a import ncia do debate suscitado no presente trabalho O direito enquanto linguagem tem a responsabilidade de revelar o que real e o que sistema m dia conferindo quele o seu verdadeiro significado e ao mesmo tempo estabelecendo restri es ao avan o desmedido de uma realidade virtual Os saberes imprescind veis a uma sociedade demandam necessariamente uma interpreta o dependem de um ato humano de consci ncia e intersubjetividade Da a relev ncia do esp rito cr tico frente a uma verdade pronta e acabada fornecida pela m dia no sentido de garantir que a pr pria democracia n o seja comprometida No mbito da sociologia da inf ncia s o n tidos os efeitos do avan o tecnol gico sobre o comportamento da sociedad
217. n as e adolescentes sobressai de extrema import ncia como enfatiza Oris de Oliveira 2009 p 690 T m se seguras informa es de que sindicatos da categoria t m cursos de representa o art stica visando a futura entrada no mercado de trabalho Hoje programas sociais utilizam com xito representa es art sticas de diversas modalidades visando dar inicia o a crian as e adolescentes na carreira art stica Mas em contexto educacional e ex abundancia dando se lhes oportunidade de lazer de conviv ncia social e de fugir de situa es de risco Estas oportunidades mencionadas se fazem sem ter que passar por estressante sele o promovida pelas entidades comerciais Dispon vel em http aprendiz uol com br content mociueswuc mmp Acesso em 23 de julho de 2009 74 O problema surge quando o trabalho art stico apropriado pela atividade econ mica A quest o parece adquirir outros contornos quando a arte passa a ter motiva o externa a esta subjetividade a atividade econ mica e como tal a rela o de trabalho subordinada e obrigat ria em que a atividade art stica n o logra abstrair a ideia de trabalho Hoje como antes crian as e adolescentes permanecem como objeto de explora o econ mica diante de uma sociedade ap tica e nas palavras de Paulo Freire 2005 p 158 de massas conquistadas massas espectadoras passivas gregarizadas Por tudo isto massas alienadas que sequer debatem a finali
218. n o encarar o trabalho art stico como trabalho mas sim como lazer e entretenimento se deve a quest es culturais que cercaram sua evolu o Alerta a autora contudo 136 compreender se esta atividade no conceito de trabalho inclusive em face de possuir regulamenta o legal espec fica para o caso do trabalhador adulto N o se pode deixar cegar se pelo forte apelo econ mico da atividade art stica realizada por crian as e adolescentes na contemporaneidade e abstrair o potencial de risco de que portadora em face principalmente da forma o moral ps quica e social desses indiv duos em peculiar fase de desenvolvimento Embora sob representa o que entret m e diverte a sociedade o trabalho infantil art stico no m nimo demanda certos predicados como disciplina e horas de dedica o que certamente correm em preju zo frequ ncia escolar e portanto ao desenvolvimento intelectual sadio Melro Op cit certifica a necessidade de aprimoramento da legisla o portuguesa espec fica em palavras que embora destinadas ao diagn stico social daquele pa s se aplicam ao contexto brasileiro no tocante ao trabalho infantil art stico importa dizer que seria pertinente melhorar as regras jur dicas e os novos c digos de proibi o de trabalho para as crian as e jovens actores manequins jogadores etc e tamb m alertar para o facto de que passa despercebido o trabalho art stico na medida em que ambos poss
219. ncondicional tornando imperioso o estudo dos enfrentamentos sociais que o tema imp e 2 2 A CHAGA SOCIAL DO TRABALHO INFANTIL E O TRABALHO COMO VALOR 2 2 1 Conceito de Trabalho de registrar como originalmente o trabalho manifesta se por uma express o negativa dada a etimologia da palavra tripalium que significa dor sofrimento pena e fadiga Tal concep o manifesta se na b blia quando Deus expulsa Ad o e Eva do para so e diz com o suor do teu rosto comer s teu p o e a partir de ent o a pregui a passa a integrar o rol dos pecados capitais GON ALVES PASSOS CAMARGO 2007 p 143 Com o decurso do tempo o trabalho passou a ser concebido como divino Foram as primeiras no es de dignidade do trabalho dada pelas religi es b blicas civiliza o ocidental ent o reveladas por Karl Marx para quem o trabalho possui um valor hist rico e moral de acordo com as particularidades de cada cultura de cada pa s El valor de la fuerza de trabajo se determina como el de cualquier outra mercanc a por el tiempo de trabajo necesario para la producci n incluyendo por tanto la reproducci n de este art culo espec fico Considerada como valor la fuerza de trabajo no representa m s que uma determinada cantidad de trabajo social m dio materializado em ella La fuerza de trabajo solo existe como actitud del ser viviente Su producci n presupone por tanto la exist ncia de este Y partiendo del
220. nd stria Midi tica 123 4 1 3 O Trabalho Art stico de Crian as e Adolescentes no Direito Brasileiro e o Imperativo de Tutela ie eeaaaeareeeraaa aaa naaaaaana 126 4 1 3 1 A necessidade de regula o do trabalho infantil art stico pelo Estado 134 4 1 3 2 Um hard case O confronto do Estado com o poder familiar 139 4 2 O PAPEL EMANCIPADOR DO ESTADO NA PROTE O DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE ssa iss Toa sara 144 4 2 1 O Papel Emancipador do Estado na Regula o do Trabalho da Crian a e do Adolescente raiar oiee Rania apatia 144 4 2 1 1 Pol ticas p blicas de preven o e erradica o do trabalho infantil 149 42 l PEG m ni ni Sd a A E 150 PB ESRA Sl cd e PRC RR DR RR RR 151 Ps 20 o ES RA o SRP PROD IR PRENDE PRINT RS PR DDT RO IO PAR RD DIES UR PI 151 4 2 1 1 4 CONAETI Plano de PETIPTA n errei 152 de oo MTE assada ra a Sa 152 4 2 1 1 6 MPT e Justi a do Trabalho serrana 153 4 2 1 1 7 Iniciativas voltadas ao trabalho infantil art stico 154 4 2 2 A Regula o do Trabalho da Crian a e do Adolescente no Trabalho AMUSUICO rare nina rar RD Ra a nie RE CVRD CNAE NV ARA 156 4 2 2 1 Insufici ncia do arcabou o normativo vigente no tocante ao trabalho art stico desempenhado por crian as e adolescentes 156 4 222 O PLS BOZODO E ria ha do a E EEEE E E aTa 163 4 2 2 3 O PL 6 937 2010 uia do manada di nd a 167 CONCLUS O
221. ndamentais diante da redu o dos n veis de conflitos laborais e de gastos com seguridade social os quais se fazem acompanhar de aumento de produtividade e de efici ncia econ mica e de acordo com Rico Loc cit O resultado desse estudo recha a a alega o dos pa ses em desenvolvimento a respeito de que a rigorosa observ ncia s normas internacionais de prote o ao trabalho contribuiria para a deteriora o ainda maior de sua situa o econ mica impediria definitivamente a concorr ncia destes Estados com os pa ses desenvolvidos e de conseguinte tornaria mais dif cil sua ascens o a padr es mais elevados de garantias sociais em seu territ rio A inclus o das cl usulas sociais nos tratados de com rcio internacional contudo at o presente momento restou frustrada em face da forte resist ncia dos pa ses em desenvolvimento Rico ibid p 133 assinala haver uma terceira postura que contempla o dumping social para al m do contexto da efici ncia econ mica La vinculaci n entre las normas liberalizadoras del comercio internacional y la efectiva protecci n del medio ambiente y de los derechos laborales s lo tendr a sentido desde la perspectiva del respeto a un conjunto de derechos humanos relacionados con el desarrollo econ mico Todos los individuos tienen derecho a beneficiarse de las ventajas del libre comercio y la mejora econ mica resultante pero ello no ser a posible si no se garantiza al mismo 88
222. ndo por objetivo priorizar os interesses das novas gera es pois a inf ncia passa a ser concebida n o mais como um objeto de medidas tuteladoras o que implica reconhecer a crian a sob a perspectiva de sujeito de direitos A crian a e o adolescente enquanto sujeitos de direitos s o detentores de prerrogativas legais que lhes conferem tratamento diferenciado no implemento e efetiva o dos direitos fundamentais e inerentes personalidade humana precisamente por se encontrarem na forma o cultural social pol tica espiritual moral ideol gica dentre outras perspectivas que possam se figurar como express es de tudo aquilo que indispens vel cidadania plena A redefini o da cidadania infanto juvenil perpassa assim pela subjetiva o das pessoas que se encontram na condi o de desenvolvimento da personalidade reconhecendo as como titulares de direitos fundamentais consoante disp e os arts 1 inc Ill 227 e 228 da Constitui o da Rep blica de 1988 RAMIDOFF Op cit p 246 e 253 39 O texto constitucional exalta a seguran a nas rela es jur dicas estabelecidas pela crian a e pelo adolescente em face da fam lia do Estado e da sociedade a seguran a que para Agn s Rabagny se trata de um dever fundamental De igual sorte l objectif du droit du travail est identique assurer la s curit et la sant des personnes RABAGNY 2008 p 83 Tamb m no mbito trabalhista a doutrina da prot
223. ndustriais ocupados preferentemente miembros de la familia del empleador siempre que por la naturaleza del trabajo o por las condiciones en las que se efect e no sea peligroso para la vida salud o moralidad de los menores Excetua se tamb m da proibi o o trabalho em escolas profissionalizantes quando voltadas forma o profissional e tenham sido aprovadas pela autoridade competente arts 119 e 120 PARAGUAI 1993 Outrossim h proibi o de trabalho em domingos e feriados e veda o de trabalho noturno 20h s 6h exceto no caso de trabalho dom stico arts 121 122 e 125 Loc cit Art 36 Los menores que tengan m s de doce a os y menos de diez y ocho podr n celebrar contrato de trabajo con autorizaci n La misma podr ser condicionada limitada o revocada por el representante legal del menor PARAGUAI 1993 32 Dentre outros pressupostos para o trabalho da crian a e do adolescente h previs o de que n o requieran esfuerzos superiores a la capacidad propia de su edad evidenciando a preocupa o do legislador infraconstitucional com o trabalho penoso que embora tenha sido previsto na Constitui o brasileira carece de regulamenta o ressalta Martins Op cit p 66 A mesma lei reconhece quele com idade inferior a 18 anos o direito a f rias anuais remuneradas art 127 No artigo 123 a lei em estudo estabelece limita o de jornada de 4 horas e carga m xima de 24 horas s
224. nea antes resultam da interioriza o de condi es de exist ncia espacio temporalmente situadas O que significa por outro lado que id nticas condi es sociais de exist ncia geram id nticos habitus Pinto 2000 42 MELRO Op cit p 72 Conforme diagn stico situacional principalmente at a d cada de 80 o trabalho infantil no Brasil era visto pela sociedade como um fator positivo para a solu o do problema de crian as pobres exclu das e em situa o de risco social Trata se de um fator cultural fortemente impulsionado pelo interesse econ mico como se ver adiante 3 1 1 O Hist rico de Explora o Econ mica do Trabalho Precoce no Brasil Com analisado no segundo cap tulo o trabalho de crian as e adolescentes hist rico Observadas as limita es pr prias da fase de desenvolvimento em que se encontram esses seres bem assim o per odo da hist ria em que se situam poss vel afirmar que sempre houve trabalho infantil Conforme afirma Sarmento o trabalho infantil n o uma patologia A exist ncia de crian as que trabalham um dado inerente sociedade contempor nea e de resto a resultante de um processo hist rico que Plano Nacional de Preven o e Erradica o do Trabalho Infantil e Prote o ao Trabalhador Adolescente 78 assumiu as crian as como seres produtivos lhes atribuiu pap is nas rela es de produ o e fez delas contribuintes activos na cria o da r
225. niza es Internacionais ou entre Organiza es Internacionais 21 de mar o de 1986 Dispon vel em http academico direito rio fgv br ccmw images 5 53 Conven C3 A7 C3 A30 de Viena sobre Direito d os Tratados pdf Acesso em 30 de julho de 2009 COUTINHO Aldacy Rachid Trabalho art stico infantil na televis o Revista da Academia Brasileira de Direito Constitucional n 6 Curitiba PR Academia Brasileira de Direito Constitucional 2004 COUTINHO Grijalbo Fernandes FAVA Marcos Neves coord Justi a do Trabalho compet ncia ampliada S o Paulo LTr 2005 CUST DIO Andr Viana Trabalho infantil instrumentos para supera o de uma cultura social e econ mica de explora o da crian a In ANNONI Danielle coord Direitos humanos amp poder econ mico conflitos e alian as Curitiba Juru 2005 DALLARI Pedro B A Constitui o e tratados internacionais S o Paulo Saraiva 2008 DEJOURS Christophe O fator humano 5 ed Maria Irene Stocco Betiol e Maria Jos Tonelli Trad Rio de Janeiro FGV 2005 DEL PRIORE Mary org Hist ria das crian as no Brasil 6 ed S o Paulo Contexto 2008 184 DOURADO Ana Cristina Dubeux Hist ria da inf ncia e direitos da crian a Edi o Especial Minist rio da Educa o ano XIX n 10 setembro 2009 ESTADOS UNIDOS DA AM RICA 1938 FLSA Dispon vel em http www dol gov whd regs statutes FairLaborStandAct pdf Acesso em 21 de abril de 2010
226. normas de direito do trabalho O PL 6937 2010 consagra tal possibilidade disponibilizando ao juiz um amplo leque de instrumentos capazes de 170 assegurar a tutela de uma sadia forma o moral emocional f sica e intelectual da crian a e do adolescente Aumenta na esp cie a responsabilidade da autoridade judici ria competente para a concess o do alvar na medida em que al m da ambi ncia laboral e natureza do espet culo a pretensa autoriza o para o trabalho art stico demandar lhe exame detalhado da realidade das caracter sticas enfim do modo como realizada a presta o de servi os e de que forma seu desempenho vem a atender o imperativo de tutela dos direitos fundamentais Ser revogada a autoriza o para o trabalho caso descumprida a frequ ncia escolar m nima de 75 do total de horas letivas de no m nimo 800 horas previstas no art 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Lei n 9 394 96 restando expl cita a inten o do legislador na tend ncia da doutrina contempor nea na valoriza o e fomento do processo educacional BRASIL 1996 Por fim expressiva inova o apresentada no projeto de lei em an lise diz respeito compet ncia para a concess o de alvar para a realiza o de trabalho infantil art stico O projeto prev que compete autoridade judici ria do trabalho ap s ouvido o Minist rio P blico do Trabalho apreciar o pedido dos detentores do poder familiar intr
227. nt o diretor geral da OIT Michel Hansenne na 85a reuni o anual da institui o foi desde logo recha ada por alguns pa ses dentre eles o Brasil GOYOS Jr Op cit Ainda para esse autor etiquetagem social dos produtos de cada pa s uma id ia possivelmente inspirada nos trajes degradantes impostos pelos tribunais da Santa Inquisi o ou nas estrelas de Davi amarelas de Hitler criar p rias margem da comunidade internacional dificultando as oportunidades de desenvolvimento econ mico e afirma o social de suas popula es pela falta de acesso de seus produtos aos mercados internos ibid pp 168 169 Impugnada sob o fundamento de que a etiquetagem social representaria cl usula social disfar ada de utiliza o de padr es de condi es laborais como ferramenta de protecionismo comercial a proposta foi retirada Sob a perspectiva da legitimidade e efic cia a tentativa da inser o de cl usulas sociais nos tratados comerciais tamb m fracassou pois de acordo com os estudos dos diversos organismos internacionais seu acolhimento simplesmente 89 aumentaria o abismo existente entre pa ses desenvolvidos e pa ses em desenvolvimento dados os obst culos que culminariam por estabelecer a estes ltimos Rico Op cit 2005 pp 155 156 conclui La imposici n de restricciones comerciales destinadas a garantizar el respeto de ciertos derechos sociales y econ micos en el mbito competencial de otros E
228. ntegridade moral em suas v rias concep es como o direito imagem intimidade privacidade honra e estariam voltadas ainda a contribuir eficaz e positivamente para o desenvolvimento e da cidadania desses indiv duos O papel do Estado seja na erradica o da explora o do trabalho infantil seja na regula o do trabalho que de alguma forma pode contribuir positivamente para o desenvolvimento de crian as e adolescentes de constru o de efetiva integra o com a sociedade para a concretiza o dos direitos fundamentais e para al m de uma conviv ncia harm nica uma conjuga o de responsabilidades no 149 sentido de garantir a crian as e adolescentes os anticorpos necess rios para o enfrentamento do mundo adulto 4 2 1 1 Pol ticas p blicas de preven o e erradica o do trabalho infantil Na diretriz do estudo formulado no cap tulo 2 do presente trabalho item 2 1 4 ao encampar a doutrina da prote o integral e absoluta da crian a e do adolescente integrando a ao ordenamento jur dico positivado o Brasil passa a apresentar uma das legisla es mais avan adas do mundo no tocante regula o da mat ria OLIVA 2006 p 140 Conquanto n o mais subsista substrato te rico que fundamente a legitimidade da explora o do trabalho infantil existe uma dificuldade imensa na absor o da nova racionalidade proposta cuja supera o demanda a implementa o de pol ticas p blicas e
229. o bloco da constitucionalidade a princ pios n o escritos mais ainda reconduz veis ao programa normativo constitucional como formas de densifica o ou revela o espec ficas de princ pios ou regras constitucionais positivamente plasmadas Os direitos internacionais integrariam assim o chamado bloco de constitucionalidade densificando a regra constitucional positivada no 2 do art 5 caracterizada como cl usula constitucionalmente aberta 101 Gilmar Ferreira Mendes 1999 p 36 enuncia com clareza que Direitos fundamentais s o a um s tempo direitos subjetivos e elementos fundamentais da ordem constitucional objetiva Enquanto direitos subjetivos os direitos fundamentais outorgam aos titulares a possibilidade de impor os seus interesses em face dos rg os obrigados Na sua dimens o como elemento fundamental da ordem constitucional objetiva os direitos fundamentais tanto aqueles que asseguram primariamente um direito subjetivo quanto queles outros concebidos como garantias individuais formam a base do ordenamento jur dico de um Estado de Direito democr tico Merecem especial destaque nesse contexto garantias asseguradas em tratados internacionais quando tratam de direitos humanos como esclarece Piovesan Op cit p 184 O advento da International Bill of Rights como j visto constituiu o marco do processo de prote o internacional dos direitos humanos A partir dela in m
230. o ao relevant ssimo papel influ ncia e efic cia derrogat ria e inibit ria das conven es internacionais sobre direitos humanos no plano dom stico e infraconstitucional do ordenamento positivo do Estado brasileiro Nesse sentido concluiu o STF MELLO 2009a que 1 tratados internacionais de direitos humanos celebrados pelo Brasil ou aos quais o nosso Pa s aderiu e regularmente incorporados ordem interna em momento anterior ao da promulga o da Constitui o de 1988 tais conven es internacionais revestem se de ndole constitucional porque formalmente recebidas nessa condi o pelo p 2 do art 5 da Constitui o 2 tratados internacionais de direitos humanos que venham a ser celebrados pelo Brasil ou aos quais o nosso Pa s venha a aderir em data posterior da promulga o da EC no 45 2004 essas conven es internacionais para se impregnarem de natureza constitucional dever o observar o iter procedimental estabelecido pelo p 3 do art 5 da Constitui o e 3 tratados internacionais de direitos humanos celebrados pelo Brasil ou aos quais o nosso Pa s aderiu entre a promulga o da Constitui o de 1988 e a superveni ncia da EC n 45 2004 referidos tratados assumem car ter materialmente constitucional porque essa qualificada hierarquia jur dica lhes transmitida por efeito de sua inclus o no bloco de constitucionalidade que a somat ria daquilo que se adiciona
231. o Federal segundo Sarlet Loc cit Jos Afonso da Silva apud PIOVESAN Op cit pp 56 57 reconhece o car ter aberto do dispositivo constitucional em an lise Para esse autor A circunst ncia de a Constitui o mesma admitir outros direitos e garantias individuais n o enumerados quando no par grafo 2 do art 5 declara que os direitos e garantias previstos neste artigo n o excluem outros decorrentes dos princ pios e do regime adotado pela Constitui o e dos tratados internacionais em que a Rep blica Federativa do Brasil seja parte No mesmo sentido se posiciona Canotilho ibid p 55 tamb m referido pela autora ao afirmar o car ter de cl usula constitucional aberta do disposto no par grafo segundo do art 5 da Constitui o Federal A Constitui o assume expressamente o conte do constitucional dos direitos constantes dos tratados internacionais dos quais o Brasil parte Ainda que esses direitos n o sejam enunciados sob a forma de normas constitucionais mas sob a forma de tratados internacionais a Carta lhes confere o valor jur dico de norma constitucional j que preenchem e complementam o cat logo de direitos fundamentais previsto pelo Texto Constitucional Nesse sentido afirma Canotilho O programa normativo constitucional n o pode se reduzir de forma positiv stica ao texto da Constitui o H que densificar em profundidade as normas e princ pios da constitui o alargando
232. o artigo 2 do ECA BRASIL 1990 crian a o indiv duo de at 12 anos incompletos e adolescente aquele com idade entre 12 e 18 anos As express es crian a e adolescente nem sempre estiveram presentes na abordagem da quest o relativa ao trabalho infantil dessumindo se na doutrina 45 brasileira ao menos at a promulga o da Constitui o da Rep blica a ado o do termo menor a significar os indiv duos que ainda n o atingiram a maturidade tal qual a legisla o infraconstitucional vigente at ent o compreendida no C digo de Menores Lei n 6 697 67 inspirada na doutrina da situa o irregular e a pr pria CLT a que se fez refer ncia acima A doutrina contempor nea contudo tem se revelado un nime no sentido de que as express es crian a e adolescente correspondem melhor terminologia para aqueles indiv duos que ainda n o atingiram a fase adulta MINHARRO Op cit p 30 2 2 3 Trabalho Infantil No o de Trabalho Proibido e de Trabalho Permitido N o obstante a exist ncia de controv rsias em torno do conceito mais adequado para o enfoque da explora o do trabalho de crian as e adolescentes diante das diversas concep es existentes na esfera nacional e internacional a express o trabalho infantil de uso uniforme nas normativas estrangeiras H no Brasil uma tend ncia pela utiliza o do termo trabalho precoce a significar acertadamente que n o apenas crian as mas tamb m adolescente
233. o colocados quando surgem em est dio em que medida s o salvaguardados direitos das crian as privacidade a n o revela o da identidade e a n o explora o da sua vulnerabilidade nomeadamente na obten o de informa es Pinto 2002 43 MELRO Op cit pp 72 73 Todavia o risco de preju zo ao desenvolvimento sadio da crian a e do adolescente tamb m pode estar presente na realiza o do trabalho art stico sobressaindo imperiosa a atua o do Estado no sentido de salvaguardar a tutela dos direitos fundamentais consagrados na CF 88 em especial o princ pio da dignidade humana no tocante ao modo pelo qual se processa o labor no mundo do espet culo seja ele na televis o cinema teatro circo nas passarelas est dios fotogr ficos ou no desporto Em contraposi o ao direito ao lazer brincadeira ao conv vio em fam lia e com os amigos e finalmente ao direito educa o que somente se concretiza pela possibilidade de frequ ncia escola o trabalho art stico como qualquer trabalho 156 realizado em favor da atividade econ mica guarda em si o risco potencial de absorver o tempo e a energia do indiv duo O direito ao lazer longe de consubstanciar apenas tempo livre sen o espa o de constru o de valores e aptid es de divers o e de descanso ainda contempla a nega o da preponder ncia da racionalidade econ mica capitalista como afirma Melro No que ao tempo de lazer diz respeito de
234. o contexto de nossa forma de vida que confere o significado a nossas palavras pomo nos a combater a neutralidade pretensiosa t o caracter stica de uma concep o que poderia ser classificada como individual por buscar o conhecimento t o somente no interior da mente do indiv duo A id ia de pano de fundo oportunizada pelas formas de vida nos liberta dessa esp cie de c rcere privado O ac rd o proferido pelo STF no HC 90 450 MG revela em que medida uma decis o judicial deixa de ser instrumento de uma ideologia para ser instrumento da realidade contrariando interesses do setor financeiro para consagrar prote o liberdade individual A realidade demandava uma linguagem diferente e a decis o do STF vem a reconhecer o efeito direto das normas internacionais de direitos humanos no mbito do ordenamento jur dico brasileiro introduzindo com isso um novo jogo de linguagem no mundo do Direito interno desta feita voltado forma de vida da comunidade rejeitando se o discurso dos detentores do poder Para al m desse fato mencionada decis o gera efeitos importantes no tema da assimila o dos tratados de direitos humanos no Direito interno brasileiro e culmina por consagrar o status de norma constitucional de referidos tratados dentre 112 eles as Conven es da OIT em especial a Conven o 138 que estabelece idade m nima para o trabalho 3 2 4 A Posi o Hier rquica das Conven es Internacionais que se referem
235. o de inclus o de garantia educa o e de emancipa o para a constru o de cidadania plena O PL 6 937 2010 por sua vez cumpre esta fun o direcionando a execu o do trabalho art stico para a concretiza o dos direitos fundamentais Palavras chave trabalho infantil papel protetivo do Estado trabalho infantil art stico ABSTRACT In the guideline of international norms specific to CF 88 fixed minimum age for the work in 16 years except as apprentice condition from 14 years and include the principle of the integral protection and of the absolute priority to children and adolescents guaranteeing them the condition as subject of rights in contraposition to the doctrine effective in Brazil The present study aims to analyze the paper of the State in the application of the legal dogmatic of the integral protection face of social wound of child labor as well thus face of some jobs that on an exception character can be carried through by children and teenagers in favor an economic activity in special the artwork Under a trend interdisciplinary the research analyzes the foundations of psychological pedagogical and sociological construction of integral protection the children and adolescents as well as examines the economic interest in the exploitation of the child labor The research aims to establish a theoretical reflection on the child labor and questions if the artistic infantile work escapes to the conception of work
236. o e nove anos Com a entrada no submundo do crime a expectativa de vida passa a ser de cinco anos segundo dados do Minist rio P blico do Trabalho At 1995 os traficantes do Rio de Janeiro n o empregavam crian as e adolescentes porque a comunidade era contra Mas isso mudou Segundo os pesquisadores esses jovens ganham muito mais dinheiro do que em qualquer atividade l cita Um olheiro ganha entre 600 e mil reais para trabalhar de 40 a 72 horas semanais Um vapor respons vel pela venda da droga com jornada semelhante fatura entre R 1 900 a R 3 mil A pesquisa mostrou que al m do dinheiro os adolescentes entram nas quadrilhas por se sentirem identificados com os 52 traficantes e buscam a adrenalina dos confrontos com a pol cia e os grupos rivais Eles tamb m procuram poder e prest gio na favela principalmente com as meninas Apenas os maiores de 18 anos disseram aos pesquisadores que o dinheiro e o sonho de consumo s o o fator principal para o ingresso no mundo do tr fico A pesquisa mostrou que mesmo com a decep o com essa vida os adolescentes dificilmente a deixam O motivo o medo dos policiais e dos advers rios de outras quadrilhas al m da dificuldade de encontrar um emprego com a mesma remunera o O pior que quase todas as crian as envolvidas com tr fico usam drogas A maconha consumida por 90 deles e o lcool por 23 para segundo eles aliviar o estresse causado pela atividade O uso de coca
237. o infantil existe por uma conjuga o complexa de diversos fatores de natureza pol tica econ mica e cultural N o poss vel afirmar que apenas um desses fatores seja respons vel pela explora o do trabalho de crian as e adolescentes Visualiza se contudo a par do contexto hist rico delineado no Cap tulo 2 que o interesse econ mico sempre fomentou o ingresso de crian as e adolescentes no mercado de trabalho dada a redu o de custos que implementa Outra quest o que merece aten o refere se complexidade dos fatores que contribuem para a inser o precoce no mercado de trabalho Pode se atribu la a duas ordens de fatores a pobreza que obriga as fam lias a adotarem formas de comportamento que incluem a oferta de m o de obra dos filhos menores de idade e em especial o desemprego dos pais SANTANA ARAUJO 2004 e a estrutura do mercado de trabalho que oferece espa os apropriados incorpora o desse contingente espec fico de m o de obra BRASIL 2005a No mesmo sentido sinalizam os economistas Jos Paulo Zeetano Chahad e Emylli Helmer Santos ao afirmar n o existir na literatura especializada um consenso se a pobreza o determinante principal do trabalho infantil Como ressaltou Kassouf 2001 n o existe apenas uma nica causa determinante para o trabalho infantil mas ao inv s disso uma combina o de fatores que s o internos e externos fam lia que acabam levando as crian as a trabalharem O
238. o legal pela Constitui o da Rep blica tendo em vista a transfer ncia para a Justi a do Trabalho da compet ncia para a aprecia o e julgamento de controv rsias decorrentes de todas as rela es de trabalho EC 45 2004 o que ser analisado de forma mais detida adiante Por sua vez o ECA por sua vez prev Compete autoridade judici ria disciplinar atrav s de portaria ou autorizar mediante alvar Il a participa o de crian a e adolescente em a espet culos p blicos e seus ensaios b certames de beleza 8 1 Para os fins do disposto neste artigo a autoridade judici ria levar em conta dentre outros fatores a os princ pios desta Lei b as peculiaridades locais c a exist ncia de instala es adequadas d o tipo de frequ ncia habitual ao local 160 e a adequa o do ambiente a eventual participa o ou frequ ncia de crian as e adolescentes f a natureza do espet culo 2 As medidas adotadas na conformidade deste artigo dever o ser fundamentadas caso a caso vedadas as determina es de car ter geral BRASIL 1990 Trata se de prescri o exemplificativa e n o exaustiva dos fatores a serem observados pelo juiz na an lise do pedido de autoriza o para o trabalho art stico de crian as e adolescentes e a decis o judicial a ser proferida dever atender exig ncia constitucional da motiva o sendo vedada a concess o de autoriza es em car ter g
239. ocial Serve para o aprendizado fixando o para o aperfei oamento humano e para a melhoria da qualidade de vida N o pode ser negado ou suprimido de ningu m O direito a trabalhar imanente surge com o nascimento Apenas sua forma de atua o que pode e deve ser postergada at limite conveniente e aceit vel no contexto de modo a oportunizar o desenvolvimento fisiol gico e psicol gico do ser humano E ent o h que se dar condi es de vida digna e protegida a este ser humano em forma o Fora isto n o se pode inibi lo O direito fundamental inclusive como adotado pela CF 88 ao trabalho e n o ao n o trabalho N o se pode atribuir qualidade de direito fundamental a uma situa o que se resolve com o tempo a forma o e amadurecimento do ser humano e que sofre varia es conforme a sociedade em que se encontra e o grau de necessidade possibilidade e oportunidades que se apresentam 44 O trabalho valor quando cumpre al m de uma funcionalidade econ mica tamb m e principalmente uma funcionalidade transformadora mediante est mulo da personalidade e das potencialidades individuais intr nsecas ao ser humano fazendo nele despertar o desejo de aprendizado identifica o aprimoramento e supera o bem como o reconhecimento do outro Nesse sentido o trabalho complementa a vida poss vel conceber o trabalho como valor portanto quando o indiv duo com ele se identifica por seu interm
240. oduzindo altera o tendente a adequar a legisla o infraconstitucional ao disposto no art 114 da CF 88 que desde a edi o da EC 45 2004 deslocou para a Justi a Especializada a compet ncia para processar e julgar as a es oriundas de rela es de trabalho O deslocamento da compet ncia relativa aprecia o e concess o de alvar para o trabalho de crian as e adolescentes j vem sendo sinalizado pela doutrina especializada sob o entendimento de que por atribu rem tal mister ao Juiz de Menores atualmente Juiz da Vara da Inf ncia e da Juventude os arts 405 amp e b e 406 da CLT n o teriam sido recepcionados pela nova ordem constitucional Por essa nova leitura a legisla o infraconstitucional n o foi no particular recepcionada Advirta se que o art 149 do ECA ao estabelecer inciso Il a possibilidade de participa o de crian a e adolescente em espet culos p blicos e seus ensaios ou em certames de beleza diz que isto poder ser disciplinado por meio de portaria ou autorizado mediante alvar pela autoridade judici ria competente n o afirmando que seria ela o Juiz da Inf ncia e da Juventude De qualquer modo se o fizesse a exemplo da CLT o texto do ECA tamb m n o teria salvo melhor ju zo sido recepcionado O fato de o descumprimento das normas consolidadas ser pass vel de aplica o de penalidades 171 administrativas pelo Minist rio do Trabalho e Emprego arts 434 e 438 da CLT
241. ogm tica jur dica menorista inspirada no assistencialismo passam com a nova ordem constitucional condi o de sujeitos de direito Ineg vel assim o expressivo avan o democr tico impingido pela CF 88 em dire o constru o de um novo paradigma uma nova tica pautada na promo o da cidadania considerada esta na concep o ampla a que se refere Fonseca Op cit p 19 o conceito de cidadania que se quer implementar o de que estes brasileiros em raz o de sua condi o peculiar de pessoas em desenvolvimento devem ser atendidos prioritariamente em suas necessidades tamb m peculiares de cidad os Em face de se encontrarem em condi o peculiar de pessoa em desenvolvimento crian as e adolescentes t m assegurada integral prote o contra fatores que lhes prejudique a forma o intelectual cultural social mental f sica e espiritual dentre outras particularidades Nesse sentido afirma Ramidoff com propriedade que a teoria da prote o integral e especial resultado do processo de redemocratiza o que o Brasil vem atravessando desde a promulga o da Constitui o Federal e responde a uma demanda pela mudan a de racionalidade na solu o de quest es ligadas a direitos e garantias fundamentais de indiv duos em desenvolvimento a mencionada doutrina situa a crian a dentro de um quadro de garantia integral e evidencia que cada pa s dever dirigir suas pol ticas e diretrizes te
242. ois o art 60 insere se no cap tulo que trata da aprendizagem justificando se a restri o do trabalho neste caso somente at os 14 anos De qualquer modo a fim de evitar interpreta es equivocadas o projeto de lei em refer ncia prop e a altera o da reda o do art 60 do ECA e enfatiza a proibi o constitucional do trabalho antes do 16 anos salvo na condi o de aprendiz a partir dos 14 anos Ao contr rio do PLS 83 2006 o Projeto de Lei n 6 937 2010 cumpre a fun o do imperativo de tutela dos direitos fundamentais e sobressai atento doutrina da prote o integral merecendo destaque os dispositivos que lhe conferem maior densidade 168 81 Fica vedada autoridade judici ria a concess o de alvar para permitir qualquer trabalho antes da idade m nima estabelecida no caput deste artigo salvo no caso de participa o em representa es art sticas 82 Nos casos de representa es art sticas ser p ermitida a participa o de crian as e adolescentes menores de 16 anos em car ter individual extraordin rio e excepcional mediante alvar concedido pela autoridade judici ria do trabalho e a pedido dos detentores do poder familiar ap s ouvido o representante do Minist rio P blico do Trabalho 83 O alvar somente poder ser concedido se a participa o n o puder comprovadamente ser substitu da por maiores de 16 anos 84 O alvar judicial especificar as condi es em que o trabalho
243. olescente com absoluta prioridade o direito vida sa de alimenta o educa o ao lazer profissionaliza o cultura dignidade ao respeito liberdade e conviv ncia familiar e comunit ria al m de coloc los a salvo de toda forma de neglig ncia discrimina o explora o viol ncia crueldade e opress o M rio Luiz Ramidoff 2008 p 241 anota a import ncia da doutrina da prote o integral em que se inspira o texto constitucional enquanto reconhecimento de direitos e garantias fundamentais a esses seres em peculiar condi o de desenvolvimento f sico e mental A doutrina da prote o integral especial assim a orienta o te rico pragm tica humanit ria adequada para a implementa o dos direitos individuais e garantias fundamentais mais comezinhas personalidade daquelas pessoas que se encontram na condi o peculiar de desenvolvimento isto na circunstancial e vulner vel fase da vida humana substancialmente infantil e juvenil Dotado de densidade incompar vel no texto constitucional referido dispositivo concentra toda a ideia humanit ria sobre a qual se construiu a doutrina da prote o integral revolucionando o tratamento a crian as e adolescentes por 37 meio de emenda popular subscrita por um milh o e meio de cidad os a qual foi meramente referendada pela Assembl ia Constituinte explica Ricardo Tadeu Marques da Fonseca 1999 p 18 Trata se d
244. olescentes e n o crian as tendo em vista assim serem considerados aqueles com at 12 anos de idade incompletos art 2 do ECA BRASIL 1990 O artigo 403 par grafo nico da CLT com a reda o dada pela Lei 10 097 00 repete a proibi o de trabalho antes de 16 anos exceto na condi o de aprendiz a partir dos 14 anos Nos moldes do ECA referido diploma legal tamb m estabeleceu que o trabalho do adolescente n o poder ser realizado em locais prejudiciais sua forma o ao seu desenvolvimento f sico ps quico moral e social e em hor rios e locais que n o permitam a frequ ncia escola Para o presente cap tulo destaca se o artigo 405 Ill da CLT ao considerar prejudicial moralidade do menor e estabelecer proibi o de trabalho em teatros de revista cinemas boates cassinos cabar s dancings e estabelecimentos an logos al m do labor em empresas circenses em fun es de acrobata saltimbanco ginasta e outras semelhantes dentre outras Referido dispositivo legal lembra Oris de Oliveira apud OLIVA 2006 repete dispositivos do C digo de Menores de 1927 o qual reproduzira legisla o francesa do s culo XIX e elenca como trabalhos prejudiciais moralidade aqueles que o s o por raz es sociais A falta de distin o d um car ter de moralidade vitoriana a 159 dispositivos sobre a mat ria e deixa entrever preconceitos contra determinadas profiss es e atividades C
245. olid o das noites sem gente por perto um grito um espanto Diante dela o mundo deveria parar para come ar um novo encontro porque a crian a o princ pio sem fim e o seu fim o fim de todos n s Herbert de Souza BETINHO Soci logo RESUMO Na diretriz de normas internacionais espec ficas a CF 88 fixa idade m nima para o trabalho em 16 anos salvo na condi o de aprendiz a partir de 14 anos e encampa o princ pio da prote o integral e da prioridade absoluta a crian as e adolescentes garantindo lhes a condi o de sujeito de direitos em contraposi o doutrina at ent o vigente no Brasil O presente estudo tem por objetivo analisar o papel do Estado na aplica o da dogm tica jur dica da prote o integral em face da chaga social da explora o do trabalho infantil bem assim em face de alguns trabalhos que em car ter de exce o podem ser realizados por crian as e adolescentes em favor de uma atividade econ mica em especial o trabalho art stico Sob um vi s interdisciplinar a pesquisa analisa os fundamentos de ordem psicol gica pedag gica e sociol gica na constru o da prote o integral a crian as e adolescentes bem como examina o interesse econ mico na explora o do trabalho infantil A pesquisa busca estabelecer uma reflex o te rica sobre o trabalho infantil e questiona se o trabalho infantil art stico escapa concep o de trabalho para adentrar a compreens o da arte de ta
246. omo o do desenvolvimento da forma o pol tica para o exerc cio da cidadania e do senso de responsabilidade social mediante participa o nas transforma es sociais Para esse autor o trabalho educativo previsto no Estatuto da Crian a e do Adolescente tem abrang ncia ampla e conte do rico disponibilizando s Entidades sem Fins Lucrativos ESFL um leque de modalidades a serem adotadas sempre com a preocupa o de conferir uma oportunidade de atividade regular remunerada em que prepondera a perspectiva educacional ibid p 460 56 Trata se de trabalho educativo a t tulo exemplificativo o desenvolvido mediante contrato de aprendizagem o est gio profissionalizante as atividades profissionalizantes de uma cooperativa escola dentre outros Assim sendo ao contr rio da afirma o posta por Minharro Op cit p 85 o trabalho educativo n o uma modalidade de aprendizagem sendo esta esp cie daquele Ant nio Carlos Flores de Moraes 2002 p 58 afirma ser poss vel o trabalho educativo por todos os indiv duos com idade inferior a 18 anos sem caracterizar v nculo de emprego regido pela CLT pois em conformidade com as normativas da OIT a proibi o de trabalho infantil diz respeito explora o de crian as e adolescentes e imposi o a estes de uma ocupa o que supere seus recursos f sicos e mentais ou que interfira no seu desenvolvimento educacional o que n o ocorre na esp
247. omo acentua Oliva ibid p 200 O r tulo gen rico envolvendo atua o em teatros e circos traduz inconceb vel vis o preconceituosa A lei neste caso n o evoluiu com os costumes sendo l cito realizar interpreta o teleol gica ou at mesmo restritiva da veda o N o obstante a CLT tenha sido alterada pela Lei 10 097 00 infere se no particular um distanciamento do legislador infraconstitucional para com o comando normativo constitucional da prote o integral pois ao mesmo tempo em que se manteve apegado a tradi es morais do passado sequer demonstrou preocupa o com situa es de perigo iminente para adolescentes como o trabalho no circo desenvolvido com animais ferozes por exemplo sequer aventados pela nova lei A preocupa o com a forma o moral do adolescente aparece novamente no artigo 406 da CLT ao consignar que o trabalho naqueles locais poder ser autorizado desde que a representa o tenha fim educativo ou a pe a n o seja prejudicial forma o moral do adolescente ou ainda que a ocupa o do adolescente seja indispens vel pr pria subsist ncia ou da fam lia e do mesmo modo n o acarretar preju zo sua forma o moral O dispositivo legal em comento estabelece outrossim que a compet ncia para conceder a autoriza o do trabalho art stico do Juiz de Menores atual Juiz da Vara da Inf ncia e da Juventude Nesse aspecto dessume se n o ter sido recepcionado o dispositiv
248. omo tamb m de tutela pela via regulat ria de determinados trabalhos que n o sejam moral social ou fisicamente atentat rios ao desenvolvimento da inf ncia e da adolesc ncia Quanto a esses trabalhos impreter vel a regula o pelo Estado tendente a inibir fatores circunstanciais capazes de despertar o potencial nocivo inerente a todo trabalho infantil assegurando desse modo a aceita o desse labor apenas e t o somente nas condi es em que esteja a salvo a forma o destes seres em peculiar fase de desenvolvimento quais sejam aquelas condi es suficientemente eficientes a conferir concretude aos direitos fundamentais em especial dignidade humana que os inspira e que atende demanda por tutela absoluta e integral 174 O papel do Estado tanto na erradica o da explora o do trabalho infantil quanto na regula o do trabalho que de alguma forma pode contribuir positivamente para o desenvolvimento de crian as e adolescentes de constru o de efetiva integra o com a fam lia e com a sociedade para a concretiza o dos direitos fundamentais Ainda para al m de uma conviv ncia harm nica uma conjuga o de responsabilidades no sentido de garantir a crian as e adolescentes os anticorpos necess rios para o enfrentamento do mundo adulto Apreendeu se no presente estudo que a representa o social da inf ncia sofreu profundas transforma es ao longo da hist ria e a crian a sequer reconhecida no pas
249. omo venda e tr fico de crian as sujei o por d vida servid o trabalho for ado ou compuls rio inclusive recrutamento for ado ou compuls rio de crian as para serem utilizadas em conflitos armados b utiliza o demanda e oferta de crian a para fins de prostitui o produ o de material pornogr fico ou espet culos pornogr ficos c utiliza o demanda e oferta de crian a para atividades il citas particularmente para a produ o e tr fico de drogas conforme definidos nos tratados internacionais pertinentes d trabalhos que por sua natureza ou pelas circunst ncias em que s o executados s o suscept veis de prejudicar a sa de a seguran a e a moral da crian a OIT BRASIL 1999 Laura Mora Cabello Alba apoiada por Viviane Matos Gonz lez Perez ao invocar suas cr ticas manifesta posicionamento desfavor vel edi o de uma Conven o que trate das piores formas de trabalho infantil e n o compartilha das clasificaciones amparadas jur dicamente o no que entend an que hay trabajo bueno y trabajo nocivo o incluso trabajo malo y trabajo peor El trabajo es en si mismo explotaci n PEREZ Op cit p 106 N o se comunga da mesma opini o das autoras pois o modo como determinado trabalho se realiza que determina preju zos ou malef cios crian a e ao adolescente Determinados trabalhos como o trabalho educativo realizado com vistas ao efetivo ensino t cnico profissional por exem
250. ondi es em que coloque a salvo a forma o destes seres em peculiar fase de desenvolvimento quais sejam aquelas condi es suficientemente eficientes a conferir concretude aos direitos fundamentais em especial dignidade humana que os inspira e que atende demanda por tutela absoluta e integral pois sob a perspectiva dos direitos que se afirma o Estado e n o sob a perspectiva do Estado que se afirmam os direitos como lembra Piovesan Op cit p 33 Afirma Oris de Oliveira 2009 p 694 que o trabalho de representa o art stica infanto juvenil quando devidamente regulamentado se faz em benef cio da arte da ci ncia e da educa o esta tomada no seu sentido mais amplo sendo um dos processos formativos a que se refere o art 1 da Lei n 9 394 60 LDB O caso Maisa e os casos hollywoodianos reportados demonstram que ao contr rio do que sustentam pode sim haver preju zo integridade f sica e moral de pequenos artistas E a interpreta o n o pode ser feita a partir da necessidade de atua o de atores mirins para satisfazer as aspira es do cinema ou do teatro mas da perspectiva da Prote o Integral que deve ser conferida a crian as e adolescentes OLIVA 2006 p 208 Como em qualquer outro trabalho tamb m no trabalho infantil art stico cabe aferir e proteger o sujeito contra viola o aos direitos fundamentais que lhes s o assegurados precipuamente os direitos de personalidade e i
251. onven o n 138 da OIT que fixa a idade m nima para o trabalho tamb m possui hierarquia constitucional em face da relevant ssima circunst ncia de que viabiliza m a incorpora o ao cat logo constitucional de direitos e garantias individuais de outras prerrogativas e liberdades fundamentais que passam a integrar subsumindo se ao seu conceito o conjunto normativo configurador do bloco de constitucionalidade ibid p 391 Na diretriz das tratativas internacionais a CF 88 assegurou idade m nima para trabalho no artigo 7 XXXIII Com a reda o dada pela Emenda Constitucional 20 98 o texto constitucional estabeleceu a proibi o de qualquer trabalho a menores de 16 anos salvo na condi o de aprendiz a partir de 14 anos BRASIL 1998 Oportuno ressaltar ter sido deflagrado o poder constituinte derivado poca justamente com vistas ao prestigiamento idade m nima estipulada na Conven o n 138 da OIT e sua ratifica o pelo Brasil pois a idade m nima de 14 anos at ent o prevista na CF n o se compatibilizava com a normativa internacional no que previa o limite de idade de 16 anos para o trabalho A Conven o n 138 da OIT ratificada pelo Brasil por interm dio do Decreto n 4 134 2002 em seu art 8 estabelece exce o ao limite de idade previsto no art 7 XXXIII da CF Referida exce o vem redigida nos seguintes termos 1 A autoridade competente ap s consulta com as organiza es d
252. oportunidades de participa o e integra o social 71 A prote o jur dica de crian as e adolescentes no plano trabalhista se justifica em fundamentos cient ficos de car ter higi nico fisiol gico moral pedag gico e cultural que comprovam serem afetados negativamente pelo trabalho precoce os sistemas neurol gico e psicol gico do indiv duo em desenvolvimento comprometendo definitivamente o intelecto humano o aprendizado em geral e o da crian a em especial passam por fases sucessivas em que novos conhecimentos s o assimilados O aprendizado feito de forma inadequada altera o ritmo normal da aquisi o de conhecimento pelo menor afetando os sistemas neurol gico e psicol gico os quais passam a ter dificuldade de enfrentar novas habilidades O impacto na escolariza o um dos efeitos mais devastadores do trabalho infantil pois gera a reprodu o do ciclo intergeracional de pobreza As crian as abandonam as escolas porque s o pobres e precisam trabalhar trabalham em atividades prec rias porque n o tiveram melhores condi es e oportunidades de estudar e inserem os pr prios filhos precocemente no mercado de trabalho porque precisam sobreviver BARROS Op Cit p 321 e 305 A educa o nesse passo foi eleita como fator determinante na fixa o da idade m nima para o emprego ou trabalho Somente a educa o capaz de quebrar o ciclo de reprodu o da pobreza impulsionado pelo traba
253. ora de servi os Tamb m Oliveira 2006 entende ser subsidi ria a responsabilidade da tomadora no caso da justificando se a ado o de cautelas por parte desta ao eleger e contratar os servi os da ESFL Observe se a previs o constante do projeto convertido na Lei n 10 097 00 a respeito de que o inadimplemento das obriga es trabalhistas por parte das ESFL acarretaria a responsabilidade solid ria do tomador dos servi os benefici rio da for a de trabalho empreendida pelo empregado O par grafo nico do art 431 que continha tal previs o fora vetado a pretexto de suposta jurisprud ncia em contr rio no mbito do Tribunal Superior do Trabalho e de uma imaginada incoer ncia entre a previs o de inexist ncia de rela o de emprego com o tomador dos servi os e a pretens o ao reconhecimento da solidariedade A incoer ncia contudo n o se divisa dado serem institutos jur dicos totalmente distintos a rela o de emprego e a responsabilidade solid ria limitada no caso s obriga es de pagar inadimplidas pelo empregador e n o aplic vel obriga o de fazer relativa anota o da CTPS O aprendiz tem assegurado o sal rio hora m nimo proporcional s horas trabalhadas Cabe esclarecer que embora a reda o do art 428 2 da CLT estabele a que ao menor aprendiz salvo condi o mais favor vel ser garantido o sal rio m nimo hora o sal rio hora m nimo est assegurado tamb m ao aprendiz ma
254. oriza o e fortalece a auto estima em crian as s d Dispon vel em http aprendiz uol com br content mociueswuc mmp Acesso em 23 de julho de 2009 UNI O EUROPEIA Directiva 94 33 CE do Conselho 1994 Dispon vel em http eur lex europa eu LexUriServ LexUriServ do uri CONSLEG 1994L0033 20070628 PT P DF Acesso em 26 de julho de 2009 189 URUGUAI C digo del Ni o 1934 Dispon vel em http www ilo org public spanish region ampro cinterfor temas youth legisl uru vi Acesso em 26 de julho de 2009 Constituci n de la Rep blica Oriental del Uruguay s d Dispon vel em http www parlamento gub uy constituciones const004 htm Acesso em 04 de agosto de 2009 VALLE Bortolo A possibilidade de uma filosofia da cultura em Ludwig Wittgenstein um olhar sobre as investiga es filos ficas Percurso Sociedade Natureza e Cultura n 7 2008 WALLON Henri A evolu o psicol gica da crian a com introdu o de mile Jalley Claudia Berliner Trad Izabel Galv o Ver Tec S o Paulo Martins Fontes 2007 WITTGENSTEIN Ludwig Investiga es filos ficas S o Paulo Nova Cultural 1999
255. os e potencialidades criativas da crian a e do adolescente Outros trabalhos ainda dada a nocividade ou viol ncia que trazem em si mesmos devem ser desde logo repelidos em raz o de saber se de antem o os riscos que imp em ao desenvolvimento sadio de crian as e adolescentes em sua vertente emocional moral social ou f sica Nesse sentido s o pontuais Fernando Coelho e Manuel Sarmento ao enfatizar a impropriedade na ado o de posi o extremada de aboli o de todas as formas de trabalho infantil dada a complexidade e variedade de fatores que o caracterizam sobressaindo melhor solu o no sentido de serem abolidas determinadas formas enquanto outras devam ser reguladas A aprecia o da natureza complexa e variada do trabalho infantil tamb m nos leva a considerar inadequada e redutora a dicotomia entre aboli o e regula o do trabalho infantil O primeiro termo refere se ao movimento que pretende erradicar todas as formas de associa o das crian as esfera produtiva o segundo termo aceita como v lida a inser o de crian as no mundo do trabalho e prop e se defender os direitos dos trabalhadores sustentando a regula o das suas condi es laborais incluindo a possibilidade da forma o de sindicatos de crian as trabalhadoras e g Liebel 1994 A menos que adoptemos a posi o extrema de pugnar pela aboli o ou pela regula o de todas as formas de trabalho infantil estas posi es s o super vei
256. par ncia sobressaiu relevante na identifica o dos fatores de risco e no atendimento demanda social motivando ampla difus o de no es de governan a corporativa edi o de c digos de conduta normas de gest o e performance empresarial e certifica o Na UE a RSE surge como aliada necessidade de restabelecimento da regula o social de reconstru o do Estado em uma conjuntura social fragilizada pela l gica de mercado e pela concorr ncia internacional e de reaproxima o do desenvolvimento ao bem estar A proposta clara na UE a reorganiza o dos processos de liberaliza o e privatiza es que culminaram com a precariza o das rela es de trabalho e com o sucateamento do Estado J no Brasil o lema da Responsabilidade Social foi introduzido diretamente por algumas associa es empresariais na d cada de 60 a partir de uma preocupa o com a tica na gest o dos neg cios mais afeta ao pensamento religioso progressista que aderia ao processo de redemocratiza o do Estado brasileiro para fazer frente s condutas ditatoriais e estimular a transpar ncia nos setores estatal e empresarial Nos anos 90 muitos empres rios e especialistas em gest o empresarial a par da racionaliza o dos custos adotaram propostas de Responsabilidade Social com vistas a aumentar a competitividade no mercado internacional A RSE tornou se assim parte de uma estrat gia mais ampla de legitimidade uma maneira de limpar a ima
257. pel activo na altura de decidir enveredar pela carreira art stica ou pelo desporto federado um mundo de ilus o tanto os filhos como por vezes os pais n o t m consci ncia que poder eventualmente n o haver o sucesso t o almejado surgindo situa es de desalento frustra o e desilus o todavia o momento vivido a alegria moment nea de aparecer na televis o em revistas ou cat logos desfilar numa passagem de modelos fazer um jogo importante e 161 at marcar um golo e ser a estrela do dia algo que faz esquecer o que de mau possa eventualmente acontecer MELRO Op cit p 80 Por outro vi s o trabalho infantil art stico exige concentra o disciplina e esfor o ao mesmo tempo em que absorve o tempo em fam lia a escola e a brincadeira Muitas vezes o trabalho art stico ou a realiza o de um desporto a n vel de alta competi o fatiga excessivamente as crian as e os jovens que o executam Loc cit al m de os submeterem a situa es de perigo como o caso de uma crian a ou adolescente que trabalha por exemplo no circo No que diz respeito ao circo que poder ser considerado das actividades mais perigosas desempenhadas pelas crian as e jovens pelo C digo do Trabalho nomeadamente no que diz respeito ao contacto com animais perigosos e ferozes trapezismo n meros no ar etc Poderemos fazer aqui um apontamento mais espec fico na medida em que das artes em que mais se tenta
258. penas por congregar os diversos segmentos sociais mas por seu car ter democr tico Prop e se segundo a entidade a atuar como articulador entre os diversos projetos e programas no mbito das esferas federal estadual e municipal buscando assegurar o acesso a perman ncia e o sucesso das crian as na escola OIT 2001 p 40 apud SILVA 2007 O F rum Nacional envidou esfor os ainda para a cria o e articula o da Rede Nacional de F runs Estaduais de Combate ao Trabalho Infantil que se concretizou em 2003 e serviu de base para a constru o de uma unidade de pol ticas p blicas de combate ao trabalho infantil em todo o territ rio nacional e para a elabora o do documento intitulado Diretrizes para a Formula o de uma Pol tica Nacional de Combate ao Trabalho Infantil aprovado pelo CONANDA amplamente divulgado e encaminhado ao Congresso Nacional e ao Presidente da Rep blica 4 2 1 1 3 PETI Institu do em 1996 o Programa de Erradica o do Trabalho Infantil PETI respons vel pelo repasse aos estados e munic pios de recursos financeiros para o pagamento de bolsas e manuten o de jornadas ampliadas com vistas manuten o da crian a na escola e afastamento do trabalho De acordo com o Plano Nacional de Preven o e Erradica o do Trabalho Infantil e Prote o ao Trabalhador Adolescente mais de 810 mil crian as s o atendidas pelo PETI que desembolsa por m s mais de 37 milh es de rea
259. plo ser ben fico ao indiv duo Outros trabalhos como o trabalho art stico t m no modo como s o realizados a determinante de serem ou n o prejudiciais crian a e ao adolescente E outros trabalhos ainda sequer demandam tal aferi o dado lhe ser nsita a nocividade ou viol ncia que desde logo se sabe impedir o desenvolvimento sadio de crian as e adolescentes em sua vertente emocional moral social ou f sica Na diretriz das tratativas internacionais diversos outros pa ses ratificaram a Conven o n 138 da OIT revelando se imperiosa uma an lise da mat ria pelo vi s do Direito Comparado com a finalidade de obter se uma vis o mais ampla sobre o tema 24 2 1 3 O Direito Comparado 2 1 3 1 Uni o Europ ia Dentre as fontes do direito comunit rio europeu a que se dedica prote o dos direitos de crian as e adolescentes no trabalho a Diretiva n 33 de 22 de junho de 1994 Essa diretiva se aplica a todos os menores de 18 anos que tenham um contrato de trabalho ou uma rela o de trabalho definidos de acordo com a legisla o em vigor num Estado membro e ou estejam sujeitos legisla o em vigor num Estado membro UNI O EUROP IA 1994 Estabelece referido diploma que os Estados membros zelar o pela prote o dos jovens contra a explora o econ mica e todo e qualquer trabalho suscept vel de ser prejudicial sua seguran a sa de ou desenvolvimento f sico psicol gico moral ou social
260. poiou nos momentos de d vida e fraqueza na demonstra o do valor de uma verdadeira amizade Ao Professor Doutor Francisco Cardozo Oliveira meu orientador na elabora o da disserta o gostaria de agradecer a paci ncia a seriedade e a aten o dedicadas ao longo de todo o trabalho bem assim a oportunidade de compartilhar sua vis o do mundo e a solidez de seus conhecimentos os quais renderam est mulo para o prosseguimento da pesquisa Desembargadora Federal do Trabalho Rosemarie Diedrichs Pimp o que viabilizou a realiza o do curso de mestrado agrade o a compreens o pelas aus ncias e preocupa es porventura externadas no cotidiano laboral bem como pelo exemplo de determina o Agrade o ainda a todos os que embora n o aqui nominados explicitan compartilharam do meu trajeto na elabora o do presente estudo A crian a o princ pio sem fim O fim da crian a o principio do fim Quando uma sociedade deixa matar as crian as porque come ou seu suic dio como sociedade Quando n o as ama porque deixou de se reconhecer como humanidade Afinal a crian a o que fui em mim e em meus filhos enquanto eu e humanidade Ela como princ pio a promessa de tudo E minha obra livre de mim Se n o vejo na crian a uma crian a porque algu m a violentou antes e o que vejo o que sobrou de tudo o que foi tirado Mas essa que vejo na rua sem pai sem m e sem casa cama e comida essa que vive a s
261. ponderativa o dever do Estado de proteger um cidad o perante o outro cidad o contra uma les o dos seus bens garantidos por direitos fundamentais deve ser satisfeito tamb m e justamente ao n vel do direito privado Esta concep o tem a vantagem de por um lado n o abdicar da posi o de que em princ pio apenas o Estado e n o o cidad o destinat rio dos direitos fundamentais mas por outro lado oferecer igualmente uma explica o dogm tica para a quest o de saber se e por que o comportamento de sujeitos de direito privado est submetido influ ncia dos direitos fundamentais ibid p 133 Conforme bem apanhado diagn stico de Jorge Reis Novais in SOUZA NETO SARMENTO 2007 p 372 a respeito da insufici ncia da teoria da efic cia direta dos direitos fundamentais no mbito das rela es privadas 128 no caso das rela es entre particulares os direitos fundamentais est o dos dois lados da rela o pelo que n o apenas a pondera o fica sem crit rios jusfundamentais de solu o como aquilo que se prometera partida maior protec o derivada do reconhecimento de um direito subjectivo jusfundamental se dissipa exactamente pela mesma via por onde entrara a neutraliza o implicada na exist ncia de um direito subjectivo de id ntico peso do lado contr rio A dificuldade dos defensores da aplicabilidade directa perante uma dificuldade de pondera o nestas circ
262. prote o constitucional ao trabalho de crian as e adolescentes S o Paulo LTr 2002 MARX Karl El capital cr tica de la econom a pol tica P nuco 63 M xico Fondo de Cultura Econ mica Tomo l vol 1 libro 1991 MASIP Vicente tica car ter e personalidade consci ncia individual e compromisso social S o Paulo E P U 2002 MAZZUOLI Val rio de Oliveira Direito internacional p blico parte geral 3 ed S o Paulo RT 2006 MELLO Celso de STF HC 90 450 5 MG Data do julgamento 23 09 2008 HC 90 450 MG 2 T Publ 6 2 2009 HC 96 772 SP 09 06 2009a Dispon vel em http Avww stf jus br portal jurisprudencia listarJurisprudencia asp s1 deposit rio e infiel CELSO DE MELLO NORL OU CELSO DE MELLO NORV OU CELSO DE MELLO NORA OU CELSO DE MELLO ACMS amp base baseAcordaos Acesso em 4 de setembro de 2009 MELRO Ana Lu sa Rego Actividades de crian as e jovens no espet culo e no desporto a inf ncia na ind stria do entretenimento na contemporaneidade 2007 Tese de Mestrado em Sociologia da Inf ncia sob a orienta o do Prof Doutor Manuel Jacinto Sarmento Universidade do Minho Instituto dos Estudos da Crian a MENDES Gilmar Ferreira Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade estudos de direito constitucional S o Paulo Celso Bastos Editor Instituto Brasileiro de Direito Constitucional 1999 MENDES Gilmar Ferreira COELHO Inoc ncio M rtires BRANCO
263. prote o e de conseguinte uma viola o da proibi o de insufici ncia Novais in SOUZA NETO SARMENTO 2007 p 358 esclarece Nesse sentido a teoria dos deveres de protec o assume os efeitos jur dicos objectivos dos direitos fundamentais j atr s enumerados reafirma a responsabilidade prim ria que cabe ao legislador no cumprimento dos deveres de protec o dos direitos fundamentais mas complementa aqueles efeitos e estes deveres atrav s de novas possibilidades de interven o 131 reconhecidas ao poder judici rio e que acrescem s que este j possu a no plano da interpreta o das normas ordin rias em conformidade aos direitos fundamentais e no plano do preenchimento e densifica o jusfundamentalmente orientados de conceitos indeterminados e cl usulas gerais do Direito privado Considera se que na aus ncia de lei ou de cl usula geral aplic vel ou em situa es extremas at mesmo contra a lei o juiz est igualmente obrigado pelos deveres de protec o dos direitos fundamentais pelo que nas situa es de claro d fice de protec o e de premente necessidade de o suprir pode e deve intervir no sentido da protec o dos direitos fundamentais nas rela es entre particulares Na an lise do caso concreto preciso indagar se um direito fundamental contempla um imperativo de tutela contra determinada viola o e em sendo positiva a resposta indagar como deve se configurar a pro
264. r regulamento estatal porque a decis o sobre trabalhar e sobre suas condi es caberia aos pais Com o atraso de sempre as mesmas raz es foram defendidas quando em 1927 se cuidava da consolida o das normas que redundou no C digo de Menores Lemos Brito noticia a vigorosa atua o do Juiz Mello Mattos argumentando que h valores a serem preservados em rela o inf ncia e adolesc ncia que n o podem ficar a crit rio subjetivo dos pais 166 Tendo em vista que a j existente legisla o sobre o trabalho art stico de crian as e adolescentes condiciona a realiza o desse labor autoriza o judicial pressupondo a an lise de circunst ncias que podem influenciar o desenvolvimento do ser humano e alcan ando assim todos aqueles em idade inferior a 16 anos n o se justifica a iniciativa legal de abstrair do ordenamento jur dico referido pressuposto legal reduzindo o autoriza o dos pais para os indiv duos com idade entre 14 e 16 anos conforme propugnado Reprov vel que o Estado opte por ignorar sua pr pria produ o legislativa constitucional na tentativa de regular situa o j disciplinada pelo ordenamento jur dico positivado lembrando aqui a fascinante teoria desenvolvida por Humberto vila 2008 p 103 ao mencionar tratar se a regra de uma solu o predeterminada para cada caso concreto Por outro vi s n o sobressai razo vel retirar do Estado a responsabilidade de aferir a adequa o do trabal
265. ra o Sociolaboral do Mercosul em dezembro de 1998 a idade m nima para o trabalho correspondente aquela fixada pelo ordenamento jur dico do pa s membro desde que inferior idade em que cessa a escolaridade obrigat ria art 69 MERCOSUL 1998 Al m disso estabeleceu se ainda proibi o de trabalho de menores de 18 anos em ambiente insalubre perigoso imoral ou que venha a causar preju zos ao regular desenvolvimento do indiv duo Proibido tamb m o trabalho em regime de horas extraordin rias e o trabalho noturno estipulando se a necessidade de limita o de jornada de trabalho no mbito do ordenamento jur dico de cada Estado membro Embora o trabalho infantil nos pa ses integrantes do Mercosul tenha em comum a pobreza como fonte geradora da necessidade de subsist ncia familiar a legisla o tutelar do trabalho da crian a e do adolescente n o guarda harmonia entre pa ses que participam do processo de integra o econ mica Nesse sentido alerta Minharro Op cit p 46 Enquanto n o se obtiver uma harmoniza o legislativa na esfera do Mercado Comum do Sul n o se pode falar em direito comunit rio A harmoniza o plena por sua vez somente ser alcan ada com a delega o de soberania o que permitir a cria o de rg os supranacionais como por exemplo um Tribunal de Justi a para o Mercosul 28 Imperioso adentrar na an lise das caracter sticas do ordenamento jur dico de cada um dos Estados
266. ra 6 horas com 1 hora para descanso e recrea o entre 9 anos e 16 anos durante o ano letivo e em atividade a escola a perman ncia no local de trabalho permitida at 9 horas 5 horas de trabalho 3 horas de aprendizagem escolar e 1 hora para descanso e recrea o Nas circunst ncias em que a escola n o estiver em funcionamento o limite de trabalho sobe para 7 horas com 1 hora para descanso e recrea o Em regra o trabalho na ind stria do entretenimento s pode ocorrer no per odo das 5h s 22h O lactente por exemplo n o pode exceder 20 minutos de trabalho sob quaisquer circunst ncias bem como n o podem ser expostos luz superior a 100 watts por mais de 30 segundos cada vez Al m do pai ou respons vel legal um professor est dio e um enfermeiro devem estar presentes para cada atender grupos de crian as com idade entre 15 dias e 6 meses Loc cit Al m do pai ou respons vel legal a presen a do professor est dio exigida para o acompanhamento de todas as crian as e adolescentes com idade entre 6 meses e 16 anos que para este fim s o divididas em grupos O professor est dio assim credenciado pela autoridade competente tem a responsabilidade n o s de repassar o ensino como tamb m de zelar pela sa de seguran a e moral de crian as e adolescentes com idade at 16 anos A remunera o do professor est dio ser paga pelo empregador Crian as e adolescentes que labora
267. re que analisando o problema do trabalho infantil art stico no contexto dos efeitos da ind stria midi tica sobre a sociedade poss vel compreender a apatia social evidenciada diante de casos de ofensa a direitos fundamentais A ind stria midi tica instrumentalizada pela t cnica e pela cultura digital domina o mundo p s moderno determinando o modo de vida dos indiv duos seus desejos sua linguagem etc Nesse sentido Cardozo 2008 p 192 esclarece que O sistema m dia portanto tem a pretens o de difundir conte dos de verdade e de produzir conhecimento sobre fatos e sobre o mundo O relevante por m a investiga o em torno da natureza desse conhecimento e dessa verdade que a informa o midi tica e imag tica capaz de produzir na sociedade de massas e de consumo O modo como a racionalidade midi tica penetra nos indiv duos tem influ ncia decisiva portanto na forma como est articulada a sociedade de massas da contemporaneidade a verdade surge de uma realidade produzida e acabada diante de um espectador passivo ocorre no sistema m dia o que Marconi Oliveira da Silva denomina de enfeitig amento da realidade na acep o wittgensteineana a linguagem que contesta ao mesmo tempo reafirma o mundo institucionalizado ibid p 196 Por meio de imagens e de linguagem pr pria a m dia constr i toda uma realidade A realidade digital Vive se o totalitarismo da imagem difus o de imagens digital
268. registro no CMDCA para as entidades cujo p blico atendido maior de 18 anos Vale reproduzir nesse sentido o art 298 19 da Portaria n 615 de 13 de dezembro de 2007 do MTE que instituiu o Cadastro Nacional de Aprendizagem e revogou a Portaria 702 invocada pelo referido doutrinador 1 As entidades qualificadas em forma o t cnico profissional met dica de que trata o inciso Ill do art 8 do Decreto n 5 598 de 2005 al m do cadastramento de que trata o caput deste artigo dever o tamb m inscrever seus programas e cursos de aprendizagem no respectivo Conselho Municipal dos Direitos da Crian a e do Adolescente quando o p blico atendido for menor de dezoito anos Reda o dada pela Portaria 1003 2008 MTE grifos nossos Perez Op cit p 195 defende o acerto da novidade legal em promover a descentraliza o da forma o t cnico profissional met dica haja vista a impossibilidade das institui es de ensino integrantes do sistema S atenderem a demanda imposta na lei As ESFL que visem a desenvolver programas de aprendizagem nos termos do art 430 da CLT disp em de importante orienta o para a consecu o desse fim na Portaria n 615 de 13 de dezembro de 2007 do MTE que criou o Cadastro Nacional de Aprendizagem Al m disso consagrando seu vi s nitidamente flexibilizador a Lei n 10 097 2000 alterou a reda o do art 431 da CLT admitindo a contrata o do aprendiz n o s pela empresa on
269. revogado em raz o de chocar se com o texto constitucional Por outro enfoque os artigos 3 e 4 do ECA destacam se pela consagra o da doutrina da prote o integral e prioridade absoluta desses seres em est gio peculiar de desenvolvimento assegurando lhes o m ximo de facilidades e oportunidades tendentes ao desenvolvimento de toda sua potencialidade subjetiva 12 Art 60 proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade salvo na condi o de aprendiz 40 Art 3 A crian a e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana sem preju zo da prote o integral de que trata esta Lei assegurando se lhes por lei ou por outros meios todas as oportunidades e facilidades a fim de lhes facultar o desenvolvimento f sico mental moral espiritual e social em condi es de liberdade e de dignidade Art 4 E dever da fam lia da comunidade da sociedade em gera e do poder p blico assegurar com absoluta prioridade a efetiva o dos direitos referentes vida sa de alimenta o educa o ao esporte ao lazer profissionaliza o cultura dignidade ao respeito liberdade e conviv ncia familiar e comunit ria Feita a necess ria incurs o pela teoria da prote o integral da crian a e do adolescente assimilada pelo ordenamento jur dico brasileiro questiona se o motivo pelo qual parece n o se concretizar no Brasil uma tutela absoluta e i
270. rimento aos tratados no plano interno Desse modo no que se refere aos tratados em geral acolhe se a sistem tica da incorpora o n o autom tica o que reflete a ado o da concep o dualista Ainda no que tange a esses tratados tradicionais e nos termos do art 102 III b da Carta Maior o Texto lhes atribui natureza de norma infraconstitucional PIOVESAN Op cit p 90 Para a autora o par grafo terceiro acrescentado ao referido art 5 da Constitui o por interm dio da Emenda Constitucional n 45 2004 BRASIL 2004 veio a refor ar a convic o em torno da aplica o imediata dos tratados internacionais de direitos humanos ao conferir status de emenda constitucional aos tratados e conven es internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos por tr s quintos dos votos dos respectivos membros Isso porque n o sobressairia razo vel que ap s todo o processo solene e especial de aprova o do tratado de direitos humanos com a observ ncia o quorum exigido pelo art 60 2 fique sua incorpora o no mbito interno condicionada a um decreto do Presidente da Rep blica ressalta Piovesan Op cit p 89 A par do debate relativo incorpora o autom tica dos tratados internacionais de direitos humanos t o logo ratificados exsurge relevante a discuss o relativa hierarquia dos tratados internacionais de direitos humanos em face do or
271. rimpos de Rond nia pois a tarefa feita debaixo de uma m quina escorada por troncos Adultos poderiam remexer demais o solo e provocar um desmoronamento DEL PRIORE Op cit p 388 Assim como nas carvoarias pedreiras e olarias crian as e adolescentes vivem a triste realidade das piores formas de trabalho infantil sem acesso escola e sem perspectivas de al ar condi es de vida digna 2 2 3 2 Trabalho permitido a Trabalho em regime familiar A Conven o n 138 da OIT exclui expressamente do mbito de aplica o de suas normas as propriedades familiares e de pequeno porte que produzam para o consumo local e n o empreguem regularmente m o de obra remunerada No mesmo sentido o art 402 IV da CLT prev que aqueles prestadores de servi os em oficinas nas quais trabalhem exclusivamente pessoas da fam lia est o afastados do campo de incid ncia do Cap tulo que cuida da prote o ao trabalhador adolescente BRASIL 1943 Segundo Oris de Oliveira 2004 p 52 trabalho em regime familiar como a pr pria denomina o sinaliza desenvolve se em car ter habitual exclusivo e em conjunto com os membros da fam lia e sob a dire o de um deles ainda que haja diversidade nas tarefas atribu das a cada um Lembra Oliva 2006 p 182 originar se essa modalidade de regime laboral do exerc cio do poder familiar atribu do aos pais pelo art 1 634 I e VII do C digo Civil para a dire o da cria o e e
272. rma efetiva reverter a precariza o do trabalho e combater o desemprego e o trabalho informal postura que culmina por solidificar ainda mais a postura autocr tica da empresa A partir da incurs o no contexto da introdu o do lema da responsabilidade social em algumas regi es do planeta poss vel reconhecer na RSE valiosa ferramenta para eliminar a postura aristocr tica da empresa e aproxim la do novo paradigma que se lhe apresenta El modelo capitalista y la Responsabilidad Social de la Empresa SER tambi n llamada Responsabilidad Corporativa RC est en el centro del debate econ mico social y pol tico en todo el mundo desarrollado Existen grandes controversias sobre su alcance en el mbito de la empresa y se plantea la pregunta de si estamos ante una aut ntica potente y novedosa herramienta de gesti n empresarial que comporta una nueva econom a de la empresa y como consecuencia de ello se abre paso una reformulaci n Del modelo capitalista liberal Somos cada vez m s los economistas y empresarios que pensamos que un nuevo capitalismo menos economicista y m s humanista fundamentado en la RSE voluntaria e autorregulada da lugar a un nuevo paradigma empresarial m s rentable que al mismo tiempo se articula adecuadamente en la implantaci n y desarrollo de una globalizaci n eficiente y m s humana SANTONJA Op cit p 27 N o obstante a expressiva controv rsia a respeito do alcance da Responsabilidade Soci
273. rmente concentrado na esfera privada Todo o conte do contratual portanto seguia a diretriz dominante da busca pela maior lucratividade e o trabalho infantil nesse passo seguia a mesma tend ncia E foi a demanda pela prote o contra a explora o do trabalho de crian as e de adolescentes que chamou o Estado interven o nas rela es entre capital e trabalho embora sua origem estivesse ligada luta dos adultos desempregados e em estado de miserabilidade por seus postos de trabalho e n o propriamente a revolta diante das condi es laborais indignas aqueles dedicada MINHARRO Op cit p 18 O Moral and Health Act 1802 de Robert Peel destaca se pelo pioneirismo na edi o de normas trabalhistas protetivas Segundo Mario de La Cueva apud MARTINS 2002 pp 25 26 essa norma inspirou toda a legisla o laboral da contemporaneidade estabelecendo dentre outras determina es proibi o de trabalho infantil noturno limita o da jornada em 10 horas proibi o de trabalho ap s as 21h e antes das 6h Feitas essas considera es imprescind veis compreens o da representa o da inf ncia ao longo da hist ria bem como dos rudimentos normativos da prote o dispensada na contemporaneidade a crian as e adolescentes revela se imperiosa a abordagem das principais normas internacionais de prote o a estes seres em especial fase de desenvolvimento conforme diretrizes a seguir alinhadas 2 1 2 A D
274. ros da fam lia art 18 Admite se o trabalho art stico de crian as e adolescentes em face de atividades como teatro cinema r dio televis o circo e outras desde que previamente autorizado pelo respons vel legal ou pela autoridade integrante do Tribunal de Fam lia assim como comprovada a regular matr cula no ensino m dio ou na educa o b sica pois a atividade laboral n o poder prejudicar a frequ ncia as aulas art 16 c Paraguai O Paraguai ratificou a Conven o n 182 da OIT por m n o a Conven o n 138 tendo manifestado sua inten o de faz lo como se extrai do anexo 2 do cuadro de ratificaciones de los Convenios de la OIT n ms 138 y 182 y memorias anuales en relaci n con la abolici n efectiva del trabajo infantil presentadas con arreglo al seguimiento de la Declaraci n OIT 1999 A Constitui o do Paraguai promulgada em 20 de junho de 1992 cont m previs o espec fica a respeito do tratamento priorit rio dispensado a crian as e adolescentes embora assim como a Constitui o chilena remeta legisla o infraconstitucional a regulamenta o da mat ria Diz a Constitui o do Paraguai Dispon vel em hitp Avww leychile cl Navegar idNorma 207436 Acesso em 21 de abril de 2010 31 Art culo 90 Se dar prioridad a los derechos del menor trabajador para garantizar su normal desarrollo f sico intelectual y moral O C digo de la Ni ez y la Adolescencia embasado nas
275. rote o Integral A ideia de prote o integral a crian as e adolescentes est intimamente relacionada ideia de sustentabilidade A crian a e o adolescente de hoje s o o futuro da sociedade e do tratamento que lhes for dispensado depender a fortuna ou o infort nio da Na o ressalta Jos Roberto Dantas Oliva 2006 p 118 A doutrina da prote o integral da crian a e do adolescente foi constru da sobre bases filos ficas que germinaram a partir da Declara o Universal dos Direitos da Crian a de 1959 e se consagraram na Declara o Internacional dos Direitos da Crian a de 1989 da ONU Fundamenta se a teoria na falta de maturidade f sica e mental da crian a na necessidade de prote o inclusive legal e cuidados especiais que merece tanto antes quanto ap s seu nascimento Considerada a hipossufici ncia e a vulnerabilidade f sica ps quica emocional e social desses seres em raz o de encontrarem se em especial fase de desenvolvimento da vida justifica se a preval ncia de seus interesses como sujeitos de direitos individuais e garantias fundamentais A preocupa o com o pleno desenvolvimento infanto juvenil garantido na Conven o Internacional dos Direitos da Crian a na Constitui o da Rep blica Federativa do Brasil e no Estatuto da Crian a e do Adolescente trouxe novas perspectivas ao vincular o desenvolvimento nas novas gera es garantia da realiza o por meio de pol ticas socia
276. rra foi o fil sofo Jean Jaques Rousseau Ele escandalizou a sociedade e instigou a classe intelectual da poca ao escrever um tratado de educa o na tentativa de conscientiza o sobre a tr gica realidade das crian as trabalhadoras submetidas a condi es laborais subumanas castigos e mutila es em acidentes de trabalho com a coniv ncia da fam lia da Igreja do Estado e da sociedade Ali se redefiniu a Pedagogia FERREIRA Op cit p 30 70 Rousseau foi o primeiro a propor a influ ncia da heran a gen tica Observou que as crian as s o qualitativamente diferentes dos adultos N o s o meros adultos incompletos ou estudantes n o formados As crian as precisam ser entendidas e valorizadas pelo que elas s o em vez do que vir o a ser sendo consideradas como exploradoras do mundo motivadas ocupadas e experimentadoras usando isso para suprir seus interesses individuais PEREZ Op cit p 29 N o mais subsiste fundamenta o te rica para a explora o do trabalho infantil Conforme ressaltado em linhas anteriores a Conven o n 138 da OIT estabelece idade m nima para o trabalho com a finalidade prec pua de permitir o pleno desenvolvimento f sico e mental do ser humano at que alcance a idade para ingressar no mercado de trabalho e que para isto esteja preparado e qualificado O trabalho direito nunca por m antes da idade m nima fixada pelo pr prio direito exatamente para preserva o de outros v
277. rt stico impede o des cobrimento de um trabalho objeto de explora o econ mica porque impossibilita o diagn stico de situa es em que s o expostas a risco crian as e adolescentes trabalhadores o que de conseguinte impossibilita seu combate como comprova Ana Lu sa Rego Melro Um estudo realizado pelo MSST e pelo SIETI relativamente s actividades dos menores em actividades art sticas revela nos que um acontecimento bastante vis vel o mundo art stico e em especial o do espect culo det m na actualidade designadamente em Portugal uma enorme visibilidade p blica levando inclusive ao empolamento medi tico de v rias personagens art sticas incluindo as crian as 2004 15 Deveria por essa raz o ser f cil detectar sinalizar diagnosticar e combater mas o que acontece precisamente o oposto um fen meno consentido tolerado naturalizado todavia n o pode ser negligenciado pois tratam se de actividades com valor econ mico ou seja actividades produtivas que n o podem ser qualificadas de lazer e portanto de n o trabalho desempenhadas por menores e que podem em algumas situa es afectar a sa de o desenvolvimento f sico ou moral a educa o e o aproveitamento escolar dos que nela estejam envolvidos ibidem 16 que o que de facto est em causa E importante analisar que voz e que vez t m as crian as na programa o dos v rios canais em que pap is e situa es s
278. rui Ka 81 3 1 3 A Quest o Etica dos Direitos de Personalidade da Crian a e do Adolescente no Trabalho Empreendido em Favor da Atividade EMPreSANAR s sedienta naar a a EEr EE a a aies 90 3 2 A INCORPORA AO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NO AMBITO DO DIREITO BRASILEIRO INTERNO 97 3 2 1 Os Reflexos dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos no mbito do Direito Brasileiro Interno Distin o entre Direitos Fundamentais e Direitos RIUMANOS sata ia SA a A PRP AR NS EA O ma O UAU 0 LER NEA 97 3 2 2 Jurisprud ncia do Supremo Tribunal Federal e a Mudan a de Paradigma na Fixa o da Hierarquia dos Tratados Internacionais de Dir tos FILMA OS oeoo nne e a terea aeaeaei aeaea dieder 103 3 2 3 A Decis o do Supremo Tribunal Federal na Linha de Ideia dos Jogos de Linguagem de Wittgenstein A Preval ncia dos Direitos Humanos no DUKO MeL EEIE ao a E A a 108 3 2 4 A Posi o Hier rquica das Conven es Internacionais que se referem Prote o do Trabalho da Crian a e do Adolescente ssssssseeneneeeserrreren 112 4 O PAPEL DO ESTADO NA PROTE O DO TRABALHO DA CRIAN A E DO ADOLESCENTE NA ATIVIDADE ART STICA 120 4 1 O TRABALHO ART STICO E A CRIAN A E O ADOLESCENTE 120 4 1 1 O Trabalho Art stico de Crian as e Adolescentes nos EUA Um Paradigma EconomiciSta tn et abas ED Cs BED ER ERA io DEE 120 4 1 2 O Trabalho Art stico de Crian as e Adolescentes e a I
279. s a ponto de nela poder reconhecer a si pr prio O trabalho art stico talvez seja o trabalho que mais permita a identifica o entre o criador e a criatura entre o sujeito e o objeto N o se pode perder de vista contudo nem mesmo diante do belo sob o qual o trabalho infantil art stico vem representado que a crian a e o adolescente s o sujeitos e sujeitos de direitos sendo sua arte em verdade trabalho como qualquer outro 135 O tema suscita controv rsia que embora incipiente divide posicionamentos Para alguns sobressai a virtuosidade do trabalho infantil art stico diante do inerente est mulo a talentos inatos como a criatividade manifestando se pela impossibilidade de negar crian a e ao adolescente a oportunidade de participar de representa es art sticas p blicas como cantar dan ar desfilar etc Para outros no entanto o trabalho art stico conquanto n o t o aviltante quanto outras formas de trabalho infantil trabalho e roubam da crian a o tempo necess rio para estudar brincar e desenvolver se plenamente MINHARRO Op cit pp 61 62 Robortella e Peres Op cit p 149 vislumbram uma dist ncia insuper vel entre o artista mirim e aquele menor que presta servi os manuais normalmente n o qualificados nas f bricas nos campos no com rcio nos servi os ou at nas ruas Referidos autores defendem que a atividade art stica em sua ess ncia autorizaria a harmoniza o dos prin
280. s atrav s da defesa da aboli o de algumas formas de trabalho infantil e da regulamenta o de outras COELHO SARMENTO 2008 p 11 Da porque no espectro do presente estudo o trabalho infantil a ser abolido diz respeito aquele que se desenvolve em condi es prejudiciais ao processo 48 educacional ou ao desenvolvimento biopsicossocial sadio da crian a e do adolescente dispensando se regula o ao trabalho infantil inofensivo a tais fatores Dada a relev ncia e atualidade do tema buscou se pesquisar em primeiro lugar algumas das piores formas de trabalho infantil assim definidas pela Conven o 182 da OIT e que ocorrem no Brasil elegendo se para a investiga o o trabalho dom stico o trabalho no tr fico e plantio de drogas e o trabalho na rea rural 2 2 3 1 Trabalho proibido a Trabalho dom stico De acordo com a OIT apud OLIVA 2006 pp 124 125 e 133 aproximadamente 10 milh es de crian as atuam como escravos do trabalho dom stico em todo o mundo Apesar disso segundo a organiza o o problema amplamente ignorado em muitos pa ses Conforme divulga o feita pela entidade em 12 de junho de 2004 existiam mais de 2 milh es de crian as e adolescentes sendo exploradas no trabalho dom stico em todo o mundo Segundo dados de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IBGE em conv nio com a OIT em 2001 existiam no Brasil 5 482 515 crian as e
281. s de subs dios governamentais e do combate a pr ticas comerciais desleais adotadas por alguns pa ses perante a concorr ncia ao que se d o nome de dumping Eclode uma amea a de inser o de cl usulas sociais nos tratados internacionais de com rcio a sinalizar a ocorr ncia de crises sociais e econ micas tal como concebida por Beck a antecipa o de cat strofe nsita ao risco em contraposi o no o de cat strofe em si Riesgo no es sin nimo de cat strofe Riesgo significa la anticipaci n de la cat strofe Los riesgos se alan a la posibilidad futura de ciertos acontecimientos y procesos hacen presente una situaci n mundial que a n no existe Mientras que una cat strofe est definida espacial temporal y socialmente la cat strofe anticipada no conoce concreci n espaciotemporal ni social La categor a del riesgo se refiere por lo tanto a la realidad discutible de una posibilidad que no es mera especulaci n pero tampoco una cat strofe efectivamente acaecida En el momento en que los riesgos se convierten en realidad explota una central nuclear o se produce un atentado terrorista se convierten en cat strofes Los riesgos son siempre acontecimientos futuros que es posible que se presenten que nos amenazan y puesto que esta amenaza permanente determina nuestras expectativas invade nuestras mentes y gu a nuestros actos resulta una fuerza pol tica transformadora BECK 2008 p 28 Intensos debates s
282. s casos de contrato por tempo determinado V locais onde atuar o contratado inclusive os opcionais VI jornada de trabalho com especifica o do hor rio e intervalo de repouso VII remunera o e sua forma de pagamento VIII disposi o sobre eventual inclus o do nome do contratado no cr dito de apresenta o cartazes impressos e programas IX dia de folga semanal X ajuste sobre viagens e deslocamentos XI per odo de realiza o de trabalhos complementares inclusive dublagem quando posteriores a execu o do trabalho de interpreta o objeto do contrato XII n mero da Carteira de Trabalho e Previd ncia Social Mensagens publicit rias para cinema televis o e outros tamb m dever o ser precedidas de contrato com as seguintes especifica es art 14 o nome do produtor do anunciante e se houver da ag ncia de publicidade para quem a mensagem produzida II o tempo de explora o comercial da imagem III os ve culos atrav s dos quais a mensagem ser exibida V as pra as onde a mensagem ser veiculada VI o tempo de dura o da mensagem e suas caracter sticas Ainda de acordo com referida lei o exerc cio da profiss o de artista pressup e pr vio registro em rg o do Minist rio do Trabalho art 69 O contrato de trabalho pode ou n o conter dura o pr determinada bem assim cl usula de exclusividade arts 10 par grafo nico e 11 N o se admite a
283. s crian as e adolescentes nele envolvidas rejeitando se a preserva o da racionalidade econ mica interferente na utiliza o generalizada de crian as e adolescentes para o desempenho de atividades art sticas dado tratar se de trabalho como qualquer outro A partir da teoria da raz o comunicativa de J rgen Habermas 1990 fundamentada no consenso da linguagem na intersubjetividade do mundo da vida personalidade sociedade e cultura apreende se que a legitimidade do Direito pressup e sintonia com a realidade sociocultural e n o com valores sociais impostos por outras racionalidades como a racionalidade econ mica ou mesmo a racionalidade midi tica Nesse sentido surge o poder dever emancipador do Estado na regula o do trabalho infantil art stico A pesquisa perpassa ainda pela an lise das pol ticas p blicas de erradica o do trabalho infantil e de prote o ao trabalho do adolescente em mbito nacional Pela atualidade e pertin ncia relevante a an lise cr tica do PLS n 83 2006 e do PL n 6 937 2010 que pretendem regulamentar o trabalho art stico de crian as e adolescentes em mbito nacional estudando se em que medida o Estado vem conferindo aplica o ao princ pio da prote o integral e da prioridade absoluta no caso do trabalho art stico desenvolvido por crian as e adolescentes em favor da atividade econ mica 15 A op o pela terminologia crian a e adolescente como forma de articular o present
284. s de atua o do Estado apresentam se insuficientes para a prote o da crian a e do adolescente e os enfrentamentos sociais revelam n o se concretizar no Brasil uma tutela absoluta e integral O Estado vem obtendo xito em reduzir a explora o do trabalho infantil por m n o logra elimin la 175 Na diretriz de decis o paradigm tica do STF HC 90 450 MG em se tratando de tratado internacional de direitos humanos a Conven o n 138 da OIT adentra no ordenamento jur dico brasileiro com hierarquia de norma constitucional art 5 2 da CF assumindo este status dado ter sido ratificada no per odo entre a promulga o da CF 88 e a publica o da EC 45 2004 O ac rd o do STF em refer ncia evidencia al m do primado dos valores mais essenciais para o ser humano liberdade pessoal e justi a social a import ncia do papel do Estado juiz na adequa o do Direito positivado s exig ncias necessidades e transforma es resultantes dos processos sociais econ micos e pol ticos que caracterizam a sociedade multifacetada e globalizada da p s modernidade tal qual a id ia dos jogos de linguagem de Wittgenstein Nesse sentido o STF passa a adotar uma linguagem mais consent nea com a forma de vida que a sociedade demanda e n o aquela fomentada pela racionalidade econ mica de ac mulo de capital em que se funda o poder dominante Conclui se uma vez consagrado o status de norma constitucional da Conven o n 138
285. s de forma significativa assim como seu acentuado grau de intensidade ao obrigar os Estados signat rios e submet los s decis es por exemplo da Corte Interamericana de Direitos Humanos Nesse sentido destaca se a recente condena o do Brasil em senten a da Corte Interamericana de Direitos Humanos FORUM de entidades nacionais de direitos humanos 07 08 2009 Referida decis o condenou o Brasil a proceder a uma investiga o completa e imparcial e a reparar integralmente as v timas pelos 102 danos morais sofridos em decorr ncia da divulga o na imprensa das conversas gravadas sem autoriza o A decis o no caso Escher e outros Vs Brasil julgou e condenou o Estado brasileiro pelo uso de intercepta es telef nicas em 1999 junto a associa es de trabalhadores rurais ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST no Paran bem como pela divulga o das grava es na imprensa e pela atitude omissiva em rela o puni o dos respons veis Concluiu a Corte Internacional que a atua o do Estado Brasileiro violou garantias compreendidas no rol dos direitos humanos dos destinat rios dessas intercepta es telef nicas 1 O Estado violou o direito vida privada e o direito honra e reputa o reconhecidos no artigo 11 da Conven o Americana de Direitos Humanos em preju zo das v timas dos grampos 2 O Estado violou o direito liberdade de associa o reconhecido no artigo
286. s e receber menos que os homens deram lhes trabalho enquanto o homem ficava em casa frequentemente sem ocupa o A princ pio os donos de f bricas compravam o trabalho das crian as pobres nos orfanatos mais tarde como os sal rios do pai oper rio e da m e oper ria n o eram suficientes para manter a fam lia tamb m as crian as que tinham casa foram obrigadas a trabalhar nas f bricas e minas Os horrores do industrialismo se revelam melhor pelos registros do trabalho infantil naquela poca HUBERMAN 1986 p 178 A explora o desumana do trabalho infantil era a base do sistema ent o vigente e sua crueldade era tamanha que surpreendia at mesmo senhores de escravos como se infere da seguinte express o por um deles utilizada poca Sempre me considerei infeliz pelo fato de ser dono de escravos mas nunca nas Indias Ocidentais pensamos em ser poss vel haver ser humano t o cruel que exigisse de uma crian a de 9 anos trabalhar 12 horas e meia por dia e isso como os senhores reconhecem como regra normal Ibid p 180 As rela es mantidas mediante explora o do trabalho infantil durante a Revolu o Industrial eram orientadas pela l gica da autonomia de vontade e pela liberdade inerente aos contratos de natureza civil regidas especificamente por normas referentes ao contrato de arrendamento de servi os seguiam a cartilha do 20 Liberalismo ao bel prazer dos detentores do capital e como dito anterio
287. s em virtude de inadimplemento de obriga o alimentar No mesmo sentido o Pacto Internacional de Direitos Civis e Pol ticos aprovado em 1966 pela Assembl ia das Na es Unidas e que entrou em vigor apenas em 1976 estabelece em seu art 11 que Ningu m poder ser preso apenas por n o poder cumprir com uma obriga o contratual Foi assinada em San Jos Costa Rica em 1969 entrando em vigor em 1978 Apenas Estados membros da Organiza o dos Estados Americanos t m o direito de aderir Conven o Americana Substancialmente ela reconhece e assegura um cat logo de direitos civis e pol ticos similar ao previsto pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Pol ticos Desse universo de direitos destacam se o direito personalidade jur dica o direito vida o direito a n o ser submetido escravid o o direito liberdade o direito a um julgamento justo o direito privacidade o direito liberdade de consci ncia e religi o o direito liberdade de associa o o direito ao nome o direito nacionalidade o direito liberdade de movimento e resid ncia o direito de participar do governo o direito igualdade perante a lei e o direito prote o judicial MELLO 2008 Mello ibid p 12 reconhece o relevante papel desempenhado pelos tratados e conven es internacionais no mbito da afirma o da consolida o e da expans o dos direitos b sicos da pessoa humana den
288. s fatores internos que contribuem para o trabalho infantil s o principalmente a estrutura e tamanho da fam lia e sua volatilidade as d vidas e as aspira es dos pais Por outro lado como fatores externos poderiam ser citados os aspectos sociais e culturais da comunidade a qualidade o custo e o acesso s escolas e a pr pria demanda pelo trabalho infantil CHAHAD SANTOS 2006 p 107 Segundo a OIT no ano de 2000 352 milh es exatamente 351 700 milh es de crian as entre 5 e 17 anos de idade estavam envolvidas em atividades econ micas no mundo OLIVA 2006 p 123 Em 2010 a institui o divulgou ter 76 sido reduzido para 306 milh es o n mero de crian as que realizam algum tipo de trabalho e que 215 milh es ainda est o sendo v timas de trabalho infantil N o obstante o decr scimo num rico apresentado na faixa et ria dos 15 aos 17 anos Los resultados indican que el trabajo infantil en esse grupo de edad ha crecido de 52 a 62 millones lo que equivale a un incremento del 20 por ciento entre 2004 y 2008 No Brasil aproximadamente 5 milh es de crian as mais precisamente 5 482 515 entre 5 e 17 anos exercem atividades econ micas de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic lios PNAD de 2001 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IBGE em estudo realizado em conv nio com a OIT OLIVA 2006 No in cio da d cada de 90 eram 8 4 milh es na mesma faix
289. s o sal rio m nimo hor rio Atualmente est na pr pria defini o legal que o contrato de aprendizagem possui natureza jur dica de um contrato especial pondo fim s controv rsias que cercavam o assunto MINHARRO Op cit p 80 60 O contrato de aprendizagem constitui um contrato de trabalho de natureza especial ante a presen a de uma rela o triangular empresa institui o de ensino e empregado necessariamente ligado a um programa de aprendizagem O limite de idade para o contrato de aprendizagem majorado de 18 para 24 anos por for a da Medida Provis ria n 251 de 14 de junho de 2005 n o se estende aos portadores de defici ncia para os quais a comprova o de escolaridade leva em conta as habilidades e compet ncias relacionadas com a profissionaliza o J ponderava Oris de Oliveira 2004 p 171 antes mesmo da majora o do limite de idade a import ncia do elastecimento da faixa et ria pass vel de executar um contrato de aprendizagem num pa s de economia perif rica como o Brasil em que o grau de escolaridade entre os jovens reduzida Em um pa s em que h uma not ria defasagem entre a idade e a escolaridade h sobejas raz es para previs o de uma faixa et ria mais longa ou ao menos que uma aprendizagem iniciada se complete al m dos 18 anos Parte da doutrina especializada critica com propriedade a profus o e assodamento na produ o legiferante nesse caso tanto pelo Poder Executivo
290. s podem vir a se encontrar em situa o de explora o em atividades econ micas De qualquer modo cumpre assinalar que as normas internacionais de prote o consideram crian a todo o indiv duo com menos de 18 anos de modo que a abordagem do fen meno como trabalho infantil ainda que referente ao trabalho de adolescentes sobressai mais consent neo com a doutrina e normativa internacionais Ultrapassada a quest o terminol gica compartilha se da obje o lan ada por Minharro Op cit assertiva de S rgio Pinto Martins de que a express o menor estaria relacionada capacidade para o exerc cio dos atos da vida civil na esfera do Direito Civil e inimputabilidade na esfera penal Com propriedade defende a autora que a prote o do trabalho infantil n o est relacionada capacidade de exercer pessoalmente os atos da vida civil nem tampouco inimputabilidade mas sim aos preju zos que determinadas atividades acarretam ao desenvolvimento biopsicossocial do indiv duo e de conseguinte s consequ ncias nefastas da explora o econ mica do trabalho de crian as e adolescentes para o futuro do pa s 46 A CF de 1988 conforme analisado anteriormente pro be o trabalho de indiv duos com idade inferior a 16 anos salvo na condi o de aprendiz a partir dos 14 anos art 79 XXXIII Pode se concluir assim que a proibi o de trabalho atinge todos aqueles com menos de 16 anos nica exce o dos ma
291. sado em sua singularidade e subjetividade vista como um adulto em miniatura por n o existir o sentimento da inf ncia na p s modernidade passa a ocupar um lugar de destaque Isso principalmente em face do interesse econ mico que outrora a destinava ao espa o da produ o e contemporaneamente passa a reservar lhe tamb m o espa o do consumo Influenciado por outros ramos da ci ncia o Direito reconhece na contemporaneidade serem crian as e adolescentes sujeitos de direitos e n o mais simples objetos de tutela A CF 88 pro be o trabalho para menores de 16 anos salvo na condi o de aprendiz a partir dos 14 anos Ela encampa o princ pio da prote o integral da crian a e do adolescente devido forte press o pol tica de movimentos populares rompendo com a doutrina menorista at ent o vigente marcada por uma pol tica de exclus o e estigmatiza o de crian as pobres por interm dio da arregimenta o para o trabalho Para al m de dissipar qualquer substrato te rico que fundamente a legitimidade da explora o do trabalho infantil a doutrina da prote o integral e da prioridade absoluta se fundamenta na hipossufici ncia e vulnerabilidade f sica ps quica emocional e social de crian as e adolescentes em virtude de se encontrarem em especial fase de desenvolvimento da vida a justificar a preponder ncia de seus interesses enquanto sujeitos de direitos Mesmo diante de tal aparato dogm tico jur dico os mecanismo
292. scentes enseja ou n o risco de dano aos direitos espec ficos destes seres em peculiar condi o de desenvolvimento de modo a justificar sua plena e indiscut vel aceita o pela sociedade Novamente o Direito Comparado chamado ao estudo especialmente a legisla o californiana a fim de fornecer os contornos da prote o a crian as e adolescentes em ambi ncia cone de representa es art sticas 1 HC 90 450 MG julgado em 23 09 2008 14 Questiona se ainda se os pressupostos constantes da legisla o infraconstitucional tem se revelado suficientes a conferir efetividade dogm tica jur dica da prote o integral notadamente diante de um hard case que gerou intensa e expressiva repercuss o na m dia nacional dado confrontar o direito dos pais em educar seus filhos conforme suas tradi es e o direito liberdade de express o da crian a com o direito prote o integral e absoluta Aprofunda se a an lise do problema relativo aus ncia de debate entre os diversos grupos sociais a respeito do trabalho infantil art stico a partir da influ ncia da ind stria midi tica na formula o de conceitos A ind stria midi tica instrumentalizada pela t cnica e pela cultura digital dominam o mundo p s moderno determinando o modo de vida dos indiv duos seus desejos sua linguagem etc Esse fato tamb m interfere no modo como a sociedade olha o trabalho infantil art stico e n o v os riscos a que s o submetida
293. se infere no modelo da legisla o da Calif rnia um paradigma v lido para o Brasil onde se prop e que justamente os direitos fundamentais se sobreponham ao interesse econ mico com vistas promo o das melhores condi es poss veis de desenvolvimento do ser humano de transcend ncia e supera o da concep o alienante que o trabalho pode assumir quando configurado pelo vi s economicista 4 1 2 O Trabalho Art stico de Crian as e Adolescentes e a Ind stria Midi tica Al m da viola o idade m nima para o trabalho fixada na CF 88 e da inobserv ncia legisla o infraconstitucional o trabalho art stico pode submeter crian as e adolescentes a situa es de risco da resultando les o a toda a sociedade que n o obstante parece sequer dela tomar consci ncia ante a domina o dos interesses do poder dominante Pode se imaginar que na execu o do trabalho infantil art stico n o haveria viola o grave a direito de personalidade como ocorre nas situa es de crian as e adolescentes utilizados nas piores formas de trabalho infantil Todavia como afirma Melro Op cit p 72 124 crian as n o s o n meros Se pensarmos qualitativamente as rela es sociais poderemos compreender que se tratando de uma s crian a ou um jovem vivendo nessas circunst ncias j se justificaria a emerg ncia de estudos e pol ticas p blicas para intervir nesse quadro e mud lo Silva 2008 37 Ocor
294. sfar ado sob o manto do assistencialismo Uma mudan a cultural por m se imp e por uma demanda de tutela a direitos fundamentais Como se ver adiante estudos apresentados por organiza es internacionais OMC OCDE e OlT bem assim a doutrina especializada t m revelado que a maior prote o aos direitos sociais culmina por incrementar o desenvolvimento econ mico Lembra Elena Del Mar Garc a Rico in ANNONI 2005 p 133 se ha incidido en las ventajas macroecon micas derivadas de la erradicaci n de situaciones tan detestables como el trabajo infantil especialmente si se ofrece a los menores que salen del mercado de trabajo la oportunidad de acceder al sistema educativo La utilizaci n de mano de obra adulta en lugar de la infantil adem s incrementar a productividad al tempo que elevar a el nivel de educaci n de la poblaci n Una mayor formaci n garantiza unos buenos resultados en el mbito de la innovaci n tecnol gica y por consiguiente una mayor inversi n en equipos y tecnolog a que se traducir a en salarios m s elevados indispensables para fomentar 81 una demanda interna que favorezca una menor dependencia econ mica de las exportaciones Nesse sentido a erradica o do trabalho de crian as e adolescentes notadamente a longo prazo traduz se em vantagens econ micas para os pa ses de economia perif rica al m de garantia dos direitos fundamentais para as pr ximas gera es 3 1 2 O Int
295. sla o a veda o do trabalho de menor de 18 anos em condi es perigosas penosas ou com potencial risco de dano ao seu Dispon vel em http Awww parlamento gub uy constituciones const004 htm Acesso em 04 de agosto de 2009 33 desenvolvimento moral art 226 do CC J o trabalho insalubre proibido para os menores de 21 anos art 14 da Lein 11 577 50 proibido o trabalho noturno 21h s 6h ao menor de 18 anos exceto para o trabalho dom stico art 231 do CC Lembra Martins Op cit p 69 que em car ter excepcional h possibilidade do Conselho da Crian a conceder autoriza o para o trabalho aqueles menores de 13 anos em atividades leves como trabalho de mensageiro trabalho relativo a esportes e jogos colheita e venda de flores e frutas e desde que n o haja preju zo frequ ncia escolar 2 1 3 3 Estados Unidos Os Estados Unidos tamb m ratificaram a Conven o n 182 mas n o ratificaram a Conven o n 138 da OIT por m em 2002 expuseram inten o expressa de ratific la conforme registrado no anexo 2 do cuadro de ratificaciones de los Convenios de la OIT n ms 138 y 182 y memorias anuales en relaci n con la abolici n efectiva del trabajo infantil presentadas con arreglo al seguimiento de la Declaraci n OIT 20020 Nos Estados Unidos a idade m nima para o emprego e as horas de trabalho para crian as foram regulamentadas pela primeira vez em 1938 em mbito federal no
296. stados solo puede fundamentarse en el efectivo compromiso con la defensa de esos mismos derechos y valores humanos por parte de quienes las adoptan la aplicaci n de estas medidas de condicionalidad no parecen resultar eficaces para lograr el nico objetivo l cito que se persigue con adopci n esto es la mejora de las condiciones laborales y ambientales en aquellos pa ses donde se origina el dumping social y ambiental Como hemos tenido ocasi n de comprobar a lo largo de este trabajo el profundo rechazo mostrado por los destinatarios de estas restricciones comerciales ante lo que consideran un atentado a su soberan a y sus leg timas aspiraciones de progreso econ mico convierte en altamente improbable un cambio de su actitud sobre estas cuestiones De este modo la creaci n de obst culos a la exportaci n de sus productos en los mercados internacionales les har a perder competitividad y con ello sus posibilidades de desarrollo econ mico lo que se traducir a en un deterioro del nivel de vida de su poblaci n En definitivo las medidas de condicionalidad negativa solo contribuir an a ensanchar a n m s el abismo econ mico que separa a los Estados que conforman la sociedad internacional contempor nea sin que se hayan mostrado efectivas para acabar con las verdaderas causas que originan el dumping social y ambiental Para al m disso economistas concluem ao analisar dados do mercado de trabalho e do com rcio internacional do
297. supuesto de la exist ncia del individuo la 41 producci n de la fuerza de trabajo consiste em La reproducci n o conservaci n de aqu l Ahora bien para su conservaci n el ser viviente necesita uma cierta suma de m dios de vida Por tanto El tiempo de trabajo necesario para produzir la fuerza de trabajo viene a reducirse al tiempo de trabajo necesario para la producci n de estos medios de vida o lo que es lo mismo el valor de la fuerza de trabajo es el valor de los m dios de vida necess rios para assegurar la subsistencia de su poseedor la suma de v veres y m dios de vida habr de ser por fuerza suficiente para mantener al individuo trabajador em su estado normal de vida y de trabajo JA diferencia de las otras mercanc as la valoraci n de la fuerza de trabajo encierra pues un elemento hist rico moral MARX 1991 pp 188 189 Embora contraposta ao pensamento marxista tamb m a Enc clica Rerum Novarum em 1891 redigida pelo Papa Le o XIII propalava o trabalho como valor ao conceb lo um t tulo de honra que toca a dignidade da pessoa humana GARCIA apud BARROS Op cit p 60 Conforme j anunciava Pierre Jaccard ao afirmar que embora o conceito de trabalho tenha adquirido contornos diferenciados e objetivados ao longo da hist ria e que o homem tenha levado tempo a tomar consci ncia da sua pr pria raz o de ser e do valor da sua actividade a humanidade sempre foi consciente do sentido e da
298. t stico definindo crit rios a serem observados pela autoridade judici ria para uma suficiente e eficiente tutela desses seres em peculiar fase de desenvolvimento Em conformidade com o arcabou o normativo constitucional assim concebido o texto da CF 88 e tamb m a Conven o n 138 da OIT o trabalho art stico de crian as e adolescentes proibido N o se infere contudo seja uma proibi o absoluta Em car ter excepcional admite se a realiza o do trabalho art stico por crian as e adolescentes em favor da atividade empresarial e nas estritas condi es do art 8 da Conven o n 138 da OIT e da legisla o infraconstitucional N o h no entanto uma exce o generalizada como parece refletir a abundante m o de obra infantil envolvida no trabalho art stico como faz transparecer o cotidiano dos meios de comunica o dessumindo se existir uma Compete autoridade judici ria disciplinar atrav s de portaria ou autorizar mediante alvar Il a participa o de crian a e adolescente em a espet culos p blicos e seus ensaios b certames de beleza 1 Para os fins do disposto neste artigo a autoridade judici ria levar em conta dentre outros fatores a os princ pios desta Lei b as peculiaridades locais c a exist ncia de instala es adequadas d o tipo de frequ ncia habitual ao local e a adequa o do ambiente a eventual participa o ou frequ ncia de crian as e adol
299. taca a possibilidade de ser ajuizada reclamat ria trabalhista perante a Justi a do Trabalho a fim de que venha a ser reconhecido o v nculo empregat cio do trabalhador infantil dom stico com todos os direitos decorrentes em conformidade com o art 79 par grafo nico da CF e Lei n 5 859 72 Todavia o autor reconhece serem poucos os que recorrem ao Poder Judici rio Minharro Op cit p 93 assinala uma pr tica muito comum no Norte e Nordeste do Brasil em que os pais doam ou vendem suas filhas para parentes ou amigos a fim de que lhes prestem trabalho dom stico e nestes casos raramente recebem sal rios apenas vestu rio e alimenta o que se compreendem em atos de 50 generosidade dos patr es Trata se de uma pr tica que concorre com o tr fico de crian as e adolescentes para a prostitui o e que portanto deve ser combatido A OIT tem se dedicado de forma veemente luta contra a explora o do trabalho dom stico infantil e conclama a fam lia a sociedade e os estados a dela participarem Nesse trabalho destaca se texto publicado originalmente em espanhol pela entidade dirigido a professores e educadores intitulado As crian as invis veis a seguir reproduzido apud OLIVA 2006 p 126 praticamente imposs vel saber com exatid o quanto mais de 200 milh es de meninos e meninas que trabalham no mundo s o explorados no servi o dom stico Todavia a OIT estima que h mais meninas menores de
300. tado com o poder familiar O Minist rio P blico do Trabalho MPT ajuizou A o Civil P blica ACP contra a emissora de TV SBT Nela postulava a concess o de tutela antecipada em rela o a obriga es de fazer e n o fazer Postulava ainda indeniza o pecuni ria decorrente dos danos morais coletivos e difusos revers vel ao Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT Lei n 7 998 90 de acordo com o disposto no art 13 da Lei n 140 7 347 85 tendo em vista o desrespeito perpetrado pela emissora de TV s normas de prote o crian a e em face da exposi o p blica de Maisa da Silva Andrade em rede nacional a situa es de medo susto p nico e at mesmo de dor f sica ao bater com a sua pequena cabe a em uma c mera que em nada contribuem para a sua forma o Segundo a pe a inicial o alvar judicial concedido para o trabalho de Maisa representada por seus pais em face do SBT havia sido emitido para sua participa o no programa Bom dia amp Cia destinado ao p blico infantil e realizado das 8h s 12h Mencionado alvar estabelecia dentre outras condi es intera o exclusiva com outras crian as acompanhamento dos respons veis legais e grava o em um nico dia mais precisamente s quartas feiras das 13h00 s 15h00 Ocorre que a menina Maisa tamb m vinha participando do Programa S lvio Santos Domingo Animado destinado ao p blico adulto juntamente com o apresenta
301. te o necess ria em cada caso uma aferi o da efici ncia para cada problema especificamente considerado Isto porque a efici ncia constitui um crit rio gradu vel uma vez que se trata de saber se a protec o suficientemente eficiente CANARIS Op cit p 124 Sendo positiva a resposta primeira indaga o cabe perquirir o modo pelo qual a prote o se concretiza tarefa reservada ao legislador ao disciplinar os comportamentos dos sujeitos de direito privado com vistas a no exerc cio de uma fun o de prote o preservar os direitos fundamentais O imperativo de tutela compreende um complexo conjunto de pressupostos assim elencados por Canaris Op cit a aplicabilidade da hip tese normativa do direito fundamental em quest o b necessidade de prote o e seus indicadores ilicitude coloca o em perigo e depend ncia c funcionamento conjunto dos diversos crit rios observada a rela o hier rquica abstrata por um lado e o peso concreto dos bens e interesses envolvidos por outro bem como o peso da interven o e a intensidade da amea a d a natureza e a hierarquia do direito fundamental atingido e da possibilidade do titular de exercer uma eficiente autodefesa e finalmente o peso de interesses e direitos fundamentais contrapostos Estes crit rios e pontos de vista est o aqui semelhan a dos princ pios abertos a uma gradua o e pondera o de tal forma que se n o trata
302. tiempo el respeto a los derechos humanos en la sociedad internacional contempor nea dentro del contexto m s amplio del progreso social de los pueblos Nessa diretriz situa se a corrente daqueles que defendem se tratar de atribui o da OIT a cria o e fiscaliza o de regras trabalhistas no que s o acompanhados pelos pa ses em desenvolvimento Ademais em 1996 na Reuni o Ministerial da OMC em Cingapura ficou reconhecido que a Organiza o Internacional do Trabalho o organismo leg timo para realizar o controle e fiscaliza o das condi es de trabalho no mundo PRATES Op cit p 227 Carina Frahm e Marco Ant nio C sar Villatore 2003 p 178 defendem que A utiliza o do dumping social afigura muito mais uma barreia comercial para proteger o mercado interno de cada pa s ao inv s de uma preocupa o quanto explora o do trabalhador ou modalidade de pol tica social Com efeito que modelo de antidumping esse que estabelece puni es monet rias a outro pa s muitas vezes de forma arbitr ria tendo por consequ ncia o enfraquecimento das exporta es do pa s subdesenvolvido e gerando com isso maior desemprego a melhor forma de coibir os excessos da explora o da m o de obra por interm dio da real aplica o das Conven es Internacionais At mesmo a ideia em torno da cria o de um sistema de etiqueta social para os pa ses que respeitem as normas trabalhistas apresentada pelo e
303. to de um indiv duo A com outro indiv duo B dentro de uma mesma fra o do cotidiano Analisa se a seguir a contribui o do autor para a interpreta o da decis o do STF 3 2 3 A Decis o do Supremo Tribunal Federal na Linha de Ideia dos Jogos de Linguagem de Wittgenstein A Preval ncia dos Direitos Humanos no Direito Brasileiro O julgamento do HC 90 450 MG define novo paradigma estabelecendo a impossibilidade de pris o do deposit rio infiel com base em interpreta o do texto constitucional em mat ria de aplica o dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jur dico brasileiro Diante da crescente internacionaliza o dos direitos humanos o STF altera seu posicionamento jurisprudencial para invalidar ordem de pris o de deposit rio infiel seguindo a tend ncia do direito comparado em restringir a hip tese de coer o f sica como a restri o da liberdade pessoal ao inadimplemento volunt rio e inescus vel de pens o aliment cia O ac rd o evidencia a preocupa o da Corte Suprema em conferir interpreta o ao texto constitucional de molde a conceder lhe legitimidade Valeu se para tanto de sua conjuga o com a realidade contempor nea e as situa es sociais pol ticas econ micas culturais e jur dicas que a caracterizam a fim de 109 preservar lhe o esp rito do tempo Lembra nesse sentido a concep o alem do zeitgeist para que o estatuto fundamental n o se desqualifique
304. to get into the understanding of so as not merit specific regulation in the scope of the Work s Right It still deepens the questioning regarding the effect of rationality media on the society and how reflects in the treatment children and adolescents From the study of recent judgment of STF exsurge the convictions that the international human rights treaties of which Brazil is signatory amongst them ILO Convention 138 which includes the artwork as an exception to the minimum age for work enters the Brazilian legal system to constitutional status This decision is analyzed by approximation with the language games of Ludwig Wittgenstein The present study underscores the necessity for a more intense regulatory activity and effective by the State in order to restrain the exposure of children and adolescents have been submitted and to prevent the suppression of hours of study social and family conviviality and of leisure that the artwork requires them ECA disciplines insufficient form and 83 2006 PLS not appears consistent with the doctrine of the integral protection However the regulation of the artwork by the below constitutional legislation and the courts through the imperative of protection shows imperious in order to ensure limitation to economic and media rationality and becomes a tool of inclusion assurance education and emancipation for the construction of full citizenship PL 6 937 2010 in turn fulfills this function directing t
305. tos a crian as quando trabalham horas a mais quando t m demasiado texto para decorar ao final de um dia de grava es quando passam oito ou mais horas a treinar para um desfile e depois o fazem noite quando ao fim de um dia de escola h treinos de futebol nata o ou outra actividade f sica ou mesmo quando no final de uma semana de trabalho escolar v o ter com a fam lia a outro ponto do pa s para participar em actividades do circo os seus tempos n o s o bem delimitados n o est o bem repartidos gerando alguma confus o para elas mesmas n o acompanhando os seus colegas podendo isso mais tarde repercutir se na vida que ir o ter loc cit Nesse sentido a ado o de normas espec ficas de trabalho infantil deve voltar se necessidade de prote o integral a crian as e adolescentes no exerc cio de atividade art stica submetendo a atividade econ mica em favor da qual realizada A cria o de normas voltadas prote o do trabalho infantil art stico constitui um importante passo por m s o poucas as informa es a respeito do n mero de crian as e adolescentes envolvidas com o trabalho art stico em perspectiva econ mica assim como s o raros os trabalhos cient ficos que se dediquem ao assunto dificultando o aprimoramento da regula o do tema A respeito destaca se o quanto crian as e adolescentes artistas podem ter facilitado o seu pleno desenvolvimento por aqueles que se valem de sua for a de
306. trabalho conforme mat ria jornal stica intitulada A ndia nas favelas de Mumbai sobre a favela que se tornou famosa com o filme Quem quer ser um milion rio 163 Os protagonistas do filme a menina Rubina Ali e o garoto Azharuddin Mohammed Ismail que vivem na favela Garibnagar em Mumbai n o viraram milion rios como seus personagens mas est o de malas prontas para uma vida melhor Al m das fam lias terem sido agraciadas com um apartamento doado pelo governo de Maharashtra os adolescentes tamb m tem garantido para toda a vida um seguro educa o foi pago pelos produtores do filme a cada um deles que hoje j estudam em uma escola de classe m dia como foi informado no jornal Gazeta do Povo GAZETA DO POVO 2009 p 11 Por todo o exposto at aqui sobressai impreter vel no trabalho infantil art stico a defini o de quest es como a dura o do contrato o valor da remunera o a fixa o de limite para a jornada de trabalho de limite de tempo disposi o para testes de sele o e ensaios aus ncia de preju zo frequ ncia e rendimento escolar ambiente laboral apropriado benef cios previdenci rios e trabalhistas caderneta de poupan a acompanhamento do representante legal e garantia de efetiva e permanente assist ncia m dica odontol gica e psicol gica por parte da atividade empresarial em que inserido o trabalho infantil art stico 4 2 2 2 O PLS 83 2006 Sob o pris
307. tre os quais avulta por sua extraordin ria import ncia o direito de n o sofrer pris o por d vida ainda mais se se considerar que o instituto da pris o civil por d vida ressalvada a hip tese excepcional do inadimplemento volunt rio e inescus vel de obriga o alimentar vem sendo progressivamente abolido no mbito do direito comparado 2 Art 5 LXVII da Constitui o Federal de 1988 BRASIL 2005 2 Art 7 par grafo s timo BRASIL 1992 Embora aprovados em 1966 pela Assembl ia Geral das Na es Unidas o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Pol ticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais entraram m vigor apenas dez anos depois em 1976 tendo em vista que somente nessa data alcan aram o numero de ratifica es necess rio para tanto Em julho de 2007 cento e sessenta Estados j haviam aderido ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Pol ticos e cento e cinquenta e sete Estados haviam aderido ao Pacto Internacional dos Direitos Econ micos Sociais e Culturais PIOVESAN Op cit p 160 105 A Conven o Americana sobre Direitos Humanos contempla um conjunto de princ pios um padr o universal de comportamentos e em seu artigo 8 estabelece garantias judiciais de n o priva o de liberdade exceto na hip tese de pens o aliment cia No direito positivo interno brasileiro tamb m n o se admite a pris o por d vida A exce o por sua vez compreendia
308. uas atividades em locais que coloquem em risco seu desempenho educacional seguran a sa de ou desenvolvimento f sico psicol gico moral ou social A proibi o de trabalho alcan a jovens em trabalhos que ultrapassem suas capacidades f sicas ou psicol gicas ou impliquem exposi o nociva radia o a agentes t xicos cancer genos Tamb m se referem a trabalhos que causem altera es gen ticas heredit rias produzam efeitos nefastos no feto durante a gravidez ou tenham qualquer outro efeito nefasto cr nico no ser humano que envolvam riscos de acidente que n o possam ser identificados ou evitados pelos jovens ou de perigo sua sa de em virtude de situa es de extremo frio ou calor ou devido a ru do ou vibra es O direito comunit rio Diretiva EU estabelece ainda proibi o de trabalho noturno assim entendido o que se compreende entre 20h e 6h para crian as e entre 20h e 6h e 23h e 7h para adolescentes art 9 1 al neas a e b Por outro vi s permite se aos Estados membros a previs o legislativa ou regulamentar a respeito da n o incid ncia da Diretiva a determinados trabalhos definidos como trabalhos ocasionais ou de curta dura o que digam respeito a trabalho dom stico exercido num agregado familiar ou quele trabalho que n o seja considerado nocivo prejudicial ou perigoso para o jovem em empresa familiar A Diretiva admite ainda que sejam derrogadas pela via legislativa ou
309. undamentalidade revelar se ia temer ria diante da falibilidade dos instrumentos de controle de inconstitucionalidade existentes no ordenamento jur dico a teoria dos deveres de prote o encobre o fato de que no contexto da sociedade contempor nea s por mero preconceito se pode excluir os particulares sobretudo os detentores de posi o de poder social da qualidade de destinat rios dos direitos fundamentais Ademais a referida teoria tal como a da efic cia indireta acima comentada torna a prote o dos direitos fundamentais na esfera privada ref m da vontade incerta do legislador ordin rio negando a eles uma prote o adequada compat vel com a sua fundamentalidade m xime num contexto como o nosso que ali s n o difere em subst ncia do que existe na Alemanha em que os instrumentos de controle de inconstitucionalidade por omiss o revelam se falhos sen o praticamente in cuos ibid pp 239 240 Contudo Canaris Op cit n o nega a sujei o dos atos e das rela es privadas conforma o aos direitos fundamentais A teoria defendida pelo doutrinador alem o apenas enfatiza a diferen a relevante no modo como os direitos fundamentais se projetam perante o Estado e como se desenvolvem nas rela es entre particulares Imperioso ressaltar para al m disso a ineg vel impossibilidade do texto constitucional esgotar todas as possibilidades de tutela sem ter prejudicada sua pr pria identidade Na
310. undos de poupan a mediante ordem judicial ou pelo pr prio benefici rio na data em que completar 18 anos A norma em comento fruto da luta de Jackie Coogan por maior prote o crian a que desenvolve uma atividade art stica remunerada O ator que protagonizou o filme O garoto a convite de Charles Chaplin em 1921 quando ent o contava com 7 anos de idade n o obstante a fama e os 4 milh es de d lares que teria percebido poca morreu em 1984 lutando por uma lei que obrigasse os pais de pequenos artistas a depositar num fundo de reserva parte dos ganhos por eles obtidos OLIVA 2006 p 205 pois ao completar 21 anos descobriu que de acordo com a legisla o norte americana at ent o vigente n o teria direito aos rendimentos de seu labor o que o motivou celebra o de um acordo com a m e e o padrasto ap s longo processo judicial em que postulava o direito de haver destes os valores pagos relativos ao trabalho art stico desempenhado Haim Grunspun apud COUTINHO 2004 ressalta a fragilidade da lei dado aplicar se somente aos contratos de longa dura o como filmes e seriados da televis o Tamb m na Calif rnia vige a denominada Child Labor Law 2000 que disciplina o trabalho de crian as e adolescentes na ind stria do entretenimento cinema teatro televis o document rios fotografia grava o produ es publicit rias circo espet culos musicais e quaisquer outras performances d
311. unst ncias evidenciada a prop sito das solu es dos casos hipot ticos Come am por afirmar a necessidade de atenua o do peso do pretenso direito subjectivo por necessidades de pondera o mas na concretiza o dessa metodologia nunca ponderam os direitos conflituantes tudo o que fazem antes procurar resolver o conflito atrav s da valora o de princ pios como a assimetria da rela o a dimens o do poder privado a presen a de zonas de intimidade associadas dignidade da pessoa humana a autonomia privada a liberdade negocial mas nunca atrav s de uma verdadeira pondera o do peso dos direitos em conflito Mas sendo assim se os pretensos direitos subjectivos se eclipsam da pondera o n o se percebe onde est a vantagem nem onde fica a diferen a espec fica da proposta que apresentam pois a considera o daqueles princ pios e das circunst ncias do caso concreto era j tamb m adoptada e de forma dogmaticamente irrefut vel pela tese dos deveres de protec o E na trilha da teoria dos deveres de prote o impostos principalmente ao Estado no mbito da proje o dos direitos fundamentais nas rela es entre particulares destaca se o imperativo de tutela Sobre a quest o esclarece Canaris Op cit p 134 que um imperativo de tutela se dirige contra uma omiss o do Estado e de a sua fundamenta o necessitar por isso de um esfor o argumentativo especial o que conheci
312. urgiram em torno da possibilidade sem concretude espa o temporal portanto de inser o de cl usulas sociais nos tratados internacionais comerciais ante o risco de o trabalho infantil ser utilizado como mecanismo de prote o comercial dos pa ses desenvolvidos acentuando ainda mais a explora o do trabalho infantil em pa ses em desenvolvimento Percebe se a aus ncia de uniformidade na conceitua o do dumping no mbito econ mico e no mbito jur dico bem como a larga utiliza o da express o 83 pelo p blico leigo ao referir se a situa es que em verdade n o configurariam dumping Welber Oliveira Barral 2000 p 1 aponta a defini o jur dica do fen meno como sendo aquele que ocorre quando o pre o de exporta o de um bem inferior ao pre o de venda do mercado exportador Para ser conden vel esta diferen a de pre os margem de dumping deve causar dano material ind stria do pa s importador Alerta ainda o autor que a express o dumping n o foi traduzida sendo utilizada mundialmente em ingl s e para al m dessa caracter stica outras duas evidenciam a ocorr ncia do fen meno o fato de atrelar se ideia de pr tica desleal do com rcio e de possuir conota o pejorativa ligada a uma conduta reprov vel Ibid pp 7 8 A doutrina a respeito do tema evoluiu ao longo dos anos j desde Adam Smith que teria utilizado a express o embora para designar situa es de ajuda econ m
313. utura o e planejamento do tempo escolar e n o escolar cf Pronovost 1989 48 cit in Pinto 2000 55 MELRO Op cit pp 104 105 A par dos riscos que a atividade laboral imp e aos trabalhadores e em especial s crian as e adolescentes sem d vida na forma o pedag gica que se instala o principal dano a esses indiv duos em peculiar condi o de desenvolvimento e n o somente a eles mas a toda a sociedade presente e futura O indiv duo privado da frequ ncia regular escola tende a reproduzir o ciclo de ignor ncia e pobreza em que vive e nesse modelo a sociedade n o evolui A educa o insuficiente potencializa riscos sobressaindo na esp cie a sociedade do risco t o bem apanhada por Ulrich Beck En la modernidad avanzada la producci n social de riqueza va acompa ada sistem ticamente por la producci n social de riesgos Por tanto los problemas y conflictos de reparto de la sociedad de la carencia son sustituidos por los problemas y conflictos que surgen de la producci n definici n y reparto de los riesgos producidos de manera cient fico t cnica BECK 1998 p 25 Esse autor ainda afirma que a produ o de riquezas na modernidade deu origem a sensa es peculiares respons veis pela altera o do comportamento social e cultural da humanidade dada a produ o concomitante e sistem tica de riscos impass veis de quantifica o exata ou de enquadramento em um determinado padr o dogm tico
314. via na esfera da teoria da prote o integral a tutela especial subordina toda e qualquer racionalidade inclusive a econ mica Esta deve subordinar se aquela e n o o contr rio Segundo o projeto ainda a autoridade judici ria do trabalho seria a entidade competente para examinar o pedido dos detentores do poder familiar ap s a oitiva do representante do Minist rio P blico do Trabalho Ainda o alvar judicial dever especificar as condi es sob as quais o trabalho se realizar e dever conter obrigatoriamente a fixa o de jornada e intervalos protetivos os locais e servi os onde possam ser desempenhadas as manifesta es art sticas a garantia de acompanhamento da crian a e do 169 adolescente pelos respons veis ou quem os represente durante a presta o do servi o o refor o escolar se necess rio acompanhamento m dico odontol gico e psicol gico previs o de percentual da remunera o a ser depositada em caderneta de poupan a O projeto de lei em discuss o n o esconde a pretens o integralmente acertada de impedir que os direitos de seres em fase de desenvolvimento sejam sobrepujados por uma racionalidade econ mica A proposta nele contida v lida na medida em que submete uma atividade econ mica espec fica no caso o ramo das telecomunica es e do entretenimento a direitos fundamentais espec ficos fazendo prevalecer a tutela da seguran a da educa o e do pleno desenvolvimento f s
315. vo vigente no tocante ao trabalho art stico desempenhado por crian as e adolescentes A profiss o do artista est disciplinada pela Lei n 6 533 78 Lei do Artista e do T cnico de Espet culo P blico e pelo Decreto Regulamentador n 82 368 78 O art 2 da lei define o artista como o profissiona que cria interpreta ou executa obra de car ter cultural de qualquer natureza para efeito de exibi o ou divulga o p blica atrav s de meios de comunica o de massa ou em locais onde se realizam espet culos de divers o p blica 157 Referido diploma legal contudo disciplina o trabalho do ator adulto n o se dedicando a quaisquer particularidades atinentes inf ncia e adolesc ncia salvo ao mencionar o direito de transfer ncia de matr cula e vaga em escolas p blicas dos filhos de profissionais artistas itinerantes art 29 O contrato padronizado do trabalho do artista a ser visado pela entidade sindical respectiva pode servir de par metro para a contrata o da crian a e do adolescente e dever conter obrigatoriamente os seguintes dados al m de outros que visem a concili lo com as normas de prote o espec fica arts 9 10 qualifica o das partes contratantes Il prazo de vig ncia Ill natureza da fun o profissional com defini o das obriga es respectivas IV t tulo do programa espet culo ou produ o ainda que provis rio com indica o do personagem no
316. vos jogos de linguagem como poder amos dizer nascem e outros envelhecem e s o esquecidos Uma imagem aproximada disto pode nos dar as modifica es da matem tica O termo jogo de linguagem deve aqui salientar que o falar da linguagem uma parte de uma atividade ou de uma forma de vida WITTGENSTEIN 1999 p 35 A decis o do STF nessa diretriz institui uma nova linguagem no mbito jur dico nacional Ocorre uma mudan a de linguagem do STF diante de uma demanda do mundo da vida no sentido de fazer prevalecer normas internacionais de direitos humanos na esfera do direito interno revelando o predom nio da linguagem da realidade daquela que se op e e ao mesmo tempo valida o que est institu do salienta Cardozo In GUNTHER Luiz Eduardo 2008 p 196 A pris o por infidelidade deposit ria encontra se calcada em rudimentos de uma orienta o pol tica que remonta o per odo romano das legis actiones que antecederam a Lex Poetelia Papiria nesses rudimentos do pensamento ideol gico que o direcionamento da execu o da d vida para a pessoa do devedor foi constru da Desse modo a pris o por d vida poderia representar uma necessidade em tempos distantes de preserva o de garantias de d vidas dado inclusive o grau intelectual dos cidad os poca por m trata se de modalidade incompat vel com o momento atualmente vivenciado A ideologia compreendida na vis o de Ov dio A Baptista da Silva 2003

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