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1. farda de escola pra esses filho todo s Deus sabe o quanto eu trabalhei pra fazer Desmanchando roupa dos outro que me dava branca que era pra fazer as blusas da escola tudo isso toda noite lavava as blusinhas porque s tinha uma Esses nove filhos foi criado assim Como resultado de tanta labuta conseguiu juntar dinheiro e comprar a t o desejada casa em Pau da Lima Era uma casa horrorosa n o tinha muro entrava gua por todo lado mesmo assim ela gostou do lugarzinho A casa como quase a totalidade do bairro fica num terreno ngreme abaixo do n vel da estreita e sinuosa rua As p ssimas condi es da casa obrigaram na a fazer as reformas necess rias para levar os filhos para l Com pouco e incerto dinheiro pagando presta es da casa ela levou cinco anos reformando devagarzinho subi o murozinho desmanchei a casa pra aumentar pra poder trazer os meninos pra c O marido nunca concordou com a compra ou a mudan a por isso nunca ajudou em nada ela fez tudo sozinha pra ele estava muito bom onde eles estavam e ele disse se eu quisesse outra casa que eu trabalhasse pra fazer Ela trabalhou e fez Depois de pronta ele foi morar l disse que n o vinha com o orgulho e depois veio e morreu aqui Alice continuou vendendo merenda chegou a construir um espa o pr prio para este fim pr ximo rua Hoje ela s vende plantas que cultiva com todo cuidado na varanda da sua casa
2. velhos jovens ativos e participativos h um novo recorte de idades a quarta idade velho velho pessoas com mais de 75 anos que aproxima seus representantes da imagem tradicional da velhice ou seja a depend ncia a incapacidade f sica a decad ncia Essa nova classifica o quarta idade parece ser mais utilizada no Brasil pela rea de sa de prevalecendo de modo geral o termo terceira idade para todos maiores de 60 anos que permanecem ativos participando de grupos independente da idade cronol gica Os que n o correspondem a este modelo incluindo a os velhos asilados continuam sendo os velhos A categoria terceira idade assim comporta uma ambiguidade como bem assinala Britto da Motta 1997 p 133 o que a categoria terceira idade vem representando positivo da a sua r pida aceita o e difus o no cotidiano e at entre os pesquisadores mas por tr s dessa nova e boa imagem de idoso din mico e 24 saud vel que ela tamb m vem representando est o colocados o eufemismo escapismo negador da velhice e uma industria e produ o de servi os com um novo e envolvente mercado A ideologia da terceira idade ou da n o velhice se traduziu na pr tica pela cria o das Universidades para a Terceira Idade dos Clubes da Maior ou Melhor Idade que atendem em geral a velhos das camadas m dias Grupos de Conviv ncia Associa es de Idosos destinados a maio
3. o s se faz mediante aquiesc ncia do mesmo mas obrigat ria a presen a de um familiar ou 150 amigo na aus ncia do primeiro que se constitui como respons vel legal ao assinar um termo de responsabilidade no qual se compromete a visit lo atender aos chamados da institui o participar das reuni es assistir o idoso em caso de doen a ou de interna o hospitalar este respons vel que em alguns casos recebe o dinheiro da aposentadoria ou benef cio do idoso e pressup e se que exer a certo poder sobre o mesmo j que ele que autoriza ou n o sua sa da sozinho da institui o dado frequentemente encontrado nas anota es dos prontu rios Nessas condi es o idoso parece estar duplamente tutelado pela institui o e pelo respons vel Tem seu direito de liberdade e sua autonomia restritos aproximando se da condi o de uma crian a Percebe se tamb m que a responsabilidade da institui o coercitivamente compartilhada com o respons vel que obrigado formalmente a cumprir com o que deveria ser uma obriga o de liberdade dar uma m nima assist ncia ao idoso Exige se ainda para ingressar na institui o que o idoso tenha mais de 60 anos que seja l cido que desenvolva as atividades de vida di ria sozinho andar alimentar se usar o banheiro vestir se etc e que n o seja portador de doen a infecto contagiosa al m disso ele precisa realizar uma s rie de exames de
4. o transfere esta responsabilidade para os familiares ou respons veis e nem sempre eles podem contar com este apoio Eu guardo A diretoria disse cada um guarde seu dinheiro porque se cair doente e ir pra o hospital tem que pagar algu m pra tomar conta N o sabe o dia de hoje nem de amanh n Se por um acaso cair doente e ir pra o hospital tem que pagar uma pessoa pra ficar tomando conta dele l como aconteceu com muitos aqui Sr Anselmo sem parentes Quando eu tive problema de derrame derrame n o um outro problema de cora o eu tive ent o internado no hospital Portugu s e no hospital Espanhol mas por conta do plano de sa de Planserv que eu pago eu tive que pagar acompanhante n Ent o tem que ter dinheiro pra pagar acompanhante um acompanhante n o quer menos que trinta reais pra passar o dia ent o voc leva pelo menos mil quinhentos pra poder n o pedir a filho Meu filho interrompe a fala ent o a gente vai levando a vida a at Sr Bartolomeu 3 filhos Guardar n o eu deixo o dinheiro l pra quando vier doen a a gente come ar a gastar Sr Aur lio A assist ncia m dica prestada por um m dico da Prefeitura l mesmo no Abrigo por m quando precisam de exames ou especialistas s o encaminhados aos ambulat rios dos SUS e alegam n o ter nenhuma prioridade ficando submetidos ao longo tempo de espera por consultas e exames o que faz com que alguns
5. Em 1942 William Beveridge elaborou o Report on Social Insurance and Allied Services na Inglaterra que ficou conhecido como Relat rio ou Plano Beveridge visando universalizaliza ao dos benef cios e servi os prestados pelo Estado a todos os 62 cidad os Os subs dios deveriam tornar se um direito dos cidad os permitindo um n vel de vida m nimo abaixo do qual ningu m deveria viver O valor das pens es deveria ser fixo e uniforme e a comprova o de car ncia deveria ser abolida O financiamento social seria feito atrav s da contribui o de seus membros e dos empregadores ficando o Estado respons vel por um sexto da maioria dos benef cios de seguridade a totalidade dos abonos de fam lia e a maior parte dos custos do Servi o Nacional de Sa de BALDWIN apud FARIA O Welfare State segundo Behring e Boschetti 2007 p 94 se estrutura a partir dos princ pios do Plano Beveridge quais sejam 1 responsabilidade estatal na manute o das condi es de vida dos cidad os por meio de um conjunto de a es em tr s dire es regula o da economia de mercado a fim de manter elevado n vel de emprego presta o p blica de servi os sociais universais como educa o seguran a social assist ncia m dica e habita o e um conjunto de servi os pessoais 2 universalidade de servi os sociais e 3 implanta o de uma rede de seguran a de servi os de assist ncia social Embora o termo Welfare
6. J fez uso dele V Outros aspectos 36 Voc planejou o que iria fazer neste per odo de sua vida O que 37 Tem plano para o futuro 38 Que per odo da sua vida voc considera o melhor Por que 39 O que voc mais gosta de fazer hoje Por que 40 0 que voc pensa sobre a velhice 41 Tem alguma coisa no seu corpo que lhe incomoda ou preocupa 42 Voc tem algum problema de sa de Ele interfere em sua vida 43 Voc sente falta de um companheiro a 44 0 que te deixa feliz 45 0 que te deixa triste 286 ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A DIRE O DO ABRIGO Nome Idade Tempo no cargo Forma o profissional e na rea Vinculo institucional med Como v a institui o asilar no contexto das pol ticas p blicas 2 Em sua opini o quais as obriga es do Estado com rela o aos mais velhos E da fam lia 3 Oque o Estado Prefeitura oferece concretamente aos velhos abrigados aqui 4 H compromissos que n o s o cumpridos ou o n o o s o satisfatoriamente Por qu Como v a situa o desses velhos asilados A institui o estabelece algum tipo de rela o com outras institui es governamentais Que tipo funcion rios servi os verba etc E com institui es n o governamentais Quais De que tipo O Abrigo cumpre com as determina es nas normas estabelecidas para as ILPI Quantos funcion rios o abrigo disp e hoje por categoria 0 Como a rela
7. Se no primeiro momento disserta o de mestrado busquei compreender as novas formas de sociabilidade constru das nos grupos de conviv ncia de idosos e como as pr ticas desenvolvidas ali v m servindo para re fazer v nculos sociais tanto extra como intrafamiliares nessa etapa de pesquisa busco ampliar e aprofundar a discuss o Trago como ponto central a tens o na defini o das obriga es e responsabilidades sociais para com os mais velhos na sociedade brasileira Quest o ainda muito pouco discutida no Brasil embora de certo modo implicitamente colocada tanto nos textos legais quanto no discurso gerontol gico Fam lia Estado e Sociedade constituem se inst ncias institucionais legais de apoio e assist ncia s gera es mais velhas Trata se aqui de analisar como esta forma h brida de solidariedade social intergeracional vem atuando observando seu fluxo hist rico e as tens es que emanam dos tr s setores O envelhecimento populacional como um fato concreto vivido tanto por pa ses desenvolvidos quanto por pa ses em desenvolvimento vem acirrando a tens o entre Estado e Fam lia na medida em que p e em cheque por um lado o compromisso e a capacidade do Estado em cumprir suas obriga es junto aos cidad os e por outro os limites e as possibilidades da Fam lia em manter as rela es de reciprocidade entre seus membros O processo de transi o demogr fica fen meno mundial sofrido no decorrer do s culo XX c
8. e estabelecimento de pap is entre seus membros Para que o Sistema funcione todos os membros desempenham tarefas e assumem pap is os pap is mais freq entes s o o de provedor e cuidador originalmente desempenhados pelo 132 homem e pela mulher respectivamente Esses e outros pap is est o em profunda transforma o em nossa sociedade e precisam ser frequentemente negociados para que a fam lia funcione e encontre seu equil brio Quando esse funcionamento n o harm nico pode contribuir para o adoecimento de um dos seus membros Nessa perspectiva os sistemas familiares podem ser compreendidos com funcionais ou disfuncionais Nos Sistemas funcionais o grupo familiar responde aos conflitos e situa es cr ticas buscando estabilidade e resolvendo o problema de forma adequada Nos Sistemas disfuncionais os membros da fam lia n o est o comprometidos com a din mica e manuten o do sistema est o mais voltados para seus interesses pessoais que os do grupo n o assumindo seus pap is dentro do sistema Observa se nesses casos v nculos emocionais superficiais e inst veis agressividade e hostilidade Nas situa es conflitivas onde h pessoas idosas ou elas s o separadas do seu meio institucionalizadas ou isoladas do grupo por serem consideradas geradoras do problema ou outros membros da fam lia se afastam para n o se envolverem na quest o Brasil MS 2006 Com base nessas concep es o
9. o casa dispostas irregularmente valas esgoto e lixo a c u aberto Constru das em terreno imensamente ngreme desafiando a lei da gravidade o acesso s casas feito atrav s das estreitas ruas onde imposs vel a circula o de carros in meras ladeiras e escadarias escorregadias especialmente nos dias de chuva a maior parte delas improvisadas pelos pr prios moradores O acesso s casas demanda em geral um grande esfor o f sico necess rio para subir ou descer as ladeiras e escadas Nessas condi es a popula o idosa mais que as crian as e 204 adultos t m sua acessibilidade limitada pelas in meras barreiras arquitet nicas e a falta de estrutura local fato que restringe a vida social e em muitos casos suas atividades cotidianas fazer compras ir ao m dico frequentar os cultos dentre outros A popula o moradora desses locais a grande maioria dos habitantes do bairro pertence s camadas mais carentes economicamente vis vel ao percorrer essas ruas o grande n mero de homens mulheres e jovens em idade produtiva que encontram se fora do mercado de trabalho formal desempregados as e vivendo dos famosos biscates pequenos trabalhos tempor rios Muitos fazem em suas pr prias casas os pequenos neg cios costura sal o de beleza manicura vendas variadas de frutas plantas geladinho bares A vida no bairro vibrante homens e mulheres circulam pelas ruas se cumprimentam param para conve
10. o dos idosos nas atividades em certa medida volunt ria pois em alguns casos apresenta es de grupos palestras de convidados etc eles s o incentivados a comparecer Nas atividades mais cotidianas a participa o proporcionalmente muito pequena e composta quase que exclusivamente por mulheres Os homens saem frequentemente da institui o ou permanecem nos espa os livres nos bancos do jardim sozinhos ou uns poucos conversando ou jogando domin com outros homens O nico espa o coletivo de sociabilidade pouco utilizado cotidianamente pelos idosos A vida na institui o transcorre lentamente o tempo parece correr em outro ritmo sem muitos marcadores temporais cotidianos a n o ser os hor rios das refei es e ora es At mesmo as atividades extras se inserem num calend rio previsto tempos em que eles parecem esquecidos pela comunidade se alternam com eventos festas e passeios geralmente realizados no m s do idoso setembro ou per odo de maior visita o de pessoas ou grupos da comunidade especialmente no per odo pr ximo ao natal A rotina e o sil ncio da institui o entretanto foram quebrados no in cio de setembro de 2006 quando as prec rias condi es estruturais do Abrigo foram fortemente abaladas pela ressaca da mar danificando dois pavilh es os dois sal es masculinos e dois sal es femininos A Defesa Civil interditou esses dois pavilh es e os ido
11. tranquilo n o me preocupo com nada s me preocupo com minha sa de A adquiri o que eu queria adquirir que era minha aposentadoria pra hoje eu ficar tranquilo Ele quem mant m a casa com sua aposentadoria mas guarda em segredo a faixa de valor dos seus proventos para que a filha n o saiba Durante a entrevista na 215 qual a filha estava em casa e atenta muitas vezes intervinha na conversa ele sinalizava para a entrevistadora indicando que n o poderia falar na frente dela depois diz bota a tr s Sr Valdir 66 anos casado tem sete filhos Aposentou se por invalidez depois de sofrer um acidente vascular cerebral AVC e est tamb m com Mal de Parkinson Trabalhou muitos anos como motorista de caminh o at ter o problema de sa de que o levou aposentadoria Na casa moram o idoso a esposa e tr s filhos homens O nico que tem renda garantido o idoso Os filhos est o desempregados fazem doces e salgados em casa para vender e a mulher vende produtos da Avon para ajudar nas despesas dom sticas 5 4 A din mica rela o de dar receber retribuir em fam lia A fam lia sempre pensada como lugar natural da d diva na perspectiva maussiana As rela es de trocas e entreajuda que se processam no seu interior entretanto s o dif ceis de serem apreendidas ou mais que isso por seu car ter simb lico e diversificado e ainda pelo intervalo no tempo entre os atos como assinala B
12. Marina 236 Qual o futuro mais que eu tenho O meu futuro agora comprar meu palet de madeira e viajar Sr Valdemir Sr Valmir teve seus planos interrompidos pela doen a Queria viajar para o interior ter uma casinha no interior Queria ter um carro pequeno Agora Nenhum s sa de e sonha Se pudesse queria trabalhar de novo Sra Anita ainda cheia de vitalidade se lembra do tempo que passou cuidando e se dedicando aos filhos e se nega a ser cerceada por eles Quando eu era mo a era bom porque eu ia pras minhas brincadeiras minhas festas A me casei a depois tome menino tome menino e a gente nunca teve condi es de ir pra lugar nenhum Agora depois que t todo mundo criado ningu m vem pra c me empatar de ir pra um lugar n o que n o tem conversa Eu criei filho filho n o me cria n o Porque tem umas m es que abestalhada os filho diz mainha a senhora n o vai pra lugar nenhum n o Vou Agora veja se eu vou fazer vontade a filho De hoje a oito vai ter um passeio a e a gente vai ela e um grupo de pessoas da rua onde mora A velhice vista pela maioria com otimismo tempo de contabilizar as vit rias mas as limita es e depend ncia metem medo e quando se instalam fazem dela uma fase ruim Eu estou contente com ela velhice todo dia eu digo feliz quem chega na idade que eu estou Feliz sadia batalhadeira batalhei venci muitas coisas
13. Oeiras set 2001 FERREIRA J V C Os muito idosos no munic pio de S o Paulo Disserta o Mestrado em Sa de P blica 2006 Faculdade de Sa de P blica Universidade de S o Paulo 269 Velhice e Sociedade Demografia Fam lia e Pol ticas Sociais em Portugal Oeiras Portugal Celta 1997 FLEURY S Estado sem cidad os seguridade social na Am rica Latina Rio de Janeiro FIOCRUZ 1994 seguridade social e os dilemas da inclus o social RAP Rio de Janeiro 39 3 449 69 Maio Jun 2005 FORACCHI M M O conflito de gera es In A Juventude na sociedade moderna S o Paulo Pioneira 1972 p 19 32 FOUCAULT M A pol tica de sa de no s culo XVIII In Microf sica do poder 13 ed Rio de Janeiro Graal 1979 p 193 207 Microf sica do poder Rio de Janeiro Graal 1995 FRAN A G DZIMIRA S Economia Solid ria e D diva O amp S v 6 n 14 jan abr 1999 GIDDENS A A transforma o da intimidade sexualidade amor amp erotismo nas sociedades modernas S o Paulo Universidade Estadual Paulista 1993 As consegli ncias da modernidade S o Paulo Universidade Estadual Paulista 1991 Terceira via reflex es sobre o impasse pol tico atual e o futuro de social democracia 5 ed Rio de Janeiro Record 2005 Modernidade e identidade Rio de janeiro Jorge Zahar 2002 GODARD F Le conflit de g n rations In Informations Sociales n 30 1993 p 86 92 GODBOUT J I
14. Os mecanismos p blicos destinados provis o do bem estar s deveriam ser acionados no caso em que o mercado e a fam lia ou a rede de parentesco deixassem de cumprir seus pap is O Estado s deve se encarregar de prover prote o social queles muito pobres e a concess o do benef cio exige a comprova o de car ncia A pol tica social nesses moldes tem um car ter compensat rio e transit rio fragmentado e particularista 2 o modelo meritocr tico particularista onde o mercado tem um papel predominante por m o Estado cumpre um papel significativo j que complementar economia As necessidades individuais devem ser supridas de acordo com o desempenho do trabalhador no mercado e o seu m rito e os benef cios que recebe s o uma forma de suplementar seus ganhos em situa es especiais tal como a perda da capacidade de trabalho Nestas circunst ncias o sistema de pol ticas sociais atuaria como mecanismo 64 de preven o do status perdido garantindo um ganho proporcional ao anteriormente existente FLEURY 1994 3 o modelo redistrubutivo institucional em que o Estado assume um papel central rompendo com o determinismo do mercado A pol tica social tem um car ter redistributivo e universalista uma vez que O bem estar individual visto como responsabilidade da coletividade e a meta alcan ar uma maior igualdade entre os cidad os FARIA 1998 Segundo Fleury 1994 no que pese as cr ticas tipolog
15. Sr Aur lio 64 anos tem dois filhos morava sozinho antes de vir para o Abrigo se sentia s e estava deprimido frequenta o AA N o pensava mas foi a nica op o que eu achei e com o conselho do m dico Sr Miguel 79 anos morava com filha genro e tr s netos 170 Mo a a gente nunca pensa em morar em neg cio de abrigo enquanto t jovem Sr Valter 74 anos solteiro sem filhos N o nunca pensei n o Antigamente eu tinha um tio que morava num abrigo e eu brincava que ia levar minha m e para l ela morreu e quem veio para o abrigo fui eu Sr Arlindo 66 anos N o nunca passou pela minha cabe a Eu vinha com pessoas que faziam doa es passava de carro e via os idosos sentados Sr Tadeu 63 anos separado sem filhos taxista Eu n o pensava na minha vida em vir morar aqui Sra Divina 93 anos mora h mais de 20 anos no abrigo Nunca pensei a gente s pensa em coisa boa nunca pensei em parar em uma cadeia ou em um abrigo Sra Valdete 80 anos Muitos homens agradecem a Deus ter conseguido uma vaga no Abrigo mas para alguns deles morar no abrigo n o significa a ltima morada antes da morte Sonham ainda em sair da institui o retomar antigas atividades e principalmente voltar a viver com uma mulher S o poucos os que realmente t m condi es para realizar este sonho o Sr Tadeu foi um deles A eu vou levando a minha vida s
16. cada foi criada a Justi a do Trabalho 1934 e por fim foi promulgada em 1943 a Consolida o das Leis Trabalhistas CLT visando a sistematizar a legisla o trabalhista e regulamentar o trabalho da mulher do menor a seguran a do trabalho a jornada de trabalho as f rias anuais A Constitui o de 1934 estabelece como compet ncia da Uni o fixar as regras de assist ncia social ficando os Estados membros com a responsabilidade de cuidar da sa de e da assist ncia p blica assim como fiscalizar a aplica o das leis sociais cabendo ao Poder Legislativo instituir normas sobre as aposentadorias Esta Constitui o previa a aposentadoria compuls ria para funcion rios p blicos com mais de 68 anos de idade aposentadoria com sal rio integral ao funcion rio p blico que tivesse no m nimo 30 anos de trabalho e a aposentadoria por invalidez Os proventos da aposentadoria entretanto n o poderiam ultrapassar os vencimentos da atividade As contribui es passam a ser obrigat rias e tem tr plice custeio Estado empregador e empregado MARTINS 2001 Toda a pol tica social at aquele momento estava sempre referida ao trabalho N o havia uma pol tica nacional de sa de at 1930 iniciando se esta a partir da basicamente sobre dois eixos a sa de p blica e a medicina previdenci ria esta ltima atendendo apenas aos trabalhadores associados aos IAPs No mbito da sa de p blica foi criado em 1937 o Departame
17. doentes e inv lidos eram considerados pobres merecedores de assist ncia e da caridade crist e para eles reservavam se os abrigos de mendicidade Mas a velhice n o era um problema neste momento caritativo a velhice n o um crit rio definidor da assist ncia N o existia uma problem tica da velhice pois o problema era ser pobre e estar isolado era ser um infeliz p ria da ventura SANT ANNA 2000 p 22 20 A partir da segunda metade daquele s culo duas quest es foram fundamentais para reconfigura o desse quadro Por um lado a proibi o do tr fico negreiro gerando a necessidade de aproveitamento da m o de obra da popula o pobre livre transformando os em trabalhadores assalariados Nesse contexto a pobreza come a a desvincular se de seus aspectos morais e religiosos e surge como fator econ mico GROISMAN 1999 Por outro lado h a investida da medicina sobre as quest es sociais passando a normatizar e a controlar a popula o pobre assim como as institui es Inicia se nesse per odo o processo de ordena o classifica o e diferencia o da mendic ncia como mostra Foucault 1995 separando a popula o inv lida daquela recuper vel e apta ao trabalho A caridade criticada por incentivar os pobres a esmolar O discurso filantr pico e da medicina social realizam transforma es nos espa os institucionais separando os diferentes tipos de assistidos sociais Surgem nesse per
18. doentes e inv lidos eram separados dos delinq entes e posteriormente encaminhados os doentes para a Santa Casa e os aptos ao trabalho Casa de Corre o Pouco tempo depois de inaugurado o asilo de mendicidade do Rio de Janeiro passa a abrigar permanentemente os mendigos e inv lidos para o trabalho como medida preventiva sendo os doentes levados para a Santa Casa O chefe de pol cia com a aprova o do Governo Imperial determinou que os mendigos ficassem reclusos e mantidos no car ter de presos pobres da justi a Idem Segundo Groisman o Decreto Imperial de 06 de setembro de 1884 regulamentava as quatro classes de mendigo que seriam admitidos no Asilo 1 os menores de 14 anos abandonados e ociosos 2 os indigentes os velhos e os incapazes que recorriam caridade dos transeuntes 3 os que se apresentavam espontaneamente provando indig ncia 4 os alienados que n o podiam ser recebidos no Hosp cio D Pedro II p 36 A filantropia higienista fundamentada no saber m dico cient fico com o apoio do Governo promove uma s rie de transforma es nos espa os institucionais antes 13 regidos pelo princ pio da caridade Os higienistas condenavam a mistura dos assistidos e buscaram ordenar os espa os institucionais de modo a separ los de acordo com certas caracter sticas tais como sexo e idade ou por tipo de patologia Para alcan ar tal objetivo foram criadas institui es espec ficas pa
19. elas moram muito longe e a passagem t cara minha filha As visitas que os homens recebem s o especialmente das mulheres da fam lia relatos feitos com certa magoa 176 Minhas filhas me visitam muito meus filhos vem menos os homens tem o cora o mais duro Sr Miguel Visita de vez em quando aparece Tenho uma irm que de 15 em 15 dias vem aqui a minha filha de vez em quando vem os outros filhos nunca vieram s tem um filho que raramente vem aqui e a m e da minha filha tamb m alguns amigos aparecem de vez em quando Sr Jos Recebo visita s da minha irm e minha sobrinha Mas s vezes demora um m s dois meses e quando eu menos espero eles aparecem Sr L cio Mas eles como s o mais independentes t m mais intimidade com o espa o p blico e s o mais jovens v o em busca dos amigos e parentes N o recebo visita Geralmente as pessoas que eu gosto eu mesmo vou visitar a n o precisa que eles venham aqui Meu filho o meu respons vel aqui ent o se eu precisar de alguma coisa ligo para ele e ele vem Mas eu prefiro sair para ver todo mundo Sr Aur lio As rela es familiares s o carregadas de ambiguidade como expressa Britto da Motta 1998 s o permeadas por sentimentos contradit rios por afetos polares que flutuam consciente ou inconscientemente mas se materializam no discurso Esse sentimento amb guo com rela o fam lia o
20. em duas reas Prote o Social B sica e Prote o Social Especial Essa ltima dividida em M dia e Alta Complexidade 98 A prote o social b sica tem como objetivos prevenir situa es de risco e fortalecer os v nculos familiares e comunit rios Esse servi o destina se popula o que vive em situa o de vulnerabilidade social decorrente da pobreza priva o aus ncia de renda prec rio ou nulo acesso aos servi os p blicos dentre outros e ou fragiliza o de v nculos afetivos relacionais e de pertencimento social discrimina es et rias tnicas de g nero ou por defici ncias dentre outras Idem p 28 Preconiza que os servi os programas projetos e benef cios de prote o social b sica dever o se articular com as demais pol ticas p blicas locais Os servi os de prote o social b sica s o realizados nos Centros de Refer ncia da Assist ncia Social CRAS tamb m chamados de Casa das Fam lias Os CRAS s o unidades p blicas estatais de base territorial respons veis pela oferta de servi os continuados de prote o social b sica de assist ncia social s fam lias grupos e indiv duos em situa o de vulnerabilidade social S o concebidos como porta de entrada para o atendimento social em um munic pio Cada unidade do CRAS composta por um coordenador assistentes sociais psic logos auxiliar administrativo e estagi rios que devem atuar com fam lias e indiv duos em seu
21. entre 2002 e 2003 havia 139 idosos residentes dos quais 92 eram mulheres e 47 homens Evidencia se aqui tanto uma quest o de g nero quanto de gera o Quanto ao g nero observamos a predomin ncia de mulheres que se manteve historicamente e n o se justifica apenas pela maior longevidade delas mas retrata as diferentes trajet rias de vida de homens e mulheres Trata se de mulheres em sua quase totalidade 91 3 solteiras e vi vas e s 15 t m filhos Isso indica que al m das mulheres viverem mais 149 que os homens muitas vezes n o se casaram e as que se casaram tornaram se vi vas tanto por viverem mais que os homens quanto por casarem se com homens mais velhos quando vi vas raramente recasam diferente dos homens que em geral voltam a casar com mulheres bem mais jovens que eles o que lhes assegura cuidados e assist ncia na velhice Apesar da metade dos homens moradores do Abrigo se declarar solteiros s 27 afirmam n o ter tido filhos A idade da interna o tamb m revela que as mulheres se mant m cerca de dez anos a mais fora da institui o j que elas s v o para a institui o depois dos 70 anos mas por outro lado elas passam mais tempo internadas A popula o feminina do abrigo bastante longeva Observando se as rela es de g nero e gera o gera o tomada no sentido antropol gico da posi o que ocupam no grupo fam lia percebe se que s o mulheres que n o tiveram filhos e
22. entre desconhecidos que amplia infinitamente as redes sociais para muito al m do interconhecimento concreto Os estudos sobre a solidariedade entre as gera es em geral tamb m fazem esta separa o privilegiando quase sempre as trocas efetuadas no mbito das rela es prim rias deixando de analisar desse modo as repercuss es as rela es de interdepend ncia e os conflitos gerados na totalidade do sistema social Esta quest o ser tratada mais adiante Antes de adentrar nesta discuss o se faz necess rio tecer algumas considera es acerca dos significados que os termos gera o e solidariedade tomam ao referirem se s diferentes esferas de sociabilidade O conceito de gera o em Mannheim 1928 ainda o ponto de refer ncia sociol gica dos estudos sobre gera es Embora as contribui es posteriores especialmente de Eisenstadt 1956 Balandier 1977 Attias Donfut 1988 sejam particularmente significativas Mannheim 1928 p 145 sugere uma certa semelhan a estrutural entre as categorias classe social e gera o Enquanto a posi o de classe pode ser definida como a posi o comum que um certo indiv duo ocupa por destino na estrutura econ mica e de poder de uma determinada sociedade pass vel de mudan a a gera o constitu da essencialmente por uma semelhan a de posi o de v rios indiv duos dentro de um todo social Esta semelhan a de posi o entretanto n o
23. fiscaliza o etc das pol ticas espec ficas para o idoso Essa Coordena o disp e de verba para implementa o de projetos A atual coordena o programa do Idoso vem dando continuidade ao trabalho que vinha sendo desenvolvido ou tem novas propostas programas ou projetos Os grupos de conviv ncia de idosos era um das a es coordenadas pelo programa do idoso Ainda continua Quantos em percentuais idosos s o atendidos nessa atividade A Pol tica Estadual do Idoso estabelece as compet ncias das diversas Secretarias dentre elas as do Desenvolvimento Social A o Social Quais dessas a es v m sendo desenvolvidas H dificuldades para p las em pr tica Quais Qual o n vel de articula o dessa Coordena o com as demais Secretarias do Estado e outros rg os governamentais e n o governamentais que tratam da problem tica do Idoso A grande preocupa o hoje das Secretarias de Desenvolvimento social t m sido a implementa o do SUAS A coordena o do idoso tem participado desse processo Como Como as quest es do idoso s o vistas dentro da proposta do CRAS PAIF A SEDES tem obriga o de apoiar t cnica e financeiramente as Institui es de Longa Perman ncia para Idosos Como vem sendo feito este trabalho Qual a verba que disp e para este fim Quantas ILPI s o cadastradas no CEAS na Bahia
24. gico no curso da vida individual Culpabiliza se a fam lia ou os membros eleitos pelas disfun es do sistema e esse deve ser o foco da aten o de tais pol ticas O esfor a parece ser o de estabelecer pap is em um sistema familiar que j n o corresponde aos modelos tradicionais E quando se trata de fam lias onde h pessoas idosas a emerg ncia de fabricar um cuidador familiar claro 3 2 Pol ticas sociais para a velhice na Bahia As pol ticas de prote o social velhice na Bahia t m avan ado lentamente em meio a conturbadas quest es pol ticas governamentais interesses pessoais e pol ticos A obten o de informa es acerca da efetiva o das a es estabelecidas pelo conjunto de leis nessa rea esbarra primeiro na aus ncia de registro documental que possa dar conta desse processo segundo nas limitadas a es que v m efetivamente ocorrendo Entretanto h um grupo de pessoas tanto ligadas esfera governamental quando a institui es n o governamentais que desde a d cada de oitenta v m participando ativamente das discuss es e lutas em defesa dos direitos dos idosos e t m sido de fundamental import ncia no processo de implementa o dessas pol ticas no Estado Grande parte das informa es registradas aqui foi obtida em entrevistas realizadas com algumas delas considerando que representam a mem ria da trajet ria hist rica da constru o das pol ticas para os i
25. lia 4 6 Solidariedade local colegas e visitantes 4 7 Na aus ncia da fam lia s resta o Estado pol ticas sociais aposentadoria e velhice 42 49 50 69 102 104 133 143 145 159 161 167 171 177 190 5 A SOLIDARIEDADE FAMILIAR E COMUNIT RIA 5 1 O Bairro 5 2 Os idosos quem s o e como vivem 5 3 A vida e a luta pela sobreviv ncia no passado e no presente 5 4 A din mica rela o de dar receber retribuir em fam lia 5 5 Solidariedade local vizinhos e amigos 5 6 Os Companheiros 5 7 Na aus ncia do Estado s resta a fam lia pol ticas sociais aposentadoria e velhice 6 SOLIDARIEDADE E RELA ES INTERGERACIONAIS CONSIDERA ES FINAIS REFER NCIAS AP NDICE A CARACTERIZA O DOS IDOSOS ENTREVISTADOS MORADORES DO BAIRRO DE PAU DA LIMA AP NDICE B CARACTERIZA O DAS IDOSAS ENTREVISTADAS MORADORAS DO ABRIGO D PEDRO Il AP NDICE C CARACTERIZA O DOS IDOSOS ENTREVISTADOS MORADORES DO ABRIGO D PEDRO Il AP NDICE D ROTEIROS DAS ENTREVISTAS 199 200 204 208 215 224 228 230 238 249 261 279 280 281 282 13 INTRODU O Compreender as mudan as ocorridas no processo hist rico social no qual se constr i a no o de velhice e os diferentes lugares que ela ocupa na estrutura social e principalmente entender como v m se dando as rela es inter e intrageracionais vem sendo alvo das minhas preocupa es GOMES 2001
26. mando comprar ent o me alimento Mas muitos que n o t m n o t m alimenta o come aquele p o e toma aquele caneco de caf e s vai comer no outro dia s sete da manh A dif cil duro n E s vezes tamb m meus filhos quando v m trazem pra mim bolo doce essas coisa n 155 A quest o da insufici ncia do n mero de pessoal de apoio ou cuidadores que compromete especialmente os idosos dependendes j vem se arrastando h bastante tempo sem solu o Em reuni o realizada com familiares em mar o de 2004 a assistente social que a coordenava exp s a situa o aos familiares e pediu sugest es Surgiram duas propostas a primeira era fazer um abaixo assinado pedindo provid ncias e formar uma comiss o para levar o documento at o prefeito a segunda era cada idoso ou familiar contribuir com 10 reais para pagar um volunt rio para fazer o servi o dar banho trocar roupa de cama dar alimenta o etc O grupo preferiu a segunda alternativa alegando que j haviam tentado formar uma comiss o antes e ningu m tinha comparecido A alternativa eleita j estava em uso mas vinha gerando problemas com os idosos independentes pois esses n o aceitavam pagar j que n o precisavam de tais servi os Essa atitude partia especialmente dos homens por um lado porque eles t m maior autonomia com rela o s quest es financeiras s o em geral eles mesmos que v o receber seus proventos e o adm
27. mero de pessoas entre delegados e 42 Os Minist rios que tem representantes no CNDI s o das Rela es Exteriores do Trabalho e Emprego da Educa o da Sa de da Cultura do Esporte da Justi a da Previd ncia Social da Ci ncia e Tecnologia do Turismo do Desenvolvimento Social e Combate Fome do Planejamento Or amento e Gest o e das Cidades 123 convidados representantes das 27 unidades da federa o e profissionais de diferentes reas Esta Confer ncia buscou promover um amplo debate sobre quest es referentes a pessoa idosa considerando as diretrizes estabelecidas na PNI no Estatuto do Idoso e no Plano de A o Internacional para o Envelhecimento Teve como objetivo central a cria o de uma Rede Nacional de Prote o e Defesa da Pessoa Idosa RENADI Mesmo considerando as Leis de prote o ao idoso j existentes mas ao mesmo tempo reconhecendo o preconceito social de que esta popula o alvo e a nega o cotidiana dos seus direitos b sicos considerando ainda que esta popula o j representa aproximadamente 10 4 da popula o brasileira gerando novas demandas e a necessidade de um novo sistema de seguridade econ mico social e a necessidade de cria o de uma Rede Nacional de Prote o e Defesa da Pessoa Idosa RENADI foi aprovado nesse evento uma s rie de delibera es distribu das em oito eixos tem ticos Muitas das delibera es aprovadas nesta Confer ncia reiteram proposi
28. o com quem Conquanto a solidariedade social familiar permane a ela tornou se mais dispersa e heterog nea O descentramento da fam lia gerou uma maior diversidade de arranjos familiares e uma crescente complexidade deste importante vetor de solidariedade Para se falar em solidariedade neste contexto necess rio portanto conhecer mais profundamente essas mudan as uma vez que h implica es diretas tanto no modo como as gera es na fam lia se relacionam quanto no que tange ao sistema de solidariedade social p blica ou seja no sistema de prote o social Os dados demogr ficos mesmo limitando as possibilidades de an lise j que n o contemplam a variedade de situa es s cio familiares existentes e n o d em conta das rela es de troca ocorridas no seu interior continuam sendo um bom indicador das mudan as nos padr es de organiza o familiar As mudan as mais expressivas observadas nos dados das pesquisas domiciliares mais recentes IBGE PNAD 2006 37 referem se primeiro redu o do n mero de membros da fam lia em virtude da diminui o da fecundidade Este fato que j se verifica h mais tempo nos pa ses desenvolvidos pode trazer tamb m para o Brasil a m dio e longo prazos s rias consequ ncias para as rela es intergeracionais especialmente com rela o aos cuidados demandados pelas gera es mais velhas Segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar PNAD 2004 o
29. o a receita ficar no meu canto ou bom dia boa tarde e at logo Sr Bartolomeu usa sua experi ncia de policial militar e descreve com precis o o que preciso fazer para conviver com as diferen as Eu me dou muito bem com os outros idosos porque pra viver bem aqui voc precisa de tr s coisas ser cego surdo e mudo N o ou o n o vejo e n o falo risos A voc se d bem porque vive no seu canto n o gosta de conversar 183 Na minha forma o mesmo voc sabe que o soldado n o pode falar muito n Soldado tem que ficar calado se ele falar muito acaba at sendo preso porque vai falar uma coisa que um superior n o gosta a cadeia n Ele tem que ter modera o se calar e olhar bem o qu que vai falar As entrevistas realizadas neste espa o comunit rio s o sempre prejudicadas pela falta de liberdade para expressar seus sentimentos e receio do que os outros moradores poderiam fazer com a informa o as fofocas Em alguns momentos da entrevista s o feitas declara es em tom sigiloso ou se diz abertamente da impossibilidade de falar sobre tal ou qual assunto na presen a de tal ou qual pessoa Deixa ela sair daqui depois eu te conto Ela gosta muito de fofoca diz uma delas Esta atitude de desconfian a e indiferen a pelo outro contradiz o discurso ou a expectativa que os idosos t m no momento do ingresso na institui o Quando da solicita o da va
30. o da popula o A intersetorialidade tem por objetivo constituir uma forma organizacional mais din mica articulando as diversas institui es envolvidas A vertente territorial considerada urgente e necess ria face alta densidade populacional do pa s a heterogeneidade e desigualdades socioterritoriais existentes e ainda o impacto das a es da assist ncia social sobre outras pol ticas sociais e vice versa Isso implica na mudan a de valores e da cultura historicamente constru dos que at ent o regem as pol ticas e pr ticas sociais ou seja pol ticas fragmentadas segmentadas e focalizadas Nessa perspectiva esse novo modelo de prote o social proposto pela PNAS SUAS tem por objetivos prover servi os programas projetos e benef cios de prote o social b sica e ou especial para fam lias indiv duos e grupos que deles necessitarem contribuir com a inclus o e a equidade dos usu rios e grupos espec ficos ampliando o acesso aos bens e servi os socioassistenciais b sicos e especiais em reas urbana e rural assegurar que as a es no mbito da assist ncia social tenham centralidade na fam lia e que garantam a conviv ncia familiar e comunit ria PNAS 2004 p 27 A PNAS estabelece como fun es da assist ncia social a prote o social a defesa dos direitos socioassistenciais e a vigil ncia social A Prote o Social organiza suas a es e servi os de forma hierarquizada por n veis de complexidade
31. o de pobreza e abandono familiar do idoso asilado Ele permite por um lado ir al m das quest es referentes meramente s condi es econ micas e por outro amplia o espectro de an lise das rela es de troca e reciprocidade no mbito familiar e social das d divas Mauss 1974 que podem levar a ruptura das rela es com essas redes Nesse sentido o trabalho de campo buscou conhecer o sistema de troca nas rela es que os idosos asilados mant m sejam elas com a rede prim ria fam lia e amigos secund ria Estado ou com estranhos visitantes na tentativa de compreender como ele ocorre ou o que impediu ou impede que as d divas circulem A pesquisa foi desenvolvida no Abrigo D Pedro Il j que este o nico abrigo p blico de Salvador Inicialmente busquei tra ar um breve percurso hist rico da institui o esperando que a reconstru o dos processos sociais nos quais a pr tica asilar foi constitu da revele as tens es e os conflitos que de certa maneira expressam o modo como a sociedade vem tratando as gera es mais velhas em situa o de pobreza e os lugares que t m sido reservados a estas na estrutura social E ainda tra ar um panorama geral dos idosos que l habitam Em seguida procurei dar voz a dez mulheres e dez homens idosos moradores do Abrigo a fim de apreender as formas de trocas materiais e simb licas que se estabelecem entre eles e seus familiares entre eles e os outros idosos e
32. o estado conjugal e a constitui o e manuten o do la o filial No primeiro caso observa se que um n mero maior de mulheres permanece ou ficam sozinhas em algum per odo ou ao longo de suas vidas por um lado porque a diferen a populacional 245 entre mulheres e homens faz com que um maior n mero delas permane a solteira por outro porque as mulheres recasam com menor frequ ncia que os homens ap s a viuvez e a separa o div rcio No segundo caso constitui o e manuten o do la o filial observa se que quando h separa es div rcios a rela o m e filho a permanece j que com elas que em geral os filhos ficam morando ao passo que os la os entre os pais filhos as v o gradativamente se esgar ando chegando muitas vezes ao rompimento devido ao afastamento prolongado deles No caso dos idosos institucionalizados estudados observamos nitidamente esta situa o Por um lado temos quase a totalidade das mulheres na condi o de solteiras e vi vas sem filhos isso faz com que essas mulheres n o possam contar com o apoio familiar filial Por outro lado temos a metade dos homens oficialmente solteiros por m tamb m a metade com filhos ainda vivos Confrontando as hist rias de vida desses homens e mulheres verificamos com frequ ncia casos de abandono e alcoolismo como fator predominante do afastamento na rela o pai filhos Se acrescentarmos ainda a situa o financeira de homens e mulheres ve
33. o possu am v nculos sociais Na interpreta o de Fraga Filho a vadiagem violava o ideal patriarcal segundo o qual todo homem devia ter seu lugar sua fam lia seu senhor GROISMAN 1999 p 30 Para os considerados vagabundos em geral jovens desempregados sem defici ncia f sica e sem v nculo social era reservada a repress o pois de acordo com o C digo do Imp rio de 1830 a vadiagem figurava como crime sujeito pris o ou ainda eram obrigados a cumprir medidas de reenquadramento social tais como o alistamento for ado no Ex rcito ou na Marinha As Santas Casas de Miseric rdia assistam a toda esp cie de pobres merecedores inv lidos doentes desamparados em nome da caridade crist sem que houvesse algum tipo de separa o ou classifica o dos diferentes tipos de assistidos a partir da segunda metade do s culo XIX que come am a ocorrer mudan as nas pr ticas de interven o sobre a pobreza Influenciada por um lado pelo modelo de assist ncia higienista introduzido pela medicina social visando prevenir a sociedade das doen as contagiosas e por outro do discurso filantr pico que critica a caridade por ser esta considerada como um incentivo ociosidade e ao v cio a 14 As licen as para mendigar eram inicialmente concedidas pelo p roco local e posteriormente pelo Juiz de Paz GROISMAN 1999 Em oposi o caridade cujas a es se baseiam em preceitos religiosos especi
34. o que torna o espa o muito agrad vel Com todo orgulho ela me convida para conhecer a casa por dentro e mostra com destaque a limpeza e organiza o e especialmente os eletrodom sticos que tem freezer microondas aparelho de DVD de som televisor grande coisas que muitas vezes pensamos ser pr prio s das classes m dias Ela 211 ainda tem mais duas casas pr ximas dela que est o alugadas o que contribui para compor a renda Dois filhos solteiros moram com ela um com 40 e o outro com 32 anos ambos est o trabalhando mas um deles passou tr s anos desempregado e s mais recentemente conseguiu emprego o outro trabalha esporadicamente como gar om no Pelourinho Outra idosa Sra Anita tem 68 anos ficou vi va h menos de um ano teve 17 filhos perdeu apenas o filho mais velho 52 anos tamb m recentemente Nasceu no interior perdeu a m e ainda crian a e o pai a deu assim como seus irm os para ser criada por outra fam lia n o parente Fugiu de muitas casas em que foi maltratada N o estudou mas sabe ler letra de imprensa e escreve o nome Casou aos 16 anos e logo come ou a ter filhos foi um atr s do outro O jeito era trabalhar para sustentar tanta boca Lavava roupa de ganho pra poder ajudar o povo chegava assim pra deixar a roupa eu ficava triste a o jeito que tinha era trabalhar Mas sabia que teria melhor futuro trabalhando fora de casa Consegui um emp
35. privacidade e o medo de maior exposi o frente s outras idosas preserva o da identidade j t o devassada pelas condi es institucionais constrangimentos pr prios da condi o de g nero e gera o baixa escolaridade restri es ou inexist ncia de rela es amorosas e sexuais viv ncia limitada ao espa o dom stico dentre outras Por outro lado causou surpresa a disposi o dos homens do abrigo em revelar os conflitos familiares e institucionais Considero que isso se deve em parte ao fato deles de 255 sentirem se mais vontade ao serem entrevistados por um rapaz bolsista de inicia o cient fica que participou de parte da pesquisa Um contraste entre as experi ncias de vida das mulheres dos dois grupos sugere que as idosas da comunidade conquistaram uma maior independ ncia e autonomia assumiram a chefia da fam lia ou em ativa co participa o criaram filhos sozinhas tomavam decis es independente ou contra a vontade dos companheiros ao passo que as idosas hoje asiladas tiveram atua o mais passiva e subordinada criaram filhos dos outros tiveram ocupa es que requerem maior submiss o empregadas dom sticas ou cuidaram de pais ou outros parentes at a morte desses Essas ltimas de certo modo mant m a mesma postura de subordina o at hoje em geral n o administram seus recursos s o sempre mais obedientes s normas e regras institucionais aceitam com resigna o e grati
36. que eu dou o d zimo Eu t guardando na m o dele Vanda 91 anos A ajuda a outras companheiras s dada quando solicitada ademais t m os funcion rios para isso Ajudo s se algu m precisar se algu m precisar e pedir a eu posso dar ajuda Sra Bernadete N o S quando me pedem ajuda A posso ajudar quando pedem fora isso n o Sra Valdete 82 anos Agora n o precisa que tem funcion ria mas a gente vem pra qui pra descansar Eu j estou cansada trabalhei muito Sra Lea 88 anos N o Ela a cuidadora t mais acostumada aqui conhece o trabalho mais do que eu Sra Dulce 90 anos A atitude que demonstram em rela o aos visitantes bem diferente das rela es que mant m entre si Com estes se estabelece logo de in cio uma rela o que se situa entre amig vel e sedutora Logo nas primeiras visitas contam suas hist rias de vida mostram retratos dos maridos filhos leg timos ou dos que ajudou a criar e at mesmo de estranhos que se tornaram como da fam lia como um filho ou como um neto que muitas vezes s o real ou imaginariamente as nicas pessoas consideradas ou desejadas como da fam lia Entre estes as rela es de troca materiais e ou simb lica se revelam concretamente ou em palavras de ambas as partes Os homens consideram as visitas como sinal de que n o est o esquecidos ajuda a quebrar o gelo a ir levando
37. sem preju zo das san es administrativas Art 49 As institui es de atendimento ao idoso t m obriga es dentre outras de respeitar os direitos e garantias da pessoa idosa fornecer vestu rio adequado se for p blica e alimenta o suficiente oferecer instala es f sicas em condi es adequadas de habitabilidade oferecer atendimento personalizado diligenciar no sentido da preserva o dos v nculos familiares oferecer acomoda es apropriadas para recebimento de visitas proporcionar cuidados sa de conforme a necessidade do idoso promover atividades educacionais esportivas culturais e de lazer propiciar assist ncia religiosa aqueles que desejarem de acordo com suas cren as providenciar 122 ou solicitar que o Minist rio P blico requisite os documentos necess rios ao exerc cio da cidadania aqueles que n o os tiverem na forma da lei manter arquivo de anota es onde constem data e circunst ncias do atendimento nome do idoso respons vel parentes endere os cidade rela o de seus pertences bem como o valor de contribui es e suas altera es se houver e demais dados que possibilitem sua identifica o e a individualiza o do atendimento comunicar ao Minist rio P blico para as provid ncias cab veis a situa o de abandono moral ou material por parte dos familiares manter no quadro de pessoal profissionais com forma o espec fica Art 50 A fiscaliza o destas institui
38. trocado a elas depois o dinheiro recebido pelas respons veis na maior parte das vezes n o fica com a idosa seja por falta de seguran a nos sal es seja porque elas fazem os pagamentos necess rios funeral lavadeira rem dios etc e ficam com o restante do dinheiro para caso a idosa precise de alguma coisa pedir para elas comprarem Nesse ltimo caso parece uma esp cie de empr stimo compuls rio ou doa o involunt ria Algumas delas nem sabem o valor da aposentadoria beneficio ou pens o que recebem ou o valor das coisas que pagam A Assistente Social diz que o Servi o Social e as Irm s v m tentando acompanhar o recebimento dos recursos dos as idosos as para garantir que ele seja gasto com eles as mesmos as e n o seja desviado pelo respons vel Mas n o podem interferir muito mesmo porque eles as n o fazem queixa abertamente de forma direta h uma coisa ou outra ou ent o um conversa com o outro que vai tomar conhecimento e vai tomar uma posi o A t cnica sup e que isso ocorra porque eles t m medo de falar e a fam lia abandonar de vez Muitas vezes o fato levado ao conhecimento dos t cnicos por outro idoso Na tentativa de resolver problemas dessa natureza a institui o apela para os rg os da justi a ou amea am faz lo como no relato da Assistente Social Tem uma familiar mesmo que eu disse que vou mandar um relat rio para o minist rio p blico porque ela disse que ia p
39. 2003 p 30 a quest o social uma aporia fundamental sobre a qual uma sociedade experimenta o enigma de sua coes o e tenta conjurar o risco de sua fratura E o desafio que interroga p e em quest o a capacidade da sociedade o que em termos pol ticos se chama de na o para existir como um conjunto ligado por rela es de interdepend ncia 51 evidenciando semelhan as e diferen as daquela com a sociedade brit nica ou mais amplamente europ ia desde a Idade M dia percorrendo as transforma es trazidas pelo processo de industrializa o O autor argumenta que nas sociedades sem social OU Seja sociedades reguladas inteiramente pela sociabilidade prim ria onde seus membros se ligam atrav s de um sistema de regras a partir de seu pertencimento familiar da vizinhan a de trabalho tecendo redes de interdepend ncia sem a intermedia o de institui es espec ficas as rela es sociais s o reguladas por um conjunto de obriga es m tuas vinculadas aos costumes e tradi es Nessas comunidades muito estruturadas a fam lia e ou a pr pria comunidade na aus ncia da primeira podem assegurar os cuidados e a integra o dos seus membros mais carentes uma vez que a coes o do grupo seria abalada se abandonasse o indiv duo a sua pr pria sorte Funcionando como um sistema auto regulado essas comunidades recomp em seu equil brio pondo em movimento seus pr prios recursos tendo o territ rio como b
40. 2005 BRITTO DA MOTTA A N o t morto quem peleia a pedagogia inesperada dos grupos de idosos Salvador 1999 Tese de Doutoramento Universidade Federal da Bahia Faculdade de Educa o Reinventando fases a fam lia do idoso Caderno CRH Salvador n 29 pp 69 87 jul dez 1998 Chegando pra idade In LINS DE BARROS M Velhice ou Terceira Idade Rio de Janeiro FGV 1998 Sociabilidade de g nero e gera o IX Congresso Brasileiro de Sociologia Porto Alegre RS 1999 G nero e gera o de articula o fundante a mistura indigesta In FERREIRA S L NASCIMENTO E R Orgs Imagem da mulher na cultura contempor nea Salvador NEIM UFBA 2002 p 35 49 A categoria gera o na pesquisa cientifica XXII Semin rio Nacional de Pesquisa Cient fica em Enfermagem Porto Seguro Ba 2008 Sociabilidades poss veis idosos e tempo geracional In PEIXOTO Clarice Ehlers ORG Fam lia e envelhecimento Rio de Janeiro Funda o Get lio Vargas 2004 265 Teoria de gera es na perspectiva de g nero In CRUZ M H S ALVES A A Orgs Feminismo desenvolvimento direitos humanos Aracaju REDOR NEPIMG UFS FAP SE 2005 p 131 137 Fam lia e Gera es Atua o dos idosos hoje In BORGES A CASTRO M G Org Fam lia g nero e gera es desafios para as pol ticas p blicas S o Paulo Paulinas 2007 p 111 134 Cem anos e um segredo 25 Reuni
41. Brasil Seu custeio era tamb m tripartite trabalhador empregador e Estado A contribui o de cada ente correspondia a 0 5 do sal rio do trabalhador Sempre coordenada pelas primeiras damas tinha caracter sticas clientelistas e assistencialistas Configurando se em uma rede de institui es privadas conveniadas por m mantendo sua marca assistencialista Pr tica que vigorou at 1995 quando a LBA foi extinta A Constitui o de 1946 institui o termo previd ncia social em substitui o express o seguro social anteriormente utilizada Consagrava a previd ncia mediante contribui o da Uni o empregador e do empregado em favor da maternidade e contra as consequ ncias da doen a da velhice da invalidez e da morte A legisla o sobre a previd ncia social foi unificada com o Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias e Pens es a partir de 1940 A Lei Org nica da Previd ncia Social LOPS de 1960 padronizou o sistema de assist ncia ampliando os benef cios e deu unidade ao sistema de previd ncia social por m sem unificar os institutos existentes 17 No contexto da ditadura militar o per odo p s 1964 houve a expans o do fordismo no Brasil por meio do chamado Milagre Brasileiro e tamb m a expans o da cobertura da pol tica social conduzida de forma tecnocr tica e conservadora Ampliam se assim os direitos sociais em meio s restri es dos direitos civis e pol ticos
42. CF Art 196 Estabelece ainda que as a es e servi os p blicos de sa de ser o organizados em uma rede regionalizada e hierarquizada constituindo um sistema nico de sa de de acordo com as seguintes diretrizes 1 o atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem preju zo dos servi os assistenciais 2 a descentraliza o com dire o nica em cada esfera de governo e 3 a participa o comunit ria Art 198 As Leis 8080 e 8142 regulamentam a compet ncia e atribui es dos entes federados a forma de organiza o e funcionamento dos servi os e as formas de participa o e controle social do Sistema nico de Sa de respectivamente Fica assim definido o SUS como O conjunto de a es e servi os de sa de prestados por rg os e institui es p blicas federais estaduais e municipais da Administra o direta e indireta e das funda es mantidas pelo Poder P blico Lei 8080 Art 4 Entretanto n o deixa de fora a iniciativa privada concedendo sua participa o em car ter 2 Lei n 8 080 de 19 de Setembro de 1990 Disp e sobre as condi es para promo o prote o e recupera o da sa de a organiza o e o funcionamento dos servi os correspondentes e d outras provid ncias p Lei n 8142 de 28 de dezembro de 1990 Disp e sobre a participa o da comunidade na gest o do Sistema Unico de Sa de SUS e sobre as transfer ncias intergovernamentais de recurs
43. Fundos Estaduais e Municipais de Sa de fortalecendo assim os gestores locais MS 2003 O Minist rio da Sa de implementou em 1991 o Programa de Agentes Comunit rios de Sa de PACS como medida de enfrentamento dos graves ndices de morbimortalidade materna e infantil principalmente na Regi o Nordeste do pa s A fim de reorganizar a pr tica assistencial rompendo com o comportamento passivo das unidades b sicas de sa de e estendendo suas a es para e junto comunidade foi lan ado em 1994 o Programa de Sa de da Fam lia PSF considerado como uma estrat gia capaz de operar tais mudan as MS 2003 89 O Programa de Sa de da Fam lia incorporou e ampliou a atua o dos Agentes Comunit rios de Sa de passando a atuar com uma equipe multidisciplinar m nima composta de um m dico generalista ou de fam lia uma enfermeira um ou dois auxiliares de enfermagem e quatro ou seis agentes comunit rios em Unidades B sicas de Sa de UBS A equipe ampliada conta ainda com um dentista um auxiliar de consult rio dent rio e um t cnico em higiene dental Estas equipes s o respons veis pelo acompanhamento de um n mero definido de fam lias localizadas em uma rea geogr fica delimitada desenvolvendo a es de promo o da sa de preven o de enfermidades recupera o reabilita o de doen as e agravos mais frequentes e na manuten o da sa de desta comunidade Cada equipe fica respons vel pelo
44. LOAS 95 e residual na medida em que s se faz mediante comprova o de renda familiar per capta menor que 1 4 do sal rio m nimo provocando com expressa Sposati 2004 um retrocesso ao velho modelo tutelador Conforme a autora ele um m nimo tutelado uma vez que depende de condi o externa e n o do direito do cidad o idoso ou deficiente que dele necessite pois vincula seu acesso condi o econ mica da fam lia e n o ao cidad o individualmente considerado N o leva em conta a situa o familiar e os agravos que impossibilitam uma vida digna Ademais restritivo e n o permite equidade pois n o compat vel com qualquer outro benef cio pecuni rio visto que considera benef cio individual como renda familiar para efeito de c lculo do per capta da fam lia Ressalta se ainda a incoer ncia da exig ncia de revis o do benef cio de dois em dois anos para avalia o das condi es que lhe deram origem Ora considerando os crit rios adotados idade comprova o de incapacidade para a vida independente e para o trabalho e renda familiar per capta tanto no caso dos idosos quanto no caso dos deficientes dificilmente a situa o em que se encontram se alterar tendo em vista as limita es do mercado de trabalho para inser o ou reinser o dessas pessoas ficando assim submetidos s inst veis entradas e sa das do mercado de trabalho dos outros membros do grupo familiar na exist ncia d
45. MAUSS 1974 p 41 Mauss constata que as trocas nas sociedades primitivas mas n o s nelas operam n o atrav s do toma l d c mas se refere a tudo aquilo que circula entre os sujeitos gentilezas hospitalidade festas presentes palavras servi os objetos etc seja atrav s de bens materiais ou simb licos obrigatoriamente dados aceitos e retribu dos Ele destaca a exist ncia do fen meno de troca e de contrato nessas sociedades ou seja de um mercado econ mico que opera em regime de troca diferente do mercado institu do nas sociedades modernas Neste sistema de troca que produz o la o social tecido no interior das pr ticas sociais formando um circuito de reciprocidade a obriga o de dar tem a mesma import ncia que a de receber Recusar se a dar deixar de convidar ou recusar se a receber equivale a declarar guerra recusar a alian a e a comunh o MAUSS 1974 Dar e receber sela um compromisso instaura a d vida e a confian a em uma futura retribui o Entrar no circuito da d diva portanto reconhecer o outro e reconhecer se como parte do grupo social reafirmando um sentimento de pertencimento permanentemente renovado pelas obriga es que compartilham Na rela o da d diva dom diferente da produ o econ mica que se vincula ao necess rio e das trocas mercantis materiais movidas por interesses individuais o 29 v nculo mais importante que a produ o de bens Podemos dizer que a d
46. NDICE B CARACTERIZA O DAS IDOSAS ENTREVISTADAS MORADARAS DO ABRIGO D PEDRO II E P Situa o N mero de Tempo de Respons vel Nome Idade Ocupa o Instru o Religi o Soal Filhos iemagao j 1 Vanda 91 A Prim rio i e Evang lica Vi va 00 1 ano Irm de F 2 Divina 93 Trabalhadora N o Cat lica Solteira 00 20 anos Amiga rural alfabetizada Lavadeira 3 Eug nia 85 Costureira Prim rio Esp rita Solteira 00 2 anos Sobrinho incompleto 4 Dulce 90 Emp Dom N o Cat lica Solteira 00 7 anos Sobrinha Bab alfabetizada 5 Paula 92 Emp Dom N o Cat lica Solteira 01 Sobrinha Cozinheira alfabetizada 16 anos 6 Bernadete 92 D Casa Prim rio Cat lica Solteira 00 8 anos Primo Catequista incompleto 7 Josefa 80 Emp Dom N o Cat lica Solteira 00 10 anos Sobrinha Cozinheira alfabetizada 8 Lea 88 D de casa Prim rio Cat lica Vi va 00 13 anos Sobrinha Costureira incompleto 9 Valdete 80 Costureira Prim rio Cat lica Solteira 00 4 anos Sobrinha incompleto 10 Delia 77 Servi os Prim rio Cat lica Solteira 00 47 anos N o tem gerais no incompleto Abrigo 281 AP NDICE C CARACTERIZA O DOS IDOSOS ENTREVISTADOS MORADORES DO ABRIGO D PEDRO II RE RE a Religi o Situa o N mero de Tempo de Respons vel Nome Idade Profiss o Instru o conjugal Filhos interna o 1 Aur lio 64 Artes o Prim rio N o tem Sep
47. Os mais velhos inclusive os das classes populares est o sendo frequentemente arrimo pelo menos parcial da fam lia at abrigando em casa filhos e netos ou mantendo os muito pr ximo BRITTO DA MOTTA 1998 74 Camarano e Beltr o 1998 5 constatam que o rendimento do idoso importante na renda familiar Em 1996 sua renda total contribu a com 44 da renda familiar Dados mais recentes censo 2000 refor am as pesquisas anteriores Camarano 2003 29 fazendo um recorte de g nero destaca a contribui o das mulheres idosas neste processo chama se a aten o para a import ncia da contribui o da renda da idosa no or amento familiar Nas fam lias de idosas ela foi de 46 4 e nas com idosas 26 4 A contribui o da renda do benef cio previdenci rio na renda 247 dessas fam lias foi de 34 3 nas fam lias de idosas e 15 8 de nas com idosas Em muitos casos o beneficio social constitui se na nica fonte de renda das fam lias que como j se viu n o s o fam lias compostas apenas por idosos Neste sentido pesquisa realizada por K nemund e Rein apud Caradec 2001 em cinco paises partindo da id ia de que as trocas entre filhos adultos e pais idosos repousam sobre quatro tipos de motiva o a reciprocidade a afei o as normas de obriga o e as necessidades da pessoa ajudada constata que a solidariedade p blica refor a a solidariedade familiar na medida em que as p
48. Pol tica Nacional do Idoso de 1996 e o Estatuto do Idoso de 2003 Todos eles foram fruto de um longo percurso de mobiliza o da sociedade civil organizada e da comunidade cient fica Nesse sentido passo a apresentar alguns eventos nacionais e internacionais que marcaram e influenciaram esta caminhada em dire o conquista de um reconhecimento legal assim como destaco alguns pontos dos documentos produzidos nas ltimas d cadas que permitem acompanhar as mudan as na percep o social da velhice e sua inser o na agenda das pol ticas sociais p blicas No mbito governamental a previd ncia social a mais antiga forma de prote o social tendo seu in cio embrion rio com a cria o do sistema de aposentadorias e pens es ainda na poca do Imp rio institucionalizando se em 1930 privilegiando apenas algumas categorias profissionais e posteriormente ampliando sua cobertura como j visto anteriormente Nesse caso a classe trabalhadora atrav s das organiza es sindicais e associa es foram os principais protagonistas No mbito n o governamental destacam se as institui es de caridade as Santas Casas de Miseric rdia e institui es filantr picas voltadas para o atendimento ao idoso quase que exclusivamente asilar O trabalho pioneiro na assist ncia a idosos na comunidade foi iniciado pelo Servi o Social do Com rcio SESC Criado em 1946 com a finalidade de planejar e executar direta ou indiretame
49. a manuten o dos v nculos de obriga es visitas em caso de doen a trocas de servi os ajudas nos momentos de necessidade ou de crise Colocam se sempre dispon veis para atender o Outro e esperam o mesmo deles H uma grande expectativa de reciprocidade Mas tamb m exigem se limites e respeito colocando em evid ncia sua posi o geracional ou condi o de sa de n o ser incomodado por crian as m sica alta barulho etc por j estar velho ou doente 258 Obedecendo s regras sociais tradicionais de g nero entre as mulheres as rela es com a vizinhan a s o tecidas prioritariamente no espa o dom stico especialmente as mais idosas recebem visitas eventuais das vizinhas para saber como est o passando Entre os homens os encontros acontecem mais cotidianamente e nos espa os p blicos nas cal adas das ruas nos bares nas esquinas principalmente para jogar domin ou apenas conversar No caso dos idosos as do abrigo s o muitas as barreiras simb licas que os impedem de verem se como iguais A imagem que a sociedade ainda tem do velho asilado coitadinho abandonado rejeitado pela fam lia e pela sociedade tamb m a imagem que t m dos companheiros de destino Como se identificar com essa imagem Como se ver igual a ele Seus relatos sugerem que esse o principal motivo que impede que as trocas entre eles ocorram Considerando que as trocas materiais e simb licas representam simbolicament
50. assist ncia social o governo militar implementou uma pol tica nacional de habita o promovida pela cria o do Banco Nacional de Habita o BNH e criou fundos de indeniza o aos trabalhadores tais como FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Servi o PIS Programa de Integra o Social PASEP Programa de Forma o do Patrim nio do Servidor P blico que serviam como mecanismos de poupan a for ada para o financiamento da pol tica habitacional Ao mesmo tempo a ditadura militar abria espa os para a sa de a previd ncia e a educa o privadas configurando se um sistema dual de acesso s pol ticas sociais para quem podia e para quem n o podia pagar BERING BOSCHETTI 2007 p 137 Para as referidas autoras essa uma das principais heran as do regime militar para as pol ticas sociais e que nos aproxima mais do sistema de prote o social norte americano que do Welfare State europeu Para Draibe 1993 o padr o de Welfare State brasileiro entre as d cadas de 1970 e 1980 do tipo meritocr tico particularista conforme a classifica o de Titmus O princ pio meritocr tico que se baseia na posi o ocupacional e de inser o no mercado de trabalho no qual se funda o sistema previdenci rio funciona como mecanismo de estratifica o social medida que define pol ticas diferenciadas para grupos sociais diferentes Ao deixar de fora aqueles que n o pertencem s corpora es associa es ou outra
51. atrav s de grupos de conviv ncia realizados nas depend ncias da institui o e coordenado por pessoal t cnico pr prio Projeto Conviver e indireto o Projeto Asilar em conv nio de coopera o t cnica financeira com asilos supervisionados por Assistentes Sociais da LBA A Organiza o das Na es Unidas promoveu em 1982 a Assembl ia Mundial sobre Envelhecimento realizada em Viena Segundo Camarano 2004 esta Assembl ia pode ser considerada como marco inicial de inser o da quest o social do idoso na agenda internacional de pol ticas p blicas pois at ent o o envelhecimento era tratado de modo perif rico pelas organiza es internacionais Esta Assembl ia inaugurou as discuss es mundiais acerca do envelhecimento com o objetivo de sensibilizar os governos e a sociedade para a necessidade de instituir um sistema de seguridade econ mica e social para idosos assim como criar oportunidade de participa o e contribui o desses no desenvolvimento de seus pa ses COSTA MENDON A ABIGAIL 2002 Foi aprovado nesse evento um Plano de A o 107 Internacional onde tanto os pa ses desenvolvidos quanto os em desenvolvimento entre os quais o Brasil firmaram um acordo comprometendo se a implementar e executar pol ticas de aten o ao idoso Segundo as autoras citadas acima a proposta da Assembl ia era trabalhar a sociedade para adotar um conceito positivo e ativo acerca do envelhecimento com a participa o do
52. central que a fam lia e a comunidade v m ocupando por exemplo nas pol ticas de sa de o Sistema nico de Sa de SUS que tem o Programa de Sa de da Fam lia como a principal estrat gia de reorganiza o do sistema ou ainda na rea da assist ncia social o Programa de Aten o Integral Fam lia PAIF como ser tratado no pr ximo cap tulo 2 2 Prote o social no Brasil do Estado para a Fam lia A quest o social no Brasil s se torna uma quest o pol tica no in cio do s culo XX especialmente a partir de 1930 O Estado tem sido ao longo da hist ria do pa s o ltimo a dar respostas para as quest es sociais tendo suas a es restritas s situa es emergenciais transferindo para a sociedade a maior parte das responsabilidades para com os problemas sociais 70 O sistema de prote o social brasileiro tem se caracterizado por a es fragmentadas e emergenciais restritivas e segmentada eventuais e descont nuas caracter sticas essas que em certa medida perpassam todo o sistema A hist ria da prote o social brasileira segue um curso semelhante ao europeu j apresentada anteriormente resguardando as diferen as culturais e pol ticas entretanto se desenvolvem em tempo hist rico distinto A assist ncia s camadas em situa o de vulnerabilidade social se apoiou inicialmente na filantropia caritativa regulada pela Igreja especialmente a Cat lica e posteriormente pelo Estado Co
53. com estranhos Interessou tamb m saber que conhecimento eles t m acerca das pol ticas sociais especificas para este segmento da popula o e suas percep es como usu rios de uma das modalidades de assist ncia prevista por tais pol ticas Ainda foi importante saber o que pensam os representantes legais do Estado sobre as pol ticas sociais de assist ncia ao idoso e as condi es dos idosos que necessitam de tais pol ticas al m de obter informa es sobre o Abrigo Para tanto entrevistei dois gerentes que assumiam a dire o da Institui o em diferentes pocas e uma Assistente Social chefe do Servi o Social porta de entrada do Abrigo 145 4 1 A Institui o Grande parte das institui es asilares foi criada no s culo XIX como nos lembra Lenoir 1998 Este tamb m o caso do Abrigo D Pedro Il que foi fundado em 1862 pautado no sentimento de piedade e caridade crist na tica da compaix o Caponi 2000 alimentado pela popula o e pela tradi o cat lica de assist ncia aos pobres comuns poca Criado como Asilo de Mendicidade da Bahia com a finalidade de abrigar pessoas carentes independente da idade ou estado de sa de o asilo sobrevivia com recursos de donativos de membros ilustres da sociedade e de donativo do Imperador D Pedro Il Originou se por iniciativa de um frei franciscano que passou a abrigar mendigos nos fundos do Convento Franciscano per odo em que foi administrado p
54. com 69 anos vi va h 10 anos teve dez filhos um deles morreu aos sete anos tem nove vivos Morava at 1967 na zona rural no interior do Estado J casada com oito filhos aos 29 anos veio para Salvador atr s do marido que tinha vindo dois anos antes porque as coisas l no interior n o tava muito boa Comprou um barraco em S o Caetano onde morou durante 16 anos l botou uma venda vendia de tudo guaran tubaina geladinho merendas Subia uma ladeira enorme pra A pegar o nibus l no fim de linha la pra feira de S o Joaquim e l comprava guaran comprava tudo quanto era coisa e trazia na ladeira pra casa para vender para a vizinhan a E complementa Eu sei que eu sofri sofri esses 16 anos mas sofri com paci ncia e esperan a porque todo aquele que espera com paci ncia um dia Deus resolve n F paci ncia e esperan a e um s pensamento comprar uma casinha em outro lugar educar os filhos Tudo que mais queria era sair do lugar onde morava uma 210 encosta junto a um pared o que amea ava cair sobre a casa a cada chuva O marido trabalhava mas n o era suficiente para sustentar a fam lia um tantinho assim de dinheiro pra tanta gente n O dele n o dava pra nada Eu tinha que ajudar eu tinha que trabalhar pra consegui botar meus filhos na escola e pra consegui qualquer coisa E foi com muito trabalho que consegui manter os filhos na escola
55. com o patrim nio Dessa vez o objeto central de aten o a capela uma vez que estava previsto para novembro deste ano 2007 a beatifica o da Irm Lindalva freira assassinada por um morador do Abrigo no interior da Institui o em 1993 Representantes do Vaticano visitaram o local e o Portal Salvador em mat ria intitulada Vaticano pede urg ncia na reforma do Abrigo D Pedro II noticia a preocupa o dos membros da comiss o com o estado de degrada o da capela O frei italiano Paolo Lombardi representante do Vaticano que veio a Salvador em mar o inspecionar o local faz a seguinte declara o A beatifica o da Serva do Senhor um fato importante para a Igreja Cat lica no mundo todo e n o s para o Brasil e a Bahia Trata se da primeira beatifica o ocorrida no Estado N o s a capela deve ter condi es para receber os fi is mas toda a cidade ter que se preparar pois para c vir o devotos do mundo todo O jornal A tarde de 14 08 2007 anuncia Conv nio garante reforma de capela do Abrigo D Pedro II A Prefeitura Municipal de Salvador fechou conv nio com a Petrobras para recupera o somente da Capela do Abrigo isso enfatizado pelo engenheiro Manoel Perez consultor respons vel pela defini o das interven es necess rias no im vel necess rio deixar claro que essa primeira etapa inclui apenas a reforma da Capela e n o de todo o pr dio o que levaria muito mais tem
56. como privil gios diferenciadores das categorias de trabalhadores A cidadania desse modo regulada pelo m rito ou seja com base na condi o de inser o na estrutura produtiva SANTOS apud FLEURY 1994 O modelo de prote o social na modalidade de Seguridade Social se caracteriza por um conjunto de pol ticas p blicas centralizadas e unificadas pela a o estatal que administra e financia o sistema tendo como objetivo garantir a todos os cidad os um m nimo vital em termos de renda bens e servi os Tem como princ pio a justi a social Os benef cios s o concebidos como direitos universalizados de acordo com as necessidades tendo como base um piso m nimo o que asseguraria um eficiente mecanismo de redistribui o da riqueza social e corre o das desigualdades do mercado FLEURY 1994 p 110 Segundo a autora neste modelo predomina a rela o de cidadania universal As pol ticas econ micas s o indissoci veis das pol ticas sociais como estrat gia desenvolvimentista do Estado O Welfare State ou Estado de Bem Estar Social surge assim no in cio do s culo XX especialmente ap s a Segunda Grande Guerra S o muitas as teorias que 67 buscam explicar a origem o desenvolvimento e a crise do Estado de Bem Estar Social N o objetivo deste estudo entretanto aprofundar a discuss o acerca desta quest o uma vez que j h uma extensa literatura na rea Fleury 1994 p 118 assinala entretanto q
57. da compreens o da realidade como uma totalidade din mica em que as formas de solidariedade circulante encontram se intimamente interligadas distingui dois campos de investiga o o primeiro se refere ao sistema de solidariedade p blica dispensada ao idoso em especial o idoso que por aus ncia da fam lia ou por ter os la os familiares e comunit rios esgar ados ou rompidos depende quase que exclusivamente desse tipo de solidariedade trata se mais especificamente do idoso que encontra se asilado Nesse contexto buscou se observar tamb m como se d o as rela es de car ter intrageracional ou seja a circula o ou n o de solidariedade no espa o institucional entre os idosos moradores do asilo e ainda a solidariedade entre estranhos ou seja as rela es que os idosos mant m com pessoas ou grupos n o parentes que de algum modo participam desse circuito O segundo campo diz respeito as rela es de solidariedade prim ria ou seja a rela o de troca estabelecida com a fam lia a vizinhan a e amigos nesse caso trata se de idosos moradores da comunidade bairro O prop sito foi circunscrever a forma mais ampla e aprofundada poss vel o objeto da pesquisa qual seja as formas de troca e solidariedade social intergeracional dispensadas ao idoso em nossa sociedade tanto as empreendidas pelo Estado atrav s das pol ticas socais quanto as tecidas nas rela es familiares e comunit rias Definidos assim o objeto da pesqui
58. dada s pelo fato de indiv duos terem nascido na mesma altura do processo 33 hist rico mas o que faz com que haja uma semelhan a de posi o o fato destes indiv duos experimentarem os mesmos acontecimentos hist ricos e compartilharem experi ncias pol ticas ou culturais semelhantes Esta formula o de Mannhiem ainda sustenta a an lise sociol gica das gera es mas a polissemia do termo ainda permite outras acep es Na tradi o antropol gica como descrito por Britto da Motta 2008 p 4 ela expressa em termos de idade grupos e categorias de idade tendo como refer ncia principal a filia o e guardando uma fun o classificat ria de posi o Nesta perspectiva o indiv duo se posiciona em rela o aos seus ascendentes e seus descendentes podendo ser deste modo ao mesmo tempo filho e pai por exemplo ou ainda filho pai e av fazendo refer ncia neste caso gera o na fam lia Mas ela pode expressar ainda as idades bio sociais para a assun o de direitos e deveres segundo as normas jur dicas do Estado aqui portanto referindo se ordem macrossocial J na refer ncia demogr fica gera o usado no sentido de coorte ou seja se refere com precis o a um conjunto de pessoas nascidas em um determinado intervalo de tempo cronol gico correspondendo portanto esfera macrosssocial Observa se deste modo que o conceito de gera o implica tanto aspectos s ci
59. de aten o ao idoso tem encontrado grande dificuldade para sua efetiva o seja por quest es organizacionais seja por falta de compromisso ou investimento na rea Para que elas possam de fato se concretizar necess ria uma maior articula o entre os diversos setores da administra o e que o Estado cumpra suas obriga es e responsabilidades para com os cidad os mais velhos O trabalho de campo realizado com mulheres e homens idosos em contextos relacionais distintos vivendo em institui o asilar e vivendo na comunidade com algumas semelhan as entre si de classe escolaridade g nero gera o mas tamb m diferen as especialmente relacionadas aos v nculos familiares e comunit rios possibilitou refletir sobre o circuito de trocas do qual fazem parte considerando as diferentes posi es que eles ocupam no sistema de solidariedades sociais A inten o 254 n o foi em nenhum momento mensurar as rela es de troca seja atrav s do que circula tipo de ajuda ou servi os que prestam ou recebem no circuito familiar ou no circuito p blico Busquei essencialmente captar o sentido que esses homens e mulheres atribuem a essas trocas d divas O estudo em dois campos asilo e comunidade indicava a possibilidade de confrontar luz do referencial te rico proposto as condi es de vida ao mesmo tempo individuais e coletivas de mulheres e homens idosos Para tanto foi importante conhe
60. de auto reflex o e autodetermina o dos indiv duos deliberar julgar escolher e agir diante de diferentes cursos de a o poss vel A individualiza o entretanto n o representa uma amea a ao sistema de solidariedade mas ao contr rio ela promove rela es mais igualit rias mais equin nimes e democr ticas na medida em que rompe as rela es de depend ncia e subordina o permitindo que os indiv duos fa am escolhas e sejam livres para entrar no circuito de trocas d divas assumindo as responsabilidades e obriga es pr prias do la o social Produzindo com isso novas formas de solidariedade 41 Independ ncia e autonomia desse modo constituem se importantes categorias para compreens o das mudan as nas rela es tecidas no interior da fam lia especialmente aquelas que envolvem as gera es mais velhas Ali s essas duas categorias est o sempre presentes no discurso gerontol gico referindo se especialmente capacidade funcional discurso este sempre ligado s limita es impostas por vezes enganosamente atribu das pela idade sem considerar entretanto que cada fase da vida implica limites variados entre estas duas dimens es Para as gera es mais velhas a independ ncia e a autonomia em rela o fam lia est o estreitamente relacionadas solidariedade social p blica A no o de solidariedade p blica surge nas sociedades modernas mais precisamente com a implanta o dos siste
61. de manuten o dos la os familiares principalmente quando elas ocupam a posi o de piv na fam lia como cuidar dos pais idosos Outro aspecto importante relacionado ao alongamento da velhice diz respeito s variadas condi es de sa de e graus de depend ncia f sica ou mental no decorrer do processo e a necessidade de apoio e cuidados correlatos a essas condi es Estudos que analisam a rela o entre arranjos familiares e a demanda assistencial dos idosos no Brasil como os desenvolvidos por Lebr o Duarte e Lima 2005 constatam que o grau de dificuldades na realiza o das atividades aumenta com a idade e o aux lio fornecido pelas fam lias aos idosos inferior s necessidades deles o que compromete sua qualidade de vida Os homens recebem mais aux lio que as mulheres fato que pode estar relacionado com o estado conjugal os homens recebem ajuda das suas companheiras S 50 dos idosos com dificuldades recebem ajuda familiar Do mesmo modo um estudo sobre os muito idosos no Munic pio de S o Paulo descrito por Ferreira 2006 mostra que uma propor o alarmantemente alta de muito idosos n o recebem ajuda nem para a realiza o das atividades b sicas e conclui sugerindo que a fam lia n o consegue atender a essa sobrecarga de demanda e que os muito idosos s o deixados em situa o de desamparo tanto pela fam lia como pelo poder p blico Entre os idosos moradores da comunidade bairro podemos constata
62. de partida uma vez que de posse da indica o da moradia de alguns idosos as foi poss vel atrav s dos pr prios idosos as entrevistados localizar outros por outro lado a refer ncia institui o a qual o est gio est vinculado serviria por suposto de credencial para entrada nas casas dos as idosos as n o obstante talvez nem tivesse sido necess ria considerando que em nenhum momento me foi solicitado nenhum comprovante de quem eu era e de imediato era convidada a entrar 200 sentar e compartilhar a intimidade da casa com a estranha Por m este procedimento era muitas vezes acompanhado de perto pelo menos por alguns instantes pelas filhas que moram com os as idosos as ou nas proximidades 5 1 O Bairro Pau da Lima possui caracter sticas t picas da grande parte dos bairros populares de Salvador Situado numa regi o ngreme com suas casas penduradas nos morros e se estendendo at os vales Paisagem muitas vezes descrita romanticamente como um pres pio natalino o espa o abrigando uma popula o de baixo poder aquisitivo e baixo n vel de escolaridade Curiosamente o bairro tem na sua origem a hist ria de uma mulher que propriet ria da terra a deixa de heran a para seus filhos Como toda regi o mais afastada do centro da cidade foi uma fazenda de propriedade da Senhora Maria Alexandrina Ferreira e posteriormente por volta dos anos 50 dividda em lotes ch caras entre os seus filhos ainda hoje v
63. dimens o sociocultural e afetivo relacional na tentativa de regular os pap is familiares as rela es de cuidado e at mesmo as rela es de afeto Apela se para o sentimento de solidariedade familiar deixando de cumprir sua obriga o de prestar solidariedade p blica aos seus cidad os Essa pr tica se dissemina por todas as esferas de prote o social p blica e com o cidad o velho n o vem sendo diferente 102 3 PROTE O SOCIAL VELHICE Como vimos anteriormente a assist ncia velhice n o recente embora inicialmente ela n o representasse uma quest o social em si mesma j que a velhice como categoria social s emerge na segunda metade do s culo XX Podemos dizer ent o que a solidariedade social para com as gera es mais velhas foi se constituindo ao longo da hist ria em dois n veis para os velhos sem fortes v nculos familiares ou sociais a assist ncia que teve como base a caridade e a filantropia foi se institucionalizando tendo como l cus principal os asilos aos velhos que mantiveram os v nculos familiares e sociais mais amplos a prote o social inicialmente deixada a cargo da fam lia e da comunidade local se institucionaliza a partir da regulamenta o estatal do trabalho com a cria o do sistema de aposentadorias e pens es e o provimento de renda aos necessitados ou seja com a cria o do sistema de solidariedade p blica intergeracional N o se pode dizer entretanto
64. diva possui valor de rela o valor do v nculo ou seja os objetos doados aceitos e devolvidos n o se trocam nem porque s o teis nem por raz o de sua equival ncia monet ria mas porque significam simbolicamente a vontade de construir uma rela o FRAN A E DRIMIT 1999 p 158 159 Ao afirmar que a universalidade da d diva a obriga o de dar receber e retribuir anterior ao Mercado aos interesses contratuais e s obriga es legais Mauss faz a cr tica ao pensamento utilitarista e economicista que reduz a sociedade a um jogo de c lculo estrat gias e espertezas MARTINS 2001 p 3 Desse modo evidenciam se as diferen as entre a economia da troca d diva e a economia do utilitarismo A troca no sistema de Mercado funciona pelo princ pio de equival ncia diferente da d diva na qual o bem devolvido nunca tem o mesmo valor do recebido inicialmente a devolu o baseia se n o na equival ncia mas na assimetria Um presente nunca se paga com outro do mesmo valor nem imediatamente retribu do sob pena de ser interpretado como uma quita o da d vida levando ruptura da rela o A troca equivalente e imediata caracter stica da rela o de Mercado que ela se fundamenta na aus ncia de d vida nessas condi es o indiv duo n o se insere no sistema de obriga es pr prias do la o social GODBOUT 1998 Mauss salienta que nas rela es de troca d diva as presta es nem s o purame
65. do mercado e o cimento tico dos sentimentos morais individuais fundados na perfectibilidade humana BEHRING BOSCHETTI 2007 p 60 Desse modo o Estado deveria garantir os interesses liberais um mercado livre e n o deveria intervir nas rela es de trabalho e nas necessidades sociais Behring e Boschetti 2007 apresentam alguns elementos fundamentais do liberalismo que ajudam a compreender o porqu nesse per odo a interven o do Estado e as pol ticas sociais foram reduzidas Predom nio do individualismo o indiv duo era visto como um sujeito de direito da porque o direito civil foi o primeiro a ser reconhecido O direito de ir e vir de adquirir e comercializar propriedade era fundamental para instituir a sociedade de classe O bem estar individual maximiza o bem estar coletivo cada indiv duo respons vel pelo seu bem estar e de sua fam lia atrav s da liberdade da venda de sua for a de trabalho Desse modo todos os indiv duos alcan ariam o bem estar n o cabendo ao Estado garantir bens e servi os 57 p blicos para todos O princ pio da liberdade sobrep e o da igualdade Predom nio da liberdade e competitividade o indiv duo aut nomo para decidir o que melhor para ele N o h a o reconhecimento de que tais princ pios n o asseguram a igualdade de condi es e de oportunidades para todos Naturaliza o da mis ria a mis ria vista como natural e insol vel resulta da moral humana e
66. do s culo XIX um per odo de turbul ncia nas pol ticas em rela o pobreza e vulnerabilidade social suscitando interpreta es n o liberais acerca desses problemas O surgimento de uma doutrina solidarista na busca de novas regras de justi a social ir refletir na forma de interven o das pol ticas sociais Segundo Magalh es 2001 a tem tica da solidariedade inspirada no debate sobre as novas formas de coes o social e vincula o comunit ria suscitada por Comte e Leroux favoreceu a transforma o das formas de interven o estatal nas quest es sociais Ainda que a doutrina solidarista mantenha a perspectiva contratual o contrato de 58 associa o entre os indiv duos parte da id ia de uma interdepend ncia natural que uma vez rompida p e em xeque a pr pria possibilidade de manter um corpo social est vel MAGALH ES 2001 p 3 O Estado nessa perspectiva tem a responsabilidade de materializa o da solidariedade atrav s de mecanismos e estrat gias pr prios de reparti o de bens e servi os sociais Nesse sentido Ewald apud Magalh es 2001 aponta as leis francesas de assist ncia m dica gratuita para indigentes de 1893 as indeniza es por acidente de trabalho de 1898 assist ncia a idosos e indigentes de 1905 como importantes desdobramentos da doutrina solidarista Tamb m Castel 20083 p 366 analisa essa legisla o como uma aplica o da d vida solidarista
67. documento define como fun o das Equipes Sa de da Fam lia auxiliar os membros familiares a renegociarem seus pap is e fun es de maneira a constitu rem um Sistema Familiar mais harm nico e funcional A fim de dimensionar a funcionalidade das fam lias de modo a possibilitar uma interven o que promova o restabelecimento do equil brio dessa unidade de rela es quando uma disfun o for detectada o Caderno traz nos anexos tr s instrumentos de avalia o da din mica de funcionamento de uma fam lia considerados por sua praticidade e objetividade mais adequados para a Aten o B sica Esse documento expressa como de resto confirma a emerg ncia de pol ticas p blicas tanto de sa de quanto de assist ncia social fortemente centradas na fam lia penetrando profundamente na vida familiar normatizando medicalizando controlando e vigiando Foucault 1979 p 200 j apontava que a partir da segunda metade do s culo XVIII a fam lia se tornou o agente mais constante da medicaliza o alvo de um grande empreendimento de acultura o m dica Se naquele momento o foco estava centrado na crian a agora volta se para as rela es entre os membros da fam lia 133 Nesse sentido tamb m Scott 2006 assinala que o PSF parte de uma concep o medicalizada da fam lia promovendo pr ticas voltadas para a detec o de patologias crescimento e deteriora o de cada corpo biol
68. e portanto de valoriza o etnoc ntrica e autovaloriza o a qualquer pre o e de intimidade relutantemente desvendada como refere Britto da Motta 2008 p 4 a coleta de dados na comunidade se deu de forma tranquila sem muitos percal os Ap s a defini o do bairro e localiza o da resid ncia de alguns idosos como ser exposto mais adiante entrei em contato com os as idosos as e em alguns casos marquei dia e hor rio para a entrevista mas na maior parte das vezes a receptividade e disponibilidade tornou isso desnecess rio Essa postura dos as idosos as Nome atribu do pela institui o ao espa o onde eles as moram Nesse campo contei com a participa o de bolsistas de Inicia o Cientifica 47 inicialmente me causou muita estranheza dada a facilidade com que abrem suas casas convidam a entrar partilham suas intimidades tudo isso a uma estranha A facilidade de acesso do pesquisador revela um diferencial de classe social g nero SARTI 2007 e tamb m gera o As mulheres pobres abrem suas casas amp vidas bem mais facilmente ainda mais as mais idosas acostumadas a tempos menos violentos As entrevistas pareciam ser um momento especial uma oportunidade rara na vida especialmente das mulheres para falar relembrar o passado contabilizar as vit rias se queixar dos filhos as e acima de tudo para serem escutadas com interesse Entretanto tive dificuldades em localizar homens idos
69. e a ela mesma no RR Soares uma esp cie de rede evang lica que tem programa na televis o na esperan a de que os problemas de ambos sejam resolvidos Eu me associei no RRSoares depois eu associei meu filho que t desempregado pra ver se Deus ajuda que ele se emprega logo porque eu fico com pena dele desempregado elas as filhas n o queria que eu associasse meu filho eu disse n o eu vou associar meu filho pra v se ele se emprega logo v se Jesus aben oa ele n porque nada pra Jesus e Deus dif cil eu mando 30 reais meu e agora que associei meu filho mando mais 30 Ai diminuiu meu dinheiro Sra Am lia Os idosos tanto os homens quanto as mulheres mesmo vivendo na comunidade onde aparentemente t m mais acesso s informa es desconhecem os direitos dos idosos ou melhor j ouviram falar mas n o sabem do que se trata nem a Pol tica Nacional do Idoso e nem o Estatuto J ouvi falar na televis o Sra Am lia 234 J ouvi falar mas n o sei n o Sra Anita Ah doutora n o sei ainda n o procurei Sra Alice J ouvi falar ai risos a cabe a n o d pra lembrar n o Eu acredito que o idoso deve ter paz sossego entendeu Sr Valdemir Quanto ao atendimento prestado pelo SUS as reclama es s o muitas especialmente da morosidade do sistema o idoso continua n o tendo prioridade Mas h aqueles que se sentem bem tratados e j
70. eles dependam da solidariedade p blica As pol ticas sociais de Estado t m uma responsabilidade e uma import ncia fundamental para a sobreviv ncia dos seus cidad os especialmente os das gera es mais velhas que sofreram e v m sofrendo os efeitos perversos do modo de organiza o social capitalista neoliberal da sociedade e suas repercuss es na fam lia Uma das grandes dificuldades encontradas para fazer com que as leis de um modo geral mas nesse caso especificamente as leis de prote o velhice sejam efetivadas por um lado o n o reconhecimento de si mesmos como cidad os de direitos por outro ou em consequ ncia o desconhecimento dessas leis em suma uma despolitiza o ou um desinteresse pelas quest es que se denominam como pol ticas Nesse sentido observamos diferen as e semelhan as nas falas dos homens e das mulheres Os nicos direitos que tanto os homens quanto as mulheres reconhecem como direito do idoso diz respeito gratuidade nos transportes coletivos e n o ficar em filas A PNI Pol tica Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso eles n o desconhecem por inteiro em geral j ouviram falar mas parece ser algo distante deles O quadro muda quando a pergunta especificamente sobre o abrigo morar no abrigo um direito ou um favor da Prefeitura Os homens s o enf ticos em afirmar que obriga o da Prefeitura Estado abrigar os idosos Eles interpretam o gesto do Estado
71. es de forma descentralizada a serem desenvolvidas por interm dio dos rg os setoriais nos estados e munic pios em parceria com as Organiza es Governamentais e N o Governamentais MPAS 1997 O referido plano prev a es integradas entre os minist rios nas diversas modalidades de assist ncia ao idoso prevista na PNI assim como a es especificas de cada minist rio estabelecendo objetivos metas estrat gias de a o e recursos Entretanto n o se tem conhecimento de nenhuma avalia o do desenvolvimento de tais a es Conquanto esta legisla o represente um grande avan o em dire o ao reconhecimento dos direitos sociais de cidadania do idoso a sua efetiva o pr tica tem encontrado obst culos que v o desde a interpreta o do texto legal at o seu desconhecimento tanto por parte da popula o em geral quanto pelos pr prios idosos como revelam os dados emp ricos da pesquisa Por outro lado a implementa o efetiva desta legisla o esbarra na tradi o centralizadora e ao mesmo tempo fragmentada das pol ticas publicas brasileiras que acabam por provocar a sobreposi o de programas agindo de forma desarticulada sem entretanto alcan ar os objetivos propostos Buscando a implementa o da PNI o Minist rio da Previd ncia e Assist ncia Social e entidades da sociedade civil organizada ligadas defesa dos interesses dos idosos realizaram em 1996 F runs em cinco regi es do pa s nas
72. es contidas nas Leis j existentes outras prop em a revis o ou altera es das mesmas ou ainda prop em novas a es Dentre os temas abordados aponto algumas das a es propostas contidas no documento final por sua relev ncia especialmente no que tange s discuss es aqui apresentadas 1 A es para Efetiva o dos Direitos da Pessoa Idosa destacam se principalmente os que tratam dos benef cios e impostos tais como redu o da idade para recebimento de benef cios quer sejam previdenci rios ou assist nciais de 65 para 60 anos Aumentar de 05 para 10 sal rios m nimos o teto da isen o do Imposto de Renda de Pessoa F sica para os idosos a partir dos 60 anos de idade Elevar a renda familiar per capita para concess o de BPC para 1 2 meio sal rio m nimo E ainda a cria o de Defensorias especializadas na prote o e defesa da pessoa idosa 2 Viol ncia contra Idosos rea que recentemente vem sendo alvo de muitos estudos e pesquisas prop e entre outros a cria o de setores ou n cleos de atendimento especializado para atender a pessoa idosa incluindo as v timas de viol ncia nas Delegacias de Policia dos estados e munic pios Implantar e ou ampliar nos Munic pios resid ncias tempor rias com financiamento p blico para acolher idosos vitimas de viol ncia familiar quando se esgotarem todas as tentativas de sua 124 perman ncia na fam lia Divulgar o dia 15 de Junho Dia Mundial de Consci
73. es p blicas ou privadas fica sob a responsabilidade dos Conselhos do Idoso do Minist rio P blico e da Vigil ncia Sanit ria e outros previstos em lei Art 52 Nos casos de descumprimento das determina es desta Lei a entidade fica sujeita a penalidades que v o de advert ncia afastamento do dirigente multa at o fechamento da unidade interdi o de programa ou proibi o de atendimento a idosos a bem do interesse p blico n o eximindo seus dirigentes da responsabilidade civil e criminal Importante ressaltar o papel de grande relev ncia e o poder atribu do ao Minist rio P blico no que concerne promo o de justi a e garantia dos direitos dos idosos Ap s a aprova o do Estatuto e com o objetivo de acompanhar e avaliar a sua execu o o Decreto n 5 109 de junho de 2004 estabelece a composi o estrutura o compet ncias e funcionamento do CNDI que agora integra a estrutura b sica da Secretaria Especial dos Direitos Humanos SEDH da Presid ncia da Rep blica Este Conselho tornou se um rg o de car ter deliberativo anteriormente era de car ter consultivo composto por um representante da SEDH e um representante de 13 Minist rios e 14 representantes de entidades da sociedade civil organizada sem fins lucrativos que atuem no campo da promo o e defesa dos direitos da pessoa idosa Em maio de 2006 a SEDH atrav s do CNDI promoveu a Confer ncia Nacional de Defesa do Idoso reunindo um grande n
74. es acerca das condi es de sa de dos idosos nas cidades do interior Surge assim o Centro de Refer ncia Estadual de Aten o Sa de do Idoso CREASI com o prop sito de al m de prestar atendimento assistencial ao idoso formular a pol tica de sa de do idoso a partir das a es desenvolvidas al e dos estudos e pesquisas gerados naquela unidade de refer ncia At 2005 o Programa e o CREASI tinham a mesma estrutura e a mesma coordena o trabalhavam numa mesma perspectiva ou seja tratavam das quest es referentes apenas a idosos fr geis dependentes com m ltiplas patologias deixando de fora todos os outros que n o se enquadravam nesse perfil limitando desse modo a vis o acerca nas necessidades da pessoa idosa A partir daquela data essas duas inst ncias foram desvinculadas ficando o PROSI alocado na diretoria da Aten o B sica Gerou se com isso outra s rie de novos problemas pois as a es ficavam restritas apenas ao que compete Aten o B sica entravando procedimentos que requeriam aten o dos outros n veis de complexidade como diz a coordenadora da rea em entrevista todas as a es que a gente tentava desenvolver n o podia porque envolvia por exemplo hospital ent o n o era da Aten o B sica Assim em 2007 n o s o programa do idoso mas todos os programas da Secretaria de Sa de foram novamente redimensionados ficando aquele programa alocado na Diretoria de Gest o de Cuidad
75. estava sob a coordena o do servi o social Realidade que vem mudando com a nova administra o e com a sa da de todas as t cnicas do setor e entrada de outros alguns pouco familiarizados com a rea Nas entrevistas com os representantes legais do Munic pio na institui o os Gerentes do Abrigo busquei estabelecer rela es entre o conjunto de Leis e diretrizes nacionais e internacionais de assist ncia ao idoso e a assist ncia prestada pelo Estado Munic pio A partir de um roteiro previamente elaborado busquei conhecer os seguintes aspectos como v a institui o asilar no contexto das pol ticas p blicas o que considera obriga o do Estado da fam lia e da comunidade nesse processo de que maneira o munic pio vem atendendo as necessidades dos idosos os problemas enfrentados e as estrat gias encontradas para solucion los qual a participa o da igreja cat lica atrav s das Irm s Vicentinas nas atividades do Abrigo as rela es que a institui o estabelece com outras institui es governamentais ou n o Gerente o cargo mais alto na hierarquia institucional 46 governamentais Depois da mudan a na administra o realizei entrevista com a nova Gerente abordando essas mesmas quest es O idoso morador da institui o sem d vida o maior e melhor informante de todas as quest es de interesse da pesquisa A eles foi dada aten o especial Conversas informais entrevistas semi estruturadas e
76. exclus o a que s o submetidos os que dela participam Do mesmo modo precisamos avaliar em que medida as pol ticas sociais que t m a fam lia como base atendem s necessidades da popula o idosa preciso repensar os mecanismos de prote o social tendo em vista as novas formas de solidariedade intergeracional e as rela es de interdepend ncia que v m se configurando nesse processo 249 CONSIDERA ES FINAIS Nas sociedades contempor neas h uma crescente complexifi o das rela es sociais fazendo com que o sistema de solidariedade social base da coes o social se torne mais fluido e diversificado Neste contexto de transforma es das rela es de trabalho familiares pol ticas econ micas por que v m passando as sociedades capitalistas o crescente envelhecimento populacional ganha destaque na medida em que repercute em todos esses campos redesenhando as rela es entre as gera es Percorrer o longo caminho trilhado no processo de constitui o do sistema de prote o social possibilitou apreender as formas como v m sendo constru das as rela es de solidariedade intergeracionais ao longo do tempo suas configura es na esfera p blica e as fortes repercuss es nas rela es de solidariedade prim ria Por outro lado a aproxima o ao real vivido por idosos em diferentes contextos relacionais permitiu observar como o sistema de trocas intergeracionais tanto p blico como familiar e co
77. forma de assist ncia m dica e de ajuda s fam lias com filhos OIT 1984 80 necessidades n o restringindo os benef cios queles que sejam ou que tenham sido contribuintes nem que tenham perdido a capacidade laborativa Entretanto o termo Seguridade adotado pela Constitui o n o garantiu o seu pressuposto mantendo no mesmo sistema benef cios contributivos e n o contributivos constituindo se num sistema de Seguridade Social h brido como afirma Fleury 1994 p 224 ou seja orientado por princ pios e pr ticas concorrentes originadas de uma base contributiva individual de um lado e de programas distributivos assistenciais de outro Do mesmo modo n o garantiu a constitui o de um conjunto integrado de a es uma vez que esse pressupunha uma concep o mais universalista integradora de diferentes pol ticas com uma base expandida de financiamento composta por impostos pagos de forma direta ou indireta pela popula o e de contribui es espec ficas com um or amento pr prio e um rg o gestor pr prio VIANNA 2005 Importante lembrar que segundo o texto constitucional a organiza o da Seguridade Social fica sob a responsabilidade dos poderes p blicos e tem por objetivo universalidade da cobertura e do atendimento uniformidade e equival ncia dos benef cios e servi os s popula es urbanas e rurais seletividade e distributividade na presta o dos benef cios e servi os
78. garantir que a popula o de todos os pa ses possa envelhecer com seguran a e dignidade participando de suas sociedades 116 como cidad os de direitos O plano estabelece tr s dimens es priorit rias de a o 1 Pessoa idosa e desenvolvimento com oito temas principais visando assegurar a participa o ativa do idoso na sociedade e combater a pobreza Aponta a necessidade de desenvolvimento de pol ticas voltadas para quest es relacionadas a emprego desenvolvimento rural educa o e capacita o solidariedade intergeracional prote o social preven o e erradica o da pobreza 2 Promo o da sa de e bem estar na velhice com seis temas principais propondo pol ticas que promovam a sa de e o bem estar ao longo da vida assim como o acesso universal aos servi os de sa de p blica servi os de assist ncia sa de mental e manuten o da capacidade funcional e a necess ria capacita o de profissionais e servi os para o atendimento dessa popula o 3 Cria o de um ambiente prop cio e favor vel contendo quatro temas com quest es relacionadas ao acesso e condi es de moradia elimina o de todas as formas de maus tratos e viol ncia ao idoso e a cria o de servi os de apoio para estes casos Diferente do Plano anterior que atendia mais s demandas emergentes dos idosos dos pa ses desenvolvidos este novo Plano e declara o pol tica reconhece as diversidades socioculturais os diferentes proce
79. grandes guerras mundiais Mas assinalam as autoras foi a partir da crise de 1923 1932 com a queda da Bolsa de Nova York que as elites pol ticas come am a reconhecer o risco de deixar o mercado seguir seu movimento natural Essa crise se alastrou por todo o mundo reduzindo o com rcio mundial a um ter o do que era antes As solu es para essas crises se deram no sentido de reativa o do emprego e do consumo e da interven o do Estado na economia e nas quest es sociais a partir da Grande Depress o como ficou conhecido esse per odo e especialmente ap s a Segunda Guerra que as pol ticas sociais se expandem e se consolidam Buscando uma sa da para a crise Keynes 1988 prop e em seu livro Teoria geral do emprego do juro e da moeda publicado em 1936 a interven o do Estado na economia a fim de reativar a produ o e o consumo A tese defendida por Keynes rompia com os princ pios liberais conservadores da poca ao mesmo tempo em que defendia a liberdade individual e a economia de mercado Na an lise keynesiana a m o invis vel do mercado n o produziria a esperada harmonia entre os interesses individuais ego stas dos agentes econ micos e o bem estar comum uma vez que As escolhas individuais entre investir ou entesourar por parte do empresariado ou entre comprar e poupar por parte dos consumidores e assalariados poderia gerar situa es de crise em que haveria insufici ncia de dema
80. heterogeneidade da popula o envelhecida em termos et rios de g nero de local de moradia e de condi es s cio econ micas como o grande desafio da assist ncia sa de j que tais diferen as acarretam demandas diferenciadas A capacidade funcional continua sendo o paradigma que fundamenta e instrumentaliza a assist ncia uma vez que este conceito permite incluir os aspectos s cio econ micos s condi es de sa de f sica e mental Com base nesta perspectiva a assist ncia agora se concentra na aten o b sica desenvolvidas pelas Unidades B sicas de Sa de UBS e especialmente pelas equipes de Sa de da Fam lia Neste sentido prop e a implementa o de instrumento de coleta de dados sobre a capacidade funcional e s cio familiares das pessoas idosas para o desenvolvimento de a es necess rias ao enfrentamento das dificuldades inerentes complexidade de sa de desta popula o Cabe s equipes de Sa de da Fam lia ou na aus ncia destas as UBSs fazer o invent rio do risco funcional e acompanhamento dos idosos mapeados no territ rio incluindo os idosos que vivem em ILPI Para tanto estabelece dois eixos norteadores idosos fr geis e idosos independentes S o considerados idosos fr geis aquele que encontram se acamados estiveram hospitalizados recentemente por qualquer raz o apresentem doen as sabidamente causadoras de incapacidade funcional acidente vascular encef lico s ndromes demenciais e ou
81. idoso tem J fez uso dele 50 Voc teria condi es de morar em algum lugar que pagasse pensionato ILPI casa alugada etc 51 Morar num asilo p blico um direito ou um favor da prefeitura 284 ROTEIRO DA ENTREVISTA COM IDOSOS AS MORADORES AS DA COMUNIDADE BAIRRO l Dados de identifica o 1 Nome 2 Data de Nascimento Idade 3 Profiss o Ocupa o Fonte de renda 4 Escolaridade 5 Estado civil 6 Filhos 7 Exerce alguma profiss o ocupa o remunerada Il Situa o s cio familiar 8 Hist rico familiar casada o companheiros as vi va o h quanto tempo filhos netos bisnetos Sexo Idade Situa o conjugal de filhos e netos 9 Fonte de renda aposentada pensionista nenhuma outros 10 Quanto ao im vel que reside pr prio alugado emprestado Quem o propriet rio Mora a quanto tempo Tem quantos c modos Quantas pessoas moram na casa 11 Quantas pessoas que moram na casa t m trabalho fixo ou recebem aposentadoria ou pens o 12 Qual a renda familiar 1 sal rio m nimo 1 a 2 sal rios m nimos 3 a 4 sal rios m nimos mais de 5 sal rios m nimos 13 Quem mant m a casa financeiramente quem mais contribui com as despesas 14 Quem faz as tarefas dom sticas limpeza compras comida III Rela es s cio familiares 15 Onde moram os filhos ou outros parentes pr ximos 16 Qual o a filho a ou outros parentes pr ximos que mais se relaciona 17 Re
82. lia mais vulner vel Nesse sentido postula se que a vulnerabilidade pobreza est relacionada n o apenas aos fatores da conjuntura econ mica e das qualifica es espec ficas dos indiv duos mas tamb m s tipologias ou arranjos familiares e aos ciclos de vida das fam lias p 36 Ou seja as condi es de vida do indiv duo est o mais condicionada situa o familiar que s suas pr prias condi es espec ficas Acredito que essa a principal tese que justifica ou autoriza n o s as pol ticas p blicas a intervirem na fam lia fortalecendo os v nculos familiares e comunit rios mas principalmente a fim de condicionar a concess o do benef cio n o apenas 97 impossibilidade do indiv duo em prover seu sustento estendendo esta condi o para a fam lia Argumento sustentado no texto interpretado como amplia o de direitos contradizendo o discurso no qual reconhece a fam lia como espa o hierarquizado permeado de conflitos desigualdade e opress o Outros pressupostos que norteiam a pol tica da assist ncia social s o a descentraliza o a intersetorialidade e a territorializa o A descentraliza o garante a autonomia administrativa poder de decis o e recursos para os microespa os para que sejam elaborados diagn sticos sociais diretrizes metodologias implementa o execu o monitoramento e avalia o das a es pautados na realidade local tendo assegurada a participa
83. melhor lugar para viver a velhice Mas o Estado n o tem oferecido condi es necess rias nem a eles e nem s outras gera es que permitam um exerc cio pleno da autonomia e independ ncia gerando muitas vezes uma sobrecarga para os pr prios idosos que se v m constrangidos dupla responsabilidade prover e cuidar dos filhos adultos e netos ou viverem em prec rias condi es em institui o p blica Compreender esse din mico processo tornou se indispens vel para pensar o lugar que as gera es mais velhas v m ocupando na sociedade 261 REFER NCIAS ARAG O S VARGAS A O idoso gera o continuada um olhar no mundo In S GUIN E org O Direito do Idoso Rio de Janeiro L men J ris 1999 ARRETCHE M T S Emerg ncia e desenvolvimento do Welfare State Teorias Explicativas Boletim Informativo e Bibliogr fico BIB das Ci ncias Sociais n 39 Rio de Janeiro ANPOCS Relume Dumar 1995 ATTIAS DONFUT C Les double circuit des transmissions In Org Les solidarit s entre g n rations Paris Nathan 1995 p 41 81 Sociologie des G n rations Paris PUF 1988 Solidarit s et entraides entre g n rations In SINGLY F et al Orgs La famille em questions Paris Syros 1996 Sexo e envelhecimento In PEIXOTO C org Fam lia e Envelhecimento Rio de Janeiro Funda o Get lio Vargas 2004 p 85 108 ATTIAS DONFUT C SEGALEN M Grands parents la famille tr
84. migra o dos mais jovens mulheres chefes de fam lias e alerta para que estes fatores sejam levados em considera o quando da avalia o do suporte informal aos idosos Considera que o apoio informal e familiar s o fundamentais na aten o sa de do idoso mas ressalta que isso n o significa no entanto que o Estado deixa de ter um papel preponderante na promo o prote o e recupera o da sa de do idoso nos tr s 3 Portaria n 1 395 GM Em 10 de dezembro de 1999 A pol tica de sa de para idosos foi atualizada em 2006 sendo esta revogada como veremos mais adiante 115 n veis de gest o do SUS capaz de otimizar o suporte familiar sem transferir para a fam lia a responsabilidade em rela o a este grupo populacional PNSI 1999 p 3 Ressalta ainda que ao se considerar o apoio ao idoso como uma quest o restrita a esfera familiar o cuidado dispensado a ele fica invis vel opini o p blica O que significa dizer que o cuidado ao idoso n o se restringe mais esfera familiar tornando se assim uma quest o de ordem p blica Com rela o s institui es asilares e similares o texto aponta os questionamentos quanto ao seu alto custo e dificuldade de manuten o o que requer outras medidas menos onerosas Entretanto adverte que o atendimento domiciliar j bastante discutido n o pode ter como nica finalidade baratear custos ou transferir responsabilidades E acrescenta
85. n o do acesso desigual riqueza socialmente produzida Predom nio da lei da necessidade as necessidades humanas b sicas devem ser mantidas como instrumento de controle populacional e da mis ria portanto n o devem ser totalmente satisfeitas Manuten o de um Estado m nimo a interven o do Estado deve restringir se a regular as rela es sociais garantindo a liberdade individual a propriedade privada e o livre mercado As pol ticas sociais estimulam o cio e o desperd cio as pol ticas sociais do Estado contribuem para reproduzir a mis ria e desestimular o interesse pelo trabalho gerando acomoda o A pol tica social deve ser um paliativo s os indiv duos que n o t m condi es de competir no mercado de trabalho crian as idosos e deficientes devem receber assist ncia m nima do Estado como um paliativo e a pobreza deve ficar a cargo da caridade privada com base nesses princ pios que s o constitu das as sociedades capitalistas Os direitos civis e pol ticos formados nos s culos XVIII e XIX respectivamente foram progressivamente reconhecidos pelo Estado liberal no s culo XIX assegurando a propriedade privada e a liberdade individual Ao Estado cabia assegurar aos indiv duos seus direitos de liberdade seguran a e propriedade Os direitos sociais segundo Marshall 1967 um dos elementos constitutivos da cidadania juntamente com os outros dois civis e pol ticos ainda estavam por vir O final
86. na rua e dizia se quiser assim se n o quiser assim mesmo Doutora eu olhava pra um lado olhava pra aqueles meninos Me criei na casa dos outros porque m e morreu no interior e pai deu a gente a quando eu imaginava j me criei pela rua na casa dos outros pra ver meus filhos a a toa Ele arrumava mulher na rua ele a pra festa a senhora se lembra de goma roupa na goma ele tinha dois ternos Ave que dia de s bado ele separava aquela roupa ele tinha um terno de linho de carrapicho a eu dava aquela roupa na goma aquele colarinho todo engomado de goma A quando voltava tudo aqui cheio de batom Quem que vai lavar Eu sempre lavava Guentei muita coisa mas eu vou dizer doutora eu n o queria ver meus filho a toa e gra as a Deus t todo mundo criado hoje se eu morrer n o fa o falta n o Passei minha filha muitas coisas aqui 230 Nem todas suportaram os maus tratos dos seus companheiros e preferiram cuidar sozinhas dos seus filhos Sra Edna por exemplo foi v tima de viol ncia e preferiu ficar s O cara me agrediu n o dava certo E eu nunca fui de suportar coisa de homem ruim N o t aqui pra tolera homem n o trabalhar pra sustentar piorou meus filhos eu sustentei mas homem da rua n o Oxe que nada tenho cara de bobona risos Ter que sustentar homem o tempo todo cheia de agonia Deus que me livre N o quis mais ningu m Estar sem um companheir
87. ncia e o elevado ndice de criminalidade s o situa es vivenciadas cotidianamente pelos moradores de Salvador de um modo geral mas especialmente pelos que vivem nos bairros mais perif ricos No caso de Pau da Lima particularmente essa situa o ainda mais agravada dentre outros fatores pela presen a do tr fico de drogas na regi o e por outro lado pela falta de policiamento pois a nica delegacia que fica no bairro atende demanda de 9 bairros Canabrava S o Marcos Castelo Branco Sete de Abril Calabet o Jardim Cajazeiras Brasilg s e Jaguaribe e Pau da Lima igualmente violentos Esse fato leva medo e inseguran a a essa comunidade especialmente aqueles habitualmente tidos como presa f cil como o caso dos mais idosos As diferen as s cio econ micas s o percebidas j pelo modo de organiza o espacial do local Nas reas mais altas de mais f cil acesso por onde circulam carros e transporte coletivo encontram se al m das casas comerciais as resid ncias da popula o de maior poder aquisitivo Situadas nas regi es mais planas com melhor infra estrutura urbana essas casas apresentam maiores e melhores estruturas f sicas denotando as melhores condi es econ micas dos seus propriet rios Adentrando as vias transversais das principais ruas e avenidas nota se a crescente precariza o da estrutura urbana ruas cada vez mais estreitas medida em que se afastam das avenidas sem pavimenta
88. ncia urbana inclusive esse um dos motivos que os levam a vir morar no abrigo No in cio de maio desse mesmo ano o jornal Correio da Bahia 12 5 2007 noticia Codesal interdita mais dois pavilh es do abrigo Os dois nicos sal es do casar o em funcionamento tiveram de ser evacuados por determina o da defesa civil Ou seja agora todo o casar o est interditado os outros dois sal es j estavam interditados h mais de dez anos A ltima reforma feita nas instala es do Abrigo ocorreu em 1997 exatamente nessa ala que foi agora interditada A dita reforma foi feita em comemora o aos 110 anos do Abrigo mas s foi feita na metade do pr dio mesmo assim como diz a gerente disse que foi uma reforma mas n o foi foi uma maquiagem para comemorar esses 110 anos 5 Codesal Coordenadoria Especial de Defesa Civil 157 Novamente as idosas tiveram de ser redistribu das nos outros dois sal es os que haviam sido reformados anteriormente e dessa vez sem que pudessem levar seus pertences arm rios e outros objetos maiores por considerar o risco de desabamento ao transitar com peso pelo recinto Ademais n o haveria onde colocar tais objetos Essa situa o causou grande como o em muitas idosas que demonstravam preocupa o tanto com seus objetos pessoais quanto por estarem mal acomodadas e sem alternativas Os jornais noticiaram discretamente o fato Mais uma vez a grande preocupa o
89. o dinheiro da aposentadoria A filha aparece esporadicamente em casa e n o d nenhum tipo de ajuda 213 Sra Josefa 79 anos solteira teve 11 filhos de dois companheiros tem 5 filhas vivas Trabalhou como empregada dom stica para criar os filhos a maior parte do tempo sozinha sem a ajuda f sica ou financeira dos pais dos seus filhos Hoje mora sozinha e diferente das demais n o tem filhos morando por perto Eventualmente um dos 16 netos passa dias l com ela aposentada Sra Paula 77anos casada mas como ela diz i eu sou casada mas meu esposo ele se desafastou um pouco de casa Teve oito filhos dois morreram recentemente Ela come ou a trabalhar aos 13 anos Comecei lavando roupa da rua Pegava aquelas camisa com goma pra engomar com ferro de cauv o Era trouxas e mais trouxas eu vou dizer a senhora eu fui uma pessoa puxada trabalhando pra criar oito filho oito filho A idosa n o aposentada ainda trabalha vendendo acaraj com a filha que mora com ela O filho que tamb m mora com ela est desempregado faz biscate Sra Gleide 94 anos vi va teve 10 filhos 8 dos quais est o vivos A idosa como comum entre as mulheres de sua gera o deixou de trabalhar fora de casa quando se casou passando a se ocupar dos filhos que iam chegando em sequ ncia tive um filho ai continuou quando tava com um ano dois aparecia outro Vida cansada n diz ela Recebe pens o e
90. o Brasileira de Antropologia Goi nia GO 2006 CABRAL B E S L Solidariedade geracional uma experi ncia dos grupos de conviv ncia de idosos VIII Encontro Norte Nordeste de Ci ncias Sociais Fortaleza 1997 Fam lia e Idosos no Nordeste Brasileiro Caderno CRH Salvador n 29 p 49 67 jul dez 1998 A supera o das desigualdades na velhice mais uma quest o social no s culo XXI VIII Congresso Luso Afro Brasileiro de Ci ncias Sociais Coimbra PT 2004 CAILL A Antropologia do Dom o terceiro paradigma Petr polis Rio de Janeiro Vozes 2002 CAILL A Nem holismo nem individualismo metodol gicos Marcel Mauss e o paradigma da d diva Revista Brasileira de Ci ncias Sociais S o Paulo v 13 n 38 out 1999 CAMARANO A Org Muito al m dos 60 os novos idosos brasileiros Rio de Janeiro IPEA 1998 Envelhecimento da popula o brasileira problema de quem Bahia An lise e Dados Salvador V 10 n 4 p36 48 mar 2001 266 Mulher idosa suporte familiar ou agente de mudan a Estudos Avan ados S o Paulo V 17 n 49 set dez 2003 Os novos idosos brasileiros muito al m dos 60 Rio de Janeiro IPEA Set de 2004 CAMARANO A et al Idosos brasileiros indicadores de condi es de vida e de acompanhamento de pol ticas Bras lia Presid ncia da Rep blica Subsecretaria de Direitos Humanos 2005 CAMARANO A EL GHAQOURI S K Fam lias com idosos ninhos vazios Rio d
91. o da institui o com os familiares obriga es legais exig ncias da institui o cobran a da fam lia espa o de participa o formas de colabora o financeira servi os ou de outra natureza etc 11 Com rela o ao problema ocorrido no ano passado interdi o dos sal es como as fam lias reagiram diante da situa o 12 A comunidade o empresariado ou de outros rg os do Estado prestaram algum tipo de ajuda De que tipo 13 Com que recursos foi feita a reforma 14 H pessoas desenvolvendo trabalho volunt rio Que tipo de trabalho E est gios que reas 15 A institui o participa presta ou recebe algum servi o ou desenvolve alguma atividade junto comunidade local Quais 16 Com rela o s visitas como isso visto pela institui o 17 Quais os problemas mais frequentes entre os moradores Qual o procedimento da institui o nos casos mais graves descumprimento de normas agress o f sica ou moral etc 18 H diferen as entre o comportamento ou puni es para homens e mulheres 19 Como a institui o procede frente aos idosos que tornam se dependentes dementes doentes D o Sa Nome Idade 287 ROTEIRO DE ENTREVISTA COM SERVI O SOCIAL DO ABRIGO Tempo no cargo Forma o profissional e na rea Vinculo institucional DND 9 10 Quais os crit rios de admiss o do idoso na institui o Quantos idosos moram hoje no Abrigo H vag
92. o da prote o social na perspectiva legal ou normativa produzida no mbito do governo No per odo imperial surgem alguns dispositivos constitucionais que tratam de quest es sociais mas principalmente de leis que regulamentam o trabalho Anterior Constitui o de 1824 surge a primeira legisla o de prote o atrav s do Decreto de 1 Vale ressaltar que as Irm s de caridade permanecem at hoje em muitos asilos de velhos como o caso da institui o estudada 1 Segundo Groisman 1999 p 53 Inclu das as subven es oficiais o Beneficio Lot rico e em 1925 uma verba extra referente ao Imposto de Caridade O Imposto de Caridade foi uma lei que entrou em vigor em 1917 e taxava a importa o de bebidas alco licas revertendo a receita como o nome diz para institui es de caridade Uma das justificativas para o imposto a de que o lcool era respons vel pelos v cios da popula o 74 1 10 1821 concedendo aos mestres e professores aposentadoria ap s 30 anos de servi o Segundo Martins 2001 a Constitui o de 1824 preconizava a institui o de socorro p blico e posteriormente atribu a a compet ncia s Assembl ias Legislativas legislarem sobre as casas de socorro p blico conventos etc Em 1835 criado o Montepio Geral dos Servidores do Estado Mongeral primeira entidade privada a funcionar no pa s concebido como um sistema tipicamente mutualista Instrumento legal
93. o rompe o princ pio de assist ncia domiciliada mas ao contr rio visa restaurar o pertencimento comunit rio na medida em que elas continuam submetidas ao poder real apenas os mendigos domiciliados s o assistidos os estrangeiros e vadios continuam sendo um caso de pol cia e a reclus o tem por finalidade reeducar o mendigo v lido para o trabalho para 55 posteriormente reintegr lo Apesar dessa pr tica disciplinar adotada ter se mostrado ineficiente o principio de domicilia o permaneceu A Lei Inglesa Speenhamland Act institu da em 1795 no in cio do processo de industrializa o reafirma a f rmula de pol tica assistencial centrada no pertencimento comunit rio por m menos repressiva Diferente das anteriores esta Lei garante a assist ncia aos habitantes pertencentes par quia empregados ou desempregados que estejam passando necessidades oferecendo inclusive uma complementa o salarial at atingir um piso de renda fixado com base no pre o dos cereais mas exigia como contrapartida a fixa o do trabalhador no domicilio e a proibi o da mobilidade geogr fica O seu financiamento era garantido assim como as outras poor laws pela contribui o obrigat ria dos habitantes do territ rio das par quias As pr ticas de controle social de assist ncia popula o pobre desenvolvem se a partir desses dois eixos a rela o de proximidade entre os assistidos e os que assistem e a incapacidade p
94. ocupa em vir visitar e a gente ainda n o vai gostar n Sra Eug nia Muita gente boa traz a palavra d o presente pra gente qualquer coisa Sra Vanda Eu gosto das visitas n o tenho o que dizer de ningu m Tem uns idosos que s o assim enjoados Quando quer me ver eu gosto bom ter algu m assim pra visitar n o Tem aquelas que n o quer receber ningu m mas eu gosto Sra Lea Mas tamb m tem as restri es Eu acho bom sabe Porque elas chegam conversam muitas trazem presentes S n o gosto das muito exigentes muito chatas Sra Bernadete s vezes bom mas tem dias que atrapalham porque chegam toda hora Sra Valdete Gosto Porque tem obriga o de gostar Sra Divina Confirmando o papel de agregadoras e respons veis pela manuten o dos la os sociais s o as mulheres que mais visitam os familiares ou estes estranhos S o 189 mulheres de todas as idades mas principalmente tamb m idosas que visitam espor dica ou sistematicamente conversam riem cantam rezam distribuem alimentos ou presentes Quando falam sobre os objetivos das suas visitas s o principalmente a palavra que ressaltam como o que v m trazer para os idosos Trazer carinho uma palavra amiga Mostrar pra eles que tem algu m que se importa com eles Trazer uma palavra amiga Gosto de brincar com os velhos senhora de 80 anos que faz um ve
95. odo final do s culo XIX in cio do s culo XX institui es especializadas em assistir os diferentes tipos urbanos segundo algumas caracter sticas crian as para asilos de rf s loucos nos hosp cios vadios em casas de corre o e velhos para os asilos de velhos GROISMAN 1999 A velhice antes encoberta e misturada a outras popula es de pobres ganha naquele momento contornos pr prios tornando se uma categoria distinta das demais Essa imagem da velhice desamparada e asilada impregna at hoje o imagin rio social fazendo com que a experi ncia de envelhecer seja temida e indesejada Groisman 1999 aponta este momento como um dos respons veis pela cria o de uma imagem da velhice vinculada pobreza doen a e indig ncia Os meios de comunica o da poca especialmente os jornais tiveram um papel importante na veicula o de tal imagem As investidas do Estado nas condi es biol gicas da popula o aumentaram no s culo XX na medida em que o valor do trabalho cresceu e com ele a necessidade de corpos aptos para a produ o e reprodu o social Com o incremento do processo de urbaniza o e industrializa o e contando com o apoio da medicina biologia e da psicologia o curso da vida foi sendo cada vez mais colonizado A idade cronol gica 21 tornou se um importante definidor de pap is sociais a serem seguidos meio de estabelecer direitos e deveres dos indiv duos na sociedade Segundo Debert 1
96. outro mas ele se distanciou E assim a gente tem que observar para saber se pode ou n o ser amigo Sr Jos 78 anos Tenho camaradas n o tenho amigos Me dou muito bem com minha vizinha de c modo N o lembro o nome dessa vizinha Sra Eug nia 85 anos Tenho poucos amigos a dal da frente a senhora al ao lado e a idosa aqui do lado que eu nem sempre lembro o nome Mas n o me dou muito com essa da da frente Sra Josefa 80 anos Diferente da cren a popular que v em as mulheres como produtoras de fofoca s o os homens que mais reclamam das fofocas feitas por seus colegas Aqui conhe o muita gente mas n o tenho amigos Inimigos quase todos s o tudo contra a gente Eu n o gosto muito desse povo daqui porque adoram falar dos outros fazer fofoca e eu detesto N o me dou com ningu m n o tenho rela o n o Sr Lucio 82 anos Tem uns dois ou tr s colegas que eu n o gosto porque falam demais Mas viver em comunidade assim um age de uma maneira outro age de outra Tenho 181 muitos amigos e amigas tamb m aqui tem um que mais pr ximo que eu conto mais coisas mas n o preciso dizer o nome Sr Aur lio 64 anos N o tenho amigos na institui o Todos gostam muito de falar da vida dos outros e eu n o gosto disso As pessoas mais pr ximas s o Ant nio e Djalma Bartolomeu 75 anos A estrutura institucional n o permite qualquer tipo de
97. pelas pol ticas sociais na rea Ao contr rio pode representar um nus para o idoso na medida em que muitas vezes ele se v obrigado a retornar ou 242 permanecer no mercado de trabalho a fim de garantir a sobreviv ncia do grupo familiar SIM ES 1998 PEIXOTO 2004 N o esquecendo que no espa o familiar e por familiares especialmente filhos e c njuges que ocorre o maior ndice de viol ncia contra o idoso principalmente contra as mulheres idosas MENEZES 2000 SANCHES 2006 BRASIL 2005 Por outro lado viver sozinho n o significa abandono familiar as possibilidades de troca familiar e de assist ncia recebida pelo idoso podem ser ainda mais intensas especialmente quando h uma proximidade entre as resid ncias situa o muito comum entre as fam lias das classes populares Al m disso as pesquisas BRITTO DA MOTTA 1999 GOMES 2001 CABRAL 1997 t m demonstrado a satisfa o e sentimento de liberdade e autonomia especialmente expressado pelas mulheres que tem ampliado seu espa o de sociabilidade para al m da fam lia morando ou n o com ela mulheres que participam de grupos de conviv ncia de idosos O alongamento da vida proporcionada pelo desenvolvimento cientifico e tecnol gico especialmente na faixa et ria considerada idosa a partir dos 60 anos vem modificando o sentido da velhice tornando a experi ncia de envelhecimento ainda mais heterog nea porque como lembra Britto da Motta 2007
98. pelos la os de consang inidade ou parentesco nas rela es de entreajuda nas trocas cotidianas que as rela es s o tecidas e mantidas Quando isso n o ocorre as rela es se esgar am ou se rompem tempor ria ou permanentemente No caso dos idosos asilados como estamos observando s o v rias as circunst ncias que provocaram o esgar amento ou rompimento dos la os familiares no processo de sociabilidade vivido por esses homens e mulheres Diferentes fatores contribu ram para dificultar ou impossibilitar a circula o de d divas entre eles e seus familiares em outras pocas das suas vidas Mas e agora h algum tipo de rela o de troca ou entreajuda Como se processam as solidariedades familiares 172 Em qualquer situa o sempre dif cil mensurar ou at mesmo reconhecer a exist ncia de rela es que se configuram como interdepend ncia ou entreajuda seja por seu car ter simb lico seja porque n o s o contabilizadas ou vistas como tal No caso dos idosos moradores do abrigo al m de suas hist rias anteriores as rela es familiares ainda encontram o limite imposto pela dist ncia espacialmente da fam lia o que as tornam mais pontuais ou seja n o transcorrem no cotidiano como ocorre por exemplo com idosos que t m filhos e netos no conv vio di rio Mas nos poucos encontros regulares dia do recebimento do dinheiro das aposentadorias benef cios ou pens es ou nos extraordin rios caso
99. pois se trata de dar condi es de sobreviv ncia igualmente m nimas a indigentes que via de regra n o podem ou n o podem mais trabalhar Castel chama aten o entretanto para a perman ncia da antiga separa o entre os capazes e os incapazes para o trabalho A reafirma o desta separa o se d pela resist ncia encontrada na C mara dos Deputados para a aprova o da lei de 1905 ao passo que a lei de 1893 foi amplamente aprovada por se tratar de indigentes doentes potencialmente teis socialmente j que poder o retornar ao trabalho o que n o poss vel no caso dos idosos e dos inv lidos A prote o velhice deveria ser deixada a cargo da assist ncia comunit ria e particular familiar ou da filantropia Nos Estados Unidos as pol ticas sociais t m caracter sticas diferentes das pol ticas sociais dos pa ses europeus tendo seu desenvolvimento mais tardio Barrington Moore apud Fleury 1994 p 89 90 aponta como principal diferen a al m do seu in cio tardio o fato dos Estados Unidos n o terem tido que enfrentar a desmontagem de uma complexa sociedade agr ria e as formas feudais e burocr ticas de organiza o social Ressalta ainda esse autor que a exist ncia de uma agricultura comercial desde o in cio do desenvolvimento americano assim como o car ter revolucion rio assumido pela Guerra Civil no rompimento com os valores pr capitalistas que refor am as distin es com base no status fora
100. pr tica social Revista Virtual Texto amp Contexto n 4 dez 2005 PLANO DE A O Internacional sobre o Envelhecimento 2002 Organiza o das Na es Unidas Bras lia Secretaria Especial dos Direitos Humanos 2008 RIOS R B L gica Territorial na Organiza o S cio Espacial da Cidade de Salvador aplicando as geotecnologias Dispon vel em http www cpatc embrapa br labgeo srgsr3 artigos pdf 018 t paf acessado em 23 3 2007 RIZZINI O movimento de salva o da crian a no Brasil id ias e pr ticas correntes de assist ncia inf ncia pobre na passagem do s culo XIX para o XX Congresso Brasa VII Vanderbilt University Nashville Tennessee UEA 2006 Dispon vel em http sitemason vanderbilt edu files 9Nt5UK Rizzini 20in 20Portugues 06 20port pdf Acessado em 09 06 2007 RIZZINI 1 amp PILOTTI F Orgs A Arte de Governar Crian as A hist ria das pol ticas sociais da legisla o e da assist ncia inf ncia no Brasil Rio de Janeiro Editora Universit ria Santa rsula 1995 RODRIGUES M L A Curso de forma o de Conselheiros em Direitos Humanos SEDH 2006 mimeo ROSANVALON P A crise do Estado de Previd ncia Lisboa Editorial Inqu rito 1984 276 A Nova Quest o Social Repensar o Estado Previd ncia Petr polis Vozes 1998 ROSSI A S Intergerational Relations Gender Norms and Behavior In BENGTSON Vern ACHENBAUM W Andrew Ed The changing contract across gen
101. prefiram pagar por eles nas clinicas privadas Os homens avaliam criticamente o atendimento prestado pelo servi o p blico de sa de 195 Uma merda uma porcaria Um dia tem uma coisa outro dia n o tem T tudo parado Servi o p blico n o existe compadre Quer rem dio N o n o tem O rem dio mais barato n o tem Sr Aur lio Um brega Temos sa de puta Agora falando s rio s tem o nome de p blica sa de que bom n o tem nem d Sr Daniel P ssimo pra quem n o tem plano de sa de que j n o muito bom ainda mais pra quem n o tem A sa de do Brasil t na UTI Sr Bartolomeu Porque o rem dio que vem pra dar pessoa pobre eles leva pra dar aos amigo os parente e a quem s vezes n o precisa entendeu Eu levei noventa dia andando pelo S o Jorge pra receber um col rio Meu col rio custa cinquenta e sete reais entendeu Agora levei noventa dia pra ganhar um gr tis a no S o Jorge Sr Jos Eu acho meio chato n Cheio de dificuldade n muita gente n E n o muito agrad vel n Pra mim eu acho que n o N o recebe o que quer muito dif cil Quando precisa de uma coisa n o tem n o pode aquela coisarada toda um sofrimento eu digo Sr L cio Mas as mulheres sempre contemporizam ou particularizam Espera grande mas d pro gasto Sra Valdete Eles me tratam bem Mas t doida que Dr An bal o m dico do Abrigo
102. prestado por profissionais de sa de ou por pessoas da pr pria comunidade a idosos dependentes que moram sozinhos e outras formas de atendimento que surgirem por iniciativas da comunidade visando promo o e integra o da pessoa idosa na fam lia e na sociedade Destaca se como compet ncia do Minist rio da Sa de al m de garantir a assist ncia sa de em todos os n veis de aten o preven o promo o prote o e recupera o a estrutura o de Centros de Refer ncia com o objetivo de prestar assist ncia sa de desenvolver pesquisa avaliar servi os e capacitar profissionais da rea de sa de O fornecimento de medicamentos rteses e pr teses fica agora a cargo tamb m deste Minist rio e n o mais da assist ncia social como anteriormente O fomento cria o de programas de prepara o para aposentadoria da responsabilidade do Servi o Social do INSS em parceria com rg os governamentais e n o governamentais com o assessoramento das entidades de classe Por outro lado da compet ncia do Minist rio do Trabalho criar mecanismos que impe am a discrimina o do idoso no mercado de trabalho A integra o intergeracional deve ser estimulada atrav s do apoio do Minist rio da Educa o ao ingresso do idoso na Universidade Na rea da cultura prop e se garantir ao idoso a participa o no processo de produ o cultural propiciar seu acesso aos locais e eventos culturais reduzindo o
103. privacidade Cada momento do dia compartilhado involuntariamente com Outros ou com todos desde os companheiros de destino at funcion rios e visitantes estes ainda mais estranhos Privacidade algo impens vel neste espa o Dormit rio sanit rios refeit rio todos os espa os s o compulsoriamente coletivizados No confinamento homogeneizado as individualidades e diferen as s o pouco respeitadas ou toleradas As mulheres s o sempre mais passivas e complacentes de modo geral afirmam se relacionar com todo mundo mas a indiferen a transparece cada uma no seu canto Me dou com todas sabe Mas n o me sento na cama de ningu m para conversar Sra Lea 88 anos Eu me dou com todo mundo Cada uma na sua casa e eu na minha Sra Paula 92 anos Aqui tem as colegas me dou com todas aqui n o tenho inimiga nenhuma aqui Sra D lia 78 anos Normal eu aqui no meu canto e eles nos dele Sra Valdete 80 anos Os que falam comigo eu respondo S falo mais com a turma que joga domin Tem uma que eu gosto mais mas n o lembro o nome porque agora ela mudou de sal o Sra Bernadete 92 anos Os homens relatam explicitamente as diverg ncias e as dificuldades encontradas nas rela es cotidianas O relacionamento entre eles descrito como n o muito 182 k bom n o tem muita briga Mas isso dito por alguns em segredo porqu
104. problem tico como podemos observar nas falas deles J morei com meu irm o Esse a do Retiro morei l mas n o deu certo ele me botou aqui risos O filho dele n N o deu certo com os filhos dele Ele tem tr s filhos Era dois homi e uma mo a O rapaz sempre gritava com meu irm o tamb m Casa de parente n o presta n o Eu morei com minha irm tamb m oito meses n o deu certo Da me mandaram pra S o Paulo fiquei l um ano e pouco N o me dei bem com a mulher do meu irm o l de S o Paulo Deixando eu passar fome l Trabalhar eu n o guentava mais coluna idade e tudo Sr Arlindo 66 anos morou com seis mulheres n o casou teve um filho mas n o tem contato com ele alco latra Vigi vigi Agora que n o quero morar com nenhum porque a pior coisa do mundo morar com parente risos Morei com uma filha da puta de uma 168 sobrinha minha ali la me matar eu que sou coisa Ela queria me matar Dizendo que eu tava com diabete trezentos e vinte e me dando caf com a car ficava mexendo mexendo mexendo A eu ca fora Sr Jos 78 anos morou com quatro mulheres tem 17 filhos Ele continua contando a sua saga Sai daqui h dois anos pra morar em Goi nia com uma filha cheguei l n o deu certo Fiquei tamb m uns quatro m s Porque essa foi a nica que eu n o rezistrei por causa da m e ela me levou pra l eu fui pra l Dava um
105. problemas familiares Estas informa es s o obtidas em geral n o atrav s do pr prio idoso a n o ser quando rec m chegado que ingenuamente tenta aproxima o mas logo percebe a resist ncia dos veteranos mas atrav s das conversas que escutam nas ocasi es de visitas de familiares ou de estranhos A confian a aquele elemento fundamental na constru o e manuten o do v nculo social parece inexistir por completo Quando procurei saber se eles t m amigos no Abrigo e com quem mais se relacionavam tanto os homens quanto as mulheres fazem uma distin o entre amigos e camaradas ou colegas Amigo algu m em quem se pode confiar trocar 180 confid ncias contar nas horas de necessidade Os outros idosos s o apenas camaradas algu m que n o se escolheu para conviver Os homens citam os nomes de alguns camaradas mais pr ximos mas as mulheres raramente o fazem e quando o fazem se referem s pessoas que trabalham l ou s Irm s Tenho colegas amigo coisa dif cil de se encontrar O mais pr ximo Jos mas eu botei o nome dele de Ligeirinho Inimigo assim n o tenho n o tem alguns que eu n o converso muito mas n o s o inimigos Sr Arlindo 66 anos Amigos n o tenho camaradas Me dou melhor com as enfermeiras referindo se s cuidadoras Sra Vanda 91 anos Tenho alguns amigos mas de verdade s pai e m e Seu Manoel um amigo que eu tenho tinha
106. que este processo tenha ocorrido e ainda venha ocorrendo sem conflito ele resulta das rela es de poder que se estabelecem entre as gera es BRITTO DA MOTTA 1998 BOURDIEU 1993 At recentemente a popula o idosa era tratada de forma homog nea sem distin o de g nero ou classe social e sua imagem estava fortemente associada depend ncia e a car ncia social Ainda que em certa medida esta imagem permane a at hoje ela vem progressivamente sendo alterada A quest o social da velhice expressa nos documentos produzidos por organiza es nacionais e internacionais corporificada nas pol ticas sociais especificas para os mais velhos d o uma boa medida dessas mudan as Fleury 2005 p 459 argumenta que a quest o social passa a ser reconhecida quando politizada por novos atores que atrav s de contribui o de suas identidades formula o de projetos e estrat gias rep em a problem tica da integra o e da necessidade de recriar os v nculos sociais Com base neste argumento podemos dizer que a velhice s passa a ser reconhecida como quest o social a partir da 103 mobiliza o de grupos associa es organiza es nacionais e internacionais governamentais e da sociedade civil com o prop sito de garantir os direitos de cidadania a esta parcela da popula o Seja porque o envelhecimento populacional representa para alguns uma amea a economia e ao sistema de prote o social seja
107. respons vel pela constru o de categorias oficiais e o faz atrav s de um trabalho de codifica o que combina efeitos econ micos e sociais bem concretos visando a privilegiar uma certa forma de organiza o familiar refor ar e encorajar o conformismo l gico e o conformismo moral Para esse autor a fam lia produto de um trabalho de institui o ritual e t cnico com o objetivo de instituir de maneira duradoura sentimentos adequados e assegurar a integra o que a condi o de sua exist ncia Os ritos de institui o ado o de nome casamento etc visam a constituir a fam lia como uma unidade est vel unida integrada indiferente flutua o dos sentimentos individuais Outros atos d o continuidade a esse processo inicial a fim de reafirmar e produzir as afei es obrigat rias e as obriga es afetivas do sentimento familiar amor conjugal amor paterno e materno amor filial amor fraterno Mas para a manuten o dos la os afetivos lembra o autor necess rio um trabalho simb lico e pr tico no qual a obriga o de amar se transforma em disposi o amorosa gerando dos membros da fam lia um esp rito de fam lia Este esp rito de fam lia se traduz em gestos de generosidade e de solidariedade que se expressam nas in meras formas das trocas cotidianas de servi os de ajuda de visitas de aten es de gentileza e nas trocas extraordin ria
108. seja restaurar ou reestabelecer la os que n o obedecem nem a uma l gica estritamente econ mica nem a uma jurisdi o estritamente pol tica ibidem p 31 12 O autor utiliza a express o sociabilidade prim ria no mesmo sentido utilizado por Alan Caill 52 um com rcio entre ricos e pobres com vantagens para as duas partes o primeiro ganha sua salva o gra as sua a o caridosa mas o segundo igualmente salvo desde que aceite sua condi o CASTEL 2008 p 64 65 A pobreza era concebida neste contexto como necess ria pois representava um meio dos ricos mostrarem se generosos e desse modo alcan ar a salva o As institui es de caridade eram assim financiadas por doa es e esmolas dos ricos Essa atitude de caridade crist entretanto se fundamentava numa classifica o discriminat ria da pobreza ou seja dos pobres merecedores de assist ncia e aqueles que ficavam de fora Os primeiros a serem exclu dos s o aqueles que n o aceitam a sua situa o contestando o des gnio divino pondo em risco a ordem social dada Os sinais de sofrimento corporal ao contr rio enaltecem e de certo modo santificam o pobre pois lembram o sofrimento de Cristo tornando os merecedores de caridade A doen a a deformidade a cegueira a fome a magreza a chaga e toda sorte de sofrimento f sico de velhos crian as ou adultos sinal do abandono de Deus o que os torna alvo da salva o crist Mas para ser co
109. sustenta um filho solteiro j tamb m idoso 61 anos sem emprego fixo faz biscates Com ela tamb m mora outro rapaz filhos de cria o de aproximadamente 40 anos que tem emprego fixo por m contribui irregularmente com as despesas dom sticas ele ajuda comprar alguma coisa que precisar ele compra O dinheiro custa muito de receber as vez a eu tenho o meu ai eu gasto Sra Marina tem 86 anos vi va teve 6 filhos atualmente tem quatro filhas Assim como dona Gleide deixou de trabalhar fora de casa quando casou mas nos momentos mais necess rios lavava roupa de ganho para ajudar na cria o dos filhos Ela mora no bairro h mais de 20 anos Sua casa fica em um lugar de dif cil acesso por m ela sobe e desce as ladeiras e escadarias com invej vel desenvoltura Ela mora sozinha mas nem tanto Duas filhas fizeram suas casas no fundo da dela quase que um cont nuo com uma estreita entrada lateral por m com porta lateral de acesso para 214 a casa da idosa Sua casa funciona como uma extens o da casa dos netos e bisnetos que brincam e assistem a televis o enquanto conversamos Recebe pens o no valor de um sal rio m nimo Sra Paloma vizinha de frente de dona Gleide Tem 67 anos vi va e tem cinco filhos O marido teve AVC e ficou sob seus cuidados por 4 anos at falecer Mora em casa pr pria deixada pela sogra na qual ela levantou um andar para poder abrigar uma filha casada Ela mor
110. tamanho das fam lias passou de 3 7 pessoas em 1992 para 3 2 pessoas em 2004 A segunda mudan a diz respeito ao crescimento do n mero de fam lias chefiadas por mulheres em decorr ncia por um lado do ingresso massivo de mulheres na for a de trabalho o que as tornou independentes financeiramente ampliando suas possibilidades de escolha de perman ncia ou n o na rela o conjugal e por outro do aumento da esperan a de vida das mulheres ao nascer Nas fam lias brasileiras 27 t m a mulher como a pessoa de refer ncia e em Salvador este percentual ainda maior aproximadamente 41 8 IBGE 2006 Este n mero crescente principalmente para mulheres acima dos 60 anos O tipo de fam lia segundo a defini o do IBGE tamb m vem se modificando principalmente com o crescimento dos n cleos unipessoais ou seja pessoas que vivem sozinhas Chama a aten o o fato de que do total de pessoas que moram sozinhas 41 5 t m 60 e mais anos de idade e s o em grande maioria mulheres Isso se deve s separa es e especialmente viuvez uma vez que a expectativa de vida das mulheres chega a ser 7 8 anos mais que a dos homens Entre as mulheres de 70 anos ou mais 19 6 moram sozinhas O fato de morar s pode significar dificuldade em manter um apoio familiar mais pr ximo n o significando contudo abandono ou descaso da fam lia ao contr rio pode significar que as pessoas est o envelhecendo com mais sa de permanecendo mai
111. tarde em 3 de julho de 1996 atrav s do Decreto n 1 948 no qual ficam estabelecidas as compet ncias de cada um dos rg os e entidades p blicas respons veis pela implementa o daquela pol tica O referido decreto define como compet ncia do Minist rio da Assist ncia Social dentre outras fomentar a presta o de servi os por rg os governamentais e ou n o governamentais nas modalidades descritas abaixo e Modalidade asilar caracterizada como um regime de internato destinado a idosos sem v nculo familiar ou sem condi es de prover pr pria subsist ncia de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia alimenta o sa de e conviv ncia social 3 Atualmente o rg o respons vel por este setor o Minist rio do Desenvolvimento Social e Combate Fome 111 e Modalidade n o asilar que compreende Centro de Conviv ncia que s o locais destinados ao desenvolvimento de atividades f sicas culturais associativas e de educa o para a cidadania Centro de Cuidados Diurno compreendendo Hospital Dia e Centro Dia destinados ao atendimento de idosos dependentes que necessitam de cuidados especializados de sa de Casa Lar esp cie de resid ncia destinada a idosos que n o possuam renda suficiente para sua manuten o e sem fam lia Oficina Abrigada de Trabalho definida como local no qual o idoso poder desenvolver atividades produtivas a fim de elevar sua renda atendimento domiciliar que dever ser
112. tem provocado a desmobiliza o da fam lia Esta tese vem sendo progressivamente contestada Ao contr rio do que ela sup e a solidariedade familiar n o diminuiu e est estreitamente imbricada com a solidariedade p blica Pesquisas realizadas em v rios paises t m demonstrado a import ncia das pol ticas sociais para a manuten o dos la os familiares Caradec 2001 cita como exemplo o trabalho de Segalen e Attias Donfut 1995 realizado no sub rbio oper rio de Nanterre Paris o qual mostra que a instaura o da aposentadoria permitiu a reinven o de figura familiar esquecida a av que disp e de tempo para ocupar se dos netos apontam ainda que em fam lias de tr s gera es as transfer ncias financeiras no seio da fam lia circulam no sentido inverso da transfer ncia p blica ou seja os mais velhos ajudam com suas aposentadorias seus filhos e netos e com rela o aos velhos dependentes as ajudas profissionais se combinam com as ajudas familiares mas n o as substituem No Brasil onde as desigualdades sociais s o gritantes os benef cios previdenci rios t m sido fundamentais para a sobreviv ncia e manuten o de muitas fam lias A contribui o financeira dos as idosos as vem se constituindo parte significativa do or amento familiar inclusive deslocando as fam lias da situa o de mis ria indig ncia Os trabalhos de Britto da Motta 1994 1998 Camarano 1998 2003 dentre outros confirmam isso
113. um potencial de produ o de desigualdade e exclus es Defende o autor que 5 Nesta an lise Camarano distingue fam lia de idosas e fam lia com idosas O primeiro caso refere se fam lia onde a idosa a chefe ou c njuge no segundo a idosa mora na condi o de parente do chefe ou do c njuge Nunes 1995 p 5 se refere sociedade provid ncia no sentido definido por Santos ou seja s redes de rela es de interconhecimento de reconhecimento m tuo e de entreajuda baseadas em la os de parentesco e de vizinhan a atrav s das quais pequenos grupos sociais trocam bens e servi os numa base n o mercantil e com uma l gica de reciprocidade semelhante da rela o de dom estudada por Marcel Maus 248 estes tipos de rela es sociais que subjazem sociedade provid ncia funcionam numa base quotidiana no sentido de cria o de inclus es e exclus es hierarquias e subordina es Deste modo seja qual for o sistema de solidariedade social quer ele se baseie na solidariedade prim ria ou secund ria quer seja organizado segundo os princ pios da troca da redistribui o ou da reciprocidade haver permanente tens o na defini o das obriga es para com os que s o pr ximos ou distantes em termos sexuais geracionais nacionais tnicos raciais ou de classe e estilo de vida Conclui apontando como alternativa crise do Estado Provid ncia n o a ilus ria substitutibili
114. vou Aqui em Salvador Eu vou com a filha vou com a funcion ria arranjo qualquer pessoa dou dez doze quinze reais entendeu O Sr Daniel esteve doente e ficou impossibilitado de ir ao banco mas ele ressalta Minha filha recebe meu dinheiro traz integral n o bole em nada Eles tamb m dizem n o dar ajuda a nenhum parente ou amigo por m diferente das mulheres consideram que eles que precisam ser ajudados ou esperam que haja reciprocidade Verbalizam isso Eu t querendo que eles me d o N o eles me ajudaram quando pagava aqui e eu n o era aposentado ainda ent o eles pagavam a Agora quem paga sou eu eu recebo a mixaria a e eu que pago se referindo s despesas que tem no Abrigo funeral lavadeira rem dio etc Sr Arlindo 66 anos O nico que tenho aqui o rapaz meu filho N o precisa quem tem que me ajudar ele Sr Aur lio 64 anos N o dou e dando n N o dou e dando Porque presente pra um pra outro agrado pra um agrado pra outro Eu vendi a casa peguei dois mil distribui a com eles filhos A eles tamb m n o v m aqui n o traz nada entendeu Como que quer que eu d Sr Jos 78 anos Entretanto Sr Jos demonstra preocupa o com o futuro da gera o familiar mais nova o neto e oferece ajuda 58 Dos nove idosos que recebem aposentadorias ou benef cios cinco v o eles mesmos receber no banco 175 s
115. vou muito na casa dela ela fica me chamando pra ficar na casa dela fica pra dormir eu n o vou pra minha casa Paloma 228 Tem vez que eu vou na casa dela da amiga a digo assim ai j t ficando tarde j onze horas eu vou embora n o v n o demore mais t o bom a eu digo ah n o vou embora a me prende eu fico Passo a tarde e venho pra casa j de tardinha Josefa Tenho os amigos da igreja n Edna Tem algumas amigas na igreja Alice Os homens todos dois dizem ter muitos amigos e com estes se encontram regularmente quase todas as tardes para bater papo ou jogar domin ou dama De modo geral fazem e recebem poucas visitas a n o ser as dos filhos que moram longe e costumam visit los nos finais de semana As mulheres em geral passam o dia envolvidas nas tarefas dom sticas arrumam a casa cozinham lavam e passam ferro o que n o significa uma vida solit ria pois t m sempre o entra e sai de filhos e netos e ainda a companhia do r dio e da televis o que est o permanentemente ligados Suas sa das se restringem s igrejas S duas al m dessas atividades t m uma vida mais agitada fora de casa Dona Paula passa a tarde e parte da noite vendendo acaraj e est sempre procurando uma coisa para fazer emendando uns paninhos Dona Josefa que mora sozinha e longe dos filhos tem a semana preenchida com ioga hidrogin stica grupo de c
116. 36 No caso das mulheres a parcialidade institucional dos sistemas de prote o social particularmente os que se baseiam em uma atividade de trabalho ininterrupta aumenta a feminiza o da pobreza As desigualdades e disparidades entre os g neros no que se refere ao poder econ mico desigualdade de distribui o do trabalho n o remunerado entre as mulheres e os homens falta de apoio tecnol gico e financeiro para as empresas de mulheres desigualdade no acesso ao capital e a seu controle particularmente terra e ao cr dito e ao acesso aos mercados de trabalho assim como todas as pr ticas tradicionais e costumeiramente prejudiciais t m criado obst culos habilita o econ mica da mulher e t m intensificado a feminiza o da pobreza Em muitas sociedades os lares encabe ados por mulheres inclusive divorciadas ou separadas solteiras e vi vas s o 118 particularmente vulner veis pobreza Medidas especiais de prote o social fazem se necess rias para fazer frente feminiza o da pobreza especialmente no caso de mulheres idosas 46 p 44 Refere se tamb m s diferen as de g nero com rela o s quest es de sa de salientando a incid ncia da diminui o da capacidade e a incapacidade em mulheres deixando as mais vulner veis tornando se necess rio promover pol ticas que levem em conta tais diferen as 87 p 62 Assim como as pesquisas devem considerar desde a coleta at a an l
117. 56 livremente ao trabalho que tenham seus lucros assegurados pois o lucro visto como elemento regulador e dinamizador de toda a sociedade Nessa perspectiva liberal a liberdade do trabalho fundamental uma vez que liberta a iniciativa individual o gosto pelo risco pelo esfor o pela competitividade O motor que impulsiona o trabalhador o desejo de melhorar sua condi o Segundo Castel h a uma total ruptura com a sociedade estamental de status de condi es regida pelas tutelas mas principalmente a redefini o do trabalho que ir permitir o advento de um novo regime O livre acesso ao trabalho e a institui o de um livre mercado de trabalho marcam o advento de um mundo social racional por meio da destrui o da ordem social arbitr ria da antiga sociedade CASTEL 2008 p 235 As id ias liberais principalmente as formuladas por Adam Smith no s culo XIX preconizam que a riqueza das na es resulta da atua o dos indiv duos que movidos por seus interesses individuais ego stas promoveria o crescimento econ mico e o bem estar coletivo A m o invis vel do mercado regularia as rela es econ micas e sociais produzindo o bem estar Smith acreditava que os indiv duos ao buscarem ganhos materiais s o orientados por sentimentos morais e por um senso de dever o que assegura a aus ncia da guerra de todos contra todos A coes o social se originaria na sociedade civil com a m o invis vel
118. 84 um problema social pressup e um verdadeiro trabalho social que compreende duas etapas essenciais o reconhecimento e a legitima o do problema como tal O trabalho de reconhecimento busca tornar vis vel uma situa o em particular e a legitima o pressup e uma verdadeira promo o para inseri lo o problema no campo das preocupa es sociais do momento A velhice torna se reconhecida como problema social a partir da d cada de 1960 com base nos discursos autorizados e reconhecidos das ci ncias os m dicos apontam o enfraquecimento org nico os dem grafos assinalam o crescente aumento da popula o idosa o que significaria uma amea a ao sistema previdenci rio e de sa de e os psic logos e soci logos enfatizam a aus ncia de fun o social ou a redu o dos pap is sociais dos mais velhos LENOIR 1996 Tais discursos amplamente difundidos pelos meios de comunica o acompanhados pelas mudan as nas rela es entre as gera es no trabalho e na fam lia e o crescente n mero de aposentados mais jovens e das camadas m dias provocaram uma resignifica o da velhice e da aposentadoria Constata Debert 1999 p 61 inverte se os signos da aposentadoria que deixa de ser um momento de descanso e recolhimento para tornar se um per odo de atividade e lazer Foi a partir da d cada de 1960 especialmente na Fran a que a aposentadoria passou a ser vivenciada por pessoas mais
119. 999 a cronologiza o do curso da vida pode ser pensada tanto como resposta s mudan as na estrutura econ mica de uma economia baseada na unidade dom stica para outra baseada no mercado de trabalho quanto as transforma es das quest es que diziam respeito ordem privada em problemas de ordem p blica operadas pelo Estado Moderno regula o da vida do nascimento morte passando pelo sistema de escolariza o entrada no mercado de trabalho e aposentadoria As mudan as no sistema de produ o o controle do Estado especialmente sobre a entrada e sa da do mercado de trabalho por um lado e o discurso m dico sobre a velhice por outro fase de decl nio decad ncia f sica e mental etc p em a velhice num n o lugar AUG 1984 A sa da do mercado de trabalho com a aposentadoria decretava a morte social das pessoas de mais idade pois impossibilitadas de continuar produzindo e se reproduzindo elas perdem o seu valor social e simb lico BIRMAN 1995 Desta forma lembra Lenoir 1996 a velhice surge como problema social sobretudo na classe oper ria A velhice dos oper rios ent o assimilada pelo patronato capitalista invalidez isto incapacidade para produzir A no o de velhice se associa aposentadoria ou seja decad ncia e incapacidade para o trabalho Se por um lado a institucionaliza o da aposentadoria representou a
120. A assist ncia domiciliar aos idosos cuja capacidade funcional est comprometida demanda programas de orienta o informa o e assessoria de especialistas Alerta ainda para a necessidade da sociedade compreender que o envelhecimento populacional ultrapassa o mbito familiar e individual e diz respeito tamb m ao mbito p blico ao Estado e a toda a sociedade Podemos observar que esta primeira vers o da Pol tica Nacional de Sa de do Idoso expressa a preocupa o em que o Estado assuma o compromisso da assist ncia sa de do idoso n o transferindo para a fam lia este encargo Entretanto muito pouco foi feito neste sentido e j foi aprovada uma nova proposta pol tica que redefine o rumo da assist ncia ao idoso No mbito estadual por exemplo nem sequer foi elaborada a pol tica estadual de sa de do idoso Discutiremos isso mais adiante No mbito internacional foi realizada em 2002 a Il Assembl ia Mundial sobre o Envelhecimento em Madri Espanha promovida pala ONU Nesta assembl ia foi aprovada uma nova declara o pol tica e um novo Plano de A o Internacional sobre o Envelhecimento que dever servir como um instrumento pr tico para ajudar os respons veis pela formula o de pol ticas a considerar as prioridades b sicas associadas com o envelhecimento dos indiv duos e das popula es PNUD SEDH 2003 especialmente para os pa ses em desenvolvimento O Plano de A o de 2002 tem por objetivo
121. A avalia o da capacidade funcional determinante do tipo de interven o e acompanhamento da sa de da popula o idosa A aten o sa de do idoso fica assim definida para os idosos fr geis a reabilita o da sa de a preven o e a aten o domiciliar J os independentes ter o acesso a medidas de preven o e promo o da sa de aten o b sica e suporte social MS 2007 Outra a o relacionada PNSPI no mbito do SUS a Interna o Domiciliar A interna o domiciliar destina se a pacientes que precisam de cuidados especiais mas n o necessariamente de interna o em um hospital e prev o tratamento e o acompanhamento m dico na pr pria resid ncia A interna o domiciliar n o destinada s a idosos mas este um dos grupos populacionais priorit rios Segundo documento do Minist rio da Sa de O objetivo dessa medida garantir atendimento humanizado que contribua para a recupera o do idoso e permita maior autonomia para ele e seus familiares durante o tratamento E revela A iniciativa deve reduzir custos com interna es e filas de espera nos hospitais do SUS O coordenador da rea t cnica de sa de do idoso do DAPE SAS MS Jos Luiz Teles argumenta Longos per odos de interna o em hospitais e casas de sa de deixam as pessoas ainda mais fr geis e afetam seu lado emocional Esse tratamento al m de mais saud vel proporciona independ ncia ao idoso O mesmo docum
122. Aposentados da Bahia atrav s do F rum Permanente em Defesa do Idoso que reivindicou ao governo estadual uma aten o diferenciada para o idoso Mas como disse Sr Gilson na solenidade de comemora o do primeiro ano de funcionamento A Delegacia de Atendimento ao Idoso uma conquista mas n o necessitar amos dela se houvesse harmonia e solidariedade entre todas as gera es Tamb m o Minist rio P blico da Bahia tem tido uma atua o marcante especialmente com rela o s ILPI Desde 2003 o Centro de Apoio Operacional s Promotorias de Justi a da Cidadania Caoci vem junto com a Vigil ncia Sanit ria Municipal realizando inspe o nas ILPI de Salvador Face precariedade da realidade encontrada e impossibilidade de fechamento de todas as institui es que n o est o em conformidade com as normas estabelecidas o promotor de Justi a da Cidadania Dr C sar Correia teve a iniciativa de organizar uma rede de aten o aos idosos asilados congregando institui es como o Instituto Nacional de Seguro Social INSS 142 Secretaria de Trabalho Assist ncia Social e Esporte do Estado SETRAS Superintend ncia de Urbaniza o da Capital Surcap Secretaria de Combate Pobreza e s Desigualdades Sociais Secomp Vigil ncia Sanit ria Empresa Baiana de Saneamento Embasa ONGs e C mara de Vereadores para realizar estudos com a finalidade de implantar a es que visem a melhoria das condi es de vida
123. BERING BOSCHETTI 2007 Os Institutos de Aposentadoria e Pens es foram unificados em 1966 com a cria o do Instituto Nacional da Previd ncia Social INPS A Previd ncia foi ampliada em 1971 com a cria o do Programa de Assist ncia ao Trabalhador Rural PRORURAL gerido pelo Fundo de Assist ncia ao Trabalhador Rural FUNRURAL Este programa vem romper com o car ter de seguro social at ent o vigente no sistema previdenci rio Segundo Delgado e Cardoso 1999 este sistema inaugura uma efetiva prote o social ao idoso modificando toda uma hist ria e concep o de prote o s pessoas idosas no setor rural Os trabalhadores rurais idosos passaram a ter direito aposentadoria por velhice 65 anos invalidez pens o e aux lio funeral pol tica essa de car ter mais redistributivo e universalizante j que n o exigia que os trabalhadores tivessem contribu do para a previd ncia O valor do benef cio da aposentadoria por velhice era de meio sal rio m nimo e s poderia ser concedida a um componente da unidade familiar cabendo apenas ao chefe ou arrimo deixando as mulheres desprotegidas exclu das do benef cio por idade a menos que vivessem sozinhas A pens o por morte do trabalhador era de valor equivalente a 30 do sal rio m nimo devida aos dependentes Os empregados dom sticos tamb m passam a ser inclu dos como segurados obrigat rios da Previd ncia Social a partir de 1972 Dois anos depois foi criado o ampa
124. BPC e a Renda Mensal Vital cia chegando a representar 88 do total dos recursos em 2004 BRASIL 2004 Isso se deve ao fato desse benef cio ser o nico garantido pela Constitui o e uma vez concedido n o ser suscet vel a cortes or ament rios Contudo a abrang ncia social desse benef cio ainda muito restrita Considerando o universo de pessoas com renda familiar per capta inferior a 1 4 do sal rio m nimo conforme Silva 2004 s 7 17 desse total alcan ada pelo BPC Com rela o popula o total de pessoas com 65 anos e mais sem recorte de renda segundo o Censo de 2000 o percentual de cobertura ainda menor 5 88 SILVA 2004 Apesar do BPC constituir se no primeiro benef cio n o contributivo adotado no Brasil representando um marco na extens o do contrato social no pa s a maneira pela qual ele foi regulamentado contradiz o princ pio constitucional que assegura um sal rio m nimo ao idoso e a pessoa com defici ncia e sem renda O acesso ao BPC seletivo 2 Segundo Boschetti 2003 o projeto da LOAS que tramitou no Congresso vinculava 10 do or amento da Seguridade Social para a Assist ncia mas o artigo foi suprimido Nesse trabalho a autora analisa as a es de assist ncia social que transitam fora do FNAS 2 A Renda Mensal Vital cia configura se como direito adquirido que deve ser mantido at sua extin o ou seja quando j n o haja mais benefici rios de acordo com o artigo 40 da
125. Os mais velhos t m hoje uma participa o ativa na din mica familiar saindo da situa o de depend ncia que caracterizava o velho de algumas d cadas atr s A independ ncia financeira em rela o aos filhos tornada poss vel com a aposentadoria modificou tamb m as expectativas de trocas intergeracionais J n o esperam que os filhos os mantenham esperam deles apoio e aten o mas sem que isso represente cerceamento da sua liberdade e individualidade S o especialmente as mulheres idosas que mais expressam isso em palavras e em atos n o permitindo que os filhos interfiram em suas vidas morando ou desejando morar sozinhas mesmo que muito pr ximas dos filhos A vida familiar tamb m permeada de conflitos nem sempre explicitados o que faz com que a fam lia n o seja sempre a nica ou melhor fonte de apoio Vizinhos irm os de f amigos e comadres muitas vezes ocupam um lugar mais significativo no sistema de trocas No que diz respeito solidariedade local observamos profundas diferen as entre os dois grupos No caso dos idosos da comunidade o vizinho como um real imediato CASCUDO apud SARTI 2007 valorizado como suporte social e apoio eventual na aus ncia dos filhos ou em substitui o a eles Visto como um igual algu m em quem se pode confiar apesar de manter certa dist ncia considerada por eles como necess ria para preservar a intimidade familiar e a fim de evitar conflitos Est o atentos
126. Prop em assim Criar nos Estados e Munic pios centros de educa o continuada para a popula o idosa no prazo de 360 dias ap s a consolida o das propostas da Confer ncia Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa a fim de garantir al m da educa o formal e n o formal cursos profissionalizantes e 127 oficinas Inserir o envelhecimento como tema transversal em todos os n veis do ensino formal e incluir mediante conv nios entre Estados Munic pios e Universidades conte dos e disciplinas de gerontologia e geriatria Criar no mbito dos Estados Munic pios e em entidades privadas programas que estimulem rela es intergeracionais por meio de interc mbios culturais e esportivos Oportunizar atividades educativas f sicas desportivas culturais e de lazer pessoa idosa em situa o de vulnerabilidade social e ou com diferentes n veis de funcionalidade em institui o de longa perman ncia acompanhadas por profissionais qualificados e capacitados e de forma intergeracional Proporcionar escolariza o e atividades f sicas e esportivas para idosos nos pres dios e em institui es de longa perman ncia 8 Controle Democr tico Papel dos Conselhos o que mais desperta a aten o nesse tema o chamamento para que os conselhos participem das quest es relacionadas aos empr stimos de financeiras para aposentados e pensionistas Quest o de suma import ncia tanto porque as financeiras operam com taxas d
127. S Instituto Nacional de Seguro Social IPASE Instituto de Previd ncia e Assist ncia dos Servidores do Estado IPEA Instituto de Pesquisa Econ mica Aplicada IPHAN Instituto do Patrim nio Hist rico e Art stico Nacional LBA Legi o Brasileira de Assist ncia LOAS Lei Org nica da Assist ncia Social LOPS Lei Org nica da Previd ncia Social MAPS Minist rio da Assist ncia e Promo o Social MDS Minist rio do Desenvolvimento Social e Combate Fome MP Minist rio P blico MPAS Minist rio da Previd ncia e Assist ncia Social MPS Minist rio da Previd ncia Social NIAPI N cleo Interinstitucional de A o Pr ldosos NOB Norma Operacional B sica PAI Programa de Assist ncia ao Idoso PAIF Programa de Aten o Integral Fam lia PASEP Programa de Forma o do Patrim nio do Servidor P blico PIS Programa de Integra o Social PNAD Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar PNAS Pol tica Nacional de Assist ncia Social PNI Pol tica Nacional do Idoso PNSI Pol tica Nacional de Sa de do Idoso PNSPI Pol tica Nacional de Sa de da Pessoa Idosa PPA Plano Plurianual PROSI Programa de Sa de do Idoso PSF Programa de Sa de da Fam lia RENADI Rede Nacional de Prote o e Defesa da Pessoa Idosa SAS Secretaria de Aten o Sa de SBGG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SEAS Secretaria de Estado de Assist ncia Social SECOMP Secretar
128. State seja muitas vezes utilizado para referir se a distintos sistemas de prote o social vale lembrar que o mesmo tem origem na Inglaterra fundado numa no o de cidadania Outras formas de pol ticas sociais foram geradas em condi es hist ricas pol ticas e culturais distintas tendo portanto princ pios e denomina es diferentes Exemplo disso o tat Providence Estado provid ncia franc s pautado numa tradi o de solidariedade ou o Sozialstaat Estado Social alem o de base corporativa contributiva Draibe 1993 assinala a variedade de defini es e concep es do Welfare State ou seja de como o Estado atua nas quest es sociais e o risco de defini es culturalmente comprometidas Desse modo a autora aponta alguns elementos comuns s defini es primeiro refere se a o do Estado na organiza o e implementa o das pol ticas sociais independente do grau em que se efetive a participa o do mesmo em tais pol ticas em segundo lugar e em decorr ncia a concep o de Welfare State pressup e uma determinada rela o entre o Estado e o mercado na qual o Estado tende a alterar o livre movimento e os resultados adversos do mercado em terceiro lugar est a no o de substitui o de renda quando esta perdida tempor ria ou permanentemente dados os riscos normais pr prios das 63 economias de mercado a perda da capacidade de trabalho por condi es de velhice doen a materni
129. T P Gera es comunidades e o Programa de Sa de da Fam lia reprodu o disciplina e a simplifica o administrativa In LINS DE BARROS M Org Fam lia e Gera es Rio de Janeiro FGV 2006 p 107 129 SEGALEN M Sociologie de la famille Paris Armand Golin 1993 S GUIN Elida org O Direito do Idoso Rio de Janeiro L men J ris 1999 SILVA E R SCHWARZER H Prote o social aposentadorias pens es e g nero no Brasil Bras lia IPEA 2002 Texto para discuss o n 934 SILVA M L L Beneficio de Presta o Continuada da Lei Org nica de Assist ncia Social Impacto e Significado Social In SPOSATI Org Prote o Social de Cidadania inclus o de idosos e pessoas com defici ncia no Brasil Fran a e Portugal S o Paulo Cortez 2004 SIMIONATTO 1 NOGUEIRA V M R As demandas de pesquisas sobre prote o social no Mercosul exig ncias para o Servi o Social KAT LYSIS v 9 n 2 jul dez Florian polis SC 2006 p 200 208 SIMMEL Georg Sociologia Colet nea organizada por Evaristo de Morais Filho S o Paulo tica 1983 SIM ES J A maior categoria do pa s o aposentado como ator pol tico ln LINS DE BARROS M org Velhice ou Terceira Idade Rio de Janeiro Funda o Getulio Vargas 1998 Previd ncia Social no Brasil um hist rico In NERI A L DEBERT G Velhice e Sociedade Campinas SP Papirus 1999 O movimento de Aposentados e Pensionistas e a Solid
130. TTIAS DONFUT C Org Les solidarit s entre g n rations Paris Natthan 1995 p 83 95 BIRMAN J Futuro de todos n s temporalidade mem ria e terceira idade na psican lise In VERAS Renato org Terceira Idade um envelhecimento digno para o cidad o do futuro Rio de Janeiro Relume Dumar UnATI UERJ 1995 BOSCHETTI Assist ncia Social no Brasil um direito entre a originalidade e o conservadorismo 22 ed Bras lia UNB 2003 BOURDIEU P A juventude apenas uma palavra In Quest es de Sociologia Rio de Janeiro Marco Zero 1983 Margin lia Algumas notas adicionais sobre o dom Mana Rio de Janeiro v 2 n 2 p 7 20 1996a 263 Raz es pr ticas sobre a teoria da a o 3 ed S o Paulo Campinas Papirus 1996b BRASIL 2007 Bras lia DF Minist rio do Desenvolvimento Social e Combate Fome Secretaria de Avalia o e Gest o da Informa o 2005 132p BRASIL DECRETO N 1 948 1996 Regulamenta a Lei 8 842 de 1994 e d outras provid ncias Di rio Oficial da Uni o Bras lia 1996 BRASIL LEI N 10 741 20083 Lei Especial Estatuto do Idoso Di rio Oficial da Uni o Bras lia 2003 BRASIL LEI N 8 842 1994 Disp e sobre a pol tica nacional do idoso cria o Conselho Nacional do Idoso e d outras provid ncias Di rio Oficial da Uni o Bras lia 1994 BRASIL Lei n 10 741 de 1 de outubro de 2003 Disp e sobre o Estatuo do Idoso e d outras
131. UAS no que se refere a prote o social especial de alta complexidade estava em curso o acompanhamento e orienta o s ILPI que recebem subs dios federais de 26 munic pios atendendo a 140 aproximadamente 1 131 idosos para adequa o s novas normas que regulamentam as ILPI Com a cria o da SEDES no novo Governo do Estado e a intensifica o do processo de implanta o do SUAS houve a extin o de coordena es espec ficas por segmentos e a cria o de coordena es de acordo com os n veis de complexidade prote o b sica prote o especial de m dia complexidade e prote o especial de alta complexidade Desse modo o trabalho com o idoso ficou pulverizado ou seja na prote o b sica a aten o ao idoso feita atrav s dos Grupos de Conviv ncia de Idosos e do PAIF O BPC tamb m uma modalidade de assist ncia desse n vel Na prote o especial de m dia complexidade est o os Centros Dia Assist ncia Domiciliar a Reabilita o na Comunidade dentre outros importante informar que n o existe nenhuma dessas modalidades de aten o na Bahia na prote o especial de alta complexidade est o as ILPI Rep blica Fam lia Acolhedora etc Na verdade a Assist ncia repete a experi ncia da Sa de que n o vingou inteiramente como vimos Diante dessas mudan as houve forte rea o por parte especialmente do t cnico que desde a d cada de 1980 tem trabalhado na rea e coordena o NIAPI e
132. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS PROGRAMA DE POS GRADUA AO EM CIENCIAS SOCIAIS MARCIA QUEIROZ DE CARVALHO GOMES PROTE O SOCIAL VELHICE E O CIRCUITO DE SOLIDARIEDADES INTERGERACIONAIS Salvador Bahia MARCIA QUEIROZ DE CARVALHO GOMES PROTE O SOCIAL VELHICE E O CIRCUITO DE SOLIDARIEDADES INTERGERACIONAIS Tese submetida ao Colegiado do Programa de P s Gradua o em Ci ncias Sociais da Universidade Federal da Bahia em cumprimento parcial dos requisitos para obten o do grau de Doutora em Ci ncias Sociais Orientadora Profa Dra Alda Britto da Motta Salvador Bahia 2008 G633 Gomes Marcia Queiroz de Carvalho Prote o social velhice e o circuito de solidariedades intergeracionais Marcia Queiroz de Carvalho Gomes Salvador 2008 289 f il Orientadora Profa Dra Alda Britto da Motta Tese doutorado Universidade Federal da Bahia Faculdade de Filosofia e Ci ncias Humanas 2008 1 Solidariedade 2 Envelhecimento 3 Rela es homem mulher 4 Fam lia I Motta Alda Britto da II Universidade Federal da Bahia Faculdade de Filosofia e Ci ncias Humanas II T tulo CDD 305 26 MARCIA QUEIROZ DE CARVALHO GOMES PROTE O SOCIAL VELHICE E O CIRCUITO DE SOLIDARIEDADES INTERGERACIONAIS Tese submetida ao Colegiado do Programa de P s Gradua o em Ci ncias Sociais da Universidade Federal da Bahia em cumprimento pa
133. a de da pessoa idosa e Portaria n 399 GM de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto pela Sa de 2006 Consolida o do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto O Pacto pela Sa de um conjunto de reformas institucionais do SUS pactuado entre as tr s esferas de gest o Uni o Estados e Munic pios com o objetivo de promover inova es nos processos e instrumentos de gest o visando alcan ar maior efici ncia e qualidade das respostas do Sistema Unico de Sa de Ao mesmo tempo o Pacto pela Sa de redefine as responsabilidades de cada gestor em fun o das necessidades de sa de da popula o e na busca da equidade social As formas de transfer ncia dos recursos federais para estados e munic pios tamb m foram modificadas pelo Pacto pela Sa de passando a ser integradas em cinco grandes blocos de financiamento Aten o B sica M dia e Alta Complexidade da Assist ncia Vigil ncia em Sa de Assist ncia Farmac utica e Gest o do SUS substituindo assim as mais de cem caixinhas que eram utilizadas para essa finalidade MS www saude gov br 4 Portaria GM MS n 2528 de 19 10 2006 Aprova a Pol tica Nacional de Sa de da Pessoa Idosa Revoga a Portaria n 1 395 GM de 10 de dezembro de 1999 129 i apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas A t nica predominante como vemos o envelhecimento saud vel e ativo acompanhando os preceitos internacionais Entretanto aponta a
134. a no caso dos idosos principalmente o barulho que mais os afeta Nesse sentido relata Sr Valdemir me dou bem com uns e outros n o Meu vizinho aqui mesmo defronte a mim a gente era assim gesticula aproximando os dedos indicadores Ele a botou um bar bem a som a direto nome direto na minha porta Eles fazem de prop sito tem dia que a noite toda sabe que eu sou um homem doente n o posso ouvir zoada mas ele faz de proposital ent o um elemento desse eu n o posso ter contato nenhum Voc num sabe que eu j pedi v rias vezes ent o eu isolei num quero conversa com ele e nem ele quer comigo pronto acabou Tamb m a Sra Am lia se indisp s com os vizinhos por causa do barulho das crian as os menino fica aqui me atentando os meninos dela vizinha que tamb m cunhada a eu me reto e xingo Raramente se referem aos vizinhos como amigos As rela es de amizade s o bastante restritas e parecem pertencer a uma outra categoria As mulheres ou se referem s velhas amigas s quais visitam periodicamente passam a tarde ou dia na casa delas ou as que aparentemente limitam se aos encontros na igreja a n o ser pelas visitas feitas por mulheres da igreja cat lica aquelas que n o saem de casa como o caso de dona Gleide tenho amigas a da igreja mesmo elas v m aqui me ver d eucaristia Gleide Tenho amiga l em baixo na rua
135. a a R 70 00 m s Um dado surpreendente constatado nessas visitas diz respeito falta de documenta o dos idosos que se encontram institucionalizados o que inviabiliza o alcance da concess o do BPC Nesse sentido o MP acionou os rg os competentes para solucionar essa quest o numa tentativa de resolver o problema n o s do idoso mas tamb m da institui o na medida em que o idoso poder contribuir para sua manuten o 143 4 A SOLIDARIEDADE P BLICA E INSTITUCIONAL Historicamente no Brasil os sujeitos que dependem tempor ria ou permanentemente ou que fazem uso do sistema de prote o social p blico mesmo que este seja concebido como direito de cidadania s o vistos marginalmente pela sociedade Nas sociedades capitalistas perif ricas onde o trabalho ainda considerado um valor central mesmo em face a toda a crise vivida atualmente a sociedade n o v com bons olhos aqueles que precisam da solidariedade p blica para sobreviv ncia Com rela o ao idoso considerado incapaz para o trabalho a responsabilidade por sua manuten o atribu da fam lia e s na sua aus ncia ao Estado O idoso morador de asilo em especial o p blico nunca visto como cidad o em gozo de seus direitos ao contr rio carrega o estigma hist rico da pobreza e do abandono da fam lia Sem d vida a pobreza um dos principais motivos que levam o idoso a buscar o apoio do Estado entretanto dif cil mensurar
136. a coisa uma horta preu molhar as planta preu molhar mas tinha um cachorro eu tinha que passar quisesse ou n o quisesse de junto do cachorro ele me mordeu tr s vezes Que eles tinha condi es de tirar o cachorro dali e n o tirava Quer dizer proposital Que pra eu dizer se voc bonito ou se voc pra mim coisa fazer quarqu coisa n o precisa de pronunciar Entendeu A hist ria se repete com outros J morei com duas filhas Com Juc lia no Marotinho e com Carmem que mora no Jardim Cruzeiro Sa da casa dela por causa do marido dela Ela tem tr s filhos com ele Com a outra eu sai por causa do filho dela a gente idoso que teve uma cria o do passado diferente desse tipo de cria o que os pais d o agora Sr Miguel 79 anos morou com quatro mulheres teve 20 filhos tem 10 vivos Morou com a irm mas muito problem tica Fam lia muito problem tico Ent o pra mim melhor ficar sozinho n Eu nunca fiquei sozinho n o mas vim pra c desse jeito L cio 82 anos sem filhos na casa da irm j moravam filha genro e netos As mulheres tamb m tiveram a experi ncia de morar com familiares mas ao contr rio dos homens dificilmente falam de conflitos familiares Dizem que moraram 169 com irm os ou sobrinhos mas atribuem em geral falta de espa o nas casas desses as diverg ncias religiosas ou ao desejo de ter um canto sossegado para morar como a
137. a muito grande na vida dos idosos despertando o interesse da diretoria t cnica da Superintend ncia de Desenvolvimento da Comunidade do Estado da Bahia SUDESCO na poca rg o da Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social que coordenava os CSU s S no final de 1987 o programa foi oficializado na poca j contava com 15 grupos de conviv ncia na Capital e Interior O programa levou o nome de Programa de Apoio ao Idoso PAI e tinha por objetivo oferecer aos idosos e seus familiares meios para romper os condicionamentos sociais respons veis por sua situa o de marginaliza o e romper os bloqueios que impedem sua plena integra o ao dinamismo da vida social PAI 1987 p 04 136 No in cio dos anos de 1990 a Prefeitura de Salvador inicia um processo de cria o do Conselho Municipal do Idoso chega a convocar um grupo de profissionais vinculados a institui es governamentais e n o governamentais mas o trabalho n o vai adiante pois dependia da convoca o do Poder Executivo que nunca se concretizava Diante da frustra o dessa empreitada esses profissionais resolvem organizar um grupo de trabalho sob a coordena o do Dr Jos Queiroz renomado geriatra da cidade denominado Grupo de Trabalho Interinstitucional GTI Esse GTI tinha por objetivo organizar as a es que vinham sendo realizadas pelas diferentes institui es e juntar esfor os em prol das quest es relacionada
138. a no andar de cima em companhia do cunhado que sofre de problemas mentais heran a tamb m deixada pela sogra A m e dele quando tava pra morrer me pediu pra tomar conta dele Deus me perdoe j me arrependi muito e um filho mais novo alco latra que n o casou e fica tempos com ela e tempos numa casa ao fundo da dela tamb m de sua propriedade A idosa reclama bastante por ter de arcar sozinha com as despesas com o cunhado sem a colabora o dos familiares dele Eles vivem com a pens o que ela recebe Os homens que tiveram trabalho formal est o aposentados mas tamb m ainda carregam a responsabilidade de prover os filhos desempregados ou separados Sr Valdemir 80 anos casado teve nove filhos tem oito vivos Hoje est aposentado foi funcion rio da Petrobr s e mora h 49 anos no bairro A casa onde mora foi sendo ampliada ao longo do tempo Quatro filhos moram no mesmo terreno um na parte superior e outros tr s ao lado Com o idoso moram a esposa e a filha mais velha 51 anos com a filha neta Come ou a trabalhar aos 10 anos na ro a e nunca mais parei Parou de estudar s fez at o terceiro ano porque os pais n o tinham condi es dormi em cocheira de gado dormi em serraria porque n o tinha recurso Fui trabalhando chamando por Deus pedindo a Deus e Deus me clareou os meus passos que eu cheguei onde cheguei Arranjei um empregozinho que cheguei a minha aposentadoria Hoje eu t
139. a situa o de pobreza que conduz a isso considerando a exist ncia de uma pobreza integrada CASTEL 1997 ou seja a situa o em que mesmo em face a uma prec ria condi o econ mica o idoso permanece integrado na comunidade Isso significa dizer que tomar como refer ncia apenas a dimens o econ mica n o explica a quest o este crit rio se mostra insuficiente para compreender a problem tica social do idoso asilado Por outro lado considerar o idoso asilado como um sujeito abandonado pela fam lia n o d conta da multiplicidade de condi es em que as rela es familiares foram ou n o constitu das e mantidas ao longo da vida dos sujeitos em quest o Desse modo proponho pensar a posi o do idoso morador de asilo a partir da categoria de desfilia o proposta por Castel 1997 Entendendo por desfilia o o processo de ruptura das rela es de interdepend ncia da rede de integra o prim ria ou seja quando h uma desvincula o do sujeito do sistema de trocas de reciprocidade fundadas sobre o pertencimento familiar e comunit rio Nas palavras de Castel 1997 p 50 51 a desfilia o ocorre quando o conjunto das rela es de proximidade que um 144 indiv duo mant m a partir de sua inscri o familiar e social insuficiente para reproduzir sua exist ncia e para assegurar sua prote o Acredito que esse conceito possibilita ultrapassar o discurso simplista vigente que se funda na condi
140. a vida Ressaltam os presentes e especialmente as merendas trazidos por elas e reclamam da escassez delas nos ltimos tempos 186 Ah visita timo Agora que virou tudo n Mas antigamente era bacana vinha comida da rua muito boa sopa p o que sobrava Vinha vinha merenda vinha presente agora oh Sr Anselmo bom pra a gente n o ficar abandonado O pessoal esp rita traz muita merenda pra gente Sr Miguel Aqui vem muita visita antigamente era presente todo dia todo dia vinha cheio de gente aqui agora ta acabando as visitas Eu converso bato papo homem mulher qualquer pessoa se for visita bate papo com a gente Sr Arlindo Eu dou aten o a todo mundo Eu acho muito importante porque eu sou muito brincalh o e sou muito comunicativo e quanto mais me aparece essas coisas mais eu me sinto bem Vou inventando mais besteira e a vou levando a vida Sr Daniel Com as visitas poss vel trocar esses trazem presentes e eles d o a aten o o papo a conversa respondem s muitas perguntas que elas lhe fazem Sr Daniel sempre de bom humor considera que as visitas v o aprender como envelhecer Eles v m trazer uma satisfa o ou seja prestigiar aprender algumas coisas e ter dentro de si que vai ficar velho tamb m Ent o v m aqui pra se preparar Sr Daniel Sr L cio v o visitante como um porta voz da condi o dos que ali moram para o mun
141. acompanhamento de cerca de tr s a quatro mil e quinhentas pessoas ou de mil fam lias de uma determinada rea e estas passam a ter co responsabilidade no cuidado sa de A atua o das equipes ocorre principalmente nas unidades b sicas de sa de nas resid ncias e na mobiliza o da comunidade O Programa de Sa de da Fam lia considerado pelo Minist rio da Sa de como uma estrat gia estruturante do sistema de sa de se caracterizando como porta de entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado de sa de ressaltando suas reais ou pretensas caracter sticas ter territ rio definido com uma popula o delimitada sob a sua responsabilidade intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade est exposta prestar assist ncia integral permanente e de qualidade realizar atividades de educa o e promo o da sa de e com um discurso de maior racionalidade na utiliza o dos demais n veis assistenciais que o Estado vem ampliando as equipes sa de da fam lia At 2005 os dois Programas PACS e PSF estavam sob responsabilidade da Coordena o de Sa de da Comunidade do Departamento de Opera es da Funda o Nacional de Sa de sendo transferidos para a Secretaria de Aten o Sa de SAS do Minist rio da Sa de 2 O ACS reside na pr pria comunidade em que trabalha assim tem acesso f cil s fam lias da vizinhan a e identifica rapidamente seus problemas Ele atende aos morador
142. ade p blica vem atuando nos casos em que as rela es familiares inexistem ou encontram se esgar adas ou rompidas e principalmente apreender as formas de troca e solidariedade prim ria e secund ria de que idosos em diferentes contextos relacionais vivendo em institui o asilar e vivendo na comunidade disp em e fazem uso atrav s da percep o que os pr prios idosos t m dessas rela es de troca Nesse contexto busca se assinalar a situa o de vulnerabilidade da mulher idosa resultante das desigualdades sociais de g nero A sequ ncia de apresenta o deste trabalho revela a trajet ria percorrida a fim de alcan ar os objetivos propostos No primeiro cap tulo tra o inicialmente em linhas gerais o processo de constru o social da velhice delineando assim o campo do estudo Na sequ ncia apresento a abordagem te rica e as categorias de an lise que fundamentam e d o suporte s discuss es e ainda o itiner rio percorrido no processo de investiga o O segundo cap tulo rev no primeiro momento os principais percursos hist ricos nos quais a prote o social foi se constituindo em seguida busca se compreender sob quais circunst ncias hist ricas e sociais a prote o social brasileira 18 foi se institucionalizando apontando as atuais estrat gias das pol ticas sociais p blicas no reenvio para a fam lia da responsabilidade pela prote o dos seus componentes Esse mergulho hist rico se deu pela
143. ado e Sociedade o dever de proteger e assegurar os direitos dos mais velhos mas recai sobre a fam lia a obriga o de atender s necessidades do idoso sob pena de puni o quando do seu descumprimento sem que sejam observadas ou asseguradas fam lia as condi es necess rias para isso Ao idoso sem v nculo familiar o Estado se compromete a prestar 252 assist ncia integral na modalidade mais antiga e excludente o asilo Mesmo assim esse tipo de assist ncia cada vez mais tem sido deixado a cargo da filantropia caridade ou de institui es privadas que exploram e violam os direitos dos idosos Nas poucas institui es p blicas destinadas a este fim a assist ncia prec ria e indigna beirando o limite da indig ncia como o caso da institui o apresentada nesta pesquisa As Assembl ias internacionais t m sido importantes espa os de discuss es e v m repercutindo positivamente nas pol ticas para a velhice em nosso pa s Os Planos e acordos provenientes de tais eventos t m impulsionado a formula o e aprova o de pol ticas nessa rea e v m contribuindo para ampliar a vis o sobre as quest es que envolvem a velhice ou seja a diversidade de condi es econ micas sociais culturais de g nero de rela o entre as gera es de sa de que tornam o processo de envelhecimento um fen meno plural As pol ticas para a velhice tanto as nacionais quanto as da Bahia s o bastante abrangentes envo
144. ado processo de negocia o em virtude de mudan as na administra o de grande parte do corpo t cnico al m da proibi o por um per odo de tempo da entrada de toda e qualquer pessoa que n o fosse funcion rio ou parente dos idosos devido a grande exposi o do Abrigo m dia ap s o epis dio de desmoronamento de parte de dois pavilh es de moradia dos idosos causado pela ressaca do mar No primeiro momento me aproximei do campo a fim de levantar o hist rico da institui o atrav s de documentos e depoimentos de funcion rios da casa Tive acesso a um trabalho monogr fico elaborado para um curso de especializa o em Gerontologia por uma t cnica da institui o no qual a autora apresenta o relato detalhado do percurso hist rico do Abrigo que foi de grande valor informativo A fim de conhecer a popula o que habita o espa o institucional coletei dados nos prontu rios dos 139 idosos moradores naquele momento quanto a sexo data de nascimento data de admiss o o que possibilitou saber a idade quando da interna o e h quanto tempo est internado estado civil n mero de filhos grau de escolaridade ra a cor religi o ocupa o e respons vel a institui o exige que tenha algu m que se responsabilize pelo idoso podendo ser parente amigo ou vizinho na aus ncia do primeiro Al m desses dados de identifica o colhi ainda nos prontu rios informa es referentes aos locais onde estes idosos moravam ime
145. ai fiquei com medo Fui morar no Salvador Abrigo mas como era muito caro vim para c Sra Lea 88 anos No mbito micro social antes de culpabilizar a fam lia pela interna o do idoso numa institui o asilar faz se necess rio levar em considera o al m da condi o concreta de subsist ncia j mencionada pelo menos quatro fatores primeiro a exist ncia concreta dela pois como vimos muitas n o constitu ram fam lias outras tantas j a perderam segundo a inexist ncia ou a fragilidade dos v nculos familiares 165 os quais deixaram de ser mantidos ou alimentados seja pelas pr prias condi es de trabalho que os mantinham longe dos familiares seja por problemas relacionados a doen a como o caso do alcoolismo situa o muito comum especialmente entre os homens que acaba muitas vezes provocando o rompimento dos la os familiares pela viol ncia dom stica ou abandono em terceiro lugar os conflitos familiares gerados pelas diferentes posi es e valores geracionais inclusive pela intoler ncia dos pr prios idosos ao comportamento das gera es familiares mais jovens ou vice versa Acrescenta se a isso a intoler ncia religiosa que vem sendo foco de muitos conflitos familiares na atualidade Vejamos os relatos Passei um tempo na casa de minha sobrinha quando ela teve nen m quando me operei ela cuidava de mim mas me desentendi com ela e voltei para c Eu nunca gritei com ela eu d
146. ais Art 8 e X respectivamente Define ainda as compet ncias de cada uma das reas envolvidas sa de educa o cultura e turismo transporte agricultura habita o e urbanismo justi a e direitos humanos O grande desafio tanto na rea da sa de quanto na rea da assist ncia social para implantar a Pol tica do Idoso no Estado tem sido articular as a es e programas que j vinham sendo desenvolvidos na l gica da pol tica nacional nas duas reas ou seja na l gica do SUS e do SUAS Na rea da sa de segundo informa es da atual t cnica respons vel pela rea do idoso a Secretaria de Sa de do Estado da Bahia SESAB instituiu em 1991 uma Coordena o de Sa de do Idoso Essa Coordena o criou o Programa de Sa de do Idoso PROSI que tinha como objetivos a capacita o da rede de profissionais da sa de na rea de geronto geriatria a cria o de servi os especializados para atender a popula o idosa e a dissemina o de conte do geronto geri triaco no Interior do Estado Na ocasi o a Secretaria dispunha apenas de um ambulat rio de geriatria no Hospital S o Jorge no Largo de Roma Em 1999 o Programa prop s a cria o de uma Unidade que viesse a ser a refer ncia no atendimento ao idoso no Estado pois as 138 a es desenvolvidas at ent o se limitavam ao trabalho interno na Secretaria sem que houvesse uma a o direta com os idosos e ademais n o dispunham de informa
147. ais nos arm rios Este ltimo uma pr tica muito comum que me parece como uma revis o cont nua da vida uma auto afirma o do que e do que foi um dia Quando s o os pr prios idosos que falam sobre o que fazem no Abrigo as mulheres se referem mais a reza e impossibilidade de fazer muita coisa Quando o dia amanhece eu vou para a Santa Missa de Deus No mais passo o dia aqui como Deus quer Sra Divina Cinco horas da manh tomo banho me deito ou me sento rezo tomo meu caf sento l fora at a hora que a irm me chama para rezar o ter o Sra D lia Bem passo o dia no quarto s vezes saio Todo dia tem visita que bom conversa distrai Hoje costuro s umas besteirinhas j n o enxergo mais Sra Dulce Acordo cedo s fa o um soninho e acordo mas com essa idade as irm s n o querem que eu fa a mais nada ent o eu fico aqui passeio l embaixo no jardim e mais nada Sra Bernadete Eu acordo bem cedo tomo meu caf mas fico por aqui mesmo nem des o Almo o e tomo caf de noite Sra Paula J os homens se referem ou s pequenas ajudas que d o quando solicitados pelas Irm s ou ao vazio di rio mas alguns diferente das mulheres falam tamb m das divers es e bate papos com colegas s vezes ajudo nos servi os da institui o encero o sal o molho as plantas Na maior parte do dia fica conversando com os colegas Sr Aur li
148. al e da Sa de PAIF e PSF Pol ticas essas que afetam integral e negativamente as fam lias sobrecarregando seus membros especialmente as mulheres comprometendo e responsabilizando a fam lia e a comunidade no desenvolvimento de a es e procedimentos que muitas vezes requerem conhecimento especializado Transformam a fam lia em vil culpabilizando seus membros por n o mais corresponderam aos pap is que lhes s o tradicionalmente atribu dos impingindo lhes o r tulo de disfuncionais desconsiderando as condi es pol ticas macroestruturais e as condi es de vida de grande parte das fam lias brasileiras al m das mudan as nas rela es entre os g neros e as gera es A centralidade das pol ticas sociais na fam lia apelando para a tradicional solidariedade familiar tem sido desenvolvida mais pela falta de outras alternativas estruturais que por uma pol tica ativa de apoio e incentivo fam lia No campo especifico da prote o social ao idoso constata se que a velhice passou a fazer parte da agenda das pol ticas sociais do Estado obtendo grande avan o em termos da legisla o nas ltimas d cadas gra as aos movimentos sociais organizados por m muito pouco tem se efetivado na pr tica Nessa dire o destacam se tr s instrumentos legais que v m tra ando o rumo da prote o social ao idoso a Constitui o de 1988 a Pol tica Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso Todos eles atribuem Fam lia ao Est
149. almente crist os a filantropia est associada aos tempos modernos onde predomina o esp rito cientifico e racional RIZZINI 2006 A filantropia se relaciona ao amor pela humanidade 712 assist ncia pobreza toma outro rumo Na perspectiva higienista a pobreza e a mendic ncia passam a ser vistas como uma amea a sa de da popula o respons veis pela propaga o de doen as Desse modo a assist ncia se associa com a preven o de doen as atrav s de uma cruzada filantr pica MESTRINER 2005 mobilizando toda a sociedade A investida da medicina sobre as quest es sociais atrav s de pol ticas higienistas vai intervir tanto no planejamento das cidades quanto no controle da popula o pobre tanto nos espa os p blicos quanto nas institui es Os espa os p blicos onde havia concentra o de mendigos representam agora um perigo para a sa de dos habitantes da cidade Desse modo os mendigos dentre eles tamb m os velhos e os vadios tornam se agentes propagadores de doen as e sua livre exist ncia n o poderia ser mais tolerada GROISMAN 1999 A fim de tirar a mendic ncia das ruas s o criadas institui es destinadas a recolher e abrigar toda essa popula o os chamados Asilos de Mendicidade Exemplo disso s o os Asilos de Mendicidade fundados em 1854 no Rio de Janeiro e em 1862 na Bahia Estas institui es funcionavam inicialmente como abrigo e ao mesmo tempo centros de triagem onde os
150. am aos seus aposentos Por m a situa o s tem se agravado ao longo desses anos Em entrevista que realizei em 2003 com o ent o gerente este j falava das dificuldades enfrentadas para a manuten o dos cuidados com os idosos pois o n mero de funcion rios para atender aos idosos era inferior ao necess rio ficando alguns sal es sem cobertura especialmente nos finais de semana Em 2006 a esta dificuldade se juntava outra agora at mais grave a Prefeitura n o estava efetuando o pagamento do fornecedor da alimenta o Os pr prios idosos davam esta informa o e se queixavam da redu o da quantidade e da qualidade dos alimentos que vinham recebendo Segundo relato de alguns idosos eles estavam tendo de comprar alguns alimentos para complementar a que estava sendo fornecida pela institui o Vejamos a fala de Sr Bartolomeu 75 anos morador do Abrigo h 7 anos A alimenta o aqui p ssima Temos que fazer uma complementa o da alimenta o quando de noite voc toma um p o cacetinho seco e um caneco de caf pra passar a noite inteira No outro dia de manh um p o seco e um caneco de caf Um p o seco Antigamente vinha banana vinha refresco pra gente de manh sempre vinha dois p es com peda o de queijo mas hoje em dia n o vem J pensou se voc quer comer e a toma caf seis horas e a n o passo fome porque sempre tem uma bolacha creme cracker um p o de leite que eu compro
151. am por compreender como se produzem e se mant m os la os sociais Durkheim 1995 p 29 via na solidariedade o fundamento da coes o social Para esse autor a divis o do trabalho a fonte se n o nica pelo menos principal da solidariedade social a verdadeira fun o da divis o do trabalho criar um sentimento de solidariedade entre duas ou v rias pessoas A solidariedade descrita por Durkheim como org nica t pica das sociedades capitalistas que produz a integra o do indiv duo sociedade e assegura sua unidade Ela se manifesta como um fato social que s pode ser conhecido por interm dio de seus efeitos sociais que se efetivam atrav s de rituais valores e s mbolos gerando assim sentimentos de interdepend ncia pertencimento e reconhecimento m tuo Mas foi Marcel Mauss quem desenvolveu uma teoria que possibilitou uma compreens o da vida social como uma totalidade simb lica complexa e paradoxal que diferente de Durkheim leva em conta as motiva es e a inter subjetividade dos agentes que participam do circuito de reciprocidade a teoria da d diva A tem tica da d diva tem ocupado um lugar de destaque nas ci ncias sociais justamente pela for a e inquieta o que esta teoria provoca ao revelar a dimens o simb lica da realidade social presente nas rela es entre as pessoas e entre grupos sociais ou seja a universalidade do simbolismo que se expressa atrav s da tripla obriga o de dar recebe
152. antigo casar o onde funciona o Abrigo fica situado na Av Luiz Tarqu nio entre o largo de Roma e o bairro de Boa Viagem na cidade baixa uma das regi es mais antigas de Salvador Ao fundo do casar o encontra se uma faixa de praia de frente para a Ba a de todos os Santos Ele ainda guarda as marcas da impon ncia das mans es do tempo do Imp rio expressas nos seus tra os arquitet nicos Seu enorme port o de ferro trabalhado as v rias imagens esculpidas que encontram se sobre a amurada e as laterais do telhado do casar o os in meros janel es na fachada impressionam o visitante Mas seu estado de conserva o revela o abandono e a decad ncia em que se encontra Seu tombamento pelo Instituto do Patrim nio Hist rico e Art stico Nacional IPHAM torna o pr dio intoc vel sem a autoriza o desse instituto e a sempre alegada falta de recursos para sua reforma j faz com que o pr dio v se deteriorando a cada dia colocando a vida dos idosos que l vivem em risco um misto de nostalgia e sentimento de abandono que se tem ao adentrar a institui o O sentimento que o ambiente desperta parece afetar tamb m a primeira impress o acerca dos moradores N o raro os visitantes se referirem a eles como abandonados e tristes impress o nem sempre mantida ap s o contato mais pr ximo com eles A institui o hoje sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social SEDES ocupa uma rea de 2 100 me
153. apazes de atender as demandas da sociedade Por outro lado sempre contou com uma forte participa o da fam lia e da sociedade civil na partilha de responsabilidades sociais A ajuda familiar intra e intergeracional a rede de vizinhan a a amizade e mais recentemente de forma mais generalizada a ajuda entre estranhos sempre estiveram presentes nas pr ticas sociais cotidianas nas mais diversas formas Mas a fam lia tamb m vem sofrendo intenso processo de mudan a ao longo deste per odo tanto na estrutura como no modo como as gera es se relacionam destacando se a entrada massiva da mulher no mercado de trabalho o aumento do n mero de div rcios e de re casamentos a diminui o do n mero de filhos o aumento do n mero de mulheres chefes de fam lia a presen a de v rias gera es na fam lia dentre outras Tais mudan as t m afetado as formas de troca e reciprocidade nas rela es intergeracionais na fam lia Ver sobre este assunto Draibe e Henrique 1988 16 Essas altera es na estrutura e nas formas de organiza o das fam lias juntamente com a crise do sistema de prote o social do Estado e principalmente o envelhecimento populacional e o alongamento da vida tornam imprescind vel a discuss o acerca do sistema de solidariedade intergeracional em nossa sociedade face s implica es sociais que este fen meno vem ocasionando Nesta perspectiva distinguimos tr s formas de v nculos sociais p
154. ar a alimenta o fornecida pelo abrigo com o funeral que pagam todo m s com a lavadeira al m dos agrados que d o a quem lhes presta algum servi o O que sobra gasto em eventuais sa das com amigas e para tomar uns goros Pagam ainda um volunt rio para fazer a limpeza dos sal es porque a Prefeitura n o disponibiliza funcion rios suficientes para cobrir as necessidades Eu dou um agrado a ela a pessoa que vai receber o dinheiro dele no banco Eu guardo pra comprar meu rem dio comprar minha bolacha comprar meu neg cio aqui que eu precisar Sr Valter Aqui mesmo eu pago vinte reais elas alega que pra fazer limpeza Pago a associa o e o meu funeral Tenho dois funeral um pelo sindicato e tenho outro daqui do abrigo A gente fica pagando a funer ria e depois s a manuten o Compro rem dio Sr Miguel 193 aposentadoria de invalidez de quando eu trabalhava com uma fam lia Eu acho boa Se n o achasse bom o que seria de mim Pelo menos compro minhas coisas meus rem dios quando preciso Sr Anselmo Compro minhas coisas e se uma pessoa chegar e pedi e eu tiver eu vou e ajudo e dou tamb m uma ajudinha a minha sobrinha Sr Bernadete Compro minhas coisinhas meus sapatos toalhas len ol ajudo minha sobrinha Sra Josefa Pago o auxilio funeral uma pessoa para lavar as roupas e compra as coisas de que preciso Sra Divina C
155. ara o trabalho Seja qual for o tipo de assist ncia requerida o indigente tem mais chance de ser assistido se for reconhecido como pertencente a uma rede prim ria ou seja se for reconhecido como membro da comunidade local Nesse sentido Castel assinala que o exerc cio da assist ncia guarda uma esp cie de analogia com a sociabilidade prim ria por m esse tipo de solidariedade vai se transformando medida que a urbaniza o e extens o geogr fica se alargam e o Estado toma o lugar da par quia ou da municipalidade A partir do fim do s culo XVII e in cio do s culo XVIII a situa o de pobreza se agrava ultrapassando a popula o indigente e marginalizada colocando grande parte da popula o em situa o de vulnerabilidade social O risco de dissocia o social nestas circunst ncias torna se eminente Paralelamente h uma transforma o na concep o do trabalho que passa a ser visto como a fonte de toda riqueza A necessidade do trabalho antes atrelada concep o religiosa e moral trabalho coercitivo for ado disciplinado regulado substitu da por outra na qual a liberdade do trabalho passa a ser um imperativo Isso implicou numa ruptura no modo de organiza o do trabalho e tamb m no princ pio de assist ncia social A fun o do Estado redefinida a partir da filosofia pol tica do liberalismo para a qual a fun o do Estado eliminar os obst culos ao mercado garantindo queles que se dedicam
156. aracterizado pela diminui o das taxas de natalidade e mortalidade provocou o aumento da expectativa de vida e consequente envelhecimento populacional A velhice era at ent o uma experi ncia de poucos seus problemas ficavam a cargo da fam lia e a diminui o da capacidade produtiva era compensada pela experi ncia e transmiss o de conhecimento As trocas se davam no mbito das rela es familiares intergeracionais Fora da fam lia a velhice era confundida com a mendic ncia e assistida pelas institui es de caridade e benefic ncia O aumento substancial do n mero de idosos em rela o s outras faixas et rias as transforma es no mundo do trabalho onde a experi ncia dos mais velhos j n o valorizada a institucionaliza o do sistema de aposentadoria que ao mesmo tempo em que d certa autonomia econ mica torna os mais velhos exclu dos dos processos sociais a intermedia o e regula o das rela es sociais pelo Estado a implementa o do sistema de Seguridade Social e de pol ticas sociais e as mudan as na estrutura e organiza o familiar todos estes fatores produziram formas novas de rela es intergeracionais novas formas de solidariedade como veremos No Brasil o processo de envelhecimento populacional vem se dando de modo r pido nas ltimas d cadas diferente dos pa ses desenvolvidos onde este processo se deu de modo gradual tornando se um problema social a mais que veio juntar
157. arado 2 3 anos Filho Padeiro 2 Daniel 68 Pintor Prim rio Cat lico Vi vo 14 7 anos Filha 3 Anselmo 74 Caseiro N o Cat lico Solteiro 00 26 anos Ex patroa alfabetizado 4 Bartolomeu 75 Policial Militar 2 Grau N o tem Separado 3 7 anos Filha 5 Miguel 79 Vendedor Prim rio Esp rita Vi vo 10 9 anos Filha ambulante incompleto 6 L cio 82 Motorista de Prim rio Cat lico Solteiro 00 4 anos Sobrinha caminh o 7 Valter 76 Vendedor Prim rio Cat lico Solteiro 00 7 anos Cunhada ambulante incompleto 8 Arlindo 66 Cobrador de Prim rio Cat lico Solteiro 01 3 anos Irm o nibus pintor incompleto 9 Jos 78 Pedreiro Prim rio N o tem Separado 17 5 anos Filho incompleto 10 Tadeu 63 Motorista Prim rio Cat lico Separado 00 3 anos Ex esposa 282 ROTEIRO DA ENTREVISTA COM IDOSOS AS MORADORES AS DO ABRIGO D PEDRO II l Dados de identifica o Nome Data de Nascimento Idade Profiss o ocupa o Fonte de renda Escolaridade Estado civil Filhos Tempo de interna o II Da situa o no abrigo Por que veio morar aqui Algum dia pensou em morar num Abrigo Onde morava antes de vir para o Abrigo Como a vida na institui o Rotina Quais os pontos positivos de morar aqui E os negativos Recebe visitas de parentes ou amigos que tinha antes de vir morar aqui Com que frequ ncia Qual a ltima vez Sai da institui o Com quem Qual a ltima vez que saiu Para onde 10 S
158. ares da Seguridade Social a Assist ncia Social por defini o uma pol tica n o contributiva que prov os m nimos sociais realizada atrav s de um conjunto integrado de a es de iniciativa p blica e da sociedade para garantir o atendimento s necessidades b sicas LOAS Art 1 A Lei Org nica da Assist ncia Social LOAS teve sua primeira reda o apresentada a C mara Federal em 1990 mas foi vetada S em 1993 atrav s de negocia es envolvendo gestores dos tr s n veis de governo organiza es n o governamentais e representantes no Congresso a LOAS foi aprovada A partir de ent o teve in cio o processo de constru o da gest o p blica participativa e descentralizada da assist ncia social atrav s de conselhos deliberativos e parit rios nas esferas federal estadual e municipal Essa Lei tem por objetivos a prote o fam lia maternidade inf ncia adolesc ncia e velhice o amparo s crian as e adolescentes carentes a promo o da integra o ao mercado de trabalho a habilita o e reabilita o das pessoas portadoras de defici ncia e a promo o de sua integra o vida comunit ria a garantia de 1 um sal rio m nimo de benef cio mensal pessoa portadora de defici ncia e ao idoso que comprovem n o possuir meios de prover a pr pria manuten o ou de t la provida por sua fam lia Art 2 Este ltimo parece contrariar o artigo 4 pelo menos em duas p
159. ariedade P blica entre as Gera es In Bahia An lise e Dados SEI vol 1 1996 278 SINGLY F O nascimento do indiv duo individualizado e seus efeitos na vida conjugal e familiar In PEIXOTO C SINGLY F CICHELLI V Orgs Fam lia e individualiza o Rio de Janeiro FGV 2000 p 13 19 Sociologia da fam lia contempor nea Rio de Janeiro FGV 2007 et al Orgs La famille em questions Paris Syros 1996 SPOSATI A Beneficio de Presta o continuada como m nimo social In Org Prote o Social de Cidadania inclus o de idosos e pessoas com defici ncia no Brasil Fran a e Portugal S o Paulo Cortez 2004 SPOSATI A FAL O M C FLEURY S M T Os direitos dos desassistidos sociais 4 ed S o Paulo Cortez 2002 TELLES J L Perspectivas e desafios para o planejamento das a es do pacto pela vida sa de da popula o idosa 2006 2007 contribui es para o debate DAPE SAS MS 2006 A americaniza o perversa da seguridade social no Brasil Estrat gias de bem estar e pol ticas p blicas Rio de Janeiro Revam UCAM IUPERJ 1998 Que reforma o sistema brasileiro de prote o social entre a previd ncia e a seguridade Ser Social n 11 UnB Departamento de Servi o Social dez 2002 VIEIRA E B Institui es Geri tricas avan o ou retrocesso Rio de Janeiro Revinter 2008 YAMAMOTO A DIOGO M D Os idosos e as institui es asilares do munic pio d
160. as dispon veis H lista de espera por vaga Quando n o h vaga para onde o idoso encaminhado Em sua opini o quais as obriga es do Estado com rela o aos mais velhos E da fam lia Quanto s reuni es com familiares temas tratados participa o n mero como problemas mais frequentes contribui es visitas frequ ncia Tem mais Idosos aposentados pensionistas ou que recebem BPC Quem recebe o dinheiro deles O Servi o Social tem registro das pessoas que visitam a institui o Quem s o homens mulheres faixa et ria religi o parentes ou desconhecidos grupos ou individuais o que fazem Quais as atividades regularmente oferecidas aos idosos Quantos participam em m dia H problemas de conviv ncia entre os idosos Quais os motivos mais frequentes Nome Idade 288 ROTEIRO DE ENTREVISTA GESTORES DE POLITICAS Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate Pobreza Coordena o do Idoso Tempo no cargo Forma o profissional e na rea Vinculo institucional 1 2 3 4 10 11 12 13 Como foi criada a Coordena o do idoso no atual governo Como a Coordena o do idoso est estruturada hoje Ligado a que setor Quantas pessoas trabalham no programa Quem s o e quais as fun es Qual o n vel de autonomia dessa coordena o Esse organismo administrativo nesse formato de Coordena o atende s necessidades de elabora o acompanhamento
161. as em meio aberto Os servi os de prote o social especial de alta complexidade s o aqueles que garantem prote o integral moradia alimenta o higieniza o e trabalho protegido para fam lias e indiv duos que se encontram sem refer ncia e ou em situa o de amea a necessitando ser retirados de seu n cleo familiar e ou comunit rio tais como Atendimento Integral Institucional Casa Lar Rep blica Casa de Passagem Albergue Fam lia Substituta Fam lia Acolhedora Medidas s cio educativas restritivas e privativas de liberdade Semi liberdade Interna o provis ria e sentenciada Trabalho protegido No que concerne Defesa Social e Institucional outra fun o da assist ncia social o documento argumenta que a universaliza o dos direitos sociais rompe com as pr ticas de tutela e subalternidade que discrimina a popula o carente n o os reconhecendo como sujeitos de direito Nesse sentido preconiza que as pr ticas da rede socioassistencial em defesa dos direitos de cidadania considerem o cidad o e a fam lia n o como objeto de interven o mas como sujeito protagonista da rede de a es e servi os e abram espa os e oportunidades para o exerc cio da cidadania ativa no campo social atuando sob o princ pio da reciprocidade baseada na identidade e reconhecimento concreto NOB 2005 101 Por outro lado a Vigil ncia Socioassistencial tem a fun o de produzir e sistematizar informa es construi
162. asa e da fam lia o que permitiu n o s ouvir os relatos mas tamb m observar as rela es entre eles As casas em geral t m um tr nsito constante de filhos e netos e em alguns poucos casos de companheiros as j que s uma das mulheres e como era de se esperar os dois homens moram com companheiras 0 A faixa et ria dos entrevistados variou entre 63 anos a mais nova e 94 anos a mais velha ficando a maioria entre 66 e 79 anos 4 entre 66 a 69 e 4 entre 72 e 79 e s uma com 86 anos todos eles l cidos e com muita vitalidade Ademais possuem um perfil muito comum suas condi es de classe de g nero e gera o como podemos constatar O n vel de instru o escolar de todos baixo sabem ler e escrever mas estudei pouco a resposta mais frequente em geral at o terceiro ano prim rio Essa situa o atribu da na maior parte das vezes ao fato de serem origin rios da zona rural que oferecia poucas oportunidades de frequentar escola j que tamb m tinham que trabalhar na ro a Mas tamb m a condi o de g nero e classe social se torna um empecilho para o estudo Eu nasci no interior mas o interior coitado n o tinha col gio naquela poca hoje em dia que isso melhorou naquela poca n o tinha col gio minha m e me ensinou a primeira letra da cartilha carta do ABC cartilha at que eu aprendi aquilo como eu gostava eu leio bastante agora escrever o meu fraco eu s fa o
163. ase onde se processam as trocas as rela es de interdepend ncia em que o indiv duo se inscreve Tal perspectiva se assemelha ao que Durkheim 1989 denomina solidariedade mec nica Esse tipo de sociedade sem social comporta segundo Castel diversas variantes hist ricas dentre elas a sociedade feudal e medida que ela se decomp e que surge a problematiza o moderna do social Seja porque os la os da sociabilidade prim ria se tornaram mais frouxos seja porque a estrutura da sociedade se torna mais complexa a ponto de impossibilitar esse tipo de resposta global e pouco diferenciada o atendimento aos carentes constitui objetos de pr ticas especializadas CASTEL 2008 p 57 Na constitui o das pr ticas de prote o social destacam se inicialmente aquelas de inspira o crist A assist ncia pobreza desde a Idade M dia realizada atrav s da caridade crist se inscreve na l gica da economia da salva o As a es caridosas serviam como instrumento para se redimir do pecado e obter a salva o numa poca em que os homens temiam o castigo divino e o inferno As obras de miseric rdia desenvolvem uma economia pol tica da caridade cujo valor de troca esmola que apaga o pecado Desse modo estabeleceu se Para o autor o social consiste em um sistema de regula es n o mercantis institu das para tentar preencher o espa o entre a organiza o pol tica e o sistema econ mico ou
164. assa a ser objeto de debate p blico Cerca de sessenta cidades europ ias adotam medidas exclus o dos estrangeiros proibi o estrita da mendic ncia recenseamento e classifica o dos necessitados desdobramento de aux lios diferenciados em correspond ncia com as diversas categorias de benef cios CASTEL 2003 p 73 buscando sistematizar o atendimento aos pobres domiciliados a fim de impedir a circula o dos trabalhadores pobres e punir a vadiagem V rios dispositivos foram acionados estabelecendo um verdadeiro c digo coercitivo de trabalho para todos aqueles submetidos obriga o do trabalho para sobreviver Exemplar deste tipo de interven o s o as leis inglesas Estatuto dos Trabalhadores em 1349 O Estatuto dos artes os em 1563 imp e o trabalho a todos os s ditos do reino com idade entre 12 e 60 anos fixa o tempo de aprendizagem 54 pro be a circula o de aprendizes do campo para a cidade pro be os camponeses sem terra e sem qualifica o de deixar sua par quia sem a autoriza o de um oficial de pol cia A Lei dos pobres em 1531 e 1601 vista como ca a aos vagabundos evoca a obriga o do trabalho a todos os homens e mulheres que tenham capacidade de trabalhar e n o tenham terra nem emprego nem profiss o reconhecida vinculando os a uma par quia que deveria adquirir mat ria prima para fazer trabalhar essa m o de obra sem qualifica o A Lei de Domic lio ou Settlement Ac
165. ativas No n vel macrossocial a confian a produz nos indiv duos um sentimento de inclus o ou exclus o na sociedade e nos benef cios que ela prov LANIADO 2000 Luhmann 1988 assinala que nas sociedades modernas a confian a lida com expectativas em dois n veis primeiro a confian a em que as coisas acontecer o da forma que se espera h uma expectativa de que n o haver desapontamento o que o 31 autor chama confidence segundo a confian a de que as coisas ocorram conforme certas decis es e compromissos assumidos o que implica em risco neste caso trust A confian a risco est mais relacionada s rela es interpessoais quando o sujeito decide entre v rias alternativas poss veis j no campo das rela es econ micas e pol ticas necess ria a confian a expectativa para o funcionamento da sociedade Tamb m Giddens 1991 2002 reconhece a confian a como condi o central na constitui o das rela es sociais e para o funcionamento da sociedade seja nas rela es pessoais de amizade ou intimidade seja no que o autor chama de sistemas abstratos Para ele a confian a a cren a em pessoas ou sistemas abstratos conferida com base em um ato de f que p e entre par nteses a ignor ncia ou a falta de informa o GIDDENS 2002 p 221 A confian a desse modo est na base das decis es das nossas a es cotidianas e demanda responsabilidade m tua A responsabili
166. avers les g n rations Paris Odile Jacob 2007 ATTIAS DONFUT C SEGALEN M LAPIERRE N Le nouvel esprit de famille Paris Odile Jacob 2002 AUG M N o lugares introdu o a uma antropologia da supermodernidade Campinas SP Papirus 1984 AZEVEDO L E Aposentados em movimento tens es e converg ncia com o movimento sindical 2004 Disserta o Mestrado em Ci ncias Sociais Faculdade de Filosofia e Ci ncias Humanas Universidade Federal da Bahia Salvador 2004 262 BALANDIER G Homens e mulheres ou a metade perigosa In Antropo l gicas S o Paulo Cultrix 1977 p 10 66 BAWIN LEGROS B GAUTHIER A STASSEN J F Les limites de I entraide interg n rationelle In ATTIAS DONFUT C Solidarit s entre g n rations Paris Nathan 1995 p 117 130 BEHRING E R A Pol tica Social no Capitalismo Tardio S o Paulo Cortez 1998 BEHRING E R BOSCHETTI Pol tica Social fundamentos e hist ria 22Ed S o Paulo Cortez 2007 BELO Lacunas do bvio conte do s cio pol tico do processo de envelhecimento e da institucionaliza o do idoso Recife 1990 Disserta o Mestrado em Sociologia Universidade Federal de Pernanbuco BENGTSON V Is the contract across generations changing In gt ACHENBAUM W ANDREW Ed The changing contract across generations New York Aldine de Gruyter 1993 p 3 23 BENGTSON V GIANRUSSO R Effets long terme du lien filial In A
167. balhou para esta fam lia Quanto pol tica social observa se que ao estabelecer um patamar de mis ria menos de 1 4 do sal rio m nimo per capta na fam lia para que o idoso tenha direito a receber o benef cio leva muitas fam lias a n o suportar sozinhas o nus do sustento do idoso Entretanto o idoso passa a receber o beneficio BPC quando internado em institui o asilar o que tem servido como fonte de explora o de muitas dessas institui es inescrupulosas ou at mesmo por familiares que deixam os idosos em tais institui es e v m buscar suas mesadas sistematicamente A inefici ncia das pol ticas p blicas outra quest o que precisa ser observada As pol ticas de prote o ao idoso s o bastante abrangentes contemplando uma grande diversidade de situa es entretanto n o t m passado do papel para a pr tica Os idosos ainda n o foram beneficiados com as modalidades de assist ncia previstas em lei que possibilitaria em muitos casos sua perman ncia na fam lia e ou na comunidade A es tais como assist ncia domiciliar Centro Dia Oficinas abrigadas de trabalho previstos em lei ainda n o passam de inten o e at mesmo os propagados Centros de Conviv ncia espa os de sociabilidade que t m se mostrado t o 164 importantes para integra o do idoso na comunidade e na fam lia e de baixo custo s v m dando conta de atender uma pequena parcela dessa popula o Outro aspe
168. borat rios de sa de p blica de vigil ncia epidemiol gica e vigil ncia sanit ria s Secretarias estaduais compete acompanhar controlar e avaliar as redes hierarquizadas do SUS e promover a descentraliza o dos servi os e das a es de sa de para os Munic pios Os Munic pios ficam assim respons veis por gerir e executar os servi os p blicos de sa de al m de planejar organizar controlar e avaliar as a es e os servi os de sa de por ele desenvolvidos A articula o do sistema se d atrav s do Conselho Nacional de Secret rios Estaduais de Sa de CONASS criado em 1982 e o Conselho Nacional de Secret rios Municipais de Sa de CONASEMS criado em 1988 De acordo com Mercadante s d estes Conselhos tiveram atua o marcante no processo constituinte e s o elementos fundamentais na articula o entre as inst ncias estaduais e federal 2 O Conselho Nacional de Secret rios de Sa de CONASS uma entidade de direito privado sem fins lucrativos que se pauta pelos princ pios que regem o direito p blico e que congrega os Secret rios e seus substitutos legais enquanto gestores oficiais das Secretarias de Estado da Sa de SES dos estados e Distrito Federal www conass org br 88 A participa o comunit ria para o controle social se faz atrav s de duas inst ncias colegiadas em cada esfera de governo a Confer ncia de Sa de e o Conselho de Sa de A Confer ncia de Sa de se re ne a cada quatro ano
169. can ar os objetivos deste estudo fazer um breve hist rico sobre as pr ticas de assist ncia destinadas s popula es carentes consideradas mais vulner veis dando especial aten o situa o dos mais velhos N o se trata de refazer a hist ria da prote o social mas apenas apontar algumas experi ncias hist ricas a fim de entender o presente ou seja alguns elementos hist ricos que influenciaram na constitui o de pol ticas sociais e p blicas para a velhice Na hist ria da prote o social a velhice surge sobre duas perspectivas por um lado a da pobreza ou seja do velho que se encontra fora da rede de sociabilidade prim ria sem condi o de manter se por conta pr pria por outro a do trabalho ou seja a do velho trabalhador que se encontra fora do sistema produtivo sem condi es de manter se no mercado de trabalho Ambas as perspectivas entretanto n o s mant m estreita rela o como tamb m s o intercambi veis e portanto n o devem ser tratadas separadamente Castel 2003 ao tratar da nova quest o social traz uma importante contribui o para o entendimento dessas quest es Para o referido autor trabalho e prote o social se constituem como elementos que ir o permitir a integra o social dos indiv duos Ele reconstr i a trajet ria hist rica da prote o social concentrado se nas sociedades ocidentais crist s privilegiando a situa o francesa mas tamb m 10 Para Castel
170. ce vista por essa tica bastante positiva Mas as limita es especialmente f sicas causadas por doen as tornam a vida pesada sem prazer e sem expectativa de futuro a n o ser a morte Essa a express o predominante entre as mulheres moradoras do abrigo Sem muitos ganhos sem muitas conquistas sem esperan a de mudan a j em idade bem avan ada encontram pouco prazer na vida A velhice torna se assim um fardo pesado Os homens mesmo morando no abrigo s o mais otimistas vivem de forma mais ativa mant m desejos fazem alguns planos N o aceitam serem infantilizados e manifestam sua indigna o quando tratados por termos que consideram pejorativo velhinho vov Em parte essa atitude revela uma resist ncia a se verem como velhos atitude comum entre os homens em geral que se negam sempre a participar de coisas de velho ou lugar que s tem velho como os grupos de conviv ncia de idosos ou programas e bailes da terceira idade 260 Para finalizar resta re afirmar que as formas de solidariedade intergeracionais na atualidade v m se configurando como um circuito de rela es de interdepend ncia entre a solidariedade p blica e a prim ria imprescind veis uma a outra conformando novas possibilidades de trocas entre as gera es Em todos os casos contando ou n o com a rede de solidariedade prim ria a solidariedade p blica tem sido vital A fam lia j n o pode ser mais vista como o nico nem
171. cebe ajuda de algum filho a ou neto a ou outros parentes pr ximos De que tipo financeira instrumental afetiva Com que frequ ncia 18 Fornece ajuda a algum filho a ou neto a ou outros parentes pr ximos De que tipo financeira instrumental afetiva Com que frequ ncia 19 Na aus ncia deles quem a o ajuda 20 Tem amigos quem s o e qual a idade Os v com que frequ ncia 21 Recebe visitas De quem Com que frequ ncia 22 Faz visitas A quem Com que frequ ncia 23 Se relaciona com vizinhos vai na casa ou ele vem recebe ajuda ou d 24 Costuma sair de casa Para onde Sozinho a ou acompanhado a com quem 25 0 que faz durante o dia rotina 285 IV Rela es com o Estado 26 0 que acha da sua aposentadoria pens o benef cio 27 Quem vai receber 28 0 que voc faz com o dinheiro que recebe 29 Quando fica doente o que costuma fazer vai ao m dico toma rem dio caseiro vai a rezadeira 30 Qual a ltima vez que foi ao m dico Que servi o utilizou p blico privado ong posto de sa de hospital ambulat rio Qual nome do servi o 31 0 que acha do atendimento de sa de p blico 32 Utiliza alguma medica o de uso cont nuo antihipertensivo para osteoporose insulina etc Recebe do estado ou compra 33 Conhece o Centro de referencia do Idoso j ouviu falar ou j foi l 34 Conhece a PNI e o Estatuto do Idoso 35 Conhece algum direito que o idoso tem
172. cer as condi es de vida dos sujeitos a partir de uma leitura da realidade que ampliasse sua compreens o Nessa dire o a din mica da articula o das categorias de g nero e gera o mostrou sua efic cia na an lise interpretativa juntamente com outra categoria fundante da dimens o social que j havia sido determinada apriori tratava se de idosos pertencentes s classes populares A primeira evid ncia dessa an lise n o surpreende o espa o institucional ocupado predominantemente por mulheres Dado j revelado historicamente e por outras pesquisas atuais mas n o deixa de ser contradit rio quando consideramos que as mulheres s o as principais respons veis pela cria o e manuten o dos la os sociais O surpreendente entretanto constatar que as mulheres em geral solteiras e sem filhos t m ingressado cada fez mais tarde no abrigo Uma an lise utilitarista diria que permanecendo mais tempo independentes elas t m prolongado seu tempo til para a fam lia como avalia uma assistente social Na perspectiva adotada isso indica que elas mant m os la os sociais conquistados ao longo da vida ativos por mais tempo e mais que os homens os conservam tamb m depois de internadas Entretanto observamos pouco aprofundamento nos relatos feitos por essas mulheres tanto em compara o aos dos homens do Abrigo quanto aos as idosos as da comunidade Alguns fatores podem ter contribu do para isso tais como a falta de
173. certeza de que para compreender as pr ticas assistenciais atuais se faz necess rio apreender o curso do seu desenvolvimento ao longo do tempo sob dadas condi es sociais O terceiro cap tulo dedicado especificamente s pol ticas de prote o social velhice buscando identificar os princ pios que as orientam e como tais pol ticas v m ou n o se efetivando na pr tica e particularmente como elas v m se configurando no Estado da Bahia O quarto e o quinto cap tulos representam o n cleo da pesquisa Neles fa o o registro etnogr fico de dois contextos em que os sistemas de solidariedade p blico e prim rio atuam de forma mais ou menos predominante num abrigo p blico e na fam lia observando o circuito de trocas intra e intergeracionais no cotidiano de mulheres e homens idosos No sexto cap tulo discuto a rela o de interdepend ncia entre a solidariedade p blica e a prim ria que fazem com que esse circuito de trocas se retroalimente criando novas configura es Por fim retomo alguns pontos que se mostraram mais relevantes no decorrer do trabalho 1 A VELHICE de objeto de caridade a objeto de novas pol ticas sociais A velhice surge como problema social na medida em que as sociedades tornaram se mais complexas e o sistema de solidariedade social vai tomando formas diversificadas Da velhice invis vel FERNANDES 1997 ou por estar assimilada pelo grupo familiar ou por fazer parte
174. chegue Sra D lia Eu achei um m dico que me dei bem viu Sra Vanda Nunca precisei ir em hospitais gra as a Deus tem m dico aqui perto Doutor An bal quem me atende o m dico do Abrigo Sra Divina 196 A pr pria administra o do Abrigo reconhece a dificuldade e a falta de parceria com outras institui es e o n o cumprimento da legisla o que estabelece prioridade no atendimento de idosos e apela para o jeitinho brasileiro para resolver os problemas como diz a gerente n s n o temos nenhuma parceria com nenhum hospital nenhuma institui o de sa de Mas a gente costuma dizer que temos amizade assim as colegas que ligam para outras colegas para saber informa es de um medicamento de um idoso colega estou com um idoso assim aqui ah ent o venha mande aqui eu vou dar um jeito Sempre com jeitinho uma rede com os colegas mas parceria para resolver mas parceria mesmo de dizer ah o idoso do abrigo tem prefer ncia em tal lugar n o tem n o existe Quase a totalidade dos idosos as toma rem dio de uso continuo especialmente para hipertens o e diabetes s dois idosos dizem n o estarem tomando nenhuma medica o entretanto dado a inconst ncia do recebimento da medica o eles as t m sempre que estar com o dinheiro para comprar os rem dios que necessitam Poucos s o os que recebem rem dio no posto de distribui o de medicament
175. cidades de Bras lia Manaus Fortaleza S o Paulo e Florian polis Nesta ltima foi reivindicada a cria o de F runs Permanentes e neste mesmo evento foi instalado o F rum Permanente da Pol tica Nacional do Idoso da Regi o Sul iniciativa pioneira que se disseminou por outras regi es do pa s O primeiro F rum Nacional Permanente ocorreu em 1997 e vem ocorrendo a cada dois anos enquanto os regionais ocorrem anualmente Os F runs t m como objetivo discutir e propor a es visando a efetiva o da PNI Ainda em 1997 foi proposto pelo movimento dos aposentados e pensionistas ligados Confedera o Brasileira dos Aposentados e Pensionistas COBAP e encaminhado atrav s do Deputado Paulo Paim o Projeto de Lei n 3 561 dispondo 38 Universidade de Bras lia universidades federais de Goi s e Santa Catarina Assessoria especial da Terceira Idade GDF Associa o Nacional de Gerontologia ANG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SBGG Servi o Social do Comercio SESC SP Associa o Cearense Pr Idosos ACEPI e Conselho Estadual do Idoso do Rio Grande do Sul 114 sobre o Estatuto do Idoso COSTA MENDON A ABIGAIL 2002 proposta que tramitou no Congresso durante sete anos Em 1999 o Minist rio da Sa de instituiu a Pol tica Nacional de Sa de do Idoso PNSI fruto de um processo de trabalho que envolveu a participa o de t cnicos e profissionais representantes de diferentes segmen
176. como um retorno s suas contribui es ao longo da vida um direito que favor Eu paguei tanto prefeitura risos Onde que eu n o tenho direito Quando voc compra isso aqui na loja oh mostra um pacote de 191 biscoito voc t pagando pra prefeitura pro Estado Eu to falando isso porque eu sei tem gente que n o sabe que isso n Sr Aur lio Um direito Sempre contribuo alguma coisa pra o Estado e pra Na o n At uma carteira de cigarro que voc compra voc t contribuindo pra o Estado se compra um sapato t contribuindo ent o quando fica velho um retorno A prefeitura d aquilo que a gente contribuiu Sr Miguel obriga o porque j paguei meus impostos Sr Daniel Um direito Direito do idoso o governo tem obriga o de amparar o idoso Mais da metade da sua vida trabalhando pelo pa s para que o pa s crescesse Ent o um direito porque um marginal que t na cadeia n o paga nada porque o idoso vai pagar N o bom n o o tratamento esperava uma coisa melhor da Prefeitura Sr Bartolomeu direito Quer dizer eu respondo por mim risos porque todos n s pagamos imposto pra morar aqui Tr s miser vel aqui abriu a boca dizendo que o prefeito d comida qual a comida que o prefeito d aqui miser vel Eu trabalhei paguei imposto paguei aposentadoria ent o n o t aqui de gra a Sr Jos As mulheres bem menos politiza
177. contexto comunit rio visando a orienta o e o conv vio s cio familiar e comunit rio Sua capacidade de atendimento varia de acordo com o porte do munic pio e com o n mero de fam lias em situa o de vulnerabilidade social podendo ir de 500 a 1000 fam lias ano Nos CRAS podem ser prestados v rios servi os programas projetos e benef cios de prote o social b sica relativos s seguran as de rendimento autonomia acolhida conv vio ou viv ncia familiar e comunit ria e de sobreviv ncia a riscos circunstanciais MDS 2006 29 O texto da PNAS n o conceitua explicitamente situa o de risco e vulnerabilidade social mas agrupa uma s rie de situa es que caracteriza o p blico usu rio da pol tica de assist ncia social em situa o de vulnerabilidade social e risco fam lias e indiv duos com perda ou fragilidade de v nculos de afetividade pertencimento e sociabilidade ciclos de vida identidades estigmatizadas em termos tnico cultural e sexual desvantagem pessoal resultante de defici ncias exclus o pela pobreza e ou no acesso s demais pol ticas p blicas uso de subst ncias psicoativas diferentes formas de viol ncia advinda do n cleo familiar grupos e indiv duos inser o prec ria ou n o inser o no mercado de trabalho formal e informal estrat gias e alternativas diferenciadas de sobreviv ncia que podem representar risco pessoal e social PNAS 2004 p 27 3 S o considerados
178. cto relevante diz respeito inseguran a p blica gerada tamb m pelas desigualdades sociais que amea a e inviabiliza a perman ncia deles as na comunidade morando sozinhos Os idosos t m sido alvo dos ladr es que n o s os roubam nos bancos ou nas ruas mas tamb m assaltam suas casas S o v rios os relatos de experi ncia desse tipo vivida pelos idosos as do Abrigo Sr Jos faz um relato dram tico do que lhe aconteceu fui pra Aracaju vender uma casa que tinha l no dia que vendi a casa fui assaltado i eu esperava ser assaltado j vivia esperando ser assaltado mas assim no nibus viajando sabe N o dentro de casa Botei o col rio no olho deitei na rede e fiquei assim oi deitado Quando eu acordei oh a faca aqui apontando para o pesco o Eu pensava de qualquer tempo d eu ser assaltado eu vou logo me mijar nem isso risos nem isso tive tempo risos Mas horr vel viu Oh e eu n o tenho dente tudo caco de dente mas esfregava minhas camisas assim e eu Ahh ahhh ahh Eu levei uns dois dias quase sem poder comer os caco de dente feriu a boca toda Eu disse a ele que o dinheiro que eu tinha vendido a casa mas deixei no banco mas o que tenho aqui lhe dou S tinha cento e vinte seis reais A pegaram o cento e vinte e seis pegaram a carteira e se mandaram Mas a carteira n o tinha nada de valor Sr Jos 78 anos Morava perto de minhas sobrinhas a casa foi assaltada
179. d o o pouco que lhes dado seja pela institui o seja pela fam lia ou por estranhos Essas diferentes trajet rias ou conjunturas de vida tiveram repercuss es tamb m diferentes para umas e outras no que se refere s rela es de troca familiares No caso das mulheres do abrigo tanto no passado n o terem constitu do suas pr prias fam lias e ou terem ocupa es que as mantinham longe dos familiares empregadas dom sticas no estilo antigo dormindo no trabalho quanto no presente morarem afastadas dos membros que restam da fam lia ambos os fatores n o contribu ram para forma o manuten o dos v nculos familiares ou de la os solid rios A dist ncia espacial a falta de conviv ncia cotidiana diminuem as possibilidades de troca As trocas com os familiares se processam no subterr neo das rela es ajudas financeiras n o expl citas e longe dos olhares dos profissionais da institui o ou no sentido inverso fam lia idosas visitas mais ou menos frequentes compra do que a idosa necessita rem dios lanches material de uso pessoal etc mesmo que feito com o recurso da pr pria idosa Os conflitos familiares s o velados pouco falam a respeito e quando o fazem demonstram culpa pelo desencadeamento do problema Queixam se do ambiente barulhento ou da falta de espa o na casa dos familiares Mais que espa o f sico parece n o existir espa o na vida dessas em geral sobrinhas para suas tias idosas real
180. da seguridade social especialmente do ponto de vista financeiro uma vez que seus recursos v m sendo utilizados para fins distintos de sua finalidade causando assim queda de liquidez e desequil brio do sistema Por outro lado a pol tica econ mica recessiva adotada nos ltimos governos tem elevado o n mero de desempregados subempregados e trabalhadores informais dificultando o custeio dos benef cios assistenciais e previdenci rios uma vez que a folha de sal rio a principal fonte de custeio do sistema previdenci rio Desse modo reduzem se as possibilidades de financiamento de benef cios n o contributivos ao mesmo tempo em que cresce sua demanda Entretanto a despeito do discurso oficial acerca da fal ncia do sistema o mesmo n o deficit rio conforme mostram os estudos na rea De acordo com Vianna 2005 p 13 O total arrecadado cobre com folga os gastos da seguridade mesmo inclu dos nestes os realizados com sa de 20 21 Em 1994 foi criado o Fundo Social de Emerg ncia depois chamado de Fundo de Estabiliza o Fiscal e atualmente denominado de Desvincula o das Receitas da Uni o DRU que permitiu a desvincula o de 20 dos recursos de todas as contribui es sociais exceto as que incidem sobre os sal rios disponibilizando tais recursos para uso exclusivo do Governo Federal Vianna 2005 Fleury 2004 revela que em 2001 apenas 50 do Cofins 21 do CSLL e 62 do CPMF foram aplicados nas
181. dade ou na situa o de desemprego Outro ponto este mais afeto tradi o anglo sax refere se a manuten o ou integra o da renda que tem como refer ncia um patamar m nimo considerado como satisfat rio para atender s necessidades sociais vitais dos indiv duos e das fam lias Nesse ltimo os que est o fora do mercado ou marginalmente incorporados tamb m s o contemplados uma vez que esta concep o de Welfare tem como refer ncia os cidad os e n o s o trabalhador contributivo Face diversidade de contextos s cio econ micos hist ricos pol ticos e culturais em que se desenvolveram os sistemas de prote o social e as pol ticas sociais alguns estudiosos t m proposto classifica es e tipologias a fim de estabelecer compara es entre os diferentes Estados de Bem Estar Social Dentre as tipologias mais utilizadas est o a de Titmuss 1974 e de Esping Andersen 1985 A tipologia cl ssica de Titmuss segundo Faria 1998 ressalta a l gica da interven o do Estado considerando dois aspectos a tica do trabalho que os modelos buscam fomentar e o papel designado fam lia Titmuss identifica tr s modelos de pol tica social 1 o modelo residual que se caracteriza por uma provis o p blica de bem estar restrita ao m nimo j que se considera que a solu o das necessidades sociais devem ser satisfeitas em termos individuais pelo mercado ou em pequenos grupos associativos especialmente a fam lia
182. dade m tua desses princ pios e formas de organiza o mas pela capacidade de articula o destes de modo a gerir a referida tens o e a neutralizar os efeitos geradores de desigualdades e exclus es que cada um deles produz idem p 8 Na atual conjuntura brasileira o sistema de prote o social acionado pelo Estado mesmo que muito prec rio e insatisfat rio vem ajudando a manter e refor ar os v nculos familiares uma vez que o custo de manuten o dos mais velhos vem deixando de ser um peso para a fam lia como costumava ser pensado mas ao contr rio os recursos dos idosos t m servido em muitos casos para o sustento da fam lia como vimos Entretanto as rela es familiares s o muito mais complexas e demandam um trabalho cont nuo de trocas simb licas e materiais de reciprocidade As rela es de troca intergeracionais envolvem muito mais que quest es econ micas elas s o parte importante na manuten o dos la os familiares mas h quest es instrumentais e subjetivas que s o ainda mais importantes Em s ntese a fam lia ou a solidariedade prim ria sem d vida um importante fonte de apoio para todos que participam da rede por m precisamos levar em considera o alguns aspectos primeiro a exist ncia mesmo dessa rede familiar segundo o potencial da fam lia em promover a prote o e inclus o de seus membros sozinha e ainda os crit rios materiais ou simb licos de inclus o ou
183. dade ocupa uma posi o de destaque na modernidade mas embora s mais recentemente venha ganhando visibilidade no discurso pol tico social ainda n o ganhou a mesma centralidade das outras categorias liberdade igualdade e solidariedade DOMINGUES 2002 Esta categoria implica uma rela o com a liberdade obriga o e solidariedade tanto no que tange a liberdade e obriga es individuais quanto no trato das quest es sociais mais amplas sendo crucial para todas as reas da vida social Estes elementos d diva interesse obriga o liberdade confian a e responsabilidade fundantes do la o social s o indispens veis na an lise das rela es de troca e reciprocidade intergeracional sejam nas sociabilidades prim rias ou secund rias Caill 2002 e Godbout 1999 apontam para uma tend ncia nas sociedades modernas em fazer uma separa o entre dois registros de sociabilidades O primeiro registro refere se sociabilidade prim ria na qual as rela es interpessoais s o Os sistemas abstratos envolvem tanto as fichas simb licas quanto os sistemas especializados Fichas simb licas s o meios de troca que t m valor padronizado e s o assim intercambi veis numa variedade indeterminada de contextos e os sistemas especializados se refere ao sistema de conhecimento de qualquer tipo dependentes de regras de procedimento transfer veis de indiv duo a indiv duo Estes ltimos est o p
184. das a pol tica sempre esteve relacionada ao espa o p blico portanto fora do universo dessas mulheres com menor convic o dos seus direitos dizem Eu acho que direito n Porque j estou velha Sra Paula um direito Mas n o sei porque tanta coisa Sra Bernadete Um direito dos v ios tem que n o guentam fazer mais nada n o tem mais resist ncia pra nada Tem que ficar no abrigo mesmo e o prefeito obrigado a dar porque nos j trabaio pro prefeito e nossa vez de descansar Sra Josefa 192 Sra Valdete a nica que se refere mais claramente ao direito que tem um direito meu porque eu paguei imposto minha vida toda J a Sra Lea parece ter assimilado o discurso institucional Eu nem sei dizer isso assim agora porque n s temos direito os idosos t m direito de ficar em lugar assim sem pagar um tost o mas a pessoa tamb m tem que dar uma ajuda n N o isso Pra comprar qualquer coisa n Quando o assunto aposentadoria ou benef cio eles se reportam sempre ao longo tempo de trabalho s muitas ocupa es que tiveram e se ressentem das muitas oportunidades que perderam especialmente por causa do alcoolismo ou dos patr es que n o legalizaram sua situa o trabalhista Acham que o dinheiro pouco mas ruim com ele pior sem ele O dinheiro que ganham gasto com os rem dios com merenda t m sempre que ter para complement
185. de Na d cada de 1970 o Minist rio da Previd ncia e Assist ncia Social MPAS atrav s do Instituto Nacional da Previd ncia Social INPS desenvolve a es em dois n veis direto com a cria o do Programa de Assist ncia ao Idoso PAI que consistia na organiza o e implementa o de grupos de conviv ncia para idosos previdenci rios nos postos de atendimento daquele Instituto e indireto atrav s do pagamento de interna o de idosos com mais de 60 anos aposentados e pensionistas daquele instituto em institui es asilares Estabelecia como crit rio para admiss o em tais institui es o desgaste f sico e mental dos idosos a insufici ncia de recursos pr prios e de seus familiares e a inexist ncia ou abandono da fam lia COSTA MENDON A ABIGAIL 2002 Importante lembrar ainda que nesse per odo foi criada pela Lei 6 179 74 a Renda Mensal Vital cia que concedia meio sal rio m nimo a idosos com mais de 70 anos que n o tivessem condi es de subsist ncia Apesar do valor ser insuficiente para suprir as necessidade vitais esta foi a primeira pol tica voltada para idosos necessitados fora da assist ncia asilar n o atendidos pelo sistema de aposentadorias e pens es O MPAS promoveu em 1974 uma s rie de semin rios regionais a fim de conhecer as condi es de vida e as necessidades de assist ncia dos idosos culminando num semin rio nacional em Bras lia onde foi elaborado um documento
186. de Direito do Idoso CNS Confer ncia Nacional de Sa de CNSS Conselho Nacional de Servi o Social COBAP Confedera o Brasileira dos Aposentados e Pensionistas CONASEMS Conselho Nacional de Secret rios Municipais de Sa de CONASS Conselho Nacional de Secret rios Estaduais de Sa de CONFINS Contribui o para o Financiamento da Seguridade Social CPMF Contribui o Provis rio sobre Movimenta o Financeira CRAS Centros de Refer ncia da Assist ncia Social CREASI Centro de Refer ncia Estadual de Aten o Sa de do Idoso CSLL Contribui o Social sobre o Lucro L quido CSU s Centros Sociais Urbanos DAB Departamento de Aten o B sica DAE Departamento de Aten o Especializada DAPE Departamento de A es Program ticas Estrat gicas DEATI Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso DERAC Departamento de Regula o Avalia o e Controle de Sistemas EMBASA Empresa Baiana de Saneamento ESF Estrat gia de Sa de da Fam lia FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Servi o FNAS Fundo Nacional de Assist ncia Social FUNABEM Funda o Nacional do Bem Estar do Menos GEIDO Grupo de Atua o Especial de Defesa dos Direitos do Idoso GTI Grupo de Trabalho Interinstitucional IAP Institutos de Aposentadorias e Pens es IBGE Instituto Nacional de Geografia e Estat stica ILPI Institui o de Longa Perman ncia para Idosos INPS Instituto Nacional da Previd ncia Social INS
187. de sa de no Brasil In FINKELMAN J Org Caminhos da Sa de P blica no Brasil Rio de Janeiro Fiocruz 2002 p 236 313 MENEZES M R Da viol ncia revelada viol ncia silenciada um estudo etnogr fico sobre a violencia dom stica contra o idoso Tese Doutorado em Interunidades Sa de do Adulto Idoso 2000 Universidade de S o Paulo USP MESTRINER M L O Estado entre a filantropia e a Assist ncia Social 2 ed S o Paulo Cortez 2005 MINIST RIO DA SAUDE Secretaria de Aten o Sa de Dispon vel em www saude gov br MINIST RIO DA SA DE Secretaria de Aten o Sa de Departamento de Aten o B sica Programa Sa de da Fam lia ampliando a cobertura para consolidar a mudan a do modelo de Aten o B sica In Rev bras sa de matern infant Recife 3 1 113 125 jan mar 2003 274 MINIST RIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOME Secretaria Nacional de Assist ncia Social Sistema nico de Assist ncia Social SUAS Norma Operacional B sica NOB SUAS RESOLU O N 130 DE 15 DE JULHO DE 2005 BRAS LIA MINIST RIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOME Secretaria Nacional de Assist ncia Social Prote o B sica do Sistema nico de Assist ncia Social Orienta es T cnicas para o Centro de Refer ncia de Assist ncia Social Vers o Preliminar Bras lia junho de 2006 MPAS Plano Integrado de A o Governamental para o Desenvolvimento da Pol tica Nacional do Ido
188. de troca observando que as presta es e contra presta es ou seja O sistema de presta es totais s o feitas de forma volunt ria embora sejam na verdade rigorosamente obrigat rias sob pena de guerra privada ou p blica MAUSS 1974 p 45 Mauss destaca o potlatch como uma forma de presta o total do tipo agon stico nela a troca assume a forma de destrui o de riquezas ou seja tem um sentido de rivalidade de antagonismo e de certo modo a troca substitui a guerra Esta dimens o de conflito nas rela es intergeracionais voltou com certa for a nas discuss es atuais especialmente quando referidas solidariedade p blica ou ao dever redistributivo do Estado principalmente nos pa ses regidos por modelos neoliberais Isso nos conduz a examinar as diferentes concep es que a solidariedade vem tomando na sociedade moderna Ao longo da modernidade a solidariedade tem sido pensada e praticada de modo bastante diferente Na modernidade contempor nea h uma crescente complexifica o das institui es e das rela es sociais tornando as forma es sociais mais plurais tanto do ponto de vista das diversidades nas rela es amorosas familiares ou de parentesco quanto no que concerne s interven es do Estado atrav s das pol ticas sociais engendrando assim novas formas de solidariedade Domingues 2002 p 186 analisando o imagin rio e as institui es na modernidade situa a solidariedade como uma cate
189. de um grupo de miser veis indistintamente e nesse caso objeto de caridade a velhice vai se tornando ao longo dos ltimos dois s culos um problema social saindo da esfera privada familiar e tornando se p blico com demandas por pol ticas sociais espec ficas Esse deslocamento da esfera privada para a p blica se deve principalmente s mudan as nas formas como as gera es se relacionam pois como argumenta Britto da Motta 1998 p 1 qualquer reflex o sobre a vida social dos idosos ser sempre o das rela es hist ricas entre as gera es situadas em contextos sociais definidos Nesse sentido podemos apontar tr s esferas nas quais estas mudan as foram ocorrendo e ao mesmo tempo produzindo efeito umas sobre as outras altera es nas rela es intergeracionais no mundo do trabalho as transforma es das rela es intergeracionais na fam lia e a crescente institucionaliza o das rela es sociais atrav s da intermedia o e regula o do Estado culminando com a implementa o de pol ticas sociais Na sociedade brasileira do in cio de s culo XIX ainda escravista onde o trabalho n o era um valor fundamental a velhice ou era indiscutivelmente responsabilidade da fam lia portanto n o se tratava de um problema p blico ou juntava se indiscriminadamente a outras categorias sociais marginalizadas sob a denomina o de mendigos Estes velhos fora do contexto familiar juntamente com os loucos
190. diatamente antes de vir para o 45 abrigo o motivo apresentado pelo idoso e pelo familiar para solicita o de vaga e ainda alguns dados sobre a fam lia ou ocorr ncias dentro da institui o que envolviam o idoso em quest o Atrav s da Assistente Social que coordenava o servi o obtive informa es sobre os crit rios de admiss o adotados pela institui o assim como os procedimentos rotina e atividades de que os idosos participam tais como hor rios das refei es hor rios de visita reuni es com familiares e ou respons veis festas e bazares promovidos pela institui o atividades internas e extra muros de que alguns idosos participam recursos institucional e extra institucional p blico ou privado de que lan am m o para o atendimento aos problemas de sa de apresentados pelos moradores atividades religiosas desenvolvidas diariamente suporte t cnico oferecido pela SEDES atividades desenvolvidas por volunt rios etc Tais informa es foram importantes para conhecer a din mica do funcionamento institucional as conex es que ela estabelece com a fam lia a comunidade e com outras institui es O setor de Servi o Social vinha sendo ao longo dos anos o centro de todo o trabalho do asilo desde o processo de admiss o at os encaminhamentos de funerais passando pelo contato di rio com idosos e eventual ou sistem tica comunica o com familiares programa o de festas e etc ou seja toda a vida institucional
191. do cnamado convencionalmente de Welfare State ou Estado de Bem Estar Social Dois modelos de pol tica social s o apontados por v rios autores como precursores do que veio a ser chamado Welfare State ou Estado de Bem Estar Social o modelo bismarckiano e o modelo beveridgeano O chanceler Bismarck implementou na Alemanha na d cada de 1880 um sistema de seguro social p blico obrigat rio tendo como benefici rio algumas categorias de trabalhadores especialmente os oper rios da ind stria Segundo Faria 1998 p 50 nas pol ticas sociais bismarckianas se destacam duas caracter sticas seu car ter seletivo ou corporativo e seu prop sito explicito de pacificar os oper rios industriais minar a organiza o trabalhista e promover a paz social Os recursos para o financiamento de tais seguros provinham das contribui es diretas de empregados e empregadores e o Estado participava com um subsidio para aposentadorias e pens es mas n o no financiamento do seguro sa de A administra o era feita por comit s corporativos com representa o de empregados e empregadores sob o controle do Estado FLEURY 1994 A cobertura era restrita a algumas categorias ocupacionais e inclu a aposentadoria seguro sa de e acidentes sa de organizados sob a forma de caixas por tipos de risco social tais como caixa de aposentadoria caixa de seguro sa de etc BEHRING BOSCHETTI 2007 Assim se inicia o chamado Estado Social na Alemanha
192. do l fora para que eles n o sejam esquecidos pela sociedade S o essas coisas que eles d o aos visitantes aten o explica o pra eles virem mais interessados e saber como que t como vive E isso nos interessa porque serve de um incentivo l fora Porque se a gente se sentir mal nos tratam bem Sr L cio 187 Sr Jos revela um fato pouco tratado quando se refere a velhos principalmente aos que moram em abrigos a sexualidade Nesse caso trata se de mulheres que v o visitar os homens na esperan a de obter algum benef cio em geral financeiro quest o que me foi confidenciada tamb m por outro idoso em conversa informal s vezes v m mulheres atr s de algum velho pra ver se d no coro mas n o acha risos Elas v m procurar velho pensa que o velho ot rio n V m procurar coisa Sempre tem algumas que aparece a atr s de namorado Sr Jos Muitas vezes eles tamb m tiram proveito da situa o O lugar marginal que o asilo ocupa na sociedade local onde a velhice e a pobreza parecem contagiosas um fator de peso para o afastamento de parentes e amigos como relata um idoso em tom de brincadeira Os amigos depois que vim morar aqui se afastaram dizem que eu moro no abrigo dos velhos e por isso se afastaram Sr Bartolomeu S o tamb m as diferen as culturais e de forma o que distanciam uns dos outros e os tornam solit rios e ao mesmo tempo os apr
193. dos idosos das ILPI A partir deste trabalho foi constitu do um grupo denominado Grupo de Atua o Especial de Defesa dos Direitos do Idoso Geido coordenado pelo referido promotor com a participa o de representantes das v rias secretarias do Estado e do Munic pio al m de entidades que representam idosos Um dos primeiros resultados deste trabalho foi a assinatura de um Termo de Coopera o T cnica firmado entre diversas Secretarias Municipais e Estaduais realizado em uma sess o solene no dia 27 09 2006 Dia do Idoso evento ao qual estive presente O trabalho do Minist rio P blico MP Ba tem dado grande visibilidade situa o de precariedade em que funcionam muitas ILPI em Salvador Das 15 institui es inspecionadas pelo MP Ba s quatro tr s delas com ressalvas preenchem os requisitos exigidos em lei Importante salientar que o Abrigo D Pedro Il institui o tamb m visitada n o est entre essas quatro ou seja a nica ILPI inteiramente p blica do Estado n o cumpre as exig ncias da Resolu o n 283 da Ag ncia Nacional de Vigil ncia Sanit ria ANVISA As prec rias condi es de funcionamento em que se encontram as ILPIs se devem em grande medida falta de recursos j que a quase totalidade delas filantr pica S o poucas ILPI que recebem recursos p blicos e os valores pagos s o extremamente baixos que nem de longe cobrem as necessidades de sobreviv ncia do idoso o valor per capto n o cheg
194. dos pelos dois autores citados apontam para uma converg ncia em torno de tr s tipos b sicos que se diferenciam de acordo com o crit rio de an lise utilizado em cada sistema classificat rio Fleury 1994 p 107 108 tomando como base as caracter sticas de cada um dos tipos ideais apresentados formula tr s modelos de prote o social articulando dois crit rios primeiro a natureza da prote o social que est relacionada ao modo como a sociedade se organiza Assist ncia Social Seguro Social Seguridade Social segundo a express o jur dica e pol tica que articula a modalidade de integra o Estado Sociedade em cada um dos casos Cidadania Invertida Cidadania Regulada Cidadania Universal No modelo de Assist ncia Social a nfase central no mercado ficando a a o do Estado desse modo restrita ao m nimo suplementar assumindo um car ter compensat rio discriminando aqueles grupos que s o incapazes de suprir suas necessidade no mercado Est pautado nos valores de liberdade e individualismo e a igualdade concebida como igualdade de oportunidade O atendimento s necessidades daqueles que n o conseguem competir no mercado feito atrav s de fundos sociais compostos por doa es financeiras de grupos associa es ou ag ncias governamentais a partir de uma perspectiva caritativa e reeducadora Os benef cios s o concedidos mediante comprova o de incapacidade do indiv duo em suprir suas n
195. dosos na Bahia Dito de outro modo a pol tica de prote o social velhice na Bahia mais que uma pol tica de Estado tem sido uma conquista de grupos de pessoas de diferentes segmentos 134 A atua o dos referidos grupos tem se dado especialmente em quatro reas a saber em defesa da Previd ncia Social P blica em defesa de um sistema p blico de sa de universal e de qualidade que alcance as necessidades dos idosos na Assist ncia Social especialmente na amplia o da participa o social do idoso e em defesa da garantia dos direitos dos idosos atrav s do Minist rio P blico e da Secretaria de Seguran a P blica Dentre todos esses grupos um em especial tem se destacado pelo poder de mobiliza o social prest gio e respeito pol tico que expressa e pela abrang ncia das suas lutas por um envelhecimento digno e acima de tudo pelas conquistas que vem obtendo Trata se do Movimento dos Aposentados e Pensionistas a Associa o de Pensionistas e Aposentados da Bahia ASAPREV BA Movimento criado em 1985 no bojo da organiza o das associa es e federa es de aposentados em todo pa s sob a orienta o nacional da Confedera o Brasileira de Aposentados e Pensionistas COBAP com o prop sito de defender os direitos dos pensionistas e aposentados da Previd ncia Social iniciou sua a o denunciando as prec rias condi es de vida a que vinham sendo submetidos em decorr ncia dos limitados recursos proven
196. e a diretoria n o pode saber disso porque eles pedem que a gente seja amigo um do outro Os confrontos s o frequentes e eles expressam as dificuldades da vida na coletividade N o t o boa assim n o a rela o entre eles mais ou menos Pode melhorar depende deles melhorar tamb m Pode melhorar porque s vezes a gente quer uma coisa e eles uma completamente errada que eu n o quero Aqui uma comunidade dif cil de morar de conviver porque s vezes um quer uma coisa o outro quer outra sempre tem um piv no meio que desmancha nosso prazer Sr Aur lio 64 anos N o tem amigo n o tem colega Um contra o outro aqui uma droga eu n o posso nem contar o que acontece o que ou o o que vejo horr vel horr vel mesmo Muita briga S n o tem assim de rev lver se brigasse de rev lver tinha muita gente morto aqui tinha poucos pra contar o caso nem eu tava pra contar o caso Desse jeito a vida aqui Sr L cio 82 anos eu nunca vivi com pessoas de pensamentos t o diferentes As brigas que n o gosto aqui no abrigo o povo n o s o todos o povo muito diferente Sr Tadeu 63 anos Tem umas discuss ozinha aqui discuss o ai o outro manda tomar no lugar l o outro pica a porra no outro rindo Sr Arlindo 66 anos Para fazer frente dif cil conviv ncia eles tamb m buscam como estrat gia o isolamento a indiferen a e d
197. e Campinas Revista Latino Americana deEnfermagem v 10 n 5 Ribeir o Preto set out 2002 WILMOTH J Arranjos de vida de idosos nos Estados Unidos Sociologias n 7 Porto Alegre jan jun 2002 279 AP NDICE A CARACTERIZA O DOS IDOSOS ENTREVISTADOS MORADORES NO BAIRRO DE PAU DA LIMA Nome Idade Ocupa o Instru o Religi o Situa o N mero de Pessoas no conjugal Filhos domic lio 1 Am lia 63 Costureira e bordadeira Prim rio Evang lica Solteira 14 2 filhos dona de casa Companheiro Companheiro 2 Edna 72 Costureira Prim rio Evang lica Solteira 02 1 Neta incompleto 1 filha eventualmente 3 Anita 68 Lavadeira Servi os Alfabetizada Evang lica Vi va 17 Sozinha gerais 4 Gleide 94 Costureira dona de Prim rio Cat lica Vi va 08 2 filhos casa incompleto 5 Marina 86 Dona de casa Alfabetizada Batista Vi va 04 Sozinha Netos eventuais 6 Paloma 67 Lavadeira Dona de Prim rio Cat lica Vi va 05 1 Filho casa incompleto 1 cunhado 7 Josefa 79 Emp Domestica N o Alfabetizada Evang lica Solteira 05 Sozinha 8 Paula 77 Lavadeira Vendedora Prim rio Evang lica Separada 06 2 filhos ambulante incompleto 9 Alice 69 Dona de casa Prim rio Evang lica Vi va 09 2 filhos comerciante incompleto 10 Valdemir 80 Almoxarife Prim rio Cat lico Casado 08 Esposa 1 filha 1 neta 11 Valdir 66 Motorista Prim rio Batista Casado 07 Esposa 3 filhos 280 AP
198. e Janeiro IPEA Abr 2003 Texto para discuss o 950 CAMARANO A KANSO S MELLO J L PASINATO MT Fam lias espa o de compartilhamento de recursos e vulnerabilidades In CAMARANO A Os novos idosos brasileiros muito al m dos 60 Rio de Janeiro IPEA Set de 2004 CAMARANO A BELTR O K l Caracter sticas S cio Demogr ficas da Popula o Idosa Brasileira Estudos Feministas Rio de Janeiro IFCS UFRJ vol 5 n 1 1998 CAMARANO A PASINATO M T Envelhecimento Condi es de vida e Pol tica Previdenci ria Como ficam as mulheres Rio de Janeiro IPEA 2002 CAMPOS M S Fam lia e pol tica social o caso brasileiro e o estudo particular de S o Paulo VIII Congresso Luso Afro Brasileiro de Ci ncias Sociais Coimbra Pt set 2004 CAPONI S Da compaix o solidariedade uma genealogia da assist ncia medica Rio de Janeiro FIOCRUZ 2000 CARADEC V Sociologie de la vieillesse et du vieillissement Paris Nathan 2001 CARVALHO M do C B O lugar da fam lia na pol tica social In Org A fam lia contempor nea em debate 4 ed S o Paulo EDUC Cortez 2008 CASTEL R A din mica dos processos de marginaliza o da vulnerabilidade desfilia o CADERNO CRH Salvador n 26 27 p 19 40 jan dez 1997 267 CASTEL R Metamorfose da quest o social Petr polis Vozes 2003 CHAGAS A M R et al A pol tica de assist ncia e a participa o social o caso do con
199. e Deus quiser Deus quer depois do carnaval eu vou embora daqui para trabalhar Ainda mais agora depois da cirurgia eu estou de bem com a vida Tadeu s agora fez a cirurgia de varicocele doen a que n o permitiu que ele gerasse filhos Ele saiu do Abrigo e voltou a ser motorista Seu sonho era primeiro trabalhar e ao lado de uma mulher em uma casa assim simples modesta vivendo junto que nada melhor que uma mulher Viver com uma mulher tamb m o sonho do Sr Daniel e Sr Jos 171 Agora que eu to tentando Deus me ajuda pra eu ir embora porque sinto saudades de viver s com uma mulher s 1 2 ou 3 Sr Daniel 68 anos vi vo 14 filhos Eu vou morar sozinho V arranjar uma v ia e vou morar sozinho Quanto s mulheres do Abrigo ele comenta Ah essas aqui j t tudo risos Daqui n o d n o Sr Jos 78 anos separado Sr Miguel planeja retomar a atividade comercial que exercia Se puder ainda vou voltar atividade Ou vender picol ou tomar conta de uma barraca como tinha antigamente Sr Miguel 79 anos 4 5 A din mica rela o de dar receber retribuir em fam lia Os v nculos familiares s o processos din micos que se constituem ao longo da vida e s o constantemente revistos reafirmados e alimentados atrav s de um sistema de trocas materiais ou simb licas de reciprocidades de solidariedades Tais v nculos n o s o garantidos apenas
200. e conhecida como bexiga baixa que n o a deixa dormir a noite e a tem impedido de ir ao culto ela sobe a ladeira para pegar os netos menores na escola Ainda ajuda financeiramente o filho quando sobra mas fala aborrecida Eu que estou interando de vez em quando no m s que t sobrando a mais eu dou ai vai comprar cerveja vai mas eu pago meu dizimo e ainda ajudo na minha igreja Ela faz todas as atividades dom sticas sem ajuda de ningu m A ajuda do filho s se faz quando solicitada 219 Se houver alguma necessidade e chamar ele vai Por exemplo se eu for pra algum hospital vai me levar vai me buscar essas coisas assim faz Mas ela a filha a coisa mais dif cil at agora Fala das rela es familiares como algo muito pesado que ela tem que carregar e se apega a Deus pra suportar a vida com resigna o Suportar nora suportar neto suportar pessoas que n o entende a gente s quer ser entendido n o quer entender as pessoas que s o intolerantes mesmo mas a eu que tenho que tolerar a Deus me d paci ncia pra isso para tolerar tamb m e calar com as coisas que n o pra calar que as pessoa sem f em Deus sem nada d vontade logo de chorar de dar a louca a Jesus mobilizou d calma xe a nora s t bem quando t tudo bem do lado dela quando voc t aceitando as coisa dela mas no dia que voc n o aceitar uma coisa a as vez um nada u
201. e debates e discuss es sensibilizando toda a sociedade provocando como o e revolta da popula o refor ando desse modo o clamor pela aprova o de leis que protegessem os mais velhos e punisse os que cometessem qualquer tipo de abuso ou viola o dos direitos dos idosos 120 Um ponto que tem gerado muita pol mica nesta rea o que pro be a discrimina o do idoso nos planos de sa de pela cobran a de valores diferenciados em raz o da idade Art 15 39 Esta quest o afeta diretamente as seguradoras dos planos de sa de que alegam que o cumprimento de tal lei implica no encarecimento dos planos uma vez que a despesa com os idosos ter que ser compartilhada por todos os segurados O Estatuto assegura o direito do idoso educa o cultura lazer esporte divers es espet culos e estabelece o desconto de 50 cinquenta por cento nos ingressos para eventos desta natureza e o acesso preferencial dos idosos nos respectivos locais Ao Estado cabe apoiar a cria o de Universidade aberta para as pessoas idosas e incentivar a publica o de livros e peri dicos de conte do e padr o editorial adequados ao idoso que facilitem a leitura considerada a natural redu o da capacidade visual Art 23 e 25 O exerc cio profissional afian ado pela lei respeitados seus limites f sicos e ps quicos e fica proibida a discrimina o por idade inclusive nos concursos p blicos excetuando se os casos em que o cargo o exi
202. e hoje estou com 69 anos ent o eu s tenho que d gloria a Deus n Sra Alice S quando a pessoa fica doente assim na cama que ruim Sra Paloma 237 N o quero ficar em cima de uma cama dando trabalho aos outros n o Sra Anita A velhice uma coisa boa melhor viver at os 80 90 do que morrer cedo n Eu acho tima Sr Valdemir A velhice quando a pessoa fica velha n o pode trabalhar n o pode mais fazer nada esperando pelos outros fazer e isso a at o dia que Deus mesmo quiser Chegou a velhice cabou perdeu a gra a N o bom n o viu ruim mesmo Sra Gleide 238 6 SOLIDARIEDADE E RELA ES INTERGERACIONAIS A tens o na defini o das responsabilidades e obriga es sociais para com os mais velhos gerada nas rela es entre as gera es Como pudemos verificar tanto o sistema de solidariedade prim ria quanto a solidariedade p blica ou secund ria ambos dizem respeito s formas como as gera es se relacionam No primeiro trata se da maneira como as redes de rela es prim rias s o mantidas ou recriadas entre as gera es no decorrer do tempo e essas tamb m sofrem a influ ncia das formas de solidariedade p blica estabelecida nos diferentes momentos hist rico sociais No segundo caso trata se da transfer ncia de recursos dos ativos para os inativos os jovens contribuindo para a aposentadoria dos velhos ou seja a rela
203. e juros exorbitantes quanto pelos in meros problemas familiares que t m gerado e entretanto n o tem recebido a aten o necess ria por parte das autoridades governamentais Neste tema destacam se os seguintes pontos Reafirmar o acompanhamento controle e monitoramento realizados pelos Conselhos da pol tica executada pelos rg os Gestores e institui es governamentais e n o governamentais e das delibera es das Confer ncias Reativar fortalecer e ou criar nos mbitos nacional regional estadual e municipal F runs dos Idosos para promover canais de participa o da pessoa idosa profissionais e interessados na quest o do idoso visando a organiza o do movimento social do idoso e ao exerc cio da cidadania Comprometer os Conselhos no acompanhamento dos mecanismos de controle revis o e altera o das normas de empr stimos adotadas pelas financiadoras para pensionistas e aposentados informando e orientando os idosos sobre estes aspectos e sobre todos os prazos e taxas de juros respectivos e ainda Criar Sistema de Fiscaliza o e Acompanhamento das Unidades de Aten o Pessoa Idosa e das Institui es de Longa Perman ncia por meio da Vigil ncia Sanit ria Minist rio P blico Conselhos Estaduais e Municipais do Idoso da Sa de e da Assist ncia Social 128 Incorporando as delibera es da Confer ncia e as diretrizes do Pacto pela Sa de no qual a sa de do idoso figura como uma das seis prioridades
204. e o desejo de construir rela es com o Outro a aus ncia dessas trocas indica que n o h interesse em manter rela es com seus iguais Os as idosos as n o se implicam no sistema de obriga es que caracterizam o la o social bloqueando assim o circuito da d diva No circuito de reciprocidade dar tem a mesma import ncia que receber negar se a dar recusar se a receber manter se fora da rela o abrir espa o para o conflito O que se observa a indiferen a e a falta de confian a no Outro elementos fundamentais na constitui o do v nculo Deliberadamente n o abrem o sistema n o d o nenhum tipo de ajuda ao Outro os funcion rios fazem isso estou aqui para descansar Do mesmo modo n o h expectativa de receber ajuda do outro como poderiam ajudar se est o em uma situa o pior que a dele O velho sempre o outro como diz Beauvoir 1990 e nesse caso o velho abandonado sempre o Outro Na aus ncia da troca ao se negarem a participar do sistema da d diva instaura se o conflito Vivido diferentemente por homens e mulheres o conflito a intoler ncia mais explicitado entre eles que entre elas leva ambos ao isolamento ao sil ncio s rompidos pela presen a do estranho daqueles que v m de fora Esses ltimos abrem uma janela para outro mundo representam uma possibilidade de troca de palavras 259 de gestos de presentes mesmo que ef mera Os visitantes fazem c
205. e uma s rie de medidas com o prop sito de fortalecer a solidariedade e a reciprocidade entre as gera es Dentre elas destaca se a que se refere gera o piv Attias Donfut 1995 ou seja a necessidade de abordar a situa o espec fica da gera o que precisa cuidar ao mesmo tempo de seus pais de seus pr prios filhos e de netos e a necessidade de se empreender estudos que avaliem as vantagens e desvantagens das diferentes possibilidades de moradia de idosos 44 p 44 119 Este Plano traz uma grande contribui o para as discuss es sobre o envelhecimento e vem tendo importantes repercuss es na elabora o das pol ticas p blicas tamb m aqui em nosso pa s O Conselho Nacional de Direito do Idoso CNDI Decreto n 4 277 02 foi criado em 2002 como rg o de car ter consultivo vinculado ao Minist rio da Justi a Uma importante conquista dos movimentos sociais associa es de aposentados conselhos entidades representativas dos interesses dos idosos com a participa o da m dia e tamb m como reflexo do Plano de Madri no que tange ao alcance da prote o social do idoso foi a aprova o do Estatuto do idoso em 23 09 2008 Este instrumento jur dico re ne as leis que asseguram os direitos fundamentais e a prote o aos idosos regulamentando os direitos j previstos nas diretrizes da PNI mas avan a no sentido de prever puni es e san es quando do descumprimento da Lei O Estatuto
206. ecessidades e mesmo tendo um car ter tempor rio ele n o visto como um direito mas como uma concess o Nesse modelo o beneficio n o se constitui como um direito 66 de cidadania mas ao contr rio o processo para alcan lo desqualificador e acompanhado de perda de outros direitos A autora considera que neste tipo de rela o entre Estado e Sociedade h uma cidadania invertida j que o indiv duo ou o grupo alvo passa a ser objeto da pol tica como consequ ncia de seu pr prio fracasso social FLEURY 1994 p 109 O modelo de Seguro Social centrado na cobertura de grupos ocupacionais atrav s de contrato no qual o benef cio depende da contribui o pr via de cada trabalhador segurado Difere dos seguros privados por ser controlado pela burocracia do Estado que mant m e legitima as diferen as entre os grupos ocupacionais em troca da lealdade dos beneficiados Emerge no in cio da industrializa o tendo como princ pio a solidariedade mas tamb m a partir de princ pios meritocr ticos j que tem como base a sua contribui o Sua natureza corporativa revelada pelo modelo tripartite contribui es de empregados empregadores e Estado que tem como objetivo a manuten o do mesmo status socioecon mico em situa es de infort nio e perda da capacidade de trabalho assegurando se condi es iguais as que tinha quando trabalhador ativo FLEURY 1994 p 109 Os benef cios s o concebidos
207. ecificidade da cultura individualista americana na medida em que enfatiza a import ncia do consumo dos velhos e n o a justi a social al m de demonstrar a import ncia dos grupos de press o no processo de defini o de pol ticas em vez da presen a de classes sociais organizadas FLEURY 1994 p 91 Segundo essa autora a inclus o da quest o dos idosos na agenda das pol ticas p blicas nos Estados Unidos apontada tamb m como consequ ncia do envelhecimento populacional dos custos representados pela assist ncia em n vel local da influ ncia das id ias europ ias e da exist ncia de provis es especiais para veteranos de guerra As id ias liberais na Europa prevaleceram at o in cio do s culo XX quando mudan as pol ticas e econ micas come am a p r em xeque seus princ pios Behring e Boschetti 2007 destacam duas mudan as importantes primeiro o crescimento do movimento oper rio reivindicando direitos pol ticos e sociais refor ado pelo movimento socialista da R ssia em 1917 que mobiliza o operariado internacional e amea a o capitalismo assim como as mudan as no modo de produ o com o advento do fordismo segundo a concentra o e monopoliza o do capital que p e por terra a utopia liberal do indiv duo empreendedor orientado por sentimentos morais Os 60 grandes monop lios passam a liderar os mercados nacionais e internacionais que passam a se confrontar especialmente no per odo das duas
208. edade no debate contempor neo sobre as pol ticas sociais Caderno de Sa de p blica v 17 n 3 Rio de Janeiro mai jun 2001 MANNHEIM Karl O problema das gera es In Sociologia do Conhecimento Porto Portugal Res Editora 1928 p 115 176 MARSHALL T H Cidadania e classe social In Cidadania classe social e status Rio de Janeiro Zahar 1967 MARTIN C Os limites da prote o da fam lia Introdu o a uma discuss o sobre as novas solidariedades na rela o Fam lia Estado Revista Cr tica de Ci ncias Sociais N 42 maio 1995 MARTINEZ W N Direito dos idosos S o Paulo LTR 1997 MARTINS P H org A d diva entre os modernos discuss o sobre os fundamentos e as regras do social Petr polis RJ Vozes 2002 273 A d diva e sua import ncia te rica para se pensar as rela es entre Estado mercado e comunidade VIII Congresso Luso Afro brasileiro de Ci ncias Sociais Coimbra Portugal set 2004 O Estado e o Dom da Cidadania XI Congresso Brasileiro de Sociologia Campinas set 2008 O paradigma da d diva e as ci ncias sociais no Brasil XXV Encontro anual da ANPOCS Caxambu 2001 MARTINS S P Direito da Seguridade Social 16 ed S o Paulo Atlas 2001 MAUSS M Ensaio sobre a d diva Forma e raz o da troca nas sociedades arcaicas In Sociologia e Antropologia v Il S o Paulo Edusp 1974 1923 24 MERCADANTE O A Coord Evolu o das pol ticas e sistema
209. ef cio e uma mulher que recebe pens o N o foi poss vel saber quantos recebem benef cio pois nem os registros nem os idosos fazem a distin o entre o benef cio da Previd ncia aposentadoria e o benef cio da Assist ncia BPC A assistente social informa que a maioria recebe benef cio Os rendimentos provenientes dessas fontes s o predominantemente de um sal rio m nimo Quanto s trajet rias conjugais observa se mais uma vez uma grande diferen a de g nero enquanto a grande maioria das mulheres solteira 8 sem experi ncia de conjugalidade s uma teve uma filha as outras duas s o vi vas e tamb m n o tiveram filhos os homens quatro s o solteiros um deles com um filho quatro est o separados 161 e dois s o vi vos todos eles com exce o de um t m filhos ou seja dos 10 homens 6 t m filhos vivos Eles t m hist rias de v rias rela es amorosas e geraram muitos filhos Sr Daniel Miguel e Jos por exemplo tiveram 14 10 e 17 filhos respectivamente a maior parte deles ainda vivos A institui o como vimos historicamente esteve relacionada Igreja Cat lica por m isso n o se constitui um crit rio de admiss o entretanto todos as idosos as entrevistados se declaram cat licos com exce o de duas mulheres uma evang lica e a outra esp rita Por imposi o institucional todos t m uma pessoa respons vel entre os homens s o as filhas ou filhos entre as mulheres s o p
210. eito nessa cama e penso que ela queria meu bem Sra Lea 88 anos esse relato ainda revela um sentimento de culpa pelos desentendimentos e agress es da sobrinha Quando meu marido morreu as filhas dele venderam a casa onde eu morava Comprei uma casa nos fundos de um sal o que nem quarto direito tinha Fiquei morando sozinha Vendi a casa e fui morar com uma irm de f mas n o queria incomodar os filhos dela n o s o da religi o Vanda 91 anos vi va evang lica sem filhos Eu morava no interior a meu irm o me trouxe para morar na casa dele aqui em Salvador mas eu n o me dava muito bem com os filhos dele a ele me botou aqui Arlindo 66 anos solteiro tem um filho mas n o tem contato com ele Por ltimo mas de igual import ncia o processo de individualiza o que vem passando a fam lia Nesse sentido h que se considerar as escolhas pessoais e os estilos de vida cultivados ao longo das trajet rias individuais A escolha de morar num asilo muitas vezes passa pelo desejo de ter um cantinho para viver imposs vel de ser realizado de outro modo a casa pr pria por exemplo em busca disso que muitos v m Por outro lado alguns buscam companhia cansados de estarem s s ou 166 sentindo se sozinhos mesmo estando no meio familiar Procuram a conviv ncia com pessoas de sua gera o na esperan a de que desse modo tenham seus desejos e necessidades identificad
211. elos frades daquela Ordem Atrav s do prest gio do Arcebispo Primaz Dom Manoel Joaquim da Silveira formou se uma comiss o composta por pessoas influentes da sociedade denominada de Mesa Administrativa que tinha como finalidade administrar n o s o Asilo mas tamb m outras obras de caridade da cidade Neste per odo 1873 o Asilo deslocado para as depend ncias do Hospital S o L zaro onde eram abrigados tamb m os doentes de lepra Mais uma vez com recursos doados pela comunidade e contribui o do Governo Imperial foi adquirida a ch cara do comendador Antonio Jos Machado local para onde foi transferido o asilo ap s um processo de reforma que durou nove anos O Solar dos Machado como era conhecido era uma luxuosa resid ncia com enormes c modos situado beira mar pr ximo Igreja do Bomfim Local onde permanece at hoje A nova sede do Asilo foi inaugurada em 29 de julho de 1887 dia do anivers rio da Princesa Isabel que esteve presente juntamente com outras autoridades e personalidades ilustres da corte evento que teve grande repercuss o social Em sua homenagem o Asilo passou a chamar se Asilo de Mendicidade Santa Isabel A Mesa Administrativa dirigiu a institui o at 1895 quando alegando sobrecarga de tarefa j que tamb m administrava o Hospital S o L zaro e falta de recursos financeiros para manuten o do asilo transferiu a responsabilidade para a Santa Casa 146 de Miseric rdia O As
212. em 19882 A Constitui o incorporou algumas recomenda es daquela Assembl ia Mundial Pela primeira vez as quest es relacionadas aos idosos aparecem explicitamente em um texto constitucional garantindo aos mais velhos um sistema de prote o social em v rios artigos daquela carta mas especialmente no capitulo referente Ordem Social A Constitui o Federal atribui fam lia sociedade e ao Estado o dever de amparar as pessoas idosas assegurando sua participa o na comunidade defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo lhes o direito vida Elege os lares dos idosos como locais preferenciais para execu o dos programas de amparo Art 230 e 19 Isenta os idosos do pagamento de transportes coletivos urbanos 8 2 Embora no texto constitucional o Estado assegure a prote o social do idoso a responsabiliza o da fam lia pelo amparo e cuidados com os mais velhos explicitada no Cap tulo VII referente fam lia crian a ao adolescente e ao idoso Os pais t m o dever de assistir criar e educar os filhos menores e os filhos maiores t m o dever de ajudar e amparar os pais na velhice car ncia ou enfermidade Art 229 No mbito da Seguridade Social Previd ncia Social Assist ncia Social e Sa de al m do disposto na CF tiveram regulamenta o posterior como mencionado anteriormente atrav s da Lei Org nica da Sa de n 8 080 em 1990 as Leis do Custeio e dos Planos de Benef c
213. em os direitos devem participar das tomadas de decis o Entretanto os conselhos criados com esta finalidade n o t m poder decis rio s o apenas de car ter consultivo Fleury 1994 p 224 aponta as profundas contradi es contidas na aparente unidade do conceito de Seguridade tais como centraliza o e descentraliza o a previd ncia segue sendo centralizada enquanto a sa de e a assist ncia deveriam ser descentralizadas os recursos adv m basicamente da contribui o salarial e portanto seguem sendo altamente centralizados enquanto as responsabilidades s o cada vez mais descentralizadas entre acumula o e redistribui o os benef cios 82 previdenci rios sendo de natureza contributiva e os assistenciais mesmo que id nticos aos primeiros de car ter redistributivo entre seletividade e universalidade prop e se a seletividade em alguns benef cios ao mesmo tempo que uma universalidade indiscriminada para os demais entre estatismo e privatismo assume se que as fun es p blicas devam ser garantidas pelo Estado algumas vezes com exclusividade na presta o dos benef cios e servi os outras com a participa o subsidi ria do setor privado outras ainda com a participa o imprescind vel da a o social volunt ria e participativa O texto constitucional complementa a autora mesmo apresentando contradi es demonstra a inten o de construir uma sociedade mais justa e solid ria Entretanto a rea
214. ente falta de alguma coisa O que material ou sentimental 11 Tem amigos na institui o E inimigos Com quem se relaciona mais 12 Faz alguma atividade na institui o O que O que gostaria de fazer 13 Se voc pudesse escolher onde e com quem moraria 14 Precisa da ajuda de algu m para alguma coisa DONDARWNA III Percep es da velhice 15 Voc planejou o que iria fazer neste per odo de sua vida O que 16 Tem plano para o futuro 17 Que per odo da sua vida voc considera o melhor Por que 18 0 que voc mais gosta de fazer hoje Por que 19 0 que voc pensa sobre a velhice 20 Tem alguma coisa no seu corpo que lhe incomoda ou preocupa 21 Voc tem algum problema de sa de Ele interfere em sua vida 22 Voc sente falta de um companheiro a 23 0 que te deixa feliz 24 0 que te deixa triste 283 IV Rela es s cio familiares 25 Tem parentes familiares irm o filhos netos sobrinhos Sexo Idade Situa o conjugal 26 Onde moram 27 Mant m contato com algum parente Qual Que tipo por telefone correspond ncia visitas atrav s de outras pessoas Com que frequ ncia 28 Em alguma ocasi o da vida morou com algum parente ou vice versa Como foi esta experi ncia 29 Atualmente ajuda algum parente ou amigo Quem Que tipo de ajuda financeira instrumental afetiva Com que frequ ncia 30 Recebe alguma ajuda de parentes ou amigos Quem Que tipo de ajuda fina
215. entido o IPEA aponta alguns 91 problemas que contribuem para isso a come ar pelas rela es de trabalho e da capacita o dos profissionais j que cerca de 60 do pessoal ligado ao programa n o tem v nculo formal com as prefeituras gerando inseguran a e elevada rotatividade dos profissionais dificultando a forma o de v nculos entre as equipe e as fam lias os m dicos do Programa n o t m forma o espec fica pr via para atuar nessa modalidade assistencial Outros problemas s o a falta de integra o com o restante da rede assistencial e a car ncia de medicamentos em quantidade e diversidade suficientes para cobrir as necessidades mais frequentes da popula o principalmente no caso de doen as que exigem medica o de uso cont nuo situa o que atinge principalmente os idosos O SUS n o o nico servi o de sa de oferecido popula o brasileira ele convive com uma pluralidade de sistemas planos e seguros privados assist ncia sa de dos servidores p blicos civis e militares servi o privado que opera com reembolso direto servi os de cunho n o lucrativo integradas ou n o ao SUS Entretanto segundo o IPEA 2006 o SUS presta servi os de forma quase exclusiva a quase 75 da popula o brasileira principalmente das camadas mais pobres As restri es or ament rias o contingenciamento e o desvio de verbas destinadas ao setor seguindo o modelo neoliberal abrem espa o para a iniciativa p
216. entiza o da Viol ncia contra a Pessoa Idosa incentivando a realiza o de eventos nos Estados e Munic pios 3 A Sa de da Pessoa Idosa rea que tradicionalmente indica uma gama maior de a es pol ticas p blicas seja por maior envolvimento de categorias profissionais pertinentes seja pela import ncia social e financeira na manuten o da sa de nesta fase da vida Nesse sentido prop e dentre outros mapear e tra ar o perfil epidemiol gico da popula o idosa incluindo o diagn stico s cio familiar como estrat gia para o planejamento e avalia o das a es em todas as esferas de governo Implantar programa de educa o em sa de nos Centros de Conviv ncia de Idosos dirigido popula o e aos cuidadores familiares da pessoa idosa juntamente com programas de capacita o de profissionais Garantir pessoa idosa atendimento domiciliar p s interna o quando o quadro cl nico exigir Garantir atendimento no PSF Programa de Sa de da Fam lia com formul rios espec ficos para a popula o idosa Exigir nas tr s esferas de governo aloca o de recursos financeiros para aquisi o de insumos e equipamentos para atendimento domiciliar da pessoa idosa dependente No que se refere s ILPI pela primeira vez em documentos oficiais observa se a proposta de cria o de institui es desta natureza e ainda a inclus o destas em programas de educa o promo o e preven o em sa de Vejamos Criar e ou melho
217. ento apenas a pessoas com idade superior a 60 anos desamparados especialmente mendigos O Abrigo mant m at hoje n o s o nome mas tamb m sua estrutura f sica e praticamente o mesmo modelo de assist ncia velhice As mudan as nas representa es da velhice e todo aparato legal constitu do nas ltimas d cadas em quase nada abalaram esse modelo de gest o da velhice Diferente de outras institui es caracterizadas nos moldes de institui es totais descritas por Goffman 1974 como por exemplo os asilos de loucos que passaram por um processo de As institui es totais para Goffman 1974 p 17 18 s o institui es que apresentam as seguintes caracter sticas todos os aspectos da vida s o realizados no mesmo local e sob uma nica autoridade Cada fase da vida di ria do participante realizada na companhia imediata de um grupo relativamente grande de outras pessoas as atividades di rias s o rigorosamente estabelecidas em hor rios e toda sequ ncia de atividades imposta de cima por um sistema de regras formais expl citas e um grupo de funcion rios finalmente as atividades obrigat rias s o reunidas num plano racional nico supostamente planejado para atender aos objetivos oficiais da institui o 147 grande reforma no modelo de assist ncia os asilos de velhos permanecem inalterados desafiando o tempo e reproduzindo pr ticas de exclus o e marginaliza o social O
218. ento define que as equipes da Interna o Domiciliar s o formadas por um m dico um enfermeiro e um t cnico ou auxiliar de enfermagem E o tratamento dever durar no m ximo 30 dias ap s esse per odo uma pessoa identificada e treinada pela equipe assumir os Portaria GM MS n 2529 de 19 10 2006 Institui a Interna o Domiciliar no mbito do SUS O Art 2 Define como Interna o Domiciliar no mbito do SUS o conjunto de atividades prestadas no domic lio a pessoas clinicamente est veis que exijam intensidade de cuidados acima das modalidades ambulatoriais mas que possam ser mantidas em casa por equipe exclusiva para este fim 131 cuidados permanentes do paciente Esse respons vel segundo o MS poder ser um membro da fam lia ou um profissional contratado e dever ser identificado junto equipe Entretanto outro documento declara O trabalho da equipe contar com a figura do cuidador um membro da fam lia com tempo e disponibilidade para cuidar do paciente Esse trabalho ser supervisionado pela equipe de sa de porque o cuidador ser treinado por algu m da equipe Ser respons vel pela alimenta o medica o monitora o e dever ter capacidade de acionar um servi o pr hospitalar de urg ncia SAMU Servi o de Atendimento M dico de Urg ncia Corpo de Bombeiros ou qualquer outro servi o na localidade para situa es de crise Deixa claro desse modo de quem
219. erations New York Aldine de Gruyter 1995 p 3 23 SAAD P M Transfer ncia de apoio intergeracional no Brasil e na Am rica Latina In CAMARANO A A Os novos idosos brasileiros muito al m dos 60 Rio de Janeiro IPEA Set de 2004 Arranjos domiciliares e transfer ncia de apoio informal In LEBR O M L SABE Sa de Bem Estar e Envelhecimento O projeto SABE no Munic pio de S o Paulo uma abordagem inicial Bras lia DF Organiza o Pan Americana de Sa de 2008 SANCHAES A P R Viol ncia domestica contra idosos no munic pio de S o Paulo 2006 Disserta o Mestrado em Epidemiologia Faculdade de Sa de P blica USP SANT ANNA Maria Josefina UnATI a Velhice que se Aprende na Escola Um perfil dos seus usu rios In VERAS Renato Org Terceira idade desafios para o Terceiro Mil nio Rio de Janeiro Relume Dumar UnAT UERJ 1997 SANTOS S M A RIFIOTIS T Cuidadores familiares de idosos dementados um estudo cr tico de pr ticas quotidianas e politicas sociais de judicialza o e reprivatiza o 25 Reuni o Brasileira de Antropologia Goi nia GO 2006 SANTOS W G Cidadania e Justi a Rio de Janeiro Campus 1979 SARTI C A A fam lia como espelho um estudo sobre a moral dos pobres 4 ed S o Paulo Cortez 2007 SCOTT Joan G nero uma categoria til para a an lise hist rica Educa o e Realidade Porto Alegre V 16 n 2 p 5 22 jul dez 1991 271 SCOT
220. eres em situa o de vulnerabilidade social tornando as muitas vezes dependentes das pol ticas p blicas G nero como categoria de an lise s surge na d cada de 1970 no processo de atua o do movimento feminista passando a ser utilizado mais amplamente na d cada de 1980 Constitui se numa categoria de an lise importante na medida em que desnaturaliza as desigualdades entre os sexos e revela as constru es sociais em torno dos pap is pr prios de homens e mulheres ou seja que as identidades subjetivas dos sujeitos s o constru das socialmente e n o dadas pela natureza dos sexos Tratada como categoria de an lise hist rica foi definida pela historiadora Joan Scott 1990 p 14 como um elemento constitutivo de rela es sociais fundadas sobre as diferen as percebidas entre os sexos uma forma primeira de significar as rela es de poder G nero diferente de sexo que expressa diretamente as diferen as biol gicas se refere ao modo como as diferen as entre os sexos s o representadas e tratadas nas pr ticas sociais no processo hist rico uma categoria relacional ou seja que permite perceber se que no mbito das rela es sociais que s o constru das e se reproduzem as diferen as e desigualdades entre os sexos Por entender que essas rela es se d o de modo diverso em diferentes sociedades e em diferentes momentos hist ricos o conceito passa a exigir que se pense de modo plural acent
221. ernas ao grupo familiar quanto s rela es deste com a comunidade a sociedade e o Estado Define ainda as tr s dimens es do v nculo foco das suas a es legal ou jur dica sociocultural e afetivo relacional Na dimens o legal ou jur dica o v nculo implica em obriga es e direitos m tuos tendo car ter normativo regulado por lei Busca se o esclarecimento a delimita o o cumprimento e o apoio para o cumprimento das obriga es e dos direitos definidos pelos estatutos legais Na dimens o sociocultural os v nculos est o associados aos pap is familiares suas representa es e rela es Busca se fortalecer a identidade e resgatar a historia do grupo familiar seus valores regras ideais e rela o da fam lia com o contexto sociocultural Na dimens o afetivo relacional s o abordadas as rela es de cuidado afeto e comunica o na fam lia buscando superar conting ncias que levam viola o de direitos no interior das rela es familiares e comunit rias MDS 2006 p 25 Os CRAS s o respons veis pela articula o e coordena o da rede de todos os servi os sociais governamentais ou n o de uma comunidade ou territ rio Todos eles t m necessariamente que ofertar o Programa de Aten o Integral s Fam lias Al m desse Programa a prote o b sica oferece um conjunto de servi os locais que visam a conviv ncia a socializa o e o acolhimento de fam lias cujos v nculos familiar e co
222. ero de mulheres chefes de fam lia propor o que chega a 42 em Salvador IBGE 2006 No que concerne aos idosos brasileiros segundo os mesmos dados constata se que em 209 2005 65 3 eram considerados pessoa de refer ncia na fam lia Entre os idosos as entrevistados as observa se que todos eles s o os principais provedores da fam lia Destaca se em especial entre as mulheres que a experi ncia de prover as necessidades imediatas e futuras delas e dos filhos n o algo que se deu na velhice mas faz parte das suas hist rias de vida mesmo entre as que tiveram ou a que ainda tem um companheiro presente A id ia de uma aposentadoria do ponto de vista de um per odo p s atividade profissional como um per odo mais tranquilo prop cio para desfrutar a vida filhos criados proventos garantidos passa longe da realidade desses idosos as Seus pap is de respons veis pelo sustento da fam lia n o cessou ao contr rio em muitos casos se intensificou com o desemprego separa es e retorno de filhos j tamb m com filhos para a casa delas Ouvindo os relatos de mulheres hoje vi vas podemos observar a luta ou a labuta delas ao longo da vida no sentido de garantir o pr prio futuro a casa pr pria a escola para os filhos pequenos numa rela o que poderia ser chamada de co chefia mas nunca percebida por elas desse modo A experi ncia de duas delas ilustra significativamente essa quest o Sra Alice hoje
223. es de cada casa em todas as quest es relacionadas com a sa de orienta d sugest es d apoio controla e acompanha a realiza o dos procedimentos necess rios buscando encontrar alternativas para enfrentar as situa es problem ticas juntamente com a comunidade A valoriza o da fam lia e da comunidade bem como sua participa o ativa na preven o de doen as e na promo o da sa de s o pontos centrais na atua o do PACS MS 2003 90 O SUS organiza o sistema de cuidado com a sa de em tr s n veis de aten o quais sejam B sica de M dia Complexidade e de Alta Complexidade A Aten o B sica Sa de constitui o primeiro n vel de aten o sa de e constitu do por um conjunto de a es de car ter individual ou coletivo que envolvem a promo o da sa de a preven o de doen as o diagn stico o tratamento e a reabilita o dos pacientes Neste n vel que se d o primeiro contato dos usu rios com o SUS quando s o realizados os atendimentos especializados b sicos de Sa de que s o cl nica m dica pediatria obstetr cia ginecologia inclusive as emerg ncias referentes a essas reas O encaminhamento dos usu rios para os outros n veis de aten o de m dia e alta complexidade feito atrav s dele O Minist rio da Sa de considera a estrat gia Sa de da Fam lia como priorit ria para a organiza o da aten o b sica pois estabelece v nculo s lido de co responsabiliza
224. esse A IV Confer ncia Nacional de Assist ncia Social realizada em dezembro de 20083 prop e as novas bases e diretrizes para essa pol tica numa perspectiva de um Sistema nico de Assist ncia Social SUAS A vers o preliminar da Pol tica Nacional de Assist ncia Social PNAS SUAS foi apresentada ao Conselho Nacional de Assist ncia Social CNAS em junho de 2004 e ap s ampla divulga o e discuss es em cada Estado foi aprovada por unanimidade em Reuni o do CNAS em setembro do mesmo ano A PNAS estabelece como diretrizes al m das j preconizadas pela LOAS descentraliza o pol tico administrativa participa o da popula o primazia da responsabilidade do Estado a centralidade na fam lia para concep o e implementa o dos benef cios servi os programas e projetos A centralidade da fam lia justificada pelo reconhecimento das transforma es na esfera privada nas formas de composi o e papel da fam lia como consequ ncia por um lado das reconfigura es dos espa os p blicos em termos dos direitos sociais 96 assegurados pelo Estado Democr tico e por outro dos constrangimentos provenientes da crise econ mica e do mundo do trabalho PNAS 2004 p 35 A matricialidade sociofamiliar como princ pio b sico do SUAS parte da constata o de que as transforma es ocorridas nas sociedades contempor neas relacionadas ordem econ mica organiza o do trabalho
225. esse anterior lei bismarckiana de 1883 j referida como lembra o autor Outros decretos regulamentam e asseguram direitos tais como sal rio por at tr s meses aos trabalhadores acidentados 1850 o financiamento de montepios e sociedades de socorros m tuos 1860 a cria o de Caixa de Socorro para trabalhadores das estradas de ferro 1888 ou ainda concedem aposentadorias para empregados dos correios e das estradas de ferro 1888 A express o aposentadoria aparece pela primeira vez na Constitui o de 1891 ap s a proclama o da Rep blica do Brasil tal como expresso no artigo 75 aposentadoria s poder ser dada aos funcion rios p blicos em caso de invalidez no servi o da Na o MARTINS 2001 Tal benef cio era totalmente custeado pelo Estado j que n o havia nenhuma contribui o por parte dos benefici rios Em 1919 o pagamento de indeniza es em decorr ncia de acidentes de trabalho tornou se obrigat rio aos empregadores beneficiando todos os trabalhadores formalizados A Lei Eloi Chaves promulgada em 1923 institui a primeira norma da Previd ncia Social no Brasil com a cria o de Caixas de Aposentadorias e Pens es para os ferrovi rios de todo pa s Previa os benef cios de aposentadoria por invalidez por tempo de servi o pens o por morte e assist ncia m dica O Estado n o participava do custeio esse era feito atrav s do recolhimento de 3 do sal rio dos trabalhadores e 1 5 era
226. estabelece a obriga o do Estado de garantir pessoa idosa a prote o vida e sa de mediante efetiva o de pol ticas sociais p blicas que permitam um envelhecimento saud vel e em condi es de dignidade Art 9 Entretanto obriga o dos filhos dos ascendentes e do c njuge assegurar solidariamente a alimenta o dos idosos que n o t m condi es de se manter e s no caso da inexist ncia ou impossibilidade destes esta responsabilidade transferida para o Estado atrav s da assist ncia social Art 11 a 14 Com rela o sa de mais uma vez reafirmado o compromisso de prestar assist ncia integral sa de do idoso atrav s do SUS fornecendo de forma gratuita a todos os idosos independente da condi o financeira medicamentos de uso cont nuo assim como rteses e pr teses ou outros recursos necess rios ao tratamento habilita o ou reabilita o Garantindo ainda o atendimento domiciliar aqueles que n o tenham condi es de se deslocar e o direito a ter um acompanhante em tempo integral no caso de internamento hospitalar O projeto do Estatuto j tramitava no Congresso Nacional desde 1997 Em 2003 a rede Globo de televis o apresentou em uma novela de grande audi ncia o drama de um casal de idosos que sofria constante viol ncia familiar especialmente da neta Este folhetim trouxe a tona os conflitos intergeracionais vivido por muitos idosos brasileiros Este passou a ser tema d
227. etivo Esse circuito poss vel em grande medida pela participa o do Estado da solidariedade p blica materializada nos proventos das aposentadorias que torna os idosos as mais aut nomos e independentes mas ao mesmo tempo os transformou nos principais se n o os nicos provedores da fam lia face crise do trabalho que afeta as gera es mais jovens As trocas circulam de forma distinta no interior da fam lia em rela o ao g nero e a proximidade espacial Em geral as filhas que moram com os as idosos as prestam servi os compras saque de dinheiro limpeza da casa lavagem de roupa cuidados de sa de etc enquanto os filhos as que moram mais longe prestam ajuda financeira eventual O dado mais surpreendente nessa rea entretanto foi a presen a de filhos homens adultos morando com as m es idosas sem nenhuma ou com muito pouca participa o no sistema de trocas Empregados ou desempregados contribuem pouco ou nada com as despesas familiares ou quaisquer tipos de servi os Eles parecem manter ao mesmo tempo uma postura machista e de depend ncia por vezes 257 tamb m alimentada por elas Desse modo essas mulheres idosas exercem dupla fun o provedoras e aquela tradicionalmente atribu da s mulheres cuidadoras agora de filhos adultos lavam suas roupas fazem comida para eles mesmo elas estando com idade avan ada As rela es familiares de modo geral se tornaram mais interdependentes
228. exta feira mesmo Val filho foi na rodovi ria me ver Eu digo Val vamo fazer um jeito de tirar aquele menino neto dali Eu dou um dinheiro compra um carrinho de m o compra uns negocinho e coisa bota o menino l perto de voc Val e fica o menino com voc Ah mas em todo canto tem todo canto tem o filho responde se referindo a droga Sr Jos 78 anos Eles tamb m dizem n o receber nenhum tipo de ajuda de parente ou amigos Mas ambos tanto os homens quanto as mulheres dizem manter contato com familiares e receber visitas deles mas n o com a frequ ncia que gostariam Al m do mais com o passar do tempo as visitas dos parentes v o ficando mais escassas Recebia muito agora t mais pouco Os meus parentes mais custoso de vim Sra Divina 93 anos Recebo mais das irm s da igreja Os parentes desapareceram uma vez ou outra que vejo um sobrinho Sra Vanda 91 anos Trecebe Muitas visitas de estranhos e meus sobrinhos v m quando podem Sra Dulce 90 anos Arquimedes vem meu sobrinho todo m s ele t aqui Sra Paula 92 anos Minhas sobrinhas filha de Julia vem me visitar e mais dois sobrinhos um enfermeiro e o outro marceneiro que vem me visitar de quinze em quinze e quando podem Sra Josefa 80 anos A aus ncia de familiares sempre justificada eles t m suas fam lias trabalham muito e n o t m tempo pra vir aqui ou
229. filhos homens morando com as idosas como o caso de Am lia Paloma Alice n o tem significado o maior envolvimento ou ajuda financeira ou instrumental deles com exce o da Sra Gleide que apesar de ter empregada conta muito com a ajuda do filho Sra Alice por exemplo tem dois filhos morando com ela e n o conta com eles pra nada Ela relata Eu mesma vou receber o dinheiro fa o supermercado pago um menino para trazer aqui em casa eu arrumo fa o a comida lavo passo agora t melhor porque tenho m quina de lavar eles n o ajudam em nada n o n o fazem nada pra ajudar n o tudo tudo tudo sou eu Inclusive financeiramente podia dizer assim toma aqui m e 30 reais pra ajudar a pagar as contas 222 A fim de manter a paz eu n o gosto de oprimir ningu m n o a vou levando melhor calar do que falar n A idosa expressa claramente como os v nculos precisam ser constru dos e mantidos cotidianamente ao falar de uma das filhas a que mais chegada essa uma das filhas n o tem um dia que n o telefone pra mim pra saber se t bem todos os dias ela liga As outras tamb m n o s o ruins n o mas s o displicentes S o displicentes porque tem telefone em casa todos t m mas n o tem aquela lembran a vou ver como est minha m e Essa menina uma coisa incr vel comigo s vezes as pessoas dizem ah porque a senhora gos
230. forma de inser o produtiva torna se tamb m particularista As pol ticas sociais assim reproduzem as desigualdades sociais preexistentes na sociedade As pol ticas sociais redistributivas e igualit rias restringiam 19 se educa o b sica e sa de restrito ao atendimento de urg ncia Draibe ressalta o car ter corporativo e principalmente clientelista que afetou a din mica de introdu o e consolida o do Welfare State brasileiro interferindo na aloca o e extens o dos recursos tendendo a feudalizar sob o dom nio de grupos personalidades e ou c pulas partid rias reas do organismo previdenci rio e principalmente a distribui o de benef cios em per odos eleitorais DRAIBE 1993 p 25 A mesma autora aponta certa tend ncia universalizante tanto em termos de cobertura quanto de benefici rios que foi sendo introduzido no sistema de prote o social brasileiro a unifica o dos IAPs sob o INPS na rea da sa de a abertura do atendimento de urg ncia a toda a popula o no final dos anos de 1970 a extens o da educa o b sica obrigat ria gratuita para oito anos na mesma d cada e ainda o PRORURAL FUNRURAL e a Renda Mensal Vital cia Entretanto alerta a autora estas tend ncia universalizantes longe est o ainda de conferir ao sistema brasileiro caracter sticas do tipo institucional redistributivo A Constitui o de 1988 representou um avan o no que tange quest o soc
231. formas alternativas de participa o deste na vida social incentivar a participa o em organiza es representativas dos interesses dos idosos visando a formula o implementa o e avalia o das pol ticas planos programas e projetos a serem desenvolvidos priorizar o atendimento ao idoso atrav s de suas pr prias fam lias em detrimento do atendimento asilar exce o dos idosos que n o possuam condi es que garantam sua pr pria sobreviv ncia capacitar profissionais para prestar servi os nas reas de geriatria e gerontologia implementar sistema de informa es para divulga o da pol tica dos servi os dos planos projetos e programas oferecidos aos idosos assim como para divulgar informa es de car ter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento e apoiar estudos e pesquisas na rea de envelhecimento Quanto aos idosos desabrigados e sem fam lia esta Lei garante a prioridade do atendimento em rg os p blicos e privados prestadores de servi os e pro be a perman ncia de idosos portadores de doen as que necessitem de assist ncia m dica ou de enfermagem permanente em institui es asilares de car ter social 34 Lei n 8 842 de 4 de janeiro de 1994 Disp e sobre a pol tica nacional do idoso cria o Conselho Nacional do Idoso e d outras provid ncias 110 A Lei bastante ampla e prev a participa o de v rios minist rios para a implementa o das a es ficando a c
232. ga para morar na institui o um dos principais motivos alegados est relacionado necessidade de contato com outras pessoas porque ficavam muito tempo sozinhos ou viviam sozinhos e a esperan a de que morar com outras pessoas tamb m idosas com interesses comuns seria mais apropriado Nesse contexto as ajudas aos companheiros s o pouco frequentes Os homens se referem a isso de modo indistinto ou seja ajuda nas tarefas da institui o ou s o feitas sob a solicita o de funcion rios da institui o ou ainda como troca de algum favor recebido mas troca quase comercial paga na hora Ajudo quando mando comprar n s vezes quando mando comprar uma bolacha que eu preciso pra comer a dou um agrado Dou um agrado Sr Valter eu dou ajuda carrego as quentinhas pra os safados comer risos que fica l me gritando Jos Jos Quando to aqui eu E quando a Irm passa distribuindo os sabonetes eu n o recebo eu n o fico l fico sempre por aqui zanzando n E no fim n o ganho Sr Jos 184 Esse meu colega aqui a assistente social mandou eu administrar ele Aqui tem uns gavi o ficam fazendo hora com quem chega A tem que ter uma pessoa pra orientar J cansei de sair aqui de madrugada pra chamar a freira quando cai gente no ch o ontem mesmo caiu um a Sr Miguel s vezes me pede a car leite banana pra fazer vitamina quase todo dia eu dou u
233. gir Em caso de empate em concursos p blicos a prefer ncia para quem tem maior idade Cabe ainda ao Poder P blico estimular a iniciativa privada a contratar os idosos Prev ainda no mbito do trabalho a cria o atrav s de institui es governamentais e n o governamentais de programas visando a profissionaliza o especializada para os idosos a prepara o dos trabalhadores para a aposentadoria agora com anteced ncia m nima de um ano e ainda o est mulo s empresas privadas para admiss o de idosos ao trabalho Art 28 No que tange assist ncia social s o tratadas duas quest es de estrema import ncia O primeiro diz respeito redu o da idade para ter acesso ao benef cio mensal de 1 um sal rio m nimo previsto na LOAS BPC que passa de 67 para 65 anos e ainda que o benef cio j concedido a qualquer membro da fam lia n o ser computado para os fins do c lculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas possibilitando desse modo que mais de um membro da fam lia receba benef cios Art 34 Mas a lei n o esclarece que outro tipo de benef cio o que tem causado discuss es 121 O outro ponto trata das Institui es de Longa Perman ncia para Idosos ILPI e casas lares que passam a ser obrigadas a firmar contrato de presta o de servi os com a pessoa idosa abrigada Art 35 E autoriza a cobran a de participa o do idoso no custeio de entidades filantr picas ou casa lar a
234. goria chave na sociedade moderna juntamente com a liberdade igualdade e responsabilidade Para este autor a solidariedade se refere a processos sociais espec ficos por meio dos quais os indiv duos e as coletividades s o reconhecidos socialmente em seus direitos e deveres justos perante outros indiv duos e coletividades isto ela define de formas extremamente variadas o pertencimento de tais indiv duos e coletividades a um todo mais inclusivo 35 Esse autor aponta como formas fundamentais de solidariedade social na modernidade avan ada os la os familiares e as rela es amorosas o nacionalismo e a classe social a pol tica social e o Estado do bem estar social Mesmo reconhecendo a import ncia da na o e da classe na constru o das identidades sociais e portanto para o exerc cio da solidariedade vamos discutir prioritariamente os outros dois tipos de solidariedade fam lia e rela es amorosas pol tica social e Estado A fam lia tradicionalmente vista como a viga mestra da solidariedade como diz Eisenstadt 1976 p 17 Segundo esse autor as atividades instrumentais desempenhadas pela fam lia s o reguladas pelos crit rios de solidariedade H um equil brio entre as rela es instrumentais solid rias e expressivas que vai al m do n cleo familiar e se estende ao grupo de parentesco No mbito mais amplo das rela es sociais ou da coletividade a transfer ncia e manuten o da solida
235. guridade Social e em especial da Previd ncia Social Garantir que o piso dos Benef cios Previdenci rios e Assistenciais seja mantido em 01 um sal rio m nimo Extinguir o fator previdenci rio para fins de c lculo de aposentadoria Recompor as perdas e reajustar os valores das aposentadorias e pens es pelo mesmo ndice de corre o do sal rio m nimo Sensibilizar os gestores p blicos e os parlamentares para a extin o da contribui o previdenci ria dos trabalhadores inativos Acrescentar 25 no valor dos benef cios para todos os benefici rios que necessitem regularmente de cuidadores independentemente do tipo de benef cio Assegurar aos netos rf os menores de 21 anos que comprovem depend ncia econ mica o direito pens o por morte dos av s 5 Assist ncia Social Pessoa Idosa reivindica a amplia o de direitos sociais mas de surpreender o fato dessa rea ser respons vel pelas institui es de longa perman ncia nos estados e munic pios e nenhuma das propostas apresentadas fazer refer ncia as estas institui es Destacam se as seguintes quest es Ampliar o acesso ao BPC para a pessoa idosa observando os seguintes crit rios Reduzir a idade para 60 anos aumentar a renda per capita para gt do sal rio m nimo n o computar para o c lculo da renda per capita recebimento de qualquer benef cio assistencial ou previdenci rio de at um sal rio m nimo recebido por outro idoso do grupo familiar n o c
236. har o processo hist rico social no qual as pol ticas sociais voltadas para o idoso v m sendo elaboradas observando a sua efetiva o no contexto das pr ticas institucionais e apreendendo deles as preocupa es nacionais e internacionais assim como a distribui o de obriga es e responsabilidades sociais para com as gera es envelhecidas Nesse sentido tamb m procedeu se an lise de documentos referentes Institui o em apre o prontu rios trabalhos monogr ficos artigos de jornais e alguns dados sobre o bairro artigos dados do IBGE SESAB etc Por outro lado procedeu se ao levantamento de dados prim rios Para tanto lan ou se m o de t cnicas e instrumentos de coleta de dados que possibilitassem uma aproxima o mais eficaz ao objeto de pesquisa observa o direta tanto das rela es dos idosos no espa o institucional quanto das rela es familiares dos idosos na comunidade com registro sistem tico das visitas em di rio de campo e entrevistas semi estruturadas e abertas Com rela o a estas ltimas podemos considerar dois grupos de entrevistados em primeiro lugar e mais importante com os as idosos as em segundo lugar com profissionais vinculados gest o p blica da velhice Foram entrevistados vinte idosos moradores do Abrigo D Pedro Il dez mulheres e dez homens e onze idosos moradores do bairro de Pau da Lima nove mulheres e dois homens Quanto aos profissionais foram entrevis
237. i a idade pessoas maiores de 60 anos Desse modo os idosos entrevistados 9 mulheres e 2 homens foram escolhidos aleatoriamente apenas por indica o da professora e estagi rios do j referido curso de Terapia Ocupacional que atuam na rea e a aceita o deles em participar da pesquisa A diferente propor o no n mero de entrevistados quanto ao g nero se deve a fato j bastante conhecido dos pesquisadores os homens diferente das mulheres permanecem pouco em suas resid ncias j que frequentam assiduamente os espa os p blicos ruas e pra as Ao transitar pelo bairro poss vel ver grupos de homens idosos conversando mas quando era tentado marcar dia e hora para conversarmos eles criavam empecilhos ou marcavam e n o compareciam no lugar e hora combinado Os dois homens que foi poss vel entrevistar estavam em suas casas pois ambos coincidentemente tinham problemas de sa de sequela de AVC o que faz com que eles saiam menos entretanto saem em geral no final da tarde para jogar domin com os amigos ou conversar pr ximo ao terminal de nibus ou no ponto de acaraj dois locais de grande movimento nesse hor rio Apesar do crit rio utilizado para as entrevistas ter sido apenas o da idade superior a 60 anos foi poss vel entretanto conhecer uma diversidade de situa es vividas pelos idosos entrevistados que refletem a complexidade das quest es que envolvem o processo de envelhecimento mesmo se trata
238. ia Nacional de Vigil ncia Sanit ria ANVISA 141 seja existe na pr tica mas n o disp e de nenhum apoio ou recurso que possibilite suas a es Frente a esses fatos o coordenador est propondo a transforma o dessa Coordena o do idoso em uma superintend ncia de pol tica p blica para idosos A proposta j foi encaminhada e aguarda defini o Fica evidente por um lado a desarticula o o desencontro das pol ticas p blicas nesse caso do SUS e SUAS com rela o PNI e por outro o descumprimento de suas determina es especialmente no que se refere coordena o das pol ticas para idosos na Bahia uma das mais importantes fun es que deveria ser exercida pela SEDES como determina a Pol tica Estadual do Idoso Enquanto isso o barco fica deriva sem piloto e sem rumo O CEI tem tentando articular o Plano Governamental Integrado e obter os relat rios das atividades desenvolvidas pelas diferentes Secretarias mas esbarra em uma s rie de dificuldades tais como a aus ncia de conselheiros e de planos de trabalho especialmente dos rg os do Governo e consequente a impossibilidade de articular as propostas que alguns representantes apresentam Pr n o dizer que n o falei de flores como diz o poeta a grande conquista da pol tica para o idoso no Estado foi a cria o em julho de 2006 da Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso DEATI Conquista mais uma vez do Movimento de Pensionistas e
239. ia de Combate Pobreza e s Desigualdades Sociais SEDES Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social SEDH Secretaria Especial dos Direitos Humanos SESAB Secretaria de Sa de do Estado da Bahia SESC Servi o Social do Com rcio SESI Servi o Social da Ind stria SETRAS Secretaria de Trabalho e A o Social da Bahia SETRAS Secretaria Estadual de Trabalho Assist ncia Social e Esporte SINPAS Sistema Nacional de Previd ncia e Assist ncia Social SUAS Sistema nico de Assist ncia Social SUDESCO Superintend ncia de Desenvolvimento da Comunidade do Estado da Bahia SURCAP Superintend ncia de Urbaniza o da Capital SUS Sistema nico de Sa de UBS Unidades B sicas de Sa de SUM RIO INTRODU O 1 A VELHICE de objeto de caridade a objeto de novas pol ticas sociais 1 1 Perspectiva te rica e categorias de an lise 1 2 Itiner rio da pesquisa 2 CAMINHOS DA PROTE O SOCIAL 2 1 Prote o social perspectiva hist rica 2 2 Prote o social no Brasil do Estado para a Fam lia 3 PROTE O SOCIAL VELHICE 3 1 Pol ticas sociais para a velhice no Brasil 3 2 Pol ticas sociais para a velhice na Bahia 4 A SOLIDARIEDADE P BLICA E INSTITUCIONAL 4 1 A Institui o 4 2 Os idosos quem s o e como vivem 4 3 Os desen la os familiares e sociais o asilamento 4 4 As rela es familiares no passado e no presente 4 5 A din mica rela o de dar receber retribuir em fam
240. ia de Titmuss quanto ao seu vi s ideol gico sua perspectiva endogenista e a polariza o entre residual versus institucional seu modelo ainda utilizado visto que ainda n o foi superado por outro A tipologia proposta por Esping Andersen segue uma perspectiva semelhante de Titmmus Toma como crit rio de an lise dos regimes do Estado de Bem Estar Social a democratiza o social do capitalismo avan ado a partir da estrutura de classe e das rela es de poder Distingue desse modo tr s modalidades o regime liberal no qual a assist ncia p blica sempre ex post intervindo minimamente nos casos de impossibilidade das necessidades serem resolvidas atrav s do esfor o individual do mercado da fam lia ou das redes de solidariedade comunit rias Os benef cios em geral s o focalizados destinados popula o de baixa renda e s o m nimos a fim de n o desestimular o indiv duo a participar do mercado de trabalho Os benefici rios s o estigmatizados ou culpabilizados por seu situa o Os pa ses que se encontram nesse regime s o Estados Unidos Canad e Austr lia o regime conservador ou corporativista onde a interven o do Estado parcial e objetiva mais organizar a prote o social que financi la identificado com o modelo bismarckiano de prote o social Os benef cios dependem quase que integralmente de contribui es e preserva as diferen as de status ocupacional A provis o p blica n o deve ser excess
241. ial com a estrutura o de um amplo sistema de prote o social a Seguridade Social resultante de discuss es de diferentes segmentos da sociedade desde a d cada de 1970 A Seguridade Social compreende segundo a Constitui o um conjunto integrado de a es de iniciativa dos Poderes P blicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos sa de previd ncia e assist ncia social BRASIL 1988 O conceito de Seguridade representou um avan o em termos dos direitos sociais associados cidadania sugerindo uma amplia o do conceito de prote o social de um modelo de seguro para seguridade Diferente do Seguro que se refere ao sistema de prote o contra os efeitos de conting ncias associadas ao trabalho que exige uma contribui o dos seus afiliados e assegura benef cios somente aos seus contribuintes caso ocorra perda ou diminui o da sua capacidade laborativa a Seguridade social refere se ao sistema de prote o contra conting ncias sociais a todos que tenham 19 Seguridade nos termos definidos pela OIT a prote o que a sociedade proporciona a seus membros mediante uma s rie de medidas p blicas contra as priva es econ micas e sociais que de outra forma derivariam no desaparecimento ou em forte redu o de sua subsist ncia como consegii ncia de enfermidade maternidade acidente do trabalho ou enfermidade profissional invalidez velhice e morte e tamb m a prote o na
242. idad os mais velhos transformando a velhice em objeto das novas pol ticas sociais Essas novas pol ticas atribuem fam lia a maior parte da responsabilidade pelos cuidados com essa popula o O conjunto de pol ticas sociais propostas pelo Estado tem como foco central Institui o de Longa Perman ncia para Idosos ILPI o nome gen rico utilizado em documentos legais recentes para referir se a todas as institui es destinadas resid ncia de idosos tais como Asilos de Idosos Lar de Idosos Abrigo de idosos Casa de repouso etc 25 a fam lia transferindo para ela grande parte das suas obriga es e responsabilidades sem entretanto considerar os limites e as possibilidades dela para assumir esses encargos como veremos no decorrer do trabalho Em s ntese todo esse processo de constru o social da velhice demanda uma maior compreens o das novas formas de solidariedade intergeracionais que levem em conta as transforma es e complexidades das rela es nas sociedades contempor neas e a din mica da rela o entre o sistema de prote o social p blico ou das solidariedades p blica e o sistema de prote o social familiar ou as solidariedades prim rias Os poucos estudos sobre a velhice at aproximadamente a d cada de 1980 tratavam da quest o a partir de uma an lise neoutilitarista refor ada pela vis o biom dica que associa esse per odo da vida apenas a incapacidade para continuar no siste
243. idade dif cil de encarar ainda mais quando se trata de sobrinhas que elas ajudaram a criar como s o muitos casos 256 Os homens asilados diferente das mulheres apesar de terem tido muitos filhos suas hist rias de alcoolismo e n o cultivo dos la os com os filhos ao longo de suas trajet rias de vida refletem se hoje na fragilidade dos v nculos ou aus ncia destes Expressam abertamente os conflitos que os impossibilitam de permanecer convivendo com a fam lia Causa espanto nesse caso a queixa de abandono frequentemente expressa e exposta pela imprensa e a cobran a de retorno dos poucos gestos de generosidade feito por eles aos filhos ou a outros parentes Por outro lado eles se mant m mais independentes e aut nomos que as mulheres na medida em que em geral administram suas aposentadorias buscam manter alguns v nculos extramuros saem com frequ ncia para visitar familiares ou encontrar amigos antigos ou eventuais al m de mulheres J os as idosos as da comunidade com seus in meros filhos t m por isso mesmo ampliado seu circuito de solidariedade Mesmo em face aos conflitos de certo modo naturais nas rela es entre as gera es j que tamb m s o rela es de poder o fluxo de trocas cotidianas intenso A entreajuda se processa de m ltiplas formas envolvendo filho as e netos as apoio e abrigo aos desempregados e descendentes ajudas financeiras presta o de servi os guarda de netos apoio af
244. idade feminina Este fato aparentemente contradit rio se considerarmos que as mulheres s o as principais respons veis por manter criar e reproduzir as rela es sociais V rios autores NUNES 1995 BOURDIEU 1996 CAILL 2002 GODBOUT 1999 s o un nimes em reconhecer que sobre as mulheres que recaem os esfor os na manuten o dos la os sociais n o s nas redes de solidariedade prim ria mas tamb m na solidariedade entre estranhos ou na d diva a estranhos Godbout 1999 destaca a posi o central das mulheres no sistema da d diva Nas sociedades primitivas elas chegavam a ser elemento de troca em sinal de alian a BALANDIER 1977 Nas sociedades modernas elas s o as principais agentes de todos os tipos de d diva ritual ntima comunit ria e da d diva a estranhos s o elas que prestam a maior parte dos servi os volunt rios especialmente as mais velhas As pesquisas recentes sobre solidariedade intergeracional na fam lia ROSSI 1995 ATTIAS DONFUT 1995 CAMARANO 2003 2004 revelam o importante lugar que as mulheres ocupam no circuito das trocas intergeracionais A pesquisa de Rossi 1995 por exemplo que trata das rela es de g nero e das obriga es normativas para com a parentela revela a maior intensidade das rela es de reciprocidade intimidade e de entreajuda na d ade do mesmo sexo de m es e filhas que a encontrada entre pais e filhos Aqui duas quest es surgem em articula o com g nero
245. ientes das aposentadorias pens es e outros benef cios oferecidos pelo sistema de Seguridade Social brasileiro AZEVEDO 2002 Tendo como principal dirigente na Bahia o Sr Gilson Costa de Oliveira esse movimento ganhou destaque nacional primeiro por sua atua o na Constituinte de 1986 87 garantindo os direitos dos idosos no texto Constitucional de 1988 e segundo na mobiliza o nacional pela reposi o das perdas dos valores dos benef cios previdenci rios que ficou conhecido como a luta pelos 147 em 1992 O Sr Gilson ganhou grande notoriedade nacional vindo a ser eleito em 20083 presidente da Confedera o Brasileira dos Aposentados e Pensionistas e at hoje continua frente do movimento na Bahia gozando de grande respeito e prest gio Em 2004 o Movimento dos Aposentados na Bahia instituiu o F rum Permanente de Defesa do Idoso instalado na sede da ASAPREV BA conhecida como Casa do Aposentado que refer ncia da categoria no Estado Esse espa o congrega membros de diferentes institui es governamentais e da sociedade civil Ver mais sobre o movimento de aposentados em Sim es 1996 1998 e sobre o movimento dos aposentados na Bahia em Azevedo 2005 135 constituindo se num palco de discuss es e mobiliza es sobre as mais atuais quest es pol ticas que dizem respeito ao idoso no Estado Esse movimento de car ter pol tico tem sido o principal impulsionador de toda a p
246. iliares terem acesso a servi os de sa de e terem seus direitos humanos e liberdades fundamentais respeitadas quando residirem em lares ou institui es que lhes prestem cuidados ou tratamento Auto realiza o as pessoas idosas devem ter acesso a recursos educacionais culturais espirituais e recreativos para que possam desenvolver plenamente seu potencial Dignidade assegurar s pessoas idosas uma 32 Foram propostas 66 recomenda es divididas em sete reas a saber sa de e nutri o prote o ao consumidor idoso moradia e meio ambiente fam lia bem estar social previd ncia social trabalho e educa o Camarano 2004 108 vida com dignidade e seguran a livre de explora o e maus tratos e de qualquer tipo de preconceito independente de sua condi o econ mica RODRIGUES 2006 A Assembl ia Mundial indiscutivelmente impulsionou as pol ticas de prote o social voltadas aos idosos em muitos pa ses em desenvolvimento dentre eles o Brasil Na d cada de 1980 o Brasil viveu um momento de abertura pol tica rumo redemocratiza o o que possibilitou a mobiliza o social de diferentes setores da sociedade civil dentre eles destacam se os aposentados organizados na COBAP Confedera o Brasileira dos Aposentados e Pensionistas criada em 1984 A participa o dos idosos nestes movimentos sociais foi fundamental para a consolida o dos direitos dos idosos na Constitui o Federal CF promulgada
247. ilo volta a ser dirigido pela Igreja sob a responsabilidade das Irm s de Caridade vindas da Fran a Em 1910 ele abrigava 189 indigentes 118 mulheres e 71 homens tendo sua capacidade aumentada posteriormente para mais 30 leitos exclusivos para maiores de 70 anos A partir de 1913 por falta de condi es financeiras a institui o passou para as m os da municipalidade ficando a partir de ent o na depend ncia do poder p blico n o deixando entretanto de ter a presen a das Irm s vicentinas que est o l at hoje Neste momento observa se uma mudan a na perspectiva da assist ncia com a entrada da medicina e o controle do Estado nas quest es sociais passando a institui o a ser administrada pela Diretoria de Higiene e Assist ncia P blica Municipal Esta nova diretoria institui novos cargos administrativos a exemplo do M dico Diretor e cria impostos para custeio e melhorias do Asilo O Asilo foi novamente reformado em 1921 elevando o n mero de abrigados para 289 pessoas a grande maioria continuava a ser de mulheres 216 e apenas 73 homens Estes dados podem revelar por um lado uma maior vulnerabilidade social das mulheres especialmente idosas e por outro um maior aproveitamento da m o de obra masculina no mercado de trabalho da poca que tamb m deixava de fora as mulheres Por for a de Lei Municipal n 152 de 18 de junho de 1943 o asilo passou a chamar se Abrigo D Pedro Il e restringiu seu atendim
248. inistram por outro eles t m maior consci ncia dos seus direitos como poderemos observar mais adiante A posi o assumida pelo grupo familiar expressa ao mesmo tempo o pouco h bito de enfrentamento ao desrespeito ou descumprimento das leis pelo poder p blico e o medo de que agindo em busca dos direitos dos idosos venham receber como repres lia ou puni o a devolu o do idoso A gerente faz essa avalia o com rela o a fam lia A fam lia n o cobra muito da gente aqui n o o idoso cobra mais A fam lia n o cobra tanto porque o que que a gente sente que eles t m medo de cobrar demais e a gente dizer ent o leve seu idoso pra casa A conduta institucional pouco democr tica n o h espa o coletivo para discuss es com os pr prios idosos nem sobre os problemas nem acerca das atividades intra ou extrainstitucional visitas passeios ou toda sorte de quest es que envolvem suas vidas Durante todo o per odo de acompanhamento do que vem ocorrendo no Abrigo s soube de uma reuni o com todos os idosos em mar o de 2007 mas a gerencia n o permitiu a minha participa o alegando que tratava se de assuntos que s diziam respeito aos idosos portanto n o poderia permitir a minha presen a As informa es 5t Segundo informa es da gerente a institui o n o disp e no seu quadro de pessoal o profissional com preparo para cuidar de idosos o chamado cuidador O servi o prestado por pess
249. intitulado Diretrizes B sicas para uma Pol tica Nacional para o Idoso As principais 106 propostas desse documento foram as seguintes implementa o de um sistema de mobiliza o comunit ria visando entre outros objetivos a manuten o do idoso na fam lia revis o de crit rios de subven es a entidades que abrigam idosos e cria o de servi os m dicos especializados para idosos incluindo atendimento domiciliar revis o do sistema previdenci rio e prepara o para aposentadoria forma o de recursos humanos coleta de informa es e an lises sobre a situa o do idoso pelo Servi o de Processamento de dados Previdenci rios e Assist ncia Social Dataprev em colabora o com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IBGE A preocupa o explicitada nas diretrizes como assinala Camarano 2004 concentrava se nos aspectos de amparo financeiro previdenci rio e de sa de denotando uma vis o da velhice relacionada vulnerabilidade e depend ncia vis o que vai sendo mudada sob a influ ncia de debates internacionais A LBA a partir de 1977 passa a assumir a coordena o de todos os programas assistenciais dentre eles o programa de assist ncia ao idoso antes sob a responsabilidade do INPS A atua o da LBA se desenvolveu de modo similar ao que j vinha sendo desenvolvido por aquele Instituto atendimento direto individual para concess o de rteses pr teses documenta o alimentos e grupal
250. ios da Previd ncia Social n 8 212 e 8 213 em 1991 e a Lei Org nica da Assist ncia Social LOAS n 8742 em 1998 33 Ver mais sobre o assunto em Azevedo 2005 109 A situa o dos idosos benefici rios da Previd ncia ganhou notoriedade nacional em 1991 e 1992 quando houve uma intensa mobiliza o de aposentados e pensionistas de todo o pa s reivindicando reajustes dos seus benef cios Este movimento liderado pela COBAP que ficou conhecido como mobiliza o pelos 147 levou para as ruas pequenas mas ruidosas passeatas de idosos em v rias capitais do pa s SIM ES 1998 1999 Acompanhado de perto pelos meios de comunica o de massa esse movimento ganhou o apoio da popula o e a solidariedade de outros aposentados idosos que n o seriam beneficiados com o referido reajuste Segundo Sim es 1998 esse movimento extrapolou a mera reivindica o distributiva representando um importante passo para a conquista dos direitos de Aposentados e Pensionistas e idosos em geral dando visibilidade problem tica da velhice no pa s Em 1994 foi aprovada a Pol tica Nacional do Idoso PNI tendo por objetivo assegurar a todas as pessoas maiores de sessenta anos de idade considerados idosos seus direitos sociais criando condi es para promover sua autonomia integra o e participa o efetiva na sociedade Esta pol tica estabelece como principais diretrizes integrar o idoso s demais gera es atrav s de
251. irredutibilidade do valor dos benef cios equidade na forma de participa o no custeio diversidade da base de financiamento car ter democr tico e descentralizado da administra o mediante gest o quadripartite com participa o dos trabalhadores dos empregadores dos aposentados e do Governo nos rg os colegiados Os princ pios da universalidade da cobertura e do atendimento e a seletividade e distributividade na presta o dos benef cios e servi os faz transparecer certa tens o entre ambos que se concretiza no modo como descrito cada um dos elementos constitutivos da seguridade social particularizando e selecionando a demanda para segmentos da popula o brasileira a sa de direito de todos art 196 a previd ncia social atende aos que lhe s o contributivos art 201 a assist ncia social prestada aos necessitados art 203 ou aos desamparados art 6 SPOSATI FALC O FLEURY 2002 O princ pio de uniformidade e equival ncia dos benef cios e servi os iguala os direitos dos trabalhadores rurais e urbanos estabelecendo aposentadoria por idade 81 para os trabalhadores rurais a partir dos 60 anos para os homens e 55 anos para as mulheres e os trabalhadores urbanos precisariam cinco anos a mais respectivamente para ter direito ao benef cio As mulheres passaram a ter acesso aposentadoria independente de serem chefes de fam lia adquirindo igualdade de condi es com os c njuges A irredutibi
252. is desenvolvidas por Saad 2003 2004 e a an lise de Peixoto 2004 e Sim es 1998 1996 sobre o retorno do aposentado ao mercado de trabalho e a solidariedade familiar Entretanto h uma extensa literatura internacional sobre o tema especialmente francesa destacando se os trabalhos de Attias Donfut 1988 1995 1996 2001 Caradec 2001 Delbes e 48 Gaymu 1993 Godard 1993 Bawin Legros e Gauthier e Stassen 1995 Bengtson 1993 Bengtson e Gianrusso 1995 Segalen 1993 dentre outros Estes estudos apontam aspectos fundamentais que precisam ser considerados na an lise das rela es intergeracionais e que foram muito teis para a compreens o do campo da pesquisa 49 2 CAMINHOS DA PROTE O SOCIAL Ao rever a hist ria da prote o social mesmo considerando as diversidades de trajet rias que toma nas diferentes sociedades encontramos o velho como um dos seus principais protagonistas Seja na condi o de indigente misturado com outras categorias sociais crian as deficientes doentes e inv lidos seja na condi o de ex trabalhador como aposentado fora do sistema produtivo o velho pertence ao grupo social que demanda algum tipo de solidariedade social Buscando entender o sistema de prote o social e as pol ticas sociais voltadas para os velhos na sociedade contempor nea em especial na brasileira dirijo o olhar por um lado para o passado na certeza de que as pr ticas assistenciais atuais se co
253. is respons veis pela iniciativa das quest es ligadas ao envelhecimento e aplica o do Plano de A o Internacional sobre o Envelhecimento 2002 mas essencial a exist ncia de colabora o eficaz entre os governos nacionais e locais organismos internacionais os pr prios idosos e suas organiza es outros setores da sociedade civil inclu das as organiza es n o governamentais e o setor privado PNUD SEDH 2008 Art 17 p 22 Outro ponto de destaque o que diz respeito ao g nero O Plano recomenda a incorpora o da perspectiva de g nero em todas as pol ticas programas e nas leis priorizando a situa o das mulheres idosas reconhecendo que o processo de envelhecimento traz efeitos diferenciados para as mulheres e para os homens Desse modo essencial formular pol ticas eficazes visando alcan ar a plena igualdade entre ambos Art 8 p 20 8 p 27 2003 Neste sentido este documento aponta as desigualdades de g nero no mercado de trabalho especialmente no que diz respeito participa o da mulher no trabalho remunerado sal rios mais baixos falta de desenvolvimento profissional interrup es da atividade de trabalho aspectos estes que por sua continuidade ao longo do tempo produtivo podem ser a causa da pobreza da mulher na velhice E acrescenta Um objetivo integral do Plano de A o consiste em conseguir a diversidade de idades e o equil brio de g nero nos locais de trabalho 25 p
254. ise dos dados as diferen as de idade e g nero como elemento basilar para fundamentar a ado o de pol ticas adequadas 127 p 78 O fortalecimento das rela es de solidariedade intergeracionais outro ponto fundamental das recomenda es do Plano que dedica um Tema s referente a esta quest o A solidariedade entre as gera es na fam lia na comunidade na na o concebida como requisito primordial de coes o social e o fundamento da assist ncia p blica formal e dos sistemas de assist ncia informal Os sistemas de previd ncia social sa de e assist ncia devem acompanhar as mudan as demogr ficas econ micas e sociais a fim de garantir o crescimento e desenvolvimento econ mico e a manuten o adequada de renda e de servi os para a popula o idosa 42 p 43 Os v nculos intergeracionais ressalta o texto na fam lia e na comunidade podem beneficiar a todos Nas rela es familiares esta ajuda m tua tem sido decisiva uma vez que os idosos t m dado importantes contribui es tanto do ponto de vista financeiro quanto no que se refere educa o e cuidado com netos e outros membros da fam lia O fortalecimento dos la os de solidariedade intergeracionais fun o de todos inclusive do governo Entretanto alerta que importante reconhecer que a vida ao lado das gera es mais jovens nem sempre a op o preferida por pessoas idosas e nem a melhor op o para eles 43 p 43 O Plano estabelec
255. itar os exames pra um idoso ou uma idosa e no transcurso do exame o idoso at faleceu e a fam lia liga liberando a vaga porque o idoso faleceu que demora muito e ele n o tem condi o financeira de no outro dia providenciar o exame ai fica mais dif cil pras pessoas fazerem exame via SUS O idoso ao ser internado s leva seus documentos roupas e poucos objetos pessoais r dio televisor utens lios pessoais tudo mais cama arm rios s o disponibilizados pela institui o Os familiares s o convocados de dois em dois meses para reuni o com os t cnicos mas tanto a observa o feita em 4 reuni es de que participei quanto no relato feito pela assistente social s comparecem em tais reuni es entre 10 a 12 dos familiares e s o sempre os mesmos As reuni es s o realizadas aos s bados tarde na tentativa de possibilitar a participa o daqueles familiares que trabalham durante a semana Os assuntos tratados nesses encontros giram em torno das mesmas quest es inicia com uma mensagem lida ou falada por uma das irm s ou uma assistente social em geral de conte do religioso falando dos sentimentos de amor fraternidade e solidariedade e redundando na import ncia da manuten o dos v nculos com os idosos muitas vezes h uma amea a velada ao enfatizar a obriga o legal da fam lia prestar assist ncia e as puni es previstas em lei nos casos de abandono familiar segue com informes sobre eventos festas c
256. iva e a fam lia tem um papel central Os pa ses que formam o regime conservador tiveram forte influ ncia da Igreja mantendo seu compromisso com a preserva o dos valores tradicionais da fam lia estimulando a maternidade e desestimulando quaisquer propostas que amea assem a conviv ncia familiar tais como creches e servi os de prote o a idosos e crian as Este regime formado especialmente por pa ses da Europa Ocidental tais como Alemanha Fran a It lia e Austria o regime social democrata caracteriza se por pol ticas de prote o social de cunho 65 predominantemente universalistas Os servi os e benef cios s o abrangentes a fim de promoverem a igualdade com os melhores padr es de qualidade e n o uma igualdade das necessidades m nimas Tais servi os e benef cios s o compreendidos e garantidos como direitos sociais dissociados do mercado e da fam lia tradicional A sociedade solidariamente organizada entendendo que os custos com a manuten o da fam lia e a cria o dos filhos devem ser partilhados assume responsabilidade direta pelo cuidado com as crian as os velhos e os desvalidos ESPING ANDERSEN 1991 p 110 Uma das caracter sticas mais evidentes a rela o entre trabalho e bem estar nesse sentido o pleno emprego estrutural ao sistema dele depende a manuten o do regime Estas caracter sticas s o mais evdentes na Dinamarca Noruega e Su cia Estes tipos ideais formula
257. ivil organizada por seus pr prios pares Ademais deixa de 4 Decreto Lei 8 188 de 22 de mar o de 2002 Disp e sobre a cria o do Conselho Estadual do Idoso na estrutura da Secretaria da Justi a e Direitos Humanos 137 fora institui es com reconhecidas trajet rias hist ricas na rea de envelhecimento como o caso do SESC Com a aprova o do Estatuto do Idoso em 2003 o Governo do Estado da Bahia pressionado pelas organiza es de idosos j mencionadas sancionou em fevereiro de 2004 a Pol tica Estadual do Idoso Lei n 9 013 proposta formulada pelo CEI O texto da referida Pol tica reproduz em grande medida o da PNI Ao n vel do Estado a responsabilidade pela implementa o e coordena o geral das a es relativas Pol tica Estadual do Idoso ficava a cargo da Secretaria do Trabalho e A o Social hoje Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate Pobreza SEDES Dentre as atribui es daquela Secretaria definidas pela Pol tica Estadual do Idoso destacam se encaminhar ao Conselho Estadual do Idoso o Plano Governamental Integrado e os relat rios semestrais e ou anuais das atividades e realiza o financeira dos recursos destinados implanta o da pol tica do idoso coordenar e manter atualizado o cadastro de entidades e organiza es de atendimento ao idoso al m de mais 23 itens espec ficos da compet ncia das reas da promo o e a o social e combate pobreza e s desigualdades soci
258. j t sem dinheiro pro p o m e j t sem coisa 217 Em outras ocasi es Eu pra comprar rem dio comprar esses rem dios de press o minha filha compra no cart o a quando recebe meu dinheiro a ela paga o filho que mora na mesma rua esse que faz biscate quando faz biscate que entra um dinheirozinho pra ele ele me ajuda comprar meu p o as vez ele diz assim m e deixa que eu pego seu p o hoje que eu trago sua banana hoje As rela es de ajuda financeira se fazem no interior do grupo que parece buscar um equil brio entre a divis o de tarefas e a economia dom stica num din mico movimento de reciprocidade Desse modo os que trabalham pagam pelos servi os realizados por outros que se encontram desempregados no momento Quem lava a roupa j essa menorzinha que passou aqui que a ca ula E a que trabalha paga a ela da uma ajuda pra ela Que ela tamb m tem a filhinha dela pra comprar as coisas O marido empregado mas ganha sal rio m nimo A solidariedade familiar no apertado or amento dom stico se faz presente tamb m na divis o do que se tem Tem vez que ele faz biscate tem vez que n o faz nada a n s damos uma ajudazinha a ele num deixa ele passar fome E esse que t desempregado que t aqui comigo d porque ele t desempregado a a gente t dando uma alimenta o a ele Um esfor o ainda maior se faz para encaminhar o
259. jovens mais saud veis pertencentes s 23 classes m dias Esse fato leva os especialistas a recategorizarem a velhice Foi neste contexto que o termo terceira idade foi cunhado Peixoto 1998 p 76 assinala que a inven o francesa do termo Terceira Idade simplesmente produto da universaliza o do sistema de aposentadoria e do consequente surgimento de institui es e agentes especializados no tratamento da velhice Esses agentes da velhice passam assim a prescrever a este grupo et rio maior vigil ncia alimentar e exerc cios f sicos mas tamb m necessidades culturais sociais e psicol gicas Esta nova etapa da vida caracterizada especialmente pelo tempo livre exprime uma nova realidade da velhice realidade essa n o mais associada id ia de mis ria doen a e decad ncia mas a um tempo de atividades desligadas da vida profissional e familiar um tempo especifico de lazer onde novos valores coletivos s o elaborados GUERRERO 1996 p 155 156 Esses novos valores elaborados em torno da velhice pautados nas necessidades de atividades culturais e de lazer promovem novas representa es da velhice Este per odo passa a ser destinado realiza o de projetos abandonados busca de prazer e satisfa o pessoal tornando se um tempo espec fico de lazer Mas ao mesmo tempo em que homogeneizam os aposentados sob a etiqueta da terceira idade associando se a eles representa es positivas
260. la participa o decisiva nesta fase da minha forma o Aos dirigentes e t cnicos do Abrigo que t o generosamente abriram as portas da Institui o possibilitando a realiza o desse trabalho A todos os idosos do Abrigo e da comunidade pelo acolhimento e colabora o prestados pesquisa Ao Programa de P s Gradua o em Ci ncias Sociais pelo apoio e incentivo forma o de pesquisadores Aos bolsistas jovens promissores e respons veis pela enorme contribui o que deram em diferentes fases da pesquisa Giselle Oliveira Milena Ara jo Vanessa Marques Raquel Quiroz Diego Eiterer Camila Castelo Branco e B rbara Vick Aos meus pais Milton e Zenilda agrade o o apoio o incentivo e a solidariedade em todos os momentos e minhas desculpas por todos os n o posso agora agora n o d que tive de dizer durante estes anos de trabalho Aos queridos filhos Milton e Maria Alice pelo amor e compreens o incondicionais A Milton que mesmo de longe me deu apoio moral material e afetivo indispens veis nessa jornada A Maria Alice que por estar mais pr xima dividiu comigo as responsabilidades da casa e ainda ajudou nas corre es finais do trabalho Luiz Euclides Palmeira pessoa especial entrou na minha vida num momento t o dif cil trazendo amor e alegria e tem sido solid rio companheiro e amigo sempre atento e amoroso me impulsionando a seguir em frente N o posso esquecer de mencionar os meu
261. laborat rio e apresentar laudo de avalia o psiqui trica O que significa que o idoso tem que ter boas condi es de sa de f sica e mental ser independente n o ter problemas cognitivos ou comportamentais Deste modo restringe se a demanda da institui o para idosos que apenas tenham problemas sociais ou familiares condi o que s se d inicialmente uma vez que se trata de institui o de longa perman ncia e em geral o idoso passa o resto da sua vida l e dificilmente ele n o ser acometido por doen as incapacitantes Os idosos dependentes n o disp em de nenhum tipo de assist ncia p blica nem em ILPI nem domiciliar como previsto em Lei Resta ao idoso nestas condi es contar com a ajuda de familiares nem sempre existente ou dispon vel ficando deste modo obrigado a submeter se s institui es filantr picas ou particulares Este setor tem crescido nas ltimas d cadas exatamente porque por um lado o Estado n o vem cobrindo este n vel de assist ncia e por outro as fam lias sozinhas n o conseguem suprir as necessidades do idoso dependente 151 Com rela o a esta quest o o ent o gerente do Abrigo revela em entrevista realizada em 2003 a dificuldade que o idoso e a fam lia encontram para cumprir esta determina o As pessoas s o muito pobres pra fazer os exames que a casa necessita demora muito porque via SUS ai demora 15 dias um m s J aconteceu aqui as vezes de voc solic
262. le tamb m membro do CEI e participa do F rum Permanente Segundo seu relato em entrevista concedida a mim a grande cr tica que essa proposta engessa o idoso nisso a nessas modalidades de assist ncia quando o idoso n o s isso A n s j t nhamos os movimentos sociais envolvidos o F rum Permanente o NIAPI e outras coisas e nada disso foi considerado e n o cabem essas coisas a Com o apoio dos membros das citadas institui es especialmente do Sr Gilson que acionou dois deputados para que o Governador do Estado recebesse em audi ncia uma comiss o para expor o problema juntamente com o Secret rio da SEDES foi autorizada a cria o de uma coordena o do idoso naquela Secretaria Criou se a coordena o mesmo sem a concord ncia da Superintend ncia da Assist ncia Social um pol tico que tinha sido membro do CEI foi designado para o cargo por m essa coordena o do Idoso n o consta no regimento da SEDES e n o entrou no PPA Plano Plurianual ou 48 Esses dados foram fornecidos pela SEDES e s o referentes a 2004 Os dados apresentados por Camarano 2005 na publica o Idosos Brasileiros Indicadores de Condi es de Vida e Acompanhamento de Pol ticas o n mero de idosos atendidos em ILPI e nos Centros de Conviv ncia conveniados com o MDS na Bahia em 2005 era de 1 402 e 6 311 respectivamente RESOLU O DA DIRETORIA COLEGIADA RDC N 283 DE 26 DE SETEMBRO DE 2005 Ag nc
263. lho dos bares uma mulher que fica na rua na vizinhan a sem motivo justific vel n o vista com bons olhos H sempre a possibilidade de criar conflitos fofocas inimizades O relato das idosas especialmente o de dona Alice ratifica essa quest o porque eu fui crida assim eu n o gosto de t na porta de vizinho Porque uma boa dona de casa nunca falta o que fazer nunca falta o que fazer dentro de casa s vezes a gente v as pessoas pelas portas dando prosa conversando a surge tanta coisa ruim n Briga tudo Conservar as boas rela es de vizinhan a tratar bem aqueles que os rodeiam imprescind vel como norma de bom viver A manuten o dos v nculos implica uma rela o de confian a que envolve uma tica de obriga o de reciprocidade H uma expectativa confia se que em caso de necessidade possa efetivamente contar com a ajuda de qualquer um dos vizinhos Do mesmo modo que se colocam tamb m dispon veis quando forem solicitados Gra as a Deus todo mundo legal se eu precisar de alguma coisa de algum favor qualquer um deles vizinhos os que t m carro eu tenho um menino que tem carro mas mora por l longe Mas se eu precisar de um favor qualquer um ajuda A senhora sabe que a gente fazendo por viver feliz em qualquer lugar Anita 226 se precisar se tiver uma precis o e me chamar se precisar de mim eu largo tudo que tiver fazendo vou l e
264. lidade do valor dos benef cios garante que nenhum benef cio pode ser inferior a um sal rio m nimo e que esse deve ser corrigido de modo a manter seu valor Esta medida foi significativa tanto para os aposentados rurais que tiveram seus benef cios duplicados ou triplicado no caso dos pensionistas quanto para os aposentados urbanos que recebiam benef cios inferiores ao sal rio m nimo e tamb m para os que tinham direito Renda Mensal Vital cia A diversidade da base de financiamento possibilitou a cria o de novas formas de financiamento da seguridade social que al m da contribui o sobre a folha de sal rio passa a contar com recursos provindos da tributa o sobre o faturamento e o lucro das empresas e sobre a movimenta o financeira Contribui o para o Financiamento da Seguridade Social COFINS Contribui o Social sobre o Lucro L quido CSLL Contribui o Provis rio sobre Movimenta o Financeira CPMF De acordo com Fleury 2004 p 117 a cria o desta sistem tica de financiamento buscava mecanismos de solidariedade e de estabiliza o do sistema na tentativa de romper com a arraigada no o de seguro social de que existe uma rela o inexor vel entre contribui es e benef cios O car ter democr tico e descentralizado da administra o garante gest o compartilhada entre governo trabalhadores aposentados e prestadores de servi os de modo que tanto os que financiam quanto os que usufru
265. lito ressentimentos e dio ou seja as rela es familiares n o se d o com a tranquilidade que se idealiza mas o espa o familiar um palco de contradi es e de sentimentos que s o permanentemente revisados Deste modo a solidariedade familiar n o pode ser pensada como natural mas ela est na depend ncia de como os la os entre seus membros s o criados e recriados cotidianamente S assim se pode perceber quais s o os que fazem parte da rede familiar que obriga es e responsabilidades t m com os outros membros e que tipo de apoio se pode esperar desses Nunes 1995 p 11 assinala que os direitos e obriga es para com os membros da rede familiar s o estabelecidos sob duas condi es primeiro em fun o de algumas caracter sticas tais como sexo idade gera o rela o de parentesco proximidade de resid ncia profiss o ou ocupa o de acordo com defini es t citas do que deve ser o comportamento adequado dos actores sociais em fun o dessas caracter sticas E em segundo lugar esses direitos e obriga es se ap iam no que o autor chama de pr ticas de ancoragem ou seja em atividades que confirmam ou redefinem o lugar que os sujeitos ocupam na rede de solidariedade prim ria uma vez que o fato de fazer parte da rede por nascimento casamento ou afinidade n o garante sua perman ncia nela pois o estatuto pode ser modificado atrav s da hist ria subsequente dessas rela es podendo
266. lizar as tarefas dom sticas e ainda necessitar de ajuda para realizar atividades de auto cuidado banho vestir se ir ao banheiro a idosa 221 tem uma senhora contratada para esse fim Ela a nica do grupo que disp e de ajuda n o familiar o que representa um nus contabilizado no restrito or amento familiar s conta com o dinheiro da sua pens o As trocas familiares tamb m t m um nus como temos visto por m dificilmente s o contabilizados como tal tanto por tratar se de algu m da fam lia portanto aparece como obriga o quanto por ser fornecido em geral por mulheres desse modo aparece como parte das suas atribui es Sra Marina cheia de vitalidade aos 86 anos cuida de tudo sozinha Sai muito de casa sozinha apesar de morar em uma das regi es mais ngremes para ir casa de uma das filhas que mora no mesmo bairro Conta com a ajuda da filha que mora no fundo de sua casa e de uma neta para acompanh la ao m dico ou alguma coisa que precise Sua aposentadoria apesar de ser pouca muito pouca lhe d condi es de viver independente da ajuda das filhas e ao contr rio ajud las quando a coisa aperta Por medo da viol ncia uma neta que vai receber seus proventos Eventualmente um neto me pede pra ficar aqui em casa um tempo Acolher netos especialmente nos momentos de crise familiar uma pr tica observada tamb m em outros relatos A presen a de
267. lo Nova Cultura 1988 Cole o os Economistas LANIADO R Desempenho institucional e justi a em rela o exclus o social no Brasil contempor neo In Cadernos CRH n 35 Jul Dez 2000 Troca e reciprocidade no campo da cultura pol tica XXV Encontro Anual da ANPOCS Caxambu out 2001 LENHART G E OFFE C Teorias do Estado e pol tica Social Tentativas de Explica o Pol tico Sociol gica para as Fun es e os Processos Inovadores da Pol tica Social In OFFE C Problemas estruturais do Estado Capitalista Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1984 LENOIR Objeto Sociol gico e Problema Social In CHAMPAGNE Patrick LENOIR Remi MERLLI Dominique Inicia o pr tica sociol gica Petr polis Vozes 1998 272 LINS DE BARROS M Autoridade e Afeto av s filhos e netos na fam lia brasileira Rio de Janeiro Jorge Zahar 1987 Introdu o Sobre gera es fam lias e pol ticas sociais In Fam lia e Gera es Rio de Janeiro Funda o Get lio Vargas 2006 org Fam lia e Gera es Rio de Janeiro Funda o Get lio Vargas 2006 LOURO G L G nero sexualidade e educa o uma perspectiva p s estruturalista Petr polis Rio de Janeiro Vozes 1997 LUHMANN N Familiarity confidence trust problems and alternatives In GAMBETTA D Ed Trust making and breaking cooperative relations New York Basil Blackwell 1988 MAGALH ES R Integra o exclus o e solidari
268. lvendo diferentes setores da administra o p blica Observa se entretanto que apesar do empenho especialmente das organiza es n o governamentais e dos movimentos sociais organizados que atuam na rea a implementa o de tais pol ticas anda a passos lentos A complexidade e abrang ncia das quest es que envolvem a velhice t m gerado in meras discuss es e propostas em grande medida condizentes com as necessidades e demandas dessa popula o Na pr tica nota se que h uma fragmenta o das a es aus ncia de um rg o que possa coordenar e articul las assim como acompanhar e avaliar as a es desenvolvidas nas diferentes reas minist rios secretarias As a es s o pulverizadas e os resultados concretos delas s o quase impercept veis Tomando como par metro as a es desenvolvidas apenas pelas tr s inst ncias que comp em o principal sistema de prote o social p blico Previd ncia Assist ncia Social e Sa de percebe se primeiro o papel fundamental da Previd ncia Social na possibilidade de manuten o dos la os de solidariedade prim ria permitindo a sobreviv ncia de idosos e familiares e ampliando as possibilidades de trocas intergeracionais segundo a dificuldade de adequa o dos programas e pol ticas espec ficas para as gera es mais velhas s pol ticas nacionais de sa de e de 253 assist ncia social Tr s quest es t m contribu do para dificultar ou impossibilitar a impleme
269. m as leis Duas empresas privadas do ramo da constru o civil se propuseram a fazer o escoramento e os consertos necess rios dos pr dios e uma empresa da rea de comunica o se prop s a realizar uma campanha de sensibiliza o da comunidade A obra foi conclu da aproximadamente dois meses ap s a interdi o sem nenhum custo para o munic pio Na ocasi o as fam lias das idosas foram chamadas para que as levassem para suas casas provisoriamente at conclu da a reforma Segundo informa o da gerente s tr s fam lias levaram as idosas para casa mas s uma permaneceu l durante todo tempo da reforma Se por um lado havia a resist ncia e o medo da fam lia de que ao levar o idoso esta situa o se tornasse irrevers vel por outro houve tamb m a resist ncia das pr prias idosas em precisar da ajuda dos familiares Dona Ant nia expressa seus sentimentos com rela o a isso 83 Todos os nomes dos idosos foram trocados a fim de preservar suas privacidades 154 Cada um sabe a fam lia que tem Eu n o vou sair daqui Quando eu precisei ela sobrinha n o veio Eu prefiro ir pra debaixo da ponte do que ir pra casa dela Cada um sabe a fam lia que tem Presenciei tamb m outros casos em que as idosas n o aceitaram com muita veem ncia sair da institui o preferiam ficar l mesmo naquelas p ssimas condi es que acompanhar seus parentes Terminados os consertos dos pr dios os idosos voltar
270. m nada voc fala uma coisa entende outra e bota que aquilo aquilo mesmo mas s pra poder perturbar muita coisa mas mesmo assim eu vou me levando vou ag entando porque Deus vai me ajudando a vida Sra Anita tem 68 anos bastante independente faz todos os servi os da casa sozinha Como aposentada e agora recebe tamb m a pens o do marido n o precisa da ajuda financeira dos filhos De todos os 17 filhos s o as duas filhas que moram em apartamentos no quintal de sua casa que mais lhe prestam servi os eventuais fazer algumas compras quando ela n o quer ir receber seu dinheiro no banco por que os ladr o j gosta de quando v uma pessoa de idade como eu Quem vai pra mim aquela neguinha a eu pe o a ela pra pegar a dou um agradinho a ela a ela vai pegar a minha e a dele pens o do marido Apesar da idosa dizer que nenhum dos filhos precisa da sua ajuda financeira pois todos trabalham na fala anterior mais uma vez podemos notar como funciona esta rede subterr nea e invis vel de entreajuda no espa o familiar 220 Nem tudo s o flores h tamb m os conflitos e as m goas Revela os conflitos tipicamente geracionais e de valores que tem com uma de suas filhas e um dos filhos Fala comigo e tudo porque eu n o fiz nada com ele mas n o assim aquela coisa i doutora porque n o falar mal mas se eu fosse uma mulher que eu fosse sozinha e ar
271. m valores cruciais na conforma o de uma sociedade capitalista fortemente arraigada aos princ pios liberais Os pressupostos te ricos liberais o individualismo a prote o propriedade privada e a m nima interven o do Estado foram assim plenamente incorporados pela cultura 59 capitalista americana atuando tanto no sentido de retardar o surgimento de legisla o social quanto restringindo seu escopo As quest es sociais emergentes desse modo deveriam ser resolvidas pelo mercado pela fam lia ou por organiza es comunit rias o que contribuiu para o predom nio das institui es privadas filantr picas Segundo Fleury 1994 as a es governamentais eram inspiradas na Poor Law inglesa e tratavam de criar mecanismos de taxa o para financiar a cria o de abrigos para os miser veis almshouses e casa de trabalho para os pobres workhouses Aqui tamb m busca se reabilitar e punir o pobre impondo a perda dos direitos civis aqueles que necessitam da assist ncia p blica Diferente do que ocorreu na Europa entretanto a quest o relacionada velhice Entre 1900 e 1929 a quest o da velhice emerge como um problema p blico Mesmo em meio luta de trabalhadores e desempregados pelo Seguro Social foi o movimento de idosos que ganhou relev ncia pol tica e social e se desenvolveu como se fora uma classe isolada do movimento de trabalhadores Fleury 1994 Esse fato interpretado como uma esp
272. ma coisinha pra ele Eu n o tenho isso n o tenho aquilo Sr Arlindo Receber ajuda dos companheiros tamb m n o pr tica entre eles N o h perspectiva de retorno A reciprocidade inexiste neste contexto Se vier me ajudar n o vai muito ser bem vindo porque se for sobre bebida eu j tenho tudo na cabe a aqui N o precisa de ajuda assim n o s ajuda de Deus Sr Aur lio Ah ningu m ningu m nenhum N o pe o n o ajudam N o adianta pedir porque eu sei que n o vai ajudar Eu n o pe o n o porque sei que n o vai adiantar N o v o me dar mesmo v o dizer ah voc n o trabalha n o voc j ganha seu dinheiro isso que vai dizer Como algumas vez j falou pra mim n Ent o fico quieto n o pe o nem quero saber Cada um fica consigo eu sou desse jeito Sr L cio No caso das mulheres principalmente a vis o que elas t m umas das outras que as impossibilita de dar ou receber ajuda das outras Ajudar Em nada n Eu vejo tudo uma coisa s sem poder fazer as coisas n Sra Lea 88 anos Que As idosas n o t o ag entando com elas quanto mais Os velhos aqui tudo precisando de ajuda como eu Sra Delia 77 anos N o N o preciso da ajuda de ningu m s as visitas que s vezes d o presente Sra Josefa 80 anos 185 N o porque eu n o preciso Sra Eug nia 85 anos Quem me ajuda Deus por isso
273. ma de produ o As an lises centradas no sistema de produ o capitalista v em o velho apenas como exclu do social por n o ser mais produtivo Estas abordagens utilitaristas e economicistas reduzem as rela es sociais a um jogo de c lculo e interesses deixando de lado a an lise das rela es interpessoais das trocas materiais e simb licas que circulam nas redes de sociabilidades das quais os velhos participam e tamb m t m responsabilidade pela manuten o desses la os sociais S mais recentemente os trabalhos sobre envelhecimento voltam se mais para as rela es intergeracionais PEIXOTO 1998 LINS DE BARROS 1987 BRITTO DA MOTTA 1999 2002 2003 2005 CAMARANO 2003 CABRAL 1997 1998 ATTIAS DONFUT 1988 1995 1996 Mas a velhice intra muros e tudo que circula nesse universo foi pouco estudado exceto pelos trabalhos pioneiros de Elias 1987 Moraes 1977 Belo 1990 Debert 1999 e mais recentemente Groisman 1999 Mergulhar nesse universo requer uma compreens o da sociedade como um fen meno social total MAUSS 1974 pois envolve grupos e institui es num processo cont nuo de trocas o que Mauss caracterizou como d diva Partindo do pressuposto de que a forma o dos la os sociais est condicionada ao modo como os bens materiais e simb licos as d divas circulam entre os indiv duos no interior dos grupos sociais definindo os lugares que os sujeitos ocupam na sociedade MARTINS 2001 2002 2004 q
274. mas de prote o social pelo Estado especialmente com o sistema de aposentadoria Fundamentado na no o de um contrato temporal entre as gera es trabalhadoras mais novas e as mais velhas com a intermedia o do Estado o sistema de aposentadoria o sistema de prote o social que mais tem simbolizado a solidariedade entre as gera es Mas as formas de prote o social desenvolvidas pelo Estado abrangem n o s o sistema previdenci rio mas tamb m a assist ncia social e o sistema de sa de A amplia o do sistema de prote o social ou sua universaliza o mesmo que ainda n o abarque todo o sistema estabelece uma rela o de interdepend ncia entre todos os sujeitos e portanto constitui se um forte elemento de solidariedade A entrada do Estado regulando as rela es sociais e provendo prote o liberou a fam lia de certas obriga es e responsabilidades tradicionais Entretanto como expressam Attias Donfut e Segalen 2007 p 56 o desencargo da fam lia de suas fun es tradicionais de assumir o peso econ mico da velhice a solidariedade p blica n o suprimiu a entreajuda entre jovens e velhos mas mudou sua orienta o transformando o status das duas gera es A solidariedade p blica contribuiu para a emerg ncia de novos la os estabelecidos sobre a base da autonomia das gera es S o essas novas formas de solidariedade que a pesquisa buscou apreender 42 1 2 Itiner rio da pesquisa Partindo
275. me n o O filho quando n o tava trabalhando e tava morando de aluguel era eu quem ajudava Sra Edna Pra mim t bom se fosse at menos eu tava satisfeita porque eu lutei tanto minha filha passei por tanta dificuldade tanta coisa n o posso t reclamando 232 um dinheirinho certo todo m s Pior quem t trabalhando a que s vezes nem recebe Sra Alice Eu digo que tima porque eu trabalhei muitos anos pra adquirir e com essa aposentadoria que eu t sobrevivendo E n o ruim minha aposentadoria eu pego um trocadinho que d pra eu comer pra juntar n o d mas pra comer d Sr Valdemir com esse dinheiro pouco mas certo que as despesas da casa s o pagas No caso dos que ganham um pouco mais a sobra ou vai pra ajudar os filhos que precisam ou para fazer um fundo de reserva para n o vir a precisar dos filhos Pago a gua a luz a deixa uma reservazinha pra se precisar de alguma coisa porque eu n o gosto de ficar pedindo porque outro dia aquele que eu te falei o filho fui pedir um neg cio a ele a ele a senhora j gosta de pedir fala baixinho N o orgulho eu bato na boca n o vou dizer que eu n o preciso mas enquanto eu puder me livrar de pedir qualquer coisa a ele eu me livro Sra Anita Compro o que precisa compro coisa pra dentro de casa pago a gua pago a luz compro o g s pago essa mo a pra fazer a limpeza S
276. mente nos conventos ou institui es religiosas o que tornou a Igreja a maior gestora da assist ncia s crian as e velhos desamparados e aos incapazes para o trabalho S o as institui es religiosas que ir o primeiro organizar e controlar a assist ncia aos pobres ficando esta circunscrita ao territ rio de abrang ncia das par quias Com o desenvolvimento das cidades entretanto ocorre uma maior sistematiza o da assist ncia e as autoridades municipais passam a assumir parte do problema da indig ncia urbana mas a Igreja continua sendo a base de organiza o dos aux lios A sele o dos assistidos torna se mais rigorosa tendo como crit rio a domicilia o Neste processo de organiza o e controle da popula o assistida institu se no s culo XIV em quase toda Europa o uso de distintivos medalhas chapinha de chumbo cruzes costuradas nas mangas ou no peito que identificavam e autorizavam os indigentes deles portadores a receber esmolas e frequentar os hospitais Inicia se com isso uma esp cie de direito a participar da distribui o regular de esmolas e para o acesso aos servi os hospitalares Essa organiza o e sistematiza o da assist ncia se intensificam no s culo XVI especialmente pelo agravamento da crise econ mica e social da poca causada pelo crescimento desordenado das cidades pela peste pelo subemprego e pelas dificuldades de subsist ncia da popula o Nesse contexto a pobreza p
277. mesmo conduzir em certos casos exclus o A perman ncia na rede de solidariedade prim ria portanto depende do sistema de troca de d diva que ocorre no interior da rede criando e recriando os la os sociais A naturaliza o da fam lia tanto como fonte de apoio financeiro de prote o e cuidados quanto como respons vel pela reprodu o social alimenta a cren a de que ela fam lia seja capaz de realizar a redistribui o interna dos recursos e ajuda m tua independente das determinantes de g nero idade rela o afetiva reciprocidade etc Nega se com isso a vulnerabilidade a depend ncia e a exclus o que acontece no seu interior 241 Cabe lembrar aqui as diversificadas e fluidas conforma es familiares na atualidade que em boa medida refletem como v m se dando as rela es entre as gera es especialmente no que concerne s gera es mais velhas o aumento progressivo de mulheres idosas chefes de fam lia o crescimento de arranjos familiares compostos de mulheres sem c njuge e com filhos adultos dependentes dela o aumento de unidades domiciliares unipessoais especialmente de mulheres idosas o envelhecimento e maior longevidade da popula o principalmente feminina e as prec rias condi es econ micas e sociais em que as fam lias t m vivido em especial aquelas chefiadas por mulheres Esses dados revelam a situa o de maior vulnerabilidade social das mulheres aumentand
278. meu nome e fa o alguns nomes mas existem algumas letras que eu n o consigo fazer direito Edna 72 anos 207 Voc sabe como era naquele tempo no interior era atrasado o pessoal n o botava filho no col gio trabalhava na ro a e quando botava era de noite pra poder trabalhar na ro a de dia Alice 69 anos Letra de impressa eu leio sim agora letra de caneta um pouco dif cil por que eu n o estudei Logo logo eu casei e logo comecei a ter filho como que estuda E depois de velho a pessoa n o vai mais entrar na cabe a igualmente Anita 68 anos Oriundos em grande maioria da zona rural na cidade tiveram v rias ocupa es ao longo da vida laboral especialmente as mulheres duas delas depois de muitas atividades informais tiveram emprego formal uma funcionaria p blica estadual merendeira a outra trabalhou em empresa privada servi os gerais cinco tiveram v rias ocupa es informais lavadeira costureira lbordadeira empregadas dom sticas as duas mais velhas depois da experi ncia de trabalho informal passaram a se ocupar da cria o dos filhos e da administra o da casa Duas ainda trabalham uma como condi o necess ria sobreviv ncia vende acaraj com a filha a outra vende plantas em casa mas apenas como manuten o de atividade e renda complementar Os dois homens tiveram trabalho formal um como motorista de caminh o de entrega de uma loja e o ou
279. mo 1 dos recursos or ament rios das tr s esferas de governo para o Fundo dos direitos dos idosos Destinar um percentual de 2 da arrecada o das loterias estaduais e ou federais para o Fundo Nacional dos Direitos do Idoso que ser repassado Fundo a Fundo aos Estados e Munic pios Garantir a aplica o dos recursos oriundos da Seguridade Social exclusivamente para as pol ticas de sa de previd ncia e assist ncia destinando os ao atendimento das pessoas idosas e demais gera es visando um envelhecimento digno e saud vel As ILPI recebem aten o em pelo menos duas proposi es uma delas fazendo men o a programas da assist ncia social quais sejam Criar incentivos fiscais e ou pol ticas de contribui o para institui es privadas revertendo os ganhos obtidos para as institui es de longa perman ncia Garantir repasse de recursos federais para o atendimento de necessidades das institui es de longa perman ncia para idosos com aumento de valores dos pisos e metas viabilizando reajuste anual do financiamento da Prote o Social B sica e Prote o Social Especial 7 A Educa o a Cultura o Esporte e o Lazer Este tema enfatiza al m de cursos destinados aos idosos a inclus o no ensino formal de temas que tratem especificamente do envelhecimento assim como atividades culturais f sicas e de lazer que incentivem as rela es intergeracionais estendendo tais atividades tamb m para idosos moradores de ILPI
280. mo afirma Mestriner 2005 as pr ticas assist ncias passaram por diversas fases caritativa higi nica disciplinadora profissionalizante de clientela vigiada e democratizada conforme o modelo pol tico que se tra a para a filantropia solidariedade e assist ncia social em diferentes tempos hist ricos Nesse processo constitufram se diferentes estrat gias de interven o e controle da pobreza reduzindo os doentes inv lidos velhos rf os delinquentes categoria de assistidos sociais instituindo se espa os institucionais pr prios de promo o educa o reabilita o com enunciados cient ficos t cnicos administrativos filos ficos e jur dicos que at hoje vigoram fortemente MESTRINER 2005 p 40 As institui es de caridade especialmente as Santas Casas de Miseric rdia eram a forma predominante de prote o social existente at aproximadamente meados do s culo XX Tais institui es prestavam assist ncia a enfermos crian as e velhos desamparados doentes mentais leprosos mendigos e pobres em geral Localizadas pr ximas aos conventos e igrejas cat licas estas institui es se espalharam por todo pa s A assist ncia realizada nestes espa os institucionais n o fazia distin o das diferentes categorias sociais chamadas genericamente de mendigos Fraga Filho apud Groisman 1999 em pesquisa realizada na Bahia sobre a popula o de rua no s culo XIX identifica os mesmos c
281. mocratiza o An lise de conjuntura 8 2 fev IPARDES Curitiba 1986 268 DRAIBE S O Welfare State no Brasil caracter sticas e perspectivas In Caderno de Pesquisa n 08 UNICAMP 1993 DRAIBE S HENRIQUE W Welfare state crise e gest o da crise um balan o da literatura internacional Revista Brasileira de Ci ncias Sociais n 6 vol 3 fev 1988 DUARTE Y A O LEBR O M L LIMA F D Contribui o dos arranjos domiciliares para o suprimento de demandas assistenciais dos idosos com comprometimento funcional em S o Paulo Brasil Rev Panam Salud Publica Pan Am J Public Health 17 5 6 2005 DURKHEIM E A divis o do trabalho social vol Lisboa Editorial Presen a 1989 EISENSTADT S N Grupos et rios e estrutura social In De gera o a gera o S o Paulo Perspectiva 1956 p 1 35 ELIAS N A solid o dos moribundos seguido de envelhecer e morrer Rio de Janeiro Jorge Zahar 2001 ESPING ANDERSEN G As tr s economias pol ticas do Welfare State Lua Nova n 24 S o Paulo CEDEC 1991 ESPING ANDERSEN G O futuro do Welfare State na ordem mundial Lua Nova S o Paulo CEDEC 1995 FALEIROS Vicente de Paula O que pol tica social 3 ed S o Paulo Brasiliense Cole o Primeiros Passos 1988 FERNANDES A A Velhice Solidariedades Familiares e Pol tica Social itiner rio de pesquisa em torno do aumento da esperan a de vida Sociologia Problemas e Pr ticas n 36
282. mos como eles falam dos filhos com quem mais se relacionam e as ajudas que recebem deles Sra Am lia 63 anos tem uma s rie de complica es de sa de adquiridas ao longo da vida H muitos anos desde a mocidade apresenta transtorno mental e mais recentemente surgiram hipertens o diabetes e Mal de Parkinson Esses problemas v m limitando sua capacidade funcional e a tornou mais dependente Todas as atividades dom sticas s o realizadas pelo marido e pelos filhos que moram com ela Sai pouco de casa por causa dos problemas de sa de que dificultam subir e descer as ladeiras e escadas que d o acesso sua casa Nomeou a filha que mora com ela como sua procuradora essa que mora comigo me d muita aten o ela que minha procuradora ela quem resolve tudo pra mim ela quem recebe ela quem tira o dinheiro de meu p o e me d O filho que est desempregado e tamb m mora com ela que faz pagamento de gua de luz de telefone da Vital Med que eu tenho a Vital Med tamb m O marido tem 63 anos n o trabalha e n o est aposentado Ele passa o dia com ela em casa hoje ele cuida de mim faz comida pra mim ele que faz que me d merenda A ajuda financeira al m da filha que mora com ela que trabalha como diarista tr s dias na semana vem tamb m dos outros filhos que moram fora A que mora em Val ria me d uma ajuda em dinheiro A filha daqui telefona pra ela m e
283. munit rio v m se conformando na vida cotidiana A prote o social velhice quando envelhecer era uma experi ncia de poucos se dava no contexto familiar e privado numa ordem social hierarquizada com clara distribui o de pap is e lugares na divis o social do trabalho e de poder Nessa ordem social as limita es da idade eram compensadas pela experi ncia e transmiss o de conhecimentos que os mais velhos detinham Fora da ordem familiar a velhice era invis vel j que se confundia com a pobreza que atingia tamb m outras faixas et rias e sua prote o ficava a cargo das institui es de caridade A prote o social fora da fam lia se restringia aos incapazes para o trabalho dentre eles os velhos pobres e sem v nculos familiares A fam lia e a comunidade local eram as maiores fontes de solidariedade O desenvolvimento tecnol gico especialmente na rea de sa de prolongou a vida e a velhice vem sendo experimentada por um n mero cada vez maior de pessoas O envelhecimento populacional entretanto ocorreu concomitante a um din mico processo de mudan as da ordem social as sociedades se industrializaram e se 250 urbanizaram transformando as rela es de trabalho a estrutura e organiza o familiar tornaram se plurais os pap is de g nero passaram a ser mais fluidos as mulheres entraram no mercado de trabalho e ganharam autonomia os membros da fam lia individualizaram se o Estado progressivamente passo
284. munit rio n o foram rompidos bem como a promo o da integra o ao mercado de trabalho Dentre eles encontram se os Centros de Conviv ncia para Idosos Programa de inclus o produtiva e projetos de enfrentamento da pobreza Servi os s cio educativos para crian as adolescentes e jovens na faixa et ria de 6 a 24 anos dentre outros 100 Diferente da prote o social b sica a especial destinada ao atendimento socioassistenciais de fam lias e indiv duos que se encontram em situa o de risco pessoal e social por ocorr ncia de abandono maus tratos f sicos e ou ps quicos abuso sexual uso de subst ncias psicoativas cumprimento de medidas socioeducativas situa o de rua trabalho infantil entre outras PNAS 2004 p 31 Os servi os prestados pela prote o social especial s o divididos pelo grau de complexidade podendo ser de m dia ou alta complexidade O que difere nos dois n veis a manuten o ou n o dos v nculos familiares e comunit rios No primeiro atende fam lias e indiv duos que tiveram seus direitos violados entretanto tais v nculos n o foram rompidos Esses casos requerem aten o especializada e individualizada e ou acompanhamento sistem tico e monitorado tais como Servi o de orienta o e apoio s cio familiar Plant o Social Abordagem de Rua Cuidado no Domic lio Servi o de Habilita o e Reabilita o na comunidade das pessoas com defici ncia Medidas s cio educativ
285. nceira instrumental afetiva Com que frequ ncia 31 Quando fica doente quem d assist ncia V Rela es intra institucional MI 32 Fornece ajuda a algu m aqui na institui o Quem Que tipo de ajuda financeira instrumental afetiva Com que frequ ncia 33 Recebe ajuda de algu m aqui da institui o Quem Que tipo de ajuda financeira instrumental afetiva Com que frequ ncia 34 O que acha das visitas de estranhos aqui na institui o 35 0 que esses visitantes fazem aqui 36 Os visitantes d o alguma coisa aos idosos 37 Os idosos d o alguma coisa aos visitantes 38 J fez amizade com algum visitante 39 Como sua rela o com os outros moradores do abrigo Rela es com o Estado 40 O que acha da sua aposentadoria pens o benef cio 41 Quem vai receber 42 0 que voc faz com o dinheiro que recebe 43 Quando fica doente o que costuma fazer vai ao m dico toma rem dio caseiro vai a rezadeira 44 Qual a ltima vez que foi ao m dico Que servi o utilizou p blico privado ONG posto de sa de hospital ambulat rio Qual nome do servi o 45 0 que acha do atendimento de sa de p blico 46 Utiliza alguma medica o de uso cont nuo antihipertensivo para osteoporose insulina etc Recebe do Estado ou compra 47 Conhece o Centro de referencia do Idoso j ouviu falar ou j foi l 48 Conhece a PNI e o Estatuto do Idoso 49 Conhece algum direito que o
286. ncontrando se nesse momento da vida sem ascendentes ou descendentes pr ximos revelando uma ruptura na corrente geracional S o mulheres que n o constitu ram suas pr prias fam lias e hoje est o sozinhas no mundo como costumam dizer Diferente dos homens que aproximadamente a metade deles ainda tem filhos vivos Ainda pensando gera o no sentido mais sociol gico indiv duos que t m aproximadamente a mesma idade e compartilharam experi ncias id ias e mentalidades encontramos v rias experi ncias comuns nas hist rias de vida dessas mulheres articulando a condi o de gera o de g nero S o mulheres que dedicaram suas vidas cria o dos filhos dos patr es subordinaram se s normas paternas e aos rigorosos crit rios de escolha dos maridos ningu m nunca prestava pra mim mantiveram se na posi o familiar de cuidadoras dos pais at a velhice e morte deles t m baixa escolariza o por proibi o muitas vezes de pais que n o permitiam que elas aprendessem a ler e escrever para que n o fizessem bilhetes para namorados desempenharam atividades informais lavadeira costureira feirante sem v nculo empregat cio o que lhes rendia prec rios recursos financeiros e aus ncia de aposentadorias foram para o abrigo por sentirem se mais vulner veis viol ncia urbana amea adas inseguras desprotegidas morando sozinhas Independente do sexo g nero a entrada do idoso na institui
287. nda efetiva e ociosidade de homens e de m quinas desemprego BEHRING E BOSCHETTI 2007 p 85 Desse modo cabe ao Estado intervir na produ o e regula o das rela es econ micas gerando emprego atrav s de servi os p blicos e das rela es sociais aumentando a renda e promovendo igualdade social atrav s de pol ticas sociais Essas ltimas devem ser garantidas sobretudo aos idosos aos deficientes e s crian as ou seja aos incapazes para o trabalho Nesse contexto a proposta fordista de produ o em massa e consumo em massa se junta ao keynesianismo na regula o das rela es sociais constituindo se o campo f rtil para a amplia o da prote o social especialmente ap s a Segunda Guerra que vai haver um consenso entre esquerda e direita entre capital e trabalho 61 em torno do estabelecimento de pol ticas sociais mais abrangentes e mais universalizadas agora introduzidas como direito do cidad o Magalh es 2001 aponta para um deslocamento na condu o da pol tica social contra a pobreza que passa de uma no o de responsabilidade indiv dual para um tipo de solidariedade contratual baseada na id ia de risco ou seja na previs o de risco control vel e de problemas que tendem a afetar a todos a velhice a doen a o desemprego nessa conjuntura que vai haver nas sociedades capitalistas centrais profundas mudan as nos sistemas de prote o social com a constitui o
288. ndo de idosos da mesma classe social Refor a se assim a tese de que a quest o do idoso tem que ser tratada no plural dada a multiplicidade de condi es que muitas vezes s o determinantes no modo como se vive esse per odo da vida Dizer apenas idoso esconde a heterogeneidade de condi es determinadas seja pelos aspectos biol gicos idades que variam de 60 a 100 ou mais anos e suas implica es no que concerne s condi es de sa de grau de depend ncia necessidade de ajuda e cuidados pelos aspectos s cio familiares exist ncia ou n o de filhos netos e bisnetos coabita o com filhos e netos conflitos intergeracionais rede de apoio dispon vel pelas condi es econ micas o que implica muitas vezes na necessidade de continuar trabalhando 206 para manuten o pr pria ou de filhos adultos desempregados ou netos ou ao contr rio necessidade de ser mantido por eles condi es de moradia morar sozinho com compannheiro a ou filhos ou ainda filhos e netos Esta diversidade de condi es p de ser tamb m observada nestes idosos que fizeram parte da pesquisa As entrevistas foram realizadas nas resid ncias dos idosos as com exce o de duas mulheres uma delas encontrava se na banca de acaraj onde trabalha com uma das filhas e a outra estava no local onde participa de atividades num grupo de idosos Foi extremamente rica a experi ncia de compartilhar com elas eles um pouco do cotidiano da c
289. nge quest o social com a estrutura o de um amplo sistema de prote o social que sob o r tulo de Seguridade Social re ne a Previd ncia a Assist ncia Social e a Sa de A Seguridade Social como princ pio da prote o social estatal n o cumpriu o previsto pela Constitui o de 1988 tanto do ponto de vista organizacional e financeiro quanto do posto de vista do padr o de benef cio e cobertura Entretanto esse sistema de solidariedade p blica tem sido vital para a grande maioria da popula o idosa brasileira na medida em que os benef cios da Previd ncia Social mesmo que ainda n o universalizados t m sido respons veis pela manuten o n o s do idoso mas tamb m do seu grupo familiar a Assist ncia Social especialmente atrav s do BPC tem 251 tirado o velho da pobreza extrema e ainda que precariamente tem garantido fab sobreviv ncia dos velhos sem v nculos sociais ou com fr geis v nculos familiares D o comunit rios atrav s da assist ncia asilar e o SUS o nico meio de assist ncia sa de a que 70 dos idosos brasileiros podem ter acesso Entretanto o Estado seguindo a cartilha neoliberal vem progressivamente propondo e desenvolvendo pol ticas sociais restritivas plenamente vis veis nas sucessivas reformas da Previd ncia e de transfer ncia de obriga es e responsabilidades p blicas para a fam lia haja visto as atuais propostas nas reas da Assist ncia Soci
290. ngo das avenidas principais onde grande a circula o de carros particulares nibus transportes alternativos e de pessoas que entram e saem das lojas Nesses locais h uma diversidade de atividades comerciais e servi os que v o desde oficinas e lojas de autope as a papelarias mercearias padarias a ougues Destacam se pela grande quantidade os mercadinhos populares as lojas de roupas e as farm cias al m do com rcio informal disposto nas cal adas Entretanto o que mais me chamou aten o foi a quantidade e diversidade de igrejas evang licas na rea Funcionando em pequenos ou grandes templos muitas delas permanecem abertas e com cultos tamb m durante o dia Estima se que moram no local aproximadamente 236 066 pessoas o que o torna um dos bairros mais populosos de Salvador Dentre essa popula o 15 945 t m 60 anos ou mais um percentual de aproximadamente 7 da popula o local IBGE SESAB DICS 2002 203 N o obstante seu crescimento a comunidade convive com prec rias condi es de infra estrutura urbana facilmente evidenciada ao percorrerem se as ruas internas sem pavimenta o prec ria ilumina o sem saneamento b sico e coleta de lixo A car ncia tamb m evidenciada no que concerne aos servi os essenciais tanto p blicos quanto privados inexistem ag ncias banc rias na rea s existe um posto de sa de e uma delegacia de pol cia para atender aos populosos bairros da regi o A viol
291. nsiderado merecedor da assist ncia necess rio mais que a incapacidade f sica ser incapaz para o trabalho Desse modo o velho a crian a abandonada o doente especialmente o incur vel s o os que inegavelmente necessitam de assist ncia pois s o considerados incapacitados para o trabalho Distingue se assim aqueles que exibem em seus corpos os sinais da pobreza incapacidade desobrigados portanto do trabalho daqueles que n o apresentam tais sinais Ficando esses ltimos fora do sistema de assist ncia por serem considerados pregui osos e vagabundos Castel lembra que esse crit rio de classifica o da pobreza que ele chama de teoria da desvantagem constitui uma coordenada b sica de qualquer pol tica de assist ncia Mas em contrapartida essa escolha por assistir os incapacitados f sicos ou incapacitados para o trabalho oculta outras formas de indig ncia aquela por que passam os trabalhadores que apesar de trabalharem vivem abaixo da linha da pobreza essa n o falada nem vista Outro importante crit rio al m da incapacidade f sica ou incapacidade para o trabalho adotado para delimitar o campo do social assistencial o pertencimento comunit rio A fixa o do domicilio uma condi o privilegiada dos modelos de 53 assist ncia que ultrapassa a Idade M dia ou crist indo s formas modernas ou laicas CASTEL 2003 As pr ticas de assist ncia eram realizadas predominante
292. nstitu ram ao longo da hist ria atrav s de seus processos de continuidade e ruptura por outro lado direciono o olhar para o presente a fim de construir uma cr tica ao modelo de assist ncia vigente contribuindo com as discuss es acerca dessa quest o A pretens o nesta parte do trabalho primeiro rever os principais percursos hist ricos em que a prote o social foi se constituindo face s adversidades sociais segundo compreender em que circunst ncias hist ricas e sociais a prote o social brasileira foi se institucionalizando e apontar as atuais estrat gias das pol ticas sociais p blicas no reenvio para a fam lia da responsabilidade pela prote o dos seus componentes 50 2 1 Prote o social perspectiva hist rica Falar da prote o social em grande medida falar da forma como se constituem as rela es de solidariedade social como se constroem se mant m ou s o rompidos ou distendidos os la os e os v nculos sociais em dada sociedade Parto do pressuposto de que cada sociedade em diferentes tempos hist ricos e em diferentes contextos econ micos pol ticos e sociais desenvolveu e desenvolve distintas estrat gias e mecanismos de prote o social queles que se encontram margem ou em situa o de vulnerabilidade social seja por representarem uma amea a coes o social seja para atenderem a interesses de determinados grupos ou classes sociais Desse modo se faz necess rio a fim de al
293. nta o de a es espec ficas ao atendimento do idoso a estrutura fragmentada dos programas a falta de preparo das equipes t cnicas para lidar com a multiplicidade de quest es e a centralidade das a es na fam lia sem que seja levada em conta a din mica das rela es intergeracionais Ademais a centralidade das a es na fam lia pode acarretar tanto a invisibilidade do idoso frente s demandas das outras faixas et rias sempre consideradas de maior prioridade gravidez na adolesc ncia sa de reprodutiva da mulher sa de da crian a etc como a transfer ncia da responsabilidade pelos cuidados aos idosos mais fragilizados que muitas vezes necessitam de aten o especializada aos membros da fam lia nem sempre dispon veis Mais grave ainda a situa o do idoso que n o disp e desse apoio familiar e s agora come a a ser lembrado pelo menos nos documentos e discursos mas na pr tica continuam invis veis A modalidade de assist ncia n o asilar prevista em lei Hospital Dia Centro Dia Casa Lar Oficina Abrigada de Trabalho que poderia essa sim ser de grande apoio s fam lias permitindo a conviv ncia do idoso junto a elas sem preju zos ainda n o passou do papel para a pr tica O Centro de Conviv ncia a nica forma de assist ncia difundida no pa s mas ainda n o existe em n mero suficiente deixando grande parte da popula o idosa sem acesso a ela Enfim a implementa o das pol ticas
294. nte medidas que contribuam para o bem estar social e a melhoria do padr o de vida dos comerci rios e suas fam lias e bem assim para o aperfei oamento moral e c vico da coletividade a partir da d cada de 1960 o SESC 31 O SESC foi crido pelo Decreto Lei n 9 853 de 1946 por solicita o da Confedera o Nacional do Com rcio por considerar segundo o referido Decreto que tal Servi o muito poder contribuir para o fortalecimento da solidariedade entre as classes o bem estar da coletividade comerci ria e bem assim para a defesa dos valores espirituais em que se fundam as tradi es da nossa civiliza o DOU 16 09 1946 105 de S o Paulo inicia grupos de conviv ncia com idosos aposentados a o que se espalha por outras cidades brasileiras Anos depois em 1977 funda a primeira Escola Aberta para a Terceira Idade dando in cio ao que veio a ser chamado Universidade da Terceira Idade PEIXOTO 1997 Ainda no in cio da d cada de 1960 foi criada a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SBGG entidade cient fica com o objetivo de estimular iniciativas e obras sociais de amparo velhice e cooperar com outras organiza es interessadas em atividades educacionais assistenciais e de pesquisas relacionadas com a Geriatria e Gerontologia A SBGG desde a sua cria o tem participado ativamente no processo de constitui o das pol ticas sociais para os idosos especialmente na rea de sa
295. nte de primeira viagem a vida na institui o se mostra pacata e at harmoniosa Entretanto um olhar mais atento e prolongado ir revelar os conflitos e as estrat gias usadas pelos idosas os para proteger o que resta de si mesmos de suas individualidades num ambiente em que inevitavelmente t m suas entranhas expostas Os diferentes processos de socializa o por que passaram homens e mulheres as diferen as de g nero ou seja as diferentes caracter sticas atribu das s mulheres e aos homens e em grande medida incorporadas por eles tais como a passividade contesta o docilidade agressividade aceita o enfrentamento obedi ncia desobedi ncia s o percept veis no modo como eles as vivenciam as rela es como expressam seus sentimentos e como reagem s situa es que experienciam no cotidiano institucional O cotidiano constitu do por uma rotina pobre e repetitiva dia e noite se sucedem intercalados pelos hor rios das refei es e das rezas s o poucas as atividades dispon veis ou propostas assim como s o pobres as intera es As 178 mulheres incluindo aquelas que n o apresentam nenhum tipo de limita o f sica permanecem a maior parte do dia nos seus quartos ou melhor nos limites dos seus aposentos Sentados em cadeiras pr ximas s suas camas eles passam o dia ouvindo r dio ou vendo televis o costurando ou bordando e principalmente rejarrumando seus poucos objetos pesso
296. nte livres e gratuitas nem a produ o e a troca s o puramente interessadas na coisa til ou seja h um h brido entre liberdade e obriga o interesse e desinteresse As d divas n o s o livres nem s o desinteressadas s o contra presta es tendo em vista n o s o pagamento de servi os e coisas mas tamb m a manuten o de uma alian a proveitosa MAUSS 1974 p 172 173 Esta rela o ambivalente entre liberdade e obriga o nas sociedades modernas parece inconcili vel ou excludente entretanto elas se unem nas experi ncias que os sujeitos compartilham seja nas sociabilidades prim rias ou secund rias Mesmo considerando a liberdade como uma percep o subjetiva ela s se concretiza objetivamente na rela o com o outro e n o isoladamente A liberdade s se estabelece em rela o a um outro Como afirma Laniado 2001 p 3 o sentido social de liberdade 30 sempre a express o de uma rela o entre os indiv duos e mesmo quando a a o dos indiv duos se d em fun o de determinantes sociais obrigat rios h n veis de escolha para os objetivos visados Esta ambival ncia permite afirmar que ambas combinam a possibilidade da liberdade encontrar limites e da obriga o permitir escolhas LANIADO 2001 p 4 Obriga o e liberdade assim s ganham sentido nas rela es sociais Na rela o de reciprocidade a obriga o de retribuir se dilui no espa o temporal entre a
297. ntes da sociedade civil dentre representantes dos usu rios ou de organiza es de usu rios das entidades e organiza es de assist ncia social e dos trabalhadores do setor escolhidos em foro 94 pr prio sob fiscaliza o do Minist rio P blico Federal com mandato de 2 dois anos permitida uma nica recondu o por igual per odo A LOAS transformou o Fundo Nacional de A o Comunit ria Funac institu do em 1985 no Fundo Nacional de Assist ncia Social FNAS O Decreto Lei n 1605 95 regulamenta o FNAS e determina como seu objetivo proporcionar recursos e meios para financiar o Benef cio de Presta o Continuada BPC e apoiar servi os programas e projetos de assist ncia social aprovados pelo CNAS Esse mesmo decreto amplia as fontes de recursos do Fundo previsto na Constitui o Federal Entretanto como demonstrado na an lise feita por Pinheiro 2005 no per odo referente a 1996 e 2003 grande percentual dos recursos federais da fun o Assist ncia Social tem circulado fora do Fundo Apesar do montante de recursos ter aumentado ele ainda irris rio frente s necessidades de financiamento da pol tica p blica de car ter redistributivo como o caso da assist ncia social Segundo a autora isso se deve ao fato da legisla o n o ter fixado percentuais espec ficos entre as fontes de financiamento da Seguridade Social para o FNAS Desse modo a maior parte dos recursos do Fundo absorvido pelo
298. nto Nacional de Sa de vinculado ao Minist rio de Educa o e Sa de P blica criado em 1930 As a es desenvolvidas por esse 76 Departamento se restringiam a campanhas sanit rias ficando o atendimento m dico hospitalar a cargo da iniciativa privada e de institui es filantr picas Em 1938 foi criado o Instituto de Previd ncia e Assist ncia dos Servidores P blicos do Estado IPASE com o objetivo de prestar assist ncia aos funcion rios p blicos n o s referentes s aposentadorias e pens es mas tamb m a assist ncia m dica e dent ria No que se refere s pol ticas de assist ncia social dif cil definir com precis o o momento do seu surgimento considerando o seu car ter desorganizado indefinido e inst vel Documentos oficiais NOB 2005 consideram dois marcos inaugurais da a o governamental na rea da assist ncia social a cria o do Conselho Nacional de Servi o Social CNSS em 1937 e a cria o da Legi o Brasileira de Assist ncia LBA em 1942 A LBA se constituiu como o marco inicial da centraliza o dessa pol tica Inicialmente voltada para atender s s fam lias dos brasileiros convocados para a Segunda Guerra Mundial vinculada ao Minist rio da Justi a e Neg cios Interiores posteriormente estendeu suas a es para outros segmentos da sociedade tais como crian as jovens deficientes velhos vindo a se constituir como institui o articuladora da assist ncia social no
299. ntrodu o d diva Revista Brasileira de Ci ncias Sociais vol 13 no 38 Out 98 O Esp rito da D diva Rio de Janeiro Funda o Get lio Vargas 1999 270 GOFFMAN Erving Manic mios Pris es e Conventos S o Paulo Perspectiva 1974 GOLDANI A M Mulheres e Envelhecimento Desafios para novos contratos intergeracionais e de g nero In CAMARANO Ana Am lia org Muito al m dos 60 os novos idosos brasileiros Rio de janeiro IPEA pp 75 113 1999 Rela es intergeracionais e reconstru o do estado de bem estar Por que se deve repensar essa rela o para o Brasil In CAMARANO A Org Os novos idosos brasileiros muito al m dos 607 Rio de Janeiro IPEA Set de 2004 Arranjos familiares no Brasil dos anos 90 prote o e vulnerabilidade In IPEA Como vai Popula o brasileira Ano Ill n 3 Bras lia DF dez pp 14 23 1998 Fam lia g nero e pol ticas fam lias brasileiras os anos 90 e seus desafios como fator de prote o Revista Brasileira de Estudos de Popula o v19 n1 jam jun 2002 GOMES M Q C Velhas e Velhos a busca de novos espa os de sociabilidade Disserta o de Mestrado Salvador Universidade Federal da Bahia PPGCS UFBA 2001 GROISMAN D Duas abordagens aos asilos de velhos da cl nica Santa Genoveva hist ria da institucionaliza o da velhice Cadernos Pagu Dossi G nero em Gera es S o Paulo UNICAMP N 13 p 161 190 1999 Asilo
300. o de que disp em e fazem uso esses sujeitos Desse modo penso poder estabelecer poss veis confrontos ou contrastes entre os tipos de apoio familiar p blico comunit rio de que disp em esses idosos e os idosos institucionalizados Saber como vivem esses idosos com quem como se estabelecem as trocas materiais e simb licas intrafamiliares e comunit rias como se d o as rela es intergeracionais como as pol ticas sociais chegam at eles e interferem positiva ou negativamente nessas rela es foram as quest es que impulsionaram minha entrada no campo transpondo os muros institucionais Nesta parte da pesquisa de campo a aten o foi centralizada em idosos moradores de um bairro popular Pau da Lima na periferia de Salvador Bahia A escolha do referido bairro se deu em virtude dos idosos moradores pertencerem s classes populares com um perfil aproximado ao dos idosos do Abrigo D Pedro Il baixa renda baixa escolaridade provenientes em sua grande maioria da zona rural Mas tamb m por j ter conhecimento pr vio da rea uma vez que l desenvolvida a pr tica supervisionada na rea de Aten o ao Idoso do Curso de Terapia Ocupacional da Escola Bahiana de Medicina e Sa de P blica na qual trabalhava Essa ltima circunst ncia facilitou minha entrada em campo por duas raz es por um lado porque j havia sido feito o mapeamento dos idosos moradores em algumas ruas do bairro o que serviu de ponto
301. o 74 anos 179 N o fa o nada s vezes a irm pede para ajudar em alguma coisa mas n o fa o quase nada Acordo tomo banho tomo caf tomo um sol l embaixo e mais nada Sr L cio 82 anos Durmo de dia e de noite e n o fa o mais nada s converso com os colegas Sr Arlindo 66 anos N o fa o nada n o De vez em quando ajudo a fazer caf e a lavar as vasilhas Ando por aqui me sento debaixo do p de manga s vezes gostava de jogar domin mas n o consigo mais Sr Jos 78 anos Aqui dentro o que eu fa o todo dia de noite bater papo brincar de domin de noite com os colegas De vez em quando tamb m tem uma festinha para a gente se divertir Sr Antonio 64 anos espantosa a falta de intera o entre os moradores de um modo geral e especialmente entre as idosas do mesmo sal o que mesmo com toda a proximidade espacial permanecem indiferentes uns aos outros Entre as mulheres mais do que conflito e brigas observadas em algumas pesquisas na rea DEBERT 1999 uma esp cie de indiferen a que mais me chama a aten o Mesmo vivendo por anos lado a lado compartilhando as mais profundas intimidades quase nunca sabem o nome do outro referindo se a eles pelas caracter sticas f sicas ou posi o da cama em rela o sua Apesar disso t m sempre informa es sobre a vida do outro referentes a per odos anteriores institucionaliza o ou a seus
302. o a possibilidades delas precisarem mais das pol ticas p blicas ou mesmo tornarem se dependentes delas como o caso das idosas moradoras dos asilos Pesquisas que buscam identificar os tipos de arranjos familiares e as transfer ncias de apoio familiar SAAD 2003 2004 WILMOTH 2002 ATTIAS DONFUT 1995 constatam que as ajudas dadas pela gera o mais velha s mais novas s o mais intensas quando o a idoso a o a chefe da fam lia Mas a reciprocidade nem sempre ocorre Como observado nos depoimentos das idosas entrevistadas as trocas muitas vezes est o relacionadas aos condicionantes sociais tradicionais dos pap is de g nero e gera o gerando um duplo encargo s mulheres por um lado grande parte delas assumem o lugar do provedor fun o que elas j vinham desempenhando ao longo da vida mas tradicionalmente pensada como atributo dos homens por outro como m es a obriga o de cuidar dos filhos mesmo j homens adultos Ao passo que esses filhos homens impossibilitados pelas conting ncias macrosociais de prover a fam lia tamb m n o contribuem com as tarefas tradicionalmente femininas A co habita o entre gera es tem sido uma demanda das gera es mais novas em decorr ncia especialmente das prec rias condi es de trabalho pelo desemprego ou ainda pelo rompimento de rela es afetivas Entretanto o compartilhamento do espa o familiar n o garante o bem estar do idoso como vem sendo apregoado
303. o com a comunidade adstrita A responsabilidade pela oferta de servi os de aten o b sica sa de da gest o municipal sendo o financiamento para as a es b sicas sa de de responsabilidade das tr s esferas de governo A Aten o de M dia Complexidade volta se ao atendimento de problemas e agravos de sa de que requerem profissionais especializados e o uso de recursos tecnol gicos para diagn stico e terapia tais como cirurgias ambulatoriais especializadas a es especializadas em odontologia anatomopatologia e citopatologia exames ultra sonogr ficos radiodiagn stico terapias especializadas pr teses e rteses dentre outros A aten o de Alta complexidade envolve alta tecnologia e alto custo exigindo servi os qualificados tais como procedimentos de di lise assist ncia ao paciente oncol gico cirurgia cardiovascular cirurgia vascular cirurgia cardiovascular pedi trica O Programa de Agente Comunit rio de Sa de e a Estrat gia Sa de da Fam lia nome atual do PSF se afirmam como elementos essenciais para reorganiza o do modelo de assist ncia sa de do SUS e vem se expandindo intensamente nos ltimos anos Segundo avalia o do IPEA 2006 o n mero de agentes comunit rios da sa de passou de 152 mil para 208 mil entre 2001 e 2005 e o n mero de equipes de Sa de da Fam lia passou de 13 mil para mais de 24 mil nesse mesmo per odo Observa se todavia um baixo n vel de resolutividade Neste s
304. o das sucessivas gera es criada atrav s de pol ticas sociais S o exatamente esses pontos que ainda gostaria de retomar brevemente considerando que estamos vivenciando um momento de mudan as das rela es entre as gera es no qual precisamos confrontar posi es tradicionais com as novas configura es demogr ficas pol ticas econ micas sociais e familiares geradas e geradoras de tais mudan as Os dados desta e de outras pesquisas na rea nos ajudam a refletir sobre essas quest es A primeira quest o diz respeito naturaliza o da fam lia como espa o harm nico prop cio para viver a velhice onde o a idoso a encontra apoio prote o e cuidado incondicionais A segunda refere se s pol ticas p blicas que refor am essa id ia acerca da fam lia e a responsabilizam por tais cuidados fazendo vista grossa para o processo de mudan a em curso e a repercuss o das referidas pol ticas nas rela es familiares Para Bourdieu 1996 p 133 134 a fam lia um princ pio de constru o da realidade social mas um princ pio de constru o socialmente constru do comum a todos os agentes socializados Ele alerta para a necessidade de deixar de apreender a fam lia como um dado imediato da realidade social para ver nela um instrumento de constru o dessa realidade preciso pensar a categoria fam lia tanto na sua exist ncia objetiva quanto no esp rito Nas sociedades modernas o Estado o principal 239
305. o hist ricos quanto demogr ficos fazendo refer ncia tanto s rela es familiares e de parentesco quanto organiza o da estrutura social Britto da Motta 2003 assinala que al m dessas diferentes acep es terem em comum o sentido coletivo elas ainda fazem refer ncia a tempo tempo de vida dos indiv duos e tempo social a idade considerada em atua o ou vivida em grupo e a poder que dinamiza todas essas rela es A utiliza o deste conceito como categoria de an lise desse modo permite observar al m das rela es de conflito como foi sobremodo utilizado em pesquisas na d cada de 1960 e 1970 IANNI 1963 FORACCHI 1972 tamb m s rela es de solidariedade tanto familiar quanto p blica e mais que isso possibilita incorporar na an lise as duas perspectivas Neste sentido Simmel 1983 nos lembra a import ncia sociol gica do conflito considerando que este tamb m uma forma de socia o Em suas palavras Se toda intera o entre os homens uma socia o o conflito afinal uma das mais v vidas intera es e que al m disso n o pode ser exercida por um individuo apenas deve 34 certamente ser considerada uma socia o SIMMEL p 122 A constitui o do la o social dos v nculos sociais n o se estabelece sem conflito mas ele tamb m um modo de conseguir algum tipo de unidade Mauss 1974 tamb m assinala a dimens o do conflito na sua an lise das rela es
306. o n o sin nimo de solid o nem parece ser encarado com pesar ao contr rio muitas vezes ficar s uma decis o tomada deliberadamente a partir das experi ncias anteriores e que lhes d o sentimento de independ ncia autonomia e liberdade N o sente falta de um companheiro Ningu m me consome Recebo minha pens ozinha d pra viver Tenho minhas filhas T bom Pra que homem Marina Eu sempre disse que se meu marido me deixasse ou morresse eu n o ia querer mais ningu m Paloma Minha companhia esse r dio a e Deus Mas eu n o me vejo insatisfeita n o tenho neg cio de complexo nem de eu n o me acho s Edna 5 7 Na aus ncia do Estado s resta a fam lia pol ticas sociais aposentadoria e velhice No mbito da solidariedade p blica vimos que o Brasil conta hoje com uma ampla legisla o visando a promo o e prote o aos direitos sociais do idoso por m grande parte das pol ticas sociais voltadas para essa popula o ainda n o passa de 231 inten es No que se refere Seguridade Social a Previd ncia parece ser a que tem um impacto mais constante e positivo na vida n o s dos idosos mas tamb m nas rela es intergeracionais na fam lia As pesquisas t m apontado a import ncia das aposentadorias e pens es para a manuten o n o s do idoso mas para todo o grupo familiar e at mesmo para a economia de alguns munic pios especialmente no n
307. o ofereceria uma forma de solidariedade mais ampla que a das redes prim rias e mais justa que a das redes de caridade privadas GODBOUT 1999 No final da d cada de 1970 e in cio da d cada de 1980 inicia se a discuss o em torno da crise do Estado de Bem Estar Social que j dava sinais de esgotamento de suas potencialidades Busca se assim a redefini o do papel do Estado frente s press es pol ticas e econ micas neoliberais e s mudan as as demogr ficas desequil brio entre as gera es ou aumento da percentagem de pessoas idosas as novas demandas de uma sociedade complexa os d ficits p blicos cr nicos a revolu o informacional a transforma o produtiva o desemprego e a precariza o nas rela es de trabalho a expans o da pobreza e o aumento das desigualdades sociais CARVALHO 2003 Nas propostas de reforma do Estado h uma tend ncia cada vez maior de encolhimento dos benef cios e servi os prestados por ele e o reenvio para a fam lia e a sociedade civil mais ampla dos encargos assumidos pelo Estado A partir dos anos 90 as buscas de alternativas para a crise t m girado em torno do compartilhamento de tais responsabilidades entre o Estado fam lia iniciativa privada e sociedade civil Welfare Mix economia solid ria etc Nos pa ses perif ricos particularmente no Brasil o sistema de prote o social sempre se mostrou fr gil encontrando grande dificuldade em garantir pol ticas sociais c
308. o provocam impacto diferenciado nos grupos de segurados especialmente quanto ao g nero como demonstra o trabalho 2 A CLT Consolida o das Leis do Trabalho refere se ao Decreto Lei n 5 452 de 1 de maio de 1943 sancionada pelo ent o presidente Get lio Vargas unificando toda legisla o trabalhista existente no Brasil at aquela data Tem como objetivo principal regulamentar as rela es individuais e coletivas do trabalho nela previstas O termo CLT tamb m utilizado para denominar o indiv duo que trabalha com registro em carteira de trabalho Os trablhadores que n o est o sob o regime da CLT s o os funcion rios p blicos estatut rios os profissionais que trabalham como pessoa jur dica e os profissionais aut nomos 85 de Silva e Schwarzer 2002 Neste caso as mulheres s o as mais afetadas uma vez que elas ocupam setores de atividades e grupos profissionais com remunera o menor mesmo tendo maior escolaridade e qualifica o profissional que os homens ocupam maior n mero no trabalho informal t m trajet rias ocupacionais marcadas por interrup es em fun o de maior taxa de desemprego entre elas recebem sal rios mais baixos mesmo ocupando as mesmas fun es que os homens Deste modo um sistema previdenci rio que tenha como base a rela o entre contribui o e o valor do beneficio da aposentadoria tende a reproduzir as desigualdades de g nero geradas no mundo do trabalho na velhice ficando as m
309. oal contratado para servi os gerais 156 obtidas atrav s dos idosos anterior e posteriormente reuni o davam conta de que o principal assunto tratado era a cobran a de vinte reais de cada idoso para ajudar na manuten o da casa Essa informa o parcialmente confirmada em entrevista que realizei posteriormente com a gerente na qual trata a quest o de modo evasivo como se fosse uma iniciativa dos pr prios idosos e ou familiares Tem aqueles idosos acamados que por conta de pela falta de funcion rios a gente tem alguns que a gente chama de prestadores de servi o que est o sendo pagos ent o se cotiza entre os idosos acamados 20 ou 22 reais tem sala que 20 tem sala que 22 eu n o sei direito ent o eles se juntam e pagam essas pessoas A situa o do Abrigo se agravou mais ainda no in cio de 2007 quando a capela e a clausura das Irm s foram interditadas e elas foram transferidas para a parte superior de sal o de conviv ncia No dia 22 de maio tr s assaltantes armados invadiram os aposentos da Irm superiora renderam as freiras e mais uma idosa que estava no local e levaram al m de aparelhos eletr nicos celulares aproximadamente 5 mil reais referentes a aposentadorias e benef cios dos idosos de quem as irm s s o procuradoras A seguran a do local mostra sua fragilidade e causa grande apreens o nos idosos que consideravam o Abrigo um lugar seguro um local onde estariam protegidos da viol
310. observa o direta do que ocorre nas suas intera es foram vitais para compreens o do que circula nesse universo As entrevistas com os as idosos as do Abrigo foram realizadas em duas etapas Inicialmente definiu se por observar e entrevistar as mulheres idosas de um nico Sal o pois l que elas passam a maior parte do tempo e onde recebem visitas de familiares e estranhos Em rela o aos homens a escolha foi aleat ria uma vez que eles circulam pelo espa o institucional permanecendo pouco nos Sal es Para ambos na etapa inicial das entrevistas procuramos ouvir os relatos sobre a entrada e a viv ncia deles no Abrigo assim como seus planos para o futuro percep es da velhice do seu corpo e da sua sa de Num segundo momento j com v nculos mais consolidados aprofundamos as quest es relativas s suas rela es de troca e entreajuda com familiares visitantes e os outros idosos moradores do Abrigo e tamb m suas percep es acerca das pol ticas sociais aposentadorias e pens es sistema de sa de pol ticas para o idoso e a assist ncia que recebem no abrigo Mais dados sobre o campo e os sujeitos ser o dados em cap tulos posteriores Apesar das dificuldades sempre relatadas nas pesquisas sobre fam lia em adentrar o espa o privado das rela es familiares por tratar se do mais fundamental espa o de express o do sentimento de intra grupo in group conforme Cooley para a maioria dos indiv duos
311. ocesso na medida em que tornaram o acesso s aposentadorias mais restrito e a redu o do valor a ser pago para alguns dos benef cios mediante a ado o de uma f rmula de c lculo mais r gido CORDERO 2005 como o Fator Previdenci rio que associa tempo de contribui o idade e expectativa de vida obrigando uma maior perman ncia do trabalhador na ativa para garantir um valor maior do seu benef cio A rigidez desse c lculo penaliza principalmente as mulheres em fun o da sua maior dificuldade em alcan ar o tempo de contribui o exigido devido a sua participa o no mercado de trabalho ser intermitente com sal rios mais baixos e maior expectativa de vida A segunda reforma promulgada em 2003 alterou as aposentadorias dos servidores federais estaduais e municipais Apesar dessas duas reformas recentes ainda h uma grande press o pol tica no sentido de imprimir novas mudan as nas regras de concess o de benef cios o que ir acarretar maior deteriora o nas condi es de vida dos mais velhos especialmente as mulheres e os trabalhadores rurais N o cabe aqui aprofundar a discuss o sobre a previd ncia social e as reformas porque esta vem passando considerando n o ser esta a quest o central deste trabalho e a exist ncia de um grande n mero de trabalhos de especialistas na rea Importante entretanto assinalar que sistemas de previd ncia em que h uma forte rela o entre a contribui o e o valor do benef ci
312. ocial em 1999 ganhou status de secretaria SEAS Secretaria de Estado de Assist ncia Social ainda vinculada quele minist rio ficando respons vel pela coordena o da pol tica nacional de assist ncia e pela ger ncia do Fundo Nacional de Assist ncia Social Mais recentemente 2002 a autonomia foi confirmada com o desmembramento do Minist rio da Previd ncia e Assist ncia Social em duas estruturas o MPS Minist rio da Previd ncia Social e o 83 MAPS Minist rio da Assist ncia e Promo o Social Este ltimo a partir de 2004 passou a ser Minist rio do Desenvolvimento Social e Combate Fome incorporando as compet ncias do Minist rio Extraordin rio de Seguran a Alimentar e da Secretaria Executiva do Bolsa fam lia Assim estabeleceu se um sistema de seguridade social fragmentado desconstruindo o pr prio conceito de seguridade Segundo Vianna 2001 2005 a Seguridade inexiste tanto do ponto de vista da estrutura administrativa quanto do ponto de vista do seu financiamento A estrutura administrativa como vimos est fragmentada em tr s distintos minist rios e seu financiamento embora tenha expandido sua fonte de receita e esta tenha sido discriminada sua arrecada o feita pela Receita Federal competindo ao Tesouro o repasse aos rg os da Seguridade conforme programa o financeira A inexist ncia de uma estrutura institucional administrativa traz consequ ncias negativas para o funcionamento
313. ocial entre Estado o mercado e a sociedade civil ou terceiro setor o que vem sendo chamado de Welfare Mix Esse novo modelo est pautado num sistema de complementaridade compensat rio no qual o Estado s atua onde o mercado e a fam lia n o d o conta Fundamenta se no princ pio da 69 subsidiariedade atribuindo um lugar de destaque ao voluntariado especialmente de base familiar e abrindo espa o para um mercado de servi os sociais Deste modo o Estado reduz seu papel de prestador direto de servi os e de executor das a es assumindo apenas a fun o de coordenador das estrat gias de implanta o de programas sociais estimulando e regulando a mobiliza o dos agentes econ micos e sociais Segundo Simionatto e Nogueira 2006 este modelo welfare mix europeu organiza os servi os sociais a partir da integra o de redes familiar parentais e comunit rias Tais redes se fundamentam em a es de car ter solidarista e volunt ria com a participa o dos setores p blico privado e privado social Nesta perspectiva as pol ticas p blicas se reestruturam atrav s de um processo de descentraliza o de modo que as comunidades locais possam autotutelar se e auto organizar se a partir de um sistema de subsidiariedade onde a rea privada com e sem fins lucrativos passaria a desempenhar papel de destaque p 204 nesses termos que as pol ticas sociais brasileiras tamb m t m se estruturado Basta observarmos o papel
314. oferecidas pelo servi o p blico Ele o nico que conhece o CREASI Recebo parte das medica es l no CREASI tem outros que eu compro A vida de trabalho pela sobreviv ncia parece ser uma sequ ncia sem tempo nem condi es para planejar a velhice ou talvez nem se espere que chegue at l Mas uma meta sempre presente a casa pr pria sonho que realizaram N o planejou o que iria fazer quando se aposentasse eu planejei que n o queria ficar toda vida morando em casa de aluguel Deus tinha que me amostrar a minha casa e com isso ele me amostrou Mostrou o terreno eu fiz a casa Eu tenho aquele gosto de comprar as coisa de dentro de casa Sra Paula Ah eu pe o a Deus que ele me d um sonho que eu tenho que eu quero a lage da minha casa Por enquanto ainda n o t l Sra Josefa sonha em poder levar uma das filhas para perto dela A velhice vai sendo vivida sem muitas expectativas sem pensar no futuro ou O futuro agora e quanto mais a idade chega o futuro fica ainda mais pr ximo Ai doutora nunca pensei nisso Quando tem um tempinho saiu vou pra igreja a vai levando Sra Anita Futuro eu n o penso mais nada Eu espero que Deus me d a vida at o dia que ele mesmo quiser Eu t no fim da vida minha filha vou pensar mais nada Eu Chegou essa idade assim cabou Cabou o prazer Sra Gleide Esse mesmo n O futuro n o tem jeito Sra
315. oferta e o recebimento como aponta Bourdieu 1996 o que torna a retribui o incerta e ao mesmo tempo torna o outro livre e a retribui o reinstaura a d diva Segundo Godbout 1998 em algumas rela es sociais onde circula a d diva os agentes sociais criam ou mant m zonas de incerteza entre eles para aumentar o valor dos la os sociais Aumentando a incerteza tende se a reduzir o sentimento de obriga o ainda que este nunca deixe de existir Os sujeitos que participam do sistema de d diva desse modo tendem a manter o sistema em estado de incerteza estrutural para permitir que a confian a se manifeste A confian a fundamental para a produ o de solidariedade de reciprocidade para a constru o do la o social Este sentimento indispens vel para a cria o e manuten o do v nculo entre os indiv duos e ele permite que o indiv duo se vincule aos sistemas sociais que organizam a vida em sociedade LANIADO 2001 Ela se fundamenta nos valores e normas compartilhados em sociedade em determinada poca Face s condi es da vida social moderna que se modificam continuamente a confian a indispens vel tanto no mbito das rela es interpessoais no n vel microssocial nas rela es familiares de parentesco e de amizade onde ela assume um aspecto de compromisso quanto no mbito das institui es sociais e pol ticas no n vel macrossocial promovendo a participa o a coopera o baseada em expect
316. ol tica relacionada ao idoso no Estado e n o somente no que concerne s quest es da Previd ncia Social Desde a cria o do Conselho Estadual do Idoso da Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso at a cria o da Coordena o de Pol ticas P blicas para o Idoso da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate Pobreza da Bahia o Movimento tem tido uma participa o decisiva como veremos mais adiante Concomitante com o movimento pol tico liderado e com participa o predominantemente masculina tem in cio o trabalho da Assist ncia Social atrav s dos chamados Grupos de Conviv ncia de Idosos foram inicialmente desenvolvidos pelo SESC e pela LBA institui es pioneiras no trabalho com idosos no Brasil Esses grupos voltados para a es de cunho cultural e de lazer s o frequentados quase que exclusivamente por mulheres No in cio da d cada de 1980 a Secretaria de Trabalho e A o Social da Bahia SETRAS em parceria com a LBA inicia esse tipo de trabalho com idosos nos Centros Sociais Urbanos CSU s Segundo relato de t cnico do SETRAS a LBA j vinha trabalhando com idosos de alguns bairros de Salvador quando dois t cnicos do CSU do bairro de Cosme de Farias que haviam feito cadastramento dos idosos desse bairro entraram em contato com a LBA propondo um trabalho conjunto O trabalho iniciado no CSU de Cosme de Farias segundo o entrevistado expandiu se para outros Centros e mostrou uma import nci
317. olteiras sem qualifica o profissional homens mulheres e crian as sem v nculo social que passam a ocupar as ruas Essa crescente demanda por prote o social tem impulsionado as discuss es acerca do papel do Estado Para Flora apud FLEURY 1994 a desintegra o do sistema deve se incapacidade das institui es de se adaptarem aos novos desafios colocados pela sociedade no sentido de recriar as condi es de integra o social O autor aponta como desafios o envelhecimento da popula o e a necessidade de um novo contrato entre as gera es as mudan as sexuais na divis o do trabalho e a necessidade de um novo contrato entre os sexos a mudan a de valores e a necessidade de um novo contrato entre Estado e cidad os Sem d vida as quest es suscitadas pelo envelhecimento populacional e as formas de rela es intergeracionais pelas transforma es nas rela es de g nero assim como as mudan as nas rela es de trabalho e na fam lia precisam ser analisadas para al m das abordagens economicistas Estas novas situa es imp em sociedade repensar as formas de solidariedade social frente complexidade da vida social e a diversidade de demandas de prote o social Entretanto neste processo de redefini o do papel do Estado o modelo que vem sendo implementado na Europa aponta para um encolhimento das fun es redistribuidoras do Estado e ao mesmo tempo o compartilhamento da responsabilidade pela prote o s
318. om ou sem a participa o dos familiares ou os raros passeios fora da institui o os esclarecimentos sobre utiliza o do dinheiro da contribui o que os idosos faziam para o Clube da felicidade 2 ou 82 O referido Clube foi uma estrat gia usada por muitos anos para viabilizar a realiza o de alguns eventos ou pequenos consertos bomba de gua troca de l mpada etc de necessidade imediata j que a prefeitura demoraria muito tempo para resolver Esse foi um dos motivos pelos quais o Diretor e a chefia do Servi o social que trabalhavam e vestiam a camisa da institui o h mais de 20 anos foram exonerados do cargo e sa ram de l O Clube n o existe mais 152 arrecadado pelo bazar comunica o de algum problema vivido pela institui o como a falta de funcion rio ou o baixo valor pago pela prefeitura empresa que fornece alimenta o A participa o da plat ia em geral m nima eles permanecem passivos a maior parte do tempo s o poucos os momentos em que eles s o conclamados a falar ou que se manifestam espontaneamente A institui o oferece algumas atividades aos idosos tais como palestras exerc cios confec o de objetos artesanais passeios e festas al m das pr ticas religiosas cat licas di rias Estas atividades s o coordenadas por profissionais da casa ou por pessoas que ou se apresentam voluntariamente ou s o convidadas para o desempenho da tarefa A participa
319. om que eles sintam se vivos lembrados assim os acolhem e os seduzem investem na rela o Os idosos de ambos os grupos desconhecem parcial ou inteiramente seus direitos como cidad os idosos as pol ticas que os protegem As marcas de g nero se fazem tamb m presentes nesse aspecto confirmando a tradi o de maior despolitiza o das mulheres pol tica diz respeito ao mundo p blico portanto ao mundo dos homens Eles mesmo sem conhecerem mais intimamente as leis argumentam com veem ncia a favor dos seus direitos Essa postura se mant m nas reivindica es e cr ticas institui o o que faz com que os homens sejam vistos sempre como rebeldes Na percep o dos homens do abrigo diferente das mulheres o Estado devedor tem obriga es e responsabilidades para com eles cobram certa reciprocidade do Estado como cobram da fam lia O modo como a velhice percebida est condicionado a m ltiplos fatores alguns deles se mostram com mais clareza idade mais ou menos avan ada condi es de sa de hist ria de vida situa o familiar perspectiva de futuro etc De modo geral os idosos que moram na comunidade t m uma vis o mais otimista desse per odo da vida avaliam as dificuldades por que passaram as coisas que conquistaram casa pr pria filhos criados sobreviv ncia garantida pala aposentadoria ou pens o e se v m hoje em melhores condi es que no passado e at mesmo em rela o aos mais jovens A velhi
320. omportamentos dos grupos familiares quanto das formas como o Estado responde s demandas coletivas de grupos sociais espec ficos crian as jovens trabalhadores mulheres e idosos por exemplo Ainda preciso considerar que os sujeitos que participam desses processos s o sujeitos social biol gica e temporalmente situados o que exige que na an lise dessas formas de sociabilidade que implicam n o s solidariedade mas tamb m conflito haja uma articula o com outras dimens es da vida social no caso desta pesquisa especialmente entre gera o e g nero Estas categorias por serem relacionais permitem um maior alcance da heterogeneidade da Dentre o conjunto de rela es que estruturam a vida social BRITTO DA MOTTA 1999 destaco para fins da an lise g nero e gera o sem ignorar outras de grande import ncia a elas relacionadas tais como classe social ra a religi o etc 27 realidade social imprescind veis para a an lise das quest es que envolvem os mais velhos na nossa sociedade Temos ainda que observar que nas sociedades modernas contempor neas h uma ambival ncia das rela es sociais que faz com que elementos que fundamentam o la o social como a reciprocidade o interesse a obriga o a liberdade a confian a e a responsabilidade se mesclem e produzam formas diversificadas de v nculos sociais tanto na esfera p blica como na da fam lia As ci ncias sociais sempre se interessar
321. ompro rem dio que quando acaba um ela a irm de f compra outro Vem compra outro deixa a voc sabe como esses lugar d o por conta d o o rem dio para depois ser pago pela idosa Sra Vanda Al m dos gastos com a pr pria manuten o muitos homens diferente das mulheres ainda saem da institui o mant m contato com amigos e amigas por isso se preocupam em ter algum dinheiro para as sa das meu dinheirinho que d pra mim comprar minhas coisas comprar minhas merendas saio fora a tomo uns negocinho tamb m compro meu cigarro Sr Arlindo Compro farinha leite p o porque pode faltar a eu j tenho Eu quero sair cedo fa o meu caf Sr Aur lio eu compro merenda porque a alimenta o aqui n o boa ent o eu compro merenda pago lavadeira porque a roupa de cama dada pela aqui mas a roupa que a gente usa tem que lavar ent o eu pago lavadeira compro merenda compro coisas no uso pessoal compro talco desodorante s vezes tem algu m que traz aqui pra n s tem vez que n o traz ent o tem que comprar ent o eu 194 compro tudo isso Saio s vezes tamb m pra almo ar fora saio de vez em quando uma vez duas vezes por m s com uma amiga Sr Bartolomeu Mas a grande preocupa o especialmente dos homens ter algum dinheiro guardado para no caso de interna o hospitalar poder pagar algu m para acompanh los uma vez que a institui
322. omputar no c lculo da renda familiar per capita o BPC recebido por pessoa com defici ncia do grupo familiar incluir 13 parcela na concess o do BPC Implantar programa de complementa o de renda para a manuten o de idosos dependentes e semi dependentes no seio familiar com co financiamento das tr s esferas de governo Criar nos Centros de Refer ncia Especializados de Assist ncia Social servi os de aten o aos idosos em situa o de viola o de direitos e maus tratos Garantir inser o priorit ria das fam lias com idosos em situa o de maior vulnerabilidade e risco social no Cadastro nico para acesso a benef cios assistenciais como o Bolsa Fam lia 126 Universalizar o acesso dos idosos em situa o de vulnerabilidade social com idade entre 60 e 65 anos aos programas de transfer ncia de renda como o Bolsa Fam lia 6 Financiamento e Or amento P blico como n o poderia deixar de ser as propostas apresentadas aqui buscam fontes de financiamento e a garantia das j existentes visando a efetiva o das a es em defesa dos direitos dos idosos tais como Criar e regulamentar um Fundo espec fico de Defesa dos Direitos do Idoso com fontes definidas em todos os n veis de governo para financiar as a es de promo o e defesa desses direitos deduzindo do Imposto de Renda as doa es efetuadas para os Fundos Nacional Estaduais do Distrito Federal e Municipais do Idoso Garantir no Plano Plurianual no m ni
323. onviv ncia e aula de costura e passa os finais de semana na casa de uma das filhas 5 6 Os companheiros Os estudos estat sticos t m demonstrado que as mulheres diferente dos homens passam os anos da velhice sozinhas seja porque seus companheiros morrem mais cedo seja porque seus relacionamentos se desfizeram ao longo da vida As lembran as da viv ncia conjugal de muitos anos em alguns casos deixam saudade especialmente do compartilhamento dos problemas Mas a saudade n o apaga as 229 lembran as da experi ncia de submiss o e humilha es que passaram em nome da fam lia e dos filhos como grande parte das mulheres desta gera o Sra Gleide aos 94 anos dos quais mais de 50 passou casada ri quando pergunto se sente falta de um companheiro e diz Eu n o minha filha antes eu sentia porque quando ele faleceu logo eu sentia aquela falta porque a gente sempre conversava Tinha caso pra contar um para o outro que as vez nem sempre n o podia conversar com filho Ent o s nisso que a gente sente aquela falta da pessoa Mas a Sra Anita que conta com detalhes algumas coisas que teve que aguentar do marido por m se orgulha de ter conseguido criar todos os 17 filhos 52 anos de casado n o brincadeira n o a gente saber que n o volta mais Passei muitas coisas quando era moderna mas j passou Mas ficou na mem ria Aguentei muita pirra a dele arrumava mulher
324. oordena o geral da PNI sob a compet ncia do rg o ministerial respons vel pela assist ncia e promo o social Com a participa o dos conselhos nacionais estaduais do Distrito Federal e municipais do idoso Desse modo cabe ao minist rio respons vel pela assist ncia e promo o social coordenar as a es relativas pol tica nacional do idoso participar na formula o acompanhamento e avalia o promover as articula es intraministeriais e interministeriais necess rias sua implementa o elaborar a proposta or ament ria no mbito da promo o e assist ncia social e submet la ao Conselho Nacional do Idoso O Capitulo IV da PNI estabelece as compet ncias dos minist rios envolvidos que hoje s o os seguintes Previd ncia Social Desenvolvimento Social e Combate a Fome Educa o Justi a Cultura Trabalho e Emprego Sa de Esporte e Turismo Planejamento Or amento e Gest o e das Cidades Aos Conselhos Nacional Estaduais do Distrito Federal e Municipais do Idoso compete participar da formula o coordena o supervis o e avalia o da pol tica nacional do idoso no mbito das respectivas inst ncias pol tico administrativas Trata se de rg os permanentes parit rios e deliberativos compostos por igual n mero de representantes dos rg os e entidades p blicas e de organiza es representativas da sociedade civil ligadas rea A PNI s foi regulamentada dois anos mais
325. ordeste brasileiro A falta de pol ticas de Estado que intervenham nas desigualdades sociais que diminuam o ndice de desemprego que afeta especialmente as gera es mais jovens e por outro lado as restri es cada vez maiores no acesso aos benef cios previdenci rios e assistenciais e a n o implementa o de programas assist ncias voltados para a popula o idosa t m tornado a fam lia uma fonte de apoio imprescind vel para todas as gera es A solidariedade familiar as trocas intergeracionais t m se dado de muitas maneiras coabita o ajudas financeiras trocas cotidianas guarda de netos especialmente no sentido dos pais idosos para os filhos adultos e netos As aposentadorias e pens es ou seja o sistema de solidariedade p blica t m sido fundamentais na manuten o dos v nculos familiares Os idosos entrevistados reconhecem que apesar do valor recebido ser pouco com esse dinheiro certo que contam para sobreviver e quando necess rio ainda ajudam os filhos D o gra as a Deus por poder contar com ele face s situa es de necessidades vividas por eles em fases anteriores de vida e da falta de emprego ou de perspectivas dos mais jovens Na fala deles Ainda dou gra as a Deus n por receber esse pouquinho que tem muitos que nem isso recebe A gente deve agradecer a Deus Sra Gleide Eu acho pouco mas Deus multiplica n D pra viver vou vivendo Gra as a Deus eu n o passo fo
326. os Nesse caso n o do mesmo sal o j que diferente das mulheres eles permanecem a maior parte do tempo fora dos aposentos H entre os entrevistados uma heterogeneidade de idades e condi es f sicas especialmente entre as mulheres mas todos eles tinham plena capacidade mental As mulheres entrevistadas assim como em toda a institui o t m idade bem mais avan ada que os homens entre 77 anos a mais nova 95 a mais velha quatro entre 80 e 88 anos e cinco entre 90 e 95 anos Quase todas s o independentes na realiza o das atividades de auto cuidado banho uso do sanit rio vestir se etc que praticamente s o as nicas atividades requeridas j que n o realizam atividades dom sticas Tr s t m dificuldade para andar mas o fazem quando necess rio e uma deficiente visual Os homens passam a morar no abrigo mais cedo que as mulheres em m dia aos 61 anos enquanto as mulheres a partir dos 70 anos Isso significa que as mulheres ficam mais tempo na comunidade com familiares ou morando sozinhas Talvez isso ocorra porque com diz Attias Donfut 2004 p 102 as mulheres desenvolvam mais compet ncias para criar e gerar redes sociais significativas e as usufruem por mais tempo Essa segunda a autora uma das raz es que fazem com que ela se adaptem 160 com mais facilidade que o homem s defici ncias da velhice viuvez e ao isolamento residencial Desse modo a faixa et ria dos homens entrevis
327. os Querendo ampliar seu restrito espa o de sociabilidade v m na esperan a de realizar atividades de lazer muitas vezes pouco ou nunca experimentadas Os mais fr geis e que se sentem desprotegidos buscam a certeza dos cuidados nos momentos de agravamento do seu estado de sa de Grande parte dessas idealiza es acerca do asilo frustrada na experi ncia vivida cotidianamente no espa o institucional Eu morava sozinho cansei de viver s aqui pelo menos tem os colegas para bater papo Eu estava em depress o porque tinha um v cio eu era alco latra dormia na rua s vezes por causa disso a vim pra aqui Sr Aur lio 64 anos separado dois filhos Foi para o Abrigo Porque precisava de mais comunica o sou muito comunicativo Antes morava com uma filha ela ia trabalhar e eu ficava com a neta e a menina que tomava conta dela O dia todo ficava praticamente sozinho Sr Daniel 68 anos 14 filhos mora no abrigo h mais de sete anos Porque achava que aqui era melhor ia conviver com pessoas de minha idade Gosto de passear e sabia que aqui ia poder participar de tudo Sra Valdete 80 anos morava com a sobrinha No come o muito bom muitos amigos mas depois cada pessoa tem um pensamento Muito bem passo o dia no quarto s vezes saio todo dia tem visita que bom converso distrai Dulce 90 anos solteira foi bab sem filhos O que eu gosto daqui da conviv ncia
328. os Tamb m n o conhecem o centro de refer ncia CREASI Sr Bartolomeu define bem a situa o da maioria dos idosos brasileiros Direito que eu conhe o s no papel porque na pr tica mermo o idoso n o tem direito a nada O idoso tem direito sa de tem direito a boa alimenta o tem direito a lazer mas tudo isso t no papel mas na pr tica n o tem nada dele O idoso s tem uma vantagem quando morre ser carregado essa a vantagem do idoso Porque viver nesse pa s num pa s desse de miser veis de governos miser veis de fome de peste de desemprego de tudo o velho pobre duro dif cil A velhice uma fase infeliz da vida pra quem vive nesse pa s A n o ser quem rico que tem dinheiro mas a riqueza t na m o de uns poucos n 197 A velhice vista pelas mulheres como decl nio e proximidade da morte n o resta muito a fazer O que vou achar da velhice daqui para baixo Inten o de casamento n o adianta festa no sal o n o tem gosto Viver isolado brincadeira Esse mal eu n o desejo ningu m Sra Vanda N o penso S penso no dia de ir Sra Eug nia Aceito a velhice fico esperando Deus vir me buscar Sra Lea mais uma etapa das nossas vidas quem n o morre fica velho Sra D lia Para aqueles que t m uma vida ativa e mant m contatos extra institucional a velhice n o lhes parece t o ruim A velhice boa E
329. os mais especificamente em uma de suas tr s coordena es a Coordena o de Ciclos de Vida e G nero que envolve como o nome sugere a aten o crian a ao adulto ao idoso homens e mulheres As pol ticas agora passam a ser pensadas a partir dessas reas ou segmentos e cada uma delas com atua o tanto no n vel da aten o b sica quanto nos de m dia e alta complexidade H portanto hoje uma rea T cnica da Sa de do Idoso respons vel por propor a es de aten o sa de da pessoa idosa no Estado ou seja compete ao Estado fazer apenas a gest o da assist ncia sa de ficando o atendimento direto popula o a cargo dos munic pios como determina o SUS Desse modo essa rea vem trabalhando na qualifica o da rede de profissionais especialmente os ligados Sa de da Fam lia oferecendo treinamento te rico e pr tico esse ltimo desenvolvido 139 no CREASI que continua prestando assist ncia direta aos idosos al m de fazer o levantamento diagn stico da situa o de sa de dos idosos nos munic pios acompanhar o plano de a o e as pactua es com outros munic pios atrav s de visitas t cnicas A t cnica respons vel pelo setor revela que um dos munic pios mais problem ticos Salvador pois a maior parte das equipes de Sa de da Fam lia terceirizada ou seja o trabalho realizado por cooperativas ou institui es privadas ademais Salvador tem um dos menores ndices de cobert
330. os e os poucos contatados n o estavam presentes nos dias e hor rios acordados desse modo o n mero de entrevistados foi bastante reduzido As entrevistas foram realizadas nos domic lios com exce o de duas mulheres em m dia em tr s encontros As entrevistas feitas com os homens quase sempre foram na presen a da esposa e ou de filhos que espontaneamente ou por solicita o deles participavam da conversa Diferente das mulheres que quase sempre estavam sozinhas ou filhos as e netos circulavam pelo recinto me cumprimentavam e saiam O roteiro da entrevista seguiu as mesmas perspectivas da realizada com os as idosos as do abrigo resguardadas as diferen as relativas s rela es familiares e comunit rias Visando um melhor aprofundamento da quest o da solidariedade entre as gera es realizei uma ampla pesquisa bibliogr fica de trabalhos j realizados na rea Nesse percurso constatei que o tema ainda n o se constitui em uma preocupa o mais constante dos pesquisadores nacionais tendo em vista a escassez de publica es que discutem essas quest es S o exce es o estudo pioneiro de Lins de Barros 1987 as pesquisas que Britto da Motta 1998 1999 2004 2007 vem realizando acompanhado as trajet rias de grupos familiares em que h a coexist ncia de v rias gera es as discuss es te ricas e de base demogr fica trazidas por Camarano 2004 Goldani 2004 os estudos sobre as transfer ncias de apoio intergeraciona
331. os financeiros na rea da s ude e d outras provid ncias 87 complementar Idem Art 4 8 2 ou mais especificamente o SUS poder recorrer iniciativa privada quando n o tiver disponibilidade suficiente para garantir a cobertura assistencial popula o de uma determinada rea Idem Art 24 Mas ressalta o artigo 25 nestes casos as entidades filantr picas e as sem fins lucrativos ter o prefer ncia para participar do SUS Apoiando se nos princ pios constitucionais de universalidade equidade e integralidade da assist ncia este novo modelo do sistema de sa de rompe com o antigo modelo m dico hospitalar substituindo o por outro voltado para a vigil ncia sa de MERCADANTE s d ou seja voltado para a aten o b sica ou aten o prim ria As a es e servi os executados pelo SUS conforme a Lei 8080 ficam organizados de forma regionalizada e hierarquizada em n veis de complexidade crescente Art 8 Desse modo cabe ao Minist rio da Sa de planejar controlar avaliar fiscalizar as a es e servi os de sa de e promover a descentraliza o do sistema formular avaliar e apoiar pol ticas de alimenta o e nutri o participar na formula o e na implementa o das pol ticas de controle das agress es ao meio ambiente de saneamento b sico e relativas s condi es e aos ambientes de trabalho E ainda definir e coordenar os sistemas de rede de assist ncia de alta complexidade da rede de la
332. os foram construindo suas casas s o quatro apartamentos onde moram tr s filhas e um filho casados com suas fam lias As outras tamb m trabalharam muito para sustentar a fam lia Sra Am lia 63 anos teve 14 filhos 7 est o vivos mora com o pai dos seus filhos h 42 anos hoje ele est desempregado Com o casal moram dois filhos uma empregada dom stica e o rapaz de 27 anos est desempregado A fam lia vive com o dinheiro da sua aposentadoria e a ajuda de alguns filhos Ela tinha que trabalhar pra ajudar meu marido a criar eles os filhos Conta orgulhosa Bordava na maquina saia pra vender pra entregar j tinha aquela amiga que entregava Vendi muito bordado costurava pra homem costurava pra mulher costurava pra todo mundo qualquer tipo de coisa que voc queria no figurino mandava eu costurar eu costurava Sra Edna 72 anos solteira criou sozinha os filhos que teve com um companheiro com quem conviveu por sete anos Ela conta eu trabalhava costurava em casa de fam lia era diarista trabalhei muitos anos pra criar eles os filhos at uma cliente conseguir um emprego servi o de limpeza em col gio do estado aposentada como funcion ria p blica estadual Com ela mora uma neta de 10 anos cuja m e hoje com 37 anos nunca gostou de trabalhar n o e agora ela me arranjou um tal de um alem o ai e t por ai T l na Barra l junto com ele A idosa e a neta vivem com
333. os seguintes servi os benef cios e programas passiveis de serem desenvolvidos nos CRAS Servi os Socioeducativo geracionais intergeracionais e com fam lias Socio comunit rio Reabilita o na Comunidade Benef cios Transfer ncia de Renda Bolsa Fam lia Transfer ncia de Renda outros Benef cios de Presta o Continuada Benef cios Eventuais assist ncia em esp cie ou material Programas Capacita o e promo o da inser o produtiva Promo o da inclus o produtiva para benefici rios do Programa Bolsa Fam lia PBF e no Benef cio de Presta o Continuada Projetos e Programas de Enfrentamento Pobreza Projetos e Programas de Enfrentamento Fome Grupos de Produ o e Economia Solid ria Gera o de Trabalho e Renda entre outros MDS 2006 99 O Programa de Aten o Integral Fam lia PAIF o principal programa de Prote o Social B sica do SUAS Esse programa foi criado em abril de 2004 Portaria n 78 pelo Minist rio do Desenvolvimento Social e Combate Fome MDS aprimorando a proposta do Plano Nacional de Atendimento Integrado Fam lia PNAIF implantado pelo Governo Federal em 2008 O PAIF tem como principal objetivo o fortalecimento de v nculos familiares e comunit rios De acordo com o documento intitulado Orienta es t cnicas para os Centros de Refer ncia de Assist ncia Social do MDS o trabalho de fortalecimento de v nculos diz respeito tanto s rela es int
334. otencialmente geradores de solidariedade a fam lia o Estado e a comunidade Em primeiro lugar a forma mais tradicional de rela o social as chamadas solidariedades prim rias entendidas como configura es de rela es correspondentes ao n vel prim rio de apropria o social do mundo e de constitui o da identidade que incluem rede de parentesco co resid ncia comensalidade e vizinhan a acion veis em situa es de necessidade para apoiar material ou moralmente aqueles que s o reconhecidos como membros dessas redes NUNES 1995 p 9 Em segundo lugar a chamada solidariedade secund ria ou p blica que se refere ao sistema de redistribui o de recursos operado atrav s da intermedia o do Estado correspondendo ao conjunto de benef cios e servi os prestados aos cidad os especialmente atrav s do Sistema de Seguridade Social p blico previd ncia assist ncia social e sa de tais como transfer ncia de recursos dos ativos para os inativos os jovens contribuindo para a aposentadoria dos velhos dos empregados para os desempregados seguro desemprego dos solteiros para os casados sal rio fam lia transfer ncia de recursos sociais para tratamento de sa de FALEIROS 1988 Por ltimo a solidariedade entre estranhos ou seja a solidariedade prestada por pessoas ou entidades beneficentes associa es organiza es n o lucrativas ou O chamado terceiro setor O estudo da forma como estes sistema
335. oto 2007 p 16 o individualismo a que se refere o autor n o visto negativamente mas uma forma contempor nea de criar la os sociais que n o mais se restringem aos pap is e lugares anteriormente definidos pela fam lia Desse modo a fam lia mais do que nunca relacional ainda que inscrita num processo de individualiza o e autonomiza o dos seus membros Esse novo individualismo como ressalta Giddens 2005 difere daquele referido pela teoria neoliberal o indiv duo ego sta e interesseiro O indiv duo se distancia da tradi o e dos costumes n o aceitando imposi es sobre seu estilo de vida mas est mais sens vel s quest es e valores morais mais globais tais como os problemas ecol gicos dos direitos humanos ou da liberdade sexual Singly 2000 aponta a independ ncia e a autonomia como duas dimens es do processo de individualiza o A independ ncia especialmente a econ mica faz com que o indiv duo a partir dos seus pr prios recursos dependa menos dos mais pr ximos a autonomia o conhecimento do mundo no qual essa pessoa vive mundo definido pela elabora o tanto de regras pessoais quanto no caso de vida em comum de regras constru das na negocia o entre v rias pessoas SINGLY 2000 p 18 Essas duas dimens es juntas geram no indiv duo moderno o sentimento de liberdade principalmente na vida privada Para Giddens 19983 p 202 autonomia significa a capacidade
336. ourdieu 1996 de modo geral n o s o contabilizados ou s o pouco percebidas como tal pelos sujeitos envolvidos na rela o A solidariedade familiar desse modo constitui se como uma rede subterr nea e invis vel como expressa Pitrou 1977 apud Fernandes 1997 As solidariedades familiares adequaram se aos novos modos de vida e arranjos familiares das sociedades urbanas industrializadas na qual mesmo quando perdem as caracter sticas tradicionais de fam lia extensa coabita o rela es de poder hierarquizadas os la os familiares s o permanentemente renovados atrav s das trocas vivenciadas cotidianamente Estudos na rea t m demonstrado que fatores tais como proximidade espacial g nero e estado civil influenciam nas rela es de troca de reciprocidade familiar Pude observar que os idosos as entrevistados mant m maior rela o de troca com as 216 filhas que se encontram mais pr ximos espacialmente os que moram junto com eles Este fato pode ser interpretado tanto como o estabelecimento de uma rela o mais estreita e compartilhada de entreajuda quanto como uma certa imposi o proveniente do pr prio fato de morar junto ou mais pr ximo Ademais o tipo de ajuda fornecida pelos filhos espacialmente mais pr ximos mais instrumental ou seja diz respeito s coisas pr ticas tais como acompanhar o idoso ao m dico ao banco prestar cuidados necess rios fazer compras lavar roupas limpar a casa Veja
337. oximam das visitas especialmente as de pessoas com maior grau de instru o Nesse sentido Sr Bartolomeu relata Gosta das visitas principalmente quando vem aqui enfermeira estudante de enfermagem aqui vem mais estudante de enfermagem n A gente conversa bate um papo e s vezes quando tem alguma j quer que seja nossas amigas vem outras vezes visita outras vezes pra saber como que t Gosto Aqui n s somos solit rios n Todo mundo gosta de muita conversa muito papo N o sou de muita conversa eu n o gosto porque s vezes aqui n o tem assim uma pessoa que esteja no mesmo n vel da gente pra conversar a conversa pende logo pra aquelas porca baixaria Eu gosto de conversar sobre literatura sobre poesia sobre cinema sobre teatro sobre bal que eu gosto muito de bal ent o a gente n o acha aqui com quem conversar ent o conversar o que Nada s baixaria Daqui a pouco a conversa vira esculhamba o ent o prefiro 188 n o conversar com ningu m Aqui um lugar que rola muita fofoca voc fala uma coisa e o cara j vai contar de uma maneira diferente Os momentos de descontra o de distra o os papos a palavra amiga s o os aspectos considerados mais importantes pelas mulheres com rela o s visitas Eu gosto porque eu me distraio Sra Paula As visitas eu acho boa pelo menos elas distraem a gente Sra Josefa n o incomoda n o A pessoa ainda se
338. p 114 entre os 60 e os 110 anos e mais experimenta se momentos diferentes na trajet ria de vida e na participa o no ciclo de reprodu o na fam lia como tamb m no desenvolvimento dos grupos dom sticos na atua o no mundo do trabalho e na pol tica Um dos efeitos que essa crescente longevidade tem produzido a coexist ncia de v rias gera es na fam lia As mulheres por viverem mais tempo que os homens vivenciam mais essa experi ncia Segundo Attias Donfut 1995 a gera o mais solicitada aquela que se situa no meio da cadeia a qual ela refere como gera o piv ou seja uma gera o de mulheres idosas ou de meia idade que se v em obrigadas a dividir os cuidados e o apoio tanto com as gera es mais velhas ou ascendentes pais quanto com as gera es mais novas ou descendentes filhos e netos Este fato traz s rias consequ ncias se considerarmos que 44 das fam lias do nordeste brasileiro IBGE 2006 possuem rendimento de at 1 2 sal rio m nimo per capita e juntando se a este fato as mulheres est o em propor o crescente de casos assumindo a responsabilidade ou a chefia da fam lia especialmente mulheres com 243 mais de 60 anos como vimos Estes dados s o extremamente reveladores das condi es de precariedade a que as fam lias v m sendo submetidas e neste contexto destaca se a posi o de vulnerabilidade das mulheres pondo em cheque deste modo as possibilidades
339. pactuadas em outubro de 2006 foi aprovada a proposta revisada e atualizada da Pol tica Nacional de Sa de do Idoso denominada agora de Pol tica Nacional de Sa de da Pessoa Idosa PNSPI Esta pol tica tem por finalidade recuperar manter e promover a autonomia e a independ ncia dos indiv duos idosos direcionando medidas coletivas e individuais de sa de para esse fim em conson ncia com os princ pios e diretrizes do Sistema nico de Sa de SUS PNSPI 2006 Nesta nova vers o da pol tica de sa de do idoso observa se como quest o diferencial da anterior o enquadramento da assist ncia ao idoso nos princ pios e diretrizes do SUS especialmente na Estrat gia de Sa de da Fam lia ESF por meio de oito diretrizes b sicas quais sejam a promo o do envelhecimento ativo e saud vel b aten o integral integrada sa de da pessoa idosa c est mulo s a es intersetoriais visando integralidade da aten o d provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da aten o sa de da pessoa idosa e est mulo participa o e fortalecimento do controle social f forma o e educa o permanente dos profissionais de sa de do SUS na rea de sa de da pessoa idosa g divulga o e informa o sobre a Pol tica Nacional de Sa de da Pessoa Idosa para profissionais de sa de gestores e usu rios do SUS h promo o de coopera o nacional e internacional das experi ncias na aten o s
340. po grifo meu 158 somente nos dois par grafos finais da mat ria que o car ter social do conv nio ou seja o bem estar dos idosos lembrado Primeiro pelo gerente regional de comunica o institucional da Petrobras no Nordeste Rosemberg Pinto que ressalta o papel social da empresa Ao patrocinar essa obra a Petrobras est cumprindo seu papel de empresa respons vel visando amplia o do conv vio social dos idosos ali abrigados Esse car ter social do conv nio foi ressaltado tamb m pela Secret ria de Desenvolvimento Social Independente do valor arquitet nico do pr dio importante ressaltar que o Dom Pedro Il exerce uma fun o social importante para Salvador sendo o nico abrigo p blico para pessoas com mais de 60 anos E tamb m com o bem estar dessas pessoas que estamos preocupados afirmou Maria das Dores Mas apenas a reforma da capela que ser realizada pois de acordo com a declara o da pr pria Secret ria Municipal de Desenvolvimento Social Sedes Maria das Dores Loiola Bruni o financiamento da capela sinaliza positivamente para uma futura parceria para restaura o de todo o abrigo do qual fazem parte oito pr dios os mais antigos datados de 1887 Fica claro nessa fala que o conv nio para reforma do pr dio onde moram os idosos n o est fechado Apesar das mudan as ocorridas no ltimo s culo nas quais a assist ncia p blica aos mais velhos deixa de ser
341. po para que eles possam ter um teto para morar A situa o de desemprego fortemente sentida tanto pelo movimento de adultos e jovens em idade produtiva nas ruas em frente s suas casas em pequenos grupos quanto pela presen a de filhos e netos morando com os pais avos idosos por encontrarem se nessa condi o Todos com exce o de duas mulheres que moram sozinhas mas com filhos em casa vizinha quase que extens o da casa da m e t m filhos e ou filhos e netos morando com eles Esse fato faz com que os as idosos as sejam os nicos ou principais provedores do sustento da fam lia com o dinheiro certo proveniente das aposentadorias pens es ou benef cios e com incertos recursos dos espa ados biscates dos filhos que eles sobrevivem As aposentadorias benef cios e pens es t m um valor vital para a sobreviv ncia do grupo familiar A presen a de muitos templos pentecostais no bairro de variadas denomina es caracter stica dos bairros populares que tem se acentuado nas ultimas d cadas fazendo com que as igrejas cat licas venham perdendo fi is vem mudando o comportamento religioso dos idosos as e tem refletido tamb m nas rela es familiares Dos 11 entrevistados apenas 3 se declaram cat licos todos os outros inclusive um homem frequentam as chamadas igrejas evang licas 5 3 A vida e a luta pela sobreviv ncia no passado e no presente Os dados demogr ficos v m chamando a aten o para o crescente n m
342. por considerar ao contrario que este segmento pode contribuir para o desenvolvimento econ mico e social a quest o social da velhice passa a ser parte importante nas discuss es cientificas e pol ticas e a demandar pol ticas especificas em todo o mundo Nessa dire o que se buscou reconhecer os processos sociais nos quais a velhice foi se configurando como um problema social capaz de inscrever se na agenda das pol ticas sociais de Estado identificando os grupos e institui es que mobilizaram esfor os em torno da quest o da velhice e identificar n o s os princ pios que orientam as atuais pol ticas sociais estatais voltadas para o idoso mas tamb m como estas pol ticas v m ou n o se efetivando na pr tica e particularmente como elas v m se configurando no Estado da Bahia E fundamental conhecer como tem atuado o sistema de solidariedade p blica nos casos em que as rela es de troca familiares inexistem ou encontram se esgar adas ou rompidas Refiro me aqui s rela es de troca que idosos moradores de asilo p blico mant m sejam elas com a rede prim ria fam lia e amigos secund ria Estado ou com estranhos visitantes 104 3 1 Pol ticas sociais para a velhice no Brasil No Brasil podemos considerar tr s marcos legais que representam um grande passo no sentido de garantir a prote o social a dignidade e a cidadania popula o envelhecida a Constitui o Federal de 1988 a
343. possibilidade de autonomia econ mica dos velhos por outro fez emergir a velhice como categoria social FERNANDES 1997 Lenoir 1996 nos lembra que a velhice assim como outras fases da vida n o uma esp cie de caracter stica substancial que acontece com a idade mas resulta das rela es de poder A velhice uma categoria cuja delimita o resulta do estado vari vel das rela es entre as classes e em cada classe das rela es entre as gera es isto da distribui o do poder e dos privil gios entre as classes e entre as gera es LENOIR p 71 72 22 As mudan as nas rela es entre as gera es produzidas pelas novas formas de rela es no trabalho refletiram se diretamente no modo de reprodu o da estrutura social afetando as rela es entre as gera es na fam lia Nesse sentido Hareven 1999 aponta a transfer ncia das fun es tradicionalmente assumidas pela fam lia para institui es e pessoas especializadas como fator importante que levou ao isolamento das pessoas mais velhas na sociedade atual e perda de poder e influ ncia destas na fam lia H nesse processo o esvaziamento dos pap is dos mais velhos na medida em que os cuidados orienta es e conselhos dados por estes s gera es mais jovens foram substitu dos por servi os e institui es especializadas Mas a velhice s ganha verdadeiro status de problema social na atualidade Segundo Lenoir 1996 p
344. pre tem um que assim um preferido assim Mais uma vez a filha participa da conversa e complementa pra falar a verdade ele n o conversa muito com a gente n o nem os problemas de sa de quando ele sente ele num diz s quando a gente v assim ele j ta mal Sr Valdir 66 anos tamb m teve AVC h alguns anos e est com Mal de Parkinson A aposentadoria que ele recebe insuficiente para a manuten o do grupo 224 familiar o idoso a esposa e tr s filhos A ajuda financeira dos filhos mesmo irregular tem sido fundamental como ele mesmo diz Ai se n o fosse os meninos a gente n o tava guentando Ele toma nove medica es de uso cont nuo parte delas tem que ser comprada por ele A esposa tamb m contribui com as despesas vendendo produtos da Avon mas sua maior ajuda est relacionada aos cuidados com ele uma vez que com o avan o da doen a ele tem se tornado cada dia mais dependente Na sua aus ncia os filhos assumem seu lugar Quando Raimunda n o est em casa o filho que tiver bota meu almo o escova minhas costas Eles t m muita paci ncia comigo Eles saem comigo quando preciso O idoso tem sa do pouco de casa Deixou de ir igreja batista que frequentava porque acha que as pessoas ficam lhe olhando por causa dos tremores causados pela doen a e ele fica com vergonha 5 5 Solidariedade local vizinhos e amigos A grande maioria dos idosos entrevi
345. provid ncias Bras lia Presid ncia da Republica Dispon vel em lt www planalto gov br BRASIL MINIST RIO DA SA DE Portaria n 1 395 GM Pol tica de Sa de do Idoso de 10 de dezembro de 1999 BRASIL MINIST RIO DA SA DE Portaria n 2 528 GM Pol tica Nacional de Sa de da Pessoa Idosa de 19 de outubro de 2006 BRASIL MINIST RIO DA SA DE Portaria n 2529 GM Institui a Interna o Domiciliar no mbito do SUS de 19 10 2006 BRASIL MINIST RIO DA SA DE Portaria n 399 GM Divulga o Pacto pela Sa de 2006 Consolida o do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto BRASIL MINIST RIO DA SA DE Secretaria de Aten o Sa de Departamento de Aten o B sica Envelhecimento e sa de da pessoa idosa Minist rio da Sa de Secretaria de Aten o Sa de Departamento de Aten o B sica Bras lia Minist rio 264 da Sa de 2006 192 p il S rie A Normas e Manuais T cnicos Cadernos de Aten o B sica n 19 BRASIL PORTARIA N 73 DE 2001 Normas de Funcionamento de Servi os de Aten o ao Idoso no Brasil Secretaria de Pol ticas de Assist ncia Social Departamento de Desenvolvimento da Pol tica De Assist ncia Social Ger ncia de Aten o a Pessoa Idosa Di rio Oficial da Uni o Bras lia 2001 BRASIL Presid ncia da Rep blica Subsecretaria de Direitos Humanos Plano de A o para o enfrentamento da viol ncia contra a pessoa idosa Bras lia
346. que n o tem outro jeito N o uma coisa muito boa como se fosse um particular porque eles demora Se marcar um exame como esse mesmo do cora o que marcou e levou n o sei quantos tempo pra me atender Foi pra fazer um exame foi n o sei quantos tempo pra atender pra fazer um exame Sra Am lia Doutora pra mim t bom porque gra as a Deus quando eu preciso o pessoal me trata bem ent o eu n o tenho que falar Porque a senhora sabe n o tem dinheiro pra pagar tem que ir pra o SUS mesmo o que socorre a gente Sra Anita Gra as a Deus n o tenho o que falar Me tratam muito bem n o tenho o que falar Sr Valdir O Sr Valdemir como usa o conv nio da Petrobr s considera o SUS caqu tico n T passando a na televis o que Deus me livre da humilha o Quase todos fazem uso de medica o de uso cont nuo e nem sempre encontram o rem dio no posto ou o posto n o disp e de todos os medicamentos receitados pelo m dico Tem que ter o dinheiro sempre dispon vel para comprar s vezes eu compro porque nem todo rem dio o posto tem Sra Anita 235 Ele me d a receita pra eu tomar no posto pego com a receita que eles d o Mas quando n o tem pe o pra minha neta comprar na farm cia Sra Gleide Sr Valmir tem muitos problemas de sa de inclusive Mal de Parkinson e recebe a medica o no CREASI mas toma outras medica es que n o s o
347. r e retribuir a d diva Em sua famosa obra intitulada Ensaio sobre a d diva formas e raz es de troca nas sociedades arcaicas Mauss 1974 1924 postula uma compreens o da vida social por um constante processo de dar receber e retribuir mostrando como a universalidade dessas tr s obriga es se d de modo particular tanto nas sociedades tradicionais quanto nas modernas Sua tese central de que a d diva produz a alian a tanto as 28 alian as matrimoniais como pol ticas religiosas econ micas jur dicas e diplom ticas A d diva constitui se em regra social primeira a base ou o rochedo como disse o autor do la o social Mauss estudou o regime de direito contratual e os sistemas de presta es econ micas entre diversos grupos ou subgrupos das chamadas sociedades primitivas Ele buscou investigar a natureza das transa es humanas atrav s da descri o de fen menos de troca e de contrato assim como a moral e a economia correspondentes e mostrar que esta moral e esta economia funcionam ainda hoje em nossas sociedades MAUSS 1974 p 42 Esse sistema de presta es ele chamou de fen menos sociais totais pois nele se exprimem todas as esp cies de institui es religiosas jur dicas e morais sendo estas pol ticas e morais ao mesmo tempo econ micas supondo formas particulares de consumo ou antes de presta o e de distribui o e ainda fen menos est ticos e morfol gicos
348. r indicadores e ndices territorializados das situa es de vulnerabilidade e risco pessoal e social que incidem sobre fam lias pessoas nos diferentes ciclos de vida A vigil ncia socioassistencial deve buscar conhecer o cotidiano da vida das fam lias a partir das condi es concretas do lugar onde elas vivem e n o s as m dias estat sticas ou n meros gerais responsabilizando se pela identifica o dos territ rios de risco no mbito da cidade do Estado do pa s para que a assist ncia social desenvolva pol tica de preven o e monitoramento de riscos p 19 Diante do exposto podemos constatar que no atual modelo de prote o social adotado pelo Estado a fam lia ocupa um lugar central na produ o e reprodu o do Bem Estar O controle social do Estado no sentido sociol gico ou seja como forma de domina o ou conjunto das san es visando assegurar a conformidade a modelos de comportamentos na assist ncia popula o especialmente sobre as classes populares guarda estreita semelhan a com a adotada na Europa no s culo XVIII como vimos anteriormente Retomam se os princ pios de proximidade ou territorializa o da incapacidade para o trabalho do pertencimento a uma rede prim ria e comunit ria como estrat gia de controle e responsabiliza o da fam lia pelo bem estar de seus membros A investida do Estado na vida familiar avan a n o s no plano normativo ou legal mas tamb m na
349. r parte das vezes a velhos das classes populares predominantemente frequentados todos eles por mulheres Os velhos moradores de asilos ou para usar um termo atual de institui es de longa perman ncia para idosos ILPI entretanto permanecem alijados desse processo de redefini o da velhice continuam invis veis A grande maioria dos velhos das camadas mais desfavorecidas mesmo morando na comunidade e em boas condi es de sa de n o tem acesso aos programas da Terceira Idade seja porque esses servi os n o est o dispon veis nos bairros onde moram seja porque ainda desempenham atividades dom sticas e de apoio familiar prepara o de alimentos lavagem de roupa de cuidados de netos ou ainda por quest es culturais ou religiosas Pesquisa realizada pelo SESC e a Funda o Perceu Abramo 2007 revela que somente 3 dos idosos participam de Grupos de Conviv ncia Do ponto de vista da legitima o da velhice como problema social s recentemente as discuss es passam do plano psicossocial para o pol tico econ mico e legal Nesse sentido destacam se tr s instrumentos legais de prote o velhice institu dos nas ltimas d cadas a Constitui o Federal de 1988 especialmente atrav s do sistema de Seguridade Social a Pol tica Nacional do Idoso em 1996 e o Estatuto do Idoso em 2003 e seus desdobramentos todos eles normatizam as rela es do Estado da Sociedade e da Fam lia com os c
350. r que os dois homens entrevistados tinham problemas de sa de e eram plenamente assistidos pelas companheiras e filhos A nica mulher que apresentava limita es f sicas e era tamb m a de mais idade afortunadamente contava com o cuidado formal ou seja de n o parente situa o ainda pouco comum nas classes populares Apesar de ter oito filhos as s conta com a ajuda mais efetiva de um filho tamb m idoso que mora com ela Ainda com rela o aos cuidados demandados por idosos com limita es da capacidade funcional de diferentes origens e graus muito vem sendo estudado SANTOS e RIFIOTIS 2006 sobre o chamado estresse do cuidador principalmente familiar provocado pelas dificuldades relativas ao cuidado com o idoso O desgaste 244 f sico o sofrimento emocional o isolamento social impingido pelo cuidado continuo do idoso s o aspectos que comprometem a qualidade do cuidado e a sa de tanto do idoso quanto do pr prio cuidador No que concerne aos idosos moradores do Abrigo interessante observar como as diferen as de g nero s o um fator de peso nas rela es intergeracionais N o s na institui o estudada como tamb m em outros estudos na rea CHAIMOWICZ F GRECO 1999 HER DIA et al 2004 YAMAMOTO 2002 as mulheres est o em propor o muito maior dos homens 70 em m dia propor o esta muito superior encontrada na popula o idosa em geral e que n o se justifica s pela maior longev
351. ra Gleide Eu fa o supermercado eu pago luz eu pago gua eu pago telefone eu pago rem dio eu compro as coisa que precisa pra dentro de casa Se acontece de um filho me pedi emprestado eu tiro e dou Se ela a esposa precisar eu tiro e dou entendeu E acrescenta com orgulho pr prio de pai provedor ent o eu me considero um timo pai que dentro da minha casa n o falta nada na gra a de Deus Que quando eu vim morar aqui eu morava numa casinha de taipa a em baixo e com esse emprego que eu tive minha 233 aposentadoria foi que eu adquiri alguma coisa Tudo a nosso mostrando o terreno e as casas dos filhos constru das nele Sr Valdemir Duas das entrevistadas est o com o or amento apertado a primeira porque fez um empr stimo consignado para construir um sanit rio dentro de casa e fazer uma pequena reforma na casa O dinheiro n o foi suficiente para terminar a obra e sua aposentadoria ficar reduzida por 2 anos Entretanto ela est convencida de que foi um bom neg cio pois esse o nico meio para realizar seus sonho ou necessidade 90 00 reais que ele tira todo m s por dois anos mas o juros grande Mas no fundo vale porque eles v o esperar quase dois anos que v o cobrar meu empr stimo e s depois v o ter o lucro n o pode ser menos n o Eu peguei 1600 00 reais Eu nunca fiz nada porque n o dava Sra Edna A segunda associou o filho desempregado
352. ra atender aos rf os aos loucos aos velhos etc Surgem assim na virada do s culo XIX para o XX as primeiras institui es espec ficas para abrigar os velhos pobres e sem v nculos familiares os Asilos de Velhos Diferente do que ocorreu nos Hospitais Gerais ou Asilos de Loucos nos quais a medicaliza o se fez tanto no mbito institucional os m dicos e as enfermeiras passam a ocupar o lugar das irm s de caridade quanto no tratamento empregado aos doentes nos asilos para velhos a assist ncia permaneceu e em grande medida ainda permanece vinculada s pr ticas de caridade e de filantropia Sua dire o ficava a cargo ou de sacerdotes da Igreja Cat lica ou de ilustres personalidades da sociedade local e os cuidados com os velhos sob a responsabilidade das Irm s de v rias Ordens O custeio de tais institui es era feito atrav s de doa es e campanhas realizadas pelas damas da sociedade subven es do Estado e posteriormente com a contribui o dos pr prios velhos Ressalta se com isso que a entrada da medicina e do Estado na assist ncia velhice diferente do que ocorreu com outras categorias s se deu muito tempo depois de sua cria o de modo prec rio situa o que perdura at hoje At aqui vimos o desenvolvimento da prote o social predominantemente produzida pela sociedade civil voltada assist ncia aos pobres baseada em valores religiosos e morais Vale observar agora a constitui
353. ram como direito social direito do cidad o A forma de solidariedade que tem como base o Estado come a a partir dos anos de 1970 a mostrar dificuldades frente diversidade de situa es de precariedade e fragilidade social advindas do surgimento de novas desigualdades e riscos MAGALH ES 2001 As transforma es ocorridas no processo produtivo e do trabalho o decl nio do modelo fordista de produ o o novo modelo de produ o baseado na automa o flex vel a globaliza o da economia as inova es tecnol gicas a retra o do crescimento econ mico de muitos pa ses capitalistas o 13 A produ o cientifica na rea extensa e enfocam abordagens te ricas distintas dentre outros encontramos Draibe 1986 1993 1990 Lenhart e Offe 1984 Offe 1984 Fleury 1994 Arreche 1995 Vianna 1998 68 crescente desemprego de massa e de longa dura o a precariza o do trabalho trabalho informal trabalho tempor rio jornadas parciais diminui o de renda perda do seguro social por um lado e por outro lado as mudan as no mbito familiar tais como o aumento de fam lias monoparentais unipessoais descentramento da base familiar s o apontados ao mesmo tempo como causa e consequ ncia da crise do Estado de Bem Estar Social A situa o de pobreza j n o se restringe aos velhos doentes e incapazes para o trabalho mas atinge tamb m jovens que n o conseguem coloca o no mercado de trabalho m es s
354. rar Institui es de longa perman ncia para abrigar idosos dependentes e em situa o de extrema vulnerabilidade ou insufici ncia familiar implementar a rede de servi os de alta e m dia complexidade Implementar como atribui o do Programa de Sa de da Fam lia PSF e na rea de abrang ncia da equipe mais pr xima rotina de acompanhamento dos idosos residentes em institui es de longa perman ncia garantindo lhes acesso aos demais n veis de complexidade de aten o sa de o PSF deve estabelecer estrat gias de educa o em sa de para os grupos de conviv ncia as institui es de longa perman ncia dentre outras com o objetivo de preven o promo o tratamento e reabilita o 4 Previd ncia Social nesta rea destacam se medidas necess rias pr pria manuten o do sistema mas tamb m mudan as no sistema atual especialmente com rela o s perdas sofridas nas ltimas reformas e a amplia o de benef cios refletindo 125 os anseios e preocupa es dos movimentos de aposentados A novidade a proposi o de repasse de benef cios para a gera o mais jovem da fam lia quando do falecimento do idoso titular e uma esp cie de abono para idosos dependentes como podemos observar Garantir a aplica o integral das contribui es sociais no Or amento da Seguridade Social estruturando e divulgando para a sociedade brasileira os resultados da contabilidade de modo a garantir a transpar ncia da Se
355. rcial dos requisitos para obten o do grau de Doutor em Ci ncias Sociais Salvador 27 de fevereiro de 2008 BANCA EXAMINADORA Prof Dr Alda Britto da Motta Orientadora Prof Dr Benedita Edina da Silva Lima Cabral Prof Dr Maria do Ros rio de Menezes Prof Dr Ruthy Nadja Laniado Prof Dr Maria Ros rio Gon alves de Carvalho Para Milton e Maria Alice solid rios em todos os momentos AGRADECIMENTOS Encerrado o trabalho irrealiz vel sem o apoio e a contribui o direta e indireta de muitas pessoas o momento de reconhecer e agradecer Em primeiro lugar a Alda Britto da Motta orientadora instigante generosa e amiga com quem tive o prazer e o privil gio de continuar trabalhando amiga Eul lia Azevedo pelo inestim vel apoio e est mulo intelectual e afetivo Adriana Pimentel amiga e interlocutora atenta e afetuosa As colegas e amigas de todas as horas Tereza Bara na Sheila Ara jo Sandra Pacheco pelo incentivo e encorajamento durante todo o percurso amiga Helena Pataro pela ajuda fundamental no trabalho de campo abrindo a porta na comunidade para a realiza o da pesquisa As companheiras do NEIM Ana Alice Cec lia via Rita pelo apoio incentivo desde o princ pio e por compreenderem minha aus ncia na fase final de trabalho M rcia Macedo pela for a emprestada nos momentos mais dif ceis desta travessia s Professoras Ros rio de Carvalho e Ruthy Laniado pe
356. rdadeiro intercambio entre elas e a comunidade inclusive comprando coisas sob encomenda para as idosas Por outro lado tais mulheres tamb m recebem carinho b n os bilhetes confian a das idosas que compartilham suas experi ncias de vida com estranhas e muitas vezes objetos muitos deles que tamb m receberam de outras pessoas ou objetos feitos com suas pr prias m os toalha de fuxico tapetes panos de mesa de retalhos flores de croch etc Mas s o tamb m as palavras dos idosos que t m um significado muito importante para os visitantes Quando voc vem aqui de novo Volte pra me ver volte mesmo Com estas palavras a visitante avalia sua presen a como importante se sente gratificada As visitas de estranhos quebram o sil ncio e o vazio da falta de rela es entre eles mesmos e parece suprir em parte a aus ncia dos familiares que com o passar do tempo v o deixando de visit los ou o fazem em espa o de tempo mais alargado 190 4 7 Na aus ncia da Fam lia s resta o Estado pol ticas sociais aposentadoria e velhice O conjunto de condi es decorrentes da estrutura social e familiar desigualdades s cio econ micas falta de pol ticas educacionais nas primeiras d cadas do s c XX desregulamenta es das rela es de trabalho aus ncia afastamento ou conflitos intergeracionais vivenciadas nas trajet rias das vidas desses idosos as fizeram com que hoje
357. reas de sa de assist ncia e previd ncia o restante dos recursos ou ficou retido pelo Tesouro Nacional ou foi aplicado em outras reas Segundo Behring e Boschetti 2007 p 166 No per odo de 2002 e 2004 foram desviados do Or amento da Seguridade Social R 45 2 bilh es que deveriam ser usados para as pol ticas da previd ncia sa de e assist ncia social e poderiam ampliar os direitos relativos a essas pol ticas sociais Grande parte dos recursos desviados da Seguridade Social tem sido usado para forma o de super vit prim rio e pagamento do juro da divida externa 22 Os dados que demonstram este fato podem ser vistos nos trabalhos de Vianna 2005 Anfip 2003 Fleury 2004 Oliveira Beltr o Ferreira 1997 Faleiros 2000 Tofner Gambiagi 2007 dentre outros 84 Segundo esta mesma autora o processo de desconstru o da seguridade social ocorreu paralelamente ao processo de retra o do Estado no in cio dos anos de 1990 no governo de Fernando Henrique Cardoso com as privatiza es efetuadas e as reformas ditas estruturais dentre elas a da previd ncia A Previd ncia Social no Brasil passou por dois processos de reforma a primeira em 1998 atingiu principalmente os trabalhadores regidos pela CLT principalmente os do setor privado mas alterou tamb m as aposentadorias dos servidores p blicos Estas mudan as n o alteraram substantivamente o sistema da previd ncia social brasileira mas representaram um retr
358. recisar usar o dinheiro do idoso teve uma necessidade e ia usar ent o eu expliquei que aquilo crime que n o certo e tudo mais e aconteceu por dois meses ent o eu avisei que ia estar avisando aos rg os N o sei se ela vai continuar mesmo assim fazendo n 5 S duas idosas entrevistadas v o elas mesmas receber seus benef cios todas as outras quem recebe s o as sobrinhas irm de f ou procuradores constitu dos para este fim sem v nculo de parentesco 5 H sempre circula o de muitas pessoas familiares visitantes estudantes funcion rios nos sal es e j houve v rios casos de desaparecimento de dinheiro dos idosos A pr pria dire o tem recomendado que os idosos n o fiquem com dinheiro na Institui o 174 Com os homens esses problemas s o menos frequentes pois na maior parte dos casos s o eles mesmos que v o receber os proventos e mesmo os que n o v o pessoalmente pagam algu m para ir e eles administram o dinheiro eles mesmos controlam seus recursos Sr Valter por exemplo quem vai receber o dinheiro dele uma volunt ria diz ele Eu dou um agrado a ela pra ir receber o dinheiro no banco Quando por qualquer motivo n o podem ir sozinhos pagam a algu m para acompanh los como conta Sr Jos Aqui n o vai sozinho ao banco aqui eu sempre pago n o sei se o neuvoso n o sei o que eu n o consigo enxergar agora l em Castro Alves eu
359. recolhido pelos usu rios dos transportes MARTINS 2001 Mais tarde esses benef cios foram ampliados para outras categorias profissionais tais como trabalhadores dos tel grafos dos servi os de for a luz e bonde dentre outras As Caixas de Aposentadorias e Pens es CAPs eram organizadas como seguro social estruturadas por empresas S na d cada de 1930 elas passam a ser 18 Martins 2001 p 6 define mutualismo como um sistema por meio do qual v rias pessoas se associam e v o se cotizando para a cobertura de certos riscos mediante a reparti o dos encargos com todo o grupo 15 organizadas por categorias profissionais denominada de Institutos de Aposentadorias e Pens es IAP Draibe 1993 considera que a partir dos anos de 1930 que come a a se constituir o Welfare State no Brasil A cria o dos IAPs foi um importante passo nesse sentido O primeiro IAP criado foi o dos Mar timos depois o dos Comerci rios e dos Banc rios expandindo se posteriormente para outras categorias profissionais Conforme Medeiros 2001 naquele per odo foram definidas e implementadas as bases modernas do sistema de seguridade social consolidando se um Welfare State baseado em pol ticas predominantemente voltadas para os trabalhadores urbanos Foi criado o Minist rio do Trabalho Ind stria e Com rcio 1930 pois at ent o as quest es relacionadas ao trabalho ficavam a cargo do Minist rio da Agricultura na mesma d
360. redominantemente as sobrinhas que desempenham este papel O modelo idealizado de fam lia nuclear e de certo modo interiorizado parece ter influenciado a percep o ou sentimento das pessoas com rela o ao sentido de obriga o e responsabilidade para com parentes que est o fora das rela es estritas de pais filhos e irm os Este fato se expressa claramente quando observamos que grande parte tanto das mulheres quanto dos homens que moravam com familiares no per odo imediatamente anterior ao internamento consideravam que estavam morando de favor na casa de parentes ou dando trabalho fazendo refer ncia especialmente a sobrinhos ou at netos 4 3 Os desen La os familiares e sociais O asilamento A op o de morar em institui o asilar especialmente a p blica por si s revela as dificuldades que as pessoas idosas encontram em manterem se na fam lia e na comunidade S o v rias as raz es que justificam o fato dessas pessoas ap s uma longa trajet ria de trabalho e de luta virem necessitar da solidariedade p blica na fase final da vida 162 Comumente em nossa sociedade encontramos tanto entre os profissionais e na literatura na rea quanto no senso comum discursos que responsabilizam a fam lia pelos cuidados com seus entes idosos e a culpabiliza pelos idosos estarem em institui es dessa natureza Agindo desse modo encobre se situa es bem mais complexas que v o muito al m desses disc
361. rego numa empresa para trabalhar em servi os gerais Ainda n o tinha documentos necess rios teve que pedir dinheiro emprestado para poder tirar Deixava os filhos maiores cuidando dos menores E confessa Eu j lutei menina pra criar 17 menino n o brincadeira n o Minha vida foi lutada e eu ainda agrade o a Deus por ter ainda sa de A casa era pequena para tanta gente e medida em que os filhos foram crescendo a situa o ficava ainda mais complicada Era uma aporrinha o passava a noite abrindo a porta para os filhos que iam chegando da rua Pedia a Deus pra ter um cantinho sossegado O jeito era bater uma laje e ir morar na casa de cima briga comprada com o marido que n o queria enfrentar o desafio Se eu contar a senhora vai dizer que eu t mentindo aqui n o tem um centavo de ningu m a casa de laje eu comprei meu material eu fazia caixa Sabe o 212 que caixa fiz caixa a fiz isso aqui aifpaguei o pedreiro ele fez Comprei porta comprei tudo sozinha e Deus Depois de pronta ele o marido n o queria vir O v io n o queria vir n o ele veio na ra a n o queria n o Eu disse se voc n o vai eu vou Da ele passou uma noite ou foi duas l embaixo dormindo sozinho quando ele viu que tinha que subir mesmo ai ele subiu A idosa mora sozinha na casa de cima na de baixo moram o filho ca ula uma filha solteira e uma neta No fundo da casa os filh
362. remos que a condi o econ mica das mulheres duplamente afetada pelo subemprego e por sal rios sempre mais baixos que os dos homens Esta situa o se agrava ainda mais nos casos de separa es e viuvez j que quase sempre s o elas que assumem sozinhas os encargos com a fam lia Por outro lado os homens nos casos de separa o ou viuvez desfrutam de melhores condi es financeiras e muitas vezes recasam com mulheres mais jovens que passam a ser suas cuidadoras na velhice H ent o uma probabilidade muito maior das mulheres que n o tiveram filhos precisarem de ajuda em v rios per odos de suas vidas especialmente na velhice Mas mesmo aquelas que tiveram filhos n o est o isentas de necessitarem de apoio extra familiar na velhice Esses s o pontos essenciais que precisam ser considerados quando se trata de pensar as pol ticas de prote o social que t m como base a fam lia Na atual conjuntura de diminui o progressiva dos recursos do Estado destinados ao sistema de prote o social ou seja na tentativa de restri o de responsabilidades do Estado e instaura o de um Estado M nimo tem se questionado a influ ncia das a es deste nas transforma es das rela es entre as gera es Neste sentido Caradec 2001 aponta duas teses que v m sendo confrontadas a da 246 substitui o e a do refor amento Na tese da substitui o alega se que a solidariedade p blica ao substituir a solidariedade prim ria
363. resentes em todos os aspectos da vida social em rela o aos alimentos ou rem dios que consumimos aos pr dios que habitamos aos transportes que usamos etc GIDDENS 2002 p 222 223 24 Especialmente da rea empresarial com o nome de responsabilidade social que se traduz pela forma como a empresa coordena suas atividades de modo a se tornar co respons vel pelo desenvolvimento da sociedade pr tica esta entretanto constantemente confundida com filantropia 32 consideradas mais importantes que os pap is sociais que representam Nesse plano se encontram as rela es familiares de parentesco entre amigos ou vizinhos O segundo o das sociabilidades secund rias neste registro a funcionalidade dos atores sociais que mais importante que a sua personalidade Esta corresponde esfera do Mercado do Estado e das Ci ncias Apesar dos referidos autores reconhecerem que no registro das sociabilidades prim rias que a l gica da d diva se evidencia com clareza e se imp e sobre as outras l gicas do Mercado ou do Estado por exemplo sustentam que isso n o significa que a d diva n o esteja presente em todos os planos da vida social Nenhuma administra o p blica funcionaria fora do esp rito do servi o p blico n o haveria p tria se n o existisse algu m disposto a morrer por ela diz Caill Destacam ainda esses autores a emerg ncia na modernidade de uma forma nova de d diva a d diva entre estranhos
364. residencial popular Suas encostas foram sendo ocupadas por resid ncias atingindo at os vales O dif cil acesso ao bairro causado pela precariedade de transporte urbano assim como a dist ncia do centro da cidade fez emergir um intenso com rcio local a fim de atender s necessidades da popula o residente e circunvizinha Um dos marcos de funda o do bairro foi a implanta o de um chafariz de uma delegacia de pol cia e de um posto de Sa de na d cada de 1960 Com a cria o da Avenida Luiz Viana Filho popularmente conhecida como Avenida Paralela na d cada de 70 Pau da Lima ficou cercado por duas vias de intenso fluxo a oeste a BR 324 e a leste a Avenida Paralela cortado ainda por duas avenidas importantes que fazem a liga o entre as duas vias Avenida Aliomar Baleeiro e a S o Rafael Isso tornou o bairro um corredor de acesso para bairros adjacentes tais como Castelo Branco Sete de Abril e Nova Bras lia e contribuiu tanto para seu adensamento populacional pois facilitou o deslocamento de trabalhadores para outros pontos da cidade e para os bairros vizinhos quanto incrementou ainda mais o com rcio local 202 Limite do Bairro de Pau da Lima Vias Edifica es s00 0 500 1000 Metros E Fonte IBGE CONDER Figura 1 Localiza o do Bairro de Pau da Lima em rela o cidade do Salvador Hoje encontra se uma ampla variedades de estabelecimentos comerciais especialmente ao lo
365. revolu o na rea da reprodu o humana mudan a de valores e liberaliza o dos h bitos e dos costumes bem como ao fortalecimento da l gica individualista em termos societ rios redundaram em mudan as radicais na organiza o das fam lias Nessa perspectiva foi necess rio rever o conceito de fam lia uma vez que os par metros anteriores sexualidade procria o e conviv ncia j n o davam conta Assim o referido documento considera que estamos diante de uma fam lia quando encontramos um conjunto de pessoas que se acham unidas por la os consang neos afetivos e ou de solidariedade superando se a refer ncia de tempo e de lugar para a compreens o do conceito de fam lia p 35 Considera se entretanto que a fam lia um espa o contradit rio na qual a conviv ncia cotidiana marcada por conflitos e desigualdades mas por outro lado fundamental no mbito da prote o social Para que ela possa cumprir seu papel de proteger prevenir promover e incluir os seus membros necess rio garantir condi es de sustentabilidade da a nfase da pol tica de Assist ncia Social na centralidade da fam lia As mudan as na organiza o da fam lia fam lias menores arranjos variados empobrecimento e a desterritorializa o em virtude dos movimentos migrat rios s o apontados como desencadeadores do processo de fragiliza o dos v nculos familiares e comunit rios que tornam a fam
366. rias de suas ruas conservam os nomes deles Atra da pela atmosfera rural a popula o pioneira viu progressivamente as pequenas ch caras sendo desmembradas e vendidas para uma popula o expulsa das regi es mais centrais da cidade em busca da sonhada casa pr pria O processo de ocupa o se deu inicialmente com constru o de casas na parte alta do bairro ao longo das principais ruas e avenidas Aliomar Baleeiro Juta Magalh es S o Marcos e a Dr Artur Gonzalez enquanto as vertentes e vales eram usados como quintais reas de lazer e de pequenas planta es onde as fam lias possu am seus pomares ou criavam pequenos animais RIOS 2006 Contam os moradores antigos que o nome do bairro se deve ao fato de que na ocasi o em que come ou a ser povoado ele era cortado pela estrada hoje conhecida como Estrada Velha do Aeroporto e a nica condu o que passava por este local 201 parava no Largo da Tabela onde existia um p de lima que servia como ponto de refer ncia para embarque e desembarque de passageiros dando assim origem ao nome Pau da Lima O bairro de Pau da Lima cresceu muito rapidamente nos ltimos quarenta anos fortalecido pela especula o imobili ria mas de forma desordenada e sem a infra estrutura necess ria saneamento cal amento ilumina o escolas Sua paisagem foi sendo transformada perdendo a tranquilidade caracter stica das zonas rurais assumindo cada vez mais a fisionomia de bairro
367. riedade efetuam se por meio da extens o do parentesco Tal extens o se d principalmente por meio do estabelecimento do que o autor chama de grupos incorporados que s o mais amplos que a fam lia nuclear mas apesar disso baseados numa descend ncia comum real ou imagin ria EISENSTADT 1976 p 20 Na sociedade contempor nea segundo Domingues 2002 a fam lia ainda a c lula b sica da solidariedade social mas n o mais na perspectiva funcionalista parsoniana ou seja no cumprimento do papel socializador e estabilizador centrado no modelo de fam lia nuclear isolada A fam lia hoje uma forma b sica de ajuda m tua e suporte material e emocional um local para nutrir e criar as gera es futuras Ibid p 192 Mesmo em sociedade onde o modelo de fam lia nuclear prevalece observa se que n o s pais e filhos mas tamb m outros parentes desempenham papel importante destacando se ai a rela o entre av s e netos O referido autor acredita que houve um descentramento da fam lia fundamentalmente por duas quest es as mudan as na rela o di dica e os novos modos de estrutura o da fam lia No que diz respeito s rela es amorosas tamb m Giddens 1993 aponta mudan as nessa rea As transforma es da intimidade a fragmenta o do amor rom ntico em consequ ncia da emancipa o e da autonomia sexual feminina t m como consequ ncia o surgimento do relacionamento puro ou
368. rimeiras atenuam as normas e obriga es e fazem desaparecer certas necessidades refor ando assim os outros dois motores de ajuda A reciprocidade estimulada pois os pais quando disp em de recursos pr prios podem mais facilmente dar a seus filhos e estes tendem ent o a lhes retribuir em retorno conforme os mecanismos de dom e contra dom dizem os autores E concluem dizendo que os rendimentos provenientes da aposentadoria parecem ent o suscept veis de refor ar antes que enfraquecer as rela es intergeracionais Nunes 1995 avaliando a import ncia da rela o entre a solidariedade p blica e a prim ria ressalta a impossibilidade da segunda substituir a primeira por duas quest es primeiro porque o Estado Provid ncia e a Sociedade Provid ncia respondem a car ncias e problemas distintos Diferente do Estado e do mercado a sociedade civil tende a organizar as rela es sociais e a definir a obriga o moral dentro dos limites dos espa os de interconhecimento ficando de fora desse modo aqueles que se encontram al m desses espa os J o Estado e o mercado s o institui es orientadas para organiza o e regula o dessas rela es para fora ou seja no caso do Estado para a redistribui o dos recursos entre os cidad os A segunda quest o levantada por Nunes diz respeito tens o que perpassa a Sociedade Provid ncia entre por um lado o potencial humanizador e emancipador e por outro
369. rit rios de assist ncia aos pobres apontados por Castel 2003 a rela o de proximidade entre os que assistem e os assistidos e a incapacidade para o trabalho Segundo aquele autor os mendigos desfrutavam de certa toler ncia social pois encontravam se ligados ao cen rio cotidiano e religioso da cidade Os mendigos participavam das festas funerais e prociss es religiosas Fraga Filho via esta rela o de proximidade no contexto mais 71 amplo das rela es paternalistas e constata que da mesma forma que possu am agregados as fam lias mais afortunadas tinham os seus mendigos a quem deviam prote o e algum amparo material Eram considerados mendigos os incapacitados para o trabalho o doente ou portador de alguma defici ncia f sica o velho a crian a rf e as vi vas eram os pobres reconhecidamente leg timos e portanto aptos para sobreviver pela caridade Eram pobres amparados pelos fi is e de certa maneira protegidos pelas autoridades que lhes concediam licen as para mendigar em determinados pontos da cidade FRAGA FILHO apud GROISMAN 1999 p 29 A incapacidade para o trabalho e as marcas de sofrimento corporal tamb m aqui foram utilizados como crit rio para ter acesso assist ncia distinguindo deste modo os pobres merecedores dos vagabundos Ao contr rio dos pobres merecedores incapacitados para o trabalho e ligados s fam lias locais e s par quias os vadios eram aqueles que n
370. rivada tornando o servi o p blico ineficiente e de baixa qualidade fazendo com que as camadas altas e m dias da popula o recorram aos planos de sa de privados O Sistema nico de Sa de tem se caracterizado pelo atendimento predominantemente popula o carente sem recursos e sem outras alternativas de assist ncia sa de ficando esta obrigada desse modo a submeter se s estrat gias do sistema que tende a responsabilizar o indiv duo e principalmente a fam lia pelos cuidados com a sa de Compromete se assim todo o sistema de solidariedade social na medida em que a confian a expectativa de que as coisas aconte am conforme o esperado ou seja o atendimento das necessidades de sa de se realize frustrada Na rea da Assist ncia Social o quadro n o muito diferente Vejamos resumidamente a trajet ria desse setor A Assist ncia Social a partir da Constitui o de 1988 e da LOAS 1993 sai da esfera da caridade p blica do voluntarismo que alimentava o clientelismo e 92 assistencialismo e se afirma como um direito do cidad o e um dever do Estado De pol tica isolada e complementar da Previd ncia Social que prestava ajuda ou favor ocasional e emergencial a assist ncia social passa a ter um car ter de direito de cidadania o que representou um grande avan o no que tange prote o social p blica n o contributiva no pa s Concebida como uma pol tica de prote o social um dos pil
371. ro previdenci rio para velhos pobres maiores de 70 anos e para inv lidos chamado de Renda Mensal Vital cia no valor de meio sal rio m nimo Este benef cio era concedido a quem tivesse contribu do por no m nimo doze meses para a Previd ncia Social O Minist rio do Trabalho e Previd ncia desmembrado com a cria o em 1974 do Minist rio da Previd ncia e Assist ncia Social que passou a incorporar a Legi o Brasileira de Assist ncia LBA que prestava assist ncia popula o carente a Funda o Nacional do Bem Estar do Menor FUNABEM que executava pol ticas 78 voltadas para o menor em grande parte de car ter punitiva a Central de Medicamentos CEME e a Empresa de Processamento de Dados da Previd ncia Social Dataprev Com o objetivo de reorganizar a Previd ncia Social criado em 1977 o Sistema Nacional de Previd ncia e Assist ncia Social SINPAS integrando as atividades da previd ncia social da assist ncia m dica da assist ncia social e da gest o administrativa financeira e patrimonial passando a centralizar al m dos rg os j citados o Instituto Nacional de Previd ncia Social INPS o Instituto Nacional de Assist ncia M dica da Previd ncia Social INAMPS e o Instituto de Administra o da Previd ncia Social IAPAS BERING e BOSCHETTI 2007 MARTINS 2001 Segundo Bering e Boschetti 2007 junto com a institucionaliza o da previd ncia da sa de e com menor import ncia
372. roposi es Il universaliza o dos direitos sociais a fim de tornar o destinat rio da a o assistencial alcan vel pelas demais pol ticas p blicas IIl respeito dignidade do cidad o sua autonomia e ao seu direito a benef cios e servi os de qualidade bem como conviv ncia familiar e comunit ria vedando se qualquer comprova o vexat ria de necessidade A organiza o da assist ncia social tem como base as seguintes diretrizes descentraliza o pol tico administrativa para os Estados o Distrito Federal e os 93 Munic pios e comando nico das a es em cada esfera de governo participa o da popula o por meio de organiza es representativas na formula o das pol ticas e no controle das a es em todos os n veis primazia da responsabilidade do Estado na condu o da pol tica de assist ncia social em cada esfera de governo LOAS Art 5 No processo de descentraliza o pol tico administrativa a LOAS estabelece as compet ncias das tr s esferas governamentais ficando o n vel federal com a fun o mais normatizadora e reguladora os estados com atribui es supletivas e de coordena o de a es e os munic pios com a responsabilidade da organiza o a presta o de servi os Entretanto romper com o modelo tradicional centralizador da gest o da pol tica assistencial no pa s vem sendo um processo lento Apenas em 1997 com a edi o da Norma Operacional B sica NOB insti
373. rsar crian as brincam em bandos grupos de jovens conversam nas portas das casas ou ficam nas esquinas observando o movimento os idosos tamb m circulam nas ruas fazem compras ou v o e v m das igrejas mas mais frequente encontr los nas suas casas com janelas e portas abertas fazendo trabalhos dom sticos ouvindo r dio muitos deles sintonizados em emissoras evang licas ou assistindo a programas na televis o enquanto filhos e netos entram e saem Apesar de todo esse movimento s o restritos os espa os de sociabilidade comunit ria A falta de planejamento urbano e a pr pria topografia da regi o faz com que o bairro n o disponha de pra as parques campos de futebol enfim inexistem reas destinadas s atividades culturais e de lazer que possibilitassem o encontro das pessoas de diferentes gera es Nesse sentido as igrejas ganham terreno uma vez que se constituem como um dos poucos espa os que congrega a diversidade de g nero e gera es 5 2 Os idosos quem s o e como vivem O trabalho de campo teve como ponto de partida a identifica o dos idosos do bairro Como o objetivo era conhecer as formas de troca e entreajuda entre os as 205 idosos as seus familiares e a comunidade observando os din micos arranjos familiares e ainda o conhecimento e o uso que os idosos fazem das pol ticas sociais espec ficas para este segmento da popula o o nico crit rio de participa o do a idoso a na pesquisa fo
374. rticula o do bloco pol tico conservador neoliberal no in cio dos anos 1990 impossibilitou uma posi o hegem nica capaz de garantir a implementa o da Seguridade tal como sugeria a Constitui o Deste modo no processo de elabora o dos regulamentos e legisla es espec ficas e complementares a Seguridade Social foi segmentada com aprova o de leis especificas para cada uma das reas A Lei Org nica da Sa de n 8 080 de 1990 as Leis do Custeio e dos Planos de Benef cios da Previd ncia 8 212 e 8 213 de 1991 a Lei Org nica da Assist ncia Social LOAS Lei 8742 de 1993 Na rea da Previd ncia foi crido em 1990 o Instituto Nacional de Seguro Social INSS e n o de Seguridade como se esperava respons vel pela administra o dos benef cios previdenci rios rg o vinculado ao ent o Minist rio do Trabalho e Previd ncia Social mediante a fus o do IAPAS com o INPS Na rea da sa de a assist ncia m dica foi totalmente transferida para o Minist rio da Sa de com a institui o do Sistema nico de Sa de SUS e extin o do INAMPS em 1993 O SUS passou a coordenar no mbito da Uni o todas as pol ticas destinadas a garantir o acesso universal e igualit rio de todos os cidad os s a es para promo o prote o e recupera o VIANNA 2005 A Assist ncia Social pouco a pouco foi ganhando autonomia primeiro vinculada ao Minist rio da Previd ncia e Assist ncia S
375. rumasse um homem que ele desculpe minha express o que ele quisesse s me usar eu mandava ele pra casa da zorra voc n o mandava n o Porque esse homem quando ele quer dorme a n o resolve nada na vida eu vou me meter pra ajudar E ainda tem filho ela tem um filho que n o dele e ele tem filho que n o dela E ela fica assim quando ele precisa ele acha relaxada ela e eu digo mesmo que relaxada ela ela que ainda t com ele eu n o taria mais N o porque o meu eu casei e s larguei por morte mas se eu visse que n o dava certo eu mandava ele rodar ficar perdendo tempo n o bota ela em casa ela trabalha nem despesa ela d a ele porque ela trabalha Aos 94 anos Sra Gleide tem a mobilidade comprometida anda com dificuldade mas bastante l cida bem humorada participa da vida dos dois filhos que moram com ela especialmente com um deles tamb m idoso que ela mais conta atribui isso ao fato dele morar com ela Ele mais chegado a mim mora aqui n Ele tem aquele cuidado Ele que tem mais cuidado que recebe meus trocadinho Recebe ajuda eventual dos outros filhos mas se refere especialmente aos filhos homens Quando eles podem que t mais desapertado eles me ajuda um pouquinho N o pode dar muito porque tem fam lia n O Orlando tem despesa o Carlito tamb m tem despesa quando ele pode me arranja qualquer coisinha e me d Na impossibilidade de rea
376. s principais raz es para n o terem permanecido junto s fam lias o que eles relatam A casa de minha sobrinha muito pequena eu dormia na sala num sof era muito inc modo ai achei melhor vim pra c Sra Josefa 80 anos mora no abrigo h 8 anos Morava com minha irm Mas eu n o gosto de l n o l tudo crente E eu sou cat lica Quero ir pra igreja e n o posso porque n o tem com quem ir A igreja de l precisa pegar carro e eu que n o posso sozinha Sra Paula est com 92 anos ficou deficiente visual no abrigo foi morar l aos 76 anos Morava com uma irm mas ela morreu depois fui morar com a outra que tem uma filha e depois vim para o asilo Eu gosto muito daqui tenho muitos anos aqui Sra Bernadete 92 anos solteira sem filhos mora no abrigo h mais de 8 anos Apesar de morar com a fam lia parentes aparecer como a pior coisa do mundo morar num abrigo tamb m nunca esteve nos planos deles Muitos v em isso como uma consequ ncia dos seus atos outros como a alternativa poss vel face a circunst ncias s cio econ micas e familiares tais como a necessidade de assist ncia e a falta de quem a d situa o econ mica prec ria dele e dos familiares N o nunca pensei Por consequ ncia da vida eu vim morar num abrigo ainda bem que tive uma op o boa n Antes quando eu morava com minha mulher e os filhos a nica coisa que pensava era na bebida
377. s velhice Posteriormente esse grupo passou a ser coordenado por um t cnico da SETRAS e foi incorporado s atividades desenvolvidas por aquela Secretaria agora sob o nome de N cleo Interinstitucional de A o Pr ldosos NIAPI congregando representantes de institui es que atuam na rea SESC SESI SBGG Associa o Obras Sociais Irm Dulce AOSID Abrigo D Pedro Il dentre outros al m dos coordenadores dos Grupos de Conviv ncia dos CSUs Esse N cleo continua atuante at hoje e o grupo de pessoas que dele participa o mesmo que est presente em outros f runs A pol tica do idoso no Estado resultado do empenho dessas pessoas O Conselho Municipal do Idoso CMI s foi criado em 18 de julho de 2005 pela Lei n 6 760 Ap s a institui o da PNI em janeiro de 1994 a Assembl ia Legislativa da Bahia atendendo ao que prescreve aquela Pol tica aprovou a Lei n 6 675 em 08 de setembro de 1994 que autoriza o Poder Executivo a instituir o Conselho Estadual do Idoso CEI Entretanto o referido Conselho s foi criado em mar o de 20024 ou seja quase oito anos depois e o mesmo s foi instalado em outubro daquele ano Estranhamente as referidas leis no artigo que define a composi o do Conselho j nomeiam as entidades da sociedade civil a se fazerem representar naquele f rum Essa defini o a priori fere os princ pios democr ticos que devem pautar a indica o dos participantes da sociedade c
378. s com a representa o dos v rios segmentos sociais para avaliar a situa o de sa de e propor as diretrizes para a formula o da pol tica de sa de nos n veis correspondentes Lei 8142 Art 1 8 19 O Conselho de Sa de um rg o de car ter permanente e deliberativo Funciona como um colegiado composto por representantes do governo prestadores de servi o profissionais de sa de e usu rios Atua na formula o de estrat gias e no controle da execu o da pol tica de sa de na inst ncia correspondente inclusive nos aspectos econ micos e financeiros cujas decis es ser o homologadas pelo chefe do poder legalmente constitu do em cada esfera do governo Idem 2 O CONASS e o CONASEMS t m representa o no Conselho Nacional de Sa de 39 A representa o dos usu rios nos Conselhos de Sa de e Confer ncias parit ria em rela o ao conjunto dos demais segmentos 4 O processo de implanta o do SUS teve como eixo principal a descentraliza o e a aten o b sica Neste sentido as Normas Operacionais editadas pelo Minist rio da Sa de foram mecanismos importantes deste processo especialmente a Norma Operacional B sica 01 96 NOB editada em 1998 Esta Norma trouxe mudan as importantes relacionadas estrutura o da aten o b sica amplia o e organiza o da rede de servi os p blicos al m de promover o aumento do volume de transfer ncias financeiras diretas do Fundo Nacional para os
379. s de adoecimento consultas m dicas ou festas que se tecem os t nues fios de solidariedade que restam Quando as rela es de ajuda ocorrem s o quase impercept veis ou mesmo invis veis aos olhos deles No caso das mulheres quando perguntado se d o algum tipo de ajuda a parentes ou amigos a resposta mais frequente ajudar como Se sentem impossibilitadas de dar qualquer tipo de ajuda se referem sempre ajuda financeira o dinheiro vai todo em rem dio S duas dizem ajudar financeiramente as sobrinhas Agora n o ajudo mais n o porque eles agora que est o bem eles que me ajudam agora De vez em quando que eu dou dinheiro a minha sobrinha Sra Bernadete 92 anos Ajudo ajudo minha sobrinha que mora com a m e porque ela n o tem emprego pra se dedicar m e Eu ajudo ela todo m s Sra Josefa 80 anos Dizem tamb m que n o contam com nenhuma ajuda de parentes ou amigos N o ningu m me ajuda n o s aquele de l de cima Sra Paula 92 anos Qui s eu me ajudo Sra Valdete 80 anos N o porque eu n o preciso de ajuda n Eu j to aqui tenho meu sal rio Sra Eug nia 85 anos 173 Mas em pelo menos cinco casos quem recebe os proventos s o as sobrinhas respons veis por elas perante o Abrigo Este tipo de ajuda prestada pelas sobrinhas nem sempre sem contrapartida Primeiro porque muitas vezes as idosas d o espontaneamente algum
380. s de solidariedade v m se constituindo historicamente as transforma es no processo de troca intergeracionais as repercuss es de cada um desses sistemas sobre o outro e a interdepend ncia que se estabelece entre eles configura se como uma possibilidade de compreender como v m se dando as rela es entre as gera es neste caso tendo como foco a gera o mais velha 17 Deste modo prop e se analisar essas formas de solidariedade intergeracionais n o isoladamente como em geral v m fazendo os poucos trabalhos na rea mas observando seus pontos de intersec o geradores n o s de solidariedade mas tamb m de conflitos Tomo como campo de an lise o cotidiano de trocas vivenciadas por mulheres e homens idosos pertencente s classes populares tanto aqueles que mant m v nculos de solidariedade prim ria idosos moradores da comunidade bairro quanto aqueles que se encontram em situa o limite entre a solidariedade prim ria a solidariedade secund ria ou p blica e a prestada por estranhos idosos as moradores as de asilo p blico Pretende se assim analisar o processo hist rico social no qual foram elaboradas as pol ticas de prote o social em especial as pol ticas voltadas para a popula o mais velha verificar como tais pol ticas v m se efetivando no contexto atual observando por um lado como elas v m repercutindo nas rela es de solidariedade intergeracionais na fam lia e por outro como a solidaried
381. s de velhos passado e presente Estudos Interdisciplinares sobre o envelhecimento v 2 p 67 87 1999 Porto Alegre UFRGS n cleo de Estudos Interdisciplinares sobre o envelhecimento PROREXT UFRGS GUERRERO P Universidade da 3 Idade a experi ncia da PUC de Campinas In Bahia An lise amp Dados SEI Salvador V 6 n 1 jun 1996 HAREVEN T K Novas imagens do envelhecimento e a constru o social do Curso da Vida Cadernos Pagu Dossi G nero em Gera es S o Paulo UNICAMP n 13 p 11 35 1999 271 HER DIA V B M CASARA B M CORTELLETTI A RAMALHO M H SASSI A BORGES M N A realidade do idoso institucionalizado Textos Envelhecimento v 7 n 2 Rio de Janeiro 2004 IANNI Octavio O jovem radical In Industrializa o e desenvolvimento social Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1963 IBGE SESAB DICS INDICADORES DEMOGR FICOS SOCIAIS E DE SA DE SALVADOR BAHIA 2002 dispon vel em http www saude ba gov br dados saude publicacoes IDSS 2002 paf IBGE S ntese de Indicadores Sociais 2005 Estudos e Pesquisas informa es demogr ficas e socioecon micas Rio de Janeiro n 17 2006 IBGE S ntese de Indicadores Sociais 2007 Estudos e Pesquisas informa es demogr ficas e socioecon micas Rio de Janeiro n 21 2007 IPEA Pol ticas Sociais Acompanhamento e An lise N 13 Edi o Especial 2006 KEYNES J M A teoria geral do emprego do juro e da moeda S o Pau
382. s e solenes das festas familiares BOURDIEU 1996 p 129 130 A fam lia tamb m considerada o lugar b sico da d diva o lugar onde ela se mostra intensamente onde se aprende a dar sem pedir nada em troca Godbout 1999 p 41 afirma que a fam lia se fundamenta ela pr pria no princ pio da d diva A uni o de dois estranhos cria o v nculo pr prio da d diva formando o n cleo daquilo que ser o lugar menos estranho o da pr pria defini o do que n o estranho a fam lia o encontro entre dois estranhos que produz a rela o de d diva o lugar de transmuta o o lugar de nascimento do aparecimento do v nculo social e n o apenas biol gico atrav s dessa transmuta o de estranho a familiar que a sociedade perpetua se como sociedade renovando a alian a em cada gera o Mas a fam lia lembra Britto da Motta 1998 71 tamb m o lugar social dos afetos radicais onde as rela es s o quase simbi ticas as afei es mais doces e os embates entre os sexos g neros e as gera es podem ser mais dolorosos Onde se encontram os modelos de sentimentos em estado mais depurado os amores as aceita es ilimitadas as mais fundas 240 solidariedades ou as rejei es mais chocantes os conflitos cotidianizados ressentimentos inexplic veis e dios Expl citos ou recalcados As rela es familiares comportam tanto atos solid rios amor incondicional quanto conf
383. s fi is companheiros Bug e Belinha que sempre me acompanharam madrugada a dentro RESUMO O trabalho documenta e analisa as novas formas de solidariedade intergeracional considerando que nas sociedades contempor neas as rela es sociais se tornaram mais complexas medida em que as estruturas social e familiar se reconfiguraram alterando as formas de troca entre as gera es A institucionaliza o do sistema de prote o social p blico ou da solidariedade p blica concorreu para modificar a din mica do sistema de prote o social familiar ou das solidariedades prim rias Tomo como campo de an lise o cotidiano das trocas vivenciadas por mulheres e homens idosos pertencentes s classes populares de Salvador em contextos relacionais distintos ou seja aqueles que mant m v nculos de solidariedade prim ria representados por idosos as moradores da comunidade bairro e aqueles que se encontram em situa o limite entre a solidariedade prim ria a solidariedade secund ria ou p blica e a prestada por estranhos representados por idosos as moradores as de asilo p blico Trata se de um estudo qualitativo a partir da observa o direta com registro sistem tico das visitas em di rio de campo e entrevistas semi estruturadas e abertas feitas com trinta e um idosos as e seis profissionais vinculados gest o p blica da velhice Considerando que a solidariedade familiar n o dada mas constru da na din mica das rela es de
384. s idosos no processo de desenvolvimento dos pa ses Nesse sentido Camarano 2004 p 255 afirma que as recomenda es eram voltadas especialmente para idosos dos pa ses desenvolvidos Suas necessidades deveriam ser ouvidas pois agregavam valor economia e permitiam o desenvolvimento de um novo nicho de mercado Para tanto era necess rio construir uma imagem e mais que isso reconhecer o idoso como ator social com necessidades especificas Assim as recomenda es centravam se na promo o da independ ncia e autonomia f sica e financeira dos idosos e por outro lado na medicaliza o do processo de envelhecimento Dando seguimento s propostas da Assembl ia Mundial sobre o Envelhecimento a Assembl ia Geral da ONU aprovou em 1991 os Princ pios das Na es Unidas em Prol das Pessoas Idosas Os dezoito princ pios adotados foram divididos em cinco sess es Independ ncia implica na promo o do acesso a direitos b sicos tais como alimenta o habita o gua cuidados de sa de al m de oportunidade de trabalho remunerado e educa o Participa o requer a participa o das pessoas idosas na formula o e aplica o das pol ticas que dizem respeito ao seu bem estar cria o de espa os de compartilhamento de seus conhecimentos e habilidades com pessoas de outras gera es bem como a forma o de grupos e associa es Cuidados afirmam que as pessoas idosas deveriam desfrutar dos cuidados fam
385. s netos esse mermo que fez 18 anos eu mermo falei pra ele que vou d um dinheiro a ele pra ele fazer essa carteira do ex rcito 218 Sra Edna 72 anos uma das poucas que fala mais explicitamente dos conflitos familiares do dif cil relacionamento com seus dois filhos Ela dividiu literalmente levantou uma parede dividindo a casa em duas com entradas independentes a casa dela com o filho que casou e hoje tem dois filhos 3 e 4 anos Mas se refere assim rela o que tem com ele o filho mais pra l pro lado da fam lia dela a nora pra l pra mulher dele acredita mais nela e Complementa enfaticamente um vizinho Se tiver alguma coisa assim pra fazer a ele vem ainda faz mas os vizinhos tudo me ajuda Ele faz assim toma a ben o ben a m e Vim pra aqui dif cil entra na casa dela assim de ano em ano Com a filha que tamb m tem dois filhos de companheiros eventuais uma de 16 anos j casada e morando pr xima casa da av e a outra de 10 anos que vive sob os cuidados da idosa pois ela est na Barra com um alem o a situa o ainda pior A minha filha esquisita n o conversa comigo quase que nunca nem a vida dela pouca coisa Ela esquisita uma pessoa que desde pequena que ela calada As rela es de ajuda fluem mais no sentido da idosa para os filhos e especialmente os netos Mesmo com prolapso da bexiga popularment
386. s pre os dos ingressos al m de valorizar a mem ria e a transmiss o de informa es e habilidades do idoso aos mais jovens como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural 38 N o prop sito desta exposi o apresentar a integra do Decreto 1 948 que regulamenta a Pol tica Nacional do Idoso mas apenas apresentar alguns aspectos considerados relevantes para fim desta pesquisa 112 Cabe ao Minist rio da Justi a zelar pela aplica o das normas referentes aos direitos dos idosos e encaminhar as den ncias ao rg o competente do Poder Executivo ou do Minist rio P blico para defender os direitos da pessoa idosa junto ao Poder Judici rio As quest es relacionadas ao cr dito para acesso habitacional e a cria o de alternativas habitacionais adequadas para a popula o idosa e elimina o de barreiras arquitet nicas em equipamentos urbanos de uso p blico compete aos Minist rios do Planejamento e Or amento e atualmente tamb m ao Minist rio das Cidades 8 e aos Conselhos Compete ao Conselho Nacional da Seguridade Socia setoriais no mbito da seguridade a formula o coordena o supervis o e avalia o da Pol tica Nacional do Idoso respeitadas as respectivas esferas de atribui es administrativas O Decreto garante ao idoso o atendimento preferencial nos rg os p blicos e privados prestadores de servi os popula o e assegura o dever da Uni o Estados Distrito Federal e M
387. s tempo independentes e aut nomas reflexo do processo de individualiza o por que vem passando a fam lia como ser discutido mais adiante 6 A refer ncia fam lia aqui corresponde defini o do IBGE na PNAD Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar qual seja um conjunto de pessoas ligadas por la o de parentesco depend ncia dom stica ou norma de conviv ncia residindo na mesma unidade domiciliar ou a pessoa que mora s em uma unidade domiciliar PNAD 1992 1993 1995 1996 38 A fam lia composta de casal e filhos ainda o tipo prevalecente por m este tipo de estrutura familiar vem diminuindo e na ltima d cada houve um decr scimo em mais da metade Por outro lado aumentou a propor o de fam lias compostas de mulheres sem c njuge e com filhos Outro dado que vem dando impacto significativo na estrutura e organiza o familiar o aumento da popula o idosa que j passa de 9 7 da popula o brasileira Este crescimento tem ocorrido de forma desigual entre homens e mulheres como pode ser observado para cada 100 mulheres idosas h 78 6 homens idosos e para maiores de 80 anos esta diferen a aumenta de 56 4 homens para 100 mulheres Estes dados revelam a import ncia da categoria g nero quando se trata de analisar as quest es relacionadas ao envelhecimento e s rela es de troca intergeracionais que ocorrem tanto na fam lia quanto atrav s das pol ticas sociais que p em especialmente as mulh
388. sa e as categorias b sicas de an lise o campo emp rico da pesquisa mostrou se naturalmente No primeiro caso n o havia escolha poss vel na medida em que Salvador s disp e de um Asilo inteiramente p blico o Abrigo D Pedro Il O referido Abrigo uma institui o Municipal vinculada e mantida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social SEDES No segundo caso as escolhas eram m ltiplas Optou se ent o por definir um recorte geogr fico concentrando a pesquisa em um nico bairro da cidade A escolha do bairro se deu em fun o de alguns crit rios que mais atendiam aos objetivos da pesquisa possibilidade de acesso aos idosos e certa aproxima o destes ao perfil dos idosos asilados quanto a renda escolaridade ocupa o enfim idosos pertencentes s classes populares O bairro escolhido foi Pau da Lima que atendia a esses requisitos 43 Dada a complexidade dos caminhos que as rela es intergeracionais v m tomando nas sociedades contempor neas fruto das r pidas transforma es sociais e para maior compreens o e aprofundamento da problem tica em quest o a coleta de dados se deu em dois n veis Por um lado se fez necess rio uma ampla revis o da literatura sobre a trajet ria da prote o social p blica e familiar assim como a an lise de documentos oficiais que constituem o escopo das pol ticas sociais para a velhice produzidos nas ltimas d cadas A an lise desses documentos possibilitou acompan
389. se aos problemas j existentes desemprego pobreza desigualdade social crescente etc O envelhecimento aparece como um grande vil o apontado como um dos principais respons veis pela crise do prec rio sistema de prote o social brasileiro Por outro lado as fam lias v m enfrentando dificuldades para manter o sustento e os encargos dos membros que se encontram em situa es de vulnerabilidade as crian as os adultos desempregados os velhos Nos pa ses centrais onde o modelo do Welfare State foi implementado no p s guerra o Estado tendo como princ pio a igualdade buscou garantir a universalidade dos direitos sociais atrav s da oferta de certos bens e servi os a todos os cidad os sem discrimina o de ra a classe cren a ou posi o partid ria Durante os chamados gloriosos trinta poca de pleno emprego e oferta de pol ticas sociais universais o Estado passou a assumir fun es tradicionalmente desempenhadas pela fam lia socializa o de crian as assist ncia aos idosos presta o de cuidados a idosos e doentes etc ficando esta ltima em segundo plano Parecia que o Estado seria capaz de substituir a fam lia tanto na produ o como na reprodu o social ou seja O indiv duo cidad o poderia viver dependendo apenas do Estado e do trabalho e n o mais das chamadas sociabilidades comunit rias e familiares CARVALHO 2003 Com esse sistema de redistribui o acreditava se que o Estad
390. seja 36 uma situa o em que se entra em uma rela o social apenas pela pr pria rela o pelo que pode ser derivado por cada pessoa da manuten o de uma associa o com outra e que s continua enquanto ambas as partes considerarem que extraem dela satisfa es suficientes para cada uma individualmente para nela permanecerem GIDDENS 1993 p 68 69 Das rela es puras emerge o que Giddens chama de amor confluente que ao contr rio do amor rom ntico um amor ativo contingente e por isso entra em choque com as categorias para sempre e nico da id ia do amor rom ntico GIDDENS 1993 p 72 H um n mero maior de possibilidades de relacionamentos n o mais exclusivamente monog mico e heterossexual O casamento desse modo j n o visto pela maior parte das pessoas como eterno mas ainda muito forte a ideologia do amor rom ntico e da fidelidade No lugar dos relacionamentos duradouros surge a chamada monogamia serial ou seja h uma centralidade tempor ria da rela o dual O div rcio e recasamentos s o recorrentes e provocam mudan as na constitui o da fam lia e o seu descentramento A forma o de novos arranjos a inclus o de novos membros especialmente crian as torna pouco n tidas as fronteiras da unidade familiar dificultando a defini o de pap is levando dispers o do poder de quem a responsabilidade por quem quem tem qual ou tal obriga
391. selho nacional de assist ncia social CNAS Rio de Janeiro IPEA 2003 Texto para discuss o n 1005 CHAIMOWICZ F GRECO D B Din mica da institucionaliza o de idosos em Belo Horizonte Brasil Revista Sa de P blica v 33 n 5 S o Paulo out 1999 CORDERO B C Universaliza o da Previd ncia Social no Brasil uma quest o ainda em aberto Disserta o fl 99 Universidade Estadual de Campinas Instituto de Economia Campinas SP 2005 COSTA N E MENDON A J M ABIGAIL A Pol ticas de assist ncia ao Idoso a constru o da pol tica nacional de aten o pessoa idosa no Brasil In FREITAS E et all Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2002 DEBERT G G A reinven o da velhice S o Paulo Editora da Universidade de S o Paulo Fapesp 1999 DELBES C GAYMU J Les families quatre g n rations Informations Sociales Paris v 32 p 8 12 1998 DELGADO G C CARDOSO Jr J C O idoso e a previd ncia rural no Brasil a experi ncia recente da universaliza o Rio de Janeiro IPEA texto para discuss o n 688 DOMINGUES J M Interpretando a modernidade imagin rio e institui es Rio de Janeiro FGV 2002 DRAIBE S As pol ticas sociais brasileiras diagn stico e perspectivas In IPEA Para a d cada de 90 prioridades e perspectivas de pol ticas p blicas Bras lia IPEA 1990 DRAIBE S O padr o brasileiro de prote o social desafios de
392. ser a responsabilidade do cuidado domiciliar Observa se claramente a mudan a de perspectiva adotada nesta nova pol tica de sa de do idoso N o h mais a preocupa o em que o Estado assuma a responsabilidade dos cuidados com sa de dos idosos nem que tais responsabilidades recaiam sobre a fam lia especialmente sobre as mulheres como explicitado no documento anterior mas ao contr rio declara explicitamente a quem compete cuidar dos idosos dependentes e fr geis a fam lia Seguindo essa perspectiva em 2006 o Minist rio da Sa de p blica um Caderno de Aten o B sica de normas e manual t cnico intitulado Envelhecimento e sa de da pessoa idosa direcionado aos profissionais que atuam na Aten o B sica Nele oferece informa es t cnicas espec ficas relativas sa de da pessoa idosa Como todo manual orienta a conduta adequada para o desenvolvimento das a es com essa popula o acolhimento comunica o promo o de h bitos saud veis avalia o global do idoso atribui es dos profissionais dentre outras Mas o que mais chama a minha aten o o cap tulo que aborda a quest o do Suporte familiar e social especialmente o item que se refere Avalia o da funcionalidade familiar O t tulo j J4 indica o conte do a ser tratado Sintetizando a fam lia compreendida como um sistema Teoria Sist mica de rela es de ganhos e perdas distribui o de poder
393. so Bras lia MPAS SAS 1997 NERI A L Org Idosos no Brasil Viv ncias Desafios e Expectativas na Terceira Idade S o Paulo Funda o Perceu Abramo Sesc 2007 NUNES J A Com mal ou com bem aos teus te at m As solidariedades prim rias e os limites da sociedade provid ncia Revista Cr tica de Ci ncias Sociais N 42 maio 1995 OFFE C Problemas estruturais do Estado Capitalista Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1984 ORGANIZA ES DAS NA ES UNIDAS Plano de a o sobre o envelhecimento 2002 Plano e a o de Arlene dos Santos Bras lia Secretaria dos Direitos Humano 2008 PEIXOTO C De volta s aulas ou de como ser estudante aos 60 anos In VERAS R org Terceira Idade desafios para o terceiro mil nio Rio de Janeiro Relum Dimar UnATI UERJ 1997 Entre o estigma e a compaix o e os termos classificat rios velho velhote idoso terceira idade In LINS DE BARROS Myriam org Velhice ou Terceira Idade Rio de Janeiro Funda o Getulio Vargas 1998 275 Aposentadoria retorno ao trabalho e solidariedade familiar In org Fam lia e envelhecimento Rio de Janeiro Funda o Get lio Vargas 2004 Pref cio In SINGLY F Sociologia da fam lia contempor nea Rio de Janeiro FGV 2007 PFEIFER M NOGUEIRA V M R O papel do Estado e o Welfare Mix Emancipa o 5 1 143 160 2005 PINHEIRO L I F Fundo Nacional de Assist ncia Social da teoria
394. sos que l moravam aproximadamente 70 tiveram que ser remanejados Os homens passaram a ocupar o sal o feminino da parte inferior do casar o e as mulheres 153 foram redistribu das entre o sal o restante sal o do andar superior do casar o e a sala de conviv ncia que tomou a forma de um acampamento de guerra Os jornais locais noticiaram o ocorrido e enfatizavam mais que a dif cil situa o em que os idosos se encontravam a necessidade de recupera o do patrim nio hist rico e social O enfoque principal era dado ao palacete do s culo XIX Os jornais anunciavam a busca de parcerias para efetivar a reforma Em declara o feita ao jornal Correio da Bahia 12 10 2006 o ent o Secret rio do Desenvolvimento Social reconheceu as prec rias condi es do local mas alegava n o dispor de recursos para fazer reforma j que tem um alto custo com alimenta o e manuten o da equipe de profissionais portanto precisava de ajuda de empresas privadas No mesmo artigo do jornal a gerente do Abrigo faz o seguinte coment rio Existem males que v m para bem Parece que essa ressaca que acabou de arruinar nossas instala es serviu para chamar a aten o de todos Agora perceberam que estamos aqui caindo e precisando de ajuda Esta fala revela ainda que de forma velada pois n o indica quem s o todos o descaso do poder p blico com aqueles que t m o dever de garantir prote o como determina
395. spio mas sair da minha casa pra casa de vizinho nenhum n o Alice Eu trato meus vizinhos muito bem porque na hora que eu precisar t de bra os abertos Paloma Para os idosos especialmente nos momentos de crise de doen a que o n o cumprimento da obriga o de fazer ou receber visita do vizinho quase imperdo vel Se tiver doente chego na porta mas se n o tiver passo direto cada um na sua casa N o ocupo vizinho com nada s meus filhos Marina Se eu precisar tirar a press o e meu filho n o tiver em casa e a filha dela vizinha tiver a a ela vem e tira S chamar ela Am lia Os vizinhos cada qual respons vel Eu n o vou na casa dos vizinhos Quando t doente geralmente eu v procurar saber se por exemplo morre ou vai no hospital alguma coisa eu procuro saber Mas pra ficar trocando vai aqui vai ali vizinho aqui vizinho ali eu n o gosto n o Paula Todos os vizinhos aqui foi me visitar Valdemir quando teve derrame e esteve internado no hospital Vem sempre uma vizinha aqui pra v como eu t Gleide elas n o vem aqui n o Mesmo que eu adoe a ningu m vem aqui Sra Josefa fala com magoa dos vizinhos Essas rela es entretanto n o se fazem apenas de solidariedades mas tamb m de conflitos Os conflitos s o gerados especialmente quando h quebra das 221 normas da boa vizinhan
396. sso hist rico social Singly 2000 2007 traz uma grande contribui o para compreens o das transforma es nas rela es familiares que n o s o percept veis nos dados estat sticos e sua vincula o com as pol ticas sociais o que o autor cnama de duplo movimento uma privatiza o da fam lia na medida em que ela fica mais sens vel qualidade das rela es interpessoais e uma socializa o do grupo familiar frente interven o do Estado Esse autor considera que a fam lia contempor nea relacional individualista privada p blica Segundo ele a fam lia moderna no per odo que vai do in cio s culo XX at a d cada de 1960 se caracterizava como um grupo formado por pai provedor m e cuidadora e filhos ou seja pap is familiares bem definidos centrada no amor e na afei o estando os adultos a servi o do grupo especialmente das crian as Nas fam lias atuais o amor persiste o casal s fica junto enquanto o amor existir e os pais devem dar aten o aos seus filhos entretanto diferem da anterior na medida em que o 40 elemento central n o mais o grupo reunido s o os membros que a comp em SINGLY 2000 p 15 A nova fam lia se distingue assim da anterior pela import ncia que passa a assumir o processo de individualiza o Esse processo de individualiza o tornou a fam lia um espa o privado a servi o dos indiv duos Como esclarece Peix
397. ssos de transforma o demogr fica e as diferentes condi es de vida social e familiares existentes principalmente entre os pa ses desenvolvidos e em desenvolvimento Enfatiza a import ncia da participa o e da contribui o dos idosos na vida econ mica pol tica social e cultural de suas sociedades devendo favorecer a perman ncia no trabalho aqueles idosos que desejarem Deve se reconhecer tamb m que a contribui o dos idosos vai al m de suas atividades econ micas e n o pode ser medida apenas em termos econ micos mas devem ser levados em conta por exemplo os cuidados prestados aos membros da fam lia o trabalho produtivo de subsist ncia a manuten o dos lares e a realiza o de atividades volunt rias na comunidade Interessante observar que v rios artigos da declara o pol tica e do Plano atribuem aos governos a responsabilidade pelos idosos e pelas quest es relacionadas ao envelhecimento reconhecendo a import ncia da fam lia das organiza es n o 117 governamentais das associa es de idosos da comunidade etc mas como coadjuvantes do governo Reconhecemos a import ncia da fun o das fam lias dos volunt rios das comunidades das organiza es de idosos e outras organiza es de base comunit ria para prestar aos idosos apoio e cuidados informais complementarias aos proporcionados pelos governos PNUD SEDH 2003 Art 15 p 22 Grifos nossos Os governos s o os principa
398. stados mora no bairro h mais de trinta anos isso significa dizer que ali constitu ram suas fam lias criaram seus filhos acompanharam o crescimento do bairro assim como das fam lias que ali foram chegando Nesse processo de sociabilidade local foram construindo e estreitando os la os e as redes de vizinhan a No caso dos idosos em quest o observa se que a proximidade espacial dos filhos faz deles seus vizinhos imediatos a eles que os idosos mais recorrem na hora da necessidade Desse modo a rede de vizinhan a em geral s acionada na aus ncia ou impossibilidade dos filhos atenderem demanda Como diz dona Alice antes um vizinho perto que um parente longe n Porque muitas vezes voc vai se servir com um vizinho que t perto n o com um parente que t longe 225 Essa rela o de vizinhan a regulada por uma l gica ao mesmo tempo de intimidade e distanciamento mas principalmente de confian a e reciprocidade Ao mesmo tempo em que se conhecem intimamente os afetos e conflitos familiares n o conveniente frequentar a casa do vizinho Dona Marina expressa bem isso Todo mundo aqui na rua amigo mas eles l e eu aqui n o gosto de casa de ningu m No que concerne s mulheres essa premissa se revela fortemente como uma quest o de g nero Socializadas para desenvolver atividades no mbito dom stico diferente dos homens preparados para o espa o da rua do traba
399. t o teto de 70 de qualquer benef cio previdenci rio ou de assist ncia social percebido pelo idoso Esta medida de suma import ncia para coibir a cobran a abusiva que vem sendo praticada por institui es desta natureza Deixa a cargo dos Conselhos Municipais do Idoso ou dos Conselhos Municipais da Assist ncia Social estabelecer a forma de participa o financeira dos idosos de modo a n o ultrapassar o percentual previsto Art 34 8 1 e 2 Destacam se aqui os artigos referentes s institui es de atendimento ao idoso especialmente as ILPI foco de interesse deste trabalho As institui es de assist ncia ao idoso sejam elas governamentais ou n o dever o inscrever seus programas junto ao rg o competente da Vigil ncia Sanit ria e Conselho Municipal da Pessoa Idosa e em sua falta junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa especificando os regimes de atendimento As ILPI dever o adotar os seguintes princ pios preserva o dos v nculos familiares atendimento personalizado e em pequenos grupos manuten o do idoso na mesma institui o salvo em caso de for a maior participa o do idoso nas atividades comunit rias de car ter interno e externo observ ncia dos direitos e garantias dos idosos preserva o da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade O dirigente da institui o o responsabilizado civil e criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso
400. t em 1662 autoriza os respons veis locais a expulsar os forasteiros que pudessem vir a precisar das par quias fixando os indigentes nas par quias locais Legisla es desta natureza se espalharam pela Europa a fim de erradicar a mobilidade do trabalhador livre ou servil fixando os nos seus lugares de trabalho e os submetendo s condi es tradicionais de trabalho e remunera o ofertadas e ao mesmo tempo proibindo aqueles que t m condi es de trabalho de recorrer assist ncia O tipo de assist ncia que tem como base a proximidade torna se mais dif cil medida que as cidades crescem e as rela es de sociabilidade urbana se distendem Paralelamente a estes fatos houve um aumento no n mero de mendigos representando um risco de constitu rem se como uma esp cie de povo independente que n o conhece nem lei nem religi o nem autoridade nem pol cia CASTEL 2008 p 75 Frente ao perigo social que os pobres mendigos e doentes passam a representar implementa se no s culo XVII pr ticas de reclus o da popula o mendicante em hospitais gerais A disciplina institu da nestes locais numa combina o de trabalho for ado e ora es deveriam permitir a aprendizagem da ordem e a reeduca o do recluso possibilitando seu retorno comunidade de origem como um membro til dela Castel reconhece tal pr tica como radical mas necess ria para restabelecer o v nculo comunit rio uma vez que ela n
401. ta mais de fulana n o a gente gosta de todos mas aquele que mais procura a gente fica mais apegado O que nunca lhe procura voc lembra porque m e nunca esquece mas n o t o chegado como o outro que procura todo dia toda hora Hoje dona Alice n o depende financeiramente de nenhum filho mas confessa que trabalhou muito para isso porque tinha medo de eu amanh ou depois eu ficar procurar uma casa de meus filhos a casa dos meus genros eu n o queria A incerteza do futuro o receio da depend ncia dos filhos quando n o tivesse mais for as o exemplo da experi ncia de viol ncia e maus tratos cometidos por filhos as noras e genros especialmente contra pessoas idosas impulsionaram dona Alice a batalhar e para ter seus pr prios recursos ter que ir pra casa de um filho ou pra casa de uma nora ser maltratado porque hoje ningu m quer ningu m em suas casas quer algu m em casa N o quer principalmente se tiver velho e doente e sem recursos Se tiver um recurso e ainda d pra eles eles tiram e fazem que gostam de voc Porque a gente v os exemplos a E principalmente ter o seu cantinho e n o precisar nem dos filhos 223 A gente quando t velho tamb m da minha idade gosta de seu cantinho todo mundo gosta de ter seu pr prio cantinho porque na casa dos outro a gente nunca se sente vontade a gente gosta de nosso canto pra gente acabar nossos dia de
402. tados dois Gerentes que assumiram a administra o da Institui o no per odo da pesquisa e uma Assistente Social do Abrigo uma t cnica do Programa do Idoso da Secretaria Estadual de Trabalho Assist ncia Social e Esporte SETRAS e um t cnico da Coordena o de Pol ticas para o Idoso da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate Pobreza SEDES uma profissional que faz parte do Conselho Estadual do Idoso a t cnica respons vel pela 44 rea do Idoso na Secretaria de Sa de do Estado da Bahia SESAB Os roteiros das entrevistas encontram se em anexo O Abrigo foi o campo que demandou mais tempo de acompanhamento seja por quest es administrativas seja porque se fazia necess rio estar presente para observar as intera es que os idosos mant m no espa o institucional com familiares com visitantes e entre eles Para a realiza o das entrevistas com os idosos as o estabelecimento de um v nculo mais duradouro foi indispens vel uma vez que as constantes visitas de estranhos muitas vezes os tornam mais resistentes ou evasivos a responder algumas quest es O trabalho no Abrigo alternou per odos de visitas mais sistem ticas de duas a tr s vezes por semana e per odos mais espa ados A entrada nesse campo foi negociada com a administra o do pr prio Abrigo que demonstrou logo de in cio a preocupa o em desfazer a imagem do asilo como dep sito de velhos A perman ncia em campo exigiu continu
403. tados ficou entre 63 anos o mais novo e 83 o mais velho quatro entre 63 e 68 cinco entre 74 e 79 anos Todos eles s o independentes apesar de alguns apresentarem dificuldade para andar O n vel de instru o escolar entre eles as baixo as diferen as de g nero s o mais acentuadas as mulheres apresentam maior defasagem acompanhando os dados estat sticos e de pesquisa referentes escolariza o da popula o dessa gera o Quatro mulheres e s um homem n o foram alfabetizados um dos homens tem o segundo grau completo fez curso de sargento da PM Todos os outros t m pouco estudo as mulheres em m dia s um ano os homens at o terceiro ano prim rio A grande maioria deles tanto os homens quanto as mulheres negra como comum entre as classes populares na Bahia e procedente da zona rural tiveram experi ncia de trabalho na ro a e vieram para Salvador em busca de melhores oportunidades de trabalho acompanhados dos pais ou sozinhos As mulheres trabalharam principalmente como dom sticas em casa de fam lia 5 mas tamb m costureira 2 lavadeira 2 e s uma teve trabalho formal como censora em uma escola Cinco dos homens tiveram trabalho formal motorista 2 almoxarife caseiro PM os outros trabalharam informalmente como pintor pedreiro 2 vendedor ambulante 2 Todos recebem aposentadorias ou benef cio exceto um homem que n o contribuiu e ainda n o tem idade para receber ben
404. tem uns que serve para a gente conversar Tamb m tem as festinhas e eu nunca estou sozinho Aqui estamos guardados e protegidos e tem m dico Jos 78 anos separado 17 filhos morava sozinho foi assaltado em casa 167 4 4 As rela es familiares no passado e no presente As hist rias de vida e os relatos feitos pelos as idosos as revelam a fragilidade dos v nculos sociais e familiares que inviabilizaram sua perman ncia na comunidade As rela es familiares s o vividas e expressas diferentemente pelos homens e mulheres Para os homens essas rela es s o dif ceis especialmente por duas raz es primeiro pela multiplicidade de rela es amorosas que eles mantiveram e romperam segundo pelo uso continuo e abusivo de bebida alco lica muito comum entre eles alguns at hoje cerca de 70 dos entrevistados t m hist ria de alcoolismo Ambas as situa es tiveram repercuss o no relacionamento com os filhos muitos deles abandonados por eles na inf ncia e em alguns casos s vindo a relacionar se com eles mais recentemente A trajet ria percorrida por eles os homens anterior ao asilamento demonstra as tentativas de conviv ncia familiar ou comunit ria frustradas em decorr ncia das suas hist rias pregressas dos conflitos familiares e intergeracionais Seis deles tiveram a experi ncia de morar com parentes filhos sobrinhos ou irm o mas n o deu certo Concluem assim que morar com parente
405. titui o Federal reformulou a pol tica de assist ncia sa de por meio da cria o do Sistema nico de Sa de SUS 86 passando esta a ser um direito de todos e um dever do Estado pautado em valores de solidariedade e cidadania O Sistema nico de Sa de fruto de um longo processo de luta dos t cnicos e profissionais da rea que culminou com o movimento pela Reforma Sanit ria Segundo Mercadante s d p 249 as principais bandeiras desse movimento eram 1 a melhoria das condi es de sa de da popula o 2 o reconhecimento da sa de como direito social universal 3 a responsabilidade estatal na provis o das condi es de acesso a esse direito 4 a reorienta o do modelo de aten o sob a gide dos princ pios da integralidade da aten o e da equidade 5 a reorganiza o do sistema com a descentraliza o da responsabilidade pela provis o de a es e servi os A VIII Confer ncia Nacional de Sa de CNS realizada em 1986 com ampla participa o tanto de segmentos t cnicos da sa de e da previd ncia social quanto de representantes dos usu rios dos servi os de sa de legitimou tais propostas A Constitui o Federal de 1988 acata e incorpora no seu texto as propostas da CNS reconhecendo a sa de como direito social direito do cidad o garantindo o acesso gratuito universal e igualit rio s a es e servi os visando promo o prote o e recupera o da sa de de todos os cidad os
406. tivos com em m dia 20 camas separadas por biombos parciais nas laterais da cama parte deles improvisados H um corredor no centro do quarto entre as camas onde circulam tanto os pr prios moradores quanto os funcion rios e visitantes Este corredor conduz aos sanit rios coletivos e a uma pequena copa cozinha utilizada apenas para lavagem de utens lios e preparo de ch s e similares Toda a alimenta o fornecida aos idosos preparada fora da institui o por uma empresa contratada terceirizada pela prefeitura N o h um refeit rio coletivo comum para todos Em alguns sal es h um pequeno refeit rio e em outros os idosos fazem as refei es nos seus pr prios espa os neste espa o de aproximadamente 6 metros quadrados ocupado por uma cama e dois pequenos arm rios sem nenhuma privacidade que se resume tudo de valor material ou simb lico que se adquiriu ao longo da vida S o quatro sal es femininos dois dos quais funcionando na parte do casar o que foi reformado e dois masculinos N o h dormit rios para casais quando um casal internado eles s o alojados em sal es diferentes Estes c modos s o impecavelmente cuidados e limpos camas sempre arrumadas em alguns dormit rios uniformemente sempre supervisionadas pelos olhares atentos das Irm s que n o permitem que os idosos permane am nos leitos com exce o dos acamados Na poca em que os dados dos prontu rios sociais foram coletados
407. tos cient ficos e sociais interessados nas quest es relacionadas sa de do idoso A PNSI preconiza a es interdisciplinares atrav s de interven es multisetoriais tendo como premissas b sicas a no o de cidadania participa o e controle social A PNSI institu da em 1999 tinha como finalidade promover o envelhecimento saud vel manter e ou melhorar ao m ximo a capacidade funcional dos idosos prevenir doen as recuperar a sa de e reabilitar aqueles que venham a ter a sua capacidade funcional restringida de modo a garantir lhes perman ncia no meio em que vivem exercendo de forma independente suas fun es na sociedade E ainda tinha como meta capacitar recursos humanos especializados oferecer apoio ao desenvolvimento de cuidados informais e apoiar estudos e pesquisas na rea Concebe a capacidade funcional como conceito de sa de mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar a aten o sa de do idoso definindo a como a capacidade de manter as habilidades f sicas e mentais necess rias para uma vida independente e aut noma Este conceito ultrapassa o enfoque tradicional de diagn stico e tratamento de doen as espec ficas na medida em que parte da avalia o do desempenho de atividades de vida di ria do idoso Reconhece que a fam lia tradicionalmente considerada o mais efetivo sistema de apoio aos idosos vem passando por mudan as estruturais e comportamentais div rcios recasamentos
408. tras doen as neurodegenerativas etilismo neoplasia terminal amputa es de membros tenham pelo menos uma incapacidade funcional b sica ou vivam situa es de viol ncia dom stica e surpreendentemente inclu se na categoria de idosos fr geis os idosos que vivem em ILPI e ainda idosos com 75 anos ou mais de idade Considera se idoso independente aquele que capaz de realizar sem dificuldades e sem ajuda todas as atividades de vida di ria AVDs tomar banho vestir se usar o banheiro transferir se da cama para a cadeira ser continente e alimentar se com a pr pria m o Importante registrar entretanto que pela primeira vez o idoso morador de ILPI explicitamente referido como alvo de a o do SUS pois como lembra o Coordenador da rea Tem tica Sa de do Idoso do Minist rio da Sa de 130 a popula o idosa institucionalizada deve merecer aten o especial seja pelas pr prias condi es de fragilidade em que grande maioria se encontra seja pela neglig ncia hist rica que esta popula o foi v tima ao longo de d cadas e d cadas de invisibilidade social Esta uma d vida moral que deve ser resgatada pelo SUS no sentido de garantir dignidade e qualidade de vida s pessoas que hoje residem nas Institui es de Longa Perman ncia para Idosos TELLES 2006 A capacidade funcional como se observa o eixo organizador dos servi os de sa de do idoso em seus diferentes n veis de complexidade
409. tro no almoxarifado da Petrobr s Quanto s trajet rias conjugais como tradicionalmente ocorre os dois homens s o casados as mulheres 5 vi vas 1 separada 3 solteiras mas todas elas tiveram filhos em circunst ncias variadas que v o desde o matrim nio oficial a coabita es tempor rias Evidenciam se ai as diferen as de g nero e gera o mulheres sem companheiros na velhice s uma solteira mora com o companheiro Tanto os homens quanto as mulheres tiveram muitos filhos com exce o de uma que s teve dois todos tiveram de 4 a 17 filhos refor ando uma caracter stica de classe social e gera o As rendas provenientes das aposentadorias e pens es variam de um a tr s sal rios m nimos S duas mulheres acumulam a aposentadoria com a pens o do marido o restante vive com um sal rio m nimo Um dos homens num comportamento tipicamente masculino reluta a dizer a faixa de renda na frente da filha e por fim diz 208 pota ai tr s O outro homem recebe aposentadoria por invalidez de um sal rio m nimo Mesmo em face das baixas remunera es a t o sonhada casa pr pria uma realiza o dessa gera o de idosos que as adquiriram com muito esfor o nas d cadas de 1970 e 1980 Todos eles moram em casas pr prias Em geral moram no bairro h trinta ou quarenta anos e hoje dividem com seus filhos suas casas ou os terrenos ou ainda batem laje nas suas casas para t los por perto e ao mesmo tem
410. troca e ainda que as pol ticas sociais do Estado afetam as rela es familiares concluo que as formas de solidariedade intergeracionais na atualidade v m se configurando como um circuito de rela es de interdepend ncia entre a solidariedade p blica e a prim ria imprescind veis uma outra conformando novas possibilidades de troca entre as gera es Palavras chave Solidariedade Prote o Social Envelhecimento Rela es Intergeracionais Fam lia G nero ABSTRACT This thesis is aimed at reporting and analyzing the new ways through which intergenerational solidarity takes place by taking into account the complexity of contemporary social relations as a result of the reshaping of social and family structures that alters the ways intergenerational exchanges occur The institutionalization of the public protection system or the public solidarity has contributed to change the dynamics of the family s social protection system or primary solidarity The everyday exchanges among low income elderly men and women in Salvador Bahia Brazil comprise the field in which two distinctive relational contexts are analyzed namely the one presenting primary solidarity bonds consisting of those elderly dwelling in communities districts and the one presenting a borderline situation among primary secondary public or provided by strangers kinds of solidarity consisting of institutionalized elderly in public nursing homes This is a qualitative st
411. tros quadrados entre rea livre constando de um espa oso jardim da parte da frente e rea constru da O casar o um pr dio de dois pavimentos e ocupa toda a parte central do terreno Ele composto de quatro dormit rios para idosos dois de cada lada da capela e clausura dormit rio das Irm s vicentinas Dos quatro dormit rios s dois foram reformados em 1997 e estavam em funcionamento os outros dois encontram se interditados por falta de seguran a assim como parte da capela Nas laterais do casar o ainda h dois pavilh es um de cada lado com dois pavimentos cada destinados tamb m a dormit rios de idosos Ainda h mais dois pavilh es menores de constru o mais recente um destinado administra o e o outro onde funciona o espa o de 51 Esses dois pavilh es a capela e a clausura tamb m foram interditados em 2007 como veremos mais adiante 148 conviv ncia nico espa o de encontro dos idosos onde s o realizadas as festas reuni es palestras atividades artesanais reuni es com familiares etc Neste ltimo tamb m situam se os setores t cnicos A institui o conta com os servi os de um m dico tr s nutricionistas uma fisioterapeuta duas terapeutas ocupacionais e quatro assistentes sociais At 2005 n o tinha nenhuma enfermeira a secretaria municipal de sa de disponibilizou 6 enfermeiras e uma psic loga Os idosos s o distribu dos nos dormit rios cnamados de sal es cole
412. tuindo a sistem tica de repasse de recursos e a exig ncia da constitui o de Conselho do Fundo e de um Plano Municipal de Assist ncia Social para que o munic pio pudesse receber recursos federais foram dadas as condi es pol ticas e institucionais para o in cio efetivo dos processos de descentraliza o CHAGAS et all 2003 Em 1998 foi editada outra NOB ampliando as atribui es dos Conselhos de Assist ncia Social e propondo a cria o de espa os de negocia o e pactua o de car ter permanente para a discuss o quanto aos aspectos operacionais da gest o do sistema descentralizado e participativo da assist ncia social A participa o popular e controle social se fazem atrav s das quatro inst ncias deliberativas de car ter permanente e composi o parit ria entre governo e sociedade civil quais sejam Conselho Nacional de Assist ncia Social CNAS os Conselhos Estaduais de Assist ncia Social o Conselho de Assist ncia Social do Distrito Federal os Conselhos Municipais de Assist ncia Social O CNAS o rg o superior de delibera o colegiada vinculado estrutura do rg o da Administra o P blica Federal respons vel pela coordena o da Pol tica Nacional de Assist ncia Social LOAS Art 17 Esse Conselho composto por 18 dezoito membros e respectivos suplentes sendo 9 nove representantes governamentais incluindo 1 um representante dos Estados e 1 um dos Munic pios e 9 nove representa
413. u a regular as rela es sociais e privadas com a cria o do sistema de prote o social as aposentadorias e pens es implementa o de pol ticas sociais de leis que regulamentam as rela es familiares e a cria o de programas direcionados aos diversos segmentos socais Nesse processo de mudan a a solidariedade familiar permaneceu mas a institucionaliza o do sistema de solidariedade p blica pelo Estado produziu formas novas de rela es intergeracionais alterando tamb m as formas de trocas intergeracionais na fam lia Os sistemas de prote o social implementados pelo Estado nas sociedades capitalistas seguiram diferentes perspectivas ou modelos de acordo com o momento hist rico e as condi es sociais econ micas e culturais vividas por elas As transforma es nas rela es de trabalho foram determinantes na constru o da prote o social estatal ou seja na cria o do Estado de Bem Estar Social A concess o de aposentadoria aos trabalhadores velhos foi uma das primeiras interven es do Estado no sentido da promo o de prote o social velhice No Brasil a prote o social estatal tamb m tem in cio com a cria o do sistema de aposentadoria A cria o do Instituto de aposentadorias e pens es pode ser considerada um marco inicial desse processo Ainda que de forma lenta e fragmentada o sistema de prote o social brasileiro vem avan ando A Constitui o de 1988 representou uma conquista no que ta
414. u ao seu papel aparece nas falas dos profissionais do Abrigo tanto a gerente que assistente social e trabalhou muitos anos no Abrigo nessa fun o quanto a chefe do Servi o Social Ambas consideram que a obriga o de cuidar do idoso da fam lia e que o lugar do idoso com a fam lia dizem elas O Abrigo nessa perspectiva seria um espa o restrito aqueles idosos que n o t m fam lia Entretanto contraditoriamente a gerente revela Eu sinto assim pelos meus idosos eu percebo que 90 deles est o bem melhor aqui do que com a fam lia Segue listando uma s rie de motivos espa o f sico dentro de casa Jjmaioria das fam lias s o muito pobres tem o idoso a que dormir no quarto com uma adolescente de 19 anos 177 Imposs vel um idoso conseguir conviver nesse ambiente a fam lia n o tem condi es financeiras de manter um idoso em casa com a quantidade de rem dios que utiliza E a vida mesmo s vezes o corre corre n o tem tempo pra dar aten o Arremata contando tem idoso que chega pra gente e diz minha filha s est comigo por causa desses 350 reais porque se n o fosse por causa desses 350 ela j tinha me mandado pra o inferno s vezes a express o que eles usam essa voc n o serve para nada voc n o vale pra nada voc s me d trabalho 4 6 Solidariedade Local Colegas e Visitante Ao olhar do visita
415. u fa o parte do grupo da 3 idade que hoje chama de Melhor Idade ent o n s passeamos A idade n o significa que voc n o pode fazer mais nada e nem que tem que ficar pensando que j vai morrer Tem uns colegas aqui que cada hora sente uma dor diferente e toma rem dio para tudo Eu n o sinto nada isso coisa da cabe a das pessoas Sr Aur lio Para mim o mesmo que est moderno Gra as a Deus posso fazer tudo ainda Sr Anselmo A velhice com sa de boa porque um privil gio tem muita gente que nem chega l Sr Jos Sr Daniel e Sr Bartolomeu apontam para o modo como as pessoas v em a velhice e expressam seu desagrado 198 Eu penso que n o deveria existir Porque quanto mais vai ficando velho mais vai ficando sem prestar e as pessoas come am a dizer que est fazendo besteira porque est virando menino novamente Sr Daniel O velho sempre tem que ser guiado para os lugares A velhice experi ncia mas n o adianta de nada Querem tratar a gente como crian a n o gosto quando me chamam de velhinho n o gosto de diminutivo Sr Bartolomeu 199 5 A SOLIDARIEDADE FAMILIAR E COMUNIT RIA Conhecer a vida de idosos que permanecem na fam lia e na comunidade se fez imperativo a fim de apreender as formas de troca e solidariedade tanto prim ria fam lia amigos e vizinhos quanto secund ria conjunto de benef cios e servi os prestados pelo Estad
416. uando que os projetos e as 39 representa es sobre mulheres e homens s o diversos LOURO 1997 p 23 Isto significa que as id ias de rela o de g nero diferem n o s entre as sociedades ou os momentos hist ricos mas no interior de uma dada sociedade ao se considerarem outras dimens es e rela es referentes aos diversos grupos tnicos religiosos raciais de classe de gera o diria que a constituem Desse modo a categoria g nero possibilita a articula o anal tica com outras categorias relacionais como afirma Britto da Motta 1999 p 201 A perspectiva das rela es de g nero tamb m lembra demonstra outras dimens es anal ticas fundamentais na sociedade Al m de n o ser necessariamente alternativa mas co extensiva de rela es de classe tamb m exemplifica ou enseja enfoques em outras categorias ou determina es sociais como idade e ra a que t m diferentes dinamismos Nessa perspectiva torna se indispens vel tratar a categoria g nero em articula o com gera o considerando o lugar que as mulheres idosas especialmente as das classes populares v m ocupando nos diferentes arranjos familiares Todas essas diversidades de arranjos familiares apresentadas refletem na forma como as rela es de troca se fazem nos v rios contextos da vida social mas s o tamb m em grande medida fruto das formas como o sistema de solidariedade p blica as pol ticas sociais v m atuando no proce
417. udy based on both direct observation systematically recorded in field journals and open ended and semi structured interviews carried out among thirty one elderly subjects and seven practitioners dealing with the public management of the elderly population Given that family solidarity is a social construct resulting from the dynamics of the exchange relations and that social governmental policies play a role in family relationships the ways contemporary intergenerational solidarity occurs can be concluded to comprise a set of interdependent relations between public and primary kinds of solidarity one being vital to the other thus presenting new possibilities for interchange between generations Key Words Solidarity Social Protection Aging Intergenerational Relationships Family Gender LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANVISA Ag ncia Nacional de Vigil ncia Sanit ria AOSID Associa o Obras Sociais Irm Dulce ASAPREV BA Associa o de Pensionistas e Aposentados da Bahia AVC Acidente vascular cerebral BNH Banco Nacional de Habita o BPC Benef cio de Presta o Continuada Caoci Centro de Apoio Operacional s Promotorias de Justi a da Cidadania CAPs Caixas de Aposentadorias e Pens es CEI Conselho Estadual do Idoso CEME Central de Medicamentos CLT Consolida o das Leis Trabalhistas CMI Conselho Municipal do Idoso CNAS Conselho Nacional de Assist ncia Social CNDI Conselho Nacional
418. ue apenas uma an lise compreensiva que procure entender o Welfare como parte de um processo social mais amplo no qual ao mesmo tempo que se constr i o Estado nacional se define o formato e o conte do da cidadania podemos dar conta tanto dos aspectos estruturais homogeinizadores quanto das varia es encontradas Para Esping Andersen 1995 o Welfare State um elemento estrutural do capitalismo contempor neo e significou um esfor o na reconstru o econ mica moral e pol tica do mundo industrial desenvolvido e uma defesa contra o avan o de propostas comunistas Do ponto de vista econ mico significou a ruptura com a ortodoxia do mercado na perspectiva moral expressa a defesa das id ias de justi a solidariedade e universalismo na esfera pol tica foi parte de um projeto de constru o nacional da democracia liberal em oposi o s ditaduras fascistas e bolchevista Independente do modelo de prote o social adotado nas sociedades capitalistas desenvolvidas at o fim dos anos de 1960 o Estado de Bem Estar Social d resultados satisfat rios s quest es da vulnerabilidade social e da pobreza Envolto por uma atmosfera de crescimento econ mico e pleno emprego as diferentes estrat gias usadas para conter a desagrega o social se mostraram eficazes Durante aproximadamente tr s d cadas per odo que ficou conhecido como gloriosos trinta as pol ticas de redistribui o se expandiram e se consolida
419. ue busco compreender esta realidade 26 1 1 Perspectiva te rica e categorias de an lise Empreender um estudo sobre formas de solidariedade social imp e logo de sa da um desafio mesmo considerando tratar se de um tema que faz parte de uma longa tradi o s cio antropol gica Primeiro porque o termo solidariedade vem sendo amplamente utilizado tanto para se referir a projetos sociais p blicos e privados a o solid ria comunidade solid ria economia solid ria educa o solid ria etc quanto pela m dia para ressaltar condutas individuais ou incentivar a participa o social em a es de interesse coletivo ou at mesmo de interesse do mercado Isso torna o termo impreciso e enseja variadas conota es Segundo face institucionaliza o das rela es sociais especialmente atrav s da regula o pelo Estado que tornou quest es anteriormente pertencentes esfera privada em quest es p blicas como o caso da velhice As novas configura es da estrutura social e familiar alteraram as formas de troca intergeracional o que concorreu para o surgimento de novas formas de sociabilidades secund rias ou p blicas que n o existiam nas sociedades tradicionais dominadas por sociabilidades prim rias fam lia vizinhos amigos LANIADO 2001 Estas sociabilidades entretanto n o podem ser compreendidas sem que se leve em conta tanto a heterogeneidade das formas de organiza o estrutura arranjos e c
420. ulheres com menores valores de benef cios Para Fleury 2004 a Seguridade Social como princ pio da prote o social tal como posto na Constitui o de 1988 est inconclusa tanto do ponto de vista organizacional e financeiro quanto do ponto de vista do padr o de benef cio e cobertura Entretanto a seguridade social continua sendo a norteadora dos movimentos e lutas sociais na defesa dos direitos sociais universais por uma sociedade mais justa e solid ria Com rela o aos outros dois componentes da Seguridade Social Sa de e Assist ncia Social ainda cabe tecer algumas considera es uma vez que as pol ticas adotadas nessas reas deixam transparecer claramente a trajet ria de deslocamento das responsabilidades da assist ncia do Estado para a fam lia e a comunidade O mesmo vem ocorrendo nas pol ticas voltadas para a popula o idosa como veremos mais adiante A assist ncia sa de somente ap s a promulga o da Constitui o de 1988 passou a ser universal e de responsabilidade do Estado Antes disto o Minist rio da Sa de s se responsabilizava pelas a es preventivas e os demais n veis de aten o sa de eram oferecidos apenas aos trabalhadores segurados da Previd ncia atrav s do INAMPS Esta pol tica deixava de fora os trabalhadores rurais e os trabalhadores informais do meio urbano al m dos pobres e indigentes Estes ltimos s contavam com os poucos servi os filantr picos existentes A Cons
421. um ato de caridade e passa a ser um direito de todo cidad o que dela necessitar como indica a Constitui o de 1988 gritante a falta de compromisso do Estado com as gera es mais velhas que por diversas circunst ncias sociais s contam e depositam suas expectativas na solidariedade p blica para sua sobreviv ncia O idoso institucionalizado continua sendo tratado quando muito como um cidad o de segunda categoria menos importante que o patrim nio hist rico ou um cone religioso 159 4 2 Os Idosos quem s o e como vivem No primeiro momento o trabalho buscou conhecer o perfil dos moradores do Abrigo de forma ampla como apresentado acima No segundo momento foi chegada a hora de estreitar e aprofundar os dados conhecer mais de perto os sujeitos que ali habitam as formas de troca e entreajuda entre eles e seus familiares com os outros idosos e a comunidade observando ainda a din mica institucional A fim de cumprir esse objetivo optei por entrevistar dez idosas do mesmo sal o uma vez que elas permanecem a maior parte do tempo nele sal o e ao mesmo tempo teria a oportunidade de presenciar e observar as rela es entre elas e ainda as rela es com visitantes familiares e estranhos Buscando estabelecer um par metro com rela o s diferen as de g nero aspecto fundamental tamb m nas pesquisas sobre idosos e ainda aproveitando a oportunidade e disposi o dos homens entrevistei dez idos
422. unic pios em prover a manuten o do idoso que n o tenha meios de prover sua pr pria subsist ncia que n o tenha fam lia ou cuja fam lia n o tenha condi es de prover sua manuten o Nesses casos garantido ao idoso a assist ncia asilar Art 17 E mais uma vez reafirma a proibi o da perman ncia em institui es asilares de car ter social de idosos portadores de doen as que exijam assist ncia m dica permanente ou de assist ncia de enfermagem intensiva cuja falta possa agravar ou p r em risco sua vida ou a vida de terceiros A perman ncia ou n o do idoso doente em institui es asilares de car ter social depender de avalia o m dica prestada pelo servi o de sa de local Art 18 E complementa Para implementar as condi es estabelecidas no artigo anterior as institui es asilares poder o firmar contratos ou conv nios com o Sistema de Sa de local Art 19 Quando da implementa o na PNI a Secretaria de A o Social do ent o Minist rio da Assist ncia Social promoveu reuni es de trabalho para discutir o Plano de A o Governamental para o Desenvolvimento da Pol tica Nacional do Idoso PAG PNI com a participa o de representantes dos minist rios envolvidos e com a 37 vale ressaltar que o Conselho Nacional de Seguridade Social foi extinto em 2002 113 avalia o final de entidades n o governamentais representativas do idoso O objetivo do PAG PNI era nortear as a
423. ura do PSF Em s ntese hoje o nico servi o sistematizado especializado no atendimento ambulatorial ao idoso no Estado o CREASI que atende demanda referenciada e faz a triagem al m da dispensa de medica es de uso cont nuo e de alto custo Algumas outras institui es tais como a AOSID e o Hospital Roberto Santos disp em de alguns leitos geri tricos Com rela o s ILPI a assist ncia sa de fica sob a responsabilidade das equipes de sa de da fam lia isso se existir o programa no territ rio em que se encontra a institui o As constantes mudan as de propostas t m levado descontinuidade nas a es e consequentemente dos seus resultados redundando juntamente com outros fatores j discutidos anteriormente na precariedade ou quase aus ncia da assist ncia p blica a sa de do idoso na Bahia Na rea da Assist ncia Social a hist ria se repete A secretaria que anteriormente atuava nessa rea a SETRAS dispunha de uma Coordena o do Idoso que coordenava os Grupos de Conviv ncia de Idosos nos CSUs s o 9 em Salvador e 18 no interior do Estado atendendo um total de aproximadamente 3 700 idosos al m de capacitar profissionais no interior do Estado para implementa o e desenvolvimento dessa modalidade de atendimento Atrav s do NIAPI era feita a articula o das propostas de trabalho com outras organiza es governamentais e da sociedade civil Como parte no processo de implementa o do S
424. ursos simplistas A compreens o da quest o do asilamento requer em primeiro lugar o conhecimento emp rico dos motivos que conduzem a ele em segundo lugar uma reflex o mais ampla que envolve desde a forma como a sociedade se organiza portanto macro social at as din micas da organiza o familiar ou seja a esfera micro social passando ainda por quest es pessoais ou escolhas individuais O trabalho de campo nessa rea possibilitou identificar algumas situa es que apontam caminhos para uma reflex o mais aprofundada No que concerne estrutura macro social antes de mais nada preciso ter em mente a extrema desigualdade social que vivemos no pa s que por vezes impede que o idoso ou a fam lia disponham das condi es necess rias para permanecerem juntos Inclui se a a renda familiar as condi es de moradia n mero de c modos e pessoas que moram no domic lio e especialmente a disponibilidade de tempo e condi es de prestar os cuidados necess rios requeridos pelo idoso a principalmente aos de mais idade e mais fragilizados ou ainda quando se trata de parente mais distante sobrinhos e primos por exemplo Essa uma quest o que diz respeito forma de organiza o social e n o s um problema familiar como muitos s o levados a pensar Como o caso de Sra Dulce Morava em Plataforma com meu irm o vi vo mas ele ficou doente e faleceu Meu sobrinho n o quis que eu ficasse s na casa e me le
425. vida e acabar nossos dias de vida feliz e n o mendigando Os homens dessa gera o tradicionalmente se mant m como provedores da fam lia por m dependem da ajuda das mulheres esposas ou filhas para realiza o das atividades da vida pr tica A situa o dos dois entrevistados n o diferente entretanto mais agravada pelos problemas de sa de Sr Valdemir hoje com 80 anos foi um dos pioneiros no bairro mudou para l em 1958 Fala com muito orgulho sobre sua trajet ria de trabalho que lhe possibilita ter cinco dos seus oito filhos morando em casas constru das no seu terreno e a garantia do rendimento de sua aposentadoria Essa condi o lhe permite continuar sendo o chefe da fam lia Mas j teve dois epis dios de AVC que deixaram como consequ ncia limita o na mobilidade Recebe os cuidados da esposa e de uma das filhas Mesmo com dificuldade para andar vai receber seus proventos sozinho Segundo sua filha que durante a entrevista esteve atenta mesmo a uma certa dist ncia e por vezes interveio no di logo ele sai escondido para receber o dinheiro quando a gente vai ver ele j foi e j voltou diz a filha Ajuda financeiramente os filhos quando precisam mas a maior ajuda dada a essa filha e neta que moram com ele na mesma casa Responde com evasiva qual dos filhos tem maior proximidade Mo a o seguinte eu gosto de todos os meus filhos amo amo todos os meus filho agora sem
426. vou para morar com uma sobrinha Ela me trouxe para c porque tinha muita gente na casa que ela mora Sra Dulce 90 anos mais de sete anos que mora no Abrigo Identificamos tamb m as desigualdades referentes especificamente s rela es da divis o sexual do trabalho que conduzem a situa es de explora o da qual muitos deles especialmente as mulheres foram v timas ao longo da vida produtiva A trajet ria de trabalho como empregada dom stica por exemplo vivida por metade das mulheres 163 e por pelo menos um dos homens caseiro dedicando suas vidas cria o dos filhos dos patr es contada orgulhosamente por elas denuncia a condi o de explora o de m remunera o quando isso ocorria que n o lhes possibilitou construir nenhum patrim nio nem a sonhada casa pr pria ou nem mesmo a constituir suas pr prias fam lias a aus ncia de prote o social vez que essa categoria n o contribu a para a previd ncia social acabou por deix los desprotegidos na velhice Minha patroa morreu ai eu fui morar com uma sobrinha Era tudo diferente do que eu tava acostumada muito barulho das crian as Sra Paula empregada dom stica 92 anos Trabalhava e morava na casa dela a ex patroa de servi os dom sticos e ganhava uma mixaria Vim parar aqui na ra a porque n o tinha onde morar A professora ia embora pra Sergipe e eu ia ficar sem casa Sr Anselmo 74 anos muitos dos quais tra

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