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A Voz do Ceará - Universidade Federal do Ceará

1. Correio do Cear 17 11 1934 Mas as alternativas foram sendo criadas para a dificuldade de acesso ao aparelho receptor Era a popula o de Fortaleza desviando se de ficar ao largo da nova tecnologia como nos conta Eduardo Campos Eu n o tinha a menos id ia do que fosse r dio mas logo depois eu deveria ter uns dez anos ou para onze anos havia um verdadeiro vezo uma curiosidade das pessoas fazerem uma instalarem construir ali s artesanalmente algo que se denominava galena O que era a galena Eu n o sei se vou descrever corretamente A galena constru da de uma bobina essa bobina tem um solen ide trinta v lvulas ou trinta e duas n s faz amos amarrando o fio da bobina num cabo de vassoura depois tir vamos o cabo de vassoura e estava feita a bobina Ent o uma extremidade da bobina ia ligada a uma agulha n s us vamos um cristal de rocha e a outra passava para um fone Esse artefato todo instalado numa cartela num praticavelzim de madeira e funcionava perfeitamente por que nessa poca s se ouvia a Cear R dio Clube Ai sim eu j passava a ouvir a Cear R dio Clube Eu n o fiz s uma galena n o eu fiz v rias galenas Todo menino quase do quarteir o tinha uma galena umas mais aperfei oadas outras melhores mas nem precisava se ouvia perfeitamente Eu n o sei de onde se arranjava se encontrava tanto auscultador essa que a verdade Mas todo mundo tinha uma galena e um ausc
2. a hegemonia cultural n o se realiza mediante a es verticais onde os dominadores capturariam os receptores entre uns e outros se reconhecem mediadores como a fam lia o bairro e o grupo de trabalho Nessas an lises deixou se tamb m de conceber os v nculos entre aqueles que emitem as mensagens e aqueles que as recebem como rela es unicamente de domina o A comunica o n o eficaz se n o inclui tamb m intera es de colabora o e transa o entre uns e outros CANCLINIL 1999 p 76 154 Por essa compreens o determinadas produ es culturais destinadas ao povo n o seriam apenas puras ideologias Ao mesmo tempo em que abrem s classes populares o acesso cultura hegem nica lhes d a possibilidade de fazer comunic vel sua mem ria e sua experi ncia MARTIN BARBERO 1987 p 110 E assim estabelecer um di logo construtivo frente ao que inicialmente poderia ser identificado como um processo de violenta acultura o o que acontece com a inven o da imprensa e sua utiliza o pelas classes dominantes As classes populares conseguem apropriar se dessa nova tecnologia ao mesmo tempo em que utilizam uma sistem tica de produ o industrial e constroem um espa o de reconhecimento de sua cultura o caso do surgimento da literatura de cordel na Espanha Barbero fala que a literatura de cordel se situa entre o oral e o escrito Embora fosse escrita sociologicamente estava destina
3. O pedido distinto preferido de mocinhas e rapazolas era a Cartola banana frita na manteiga com cobertura de a car e canela Os mais velhos bebiam Samba em Berlim mistura de rum com Coca Cola E por falar em Coca Cola foi na guerra com os soldados e marujos ianques que esse refresco apareceu por aqui N o era f cil obter uma das garrafinhas mas sempre havia algu m com acesso aos locais dominados pelos gringos para consegui las B GIR O p 63 Foi nos anos 40 que por influ ncia ianque do cinema em especial come ou a decad ncia do palet e o advento do slack o blus o camisa esportiva hoje praticamente oficializada como vestimenta aceit vel em quase todos os ambientes B GIRAO p 78 A Fortaleza dos anos 40 n o possu a bairros aut nomos Todo o seu com rcio seus servi os escrit rios consult rios m dicos e dent rios suas reparti es p blicas e at seu meretr cio situavam se em torno na Pra a do Ferreira e suas imedia es B GIR O p 133 Com os americanos novos h bitos surgiram Trouxeram novos costumes vulgarizou se o estudo do ingl s Engraxates gar ons motoristas aprendiam a comunicar se com os soldados de Tio Sam marinheiros infantes tropas do ex rcito que estavam por toda parte da cidade Os cigarros em voga eram o Camel o Chesterfield o Luck Strike 145 e o Pall Mall que os gringos popularizaram en
4. um processo contempor neo da regulamenta o da 124 utiliza o comercial do r dio atrav s da legaliza o da publicidade pelo governo federal em 1932 O pa s passa de duas emissoras em 1933 e vai a 13 em 1934 sendo uma oficial e 12 particulares A aproxima o com a nova tecnologia ainda repercute na fixa o dos neg cios Em 1937 volta se ao patamar de dez emissoras no pa s Os dados nacionais aqui explicitados se referem publica o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IBGE Estat sticas do S culo XX que trazem um levantamento dos principais indicadores hist ricos da realidade brasileira No mbito local o Censo Demogr fico sobre Popula o e Habita o de 1940 publicado dez anos depois pelo IBGE 1950 para o Cear traz dados reveladores acerca da penetra o do r dio Uma tabela do recenseamento traz informa es sobre as unidades prediais e domicili rias domic lios particulares ocupados por locat rios com declara o de aluguel e respectivas caracter sticas e domic lios que disp em de telefone r dio receptor e autom vel segundo a propriedade e a situa o Os dados fazem uma divis o tamb m entre o quadro urbano suburbano e rural e entre as propriedades particulares e de governo Nesse levantamento o n mero de aparelhos r dio receptores para se manter fiel denomina o da poca cerca de cinco vezes maior que o n mero de aparelhos telef nicos
5. Cear Os an ncios e as passagens da cr nica hist rica de Fortaleza constituem se material valioso de pesquisa Mas n o dessa pesquisa por conta da dimens o do 15 trabalho que requerem sua an lise Mas s o introduzidos como elementos que complementam o contexto da poca e servem de refer ncia ao leitor como indicadores de uma Fortaleza das d cadas de 1920 a 1940 Tamb m s o introduzidos com a finalidade de despertar pesquisadores mais ousados e que encarem a dimens o do trabalho que requer a an lise desse material Dificuldades encontradas A inten o inicial da pesquisa era trabalhar com duas fontes de informa o em rela o ao material a ser obtido junto aos jornais Trabalhar amos com o jornal Correio do Cear e o jornal O Povo Quando avan vamos para o t rmino da consulta junto ao Correio do Cear o CNPq sinalizou com a diminui o do prazo para o t rmino da pesquisa o que inviabilizou a ida ao jornal O Povo Ainda sobre os levantamentos realizados no Correio do Cear algumas lacunas foram verificadas no acesso a algumas de suas edi es Mas como trabalhei com a an lise de um per odo longo acho que essas lacunas n o chegam a comprometer os resultados da pesquisa Em rela o a meus entrevistados uma aus ncia sentida o depoimento de Paulo Cabral de Ara jo que estreou na Cear R dio Clube em 1939 Por conta de sua atua o durante tanto tempo na emissora e no pr prio condom n
6. as sa das da missa os passeios de bonde as noites de luar macias e sentimentais da Praia de Iracema Perderam a gra a os enforcamentos de bruchos Iscariotes e os serra velhos das v speras da Epifania R GIR O p 252 Mas a cidade tamb m convivia com outros segmentos que viam no r dio uma possibilidade de mobiliza o social como demonstra mat ria publicada no Correio do Cear edi o de 19 1 1943 sobre a inaugura o de uma amplificadora no bairro da Porangaba Realizou se domingo ultimo a inaugura o da Amplificadora Popular de Porangaba A solenidade teve inicio s 9 30 horas comparecendo mesma grande numero de pessoas Discursaram por essa ocasi o os jovens Odilio Correia Inacio Filho locutores da Amplificadora e o senhor Francisco Fontoura que elogiou o sr Afonso de Paulo pela feliz 147 iniciativa de dotar Porongaba de uma amplificadora Em seguida foi 299 executado excelente programa de studio A orienta o do governo brasileiro em rela o Segunda Guerra tamb m havia se modificado E isso repercutia tamb m na atua o do Departamento de Imprensa e Propaganda DIP Como denota a nota do Correio do Cear edi o de 6 10 1942 Encerrando o curso de Prepara o Anti Nazista organizado pelo departamento Estadual de Imprensa e Propaganda ser o ministradas as ultimas aulas hoje sobre o tema lt gt nos seguintes estabelecimentos de ensino L
7. culturais que mantenham di logo entre si E a recep o pode ser potencializada J a defini o do formato de uma comunica o educativa parte da aproxima o entre produ o e conte do da comunica o Da que sugere algumas especificidades Quais s o as caracter sticas da produ o e do conte do de uma comunica o educativa que definem o formato dessa comunica o Algumas dessas caracter sticas foram colocadas nas discuss es anteriores Di logo permanente com o p blico receptor na perspectiva da sinceridade da troca de saberes e da possibilidade de continuidade do processo de comunica o rela o com o cotidiano da a men o a situa es de conflito que muitas vezes embutem resqu cios de estere tipos e preconceitos diversidade de tipos e situa es que palmilham esse cotidiano fugindo se da estrutura massificante e komogeneizadora de uma comunica o direcionada E existem formatos nos diversos meios de comunica o que se aproximam dessas caracter sticas No r dio por exemplo o formato que consegue forjar uma comunica o educativa pode ser o radiodrama ou o r dio f rum Foi partindo das iniciativas desenvolvidas em torno das pr xis da comunica o educativa que Soares s d tra ou o perfil do profissional que desenvolve ou pesquisa iniciativas de educomunica o como ele denomina a articula o entre as reas da comunica o e educa o Ao mesmo tempo nomina a figura do educomunicador
8. de m quina de costura e mais utens lios dom sticos A loja vendia essas coisas e tamb m discos Columbia etc O Dummar era um homem de conversa franca comerciante artista Gostava de arte e como Basta dizer que ele deixou uma prole primorosa gente inteligente jornalistas principalmente o Dem crito o atual diretor do jornal As filhas vale registrar umas grandalhonas pessoas boas de ver como figura de mulher e todas realmente muito inteligentes O Jo o Dummar Por que essa amizade O Jo o Dummar ele tinha uma loja na Bar o do Rio Branco O Jo o Dummar era um homem de literatura E eu nessa poca eu j escrevia Quer dizer eu estava para publicar um livro que eu publiquei meu primeiro livro em 1943 pausa O Jo o Dummar j me conhecia porque eu quando ia loja pausa para a nossa chegada at s Damas onde funcionaram os primeiros est dios da PRE 9 n s t nhamos que passar pela loja pela Casa Dummar que era ali na Bar o do Rio Branco se n o me engano onde depois foi a Cimaipinto por ali assim Ent o eu entrava conversava com todo mundo conversava com ele e tal e coisa E ele e ele ouvia minha voz ele gostava da minha voz Ai n s trav vamos amizade e ele se deu a conhecer comigo N s fizemos amizade desde a que n s somos amigos Bom ent o n s peg vamos todo o material e amos com o motorista o motorista ia nos levar l ao local dos est dios que era longe
9. es de um mesmo programa chegamos contagem de 96 programas Que foram veiculados pela Cear R dio Clube dos mais diferentes g neros e formatos Se esse levantamento fosse realizado desde o in cio de suas transmiss es 1 A can o lusitana 2 A sua voz preferida 3 A voz da beleza 4 Ag ncia Nacional 5 Andr Kostelanetz e sua orquestra de concerto 6 ngelus 7 Aprenda Ingl s pelo R dio 8 As Manchetes do Dia 9 Audi es A Cearense 10 Boa Tarde 11 Boletim do Esporte 12 Boletim do Pal cio da Luz 13 Bom Dia Fortaleza cr nica 14 Brasil em tempo de samba 15 Caixinha de m sica com Irm os Vocalistas e Hidelberto Torres 16 Cancioneiros dos namorados 17 Can es Brasileiras 18 Cartaz cinematogr fico 19 Cartazes Associados 20 Casino l menor 21 Ch das Cinco 22 Clube dos Fans 23 Cocktail para dois 24 Cocktail Sonoro 25 Coisas que o Tempo Levou 26 Comandos Musicais 27 Consult rio Sentimental 28 Convite Serenata 29 Convite ao Tango 30 Coros famosos 31 Correspond ncia estrangeira 32 Cota es da pra a 33 Da primeira fila 34 Desenho Animado 35 Devaneio Musical 36 Di rio do Legislativo 37 Divertimentos em Segii ncia 38 Em tempo de Samba 39 Est dio 40 Galeria de Compositores cearenses 41 Galeria de Valsas Brasileiras 42 Grande show 43 Grande Jornal Prenove 44 Hora Luterana 45 Ilustra es Musicais 46 Informa e
10. n o sei se era a R dio Record naquela poca A R dio Nacional que era a mestra de todas elas era a r dio que comandava realmente to to todas as emissoras n o Eu tinha a mania que quando chegava do Liceu fez o curso de 1935 a 1939 eu ia direto pro r dio eu dormia no corredor e ficava com o radinho ligado ouvindo muitas vezes n o s aqui mas tamb m com muita dificuldade a R dio Tupi de S o a R dio Tupi a famosa R dio Tupi com aquele locutor famoso Carlos T me esquecendo agora do nome mas depois eu me lembro do do E outro mas tinha tamb m um um locutor muito bom tamb m da r dio Evaristo Veiga que pra mim foi o maior locutor de todos os tempos daquela poca n o que que realmente revolucionou tinha uma voz muito bonita e que todos n s hoje seguimos quase que a mesma escola dele n o Jos J lio O r dio na chegada do r dio na minha casa foi uma festa N o havia r dio n o l em casa n o havia um r dio at que esse r dio chegou e foi um sucesso muito grande principalmente porque era na poca que a gente sintonizava aqui s existia a Cear R dio Clube a PRE 9 que a gente sintonizava com facilidade claro emissora local mas a gente tinha acesso a R dio Nacional do Rio de Janeiro a R dio Clube Pernambuco a BBC de Londres e at a r dio do Vaticano que meu pai ouvia com muita assiduidade Era no tempo que na casa na sala de jantar tin
11. O Estimulam o desenvolvimento da consci ncia cr tica e a tomada de decis o aut noma madura e respons vel O Colaboram para que o ouvinte tome consci ncia da pr pria dignidade de seu pr prio valor como pessoa De Kapl n a outro latinoamericano A identifica o da rela o entre comunica o e educa o para Paulo intr nseca defesa cerrada que Freire faz ao humanismo no qual o di logo aparece como uma qualidade pr pria dos homens do vir a ser e n o dos homens que s o coisa Paulo Freire identifica no di logo necess rio educa o problematizadora o instrumento por onde se revela a comunica o E estabelece suas rela es A educa o comunica o di logo na medida em que n o a transfer ncia de saber mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significa o dos significados FREIRE 1988 p 69 Para Freire apenas o di logo comunica realmente LIMA p 64 e 65 Freire ainda vai mais longe ao situar esse di logo como uma exig ncia radical da revolu o di logo que responde ele mesmo a uma outra exig ncia radical enquanto elemento constitu dor do pr prio ser humano 199 a dos homens que n o podem ser fora da comunica o pois que s o comunica o Obstaculizar a comunica o transform los em quase coisa e isso tarefa e objetivo dos opressores n o dos revolucion rios FREIRE 1975 p 178 Saindo de uma concep o interpe
12. era era uma r dio alegre A cidade est cheia de bocas bonitas as bocas bonitas da cidade usam batom Gami risos O Paulo Cabral me chamava Que que h batom Gami risos E e os meninos brincavam muito comigo o A cio o Ad cio o Mozart Marinho os outros todos Eu fiquei conhecido como batom porque eu dava uma for a danada ao an ncio Batom Gami Agora tamb m tem os trocadilhos tinha por exemplo a a Violeta que era uma colega nossa quando lia o an ncio por exemplo do Peptol O an ncio dizia isso Tenha sobre o seu vidro uma mesa n o Tenha sobre sua mesa um vidro de Peptol a ela foi e leu o an ncio assim Tenha sobre o seu vidro uma mesa de Peptol trocou o neg cio risos Ela foi ler um an ncio do Licor de Cacau Xavier a ela dizia Licau de Coc Xavier risos Tem muitas boas coisas do r dio Eu tenho um epis dio comigo n o na poca da Cear R dio Clube da poca que eu era diretor da da r dio Verdes Mares Eu estava na casa de um amigo meu Adalberto Mota que era sogro do do Assis Machado Eu estava na casa dele quando o o o o meu locutor telefona l pra l pra casa do Adalberto Mota Seu Jos J lio t b chegando aqui um of cio do do do da chefatura de pol cia ou do Comando da Regi o dizendo que qualquer not cia que o senhor que sair no seu jornal tem que ser antes colocado o vi
13. Mas cresce o interesse pelo meio Em an ncio do dia 9 10 1934 no Correio do Cear o senhor Olavo Falc o coloca venda seu aparelho receptor Philco de oito v lvulas O motivo da venda a aquisi o de um novo aparelho mais moderno de onze v lvulas Ou seja um propriet rio de um aparelho receptor de Fortaleza j entrava em 1934 pelo menos na segunda gera o dos aparelhos receptores e na segunda gera o de propriedade E o senhor Olavo parecia ter pressa em realizar logo o neg cio pois indicava que o pre o era convidativo Tamb m come am a aparecer os an ncios de venda de aparelhos receptores novos oriundos do trabalho das distribuidoras A edi o de 17 11 1934 do Correio do Cear trazia um an ncio do aparelho de r dio Zenith Z nith O radio de qualidade beleza e precis o para ondas curtas e largas Pe am informa es demonstra es e mais detalhes a LORDA amp Cia e ser o prontamente atendidos em suas casas Pre os excepcionalmente reduzidos Escrit rio Rua Drag o do Mar 323 Telefone 306 Caixa Postal 187 Cear Fortaleza 50 ZENITH O RADIO DE QUALIDADE BELEZA E PRECIS O Para ondas curtas c largas Pe am informa es demonstra es e mais detalhes a LORDA amp CIA e ser o prontamente atendidos em suas casas Pre os excepcionalmente reduzidos critorio Rua Drag o do Mar 323 Telefone 306 Caixa Pontal 187 Ceara Fortaleza
14. O car ter fundamental da comunica o emocional seria assim a acriticidade Da que a comunica o emocional poderia realizar se tanto entre o sujeito A e o sujeito B como em uma multid o entre esta e um l der carism tico Mesmo assim sua caracter stica principal seria a acriticidade Mas quando analisamos a caracteriza o que fizemos do princ pio educativo percebemos que mesmo a comunica o emocional pode deslocar sentidos estabelecer media es O problema que a partir da incorpora o da no o de comunica o emocional estar amos compartilhando de uma tese behaviorista para o princ pio educativo Por exemplo se caracterizamos o princ pio educativo como um processo de simples deslocamento de sentidos estabelecimento de media es poder amos tamb m chegar a dizer que um rato ao ser adestrado com choques el tricos para realizar determinados movimentos ao receber esses choques e deslocar sentidos estaria tomado por um princ pio educativo N o ter amos que qualificar esse deslocamento de sentidos e esse estabelecimento de media es Sim e essa qualifica o n o recairia apenas sobre o conte do ou sobre o prop sito da comunica o como poderia sugerir a fala de Freire 202 Se relacionarmos princ pio educativo ao conte do ou ao prop sito da comunica o estaremos nos concentrando ou na pr pria mensagem conte do ou na ponta da produ o da mensagem seu prop sito E esquecer
15. Sala de Concertos em setembro tamb m era anunciado um programa de m sica fina como o pr prio t tulo indica No seu roteiro s ser o apresentados n mero de relevo de autoria de compositores consagrados A reda o do programa al m de fornecer ao ouvinte um r pido resumo da vida do compositor a ser focalizado dar explica es sobre o g nero da m sica a ser executada Ainda na mesma m s estrearam Um Show em Sua Casa e Mesa Redonda Um Show em sua Casa era patrocinado pela sorveteria Eldorado e acontecia s 20 horas quando o apresentador visitava as casas dos ouvintes sorteados Mesa Redonda apresentado por Luciano Carneiro passava s 21 horas com debates de assuntos de interesse popular Em outubro de 1948 o Correio do Cear noticia 15 horas e meia de programa o ininterrupta da Cear R dio Clube 186 A partir do dia 06 10 1948 a Cear R dio Clube vai ter programa o ininterrupta das 6 30 s 22 horas O intervalo de 14 s 17 horas vai acabar Essa nova programa o faz parte das comemora es do 7 anivers rio da emissora de ondas curtas Ser irradiado tamb m um programa para o exterior das 16 s 18 horas atrav s da ZYN 7 A Cear R dio Clube tem dois transmissores um de ondas m dias Victor de 10 quilowatts e outro de ondas curtas Marconi de 5 quilowatts 3 10 1948 Outras atra es estr iam na programa o da PRE 9 Programa dos Co
16. amos 51 000 pessoas que leriam jornal no estado Alguns outros aspectos s o importantes na an lise comparativa dos dados entre a imprensa peri dica e as irradia es radiof nicas na tentativa de se estabelecer elementos comparativos de recep o e alcance As faixas de tiragem apresentadas n o trazem a informa o da periodicidade dos jornais Embora pertencentes imprensa peri dica essa periodicidade poderia variar entre di ria semanal quinzenal ou mesmo mensal o que em si reduziria sobremaneira o acesso informa o Outro aspecto a ser levado em considera o seria a capacidade dos meios em aglutinar receptores sua volta No caso dos jornais impressos a perspectiva de que mais de uma pessoa lesse o mesmo exemplar seria reduzida No caso do r dio com os c rculos de r dio vizinhos potencialmente seria mais prov vel uma multiplica o de ouvintes em volta do mesmo aparelho A pender para a imprensa peri dica quela poca com mais de 130 anos de hist ria uma ineg vel consolida o e a import ncia dada cultura do letramento pelos brasileiros o que fazia aglutinar em torno dos jornais os formadores de opini o Ainda em rela o a essa confronta o o fato que a evolu o da dissemina o do acesso aos meios gerou uma situa o extremamente desfavor vel imprensa peri dica relativa aos jornais em compara o com o r dio se tomarmos como base a situa o hoje de Fortaleza para uma popu
17. amos mais uma vez o papel ativo do receptor dessa mensagem O princ pio educativo poderia ser qualificado pelo uso social que o receptor faz da mensagem sua apropria o cultural Deslocar sentidos estabelecer media es Tudo bem Mas esse deslocamento e esse estabelecimento perpassados pelo uso social e apropria o cultural da mensagem Ao confundimos princ pio educativo com deslocamento de sentidos estabelecimento de media es e considerando que essas media es se ligam a matrizes culturais nada melhor que o r dio um meio intrinsecamente relacionado s nossas matrizes culturais uma tecnologia culturalmente apropriada para dar conta desse princ pio educativo E o r dio por conta disso desde o seu come o se vinculou aos processos de educa o ditos n o formais informais ou n o escolares Uma outra face do processo educativo na comunica o Partindo se desses pressupostos e apoiados em nossa experi ncia de 15 anos desenvolvendo projetos que tentam articular comunica o e educa o outras infer ncias podem ser feitas agora mais pr ximas da pr xis da comunica o educativa Mais uma vez ressaltamos que essas infer ncias partem da compreens o sist mica do ecossistema comunicativo As considera es isoladas ora produ o ora mensagem ora recep o ora ao contexto s o parciais no sentido de uma caracteriza o mais did tica desses momentos Uma tentativa de amplia o do
18. amos no ambiente das possibilidades educativas enquanto no outro mbito dos conte dos levar amos a crer nas intencionalidades educativas Essas intencionalidades podem se relacionar aos mais diversos campos incluindo se a o campo da moralidade pol tica cultura economia educativo formal ou n o formal e assim por diante Para que essas intencionalidades seja efetivas que o r dio lan a m o do que poder amos chamar de did tica da comunica o educativa Na media o entre esses dois p los que em algumas ocasi es se entrecruzam a interfer ncia do Estado Foi assim quando no mbito do campo das possibilidades o governo federal incentivou a instala o de f bricas de aparelhos receptores no Brasil foi assim tamb m que no mbito do campo das intencionalidades estruturou se um aparelho censor de controle da informa o e se estabeleceu par metros de utiliza o do r dio para a efetiva o de uma pol tica educacional centralizada politicamente e culturalista A percep o dos mbitos da rela o comunica o e educa o acrescenta alguns elementos discuss o atual sobre a aproxima o conceitual dessas reas A percep o de uma did tica da comunica o educativa abre uma nova perspectiva de aproximar elementos conceituais das duas reas dessa rela o Entre os mbitos da rela o e a did tica da comunica o educativa podem ser visualizadas complementaridades cujos elemento
19. bitos novos costumes novas atitudes outras sociabilidades Estar amos desse modo frente ao movimento de uma sociedade educadora Solo um interessado malentendido puede estar impidi ndonos reconecer que sociedade multicultural significa em nuestros paises no solo la exist ncia de la diversidad tica racial o de g nero sino tambi n aquella outra heterogeneidad que se configura entre los ind genas de la cultura letrada e los de la cultura oral la audiovisual y la digital Culturas em el m s fuerte de los sentidos puesto que em ellas emergen y se expressan mui diferentes modos de ver y de oir de pensar e de sentir de participar e de gozar MARTIN BARBERO 2002 p 93 Complementando o que Barbero evidencia apenas ressaltamos que a sociedade educadora se faz em torno de dois p los Se por um lado as percep es mudam por parte da sociedade frente assun o da nova tecnologia do outro lado a parafern lia tecnol gica tamb m sofre as consequ ncias de uma leitura da sociedade a seu 194 funcionamento Dessa maneira a tecnologia tamb m vai se adaptando ao processo de intera o com a sociedade quando por exemplo a v lvula substitu da pelo transistor para dar mobilidade ao r dio por conta de n o ser necess rio se postar diante do aparelho para deleitar se como o caso da televis o est tica pela imagem A outra inst ncia na abordagem educativa da Cear R dio Clube da ord
20. cnicas de curr culos m nimos obrigat rios para todos os cursos de 91 livros did ticos padronizados de sistemas federais de controle e fiscaliza o tudo isso representando um ideal de homogeneidade e centraliza o que permitiria ao ministro de seu escrit rio no Rio de Janeiro saber o que cada aluno estava estudando em cada escola do pa s em um momento dado v se que n o fantasioso afirma se que as orienta es de Capanema e do projeto de educa o do regime varguista chegaram alguns intactos aos dias de hoje Basta ver o Projeto Presen a que transmite esfera federal a responsabilidade de monitorar a presen a ou falta do estudante sala de aula uma tarefa que antes seria impens vel se retirar da al ada do professor e sua caderneta Q O terceiro aspecto ainda sobre nacionalidade se concretizava a partir da erradica o das minorias tnicas ling sticas e culturais que se haviam constitu do no Brasil nas ltimas d cadas fronteiri as ao regime varguista Sua assimila o se transformaria em uma quest o de seguran a nacional At por conta do per odo belicista que vivia o mundo assolado por quest es de purismo racial Esse aspecto a grosso modo poderia ser compreendido como um desdobramento dos dois primeiros aspectos levantados por Schwartzman A vertente de nacionaliza o do ensino demonstra bem o conte do do projeto nacionalista brasileiro principalmente depois da instala o do Es
21. com desportistas clubes e entidades Note se que come a a se fazer presente a denomina o de Di rios e R dios Associados O Correio do Cear patrocina um programa da Cear R dio Clube Em 21 1 eleita a nova diretoria da emissora E l que vamos encontrar um dos participantes das primeiras sociedades de radiotelefonia de Fortaleza conforme not cia veiculada no Correio do Cear Em assembl ia geral extraordin ria realizada s 14 horas de ontem no 9 Andar do Edif cio Diogo foram eleitos para os cargos de diretor presidente da Cear R dio Clube S A o Sr Diogo Vital de Siqueira e de diretor secret rio o Sr Orlando Mota Diogo V Siqueira um industrial de larga vis o dotado de imcompar vel esp rito p blico Orlando Mota fez toda a sua carreira jornal stica dentro dos Di rios Associados ascendendo do posto de rep rter ao de corrigente da reda o do CORREIO e do Unit rio um dos mais expressivos valores da nova gera o do Cear 165 Uma reestrutura o de grande f lego acontece na programa o da PRE 9 a partir de julho de 1944 Os hor rios de veicula o s o ampliados Agora a emissora volta a transmitir programas tamb m pela manh A not cia sai na edi o de 2 7 1944 do Correio do Cear A partir de hoje a PRE 9 emissora cearense dos DI RIOS E R DIOS ASSOCIADOS ampliar o hor rio das suas transmiss es di rias voltando a funcionar o seu anti
22. companhia deles mas conhecendo minha m e leg tima A minha m e leg tima morreu quando eu tinha dezoito anos de idade 22 Eu nasci em Guaiuba fui transportado aos quatro meses logo quando morreu meu pai para Pacatuba para a cidade de Pacatuba Guaiuba nessa poca era distrito de Pacatuba Os meus pais que tomaram a minha cria o me tomaram sob a sua cust dia Eles eram comerciantes em Pacatuba e depois foram transferidos para Fortaleza quando eu tinha de oito a nove anos Eu fui morar na Rua do Imperador A Rua do Imperador a minha universidade eu tenho muitos cursos na Rua do Imperador isso outra coisa Eduardo Campos ou Manuelito Campos como conhecido ingressou pela primeira vez na Cear R dio Clube em 1942 saiu no mesmo ano e retornou em 1944 o atual diretor da emissora 23 SUSPIRA NEGA SUSPIRA maxixe Pedro de S Pereira 1925 maxixe feito quando do in cio do aparecimento do r dio O aparelho citado nos versos o rudimentar aparelho radiof nico da poca A ltima descoberta que fez sucesso que fez furor Que p e todo mundo alerta para solver os casos de amor J hoje qualquer marmanjo sem que tal caso lhe impressione Cuidando do seu arranjo diz a pequena no autofone Refr o Suspira nega suspira Vai muito por meu conselho Suspira nega suspira ai Bem na boca do aparelho N o tenha palpita es quem tem marido mo o e brejeiro E ponha as instala es
23. dio avan ava mais uma vez afirmamos pelo menos no Rio de Janeiro embora a programa o da Cear R dio Clube tamb m j desse ind cios da nova orienta o Quem seriam os ouvintes do r dio da capital da Rep blica Seriam os guarda livros caixeiros art fices e operarios de fabrica mocinhas de escritorio costureiras cansadas m es de familia gente de bairro pobre e de suburbio enfim toda essa grande humanidade formada pelas classes pequeninas Mais que o p blico as rea es que o r dio desperta o pequeno funcionario vibra estremece o alfaiate arrepia se o boticario suburbano A mudan a de h bitos e costumes no Rio de Janeiro n o passa despercebida a Genolino 153 Quando a Cordelia Ferreira soltou o ultimo solu o ao microfone dando por findo o episodio da novela radiofonica um novo drama e esse agora verdadeiro passou a ser representado na consciencia de muitas familias cariocas Enquanto o vil o da pe a ia dormir tranquilo ap s receber na caixa o seu lt gt honesto sentiam se miseraveis aqueles que na mais tocante inocencia o tinham escutado com o cora o tremulo de revolta Na verdade por causa da maldita novela para n o perde la na sua fase emocionante a melhor gente do Rio faltava a deveres de amizade a compromisso de amor de companheirismo de compaix o humana deixando at de ser hospitaleira piedosa enfim a gente carioca tal como sempre
24. do deveria ser ministrado nos estudos de hist ria geografia bem como naqueles que perpassavam a tem tica juventude brasileira Tamb m de seu pr prio punho uma outra observa o acerca agora do que ele chamava de diretrizes a serem incorporadas aos projetos das disciplinas Sobre os programas al m de dizer que deveriam servir orienta o pol tica do Estado especificava Nas finalidades deve se apontar sempre o que a disciplina visa a dar ao aluno de um modo geral e de modo especial o que ela deve fazer para educ lo para a p tria Frisar a nota patri tica em cada programa idem p 211 e 212 Na diretriz relativa ao sentido nacionalista e patri tico da educa o a produ o cultural representava uma estrat gia priorit ria Williams 2000 p 251 identifica nos arquivos pessoais de Capanema dispostos no Centro de Documenta o da Funda o Get lio Vargas no Rio de Janeiro um memorial que ele presume ter sido escrito no final de 1935 que esclarece que o programa do Minist rio segundo os princ pios constitucionais vigentes e o programa geral do governo pode ser resumido nesta palavra cultura Ou melhor cultura nacional A equipe montada por Capanema para compor seu quadro de colaboradores d uma id ia da concretiza o dessa observa o Carlos Drummond de Andrade foi um de seus colaboradores mais pr ximos como seu Chefe de Gabinete 94 Em um decreto lei de 1938 de n 526 q
25. educadora restringindo se as suas transmiss es m sica de discos e an ncios comerciais Registrada oficialmente na Reparti o dos Tel grafos para esse fim outro tem sido o seu programa S o conhecidos de todos as esta es que sintonizam o mundo inteiro 65 intercalam obrigatoriamente nas suas transmiss es curtas palestras educativas como sejam higiene geral e individual combate ao lcool s filis tuberculose etc etc Horas dedicadas a petizada ensinamento s m es sobre alimenta o e repouso das crian as e outros assuntos teis e aproveit veis a um programa de r dio educativo Assim fica senhor redator o meu ligeiro coment rio Agrade o a publica o Juventus Embora sem elementos concretos de an lise faz parecer que o autor da missiva de acoberte sob a alcunha de um pseud nimo Mesmo que esse detalhe n o retire a import ncia de suas preocupa es nos faz pensar sob que pretexto esse pseud nimo teria sido utilizado O coment rio parece partir de algu m que entende bem da legisla o que regula a radiodifus o porque aponta seu protesto a partir desse reconhecimento E parece ser t pico de um representante das camadas m dias da popula o pois embora haja uma preocupa o com o car ter educativo da programa o essa compreens o parte de uma vis o de normaliza o social que v na utiliza o de uma emissora de r dio o caminho para educar mas educar principalmente as c
26. era assim meio estabanado e um dia o Elias pediu tr s dias de licen a porque tava com a garganta ruim A o Paulo deu autoriza o T certo v v tirar suas f rias t doente da garganta A quando foi de tardezinha o Aderson Braz pegou viu o Elias entrando no cinema Diogo que no Diogo tinha uma vesperal que todos n s gost vamos de ir tarde A o Silva Filho n o teve conversa o Elias o Aderson Braz pegou foi direto no Paulo Cabral Doutor Paulo o senhor d uma ordem d uma licen a para tratamento de sa de do do Silva Filho e no entanto t o Silva Filho l dentro assistindo o filme poss vel ta l assistindo A quando o Silva Filho foi entrando o Paulo Cabral chamou e disse Silva Filho que hist ria essa voc voc t voc pede licen a aqui e quando acabar voc t assistindo cinema A ele disse Doutor Paulo eu assisto filme com os olhos n o com a garganta n o risos A o Paulo perdeu a caiu na gargalhada O Peteleco era um grande animador de programa pra audit rio Peteleco era o nome Ele era irm o do doutor Jurandir Pican o Veio do Rio e montou um programa aqui e ele fazia uns programas de audit rio muito interessantes E uma hora l ele fez uma pergunta ao audit rio qual o pa s que se partindo ao meio se come A um gaiato gritou Cuba risos Era Jap o risos 225 Refer nci
27. esta ainda no come o idem p 28 109 A censura tamb m foi respons vel por uma mudan a t cnica de grandes propor es no r dio Antes baseado no improviso com a imposi o da censura os programas tiveram que se adaptar nova realidade Assim surgiram os roteiros j que todas as falas teriam que passar pelo crivo do censor A utiliza o de roteiros estabelece uma nova media o uma feita que a oralidade passava a ser mediada pela escrita O desenvolvimento do radiojornalismo a partir dos anos 40 vai intensificar essa media o As consegii ncias s o sentidas na linguagem radiof nica As consegii ncias da censura tamb m se faziam sentir no pr prio exerc cio profissional dos radialistas A presen a t o forte da censura levou por consegii ncia auto censura por parte dos profissionais obrigando os a procedimentos gong ricos para ocultar o conte do do censor Quando este era camarada chamava a aten o para o programa da emissora e aconselhava mudan as antes que fosse censurado idem p 28 A m sica sempre teve papel relevante no r dio desde o seu in cio Na fase amador stica na d cada de 20 quando havia a grande preocupa o com o papel educativo do ve culo muita m sica cl ssica peras saraus ao piano foram irradiados Mas j na segunda metade daquela d cada come ava a m sica popular brasileira a se fazer presente nas emissoras Ainda em torno da educa o havia uma pre
28. fico e Tecnol gico CNPq para a tem tica produ o de conte dos digitais elaboramos uma proposta de pesquisa em que um dos produtos seria a recupera o digitaliza o de acervos p blicos e particulares sobre a hist ria do r dio no Cear Ao mesmo tempo nos prop nhamos a realizar uma discuss o sobre a intera o r dio e sociedade nas primeiras d cadas da radiofonia cearense 1930 e 1940 Essa discuss o seria realizada atrav s de algumas tem ticas Entre elas r dio e educa o Part amos da compreens o de que o referencial de documenta o sobre o processo de implanta o do R dio no Brasil sofre algumas lacunas Embora esse referencial seja parcialmente atendido quanto s emissoras localizadas nos centros mais desenvolvidos poca nos centros menos desenvolvidos essa historiografia quase que inexistente A primeira emissora de r dio oficial a ser implantada no Cear foi a Cear R dio Clube em 1934 Somente 14 anos depois em 1948 implantou se uma segunda emissora a R dio Iracema de Fortaleza As refer ncias sobre esse processo de implanta o do R dio no Cear s o escassas Uma caracter stica une as tentativas que at agora foram feitas na perspectiva dessa documenta o sejam os relatos de poca sejam os estudos mais recentes a an lise quase sempre sentimentalista orientada por um saudosismo dos tempos iniciais do r dio Embora sejam importantes do ponto de vista do subs dio pes
29. o Informes radiof nicos sobre o Brasil s o veiculados nos pa ses vizinhos E sob a perspectiva de domina o das massas da necessidade de um processo de doma o de seus potenciais conflitos simb licos que Chico Campos come a a se preocupar com a opini o p blica talvez a face mais vis vel e concreta da for a dessas massas E na forma o da opini o p blica os meios de comunica o de massa jogam um papel decisivo E mais uma vez Chico Campos se utiliza de um outro conceito para novamente esvaziar o papel do parlamento do poder legislativo para a constru o desse Estado nacional Com o vertiginoso progresso das t cnicas de express o e de comunica o do pensamento o Parlamento perdeu a sua import ncia como f rum da opini o p blica que hoje se manifesta por outros meios mais r pidos mais volumosos e mais eficazes A opini o desertou os parlamentos encontrando novos modos de express o Ela n o s deixou de exprimir se pelos parlamentos como os colocou sob o controle dos meios de forma o e de express o da opini o p blica As salas das assembl ias legislativas n o comportam a opini o p blica de hoje cujo volume exige espa os mais amplos idem p 54 17 Os meios de comunica o s o identificados como um desses espa os mais amplos que permitiria a express o da opini o p blica E mais uma vez a constru o de um projeto pol tico de governo vai compreender a necessidade de um c
30. o ano de 1947 uma feita que os dados dispon veis para 1946 s o escassos Al m disso mesmo os dados dispon veis quando comprados ao ano seguinte 127 revelam varia es n o t o significativas Mesmo em rela o a 1947 os percentuais dos programas falados sobre a ocupa o da grade de programa o apresentam uma baixa discrep ncia entre si Para se ter uma id ia os percentuais variam de 0 3 referente aos programas de gin stica at 3 7 dos programas que envolvem coment rios e not cias jornal sticas No total os programas falados ocupam 19 8 das irradia es das emissoras A propaganda comercial terceira caracteriza o das irradia es das emissoras supera os percentuais dos programas falados Em 1946 um total de 20 do espa o da programa o era preenchido por propaganda comercial No ano seguinte esse percentual eleva se a 22 4 O incremento da publicidade no r dio ultrapassando o espa o ocupado pelos programas falados pode ter como uma de suas causas a maior profissionaliza o do setor impulsionada tamb m pela instala o de grandes multinacionais a partir do processo de industrializa o brasileiro o que aumentava a disponibilidade de recursos financeiros para o setor Embora n o tenhamos dados dispon veis a ocupa o das grades das emissoras por programas falados pode ter sido bem maior durante o per odo da Segunda Guerra de 1939 a 1945 pois o momento requeria um esfor o maior de cobe
31. o somos s os do Norte que possuimos essa jovialidade l pelo sul tamb m os povos s o como n s n o se deixam empolgar de todo pela circumspec o do ambiente Agora mesmo por exemplo quando o governo que tombou se aprestava em ultimo tranze para aguentar o derradeiro embate das for as revolucionarias quando o Rio de Janeiro devia ser uma verdadeira pra a de guerra quando se esperava a cada instante o explodir dos petardos e o espoucar das granadas eis que um destes individuos com o nosso genio que por ali existe aos mont es parodia a ora o do lt gt da seguinte forma e que os jornaes s agora vem de publicar lt lt Oswaldo Aranha que lt lt estaes no Rio Grande lt lt do Sul glorificada seja lt lt a vossa vinda venha lt lt a n s as vossas lt lt for as victoriosa seja lt lt a vossa causa assim lt lt no Sul como no Norte lt lt O P o nosso de cada lt lt dia baixae de pre o lt lt Perdoae a nossa covardia lt lt assim como n s lt lt perdoamos aos legalistas lt lt N o nos deixeis lt lt cahir em poder de lt lt Washington Luiz e livrae nos lt lt de Julio Prestes lt gt Correio do Cear 18 11 1930 31 O Correio do Cear sa da a revolu o atrav s de ilustra o em sua capa da edi o de 27 11 1930 Em torno da Confraterniza o do Povo Exercito e Marinha na victoria dos principios republicanos a luta contra os dios politicag
32. outra em 1924 uma sociedade formada por umas 50 pessoas que faziam experi ncias com um pequeno transmissor era talvez uma esta o que n o fosse nem registrada n Uma esp cie como eu disse h pouco uma esp cie de empresa de r dio comunit ria uma coisa mais ou menos assim n Mas o Cear R dio Clube j havia feito sua grande estr ia em Fortaleza como nos conta Aderaldo No dia da inaugura o da Coluna da Hora 31 de dezembro de 1933 foi realizada nos est dios da Casa Dummar futura PRE 9 ent o nos altos da atual sede da CIMAIPINTO a primeira transmiss o radiof nica no Cear para aparelhos receptores fixados no referido monumento do centro da Pra a a n o mais de 200 metros de dist ncia Mas que progresso para a poca ADERALDO p 44 Mas outro fato curioso ainda ir marcar a instala o oficial de uma emissora de r dio no Cear A edi o do dia 6 6 1934 do Correio do Cear portanto apenas uma semana ap s a portaria do Minist rio das Comunica es oficializando o funcionamento da Cear R dio Clube d conta da breve funda o do R dio Club de Fortaleza Dentro em breve a nossa capital ser dotada de uma moderna esta o emissora de r dio o R dio Club de Fortaleza Sabemos que nesse sentido v rios amadores de r dio em destaque entre os quaes os srs Dr Cl vis Meton Mr R W Brown Francisco Riquet Nogueira Silveira Marinhos Armando C Paiva Fernando Fi
33. para a realiza o desse trabalho Sum rio Dedicat ria Agradecimentos Introdu o 08 Quem s o nossos entrevistados 19 1 As primeiras experi ncias do r dio no Cear o ambiente pol tico do estado 24 2 Outras sociabilidades a sociedade educadora 46 3 A orienta o dos primeiros programas os princ pios da pol tica de comunica o do governo Vargas 58 4 A natureza instrutiva da programa o os princ pios da pol tica de educa o do governo Vargas 84 5 A presen a da censura o controle da informa o no governo Vargas 101 6 O alcance do r dio a intera o com os ouvintes 121 7 A aproxima o com o cotidiano a guerra as radionovelas 140 8 A transfer ncia para os Associados a profissionaliza o E a educa o 159 9 Percep es derradeiras 191 10 Causos que o tempo n o levou 220 Refer ncias bibliogr ficas 225 Introdu o Como cheguei ao tema O meu interesse pela rela o comunica o e educa o vem de algum tempo Entrei na gradua o do Curso de Comunica o Social da Universidade Federal do Cear em 1989 depois de ter passado por uma outra gradua o essa em Computa o na mesma Universidade Uma das preocupa es sempre presentes nos estudos comunicacionais envolvendo especificamente os meios de comunica o quanto efetividade da comunica o ou seja o grau de resultados que se consegue alcan ar a partir das inten es iniciais dec
34. programas instrutivos ou de divulga o transmiss es e coment rios desportivos not cias e coment rios jornal sticos cursos confer ncias e palestras solenidades c vicas e religiosas propaganda pol tica textos de propaganda comercial e outros assuntos A sistematiza o dessas informa es na tabela abaixo identifica o n mero de horas de cada tipo de programa anual e seu percentual correspondente no total da programa o Tipo de transmiss o Horas anuais Jo M sica de classe 450 3 98 M sica ligeira 690 6 11 M sica popular e folcl rica 2750 24 34 Representa es teatrais 520 4 60 Programas infanto juvenis 130 1 15 Programas humor sticos 210 1 86 Programas de audit rio 430 3 81 Programas de gin stica 30 0 27 Programas femininos 100 0 88 Programas instrutivos ou de divulga o 50 0 44 Transmiss es e coment rios desportivos 660 5 84 Not cias e coment rios jornal sticos 470 4 16 Cursos 50 0 44 Confer ncias e palestras 60 0 53 Solenidades c vicas e religiosas 90 0 80 Propaganda pol tica 10 0 09 Textos de propaganda comercial 4550 40 27 Outros assuntos 50 0 44 11300 100 00 129 Numa an lise geral os dados locais seguem algumas tend ncias dos dados nacionais Um exemplo a tend ncia crescente de ocupa o dos espa os de programa o das emissoras pela publicidade abocanhando em 1949 quase metade da pro
35. que jornais cinematogr ficos exibissem quaisquer not cias sobre a Inglaterra 116 Em 1941 j haviam sido requeridos ao DIP e submetidos aprecia o do Conselho Nacional de Imprensa 2 699 pedidos de registros de jornais revistas e outros rg os de publica es dos quais 412 haviam sido negados e 508 permaneciam em dilig ncia No mesmo ano foram tamb m solicitados registros de 17 ag ncias telegr ficas 1 200 oficinas gr ficas 35 correspondentes de jornais estrangeiros e 1 256 de jornais nacionais al m de 160 ag ncias de publicidade Em janeiro de 1941 o DIP proibiu as cr ticas aos Estados Unidos que at ent o n o passavam inc lumes pelo crivo da imprensa escrita e falada Em agosto todos os jornais editados em l nguas estrangeiras cerca de 60 e que anteriormente publicavam tamb m a tradu o de suas mat rias foram proibidos de circular A proibi o fazia parte da campanha muito difundida na poca para que o Brasil se tornasse mais brasileiro Estando o governo dividido quanto entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os pa ses do Eixo em julho de 1942 Filinto Miiller chefe de pol cia do Distrito Federal tentou impedir a realiza o de uma passeata organizada por estudantes do Rio de Janeiro em apoio aos pa ses aliados A manifesta o p de ser realizada gra as interven o de Vasco Leit o da Cunha ministro interino da Justi a durante a aus ncia do titular Francisco Ca
36. saiu pra rua E eu fiquei pensando Na realidade crua E que est que est nos separando Entrei na minha tarde Que tarde t o mesquinha O que seria de mim No mundo t o sozinha Juntei os meus trapinhos Sa at chorando E fui pelos caminhos A todos perguntando Por onde andaria o meu querido amor E as l grimas rolando Aumentavam a minha dor Se acaso voc vive Nalgum lugar do mundo Recebe essa mensagem Do meu amor profundo Perdoe quem lhe ama Tem pensa tem pena do meus ais E volte volte antes Que seja tarde demais 139 140 7 Aaproxima o com o cotidiano a guerra as radionovelas Com a decis o afinal do governo Vargas em se postar ao lado das na es aliadas contra as na es do Eixo e com a entrada de soldados brasileiros na Segunda Guerra o interesse pelas not cias das batalhas come a a crescer E um ouvinte quem primeiro faz essa observa o na edi o do Correio do Cear de 1 7 1942 Para contrabalancear a for a da propaganda do eixo n o basta para o Cear as emiss es de ondas curtas das esta es da Inglaterra e Estados Unidos E nem mesmo os programas anti totalitarismo das r dios do Rio e S o Paulo Eu n o precisaria recorrer s estat sticas para afirmar que noite 80 dos radio ouvintes cearenses sintonizam seus receptores para a emissora local com porcentagem ainda maior no programa do almo o das 10 30 s 13 horas Com exce o de programas de interesse nac
37. um broadcasting bastante movimentado e que agradar integralmente ao p blico espectador que estar amanh enchendo o oitavo andar do Edif cio Diogo As 179 atra es do programa s o as seguintes Homem n o com vozes femininas e De palmat ria a m o uma caixa de perguntas Al m desses a brincadeira Sim porque n o vai voltar ao cartaz A Orquestra Guarani de M rio Alves de Guilherme Neto Sexteto Tupy e etc far o apresenta es Manuelito Eduardo vai ser o animador do programa que ser patrocinado por Casa Londres Casa Cristmas Farm cia Rio de Janeiro Para so das Cria es Rel gio Universal Produtos Costa Pena charutos Correio do Cear 8 1 1947 O presente que proporcionar ALEGRIA ao seu lar Linha completa de modelos onde V encontrar o seu r dio Tradi o do garantia a h mals de 50 anos us elmbolo de qualidada els o ijue be oferoco a mares PILOT Ustatistiras pravasa que a motoria dos r dios em uso Ad anata de 10 anos s o PILOTI Faga dessa prete t ncis o sou guia Procuro um rovondedor autorizado Glo nocilar a sau rilla tesso que seja um modalo fo aniea da guerra por vantajoso pro o dando lhe om troca um dor hovor o esberbos modelos PILOT sus escolha Aprocio tamb m osts axonp cionpi olorta n r dioSon grato de tesa PIi om dos taals tindos a nperici ondos modelos s grando Kuka PILOT B lore para o eru laz o presevto qu
38. A MARCHA DOS TEMPOS do qual a estr a nas ondas curtas e medias do Cear Radio Clube ter lugar possivelmente amanh oferecer uma dramatiza o de fatos palpitantes recolhidos nas frentes de batalhas pelos correspondentes yankees Pelo seu genero A MARCHA DOS TEMPOS est destinado ao mais completo exito O ESPIRITO DA VITORIA outro programa focalizar em seus detalhes mais interessantes os crimes do Eixo o pre o que est o pagando aqueles que lutam pela liberdade e a determina o dos Aliados de prosseguir na campanha de reconstru o do mundo de amanh A MARCHA DOS TEMPOS e O ESPIRITO DA VITORIA ser o transmitidos regularmente s 21 30 das segundas e quintas feiras Correio do Cear 18 3 1943 A programa o do m s de abril de 1943 da PRE 9 demonstra uma tend ncia segmenta o a partir dos conte dos dos programas veiculados e como havia referido seu ouvinte em carta ao Correio do Cear A emissora funciona das 18 s 22 horas S BADO 18 00 Angelus 18 05 Programa do DEIP 18 20 Conjuntos Originais 18 30 Noticiario Internacional 18 45 Cota es da Pra a 18 47 Musica de Havana 19 00 Cr nica de P Xisto 19 05 Orlando Ribeiro 19 15 Plant es de Farmacias 19 16 Margarida 149 Gondim 19 30 Noticiario Internacional 19 35 Recital de Hildemar Torres 19 57 Boletim das Chuvas Registradas no Interior 20 00 Hora do Brasil 21 00 Em Tempo de Samba
39. As obras vencedoras desses concursos eram de car ter apolog tico e seus autores na sua maioria figuras desconhecidas do panorama intelectual O DIP patrocinou tamb m concursos de m sica popular e foi num deles que Aquarela do Brasil de autoria de Ari Barroso recebeu o primeiro lugar Al m disso cabia ao DIP distribuir a fotografia oficial do presidente Vargas n o s nas reparti es p blicas mas tamb m em col gios clubes esta es ferrovi rias aeroportos bancos casas comerciais etc 115 Ainda dentro da rea de divulga o do ide rio estadonovista o DIP lan ou diversas publica es entre as quais a de maior destaque foi Cultura Pol tica Revista Mensal de Estudos Brasileiros Sob a dire o de Almir de Andrade a revista tinha como propostas principais a promo o de nova concep o de cultura unificando a ordem pol tica e social sob a gide do Estado e o esclarecimento do rumo das transforma es pol ticas e sociais em curso no pa s A publica o contava em seu quadro de colaboradores com a presen a de nomes expressivos da intelectualidade do per odo Al m dos principais ide logos do Estado Novo como Francisco Campos Almir de Andrade e Lourival Fontes recebia a contribui o eventual de intelectuais das mais diversas correntes como N lson Werneck Sodr Graciliano Ramos e Gilberto Freire que se limitavam a escrever sobre assuntos relacionados s suas respectivas reas de interesse no cas
40. BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT STICA IBGE Censos Econ micos Estado do Cear Rio de Janeiro 1956 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT STICA IBGE Estat sticas do s culo XX Rio de Janeiro 2000 KAPL N M rio Producci n de Programas de Radio el gui n la realizaci n 1973 Processos educativos e canais de comunica o Revista Comunica o amp Educa o S o Paulo Moderna Eca Usp jan abr de 1999 p 68 75 LIMA Ven cio Artur de Comunica o e cultura as id ias de Paulo Freire 2 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1984 LOPES Alice Riberiro Casimiro Reflex es sobre o curr culo as rela es entre senso comum saber popular e saber escolar Em Aberto Bras lia ano 12 n 55 abr jun 1993a MOTA Aroldo Hist ria pol tica do Cear 1930 1945 Fortaleza Stylus Comunica es 1989 NEUMANN Laur cio Educa o e comunica o alternativa Petr polis Vozes 1990 NOBRE Geraldo da Silva Introdu o hist ria do jornalismo cearense Fortaleza Gr fica Editorial Cearense 1974 NOGUEIRA Raimundo Frota de S A pr tica pedag gica de Louren o Filho no Estado do Cear Fortaleza Edi es UFC 2001 PARENTE Jos nio C Anau os camisas verdes no poder Fortaleza EUFC 1999 221 PATR CIO Edgard Confian a e Credibilidade encurtando as dist ncias na educa o pelo R dio Disserta o de Mestrado Universidade Federal do Cear Faculdade de Educa o Progr
41. Dado o interesse crescente que vem despertando a nova circula o de Luzes da Cidade anunciada para ainda este m s e correspondendo a atenciosa distin o da Cear R dio Philco em sua audi o de hoje se far ouvir s 20 30 o poeta Sobreira Filho que dir pelo microfone uma das p ginas de seu livro Indicamos duas possibilidades para a irradia o Ou seria a emiss o de uma outra sociedade de r dio que poderia ter se estabelecido em Fortaleza ou poderia tratar se de um programa da Cear R dio Clube com o nome de Cear R dio Philco talvez porque patrocinado por uma distribuidora de aparelhos receptores da marca Philco em Fortaleza Quem sabe a pr pria Casa Dummar Essa segunda hip tese nos parece mais plaus vel e vem se solidificar quando observamos uma carta do ouvinte sa da na 2 edi o do Correio do Cear de 22 1 1935 O ouvinte um vendedor pracista aut nomo A ortografia foi adaptada atualidade Ilmo sr Redator do Correio do Cear Em experi ncia v m os srs Dummar amp Cia donos da PRE 9 irradiando diariamente programas de discos musicais e com estes fazendo propaganda de artigos em venda no seu estabelecimento especialmente de r dio Nada temos que ver com os programas musicais dos srs Dummar amp Cia que de fato s podem agradar e deleitar os ouvintes nem t o pouco com a propaganda de seus produtos de com rcio Entretanto como na pr
42. IDJN e DJQ all port 1855 Sauda es aos nossos ouvintes 1900 Radio na Juventude Hitleriana can es populares 1915 Boletim de actualidades 1930 Can es de Franz Schubert Johanna Egli 1945 Ultimas noticias em alem o Noticias sobre a economia allem 2000 Medo de adagios Uma hora variada 2115 Ultimas noticias em portuguez Noticias sobre a economia allem 2130 lt gt Musica e poesia 2215 Echo da Allemanha 2230 Consultas para senhoras 2245 Disco enfeiti ado 2300 Ultimas noticias em allem o 2315 Musica de camera 2430 Ultimas noticias em hespanhol 2445 sauda es aos nossos ouvintes despedida DJN DJQ all port Ainda predominam as audi es de produ es alem s Observe se que a programa o traz inclusive os prefixos das emissoras de onde as produ es s o sintonizadas E essa programa o parece solucionar nossa interroga o feita anteriormente sobre o programa R dio da Mocidade Ao que parece trata se de uma produ o tamb m alem uma feita que a programa o desse dia 6 10 traz a produ o R dio na Juventude Hitleriana numa alus o expl cita ao regime nazista A n o ser que as duas produ es tenham sido realizadas por simpatizantes brasileiros da causa alem Mas certamente mesmo em sendo uma produ o alem teria o benepl cito do regime varguista 68 Esse benepl cito encontraria respaldo na movimenta o de uma das figuras influentes do regime varguista Trata se de Francisco Ca
43. Mas relembra um epis dio que pode servir de orienta o para a compreens o da intera o r dio e sociedade daqueles idos de 1940 Foi quando da proclama o da Segunda Guerra quando o Brasil declarou guerra s pot ncias do Eixo Na guerra talvez essas m sicas do r dio talvez essa maneira de se anunciar a guerra fala do tom solene com que foi feito o an ncio na PRE 9 entrecortado por m sicas patri ticas tenha influenciado o povo saiu s ruas e incendiou a loja Pernambucana que pertencia a alem es era ali no centro da cidade ali onde hoje em dia tem uma loja de disco assim na esquina da Major Facundo com Guilherme Rocha e incendiaram um bazar alem o talvez at por causa do nome a loja Veneza que hoje em dia essa loja ainda tem foi incendiado na poca era ela ao lado onde foi a Assembl ia Legislativa e hoje em dia um museu e invadiram a casa dos Fujitas tudo vivo s n o vivo a casa dos pai dele hoje em dia os Fujitas que hoje em dia s o donos de empresas de constru o o povo invadiu e colocou os m veis tudo numa cacimba ele morava em Ot vio Bonfim perto da pra a de Nossa Senhora das Dores colocaram os m veis tudo numa cacimba e sa ram nas ruas com os livros O Edilmar j morreu um deles Edilmar Fujita Os livros de medicina rasgando na rua e passaram na esquina da minha casa eu vi isso uma coisa que a gente se lembra um acontecimento que a gente n o pode esquecer Mas a r
44. Meu pai era muito met dico Nunca me deu menos nem mais de seis bolos bate na pr pria m o Dava seis N o dava sete nem dava cinco Seis bolos Morreu cedo meu pai Eu ainda era pra t apanhando Eu sei administrar Eu fui o primeiro presidente do presidente da Uni o dos Ferrovi rios do Cear o primeiro presidente Reeleito depois Eu fui o primeiro presidente da Uni o dos Ferrovi rios Aposentados do Cear Reeleito depois Eu fui presidente primeiro presidente Primeiro n o Fui presidente da Cooperativa de Consumo dos Ferrovi rios do Cear Reeleito Nunca perdi uma elei o na classe Posso ter perdido elei o fora mas na classe n o Ent o eu fui muita coisa Eu tive quatro empregos Foi numa farm cia Farm cia do Instituto de Prote o e Assist ncia Inf ncia que o diretor presidente era o doutor Abdenago Rocha Lima primeiro pediatra pelo Cear Era meu patr o Primeiro pediatra Segundo foi foi eu me empreguei na firma JR Viana uma ag ncia Passei um tempinho Depois me 20 empreguei noutra firma de um alem o de um americano Jaime J Rebec e Cia Ltda Ali na Bar o do Rio Branco E depois me empreguei numa loja de moda a Samaritana Eu fui pra estrada de ferro onde eu entrei em 7 de novembro de 1921 eu entrei na estrada de ferro Valdemar Caracas produz um programa esportivo na Cear R dio Clube nos anos de 1938 e 1939 Bem meu nome completo Gerald
45. Miranda Que t l pro estrangeiro Can o pra quem quiser Pra ficar s com o cheiro cheiro de alf ndega E ficou em dez e duzentos Por conta desse leil o Quem quiser ficar com o resto Paga s mais duzent o O resto que num falemo J ta tudo ensacado Quem quiser levar que fale Pode arrematar fiado 83 84 4 A natureza instrutiva da programa o a pol tica de educa o do governo Vargas Voltando se discuss o sobre a programa o da Cear R dio Clube e ainda observando se a grade do dia 6 10 1936 um outro detalhe que a emissora parece ter levado em considera o as cr ticas feitas pelo ouvinte e leitor do Correio do Cear sobre a qualidade de sua programa o exigindo curtas palestras educativas como sejam higiene geral e individual combate ao lcool s filis tuberculose etc etc e Horas dedicadas a petizada ensinamento s m es sobre alimenta o e repouso das crian as e outros assuntos teis e aproveit veis a um programa de r dio educativo Nessa mesma grade aparecem dois programas que espelham uma pretensa autocr tica a partir das reclama es do ouvinte S o acrescentadas programa o as produ es M sica e Poesia e Consultas para Senhoras que d o a entender de serem programas mais voltados orienta o educativa como desejava o ouvinte Essa preocupa o da emissora com seu ouvinte confirmada na programa o do dia seguinte 7 10 1935 c
46. No total s o 3 902 aparelhos r dio receptores sendo 3 373 no ambiente urbano 332 no espa o suburbano e 197 no meio rural Outro dado que merece an lise a rela o entre n mero de domic lios e aparelhos Se s o 3 902 aparelhos o censo catalogou apenas 3 862 domic lios o que resulta na interpreta o que mesmo em 1940 um total de 40 domic lios do Cear j apresentavam mais de um r dio receptor instalado Mas qual seria a representatividade desse parque instalado Se tomarmos a popula o do munic pio de Fortaleza no mesmo ano de 1940 com 140 901 habitantes e considerando que os aparelhos r dio receptores do meio urbano ou 3 373 estivessem todos instalados em Fortaleza chegar amos conclus o que apenas 2 39 da popula o total tinham aparelhos r dio receptores Um outro levantamento pode lan ar mais dados para uma an lise da penetra o do r dio no Cear O levantamento d conta de aspectos da cultura intelectual e art stica com 125 dados sobre a imprensa peri dica segundo a discrimina o por tiragem e unidade da federa o Para o Cear s o declarados 31 jornais De acordo com a distribui o pelo porte de tiragem habitual de exemplares 19 jornais circulam com tiragem de at 1 000 exemplares oito com tiragem entre 1 000 e 5 000 exemplares e tr s com tiragem que alcan a de 5 000 a 10 000 exemplares Um jornal n o declarou sua tiragem Tomando se a m dia simples das tiragens ter
47. Po os de Caldas e deu in cio a uma publica o de car ter peri dico Travel in Brazil que teve mais de 25 000 exemplares distribu dos por ag ncias norte americanas somente nos Estados Unidos A divis o de turismo organizou tamb m a exposi o Posi o do Brasil no mundo na Feira de Amostras com 70 pain is e gr ficos sobre a economia brasileira em seus diversos aspectos os quais foram depois entregues ao Minist rio do Trabalho para figurar na Feira das Ind strias Brasileiras em Montevid u e Buenos Aires A estrutura do DIP contava ainda com 11 servi os auxiliares seis criados por lei comunica es contabilidade e tesouraria material filmoteca discoteca e biblioteca e cinco por portaria do diretor geral garagem distribui o de propaganda registro de imprensa e administra o do pal cio Tiradentes Contando com uma estrutura t o complexa a efic cia do DIP na realiza o de seus fins se fez sentir rapidamente O culto personalidade e a constru o de imagens idealizadas de Get lio Vargas veiculadas pelo DIP como por exemplo a de pai dos pobres ajudaram a consolidar em pouco tempo o poder do ditador O DIP promoveu concursos de monografias garantindo s obras premiadas sua publica o e divulga o por todo o pa s In meros folhetos explicativos do novo regime e que divulgavam a obra do governo principalmente no campo da legisla o trabalhista marcaram a atua o doutrin ria do rg o
48. Segundo temos noticiado Vamos aprender ingl s ser lan ado a 1 de agosto pr ximo no hor rio de 21 15 s 21 30 horas havendo na ocasi o brilhante solenidade nos est dios da emissora cearense dos DI RIOS ASSOCIADOS Sua transmiss o ser feita duas vezes por semana Na mesma semana ainda uma extensa mat ria do Correio do Cear 185 linhas d mais divulga o ao curso de ingl s pelo r dio Fala nos o dr Jorge da Rocha sobre o programa Vamos aprender ingl s que ser iniciado amanh em PRE 9 s 21 15 A import ncia desse curso para a aproxima o entre brasileiros e norte americanos Time is money At os professores gostar o de ouvir os maravilhosos discos do grande sucesso radiof nico que a Livraria Aequitas patrocina com exclusividade Poucos programas da emissora cearense dos Di rios e R dios Associados a PRE 9 t m sido t o falados como esse Vamos aprender ingl s que ser apresentado duas vezes por semana a partir de amanh exatamente s 21 15 palp vel em cada pessoa com quem a gente fala o interesse do grande p blico ouvinte em torno das aulas com que a Cear R dio Clube o Comit da Coordena o dos Assuntos Inter Americanos e a Livraria Aequitas pretendem difundir o mais poss vel o gosto pelo aprendizado do idioma de Lincoln t o til t o necess rio nos dias atuais aos povos de todo o mundo principalmente o povo brasileiro que dia a dia mais se aproxima do norte a
49. Tamb m j havia iniciado a presen a dos r dio teatros na programa o da emissora conforme noticia o Correio do Cear de 5 4 1941 13 05 1941 E 20 5 1941 R dio teatro de PRE 9 hoje s 21 horas A grande mentira Alta Com dia de Hermogenes Viana 3 atos magn ficos em impec vel radiofoniza o de Victor Costa Interpretes Jos J lio Barboza Laura Santos Stela Maria Carlos T cito Cabral de Ara jo Iracilda Gondim Limaverde Speaker Paulo Cabral ensaiador Jos J lio Supervis o e sonoplastia de Mauro de Vilar technico sonoplasta Ivo Franco Contraregra Dante Para so Hoje s 21 horas o r dio teatro da PRE 9 de Miguel Pican o Filho em 3 atos caracteristicamente radiof nicos Felizardo escrita especialmente para a PRE 9 interpretes Laura santos Stela Maria Cabral de Ara jo Iracilda Gondim Marilena de Alencar Jos J lio Barboza Limaverde R dio teatro promove hoje s 21 horas Assun o de Goulart de Andrade 3 atos numa adapta o de Vitor Costa uma j ia do teatro Brasileiro Interpretes Cabral de Ara jo Laura Santos Limaverde Carlos T cito Jos J lio Barbosa Iracilda Gondim Stela Mari 133 Ensaiador Jos J lio Speaker Paulo Cabral Supervisor e sonoplasta Mauro de Vilar Contra Regra Dante Para so Como repercutiu a populariza o da programa o na intera o com o ouvinte da emissora Qual seria a natureza dessa intera o Essa p
50. Unidos Lindas por sinal B GIR O p 164 O cinema inclusive refor aria a vis o contr ria da popula o brasileira a Alemanha ao exibir uma segii ncia de filmes de guerra enfocando as atrocidades nazistas e a valentia dos soldados dos pa ses Aliados a essa altura reduzidos Inglaterra e ao que sobrou dos pa ses ocupados J aquele tempo est vamos impregnados de id ias e emo es anti fascistas atrav s da propaganda desenvolvida pelos Estados Unidos e a Inglaterra principalmente pelo cinema Os filmes versavam quase sempre com exclusividade sobre feitos her icos das for as democr ticas material de divulga o do desenrolar dos acontecimentos no teatro de opera es B GIR O p 60 Eduardo Campos sofreu pessoalmente esse sentimento anti fascista e a aproxima o do integralismo brasileiro a esse movimento pol tico Uma experi ncia que transparece ter sido dolorosa em sua carreira no r dio Sempre na minha vida tem uma hist ria boa e uma hist ria triste pausa A esta o estava se transportando estava se transferindo para das Damas onde funcionou onde eu passei um m s trabalhando para o Edif cio Diogo onde se instalou nessa poca acho que exatamente em 1942 em outubro de 1942 acho eu Bom o que que aconteceu respira Fiz tudo direitinho mas acontece que era diretor art stico nesse tempo o Dermival Costalima E o Dermival Costalima era esquerdista pelo menos eu
51. aos seus associados a aquisi o e instala o de aparelhos de radiotelefonia e propagar a radiotelefonia facilitando ao Governo a irradia o de not cias oficiais idem Note se a preocupa o do Clube em atender da melhor maneira poss vel aos interesses do Governo Ao mesmo tempo a predisposi o de instalar uma emissora devidamente autorizada o que levaria a sugerir que poderia ser comum em Fortaleza a montagem de aparelhos transmissores de radiotelefonia margem das determina es governamentais Seriam as r dios livres se insinuando j na d cada de 1930 em Fortaleza Em contraposi o ao acesso tecnologia apenas dos mais ricos Eduardo Campos tem um argumento forte para sustentar sua vers o desse fato que essas defini es do Cear R dio Clube est o dispostas em um programa de trabalho institu do pelo estatuto do Clube que por sua vez saiu publicado no Di rio Oficial do Estado embora apenas a 15 de janeiro de 1934 Ou poder amos argumentar que a partir desse longo per odo entre a funda o e a publica o poder amos argumentar que os estatutos do Cear R dio Clube teriam sa do dos estatutos da Sociedade R dio Philips do Cear e que a ltima realmente existiu Fato que em 1932 ainda segundo Eduardo Campos debaixo das inten es explicitadas no estatuto divulgado dois anos depois o Clube obtinha licen a a 16 de agosto para transmitir sob o prefixo PRAT E ent
52. aut nomo de conhecimento o campo da inter rela o Comunica o Educa o 207 Alguns resultados da pesquisa SOARES s d www usp br nce WU 50 dos especialistas atuam nas universidades dedicando se pesquisa sobre a inter rela o Comunica o Educa o Q 47 atuam em escolas dedicando se a trabalhos voltados para um melhor conhecimento do sistema de comunica o desenvolvendo junto aos alunos ou junto a outros segmentos da sociedade trabalhos na linha da leitura cr tica da comunica o ou da educa o para a comunica o quer atrav s de algum projeto espec fico quer atrav s da pr tica curricular normal U 30 dos entrevistados declararam que coordenam projetos de uso das tecnologias na educa o destacando se entre estes usos o emprego do jornal do v deo e do computador em sala de aula Q 19 atuam em empresas e centros culturais desenvolvendo atividades voltadas para o planejamento e implementa o de projetos sendo classificados como gestores da comunica o no espa o educativo O 7 do p blico pesquisado se dedica a atividades voltadas para a rea da comunica o cultural com nfase na utiliza o das v rias linguagens art sticas Diversidade presum vel quando se relacionam duas reas distintas do conhecimento e com propostas epistemol gicas que at bem pouco tempo n o pareciam propensas uma aproxima o Mas esses profissionais se v m enquanto educomunicadores Q
53. bem feito no Cear ai sim essa coisa passou a funcionar As pessoas as pessoas olhe n s t nhamos tanto prest gio que quando outras esta es vieram eu n o estou diminuindo a R dio Iracema nem outra as pessoas telefonavam olhe isso verdade o que a R dio Iracema est dizendo quer dizer o nosso o nosso notici rio teve uma credibilidade tremenda Depois o Rel mpago Alfa Rel mpago o notici rio Rel mpago da Casa das M quinas ent o essa coisa passou a ter uma dimens o muito grande O r dio E em maio de 1944 novo salto na programa o da Cear R dio Clube Dessa feita a emissora preparava se para iniciar suas transmiss es a partir das seis horas da manh A not cia divulgada na mesma coluna R dio tamb m faz uma retrospectiva das transforma es que a emissora vinha sofrendo depois da incorpora o aos Associados e a capacidade realizadora de seus dirigentes quanto ao compromisso assumido durante a incorpora o 171 Prepara se a PRE 9 Cear R dio Clube para iniciar as suas irradia es di rias de julho em diante a partir de 6 horas da manh Sempre no afan de satisfazer o p blico cearense a emissora associada n o para na sua ascens o impressionante colocando se soberbamente em posi o de destaque na vida radiof nica nacional Integrando se na cadeia dos DI RIOS E R DIOS ASSOCIADOS PRE 9 pouco tempo decorrido j demonstrou categoricamente a capacidade r
54. bitos e costumes da sociedade de Fortaleza repercute tamb m na tomada de decis o quanto ao processo de educa o das pessoas Pelo que noticia o Correio do Cear o novo programa da Cear R dio Clube surge a partir de uma demanda da 2 pr pria popula o E o r dio sens vel ao apelo agora das massas de potenciais consumidores A emissora ainda gostaria de contar com a participa o dos ouvintes na escolha do melhor hor rio para a veicula o do programa A emissora cearense dos DI RIOS E R DIOS ASSOCIADOS desejando cada vez mais melhor servir a seu grande p blico ouvinte acaba de tomar uma importante iniciativa de ordem educativa resolvendo instalar um curso de ingl s para todos os r dio escutas que desejarem aprender a l ngua de Roosevelt Constituir isso sem d vida uma provid ncia do mais alto alcance que vir satisfazer os desejos de todos os ouvintes ministrando aos mesmos proveitosos ensinamentos UMA CONSULTA AOS OUVINTES Antes de instalar o curso em apre o a dire o de PRE 9 faz uma ampla consulta aos ouvintes que sintonizam as suas ondas curtas e m dias a que horas preferem as aulas Pela manh tarde ou noite Todos os interessados devem escrever dire o art stica da Cear R dio Clube dizendo a hora em que desejam ouvir o novo programa da querida difusora associada da Terra da Luz Haver depois o julgamento num rico da prefer ncia sendo ent o marcado o dia do in cio d
55. c vicas logo que for oportuno Correio do Cear 5 11 1942 148 O Correio do Cear publica que o interventor federal Menezes Pimentel far celebra es no dia 10 de novembro para comemorar o 5 ano do Estado Novo em boa hora institu do pelo presidente Getulio Vargas no Brasil A programa o constava de 6 30 Missa campal celebrada por D Antonio de Almeida Lustosa 9 00 Desfile militar av Duque de Caxias uma demonstra o de for a das nossas unidades militares devendo o povo sair s ruas para aplaudir freneticamente os soldados do Brasil O INTERVENTOR INTERINO AO MICROFONE DA PRE 9 Discurso oficial que ser pronunciado pelo dr Andrade Furtado s 12 horas na PRE 9 que ent o irradiar um programa especial comemorativo do 5 anivers rio do atual regime Encenando s 6 30 horas haver no teatro Jos de Alencar uma sess o solene promovida pelo governo em colabora o com a juventude Correio do Cear 6 11 1942 E os esfor os de guerra tamb m s o sentidos na programa o da Cear Clube cada vez mais pr xima dos acontecimentos E do interesse dos ouvintes pelas ltimas not cias do conflito Alem de A MARCHA DA GUERRA cronica diaria do jornalista Barreto Leite Filho a cuja apresenta o PRE 9 deu in cio a 1 do corrente dois novos programas relacionados com a situa o internacional s o agora anunciados pela emissora cearense
56. comunicados de guerra inqueritos do Dasp ou propaganda do Drag o O que agrada e impressiona o tom de comicio em pra a publica Assim quando o speaker larga um dos seus brados retumbantes o pequeno funcionario vibra estremece o alfaiate arrepia se o boticario suburbano sem mesmo saber por que Mas a verdade que o texto declamado repercute na alma dessas pobres criaturas n o pelo seu sentido mas pela tonalidade sonora que vai acordar no fundo escuro da memoria a impress o adormecida de uma invectiva do velho Rui Rui Barbosa O povo n o se encontra no locutor de radio mas tem por um momento a ilus o de encontrar Demostenes ao microfone Algumas passagens da cr nica tamb m s o dignas de Dem stenes No entanto trazem algumas compreens es do cronista que podem ser reveladoras do atual momento do r dio ainda que no Rio de Janeiro o que pode significar pela abertura de Fortaleza s modas que v m de fora que n o tardaria a aportar em nossa cidade Uma preocupa o do cronista ainda nossa contempor nea nos dias de hoje a real participa o dos meios de comunica o nos h bitos de consumo Alguns j falaram at que os meios de comunica o criam necessidades para que se d vaz o comercializa o de determinados produtos Da sua reclama o frente aos brados dos locutores na leitura de an ncios Mas sem querer o cronista nos d uma id ia de como a populariza o do r
57. comunidades em meios de comunica o circunscritos a bairros ou a certas categorias profissionais que se organizam em associa es sindicais No entanto o aparecimento das novas tecnologias da informa o e comunica o TICs colocam um novo desafio a inter rela o comunica o e educa o Ampliado o alcance ampliadas as possibilidades de participa o como se comportam os conte dos e os processos interativos num ecossistema comunicacional dominado agora pela indefini o da dire o dos fluxos de informa o Como se constitui o princ pio educativo da comunica o nesse novo ambiente Esse per odo de transi o percebido por Tornero 2000 a partir de uma correla o entre ecossistema comunicativo e sistema educativo anterior ao advento nas novas TICs mas associados a partir da configura o de uma sociedade de massas dentro do marco de uma economia capitalista industrial Nessa configura o haveria uma rela o entre as caracter sticas que aproximavam os meios de comunica o de massa e sua correspond ncia no sistema educativo formal Embora excessivamente dualista no limiar de uma sociedade que insinuava toda uma complexidade a an lise de Tornero p 33 pode dar pistas para que as interconex es dessas caracter sticas possam ser visualizadas A partir dessa compreens o a centraliza o da informa o era a base do ecossistema comunicativo que correspondia a uma gest o burocr tica e centralizada do
58. conceito de did tica da comunica o educativa Para se ter um processo que leve o nome de comunica o educativa h que se levar em considera o na etapa de produ o a percep o do contexto essencial que as matrizes culturais sejam consideradas quando da produ o da comunica o Nesse momento entra em defini o a escolha do melhor meio para a veicula o da produ o Deve ocorrer uma sintonia fina entre o contexto o p blico com o qual interagem as mensagens produzidas e o meio Quando mais intrinsecamente pensados mais favorecidas as possibilidades de media es mais prov vel o deslocamento de sentidos 203 Outro aspecto que deva ser considerado na produ o de uma comunica o educativa a qualidade t cnica da produ o Muitas vezes quando a comunica o produzida para setores da popula o com n veis escolares baixos incorre se na impropriedade de produtos com baixa qualidade t cnica Mesmo com baixos n veis escolares esses setores desfrutam de um senso de est tica E mesmo que n o tivessem a limpidez da produ o de uma comunica o educativa faz o diferencial entre a percep o e a compreens o da mensagem Ainda em torno da produ o de uma comunica o educativa a linguagem radiof nica aparece como um cap tulo parte Que caracter sticas deve ter essa linguagem para produzir um deslocamento de sentidos Voltamos a pensar da palavra geradora de Freire Para ser geradora a
59. cultura popular quando ele ele fazia um programa ele escreveu um programa sobre m sica popular Ele ia s ra zes da m sica popular Eles iam buscar realmente aquelas figuras mais importantes da hist ria da educa o no Brasil Era um r dio de alto n vel voc n o se permitia baixaria no r dio Na Cear R dio Clube Enquete que era um programa que se ouvia determinadas figuras do mundo pol tico do Cear a o sujeito fazia a pergunta e ele respondia Este programa foi conduzido pelo Jo o Jacques se eu n o me engano pelo Jo o Jacques que foi quem redigiu o programa Ent o o programa era muito interessante porque ele despertava uma curiosidade muito grande nas pessoas pra saber quem era o entrevistado Fazia a entrevista fazia as perguntas e a pessoa respondia sempre no sentido cultural As festas 7 de setembro 15 de novembro sempre elas eram recheadas de de de de entrevistas de n meros com o o o Sete de Setembro Por exemplo o col gio 7 de Setembro do doutor Edilson Brasil Soares fazia programas interessant ssimos sobre o Sete de Setembro sobre a hist ria do Brasil e tudo isso O 15 de novembro tamb m era bem comemorado as datas mais importantes do pa s n o eram esquecidas na r dio Eu acho que era exatamente esse tipo de coisa de programa de sentido cultural em que havia uma participa o da do que tinha de melhor da 184 intelectualidade cearense assim O nome do programa eu n o tenho
60. cultural al m de ideologia poderia servir aos anseios dos dominados uma express o deformada funcionalizada mas capaz de ativar uma mem ria e de coloc la em cumplicidade com o imagin rio de massa O que ativa essa mem ria n o da ordem dos conte dos nem sequer dos c digos da ordem das matrizes culturais Palavras geradoras prestes a se revelar As matrizes culturais seriam o substrato de constitui o dos sujeitos sociais Substrato situado bem mais al m dos contornos objetivos que delimitam o racionalismo instrumental e das frentes de luta consagrados pelo marxismo E o elo entre a cultura de massa e a cultura popular seria conseguido atrav s de media es como os meios de comunica o Quando fala em melodramas e novelas por exemplo Martin Barbero interpreta o gosto do povo por esses g neros como se pertencesse a matrizes culturais que serviriam de resist ncia domina o Martin Barbero desloca assim o sentido educativo da comunica o do emissor para o receptor ao identificar no ltimo o instrumental necess rio constru o de novos sentidos atrav s de suas matrizes culturais Um exemplo seria o apego dos latinoamericanos ao g nero melodrama cristalizado no sucesso das radionovelas cubanas das d cadas de 1940 e 1950 antecessoras do faz de conta das telenovelas de exporta o brasileiras o reconhecimento do filho pelo pai ou da m e pelo filho o que move a trama se
61. de Siqueira membros do Conselho Fiscal dr Jos Martins Rodrigues Secretario do Interior dr C sar Cals presidente da Assembl ia Legislativa e banqueiro Jo o da Frota Gentil Inscrevei vos como s cio acionista A o 1008000 Brevemente instalar a sua grande esta o R dio Difusora 67 A Sociedade atrairia gente bem situada na sociedade fortalezense Destaque para o banqueiro Jo o da Frota Gentil Para efeito comparativo lembremos que Valdemar Caracas comprou seu primeiro aparelho receptor por um conto e quinhentos mil r is pagando presta es mensais de 250 mil r is A cota de acionista da Sociedade R dio Cearense foi estipulada em cem mil r is E alguns nomes que participaram da funda o da Sociedade s o nosso velhos conhecidos Diogo Vital de Siqueira e C sar Cals tamb m aparecem em iniciativas de funda o de outras sociedades de radiodifus o como descrito anteriormente Note se tamb m que a grande nfase das sociedades deixa de ser a promo o de reuni es de audi o e passa a ser de forma pragm tica a montagem de esta es retransmissoras de r dio talvez j estando mais claros o sentido pol tico da utiliza o de uma emissora de r dio Tr s meses depois a edi o do Correio do Cear de 6 10 1936 traz na se o Ou am o R dio a programa o da Cear R dio Clube para o dia Ou am o R dio Ter a feira 6 de out Berlim D J N 31 45 M e D J Q 19 63 M horas 1850 Annuncio
62. de meia camisa ou ent o de pessoas outras que se apresentam descal as Ora isso n o se coaduna absolutamente com os f ros de cidade civilizada de que desfruta a nossa Fortaleza Seria interessante sr redator que o seu jornal pedisse as vistas do Inspetor do Transito sobre esses fatos pois bem desagradavel ter que sentar ao lado de um individuo descal o de roupas sujas e exalando suores f tidos Agradece pela publica o destas linhas UM PREJUDICADO Correio do Cear 13 5 1943 Do Rio de Janeiro o cronista Genolino Amado escreve uma cr nica para o Correio do Cear edi o de 14 7 1943 sobre a presen a do radiodrama nas programa es das emissoras Percebe se que a onda das radionovelas ainda n o havia chegado com toda 151 sua for a programa o da Cear R dio Clube No entanto no Rio de Janeiro com as emissoras de r dio consolidadas e com a orienta o do regime varguista em impulsionar certos valores nacionais atrav s dos dramas as radionovelas deviam ser bastante presentes na estrutura da programa o das emissoras sobre esse talvez excessivo espa o dado ao g nero radiof nico que fala Genolino E que talvez n o tardasse a ser uma realidade tamb m na Cear R dio Clube Na verdade o que significa esse repentino e estranho retorno sentimentalidade perdida Por que a poetiza o da dor quando ela j constitue no espetaculo da guerra a nossa reali
63. desmontar sua pretens o de ser a nica cultura digna desse nome em nossa contemporaneidade E o que mais animador as maiorias latinoamericanas est o de alguma forma adentrando a modernidade sem abril m o de sua cultura oral Ao adentrar a modernidade ocorrem transforma es no cotidiano dessa maioria especialmente das novas gera es cuja leitura j n o corresponde linearidade verticalidade do livro mas a uma aun confusa pero activa hipertextualidad que desde alguna parte del comic del videoclip publicit rio o musical y sobre todo de los videojuegos conducen la navegaci n por internet Como seguir entonces pensando separados memoria popular y modernidad a no ser que la modernidad se piense aun ilustradamente anclada em el libro quando en la Am rica Latina la din mica de las transformaciones que calan en la cultura cotidiana de l s mayorias proviene mayormente de la desterritorializaci n y l s hibridaciones culturales que propician y agencian los m dios masivos p 94 55 Frente resist ncia da escola acontece uma confus o de sentidos Estar amos ante a um sistema e uma experi ncia escolar que n o somente deixam de ganhar os adolescentes para uma leitura e uma estrutura enriquecedoras de sua experi ncia mas que desconhecem a cultura oral enquanto matriz constitutiva da cultura viva e da experi ncia cotidiana entre os setores populares Chegando a confundir e reduzir esse fato a uma compree
64. e educa o fundamental para se compreender esse processo essa hist ria que se quer contar aqui Abstract The most spread historiography about the begining of the radio activities in Brazil disseminates their educative orientation standing for Edgard Roquette Pinto actuation He was an educator from Academia de Ci ncias da Escola Polit cnica Rio de Janeiro who managed the first brazilian radio station R dio Sociedade do Rio de Janeiro in 1923 By knowing that it sounds that the relation between comunication and education is not new on brazilian scenarium This widely spread historiography about national radio however was influenced by the states of Rio de Janeiro and S o Paulo economic and political centralism the history has nearly always been told by the rich Former radio s actuation in other regions and states is a said to be story Once in a while there is a little initiative that tries to fill this empty This work is a try to fill it still on about the radio s history in Cear state And it tries to understand how this comunication vehicle was introduced in the state exactly from the relation between comunication and education In order to do that it analyzes the year of 1934 when the very first official radio station began to work Cear R dio Clube to the year of 1948 when the second official radio station was installed R dio Iracema de Fortaleza The main point that analyses the relation between comun
65. ele gravado n o Mas eu sei de participa o muito intensiva da popula o nesse programa Jos J lio Era um lazer mas o r dio na poca era um pouco mais educacional n Os locutores daquela poca quando eles iam fazer um teste eles tinham que saber um pouco de ingl s um pouco de franc s Santiago Freitas N o recordo assim n o penso que existia isso n o havia um por exemplo programas musicais que de certa forma educavam m sicas cl ssicas mas n o havia um a n o ser um programa educativo que pera programa educativo mas n o lembro muito n o mas a programa o de uma forma geral n o se preocupava com isso n o e se preocupava sem dizer Eu tava lembrando nessa poca por exemplo do meu pai eu n o via isso especificamente mas havia uma uma um como se diz um tipo de programa o que induzia a que se pensasse que ela estava educando os ouvintes A parte mais de educa o veio nascer no r dio depois dos anos cingiienta come aram a aparecer programas orientando as pessoas n o assim dizendo como que uma pessoa deve escrever mas uma cultura de maneira geral quando anunciava por exemplo um programa que anunciava um ia anunciar uma m sica e dizia falava explicava como que era havia os chamados programas montados que n o eram assim e agora cultura pra voc n o era um programa que era cultura sem dizer que estava fazendo cultura era isso que ac
66. entre governante e governados entre governante e povo Uma das justificativas seria a pr pria natureza do Estado que segundo os argumentos de Chico Campos estaria envolto pelo campo popular Democr tico a o tema poderia render uma boa discuss o Mas o popular era bem vindo Esse tra o resulta ali s do anterior somente um Estado que se encarna num chefe pode ser um Estado popular O Estado sem chefe uma entidade para juristas algebristas e especuladores da pol tica da bolsa da ind stria e da finan a interessados em que o Estado seja amoral apol tico neutro indiferente uma disponibilidade a ser usada nas combina es ou na concorr ncia de interesses O povo como o Criador n o conhece o Estado desencarnado reduzido a s mbolos e esquemas jur dicos O Estado popular o Estado que se torna vis vel e sens vel no seu chefe o Estado dotado de vontade e de virtudes humanas o Estado em que corre n o a linfa da indiferen a e da neutralidade mas o sangue do poder e da justi a O povo e o Chefe eis as duas entidades do regime O Estado do povo e para o povo e por isto um Estado de chefe porque o povo como todos os criadores representa sob a forma humana da pessoa o poder digno de ser amado e obedecido o poder animado do esp rito de prote o de justi a e de eq idade idem p 193 Ou seja demarca se claramente a rela o do fluxo de poder O povo tem o poder Mas o poder sem o chefe n
67. experi ncia no meio r dio educativo nacional no r dio est a nica solu o contra a ignor ncia completa de grandes grupos da popula o do Brasil nos 182 pr ximos 10 ou 15 anos Com incapacidade econ mica para dar escola o Brasil um pa s que se pode chamar de privilegiado neste meio moderno de comunica o com a massa ainda n o est encarando tais possibilidades como devia estar Continua desperdi ando um ve culo maravilhoso para o seu progresso aceitando iniciativas que muita vez s o deseducativas tolerando o emprego de uma for a que sua que concedida a t tulo prec rio a particulares justamente contra o exerc cio de uma das suas fun es a educa o do povo transitou pela C mara dos Deputados um Projeto de C digo para a radiodifus o nacional O deputado Afonso Arinos de Melo Franco achou o inconstitucional A coisa parece que morreu Mas segundo ele j tempo dos representantes do povo tratarem desse assunto O Brasil precisa de olhar com muito mais cuidado e mais carinho para o seu r dio Ao se infira dessa afirmativa que desejamos um r dio meramente educativo no sentido err neo que via de regra se empresta radiodifus o educativa No C digo de tica do R dio norte americano diz que nenhum programa deve deixar de conter elementos morais e educativos A ONU e a Unesco querem criar uma rede mundial pois acham que o r dio o ve culo mais eficiente para atingir
68. foi e como continua sendo ainda quando n o est o em jogo os seus interesses radiof nicos Esses interesses porem ficam acima de tudo E s depois de satisfaz los com os nervos abalados se lembram das obriga es que n o cumpriram A consciencia pesa nas almas e nos lares Para alivia lo formam se disposi es heroicas de abandonar a obsess o romantica h juras silenciosas uma afirma o do espirito contra o fascinio entorpecente do radio A vida social est acabando nas classes medias do Rio por culpa da novela O mais intimo dos seus compadres n o o ouvir o leitor pois tem de escutar o radio teatro Correio do Cear 17 11 1943 Qual seria o sentido da produ o dos radiodramas Por que eles chegam t o pr ximos de segmentos populares Qual a rela o entre r dio teatro e cotidiano Como esses segmentos incorporam as mensagens das radionovelas Estariam merc do direcionamento dado pelo governo Vargas utilizando se do radiodrama para disseminar valores de seu projeto de na o At que ponto as radionovelas serviriam de propaganda ideol gica Martin Barbero realiza uma discuss o sobre esses aspectos que envolvem produ o e percep o do radiodrama Para ele nem tudo repress o Ele introduz a no o de popular pelo consumo que faz coro ao o consumo serve para pensar de Canclini quando esse compreende o processo de consumo como algo mais complexo em que
69. foi um dos maiores criminosos do Cear Foi Idalino ele vivia l dentro da r dio Todo mundo frequentava Voc chegava l na r dio frequentava batia papo e conhecia Deus e o mundo todo mundo gostava de bater papo com a gente tinha os programas de audit rio n o Eu tive no r dio no r dio na Cear R dio Clube houve o seguinte porque quando eu fui para o microfone eu fiquei vamos dizer conhecido foi quando vieram as elei es para prefeito de Fortaleza poca Acr sio Moreira da Rocha e o pessoal do Partido Republicano e eu j era de esquerda tamb m ligado ao Partido Comunista o pessoal perguntou se eu n o queria ser se eu n o queria ser vereador eu fui talvez o primeiro vereador radialista do Cear naquela poca A eu digo bom eu vou eu vou consultar e me empolguei com a hist ria e acabei aceitando a minha candidatura a vereador de Fortaleza Quando eu fui o Paulo Cabral disse Bom voc se afasta da r dio porque voc n o poder ser locutor e n o pode ser vereador e candidato a vereador voc fica afastado T bom eu me afastei me candidatei e realmente fui o terceiro vereador o terceiro ou quarto vereador mais votado na poca em Fortaleza O r dio Foi um fator fundamental Eu tive dois fatores fundamentais um a a minha condi o de homem de r dio o pessoal me conhecia a minha voz essa coisa toda outra porque eu era irm o do Adail Barreto que era deputado estadual pe
70. havia um beijo a pessoa dava no pr prio bra o Devido censura quem organizou Mariano Rodrigues Martins colega de Caracas na Via o Depois foi Secret rio de Educa o O DIP tinha um programa Eu n o tinha o meu programa O meu programa era noticiarista era todo escrito O do DIP devia ser escrito tamb m s vezes a gente sa a fora do script n Mas no geral o programa era escrito escrito Mas DIP n o comigo n o Ele Marino Rodrigues Martins que fazia o programa do DIP n o tinha essas culturas n o mas botaram ele Ele foi secret rio Deve ter a um grupo deve ter um grupo voc pode procurar o nome dele que ele foi secret rio de educa o Ele n o era essas culturas todas mas era um rapaz inteligente escrevia na Gazeta de Not cias que era um matutino que n s t nhamos aqui Ele escrevia na Gazeta E trabalhava na estrada de ferro Estruturado em torno da centraliza o a inst ncia federal do governo incorpora os estados membros como se fora sat lites de seu projeto de Estado nacional Prova disso a nomea o de interventores para os governos estaduais Prova tamb m a cria o de rg os p blicos chaves do governo federal como r plicas nos estados como o caso dos departamentos estaduais de Imprensa e Propaganda evidenciando a preocupa o do governo central a esse per odo com a pol tica de informa o Pol tica quase sempre vinculada a preceitos de doutrina o
71. hist ria do r dio do Cear precisa ser contada n o bem essa n o O r dio come ou em 1924 Em 1924 j existia uma esta o funcionando aqui uma esta o pequena havia uma sociedade Sociedade Cearense de R dio Essa que a verdade Isso ai que precisa ser bem contado depois eu j andei escrevendo sobre isso e eu pausa fico at em d vida eu eu dou a idade da Cear R dio Clube 70 anos Isso em 2004 mas eu tenho a impress o vai completar agora em maio eu tenho a impress o de que preciso rever esse per odo mas eu num n o estou muito animado n o porque eu estou 26 primeiro reunindo documentos pra pra poder ver o que que eu devo contar Ao largo desse debate a R dio Educadora Cearense se posicionava pelo menos na denomina o s iniciativas nacionais de utiliza o do novo ve culo de comunica o e que vislumbravam uma orienta o educativa para o r dio Alguns elementos que caracterizam a entrada do r dio no Brasil apontam para uma tentativa de supera o da ignor ncia social como afirma Patr cio 1999 Assim a hist ria do que seria a radiodifus o educativa brasileira tenderia a coincidir com a hist ria da pr pria radiodifus o no pa s O in cio oficial da radiodifus o no Brasil se deu durante as comemora es do centen rio da independ ncia Um discurso de Epit cio Pessoa durante a inaugura o da Exposi o Internacional do Centen rio da
72. hist ria que eu sei o seguinte o Chateaubriand estava no seu expansionismo estava colocando esta es em todo o Brasil e o Cear onde ele j tinha dois jornais tinha o Unit rio e o Correio do Cear o o o trip para formar essa rede de comunica o seria uma esta o de r dio bvio n o tinha nada Ent o ele ele procurou o Jo o Dummar e disse o seguinte ao Jo o Dummar essa a vers o que eu sei que ele estava disposto a comprar aquele dissesse quanto era que ele pagaria pela esta o N o tinha n o tinha prob pre o n o tinha problema Dissesse quanto era ele queria a esta o Ai ele ele N o mas eu n o quero vender e tal ai o Chateaubriand disse N o eu eu se se voc ou o senhor n o sei qual foi o tratamento n o me vender eu estou animado a botar outra esta o aqui n o tem problema nenhum E realmente como depois vieram outras esta es n Mas eu vou botar uma esta o de r dio eu preferia comprar a sua com nfase esta o de r dio ai ele realmente n o n o n o n o n o quis lutar porque ele n o era um homem ele era ele era um comerciante ele n o era um homem de carreira radiof nica Ai o Chateaubriand tava fazendo era uma rede em todo o pa s Ent o ele o o o o o Chateaubriand vinha pra ser um concorrente vinha pra ser melhor realmente e trazer outro outro status outra maneira t cnica outra maneira art stica de fazer
73. levantamento dos dados deu se entre os anos de 2003 e 2004 nos arquivos do Instituto Hist rico Art stico e Geogr fico do Cear e Biblioteca P blica Menezes Pimentel Foram selecionadas do jornal Correio do Cear no per odo de 1928 e 1948 todas as mat rias que tivessem alguma rela o com a implanta o do r dio no estado Como nossa inten o era fazer uma rela o entre r dio e sociedade tamb m foram selecionadas mat rias que poderiam servir de subs dio para se estabelecer essa rela o Assim mat rias que constitu am referenciais sobre a cr nica hist rica de Fortaleza tamb m foram catalogadas Chegamos a um total de 946 mat rias selecionadas E fotos digitais foram feitas das mat rias que consider vamos mais significativas incluindo os an ncios de poca Ao mesmo tempo foram realizadas entrevistas com seis personagens que vivenciaram a poca de implanta o do r dio Cinco desses entrevistados na condi o de radialistas Valdemar Caracas Eduardo Campos Narc lio Limaverde Jos J lio Cavalcante Santiago Freitas e um entrevistado na condi o de pesquisador sobre a hist ria do jornalismo cearense Geraldo Nobre As entrevistas foram gravadas em udio e v deo Os roteiros das entrevistas obedeciam duas orienta es A primeira eram realizadas entrevistas para reconstitui o de hist rias de vida em que o r dio entrava como um dos elementos A segunda orienta o do roteiro de entrevista se fixav
74. mesmo no pr prio ambiente da comunica o A id ia de compreender na sua completude o vi s educativo do ecossistema comunicacional 201 Se partimos do princ pio de que todo receptor ativo e mais do que isso que pelo consumo que se realizam as media es desse receptor aqui no caso atrav s dos meios de comunica o de massa perceberemos que os meios de comunica o carregam em si caracter sticas que apontam para um princ pio educativo de suas mensagens Princ pio educativo entendido aqui como um processo em que uma determinada mensagem percebida processo que desloca sentidos possibilita media es Ali s se formos adiante nesse esfor o de elabora o poder amos afirmar que se determinada mensagem percebida seja ela de forma pessoal e intimista interpessoal ou mesmo coletiva ou seja atrav s de qualquer meio e mesmo se pensarmos que o intimista tamb m perpassa o interpessoal e o coletivo essa mensagem carrega em si potencialidades de princ pio educativo antes de tudo porque percebida O simples processo de perceber evidencia um deslocamento de sentidos o estabelecimento de media es Inclui se aqui mesmo a comunica o emocional Amplia se a partir de Freire 1988 p 70 o sentido que possa ter a comunica o Para ele a comunica o implica na sic compreens o pelos sujeitos interlocutores do conte do sobre o qual ou o prop sito do qual se estabelece a rela o comunicativa
75. na rea da educa o para a comunica o o que compreende desde posturas defensivas de cunho moralista at projetos que se caracterizam por implementar procedimentos voltados para a apropria o dos meios e das linguagens da comunica o por parte das crian as e jovens Verifica se por outro lado uma crescente tend ncia de se buscar sustenta o te rica para tais programas nos resultados dos chamados estudos de recep o Nesse sentido ainda que o destino dos estudos das audi ncias n o seja principalmente o uso pedag gico os educadores o tomam como parte integrante de seu acervo de dados e informa es Q A rea da media o tecnol gica na educa o compreendendo os procedimentos e as reflex es em torno da presen a e dos m ltiplos usos das tecnologias da informa o na educa o A rea da media o tecnol gica na educa o vem ganhando grande exposi o devido r pida expans o dos sistemas de educa o tanto o presencial e quanto o a dist ncia Sabemos que os recursos tecnol gicos cl ssicos como o r dio e a televis o tiveram dificuldade de ser absorvidos pelo campo da educa o especialmente por seu car ter l dico e mercantil Tal fato foi o principal respons vel pela resist ncia dos educadores em dialogar com as tecnologias O computador veio abalar essa dicotomia pois possui em si mesmo os meios de produ o de que o pequeno produtor cultural o aluno e o professor necessitam para seu trabal
76. na cadeira sentou no espaldar da cadeira n Ai eu pausa fiz a leitura iniciei a leitura pa pa Eu n o li a metade da lauda da p gina e eu vi eu n o tava vendo enxergando ele n Eu acho que eu n o estava enxergando com medo de que ele desistisse da leitura n verdade Ai eu botei o papel aqui na frente e eu tava quando eu vi aquela m o gorda baixar assim Bom eu t eu t morto Baixou A pergunta dele l pausa eu vou repetir Voc quer vir trabalhar aqui Eu disse Quero Ent o amanh s 9 horas voc esteja aqui Voc come a amanh s 9 horas Foi assim que eu reingressei na Cear R dio Clube Eduardo Campos fala tamb m sobre a introdu o dos notici rios na Cear R dio Clube que propiciou novas formas de rela o com o ouvinte quando come ou o notici rio o notici rio deu um status muito grande valorizou muito a not cia a comunica o deu uma valoriza o que isso precisa ser estudado Porque isso a deu uma proje o muito grande import ncia do r dio O r dio passou a ter uma import ncia Naquele tempo todo mundo corria para ver jornal quer dizer n o tinha not cia em r dio Tinha um notici riozinho no tempo do Peteleco do tempo do pr prio Waldemar Caracas que era um notici rio pequeno mas mas nada assim que chamasse a aten o Ent o n s quando instalados fizemos o Matutino PRE 9 que foi o primeiro jornal
77. o ella a mais cruel das que t m empolgado a Am rica Latina Entretando for a confessar que para a imprensa tem sido amarga como fel E que o diga o pr prio Macedo Soares que escapou de ser trucidado no assalto s officinas do do Di rioo Carioca A censura recrudesce Agora tendo a Assembl ia Nacional Constituinte de 1934 como resson ncia A orienta o do Correio do Cear se modifica como demonstra uma mat ria da edi o de 22 6 1934 A manchete da mat ria escancara o posicionamento do jornal Diz ela O dictador est orientando a censura imprensa e o texto complementa Moralmente impedido de fazer reformas e testamentos Na sess o de hontem da Constituinte o sr Henrique Dodsworth protestou contra a censura descabida que o governo est fazendo imprensa chegando ao ponto de censurar a manchete de hontem de O Globo que dizia apenas Depois da ltima resolu o da Assembl ia o governo provis rio est impedido moral e juridicamente de fazer reformas e testamentos Sabe se por declara o de v rios deputados entre os quaes o sr Mozart Lago que o pr prio Sr Get lio Vargas est orientando a censura Foi em seguida enviado meza um requerimento pedindo a suspens o da censura E n o tardaria a censura chegar tamb m ao r dio 45 FALA RSC samba Jos Evangelista Canta Aurora Miranda 1933 A maioria das emissoras de r dio na d cada de 30 era formada por R dio
78. o de censura implacavel que n o transigia com a mais liquida verdade desde que ella n o servisse aos propositos governamentaes Por isto porque n o nos deixaram o direito de dizer o que pensavamos e o que convinha fizemos no primeiro dia da coac o versar o nosso artigo mestre sobre flores Inda repetimos esse artigo para tornar bem claro que denunciavamos por uma antithese a restric o em que abusivamente nos punham N o h vantagem em dizer ao ser pensante n o fales Porque ningu m poder jamais impedir que ele pense e o pensamento possui uma for a de expans o t o grande t o incoercivel que prescinde do papel e da tinta para propagar se com rapidez e efficacia Quando o cora o referve at os mudos s o eloquentes Parece que n o era bem isso que pensavam os novos donos do poder O mesmo Correio do Cear estampa apenas uma semana depois na edi o de 27 10 1930 a not cia de uma reuni o que estaria bem aqu m de suas expectativas quanto ao governo de Get lio Vargas A mat ria afirmava que os representantes de todos os jornais citatinos compareceram ao quartel federal onde foram aconselhados a adotarem a censura de imprensa na parte do notici rio telegr fico No entanto o texto informa que Os jornaes ficam entretanto com absoluta liberdade quanto exposi o de suas id as doutrinarias Mas a imprensa escrita compreendendo o momento por que vivi
79. o povo que muitos estudiosos enxergam como um dos momentos de maior populismo no Brasil As transforma es estruturais da sociedade da poca n o passaram despercebidas aos olhos de Chico Campos A percep o de que uma nova cultura uma cultura de massa estava emergindo uma constante em suas an lises A conforma o que essa nova cultura de massa toma na sociedade e as repercuss es frente os destinos do projeto de Estado nacional tamb m fazem parte das observa es argutas de Chico Campos Da suas considera es sobre a nova opini o p blica que emerge desse processo e os reflexos no modelo de comunica o que incorpora seu pensamento sobre o pr prio papel da comunica o social Explicitando sua verve estrategista Chico Campos tamb m lan a suas id ias sobre a percep o de liberdade e em decorr ncia os procedimentos de censura vinculados produ o da informa o Uma preocupa o educativa com o conte do da produ o da comunica o tamb m uma boa discuss o A compreens o ideol gica de Chico Campos acerca do projeto pol tico implantado por Vargas em 1930 antes e na continuidade de seu exerc cio em 1937 com a implanta o do Estado Novo revelada emocionalmente em entrevista concedida imprensa em 1938 Do que ele Vargas realizou o mais importante n o o que os olhos v em mas o que o cora o sente com ele o Brasil sentiu pulsar pela primeira vez a voca o da
80. o vale nada Da que inutilmente o povo exerceria sua influ ncia se 12 na chefia de governo n o estivesse algu m que compreendesse os anseios do povo Essa era a tarefa de um chefe popular Ao povo o poder ao chefe de governo o poder de entender o povo A a o protagonista de governar se situa na esfera de atua o do chefe popular E n o nas eventuais press es que o povo venha a realizar para fazer valer o seu direito As raz es para justificar o golpe tamb m j apontam para o processo de centralismo que viria a acontecer e a hipertrofia do poder executivo frente atua o dos outros poderes da Rep blica De resto a incapacidade do Poder Legislativo para legislar hoje um dado definitivamente adquirido n o s pela ci ncia pol tica como pela experi ncia das institui es representativas em quase todos os pa ses do mundo inclusive nos de tradi o parlamentar Ora a legisla o uma das fun es essenciais do governo Se o rg o incumbido de legislar se demitira da sua fun o cumpria substitu lo urgentemente por outro processo capaz e adequado de legisla o idem p 47 E a compreens o sobre a desnecess ria atua o do poder legislativo se torna mais clara atua o que resvala para uma compreens o digamos melanc lica da a o legislativa E o ambiente se torna perfeito para a atua o de quem sonha com um Brasil novo Em que a figura de um chefe popular poderi
81. ou informal Noutros casos poucos mas expressivos ocorre uma n tida tend ncia de aproxima o com a educa o formal A orienta o educativa tamb m estava presente num processo mais amplo O surgimento de uma nova tecnologia e sua apropria o pela sociedade mobiliza uma intera o que abre uma perspectiva de ado o de novos h bitos novos costumes outras percep es novas sociabilidades Embora esse processo interativo que se estabelece entre tecnologia e sociedade n o seja uniforme N o se trata claro de retornar s den ncias paran icas s concep es conspirat rias da hist ria que acusavam a moderniza o da cultura massiva e cotidiana de seu um instrumento dos poderosos para explorar mais A quest o entender como a din mica pr pria do desenvolvimento tecnol gico remodela a sociedade coincide com movimentos sociais ou os contradiz H tecnologias de diferentes signos cada uma com v rias possibilidades de desenvolvimento e articula o com as outras H setores sociais com capitais culturais e disposi es diversas de apropria o delas com sentidos diferentes CANCLINI 2003 p 308 Assim que se estabelecem duas inst ncias na abordagem educativa da Cear R dio Clube Numa uma inst ncia mais ampla macro compreende se que a inova o tecnol gica assumida pelo r dio gera um estranhamento inicial mobilizador de novas percep es que podem se configurar em novos h
82. palavra deve estar incorporada ao experi ncia vivida de quem a escuta para que se torne expressiva significativa E essa percep o reflete novamente no processo de produ o Quanto mais centralizado maior a probabilidade de que sua linguagem esteja afastada das experi ncias vividas por seus ouvintes Da a cr tica que se fazia ao Mobral e suas palavras geradoras definidas nos est dios da R dio MEC em Bras lia Outra possibilidade de deslocamento de sentidos pela linguagem radiof nica est relacionada sua pr pria estrutura Uma linguagem que seja excessivamente assertiva sem deixar brechas ou possibilidades de d vidas corre o risco de condicionar o processo de recep o Em sentido contr rio quando a linguagem radiof nica apela para constru es que questionam que levantam d vidas que geram inquieta es no momento de percep o h uma propens o de que possam ocasionar reflex es por parte da recep o Um formato bastante utilizado para concretizar essa id ia a linguagem constru da por interroga es A pedagogia da pergunta As caracter sticas t cnicas do pr prio meio tamb m condicionam a linguagem radiof nica no caso espec fico para o alcance de uma comunica o educativa Um princ pio prim rio invariavelmente est presente nos princ pios da constru o dessa linguagem o que faz refer ncia impossibilidade a princ pio de se ouvir mais de uma vez o que foi irradiado Dife
83. porquanto a PRE 9 era a nica emissora de r dio pelo menos legalizada de Fortaleza Revela a aproxima o entre os interesses comerciais e o conte do da programa o da emissora predispondo contradi o entre a orienta o educativa e a orienta o publicit ria da radiodifus o ambas contidas em seus estatutos Mas tamb m revela que mesmo sob o julgo do monop lio existiam vozes dissonantes quanto ao conte do da programa o E se existiam vozes dissonantes porque havia uma recep o cr tica ao que era veiculado possibilidades de media o 63 M o diga RADIO diga PHILI Correio do Cear 21 3 1935 O primeiro registro de uma grade de programa o da Cear R dio Clube veiculado pelo Correio do Cear em suas edi es de 12 e 13 3 de 1935 ter a e quarta feira respectivamente A grade do dia 12 trazia 19 15 An ncio DJA alem o portugu s can o popular alem 19 20 M sica e Atualidade 19 45 ltimas Not cias em alem o 20 00 Do transmissor nacional de Leipzig uma hora na terra natal 21 00 A ind stria alem e a paisagem thuringua fala Kurt Mattusch 21 15 ltimas not cias em portugu s 21 30 M sica de c mera octeto de Franz Schubert p instrumentos de corda e sopro op 166 Hanz Priegnitz 22 15 Uma hora com livros 22 30 Um concerto medida do desejo 23 00 Leitura do programa alem o portugu s Despedida DJA alem o por
84. presumo n o tenho nada contra isso esquerdista Mas ele era esquerdista e ele e ele implicou l achou ou disseram a ele que eu era integralista contr rios a Get lio Vargas E ele e ele me tomou como fascista Essa coisa estava muito acesa no Brasil n E e e pausa e o Jo o Dummar me chamou depois de trinta dias se sua entrada na PRE 9 atrav s de concurso me chamou pra me despedir Eu fiz trinta dias ele chamou disse oh que lamentava muito ele ele se dava comigo o Jo o Dummar ele gostava muito de mim Mas olha ele falou Eu lamento e tal mas o o o diretor art stico o o seu Dermival Dermival Costalima acha que voc n o tem voz para o r dio voc n o leva jeito essa coisa cada um tem a sua profiss o e tudo e lamentavelmente n s estamos lhe dispensando E eu T muito bom E eu fiquei triste n mas triste mesmo tom s rio Agora eu gosto de explicar sempre na hora nem eu era integralista nem o Artur Eduardo Benevides foi tamb m integralista nada disso lembrar que nas elei es municipais de 1936 Pacatuba onde cresce Eduardo Campos elege como prefeito Eduardo Benevides presume se o Joaquim pela A o Integralista Brasileira AIB Os irm os dele que eram faziam o Anav a a a a Maria Jos Benevides a Ruth Benevides o Joaquim Eduardo Benevides que j morreu o Fernando Benevides esse pessoal todo fazia parte vestia aquela roupa verde e tudo mas
85. prioriza o estudo das pr ticas educomunicativas a partir das a es desenvolvidas no mbito acad mico tenta ser recuperada por Peruzzo s d www usp br nce que trabalha na an lise de processos educomunicativos na espera dos movimentos sociais populares organiza es n o governamentais e terceiro setor Ambito da educa o informal quando as pessoas se mobilizam se organizam ou se envolvem em organiza es j existentes para assegurar a observ ncia dos direitos fundamentais da pessoa humana e ou para tratar de tem ticas sociais mais amplas que dizem respeito ao conjunto da sociedade como por exemplo quest es relativas ecologia constru o da paz e da pr pria vida no planeta Assim vincula as pr ticas educomunicativas a uma educa o para a cidadania cidadania compreendida enquanto a direitos no campo da liberdade individual liberdade igualdade locomo o e justi a b direitos de participa o no exerc cio do poder pol tico participa o pol tica em todos os n veis elei es plebiscitos participa o em rg os de representa o tais como sindicatos movimentos e associa es c direitos sociais direito e igualdade de usufruto de um modo de vida digno atrav s do acesso ao patrim nio social ligado ao consumo ao lazer condi es e leis do trabalho moradia educa o sa de a aposentadoria etc Novamente o novo campo de interven o social se aproxim
86. propaganda justificando sua ades o prematura ao campo dos apocal pticos da rea O Parlamento teria perdido a sua import ncia como institui o representativa medida que os modernos instrumentos de propaganda se apoderaram da opini o p blica As institui es p blicas dependentes pela sua origem e pelo seu funcionamento da opini o p blica passaram a depender da propaganda e portanto em primeiro lugar da Imprensa 80 A defesa da forma o de um Estado nacional forte lan a elementos para se entender a compreens o de Chico Campos sobre a rela o entre meios de comunica o de massa e forma o da opini o p blica O que o coloca em sintonia com os frankfurtianos Ora a imprensa dominada economicamente por interesses privados coloca se fatalmente ao servi o desses interesses na sua fun o de influir sobre a opini o p blica porque o que aqueles interesses t m em vista atrav s da imprensa precisamente a sua apresenta o sob a forma ou a apar ncia do poder p blico N o que eu atribua Imprensa ou aos homens de imprensa o prop sito deliberado de transfigurar em interesses p blicos os interesses particulares que alimentam a publicidade o fato decorre da natureza econ mica da empresa idem p 98 Da o papel do Estado tamb m na conforma o do sistema de funcionamento dos meios de comunica o de massa Somente o Estado estaria em condi es de arbitrar ou de exe
87. que seria o profissional respons vel por fazer a articula o entre as duas reas no processo de produ o da comunica o Para chegar ao perfil desse profissional foi realizada uma pesquisa pelo N cleo de Comunica o e Educa o NCE da Escola de Comunica es e Artes ECA da Universidade de S o Paulo USP A pesquisa foi realizada entre 1997 e 1998 Dela participaram 178 especialistas representando 12 pa ses da Am rica Latina Os dados partem do Diret rio Latino americano de Pesquisadores e Especialistas em Comunica o e Educa o formado ao longo dos anos 80 e 90 totalizando 1 200 nomes 206 de produtores culturais arte educadores tecn logos professores pesquisadores e profissionais de comunica o e de educa o de toda a Am rica Latina A rela o desses profissionais com a educomunica o se situa na esfera da produ o acad mica por seu trabalho como coordenadores de programas e projetos na rea da comunica o educativa e por sua participa o em congressos voltados ao mesmo assunto Note se que o levantamento parcial uma feita que embora a produ o acad mica possa ter articula o com o que desenvolvido pelos movimentos sociais ineg vel que muitas das experi ncias que poderiam ser consideradas educomunicativas sob a tica de Soares n o t m acesso ao Diret rio O question rio respondido por 178 especialistas indagava basicamente sobre a natureza da inter rela
88. r dio diferente da que ele fazia Ent o ele foi obrigado a vender As condi es foram timas ele vendeu foi bastante dinheiro eu n o sei quanto Jo o Dummar como parte da venda recebeu 30 mil an ncios gratuitos da emissora que agora era Di rios Associados N o eu analiso eu eu acho que essa vers o do Chateaubriand a vers o correta 162 mesmo Porque olhe e o e o e o e o Dummar era um homem o Jo o Dummar era um homem inteligente O Jo o Dummar percebeu ele por que que ele comerciante e tal ele ia ficar com um brinquedo na m o dele Ele descobriu cedo acredito eu esse meu testemunho que ele que ele que o r dio o r dio n o podia ser apenas um um um objeto de amor de afei o O r dio e cada vez mais ia se profissionalizar Como realmente se profissionalizou Quer dizer n o podia ficar aquela coisa dele Porque o r dio antes foi isso n no ano antes do do do advento da inaugura o oficial da Cear R dio Clube funcionava a Cear R dio Clube como um vamos dizer uma institui o cultural era um sodal cio As pessoas iam l era era era o O 0 O O pianista da da da o Alu zio Pinto ia tocar outras pessoas iam declamar o r dio era dessa base o r dio n o podia se sustentar assim esse era o r dio do Roquette Pinto esse era o r dio idealista era um r dio rom ntico Mas esse r dio foi assassinado pelo r dio profissional pelo r dio que queria dinheiro o
89. r dio se tornou mercantilista n verdade Ent o n o podia O outro n o o outro era uma brincadeira O outro era familiar era um r dio familiar essa que a verdade Nota se na interpreta o de Eduardo Campos o cuidado em afastar de Chateaubriand quaisquer ind cios de press es com meios escusos para a aquisi o da Cear R dio Clube Ser que Jo o Dummar negociante que gostava de ganhar dinheiro que vendia discos para quem nem tinha vitrola temeria uma concorr ncia Ou antes a concorr ncia seria mais um est mulo E iria enfrent la talvez com os meios que j havia utilizado para afastar a concorr ncia de outros vendedores pracistas quando da instala o da PRE 9 em Fortaleza a partir dos an ncios dos produtos de sua Casa Dummar Para Jos J lio a hist ria simples N o a not cia que circulava ainda hoje a biografia do Jo o Dummar quem v a hist ria da biografia do Jo o Dummar sabe perfeitamente que ele n o negava que ele s vendeu a r dio porque foi obrigado a fazer isso porque ele n o estava ainda registrado como brasileiro e na poca n o podia ser diretor de r dio a pessoa que n o fosse brasileira ou brasileiro nato ou naturalizado ele tava com um processo na poca e o Chateaubriand tanto bateu tanto tanto pressionou que acabou comprando a r dio E a r dio ficou realmente muitos anos na m o dele Ainda hoje ainda hoje ainda hoje a Cear R dio Clube per
90. se as recentes inaugura es na radiodifus o como elemento educacional de r pida e econ mica presteza Os professores os 59 intelectuais mesmo os homens de neg cios muito t m de aprender nas p ginas deste livro que tamb m serve de excelente vade m cum para qualquer indiv duo que se disponha a vender aparelhos de r dio o que n o f cil quando n o se tem uma inicia o t cnica no assunto De resto mais um bom livro dentre os mais teis e modernos este que nos foi oferecido pelo representante da Companhia Melhoramentos de S o Paulo o sr Rodolfo Gurgel Ariosto Espinheira ocupou o cargo em comiss o na Se o de Museu e Radiodifus o do Departamento de Educa o do Distrito Federal e foi Secret rio da Comiss o R dio Educativa da Confedera o Brasileira de Radiodifus o No livro apresenta e descreve aspectos hist ricos e t cnicos relativos transmiss o radiof nica Em seguida demonstra as vantagens que pode oferecer a radiodifus o para o ensino dos jovens num pa s de tamanho continental como o Brasil Assinala que o r dio n o pode substituir o professor mas deve secundar lhe o pr prio trabalho Al m de apontar a observ ncia de determinadas t cnicas para obten o de melhor qualidade sonora na transmiss o Espinheira apresenta ricas sugest es de trabalho radiof nico em v rias disciplinas inclusive agricultura e horticultura l ngua estrangeira dramatiza o m sica e r
91. sistema educativo a uma rigidez da programa o dos meios de comunica o haveria uma correspond ncia tendo por base a rigidez curricular do sistema formal de ensino o modelo difusionista dos meios encontrava co rela o no modelo instrucionista da escola a padroniza o dos produtos consequ ncia da rigidez da programa o encontrava por sua vez a normaliza o dos sistemas de aprendizagem como caracter stica do sistema educativo j a regula o nacional da informa o no ecossistema comunicacional espelhava o controle nacional do sistema educativo e por 215 ltimo a passividade do consumidor receptor da comunica o encontrava no sistema educativo o apre o memoriza o dos conte dos A insurg ncia de processos sociais que caracterizam o que poderia ser chamada de uma sociedade da informa o baseada nas TICs e nas transforma es resultantes de sua inser o come am a abalar essa conviv ncia quase que pac fica entre ecossistema comunicativo e sistema educativo Tornero 2000b p 45 a 48 explicita como a sociedade da informa o estaria impactando o sistema educativo formal Inicialmente a escola deixa de ser a deposit ria privilegiada do saber pelo menos do saber considerado socialmente relevante A sociedade conta hoje com dispositivos de armazenamento classifica o difus o e circula o muito mais vers teis dispon veis e individualizados Desse modo tampouco as escolas ainda se sus
92. stas e individualistas e abrir se aos valores solid rios e comunit rios Compreens o forjada na necessidade da transforma o social da Am rica Latina ainda sob a domina o de chefetes pol ticos que utilizavam o poder como forma de enriquecimento il cito Ao final trata se de uma educa o radiof nica problematizadora em que o aprender a aprender torna se seu processo b sico como afirma Kapl n ainda citando Bordenave e numa clara alus o a Paulo Freire 1975 capaz de superar a compreens o imagin ria da realidade la comunicaci n y la educaci n tiene por objeto ayudar a la persona a problematizar su realidad tanto f sica como social Se busca estimular la inteligencia del hombre para que ella cres a en el sentido de hacer m s compleja su estructura y m s r pido y flexible su funcionamiento que se haga capaz de razonar por su cuenta de superar las constataciones puramente emp ricas e inmediatas de los hechos observados y desarrollar su propia capacidad deductiva KAPL N 1973 p 33 A import ncia do contexto nos processos de educa o radiof nica refor ada por Kapl n a partir da compreens o da educa o problematizadora Para ele um programa de r dio pode constituir se em um elemento til e v lido de educa o popular se parte da realidad social concreta del grupo humano al que se dirige ayuda a esse grupo a asumir y tomar conciencia de esa realidad y se identifica em s
93. suas fam lias e o histerlan cearense O Correio do Cear a 21 4 1943 noticia o movimento expansionista de Assis Chateaubriand na constru o de seu imp rio da comunica o Movimento que em breve ir repercutir nos rumos da Cear R dio Clube Essa mat ria divide se em tr s informa es s o anunciadas tr s novas emissoras da rede Tupi Guarani um telegrama vindo do Rio informa a aquisi o pelos Di rios Associados da R dio Educadora do Brasil a contabiliza o das esta es de r dio adquiridas pelos Di rios Associados Alguns trechos da mat ria Dentro em breve estar o no ar as novas emissoras da rede Tupi Guarani ZYC 7 ZYC 8 e ZYC 9 cuja constru o j foi ultimada pela Philips Somos O Correio do Cear j era propriedade dos Di rios Associados de Chateaubriand agora 20 jornais 4 revistas e 8 esta es 150 de r dio unindo os brasileiros pela palavra escrita e falada Rio 21 M Ontem tarde foram ultimados os entendimentos pelos quais os DIARIOS ASSOCIADOS adquiriram a Radio Educadora do Brasil As demarches iniciadas ha dias chegaram ao ponto definitivo Assim a P R B 7 incorporou se rede Tupi Guarani Como representantes dos DIARIOS ASSOCIADOS compareceram ao ato os srs Le o Gondim de Oliveira diretor D A Teofilo de Barros Filho diretor da Radio Tupi Martinho Luna Alencar e Jonas Gondim Nos escritorios da Radio Educadora foram recebidos pelo sr Alceu S Freire e d
94. sufr gio universal se mostraria assim um meio impr prio aferi o e cr tica das decis es pol ticas Estas se passariam em regi es remotas ou inacess veis compet ncia ordin ria do corpo eleitoral O problema atual n o seria pois o de estender o sufr gio seja atribuindo o direito de voto a todo mundo seja submetendo compet ncia do eleitorado todos os problemas de governo Seria o caso de organizar o sufr gio reduzindo o sua compet ncia pr pria que seria a de pronunciar se apenas sobre o menos n mero de quest es e particularmente sobre as quest es mais gerais e mais simples idem p 60 E sentencia Quem quiser saber o processo pelo qual se formam efetivamente hoje em dia as decis es pol ticas contemple a massa alem medusada sob a a o carism tica do Fuehrer e em cuja m scara os tra os de tens o de ang stia e ansiedade traem o estado de fascina o de hipnose idem p 35 Mas como seria poss vel trazer as massas acomodadas apenas ao espa o definido nesse receitu rio de inst ncias de poder Chico Campos reconhece esse dilema quando afirma que no Estado totalit rio se desaparecem as formas atuais de conflito pol tico as formas potenciais aumentam contudo de intensidade Da a necessidade de trazer as massas em estado permanente de excita o de maneira a tornar poss vel a todo momento a sua passagem do estado latente de viol ncia a
95. tanto a parte culta como a parte silenciosa do mundo Tude de Sousa apresenta algumas id ias que parecem bastante atuais O sentido que deve ter o r dio educativo por exemplo Por suas palavras apreende se que n o seria o ensino formal transposto para o ve culo E sim que cada programa de r dio poderia conter elementos morais e educativos Mas a deixa transparecer a compreens o deturpada de que ao r dio dada a tarefa de normaliza o social da sociedade tal qual o discurso que permeava as a es de reforma urbana realizadas em Fortaleza desde o s culo XIX e que carregavam um estigma de higieniza o tamb m moral Sua orienta o educativa se mostra question vel porquanto seria levar a educa o n o se sabe formulada por quem aos ignorantes da sociedade E mais uma vez passa ao largo da falta de vontade pol tica dos governantes e coloca na falta de recursos financeiros a raz o dos problemas educacionais parece que a hist ria vem de longe Aproveitando se da deixa do articulista nacional o colunista Or genes que retoma a Coluna R dio no Correio do Cear tamb m fala sobre as possibilidades do r dio educativo na edi o de 24 2 1948 Ele afirma que Precisamos quanto antes levar aos ouvintes os programas de literatura oferecer ao p blico ouvinte um r dio mais educativo revivendo momentos liter rios e informando sobre o que est acontecendo para que nas bibliotecas
96. uns tr s anos passados Come ou quando a PRE 9 funcionava nas Damas desempenhando pequenos pap is em esquetes e pe as radiof nicas Desde ent o ela vem figurando em quase todas as pe as irradiadas pela emissora associada Em Penumbra que tanto sucesso alcan ou em Fortaleza ela fez o papel de Gertrudes e sua atua o agradou aos f s do nosso radio teatro Agora em Noturno outro sucesso que PRE 9 vem apresentando Maria Aquino faz o papel de Isabel a preta conselheira e boa Maria Aquino como toda mo a gosta de cinema Seus artistas prediletos s o Bette Davis e Spency Tracy No r dio ela admira muito a voz de Francisco Alves Tem uma boa dic o e possui excelentes qualidades art sticas Eis as caracter sticas da que hoje apresentamos no desfile que estamos fazendo de todos que trabalham em Noturno de autoria de Amaral Gurgel No ltimo trecho da Coluna o tom de fofoca O jornalista envereda pelos seus artistas preferidos se aproximando do que hoje as revistas ditas de TV trazem quando abordam o perfil dos artistas J no dia 23 3 o colunista volta a insistir na tem tica radionovela agora enfocando a participa o de Cabral de Ara jo locutor chefe da PRE 9 em sua participa o em Penumbra A repeti o dia ap s dia de notas sobre a radionovela demonstram talvez o interesse da emissora em firmar definitivamente o g nero drama dentro de sua programa o O formato utilizado pelo colunis
97. vai l fica espantado E quer a cabrocha rodar Refr o J mandaram proposta Convidando a cabrocha pra no r dio ir cantar Abandonar o morro ela tem pena Pois l n o tem antena Pois a luz que tem l o luar 58 3 Aorienta o dos primeiros programas os princ pios da pol tica de comunica o do governo Vargas Uma constata o feita a partir de uma mat ria da edi o de 15 12 1934 do Correio do Cear que as inten es de Edgard Roquette Pinto da natureza educativa que o r dio poderia tomar em conson ncia com o que estabeleciam os estatutos das sociedades ou clubes de radiotelefonia ainda causavam repercuss o e tinham acolhimento no meio social O t tulo da mat ria R dio e Educa o que o nome do livro lan ado aquele momento em S o Paulo de autoria de Ariosto Espinheira O lan amento da publica o ganha ainda mais relevo porque prefaciada por Louren o Filho que na d cada de 1940 iria assumir a Universidade no Ar palestras transmitidas pela R dio Nacional do Rio de Janeiro Louren o Filho guardava a obra em seu arquivo pessoal o que revela alguma identidade com a tem tica Observamos a argumenta o da mat ria para a rela o r dio e educa o O s culo XX que tem na pr pria caracteriza o ordinal do computo romano o fatalismo de duas inc gnitas pode ser chamando o s culo da velocidade Dir se que a sua senha a vertigem da rapidez a eletricidade co
98. verborr gica alheia ao ritmo de transforma es necess rias a um pa s que adentra a era plena da industrializa o quem poderia assumir as r deas das decis es em torno dos processos necess rios a essa transforma o O povo As massas Ou seriam os eleitores cidad os privilegiados pelo poder do voto A compreens o de Chico Campos sobre os eleitores e os processos eleitorais n o encoraja uma vis o mais otimista sobre ter se encontrado a sa da para o dilema 75 A maior parte dos eleitores n o se preocupa com a coisa p blica A sua vida privada j lhes d bastante motivos de preocupa o e de trabalho Passam a maior parte do tempo alheios s quest es de pol tica de administra o e de governo Quando mobilizados para as campanhas eleitorais todos os problemas se apresentam de uma s vez sua aten o quase todos complexos e a maior parte deles inintelig veis massa que n o se encontra preparada para a compreens o sequer dos seus termos mais simples Al m disso a apresenta o dos problemas faz se em campanha eleitoral do ponto de vista da propaganda deformadas as quest es pelos interesses partid rios em jogo como no meio da confus o e do rumor de uma campanha querer que a massa possa fazer um ju zo mais ou menos seguro sobre quest es remotas sua vida habitual e insuscet veis de se clarearem pela aten o ordin ria que o homem da rua costuma dedicar aos assuntos do dia idem p 53 O
99. 1 o jornal se refere a uma reuni o de amadores de r dio cearenses havida no dia 28 de agosto no Sal o de Honra do Club Iracema com o intuito de fundar a Sociedade R dio Philips do Cear A mat ria explicitava os objetivos da Sociedade a promover mutuas rela es entre os amadores e demais interessados em radio telephonia b apoiar as iniciativas oficiaes ou particulares que favore am o desenvolvimento da radio cultura no Brasil c manter em sua s de uma esta o emissora Broadcasting de onda larga devidamente autorizada pelo governo a propagar ensinamentos c vicos literarios cientificos artisticos esportivos especialmente musicaes d fazer propaganda de todos os nossos produtos A sess o inicial foi aberta e presidida pelo dr Elesb o de Castro Velozo chefe do distrito telegrafico do Cear DIRETORIA Presidente dr Cesar Cals vice presidente dr Thomaz Pompeu Sobrinho 1 secretario Silvio Augusto de Castro 2 dito dr Clovis Moura tezoureiro Diogo de Siqueira adj de tezoureiro J Dumar orador tenente Severino Sombra diretor tecnico Jos Dumar Diretores Francisco Riquet Jos Carlos Antran Jos T de Melo dr W V Watson Francisco Diogo de Siqueira Armando Paiva Nazareno Pires e Alberico Moura Algumas passagens da not cia chamam aten o claro o interesse do grupo pelo desenvolvimento da radiotelefonia mais tarde radiodifus o em solo ceare
100. 21 30 Noticiario Internacional 21 35 Hora da Inglaterra 22 00 Resumo do Programa B a Noite Correio do Cear 3 4 1943 A religiosidade ainda est presente a partir da inser o do ngelus Como est presente tamb m a orienta o varguista atrav s do programa do Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda DEIP Os notici rios tamb m aparecem indicando o interesse da popula o de Fortaleza pelo andamento da Segunda Guerra Na m sica a orienta o popular vai se consolidando J poss vel um Em tempo de samba mas ao mesmo tempo sobrevive o Recital de Hildemar Torres Mas uma tend ncia tamb m pode ser percebida ao se fazer a leitura dessa programa o Alguns programas se referenciam agora no cotidiano no dia a dia da popula o Observa se claramente essa orienta o a partir de um formato radiof nico como tamb m do jornalismo impresso que se inspira no cotidiano para ser produzido a cr nica S o nos detalhes da vida comum que o formato cr nica encontra a mat ria prima de sua elabora o Essa perspectiva possibilita um olhar mais apurado sobre a cidade sua gente seus h bitos e costumes O Cota es da Pra a o Plant es de Farm cias e o Boletim das Chuvas Registradas no Interior confirmam essa tend ncia Com mais um detalhe o Boletim demonstra uma preocupa o com o interior do estado e faz a liga o entre Fortaleza a partir da origem de
101. 7 Como militante do movimento integralista brasileiro Severino Sombra poderia ter pressentido no r dio um meio potencial para a propaganda pol tica de seus interesses Embora o r dio nesse tempo tivesse um alcance reduzido por conta do acesso aos aparelhos receptores suas irradia es atingiam potencialmente alguns segmentos formadores de opini o p blica porque gente de posse e por conseguinte com tr nsito facilitado junto aos corredores do poder p blico Conhecendo de perto os movimentos fascistas que avan avam na Europa como a It lia de Mussolini e percebendo o alcance que tinha o r dio nesse avan o a Sociedade R dio Philips do Cear se encaixaria bem s pretens es do tenente integralista em seus movimentos pol ticos Quais as caracter sticas que Severino Sombra poderia impingir orienta o da Sociedade Parente indica que par metros identificavam a atua o do movimento integralista Al m do car ter nacionalista antiliberal anticomunista antiimperialista e corporativo o Manifesto de Outubro de 1932 ainda destaca alguns postulados como seu lema Deus P tria e Fam lia Deus destine os destinos dos povos como Pl nio Salgado inicia esse manifesto Dentro desses conceitos est impl cita sua ideologia idem p 26 Parente identifica o integralismo como um movimento de Direita porquanto defende um Estado forte corporativo que exer a controle sobre a economia e a sociedade se
102. A partir da produ o mas tamb m pela recep o Outro dia conversa vai conversa vem falou se no poder de penetra o do r dio Sim o r dio hoje est em toda parte no botequim no palacete residencial na m o da mocinha que vai ao pic nic dentro do autom vel no avi o Em qualquer parte estar o r dio ensinando e instruindo e quando mal orientado solapando a educa o popular Mas digamos e repitamos o r dio um grande poder Mete se em nossos menores desejos anuncia se em nossos sonhos na vontade que temos de possuir uma casa de dar um passeio etc E vem ent o a presen a do r dio que anuncia uma nova tinta uma viagem de turismo os encantos de uma terra distante ou at mesmo do sabonete que d estrelas E as donas de casa se movimentam Improvisam confort veis assentos para os espectadores dos dramas radiof nicos embora o chefe de fam lia n o esteja de acordo Mas um dia ele acaba indo tamb m para o p do r dio ouvir a raz o do solu o da esposa dos filhos e das vizinhas E acabar chorando tamb m porque o r dio tem um poder terr vel e contamina quando n o arrebata Or genes Correio do Cear 7 12 1948 OS ARTISTAS E OS AN NCIOS 190 cr tica Alvarenga Paulo Queiroz Canta Ranchinho e Rog rio Guimar es 1948 Par dia de an ncios divulgados no r dio substituindo os produtos por artistas de r dio Nesse mundo tem muito puxa puxa Que com n s va
103. A que se deve tanta diversidade E a efemeridade que cada programa apresenta Em sua coluna R dio Or genes afirma que os programas tinham perman ncia m dia de tr s meses no ar A curta perman ncia dos programas estaria vinculada ao aprendizado que ainda faria parte de uma emissora nova de r dio de 14 anos de idade de um ve culo que h 25 anos tinha feito sua estr ia no Brasil E a diversidade Estaria vinculada agora a inser o mais forte da publicidade no patroc nio dos programas que exigiam exclusividade Ou tanto a efemeridade como a diversidade dos programas estariam relacionadas preocupa o da emissora em torno do interesse dos ouvintes Uma esp cie de tatear o que esperava o p blico e assim potencializar a intera o com as produ es da emissora Fato que segundo Lopes 1988 p 110 o R dio logo se configurou como o primeiro meio de comunica o verdadeiramente de massa Essa condi o pode ser medida pela pr pria preocupa o do Estado que j em 1931 regulamentava oficialmente seu 189 funcionamento liberando seu uso para explora o comercial E a libera o fez diferen a no seu desenvolvimento O que se descortinava era o poder de mobiliza o que o r dio come ava a demonstrar E um alcance que extrapolava as t midas circula es dos jornais impressos Possibilidades de media es educativas Talvez Mas antes de tudo o poder de manipula o da informa o
104. H um imenso futuro nossa frente uma longa estrada a percorrer lado a lado com os nossos amigos do norte Urge que aprendamos a falar como eles falam assim como eles j come am a procurar falar como n s falamos A presen a dos militares norte americanos entre n s deu um extraordin rio impulso ao gosto popular pelo ingl s Muita gente dedicou se ao seu estudo e hoje utiliza os seus conhecimentos n o apenas para o prazer da leitura das revistas dos livros ou de poder ouvir os programas de r dio ou o que dizem os artistas de cinema mas sobretudo para vencer na vida com mais felicidade utiliza o ingl s como arma na luta por um lugar ao sol As probabilidades de vit ria s o assim cem por cento maiores O programa Vamos aprender ingl s que a PRE 9 come ar a irradiar a partir de amanh duas vezes por semana exatamente s 21 15 uma chance de excepcional valor que ningu m deve desprezar JORGE DA ROCHA professor de ingl s O r dio hoje talvez o mais poderoso instrumento de cultura dos povos disse nos o presidente do Comit N o poderia desprez lo portanto nesta hora em que com o advento da paz mais necessitar se torna a amizade yankee brasileira Atrav s de folhetos livros mapas filmes de cinema palestras confer ncias aulas no Instituto Brasil Estados Unidos atrav s de um seu n mero de iniciativas as mais proveitosas temos contribu do para solidificar a leal fraternidade que
105. Independ ncia foi veiculado gra as a um transmissor ainda de pequena pot ncia cedido pela Westinghouse e instalado no Corcovado O discurso foi ouvido em toda a exposi o gra as aos auto falantes espalhados pela rea Outra fonte de recep o eram oitenta aparelhos vindos dos Estados Unidos e instalados em pra as p blicas de Niter i e Petr polis Era a R dio Corcovado que funcionou durante alguns meses Em sua curta programa o uma s rie de confer ncias sobre higiene A sa de pelo alto falante Em 1923 surge a R dio Sociedade do Rio de Janeiro tida por muitos historiadores como a primeira esta o de Radiodifus o do pa s O local de funda o da emissora por si s j identificava o car ter educativo que marcaria sua programa o A R dio Sociedade nasceu na Academia de Ci ncias da Escola Polit cnica a 20 de abril sob a coordena o dos professores Edgard Roquette Pinto e Henrique Morize Esse car ter educativo explicitado mais ainda quando da reda o de seus estatutos onde se observa que A R dio Sociedade fundada exclusivamente para fins cient ficos t cnicos art sticos e de pura educa o popular n o se envolver jamais em nenhum assunto de natureza profissional industrial comercial ou pol tico PATR CIO 1999 p 20 Em 1926 a programa o da R dio Sociedade j era essencialmente educativa Os cursos inclu am Literatura Francesa Literatura Inglesa Esperanto R dio T
106. R dio Clube ofereceu meses atr s aos que sintoniam a sua onda Tais Orlando Silva Dorival Cayme e Tito Learde Ser inaugurado nesse poucos dias um desfile de atra es para que seus dirigentes est o enviando seus maiores esfor os Assim que al m de se es de curiosidades o que o que e outra voc sabia al m de apresenta es de esquetes desconhecidos do p blico Vai oferecer a PRE 9 um programa sensacional muito not vel nessa nova fase de vida ap s inaugura o de ondas curtas Movimento programa de literatura organizada por Ant nio Gir o Barroso poeta alguns poemas Hor rio 22 05 estr ia 8 de abril 1942 o que por sua vez permitia uma maior intera o com o p blico ouvinte Correio do Cear 6 4 1942 Deu se com extremo exito a audi o de estr ia ontem ao microfone de PRE 9 movimento um programa de literatua organizado por Ant nio Gir o Barroso O programa foi dividido em 3 partes a primeira breve esfor o da literatura no Brasil Desde os primordios at os nossos dias Segunda parte Leitura de uma das p ginas mais marcantes da literatua cearense O ferreiro da Maldi o do jornalista Jo o Brigido Terceira parte Servi o informativo acerca do movimento editorial brasileiro al m do estudo da poesia de Augusto Frederico Schmicht que est no seu ltimo livro O canto da noite Mar desconhecido Correio do Cear 9 4 1942 Na semana passada os r dio ouvintes ouv
107. Universidade Federal do Cear Faculdade de Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Brasileira Doutorado em Educa o A Voz do Cear comunica o e educa o na trajet ria da Cear R dio Clube de 1934 a 1948 Edgard Patr cio Fortaleza Mar o 2006 Universidade Federal do Cear Faculdade de Educa o Programa de P s Gradua o em Educa o Brasileira Doutorado em Educa o A Voz do Cear comunica o e educa o na trajet ria da Cear R dio Clube de 1934 a 1948 Edgard Patr cio Trabalho apresentado para a obten o do grau de doutor em Educa o pela Universidade Federal do Cear Banca examinadora Profa Dra Juraci Cavalcante presidente Universidade Federal do Cear Profa Dra Aparecida de Sousa Universidade Federal do Cear Prof Dr Rui Martinho Universidade Federal do Cear Profa Dra Catarina Farias Universidade Estadual do Cear Profa Dra Geisa Mattos Universidade de Fortaleza Resumo A historiografia mais difundida sobre o in cio das atividades do r dio no Brasil dissemina sua orienta o educativa compreens vel pela atua o de Edgard Roquette Pinto um educador da Academia de Ci ncias da Escola Polit cnica frente da primeira emissora brasileira a R dio Sociedade do Rio de Janeiro j em 1923 A partir desse reconhecimento depreende se que a rela o entre comunica o e educa o n o algo novo no cen rio brasileiro Mas
108. a es KDKA e WGY da Am rica do Norte O Passeio P blico amanh ter um dos seus dias alegres E muito concorre para o prest gio do tradicional logradouro a distin o do sr Amarifio Normando propriet rio do Bar Caio Prado que vez por outra leva a efeito interessantes iniciativas para melhor divertimento das elegantes fregiientadoras do Passeio P blico Para amanh por exemplo o Bar Caio Prado reservou a distribui o de bombons s crian as e brindes s senhorinhas dentre as quais uma ser sorteada A senhorinhas sorteada poder convidar todas as suas companheiras para servirem se de uma ta a de sorvete oferecida gentilmente pelo Bar Caio Prado a ortografia foi adaptada aos dias de hoje Correio do Cear 5 10 1929 Atente se para o termo radiotelefonia que designava o processo de emiss o de sinais desenvolvido sem a necessidade de cabos para sua transmiss o ao contr rio do que acontecia com o tel grafo O registro coloca em discuss o o pioneirismo da Cear R dio Clube quanto primeira emissora de r dio do estado em 1934 E lan a d vidas consegiientemente sobre o lugar de Jo o Dummar fundador da Cear R dio Clube como pioneiro da radiodifus o cearense Manuel Eduardo Pinheiro Campos o Manuelito Campos radialista que trabalhou a partir da d cada de 40 na emissora e que ocupa hoje a sua dire o vai ainda mais longe E recoloca esse debate A aqui ali s a
109. a s d www usp br nce quando afirma que 210 em decorr ncia da a o das organiza es sociais margem da Universidade e do sistema escolar formal a uni o estrat gica entre os campos da Comunica o e da Educa o vem ensejando a emerg ncia de um novo campo de interven o social que n o respeita na verdade as fronteiras da formalidade ou da informalidade das situa es e dos projetos educativos Partindo dessas premissas Genevi ve Jacquinot da Universidade Paris 8 elabora as principais caracter sticas da atua o profissional O educomunicador seria o profissional q q Consciente de que uma educa o de massa e multicultural situa se al m da simples aquisi o de conhecimentos escolares Que v nos meios uma riqueza pelos seus conte dos informativos certos mas tamb m pela maneira em que eles oferecem uma representa o do mundo donde a necessidade de analisar e comparar visando retificar as ditas representa es Que est convencido que uma emiss o n o um ato passivo mas mobiliza uma quantidade de micro saberes acumulados que o professor pode ajudar o aluno a colocar em rela o para construir seu conhecimento e lhe d sentido Que sabe que quando ele introduz os meios como objeto de estudo n o para fazer do aluno um pseudo jornalista ou aprendiz apresentador mas para ensin lo a analisar do triplo ponto de vista do poder econ mico
110. a Manh em fevereiro de 1945 na qual o escritor comentava o golpe de 1937 e exigia elei es imediatas Em entrevista coletiva imprensa no m s seguinte o pr prio Vargas reconhecendo a decad ncia do DIP afirmou que a partir da normaliza o da situa o internacional ou seja do fim da Segunda Guerra Mundial o rg o passaria a tratar exclusivamente da divulga o da cultura Brasileira No dia 23 de maio de 1945 ap s a concess o de anistia aos presos pol ticos o diretor do DIP Am lcar Dutra autorizou a irradia o do discurso do l der comunista Lu s Carlos Prestes durante o com cio que se realizaria naquela data no est dio do Vasco da Gama no Rio A resolu o foi severamente criticada pelo ministro da Guerra general Eurico Dutra o que determinou uma contra ordem governamental no sentido de que fosse suspensa a transmiss o O fato que refletia o descompasso entre a orienta o do DIP e de outros setores do governo no que se referia ao novo momento pol tico da na o resultou na imediata exonera o de Am lcar Dutra de Meneses que foi substitu do por Heitor Muniz o qual permaneceu no cargo apenas dois dias Avaliada a inexegiiibilidade dos objetivos para os quais havia sido criado e a crescente press o popular pelo fim de todos os rg os cerceadores de liberdade criados durante a vig ncia do Estado Novo o DIP foi extinto em 25 de maio de 1945 pelo Decreto Lei n 7 582 Pelo mesmo decreto fo
111. a Maria experiente produtor de r dio com ltima passagem pela R dio Clube de Pernambuco faz crer no impulso que a programa o art stica da emissora tomou Os cuidados t cnicos com a produ o dos programas tamb m devem ser ressaltados Aliados qualidade dos conte dos s vezes a partir das qualidades individuais dos pr prios produtores como anuncia Narc lio Limaverde pra voc ter uma id ia meu pai era m sico tamb m Ele pra fazer esse programa Hora da Saudade ele aos domingos ao inv s de ficar passando em repouso ele ia em casa de pessoas mais velhas do que ele na poca as pessoas cantavam as m sicas e ele fazia a pauta porque ele sabia fazer isso ele era m sico e ele tamb m tocava clarinete tamb m Ele era um autodidata Os radialistas no tempo do meu pai eram homens que tinham muito conhecimento muitos eram formados muitos eram pessoas com que tinham condi es de improvisar qualquer momento muitos falavam outra l ngua e e n o era f cil a pessoa ser um locutor de r dio o concurso do meu pai foi era um concurso p blico viu transmitido ent o as pr prias pessoas torciam por aqueles candidatos Agora um concurso que mobilizou toda a cidade foi quando 1939 o Paulo Cabral venceu O Paulo Cabral era um homem de um improviso muito f cil uma voz muito bonita ent o esse concurso no qual ele participou que a gente diz numa linguagem bem popular fechou a cidade porque todo mun
112. a dar o tom das transforma es necess rias ao novo Pa s O Brasil estava cansado o Brasil estava enjoado o Brasil n o acreditava o Brasil n o confiava O Brasil pedia ordem e dia a dia agravava se o seu estado de desordem O Brasil queria confiar e a cada ato de confian a se seguia uma decep o O Brasil queria paz e a babel dos partidos s lhe proporcionava intranqiilidade e confus o O Brasil reclamava decis o e s lhe davam intermin veis discuss es sobre princ pios em que nenhum dos controversistas acreditava O verbo dos demagogos n o como o verbo divino onde este cria aquele destr i onde um ilumina e distingue o outro escurece mistura e confunde idem p 50 Os pren ncios do que viria em 37 s o postulados por Chico Campos j em 35 durante confer ncia proferida na Escola de Belas Artes A caracteriza o do espa o a ser ocupado pelo povo nos momentos antecedentes durante e depois da tomada do exerc cio de governo por um chefe popular s o explicitadas de forma conceitual Mas isso n o impede uma compreens o clara de como essa rela o conceitual se exprim iria 13 na pr tica Ao conhecermos os fatos que se desenrolaram depois de 35 quando a confer ncia foi realizada percebe se a clarivid ncia do pensamento de Chico Campos seu conhecimento sobre o Brasil e sua influ ncia inequ voca nos destinos do projeto pol tico de Vargas E sobre esse Estado em transforma o
113. a de uma interpreta o sist mica das rela es sociais de um modelo de sociedade assim como o fizera Kapl n Essa rela o ampla partiria de uma base concreta dos processos comunicacionais vinculados a uma pr tica cidad consegiiente do que se convencionou chamar na Am rica Latina de comunica o comunit ria alternativa ou popular desde o aparecimento das r dios mineiras bolivianas at a participa o ativa da imprensa oper ria e sindical nos anos de ditadura do Brasil 212 Peruzzo identifica na atua o desses atores pol ticos movimentos sociais e populares organiza es n o governamentais e entidades representativas do terceiro setor formas pr prias de comunica o como algo engendrado a partir de toda a a o social transformadora e ao mesmo tempo como for a intr nseca e propulsora deles pr prios Nesse patamar se desenvolve simultaneamente todo um processo educativo no sentido da educa o informal o que o caracteriza como um dos ambientes prop cios para efetiva o das rela es entre comunica o e educa o Ao aproximar comunica o e educa o no mbito da educa o para a cidadania Peruzzo se ap ia em Kapl n 1999 p 74 quando esse aborda as m ltiplas compreens es do educar se Educar se envolver se em um processo de m ltiplos fluxos comunicativos O sistema ser tanto mais educativo quanto mais rica for a trama de intera es comunicacionais que saiba abrir
114. a de viver do povo brasileiro Astros e estrelas de cinema deuses de uma nova mitologia ensinam aos demais povos um comportamento diferente desde a maneira de vestir de cortar o cabelo de comer e beber at como relacionar se uns com os outros Esta maneira de vida sedimentou se a partir da II Guerra quando desapareceram os ltimos resqu cios da influ ncia da Europa em fun o do envolvimento de quase todos os seus pa ses no conflito O imp rio ianque n o perdeu tempo Com a guerra a ind stria cinematogr fica estadunidense centrou suas c maras no perfil de bravura do soldado americano imbat vel transmitindo ao mundo um s mbolo universal de valentia de dignidade e obviamente de superioridade Aqui em Fortaleza como em Natal e outros pontos do territ rio do Nordeste onde os americanos fincaram bases militares naquele per odo o processo de transforma o cultural fez se ainda mais agudamente J n o se gostava mais de samba can es e valsas dolentes A juventude dan ava o swing e o cinema e os discos em cada caf havia uma eletrola autom tica acionada a fichas nos tornavam ntimos do som de Glenn Miller de Tommy Dorsey de Benny Goodmann ou Harry James ou das vozes de Bing Crosby e Frank Sinatra Os sucessos da semana das emissoras tornaram se hit parade e nele permaneciam Moonlight Serenade Allways in My Heart Star Dust e tudo 142 quanto era m sica oriunda dos Estados
115. a estava a caminho da PRE 9 na tentativa de alcan ar mais ouvintes Seria a instala o de seu transmissor de ondas curtas O an ncio feito na edi o do Correio do Cear de 4 2 1941 Homenagem a Jo o Dummar pela compra do seu novo aparelho transmissor de ondas curtas fabricado pela companhia Marconi A PRE 9 estar sendo ouvida em todo o Brasil em breve Quem fala sobre a instala o dos novos transmissores Eduardo Campos 1984 p 11 Em 1941 a 29 de agosto atrav s da portaria de n 496 a esta o recebeu autoriza o para mudar os est dios das Damas Avenida Jo o Pessoa para o oitavo e nono andares do Edif cio Diogo no centro de Fortaleza O cumprimento dessa provid ncia implicava em melhoria t cnica dos equipamentos de transmiss o e aperfei oamento da programa o art stica Jo o Dummar contratou ent o o radialista Dermival Costalima que chegou a Fortaleza a tempo ainda de atuar nas Damas e acompanhar de perto os trabalhos de montagem do est dio no centro da cidade A festa se deu a 12 de outubro de 1941 memor vel por registrar igualmente a entrega aos ouvintes do transmissor de ondas curtas conquista t cnica que possibilitava a emissora alcan ar os pontos mais distantes do Cear do Brasil e do exterior A atra o maior desse acontecimento foi a presen a de Orlando Silva considerado o cantor das multid es e senhor de consider vel prest gio popular Pode se dizer sem exa
116. a estritamente no r dio como elemento orientador da conversa Foram gravadas cerca de 25 horas de entrevistas 12 Devido o CNPq ter encurtado o tempo de realiza o do projeto de dois para apenas um ano por conta do atraso no repasse de recursos as atividades se restringiram ao levantamento do material As an lises que seriam feitas a partir da produ o de artigos cient ficos e produ o de programas de r dio sobre o acervo n o chegaram a ser realizadas Minha entrada no Programa de P s Gradua o em Educa o da Faculdade de Educa o da Universidade Federal do Cear mbito do doutorado se deu no ano de 2001 Naquele momento ainda eram relativamente incipientes as discuss es sobre a reforma pela qual tinha passado o ensino m dio implementada pelo governo federal em 1996 Fui consultor da Unesco no processo de elabora o do plano de reformula o do ensino m dio para o estado do Cear Maranh o e Roraima em 1999 Minha colabora o se deu em torno dos estudos e defini o de diretrizes para as a es dos planos que envolvem a participa o dos estudantes como protagonistas em projetos juvenis E pude constatar que o conceito de compet ncias uma das categorias principais da reforma tamb m resvalava para as compet ncias comunicativas transversais em rela o a todas as reas curriculares Da meu projeto de entrada no doutorado ter sido uma proposta de an lise da rela o comunica o e educa
117. a maior cadeia publicit ria da Am rica Latina As modifica es na programa o j s o observadas a partir do dia 17 1 1944 como demonstra mat ria do Correio do Cear Novo programa esportivo em PRE 9 P Teleco falar todos os dias Iniciando o novo programa de PRE 9 R dio Esportes E 9 uma oferta do CORREIO DO CEAR aos seus leitores e aos ouvintes da grande emissora associada de Fortaleza o cronista esportivo P Teleco deste vespertino pronunciou s bado ltimo as seguintes palavras Aqui estou diante deste meu velho conhecido o microfone de PRE 9 Eu o conhe o muito bem Desde aqueles velhos tempos da primitiva esta o da rua Major Facundo passando depois pelas sucessivas etapas da vida ascensional desta emissora sob a chefia do meu querido amigo Jo o Dummar at vir encontr la agora pujante e vitoriosa sob o comando deste capit o de longo curso que Jo o Calmon e integrada na maior e mais not vel cadeia r dio jornal stica da Am rica do Sul figurando como estrela de primeira grandeza na constela o dos DI RIOS E R DIOS ASSOCIADOS que obedecem dire o suprema de Assis Chateaubriand Aqui estou ouvintes da PRE 9 para ajudar a gente boa desta casa para servir ao esporte da minha terra fiel ao programa do Correio do Cear o vespertino que sempre teve abertas as suas colunas s campanhas em favor do engrandecimento esportivo do Cear cooperando desinteressadamente
118. a mandar e pronto Mas ele mandou pedir Da sua compreens o de que Jo o Dummar era uma boa pessoa A que eu quero dizer quem era o Jo o Dummar Caracas o Jo o Dummar mandou pedir para voc poupar fulano A eu poupei mas depois s tinha outro jeito A n s era toda a imprensa ne O An bal Benevides escrevia no Unit rio no rodap Rodap embaixo n Chama rodap Nas casas t m no jornal tem tamb m A eu n o meti o pau mas lia o artigo do Bonavides que metia o pau Era a mesma coisa risos A l vem o Cabral Caracas o Jo o mandou pedir pra voc Deixa esse Jo o a que eu vou embora risos 120 EST DIO AZUL samba C sar Cruz e Moreira da Silva Canta Moreira da Silva 1944 Compara o do c u com uma esta o de r dio O c u azul o est dio e alua o microfone sendo as estrelas a plat ia formada pelas f s Refr o o est dio azul Lua microfone e um cantor Lua me transmite as serenatas Que eu fa o a noite inteira Em louvor ao meu amor Cada can o que eu fa o Mais uma estrela aparece Na plat ia da ilus o Cada estrela que me ouve Manda dizer que f E dona do meu cora o Repete 121 6 O alcance do r dio a intera o com os ouvintes Em 27 1 1940 o Correio do Cear traz registro especial sobre o anivers rio de Jo o Dummar O jornal identifica Dummar como o grande pioneiro da radiodifus o cearense A mat ria trai u
119. a o Brasil teria uma justificativa para o aparelho censor Justificativa essa que se mostra em sintonia com as causas que o novo regime apontava para que ocorresse a revolu o 30 Acha se constituido o governo provisorio da Republica o qual ser conforme declara o do presidente Getulio Vargas discricionario n o ditatorial isto o governo n o obedecer s leis escriptas mas o presidente n o enfeixar nas m os todos os poderes n o ser autoridade nica E claro portanto que para concertar tudo isto ajuntar as pe as desse apparelho desaranjado s um poder liberto de peias livre de ac o bem intencionado e capaz s mesmo um governo discricionario que n o tenha olhos sen o para a Verdade e ouvidos sen o para o Bem No Rio de Janeiro porque a capital a fachada do paiz as cousas correram com algum interesse com alguma moralidade mas f ra dali nada se fez Aqui por exemplo tudo se reduziu a cederem alguns guardas civis ao magistrado a mandarem uns tantos vadios para uma pocilga em Canafistala e a retirarem pouco tempo depois do juiz os guardas que lhe tinham entregue nada mais Correio do Cear 5 11 1930 N o s o cearense que nos momentos mais criticos nas occasi es mais solemnes nos instantes mais serios de sua vida tem sempre uma pilheria uma galhofa um dito espirituoso para quebrar a monotonia das cerimonias ou situa es mais serias N o n
120. a probabilidade da dissid ncia do grupo inicial cresce o que teria motivado essa dissid ncia A hip tese da dissid ncia tamb m resiste a um aspecto cultural que caracteriza o cotidiano do Cear Em muitas ocasi es quando ocorre uma disputa entre grupos seja de qualquer natureza pelo dom nio de um determinado setor em Fortaleza em muitas ocasi es a distin o entre a orienta o dos grupos advers rios se d pela oposi o entre os nomes Cear e Fortaleza Um exemplo cl ssico e pra ficarmos contextualizados poca no pr prio futebol em que os maiores rivais do estado s o exatamente os times do Cear e Fortaleza Teria acontecido o mesmo entre o Cear R dio Club e o R dio Club de Fortaleza Note se tamb m que o Correio do Cear come a a abandonar o termo radiotelefonia e a utilizar o termo radiodifus o em conson ncia com os avan os t cnicos do novo meio de comunica o Cear Tramway Light e Power Co Ltda Aviso ao p blico Tr fego de bondes Cear Tramway Light e Power Co Ltda Na impossibilidade de manter no momento um servi o de tr fego extra ordin rio obteve do Sr Prefeito Municipal a permiss o em car tr provis rio at que desappare a aquella impossibilidade de viajarem cinco passageiros em cada um dos cinco 5 bancos dos bondes a partir de 25 do corrente Quanto aos quatro 4 primeiro bancos so poder o nelles viajar quatro 4 passageiros n o sendo permittido tomarem as
121. a qualquer a dissecava a hist ria daquela poca e tudo Eram eram programas muito muito muito selecionados Havia um p blico A um p blico classe A que era esse p blico que era era atingido durante a noite Geralmente depois das 10 horas da noite e eu muitas vezes fiquei tamb m eram m sicas mais mais para aquele ouvinte de gosto mais apurado Durante o dia eram m sicas populares ouvia a apresenta o mais de m sicas populares eram m sicas sambas e marchinhas e essa coisa toda Agora outra coisa tamb m que eu ainda cheguei a alcan ar aqui foram as transmiss es de do carnaval tamb m muita coisa bonita se viu aqui A a a tend ncia natural na poca era realmente fazer um programa mais selecionado isso s vezes por exig ncia dos pr prios patrocinadores A Cearense que era uma loja de Apr lio Apr lio Coelho de Ara jo ele tinha um programa muito bonito muito bem apresentado mas ele influ a ele chegava e dizia Olha n o me coloque m sica que n o seja uma m sica leve uma m sica suave essa coisa toda ele n o admitia uma m sica popular na programa o dele E como ele outros tamb m faziam a mesma coisa J outros mostravam vendiam Sab o Pav o vendiam outras coisas mais populares queriam outro tipo de m sica mais adequada Eu acho por exemplo que a Sigueira Gurgel foi um dos grandes fundadores da era com o Sab o Pav o Os mesmos comerciantes que j t
122. a vinha e ele se aproximava da pessoa Uma passagem singular da hist ria da Cear R dio Clube e que demonstra qual seria a inser o que ela mantinha na d cada de 1940 junto aos ouvintes revivida por Eduardo Campos Olha o Paulo Cabral uma vez eu ele contou que no tempo da guerra o final da guerra essa not cia chegou cedo e o Paulo Cabral estava ao microfone e tando escuro assim e ele ent o come ou a transmitir e essa coisa empolgante E ele pediu que aquelas pessoas que tivessem ouvindo acendessem as l mpadas das suas casas e l do alto do edif cio Diogo ele come ou a ver a cidade se iluminando porque as pessoas estavam ouvindo 138 A Policia de Fortaleza vai acabar com o futebol na rua corrida de patins e outros h bitos intoler veis Vamos acabar com o futebol que vem sendo praticado nas art rias da cidade Cap Lu z Abner de Souza Moreira Queremos combater outros v rios tais como as rodas de cadeiras nas cal adas as corridas de patins os namoros indecorosos e qualquer esp cie de jogo praticado nas ruas Correio do Cear 13 12 1941 dos destoca sa ado Omdos cur if o lho pode contacto com as continente r dio com liga o e de pre o nba or atul Ou a M verh cor qualidudo no ss Correio do Cear 23 11 1942 R DIO MENS AGEM samba Sereno Canta Neusa Maria com Claudionor Cruz 1945 Uso do r dio para recados Voc
123. acordo com a disponibilidade de determinados elementos de constitui o estrutural Mas de alguma maneira mesmo distintas sociedades em distintos n veis de aproxima o de uma ambiente da sociedade da informa o de alguma maneira participam desse ambiente A compreens o sobre esse processo complexo que vai definir o grau de apropria o do indiv duo e a possibilidade de participar como protagonista nesse contexto essa alfabetiza o que parte da sociedade da informa o que nos traz discuss o Martin Barbero E novamente situa a rela o sobre comunica o e educa o preferencialmente num patamar mais amplo O ambiente informacional pr prio da sociedade da informa o e a entendemos em qualquer n vel seja no momento do surgimento do r dio seja no momento da utiliza o do hipertexto estaria constituindo novos h bitos de percep o novas formas de sentir As transforma es amplas e 52 generalizadas provocam novos deslocamentos de sentido outras apropria es novas formas de aprendizagem E os meios de comunica o jogam um papel fundamental nessas novas formas de percep o A leitura do mundo n o se daria mais apenas pela dissemina o da escrita E isso particularmente relacionado tecnologia r dio O perceber e o sentir se d o agora tamb m por meio do ver do escutar Novos suportes se apresentam no processo de aprendizagem Freire em 1986 FREIRE amp GUIMAR ES j prop
124. acundo n 210 uma exposi o de novos modelos de radio de sua fabrica o Presentes representantes da imprensa e pessoas gradas do commercio e da sociedade lo caes foi inaugurada a exposi o com a assistencia do Dr W Hasenberg director technico da se o Industrial de S A Philips do Brazil Enchiam artisticamente expostos os sal es da ag ncia nesta cidade os mais modernos apparelhos de radio Philips bycicletas Continental motocycletas D K W machinas de escrever pneus Continental e diversos outros artigos de que esfor ado agente em Fortaleza o sr Jan Goosens Feitas demonstra es dos modelos de radio 1937 provando o mais perfeito funcionamento foram em seguida servidos profusos copos de cerveja sandwiches etc e batidas diveras chapas photographicas O sr Jan Goosens cumulou a todos de captivantes gentilezas dando ainda detalhadas explica es sobre os productos expostos das quase ressaltam a excellencia dos mesmos e o motivo da prefer ncia com que o p blico v os artigos Correio do Cear 15 10 1936 Traz alegria para a casa o radio que V Sa deve VER OUVIR E POSSUIR E Bello E Bom E Barato DESTRIBUIDORES 3 Torquato ia 98 Retornando se discuss o sobre a programa o da Cear R dio Clube a efemeridade Z dos programas n o passa despercebida aos ouvintes E o pr prio ouvinte quem faz a reivindica o por programas com hor rios definidos definido
125. ades de prover a essa vida com as aptid es de trabalho 81 desenvolvidas pelo ensino profissional a que corresponde igualmente o prop sito de expans o da economia idem p 67 Se as compreens es de Francisco Campos conseguiram se transformar em realidade na utiliza o dos meios de comunica o no Brasil pelo regime varguista isso teremos a chance de perceber a partir do acompanhamento sistem tico da programa o da Cear R dio Clube 82 LEIL O DOS CANT DE R DIO moda da viola Nh Fio e Tonico com violas 1941 Cita os cantores da poca dando valores a cada um Como o leil o ta na moda Pra fazer liquida o Este dos cante de r dio Que tem a fama de b o O 1 S lvio Caldas O cantor da voz morena O lance de dois mi r is Pra ir embora pra Viena At Aracy de Almeida Coma Carmem Barbosa junto oferecero dez tost o Dizendo que era muito O Sr Francisco Alves por ser muito afamado Chegou a mil e duzento Mas foi mei arrebocado Esses ta de Anjos do Inferno Por ser do outro planeta Seiscent o pode levar Hoje deram de gorjeta gente marvada Agora o Carlo Galhardo Aproveitem essa vez Quem quiser dar 400 Leva ele e o M rio Reis Pois a Sinh Batista N o posso deixar de banda T valendo trezent o Junto com Aurora Miranda Por duzentos n s sapeca Tamb m seu Orlando Silva Com direito a escolher Outra prenda que lhe sirva A Dona Carmem
126. ado Nacional As conseq ncias decorrentes dessa apropria o tamb m v o ser analisadas especialmente as que dizem respeito a um direcionamento pretensamente populista do governo central e estrutura o de um sistema de repress o que fosse capaz de barrar qualquer tentativa da imprensa em contrariar esse direcionamento O papel do r dio no entanto necessita ser analisado sob o ponto de vista do contexto da poca Os anos de 1930 a 1940 foram de grandes transforma es em toda a sociedade brasileira com o aumento da popula o o crescimento dos centros urbanos e o desenvolvimento da ind stria e dos servi os No in cio a coordena o do setor de divulga o e propaganda esteve afeto ao Minist rio da Educa o cujo titular era Gustavo Capanema que foi ministro de 1934 a 1945 O projeto cultural e educativo de uma maneira ampla tinha uma vis o nacionalista e buscava a mobiliza o e participa o c vica assim como as reformas educacionais Haussen 1997 p 25 Um fato a ser observado que na d cada quando o r dio come a a surgir como um meio efetivo de comunica o de massa nos fins dos anos 1920 n o havia uma preponder ncia do mercado em sua utiliza o Como a ind stria internacional do lazer ainda n o estava organizada para fins de domina o dos mercados dos pa ses menos desenvolvidos era aos pr prios brasileiros que competia criar respostas culturais para as expectativas do heter
127. ais propriedade o material que tentei disponibilizar Ao longo do trabalho indaga es v o surgindo a partir das rela es estabelecidas Algumas s o respondidas em cap tulos subsequentes As que n o s o respondidas considerem como inquietudes inadi veis de explicitar mas n o intranspon veis por parte do autor Representam possibilidades de novas investiga es por mim ou por outros Colocam se tamb m como uma tentativa de di logo problematizador com o leitor perspectivas de uma comunica o educativa Resumo dos cap tulos O Cap tulo 1 do trabalho As primeiras experi ncias do r dio no Cear o ambiente pol tico do estado discute o pioneirismo de Jo o Dummar em torno da radiodifus o cearense Ao mesmo tempo tenta se indicar refer ncias sobre o ambiente pol tico do estado na perspectiva de compreens o de alguns fatos durante a implanta o do r dio no Cear Outras sociabilidades a sociedade educadora t tulo do Cap tulo 2 investe na compreens o de como o surgimento da tecnologia r dio repercutiu em certos aspectos da conviv ncia social Tamb m situa essa percep o dentro de um movimento mais amplo estabelecendo uma discuss o sobre como a sociedade se apropria de uma nova tecnologia o que pode pressupor a compreens o de uma sociedade educadora J no Cap tulo 3 A orienta o dos primeiros programas os princ pios da pol tica de comunica o de Vargas co
128. ama de P s Gradua o em Educa o mimeo Fortaleza 1999 PIOVESAN ngelo R dio educativo avaliando as experi ncias das d cadas 60 70 In Comunica o e educa o caminhos cruzados S o Paulo Loyola 1986 PONTE Sebasti o Rog rio Fortaleza Belle Epoque reforma urbana e controle social 1860 1930 3 ed Fortaleza Edi es Dem crito Rocha 2001 SALGADO Pl nio O integralismo na vida brasileira In Enciclop dia do Integralismo Rio de Janeiro Livraria Cl ssica Brasileira 1958 SCHWARTZMAN Simon et all Tempos de Capanema S o Paulo Paz e Terra FGV 2000 TORNERO Jos Manuel P rez Comunicaci n y educaci n en la sociedad de la informaci n nuevos lenguajes y conciencia cr tica Buenos Aires Ediciones Paid s Ib rica 2000 VIDAL M rcia R dio e pol tica do microfone ao palanque os radialistas pol ticos em Fortaleza 1982 1996 S o Paulo Anablume 2000 WILLIAMS Daryle Gustavo Capanema ministro da Cultura In Capanema o ministro e seu minist rio Rio de Janeiro Editora FGV 2000
129. amadas populares retirando as de h bitos e costumes que poderiam contaminar as classes abastadas em oposi o gente ignara ao populacho ao z povim Discurso esse constru do historicamente a partir do processo de reformas urbanas que Fortaleza experimentou desde a d cada de 1850 e ao que parece ainda em voga na cidade de 80 anos depois Ainda sobre a carta do ouvinte se o autor entendia a legisla o que regia o funcionamento de uma emissora de r dio e se dava pistas de ser um representante das camadas m dias da sociedade n o poderia ser um dos participantes da reuni o do sal o nobre do Clube Iracema e que haviam fundado o R dio Club de Fortaleza em poss vel dissid ncia do Cear R dio Club a nd il f Al Pes Hal po E Es E RT Es garea fe k fa ke e R DIO ES SiS esi Si ri ir Senhores amadores de radio n o comprem seus aparelhos daveis receptores PHILIPS da serie Radioplayers 1957 6 che 343 A 0 NOVO NAVIO DO ETHER Classe do Luxo Pare corrente alternas da sysema smultiinductancia avan a da para ondas curtas meliss em 3 bandas de 13 6 n 46 metrow 3 a 162 metros 160 a590 metros com 10 Val vulas inclusivo a de raios cathodicos para syntonisa o visual Clreuito de sahi da push pull de grando fidelidade Novo alto falante com potente iman perma nente de a o especial Dial com escala calibrada em metro
130. amado quem ia chamado era a dire o da emissora Santiago Freitas tamb m lembra fatos relativos atua o da censura programa o da Cear R dio Clube naquela poca tinha o DIP havia o DIP Departamento de Imprensa e Propaganda E os diretores das emissoras de r dio os locutores tinham muito cuidado com com com a a as m sicas as par dias a parte humor stica pausa Ent o ali era um cuidado danado porque o DIP n o brincava n o viu Aquela dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho eles faziam eles faziam uma cr tica muito forte e criticavam muito o Get lio Vargas A quando terminava o programa eles Cumpadre terminou o programa vamos embora O carro ta esperando l em baixo Sabe qual era o carro A pol cia A ele j sabia que ia preso mesmo Sa am risos E um an ncio na edi o do dia 8 5 1940 do Correio do Cear retrata bem a preocupa o do governo Vargas com a radiodifus o A Diretoria Regional dos Correios e Tel grafos do Cear a pedido do chefe de linhas e comunica es prorrogou at o dia 31 de maio o prazo para registro legal dos aparelhos receptores de r dio difus o As pessoas os permission rios que n o fizerem o registro perder o os aparelhos 119 Mas a propaganda ideol gica do governo Vargas s alcan aria consegii ncias mais abrangentes se o r dio tivesse realmente o alcance e a penetra o que suas possibilidades t cnicas fa
131. ao fornecimento de informa es oficiais imprensa A iniciativa da organiza o de uma forma mais sistem tica de propaganda oficial que abrangesse outros ve culos de comunica o de massa coube ao pr prio presidente Get lio Vargas que confiou em abril de 1934 ao diretor da Imprensa Nacional Francisco Ant nio Rodrigues de Sales Filho o encargo de fazer experimentalmente um servi o dessa natureza Assim em 10 de julho do mesmo ano avaliados os resultados positivos da fase experimental do projeto Vargas criou o Departamento de Propaganda 111 e Difus o Cultural atrav s do Decreto Lei n 24 651 que extinguiu o DOP O novo rg o continuou subordinado ao Minist rio da Justi a e sua dire o geral foi entregue a Lourival Fontes jornalista e escritor sergipano e manifesto admirador do fascismo italiano O DPDC compreendia al m da Imprensa Nacional que manteve sua autonomia administrativa e do setor de radiodifus o j englobado pelo extinto DOP os setores de cultura e cinema tendo estimulado a produ o de filmes educativos por meio de pr mios e favores fiscais Com o golpe do Estado Novo em 10 de novembro de 1937 e o fechamento do Congresso Nacional o DPDC passou a ocupar as instala es do pal cio Tiradentes antiga sede da C mara dos Deputados no Rio de Janeiro Por outro lado a nova Carta constitucional ent o outorgada atribuiu imprensa a qualidade de servi o de utilidade p blica e tra ou o
132. ao inimigo comum o comunismo e seu potencial hegem nico no Movimento Oper rio Ser percept vel essa alian a na Federa o Oper ria Cearense fundada em 1925 Nesse per odo tamb m o mundo j estava radicalizado Mussolini na It lia e Stalin na Uni o Sovi tica com o Capitalismo internacional entrando em crise sobretudo ap s a queda da Bolsa de Nova Iorque em 1929 PARENTE 1999 p 186 O tenentismo tinha duas divis es bem distintas entre seus l deres como afirma Aroldo Mota 1989 p 59 Uma corrente visava a o pol tica e outra social Do primeiro grupo participavam Juarez T vora e Carneiro de Mendon a entre outros Do segundo Carlos Prestes Severino Sombra e Siqueira Campos tamb m dentre outros A d cada de 1920 prepara o ambiente pol tico para a entrada do r dio no Cear na d cada seguinte A revolu o de 1930 comandada pela Alian a Liberal faz entrar no cen rio pol tico brasileiro outros atores Os tenentes passaram a sentir maiores 299 responsabilidades pelo destino do pa s enquanto a igreja cat lica atrav s de seus bispos lidera uma restaura o cat lica que se caracteriza pelo projeto de aproxima o com o Estado para a introdu o de valores crist os na pr pria constitui o lembrando a Constituinte de 1934 Nesse momento a Igreja se apresenta ostensivamente ao Estado como sua colaboradora consolidando se pois como um apare
133. apresentava pela manh era o Matutino PRE 9 que muitas vezes era lido do jornal Unit rio Em determinado momento ele dizia que n o tinha sido ele n o tinha sido outro ele foi e tava lendo uma not cia do jornal e disse o senhor fulano de tal foto ao lado risos mas ele dizia ele n o admitia que se dissesse que ele tinha dado um fora desses n mas ouve algo no r dio na poca e n s da minha casa fomos pegados no dia 1 de 3 abril Foi o seguinte disseram na Cear R dio Clube Hoje n s vamos fazer a primeira experi ncia de televis o aqui em Fortaleza e para as pessoas participarem t m 221 que colocar um len ol atr s do receptor de r dio e isso vai acontecer uma hora da tarde comecem a se preparar tem que ser um len ol branco Pois na minha casa n s colocamos esse len ol branco de tr s do r dio o momento era uma hora da tarde e quando foi na hora fizeram um barulho muito grande A disseram Hoje primeiro de abril e a toda a cidade foi pegada com o primeiro de abril Valdemar Caracas Pois bem ent o Puxa faca era goleiro do Ferrovi rio Joaquim Alves Puxa Faca O Jo o Brega Francisco Jos Rocha de Oliveira era ponta direita do Maguary Teve um jogo do Maguary e Ferrovi rio e l pelas tantas Naquele tempo a gente chamava futebol Bola bola n o Mas teve um tempo chamavam o couro O couro t l fulano de tal chutou o cou
134. ar e citava outros companheiros Olha hoje no r dio Paulo Cabral apresentou l uma cr nica muito bonita foi um sucesso muito grande e tamb m falava num programa infantil que tinha l quando come ou que era apresentado pelo professor Jos Cl udio Oliveira eu nunca mais vi mas ele est em Fortaleza ele foi membro do Tribunal de Contas e ele se referia a isso sempre dizia coisas boas em rela o ao que acontecia no r dio Naquela poca todas as pessoas que tinham r dio eram atingidas por aquele programa uns n o gostavam e desligavam o r dio mas a maioria como o r dio eu falo mais no r dio antes de eu chegar l no tempo do meu pai como o r dio era uma novidade as pessoas ouviam at o ru do n at o barulho do r dio antes de entrar no ar gostavam de ouvir Era numa poca que todo mundo se conhecia n em Fortaleza e realmente ele andava Quando n s sa amos juntos ou quando a gente sa a e pegava um trem e ia at Pacatuba onde morava uma irm de minha m e a gente quando chegava na esta o e as pessoas vinham falar com ele seu Limaverde do r dio seu Limaverde e realmente ele era uma figura popular na cidade nem tanto como hoje em dia s o os homens de televis o e mesmo n s do r dio e eu que fa o muito tempo que estou no r dio havia uma dosagem de popularidade muito aproximada dele e que ele recebia com muita alegria ele gostava ele n o se escondia de forma alguma ele a pesso
135. as aulas POR INTERM DIO DE GRAVA ES As aulas segundo nos declarou Antonio Maria ser o dadas por interm dio de grava es apresentando um ambiente tipicamente escolar com perguntas feitas por alunos e as esclarecedoras respostas do professor Constituir isso sem d vida mais uma bela iniciativa de PRE 9 que alcan ar de certo grande xito Correio do Cear 26 1 1945 O an ncio do programa de aulas de ingl s causa boa repercuss o na popula o de Fortaleza O nome e o hor rio do programa j haviam sido definidos Na not cia do Correio do Cear aparece o apoio do Comit de Coordena o dos Assuntos Inter 175 Americanos Que atua o teria o referido Comit Seria algum bra o da pol tica de interven o norte americana O acontecimento dado com todo o entusiasmo como se a cidade tivesse sido tomada por uma grande expectativa Numerosas pessoas dirigem se Livraria Aequitas aplaudindo a iniciativa cada vez mais crescente o interesse entre os f s de Fortaleza pelo novo programa de PRE 9 Vamos aprender ingl s sob o patroc nio da Livraria Aequitas desta capital e com preciosa colabora o do Comit de Coordena o dos Assuntos Inter Americanos Dia a dia chegam Livraria Aequitas e emissora associada alencarina dezenas de cartas de parab ns pelo lan amento de mais esse cartaz radiof nico sem d vida uma novidade agradabil ssima para o nosso p blico r dio ouvinte
136. as bibliogr ficas ADERALDO Mozart Soriano Hist ria abreviada de Fortaleza e cr nicas sobre a cidade amada Fortaleza Edi es UFC Casa Jos de Alencar 1993 AZEVEDO Otac lio de Fortaleza descal a reminisc ncias 2 ed Fortaleza UFC Casa Jos de Alencar 1992 BARBERO Jes s Mart n De los medios a las mediaciones comunicaci n cultura y hegemonia Barcelona Gustavo Gili 1987 Jes s Martin La educaci n desde la comunicaci n Buenos Aires Grupo Editorial Norma 2002 CALABRE Lia Pol ticas p blicas culturais de 1924 a 1945 o r dio em destaque In Estudos Hist ricos M dia CPDOC FGV n 31 2003 1 CAMPOS Eduardo 50 anos de Cear R dio Clube 1934 1984 Fortaleza Imprensa Oficial do Cear IOCE s d CAMPOS Francisco O Estado nacional sua estrutura seu conte do ideol gico Bras lia Senado Federal Conselho Editorial 2001 CANCLINI Nestor Garcia Consumidores e cidad os conflitos multiculturais da globaliza o 4 ed Rio de Janeiro Editora UFRJ 1999 Culturas h bridas Estrat gias para entrar e sair da modernidade S o Paulo Editora da Universidade de S o Paulo 2003 CAVALCANTE Maria Juraci Maia Jo o Hippolyto de Azevedo e S o esp rito da Reforma Educacional de 1922 no Cear Fortaleza Edi es UFC 2000 Algumas indaga es sobre o sil ncio em torno da 6 Confer ncia Nacional de Educa o In Hist ria da Educa o Associa o Sul rio grandense de Pesqu
137. b m experimentou os debates sobre a Escola Nova com a reforma educacional de 1922 sendo um de sues protagonistas Louren o Filho adepto das novas id ias educacionais o momento tamb m era prop cio pois em 1934 ocorre em Fortaleza a 6 Confer ncia Nacional de Educa o evento que mobilizava as aten es dos educadores em torno de suas teses para a educa o nacional e no mesmo ano assume a pasta do Minist rio da Educa o e Sa de do governo Vargas o ministro Gustavo Capanema com uma forte pol tica de centraliza o e uma proposta de utiliza o dos meios de comunica o com o sentido educativo 14 Procedimentos metodol gicos de pesquisa Muitos dos procedimentos metodol gicos da pesquisa foram explicitados quando da apresenta o do projeto de pesquisa R dio e Sociedade submetido ao CNPq e de onde derivou a pesquisa atual A delimita o estava definida analisaria o per odo que vai de 1928 a 1948 entendendo que o recuo de seis anos da instala o da Cear R dio Clube poderia facilitar a constru o dos processos que constitu ram as bases de seu surgimento Al m disso defini como objeto principal de an lise as grades de programa o da emissora ao longo desse per odo A grade de programa o de uma emissora de r dio pode ser entendida como o resultado final da orienta o que a linha editorial de um meio de comunica o assume Assim a grade de programa o poderia identificar ou n o a orienta
138. cada vez mais amplos da sociedade Ou a emissora teria de curvado ao tino comercial de seu fundador Jo o Dummar e se transformado num instrumento para a consolida o de sua inser o no mercado consumidor fortalezense atrav s da Casa Dummar tamb m de sua propriedade e que comercializava inclusive aparelhos receptores de r dio A percep o que transparece quando analisamos os documentos as programa es ouvimos os relatos dos radialistas e acompanhamos a cobertura do Correio do Cear sobre a implanta o do novo meio de comunica o no Cear que a orienta o da Cear R dio Clube apresenta elementos que a colocam ora junto orienta o educativa ora pr xima da orienta o comercial Alguns elementos a fazem aproximar se de uma orienta o comercial A tradi o da fam lia Dummar do ramo do com rcio e de um povo mundialmente conhecido pelas suas habilidades no trato com o mercado o povo s rio liban s fazem crer que os interesses comerciais n o poderiam estar ausentes na utiliza o da Cear R dio Clube A natureza das primeiras irradia es deixa esse aspecto mais n tido quando enseja protestos de vendedores pracistas que se sentem incomodados com a estrat gia agressiva da publicidade radiof nica Sem falar que essa mesma publicidade j era realidade quando o Cear R dio Clube n o passava de um simples auto falante instalado num sal o nobre de um clube elegante de Fortaleza O desenvolvimen
139. como um dos fatores que definam a venda da Cear R dio Clube 161 Eduardo Campos que trilhou carreira tamb m como gestor dos Di rios e R dios Associados e atual diretor da Cear R dio Clube ainda pertencente ao mesmo grupo interpreta esse momento Olhe os jovens s o muito inconsegiientes os jovens N o d pra olhe eu n o vou lhe dizer que eu tinha um amadurecimento pra pra ver esse problema dessa natureza Ahh resmunga desconcertado eu um neg cio eu eu eu imaginava que fosse um neg cio comum o homem chegou ofereceu mais dinheiro e comprou Isso o que eu dentro da minha tica ah ahah repassa isso Eu eu n o podia avaliar o sofrimento dele a coisa dele n Mas eu hoje eu posso falar Eh contam tem v rias vers es pra isso A fam lia de um modo geral pelo menos aceitou isso nos notici rios dos festejos da comemora o do centen rio dele no no no centen rio dele o que houve o que aconteceu que dizem que ele era liban s n E no tempo da guerra as pessoas achavam que era que era melhor porque podia haver uma persegui o uma coisa mais ou menos assim Tem outra vers o que oficiosa A vers o que o Chateaubriand depois eu vou dar a oficial nossa dos Di rios Associados a oficiosa que o Chateaubriand vou dizer chantageou disse Ou voc d ou tal ou vem ou ou eu quero a esta o de qualquer maneira e e Mas n o foi bem assim a
140. d para convencer Jo o Dummar a se desfazer de seu neg cio 160 Dummar Filho 2004 p 72 e 73 explicita alguns desses meios de press o e como foi esse momento na vida de Jo o Dummar Na poca em que Chateaubriand exercia press o querendo comprar a PRE 9 circulou um boato em Fortaleza de que o piscar das luzes fluorescentes que ornamentavam o est dio da emissora no ltimo andar do Edif cio Diogo emitia sinais para os submarinos alem es Para alimentar tal maledic ncia apontavam ainda o solavos instrumento eletr nico que acoplado ao piano emitia ondas de r dio e refor ando a distor o dos fatos passaram a acusar o maestro italiano Ercole Varetto que tinha sido contratado h mais de um ano para a orquestra da PRE 9 como suspeito de envolvimento nestes acontecimentos Injustamente o maestro teve que ser afastado de suas fun es por press es pol ticas e da opini o p blica Diante disso Jo o Dummar procurou Dem crito Rocha que na qualidade de jornalista contr rio ao nazi fascismo interveio junto ao embaixador dos EUA Walter Hoffmann e a maledic ncia foi totalmente desmoralizada Por coincid ncia ou n o este fato potencializou a viabiliza o da compra da Cear R dio Clube por parte de Assis Chateaubriand Ali s ele era conhecido por usar tais expedientes para tingir suas metas no sentido de fortalecer seu imp rio de comunica o tanto que valendo se do fato de os irm os Carlos e Francisco Lamas s
141. da DEIPs o DIP teria atua o nos estados O programa era produzido por Mariano Rodrigues Martins a primeira evid ncia concreta da atua o da censura do regime varguista em nossa pesquisa na programa o da Cear R dio Clube E teve o testemunho de Valdemar Caracas que sofreu as conseqii ncias em sua carreira pol tica do Estado Novo golpe dado por Vargas em 10 11 1937 Em 9 de novembro de 37 era o dia do meu anivers rio no dia seguinte eu perdi o mandato de vereador de Fortaleza eleito em 1936 10 de novembro Assim como tamb m relembra as a es da censura Agora olha seu Caracas tem um programa aqui s seis e quarenta e cinco da noite que era do Departamento de Cultura Divulga o e Propaganda Isso era programa do governo de censura o Mariano Martins a era Isso Mariano Martins E Como que era esse programa seu N o era coisa do que n o voc pensa que o Paulo Oliveira chegava com nome feio no r dio Paulo Oliveira um radialista dos dias de hoje conhecido pelo seu estilo popular de locu o inclusive com a utiliza o de nomes feios em seus programas Voc doido nada Era tudo controlado se n o obedecesse 103 ia pro xadrez Quem que controlava seu Caracas A censura existia a censura Ali s eu acho necess rio porque eu nunca fui chamado pronto dona Anete esposa de seu Caracas complementa Engra ado era a sonoplastia quando
142. da a ser lida em voz alta coletivamente claro que a produ o industrial de cultura tamb m pode servir e quase sempre faz isso domina o E s vezes n o consegue fugir a essa contradi o que representa o receptor ativo pelo consumo embora at mesmo essas contradi es sirvam de prepara o macabra dessa domina o Martin Barbero 1987 p 152 nos d um exemplo disso quando se refere ao folhetim g nero jornal stico que separa em v rios cap tulos numa certa periodicidade uma determinada hist ria O folhetim agita denuncia contradi es atrozes na sociedade mas no mesmo movimento trata de resolv las sem mover o leitor a solu o responder ao que ele espera e lhe devolver a paz Reconhece ainda Martin Barbero que a escolha dos tipos utilizados na impress o dos folhetins maiores que os normalmente utilizados pelos jornais mais que uma estrat gia comercial se ajustava mais a um fator cultural das classes populares da dificuldade na leitura No entanto sabe se que a periodicidade de edi o dos folhetins se ajustava ao descanso semanal e ao pagamento do sal rio dos oper rios o que mais que uma estrat gia comercial se ajustava l gica capitalista ferrenha advers ria da cultura popular Martin Barbero 1987 p 250 assume a posi o de nem apocal ptico nem integrado E concretiza essa sua vis o ao construir o conceito de matrizes culturais A ind stria 155
143. dade cotidiana Para ele um paradoxo o fato de um meio de comunica o t o novo aderir em seus programas a um estilo passado E isso exatamente o que impressiona mais na ades o ostensiva do broadcasting ao passadismo romantico Enquanto as formas antigas de manifesta o literaria como o teatro o livro at o suplemento de jornal servem s correntes modernas o mais jovem de todos os elementos de comunica o artistica resolveu prestigiar o que j parecia morto no mundo das letras Mas o publico adora esses bombons da fic o radiofonica O publico vibra estremece perde o f lego sente batidas no cora o tem arrepios nervosos e chora Ah Como chora Nunca trabalharam tanto as glandulas lacrimais da cidade Por culpa de Marconi voltamos a 1930 esquecidos de que nessa poca o inventor ainda estava para nascer Mas dentro de casa bem cedo ainda mal o dia come a j muita gente sofre com o novo episodio de A Tulipa Negra ou A Dama das Cam lias E da por diante at as ltimas horas das noites velhas um padecimento sem conta um palpitar de peitos ansiosos uma verdadeira nevrose radiofonica As praias andam desertas os cinemas esvaziam se ficam solitarios os port es suburbanos dos classicos id lios dormem os livros abandonados nas estantes Mas em cada sala mesmo em cada botequim h uma tragedia que vem de longe dos estudios mal assombrados onde gemem os fantasmas lite
144. dade e discutidos importantes assunptos Foi levado ao conhecimetno da assist ncia j ter sido levantada a metade do capital social ou seja mais de 25 contos de r is O livro de assingnaturas das ac es encontra se na Pharmacia Franceza em poder do sr Armando C Paiva disposi o das pessoas que desejarem se inscreverem como accionistas O fato mais relevante ainda porque se partirmos do pressuposto que a Sociedade Philips de R dio do Cear e o Cear R dio Club fazem parte de um mesmo grupo de interessados em instalar uma emissora de r dio no estado e tomando se a rela o dos que participaram da reuni o de funda o do R dio Club de Fortaleza nada menos que quatro participantes da lista da reuni o de funda o do R dio Club de Fortaleza ou est o na rela o da Sociedade R dio Philips ou do Cear R dio Club S o eles Alberico Moura Armando Paiva Francisco Riquet e Sebasti o Coelho O que realmente teria acontecido Uma dissid ncia do grupo inicial Ou alguns amadores da radiodifus o estariam t o interessados em que as experi ncias iniciais se tornassem realidade concreta a partir da instala o de uma emissora que chegavam a participar de mais de uma sociedade simultaneamente Essa ltima hip tese nos parece 43 pouco prov vel a se tirar pela vultosa quantia reunida com as quotas de participa o na sociedade que segundo a mat ria j teria alcan ado o montante de 25 contos de r is Se
145. de mobilizar e controlar a opini o p blica foi criado o DIP Departamento de Imprensa e Propaganda em 1939 Entretanto anteriormente j em 1931 havia sido criado o DOP Departamento Oficial de Propaganda agregado Imprensa Nacional tendo como atividades principais a elabora o de um programa oficial radiof nico precursor da Hora do Brasil retransmitido para todo o pa s e o fornecimento de informa es oficiais imprensa Em julho de 1934 o DOP foi reorganizado passando a se chamar de Departamento Nacional de Propaganda e Difus o Cultural DNPDC com a tarefa de estudar a utiliza o do cinema da radiotelegrafia e de outros processos t cnicos no sentido de empreg los como instrumento de difus o estimular a produ o de filmes educativos e orientar a cultura f sica idem p 21 A partir de 1939 o DIP utilizou a imprensa o r dio e o cinema para divulgar as propostas do Estado Novo de integra o nacional e de forma o da nacionalidade popularizando a figura do presidente como grande l der 107 nacional Al m disso tinha tamb m poderes para censurar ou proibir manifesta es de cr tica ao regime idem p 53 muito claro portanto que Get lio Vargas e seu governo desde o in cio elaboraram um esquema relativo ao uso pol tico do r dio Os vest gios do interesse de Campos e Capanema pelos meios de comunica o j evidenciam essa apropria o de orienta o
146. de r dio teatro da emissora Chega se ao n mero de sete veicula es dram ticas simultaneamente na programa o da PRE 9 Embora o jornal afirme que os programas musicais ainda s o os preferidos do p blico mesmo com o sucesso do r dio teatro P R E 9 Roteiro para o ouvinte de r dio teatro a partir de 2a feira dia 8 2as 4as 6as s 19 horas L grimas de m e s 20 horas A Desconhecida 3as 5as e S bados s 20 horas Serenata de amor a vida amorosa de Schubert s 21 10 horas Duas mulheres e um amor 4as e Domingos s 21 10 e 15 horas respectivamente Vida apertada Mem rias do dr Gall o De 2a a 6a feira s 12 45 horas Arsenal Lupin e a Agulha ca 2a 4as e 6as s 9 30 R dio teatro de Miscelanea 178 Correio do Cear 20 1 1947 Em 9 1 1947 o dia da estr ia de um novo programa Divertimentos em Seqii ncia comandado por Eduardo Campos O programa d conta da versatilidade do r dio e da diversidade que caracterizava os programas de audit rio O programa seria veiculado s 14 horas Amanh o lan amento do mais novo programa da PRE 9 Divertimentos em Segii ncia A dire o da Cear R dio Clube resolveu lan ar amanh a partir das 14 horas Divertimentos em Segii ncia um programa que se divide em v rias fases ora no est dio ora no audit rio o que vale dizer que ser
147. de uma programa o voltada aos objetivos de elevar o esp rito das massas promover a educa o e propagar a alta cultura e da n o veicula o de textos comerciais idem Cabe nos agora depois de estarmos referenciados pelos principais ideais da orienta o do projeto de educa o do regime varguista tentar indicar algumas rela es que esse projeto estabelece com os meios de comunica o de massa e o processo de produ o da informa o Al m daqueles previamente relacionados ao pensamento de Francisco Campos e sua estrat gia de consolida o do regime atrav s da compreens o do contexto a partir da realidade de uma nova cultura de massas Ao se tomar como par metro de valida o da preocupa o de Capanema sobre os meios de comunica o de massa as mudan as burocr ticas que produz no Minist rio da Educa o e Sa de v se que essa preocupa o real Em 1937 institu do o Servi o de 95 Radiodifus o Educativa Em correspond ncia de Capanema a Vargas a princ pio suas preocupa es com os meios de comunica o iam al m de uma vis o meramente burocr tica a radiodifus o escolar mat ria diferente e separada da radiodifus o meio de publicidade ou propaganda preciso introduzir o h bito em todas as escolas prim rias secund rias profissionais superiores noturnas e diurnas e estabelecer atrav s desse poderoso instrumento de difus o uma ce
148. do Minist rio da Educa o Muitas dessas indaga es nos remetem a uma outra pesquisa dessa feita de recep o de conversas com os ouvintes que participaram desses momentos do r dio no Cear Que a partir de suas cadeiras das reuni es com os vizinhos dos coment rios com os amigos e amigas vivenciaram um dos per odos de maior efervesc ncia da hist ria da comunica o no Cear Mas deixemos essa discuss o para uma pr xima oportunidade Encerramos nosso di logo Antes um apelo Para aqueles e aquelas que ainda acreditam em um r dio comprometido com a transforma o Deixemos que um de nossos radialistas que nos acompanhou nessa jornada nos fa a representar que o locutor que est apresentando o programa de r dio ele se lembre que o r dio t em todas as casas todos os lares tem gente de todas as idades tem crian a s vezes voc solta um nome feio n o h necessidade O r dio pra poder ser ouvido n o precisa dizer nome feio n o precisa descer n o precisa baixar a sua qualidade Eu acho que tem p blico pra que um r dio bom um r dio de qualidade isso O apelo que 219 eu fa o aqui como um velho radialista que n o deixou de acreditar no r dio n o n o usem o r dio para para determinadas provoca es de mat rias que n o levam a nada procurem fazer do r dio um instrumento de cultura de conviv ncia pac fica E das pessoas se entenderem melhor Esse que o papel do
149. do aparato de censura O Centro de Pesquisa e Documenta o da Hist ria Contempor nea do Brasil CPDOC da Funda o Get lio Vargas descreve a trajet ria hist rica da cria o do DIP e de sua rela o com a pol tica do regime varguista Nas p ginas seguintes reproduzimos essa compila o realizada pelo CPDOC compreendendo sua sistematicidade e referenciais hist ricos que articula A cria o do DIP foi precedida no tocante divulga o das iniciativas governamentais por tr s outros rg os o Departamento Oficial de Publicidade DOP o Departamento de Propaganda e Difus o Cultural DPDC e o Departamento Nacional de Propaganda DNP que se sucederam a partir de 1931 Nenhum deles no entanto desfrutou do grau de autonomia e abrang ncia do DIP dada a conjuntura especificamente diferente em que atuaram Logo ap s a consolida o da vit ria dos revolucion rios de outubro de 1930 que depuseram o presidente Washington Lu s e entregaram a chefia do Governo Provis rio a Get lio Vargas come aram a ser dados os primeiros passos em dire o organiza o da propaganda pol tica no plano nacional consubstanciados na cria o em 2 de julho de 1931 do Departamento Oficial de Publicidade Este rg o vinculado ao Minist rio da Justi a e Neg cios Interiores constitu a se numa esp cie de ap ndice da Ag ncia Nacional e atuava basicamente no setor de radiodifus o De resto sua atividade limitava se
150. do queria tomar conhecimento dos poucos r dios que existiam acompanharam o momento em que ele se submeteu ao concurso do r dio Outra consegii ncia da incorpora o da Cear R dio Clube pelos Associados e essa necessita de uma investiga o mais aprofundada diz respeito utiliza o da PRE 9 como barganha pol tica para os interesses dos Associados caracter stica marcante da atua o profissional de Chateaubriand Um ind cio a enorme for a mobilizadora que os Associados poderiam dispor por conta da articula o simult nea de tantos peri dicos e emissoras de r dio espalhados por todo o Brasil A possibilidade de transmiss o em cadeia uma realidade Na incorpora o da R dio Difusora do Estado do Maranh o foi levado ao ar simultaneamente um programa produzido especialmente pela R dio Tupi 174 para a ocasi o atrav s da R dio Educadora Natal Cear R dio Clube Fortaleza e a pr pria R dio Educadora Maranh o Por conta do dom nio de Assis Chateaubriand sobre a propriedade dos meios de comunica o agora verdadeiramente de massa no Brasil estava aberto o caminho para a uniformiza o da informa o refor ada que era pelo trabalho realizado pelas ag ncias de not cias com os informes internacionais Os programas de instru o e os cursos tornam se espor dicos Mas em janeiro de 1945 surge uma novidade aulas de ingl s pelo r dio a influ ncia norte americana sobre gostos h
151. dor da profissionaliza o no r dio s viria em 1932 atrav s do Decreto Lei 21 111 Tamb m 106 nessa poca o Brasil adotava o modelo norte americano de radiodifus o e passava a distribuir concess es de canais a particulares o que auxiliaria a incrementar a explora o comercial do ve culo O Decreto 20 047 do ano anterior 1931 que substituiu o primeiro Decreto de 1924 sobre radiodifus o no pa s havia estabelecido que a radiodifus o era de interesse nacional com fins educativos O Governo promoveria a unifica o do servi o numa rede nacional e defin ria as concess es de emissoras renov veis a cada dez anos a organismos sociais ou privados E o governo Vargas n o tardaria a perceber que o r dio poderia ser incorporado a seus instrumentos de orienta o ideol gica S mesmo com revolu o Gra as ao r dio e o parabelo N s vamos ter transforma o Neste Brasil verde a amarelo Ge g Seu Get lio j cantava Almirante a marcha composta por Lamartine Babo em 1931 n o toa que o surgimento da radiodifus o na Am rica Latina na d cada de 20 e a sua consolida o a partir dos anos 30 d se quase que paralelamente ao in cio dos movimentos populistas como analisam os observadores pol ticos Populismo que vai unir dois grandes representantes de governo que utilizaram o r dio como ve culo de propaganda ideol gica Vargas no Brasil e Per n na Argentina Com o objetivo
152. dos Estados Unidos do Brasil atendendo ao que requerem o Cear R dio Clube e tendo em vista os pareceres prestados RESOLVE aprovar as plantas or amento e especifica es t cnicas que com esta baixam rubricadas pelo Diretor Geral de Expediente interino da Secretaria de Estado deste Minist rio para a instala o de radiodifus o da referida sociedade Rio de Janeiro 30 de maio de 1934 assinado Jos Am rico de Almeida idem O transmissor da emissora nos primeiros anos tinha a pot ncia de 500 watts O Cear R dio Clube tinha sua sede e est dios na Rua Bar o do Rio Branco 1 172 operando o transmissor no bairro Damas ocupando uma rea pr xima onde funcionavam as depend ncias do Tate Clube Em 1936 os est dios tamb m foram transferidos para esse local Eduardo Campos fala porque n o incluiu os fatos antecedentes a 1934 em uma publica o que elaborou para a comemora o do cinquenten rio da Cear R dio Clube que passaria depois a operar com o prefixo PRE 9 Ele considera o cingiienten rio completado em 1984 Quando eu contei a inaugura o da Cear R dio Clube eu n o contei nem esses antecedentes que o Jo o Dummar nem participava essa que a verdade N o n o contei os antecedentes por exemplo do ano antes que que a esta o funcionou em 33 n verdade Porque n o n o estava oficial porque eu achei no meu rigor na minha tica de de pesquisador realista eu eu eu eu uti
153. e tico pol tico que os produz das montagens do discurso e da cena que constr i as mensagens e da aus ncia que lhes d sentido Que aceita um novo referencial para a rela o educador educando o aluno pode ensinar ao mestre principalmente a manipula o das novas tecnologias os alunos podem ensinar uns aos outros principalmente confrontando seus pontos de vista ou suas fontes de informa o ou suas solu es para o problema proposto em di logo direto por correio eletr nico ou f rum mediado Que aceita que entrem na escola outros universos e outras modalidades de apropria o da realidade em particular ele pode a partir das emo es provocadas pela televis o trabalhar sobre diversas abordagens do real e construir progressivamente um pensamento rigoroso Ou seja nada que n o que n o estivesse na base dos princ pios da educa o problematizadora de Freire Apenas levando em considera o a especificidade da apari o dos meios de comunica o de massa Mesmo assim aqui voltados quase que 211 exclusivamente para os espa os formais de aprendizagem mais especificamente a escola Nada que uma boa leitura cr tica do mundo atrav s de uma a o mediatizada nesse caso pelos meios n o contemplasse E mais que isso numa a o concretizada como pr tica da liberdade o que d o tom da abrang ncia do via a ser da teoria freireana Essa poss vel lacuna nos estudos de Soares quando
154. e a esse mais um r tulo para que os que est o mais direita da sociedade protejam o chefe de governo das influ ncias do populacho resguardando a contamina o do mandat rio por id ias que tenha mais a ver com as camadas menos favorecidas da popula o 71 Um exerc cio interessante seria perceber como essa aproxima o entre Vargas e o povo era justificada Qual a orienta o que a interpreta o desse fato tomava para que Vargas pudesse se afastar da vala comum daqueles que apenas fazem promessas lunares para alcan ar seus objetivos particulares e imediatos Parece que a diferen a estaria na lideran a insofism vel de Vargas junto popula o Pelo menos essa linha de racioc nio que desenvolve Chico Campos na tentativa de resguardar o presidente oriundo de um golpe de Estado H uma rela o misteriosa entre as coletividades humanas e a personalidade que em cada poca o destino lhes reserva como chefe As institui es s o em parte o homem que as modelou e que as anima do seu esp rito e da sua vontade Pode se dizer portanto que o Estado Novo o Sr Get lio Vargas e que sem ele sem o seu temperamento e as suas virtudes o Estado Novo teria outro sentido e outra express o Gde p 206 Pouca dist ncia separa essa convic o de que certamente num regime monarquista o Rei seria Ele Get lio Vargas Mas haveria mais justificativas para tentar desanuviar essa rela o de simbiose
155. e por disposi o dos educandos Uma Comunica o Educativa concebida a partir dessa matriz pedag gica teria como uma de suas fun es capitais a provis o de estrat gias meios e m todos destinados a promover o desenvolvimento da compet ncia comunicativa dos sujeitos educandos Esse desenvolvimento sup e a gera o de vias horizontais de interlocu o Seria no contexto da a o desses movimentos que se desenvolvem experi ncias de uma comunica o que pode ser denominada de popular ou comunit ria a qual evidencia caracter sticas pr prias entre elas o exerc cio da participa o direta Ali se faz poss vel que os receptores das mensagens dos meios de comunica o se tornem tamb m produtores das mesmas se tornem emissores do processo de comunica o Peruzzo s d www usp br nce A participa o na comunica o seria um mecanismo facilitador da amplia o da cidadania uma vez que possibilita a pessoa tornar se sujeito de atividades de a o comunit ria e dos meios de comunica o ali forjados o que resulta num processo educativo sem se estar nos bancos escolares A pessoa inserida nesse processo tende a mudar o seu modo de ver o mundo e de relacionar se com ele Tende a agregar novos elementos sua cultura PERUZZO idem 213 Peruzzo ainda identifica na atua o dos meios de comunica o comunit ria duas inst ncias educativas A primeira estaria situada no mbito dos process
156. e rerelwA wa mundo do pratet sonoro para alegria de t da a vas Mails PIONEER R DIO SA CAIXA FODTAL EIS N O PAULO VENDA EM TOUDAN AM BOAN UVANAN DO MAMO Correio do Cear 15 12 1947 180 O ano de 1948 inicia com um novo destaque para o r dio inaugurada no Correio do Cear a coluna Programa dedicada exclusivamente radiodifus o No dia 26 1 data de estr ia o colunista afirma que a Coluna vai ser um espa o livre para falar sobre as coisas do r dio Ser um espa o especial para os f s do broadcasting dos quais ser o aceitas sugest es E aproveita para fazer sua estr ia divulgando o lan amento de mais um r dio teatro pela emissora O Grande Amor de uma Rainha uma radionovela de 5 cap tulos apresentada pelo Teatro em Casa Iofoscal Stella Maria Jo o Ramos William Alc ntara e Laura Santos v o fazer parte do elenco Reafirmando o que hav amos dito anteriormente os programas instrutivos reaparecem de vez em quando na programa o da Cear R dio Clube Em janeiro de 1948 realizado um concurso para os ouvintes do programa Gin stica pelo R dio O an ncio sai no Correio do Cear de 27 1 A partir de hoje 27 durante dez dias o servi o de Educa o F sica Escolar promover interessante concurso intitulado Gin stica Pelo R dio O referido certame versar em torno de dez perguntas relativas s aulas de gin stica de PRE 9 mantidas p
157. ealizadora de seus novos dirigentes atrav s de empreendimentos marcantes que vieram aumentar o nosso ndice radiof nico e projetar o Cear auspiciosamente no Brasil e nas Am ricas DE 6 S 23 HORAS PRE 9 iniciou esta nova fase de vida ampliando as suas programa es criando novas atua es e trazendo para o seu microfone famosos azes do r dio sulino Agora uma nova amplia o anunciada s 6 horas da manh quando a cidade est acordando j ter nos seus receptores em pleno funcionamento as ondas curtas e largas da emissora associada de Fortaleza com programas atraentes e originais Ser o seguinte o novo hor rio de PRE 9 a partir de julho pr ximo De 6 s 8 de 10 s 14 e de 17 s 23 horas Correio do Cear 19 5 1944 E as novidades se sucedem na programa o da PRE 9 Estr iam os programas Miscelanea dedicado ao p blico feminino pois era veiculado s nove horas da manh com conselhos de beleza informa es humorismo e entrevistas telef nicas e Os fidalgos da casa mourisca radionovela de J lio Diniz considerado o maior trabalha radiof nico brasileiro num oferecimento de Saponax Entre uma estr ia e outra a incorpora o de uma nova emissora ao condom nio dos Di rios e R dios Associados dessa vez a R dio Difusora do Estado do Maranh o PRJ 9 e a realiza o de uma cobertura jornal stica especial sobre Sobral com transmiss es ao vivo diretamente do mu
158. educativo de 25 kw Uma an lise que ainda permanece obscura quando do estudo do r dio na era Vargas seria como essa orienta o ideol gica era percebida pelos ouvintes Como os materiais 218 produzidos especificamente para a difus o dos valores considerados essenciais constru o do projeto de na o de consolida o do Estado Nacional eram traduzidos pelo p blico Que uso a popula o fazia desses materiais Uma das linhas editoriais dava conta de materiais produzidos especificamente para as escolas Esses materiais foram utilizados pelos educadores em sala de aula O fim do per odo varguista teria significado uma perda das possibilidades no desenvolvimento da educa o pelo r dio uma feita que cursos palestras e programas de divulga o reduzem sua participa o no conte do das programa es Ou n o se estaria perdendo grande coisa face resposta do p blico a esses programas Merece destaque a percep o da Secretaria de Educa o e Sa de do Cear das possibilidades apresentadas pelo r dio em torno do processo educativo Alguns programas veiculados pela Cear R dio Clube na d cada de 1949 s o produzidos sob a orienta o da Secretaria Teria sido isso uma pr tica comum nas a es da Secretaria Ou teria sido esse um momento tamb m espor dico de sua atua o A Secretaria tamb m mantinha um Servi o de Cinema e R dio em sua estrutura aos moldes do Servi o de Radiodifus o Educativa
159. el Em nome do padre do filho e do esp rito santo est o inaugurados os transmissores da Cear R dio Clube O controlista era uma faixa que tinha muito grande com todos os efeitos sonoros em vez de colocar palmas colocou a 4 vaia risos Oh Foi uma confus o O Paulo Cabral veio e disse Seu maluco seu nego isso coisa que voc fa a voc trocou aqui a coisa Doutor eu me atrapalhei Que atrapalhou coisa nenhuma O microfone tem tem essas coisas n Uma vez por exemplo foi o menino o Lisboa Voc conhece o Lisboa Z Lisboa n tava fazendo um programa com um outro locutor ele tava fazendo uma uma dobradinha num notici rio Era na R dio Assun o E l na poca eu n o sei se foi na Cear R dio Clube Porque esse rapaz trabalhou l Eu n o me lembro bem qual foi a emissora eu sei que ele tava lendo o notici rio e ele dizia De Londres dizia um dos locutores A completava O rei o rei Jorge V acaba de inaugurar n o sei qu n o sei qu dizia o outro locutor Z Lisboa De Paris A vinha O general Charles de Gaulle essa coisa toda A vinha De de de Moscou O primeiro e tal E l pelas tantas o o o ele disse Lisboa A o locutor esqueceu que era 223 2 Fala macho risos Pronto parou assim tudo Fala macho Pois isso era o microfone Era um microfone
160. ela o entre ouvinte e emissora n o ficava restrito apenas a momentos solenes ou de grande como o Narc lio Limaverde puxa pela mem ria e descreve outros casos da rela o entre os ouvintes da Cear R dio Clube e seu pai radialista Z Limaverde Meu pai tinha um programa a Hora da Saudade ou Coisas que o Tempo Levou ele tinha uma m sica caracter stica que era uma valsa do Zequinha de Abreu Ainda hoje essa valsa toca muito aqui e acol nesses programas de reminisc ncias e aqui em Fortaleza o programa era de m sicas antigas e fatos passados antigos Ent o em Fortaleza quando se reuniam as pessoas e as pessoas come am a contar hist ria que era uma hist ria j conhecida a a pessoa fazia l ralarar que a era 137 a m sica Valsa Branca que significava dizer que aquela hist ria era conhecida e n o era mais novidade tanto era a popularidade do programa no tempo que n o tinha Ibope porque se na poca tivesse Ibope certamente ele era um campe o de Ibope Ele recebia umas cartas a de uma cidade perto de Maracana uma localidade ou distrito Jasana que ele recebia umas cartas de l que minha m e n o gostou Determinado momento achou que estavam elogiando demais o trabalho dele Enciumada ela ficou com ci mes e isso me chamou a aten o Ele voltava e perguntava se tinham assistido ao programa dele quando minha m e dizia n o ele n o achava bom ele achava que todo mundo devia assistir e acompanh
161. ela dessas cheia de r dio televis o e tudo O r dio do vizinho era muito risos Isso verdade Era muito usado o do vizinho Muita gente n o tinha r dio n o Era o r dio vizinho Voc t perguntando Qual o primeiro r dio que voc teve Eu digo um r dio Piloto que eu comprei ao Teophilo Romcy Eu comprei por um conto e quinhentos pagando 250 mil r is por m s Quer dizer que eu levei 6 meses para pagar Isso em 1936 Eu ouvi me lembro muito que eu ouvi um jogo da sele o brasileira com a sele o Argentina como se fosse aqui R dio de segunda m o R dio Piloto Valdemar Caracas Ah isso foi em 1933 34 por a Foi quando o pai do Dem crito Dummar pessoal da fam lia Dummar montou uma emissora que inicialmente funcionava nos altos da casa Volante l na Pra a do Ferreira Mas a influ ncia do r dio foi pequena porque os aparelhos eram muito caros o pre o era alto Ent o na minha rua por exemplo as pessoas que eram mais jovens ent o queriam dominar isso O primeiro aparelho de r dio na rua Monsenhor Tabosa que naquela poca se chamava rua do Semin rio n eles invejaram meu pai porque meu pai a bordo de um vapor comprou um r dio de origem alem em 1936 Ent o ele usava esse r dio fregiientemente digamos todo dia para ouvir notici rio do exterior Porque havia aqueles que transmitiam o notici rio na l ngua portuguesa Meu pai era muito interessado queria a
162. elecendo monop lios ocupacionais para cada qual aos diferentes of cios correspondem tipos diversos de escolas profissionais o Estado deve financiar a educa o p blica e subsidiar a provada os defeitos do sistema s o san veis por aperfei oamentos sucessivos da legisla o e da fiscaliza o idem p 14 A orienta o macro da pol tica de educa o era evidente Acreditava se em seu poder de moldar a sociedade a partir da forma o das mentes e da abertura de novos espa os de mobilidade social e participa o idem p 69 E a modelagem da sociedade passava por uma distin o entre a educa o que deveria ser dada ao homem e quela que caberia mulher os poderes p blicos devem ter em mira que a educa o tendo por finalidade preparar o indiv duo para a vida moral pol tica e econ mica da na o precisa considerar diversamente o homem e a mulher Cumpre reconhecer que no mundo moderno um e outro s o chamados mesma quantidade de esfor o pela obra comum pois a mulher mostrou se capaz de tarefas as mais dif ceis e penosas de diferir na medida em que diferem os destinos que a Provid ncia lhes deu Assim se o homem deve ser preparado com t mpora de teor militar para os neg cios e as lutas a orienta o feminina ter outra finalidade que o preparo para a vida do lar A fam lia constitu da pelo casamento indissol vel a base de nossa organiza o social e por isso colocada sob a pr
163. elegrafia e Telefonia e Silvicultura Pr tica as Li es eram de Portugu s Franc s Italiano 27 Geografia Hist ria Natural F sica e Qu mica Entre as Palestras Seriadas encontramos uma s rie dirigida s m es Escola de M es e uma s rie sobre Atributos da Gente Brasileira A programa o inclu a al m disso um Quarto de Hora Liter rio e um Quarto de Hora Infantil um quarto de hora ou 15 minutos da programa o Percebe se a partir desses fatos o descompasso entre o desenvolvimento do r dio nas diversas regi es brasileiras e mais especificamente entre os pr prios estados Enquanto o r dio no Cear se envolve com recep es de programa es de emissoras dos EUA o nosso vizinho Pernambuco se prepara para dar um salto em rela o s suas pr prias emiss es como noticia o Correio do Cear em edi o de 9 10 1929 O R dio Club de Pernambuco abriu concorr ncia de trinta dias para apresenta o de propostas sobre fornecimento de um transmissor Broad Casting com modula o de placa capacidade de dois Kilowatts de antena e com o raio de a o de mil milhas Ser assim a maior r dio transmissora do Brasil A raz o da denomina o de R dio Club de Pernambuco descendia exatamente das primeiras sociedades que se formavam para realizar experi ncias de radiotelefonia Principalmente de experi ncias de recep o das transmiss es muitas vezes de emissoras localizadas em pa ses da Europa ou me
164. em e arranjos 32 Afora os primeiros estremecimentos e recursos da imprensa escrita frente o novo regime a participa o de Jo o Dummar nas experi ncias com o r dio tem seu primeiro registro no Correio do Cear na edi o de 8 6 1931 O local da audi o foi o Clube Iracema Entre os anos 20 e 40 a sede do Clube Iracema era no Palacete do Cear pr dio inaugurado em 1914 e s mbolo de grandes transforma es na fisionomia de Fortaleza O local foi durante muito tempo ponto de encontro da sociedade cearense Em 1955 o pr dio foi posto venda e adquirido pela Caixa Econ mica que j o ocupava desde 1946 O Palacete do Cear est situado Rua Guilherme Rocha 48 Pra a do Ferreira centro da cidade A mat ria do Correio alude que no dia anterior uma audi o no Clube Iracema fez muito sucesso Os encontros se constitu am em reuni es intimas nos elegantes sal es do clube A audi o de r dio constituiu uma nota de grande relevo tendo impressionado muito bem Houve animadas dansas at 11 horas da noite No pr ximo dia 12 sexta feira haver outra reuni o com o mesmo car ter de intimidade da de ontem A Casa Dummar a cargo da qual est o as irradia es do Iracema vai preparar um programma excelente dele fazendo parte uma confer ncia do Leota Leonardo Mota Um ambiente elegante e prop cio aos s cios do Clube e suas dignas fam lias E Valdemar Caracas confirma
165. em dos conte dos no mbito de g neros e formatos quando novas t cnicas de comunica o radiof nica s o trabalhadas para possibilitar uma maior efetividade da comunica o Essa outra adapta o pode ser notada em v rios momentos de sua programa o Em movimentos mais amplos quando se aproxima do cotidiano da sociedade possibilitando uma intera o mais efetiva por conta de uma comunica o significativa Em contextos mais reduzidos mas n o menos importantes quando coloca disposi o do ouvinte um telefone para que a participa o seja efetiva Ou em movimentos mais sutis quando estabelece um ngelus s seis horas da tarde momento em que a cultura sertaneja que acompanha a origem das fam lias de Fortaleza p ra num momento de reflex o Desse modo como no mbito da tecnologia os g neros e formatos radiof nicos e suas linguagens tamb m sofrem o direcionamento que vem da sociedade No entanto deve se compreender tamb m que as possibilidades de manipula o de ambos os lados n o s o irrestritas Essa manipula o sofre v rias condicionantes n vel de acesso informa o contexto em que ela se desenvolve n vel de organiza o social apropria o cultural da tecnologia pela sociedade entre outros fatores A absolutiza o dessa rela o de manipula o poderia nos levar compreens o de que essa permeabibilidade do r dio meio sociedade chegaria a seu pice quando da afirma o de
166. emais diretores acionistas tendo sido feitas transferencias das a es MAIS 3 EMISSORAS com a compra da Educadora passam os DI RIOS ASSOCIADOS a possuir mais uma esta o de ondas m dias e 3 canais de ondas curtas E vou aproveitar para lamentar a nossa falta de interesse pela historia dos becos de Fortaleza n o s dos becos mas tamb m dos suburbios dos bairros e dos arrabaldes cujos nomes pitorescos dados pelo proprio povo v o desaparecendo aos poucos medida que a civiliza o das placas da Prefeitura destroi a ingenua poesia dos apelidos Conhecemos profundamente mal a nossa cidade Quem me dir porque aquele suburbio se chama Cambirimbas De onde vem esse notavel epiteto de Baixa Preta Por que Urub E Morro do Moinho e Mata Cachorro e Volta da Jurema e Grossos e Curral e Cercado do Z Padre e Coc e Beco da Meia Volta Qual a raz o do povo preferir dizer Mata Galinha em vez de Parque Olinda Correio do Cear 29 4 1943 Recebemos Sr Redator Em nossa capital existe atualmente um problema que est a merecer providencias de quem de direito Trata se do sistema adotado pelas nossas emprezas de onibus de permitir viajarem em seus veiculos pessoas que por sua maneira de trajar n o est o em condi es de sentar se ao lado de um cavalheiro ou mesmo de uma senhora Diariamente presenciamos em todos os onibus sem nenhuma exce o a presen a de carregadores sujos rasgados e at
167. emissoras Nesse momento mais programas passaram a ter patrocinadores pr prios significando tamb m uma aposta do mercado no poder de penetra o que o r dio j detinha junto popula o Os anunciantes chegavam a influir no conte do de determinados programas identificando aquele que melhor se coadunava com o produto em exposi o Alguns programas incorporavam o nome do produto anunciado a seu pr prio nome Em rela o orienta o educativa da PRE 9 os elementos tamb m s o evidentes E alguns desses elementos se relacionam aos mesmos par metros que faziam o lado comercial aflorar em determinadas ocasi es Assim que a figura de Jo o Dummar tamb m contribu a para que os elementos educativos estivessem presentes na orienta o da Cear R dio Clube A sua aproxima o com a cultura a arte e homens de letras o direcionavam para a id ia educativa da emissora O imagin rio social poca de levar a educa o para os segmentos ignorantes da sociedade era o substrato amplo dessa orienta o As irradia es iniciais tamb m comprovariam essa orienta o Programas veiculadores de bons costumes culin ria para as senhoras boas maneiras para as senhoritas higiene para todos Sem falar nas palestras econ micas aulas de gin stica m dulos de ingl s Identificamos ent o duas vertentes desses elementos educativos Em sua maioria 193 resvalam para o sentido de uma educa o n o formal
168. enhora idosa e de culos E eu falando perto dela negociando com o cidad o quero o isso presunto n o sei que e tal ela virou se pra mim e disse o senhor o Manuelito Eduardo n o Ela cega eu n o sabia que ela era cega Eu disse sou Ela disse eu eu sou cega eu lhe reconheci pela voz eu estava ausente passei 10 ou tantos anos no Rio de Janeiro mas eu guardei a sua voz na minha mem ria e quando o senhor tava falando ai eu lhe identifiquei Veja como o poder da voz Ah identificavam e ainda tinha o seguinte e nas novelas faziam papel de gal eram endeusados e quem fazia o papel de bruxa de mulher alcoviteira as mulheres queriam dar era exatamente A Laura Santos enfrentava problemas S o antip ticas nojentas como que faz isso com fulano era Ser locutor de r dio era mesmo que ser hoje por exemplo um locutor um apresentador do programa nacional do Jornal Nacional a mesma coisa aqui em Fortaleza tinha uma resson ncia muito grande porque todo mundo dava valor ao locutor Campanhas se fez muito isso ai isso ai um cap tulo a parte n s fizemos campanhas que todas as emissoras todos os jornais do Cear reunidos em todos os tempos n o chegam a fazer 10 das campanhas que a Cear R dio Clube fez A Cear R dio Clube ao longo do tempo teve uma notoriedade enorme nas campanhas que fez se refere s campanhas de arrecada o de donativos para o Ab
169. ente o homem estava frente de seu tempo poss vel hoje com efeito e o que acontece transformar a tranquila opini o p blica do s culo passado em um estado de del rio ou de alucina o coletiva mediante os instrumentos de propaga o de intensifica o e de cont gio de emo es tornados poss veis precisamente gra as ao progresso que nos deu a imprensa de grande tiragem a radiodifus o o cinema os recentes processos de comunica o que conferem ao homem um dom aproximado ao da ubigiidade e dentro em pouco a televis o tornando poss vel a nossa presen a simult nea em diferentes pontos de espa o N o necess rio o contato f sico para que haja multid o Durante toda a fase de campanha ou de propaganda pol tica toda a Na o mobilizada em estado multitudin rio Nessa atmosfera de conturba o emotiva seria rid culo admitir que os pronunciamentos da opini o possam ter outro car ter que n o seja ditado por prefer ncias ou tend ncias de ordem absolutamente irracional idem p 31 A compreens o sobre o papel dos meios de comunica o de massa deriva da percep o de Chico Campos sobre as transforma es em torno do processo pol tico Ele enxergava nos problemas nos quais se dava a disputa entre os partidos pol ticos cada vez mais a natureza t cnica As grandes quest es que no s culo passado se debatiam no campo da pol tica eram quest es gerais suscet veis de interessar ao maior
170. ento de padr es de gosto e de estilos de vida reordenando e desmontando velhas e resistentes formas de intermedia o e autoridade que configuravam o estatuto e poder social da escola Outras quest es Ao longo do trabalho algumas quest es ainda ficaram em aberto prontas para agu ar a curiosidade de outros pesquisadores Fa amos um apanhado dessas quest es concentrando nos em quest es mais gerais Algumas quest es espec ficas lan adas tamb m ao longo do trabalho podem ser respondidas a partir de um retorno s fontes de pesquisa 217 Um conjunto dessas quest es foi colocado quando o Correio do Cear anunciava a inaugura o de uma amplificadora no bairro da Pogangaba A essa altura indag vamos Seriam as r dios livres se insinuando j na d cada de 1930 em Fortaleza Em contraposi o ao acesso tecnologia apenas dos mais ricos Em outra ocasi o o Correio do Cear publica a carta de um leitor incomodado com o barulho feito por um sistema de auto falantes pr ximo de sua casa Os que t m a comunica o comunit rio como linha de pesquisa podem se deliciar com essas novas possibilidades Certamente uma dimens o ainda inexplorada de an lise e que me desperta bastante interesse poderia se dar com educadores das d cadas de 1930 e 1940 Como eles perceberam o surgimento da tecnologia r dio Que mudan as eles perceberam nos processos de aprendizagem E a escola como a escola reagiu a esse novo c
171. eportagem educativa Dedica tamb m um cap tulo especial ao papel da radiodifus o na extens o cultural dos adultos e finalmente apresenta registros de atividades radiof nicas realizadas por v rios pa ses do mundo membros da Uni o Internacional de Radiodifus o Segundo D ngelo 1998 a percep o de Espinheira que a dramatiza o deveria ser o programa mais indicado para impressionar os ouvintes nos cursos de hist ria pelo r dio Essa modalidade seria capaz de atingir a imagina o para integrar o ouvinte ao ambiente hist rico simulado nos microfones Estes efeitos refor ariam a preocupa o com h bitos a serem sugestionados mais que o pr prio conte do pedag gico especialmente na busca de uma nacionalidade O pr prio Espinheira caminha nessa perspectiva acenando com o car ter ilustrativo das audi es s aulas ministradas pelo professor A este restaria atrair os alunos para a Hist ria com o uso de livros did ticos mapas e quadros intuitivos devidamente preparados e indicados para a absor o dos mitos her is e valores nacionais e aos conferencistas do r dio caberia a cria o das cenas induzindo os alunos ao local e poca narrados conferindo ao t cnico a atribui o das montagens e efeitos apropriados 60 O recurso ao cotidiano de povos distantes no tempo e no espa o se encarregaria de impregnar na sua mem ria um ambiente familiar em que as vidas s o tra adas em torno de personalidade
172. ercep o rotineira das pessoas Acaba se por criar uma tens o situacional entre momentos de estere tipos e diversidade criadora que leva o receptor a uma situa o d bia ante o estere tipo anteriormente introjetado gerando um momento de reflex o Da que n o seja prudente a aposi o de li es de moral ao final de mensagens comunicacionais educativas A li o de moral gera uma acomoda o inibindo o processo de reflex o criativa Essa rela o com o cotidiano tamb m potencializada a partir da valoriza o dos saberes socialmente constru dos pelo p blico receptor o que potencializa a refer ncia a suas matrizes culturais Melhor ainda quando se sabe que os saberes socialmente constru dos partem de um processo de constru o coletiva o que remete necessariamente a linguagens e valores que se transformaram em imagin rio de massa Ainda sobre o contexto a compreens o da comunica o potencializada para bons entendedores E um dos pontos de partida para bons entendedores quando os 205 participantes da comunica o est o sob um mesmo contexto ou sob uma mesma compreens o de contexto E o contexto diverso da que um processo de comunica o educativa deve estar aberto diversidade seja do contexto seja das possibilidades de interpreta o que venha a suscitar Abandona se a compreens o uniformizante da cultura para a compreens o de uma cultura plural mas que alicer ada em matrizes
173. erem chilenos apossou se da R dio Clube de Natal que a eles pertenciam e que atualmente conhecida como a R dio Poty no Rio Grande do Norte Esta era uma das formas que ele usava para se apossar de r dios e jornais a pre os simb licos e a suaves presta es mensais usando o temor como arma para fazer sua organiza o crescer a qualquer custo ele que era temido at pelo presidente da Rep blica Get lio Vargas A press o de Chateaubriand continuou e em 11 de janeiro de 1944 Jo o Dummar finalmente capitulou A PRE 9 passou a fazer parte dos Di rios Associados Antes por m ele fez circular durante uma semana o cheque de Chateaubriand pela Pra a do Ferreira como formador de opini o p blica de ent o atrav s de Ant nio Figueiredo o folcl rico Figueired o que era muito amigo da fam lia Dummar E o fez para demonstrar sua contrariedade pois aquele cheque nada valia para ele diante dos anos de luta e de trabalho que realizara pela consolida o da PRE 9 A mesma press o que fora feita sobre os irm os Lamas no Rio Grande do Norte teria sido feita por Chateaubriand aqui no Cear j que Jo o Dummar era s rio ainda n o naturalizado brasileiro condi o que o impedia pela legisla o vigente de ser propriet rio de uma emissora de r dio Quando da incorpora o da PRE 9 pelos Di rios Associados o processo de naturaliza o de Jo o Dummar estava em curso Alguns acusam a demora na tramita o do pedido
174. eria render bons momentos de recorda es aos anos como goleiro do Crato Football Club Como se deduz pela not cia veiculada pelo Correio do Cear edi o de 11 7 1931 Amanh s 15 1 2 horas ser irradiada a partida de foot ball entre as equipes cearense e potyguar Assim o povo poder acompanhar os lances do grande match O apparelho ser postado na Pra a do Ferreira Enquanto o Cear se via na imin ncia de ter sua primeira emissora de r dio oficial no Rio de Janeiro j era fundada a Ag ncia R dio ag ncia de not cias que se prestava a produzir material para todos os jornais do pa s Communicam nos os srs R Pereira Guimar es e Victor Hugo Vieira directores que acabam de fundar com s de rua Republica do Per n 17 1 andar a Agencia Radio para o fim de proporcionar irreprehensivel e imparcial servi o de noticias e informa es comprehendido toda sorte de reportagens e artigos de interesse geral encarregando se tambem de tudo quanto se relacionar publicidade propriamente dita Por meio de um boletim que publicar o mensalmente a princ pio e depois quinzenalmente trabalhar o com todos os jornaes do paiz Correio do Cear edi o de 16 7 1931 35 Nesse mesmo ano Jo o Dummar faz um movimento firme em busca da implanta o de sua emissora de r dio Sobre o acontecimento existe uma dupla interpreta o Para o Correio do Cear edi o de 2 9 193
175. erm nicas Por estranha ironia o modelo voltava se contra quem o admirava No projeto nacionalista de educa o pareceria l gico o privil gio de certas disciplinas do curr culo E que refor aria a orienta o da vertente patri tica defendida por Capanema E com a educa o moral e c vica que se cerra e se completa o ciclo da educa o individual e coletiva e por ela que se forma o car ter dos 93 cidad os infundindo lhes n o apenas as preciosas virtudes pessoais sen o tamb m as grandes virtudes coletivas que formam a t mpora das nacionalidades a disciplina o sentimento do dever a resigna o nas adversidades nacionais a clareza nos produtos a presteza na a o a exalta o patri tica idem p 209 Objetivos claros orientavam a escola prim ria e o ensino secund rio O importante na escola prim ria seria a transmiss o do sentimento patri tico por que me ufano do meu pa s bandeira hino etc conforme anota o do pr prio punho do ministro A escola secund ria teria outros prop sitos indo mais longe Ela deveria formar uma verdadeira consci ncia patri tica pr pria de homens portadores das concep es e atitudes espirituais que preciso infundir nas massas que preciso tornar habituais entre o povo idem p 210 Em 1942 com a Lei Org nica a defesa do ensino de moral e civismo acaba por n o ser inclu da como disciplina curricular Ao inv s disso seu conte
176. erva es de seus ouvintes quando introduz produ es voltadas ao p blico feminino infantil e palestras educativas o Cear R dio Clube ao proceder assim tamb m entra em sintonia com uma outra orienta o do projeto nacional de Vargas Agora sob a orienta o do Minist rio da Educa o e Sa de ocupado por Gustavo Capanema Faz se necess rio ent o um pr vio conhecimento sobre o projeto de educa o de Vargas para que possamos identificar sua aproxima o com a orienta o da programa o da Cear R dio Clube e as possibilidades educativas que poderia trazer Esse conhecimento tamb m se faz necess rio por conta de que o direcionamento que vai tomar a educa o leva em considera o o poder da informa o dos meios de comunica o de massa para a aplicabilidade de seus dispositivos de orienta o ideol gica em torno das id ias nacionalistas do movimento estadonovista A regulamenta o da concess o dos meios de comunica o e o papel que a censura vai desempenhar nesse processo s o importantes momentos de defini o de pol ticas p blicas que podem indicar os caminhos que iriam tomar a rela o entre comunica o e educa o entre r dio e educa o A educa o do governo Vargas pode tamb m ser denominada de tempos de Capanema O per odo em que Gustavo Capanema foi titular do Minist rio da Educa o e Sa de confirma isso Foram onze anos como ministro do governo Vargas assumindo em 1934 a
177. es motivo de ter um trensinho qualquer se arrebentado e em consegii ncia veio a faltar a lenha para as velh ssimas e caducas caldeias da Light Tivemos assim ontem uma manh sem r dio e um peda o de noite tamb m Resta nos pois ter uma pacienciasinha Hoje a jovem sambista estar certamente ao microfone da Prenove N o afirmamos categoricamente porque pode aparecer uma Light para nos desmentir Se a poderosa permitir lament vel mas a verdade Ruth Martins far o seu recital de estr ia na pobre Fortaleza que tem uma Light para lhe envergonhar e lhe povoar a cabe a de cabelos brancos Correio do Cear 29 3 1944 Novamente a coluna R dio dava repercuss o vida dos artistas do cast da Cear R dio Clube Dessa feita Maria Aquino quem desfila pelas p ginas do Correio do Cear edi o de 22 3 1944 167 Quem ouve sua voz no r dio tem a impress o de estar escutando uma m e preta muito amiga muito conselheira e muito meiga Esse o seu papel e que nos evoca os velhos tempos idos em que as m es pretas amigas e dedicadas guiavam as gera es nos rduos caminhos da vida No entretanto se sua voz pode tornar se a de uma criatura de cabelos brancos de rugas nas faces ela em verdade muito jovem e n o tem ainda os cabelos como neve nem as faces povoadas de rugas Maria de Aquino muito nova ainda principalmente na arte de interpretar pois sua carreira art stica data de
178. essa historiografia mais difundida sobre o r dio nacional foi influenciada pelo centralismo econ mico e pol tico dos estados do Rio de Janeiro e S o Paulo aos ricos quase sempre cabe contar a hist ria A atua o dos precursores do r dio em outras regi es e estados uma hist ria ainda por contar Aqui e ali se levanta alguma iniciativa que tenta preencher essa lacuna Esse trabalho uma tentativa de come ar a preencher a lacuna ainda existente sobre a hist ria do r dio no Cear E tenta compreender como se deu a introdu o desse ve culo de comunica o no estado a partir exatamente da rela o entre comunica o e educa o Para isso analisa o per odo que vai de 1934 quando come a a funcionar sua primeira emissora oficial a Cear R dio Club at 1948 ano de instala o da segunda emissora oficial a R dio Iracema de Fortaleza O elemento b sico de an lise sobre a rela o comunica o e educa o no limiar do r dio no Cear as grades de programa o da Cear R dio Clube acompanhadas atrav s de sua divulga o pelo jornal Correio do Cear Ao mesmo tempo esses registros hist ricos s o complementados pelos depoimentos de um pesquisador do jornalismo cearense e de cinco radialistas que vivenciaram os anos iniciais do funcionamento da primeira emissora radiof nica no estado A rela o com as pol ticas centrais do governo Vargas 1930 1945 principalmente as relacionadas s reas de comunica o
179. esse Estado das massas que Chico Campos infere os pr ximos passos desse projeto O estado de massa gera a mentalidade de massa propaga e intensifica as express es pr prias a essa mentalidade A moderna teologia pol tica o resultado de uma cultura de massa pois que em cada poca os processos espirituais de integra o pol tica s podem ser determinados pela formas expressivas ou dominantes da sua cultura J houve uma integra o pela f nas pocas de religi o e uma fraca integra o ou antes uma tentativa de integra o pol tica por processos intelectuais ou ao menos de apar ncia intelectual quando as massas em raz o do seu volume relativamente reduzido e da defici ncia da t cnica das comunica es ou melhor do cont gio eram antes um elemento passivo ainda n o dotado como em nosso tempo de unidade de alma e de a o Ora uma integra o pol tica num regime em que se torna poss vel organizar e mobilizar as massas s se pode operar mediante for as irracionais e a sua tradu o s poss vel na linguagem bergsoniana do mito n o por m de um mito qualquer mas precisamente do mito da viol ncia que aquele em que se condensam as mais elementares e poderosas emo es da alma humana idem p 21 O mito seria o meio pelo qual se procuraria disciplinar e utilizar essas for as desencadeadas construindo para elas um mundo simb lico adequado s suas tend ncias e desejos O mi
180. eus pais Jos Limaverde Sobrinho tamb m radialista e banc rio e minha m e Leda Sobreira Limaverde naquele tempo em que as mulheres eram simplesmente ou e com muita import ncia somente donas de casa Narc lio Limaverde filho de Jos Limaverde que trabalhou na Cear R dio Clube a partir da d cada de 1930 nome completo Francisco Ot vio O nome de registro de identidade Seria Francisco Ot vio de Freitas Freitas do meu pai Santiago da minha m e Mas eu nasci no Rio em Niter i estado do Rio E l tinha meu fui buscar minha certid o de nascimento Francisco Ot vio Como o Roberto Carlos como o Francisco Jos o Francisco An sio A ficou s Francisco Ot vio Filho de Ant nio M rio de Freitas e Consuelo Santiago de Freitas falecidos Meu pai era portugu s minha m e cearense nasci no dia quatro de setembro de mil novecentos e vinte e cinco Santiago Freitas foi r dio ator destacado na programa o da Cear R dio Clube da d cada de 1940 Eu me chamo Manoel Eduardo Pinheiro Campos nasci em Guaiuba em 11 de janeiro de 1923 Filho de Jonas Acioli Pinheiro e Maria Dolores Eduardo Pinheiro Fui dado aos quatro meses de idade a uns tios que me criaram a minha tia irm portanto da minha m e chamada Isabel Eduardo Campos e meu pai de cria o Jo o Pereira Campos Eu fui passado em cart rio tem uma escritura de ado o e eu me criei na
181. existe entre os nossos dois povos Agora chegou a vez do r dio E dele nos utilizaremos apenas para fazer o mais simples e sem d vida o mais eficiente dar aulas de ingl s Temos uma cole o de discos maravilhosos Temos uma emissora cuja obra em favor da solidariedade pan americana sempre foi e continua sendo de notabil ssima import ncia Temos um p blico curioso e inteligente Vamos aprender ingl s portanto As aulas de ingl s que PRE 9 vai irradiar ser o como j foi esclarecido para todos Um jornal o Unit rio publicar de manh as li es que a emissora mm irradiar noite Em 5 3 Paulo Cabral de Ara jo assume a dire o geral da PRE 9 E afinal no dia 2 8 acontece o grande evento o come o da veicula o do curso de ingl s pela Cear R dio Clube Ao mesmo tempo preparado um novo lan amento Ilustra o produzido tamb m por Eduardo Campos e que falar sobre literatura em geral Rosa de Sangue com a participa o de Eduardo Campos e Jos J lio faz o deleite dos radionovelistas cearenses Em 1946 a penetra o das radionovelas j se faz sentir com mais vigor na programa o da Cear R dio Clube Uma transposi o do que havia acontecido alguns anos atr s no Rio de Janeiro t o bem relatado pelo colunista Genolino Corrobora para essa afirma o o fato de que o Correio do Cear traz em sua edi o de 5 7 1946 uma 177 programa o espec fica dos eventos
182. explicar o predom nio alem o nas produ es da PRE 9 A primeira o desenvolvimento t cnico da radiodifus o naquele pa s impulsionado pela ind stria da guerra de Hitler que utilizava o r dio como meio de comunica o pol tico ideol gico para a ascens o do nazismo Uma segunda causalidade e essa j ancorada na realidade brasileira o fato do governo de Get lio Vargas nesse momento em sua rea diplom tica e sob o pren ncio da Segunda Guerra ainda oscilar entre os acenos dos EUA e das na es europ ias que iriam compor juntamente com o Jap o as pot ncias do Eixo no caso a It lia e a Alemanha Confirmando os depoimentos e registros anteriores a m sica cl ssica dava o tom da programa o musical m sica cl ssica tamb m alem Uma ltima observa o ser que o R dio da Mocidade sempre seremos solid rios programa presente na grade do dia 13 j representaria os esfor os do regime varguista na utiliza o do r dio como meio de propaganda pol tica Mas parece que essa programa o n o encontrava eco em alguns ouvintes Como demonstra outra carta de ouvinte endere ada reda o do Correio do Cear que saiu na edi o do dia 25 3 1935 A ortografia foi adaptada atualidade Na qualidade de ouvinte de r dio venho comentar aqui o fato ali s observado por todos de que a esta o irradiadora nica local n o est desempenhando a sua finalidade regida por lei federal da r dio
183. gero que a cidade parou para receber a grande voz rom ntica do cancioneiro nacional cantor que disputava as prefer ncias do p blico juntamente com Francisco Alves o rei da voz que antes visitara o Cear para atuar ao microfone da PRE 9 em 1938 131 Pela primeira vez em Fortaleza a pol cia teve de tomar medidas especiais para proteger o artista em seu desembarque tendo bloqueado o acesso ao aeroporto para onde convergiu incalcul vel n mero de curiosos que come avam a se identificar por f s Mais uma demonstra o da crescente penetra o do r dio em Fortaleza O jornal O Povo faz da inaugura o uma manchete daquele dia A Voz do Cear Inaugurada oficialmente a Emissora de ondas curtas de Fortaleza Em seu discurso durante a inaugura o Jo o Dummar anuncia que durante um curto per odo de experi ncias de funcionamento do novo transmissor a PRE 9 recebeu em quatro dias 600 e tantos telegramas e cartas de ouvintes de todo o Brasil de Manaus e do Acre a Porto Alegre de todos os Estados sem exce o informando sobre a recep o dos programas experimentais DUMMAR FILHO p 58 Com a chegada de Dermival Costalima as estr ias na programa o da PRE 9 se sucedem A orienta o dos novos programas j apontava para uma crescente populariza o de seus conte dos Est de parabens mais uma vez o grande p blico da PRE 9 ap s uma s rie de autenticas sensa es que a Cear
184. gnificaciones sedimentadas em ella por la comunidad de los hablantes se hace pos ble la generaci n de nuevos sentidos desde los que reinventar lo presente y constuir futuro idem p 19 e 20 E insiste es a eso que llamo sin el menor reato de chauvinismo da primera teoria latinoamericana de comunicaci n ya que no s lo tematiz pr cticas y procesos comunicativos de estes pa ses sino que puso a comunicar a Am rica Latina consigo misma e com el resto del mundo idem p 20 e 21 A aproxima o entre a palavra geradora de Freire e as matrizes culturais de Martin Barbero faz crer que o reconhecimento embora que tardio j tinha ensaiado os passos iniciais h bem mais tempo A palavra geradora carregada de sentido assume a express o concreta da resist ncia hist rica que identifica as matrizes culturais das comunidades latinoamericanas E que tende a estabelecer as media es necess rias compreens o e reflex o do que comunicado Processo educativo em curso no limiar da comunica o Uma interpreta o poss vel Todas essas rela es v o permitir que Patr cio 1995 tente identificar os elementos que constituem o que ele chamaria de princ pio educativo do r dio retomando uma compreens o mais sist mica que tenta relacionar todo o processo de comunica o afastando se da tentativa de isolacionismo dos elementos educativos no processo comunicacional ora no emissor ora na mensagem ora no receptor ou
185. go hor rio isto de 10 30 s 13 horas e de 17 30 s 23 horas Recentemente integrada na maior cadeia de jornais e emissoras da Am rica Latina desejo dos seus dirigentes de tornar a emissora fundada por Jo o Dummar cada vez mais prestigiosa projetando a em todos os recantos para melhor elevar o valor da terra Alencarina Da a raz o por que est o empenhados os orientadores da PRE 9 em criar novos programas que despertem interesse ao p blico ouvinte que certamente colaborar com os mesmos mandando suas opini es que ser o recebidas com o maior interesse DOIS PROGRAMAS A emissora que funciona no 8 Andar do Edif cio Diogo lan ar dois novos programas que ser o ouvidos a partir de hoje Murilo Mota conhecido advogado e jornalista redator que dos DI RIOS ASSOCIADOS far um coment rio da guerra diariamente pelo qual o r dio escuta poder acompanhar os principais acontecimentos do atual conflito Murilo Mota que se especializou em assuntos internacionais redigindo diariamente o coment rio de guerra deste vespertino poder oferecer aos ouvintes da emissora associada uma sensata interpreta o dos fatos que se passam no cen rio da luta O outro programa foi por alguns tempos irradiados pela PRE 9 e constitu a a chave de ouro com que a querida emissora cearense encerrava as suas programa es noturnas BOA NOITE PARA VOC estar novamente no ar na voz simp tica de Paulo Cabral e constar de uma cr nica s
186. governamental Por outro lado e uma das estrat gias garantidoras desse aparelhamento ideol gico do r dio pelo regime foi a implanta o dos processos de censura Enquanto os jornais e demais publica es regulares tinham censores em suas reda es o r dio n o somente foi censurado divulgando tudo fei o do poder p blico como ainda teve algumas emissoras encampadas idem p 26 No entanto a influ ncia direta de Capanema sobre a radiodifus o seria muito breve pois ainda em 1934 Get lio Vargas criou o Departamento de Propaganda e Difus o Cultural ligado ao Minist rio da Justi a esvaziando o Minist rio da Educa o n o s da propaganda como tamb m do r dio e do cinema Esta decis o faz parte sem d vida de um esfor o de colocar os meios de comunica o de massas a servi o direto do poder executivo uma iniciativa qual n o faltava a influ ncia do Minist rio da Propaganda alem o rec m criado com a instala o do governo nacional socialista em 1933 idem p 25 A raz o do interesse mais exacerbado do governo pelo r dio a se tirar pela intensidade da censura que lhe foi atribu da pode ter algumas explica es Uma delas j foi comentada e dava conta do poder de alcance que o r dio tinha em compara o com os meios impressos Um outro motivo decorre da natureza do p blico que ambas as m dias alcan avam Os propriet rios das empresas jornal sticas muitos deles eram favor veis a
187. grama o das emissoras cearenses Outra tend ncia a da populariza o da programa o musical com o franco decl nio da m sica cl ssica e a eleva o do percentual de m sica popular afinal de contas essa poca vivia se a febre das cantoras e cantores do r dio J os programas falados tamb m seguem a tend ncia nacional Outras an lises podem ser feitas em rela o categoriza o desses programas falados e os percentuais que alcan am H uma tend ncia de queda de algumas categorias se comparadas aos dados nacionais obtidos em 1947 o caso das categorias programas de gin stica programas instrutivos ou de divulga o confer ncias e palestras Por outro lado ocorre um aumento dos percentuais de representa es teatrais not cias e coment rios jornal sticos e programas humor sticos N o por coincid ncia talvez as categorias em que os percentuais sofreram um decr scimo dizem respeito s tem ticas incentivadas pelo regime varguista consideradas estrat gicas em seu projeto de na o Enquanto as categorias que aumentaram seu percentual de participa o nas programa es seriam aquelas mais suscet veis ao processo de censura O fim do per odo varguista teria significado uma perda das possibilidades no desenvolvimento da educa o pelo r dio uma feita que cursos palestras e programas de divulga o reduzem sua participa o no conte do das programa es Ou n o se estaria perdendo grande c
188. ha participa o ao vivo ou pelo telefone em um programa da PRE 9 Se o trabalho no r dio dava status a participa o do ouvinte tamb m poderia render momentos espor dicos de gl ria mesmo entre os representantes da classe m dia e alta que detinham os aparelhos receptores Ou seja tudo conspirava para que a intera o r dio e ouvinte come asse a ser valorizada potencializando uma rela o educativa Isso tudo sem falar um pouco mais adiante nos programas de audit rio em que a intera o entre profissional e ouvinte era direta 134 Jos J lio fala desse processo de intera o e do reconhecimento que o r dio possibilitava tinha aqueles hor rios que voc vinha correndo pra ouvir as novelas pra ouvir os notici rios aqueles notici rios quantas e quantas vezes o cara fechava o com rcio sa a do emprego e vinha direto pra ouvir n Isso era o r dio da poca o r dio que que realmente marcou A sociedade viveu muita alegria atrav s do r dio n o atrav s das promo es as promo es que o r dio fazia N o eu tenho a impress o que o r dio tinha uma certa influ ncia o r dio tinha assim uma for a de comunica o e as pessoas que ouviam o r dio e a entravam todas as categorias desde do desde do do desde do da classe A a Bea C As not cias pol cias eram muito comentadas n s n s n s n s eu me lembro de uma pessoa que vivia dentro da r dio que por sinal
189. ha a mesa as cadeiras o guarda comida a cristaleira n o havia geladeira tamb m na minha casa quando eu era jovem quando eu era menino na Rua do Imperador mas o r dio eu repito o r dio chegou depois de muito tempo e foi um acontecimento at para os vizinhos para as pessoas que moravam pr ximos a n s Devia ser mais ou menos 1938 39 eu devia ter uns seis ou sete anos de idade Narc lio Limaverde 48 Um r dio Ah foi em trinta e cinco Eu tinha dez anos Foi em trinta e cinco poucos r dios havia no no s quem tinha r dio era fam lia rica fam lia Gentil L em casa tinha um r dio que veio do Rio presente do meu tio mandou pra minha tia Um r dio j eu n o me lembro n o naquela eles chamavam capelinha do tipo capelinha Pegava bem a r dio Al m de pegar a PRE 9 aqui ele alcan ava a R dio Nacional do Rio a R dio de Pernambuco a R dio Sociedade da Bahia entendeu E depois a R dio Tabajara de Jo o Pessoa Para ba Santiago Freitas AAHHHH o primeiro r dio foi um r dio Z nit Zenite ou Z nit ehhhh isso foi comprado para n s irmos era r dio bateria porque o meu pai gostava muito de ir para a serra subir a Aratanha e n s n o t nhamos ainda propriedade na Aratanha t contando coisa de 39 ent o 39 para 40 39 mesmo Ent o n s amos o r dio era de bateria E o r dio tamb m tinha um carregador Elec
190. ho di rio Devemos lembrar que a grande maioria dos sites s o produzidos e dirigidos por centros de pesquisas cient ficas QU A rea da gest o comunicativa designando toda a o voltada para o planejamento execu o e avalia o de planos programas e projetos de interven o social no espa o da inter rela o Comunica o Cultura Educa o criando ecossistemas 209 comunicativos O conceito de Gest o aqui empregado para designar toda a o voltada para o planejamento execu o e avalia o de planos programas e projetos de interven o social no espa o da inter rela o Comunica o Cultura Educa o criando ecossistemas comunicativos A gest o da comunica o nos espa os educativos produz se tanto nos ambientes voltados para programas escolares formais quanto naqueles dedicados ao desenvolvimento de a es n o formais de educa o como nas emissoras de r dio e de televis o educativas nas editoras e centros produtores de material did tico nas institui es que administram programas de educa o a dist ncia nos centros culturais entre outros O que caracteriza a gest o a costura que alcan a produzir atrav s da a o pr tica entre as v rias vertentes que aproximam a Comunica o e a Educa o o componente pragm tico do processo explicado teoricamente pela reflex o epistemol gica Q A rea da reflex o epistemol gica sobre a inter rela o Comunica o Educa o como fen meno c
191. i criado o Departamento Nacional de Informa es DND Jos J lio d detalhes de como era realizado o trabalho do DIP na censura programa o da Cear R dio Clube Ah Havia censura Na poca do Estado Novo na poca de Get lio havia sim a censura Voc voc Outra coisa a censura ent o do ponto 118 de vista de sair qualquer coisa que ofendesse qualquer nome feio a r dio era suspensa sa a do ar N o eles controlavam eles tinham um r dio escuta l na secretaria de pol cia Se a pessoa ca sse na besteira Na Cear R dio Clube teve era era ditadura Naquele tempo era controlado A programa o ia todinha para o Dops confunde com o aparelho repressor da ditadura de 1964 toda a programa o ia diariamente Voc batia na m quina e tirava tr s c pias uma ficava com a r dio ia outra ia ia pra n o sei aonde e a outra descia para o Dops toda a programa o Programa que tinha Uma uma m sica de de de de con conte do d bio era imediatamente tirada de circula o N o quando tivesse alguma coisa de mais s ria telefonava e dizia Olha essa m sica n o pode sair Precisava nem escrever n o bastava telefona telefonar pra dire o da r dio e dizer Essa m sica n o pode sair N o eu comigo mesmo na poca em que eu fui locutor n o teve porque realmente a a a programa o toda era era censurada E outra coisa n o era o locutor quem ia ch
192. i ficar aborrecido Pois n s vai mexer com os maiorais E quem n o gostar mio tapar os ouvidos Vicente Celestino quando abre a voz Aborrece os ouvidos de todos n s Santos de n s santo de nossos av s Na sua casa tem Tino Melo n o vou l Na sua casa tem Jorge Veiga n o vou l Pe o licen a pra mandar Pedro Raimundo no meu lugar Adeus Mariana que eu j vou Me embora Cad a Mariana Essa pro fornecedor Carlos Frias Aracy cantar com o nariz nunca vi Linda Batista canta discretamente na Gl ria Em lia Borba canta escandalosamente escandaloosa Mas todos param de cantar quando termina o seu contrato Seu C sar Ladeira a ladeira Bonit o e soberbo Que a Marisa adora Fica sai n o sai Nesse vai n o vai Nunca chega a hora C sar Ladeira sai da lata Pra seu banheiro Lamartine Barbo Vale Quanto Pesa Papai papaizinho Eu quero Saint Clair Sim Zezinho Saint Clair uma del cia Ari Barroso mineiro do r dio fiel Ta cheio da gaita mas gaita em papel Use e abuse do Grande Otelo Que j vem queimado Alencar Alencar sua ur ia de espantar Alencar Alencar sua ur ia de espantar 191 9 Percep es derradeiras Teria a Cear R dio Clube se orientado por um vi s educativo quando de sua instala o em 1934 aqui no Cear Seria a PRE 9 uma representante altura do pensamento de Edgard Roquete Pinto que sonhava em um r dio levando a educa o para segmentos
193. ication and education in Cear radio are the Cear R dio Clube programs wich kept pace with their divulgation through the newspaper Correio do Cear At the same time these historic registers are complemented by depoiments of one reasercher in journalism history and five broadcasters who lived during the beginning of the first radio station in the state The relation with Vargas government 1930 1945 central politics mainly the ones related to communicational and educational basis is essential to understand this process This is the history that wants to be told here Lac por sua intelectualidade serena Agradecimentos A Ol via Alvaro e Caio pela incompreens o sobre o uso ininterrupto do computador A Juraci minha orientadora por acreditar na autonomia criadora A Valdemar Caracas Jos J lio Cavalcante Santiago Freitas Geraldo Nobre Narc lio Limaverde e Eduardo Campos por terem feito parte da hist ria do r dio no Cear A Al Carol Cris L via L vio Lyana Marcela Mayra Tarci pelo compromisso com o nosso r dio A todas e todos que fazem o Catavento Comunica o e Educa o pela possibilidade de desenvolvimento humano A Nirez pelo compromisso com a nossa hist ria Ao Programa de P s Gradua o em Educa o da Faculdade de Educa o da Universidade Federal do Cear pela conviv ncia A banca examinadora pela solicitude A todas e todos que contribu ram direta ou indiretamente
194. iceu do Cear s 9 15 30 e 20 10 horas Gin sio Americano s 16 horas Academia Comercial Parque Champagnat s 20 horas As consegii ncias da Segunda Guerra tamb m s o sentidas nas pr prias condi es t cnicas de funcionamento da emissora ocasionando uma altera o dr stica em sua programa o Em virtude da escassez de material de radio transmiss o PRE 9 reduzir os seus programas a partir de amanh passando a irradiar somente nos seguintes hor rios De 11 s 13 e de 18 s 22 horas Tamb m a partir de amanh o Cear R dio Clube modificar as suas transmiss es de ondas curtas que passar o a ser feitas do seguinte modo De 11 s 13 horas em 6 105 kilociclos 49 14 metros e de 18 s 22 horas em 15 165 kilociclos 19 78 metros PRE 9 solicita dos ouvintes enviarem impress es de seus programas de acordo com as modifica es de hor rios das suas freqii ncias Correio do Cear 14 10 1942 O 10 DE NOVEMBRO NO CEAR Preparam se imponentes solenidades para o anivers rio do Estado Novo Ter a feira pr xima dia 10 de novembro se realizar o em Fortaleza expressivas festas patri ticas comemorativas da decorr ncia do 5 anivers rio de institui o do Estado Novo o regime pol tico que o presidente Get lio Vargas implantou no Brasil a 10 de novembro de 1937 para a felicidade do nosso pa s O interventor Menezes Pimentel disse que divulgar a programa o das festividades
195. idade O irracional o instrumento da integra o pol tica total e o mito que a sua express o mais adequada a t cnica intelectualista de utiliza o do inconsciente coletivo para o controle pol tico da na o Assim as filosofias antiintelectualistas forneciam aos c ticos n o uma f ou doutrina pol tica mas uma t cnica de golpe de Estado Ao servi o dessa t cnica espiritual coloca o maravilhoso arsenal constru do pela intelig ncia humana de instrumentos de sugest o de intensifica o de amplia o de propaga o e de cont gio de emo es e tereis o quadro dessa evoca o f ustica dos elementos arcaicos da alma humana de cuja subst ncia nebulosa e indefinida se comp e a medula intelectual da teologia pol tica do momento idem p 19 e 20 Embora critique os processos de integra o desencadeados por Mussolini constru dos em cima do mito da irracionalidade destitu da de verdade a compreens o desses 78 processos e o que aconteceu no Brasil na era Vargas indica que a cr tica carregava tamb m sentimentos de um observador arguto e atento pronto a apreender e interpretar a realidade a sua volta As possibilidades inerentes aos meios de comunica o de massa na vida pol tica seriam mais uma das antinomias que parecem inerentes estrutura do esp rito humano a intelig ncia contribuindo pata tornar mais irracional ou inintelig vel o processo pol tico Realm
196. inda na fase constitucional indo at 1945 sobrevivendo aos oito anos do Estado Novo Durante sua gest o o Brasil experimentou algumas reformas educacionais E reformas que pelo car ter de constru o de um Estado nacional tiveram repercuss o no Pa s como um todo Interessa nos aqui perceber que princ pios orientaram as transforma es ou presun o de transforma o que nortearam essas reformas educacionais Princ pios esses que no in cio ainda sofrem as influ ncias de Francisco Campos que j ocupara anteriormente a 86 pasta da Educa o Princ pios que v o ser influenciados por setores organizados e com tr nsito nos c rculos palacianos Entre eles a igreja cat lica e os militares O termo sobreviver n o utilizado em v o em rela o perman ncia de Capanema frente do Minist rio da Educa o e Sa de por um per odo de onze anos No in cio de sua gest o nota se uma velada disputa de poder entre o que tencionava Capanema e as influ ncias que ainda decorriam da atua o de Francisco Campos no mesmo Minist rio Uma dessas zonas de conflito encaminhamento que se daria pol tica p blica para a juventude A orienta o que decorria da a o de Chico Campos orientava essa pol tica para a simples tutela do Estado No projeto pol tico de constru o do Estado Nacional h um lugar de destaque para a pedagogia que deveria ter como meta primordial a juventude Ao Estado cabe
197. inham uma sagacidade em torno da utiliza o do r dio como ve culo de publicidade Ou pelo menos tinham uma no o exata da rela o custo e benef cio Em outra fala de Jos J lio Certa vez eu fui eu fui convencer a a um anunciante a um laborat rio desses a a que ele fizesse propaganda na r dio Ora rapaz voc procura a minha r dio uma r dio boa essa coisa toda tem um bom ndice de audi ncia e tem outra vantagem ela t sendo ouvida na Noruega ela t sendo ouvida na nas Filipinas e toda parte Eu t aqui eu t aqui com as notas aqui provar que ela uma r dio ouvida l fora A o cara olhou assim pra mim e disse N o me interessa que a sua r dio seja ouvida l no fim do mundo Eu quero saber se ela ouvida aqui dentro de Fortaleza porque pra l n s temos os nossos ve culos de divulga o E essa li o eu aprendi e realmente uma verdade se o caba n o bem ouvido aqui em Fortaleza n o interessa se ele ouvido no Jap o na China Antigamente por causa das ondas curtas n as 173 emissoras se vangloriavam muito disso de serem ouvidas mas o que importante que elas sejam ouvidas na sua cidade Outra conseq ncia da incorpora o pode ter sido um interc mbio mais intenso entre a emissora local e outras emissoras dos Associados localizadas em centros mais avan ados do pa s o que pode ter repercuss es diretas em sua programa o A vinda de Ant ni
198. io cantores locutores artistas de teatro ouvindo suas queixas seus problemas enfim contar alguma coisa de interessante da vida de cada um deles Um apelo feito aos f s do r dio para que nos auxiliem mandando nos seus palpites obje es tudo que nos possa ser util Como uma das primeiras notas da Coluna o an ncio do primeiro cap tulo naquele dia de Noturno uma linda hist ria de amor de autoria do festejado intelectual Amaral Gurgel Noturno a continua o de Penumbra que tanto sucesso havia alcan ado em Fortaleza Estamos decepcionados positivamente decepcionados Acontece que Ruth Martins a not vel sambista do broadcasting brasileiro ia aparecer ontem pela primeira vez ao microfone de PRE 9 N s sab amos disso todo mundo sabia que a consagrada cantora do Cassino Atl ntico ia cantar Seus f s por isso mesmo aguardavam ansiosos o momento em que ela aparecesse ao microfone para interpretar os melhores n meros de seu repert rio Mas leitores desse esquecido canto de jornal ningu m no entanto lembrou se que a Companhia de que fornece energia el trica cidade a pior do mundo muito pior mesmo do que a humilde empresa que fornece luz minha pacat ssima cidade perdida no interior do Cear Pelo menos essa ltima n o disp e dos gordos capitais da importante e poderosa Companhia inglesa Portanto tivemos de ficar s escuras at muito tarde pelo simpl
199. io que era o Paulo Ara jo me convidou pra eu ocupar o lugar de segundo secret rio A eu fiquei segundo secret rio A eu me meti no futebol fiquei me projetando Fiquei me projetando Eu comecei o Juremir quando eu fui secret rio ent o queria que as not cias da Federa o Ele brigou com a imprensa e queria que as not cias da Federa o fossem divulgadas Ent o eu fui fazer eu era secret rio e fui fazer esse neg cio compilava a noticia escrevia redigia Eu redigia direitinho t ouvindo E sa a na coisa A da a pouco me levavam pro est dio O est dio era ali onde era a Escola Industrial no Campo do Prado Eu ent o ali eu passei a ser comentarista O comentarista que aquele que assiste ao jogo e analisa o jogo e tem o noticiarista que era aquele que compila a not cia e divulga a not cia Eu era as duas coisas De maneira que o r dio come ou com 15 minutos e depois aumentaram pra mim meia hora A fiquei sendo radialista Atrav s de um documento do acervo pessoal de Valdemar Caracas percebemos que a grade de programa o da PRE 9 em 1938 traz o seguinte programa DIP Mariano Rodrigues Martins Era o programa do Departamento de Cultura Divulga o e Propaganda rg o do governo federal que controlava as emiss es radiof nicas em todo o Brasil e que se transformaria no temido Departamento de Imprensa e Propaganda DIP em 1939 Atrav s dos Departamentos Estaduais de Imprensa e Propagan
200. io dos Di rios e R dios Associados ao qual foi incorporada a emissora em 1944 certamente poderia dar uma valiosa contribui o e enriquecimento ao trabalho O fato de estar morando em Bras lia e estar passando por problemas de sa de inviabilizou sua participa o Mas esse um intento que pessoalmente e independente de uma nova pesquisa pretendo concretizar Uma dificuldade que me deixou especialmente triste principalmente por n o ter imagino em curto prazo condi es de ultrapass la a defici ncia da minha forma o em termos da constitui o hist rica do Cear nos seus mais diversos aspectos At mesmo a mais b sica dentro de um conceito que suponho ultrapassado no ensino de hist ria que identifica os grandes vultos do processo hist rico Nem mesmo essa forma o tive em meu itiner rio escolar Ao ler as mat rias do Correio do Cear os nomes e personagens da hist ria do Cear desfilavam sob meu olhar N o com indiferen a mas sob um sentimento de incapacidade frente s rela es hist ricas que aqueles nomes poderiam vir a construir Tentei utilizar de algumas habilidades que 16 desenvolvi ao longo da carreira como jornalista para n o deixar escapar as rela es estruturais para um melhor resultado do trabalho Assim tentei explicitar o m ximo de informa es coletadas nos acervos durante a pesquisa Certamente outros pesquisadores poder o utilizar nessa ou em outras tem ticas com m
201. ional como a Caixa de perguntas Kaleidosc pio Fantasia J ias Nativas irradiados pela PRG 3 e alguns outros da Mayrink Veiga e da R dio Nacional Falta a PRE 9 um programa destindo a combater a causa totalit ria Sugiro a Paulo Cabral juntamente Otac lio Colares e a Antonis Gir o Barroso esse programa O quatro de julho uma boa oportunidade para que a emissora se volte pelo menos parcialmente s reivindica es do ouvinte A querida emissora dos irm os Dumar prestar sua homenagem ao dia da independ ncia da na o lider do continente s 19 30 as possantes ondas da Cear R dio Clube transmitir o para todo o continente um programa de est dio dedicado aos Estados Unidos Jos Jatay as irm s Gondim a orquestra brasileira estar o hoje noite dando sua homenagem ao povo yanke digno de elogios esse gosto simp tico da querida emissora sempre pronta a interpretar com fidelidade o pensamento coletivo Os nossos aplausos Diretoria da Cear R dio Clube A Cear R dio Clube sintonizava assim o ambiente que Fortaleza vivia poca com a presen a de soldados americanos na cidade a partir de instala es militares que facilitavam o deslocamento de avi es norte americanos at a frica E a pr pria orienta o do regime central em que Vargas em troca de investimentos principalmente em torno da ind stria sider rgica no p lo de Volta Redonda RJ apoiava agora os aliados 141 Ma
202. ionovelas a intera o entre emissora e ouvintes ganha contornos mais n tidos Especificamente sobre as radionovelas recai uma discuss o sobre a utiliza o da cultura como elemento de suporte intencionalidade da comunica o O Cap tulo 8 retrata um dos momentos marcantes da hist ria da Cear R dio Clube A transfer ncia para os Associados a profissionaliza o E a educa o discute a incorpora o da emissora pelo condom nio dos Di rios e R dios Associados de Assis Chateaubriand E acompanha os reflexos dessa incorpora o em sua estrutura sua programa o sua orienta o E no Cap tulo 9 Percep es derradeiras tento apontar algumas conclus es parciais e indico algumas quest es que possam servir de subs dio para o desenvolvimento de novas pesquisas na rea Parto de uma discuss o sobre alguns estudos at agora realizados sobre a rela o comunica o e educa o na tentativa de acrescentar algo compreens o conceitual dessa rea de estudo 18 A entrada de cada cap tulo traz letras de m sicas gravadas no per odo que vai de 1925 a 1948 a partir de pesquisa de Miguel ngelo de Azevedo o Nirez Em comum letras que falam sobre o novo aparelho que surgia no ambiente tecnol gico do Brasil da d cada de 1920 E que incitava o imagin rio do cancioneiro popular referenciais ainda da rela o entre r dio e sociedade Mas n o poder amos deixar de nos deleita
203. ipais fun es exercer a censura imprensa organizar o servi o de controle da imprensa nacional e estrangeira organizar um arquivo de jornais revistas livros e todo o tipo de publica es nacionais e estrangeiras manter um servi o de clich s e fotografias para fins de distribui o imprensa manter um servi o de copyright de artigos de autores brasileiros para os jornais do pa s e do exterior e autorizar previamente a circula o de publica es peri dicas A divis o de imprensa era assistida no exerc cio de suas atribui es como nos casos de aplica o de penalidades s empresas jornal sticas pelo Conselho Nacional de Imprensa criado logo ap s o DIP pelo Decreto Lei n 1 949 de 30 de dezembro de 1939 O conselho era composto por seis membros sendo tr s deles nomeados pelo presidente da Rep blica e os demais eleitos como delegados em assembl ias gerais convocadas para esse fim pela 114 Associa o Brasileira de Imprensa ABI e pelo Sindicato de Propriet rios de Jornais e Revistas do Rio de Janeiro A princ pio a presid ncia do conselho era exercida pelo diretor da divis o de imprensa tendo posteriormente sido atribu da ao diretor geral do DIP Entre as divis es do DIP havia tamb m uma divis o de turismo encarregada da divulga o do Brasil no exterior com a finalidade de incentivar o turismo Essa divis o editou folhetos em l ngua estrangeira com ilustra es do Rio de Janeiro e de
204. iram com interesse o programa o que o que que com uma apresenta oconquistou as 132 mais francas simpatias do p blico fazendo que no dia seguinte toda a gente estivesse a comentar sobre a mesma O programa se caracteriza pelo tom de sadio divertimento pelo interesse que desperta na r dio escuta Trata se de uma s rie de testes lan ados pelo locutor aos ouvintes do audit rio e que deve ser respondido em alguns segundos N o respondendo ninguem D Pedrito uma personagem sabichona se d ao trablaho de esclarecer O programa se repetir amanh as 19 35 fazendo correr ao audit rio da Cear R dio Clube uma verdadeira multid o Amanh depois da hora do Brasil ser lan ado Voc sabia programa que falar sobre fatos curiosos na vida do mundo fatos que n o tem tido divulga o e que no entanto podem ilustrar bastante os aficcinados no dial Correio do Cear 15 4 1942 Alvarenga e Bentinho no pr ximo dia 23 A dupla caipira que grande sucesso do r dio carioca ir fazer audi o de estr ia ao microfone da emissora ceranse A esta o de Jo o Dummar ter uma fase de grande anima o no oitavo andar do Edificio Diogo Os reis do riso v o travar conhecimento com uma das plat ias mais f ceis de contagiar O fortalezence sabe avaliar bem o valor de um artista Que o diga Orlando Silva Nesses tempos tristonhos Alvarenga e Bentinho v o ter um sabor de t nico Correio do Cear 18 4 1942
205. isadores em Hist ria da Educa o Pelotas n 8 setembro 2000b D NGELO Newton Ouvindo o Brasil O Ensino de Hist ria pelo R dio d cadas de 1930 40 In Revista Brasileira de Hist ria vol 18 n 36 S o Paulo 1998 ECO Umberto Apocal pticos e integrados S o Paulo Perspectiva 1976 FREIRE Paulo amp GUIMAR ES S rgio Sobre educa o di logos 2 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1986 FREIRE Paulo Extens o ou comunica o 10 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 Medo e ousadia 4 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 Pedagogia do oprimido 2 ed Porto Afrontamento 1975 Pedagogia do Oprimido 20 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 226 Pol tica e educa o S o Paulo Cortez 1993 GIR O Blanchard O Liceu e o bonde na paisagem sentimental de Fortaleza Prov ncia Fortaleza ABC 1997 GIR O Raimundo Geografia est tica de Fortaleza 2 ed Fortaleza BNB 1979 GUTIERREZ Francisco Linguagem total uma pedagogia dos meios de comunica o S o Paulo Summus 1978 HAUSSEN D ris Fagundes R dio e pol tica tempos de Vargas e Per n Porte Alegre Edipucrs 1997 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT STICA IBGE Anu rio Estat stico do Brasil Ano VIII 1947 Rio de Janeiro 1948 Rio de Janeiro 1948 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT STICA IBGE Censo Demogr fico popula o e habita o Volume II Tomo XIV Cear Rio de Janeiro 1950 INSTITUTO
206. isar alguns epis dios que envolveram a reforma educacional de 1922 no estado conhecida pela historiografia da educa o mais difundida de Reforma Louren o Filho concedendo ao educador piracicabano SP o lugar de protagonista na a o J em sua edi o de 20 7 1928 o Correio do Cear estampa p gina 3 os avan os que vinham ocorrendo com o r dio no Cear O progresso do R dio vae colhendo os melhores resultados Em suas experi ncias a R dio Educadora Cearense installada nesta capital rua Senador Pompeu n 202 No dia 16 do corrente os signaes imittidos pela esta o foram ouvidos em S Luiz do Maranh o conforma um telegrama que nos foi mostrado procedente daquella capital Diz o referido despacho que o padre Gomes amador de r dio telephonia ouviu nitidamente as irradia es dos discos columbia e o badalar de um rel gio em Fortaleza quando este batia 10 horas da noite O padre Gomes felicitou R dio Educadora Cearense pelos magn ficos progressos que vae alcan ando em suas irradia es 25 Na edi o de 14 9 do mesmo ano p gina 7 o Correio do Cear novamente se refere ao inusitado encontro para recep o das ondas hertzianas A R dio Educadora Cearense avisa aos seus distintos consocios que amanh s 20 horas haver audi o especial de r dio telephonia em sua sede Rua Senador Pompeu 202 Ser o recebidos nesta noite os bellissimos programas das pontentes est
207. ito de Kapl n sobre educa o radiof nica Para Kapl n a educa o radiof nica ser entendida aqui en un sentido amplio no solo las emissiones especializadas que imparten alfabetizaci n y difusi n de conocimientos elementales sino tambi n todas aqu llas que procuran la transmisi n de valores la promoci n humana el desarrollo integral del hombre y de la comunidad las que se proponen elevar el nivel de conciencia estimular la reflexi n y convertir a cada hombre en agente activo de la transformaci n de su medio natural econ mico y social p 21 Da propor apoiado em Bordenave que a educa o que deva estar na base de iniciativas de educa o radiof nica seja aquela que tenha como base os processos que estabelece um estreito v nculo entre educa o e realidade Ou seria educa o contextualizada que descortina uma realidade obscurecida por imagin rios No se preocupa tanto de la materia a ser comunicada ni de los resultados en t rminos de comportamiento sino m s bien de la interacci n dial ctica entre las personas y su realidad idem p 32 197 O sentido fundamental dessa concep o de educa o radiof nica consiste na transforma o de um homem acr tico em um homem cr tico de um homem a quem os condicionamentos do meio lhe impigem uma postura passiva conformista fatalista a um homem que assume seu pr prio destino um homem capaz de superar suas tend ncias ego
208. ivo Teria sido isso uma pr tica comum nas a es da Secretaria Ou teria sido esse um momento tamb m espor dico de sua atua o O fato que pelas perguntas que s o formuladas no concurso percebe se 181 que o curso de gin stica seguia um conte do estruturado Outra caracter stica que havia a preocupa o de aproxima o entre o conte do e o meio pelo qual era veiculado Da a rela o que era feita entre gin stica e m sica Vamos reencontrar uma a o da Secretaria de Educa o e Sa de em torno do r dio educativo em not cia do Correio do Cear de 22 11 1948 E o que mais interessante a a o parte do Servi o de R dio e Cinema da pr pria Secretaria o que indica que a estrat gia do governo Vargas de implantar nos estados rg os funcionais semelhantes aos que existiam na estrutura federal havia alcan ado alguns resultados O Servi o de R dio e Cinema da Secretaria poderia ser o cong nere estadual do que era no mbito federal o Servi o de Radiodifus o Educativa do Minist rio da Educa o At bem pouco tempo o r dio se ressentia da falta de bons programas para os ouvintes mirins N o que tal programa o fosse in dita para os cearenses pois a Cear R dio Clube por v rias vezes ofereceu esses programas Agora dois programas est o sendo bem recebidos pelo p blico o definitivo Clube Papai Noel nas tardes de domingo s 14 horas apresentado por Paulo Cabral e o Hora Infanti
209. izer qual a qualidade de r dio regenerativo que apita Enfim seria melhor que os srs Dummar amp Cia Esclarecessem de maneira franca qual a esp cie regenerativa e quais os nomes dos pracistas de esquina N o conhecemos e nem interesse temos de conhecer os lucros obtidos pelos srs Dummar amp Cia na venda de cada aparelho de r dio e assim avaliarmos se de fato o comprador beneficiado pela pretendida comiss o que caberia ao intermedi rio pracista Sobre este assunto nos vedado a prova S o transa es comerciais e por isso proibidas de conhecimento dos profanos e unicamente sabidas nas exibi es judiciais Pela publica o destas linhas muito grato fica De v s Atto crdo Abrdo Asthon Guabiraba pracista O desabafo de nosso pracista revela alguns detalhes da atua o do Cear R dio Clube a PRE 9 que a Casa Dummar de propriedade de Jo o e Jos Dummar os mesmos propriet rios da PRE 9 utilizava se da emissora para uma publicidade massiva de seus produtos comercializados na loja que faziam essa publicidade a partir de uma tica question vel atentando sobre a imagem dos demais pracistas vendedores que revendiam produtos de outras firmas e que estimulavam a compra direta dos aparelhos receptores evitando assim o pagamento da comiss o aos pracistas porventura concorrentes Mais o relato revela mais Revela os perigos do monop lio dos meios de comunica o na sua mais dura realidade
210. ja nem sentido na coloca o desses dois conceitos Essa forma de an lise parece partir do pressuposto de que existe uma dicotomia entre os dois processos o que na realidade n o ocorre O que ocorre uma transversalidade entre as duas dimens es o que pode acontecer que em determinadas inst ncias predomine processos formais em outras seja comum os n o formais O que poderia condicionar a participa o desses processos em menor ou maior grau seria a identifica o de media es que possibilitariam aos exclu dos um seu re conhecimento um reconhecimento do que n o estava formal Ou seja mesmo nesse processo h um movimento incessante de avan os e recuos de re conhecimento e des conhecimento de derrotas e vit rias entre o que est formal e o que est n o formal O n o formal seria a pr pria inst ncia do popular no fen meno da massa Martin Barbero situa os meios de comunica o no mbito das media es quer dizer num processo de transforma o cultural que n o parte nem procede deles mas em que a partir de um momento os anos vinte eles v o ter um papel importante O papel decisivo que os meios de comunica o de massa incorporam nesse per odo residiu em sua capacidade de fazer se porta vozes da interpela o que desde o populismo convertia s massas em povo e ao povo em na o MARTIN BARBERO 1987 p 178 e 179 E essa mesma media o que perpassa o surgimento e dissemina
211. l organizado pelo Servi o de R dio e Cinema da Secretaria de Educa o e Sa de H neles o que h de melhor em mat ria de divertimentos e atra es para crian as cursos de canto hist rias etc Coincid ncia na edi o do dia 17 2 1948 o Correio do Cear publica um extenso artigo de Fernando Tude de Sousa intitulado O r dio e a educa o do povo Tude de Sousa havia ocupado no governo Vargas a dire o do Servi o de Radiodifus o Educativa do Minist rio da Educa o No pr ximo dia 20 de abril a radiodifus o nacional completa vinte e cinco anos de exist ncia Naquela data um grupo de especialistas tendo frente as figuras ilustres de Henrique Morie e Edgard Roquette Pinto fundou a primeira sociedade de broadcasting no Brasil O ato se processou na Academia de Ci ncias do Brasil A R dio Sociedade do Rio de Janeiro hoje transformada na R dio Minist rio da Educa o esta o PRA 2 surgiu com uma elevad ssima finalidade servir cultura dos que vivem em nossa terra e ao processo do Brasil Em poucas partes do mundo a radiofonia interessou inicialmente a tanta gente ilustre e capaz Hoje passados 25 anos com um r dio que material e tecnicamente pode ser colocado entre os tr s ou quatro melhores do mundo o Brasil devia estar aproveitando melhor este potencial maravilhoso para a educa o de seu povo N o me canso de afirmar a opini o que formulei depois de dois anos de
212. la o de 2 milh es e 700 mil habitantes a tiragem di ria conjunta de seus tr s jornais e nos finais de semana n o supera 70 mil exemplares Enquanto que o a presen a de aparelhos de r dio nas resid ncias de Fortaleza Uma s rie hist rica da evolu o do n mero de aparelhos de r dio a partir dos anos 1940 poderia lan ar novas possibilidades de interpreta o Outro aspecto importante a ser considerado na an lise da recep o das produ es radiof nicas quanto ao conte do da programa o Antes fa amos uma an lise do cen rio nacional 126 Em 1944 j s o 106 emissoras de r dio no Brasil sendo 41 s no estado de S o Paulo Dessas 106 emissoras 95 eram particulares nove eram oficiais e duas n o declararam sua origem Cinco emissoras j possu am transmissores de 50 000 watts lembrar que o Cear R dio Clube instalado em 1934 com um transmissor de 500 watts de pot ncia O n mero de emissoras passa a 111 em 1945 Um dado representativo levantado pelo IBGE quanto natureza da programa o dessas emissoras Os programas s o classificados em tr s categorias m sica programas falados e propaganda comercial Um fato interessante e que demonstra a orienta o ou os ran os da orienta o ainda elitista da programa o das emissoras a subdivis o dos programas de m sica em m sicas de classe e m sicas de interesse popular A programa o musical ocupava 57 2 e 57 8 da
213. la UDN Mas o peso do r dio foi muito importante porque naquela poca o locutor de r dio onde ele andava era bem recebido todo mundo gostava essa coisa toda Eu acho que eu fiquei bem conhecido Porque eu n o t dizendo que eu tive 1 029 votos numa cidade como Fortaleza naquela poca que tinha o qu 29 mil eleitores eu tive 1 029 votos Foi o r dio que me deu essa proje o essa que a verdade o r dio me ajudou muito N o s me ajudou nisso como ajudou em muitas outras coisas Eu devo muitas coisas a minha vida ao r dio e acho que pra mim foi um instrumento maior de comunica o a que eu tive a honra e o orgulho de servir 135 Eduardo Campos revela como era ser locutor na d cada de 1940 da Cear R dio Clube Da mesma forma que hoje os programas eram identificados pelos seus locutores que se tornavam refer ncias na programa o As pessoas telefonavam muito pra na rua mesmo voc sa a as pessoas falavam oh vi o seu programa e tal n Os locutores naquele tempo como eu eram considerados assim uns cones da comunica o n As pessoas iam atr s pra conversar n Eu experimentei esses dias de gl ria viu Por pouco tempo talvez por cinco ou seis anos Eu conto um epis dio interessant ssimo Veja como como a voz da gente marca eu estava h pouco h uns 15 anos atr s eu tava fazendo as compras numa casa assim numa pequena mercearia e tinha perto de mim uma s
214. laradas da produ o da comunica o A minha percep o na gradua o em Comunica o Social era que a busca dessa efetividade poderia ser v lida desde que significasse ganhos tanto para o produtor como para o receptor da mensagem Ou seja que houvesse um processo de media o que viesse a estabelecer pontes entre os dois p los E pensava poca uma dessas pontes poderia ser atrav s de uma dimens o educativa da comunica o de uma comunica o educativa Tanto que no terceiro semestre do Curso l estava eu estabelecendo algumas poss veis rela es pragm ticas entre as t cnicas que Abraham Moles utilizava na constru o dos cartazes e as possibilidades dessas mesmas t cnicas virem a ser utilizadas em processos de alfabetiza o de adultos partindo se do m todo desenvolvido a partir da teoria de Paulo Freire e sua educa o problematizadora Outros aportes vieram a se juntar a essa perspectiva a partir da realiza o da disciplina no mesmo Curso Programa Integrado em Radiojornalismo com a professora M rcia Vidal A imagina o criadora presente no processo de recep o do r dio pelos ouvintes se afigurava uma oportunidade e tanto para se trabalhar a aproxima o entre produtor e receptor da comunica o A entrada no projeto de extens o do Centro de Produ o em Comunica o Alternativa Cepoca que prestava assessoria s r dios comunit rias de Fortaleza poca abria outras possibilidades As perce
215. lho ideol gico na organiza o da sociedade civil A Liga Eleitoral Cat lica foi o movimento pol tico desse projeto e de sua presen a no bloco do poder PARENTE 1999 p 186 38 O Cear foi um dos estados onde os tenentes n o indicaram interventor at porque Fernandes T vora fora aclamado pelo Povo para dirigir o Estado e por ser irm o do todo poderoso Juarez T vora MOTA idem p 60 Parente afirma que a Liga Eleitoral Cat lica do Cear com o apoio tamb m das oligarquias deca das com a revolu o de 1930 finda por exercer a hegemonia pol tica Assim sendo nem ela nem o Movimento Tenentista no Cear formaram oposi o pol tica central de Vargas p 190 Na elei o indireta para governador de 1935 a LEC elege o governador um ex integrante do Circulo Cat lico de Fortaleza Menezes Pimentel que seria mantido como interventor federal ap s o golpe do Estado Novo de 1937 e dois senadores tamb m do mesmo grupo de intelectuais cat licos Edgar de Arruda e Waldemar Falc o Nas elei es municipais de 1936 a LEC elege o prefeito de Fortaleza e quatro vereadores A A o Integralista Brasileira assumindo seu papel de partido pol tico elege o prefeito de Pacatuba e vereadores em algumas cidades do interior cearense Em toda essa efervesc ncia pol tica soaria estranho n o considerar o r dio como fazendo parte dos planos de determinados segmentos e lideran as para sua uti
216. liza o com esse vi s J em 1932 o r dio atua decisivamente na Revolu o Constitucionalista em S o Paulo com C sar Ladeira ganhando fama nacional como locutor oficial do movimento atrav s da R dio Record VIDAL 2000 p 54 Mas Eduardo Campos 1984 p 7 tem uma outra vers o para o fato ocorrido no Sal o de Honra do Club Iracema em 28 de agosto de 1931 Segundo ele a funda o teria sido n o da Sociedade R dio Philips do Cear mas do pr prio Cear R dio Clube sociedade civil integrada por amadores de radiotelefonia Seriam participantes do Clube Francisco Apr gio Riquet Nogueira Cl vis Fontenele Joaquim da Silveira Marinho Eus bio Nere Alves de Sousa Francisco Campello de Alencar Mattos Diogo Vital de Siqueira lvaro de Azevedo e S Sebasti o Coelho Filho C sar Herbster Dias Jorge Ottoch o pr prio Jo o Dummar e tantos outros Por coincid ncia o objetivo da sociedade se aproxima muito do veiculado pela mat ria do Correio do Cear que seria o de promover rela es entre os amadores de 39 radiotelefonia por meio de reuni es irradia es e servi o de publicidade assim como instalar uma esta o emissora de onda longa devidamente autorizada pelo Governo e de cujo est dio seriam regularmente irradiados programas de atra es e interesses di x 7 E gerais A preocupa o com o acesso tecnologia tamb m era preocupa o do Clube que tencionava facilitar
217. lizei documentos oficiais foi na hora em que o Jos Am rico de Almeida liberou firmou assinou a licen a de funcionamento ent o eu dei eu reconheci que a esta o estava sendo inaugurada 41 Antes n o estava sendo inaugurada Quando que se inaugura um um uma viagem no trem O trem j fez j tem experi ncia andou pra l e pra c e tal no dia em que voc tem a a libera o para a ferrovia aquele trem aquela composi o funcionar n verdade Ent o essa coisa toda me me me deu uns pruridos vamos dizer de tica de dizer n o o r dio aqui come ou em tanto porque isso pode ser questionado Mas mas isso n s temos que ver como os outros est o est o julgando o in cio do r dio Roquette Pinto por exemplo em outras esta es a a a pr pria R dio Clube de Pernambuco que foi que que que emissora nossa dos Di rios Associados empresa fundada por Assis Chateaubriand que encampou a Cear R dio Clube em 1944 como que come ou certo Que uma das mais antigas do pa s como essa uma das mais antigas do pa s Ele ainda fala porque considera Jo o Dummar o pioneiro da radiodifus o cearense Depois ele Jo o Dummar empalmou ele ent o tem uma caracter stica toda especial porque ele formatou uma esta o de r dio Por isso que eu me decidi em t lo como um homem oficialmente o pioneiro porque ele organizou e fez realmente uma esta o de r dio A
218. m destruir a estrutura b sica da produ o nacional idem O que vale dizer melhores condi es de vida para as classes menos favorecidas a partir de um movimento distributivo pelas classes abastadas Como o integralismo no Cear envolvia representantes da classe m dia que formavam o quadro de suas lideran as principais embora com o outro p no movimento oper rio n o soa estranha a participa o de Severino Sombra na Sociedade At porque os tenentes sa ram prestigiados da 37 revolu o de 30 elevando seu status na sociedade Embora Sombra tenha sido contr rio por conta de seu antiliberalismo revolu o sendo at preso por esse posicionamento A participa o de Severino Sombra no cen rio pol tico nacional faz parte tamb m das repercuss es das transforma es que ocorrem na sociedade brasileira na d cada de 1920 e que t m reflexos no Cear E que d o tom de toda a efervesc ncia pol tica que dominaria o Cear na d cada seguinte o movimento tenentista que em n vel local se configura no surgimento de nova oligarquia os T vora a disputar a hegemonia pol tica local um catolicismo de direita cujo conte do veiculado atrav s do jornal cat lico O Nordeste e sobretudo ap s o segundo lustro da d cada 1920 a nfase socialista impressa ao Movimento Oper rio Esse ltimo dado colabora para que a Igreja e a Ma onaria se unam de forma t cita para o combate
219. m suas tantas ticas e maravilhosas aplica es t cnicas imprimiu em nosso ritmo hodierno a necessidade de dominar o tempo e o espa o E isso j se obt m pela maravilha do r dio O planeta viu se diminuindo O homem dominou o dom da ubigiiidade espiritual N o existem mais quil metros As ondas hertzianas circulando a terra levam de p lo as mensagens dos novos deuses Estas id ias brotam do c rebro de quem escuta a sonoridade de um r dio a espalhar no ambiente as notas harmoniosas de uma sinfonia Depois dela ouve se a palavra de um conferencista que d uma aula de higiene Manh cedo o ritmo alegre de um hino convida o homem para a gin stica mais recentes novidades mundiais aula de ingl s cota o da bolsa confer ncias musicais regionais e cl ssicas a mil gostos programas de dan as uma variedade para todas as idades e at as hist rias da M e Pedra Fora destes coment rios gerais precisamos dizer que a Companhia Melhoramentos de S o Paulo acaba de publicar o seu 23 volume da Biblioteca da Educa o uma tima cole o de livros teis que tem a lhes valorizar o seu pr prio m rito os pref cios de professor Louren o Filho Seu autor Ariosto Espinheiro um t cnico no assunto Sem ser propriamente um manual t cnico o livro traz uma clara exposi o da teoria pela qual se pode explicar os mist rios do sem fio E de outra parte numa resenha de dados colhidos nos pa ses l deres l em
220. ma d vida Na personalidade de Jo o Dummar n o se sabe o que mais admirar se o homem de neg cios que chefia com not vel descort nio a firma Dummar amp Cia ou o din mico dirigente da PRE 9 que n o v obst culos quando se prop e contratar astros famosos para o microfone da querid ssima emissora Ao redator da nota n o dado perceber que as duas caracter sticas da personalidade de Jo o Dummar poderiam ser complementares As opini es de nossos entrevistados sobre a personalidade de Jo o Dummar podem lan ar novos elementos reflex o sobre a real orienta o que Dummar emprestava emissora de r dio Valdemar Caracas anuncia a educa o a maneira como Jo o Dummar dirigia a Cear R dio Clube e seu tino comercial Pois bem ele era pracista chamava pracista ele vendia outras firmas revendia o produto delas Era um homem educado bonit o mereceu at de minha m e uma promessa Pois sim o Dummar tinha ent o um estabelecimento Parece que eram tr s irm os Jo o Dummar Jos Dummar e tinha outro Jorge Dummar parece que eu s conheci eu conheci mais o Jo o Dummar Jo o Dummar era uma pessoa fora de s rie N o eu n o t dizendo que ele mandava pedir a mim porque ele nos ensinou foi a nos irmanarmos n o Ensinou a gente a trabalhar sem precisar receber ordem Sabendo o que fazer o que devia fazer Foi important ssimo pra mim foi o mais importante do Jo o Dummar is
221. magin rio y creaci n que nos introducen em uma mutaci n de la sensibilidad p 66 Transforma es e mudan as pugnadas pela tecnologia que poderiam fazer parte das d cadas de 1930 e 1940 mas sempre insistamos guardadas as devidas propor es O papel que antes dessas transforma es era desempenhado pela escola agora assumido pelos meios de comunica o audiovisuais Ambiente de socializa o de elabora o e transmiss o de valores e formas de comportamento de padr es de gosto e de estilos de vida reordenando e desmontando velhas e resistentes formas de intermedia o e autoridade que configuravam o estatuto e poder social da escola E essa percep o de Martin Barbero quanto ao novo papel dos meios de comunica o inicia exatamente em meados dos anos 30 do s culo XX E dentro de um projeto pol tico la funci n que cumplieron los m dios en la primera modernidad latinoamericana de los a os 1930 1950 que configuraron especialmente los populismos em Brasil M xico y Argentina respondio al proyecto pol tico de constituir estos paises em naciones modernas mediante la creaci n de uma cultura e uma identidad nacionales Esse proyecto fue em buena medida posible por la comunicaci n que los m dios possibilitaron entre masas urbanas y Estado Los m dios y especialmente la radio se convirtieron em voceros de la interpelaci n que desde el Estado convertia a l s masas em pueblo y al pueblo em naci
222. mba Benjamin Batista Marina Batista 1947 158 O disc jockey Abelardo Barbosa era conhecido por Chacrinha por ter iniciado na R dio Clube de Niter i que funcionava em uma pequena ch cara Vamos Mariana Veste essa baiana Eu tenho a certeza Voc vai ser a rainha Eu quero quero quero Quero quero acabar L no baile da chacrinha Mariana Repete refr o Quando eu vir voc entrar O maestro gritar Salve ele Salve ela N o d ouvidos vizinha Vamos brincar na chacrinha 159 8 Atransfer ncia para os Associados a profissionaliza o E a educa o O in cio do ano de 1944 segundo Dummar Filho 2004 traz um momento de tristeza para a fam lia Dummar Ao mesmo tempo um marco na radiofonia cearense Em janeiro se d a aquisi o da Cear R dio Clube PRE 9 por Assis Chateaubriand dos Di rios Associados poca se consolidando como o grande imp rio dos meios de comunica o de massa no Brasil Quem d a not cia o pr prio Correio do Cear em edi o de 11 1 1944 ele mesmo juntamente com o Unit rio um ve culo pertencente aos Di rios Associados A mat ria iniciada citando outras r dios incorporadas aos Di rios e R dios Associados como a Farroupilha de Porto Alegre e a Bar de Manaus Cita os equipamentos possantes de que a r dio disp e Completando o circuito nacional de difusores dos Di rios e R dios Associados A PRE 9 uma das po
223. me a se a perceber como as grades de programa o da Cear R dio Clube estabelecem uma media o entre comunica o e educa o Para uma melhor compreens o desse processo apresento alguns princ pios que orientaram a pol tica de comunica o de Vargas para a rea de comunica o 17 A orienta o educativa da programa o da Cear R dio Clube discutida com mais nfase no Cap tulo 4 A natureza instrutiva da programa o a pol tica de educa o do governo Vargas que para isso aborda as principais vertentes estabelecidas durante a gest o de Gustavo Capanema frente do Minist rio da Educa o e Sa de do regime varguista A presen a da censura o controle da informa o no governo Vargas t tulo do Cap tulo 5 nos remete ao aparelho censor estruturado pelo governo Vargas e que teve suas repercuss es na programa o da cear R dio Clube Eventuais momentos de censura interna da Cear R dio Clube tamb m v m discuss o J no Cap tulo 6 O alcance do r dio a intera o com os ouvintes faz se uma reflex o sobre o processo interativo que ocorria entre a emissora e seus ouvintes numa tentativa de aproxima o sobre como era explorado o princ pio educativo do r dio Em que pesem as condicionantes t cnicas que limitavam essa possibilidade numa tecnologia que dava seus primeiros passos No Cap tulo 7 A aproxima o com o cotidiano a guerra as rad
224. merci rios transmitido s 12 30 Melodias da Brodway s 21 00 Vesperal das Mo as um programa para senhoritas uma das atra es de maior sucesso da PRE 9 que passa a partir das 15 horas com as seguintes atra es Boa Tarde Clube dos Fans Receitas e curiosidades para o seu menu Da primeira fila Sociais Cancioneiros dos namorados Consult rio Sentimental e M sica para o seu bom gosto O programa No bolso ou no po o animado por Cabral de Ara jo s 20 horas com atra es e pr mios para os ouvintes de casa e do audit rio com Valter Machado o imitador inimit vel Paisagem Sertaneja tamb m uma das atra es da Cear R dio Clube Esse programa come a s 20 30 repleto de m sicas regionais e bastante escutado no Interior do Estado Sala de Concertos s 21 00 com apresenta o da pianista Maria de Lourdes Gondim Ronda Sentimental s 20 30 com apresenta o de Guilherme Neto Programa do Motorista patrocinado pela J Mac do Teatro infantil da Casa Zuca Acioli Passatempo das nove s 21 horas com Adamir e Juan Fernandez Para se ter uma id ia da diversidade da programa o e da efemeridade que tinha cada programa fizemos uma contagem dos nomes dos programas em vinte dias de programa o no per odo que vai de 5 2 1948 a 16 12 1948 Retirando se os t tulos que poderiam sugerir apenas edi
225. mericano Os s lidos la os com que estamos ligados aos Estados Unidos tanto no terreno como no cultural e pol tico impelem nos a procurar conhecer melhor os nossos irm os da grande p tria de Roosevelt penetrando lhe os sentimentos a ndole a cultura o extraordin rio papel civilizador que eles exercem atualmente no mundo inteiro As desgra as da guerra nos aproximaram mais uns dos outros Em nosso solo vivem hoje milhares de cidad os norte americanos trabalhando conosco na edifica o de um futuro melhor Eles t m uma not vel curiosidade por tudo o que constitui a nossa vida as nossas tradi es as nossas esperan as S o amigos s o irm os s o companheiros de uma jornada gloriosa e sabem que nunca mais essa camaradagem consolidada sob as vicissitudes do conflito desaparecer dos seus e dos nossos cora es Por outro lado os Estados Unidos s o hoje a grande atra o de todos os brasileiros Levas e levas de patr cios 176 nossos estudantes escritores jornalistas militares e t cnicos em todos os ramos do conhecimento humano demandam a Norte Americana respiram a atmosfera febricitante das grandes urbs estadunienses adquirem ensinamentos preciosos para toda a vida E voltam cada vez mais brasileiros cada vez mais americanos entusiasmados com o carinho manifestado pelos yankees a respeito do Brasil de sua terra e de sua gente Eis porque o estudo do ingl s hoje uma necessidade para todos os brasileiros
226. mesmo debaixo do travesseiro E deixa pra qualquer hora E caso o malandro custe a chegar Botando o fone pra fora For osamente tem que escutar 24 1 As primeiras experi ncias do r dio no Cear o ambiente pol tico do estado O jornal Correio do Cear um peri dico fundado em 1915 que circula diariamente na Fortaleza de 1928 considerado um rg o de imprensa seguidor da linha editorial de seu antecessor Di rio do Estado que surgiu com o prop sito de ser a express o das atividades sociais deixando de lado as paix es sect rias os ideais dos partidos para tornar se completo e corresponder s necessidades de nossa civiliza o NOBRE 1974 p 132 Em ambos os jornais a presen a na dire o da figura de lvaro da Cunha Mendes que ap s algum tempo de resid ncia no sul do pa s pretendeu introduzir em sua terra natal as t cnicas avan adas do jornalismo e da imprensa sulista conseguindo o idem p 133 A lembran a necess ria principalmente quando observamos que os jornais das primeiras d cadas do s culo XX assumiam um posicionamento claro frente s quest es da sociedade a inclu dos e com vigor os debates pol ticos Muitas vezes o peri dico j nascia com o prop sito de defender determinada causa E influir para que a causa se concretizasse Cavalcante 20004 relata bem esse direcionamento da cobertura jornal stica realizada pelos jornais cearenses ao anal
227. mpos Essa dissens o veio agu ar a polariza o no seio das for as governistas Lourival Fontes diretor geral do DIP colocou se ao lado do ministro interino o mesmo tendo feito Osvaldo Aranha ministro das Rela es Exteriores Ern ni Amaral Peixoto interventor no estado do Rio de Janeiro e o pr prio Francisco Campos enquanto o general Eurico Dutra ministro da Guerra aliou se ao chefe de pol cia Em decorr ncia da crise no dia 17 de julho foram demitidos de seus cargos Filinto M ller Francisco Campos Leit o da Cunha e Lourival Fontes Em agosto foi nomeado para assumir a dire o geral do DIP o major Ant nio Jos Coelho dos Reis No mesmo m s o Brasil declarou guerra aos pa ses do Eixo Nova mudan a na diretoria do DIP veio ocorrer em abril de 1943 quando o major Coelho dos Reis entregou o cargo ao capit o Am lcar Dutra de Meneses A partir de fins de 1944 as sucessivas vit rias dos Aliados no front permitiam entrever a proximidade do final da Segunda Guerra fato que contribuiu sensivelmente para 117 acelerar a desestabiliza o do governo Vargas Refletindo o enfraquecimento do Estado Novo o DIP desde o in cio do movimento pela redemocratiza o do pa s perdeu paulatinamente seus espa os de atua o dadas as press es em sentido contr rio Assim nenhuma atitude foi tomada pelo departamento por ocasi o da entrevista concedida por Jos Am rico de Almeida ao rep rter Carlos Lacerda do Correio d
228. mpos que ocupa inicialmente a pasta do Minist rio da Educa o e Sa de e depois a pasta do Minist rio da Justi a do governo Vargas Cumpre nos salientar que o governo Vargas sobe ao Catete pal cio do governo federal na capital de ent o Rio de Janeiro atrav s da revolu o de 1930 Governa constitucionalmente at 1937 quando d o golpe dentro do golpe e instaura o que passaria a ser conhecido como o Estado Novo que perduraria at 1945 Um desses movimentos de Francisco Campos a tentativa de cria o de uma Organiza o Nacional da Juventude com patroc nio governamental O projeto concretamente surge em 1938 gerado no Minist rio da Justi a de Francisco Campos Inspirava se claramente nos modelos europeus e tinha por objetivo formar uma organiza o paramilitar de mobiliza o SCHWARTZMAN et all 2000 p 139 O projeto detalha a estrutura o da Organiza o cabendo Secretaria Geral orientar a propaganda e divulgar os fundamentos doutrin rios idem p 141 Da subentende se que Francisco Campos tamb m estaria preocupado com a utiliza o dos meios de comunica o para a propaganda pol tica o que poderia justificar a produ o de programas de r dio relacionando juventude e o sentimento nacional patri tico A preocupa o de Francisco Campos com os meios de comunica o est inscrita em seu pensamento Atrav s de palestras discursos e entrevistas o Senado Federal compilou as ba
229. mpre o desconhecimento de uma identidade e a luta contra os malef cios as apar ncias contra tudo que oculta e disfar a uma luta por fazer se reconhecer N o estaria a a conex o secreta do melodrama com a hist ria desse subcontinente Em todo o caso o des conhecimento do contrato social no melodrama fala e fala bem alto do peso que tem para aqueles que nele se reconhecem essa outra sociabilidade primordial do parentesco as solidariedades de vizinhan a e a amizade Estar ent o desprovido de sentido perguntarmos at que ponto o xito do melodrama nesses pa ses fala do fracasso de umas institui es pol ticas que se desenvolveram des conhecendo o peso dessa outra sociabilidade incapazes de assumir sua densidade cultural MARTIN BARBERO 1987 p 244 Uma dessas institui es pode ser exatamente a escola Ao se desenvolver des conhecendo essas matrizes culturais e ao trabalhar sob uma media o excludente a escola se insurge contra essa sociabilidade marginal de gentinha de povo sem cultura H na atua o dessas institui es uma clara vincula o entre suas atividades e 156 o lado formal da vida No outro lado tudo que se aproxima do n o formal tende tamb m a se aproximar da sociabilidade exclu da esquecida Esquecida n o pelos exclu dos mas pelos excludentes Da que n o faz sentido orientar se por uma vis o dicot mica entre o formal e o n o formal Talvez n o ha
230. n La radio en todos y el cine em 54 algunos paises M xico Brasil Argentina hicieron la mediaci n entre l s culturas rurales tradicionales com la nueva cultura urbana de la sociedad de masas introduciendo en esta elementos de la oralidad y la expresividad de aquellas y possibilitandoles hacer el paso de la racionalidad expresivo simb lica a la racionalidad informativo instrumental que organiza la modernidad p 73 e 774 Considera es fundamentais para qualquer an lise das dimens es na rela o entre comunica o e educa o nesse per odo E que come ou a abalar as estruturas de um sistema de poder come ado a construir ainda em pocas medievais transformando os modos de produ o e circula o do conhecimento Estruturas de poder exatamente erigidas em torno da centraliza o territorial do saber A dispers o e fragmenta o do saber atingem em cheio a escola que perde seu car ter de centralidade Cada vez mais os educadores s o colocados prova frente diversidade e amplitude do conhecimento dos estudantes que mobilizam outros saberes e linguagens E essa situa o assusta A compreens o poderia ser outra defende Martin Barbero Ao inv s de serem interpretados como uma afronta deliberada os novos modos de saber e novas linguagens mobilizadas reivindicam a exist ncia da cultura oral ou da cultural visual o que n o significa o desconhecimento da vig ncia que conserva a cultura letrada mas come a a
231. n a do movimento pol tico da juventude e pass la a Gustavo Capanema era assegurar os limites necess rios ao desempenho da pol tica autorit ria no pa s ou seja assegurar a desmobiliza o pol tica considerada amea adora As pretens es do ministro da Educa o e Sa de eram mais modestas e muito mais convenientes nesse sentido atuar junto ao governo federal para receber dele o apoio indispens vel sua atua o como ministro de Estado Essa pretens o al m de n o oferecer riscos viria ao encontro dos objetivos do governo de consolidar o novo regime idem p 156 Mas os interesses em torno das reformas educacionais n o eram apenas internos Outros setores tamb m se mobilizavam para conseguir do governo federal a partir da atua o do Minist rio da Educa o e Sa de favorecimentos em torno de seus ideais educacionais Interesses esses que como todo o direcionamento da pol tica de educa o poderia ter uma influ ncia decisiva na defini o da orienta o do conte do da 88 informa o veiculada pelos meios de comunica o de massa como suporte ideologia do regime Entre esses setores a igreja cat lica e os militares O que a igreja cat lica queria Em palavras bem r pidas a institucionaliza o do ensino religioso facultativo nas escolas p blicas E os militares as for as armadas com o que almejavam Ordem disciplina a hierarquia e o amor pela P tria uma orienta o em estreita rela
232. n mero e quase todas participando da natureza do dogma pol tico a universaliza o do sufr gio a extens o de franquias institucionais as liberdades p blicas quest es em que a emo o tinha maior lugar do que a raz o Naquele mundo de hoje essas grandes quest es n o se encontrariam mais na ordem do dia As quest es econ micas e financeiras as de organiza o da economia nacional as do com rcio interno e externo quest es sobretudo t cnicas e por sua natureza incapazes de despertar emo o passaram ao primeiro plano conclu a Chico Campos idem p 51 Estavam abertas as raz es para se dar o circo ao povo E os meios de 79 comunica o de massa teriam um papel central nesse projeto E novamente ambiente prop cio s criticas sobre a a o parlamentar Ora um corpo constitu do de acordo com os crit rios que presidem a constitui o do Parlamento inapto s novas fun es que pretende exercer Capacidade pol tica n o importa capacidade t cnica e a legisla o hoje uma t cnica que exige o concurso de v rios conhecimentos e de v rias t cnicas Da incapacidade do Parlamento para a fun o legislativa resulta a falta de rendimento do seu trabalho N o s o Parlamento funciona a maior parte do tempo no vazio fugindo assim execu o de uma tarefa acima das suas for as e que n o pode ser realizada mediante os defeituosos processos parlamentares como quand
233. n o se procure apenas os autores velhos e muitas vezes f ra de uso 183 Or genes d sua receita para esse tipo de programa Um programa moderno de literatura para o r dio deve ter duas faces A primeira aquela que relembramos os verdadeiros vultos da intelectualidade A segunda puramente informativa revelando todas as correntes novas e os escritores que marcham para o caminho da gl ria Qual a percep o que os nossos entrevistados da poca tinham sobre essa rela o r dio e educa o Eles encontravam na programa o da Cear R dio Clube elementos que confirmassem uma orienta o educativa da emissora essa programa o ela era feita em fun o da da forma o n forma o cultural daquelas pessoas que tinham que demonstravam interesse pela profiss o de comunica o social como ele era professor se os alunos dele comentavam a programa o de r dio Comentavam nada risos Comentavam nada N o tinham capacidade ainda para isso n o O que se ouvia mais eram aqueles programas que a humildade do povo digamos assim aceitava aquilo de bom grado n achava que estava sendo valorizado ent o eles aceitavam de bom de bom grado Geraldo Nobre Ah isso o r dio era educativo O r dio de bom n vel os programas eram culturais entendeu Os programas tinham o sentido cultural Eu me lembro quando o Otac lio escreveu um programa ele ia buscar fontes na
234. n s eu nunca me meti em nada eu nunca eu nunca entrei em partido nenhum essa que a verdade Nessa fase ent o de ser 143 esquerdista ou direitista pra mim isso n o me interessava Me interessava era letras eu gostava de l mesmo porque eu tinha eu tinha lido muito que n o era conveniente fazer fazer uma literatura base de pol tica E eu sempre procurei me escoimar tirar inteiramente e e e ssa influ ncia pol tica de tudo que eu fazia Quer dizer eu eu eu era um homem aclarado um homem de olhos abertos tudo que eu escrevi foi em benef cio do povo tudo que eu fiz as minhas os meus contos todos eu s conto coi eu n o conto nada de rico eu s conto a vida pobre de gente que se senta em tamborete como eu me sentei Ent o num num num tinha nada eu eu eu era um homem do povo essa que a verdade mas isso n o me obrigava a ser a ser eu at fiz parte do do do partido socialista porque o Joaquim Alves me pediu muito e eu dei n mero l com ele para formar mas mas mas n o participei de nada porque mesmo isso tamb m n o me agradava eu eu queria ser uma pessoa independente politicamente Pol tico minha maneira mas n o pol tico ligado a partido Eu nunca fui ligado a partido Tamb m depois eu pa participei da Arena tamb m porque o Virg lio T vora me pediu para compor etc tamb m eu fiz isso tamb m s pra satisfazer mas n o que eu quisesse participar e eu le
235. n s diante do chamado poder institu do diante da imprensa dos pais e dos alunos a coragem de dizer N o faz mal que no final do ano n o se tenha chegado ao fim do programa O que fundamental que a crian ada tenha chegado feliz a perceber que pode e que deve conhecer A dimens o da compreens o de Freire sobre a rela o comunica o e educa o reconhecida hoje pelos pr prios te ricos da comunica o que insistiam em tentar caracterizar no pensamento comunicacional latino americano id ias que pudessem constituir uma express o aut ctone de nossa realidade comunicativa As orienta es europ ias convertidas Escola de Frankfurt e o pragmatismo de comunica o como efeito dos norte americanos n o davam mais conta da complexa teia de intricadas media es que constitu am as sociedades de abaixo Equador 200 E o reconhecimento do ineditismo de Freire parte exatamente de um daqueles que tenta desvendar esse emaranhado de media es latino americanas Martin Barbero identifica nas compreens es de Freire la primera aportaci n inovadora desde latinoamerica a la teoria de la comunicaci n se produjo en e desde el campo de la educaci n 2002 p 19 E identifica no sentido da palavra geradora da teoria da alfabetiza o de Freire o elemento essencial nesse reconhecimento embora que tardio A palavra geradora seria considerada aquela que a la vez que se activa despliega el espesor de si
236. na sua confian a e na sua admira o tornando se o centro de converg ncia dos anseios gerais e o int rprete das inspira es c vicas que se reuniam para a reconstru o da Rep blica idem p 40 necessitado de algu m que o orientasse nessa cruzada transformista Disputando se a prefer ncia do eleitorado desse eleitorado mais ou menos improvisado sobre o que lhe incumbe e em todo caso absolutamente heter clito quanto sua forma o e aos seus prop sitos idem p 44 e submetido facilmente aos discursos de quem det m o apelo da orat ria os candidatos n o prometem apenas os dividendos pol ticos com que os partidos do s culo passado costumavam acenar sua clientela Nos seus programas agora j se multiplicam as promessas lunares do para so econ mico ou da plenitude gratuita dos bens contanto que os votos de alguns milhares de homens os apontem como executores de uma hipot tica vontade geral que outra n o na realidade sen o a vontade particular e concreta de uma reduzida minoria que det m episodicamente ou fortuitamente as chaves da decis o pol tica idem E quais seriam as promessas de Vargas ao povo Fugiriam da orienta o lunar dos outros pol ticos t o criticados por Chico Campos Hoje quando se d a ascens o de Hugo Chaves na Venezuela e de Evo Morales na Bol via acorre se a dizer que o populismo est se alastrando pela Am rica Latina E muitos afirmam qu
237. naquele tempo era longe uma dist ncia muito grande quer dizer n o tinha assim um nibus um transporte com facilidade Ia se de carro e ele nos trazia de carro Foi assim que eu fiz amizade com ele Depois eu fiquei frequentando a Casa Dummar Eu sempre ia a Casa Dummar Passava por l pra conversar Ent o quando eu publiquei o livro ent o essa amizade ficou muito mais pr xima E depois quando eu quando eu ingressei na Cear R dio Clube eu era locutor todas as tardes eu passava pela Casa Dummar pra conversar Eu tinha tempo ia passar l e conversava cinco minutos dois minutos ficava 123 com ele l Ent o eu aprendi todas as coisas da loja Eles tinham uma aten o ENORME minha pessoa Mais um epis dio que demonstra um processo interativo entre a Cear R dio Clube e seus ouvintes percebido na edi o de 19 3 1940 do Correio do Cear Nesse caso a reclama o parte da diretoria do Cear Sporting Clube incomodada com a parcialidade das transmiss es de Cabral de Ara jo durante os jogos em que o time participava A carta diz que o locutor Cabral de Ara jo foi deselegante e descort s comprometendo a educa o esportiva E ainda que a emissora n o poderia se transformar em um instrumento de estravasamento das paix es pessoais de seu locutor Na edi o do mesmo dia do Correio do Cear j aparece a resposta de Cabral de Ara jo um exaltado torcedor do querido v
238. nguagem e de um novo discurso social o popular massivo O projeto nacional por sua vez somente poss vel mediante a comunica o o encontro entre massas populares e o Estado O r dio poderia entrar nos lares passear pelas camarinhas desavisadas partilhar dos segredos das alcovas mais rec nditas apropriando se da intimidade de seus ouvintes O r dio vai ser fundamental para a gesta o do sentimento nacional na tradu o da id ia de na o em sentimento E sentimento que passa a fazer parte do cotidiano do dia a dia do povo Um sentimento nacional que o ve culo naquele momento n o destr i o de sentir se parte de uma regi o Assim como percebia o poder que detinha o r dio de mobiliza o das massas outra orienta o pol tica poderia se utilizar da mesma estrat gia Compreendendo essa possibilidade o governo Vargas ao mesmo tempo que trabalha para a expans o do ve culo faz acompanhar essa expans o de um controle mais r gido de suas programa es Instalou se a censura pr via A aprova o tinha de ser nos m nimos detalhes A emissora elabora previamente o programa e enviava censura no Rio de Janeiro e na suas representa es nos Estados para o exame e o visto Da se tira logo uma ila o a censura de pe as contra o governo era total tendo desaparecido toda e qualquer oposi o Abrangia todos os casos dos discursos aos programas de est dio como era na poca a radionovela
239. nic pio durante todo o dia Chegava se a janeiro de 1945 decorrendo um ano da incorpora o da Cear R dio Clube pelos Di rios e R dios Associados Que balan o poderia se fazer desse per odo Pelas descri es veiculadas no Correio do Cear principalmente na coluna R dio v se que a emissora parece tomar um novo ritmo com estr ias sucessivas de novos programas e a incorpora o de novos artistas ao seu cast Dominam as novas estr ias os radiodramas os informes jornal sticos e os programas de audit rio Mas isso n o teria sido uma decorr ncia do pr prio momento vivido pelo r dio no pa s ou seria fruto de novas experi ncias trazidas pelos Associados Algumas consegii ncias s o previs veis com a mudan a Uma delas a entrada definitiva da emissora para o lado comercial do r dio Observa se isso a partir da cita o de produtos e lojas comerciais que passam com mais intensidade a patrocinar a 172 veicula o dos programas E que influenciam tamb m na programa o nos conta Jos J lio A noite a partir das oito horas depois da Hora do Brasil que entravam os programas de est dio Muitas vezes os programas de est dio eram redigidos pelo Manuelito Eduardo pelo Manuelito chegou a apresentar mas principalmente Otac lio Otac lio Colares Dermival Costalima e Ant nio Maria A eram programas muito bem bem bem bem combinados Eles s vezes pegavam um per
240. njunto regional do Liceu S nia Veigatomar parte ainda em outros programas durante um quarto de hora especialmente seu O programa geral da noite de sexta feira intitula se Coisas que o tempo levou Vamos aguardar pois a noitada alegre da P R E 9 15 9 1937 Em 1938 um an ncio da R dio Tupi d a id ia da receptividade e do alcance do r dio no Brasil Aumente suas vendas um an ncio na PRG 3 R dio Tupi do Rio de Janeiro ouvida em todo o Brasil A esta o que recebeu 35 000 cartas de v rios ouvintes em 730 dias Procure nossa sucursal a rua Conde D EU 529 Fortaleza Correio do Cear 13 4 1938 O ano de 1938 marca a estr ia de Valdemar Caracas na Cear R dio Clube comandando um programa esportivo Era o r dio se aproximando cada vez mais da popula o Sua entrada na emissora demonstra claramente a import ncia que alguns segmentos da sociedade emprestavam forma o da opini o p blica atrav s dos meios de comunica o neles inclu do o nascente r dio cearense Pu fui da ADC Associa o Desportiva Cearense hoje Federa o Cearense de Futebol Nesse tempo eu botei o Ferrovi rio l e o capit o Juremir presidente da ADC que eu tenho o retrato dele aqui depois eu mostro pra voc s era um ga cho e que fez muito pelo futebol cearense Da a pouco me chamaram um secret rio dele eram dois 102 lugares de secretario primeiro e segundo secret rio O primeiro secret r
241. no seguinte colaborou para a vinda das grandes ag ncias de publicidade para o Brasil como a McCann Erickson e a J W Thompson impulsionando o r dio O objetivo declarado do Bir era estreitar os v nculos econ micos e culturais entre os dois pa ses vendendo o estilo de vida americano e introduzindo o consumo de diversos produtos como a Coca Cola e revistas e filmes como os do Pato Donald E o r dio naquele momento era o ve culo ideal para a divulga o desses produtos os anunciantes estrangeiros mudaram o curso da programa o comercial brasileira os programas eram criados a partir da rela o cada vez mais s lida entre emissoras e anunciantes Os artistas come am a ser contratados o cach pago a cada apresenta o torna se um recurso ultrapassado e o r dio vive a sua fase de ouro rico e influenciador dos h bitos e costumes de milh es de fascinados ouvintes idem p 42 e 43 Em 1956 quinze anos ap s o inicio da R dio Nacional as radionovelas ocupavam 50 do tempo de transmiss o da emissora num total de 14 novelas por dia demonstrando a rela o entre as matrizes culturais do povo brasileiro e sua correla o com o g nero drama da radiofonia Quando Get lio Vargas assumiu o poder em 1930 a radiodifus o ainda estava em sua fase incipiente de r dio clubes e r dio sociedades A autoriza o oficial para a veicula o de publicidade que muitos consideram ter sido o motiva
242. ns o de analfabetismo A educa o de forma mais ampla consideradas as mais diversas formas de aprendizagem e o sistema educativo de forma espec fica deveriam escutar essas oralidades e abrir os olhos visibilidade cultural das visualidades que emergem nos novos regimes da tecnicidade E Martin Barbero novamente incorpora o componente pol tico a sua leitura de mundo Si lo pr prio de la ciudadania es el estar asociada al reconocimiento rec proco esto pasa decisivamente hoy por el derecho a informar y ser informado a hablar y ser escuchado imprescindible para poder participar em l s decisiones que conciernen a la colectividad De ah que uma de l s formas m s flagrantes de esclusi n ciudadana se situe justamente ah em la desposesi n del derecho a ser visto que equivale al de existir contar socialmente tanto em el terreno individual como el coletivo en el de lis mayor as como de l s minorias p 106 Certamente uma dimens o ainda inexplorada de an lise e que me desperta bastante interesse poderia se dar com educadores das d cadas de 1930 e 1940 Como eles perceberam o surgimento da tecnologia r dio Que mudan as eles perceberam nos processos de aprendizagem E a escola como a escola reagiu a esse novo contexto Que repercuss es trouxe na rela o entre aluno e professor geralmente uma professora Certamente a partir da conversa com observadores mais que atentos aos novos processos de aprendi
243. nse Claros tamb m s o os interesses contidos na iniciativa Esses interesses v o desde o sentido cultural que a radiotelefonia deveria assumir favorecendo o desenvolvimento da radio cultura no Brasil passando pela sentido educativo com a propaga o de ensinamentos civicos literarios cientificos artisticos esportivos especialmente musicaes indo aos objetivos comerciais com a inten o de fazer propaganda de todos os nossos produtos Mas a constitui o do grupo que passaria a fazer parte da Sociedade tamb m poderia revelar alguns interesses pol ticos o caso da participa o como orador do tenente Severino Sombra A participa o de Severino Sombra na vida pol tica cearense alcan ando inclusive proje o nacional est alicer ada no movimento integralista os camisas verdes simpatizantes dos movimentos fascistas europeus Foi uma das lideran as da Legi o 36 Cearense do Trabalho fundada em 1928 o mais expressivo movimento dos que antecedem A o Integralista de 1935 contando com a ades o de amplas camadas populares no Estado do Cear afirmava Pl nio Salgado lideran a da A o Integralista Brasileira lan ado candidato presid ncia da Rep blica em 1936 PARENTE 1999 p 36 apud SALGADO 1958 p 17 Ainda segundo Parente Severino Sombra tornar se pessoa chave na organiza o de um movimento de direita em n vel nacional PARENTE 1999 p 3
244. nuaria no neg cio da radiodifus o dessa feita com uma r dio educativa que teria como principal miss o levar educa o e arte aos lares cearenses idem p 73 A morte precoce n o o teria deixado concluir tal projeto Quais teriam sido as repercuss es da transfer ncia da PRE 9 para os Di rios e R dios Associados Quais as influ ncias em sua programa o Qual o sentido que tomaria agora o r dio cearense A sagacidade pol tica de Chateaubriand n o tardou a aparecer na orienta o da programa o da Cear R dio Clube emissora agora Associada Na edi o de 13 1 1944 dois dias depois portanto da incorpora o o Correio do Cear chamava os ouvintes da PRE 9 para um importante acontecimento daquela noite Falaria ao microfone o interventor Menezes Pimentel Hoje s 19 horas a palavra do chefe do governo cearense Atendendo a um convite que lhe formulamos ocupar hoje s 19 horas o microfone de PRE 9 emissora dos Di rios e R dios Associados o 164 interventor Menezes Pimentel chefe do Executivo do Estado O ilustre homem p blico falar a prop sito da incorpora o da possante emissora ao nosso cons rcio jornal stico e radiof nico dizendo o que isso representa para o desenvolvimento cultural e o progresso econ mico do Cear A palavra do chefe do Estado est sendo aguardada com vivo interesse pelo povo cearense e particularmente pelos que mourejam em todos os vig os que integram
245. o Mais um epis dio emocionante Da novela quilom trica Eu vou pronunciar Mais uma tortura pros ouvidos Do coitado que tem r dio E n o pode variar Ren ncia alegria Est o sempre no cartaz Refr o A gente quer samba quente Ou uma bossa bem dolente Mas n o ouvir r dio repete L na minha casa francamente Todo mundo est doente De epidemia A minha tia n o faz mais croch A Margarida n o faz um caf Quando me aborre o E vou pra rua Procurando me livrar Dessa calamidade At os gatos me acompanham coitadinhos Em busca de felicidade 101 5 A presen a da censura o controle da informa o no governo Vargas Os registros do Correio do Cear sobre a programa o da Cear R dio Clube reaparecem em nossa pesquisa j em 1937 E reaparecem em grande estilo com o an ncio de uma noitada alegre Observe se j a presen a do speaker locutor Cabral de Ara jo comandando a programa o S nia Veiga cantar sexta feira interessantes m sicas in ditas de Lauro Maia A P R E 9 ter na noite de sexta feira pr xima um programa verdadeiramente interessante organizado pelo nosso incas vel speaker Cabal de Ara jo Ser o interpretadas duas m sicas in ditas de Lauro Maia o samba Nosso Cruzeiro e o c co Catol m sica reional do Cariri da preta popular Maria Catal arranjo daquele compositor Essas m sicas ser o interpretadas por S nia Veiga em colabora o com o co
246. o hist ria literatura e folclore Al m da revista Cultura Pol tica o DIP editou publica o mensal denominada Estudos e Confer ncias cujo primeiro n mero saiu em setembro de 1940 Outra publica o do rg o Dos Jornais foi lan ada em junho de 1941 e se dedicava a transcrever artigos favor veis ao governo publicados pela imprensa n o oficial Por outro lado as rela es do DIP com a imprensa caracterizaram se sempre pela ocorr ncia de numerosos atritos J em mar o de 1940 registrou se um dos casos mais not rios de interven o em jornais com a invas o pela pol cia de O Estado de S o Paulo O jornal permaneceu sob interven o do DIP at o final do Estado Novo No mesmo ano de 1940 tamb m sofreram interven o os jornais A Noite e A Manh Ainda em 1940 atrav s de decreto datado de 4 de setembro o DIP teve seu poder ampliado com a instala o em cada estado do pa s de um Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda DEIP com suas mesmas atribui es A partir de outubro o Minist rio da Justi a passou a coordenar todos os meios e rg os de divulga o e publicidade existentes no pa s inclusive o DIP Ainda a partir desse ano o DIP passou a centralizar as verbas de publicidade do Banco do Brasil e de outras institui es distribuindo as entre os jornais de sua prefer ncia Em dezembro ainda de 1940 numa atitude que demonstrava as simpatias do governo s pot ncias do Eixo o DIP proibiu
247. o a partir das compet ncias comunicativas incorporadas pela reforma do ensino m dio Portanto inclui me no N cleo de Curr culo do Programa de P s Gradua o No entanto o t rmino dos cr ditos te ricos se deu concomitante ao in cio da pesquisa sobre r dio e sociedade do Catavento Comunica o e Educa o Ambiental Ent o n o havia porque trabalhar simultaneamente em duas pesquisas correndo se o risco de chegar a resultados insatisfat rios em ambas Reorientei minha proposta inicial Continuaria a pesquisar sobre as rela es comunica o e educa o mas dessa feita sobre as rela es entre comunica o e educa o que se estabeleceram na trajet ria da implanta o do r dio no Cear atrav s da instala o da Cear R dio Clube em 1934 at o surgimento da segunda emissora a R dio Iracema de Fortaleza em 1948 Ao mesmo tempo daria minha contribui o historiografia do r dio cearense O fato da pesquisa do CNPq n o ter chegado a seu final foi um novo fator motivador para que todo o material coletado pudesse ser analisado pelo menos a partir de um aspecto espec fico 13 Tese que defendo nesse trabalho Os pressupostos que orientaram proposta inicial do projeto de pesquisa ao CNPq permaneceram em meu novo projeto ao Doutorado O principal deles que n o houve avan os em torno de uma produ o cient fica cr tica sobre a implanta o do r dio no Cear A ltima obra publicada sobre o tema f
248. o aborda a tarefa o faz a maior parte das vezes de pontos de vista estranhos aos verdadeiros interesses em jogo considerando as quest es mais no plano do interesse pol tico ou das exig ncias eleitorais do que no seu plano pr prio e adequado Um corpo numeroso constitu do de v rias tend ncias de grupos e at de matrizes individuais n o re ne evidentemente os recursos pr prios a uma obra legislativa homog nea e consistente o que se observa nos mais importantes documentos legislativos bastando citar como exemplo expressivo a pr pria Constitui o de 34 trabalhada de forma aparente e manifesto por v rias e opostas correntes que quebraram assim o principal car ter de uma lei desse vulto a sua unidade ideol gica e t cnica idem p 55 A defesa da unidade t cnica do legislativo nos remete id ia que est por tr s de todo o ide rio do Estado Novo a constitui o da grande na o brasileira Da derivam as outras apostas homogeneiza o cultural culto t cnica A comunica o apareceria ent o como meio de ajustar a opini o p blica a esse caminho e n o ouvir a opini o p blica sobre que caminho seguir O mesmo modelo de homogeneiza o estava a caminho em rela o comunica o unidirecional de concentra o de monop lio de emiss o de desconhecimento do receptor Para Chico Campos a crise do regime representativo e liberal se devia em grande parte ao fen meno da
249. o com a doutrina de seguran a nacional O epis dio da defini o de uma pol tica estadonovista para a fam lia ilustra a forma pela qual se dava e at onde ia o relacionamento entre a igreja cat lica e o Estado A Igreja ia com facilidade at o Minist rio da Educa o e Sa de mas isto n o significava que ela conseguisse necessariamente fazer prevalecer seus pontos de vista contra a orienta o predominantemente secular e n o confessional dos c rculos mais pr ximos presid ncia da Rep blica idem p 139 Al m dos setores que se mobilizavam internamente para influenciar os rumos das reformas educacionais o ambiente externo tamb m favorecia uma tomada de posi o As experi ncias e de constru o nacional em processo na poca como o nazismo o fascismo e o comunismo tratavam a educa o como o instrumento por excel ncia de fabrica o de tipos ideais de homem que assegurassem a constru o e a continuidade de tipos tamb m ideais de na es Desse modo a a o educativa era vista como um recurso de poder e portanto ardorosamente disputado o desacordo quanto s quest es educacionais parecia expressar desacordos ticos e filos ficos insuper veis O car ter p blico das discord ncias dava ao debate educacional uma dimens o pol tica exacerbada pelos efeitos que introduzia no jogo pol tico das alian as que se faziam e desfaziam no conturbado processo de solidifica o das posi es ad
250. o da Silva Nobre Meus pais eram primos leg timos primos irm os como se dizia tamb m naquela poca Ele Eduardo Nobre e Puqu ria da Silva Nobre Todos os dois j falecidos Meu pai faleceu em 1974 e minha m e em 2002 j perto dos cem anos Foram pessoas muita dedicadas Tiveram 15 filhos Os quatro primeiros l em Morada Nova depois aqui em Fortaleza L perto da Casa Bor s aquele grande estabelecimento que havia l na praia de Iracema Ali onde tem a pra a chamada Pra a da Alf ndega Geraldo Nobre reconhecido como pesquisador da hist ria do jornalismo cearense falecido em 2005 Jos J lio Cavalcante Eu nasci na cidade de Iguatu no dia 1 de outubro do ano de 1918 Estou portanto chegando aos 86 anos Meus pais J lio Cavalcante e J lia Cavalcante Irm os Adail Barreto que foi deputado federal Maria Barreto Simone Barreto e Jos Aristides Barreto Cavalcante Eu passei a inf ncia na cidade de Iguatu L na cidade de Iguatu eu tive a oportunidade de de ver o velho rio Jaguaribe barreira a barreira e tive uma conviv ncia uma inf ncia muito alegre A Iguatu ficou uma cidade meio famosa porque deu muitos filhos ilustres Humberto Teixeira Evaldo Golveia compositor Jos J lio foi locutor da Cear R dio Clube a partir de 1944 21 Meu nome Narc lio Sobreira Limaverde eu nasci 1931 em Fortaleza na Rua 24 de Maio se eu n o me engano 648 m
251. o do radioteatro A novela folhetim que se faz teatro no circo criolo continua no r dio sua forte rela o com o teatro n o s porque a emiss o radial difunde uma obra que se representa vista do p blico sen o porque as companhias de atores que fazem o radioteatro viajam pelas prov ncias permitindo gente ver o que escuta O xito do radioteatro deve bastante menos ao meio r dio que media o a estabelecida com uma tradi o cultural MARTIN BARBERO 1987 p 184 Embora as radionovelas n o chegassem ainda com tanta nfase programa o da Cear R dio Clube os programas que eram veiculados j despertavam o vivo interesse de seus 157 ouvintes o que se depreende de uma carta de um ouvinte publicada na edi o do Correio do Cear de 18 12 1943 QUEIXAS E RECLAMA ES COM VISTAS AO DIRETOR DOS CORREIOS E TELEGRAFOS Recebemos a seguinte carta Sr redator do Correio Em meu nome e nos das demais familias residentes no fim da linha de bonde do Joaquim Tavora venho pedir por intermedio das colunas desse jornal que o sr diretor dos Correios e Telegrafos mande verificar o funcionamento de uma chocadeira eletrica existente naquelas imedia es a qual com o grande barulho que faz vem prejudicando todos aqueles que teem radio e desejam ouvir alguns programas de boa musica e outras noticias de interesse geral Tiburtino Amorim Joaquim T vora 2 675 UM BAILE NA CHACRINHA sa
252. o educativa que teria tomado a Cear R dio Clube Um outro aspecto fortalece a escolha pela grade de programa o como subs dio primeira an lise Embora tenha tido acesso a mat rias do Correio do Cear no mesmo per odo que descortinavam a trajet ria do r dio em nosso estado as grades de programa o estariam imunes orienta o ideol gica que as mat rias do jornal poderiam trazer e que faz parte tamb m de sua linha editorial No caso as mat rias de jornal e os depoimentos de nossos entrevistados entram como um suporte ao que vinha delimitado e ao que permite ser interpretado orientando se pela grade de programa o Outro procedimento a ser explicitado o que se relaciona com a pr pria constru o do formato dos resultados da pesquisa Resolvi por conta da identifica o da grade de programa o como elemento principal de an lise seguir um movimento progressivo no tempo no intervalo cronol gico que vai de 1934 a 1948 Assim as grades de programa o se sucedem no trabalho As an lises em alguns momentos oram avan am ora recuam tentando estabelecer rela es mais significativas dos fatos O contexto da poca vai sendo dado medida que requerido para uma melhor compreens o do material emp rico Al m disso e ao mesmo tempo os momentos hist ricos de an lise s o complementados com an ncios de poca e passagens significantes da cr nica hist rica de Fortaleza retirados das p ginas do Correio do
253. o em estudo sobre as v rias reas de atividades dela resultantes e sobre o perfil dos trabalhadores a ela dedicados Do total 67 61 s o brasileiros e 32 29 latino americanos e espanh is Especificamente 7 95 s o da Argentina 7 39 da Espanha 3 41 do M xico al m de um n mero percentualmente menor ao redor de 1 70 em cada caso de latino americanos residentes em pa ses como Venezuela Uruguai Cuba Chile Bol via Peru Paraguai Israel Fran a e It lia O que o projeto pretendeu atrav s da an lise dos dados prim rios extra dos dos question rios das entrevistas assim como do conjunto de informa es obtidas nos workshops semin rios e congressos promovidos pelo NCE ao longo de toda a investiga o foi identificar como se estabelecem no mundo contempor neo os espa os transdisciplinares que aproximam tanto de forma te rica quanto program tica os tradicionais campos da Educa o e da Comunica o SOARES s d www usp br nce A pesquisa partiu da evid ncia de que transforma es profundas v m ocorrendo no campo da constitui o das ci ncias em especial as humanas levando a uma derrubada de fronteiras de limites de autonomias e de especifica es Ao seu final a investiga o concluiu que efetivamente um novo campo do saber mostra ind cios de sua exist ncia e que j pensa a si mesmo produzindo uma meta linguagem elemento essencial para sua identifica o como objeto
254. o emprego efetivo da for a contra as tentativas de quebrar a unidade do comando pol tico idem p 36 76 Ora n o em v o que se libertam em t o grande escala as reservas de viol ncia por tanto tempo acumuladas na alma coletiva Essas reservas que n o podem ser restitu das ao estado de inani o t m de ser permanentemente utilizadas essa compreens o que leva Chico Campos a perceber que o projeto pol tico de estado totalit rio n o poder restringir se s fronteiras nacionais Interessante o fato que a aproxima o entre Estado totalit rio e Estado nacional come a a ser preparada Por conta da dimens o das reservas de viol ncia das massas que o Estado totalit rio ou nacional tende a derivar o estado de tens o interna para um estado de tens o internacional manobra que torna poss vel exaltar ainda mais os fatores da irracionalidade que operaram e que continuam a garantir a integra o totalit ria idem Essa percep o em torno da internacionaliza o do Estado nacional totalit rio vai ser comprovada a partir da preocupa o do governo Vargas com sua proje o no cen rio internacional Constantes relatos s o enviados ao governo por funcion rios e amigos do regime dando conta da repercuss o dessa ou daquela medida adotada pelo poder central O arco dessas preocupa es se estendia de vizinhos latino americanos aos Estados Unidos Na rea da comunica o ocorre a mesma preocupa
255. o governo em exerc cio tanto por quest es de sobreviv ncia dos ve culos como pelos favores pol ticos que amealhavam Uma outra raz o que estabelecida desde o s culo XIX no Brasil a imprensa impressa j havia consolidado sua imagem perante o p blico o que poderia dificultar em certa medida a presen a de uma censura mais efetiva dadas as consequ ncias que poderia desencadear Uma outra identifica o entre o r dio e o projeto pol tico do regime varguista foi quanto ao processo de industrializa o e o forte car ter desenvolvimentista de base do 108 governo O processo de industrializa o influenciou a radiodifus o atrav s da abertura de f bricas e a produ o de equipamentos receptores nacionais o que barateou os custos e permitiu um maior acesso aquisi o dos equipamentos O aporte da industrializa o tamb m favorecia uma maior dinamiza o do com rcio e a eleva o potencial do consumo favorecendo tamb m o consumo da produ o cultural massiva iniciado principalmente depois de 1935 As novas tecnologias de comunica o dessa primeira etapa t m sua rela o com a cultura mediada pelo projeto estatal de moderniza o um projeto eminentemente pol tico mas tamb m cultural n o era poss vel transformar estes pa ses em na es sem criar neles uma cultura nacional idem p 10 As novas tecnologias de comunica o v o tornar poss vel assim a emerg ncia de uma nova li
256. o na Rua Floriano Peixoto 145 no centro da cidade A essa poca Jo o e Jos j eram seus s cios Mas em 1926 Dem trio falece Ap s a morte do pai montada a sociedade dos irm os Jo o e Jos denominada Dummar amp Cia em 1928 Os neg cios da nova sociedade se transferiram para a Rua Floriano Peixoto 5177 pr ximo a Pra a do Ferreira A Casa Dummar como era conhecida era representante da Philips do Brasil da R dio Brunswich Corporation da Companhia Brunswich de Bilhares dos Pianos Esssenfelder e do autom vel Skoda de fabrica o tcheca Na se o de discos os mais recentes lan amentos estrangeiros inclusive os de m sica cl ssica Al m de apreciador da m sica Jo o Dummar tamb m era conhecido pela arte de saber vender Se aparecesse um fregu s interessado em comprar um bom piano ele abria o reluzente Essenfelder e tocava como um m sico inspirado mostrando a qualidade do produto idem p 21 Sua habilidade em vender era tanta que ao receber o intelectual Parsifal Barroso futuro governador do Estado come aram a conversar descontraidamente sobre m sica erudita Por fim Parsifal despediu se e acabou saindo com um pacote de discos de m sica cl ssica Encontrando se com um amigo comentou Ora comprei discos mas nem vitrola eu tenho idem p 22 Jo o Dummar sonhava em implantar a primeira esta o de r dio do Cear o que traria um enorme benef cio para a cultura cearen
257. o projeto modernista ao contr rio era vis vel a prefer ncia aos aspectos modernistas relacionados com o ufanismo verde e amarelo a hist ria modificada dos her is e das institui es nacionais e o culto s autoridades N o faltaria a essa no o de brasilidade transmitida nas publica es oficiais e nos cursos de educa o moral e c vica a nfase no catolicismo do brasileiro em detrimento de outras formas menos leg timas de religiosidade A nacionalidade deveria firmar se pelo uso assegurado da l ngua portuguesa de forma uniforme e est vel em todo o territ rio nacional O que nos meios de comunica o de massa e principalmente o r dio pode ter se transformado numa esquizofrenia tamanhos e t o diferenciados s o nossos sotaques eles mesmos constituidores a princ pio de nossa nacionalidade A uniformiza o da l ngua ter gerado uma uniformiza o da linguagem Se sim esse fato iria se repetir por motivos bem menos nobres e tamb m no r dio na d cada de 70 quando com o surgimento das esta es de frequ ncias moduladas FM surge o modo pasteurizado de uma locu o nica de sotaque carioca e jovem pr prio de uma orienta o que gostaria de encobrir sob o manto da monotonia a resist ncia frente ao regime militar de ent o Q Ainda em torno da nacionalidade na educa o o segundo aspecto respondia pela padroniza o A exist ncia de uma universidade padr o de escolas modelo secund rias e t
258. o relativismo at por conta da irracionalidade das massas em sua constru o simb lica A nica forma natural de express o da vontade das massas o plebiscito isto voto aclama o apelo antes do que escolha idem O plebiscito como forma de express o concreta das massas e n o o voto democr tico afastaria o perigo de uma express o relativista e c tica de prefer ncia de simpatia do pode ser que sim pode ser que n o idem mas a forma un voca que n o admite alternativas e que traduz a atitude da vontade mobilizadora para a guerra idem Novamente Chico Campos se volta contra o poder legislativo identificando o como usurpador do poder de decis o das massas por instaurar uma outra inst ncia de delibera o que n o a direta Eliminando do seu sistema o princ pio da liberdade de op o com a amplitude que o havia formulado o liberalismo a democracia perde o seu car ter relativista e c tico tra o secund rio que ela devia sua fortuita associa o com a doutrina liberal passando a ser um sistema monista de integra o pol tica em que as decis es fundamentais s o abertamente subtra das ao processo dial tico da discuss o da propaganda e da publicidade para serem imputadas a um centro de vontade de natureza t o irracional como os centros de decis o pol tica dos regimes de ditadura idem p 28 Se por um lado o parlamento deita em ber o espl ndido numa rotina
259. o vivaz de grande alcance dotado de um forte 87 poder de irradia o e infiltra o tendo por fun o o esclarecimento o prelado a orienta o a edifica o numa palavra a cultura de massas idem Nada mais evidente da orienta o de Chico Campos Ao assumir o Minist rio da Justi a Campos iria p r seu plano em pr tica atrav s da cria o em 1934 do Departamento de Propaganda e Difus o Cultural Capanema daria o troco com a implanta o durante a reforma do Minist rio da Educa o e Sa de em 1937 do Servi o de Radiodifus o Educativa A tem tica da juventude ainda voltaria a demonstrar o interesse de Chico Campos no direcionamento da educa o no Estado Novo O projeto da cria o de uma Organiza o Nacional da Juventude com patroc nio governamental foi produzido pelo Minist rio da Justi a em 1938 Inspirado nos modelos europeus de orienta o fascista tinha uma clara orienta o de mobiliza o atrav s de uma organiza o paramilitar O documento que explicita a proposta tem o timbre do Minist rio da Justi a e n o traz nenhuma men o participa o do Minist rio da Educa o e Sa de em um empreendimento que poderia ser entendido como de cunho tamb m educativo idem p 139 Dentro do conflito entre Campos e Capanema entre o Minist rio da Justi a e o Minist rio da Educa o e Sa de Vargas parece que pendeu para o segundo Retirar de Francisco Campos a lidera
260. ocesso de produzir e transmitir mensagens com os quais se depara cotidianamente lhe tira a ingenuidade sobre as estrat gias e as possibilidades de manipula o de mensagens pelos grandes meios de comunica o de massa Passa a conhecer as possibilidades de sele o das mensagens os conflitos de interesses que condicionam a informa o ou a programa o a din mica do mercado publicit rio al m da for a que tem um ve culo de comunica o tal como o r dio o jornal a televis o etc Peruzzo idem Em sua an lise ao identificar na inst ncia da participa o uma das possibilidades educativas da comunica o comunit ria Peruzzo restringe a amplitude que esse processo possa ter por conta de serem ainda restritas embora significativas e crescentes as experi ncias no campo dos movimentos sociais populares e do terceiro setor que utilizam a comunica o a partir de um projeto de transforma o social Mas ela sinaliza que a dimens o do conte do mesmo que isolada pode assegurar certo grau de potencialidade educativa ao produto comunicativo pois de acordo com sua 214 orienta o teria o potencial de contribuir na forma o da consci ncia cr tica e amplia o do n vel de conhecimento dos emissores e dos receptores As proposi es e Peruzzo se situam num ecossistema comunicacional ainda voltado para a presen a de experi ncias de comunica o de alcance restrito dada nfase a participa o das
261. ocupa o com a a moral e os bons costumes Nas novelas por exemplo n o era permitida a utiliza o da palavra amante numa norma da pr pria r dio Nacional Ciente de sua abrang ncia e penetra o as emissoras preocupavas se em educar o p blico atrav s das novelas incutindo no ouvinte bons sentimentos maneiras corretas de agir em sociedade idem p 51 e 52 Uma orienta o clara quanto a maior emissora da poca a R dio Nacional Embora as indica es hist ricas d em conta de que Roquette Pinto sonhasse com um r dio educativo formal presume se pela linha de programa o que paulatinamente o r dio come ou a incorporar que a vertente n o formal ou informal educativa tamb m ganhou espa os nas programa es Uma an lise que ainda permanece obscura quando do estudo do r dio na era Vargas seria como essa orienta o ideol gica era percebida pelos ouvintes Como os materiais produzidos especificamente para a difus o dos valores considerados essenciais constru o do projeto de na o de consolida o do Estado Nacional eram traduzidos 110 pelo p blico Que uso a popula o fazia desses materiais Uma das linhas editoriais dava conta de materiais produzidos especificamente para as escolas Esses materiais foram utilizados pelos educadores em sala de aula Um aspecto que permanece em toda a discuss o da implanta o da pol tica de informa o do governo Vargas a dimens o
262. og neo p blico das novas camadas das cidades idem p 6 Essa caracter stica pode ter contribu do para um processo mais forte de regionaliza o do r dio Em torno dessas sa das culturais p de ser estabelecida uma rela o mais pr xima entre o ve culo e a cultura local Sem deixar de perceber que mesmo a cultura local tamb m era influenciada pelas modas estrangeiras como ocorria em v rias capitais dos estados com o processo de afrancesamento de moradores h bitos e costumes Nas localidades onde o sentimento regional j se fazia presente como o 105 caso dos pampas sulinos a regionaliza o da programa o do ve culo foi ainda mais forte Com o advento dos processos de industrializa o cultural a aproxima o entre r dio e mercado seria inevit vel Afinal de contas s grandes empresas e a poca era f rtil a presen a de grandes multinacionais no Brasil principalmente norte americanas interessava o alcance de novos consumidores que o r dio proporcionava Em 1944 a Standard Propaganda criou o primeiro departamento de r dio no Brasil onde foi montado est dio de grava o para a radiofoniza o de novelas Muitas dessas novelas foram patrocinadas pelas multinacionais Colgate Palmolive e pela Gessy Lever O Bir Interamericano tamb m seria instalado no Brasil em 1941 Organismo criado pelo presidente norte americano Franklin Roosevelt em 1940 e instalado no Brasil no a
263. oi de Jo o Dummar Filho filho de Jo o Dummar considerado o pioneiro da radiodifus o cearense por ter sido o propriet rio da Cear R dio Clube quando da sua instala o em 1934 Na obra Dummar Filho faz um passeio sentimental pela trajet ria de seu pai enquanto idealizador da Cear R dio Clube e nas rela es de fam lia A publica o saiu em 2004 quando se completavam 70 anos da instala o da emissora A historiografia brasileira mais difundida sobre o surgimento do r dio em nosso pa s faz crer que o meio implantado dentro de uma atmosfera educativa Viviam se os grandes debates em torno da Escola Nova e as tecnologias eram encaradas com bons olhos pelos pioneiros da nova corrente Assim o r dio despontava como uma nova tecnologia que poderia servir educa o Isso pelo menos estava nos planos de Edgard Roquette Pinto quando instalou a primeira emissora de r dio no Brasil a R dio Sociedade do Rio de Janeiro com sede justamente na Academia de Ci ncias da Escola Polit cnica em 1923 Uma de minhas primeiras interroga es nasce exatamente dessa pretensa orienta o educativa do r dio Partindo se da compreens o de que realmente essa orienta o era verdadeira no mbito do Brasil e a mais especificamente do Rio de Janeiro distrito federal poca essa mesma orienta o teria influenciado o aparecimento do r dio no Cear onze anos depois A hip tese defens vel na medida em que o Cear tam
264. oisa face resposta do p blico a esses programas Novamente uma pesquisa de recep o com os ouvintes se insinua como necess ria para termos respostas mais seguras J na edi o de 18 5 1940 do Correio do Cear noticiada a homenagem que a Cear R dio Clube iria fazer a Assis Chateaubriand propriet rio dos Di rios Associados e personalidade de grande influ ncia nos meios pol ticos nacionais durante uma visita sua a Fortaleza A historiografia nacional da comunica o d conta de meios n o t o ticos que Chato como era conhecido utilizava para manter essas influ ncias Um desses meios seria a chantagem que estabelecia com pol ticos atrav s de mat rias 130 contr rias nos ve culos de comunica o de sua propriedade caso n o atendessem s suas reivindica es Reconhecendo no sr Assis Chateaubriand uma das figuras mais expressivas do R dio Brasileiro diretor que de duas poderosas emissoras do Rio e de S o Paulo a PRG 3 R dio Tupi do Rio e a PRG 2 R dio Tupi de S o Paulo a Cear R dio Clube por interm dio de sua emissora a PRE 9 prestar significativa homenagem oferecendo lhe um programa especial de m sicas genuinamente cearenses Talvez n o fosse esse o tratamento que Jo o Dummar lhe dispensaria se a visita ocorresse em 1944 ano da venda da Cear R dio Clube aos Di rios Associados fato esse que ser explorado de forma mais detalhada posteriormente Mas outra melhori
265. om a introdu o do programa R dio Infantil pequenos contos de todo o mundo Mas ainda fica uma indaga o o porqu da PRE 9 se carecia de profissionais para a produ o de seus programas como era evidente n o preferir sintonizar r dios nacionais algumas j consolidadas Para os dias 10 e 11 10 1936 s bado e domingo respectivamente a programa o sugere produ es mais leves de forma a se adaptar ao clima de final de semana Algumas novidades s o observadas No s bado s 21 30 surge Economia dinamica Palestra com o Dr Fritz Nonnembruch redator do Volkischer Beobachte e s 21 45 Radio feminino mais uma chicara minha comadre J s 22 30 aparece o Musica de dansa No domingo s 22 15 aparece o Echo desportivo talvez antevendo uma penetra o maior da emissora junto popula o Ainda a se observar a mudan a constante da grade de programa o caracter stica t pica de uma emissora sem produ es pr prias e que retransmite as programa es de outras emissoras Essa caracter stica com consegii ncias imprevis veis para a audi ncia que 85 dificilmente saberia a programa o daquele dia Da porque talvez a veicula o da programa o do dia no jornal impresso principalmente porque a programa o estava concentrada no per odo noturno A se destacar a continuidade do programa R dio da Juventude Hitleriana Embora pudesse estar sens vel s obs
266. om os versos da velha valsa Iracema E todos os demais Era o tempo do Bazar do R dio que Lima Verde comandava nas noites domingueiras animando casais jovens no aconchego puro da dan a dentro de casa na sala de visitas sob os olhos atentos de zelosos papais e mam es B GIR O p 19 A chegada do r dio com os seus programas dan antes os bazares seus an ncios oritados e permanentes tudo mudou Acabaram os reisados congadas e fandangos AZEVEDO p 64 Entre as afrontas elite e as resist ncias populacho as media es O r dio tamb m seria palco desse processo uma feita que tamb m era s mbolo dessa nova modernidade da intromiss o nos costumes e h bitos arraigados da popula o Ou o r dio tamb m teria servido de estrat gia s camadas populares para subverter a ordem estabelecida Ou serviria de mais um instrumento para a disciplinariza o e normaliza o social que caracterizavam o discurso higienista de nossas elites m dica e pol tica Que afrontas Que resist ncias Que media es Que percep es foram se modificando A cidade agora sim tomava a senda do modernismo de momento a momento dona de si mesma Sa a da meia luz dos adorados h bitos e tradi es rom nticas vendo morrer nalma o lirismo e os encantos de quantas coisas a embalaram suspirosa Calaram as serenatas desapareceram os seresteiros morreram os congos e pastorinhas os ter os do Cruzeiro da S
267. ontecia eram programas escritos Havia produtores havia um produtor aqui chamado Albuquerque Pereira que hoje em dia ele deve estar no Recife havia Geraldo Fontenele pra voc ter uma id ia ele depois ele foi membro da Academia e era produtor de r dio Eduardo Campos era produtor de r dio ent o todos os programas que eles escreviam pressupunham uma um uma cultura que estava se oferecendo ao povo em termos musicais em termo de de m sica e de at se revivendo hist rias E os programas de audit rio a gente vai conversando at que chegam as perguntas todas eram feitas baseadas em por exemplo essa quest o de dizer esses problemas que dizem respeito estrutura do Brasil hist ria mundial ent o havia tamb m uma preocupa o nos programas de audit rio os pr mios eram dados em dinheiro em esp cie atrav s de uma resposta de uma pergunta que significava uma cultura Narc lio Limaverde A percep o da programa o da Cear R dio Clube a partir de nossos entrevistados encaminha se para um sentido educativo da programa o numa compreens o mais ampla Um dado importante para essa an lise era a forma o dos profissionais que faziam o r dio Muitos intelectuais da poca frequentavam os microfones da emissora possibilitando um ambiente favor vel troca de conhecimentos com os profissionais do r dio Como testemunha Eduardo Campos 185 Eu tive a sorte de entrar numa empresa em que as pessoas gos
268. ontexto Que repercuss es trouxe na rela o entre aluno e professor geralmente uma professora Certamente a partir da conversa com observadores mais que atentos aos novos processos de aprendizagem os educadores essa discuss o poderia complementar as rela es que estabelecemos a partir de uma an lise espec fica do meio de comunica o r dio Uma pista Cavalcante 2000b faz um recenseamento das principais tem ticas discutidas aqui em Fortaleza em 1934 durante a 6 Confer ncia Nacional de Educa o e n o encontra nenhuma refer ncia aos meios de comunica o Embora o Manifesto dos Pioneiros escolanovista e lan ado em 1932 defenda que a a escola deve utilizar em seu proveito com a maior amplitude poss vel todos os recursos formid veis como a imprensa o disco o cinema e o r dio com que a ci ncia multiplicando lhe a efic cia acudiu obra de educa o e cultura e que assumem em face das condi es geogr ficas e da extens o territorial do pa s uma import ncia capital E o Correio do Cear edi o de 23 11 1946 traga uma mat ria sobre a participa o de Fernando Tude de Sousa no d cimo congresso anual dos educadores americanos que se dedicam a ensinar atrav s do r dio O autor da mat ria o pr prio Fernando Tude apresentou a experi ncia do Servi o de Radiodifus o Educativa do Minist rio da Educa o do Brasil Ele apresenta como dado que o Servi o possui uma emissora de r dio
269. ontrole mais efetivo sobre a opini o p blica E sobrepor se l gica democr tica do liberalismo Ao definir essa orienta o Chico Campos antecipa as discuss es em torno da produ o ideol gica da informa o pelos meios de comunica o e que tomaria for a com a Escola de Frankfurt a partir da d cada de 50 A seu modo se anteciparia aos apocal pticos visando integra o nacional Ora a Imprensa uma empresa privada dirigida como a ind stria no interesse do capital A publicidade governa a Imprensa como o rendimento governa a ind stria O instrumento de governo da Imprensa por m a opini o p blica a mesma fonte dos poderes pol ticos em regime democr tico O instrumento mais poderoso de governo n o pode ficar merc do interesse privado Se a Imprensa disp e da t cnica e do poder de formar a opini o p blica n o poder empregar a t cnica e exercer o poder sen o no interesse p blico e para fins p blicos O controle da Imprensa estabelecido na Constitui o n o portanto um instrumento autocr tico mas uma exig ncia decorrente da pr pria natureza do seu poder e de sua fun o Poder p blico implica fun o p blica interesse p blico responsabilidade p blica idem p 68 e 69 Volta se a aproximar se do irracional na pol tica e que domina hoje as preocupa es do m dico psiquiatra cearense Valton Miranda S para lembrar que o pensamento de Chico Campos mant m sua atual
270. opaganda que esses srs Fazem no r dio de que s o vendedores se servem da esta o PRE 9 para difamar ou caluniar uma classe honesta a dos pracistas de que me orgulho de pertencer era natural que o humilde subscritor destas linhas n o pode ficar calado e assim fosse pedir agasalho no vosso conceituado rg o servindo se dessa poderosa v lvula a imprensa para expressar algumas verdades e ao mesmo tempo contraditar e confundir aqueles que procuram ofender uma classe t o laboriosa e honrada como outras quaisquer que sejam Deselegante desprimorosa e desconhecida fora da tica das transmiss es de r dio essa forma esquisita de se servir de uma emissora das ondas hertzianas para deprimir quem quer que seja procurando levar ao desprezo e ao rid culo p blico aqueles que caem no 62 desagrado embora gratuitamente dos que mandam e disp em desta mesma esta o Que esses senhores fa am propaganda de seus r dios com an ncio os mais espalhafatosos e bomb sticos compreens vel e permitido por m que o fa am em regra jamais entretanto procurando ofender a quem quer que seja que n o afine pelo diapas o dos senhores Dummar amp Cia Ali s nos sedi os e repelidos an ncios de r dios aqueles srs al m da maneira irritante com que procuram embora impotentemente deprimir os pracistas v m tentando diminuir marcas de r dio que se vendem em Fortaleza sem que por m tenham a isen o de animo necess ria de d
271. opulariza o representava uma demanda da pr pria sociedade Que h bitos e costumes da sociedade seriam transpostos programa o E que h bitos e costumes a sociedade de Fortaleza iria adotar a partir da veicula o de programas de conte dos mais populares Afinal porque mesmo esses programas poderiam ser chamados de populares Seu Caracas muito franco em seu depoimento quando fala da rela o entre a PRE 9 seus profissionais e os ouvintes E da intencionalidade da emissora em saber a receptividade que obtinha junto sociedade Ora raciocina ele se s tinha a gente ent o eles s podiam ouvir a gente seja qual fosse a programa o Mas outros fatores podem ter influenciado uma nova tomada de posi o em se tratando da audi ncia pela PRE 9 Um desses fatores reca a sobre a pr pria popularidade que os profissionais detinham junto ao p blico o que configurava uma poss vel rela o de reciprocidade entre eles e os anseios da popula o Popularidade que em alguns casos reverteu em carreiras pol ticas como foi o caso do pr prio Paulo Cabral eleito prefeito da cidade de Fortaleza Essa situa o come a a se modificar tamb m com a dissemina o dos aparelhos receptores pela cidade Sem pensar tamb m que se a popularidade dos profissionais de r dio tinha sua dimens o o mesmo poderia acontecer com quem estava do outro lado com o pr prio ouvinte Imagine um conhecido meu me identificando quando da min
272. or deixando em seu lugar a parafern lia de leis institui es e rotinas que haviam sido montadas nos anos anteriores Ficou por assim dizer sem alma idem p 280 poss vel que uma das principais heran as dos tempos do Estado Novo na rea educacional tenha sido um conjunto de no es e pressuposi es que desenvolvidas naquele contexto adquiriram o car ter de verdades evidentes para quase todos independentemente de seu lugar nos debates pol ticos e ideol gicos que a quest o educacional tem gerado Elas incluem a no o de que o sistema educacional do pa s tem de ser unificado seguindo um mesmo 96 modelo de Norte a Sul de que o ensino em l nguas maternas que n o o portugu s um mal a ser evitado de que cabe ao governo federal controlar e fiscalizar a educa o em todos os seus n veis de que todas as profiss es devem ser reguladas por lei com monop lios ocupacionais estabelecidos para cada uma delas de que para cada profiss o deve haver um tipo de escola profissional e vice versa de que ao Estado cabe n o s o financiamento da educa o p blica como tamb m o subs dio educa o privada e de que a cura dos problemas de inefici ncia m qualidade de ensino desperd cio de recursos etc reside sempre e necessariamente em melhores leis melhor planejamento mais fiscaliza o mais controle idem p 281 A casa Philips promoveu sabbado passado em sua agencia a rua Major f
273. or aquele servi o Poder participar dele todo e qualquer ouvinte do programa em apre o Haver um pr mio para aquele que acertar em maior n mero de respostas Em caso de empate ser escolhido para primeiro lugar aquele que oferecer respostas mais completas e inteligentes As respostas dever o ser escritas bem leg veis e enviadas ao S E F na Secretaria da Educa o e Sa de A apura o ser no dia 7 de fevereiro pr ximo s 10 horas no gabinete do Diretor daquele servi o As perguntas s o as seguintes 1 Em que dia come aram as aulas de Gin stica pelo R dio nesta capital 2 Houve quantas aulas at 27 01 1948 3 Em que momento chega ao m ximo a curva de esfor o f sico 4 Enumerar duas vantagens das aulas de Gin stica pelo R dio 5 Enumerar as vantagens capitais das aulas de Gin stica pelo R dio 6 Qual seria o resultado se n o lev ssemos em conta os fatores da dura o de cada exerc cio e motiva o pela musica 7 Seria a dan a da valsa um exerc cio completo 8 Quais as regi es musculares mais atingidas na execu o de um exerc cio abdominal 9 O aquecimento inicial das massas musculares d se no come o no meio u no final da aula 10 Por que devemos fazer gin stica durante a inf ncia adolesc ncia a idade adulta e a velhice Merece destaque a percep o da Secretaria de Educa o e Sa de das possibilidades apresentadas pelo r dio em torno do processo educat
274. os a segunda a partir dos conte dos de suas mensagens Por seus conte dos podem disseminar o legado do hist rico do conhecimento facilitar a compreens o das rela es sociais dos mecanismos da estrutura do poder compreender melhor as coisas da pol tica dos assuntos p blicos do pa s esclarecer sobre os direitos da pessoa humana e discutir os problemas locais Podem facilitar a valoriza o das identidades e ra zes culturais Pelos processos a participa o das pessoas na produ o e transmiss o das mensagens nos mecanismos de planejamento e na gest o do ve culo de comunica o comunit ria contribui para que elas se tornem sujeitos se sintam capazes de fazer aquilo que est o acostumadas a receber pronto se fazem protagonistas da comunica o e n o somente receptores As rela es entre educa o e comunica o se explicitam pois as pessoas envolvidas em tais processos desenvolvem o seu conhecimento e mudam o seu modo de ver e relacionar se com a sociedade e com o pr prio sistema dos meios de comunica o de massa Apropriam se das t cnicas e de instrumentos tecnol gicos de comunica o adquirem uma vis o mais cr tica tanto pelas informa es que recebem quanto pelo que aprendem atrav s da viv ncia da pr pria pr tica Por exemplo a sele o de not cias a que a pessoa se v obrigada a fazer na hora de montar o notici rio na r dio comunit ria bem como os demais mecanismos que condicionam o pr
275. os acontecimentos Isso era aonde a Caixa Econ mica hoje na Pra a do Ferreira ali Aquele pr dio parece que se chama edif cio sil ncio Edif cio Guarani Pois sim Aquilo ali foi ser o Clube Iracema N o durou ali o Clube Iracema A foi ali em baixo um sal o de bilhar e tal E foi indo foi indo e acabou na Caixa Econ mica T ouvindo Naquele pr dio Ali tinha eu me lembro que tinha me lembro que tinha um mas n o era r dio n o Era Um alto falante daqui Da a pouco tempo a propaganda pol tica era feita atrav s de alto falante A fam lia Dummar como descendente s rio libanesa iniciou sua trajet ria no Brasil j no s culo XX Jo o Dem trio Dummar nasceu na S ria em 27 de janeiro de 1903 O pai Dem trio George Dummar imigrou para o Brasil em 1910 com a esposa Adla sper Dummar e seus filhos estabelecendo se a princ pio em Bel m do Par O clima mido e quente foi um entrave adapta o E vieram para Fortaleza Adla falece ap s 33 um aborto espont neo em 1911 Aos 42 anos e com os cinco filhos Jo o Ad lia Jorge Jos e Miguel Dem trio se estabelece no Crato onde funda a loja comercial Princesa do Norte DUMMAR FILHO 2004 No Crato Jo o Dummar al m de estudar era goleiro do Crato Football Club encenava pe as de teatro e ajudava o pai no com rcio Com a amplia o dos neg cios Dem trio Dummar retorna a Fortaleza em 1921 montando um com rci
276. ote o especial do Estado idem p 123 Note se claramente o recado direcionado igreja cat lica e s for as armadas O projeto do Plano Nacional de Educa o de 1937 previa a exist ncia de um ensino chamado dom stico reservado para meninas entre 12 e 18 anos e que equivaleria a uma forma 90 de ensino m dio feminino Seu conte do era predominantemente pr tico e profissionalizante Fazia parte no Plano do cap tulo dedicado ao ensino da cultura de aplica o imediata vida pr tica ou ao preparo das profiss es t cnicas de art fices Era destinado principalmente a mulheres de origem social mais humilde ainda que pudesse atrair mulheres de origem social mais elevada que dessa forma poderiam manter se em um regime escolar estritamente segregado idem p 123 e 124 Mas uma das vertentes b sicas que estava presente no sistema educativo moldado pelo regime varguista era sem d vida o sentido de nacionaliza o Schwartzman idem p 157 e 158 identifica pelo menos tr s aspectos que envolviam essa orienta o O O primeiro aspecto dava conta do conte do nacional que deveria orientar educa o transmitida nas escolas e por outros instrumentos educativos A natureza mais precisa desse conte do nacional jamais ficou totalmente definida Mas com certeza n o haveria de incorporar a busca s ra zes mais profundas da cultura brasileira que faziam parte da ala andradiana d
277. ov como conhecido o time do Cear por seus torcedores dirigiu me uma s rie de insultos e amea as aos quais n o dou resposta porque o mo o muito valente Apenas quero esclarecer o seguinte Eu fa o transmiss es para os ouvintes da P R E 9 e n o para os torcedores do Cear Apresente o campe o invicto de 39 um padr o de jogo bonito e eu serei o primeiro a elogiar pois n o costumo dizer inverdades aos meus ouvintes A esse tempo 1940 seria importante avaliar com dados mais concretos qual seria o alcance do r dio em Fortaleza a princ pio e no estado do Cear de uma forma mais abrangente que viesse a possibilitar uma press o mais sistem tica dos ouvintes em rela o atua o da PRE 9 mesmo sabendo se que a emissora continuava a ser a nica esta o de radiodifus o oficialmente registrada do estado Ser que a dificuldade no acesso aos aparelhos receptores permanecia Mesmo com a constru o improvisada dos galenas qual seria a audi ncia da Cear R dio Clube a partir de aparelhos receptores sa dos das f bricas Em 1923 o Brasil dispunha de uma nica emissora de radiodifus o a Sociedade do Rio de Janeiro de propriedade oficial Esse n mero sobre a quatro em 1925 embora tenha decrescido novamente a uma emissora em 1931 segundo os registros disponibilizados pelo IBGE Em 1933 come aria um movimento ascendente da instala o de emissoras de r dio o que coincidentemente
278. p es anteriores mantinham sua validade mas agora ambientadas na atmosfera comunit ria Quando me propus com mais tr s colegas de Curso a iniciar uma experi ncia de radiojornalismo na R dio Universit ria FM da Universidade Federal do Cear o ciclo inicial dessa caminhada em torno da rela o comunica o e educa o parece ter se completado Como n o havia estrutura de equipamentos para desenvolver nosso projeto inicial de um radiojornal gil e din mico aceitamos a indica o do diretor art stico da R dio Nonato Lima de produzirmos um programa sobre meio ambiente visto que as discuss es sobre a Confer ncia sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que iria acontecer no ano seguinte aqui no Brasil aglutinava as aten es Isso foi em 1991 e aceitamos a proposta Produzimos o programa Catavento que permaneceu no ar durante sete anos 1991 1998 e que tomou contornos claros de um projeto de educa o ambiental atrav s do r dio Resultado desse trabalho ou reflexo dele em 1995 fundamos a organiza o n o governamental Catavento Comunica o e Educa o Ambiental E no mesmo ano sou aprovado para cursar o mestrado em Educa o Brasileira atrav s da proposta de um projeto que tencionava discutir os elementos que permitiam a constru o da credibilidade dos ouvintes no programa Catavento demonstrada a partir da intera o que mantinham com a produ o do programa Oportunidade para novos estudos sobre ou
279. prender muito apesar da idade um pouco avan ada procurou tudo aquilo que pudesse enriquecer culturalmente o cearense Isso foi uma das coisas que fez meu pai um dos primeiros a comprar um r dio Geraldo Nobre 47 N o em Iguatu n o A Iguatu ainda era na poca Eu me lembro que se ouvia r dio muito pouco era um r dio que voc tinha uma dificuldade enorme Teve um dia que fizeram l uma reuni o na casa de Otaviano Benevides pra ouvir uma r dio para ouvir o r dio e juntou muita gente porque na poca era era uma novidade o r dio era uma novidade como depois tornou se uma novidade a televis o Mas naquela poca n o existia r dio ou quase sem repercuss o Eu tive sic at os dez anos ou doze dez a doze anos 35 32 por a assim 1932 viu Porque eu nasci em 1918 n o eu devia ter mais foi isso foi na poca de 1930 que foi quando realmente veio aquele movimento excelente e tudo 30 32 por a assim Que a poca da seca e tudo J tinha r dio aqui quando chegou em Fortaleza em 1935 eu me lembro das reportagens do r dio com aquele movimento de 37 revolu o constitucionalista em S o Paulo se lembra daquele movimento n o do Era era realmente o r dio tava come ando a engatinhar come ava a aparecer Eu me lembro bem da r dio Tupi a r dio Marink Veiga e e tinha uma outra r dio no no Rio de Janeiro tamb m que se eu n o estou enganado
280. presentando sob o patroc nio dos Laborat rios Goulart Aconteceu que ontem a emissora que funciona no ltimo andar do Edif cio Diogo obteve dois bel ssimos triunfos e n o quer amos que esse fato passasse em brancas nuvens sem um registro destacado O primeiro foi a reportagem radiof nica da Prova Her ica realizada pela manh Podemos avaliar perfeitamente o esfor o e o trabalho exigido para a realiza o de empreendimento dessa natureza N o muito facilmente que se transporta um microfone ou mesmo telefone com liga o direta para um local como o Viaduto Moreira da Rocha tendo em vista ainda mais que chovia copiosamente em toda cidade Mas o esfor o e dedica o dos rapazes associados venceram todos os impec lios E o que vimos ontem foi positivamente sensacional Paulo Cabral o jovem e querido speaker da emissora associada transmitindo diretamente da ponte met lica todos os detalhes todas as partes do duelo que a mocidade vigorosa da Terra da Luz travou nas guas do Atl ntico Seria preciso portanto ao ouvinte ir ao ponto determinado pela comiss o para fim da prova Ele ouviu de sua casa at mesmo a palavra dos que sa ram vencedores Foi pois um dos maiores triunfos da PRE 9 a transmiss o da chegada dos vencedores da prova her ica a grande competi o n utica que os Di rios Associado v m promovendo todos os anos com absoluto sucesso Correio do Cear 27 3 1944 E o colunista realmente cumpre sua pala
281. que veiculamos o que o povo quer o que o povo gosta t o comum nos debates de hoje sobre a democratiza o da comunica o Mas como nos lembram Canclini e Barbero os movimentos de influ ncia podem ter for as desiguais Veicula se tamb m o que o propriet rio do meio quer o que ele gostaria que o povo gostasse Ele tamb m povo Mas atua socialmente a partir de um papel definido de propriet rio de um meio de comunica o de massa nessa media o que se insinua o movimento educativo da comunica o no processo de barganha que se verifica entre produ o e recep o da mensagem O que esse trabalho tenta trazer s o 195 alguns elementos que possibilitem que a balan a da permeabilidade pese para o lado do meio incorporando os anseios da sociedade Quando essa media o se d a partir dos movimentos sociais organizados mais prof cua ser Porque incorpora o princ pio educativo da atua o dos movimentos fazendo com que essa media o seja partilhada por uma parcela maior da sociedade favorecendo seu empoderamento Esses elementos da media o discutidos aqui podem apontar para uma melhor atua o desses movimentos em seu conv vio com os meios de comunica o Isso considerando que nem os meios nem a sociedade tampouco os movimentos sociais s o algo monol tico Ao contr rio a diversidade o que os constitui Dir amos ent o que no primeiro mbito das inova es tecnol gicas estar
282. quele pequeno pelot o que iria abrir passagem para o desfile da enorme fileira de liceistas durante as paradas militares B GIR O p 57 A inser o do r dio na vida de Fortaleza parece que tamb m reorganizou alguns h bitos e costumes Principalmente por for a da m sica j que os jornais eram certamente os grandes ve culos de informa o O r dio principiante n o reservava maiores espa os a notici rios Para maior gl ria a ent o nica emissora local Cear R dio Clube a PR 9 mudou se para os ltimos andares do edif cio Diogo 09 e o 10 onde um est dio envidra ado tinha diante dele um pequeno audit rio constantemente apinhado de f s para aplaudir os principais cantores locais como Gilberto Milfont Jos Jatahy M rio Alves Lur Santiago Vocalistas Tropicais Danilo de Vilar e outros bem assim os astros convidados para temporadas ao seu microfone Espet culos inesquec veis com int rpretes renomados exce o de Orlando Silva que precisava de espa o maior como o Teatro Jos de Alencar B GIR O p 173 Fortaleza dormia cedo As fam lias recolhiam se ap s a conversa na cal ada ou ouvir alguns programas de r dio Os cantores locais dispunham de seus quartos de hora 146 apresenta o de quinze minutos que era antecedida pela caracter stica musical de cada um Lury Santiago come ava com as alegres notas de Trem de Lauro Maia Gilberto Milfont entrava c
283. quiridas em 1930 idem p 192 e 193 Era a poca das grandes confer ncias em que as teses eras disputadas palmo a palmo O sentido das reformas educacionais era menos o de amplia o do sistema de ensino do que o de seu controle e regulamenta o Nesse processo as tend ncias mais vitais que poderiam dar conte do e for a a um movimento educativo mais din mico fenecem A grande frente ampla formada ainda na d cada de 20 pela Associa o Brasileira de Educa o n o resiste polariza o entre cat licos e estadonovistas e perde seu 89 mpeto A centraliza o pol tica que se implanta de fato a partir de 1935 elimina quase que completamente as tentativas de cria o de sistemas estaduais de educa o mais independentes com exce o talvez de S o Paulo idem p 279 A partir dessas condicionantes o Minist rio da Educa o e Sa de leva frente seu processo reformista A grosso modo a reforma da educa o empreendida por Capanema visava a um ensino p blico abrangente padronizado e centralizador controlado por vasta burocracia A educa o reformada por Capanema cujos efeitos s o sentidos at os dias de hoje poderia ser sintetizada em alguns princ pios fundamentais o sistema educacional do pa s deve ser unificado e ministrado em l ngua portuguesa o governo organiza e controla a educa o em todos os n veis a lei regula as profiss es estab
284. quisa conquanto apontem para linhas referenciais a serem aprofundadas distanciam se de um posicionamento cr tico em rela o ao momento hist rico Isso acaba por comprometer esses estudos O distanciamento desses relatos de etapas mais rigorosas da pesquisa cient fica tamb m causou preju zos quanto sistematiza o das fontes de pesquisa quer sejam bibliogr ficas iconogr ficas ou sonoras O que se observa s o materiais dispersos recolhidos acidentalmente que n o constituem referenciais b sicos para o desenvolvimento de novas pesquisas 11 O projeto de pesquisa aprovado durante minha atua o na Unifor foi selecionado para financiamento pelo CNPq E foi definido com os seguintes objetivos geral tra ar um panorama da hist ria do r dio cearense nas d cadas de 1920 a 1940 E espec ficos perceber o processo de forma o da sociedade cearense da poca atrav s de seus aspectos pol ticos socioecon micos e culturais conhecer o processo de implanta o do R dio no Cear e identificar o processo de forma o dos profissionais que atuavam no R dio Com a minha sa da da Unifor e enquanto coordenador do projeto solicitei ao CNPq sua transfer ncia de entidade executora para o Catavento Comunica o e Educa o Ambiental Ent o o projeto foi integralmente desenvolvido na ONG atrav s do trabalho de seis bolsistas de inicia o cient fica um bolsista de inicia o tecnol gica e dois profissionais O
285. r dio e que era o r dio que eu sonhava e que acredito que um dia volte a ser o que era Jos J lio 220 10 Causos que o tempo n o levou A hist ria do r dio no Cear n o seria a mesma se n o estivesse repleta de causos acontecidos nos seus mais diversos momentos Com a palavra nossos contadores de hist rias Ver dicas Eduardo Campos Tem at um epis dio interessante que o dr Paulo Cabral era muito Caxias era o diretor Eh foi al ado figura de diretor quando eu entrei ele j era diretor diretor geral E ele passava fazia uma revis o em todas as cr nicas porque pra n o comprometer o nome da esta o e ele era o dia do professor e ele foi ler a cr nica o Otac lio fez a cr nica e ele foi inaud vel O professor o Paulo Cabral tava lendo l o professor isso o professor isso o professor parab ns ao professor o professor eficiente o professor indispens vel no ensino e pei pei pei ai o dr Paulo Cabral achou que na outra p gina tamb m tinha essa mesma coisa ai chi visou No outro dia foi a maior reclama o do mundo A outra p gina dizia s isso assim Tudo isso deveria ser o professor mas o professor n o o professor falta o professor n o vai o professor Foi o maior esc ndalo na cidade risos Otac lio Colares Tem esse lado aned tico aned tico n o verdadeiro do r dio n Narc lio Limaverde ele Z Limaverde
286. r rios Em outra cr nica essa sa da na edi o do Correio do Cear de 16 8 1943 Genolino volta carga contra o r dio Dessa feita uma cr tica aos speakers aos locutores a servi o da publicidade Quando o speaker de radio acabou de recitar com tremolos de voz e ardores de perora o o banalissimo anuncio de sabonete meu primeiro impulso foi o de rir custa de tanta nfase derramada toa no menos enfatico de todos os assuntos Mas quando me lembrei de que esse speaker alcan a enorme popularidade exatamente por falar assim e a mesma eloquencia reclamista utilizada pelos seus companheiros para obter o favor do grosso publico ent o o que me parecera apenas engra ado ou incomodo algumas vezes passou a preocupar me seriamente como um grave problema brasileiro De certo pouco importa que os locutores de radio usem ou abusem da oratoria desde que ainda nos resta o sagrado direito de n o escut los Se um ou 152 outro reclama contra elas a massa compacta dos ouvintes isto a multid o anonima continuos e amanuenses do governo guarda livros caixeiros art fices e operarios de fabrica mocinhas de escritorio costureiras cansadas m es de familia gente de bairro pobre e de suburbio enfim toda essa grande humanidade formada pelas classes pequeninas adora os locutores quando soltam o verbo estralante no silencio da noite Tanto faz que seja na leitura de atos oficiais
287. r xima do Brasil Blanchard Gir o lembra bem desses momentos 144 Entre n s o esp rito de guerra acentuou se A cidade realizava exerc cios preparat rios contra poss veis ataques a reos que felizmente nunca ocorreram Mas a gente sentia o conflito cada vez mais perto de n s nas noites dos denominados blecautes Recordo bem de minha saudosa m ezinha com as filhas a pregar pap is escuros nas vidra as das janelas dentro da orienta o recebida dos inspetores de quarteir o encarregados dos exerc cios De fato a coisa parecia mesmo com guerra As patrulhas da PE tanto do Ex rcito Brasileiro como dos Americanos vasculhavam as ruas da cidade Temia se andar noite e l em casa meu pai proibia que f ssemos ao cinema ou a qualquer lugar mais distante de modo que estiv ssemos de volta no m ximo s 9 e meia da noite B GIR O p 61 e 62 A vida da cidade trangiila com suas rodas de cadeiras nas cal adas modificou se Fortaleza acostuma se a organizar filas por conta dos problemas de abastecimento de g neros aliment cio Alguns como a carne eram racionados Cada fam lia s poderia comprar at um quilo Mesmo assim os divertimentos n o cessaram A presen a ostensiva dos militares americanos dinamizava a curiosidade pelos nossos novos dominadores O ponto ou point como se diria hoje elegante da cidade em particular de sua juventude era o Jangadeiro ainda na velha Pra a do Ferreira
288. r com alguns causos que rolaram durante as entrevistas que realizamos S o os Causos que o tempo n o levou Digamos que sejam uma amostra dos bastidores da pesquisa Mas que demonstram a grande hist ria que era fazer r dio nas d cadas de 1930 e 1940 no Cear 19 Quem s o nossos entrevistados Meu nome Valdemar Cabral Caracas Nasci em Pacoti a 9 de novembro de 1907 Portanto j completei 96 anos de idade Sou filho de Francisco Caracas Sobrinho e Francisca Cabral Caracas ambos j falecidos e sou casado com Anete Brasil Caracas que est ali S me casei uma vez e eu acho que muito Em 1936 eu fui eleito vereador de Fortaleza Em 12 meu pai desceu a serra e veio morar em Fortaleza Eu fui ser aluno do Instituto S o Lu s Instituto S o Lu s Tem o Col gio mas tem o Instituto que era era era dirigido e de propriedade do doutor Francisco de Menezes Pimentel o maior educador cearense em todos os tempos Teve gente a por exemplo Austrag simo de Atha de conheceu Presidente quase eterno da Academia Brasileira de Letras foi meu professor Meu professor de Corografia do Brasil Sabe o que Corografia do Brasil Corografia do Brasil o estudo do Brasil Geografia o estudo do mundo n De todas as na es n Eu n o gostava de Geografia Tinha aqueles nomes nome de estrangeiro mas gostava da Corografia Eu era um bamba na na Corografia Hoje n o porque eu t broco
289. raiva que tem de mim O que se met comigo Acaba sempre ruim Guarda civi n o na o De gente bem camarada S tem mermo arruma o O resto n o vale nada Correio do Cear 28 10 1929 Um registro do Correio do Cear edi o de 6 10 1930 indica que algu m percebe a orienta o educativa do r dio embora reconhe a que a nova tecnologia est ao alcance de poucos O radio j se disse a mania mais instructiva e mais deliciosa de quantas o rico possue Rico dizemos porque mania cara Na America do Norte e na Inglaterra quase epidemia Pois Fortaleza tamb m pode se vangloriar de ter um corpo de amadores que lhe d o o melhor apre o e dentre estes o dr Arthur Watson inegavelmente um dos mais dedicados e esfor ados A cata de novas sensa es vez por outra elle d um lt gt que outros menos pacientes n o conseguem alcan ar como as das communica es da expedi o Byrde ao P lo Sul etc Agora mesmo sexta feira ultima em onda de 25 4 conseguiu pegar e ouvir em alto fallante das 17 s 18 12 Roma Napoles e Fiume em excelente programma irradiado pela esta o IRO talvez dos nossos amadores o primeiro a escutar a nova esta o LUJ Philips Experimental de Buenos Ayres em onda aproximada de 31 5 metros Das 20 30 s 22 30 com 100 Kw Na antena onda de 49 metros Saigon d o ar de sua gra a irradiando a primeira hora em dialecto chinez e execu o de musicas exclu
290. rava em sintonia com o alastramento do r dio pelo mundo como demonstra a eloqii ncia de mat ria sa da no Correio do Cear edi o de 18 4 1932 A admir vel inven o que o r dio invandiu j os mais indifferentes campos de actividade do homem Vantagens incont veis trouxe para o conforto e para o progresso da humanidade a espantosa descoberta cujas effeitos maravilhosos a gera o actual aprecia e sente em toda a sua intensidade Em consequencia do r dio passan se hoje cousas que os artigos suppunham incr veis e irrealis veis As difficuldades produzidas pelas distancias enormes desappareceram com a portentoso 40 invento dando logar communica o rapida e efficiente entre os mais longinquos pontos do globo Os pa zes hoje em dia por meio de um simples apparelho conversam entre si intensificando e alargando as rela es de amizade commerciaes e culturaes o que necessariamente factor de grande importancia no seu desenvolvimento e grandeza O emprego do r dio tem proporcionado melhoramentos preciosos em todos os ramos da actividade humana as suas aplica es crescem consideralmente trazendo vantagens e aumentado de tal sorte a sua utilidade A emissora foi instalada de modo prec rio a 19 de setembro de 1933 aguardando o licenciamento oficial que afinal seria concedido pela portaria 415 de 30 de maio de 1934 A portaria afirmava que O Ministro de Estado dos Neg cios da Rep blica
291. rcer um poder justo Ele representa a na o e n o o instrumento dos partidos e das organiza es privadas Nesse caso o Estado n o suprime nem reprime a liberdade individual limita a para melhor defend la assegurando a contra o arb trio das organiza es fundadas no interesse de grupos constitu dos sombra da anarquia geral sobre a base do interesse privado idem p 63 Por fim se nosso interesse perceber as rela es entre comunica o e educa o entre r dio e educa o suas media es qual seria a compreens o de Chico Campos sobre a educa o uma feita que seu pensamento sobre os meios de comunica o de massa faz real o seu papel em torno da constru o do projeto pol tico de Vargas Para ele a educa o teria um papel instrumental no processo A educa o n o tem o fim em si mesma um processo destinado a servir certos valores e pressup e portanto a exist ncia de valores sobre alguns dos quais a discuss o n o pode ser admitida idem p 66 A subordina o da educa o ao projeto pol tico varguista define sua natureza instrumental E por conseguinte o ensino n o fugiria desse prop sito O ensino assim um instrumento em a o para garantir a continuidade da P tria e dos conceitos c vicos e morais que nela se incorporam Ao mesmo tempo prepara as novas gera es pelo treinamento f sico para uma vida s e cuida ainda de dar lhes as possibilid
292. rentemente do jornal impresso em que o leitor pode caminhar vontade e em todas as dire es pelo texto impresso E voltar a ele sempre assim que o quiser 204 A repeti o volunt ria de trechos na locu o faz parte da tentativa da linguagem no r dio ultrapassar esse aparente problema A utiliza o de frases curtas e a constru o das frases sempre em ordem direta s o outras estrat gias utilizadas As marca es de entona o e a interpreta o do texto tamb m colaboram para que o processo de escuta seja o mais significativo poss vel Do mesmo modo que a linguagem que a fala um outro componente que pode induzir o processo de reflex o na recep o o sil ncio Inimagin vel para um ve culo de comunica o que se sustenta em sua tagarelice o sil ncio aparece como momento privilegiado de percep o significativa Dento do processo de defini o do conte do de uma comunica o educativa necess rio se faz trabalhar em rela o estreita com o cotidiano A rela o com o cotidiano tra a uma refer ncia que anima o receptor a pensar a mensagem nessa rela o com o cotidiano que se insinua a brecha para se trabalhar os estere tipos e preconceitos N o se pode fugir da realidade de que o dia a dia das pessoas pontuado por esses estere tipos e preconceitos Esse o cotidiano Mas a partir da discuss o cr tica desses estere tipos e preconceitos poss vel se colocar outros elementos que fogem p
293. ria a responsabilidade de tutelar a juventude modelando seu pensamento ajustando a ao novo ambiente pol tico preparando a enfim para a conviv ncia a ser estimulada no Estado totalit rio Era indispens vel para que este plano fosse bem sucedido que houvessem s mbolos a serem difundidos e cultuados mitos a serem exaltados e proclamados rituais a serem cumpridos SCHWARTZMAN et all 2000 p 85 A aproxima o inicial entre educa o e meios de informa o outra influ ncia do pensamento de Chico Campos j havia registrado seus passos iniciais ainda em 1932 quando Campos ocupava ent o o Minist rio que viria a ser de Capanema Dois decretos do governo provis rio explicitavam que o Minist rio da Educa o deveria ter um papel de orienta o educacional nos servi os de radiodifus o e na sistematiza o da a o governamental na rea do cinema educativo atrav s de rg o pr prio idem p 104 Em outro documento que faz parte do acervo de Capanema ordenado pelo Centro de Documenta o da Funda o Get lio Vargas fala se sobre o que seria um grande e ambicioso departamento de Propaganda do Minist rio da Educa o Segundo o documento cumpriria ao Minist rio transpor os limites apertados das institui es existentes buscando atingir com a sua influ ncia cultural a todas as camadas populares O Departamento de Propaganda aqui projetado ter essa finalidade Ele dever ser um aparelh
294. rigo dos L zaros e de arrecada o de recursos para a Santa Cada de Miseric rdia Al m de despertas as emo es alguns programas agu avam certos processos de sociabilidade por conta do acesso aos aparelhos receptores e das fam lias numerosas que caracterizavam a sociedade de Fortaleza da poca Quem fala sobre isso Santiago Freitas se havia reuni o para ouvir r dio Claro Principalmente no tempo das novelas n No tempo das novelas as novelas tanto da R dio Nacional como as novelas da Tupi Ent o as novelas da R dio Nacional elas vinham em acetato Eu n o sei o tamanho do acetato 136 mas era uma bolacha era do tamanho de um n o sei Eu sei que ela durava ela tinha a dura o de meia hora cada lado do acetato Cada lado vinha a novela era meia hora ou era vinte e cinco minutos era era vinte e cinco minutos cada lado Vinha um lado uma parte da novela do outro lado a segunda parte n Isso vinha de avi o vinha pra c E ia a p a PRE 9 apresentava as novelas da R dio Nacional a PRE 9 Depois passou pra rede Di rios Associados Tupi n o pausa Mas naquele tempo seis oito dez pessoas numa sala pra esperar a hora depois da Hora do Brasil era a novela A agen a Hora do Brasil a hora a agen O programa da Ag ncia Nacional A vinha a novela Narc lio Limaverde n o tem certeza sobre a influ ncia que o r dio tinha na sociedade
295. rio Formar a personalidade adaptar o ser humano s exig ncias da sociedade socializa lo formar nos adolescentes uma s lida cultura geral marcada pelo cultivo das humanidades antigas e humanidades modernas e bem assim de neles acentuar e elevar a consci ncia patri tica e a consci ncia human stica idem p 208 e 209 A orienta o patri tica novamente refor a o sentimento nacionalista que passa a dominar a educa o brasileira O modelo de nacionalismo brasileiro ao contr rio do liberal que entendia a na o como uma cole o de indiv duos buscava transformar a na o em um todo org nico uma entidade moral pol tica e econ mica cujos fins se realizavam no Estado O refor o do sentimento de nacionalidade parecia conferir na o uma supremacia sobre o Estado que se transformaria no mais forte instrumento de realiza o do ide rio da nacionalidade idem p 183 Algo que aproximava o nacionalismo brasileiro do modelo do nacionalismo alem o Segundo o sonho nacional varguista os alem es possu am tudo aquilo que os brasileiros ou os dirigentes brasileiros gostariam de ter e serviam de fonte de inspira o para o que aqui se pretendia construir idem p 184 e 185 Ao mesmo tempo que inspirava a presen a de descendentes alem es no Brasil constitu a se numa amea a padroniza o de costumes e da pr pria l ngua apegados e defensores que eram das ra zes culturais g
296. rma ou de outra pelas diversas redes e tramas das imagens e das sonoridades eletr nicas E o que entender por alfabetiza o aqui em pa ses cuja escola incompleta e atrasada convive com as interconex es do mundo audiovisual de massa Em pa ses cujas maiorias ainda analfabetos da leitura n o t m acesso social nem cultural pr pria escrita E chama aten o mais ainda para a complexidade dos novos modos de percep o 53 Em cambio em los protocolos y processos de lectura no significa no puede ni debe significar la substituci n de um modo de leer por outro sino la compleja articulaci n del uno y los otros de la rec proca inserci n de unos em otros entre libros e comics y v deos y hipertextos p 52 e 53 Mesmo reconhecendo a dificuldade da escola em acompanhar essas transforma es da sociedade da informa o Martin Barbero n o desanima em apont la como ambiente onde as dimens es e n o somente os efeitos culturais das tecnologias comunicacionais devem ser pensadas e assumidas Seria um projeto educativo que incorporasse como objeto de estudo os relatos e as est ticas audiovisuais que configuram a literatura cotidiana das maiorias E qualifica mais uma vez a dimens o das transforma es quando afirma ya que no estamos solo frente a um hecho tecnol gico o la dominaci n de una l gica comercial sino a profundos c mbios em todas las pr cticas culturales de memoria de saber de i
297. ro vamos dizer assim a neg cio de cearense besta t ouvindo Ent o l pelas tantas o Brega foi d uma cabe ada na bola aqui e o Puxa Faca pulou e agarrou a bola E o Cabral transmitiu como Puxa Faca arranca o couro da cabe a de Jo o Brega J pensou rapaz Foi um esc ndalo uma coisa Puxa Faca arranca o couro da cabe a de Jo o Brega risos s vezes contam essa hist ria mas mal contada eu conto porque vi Eu t l arranca o couro da cabe a de Jo o Brega No programa A Hora do Calouro O gongo era o Santana que tocava um pist o quando o calouro era ruim O Cabral de Ara jo que comandava o programa Se fosse uma participa o importante tinha a comiss o examinadora Teve uma vez que a comiss o examinadora examinou um camarada era um era neg cio de contar anedota e anedota tem muita com pornografia n E o camarada antes de contar era t o bem feito antes de contar a anedota no microfone ele contava na comiss o a comiss o examinadora pois o sujeito contou uma hist ria na comiss o examinadora e quando foi contar no microfone contou outra hist ria pornogr fica Menino a foi a o Cabral pegou o microfone e disse Como seu nome Ainda me lembro do nome do sujeito Ele disse Jos Vieira Ca la Jos Vieira ele disse e eu decorei ainda hoje n o tem nada escrito n o mas eu sei Jos Vieira Ca la Olhe distinto p blico a nossa emissora foi enganada por es
298. ros mais ou menos dessa natureza E eu fui receber os pr mios Cheguei l pausa tava l nesse tempo j era o Ant nio Maria de Ara jo Uma figura esplendente E eu n o sei porque outro empurr o dos deuses ele viu o original da radiofoniza o pausa Debaixo do bra o direitinho feito at com muita dificuldade em papel alma o naquele tempo o papel ainda era pautado se comprava em bodega Ai eu levei Chegou na hora entregaram os pr mios tiraram fotografia eu tenho fotografia dessa poca Ai eu muito falastr o n falando assim e o e o Ant nio Maria gostou de mim n Quando quando terminou toda a coisa tudo estava l o Jo o Ramos o quem que tava O Jos J lio Cavalcante estava l na hora n o sei se o Jo o Calmon tava na hora que era o superintendente dos Associados aqui Ai o pessoal foi embora e eu fui descendo ai o Ant nio Rapaz vamos conversar um pouco aqui e tal e coisa Vamos conversar comigo mesmo A eu fomos 170 l para a sala dele N o isso l na Cear R dio Clube l no andar onde ele onde ele tinha a sala da dire o da da da emissora Ai ele disse Como que foi esse seu interesse assim de r dio e tal ai eu pausa disse eu eu at trouxe aqui hum pausa eu gostaria at de de s pra voc me permitisse que eu lesse aqui N o rapaz feito bem Ele era um gordo simp tico e tal Ele ficou assim
299. rta comunh o espiritual entre os estabelecimentos de ensino O r dio ser o nico meio de se fazer essa comunh o de esp rito pois tudo concorre a separar e isolar as nossas escolas que s o aqui e ali colm ias aut nomas cada qual com uma mentalidade e todas distantes do sentido que n s c do centro desejamos imprimir lhes SCCHWARTZMAN et all 2000 p 106 V se que mesmo chamando aten o para a distin o entre o sistema de radiodifus o e um outro de radiodifus o escolar o sentido de sua utiliza o permanece o mesmo uniformizar padronizar a partir de um sistema centralizado e baseado no difusionismo cultural Da para a instala o de um complexo sistema de censura que controlasse as irradia es e o alcance da produ o e dissemina o da informa o seria uma quest o de tempo a conclus o a que se chega ao se observar o texto de um decreto n o publicado que institucionalizaria um Estatuto da Fam lia o Estado impedir que pela c tedra pelo livro pela imprensa peri dica pelo cinema pelo teatro e pelo r dio ou ainda por qualquer meio de divulga o se fa a direta ou indiretamente toda e qualquer propaganda contra o instituto da fam lia ou destinada a estabelecer restri es sua capacidade de prolifera o idem p 128 e 129 Fato que ao final do Estado Novo o projeto educacional do Minist rio da Educa o havia exaurido seu conte do tico e mobilizad
300. rtura jornal stica Ainda para situar se nessa evolu o em 1949 o percentual de propaganda comercial no r dio vai chegar a 25 2 Os dados locais quanto ao conte do da programa o s o relativos ao ano de 1949 disponibilizados pela publica o Censos Econ micos do IBGE 1956 para o Estado do Cear Nesse ano j funcionava a segunda emissora do estado a R dio Iracema de Fortaleza Os dados fazem parte do levantamento sobre os servi os de divers es e radiodifus o quanto aos programas irradiados pelas esta es radiodifusoras segundo a esp cie e a dura o dos programas num total de 11 660 horas de irradia o realizadas no ano Dessas 11 300 horas de transmiss es e apenas 360 horas de retransmiss es com nenhuma retransmiss o de esta es estrangeiras o que atesta a evolu o da Cear R dio Clube se comparada quela programa o de 1935 predominantemente de origem alem A baixa representatividade das retransmiss es de esta es nacionais nas esta es locais representativa do t rmino do per odo ditatorial de Vargas e a redu o da influ ncia na programa o das emissoras 128 No caso cearense a divis o da natureza dos programas bem mais detalhada s o suas categorias m sica de classe m sica ligeira m sica popular e folcl rica representa es teatrais programas infanto juvenis programas humor sticos programas de audit rio programas de gin stica programas femininos
301. s teis 47 Informador Comercial 48 Ingl s pelo R dio 49 Inspira es Latinas 50 Jornal da Cidade 51 Melodias da Broadway 52 Melodias de Amor 53 Melodias queridas 54 Mensagens Sonoras 55 Milion rios do Ritmo 56 M sica de Jazz 57 M sica do Tio Sam 58 M sica para o seu bom gosto 59 Notici rio Radiof nico da Ag ncia Nacional 60 Not cias da Secretaria do Governo 61 Noturno de Fortaleza 62 Novidades do repert rio nacional 63 Organistas C lebres 64 Orquestras Famosas 65 Os cancioneiros dos namorados 187 188 66 Os grandes mestres do violino 67 P ginas Favoritas 68 P ginas imortais de Chopin 69 Palestra da Semana da Economia 70 Parada de conjuntos vocais 71 Programa da Casa do Beb 72 Programa do Comerci rio 73 Programa Ruby 74 Provol s Golden Birds 75 R dio Telefone Urodonal 76 R dio baile Joanino 71 R dio teatro 78 Receitas e Curiosidades para o seu menu 79 Ritmo e Romance 80 Ritmos das Am ricas 81 Ronda Sentimental 82 Saudades de Ontem 83 Sele es das Tr s Am ricas 84 Sele es de discoteca 85 Show das Quintas 86 Sociais 87 Solos de rg o 88 Sucessos Musicais do cinema 89 Suplemento Radiof nico de Unit rio 90 Teatro em casa Iofoscal 91 Um show em sua casa 92 Um cartaz da m sica popular 93 Um poema e uma can o 94 Valsas prediletas 95 Vesperal das Mo as 96 Vozes c lebres do cinema
302. s embora dispersos s o anunciados em perspectivas anteriores da pesquisa da aproxima o comunica o e educa o 196 O que se percebe que a an lise sobre a rela o comunica o e educa o tende a manter uma linha de objetivos que faz uma ponte entre as inst ncias micro e macro do objeto estudado Um exemplo a produ o de programas radiof nicos de orienta o educativa tem o intuito de transformar a situa o de opress o dos menos favorecidos E assim se estabelecem sinapses entre os processos de produ o da comunica o do ambiente escolar da educa o para a m dia dos meios de comunica o da sala de aula e a transforma o social Vamos perceber tamb m que essa tal de rela o entre comunica o e educa o j avan a na idade embora rejuvenescida pela a o de novos conceitos N o por coincid ncia esse o t tulo do cap tulo I do Producci n de Programas de Radio el gui n la realizaci n de Mario Kapl n publicado em 1973 mas produto de sua pr xis reflexiva desde a d cada de 50 E atrav s de Kapl n que podemos mediar nossa compreens o sobre a proximidade entre r dio e realidade local dando conta da rela o comunica o e educa o Nos estudos de Kapl n se insinua a inst ncia micro dessa rela o prop cia urg ncia da realidade opressora dos governos caudilhescos das na es latino americanas A compreens o sist mica da realidade a base do conce
303. s trazendo impressos os nomes das esta es de ondas curtas Micro syntonizador Novo estabilizador de frequencia Engenhoso dispositivo para transformar com facilidade a voltagem do receptor Chassis flutuante montado sobro borracha Liga o para pickup e alto falante suplementar com interruptor 338 U O PIONEIRO DO AR Para cor rente altornada o continu heterodico systema mul avan ada para ondas curtas de 16 6 4 5690 metros 6 valvulas diai moderno aee e impressos os nomes das esta es de ondas curtas dor microm trico novo Poente cn do tonalidade novo dispositivo Lets formar a voltagem do aparelho pull etapa A F protector uma preseleo o execellente falante elec e pick up e alto fi vel elegante caiam para resistir s varia es dos picaes E ara omlto falante incorporado Movel ar no oe ino acabamento com fpolimen Eri de todos os privilegios acima des veis ultra modernos de linhas pa co a m Correio do Cear 7 10 1936 Em torno de conjecturas sobre dissid ncias no movimento de radiodifus o cearense eis que o Correio do Cear em sua edi o de 4 1 1936 noticia para breve a funda o de mais uma sociedade de r dio Dessa feita a Sociedade R dio Cearense A ortografia foi adaptada atualidade Sociedade Civil fundada sob os ausp cios dos Exmos Srs Arcebispo de Fortaleza Bispos de Sobral e Bispo do Crato Presidente capitalista Jos Diogo Vital
304. s Clubes e R dios Sociedades Essa a R dio Sociedade Cora o Fala RSC aten o Fala RSC R dio Sociedade Cora o Fala RSC aten o Fala RSC R dio Sociedade Cora o Limpe o seu r dio com jeito Pra nossa onda pegar pois esse samba foi feito com notas de amor pra te dar Refr o Teu aparelho perfeito Mas eu te pe o aten o N o vai seu r dio no peito Ligar pra outra esta o 46 2 Outras sociabilidades a sociedade educadora A dissemina o do novo meio de comunica o condicionada pelo acesso a um aparelho receptor Os depoimentos de nossos entrevistados demonstram essa situa o Ao mesmo tempo evidenciam os distanciamentos entre a programa o e o gosto da popula o qual teria sido seu primeiro contato com o r dio Isso eu n o posso saber n o Apareceu o r dio aqui eu morava na Rua Eu morava na Rua D Isabel Porque defronte morava uma prima minha que era casada como uma pessoa da fam lia Diogo O marido dela que era o chefe da Firma Cear Industrial que era da fam lia Diogo Ele era o gerente E l eu morava ali perto e apareceu a r dio Mas eu n o tomei interesse n o porque a r dio naquele tempo eles gostavam muito era de m sica cl ssica e eu n o gostava Eu queria ver era o sambav i nera sobre o n mero de pessoas que tinha r dio N o muita gente n o Tinha alguns N o n o era todo mundo que tinha n o A mesma coisa Se voc v em qualquer fav
305. s a influ ncia norte americana j se fazia sentir h algum tempo antes atrav s principalmente de sua produ o cultural A partir da d cada de 1920 os par metros que orientam a expans o urbana de Fortaleza come am a tomar um novo direcionamento Os acenos europeus j n o s o recebidos com tanto furor Em seu lugar a grande p tria norte americana come a a enviar pequenos recados O Parque da Liberdade na antiga Lagoa do Garrote localizado ao norte do centro urbano de ent o recebeu completa reforma em 1922 Realizada pelo europeizado Ildefonso Albano que substitu ra o presidente estadual Justiniano de Serpa falecido em 23 o Parque veio repartir as op es de lazer com o vener vel Passeio P blico O logradouro recebeu cerco de gradil de ferro muretas de alvenaria de estilo colonial grande port o de entrada com azulejos portugueses e demais ornamento internos No alto do port o da entrada principal deveria ser implantada uma c pia em vulto pequeno da Est tua da Liberdade de Nova York entretanto substitu da por um ndio que partia os grilh es da submiss o colonial PONTE p 57 Antes do avan o do cinema sonoro o que ocorre a partir do in cio dos anos 30 o Brasil era um pa s que tinha por modelo a civiliza o europ ia de modo particular Fran a e Inglaterra Com a crescente penetra o das fitas hollywoodianas come ou uma subliminar inicialmente reorienta o na maneir
306. s grades das emissoras em 1946 e 1947 respectivamente Em 1946 desse espa o 11 8 eram ocupados com m sica de classe enquanto que o interesse popular manobrava 45 4 da programa o musical A tend ncia de populariza o da programa o confirmada pelos dados do ano de 1947 quando do espa o ocupado pela programa o musical 57 8 apenas 8 8 s o ocupados por m sicas de classe enquanto 49 s o ocupados com m sica de nteresse popular o que reafirma que seria realmente um ran o essa divis o pelo menos para os instrumentos de coleta de dados do IBGE Sobre os programas falados uma outra divis o da natureza da programa o eles se classificam em representa es teatrais programas infanto juvenis programas humor sticos programas de gin stica programas femininos programas instrutivos ou de divulga o cursos confer ncias e palestras coment rios e transmiss es esportivas coment rios e not cias jornal sticas e outros assuntos Atentar que como rg o oficial do governo federal o IBGE seguiria risca as orienta es da pol tica de comunica o e educa o do governo Vargas demonstrada pelo instrumental de coleta de informa o que continha as principais tem ticas que o regime varguista considerava importantes na concretiza o da propaganda ideol gica de seu projeto de na o Sobre os programas falados tomemos como refer ncia para a an lise da programa o
307. s limites para a sua atua o atrav s de uma s rie de restri es Uma s rie de atividades n o previstas por lei come ou ent o a ser incorporada ao DPDC que no in cio de 1938 foi transformado por decreto presidencial no Departamento Nacional de Propaganda passando a atuar em todos os campos relacionados com o que se denominava educa o nacional e a exercer a censura e o controle de todos os meios de comunica o O novo rg o manteve se vinculado ao Minist rio da Justi a e Lourival Fontes permaneceu na dire o geral O DNP teve como uma de suas principais atividades a promo o do Brasil no exterior particularmente atrav s do lan amento de jornalistas e escritores nacionais em jornais estrangeiros e da cria o do Boletim de Informa es editado em quatro idiomas e distribu do em hot is consulados embaixadas navios etc No setor de radiodifus o o DNP foi o respons vel pela inaugura o da Hora do Brasil programa transmitido diariamente por todas as esta es de r dio com dura o de uma hora visando a divulga o dos principais acontecimentos da vida nacional No dia 7 de fevereiro de 1938 o DNP proibiu todas as transmiss es radiof nicas em l ngua estrangeira em territ rio brasileiro bem como a importa o e circula o de jornais e revistas publicadas no exterior que tinham na poca um peso significativo no mercado No final de fevereiro Vargas assinou o Decreto Lei n 300 que entre ou
308. s que fizeram a hist ria e conduziram o povo ao seu destino O passado torna se o exemplo a ser seguido consagrado e memorizado enquanto senso comum Pleiteava se para a radiodifus o educativa a elabora o de cenas de uma multid o civilizada no presente em contraposi o desorganiza o de tempos passados Ficando em casa os ouvintes atingidos nacionalmente por uma rede de r dio juntar se iam a essa multid o recebendo impress es irradiadas das ruas e dos est dios em comemora es c vicas preparadas para saldar os mitos fundadores da na o os her is que realizaram os anseios de liberdade em nome do povo o 7 de setembro o 15 de novembro o 19 de novembro o 13 de maio e o 1 de maio Ainda segundo D ngelo ocorre portanto uma articula o dessas celebra es pelo r dio educativo ao ensino de Hist ria bem como organiza o dos dispositivos de censura e produ o de manifesta es c vicas nos anos 1930 e 1940 Essas experi ncias na aproxima o entre r dio e educa o teriam contaminado a programa o inicial do Cear R dio Clube Em sua publica o Eduardo Campos 1984 afirma que n o est bem definido quando se iniciaram os programas de r dio da nova emissora com o intuito de serem veiculados para os ouvintes Ele indica que o cronista Otac lio Colares rememora de que por volta dos anos iniciais do Cear R dio Clube o piano j fazia se ouvir em seus est dios Segundo Otac lio era
309. s tamb m seus temas Apoiamo nos em outra carta de ouvinte endere ada ao Correio do Cear e publicada em 23 11 1936 Uma iniciativa da recep o que dava conta de um futuro processo de segmenta o e que seria utilizado pelo r dio com fins essencialmente comerciais Vide os nomes dos programas que tinham a denomina o dos pr prios produtos que o patrocinavam Um exemplo cl ssico viria a ser o Rep rter Esso em 1942 Vamos carta do ouvinte De Radio Alec Danilo Enviam no o seguinte Agora que j estamos ouvindo uma possante esta o em nossa capital veiu nos lembran a um bom tempo em que nos deliciavamos com programmas optimos Por exemplo o programma Miscellanea Lauro maia heitor Pinho soares Altair Lauro no piano Heitor uma voz masculina Soares no viol o Altair uma voz feminina Que dessa gente Por que n o volta ao microphone Por que n o se organiza esse formid vel quarteto Devemos fazer for a para esse fim Uma cousa tamb m queremos lembrar aos dirigentes da PRE 9 n o seria bom ensaiamos um systema de programmas divididos marcados Expliquemo nos Dariamos um dia da semana sen o o programma todo pelo menos uma hora dedicada ao lt gt os foxes E nessa hora s se ouviriam foxes N o o fox verdadeiro rythmo do s culo XX Outro dia ou outra hora dedicada s nossas m sicas Uma hora de sambas Uma hora de marchas carnavalescas Uma hora de lt gt Enfim os lt gt tambem
310. se com a democratiza o do espa o cultural antes reservado a uma minoria de eruditos idem p 25 Seria apenas essa a inten o de Jo o Dummar a perseguir a implanta o da esta o de r dio Uma vis o de democratiza o do acesso cultura Estaria Jo o Dummar sintonizado com as expectativas das primeiras emissoras de r dio de uma pretensa orienta o educativa Ou seus instintos de comerciante em sintonia com as novidades 34 que j se consolidavam na Europa e nos EUA o faziam sonhar tamb m com o crescimento de seus neg cios Um detalhe a ser lembrado que a Casa Dummar era revendedora de diversas marcas de aparelhos receptores de r dio Mesmo que n o existisse nenhuma emissora oficial no Cear os aparelhos podiam captar as produ es realizadas por emissoras de outros estados mesmo outros pa ses Uma fala de Santiago Freitas revela algumas pistas sobre as experi ncias do Clube Iracema Eu j ouvi falar Que era que fazia propaganda da Casa Dummar do Jo o Dummar Do Jo o e do Jos Eu n o me lembro n o Eu devia ter uns oito anos risos Talvez o sentimento de Jo o Dummar o tenha levado realmente a pensar em democratizar o acesso de um maior n mero de pessoas aos conte dos do novo meio mas tamb m fazendo uma adequa o ao gosto popular a base comercial exigia um alargamento da clientela Ao mesmo tempo a aproxima o ao popular nas experi ncias de radiotelefonia pod
311. se indiv duo que contou essa anedota imoral aqui no nosso microfone contra a nossa vontade sem n s sabermos pedimos desculpas ao distinto p blico pa pa pa pa Jos Vieira Ca la risos 222 Quando ele acabava o programa dona Anete fala eu botava cuscuz no fogo viu que eu sabia que ele ia comer Eu ficava de junto do r dio Quando ele dizia boa noite eu corria na cozinha fazer o cuscuz Com quinze minutos ele tava em casa Jos J lio A voc voc tem que fazer a coisa corretamente dentro do programa o que voc n o pode fazer a barbeiragem o que voc sabe o que a barbeiragem no r dio quando o cara faz a besteira ri a besteira circula Uma vez por exemplo eu tava fazendo um programa e e era uma radiofoniza o n o dum duma solenidade de anivers rio de inaugura o da r dio da Cear R dio Clube Ent o a solenidade era l nos transmissores O o narrador veio que era eu que fazia a narra o E agora senhoras e senhores vamos ter a alegria e a satisfa o de assistir inaugura o dos transmissores da Cear R dio Clube A a aquela coisa Jos J lio continua falando como se estivesse narrando o evento Vamos nesse momento ter a alegria a imensa satisfa o de ter a palavra de Dom Manuel da Silva Gomes arcebispo de Fortaleza que vai fazer a ben o dos transmissores A o dom Manuel fazia as b n os a eu fazia imitando o dom Manu
312. sento no smesmos pess as descal as maltrapilhas e conduzindo volumes que possam incommodar os demais passageiros Correio do Cear 18 01 1934 No mesmo ano da instala o oficial do Cear R dio Clube o presidente Get lio Vargas revoga a Lei de Imprensa que permitia a censura aos meios de comunica o Fato que n o passou despercebido pelo Correio do Cear Rio 17 Havas O sr Get lio Vargas chefe do Governo Provis rio assignou hontem o decrete revogando a lei de Imprensa Rio 17 Correio O Chefe do Governo Provis rio assignou hontem o 44 decreto revogando a malfadada Lei de Imprensa e autorizando o sr Antunes Maciel ministro da Justi a a nomear uma comiss o para elaborar o ante projecto que dever servir de base para a nova lei Rio 17 Havas Os jornaes exaltam o gsto do sr Get lio Vargas chefe do Governo Provis rio revogando a lei da Imprensa Edi o de 17 1 1934 Mas a liberdade de imprensa duraria pouco muito pouco mesmo O mesmo Correio do Cear defende em sua edi o de 1 2 1934 a id ia de que o decreto que aboliu a Lei da Imprensa n o positivo Desta vez apresenta um fato que comprova bem a tese O jornal O Globo foi suspenso A lei foi revogada mas o governo continuava com o poder de censura de suspender jornais e at prender e deportar os que usam da penna A dictadura doce como um favo de mel proclama se todos os dias Com effeito n
313. ses principais da orienta o de sua trajet ria pol tica Interessa nos aqui destacar as bases que t m repercuss o direta na discuss o que tentamos desenvolver qual seja a da percep o das rela es entre r dio e propaganda pol tica sempre com um vi s educativo Tentamos construir uma linha de pensamento de Chico Campos que pudesse evidenciar repercuss es poss veis nessa rela o na programa o da Cear R dio Clube a partir da orienta o doutrin ria apoiada na censura do regime varguista As percep es de Chico Campos ganham maior relevo porque desprovidas de um foro mais acad mico As compila es de palestras discursos e entrevistas evidenciam um autor quase sempre em sua primeira pessoa E sempre convicto das propostas que ajudara a construir certo que s o pass veis de d vida as integridades de cada um dos textos exatamente por conta do controle que existia sobre a imprensa ao mesmo momento em que Chico Campos dava suas entrevistas ou proferia suas palestras e 69 discursos que eram editados para depois sair em jornais esses sempre temerosos de um eventual empastelamento Mas sub repticiamente alguns elementos cr ticos podem ser constru dos ao longo de sua fala Come amos pois por explorar as teorias pol tico conceituais sobre o estado nacional envolvendo as raz es do golpe os princ pios que definem o estado novo e a conjun o de fatores que converge para a aproxima o entre Vargas e
314. sileiros tarefa que realizava atrav s da organiza o peri dica de espet culos musicais sess es liter rias confer ncias e congressos Era ainda a respons vel pela edi o de folhetos livros e cartazes do DIP e pela edi o anual de uma publica o com todas as informa es sobre jornais revistas e livros publicados no pa s Competia divis o de r dio de acordo com regulamento do DIP levar aos ouvintes radiof nicos nacionais e estrangeiros por interm dio da radiodifus o oficial tudo o que lhes pudesse fixar a aten o sobre as atividades brasileiras em todos os dom nios fazer a censura pr via de programas radiof nicos e de letras a serem musicadas e organizar o programa Hora do Brasil divis o de teatro e cinema cabiam as fun es de censurar previamente e autorizar ou interditar todos os filmes e representa es teatrais em todo o territ rio nacional publicar no Di rio Oficial a rela o de pe as e filmes censurados acompanhados de suas caracter sticas e do resumo do julgamento incentivar e promover facilidades econ micas s empresas nacionais produtoras e aos distribuidores de filmes em geral e instituir permanentemente um cine jornal com vers es sonoras filmado em todo o Brasil e com motivos genuinamente brasileiros o que deu origem ao Cine jornal brasileiro distribu do nos cinemas de todo o pa s Sobre a divis o de imprensa reca a uma tarefa bastante complexa cabendo lhe como princ
315. sivamente chinezas o que deve ser curiosa barbaridade e na segunda hora em inglez E assim temos Fortaleza bem pertinho do mundo occidental e oriental o que j digno de nota Se nossos bisav s viessem hoje ao mundo Piovesan 1986 tamb m afirma que o R dio no Brasil j nasceu educativo Mas complementa em sintonia com nosso leitor voltado para uma educa o de elite como 29 pode ser comprovado pela programa o da R dio Sociedade pioneira da radiodifus o nacional tamb m se levando em considera o a historiografia mais difundida e pela disponibilidade de aparelhos receptores artigos raros no seu aparecimento H bem mais tempo no cen rio comunicacional do pa s a imprensa escrita poca tem outras preocupa es Ela sofre as conseq ncias do estado de s tio decretado pelo presidente Washington Luiz s portas de sua queda a partir da atua o da Alian a Liberal que apresenta como uma de suas lideran as Get lio Vargas E o Correio do Cear em edi o de 20 10 1930 rememora a situa o e alardeia os ares democr ticos que certamente seriam trazidos pelo novo governo em defesa da liberdade de imprensa Quando o Snr Jos Peixoto se investiu no encargo de fazer cumprir o estado de sitio ultimamente decretado pelo Snr Washington Luis a primeira medida tomada consistiu em arrolhar a imprensa Alem disto para mais rigorosa observancia da ordem presidencial foi creado um servi
316. smo dos Estados Unidos Lembremos que na d cada de 30 Alemanha e It lia estavam em plena ascens o militar com Hitler e Mussolini E os dois regimes se utilizavam maci amente do r dio como meio de comunica o para propaga o ideol gica de seus projetos de governo As sociedades brasileiras de radiotelefonia abrigavam cotistas que disponibilizavam repasses de recursos financeiros para o custeio das atividades 28 Joaquim Nicolau um carreteiro um pau d gua Outro dia ele arranjou um casco de viola e na Pra a do Ferreira em frente Pens o City come ou a cantar Trabaiad Cuma eu Qui gosta muito da droga Incaloca bem o chap u No alto da sinagoga Me incoloco aqui na pra a Defronte daquella pens o Onde as mui faz gra a Prus homes de pusi o L pr riba o comer o Deve s mermo bonz o Pois aos home de apre o As mui chama c m o Elles num trocem o cara E para l v o subindo A puli a num repara E vae nisso consentindo Agora eu pruque digo As veis uns palavr o O guarda embirra comigo E me mete na pris o A puli a certa num t Eu juro int pulo c o Quem dev ra e para l Era as mui da Pens o Quando istou no meu adev o Num respeito mo a nem v ia Solto ao vento os palavr o Eu num figo a rafameia Se passa uma mulata Do cab lo pinchaim Solto lhe logo na lata Meu bem Achou ruim Si ach ruim d um jeito Neste corpo requebrado Que sou caboco prefeito Mas um cab co interado Dos guarda eu nem ligo A
317. so Era um patr o que n o era patr o Porque a mania do patr o mandar gritar n O Jo o Dummar n o era uma beleza E o almo o l foi bom tamb m l na casa dele risos sobre a ascend ncia rabe Nada o Jo o nosso Passou a ser cearense tamb m O Dummar era como o Capit o Juremir O Juremir era um ga cho cearense e o Jo o Dummar era um s rio cearense Pronto O Jo o Dummar era nosso quer l saber de pol tica nem nada Jo o Dummar queria era ganhar dinheiro Ele chegou um dia perguntou a mim Caracas quem o maior pracista de Fortaleza a eu n o sabia 122 era um bestalh o e disse Voc ele disse N n o sou eu n o o Fernando Pinto eu sou o segundo Eduardo Campos tamb m chama aten o para o lado comercial de Jo o Dummar Ao mesmo tempo sua liga o com a cultura desde os tempos que participava de encena es teatrais no Crato O advento da radiodifus o no Cear teve o patroc nio de um homem que gostava de ganhar dinheiro Era pai do Dem crito Dem crito Rocha diretor presidente das empresas jornal sticas O Povo Refiro me a Jo o Dummar Comerciante mas homem altamente ligado cultura Tinha descend ncia libanesa A casa comercial dele tinha de tudo a Casa Dummar Vendia catavento de carregar bateria para os receptores da poca r dios Zenith ou Philco Ele vendia produtos desse tipo numa poca em que se introduzia o uso do aspirador de p
318. ssantes emissoras de todo o Brasil e ouvida em quase todo o mundo Hist ria cronol gica da esta o A solenidade de incorpora o Est dentro das nossas cogita es construir em Fortaleza um grande edif cio para as tr s empresas associadas CORREIO DO CEAR Unit rio e PRE 9 onde ficar o centralizadas todas as se es dos nossos jornais e da r dio Pretendemos ainda aumentar a pot ncia dos transmissores transformando assim a nossa capital no maior centro radiof nico do norte do Brasil claro que esses planos est o condicionados a fatores alheios a nossa vontade dependendo da marcha da guerra feita uma explana o acerca do hist rico da r dio e a mat ria encerra com um depoimento do Dr Jo o Calmon diretor superintendente da PRE 9 nos Di rios e R dios Associados Como emissora ligada a vinte e quatro jornais di rios a PRE 9 dedicar especial cuidado ao seu servi o informativo que ser fornecido em primeira m o pelas ag ncias Associated Press Meridional e Nacional e por uma reportagem local sempre atenta a todos os acontecimentos Os interesses de Chateaubriand ao adquirir a PRE 9 eram evidentes monopolizar a produ o da informa o no Brasil Mas quais os fatores que teriam levado Jo o Dummar a negociar a emissora agora que o retorno que vinha dos ouvintes dava mostras de sua penetra o na sociedade de Fortaleza Que meios de press o teriam sido utilizados por Chateaubrian
319. ssoal de comunica o Freire tamb m pensou os meios de comunica o de massa E a as rela es entre comunica o e educa o tendem ainda mais a se fortalecer pois que Freire aproxima os meios de comunica o da escola O que a escola teria que fazer era aceitar mudar Aceitar revolucionar se em fun o da exist ncia crescente de outros instrumentos que necessariamente n o fariam ou n o fazem o trabalho que ela faz em termos sistem ticos mas sem os quais a escola prejudica o seu trabalho sistem tico6 Ent o para mim a quest o que se colocaria n o era o fim da escola a morte da escola Para mim a demanda de uma escola que estivesse altura das novas exig ncias sociais hist ricas que a gente experimenta Uma escola que n o tivesse inclusive medo nenhum de dialogar com os chamados meios de comunica o Uma escola sem medo de conviver com eles chegando mesmo at risonhamente a dizer Vem c televis o me ajuda Me ajuda a ensinar me ajuda a aprender FREIRE GUIMAR ES 1986 p 24 Mas claro que tamanha transforma o da escola com os meios merece uma dose tamb m consider vel de coragem Freire idem p 31 d uma pista de como isso poderia acontecer o que teria repercuss es diretamente no cotidiano da sala de aula A primeira coisa que a gente teria que fazer nessa rea de experi ncia era ter a coragem mas uma coragem que te confesso imensa coragem diante de
320. ssos entrevistados para tornar mais viva essa discuss o 49 Ah o r dio era guardado como como se guarda um santo n Um santu rio Tinha um pano de linho bordado croche todo enfeitado branquinho cobrindo o r dio pra n o deixar entrar poeira n Ah n o era todo mundo n o que podia mexer no r dio S a minha tia as minhas tias a minha m e S os grandes era Tinha que botar um banquinho era era feito um um um chamado carit Era uma prateleirinha assim no canto da parede viu E l ficava o r dio Pra ligar o r dio tinha que botar um banquinho subir e ligar Crian a n o podia n o era proibida risos Santiago Freitas quem mexia no r dio Somente ele o pai Z Limaverde radialista da d cada de 30 ele quem ligava o r dio quando ele n o estava em casa precisava haver uma licen a primeiramente aprender como que ligava o r dio que n o era f cil embora tivesse todos os bot es como hoje em dia mas a gente achava dif cil e tinha receio de queimar o receptor de r dio na minha casa de marca Philco uns que tinham o mostrador ou dial bem pequeninho que fez repito muito sucesso na minha rua Narc lio Limaverde Todo dia era ligado s n o era mais ligado porque o pessoal tinha medo de lidar com ele Por causa de poss veis choques Minha m e n o se metia nisso n o Era sempre o meu pai meu irm o mais velho Geraldo Nobre
321. sto da censura o visto do departamento que que eu fa o J lio suspira A eu digo Olha pega um papel a e anote o que que eu vou escrever pra voc ler no microfone e depois voc suspen baixa baixa deixa em em em m sica BG e depois voc sobe A eu fiz A dire o da rede Verdes Mares sentindo se impossibilitada de manter o mesmo padr o que vinha dando aos seus jornais de independ ncia e de liberdade comunica aos seus ouvintes que a partir desta data a emissora vai deixar de apresentar esse programa Assina a dire o Eu digo Fa a isso e baixe tudo Mas eu tinha um locutor meio que ainda hoje meio alvoro ado chama se Cid Carvalho Cid Carvalho foi quem tava no microfone quando Cid Carvalho acabou de ler o neg cio ele disse Amigos ouvintes isso a ditadura 224 o fascismo n s somos solid rios com o nosso diretor e n o sei o qu Eu disse Cid pelo amor de Deus Cid Voc vai meter todos n s na cadeia J lio gesticula batendo as palmas da m o N o n o tem import ncia n o A ainda bem que era o Murilo Borges que era um democrata era uma figura muito boa e tudo n o n o deu muito bola pra pro para o que o Cid Mas era uma provoca o ri E assim Eu me lembro de um epis dio com o Silva Filho O Silva Filho era um locutor que n s t nhamos l Elias de Oliveira Filho E o Elias era
322. sua unidade tornando assim poss vel substituir sem oposi es nem viol ncias pol tica dos estados a pol tica da Na o CAMPOS 2001 p 199 Em torno do sonho do Estado nacional v se que Chico Campo come a a preparar as bases para a aceita o do golpe de Estado de 1937 que institui o Estado Novo A figura do caudilho salvador da p tria que pontuou a hist ria pol tica brasileira em outras 70 ocasi es o pren ncio da vis o populista de governo que dominaria em grande parte as pol ticas p blicas do governo varguista O novo Estado brasileiro resultou de um imperativo de salva o nacional Como acentuou o chefe de governo no manifesto de 10 de novembro que institui o Estado Novo e outorga a Constitui o quando as exig ncias do momento hist rico e as solicita es do interesse coletivo reclamam imperiosamente a ado o de medidas que afetam os pressupostos e conven es do regime incumbe ao homem do Estado o dever de tomar uma decis o excepcional de profundos efeitos na vida do Pa s acima das delibera es ordin rias da atividade governamental assumindo as responsabilidades inerentes lata fun o que lhe foi delegada pela confian a p blica idem p 39 e 40 A compreens o de povo vai se adequando s conveni ncias do regime Admirado e protagonista quando aclama as medidas tomadas pelo poder central O povo que o aclamou e por ele combateu vi o crescer dia a dia
323. ta lembra os atuais lan amentos de novelas na TV quando as emissoras passam semanas anunciando a estr ia atrav s da descri o do papel de cada personagem na trama Reparem na linguagem utilizada no ltimo trecho da Coluna Cabral nasceu a 25 de agosto de 1912 t bem velhinho o seu Cabral Andou perto de comandar um dos nossos ca a submarinos ainda funcion rio da Standard e pode ser encontrado geralmente na rua com uma bruta pasta debaixo do bra o palet desabotoando Gosta de ler muito nada de leituras fasciscizadas e torcedor exaltado do Ferrim E pronto O desfile dos artistas que comp em o elenco de Penumbra continua nos dias 24 e 25 3 E s interrompido pela Coluna R dio no dia 27 3 para que o colunista comente um acontecimento da PRE 9 que repercutiu em toda a cidade Era o pren ncio da 168 entrada do radiojornalismo com mais for a na programa o da emissora Talvez uma influ ncia ben fica de sua associa o com o Correio do Cear e os novos rumos que a emissora tomava com a incorpora o pelos Di rios e R dios Associados como frisava bem a mat ria que noticiou sua venda em janeiro do mesmo ano A mobilidade possibilitada pelo r dio se fortalecia atrav s da atua o da Cear R dio Clube Abrimos hoje um par ntese no desfile que vimos fazendo de todos os artistas que figuram no N cleo de Noturno a pe a radiof nica de Amaral Gurgel que PRE 9 vem a
324. tado Novo ap s 1937 De fei es conservadoras e autorit rias foi ele marcado pelo car ter excludente avesso conviv ncia pluralista e diversificada idem p 181 Esse projeto nacionalista valorizava em suma a uniformiza o a padroniza o cultural e a elimina o de quaisquer formas de organiza o aut noma de sociedade que n o fosse na forma de corpora es rigorosamente perfiladas com o Estado Da seu car ter excludente e portanto repressor idem p 182 A forma o do Estado Nacional passaria necessariamente bom insistir pela homogeneiza o da cultura dos costumes da l ngua e por ltimo da ideologia como imenso guarda chuva de todo o processo de padroniza o Muitos dos representantes do movimento escolanovista apoiavam enfaticamente as pretens es de centraliza o e controle governamental da educa o Embora os motivos apontassem para a possibilidade de democratiza o do ensino da cultura e da igualdade social O pensamento que a centraliza o permitiria caso mantivessem as posi es que haviam conquistado no sistema educacional levar frente seus projetos Mas a 92 maior preocupa o do Minist rio era montar sua m quina burocr tica que lhe permitiria centralizar coordenar e controlar a educa o em todo o territ rio nacional idem p 194 E Capanema que corporifica a orienta o da educa o aqui voltada ao ensino secund
325. tamanha era a demarca o de sua orienta o Perceber quais as bases do controle da informa o essencial para se delimitar as repercuss es que ocasionou nos estados da federa o Sabe se de antem o que teve destaque o papel do r dio e que a censura foi uma das estrat gias mais usadas para se garantir que a informa o produzida n o fugisse aos padr es da linha pol tica emanada pelo governo central Nesse processo de desvelamento do controle da informa o no governo Vargas definimos por privilegiar o ve culo r dio como centro das an lises uma feita que ao transpormos essa discuss o para o Cear nos anos 1930 a 1940 s o as possibilidades de media o entre r dio e educa o que pretendemos discutir Al m disso o r dio se insinuava como o primeiro meio de comunica o efetivamente de massa por conta da baixa tiragem dos jornais e a parcela da popula o que conseguiam alcan ar Se isso era uma realidade nos centros mais desenvolvidos do pa s o que n o dizer ent o dos estados mais afastados dos centros de tomada de decis o dos centros de poder 104 2 O interesse de nossa discuss o como o r dio dava suporte ao projeto pol tico do regime varguista Da porque termos insistido em compreender os princ pios que davam conta da orienta o do regime Tentaremos estabelecer algumas rela es entre o ve culo e seu aparelhamento ideol gico pelo Estado na inten o de consolidar um projeto de Est
326. tavam de letras literatura m sica de cultura O Dermival Costa Lima era homem de boa conversa o Ant nio Maria idem para falar nos dois grandes diretores dessa fase do come o dos anos quarenta Assim quando eu me iniciava o r dio estava tamb m bem servido de intelectuais Informo t nhamos no r dio naquela poca o Ant nio Gir o Barroso o Alu sio Medeiros e o poeta Otac lio Colares O Otac lio redator e sonetista moderno muito rom ntico desses que em casa fazia tocar bolero para dan ar com a esposa Um outro aspecto a ser observado que como os sal rios eram relativamente baixos quase sempre o profissional necessitava de uma outra ocupa o o que o fazia investir em sua forma o E na Cear R dio Clube mais algumas novidades Seriam inauguradas as reportagens externas atrav s de transmissores FM que dispensavam a necessidade de linhas telef nicas em mat ria publicada pelo Correio do Cear de 7 8 1948 o que reafirma a preocupa o da emissora com o radiojornalismo e estr ia no dia 31 8 os Comandos Musicais Outra novidade o programa era realizado nos bairros de Fortaleza O Comandos Musicais iniciam amanh as suas atividades prometendo aos moradores dos diversos bairros de nossa capital uma visita a cada um deles com a sua equipe de artistas Durante o programa haver demonstra o da F M e ainda o possante servi o de alto falante na Pra a da Escola de Cadetes O
327. teatro adaptada para o r dio E eu me concorri com o Grande Processo de Maria Antonieta Eu tinha lido isso uma a editora Ponjete publicou v rios processos grandes processos internacionais inclusive o de Maria Antonieta que me calou profundamente Eu fiz tirei o primeiro lugar Simultaneamente como se n o bastasse os deuses deram um outro empurr o O Correio do Cear fez um concurso tamb m de reportagem Onde entra o trem Eu fiz uma reportagem mostrando a luta partiam s vezes no mesmo hor rio um trem suburbano para Caucaia para Soure e o outro trem suburbano para Maracana que era o que ia at Mondubim E as pessoas ei caranguejo n o sei qu eles se insultavam n s nos insult vamos essa que a verdade Ah ah isso era uma beleza ah essa viagem de trem E eu fiz exatamente uma reportagem o trem a viagem do trem qualquer coisa assim e contando o que que se vendia no trem O trem tinha tudo Tinha palha o tinha b bado tinha tinha sujeito vendendo quebra queixo tudo tudo tudo tudo tinha dentro do trem Eu tirei o primeiro lugar tamb m Estava ainda no tempo da guerra e o pr mio como sempre nos Di rios Associados eram livros Mais uma vez livro n A editora O Cruzeiro ofertava uma cole o de cinco livros para um pr mio e para outro E eu ganhei 10 livros E ai eu fui l Um deles era Eu fui piloto de Rickenbacker um livro de guerra liv
328. tence ao grupo dos Associados Mas um movimento dos irm os Dummar anterior aquisi o da emissora pelos Di rios e R dios Associados pode lan ar novos elementos nessa discuss o Esse movimento se 163 deu em mar o de 1943 e se tornou p blico a partir da edi o do Correio do Cear do dia 26 3 Numa pequena nota de apenas oito linhas p gina 1 do peri dico sob a manchete Os irm os Dummar foram atendidos l se Rio 26 M O ministro da via o despachou os processos de interesse de Jo o e Jos Dummar os quais pedem autoriza o para adquirir cada um 66 a es da Cear R dio Clube S A A import ncia total das a es de Cr 132 000 00 A esse tempo j haveria press es por parte de Chateaubriand para aquisi o da Cear R dio Clube Quais seriam os objetivos dos irm os Dummar em adquirir mais a es da emissora Refor ar as suas posi es de acionistas e lucrar com o neg cio promissor que se avizinhava Nesse caso estaria falando mais alto o tino de comerciante de Jo o Dummar Ou esse movimento significaria fortalecer essas mesmas posi es mas para enfrentar a tentativa de aquisi o da PRE 9 por parte dos Di rios e R dios Associados E continuar com seu intento de promover a democratiza o da cultura no Cear Fato que Jo o Dummar ainda segundo Dummar Filho depois de concretizada a venda da emissora tinha em mente um novo projeto Ele conti
329. tentam como mbito privilegiado da transmiss o da educa o ou do conhecimento sistematizado segundo suas orienta es ideol gicas Se a educa o tem a ver com normas atitudes e valores os meios de comunica o as cidades as modas se converteram nos mais poderosos sistemas educativos do momento Outro impacto seria que a escola talvez seja a institui o mais eficaz no processo de aprendizagem do ler e escrever mas o processo de alfabetiza o para uma sociedade da informa o estaria exigindo mais que a escola tradicional poderia suportar Essa nova alfabetiza o exigiria processos relacionados linguagem audiovisual e da inform tica Hoje as crian as estariam sendo alfabetizadas na linguagem audiovisual e na inform tica fora da escola num processo de erros e acertos aproveitando sua capacidade de explora o e ensaio E construindo sua autonomia Nesse contexto ainda segundo Tornero os professores j n o s o considerados aqueles que atestam todas as habilidades e sabedorias A rever ncia e devo o que eram caracter sticas na rela o entre professor e aluno est o sendo postas em quest o Os estudantes disp em de muitas fontes para colocar em prova o saber do professor Conseqiientemente a escola j n o mais aquela que disp e dos nicos instrumentos para a produ o e sistematiza o do saber Suas bibliotecas s o massacradas pela disponibilidade de fontes de informa o que s o criadas pelo a
330. teriam sua hora com bons tangos argentinos E assim por deante Teriamos um dia somente de musicas s rias Musicas verdadeiras dos genios E a ssim dedicariamos um dia tamb m para um programma variado em que se fariam ouvir todos os assumptos Mas tudo bem certo Dia e hora certos Os gostos variam muito E assim ouviriamos a nossa musica predilecta naquella hora certa E todos ficariam satisfeitos Muito embora n o saibamos se os dirigentes da PRE9 ficariam gostando da id ia Em meio tentativa de consolida o da emissora de r dio local a imprensa escrita sofre a a o direta da censura promovida pelo governo Vargas Como comprova a not cia de 20 11 1936 do Correio do Cear A ortografia foi adaptada realidade O servi o de censura imprensa Recebemos a seguinte comunica o lt lt primeira Delegacia da Capital em 19 de novembro de 1936 gt gt reda o do Correio do Cear Nesta Levo ao vosso conhecimento para os devidos fins que conforme portaria n 1003 datada de 18 do corrente do exm Sr Dr Chefe de Pol cia do Estado fui designado pela mesma 99 autoridade para fazer servi o de censura imprensa desta capital 9a capit o Porfirio de Lima Filho 1 delegado de Pol cia de Capital MAIS UM EPIS DIO samba choro Braga Filho Pedro Caetano Joel e Ga cho 1943 100 Glosando o sucesso das novelas das emissoras de r dio chegando a citar o t tulo de algumas Refr
331. to do setor de publicidade no processo de estrutura o da emissora tamb m revela a preocupa o de seu propriet rio com os servi os comerciais Jos J lio revela os cuidados com os an ncios As caixetas as caixetas eram eram um albunzinho onde tinham os an ncios voc ouviu Tinham os an ncios voc lia os an ncios pelas caixetas tinha que ser lido por escrito voc n o improvisava S apenas quando se tratava de um programa de audit rio que voc 192 poderia perfeitamente fazer alguma coisa fora do texto fora do que n o estava pedindo do que n o estava escrito mas o resto era tudo escrito Isso numa poca em que os roteiros ou scripts ainda n o eram uma rotina no sistema de trabalho da emissora Os locutores ou speakers j nos tempos de Valdemar Caracas 1938 1939 recebiam gratifica o pela leitura dos an ncios Essa estrutura o do setor foi tamb m resultado da profissionaliza o dos comerciantes de Fortaleza que acompanhavam quantas vezes o an ncio tinha ido ao ar e se aquela quantidade correspondia ao estabelecido geralmente de forma direta com o pr prio Jo o Dummar que comandava as negocia es Toda essa estrutura sofreu um aprimoramento quando da incorpora o da Cear R dio Clube pelo condom nio dos Di rios e R dios Associados a partir do trabalho de profissionais de outros centros onde o r dio j se consolidava e onde os Di rios mantinham
332. to sobre o que se funda o processo de integra o pol tica ter tanto mais for a quanto mais nele predominarem os valores irracionais O mito da na o incorpora grande n mero desses elementos arcaicos idem p 22 E o personalismo poderia servir bem constru o desses mitos j que carregado de simbolismo As massas encontrariam no mito da personalidade que constitu do de elementos de sua experi ncia imediata um poder de express o simb lica maior do que nos mitos em cuja composi o entram elementos abstratos ou obtidos mediante um processo mais ou menos intelectual de infer ncias e ila es Da a antinomia de apar ncia irracional de ser o regime de massas a mais pessoal das pol ticas e n o ser poss vel nenhuma participa o ativa das massas na pol tica da qual n o resulte a apari o de C sar idem p 23 74 As massas se encontrariam sob a fascina o da personalidade carism tica Esse seria o processo central da integra o pol tica Quanto mais volumosas e ativas as massas tanto mais a integra o pol tica s se torna poss vel mediante o ditado de uma vontade pessoal A partir desses princ pios Chico Campos acaba por concluir numa sinceridade desconcertante mas sofisticamente l gica que o regime pol tico das massas o da ditadura idem Embora a no o de ditadura pudesse ser compreendida pelo regime em que n o houvesse possibilidade da abertura de brechas a
333. tras aproxima es entre comunica o e educa o Do resultado desse trabalho que cheguei a uma defini o parcial sobre o princ pio educativo do r dio A partir da compreens o da imagina o criadora facilitada pela oralidade de que se utiliza o meio compreendi que o princ pio educativo do r dio estava relacionado ao processo de deslocamento de sentidos que a mensagem poderia produzir durante seu processo de recep o pelo ouvinte Ou seja quanto mais problematizador o formato e o conte do da mensagem e quanto menos banc ria fosse sua inten o mais possibilidades de deslocamento de sentidos por parte do receptor a partir da percep o da mensagem mais a comunica o tomaria contornos de comunica o educativa Para isso seriam fundamentais os processos interativos que se estabeleceriam na realiza o da comunica o potencializados pela credibilidade que o ouvinte emprestava mensagem No ano de 2000 ingresso como professor do Curso de Comunica o Social da Universidade de Fortaleza Unifor No ano seguinte j como coordenador do Curso 10 elaboro o projeto da disciplina de Comunica o e Educa o que implantado como uma proposta de disciplina optativa do Curso nesse momento que surge a oportunidade de novamente voltarmos pesquisa sobre comunica o e educa o mais especificamente sobre r dio e educa o Atrav s de uma chamada espec fica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient
334. tre n s Tempos de Xote e g s Short guy baixinho um tipo popular que se aproximou dos americanos e lhes servia de cicerone por todo canto B GIR O p 60 Assim como os americanos as influ ncias da centraliza o do regime varguista tamb m foram sentidas na Fortaleza dos 40 Aluno do Liceu do Cear Blanchard Gir o recorda a preocupa o da dire o do tradicional estabelecimento escolar com a disciplina pr pria da orienta o militarista do governo Vargas A figura do bedel tinha local de destaque nesse sistema Assim como as tentativas de reprodu o da vida de caserna em plena escola O modelo pol tico oficial predominava no ensino e consequentemente no Liceu onde a dire o evidentemente por determina o superior implantou um Batalh o Escolar com toda aquela hierarquia e rigidez regimental dos quart is bem a gosto da Organiza o Nacional da Juventude Havia um Comandante um Sub Comandante a Oficialidade os subalternos sargentos e cabos e a tropa Nunca passei gra as a Deus de soldado raso Mesmo assim na minha concep o infanto juvenil achava importante e bonito todo aquele espet culo de ordem unida meia volta volver e outros m todos de bitolar o homem a regrinhas de comportamento O que mais me atra a era a banda de m sica com seus tambores clarins e tar is Nos ensaios admirava a destreza do Good Lima do Ant nio Serpa e de outros craques do ritmo cearense da
335. trolux o carregador era um catavento que rodava pra carregar as baterias Isso l na serra da Aratanha eu ainda tenho at as bases desse catavento ele ficava girando para carregar as baterias e pra n s ouvirmos o r dio porque ficava muito dispendioso e cansativo t a bateria descarregada e o vento a energia e lica ela repunha a carga nas baterias Eduardo Campos A nova tecnologia chega E o surgimento da tecnologia refor a os lugares e pap is que estruturavam a sociedade fortalezense da d cada de 1930 A partir dessa compreens o as novas tecnologias podem servir de instrumento de solidifica o das inst ncias de poder partindo mesmo da estrutura familiar O lugar do r dio na casa e quem na fam lia podia toc lo um exemplo emblem tico desse simbolismo A pr pria aquisi o do r dio poca e como acontece com todas as novas tecnologias que surgem com elevados custos definia quem sairia na frente no processo de acesso informa o instant nea Portanto o acesso ao pr prio poder Mas e ao mesmo tempo a presen a do r dio possibilita a instaura o de novas sociabilidades Se n o era poss vel adquirir a caixinha sonora o r dio do vizinho poderia ser a sa da para aqueles que n o dispunham de recursos suficientes Quantos constrangimentos os r dio vizinhos n o ter o enfrentado para se aventurar a escutar uma m sica cl ssica ou a Ave Maria Novamente recorramos aos depoimentos de no
336. tros pontos dispunha sobre a isen o de taxas alfandeg rias sobre a importa o de papel estabelecendo que os propriet rios de jornais e revistas deveriam obter autoriza o do 112 Minist rio da Justi a mediante o pr vio preenchimento de numerosas exig ncias para poder desfrutar da isen o Atrav s desse recurso o governo passou a controlar diretamente a imprensa concedendo os favores fiscais apenas queles jornais que seguissem a orienta o governamental Com o objetivo de aperfei oar e ampliar as atividades do DNP Vargas criou pelo Decreto n 1 915 de 27 de dezembro de 1939 o Departamento de Imprensa e Propaganda extinguindo atrav s do mesmo decreto o DNP A dire o geral do novo departamento permaneceu nas m os de Lourival Fontes A partir da cria o do DIP todos os servi os de propaganda e publicidade dos minist rios departamentos e estabelecimentos da administra o p blica federal e de entidades aut rquicas passaram a ser executados com exclusividade pelo rg o que tamb m organizava e dirigia as homenagens a Vargas passando a se constituir no grande instrumento de promo o pessoal do chefe do governo de sua fam lia e das autoridades em geral Contando com maior amplitude de a o e maior autonomia que os departamentos que o antecederam dada sua liga o direta com a Presid ncia da Rep blica o DIP tornou se o rg o coercitivo m ximo da liberdade de pensamento e express o d
337. tugu s J a programa o do dia 13 era a seguinte 19 15 An ncio DJA alem o castelhano can o popular alem 19 20 R dio da Mocidade sempre seremos solid rios 19 45 ltimas Not cias em alem o 20 00 Fugindo da Liberdade uma seqii ncia de Fred von Hoerschelmann 21 00 Friedrich RolfAlbes toca sonata para piano em La maior de W A Mozart com a marcha turca 21 15 ltimas not cias em castelhano 21 30 15 minutos alegres 22 15 O museu alem o de rel gios 22 30 Heinz Marten canta composi es de Hugo Wolf 23 00 Leitura do programa alem o castelhano Despedida DJA alem o castelhano 64 Algumas observa es sobre as programa es s o inevit veis Percebe se inicialmente que a programa o da emissora era predominantemente preenchida por produ es sintonizadas em esta es estrangeiras Isso remete a uma discuss o sobre a debilidade do quadro de profissionais que a emissora dispunha para a produ o de programas pr prios Essa realidade parece que ainda persiste por algum tempo pois a PRE 9 s realizaria seu primeiro concurso para locutor ou speaker somente em 1936 segundo Eduardo Campos Se havia locutores antes dessa data ou n o foram contratados por concurso ou n o faziam parte do quando de pessoal fixo da emissora Outra constata o a predomin ncia de produ es recebidas diretamente da Alemanha Uma dupla causalidade pode
338. u acci n educativa a los intereses sociales del grupo idem p 35 Como um bom guia Kapl n estabelece as caracter sticas que devam ter os programas de r dio para se assentar em uma educa o radiof nica problematizadora E nesse momento transparece toda sua preocupa o com a inst ncia micro da rela o comunica o e educa o Os programas de r dio que queiram ter a chancela de educativos 198 O Estimulam o desenvolvimento de processos nos ouvintes mais que simplesmente inculc los conhecimentos ou com o intuito de perseguir resultados pr ticos imediatos O Ajudam o ouvinte a tomar consci ncia da realidade que o rodeia tanto f sica como social a integrar se a essa realidade partam de sua pr pria problem tica concreta de sua situa o vivencial O Facilitam os elementos necess rios compreens o e problematiza o dessa realidade S o programas problematizadores O Estimulam as intelig ncias exercitando o racioc nio fa am pensar levando a uma reflex o O Identificam se com as necessidades e os interesses da comunidade popular a que se dirigem Procuram que ela descubra essas necessidades e interesses O Estimulam o di logo e a participa o Em alguns casos devem tomar a forma de programas diretamente participativos criando as condi es pedag gicas para o desenvolvimento de uma pr tica de participa o acentuando os valores comunit rios e solid rios levando a processos de coopera o
339. uando os entrevistados foram perguntados sobre como definiriam o trabalho do Educomunicador a maioria o viu como um professor em sala de aula quer desenvolvendo trabalhos de an lise cr tica dos meios quer desenvolvendo projetos tecnol gicos na educa o Isto um professor vinculado a uma das sub reas constitutivas do novo campo Idem A pesquisa ainda se preocupou em saber quais seriam os valores educativos que dariam sustenta o s pr ticas educomunicativas desses profissionais Entre elas SOARES idem a op o por se aprender a trabalhar em equipe respeitando se as diferen as a valoriza o do erro como parte do processo de aprendizagem e a alimenta o de projetos voltados para a transforma o social 208 A a o concreta desses profissionais estaria definindo o fortalecimento de quatro reas de atua o SOARES s d www usp br nce que devem ser consideradas enquanto um esfor o de sistematiza o n o sendo as nicas nem as definitivas em torno do processo de constru o do campo de estudos da educomunica o WU A rea da educa o para a comunica o constitu da pelas reflex es em torno da rela o entre os p los vivos do processo de comunica o assim como no campo pedag gico pelos programas de forma o de receptores aut nomos e cr ticos frente aos meios Educa o para a Comunica o Media Education ou Media Literacy Existem distintas vertentes
340. uave Fortaleza ser codaquizada todos os dias pelo cronista de Boa noite para voc e para os ouvintes da PRE 9 desfilar o em leves palavras os mais diversos acontecimentos de nossa vida mundana Uma observa o a ser feita que mesmo incorporada continua a refer ncia constante a Jo o Dummar como seu fundador Teria sido realmente tranq ilo o processo de transfer ncia a ponto do peri dico associado lan ar constantes elogios ao antigo propriet rio da emissora A profissionaliza o que o r dio experimentava em outros centros come ava a se insinuar tamb m por aqui Uma das estrat gias exatamente a utiliza o de profissionais do meio impresso numa dobradinha com o microfone facilitada pelos dois ve culos pertencerem ao mesmo grupo De quebra uma diminui o dos custos por n o ser necess rio a contrata o de mais um profissional 166 Em mar o de 1944 o r dio ganha um aliado no processo de intera o entre ve culo e ouvinte Embora o suporte para tal intera o seja atrav s ainda do meio impresso Nesse dia o Correio do Cear inaugura a coluna R dio Sua inten o dar aos leitores algumas not cias colhidas nos bastidores dos nossos artistas de r dio n o s do Cear como de todo o Brasil Mas tamb m esclarecer o ouvinte de r dio apontando lhe os bons programas orientando os a manejar o dial de seu r dio E vez por outra trazer para o p blico curiosidades do r d
341. ue institu a o Conselho Nacional de Cultura Capanema formalmente define o que compreende por desenvolvimento cultural a a produ o filos fica cient fica e liter ria b o cultivo das artes c o patrim nio cultura d o interc mbio intelectual e a difus o cultural na m dia de massa f as causas patri ticas e humanit rias g a educa o c vica h a educa o f sica e i a recrea o idem p 256 2 A institui o do Conselho j resultante de iniciativas anteriores Em 1937 o Minist rio da Educa o e Sa de criou a Divis o de Educa o Extra Escolar com o objetivo de revitalizar sua atua o no campo da produ o cultural como um todo ou seja sair dos limites do terreno meramente educativo CALABRE 2003 p 12 Algumas das quest es relativas s reas de teatro cinema radiodifus o artes pl sticas e patrim nio art stico e cultural ficaram ligadas nova divis o A n s nos interessa especificamente o item e do decreto de instala o do Conselho em que aparece a difus o cultural na m dia de massa Para isso Capanema institui o Servi o de Radiodifus o Educativa e o Instituto Nacional de Cinema Educativo A atua o do Minist rio da Educa o especificamente dentro do setor de radiodifus o fortaleceu se quando em 1936 Edgard Roquette Pinto doou para este minist rio a R dio Sociedade do Rio de Janeiro A doa o se fez sob o compromisso da manuten o
342. ultador como se fosse um auscultador de telefone 51 Diante de tamanha novidade quais teriam sido os impactos na sociedade do surgimento da nova tecnologia Como a sociedade reage Qual o processo que se estabelece na intera o entre tecnologia e sociedade Estar amos no limiar da sociedade da informa o Tornero 2000 inicia uma an lise acerca das transforma es que v o acontecendo a partir do que se convencionou chamar sociedade da informa o embora desde que o ser humano se atreveu a viver em intera o com outros seres humanos a informa o seja o que inaugurou essa aproxima o seja pensando em colabora o seja pensando em domina o ou mesmo pensando em domina o a partir da colabora o Talvez o mais adequado seja entender que quando se qualifica um ambiente de sociedade da informa o queira se chamar aten o para a quantidade de informa es que est dispon vel para se escolher qual seria o melhor m todo os melhores instrumentos e prever as poss veis consequ ncias de um processo de aproxima o seguindo o mesmo exemplo A caracteriza o como sociedade da informa o tamb m depreende uma outra compreens o Pode significar que a repercuss o desse fen meno extensa e n o ficaria restrita a determinados enclaves no mundo Numa vis o complexista poder amos afirmar que os n veis de pertencimento de determinadas comunidades sociedade da informa o sofre varia es de
343. ultural emergente o que no campo da academia corresponde ao conjunto dos estudos sobre a natureza do pr prio fen meno constitu do pela inter rela o em apre o Entende se como pertencente a esta rea tanto um projeto de pesquisa voltado para o entendimento e a legitima o do novo campo quanto todos os programas de investiga o sobre cada uma das vertentes que comp em a inter rela o em apre o na verdade a reflex o acad mica metodologicamente conduzida que garantir unidade s pr ticas da Educomunica o permitindo que evolua A pr pria pesquisa realizada situa se nesta rea assim como boa parte das reflex es produzidas pelos pensadores de quem nos servimos para a constitui o do corpo te rico do trabalho As dimens es de atua o levam Soares idem a conceituar o novo campo Educomunica o seria toda a o comunicativa no espa o educativo realizada com o objetivo de produzir e desenvolver ecossistemas comunicativos Um detalhamento importante seria qual a compreens o em torno do espa o educativo qual seu alcance e amplitude Presume se pela orienta o da linha de pensamento e pela diversidade de atua o que Soares se refere ao espa o educativo tanto aqueles perpassados por processos formais como a escola ou inseridos em processos n o formais como a atua o dos movimentos sociais Comprova se essa afirma o em outro texto de Soares Uma educomunica o para a cidadani
344. um tempo quando tirante as sess es colosso e gigante dos popular ssimos cinemas centrais Majestic e Moderno s restava para encompridar a hora de recolher se casa o recurso dos longos papos s mesas de caf s que se havia s dezenas roda e nas proximidades da Pra a do Ferreira Nesses caf s de freqii ncia variada l estavam os pequenos r dio receptores todos em mogno geralmente com as caixas em forma ogival em cantoneiras no geral de m rmore ao alcance apenas da sintonia do propriet rio na transmiss o das vozes ent o m ximo de Vicente Celestino S lvio Vieira Augusto Calheiros Alberto Perroni Gast o Fomenti valsas can es can onetas foxes bem marcados sambas de Noel e choros de Pixinguinha e Bendito Lacerda Isto sem esquecer Carmen e Aurora Miranda que despontavam gloriosamente 61 N o sendo de esquecer os programas de m sica erudita com apresenta es Se n o me engano redigidas por Audifax Mendes que m sica selecionada era passatempo de uma elite social em cujas resid ncias solarengas havia piano como instrumento e n o como m vel ornamental idem p 9 Vamos encontrar o primeiro fragmento do que seria uma programa o de r dio num registro do Correio do Cear edi o de 9 1 1935 Seria uma irradia o do Cear R dio Philco A ortografia da nota foi adaptada atualidade Sobreira Filho declamar um poema de Luzes da Cidade
345. unha numa atualiza o de sua pr pria teoria que para al m de uma leitura do mundo seria necess ria qui uma grava o do mundo uma escrita do mundo uma fotografia do mundo uma escuta do mundo A partir dessa compreens o poder amos fazer uma rela o entre o que representaria o r dio naquele momento e o que representa o hipertexto em nossos dias Sempre na perspectiva de contextualizar as duas tecnologias ou suportes de aprendizagem a partir de seus alcances utiliza o e possibilidades interativas Martin Barbero 2002 identifica os momentos de hoje como uma passagem Estamos pasando de uma sociedad com sistema educativo a uma sociedad educativa afirma ele p 12 E prenuncia que essa passagem essa nova alfabetiza o n o pode prescindir de sua compreens o pol tica E se ap ia em Freire para anunciar os seus prop sitos quando indaga Qu es um analfabeto y a la que frente a la respuesta de los manuales um hombre que no sabe leer ni escribir Freire propone outra radicalmente outra el analfabeto es el hombre impedido de decir su palabra Y la alfabetizaci n ser entonces la pr xis educativa que devuelve a los hombre su derecho a decir lo que viven e sue an a ser tanto testigos como actores de su vida y su mundo p 40 A consci ncia da situa o eminentemente pol tica leva Martin Barbero ainda a indagar o que seria alfabetiza o de hoje quando o acesso ao saber passa de uma fo
346. urante o Estado Novo e o porta voz autorizado do regime De acordo com o decreto que lhe deu origem o DIP tinha como principais objetivos centralizar e coordenar a propaganda nacional interna e externa e servir como elemento auxiliar de informa o dos minist rios e entidades p blicas e privadas organizar os servi os de turismo interno e externo fazer a censura do teatro do cinema das fun es recreativas e esportivas da radiodifus o da literatura social e pol tica e da imprensa estimular a produ o de filmes educativos nacionais e classific los para a concess o de pr mios e favores colaborar com a imprensa estrangeira para evitar a divulga o de informa es nocivas ao pa s promover organizar e patrocinar manifesta es c vicas e festas populares com intuito patri tico educativo ou de propaganda tur stica assim como exposi es demonstrativas das atividades do governo e organizar e dirigir o programa de radiodifus o oficial do governo Para a execu o dessa grande e complexa tarefa as atividades do DIP distribu am se entre cinco divis es espec ficas A divis o de divulga o tinha sob sua compet ncia as 113 atividades de elucida o da opini o nacional sobre as diretrizes doutrin rias do regime e o combate por todos os meios penetra o e dissemina o de qualquer id ia perturbadora da unidade nacional Cabia lhe tamb m a promo o dos compositores cantores poetas e pensadores bra
347. van o das novas tecnologias 216 A escola tamb m j n o seria a fonte da racionalidade que fundamenta e explica a ordem social A organiza o do mundo os valores escolares n o s podem ser diferentes dos que regem seu entorno mas desde a escola s vezes n o poss vel explicar mais o sentido dessas transforma es Tornero identificaria como um exemplo dessa compreens o a pr pria desorienta o e confus o que estariam vivenciando as mudan as curriculares Isso repercutiria tamb m no car ter pouco pr tico da escola em poca de transforma es t o bruscas Situada entre a manuten o de um curr culo tradicional e as d vidas acerca da aceita o das transforma es de uma nova ordem social a escola enfrentaria dificuldades para transforma seu ensino em algo a ser utilizado de forma pr tica pelos estudantes fora da sala de aula Por fim a escola estaria perdendo o poder que lhe havia conferido o sistema social tradicional A perda do poder pr tico e de legitima o da escola produto do pouco valor que os poderes sociais lhe atribuem Em suma nos encontramos em uma escuela descentrada de sus funciones tradicionales que dificilmente encuentra su lugar en el mundo moderno del saber p 48 O papel que at ent o era desempenhado pela escola agora assumido pelos meios de comunica o audiovisuais Ambiente de socializa o de elabora o e transmiss o de valores e formas de comportam
348. vasse isso a s rio de maneira nenhuma J na Fortaleza dos anos quarenta a refer ncia pra a subentendia a Pra a do Ferreira Toda a cidade convergia para l os bondes os nibus os carros de aluguel antecessores dos t xis No seu quadril tero situavam se os pontos de maior frequ ncia popular como as bancas de jornal os cinemas Majestic e Moderno os caf s Central e Sport os restaurantes Gruta Cascatinha a garapeira do Mundico pega pinto as principais farm cias Pasteur Osvaldo Cruz e Humanit ria o bar da Brahma a loja A Cearense a garagem do Mazine o Le o do Sul o armarinho do Orion E gente Toda a gente ia comprar alguma coisa na pra a ou na vizinhan a assistir a um filme beber uma cervejinha discutir futebol e pol tica B GIR O p 171 Na Pra a fazendo hora os bo mios permaneciam at o ltimo nibus meia noite Os bondes desativados em 1947 quando prefeito o m dico Leite Maranh o tamb m n o iam al m desse hor rio E quando a Coluna da Hora emitia as doze badaladas uma vaia corria o logradouro acompanhada dos gritos de suburbanos suburbanos sauda o queles que morando distanciados do centro dependiam do transporte coletivo Autom vel particular quem o possu a apenas alguns rica os que n o pertenciam quele universo citadino B GIR O p 174 A d cada de 40 do s culo XX traz junto dela a guerra cada vez mais p
349. vra Tanto que nos dias 28 e 29 3 volta novamente o desfile dos astros de Penumbra que j haviam interpretado outros pap is em Noturno No dia 3 4 noticiada a chegada de Ant nio Maria para assumir a dire o art stica da emissora Proveniente da R dio Clube de Pernambuco e com experi ncia em outras grandes emissoras do Pa s Ant nio Maria iria dinamizar mais ainda a programa o da PRE 9 E cada vez mais o radiodrama iria se firmar como um dos g neros principais de sua programa o ramos t o pobres em mat ria de organiza o de r dio que os diretores art sticos ou diretores de programas de uma emissora como a Cear R dio Clube vinham importados do Sul do pa s N s n o t nhamos capacidade de dirigir as empresas a verdade atesta Eduardo Campos 169 E dessa poca o retorno de Eduardo Campos emissora E ele conta mais uma de suas hist rias que teve a participa o direta de Ant nio Maria Ah meu retorno PRE 9 antol gico Parece que os deuses vingam os inocentes n Essa uma frase teatral risos Eu hum aconteceu hum de inaugurar uma loja em Fortaleza em 1944 uma livraria chamada Livraria Aequitas em latim Aequitas egiiidade AE junto o ditongo n E eu e fizeram um concurso parece que o concurso endere ado a mim os grandes processos da hist ria a radiofoniza o para teatro ou para r dio Radiofoniza o j est dizendo mas era uma pe a de
350. za Olavo Falc o Hill Moraes Oscar Riquet Alberico A Moura Sebasti o Coelho e outros 42 vem empregando a maior actividade e teem recebido franco apoio de quase todos os amadores e pessoas interessadas no desenvolvimento da r dio difus o entre n s No pr ximo dia 7 do corrente quinta feira s 7 1 2 horas da noite haver uma importante sess o no Club Iracema para esse fim cedido por gentileza de sua directoria e na qual ser fundado o R dio Club de Fortaleza eleita a directoria provis ria e discutidos assumptos de magno interesse para a nossa sociedade A esta sess o dever o comparecer grande n mero de amadores e demais pessoas interessadas na r dio difus o O Correio de 7 6 1934 volta a insistir no assunto Conforme j do dom nio p blico ter logar hoje no sal o nobre do Club Iracema s 71 2 da noite a sess o de funda o do R dio Club de Fortaleza Encarece se indistinctamente o comparecimento de todos os amadores e demais pessoas interessadas afim de acompanharem e discutirem os assumptos a serem tratados na referida sess o Para afinal em 20 6 1934 trazer os resultados da reuni o Sob a presid ncia do sr Francisco Riquet Nogueira e secretariada pelo sr Ananias Vasconcelos realizou se no sal o nobre do Club Iracema mais uma sess o do R dio Club de Fortaleza qual compareceu grande n mero de amadores Na mesma sess o foram approvados os Estatutos Sociais da nova socie
351. zagem os educadores essa discuss o poderia complementar as rela es que estabelecemos a partir de uma an lise espec fica do meio de comunica o r dio Mas por enquanto nos detenhamos ao que transparece em nossas fontes de pesquisa atuais Qual teria sido a natureza das primeiras irradia es do Cear R dio Clube Com que orienta o os programas iam ao ar Qual a resposta dos ouvintes a essa programa o E Fortaleza como se comportava frente nova tecnologia agora oficialmente em funcionamento A emissora teria aplicado seu estatuto e direcionado 56 suas irradia es para a democratiza o da cultura E as li es de civismo literatura ci ncias incentivadas nas inten es iniciais teriam vingado S o alguns questionamentos que tencionamos aprofundar no cap tulo seguinte quando vamos abordar a orienta o dos primeiros programas da Cear R dio Clube ainda na d cada de 1930 57 ESSA CABROCHA samba Portelo Juno J Portela Canta Carmem Miranda 1940 Dentro de uma descri o de como uma cabrocha fala no convite feito a uma delas para atuar no r dio Refr o Quem n o acredita vem ver Uma cabrocha sambar Mexendo com as cadeiras E seu feiti o no olhar Toda risonha e faceira No meio da batucada Se desmanchando e deixando A turma abafada Essa cabrocha quando entra para o samba N o acredita em bamba nem tampouco no azar Essa cabrocha a alegria do morro Quem
352. ziam poss veis Qual seria de fato a inser o do r dio no contexto da realidade cearense das d cadas de 1930 e 1940 Essa inser o predisporia as possibilidades de media es educativas Embora nem sempre a censura na Cear R dio Clube tenha vindo de fora Um acontecimento espec fico n o se sabe se espor dico denuncia o controle da informa o tamb m por parte da dire o da emissora E isso foi a causa da sa da de Valdemar Caracas da PRE 9 em 1939 Ele nos conta como foi Me aborreci porque eu tenho muita personalidade me aborreci e sa Mas o Jo o Dummar era um sujeito fora de s rie Tinha um deputado estadual Ant nio Barros dos Santos que era diretor de esporte da Associa o Desportiva Cearense e n s da Imprensa ramos muito aliados Muito como que se diz N s ramos muito Porque eu t com a cabe a Voc s n o podem me explorar muito n o Ent o n s combinamos de botar ele pra fora Sair Acontece que o Jo o Dummar n o que o Paulo Sarasate Ele namorava com a Albaniza Sarasate e o Jo o Dummar com a irm da Albaniza E ent o o Paulo era amigo desse camarada e eu comecei a meter o pau nele no r dio A o Cabral de Ara jo chegou Caracar o Jo o o Jo o era o Jo o Dummar mandou pedir pra voc poupar fulano e tal Mandou pedir Era o dono do r dio L tinha que pedir nada a ningu m por ser dono da R dio Caracas entende que Jo o Dummar poderia er

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