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estudos do componente indígena das uhe são manoel e foz

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1. A an lise de cumulatividade e sinergia tem por objetivo avaliar as intera es existentes entre os diferentes processos impactantes e a forma com que a implanta o simult nea dessas tr s usinas podem intensificar ou atenuar o impacto sobre o componente indigena Nesse sentido a cumulatividade ou a sinergia n o devem ser entendidas como caracter sticas dos impactos sobre o componente indigena mas sim como os desdobramentos esperados em decorr ncia da intera o entre os processos impactantes de uma ou mais usinas de forma a alterar a probabilidade de ocorr ncia ou a intensidade com que incidem os impactos sobre o componente indigena Al m de considerar a intera o entre os processos impactantes e a simultaneidade da implanta o das usinas avalia se tamb m a exist ncia de outros vetores de desenvolvimento e atividades econ micas que poder o ser deflagradas ou incrementadas pelos aproveitamentos hidrel tricos em quest o importante ressaltar que para alguns dos impactos sobre o componente ind gena a dist ncia entre os elementos impactados aldeias locais de interesse referencias socioespaciais etc e a rea de origem dos processos impactantes canteiro de obra alojamentos reas de empr stimo etc de fundamental relev ncia enquanto para outros essa vari vel tem import ncia secund ria na an lise O principal resultado da an lise de cumulatividade e sinergia foi a constru o da matriz de im
2. A realidade da Nova Fronteira Centro Oeste Encontro Ano IV Cuiaba MT Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia O empres rio paulista e dono da colonizadora INDECO Integra o Desenvolvimento e Coloniza o Ariosto da Riva adquiriu 400 mil hectares de terras da Uni o Guimar es Neto 1986 83 organizando e viabilizando a cria o de n cleos urbanos no eixo da BR 163 mais especificamente de Alta Floresta 1976 Paranaita 1977 e j abrindo caminho para a coloniza o de Apiac s 1983 Nesse processo de ocupa o empres rios colonos colonizadores aventureiros grileiros pequenos produtores com ou sem terras vieram do Sul do Brasil para o Mato Grosso atra dos pela ampla propaganda oficial a fim de ocupar espa os vazios melhorar suas condi es de vida inserindo em termos mais amplos a Amaz nia no proposito maior de unifica o das fronteiras nacionais Na fronteira tamb m constituida a figura m tica e her ica do pioneiro como desbravador Ariosto da Riva acabaria se tornando uma figura legend ria entre os colonos pioneiros por sua coragem e empreendedorismo ficando conhecido at hoje como o semeador de cidades Os sofrimentos e ansiedades daqueles que largaram tudo em busca de condi es mais dignas de vida s o apenas considera
3. A supress o da cobertura vegetal e o alagamento das reas a serem ocupadas pelos reservat rios provocam a perda de habitat da fauna local o que implica em deslocamento mudan a de comportamento e at desaparecimento de determinadas especies conforme apontam os EIA Al m de serem parte integrante e indissoci vel da paisagem os animais se comportam de formas particulares que servem de refer ncia para algumas atividades dos indios principalmente a ca a O aumento da press o antr pica sobre a fauna terrestre e a consequente redu o da riqueza e abund ncia de esp cies da fauna contribui neste mesmo sentido com possiveis efeitos sobre o comportamento e a disponibilidade de esp cies utilizadas como alimento Estas rela es s o tratadas com mais detalhes no item 3 1 referente Interfer ncia sobre a flora e fauna terrestre e os recursos de ca a importante considerar ainda a capacidade do adensamento populacional em potencializar o processo de desmatamento Com a dinamiza o da economia e as consequentes mudan as na din mica demogr fica prov vel que se estabele am novos vetores de desmatamento e ocupa o o que poder alterar a paisagem de reas ainda preservadas e interferir no comportamento da fauna No que se refere din mica fluvial preciso considerar todas as interfer ncias tempor rias ou permanentes sobre o rio Teles Pires principalmente no qual ser o instalados os empreendimentos Al m de se
4. Kayabi a maior rea em extens o aguardando para ser demarcada m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Conquistar a Amaz nia alardeada como espa o selvagem e inabitado deixava de ser simplesmente uma quest o de luta por melhores condi es de vida e realiza o pessoal para tambem se afirmar como uma contribui o do cidad o sua na o As transforma es ocorridas em Mato Grosso a partir da decada de 1970 est o intimamente vinculadas s mudan as ocorridas no mbito nacional em especial as politicas p blicas direcionadas para a Amaz nia Legal O governo conclamava o capital privado a participar da coloniza o dirigida principalmente seguindo as ideologias anticomunistas de integrar para n o entregar nosso territ rio aos projetos tidos como revolucion rios de reforma agr ria Al m do mais visava transferir excedentes populacionais do Sul do pais marginalizados pela mecaniza o da agricultura Com a cria o de n cleos urbanos de desenvolvimento econ mico sustentados por um conjunto de pr ticas organizadoras e dirigidas pelo Governo Federal pol ticas de incentivos fiscais e a implementa o de grandes eixos rodovi rios na regi o Amaz nica BR 364 Cuiaba Porto Velho e BR 163 Cuiaba Santar m estavam estabelecidas as principais estrat gias para a ocupa o do norte mato grossense A O que caracteriza a frente de expans o no Brasil segundo Mar
5. eu n o vou deixar voc s entrar pra c n o e falou com os policiais que a gente n o ia entrar e foi preciso n s ir embora de Apiac s com medo deles atirar na gente No m s de mar o de 2004 os representantes da empresa de agrimensura j se encontravam em Alta Floresta para proceder aos primeiros levantamentos acompanhados de t cnicos da FUNAI Pouco tempo ap s a sua chegada iniciaram se uma s rie de amea as an nimas na sede da Associa o Indigena buscando intimida los Nesse momento foi solicitada a presen a da Pol cia Federal para acompanhar os trabalhos in loco como precau o caso algumas das amea as se concretizasse Atuando ainda no plano federal outro mandado de seguran a foi impetrado desta vez por Francisco Lino de Paiva Tico Paiva e outros contra a FUNAI solicitando novamente e por motivos semelhantes aos anteriores a suspens o dos efeitos da Portaria Declarat ria Nesse sentido o juiz Cesar Augusto Bearsi da 3 Vara Federal em Mato Grosso deferiu em agosto de 2004 liminar favor vel requerendo a imediata realiza o de prova pericial antropol gica nomeando o perito Eug nio Gerv sio Wenzel Juntamente com essa decis o o juiz determinou que as partes envolvidas deveriam interromper qualquer tipo de atividade envolvendo desmatamento no interior da Terra Indigena enquanto durassem os efeitos da liminar e Antagonismos hist ricos Nesse interim desde a nomea o do antrop logo at a c
6. inviabilizando a constru o de hidrovias hidrel tricas a explora o das jazidas de calc rio localizadas pr ximas ao rio Santa Rosa e diminuiria os interesses dos investidores Em reuni es p blicas em Alta FLoresta do Rotary e Lions Club compostos eminentemente por fam lias ligadas ao chamado setor produtivo madeireiro e pecu rio torna se evidente que a popula o da cidade em geral foi educada tamb m para valorizar esses ideais de progresso e desenvolvimento econ mico afirmando com veem ncia em seus debates que nunca existiram indios em Alta Floresta e enfatizando a necessidade de buscarem o crescimento econ mico Por essa raz o aqueles fazendeiros que lutam por direitos na Terra Indigena recebem o apoio e solidariedade da maioria da popula o e de seus pol ticos mais influentes Em algumas conversas mais informais alguns presentes chegavam a afirmar que esse tipo de situa o poderia estar acontecendo com qualquer um de n s Voc coloca seu dinheiro numa terra e do dia pra noite fica sabendo que virou terra de ndio e que voc n o tem direito a nada Um terceiro argumento que vem ganhando for a mais recentemente da conta de que os Kaiabi e os indios em geral juntamente com a FUNAI IBAMA pesquisadores antrop logos e as ONG s locais est o associados a organismos internacionais com a 8 A pr pria autodenomina o desse grupo exemplifica com propriedade que a forma fundamental de s
7. o PAC Programa de Contrata o e de Desmobiliza o da M o de Obra Programa de Intera o e Comunica o Social Acompanhamento das atividades minerarias Implanta o da rea de Preserva o Permanente do Reservat rio APP Compensa o Ambiental Unidade de Conserva o Apoio reinser o e fomento das atividades econ micas locais Apoio revitaliza o e incremento da atividade de turismo Refor o infraestrutura e Equipamentos Sociais Compensa o pela perda de Terras deslocamento compuls rio da Popula o e Desestrutura o e atividades econ micas Educa o ambiental Plano Ambiental de Conserva o e Uso do entorno do reservat rio Garantir a participa o dos indios no planejamento e desenvolvimento de atividades econ micas que fa am uso de reas com relev ncia sociocultural para as etnias ainda que fora dos limites da TI Estimular e apoiar atividades econ micas que possam consistir em alternativa de renda para os povos ind gena como por exemplo projetos de turismo e artesanato na Terra Ind gena com gest o aut noma dos ndios No mbito da melhoria do sistema vi rio importante que se leve em conta a proximidade das novas vias em rela o aos limites da Terra Indigena Kayabi O planejamento do tra ado deve evitar a facilita o do acesso Tl Programa de apoio a fiscaliza o ambiental Refor o da infraestrutura e equipamentos sociais util
8. o ambiental a serem implantados pelas usinas hidrel tricas de S o Manoel e Foz do Apiacas n o permitir que o ciclo ecol gico em conjunto com o ciclo social orientado pelo regime anual das guas seja radicalmente alterado de modo a prejudicar o modo de vida tradicional dos Kaiabi Apiaka e Munduruku Nesse sentido importante refor ar que o regime operativo das tr s usinas a fio d agua n o provocar altera es na sazonalidade natural da vaz o do rio Teles Pires n o exigindo a es especificas nesse sentido Por outro lado conforme detalhado na descri o dos processos impactantes uma s rie de outros efeitos poder o ocorrer em raz o da constru o e opera o das usinas afetando de alguma maneira os ecossistemas nos arredores das usinas e eventualmente no interior das Terras Indigenas sobretudo a TI Kayabi Paralelamente percebe se claramente que o aumento sensivel do contingente populacional na regi o das duas usinas poder ser um importante vetor de cria o ou intensifica o de conflitos territoriais que hoje ja se constituem como um problema de grande relev ncia para os indios Assim este item apresenta a revis o dos programas socioambientais propostos nos EIA e o conjunto de atividades que ir o mitigar os impactos que poder o ocorrer junto s popula es indigenas primando dessa forma pelo uso sustent vel dos recursos naturais a garantia da manuten o das rela es socioculturais
9. o e tamb m territ rio de influ ncia dos Munduruku Outro local importante a cachoeira Rasteira reconhecida como uma esp cie de perimetro imagin rio que separa os Kaiabi n o apenas das outras etnias que vivem mais abaixo mas tamb m estabelece um tipo de limite entre sua regi o e o espa o que n o consideram muito prop cio para sua forma padr o de habita o De forma similar o rio Cururuzinho tido pelos Kayabi como um rio de import ncia sagrada por abrigar em suas cabeceiras o chefe dos bichos mama que d origem a todos os seres vivos da floresta Apesar de estar um pouco mais distante dos barramentos estipulados para as UHE s S o Manoel e Foz do Apiac s tem Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o gt epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia grande import ncia como local de pesca e ca a durante todo o ano H outros rios de import ncia diferenciada para indios como o S o Benedito e o Apiac s As margens do rio S o Benedito abrigam capoeiras e s tios arqueol gicos que comp em um invent rio de outro local de ocupa o antiga e estabelecimento de cemit rios nas proximidades deste rio que existe o Lago Azul local de grande abund ncia de antas que os Kaiabi costumavam utilizar em suas ca adas no passado As praias que aparecem nas margens desses rios nos meses de ver o s o os locais onde os indios costumam coletar ovos de
10. A partir dos resultados das an lises quimicas dos par metros investigados durante as campanhas e da compara o dos mesmos com os valores estabelecidos no Artigo 1 5 da Resolu o CONAMA n 357 05 para guas de classe 2 dois foi poss vel constatar que as concentra es de F sforo Total nos pontos P02 P03 P05 P06 e P08 apresentaram concentra es em desconformidade com os limites m ximos permitidos na legisla o O par metro Cor no ponto P04 apresentou valor acima do permitido pela Resolu o CONAMA n 357 05 A cor de uma amostra de gua est associada ao grau de redu o de intensidade que a luz sofre ao atravess la devido presen a de solidos dissolvidos Alguns compostos inorg nicos dissolvidena gua como xidos de ferro e o mangan s s o capazes de causar altera es na cor da gua CETESB 2009 E importante ressaltar que a coleta da gua no ponto P04 foi realizada no Rio Cururu A u pr ximo a conflu ncia com o Rio Teles Pires num local de bastante correnteza o que pode ter influenciado na colora o da gua devido a presen a de s lidos em suspens o Foram registrados valores elevados em cinco pontos para o par metro F sforo Total essa altera o pode ter origem de fontes naturais como intemperismo das rochas e decomposi o da mat ria org nica uma vez que dentro da TI Kayabi n o foram identificados reas de agricultura emiss o de esgotos dom sticos e industriais ou outras fontes polu
11. A savana Arborizada caracteriza se por apresentar fisionomia menos densa e mais baixa que a Savana Florestada com origem natural ou antr pica sujeita ao fogo anual representada por arvores baixas entre 2 e 5 metros esgalhadas de fustes finos e bastante tortuosos esparsas e entremeadas por arbustos e plantas lenhosas rasteiras geralmente providas de xilop dios formando um tapete Ocorrem varia es fision micas e estruturais ora apresentam adensamento do estrato arb reo arbustivo ora com predom nio de componentes herb ceos isso em decorr ncia das caracteristicas pedol gicas e de perturba es antropog nicas se identificando pela irregularidade da distribui o dos individuos arb reos As sin sias dominantes formam uma fisionomia raquitica em terrenos degradados A composi o flor stica apesar de semelhante da Savana Florestada apresenta ec tipos dominantes que caracterizam o ambiente de acordo com o espa o geogr fico Varia es fision micas e estruturais decorrentes de caracteristicas pedol gicas diferenciadas e de perturba es antropog nicas expressam se pela distribui o espacial irregular de individuos ora com adensamento do estrato arbustivo arb reo ora com predom nio do componente herb ceo A altura varia entre 2 m e 7 m apresentando como caracter stica marcante o estrato arb reo composto de exemplares de troncos e galhos retorcidos casca espessa e folhas grandes muitas vezes cori ce
12. ESTUDOS DO COMPONENTE IND GENA DAS UHE SAO MANOEL E FOZ DO APIACAS REVIS O E COMPLEMENTA O Terras Ind genas Kayabi Munduruku e Pontal dos Apiak Julho de 2011 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Esta p gina foi intencionalmente deixada em branco para o adequado alinhamento de p ginas na impress o com a op o frente e verso double sided En epe Minist rio de Minas e Energia Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o SUM RIO APRESENTA O Parte Revis o e Complementa o do Conte do Antropol gico 1 INTRODU O 5 2 INFORMA ES GERAIS DO AMBIENTE CIRCUNDANTE DO TELES PIRES E DOS GRUPOS IND GENAS HABITANTES DE SEU BAIXO CURSO 10 2 1 Panorama ambiental geral do Teles Pires 10 2 2 Condicionantes ambientais da bacia 12 2 3 Migra es e ocupa o hist rica do Teles Pires 13 2 4 Informa es gerais dos grupos indigenas 16 2 4 1 Kaiabi 17 2 4 2 Apiak 19 2 4 3 Munduruku 20 2 5 Demografia e avalia o dos indices demogr ficos 22 3 IMPORT NCIA DO RIO TELES PIRES PARA OS GRUPOS IND GENAS 24 3 1 Mobilidade tradicional e hist ria de ocupa o do Teles Pires 24 3 1 1 Cosmografias Indigenas 27 3 1 2 Cosmografia Mercantil da Borracha 31 3 2 Constru o hist rica do territ rio 34 3 3 Rela es ecol gicas dos Kaiabi 50 3 3 1 Tempo do rio 52 3 3 2 Tempo da ro a 56 3 4 Rela
13. O DOS PRINCIPAIS CORPOS H DRICOS DAS TERRAS INDIGENAS 2 1 Recursos H dricos Caracteriza o da Bacia do rio Teles Pires 2 1 1 Classifica o dos Corpos Hidricos dentro da TI Kaiabi A presente se o descreve a avalia o direta da qualidade da gua em trechos do rio Teles Pires e seus tribut rios localizados na Terra Indigena Kayabi na Area de Influ ncia Indireta Ali do empreendimento Ressalta se aqui que privilegiou se uma an lise integral do rio de modo que nesta se o tamb m constar o os dados referentes qualidade da gua da aldeia Mairowy ponto 08 A avalia o tem foco na an lise dos par metros indicadores estabelecidos na Resolu o CONAMA n 357 de 17 de mar o de 2005 que disp e sobre a classifica o dos corpos de gua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento em todo o territ rio nacional al m de determinar os padr es de lan amento Os principais objetivos da avalia o da qualidade da gua s o e Caracterizar a qualidade da gua do rio Teles Pires e seus tribut rios localizados na TI Kayabi considerando a an lise dos par metros inorg nicos org nicos biol gicos e bacteriol gicos relacionados na Resolu o CONAMA n 357 2005 e Identificar as caracteristicas limnol gicas e sanit rias dos corpos d gua presentes na TI Kayabi O crit rio utilizado para defini o do enquadramento do corpo d gua em estudo baseou se no Artigo 42 da Resolu o CONAMA n
14. Os programas dever o primar pela seguran a territorial e socioecon mica das popula es ind genas Valoriza o das manifesta es culturais das diferentes etnias Tendo em mente essas diretrizes procurou se identificar quais seriam as oportunidades de melhoria a serem incorporadas nos programas e medidas propostos pelos EIA de S o Manoel e Foz do Apiac s de modo a minimizar os impactos sobre as popula es indigenas Estudos do Combonente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomotementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 5 2 Programas Espec ficos Para cada programa apontado no EIA foram identificadas as interfaces com os impactos sobre o componente indigena no intuito de verificar se tais programas seriam capazes de mitigar ou atenuar esses impactos e em caso negativo se haveria alguma adapta o vi vel Em alguns casos foi identificada a necessidade de propor novas medidas e programas al m das diretrizes b sicas propostas na Tabela 10 Os programas especificos ora propostos dever o passar por detalhamento e consolida o nas fases subsequentes obten o da licen a pr via dos empreendimentos sempre por interm dio de consulta e aval das tr s etnias 5 2 1 Programa de Gest o Ambiental Indigena No intuito de viabilizar a sinergia entre os processos de licenciamento e implanta o dos programas propostos os empreendedores dever
15. Piau Aracu Sartorsp Pim Anau Smapiloemus sp Piau Aracu iyeon futeentas Matrinch Brconpesu Matrinch Characidae DP lRESDUNVECT heliacus Jupiaba meunieri Piaba Jupinha poranga Piaba Empresa de Pesquisa Energ tica epe Minist rio de Minas e Energia Tabela 4 Listagem taxon mica contendo o nome cient fico o nome vernacular e o nome em Kayabi das esp cies de peixes reconhecidas pelos moradores da Aldeia Kururuzinho e pelas aldeias pr ximas continua o gt g ee Nome Nome Jupigba polylepis Piaba Moenkhausia l J ra Piaba grandisquamis Moenkfidgushil colletti Myleus Paru a u rhombordalis Pd Myleus torquatus Pacu aqu Afyvlasinve paue gquamatus Pacu Characidae F eo Mvioolus ATER Pacu ru bripinais Mylopius schon burgkii Myloolus Alovlu sp Serrosalmus sp Serrat ENA rhombeus eindainrerina Curimatidae jusciatus Cremchidie on A A Cenhiciide FANE T gt ji Bicuda cuvieri Cynodontidae Hi drolicus armatus Cachora Pla fra mainbartcus E Erythrimdac Hoplias aimara Trair o Bopl ryihrinus S iai uniigeniatus E Prochilodus o CRE Prochilodontidae igri i Prochilodus braskm Corimbat ORDEM SILURITORMLS dZONGiorus Apelespienie ucavalensis Sfocantinsia piresi Empresa de Pesquisa Energ tica epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Tabela 4 Listagem taxon mica contendo o nome c
16. Pur TE Geissao Terras Indigenas Kayabi e Munduruku B Latossolo B Fodzo Hidrom rico E Soto Auvia E Solo Lit ico Solo Petroplintico EmN ii Base Casiogr fca 56 71 e SC 21Pedologla 1 250 000 IBGE 2002 Base Cartogr fica Integrada ao Milon simo IBGE 2004 Mapa de Ottobacias nivel 4 ANA 2007 Limiies das Terras Indigenas FUNAI 2010 DLS gt Dulh American 1005 Data 0607 2011 Estudo do Componente Indigena c o das microbacias Erg de Pesquos Eneig ica ETAPAS US FLS AF CO Fira Turs FS wF Legenda Hanmi E orad eia cor rc fuia os ona kdir kambia Marcinho o in Cobertura Vagatal e Uso do Solo DO eaa gb zeca DDS ritas O Ema oisi E e D rasta Ciioral Cesare DD oa secas Ferais Cetecoral Satiiri Scbmoriarm Mab o Moramo DDD eraa Urina Aa Sirona OOO Tiama mecha cmh Liene EEE DOO O maan omia Leiria p anin oriita Carma sutroniana DO aat oai Ucria Refer ncias Base Cartogr fica Intagrada ao Mibon simo IBGE 2004 Mapa das reas Prorh rias para a Conserva o Uso Sustent vel e Reparti o de Beneficios da Biodiversidade Brasileira MMA 2007 Mapa de Oticoacias nivel 4 ANA 2007 Limites das Terras Indigenas FUNAI 2010 Sistema de Proje o Geogr fica GLS oouih American 1569 M Daa 07201 i LES F e rg Lizi 100 i Projeto Estudo do Componente Indigena Caracten das microbacias Mapa 0 Cobertura Vegetal e Uso do Solo Q epe
17. do lado de Mato Grosso Dois outros rios mais visitados no ver o e com destacada import ncia de pesca para os Kaiabi s o o rio Cururuzinho e o rio Santa Rosa O Cururuzinho forma algumas praias durante o auge do ver o que s o pontos garantidos de coleta de ovos de tracaja Al m disso peixes de couro em particular o pintado e a cachara s o facilmente encontrados Em frente foz do Cururuzinho na outra margem do Teles Pires num lugar chamado de ypenem um ponto recomendado para a pesca do jundia Em pontos mais rasos peixes como corvina curimata e o piau podem ser pescados Em suas corredeiras os Kaiabi param o barco nas margens e pescam pacus ou ainda bodos que se alimentam nas pedras Quando saem noite para pescar esse o rio mais procurado Por ltimo importante destacar a percep o pr tica dos Kaiabi de que a diminui o de peixes e tracaj s vem acontecendo de forma acentuada nos ltimos anos apesar de ainda n o se configurar como uma amea a sua seguran a alimentar Os Kaiabi citam v rios motivos para tal fen meno como o adensamento populacional e press o sobre os animais de pesca e a a o dos turistas de pesca esportiva que mesmo soltando os peixes muitos acabam morrendo ou n o fisgando mais o anzol Contudo os maiores respons veis pela diminui o de peixes apontados pelos Kaiabi s o os pescadores ilegais que mesmo no periodo da piracema pescam com malhadeira principalmente acima do rio Cur
18. dois xinguanos bem estabelecidos no Teles Pires Myau 28 anos e Awo 26 anos dois jovens nascidos no Teles Pires Tymajuvi 23 anos e Josiane 22 anos e a Iracildo Munduruku 26 anos fixado no Kururuzinho h 8 anos O que chamou a aten o num primeiro momento quando os desenhos foram ficando prontos que nenhum deles contemplava a totalidade da Terra Indigena estabelecida de acordo com os mapas oficiais da FUNAI Quando entregaram os desenhos Jos e Valdir inclusive chegaram at a se justificar dizendo me desculpe eu sei que tem mais coisa mas eu s desenhei o que eu conhe o Ap s conversar com cada um deles foi possivel compreender que esse tipo de rea o demonstra muito bem que mesmo os Kaiabi conhecendo o mapa da FUNAI e imaginando que seria algo desse tipo que eu esperava n o conseguiram fazer seus desenhos sem deixar de lado os padr es pr ticos de linhas interconectadas com lugares narrados que na pr tica constituem sua regi o e suas redes de movimentos di rios Diferentemente dos processos convencionais de produ o de mapas em que o processo de produ o eliminado do produto final os mapas desenhados pelos Kaiabi se apresentam diretamente vinculados s suas experi ncias emocionais na por o de terras restritas que t m condi es de se movimentar atualmente na Terra Ind gena poss vel reconhecer os lugares de morada antiga dos mais velhos o Morro do Jabuti capoeiras barreiros de ant
19. fisicamente incluiu se tamb m os artif cios pol ticos que eles utilizam para assegurar e defender suas demandas Dessa maneira detectou se os paralelos diacr nicos e estruturais que permitem melhor entendimento da especificidade de processos territoriais na regi o A partir da contribui o do Dr Barbosa de Oliveira foi possivel trabalhar com mapas elaborados juntamente com os Kayabi e usar um aporte cartogr fico que foi de grande utilidade para as conclus es a respeito dos relacionamentos ecol gicos da import ncia territorial e da liga o afetiva das comunidades indigenas com o Teles Pires A ideia foi trabalhar com mapas que n o estivessem desconectados da forma como as pessoas conduzem suas vidas interagindo movimentando e ressignificando diariamente o ambiente circundante ainda que desafiando princ pios cl ssicos da cartografia convencional O uso desses mapas serviu ainda como transi o de uma abordagem perceptiva das rela es entre os Kayabi e o ambiente que habitam para outra de car ter pol tico discursivo e relativo luta por direitos territoriais em particular a demarca o integral de suas terras e a manuten o do seu estilo de vida caso venha a ocorrer a implanta o das usinas hidrel tricas Nessas condi es espera se que a revis o e complementa o do ECI ora apresentada atenda as criticas coment rios e solicita es manifestadas pela Funai no processo de licenciamento ambiental das UHE
20. garantir maior aten o aos seus interesses espec ficos A expectativa que as complementa es sugeridas possam atenuar este impacto reduzindo a sua intensidade e probabilidade de ocorr ncia epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Programas e Medidas indicados Impacto sobre as Popula es Ind genas pelos EIA Propostas de Medidas Complementares Expectativas de Reversibilidade Interfer ncia sobre a disponibilidade dos recursos de pesca jusante da barragem Interfer ncia em rotas migrat rias para a ictiofauna Altera o da estrutura populacional da ictiofauna a jusante da barragem Mortalidade de peixes nas turbinas Aumento da press o antr pica sobre a fauna aqu tica Aprisionamento de peixes em reas ensecadas Altera o da din mica fluvial Instabilidade de encostas ocorr ncia de processos erosivos e carreamento de sedimentos Altera o das caracter sticas hidr ulicas do escoamento Reten o de sedimentos no reservat rio Altera o da qualidade da gua a jusante da barragem Implantar sistema de transposi o de peixes STP e monitorar a efici ncia deste dispositivo Programa de Monitoramento da Ictiofauna Programa de Educa o Ambiental Plano Ambiental para Constru o Programa de Resgate de Peixes nas Areas Afetadas pelas Ensecadeiras Plano Ambiental para Constru o Programa de Monitoramento da Estabilidade das
21. muito prop cios ao bom desenvolvimento de suas diversificadas e exigentes culturas baseadas no sistema horticola da mandioca que possui pelo menos dez variedades distintas Tamb m entram como cultivos de destaque o milho massa al m de outras cinco variedades o amendoim tub rculos cara inhame taioba batata doce favas aboboras pimentas dentre outras Apesar de no Xingu os Kaiabi possu rem uma rede integrada de troca de sementes e preservarem com mais qualidade as especies antigas no Teles Pires as ro as sempre ocuparam um lugar de destaque nas rotinas di rias mesmo ap s algumas mudan as de h bitos ocorridas a partir do contato com diversas frentes econ micas As categorias pr prias para classifica o dos solos apresentam certa independ ncia em rela o aos tipos de vegeta o Considerando que ka aret quer dizer mato puro sem interven o do homem as reas geralmente utilizadas para o plantio das ro as s o descritas considerando prioritariamente a sucess o secund ria denominadas em portugu s de capoeira e no idioma Kaiabi s o chamadas de ko ro a e kofet local onde a ro a ja foi feita Este nome geral comumente acrescido por prefixos ou sufixos que conferem ro a algum tipo de caracteristica relativa ao solo ou nivel de sucess o secund ria Dentre estes o sufixo et ret marcadamente presente em muitas palavras da lingua tupi guarani significa verdadeiro legitimo origi
22. n o soube precisar A11 Seguindo de voadeira em um ponto que fica cerca de uma hora rio acima a partir do fim das corredeiras havia a Aldeia do Buriti ou myrysityp A12 em raz o das muitas palmeiras dessa fruta existentes no local Nessa aldeia morou durante muitos anos Joaquim Kaiabi Kawaip na poca da seringa que foi inclusive chefe dos Kaiabi nomeado por Elias e faleceu pouco tempo ap s a longa caminhada do Xingu para o Teles Pires Segundo Atu essa aldeia ficava bem pr xima divisa que atualmente a Terra Indigena faz com a base rea do Cachimbo Da foz do Igarap Arapari seguindo em dire o as cabeceiras do Cururuzinho ainda existiam seis locais diferentes que foram habitados pelos Kaiabi Logo ap s o Arapari havia a aldeia seringal cujo nome foi dado em raz o da exist ncia de duas seringueiras pr ximas aldeia ajai vtvp A13 At conta que quando caminhava nas margens do Cururuzinho com seu pai essa aldeia j havia sido abandonada pelos Kaiabi e sua clareira estava sendo ocupada por alguns seringueiros Rio acima os Kaiabi ainda moraram em quatro pequenas aldeias familiares as quais n o eram conhecidas por nenhum nome espec fico A14 A15 A16 A17 A ltima aldeia do rio Cururuzinho situava se na foz do seu maior afluente identificado nos mapas como rio Cururu Como havia muitos p s de manga chamava se Aldeia do Mangal mamagatvp A18 Al m dos afluentes da margem direita do Teles Pires no
23. possivel que ocorra o efeito inverso que os empreendimentos venham a restringir espacialmente algumas dessas atividades e estas deixem de dar apoio financeiro aos indios Trata se de um impacto ambivalente assumindo um car ter positivo ou negativo de acordo com a situa o especifica Tem in cio na fase de implanta o do empreendimento e se estende pela fase de opera o associado as atividades de acompanhamento dos empreendimentos e nova din mica econ mica Entretanto a tend ncia que seja mais intenso na fase de implanta o quando h maior estimulo economia da regi o bem como uma movimenta o mais intensa de recursos e de trabalhadores Este impacto permanente e revers vel A intensidade e a probabilidade de ocorr ncia foram avaliadas de acordo com o efeito que cada uma das usinas podera ter sobre a economia local e regional as restri es que cada uma delas poder impor sobre as atividades econ micas existentes a distribui o e concentra o de aldeias das etnias Kaiabi Munduruku e Apiak bem como o grau de envolvimento de cada uma delas com as referidas atividades econ micas 3 6 2 Processos impactantes A avalia o deste impacto especifico sobre o componente indigena resulta da an lise integrada de diferentes impactos identificados e avaliados nos Estudos de Impacto Ambiental das UHE de S o Manoel e Foz do Apiac s a saber e Dinamiza o da economia e Gera o de empregos e Modifica
24. refor ando a afirma o dos Kaiabi enquanto grupo aut nomo em suas rela es dentro e fora da aldeia a pesca se constitui como uma atividade direcionada para fazer fluir certos compromissos no seio da familia nuclear No passado a familia nuclear sempre esteve subordinada as regulamenta es da familia extensa assim como a pesca tinha import ncia menor do que a ca a Segundo Atu antes dos Kaiabi encontrarem os seringueiros suas aldeias se localizavam nas cabeceiras de igarap s que n o secavam Antes a gente s comia desses peixinho pequeno a gente nem conhecia esses peixes de couro que a gente come hoje que nem jau e pirarara Pela forte tradi o guerreira al m das dificuldades no acesso aos peixes as carnes de ca a sempre dominaram a prefer ncia alimentar dos Kaiabi Al m disso o ca ador e o guerreiro estavam sempre na linha de frente para a afirma o tnica e territorial do grupo visando tamb m prover seu grupo familiar de alimentos e cabe as de humanos para as grandes celebra es da ndole guerreira do povo Kaiabi simbolizadas de diversas maneiras pelo ritual Jowosi Contudo esta rela o parece ter se invertido ao longo dos anos Ap s a sedentariza o das aldeias em raz o dos contatos mais intensivos com os seringueiros e da pol tica de terras do estado brasileiro somada as proibi es e constrangimentos de matarem outros humanos os Kaiabi passaram a conceder pesca um valor maior at do que ca
25. trouxeram mercadoria pra dar pro pessoal ai o pessoal foi descendo pra ficar perto do posto A quando tava tudo pronto come aram a chegar chegar chegar ai botou a gente pra trabalhar tirar borracha fazer farinha um tanto de coisa Ai nessa poca j n o tinha mais branco Ai n s ficamos l muitos anos Diante das falas de Atu e Xup sobre o processo de ocupa o do Baixo Teles Pires ha que se ressaltar a no o de limites que as pr prias rela es entre as etnias estabeleciam quase que de maneira t cita Tomando os cursos d gua como refer ncia central os Kaiabi tinham no o de quando estavam entrando em territ rio inimigo Se a conforma o da pessoa amaz nica n o est dada de antem o em sentido an logo o territ rio tamb m n o est vel e se define invariavelmente de modo relacional Era tamb m comum os habitantes de um territ rio deixarem flechas ou sinais para os outros grupos reconhecerem que estavam entrando em territ rio inimigo e evitarem a aproxima o Assim muito distante de qualquer tipo de regime de propriedade baseado em limites r gidos pre estabelecidos os indios tinham uma boa id ia de onde come ava e terminava o seu territ rio e onde se localizavam as zonas intersticiais e as reas de perigo Como vinham fazendo durante s culos era justamente adentrando nas proximidades desses limites que os guerreiros Kaiabi colocavam em risco na pr tica a no o de territ rio afirmada por ou
26. 3 3 1 Tempo do rio O ritmo do Teles Pires orienta e tamb m orientado por uma grande variedade de sinais da natureza Os Kaiabi n o fazem uma estrita categoriza o em termos de causa e efeito de qual acontecimento determina o outro mas est o sempre atentos a novas mudan as para tamb m orientarem suas atividades Os aspectos pelos quais as esta es s o definidas com maior clareza s o aqueles que incitam os movimentos dos Kaiabi Na realidade os elementos naturais parecem estar todos imbricados numa continuidade comum que move seu mundo e com ele as mudan as c clicas que indicam o andamento do ano baseado em seus princ pios de intera o com o ambiente Embora os Kaiabi conhe am perfeitamente a passagem dos meses e do ano tamb m se orientando pelo calend rio gregoriano quando est o na aldeia o ritmo de vida regido por essa outra din mica portanto seguindo o ritmo das esta es do ano tempo do sol e o tempo da chuva que os Kaiabi interagem com o ciclo anual de cheia e vaz o do Teles Pires se movimentando no sentido do wayfarer descrito por Ingold em oposi o mera locomo o produzindo linhas n o necessariamente voltadas para um destino final como o caso do transporte ou locomo o O wayfarer nesse sentido um s com sua linha seguindo o engajamento ativo com a regi o que se abre ao longo do caminho percorrido Em suas perambula es na regi o de habita o familiar eles v o deixando
27. CARRASCO Lorenzo 2001 M fia verde o ambientalismo a servi o do governo mundial S o Paulo EIR CASTELNAU Francis de 1949 Expedi o as regi es centrais da Am rica do Sul Tomo Il S o Paulo Companhia Editora Nacional CHAPMAN M D 1985 Environmental influences on the development of traditional conservation in the South Pacific region In Environmental Conservation 12 3 pp 217 230 CLASTRES Helene 1978 Terra Sem Mal O profetismo tupi guarani S o Paulo Brasiliense CLASTRES Pierre 1988 A Sociedade contra o Estado Pesquisas de Antropologia Pol tica Rio de Janeiro Francisco Alves pp 71 89 CONKLIN Beth A amp Laura R GRAHAM 1995 The shifting middle ground Amazonian Indians and eco politics In American Anthropologist 97 4 695 710 COUDREAU Henri 1897 1977 Viagem ao Tapaj s Belo Horizonte Editora da Universidade de S o Paulo Livraria Itatiaia DE CERTEAU Michel 1984 The practice of everyday life University of California Press Berkeley Los Angeles and London Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m eka Minist rio de Minas e Energia DEWAR Elaine 2004 Bones Discovering the First Americans New York Carol amp Graff Publishers ERICKSON C L 2008 Amazonia the historical ecology of a domesticated landscape In Handbook of South American Archaeology Editado por H Silve
28. Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Teles Pires num lugar chamado de vpenem um ponto recomendado para a pesca do jundi Em pontos mais rasos peixes como corvina curimat e o piau podem ser pescados Em suas corredeiras os Kaiabi param o barco nas margens e pescam pacus ou ainda bodos que se alimentam nas pedras Quando saem a noite para pescar esse rio o rio mais procurado Jos comenta que o Cururuzinho um rio sagrado para os Kaiabi e vem sendo constantemente explorado por pescadores predat rios que quando abordados pelos indios n o manifestam o menor constrangimento Al m disso as tr s pousadas de pesca esportiva que atuam dentro da Terra Indigena v m disputando ativamente o direito de poderem levar seus turistas nesse rio At as duas primeiras cachoeiras suas guas s o cristalinas podendo se avistar com facilidade os pintados pirararas e arraias se movimentando calmamente debaixo da voadeira As palmeiras de a a inaja e buriti s o uma constante companhia no curso do rio Subindo a terceira cachoeira as corredeiras formam juntamente com a cor azul esverdeada que a gua toma com luminosidade do sol um cen rio impressionante O rio Santa Rosa frequentado com regularidade pelos Kaiabi em grupos maiores e com o prop sito principal de trazerem para a aldeia grande quantidade de matrinch s e pacus De modo geral as pescarias neste rio costumam voltar com a voadeira cheia de peix
29. Emqpress de Frapis Ereigdiaoa EPs arma ur a MP NIE FN do Amana FIA PS TOTE EN doatuarana Riu ER alt Bio Niro ETs Estcunduril k j RA E Rd A ga a Mail FE E A Fa As Far r F j F F F ra FF i p i a g RES A 7 f Py Edita 7 F f j n E j a J P I I E ni r tar Tm E E n a r E J irma ra Morena atogralca Integrada ao Milton simo EGE 2004 Estudo do Componente Indigena gl Caracteriza o das microbacias Prote o Integr Area Militar IBGE 2009 l i a Limites das Terras Indigenas FUNAI 2010 T tulo al P D E Uso Sustent vel Unidades de Conserva o Federais MMA 2011 Unidades de Conserva o Estadual Elesobras 2011 Sistema de Propg o Geogr fica EA Area Militar Serra do Cachimbo GCS SoutihAmerican 1560 N a xs Indigenas Qata 06072011 TN Ga H e E t 100 Empresa Aa Fesquica Encigifica Pon a o e2 Po a mh Lands die ride Morto Meg o a e AEE a A ei a k a S432 chatos Pulo b o ud E omg i i J E E T z sm z Fo a F E a i E r y e Er de e Mm m o E mira D HES l H mediado at Milon simo IBGE a E k E E a turma oit actas nivel 4 ANA 2007 Caracteri das microbacias O raumas para aprostura ENrHN Limites das Terras indigenas FUNAI 2010 O kaihe n o erman camimetals Higrograsa Projeto Desm
30. Kayabi Gleba Sul referente aos 166 500 hectares inicialmente previstos Nesse mesmo ano os Kaiabi reivindicaram a rea perdida durante a demarca o de 1976 e algumas areas situadas esquerda do rio Teles Pires utilizadas para coleta de castanha materiais para artesanato e produ o de seringa Em 31 de mar o de 1989 a Procuradoria Juridica da FUNAI manifestou se favoravelmente interdi o da rea exclu da da demarca o inicial Em 03 de novembro do mesmo ano os Kaiabi decidiram em reuni o que a rea a ser interditada deveria englobar as terras exclu das na demarca o e as cabeceiras do rio Cururuzinho ou Cururu A u deixadas fora do Decreto n 251 45 Pela Portaria n 5 3 FUNAI de 12 de junho 1990 foi interditada uma rea com 52 500 hectares denominada TI Kayabi Gleba Sul Diante de recentes inova es na legisla o indigenista atinentes amplia o de terras indigenas os Kaiabi e os Munduruku do Teles Pires solicitaram junto ao Administrador Regional de Itaituba que se iniciassem as discuss es para a amplia o de suas respectivas reas indigenas a partir do Decreto n 251 de 1945 Nessa ocasi o o Administrador produziu um relat rio declarando que a Minera o S o Benedito ja n o mais utilizava a rea entre o rio Cururuzinho e o S o Benedito sendo reconhecida como uma rea de terra preta bastante prop cia para a agricultura contrastando com a maior parte da rea indigena que composta p
31. Minhocal 2 Lajeirinha 3 Dinossauro 4 Tukum 5 Sapezal Watipka 6 Mairowi 7 Ximan 8 Cachoeirinha 9 Coelho 10 S o Benedito Ee i RIO APIAC S Fonte OLIVEIRA 2010 Figura 3 Mapa de ca a da Terra Ind gena Kayabi Espera se ainda que a altera o na din mica natural dos rios Teles Pires e Apiac s no trecho a ser ocupado pelos futuros reservat rios ter impacto sobre algumas esp cies de aves migrat rias que utilizam bancos de areia e pedras expostas no leito do rio no periodo de seca como abrigo local de forrageamento e nidifica o S o exemplos de esp cies afetadas o talha mar Rhinchops niger o trinta reis grande Phaetusa simplex o trinta r is pequeno Sternula superciliaris a batuira de espor o Vanellus cayanus e toda a sorte de ma aricos e batuiras Charadriidae e Scolopaciidae O novo ambiente criado n o ser o ideal para manuten o destas esp cies que necessitar o encontrar alternativas de rota ou outros locais de pouso fora da rea de influ ncia das UHE em quest o b Impactos relacionados s altera es na din mica demogr fica regional e movimenta o humana Segundo o EIA da UHE S o Manoel a press o antr pica sobre a fauna terrestre se dar sobre os diferentes grupos de vertebrados terrestres motivada por interesses diversos como lazer E epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia com rcio ou complementa o alimentar
32. VANNOTE et al 1980 Com rela o import ncia individual dos habitats as corredeiras e cachoeiras tendem a apresentar endemismos ou ocorr ncias exclusivas As lagoas marginais e v rzeas por sua vez configuram ambientes de alimenta o ou reprodu o para grande n mero de esp cies aqu ticas No que diz respeito fauna terrestre mamiferos e aves de grande porte como on a pintada Panthera onca anta Tapirus terrestris mutum de penacho Crax fasciolata e arara caninde Ara ararauna s o esp cies registradas na regi o EPE 2010 Esses animais se beneficiam da Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 27 Sa i o MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA heterogeneidade de habitats da regi o Estes habitats por apresentarem composi es floristicas distintas ou pelo menos assincronia na frutifica o garantem oferta de alimento para a fauna herbivora durante grande parte do ano LEVEY 1988 LOISELLE amp BLAKE 1991 De uma forma geral a regi o em estudo bastante preservada Isso se d principalmente pela grande concentra o de reas protegidas tais como unidades de conserva o de prote o integral e uso sustent vel terras indigenas e a Base A rea do Cachimbo Campo de Provas Brigadeiro Velloso Al m disso n o h grandes aglomerados urbanos e conflitos expressivos pelo uso da gua WWF TNC 2008 Os mapas que comp em a caracteriza o ambiental das microbacias em estudo
33. a gente vai ver como est de peixe Se n o estiver muito bom ou estiver dando muita piranha a gente vai pra outro lugar Desse modo a nica regularidade que existe na pesca no Teles Pires a por o do rio utilizada por aqueles que vivem nas aldeias Kururuzinho Dinossauro Lageirinha e Minhocal que vai desde o Lago do Jabuti at a cachoeira Rasteira Os habitantes das outras aldeias costumam subir um pouco mais o Teles Pires at a foz do rio Apiac s Os pontos do Teles Pires assinalados para coleta de ovos de tracaja foram a cachoeira do Pacu e a micro regi o da Minera o Dois outros rios mais visitados no ver o e com destacada import ncia de pesca para os Kaiabi s o o rio Cururuzinho e o rio Santa Rosa No passado havia aldeias Kaiabi at bem pr ximo das cabeceiras do rio Cururuzinho e Jos Kaiabi mesmo conta que j habitou em tr s aldeias no curso desse rio anos antes da funda o do atual Posto Kayabi Segundo Jos hoje em dia os Kaiabi t m por costume subir esse rio apenas at sua quarta cachoeira conhecida como cachoeira da Varanda O Cururuzinho forma algumas praias durante o auge do ver o que s o pontos garantidos de coleta de ovos de tracaja Al m disso peixes de couro em particular o pintado e a cachara s o facilmente encontrados Em frente a foz do Cururuzinho na outra margem do Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM a Eis Re
34. al m de castanheiras de rvores onde v rios tipos de abelhas meliferas constroem suas colmeias das palmeiras de cujos frutos se fazem vinhos de a a bacaba buriti pataua O espa o que se pode percorrer durante ca adas e viagens de coleta deve ser extenso pois Apiaka gosta de andar A quantidade de casas deve ser restrita pois para al m de um certo limite a aldeia adquire um aspecto desordenado No entorno das casas devem haver palmeiras nativas e frutiferas introduzidas os terreiros devem ser amplos e limpos As condi es ambientais de uma rea s o pois avaliadas com base num conjunto de variaveis ecol gicas e valores morais e est ticos que comp em o par metro de bem estar para os Apiak A constru o das habita es sal o escola casas de farinha e outras estruturas permanentes realizada ap s a extra o da mat ria prima e seu respectivo beneficiamento consistindo em atividade masculina e coletiva A extra o dos recursos vegetais envolve necessariamente o uso de diferentes unidades de paisagem uma vez que as unidades de recursos se encontram distribuidas de maneira difusa na regi o do Pontal As ro as s o mais valorizadas do que as casas pelos Apiak Embora a casa o terreiro os ro ados o porto e as trilhas que os interligam sejam individualizados todo o territ rio da aldeia isto o entorno das casas utilizado para atividades econ micas de posse coletiva O ace
35. atualmente vivendo no Xingu Tamana e Xupe At filho mais velho do finado Manek Lider do grupo que em 1970 resistiu transfer ncia para o Xingu Com quase 70 anos pode ser considerado o portador das hist rias antigas que fundam o relacionamento que os Kaiabi estabelecem com o Baixo Teles Pires Por seu interesse nas hist rias contadas por seu pai e por sua capacidade de transmiti las Atu foi indicado para a posi o de cacique Seu Andr apesar de falar pouco nasceu nessa regi o conhece bem os movimentos dos Kaiabi e faleceu alguns meses ap s o trabalho de campo em 2009 Xupe que fazia parte do grupo de Manek estava entre os primeiros Kaiabi a se fixarem no Teles Pires e tamb m apontou informa es relevantes sobre os lugares de import ncia Os irm os Kurun e Tamana separados pela transfer ncia tamb m forneceram relatos emocionados constantemente vinculando o Teles Pires ao lugar original dos Kaiabi O eixo das conversas com os Kaiabi seguiu as informa es constantes no relat rio do grupo de trabalho da FUNAI elaborado por Patr cia Rodrigues 1994 quando foram identificados 40 pontos de import ncia entre aldeias e lugares antigos O objetivo prim rio de Rodrigues era o de fornecer subsidios para as autoridades competentes de que os Kaiabi habitaram e ainda mant m vinculos simb licos e materiais com o lado de Mato Grosso justificando assim a amplia o de suas terras Pelas conversas mais pro
36. cio de maio de 2008 os Kaiabi foram informados que o processo de demarca o havia sido novamente liberado e que a empresa de agrimensura contratada estaria chegando a Alta Floresta juntamente com integrantes da FUNAI de Brasilia para come arem os trabalhos Assim que a equipe chegou cidade a not cia se espalhou rapidamente e as amea as casa da Associa o Indigena e ao celular do gerente da empresa foram constantes afirmando que se entrassem nas propriedades particulares para fazerem a demarca o os supostos donos teriam que agir com viol ncia pois estariam protegendo seu patrim nio Sem conseguirem o apoio da Pol cia Federal o grupo resolveu iniciar os trabalhos resolvendo que n o entrariam em enfrentamento com fazendeiros ou posseiros caso fossem confrontados Foi ent o realizada uma reuni o na aldeia definindo os grupos de trabalho e determinando as etapas a serem seguidas com uma previs o minima para a concretiza o da demarca o de um m s De forma bastante similar como ocorreu em 2004 os advogados dos fazendeiros aproveitando se das falhas de comunica o entre as ag ncias governamentais bem como das diversas brechas existentes na legisla o sobre a regulariza o de terras indigenas conseguiram um agravo de instrumento capaz de suspender novamente a demarca o Pela determina o dos juizes de Cuiab e Brasilia ficou decidido em abril de 2009 que uma nova per cia deveria ser realizada nomeand
37. colas muitos tentaram retornar por m sem sucesso Quando indagados se ainda manifestam o desejo de retornar algum dia muitos admitem sentir saudades mas aguardam a demarca o da Terra Indigena em sua totalidade para tomar sua decis o Outros dizem que j est o em idade avan ada e preferem morrer mesmo no Xingu junto com seus parentes apesar de todos serem enf ticos em afirmar que a verdadeira terra dos Kaiabi o Teles Pires juntamente com o rio dos Peixes Associado a este aspecto das rela es com a antiga terra a forte vincula o que os Kaiabi estabelecem com seus parentes que ficaram para tr s vivos ou enterrados no Teles Pires se apresenta como outro fator importante na desagrega o e falta de significados que alguns ainda enfrentam no Xingu Foi portanto relacionando esses dois aspectos que seguem as interpreta es considerando as falas mais ilustrativas dos velhos Kaiabi para alcan ar uma sintese que mais elaborada de como vem sendo trabalhada e mantida viva a mem ria do antigo ambiente onde costumavam habitar Iniciamos com a forma pela qual Tamana da aldeia Ilha Grande define sua chegada no Xingu e o processo de adapta o com a tradu o de seu filho Siranho Pergunto como foi a sua chegada ao Xingu Da primeira vez que eu cheguei eu arrumei muita confus o com o Cl udio ai eu fiquei sem saber se ia ficar no Xingu mas com o tempo eu fui ficando mais calmo at porque toda a familia que tinha
38. como o caso das barragens e estruturas necess rias para O funcionamento das usinas Deve se considerar assim o impacto visual que essas novas estruturas ter o sobre os povos indigenas que transitam naquela rea assim como a sua percep o em rela o as interfer ncias sobre a din mica dos ecossistemas da regi o e consequentemente sobre suas atividades e modos de vida 3 8 Matrizes de Impacto A seguir s o apresentadas as matrizes de impacto das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s resultantes da avalia o de impactos Tabela 5 e Tabela 6 As matrizes s o compostas pelos impactos espec ficos sobre as popula es ind genas nas linhas e pelas categorias anal ticas utilizadas na avalia o de impactos A conceitua o dessas catagerias e os crit rios para classifica o s o apresentados na Tabela 2 no Cap tulo 2 Cada matriz segmentada por etnia nas categorias probabilidade de ocorr ncia intensidade signific ncia e import ncia Esse recurso foi adotado com o objetivo de oferecer um quadro geral dos impactos de cada usina paralelamente avalia o de como cada etnia deve ser afetada pelos impactos das usinas epo Minist rio de Minas e Energia KESE y a A Tabela 5 Matriz de Impactos sobre o Componente Ind gena UHE S o Manoel Kaiabi Munduruku Impacto sobre o CI Natureza do Perman ncia Reversibilidade Probabilidade de ocorr ncia Intensidade Signific ncia Impo
39. contamina o e do contato mais frequente dessas pessoas com os indios Na fase de opera o este impacto pode se atenuar com a redu o do n mero de trabalhadores em contato com os ndios um impacto permanente e revers vel Sua intensidade e a probabilidade de ocorr ncia variam de acordo com o porte dos empreendimentos e o n mero de trabalhadores durante as obras a distribui o e concentra o dos Kaiabi Munduruku e Apiak nas proximidades dos empreendimentos bem como as rela es estabelecidas entre cada uma das etnias e os n o indios 3 4 2 Processos impactantes O impacto especifico na saude das popula es indigenas foi avaliado a partir dos impactos referentes sa de da popula o local e de migrantes previstos nos Estudos de Impacto Ambiental das UHE de Foz do Apiac s e S o Manoel S o eles e Aumento da incid ncia de doen as e Altera o na estrutura dos habitat de dipteros hemat fagos e Incremento das popula es de entomofauna vetora e Prolifera o de vetores de esquistossomose e Altera o da qualidade da gua a jusante da barragem e Disponibiliza o do merc rio para a cadeia alimentar e Acr scimo da prostitui o e Altera o na din mica demogr fica Os impactos listados contribuem de alguma forma para aumentar os vetores de contamina o aos quais as popula es ind genas est o expostas necess rio considerar como importante agravante a altera o na din mica demogr
40. cuja tese intitulada Quando resistir habitar lutas pela afirma o territorial dos Kaiabi no Baixo Teles Pires foi concluida e publicada em 2010 enriquecendo o ECI dos empreendimentos com a incorpora o dos resultados por ele obtidos Observe se que o trabalho de Barbosa de Oliveira considerado refer ncia no estudo das etnias do baixo Teles Pires Por bvio a revis o da matriz de impactos considerando as conclus es e recomenda es das demais complementa es n o demandaria per se novas investiga es podendo ser concluida a partir de todo o material levantado Nesse contexto a pe a principal dos trabalhos para atendimento s demandas apresentadas pela Funai a revis o e complementa o do conte do antropol gico do ECI dos empreendimentos em tela Apresentado quest o Barbosa de Oliveira aceitou a proposta da EPE de enfrentar o desafio de rever e complementar o conte do antropol gico do ECI Assim optou se pela segunda das alternativas anteriormente enunciadas principalmente porque a autoridade do Dr Barbosa de Oliveira sobre a mat ria confere ao estudo ora apresentado Funai uma qualidade que de outra forma dificilmente poderia ser obtida al m de que tal encaminhamento agiliza o processo de licenciamento ambiental epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Pela import ncia da pe a antropol gica ora incorporada ao ECI de S o Manoel e Foz do Apiac s co
41. dia requerido para a derrubada de rvores maiores com machados ou motosserras Por ser um trabalho mais perigoso somente os homens jovens e adultos podem participar O periodo desej vel para iniciar a queimada das ro as no meio setembro quando as castanheiras come am a florescer ou quando o tracaj deixa de botar ovos As queimadas come am quando surgem os primeiros sinais de trov o no c u ou quando come a a aparecer com frequ ncia um p ssaro pequeno de rabo comprido que os Kaiabi chamam de wyra i takama Quando o canto da cigarra come a a engrossar tamb m sinal de queimar a ro a Essa pr tica realizada por grupos de homens ateando fogo em diversos pontos das bordas para o centro em dias de brisa suave e com a ro a protegida por aceiros Usam em algumas situa es chifre de boi pra avisar que est o queimando numa certa dire o para evitar acidentes Quando bem executado o trabalho as ro as queimam bem chegando a fumegar por at tr s dias Os Kaiabi ainda t m o costume de gritar para a dona das ro as Kupeirup pedindo pra ela produzir plantas boas e pedem que ela cuide da ro a e das planta es As ro as abandonadas s o cultivadas novamente em m dia apos cinco anos e nesse intervalo s o ocasionalmente visitadas para coletar frutas e sementes das rvores remanescentes Logo antes do in cio das chuvas depois que a ro a est bem seca come a o plantio Existe uma ordem a ser seguida tanto para o p
42. es com o mundo possibilitando que um mesmo mundo seja visto por v rios pontos de vista tomados de dentro Tal no o n o apenas remove o fundamento b sico da ci ncia moderna baseado na oposi o entre relativismo e realismo como tambem dissipa o problema da tradu o cultural Ingold absorve ainda outras influ ncias como a de Maurice Merleau Ponty 1971 e a fenomenologia da percep o deslocando o foco de an lise de um ser abstrato que d sentido ao mundo para um ser no mundo Outro componente a ser tratado com o devido cuidado a forma como contada a hist ria de ocupa o do Teles Pires Ao inv s da analisar a hist ria pelo tempo que passa dando nfase aqueles que ganharam pensando que os que assim o fizeram s o melhores e mais bem preparados representantes da sociedade moderna a hist ria descrita de forma que o passado est sempre presente e a voz do suposto perdedor ressurge de forma incompreens vel para aqueles mais adeptos dos paradigmas da modernidade Assim conferir historicidade aos grupos indigenas habitantes do Baixo Teles Pires significa mais definir a sociog nese de sua configura o atual do que ficar apresentando evid ncias hist ricas de seu territ rio de ocupa o antiga ou vasculhar no passado por tra os de sua cultura original imaculada de qualquer tipo de contamina o proveniente do contato nesse sentido que foi dada especial import ncia compreens o de que os grupos dominad
43. etno ecol gicas e econ micas das tr s etnias A partir da Revis o do Conte do Antropol gico ent o foram elencadas as diretrizes b sicas a serem seguidas e a proposi o de quatro novos programas especificos aos modos de vida indigenas 9 1 Diretrizes para Complementa o de Programas V rios dos programas propostos pelos EIA das usinas de S o Manoel e Foz do Apiac s poder o minimizar os impactos sobre o meio f sico bi tico e socioecon mico Por m a proposi o de um nico programa denominado Programa de Apoio s Comunidades Indigenas parece n o abordar todas as especificidades ou necessidades das popula es ind genas que vivem pr ximas as usinas frente s altera es que ser o desencadeadas pelos empreendimentos em quest o Estudos do Combonente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomotementa o EM epe Minist rio de Minas e Energia A Revis o do Conte do Antropol gico fornece v rios subsidios para a formula o de diretrizes para o desenvolvimento de programas ou adapta o dos programas propostos pelos EIA de S o Manoel e Foz do Apiac s com o objetivo de minimizar os impactos especificos sobre as popula es indigenas Ademais a Revis o da Avalia o de Impacto nos permite identificar quais s o os impactos que devem receber maior import ncia nesse processo de mitiga o ou compensa o As principais diretrizes que podem ser formuladas diante des
44. habitado em diferentes periodos ao longo dos s culos XIX e XX pelos antepassados e pelos pr prios moradores Apiak e Munduruku atuais No entorno das reas atualmente habitadas e tamb m no entorno dos pontos de habita es aldeias antigas observam se capoeiras em diferentes est gios de regenera o pr ximas a zonas utilizadas para ca a pesca e coleta indicando que toda a extens o do Pontal ocupada de modo permanente A regi o se caracteriza pela grande oferta de esp cies animais e de recursos para a confec o de utens lios que podem ser utilizados para ca a e pesca como o pau d arco e a pupunha brava que podem ser utilizados para fabricar arcos a taquara kamay que serve para fazer a haste da flecha e a palha de baba u utilizada para fazer tocaias O car ter permanente da ocupa o indigena no Pontal correlato da rela o de pertencimento que os Apiaka mant m com este territ rio a um s tempo elemento crucial de sua organiza o social atual fundamento da mem ria coletiva e base da perspectiva de futuro do povo 3 4 2 Atividades produtivas A subsist ncia do povo Apiaka baseia se nas atividades tradicionais de agricultura ca a pesca e coleta desenvolvidas a partir de um conhecimento ecol gico refinado associado a t cnicas e saberes sobre o ambiente transmitido de gera o a gera o no horizonte de uma concep o de mundo especifica A forma de utiliza o dos recursos naturais est intima
45. jusante da barragem Certa M dia Alta M dia Alta Altera o da din mica fluvial C O Negativa Permanente lrrevers vel Certa Media Alta Certa Prov vel M dia Alta Aumento da Incid ncia de doen as na C O Negativa Permanente Revers vel Muito Alta Alta Prov vel M dia Alta popula o indigena Prov vel M dia Alta Prov vel Pouco Baixa Alta Prov vel Cria o ou intensifica o de conflitos P C O Negativa Permanente Reversivel Muito Alta Alta territoriais Prov vel Muito M dia Baixa Prov vel Muito M dia Baixa Prov vel Altera es nas rela es dos ndios com C O Ambivalente Permanente Revers vel Muito Alta M dia as atividades econ micas Prov vel Certa M dia Alta Certa M dia Alta Altera es na paisagem e perda de C O Negativa Permanente Irreversivel Certa Alta Alta referenciais socioespaciais e culturais 1 Embora o impacto sobre a din mica sedimentol gica seja permanente e irrevers vel o impacto sobre o regime hidr ulico a jusante da barragem tempor rio e revers vel Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 5 PROGRAMAS E MEDIDAS De acordo com a Revis o do Conte do Antropol gico o ponto chave ao se planejar os programas de mitiga o e compensa
46. many barbarisms the Chihuahuan frontier in transition from society to politics In Contested ground comparative frontiers on the northern and southern edges of the Spanish empire Donna Guy e Thomas Sheridan eds Tucson University of Arizona Press pp 182 199 OAKDALE Suzanne 2005 foresee my life the ritual performance of autobiography in an Amazonian community Lincoln and London University of Nebraska Press Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m eka Minist rio de Minas e Energia OLIVEIRA FILHO Jo o Pacheco 1999 Ensaios em Antropologia Hist rica Rio de Janeiro Editora UFRJ PAGLIARO H 2005 A mudan a dos Kaiabi para o Xingu uma hist ria de sucesso demogr fico In R G Baruzzi and C Junqueira eds Parque Ind gena do Xingu Sa de Cultura e Hist ria Universidade Federal de S o Paulo Terra Virgem S o Paulo PP 201 226 PROJETO RADAMBRASIL 1981 Geologia Geomorfologia Pedologia Folhas SC22 Juruena Vol 22 Rio de Janeiro PYRINEUS DE SOUZA Ant nio 1916 Explora o do rio Paranatinga e seu levantamento topographico bem como o dos rios S Manoel e Telles Pires Relat rio apresentado ao chefe da Comiss o Coronel Candido Mariano da Silva Rondon In Comiss o de Linhas Telegraphicas Estrat gicas de Matto Grosso ao Amazonas Rio de Janeiro Publica o n 34 RAFFESTIN Claude 1993 Por uma g
47. mas se mostraram capazes de se reerguerem amparados pela legisla o indigenista definida na Constitui o Federal de 1988 Se ap s os massacres ocorridos na sede da coletoria de impostos de Mato Grosso Barra de S o Manuel nos primeiros anos do s culo XX os Apiak demoraram quatro gera es para voltar a estabelecer uma aldeia s margens do Juruena fizeram no de acordo com os princ pios b sicos Tupi de nunca abandonar definitivamente um territ rio j ocupado e de manter os inimigos por perto fen meno que atesta a continuidade at os dias atuais de um modo especifico de ocupa o territorial com raizes pr colombianas Territorialidade esta que embora exercida h s culos pelos indigenas apenas muito Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia recentemente com a promulga o da Constitui o Federal de 1988 passou a ser reconhecida pelo Estado como fundamento de direito Uma capoeira pode voltar a ser utilizada para implanta o de ro ado ou moradia ap s aproximadamente uma gera o 25 anos de pousio as capoeiras comumente s o identificadas pelo nome de seu s ltimo s dono s Trata se portanto de um modo de ocupa o extensivo n o intensivo do territ rio que tem importantes implica es do ponto de vista ambiental Este processo de humaniza o do terr
48. o encontrados na sua margem esquerda dois afluentes importantes o igarap do Bruno e o igarap Ingarana A vaz o do rio em seu trecho final varia de 20 a 1200 m3 s nas pocas de seca e cheia respectivamente Os rios e igarap s da bacia hidrogr fica do rio Apiac s foram considerados como ecossistemas de guas claras com uma boa qualidade da gua pH variando entre guas cidas e alcalinas baixas condutividade el trica concentra o de s lidos dissolvidos e em suspens o e reduzidos valores de dureza e alcalinidade total No trecho alto m dio o rio Apiac s apresenta guas mesotr ficas e maior quantidade de metais pesados J na regi o pr xima foz do rio devido ao efeito da dilui o e degrada o destes elementos o rio apresenta uma relativa melhora na qualidade da gua MOSS 2005 A pequena rea da TI Kayabi contida na microbacia 4444 0 4 da TI cont m a unidade geomorfol gica Patamar Dissecado do Apiac s associada a solos lit licos e as forma es Floresta Ombr fila Densa Submontana e contato Savana Floresta Estacional k Microbacia 4454 A microbacia 4454 possui cerca de 4 900 km e inclui aproximadamente 5 da rea da TI Kayabi especificamente nas regi es de cabeceiras Devido baixa ocupa o antr pica desta rea presume se que as guas sejam oligotr ficas O principal rio o S o Tome afluente do Juruena que drena para fora da TI Kayabi O rio S o Tom possui cerca 200 km de exte
49. o atuar de forma integrada junto aos grupos indigenas Para que as a es complementares previstas na Tabela 11 passem pelas etapas comumente constantes em qualquer sistema de gest o quais sejam de planejamento execu o monitoramento e avalia o de resultados recomenda se a elabora o de um programa especifico denominado Programa de Gest o Ambiental Ind gena que consistir na consolida o sistem tica de todas as estrategias metodologias e a es que dizem respeito aos impactos nas popula es indigenas a serem mitigados pelos programas integrantes dos EIA de forma a garantir a aplica o das diretrizes antes mencionadas Nesse sentido todos os programas integrantes dos EIA que atuarem direta ou indiretamente sobre as condi es de vida das tr s etnias dever o ter suas atividades adaptadas junto ao Programa de Gest o Ambiental Indigena Para isso ser necess rio o redimensionamento dos recursos humanos e materiais metodologias cronogramas metas e indicadores de resultados de cada um dos programas exclusivamente para as popula es indigenas A estrutura o do Programa de Gest o Ambiental Indigena dever ser feita pelo empreendedor e realizada mediante consulta e delibera es junto s organiza es e lideran as indigenas rg os ambientais FUNAI FUNASA Org os da administra o p blica federal estadual e municipal A responsabilidade de implanta o do programa do empreendedor No entanto
50. o ca ar animais de maior porte como porcos do mato e anta ou num lugar de ocorr ncia reconhecida on as comum os Kaiabi reunirem um grupo de ca adores Quando em grupo m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia abatem um animal de menor porte aquele que viu primeiro tem o direito de ficar com a ca a Sendo a ca ada diurna saem de manh e seguem uma dire o previamente combinada com os demais homens podendo cada um escolher o seu caminho de ca a Os Kaiabi n o fazem normalmente piques de ca a pois procuram ca ar mais nas proximidades dos rios e aldeias n o adentrando demasiado na floresta Nesse empreendimento percorrem dist ncias que n o chegam a superar 10 km a partir do ponto de entrada na floresta Em geral utilizam a t cnica de ca a a curso em que seguem caminhando e emitindo sons de animais para poderem se localizar medida que v o adentrando na floresta Essa entrada pode ser logo ap s as ro as que circundam suas casas ou navegam um trecho at chegarem a um local que sirva de ponto de entrada sendo frequentemente uma capoeira ou locais de habita es antigas Se a ca a ocorrer no periodo da seca em pontos mais distantes o afastamento ser a partir do local de acampamento Os locais de acampamento s o os mais variados preferindo pontos mais pr ximos a um curso d gua e que podem ser determinados por objetivos de coleta como a coleta do ovo de tracaj
51. o do Conte do Antropol gico do ECI Essa heterogeneidade de informa es por etnia se reflete no volume e no detalhamento das an lises sendo as informa es Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Aviac e Revis o ecomiemena o E epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia referentes aos Kaiabi maiores em volume e profundidade comparativamente aquelas dispon veis sobre os Munduruku e Apiac No entanto ressalta se que o conjunto total de informa es suficiente para a adequada revis o da avalia o de impactos na medida em que permite consider vel ganho anal tico comparativamente aos impactos tais quais propostos e avaliados no ECI EPE 2010c TCW Sr YOV OUW E 4 A x Munduruku sors Legenda e Cidades Aldeias Kayabi Aldeias Munduruku Aldeias Apiak Aldeias Antigas i Hidrografia a a UHE S o Manoel Cixos do Barramento ae Fal Reservat rios ge Ea r A F UHE Teles Pires Agropecu ria UHE Foz do 2 Apiac s ER Influ ncia Urbana Ao Apiacas y Terras Ind genas Paranaita NNova Bandeirantes qe otrigua u pNova Monte Verde 1007S Figura 1 Mapa geral da regi o de estudo Estudos do Combonente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Avia o Revis o ecomoement o Ed epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Este relat rio est organiz
52. s aldeias antigas entre elas a aldeia Tabuleiro e possui um dos dois locais onde os Kaiabi encontram um tipo espec fico de bambu chamado de taquari bastante utilizado na confec o de flechas e Praias dos rios S o Benedito Apiac s e Cururuzinho As praias que aparecem nas margens desses rios nos meses de ver o s o de extrema import ncia para os tracaj s e tartarugas que as utilizam durante o per odo de seca para colocarem seus ovos Pelo fato de estes rios serem os nicos em toda a Terra Indigena Kayabi com esse potencial o alagamento dessas praias acarretaria certamente um dist rbio tr gico para o ciclo reprodutivo desses quel nios podendo propagar efeitos desconhecidos e n o control veis para o equilibrio dos ciclos ecol gicos das cadeias tr ficas e da capacidade de sustenta o em todo o ambiente Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM Minist rio de Minas e Energia do Baixo Teles Pires Para os Kaiabi e os Apiak seria tamb m uma perda inestim vel n o mais poder contar com os ovos de tracaj e tartaruga que comp em uma das principais bases alimentares de sua dieta na esta o seca Com a diminui o ou extin o dos tracajas e tartarugas os Kaiabi e Apiak perdem tamb m uma consider vel fonte de proteinas haja vista que estes animais s o pescados durante todos os meses do ano e Rio Cururuzinho Apesar de ja se encontrar um pouc
53. ter sofrido amea a de morte Em setembro de 2005 o antrop logo Eug nio Wenzel confirmou a validade do estudo de Rodrigues entregando seu laudo ao juiz acrescentando dados obtidos em campo a respeito do estilo de vida atual dos Kaiabi de sua necessidade a respeito dessa Os Kaiabi conseguiram ainda chamar a aten o da m dia nacional quando apareceram num programa do Globo Rep rter comentando sobre as press es que vinham sofrendo e apontando a viol ncia como nica sa da poss vel para chamar a aten o do poder p blico m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia terra e das press es externas que v m sofrendo A pedido da Procuradoria da Rep blica de Mato Grosso foi tamb m apresentado outro laudo pelo antrop logo Marco Paulo Fr es Schettino analista pericial da Sexta C mara atacando a parcialidade do contra laudo obtido pelos fazendeiros e tamb m ratificando a ocupa o tradicional e pregressa dos Kaiabi referente ao lado de Mato Grosso Satisfeitos com o resultado dos laudos por m inconformados com a pouca presteza da justi a em se pronunciar favoravelmente retomada da demarca o e vendo sua terra sendo cada vez mais invadida os Kaiabi organizaram outro movimento em dezembro de 2005 quando apreenderam uma balsa que realizava a travessia de caminh es carregados de madeira e fizeram 32 ref ns para chamar a aten o do Foi ent o realizada uma reuni o na
54. 2 4 1 Kaiabi A caracteriza o dos Kaiabi enquanto grupo aut nomo conhecida desde pelo menos 1850 quando foram mencionados na literatura antropol gica como Cajahis Castelnau 1949 Sua filia o ling stica foi inicialmente confundida com os Caribe por Pyrineus de Souza 1916 74 em raz o da proximidade desse expedicion rio com os indios Bakairi que viviam pr ximos aos Kaiabi Seria somente a partir de 1929 atraves das primeiras incurs es da Max Schmidt pelos afluentes do Xingu coletando indiretamente mais de cem voc bulos da lingua Kaiabi que este grupo foi 7 A origem do nome Kaiabi vai al m da mem ria dos mais velhos que n o sabem ao certo como surgiu essa designa o bem poss vel que se refira forma pela qual os Apiak ou Bakairi a eles se referiam uma vez que estavam em constante contato e foi a partir de informa es dessas duas etnias que se teve as primeiras not cias dos Kaiabi Outra auto denomina o mais antiga do grupo ipitunuun nosso pessoal Atualmente os professores do Parque do Xingu grupo decidiram optar pela grafia Kaiabi Senra et alli 2006 assim utilizada neste trabalho salvo as formas originais das cita es e em sua forma como sobrenome Temos ainda a denomina o kawaiwete gente do mato esta mais recente que inclusive existe um movimento partindo do Parque do Xingu para que os Kaiabi passem a ser chamados por esta designa o Em rela o aos termos i
55. A liga o que os ndios Kaiabi estabeleceram com as terras baixas que seguem o eixo do rio Teles Pires remonta h mais de dois s culos Presente em muitas narrativas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia m ticas e relatos hist ricos contados pelos mais velhos este rio se configura como um marco ecol gico hist rico e cultural fundamental na afirma o territorial dos Kaiabi at os dias atuais Apesar das inumeras press es sofridas por diferentes grupos representantes da sociedade nacional os Kaiabi buscaram mediante artificios variados resistirem de deixar o Teles Pires para tr s mesmo estando distantes fisicamente Diante de lutas mortes e reorganiza es territoriais o caminho mais efetivo que v m encontrando para afirmarem sua identidade etnica estando pr ximos ao Teles Pires acionando expedientes de engajamento pr tico com esse ambiente ancestral estrat gias de mem ria e intensos posicionamentos pol ticos a fim de n o perderem esse contato 2 4 2 Apiak A informa o mais antiga de que se tem not cia sobre os Apiaka data de 1746 e de autoria de Jo o de Souza Azevedo o qual por ocasi o da primeira navega o oficial do rio Tapajos a partir de Mato Grosso menciona um reino dos Apiacas no baixo Arinos apud Fonseca 1880 68 Naquele ano haviam sid
56. Antes dos Villas Boas juntar os ndios nos andamos por isso ai tudo Andamos pra banda de Sinop l tem muita cachoeira eu sei o nome das cachoeiras tudo l tem a cachoeira do gavi o kuanunpap cachoeira do makuapa iam onde tinha aldeia que morava o Sikito com a fam lia O nome indigena atual v aciman que quando a pessoa que roda e balan a muito Tem a cachoeira do machadinho porque acharam uma pedrinha daquele machadinho de ndio no fundo tem a cachoeira y tufuku que a gente chama de cachoeira comprida que a ltima do Teles Pires quando a gente passava tr s dias dentro d gua puxando a canoa Tem a cachoeira do gavi o e por a vai Voc sabe indio como que porque tinha aquele gavi o mergulh o que ficava l no fundo assim que o ndio vai dando nome pras coisas Os indios vai colocando os nomes depois daquilo que viram ou alguma coisa que aconteceu por l A gente coloca o nome do rio por causa das coisas que tem Aqui em baixo depois do uruwoe o quando eles vararam diz que acharam capivara acharam que era on a do fundo e os ndios ficaram reparando as capivaras na praia Diz que levantou um e caiu dentro da gua caiu mais um e os ndios ficaram cochichando com medo e colocaram o nome de diauar y on a Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o RH m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e En
57. Como apontado anteriormente o rio Tapaj s apresenta esp cies de peixes de grande porte e migrat rios e igarap s tempor rios tendem a apresentar endemismos Ao longo do rio ocorre solo aluvial associado Planicie Amaz nica coberta por Floresta Ombr fila Densa Aluvial Encontram se ainda solos podz lico vermelho amarelo e latossolos cobertos pela Floresta Ombr fila Aberta Submontana A qualidade da gua e a vaz o provavelmente se assemelham s da microbacia 4437 pela semelhan a nas caracter sticas fisicas e na baixa ocupa o antr pica g Microbacia 4441 A microbacia 4441 a que possui maior rea de drenagem dentre as microbacias aqui consideras com cerca de 20 330 km2 22 da rea de TI Munduruku e 88 da rea da TI Kayabi O principal rio desta microbacia o Teles Pires com largura m dia da ordem de 700 m A vaz o ao longo dos seus 260 km de extens o varia de 1 300 a 10 000 m3 s durante a poca de seca e cheia do rio respectivamente As guas do rio Teles Pires nesse trecho s o oligotr ficas e t m pH levemente alcalino com valores variando de 7 46 a 7 57 MOSS 2005 Os valores de oxig nio dissolvido encontram se dentro dos limites preconizados pela legisla o ambiental Resolu o CONAMA 357 05 para o enquadramento de guas na classe 2 A geomorfologia fluvial no trecho composta de algumas corredeiras sendo a principal delas denominada cachoeira Rasteira Estes ambientes de corredeiras tendem a
58. Em agosto dois grupos de Kaiabi e Apiak que fiscalizavam as invas es sofreram uma emboscada pr ximo ao rio S o Benedito e por muito pouco n o foram mortos Com a constru o da escola indigena do outro lado do rio juntamente com novas aldeias e ro as a BRASCAN tamb m ofereceu resist ncias e entrou com mandado de reintegra o de posse alegando que os Kaiabi estariam invadindo uma propriedade privada Enquanto isso na cidade de Alta Floresta o gerente da empresa conhecido como Xaveta regularmente se dirigia at a casa da Associa o para informar aos Kaiabi que tomassem cuidado ao invadirem a fazenda pois a escola poderia ser incendiada a qualquer momento 5 3 8 Zoneamento Socioecon mico Ecol gico Outro movimento que exp e claramente o descontentamento da popula o do chamado Nort o com as medidas tomadas pelo Governo a respeito da cria o de Parques e Terras Ind genas vem acontecendo gradativamente durante todo o processo de Zoneamento Socioecon mico Ecol gico do estado de Mato Grosso iniciado em 2008 Fundado nas premissas do desenvolvimento sustent vel e com id ias bem avan adas para coibir a ilegalidade a proposta tem por finalidade ordenar a explora o produtiva do estado de acordo com as aptid es de cada regi o combinadas com as caracter sticas ambientais O problema maior que n o existem diretrizes bem definidas para as reas indigenas e muitos menos para o seu entorno No caso
59. Indigena Kayabi ainda se encontra em processo de regulariza o esse fato pode gerar mais conflitos com outros atores e trazer inseguran a aos ndios em rela o demarca o prevista na Portaria Declarat ria 1149 de 2002 ap s mais de 20 anos de luta De fato o agravamento da fr gil situa o fundi ria em que se encontra a regi o sul da Terra Indigena Kayabi mais pr xima dos principais centros urbanos da regi o e dos novos empreendimentos pode dificultar seu processo de regulariza o aumentando a incerteza da popula o indigena com rela o garantia da sua territorialidade que constitui seu fator central de identifica o e viabiliza sua reprodu o f sica produtiva e cultural 3 6 Altera o nas rela es dos ndios com as atividades econ micas 3 6 1 Descri o do Impacto Ha in meros casos de envolvimento de indios em atividades econ micas que n o fazem parte da sua cultura Segundo a Revis o do Conte do Antropol gico ao longo dos anos o contato e o envolvimento gradativo com os modos de vida dos n o indios foram respons veis pela cria o de certa depend ncia econ mica por parte de alguns grupos indigenas No caso da regi o ao sul da Terra Indigena Kaiabi na qual estar o localizados os empreendimentos esta depend ncia se manifesta na rela o dos indios com as atividades de turismo e garimpo que destinam determinada quantia em dinheiro ou fornecem insumos e equipamentos para algumas aldeias
60. Perda de habitats da fauna local e Aumento da press o antr pica sobre a fauna terrestre e Aumento da press o antr pica sobre a vegeta o Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz gt epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia e Altera o dos n veis de press o sonora e vibra o Dentre esses impactos alguns t m incid ncia direta sobre o meio bi tico como a perda de cobertura vegetal e a altera o dos n veis de press o sonora e vibra o Os demais impactos s o classificados como indiretos e s o provocados em boa medida ou pela perda de cobertura vegetal ou pelos impactos sobre a din mica demogr fica regional a Impactos relacionados perda de cobertura vegetal De acordo com o EIA da UHE S o Manoel na fase de implanta o do empreendimento a retirada de vegeta o se processa pela abertura de vias de acesso limpeza das reas destinadas ao canteiro de obras pela disposi o de material nos taludes de drenagem devido as obras de desmatamento e terraplenagem e por interven es em reas de empr stimo e de bota fora e desmatamento da rea dos futuros reservat rios Nesse processo esp cies de ambiente sombreado poder o ser afetadas e dever o buscar areas mais internas da mata disputando territ rio e alimento com outros esp cimes ali estabelecidos Com o desmatamento as esp cies tendem a escapar marginalmente provocando o desequilibrio das pop
61. Por meio de um exame desta lista nota se uma prefer ncia por peixes de escamas para o consumo em detrimento dos chamados peixes de couro Para realizar a pesca a preferencia ou o gosto por uma determinada esp cie que querem consumir uma refer ncia para os Kaiabi escolherem o local rio tipo de apetrecho e tipo de isca a serem levados Os moradores da Aldeia Kururuzinho preferem pescar nos rios Ximari Curucu A u e Santa Rosa todos esses tribut rios do Teles Pires que s o menores mais rasos e de f cil acesso para os indigenas Segundo um dos entrevistados da Aldeia Kururuzinho no per odo de seca bom pescar matrinch e cachara no rio Ximari porque esses peixesficam presos nos po es que seformam entre as pedras pr ximas da cachoeira O rio Cururu u bom para pescar tucunar pacu e corimbat J o rio Santa Rosa bom para pescar matrinch piauboca grande e pacu D Kaiabi informa o pessoal Aldeia Kururuzinho junho 2011 Para pescar peixes de h bito alimentar carnivoro os indios kayabi utilizam a tuvira Sternopygus macrurus como isca Al m disso utilizam a traira Podocnemis unflhis como isca para pescar o tracaja Para fazer a isca eles secam o peixe e preservam a carne com sal Finalmente para pescar peixes de h bito carn voro e onivoro eles utilizam peixes e a j mencionada minhoca minhocu u como isca Um entrevistado kayabi contou que para pescar o pacu eles utilizam como i
62. Regimes de propriedade Como este trabalho esta voltado para uma combina o entre as pr ticas vividas e a constru o social do territ rio os relacionamentos entre as territorialidades presentes na Terra Indigena Kayabi deve tamb m abranger os regimes de propriedade enquanto possibilidades razo veis para entender o surgimento as transforma es e a afirma o dos frames dos atores envolvidos N o dificil reconhecer que entre os Kaiabi o regime de propriedade comunal marcante ou seja a propriedade coletivizada cabendo pr pria comunidade controlar o acesso de seus membros regulando os direitos e deveres dos usu rios e excluindo aqueles que n o podem usufruir dos recursos Segundo Atu os Kaiabi viveram durante muitos anos sob esse regime regulado pela institui o da familia extensa e quando as desaven as se tornavam incontorn veis um dos grupos se separava fundando uma nova aldeia Atualmente a Terra Indigena possui o estatuto jur dico de uma propriedade estatal com regras bem definidas sobre quem pode entrar e que tipos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia de recursos podem ser explorados por n o ndios Contudo atrav s de um cacique reconhecido e aprovado pela FUNAI os Kaiabi tamb m t m o direito de impor suas formas comunais de gerenciar os recursos que di
63. Revis o ecomplementa o MH m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia percep o dos organismos na rela o de engajamento direto com seu ambiente Por esse motivo a inspira o na ecologia foi constantemente acionada para nos mostrar que somente uma abstra o desconectada do mundo vivido pode isolar um organismo de seu ambiente De fato o trabalho de Ingold pretende ser mais do que uma critica aos modelos ortodoxos de antropologia e ecologia humana Com a utiliza o do termo dwelling tomado de emprestimo do ensaio Building dwelling thinking escrito em 1971 por Martin Heidegger Ingold estabelece as bases de uma aproxima o fenomenol gica capaz de descrever os relacionamentos entre organismos e ambientes O conceito de dwelling utilizado por ambos inverte a ontologia de que primeiro construimos um mundo de significados para em seguida habitarmos esse mesmo mundo we dwell before we build Ao contr rio o dwelling visa romper com os paradigmas construcionistas Chapman 1985 Gellner 1982 e epistemologias centradas na linguagem Brookfield 1969 e na representa o dando nfase aos relacionamentos di rios estabelecidos pelas pessoas com seres humanos e n o humanos que comp em e agem com intencionalidade em seu ambiente Evitando pensar em culturas descontinuas Ingold desenvolve a id ia de mundos continuos em que as pessoas estabelecem diferentes tipos de rela
64. Teles Pires Em troca da assist ncia da FUNAI e de servi os de sa de eles se comprometeram a auxiliar na fiscaliza o e ocupa o da rea mais ao norte tornando se moradores permanentes Atualmente a popula o dos Munduruku que vive na Terra Indigena Kaiabi pr xima de 500 pessoas Contudo a Terra Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EH Minist rio de Minas e Energia Indigena Munduruku situada de modo contiguo Terra Indigena Kaiabi abriga mais de 10 mil Munduruku que exercem importantes influ ncias pol ticas e territoriais em seus vizinhos 2 5 Demografia e avalia o dos ndices demogr ficos A situa o demogr fica dos Kaiabi manifestou um acentuado decl nio antes e depois da transfer ncia para Xingu e mostrou uma forte revers o a partir da decada de 1970 O primeiro censo realizado da popula o Kaiabi foi feito pelo padre Jo o Dornstauder em 1955 Gr nberg 2004 Naquela poca ele estimou a popula o em 341 pessoas distribuidos em v rias aldeias do Teles Pires 103 pessoas Rio dos Peixes 108 pessoas e alguns que j haviam se mudado para Xingu 40 pessoas al m dos moradores dos postos do SPI como Jos Bezerra 45 pessoas e posto Kaiabi 45 pessoas Havia ainda outros Kaiabi outros dispersos nos barrac es de seringueiros em ambas as regi es e alguns no posto indigena Fraternidade Igreja Catolica em Barra dos Bu
65. Teles Pires e faleceu no Parque em 2007 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia mataram peixe e deixaram ali estragando Segundo seu Andr o principal motivo que levava os Kaiabi a se movimentarem era quando a terra n o estava produzindo com a mesma for a Acima da aldeia Sa va por m antes da foz do Cururuzinho na margem direita do Teles Pires existiu outra aldeia Kaiabi que foi habitada pelo falecido Joaquim A30 Ali morava o seringueiro com doen a de pele misisin que foi morto pelos Kaiabi e d nome essa micro regi o Posteriormente esse lugar serviu de base para o estabelecimento da atual aldeia Lageirinha habitada por Albertino e sua familia Ainda na margem direita do Teles Pires o cacique Kaipa que foi para o Xingu em consequ ncia da morte de seus parentes num periodo posterior demarca o da rea morava com sua familia numa aldeia situada um pouco abaixo do Lago do Kaipa A31 De acordo com Atu essa aldeia ja havia sido anteriormente habitada por Kupekani perto da mata ali pr xima chamada de myrricy nyp em raz o da grande quantidade de um tipo de cip navalha Meaute e rec m chegado com sua familia do Xingu abriu em 2007 a aldeia Tukum exatamente sobre a clareira anteriormente ocupada por seu tio Kaip Segundo relata Frederico Oliveira na o
66. a No passado derrubavam as palmeiras para retirarem seus frutos mas recentemente os Kaiabi v m escalando seus troncos removendo apenas os cachos maduros e deixando a rvore em p Das frutas das palmeiras extraem a polpa mediante o uso do pil o para obterem o suco Essa tecnica aplicada a diversos tipos de cocos tamb m encontrados nas capoeiras a a bacaba patau buriti tucum inaj Com o coco do inaj fazem tamb m mingau quando cozinham o coco que a seguir pilam para depois coarem na peneira com gua Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Al m dos sucos que obt m dos frutos de algumas palmeiras utilizam diversas partes para finalidades v rias Do inaj e do tucum utilizam o coco para confeccionarem colares O coco do tucum ainda serve para a obten o do leo para alimento este ltimo misturado ao urucum resultando num repelente de insetos utilizam o cor larva que se desenvolve no coco que assado ou frito por eles ingerido ou ainda serve de isca nas pescarias Os indios comem tamb m sua polpa a folha por eles utilizada para a fabrica o de paneiro e a madeira resistente serve para fazerem bordunas A paxiuba tem seu tronco aproveitado para fazer parede de pau a pique ou para montar um jirau e sua raiz envolvida de espinhos serve para ralar mandi
67. a reas por eles adquiridas e ocupadas assim como aos investimentos realizados principalmente em agropecu ria As alega es mais gerais desses dois grupos d o conta de que se surpreenderam a partir de 1994 quando foram informados que teriam de abandonar suas terras pois Informa es retiradas da Revista Produtor Rural Edi o 160 junho 2006 Cuiab MT pp 18 21 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia haviam sido transformadas em Terra Ind gena Nesse sentido acreditam que o conflito existe principalmente pela falta de considera o do Governo Federal e pelo desrespeito aos direitos de propriedade daqueles que vem contribuindo para o crescimento do pa s Est o vinculados diretamente correla o entre propriedade privada e desenvolvimento econ mico capitalista Entendem que o encaminhamento mais razo vel para o conflito o respeito ao direito de propriedade mediante um acordo com a FUNAI para a retirada das suas terras da rea a ser demarcada ou ainda o recebimento de indeniza es de acordo com o investimento que realizaram Nessas cidades planejadas e organizadas a partir de projetos do governo militar a propriedade privada tida como princ pio e simbolo maior daqueles que est o trabalhando h muitos anos contribuindo para a gera o de riquezas pa
68. a em suas atividades di rias e em sua dieta Ap s a mudan a de suas aldeias para as margens do rio Teles Pires tamb m aprenderam a usar linhas de n ilon e anz is al m das principais t cnicas relacionadas aos tipos espec ficos de peixes Principalmente em fun o dos relacionamentos com a territorialidade dos seringueiros que incentivavam as familias nucleares a se organizarem para coletarem seringa al m das dificuldades que os homens Kaiabi enfrentavam em deixar suas familias desprotegidas ao sairem para ca ar que se explica proemin ncia da pesca nos ltimos anos Desse modo a atividade pesqueira se adequava de modo mais apropriado vida no seringal do que as jornadas de ca a que poderiam tomar alguns dias de caminhada Apesar de n o viverem mais juntamente com a territorialidade do seringal a fixa o das aldeias proposta pela atual pol tica indigenista parece tamb m combinar melhor com a pesca do que com a ca a Pode se ent o concluir m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia que a fam lia nuclear a unidade social mais forte entre os Kaiabi do Teles Pires e o peixe juntamente com a farinha de mandioca brava se constitui atualmente na seguran a alimentar e fonte garantida de proteina das aldeias A despeito de ser uma atividade eminentemente masculina a pesca tamb m conta com a presen a das mulheres e assim como a
69. a FUNAI os rg os ambientais e organiza es ind genas na gest o desse programa As complementa es propostas atuam no sentido de fortalecer os programas voltados para a conserva o da fauna e da flora de forma a reduzir os impactos sobre os recursos de ca a utilizados pelos ndios O conhecimento dos ndios sobre o territ rio a distribui o e o comportamento de plantas e animais da regi o poder contribuir de forma importante para o planejamento e a opera o de atividades de monitoramento fiscaliza o e recupera o de reas degradadas direcionando as para os locais mais cr ticos e tornando as mais eficientes Permitir ainda que os programas sejam voltados prioritariamente para a preserva o das esp cies utilizadas pelos ndios como alimento A cria o de um canal de di logo com a popula o ind gena e o treinamento dos trabalhadores em rela o as particularidades da regi o e dos povos que a habitam dever o contribuir para a redu o das atividades predat rias sobre a fauna e a flora local As a es de fiscaliza o atuar o neste mesmo sentido coibindo atividades ilegais como a ca a furtiva e o desmatamento As a es de educa o ambiental e a adapta o da linguagem de documentos e relat rios facilitar o a compreens o por parte dos indios de todo o processo de desenvolvimento em que estar o envolvidos bem como a sua inser o e participa o efetiva neste processo o que poder
70. ainda mais os conflitos socioambientais H ainda que se mencionar os ndios isolados que vivem no Pontal que dever o sofrer de maneira ainda mais dr stica as press es populacionais e por recursos naturais Por estarem mais propensos a contrairem doen as contagiosas um contato desordenado pode resultar em consequ ncias danosas para esses indios Como medida imprescindivel para se iniciar as discuss es sobre a viabilidade dos empreendimentos energ ticos levando se em conta a intratabilidade do conflito ja existente e as potencialidades prementes de sua intensifica o necess rio que a Portaria Declarat ria n 1 149 de 2002 seja efetivamente ratificada com a demarca o fisica da Terra Indigena Kayabi e a consequente remo o dos invasores e indeniza o das benfeitorias de boa f A respeito das medidas mais especificas relativas ictiofauna e demais transforma es acarretadas com os barramentos do rio sugere se a incorpora o dos conhecimentos indigenas tanto na elabora o quanto na implanta o dos respectivos programas ambientais Assim O empreendedor deve constituir juntamente com os Apiak Kaiabi e Munduruku uma equipe t cnica permanente com reuni es regulares para avaliar e remodelar caso haja necessidade cada uma das etapas de instala o das usinas tendo os indios uma participa o ativa nas discuss es e decis es 5 5 1 A ecologia da vida e os lugares de import ncia Os conceitos de dwelli
71. aldeia familiar opevu y A40 localizada numa ilha Descendo at a cachoeira do Pacu temos ainda uma aldeia que foi habitada por seu Fernando ap s a chegada da FUNAI chamada de y want A41 Na ilha do Caititu bem pr ximo cachoeira Rasteira Xup chegou a morar A42 antes de estabelecer aldeia no Jabuti Por fim devemos destacar que abaixo da cachoeira Rasteira os Kaiabi fizeram refer ncia apenas ao antigo Posto Kayabi A43 que hoje habitado em sua maioria por indios Munduruku Portanto o mapa das aldeias antigas mostra que os rastros de outrora deixados por seus antepassados s o em grande medida seguidos no presente indicando que a regi o narrada e habitada pelos Kaiabi tem de fato essa cachoeira como esp cie de limite imagin rio Inclusive toda essa micro regi o abaixo da Rasteira recebe o nome de ywykga lugar da mangaba ja evidenciando a predomin ncia da vegeta o que n o agrada os Kaiabi de campos e cerrados 4 2 Ca a As atividades de ca a praticadas pelos Kaiabi gozam de um estatuto que ultrapassa o objetivo prim rio de obten o de carne ou de estabelecer uma seguran a alimentar em termos de fonte de proteinas Na concep o social acionada pelos Kaiabi a fim de se definirem em rela o aos outros grupos humanos e pelo valor concedido guerra 2 Stuchi 2010 178 destacou a quantidade e diversidade de plantas introduzidas ainda existentes indicando o abandono relativamente recente de
72. antag nica aos seus interesses no dia a dia da aldeia ou da cidade de Alta Floresta Inicialmente temos os fazendeiros que ocupam o lado de Mato Grosso e que mais apresentam oposi o aberta aos Kaiabi Segundo Jose Kaiabi esses fazendeiros chegaram aqui ontem vem derrubando o mato tirando madeira destruindo o que nosso e agora vem falar que n o tinha ndio nessa terra Outro grupo que vem se desentendendo com os Kaiabi o grupo de pequenos posseiros ocupantes do lado do Par e indicados pelos ndios como de indole violenta De acordo com Awoe eu j dei de cara com eles uma vez uns cara bravo que tem muitos guaxebas e vive amea ando a gente quando n s chega l perto pra pescar ou matar anta Os pousadeiros e os garimpeiros s o igualmente percebidos pelos Kaiabi como invasores causando tamb m problemas em certos momentos contudo gozam do estatuto diferenciado de parceiros pois compensam os indios financeiramente ou com mercadorias por estarem utilizando a rea Segundo Jos Kaiabi uma sa da que a gente vem encontrando pra compensar as falhas da FUNAI A gente sabe que um dia eles v o ter que sair quando a gente conseguir a demarca o Todo mundo sabe que o trabalho dos garimpeiros polui o rio os pescadores acabam matando peixe mesmo sem querer mas uma ajuda que eles d o boa pra gente Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplement
73. at o final do seculo XIX A distribui o atual das aldeias Apiak uma consequ ncia direta do processo de coloniza o e a dispers o populacional No entanto a continuidade de um padr o de ocupa o pr prio se exprime na escolha dos locais para implanta o de casas e aldeias que s o os pontos mais elevados do territ rio encontrados em maior quantidade no trecho que corresponde ao estado de Mato Grosso O fator topogr fico pois determinante da configura o do padr o de ocupa o Apiaka as moradias s o geralmente constru das em locais elevados n o inund veis com manchas de Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia terra preta na proximidade de cursos d gua no interior do territ rio hist rico do povo Tempesta 2009 Seguindo as premissas que orientam a cosmografia Apiak a casa ou a aldeia e seu entorno imediato comp em o nico espa o concebido como propriamente social e adequado para os humanos A aldeia op e se ao fundo do rio e floresta lugares que encerram muitos mist rios e perigos para as pessoas e que abrigam seres sobrenaturais O mundo subaqu tico concebido como uma r plica do mundo humano com ro ados e casas os temidos seres encantados que ai habitam designadamente a m e d gua aj ng a sucuriju mosah a a dona dos peixes e os
74. bens industrializados A resid ncia estruturada a partir do princ pio de reciprocidade um importante fator de pertencimento tnico As concep es sobre a forma o do ser o componente animal da pessoa e a alma que pode se separar temporariamente do corpo resistiram aos s culos de catequiza o A vis o de mundo a concep o de pessoa e a organiza o sociopol tica dos Apiaka seguem uma l gica claramente coletivista por oposi o l gica burguesa individualista 23 2 4 3 Munduruku Dentre os grupos indigenas que habitaram a por o centro sul da Amaz nia os Munduruku se destacavam pelo n mero e pela belicosidade Desde os primeiros relatos de cronistas e viajantes a percorrer reas consideradas inospitas da Amaz nia Meridional os Munduruku s o constantemente referidos como grupo de guerreiros colecionadores de cabe as a exercer vasto dominio territorial em grande parte do Alto e Medio Tapaj s com popula es que superavam facilmente 20 mil individuos Coudreau 1977 Tendo inicialmente assumido uma atitude hostil em rela o aos colonizadores em 1795 ap s uma expedi o punitiva enviada pelo governo do Par ao Alto Tapaj s os Munduruku tornaram se seus aliados e passaram a atuar como ponta de lan a na ocupa o do territ rio realizando grandes correrias e organizando se em tropas que empurravam os inimigos tradicionais para outros pontos onde n o representassem obst culo col
75. bobos est o de olho nas terras do lado de Mato Grosso Pra c n o tem mogno do lado de l tem mogno madeira boa por isso que o pessoal est de olho L no Jabuti tem tr s ndios enterrados Meu sogro foi enterrado no Lago Azul bem pra baixo do rio Apiac s o pai da Judite esposa t enterrado l morreu de sarampo No Lago Azul tem outro ndio enterrado l pra aquele lado de cima tem muito ndio enterrado pra c n o tem muito n o L no Jabuti que meu tio Xup morava Na poca que a gente andava l no p do salto Ximari era a ltima aldeia ltima aldeia Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m f r ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Pra que serve a terra para os Kaiabi A terra pro Kaiabi serve pra plantar mandioca pra ca ar pra andar por a pra percur comida e pra n o perder a cultura da gente Se a terra acabar a gente fica igual o branco mesmo Aqui tem aquele arum que faz peneira l no Xingu n o tem o pau que usa pra fazer cesta O pessoal vem do Xingu pra tirar aqui e levar pra l N o pode ser outra terra pra n s porque aqui que n s acha os material pra fazer as coisa da gente Esse peda o aqui at no Batel o tudo material que a gente usava tem pupunha brava tem flecha Material que tem l no Batel o tem tudo aqui mas pra c n o tem no Par Esses lugar antigo e
76. botos piraput a por vezes tentam seduzir as pessoas quando conseguem capturar a sombra ang sin nimo de espirito e alma de uma pessoa seu corpo pode definhar at a morte Tempesta 2011 Em meio a perigos e mist rios a aldeia surge como produto fisico do trabalho continuado de transforma o do ambiente executado pelos corresidentes Aldeias bem conservadas e limpas s o motivo de grande orgulho para os Apiaka A comunidade Apiak est organizada a partir conjunto de familias extensas fundada no princ pio de que todos os corresidentes s o de alguma maneira aparentados Essa forma o sociopol tica exprime de maneira sucinta o modo particular como o povo concebe as transforma es hist rias e sociais A comunidade demonstra a import ncia da resid ncia e dos valores morais que lhes s o correlatos Logo fazer parte de uma comunidade um importante crit rio de classifica o social Se por um lado prevalece entre os Apiak o princ pio de que parente aquele que vive com e como os Apiaka por outro lado existe sempre a possibilidade de um corresidente virar bicho e praticar a es nefastas contra os seus uma possibilidade que as regras de sociabilidade visam justamente aplacar Neste sentido a principal miss o do cacique e das lideran as manter a harmonia na aldeia o que significa assegurar o bem estar de todos os corresidentes de modo a impedir a eclos o de conflitos que podem resultar em cis
77. ca a tamb m serve como importante instrumento de liga o afetiva conhecimento e fiscaliza o da regi o do Baixo Teles Pires Os mais novos desde a idade mais tenra ja brincam com anzol e linha nos portos das aldeias se sentindo bastante orgulhosos em capturar iscas de peixes menores para os mais velhos realizarem suas pescarias Al m disso v rias outras atividades que os Kaiabi realizam na Terra Indigena t m origem na pescaria tais como visitar parentes em outras aldeias coletar frutas ou sementes ca ar e fiscalizar as invas es Com rela o distribui o do alimento normalmente os pescadores deixam os peixes no porto para as mulheres limparem e prepararem Se a quantidade de peixes for mais do que suficiente para alimentar uma familia nuclear os parentes mais pr ximos tamb m s o convidados para comer Desse modo n o existem maiores segredos quanto ao padr o de distribui o Os peixes que n o s o consumidos no mesmo dia s o deixados moqueando na brasa fumegante por mais dois ou tr s dias quando s o dados aos cachorros e outras cria es Quando a pesca muito farta ou quando v rios pescadores saem com a finalidade de pescar muitos peixes seja para uma comemora o ou para alimentar aqueles que est o fazendo trabalhos para a comunidade sempre o cacique quem deve organizar o direcionamento dos peixes A pesca realizada pelos Kaiabi durante todo o ano contudo ao longo do ver o em que os rios est
78. ca as grandes Ainda cabe ressaltar que as informa es estavam com frequ ncia associadas s proximidades da aldeia em que vivem e foram se irradiando para outros pontos da Terra Indigena Foi ent o seguindo essa refer ncia tomando a aldeia Kururuzinho como refer ncia que foi feita a descri o do mapa de ca a elaborado juntamente com os Kaiabi do Teles Pires Anexo 1 11 Nas proximidades da aldeia Kururuzinho os Kaiabi costumam ca ar nas imedia es da ro a atual de Jo o Kaiabi inserida numa grande rea da capoeira onde se localizava no passado a antiga aldeia de seu pai Maneku Ali os Kaiabi identificam como lugar prop cio para encontrarem porcos cotia mutum macaco e outros tipos de aves que vem se alimentar dos tub rculos e tamb m de rvores frut feras Um pouco mais pr ximo pista de pouso da aldeia existe um patauazal que tamb m visitado com frequ ncia em busca de macacos e porcos Descendo um pouco mais o Teles Pires bem pr ximo aldeia de seu Fernando aldeia Minhocal se encontra um pequeno barreiro que os Kaiabi podem abater antas nas proximidades do Kururuzinho Bem em frente a aldeia Minhocal os Kaiabi tamb m costumam ca ar seguindo o Igarap Piranha Preta Subindo um pouco mais o rio at a aldeia Dinossauro possivel encontrar nos fundos da clareira aberta por Jose Kaiabi um barreiro em que os Kaiabi t m o costume de fazer ca a em espera principalmente durante a noite Em primeira ins
79. castanheira Bertholetia excelsa itauba Mezilaurus itauba palmiteiro Euterpe precatoria e sororoca Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 22 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA Phenakospermum guianense e as esp cies caracteristicas da Savana como sucupira branca Pterodon pubescens sucupira preta Bowdichia virgilioides jatob Hymenaea courbaril tingui Magonia pubescens pau terra Qualea sp pau santo Kielmeyera coriacea e Contato Savana Floresta Estacional Ocorre com diferentes fisionomias da Savana e da Floresta Estacional com destaque para as forma es de Savana Florestada e est relacionado aos fatores ed ficos e transi o clim tica Esta forma o de contato representada por elementos de ambas as fisionomias apresentando caracter sticas fision micas de uma floresta mais aberta que a estacional com menor express o de lianas e ep fitas sendo que a decidualidade depende das esp cies que prevalecem Esp cies que tem ocorr ncia registrada nessa forma o de contato s o mutamba Guazuma sp pau pombo Tapirira sp mandioc o Didymopanax morototoni gon alo alves Astronium fraxinifolium maric Physocalymma scaberrimum cumbaru Dipteryx sp e tarumai Rhamnidium elaeocarpus e Contato Floresta Ombr fila Floresta Estacional Apresenta fisionomia de ambas as forma es com certa equival ncia nos contatos or
80. cnico Vale relembrar esse tipo de consci ncia presente nas falas do cacique At Kaiabi quando afirma que se perderem as conex es hist ricas e ecologicamente constru das ao longo do s culo passado deixariam de ser habitantes para se tornarem ocupantes como ocorre costumeiramente com o padr o de propriedade privada e progress o territorial das sociedades modernas e ocidentais Ap s o sofrimento expresso pelos mais velhos habitantes do Xingu fica evidente que n o serve qualquer por o de terra para os Kaiabi e al m do mais n o serve o ambiente do Teles Pires se este estiver desprovido de suas caracter sticas fundamentais para os Kaiabi estabelecerem suas rela es de dwelling E n o basta simplesmente pensar que os indios manifestam como de fato acontece uma grande capacidade de resist ncia s mudan as ambientais quando o que est em jogo s o aspectos simb licos e culturais entrela ados com a subsist ncia que v o al m da mera quest o adaptativa Nesse sentido dever haver a preocupa o de que os empreendimentos hidreletricos previstos no rio Teles Pires n o coloquem em risco os mais variados tipos de ecossistemas que dependem do fluxo da cheia e vaz o desse rio Como j mencionado anteriormente a Terra Indigena Kayabi encontra se em processo de regulariza o fundi ria o que significa dizer que est povoada por distintos grupos de n o ndios cada qual com interesses e formas de press o distintas
81. com o ambiente predominante de cerrados do Xingu Por essa raz o resolveu se mudar de vez para o Teles Pires trazendo sua familia e viver pr ximo de seu irm o na terra considerada original dos Kaiabi Par resolveu se estabelecer um pouco acima da foz Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o GH m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia do rio Cururuzinho do lado direito de quem desce o Teles Pires numa regi o chamada de Kaip fazendo alus o a seu tio que ali vivia antes da transfer ncia e que hoje mora no Xingu A grande vantagem em viver nesse lugar al m da proximidade com um grande castanhal a possibilidade de poder utilizar as riquezas do rio Cururuzinho que tido pelos Kaiabi como um rio de import ncia sagrada por abrigar em suas cabeceiras o chefe dos bichos mama que d origem a todos os seres vivos da floresta Na defini o das micro regi es que comp em a regi o do Baixo Teles Pires os Kaiabi consideram como fatores relevantes a largura do rio a quantidade de cachoeiras e tamb m a frequ ncia de ilhas fluviais Segundo esses crit rios abaixo da foz do rio Santa Rosa ainda s o identificadas mais duas micro regi es antes de chegar cachoeira Rasteira que ainda recebem visitas com relativa frequ ncia Inicialmente temos o Pacu que foi bastante habitado na poca da seringa e por isso apresenta
82. comercial quanto para a pesca esportiva que sustenta o movimento de pousadas na regi o como o caso da piraiba Brachyplatystoma filamentosus Alguns individuos conseguir o desovar no p das barragens por m a fertiliza o dos vulos poder ser prejudicada pela excessiva turbul ncia na saida da barragem Outros n o conseguir o desovar e suas g nadas regredir o resultando em redu o de recrutamento populacional naquele trecho No caso da constru o das duas usinas em quest o a rota migrat ria alternativa para os grandes migradores que vivem no Teles Pires seria o rio S o Benedito Por m esse rio pode Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomlementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia n o garantir a manuten o dos estoques atuais devido ao seu menor porte importante destacar que ambas usinas contam com sistema de transposi o de peixes visando minimizar os impactos sobre a ictiofauna Por m como n o h consenso sobre a efetividade desse tipo de estrutura ambos EIA prop em al m da constru o do mecanismo de transposi o um programa de monitoramento da efici ncia desses sistemas a jusante da barragem O outro impacto que pode atuar cumulativamente para a redu o dos estoques de peixe provocado pela parada de m quinas para a manuten o dos equipamentos de gera o Nessa manobra os peixes
83. constantemente explorada por pescadores predat rios convidados pelos posseiros m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia 5 3 3 Contestando a presen a dos Kaiabi A partir da declara o do ent o deputado estadual Sinval Barbosa e agora governador figura pol tica ligada aos ruralistas do norte do Estado ao Di rio de Cuiaba em 06 de dezembro de 2002 ficava evidente que os fazendeiros ja buscavam algum tipo de apoio em escala regional e que as rea es seriam en rgicas Segundo Sinval isso vai dar problema pois nessa rea existem agricultores o que com certeza n o resultar numa conviv ncia pacifica De fato os desmatamentos que vinham crescendo a partir de 1994 se intensificaram de forma extraordin ria ao final de 2002 assim que os fazendeiros tomaram conhecimento de que estavam em vias de perder suas propriedades Como pode ser confirmado no mapa Anexo 1 16 essa medida at certo ponto desesperada propiciou a derrubada de mais de 19 mil hectares de floresta no interior da Terra Indigena com a predomin ncia na forma o de pastos haja vista que o solo do bioma amaz nico n o muito prop cio para o cultivo da soja Se no plano local os fazendeiros procuravam garantir algum tipo de direito de propriedade demonstrando o uso pelo desmate e cria o de gado alguns grupos come aram a se organizar a fim de conseguirem suspender judicialmente a demarca o junto ao Superi
84. conversar sobre seus entendimentos do conflito Na cidade de Alta Floresta foram entrevistados moradores antigos da cidade presidentes de sindicato representantes de organiza es governamentais e n o governamentais e realizadas pesquisas documentais na biblioteca p blica e tamb m na Universidade Estadual de Mato Grosso UNEMAT Ainda foram coletados exemplares de jornais revistas e panfletos al m do pesquisador ter participado de audi ncias p blicas em que os envolvidos no conflito ou seus grupos de interesse manifestavam abertamente suas opini es Em Cuiab foram acessados a relat rios de desmatamento e Zoneamento Ecol gico Econ mico atrav s da SEMA Secretaria de Meio Ambiente Frederico manteve conversas com o Procurador Geral e tamb m pesquisou documentos relativos a investiga o de crimes ambientais referentes Terra Indigena Kayabi juntamente ao IBAMA e Pol cia Federal Em Brasilia participou com os Kaiabi de algumas audi ncias e reuni es no Minist rio P blico al m de ter explorado a fundo a biblioteca e os arquivos da FUNAI sobre o referido processo Por fim foram visitadas p ginas da internet que pudessem prestar informa es ou servir de subs dio para defini o dos frames Para iniciar a an lise dos conflitos ser o apresentados os principais atores e seus frames de identidade diferencia o e gerenciamento do conflito 5 2 1 Atores sociais e a din mica socioecon mica da regi o 5 2 1 1 Kaia
85. das UHE S O Manoel For a epe Minist rio de Minas e Energia N Empresa de Pesquisa Energ tica Os resultados obtidos na revis o da avalia o de impactos em conjunto com a revis o e complementa o do conte do antropol gico e a caracteriza o e identifica o das reas de vulnerabilidade das microbacias atendem as solicita es e coment rios manifestados pela Funai a 4 ERa Minist rio de Minas e Energia 7 BIBLIOGRAFIA BRASIL 2002 Decreto Legislativo n 2519 de 16 de mar o de 1998 Brasilia 1998 BRASIL 2002 Decreto Legislativo n 143 de 120 de junho de 2002 Brasilia 2002 BRASIL 2007 Decreto Legislativo n 6 177 de 1 de agosto de 2007 Brasilia 2007 EPE Empresa de Pesquisa Energ tica 2007 Avalia o Ambiental Integrada da Bacia do Rio Teles Pires Rio de Janeiro EPE EPE Empresa de Pesquisa Energ tica 2010a Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidrel trica de S o Manoel Rio de Janeiro EPE EPE Empresa de Pesquisa Energ tica 2010b Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidrel trica de Foz do Apiac s Rio de Janeiro EPE EPE Empresa de Pesquisa Energ tica 2010c Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiacas Rio de Janeiro EPE FUNAI Funda o Nacional do ndio 2006 Portaria FUNAI n 177 de 16 de fevereiro de 2006 FUNAI Funda o Nacional do ndio 2010 Base Cartogr fica Delimita o das Terras Ind genas do Brasil Disponi
86. das raz es que impulsionavam os grupos amaz nicos a uma constante mobilidade e reterritorializa o Assim quando se prop e localiza los inicialmente de maneira est tica nessa faixa Xingu Tapajos aid ia est voltada para se iniciar uma an lise territorial que permita evidenciar os diversos fluxos humanos e territoriais n o apenas de grupos indigenas que se direcionaram para essa regi o e como passaram a afetar paulatinamente a territorialidade dos grupos indigenas que atualmente habitam o Baixo Teles Pires A partir do in cio do s culo XVIII documentos de ag ncias oficiais estudos etnogr ficos e ling sticos v m tornando possivel identificar alguns grupos indigenas que habitavam essa faixa espacial Xingu Tapaj s que se insere no contexto mais amplo de Amaz nia Centro Meridional segundo as reas etnogr ficas propostas por Melatti 2002 Os Munduruku merecem destaque especial uma vez que exerceram durante muito tempo grande dom nio demogr fico territorial e cultural em boa parte dessa regi o em particular do Alto Tapaj s bem como do M dio e Baixo Teles Pires Murphy 1960 Bastante temidos em raz o de sua capacidade militar por outros grupos habitantes desse dom nio pode se mencionar os Munduruku como o principal grupo respons vel pelas dispers es e constantes migra es dos demais grupos antes do contato mais intensivo com as frentes de expans o do governo Exemplo do elevado potencial arqueol gico
87. de trabalharem na escola ou como piloteiros das pousadas uma tarefa complexa mobilizar toda a comunidade para pensarem em a es eminentemente coletivas Sem contar que as decis es na arena pol tica devem ser apresentadas de forma agregada pelos indios que habitam a Terra Indigena por m as demandas dos Apiak e Munduruku estes ltimos inimigos hist ricos dos Kaiabi nem sempre convergem com as id ias dos Kaiabi Atualmente essa uma situa o que exige aten o das lideran as Kaiabi posto que o aspecto da mudan a quando trabalhado indevidamente gera in meros tipos de desconfian as internas e coloca em alguns casos os pr prios Kaiabi em situa es de oposi o que podem acabar por comprometer sua luta maior pela demarca o e privilegiar os grupos com maior grau de organiza o Em rela o s poss veis formas de encaminhamento do conflito a varia o dos tipos de respostas apresentadas pelos Kaiabi demonstra com propriedade as lealdades e 3 De acordo com o artigo 231 da Constitui o Federal as terras ind genas s o bens da Uni o Por isso s o terras inalien veis e indispon veis e os direitos sobre elas imprescrit veis 37 Apesar de os Kaiabi ainda seguirem costumeiramente a pr tica de casamentos entre primos cruzados Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Ener
88. de Mato Grosso e d o sentido ao tipo de rela es que estabelecem com a natureza O primeiro argumento a ser acionado que toma por base territorial o regime de propriedade privada aquele que os indios n o precisam de tanta terra para viver acrescentando que as terras j demarcadas s o 42 Refer ncia ao Processo da FUNAI n 1053 95 folhas 116 117 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Aniac s Revis o ecomtmena o E m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia mais do que suficientes para sua reprodu o Na realidade o alvo maior das criticas o Governo Federal por dar apoio aos indios deixando os fazendeiros em situa o dificil Os fazendeiros cobram algum tipo de estima pois se consideram os principais respons veis pelo desenvolvimento e ocupa o do norte do estado A fim de se defender dos r tulos mais recentes afixados nos fazendeiros Vicente da Riva filho de Ariosto da Riva e atual presidente do sindicato dos produtores rurais de Alta Floresta em audi ncia p blica para tratar do Zoneamento Ecol gico Econ mico em 2009 diz o seguinte Fomos convidados para fazer o in cio desse desenvolvimento social pretendido pelo governo Viemos atender uma quest o nacional n o somos destruidores Um segundo argumento que segue a esteira do primeiro afirma que a amplia o da Terra Indigena iria prejudicar o desenvolvimento econ mico do Nort o
89. de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia e Perda de habitat da fauna local e Aumento da press o antr pica sobre a fauna terrestre e Redu o da riqueza e abund ncia de esp cies da fauna e Instabiliza o de encostas ocorr ncia de processos erosivos e carreamento de sedimentos e Altera o do regime fluvial e Altera o da qualidade da gua jusante da barragem Diante da complexa rede de rela es entre os impactos listados eles foram tratados de forma conjunta na an lise agrupados em impactos sobre e a flora a fauna e a din mica fluvial de modo a facilitar a compreens o do texto Conforme descrito nos EIA a altera o da paisagem pode ser entendida como uma modifica o no dominio do visivel ou toda interfer ncia na estrutura da paisagem de um dado territ rio causando a perda de refer ncias s cio espaciais e culturais da popula o local Os impactos sobre a paisagem relacionados com as UHE variam de acordo com as etapas Durante a implanta o da infraestrutura de apoio o impacto na paisagem est associado principalmente degrada o relacionada aos movimentos de terra que podem inclusive causar eros o dos terrenos envolvidos nas constru es e consequente assoreamento de corpos h dricos pr ximos Na etapa de constru o da obra principal as modifica es na paisagem est o relacionadas explora o de jazidas escava es e disposi o de bota fora al m da constru
90. de ambientes segundo o grau de hidromorfismo como por exemplo a identifica o dos ka apapawet mato na beira das lagoas o yatar n plan cies pantanosas constantemente alagadas no interior das florestas de terra firme o ywyant ponto m ximo onde a gua alcan a quando se iniciam as terras mais altas onde ficam os animais como anta paca e tatu ou o termo ywit que se refere Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomiementac o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia orla ou linha que estabelece o limite entre o yapopet e o ka aret No mesmo sentido os Apiac classificam o ambiente em 12 unidades de paisagem combinando os crit rios forma da superficie terrestre tipo de solo ocorr ncia de esp cies de flora e fauna e modo de intera o entre elas e regime das aguas Alguns ambientes s o sazonais ou seja s ocorrem em determinada poca do ano como o caso do igap que aparece no inverno e da praia e da v rzea que aparecem no ver o importante dar destaque ainda aos aspectos cosmol gicos e simb licos associados ao rio Teles Pires Um exemplo proveniente da cultura Kaiabi o mito em que Tuiarar o mais poderoso e antigo demiurgo cria os Kaiabi e v rios outros grupos pr ximo s margens do rio Teles Pires Esse mito possui aspectos rituais e ling sticos que est o presentes em muitas outras hist rias cont
91. de assist ncia do SPI que entrara em recesso Se por um lado os relacionamentos com seringueiros gateiros garimpeiros mission rios e funcion rios do SPI trouxeram uma s rie de dificuldades e transforma es ao sistema social desse grupo em contrapartida tamb m contribuiram para o fortalecimento de um projeto particular de territorialidade e afirma o tnica fundado sobretudo na resist ncia her ica do grupo de remanescentes contando com as liga es afetivas e ecol gicas estabelecidas com o ambiente do rio Teles Pires Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e comlementac o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia sempre atuarem de forma coordenada com os Kaiabi tamb m s o favor veis demarca o por possu rem liga es hist ricas e afetivas particulares com essa regi o O processo j se estende por d cadas e atualmente a demarca o encontra se suspensa devido reivindica o de outros grupos de interesse que protestam por direitos relativos a supostas propriedades no interior da Terra Indigena e pelo reconhecimento de formas distintas e conflitantes de usufruir da terra Ao longo do tempo constatou se que conforme o processo de regulariza o fundi ria se adiantava o desmatamento aumentava cada vez com mais intensidade sobre as florestas delimitadas como constituintes da Terra Indigena As atividades desenvolvidas pelos ocu
92. do Baixo Teles Pires composta por extensos castanhais especialmente do lado de Mato Grosso Um vasto castanhal se estende do Lago do Jabuti at a Cachoeira da Rasteira seguindo a margem esquerda do Teles Pires nas bacias do Ximari Piranha Preta e Santa Rosa onde coletam castanhas Outros castanhais ainda foram apontados no Kaipa tamb m nas imedia es da aldeia S o Benedito em frente Minera o e no Tabuleiro nas proximidades da foz do rio Apiacas Nos lugares classificados como ilhas de recursos os Kaiabi encontram distintos aglomerados de produtos florestais O Morro do Jabuti mais uma vez se destaca como ampla fonte de produtos necess rios afirma o dos habitos de relacionamento dos Kaiabi com o Teles Pires Localizado em uma grande mancha de terra preta este sem d vida o principal ponto de retirada de folhas de baba u para cobertura das casas da madeira da pupunha brava siriva usada na fabrica o de arcos e tamb m de mel nativo Al m do mais logo atr s do morro mais alto coletam frutas silvestres visitam regularmente um castanhal ali situado e tamb m encontram a jemejap pedra sagrada utilizada para amolar machados e fac es Grande parte da mat ria prima usada para a confec o do artesanato feminino adv m dessa faixa territorial Esp cies madeireiras como a itauba e a cariuba usadas como esteio das casas podem tamb m ser encontradas em suas imedia es A copaiba com propriedades de cicatriz
93. do Teles Pires A eu morei um tempo l na aldeia Ilha Grande a eu fui acostumando Mas n o assim acostumar acostumar mesmo na verdade a gente vai aprendendo a viver Porque aqui n o tem quase nada l no Par tem muita coisa l voc anda um pouquinho e j encontra muita coisa Aqui mesmo quase n o tem nem mato muito cerrado o mato muito baixo e a unica coisa que tem esse coquinho aqui o tucum L tem muita fruta por isso que o pessoal que veio pra c primeiro naquela poca do Orlando n o se acostumou pra c e queria voltar mas a n o deixaram eles voltar n o eu mesmo queria voltar mas ele n o deixou n o Eu n o tenho muito parente aqui o unico que eu tenho meus parentes l no Ilha Grande n o tenho mais nada L no Teles Pires tenho o meu filho e tamb m tenho muito parente enterrado Diante das experi ncias de in meras vidas que habitaram o Teles Pires ao longo dos anos as rela es ecol gicas que seus ancestrais estabeleceram servem de base n o apenas para sua sobreviv ncia material mas para a defini o dos movimentos di rios no envolvimento imediato com o mundo Assim mesmo tendo consci ncia de que a 4 Sobre as rela es que os Kaiabi estabelecem com a morte pude perceber que nem todas seguem um mesmo padr o Se por um lado alguns preferem viver pr ximos de seus parentes enterrados outros preferem se mudar e guardar uma certa dist ncia m A SRY Empresa de Pesqui
94. e ESTUDOS DO COMPONENTE IND GENA DAS UHE SAO MANOEL E FOZ DO APIACAS REVIS O E COMPLEMENTA O PARTE III Revis o da Avalia o de Impactos Terras Ind genas Kayabi Munduruku e Pontal dos Apiak m Ea OT SR EN ang aG one ON E epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Esta p gina foi intencionalmente deixada em branco para o adequado alinhamento de p ginas na impress o com a op o frente e verso double sided Pm eko Minist rio de Minas e Energia Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o Parte III Revis o da Avalia o de Impactos SUM RIO 1 INTRODU O 238 2 M TODOS E PROCEDIMENTOS 241 3 REVIS O DOS IMPACTOS ASSOCIADOS AO COMPONENTE IND GENA 247 3 1 Interfer ncia sobre a flora e fauna terrestre e os recursos de ca a 248 3 2 Interfer ncia sobre a disponibilidade dos recursos de pesca jusante da barragem 254 3 3 Altera o da din mica fluvial 261 3 4 Aumento da incid ncia de doen as na popula o indigena 266 3 5 Cria o ou intensifica o de conflitos territoriais 271 3 6 Altera o nas rela es dos indios com as atividades econ micas 280 3 7 Altera o na Paisagem e Perda de Referenciais Socioespaciais e Culturais _284 3 8 Matrizes de Impacto 292 4 CUMULATIVIDADE E SINERGIA 295 4 1 Avalia o e Descri o 297 4 2 Matriz de Impactos 303 5 PROGRAM
95. e Reten o de sedimentos no reservat rio Com a utiliza o do termo dwelling tomado de empr stimo do ensaio Building dwelling thinking escrito em 1971 por Martin Heidegger Tim Ingold estabelece as bases de uma aproxima o fenomenol gica capaz de descrever os relacionamentos entre organismos e ambientes O conceito de dwelling utilizado por ambos inverte a ontologia de que primeiro constru mos um mundo de significados para em seguida habitarmos esse mesmo mundo we dwell before we build Ao contr rio o dwelling visa romper com os paradigmas construcionistas Chapman 1985 Gellner 1982 e epistemologias centradas na linguagem Brookfield 1969 e na representa o dando nfase aos relacionamentos di rios estabelecidos pelas pessoas com seres humanos e n o humanos que comp em e agem com intencionalidade em seu ambiente Evitando pensar em culturas descontinuas Ingold desenvolve a id ia de mundos continuos em que as pessoas estabelecem diferentes tipos de rela es com o mundo possibilitando que um mesmo mundo seja visto por v rios pontos de vista tomados de dentro Tal no o n o apenas remove o fundamento b sico da ci ncia moderna baseado na oposi o entre relativismo e realismo como tamb m dissipa o problema da tradu o cultural Ingold absorve ainda outras influ ncias como a de Maurice Merleau Ponty 1971 e a fenomenologia da percep o deslocando o foco de an lise de um ser abstra
96. e se manifestar nas seguintes formas e Afugentamento de fauna nos arredores da rea do empreendimento e Atropelamentos em vias de acesso e Aumento da ca a de avifauna e mastofauna e Interfer ncia no processo de reprodu o de esp cies Os ruidos gerados pelo uso de equipamentos veiculos e a intensa movimenta o humana no canteiro de obras e seu entorno tende a afugentar esp cies de mamiferos e aves EPE 2010a Os individuos afugentados ocupar o novos ambientes causando desequilibrios ecol gicos que podem chegar a atingir os ecossistemas existentes dentro da TI Kayabi Entre os mam feros mais sujeitos a atropelamentos citam se os tatus Euphractus sexcinctus e Dasypus novemcinctus o cachorro do mato Cerdocyon thous o m o pelada Procyon cancrivorus o fur o Galictis cuja e diversas esp cies de felinos Obras de grande magnitude como as obras das UHE S o Manoel e Foz do Apiacas recebem um contingente grande de funcion rios dentre os quais a ca a pode ser pr tica corrente esperado que com a abertura de acessos para implanta o do canteiro de obras e outras frentes de trabalho na rea de influ ncia direta a ca a furtiva j comum na regi o possa ser intensificada em todo o entorno da obra inclusive na rea da TI Kayabi Esse impacto deve afetar mais significativamente esp cies de aves de maior porte em especial os Cracideos mutuns jacutingas e jacus Tinamideos macucos e inhamb s Psophiide
97. ecologia da vida e os lugares de import ncia 157 6 CONSIDERA ES FINAIS 161 7 BIBLIOGRAFIA 162 ANEXOS MAPAS DAS TERRAS IND GENAS 167 a Eis Ro Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia 1 INTRODU O A Parte do presente relat rio tem por finalidade oferecer elementos e an lises de cunho antropol gico para complementar os Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s ECI elaborado e encaminhado pela Empresa de Pesquisa Energ tica EPE visando atender ao Termo de Refer ncia emitido pela Funda o Nacional do ndio FUNAI com prop sitos concernentes ao licenciamento ambiental para a constru o das referidas usinas no curso do rio Teles Pires e do rio Foz do Apiac s Esta parte do relat rio se pauta por m todos hist ricos e conceitos territoriais fundados em uma antropologia ambiental preocupada em reconhecer os relacionamentos entre os indigenas e seu ambiente biof sico como componente chave sem perder de vista os aspectos pol ticos que representam tamb m um importante papel A op o por esses metodos visa ir al m de descri es elementares insuficientes para demonstrar com propriedade os modos particulares que os grupos indigenas possuem para construir historicamente seu territ rio e para se relacionarem com parcelas especificas de seu ambiente ancestral Nesse sentido relevante tomar como orienta o central os princ pios gerais que regem o proc
98. eixos anal ticos Primeiramente s o caracterizadas as microbacias As descri es individualizadas dessas unidades s o precedidas de um panorama regional das principais propriedades fisico bi ticas A caracteriza o foi realizada com base na subdivis o de ottobacias n vel 4 da Ag ncia Nacional de guas ANA A confiabilidade da base de dados e o n vel de detalhamento adequado escala da an lise foram determinantes para essa op o Adotou se a desinga o num rica das ottobacias ANA para identifica o das microbacias Dessa forma por exemplo a ottobacia 4426 conforme designa o da ANA identificada neste relat rio como microbacia 4426 A seguir s o indicadas as reas de vulnerabilidade das TI Kayabi e Munduruku com base nas microbacias que as comp em Foram identificadas atividades humanas de significativo potencial degradante atualmente desenvolvidas da regi o em estudo Foi utilizado o hist rico de ocupa o da regi o bases cartogr ficas e imagens de satelites A analise dessas informa es permitiu a localiza o de frentes de amea as definidas como blocos de a es antr picas associadas entre si que mantenham rela o de proximidade espacial e que promovam altera es fisico bioticas significativas nos arredores das Tl A partir das altera es fisico bi ticas desencadeadas pelas frentes de amea a foram identificados processos impactantes associados As reas de vulnerabilidade foram defini
99. epe e Q0 Pa ap LLJ ap 72 U E ep ES 6 T Q 2 S i Mapa de ca a Terra Ind gena Kayab Anexo 1 11 aIpeusg 0 S 0L oyjeog 6 eyuuleopeg g Wew 2 MOU EIN 9 ex dysm jezades 5 ELINYNL p CUNESSOUIO eyuula e7 z JESOU UN 4 seleply Sell 53 81 450d 8 oyuiznnun y qee osod Y Seus ipuj sosog sejuy ep 2207 no ousueg Eh 06 ejaodes pB wa ejeg r DE DE O 4 0 LLI TT SyOvIdv O SJ ld S3731 o t gt DO 06 e YLS Old i OF o8 MC 08 E DO 08 0Fo9S 00o4S 0CoLS DPoLS Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe e Q0 Pa ap LLJ ap 72 U E ep ES 6 T Q 2 S Mapa de pesca Terra Ind gena Kayabi Anexo 1 12 ojpausg 089 0 oyog 6 eyuyjsoyIen g Uew 4 MOJEN 9 ey dgg jezedes 9 gwnyn p oanessouig E eyuuale z Ea0yuN selepiy sald 58L S04 8 oyuzununy iqeey osd y SE uapu SOs0d GIBA OP QUO da obe7 eruepe NO gleoeg Sp sorg B oInposses ap sewuy salt ELEISS SPSSHDA apai ONO GPpSaxida e osnod ap ElStd qu eusbipuj eepry eusbipujojsog E epuabe7 Oro9S Spore OH a 00029 DCodS r DE De OolS Oo S q DO 06 Ob o8 OC o8 00 o8 Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Compleme
100. eram as mercadorias em si mas o modo de obt las que entrava como fator decisivo da transforma o social na medida em que os Munduruku se colocavam cada vez mais em rela es de depend ncia com os patr es as quais comprometiam as rela es dentro da aldeia Murphy explica que o nome o principal crit rio de pertencimento sociedade Munduruku De acordo com o fundamento de descend ncia patrilinear o pai que transmite o status social e a condi o de membro de um cl aos filhos Murphy 1960 82 A regra de resid ncia uxorilocal porem leva situa o de n o coincid ncia entre as condi es de membro do cl e membro do grupo local fazendo com que um homem seja sempre um forasteiro na aldeia dos parentes da esposa 130 Tal discrep ncia redundaria em forte instabilidade a qual conduziria na aus ncia de mecanismos internos de resolu o de conflitos as cis es internas e constitui o de novas aldeias Os Munduruku que atualmente habitam a TI Kayabi s o descendentes de familias ribeirinhas que n o estavam aldeadas no passado que viviam em pequenos afluentes do Tapaj s e foram convidadas em 1987 por um dos chefes de posto da FUNAI a se instalarem no Posto Kayabi que posteriormente se chamaria Posto Teles Pires O objetivo desta a o era garantir a ocupa o da Terra da Indigena haja vista que os Kaiabi n o estavam acostumados a viver no ambiente de cerrados predominante onde se localiza o Posto
101. es ecol gicas dos Apiak 60 3 4 1 As aldeias Apiak 62 Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o HH a 4 ERa Minist rio de Minas e Energia 3 4 2 Atividades produtivas 64 3 5 Import ncia do Teles Pires para os Kaiabi moradores do Xingu 68 3 5 1 Dificuldades na transfer ncia 69 3 5 2 Pol tica e liga es territoriais 76 4 MAPEANDO RELA ES ECOL GICAS 79 4 1 Aldeias antigas e lugares de import ncia 80 4 2 Ca a 87 4 3 Pesca 93 4 4 Coleta e extrativismo 98 5 ELEMENTOS PARA REAVALIA O DE IMPACTOS E RESPECTIVOS LOCAIS DE VULNERABILIDADE 107 5 1 Hist rico do Conflito Socioambiental e Situa o Legal da TI Kayabi 108 5 2 Etnografando o Conflito da TI Kayabi 112 5 2 1 Atores sociais e a din mica socioecon mica da regi o 115 5 3 Din mica Socioecon mica e Eixos de Rivalidade Solidariedade ____ 136 5 3 1 Fato Gerador e as Apari es Oficiais dos Atores 137 5 3 2 Opera o do Lago Azul 138 5 3 3 Contestando a presen a dos Kaiabi 140 5 3 4 Novas alian as dos Kaiabi 142 5 3 5 Opera o Angelim 145 5 3 6 Opera o Kayabi 147 5 3 7 Efervesc ncias locais 148 5 3 8 Zoneamento Socioecon mico Ecol gico 149 5 3 9 Idas e vindas na demarca o 150 5 3 10 Desdobramentos recentes 151 5 4 Encaminhamentos do Conflito 152 5 5 Adapta es necess rias e programas socioambientais 155 5 5 1 A ecologia da vida e os lugares de import ncia 157 6 CONSIDERA ES FINAIS 16
102. esse que se acumula caso haja outros reservat rios a jusante ficando evidente portanto o car ter cumulativo desse efeito Estudos do Combonente Endidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e comolementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Embora a UHE Foz do Apiac s n o esteja no mesmo rio que as duas demais usinas a reten o dos sedimentos transportados pelo rio Apiac s por se tratar de um afluente do Teles Pires soma se reten o dos sedimentos do rio Teles Pires intensificando os efeitos a jusante dos barramentos de S o Manoel e Foz do Apiacas Diante dessas circunst ncias considerando a implanta o das tr s usinas classificou se o efeito sobre a din mica fluvial como cumulativo 4 1 4 Aumento da Incid ncia de Doen as na Popula o Indigena Como relatado no item 3 4 o principal fator causador de um possivel aumento da incid ncia de doen as sobre os indios da regi o a altera o da din mica demogr fica da regi o de entorno das terras indigenas principalmente o contingente populacional atraido pelas UHE S o Manoel e Foz do Apiac s mais pr ximas a TI Kaiabi Esse fator associado a um possivel favorecimento das condi es de prolifera o de vetores de doen as em fun o das caracter sticas das obras e dos pr prios reservat rios das hidrel tricas podem provocar um aumento de doen as como a mal ria leishmaniose dengue fe
103. fauna terrestre Aumento da press o antr pica sobre a vegeta o Altera o dos N veis de Press o Sonora e Vibra o e Programa de Contrata o e de Desmobiliza o da M o de Obra e Programa de Intera o e Comunica o Social e Programa de Educa o Ambiental e Plano Ambiental para Constru o e Programa de salvamento de germoplasma vegetal e implanta o de viveiros de mudas e Recupera o de reas Degradadas e Programa de Conserva o da Flora e Programa de Compensa o Ambiental Unidade de Conserva o e Programa de Desmatamento e Limpeza do Reservat rio e das reas Associadas Implanta o do Projeto e Programa de Resgate e Salvamento Cient fico da Fauna e Programas de monitoramento da Fauna e Programa de Monitoramento da Flora e Plano de uso e ocupa o do entorno PACUERA Contrata o preferencial de m o de obra indigena pelas UHE nas fases de constru o e opera o especialmente em atividades de monitoramento recupera o de reas degradadas e outras que possam utilizar os conhecimentos tradicionais dos indios Treinamento dos trabalhadores da obra sobre as particularidades da regi o inclusive das Terras Indigenas e etnias nelas presentes Equipe treinada para manter o contato com as comunidades ind genas Equipe de Relacionamento Comunit rio com representa o de lideran as indigenas As atividades de educa o ambiental dever o dispor de
104. ficam consideravelmente mais secos propiciando queimadas espont neas e intencionais causadas pelas fazendas ao redor e muita fuma a na aldeia Os peixes j desovados descem o rio e os animais de ca a ficam mais gordos e acess veis Nessa poca os Kaiabi pegam as voadeiras e costumam explorar outros rios como o Cururuzinho e o Santa Rosa piavu y rio do matrinch em busca de peixes incomuns como o bod ou cascudo que costumam se alimentar do lodo nas pedras mas particularmente est o procura de antas porcos do mato e mutuns que s o as ca as mais apreciadas e muito raras no periodo de cheia No Teles Pires v o em busca de grandes peixes de couro como a pirarara o jau ou a pira ba jogando suas linhas em po os mais profundos no meio do rio comum realizarem pequenas expedi es de ca a e pesca come ando no Morro do Jabuti e virem descendo a at chegar ao Kururuzinho No m s de julho s o os patos que est o em alta Julho tamb m o m s em que os tracajas mais sobem superficie facilitando sua pesca Em agosto e setembro os meses mais quentes do ano muito comum realizarem pequenas excurs es com suas fam lias em busca dos ovos desse quel nio subindo o Teles Pires at a foz do S o Benedito Levam uma grande quantidade de farinha e passam semanas ca ando e pescando retornando com muitos ovos e algumas hist rias principalmente de on as para contar O florescimento das castanheiras um primeiro sinal re
105. geralmente implica no aumento da temperatura da incid ncia de luz solar do vento e da exposi o de esp cies invasoras e predadoras A fragmenta o tamb m implica na diminui o do fluxo g nico entre popula es e na perda de biodiversidade Altera o do aporte de nutrientes para os ecossistemas aqu ticos o desmatamento da vegeta o marginal implica em altera o no aporte de nutrientes para o rio com consequ ncias para a din mica da teia tr fica Isto pode provocar a redu o da biomassa de organismos e perda de biodiversidade b Processos impactantes associados contamina o h drica A contamina o hidrica na regi o em estudo est associada principalmente s atividades agropecu rias e minerarias e pr pria concentra o populacional desencadeando processos impactantes devidos s altera es quimicas da gua Estas altera es por si s constituem processos impactantes e resultam em outro processo intoxica o da biota aqu tica Altera es fisico quimicas da gua As atividades agropecu rias frequentemente utilizam fertilizantes qu micos que podem ser lixiviados para os corpos d gua Da mesma forma os efluentes dom sticos associados concentra o populacional contribuem diretamente para a contamina o hidrica Esta contamina o esta relacionada ao aumento do aporte de nutrientes e de mat ria org nica no meio aqu tico Disto decorrem efeitos indiretos sobre a biota aqu tica como
106. gica mais recente de Francisco Stuchi 2010 para complementar algumas lacunas em todos esses quesitos Entre a d cada de 1920 e a d cada de 1960 os Kaiabi ocuparam abandonaram e reocuparam v rias aldeias distribuidas ao longo das margens do Baixo Teles Pires e em seus principais afluentes Apesar das descri es aqui apresentadas estarem aquem das linhas de mobilidade das habita es fundadas pelos Kaiabi nesse periodo poss vel ter uma id ia adequada dos fundamentos b sicos que sustentam sua rede de significa es territoriais que tem nas rela es estabelecidas com o ambiente do Teles Pires seu eixo central de refer ncia Anexo 1 10 A primeira aldeia indicada no relat rio de Rodrigues 1994 171 aponta o aldeamento fundado por Elias Praxedes nas proximidades do seu barrac o que foi chamado de Tabuleiro A1 situado um pouco abaixo da foz do rio Apiac s do lado esquerdo de quem desce o Teles Pires Segundo Atu e Tamana os Kaiabi n o usavam o outro lado do rio margem direita devido presen a dos Panara rio acima e dos Munduruku abaixo do rio S o Benedito O Tabuleiro funcionava como uma esp cie de ponto centralizado de apoio e abastecimento do barrac o S o Jose chefiado por Elias Apesar de n o terem morado ali por muito tempo o aldeamento Tabuleiro sempre referido nas hist rias dos mais velhos como o primeiro lugar que os Kaiabi habitaram assim que decidiram se fixar ao norte do Salto Sete Quedas e de on
107. grandes quantidades de peixe para que fosse possivel preparar refei es almo o merenda e jantar de toda a comunidade Nessas pescarias os indios saiam bem cedo em dois barcos carregando varas anz is e iscas retomando para a aldeia no meio da tarde com barcos cheios de peixes e em algumas ocasi es animais de ca a Os destinos eram sempre variados como por exemplo os rios Cururu A u ou o Santa Rosa e as embarca es e combustivel para a realiza o dessas atividades eram dos moradores da pr pria aldeia 337 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Ao encostar as voadeiras no porto os pescadores chamavam as mulheres que seriam as respons veis pela cozinha comunit ria para que realizassem a limpeza dos animais Os peixes eram limpos na beira do rio com o auxilio de um fac o primeiro a barrigada era retirada com a m o e arremessada no rio o que terminava por servir de alimento para outros peixes e aves limpeza e o corte dos peixes eram realizados de acordo com o modo de preparo ou seja se o peixe era assado as cozinheiras s retiravam as escamas e a barrigada mas se o peixe fosse cozido todo o peixe era limpo e cortado em v rias partes Al m disso alguns peixes tinham destinos espec ficos como por exemplo a tra ra Hoplias malabaricus que eram pescadas para preparar o mutap esp cie de mingau feito com peixe e farinha de mandioca puba e a farinha de peixe feita a pa
108. identifica o das reas de vulnerabilidade nas terras indigenas em estudo Bases Sensibilidade Cartogr ficas Imagens de Frentes de Processos reas de Sat lite Amea as Impactantes Vulnerabilidade Hist rico de Ocupa o Figura 2 Fluxograma do processo de identifica o das reas de vulnerabilidade das Terras Indigenas Kayabi e Munduruku 3 1 Hist rico de Ocupa o O hist rico da ocupa o da regi o do rio Teles Pires est vinculado a diferentes ciclos da economia nacional Os primeiros afluxos de migrantes foram provenientes de outras regi es do pais e vinculados ao chamado ciclo da borracha A ocupa o da regi o foi intensificada na d cada de 1970 a partir de projetos de coloniza o p blicos e privados fomentados pelo Governo Essa ocupa o culminou nos movimentos migrat rios mais recentes decorrentes da atra o de migrantes exercida pelas atividades de garimpo da atividade madeireira e da expans o da fronteira agricola e pecu ria A partir da segunda metade do s culo XIX a expans o da economia extrativista se tornou o sistema econ mico caracter stico da regi o com a consolida o da explora o do caucho Castilloa elastica e especialmente da seringueira Hevea brasiliensis dando origem ao ciclo da borracha inserindo a Amaz nia no mercado capitalista internacional Segundo GR NBERG 2004 em 1861 foram observados os primeiros seringueiros na embocadura do rio Teles Pires A E e
109. ind genas fundamental o reconhecimento da import ncia visual dos elementos que comp em a paisagem para o modo de vida dos indios O rio Teles Pires por exemplo possui um papel fundamental nesse sentido e est inextricavelmente ligado ao mito de cria o e formas de afirma o territorial Kaiabi O seu ritmo orienta e tamb m orientado por uma grande variedade de sinais da natureza Os Kaiabi est o sempre atentos as mudan as que orientam suas atividades Alguns exemplos de como a leitura do ambiente importante para os indios s o descritos nos itens referentes aos impactos sobre a din mica fluvial os recursos de ca a e de pesca itens 3 1 3 2 e 3 3 Entre eles as borboletas amarelas pan pan cuja presen a nas margens indica que o rio n o subir mais as mangueiras da aldeia Kururuzinho que indicam o ponto m ximo de alagamento pela altura da gua em rela o as suas raizes a rela o do nivel do rio Teles Pires com a queda dos ltimos ouri os de castanha e o canto de certos p ssaros que junto com o amarelecimento e queda das folhas da rvore yagyp indicam a chegada do ver o A manifesta o visual da dura o e intensidade dos periodos de inunda o o fator prim rio utilizado para marcar o in cio de uma esta o e o t rmino de outra Isto se evidencia pelo discernimento dos dois principais microambientes yapopet floresta inund vel na poca das chuvas e ka arete floresta de te
110. inerentes a rela o entre sogro e genro se constituem como pr ticas centrais de consolida o da unidade social mais importante a familia extensa Fernandes 1970 Schaden 1962 A cis o radical entre os dominios pol tico e religioso um tra o tupi guarani marcante segundo H l ne Clastres 1978 Tais povos s o conhecidos pela aparente baixa elabora o de sua morfologia social e politica combinada a um rico e complexo universo cosmol gico Com rela o as sociedades tupi guarani podemos ainda acrescentar a predominante tend ncia as manifesta es performativas em particular o xamanismo e din micas abertas a incorpora es e elabora o de eventos exteriores contingentes Viveiros de Castro 1986 Os Kaiabi e os Apiak se constituem como grupos tupi centrais falantes de linguas pertencentes familia ling istica tupi guarani Os Munduruku compartilham o mesmo tronco tupi e possuem uma familia ling istica Unica para seu grupo A enorme dispers o dos povos tupi guarani por uma imensa rea geogr fica conjugada com um longo isolamento provocou diferentes transforma es em seus sistemas de cren as Alfred Metraux 1950 sugeriu que a rea original de dispers o dos tupi guarani estaria compreendida entre a margem direita do Amazonas o Paraguai o Tocantins e o Madeira A seguir apresentado um breve panorama da realidade hist rica e social das tr s etnias expandido medida que as descri es forem avan ando
111. linha e anzol ou com arp o Outra forma relatada ocorre com a utiliza o do timbo a raiz cujo sumo produz um efeito entorpecedor no peixe um tipo de pesca que como observado pelos Apiaka era coisa dos Munduruku Os Apiak s o bastante seletivos em sua dieta alimentar entre os peixes citados a raia Potamottygon sp a tuvira Sternopygus macrurus e o poraqu Electrophorus electricus n o eram apreciados para o consumo enquanto o peixe cachorra Acestrorhynchus acutus Acestrorhynchus falcatus Acestrorhynchus microlepis era bom para preparar a farinha de peixe O tracaj Podocnemis unjfihis era considerado uma iguaria sendo pescado por meio de uma isca especialmente preparada com a carne da trafra Hoplias malabaricus Conforme um de nossos interlocutores a traira era pescada e preservada com sal sendo posteriormente utilizada como isca em vara e anzol ou linhada e anzol Outra forma de pescar o tracaj realizada sem o uso de um apetrecho de pesca e de isca De acordo com um entrevistado da Aldeia Kururuzinho quando o tracaj visto na gua a pessoa que est dirigindo a voadeira come a a navegar em circulo em torno do animal ai o ca adorpula na gua e captura o c gado com as m os Al m da carne os ovos tamb m s o coletados para consumo nos bancos de areia que se formam ao longo do rio Teles Pires no m s de agosto De acordo com os entrevistados a pesca realizada utilizando peque
112. locais de terra preta Existem muitas outras rvores que os Kaiabi chamam de jatua vp kwasingywi ka a enupy que tambem aparecem com frequ ncia na terra preta Os kofets invariavelmente ocorrem em matas e ro as que foram feitas por povos antigos que ali habitaram muito antes da chegada dos Kaiabi Normalmente s o reas de vegeta o baixa em que se pode plantar todo tipo de cultura Os Kaiabi identificam a capacidade de produ o de uma terra associando o desempenho do milho e da banana na terra preta e da mandioca na terra vermelha vwypirang As capoeiras Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m f s SRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia s o ainda reconhecidas como bons lugares para ca ar principalmente porcos e antas que est o em busca de sais minerais muito abundantes na terra preta Durante todo o ano os Kaiabi est o envolvidos com suas ro as seja plantando seja colhendo cuidando ou ainda esperando Toda ro a deve ter um dono que tem que ser casado e j ter cumprido suas obriga es de presta o de servi os em rela o ao sogro Um dos primeiros sinais para se come ar a fazer a ro a quando um sapo chamado kutap come a a cantar muito na beira do rio geralmente nos meses de maio e junho A ro ada feita normalmente em uma semana de trabalho envolvendo todos os membros da familia O mesmo tempo em m
113. m contribuiram para o fortalecimento de um projeto particular de territorialidade e afirma o tnica fundado sobretudo na resist ncia her ica do grupo de remanescentes contando com as liga es afetivas e ecol gicas estabelecidas com o ambiente do rio Teles Pires m A SRY Empresa de Pesquisa Energ m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Quando timidamente se iniciava uma pol tica fundi ria destinada a conceder e regularizar por es de terras aos indios do Brasil os Kaiabi talvez tivessem imaginado que os conflitos territoriais teriam chegado ao fim e poderiam usufruir de forma irrestrita de uma pequena parte do territ rio que seus ancestrais viveram e caminharam Em virtude da funda o dos Postos Munduruku e Kayabi no in cio dos anos 1940 ambos envolvidos em continua atividade comercial o chefe da 2 Inspetoria Regional do Para solicitou ao governo estadual a concess o de terras aos indios Munduruku do Tapaj s e aos Kaiabi do Teles Pires em mar o de 1945 No ambito federal o SPI n o conseguiu a san o de nenhum decreto para melhor garantir as reas indigenas contra as concess es estaduais destinadas a explora o da borracha Assim como os Kaiabi e Munduruku eram assistidos pela Inspetoria Regional do Par apenas o governo estadual lhes concedeu terras A regulariza o de uma rea em favor dos Kaiabi teve in cio com o Decreto n 251 de 09 de mar o de 1945 p
114. m de pouca riqueza de especies Algumas esp cies lenhosas s o cajuzinho Anacardium humile araticum Annona dioica faveira Dimorphandra mollis marmelo Alibertia sp lobeira Solanum lycocarpum colher de arara Salvertia convallariaeodora e reas de Tens o Ecol gica Contatos Caracterizam se pela interpenetra o de diferentes floras pertencentes a dois ou mais grupos de vegeta o diferentes esses contatos t m caracteristicas estruturais e densidade pr prias ligadas vegeta o de origem e Contato Savana Floresta Ombr fila Este tipo de cobertura vegetal tem estreita rela o com o tipo de relevo com elementos da Floresta Ombr fila pr ximo s linhas de drenagem onde os solos s o mais profundos e midos e com a savana desenvolvida nas partes mais elevadas do terreno H uma mistura das esp cies comuns da Savana Florestada com as esp cies da Floresta Ombr fila tornando a fisionomia destas reas praticamente indivis vel sendo os aspectos relacionados aos solos lit licos que determinam a express o floristica comuns a cada s tio Ha grande valor econ mico das esp cies identificadas nesses ambientes As Vochysiaceae representadas pelas mandioqueiras e as laur ceas em que se destacam o louro preto e o louro cravo podem ser citadas como das mais representativas do valor econ mico destas reas de Tens o Ecol gica Outras esp cies tipicas da Floresta Ombr fila s o notadas como
115. mais dos limites da TI que a frente anterior e 3 ao sul da TI Kayabi onde predominam desmatamento minera o e principalmente agropecu ria A an lise permite inferir que comparativamente a TI Kayabi apresenta vulnerabilidades mais significativas do que aquelas identificadas na TI Munduruku dada a express o da Frente de Amea a 3 e a sensibilidade do ambiente ao sul da regi o Ficou evidente ainda a import ncia das reas protegidas da regi o na garantia da integridade fisica e bi tica dos recursos naturais das terras ind genas As reas protegidas que desempenham este papel s o as pr prias terras indigenas Munduruku Kayabi e Sai Cinza as unidades de conserva o de prote o integral como PARNA do Rio Novo e PARNA do Juruena e a Base A rea do Cachimbo pm i Sai MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA 5 REFER NCIAS AGOSTINHO A A GOMES L C amp PELICICE F M 2007 Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservat rios do Brasil Eduem Maringa 501p BEGON M TOWNSEND C R amp HARPER J L 2007 Ecologia De individuos a ecossistemas 4 Ed Artmed Porto Alegre 752p BRASIL 1994 Decreto Legislativo n 2 de 03 de fevereiro de 1994 Brasilia 1994 CARNEIRO FILHO A Atlas de Press es e Amea as s Terras Indigenas na Amaz nia Brasileira Arnaldo Carneiro Filho Oswaldo Braga de Souza S o Paulo Instituto Socioambiental 2009 CASTRO R M C 1999 Evolu o da ictiofauna de ri
116. mas gostava muito de perguntar a seus pais sobre as hist rias mais antigas e os nomes dos lugares Dessa forma as pessoas eram indagadas a respeito de seu conhecimento sobre a regi o sempre faziam men o aos lugares e as hist rias narradas por At Os Kaiabi assim que passaram a habitar definitivamente o Baixo Teles Pires para trabalharem como seringueiros automaticamente come aram a aplicar seu padr o de ocupa o territorial a esse ambiente que antes era utilizado somente como local de perambula o Foi ent o seguindo como de costume o eixo orientador do Teles Pires conferindo nomes aos lugares e cursos d gua caminhando e contando hist rias que o Baixo Teles Pires claramente reconhecido como extens o do ambiente anteriormente habitado pelos Kaiabi foi aos poucos se constituindo como um ambiente familiar Quando era jovem At andava frequentemente com seu pai auxiliando no trabalho da seringa Foi durante essas andan as que passou a conhecer n o somente os nomes e hist rias de cada um dos lugares mas os caminhos e emo es que fluiam entre eles que s o at hoje capazes de conferir o senso de pertencimento e unidade regi o do Baixo Teles Pires e Transposi o do Sete Quedas Ap s 1914 com a queda do pre o da borracha no mercado mundial houve uma retra o do numero de seringueiros na regi o sul do Par e norte de Mato Grosso Como a penetra o dos seringueiros vindos do norte n o avan ou sobre a
117. merece destaque a participa o em diversas a es socioambientais necess rias principalmente durante as fases de implanta o e opera o como os programas de monitoramento acompanhamento e fiscaliza o al m do suporte a programas de conserva o de fauna e flora entre outros Vale destacar o fato de que essa possivel ocupa o da m o de obra indigena tende a durar por toda a vida til das usinas Do ponto de vista negativo a possivel altera o nas rela es dos indios com as atividades econ micas esta associada s interfer ncias diretas nas atividades econ micas que prestam apoio financeiro aos indios Nesse caso interessante analisar alguns impactos identificados nos EIA que atuam no sentido contr rio da dinamiza o da economia mas de forma pontual o caso da modifica o das condi es para atividades tur sticas e da modifica o das condi es atuais de extra o mineral que representam o possivel deslocamento compuls rio de pousadas e reas de garimpo por causa dos reservat rios ou da infraestrutura de apoio necess ria as obras 3 6 3 Elementos Etnoecol gicos Associados A defini o do quadro atual das rela es dos indios com as atividades econ micas o ponto de partida para a avalia o deste impacto Sabe se que existe um acordo dos indios com os garimpeiros e os pousadeiros que os compensam financeiramente ou com mercadorias por estarem utilizando a rea Apesar de terem consci ncia
118. muitas capoeiras que os Kaiabi visitam regularmente em busca de frutas nativas Em certos pontos do lado de Mato Grosso tamb m existem locais espec ficos para a retirada da folha do baba u para a cobertura das casas Nesse trecho aumentam o n mero de corredeiras e a dificuldade de transposi o principalmente no ver o Em seguida vem a micro regi o do Caititu em que a configura o da paisagem se constitui por in meras ilhas e o estreitamento do curso principal do Teles Pires Ali os Kaiabi v o procura de a ai e pataua principalmente 3 3 Rela es ecol gicas dos Kaiabi Para iniciar essa aproxima o importante tornar familiar algumas categorias basicas utilizadas pelos pr prios Kaiabi na classifica o e disposi o pr tica do ambiente Para os Kaiabi o tempo surge em primeira inst ncia pela din mica do ciclo da gua e do ciclo das ro as fortemente marcados pelo ritmo das esta es A manifesta o visual da dura o e intensidade dos per odos de inunda o o fator prim rio utilizado para marcar o in cio de uma esta o e o t rmino de outra Isto se evidencia pelo discernimento dos dois principais micro ambientes yapopet floresta inund vel na poca das chuvas e ka aret floresta de terra firme que nunca inunda O micro ambiente com vegeta o mais baixa que cobre as praias e ilhas vpo o tamb m recebe um estatuto diferenciado consideravelmente sujeito as influ ncias fluviais podendo apresenta
119. mulheres enquanto estas confeccionam enfeites colares pulseiras e an is para eles No que diz respeito agricultura o espa o disponivel para os ro ados limitado pelas caracter sticas de relevo e solo Para os Apiak o local para fazer ro a deve conjugar pelo menos tr s pr requisitos estar pr ximo da aldeia n o inundar no inverno e apresentar barro vermelho ou barro amarelo Outro pr requisito desej vel que no local tamb m haja terra preta um tipo de solo antropog nico especialmente f rtil Os pontos mais elevados correspondem aos terra os pluviais presentes nas margens do baixo curso dos rios Teles Pires e Juruena chamados pelos ind genas de terra firme importante destacar que todos os ro ados atuais e Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia todas as capoeiras em diferentes est gios de regenera o no Teles Pires Juruena e S o Tom est o localizadas em terra firme Atualmente os ro ados dos Apiak grandes e diversificados se disp em nos pontos mais elevados ao longo do baixo curso do rio Teles Pires margem esquerda e do baixo curso do rio Juruena margem direita Al m disso as capoeiras de antigas aldeias ao longo do rio S o Tom podem vir a ser pontos de novos ro ados e moradias no futuro pr ximo Os trechos de vegeta o na
120. ndios disseram o seguinte Voc pode encher essa casa de ouro ou de notas de 100 para oferecer para n s mas n s n o vamos desistir da nossa terra Porque o dinheiro se acaba e a terra n o N s queremos a nossa terra do jeito que est delimitada nem um palmo para l e nem um palmo para c O que queremos a terra e a nossa demarca o Ap s a primeira investida frustrada o mesmo gerente L o agora utilizando as animosidades hist ricas entre os grupos indigenas teria se aproximado de ndios Apiaka e Kaiabi residentes no municipio de Juara e os convencido mediante uma compensa o financeira a declararem publicamente que os Kaiabi do Teles Pires n o s o origin rios dessa regi o e que os Apiak ocupantes leg timos n o necessitam de tanta terra para viverem A partir de um documento intitulado Ata da reuni o das Comunidades Kaiabi Munduruku e Apiaka com o subtitulo Novo Mapa da TI Kayabi e TI Apiacas de 20 de maio de 2004 Cuiaba os ndios afirmam que n o querem que a FUNAI fique brigando com o munic pio de Apiac s por causa deles continuam dizendo que muita briga por uma terra que nunca ocupamos que a antrop loga Patr cia Rodrigues confundiu aldeias com antigos seringais Os participantes comentam ainda que os 600 mil hectares de terra incidentes no estado de Mato Grosso muita terra e que n s achamos suficientes as terras do Par o dos outros dos outros manda l
121. o Revis o e comlementa o EM epe Minist rio de Minas e Energia induzidas pelas tr s usinas e os consequentes efeitos de cumulatividade e sinergia As matrizes de impactos foram revisadas e definidas a partir da reavalia o de impactos e da an lise de cumulatividade e sinergia S o apresentadas tr s matrizes uma para a UHE S o Manoel uma para a UHE Foz do Apiac s e uma para o conjunto das duas primeiras e da UHE Teles Pires As matrizes apresentam a classifica o dos impactos espec ficos sobre as popula es indigenas segundo as categorias utilizadas para orientar a avalia o de impactos Cada uma das matrizes apresentadas est segmentada por etnia Portanto os impactos s o categorizados por usina ou conjunto de usinas e por etnia implicada A Tabela 2 apresenta a conceitua o das categorias utilizadas na avalia o de impactos e discriminadas nas matrizes de impacto Tabela 2 Categorias de an lise dos impactos e respectivas conceitua es Categoria de Analice Conceitua o Classifica o O car ter ben fico ou prejudicial previsto para os efeitos dos processos Positivo Natureza do Impacto impactantes sobre o meio estudado define a natureza do impacto que Negativo r positivo negativo ou ambivalente deals ser positivo Ner Ambivalente O periodo de manifesta o dos efeitos dos processos impactantes sobre o meio estudado qualificado quanto ao seu car ter tempor rio ou
122. o das atividades agropecu rias sobre a Amaz nia impulsionando o desmatamento que alcan a a TI Kayabi ao sul microbacias 4441 4442 4443 4444 e 4454 Tamb m possivel observar a presen a de algumas lavras de metais nobres pr ximos ao limite da TI Soma se a isso a aglomera o em n cleos populacionais a exist ncia de v rias estradas vicinais associadas agropecu ria bem como a explora o ilegal de madeira e e a explora o de insumos para agricultura calc rio inclusive nadentro dos limites da TI Kayabi Dentro desse contexto a principal amea a identificada para o meio f sico e os ecossistemas terrestres o desmatamento associado as atividades antr picas incluindo a pr pria ocupa o humana A supress o de vegeta o nativa implica na fragmenta o de habitats nativos em efeitos de borda na perda de biodiversidade e na acelera o de processo de erosivos podendo ter como consequ ncia a perda da biodiversidade Esses processos impactantes incidem sobre uma regi o de heterogeneidade consider vel de ambientes florestais campestres e de contato que acompanham a varia o do relevo e dos solos O mosaico de ambientes indica que deve se tratar de uma rea com grande diversidade biol gica que ainda se torna mais sensivel pela possivel presen a de um corredor biol gico Este corredor formado pela Floresta Ombr fila Densa Aluvial nas margens do rio Teles Pires conecta grandes remanescentes de floresta de
123. o disparo da espingarda ela iniciada no universo de conhecimentos que abarcam a atividade de ca a nesse momento que os jovens Kaiabi come am a conhecer na pr tica o ambiente em que vivem os lugares diante dos quais estabelecem algum tipo de controle e as formas apropriadas de se relacionarem com sua regi o Conhecer o relevo a hidrografia a vegeta o os nomes dos lugares e os habitos dos animais locais onde comem bebem dormem se refugiam e reproduzem etc fundamental para o sucesso do ca ador importante tamb m reconhecer v rias informa es sobre a ca a por meio dos rastros como as ltimas a es realizadas pelo animal seu tamanho a esp cie e a dist ncia em que se encontra do ca ador O conjunto dessas informa es permite n o apenas a forma o do ca ador enquanto individuo social preparado para se casar e sustentar uma familia mas tamb m propicia aos homens a no o espacial que comp e os mapas mentais vividos narrados e caminhados dos Kaiabi Dependendo do objetivo do lugar e da presa a ser perseguida as ca adas podem ser realizadas individualmente com algum parente ou ainda de forma coletiva Na realidade as ca adas podem ter in cio a qualquer momento pois sempre que saem de suas aldeias seja pela raz o que for os Kaiabi levam consigo suas espingardas e navegam ou caminham sempre perscrutando o mato ao redor Quando se dirigem a locais considerados mais perigosos principalmente quando v
124. o item 3 7 pode se afirmar que havera uma altera o sensivel na paisagem do entorno da TI Se considerado o cen rio de implanta o das usinas de S o Manoel Foz do Apiac s e Teles Pires o efeito sobre a paisagem expresso pelos desmatamentos pela forma o dos reservat rios pela movimenta o de homens e m quinas e pelas poss veis mudan as nas atividades econ micas existentes apresenta propriedades de permitem classifica lo como cumulativo As perdas de referenciais socioespaciais e culturais apresentam comportamento an logo De acordo com a Revis o do Conte do Antropol gico do ECI os ndios Kaiabi t m o Rio Teles Pires como um de seus mais importantes referenciais socioespaciais e culturais Sendo assim o simples barramento do rio e a consequente forma o do reservat rio mesmo que fora da Tl representar uma perda significativa para os indios Isso se aplica tanto para as usinas individualmente quanto para a o conjunto de duas ou tr s usinas seja qual for a configura o final Estudos do Combonente Endidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e comblementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia No caso da UHE Teles Pires existe ainda um agravante devido ao alagamento do Salto Sete Quedas considerado como um importante marco espacial para a cultura Kaiabi Esse salto frequentemente citado nas est rias contadas pelo povo Kaiabi representando a ba
125. o mais baixos e a gua mais clara esta atividade facilitada sendo possivel percorrer dist ncias maiores Os Kaiabi se aproveitam do periodo de seca para sairem com as familias conhecendo seu ambiente contando hist rias aos mais novos coletando ovos de tracaj a sementes frutas e pescando em locais mais afastados das aldeias em que vivem Nessa poca as aldeias ficam praticamente desocupadas principalmente nos meses de agosto e setembro Segundo Machado tem a poca em que n s saimos da aldeia e vamos para as praias Esse um costume que a gente tem faz muito tempo s que agora por causa da escola n o d pra ficar muitos dias N s passamos uma ou duas semanas nas praias e voltamos para 3 Em rela o a essa mudan a da pessoa Kaiabi me parece pertinente propor uma aproxima o com as concep es de Marcel Mauss sobre a no o de eu Entendo que em fun o das sobreposi es de cosmografias de diversas frentes econ micas a pessoa Kaiabi foi com o tempo se tornando mais individualizada e menos ligada ao seu papel desempenhado nos relacionamentos e obriga es impostas pela familia extensa Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EH m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia casa Essa uma poca em que estamos tirando sementes isso tamb m uma aprendizagem para os jovens porque eles aprendem a pescar a
126. o pol tica doen a e morte A reciprocidade o valor central da comunidade o eixo da l gica da d diva que imp e a obrigatoriedade de dar receber e retribuir em franca oposi o l gica capitalista individualista A l gica da d diva condensa o car ter coletivista da apropria o da terra e dos recursos naturais obrigando partilha do produto da ca a da pesca da coleta e da agricultura Tempesta 2009 271 A tica social ultrapassa as fronteiras da aldeia e abrange as rela es que os Apiak estabelecem com aquilo que os ocidentais chamam de natureza O pensamento e a pr tica Apiak ganham forma no horizonte de um sistema simb lico an mico em que se atribui aos seres naturais o status de pessoas que exibem emo es e habilidades humanas bem como normas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia sociais A rela o que os humanos estabelecem com esses seres s o rela es de prote o sedu o hostilidade alian a ou troca de servi os Natureza e sociedade n o s o percebidas pois como entidades conceituais fixas como realidades radicalmente distintas que n o se comunicam mas sim como dominios de um todo nico que se influenciam mutuamente de modo complexo uma din mica simbolica ilustrada por mitos contados pelos anci os Em uma com
127. p blico No caso da Terra Indigena Kayabi os indios conseguiram chamar a aten o desse rg o mais especificamente da Sexta C mara que trata de direitos indigenas e de minorias quando come aram a mostrar publicamente s autoridades competentes os crimes ambientais que estavam sendo cometidos nessa rea Em fevereiro de 2004 atendendo s denuncias dos Kaiabi foi realizada na Sexta C mara uma reuni o com representantes de FUNAI e das procuradorias regionais do Mato Grosso e Par com o proposito de tra ar estrat gias relativas a ocorr ncia de crimes ambientais na Terra Indigena e discutir as situa es de tens o sofridas pelo grupo da FUNAI que esteve presente na rea para produzir as primeiras informa es sobre o levantamento fundi rio em novembro de 2003 Nessa mesma reuni o foram enviados of cios destinados ao INCRA INTERPA e IBAMA informando a esses institutos sobre a legisla o vigente que considera nulos e extintos n o produzindo efeitos jur dicos os atos que tenham por objeto a ocupa o o dominio e a posse das terras de ocupa o indigena Como resultado dessa reuni o foi realizada uma opera o conjunta entre a Pol cia Federal e o IBAMA com a finalidade de identificar os principais ocupantes que estariam cometendo crimes e j preparar o terreno para a chegada do grupo de trabalho da FUNAI respons vel por fazer o levantamento fundi rio e iniciar juntamente com a empresa contratada os pr
128. pela capacidade de mobiliza o dos Kaiabi e tamb m devido ao importante apoio que v m recebendo do Minist rio P blico Federal e de ONG s de car ter socioambientalista informa es relevantes v m sendo geradas e alguns avan os rumo demarca o integral de suas terras v m sendo alcan ados Deve se tamb m lembrar que os movimentos ambientalistas v m reconhecendo que a demarca o das terras indigenas tem se constituido num dos mais relevantes marcos na conserva o da biodiversidade nas ltimas d cadas Santilli amp Schwartzman 1997 Contudo cabe deixar claro que esse objetivo ainda est longe de ser conseguido devido s in meras territorialidades que se encontram inseridas num mesmo espa o geogr fico e ainda porque os opositores dos indios atuam agora no sentido de derrubarem a Portaria Declarat ria de 2002 O conflito ambiental considerado pela perspectiva da intratabilidade evidencia os distintos frames em torno do que vem a ser a natureza colocando frente a frente projetos diversos de sociedade que necessitam de um ambiente biof sico para se perpetuarem Ao dar visibilidade a grupos marginalizados envolvidos igualmente num conflito marginalizado a inten o de trazer tona contradi es e rela es de poder circunscritas a uma regi o socioambiental do Brasil que at ent o eram ignoradas e podem ser projetadas para produzir reflex es mais gerais sobre a crise ambiental e as disputas territoriais em
129. permanente N o h defini o a priori de prazos considerados Prazo de Perman ncia Tempor rio temporarios e permanentes Os prazos que definem essa classifica o s o ai Ra Permanente estabelecidos com base em analises das especificidades dos processos impactantes e das particularidades dos elementos do meio estudado mais afeitos aqueles processos A exist ncia de alternativas vi veis para mitiga o capazes de atenuar ou Revers vel Reversibilidade Probabilidade de Ocorr ncia Intensidade eliminar efeitos de processos impactantes define um impacto como revers vel A inexist ncia dessas alternativas leva classifica o de um impacto como irrevers vel A probabilidade de ocorr ncia de um impacto est vinculada probabilidade de ocorr ncia de cada processo impactante que lhe deu origem A intera o esperada das popula es indigenas com cada um desses processos tamb m concorre para a defini o da probabilidade de ocorr ncia de um dado impacto As classes de intensidade procuram expressar o grau da for a com que os processos impactantes incidem sobre as popula es indigenas Essa categoria est associada magnitude dos processos impactantes segundo classifica o adotada nos EIA de S o Manoel e Foz do Apiac s lrreversivel Pouco Prov vel Prov vel Muito Prov vel Certo Minist rio de Minas e Energia E epe A signific ncia visa expressar a capacidade do
130. permeia boa parte do Embodiement um conceito que aparece com frequ ncia na fenomenologia do espa o desenvolvida por Merleau Ponty 1962 significando uma aproxima o unificada entre corpo e ambiente quando os individuos desempenham rotineiramente suas tarefas num determinado lugar de significa o Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia senso comum acerca do car ter pristino e homog neo da floresta amaz nica as paisagens dessa regi o s o caracterizadas pela diversidade e pela longa conviv ncia com o ser humano N o se sabe ao certo a partir de que periodo a floresta amaz nica passou a ser ocupada pelos seres humanos A pr pria hist ria da chegada do homem ao continente americano continua bastante controversa e apoiada em teorias de carater consideravelmente especulativo Dewar 2004 Muitas disciplinas cientificas estudam e proporcionam hip teses sobre a din mica desses deslocamentos humanos como a arqueologia a etnografia a ling istica a gen tica a paleoecologia entre outras No tocante Amaz nia estudos contempor neos indicam que ao inv s de uma floresta tropical intocada algumas reas s o mais bem compreendidas como paisagens domesticadas dramaticamente alteradas por grupos ind genas no passado Tem sido verificado um elevado grau de desenvolvimento s
131. pescador para tirar o peixe da gua e ser fotografado com ele o que mais motiva os praticantes A fim de entender um pouco mais sobre os niveis de dificuldades e divertimentos da pesca esportiva foi entrevistado Marcelo um empres rio de Ribeir o Preto que afirmou que o tucunare realmente um dos peixes mais valorizados sendo conhecido como o rei da briga 4 Conforme o Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amadora PNDPA importante n o jogar o peixe na gua sem qualquer tipo de cuidado pois cansado e desorientado se torna uma presa facil para outras esp cies predadoras A orienta o para que o pescador coloque o peixe na gua apoiando o com as m os por baixo do corpo para que o exemplar se recupere lentamente e so saia quando estiver em condi es e por conta pr pria Nesse sentido existe um conjunto de t cnicas para devolver o peixe gua diminuindo o risco de mortandade gt A fim de validar as experi ncias de luta e o triunfo com a natureza existe uma rede bastante desenvolvida pela internet em que os participantes colocam os nomes de seus grupos fotos com os peixes e contam casos referentes as dificuldades que passaram e situa es c micas que ocorreram em suas pescarias Vejam por exemplo http www turmadobigua com br forum gt No pr prio site da pousada Thaima u existe uma enquete para os participantes votarem qual o peixe mais esportivo E o tucunar tem ma
132. piracema Esta atividade foi apontada pelos Kaiabi como a principal respons vel pela diminui o do numero de peixes No que se refere ao uso de determinados locais os desentendimentos entre pousadeiros e garimpeiros s o frequentes e acabam por envolver de alguma forma os povos indigenas Pode ser citado como exemplo o interesse das pousadas em estender suas rotas de pesca abaixo da cachoeira Rasteira enquanto os garimpeiros t m o desejo de subir a Rasteira para terem acesso a uma por o valorizada e pouco explorada do rio Enquanto os Munduruku e Apiaka s o mais favor veis aos garimpeiros e determinam que as pousadas tamb m lhes proporcionem compensa es financeiras os Kaiabi s o mais favor veis aos pousadeiros e exigem que os garimpeiros aumentem o valor mensal de contribui o caso queiram explorar areas acima da cachoeira Rasteira Al m de casos especificos em que os conflitos entre indios e n o indios podem se acentuar com a chegada das novas usinas importante considerar a possibilidade de cria o de conflitos entre os grupos indigenas que habitam a regi o Sob a press o dos novos contingentes populacionais e da movimenta o constante nos arredores da Terra Indigena Kayabi pode se esperar que parte da popula o indigena se desloque para reas mais distantes dos empreendimentos O aumento da competi o por novos locais para a fixa o de aldeias e por recursos naturais em particular a ca a e a pesca pode co
133. poca apontam invariavelmente as novas cidades como ideais para se vencer na vida Os relatos mais comuns contam das aventuras dos sonhos realizados das dificuldades vividas das epopeias vividas pelos colonos que mais se comparam aos her is bandeirantes A reportagem da Folha de S o Paulo 09 06 1977 Aripuan controvertido caminho da Amaz nia Ill Paranaenses que fazem nascer cidades ressalta as oportunidades que os colonos est o tendo da participarem de uma grande frente pioneira m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia econ micos e status pol tico aos empres rios rurais e permitiu ao Governo distribuir melhor a popula o inserindo a Amaz nia Meridional em projetos econ micos voltados para o desenvolvimento do mercado nacional e Frames de identidade e direitos de propriedade nesse contexto hist rico e regional referente s ocupa es territoriais do norte de Mato Grosso que se situa a legitimidade dos frames de identidade acionadas pelos fazendeiros envolvidos no conflito No caso dos ocupantes que reivindicam direitos no interior da Terra Indigena declarada pelo Minist rio da Justi a deve se ir alem de estere tipos reducionistas que rapidamente os qualificam enquanto destruidores da natureza e inimigos dos indios Dessa forma uma importante diferencia o deve ser tra ada entre os fazendeiros remanescentes da poca de abertura das cidades de Alta Floresta
134. projetos hidrel tricos a gera o de expectativas na popula o tem in cio ainda nas fases de planejamento quando s o realizados Os primeiros estudos associados ao desenvolvimento das novas usinas Geralmente vinculadas a divulga o e circula o de informa es oficiais e n o oficiais as especula es podem se estender at as fases de implanta o e opera o dos projetos e tendem a se reduzir conforme os investimentos previstos se materializam Em uma regi o de baixa densidade demogr fica e pouco desenvolvida economicamente a realiza o de grandes obras e a consequente atra o de novos contingentes populacionais t m maiores chances de potencializar os conflitos territoriais na medida em que o aumento da demanda por reas promove varia es no valor da terra o que altera a din mica das atividades existentes e as condi es de uso e ocupa o do solo Este processo de valoriza o e especula o imobili ria sustentado pelas expectativas geradas nas fases de planejamento e implanta o dos empreendimentos estimula a ocupa o de novas reas mais distantes muitas vezes desprovidas de infraestrutura e por isso mais baratas Essa expans o da ocupa o resulta em muitos casos no aumento da press o sobre reas preservadas e legalmente protegidas como Unidades de Conserva o e Terras Indigenas especialmente quando se trata da regi o amaz nica Vinculado as fases de implanta o e opera o dos empreendime
135. que a terra e seus habitantes estabelecem em cada um Dando a este conceito um conte do cultural espec fico refer ncias geogr ficas e uma concep o hist rico temporal Paul Little traz para o campo das Ci ncias Sociais um importante guia para a an lise das disputas territoriais nas fronteiras Amaz nicas Cosmografia definida aqui como Identidades coletivas historicamente contingentes ideologias e sistemas de conhecimentos ambientais desenvolvidos por um grupo social para estabelecer e manter territ rios humanos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o RH m f r ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Cosmografia pode ser entendida como uma conjuntura entre cosmologia e geografia em que as vis es culturais do mundo cosmos s o inscritas grafia em reas geogr ficas O conceito de cosmografia diferente daquela no o mais geral de vis o de mundo uma vez que est invariavelmente ligado a localiza es geogr ficas especificas com caracteristicas biof sicas especificas 1997 3 A cosmografia de um grupo inclui seu regime de propriedade os vinculos afetivos que mant m com seu territ rio espec fico a hist ria da ocupa o guardada na mem ria coletiva o uso social que d ao territ rio e suas formas de defesa Ao conectar cosmografias mais amplas com grupos sociais em particular a an lise his
136. rigidamente demarcados e que se encontram abertos a novas configura es nesse sentido que a no o de wayfinding se institui atrav s de linhas irregulares e de movimentos que n o est o voltados exclusivamente para alcan ar um determinado ponto da forma mais r pida poss vel Por outro lado quando fogem desse princ pio imperam as linhas retas e os padr es convencionais de locomo o otimizada atrav s do espa o ou seja navigation e Desenhando emo es Foi ent o com o proposito alcan ar uma aproxima o do tipo de rela o que os Kaiabi estabelecem com o ambiente do Baixo Teles Pires que foi solicitado a alguns habitantes que desenhassem livremente a Terra Indigena De fato muitas foram as conversas a respeito dos recursos lugares sagrados limites e conflitos envolvendo a Terra Indigena Tamb m foram visitados a maior parte dos lugares de import ncia e examinada de perto a rotina vivida pelos Kaiabi em suas movimenta es diarias pelo Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o RH Minist rio de Minas e Energia territ rio O objetivo ao solicitar os desenhos era receber as impress es colocadas no papel e em seguida buscar interpret las da forma mais pr xima possivel de sua pr tica di ria Infelizmente os mais velhos n o tinham qualquer afinidade com l pis e papel Ent o pedi a dois habitantes mais antigos Valdir 43 anos e Jos 45 anos
137. s o apresentados no Anexo 2 Mapas Tem ticos e Anal ticos 2 2 Caracteriza o das Microbacias A seguir ser o caracterizadas as microbacias que drenam parte das Terras Indigenas Kayabi e Munduruku A rea dessas microbacias compreende aproximadamente 112 200 km sendo que algo em torno de 30 est contido nos limites das TI Kayabi e Munduruku Para descrever as microbacias inseridas nas Terras Indigenas Kayabi e Munduruku foi adotada a subdivis o de ottobacias n vel 4 da Ag ncia Nacional de guas ANA conforme apresentado na Figura 1 Para cada microbacia apresentada a descri o dos principais corpos h dricos formadores da microbacia informa es sobre a qualidade das guas e principais ambientes incluindo ainda informa es sobre os solos vegeta o e eventual presen a de endemismos 188 epe Empresa de Pesquisa Energetica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA z Empresa de Pesquisa Energ tica sous 700s 700 s An PON Rom E Agi Emir Ba tod o Bsoo s Legenda Hidrografia Terras Ind genas Kayabi e Munduruku Microbacias 14426 o Jaa 4436 C Jua C_J EE Lo aaa Lo 4442 a Tuas uss 10 0 0 S 11 00 S 11 0 0 S 58 0 0 W 57 0 O W 56 0 0 W Figura 1 Microbacias contidas nas Terras Indigenas Kayabi e Munduruku Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa
138. s o encontrados nesta microbacia na margem esquerda rios Santa Rosa e Ximari e na margem direita igarap Preto e rio Cururu A u Este ltimo mais representativo em termos de rea de drenagem possui cerca de 80 km de extens o e guas pretas apresentando valores relativamente elevados de am nia e nitrato e indica o de aporte de nitrog nio na regi o caracterizando suas guas como mesotr ficas MOSS 2005 A principal unidade geomorfol gica da bacia a Depress o Interplanaltica Juruena Teles Pires com relevo dissecado em topos tabulares com rampas suavemente inclinadas e lombas esculpidas em coberturas sedimentares inconsolidadas Predominam os latossolos vermelho amarelo e areias quartzosas com manchas de solos lit licos e podz licos na regi o da TI Kayabi As fisionomias vegetais predominantes s o sobre os latossolos a Floresta Ombr fila Aberta Submontana nas por es noroeste e central e sobre as areias o contato Savana Floresta Estacional na por o sudeste Nesta por o que a vertente direita da bacia est o as cabeceiras dos rios Cururu a u e seus afluentes Ribeir o Cururu mirim C rrego Manda aia e Igarap Arapari Estas cabeceiras est o sobre a Chapada do Cachimbo com relevos de topos convexos em geral esculpidos em rochas cristalinas Nessa regi o as altitudes chegam a 450 m A varia o do relevo resulta em manchas de Savana Arborizada e Floresta Estacional Semidecidual Submontana Part
139. sofreram com os efeitos das pris es passaram a desacreditar ainda mais na Pol cia Federal e IBAMA e voltaram sua insatisfa o para atitudes mais agressivas a fim de pressionar os ndios tanto no interior da Terra Indigena como na cidade de Alta Floresta No in cio de 2007 a casa de Evaldo Miranda beiradeiro estabelecido exatamente no ponto conhecido como Porto do Meio foi incendiada a mando do grupo de posseiros 7 2 A partir de noticia prestada pelo site O Eco em 24 11 2006 m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia que vivem no lado do Par Com o movimento dos Kaiabi de ocuparem definitivamente aldeias e ro as do lado de Mato Grosso e intensificarem a fiscaliza o da reserva novas rea es dos ocupantes n o indios puderam ser verificadas A Pousada Thaima u deixou de operar no rio Cururuzinho devido ao aumento de pescadores predat rios e de amea as que seus funcion rios teriam sofrido dos posseiros do Par caso continuassem a levar turistas para pescar nesse rio Frederico Oliveira relata que em que estava presente na aldeia realizando a pesquisa de campo em maio de 2007 a casa rec m construida por Murici em frente a aldeia Coelho lado de Mato Grosso havia sido incendiada por beiradeiros ligados Norberta Al m disso os indios chegaram a apreender dois barcos a motor de pescadores que vinham atuando ilegalmente no Teles Pires pouco abaixo da foz do rio Apiac s
140. spp embiru us Pseudobombax longiflorum e P tomentosum gon alo alves Astronium fraxinifolium angicos Anadenanthera macrocarpa e A falcata e aroeira preta Myracrodruon urundeuva H tamb m ocorr ncia de palmeiras tais como inaja Attalea maripa bocaiuva Acrocomia sclerocarpa e baba u Orbignia speciosa esta ltima muito favorecida com as queimadas Tendo como principal caracteristica a perda de folhas nos individuos mais altos nas pocas mais desfavor veis este comportamento deciduo observado em cerca de 30 das esp cies Seu aspecto fision mico composto por rvores altas grossas e de troncos retilineos com razoavel densidade por unidade de rea sendo comum o gregarismo de esp cies geralmente amaz nicas que perdem total ou parcialmente as folhas Entre as esp cies que se destacam est o Aspidosperma sp peroba Vochysia sp quaruba Goupia sp cupiuba e Hymenaea sp jutal a u Esta forma o est representada na regi o estudada pela sub categoria denominada submontana Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do 220 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA e Floresta Estacional Decidual Esta tipologia vegetacional caracterizada por duas esta es clim ticas bem demarcadas uma esta o chuvosa seguida de um longo per odo biologicamente seco Sendo que mais de 60 dos individuos perdem suas folhas no periodo desfa
141. ter o forte interface com a forma o da Equipe de Relacionamento Comunit rio para o estabelecimento de di logo adequado junto aos interesses indigenas Todas as atividades de valoriza o cultural a serem Estudos do Combonente Indiaena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomotementa o H ei epe RE Minist rio de Minas e Energia desenvolvidas no mbito das TI estar o em conson ncia legisla o de direito autoral e imagem como a portaria FUNAI n 177 2006 que trata da entrada em terra indigena em rela o ao direto autoral e de imagem 5 3 Matriz de Reversibilidade A Tabela 12 a seguir cont m a matriz de reversibilidade dos impactos especificos sobre as popula es indigenas das Terras Indigenas Kayabi e Munduruku Essa matriz correlaciona os impactos identificados os programas previstos nos EIA as medidas complementares necess rias e a expectativa de reversibilidade dos impactos Como resultado dessa an lise foi elaborada a Tabela 12 a seguir Minist rio de Minas e Energia Impacto sobre as Popula es Ind genas Tabela 12 Medidas complementares aos programas propostos nos EIA Programas e Medidas indicados pelos EIA Propostas de Medidas Complementares Expectativas de Reversibilidade Interfer ncia sobre a flora e fauna terrestre e os recursos de ca a Perda de cobertura Vegetal Perda de Habitats da Fauna local Aumento da press o antr pica sobre a
142. terras concentra grande n mero de invas es por grileiros posseiros e madeireiros Na conflu ncia do Igarap Piranha Preta com o rio Teles Pires existe um ponto de import ncia para os Kaiabi chamado de Lugar das Piranhas Pira porque ali em frente havia piranhas pretas em grande quantidade Pelo depoimento de At e pelo relat rio de Rodrigues n o est claro se ali se localizava uma aldeia ou se estavam fazendo refer ncia Ilha Branca v po sisin A22 localizada no meio do rio Teles Pires onde de fato havia uma aldeia que foi habitada pelo finado Teme Por ter havido uma grande ro a pr xima ao Igarape Piranha Preta e pela presen a de capoeira kofet no local achamos pertinente tamb m marcar esse ponto no mapa A23 Mais ao norte na foz do rio Santa Rosa Atu e sua familia moraram na aldeia piavu y A24 lugar dos matrincha s onde atualmente existe a pista de pouso da Pousada Santa Rosa Subindo mais o rio havia tamb m a aldeia yjwaru ok A25 que quer dizer casa em cima do remanso Abaixo da foz do rio Santa Rosa no Teles Pires na Ilha do Caititu a fam lia do finado Kupekani morou na aldeia taiteto A26 ao mesmo tempo em que possuia uma ro a na margem esquerda do Teles Pires Antes ainda dessa habita o essa parte do rio ja era conhecida como ajwaru unun porque existe um remanso numa parte muito pedregosa que faz muito barulho quando o rio esta cheio Rodrigues ainda faz refer ncia a o
143. territorial e socioecon mica das terras indigenas Esse programa procura preencher essa lacuna por meio de uma participa o ativa do empreendedor nas atividades de fiscaliza o ambiental em conjunto com os rg os competentes para esse tipo de atividade Para tanto o empreendedor dever manter uma Equipe Permanente de Aux lio Fiscaliza o Ambiental Espera se que essa equipe atue no interior e entorno da TI ESUdoS do Combo nte Eudtdara das UHE S O Manoel For do Avia o Rec o contro EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Kayabi com o objetivo de contribuir para a minimiza o dos desmatamentos ilegais a ca a furtiva bem como outros crimes ambientais que coloquem em risco o equilibrio ecol gico O empreendedor dever fornecer os equipamentos necess rios para a realiza o dessa atividade fortemente recomendada a participa o de ndios nessa equipe permanente que dever atuar em conjunto com a FUNAI os Org os ambientais e organiza es indigenas na gest o desse programa 5 2 4 Programa de Valoriza o das Manifesta es Culturais das Popula es Indigenas O Programa de Preserva o do Patrim nio Cultural Hist rico e Arqueol gico proposto nos EIA n o aponta a rela o estreita com o patrim nio indigena Conforme preconizado pela Conven o sobre a Prote o e Promo o da Diversidade das Express es Culturais promulgada no Brasil pelo Decreto
144. tica Aprisionamento de peixes em reas ensecadas Instabilidade de encostas ocorr ncia de processos erosivos e Carreamento de sedimentos Altera o das caracter sticas hidr ulicas do escoamento Altera o do regime fluvial Reten o de sedimentos no reservat rio Altera o da qualidade da gua a jusante da barragem 1 Houve casos em que fen menos an logos receberam designa es diferentes em cada EIA Diante dessas situa es arbitrou se em casos conflitantes a ado o da nomenclatura do EIA da UHE S o Manoel Ressalta se que se trata de procedimento visando mera padroniza o da nomenclatura dos impactos sem repercuss o sobre an lises de conte do Estudos do Componente Indisena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e complementa o EM Minist rio de Minas e Energia Impactos espec ficos do Componente Impactos dos EIA Ind gena Altera o na din mica demogr fica Aumento da incid ncia de doen as Altera o da Estrutura dos Habitats de Dipteros Hemat fagos Incremento das popula es de entomofauna vetora Aumento da incid ncia de doen as na popula o ind gena Prolifera o de vetores de esquistossomose Altera o da qualidade da gua a jusante da barragem Disponibiliza o do merc rio para a cadeia alimentar Acr scimo da prostitui o Altera o na din mica demogr fica Gera o de expectativas na popula o Valoriza o e especula o imobili ria Cria
145. tio primo vieram tudo pro Xingu tamb m ficou s meu irm o pra tr s Ai eu pensava se eu voltar l pro Teles Pires eu fico sem parente l ai at um tempo eu fui acabei esquecendo essas id ias de voltar Mas s que hoje com o falecimento de todos os meus parentes que vieram pro Xingu eu estou s Os nicos velhos que t vivo hoje o Sikito que t l em baixo o Maci e tem tamb m um velho que mora l no Capivara e o nome dele Kupeap Ent o como hoje s t meu irm o vivendo l no Par onde a gente viveu que l territ rio do Kaiabi ent o hoje eu penso que eu gostaria de morar com meu irm o 2 Cabe relembrar o exemplo de seu Fernando que hoje habita o Kururuzinho que resolveu retornar ao Teles Pires sem a autoriza o dos Villas Boas enfrentando uma jornada de quase oito meses na floresta com sua familia at conseguirem cumprir o percurso de volta 1 Falas retiradas da tese de doutorado de Frederico Oliveira 2010 Estudos do Componente Indicena das UHE S o Manoel e Foz do Aniac s Revis o e comer MM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia J que eu perdi todos esses parentes que eu tinha o que eu t fazendo aqui no Xingu Ent o isso que eu penso hoje porque quando minha primeira mulher faleceu eu queria ir embora s que naquela poca o pessoal n o deixou eu abandonar o Xingu mas hoje ningu m me segura mais porque eu t cansado de fi
146. tr s dias consecutivos O rio Teles Pires seus afluentes e as forma es de solo relevo e vegeta o que comp em parte do cen rio da Amaz nia meridional s o para os grupos indigenas que O termo bioma ser aqui entendido no sentido utilizado pela ecologia natural como unidade biol gica composta por diversos ecossistemas restritos a um espa o geogr fico e definidos por caracter sticas comuns de macroclima vegeta o solos e altitude m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia habitam essa regi o agentes ambientais de crucial import ncia na elabora o e afirma o de sua territorialidade O ordenamento do dia a dia vivido no Teles Pires expressa conceitos de tempo e espa o reconheciveis somente atraves do relacionamento entre as condi es que o ambiente oferece aos ndios e a forma como eles se apropriam dessas condi es Desse modo ao inv s de apresentar a din mica da bacia do Teles Pires como uma entidade externa aut noma e determinante nas vidas dos individuos partimos do pressuposto que a intera o continua entre essas duas partes capaz de produzir conhecimentos relevantes para acessarmos tanto a din mica ambiental da regi o como para levantar e discutir posteriormente possiveis impactos socioambientais ocasionados pelos empreendimentos hidrele tricos A partir das rec procas intera es entre pessoas e ambiente os ritmos da vida di ria dos sujeitos humanos en
147. tracaja e tartaruga que comp em uma das principais bases alimentares de sua dieta na esta o seca No que se refere as rela es dos elementos paisag sticos com a pesca a turbidez da gua uma das caracteristicas que influencia nas decis es sobre a poca e os locais mais adequados para a pesca Apesar de ser realizada durante todo o ano a atividade se torna mais facil ao longo do ver o poca em que os rios est o mais baixos e a gua mais clara sendo possivel percorrer dist ncias maiores No inverno ou tempo das chuvas as dificuldades para conseguir peixes maiores aumentam o que faz com que concentrem a atividade de pesca no Teles Pires nas proximidades da aldeia ou em igap s que se formam ao longo da margem do rio Os Kaiabi conhecem os lugares mais prop cios para pescar determinados tipos de peixes havendo um consenso maior quanto s praias e remansos O Lago do Jabuti juntamente com o Lago do Kaipa s o constantemente mencionados como refer ncias para pesca de tucunar De forma an loga aos Kaiabi os artif cios de subsist ncia do povo Apiak tamb m est o relacionados ao seu conhecimento das unidades de paisagem bem como da flora e da fauna presentes em cada uma delas O conhecimento sofisticado dos processos ecol gicos como o comportamento dos rios a reprodu o das plantas e o padr o de atividade e dieta dos animais permite aos Apiaka realizar interfer ncias que asseguram a manuten o da biodiversida
148. tradicional a hist ria foi descrita de forma que o passado estivesse sempre presente permitindo que a voz dos nativos surgisse de forma que por vezes pode parecer incompreensivel para aqueles que v m da sociedade ocidental moderna Neste trabalho conferir historicidade aos grupos indigenas habitantes do baixo Teles Pires significou mais definir a sociog nese de sua configura o atual do que apresentar evid ncias hist ricas de ocupa o antiga de seu territ rio ou vasculhar no passado tra os de sua cultura original imaculada de qualquer tipo de contamina o proveniente do contato Para trabalhar com os fluxos de pessoas no curso do Teles Pires as hist rias de ocupa o e os conflitos socioambientais as refer ncias chave foram os conceitos de territorialidade e cosmografia provenientes de uma antropologia territorial renovada desenvolvida por Paul Little e com fortes bases na ecologia pol tica Contando ainda com o suporte da abordagem etnogr fica para entender as formas especificas das diversidades de territ rios analisou se o processo hist rico a partir da perspectiva dos multiplos grupos sociais que est o lutando por seus territ rios N o se limitou descri o de suas reivindica es coletivas para as reas que ocupam Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia
149. tratar de uma refer ncia importante do ponto de vista espacial e simb lico tamb m um referencial de tempo na medida em que a din mica sazonal do ciclo das guas orienta o plantio das ro as As tr s usinas ir o operar a fio d gua o que ocasiona modifica es no regime de vaz es do rio somente durante o periodo de enchimento do reservat rio uma vez que n o feita regulariza o de vaz es Assim a altera o do regime fluvial pode interferir nas atividades realizadas pelos indios mas de forma tempor ria Outro aspecto que merece aten o a altera o da qualidade da gua jusante da barragem pois os processos envolvidos na implanta o das usinas podem provocar a polui o e o aumento da turbidez da gua do rio ambos facilmente percept veis pelos indios Ha outros impactos identificados nos EIA que contribuem para a compreens o deste fen meno especialmente no que se refere qualidade da gua como a Instabilidade de encostas ocorr ncia de processos erosivos e carreamento de sedimentos a altera o das caracteristicas hidr ulicas do escoamento e a reten o de sedimentos no reservat rio As rela es entre esses impactos e suas consequ ncias sobre a din mica fluvial s o analisadas com mais detalhes no item 3 3 deste relat rio altera o da din mica fluvial indispens vel acrescentar uma quest o tratada de forma superficial nos EIA que diz respeito a perda de referenciais simb licos em fu
150. um recurso importante para muitas atividades inclusive para o consumo humano direto Na avalia o tamb m levada em conta a possibilidade de maior dissemina o de doen as nos arredores dos empreendimentos O processo de desmatamento que tem in cio na fase de implanta o das usinas a entrada de pessoas em ambiente de mata e a posterior forma o do reservat rio tendem a aumentar a possibilidade de incid ncia de doen as como mal ria epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia leishmaniose dengue febre amarela e outras Diante da maior proximidade entre indios e n o indios e do possivel aumento da prostitui o pode aumentar o risco dos indios contrairem doen as sexualmente transmiss veis Neste contexto deve se conceder aten o ainda maior aos indios isolados na rea do Pontal naturalmente mais fr geis aos novos vetores de contamina o Apesar de mais distantes das areas dos empreendimentos as mudan as previstas os colocam em uma situa o de maior risco uma vez que possivel o deslocamento de outros grupos indigenas que tenham tido contato com n o indios Trata se ent o de um impacto de natureza negativa que tem in cio na fase de planejamento a partir da atra o dos primeiros fluxos migrat rios Acentua se na fase de implanta o por conta das condi es favor veis prolifera o de insetos durante a constru o da maior exposi o de trabalhadores
151. 0 turistas hospedados sen o j come a a dar impacto no rio Se demarcarem essa rea mesmo n s vamos tentar fazer outro acordo com os ndios sen o eu vou pra outro lugar Numa linha bastante similar por m complementar os pescadores e grupos de turistas que frequentam essas pousadas manifestam o interesse de contribuirem para a preserva o da Amaz nia praticando a pesca n o voltada para morte dos peixes e usufruindo das belezas naturais Nas conversas com grupos de pescadores na cidade de Alta Floresta ficou evidente que eles n o est o preocupados se existe ou n o conflito na rea onde v o pescar e tamb m n o se importam em saber sobre a legalidade das pousadas operando no interior na Terra Indigena Nesse sentido apenas saber pelo dono da pousada que possuem algum tipo de acordo com os ndios mais do que suficiente vis o que o praticante da pesca esportiva tem desse tipo de atividade em muito se aproxima daquela no o do homem enfrentando a natureza e buscando provar sua superioridade em rela o a ela por m sem destru la Quem pratica esse tipo de pesca entende estar praticando um esporte que al m de divertido n o agressivo e ao mesmo tempo imaginam estar preservando o ambiente e as esp cies de peixes em extin o Inclusive procuram se definir por oposi o aos pescadores predat rios que n o possuem as mesmas t cnicas e cuidados no trato com a natureza Desse modo a luta do
152. 01 lt 0 0001 00901 lt 0 0001 lt 0 0001 lt 0 0061 lt 0 0001 lt 0 0001 0 01 B rio Total 0 7 Boro Total lt 0 0005 0s C dmio Total E 0 0001 0 001 C lcio Total Chumbo Total Cobalto Total 00 0001 Cobre Dissolvido 0 01 0 05 E 0001 0 05 Cromo Total 0 00 door Ferro Dissolvido 03 Lito Total 0 000 15 Magn sio Tot Mangan s Total o Merc ric total 0 0001 0000 0 0002 Niqnel total mer Doom 20 0001 lt o0gr lt 0 9001 lt t 0001 f 00001 lt ooco1 lt o cooi 00001 om Pot ssio S dio T Van dio total 0005 T00 J Zinco total ma oo oe oon oan oosa aos oone 0 006 oor oi Forte Aquanalse Anzhses de Agm e Tahia LD Limite do metodo 1 n o foi possivel realizar a analise devido a presen a de bolha de ar nos frascos VMP Valor Mammo Permitido conforme a Resoln o 3905 do CONAMA para mos de Classe 7 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Tabela 3 Par metros bacteriol gicos ebiol gicos dos pontos de amostragem localizados na TI Kayabi EPA VALP o Pon mos Ps Pos pos Por J Po Colifbrmes Totas aee RR a a ao O O O Clorc ila a E 0 0 3 5328 lt 0 001 19 ss 001 5 os oo 30 Feofiina Fonte NMP N mero Mas Provavel EH LONE de Detec o do Tina V MP V alor Marii Tar nte a Resolu o 45 sa de TETE para nos de Classe 2 Minist rio de Minas e Energia
153. 09 56 Durante a pesquisa de campo realizada no Parque Indigena do Xingu foram ouvidos alguns Kaiabi mais velhos que t m na mem ria os acontecimentos referentes aos contatos mais intensivos com seringueiros quando come aram a avan ar pelo Teles Pires no sentido Sul Norte Kupeap aldeia Capivara e Tamana aldeia Ilha Grande foram indagados sobre como os seringueiros foram se instalando na rea Kaiabi quando come aram a descer o curso do Teles Pires e com a tradu o de Siranho eles afirmam que Kupeap Primeiro chegou o pessoal que abria caminho eles abriam picada pra cada p de seringa e trabalharam por todo lugar at l em baixo Depois veio a turma que ficou pra tirar seringa Ent o o primeiro chefe dos seringueiro era o Baiano mas ele mesmo maltratou um pe o dele que chamava Paraiba Ai um outro pe o ligou pra outra sede pra contar que o chefe tinha maltratado seu colega Ai esse Baiano sumiu com medo da pol cia ele morou um tempo na nossa aldeia e depois sumiu O primeiro contato com os seringueiros eles n o falou nada com a gente eles chegaram entrando e foram fazendo o trabalho deles nem falaram nada com a gente Tamana S que com a chegada dos brancos e seringueiros eles chegaram logo atacando as ndias eles pegavam as ndias na frente da familia dela pra transar o cara estava armado com espingarda ai n s n o podia fazer nada Ai n s Kaiabi decidiu que a assim n o vai dar certo e n s
154. 1 7 BIBLIOGRAFIA 162 ANEXOS MAPAS DAS TERRAS IND GENAS 167 Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o MH Ee epe Minist rio de Minas e Energia Parte II Caracteriza o das Microbacias e Indica o das Areas de Vulnerabilidades 1 INTRODU O 186 2 CARACTERIZA O DA REGI O EM ESTUDO 187 2 1 Caracteriza o Geral 187 2 2 Caracteriza o das Microbacias 188 3 INDICA O DAS REAS DE VULNERABILIDADE 199 3 1 Hist rico de Ocupa o 200 3 2 Frentes de Amea as 201 3 3 Processos Impactantes 203 3 4 reas de Vulnerabilidade 206 4 CONSIDERA ES FINAIS 213 5 REFER NCIAS 214 ANEXO 1 AS PRINCIPAIS FORMA ES VEGETAIS DA REGI O 217 ANEXO 2 MAPAS E FIGURAS 226 Parte III Revis o da Avalia o de Impactos 1 INTRODU O 238 2 METODOS E PROCEDIMENTOS 241 3 REVIS O DOS IMPACTOS ASSOCIADOS AO COMPONENTE IND GENA 247 3 1 Interfer ncia sobre a flora e fauna terrestre e os recursos de ca a 248 3 2 Interfer ncia sobre a disponibilidade dos recursos de pesca jusante da barragem 254 3 3 Altera o da din mica fluvial 261 Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o MH Minist rio de Minas e Energia ta epe 3 4 Aumento da incid ncia de doen as na popula o indigena 266 3 5 Cria o ou intensifica o de conflitos territoriais 271 3 6 Altera o nas rela es dos indios com as ati
155. 10 FURCH K JUNK W J amp KLINGE H 1982 Unusual chemistry of natural waters from the Amazon region Acta Cientifica Venezolana 33 269 273 HIDROWEB Sistema de Informa es Hidrol gicas 2011 Disponivel em lt http hidroweb ana gov br gt Acesso em abril de 2011 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica 2004 Base Cartogr fica Integrada ao Milion sio Disponivel em www ibge gov br Acesso em abril de 2011 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica 2002a Diretoria de Geoci ncias Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do 2i pm i Sai MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA Coordena o de Recursos Naturais e Estudos Ambientais Projeto de Sistematiza o das Informa es sobre Recursos Naturais Carta SB 21 escala 1 250 000 Disponivel em ftp geoftp ibge gov br mapas banco dados seoreferenciado recursos naturais Acesso em abril de 2011 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica 2002b Diretoria de Geoci ncias Coordena o de Recursos Naturais e Estudos Ambientais Projeto de Sistematiza o das Informa es sobre Recursos Naturais Carta SC 21 escala 1 250 000 Disponivel em ftp geoftp ibge gov br mapas banco dados seoreferenciado recursos naturais Acesso em abril de 2011 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica 1992 Manual t cnico da vegeta o brasileira Rio de Janeiro INPE Instituo de Pesquisas Espacias 20
156. 10 Projeto Desmatamento Amaz nia PRODES 1997 2010 Disponivel em http www obt inpe br prodes index html Acesso em mar o de 2011 LEVEY D J 1988 Spatial and temporal variation in Costa Rican fruit and fruit eating bird abundance Ecological Monographs 58 4 251 269 LOISELLE B A amp BLAKE J G 1991 Temporal variation in birds and fruits along an elevation gradient in Costa Rica Ecology 72 1 180 193 LUCAS C M 2008 Within Flood Season Variation in Fruit Consumption and Seed Dispersal by Two Characin Fishes of the Amazon BIOTROPICA 40 5 581 589 MMA Minist rio de Meio Ambiente 2002 Secretaria de Biodiversidade de Florestas Projeto de Conserva o e Utiliza o Sustent vel da Diversidade Biol gica Brasileira Probio Mapa de Cobertura Vegetal e Uso do Solo em Biomas escala 1 250 000 Dispon vel em WWW mma gov br MOSS G 2005 Projeto Brasil das guas Bras lia ODUM E P amp BARRETT G W 2008 Fundamentos de ecologia Cengage Learning S o Paulo 612p OLIVEIRA F C B 2010 Quando resistir habitar lutas pela afirma o territorial dos Kaiabi no Baixo Teles Pires Tese de Doutorado Programa de P s Gradua o em Antropologia Social Universidade de Bras lia Brasilia DF Brasil PIRES J M 1973 Tipos de vegeta o da Amaz nia Publ Avul Mus Goeldi 20 179 202 RESOLU O CONAMA n 357 de 17 de mar o de 2005 RYLANDS A B Primate communities in Amazonian forests Thei
157. 357 05 que considera como Classe 2 todo corpo de gua doce cujo enquadramento legal permanece indefinido E importante ressaltar que n o existem classifica es especificas para os corpos de gua de dominio dos Estados do Mato Grosso e do Par Portanto o crit rio de avalia o dos resultados anal ticos basear se no Artigo 15 da Resolu o CONAMA n 357 2005 que estabelece as condi es e padr es para guas de Classe 2 Para avalia o da qualidade da gua em trechos do rio Teles Pires e em seus tribut rios foram considerados os resultados da an lise obtida durante as campanhas realizadas em oito esta es de amostragem nos dias 28 05 201 1 pontos P01 P02 P03 P04 POS P06 Eidos do COMU arta Tudidara dic UHE S O Manoal Foz do 2 m a eka Minist rio de Minas e Energia P0O7 e P08 e 09 06 2011 ponto P09 Os locais amostrados s o de relev ncia para as popula es ind genas em estudo A Tabela 1 a seguir apresenta a localiza o das esta es amostrais no rio Teles Pires e seus tribut rios para qualidade de gua superficial Tabela 1 Descri es e respectivas localiza es geogr ficas UTM das esta es amostrais do Rio Teles Pires e seus tribut rios localizados na Area de Influ ncia Indireta All do empreendimento B Apiac s 492178 8983696 Rio dos Apiac s cerca de 500 m da foz Em ja superficie m Esta o de Coleta p Rio S o Benedito localizado a cerca
158. AMA foi deflagrada na rea ocupada pelo grupo de Pioneiro com a presen a dos Kaiabi e alguns militares da Base do Cachimbo Quando abordado pelos funcion rios do IBAMA e informado que deveria abandonar suas terras Pioneiro respondeu da seguinte maneira segundo Jos Kaiabi que coordenava os movimentos dos Kaiabi daqui eu n o saio a n o ser morto Os indios t aqui eu sei disso tem tanta terra por a n o sei porque os ndios querem minha terra porque eu j comprei gastei dinheiro e n o entrego essa terra nem um palmo de terra eu dou pros ndios Eu saio daqui s ser for morto ou se ndio me matar mas vivo eu n o saio daqui A fala de Pioneiro ressalta com propriedade os frames que os posseiros possuem em rela o aos Kaiabi tamb m segue a linha de que os ndios ja t m sua terra n o precisam tirar as terras daqueles que pagaram pela propriedade e dela dependem para sustentar suas familias Desse modo podem contar apenas com o apoio do INCRA haja vista que o IBAMA e a FUNAI aparecem como rg os desacreditados que n o se preocupam em conhecer as hist rias e as raz es que levaram os posseiros a lutarem por essa terra Foi a partir de 2002 que os encontros entre os Kaiabi e o grupo de Pioneiro passaram a gerar uma s rie amea as pass veis de viol ncia e morte de ambos os lados Irei descrever alguns desses momentos na se o seguinte quando gt Inclusive esse o local planejado por Tamana para esta
159. AS E MEDIDAS 305 5 1 Diretrizes para Complementa o de Programas 305 5 2 Programas Espec ficos 307 5 3 Matriz de Reversibilidade 312 6 CONSIDERA ES FINAIS 318 7 BIBLIOGRAFIA 320 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 1 INTRODU O O objetivo dessa reavalia o foi estimar as implica es dos projetos das UHE S o Manoel e Foz do Apiacas para as popula es das Terras Ind genas Kayabi e Munduruku Mais especificamente o enfoque do trabalho recaiu sobre eventuais interfer ncias em padr es socioculturais das etnias envolvidas Kaiabi Munduruku e Apiaka em especial nos significados socialmente compartilhados das rela es desses grupos com o territ rio provocadas ou induzidas pela execu o daqueles projetos e pela opera o das usinas A UHE Teles Pires foi incorporada an lise quando abordadas em conjunto as UHE S o Manoel e Foz do Apiac s A regi o de estudo foi constituida pelas Terras Indigenas Kayabi e Munduruku que se localizam nas cercanias da divisa entre Par Mato Grosso e Amazonas e perfazem rea total de aproximadamente 34 400 km FUNAI 2010 Muito embora os limites institucionalizados das Terras Indigenas constituam par metro importante a abordagem adotada no estudo e o enfoque inerente aos temas nele discutidos induzem a relativiza o das fronteiras estritamente legais Espa os territoriais de import ncia simb lica foram incorporados avalia o de i
160. Ao longo do rio Cururu na rea sujeita a inunda es peri dicas da Plan cie Amaz nica ocorrem os gleissolos As fisionomias vegetais seguem a tend ncia da pedologia Na regi o de plan cie com gleissolos nota se a presen a da Floresta Ombr fila Densa Aluvial nas margens do rio Cururu e seus tribut rios Na margem direita sobre os solos arenoquartzosos observam se forma es de contato entre Savana e Floresta Ombr fila al m de Savana Arborizada e Florestada Nota se novamente a Savana Parque sobre solos hidrom rficos Na margem esquerda se verifica uma area coberta por Floresta Ombr fila Densa e Aberta Submontana sobre os latossolos mais profundos Na por o SE da microbacia onde s o encontradas as maiores altitudes das TI marcante a regi o de contato Savana Floresta Estacional com ocorr ncia de ref gios submontanos e Floresta Estacional Semidecidual Submontana todas fisionomias t picas de regi es mais secas Na margem esquerda do rio Cururu sobre os latossolos observa se a Floresta Ombr fila Aberta Submontana f Microbacia 4439 A microbacia 4439 possui rea relativamente pequena entorno de 210 km2 dos quais 11 km2 dentro da TI Munduruku o que representam 0 05 desta terra Nela encontra se um pequeno Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 0 pm i Sai MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA trecho do rio Tapaj s de 20 km de extens o e um igarap tempor rio na margem esquerda
161. C mara Municipal de Alta Governo Federa Floresta com a presen a de lideran as Kaiabi do Teles Pires e do Xingu do Procurador M rio L cio policiais federais agentes do IBAMA e representantes regionais da FUNAI para negociar a libera o das pessoas presas na aldeia Ap s a media o do procurador M rio L cio garantindo aos Kaiabi que a liminar que suspendia a demarca o seria cancelada pelo juiz e atitudes seriam tomadas para punir os invasores os ref ns foram soltos Com a suspens o efetiva da liminar os Kaiabi juntamente com o Minist rio P blico e IBAMA organizaram em mar o de 2006 a Opera o Angelim com o intuito de fazer um levantamento mais amplo e preciso dos desmatamentos aplicando multas e ja produzindo informa es para uma futura opera o da Pol cia Federal Os funcion rios do IBAMA apresentaram a evolu o da situa o do desmatamento na terra indigena constatado atraves de levantamento a reo e de imagens de satelite bem como as atividades garimpeiras realizadas abaixo da cachoeira Rasteira A partir desse momento solicitaram o apoio dos Kaiabi para orienta o na regi o e apresenta o de denuncias As lideran as apontaram o recente aumento do desmatamento confirmando a movimenta o de m quinas e atividade de derrubada ja atingindo as proximidades da aldeia Tamb m foi informada a const ncia no tr nsito de pequenos avi es na rea que de alguma forma estariam relacionados ao desmatamento F
162. CAN que logo foram Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM Minist rio de Minas e Energia consideradas irrelevantes do ponto de vista jur dico posto que n o conseguiram desconfigurar a ocupa o tradicional indigena ou apontar v cios processuais capazes de comprometer os trabalhos de identifica o e delimita o como exige o par grafo 8 do artigo 2 do Decreto n 1 775 96 da Constitui o Federal Foi ainda realizada uma manifesta o pela Comiss o Pr Hidrovia Teles Pires Tapaj s do Rotary Internacional de Alta Floresta quando enviaram uma carta ao presidente Fernando Henrique Cardoso solicitando que n o aprovasse a amplia o da Terra Indigena Conforme not cia publicada pelo ISA na poca em 16 de novembro de 1999 os plantadores de gr os da regi o alegavam que a amplia o da Terra Indigena atingia o ponto considerado ideal para o acesso rodovi rio ao porto fluvial da hidrovia no municipio de Apiac s inviabilizando projetos ambiciosos de escoamento de soja utilizando o potencial de navega o de Teles Pires Com a publica o da Portaria Declarat ria 1 149 de 02 de outubro de 2002 pelo Ministro da Justi a ocorreu o marco jur dico fundamental para a consolida o da Terra Indigena resultando na desconsidera o de todo e qualquer titulo de propriedade ou ocupa o referente a essa rea e culminando rapidamente na irrup o man
163. E OCot3 OFolS DO 6 OF 08 De 08 00 08 Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Anexo 1 16 Desmatamento TI Kayabi 550000 550000 otal geral 695 500000 500000 Desmatamento At 2003 2004 2005 2006 2007 2008 rea ha 19 808 4 470 3219 aza 990 FONTES INPE Desmatamento PRODES SEMA MMA IBGE 450000 450000 E 2007 E 2008 400000 Desmatamento at 2008 400000 DD m 2003 E 2006 E 2o Es Estradas 350000 350000 Hidrografia C Limites Estadual Jr Kayabi dodat l 0000806 D000G06 0000206 000066 Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe ESTUDOS DO COMPONENTE IND GENA DAS UHE SAO MANOEL E FOZ DO APIACAS REVIS O E COMPLEMENTA O PARTE II Caracteriza o das Microbacias e Indica o das Areas de Vulnerabilidade Terras Ind genas Kayabi Munduruku e Pontal dos Apiak epo Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA Esta p gina foi intencionalmente deixada em branco para o adequado alinhamento de p ginas na impress o com a op o frente e verso double sided MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA Empresa da Pesquisa Energ tica Estudos do Componente In
164. Encostas Marginais e Processos Erosivos Programa de Recupera o de Areas Degradadas Programa de Monitoramento Hidrossedimentol gico Programa de Monitoramento Limnol gico e de Qualidade das guas Superficiais Dever ser realizada atividade de monitoramento espec fico da ictiofauna no interior da TI contando com participa o ativa da popula o indigena Os relat rios de monitoramento dever o ser referendados pelas organiza es indigenas Todos os relat rios de monitoramento produzidos dever o ser adaptados em vers es did ticas adequadas s diferentes l nguas Al m disso no mbito das atividades de educa o ambiental esses materiais did ticos dever o ser apropriados pela comunidade escolar e os postos de sa de ind genas Programa de auxilio a fiscaliza o ambiental fiscaliza o da pesca predat ria Dever ser realizada atividade de monitoramento hidrosedimentol gico e da qualidade da gua no interior da TI contando com participa o ativa da popula o ind gena Os relat rios de monitoramento dever o ser referendados pelas organiza es ind genas Todos os relat rios de monitoramento produzidos dever o ser adaptados em vers es did ticas adequadas s diferentes linguas Al m disso no mbito das atividades de educa o ambiental esses materiais did ticos dever o ser apropriados pela comunidade escolar e os postos de sa de ind genas As complementa es propostas atuam no
165. Foz do Avia o Revis o ecomotementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 4 1 5 Cria o ou Intensifica o de Conflitos Territoriais O item 3 5 apresenta as rela es existentes entre os processos impactantes que no contexto socioecon mico e sociopol tico da regi o podem contribuir para a cria o ou intensifica o de conflitos territoriais Em boa medida esses conflitos est o relacionados altera o na din mica demogr fica expressa pelo aumento significativo da popula o na rea de entorno dos empreendimentos sendo mais expressivo durante o periodo de constru o dos empreendimentos Obviamente o cen rio de constru o de tr s usinas somando toda a popula o atraida pelo empreendimento decorrente da gera o de empregos diretos e indiretos e a consequente dinamiza o da economia dever potencializar a cria o ou intensifica o de conflitos territoriais Embora possa se somar o contingente populacional essa soma por si s n o reflete necessariamente os efeitos sobre a cria o ou intensifica o de conflitos territoriais pois h uma grande variedade de desdobramentos possiveis Esses desdobramentos dependem n o somente do aumento do contingente populacional mas tamb m dos efeitos de v rios outros processos impactantes que possam de alguma forma interferir nas rela es territoriais hoje existentes o caso da press o antr pica sobre a fau
166. Indigena o que torna necess ria uma abordagem integrada que contemple os diferentes impactos associados aos empreendimentos previstos para a regi o Ao analisar o conteudo dos dois estudos foi possivel estabelecer uma rela o clara com os seguintes impactos e Altera o da din mica demogr fica e Gera o de expectativas na popula o e Valoriza o e especula o imobili ria e Dinamiza o da economia e Melhoria do sistema vi rio e Modifica o das rela es sociais e culturais De um modo geral quando se considera o aumento populacional em uma determinada regi o e suas consequ ncias sobre a demanda por moradia trabalho bens e servi os n o dificil visualizar a influ ncia que este processo pode ter sobre as rela es humanas nas esferas social ambiental pol tica e econ mica Al m dos resultados positivos das intera es entre atores sociais de interesses distintos viavel considerar a possibilidade de aumento de conflitos de diversas naturezas Ao se tratar de uma regi o que apresenta um hist rico relevante de conflitos fundi rios ainda longe de uma possivel solu o pode se esperar que a expectativa em rela o a novos investimentos oportunidades de trabalho e neg cios e a consequente atra o de popula o dever o potencializar estes conflitos com grandes chances de criar novos pontos de tens o antes inexistentes Nesse contexto a altera o da din mica demogr fica est associada
167. Jacaranda sp envira preta Xilopia poeppigiana quarubatinga Vochysia guianensis quinarana Geissospermum sericeum carapan ba Aspidosperma carapauba e uxirana Saccoglothis guianensis A fisionomia composta por palmeiras ocorre em manchas ora formando contatos ora interrompendo outras forma es da Floresta Ombr fila Esta sub forma o caracterizada pela presen a de arvores espa adas formando um dossel uniforme e continuo Constata se a domin ncia de Lauraceae entre os componentes arb reos como o louro abacate Ocotea opifera e itauba Mezilaurus itauba dentre outras esp cies arb reas como jacare ba Callophyllum brasiliensis guara ba Clarisia racerrosa saboeiro Pithecelobium jupumba uxirana cumaru breu manga Protium sp mandioqueiras e jutai pororoca Dialium sp As palmeiras mais frequ ntes s o o inaja Maximiliana regia o a ai Euterpe oleracea e paxi bas Iraiartea spp verificando se com menor frequ ncia o tucum Astrocaryum tucuma e bacaba Oenecarpus bacaba A submata mostra se bastante adensada com regenera o das Lauraceae Vochysiaceae Burceraceae alem de diversas Palmae em mistura com arbusto de Melastomataceae Piperaceae Marantaceae Musaceae Pteridophypta e algumas Cyperaceae Ocorrem algumas epifitas de Bromeliaceae e Orchidaceae Lianas s o pouco frequentes epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA e Floresta Estacional Semidec
168. Kaiabi n o atravessavam o Sete Quedas por causa do Munduruku e n o cruzavam o Teles Pires pro lado do Par por causa do Panar De primeiro s os guerreiros que andavam por aqui quando chegavam no ver o eles vinham por aqui eles vinham varando desde Sinop at varar aqui s que n o atravessava pro lado de c do Par por causa do Panar que ficava do l de c do lado do Peixoto Quando era o inverno ficava tudo assim juntinho na aldeia n Quando chegava o ver o come ava a sair Ver o o tempo da ro a quando p ra a chuva s vezes eles tiravam casca de rvore pra atravessar o rio mas andava mais era no mato mesmo No ver o assim mesmo saia l do Batel o rio dos Peixes passando por aqui at no Pontal at o Juruena at chegar na aldeia de volta Quando morria enterrava por ali mesmo Depois que come ou a chegar os brancos e abrir essas fazendas nunca mais que andaram Os Kaiabi viviam antes do contato pelas bandas do Batel o e l perto de Sinop Aquela regi o toda tinha aldeia dos ndios gua preta que ficava logo acima de Sinop era a ltima aldeia L que era a central dos ndios Com a chegada dos brancos seringueiros muitos ndios se assustaram e atravessaram pra c Mas ainda ficaram muitos por l Antes Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e E
169. Kaiabi para explicar as rela es de parentesco associando as proximidades ou distanciamentos entre as familias a raiz da batata doce jetyk como se os Kaiabi estivessem tamb m plantados na terra juntamente com suas familias Nesse sentido cada familia extensa constituida desde o patriarca mais velho at os primos de primeiro grau se configura como um nodo da raiz sendo que todos os nodos derivam de uma origem comum mas medida que se distanciam s o reconhecidos como parentes com menor proximidade Em alguma medida os Kaiabi reconhecem que todos s o parentes contudo o sentimento de proximidade est diretamente vinculado ao pertencimento a um mesmo nodo a esta met fora que est se referindo Kaip quando afirma que perdeu todos os parentes no Teles Pires e chegou muito triste ao Xingu Nesse sentido o caso de Kaip mostra que o pertencimento terra n o encontra fundamento se estiver desconectado das rela es que a familia estabelece com o ambiente A fala de Kaipa se adequa muito bem afirma o feita por Milton de que aquilo que aprendemos com nosso ambiente gera em nos certas emo es e influenciam a forma como nos aproximamos do ambiente que influencia o que aprendemos com ele continuamente de forma c clica 2005 34 A presen a e intensidade de emo es particulares relativas ao que aconteceu num dado ambiente afeta a facilidade para lembrarmos certas coisas Em fun o dos tipos de mem rias e as emo e
170. Matriz de Impactos sobre o Componente Ind gena UHE Foz do Apiac s Kaiabi Munduruku Impacto sobre o CI Natureza do Perman ncia Reversibilidade Probabilidade de ocorr ncia Intensidade Signific ncia Import ncia Probabilidade de ocorr ncia Intensidade Signific ncia Import ncia Probabilidade de ocorr ncia Intensidade Signific ncia Import ncia Prazo de Interfer ncia sobre a fauna e flora Negativa Permanente Irreversivel Muito M dia Pouco Baixa Baixa Pouco Baixa terrestre e os recursos de ca a Prov vel Prov vel Prov vel Interfer ncia sobre a disponibilidade dos Negativa Permanente Irreversivel recursos de pesca jusante da barragem Altera o da din mica fluvial Negativa Permanente Irrevers vel Certa Aumento da Incid ncia de doen as na Negativa Permanente Revers vel Prov vel Prov vel M dia Prov vel popula o indigena Cria o ou intensifica o de conflitos Negativa Permanente Revers vel Muito Pouco M dia Prov vel Prov vel Prov vel territoriais Altera es nas rela es dos ndios com Ambivalente Permanente Reversivel Prov vel Prov vel Baixa Prov vel as atividades econ micas Altera es na paisagem e perda de Negativa Permanente lrrevers vel Certa M dia Baixa Aedia Baixa referenciais socioespaciais e culturais 8 Embora o impacto sobre a din mica sedimentol gica seja permanente e irrevers vel o impacto sobre o regime hidr ulico a jusante da barragem tempor
171. No entanto os Apiak n o souberam responder quest es relativas as esp cies migradoras e os locais de reprodu o ou seja n o souberam pontuar os poss veis locais utilizados pelos peixes para a reprodu o recorrendo informa es gen ricas como por exemplo os peixes botam os ovos por aqui mesmo epe Minist rio de Minas e Energia Durante as entrevistas e as visitas nos locais utilizados para pescar pelos ndios Apiac da Aldeia Mairowy foi elaborado uma listagem taxon mica aonde foram reconhecidas 73 t xons Tabela 6 Tabela 6 Listagem taxon mica contendo o nome cient fico e o nome vernacular das esp cies de peixes reconhecidas pelos moradores da Aldeia Mairowy Nome Famiba vernacular CLASSE CHONDRICHTHYES ORDEM MYLIOBATIFORMES Potamotryzondae CLASSE ACTINOPTERYGI ORDEM CHARACIFORMES coa Leporinus brunneus vermelho Piau Aracu Leporinus fasciatus Aracu flamengo Leporinus friderici Aracu branco Leporinus julii Aracu cascudo Leporinus macuin us Aracu cag o Leporinus vanzoi Piau Aracu Sartor sp Piau Aracu Syndapifogmus sp Piau Aracu Anostomidae Empresa de Pesquisa Energ tica epe Minist rio de Minas e Energia EPA y 4 Tabela 6 Listagem taxon mica contendo o nome cient fico e o nome vernacular das esp cies de peixes reconhecidas pelos moradores da Aldeia Mairowy continua o TF Nome Cachorra Cachorra Cachorra Brycon falcatus Mat
172. Par os Kaiabi tamb m viveram em aldeias situadas nos afluentes da margem esquerda ou seja onde hoje o estado de Mato Grosso o caso do rio Ximari ao norte do rio Apiac s que desemboca no Teles Pires em frente a uma grande ilha chamada de Guandu A montante desse rio existiram tr s aldeias Kaiabi em seu m dio curso distantes da conflu ncia com o Teles Pires A aldeia mais afastada da foz foi habitada no passado pelo filho de Kaip que acabou falecendo em decorr ncia do sarampo ficava logo abaixo do salto Imocapi A19 Mais abaixo um pouco havia uma aldeia situada em meio a uma regi o de castanhais chamada Aldeia do Castanhal ywatyp A20 Posteriormente foi tambem morada de seringueiros A partir de 2006 Valdir e sua familia organizaram um acampamento nas proximidades desse castanhal a fim de checarem a viabilidade da abertura de uma nova aldeia Pela dificuldade de subir com o barco na poca da seca e por estar situada numa plan cie que alaga regularmente no inverno resolveram se estabelecer um pouco mais abaixo 30 minutos de voadeira em outra aldeia antiga chamada de aldeia Cachoeirinha ytu A21 exatamente por estar estabelecida abaixo de uma sequ ncia de corredeiras Ainda hoje existem pes de tangerina manga e outras frutas que foram plantadas Minist rio de Minas e Energia a e Re da Pesquisa Energ pelos Kaiabi nas aldeias do rio Ximari al m de fragmentos de cer mica Esta por o de
173. Paranaita e Apiac s e aqueles que adquiriram por meio de leil o terras p blicas atraves da Colonizadora INDECO ou pelo INTERMAT Instituto de Terras de Mato Grosso em pocas mais recentes Os primeiros que apresentam maiores oposi es locais aos Kaiabi s o identificados como Tico Paiva Moises Jeremias D lio Passarini e se definem como desbravadores e pioneiros do chamado Nort o alegando nunca terem visto a presen a de ndios naquele peda o de terras de Mato Grosso e exigindo respeito do Governo que os trouxe para l pelas dificuldades que passaram e agora quer expuls los sem qualquer tipo de indeniza o No caso do segundo grupo poss vel perceber em mapas mais recentes da pr pria FUNAI que suas propriedades s o tamb m individualizadas por m encontram se agrupadas em projetos empresariais mais amplos unificados pelo mesmo CNPJ com o intuito de explorar de forma padronizada a especula o imobiliaria e projetos agropecu rios Nesse caso os supostos donos vivem em sua maioria nas regi es Sul e Sudeste do pais possuindo uma rela o mais distanciada com as terras sobretudo atrav s de um gerente comum respons vel por administrar os neg cios Aparecem como mais conhecidos a Agropecu ria Vale do Ximari BRASCAN Agropastoril Madeireira e Colonizadora Sanha o Madeireira e Colonizadora Bigua Agropecu ria Apiacas entre outras que exigem o cumprimento de direitos referentes
174. Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica e Q0 Pa ap LLJ ap 72 U E ep ES 6 T Q 2 S Terra Ind gena Kayab igas t 1as an Mapa de aldei Anexo 1 10 sald Seja 01504 eqe Buen ep Jebm LeBAMA Ery ladny nyeng op elapy zry ned OP ESpy BEM A LFY naado Orv eyBA eede Avadeld 6EY gdey enboes op eepe epunbes pew osuBusy op sele pry nu melA LEY Sem e neugdrunp 06e op suafveuw seuepy SE pnger op e op epeijua eu Elapiy pEy adny op seep EEY ZEW dey anben opeepy LEY UISISIM EBY DE turmu caya o e waued y 62y BANES BISPIy BZ Ogu OP qdeJeb opeen 17y RED Op BlBpIv Jal 97w osueway op eapiy HOUE SZW TEUSUUJEp Op epy Annmeta PZW SEQUEJ SEP Epy LEd EZY EMUBI BY ep epy ulsisgod A ZZW BQULIS OURO EP eleyi ngA LZY jeyuejseg op eap dMEM A 02w oes op eap desou Ly e ue op sapiy d4 Bewe gy Saee SEIBPIE LL SLY SL PY eunes esep dA ehy ELY uinbeor yung op epy JASAN ZLY jEzIgde op epy Liy ANMBdIE DL ogingaa qooodug AMA Gy BW LY Alezemed op gap dMgem ould 9y Inzy 0627 AmoeidA gw Yes Bipod EP epeo megemos ry EqUUES ep e6ng deuen Ew oae ng Ned AdAmdgyes Zy ouspnqe d j geuey Ly Eput SvovidrOla E SIS SI 0Po9S 0025 DloLS N Os YLS Old A OPo S r DE az OL 5 OQ Lu e a DO 06 OF o8 D 08 00 08
175. S o Manoel e Foz do Apiacas epe ESTUDOS DO COMPONENTE IND GENA DAS UHE SAO MANOEL E FOZ DO APIACAS REVIS O E COMPLEMENTA O PARTE I Revis o e Complementa o do Conte do Antropol gico Terras Ind genas Kayabi Munduruku e Pontal dos Apiak epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Esta p gina foi intencionalmente deixada em branco para o adequado alinhamento de p ginas na impress o com a op o frente e verso double sided epe Minist rio de Minas e Energia Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o Parte Revis o e Complementa o do Conte do Antropol gico SUM RIO 1 INTRODU O 5 2 INFORMA ES GERAIS DO AMBIENTE CIRCUNDANTE DO TELES PIRES E DOS GRUPOS IND GENAS HABITANTES DE SEU BAIXO CURSO 10 2 1 Panorama ambiental geral do Teles Pires 10 2 2 Condicionantes ambientais da bacia 12 2 3 Migra es e ocupa o hist rica do Teles Pires __B 2 4 Informa es gerais dos grupos ind genas 16 2 4 1 Kaiabi 17 2 4 2 Apiak 19 2 4 3 Munduruku 20 2 5 Demografia e avalia o dos ndices demogr ficos 22 3 IMPORT NCIA DO RIO TELES PIRES PARA OS GRUPOS IND GENAS 24 3 1 Mobilidade tradicional e hist ria de ocupa o do Teles Pires 24 3 1 1 Cosmografias Indigenas 27 3 1 2 Cosmografia Mercantil da Borracha 31 3 2 Constru o hist rica do territ rio 34 3 3 Rela es ecol gic
176. SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia 6 CONSIDERA ES FINAIS Procurou se apresentar ao longo deste relat rio os diferentes tipos de rela es que os grupos indigenas do Baixo Teles Pires v m constituindo historicamente com a uma parcela especifica do ambiente com o qual est o acostumados a viver por pelo menos dois s culos Os Kaiabi que foram o foco do trabalho de Frederico Oliveira s o enf ticos ao afirmar que o Teles Pires a nica regi o que lhes resta com uma extens o de terras e florestas ainda preservadas do territ rio de ocupa o antiga de seu grupo Ap s os contatos com diversas frentes da sociedade nacional a afirma o da identidade e autonomia desse grupo passa diretamente pela garantia de direitos territoriais relativos rea que reivindicam principalmente do lado do estado de Mato Grosso Utilizando matrizes interpretativas capazes de aproximar da quest o territorial a partir de distintas ticas o objetivo foi de conjugar documentos oficiais relatos m ticos e hist ricos pesquisa etnogr fica em m ltiplos niveis com vertentes te ricas ainda pouco trabalhadas nos campos da antropologia territorial e ambiental que se encaixassem de modo mais adequado situa o dos povos indigenas A etnografia entendida menos como metodologia de coleta de dados para servir analise antropol gica mas sobretudo como uma pr tica de descri o verbal e perceptiva foi trabalhada co
177. a Afinal as disputas que comp em o campo de a o pol tica da Terra Indigena Kayabi em muito se assemelham maioria das contendas referentes a outras terras indigenas do Brasil Pode se imaginar que a partir desses subs dios apontando a legitimidade das territorialidades em jogo os pr prios atores possam reconhecer de onde parte o ponto de vista de seus opositores e come arem a abrir novas possibilidades para um di logo conciliat rio de prefer ncia com uma media o bem intencionada Portanto entender a consolida o do paradigma ambiental respeitando as territorialidades tradicionais e demandas locais parece ser o grande desafio para um gerenciamento mais trat vel dos conflitos ambientais em terras indigenas 5 5 Adapta es necess rias e programas socioambientais Seguindo um dos prop sitos deste relat rio de se constituir num instrumento capaz de viabilizar em alguma medida os principios democr ticos e participativos do licenciamento ambiental deve se destacar alguns problemas subjacentes s no es correntes de mitiga o e compensa o Desse modo lan ar m o de medidas ambientais sem uma reflex o do paradigma que engloba essa no o de mitiga o e sem considerar as particularidades dos povos indigenas que habitam as Terras Indigenas do Baixo Teles Pires seria incorrer numa conjuntura que em pouco tempo trara s rios problemas para as comunidades indigenas para a popula o regional e para os e
178. a o tutela do rg o oficial Afirmam que uma vez que a FUNAI n o capaz de cumprir com seu papel de proporcionar melhores condi es de vida aos indios eles v m fazendo esse trabalho em troca apenas da permiss o de explorarem ouro sem serem importunados Possivelmente pelo fato de os Kaiabi j estarem desde os primeiros contatos com Elias Praxedes dependentes de algum tipo de amparo exterior esse discurso assistencialista seja adotado e reproduzido rapidamente Inclusive em reuni es com o IBAMA e a FUNAI quando esses rg os atacavam a atua o dos garimpeiros eram prontamente retrucados pelos indios com o discurso j padronizado de que enquanto ningu m do Governo puder dar a assist ncia que merecem n o v o fazer nada para tirar os garimpeiros Numa fala do cacique Atu ele diz o seguinte esse pessoal de IBAMA e da FUNASA vem com esse papo de meio ambiente e de doen a que o garimpo traz pra gente mas saber de ajudar mesmo a gente eles n o quer S quem vive a nossa situa o que sabe 5 2 1 5 Pousadeiros A pesca esportiva uma das atividades de lazer mais praticadas em todo o mundo envolvendo uma s rie de servi os relacionados ao eco turismo origin ria do mesmo conceito de pesca amadora tendo se desenvolvido nos moldes atuais a partir da d cada de 1970 nos Estados Unidos Encontra no Brasil condi es promissoras para sua pr tica em fun o da exist ncia de uma grande variedade de peixes
179. a o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia No plano local os Kaiabi contam com o apoio de alguns atores que t m interesses na demarca o integral da Terra Indigena por m a partir de frames e relacionamentos distintos com a regi o do Baixo Teles Pires Inicialmente deve se destacar os Apiak e os Munduruku que apesar de nem sempre atuarem de forma coordenada com os Kaiabi tamb m s o favor veis demarca o por possu rem liga es hist ricas e afetivas particulares com essa regi o No caso da FUNAI a orienta o maior que guia seus posicionamentos a categoria jur dica de Terra Indigena que visa atender s exig ncias do Governo Federal de assegurar o cumprimento dos direitos indigenas de acordo com o artigo 231 da Constitui o Federal sobre terras tradicionalmente ocupadas Essa institui o pode ser identificada como o principal ator respons vel pela inser o da territorialidade fundada em limites r gidos entre os povos ind genas ao mesmo tempo em que tem oferecido caminhos legais institucionais para que possam lutar por seus direitos O IBAMA que tamb m possui sede administrativa em Alta Floresta tem por interesse central evitar e punir as iniciativas consideradas crimes ambientais Logo favoravel demarca o particularmente para coibir os desmatamentos ilegais a matan a de peixes por pescadores predat rios e a extra o de ouro no interior da Terra Indig
180. a o RM a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia setembro Isto porque todos esses rios formas praias em suas margens quando atingem o auge da vazante na esta o seca Principalmente o Ximari at o salto e o S o Benedito s o mais frequentados em busca de tracaj s peixes de couro e tamb m de bodos O rio Apiacas at pela dist ncia das aldeias mais procurado em raz o dos ovos de tracaj e tartaruga Para concluir a descri o do mapa de pesca vale mencionar que outro aspecto que se sobressaiu na elabora o do mesmo a percep o pr tica dos Kaiabi de que a diminui o de peixes e tracaj s vem acontecendo de forma acentuada nos ltimos anos apesar de ainda n o se configurar como uma amea a sua seguran a alimentar Nas imedia es da aldeia Kururuzinho os Kaiabi reconhecem que o principal fator est relacionado ao adensamento populacional e aumento da press o sobre os animais de pesca nos ltimos anos Essa uma das raz es que vem levando algumas familias a abrirem aldeias em outros pontos da Terra Indigena Tamb m destacam a a o dos turistas de pesca esportiva que mesmo soltando os peixes muitos acabam morrendo ou n o fisgando mais o anzol Contudo os maiores respons veis pela diminui o de peixes apontados pelos Kaiabi s o os pescadores ilegais que mesmo no per odo da piracema pescam com malhadeira principalmente acima do rio Cururuzinho Segundo Jo o
181. a o aos ambientes aqu ticos presentes sabe se que os trechos baixos de rios de grande porte apresentam esp cies tipicas de corredeiras bem como esp cies que alcan am maior porte as quais na regi o de estudo s o representadas por tambaqui e jau Colossoma macropomum e Zungaro zungaro e por esp cies migrat rias que se deslocam por longas dist ncias como o filhote Brachyplatystoma filamentosum e o caparari Pseudoplatystoma tigrinum EPE 2010 Essa microbacia se divide em duas unidades geomorfol gicas a Oeste a Chapada do Cachimbo e a Leste o Planalto do Parauari Tropas Na primeira predominam as areias quartzosas nas bacias dos Igarapes Baunilha Santa Maria e A u com manchas de solos hidrom rficos J na segunda regi o dos rios Cadiriri e Cabitutu e igarap Grande os latossolos s o maioria vegeta o segue o gradiente de solos a Oeste se caracteriza como uma regi o de contato das forma es Savana Floresta Ombr fila e a Leste com solos mais profundos e midos cobertos pela Floresta Ombr fila Densa Submontana com ocorr ncia de Floresta Ombr fila Densa Aluvial Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Aviac eRevisoeconteren o EA epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA nas margens do rio Tapaj s e seus afluentes da margem direita A estes locais de v rzea provavelmente est o associadas esp cies da flora e fauna terrestres end micas Na Chapad
182. a o e al vio da dor explorada tamb m no Morro do Jabuti Em outra ilha de recursos na altura da cachoeira do Pacu do lado de Mato Grosso tamb m encontram a palha do baba u frutas nativas e pedra de amolar machado Os rios Santa Rosa e o Cururuzinho foram apontados como importantes fontes de frutas em especial o patau o a a ing e o buriti que tem presen a marcante ao longo de suas margens al m do cip empregado na amarra o das madeiras na constru o da casa O Santa Rosa possui tamb m palha de baba u e jenipapo usado nas pinturas corporais 34 Os Kaiabi a extraem tamb m nas bacias do rio Ximari at seu salto e no rio Apiak s Encontram um pouco dessa madeira em terras paraenses na bacia do rio Cururu a u Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM Minist rio de Minas e Energia Para finalizar esse mapa alguns pontos isolados de coleta de materiais apreciados devem ser mencionados uma vez que s o procurados com finalidades especificas Particular nfase deve ser dada aos flechais de taquari que s o somente encontrados em reas ocupadas por n o indios tais como os campos alagados acima da foz do rio Apiacas o salto do Ximari e tamb m no afluente do rio Cururuzinho conhecido como Cururu mirim pr ximo base a rea do Cachimbo No igarap Piranha Preta encontram a cera utilizada para fixar as penas em flechas ou adornos Um pouco a
183. a Ao norte nos solos petropl nticos e podz licos se intercalam as Florestas Ombro filas Densa Submontana e Aberta Submontana c Microbacia 4436 A microbacia 4436 composta pela rea de drenagem do rio das Tropas de aproximadamente 5 290 km2 e aproximadamente 48 dessa rea est contida na TI Munduruku Este rio define o limite geogr fico da Terra Indigena Munduruku que se situa em sua margem esquerda O rio possui cerca de 120 km de extens o desde as cabeceiras at o encontro com o rio Tapaj s O rio das Tropas apresenta guas oligotr ficas com n veis de turbidez pouco acima do encontrado no rio Tapaj s MOSS 2005 Em fun o da rea de drenagem estima se que a vaz o do rio durante a cheia seja algo em torno de 450 m3 Ss A diversidade da biota aqu tica desta microbacia expressivamente maior do que as das microbacias da regi o Essa infer ncia se justifica em raz o da heterogeneidade de ambientes As cabeceiras da microbacia 4436 est o sob dominio de fisionomias abertas cerrados e contato e os trechos m dios dos seus contribuintes est o sob dominio de vegeta o florestal Floresta Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do 0 pm i Sai MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA Ombr fila Densa Submontana O rio das Tropas possui em suas margens floresta aluvial onde espera se que ocorram peixes de grande porte como pacus que utilizam as v rzeas para alimenta o Al m disso n
184. a Segundo Albertino ali mais calmo a terra boa pra plantar e n o tem briga que as vezes acontece no Kururuzinho Ambas as aldeias t m por volta de 20 habitantes cada est o inseridas na regi o do mississin e tamb m se localizam no estado do Par A partir de 2006 duas raz es ecol gicas e pol ticas v m levando os Kaiabi a estabelecerem aldeias em locais mais espalhados da Terra Indigena Primeiramente em fun o das capoeiras j quase esgotadas que circundam a aldeia Kururuzinho juntamente com as dificuldades de ca a e pesca nas redondezas Em segundo lugar os Kaiabi v m sendo instru dos pelo Minist rio P blico Federal a ocuparem pontos de habita o antigos principalmente no estado de Mato Grosso a fim de fazer valer seus direitos sobre a totalidade da Terra Indigena legalmente delimitada pelos mapas oficiais mas ainda n o fisicamente demarcada em raz o dos conflitos envolvendo os ocupantes n o indigenas Ainda que esse processo venha acirrando os nimos dos invasores vem tamb m proporcionando aos Kaiabi a reapropria o de partes importantes de seu territ rio A primeira aldeia a ser constituida nesse movimento mais recente foi a aldeia S o Benedito 12 habitantes aberta pelo velho Kurune e seu genro Eroit no pr prio rio S o Benedito yuonu um rio da gua preta numa regi o composta de grandes castanhais e localizada h menos de 30 minutos de caminhada da fazenda ocupada Estudos do Compo
185. a ilhas no leito do rio e micro regi es de recursos Vale destacar como contraponto que o mapa entregue por Iracildo estava com os limites propostos pela FUNAI e tamb m as aldeias marcadas de modo bastante semelhante lracildo n o Kaiabi mas mora no Kururuzinho desde que se casou com Aldenira Kaiabi e j foi inclusive presidente da Associa o Indigena dos Kaiabi Quando 66 perguntado porque havia desenhado o mapa daquela maneira ele respondeu eu tenho uma mapa da FUNAI na minha casa ai voc pediu um mapa da Terra Indigena ent o desenhei um igual ao que eu tenho pra voc Possivelmente por n o conhecer as hist rias dos Kaiabi a respeito de sua terra e ter vivenciado a luta pela demarca o a partir do olhar do rg o indigenista Iracildo foi capaz de fazer seu mapa desconectado do contexto pr tico de sua produ o pelos Kaiabi interessante notar que juntamente com os lugares de signific ncia ecol gica agricola ou sagrada os mapas tamb m indicam a presen a das fazendas pousadas e invasores que constantemente vem fazendo parte da rotina de conflitos vivenciada 15 Vide os anexos 1 2 a 1 8 m A SRY Empresa de Pesquisa Energ m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia pelos Kaiabi e querendo ou n o est o na sua matriz de linhas De fato a localiza o dessas fazendas em seus mapas parece demonstrar um evidente constrangimento ao uso irrestrito do territ rio
186. a periculosidade Comentam que muitas vidas foram sacrificadas gerando impostos e renda para a nossa P tria amada que antes eram reconhecidos como convidados especiais e agora s o pisados ignorados e desrespeitados Pedem ainda que os institutos como INCRA INTERMAT E INTERPA sejam respeitados em termos de regulariza o fundi ria das terras devolutas Por fim ressaltam as mudan as na legisla o ambiental e da pol tica fundi ria que foram alteradas para atender aos interesses alienigenas sem considerar as opini es locais da sociedade civil Al m desses protestos os advogados do chamado setor produtivo agiram com rapidez conseguindo reverter todas as pris es e em menos de uma semana todos os acusados j tinham conseguido a liberdade apesar do processo criminal estar ainda tramitando na justi a 5 3 7 Efervesc ncias locais Com os nimos exaltados e com os atores aguardando os desdobramentos mais efetivos da Opera o Kayabi os encontros principalmente no interior da Terra Indigena j davam um sinal que eventos mais violentos poderiam ocorrer a qualquer momento Apesar da Opera o Kayabi ter prendido e indiciado muitos opositores dos indios n o foi capaz de agradar nenhuma das partes envolvidas N o foi recebida com a devida satisfa o por aqueles que lutam pela demarca o integral pois os principais acusados de crimes ambientais foram rapidamente liberados sem prestarem maiores esclarecimentos Os que
187. a Florestal Engenheira Ambiental Soci loga Ocean grafo Economista Engenheira Florestal Engenheiro Civil Engenheiro Ambiental Engenheira Florestal Bi loga Antrop logo epe Minist rio de Minas e Energia Vere Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Aviac s Revis o ecomplementa o H Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa de Pesquisa Energ tica ESTUDOS DO COMPONENTE IND GENA DAS UHE SAO MANOEL E FOZ DO APIACAS REVIS O E COMPLEMENTA O Parte IV Estudos complementares Companhia Hidrel trica Teles Pires S A Terras Ind genas Kayabi Munduruku e Pontal dos Apiak epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Esta p gina foi intencionalmente deixada em branco para o adequado alinhamento de p ginas na impress o com a op o frente e verso double sided epo mpresa de Aton Minist rio de Minas e Energia Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o Parte IV Estudos Complementares Companhia Hidrel trica Teles Pires S A SUM RIO 1 INTRODU O 327 2 CLASSIFICA O DOS PRINCIPAIS CORPOS H DRICOS DAS TERRAS IND GENAS 328 2 1 Recursos Hidricos Caracteriza o da Bacia do rio Teles Pires 328 2 2 Avalia o complementar dos impactos das usinas sobre a ictiofauna 337 Estudos do Co
188. a a Floresta Estacional domina sobre a Ombr fila com cip e vice versa dependendo das caracter sticas do substrato Entre as esp cies caracter sticas da Floresta Ombr fila est o presentes castanheira Bertholletia excelsa itauba Mezilaurus itauba palmiteiro Euterpe precatoria e sororoca Phenakospermum guianense Ego o MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA ANEXO 2 MAPAS E FIGURAS PTA TiTa anra ago Legenda Hidrografia mii EP Munduruku Refer ncias Base Cancgra fica Integrada ao Milon simo IBGE 2004 Mapa de Obobacdas mwe 4 ANA 2007 Limhes das Terras Indigenas FUMA 2010 GES Soutr American 1569 Data 06 07 2011 ra FITA FE wa Estudo do Componente Indigena Caracteriza o das microbacias T tulo 0i Hidrografi epe Empress de Pesquisa Ereig tica Prs ur a OSS E rama os cor DD parai do Parani Tropa E cars ms sema mio sora Darai gt Tapapa Decesanho inimspiand ca Juruena beea Pires O parae doa Apia Suarri O Dwsresa o irbsecinn ica de Ate florens D ii secas sas O Cwcrenado iriepiandvtca de duma EO arim anseios DDD Desesun o do damain nga artogr fica 58 21 50 21 Geormoroiogia 1250 000 IBGE 2002 Limites das Terras Indigenas FUNAI 2010 TE Data 05072011 ta Projeto Estudo do Componente Indigena Caracteriza o das microbacias Titulo Mapa 02 Geomorfologia Empois de Pesca Ergi EP CNIC
189. a do Cachimbo destaca se a Savana Parque nos solos hidromorficos Importante ressaltar que os ambientes de contato entre Cerrado e Floresta Ombr fila no entorno do rio Tapaj s proporcionam uma maior variedade de recursos alimentares para a ictiofauna associada vegeta o marginal e Microbacia 4438 A microbacia 4438 possui uma rea total de cerca de 9 500 km Cerca de 94 da microbacia 4438 est contida na TI Munduruku e 4 na Kayabi O principal curso h drico o rio Cururu que possui guas oligotr ficas com valores de pH predominantemente cido Esta caracter stica associada cor da agua observada por MOSS 2005 e classifica o de SIOLI 1984 indica que este rio se encaixa na classifica o de rio de guas pretas que podem apresentam baixa biomassa total de peixes Como regra geral para a Amaz nia rios de aguas brancas tendem a serem os mais ricos em nutrientes seguidos dos rios de guas claras e por fim rios de guas pretas FURCH et al 1982 A concentra o de nutrientes est diretamente correlacionada produtividade aut ctone ESTEVES 1998 Os rios de guas pretas al m da tend ncia menor produtividade aut ctone que os demais ainda apresentam acidez elevada o que restringe a coloniza o de suas guas a esp cies adaptadas a estas condi es severas BEGON et al 2007 e pode resultar em maior grau de endemismo mas menor biomassa total de organismos O rio Cururu tem cerca de 230 km de
190. a encontrar e fazer produzir nada ter o para garantir sua sobreviv ncia De forma semelhante aos fazendeiros os posseiros tamb m t m como guia principal para ordenar suas rela es com a terra o regime de propriedade privada contudo de forma diferenciada a terra est intimamente associada ao suor e ao trabalho capaz de alimentar suas familias e gerar alguma renda extra Pelas fotos a reas tiradas em opera es do IBAMA e da Pol cia Federal vide o anexo 2 possivel reconhecer que essa renda adquirida principalmente com a extra o de madeira e pela cria o de gado de corte Por n o se sentirem como invasores acreditando terem tomado legalmente a posse de terras da Uni o acreditam estar em seu pleno direito e declaram veementemente que n o aceitam em hip tese alguma receberem indeniza es acrescentando que ir o se utilizar de todos os artificios poss veis para permanecer em suas posses De acordo com informa es prestadas pelo pr prio Pioneiro a rea total ocupada pela gleba Uni o de 38 mil hectares A alega o maior desse grupo que antes de ocuparem a terra teriam se dirigido ao INCRA na cidade de Miritituba no Par onde tomaram conhecimento que as terras que iriam ocupar se enquadravam no 8 Segundo os Kaiabi a partir de informa es do pr prio Pioneiro existem cerca de 2 500 cabe as de gado na chamada Gleba Uni o Referente a uma fiscaliza o conjunta entre IBAMA e FUNAI entre o
191. a floresta permitiu que j em meados do s culo XIX se intensificasse a extra o de l tex na Amaz nia De 1825 at 1850 a produ o estava concentrada principalmente em torno de Bel m e distritos pr ximos Havia pois duas frentes de penetra o que se direcionavam ao sul da Amaz nia A primeira vinha de Bel m e j havia alcan ado o os maiores afluentes do Alto Tapaj s Coudreau 1977 Seguindo os padr es do norte amaz nico essas reas rapidamente receberam uma grande concentra o de seringueiros na conflu ncia Arinos Juruena espacialmente o Baixo Juruena Foi com essa frente que os Munduruku se encontraram e aos poucos estabeleceram rela es de depend ncia e coopera o A segunda rea de penetra o vinha de Cuiab e Diamantino seguindo pelo Alto Teles Pires e pelo rio Verde e seus afluentes a partir de 1850 Muitos Kaiabi e Apiaka viviam nessa rea e come aram a estabelecer os primeiros contatos n o regulares com seringueiros A partir de 1899 com a recupera o dos pre os da borracha no mercado mundial os seringueiros sistematicamente avan aram na dire o norte pelas florestas que seguiam o Teles Pires e o rio Verde A frente da borracha reunia indigenas numa rea extensa para o sistema de trabalho for ado dos seringais espalhando doen as contagiosas inviabilizando a vida ritual tradicional impondo o uso exclusivo da lingua portuguesa reunindo arbitrariamente pessoas de etnias distintas e avaliza
192. a os Kaiabi no Teles Pires poca da transfer ncia hoje eles se sentiriam vontade Esse parece ser um aspecto que resume muito bem a sensa o de muitos Kaiabi vivendo hoje no Xingu que apesar de terem sido protegidos dos contatos nocivos e doen as dos brancos al m de terem recebido um tratamento m dico de boa qualidade ao longo dos anos como se ainda faltasse algo para se sentirem vontade Esse algo a mais que passa despercebido a observadores menos atentos se encontra estritamente fundado nas rela es ecol gicas emocionais constitu das na pr tica e no dia a dia vivido com o Teles Pires precisamente esse tipo de reconhecimento da liga o entre ambiente e pessoas que vem sendo cobrado por Makupa junto aos rg os oficiais que seja considerado n o apenas nos processos de identifica o e demarca o mas tamb m nos projetos de desenvolvimento econ mico que se voltam para as Terras Indigenas Trata se uma critica com fortes elementos da liga o territorial que os indios estabelecem com seu ambiente a ser inserida nos procedimentos atuais do governo brasileiro De fato os Kaiabi reivindicam a amplia o de uma parte do Parque do Xingu relativa ao rio Arraias que foi considerado um marco importante quando da sua chegada al m de possuir solos de terra preta prop cios para suas culturas E ainda outra atitude que tamb m estimula os Kaiabi a considerarem seriamente a mudan a de volta ao Teles Pires al m do asp
193. a procurarem apoios assistenciais na Miss o Cururu no rio Cururu para troca de produtos L alguns deles foram infectados com o virus do sarampo resultando em uma epidemia desastrosa para o grupo que tentava se estabelecer no Baixo Teles Pires Esses epis dios s o apenas exemplos da sensibilidade das popula es indigenas a doen as com as quais nunca tiveram contato Apesar das rela es existentes entre indios e n o indios naquela regi o o aumento da popula o nos arredores da Terra Indigena Kayabi aumentar a probabilidade de introdu o de novos vetores de contamina o Nesse sentido torna se a enfatizar a situa o dos indios isolados que vivem na regi o e que s o mais propensos a contrair doen as contagiosas As chances de contato dos isolados com n o ndios ou com indios que se relacionem com n o ndios aumentam conforme cresce a popula o em torno da Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomiementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Terra Indigena Um eventual contato pode resultar em consequ ncias danosas para as popula es indigenas 3 5 Cria o ou intensifica o de conflitos territoriais 3 5 1 Descri o do Impacto Este impacto est relacionado disputa por territ rio entre os ndios e os n o indios presentes nas proximidades das Terras Indigenas e aos conflitos pelo uso dos recursos naturais di
194. a redu o do oxig nio dissolvido e a eutrofiza o em ambientes l nticos e consequente simplifica o da comunidade e perda de biodiversidade Intoxica o da biota aqu tica Podem ser previstos tamb m efeitos diretos sobre a biota aqu tica resultantes da contamina o h drica pelo merc rio associado minera o de ouro O merc rio um metal extremamente t xico e possui diversos efeitos delet rios ao ecossistema e em ltima inst ncia as popula es humanas Particularmente os efeitos do merc rio sobre a comunidade dependem do processo de magnifica o tr fica pelo qual este elemento tende a se Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 205 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA acumular em predadores de topo podendo causar a simplifica o da comunidade e perda de biodiversidade c Processos impactantes associados diretamente concentra o populacional Aumento de press o sobre a flora e a fauna a antropiza o do habitat pressup e a presen a humana o que aumenta a press o sobre a flora e fauna terrestre e aqu tica j que resultam em aumento da ca a pesca turismo predat rio e do extrativismo vegetal produtos florestais madeireiros e n o madeireiros Isto tem como consequ ncia a perda de biodiversidade d Perda de biodiversidade Todos os processos impactantes descritos anteriormente culminam com a diminui o de esp cies da
195. a s o decorrentes principalmente da perda de cobertura vegetal proporcionada pelas obras da usina e tambem da press o antr pica sobre a fauna local como resultado do aumento do contingente populacional da regi o Esse tipo de impacto depende diretamente da dist ncia entre os locais de incid ncia dos processos impactantes e os locais de ca a utilizados pelos indios Pela proximidade existente entre as usinas de Foz do Apiac s e S o Manoel no caso de implanta o simult nea a atua o conjunta dos processos impactantes de ambas usinas podem potencializar o impacto sobre o componente indigena representado Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia pelo desequilibrio ecol gico e possivel altera o da disponibilidade e distribui o das especies da fauna importantes para as atividades de ca a dos indios sobretudo dos indios Kaiabi cujas aldeias e locais de ca a encontram se mais pr ximos dessas duas usinas Por considerar que a dist ncia entre a UHE Teles Pires e a TI Kayabi relativamente grande considera se que para esse impacto sobre o componente indigena os efeitos de Teles Pires n o s o cumulativos e tampouco sin rgicos com os efeitos das duas demais usinas Pela dificuldade de se predizer o car ter aditivo do impacto sobre o componente indigena por haver circunst ncias em
196. a territorialidade Nesse sentido tal complexo am lgama de rela es ecol gicas est intimamente relacionado com sua hist ria cultural e os mitos de cria o que aconteceram nessa rea em particular precisamente essa hist ria cultural ou pelo menos os padr es de significa o territorial que ainda hoje orientam e define os movimentos espaciais e as novas fixa es de aldeias ou lugares de import ncia m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia A presen a dos Kaiabi sempre foi registrada no alto m dio e baixo cursos do rio Teles Pires e tamb m pr ximo ao rio dos Peixes um afluente do rio Arinos Meli 1993 Combinando relatos de viajantes exploradores e etn logos com as narrativas dos Kaiabi mais velhos possivel concluir que o territ rio hist rico de influ ncia Kaiabi se estendia por uma vasta rea do Brasil central entre os rios Xingu e Tapaj s e sempre tendo Teles Pires como eixo principal Barbosa de Oliveira 2010 31 Devido s dificuldades de acesso rea previamente ocupada e pelo pouco interesse manifestado em manter contatos regulares com a sociedade nacional os Kaiabi eram dentro de seu territ rio praticamente desconhecidos pela etnologia brasileira at a d cada de 1940 O rio Teles Pires est inextricavelmente ligado ao mito de cria o e formas de afirma o territorial Kaiabi O mito em que Tuiarar o mais poderoso e antigo demiurgo cria os Ka
197. abaixo dessa cachoeira tenham nomes na lingua n o se constituem efetivamente como lugares inseridos na matriz de movimentos que constituem sua regi o Logo quando os Kaiabi descem a Rasteira mais com o objetivo de realizarem algum tipo de neg cio com os garimpeiros ou participarem de reuni es pol ticas com os Munduruku e Apiak no Posto Teles ou na aldeia Mairowi As dimens es das aldeias Kaiabi se modificaram ao longo dos contatos mais frequentes com a sociedade nacional Atualmente a aldeia Kaiabi tem o formato de grande aldeia devido as conting ncias do contato onde a concentra o de v rias familias numa mesma aldeia torna se importante para a defesa e prote o do grupo face as amea as da proximidade dos n o indios garimpeiros madeireiros fazendeiros e outros bem como para facilitar o acesso a recursos provenientes da assist ncia estatal e privada A micro regi o em que se localiza a aldeia Kururuzinho chamada de misisin fazendo alus o a uma doen a em que a pele vai ficando branca Na poca de seringa At conta que um seringueiro que tinha essa doen a ali vivia e foi morto pelos Kaiabi uma regi o composta em sua maior parte por florestas do tipo ka arat com predomin ncia de terra vermelha e algumas manchas de terra preta distribuidas irregularmente Nos arredores da aldeia existem ainda locais de coleta especialmente frutas nativas A aldeia Kururuzinho est localizada as margens do rio Teles Pires est
198. achos sul americanos padr es gerais e possiveis processos causais PP 139 155 In Caramaschi E P Mazzoni R amp P R Peres Neto eds Ecologia de peixes de riachos S rie Oecologia Brasiliensis vol VI PPGE UFRJ CPRM Servi os Geol gico do Brasil 2010 Base Cartogr fica de Ocorr ncias Minerais Dispon vel em www cprm gov br Acesso em abril de 2011 CRACRAFT J Historical biogeography and patterns of diferentiation within the South American avifauna areas of endemism In BUCKLEY P A et al Neotropical Ornithology Washington American Ornithologists Union Ornithological Monographs n 36 1985 p 49 84 DUELLMAN W E Quaternary climatic ecological fluctuations in the lowland tropics frogs and forests In Prance G T Biological diversification in the Tropics New York Columbia Univ Press 1982 p 389 402 EPE Empresa de Pesquisa Energ tica 2007 Avalia o Ambiental Integrada da Bacia do Rio Teles Pires Rio de Janeiro EPE EPE Empresa de Pesquisa Energ tica 2010 Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidrel trica de S o Manoel ESTEVES F A 1998 Fundamentos de limnologia 2a ed Interci ncia Rio de Janeiro 602p GRUNBERG G 2004 Os Kaiabi do Brasil Central Hist ria e Etnografia S o Paulo Instituto Socioambiental FUNAI Funda o Nacional do ndio 2010 Base Cartogr fica Delimita o das Terras Ind genas do Brasil Disponivel em http mapas funai gov br Acesso em fevereiro de 20
199. acias EE Terras Ind genas sa rea Militar Serra do Cachimbo za E Desmatamento 2007 2010 Desmatamento 1997 2006 Unidades de Conserva o Grupo Eu e Rede Prote o Integral E A aa E qe N ns A Prote o rec Pio as Uso Sustent vel o GI A POr e s gt ET ne aa a e LO Jeso A 5700W Se 0 0 wW 10 00 S 59 0 0 W Figura 5 reas de Vilnerabilidade Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA a rea de Vulnerabilidade 1 Essa rea de vulnerabilidade microbacias 4436 e 4437 foi identificada em fun o da ocupa o humana associada a BR 230 Transamaz nica e da extra o mineral do ouro verificada nas proximidades da TI Munduruku Cabe ressaltar que o rio Tapaj s e a TI Sai Cinza dificultam o acesso e a expans o do desmatamento no interior da TI Munduruku Ainda assim a rea foi considerada vulner vel sobretudo a Leste e a Oeste da TI Sai Cinza ao longo do rio Tapajos ocupa o humana aumenta a press o sobre a flora e a fauna terrestre com o aumento da pesca da ca a do extrativismo vegetal e do turismo predat rio Al m disso a abertura de novas estradas surgimento de povoados e vilas podem acarretar no desmatamento de novas reas e consequente fragmenta o dos habitats nativos A Floresta Ombr fila Densa FOD que cobr
200. adas pelos anci os Esses aspectos s o cruciais para compreender os valores relativos ao seu modo de vida e territorialidade 3 4 Aumento da incid ncia de doen as na popula o ind gena 3 4 1 Descri o do Impacto Este impacto especifico sobre o componente ind gena est associado exposi o dos povos indigenas a vetores de contamina o Contempla a sua fragilidade em rela o a doen as comuns aos n o indios seja por cont gio direto doen as sexualmente transmiss veis por exemplo ou indireto doen as de veicula o h drica entre outras A partir dos poss veis impactos sobre a sa de identificados nos Estudos de Impacto Ambiental das UHE de S o Manoel e Foz do Apiac s foram avaliadas as possiveis consequ ncias para os indios naturalmente potencializadas pelas altera es na din mica demogr fica Uma das quest es preocupantes no contato das popula es indigenas com n o ndios a sua exposi o a novos agentes de contamina o para os quais podem n o possuir qualquer tipo de imunidade No caso dos novos empreendimentos esse contato tende a aumentar significativamente em fun o dos contingentes populacionais atra dos e do consequente aumento na circula o de pessoas nas proximidades da Terra Indigena Kayabi No que se refere aos recursos h dricos a deteriora o da qualidade da gua a jusante das barragens pode expor os indios a contamina es de diversas naturezas uma vez que se trata de
201. ade e a probabilidade de ocorr ncia deste impacto Vale ressaltar que algumas altera es na paisagem ser o inevit veis em fun o do porte f sico dos empreendimentos epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 6 CONSIDERA ES FINAIS Este relat rio apresentou os resultados da Revis o da Avalia o de Impactos dos Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Os impactos identificados pelo ECI foram reavaliados com base na revis o e complementa o do conte do antropol gico na an lise dos EIA das UHE S o Manoel Foz do Apiac s e complementarmente Teles Pires O principal elemento da redefini o dos impactos especificos sobre as popula es indigenas das etnias Kaiabi Munduruku e Apiak habitantes das Terras Ind genas Kayabi e Munduruku foi a incorpora o efetiva de informa es de cunho antropol gico com destaque para a intera o entre padr es de sociabilidade das comunidades e o meio fisico bi tico Essa reavalia o foi pautada portanto pela identifica o de expectativas de perturba o da reprodutividade social das popula es indigenas estudadas tendo em vista os processos impactantes induzidos pelas UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Dentro desse enfoque os elementos etnoecol gicos especialmente a fun o do rio Teles Pires nos diferentes sistemas de representa o tiveram papel de destaque Esse procedimento resultou na descri o de i
202. ado de maneira que s o apresentados inicialmente os impactos incidentes especificamente sobre as popula es indigenas conforme revis o do ECI Esta se o cont m matrizes de impacto considerando isoladamente as UHE S o Manoel e Foz do Apiacas Em seguida s o analisadas cumulatividade e sinergia entre impactos e empreendimentos Esta an lise se baseia na avalia o das UHE S o Manoel e Foz do Apiacas em conjunto com a UHE Teles Pires e complementada por matriz de impacto conjunta considerando a constru o e opera o das tr s usinas Por fim s o elencadas as diretrizes para adapta o de programas e medidas de mitiga o e controle em fun o dos impactos revisados Esta se o contem quadro de reversibilidade que oferece esbo o dos efeitos estimados das complementa es propostas para os programas sobre os impactos identificados epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 2 METODOS E PROCEDIMENTOS Os procedimentos de an lise adotados foram pautados por m todos de ordem qualitativa Essa op o se justifica em raz o da pr pria natureza do objeto preferencial desse estudo qual seja nexos de signific ncia entre padr es comportamentais partilhados socialmente e a constru o social do territ rio e do meio natural Al m disso o manancial te rico metodol gico utilizado na principal fonte de pesquisa do comportamento das etnias em tela resultou em um conjunto de informa es po
203. ado do Par e conta atualmente com aproximadamente 180 habitantes S o na grande maioria Kaiabi descendentes das familias que decidiram permanecer no Teles Pires e mais alguns migrantes rec m chegados do Xingu Alguns Apiak e Munduruku casados com Kaiabi tamb m vivem nessa aldeia A primeira aldeia a ser fundada ap s o estabelecimento da aldeia Kururuzinho foi a aldeia Coelho 1998 pelo Munduruku Vitorino Krixi casado com Regina Kaiabi que ali vive como chefe de uma familia extensa Vitorino e sua familia se fixaram do lado direito do rio Teles Pires estado do Par poucos quil metros abaixo da foz do rio S o Benedito em busca de melhores condi es para fazer ro a e tamb m num local estrat gico para coleta de ovos de tracaja Em frente aldeia Coelho Mato Grosso existe uma extensa faixa de kofet identificada como antigo local de uma grande aldeia Kaiabi com consider vel potencial agricola e extrativista Essa area habitada pela fam lia de Vitorino conhecida como minera o pois foi bem ali que se estabeleceu a antiga sede da Minera o S o Benedito com pequenos com rcios pista de pouso e acampamento de pe es Bem pr ximo sua casa existe tamb m um cemit rio com mais de 200 pessoas enterradas em raz o da viol ncia e condi es prec rias da vida no garimpo No idioma Kaiabi o lugar conhecido antes da Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecom
204. aldeias apontaram os rios e igarap s que os peixes utilizam para a reprodu o Essa atividade foi importante por permitir construir o mapa que evidenciasse os principais pontos utilizados pelos Kaiabi tanto no rio Teles Pires quanto nos principais tribut rios e igarap s Al m disso o trabalho de campo permitiu perceber que entre os Kaiabi a pescaria uma atividade exercida tanto pelos homens quanto pelas mulheres e crian as Desde cedo o exerc cio desta atividade incentivado de modo que as crian as brincam com anzois e linhas nos portos da aldeia Conforme Oliveira 2010 238 os Kaiabi passaram a dar maior import ncia para as atividades ao redor da pesca ap s a sedentariza o do grupo nas calhas de rios como o Teles Pires em raz o dos contatos mais intensivos com os seringueiros Foi tambem apos essa mudan a que teria ocorrido a introdu o de apetrechos como linhas de n ilon e anz is Durante o trabalho de campo que coincidiu com o periodo de trabalho nas ro as e mais especificamente a coivara foi possivel observar a realiza o daquilo que os moradores da aldeia Kururuzinho chamavam de pesca comunit ria Nesse periodo de trabalho intenso o atual cacique e vice cacique elaboraram uma organiza o social do trabalho que distribuia os homens tanto nas atividades das ro as quanto na pesca e ou ca a enquanto a maioria seguia para o trabalho de limpeza dos terrenos outros eram escolhidos pelas lideran as para pescar
205. alisados apresentaram condi es satisfat rias epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Tu i BAL lidi Dei do gta baida a THET O Pota de Costa de Aga a o Indigenas a c 3 E 7 to ai m Pa a O Cams ds Moceccres Apah ligados a Skiam Maroa Eio Akiak Mosd Mr q re i Sr o FETO a iraa digaas A Aim aab j mi ne r j UHE TELES PIRES TETEN lare hgm A pimes n oe R ETT f 1E 3 ge Tenis 2mm Eu E Ta b Li ma biia da Seri do Cachimbo E com es is Z Lirie dios crerodos pina Ea H kim TONTOS DE COLETA DE AGUA C hee da beea os rar LEL ET Consultoria e Figo SS Pigi eis e usei ido digas ido Participa es Lida 336 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 2 2 Avalia o complementar dos impactos das usinas sobre a ictiofauna 2 2 1 Aspectos da ictiofauna local pontos de pesca prefer ncias de consumo formas de captura e h bitos migrat rios Kaiabi Durante as atividades de campo foi possivel equipe t cnica acompanhar representantes das comunidades indigenas em trajetos de barco pelo rio Teles Pires e pelos seus tribut rios a fim de observar os locais de pesca comumente utilizados pelos Kaiabi No decorrer do trajeto foram marcados com o auxilio de um GPS os principais rios tribut rios utilizados para pesca pelos moradores das Aldeias Kururuzinho e Mairowy Al m da marca o dos pontos de pesca alguns moradores das
206. am no sentido de facilitar o monitoramento da din mica fluvial A participa o dos ndios nas atividades de monitoramento hidrosedimentol gico ser limitada coleta de informa es uma vez que o processo envolve an lises t cnicas especificas Ainda assim a sua participa o poder tornar o processo mais eficiente uma vez que os pontos de amostragem estar o no interior das Terras Indigenas pr ximos as aldeias Nesse caso a adapta o da linguagem de documentos e relat rios tamb m ser fundamental para a efetiva participa o dos ndios e para permitir um di logo eficiente com os outros agentes envolvidos As complementa es sugeridas n o ter o efeitos diretos sobre o impacto apesar de facilitarem o monitoramento e permitirem a identifica o mais r pida de poss veis altera es Assim n o se espera que tenham efeitos sobre a intensidade ou a probabilidade de ocorr ncia deste impacto epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Programas e Medidas indicados Impacto sobre as Popula es Ind genas pelos EIA Propostas de Medidas Complementares Expectativas de Reversibilidade Aumento da incid ncia de doen as na popula o ind gena Altera o na din mica demogr fica Aumento da incid ncia de doen as Altera o da Estrutura dos Habitats de D pteros Hemat fagos Incremento das popula es de entomofauna vetora Prolifera o de vetores de esquist
207. amb m com propositos de fiscalizar as invas es Assim apesar do potencial de ca a do rio Ximari e pela ocorr ncia de pelo menos tr s capoeiras antigas ainda pouco utilizado pelos Kaiabi principalmente em raz o da dist ncia para a aldeia Kururuzinho S o observados ainda outros pontos assinalados no mapa que indicam lugares com razoavel potencial de ca a mas que tanto pela dist ncia como pela inser o em zonas de risco v m sendo utilizados pelos Kaiabi de forma limitada H que se destacar o igarap da Anta afluente do rio S o Benedito que tem in cio num lago cristalino Os Kaiabi comentam que na poca da seringa era um dos pontos mais visitados pelos ca adores mas que hoje se encontra na propriedade de um dos invasores Sobre esse lugar Kurun comenta que aquele um lugar muito bonito Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM Minist rio de Minas e Energia que eu ia muito com meu irm o pra gente matar anta hoje eu n o sei como que t pelo jeito j deve estar tudo acabado Tamb m comentam a respeito do Tabuleiro primeiro acampamento dos seringueiros no rio Teles Pires mesmo um pouco abaixo da foz do rio Apiac s como um lugar abundante de queixadas que atualmente se encontra ocupado por uma beiradeira chamada Norberta 4 3 Pesca Se a ca a esta mais voltada para as obriga es reciprocas entre as familias extensas
208. aneira mais adequada que lhes conv m enquadrando seus opositores em frames que merecem menos considera o Lan ando m o da abordagem etnogr fica e dos frames acionados pelos atores foi possivel apresentar n o apenas as demandas e interesses mas os principais sentimentos valores e concep es da natureza que embasam seus posicionamentos e tornam legitimas suas reivindica es e contribuem para a perpetua o do conflito Justamente por essas raz es e com o prop sito de gerar uma compreens o mais abrangente que o conflito entendido como uma disputa intratavel repleto de tens es que se cruzam em diferentes escalas que manifesta consider vel potencial de durar por tempo indeterminado Para se alcan ar uma an lise mais consistente do conflito e da din mica socioecon mica da regi o n o o bastante apenas apresentar os atores e descrever suas concep es territoriais que fundamentam distintas maneiras de intera o com a natureza Uma etapa complementar da etnografia dos conflitos socioambientais ainda deve ser apresentada considerando particularmente a reconstitui o de uma rede de rela es sociais mais amplas e os movimentos dos atores no campo do conflito Diante de uma base ja estabelecida na se o anterior capaz de conferir veracidade e profundidade hist rica aos principais envolvidos possivel seguir com mais seguran a a proposta de trabalhar as intera es sociais deixando em segundo Estudo
209. anoel e Foz do Apiac s cujas estrat gias dever o estar inseridas no escopo do Programa de Gest o Ambiental Ind gena Eixos dos Planos Programas que dever o ter suas estrat gias inseridas no dos EIAS Programa de Gest o Ambiental Ind gena Plano Ambiental para Constru o PAC Desmatamento e Limpeza do Reservat rio e das reas Associadas Programas vinculados Implanta o do Projeto as obras Resgate de Peixes nas reas Afetadas pelas Ensecadeiras Contrata o e Desmobiliza o de M o de Obra Monitoramento da Sismicidade Monitoramento da estabilidade das encostas marginais sujeitas a processos erosivos Programas de Acompanhamento das atividades miner rias Monitoramento Controle Manejo e Monitoramento das guas subterr neas Conserva o Monitoramento climatol gico Monitoramento hidrossedimentol gico Resgate e salvamento cient fico da fauna epe epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Eixos dos Planos Programas que dever o ter suas estrat gias inseridas no dos EIAS Programa de Gest o Ambiental Ind gena Monitoramento limnol gico e da qualidade da gua Salvamento de Germoplasma vegetal e implanta o de viveiro de mudas Monitoramento de entomofauna bioindicadora Monitoramento da malacofauna de interesse m dico Monitoramento de herpetofauna aqu tica Monitoramento da avifauna Monitoramento de quir pteros Monitoramento de mamiferos semi aqu t
210. ao qual t m direito principalmente no estado de Mato Grosso Com rela o ao ambiente abaixo da cachoeira Rasteira nos mapas de Awoe Myau Tymajuwi os limites estavam estabelecidos at a aldeia Sap que a primeira aldeia logo abaixo da cachoeira habitada por Sebasti o Munduruku da qual os Kaiabi ainda recebem algum tipo de influ ncia Nos outros mapas embora haja men o aldeia Mairowi e ao Posto Teles Pires poss vel notar que os pontos que aparecem fazendo refer ncia a essas aldeias est o muito pr ximos das figura es pict ricas de ordem mais representativa que comp em os mapas cartogr ficos convencionais como pr prio o mapa da FUNAI Foi ent o seguindo as indica es contidas nos mapas desenhados que passamos agora uma descri o escrita da regi o habitada pelos Kaiabi Retomando as hist rias narradas por At e as linhas deixadas por seu pai n o por acaso que a cria o do atual Posto Kayabi aldeia Kururuzinho pela FUNAI em 1987 visava atender a antigas demandas dos Kaiabi para que o posto fosse estabelecido no ltimo local de moradia de Manek e sua familia Em 1976 quando a FUNAI passou a trabalhar com os Kaiabi ap s mais de 20 anos de abandono pelo rg o indigenista oficial o Posto Kayabi atual Posto Teles Pires havia sido fundado no mesmo local escolhido pelo SPI em 1934 abaixo da cachoeira Rasteira yuanu iam Entretanto desde a poca da seringa os Kaiabi ja deixavam evident
211. aos grandes contingentes de popula o atra dos em fun o da expectativa em rela o aos postos de trabalho gerados pelas obras principais das novas usinas ou em busca de novas oportunidades de neg cio e ocupa o em atividades de apoio s obras No caso das UHE de S o Manoel e O limite sul da TI Kayabi dista cerca de 1 3 km do empreendimento e a TI Munduruku dista cerca de 63 km gt O canteiro de obras da UHE S o Manoel mobilizar cerca de 4 000 trabalhadores enquanto o canteiro de obras da UHE Foz do Apiac s mobilizar cerca de 2 000 trabalhadores no per odo do pico da obra Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomlementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Foz do Apiac s a tend ncia que haja uma concentra o nas reas urbanas principalmente em Alta Floresta Paranaita Apiac s e Nova Monte Verde assim como em reas pr ximas aos empreendimentos e ao longo das vias de acesso A an lise integrada dos impactos identificados nos EIA permite notar que a altera o da din mica demogr fica ou o aumento populacional derivado da gera o de expectativas na popula o tem forte rela o com a dinamiza o da economia e com a valoriza o e especula o imobili ria pois a popula o atra da constitui parte importante da demanda que sustenta estes dois processos Diante da perspectiva de implanta o de grandes
212. ar s com os ndios Porque tem muito branco que n o trabalha direito a cabe a dele meio atrapalhada porque misturava aquele barro branco no leite da seringa pra pesar mais Ai o Elias come ou a descobrir cortaram a borracha e viram o barro dentro do leite e mandou eles tudo embora Quando cortaram a borracha dos ndios n o viram nada dentro e por isso que contrataram s os ndios pra trabalhar na seringa e mandaram os brancos embora Quando algu m chegava querendo matar os ndios o Elias n o deixava ele era bom pros ndios dava mercadoria pra gente e n o deixava ningu m matar e tamb m falava pra gente n o matar ningu m Depois os Munduruku sairam o Elias pediu pro padre levar os Munduruku de volta l pra Miss o e deixar essa regi o para os Kaiabi O padre juntou os Munduruku na Miss o e o Elias juntou os Kaiabi no Tabuleiro Ai o Elias falou com os Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Kaiabi Agora voc s v o chamar os parentes de voc s a eles chamaram e passaram a ocupar a regi o do Baixo Teles Pires Isso tudo aconteceu antes da chegada do SPI eu n o sei que rg o que era Parece que antes n o tinha rg o que dava prote o pros ndios Depois que veio o outro chefe Tayup queixo comprido Eu mesmo n o cheguei a ver o Elias ent o foi meu pa
213. ar uma Re Fa o refer ncia ao processo 1776 82 folha 641 dos autos da FUNAI m f s SRD Empresa de Pesquisa Energ m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia situa o anterior que por m foi decisiva para a concretiza o desse marco Ao tomarem conhecimento de que a Portaria Declarat ria encontrava se na mesa do Ministro da Justi a Paulo de Tarso Ramos Ribeiro aguardando para ser assinada h mais de seis meses os Kaiabi resolveram organizar uma opera o a fim de pressionar as autoridades em Brasilia Este foi o primeiro movimento organizado pelos Kaiabi em coordena o com seus parentes do Xingu os Apiak e Munduruku IBAMA FUNAI os militares da Base A rea do Cachimbo e com a logistica patrocinada pela Pousada Thaima u com o prop sito de garantirem a execu o dessa etapa crucial em todo processo relativo ao reconhecimento e demarca o de terras indigenas Os indios habitantes do Baixo Teles Pires com mais 60 guerreiros do Xingu agentes do IBAMA e policiais da base a rea escolheram como alvo exatamente o local ocupado por Pioneiro e sua familia pr ximo ao Lago Azul s margens do rio S o Benedito Ap s a pol cia ter realizado a pris o de Pioneiro em raz o de desmatamentos ilegais os Kaiabi fizeram mais cinco outros ocupantes de refens levando os para a aldeia Kururuzinho e alegando que s os soltariam caso tivessem a assinatura do Ministro da Justi a Os
214. arregam da prepara o da bebida que consumida com farinha de mandioca Assim como os banquetes de carne e peixe as sess es de vinho desempenham importante papel na intensifica o da sociabilidade alde A coleta vegetal se baseia em 64 etnoesp cies distribuidas pela v rzea terra firme igapo beira de rio beira de igarap quintal e ro a A maior oferta de frutos ocorre nos meses de janeiro fevereiro e mar o Ademais os Apiaka pretendem explorar economicamente sob a forma de projetos sustent veis a castanha do par a copaiba o l tex de seringueira e o mel De modo complementar atividades de horticultura e cria o de animais de pequeno porte s o desenvolvidas pelas mulheres Apiak nos terreiros As atividades produtivas est o a servi o da socialidade isto as pr ticas de subsist ncia s o em si mecanismos que asseguram a continuidade do modo de vida Apiaka como um todo Neste sentido a extens o territorial necess ria a realiza o dessas atividades importante tamb m da perspectiva da reprodu o social e cultural do povo e n o apenas da perspectiva da subsist ncia estrita Com efeito a socialidade Apiaka se fundamenta nos processos articulados de produ o circula o Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revisioecompiementa o EM Minist rio de Minas e Energia e consumo de alimentos que se coadunam nas refei es dom sticas cotidianas e nas refe
215. as As esp cies caracteristicas compreendem jatob do cerrado Hymenaea stigonocarpa ip do cerrado Tabebuia caraiba araticum Annona coriacea pequizeiro Caryocar brasiliensis mangaba Hancornia speciosa lixeirinha Davilla elliptica colher de arara Salvertia convallariaeodora lixeira Curatella americana pau santo Kielmevera sp pau terra Qualea sp muricis Byrsonima sp entre outras A ocorr ncia de lianas n o se d de forma agressiva sendo a maioria herb cea ou semilenhosa Em rela o a essa forma o cumpre ainda destacar o fato de que em geral essas reas s o utilizadas para pastoreio do gado sendo periodicamente manejadas com fogo podendo representar fei es alteradas de Savanas Florestadas submetidas as press es antr picas DSEE MT A savana arborizada pode ocorrer associada ou n o as florestas de galerias epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA e Savana Parque Esta forma o essencialmente constituida por grandes extens es cobertas por gramineas geralmente com rabo de burro Andropogon bicornis seguida por um estrato arbustivo com individuos arb reos presentes de forma esparsa No estrato herb ceo tamb m frequente a ocorr ncia de leguminosas tornando a composi o flor stica bastante diversificada O estrato arbustivo e arb reo com altura entre 1 a 2 m constitui se de plantas caracter sticas da Savana Arborizada por
216. as bases do paradigma da adequa o ambiental o qual destinado a viabilizar o projeto t cnico reunindo certas externalidades sociais e ambientais na forma de medidas mitigadoras e compensat rias desde que logicamente n o inviabilizem o projeto do ponto de vista econ mico or ament rio As an lises nessa dire o se fundamentam sobre uma concep o de meio ambiente como realidade externa s rela es sociais Logo as diversidades culturais s o suspensas em raz o de uma concep o parcial legitimada pela cientifiza o e juridifica o das pol ticas e imposta com o prop sito de representa o do bem comum da na o Nesse sentido o formato t cnico das discuss es e documentos entra como outra ordem de limita es simb licas Considerando a luta pela apropria o do meio ambiente a t cnica entra como mecanismo de desqualifica o e deslegitima o das popula es tradicionais envolvidas por projetos de infra estrutura com as barragens e usinas hidrel tricas Ent o a adequa o encontra se na contram o das iniciativas que visam a constitui o de um paradigma transformador para a sustentabilidade Como consegi ncia as popula es locais vitimas das injusti as ambientais acabam n o apenas sendo excluidas dos processos decis rios mas assumem todo o nus dos conflitos e do desenvolvimento N o obstante ao buscar atender s revis es antropol gicas solicitadas pela FUNAI ao Estudo do Component
217. as cabeceiras desta microbacia provavelmente s o encontrados endemismos de fauna e flora aqu ticos As nascentes dos rios das Tropas e Cabur e do igarap Pau Branco localizam se na Chapada do Cachimbo onde os solos s o predominantemente arenoquartzosos e seguem em dire o NE cortando o Planalto do Parauari Tropas regi o de latossolos Esta transi o entre os tipos de solo coincide com um gradiente das forma es vegetais se iniciando com a Savana Arborizada faixa de contato Savana Floresta Ombr fila e culminando com a Floresta Ombr fila Densa Submontana Nos relevos da Plan cie Amaz nica onde corre o Rio das Tropas ocorrem gleissolos associados aos corpos hidricos Estes solos s o cobertos pela Floresta Ombr fila Densa Aluvial d Microbacia 4437 A microbacia 4437 tem 12 700 km de rea e formada pelo rio Tapaj s 180 km de extens o nesta microbacia e largura m dia de 1 5 km e seus contribuintes da margem direita Leste Cadiriri Cabitutu e igarap Mutum nenhum com mais de 50 km de extens o Cerca de 46 desta microbacia aproximadamente 5 800 km est o contidos na TI Munduruku A vaz o do rio Tapaj s varia de cerca de 4 000 m3 s na seca a 20 000 m3 s durante a poca de cheia HYDROWEB 2011 Segundo MOSS 2005 no trecho da microbacia 4437 o rio Tapaj s apresenta guas oligotr ficas com n veis de condutividade oxig nio dissolvido pH e turbidez muito pr ximos aos naturalmente encontrados Em rel
218. as de influ ncia das tr s usinas foco desse relat rio foi possivel identificar preliminarmente as formas tradicionais de uso dos recursos naturais as manifesta es simb licas e as pr ticas sociais das etnias Kaiabi Munduruku e Apiac Para compreender os riscos de interfer ncia nesses grupos a partir da possivel implanta o das usinas n o seria suficiente considerar os impactos isoladamente ou restritos aos meios bi tico f sico e socioecon mico mas como m ltiplos processos impactantes em algumas dimens es da vida dos grupos indigenas conforme apresentado na Tabela 1 A avalia o de cumulatividade e sinergia foi realizada de forma qualitativa e apresentada discursivamente Nela foram consideradas conjuntamente as UHE S o Manoel Foz do Apiacas e Teles Pires O seu objetivo foi avaliar os processos impactantes com foco nas suas intera es e sua tend ncia para intensificar ou atenuar os impactos nas popula es indigenas Nessa tica cumulatividade e sinergia se referem a efeitos derivados da intera o entre os processos impactantes de uma ou mais usinas Esses efeitos podem alterar a forma e a probabilidade de incid ncia dos impactos sobre as popula es indigenas Os conceitos de cumulatividade e sinergia adotados nesses estudos s o apresentados no Capitulo 6 que apresenta matriz sint tica contendo a incid ncia paralela dos processos impactantes Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia
219. as dos Kaiabi 50 3 3 1 Tempo do rio 52 3 3 2 Tempo da ro a 5 3 4 Rela es ecol gicas dos Apiak 60 3 4 1 As aldeias Apiak 62 3 4 2 Atividades produtivas 64 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o MEM Minist rio de Minas e Energia 3 5 Import ncia do Teles Pires para os Kaiabi moradores do Xingu 68 3 5 1 Dificuldades na transfer ncia 69 3 5 2 Pol tica e liga es territoriais 76 4 MAPEANDO RELA ES ECOL GICAS 79 4 1 Aldeias antigas e lugares de import ncia __ _ 80 4 2 Ca a 87 4 3 Pesca 93 4 4 Coleta e extrativismo 98 5 ELEMENTOS PARA REAVALIA O DE IMPACTOS E RESPECTIVOS LOCAIS DE VULNERABILIDADE 107 5 1 Hist rico do Conflito Socioambiental e Situa o Legal da TI Kayabi 108 5 2 Etnografando o Conflito da TI Kayabi 112 5 2 1 Atores sociais e a din mica socioecon mica da regi o 115 5 3 Din mica Socioecon mica e Eixos de Rivalidade Solidariedade 136 5 3 1 Fato Gerador e as Apari es Oficiais dos Atores 137 5 3 2 Opera o do Lago Azul 138 5 3 3 Contestando a presen a dos Kaiabi 140 5 3 4 Novas alian as dos Kaiabi 142 5 3 5 Opera o Angelim 14 5 3 6 Opera o Kayabi 147 5 3 7 Efervesc ncias locais 148 5 3 8 Zoneamento Socioecon mico Ecol gico 149 5 3 9 Idas e vindas na demarca o 150 5 3 10 Desdobramentos recentes 4151 5 4 Encaminhamentos do Conflito 152 5 5 Adapta es necess rias e programas socioambientais 155 5 5 1 A
220. as estava de saida porque ele trabalhava tirando borracha castanha tudo isso ele colhia A no dia que a gente chegou ele tava arrumando pra descer naquele tempo n o tinha motor n o tinha nada Ai a gente desceu e ele desceu com a gente isso j era pra baixo do Tabuleiro Ai que os seringueiros ficaram com medo porque os Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EH m CRo Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia ndios tinha matado um branco l e eles falaram que se o ndio mexesse com ele ele ia matar tudo mas n o fez nada com ningu m porque o Elias era falador e n o deixava eles matar ndio Ai n s ficamos l muito tempo acho que foi uns cinco anos que n s ficamos l morando com o Elias Ai ele desceu foi em Bel m fez opera o ai o enteado dele estava brigando o Elias tava operado mas tava bem a ele se levantou pra separar a briga e arrebentou tudo a barriga e acabou morrendo Os Kaiabi chamava ele de Papairi papai Elias porque ele falava assim eu sou o pai de voc s por isso que a gente chamava ele assim A chegaram Jo o Chuvas e o finado Ber esses a que vieram e depois pegaram n s Ai eles fizeram o posto l em baixo o finado Ber ficou com a gente e o Chuvas ficou com os Munduruku Assim que come ou o trabalho l no posto ainda n o tinha ningu m s tinha n s a arrumaram as coisas l
221. as partes do estudo realizado pela JGP Consultoria e Participa es Ltda para a Companhia Hidrel trica Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o MEM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Teles Pires no mbito do licenciamento da UHE Teles Pires tendo em vista obten o da Licen a de Instala o revis o da caracteriza o das microbacias item b n o demandou investiga es de campo complementares uma vez que tanto os dados prim rios quanto os secund rios levantados no primeiro semestre de 2010 para a elabora o do ECI eram suficientes para atender a demanda da Funai Isto o esfor o complementar foi basicamente de escrit rio na compila o e no tratamento de informa es ja dispon veis O mesmo n o ocorreu na revis o e complementa o do conte do antropol gico do ECI item a Nesse caso havia duas possibilidades ou se realizavam novas investiga es de campo junto s comunidades indigenas desde logo limitadas pela negativa daquelas que se situam na TI Munduruku comprometendo o objetivo do Governo Federal de ter um posicionamento definitivo sobre o licenciamento pr vio ambiental dos projetos hidrel tricos de S o Manoel e Foz do Apiacas ainda em 2011 ou se recepcionavam os estudos e levantamentos recentes realizados pelo antrop logo Frederico Cesar Barbosa de Oliveira com vistas ao seu doutoramento
222. as por seus ancestrais localizadas no estado de Mato Grosso No entanto uma consider vel parcela dessas terras se encontra ocupada por fazendeiros pecuaristas madeireiros pousadeiros e pequenos posseiros que em muitos casos n o admitem a presen a dos Kaiabi Diante da fala de At possivel ja ter uma boa id ia de como os Kaiabi foram incitados a deixar o Mato Grosso Para os Kaiabi que moram hoje nessa regi o mais importante o lado de Mato Grosso do que o lado do Par porque daquele lado at a boca do Apiac s tudo terra preta N s morava tudinho daquele lado antes a ro a ficava tudo daquele lado L no Morro do Jabuti naquele capoeir o tudo ali terra preta Banana dava da grossura dessa lata L tem tamb m muito daquela pedra de amolar machado L na boca do Ximari finado meu pai fez ro a e l tem aquele amendoim amendoim cavalo que tapuim fala n era dessa grossura a castanha do amendoim mas por aqui n o d N s morava l mas depois n s atravessamos pra c voc sabe como o branco n De primeiro n s era besta pro branco diziam que l n o 31 Entrevista retirada da tese de doutorado de Frederico Oliveira 2010 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o RM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia era nosso municipio e que tinha que atravessar pra c ai n s atravessamos E
223. as provocou a desestrutura o de sua organiza o social N o somente os conflitos territoriais mas a depend ncia n o controlada de bens de mercado o desinteresse dos jovens pelos valores tradicionais o alcoolismo e a viol ncia s o fatores que se fazem notar em pouco tempo Processos dessa natureza no passado resultaram na quase extin o dos Kaiabi e dos Apiaka Assim para definir a dimens o dos conflitos que podem ser gerados ou agravados com a implanta o dos empreendimentos preciso entender a situa o fundi ria que caracteriza a regi o atualmente A Figura 6 evidencia a sobreposi o de invas es aos locais de utiliza o de recursos permitindo visualizar a espacializa o desses conflitos No centro dessa quest o esta a luta pol tica pela demarca o e homologa o da Terra Indigena Kayabi habitada tamb m pelos Muduruku e Apiaka Estes ltimos apesar de nem Vale destacar a transfer ncia dos Kaiabi para o Parque do Xingu no in cio da d cada de 1950 que representou tanto uma saida providencial para aqueles que vinham sofrendo com assassinatos e mortes por doen as provenientes das rela es com os brancos como tamb m uma separa o radical eivada de sofrimento para os que tinham o Teles Pires como sua terra sagrada Os que resistiram mudan a particularmente os habitantes do Baixo Teles Pires chegaram muito pr ximos de serem extintos nessa regi o devido s epidemias de sarampo e falta
224. atamento Amaz nia PRODES INPE 2010 Ccormr ncias Minerals CPRM 201 Material de uso ma constru o ci Terras Indigenas Munduruku e Eayabi i D O Roas e minerais mdusriss Desmatamento 1397 2005 Data 05 07 0001 N Agua mineral cu pot ve de mesa BE Desmssmento 2007 2010 i i rm Bi oi 150 cy Fremes de Area as Empreta a Petquita Escrg sica Poa Tra Tora aii EM de Pa Rosa E O E O oa a ii A E i i Ocorr ncias Minerais Hidrografia D Metas nobres esp Duro E Terras Indigena Demas E erste o integra Insumos para agrcuftura m Lisp Gyz er iya Metais n o ternosos e semimetais B erote o integra Constru o cwi Insumos Agricolas PT pncrocacias Rochas e minerals Industriais NM Desmatamento 2007 2010 Agua mineral ou pot vel de mesa Desmatamento 1557 2005 Estradas EA 4 ZA iE Nide Crep VP o ca o Fed Pa li a t Te o TARAW Tapajc i E i i i l T Ni 4 4 L a i 1 i b f CT Si Cartogr fica Integrada ao Milon simo IBGE 2004 Mapa de Ottobactas nivel 4 ANA 2007 Area Militar IBGE 2005 Limites das Terras Indigenas FUNAI 2010 Projeio Desmatamento Amaz nia PRODES INPE 2010 Ocorr ncias Minerais ICPRM 2010 agem Projeto Estudo do Componente Indigena Caracteriza o das microbacias T tulo Mapa 07 reas de Vulnerabilidade epe Empreza da Pesquisa Enorgista FE UT S ep
225. atendem aos limites estabelecidos pela Resolu o CONAMA n 357 05 para guas de Classe 2 Alcalindade pH Turbidez Cor Dureza total Condntividade eletrra Salinidade Oxig nio Dissolvido Cloreto total Carbono rg mico Total Carbono Urg mco Dissolvido DBO DQO Nitrato Nitrito Nitrog nio Kjeldahl Nitrog nio Amomiacal Nitrog nio Org nico eeo E j an j ea a S a ao j ror EC E O CR RR E CE E ER E CR 2 E E gt E A A E ES GT O E a a O A mf as n A gt a EAEAN mo pe a a i E RE fas 0 010 030 oig To 0 001 0 007 Kai 0 008 0 004 0 008 0 0 007 0 008 0010 0 143 0 178 0376 0 080 0 010 0 068 0 091 0 349 0 007 F sforo Total F sforo Organico Orrofosfato Sulfato a Fa a a a a a a a a Silic Soliva mer oom Tso tuo m7 oso 13 os 1312 oss S lidos el a i a d a i a 5 dolo is 331 V M P 6051 LM E epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Tabela 2 Resultados anal ticos Par metros f sico qu micos e inorg nicos dos pontos de amostragem localizados na TI Kayabi Em destaque os valores que n o atendem aos limites estabelecidos pela Resolu o CONAMA n 357 05 para guas de Classe 2 a raio gt m ms m u e j e a Totais E S Tl S lidos Totais a popa ta a T RC C a EA Indices de Fen is Da A 0 003 PERCO aaa Aluminio Dissolvido 0 9722 0 1 Ars nio Total 0 00
226. atividades baseiam se fortemente no comportamento sazonal do rio assim como nas intrincadas rela es ecol gicas resultantes do ciclo hidrol gico como ser detalhado adiante no subitem 4 3 3 Os processos impactante que incidem sobre a din mica fluvial no trecho do Teles Pires a jusante das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s s o os de maior relev ncia para o estudo dos impactos sobre as popula es indigenas em raz o da localiza o das terras indigenas Kayabi e Munduruku Trata se de um impacto negativo com incid ncia nas fases de constru o e opera o com efeitos permanentes e irrevers veis Nesse caso especifico a classifica o do impacto como permanente est associada especificamente quest o da reten o de sedimento pois as altera es no regime hidr ulico s o tempor rias restritas fase de enchimento do reservat rio A probabilidade de ocorr ncia certa e a intensidade pode variar basicamente em fun o da regra operativa da usina do tempo de resid ncia do reservat rio e do volume de sedimentos naturalmente transportado pelo rio 3 3 2 Processos Impactantes Os Impactos identificados pelos EIA das UHE de S o Manoel e Foz do Apiac s que apresentam rela o de causa com o impacto sobre o componente indigena ora avaliado s o os seguintes e Instabilidade de encostas ocorr ncia de processos erosivos e carreamento de sedimentos e Altera o das caracteristicas hidr ulicas do escoamento
227. atra dos pela redu o da vaz o conseguem penetrar no canal de suc o e alcan ar as turbinas ainda em movimento O risco de acidentes como esse maior durante a piracema quando cardumes se acumulam no canal de fuga N o ha consenso sobre solu es adequadas ao problema de maneira que os projetos devem conter estrat gias espec ficas para cada arranjo 3 2 3 Elementos Etnoecol gicos Associados Segundo a Revis o do Conte do Antropol gico do ECI as tr s etnias dependem da pesca tanto pela relev ncia alimentar quanto pelos aspectos simb licos a ela associados No entanto em raz o da disponibilidade de informa es a an lise que segue est centrada nas pr ticas kaiabi Na forte tradi o guerreira dos Kaiabi a ca a sempre teve papel preeminente e as carnes dela provenientes dominaram a prefer ncia alimentar A carne de ca a tradicionalmente mais acess vel em compara o ao produto da pesca Contudo esta rela o parece ter se invertido ao longo dos anos Apos a sedentariza o das aldeias em raz o dos contatos mais intensivos com os seringueiros e da politica de terras do Estado os Kaiabi passaram a conceder pesca um valor maior at do que ca a em suas atividades di rias e em sua dieta Ap s a mudan a de suas aldeias para as margens do rio Teles Pires tamb m aprenderam a usar linhas de n ilon e anz is al m das principais t cnicas relacionadas aos tipos especificos de peixes Apesar de n o
228. atrim nio da Associa o A Pousada Mantega contribui com valor mensal pago em esp cie e fornecimento de combustivel aquisi o do veiculo F 4000 barco motor de popa e gerador a diesel que servem a assist ncia dos ndios Atualmente a Pousada Thaima u n o opera mais na Terra Indigena devido a amea as que teria sofrido dos posseiros que vivem pr ximos ao rio Cururuzinho mas seu dono vem constantemente sondando os Kaiabi para voltar as atividades nesse rio agora sob controle da Pousada Mantega Nessa medida possivel verificar que as pr prias pousadas mant m uma forte concorr ncia entre si para terem o acesso privilegiado para seus turistas dentro da Terra Indigena e este acesso na maioria dos casos est referido ao rio Cururuzinho O principal grupo diante do qual os pousadeiros procuram se definir por oposi o s o os garimpeiros Posto que os dois grupos disputam a confian a dos ndios de maneiras parecidas e al m disso utilizam os rios como meio principal de desenvolverem seus neg cios n o raro que desentendimentos entre pousadeiros e garimpeiros venham a ocorrer deixando os indios em situa es sempre delicadas As desaven as normalmente ocorrem porque as pousadas gostariam de estender suas rotas de pesca abaixo da cachoeira Rasteira contudo n o seria uma vis o nada agrad vel para seus gt Segundo informa es dos Kaiabi tamb m teriam recebido uma proposta da rec m instalada Pousada Portal da A
229. atureza Seguindo as instru es do mito de Kupeirup at hoje os Kaiabi procuram ordenar suas ro as plantios e colheitas de acordo com os ensinamentos desta que foi uma das Mait mais poderosas a habitar a terra antes da retirada desses seres para o c u superior Inclusive quando est o envolvidos em conversas com seus pr prios parentes na lingua Kaiabi e querem se referir a alguma acontecimento passado n o muito recente comum utilizarem termos associados aos momentos do ciclo agricola como por exemplo na poca da primeira chuva ou na poca de plantar milho ou colher mam o enfim nesse sentido que podemos concluir que n o o social que proporciona a medida do tempo e o momento de executar as tarefas mas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia o ambiente e os individuos num conjunto processo de constru o Nas palavras de Ingold By watching listening perhaps even touching we continually feel each other s presence in the social environment at every moment adjusting our movements in response to its ongoing perceptual monitoring 2000 196 Um dos fatores que muito bem pode explicar a import ncia que os Kaiabi atribuem em viver no Teles Pires diz respeito grande ocorr ncia das terras pretas vwyon compostas de solos arqueol gicos antropog nicos
230. atystoma punctjfer a cachara Pseudoplatystoma sp realizam migra o na poca de enchente e cheia para se reproduzir Al m da migra o reprodutiva as esp cies de matrinch Brycon pesu e B falcatus e o pintado Pseudoplatystoma punctjfer tamb m realizam migra es tr ficas durante a seca entre junho e agosto quando v o busca de novos locais para alimenta o MELO et al 2005 Os Kaiabi mostraram conhecer as migra es realizadas por alguns peixes no periodo chuvoso e os locais utilizados para a reprodu o De acordo com um morador da aldeia Kururuzinho os peixes sobem o rio Teles Pires e entram nos rios Cururu A u Ximari e S o Benedito para por os ovos Na aldeia Tucum por sua vez foi possivel registrar que o corimbat 5 e ojau6 sobem o rio Apiacas para se reproduzir e o pacu a u sobe o rio S o Benedito B Kaiabi informa o pessoal Aldeia Tukum junho 2011 A pesca realizada durante todo o ano mas v rias vezes foi enfatizado de que ao longo do ver o os rios est o mais baixos e a gua se toma mais clara algo que facilitaria a atividade E nesse periodo tamb m que os Kaiabi aproveitam para realizar suas viagens com a familia para conhecerem o territ rio contar hist rias para os mais novos e passear pelas praias que se formam nos rios da regi o para coletar ovos de tracaja tal como observado por um Kaiabi a Oliveira tem a poca em que n s saimos da aldeia e vamos para as
231. belecer a nova aldeia Ilha Grande assim que sair a demarca o e puderem se mudar do Xingu para o Teles Pires a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia ser o tratadas as intera es entre os atores Contudo possivel qie principalmente pelos posseiros n o possu rem o mesmo hist rico de ocupa o que os fazendeiros consequentemente n o gozando do mesmo prest gio pol tico e econ mico que as alternativas en rgicas e violentas sejam as nicas encontradas para resguardar seu direito de posse e assegurar a nica fonte de subsist ncia que possuem 9 2 1 4 Garimpeiros No in cio da d cada de 1970 com os primeiros estudos para a implementa o do projeto de coloniza o de Alta Floresta ainda n o existiam garimpos de qualquer esp cie no norte de Mato Grosso Foram justamente os funcion rios da INDECO explorando as imedia es do Teles Pires que descobriram os primeiros sinais de ouro em alguns pontos desse rio Os pr prios Kaiabi confirmam que teria sido a partir de 1970 que se iniciaram as prospec es na regi o do Baixo Teles Pires com a chegada de um grupo numeroso de p ra quedistas Durante alguns anos as informa es a respeito do ouro n o ganharam muita import ncia principalmente pela interven o de Ariosto da Riva que queria evitar uma chegada descontrolada de pessoas nas terras que estava come ando a organizar Contudo pela confirma o da descoberta de grand
232. bi e Frames de identidade Muito ja foi dito a respeito da hist ria de chegada dos Kaiabi ao Baixo Teles Pires as transforma es em seus padr es de ocupa o territorial e os artif cios mais recentes que v m encontrando de manterem a liga o afetiva com a terra sem perder de vista a import ncia das lutas pol ticas pela demarca o Diante de todos esses processos vale apenas ressaltar um dos aspectos mais relevantes para se entender a motiva o que fundamenta os posicionamentos mais recentes dos Kaiabi no tocante as lutas pol ticas pela afirma o de sua territorialidade Os Kaiabi do Teles Pires se definem antes de tudo como sobreviventes de um processo de persegui o e exterm nio promovido pela sociedade nacional justamente a partir de uma s rie de narrativas destacando esse aspecto e viv ncias diretas com o ambiente que encontram a for a mais marcante para orient los na defini o de seus frames de identifica o Atualmente eles compreendem que a forma mais adequada de darem Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia continuidade aos esfor os promovidos por Manek pai de Atu ao resistir transfer ncia para o Xingu lutando pela demarca o integral da Terra Indigena a fim de garantir o direito de uso e acesso irrestrito aos lugares de import ncia sagrada que es
233. bre amarela e outras inclusive DSTs Considerando isoladamente o aspecto do aumento do contingente populacional poder se ia considerar o efeito sobre a incid ncia de doen as como cumulativo Entretanto pouco prov vel que a rela o entre popula o atraida e prolifera o de vetores ocorra de forma linear sendo dificil prever o car ter aditivo do efeito que a constru o das tr s usinas teria sobre a incid ncia de doen as nas popula es indigenas Entretanto ineg vel que o efeito seja de intensifica o e que esteja associado as tr s usinas pois os efeitos desse tipo de impacto se propagam regionalmente Destaca se tambem o carater cumulativo dos efeitos relacionados altera o da qualidade da gua principalmente aqueles relacionados ao eventual lan amento de Oleo graxas residuos liquidos decorrentes da limpeza de utensilios e efluentes sanit rios provenientes de escrit rios e alojamentos al m do lan amento de lixo no rio durante a etapa de constru o No cen rio de implanta o das tr s usinas em paralelo os efeitos sobre os indios poder o ser potencializados Por esses motivos foi considerado que a instala o das tr s usinas provoca efeitos sin rgicos no que diz respeito ao aumento na incid ncia de doen as sobretudo no caso de constru o simult nea pois esse tipo de impacto mais intenso na fase de constru o das usinas Estudos do Combonente Indidena das UHE S o Manoel
234. bsist ncia Geralmente os homens saem para ca ar em duplas ou trios e utilizam t cnicas previamente combinadas De volta aldeia os ca adores deixam os animais no porto da familia onde ser o lavados eviscerados cortados e posteriormente repartidos e distribuidos pelas mulheres N o possivel prever o resultado de uma expedi o de ca a e geralmente a abund ncia de presas celebrada com refei es comunit rias no sal o ou na casa do cacique Os Apiaka identificam pelo menos 169 etnoesp cies de aves das quais 31 s o utilizadas na alimenta o e 52 etnoesp cies de mam feros das quais 24 s o utilizadas na alimenta o Aves e mamiferos podem ainda ser criados como xerimbabos esp cie de animal de estima o Os Apiaka e Munduruku ca am com mais frequ ncia nas imedia es das aldeias Pontal e Mairowy e nos arredores das casas nas margens dos rios Juruena e Teles Pires nas ca adas realizadas em pontos mais distantes s o abatidas presas maiores queixada cateto veado e macac o que podem dar ensejo a refei es festivas no sal o ou na casa do cacique Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia A pesca a fonte mais segura de proteina para os Apiaka que identificam 94 etnoesp cies de peixes e consomem 87 Eles dominam t cnicas variadas e um conhecimento apura
235. bund ncia de esp cies da fauna Instabiliza o de encostas ocorr ncia de processos erosivos e carreamento de sedimentos Altera o do regime fluvial Altera o da qualidade da gua jusante da barragem Programa de Contrata o e de Desmobiliza o da M o de Obra Programa de Comunica o Social Programa de Educa o Ambiental Apoio a reinser o e fomento das atividades econ micas locais Apoio a revitaliza o e incremento da atividade de turismo Acompanhamento das atividades minerarias Plano Ambiental de Conserva o e Uso do entorno do reservat rio Plano Ambiental para Constru o PAC Programa de Monitoramento da Estabilidade das Encostas Marginais sujeitas a Processos Erosivos Programa de Recupera o de Areas Degradadas Programa de Monitoramento Limnol gico e da Qualidade da Agua Programa de Preserva o do Patrim nio Cultural Hist rico e Arqueol gico Recomposi o da vegeta o marginal e outras a es voltadas para a minimiza o da altera o da paisagem PACUERA Garantir a participa o dos indios no planejamento e desenvolvimento de atividades econ micas que fa am uso de reas com relev ncia sociocultural para as etnias ainda que fora dos limites da Tl Estimular e apoiar atividades econ micas que possam consistir em alternativa de renda para os povos indigenas como por exemplo projetos de turismo e artesanato na Terra Indigena com gest
236. ca mais adequada Antes utilizavam o timbo mas em raz o da grande mortandade de peixes pequenos que n o eram aproveitados os Kaiabi afirmam que n o v m empregando mais esse tipo de t cnica A pesca com linha chumbada e anzol certamente a t cnica mais difundida principalmente pelo baixo custo e maior efici ncia para pesca em guas rasas ou fundas Al m disso certos peixes exigem do pescador maior sensibilidade no momento em que mordem a isca al m dos maiores demandarem for a e paci ncia para poderem retira los da gua A prefer ncia dada s primeiras horas do dia ou ao fim da tarde para evitarem o forte calor os piuns e tamb m as piranhas Alguns homens que t m renda pr pria possuem molinetes e iscas artificiais utilizadas principalmente para a pesca de tucunar s e matrinch s No inverno costumam pescar pacus com varas de bambu debaixo das arvores frutiferas na beira do rio A zagaia e a flecha ainda s o utilizadas em guas mais rasas e l mpidas ou no caso daqueles peixes que n o fisgam o anzol como o bodo cascudo comumente encontrado nas cachoeiras Anexo 1 12 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EH a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia ssim como fizeram com o mapa da ca a os Kaiabi marcaram no mapa de pesca os lugares mais procurados em seguida descrevendo os tipos que peixes que ali podiam ser enc
237. car assim eu quero ficar junto com a familia do meu irm o trabalhar junto porque todo dia ele fica pedindo as coisas pra mim semente eu j preparei as coisas pra levar pra ele eu quero ficar um tempo l um tempo aqui assim que eu quero fazer Chega de ficar s no Xingu porque j vivi muito tempo aqui no Xingu Pergunto sobre a import ncia do Teles Pires para os Kaiabi Voc deve ter prestado aten o Aqui voc n o viu nenhuma rvore muito alta e tamb m n o viu nenhuma serra N s damos o nome pra cada tipo de mato N s conhece assim e j vem de muito tempo esses nomes N o hoje n o sou eu que estou dando nome L no Par n o existe muita lagoa igual tem aqui e tamb m tem muita sujeira na beira L o rio e a mata verdadeira chega na beira do rio A gente d valor pra aquela regi o por causa do material que aqui n o tem pra gente fazer as coisas Mesmo pra enfeite e mesmo pra fazer as coisas de uso l que tem as coisas que a gente precisa como peneira fruta nativa que existe l aqui n o tem como castanha siriva como a a como cacau patau pupunha Por aqui por dentro mato voc anda e n o encontra nada Aqui por exemplo n o tem mel nativo por causa dessas coisas que a gente valoriza essa terra l a terra muito boa de plantar L voc anda e s encontra o ka aret e a terra preta Por aqui voc encontra mais daquela terra vermelha e aquele mato sujo que n o serve pra faz
238. cart rios que n o raro dificultam o envio dessas informa es uma vez que dependem da autoriza o dos propriet rios que tamb m de modo geral negada sendo necess rio recorrer a autoriza o judicial que na maior parte dos casos toma muito tempo Como sabido os trabalhos dos antrop logos peritos t m uma perman ncia em campo muito din mica est o vinculados a prazos judicialmente estipulados e consequentemente apresentam dificuldades em adquirir dados precisos e oficiais para um levantamento fundi rio mais efetivo Em contrapartida o trabalho do antrop logo pesquisador ainda que n o possua a legitimidade jur dica dos 3 Jo o de Souza com rea de 1 200 hectares com tempo de ocupa o de 11 anos e sem cadastro no INCRA a antiga Fazenda Santa Rosa que posteriormente seria adquirida pela BRASCAN com rea de 136 000 hectares e 18 anos de ocupa o Benedito Mendes com rea ocupada de 50 hectares com tempo de ocupa o de 15 anos e sem cadastro o INCRA a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia antrop logos nomeados para fazer esse tipo de levantamento goza da possibilidade de uma perman ncia maior em campo e da abordagem etnogr fica mais aprofundada Foi seguindo a proposta da etnografia dos conflitos socioambientais que este trabalho foi elaborado juntamente com os Kaiabi produzindo um mapa de invas es que servir como importante complemento para as a
239. cie facilitando sua pesca Em agosto e setembro os meses mais quentes do ano muito comum realizarem pequenas excurs es com suas familias em busca dos ovos desse quel nio subindo o Teles Pires at a foz do S o Benedito Nessas excurs es chegam a passar semanas ca ando e pescando retornando com muitos ovos e algumas hist rias principalmente de on as para contar Alguns locais s o destacadamente importantes para os indios Kaiabi no que se refere ca a como por exemplo o Lago do Jabuti os barreiros e as capoeiras Pela presen a de buritizais patauzais e castanhais al m de manchas de terra preta os Kaiabi indicam o Morro do Jabuti como a mais importante ilha de recursos e o melhor lugar para se ca ar porcos em toda a Terra Indigena J os barreiros s o reconhecidos pelos Kaiabi como bom lugar de ca a pois terminam por reunir em periodos diferentes do dia e num espa o restrito uma ampla rede tr fica com potenciais animais de ca a Animais como a queixada o caititu o veado o macaco bugio a cutia o mutum e outros tipos de aves t m por costume frequentar os barreiros para se alimentar de seu solo rico em sais minerais Apesar dessa diversidade os Kaiabi s o enf ticos em afirmar que a anta quem mais frequenta os barreiros e logo em busca desse animal que se deslocam at esses microambientes As capoeiras tamb m s o reconhecidas como bons lugares para ca ar principalmente porcos e antas que v o em busca do
240. cies largamente valorizadas pela ind stria extrativa a seringueira o caucho a castanha a poaia os timbos e a copaiba Seguindo na dire o norte esses rios desembocam no m dio curso do rio Amazonas se constituindo em dois dos principais afluentes que encorpam ainda mais suas guas Praticamente cortando ao meio essa extensa faixa espacial aparece a bacia hidrogr fica do rio Teles Pires que servir como entidade geogr fica chave a orientar os movimentos mais localizados que caracterizaram os padr es territoriais que se instalaram nessa regi o e afetaram decisivamente a territorialidade dos grupos indigenas que habitam o Baixo Teles Pires A partir das cartas hidrogr ficas o rio Teles Pires est inserido na bacia do rio Tapaj s pois apesar de n o se constituir exatamente como um de seus afluentes um dos seus formadores juntamente com o rio Juruena Ser na Barra do S o Manoel ponto em que se encontram e desembocam as guas do rio Teles Pires a leste e do rio Juruena a oeste que temos a nascente do rio Tapaj s com suas guas marcadamente esverdeadas O rio Teles Pires tem suas nascentes localizadas nas Serras Azul e do Finca Faca pr ximas cidade de Paranatinga no sudeste do estado de Mato Grosso At que se tivesse um conhecimento completo pelas autoridades oficiais do curso desse rio nas primeiras d cadas do s culo XX ele era conhecido em seu alto curso como rio 1 Segundo Henri Coudreau 1977 e
241. cima da Rasteira as reas de cerrado jusing s o visitadas principalmente no ver o em busca de frutas como a mangaba o uxi e o pequi m zi epe Empresa de Pesquisa Energ a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia 5 ELEMENTOS PARA REAVALIA O DE IMPACTOS E RESPECTIVOS LOCAIS DE VULNERABILIDADE O cap tulo cinco fecha este relat rio a partir do estudo do conflito socioambiental relativo Terra Indigena Kayabi guiado pelos mapas elaborados sobre as invas es n o indigenas Sustentada em princ pios da ecologia pol tica e aliada pr tica etnogr fica a an lise se desenvolve seguindo as percep es territoriais dos principais envolvidos buscando acima de tudo tra ar de maneira mais abrangente a din mica socioecon mica da regi o situando historicamente as perspectivas demandas e estrat gias com aspectos morais e identit rios Os conflitos socioambientais em terras indigenas via de regra n o possuem como causa primeira apenas uma disputa relacionada a um nico fato gerador ou contesta es referentes a um recurso natural Conflitos por recursos como gua madeira minerais ca a e peixes podem ser elencados como elementos importantes a serem devidamente considerados num plano anal tico mais espec fico Contudo para se alcan ar um entendimento mais abrangente do conflito a terra foi considerada ali s a percep o territorial dos atores seguida das lutas em d
242. cionamento est vel no campo do conflito as atitudes dos garimpeiros est o voltadas principalmente para o plano local a partir de posturas assistencialistas Tudo indica que a manuten o do status quo a melhor forma de gerenciamento do conflito na vis o dos garimpeiros As seis dragas contribuem mensalmente com 100 gramas de ouro 400 litros de combustivel al m de regularmente patrocinarem os movimentos pol ticos dos Kaiabi na cidade A fim de fazerem com que seus frames sejam incorporadas pelos Kaiabi difundem constantemente o discurso de que s o os maiores aliados dos indios na Terra Indigena e no processo de demarca o gt Pelas informa es que obtive a partir dos comerciantes de ouro em Alta Floresta o ouro extraido pr ximo cachoeira Rasteira o mais valorizado das redondezas por apresentar maior teor de pureza gt 33 Pela proximidade maior com as aldeias Munduruku e Apiak as compensa es a esse grupos s o ainda mais expressivas contudo por entenderem que os Kaiabi t m atuado com mais veem ncia na defesa de seus direitos territoriais os garimpeiros tamb m procuram mant los sob controle mediante algum tipo de contribui o m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Definem pois sua identidade por oposi o aos rg os que deveriam prestar algum tipo de apoio aos Kaiabi Apiak e Munduruku Apresentam se como aliados capazes de dar alguma autonomia em rel
243. com a natureza historicamente elaborados e territorialmente afirmados atrav s do modo de gerir os recursos naturais Desse modo quando os grupos se envolvem num conflito a tend ncia elaborar frames de maneiras diferenciadas dependendo se s o observadores aliados ou opositores dos disputantes ou um dos disputantes O frame pensado em paralelo com o habitus fornece pois uma base heur stica sobre como organizar os dados em conjuntos significativos de informa o ou sobre como converter o arbitr rio em algo objetivo Logo o campo do conflito entendido como entidade aut noma ajuda a compreender que sempre ao receber informa es relativas disputa ela transformada de modo a se enquadrar nos interesses de cada grupo A fim de investigar os frames mais salientes para os atores em disputa e apreender em que medida eles contribuem para o desenvolvimento do conflito alguns aspectos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia principais devem ser observados Ser o descritas as maneiras pelas quais os frames cumprem o papel de auxiliar os grupos a alcan arem uma defini o mais geral do problema moldando suas a es e definindo quem deve desempenha las Em seguida busca se entender como os grupos encontram formas estrat gicas de resguardar suas posi es de que maneira justificam as t
244. como forma de compensar o uso de recursos existentes em suas terras ou pela simples condi o de exercerem atividades no interior da Terra Indigena sem serem perturbados Diante dos novos empreendimentos e das interfer ncias positivas e negativas sobre as atividades econ micas existentes possivel que haja mudan as principalmente na rela o dos indios com os pousadeiros e garimpeiros Esses dois grupos apesar de vistos como invasores s o considerados parceiros pelos indios na medida em que suprem parte de suas car ncias financeiras materiais e de locomo o Uma vez que os empreendimentos previstos ter o grande efeito sobre a din mica econ mica da regi o tamb m importante avaliar as oportunidades de envolvimento direto dos indios em novas atividades especialmente naquelas ligadas aos Programas Socioambientais associados aos novos empreendimentos que demandam conhecimentos especificos da regi o Este impacto sobre o componente indigena representa tanto as mudan as na rela o dos indios com as atividades econ micas existentes quanto o seu possivel envolvimento em novas atividades Al m da gera o de postos de trabalho que possam ser absorvidos pelos ndios epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia as novas interven es podem estimular as atividades atualmente consolidadas na regi o beneficiando indiretamente os indios que recebem apoio dos empres rios Ao mesmo tempo
245. compensasse financeiramente com 11 mil reais mensais caso continuassem a usufruir das rotas de pesca abaixo da Rasteira Como resultado a partir da media o dos Kaiabi os garimpeiros n o subiram a Rasteira mas os pousadeiros n o puderam mais descer a cachoeira Desde o final de 2009 e in cio de 2010 outras reuni es foram realizadas em Brasilia e Cuiaba com a presen a dos Kaiabi do Minist rio P blico FUNAI e IBAMA Os temas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A PRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia sempre recorrentes s o novas invas es amea as dentro e fora da Terra Indigena e a necessidade de se organizar novas opera es para coibir crimes ambientais e retomar o processo de demarca o Contudo enquanto o novo laudo pericial n o entregue informa es mais recentes v m sendo processadas tanto para acelerar a retomada da demarca o como para produzir dados para novas interven es da Pol cia Federal A fim de obter uma vis o geral da situa o ambiental da Terra Indigena uma equipe composta por funcion rios do IBAMA e da FUNAI realizaram em abril de 2010 alguns sobrev os e visitas aos ocupantes n o indios A situa o encontrada n o foi nada diferente de outras vistorias presen a de dragas de garimpo e balsas de travessia areas desmatadas localiza o de estradas madeireiras presen a de tratore
246. contram um tipo particular de resson ncia capaz de envolver os participantes numa rela o que n o pode ser adequadamente compreendida partindo das dualidades convencionais natureza e cultura importante evidenciar que somente o rio Teles Pires e nenhum outro rio possui a capacidade de operar como eixo de identifica o ou embodiement encorpora ao dos grupos indigenas que habitam historicamente e os ritmos da vida natureza Pela maior proximidade maior com os Kaiabi durante a pesquisa de doutorado de Frederico Oliveira alguns dados constantes nas se es seguintes ser o mais aprofundados em seus relacionamentos espec ficos com o Teles Pires A fim de complementar as informa es dos Kaiabi ser o utilizados dados da pesquisa de Giovana Tempesta 2009 2011 que fazem refer ncia aos mesmos tipos de rela es ecol gicas comprometidas e engajadas que os Apiak e Munduruku estabelecem com o ambiente envolvente Foi portanto buscando uma aproxima o ambientalmente situada com o dia a dia vivido pelos Kaiabi mas tamb m trazendo a import ncia dessa rela o com os Apiak e Munduruku que apresentado um caminho produtivo para acessar informa es pertinentes de suas rela es de dwelling atuais com o Teles Pires 2 3 Migra es e ocupa o hist rica do Teles Pires Poucos ambientes terrestres escaparam de algum nivel de interfer ncia antr pica Balee 1998 Stahl 2008 A despeito da vis o rom ntica que
247. cos chegaram junto com a doen a e n o tinha como proteger os ndios da doen a por isso eu acho que ele fez um trabalho importante mas ele n o fez um trabalho completo Se ele tivesse feito um trabalho completo talvez seria mais bonito n Quando eu falo que o trabalho dele n o foi completo assim Se o Orlando tivesse feito pesquisa sobre recursos naturais daqui talvez ele teria colocado certas reas dentro do Parque que tem castanha por exemplo Se ele tivesse feito esse levantamento talvez ele pegasse a cabeceira do Peixoto pra colocar dentro do Parque por causa da flecha e da siriva tamb m n As abelhas nativas tamb m elas ficam nesse meio entre Xingu e Teles Pires Se ele tivesse feito essa pesquisa a gente n o estaria passando essa dificuldade de hoje Pra fazer melhor ainda se Orlando tivesse pensado de n o tirar 3 Relato retirado do trabalho de doutorado de Frederico Oliveira 2010 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o MM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia os Kaiabi de l de demarcar a rea l mesmo talvez era mais completo ainda e a gente ia se sentir a vontade hoje Ent o a gente pensa que eles fizeram um bom trabalho mas n o foi o trabalho completo Igual eu falo pro pessoal da FUNAI hoje pra FUNAI demarcar uma Terra Indigena hoje a FUNAI deveria estudar a cosmologia daquela rea primeiro
248. cund ria para a pesca Na realidade o Teles Pires a principal fonte de peixes para os Kaiabi e tamb m para os Apiaka tanto por ser mais pr ximo das maiores aldeias como por ter uma variedade maior e apresentar grande riqueza de peixes de couro e tracajas Portanto o rio Teles Pires se constitui como eixo sociocultural chave na elabora o das cosmografias dos povos em estudo Foi tomando por base essa correla o que as an lises a seguir ser o direcionadas Muitos desses chamados lugares de import ncia e vulnerabilidade j se encontram descritos juntamente com os mapas apresentados anteriormente Assim ser o mais relembrados e descritos de forma mais pontual aqueles locais com algum potencial de sofrerem impactos imediatos capazes de alterar de maneiras dr sticas ou irrevers veis os modos de vida hist rica e ecologicamente constituidos pelos grupos indigenas do Baixo Teles Pires e Salto Sete Quedas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia O Salto Sete Quedas situado fora dos limites da Terra Indigena Kayabi n o est atualmente vinculado ao dia a dia vivido pelos grupos indigenas e n o considerado como lugar de visita o regular para aquisi o de qualquer tipo de componente necess rio as suas subsist ncias A import ncia desse top nimo para os Kaiabi em particular que e
249. cupa o humana ao longo da BR 230 Transamaz nica onde s o observados n cleos populacionais inclusive a sede municipal de Jacareacanga Conforme CARNEIRO FILHO 2009 o norte da TI Munduruku esta inserido em uma das principais zonas madeireiras da Amaz nia indicando que h explora o de madeira na regi o facilitada pela Transamaz nica Tamb m s o observadas reas desmatadas associadas a ocorr ncia mineral ao longo dos rios atestando a extra o de ouro na regi o b Frente de Amea a 2 Esta frente est a leste da TI Munduruku estendendo se ao sul e a principal a o antr pica observada a extra o mineral sobretudo de ouro O principal vetor de ocupa o da regi o provem de estradas vicinais que surgem a partir da BR 163 avan ando em dire o terra indigena Mais ao sul reas dispersas de desmatamento ao longo de rios e associadas ocorr ncia mineral indicam a expans o dessa frente em dire o ao sudeste da TI Munduruku A presen a da rodovia provavelmente desempenhou e continua a desempenhar papel importante para o avan o dessas atividades c Frente de Amea a 3 Essa frente localiza se ao sul da TI Kayabi onde s o observadas v rias estradas vicinais associadas atividade agropecu ria inclusive dentro da TI Kayabi Al m disso ha explora o de insumos para agricultura calc rio dentro desta TI OLIVEIRA 2010 e extra o ilegal de madeira CARNEIRO FILHO 2009 3 3 Processos Im
250. d epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia obter carne e penas O mutum castanha e carij reconhecidamente a ave de ca a preferida Em seguida temos o nambu macuco gavi o jacamim galeguinha pato jacu soc tucano arara e papagaio Esses tr s ltimos t m mais utilidade no artesanato pois os indios utilizam suas penas e plumas na confec o de enfeites e flechas No passado costumavam capturar o gavi o real e cri lo em gaiolas para obterem suas penas mas esse costume foi abolido pelos Kaiabi do rio Teles Pires Conv m resaltar ainda que as t cnicas de ca a e pesca utilizadas atualmente pelos Kaiabi s o suficientes para atenderem s suas demandas e que foram aprendidas em grande medida em suas constantes conviv ncias com seringueiros e gateiros que durante quase todo o s culo passado ocuparam o curso do Baixo Teles Pires juntamente com os Kaiabi Por ltimo destaca se que algumas das reas citadas como importantes para a ca a dos Kaiabi est o hoje sob conflito como o caso do Morro do Jabuti que por estar inserido em rea requerida pela empresa BRASCAN vem sendo motivo de disputas pois a empresa exige que os Kaiabi pe am autoriza o para entrada na rea que por sua vez se negam a cumprir essa determina o Outro lugar constantemente apontado como pr prio para ca a o rio Santa Rosa que assim como o Morro do Jabuti encontra se na rea ocupada pela BRASCAN g
251. d gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o Parte Il Caracteriza o das Microbacias e Indica o das reas de Vulnerabilidade 1 INTRODU O 186 2 CARACTERIZA O da REGI O EM ESTUDO 187 2 1 Caracteriza o Geral 187 2 2 Caracteriza o das Microbacias 188 3 INDICA O DAS REAS DE VULNERABILIDADE 199 3 1 Hist rico de Ocupa o 200 3 2 Frentes de Amea as 201 3 3 Processos Impactantes 203 3 4 reas de Vulnerabilidade 206 4 CONSIDERA ES FINAIS 213 5 REFER NCIAS 214 ANEXO 1 As Principais Forma es Vegetais da Regi o 217 ANEXO 2 MAPAS E FIGURAS 226 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA 1 INTRODU O As microbacias objeto deste trabalho s o aquelas sobrepostas s Terras Indigenas Kayabi e Munduruku na regi o das divisas entre os estados de Mato Grosso Par e Amazonas As 11 microbacias que comp em esse universo correspondem a uma rea de aproximadamente 112 200 km e as TI somam aproximadamente 34 400 km FUNAI 2010 Aproximadamente 30 da rea das microbacias estudadas est o contidas nos limites das TI Kayabi e Munduruku O objetivo deste estudo caracterizar as microbacias que comp em as TI Kayabi e Munduruku com a descri o dos principais elementos de seu ambiente e a indica o e mapeamento de areas mais vulner veis a a es antr picas potencialmente degradantes Este relat rio foi estruturado pois naqueles dois
252. da Terra Indigena Kayabi j declarada por m n o homologada o munic pio de Apiacas interessado em n o perder suas receitas vem frequentemente nas audi ncias p blicas excluindo estrategicamente a Terra Indigena dos mapas e colocando em seu lugar a refer ncia de regi o de consolida o de atividade agricola e pecu ria sabido que os mapas v m sendo utilizados para invisibilizar a presen a Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM Minist rio de Minas e Energia dos indios utilizando a concep o da terra enquanto objeto capaz de produzir rentabilidade econ mica ainda Contando com o apoio dos produtores locais tais pessoas alegam publicamente que o munic pio e os fazendeiros n o aceitar o a imposi o unilateral do Governo Federal e est o dispostos a negociarem a consolida o da Terra Indigena desde que os indios abrissem m o da rea cujas fazendas j est o estabelecidas em particular na parte sul do rio Santa Rosa em dire o ao limite sul estabelecido para a Terra Indigena A partir de um m tuo reconhecimento de interesses similares os Kaiabi v m contando com o apoio do ICV particularmente atraves da produ o de mapas regionais incluindo a Terra Indigena e constantemente chamando a aten o para o avan o das derrubadas na faixa de florestas conhecida como Arco do Desmatamento 5 3 9 Idas e vindas na demarca o No in
253. da diminuem significativamente Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz gt epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia criando condi es para a deposi o dos sedimentos em suspens o No caso das UHE S o Manoel Foz do Apiac s e Teles Pires espera se que o impacto sobre o regime hidrossedimentol gico seja de baixa intensidade dado que os diagn sticos dos EIA das tr s usinas concluem que a bacia do rio Teles Pires n o transporta grandes quantidades de sedimento o que lhe confere um padr o de guas claras caracteristica que se estende tamb m para o rio Tapaj s Ainda assim importante destacar o car ter cumulativo dos impactos sobre o regime hidrosedimentol gico decorrente de v rios barramentos sequenciais Por exemplo a constru o da UHE Teles Pires se implantada antes da UHE S o Manoel faria a reten o de quase toda a carga s lida mais grossa areias alterando significativamente o aporte de sedimentos que chegam ao reservat rio da UHE S o Manoel Somente depois de saturada a capacidade de reten o de areias no reservat rio da UHE Teles Pires que come aria a sedimenta o com este tipo de material no reservat rio da UHE S o Manoel Esse efeito muito menor para os sedimentos de menor granulometria que normalmente ficam em suspens o O regime operativo e o tempo de resid ncia da gua no reservat rio s o as principais variaveis que ir o de
254. da regi o o Sitio Arqueol gico Pedra Preta localizado pr ximo a Paranaita MT constitu do por um afloramento de granito que emerge em meio floresta circundante no qual podem ser observadas inscri es rupestres de baixo relevo Uma das caracteristicas marcantes dessa express o rupestre a grande propor o das figuras que correspondem a recursos gr ficos de diferentes combina es compondo motivos classificados como biomorfos antropomorfos zoomorfos e fitomorfos al m de figuras geom tricas O S tio da Pedra Preta e outros sitios na regi o da bacia do rio Teles Pires ainda n o foram estudados de maneira a serem contextualizados no tempo mediante data es nem t o pouco ainda possivel atribui los a uma determinada ocupa o pr colonial At o momento ainda n o foram realizadas pesquisas arqueol gicas que envolvessem prospec es sistem ticas mais profundas e escava es que fornecessem dados sobre a cultura material de forma a permitir a progress o dos estudos Fonte Prefeitura Municipal de Paranaita m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia nacional Vale ainda ressaltar que durante os primeiros momentos do per odo de extra o de l tex os Munduruku mantinham sua hegemonia enquanto grupo guerreiro e ca ador de cabe as mesmo inseridos no mercado da borracha e trabalhando para os seringalistas locais Dentre os outros grupos que se antagonizavam com os Mun
255. dades de trabalho ligadas diretamente s usinas principalmente S o Manoel e Foz do Apiac s que est o mais pr ximas a TI Kayabi Essas oportunidades de trabalho ocorrem sobretudo em atividades mais afeitas ao perfil dos indios como a execu o e acompanhamento de programas de mitiga o compensa o e monitoramento Espera se que a UHE Teles Pires contribua no mesmo sentido por m em menor propor o em rela o as outras duas Considera se portanto que esse efeito positivo e apresenta car ter cumulativo envolvendo as tr s usinas Outro fen meno que deve ocorrer decorrente da dinamiza o da economia o estimulo as atividades que hoje j d o suporte aos indios como o turismo e a extra o mineral que poder o oferecer novas possibilidades de gera o de renda para a popula o indigena Entretanto dificil prever exatamente em que medida esse efeito ocorrer em fun o da constru o e opera o das usinas Apesar disso prov vel que esse efeito seja sin rgico e envolva as tr s usinas Por considerar que a abertura de oportunidades de trabalho em atividades relacionadas aos empreendimentos mais relevante nesse contexto optou se por classificar os efeitos sobre as rela es dos ndios com as atividades econ micas como cumulativos envolvendo as usinas de S o Manoel Foz do Apiac s e Teles Pires 4 1 7 Altera o na Paisagem e Perda de Referenciais Socioespaciais e Culturais Tomando como base
256. das com base na avalia o do potencial de altera o dos sistemas ambientais contidos nas TI em face dos processos impactantes Os procedimentos adotados para o desenvolvimento dos estudos s o detalhados ao longo do relat rio S o apresentados ainda mapas tem ticos e anal ticos As an lises conduzidas por meio desses dois eixos anal ticos para al m do atendimento ao objetivo principal desse estudo podem permitir a eventual proposi o de um quadro geral das condi es de preserva o atuais das terras indigenas e estimar um cen rio hipot tico tendencial de interfer ncias sobre os ambientes nela contidos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do 26 MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA pm i Sai Empi 2 CARACTERIZA O DA REGI O EM ESTUDO 2 1 Caracteriza o Geral A regi o em estudo abrange as microbacias associadas s Terras Indigenas Kayabi e Munduruku localizadas pr ximas as divisas entre os estados de Mato Grosso Par e Amazonas Essa regi o esta sob dom nio do Bioma Amaz nia em contato com o Bioma Cerrado MMA 2002 apresentando fisionomias t picas de ambos Florestas Ombr filas Florestas Estacionais e Savanas descritas no Anexo 1 Principais Forma es Vegetais da Regi o A principal unidade geomorfol gica da regi o em estudo a Chapada do Cachimbo que cruza as Terras Indigenas Kayabi e Munduruku no sentido NO SE e funciona como divisor de guas das bacias dos rios Ta
257. de 504835 8993234 10 kjida foz nas proximidades da Aldeia S o Benedito N pay O P02 Benedito superficie Rio Ximari pr ximo a conflu ncia com o rio 488641 9001502 Teles Pires a montante da Aldeia Kururuzinho localizada na terra ind gena Kayabi Em P03 Ximari superficie Rio Cururu A u pr ximo a conflu ncia com 4 2453 9015946 o rio Teles Pires a montante da Aldeia Kururuzinho localizada na terra ind gena Kayabi Em superficie P04 Cururu Ponto de coleta localizado a jusante do eixo do barramento e a montante da 464096 9017865 Aldeia Kururuzinho pr ximo ao ponto coleta de gua para abastecimento da aldeia Teles POS Pires Em superficie Rio Santa Rosa pr ximo a conflu ncia com o 4541899020313 rio Teles Pires a jusante da Aldeia Kururuzinho localizada na terra ind gena Kayabi SantaRosa Emsuperficie gt N Ponto de coleta localizado a jusante do P07 Teles 463876 9017969 eixo do barramento e a jusante da Aldeia Em E Pires superficie Kururuzinho Teles Ponto de coleta localizado a jusante do Em P08 407840 9120495 eixo do barramento e a montante da a Pires superficie aldeia Mairowy na terra indigena Kayabi Minist rio de Minas e Energia As an lises qu micas das amostras de gua foram realizadas pelo laborat rio Aquanalise An lises de Agua e Consultoria Ltda com sede em Cuiaba MT Durante o monitoramento foram i
258. de respeitando se as caracteristicas e limita es e favorecendo as potencialidades do meio ambiente A organiza o das atividades produtivas nas aldeias Apiaka tamb m pautada no regime das guas distinguindo o inverno do ver o em fun o da frequ ncia das chuvas Os Apiac classificam o ambiente em 12 unidades de paisagem combinando os crit rios de forma da superficie terrestre tipo de solo ocorr ncia de esp cies de flora e fauna e modo de intera o entre elas al m do regime das guas N o s para eles mas para as outras etnias os ambientes sazonais t m grande import ncia o caso do igap que aparece no inverno e da praia e da v rzea que aparece no ver o A descri o das rela es dos povos indigenas com os elementos da paisagem permite perceber a sensibilidade dos indios em rela o a modifica es no ambiente em que vivem Ao mesmo tempo sabe se que alguns locais situam se longe dos empreendimentos e provavelmente n o ser o impactados Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomiementac o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia De qualquer forma n o basta avaliar as interfer ncias nas unidades de paisagem existentes como o alagamento de reas importantes e o desmatamento preciso dar a devida import ncia a introdu o de elementos que n o fazem parte do ambiente natural a que os indios est o acostumados
259. de Minas e Energia mant m com os indios Como exemplo podem ser citadas as pousadas que funcionam na rea do futuro reservat rio da UHE de S o Manoel e que prestam apoio a algumas aldeias Segundo o EIA desta usina tr s pousadas que hoje contribuem com o sustento dos indios dever o ser relocadas Por fim vale lembrar o potencial de contrata o de indigenas em atividades relacionadas aos empreendimentos por conta do grande conhecimento que possuem da regi o A sua forte rela o com o ambiente natural podera ser de grande utilidade para a elabora o e execu o dos programas de apoio aos novos empreendimentos que tenham como base a compreens o da din mica dos ecossistemas locais ou o conhecimento espec fico das caracter sticas da fauna e da flora Apesar de n o dispensar a devida capacita o t cnica os indios poder o se envolver em programas de monitoramento ambiental e outras atividades que tenham rela o com suas ocupa es tradicionais ou que possam convergir com o seu interesse na preserva o da regi o 3 7 Altera o na Paisagem e Perda de Referenciais Socioespaciais e Culturais 3 7 1 Descri o do Impacto Conforme mencionado na descri o do impacto referente aos conflitos territoriais os povos indigenas que habitam a regi o do Baixo Teles Pires costumam estabelecer rela es entre lugares especificos e a sua hist ria construindo sua territorialidade e estreitas rela es com o ambiente circunda
260. de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA a Microbacia 4426 A microbacia 4426 composta por parte das cabeceiras formadoras do rio Novo seu principal corpo h drico na Chapada do Cachimbo A rea total de drenagem foi calculada em cerca de 15 800 km O rio Novo drena para fora da Terra Indigena Munduruku e tem cerca de 250 km de extens o Pouco menos de 2 da rea da TI Munduruku est situada dentro dos limites da microbacia 4426 A qualidade da gua em seu trecho m dio baixo apresenta caracteristicas oligotr ficas ou seja baixa concentra o de nutrientes e alta concentra o de oxig nio dissolvido MOSS 2005 t picas de reas bem preservadas A vaz o no trecho baixo varia de 20 m3 s durante a poca de seca e chega a 800 m3 s na esta o chuvosa HYDROWEB 2011 Porem nas reas de cabeceiras contidas na TI Munduruku a varia o esperada bem menor Esta microbacia se caracteriza por ambientes de cabeceira e outros rios de baixa ordem As esp cies de peixes geralmente encontradas em cabeceiras s o de pequeno porte como lambaris caras e barrigudinhos familias Characidae Cichlidae e Poecilidae Nestes ambientes de cabeceira e em riachos de pequeno porte a ocorr ncia de endemismos mais frequente do que em trechos baixos dos rios CASTRO 1999 A vegeta o marginal tipica constituida por ambientes abertos cerrados e contatos destes com floresta estacional cuja contribui o em
261. de avaliar a legitimidade de suas reivindica es para no ano seguinte propor a amplia o de suas terras Essa faixa de terras constituida como o limite sul da Terra Indigena formada predominantemente por florestas do tipo ka ret e solos to tipo ywywon terra preta em contraposi o com a margem direita onde hoje se localiza a aldeia Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Kururuzinho em que prevalece uma vegeta o de transi o floresta cerrado reas alagadas e o cerrado propriamente dito ou campo jusing como os Kaiabi denominam que se estende a norte sobre a bacia do rio Cururuzinho at a Serra do Cachimbo S o extensas as areas alagadas nessa margem o que limita o aproveitamento dos Kaiabi cuja economia e o modo de vida est o fortemente integrados ao ecossistema florestal Diante dos depoimentos de seu Andr Kurune e outros habitantes mais antigos tamb m ficou evidente a import ncia que os materiais encontrados majoritariamente do outro lado do rio tem para os Kaiabi Qualificam aquela margem e a respectiva faixa territorial como seu supermercado onde acessam n o apenas alimentos e a terra para ro as mas tamb m materiais de constru o rem dios mat ria prima para confec o de variados instrumentos de trabalho e artesanato al m do fundamental valor si
262. de casco duro ainda que todos estejam inseridos na categoria de animais de pesca A arraia o Unico que n o comem e est diretamente associada m sorte do pescador Os animais de pesca presente nos h bitos dos Kaiabi incluem tracaj matrinch pacu piau jundi piranambu ja piraiba pirarara peixe cachorro bicuda kuiu kuiu traira abotoado curimat trair o piranha branca preta vermelha jundia tambaqui pacu borracha ferrugem a u bagre acari corvina tucunar barbado pintado surubim cachara bodo tartaruga peixe el trico No caso da corvina e do peixe el trico os Kaiabi ainda aproveitam seus ot litos para confeccionarem pequenas figuras zoom rficas a Estudos do Componente Indisena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e comlementac o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia serem usadas como pingentes Ou seja uma grande variedade de peixes dentre elas v rias esp cies migradoras Os indios Kaiabi reconhecem o Teles Pires como principal rio para se pescar peixes de couro e tracajas por sua maior profundidade Embora os Kaiabi evitem beber a gua do Teles Pires devido aos residuos t xicos deixados pelo garimpo afirmam que por raz es pr ticas o lugar mais pr ximo preferido de pegar peixe A fim de apanharem peixes menores principalmente o piau os Kaiabi exploram o igarap Piranha Preta localizado em frente aldeia Minhocal
263. de partiram para fundar outras pequenas aldeias no Baixo Teles Pires e seus afluentes A esse aldeamento os Kaiabi deram o nome de kanakytyp ou tapererou que significa flechal fazendo refer ncia abund ncia do bambu taquari usado costumeiramente na confec o de suas flechas Outro aspecto que confere signific ncia ao Tabuleiro que ali existe um cemit rio com mais de 50 Kaiabi enterrados Com a morte de Elias e o fim do aldeamento Tabuleiro ainda na d cada de 1920 juntamente com o decl nio das atividades de extra o da borracha e da popula o de seringueiros os Kaiabi deram in cio ao processo de habita o do Baixo Teles Pires distribuindo se em v rias aldeias seguindo seu padr o de darem nomes aos lugares de acordo com caracter sticas ambientais priorizando as reas de capoeira de terra preta kofetraret e florestas de mato alto do tipo ka aret Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Passaram ent o a morar em duas aldeias na margem esquerda do Teles Pires em Mato Grosso em um ponto mais abaixo do Tabuleiro entre a foz do rio Apiac s e a foz do rio Ximari A primeira aldeia abaixo do Tabuleiro chamava se siak pwypy A2 querendo dizer pau d arco em raz o da grande quantidade de rvores de siriva pupunha brava na entrada da aldeia A segunda aldeia ma
264. de que o garimpo polui o rio e os pescadores acabam matando peixes os indios consideram importante a ajuda que eles lhes oferecem Ap s viver o seu auge em 1984 a decad ncia da explora o aurifera se confirmou entre os anos de 1989 e 1994 principalmente em raz o do esgotamento das jazidas da desvaloriza o do pre o do ouro e da conjuntura econ mica desfavor vel ao consumo Dragas e balsas foram deixadas no leito do rio e a maioria dos garimpeiros abandonou a regi o No entanto algumas dragas remanescentes ainda operam no interior da Terra Indigena Kayabi abaixo da cachoeira Rasteira Os garimpeiros possuem um acordo com os indios que os permitem atuar desde a Cachoeira Rasteira at a foz do Teles Pires Os garimpeiros assumem uma postura de indiferen a e buscam assistir os indios em muitas de suas demandas com o prop sito de serem reconhecidos como parceiros A estrat gia principal para continuar suas atividades se aproximar dos indios ouvindo suas reivindica es e adquirindo seu apoio Qualquer desentendimento de maior propor o pode interromper seus trabalhos pois as dragas ficam pr ximas s aldeias dos Munduruku e Apiak principalmente Assim para garantir a continuidade de suas atividades se afirmam no campo Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomiementa o Ed epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia local pelo relacionamen
265. demais ocupantes da rea foram incentivados pelo IBAMA a sair sob pena de serem multados ou presos pela pol cia Assim outras lideran as indigenas se dirigiram a Brasilia a fim de garantir a confirma o da Portaria Declarat ria Tr s dias ap s quando receberam a informa o de que conseguiram a assinatura do ministro os ref ns foram soltos Contudo os Kaiabi n o souberam se aproveitar de forma mais incisiva da situa o pois a rea at ent o tomada pelo grupo de Pioneiro ficou pelo menos dois meses desocupada e os Kaiabi nada fizeram para tomar o controle Logo Pioneiro retornou ao mesmo local e a partir desse momento teria passado a incentivar outras familias a possu rem lotes pr ximos sua propriedade abrirem estradas e desmatarem a fim de comprovarem possiveis direitos em rela o terra Segundo Jos Kaiabi essa Portaria ficou um temp o presa l em Brasilia Ai s depois que n s prendemos esse pessoal aqui e fizemos essa opera o que o ministro liberou esse documento Pra voc ver como que s o as coisas Ai l no Pioneiro ficou vazio s que a bobeira nossa que ningu m apareceu l pra ocupar eu digo assim os ndios a o cara voltou l de novo Ficou limpo l e depois o Pioneiro voltou 2 evidente que o interesse maior da pousada nessa opera o n o era de ajudar os ndios mas de desimpedir rea pr xima ao rio Cururuzinho bastante frequentada por seus turistas e que vinha sendo
266. destruindo as mas enfrentando todos os perigos pertinentes arriscando sua vida com sua fam lia devido ter comprado as terras a qual n o iria abandon las Justamente por ter sido a primeira familia de posseiros a ocupar essa por o de terras ficaram conhecidos como a Familia Pioneira e Ant nio Campanharo simplesmente como Pioneiro Com a fixa o de sua familia pr ximo ao rio S o Benedito e j com alguma estrutura de subsist ncia organizada Pioneiro come ou a incentivar outras ocupa es trazendo familias do Par e tamb m de Mato Grosso No in cio de 2002 os grupos come aram a chegar em maior n mero e possuir lotes de terras nas imedia es das posses da familia de Pioneiro segundo consta em seu relat rio nos autos da FUNAI Segundo os Kaiabi atualmente outros dois grupos gerenciados por Zanetti e Hil rio tamb m atuam juntos com Pioneiro procurando manter os indios dist ncia e defendendo as terras que ocupam A fim de reivindicar o reconhecimento de direitos de propriedade aproximadamente 70 familias teriam se unificado em torno de uma diretoria comum com Ant nio Campanharo como presidente instituindo juridicamente a Gleba Uni o com sede na cidade de Paranatita Esse documento consta no Processo 1053 95 da FUNAI folhas 764 770 assinado por Ant nio Campanharo Juscelino Della Lustina Dionete Della Justina Ailton Egler Darcy Gisch Edmar Pereira Leila Maria de Souza Wilson Campanha
267. devera ser gerido por uma comiss o composta por representantes do empreendedor lideran as e organiza es indigenas rg os ambientais FUNASA FUNAI Org os Estudos do Combo nte Iudtdara dae UHE S o Manoel For do Avia o Rocio econvteertc o EM Minist rio de Minas e Energia complementares da administra o p blica municipal e estadual e demais institui es apontadas pela referida comiss o O pressuposto de formula o de um novo programa de gest o ambiental exclusivamente indigena que compile as atividades dos outros programas integrantes dos EIA o de que os grupos indigenas possuem formas de organiza o pr prias capazes de integrar os processos de gest o de seus territ rios e dever o estar incluidos como protagonistas no desenvolvimento dos programas socioambientais em suas terras Para estabelecer um canal de comunica o adequado ser necess ria a cria o de uma Equipe de Relacionamento Comunit rio composta de lideran as ind genas educadores ind genas agentes de sa de ind genas representantes da FUNAI FUNASA Org os ambientais e do empreendedor que ter como responsabilidade realizar essa interlocu o Com isso sera possivel incluir os interesses indigenas em todas as etapas de implanta o dos programas de gest o ambiental dos empreendimentos e avaliar os resultados das atividades de forma participativa negociada e transparente Tabela 11 Programas propostos nos EIA de S o M
268. digenas socioespaciais e culturais Interfer ncia na flora e fauna terrestre 3 1 Interfer ncia sobre a flora e fauna terrestre e os recursos de ca a 3 1 1 Descri o do Impacto O desequilibrio dos ecossistemas em diferentes escalas espaciais induzido pela implanta o e opera o de usinas hidrel tricas pode redistribuir as esp cies de fauna e ocasionar a perda de individuos Essa interfer ncia pode afetar os habitos de ca a das comunidades indigenas enquanto pr tica social e a disponibilidade de alimentos de ca a podendo interferir em sua seguran a alimentar Adicionalmente o aumento do contingente populacional nas cercanias das terras indigenas potencializam as press es antr picas sobre os recursos da flora e fauna inclusive no interior daqueles territ rios protegidos Interfer ncia sobre a flora e fauna terrestre e os recursos de ca a um impacto negativo com incid ncia nas fases de constru o e opera o com efeitos permanentes e irrevers veis Sua intensidade assim como a probabilidade de ocorr ncia variam de acordo com o porte das usinas e com a dist ncia entre as usinas e as aldeias e locais espec ficos de ca a 3 1 2 Processos impactantes Os impactos identificados pelos EIA das UHE de S o Manoel e Foz do Apiac s que constituem processos impactantes por apresentarem rela o de causa com o impacto sobre as popula es indigenas ora avaliado s o os seguintes e Perda de cobertura vegetal e
269. do tratamento a ser dado an lise do conflito assim como a para esse estudo 5 2 Etnografando o Conflito da TI Kayabi A pr pria disposi o de etnografar um conflito determinado representa uma escolha pol tica que tem a capacidade de transformar um problema social num tema de an lise cientifica Little 2006 Ao classificar essa abordagem como cientifica o principal fator a ser respeitado n o a frieza distanciada do observador em rela o ao seu objeto mas a possibilidade de produzir uma an lise consistente com aquilo que est presente no conflito tomando como pressuposto b sico uma suspens o de valores constantemente acionada no trabalho do antrop logo na produ o de um documento que busca mais chamar a aten o de um problema do que defender o lado de qualquer um dos grupos envolvidos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Recentes pesquisas em conflitos ambientais v m demonstrando que os grupos envolvidos ou aqueles que confrontam amea as e destrui es ambientais frequentemente desenvolvem elabora es distintas do que o conflito o que deve ser feito e quem deve fazer Na literatura sobre os conflitos existe um conceito apropriado em ingl s mas de dificil tradu o para o portugu s que se refere a essas elabora es O termo frame se refere ao processo p
270. do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Anexo 1 5 Valdir Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica Anexo 1 6 Myau Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Anexo 1 7 Awo Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica Anexo 1 8 Iracildo Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o e e Minist rio de Minas e Energia Pe Empresa da Pesquisa Energ tica Anexo 1 9 Encontro dos Kaiabi com os Villas B as no Teles Pires e o caminho percorrido at o Xingu CROQUI DE PARTE DOS NALESDOSRIOS TELLES PIRES uns cacned OU S O MANUEL E XINGU COO Sis 05 Mimu qu teles Pres E A e im ia ER Se ez E a ts a 3 i Ty P ar ad ra id MO Aiar o E MATO GROSSO EE i Ae ab f i DNE Pd ASAE go is 7 Daime E Pi j a i m i Ea Foto lke Ela CIC Cotogsta Edgarkikiiner Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s
271. do macaco bugio dentro da floresta No por do sol as maritacas em grande algazarra fazem revoadas em grupos bastante numerosos N o dificil perceber o nimo dos Kaiabi quando come am a reconhecer os primeiros indicios da chegada do ver o O lugar normalmente a ser procurado com mais regularidade ap s o t rmino da esta o chuvosa o Lago do Jabuti ou Morro do Jabuti que na lingua Kaiabi quer dizer lago do morro y piaw ou lago verdadeiro ypi awet Localiza se aproximadamente 15 km acima da aldeia Dinossauro do lado de Mato Grosso Em termos de materiais para artesanato coleta e ca a o lugar preferido O Lago do Jabuti desperta emo es antag nicas nos Kaiabi e pode ser considerado o lugar verdadeiramente sagrado dentro da Terra Indigena Muitas s o as hist rias contadas pelos mais velhos a respeito do esp rito de um paj que vive dentro de uma caverna na base do morro Al m disso existem muitos antepassados enterrados nas redondezas do lago Os Kaiabi jamais tiveram coragem de se aventurar dentro da caverna mas contam que em seu interior existe uma mesa de pedra e o dono vive como um ser humano Contam que logo na frente da entrada existem pes de mam o pimenta banana e outras frutas cultiv veis indicando a necessidade do cuidado humano para que essas plantas se desenvolvam Se os Kaiabi retirarem algumas dessas frutas sem a autoriza o do paj correm s rios riscos de serem perseguidos em son
272. do pelos Apiaka consiste em um mosaico de unidades de recurso complementares em diferentes est gios de recomposi o A maneira como s o utilizados os recursos historicamente configurada e culturalmente determinada Os artif cios de subsist ncia desse povo est o relacionadas a um refinado conhecimento das unidades de paisagem e unidades de recursos das etnoesp cies da flora e da fauna presentes em cada uma delas do comportamento reprodutivo das plantas do padr o de atividade e dieta dos animais do uso das unidades de paisagem pela fauna e tamb m do comportamento sazonalidade dos rios Devido transmiss o bem sucedida das estrat gias de manejo desenvolvidas verifica se que a gera o atual utiliza uma paisagem em certa medida produzida pelas gera es anteriores O conhecimento sofisticado dos processos ecol gicos permite aos Apiak realizar interfer ncias que asseguram a manuten o da biodiversidade respeitando se as caracteristicas e limita es e favorecendo as potencialidades do meio ambiente trata se portanto de uma estrat gia adaptativa eficiente e de baixo impacto Os Apiak classificam o ambiente em 12 unidades de paisagem combinando os crit rios de forma da superficie terrestre tipo de solo ocorr ncia de esp cies de flora e fauna e modo de intera o entre elas al m do regime das guas Alguns ambientes s o sazonais ou seja s ocorrem em determinada poca do ano como o caso do igap
273. do sobre os h bitos das diferentes esp cies do qual depende diretamente o sucesso nesta atividade Os Apiak pescam mais intensamente no baixo curso dos rios Teles Pires Juruena e S o Tom n o apenas em seu leito como tamb m nos igap s igarap s e lagos com os quais se comunicam enquanto os isolados pescam provavelmente no alto curso do rio S o Tom A obten o de grandes quantidades de peixes geralmente suscita a realiza o de refei es coletivas de carater festivo As atividades de coleta envolvem o uso de etnoesp cies animais vegetais e de cogumelos e se destinam basicamente subsist ncia A coleta animal consiste na coleta de ovos de tracaja e de tartaruga nas praias e lagoas que se formam no rio S o Tome entre os meses de julho a setembro ver o ocasi o em que os diferentes grupos locais se voltam para um mesmo ponto do territ rio a por o central do Pontal em busca de um mesmo alimento o que gera certo n vel de tens o A coleta vegetal caracteriza se por uma grande variedade de esp cies utilizadas para a alimenta o para fins medicinais e para a confec o de edifica es embarca es e diversos utens lios A coleta de grandes quantidades de a a bacaba buriti e patau propicia a realiza o de sess es de vinho no sal o ou na casa do homem que obteve os frutos Mulheres e crian as podem acompanhar os homens at a mata para ajudar a transportar os frutos e s o as mulheres que se enc
274. dos com todas estas etnias visando produzir um trabalho unificado e ao mesmo tempo diverso capaz de contemplar com graus aproximados suas formas de relacionamento ecol gico e divulgar de maneira explicita suas principais demandas e expectativas a respeito das usinas Assim ainda que as aprecia es ecol gicas que demandem maior proximidade do antrop logo fiquem mais circunscritas aos Kaiabi ja possivel ter uma no o adequada de que se tratam de concep es territoriais completamente fora da l gica do mercado do regime de propriedade privada e que carecem de outro tipo de disposi o para serem compreendidas m z epe Empresa de Pesquisa Energ e u Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia ep 2 INFORMA ES GERAIS DO AMBIENTE CIRCUNDANTE DO TELES PIRES E DOS GRUPOS IND GENAS HABITANTES DE SEU BAIXO CURSO 2 1 Panorama ambiental geral do Teles Pires A faixa de terras compreendida entre os rios Xingu e Tapaj s se constitui como uma ampla rea florestal da hil ia amaz nica situada inteiramente no territ rio brasileiro Al m das florestas tropicais este cen rio tamb m composto por mangues cerrados v rzeas e outros ecossistemas que se inserem no contexto ecol gico pol tico mais amplo da Amaz nia Legal Os tribut rios que seguem na dire o de qualquer um dos dois grandes rios cortam do divisor foz densas matas onde s o encontradas as mais variadas e exploradas esp
275. dos quando acompanhados por experi ncias de sucesso Contudo n o foi esse o resultado que a maior parte das familias de migrantes p de experimentar uma vez que a especula o imobili ria cresceu rapidamente as terras e o clima n o eram os mais apropriados aos seus cultivos praticados no Sul do Brasil caf principalmente e os canais de distribui o e venda da produ o eram ainda muito prec rios Em algumas situa es as terras eram perdidas por causa de dividas com o dono da colonizadora ou seus agenciadores que pagavam antecipadamente os deslocamentos das familias e forneciam alimenta o Em menos de cinco anos a maioria dos pequenos colonos foi for ada a vender suas propriedades para agricultores com maior potencial econ mico restando a op o de retornarem a seus estados de origem ou se marginalizarem nas imedia es de Alta Floresta com trabalhos espor dicos especialmente no garimpo Como consequ ncia grandes concentra es fundi rias passaram a se constituir nas m os de empres rios mais experimentados e daqueles que come aram a grilar terras Portanto se para os pequenos agricultores e colonos os resultados n o atenderam suas expectativas para os m dios e grandes propriet rios de terra assim como para o Governo Federal podemos dizer que essa empreitada foi mais do que bem sucedida haja vista que gerou rendimentos As propagandas veiculadas pelos principais jornais e revistas de grande circula o da
276. duruku O pr ximo passo seria a FUNAI realizar a licita o p blica para contrata o da empresa de agrimensura para efetivar a demarca o da Terra Indigena Contudo atualmente a demarca o encontra se suspensa devido reivindica o de outros grupos de interesse que protestam por direitos relativos a supostas propriedades no interior da Terra Indigena e pelo reconhecimento de formas distintas e conflitantes de usufruir da terra Tudo indica no entanto que aqueles que se estabeleceram com algum tipo de registro oficial no interior da rea a ser delimitada o fizeram apos a publica o do relat rio de Rodrigues Conforme consta no processo poca do relat rio de 1994 o cart rio de im veis de Alta Floresta informou apenas tr s registros de propriedades relativas Terra Ind gena uma vez que o cart rio de Itaituba PA declarou n o constar registros na rea O cart rio de Alta Floresta MT informou ainda em 1994 haver 42 matriculas que julgava mas n o tinha certeza encontrar se nas proximidades da Terra Indigena devido dificuldade de localizar as mesmas em mapas Em laudos posteriores elaborados pelos antrop logos Eug nio Wenzel e Marco Paulo Fr es ambos em 2005 poucas informa es puderam ser acrescentadas oficialmente a respeito dos nomes dos ocupantes titulos de propriedade extens o da rea e data de ocupa o Isto porque o levantamento fundi rio est vinculado ao fornecimento de informa es pelos
277. duruku O principal corpo h drico da microbacia 4432 o rio Crepori que drena para fora da TI Munduruku tem aproximadamente 350 km de extens o e seu principal afluente o rio Marup O trecho das cabeceiras dentro da TI Munduruku preservado e possui vaz o bastante baixa No m dio curso do rio Crepori fora daquela TI a vaz o do rio varia de 30 m3 s durante a seca e 700 m3 s esta o chuvosa HYDROWEB 2011 Nesse trecho o rio tem caracter stica eutr fica MOSS 2005 com indices de N e P total relativamente elevados o que est relacionado ocupa o antr pica A fauna aqu tica e o papel da vegeta o marginal do rio Crepori provavelmente s o bastante semelhantes as da microbacia anterior No entanto as cabeceiras do rio Marup incluidas na TI Munduruku s o cobertas por vegeta o florestal Florestas Ombr filas Aberta e Densa Submontanas cuja contribui o para a entrada de energia flores frutos e outros materiais org nicos no sistema tende a ser maior sustentando maior biomassa de organismos aqu ticos Nas cabeceiras ambientes aqu ticos desta microbacia inseridos nas terras indigenas tipicamente se observam endemismos na flora e fauna aqu ticas Nessa icrobacia se misturam solos podz licos e arenoquartzosos e h manchas de solo petroplintico As areias quartzosas s o cobertas pelas fisionomias vegetais de contato Savana Floresta Estacional e Savana Floresta Ombr fila al m de Savana Arborizad
278. duruku temos os Kaiabi os Apiaka os Canoeiros os Panar Como outros habitantes dessa regi o em sua por o leste temos os Juruna e os Suy com tamb m uma consider vel presen a dos Krenacore e Kayap mais a nordeste Mais ao sul temos os Nambiquara os Bakairi os Xavante e os Bei os de Pau 2 4 Informa es gerais dos grupos ind genas As terras baixas que comp em o cen rio dos dois principais rios formadores do Tapaj s se configuram como uma regi o de marcada influ ncia cultural tupi A analise das categorias diante das quais os Apiaka Kaiabi e Munduruku elaboram sua rela o com o passado combinada aos registros escritos indica que a historicidade indigena formulada no interior do conjunto simb lico tupi na medida em que ressalta a ambival ncia da rela o com o Outro concebida como absolutamente necess ria para a afirma o da identidade ainda que seja consideravelmente arriscada Em termos gerais as sociedades do tronco tupi s o caracterizadas como povos agricultores que tendem a ocupar reas cobertas por florestas fundando aldeias grandes e de car ter permanente avan ando pelo territ rio em ritmo lento buscando regularmente manter algum tipo de rela o com suas ocupa es anteriores Laraia 1986 Noelli 1996 A organiza o social vem sendo qualificada por alguns antrop logos como patrilinear poliginica e patrilocal com ocorr ncias n o raras de uxorilocalidade e casos mais incomuns de ex
279. dvocacia Geral da Uni o e a sua Procuradoria Geral Especializada adotando provid ncias para que a Portaria Declarat ria voltasse a vigorar o mais r pido possivel e o processo de demarca o pudesse ser retomado Como rea o a essa situa o em setembro de 2003 os Kaiabi fizeram de ref ns alguns funcion rios da rea ocupada pela BRASCAN que estavam impondo restri es aos ndios de pescarem no rio Santa Rosa e de extrairem recursos do lado de Mato Grosso Juntamente com seus direitos de usufruirem da terra os Kaiabi demandavam a anula o da liminar que segurava a demarca o A partir de esfor os da FUNAI os ministros da 1 Se o do Superior Tribunal de Justi a julgaram extintos em novembro de 2003 os tr s mandados de seguran a contra a demarca o de terras indigenas dos Kaiabi Apiak e Munduruku Conforme an lise antropol gica pericial apresentada ao STJ ap s a concess o da liminar a regra na regi o passou a ser explorar ao m ximo e o mais r pido possivel antes que os indios obtenham decis o judicial favor vel Segundo informa o do grupo da FUNAI que esteve presente na rea logo apos a decis o judicial Est havendo uma mobiliza o de 63 Processo 1053 95 folhas 116 133 dos autos da FUNAI 64 Os advogados que redigiram o mandado o tratam como ilustre professor e antrop logo j pertencente aos quadros da FUNAI mas pela minha verifica o em seu curr culo Lattes atualizado pela ltima ve
280. e mas sim reconhecendo que dependem da capacidade que os rios e a floresta podem oferecer em termos de abund ncia de peixes e paisagens exuberantes Desse modo as pousadas s o favor veis demarca o da Terra Indigena pois admitem que se essas terras ficarem nas m os de fazendeiros em pouco tempo n o ter o o que mostrar a seus clientes Logo seu interesse principal est voltado para continuarem tendo acesso livre de seus turistas a reas conservadas e com maior incid ncia de peixes considerados ex ticos Em raz o dos acordos que os Kaiabi possuem firmados com as pousadas frequente os encontros entre as duas partes Desse modo no periodo que da pesquisa de Frederico algumas reuni es foram presenciadas A seguir temos uma declara o que um dos donos prestou numa conversa informal Rapaiz eu sou apaixonado por esse Teles Pires e pela pesca esportiva Por isso eu quis abrir esse lugar aqui Minha id ia preservar pra poder atrair as mesmas pessoas que tamb m s o apaixonadas pela natureza Porque se voc t achando que isso Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM a z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia aqui d dinheiro n o d nada A despesa muito alta e muitas vezes d at prejuizo Principalmente porque a gente n o trabalha na poca da piracema pra poder preservar e eu n o deixo mais de 2
281. e reas relativamente preservadas para atrair os grupos de pescadores A pesca esportiva praticada em todo territ rio nacional com destaque para o Pantanal e a Amaz nia No caso das pousadas de pesca esportiva atualmente presentes ou atuando na Terra Indigena Kayabi todas elas passaram a operar justamente ap s a decad ncia das atividades garimpeiras no Baixo Teles Pires quando as dragas e balsas deixaram o rio Duas delas possuem sede fora da Terra Indigena Pousada Thaima u no rio S o Benedito e Pousada Mantega no rio Teles Pires pouco abaixo do Salto Sete Quedas com rotas de pescaria em seu interior ao passo que a Pousada Santa Rosa se localiza ha n o mais do que vinte minutos de voadeira da aldeia Kururuzinho descendo o rio Aproveitando se do boom do turismo ecol gico em todo o Brasil procuram oferecer um ambiente r stico de hospedagem combinando os confortos b sicos da cidade com experi ncias de proximidade com as belezas naturais da floresta Amaz nica Cobrando di rias que variam entre 600 e 900 reais por pessoa o p blico alvo das pousadas est voltado principalmente a grandes empres rios jogadores de futebol pol ticos e artistas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia e Frames de identidade e direitos de propriedade exatamente fazendo refer ncia ao seu
282. e permitiu localiz las inclusive em reas onde o desmatamento associado n o era evidente Adicionalmente foram considerados vetores de press o aos recursos naturais as cidades localidades n cleos e povoados IBGE 2004 e a cobertura vegetal e uso do solo MMA 2002 da regi o Estas atividades est o localizadas principalmente fora dos limites das terras indigenas compondo frentes de amea as aos recursos naturais das terras descritas em maior detalhe no item 4 2 Tais amea as desencadeiam processos impactantes sobre os ecossistemas terrestres e aqu ticos que podem afetar as terras indigenas dependendo do ritmo do avan o das frentes e da intera o dos ecossistemas com o entorno Estes processos impactantes s o descritos de forma ampla no item 4 3 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do 0 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA A intera o das amea as com os ecossistemas e a rea o destes dependem de caracteristicas especificas de sensibilidade do meio ou seja da altera o esperada diante de um impacto A sensibilidade dos ecossistemas as amea as existentes foi considerada para prever a vulnerabilidade destes sistemas apresentadas em reas de vulnerabilidade Estas reas de vulnerabilidade s o aquelas no interior das terras indigenas pr ximas s respectivas frentes de amea as analisadas no item 4 4 A Figura 2 apresenta os elementos considerados na
283. e 94 km e engloba 9 km do rio Teles Pires sem afluentes importantes a menor microbacia abordada neste estudo com cerca de 76 km contidos na TI Kayabi Na regi o existe uma lagoa marginal de import ncia turistica designada Lago Azul A presen a de lagoas marginais importantes para a reprodu o de fauna aqu tica e de ilhas fluviais contribui para o aumento da heterogeneidade de ambientes no leito do rio Assim como em outros trechos do rio Teles Pires a gua apresenta caracteristicas oligotr ficas com baixa concentra o de nutrientes e a vaz o do rio principal deve se assemelhar da microbacia 4441 A heterogeneidade de ambientes indica que a diversidade da fauna aqu tica pode ser relativamente alta nessa rea Nesta regi o ocorre a Transi o do Planalto do Apiac s Sucunduri para a depress o Juruena Teles Pires A Floresta Ombr fila Densa Submontana ocorre sobre solos arenosos e contato Savana Floresta Estacional sobre solos lit licos Assim como para a microbacia 4442 n o foi possivel estabelecer correspond ncia entre vegeta o e solo epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA j Microbacia 4444 A microbacia 4444 possui 16 100 km2 de rea sendo somente a regi o mais baixa geralmente mais diversa em ambientes e especies inserida na TI Kayabi O rio Apiacas principal corpo hidrico desta microbacia possui 260 km de extens o e drena para dentro da terra indigena S
284. e Indigena apresentado pela Empresa de Pesquisa Energ tica este relat rio segue os princ pios b sicos de conectar rela es sociais e rela es ecol gicas numa unidade comum de an lise Com o proposito de ir al m do paradigma da adequa o as descri es aqui constantes seguem as liga es afetivas e os relacionamentos historicamente ecol gicos engajados que os grupos indigenas estabelecem com o ambiente do rio Teles Pires Tais fundamentos constituem a base da afirma o tnica e n o um componente secund rio a ser equacionado para se ajustar as demandas englobantes do desenvolvimento econ mico Dado que n o houve a possibilidade de realizar pesquisa de campo complementar os an lises est o baseadas em grande medida na tese de doutorado do antrop logo Frederico Oliveira 2010 que realizou pesquisa de campo de 2006 a 2010 entre os Kaiabi do Baixo Teles Pires e tamb m possui conhecimentos sobre o modo de vida dos grupos Apiak e Munduruku Seguindo ent o a linha te rica desenvolvida por Frederico Oliveira uma abordagem que se mostra bastante pertinente para trabalhar conceitos mais pr ximos dos mundos vividos pelas pessoas pode ser alcan ada pela no o de ecologia da vida desenvolvida por Tim Ingold 2000 18 O autor prop e uma alternativa as no es correntes e saturadas de separa o entre pessoas e natureza que leva em conta a Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s
285. e a pouca afinidade com o ambiente abaixo da Rasteira predominantemente tomado por campos e cerrados e muito pobre em terras pretas e peixes de maior porte Inclusive o velho Kurun confirma que o tipo de estranhamento que os Kaiabi manifestam com rela o ao ambiente abaixo da Rasteira muito semelhante aquele que expressam com o ambiente do Parque do Xingu A quest o que os Kaiabi est o constantemente em busca de florestas mais altas ka arat para estabelecerem aldeias e capoeiras de terras pretas para plantarem suas ro as kofet raret encontradas com mais frequ ncia acima dessa cachoeira Reconhecendo a import ncia da liga o entre seres humanos e ambiente natural na constitui o de uma regi o os Kaiabi parecem n o vislumbrar a possibilidade de um relacionamento completo se algumas das variaveis ambientais chave n o estiverem presentes Pode se ent o reconhecer a Rasteira como uma esp cie de perimetro imagin rio que separa os Kaiabi n o apenas das outras etnias que vivem mais abaixo mas tamb m estabelece um tipo de limite entre sua regi o e o espa o que n o 16 Existe um acordo t cito entre os Kaiabi Apiak e Munduruku de que o controle da regi o abaixo da Rasteira deve ser exercido prioritariamente pelos Apiak e Munduruku m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia consideram muito prop cio para sua forma padr o de habita o Desse modo mesmo que alguns pontos
286. e boa parte da rea de Vulnerabilidade 1 especialmente sensivel fragmenta o dos habitats nativos e consequentes efeitos de borda provocados pela proximidade de reas desmatadas Por se tratar de uma forma o mais fechada povoada por esp cies preferenciais de interior pouco ou nada adaptadas as condi es de borda Essa sensibilidade se aplica tanto flora quanto fauna associada forma o A forma o contato Savana Floresta Ombr fila tamb m predominantemente florestal e portanto tamb m foi considerada sensivel No geral a FOD possui muitas esp cies de valor comercial madeireiro o que a torna atrativa atividade madeireira As forma es de contato Savana Floresta Ombr fila tamb m s o atrativas sob esse aspecto Al m disso invent rios realizados pelo RADAM revelam um grande valor econ mico das esp cies identificadas nesses ambientes de contato Savana Floresta Ombr fila outra forma o presente na rea Assim esta rea como um todo se destaca pela sensibilidade ao extrativismo explora o madeireira decorrente da presen a humana A rea de Vulnerabilidade 1 tamb m se mostra sens vel ao desmatamento j que apresenta grande variabilidade de esp cies da flora e da fauna associadas s reas de floresta densa e de contato bem como a possibilidade de ocorr ncia de endemismos Sob o ponto de vista dos recursos hidricos a ocupa o humana altera a qualidade da gua com o lan amento d
287. e centro leste coordenadas da TI Munduruku confirmando o avan o de a es antr picas na regi o Como as reas desmatadas est o localizadas principalmente ao longo dos rios e coincidem com as ocorr ncias minerais de ouro infere se que sejam reas degradadas pela extra o desse mineral e pela ocupa o associada a essa atividade Cabe ressaltar que essa frente de amea a n o resulta em vulnerabilidade na por o sudeste da TI Munduruku O primeiro aspecto que leva a esta conclus o a presen a da UC de Prote o Integral PARNA do Rio Novo e da Base A rea do Cachimbo Mapa 05 que funcionam como uma barreira ao avan o da ocupa o desde que essas reas mantenham sua prote o e permane am em bom estado de preserva o O segundo aspecto a aus ncia de ind cios do avan o das a es antr picas para dentro da TI Munduruku Muito embora existam diversas reas dispersas classificadas como reas de desmatamento nesta TI microbacia 4438 estas podem ser reas ocupadas por fitofisionomias tipicas de cerrado o que dificulta a interpreta o das imagens de satelite especialmente aquelas obtidas em periodo seco Isso pode induzir interpreta o de ambientes naturais campestres secos como reas desmatadas por a o antr pica Essa hip tese refor ada quando se analisa o Mapa 04 Cobertura Vegetal e Uso do Solo e as figuras A B C e D apresentadas no Anexo 2 As forma es vegetais mais pr ximas dessa frente de a
288. e d em ritmo lento e por etapas e geralmente aqueles que se mudaram continuam frequentando a aldeia de origem seja para visitar os parentes que l permaneceram seja para ca ar pescar e coletar A aldeia n o a nica modalidade de ocupa o Apiaka A coexist ncia de aldeias e casas de ribeirinhos note se que o termo se refere a padr o de resid ncia sem implica es do ponto de vista da identidade tnica nas margens dos rios Juruena e Teles Pires articuladas em termos sociopol ticos consiste numa estrat gia de ocupa o do territ rio importante tanto do ponto de vista da utiliza o de recursos naturais como do ponto de vista da manuten o do equilibrio das rela es sociais e pol ticas e tamb m da vigil ncia da rea Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Para ser boa de viver uma aldeia deve ser estabelecida numa regi o de terra preta mais f rtil deve ser circundada por mata fechada onde haja abund ncia de macacos queixadas antas pacas cutias tatus e varias aves utilizadas na alimenta o o rio deve oferecer diversidade e abund ncia de peixes e quel nios na mata deve haver esp cies vegetais empregadas para fins medicinais e para se confeccionar embarca es casas adornos corporais arcos flechas bordunas bancos peneiras paneiros tipoias
289. e da floresta estacional raramente presente em outras fisionomias sav nicas Epifitas s o raras Entre as esp cies mais comuns podem ser citadas e no estrato arb reo entre 4 e 8 m muricis Byrsonima spp lixeira Curatella americana oiti Licania humilis pau santo Kielmevyera coriacea e no estrato arb reo entre 8 a 15 m sucupira branca Pterodon pubescens sucupira preta Bowdichia vigilioides pau de sobre Emmotum nitens carvoeiro Sclerolobium paniculatum capit o Terminalia argentea jatob Hymenaea courbaril tingui Magonia pubescens pau terra Qualea grandiflora e Q parviflora jacarand Machaerium sp e Dalbergia sp pau de arara Salvertia convallariaeodora e no estrato intermedi rio marmelada de cachorro Alibertia edulis unha de vaca Bauhinia sp melastomataceas ciper ceas rubi ceas palmeiras e gramineas e no estrato herb ceo gramineas ciper ceas bromeli ceas mus ceas pteridofitas Essas reas de savana aparecem principalmente em terrenos com solos aren ticos lixiviados profundos e quase sempre se encontram intercaladas com os agrupamentos da forma o de fisionomia arb reo aberta Preferencialmente recobrem reas de relevos tabulares ou afloramentos rochosos sobre solos profundos e de media fertilidade frequentemente do tipo podz lico e latossolos epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA e Savana Arborizada Campo Cerrado
290. e diferenciarem de outros grupos pelas rela es com a natureza capazes de gerarem algum tipo de produtividade para seus associados e para o municipio A respeito de como a escola se constituiu durante o processo formativo da identidade dos colonos de Alta Floresta num dos mais relevantes espa os destinados adapta o e fixa o na Amaz nia recomendo a disserta o de mestrado de Rosane Seluchinesk 1999 Ainda que fazendeiros e madeireiros tenham suas rixas internas quanto aos incentivos e restri es que recebem do Governo nessa situa o de conflito na Terra Indigena poss vel reconhecer uma aproxima o entre os grupos por uma causa comum m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia finalidade de retirarem a Amaz nia dos brasileiros Esse tipo de movimento alardeado regularmente em reuni es dos setores produtivos rurais vem sendo qualificado como Novo Colonialismo em que as Terras Ind genas e Parques Ecol gicos v m ocupando grandes extens es de terras em nosso territ rio reas ricas em recursos que o Brasil n o pode tocar para ficarem merc da vontade de grupos de estrangeiros A fim de resumir em poucas palavras como operam na pr tica esses frames vejamos as impress es obtidas por fontes indiretas de um fazendeiro que possui terras dentro da Terra Indigena Tenho 9 mil hectares dentro da Terra Indigena e n o abro m o dessa terra Imagi
291. e recrutamento pelos seguintes fatores e Regress o reprodutiva a jusante da barragem e Reduzido potencial de fertiliza o dos vulos no canal de fuga e Perda de matrizes f rteis pela pesca predat ria e Perda de matrizes f rteis durante a parada para manuten o de m quinas Sabe se que a forma o de reservat rios para aproveitamento energ tico pode provocar altera es nas rotas migrat rias naturais de peixes para reprodu o alimenta o e ou crescimento tanto a montante quanto a jusante do barramento Isso ocorre em raz o da sua interfer ncia f sica ou seja interrup o do movimento horizontal da ictiofauna por meio de uma barragem As primeiras interfer ncias desse tipo ocorrem no enchimento do reservat rio quando cessa o acesso aos trechos de montante e as esp cies migradoras tendem a se concentrar nos canais de dissipa o e de fuga Algumas esp cies de peixes consideradas grandes migradoras foram identificadas pelo EIA da UHE Foz do Apiac s os bagres Pseudoplatystoma fasciatum cachara e Zungaru zungaru ja o curimat Prochilodus nigricans os matrinx s Brycon spp os pacus Myleus spp as piavas Leporinus spp al m da prov vel ocorr ncia da piraiba Brachyplatystoma filamentosus Consta no EIA da UHE S o Manoel que n o houve registro de esp cies amea adas de extin o mas que as esp cies migrat rias s o em geral vulner veis e de grande valor econ mico tanto para a pesca
292. eas mais sens veis aos conflitos fundi rios poder o contribuir para coibir a expans o do uso e ocupa o irregular do solo O treinamento e a conscientiza o dos trabalhadores sobre as particularidades e problemas da regi o os povos indigenas e seu hist rico de luta pelo territ rio que habitam dever o contribuir para reduzir novas ocupa es irregulares e atividades ilegais no interior da Terra Indigena Apesar de importantes as complementa es sugeridas podem n o repercutir de forma significativa sobre a delicada situa o fundi ria da regi o demasiadamente complexa para o alcance destas medidas N o s o esperados efeitos muito expressivos sobre a intensidade ou a probabilidade de ocorr ncia deste impacto epe Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Impacto sobre as Popula es Ind genas Programas e Medidas indicados pelos EIA Propostas de Medidas Complementares Expectativas de Reversibilidade Altera es nas rela es dos ndios com as atividades econ micas Dinamiza o da economia Gera o de empregos Modifica o das condi es para atividades tur sticas Modifica o das condi es atuais de extra o mineral Altera o na Paisagem e perda de referenciais socioespaciais e culturais Altera o da paisagem Perda de cobertura vegetal Perda de habitat da fauna local Aumento da press o antr pica sobre a fauna terrestre Redu o da riqueza e a
293. ecto da liga o ecol gica s o as desaven as com os povos do Alto Xingu que insistentemente atribuem aos Kaiabi a condi o de forasteiros no Parque 2 Fregiientemente quando ocorre alguma morte inesperada entre os Kaiabi comum acusarem as etnias do Alto Xingu de terem lan ado algum tipo de feiti aria em fun o de um mal entendido pol tico recentemente ocorrido m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia 4 MAPEANDO RELA ES ECOL GICAS O interesse maior que orienta a produ o de mapas com os Kaiabi a possibilidade de gerar informa es que tenham sentido para as pessoas em suas rela es ecol gicas com o Teles Pires mas que possam tamb m servir como instrumento pol tico na luta pela demarca o de suas terras pela afirma o de seu modo de vida territorial e de seu mapa vivido Reconhecemos antes de qualquer coisa que o sentido fundamental do mapa n o o de dominar ou apresentar um sobrev o bird s eye view sobre a vida ritual ou cultural dos Kaiabi mas se aproxima dos antagonismos da vida cotidiana das aldeias e dos modos particulares com que se movimentam pelos lugares produzindo linhas emocionais e significados que conferem o sentimento de pertencimento Assim se anteriormente foram indicados os fluxos temporais dos rios e das ro as que conferem sentido ao dia a dia dos Kaiabi agora o momento de evidenciar com mais detalhes como e por onde essas linhas s o
294. eir swarming mass is a innumerable collection of singularities Their intertwined paths give shape to spaces They weave places together 1984 97 Considerando essa analogia de uma cestaria a regi o vista de dentro por aqueles que participam diariamente de seu ritmo de vida est constituida de diversos tipos de 13 Gow 1995 que teve acesso s rela es ambientais dos Piro relata que a no o de paisagem de forma similar aos Kaiabi se afasta de uma natureza exterior e distanciada sendo reconhecida como um mosaico de pequenas zonas 14 A hist ria se inicia ao n vel do solo seguindo passos Eles s o mir ades mas n o chegam a compor s ries Eles n o podem ser contados pois cada unidade possui um aspecto qualitativo um estilo de apreens o t til e apropria o sinest sica A sua massa totalizante uma enorme cole o de singularidades Seus caminhos interconectados conferem formas aos espa os Eles entrela am como uma cestaria os caminhos num mesmo conjunto Tradu o livre m f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia linhas tortuosas de movimento que indicam tanto caminhos como emo es condizentes com o estilo de vida apropriado para os Kaiabi de acordo com as condi es ambientais oferecidas pela regi o do Baixo Teles Pires Andar por caminhos significativos ja caminhados significa pois criar uma organicidade m vel no ambiente uma sequ ncia f tica entre os
295. eiros incentivaram os Kaiabi a se mudarem para o Xingu constituindo uma segunda leva oriunda do Teles Pires m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia frente s suas aldeias tanto que podiam atravessar o Teles Pires apenas caminhando por cima das balsas A decad ncia da explora o aurifera se confirmou entre os anos de 1989 e 1994 principalmente em raz o do esgotamento das jazidas da desvaloriza o do pre o do ouro e das pol ticas de conten o do consumo do governo Collor Dragas e balsas foram deixadas enferrujando no leito do rio e a maioria dos garimpeiros abandonou a regi o voltou para seus estados de origem ou foram absorvidos como m o de obra nas fazendas e projetos agropecu rios No entanto alguns remanescentes desse processo ainda operam com algumas dragas no interior da Terra Indigena Kayabi localizados abaixo da cachoeira Rasteira Seguindo o padr o de identifica o caracter stico dos garimpos em que as pessoas s o conhecidas por alcunhas os donos das dragas s o chamados de Marcos Maranh o Barba Roxa Guarda Paran e Pinduca Vejamos de que maneira esse grupo define sua identidade em meio as disputas relativas Terra Indigena Kayabi como se posicionam frente aos demais atores e como compreendem o conflito e Frames de identidade e direitos de propriedade Diferentemente dos relacionamentos entre pessoas e ambiente apresentados at o momento os garimpeiros que
296. elo Interventor Federal que lhes concedeu uma rea de terra situada margem direita do rio Teles Pires distante de sua foz cerca de 100 quil metros entre o igarap do Prata e o rio S o Benedito tendo duas l guas de fundo Segundo relata o cacique Atu os Kaiabi teriam sido incentivados pelos funcion rios da empresa mineradora a se instalarem na margem direita do Teles Pires para terem acesso ao atendimento de sa de e outros tipos de servi o pelo municipio de Jacareaganga no estado do Par Apesar de o SPI ter requerido uma rea com cerca de 1 790 000 hectares reconhecendo a ocupa o do Mato Grosso a extens o proposta pelo decreto equivalia a cerca de 166 500 hectares No entanto essa extens o foi alterada para 117 246 hectares devido a um engano ou possivelmente m f da empresa contratada nos nomes dos igarap s Preto e Prata durante a demarca o realizada em 1976 o que excluiu as terras da Minera o S o Benedito Pela Portaria n 1 372 E FUNAI de 24 de mar o de 1982 a rea foi declarada e pelo Decreto n 87 842 de 22 de novembro de 1982 homologada com a superficie de 117 246 hectares sendo posteriormente registrada no CRI da Comarca de Itaituba em 28 de abril de 1983 Apesar de terem perdido boa parte da rea proposta em 1945 os Kaiabi sequer estavam familiarizados com esse novo estatuto de demarca o de terras indigenas os regimes de propriedade nele imbuidos n o possuiam claramente conhecimento das
297. elo qual as pessoas inseridas em seus grupos de interesse constituem e representam as interpreta es a respeito do mundo sua volta Lewicki 2003 12 A tradu o mais pr xima seria uma estrutura ou esp cie de moldura que serve para compor ou fechar um campo de id ias e pr ticas Al m de ser um processo perceptivo interativo e interpretativo que ajuda no entendimento e esclarecimento do que estamos experimentando framing tamb m permite as pessoas se localizarem e ocuparem uma posi o em rela o a uma dada experi ncia Com os frames e a partir de intera es constantes com pessoas de interesse similar as pessoas aprendem a trabalhar estrat gias para fortalecer essa posi o A fim de n o perder de vista o aspecto pol tico de todas essas intera es que visam conferir um estatuto de real a um cen rio repleto de arbitrariedades ser proposta a aproxima o com Pierre Bourdieu 2001 reconhecendo que o campo de poder que envolve o conflito tende gradativamente a atingir um conjunto relativamente aut nomo de rela es interligadas e com significados voltados exclusivamente aquele campo Lan ando m o de seu conceito habitus possivel operacionalizar os frames e entender de que maneiras as articula es dos atores os levam a ocupar posi es de maior ou menor prest gio no campo de poder Por tras de cada um desses frames existe um grupo social especifico com suas pr prias regras e relacionamentos
298. ena Ha ainda as OSCIP s Sociedade Formigas e ICV Instituto Centro de Vida de cunho socioambientalista estabelecidas na cidade de Alta Floresta que v m manifestando uma simpatia pela causa dos Kaiabi Reconhecendo a localiza o estrat gica da Terra Indigena no chamado Arco do Desmatamento e seguindo suas miss es institucionais especificas essas organiza es t m proporcionado atividades e oficinas informais que possam conscientizar os indios a respeito da import ncia de conservarem a floresta se orientando em grande medida pelas territorialidades do desenvolvimento sustent vel 5 2 1 2 Fazendeiros e Madeireiros A partir da decada de 1960 o Centro Oeste e a Amaz nia meridional se transformaram num cen rio de ocupa o territorial massiva rapida e violenta A pol tica de terras do Estado brasileiro estava inserida no projeto maior proposto por Vargas de integrar as fronteiras econ micas com as fronteiras geogr ficas Essa frente pioneira marcou um momento decisivo na expans o do sistema capitalista no Brasil implantando as bases do crescimento econ mico integrando terras in spitas e expandindo as fronteiras agricolas O bandeirismo se revestia de aspectos civilizat rios e o governo militar se apresentava como guia maior dos modernos bandeirantes para a realiza o de um Brasil Grande e unificado 3 Atualmente ap s a homologa o da Terra Ind gena Raposa Serra do Sol a Terra Ind gena
299. energia folhas frutos e outros materiais org nicos deve ser relativamente menor que a de ambientes florestais Ecossistemas s margens dos rios representam fonte de alimento para diversas esp cies da fauna aqu tica ou seja fonte de energia al ctone para o sistema aqu tico BEGON et al 2007 A microbacia 4426 est associada a areias quartzosas e nela predomina vegeta o de contato Savana Floresta Estacional al m de ocorrer Savana Arborizada Regi es de contato representam transi es entre fisionomias vegetais e podem ser mais ricas em esp cies que uma das duas fisionomias originais no entanto menos ricas em endemismos ODUM amp BARRETT 2008 Por outro lado a fisionomia Ref gio Montano que tamb m ocorre nessa microbacia e est associado as maiores altitudes registradas nas Terras Indigenas Kayabi e Munduruku apresenta em geral alto grau de endemismos Essa caracteristica decorre do isolamento imposto pelo soerguimento do terreno a diversas esp cies vegetais e animais O solo tende a ser raso restringindo o porte dos individuos vegetais e a biomassa de organismos em geral Esp cies end micas de brom lias e orqu deas s o comuns poss vel inferir que haja endemismos de r pteis e invertebrados associados a essas fisionomias vegetais pm i Sai MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA b Microbacia 4432 A rea da microbacia 4432 de 13 740 km Oito por cento dela cerca de 1 100km est o contidos na TI Mun
300. ente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 06 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA area de drenagem de aproximadamente 13 500 km2 O rio S o Benedito possui uma largura m dia de aproximadamente 110 metros em seu trecho final e uma vaz o estimada de 710 m s em fun o da rea de drenagem Suas guas apresentam valores relativamente elevados de nitrog nio nitrato e am nia e fosforo ortofosfato caracterizando se como mesotr ficas pr ximo a foz e oligotr ficas nas cabeceiras A cor da gua agua escura segundo MOSS 2005 tamb m indica que o rio pode ser classificado como de guas pretas e que tamb m pode ter sua fauna e flora peculiares modificados a m dio longo prazo caso ocorra eutrofiza o de suas guas regi o da margem direita do Rio S o Benedito dentro da TI Kayabi compreende a transi o da Chapada do Cachimbo para a Depress o Juruena Teles Pires Os solos s o predominantemente areias quartzosas com manchas de solos lit licos A vegeta o classificada pelo ProBio indica a presen a dos contatos Savana Floresta Estacional e Floresta Ombr fila Floresta Estacional e da Floresta Ombr fila Densa Submontana em dire o SO descendo da Chapada do Cachimbo Nesta microbacia o solo e a vegeta o n o est o diretamente correlacionados como nas microbacias antreriormente descritas ii Microbacia 4443 A microbacia 4443 compreende uma rea de aproximadament
301. ento significativo da popula o e tende a estimular as atividades ali presentes como a pecu ria o turismo a pesca o garimpo e a extra o de madeira assim como a compra e venda de terras para fins especulativos Trata se de um impacto negativo que tem in cio na fase de planejamento dos empreendimentos e se estende pelas fases de implanta o e opera o Todavia a tend ncia que este impacto seja mais intenso na fase de implanta o em fun o da presen a de um maior n mero de trabalhadores e da realiza o simult nea de diversas atividades Este impacto permanente mas revers vel A intensidade e a probabilidade de ocorr ncia foram avaliadas de acordo com a proximidade das usinas em rela o rea em que se concentram os principais conflitos a situa o fundi ria das Terras Indigenas envolvidas e a sua dist ncia epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia dos empreendimentos a distribui o e concentra o de aldeias das diferentes etnias bem como o grau de envolvimento de cada uma delas nestes conflitos 3 5 2 Processos impactantes A cria o ou intensifica o de conflitos territoriais pode ser associada a diversos impactos identificados e avaliados nos Estudos de Impacto Ambiental EIA das UHE de S o Manoel e Foz do Apiacas A an lise individual dos impactos dos EIA n o suficiente para ilustrar a real dimens o deste impacto espec fico sobre o Componente
302. eografia do poder S o Paulo tica RIBEIRO Darcy 1957 Culturas e Linguas Indigenas no Brasil In Educa o e Ci ncias Sociais Ano Il Vol 2 n 6 Rio de Janeiro pp 5 102 RODRIGUES D 2001 Relat rio de Atividades Distrito Sanit rio especial Indigena do Xingu Universidade Federal de S o Paulo UNIFESP S o Paulo RODRIGUES Patr cia M 1994 Laudo antropol gico Refer ncia processo n 1137 93 SANTILLI M rcio e Steve SCHWARTZMAN 1997 Indigenous reserves and land use change in the Brazilian Amazon Brasilia Mimeo SCHADEN Egon 1962 Aspectos Fundamentais da Cultura Guarani S o Paulo Difus o Europeia do Livro SELUCHINESK Rosane D 1999 A constitui o da escola como um espa o de forma o do colono junto aos projetos de coloniza o do norte matogrossense Alta Floresta 1976 a 1996 Disserta o de mestrado em Educa o Universidade Federal do Paran SENRA K V SILVA G M amp ATHAYDE S F 2004 Posf cio Os Kaiabi hoje aspectos culturais e ambientais In GRUNBERG G Os Kaiabi do Brasil Central Hist ria e Etnografia S o Paulo Instituto Socioambiental pp 251 295 SCHMINCK Marianne amp WOOD Charles H 1992 Contested Frontiers in Amazonia New York Columbia University Press SILVA Carmen Lucia 1998 Sobreviventes do exterm nio uma etnografia das narrativas e lembran as da sociedade Xeta Disserta o de Mestrado UFSC SILVA Cristhia
303. er nada No discurso de Tamana possivel perceber de forma conjunta a import ncia da liga o com a familia e com os materiais que os Kaiabi utilizam costumeiramente tanto para artesanato como para atender suas necessidades diarias Al m disso a busca por frutas ou materiais sempre se configurou como um importante artif cio a impulsionar os Kaiabi a se movimentarem e estabelecerem la os com o ambiente circundante A madeira da siriva pupunha brava por sua resist ncia e elasticidade Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o HH m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia a mais apropriada na confec o de arcos n o sendo encontrada no Xingu A fibra do arum utilizada para fazer peneiras assim como as tinturas para pint las somente s o encontrada nas margens de igarap s ou em reas alagadas no Teles Pires O mesmo acontece com as flechas confeccionadas a partir de uma esp cie de bambu chamado de taquari As frutas nativas al m de serem componentes chave na alimenta o sempre funcionaram como marcos temporais sinalizando as mudan as de esta es diretamente relacionadas ao calend rio agricola Merece um relevante destaque a aus ncia da castanheira no Parque do Xingu Sempre que eram indagados sobre qual o tipo de recurso sentiam mais falta no Xingu a castanha invariavelmente era o primeiro item a ser mencionad
304. era o de ambas as mol stias facilitada no caso de haver corpos d gua estagnados pr ximos as comunidades Durante o periodo de pico das obras ser o mobilizados cerca de 4 000 trabalhadores em S o Manoel 2 100 em Foz do Apiac s Soma se a isso o contingente de popula o atraida em fun o das expectativas Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o gt epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Ha possibilidades ainda de prolifera o de vetores da esquistossomose por conta da forma o dos reservat rios e da altera o das caracter sticas hidr ulicas do escoamento O nivel est vel da gua favorece a introdu o e o crescimento dos moluscos vetores da esquistossomose que se alimentam de comunidades aderidas vegeta o alagada as macr fitas aqu ticas e s rochas submersas Al m das doen as transmitidas pelos insetos o maior contato entre migrantes e a popula o local pode facilitar a propaga o de outras doen as infectocontagiosas comuns entre os n o indios dentre as quais merecem destaque as DST doen as sexualmente transmiss veis cujo risco de contamina o cresce em fun o do possivel acr scimo da prostitui o na regi o A prostitui o pode ser estimulada pela presen a predominante da popula o masculina que tende a se concentrar nos centros urbanos e nos canteiros de obra muitos deles pr ximos Terra I
305. erando o mesmo tipo de complica es para os Kaiabi Relata se tambem a exist ncia de areas prop cias para a ca a e que hoje s o ocupadas por posseiros gerando conflitos semelhantes 3 2 Interfer ncia sobre a disponibilidade dos recursos de pesca jusante da barragem 3 2 1 Descri o do Impacto A cria o de reservat rios a partir de barramentos normalmente atua sobre aspectos fundamentais na ecologia da ictiofauna Funciona como barreira fisica ao movimento longitudinal dos peixes interrompendo os deslocamentos migrat rios para areas de alimenta o crescimento e ou reprodu o a jusante e a montante do barramento interfere diretamente na ocorr ncia de diversas esp cies no desenvolvimento e distribui o de alevinos larvas e ovos de peixes altera ou exclui habitats provoca mortandade e ou migra es for adas de esp cies de peixes para fora do ambiente natural podendo at mesmo acarretar extin o local modifica a estrutura das comunidades de peixes a montante e a jusante do barramento por fim pode alterar a diversidade de peixes No que tange ao componente indigena esses impactos s o relevantes por poderem interferir diretamente sobre a disponibilidade e a diversidade de recursos alimentares oriundos da pesca e nos h bitos de pesca dos indios Kaiabi Munduruku e Apiac Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revisioecomiementa o Ed epe Empresa de Pesquisa Energ t
306. ergia d gua animal espiritual Fica a pra cima acima de Alta Floresta A on a d gua diz que diferente das outras on as tipo de bicho diz que mais venenoso eu nunca vi n o Aquele rio yv patewo i que n s chama um riozinho antes de chegar naquela ponte que vai pra Alta Floresta tem esse nome porque a beira dele muito cerrado precisamente reconhecendo como os Kaiabi passam o tempo nos lugares e narram essas experi ncias produzindo linhas que se estabelecem as rela es de dwelling com certa por o do ambiente do rio Teles Pires Desse modo todas as aldeias atuais e as principais aldeias antigas possuem nomes na l ngua Kaiabi ou na lingua portuguesa assim como os principais rios igarap s micro regi es de recursos corredeiras cachoeiras lagos montanhas Contudo somente aqueles que podem ser efetivamente caminhados apontam diretamente para um lugar que representa uma posi o na matriz de rela es hist rias e movimentos que constituem a regi o do Baixo Teles Pires que os Kaiabi ativamente habitam A respeito das caminhadas no ambiente urbano por m num sentido muito pr ximo aquele de regi o que estamos trabalhando Michel de Certeau afirma que The history begins on the ground level with footsteps They are myriad but they do not compose series They cannot be counted because each unit has a qualitative character a style of tactile apprehension and kinesthetic appropriation Th
307. es Peixes de couro n o s o encontrados sobretudo devido pouca profundidade desse rio A t cnica empregada pelos Kaiabi ao pescarem no Santa Rosa consiste em subir o rio por pelo menos uma hora at que desligam o motor e deixam o barco descer seguindo suavemente o fluxo da correnteza O piloteiro fica com um remo na popa assegurando se que o barco siga pelo meio do rio Enquanto isso pelo menos tr s pescadores lan am e retiram rapidamente suas linhas bem pr ximas beira do rio com o objetivo de capturarem os peixes que se alimentam do lodo nas pedras e frutas que caem nas margens Diferentemente das pescas em espera quando as linhas s o jogadas no fundo do rio e fica se aguardando a mordida do peixe nesse caso os matrinch s principalmente s o apanhados como peixes de fisgada r pida que ficam pr ximos superficie Cabe ainda mencionar que assim como o Cururuzinho o rio Santa Rosa bastante procurado por pescadores de pesca esportiva Frequentemente se encontram embarca es de turistas no curso desse rio Os rios Ximari S o Benedito e Apiac s tamb m apresentam importante potencial de pesca sendo mais utilizados pelos moradores das aldeias Coelho Ximari e S o Benedito A vantagem dos habitantes dessas aldeias que n o precisam se deslocar muito para terem acesso aos ovos de tracaj e tartaruga nos meses de agosto e Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiement
308. es impactos propostos com base em prov veis desequilibrios dos meios f sico bi tico e socioecon mico foram agrupados neste estudo segundo tipologia de impacto relacionada aos elementos etnoecol gicos considerados relevantes Dessa forma foram definidos grupos de impactos oriundos dos EIA associados a impactos identificados pelo presente estudo espec ficos sobre as popula es indigenas Essa correla o apresentada na Tabela 1 abaixo A correla o entre os impactos identificados no ECI EPE 2010c e os impactos revisados segundo o estudo ora relatado apresentada na Tabela 4 no Capitulo 4 Tabela 1 Correla o entre impactos avaliados nos EIA das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s e impactos espec ficos sobre o Componente Ind gena Impactos Espec ficos sobre as Impactos Identificados nos EIA Popula es Ind genas Reavaliados Perda de cobertura Vegetal Perda de Habitats da Fauna local Interfer ncia sobre a flora e fauna terrestre e Aumento da press o antr pica sobre a fauna terrestre os recursos de ca a Aumento da press o antr pica sobre a vegeta o Altera o dos Niveis de Press o Sonora e Vibra o Interfer ncia em rotas migrat rias para a ictiofauna Altera o da estrutura populacional da ictiofauna a jusante da barragem Interfer ncia sobre a disponibilidade dos recursos de pesca jusante da barragem Mortalidade de peixes nas turbinas Aumento da press o antr pica sobre a fauna aqu
309. es jazidas de ouro devido tamb m proximidade com Serra Pelada e pelo tipo de ouro encontrado ser de aluvi o exigindo t cnicas muito simples para ser retirado os boatos se espalharam rapidamente promovendo uma explos o populacional acelerada e sem precedentes no entorno de Alta Floresta com aventureiros chegando de todos os cantos do pa s Sem condi es de conter a chegada dessa frente desordenada de pessoas movidas por desejos de enriquecimento r pido os colonizadores resolveram investir na abertura de mais duas glebas Paranaita e Apiac s utilizando o avan o dos garimpeiros para ocupar os loteamentos mais distantes do munic pio de Alta Floresta criando assim duas cidades que teriam sua economia movida estritamente pela explora o e com rcio do ouro A id ia era direcionar os recursos adquiridos no garimpo para a aquisi o de lotes e investimentos em agricultura Juntamente com as explora es rudimentares gerenciadas por empresas mineradoras dragas e balsas que j operavam no Tapaj s come aram a chegar massivamente ao Teles Pires com a explora o garimpeira alcan ando seu auge em 1984 quando essas tr s cidades registraram um acr scimo populacional de mais de 100 mil pessoas Foi nesse periodo exatamente que os Kaiabi relatam um movimento intenso de garimpeiros bem em gt Afirmando que em pouco tempo todas essas terras seriam tomadas por atividades de extra o de ouro foi nesse periodo que os primeiros garimp
310. esso de licenciamento ambiental que surge como uma das principais ferramentas da Pol tica Nacional de Meio Ambiente destinado a promover um campo de debates democr ticos e participativos No intuito de manter esse proposito recuperamos brevemente alguns conceitos da an lise desenvolvida por Andrea Zhouri 2008 sobre os processos de licenciamento ambiental e a participa o das popula es indigenas ou tradicionais Segundo Zhouri 100 o capital espec fico do campo constituido pela reputa o t cnica e ou cientifica dos agentes pela representatividade de determinado segmento da sociedade e finalmente pelas rela es pessoais Nesse se ntido se configura um circulo vicioso que propicia a perpetua o de uma vis o dominante acerca dos recursos naturais ou seja da apropria o invariavelmente capitalista da natureza Este campo para fazer refer ncia ao conceito cl ssico de Pierre Bourdieu 2001 constituido por inumeras posi es altamente hierarquizadas e com n veis desiguais de capital social As formas simb licas de representa o do meio ambiente s o disputadas nesse contexto e ali mesmo se estabelecem enquanto objetividades destinadas a favorecer interesses especificos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia O jogo pol tico se constitui pois sob
311. estudos v m proporcionando campo para discuss es cl ssicas da arqueologia brasileira e sul americana tais como a antiguidade pleistoc nica da ocupa o humana na Am rica do Sul as expans es das culturas neoliticas amaz nicas de grupos falantes de linguas tupi guarani e arawak com a difus o da tecnologia cer mica das linguas do cultivo e do estabelecimento das grandes Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia aldeias a ocorr ncia de contatos culturais entre grupos culturalmente diversos e a emerg ncia de padr es sociais complexos Mesmo quando possivel tra ar a localiza o espacial desses grupos indigenas mais recentemente tais informa es n o indicam nem de perto a grande mobilidade que certamente tiveram ao longo dos anos pelos mais variados motivos em especial aqueles grupos falantes de linguas do tronco tupi Metraux 1950 Antes do contato com os europeus os grupos indigenas da Amaz nia tinham por costume realizar diversos tipos de movimentos espaciais n o possuindo limites rigidamente definidos para seus territ rios De expedi es n mades de ca a e coleta a migra es grupais de fugas ou guerras com outros inimigos a busca por lugares sagrados de pesquisas por materiais para trabalho ou ro as a simplesmente viajarem para conhecer essas eram algumas
312. etiva que constituem com o Teles Pires As t cnicas de ca a e pesca que utilizam atualmente s o mais do que suficientes para atenderem s suas demandas por m foram aprendidas em grande medida em suas constantes conviv ncias com seringueiros e gateiros que durante quase todo o s culo passado ocuparam o curso do Baixo Teles Pires juntamente com os Kaiabi Al m disso como j mencionado o ambiente relativamente amig vel n o lhes exige o desenvolvimento de alguma tecnica mais apurada nesse sentido Por outro lado as t cnicas agricolas foram aprendidas no tempo em que os grandes paj s Mait ainda habitavam esta terra e representam um importante papel em aproximar o ritmo social do ritmo natural O que estou querendo dizer que no caso da agricultura entre os Kaiabi o uso adequado das t cnicas em sintonia com a passagem do tempo tamb m oferece subs dios para acessarmos certas rela es n o duais entre pessoas e ambientes Logo n o possivel divorciar o conceito de cultura da sua experi ncia situada no ambiente Como na se o anterior apresentamos a rela o que o ciclo hidrol gico do Teles Pires manifesta nas rela es c clicas anuais dos Kaiabi com seu ambiente indicando prioritariamente aspectos relativos a seus movimentos pela regi o a fim de desempenharem atividades de ca a pesca e coleta os ciclos agricolas com seus diversificados cultivos possuem sinais pr prios al m de uma forma peculiar de dialogarem com a n
313. evar l pra prefeita e pra FUNAI fazer outro mapa das nossas terras Assinam o documento seis indios Apiak dois Munduruku e um Kaiabi A respeito dessa parte da rea referente ao Pontal encontro dos rios Juruena e Teles Pires Fernando Paleci Apiak que vive entre os Kaiabi do Teles Pires relatou que Erivan na ocasi o vice cacique do Mairob aldeia Apiak pr xima ao Rio dos Peixes tinha a pretens o de que a regi o do Pontal no Mato Grosso fosse reservada 6 Os organizadores dessa reuni o foram Erivaldo Morim e Erivan Morima a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia exclusivamente para os Apiaka buscando reconhecimento como territ rio de sua etnia Esse posicionamento segundo Fernando devido rela o que h muito tempo os Apiak t m com os Kaiabi do Rio dos Peixes onde segundo ele os Kaiabi barram a maior parte dos projetos requeridos pelos Apiaka de modo que ficam relegados a um segundo plano Como medida preventiva teriam se posicionado contra os Kaiabi do Teles Pires no momento do in cio da demarca o da Terra Indigena Kayabi Como consequ ncia a ata da referida reuni o acabou sendo incorporada ao mandado de seguran a impetrado pelos fazendeiros e contribui para a perda de credibilidade das reivindica es dos indios habitantes do Teles Pires Baseados nesse documento os fazendeiros envolvidos no conflito juntamente com pol ticos do entorno conv
314. extens o e 90 m de largura em seu trecho baixo que bastante sinuoso e apresenta diversos meandros abandonados que formam lagoas marginais ambientes sens veis a altera es antr picas e que tendem a constituir s tios importantes para a reprodu o de peixes Na parte baixa da bacia do rio Cururu podem ser encontradas ainda diversas praias fluviais devido deposi o de sedimento na regi o interna dos meandros Estes ambientes arenosos s o potenciais reas de desova de tartarugas A vaz o do rio Cururu oscila entre 30 e 600 m3 s entre os periodos de seca e chuva respectivamente HYDROWEB 2011 A sua margem esquerda se caracteriza por igarap s tempor rios de extens o m xima de 10 km devido reduzida rea de drenagem Nestes ambientes tempor rios h possibilidade de se encontrar esp cies de peixes end micos da familia Rivulidae Em contraponto a margem direita possui ampla rea de drenagem composta por igarap s permanentes O rio Tapaj s outro corpo h drico importante que comp e a microbacia 4438 em trecho de 15 km desde sua forma o na conflu ncia entre os rios Juruena e Teles Pires Neste trecho Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 0 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA provavelmente se encontram as esp cies de peixes tipicas de rios de grande porte como apontado na microbacia 4437 O rio Tapaj s classificado como rio de guas clara
315. extura que pode determinar uma subclasse como as terras pretas ywyon e terras pretas meio arenosas Vvwysigo on Sempre reconhecendo o valor da gua a influ ncia do hidromorfismo tamb m considerada O cheiro da terra como caracter stica acess ria tamb m empregado para produzir diferencia es comum o nome de uma terra expressar uma situa o intermedi ria ou transicional entre atributos caracter sticos de duas terras mais puras como ywy pira on ou falsos kofets compostas por uma mistura de terras pretas e vermelhas Existem tamb m terras que os Kaiabi nomeiam de vwyputan se referindo terra meio marrom e meio amarelada tamb m muito comum no Teles Pires O vwysin a terra com grande quantidade de areia que ocorre mais no Parque do Xingu ou em beiras de cerrados Esses dois tipos de terra n o s o apropriados para o plantio do amendoim car ou culturas mais exigentes Em termos gerais a somat ria das caracteristicas de uma terra informa se incluindo uma aprecia o conjunta da vegeta o uma estimativa da fertilidade do solo no local considerando as sucess es secund rias e a possibilidade de inunda o As capoeiras kofet s o matas muito valorizadas sendo muito importante viver em suas proximidades Os kofets se configuram como timos locais para plantar caracterizados pela presen a marcante de arvores como o jatob a barriguda o inaja e outros tipos de plantas que tem por costume ficarem em
316. fauna e da flora no local sobretudo aquelas mais sens veis as altera es do meio Como a ocupa o humana da regi o ainda incipiente podem ocorrer extin es locais ou regionais de esp cies end micas A biodiversidade ou diversidade biol gica significa a variabilidade dos organismos vivos de todas as origens abrangendo os ecossistemas terrestres marinhos e outros ecossistemas aqu ticos incluindo seus complexos e compreendendo a diversidade dentro de esp cies entre especies e de ecossistemas BRASIL 1994 3 4 reas de Vulnerabilidade Cada rea de vulnerabilidade analisada abaixo corresponde a uma parte das terras indigenas onde se espera que ocorram os efeitos da respectiva frente de amea a sobre os ecossistemas aqu ticos e terrestres Essas reas de vulnerabilidade s o apresentadas de forma esquem tica na Figura 5 e no Mapa 07 reas de Vulnerabilidade em anexo epe Empresa de Pesquisa Energetica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA a AS 2 ana Legenda Ocorr ncias Minerais Metais nobres esp Ouro Gemas Insumos para agricultura Metais n o ferrosos e semimetais Material de uso na constru o civil j j ina Da i i Constru o civil Insumos Agr colas s AA 27 74 4 Es Rochas e minerais industriais AA Ni AA i r A Ff gua mineral ou pot vel de mesa o Sh 7 i A p Estradas NU ANG Ss a 1 Hidrografia NR Ah O A di i pa US as Ee Microb
317. fazer acampamentos e a coletar as sementes que usamos nas ro as e no nosso artesanato No inverno as dificuldades em conseguirem peixes maiores aumentam e costumam os Kaiabi pescarem mais no Teles Pires nas proximidades da aldeia ou em igap s que se formam ao longo da margem do rio Os Kaiabi tamb m estabelecem uma nitida diferencia o entre peixes de couro peixes de escama e animais de casco duro ainda que todos estejam inseridos na categoria de animais de pesca A arraia o nico que n o comem e est diretamente associada m sorte do pescador Dentre os animais de pesca presenciados durante o trabalho de campo acompanhando suas pescarias e aqueles destacados pelos Kaiabi temos tracaj matrinch pacu piau jundia piranambu ja piraiba pirarara peixe cachorro bicuda kuiu kuiu traira abotoado curimat trair o piranha branca preta vermelha jundi tambaqui pacu borracha ferrugem a u bagre acari corvina tucunar barbado pintado surubim cachara bodo tartaruga peixe el trico No caso da corvina e do peixe el trico os Kaiabi ainda aproveitam seus ot litos para confeccionarem pequenas figuras zoom rficas a serem usadas como pingentes Para apanharem esses animais especialmente os peixes empregam algumas t cnicas e iscas que s o mais eficazes conforme o periodo do ano Observando o comportamento dos peixes o lugar e o tipo de alimenta o preferida procuram aplicar a t cni
318. ferem daquelas que utilizavam no passado Mais recentemente v m convivendo com invas es que em alguns casos reconhecem esse territ rio como de acesso livre ou arrogam se o direito de se estabelecerem enquanto propriet rios privados o que vem gerando uma s rie de desarticula es no sistema comunal dos Kaiabi por esse conjunto desordenado de percep es territoriais disputando um mesmo espa o geogr fico que os Kaiabi experimentaram diversos tipos de influ ncias e lealdades transformando seu sistema de gerenciamento de recursos naturais numa esp cie de regime comunal com aspectos marcantes de outros tipos de regimes de acordo com a terminologia de Hanna 1996 94 Como j foi destacado os Kaiabi em nenhum momento no passado tinham o costume de constituir lideran as pol ticas centralizadas na figura de um chefe e muito menos instituida de fora de sua sociedade Assim a pr pria concep o de um cacique como lider n o carism tico j um fator que gera algumas desaven as Al m do mais existe a Associa o Indigena Kawaip Kayabi AIKK criada com o prop sito de defender os interesses dos Kaiabi do Teles Pires em especial a demarca o que n o raro entra em choque com as decis es do cacique Se considerarmos principalmente a preemin ncia atual da fam lia nuclear al m do que praticamente todas as fam lias possuem algum membro com renda mensal fixa por aposentadoria por exercerem cargos de auxiliar de sa
319. fica na medida em que a concentra o de pessoas nas redondezas da Terra Indigena Kayabi est diretamente relacionada ao risco de Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e comlementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia contamina o dos ndios que circulam na regi o O aumento da incid ncia de doen as particularmente aquelas transmitidas por insetos pode ser relacionado altera o na estrutura dos habitat de dipteros hemat fagos e ao consequente incremento das popula es da entomofauna vetora O resultado o aumento no n mero de insetos transmissores de diferentes doen as principalmente na rea em que haver maior concentra o de popula o Segundo os EIA uma das causas iniciais para o crescimento de mosquitos a forma o de um amplo lago com espelho d gua sem varia o de nivel com bordas recortadas e grande quantidade de vegeta o inundada em um ambiente mais protegido do vento Ao redor do reservat rio dever o ser formados ambientes rasos e semissombreados favor veis a prolifera o de diferentes esp cies de mosquitos Na fase de implanta o a supress o da vegeta o a limpeza da rea de inunda o e das reas do canteiro de obras e apoio assim como o desvio do curso do rio e o barramento de gua favorecem o surgimento de novos criadouros para insetos Durante as atividades de desmatamento e terrap
320. fini es dos conceitos de cumulatividade e sinergia Conceito Defini o Compreende a situa o em que os processos impactantes provocados por um empreendimento hidrel trico acrescidos dos processos impactantes gerados por Cumulatividade outros empreendimentos hidrel tricos concorrem para uma intensifica o car ter aditivo dos efeitos esperados caso os processos impactantes de cada usina fossem avaliados isoladamente Um exemplo a reten o de sedimentos por barramentos em sequ ncia identificada sempre que um ou mais processos impactantes provocados por um empreendimento hidrel trico somados aos processos impactantes de mesma natureza ou n o de outros empreendimentos hidrel tricos na bacia hidrogr fica provoquem efeitos distintos daqueles esperados caso os processos impactantes fossem avaliados individualmente ou cujos efeitos n o apresentem car ter aditivo Sinergia podendo extrapolar a somat ria dos efeitos individuais ou resultar num efeito atenuado Um exemplo desse tipo de efeito resulta do impacto sobre a din mica fluvial provocado por v rios barramentos consecutivos ao longo do rio apresentando efeitos adversos sobre a diversidade da ictiofauna que s o maiores que a simples somat ria dos efeitos de cada usina O termo efeito esperado corresponde ao termo impacto sobre o CI utilizado ao longo de todo o relat rio a Revis o e comolementa o EM Minist rio de Minas e Energia
321. gendram est o sobrepostos no tempo no espa o e nas rela es de poder Esse aspecto de sucess o ao inv s de implicar necessariamente uma melhora ou supera o sobre o modelo anterior apenas significa que um grupo diferente chegou se estabeleceu posteriormente e est promovendo a instala o de um novo territ rio fundado numa dada cosmografia Consequentemente as cosmografias sucedem mas n o substituem uma outra no tempo Geograficamente uma sobreposi o horizontal ocorre quando sobre a territorialidade de um grupo colocada parte ou toda a territorialidade de outro sem necessariamente extinguir a anterior Desse modo as cosmografias e territorialidades se sobrep em mas n o necessariamente suplantam uma outra no espa o uma vez que podem existir simultaneamente mesmo que ainda possam estabelecer demandas sobre o mesmo espa o geogr fico Apos s culos de constantes conquistas e reconquistas regionais foi gerada uma grande variedade de cosmografias frequentemente contradit rias que sobrepostas umas sobre as outras desencadearam processos que alteraram radicalmente as cosmografias indigenas sem necessariamente elimin las A sobreposi o de cosmografias cria uma din mica complexa de poder que invariavelmente assimetrica Novas cosmografias emergem durante pocas hist ricas particulares e s o geralmente apoiadas por poderosas for as que buscam se afirmar territorialmente impondo sua hegemonia sobre as co
322. gia tens es citadas anteriormente Evidentemente todos querem a demarca o integral da Terra Indigena sem abrir m o do que determina a Portaria Declarat ria para nenhuma das partes N o obstante quando indagados sobre quais invasores seriam favor veis de buscar algum acordo as repostas se mostraram bastante variadas Com rela o aos fazendeiros a maioria prefere que sejam retirados por m existem poucos que acreditam que por ja terem desmatado a floresta poderiam permanecer mediante o aluguel do pasto com o compromisso de n o desmatarem mais Sobre os posseiros e beiradeiros at em virtude dos in meros encontros mais intensos e amea as de morte a unanimidade marcante a respeito de sua saida No tocante ao garimpo e as pousadas que as opini es est o divididas entre aqueles da rea da sa de que v em o garimpo como fonte de doen as juntamente com os que acham que esse dinheiro n o serve para nada e outros que acreditam que esse tipo de ajuda serve para auxiliar os Kaiabi a obter combustivel e se manterem quando est o na cidade Por fim a saida para gera o de renda a partir de projetos elaborados pela FUNAI em geral desacreditada pela maior parte dos Kaiabi e Frames de diferencia o e alian as locais Com rela o aos frames de diferencia o os principais atores mencionados pelos Kaiabi como seus principais opositores na conquista da demarca o s o aqueles que costumeiramente interagem de forma
323. gicos Associados Para avaliar a possibilidade de cria o ou intensifica o dos conflitos territoriais que envolvam as popula es indigenas presentes na regi o fundamental que se tenha elementos que permitam a compreens o das rela es que os indios estabeleceram ao longo de sua exist ncia com o ambiente e o territ rio em que vivem Os conflitos socioambientais em terras indigenas n o podem ser efetivamente compreendidos a partir de uma an lise referente apenas disputa por recursos naturais como gua madeira minerais ca a ou peixes apesar da import ncia de cada um destes recursos preciso considerar a percep o territorial dos atores envolvidos seguida das lutas em diversas Legenda J Ocupa o Flutuante P Pousadas G Garimpo D Desmatamento E Estradas O1 Grupo do Fonero gt Rots de Pesce P Manegi G1 Dregs do Marcos G2 Dregs do hHesrhsc G3 Draps 00 Barbe Roars G4 Dregs vo Guerda GS Drega do Farane GG Dregs do Firsuca E1 Estradado Caro E2 Estradas do Ponsra E3 Esrsdedolscs o apaoss TELES PIRES RIO APIAC S Fonte OLIVEIRA 2010 Figura 6 Sobreposi o de invas es aos locais de utiliza o dos recursos Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e comlementac o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia escalas e pela afirma o de suas percep es particulares q
324. gotamento das jazidas da desvaloriza o do pre o do ouro e de pol ticas restritivas do governo Collor A maioria dos garimpeiros abandonou a regi o retornando para seus estados de origem ou sendo absorvidos como m o de obra nas fazendas e projetos agropecu rios A partir de 2000 no estado do Mato Grosso verificou se a intensifica o da incorpora o de novas reas as atividades agropecu rias e agroindustriais Essa intensifica o refor ou o padr o econ mico de desenvolvimento pautado na agricultura moderna com perfil agro exportador convivendo com a pecu ria extensiva e com as frentes de extra o mineral e madeireira 3 2 Frentes de Amea as Tendo em vista o hist rico de ocupa o da regi o as a es antr picas de maior risco para a integridade do ambiente na regi o das Tis estudadas s o agropecu ria explora o madeireira minera o e a pr pria ocupa o humana potencializada pelas aberturas de vias de acesso malha vi ria Essas a es resultam em amea as desmatamento e contamina o de corpos h dricos Ressalta se ainda a inten o de asfaltamento da BR 230 o que tende a aumentar o fluxo de veiculos e a instala o de n cleos populacionais intensificando os efeitos negativos sobre o meio fisico bi tico da regi o Desta forma foram identificadas tr s frentes de amea as a essas terras indigenas descritas abaixo e apresentadas na Figura 3 e no Mapa 06 Frentes de Amea a em anexo Estudo
325. gres Melia 1993 Durante os anos 1960 antes da transfer ncia para o Xingu muitos Kaiabi morreram de epidemias de sarampo especialmente na regi o do Teles Pires onde o acesso aos servi os de saude era muito prec rio em compara o com o Rio dos Peixes que teve o apoio da Miss o Anchieta e do padre Jo o Dornstauder Naquela poca a decad ncia dos postos do SPI no Teles Pires levou os Kaiabi a procurarem apoios assistenciais na Miss o Cururu no rio Cururu para troca de produtos L alguns deles foram infectados com o virus do sarampo o que trouxe uma epidemia desastrosa para o grupo que tentava aos poucos estabelecer sua subsist ncia no Baixo Teles Pires Rodrigues 1994 De acordo com o cacique At e seu irm o Jo o moradores da aldeia Kururuzinho ap s as epidemias de sarampo apenas quatro pequenas aldeias permaneceram na rea do Teles Pires Com a transfer ncia da maioria do grupo ao Xingu cerca de trinta pessoas permaneceram no Teles Pires Rodrigues 1994 No rio dos Peixes havia cerca de 53 pessoas restantes em 1966 ap s os eventos principais de transfer ncia para o Xingu Melia 1993 Entre 1970 e 1999 a popula o dos Kaiabi no Xingu popula o aumentou de 204 para 758 habitantes significando um crescimento absoluto de 4 5 ao ano Pagliaro 2005 Esta taxa muito alta quando comparada com a taxa demogr fica da popula o brasileira em geral que para o ano de 2000 foi de 1 64 IBGE 2000 Esta taxa
326. guardar endemismos e exclusividade de esp cies al m daquelas que ocorrem preferencialmente em corredeiras como os peixes cascudos fam lia Loricariidae que ocorrem na regi o EPE 2010 A probabilidade de ocorr ncia de endemismos potencializada pela ocorr ncia de macr fitas aqu ticas da fam lia Podostemaceae com a qual algumas esp cies de peixes e macroinvertebrados aqu ticos tendem a ter afinidade especifica Lagoas marginais e ilhas identificadas no curso do rio Teles Pires tendem a aumentar a heterogeneidade de ambientes no leito do rio favorecendo a diversidade da fauna aqu tica A vegeta o nas ilhas e no trecho final do Teles Pires predominantemente Floresta Ombr fila Aluvial O rio classificado como rio de guas claras EPE 2010 o que indica uma rela o importante entre a fauna aqu tica e estes ambientes alag veis As florestas aluviais tamb m se estendem ao Igarap Anipiri afluente da margem direita do rio Teles Pires Esse igarap pode se constituir em rota migrat ria de esp cies de peixes de grande porte principalmente se apresentar maior turbidez da gua que o rio Teles Pires como ocorre em outras bacias amaz nicas em que peixes migrat rios tendem a procurar rios mais turvos para reprodu o AGOSTINHO et al 2007 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 05 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA Outros c rregos e igarap s tambem
327. gura o visual peculiar ou o local de alguma batalha que tenha ocorrido no passado s o boas raz es para a escolha de nomes para os rios e pontos em seus arredores Logo o conhecimento dessa toponimia est em estreita conson ncia com o conhecimento pr tico do territ rio daqueles que por ele caminham O rio Teles Pires em particular est inextricavelmente ligado ao mito de cria o e s formas de afirma o territorial desses povos Nesse contexto o impacto associado altera o na paisagem e perda de referenciais socioespaciais e culturais especifico sobre o componente indigena est relacionado a todas as altera es consequentes dos novos empreendimentos particularmente no campo do visivel que possam afetar a cultura ou o modo de vida dos povos indigenas Assim contempla a interfer ncia nas atividades realizadas pelos ndios associadas de alguma forma a fen menos e elementos da natureza que ao serem impactados provocam altera es tempor rias ou permanentes na din mica destas atividades Al m das interfer ncias diretas sobre a paisagem s o considerados os impactos sobre a fauna a flora e o regime fluvial Trata se de um impacto de natureza negativa relacionado principalmente as altera es na paisagem decorrentes da implanta o e opera o dos empreendimentos Apesar dos impactos identificados e avaliados nos EIA das duas usinas estarem associados em sua maioria a fase de implanta o o impacto sobre
328. herb ceas que secam no periodo desfavor vel ge fitos ervas com rg os de crescimento subterr neos came fitos herb ceas ou arbustos com gemas de crescimento situadas acima do solo e faner fitos oligotr ficos de pequeno porte com ocorr ncia por toda zona neotropical Morfologicamente as rvores possuem folhas simples coriaceas muitas vezes com mecanismos de controle de perda da gua As subdivi es Savana Florestada Cerrad o Savana Arborizada Campo Cerrado e Savana Parque s o observadas na regi o estudada Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do 22 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA e Savana Florestada Cerrad o A Savana Florestada caracteriza se por rvores de pouco mais de 5 m de altura densamente dispostas mas cujas copas n o se tocam sem um nitido estrato arbustivo e com um tapete graminoso ralo em tufos podendo ocorrer palmeiras an s intercaladas a plantas lenhosas rasteiras Fisionomicamente descrita como a express o florestal das forma es sav nicas As rvores que constituem o dossel possuem troncos geralmente grossos com espesso ritidoma porem sem a marcante tortuosidade observada nas savanas A estratifica o simples e o componente arb reo perenifolio A composi o flor stica do cerrad o geralmente diversificada contendo esp cies das express es mais abertas das savanas que assumem h bito arb reo
329. ho e ficarem doentes Apesar do medo que experimentam ao se aproximarem do Lago do Jabuti este o lugar preferido para extrairem as folhas do baba u para cobrirem suas casas a mat ria prima para confec o de arcos siriva assim como castanha e frutas variadas Tamb m tido como o ponto mais apropriado para ca ar porcos do mato que come am a se alimentar nos buritizais antes alagados nesse Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia sentido que ao se aproximarem do lago os Kaiabi demonstram muita aten o e cuidado procurando nunca se desgarrarem do grupo Durante todo o ver o s o constantes as idas e vindas ao Lago do Jabuti para a ca a ou coleta de algum recurso necess rio O ver o uma poca de intensa movimenta o pelo territ rio Os Kaiabi aprendem a se movimentar pelo curso do Teles Pires e dos rios menores reconhecendo os principais canais para desviar das pedras se orientando prioritariamente pelas curvas do rio e pelas corredeiras O m s de abril normalmente o m s em que o rio come a a baixar sensivelmente as praias come am a aparecer a chuva diminui e os peixes podem ser pescados com mais facilidade A temperatura muda os dias ficam mais quentes e as noites mais frias e estreladas Al m disso as nuvens de piuns come am a se dissipar o ar e os solos
330. i es coletivas no sal o Pessoas que ao longo dos anos participam ativa e reiteradamente de tais processos se tornam semelhantes e se concebem como parentes verdadeiros Ao contr rio acumular reter e se recusar a dar alimentos s o atitudes associais a mesquinharia alimentar tida como o pior defeito de uma pessoa e n o tolerada nem mesmo entre crian as muito pequenas 3 5 Import ncia do Teles Pires para os Kaiabi moradores do Xingu Para dar continuidade as emo es vividas e as rela es cotidianas que os Kaiabi estabelecem com a regi o do Baixo Teles Pires relevante tamb m acessar a mem ria ecol gica e afetiva dos mais velhos habitantes do Xingu que vieram transferidos do Teles Pires e ainda encontram mecanismos eficazes de perpetuarem essa rela o ainda que a dist ncia Vide Anexo 1 9 Apesar dos relatos dos habitantes do Teles Pires de que algumas familias do Xingu pensam em retornar assim que se concretizar a demarca o e homologa o da totalidade da Terra Indigena Kayabi as informa es recebidas acerca daqueles que haviam sido transferidos e as rela es que mesmo dist ncia ainda mantinham com esse ambiente sempre chegavam de maneira um tanto desencontrada e difusa Foi acreditando na afirma o de Kay Milton 2002 de que a mem ria coletiva esta fundada em rela es que se fez necess ria uma incurs o ao Parque do Xingu para compreender os acontecimentos afetivos fundados em rela es ec
331. i e Munduruku apresentam cobertura vegetal em bom estado de conserva o Nelas predominam fitofisionomias de contato entre florestas ombro filas e savanas A fauna terrestre da regi o se caracteriza por elementos t picos do interfl vio Xingu Tapajos conhecida zona de endemismos para vertebrados A principal unidade geomorfol gica da regi o a Chapada do Cachimbo que cruza ambas as terras indigenas no sentido NO SE Ela funciona como divisor de guas das bacias dos rios Tapajos Xingu e Teles Pires As 11 microbacias contidas nas Terras Indigenas Kayabi e Mundurukum apresentam ecossistemas aqu ticos bastante heterog neos incluindo ambientes como cabeceiras lagoas marginais e rios de grande porte Isso tende a resultar em alta diversidade de especies bem como alto grau de endemismos Suas guas em geral s o consideradas oligotr ficas com a cor variando dentre guas claras mais frequentes e guas pretas Foram identificadas tr s frentes de amea a associadas atividades humanas de explora o de recursos naturais e ocupa o do territ rio Essas frentes de amea as orientaram a identifica o de tr s reas vulner veis nas Terras indigenas quais sejam 1 ao norte da TI Munduruku relacionada BR 230 tendo desmatamento explora o madeireira e minera o como a es humanas principais 2 a leste da TI Munduruku rea de desmatamento e minera o associados BR 163 Neste caso as a es antr picas se aproximam
332. i que me contou como aconteceu a vinda dos Kaiabi pra c O meu pai me contava que a cal a do Elias era muito grande risos O Tayup eu cheguei a ver ele era bom tamb m De primeiro vinha s gente bom Depois que o Elias morreu o SPI mandou o Tayup e depois veio o Chuvas e os ndios continuaram trabalhando com a seringa Tayup morava no remanso bem acima da aldeia O Tayup queria abrir um posto aqui pr ximo mas Chuvas que j trabalhava com os Munduruku l em baixo n o queria Ai o Chuvas mandou abrir um posto l no Teles Pires por causa da cachoeira porque o barco grande n o subia A fizeram a casa dos ndios l pra baixo e eles se mudaram l pra baixo do Teles Pires Foi assim que come ou a ficou assim mesmo A depois que viram que tinha branco pra todo lado os ndios pararam de andar porque de primeiro o ndio andava isso a tudo Xup Ai o nosso pessoal que era rapaz come amos a ir pra l mas eu me lembro de tudinho que aconteceu Na verdade foi esse grupo mesmo do Jatop Manek Kupekani e eu que come ou a trabalhar pro Elias mas antes j teve muito Kaiabi que desceu o Sete Quedas pra brigar com seringueiro Porque antes n s chegava e matava os caras mesmo porque Kaiabi era ruim ruim mesmo N o gostava de ningu m A foi o Elias que tentou acabar de vez com essas matan as a deu presente pra gente e ensinou a gente a trabalhar com a seringa e falou pra n s chamar nossos parentes Ai o finado Eli
333. iabi e v rios outros grupos pr ximo s margens do rio Teles Pires possui aspectos rituais e ling sticos que est o presentes em muitas outras hist rias contadas pelos anci os Esses aspectos certamente s o cruciais para compreender os valores relativos ao seu modo de vida e territorialidade Quando as familias extensas costumavam viver em grandes malocas o wyriat patriarca da familia extensa costumava quase todas as noites deitado em sua rede contar essas hist rias para que os mais novos pudessem se familiarizar com seus her is fundadores lugares de import ncia redes de relacionamento e a origem dos costumes e criaturas que habitam reas mais remotas da floresta Atualmente as aldeias s o compostas de um aglomerado de casas que comp em o centro do sistema topogr fico pelo qual os Kaiabi organizam suas atividades Al m da aldeia existem outros c rculos conc ntricos que gradualmente se distanciam do centro passando pelas ro as at alcan arem pontos mais distantes da floresta Na pr tica apesar da aparente homogeneidade a floresta tamb m considerada como dividida em espa os conc ntricos repletos de espa os de socializa o medida que as pessoas se distanciam do centro constituido pelas aldeias os espa os perif ricos tornam se menos hospitaleiros e podem apresentar algumas amea as As reas de coleta intensiva localizadas pr ximas aldeia formam o primeiro circulo conc ntrico As ro as podem ser enc
334. iais de grande porte outra caracter stica marcante do m dio curso IBGE 1991 Projeto RADAMBRASIL 1981 De montante jusante seus principais afluentes s o rio Caiapo rio Peixoto de Azevedo rio Cristalino rio S o Benedito rio Cururuzinho ou Cururu A u pela margem direita e rio Verde rio Paranaita rio Apiac s rio Ximari pela margem esquerda Em seu curso geral a distribui o das express es da vegeta o evidencia que h uma ampla biodiversidade que se reduz do norte para o sul da bacia do rio Teles Pires medida que vai se distanciando do bioma amaz nico e se aproximando do Cerrado Essa complexa rede de rios e igarap s possibilitou ao longo dos s culos passados que muitos grupos indigenas habitassem comercializassem e estabelecessem conflitos pelos usos ou controles de determinados recursos ou por es de terra que significavam de alguma maneira uma afirma o de sua territorialidade 2 2 Condicionantes ambientais da bacia O regime das guas est dividido em duas esta es nitidamente delimitadas a cheia ou inverno periodo das chuvas que vai de novembro a abril aproximadamente e a seca ou ver o que se inicia em meados de maio e se encerra em outubro alterando se consideravelmente a paisagem e a oferta natural de alimentos Nos meses de junho julho e agosto ocorrem periodos mais frios caracter sticos da regi o amaz nica que faz as temperaturas cairem bruscamente por dois ou
335. ica Minist rio de Minas e Energia Trata se de um impacto negativo com incid ncia nas fases de constru o e opera o com efeitos permanentes e irrevers veis A probabilidade de ocorr ncia certa e a intensidade pode variar em fun o da exist ncia de esp cies migradoras da exist ncia de rotas migrat rias a jusante de obst culos naturais para o fluxo migrat rio de peixes a montante e a jusante assim como pela exist ncia de sistemas de transposi o no arranjo da usina e a efici ncia associada a esses sistemas 3 2 2 Processos Impactantes Os Impactos identificados pelos EIA das UHE de S o Manoel e Foz do Apiac s que apresentam rela o de causa com o impacto sobre o componente indigena ora avaliado s o os seguintes e Interfer ncia em rotas migrat rias para a ictiofauna e Altera o da estrutura populacional da ictiofauna a jusante da barragem e Mortalidade de peixes nas turbinas e Aumento da press o antr pica sobre a fauna aqu tica e Aprisionamento de peixes em reas ensecadas Alguns dos impactos sobre a ictiofauna ocorrem na fase de constru o e outros na fase de opera o Em conjunto os efeitos desses impactos podem atuar no sentido de alterar a estrutura das popula es da ictiofauna interferindo diretamente sobre a disponibilidade e na diversidade de peixes que comp em a dieta alimentar dos grupos indigenas que vivem a jusante das duas barragens As reas de pesca da Terra Indigena Kayabi es
336. icos Monitoramento de primatas Monitoramento da Ictiofauna Monitoramento da Flora Conserva o da Flora Controle e preven o de doen as Plano de A o e controle da mal ria Preserva o do Patrim nio Cultural Hist rico e Arqueol gico Implanta o da rea de Preserva o Permanente do reservat rio APP Recomposi o Florestal Compensa o Ambiental Unidade de Conserva o Programas Refor o infraestrutura e equipamentos sociais Compensat rios Apoio reinser o e fomento das atividades econ micas locais Apoio revitaliza o e incremento da atividade de turismo Compensa o pela perda de terras deslocamento compuls rio da popula o e desestrutura o de atividades econ micas Intera o e Comunica o Social Apoio ao Plano de Gest o Ambiental i Educa o Ambiental Programas Especiais Plano Ambiental de Conserva o e Uso do Entorno de reservat rio artificial Eh epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Eixos dos Planos Programas que dever o ter suas estrat gias inseridas no dos EIAS Programa de Gest o Ambiental Ind gena Programa de Monitoramento Participativo Programa de Aux lio Fiscaliza o Ambiental Novos Programas i propostos Programa de Gest o Ambiental Indigena Programa de Valoriza o das Manifesta es Culturais das Popula es Ind genas 5 2 2 Programa de Monitoramento Participativo O Sistema de Gest o Ambienta
337. idade de suporte de ecossistemas deslocamento compuls rio de propriedades e mudan as nas t cnicas utilizadas em determinadas atividades Esses efeitos se justificam pela localiza o dos reservat rios das usinas e outras estruturas al m dos impactos causados pelos empreendimentos sobre os meios f sico e bi tico Nesse contexto plaus vel considerar a contribui o destas interfer ncias para o aumento dos conflitos existentes particularmente quando se leva em conta o fato de que estas atividades est o no centro da quest o fundi ria que envolve os indios e n o indios na regi o A expectativa que as atividades impactadas busquem novas reas o que pode aumentar a press o sobre as Terras Indigenas e acentuar os conflitos territoriais Diante deste cen rio de instabilidade no qual a din mica socioecon mica da regi o tem forte influ ncia sobre a situa o fundi ria das Terras Indigenas importante destacar por fim a possibilidade de que a disputa por reas e recursos naturais crie conflitos entre os pr prios grupos indigenas Isso porque o aumento da popula o principalmente na regi o sul da Terra LA LA AdISca Rayal c O d Amec NntCO CGO DI ldadquela area poder ODIISa JOVO 274 epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia indigenas a se deslocarem dentro de suas terras em busca de novas reas para fixar aldeias ou realizar suas atividades 3 5 3 Elementos Etnoecol
338. idoras Segundo a CETESB 2009 as guas drenadas em reas agricolas e urbanas podem provocar a presen a excessiva de fosforo em guas naturais Os par metros Salinidade Sulfatos leos e Graxas Ars nio Total C dmio Total Chumbo Total Cobalto Total Cobre Dissolvido Cromo Total L tio Total Merc rio Total N quel Total e Van dio Total apresentaram concentra es abaixo do limite de detec o do aparelho anal tico utilizado pelo laborat rio Os par metros bacteriol gicos Coliformes Totais e Escherichia coli e biol gicos Clorofila a e Feofitina apresentaram concentra es abaixo dos valorespermitidos pela legisla o em todos os pontos analisados As observa es realizadas durante o estudo complementar em conjunto com os resultados das an lises qu micas realizadas nas amostras de gua superficiais coletadas nos oito pontos amostrados permitem estabelecer algumas considera es que s o apresentadas a seguir Durante o levantamento para o estudo complementar n o foram identificadas fontes de polui o difusa ou pontual que possam vir a comprometer significativamente a qualidade e e eka 334 a epe Minist rio de Minas e Energia Ne Empresa de Pesquisa Energ tica da agua do Rio Teles Pires e dos rios tribut rios dentro da TI Kayabi De modo geral n o foram observadas condi es de toxicidade nos corpos d gua estudados Em rela o s condi es sanit rias os pontos an
339. idual O conceito ecol gico das Florestas Estacionais relaciona se ocorr ncia de clima de duas esta es uma chuvosa outra seca ou acentuada varia o t rmica Essa altern ncia determina uma estacionalidade foliar dos elementos arb reos dominantes que possuem adapta es altera o dos fatores clim ticos podendo ser semidecidual ou decidual A Floresta Estacional Semidecidual apresenta em suas comunidades uma percentagem de arvores caducifo lias em torno de 20 a 50 Do ponto de vista fision mico descrita como uma forma o pluriestratificada apresentando dossel de 25 30 m de altura com emergentes Tem ocorr ncia associada a estacionalidade clim tica menos acentuada que em reas de savanas e a solos geralmente mais f rteis do que aqueles observados sob as Savanas Apresentam grande complexidade estrutural e elevada biomassa constituindo comunidades bastante diversas Lianas e ep fitas s o frequentes S o caracter sticas entre outras as seguintes esp cies cedro Cedrela fissilis guatambus e perobas Aspidosperma spp cabre va Myroxylon peruiferum paineira Chorisia speciosa mamica Zanthoxylum riedelianum pau jangada Apeiba tibourbou bacuri Acrocomia aculeata e angelim pedra Lonchocarpus sp Dentre as rvores que perdem total ou parcialmente as folhas no periodo desfavor vel destacam se ip s Tabebuia roseo alba T serratifolia T impetiginosa guatambus e perobas Aspidosperma
340. ient fico o nome vernacular e o nome em Kayabi das esp cies de peixes reconhecidas pelos moradores da Aldeia Kururuzinho e pelas aldeias pr ximas continua o Led To dE Nome FAR kopiis Kayabi venacular Hysenotussp Cascudinho Hypostomus RS Cascudo emarginatus Bodo Cascudo Bodo Loricaridae Nemadoras leporinus Brachvplatystoma Plamentosum Leiarius marmoratus Pharactocephalus hemiolipigrus Platymmematichihvys noits Pseudoplatystoma Cachara Pseudoplatystoma punciifor Pipa Pimelodella sp r Kuradi mole Pimelodella eristata ES Mandi mole Pimelodus albo jasciTius Mandi Pimelodus omatus Mandi Sorubim sp Jurupensen Zungaro zungaro Ja Pimelodidae ORDEM GYMNOTIFORMES Stemoypgidae ORDEM PERCIFORMES Cichlidae j Macupa Corvina Scianidae Plagioscion Corvina gumnosiss imus Pescada Especificamente na aldeia Kururuzinho a maior parte dos entrevistados observou que os principais peixes consumidos pelos moradores s o e Tucunar s Cichiapinima e Cichia mirianae Estudos do Comtonente Indidena das UHE S o Manoel e Foz gt 41 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia e Matrinchas Bryconfalcatus e Brycon pesu e Piaus Leporinusfriderici L julii L desmontes L vanzoi L brunneus L maculatus e Sartor sp e Synaptloemus sp e Pacus Tometes sp e Pintado Pseudoplatystoma punctjfer
341. ifesta do conflito socioambiental A partir desse momento os atores diretamente envolvidos pelas determina es da Portaria Declarat ria come aram a se mostrar publicamente buscando contar suas hist rias lutar por direitos e mobilizar pessoas e entidades com distintos niveis de poder que pudessem de alguma maneira transpor seu capital social a favor de um determinado tipo de territorialidade Por um lado os Kaiabi Apiak e Munduruku passaram a lutar abertamente por sua afirma o territorial buscando a es coordenadas para alcan ar a demarca o da terra que seria o pr ximo passo Da mesma forma os fazendeiros posseiros garimpeiros e pousadeiros tamb m se apresentaram para aos poucos constituirem na pr tica o campo do conflito e defenderem suas posi es Se at aqui apresentamos os principais atores envolvidos juntamente com as principais alian as no plano local agora o momento de analisar o conflito em movimento mostrando as intera es sociais indicando as principais estrat gias utilizadas eixos de solidariedade rivalidade e trazendo os atores de outras escalas que s o chamados a intervir a fim de influenciarem o direcionamento do conflito 5 3 2 Opera o do Lago Azul Para iniciar a apresenta o da din mica do conflito bem como as intera es e posicionamentos dos atores envolvidos tomando como refer ncia os eventos que ocorreram apos a publica o da Portaria Declarat ria de 2002 cabe mencion
342. ime de escoamento hidr ulico e ou a din mica de transporte de sedimentos do rio A implanta o de usinas hidrel tricas provocam altera es no regime hidrico que variam segundo o projeto e a fase de constru o Os impactos da fase de constru o est o mais relacionados ao aporte de sedimentos para o leito do rio como resultado das atividades que envolvem revolvimento de rocha solo Nesse caso se o aporte de sedimentos for maior do que a capacidade de transporte do rio haver assoreamento do leito Na fase de opera o os impactos est o mais relacionados reten o de sedimentos pela barragem e modifica o do regime de escoamento hidr ulico proporcionado pelo barramento do rio e pela forma o do reservat rio Os impactos a jusante do barramento dependem basicamente do arranjo construtivo e da regra operativa adotada para o reservat rio As usinas de S o Manoel Foz do Apiac s e Teles Pires ser o operadas em regime a fio d gua o que significa que apos a fase de enchimento dos reservat rios o regime de escoamento hidr ulico a jusante das barragens ser preservado respeitando as varia es sazonais naturais epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Os impactos sobre a din mica fluvial s o especialmente relevantes no contexto do componente ind gena porque as rela es de dwelling dos ndios Apiak Munduruku e Kaiabi s o altamente vinculadas a essa din mica Suas
343. imenta o rotineiras que utilizam para se estabelecerem enquanto habitantes de sua regi o Como pode ser notado no mapa produzido juntamente com os Kaiabi os pontos marcados est o de acordo com o seu padr o de relacionamento com o ambiente delimitando lugares de import ncia que podem ser representados por meio de tr s categorias principais 1 capoeiras onde s o retiradas mudas plantas medicinais frutas e sementes para artesanato e composi o de novas ro as 2 castanhais e 3 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia ilhas de recursos em que s o procuradas palmeiras frutas mel arum e esp cies vegetais utilizadas para extrair leos fazer casas e arco Haja vista que duas dessas tr s categorias coincidem com locais regularmente frequentadas por animais de ca a n o de se estranhar que as reas de coleta e extrativismo se sobreponham as de ca a em muitas ocasi es A primeira capoeira a ser indicada pelos Kaiabi circunda a aldeia Kururuzinho e se estende at as proximidades da aldeia Minhocal A maioria dos Kaiabi possuem ro as nessa capoeira que tem como limite leste a antiga ro a de seu Andr e limite oeste a ro a atual de Jo o Em raz o do esgotamento da capacidade produtiva das ro as do lado do Par pela predomin ncia de terras pretas do lado de Mato de Gros
344. implica es envolvidas no fato de o Teles Pires dividir dois estados da Federa o e muito menos tinham qualquer possibilidade de lutar judicialmente pela garantia de seus direitos quando a prioridade era a sobreviv ncia e reestrutura o do grupo Em raz o de n o haver nenhum centro urbano mais desenvolvido nas imedia es de suas terras e pela diminui o das atividades seringueiras a partir da de 1945 os Kaiabi n o tiveram maiores problemas em atravessar o rio Teles Pires e extrairem os Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM Minist rio de Minas e Energia recursos naturais que necessitavam do lado de Mato Grosso que n o estava incluido em sua rea Foi ent o ao final da d cada de 1970 e in cio da decada de 1980 que coincide com a funda o das cidades de Alta Floresta Apiacas e Paranaita que se iniciaram os primeiros desentendimentos com a popula o regional em raz o do lado de Mato Grosso com o consider vel aumento das grilagens de terras p blicas amea as e o estabelecimento de projetos agropecu rios iniciando assim um processo gradativo de restri o de acesso dos Kaiabi ao outro lado do rio Assessorados por seus parentes do Xingu com os quais se reencontraram na d cada de 1980 os Kaiabi do Teles Pires passaram a partir de 1987 a discutir a amplia o da rea principalmente com refer ncia ao Decreto n 251 45 que resultaria na TI
345. indigenas sejam evidenciadas A descri o dos processos impactantes conduzida com base na avalia o de impactos contida nos EIA A reavalia o de impactos foi realizada portanto tendo em vista as altera es no ambiente provocadas pelas diferentes etapas de constru o das usinas os consequentes impactos especificos sobre as popula es indigenas os processos impactantes indutores e os elementos etnoecol gicos sens veis associados Nessa revis o o pressuposto metodol gico principal o de que as sociedades indigenas possuem um sistema de conhecimentos e pr ticas sociais culturais e pol ticas com intensa liga o e depend ncia do meio em que vivem A intera o e integra o das sociedades indigenas com os ecossistemas e a depend ncia de seu equilibrio ecol gico s o certamente preponderantes na garantia de sua reprodu o social em seu sistema de classifica o e representa o do mundo Considerar de forma integrada os impactos que ir o afetar diferentes dimens es da vida dos grupos indigenas refor ar o fato de que as interfer ncias diretas e indiretas que se dar o no ecossistema local e regionalizado a partir da implanta o dos empreendimentos podem fazer com que o sistema de manuten o do tecido social indigena anteriormente equilibrado sofra interfer ncias irrevers veis na estrutura social das diferentes etnias Nesse sentido a partir dos estudos realizados nas Terras Indigenas integrantes das re
346. indo desta por o de elevadas altitudes em dire o ao rio Teles Pires e prosseguindo por ele cerca de 50 km observa se uma mancha de areias quatzosas coberta por Savana Florestada Uma faixa de Plan cie Amaz nica fei o resultante da deposi o fluvial segue ao longo do curso principal do rio Teles Pires e dos Igarap s Anipiri e do Boto sobre gleissolos Sobre este substrato encontra se a Floresta Ombr fila Densa Aluvial Na margem esquerda do rio observa se um mosaico de forma es vegetais refletindo o mosaico de condi es abi ticas propiciado pela varia o dos tipos pedol gicos Vale ressaltar que nesta margem a Floresta Ombr fila Densa e toda sua diversidade biol gica est representada por pequenas manchas de vegeta o ao sul e uma mancha maior no oeste Se confirmada a ocorr ncia de Floresta Ombr fila Densa Aluvial nas ilhas do Teles Pires estas poderiam constituir um corredor de vegeta o densa entre essas manchas A heterogeneidade de ambientes terrestres e aqu ticos indica que a diversidade da flora e fauna tanto terrestres quanto aqu ticas deve ser alta nessa microbacia em rela o as demais h Microbacia 4442 Somente cerca de 2 da rea da microbacia 4442 est incluida na TI Kayabi especificamente na regi o pr xima ao encontro com o rio Teles Pires que drena para dentro desta TI Esta microbacia composta pelo rio S o Benedito que possui cerca de 250 km de extens o e uma Estudos do Compon
347. ires que se iniciou em 1950 e teve fim em 1973 Logo no in cio Makupa uma das principais lideran as pol ticas j advertiu para tomar cuidado em n o acirrar os nimos a respeito de uma antiga desaven a que os Kaiabi parecem nunca ter chegado a um acordo Ele estava se referindo exatamente ao processo de transfer ncia incentivado pelos irm os Villas Boas liderado pelo finado Prepori que at os dias atuais n o encontra uma opini o un nime se foi realmente a melhor op o terem deixado o Teles Pires A quest o que a esposa de Prepori juntamente com seus filhos e netos vivem na aldeia Kuaruj e frequentemente enfrentam algum tipo de preconceito por terem convencido os Kaiabi a abandonarem sua terra e seus parentes ali enterrados Diante das conversas com os Kaiabi mais velhos no Xingu o maior descontentamento narrado por eles a respeito da transfer ncia se deu pelo fato de que muitas promessas teriam sido feitas de que no Xingu eles receberiam tudo de que necessitassem e tamb m poderiam voltar ao Teles Pires assim que desejassem Desse modo a op o de irem ao Xingu parecia se configurar como uma esp cie de visita de reconhecimento a um local que poderia retir los dos maus tratos que vinham sofrendo diante da conviv ncia com seringueiros N o obstante muitos estranharam as novas condi es e quando descobriram que n o mais poderiam retornar ficaram desapontados com o sentimento de que foram enganados sabendo que ha
348. ireto de efluentes dom sticos nos corpos h dricos No entanto como essas localidades no entorno da BR 230 esta distante do territ rio indigena cerca de 12 km e o rio Tapaj s corre para fora da TI Munduruku esse impacto n o foi considerado expressivo para o territ rio indigena A outra atividade que exerce press o sobre essa rea de vulnerabilidade a minera o A leste da TI s o observadas reas desmatadas associadas a ocorr ncias minerais Figura 4 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 20 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA TI Sai Cinza pe v y TI Munduruku gt r RE 2 2011 MapLink Tele Atas j e 02010 Image O 2011 DigitalGiobe e image O 2011 TerraMetics i 4 Yaa e i 2011 Cnes Spot Image lt 4 60623025 57 31755630 elev 103m zo amp Altitu Pop a nto de visjo 83 78km Figura 4 rea de desmatamento associada ocorr ncias minerais Notam se ainda outras pequenas reas desmatadas decorrentes de extra o mineral inclusive na TI Munduruku A minera o do ouro no geral n o implica em desmatamento de grandes reas por m como realizada nas margens dos rios afeta especialmente as v rzeas do rio Tapaj s e de seus afluentes da margem direita onde se observam as Florestas Ombr filas Densas Aluviais Esses ambientes s o importantes para alimenta o e reprodu o de diferentes esp cies de peixes Apesar de pont
349. is abaixo chamava se u ienap A3 lugar de farinha porque os Kaiabi abandonaram um alqueire de farinha que acabou estragando 1 2 Posteriormente essa aldeia seria abandonada pelos Kaiabi ocupada pelos garimpeiros que lhe dariam o nome de Bonfim e ainda reocupada pela familia de Joaquim Kawaip antes de sua transfer ncia ao Parque do Xingu Confirmando as informa es de Rodrigues 173 os Kaiabi alegam que no rio S o Benedito habitaram em pelo menos seis aldeias a serem indicadas em ordem progressiva desde a foz do rio at seu m dio alto curso A primeira delas situava se no ponto de conflu ncia do rio S o Benedito com o Teles Pires na margem esquerda desse afluente Em portugu s se chamava Siqueira por causa de uma grande pedra lisa que existe em frente aldeia Em Kaiabi chamava se itaoakatu A4 ou seja morada da pedra lisa No trecho demarcado que os Kaiabi possuem desde 1976 no rio S o Benedito entre a sua embocadura e o ponto onde foi colocado um marco da FUNAI existiam duas aldeias A primeira chamava se Lago Azul ou ypiaowy A5 e n o pode ser mais frequentada pois ali se encontra um dos invasores que mais amea as tem feito aos Kaiabi nomeado de Pioneiro A outra aldeia antes ainda do marco era conhecida como ypoowkai A6 que se localiza na ro a atual da aldeia S o Benedito Stuchi 2009 169 Outro nome para essa aldeia Patauazal pino watvyp referindo se a grande quantidade dessas palmei
350. is abertas a situa es contingentes domestica es e elabora es de eventos exteriores de acordo com os mais importantes princ pios de organiza o social Viveiros de Castro 1986 As guerras intertribais representam um papel decisivo at os dias atuais na defini o da pessoa Kaiabi na integra o tribal e tamb m como estrat gia de conquista e ocupa o de novos territ rios Praticam o enorme ritual total Jowosi que afirma a import ncia da qualidade guerreira apenas para enfatizar a necessidade de incluir hierarquicamente a alteridade em seu sistema social usando o canibalismo como met fora chave O uso dos rios e dos cursos d gua fornece um ponto de partida para o entendimento da cosmografia Kaiabi que tem operado e continua a operar na por o sudeste da Amaz nia Dentro do esquema compreensivo desse complexo h drico a territorialidade Kaiabi frequentemente prescrita por sistemas de parentesco e descend ncia O casamento entre primos cruzados juntamente com as obriga es implicitas nos relacionamentos entre sogro e genro s o pr ticas centrais na consolida o da mais importante unidade social a familia extensa Al m disso o costume da dar nomes aos lugares e conectar esses lugares com a hist ria oral tem servido durante s culos como a estrat gia b sica para os Kaiabi constitu rem sua regi o promovendo uma rela o emocional est vel com o ambiente circundante e construindo historicamente su
351. is de 70 dos votos m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Principalmente porque ele faz tudo para dificultar de ser fisgado vai ao fundo pula por cima da linha da gua tenta enrolar a linha nas pedras enfim o peixe que oferece mais dificuldades e ao mesmo tempo testa a habilidade do pescador J os peixes de couro oferecem mais o desafio de for a e paci ncia A cachorra tamb m considerada um peixe interessante porque exige paci ncia e habilidade por m nem tanta for a quanto o peixe de couro e Frames de diferencia o De forma semelhante aos garimpeiros os donos das pousadas procuram se definir em rela o aos ndios como parceiros utilizando tamb m de atitudes assistencialistas para manterem suas atividades Propagandeiam frequentemente que sua presen a na Terra Indigena ben fica para as comunidades indigenas e para o meio ambiente A partir tamb m do argumento de que se interessam pela preserva o da floresta e consequentemente da Terra Indigena suas atua es est o regularmente voltadas para o plano local a fim de manterem os ndios sob certo controle e depend ncia para n o serem reconhecidos como inimigos A Pousada Santa Rosa contribui com um valor mensal vari vel al m de ter comprado a casa sede da Associa o Indigena Kawaip Kayabi que tamb m serve de apoio aos indios em tr nsito situada na cidade de Alta Floresta e j est incorporada como p
352. ist ncia de metades exog micas e antropofagia Laraia 1986 A busca pela Terra sem Males com h muito mostrou Alfred Metraux 1950 fazendo alus o aos tupi do litoral apesar das caracteristicas messi nicas n o estava diretamente ligada chegada dos europeus Recebeu mais de uma interpreta o como a de Pierre Clastres 1988 que seria uma forma de evitar a forma o de uma nova organiza o pol tica centrada num crescente poder do chefe da comunidade A lideran a na aldeia costuma estar vinculada exclusivamente ao carisma e gt Certamente outros motivos s o tamb m relevantes para essas migra es tais como cis es internas busca por alimentos e melhores condi es para agricultura movimentos messi nicos entre outros Destaco aqui a influ ncia dos Munduruku mais para enfatizar esse fator do contato entre os grupos ind genas dessa regi o que teve forte impacto na territorialidade de todos aqueles que habitavam essa por o mais pr xima aos rios Teles Pires e Tapaj s Segundo Murphy 1960 ao final do s culo XIX os Munduruku a fim de terem acesso aos bens manufaturados atuavam muitas vezes como mercen rios a servi o dos brancos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Asiac s Revis o ecomiemenn o El a z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia capacidade agregadora do chefe O casamento entre primos cruzados juntamente com as obriga es
353. it rio integra um conjunto de pr ticas e saberes sobre o espa o que tamb m fonte de direito sobre ele Desse modo qualquer Apiak pode vir a fixar moradia num local j ocupado por outro Apiak sendo que um Munduruku deve obter a anu ncia dos Apiak se quiser fazer o mesmo Assim embora constrangida pelo avan o das frentes econ micas extrativistas desde meados do s culo XIX a territorialidade Apiak marcada pela continuidade ecol gica uma vez que a migra o do povo orientou se pelo sistema fluvial Arinos Juruena Teles Pires O movimento principal se deu no sentido sul norte desde o curso m dio do Arinos at a conflu ncia com o Juruena seguindo posteriormente o curso deste ltimo rio e abrangendo seus tribut rios ocidentais dentre os quais o S o Tom at o encontro com o Teles Pires a partir de onde os indigenas alcan aram o Anipiri seu afluente e o Cururu afluente do Tapaj s 3 4 1 As aldeias Apiaka O estabelecimento de uma aldeia Apiak consiste num processo complexo primeiro se escolhe o lugar apropriado depois se abrem as clareiras para as casas e ro ados e somente ap s mais ou menos um ano as pessoas come am a construir as casas que n o necessariamente passam a ser habitadas imediatamente H que se descobrir definir as rotas de ca a e de coleta o que requer a observa o minuciosa da movimenta o dos animais e da disposi o das rvores no trecho espec fico A mudan a em geral s
354. iversas escalas pela afirma o de suas percep es particulares como o componente s cio natural chave e unificador para o estudo do conflito na Terra Indigena Kayabi Trata se portanto de um conflito de percep es ou seja uma disputa sobre a maneira mais adequada de compreender e interagir com a terra fundada especialmente nos relacionamentos que os atores desempenham historicamente com o ambiente em que est o acostumados a viver A pesquisa etnogr fica dos conflitos socioambientais ancorada nos fundamentos da ecologia pol tica n o apenas contribui para sua compreens o mas visibiliza atores marginalizados e revela controv rsias conex es e rela es de poder at ent o desconhecidas Esse tipo de estudo carrega o potencial de propiciar aos atores sociais uma vis o mais distanciada da situa o podendo se apropriar do conhecimento produzido gerar questionamentos de pol ticas p blicas vigentes e propostas de novos tipos de a o e controle publico Little 2006 98 Ao identificar as distintas percep es territoriais em conflito e os direitos a elas associadas possivel expandir o debate pol tico a fim de inserir direitos culturais ou sociais ignorados pelo Estado ou por agentes hegem nicos Quando surge inicialmente com a situa o de um conflito nessas propor es a impress o inicial de uma enorme confus o de atores repleta de atitudes intempestivas e desencontradas Somente quando se avalia a
355. izados pelos ndios nas TI sedes distritais e sedes urbanas Treinamento dos trabalhadores da obra sobre as particularidades da regi o inclusive das Terras Ind genas e etnias nelas presentes especialmente quanto aos limites das TI Instala o de placas de identifica o e sinaliza o dos limites da TI Kayabi para informar a popula o n o indigena sobre a proibi o de entrada As complementa es propostas poder o contribuir positivamente para a quest o fundi ria na regi o podendo evitar a cria o de novos conflitos territoriais e minimizar os existentes A participa o das popula es indigenas no planejamento e desenvolvimento de atividades econ micas que fa am uso dos recursos naturais poder ajudar a redirecionar essas atividades para reas com menor relev ncia sociocultural para os ndios A sua participa o efetiva em algumas atividades como piloteiros das pousadas ou guias tamb m pode contribuir nesse sentido Pode ainda fazer com que as atividades sejam realizadas de forma menos agressiva ao ambiente Ao levar em conta os limites da Terra Ind gena Kayabi poss vel que o planejamento da melhoria do sistema vi rio seja feito de forma a n o facilitar o acesso a essa rea Evitar que o acesso s fronteiras desta TI seja facilitado ser fundamental para n o fragiliz la ainda mais em rela o a possiveis ocupa es A es de fiscaliza o ambiental eficazes e direcionadas para as r
356. j s descendo at 95 metros de altitude No Alto Teles Pires a vegeta o tipica do Cerrado como as matas de configura o mais rala a que mais predomina Nesse trecho o rio oferece uma conforma o mais estreita e menos agitada at o encontro com o rio Verde apesar de apresentar corredeiras de pequeno porte em v rios pontos do seu curso uma rea conformada por relevo plano e de colinas caracteristicas da Chapada dos Parecis No Baixo Teles Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revisioecomplementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Pires a Floresta Tropical Amaz nica que determina a configura o da paisagem com rvores de grande porte e solos menos prop cios atividade agricola Predominam extensas reas de plan cies fluviais seguindo o vale do rio at a sua foz recortadas por uma grande faixa de corredeiras Da sua foz no Tapaj s at a foz do rio Paranaita representa o divisor territorial dos estados de Mato Grosso e Par Em seu trecho m dio o rio alcan a trechos de maior largura Ocorrem as forma es vegetais de transi o Cerrado Floresta Tropical ocupando principalmente reas de chapadas e de topografia mais plana Nessa etapa o rio rompe a Serra dos Apiacas apresentando maior declividade e consequentemente uma quantidade maior de cachoeiras pequenos travess es e corredeiras A presen a de ilhas fluv
357. l proposto pelos EIA de S o Manoel e Foz do Apiac s prev a realiza o de v rias atividades de monitoramento O programa ora proposto tem o objetivo de incluir representantes indigenas nessas atividades com vistas a tornar esse processo mais participativo e ao mesmo tempo incluir os conhecimentos tradicionais das etnias Kaiabi Munduruku e Apiaca Dever o ser realizadas atividades de monitoramento espec ficos das esp cies descritas e das reas de ca a conforme a Revis o do Conte do Antropol gico do ECI monitoramento da ictiofauna no interior da TI Kayabi monitoramento limnol gico e da qualidade da gua entre outros monitoramentos que estejam de alguma forma relacionados com os impactos sobre as Terras Indigenas ideal que os relat rios de monitoramento sejam referendados pelas popula es indigenas Nesse sentido todos esses relat rios dever o ser adaptados para vers es adequadas s diferentes linguas e padr es culturais respeitando as especificidades etnoculturais e lingu sticas de cada etnia Al m disso no mbito das atividades de educa o ambiental indigena dever o ser elaborados materiais socioeducativos apropriados as diferentes faixas et rias que incluam informa es sobre o processo de monitoramento participativo 5 2 3 Programa de Auxilio a Fiscaliza o Ambiental Os programas propostos pelos EIA Foz do Apiacas e S o Manoel de uma forma geral n o oferecem garantias espec ficas de seguran a
358. lado de Mato Grosso por volta de 20 km acima da aldeia Kururuzinho num trecho bastante pedregoso em que o Teles Pires apresenta um forte e desafiador conjunto de corredeiras Exatamente nesse trecho os Kaiabi j perderam dois barcos com motor que num descuido do piloteiro foram ao fundo rapidamente No momento Jos vem utilizando esse local mais como ro a e ainda n o se mudou definitivamente com sua familia A aldeia Dinossauro recebeu esse nome em raz o de algumas ossadas de animais de mega fauna pr hist rica que foram retirados do fundo do rio por pesquisadores h mais de 10 anos A principal raz o pela qual Jos escolheu esse local foi em fun o da extens o da rea de terras pretas De fato na aldeia Dinossauro de se espantar a quantidade de cacos de cer mica machados e l minas de pedra que poss vel encontrar numa curta caminhada A aldeia se situa na rea requerida pela empresa multinacional BRASCAN que foi adquirira inicialmente com objetivos de especula o imobiliaria e atualmente ja possui atividades de pecu ria A aldeia mais recente a ser aberta pelos Kaiabi a aldeia Tukum 15 habitantes fundada pelo Kaiabi rec m chegado do Xingu chamado de Par Meaute Par irm o do rec m falecido seu Andr que esteve juntamente com Manek desde a resist ncia transfer ncia para o Xingu Apesar de Par ter sido levado ainda jovem para o Parque l estabeleceu familia mas nunca conseguiu se acostumar
359. lantio como para a colheita A primeira fruta a ser plantada a melancia O milho representa um importante marco temporal pois s deve ser plantado logo ap s a primeira chuva que cai na terra Em seguida vem a mandioca banana cana cara e batata Na segunda e terceira chuvas se planta mais mandioca cana cuia ab bora depois car mangarito e mais milho Por ltimo vem o amendoim que deve ser plantado num local limpo no centro da ro a com o pau de api uma pequena fruta nativa vermelha mas n o pelo dono da ro a que procura uma pessoa com a m o boa para plantar milho e melancia mam o e batata N o segredo que o amendoim ocupa uma condi o especial devendo ser plantado na poca de matura o do mesmo api que tem seus galhos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia utilizados no plantio aproximadamente em meados de outubro Terminado o plantio somente o dono da ro a pode visit la Porem as visitas n o podem ser constates a fim de que Kupeirup possa fazer seu trabalho comum os donos realizarem uma ou duas limpezas de ervas daninhas com fac o ou ainda empregarem tecnicas agron micas e xam nicas para o controle de pragas ou doen as e tamb m para evitar ataques dos queixadas e caititus 3 4 Rela es ecol gicas dos Apiak A paisagem do territ rio habita
360. le representa um marco cultural chave quando resolveram cruz lo e se estabelecer definitivamente no Baixo Teles Pires se relacionando com outros grupos de seringueiros e assumindo o risco de serem mortos pelos Munduruku e Panar O Salto Sete Quedas est presente em muitos relatos e povoa constantemente a hist ria oral dos Kaiabi tanto no Teles Pires quanto no Xingu At hoje no ver o quando as familias saem pela Terra Indigena para mostrar lugares de import ncia e contar as hist rias antigas para os mais novos mostrando os lugares onde elas aconteceram o Salto Sete Quedas constantemente visitado e tido como um marco espacial que expressa um grande feito dos Kaiabi realizado no in cio do seculo XX e Tabuleiro Tabuleiro nome de uma antiga aldeia que era o barrac o central do chefe dos seringueiros Elias Praxedes onde os Kaiabi foram inicialmente aldeados antes de fundarem novas aldeias e constituir historicamente o territ rio do Baixo Teles Pires reconhecido como lugar em que os Kaiabi entendem que amansaram os brancos e partiram para estender seu dominio territorial e cultural descendo e habitando gradativamente este rio Essa aldeia estava situada logo abaixo da foz do rio Apiac s do lado esquerdo de quem desce o rio Teles Pires Pelos relatos de Atu e Kurune muitos de seus parentes mais velhos est o enterrados nas imedia es dessa antiga aldeia Tabuleiro tamb m uma micro regi o que condensa pelo menos tr
361. lenagem os trabalhadores ficam expostos a infec es como febre amarela leishmaniose tegumentar mal ria e outras mol stias veiculadas por insetos hemat fagos O mesmo ocorre durante as atividades de abertura amplia o e melhoria do sistema vi rio de energia e de comunica es continuando apos as a es de desmate pois a presen a humana e os ambientes desmatados aumentam o alcance desses insetos Tamb m est o sujeitos contamina o por insetos os profissionais respons veis pelas atividades do cadastro f sico socioecon mico e avalia o das propriedades na rea do reservat rio Como agravante as po as de gua formadas no solo pela movimenta o de autom veis e demais equipamentos assim como pequenos dep sitos de gua formados em m quinas ou em materiais descartados podem servir de criadouros para v rias especies A forma o de reas alagadas como p ntanos e brejos em fun o do possivel aumento do nivel do len ol fre tico nas reas em torno do reservat rio tamb m cria ambientes com caracteristicas favor veis ao incremento da popula o de vetores Outro aspecto apontado pelos EIA a aglomera o de pessoas em centros urbanos ou em pequenos n cleos pr ximos as obras que aumenta as chances de infesta o pelo mosquito Aedes aegypti vetor da dengue Caso esteja localizado dentro do raio de voo de vetores da mal ria o local tambem pode estabelecer condi es para uma epidemia da doen a A prolif
362. les n o amea avam n o s falavam que a gente tinha que vir pra c a a gente vinha N s ainda n o tinha esse neg cio de defender nossa terra e nossos direitos a falaram pra gente ficar dentro no nosso munic pio que Jacareacanga que ficava mais f cil de atender a gente por causa da sa de ai a gente atravessou pra c Mas a gente nunca se esqueceu daquela rea s vezes a gente ainda faz ro a l Pergunto o que mais que tem de interessante para os Kaiabi daquele lado de l Tem castanha palha pupunha pra fazer arco inclusive por baixo do Apiac s perto do Tabuleiro tem muito ndio enterrado l porque quando eles vararam pegaram muita doen a de branco e foram enterrados ali Morria era de doen a mesmo n o era de branco matando n o porque o Elias esse mo o que pegou os ndios n o deixava os brancos matar os ndios Quando os Villas Boas vieram pra levar os ndios pro Xingu n s estava morando bem ali embaixo Ai come aram a pegar os ndios o pessoal que era tudo besta levaram tudo N s achamos melhor ter ficado por causa da castanha porque l n o tem Por isso que n s quer que demarca aquela rea pra n s porque a terra muito boa ali pra baixo de onde o Bocu mora aldeia Sapezal tudo cerrado at pra baixo da Rasteira e a planta parece que n o cresce direito No Mato Grosso do outro lado do rio tudo mato mesmo at o Pontal Por isso que os fazendeiros que n o s o
363. levante que indica a chegada das primeiras chuvas e Tempo da chuva amanip A entrada da esta o chuvosa marcada quando as tartarugas deixam de botar ovos que geralmente coincide com o final do m s de setembro ou in cio de outubro quando o Teles Pires atinge seu n vel mais baixo Por oposi o ao periodo da seca que de grande mobilidade pelo territ rio os Kaiabi raramente se afastam Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o RH m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia demasiado das imedia es da aldeia Por se tratar de um periodo de maior escassez de animais de ca a e peixes de maior porte a prefer ncia dada as frutas nativas a a patau biriba cacau pupunha tucum ing entre outras que costumam estar maduras no auge da cheia As reas de coleta ao redor das aldeias s o as primeiras a serem esgotadas Se no ver o as movimenta es ocorrem mais no sentido que sobe o Teles Pires no inverno os Kaiabi se deslocam at as micro regi es do Pacu e Caititu em busca de frutas e palha para renovar suas casas Pelo aumento da profundidade dos rios que vazam al m de suas margens formando enormes igap s vpi aretumak perna de gua aumentando a rea de escape dos peixes somado poca da piracema em que eles sobem at as cabeceiras para desovar de fato um momento em que as grandes pescarias n o co
364. lias extensas como verdadeiras unidades aut nomas em termos pol ticos e econ micos A proximidade das moradias a coopera o na atividade agricola os esquemas de reciprocidade e as alian as pol ticas devem ser pensados em termos de potencialidades e obriga es embutidas na terminologia de parentesco A tend ncia ao atomismo das familias pode ser contrabalan ada no conhecimento das narrativas m ticas e em contextos cerimoniais em que o universo mitico ritual passa a ser partilhado por todos At o final do s culo XIX e meados do s culo XX os Kaiabi habitaram praticamente toda a extens o do vale do m dio rio Teles Pires no centro do estado de Mato Grosso Pressionados pelas frentes econ micas dedicadas expans o nacional especialmente com a chegada de seringueiros e a implanta o de projetos de coloniza o do Brasil Central parte do grupo deslocou se em dire o ao extremo norte do estado na divisa com o Par empreendendo no in cio do s culo XX a ocupa o daquela que iria se constituir como Terra Indigena Kayabi localizada nos Municipios de Jacareacanga PA e Apiac s MT no baixo curso do rio Teles Pires Existem tambem Kaiabi habitando o rio dos Peixes reconhecidamente outras terras de ocupa o e significa o ancestral e o Parque do Xingu em raz o dos processos de transfer ncia que vivenciaram por causa dos ja citados projetos de desenvolvimento da por o central leste do estado de Mato Grosso
365. linha que chamam de ywit A esta o seca se inicia quando o nivel do rio Teles Pires atinge certa estabilidade apos ter baixado Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revissoecomiementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia durante as ltimas semanas do m s de mar o coincidindo geralmente com a queda dos ltimos ouri os de castanha Ainda em rela o aos Kaiabi a manifesta o visual da dura o e intensidade dos periodos de inunda o o fator prim rio utilizado para marcar o in cio de uma esta o e o t rmino de outra Isto se evidencia pelo discernimento dos dois principais micro ambientes vapopet floresta inund vel na poca das chuvas e ka aret floresta de terra firme que nunca inunda O micro ambiente com vegeta o mais baixa que cobre as praias e ilhas ypo o tamb m recebe um estatuto diferenciado consideravelmente sujeito as influ ncias fluviais podendo apresentar car ter ef mero surgindo ou desaparecendo com o passar das esta es Portanto a influ ncia das rela es fluviais tanto na diferencia o dos sub ambientes como na passagem do tempo e ciclo da vida anual dos Kaiabi de fundamental import ncia De forma an loga os artif cios de subsist ncia do povo Apiac est o relacionadas a um refinado conhecimento das unidades de paisagem e unidades de recursos das etnoesp cies da flora e da fauna presentes e
366. locar os diferentes grupos em conflito Essa possibilidade de agravar os conflitos socioambientais entre os povos indigenas particularmente preocupante no caso dos indios isolados que se encontram naturalmente em uma situa o de maior vulnerabilidade A partir da complexa rela o entre os atores envolvidos diretamente nos conflitos possivel compreender o motivo pelo qual dificilmente se alcan a uma solu o satisfat ria para todas as partes Diante das controv rsias inerentes aos processos sociais de ocupa o territorial das hist rias regionais e dos relacionamentos entre as pessoas e a natureza cada um dos grupos em disputa acredita estar no seu mais amplo direito de defender suas territorialidades da maneira que mais lhes convem N o somente suas demandas e interesses mas os principais sentimentos valores e concep es da natureza que embasam seus posicionamentos tornam legitimas suas reivindica es e contribuem para a perpetua o do conflito Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e complementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Segundo a Revis o do Conte do Antropol gico as expectativas dos indios sobre a implanta o das UHE s o de que estes empreendimentos chegam para trazer mais um grupo de interesses voltados para prejudicar seu modo de vida tradicional sem qualquer tipo de benef cio em curto prazo Como a Terra
367. longadas pela observa o do comportamento territorial dos Kaiabi e pelas visitas aos locais de import ncia realizadas por Frederico Oliveira o pesquisador afirma n o ter d vidas de que os Kaiabi habitaram por muito tempo o outro lado do Teles Pires Logo as conversas e questionamentos consistiram tamb m em confirmar as informa es prestadas no relat rio de Rodrigues mas estavam mais voltados a obter narra es hist ricas mnem nicas que permitissem uma melhor compreens o das movimenta es do passado que ligassem emocionalmente os Kaiabi sua regi o Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia considerando os indicadores ambientais das antigas aldeias e de alguns locais que tive a oportunidade de visitar Com rela o mem ria pretende se agregar elementos do processo de ocupa o das aldeias seus moradores desde a funda o at o abandono e as associa es com pr ticas mais recentes de habita o Quanto as caracter sticas ambientais foram obtidas informa es sobre os processos que deram nome aos lugares e levaram os moradores a habit los ou abandon los Buscou se ainda indicadores de ocupa o visando entender se foram os Kaiabi seringueiros ou habitantes mais antigos a morarem em determinados s tios Esta se o conta ainda com o importante aporte da pesquisa arqueol
368. lturais das comunidades indigenas e inclus o das popula es indigenas no planejamento e execu o de a es de monitoramento Por fim apresentado quadro contendo reavalia o sucinta dos impactos propostos considerando a efetividade dos programas complementados pelas diretrizes especificas para as popula es indigenas epo Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 3 REVIS O DOS IMPACTOS ASSOCIADOS AO COMPONENTE IND GENA A reavalia o dos impactos constantes dos EIA de S o Manoel e Foz do Apiacas tendo em vista a Revis o do Conte do Antropol gico do ECI embasou a proposi o dos impactos que implicam de forma especifica as popula es indigenas das Terras Indigenas Kaiaby e Munduruku S o impactos associados ao desequilibrio dos meios f sico bi tico e socioecon mico mas que se caracterizam pelos efeitos sobre os padr es de sociabilidade de Kaiabis Mundurukus e Apiacas notadamente quanto aos fatores de intera o com o territ rio Os impactos propostos s o apresentados no Tabela 4 que cont m ainda a correla o com os impactos avaliados originalmente no ECI Os impactos assim definidos ser o descritos qualificados e avaliados neste capitulo Tabela 4 Correla o entre os impactos propostos no ECl e os impactos espec ficos sobre as popula es ind genas revisados Impactos Espec ficos do Componente Ind gena Impactos Espec ficos do Componente Ind gena Revisados Propost
369. lume de gua vultoso que parecem sempre querer lan ar as embarca es contra as pedras O rio segue como se estivesse entre dois pared es de pedra n o permitindo rotas de fuga para ent o come ar a primeira queda propriamente dita Na realidade s o dez quedas repletas de rebojos e redemoinhos com o rio se alargando e estreitando de forma abrupta e n o permitindo qualquer tipo de transposi o por meio de navega es convencionais A pr pria expedi o de Pyrineus teve que arrastar suas embarca es com cordas pela margem do rio e num dado momento tiveram que solt las ap s a s tima queda sendo que apenas dois dos quatro barcos chegaram inteiros ao final do Salto quando o rio corta a Serra dos Apiac s Por terra outro grupo de canoeiros teve que vencer uma dist ncia superior a 15 km transportando os mantimentos em terrenos bastante acidentados 1916 47 48 No idioma dos Kaiabi o Salto recebe o nome de Imanakap ou Imanakawaret e significa um lugar onde a cachoeira corta o rio com a id ia de que uma barragem que impede o fluxo normal da gua ou algo assim Pelos relatos de Siranho existe uma conota o bastante forte como se a cachoeira cortasse o rio e ele continuasse de novo depois que termina a cachoeira O cacique At comenta que apesar de n o terem aquela poca estabelecido aldeias nessa regi o abaixo do Sete Quedas ela ja era conhecida pelos mais velhos narrada em v rias hist rias e tida pelos Kaiabi co
370. m podem ser descartados esporadicamente na margem do rio Todos esses residuos podem ser levados diretamente para o rio Teles Pires por meio do escoamento superficial ou infiltra o no solo poroso do sitio das obras e dos alojamentos O EIA da UHE S o Manoel indica a possibilidade de deteriora o ainda maior da qualidade da agua do rio Teles Pires com a inunda o de antigas reas de garimpo pelo reservat rio O hist rico da regi o aponta o uso intensivo de merc rio na explora o de ouro nas d cadas de 1980 e 1990 Em princ pio o merc rio met lico n o nocivo sa de Por m em condi es especiais de grande concentra o de mat ria org nica e aus ncia de oxig nio a a o Estudos do Componente Indisena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o gt epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia bacteriana pode provocar a metila o do merc rio met lico Trata se de um processo lento mas que pode ter efeito cumulativo ao longo da cadeia alimentar e contaminar os peixes consumidos pelos indios O cen rio descrito resulta na possibilidade de aumento da incid ncia de doen as na popula o indigena com a implanta o dos empreendimentos Nesse contexto torna se necess rio lembrar a fragilidade dos indios isolados ainda que estejam mais distantes das usinas Como mencionado anteriormente os deslocamentos internos na Terra Indigena pode coloc los em contato co
371. m as terras mais altas onde ficam os animais como anta paca e tatu O termo ywit se refere orla ou linha que estabelece o limite entre o vapopet e o ka aret tambem para fazer refer ncia margem de um rio Os Kaiabi tamb m possuem a capacidade de identificar um conjunto diversificado de varia es ambientais que condicionam a exist ncia ou predomin ncia de recursos particulares Nos locais onde ocorre maior express o da plan cie fluvial de pequenos e m dios igarap s no interior da floresta vatar n a condi o de permanente umidade propicia a ocorr ncia do a a buriti patau entre outras esp cies no vatar n que os Kaiabi saem em expedi es mais curtas em busca de ca a coleta de plantas uteis em especial a fibra do arum rugoso empregada na confec o de peneiras um de seus artefatos com grande significado m tico e import ncia na afirma o tnica Sob o vi s da composi o estrutural do ambiente em que vivem os Kaiabi mencionam o ka aret mato alto como uma floresta de terra firme mais densa aparentemente sem interven o antr pica composta de arvores maiores em contraposi o ao jusing mato branco que se configura como uma vegeta o arbustiva baixa com muito capim e ao jun em que o campo limpo a vegeta o rasteira e afloramentos rochosos predominam O kuiauram se refere a um tipo de mata suja normalmente presente na beira dos rios com predomin ncia de cip s e que n o tem
372. m cada uma delas do comportamento reprodutivo das plantas do padr o de atividade e dieta dos animais do uso das unidades de paisagem pela fauna e tamb m do comportamento sazonalidade dos rios O conhecimento sofisticado dos processos ecol gicos permite aos Apiak realizar interfer ncias que asseguram a manuten o da biodiversidade respeitando se as caracteristicas e limita es e favorecendo as potencialidades do meio ambiente A organiza o das atividades produtivas nas aldeias Apiak pauta se pelo regime das aguas distinguindo duas grandes unidades de tempo o inverno poca das chuvas que vai de outubro a mar o e o ver o per odo em que chove menos que vai de abril a setembro Apesar dos Kaiabi conhecerem perfeitamente a passagem dos meses e do ano tamb m se orientando pelo calend rio gregoriano quando est o na aldeia o ritmo de vida regido por essa outra din mica portanto seguindo o ritmo das esta es do ano tempo do sol e o tempo da chuva que os Kaiabi interagem com o ciclo anual de cheia e vaz o do Teles Pires Conforme j mencionado nesse relat rio a mobilidade dos Kaiabi assim como as atividades de ca a pesca coleta e ro a est o todas fortemente vinculadas a esse ciclo de cheia e vaz o do Teles Pires cada qual com suas particularidades Para os Kaiabi a influ ncia do ciclo da gua tamb m reconhecida de forma relevante na dimens o espacial e se expressa atrav s da identifica o
373. m o prop sito de aproximar o pesquisador e o leitor de distintas realidades territoriais vivenciadas pelas pessoas no trato com o ambiente natural Por fim espera se que este trabalho possa servir como um instrumento capaz oferecer alternativas vi veis ao paradigma da adequa o ambiental equacionando num mesmo patamar a diversidade cultural a sustentabilidade ambiental e a democratiza o dos acessos e dos nus relativos aos recursos naturais no processo de licenciamento ambiental m eka Minist rio de Minas e Energia 7 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA Alfredo Wagner B 1994 Caraj s a Guerra dos Mapas Bel m Falangola Editora BAL E W 1998 Historical ecology premises and postulates In Advances in Historical Ecology Editado por W BALEE New York Columbia University Press pp 13 29 BARBOSA DE OLIVEIRA Frederico C 2007 O Projeto das Antropologias Mundiais diante do desafio da alteridade no mundo globalizado Revista Anthropol gicas 18 1 7 35 Frederico C 2010 Quando resistir habitar lutas pela afirma o territorial dos Kaiabi no Baixo Teles Pires Tese de Doutorado Brasilia DAN UnB BECKER Berta K 1982 Geopol tica da Amaz nia a nova fronteira de recursos Rio de Janeiro Zahar BOURDIEU Pierre 2001 Economia das trocas simb licas S o Paulo Editora Perspectiva BROOKFIELD H C 1969 On the environment as perceived In Progress in Geography 1 pp 51 80
374. m outros grupos que j tenham contra do algum tipo de doen a dos n o indios A contamina o de indios isolados pode provocar epidemias que reduzam significativamente o n mero de individuos desses grupos 3 4 3 Elementos Etnoecol gicos Associados Para compreender a dimens o deste impacto importante considerar epis dios que ocorreram no passado em que epidemias contribuiram para o decr scimo populacional de algumas etnias Segundo o A Revis o do Conte do Antropol gico a chegada da atividade seringalista na Amaz nia meridional foi marcada por conflitos violentos que envolveram os povos que viviam na rea de conflu ncia dos rios Juruena e Teles Pires A frente da borracha reunia indigenas numa rea extensa para o sistema de trabalho for ado dos seringais espalhando doen as contagiosas inviabilizando a vida ritual tradicional impondo o uso exclusivo da lingua portuguesa reunindo arbitrariamente pessoas de etnias distintas e avalizando viol ncias de toda esp cie nesse contexto que se deu a dr stica redu o de individuos da etnia Apiaka o que pode ser associado n o somente aos massacres sofridos mas as epidemias que os atingiram importante lembrar ainda a morte de muitos Kaiabi por epidemias de sarampo na regi o do Teles Pires antes da sua transfer ncia para o Xingu na d cada de 1950 Naquela poca a decad ncia dos postos do Servi o de Prote o ao ndio atual FUNAI no Teles Pires levou os Kaiabi
375. mas vai l e demarca de qualquer jeito e ai quem descobre a gente Ai fica muita coisa de fora e pra voc ter que ficar pedindo autoriza o pros fazendeiros toda hora muito ruim Pedindo autoriza o pra entrar numa coisa que sua o que pior ainda assim que eu fico olhando o trabalho do Orlando Ele fez coisa boa pra gente ele trouxe o pessoal da Escola Paulista pra dar vacina na gente desde de 1961 que eles est o aqui dando vacina pra gente Com certeza a gente n o tem como saber o que ia acontecer se a gente tivesse ficado por l mas a gente fica observando como que o pessoal do Par est vivo at hoje Por que n o a gente tamb m estaria vivo se estivesse morando l Mas isso uma duvida que vai ficar pra sempre Mas a nossa briga no Xingu agora pegar essa parte do Rio Arraias at a BR O Parque mesmo n o era pra pegar aquela parte do Diauarum a aumentaram o Parque porque acharam Txic o acharam Suy Juruna Kaiabi Kayap e ainda teve os Panar que n o est o mais aqui N o sei se voc sabe a hist ria do Diauarum porque o Diauarum era acampamento dos brancos ai depois que sairam os brancos e aumentaram o Parque sen o ia ficar s aquela parte do Alto mesmo l j estava virando uma vilinha Ai foi h quatro ou cinco anos atr s que um fazendeiro estava tentando tomar essa terra da gente na justi a mas ai n o sei o que que deu risos Ent o assim que a gente fica avaliando po
376. maz nia para poder trabalhar no rio Cururuzinho m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia clientes amantes da natureza a vis o de dragas de garimpo desmatando os barrancos e poluindo o rio Por outro lado os garimpeiros t m o desejo de subir a Rasteira para terem acesso a uma por o valorizada e pouco explorada do rio Para complicar ainda mais a situa o os Munduruku e Apiak s o mais favor veis aos garimpeiros e determinam que as pousadas tamb m lhes proporcionem compensa es financeiras ao passo que os Kaiabi s o mais favor veis aos pousadeiros e exigem que os garimpeiros aumentem o valor mensal de contribui o se subirem a Rasteira 5 3 Din mica Socioecon mica e Eixos de Rivalidade Solidariedade A partir da descri o dos distintos modos de inter relacionamento ecol gicos dos atores envolvidos diretamente no conflito da Terra Indigena Kayabi poss vel aproximar uma compreens o do porqu na maioria dos casos os conflitos socioambientais relativos as afirma es territoriais sejam os mais dificeis de alcan arem uma resolu o ou uma resolu o que agrade a todas as partes Diante das controv rsias inerentes aos processos sociais de ocupa o territorial das hist rias regionais e dos relacionamentos entre pessoas e natureza fica evidente que cada um dos grupos em disputa acredita estar no seu mais amplo direito ao buscaram defender suas territorialidades da m
377. mb lico e afetivo de muitos de seus sitios Ainda que a fala de At seja elucidativa a respeito do valor concedido ao lado de Mato Grosso a proposta de reconhecer o poder das linhas em estabelecer liga es emocionais conectando lugares narrados e constituindo regi es carece de uma aproxima o mais pr xima dos comportamentos di rios dos Kaiabi em suas atividades de coleta e extrativismo para irmos al m do valor material proporcionado pelos materiais Dito isso ser o apresentadas as movimenta es atuais que os Kaiabi realizam em sua regi o a fim de proporcionar mais um mapa capaz de legitimar o estilo de vida Kaiabi no Teles Pires Anexo 1 13 Os materiais da floresta s o retirados e usados de diferentes maneiras possuindo pocas especificas e em alguns casos t cnicas pr prias para serem extraidos Nessa atividade homens e mulheres est o envolvidos ativamente durante todo o ano Apesar de poderem ser encontrados em praticamente toda a extens o da Terra Indigena os produtos s o explorados em certas pocas e sobretudo em certos lugares ja definidos que os Kaiabi adquiriram o h bito de frequentar ao longo dos anos Em muitas situa es os Kaiabi mencionaram lugares de destaque dentro de terras invadidas por n o indios especificamente no estado de Mato Grosso Nesse sentido o mapa de coleta procura evidenciar dentre outras coisas que o outro lado esquerdo do rio Teles Pires n o pode ser desvinculado das linhas de mov
378. mea a s o contato Floresta Ombrofila Floresta Estacional contato Savana Floresta Ombr fila Floresta Ombr fila Densa Submontana e Floresta Ombr fila Densa Aluvial As duas primeiras s o forma es sens veis por apresentarem alta diversidade biol gica em fun o de muitas vezes serem povoadas por esp cies de ambas as fisionomias J as Florestas Ombr filas por serem forma es mais fechadas s o mais sens veis aos efeitos de borda da fragmenta o de habitats nativos As Florestas Aluviais possuem destacada sensibilidade pois se tratam de ambientes extremamente importantes para a fauna aqu tica e sofrem maior press o com a explora o do ouro Outro impacto relevante dessa explora o a contamina o hidrica por merc rio Apesar desse risco a drenagem das microbacias corre para fora da rea da TI Munduruku No entanto caso haja um avan o das atividades antr picas no sentido oeste podem ser esperados impactos diretos no interior da TI Munduruku Dentre estes pode se destacar as altera es no aporte de nutrientes decorrentes do desmatamento da vegeta o marginal que podem resultar em extin es locais da fauna aqu tica inclusive de esp cies end micas das cabeceiras das microbacias em quest o Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 20 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA c rea de Vulnerabilidade 3 O norte de Mato Grosso fronteira de expans
379. menta o EM a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia preservar a natureza Marcos fez quest o de enfatizar que apesar do desmatamento das margens e dos barrancos ao redor pretendem se adequar s normas ambientais e afirma que utilizam o merc rio somente na etapa final de separa o do ouro precisamente tomando uma disposi o de indiferen a e buscando assistir os ndios em muitas de suas demandas que os garimpeiros se esfor am para ser reconhecidos enquanto parceiros Sua estrat gia principal para continuarem com suas atividades se aproximando dos ndios ouvindo suas reivindica es e adquirindo seu apoio uma vez que qualquer desentendimento de maior propor o pode interromper seus trabalhos pois as dragas ficam pr ximas s aldeias dos Munduruku e Apiak principalmente Quando indagados sobre seu entendimento do conflito Marcos afirma que j tinha conhecimento que os indios habitavam essa regi o h muito tempo e posteriormente come aram a chegar os fazendeiros tambem exigindo seus direitos Argumenta tamb m que favor vel demarca o integral pois tem planos de trabalhar com seus colegas de forma legalizada dentro da Terra Indigena mas se tiverem que sair n o v problemas em voltarem a operar no Tapaj s e Frames de diferencia o Para garantirem a continuidade de suas atividades se afirmarem no relacionamento di rio com os ndios e ocuparem um posi
380. mente ligada apreens o do tempo do espa o e da intera o entre eles podendo ser melhor entendida em termos de unidades de paisagem compostas por unidades de recursos A organiza o das atividades produtivas nas aldeias Apiak pauta se pelo regime das aguas No ecossistema amaz nico a varia o do nivel dos rios pode chegar a v rios metros alterando radicalmente a paisagem ao longo do ano Os Apiak distinguem duas grandes unidades de tempo o inverno poca das chuvas que vai de outubro a mar o e o ver o periodo em que chove menos que vai de abril a setembro Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o RM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Os Apiak conhecem uma imensa variedade de peixes mamiferos aves e plantas silvestres mas utilizam um n mero proporcionalmente pequeno Os peixes s o a principal fonte de proteina de obten o mais segura embora a carne de ca a seja considerada a comida verdadeira mais saborosa e substanciosa As ro as fornecem a mandioca a partir da qual se prepara a farinha principal alimento vegetal importante tamb m do ponto de vista simb lico Por fim a coleta animal e vegetal fornece alimentos importantes tanto do ponto de vista nutricional quanto do ponto de vista da sociabilidade Entre os Apiaka a comensalidade tanto a cotidiana como a festiva fundada nos princ pi
381. mento deve ter ocorrido ao final d cada de 1920 quando o SPI entrou de recesso O pr prio Pyrineus de Souza no levantamento que fez do rio Teles Pires apos ter deixado a regi o habitada pelos Kaiabi em 1915 rompeu o Salto Sete Quedas e encontrou uma figura que seria chave no projeto futuro que os Kaiabi iriam empreender de descer mais ainda o Teles Pires Pyrineus comenta que h aproximadamente 2 km abaixo da foz do rio Apiac s a expedi o encontrou o barrac o S o Jos do maranhense Elias Praxedes do Nascimento Segundo Pyrineus de Souza Elias Praxedes trabalha com 24 seringueiros tirando a cada safra de 8 a 9 mil quilos de borracha que entrega ao Colletor de Mato Grosso Sr Jos Barreto de quem aviado Para alimenta o de seus seringueiros tem grande planta o de mandioca arroz feijao e milho Pedindo lhes que obtivesse um pr tico para nos acompanhar at a Colletoria de Matto Grosso a Barra do Teles Pires prontificou se ele mesmo a nos levar em suas montarias possantes O barrac o S o Jose dista 1159 km das cabeceiras do Paranatinga e 758 km do barrac o do Moroco o ltimo dos seringueiros matto grossenses Nesse intervalo h bonitos seringais inexplorados e muitos castanhais 1916 52 53 Pyrineus ainda acrescenta que Elias aparentava ter entre 30 e 40 anos de idade vivia h seis anos nesse rio com sua m e dona Athanazia de 65 anos e estava criando duas filhas rf s Apiak provavelmen
382. metodologias apropriadas linguagem e sociabilidade das diferentes etnias Consultar as popula es indigenas sobre a sele o de reas degradadas priorit rias para recupera o no interior das TI Kayabi e Munduruku Dever ser realizada atividade de monitoramento espec fico das esp cies descritas e das reas de ca a conforme a revis o do conte do antropol gico contando com participa o ativa da popula o indigena Os relat rios de monitoramento dever o ser referendados pelas organiza es indigenas Todos os relat rios de monitoramento produzidos dever o ser adaptados em vers es did ticas adequadas s diferentes linguas e padr es culturais respeitando as especificidades etno culturais e lingu sticas de cada etnia Al m disso no mbito das atividades de educa o ambiental esses materiais did ticos dever o ser apropriados pela comunidade escolar e os postos de sa de ind genas Programa de aux lio fiscaliza o ambiental O empreendedor dever manter uma equipe permanente de aux lio fiscaliza o ambiental no interior e entorno da TI Kayabi com o objetivo de minimizar os desmatamentos ilegais a ca a furtiva bem como outros crimes ambientais que coloquem em risco o equilibrio ecol gico O empreendedor dever fornecer os equipamentos necess rios para a realiza o dessa atividade fortemente recomendada a participa o de ndios nessa equipe permanente que dever atuar em conjunto com
383. mo regi o de perambula o e tamb m territ rio de influ ncia dos Munduruku Tanto pela dificuldade de acesso como pelo medo dos Munduruku era um terreno at ent o 12 Siranho o cacique da aldeia Ilha Grande no Xingu m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia evitado pela maioria dos Kaiabi Contudo o que antes representava uma barreira nesse momento se configurava como mais uma oportunidade para os guerreiros Kaiabi caminharem viajarem conhecerem e amansarem outras pessoas adquirir conhecimentos e talvez algumas cabe as para celebra o do Jowosi e finalmente regressarem para suas aldeias contando as novidades experi ncias e mudan as de nome Nesse primeiro grupo que resolveu se aventurar rompendo o Sete Quedas estavam os jovens rf os Manek pai de Atu Jatop Kupekani e Xupe ainda vivo morador da aldeia Tuiarar no Xingu Foi ent o utilizando alguns documentos oficiais mas principalmente os relatos da mem ria de At e Xup que apresentado esse novo e decisivo momento para a territorialidade dos Kaiabi do Baixo Teles Pires Atu Os ndios n o desciam o Sete Quedas porque tinha muito Munduruku mas Munduruku n o dessa regi o n o l da regi o de Manaus At hoje ainda tem Munduruku l pra baixo Como os seringueiros vinham tamb m de cima os Munduruku desceram e encontraram com os Kaiabi Ent o os
384. mpactos ainda que fora dos limites das Terras Indigenas O projeto da UHE S o Manoel ser localizado no rio Teles Pires com reservat rio formado sobre territ rio dos munic pios de Paranaita e Jacareacanga Devem ser contratados at 4 mil trabalhadores para sua constru o A barragem da UHE Foz do Apiacas est projetada para constru o nos municipios de Apiacas e Paranaita Seu reservat rio deve afetar ainda o munic pio de Nova Monte Verde Dois mil trabalhadores diretos devem ser contratados para sua constru o A UHE Teles Pires tem constru o prevista no medio Teles Pires a 46 km acima da foz do rio dos Apiacas As obras de constru o devem atrair at 7 mil trabalhadores no periodo de pico e em m dia 4 mil O reservat rio afetar os munic pios de Paranaita e Jacareacanga A Figura 1 apresenta mapa contendo os limites das Terras Indigenas e reservat rios das usinas abordadas A principal fonte de dados sobre as rela es etnoecol gicas das popula es indigenas envolvidas neste estudo foi a Revis o do Conte do Antropol gico estudo associado Revis o e Complementa o do ECI A disponibilidade de informa es para a realiza o desse estudo foi diferenciada em termos de etnias Al m da bibliografia dispon vel foram obtidos dados prim rios sobre os Kaiabi J informa es sobre os Munduruku e Apiac foram colhidas basicamente a partir de fontes secund rias conforme informado na Revis o e Complementa
385. mpactos mais aderentes a aspectos de ordem simb lica e a pr ticas sociais das popula es indigenas A reavalia o de impactos foi finalizada com revis o das matrizes de impacto do ECI que foram aperfei oadas com a diferencia o por etnia O mesmo procedimento foi adotado para a matriz de impacto que considerou a implanta o em conjunto das tr s usinas e que foi resultado da an lise de cumulatividade e sinergia Com base nas an lises anteriores os programas propostos no ECI e nos EIA foram revistos e lhes foram propostas diretrizes para complementa o tendo em vista as especificidades das popula es indigenas Quatro programas especificos tamb m foram propostos O diferencial das complementa es propostas em rela o aos programas tais quais formulados anteriormente a forte intera o sugerida entre as partes interessadas empreendedor o poder p blico por meio de rg os e institui es variadas e as popula es indigenas Essas atuando como protagonistas e gestores dos programas que tiverem interfer ncia em seus modos de vida respeitando se o aparato legal e as suas caracteristicas etno culturais e ecol gicas Nesse sentido o Programa de Gest o Ambiental Indigena proposto ir atuar como catalisador de todas as atividades propostas facilitando seu acompanhamento a interven o participativa das tr s etnias e o monitoramento e avalia o de seus resultados de forma integrada EMOS dO Con ente Endidera
386. mplica em reas degradadas al m do que seria necess rio para a agropecu ria O desmatamento ocasionado pelas diferentes atividades acima desencadeia de forma geral os seguintes processos impactantes Acelera o de processos erosivos a eros o um processo natural de desagrega o do solo Naturalmente os solos apresentam diferente susceptibilidade em fun o de vari veis ed ficas geomorfol gicas clim ticas e da cobertura e uso A supress o da vegeta o nativa e a epe Empresa de Pesquisa Energetica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA consequente substitui o por gramineas culturas anuais ou ainda solo exposto tendem a tornar as reas mais inst veis e intensificar os processos erosivos A lixivia o do solo exposto provoca o carreamento de s lidos para os corpos h dricos o que altera as propriedades fisico quimicas da gua e do leito dos rios podendo resultar em assoreamento Estas modifica es t m como consequ ncia preju zos sobre a biota aqu tica e em ltima inst ncia podem significar perda de biodiversidade Fragmenta o de habitats nativos a supress o de vegeta o provoca a fragmenta o de habitats nativos e exp e os remanescentes s influ ncias dos ambientes antropizados do seu entorno denominadas efeitos de borda Tais efeitos consistem na altera o das condi es fisicas e biol gicas originais visto que os remanescentes s o submetidos outra din mica de paisagem que
387. mponente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 1 INTRODU O A Parte IV deste relat rio apresenta as informa es relativas ao atendimento dos temas relacionados avalia o complementar da qualidade da gua dos corpos h dricos nas Terras Ind e dos aspectos relacionados a ictiofauna Estas complementa es requereram investiga es de campo e foram comuns s exig ncias feitas Companhia Hidrel trica Teles Pires S A licitante vencedor do leil o da usina hidrel trica Teles Pires justo a montante do projeto de S o Manoel no curso principal da bacia Os textos apresentados a seguir reproduzem integralmente as informa es do documento UHE Teles Pires Reformula o dos Estudos do Componente Indigena Relat rio Final conforme encaminhado pela Companhia Hidrel trica Teles Pires S A e realizados pela JGP Consultoria e Participa es Ltda tendo sido alterada somente a itemiza o de forma a manter a coer ncia deste relat rio e facilitar a verifica o do atendimento as solicita es da Funai Dessa forma as complementa es solicitadas puderam ser atendidas sem a necessidade de levantamentos adicionais e sucessivos ingressos nas terras indigenas otimizando os recursos e eventuais interfer ncias nessas popula es e e eka Minist rio de Minas e Energia 2 CLASSIFICA
388. mpreendedores como exemplos recentes v m demonstrando O problema maior apesar de a legisla o prever o contr rio a falta de mecanismos institucionais capazes de considerar as demandas e os conhecimentos das comunidades na caracteriza o dos impactos socioambientais de um empreendimento Nesse sentido que surgem as chamadas medidas de mitiga o e compensa o como nico instrumento para prover as comunidades de algum tipo de projetos para minimizar os nus ambientais Ademais uma vis o patrimonialista cartorial e mercantil contabiliza propriedades atingidas ou seja objetos pass veis de indeniza o ao contr rio de sujeitos atingidos com suas intricadas formas de apropria o e uso do territ rio al m dos diversificados la os societ rios e culturais Zhouri 2008 102 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia O ponto chave ao se planejar os programas ecol gicos que eventualmente ir o suceder a implanta o das usinas n o permitir que o ciclo ecol gico em conjunto com o ciclo social orientado pelo regime anual das guas seja radicalmente alterado de modo a prejudicar o modo de vida tradicional dos Kaiabi Apiak e Munduruku exatamente este receito que se constitui na principal raz o que leva as tr s etnias a se posicionarem contrariamente ao projeto t
389. n o das reas a serem alagadas ou desmatadas pelos inumeros processos desencadeados a partir da constru o das novas usinas Considerando a sua forte rela o com o ambiente natural o possivel desaparecimento de Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomlementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia locais que possam ter valor hist rico e cultural para os povos indigenas como praias cachoeiras ilhas e matas com caracteristicas espec ficas sera sentido de forma negativa A simples percep o das interfer ncias f sicas no rio Teles Pires e a presen a de estruturas de grande porte em reas antes preservadas tem efeitos negativos importantes para os ndios especialmente do ponto de vista simb lico Ao incidirem diretamente sobre a flora a fauna ou os recursos h dricos os impactos analisados est o inevitavelmente relacionados a possiveis altera es na paisagem e resultam na perda de referenciais socioespaciais e culturais para os povos indigenas da regi o 3 7 3 Elementos Etnoecol gicos Associados Conforme indicado anteriormente os indios possuem uma rela o emocional est vel com o ambiente em que vivem e no qual constru ram ao logo do tempo a sua territorialidade A compreens o deste impacto exige que a an lise incorpore a complexidade das rela es ecol gicas e simb licas que constituem a hist ria e a cultura dos povos
390. n 6 177 de 1 de agosto de 2007 a diversidade cultural constitui patrim nio comum da humanidade e deve dispor de mecanismos que a proteja e valorize Especialmente nas an lises dos impactos cria o ou intensifica o de conflitos territoriais e altera es na paisagem e perda de referenciais socioespaciais e culturais foi identificada a necessidade de desenvolvimento de atividades especificas para a valoriza o das manifesta es culturais dos indios principalmente em fun o do risco de modifica o das rela es sociais e culturais a partir da constru o das usinas Os conhecimentos tradicionais dos grupos indigenas constituem se como importante fonte de riqueza material e imaterial sendo fundamental a garantia de sua prote o O objetivo do Programa de Valoriza o das Manifesta es Culturais das Popula es Indigenas valorizar o patrim nio hist rico e cultural das etnias por interm dio de projetos culturais a serem identificados em diagn sticos culturais como por exemplo o apoio ao registro e documenta o de manifesta es culturais ind genas publica es do hist rico etno cultural integra o com as pol ticas p blicas culturais em n vel federal estadual e municipal e demais atividades de valoriza o de seu patrim nio imaterial que as popula es indigenas avaliarem como relevantes Os projetos de valoriza o das manifesta es culturais indigenas a serem apoiados pelos empreendedores
391. n lises desta se o Durante a pesquisa em campo os Kaiabi foram enf ticos em afirmar que apos os estudos de identifica o notaram um aumento do n mero de sobrev os sobre a terra com o consequente avan o dos desmatamentos Conforme o processo de regulariza o fundi ria se adiantava o desmatamento aumentava cada vez com mais intensidade sobre as florestas delimitadas como constituintes da Terra Indigena As atividades desenvolvidas por esses ocupantes se restringiam inicialmente explora o madeireira seguida de agropecu ria extensiva com nfase no gado de corte Grupos de pequenos posseiros tamb m se estabeleceram dentro da Terra Indigena em raz o de projetos de assentamento e reforma agr ria realizados pelo INCRA sem a devida consulta pr via FUNAI Al m disso dragas de garimpo remanescentes do periodo aurifero v m operando no Teles Pires e tamb m possuem demandas pr prias relativas a certos direitos H ainda que se ressaltar o estabelecimento de pousadas de pesca esportiva ao final da d cada de 1990 dentro da Terra Indigena ou que possuem rotas de pesca em seu interior Por fim deve se tamb m considerar a diversidade de interesses entre os Kaiabi Munduruku eApiaka que manifestam distintos relacionamentos econ micos e ecol gicos com o ambiente e com os demais grupos de interesse que influenciam a din mica social da Terra Indigena Feito ent o esse pre mbulo apresentando a situa o do conflito defini
392. n Teofilo da 2005 Cativando Maira a sobreviv ncia av canoeiro no alto rio Tocantins Tese de Doutorado DAn UnB Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EA Minist rio de Minas e Energia SILVA Geraldo M 1999 Agricultura Kaiabi e Yudja na paisagem norte do Parque Indigena do Xingu In Relat rio T cnico S o Paulo Instituto Socioambiental The Norwegian Rainforest Foundation 91 p STAHL P W 2008 The contributions of Zzooarchaeology to historical ecology in the neotropics In Quaternary International 180 pp 5 16 STUCHI Francisco F 2010 4 ocupa o da Terra Indigena Kaiabi MT PA Hist ria indigena e etnoarqueologia Disserta o de Mestrado em Etnoarquologia Universidade de S o Paulo TEMPESTA Giovana A 2009 Travessia de Banzeiros Historicidade e organiza o sociopol tica apiak Tese de doutorado Antropologia Social Universidade de Brasilia Giovana A 2011 Resumo do Relat rio Circunstanciado de Identifica o e Delimita o da Terra Ind gena Apiak e Pontal dos Isolados Brasilia Processo FUNAI BSB 007 3 2010 TIBIRI Luis Caldas 1984 Dicion rio Tupi portugu s Rio de Janeiro Tra o Editora VILLAS BOAS Cl udio amp VILLAS BOAS Orlando 1989 Os Kayabi do Rio S o Manoel S o Paulo Kuarup VIVEIROS DE CASTRO Eduardo 1986 Arawet os Deuses Canibais Rio de Janeiro Jorge Zaha
393. na e flora terrestre a press o antr pica sobre a ictiofauna a valoriza o e especula o imobili ria a modifica o das rela es sociais e culturais entre outros Por todos esses fatores considera se que a constru o das tr s usinas provocar o efeitos sin rgicos sobre a cria o e intensifica o de conflitos territoriais 4 1 6 Altera o nas Rela es dos ndios com as Atividades Econ micas De acordo com o item 3 6 a constru o das usinas podera interferir nas rela es dos indios com as atividades econ micas que ocorrem no entorno dos empreendimentos fora das TI e em alguns casos dentro da TI Kayabi Hoje os ndios Kaiabi est o mais envolvidos com atividades do setor de turismo e os Munduruku est o mais envolvidos com as atividades de garimpo Com rela o as atividades de turismo o empreendimento de S o Manoel especificamente alagar as reas onde hoje existem algumas pousadas que oferecem como atrativo a pesca esportiva Essas pousadas deixar o de existir podendo se restabelecer em outro local mas n o necessariamente pr ximo TI Kayabi Trata se Estudos do Combonente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomotementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia de um impacto negativo mas sem car ter cumulativo ou sin rgico pois envolve somente a usina de S o Manoel Um efeito que dever ocorrer a gera o de oportuni
394. na voc que l dentro tem uns 80 ndios se voc pegar essa terra e dividir d mais de 10 mil hectares pra cada um Eu acho que essas ONG s s trabalham porque recebem dinheiro do governo um dinheiro que nosso O problema que entre n s fazendeiros mesmo n o tem muita articula o a gente s se junta na dor Na verdade os ndios n o s o nossos inimigos eles s o uns coitados porque est o sendo manipulados pela FUNAI Eu j estou cansado de brigar com o governo ainda mais se voc do setor pecu rio acaba levando a fama pelo desmatamento Deixar a floresta em p n o lucrativo mas derrubar tamb m n o est resolvendo nosso problema 9 2 1 3 Posseiros O grupo de posseiros atualmente ocupantes do lado da Par tamb m apresenta hist rias e liga es territoriais dignas de considera o em rela o regi o do Baixo Teles Pires Por suas oposi es de ordem mais en rgica ocorridas na pr pria Terra Indigena por serem oriundos majoritariamente da cidade de Paranaita por quase todos os ocupantes passarem boa parte do tempo fora da cidade e at por eles j reconhecerem a proximidade do pesquisador com os Kaiabi seria invi vel qualquer aproxima o pessoal que pudesse captar elementos mais consistentes de seus frames de identidade e diferencia o associadas sua afirma o territorial Foi utilizado como documento base um depoimento elaborado e assinado pelo maior dos grupos a Apoiad
395. nal Tibiri a 1984 Assim da mesma maneira que ka aret se refere ao mato verdadeiro mais adequado para encontrar ca a e materiais de coleta o kofet raret significa a capoeira original dos Kaiabi 18 observando ouvindo talvez mesmo tocando que n s continuamente sentimos a presen a de cada um no ambiente social a cada momento ajustando nossos movimentos em reposta a seu constante monitoramente perceptivo Tradu o livre 1 Informa es mais detalhadas sobre o sistema agr cola Kaiabi a partir de uma perspectiva agron mica podem ser encontrados em Silva 1999 m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia compostas em sua maior parte por terra preta e consideradas as capoeiras legitimas mais apropriadas ao desenvolvimento de seus policultivos alimentares Em contraste nas areas de ka aret com terra vermelha vwypirang o plantio de culturas menos exigentes como o milho e a mandioca dominante No kofet raret possivel encontrar nas terras pretas cacos de cer mica e machados de pedra em praticamente todas as reas abertas para cultivo O conhecimento local centrado nos horizontes superficiais enfatizando suas caracter sticas mais diretamente relevantes para o uso agricola das terras que tamb m s o afetadas pelo seu hist rico de uso e sua distribui o na paisagem Os Kaiabi empregam a cor como caracter stica diferencial mais not ria seguida da t
396. nanciavam a vasta cadeia de abastecimento recrutavam m o de obra e expandiam as atividades de extra o de borracha em novas reas para darem conta da demanda internacional 3 2 Constru o hist rica do territ rio A narrativa fundadora que fornece as bases para os relacionamentos e significa es territoriais dos Kaiabi com o Baixo Teles Pires ainda em grande medida a hist ria contada pelo cacique Atu que abrange a chegada de seu pai Manek e seus companheiros com a transposi o e conquista do Sete Quedas a conviv ncia com Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM Minist rio de Minas e Energia os seringueiros e a posterior resist ncia dram tica transfer ncia para o Parque do Xingu Embora At n o seja o mais velho vivendo no Teles Pires e n o tenha passado diretamente por todas essas situa es o cacique apresenta capacidades de mem ria e oralidade impressionantes Gesticulando produzindo express es faciais diversas alterando o tom de voz e dando o tempo necess rio para o ouvinte conectar as informa es Atu capaz de reproduzir in meras vezes os epis dios narrados por seu pai sem praticamente alterar uma virgula inserindo sua plat ia numa atmosfera muito pr xima daquela que os Kaiabi antigos deveriam ter experimentado no passado Atu comenta que nunca se interessou por essas coisas de fazer peneira cestos artesanato
397. nas embarca es conhecida como voadeiras O principal apetrecho utilizado para a pesca a vara e anzol ou linhada e anzol e diferentes tipos de iscas Somente em uma das casas que est o fora da aldeia conhecida como Casa do Seu Crist v o localizada pr xima a Aldeia Mairowy foram observados outros apetrechos de pesca como o arp o zagaia sararaca flecha espinhel e a rede de espera Nessa mesma resid ncia observamos uma canoa que est sendo construida pelo filho do Seu Cristov o para ser usada para pescar O minhocu u Glossoscolex sp comumente utilizado pelos indios Apiac para pescar diferentes esp cies de peixes A esp cie Hemiodus sp conhecido popularmente como charutinho utilizado pelos indios como isca para pescar peixes de h bito alimentar Estudos do Comtonente Indidena das UHE S o Manoel e Foz gt 40 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia carn voro Para pescar peixes onivoros e herb voros como pacu tambaqui e piau eles utilizam o fruto da Tartaruguinha ou Sarandi Sebastiania sp o fruto do Jauari stroca vumjauari Fam lia Arecaceae e o a a Euterpe oleracea como isca A pesca na Aldeia Mairowy realizada principalmente pelos homens s vezes as mulheres acompanham De acordo com a professora Rosa Os homens pescam mais do que as mulheres mas quando os homens v o trabalhar longe as mulheres saem pescar No decorrer das entrevi
398. naturais foi baseada na hist rico de ocupa o em an lises de base cartogr fica disponivel e de imagens de sat lite atuais O hist rico foi usado para contextualizar a ocupa o humana e os vetores de expans o das atividades antr picas A base cartogr fica e as imagens de sat lites permitiram identificar as amea as na regi o das Terras Ind genas atrav s dos seguintes indicadores ocorr ncias minerais areas desmatadas infraestrutura vi ria e reas com ocupa o humana consideradas como as principais a es antr picas de risco para a integridade da regi o das TI O indicador ocorr ncias minerais CPRM 2010 apresenta os registros de localiza o de min rios e insumos n o indicando se esses recursos est o sendo explorados A identifica o de atividade miner ria se deu por meio de infer ncias apoiadas nos seguintes elementos an lise de imagens de sat lite para localizar reas de garimpo o hist rico da regi o e o desmatamento associado as ocorr ncias As atividades de explora o madeireira e agropecu ria foram identificadas a partir do hist rico de ocupa o da regi o da an lise de mapas e informa es dispon veis do uso do solo e do Atlas de Press es e Amea as s Terras Indigenas na Amaz nia Brasileira CARNEIRO FILHO 2009 As reas desmatadas foram mapeadas utilizando se dados do INPE 2010 que aponta o desmatamento entre 1997 e 2010 As estradas foram mapeadas segundo IBGE 2004 qu
399. ncionamos anteriormente Isto porque principalmente devido contesta o apresentada pelo Minist rio da Defesa referente sobreposi o da rea delimitada sobre a Base A rea do Cachimbo n o havia ainda a confirma o oficial de que aquela terra era de posse dos indios Esse periodo pode ser identificado como um momento de lat ncia do conflito em que os atores vinham se mobilizando internamente aguardando um posicionamento definitivo do Governo Federal para definirem suas estrat gias de a o Foi somente em junho de 1999 que o presidente da FUNAI publicou no Di rio Oficial a aprova o dos estudos de redefini o de limites A FUNAI e o Ministro da Justi a concordaram em retirar do perimetro da Terra Indigena a sobreposi o com as terras pertencentes ao Comando da Aeron utica por incompatibilidade de usos ratificando as demais proposi es constantes no relat rio de Rodrigues Da parte dos Kaiabi digno de destaque a funda o em abril desse mesmo ano da Associa o Indigena Kawaip Kayabi AIKK com o proposito de formalizarem uma organiza o juridicamente constituida para lutar por seus direitos especialmente aqueles relativos demarca o Foram tamb m mapeadas por Frederico Oliveira algumas manifesta es mais relevantes da parte de n o indios nesse momento que contudo n o obtiveram xito Foram oferecidas contesta es pelo municipio de Apiac s MT e pela empresa Agropecu ria Vale do Ximari BRAS
400. ndigena Kayabi Considerando que os indios sobretudo Kaiabi e Munduruku perambulam pela regi o e t m contato com a popula o de n o ndios poder haver aumento da incid ncia de DST sobre a popula o indigena Cabe mencionar ainda a maior exposi o dos indios a bebidas alco licas e drogas Outro fator importante a ser considerado no que se refere aos riscos saude das popula es ind genas est associado altera o da qualidade da gua a jusante da barragem utilizada para consumo humano direto ou outros usos que possam oferecer riscos de contamina o A constru o de usinas hidrel tricas causa grandes interven es no s tio de constru o para a implanta o das obras In meras atividades alteram a estrutura do solo deixando o mais suscept vel eros o ou desmoronamentos Al m disso a usina de britagem uma fonte constante de residuos finos facilmente carreados por enxurradas Todos esses processos podem provocar aumento da turbidez da gua do rio Teles Pires De acordo com os EIA ainda podem ser identificadas outras fontes de polui o como leos e graxas utilizadas para a manuten o de veiculos e maquin rio residuos de alimentos da produ o de refei es para os oper rios residuos liquidos decorrentes da limpeza dos utensilios e efluentes sanit rios provenientes de escrit rios e alojamentos Sem contar a produ o significativa de lixo como papel e embalagens de produtos diversos que tamb
401. ndigenas ser o transcritos de acordo com a grafia indigena utilizada pelos Kaiabi do Xingu e do Teles Pires m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia corretamente agrupado como falante de uma lingua pertencente familia ling istica tupi guarani A primeira men o mais efetiva da import ncia de se estudar os Kaiabi e sua cultura foi feita por Darcy Ribeiro 1957 Contudo apenas tr s trabalhos antropol gicos foram realizados com esses ndios Georg Gr nberg na d cada de 1960 empreendeu trabalho de campo com os Kaiabi do rio dos Peixes descrevendo aspectos gerais da cultura simb lica e material como requisito para sua Tese de Doutorado pela Universidade de Viena Nas d cadas de 1980 e 1990 dois trabalhos foram realizados entre os Kaiabi do Xingu Elizabeth Travassos estudou o xamanismo e a musicologia Kaiabi e Suzanne Oakdale fez pesquisa dando nfase aos c nticos guerreiros narrativas m ticas e constitui o da pessoa Dada a inexist ncia de qualquer mecanismo que institua formas hier rquicas de organiza o pol tica e social a unidade do grupo est referida como em muitos grupos amer ndios apenas necessidade das trocas matrimoniais e as rela es de parentesco a elas associadas especialmente o casamento entre primos cruzados e a resid ncia uxorilocal Os Kaiabi s o portanto uma sociedade acefala onde os grupos de descend ncia unilineares wyri se constituem em fami
402. ndios da Aldeia Mairowy e principais esp cies capturadas em cada ponto Locais de pesca Lago da Tartaruga Lago do Tijuco Po o du Riv margem direita Teles Pues Esp cies mais pescadas ucunar pacu prranha amarela piranha preta ambagqu pacu prranha amarela piranha preta piranha branca mainncha piau piraiba pirarara pintado piranambu e cachara piranha roxa piranha preta pitando Foz do Igarap do Boto barbado e pintado Igarap do Boto ucunar matrinch jacund Lago do Boto Piau Lago Grande Tucunar matrinch pacu Lago do Tambagui ucunar pacu piau piranha matrinch pintado prrarara barbado e andia Area de remanso no Rio Teles Pires margem direita Praia do Jaburu pacu pirarara filhote barbado piranambu e ja pacu e piranha preta Locais de pesca Esp cies mais pescadas Ilha do Tent m tambaqui pirarara pacu e jacund Igarap do Pinto p au matrinch piranha e peixe cachorra Igarap do Munha u p au cabe a gorda matrinch e pacu Tres Manas barbado e piranha branca Praia do Saco pautado Lago do Bubuia po o no Rio Teles Pires Po o do Castanhal Lago do Mutum purarara filhote e conmbata porarara e Elhote jandia e tambaqui Visitando os locais apontados pelos moradores da Aldeia Mairowy como pontos de pesca pode se perceber que os ndios t m o conhecimento da distribui o das esp cies ao longo do rio e conhecem o habito das esp cies
403. ndo viol ncias de toda esp cie incluindo massacres premeditados Sem negligenciar o peso da coer o e da viol ncia exercidos pelos patr es da borracha a configura o local das rela es inter tnicas permitiu que alguns povos se mantivessem em seus territ rios tradicionais e conservassem seus usos e costumes de forma din mica evidentemente Os Kaiabi que ali habitavam resistiram agressivamente durante as primeiras d cadas do s culo XX Com o aumento do contingente de seringueiros aumentaram tamb m os abusos e a viol ncia e os Kaiabi acabaram se dividindo em tr s grupos 1 o grupo que permaneceu no M dio Teles Pires estabelecendo contatos mais regulares com os postos do SPI e sendo posteriormente transferidos para o Parque do Xingu 2 os Kaiabi do rio dos Peixes que conseguiram permanecer virtualmente isolados at at decada de 1950 e 3 os Kaiabi do Baixo Teles Pires que se estabeleceram no baixo curso desse rio a fim de manter rela es mais aut nomas com seu ambiente Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia ancestral No caso dos Apiak foram cercados por seringueiros e maioria acabou se engajando na extra o de l tex mas ao final do s culo XIX uma fra o do povo retornou para a floresta recusando terminantemente o contato com os brancos Tempesta 20
404. ne de jacar tamandu ariranha lontra cigana e saracura Ca am tamb m diversas aves para obter carne e penas O mutum castanha e carij reconhecidamente a ave de ca a preferida Em seguida temos o nambu macuco gavi o jacamim galeguinha pato jacu soc tucano arara e papagaio Esses tr s ltimos t m mais utilidade no artesanato pois os indios utilizam suas penas e plumas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia na confec o de enfeites e flechas No passado costumavam capturar o gavi o real e cria lo em gaiolas para obterem suas penas No Teles Pires esse costume foi abolido mas na aldeia Capivara no Xingu a captura desse animal para essa finalidade ainda pode ser observada No momento de fazerem a rela o entre a ca a e o lugar onde pode ser encontrada com maior facilidade os Kaiabi manifestaram uma tend ncia a se referirem primeiramente ao nome ou localiza o do lugar em seguida indicando o micro ambiente quando era o caso e por fim qual is animal is t m por h bito frequenta lo De acordo com Jose Kaiabi esta a maneira como eles se expressam na lingua Os principais pontos inseridos no mapa pelos Kaiabi dizem respeito aos cursos d gua com maior incid ncia de ca a capoeiras ilhas de recursos e barreiros comumente associados as chamadas
405. nente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EH a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia por um dos maiores desafetos dos Kaiabi conhecido como Pioneiro O rio S o Benedito tambem foi muito castigado na poca do garimpo mas atualmente parece ter se recuperado quase por completo apresentando a gua com colora o mais escura e temperatura mais fria que os demais rios utilizados pelos Kaiabi A segunda aldeia foi estabelecida por Valdir genro de Kurune no rio Ximari h aproximadamente 1 hora de barco de sua foz 10 habitantes Trata se de um lugar inserido na micro regi o do Morro do Jabuti cortado por planaltos de forma o calc ria caracter sticos da Serra dos Apiacas A escolha da aldeia Ximari foi estrat gica primeiramente no sentido de explorar recursos numa rea repleta de kofets lagos e castanhais A contar pelo n mero de pes de manga nas imedia es da aldeia ind cio prim rio mais acionado pelos Kaiabi para evidenciar a habita o antiga de se imaginar que tenha sido bastante utilizada pelos Kaiabi antes da transfer ncia para o Xingu mas que recentemente estava um tanto esquecida Outro proposito da aldeia Ximari de fiscalizar os desmatamentos de um dos maiores madeireiros suspeitos de extrair madeira ilegalmente da Terra Indigena conhecido como Passarini A aldeia Dinossauro foi organizada por Jos Kaiabi genro de Atu do
406. nerg Minist rio de Minas e Energia voc ouve tem v rios bichos fazendo barulho no mato e aqui quase n o tem 3 5 2 Pol tica e liga es territoriais Se at aqui foram apresentadas algumas falas de pessoas relacionando as dificuldades enfrentadas apos a transfer ncia bem como as diferen as mais sentidas entre os ambientes do Teles Pires e do Xingu relacionando os aspectos ecol gicos com o parentesco importante tamb m destacar conclus es de uma importante lideran a indigena a respeito de todo esse processo Nesse sentido o aspecto emocional e perceptivo das rela es ecol gicas n o foi deixado de lado mas uma abordagem mais distanciada e critica do indigenismo atual tamb m poder auxiliar a compreender de que maneira os Kaiabi mais experientes na condu o das associa es indigenas v m articulando todas essas dificuldades e lutando na arena pol tica mais ampla para equacionar essas quest es emocionais e pol ticas a fim de defender os interesses do grupo como um todo Vejamos a fala de Makupa duas vezes presidente da ATIX Associa o Terra Indigena Xingu que sempre admitiu uma liga o especial entre os Kaiabi e o Teles Pires realizando uma sintese bem elaborada da atua o dos Villas Boas junto aos Kaiabi da cria o do Parque e da pol tica indigenista atual Avaliando a hist ria e o trabalho do Orlando por um lado ele salvou mesmo os Kaiabi Com a chegada do seringueiro e gateiro esses bran
407. nergia n o tinha aldeia aqui n o eles andavam isso tudo a pra procurar comida mas aldeia mesmo n o tinha n o Matavam os outros e traziam cabe a pra fazer festa N o tinha branco pra atrapalhar o caminho dos ndios s vezes passava quatro cinco meses no mato s vezes passava o inverno tudo no mato Ent o o pessoal dessa aldeia come ou tudo com esse finado que morreu agora Kupekani Serrum o o tio da minha velha Jatop o Xup e o meu pai foi os que varou primeiro n Porque voc sabe que o indio n o para n E os pais desse pessoal tinha tudo sido morto pelo seringueiro a resolveram vir pra c Ai ficaram um tempo pra c e o pessoal que ficou l pra cima achou que eles tinham morrido eles acharam que esse pessoal tinha sido comido pelos Munduruku Depois vieram ver e viram que eles estavam trabalhando com os seringueiros e ai chamaram os outros pra vir pra c a vieram um bocado Quando os ndios resolveram vir pra c acharam o chefe dos seringueiros no Par que era o Elias O Elias que era o chef o mesmo dos ndios N o foi nem ele que foi atr s foi os ndios que vararam Depois eles foram levar a not cia para os que tinham ficado e aos poucos foram chegando mais ndios e fizeram aldeia l no Tabuleiro que fica pra cima um pouquinho do rio Apiac s era l que ficava o Tabuleiro Ai depois que come aram a chegar os ndios o Elias mandou embora todos os funcion rios brancos e quis fic
408. ng e ecologia da vida que guiaram as descri es ambientais anteriores ser o tamb m utilizados nesta se o para enfatizar a import ncia de pensar as rela es entre organismos e ambiente de forma integrada ao inves da separa o cl ssica j consagrada que vem gerando diversos tipos de problemas Nesse sentido ser o tratados de forma conjunta o ambiente do Teles Pires concebido al m de ser apenas um rio que corta a Amaz nia meridional e os grupos indigenas que ali habitam al m de pessoas buscando sua sobreviv ncia num territ rio inerte e desprovido de sentido importante enfatizar que com os dados da pesquisa de doutorado de doutorado de Frederico Oliveira que orientaram esse relat rio n o possivel manifestar com autoridade as principais demandas e expectativas dos Kaiabi a respeito do projeto t cnico ou ainda sobre as medidas de adequa o ambientais uma vez que o foco central do estudo n o estava voltado para esse prop sito e o presente relat rio n o est fundado numa nova pesquisa de campo Considerando ainda a justa demanda da FUNAI para que os tr s grupos sejam Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o RM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia contemplados num mesmo peso n o foram obtidos estudos semelhantes que retratassem as expectativas dos Munduruku e Apiak Apesar dessas dificuldades algumas info
409. ngrediente em mingau de v rios tipos incluindo o de milho Seu leo serve tambem para passarem em seus cabelos que com isso se conservam pretos asseguram Os indios misturam a castanha ralada com a massa de mandioca para produzir um tipo de bolo quebradi o a exemplo do bolo canap Os Kaiabi tamb m acrescentam a castanha ralada na tapioca ou como ingrediente em beiju Al m disso viver nas proximidades de um castanhal e visit lo com regularidade acompanhando a passagem do tempo atraves das mudan as do ciclo da 32 Pude observar que no Xingu predominam as casas cobertas com palha de inaj at porque o baba u dificilmente encontrado no Parque 33 Conforme o relat rio de Rodrigues 1994 12 os ndios utilizam outras plantas medicinais castanha de arara para ataque cip amargo para diarr ia marupazinho para dor de barriga m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia castanheira fornece aos Kaiabi o sentimento de que est o vivendo em sua terra verdadeira Atu mesmo comenta em sua fala anterior que esse foi um dos motivos principais que levou o grupo liderado por seu pai que j havia caminhado pelo Xingu a resistir transfer ncia incentivada pelos Villas Boas assumindo seriamente o risco de serem mortos por doen as ou pelos garimpeiros que estavam chegando Diferentemente do ambiente do Xingu em que raramente se avista uma castanheira solit ria no meio do cerrado a regi o
410. nimo de respeito institucionalidade do Estado Significa dizer que os movimentos ocorrem no sentido de buscarem aliados que possam proporcionar maiores n veis de poder aquela institui o governamental que mais favorece os interesses de um determinado grupo e tem capacidade de influenciar os juizes regionais ou federais Por exemplo os fazendeiros e posseiros visam fortalecer as determina es do INCRA INTERMAT e INTERPA ao passo que os grupos indigenas e seus aliados buscam dar maior legitimidade as decis es da FUNAI e do IBAMA Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Esse aspecto inclusive explica em boa medida porque os indigenas v m conseguindo manter vivas suas reivindica es e lutarem em condi es de relativa igualdade contra grupos fortalecidos pol tica e economicamente A partir das influ ncias de seus parentes dos Kaiabi do Xingu mais experimentados na arena pol tica as apropria es que v m fazendo dos sistemas de normas leis e valores simbolos utilizados pelo Estado e por protagonistas hegem nicos t m proporcionado redefini es em sua alteridade e territorialidade de modo a conseguirem alguns posicionamentos mais privilegiados no campo de poder Pelo momento global favor vel as pol ticas publicas destinadas conserva o de reas de florestas tropicais
411. ns o 60 m de largura e uma vaz o estimada de 400 m s S o encontradas algumas lagoas marginais formadas a partir de meandros abandonados na regi o pr xima desembocadura As cabeceiras rea da microbacia inserida nas terras ind genas tendem a guardar esp cies end micas da fauna aqu tica A unidade geomorfol gica predominante a Depress o Interplan ltica do Juruena Teles Pires As altitudes variam de 150 a 260 m Ocorrem na regi o solos podz licos vermelho amarelos areia quartzosa e latossolo vermelho amarelo H correspond ncia entre solo e vegeta o observando se a ocorr ncia de Floresta Ombr fila Densa Submontana sobre os latossolos e os solos podz licos Sobre as areias observam se as Savanas Arborizada e Florestada e o contato Savana Floresta Ombr fila No limite oeste das Tis s margens do Igarap do Anil ocorrem gleissolos sobre plan cie cobertos por Floresta Ombr fila Densa Aluvial Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 0e epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA 3 INDICA O DAS REAS DE VULNERABILIDADE A abordagem de vulnerabilidade apresentada a seguir foi pautada nas atividades antr picas do entorno das terras indigenas nas caracter sticas do meio natural no interior destas terras e nos possiveis efeitos da intera o entre essas duas vari veis A identifica o das atividades antr picas consideradas amea as aos recursos
412. nsa a oeste e ao sul da microbacia 4441 Verifica se a presen a de amea a para este corredor biol gico frente potencial expans o agropecu ria associada a estradas vicinais que avan a principalmente para o norte na regi o da Depress o Interplan ltica do Juruena onde os solos s o mais apropriados para atividades agricolas Mapas 02 Geomorfologia e Mapa 03 Pedologia Al m disso a ocorr ncia mineral de insumos para agricultura que ocorre na rea de Florestas Aluviais do Teles Pires tamb m contribui para a vulnerabilidade da rea Destaca se ainda que a ocupa o humana gera uma press o sobre a flora e a fauna com o aumento do extrativismo vegetal da ca a e da pesca al m do turismo predat rio Caso ocorra um aumento expressivo do turismo predat rio em ambientes sens veis da regi o como praias e lagoas marginais essa atividade pode desestruturar a comunidade aqu tica Mesmo que ocorra fora dos limites das terras indigenas poderia atingir suas comunidades bi ticas indiretamente por interferir nas popula es de tartarugas e peixes organismos que podem se deslocar por longos trechos de rio Outro processo impactante decorrente da concentra o populacional a altera o f sico quimica da gua proveniente do lan amento de efluentes dom sticos nos corpos h dricos Essa altera o foi considerada um processo impactante relevante na rea de Vulnerabilidade 3 Estudos do Componente Indidena das UHE S
413. nta o epe qipauag 0ES OL OUjs0S 6 BUULISO DES g ne NE SYovidy oly MOJEN 9 js ex dygm lezedes g Ta ELINYNL p S eyutafe7 z x ESOUUIN 4 S Seaply am A sald Seja QS0d 8 DO 06 es oyulzrurunH Iqe ey cjsod y Ee SE USDIPU SOJSOd ola OP opo d fm obe am e eeodeg l IE YUBISES o soumal peyll amp OP o8 je yoola E osnod apejsid 5 eusbipuj eispiy 4 eusbipujojssosg E x epu b U U 5 E Dc o8 O O T U U U FT O E U Qi Q a e gt o u mM i a 00 08 2 5 eo 4 7 z o AS Obo9S 00025 OTo S Ovo S em N S gt lt epe Empresa da Pesquisa Energ tica las ia e alde t nc impor es aos locais de Espauss CSS CL oso Tuuu vatn E DEU mess EC MA EZSTES G munyi F anessa E A Lina PSOUUAN L UTEIS Hlg FNEL CCB iduru IGR RM 00d Seus puj setg CET EEEE Ze ETOP spn Ens Cp Epa Fa GEC CADPSOPApENI a Os CpEpEIEI TI epLegopepessa ta seua 00 s ag ae Sus 64 00 sag Go Spurs op Bs p EX0u 63 00 C O Rua or Bug ro 508 02 e Bg to BRUE 2 sto PP Tou E SE gog EE sus F Ed ELSTODCyspauca td ER E i zperia pa EE E Co Fy Jg INnvas Sobreposi o de e Q0 Pa ap LLJ ap 72 U E ep ES 6 T Q 2 S Anexo 1 14 antigas Ca MA r Bad Hd MNO EDTS PFa N E FRITO PPES Cd ED FLES sfpesros Pas td caos S 085 Spe
414. nte A partir dessa rela o com o ambiente natural intimamente ligada sua hist ria cultural e aos mitos de cria o que foram definidos os padr es de significa o territorial que os orientam e definem seus movimentos espaciais De forma similar os fen menos e os ciclos naturais funcionam como indicadores e orientam uma s rie de atividades cruciais para a sua sobreviv ncia Para avaliar este impacto importante compreender que a rela o dos povos indigenas com o ambiente natural que os cerca vai al m da dimens o espacial e da extra o dos recursos naturais disponiveis Envolve rela es emocionais e simb licas que fortalecem o sentimento de pertencimento em rela o aquela regi o em particular Segundo a Revis o do Conte do Antropol gico quando os indios se afastam de suas aldeias os rios adquirem import ncia fundamental na sua orienta o e na defini o do espa o como l cus de sociabilidade apesar de serem reconhecidos pelo perigo e limita es que oferecem As dire es acima e abaixo nada t m a ver com os pontos cardeais norte e sul mas seguem o fluxo do rio de modo que as nascentes est o localizadas acima e sua foz abaixo Os principais rios igarapes lagos corredeiras cachoeiras e morros possuem algum tipo de denomina o Assim a abund ncia de algum animal ou vegeta o nas margens de um rio algum tipo de epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia confi
415. ntos o processo de dinamiza o da economia intensifica a gera o de expectativas na popula o e a valoriza o e especula o imobili ria contribuindo para o agravamento dos problemas fundi rios na regi o Al m de estimular de forma mais intensa a atra o de popula o e os movimentos especulativos promove a expans o de atividades produtivas que tendem a ocupar novas areas como a extra o de madeira o turismo a extra o mineral a pesca a agricultura e a pecu ria Vale destacar que este efeito de expans o das atividades produtivas n o se restringe as regi es pr ximas aos empreendimentos uma vez que estas atividades dependem de recursos dispon veis regionalmente e a dist ncia n o consiste necessariamente em restri o para a sua viabilidade econ mica Nesse sentido torna se importante mencionar a melhoria do sistema vi rio que ter efeitos diretos sobre a circula o de mercadorias e pessoas na regi o com destaque para a melhoria dos acessos que ligam os centros urbanos aos novos empreendimentos pr ximos Terra Indigena Kayabi Ao mesmo tempo em que Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e comlementac o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia facilita o processo de dinamiza o da economia a melhoria das condi es de acesso cria novos vetores de ocupa o e tamb m contribui para o aumento da press o sobre reas
416. nvem tecer alguns coment rios sobre o esfor o desenvolvido com o apoio fundamental do Dr Barbosa de Oliveira A revis o e complementa o do ECI dos projetos hidrel tricos em tela pautou se por m todos hist ricos e conceitos territoriais fundados em uma antropologia ambiental preocupada em reconhecer os relacionamentos entre os indigenas e seu ambiente biof sico como componente chave sem perder de vista os aspectos pol ticos que representam tamb m um importante papel Dessa forma buscou se ir al m de descri es elementares que se mostram em geral insuficientes para demonstrar com propriedade os modos particulares que os grupos indigenas possuem para construir historicamente seu territ rio e para se relacionar com parcelas especificas de seu ambiente ancestral Seguindo a linha te rica desenvolvida por Barbosa de Oliveira adotou se uma abordagem apoiada na no o de ecologia da vida desenvolvida por Tim Ingold que prop e uma alternativa as no es correntes e saturadas de separa o entre pessoas e natureza levando em conta a percep o dos organismos na rela o de engajamento direto com seu ambiente Por esse motivo a inspira o na ecologia foi constantemente acionada para mostrar que somente uma abstra o desconectada do mundo vivido pode isolar um organismo de seu ambiente Na revis o e complementa o do ECI abordou se de modo especial a hist ria de ocupa o do Teles Pires Ao inv s da abordagem
417. nvestigados os seguintes grupos de par metros e Inorg nicos e Org nicos e Bacteriol gicos Coliformes Fecais e Totais e Biol gicos Clorofila a Feofitina As an lises foram realizadas de acordo com os m todos da 20a Edi o do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater APHA AWWA e os procedimentos tecnicos adotados para obten o das amostras foram baseados nos seguintes documentos e CETESB 1988 Guia de Coleta e Preserva o das Amostras de gua e NBR 9898 1987 Preserva o e T cnicas de Amostragem de Efluentes Liquidos e Corpos Receptores ABNT Associa o Brasileira de Normas T cnicas e Instru es para Coleta Preserva o e Transporte de Amostras elaborado pelo Laborat rio Aquan lise As amostras coletadas foram devidamente armazenadas em frascos e acondicionadas em isopores com gelo conforme os procedimentos t cnicos estabelecidos pelo laborat rio Aquan lise 2 1 2 Resultados Os resultados anal ticos dos par metros fisico quimicos e inorg nicos investigados na campanha de amostragem realizada nos dias 28 05 2011 e 09 06 2011 est o apresentados na Tabela 2 Os resultados dos par metros bacteriol gicos e biol gicos est o apresentados na Tabela 3 Minist rio de Minas e Energia Tabela 2 Resultados anal ticos Par metros f sico qu micos e inorg nicos dos pontos de amostragem localizados na TI Kayabi Em destaque os valores que n o
418. o Al m ser a base para muitos alimentos a castanha se constitui como um dos mais importantes icones de garantia de que est o habitando sua verdadeira terra Assim quando foram transportados a um ambiente sem as frutas nativas sem a castanha com limitadas por es de terra preta e diferentes intera es com a natureza os Kaiabi pareciam ter perdido completamente a no o de espa o e tempo dai o sentimento de desorienta o descrito por muitos Nesse sentido a familia servia como ponto de apoio fundamental para se situarem conjuntamente e buscarem elaborar novas rela es com o um novo ambiente Num primeiro momento Tamana se sentiu desnorteado por estar longe do Teles Pires mas quando se deu conta de que praticamente toda sua familia estava com ele foi aos poucos aprendendo a viver no Xingu mas quando percebeu que somente lhe restava o velho Kurun como parente que vive no Teles Pires atualmente vem se organizando cada vez mais para voltar sua terra antiga O caso da aldeia Ilha Grande bastante emblem tico para se compreender como ao longo dos anos alguns Kaiabi do Xingu fazem quest o de n o perderem o elo com o Teles Pires Ainda sobre a familia vejamos as impress es de Kaip com a tradu o de Siranho que atualmente vive na aldeia Tr s Buritis e veio transferido apos a morte dos parentes e constituiu outra familia no Xingu 22 A castanha significa fruta verdadeira na l ngua Kaiabi ywa et Inclusi
419. o S o Paulo Hucitec pp 145 60 MELATTI Julio C 2002 ndios da Am rica do Sul reas Etnogr ficas In http www geocities com RainForest Jungle 6885 ias htm MELI Pe Bartolom 1993 Os Caiabis N o Xinguanos In Karl Von den Steinen um s culo de antropologia no Xingu Org Vera Penteado Coelho S o Paulo EDUSP FAPESP pp 485 509 MEN NDEZ Miguel 1981 82 Uma contribui o para a etno hist ria da rea Tapajo s Madeira Revista do Museu Paulista vol XXVIII USP 289 388 MERLEAU PONTY Maurice 1962 Phenomenology of perception Trans C Smith London Routledge amp Kegan Paul METRAUX Alfred 1950 A religi o dos Tupinamb s e suas rela es com a das demais tribus Tupi Guaranis S o Paulo Companhia Editora Nacional MILTON Kay 2002 Loving nature towards an ecology of emotion New York and London Routledge MORENO Gislaene 2007 Terra e poder em Mato Grosso Politica e mecanismos de burla 1891 1992 Cuiaba Entrelinhas EdUFMT MURPHY Robert F 1960 Headhunter s heritage social and economic change among the Munduruc indians Berkeley and Los Angeles University of California Press NEVES Eduardo G 2006 Arqueologia da Floresta Amaz nica Rio de Janeiro Jorge Zahar NOELLI Francisco Silva 1996 As hip teses sobre o centro de origem e rotas de expans o dos Tupi In Revista de Antropologia vol 39 no 2 pp 7 53 NUGENT David 1998 Two three
420. o aut noma dos ndios Contrata o preferencial de m o de obra indigena pelas UHE nas fases de constru o e opera o especialmente em atividades de monitoramento recupera o de reas degradadas e outras que possam utilizar os conhecimentos tradicionais dos ndios Programa de valoriza o das manifesta es culturais das popula es indigenas Esse programa tem forte interface com a forma o da Equipe de Relacionamento Comunit rio O objetivo produzir o registro e documenta o de manifesta es culturais das tr s etnias entre outras a es de valoriza o do patrim nio hist rico e cultural das comunidades Contratar os ind genas que possuem maior conhecimento do territ rio e pesquisadores especializados para auxiliar nesse levantamento e invent rio do patrim nio arqueol gico Contratar os ind genas para a execu o do Programa de Recupera o de reas Degradadas As complementa es neste caso foram propostas para maximizar as oportunidades de envolvimento dos indios em novas atividades que possam reduzir a situa o de depend ncia econ mica em que se encontram hoje A participa o das popula es indigenas no planejamento e desenvolvimento de atividades econ micas ir criar alternativas de renda para os ndios Da mesma forma o estimulo e a organiza o de atividades como artesanato extrativismo e at mesmo o turismo ecol gico criar o novas oportunidades de ocupa o O env
421. o Cururu sempre vinha sendo o ref gio dos Kaiabi nas pocas mais dificeis principalmente quando o garimpo havia inviabilizado a pesca no Teles Pires mas segundo ele at no Cururu s vezes voc vai l pescar e n o pega nada Desse modo a visualiza o nos mapas de que as reas de atua o de muitos pescadores ilegais ou n o coincidem com os pontos de pesca frequentados e valorizados pelos Kaiabi vem servindo como um instrumento pr tico para o reconhecimento de um problema que vem se tornando mais preocupante nos ltimos anos Assim um assunto que come ou a surgir durante e apos as reuni es de elabora o do mapa de pesca a necessidade da inclus o dos t picos melhor distribui o das pescarias e maior controle dos pescadores externos nas discuss es comunit rias de planejamento e uso dos recursos de pesca da regi o do Baixo Teles Pires 4 4 Coleta e extrativismo Se a ca a e a pesca est o mais associadas movimenta o e reconhecimento territorial dos Kaiabi a coleta e o extrativismo de produtos da floresta se constituem como aquelas atividades que decisivamente est o vinculadas ao engajamento pr tico com seu ambiente Ainda que o ambiente do Xingu tenha condi es de proporcionar similaridades no que diz respeito aos animais de ca a e pesca as frutas e materiais que por muito tempo fazem parte do relacionamento que os Kaiabi constituem com o Estudos do Componente Indidena das UHE S o Man
422. o Manoel e Foz do 2i epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA principalmente devido ao aporte de nutrientes provenientes das atividades agropecu rias Cabe ressaltar que o rio Cururu a principal afluente do rio Teles Pires dentro da TI Kayabi encontra se bastante alterado pois apresenta valores relativamente elevados de am nia e nitrato indicando aporte de nitrog nio na regi o MOSS 2005 Tanto o rio Cururu a u como os rios S o Benedito Teles Pires e Apiacas microbacias 4441 4442 4443 e 4444 que se localizam pr ximos Frente de Amea a 3 drenam suas guas para o interior do territ rio indigena Assim as a es antr picas que ocorrem nessas microbacias mas fora dos limites geogr ficos das Tis geram impactos s terras indigenas devido ao carreamento de material lixiviado e efluentes para a calha do rio e consequentemente para o interior das Tis Diante do exposto considerou se que esta rea de vulnerabilidade sofre a amea a mais consolidada visto a ocupa o humana e as atividades desenvolvidas no entorno e dentro do territ rio ind gena Este aspecto associado expressiva sensibilidade sob a tica dos meios f sico e bi tico indica que a rea dessas microbacias pode ser considerada a de maior vulnerabilidade do territ rio ind gena epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA 4 CONSIDERA ES FINAIS As Terras Indigenas Kayab
423. o Tome onde ainda viveriam os isolados O territ rio investido simbolicamente e se configura como o espa o vital onde se pode desenvolver plenamente um modo de vida especifico concebido como apropriado pelos e para os Apiaka As aldeias Apiak no estado do Mato Grosso s o Mayrob e Figueirinha no Rio dos Peixes TI Apiak Kayabi Pontal na area delimitada no rio Juruena Minhocu u e Mairowy no rio Teles Pires TI Kayabi declarada No estado do Par s o Vista Alegre e Bom Futuro tamb m as margens do rio Teles Pires TI Munduruku homologada Embora essas aldeias existam como unidades pol ticas independentes um forte sentimento de solidariedade grupal com express o tnica as mantem unidas ap s d cadas de desetrutura o sociopol tica e exilio em territ rio inimigo a luta pela demarca o da Terra Indigena Apiak do Pontal e Isolados agrupou indigenas de diversas aldeias atribuindo um renovado senso de dignidade ao povo exprimindo assim o valor do vinculo simb lico e material com o territ rio que alimenta o projeto de futuro do povo Apiaka Existem portanto dois blocos microrregionais de aldeias Apiaka aquelas no Rio dos Peixes cujo centro pol tico Mayrob e aquelas nos rios Teles Pires e Juruena tendo por centro Mairowy Juntamente com os Apiaka v rios outros povos tupi guaranis como os Av Canoeiros Silva 2005 os Tapirape Wagley 1988 e os Xeta C Silva 1998 tiveram uma hist ria tr gica
424. o componente indigena considerado permanente e irrevers vel uma vez que alguns locais e referenciais importantes ser o modificados de forma definitiva Neste caso a intensidade e a probabilidade de ocorr ncia variam de acordo com as caracteristicas de cada uma das usinas e os impactos sobre os elementos que comp em a paisagem a import ncia destes elementos para os Kaiabi os Munduruku e os Piak a distribui o e concentra o destas etnias na regi o bem como a rela o de cada uma delas com o territ rio em que incidir o os impactos 3 7 2 Processos Impactantes A an lise integrada dos processos associados a este impacto especifico sobre o componente indigena sugere a associa o de uma s rie de impactos identificados nos EIA sobre os meios f sico e bi tico os quais podem ser potencializados por impactos socioecon micos Al m daqueles que afetam diretamente a paisagem importante avaliar as rela es diretas e indiretas entre os impactos relacionados cobertura vegetal fauna aos rios e ao uso do solo de uma maneira geral todos importantes para os indios do ponto de vista referencial e simbolico Assim foram considerados na an lise os seguintes impactos retirados dos Estudos de Impacto Ambiental das UHE de S o Manoel e Foz do Apiacas e Altera o da paisagem e Perda de cobertura vegetal Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e complementa o EM epe Empresa
425. o das condi es para atividades tur sticas e Modifica o das condi es atuais de extra o mineral Para a compreens o deste impacto importante levar em conta duas ticas distintas Enquanto os tr s empreendimentos s o capazes de estimular de forma intensa a economia e gerar empregos ao analis los de outra perspectiva percebe se que podem gerar restri es e at levar ao encerramento de atividades econ micas consolidadas Ao considerar a capacidade de dinamiza o da economia associada aos novos empreendimentos os indios podem se beneficiar de um incremento nas atividades que j lhes d o algum tipo de suporte financeiro como o caso do turismo e do garimpo Segundo os EIA esperado um grande aumento na massa monet ria circulante bem como na demanda por bens e servi os derivados direta ou indiretamente da obra o que pode estimular diferentes setores entre eles o de extra o mineral e o de turismo Vale lembrar a tend ncia de ameniza o desse efeito com o t rmino das obras o que pode afetar a renda associada a tais atividades na fase de opera o das usinas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revissoecomiementa o Ed epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Ainda no campo positivo importante considerar a possibilidade de envolvimento dos indios em atividades que venham a surgir por conta dos novos empreendimentos Nesse caso
426. o das estruturas do empreendimento Na etapa de fechamento da barragem e forma o do reservat rio a transforma o da paisagem se completa com a forma o do lago A perda de cobertura vegetal tem uma rela o muito pr xima com a altera o da paisagem e ambos convergem para uma mesma dire o uma vez que a perda de vegeta o constitui se em uma altera o dos aspectos paisag sticos necess rio retirar a vegeta o para implanta o de toda a infraestrutura de apoio as obras o que inclui as vias de acesso canteiro de obras e bota fora al m das reas que dar o lugar aos empreendimentos propriamente ditos principalmente os reservat rios Da mesma forma a Instabiliza o de encostas ocorr ncia de processos erosivos e carreamento de sedimentos decorrentes de a es relacionadas abertura ou melhoria de acessos vi rios implanta o de canteiros e alojamentos e de escava es no sitio construtivo podem contribuir para a altera o da paisagem Cabe ressaltar que esses processos do meio f sico s o dependentes da suscetibilidade erosiva dos locais das obras que se apresenta vari vel conforme condicionantes geol gicos de relevo de uso do solo e cobertura vegetal Apesar disso sempre implicam em altera es significativas na paisagem Estudos do Componente Indisena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomlementac o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia
427. o descobertas jazidas de diamante na provincia de Mato Grosso sua noticia mobilizou in meras entradas e bandeiras que partiam de S o Paulo em dire o ao rio Cuiaba e al m A regi o das cabeceiras do rio Arinos recebeu destaque dois anos depois em 1748 quando se descobriram ai minas de ouro e diamantes dentre as quais as c lebres minas de Santa Isabel Os Apiak podem ser reconhecidos atualmente como um exemplo de povo indigena aut nomo que vem lutando e conseguindo resultados expressivos ap s a Constituinte de 1988 para se reestruturar ap s tr gicos massacres ocorridos no passado Desde o seculo XVIII pelo menos os muitos grupos indigenas que ocupavam e exploravam de variadas maneiras aquela por o da Amaz nia meridional reagiram de formas diversas chegada dos colonizadores cindindo se amalgamando se e se combinando em blocos micro regionais misturando se enfim O fator marcante de continuidade desse grupo parece residir pois na necessidade da troca com o exterior para a reprodu o enquanto grupo aut nomo um tema cl ssico e recorrente nas pesquisas sobre os povos tupi Tempesta 2009 22 A virada para o s culo XX foi um periodo particularmente desastroso para os Apiak e outros povos que viviam na rea de conflu ncia dos rios Juruena e Teles Pires A empresa seringalista se estabeleceu como alternativa econ mica minera o mas o problema do escoamento dos produtos da floresta persistia O
428. o desta vez o antrop logo Ivo Schroeder e pedindo provas mais contundentes a respeito dos 3 Contando com o apoio da rede de contatos do ICV os Kaiabi conseguiram publicar no site na institui o um manifesto recente dando conta das press es que v m sofrendo e das dificuldades em conseguirem a demarca o ANEXO 3 Os funcion rios do ICV tamb m j manifestaram interesse em realizar um trabalho de manejo florestal na Terra Indigena contudo ainda aguardam os desdobramentos da demarca o para buscarem algum tipo de acordo com os ndios m A SRY Empresa de Pesquisa Energ m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia desmatamentos ocorridos a partir de 2002 Com essa medida os fazendeiros v m sendo capazes n o apenas de ganhar mais tempo mas tamb m v m minando a confian a dos Kaiabi Apiak e Munduruku de que em algum momento poder o contar com a demarca o integral da reserva Em reuni o realizada na FUNAI de Brasilia em dezembro de 2009 os Kaiabi tomaram conhecimento de que os fazendeiros estavam se mobilizando com inten es mais ousadas de derrubarem a Portaria Declarat ria de 2002 5 3 10 Desdobramentos recentes Em mar o de 2009 a Pol cia Federal foi at a aldeia Kururuzinho cumprir um mandado do juiz da 3 Vara de Cuiaba concedendo BRASCAN os direitos de reintegra o de posse Foi determinado que a escola deveria ser lacrada as aldeias desocupadas e que
429. o fundados principalmente numa consci ncia intima dos ecossistemas amaz nicos atrav s de experi ncias di rias historicamente fundadas capazes de proporcionar uma fina sintonia com os ciclos naturais e uma sustentabilidade de longo prazo Com rela o ao referencial territorial esses grupos t m elaborado modos coletivos de exercer algum tipo de influ ncia e uso do espa o geogr fico uma modalidade que posiciona suas demandas territoriais num campo distinto da propriedade privada e da explora o de recursos visando obter algum tipo de ganho econ mico 3 1 Mobilidade tradicional e hist ria de ocupa o do Teles Pires Para melhor compreender a situa o presente dos Kaiabi Apiak e Munduruku e a import ncia que esses grupos conferem aos modos de vida que mant m no Baixo Teles Pires uma descri o hist rica fundada em conceitos de uma antropologia territorial e ecol gica fornece valiosos subs dios para avalia o dos fluxos de pessoas interesses e rela es de poder Foi utilizada portanto a concep o de cosmografia como um marco te rico chave a guiar essa perspectiva etnogr fico hist rica dos processos de ocupa o e coloniza o do centro e norte do estado de Mato Grosso O conceito de cosmografia foi usado aqui para analisar o processo de estabelecimento de territ rios humanos que considera seguindo a inspira o de Franz Boas a import ncia de uma ci ncia que considere o estudo das mutuas influ ncias
430. o mais distante dos barramentos estipulados para as UHE s S o Manoel e Foz do Apiac s o rio Cururuzinho deve ser mencionado em raz o de sua import ncia como local de pesca e ca a durante todo o ano al m de ser considerado numa import ncia simb lica pr xima ao Teles Pires por abrigar em suas cabeceiras a m e de todos os animais mama A preocupa o maior em rela o ao rio Cururuzinho a chegada desenfreada de pescadores predat rios que n o respeitam os per odos da piracema pescam com malhadeira e imp em amea as de viol ncias aos indios e Rio S o Benedito e Lago Azul A aldeia S o Benedito fundada pr xima ao Porto do Meio local de acesso por estrada ao rio S o Benedito j vem sofrendo constantes press es por parte de madeireiros e fazendeiros que avan am com o desmatamento dentro da rea Sul da TI Kayabi ainda n o regularizada e com a melhoria dos acessos sua vulnerabilidade poder aumentar As margens do rio S o Benedito abrigam capoeiras e s tios arqueol gicos que comp em um invent rio de outro local de ocupa o antiga e estabelecimento de cemit rios nas proximidades deste rio que existe o Lago Azul local de grande abund ncia de antas que os Kaiabi costumavam utilizar em suas ca adas no passado Atualmente esta rea encontra se sob controle do grupo de pequenos posseiros e os Kaiabi n o mais possuem acesso irrestrito como antes m z epe Empresa de Pesquisa Energ m A
431. o ou intensifica o de conflitos territoriais Dinamiza o da economia Melhoria do sistema vi rio Modifica o das rela es sociais e culturais Dinamiza o da economia Gera o de empregos Altera o nas rela es dos ndios com as atividades econ micas Modifica es das condi es para atividades tur sticas Modifica o das condi es atuais de extra o mineral Altera o da paisagem Perda de cobertura vegetal Perda de habitat da fauna local Aumento da press o antr pica sobre a fauna terrestre E o Altera o na paisagem e perda de referenciais Redu o da riqueza e abund ncia de esp cies da fauna socioespaciais e culturais Instabiliza o de encostas ocorr ncia de processos erosivos e carreamento de sedimentos Altera o do regime fluvial Altera o da qualidade da gua jusante da barragem Os impactos especificos sobre as popula es indigenas identificados nesse estudo s o apresentados por meio de uma descri o geral orientada por elementos como natureza e fase Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomlementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia de ocorr ncia Em seguida s o elencados e descritos os processos impactantes relacionados de maneira que as rela es de causa e efeito entre impactos dos meios f sico bi tico e socioecon mico e o respectivo impacto especifico sobre popula es
432. o se aproximarem dos barreiros pois podem rapidamente passar da condi o de ca adores categoria de ca a Os dois pontos preferidos de ca a contudo se encontram um pouco mais distantes do Kururuzinho e s o preferencialmente visitados na poca do ver o Subindo o rio Teles Pires acima da aldeia Dinossauro foram dadas algumas indica es a respeito da import ncia que o Morro do Jabuti possui para os Kaiabi Pela presen a de buritizais patauzais e castanhais al m de manchas de terra preta os Kaiabi indicam o Morro do Jabuti como a mais importante ilha de recursos e o melhor lugar para se ca ar porcos em toda a Terra Indigena Segundo Awoe aqui a gente sente mesmo a presen a dos nossos parentes que morreram e a gente sempre pede eles pra ajudar a encontrar ca a Conhecendo muito bem as t cnicas de ca a percebem a dist ncia o odor inconfund vel de uma vara rastreiam com facilidade os caminhos deixados pelos porcos e cercam o grupo atirando somente na dire o em que est o sendo encurralados Por estar inserido na rea requerida pela empresa BRASCAN o Morro do Jabuti vem sendo motivo de muitos desentendimentos pois a empresa exige que os Kaiabi pe am autoriza o toda vez que ali entrarem mas eles se negam a cumprir essa determina o pois segundo Atu eu n o preciso pedir autoriza o pra entrar num lugar que nosso Outro lugar constantemente apontado como pr prio para ca a o rio Santa Rosa q
433. o vivem mais da maneira que viviam antes da chegada da coloniza o m zi epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia n o necessitam de uma extens o t o grande de terras para se reproduzirem e que os investimentos ali realizados pelos fazendeiros seriam perdidos causando danos irrepar veis a suas empresas A defesa do munic pio de Apiac s alegou ainda que a portaria do Minist rio da Justi a violou o princ pio constitucional da ampla defesa e do contradit rio porque n o foram averiguadas as peculiaridades nem a constata o da exist ncia de indios no local Mediante a contrata o do t cnico Carlos Ant nio de Siqueira a partir de uma empresa de consultoria particular os impetrantes adquiriram um contra laudo com informa es baseadas em algum tipo de pesquisa de campo com a inten o de descaracterizar o relat rio original de identifica o ou pelo menos convencer o juiz a solicitar provas mais contundentes a respeito da ocupa o tradicional dos Kaiabi de acordo com os quatro requisitos b sicos do artigo 231 da Constitui o Federal Desse modo o ministro Edson Vidigal do Superior Tribunal de Justi a resolveu no dia 28 de janeiro de 2003 conceder a liminar suspendendo os efeitos da Portaria Declarat ria at o julgamento definitivo da a o Assim que tomou conhecimento dessa decis o a FUNAI atraves de sua Diretoria de Assuntos Fundi rios DAF se mobilizou e acionou a A
434. oca e castanha Suas sementes s o coletadas para confec o de colares Apesar de tamb m usarem do inaj para cobertura das casas as folhas do baba u s o o principal item que os Kaiabi utilizam para esta finalidade De sua castanha obt m um leo semelhante ao extra do da castanha do brasil A partir do laudo antropol gico de Eug nio Wenzel 2005 Atu comenta que algumas plantas medicinais s o encontradas nas capoeiras tais como Hamanyp usada para banhar o doente e baixar a febre Muakan raspam a casca dessa rvore tiram o sumo e passa no local do corpo com dor Muami raiz macerada que ajuda a crian a a ficar mais forte Ku revem encontram esse cip nos dois lados do rio Teles Pires usado para dar banho na crian a para evitar picada de cobra Dando continuidade as classifica es assinaladas no mapa pelos Kaiabi a respeito dos lugares de import ncia mais destacada para coleta os castanhais ocupam um estatuto valorizado tanto no aspecto alimentar quanto no imagin rio dos ndios diferen a das capoeiras em que os Kaiabi visitam com o prop sito de coletarem tipos diversificados de plantas frutas e sementes os castanhais s o frequentados sobretudo na poca das chuvas dezembro a fevereiro com objetivo exclusivo de coletarem ouri os de castanha caidos a serem utilizados gradualmente em sua composi o alimentar Dela extraem o leite para cozinhar carne de ca a ou peixe al m de ser utilizado como i
435. ocaram uma reuni o em Alta Floresta buscando mobilizar o chamado setor produtivo para o reconhecimento de sua causa afirmando que os pr prios indios estavam abrindo m o da terra que antes reivindicavam Ao tomarem conhecimento dessa reuni o alguns Kaiabi que estavam na cidade tamb m se fizeram presentes e s tiveram direito a falar quando o cacique At quebrou uma das mesas do palanque com um golpe de borduna Conseguiram ent o se defender dizendo que os indios de outra regi o n o podem falar por eles acusando seus parentes de terem aceitado dinheiro para venderem suas pr prias terras e afirmando que os Kaiabi habitantes do Teles Pires v m sofrendo todo tipo de press o de pessoas interessadas nas riquezas da floresta que querem proteger 5 3 5 Opera o Angelim A partir do final de 2004 at o primeiro semestre de 2005 o conflito de modo geral passava por um segundo momento de lat ncia at que fossem divulgadas as conclus es do perito Aproveitando se das dificuldades de fiscaliza o e da fraca administra o de reas protegidas do governo brasileiro os ocupantes n o indios continuavam desmatando e retirando madeira ilegalmente Al m disso a ro a de Vitorino foi incendiada pelo grupo ocupante do lado Par os Kaiabi iniciaram os primeiros desentendimentos com os beiradeiros que passaram a alugar suas casas para grupos de pescadores predat rios e o chefe de posto Cl vis Nunes registrou junto FUNAI de Col der
436. ocedimentos de demarca o O chefe Relato publicado no site da FUNAI em dezembro de 2004 9 De acordo com o regime constitucional das Terras Ind genas estas se enquadram na categoria de dominio p blico contudo n o de uso comum do povo As Terras Ind genas pertencem ao patrim nio da Uni o sendo destinadas a garantir aos indios o exercicio dos direitos que lhes foram reconhecidos constitucionalmente CF art 231 88 2 3 e 7 Logo dever do Minist rio P blico defender essas terras de invasores e ou crimes ambientais que possam por colocar em risco a reprodu o fisica e cultural dessas popula es Minist rio de Minas e Energia de posto Cl vis Nunes relata momentos de tens o durante essa opera o especialmente no momento em que ele alguns indios e policiais federais estiveram presentes em Apiac s e sofreram amea as de alguns fazendeiros que tinham suas propriedades amea adas Jo o Kaiabi tamb m confirma essa situa o e comenta que os caras amea ou a gente l em Apiac s e falou que no momento que ele visse um ndio assim na rua que eles ia mandar matar e n o queria nem saber se a pol cia tava l e que a tend ncia dele era matar ndio s que s tinha tr s policia federal l com a gente S que o problema que eles n o vieram com nenhuma arma eles vieram foi s com tr s daquele revolvinho pequenininho Rapaiz os cara encararam n s esse sujeito que t te falando falou assim
437. ocial e tecnol gico a partir do in cio da era crist que levou a modifica es no potencial dos grupos humanos no que se refere transforma o da paisagem Indicativos de queimadas antropog nicas assentamentos mont culos ilhas de florestas antropog nicas diques circulares terra preta campos elevados redes de transporte e comunica o estruturas para manejo da gua e da pesca entre outros apontam para o estabelecimento de sociedades organizadas e com relativo grau de complexidade Erickson 2008 Heckenberger 2007 Neves 2006 A baixa disponibilidade e espacialidade dos dados constituem se nos principais entraves para as pesquisas que buscam lan ar alguma luz sobre o passado pre colonial da floresta amaz nica A insufici ncia de dados faz com que a delimita o de grupos humanos distintos a partir de peculiaridades culturais e sua respectiva correla o com o dominio de tecnologias e ou um determinado nivel de organiza o social ainda n o seja bem definida apesar do esfor o acad mico recente ter resultado em avan os significativos para algumas localidades A bacia hidrogr fica do rio Teles Pires enquanto tribut ria do rio Tapaj s se insere numa rea de consider vel interesse para a arqueologia brasileira Nessa ampla regi o realizaram se em pocas pr coloniais diversificados processos culturais dos quais alguns t m sido mais intensamente investigados a partir de abordagens te ricas variadas Tais
438. oel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EH m CRo Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia ambiente em que vivem somente podem ser encontrados satisfatoriamente no Teles Pires e no rio dos Peixes justamente a esse tipo de intera o ecol gica contextual que os mais velhos moradores do Xingu se referem constantemente ao manifestar a falta que sentem da regi o do Baixo Teles Pires Desse modo vale ressaltar mais uma vez a import ncia desses elementos n o apenas na composi o da vida material dos Kaiabi mas sobretudo na afirma o de um estilo de vida entre pessoas e ambiente capaz de proporcionar as regularidades necess rias para que os Kaiabi sintam que est o habitando sua regi o ao inv s de estarem meramente ocupando um espa o inerte e desconectado de suas vidas Para melhor compreender a import ncia desses recursos cabe antes fazer uma breve recapitula o das quest es legais que impedem os Kaiabi de acessarem de modo irrestrito o lado de Mato Grosso Em seu baixo curso o rio Teles Pires separa os estados de Mato Grosso e Para A rea que os Kaiabi possuem demarcada desde 1976 contempla apenas terras inseridas no estado do Par Contudo a amplia o da demarca o requerida com o relat rio antropol gico de Rodrigues 1994 j ratificada por uma portaria declarat ria do Minist rio da Justi a 2002 concede aos Kaiabi tamb m direitos de usufruto de outras reas utilizad
439. ol gicas na confian a de que mesmo apos quarenta anos da transfer ncia os Kaiabi ainda seriam capazes de expressar suas emo es como se tal evento tivesse ocorrido h poucos dias Assim com o prop sito de ouvir sem intermedi rios as hist rias e tentar captar a for a do sentimento de liga o que ainda alimentam com o Teles Pires que este trabalho tamb m se funda em dados de campo e entrevistas com os Kaiabi do Xingu A partir das hist rias de sobreviv ncia narradas pelo cacique Atu relativas her ica resist ncia simbolizada pelo desejo de ficar de seu pai Manek poss vel concluir que o rio Teles Pires significa para os Kaiabi muito mais do que um local em que ocasionalmente passaram a ocupar ao longo de suas andan as pela Amaz nia meridional Habitar pr ximos ao Teles Pires e das condi es que o ambiente circundante proporciona n o apenas confere sentido vida dos Kaiabi mas serviu por muito tempo como um importante marco diacr tico para identifica o tnica do grupo m A SRY Empresa de Pesquisa Energ a Eis Ro Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia 3 5 1 Dificuldades na transfer ncia O motivo principal do trabalho de campo de Frederico Oliveira no Parque Indigena do Xingu em julho de 2008 foi de conhecer com mais propriedade a partir da perspectiva dos Kaiabi mais velhos as narrativas sofrimentos e dificuldades enfrentados quando da transfer ncia do Teles P
440. olvimento e a contrata o dos indios nos programas de monitoramento e fiscaliza o associados aos empreendimentos ser o mais uma alternativa de renda importante e que pode contribuir de forma significativa para reduzir a depend ncia dos ndios de compensa es pelo uso irregular dos recursos existentes em suas terras As complementa es sugeridas poder o ter efeitos importantes sobre a intensidade e a probabilidade de ocorr ncia deste impacto As complementa es propostas poder o amenizar a press o sobre a paisagem especialmente nos locais de maior interesse para os ndios O auxilio dos indios na identifica o e localiza o de pontos de relev ncia sociocultural e simb lica poder evitar que sejam afetados pelas atividades associadas aos novos empreendimentos Ser mais f cil tamb m incorporar esses locais no planejamento das interven es necess rias O envolvimento dos ndios nos programas de recupera o de reas degradadas poder facilitar o direcionamento das a es para reas de maior interesse da popula o indigena A es de fiscaliza o ambiental ser o fundamentais para a preserva o destes locais mediante a press o antr pica e atividades ilegais que possam interferir diretamente na paisagem ou em referenciais socioespaciais importantes As complementa es sugeridas se bem articuladas com outros programas direcionados para a conserva o ter o efeitos expressivos sobre a intensid
441. oma sp Cachara Pseudoplatystoma punciifer Pintado Mandi mole Pimelodella cristata Mandi mole Pimelodus albofasciatis Mandi Pimelodus ornatis Mandi Barbado D Bico de pato Zungaro zungaro Jau Rhamdia sp Jandia Pierodoras granulosus Charroque Pirarara Elecirophorus electricus Poraqu Sternopygus MACFUFUS Tuvira Arapo Caratinga Tucunar amarelo Cichla pinima Tucunar Crenicichla saxatilis Jacunda Corvina iagioscion squamosissimus Corvina Pescada Entre as esp cies de peixes listadas pelos ndios Apiak que moram na aldeia Mairowy os peixes que foram citados como os mais pescados e apreciados para o consumo foram Pacu Piranha Matrincha Tucunar Corvina Corimbat Pintado Pirarara Piraiba Piranambu Surubim Barbado epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia A utiliza o das diversas t cnicas de pesca est associada as esta es do ano no inverno quando o rio est cheio os homens pescam em remansos com a canoa parada valendo se de cani o linha e anzol e da isca preferida pelo peixe visado noite armam espinhel uma armadilha feita com linha de n ilon e isca durante o dia fazem armadilha com linha de n ilon e isca No ver o dirigem se s quedas d gua para pescar peixes grandes com arp o ou arco e flecha colocam tapagens armadilhas em igarap s em noites de luar saem para pescar com zagaia Tracaj s s o pescados com
442. omadas de decis o e mobilizam pessoas como aliados em busca de lutarem por uma causa comum Assim os frames gen ricos que permitem uma an lise mais segura do conflito ser o acionados para acompanhar os posicionamentos dos atores e como eles se movimentam no campo de poder 1 frames de identidade reconhecendo como os grupos se definem em rela o ao seu papel social regimes de propriedade e uso legitimo da terra 2 frames de diferencia o como os grupos definem seus opositores 3 frames de gest o do conflito quais os caminhos desej veis para o encaminhamento do conflito apontado pelos grupos Para a an lise do conflito foram utilizadas as estrat gias metodol gicas da etnografia multilocal Marcus amp Fisher 1986 e multiator Little 2006 De acordo com Little 2006 93 a etnografia dos conflitos socioambientais difere da etnografia tradicional em v rios aspectos essenciais Primeiro o foco da etnografia dos conflitos n o est restrito ao modo de vida de um grupo social mas tem como seu objeto principal a an lise dos conflitos socioambientais em si e as m ltiplas intera es sociais e naturais que os fundamentam Segundo ainda que seu foco n o esteja direcionado a um nico grupo social o pesquisado tem que lidar simultaneamente com v rios grupos sociais No nosso caso o foco nos Kaiabi o mais evidente sendo importante saber equacionar a vis o dos demais grupos com suas respectivas legitimidades Tercei
443. onclus o da per cia propriamente dita os fazendeiros lan aram m o de artif cios mais agressivos fora do 68 De acordo com a consulta ao site do Tribunal de Justi a de Mato Grosso processo n 2004 36 00 002130 5 os demais requerentes s o Jo o dos Santos Lopes Carrasco Celso Roberto Sella Denival Jac de Souza Adilson Cardoso de Oliveira Jeremias Prado dos Santos Moises Prado dos Santos e Maria Renilda Leal dos Santos m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia campo judicial para tentarem conseguir algum tipo de avan o numa suposta suspens o permanente ou cancelamento da Portaria Declarat ria Em abril de 2004 os Kaiabi foram recebidos pelo administrador da BRASCAN conhecido como L o na sede da fazenda para uma conversa a respeito do interesse que os donos da sua empresa possuiam em rela o o lado de Mato Grosso ressaltando especialmente as jazidas de calc rio ali existentes A partir das instru es do presidente da BRASCAN que tem escrit rio no Rio de Janeiro foi proposto um acordo com a promessa de constru o de um hospital com m dico escola equipada asfaltamento da pista de pouso fiscaliza o da reserva um carro disposi o dos indios e aeronave para o transporte de doentes al m de uma oferta de 12 milh es de dolares para os Kaiabi abdicarem do direito as terras de Mato Grosso Em resposta a essa proposta os
444. oniza o em troca de mercadorias Men ndez 1981 358 Cabe ressaltar que no momento em que a frente da borracha avan ava em dire o ao Alto Tapaj s meados do s culo XIX representantes do governo e os religiosos n o estavam presentes nessa conjuntura Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia os indigenas tinham duas op es aceitar as condi es impostas pelos colonizadorores ou deslocar se para zonas ainda n o ocupadas pelos brancos A fim de conseguirem certa autonomia politica e se manterem em seu territ rio os Munduruku optaram por servir aos interesses dos brancos sem que seus modos de vida fossem consideravelmente alterados Durante o boom da borracha a for a produtiva dos Munduruku passou a interessar mais aos brancos do que sua compet ncia belica e as guerras tribais foram abandonadas Os Munduruku que haviam estabelecido uma rela o amistosa com os colonizadores em 1795 engajaram se no trabalho de extra o da seringa e passaram a desejar as mercadorias afastando se progressivamente das pr ticas tradicionais realizadas nas savanas Segundo Murphy A total falta de atividade militar minou algumas das bases da solidariedade social Munduruku e exp s a institui o da chefia as rivalidades inerentes organiza o pol tica 1960 187 Para o autor n o
445. ontando hist rias aos mais novos coletando ovos de tracaja sementes frutas e pescando em locais mais afastados das aldeias em que vivem principalmente nos meses de agosto e setembro J no inverno ou tempo das chuvas as dificuldades em conseguirem peixes maiores aumentam e os Kaiabi costumam pescar mais no Teles Pires nas proximidades da aldeia ou em igapos que se formam ao longo da margem do rio Os Kaiabi conhecem certos lugares que s o mais prop cios de pescarem determinados tipos de peixes havendo um consenso maior quanto s praias e remansos O Lago do Jabuti juntamente com o Lago do Kaipa pr ximo aldeia Tukum s o constantemente mencionados como refer ncias para pesca de tucunar Contudo cada fam lia tem suas experi ncias e percep es particulares n o havendo nenhuma unanimidade a respeito dos pontos especificos no curso do Teles Pires Saem normalmente sem destino determinado em suas pescarias mas quando v em um lugar que lhes parece apropriado param o barco e jogam suas linhas Existe regularidade de pesca no rio Teles Pires somente na por o do rio utilizada por aqueles que vivem nas aldeias Kururuzinho Dinossauro Lageirinha e Minhocal que vai desde o Lago do Jabuti at a cachoeira Rasteira Os habitantes das outras aldeias costumam subir um pouco mais o Teles Pires at a foz do rio Apiac s Os Kaiabi tamb m estabelecem uma nitida diferencia o entre peixes de couro peixes de escama e animais
446. ontradas em reas de coleta ou em pontos mais distantes podendo levar algumas horas de caminhada para serem alcan adas Existem ainda outras reas maiores dedicadas a ca a e pesca cotidianas que coincidem com habita es de fam lias pr ximas reas mais distantes e menos familiares utilizadas em expedi es de ca a podem levar alguns dias para serem alcan adas A vers o completa do mito muito extensa para ser aqui reproduzida mas pode ser encontrada em Barbosa de Oliveira 2010 36 Estudos do Componente Indiaena das UHE S o Manoel Foz gt m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Durante a explora o de reas mais distantes das aldeias os rios adquirem import ncia fundamental na orienta o e defini o do espa o como l cus de sociabilidade mas sempre reconhecido pelo perigo que oferece aos Kaiabi As dire es acima e abaixo nada t m a ver com os pontos cardeais norte e sul mas seguem o fluxo do rio de modo que as nascentes est o localizadas acima e sua foz abaixo Os principais rios igarap s lagos corredeiras cachoeiras e morros possuem algum tipo de denomina o na linguagem Kaiabi Existe sempre um nome gen rico e um nome espec fico este ltimo frequentemente fazendo refer ncia a alguma caracter stica do lugar derivando do sufixo y que significa gua ou rio em tupi guarani Assim a abund ncia de algum animal ou vegeta o nas margens de um
447. ontrados O Teles Pires foi reconhecido como principal rio para se pescar peixes de couro e tracajas por sua maior profundidade Apesar de ja ter se recuperado consideravelmente dos residuos t xicos deixados pelo garimpo o Teles Pires ainda apresenta guas impr prias para o consumo Embora os Kaiabi evitem de beber a gua desse rio afirmam que por raz es pr ticas o lugar mais pr ximo preferido de pegar peixe A fim de apanharem peixes menores principalmente o piau os Kaiabi exploram o igarap Piranha Preta localizado em frente aldeia Minhocal do lado de Mato Grosso A partir do relacionamento rotineiro com o Teles Pires os Kaiabi conhecem certos lugares que s o mais prop cios de pescarem determinados tipos de peixes havendo um consenso maior quanto s praias e remansos O Lago do Jabuti juntamente com o Lago do Kaip pr ximo aldeia Tukum foram constantemente mencionados como refer ncias para pesca de tucunar Contudo cada familia tem suas experi ncias e percep es particulares n o havendo nenhuma unanimidade a respeito dos pontos especificos no curso do Teles Pires Os Kaiabi em suas pescarias saem normalmente sem destino determinado mas quando v em um lugar que lhes parece apropriado param o barco e jogam suas linhas Sobre esse car ter errante das pescarias Arlindo comenta que n o existe lugar certo que a gente vai no Teles Pires cada um conhece um lugar bom ou po o em que a gua mais funda a
448. ontrole de fecundidade reconhecendo a necessidade de mais pessoas habitando e garantindo seus direitos sobre esta que uma importante regi o de habita o ancestral Vale ressaltar que no rio dos Peixes o indice de casamentos inter tnicos maior do que entre os grupos Kaiabi que habitam o Teles Pires e o Xingu De acordo com a ltima estimativa da soma das tr s reas Kaiabi elas totalizam 1 647 em 2006 em compara o a 341 em 1955 Em 51 anos a popula o cresceu significativamente Cabe ainda destacar que a soma de 1 647 individuos n o inclui os Kaiabi que vivem nas cidades como Canarana Juara e Alta Floresta que n o insignificante tendo em conta que muitos Kaiabi est o agora trabalhando como agentes de sa de funcion rios da FUNAI e de associa es indigenas principalmente ATIX no Xingu e Kawaip no Teles Pires que estabeleceram escrit rios em cidades pr ximas as terras indigenas a Ro Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia 3 IMPORT NCIA DO RIO TELES PIRES PARA OS GRUPOS IND GENAS O relacionamento afetivo com a natureza e a tradi o de acesso comunal terra orientados por elaborados sistemas cosmol gicos comp em as bases dos relacionamentos constituidos entre os grupos indigenas e o ambiente biof sico na Amaz nia Tomando como ponto de partida o referencial ecol gico os meios geralmente utilizados pelos povos aut ctones no tocante sua adapta o biof sica est
449. or Tribunal de Justi a Em janeiro de 2003 a Agropastoril Madeireira e Colonizadora Sanha o LTDA juntamente com a Madeireira e Colonizadora Bigua o municipio de Apiac s e Felipe Cordovez impetraram mandados de seguran a contra a decis o do Ministro da Justi a requerendo a concess o de uma liminar capaz de suspender a demarca o De modo geral as atitudes desse atores e a pr pria organiza o dos documentos encaminhados justi a est o fundados em seus frames de relacionamento com a natureza que valorizam o respeito propriedade privada O primeiro argumento constante nesse documento d conta de que os requerentes adquiriram por meio de leil o p blico terras que foram arrecadadas e transcritas pelo Estado de Mato Grosso e vinham desde ent o implantando nas respectivas reas projetos de explora o pecu ria sem sofrer qualquer restri o Num segundo momento procuram desqualificar a validade do laudo elaborado por Rodrigues apresentando supostas inconsist ncias e insinuando regularmente que os indios jamais ocuparam tradicionalmente as terras declaradas do lado de Mato Grosso munic pio de Apiac s que s o dependentes de recursos dos brancos que 60 Mapa elaborado pela equipe de conserva o ambiental do ICV 61 Mandados com os respectivos n meros de 8873 DF 8882 DF e 8755 DF 62 Supondo que n o seriam ndios leg timos pois n o s o portadores de uma cultura intocada uma vez que n
450. or campos pouco produtivos Pela Portaria n 1 137 FUNAI de 12 de novembro 1993 foi constituido um grupo t cnico que identificou e delimitou a rea com 1 408 000 hectares resultando no relat rio t cnico da antrop loga Patricia Rodrigues 1994 Pelo Despacho n 28 de 23 de junho de 1999 do Presidente da FUNAI foram aprovadas as conclus es do resumo do relat rio de identifica o e delimita o da terra com 1 408 000 hectares e 900 quil metros de perimetro validando os estudos de identifica o Num termo de ajuste efetivado com os representantes do Campo de Provas Brigadeiro Velloso Base A rea do Cachimbo os Kaiabi Apiak e Munduruku concordaram em abrir m o de uma quantidade de terras que se sobrepunha base Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revisioecomplementa o EM a f s ERD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia a rea em troca do acesso autorizado rea cedida al m da prote o e fiscaliza o dos militares Atualmente os Kaiabi Munduruku e Apiak reivindicam uma rea de 1 053 000 hectares junto ao governo federal que segundo eles diz respeito ao territ rio de ocupa o mais antigo dos grupos a partir do in cio do s culo XX Em 02 de outubro 2002 foi publicada a Portaria Declarat ria n 1 149 pelo Minist rio da Justi a reconhecendo a Terra Indigena como de posse permanente e de usufruto exclusivo dos Kaiabi Apiak e Mun
451. oram ainda tra adas estrat gias de prote o da Terra Indigena com o objetivo de eliminar vazios de ocupa o e a necessidade de capacita o dos indios para a gest o e defesa de seu territ rio Foi ent o sugerido que os Kaiabi passassem a habitar locais de antigas moradias tanto para consolidar sua presen a de modo mais abrangente como H que se registrar que entre um dos ref ns estava um funcion rio da extinta Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso que foi posteriormente reestruturada em raz o de esc ndalos de corrup o denunciados a partir da Opera o Curupira que estava realizando consultorias sobre projetos de explora o madeireira e agropecu ria dentro da Terra Indigena m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia para fiscalizarem os avan os no desmatamento A partir dai ocorreu de fato a consolida o das aldeias Dinossauro Ximari S o Benedito novas ro as al m da constru o da escola do lado de Mato Grosso Pelas informa es prestadas pelo IBAMA ficou confirmado um avan o constante no desmatamento a partir de 1999 com pico se evidenciando no ano de 2003 Ate 2001 apenas 5 083 de mais de um milh o de hectares da Terra Indigena tinham sido desmatados De acordo com imagens de satelite s entre 2002 e 2003 cerca de 15 mil hectares de floresta foram derrubados Nos dois anos seguintes o desmatamento foi menor mas ainda preocupante 6 3 mil hecta
452. os e acabaram se casando com migrantes nordestinos negros e indios de outras etnias arregimentados pela frente extrativista processo que teria enfraquecido sua unidade politica e levou ao abandono da lingua dos rituais e de diversas t cnicas e elementos de cultura material Tempesta 2009 40 Nos ltimos anos do s culo XIX os Apiak foram alvo de viol ncias e massacres promovidos por v rios coletores de impostos e patr es o que quase causou a extin o do povo cria o de extensivos seringais estabeleceu uma nova entidade territorial na Amaz nia brasileira que iria dominar amplamente a regi o at o decl nio do ciclo desenvolvimentista global com o fim da Segunda Guerra Mundial De fato o boom da borracha proporcionou uma liga o entre estruturas organizacionais pr existentes com novas institui es e intermedi rios para financiar a extra o de produtos da floresta particularmente o l tex Schmink amp Wood 1992 42 Como resultado se estabeleceu o sistema do aviamento a partir de tr s caracteristicas b sicas suprimento cr dito e controle da for a de trabalho A borracha coletada na floresta era embarcada pelo aviador local para a casa ou empresa do aviador em Bel m Essas grandes casas de com rcio figura central do sistema da borracha alcan aram grande poder e proemin ncia durante o boom da borracha e eram respons veis pelo recebimento da borracha de reas remotas da floresta amaz nica fi
453. os atrav s da manifesta o de aspectos pr prios de suas culturas podem apresentar outra forma de exist ncia Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia inteiramente ignorada ou mesmo clandestina face as tradi es e saberes hist rico cient ficos dominantes em mbito nacional ou regional em particular no es de territ rio que desafiam os pressupostos do Estado Na o e da propriedade privada Oliveira Filho 1999 104 Para ent o trabalhar com os fluxos de pessoas no curso do rio Teles Pires as hist rias de ocupa o e os conflitos socioambientais as refer ncias chave ser o os conceitos de territorialidade e cosmografia provenientes de uma antropologia territorial renovada desenvolvida por Paul Little 1997 e com fortes bases na ecologia pol tica Contando ainda com o suporte da abordagem etnogr fica para entender as formas especificas das diversidades de territ rios possivel analisar esse complexo processo hist rico a partir da perspectiva de m ltiplos grupos sociais que est o lutando por seus territ rios n o apenas descrevendo suas reivindica es coletivas para as reas que ocupam fisicamente mas tamb m os artif cios pol ticos que eles utilizam para assegurar e defender suas demandas Dessa maneira possivel detectar os paralelos diacr nicos e estru
454. os jacamins e Columbideos pombos podendo causar decl nio das popula es locais das esp cies mais sens veis e de menor densidade mutuns e macucos por exemplo Em geral os mamiferos de maior interesse na regi o s o os primatas porcos do mato anta veados tatus e os grandes roedores e consequentemente com maiores chances de sofrer impacto em suas popula es quando do in cio da obra 3 1 3 Elementos Etnoecol gicos Associados De uma forma geral embora os impactos acima descritos apresentem incid ncia na regi o em estudo muito pouco prov vel que os desequilibrios ecol gicos citados se estendam al m da TI Kayabi Sendo assim em raz o das caracteristicas dos processos impactantes e da dist ncia envolvida considera se que as etnias Munduruku e Apiac est o muito pouco vulner veis a esse tipo de impacto Por essa raz o esse t pico se restringir an lise da etnia Kaiabi Como demonstrado na Revis o do Conte do Antropol gico do ECI os indios Kaiabi possuem habitos de ca a baseados fundamentalmente nas varia es sazonais e no mapeamento mental Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Aviac e gt epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia dos locais ideais de ca a De acordo com esses habitos o inverno ou tempo das chuvas uma poca de pouca ca ada j que os animais de maior interesse ficam mais escassos e a prefer ncia dada as f
455. os Kaiabi n o mais poderiam pescar ca ar ou coletar materiais do lado de Mato Grosso at que se configurassem as legitimidades das ocupa es Decepcionados n o apenas com a decis o do juiz mas principalmente com a pouca coordena o com a procuradoria jur dica da FUNAI em Cuiaba os Kaiabi resolveram buscar a assist ncia do ISA que ja vinha auxiliando seus parentes no rio dos Peixes A partir de um sobrev o realizado em julho pelo procurador M rio L cio o chefe de posto Cl vis e alguns Kaiabi foram registrados pontos mais recentes de desmatamentos e preparado um documento multim dia com o apoio do ICV a ser distribuido publicamente demonstrando que os pastos continuam sendo formados A partir dessas informa es e j contando com o apoio do ISA os Kaiabi conseguiram a libera o do juiz para o funcionamento da escola com o compromisso de nada derrubarem do lado de Mato Grosso Na mesma poca vinham aumentando as investidas dos garimpeiros para subirem a cachoeira Rasteira Os Kaiabi que possuem mais proximidade com os pousadeiros passaram a receber fortes press es dos Munduruku para que os garimpeiros pudessem subir a Rasteira Com isso os donos das pousadas se mostraram insatisfeitos pois constantemente teriam que expor seus turistas as paisagens degradadas pelas dragas e balsas Nesse sentindo os Munduruku realizaram um movimento na Terra Indigena amea ando de fechar a Pousada Santa Rosa e exigindo que tambem lhes
456. os Originalmente no ECI Interfer ncia na flora e fauna terrestre Interfer ncia sobre a flora e fauna terrestre e os recursos de ca a Aumento no tr nsito de veiculos Impactos do adensamento populacional Interfer ncia sobre a disponibilidade dos recursos de Impacto na ictiofauna utilizada como recurso alimentar pesca jusante da barragem Impactos do adensamento populacional Altera o da din mica fluvial mpactos na quaiidace caes Modifica es do regime fluvial SN Aumento da incid ncia de doen as na popula o Aumento da incid ncia de doen as na popula o ind gena indigena Impactos na qualidade da gua Impactos do adensamento populacional Press o sobre as terras e culturas indigenas Cria o ou intensifica o de conflitos territoriais Altera o da rela o dos indios com a atividade tur stica Aumento da especula o imobili ria Dinamiza o da economia Minist rio de Minas e Energia Impactos Espec ficos do Componente Ind gena Impactos Espec ficos do Componente Ind gena Revisados Propostos Originalmente no ECI Gera o de expectativas na popula o ind gena Altera o da rela o dos ndios com a atividade tur stica Altera o nas rela es dos ndios com as atividades econ micas Contrata o de indigenas nas atividades de implanta o do empreendimento Dinamiza o da economia Altera o na paisagem e perda de referenciais Press o sobre as terras e culturas in
457. os da d diva um dos eixos da solidariedade alde e as refei es respeitam certos preceitos morais est ticos e cosmol gicos As t cnicas e o saber ecol gico a elas associado est o imbricados no processo de forma o da pessoa e na din mica das redes de rela es sociais que comp em a comunidade A realiza o das atividades de subsist ncia regida pelos crit rios de g nero e idade A partir do momento em que come a a andar a crian a inserida paulatinamente de acordo com o padr o de comportamento determinado pelo g nero na rotina produtiva da familia Trata se de um aprendizado ativo a crian a se engaja efetivamente na agricultura na ca a na pesca na coleta e nos servi os dom sticos sendo que o apoio modesto oferecido nos primeiros anos de vida vai se ampliando gradualmente A diferen a entre o trabalho das crian as e o trabalho dos adultos portanto uma diferen a de magnitude n o de natureza Da perspectiva de g nero as atividades desempenhadas por homens e mulheres s o complementares Cabe prioritariamente aos homens obter recursos fora da aldeia ca ar pescar coletar e as mulheres transformar tais recursos em comida verdadeira e zelar por sua distribui o adequada entre as casas a fim de sustentar rela es concebidas como propriamente sociais O mesmo ocorre com os artefatos de uso cotidiano os homens fabricam utens lios de fibras vegetais cestos paneiros jamaxins peneiras etc para as
458. os para o consumo pr prio Para pescar peixes herb voros ou onivoros s o utilizadas frutas de diferentes rvores Sarandi Jauari Apui e A ai O periodo da utiliza o das frutas como isca se limita aos meses de janeiro a mar o durante o periodo chuvoso Uma quest o que marca a pescaria realizada na regi o do rio Teles Pires o consumo do pescado a partir das varia es ecol gicas sazonais e pela oferta de captura durante as pescarias Assim a partir das entrevistas realizadas com os moradores das aldeias kayabi Estudos do Comvonarte Indidara doc UHE S O Manoel Foz epe Minist rio de Minas e Energia foi elaborada uma lista de esp cies com ocorr ncia reconhecida pelos indios No total foram listados 66 t xons dos quais 54 s o pescados e consumidos conforme possivel verificar na Tabela 4 abaixo Tabela 4 Listagem taxon mica contendo o nome cient fico o nome vernacular e o nome em Kayabi das esp cies de peixes reconhecidas pelos moradores da Aldeia Kururuzinho e pelas aldeias pr ximas i 4 r Nome Nome Familia Esp cie p Eayabi venacular CLASSE CHONDRICHTHYES ORDEM MYLIOBATIFORMES Potamotrygonidae Potamotrygon sp a CLASSE ACTINOPTERYGII ORDEM CHARACIFORMES Leporinus brunneus Piau Aracu desmontes Piau tr s Me E md pintas Piau Lapnrinus friderici Pam cabe a Anostomidae gorda Leporinus julii Paay P su cascudo pecar PD Araca maculatus Leporinus vanzoi
459. os principalmente nas id ias conspirat rias defendidas por Lorenzo Carrasco 2001 em seu livro M fia Verde m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia reivindicar seus direitos no interior da Terra Ind gena enviado FUNAI contando sua hist ria de chegada e ocupa o no Baixo Teles Pires Para complementar algumas caracteriza es os depoimentos dos Kaiabi tamb m ser o incorporados Foi a partir da aquisi o junto ao INCRA de uma rea localizada no lado do Par que Ant nio Campanharo acompanhado de sua mulher e filhos se deslocaram da cidade de Paranaita atravessando o Teles Pires em dire o ao rio S o Benedito no ano de 1983 com o intuito de estabelecerem resid ncia e iniciarem atividades de agricultura e pecu ria A fim de localizar suas terras situadas na floresta fechada e sem qualquer tipo de sinaliza o teriam passado mais de tr s anos vivendo em habita es provis rias abrindo vagarosamente estradas at encontrarem seus lotes e come arem o processo de abertura A exposi o dessa narrativa seguindo as nuances de uma saga enfatizando os sofrimentos vividos por sua familia pode ser identificada como o primeiro aspecto marcante a configurar os frames de identifica o em rela o as terras que reivindicam no interior da Terra Indigena Kayabi Em seu depoimento afirma que estavam atras de seu peda o de ch o o qual com muito sofrimento desbravando matas n o
460. os territoriais Nesse Programa de Controle e Preven o de Doen as dever portanto conter o eixo Aten o Sa de Indigena englobando a saude da mulher e da crian a vigil ncia alimentar e nutricional sa de bucal vigil ncia e controle da mal ria vigil ncia ambiental sa de mental ind gena assist ncia farmac utica acidentes com animais pe onhentos medicina tradicional biosseguran a e doen as n o transmiss veis O Programa de Controle e Preven o de doen as dever ser complementado com atividades que garantam a saude da popula o indigena Para isso dever ser estabelecido estreito canal com as entidades competentes FUNASA FUNAI Postos de Sa de Ind genas org os de sa de estaduais e organiza es ind genas Al m disso o empreendedor dever refor ar a infraestrutura os equipamentos sociais e os servi os associados quest o da saude ind gena Todos os programas de monitoramento previstos pelos EIA relacionados a preven o e controle de doen as dever o ter participa o indigena ativa Os relat rios de monitoramento dever o ser referendados pelas organiza es indigenas Todos os relat rios de monitoramento produzidos dever o ser adaptados em vers es did ticas adequadas as diferentes l nguas Al m disso no mbito das atividades de educa o ambiental esses materiais did ticos dever o ser apropriados pela comunidade escolar e os postos de sa de indigena As complementa es
461. ossomose Altera o da qualidade da gua a jusante da barragem Disponibiliza o do merc rio para a cadeia alimentar Acr scimo da prostitui o Programa de Contrata o e de Desmobiliza o da M o de Obra Programa de Comunica o Social Programa de Educa o Ambiental Plano Ambiental para Constru o Programa de Monitoramento Limnol gico e da Qualidade da gua Programa de Monitoramento da entomofauna vetora Programa de Monitoramento da Malacofauna de Interesse M dico Programa de Controle e Preven o de Doen as Plano de A o e Controle da Mal ria Treinamento dos trabalhadores da obra sobre as particularidades da regi o inclusive das Terras Indigenas e etnias nelas presentes especialmente quanto s formas adequadas de contato com a popula o indigena No mbito do Programa de Controle e Preven o de Doen as as equipes de relacionamento comunit rio dever o por interm dio de metodologias participativas apropriadas realizar campanhas de controle e preven o de doen as junto aos grupos ind genas respeitando seus h bitos e costumes tradicionais As atividades relacionadas preven o e controle de doen as dever o seguir as diretrizes estabelecidas pela Pol tica Nacional de Aten o Sa de dos Povos Ind genas regulamentada pela Portaria do Minist rio da Sa de n 254 2002 que reconhece aos povos ind genas suas especificidades tnicas e culturais e seus direit
462. ou artesanato Em geral os coquinhos de tucum e inaja ficam queimando bem na frente da porta das casas a fim de afugentar os piuns durante o dia O m s de janeiro representa uma esp cie de m s de ver o no meio do inverno pois as chuvas diminuem consideravelmente e permite aos indios realizarem algumas incurs es em locais mais afastados da aldeia principalmente para coletarem castanhas e mel Nos dois ltimos meses da esta o chuvosa uma pequena fruta chamada de caba arana bastante abundante por todo o curso do Teles Pires come a a cair Desse momento at o final do inverno os Kaiabi podem contar com a presen a constante de pacus e matrinch s em suas refei es uma vez que estes Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia peixes sobem superficie para se alimentar e s o fisgados em pequenas canoas uma vez que o motor de popa os assustaria Na poca de final de inverno bem comum o tempo fechar com a ocorr ncia de v rias trovoadas raios e em seguida uma chuva bem fina cai e logo em seguida o tempo abre 3 3 2 Tempo da ro a Se por um lado os Kaiabi n o se configuram como eximios ca adores ou pescadores por outro a agricultura segue certos passos extremamente refinados que devem ser seguidos risca e representa um aspecto fundamental no entendimento da liga o af
463. ovo de tartaruga ou frutas nativas Nas ca adas noturnas comum fazerem a ca a de espera quando caminham sempre juntos j com um lugar pr determinado e v o em busca da presa baseados em seus h bitos alimentares onde ficam aguardando em cima de rvores por sua chegada No passado quando estavam inseridos no com rcio de peles de felinos os Kaiabi tinham por costume ca ar com armadilhas para n o danificarem as peles com os disparos de armas de fogo mas atualmente abandonaram essa pr tica Tamb m n o ca am com cachorros pois segundo eles este animal faz muito barulho e acaba afastando a ca a Durante as entrevistas e oficinas realizadas por Frederico Oliveira os Kaiabi fizeram refer ncia aos seguintes animais mamiferos ca ados para alimenta o anta porco do mato queixada e caititu veado da capoeira roxo e mateiro macaco prego aranha zogue zogue coat cuxiu guariba e bugio paca tatu canastra e galinha coati cotia capivara Ca am ainda alguns animais com o prop sito espec fico de obter prest gio provando coragem e retirando seus dentes para servir de trof us e enfeites como on a preta parda e pintada jaguatirica e outros tipos de macaco Aqueles que se destacam na primeira categoria de ca a entre os mamiferos s o os porcos do mato o veado e a anta Seguindo o mito de Tuiarare da cria o dos animais comest veis e n o comest veis os Kaiabi n o comem em hipotese alguma a car
464. pactantes As a es antr picas e amea as descritas acima desencadeiam processos impactantes sobre os recursos naturais conforme apresentado na Figura 4 Cabe ressaltar que os processos impactantes est o relacionados entre si assim como as amea as e as a es antr picas que as originam epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA A es Antr picas Amea as Processos impactantes Vias de Acesso EPA ai Processos Erosivos Aporte de Sedimentos para Explora o Fragmenta o de os Corpos H dricos a Desmatamento i Madeireira Habitats Nativos Altera o do aporte de nutrientes para os e ecossistemas aqu ticos Agropecu ria Altera es F sico Qu micas da gua Contamina o Minera o P s H drica Intoxica o da Biota Aqu tica Aumento da Press o sobre a Flora e a Fauna Concentra o Populacional Perda de Biodiversidade Figura 4 Fluxograma do encadeamento das a es antr picas amea as e processos impactantes a Processos impactantes associados ao desmatamento O desmatamento na regi o em estudo est associado principalmente extra o mineral explora o madeireira s atividades agropecu rias e abertura de vias de acesso Cabe ressaltar que para a convers o da floresta em agropecu ria assim como na reforma de pastos degradados comum o uso de fogo Quando as queimadas fogem do controle se tornam inc ndios florestais o que i
465. pacto considerando a incid ncia em paralelo dos processos impactantes gerados pelas tr s usinas e os consequentes efeitos cumulativos e sin rgicos aqui identificados De forma sint tica a Tabela 8 apresenta a expectativa de gera o de efeitos cumulativos ou sin rgicos no cen rio de implanta o das tr s usinas epe Empresa de Pesquisa Energ tica epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Tabela 8 Efeitos cumulativos e sin rgicos entre as UHE S o Manoel Foz do Apiac s e Teles Pires associados As popula es ind genas UHE Impacto sobre o Cl Foz do S o Apiac s Manoel Interfer ncia sobre a fauna e flora terrestre e os recursos de ca a Interfer ncia sobre a disponibilidade dos recursos de pesca jusante da barragem Altera o da din mica fluvial Aumento da Incid ncia de doen as na popula o ind gena Cria o ou intensifica o de conflitos territoriais Altera es nas rela es dos ndios com as atividades econ micas Altera es na paisagem e perda de referenciais socioespaciais e culturais cumulativo entre as usinas 4 1 Avalia o e Descri o seguir s o apresentadas as descri es da cumulatividade e sinergia entre usinas segundo impactos especificos para as popula es indigenas 4 1 1 Interfer ncia sobre a Fauna e Flora Terrestre e Recursos de Ca a Conforme a descri o desse impacto no item 3 1 os impactos sobre a ca
466. paj s Xingu e Teles Pires Essa chapada tem uma topografia geral aplanada mas j dissecada originando formas tabulares e interfl vios amplos IBGE 2002a 2002b Nessa forma o geomorfol gica predominam as areias quartzosas associadas s fisionomias de contato entre forma es campestres e florestais J nas por es norte e sul da regi o em estudo prevalecem os latossolos que ao Norte ocorrem no Planalto do Parauari Tropas e ao Sul na Depress o Interplan ltica Juruena Teles Pires IBGE 2002a 2002b Nessas reas ocorrem as Florestas Ombro filas Densa e Aberta Submontanas incluidas na classifica o popular de floresta de terra firme onde se constata alta biodiversidade PIRES 1973 Os principais rios da regi o em estudo s o o Tapaj s afluente da margem direita do Amazonas e seus formadores rios Teles Pires e Juruena cuja conflu ncia se d na Chapada do Cachimbo Ao longo desses rios apresentam se os gleissolos associados Floresta Ombr fila Densa Aluvial Esta forma o se caracteriza pelo alagamento sazonal ou permanente do solo o que seleciona as especies vegetais resultando em elevado grau de endemismo Essa regi o apresenta grande diversidade de ambientes aqu ticos onde se destacam cabeceiras corredeiras cachoeiras lagoas marginais v rzeas rios de guas claras e pretas Como regra geral a diversidade de ambientes e esp cies aqu ticas tende a aumentar em dire o foz de um rio
467. pantes se iniciaram com a explora o madeireira seguida da pecu ria extensiva No caso dos fazendeiros e madeireiros h uma quest o particularmente importante apontada pelos indios como a causa central do conflito Aqueles que ocuparam reas no lado de Mato Grosso apresentam oposi o aberta aos Kaiabi que v m sofrendo restri es de acesso a recursos e lugares sagrados daquele lado do rio e perdendo o controle sobre pontos tradicionalmente utilizados para ca a pesca e coleta Entre os povos indigenas a maioria reivindica a retirada dos fazendeiros mas h quem acredite que por j terem desmatado a floresta possam permanecer mediante o aluguel do pasto com o compromisso de n o desmatarem mais H casos especificos que retratam esses conflitos A aldeia S o Benedito situada pr xima ao Porto do Meio local de acesso ao rio S o Benedito vem sofrendo press es por parte de madeireiros e fazendeiros que avan am com o desmatamento dentro da rea Sul da TI Kayabi Eu outra situa o os Kaiabi t m sofrido restri es de acesso ao Morro do Jabuti e ao rio Santa Rosa reas importantes para a ca a e que est o inseridas em uma rea requerida pela empresa BRASCAN Segundo os indios a empresa exige que pe am autoriza o para entrada na rea o que se recusam a fazer Conflito semelhante ocorre em reas ocupadas por outro grupo composto por pequenos posseiros que se estabeleceram dentro da Terra Indigena em raz o de assen
468. papel enquanto pessoas ligadas preserva o da Amaz nia que os donos das pousadas procuram definir seus frames de identidade O conceito de belezas naturais est constantemente presente em suas falas assim como nas motiva es que trazem os turistas do sudeste e sul do Brasil para estabelecerem um tipo de rela o peculiar com a natureza Diante das conversas entrevistas com os propriet rios Frederico Oliveira relata que ficou evidente que est o dispostos a explorar um ramo de neg cios cada vez mais crescente no Brasil aproximando seus clientes das particularidades que somente o bioma amaz nico pode oferecer Aquele relacionamento com o ambiente natural em termos de uma paisagem a ser contemplada e conservada parece ser o mais adequado para entender esse tipo singular de intera o entre pessoas e natureza N o portanto explorando a natureza e dela retirando recursos com valor econ mico que os pousadeiros e pescadores procuram se definir Ao contr rio os pousadeiros se arrogam a fun o de preservar enquanto os pescadores v m de longe para contemplar e interagir sem nada retirar Por essa raz o o regime de propriedade da pesca esportiva tamb m n o pode ser enquadrado facilmente no esquema de propriedade privada Ainda que no caso da Pousada Santa Rosa os donos tenham a possibilidade de requerer algum tipo de direito sobre a propriedade que ocupam n o esse o caminho que mais utilizam para defender sua territorialidad
469. pas de acordo com suas coordenadas geogr fiacs exatas Tanto pelos altos custos em percorrer toda a extens o da Terra Indigena como em raz o dos riscos em adentrar reas invadidas procurou se acompanhar e cruzar as indica es dos Kaiabi Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o MM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia para marcar os lugares no mapa Seguindo a premissa de Almeida 1994 de que quando a desinforma o impera no cen rio de fronteira amaz nica serve invariavelmente aos prop sitos daqueles que est o no controle a orienta o principal foi de proporcionar informa es que em alguma medida sirvam para dar maior visibilidade rela o dos Kaiabi com seu ambiente desnaturalizando os mecanismos estatais de imposi o territorial e valorizando uma raz o hist rica pouco considerada e que n o necessariamente instrumental Logo os mapas aqui propostos s o din micos compostos de desdobramentos e sobreposi es que consideram a etnografia da paisagem em suas diversas transforma es como forte instrumento capaz de envolver sentimento e pertencimento a uma regi o 4 1 Aldeias antigas e lugares de import ncia Como j foi indicado anteriormente desde pelo menos o s culo XVIII os Kaiabi habitavam praticamente todo o curso do rio Teles Pires acima da foz do rio Verde onde foi implantado o posto Jos Be
470. pe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA atividade seringueira provocou a invas o de territ rios indigenas obrigando o constante deslocamento das sociedades nativas em toda regi o amaz nica Entre as d cadas de 1940 e 1960 surgiram os primeiros projetos de coloniza o particulares principalmente nas por es centro e norte da bacia do Teles Pires A partir da decada de 1970 houve uma acelera o desse processo devido principalmente abertura da rodovia Cuiab Santar m BR 163 ao lan amento do Programa de Integra o Nacional PIN ao in cio das pesquisas desenvolvidas para a adapta o de gr os em especial a soja ao clima e solo do cerrado e cria o de n cleos de assentamentos organizados pelo Instituto Nacional de Coloniza o e Reforma Agr ria INCRA relevante destacar o forte papel da atividade garimpeira principalmente do ouro no processo de ocupa o da Amaz nia A descoberta do ouro no rio Teles Pires aconteceu em 1978 atraindo milhares de garimpeiros e centenas de dragas para a regi o do sul do Estado do Par e norte de Mato Grosso EPE 2007 A explora o garimpeira nessa regi o alcan ou o seu auge em 1984 quando as cidades de Paranaita Alta Floresta e Apiac s registraram um acr scimo populacional de mais de 100 mil pessoas OLIVEIRA 2010 Entretanto entre os anos de 1989 e 1994 registrou se o decl nio da atividade em raz o principalmente do es
471. plementa o RA m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia chegada do garimpo como jasi uok que quer dizer casa das muri ocas fazendo jus a grande concentra o de insetos hemat fagos de h bitos noturnos Encontra se numa rea de ip o restinga numa por o de terra mais elevada na margem do rio circundada por igap s poss vel ainda reconhecer in meros montes de areia e pedra nessa por o do rio comumente conhecidos como arrotos de garimpo al m de ferragens abandonadas de dragas enferrujando tanto na beira quanto no leito do Teles Pires Duas outras aldeias foram abertas nos anos seguintes tamb m por chefes de familia de outras etnias casados com mulheres Kaiabi por motivos muitos semelhantes A aldeia Minhocal situada sobre uma grande mancha de terra preta h poucos quil metros abaixo da aldeia Kururuzinho foi fundada por Fernando Paleci Apiak segundo ele em raz o de desentendimentos pol ticos com alguns Kaiabi Seu Fernando casado com Dona Rosinha Kaiabi procurou viver distante o suficiente da aldeia para fugir dos problemas pol ticos e pr ximo o bastante para se beneficiar da assist ncia de saude e para seus netos poderem estudar na escola Acima um pouco do Kururuzinho Albertino Hakai Munduruku casado com In s Kaiabi resolveu abrir a aldeia Lageirinha que tem esse nome em fun o das v rias corredeiras de pequeno porte localizadas em frente aldei
472. portunidade em que visitou o primeiro acampamento de Meaute e quando esse mostrava suas ro as de mandioca foi verificada a exist ncia dos esteios de madeira itaubeira da casa principal a qual possuia estilo arredondado usado antigamente Meaute e ainda mostrou uma mangueira tamb m relacionada antiga aldeia de seu tio Segundo o pr prio Kaip no Xingu de acordo com o costume dos Kaiabi ele havia enterrado dentro dessa moradia quase todos seus parentes que morreram por causa do sarampo Continuando rio acima existe um aglomerado de aldeias nas proximidades do Morro do Jabuti Em duas ilhas situadas em frente entrada para o lago havia duas aldeias que foram habitadas por Xupe e sua familia A32 A33 Segundo Xupe tratavam se de aldeias grandes em que muitos Kaiabi est o enterrados o que confere maior for a afetiva a esse lugar Inclusive Tamanau e outros velhos do Xingu quando fazem refer ncia a seus parentes mortos que ficaram no Teles Pires apontam invariavelmente o Jabuti Na entrada da lagoa existia uma aldeia menor A34 assim como outra em suas margens A35 esta habitada pela familia do finado Jurupanau Segundo Frederico nas caminhadas que realizou com os Kaiabi pelos locais de antigas aldeias ao redor do lago foram observados alguns p s de manga e laranja Acima da Lagoa S o Benedito onde esteve instalada por quase duas d cadas a Minera o S o Benedito existe a micro regi o jasi uok que leva
473. praias Esse um costume que a gente tem faz muito tempo Estudos do Comtonarte Indidara das UHE S O Manoel Foz do gt epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia n s passamos uma ou duas semanas nas praias e voltamos para casa Essa uma poca em que estamos tirando sementes isso tamb m aprendizado para os jovens porque eles aprendem a pescar afazer acampamentos e a coletar sementes que usamos nas ro as e no nosso artesanato Oliveira 20 10 240 O conhecimento taxon mico da ictiofauna local se completa quando se analisa concep es ao redor da alimenta o reveladas em falas como mulher que acabou de ter nen n o pode comer as esp cies de cascudo porquepode ter sangramento quando uma pessoa sefere tem que arranhar o local doferimento com os dentes do peixe cachorro para sair o sangue a pessoa tem que arranhar o lugarpara sair o sangue ruim quando a pessoa ferroada por arraia uma mulher corajosa deve encostar o seu genital no local daferidapara curar a dor Menos do que supersti es ou cren as essas falas apontam para o fato de que na concep o kaiabi o nascimento n o a etapa final do processo de fabrica o das pessoas sendo necess rio ainda outro tipo de investimento do grupo de parentes que deve ser realizado para dar forma e destino ao corpo da crian a Um desses investimentos diz respeito as interdi es e tab
474. preservadas e protegidas Como possivel agravante para os conflitos territoriais vale mencionar a modifica o das rela es sociais e culturais das popula es que habitam a regi o em que se localizar o os empreendimentos Sabe se que a rela o dessas popula es com o local em que vivem transcende a dimens o fisica do territ rio o que fica mais evidente no caso dos povos indigenas O convivio entre popula es de modos de vida e habitos distintos pode resultar em conflitos que se reflitam territorialmente acentuando os problemas fundi rios existentes Soma se as rela es estabelecidas entre os impactos analisados a contribui o importante apesar de menos expressiva de outros impactos identificados nos EIA das UHE de S o Manoel e Foz do Apiac s para a cria o ou intensifica o dos conflitos territoriais Entre eles pode se destacar e Interfer ncias em reas de processos miner rios e Modifica o das condi es de extra o mineral e Perda de terras e benfeitorias e Modifica o das condi es atuais para pesca comercial esportiva e de subsist ncia e Modifica o das condi es para atividades tur sticas e Press o sobre a Reserva Estadual de Pesca Esportiva do Rio S o Benedito Rio Azul Estes impactos est o associados a altera es nas condi es em que algumas atividades econ micas s o realizadas como possiveis restri es espaciais intensifica o do uso de recursos e desrespeito capac
475. produzidas considerando a mem ria de longo prazo e as experi ncias acumuladas durante as viv ncias com o Teles Pires Durante o trabalho de campo da pesquisa doutorado de Frederico Oliveira foi realizado um levantamento o mais amplo possivel da regi o do Baixo Teles Pires lan ando m o da cosmografia Kaiabi das hist rias contadas pelos mais velhos e de visitas aos lugares de import ncia mais destacada Foram tamb m realizadas entrevistas e oficinas com as familias quando pedia a eles que colocassem sobre um mapa base da Terra Indigena os principais pontos que consideravam importantes e que estavam acostumados a visitar a fim de cumprirem com suas atividades di rias A essas informa es tamb m foram agregados outros lugares coletados a partir das conversas com os mais velhos do Xingu Nos lugares que houve a oportunidade de visitar na companhia dos Kaiabi as coordenadas geogr ficas foram registradas com o auxilio do GPS Tamb m foram colhidos outros pontos com o chefe de posto Cl vis Nunes registrados em suas fiscaliza es regulares das reas invadidas Desse modo a metodologia aplicada estava fundamentada na etnografia contextualmente situada na constru o de mapas elaborados juntamente com os pr prios ndios considerando aspectos do passado presente e futuro identificando pontos de significa o cultural ecol gica e hist rica Deve se ainda ressaltar que n o se preocupu demasiadamente em inserir os pontos nos ma
476. projeto de liga o entre Cuiaba e Bel m que data de meados do s culo XVIII estava prestes a se consolidar a partir da rota Arinos Juruena Tapaj s que se configurava como uma Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o ER m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia das vias de acesso fundamentais de penetra o do centro do continente nesse contexto que podemos compreender os v rios massacres sofridos pelos Apiak e seu violento decr scimo populacional agravado por epidemias Ap s terem sido aldeados no rio dos Peixes na segunda metade do s culo XX os Apiak somam hoje perto de mil pessoas distribuindo se em sete aldeias localizadas nos rio dos Peixes Teles Pires Juruena e tamb m em cidades dos estados de Mato Grosso Amazonas e Par De modo similar aos Kaiabi t m na familia extensa a base de sua organiza o social verificando se uma tend ncia uxorilocalidade e a divis o do trabalho por g nero As familias extensas gozam de grande autonomia pol tica e econ mica na aldeia embora a figura do cacique seja indispens vel na condu o dos assuntos de interesse comum designadamente na intera o com ag ncias estatais e com os regionais compradores de castanha do par O prest gio pol tico do chefe que raramente se transforma em poder de mando adv m da habilidade ret rica e da capacidade de distribuir alimentos e
477. propostas atuam no sentido de minimizar os riscos de incid ncia de doen as na popula o indigena O treinamento adequado dos trabalhadores sobre as condi es sanit rias em que ser o realizadas as obras e principalmente sobre as fragilidades dos povos indigenas ser fundamental para reduzir os riscos de contamina o a que estar o expostos os ndios A participa o dos indios em campanhas preventivas e as atividades de educa o principalmente nas escolas ser o fundamentais para inform los sobre os riscos a que est o expostos e possiveis a es preventivas O envolvimento de institui es da rea de sa de nas atividades de preven o e controle indispens vel para reduzir as chances de contamina o ou cont gio dos indios A expectativa que as complementa es sugeridas possam atenuar este impacto reduzindo a sua intensidade e probabilidade de ocorr ncia epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Impacto sobre as Popula es Ind genas Programas e Medidas indicados pelos EIA Propostas de Medidas Complementares Expectativas de Reversibilidade Cria o ou intensifica o de conflitos territoriais Altera o da din mica demogr fica Gera o de expectativas na popula o Valoriza o e especula o imobili ria Dinamiza o da economia Melhoria do sistema vi rio Modifica o das rela es sociais e culturais Plano Ambiental para Constru
478. que aparece no inverno e da praia e da v rzea que aparecem no ver o A utiliza o das distintas unidades de paisagem se faz de modo integrado Algumas unidades de paisagem mata campo capoeira rio igarap lago praia ilha ro a e aldeia e algumas unidades de recurso castanhal buritizal palhal copaibal entre outras recebem nomes pr prios que muitas vezes se referem ao representante da familia extensa que as ocupou utilizou por mais tempo Neste sentido o reconhecimento da exist ncia de um vinculo de parentesco com os antigos moradores faculta a uma familia o direito de ocupar determinado ponto no territ rio Estudos do Componente Indicena das UHE S o Manoel e Foz do Aniac s tica MM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Como j mencionado anteriormente o principio cosmogr fico chave da territorialidade Apiak associa resid ncia e parentesco num mesmo e amplo conjunto de significa es sociais e hist ricas Assim cada grupo de familias extensas parentelas Apiak identificado ao lugar onde viveu por mais tempo Desse modo a parentela Morim associada ao Rio dos Peixes Terra Indigena Apiaka Kayabi a parentela Paleci ao Anipiri e ao m dio Teles Pires a parentela Kamassori ao rios Anipiri e baixo Teles Pires a parentela de Xivico Apiak ao baixo Juruena e os Apiak puros os quatro velhos que ainda falam a lingua s o apontados como origin rios do rio S
479. que esses efeitos possam ser atenuados ou potencializados e tambem pela rela o que esse impacto pode apresentar com o a cria o ou intensifica o de conflitos territoriais classificou se o efeito das usinas Foz do Apiac s e S o Manoel sobre a fauna e flora terrestre e recursos de ca a como sin rgico 4 1 2 Interfer ncia sobre a Disponibilidade dos Recursos de Pesca a Jusante da Barragem De acordo com o item 3 2 desse documento o barramento do rio capaz de provocar um grande impacto sobre a ictiofauna especialmente sobre as esp cies migradoras Ao avaliar o efeito de uma um mais usinas sobre a ictiofauna os aspectos mais importantes s o a exist ncia de rotas migrat rias a jusante dos barramentos a exist ncia de obst culos naturais ou artificiais ao longo dos rios barrados e as especies existentes Ainda que o impacto sobre a ictiofauna seja classificado como certo muito dificil afirmar exatamente com que intensidade o ecossistema aqu tico ser afetado pelo barramento do rio ou fazer previs es detalhadas a respeito da disponibilidade e diversidade de peixes depois de instaladas as usinas Ainda assim nesse caso O impacto provocado por uma duas ou mais usinas deve ser classificado como de alta intensidade No caso das usinas de S o Manoel e Foz do Apiac s importante notar que enquanto a primeira interrompe a rota migrat ria principal dessa bacia hidrogr fica o rio Teles Pires a segunda interrompe o
480. que seria a principal rota migrat ria alternativa o rio Apiacas Nesse caso evidente que a implanta o concomitante das duas usinas podem potencializar os impactos sobre a ictiofauna migradora A principal rota alternativa nesse caso passaria a ser o rio S o Benedito Por m esse rio pode n o garantir a manuten o dos estoques atuais devido ao seu menor porte Estudos do Combonente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e comotementa o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Normalmente os aproveitamentos hidrel tricos est o localizados em locais onde existem saltos topogr ficos de grande vulto Nos rios esses saltos topogr ficos se expressam na forma de r pidos e cachoeiras que dependendo da altura e da morfologia fluvial podem ser considerados obst culos naturais para o fluxo migrat rio da ictiofauna Na bacia em quest o o salto Sete Quedas a ser alagado pela UHE Teles Pires apresenta esse tipo de caracter stica pelo menos para a grande maioria das esp cies migradoras existentes no rio Teles Pires ou seja o efeito cumulativo sobre a ictiofauna que poderia ocorrer em raz o da constru o de mais de uma usina no mesmo rio S o Manoel e Teles Pires tende a ser atenuado pela exist ncia do Salto Sete Quedas Nesse sentido o pr prio impacto da usina de S o Manoel individualmente tende a ser atenuado caso a UHE Teles Pires seja construida anteriormen
481. que tinham quando viviam no Teles Pires Como ele mesmo diz os Kaiabi est o aprendendo a viver Nesse sentido certos elementos perceptivos da paisagem ainda aparecem com relativo destaque sempre lembrando aos Kaiabi de que sua verdadeira terra n o ali como o caso das diferen as de configura o entre o cerrado do Xingu e as florestas altas e fechadas do Teles Pires Vide o anexo 2 com o ensaio fotogr fico ao final Al m das rela es com os chamados materiais da floresta com as frutas nativas a terra preta e o parentesco a liga o com certos elementos da paisagem caracteristica do Teles Pires tamb m foi e ainda um importante complemento a ser sentido pelos Kaiabi que vivem no Parque Tamb m digno de destaque um breve coment rio de Miau filho do finado Kupekani que veio para o Xingu ainda adolescente e ressalta alguns aspectos perceptivos interessantes da falta que sentia do Teles Pires evidenciando que a paisagem diferentemente do espa o qualitativa e heterog nea Quando eu cheguei aqui o Xingu era muito estranho pra mim O que eu mais estranhei que aqui n o tinha cachoeira Ai eu andava assim meio perdido procurando cachoeira mas s achava praia e mais praia Aqui tamb m tem muito lago L n o l tem muita cachoeira tem a zoada da cachoeira que Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o MM m zi epe Empresa de Pesquisa E
482. r Editor WAGLEY Charles 1988 L grimas de Boas Vindas Os ndios Tapirap do Brasil Central Belo Horizonte Itatiaia WEINSTEIN Barbara 1993 A Borracha na Amaz nia expans o e decad ncia 1850 1920 S o Paulo Hucitec Edusp ZHOURI Andr a 2008 Justi a ambiental diversidade cultural e accountability desafios para a governan a ambiental In RBSE vol 23 68 pp 97 107 m CRS Minist rio de Minas e Energia ANEXOS MAPAS DAS TERRAS IND GENAS Anexo 1 1 Mapa das Terras Ind genas atualmente habitadas pelos Kaiabi a e Terras indigenas habitadas pelos Kayabi F s o P Or E E i 4 i Ea gi A E outras terras indigenas ia O put PO qi eros o pa A E L A cd 2e INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL 2003 Pi T Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica epe Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Anexo 1 2 Josiane Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Anexo 1 3 Timajuwi Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Anexo 1 4 Jos Estudos
483. r car ter ef mero surgindo ou desaparecendo com o passar das esta es Outras duas configura es que caracterizam marcadamente o visual paisag stico no Teles Pires s o nomeados de vwytyt e Essa micro regi o leva esse nome por haver grandes quantidades desse peixe nas redondezas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia vwytyvti i sendo o primeiro relacionado aos morros e o segundo aos morros menores Portanto a influ ncia das rela es fluviais tanto na diferencia o dos sub ambientes como na passagem do tempo e ciclo da vida anual dos Kaiabi de fundamental import ncia A dimens o espacial tamb m reconhece de modo relevante a influ ncia da gua expressa atrav s do grau de hidromorfismo presente em diversificados setores ambientais Por exemplo a identifica o dos ka apapawet mato na beiras das lagoas e vatar n planicies pantanosas constantemente alagadas no interior das florestas de terra firme Em alguns casos y vem acompanhado de um prefixo ou sufixo quando est fazendo refer ncia a uma caracteristica hidromorfica mais especifica Da mesma forma as transi es entre sub ambientes reguladas pelo nivel da agua e ambientes de terra seca s o explicitamente reconhecidas Os Kaiabi chamam de vwyant ao ponto m ximo onde a gua alcan a quando se inicia
484. r habitats and food resources Experientia v 43 n 3 p 265 279 1987 SIOLI H 1984 The Amazon and its main affluents hydrography morphology of the river courses and river types In The Amazon Sioli H ed W Junk Publishers Dordrecht VANNOTE R L MINSHALL G W CUMMINS K W SEDELLAND J R GUSHING C E The river Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do 25 i o MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA continuum concept Can J Fish Aquat Sci 37 130 137 1980 WWF TNC World Wild Fund for Nature The Nature Conservancy 2008 Freshwater ecoregions of the world Dispon vel em http www feow org ecoregion details php eco 320 Last updated March 09 2011 Acessado em 26 04 11 pm i Sai MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA ANEXO 1 AS PRINCIPAIS FORMA ES VEGETAIS DA REGI O As principais forma es vegetais ocorrentes na regi o correspondem a cada uma das grandes regi es fitoecol gicas Florestas Ombr filas e Estacionais al m das Savanas que s o descritas abaixo em suas subdivis es conforme a nomenclatura proposta pelo Manual T cnico da Vegeta o Brasileira IBGE 1992 e Floresta Ombr fila Densa A Floresta Ombr fila Densa ocorre em locais com caracter sticas bioclim ticas de curto periodo seco n o mais que 60 dias e temperaturas acima de 25 C Sua estrutura e forma s o diversificadas devido distribui o em diferentes ambientes sendo constituida de r
485. ra Indigena suas atua es est o regularmente voltadas para o plano local a fim de manter os indios sob certo controle e depend ncia A Pousada Santa Rosa contribui com um valor mensal vari vel al m de ter comprado a casa sede da Associa o Indigena Kawaip Kayabi situada na cidade de Alta Floresta e que serve de apoio aos indios em transito A Pousada Mantega contribui com valor mensal pago em esp cie e o fornecimento de combustivel al m da aquisi o de um veiculo F 4000 um barco com motor de popa e um gerador a diesel A rela o dos indios com o turismo pode se desenvolver de formas diferentes O turismo da forma como realizado hoje pode ser intensificado a partir do aumento populacional e das facilidades de acesso regi o Alguns ndios j trabalham como piloteiros das pousadas e essa participa o pode aumentar Caso os reservat rios venham a incrementar as atividades tur sticas e de lazer possivel que haja efeitos positivos para os indios inclusive na presta o de servi os No contexto dos efeitos negativos da altera o nas rela es dos indios com as atividades econ micas pode se cogitar a possibilidade de encerramento ou deslocamento das atividades de garimpo e turismo para outras reas o que interfere na rela o assistencialista que Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revissoecomiementa o Ed epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio
486. ra o pais Logo a natureza valorizada enquanto capacidade produtiva e as pessoas que trabalham com a terra s o reconhecidas a partir de sua aptid o em extrair recursos com valor de mercado A economia regulada pela racionalidade capitalista influ ncias pol ticas empr stimos e financiamentos banc rios orientados prioritariamente para o com rcio de madeira e carne para os mercados nacionais e internacionais ficando a agricultura familiar mais distante e marginalizada com investimentos prec rios As formas tecnol gicas e econ micas supostamente superiores apoiadas na racionalidade geradora de receitas s o concebidas pois como pertencentes a uma etapa que vem a superar as formas primitivas do uso da terra e Frames de diferencia o e alian as locais Tomando se os atores inseridos na escala pontual da Terra Indigena os Kaiabi s o mencionados abertamente pelos fazendeiros como opositores principalmente por estarem amea ando diretamente sua territorialidade historicamente estabelecida Desse modo utilizam constantemente em encontros audi ncias p blicas mat rias locais de jornais e revistas certos tipos de frames padronizados para tentarem posicionar os Kaiabi suas pr ticas e reivindica es numa posi o marginalizada e digna de pouco cr dito Em alguma medida todos esses frames est o voltados para afirma o das ideologias de progresso que incentivaram esses grupos a se interessarem por terras no estado
487. rafia Mercantil da Borracha Apesar da reconhecida aptid o extrativa desde o s culo XVII seria mais especificamente com o l tex que a Amaz nia se tornaria um ator chave na economia mundial no s culo XIX Little 2001 27 Ainda que a borracha fosse produzida de uma variedade de rvores encontrada na Am rica tropical nenhuma era capaz de produzir uma borracha de alta qualidade como a seringueira Hevea brasiliensis encontrada principalmente na bacia amaz nica e no territ rio brasileiro Em meados do s culo XIX o estabelecimento da frente da borracha assumiu propor es calamitosas para os povos indigenas da regi o As utilidades da Hevea brasiliensis come aram a ser divulgadas na Europa pelo naturalista franc s Charles de La Condamine que viajou pelo Amazonas em 1743 e observou que os indigenas extraiam um l quido viscoso daquela rvore o qual ap s coagulado transformava se numa Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia subst ncia male vel el stica e imperme vel porem muito sensivel a altera es de temperatura Weinstein 1993 22 A regi o amaz nica passou a exportar borracha bruta para a Europa nas primeiras d cadas do s culo XIX permanecendo como nica produtora mundial at 1880 A estrutura de transporte ja existente com os regat es que atuavam com produtos d
488. ras nas vizinhan as da aldeia Segundo Kurun essa aldeia j foi habitada tr s vezes por Kaiabi sendo sua familia a ltima antes de se mudarem para Kururuzinho e retornarem mais recentemente Em um ponto acima do marco colocado pela FUNAI no rio S o Benedito indicando o fim da rea demarcada os Kaiabi lembraram a exist ncia de tr s outras aldeias menores referidas pelo mesmo nome relativo Cachoeira do Rebuj o Vvwy ampororok situadas as margens do S o Benedito A7 A8 A9 Segundo Atu acima dessas tr s aldeias n o existiu nenhuma outra pois se iniciava uma regi o de campos escassa em recursos naturais de interesse No rio Cururu A u ou Cururuzinho os Kaiabi moraram em pelo menos nove aldeias distribuidas ao longo de suas margens que ser o tamb m relacionadas de sua foz at a cabeceira Cerca de 15 minutos de voadeira subindo o Cururu A u a partir de sua embocadura existia em sua margem esquerda a aldeia onde Chico Kupeywy Andr e sua familia moravam antes da transfer ncia para o Xingu Nas pescarias que Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM Minist rio de Minas e Energia realizei com os Kaiabi no Cururuzinho sempre faziam refer ncia a esse lugar chamado de itaipawuk A10 Antes ainda da cachoeira da Varanda na margem esquerda de quem desce o rio num ponto repleto de palmeiras do a ai morou outra familia de Kaiabi mas que At
489. rea habitada pelos Kaiabi o grupo que resolveu descer o Teles Pires conseguiu se manter durante alguns anos praticamente sem contato com os seringueiros Abriram aldeias menores estabeleceram ro as com as sementes que tinham trazido de suas aldeias antigas e deram prefer ncia por habitar os igarap s mais pr ximos ao Teles Pires como o rio Jaguar e outros cursos d gua pr ximos ao rio Peixoto de Azevedo Os Kaiabi tinham conhecimento que estavam entrando no territ rio de influ ncia dos Krenacore Panara parentes dos Kayap tamb m muito temidos por sua capacidade a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia guerreira Apesar de nesse momento os Kaiabi estarem separados em tr s grupos os contatos entre as familias do M dio e Baixo Teles Pires e rio dos Peixes ainda ocorriam com frequ ncia devido as aptid es para viagens e grandes caminhadas apresentadas pelos Kaiabi Como a hist ria de ocupa o do Baixo Teles Pires que queremos aqui descrever seguiremos agora mais de perto os passos desse grupo sem deixar de lado os acontecimentos mais marcantes com os Kaiabi que permaneceram no Medio Teles Pires e os habitantes do rio dos Peixes Ap s alguns anos vivendo no Baixo Teles Pires os Kaiabi resolveram explorar a regi o abaixo do Salto Sete Quedas Cruzando os relatos de alguns interlocutores com alguns eventos dessa poca prov vel que tal movi
490. res Portanto em quatro anos foram constatados pelo menos 21 mil hectares de floresta derrubada dentro da rea protegida Varias estradas para retiradas de toras foram encontradas identificados os principais respons veis pelos desmates e aplicadas multas de acordo com a amplitude dos crimes ambientais Atraves do cruzamento de diversas fontes foi gerada uma lista com mais de 50 nomes verificando se que grande parte dos envolvidos representavam contratados parentes de v rios graus arrendat rios ou simplesmente massa de manobra que n o se constitu am como promotores diretos do avan o do desmatamento e grilagem na regi o ou que agiam em outras infra es n o relacionadas quest o ambiental 9 3 6 Opera o Kayabi A partir desses nomes proporcionados pelo IBAMA e de investiga es pr prias a Policia Federal deflagrou em novembro de 2006 a Opera o Kayabi resultando na pris o de mais de 70 suspeitos de crimes ambientais incluindo pol ticos locais empres rios funcion rios da antiga FEMA e alguns dos ocupantes que j mencionamos na se o anterior Em entrevista concedida ao Di rio de Cuiaba em 24 de novembro de 2006 o procurador M rio L cio Avelar afirma que o esquema j havia conseguido invadir desmatar e explorar grandes extens es das terras indigenas De acordo com o Minist rio P blico os grileiros contavam com o financiamento de fazendeiros e madeireiros e com isso podiam contratar t cnicos e cons
491. responde s vaz es em tr nsito pelo rio devido ao comportamento hidrol gico resultante dos fatores geol gicos geomorfol gicos pedol gicos climatol gicos e da cobertura vegetal que marcam a perman ncia das vaz es bem como a sua variabilidade temporal ou seja a sequ ncia e frequ ncia dos periodos de cheia e estiagem Nesse quesito o rio Teles Pires no local da UHE S o Manoel apresenta grande varia o entre as vaz es minimas e m ximas 567 a 9 159 m s com periodo de estiagem bem marcado entre os meses de junho a outubro e periodo mido bem marcado de dezembro a maio A implanta o de barragens para aproveitamentos hidrel tricos que funcionam a fio d gua ocasiona modifica es no regime de vaz es do rio somente durante o periodo de enchimento do reservat rio uma vez que n o feita regulariza o de vaz es Sendo assim o impacto sobre o regime de vaz es do rio Teles Pires a jusante das barragens de S o Manoel e Foz do Apiac s ocorrer somente durante a fase de enchimento dos reservat rios Os tempos de enchimento variam de usina a usina sendo os seguintes para os empreendimentos em quest o S o Manoel 3 dias Foz do Apiacas 422 a 77 dias Teles Pires 26 dias A implanta o da barragem tamb m cria uma barreira f sica ocasionando a reten o de sedimentos transportados por arraste Al m disso as reas das se es transversais s o aumentadas enquanto as velocidades da corrente liqui
492. rincha Matrinch Srvconops coudomaculatus Sarda Colossoma mMacropomum Tambaqui Cynopotamus juriende Cachilenga Piaba Jupiaba meunieri Piaba Piaba Piaba Acestroritynchus acutis Acestrorhynchidae Acestrorhynchus falcatus Acesirorhynchus microlepis Pacu a u Characidae Pacu a Pacu Pacu Pacu Pacu caranha Pacu da escama fina leu Pacu pintado Piranha amarela e Ee rhombeus Piranha preia Serrasalmus sp l Piranha branca Piranha roxa Pirapitinga Cynsdontidae Hydrolicus armats Cachorra Hydrolycus tatanaia Cachorra Hoplias malabaricus Traira Erythrinidae Trair o Hoplervihrinyus unitaeniatus Jeju Hemiodontidae Charutinho mA E Corimbat Prochilodontidae CENTER ORDEM SILURIFORMES Mandub Cabe a de pedra his mi aid ger Cascudo Bod Apolenspreridae Cascudo Bod Cascudo Bod Pecholtia sp Cascudo Bod Minist rio de Minas e Energia epe Empresa de Pesquisa Energ tica Tabela 6 Listagem taxon mica contendo o nome cient fico e o nome vernacular das esp cies de peixes reconhecidas pelos moradores da Aldeia Mairowy continua o Familia Pimelodidae Doradidae ORDEM GYMNOTIFORMES Gymmotidae Stemovygidae ORDEM PERCIFORMES Cichlidae Scianidae Especie Nome pe vernacular Brachyplatystoma Piraiba Filhote fiamentosum Hemisorubim platvrhyachus Jurupoca Pharactocephalus hemiolipterus Platynemoatichthys notatus Piranambu Pseudoplatyst
493. rio algum tipo de configura o visual peculiar ou alguma batalha que ali ocorreu no passado s o boas raz es para a escolha de nomes para os rios e pontos em seus arredores Logo o conhecimento dessa toponimia est em estreita conson ncia com o conhecimento pr tico do territ rio daqueles que por ele caminham As reas geogr ficas familiares ou aquelas com algum potencial se constituem como lugares destinados a serem habitados por seres humanos A partir da aldeia que o local de maior seguran a at as reas de perambula o que apresentam maior perigo e s o exploradas por guerreiros experientes os nomes s o estabelecidos e prontamente inseridos numa rede de relacionamentos e narrativas que devem retornar aldeia proporcionando um continuo movimento entre o Outro e o Mesmo de acordo com o padr o cultural Kaiabi de fabrica o da pessoa Oakdale 2005 e Apiak Com base em documentos e textos dos s culos XVIII XIX e XX possivel chegar a um consenso de que o territ rio hist rico habitado pelos Apiak correspondia uma extensa rea entre o m dio curso do rio Arinos e afluentes ao sul o alto curso do rio Tapaj s a norte afluentes da margem esquerda do Juruena a oeste e afluentes da margem direita do rio Teles Pires a leste Todavia a rela o traum tica com coletores de impostos estabelecida nos primeiros anos do s culo XX levou redu o dr stica da popula o Apiaka bastante numerosa
494. rio e revers vel Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o Eza epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 4 CUMULATIVIDADE E SINERGIA Este item tem por objetivo identificar e caracterizar a cumulatividade e ou sinergia dos impactos sobre o componente indigena decorrentes dos processos impactantes associadas aos aproveitamentos hidrel tricos Foz do Apiac s S o Manoel e Teles Pires Antes de iniciar a an lise propriamente dita indispens vel apresentar a conceitua o de cumulatividade e sinergia adotada nesse estudo No contexto da Avalia o de Impactos Ambientais AIA esses dois conceitos muitas vezes se confundem e a fundamenta o cient fica seja da cumulatividade ou da sinergia ainda assunto controverso Quest es como qual escala temporal e espacial a considerar qual o nivel de an lise o que considerar como efeito impacto individual de a o ou impacto cumulativo qual a diferen a entre intera o somat ria e sinergia se existe diferen a entre efeito impacto e mudan a ambiental cumulativa entre outras s o elementos cruciais para uma boa defini o conceitual mas que ainda carecem de consenso para que seja construida uma defini o conceitual nica OLIVEIRA 2008 Diante desse contexto foram adotadas nesse trabalho as defini es de cumulatividade e sinergia apresentadas na Tabela 7 Tabela 7 De
495. rma es podem ser prestadas com o intuito de contribuir para um conhecimento mais pr ximo dos locais de vulnerabilidade e do significado desse conceito no dia a dia vivido dos Kaiabi principalmente Seguindo pois a terminologia mais apropriada de an lises socioambientais recentes inclusive constantes no Parecer T cnico da FUNAI foi utilizado o conceito de medidas e programas ambientais quando forem considerados os lugares de vulnerabilidade que demandam a es previstas capazes de controlar minimamente os efeitos dos impactos mais amea adores ao modo de vida dos grupos indigenas que habitam o Baixo Teles Pires Seguindo principalmente a perspectiva dos Kaiabi apresentada uma descri o que considera os lugares de import ncia juntamente com os ciclos ecol gicos e aspectos simbolicos para ent o se tra ar algumas conclus es que devem nortear os projetos ambientais caso as UHE s sejam implantadas no Baixo Teles Pires Uma informa o importante que deve ser retificada do Estudo do Componente Indigena P g 182 que este relat rio vem revisar diz respeito not cia de que muitas das esp cies de peixes utilizadas na alimenta o dos indigenas da TI Kayabi s o capturadas nos tribut rios a jusante dos barramentos De fato os indios utilizam com frequ ncia os outros rios para pesca mas a forma como est descrita no relat rio pode levar o leitor a acreditar que o Teles Pires n o importante ou tem uma import ncia se
496. rman amp W Isbell pp 157 183 New York Springer FERNANDES Florestan 1954 1970 A Fun o Social da Guerra na Sociedade Tupinamb S o Paulo Livraria Pioneira Editora FONSECA Jo o Severiano da 1880 Viagem ao Redor do Brasil 1875 1878 Rio de Janeiro Typographia de Pinheiro amp C Vol 1 GELLNER E 1982 Relativism and universals In M Hollsand S Lukes eds Rationality and Relativism Oxford Basil Blackwell GLISSANT doaurd 2005 1981 Po tica da diversidade Juiz de Fora Universidade Federal de Juiz de Fora GOW P 1995 Land people and paper in Western Amaz nia In Hirsh E amp O Hanlon M Eds The Anthropology of Landscape perspectives on place and space Oxford Clarendon Press GRUNBERG G 2004 Os Kaiabi do Brasil Central Brasilia Instituto Socioambiental GUIMAR ES NETO Regina B G 1986 A lenda do Ouro Verde Disserta o de mestrado Hist ria Unicamp HANNA S FOLKE C MALER K 1994 Rights to nature cultural economic political and economic principles of institutions for the environment Washington Island Press HECKENBERGER M J RUSSEL J C TONEY J R SCHMIDT M J 2007 The legacy of cultural landscapes in the Brazilian Amazon implications for biodiversity In Phil Trans R Soc B 362 197 208 HEIDEGGER Martin 1971 Building dwelling living In Poetry language thought Transl A Hofstadter New York Harper and Ro
497. ro Margarida Campanharo Valdir de Souza Maria Natanael de Souza Maria Jos Sidney Rodrigues Vilmar Jos e Andr Egler DE m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Existem ainda alguns ocupantes isolados caracterizados como beiradeiros que n o se constituem em torno de nenhum dos grupos mencionados e t m atua es independentes S o remanescentes dos ciclos econ micos do passado ou pessoas que resolveram ocupar por conta pr pria algumas por es de terra De acordo com os Kaiabi eles s o identificados como Norberta Juraci Ester Monteiro Bina e Evaldo Miranda Sua atua o tamb m se restringe ao plano local principalmente mediante o incentivo da pr tica de pescaria predat ria que j resultou em encontros violentos e apreens es por parte dos indios de instrumentos e barcos de pesca e Frames de identidade e regimes de propriedade A principal enuncia o utilizada pelo grupo de posseiros liderado por Pioneiro para se definirem em rela o terra que somos pessoas interessadas em adquirir um peda o de ch o para o pr prio sustento adquirimos a terra com o intuito de termos um local para plantar e colher abrigando nossos filhos e familiares Essa vincula o com a terra como meio de subsist ncia ja se distancia daquela acionada pelos fazendeiros de acumula o de rendas e gera o riquezas para o pa s evidenciando que se perderem essa terra que tanto lutaram par
498. ro o recorte geogr fico raramente limitado ao mbito local do grupo j que incorpora v rios n veis de articula o social Desse modo a preocupa o de enfocar n o apenas os confrontos que ocorrem no mbito da Terra Indigena em si mas expandir as investiga es ao nivel local Alta Floresta e cidades vizinhas regional Cuiaba nacional Brasilia e internacional Por fim enquanto as etnografias convencionais t m por costume destinar um cap tulo ao habitat natural do grupo na etnografia dos conflitos socioambientais o ambiente biof sico se torna um elemento decisivo que perpassa em diversas modalidades interpretativas todos os n veis pol ticos de intera o Nesse sentido os Anexos 1 14 e 1 15 mapas dos conflitos socioambientais tamb m elaborados juntamente com os Kaiabi servir o de guias no andamento dessa an lise As an lises e os frames a serem apresentados nesse cap tulo s o baseados numa variedade de dados coletados a partir de uma ampla quantidade de fontes durante a pesquisa de doutorado de Frederico Oliveira 2010 Foram observados diretamente Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia momentos de maior tens o na pr pria Terra Indigena participando do dia a dia dos Kaiabi e realizando entrevistas com os ndios e com alguns envolvidos que n o se opuseram em
499. rque tudo bem tudo bem que o Cl udio trouxe a gente pra c mas a gente vem sendo amea ado pelos outros povos do Xingu vem sendo criticado porque muitas vezes quem trabalha mais na fiscaliza o quem fiscaliza os invasores s o os Kaiabi Juruna e Suy e muitas vezes a gente recebe cr tica do pessoal daqui E outras vezes com projeto de turismo e a gente fala que turismo n o t na hora vamos deixar isso pra depois e eles falam quem manda aqui somos n s voc s n o s o daqui uma palavra ofensiva Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o MA m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia ouvir esse tipo de coisa Ser ent o que a gente tem que continuar por aqui ouvindo essa conversa Muitas vezes a gente ouve umas conversas bem construtivas nas reuni es dos povos do Xingu mas quando sai o pessoal vira as costas e come a e destruir tudo E a gente fica p como que n s vamos viver vamos continuar assim A gente fica pensando p a gente t aqui brigando pelas coisas dos outros pra proteger as coisas dos outros mas eles mesmo n o procura agradar agradecer ser que n o melhor a gente come ar a brigar por aquilo que nosso Essa uma coisa que deixa a gente bem chateado Um ponto chave que vale ser ressaltado no discurso de Makup quando diz que se tivesse havido a demarca o de uma terra par
500. rra firme que nunca inunda O microambiente com vegeta o mais baixa que cobre as praias e ilhas ypo o tamb m recebe um estatuto diferenciado sujeito s influ ncias fluviais surgindo ou desaparecendo com o passar das esta es Outras duas configura es que caracterizam marcadamente o visual paisag stico no Teles Pires s o nomeados de ywytyt e ywytyti 1 sendo o primeiro relacionado aos morros e o 288 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia segundo aos morros menores Para os Kaiabi o ciclo da gua tamb m muito importante para a dimens o espacial e permite a identifica o de ambientes como os ka apapawet mato na beiras das lagoas o yatar n plan cies pantanosas constantemente alagadas no interior das florestas de terra firme o ywyant ponto m ximo onde a gua alcan a quando se iniciam as terras mais altas onde ficam os animais como anta paca e tatu Entre os locais preferidos dos Kaiabi est o Lago do Jabuti ou Morro do Jabuti local preferido para a coleta a ca a e a busca de materiais para artesanato O Lago do Jabuti considerado um lugar verdadeiramente sagrado dentro da Terra Indigena Segundo a Revis o do Conte do Antropol gico muitas s o as hist rias contadas pelos mais velhos a respeito do espirito de um paj que vive dentro de uma caverna na base do morro Al m disso existem muitos antepassados enterrados nas redondezas do lago A Figura 8 ilu
501. rreira que foi transpassada por seu povo quando assumiu o risco de serem mortos pelos Munduruku e dominaram os brancos seringueiros Os elementos apresentados permitem classificar o efeito sobre a altera o da paisagem e perda de referenciais socioespaciais e culturais como cumulativo associado as tr s usinas em quest o 4 2 Matriz de Impactos A seguir apresentada matriz de impactos cumulativos e sin rgicos considerando em conjunto as UHE S o Manoel Foz do Apiacas e Teles Pires A matriz apresenta os impactos individualizados por etnia Ela est representada na Tabela 9 epe Empresa da Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Tabela 9 Matriz de Impactos sobre o Componente Ind gena UHE S o Manoel Foz do Apiac s e Teles Pires Kaiabi Munduruku Impacto sobre o Cl Natureza do Perman ncia Reversibilidade Probabilidade de ocorr ncia Intensidade Signific ncia Import ncia de ocorr ncia Intensidade Signific ncia Import ncia Probabilidade de ocorr ncia Intensidade Import ncia Prazo de gt Signific ncia H Pouco M dia Prov vel Pouco M dia Alta Prov vel Interfer ncia sobre a fauna e flora C O Negativa Permanente Irreversivel Muito Alta Alta terrestre e os recursos de ca a Prov vel Certa Alta Certa Alta Interfer ncia sobre a disponibilidade dos C O Negativa Permanente lrreversivel Certa Alta Alta recursos de pesca
502. rrit rio definido o que n o imp e qualquer tipo de conex o particular com a terra Afirmam ter conhecimento de que os indios habitavam essa regi o h muito tempo e se dizem favor veis demarca o com esperan a de poderem trabalhar de forma legalizada dentro da Terra Indigena Legenda O Ocupa o Flutuante k Pousadas 5 Garimpo D Desmatamento E Estradas gt Bots de P G1 Drags do Mozos G2 Drsgs 20 Mersnhsc G3 Drags do Bete Roxa G4 Dregs dc Guss R RIO APIACAS Fonte OLIVFIRA 2010 Figura 7 Sobreposi o de invas es aos locais de import ncia e aldeias antigas Os pousadeiros tamb m se dizem favor veis demarca o da Terra Indigena pois acreditam que esta e a melhor alternativa para preservar a beleza natural da regi o Seu interesse principal ter acesso livre a reas conservadas e com maior incid ncia de peixes epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia considerados ex ticos Vale mencionar a forte concorr ncia entre as pousadas para terem o acesso privilegiado a locais situados dentro da Terra Indigena especialmente ao rio Cururuzinho Esse caso do rio Cururuzinho merece certo destaque uma vez que considerado sagrado pelos Kaiabi e est envolvido em potenciais conflitos de uso Al m de disputado pelos pousadeiros alvo de pescadores que utilizam pr ticas ilegais como o uso da malhadeira mesmo no periodo da
503. rritoriais em terras indigenas associando ecologia pol tica conflitos socioambientais e etnografia a fim de proporcionar discuss es num campo ainda pouco elaborado O fato dos Apiaka Kaiabi e Munduruku terem aprendido a reorientar as formas de defesa de seu territ rio n o se deve perda da rela o emocional com a terra mas justamente compreens o de que necessitam se organizar politicamente seguindo avan os mais recentes do enfraquecimento da tutela e das conquistas da sociedade civil organizada Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Como foi demonstrado nas descri es dos frames dos atores todos os casos incluem uma hostilidade geral em dire o ao poder p blico com cada um dos grupos caracterizando diferentemente essa hostilidade e se reconhecendo enquanto vitimas Percebe se pois que os valores associados a terra e rela o que as pessoas constituem com a natureza assim como as falhas no sistema brasileiro de regulariza o fundi ria podem ser apontados com os fatores mais gerais que contribuem para a intratabilidade do conflito Constantemente as ag ncias governamentais entram em confronto porque cada uma promove os diferentes interesses de distintos segmentos da sociedade brasileira com cotas de poder que oscilam ao longo dos anos em raz o de momentos pol ticos ambien
504. rt ncia Probabilidade de ocorr ncia Intensidade Signific ncia Import ncia Probabilidade de ocorr ncia Intensidade Signific ncia Import ncia Prazo de Negativa Permanente Irreversivel Muito M dia Pouco Baixa Baixa Pouco Baixa Interfer ncia sobre a fauna e flora Prov vel Prov vel Prov vel terrestre e os recursos de ca a Interfer ncia sobre a disponibilidade dos Negativa Permanente Irreversivel recursos de pesca jusante da barragem Altera o da din mica fluvial Negativa Permanente Irrevers vel Certa Aumento da Incid ncia de doen as na Negativa Permanente Revers vel Prov vel Prov vel Prov vel popula o indigena Cria o ou intensifica o de conflitos Negativa Permanente Revers vel Muito Pouco Media Pouco territoriais Prov vel Prov vel Prov vel Muito M dia Prov vel Baixa Prov vel Altera es nas rela es dos indios com Ambivalente Permanente Reversivel Prov vel as atividades econ micas Altera es na paisagem e perda de Negativa Permanente lrrevers vel Certa M dia Baixa Aedia Baixa referenciais socioespaciais e culturais Embora o impacto sobre a din mica sedimentol gica seja permanente e irrevers vel o impacto sobre o regime hidr ulico a jusante da barragem tempor rio e revers vel Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o Ea epo Minist rio de Minas e Energia PER Pp a A Tabela 6
505. rtir de um peixe cozido em caldo temperado que depois de seco pilado at desfazer se e virar uma farinha As quest es levantadas no estudo ao redor do conhecimento taxon mico dos peixes entre os Kayabi revelou o conhecimento de um sistema complexo de classifica es sobre a ictiofauna local construido pelos indios sistema este que era composto por informa es a respeito do comportamento dos peixes sua distribui o reprodu o alimenta o e migra o al m de um conjunto de informa es sobre os melhores apetrechos e estrat gias de captura do pescado Observou se que esses conhecimentos foram adquiridos empiricamente ao longo da vida atraves da pr tica da pesca Pode se pensar em uma aplicabilidade possivel desse conhecimento na escolha de determinado apetrechos de pesca para ser utilizado em uma nica especie de peixe em um determinado periodo hidrol gico A escolha e utiliza o de diferentes apetrechos s o importantes principalmente no periodo da cheia quando os peixes est o mais dispersos entre a gua e a mata inundada sendo mais dificil captur los Al m disso foi possivel perceber um conhecimento particular aos Kaiabi quando perguntou se sobre os diferentes habitos alimentares dos peixes Conforme nossos interlocutores para pescar peixes de h bito alimentar piscivoro os kayabi utilizam como isca tanto um tipo de minhoca conhecida como minhocu Glossoscolex sp quanto peixes que n o s o muito apreciad
506. rutas nativas J o ver o ou tempo do sol uma poca de grande mobilidade quando os Kaiabi costumam pegar as voadeiras e explorar rios como o Cururuzinho e o Santa Rosa piavu y rio do matrinch em busca de peixes incomuns como o bod ou cascudo mas particularmente est o procura de antas porcos do mato e mutuns que s o as ca as mais apreciadas e muito raras no periodo de cheia O mapeamento das refer ncias espaciais relevantes para os Kaiabi consta na Figura 4 Munduruku epe i Cappa de Paggo egenin i Legenda Cidades Lago Azul Lago e Morro do Jabuti Cachoeira Rasteira Aldeias Kayabi Aldeias Munduruku gt r p Aldeias Antigas Ocorr ncias Minerais O Metais Nobres esp Ouro O Insumos para agricultura Kayabi Hidrografia Sistema Vi rio Fixos do Barramento pen Reservat rios Agropecu ria E influ ncia Urbana Terras Indigenas E Gir Ws Rio Santa Rosa E Murinho RES Sirk AO i E ns n Figura 4 Mapa de refer ncias espaciais relevantes I E FE m dE E IRL epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Ainda segundo a Revis o do Conte do Antropol gico do ECI no ver o comum os Kaiabi realizarem pequenas expedi es de ca a e pesca come ando no Morro do Jabuti descendo at chegar ao Cururuzinho No m s de julho costumam ca ar patos sendo tamb m o m s em que os tracajas mais sobem superfi
507. s caminh es e barrac es ind cios de explora o florestal pousadas reas de garimpo fazendas j consolidadas e com atividade pecu ria 5 4 Encaminhamentos do Conflito Procurou se abordar os eventos chave dentro da perspectiva mais ampla de um processo de intera o dirigida em que as atitudes e expectativas dos atores por mais divergentes que possam parecer estejam referidas ao cen rio s cio natural em que se desenrolam aos posicionamentos de seus concorrentes bem como a uma dimens o linear espec fica Uma vez deflagrado o processo interativo em que os atores passam a reconhecer as capacidades m tuas de ag ncia em raz o de experi ncias pr vias modelos de relacionamento e articula o s o constituidos baseados em seus respectivos frames Por isso a import ncia de se encaixar cada movimento num eixo cronol gico que possibilite a articula o entre fatores contingentes e estruturantes propiciando a compreens o dos acontecimentos como formadores sucessivos de uma realidade social espec fica Como consequ ncia o campo do conflito ganha contornos pr prios e passa a desempenhar um movimento uniformizado que al m de n o produzir maiores efeitos de ordem pr tica tende a beneficiar aqueles grupos que lutam pelo status quo ou pela prolifera o de um cen rio de confus o e desinforma o Em termos do debate antropol gico essa an lise se apresenta como possibilidade mais ampla de pensar as disputas te
508. s SIOLI 1984 Esta caracteristica permite inferir que a floresta aluvial em suas margens contem maior densidade de biomassa do que aquela existente em corpos h dricos formados por guas pretas A microbacia 4438 a de ambiente mais heterog neo entre aquelas contidas nas Terras Indigenas Kayabi e Munduruku Os ambientes de cabeceiras do rio Cururu se encontram sob dominio de vegeta o de cerrado e floresta estacional Os afluentes da margem direita e o curso m dio baixo permeiam ambientes de contato entre savana e floresta ombr fila e floresta ombr fila densa aluvial Por um lado a rea alagada e que classificada como floresta aluvial a maior da bacia por outro o fato do rio ser classificado como de guas pretas pode resultar em baixa densidade de biomassa vegetal Destacam se tamb m os ambientes da calha do rio como as lagoas praias meandros e rios tempor rios representando locais de endemismos e ambientes de reprodu o para a fauna aqu tica A Chapada do Cachimbo a unidade geomorfol gica predominante nessa bacia A topografia em geral aplanada mas ja dissecada com formas tabulares e interfl vios amplos Os trechos mais elevados alcan am entre 400 e 500 m na por o sudeste da bacia Nessa regi o ocorrem majoritariamente solos arenoquartzosos Desta chapada os rios correm em dire o depress o interplan ltica Juruena Teles Pires na por o oeste da bacia regi o onde predominam os latossolos
509. s a elas associadas a conex o entre o parentesco e a terra pode se configurar tanto pelo aspecto da afirma o territorial como pela rejei o no caso especifico de Kaip Assim quando conseguiu novamente se estabelecer num nodo familiar passou a encontrar algum sentido em viver no Xingu Por outro lado o seu desejo de n o mais retornar ao Teles Pires em fun o das m s recorda es mortes Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o MM m z epe Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia e sofrimentos que vivenciou neste ambiente parece evidenciar a uma disposi o emocional distanciadora Se para alguns as recorda es do Teles Pires n o s o boas para outros a liga o emocional que mantinham durante sua vida cotidiana fundamental para conferir sentido ao mundo Apesar de possu rem a base do parentesco para buscarem novas rela es ecol gicas com o Xingu para alguns mais velhos a mem ria coletiva das rela es emocionais estabelecidas no Teles Pires parece dif cil de ser apagada esta a impress o que Frederico Oliveira relata ter percebido com o depoimento de Miarakai atualmente vivendo na aldeia Tuiarare Eu mesmo quando cheguei aqui n o me acostumei n o ficava pra l e pra c ficava muito triste meio sem rumo At que a finada m e da minha esposa chegou pra mim e falou que aqui diferente mesmo de l
510. s aos locais ocupados outrora por seus parentes mas a qualquer grupo de humanos seja do periodo pr colombiano seja de outras etnias mais recentes ou ainda moradias de seringueiros Assim quando v o abrir novas aldeias os Kaiabi d o prefer ncia para se fixarem nas proximidades de terras pretas ywyon e capoeiras kofet indicativos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia fundamentais de que houve algum tipo de ocupa o humana antes de sua chegada Desse modo iniciar a hist ria espacial dos Kaiabi no Teles Pires significa descrever de que maneira as linhas tra adas pelos mais velhos continuam a influenciar as emo es e comportamentos dos mais novos em sua rela o de proximidade com o ambiente Foi portanto analisando como esses movimentos ocorreram no passado e continuam ocorrendo atualmente que apresentado o mapa de aldeias antigas no Baixo Teles Pires Diferentemente dos demais mapas a serem apresentados a seguir a elabora o do mapa das aldeias antigas n o foi realizada a partir de oficinas e entrevistas com as familias do Teles Pires A fim de reconstituir as trilhas de antigas moradias dos Kaiabi articulando as com as movimenta es atuais utilizou se prioritariamente a mem ria dos habitantes antigos do Teles Pires Atu Andr e Kurun e dois outros ex moradores
511. s dias 6 e 15 de abril de 2010 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia estatuto de terras devolutas Ficaram evidentemente surpresos recentemente ao saberem que estavam morando em terras indigenas de onde deveriam se retirar sem direito a qualquer tipo de ressarcimento Os posseiros ocupantes do Par acreditam que o conflito existe porque apesar de j possuirem direitos sobre a terra desde 1983 somente no ano de 2002 foram informados da Portaria Declarat ria que deveriam sair de suas terras Contudo afirmam ter pagado pelas terras e conseguido em 2003 regularizar os documentos e impostos pendentes obtendo assim uma Escritura P blica de declara o de Justa Posse e Frames de diferencia o N o h d vidas que os maiores opositores dos posseiros s o os Kaiabi principalmente pelas ocupa es do grupo de Pioneiro estarem situadas nas proximidades do Lago Azul que no passado era bastante frequentado e ainda encontra se presente em muitas hist rias dos mais velhos Desse modo ocorreram algumas situa es de tens o entre os dois grupos com amea as de morte de parte a parte que s o capazes de evidenciar a liga o que Pioneiro e seu grupo t m com a terra assim como os frames que fazem dos Kaiabi Em 2002 assim que foi publicada a Portaria Declarat ria uma opera o do IB
512. s do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia plano valores pessoais que rapidamente tendem a rotular a partir de estereotipos mais consagrados esse ou aquele grupo como mais ou menos dignos de considera o Contudo se o objetivo trabalhar com certa suspens o de valores n o se pode agora abrir m o de analisar as motiva es e direcionamentos de ordem pol tica que informam n o apenas os posicionamentos dos atores mas todo o desenvolvimento do conflito 5 3 1 Fato Gerador e as Apari es Oficiais dos Atores O marco inicial que deu origem aos primeiros desentendimentos foi a publica o do relat rio de identifica o e amplia o da Terra Indigena pela antrop loga Patr cia Rodrigues em 1994 Se anteriormente ao relat rio as concep es territoriais hegem nicas em Mato Grosso enxergavam a floresta como espa o de especula o imobiliaria ou como fonte de recursos e desenvolvimento econ mico essa vis o passou a ser amea ada com a possibilidade de transforma o de uma consider vel parcela de terras em rea indigena Segundo relatam os Kaiabi apesar de terem verificado um aumento cada vez mais constante de desmatamentos e da presen a de n o indios nas terras rec m identificadas n o chegaram a enfrentar propriamente qualquer tipo de embate mais intenso com os grupos de interesse que me
513. s do Componente Indidera das UHE S o Manoel e Foz do Aviac e Revisoeconsteren o EH epe MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA iaai OW Caataquara Jutai epe mo a Pindoba Velha O em 9 Bom Futuro Empresa de Pesquisa Energ tica sVo s D e Barraca areacanga Prainha Barra de Alfredo Lopes b 4 a Ha F Ns E haa oq o d q rim va Vi Munduruku o Y Miss o S o Francisco A 8 yo s 800 s Legenda Ocorr ncias Minerais Metais nobres esp Ouro Gemas Insumos para agricultura Metais n o ferrosos e semimetais Material de uso na constru o civil Constru o civil Insumos Agricolas Rochas e minerais industriais gua mineral ou pot vel de mesa Cidades sous s00 s Localidades Povoados Estradas J4 A Gel Hidrografia Microbacias ES Terras Ind genas Kayabi e Munduruku Esi Desmatamento 2007 2010 Desmatamento 1997 2006 EA Frentes de Amea as SE ya Ecos vis S o Joaquim do Aripuan L gt 7 ng A A Figura 3 Frentes de Amea a Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA a Frente de Amea a 1 Localizada ao norte da TI Munduruku essa frente se caracteriza pela o
514. s fluxos migrat rios de peixes Por outro lado geralmente essa condi o imp e o isolamento de pequenos trechos do rio a ser barrado com consequente forma o de bols es de gua nos locais com maiores profundidades Na rea ensecada comum o aprisionamento de peixes as vezes em altas concentra es com a consequente mortandade As causas principais s o a asfixia ou simplesmente a falta de gua A atra o de um grande contingente de pessoas para a regi o provocar um aumento na demanda pelos recursos pesqueiros para alimenta o o que poder estimular o crescimento do com rcio irregular de pescado Al m disso uma das alternativas de lazer da popula o oper ria ser a pesca que poder tamb m ter fun o de complementa o alimentar H portanto um grande risco de pr tica de pesca ilegal predat ria por meio de rede e espinhel Estudos do Componente Indiena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o ecomiementa o EH epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Esse impacto ocorre tanto na fase de constru o quanto na fase de opera o devendo ser mais intenso na fase de constru o ja que boa parte do contingente populacional atraido pela obra se dissipa ao t rmino da constru o das usinas b Impactos da fase de Opera o Espera se que os barramentos provoquem altera o na estrutura da popula o da ictiofauna a jusante da barragem em raz o da perda d
515. s medianamente profundos classificados como Lit licos distr ficos Latossolo Vermelho Amarelo e Podzolico Vermelho Amarelo Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz 27 epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA Consiste forma o de composi o floristica bastante heterog nea cuja principal caracteristica fision mica o dossel emergente constituido de individuos com di metro e altura consider vel alguns ultrapassando os 50 m o que proporciona alto volume de madeira por hectare As multiplas caracter sticas fision micas desta forma o s o reflexos das formas do terreno com predom nio e diferen as estruturais em cada unidade geomorfol gica ora dominando e ora sendo dominada pelos agrupamentos de palmeiras e de cip s Bauhinia sp A submata limpa e de f cil acesso integrada por grande n mero de pl ntula de regenera o arb rea e muitas variedades de arbustos marant ceas piper ceas mus ceas e viol ceas O estrato intermedi rio constituido por individuos finos e baixos mas com a mesma variedade de esp cies que formam os outros estratos e Floresta Ombr fila Aberta A Floresta Ombr fila Aberta no conceito fision mico ecol gico uma fei o florestal composta de rvores mais espa adas com muitas palmeiras e sin sia arbustiva densa com ou sem lianas lenhosas o que reflete condi es clim ticas e pedol gicas especiais As Flore
516. s processos impactantes e Signific ncia da ocorr ncia dos seus efeitos para desestabilizar a estrutura o de elementos etnoecol gicos socioespaciais e culturais considerados importantes para a manuten o da sociabilidade das etnias estudadas A categoria Import ncia representa a sintese da avalia o de impactos Ela exprime o resultado global dos procedimentos de avalia o e permite Import ncia e SA P visualizar o conjunto de impactos comparativamente A classifica o da Import ncia dos impactos foi estabelecida com base em avalia o combinada das categorias Intensidade e Signific ncia conforme Tabela 3 Tabela 3 Crit rio de classifica o de Import ncia segundo Signific ncia e Intensidade Intensidade Baixa M dia Alta Signific ncia Baixa Baixa Baixa M dia M dia M dia M dia Alta Alta M dia Alta Alta Os programas de mitiga o e controle propostos nos EIA e no ECI foram avaliados e agrupados segundo os impactos identificados neste estudo S o propostas diretrizes para complementa o daqueles programas tendo em vista mitiga o e controle de impactos especificos sobre as popula es indigenas Quatro programas adicionais s o propostos Eles t m carater de fiscaliza o e acompanhamento gest o das especificidades associadas as popula es indigenas que dever o ser incorporadas transversalmente aos programas anteriormente propostos valoriza o das manifesta es e das pr ticas cu
517. s sais minerais abundantes na terra preta Ainda no que diz respeito aos locais de ca a os Kaiabi tamb m exploram o rio Cururuzinho Par e o rio Ximari Mato Grosso com o prop sito de obter ca a importante destacar que de acordo com a cosmologia Kaiabi nas cabeceiras do rio Cururuzinho que vive a m e de todos os animais da floresta e de l nascem e se espalham todos os animais Este o rio mais procurado para ca a no periodo das cheias sendo conhecido como melhor lugar para se ca ar macacos que se alimentam nas beiras repletas de rvores frut feras como inaj e ing Tamb m durante a noite quando a lua se p e v o busca de pacas que s o encontradas se movimentando nos barrancos desse rio Os mamiferos aos quais os Kaiabi fazem refer ncia como principais animais de ca a s o a anta o porco do mato queixada e caititu e o veado da capoeira roxo e mateiro Ca am ainda macaco prego aranha zogue zogue coat cuxiu guariba e bugio paca tatu canastra e galinha coati cotia capivara Costumam ca ar alguns animais com o proposito especifico de obter prest gio como a on a preta parda e pintada a jaguatirica e outros tipos de macaco Por quest es mitol gicas os Kaiabi n o comem em hip tese alguma a carne de jacar tamandua ariranha lontra cigana e saracura Ca am tamb m diversas aves para Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Aviac e Revissoecomsiementa o E
518. sa Energ Minist rio de Minas e Energia paisagem do Xingu n o parecida com a paisagem do Teles Pires os Kaiabi v m tentando seguir suas vidas de modo a estarem sempre se adaptando s novas condi es que o Xingu lhes proporciona Contudo seguimos a inspira o de Ingold de que a vida humana um processo envolvido na passagem do tempo que consequentemente est inserido na forma o das paisagens vividas pelas pessoas Dando continuidade proposta de irmos al m de abordagens naturalistas que consideram a paisagem como uma entidade externa e neutra s atividades humanas e de aproxima es culturalistas de que cada paisagem se configura aos moldes simb licos particulares de organiza o do espa o relembramos nosso objetivo em descrever essas rela es de um modo mais pr ximo do dia a dia vivido pelas pessoas por meio da perspectiva do dwelling por essa raz o que a paisagem entendia como uma esp cie de registro duradouro nas palavras de Ingold de que as vidas e os trabalhos de gera es passadas ali habitaram e deixaram sua marca para aqueles habitantes mais recentes 2000 189 N o segredo que os Kaiabi v m conseguindo com sucesso consider vel se perpetuar e j podem ser considerados a etnia mais populosa do Parque do Xingu com uma reconhecida hist ria de adapta o ao ambiente No entanto apesar de terem se acostumado Miarakai bem enf tico ao afirmar que n o o mesmo sentimento
519. sca o fruto do Sarandi ou Tartaruguinha nos meses de janeiro e fevereiro No m s de mar o eles utilizam ojfruto do Jauari quando n o tem esses frutos eles usam as folhas do Apu como isca D Kaiabi informa o pessoal Aldeia Kururuzinho junho2011 epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Os principais apetrechos de pesca utilizados pelos kayabi s o a vara e o anzol e o arco e flecha mas tamb m foi registrado que um morador da Aldeia Kururuzinho utiliza a rede malhadeira na poca chuvosa per odo considerado mais dificil para capturar os peixes Conforme este morador a rede colocada no rio com o barco depois a gente afugenta ospeixes na dire o da rede para pescar O uso do arco e flecha feito principalmente entre os meses de novembro a fevereiro periodo de piracema para pescar o corimbat Prochilodus nigricans pois conforme afirmado durante o periodo de chuva os corimbat s nadam na superficie subindo o rio fazendo barulho e borbulhas na gua O barulho alto e chega a dar medo Dentre as 66 esp cies reconhecidas pelos Kayabi o ja Zungaro zungaro o filhote Brachyplatystoma filamentosum o peixe cachorro Hydrolycus armatus a pirarara Phractocephalus hemioliopterus os matrinch s Brycon pesu e B falcatus os corimbatas Prochilodus nigricans e Prochilodus britskii os pacus Tometes sp Myleus rhomboidalis M torquatus o pintado Pseudopl
520. se contexto s o as constantes na Tabela 10 Tabela 10 Diretrizes b sicas para complementa o de programas e medidas associados s popula es ind genas Diretrizes B sicas Garantir o uso dos recursos naturais das terras ind genas no sentido de preservar as rela es etnoecol gicas das diferentes etnias As principais quest es d vidas e expectativas das comunidades ind genas dever o ser consideradas na proposi o das atividades integrantes dos programas ambientais propiciando por interm dio de um processo democr tico e participativo a incorpora o das comunidades ind genas no processo decis rio tal como preconizado na Conven o Sobre Povos Indigenas e Tribais em Paises Independentes C169 da Organiza o Internacional do Trabalho OIT Inclus o dos ndios no processo de concep o e desenvolvimento dos programas de monitoramento valorizando seus saberes tradicionais Contrata o preferencial de m o de obra indigena pelas UHE nas fases de constru o e opera o especialmente em atividades de monitoramento recupera o de reas degradadas e outras que possam utilizar os conhecimentos tradicionais dos ndios Utiliza o de metodologias apropriadas linguagem e sociabilidade das diferentes etnias Adapta o dos relat rios de monitoramento para vers es did ticas adequadas s diferentes linguas para que possam ser apropriados pela comunidade escolar e os postos de sa de indigenas
521. sentido de garantir a disponibilidade de recursos de pesca utilizados pelos indios com alimento A participa o dos indios nas atividades de monitoramento da ictiofauna poder ser mais eficiente do que a utiliza o de pessoas que n o estejam t o familiarizadas com o ambiente e n o tenham o mesmo interesse na preserva o destes recursos ou dependam deles para sobreviver Al m de importante na fase de opera o os indios poder o indicar os locais mais comuns de ocorr ncia de determinadas esp cies especialmente aquelas utilizadas por eles facilitando o processo de planejamento destas atividades De forma semelhante ter o mais facilidade em identificar e acessar os locais em que se realiza a pesca predat ria A adapta o da linguagem de documentos e relat rios facilitar a compreens o por parte dos ndios e facilitar o di logo com os outros agentes envolvidos sendo fundamental para viabilizar a sua participa o nesse processo O auxilio fiscaliza o ambiental ir otimizar os recursos materiais e humanos necess rios para a gest o ambiental adequada das TI e reas fronteiri as nesse caso especialmente na coibi o ao crime de pesca predat ria com participa o indigena na Equipe Permanente de Auxilio a Fiscaliza o Ambiental A expectativa que as complementa es sugeridas possam atenuar este impacto reduzindo a sua intensidade e probabilidade de ocorr ncia As complementa es propostas atu
522. situa o de uma posi o mais distanciada e ao mesmo tempo aproximada das Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM Minist rio de Minas e Energia concep es e estrat gias dos principais envolvidos torna se possivel reconhecer certas regularidades que permitem analisar e tirar conclus es mais seguras Antes contudo de apresentar a an lise propriamente dita do conflito importante entender historicamente a sua forma o Foi utilizada como refer ncia central a perspectiva dos Kaiabi tamb m trazendo a perspectiva Apiak e Munduruku sempre que as informa es etnogr ficas permitiram 5 1 Hist rico do Conflito Socioambiental e Situa o Legal da TI Kayabi Durante os s culos que viveram no rio dos Peixes e no Alto M dio e Baixo curso do rio Teles Pires os Kaiabi da mesma forma que as demais etnias indigenas do Brasil constantemente passaram por guerras e situa es conflituosas a fim de afirmar o territ rio em que viviam J foram mencionados anteriormente os embates com outras etnias em particular os Munduruku que pelo menos desde o s culo XVIII se configuraram como o principal motivo de deslocamento dos Kaiabi na dire o das cabeceiras do Teles Pires Ap s a funda o de Cuiab e a expans o da atividade seringueira ao final do s culo XIX foram paulatinamente descendo o Teles Pires evitando contatos violentos com essa frente econ mica A ins
523. smografias preexistentes Isso invariavelmente produz situa es de conflitos que podem provocar se a desigualdade de poder entre as for as suficientemente grande a extin o de sociedades inteiras e com elas suas territorialidades N o obstante o processo de 8 Glissant 2005 retoma a id ia de Deleuze e Guatarri quando se remete aos problemas da identidade em particular diante de sua an lise do Caribe e das Am ricas Diz respeito a no o de raiz nica e no o de rizoma Segundo Glissant a raiz Unica aquela que mata sua volta enquanto o rizoma a raiz que vai ao encontro de outras raizes 71 a Ro Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia sobreposi o n o esta limitado a situa es de conflito exterm nio e conquista Frequentemente situa es simult neas de incorpora o interpenetra o e acomoda o emergem e provocam a continua transforma o das cosmografias e reivindica es territoriais resultando em m ltiplas formas de sobreposi o de territorialidades 3 1 1 Cosmografias Ind genas e Kaiabi Os Kaiabi se encaixam de maneira apropriada nas caracteriza es mais gerais dos povos tupi guarani que os apresentam como tendo uma aparente simplicidade em sua morfologia social e pol tica sustentada por um rico e complexo universo cosmol gico Prevalece a tend ncia de demonstra es performativas particularmente o xamanismo e outras din micas socia
524. so e a partir dos incentivos do Minist rio P blico para que os Kaiabi voltem a ocupar o outro lado do rio a capoeira localizada exatamente em frente aldeia vem sendo utilizada gradualmente Ali ja possuem ro a Atu Awo Machado e Kurun Descendo o Teles Pires no rio Santa Rosa tamb m existe uma capoeira normalmente procurada quando os Kaiabi saem para ca ar nesse rio Subindo o Teles Pires do lado direito Jos Kaiabi vem estabelecendo a aldeia Dinossauro sobre uma antiga capoeira que h muitos anos n o vinha sendo explorada Tamb m a aldeia Tukum recentemente fundada por Meaute e na micro regi o do Kaipa esta sobre uma capoeira antiga No rio Ximari onde Valdir estabeleceu aldeia com o nome desse rio foi assinalada a presen a de outra capoeira em suas proximidades Em frente micro regi o da minera o onde Murici e Vitorino possuem ro as e tamb m na aldeia fundada por Kurune e Eroit no rio S o Benedito temos as duas ltimas capoeiras reconhecidamente utilizadas pelos Kaiabi As frutas silvestres al m de servirem como importante base alimentar particularmente no per odo das chuvas se afirmam como componentes chave na liga o que os Kaiabi nutrem em rela o ao Teles Pires As principais frutas coletadas nas capoeiras s o pajur juba cabe a de cigana mam o do mato sitiriwa m o de cachorro fruta p o api m o de jabuti pequi murici cacau do mato caf de macaco pupunha tucum patau a
525. sobre os indios A chegada de novos contingentes populacionais tanto para a constru o das usinas como para se aproveitarem do desenvolvimento tempor rio da regi o se constitui em mais uma cosmografia sobreposta podendo gerar conflitos com os invasores n o ndios al m de proporcionar dificuldades na demarca o integral da reserva e aumento da inseguran a dos grupos indigenas quanto ao espa o territorial que poder o dispor no futuro para sua reprodu o econ mica e cultural Em cosmografias anteriores com a frente econ mica da seringa do com rcio de peles e do garimpo os grupos indigenas j enfrentaram uma intensifica o desordenada da press o antr pica colocando em risco sua exist ncia e redefinindo limites territoriais que resultou invariavelmente na desestrutura o de seus sistemas sociais e na quase extin o dos Apiaka Tudo indica que a movimenta o constante nos arredores das Terras Indigenas Kayabi e Pontal dos Apiaka para a constru o das barragens poder provocar o aumento da competi o por recursos naturais em Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia particular a ca a e a pesca propiciando o aumento das tens es entre os pr prios grupos indigenas colocando os isolados em situa o de maior vulnerabilidade e inserindo um forte componente capaz de acirrar
526. spon veis na regi o Trata se de um contexto fundi rio complexo conforme descrito de forma detalhada na Revis o do Conte do Antropol gico e tamb m exposto a frentes de amea a pela expans o de atividades produtivas como indica a Caracteriza o de Microbacias e Indica o das reas de Vulnerabilidade uma das frentes de amea a identificada exerce press o ao Sul da TI Kayabi De um lado a luta dos indios pela demarca o e homologa o das terras que afirmam ocupar h mais de dois s culos e do outro a reivindica o de n o indios para que seja reconhecida a legitimidade de suas atividades e o direito propriedade de reas que no passado foram incentivados a ocupar Al m do alcance pol tico desta quest o que extrapola o mbito regional tais conflitos se traduzem localmente em ocupa es irregulares e invas es ou na extra o ilegal e uso de recursos disponiveis dentro dos limites das Terras Indigenas em um ambiente de amea as e crescente tens o Os conflitos obedecem a uma din mica particular de uma rede de rela es complexas entre as diversas etnias e entre ndios e n o ndios que desenvolvem diferentes atividades na regi o como pousadeiros garimpeiros posseiros fazendeiros e madeireiros Acredita se que a introdu o de um novo vetor de desenvolvimento em uma regi o tensa e fr gil do ponto de vista fundi rio poder desencadear novos conflitos e acirrar aqueles existentes uma vez que provoca um aum
527. squisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA e Forma o Ombr fila Aberta Submontana A fisionomia da floresta aberta composta por cip s ocorre preferencialmente nas depress es mas tamb m ocupa as encostas das eleva es rochosas ficando disposta entre as fisionomias com palmeiras tipicamente caracterizada pelo envolvimento das rvores por lianas lenhosas sendo as mais comuns a escada de jabuti Bauhinia splendens unha de gato Bignonia ungi gati ver nica Dalbergia monetaria e cip de fogo Doliocarpus rolandri cip abuta Abuta spp imb Philodendron sp e titica Heteropsis sp Em raz o do espa amento existente entre as arvores esses espa os s o ocupados por denso emaranhado de lianas herb ceas como o cipo cruz Chiococca brachiata cipo de sangue Machaerium guinata rabo de camale o Buettneria sp e cip de fogo O estrato arb reo da fisionomia composta por cip s constituido por individuos baixos chegando no m ximo a 20 m de altura com troncos defeituosos normalmente tortos ou bifurcados e n o raro com cicatrizes ou estrangulamento provocados pelas grossas lianas que os envolvem sendo frequentes individuos de abiu seco Pouteria laurifolia e muirapiranga Brosimum guianensis Tamb m se nota a ocorr ncia de esp cies como breu sucuruba Trattinichia rhoifolia cupiuva Goupia glaba pau jacar Laetia procera mandioqueira Qualea spp jutai a Hymenaea sp parapar
528. sros SPSS hd 5 EDS JUBN 4 p atd j o ut EE HS Yag HO a Do Jaen ESSCA 60 Cu O MEDA DD MRUET LO SEL a sanj DO MuESEFaS SO EPE o PO ABB PEISG eystan p0 Us pazes Eus z0 QUE DP edro LO SEDPENSI 3 OUTUEJELUSSO O DO LNIEE E isepesnog d suen 023edna0 0 epuaba Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe e Q0 Pa ap LLJ ap 72 U E ep ES 6 T Q 2 S aaisa 66S 0l BLUES E FLULBALSES 8 uewrg Wawe G e3 0E A EZR ES 0 PLUMA ef CNESSDLUI E yuta ED up Seny o dos recursos alda G0 E cyu ge AE OE0 seus Bpi smeed iza TEPA EM ETCpEce as ca Eiguns Cpepetea 3 TER CASCO Op Epel EJ CBUC d OP EDENES 73 DE EDOpspejss 3 END UI op s Eug DO Ar 20 880 SO apep ap ba ro EX0Os GU d0 aeg To PE Ea or C RO TO soas on s bug sua dd Fe HOM Eis Pad cross sds amp EO sugs mi MUS Ja F Ty RT a D ER Sd TT G e MEAS MESMO Ap AS Fossa sPesro pes Cy FLS PESE O PPSE CPE Uvas CET PESO pag es aos locais de util INnvas Spas Suan T NTOScUI LL O EEE Esso s iLO e a BESDA UBS ESTO AS A FRUIT STS CN UUTE a Epeupy mo EpEros ELSON Upa DE Uia z OS LO DP dug h SEDPENSI 3 BU EJELIS RO Q LINES SEPESNOd d aquen Sobreposi o de Anexo 1 15 Fd 07095 Svariar OI 0
529. ssa aldeia por seu Fernando 2009 178 m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia eles s o antes de tudo ca adores Tornar se um ca ador significa conquistar um nivel fundamental para os homens na escala que determina as etapas a serem alcan adas no ciclo de vida de um individuo que deseja ser um guerreiro Desde cedo as crian as j brincam com arcos menores e armas de madeira feitos por seus pais e av s A ca a esta associada diretamente aos mecanismos de pacifica o do Outro afirma o da humanidade do grupo organiza o e controle social numa aldeia Kaiabi A ca a uma atividade essencialmente masculina e a uma mulher estritamente proibido manusear um arco ou uma arma de fogo Segundo os homens quando uma mulher toca em algum de seus instrumentos de ca a alguma coisa ruim acaba acontecendo na ca ada Contudo s o as mulheres que limpam a ca a e escolhem as partes a serem distribuidas para seus parentes ou vizinhos mais pr ximos fazendo circular uma s rie de obriga es sociais Dado que os Kaiabi n o realizam mais o costume da reclus o para marcar a passagem da adolesc ncia para a vida adulta o jovem passa a desempenhar certas responsabilidades dessa etapa como de prover alimentos para sua familia quando come a a acompanhar nas ca adas seu pai irm os mais velhos primos e tios Conforme mencionado pelos Kaiabi desde a idade em que uma crian a capaz suportar
530. sso a terra e aos recursos naturais mediado por mecanismos simb licos e pol ticos especificos N o existe entre os Apiaka nada parecido com o princ pio ocidental de propriedade privada da terra e dos recursos naturais o que existe a prerrogativa de uso de cada familia conjugal que valida por tempo indeterminado Dono a pessoa mais propriamente o casal ou a familia que habita cultiva ou frequenta de modo mais intensivo um trecho do territ rio portanto aquele que domestica e cuida do espa o Em termos sociopol ticos o territ rio Apiak configurado por uma rede de sociabilidade que articula as aldeias Mairowy Pontal Bom Futuro Vista Alegre PIN Teles Pires Papagaio Primavera Miss o Cururu e Minhocu u as casas de ribeirinhos as margens do Juruena e do Teles Pires Neste sentido os rios s o Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia concebidos como trilhas que interligam os grupos locais assim como s o refer ncias de limites entre os territ rios dos Apiaka Kaiabi Munduruku e isolados Tais limites n o se referem apenas a locais de moradia de uma etnia mas tamb m a reas utilizadas para agricultura coleta ca a e pesca de acordo com crit rios ecol gicos especificos Praticamente todo o baixo curso dos rios Juruena Teles Pires e S o Tome foi
531. stas os indios comentaram que no final do m s de setembro o rio come a a encher e a pescaria se torna mais dificil Segundo o cacique Raimundo no m s dejaneiro o rio est bem cheio e nessa poca mais f cil pescar pacu eke Empresa e Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o
532. stas Abertas crescem sobre solos rasos com afloramentos rochosos com pouca a mediana reten o h drica o que resulta em consider vel deciduidade para os padr es de Florestas Ombro filas amaz nicas denotando certo grau de sazonalidade Ocupam reas caracterizadas por um bioclima de periodo seco pouco pronunciado entre 2 a 3 meses e temperaturas acima de 22 C sendo considerada durante anos como um tipo de transi o entre a floresta amaz nica e as reas extra amaz nicas Apresenta domin ncia de formas biol gicas fanero fitas ombr filas rosulada e lianas lenhosas Embora ocorram esp cies comuns na Floresta Ombr fila Densa e na Floresta Aberta tais como a castanheira Bertholletia excelsa cedrorana Cedrelinga catenaeformis andiroba Carapa guianensis ma aranduba Manilkara huberi entre outras estudos recentes apontam certa dissimilaridade entre essas forma es Esse aspecto pode estar associado maior penetra o da luz no sub bosque das Florestas Abertas favorecendo uma flora mais heli fila em oposi o ao ambiente umbr filo das fei es mais densas O carater aberto permite o reconhecimento de facia es floristicas que alteram a fisionomia ecol gica da Floresta Ombr fila Aberta Para as condi es da regi o estudada tem se a ocorr ncia de Floresta Ombr fila Aberta Submontana Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Aviac e Revis o ecomuterer o EH epe Empresa de Pe
533. stra os principais locais de coleta da TI Kayabi H tamb m a microrregi o Tabuleiro que condensa pelo menos tr s aldeias antigas entre elas a aldeia Tabuleiro situada abaixo da foz do rio Apiac s descendo o rio Teles Pires um dos locais onde os Kaiabi encontram um tipo especifico de bambu chamado de taquari bastante utilizado na confec o de flechas epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Legenda ia Posto Ind gena F Aldeia Ind gena Pista de Pouso Flechal Ilha de recursos Castanhal amp Capoeira gt Lago Porto do Meio Postos Ind genas A Posto Kayabi Kururuzinho B Posto Teles Pires Aldeias 1 Minhocal 2 Lajeirinha 3 Dinossauro 4 Tukum 5 Sapezal Watip ka 6 Mairowi 7 Ximari 8 Cachoeirinha 9 Coelho 10 S o Benedito a RIO APIAC S Fonte OLIVEIRA 2010 Figura 8 Mapa de coleta e extrativismo Terra Ind gena Kayabi Nem todos os locais de import ncia se situam dentro dos limites territoriais da Terra Indigena Kayabi apesar da sua relev ncia cultural e simb lica Como exemplo pode ser citado o Salto Sete Quedas cuja transposi o e conquista pelos seus ancestrais tem grande import ncia hist rica para os Kaiabi Apesar de n o terem estabelecido aldeias na regi o abaixo do Sete Quedas ela j era conhecida pelos mais velhos narrada em v rias hist rias e tida pelos Kaiabi como regi o de perambula
534. stumam ocorrer Quando muito conseguem pescar alguns peixes menores no rio Cururuzinho como piau e lambari costume os Kaiabi sairem em grupos familiares em busca de tucunar s que tem por habito se alimentarem em guas mais rasas e repletas de pequenos peixes caracter sticas dos igap s As ca as por sua vez tamb m se afastam mais do leito regular do rio para se alimentarem no interior da floresta As antas passam para as partes mais altas sendo muito raro de encontr las nessa poca os porcos se embrenham nas matas e as aves emigram Antas e porcos s o raramente abatidos quando encontrados realizando a travessia dos rios Outro ind cio que tamb m confirma o auge do inverno juntamente com a matura o das frutas e aumento dos piuns o n vel de gordura dos macacos que se alimentam principalmente de ing e inaj nas beiras dos rios e s o muito apreciados em especial o macaco prego e o aranha muito comum os Kaiabi carpirem o mato ao redor das casas pois mais nessa poca de chuva que cobras e escorpi es se aproximam da aldeia e ocorrem alguns acidentes Quando a chuva n o d tr gua ou quando est o desanimados para sairem em busca de alimento alguns animais de cria o principalmente galinhas s o abatidos As familias se concentram nas casas maiores ou em suas espa osas cozinhas onde os homens ficam deitados nas redes conversando enquanto as mulheres realizam algum tipo de trabalho de preparar alimentos
535. t ncia os barreiros s o acionados pelos Kaiabi como bom lugar de ca a pois terminam por reunir em periodos diferentes do dia e num espa o restrito uma ampla rede tr fica de potenciais animais de ca a em que os Kaiabi tambem est o inclu dos Os barreiros s o reas de depress es com reduzida cobertura vegetal e solos midos procurados por muitos animais O consumo de solo nestes locais reconhecido para v rias esp cies de animais em diversas reas da Amaz nia sugerindo que sejam importantes componentes do habitat desses organismos Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Animais como a queixada o caititu o veado o macaco bugio a cutia o mutum e outros tipos de aves t m por costume frequentar os barreiros para se alimentarem de seu solo rico em sais minerais Os Kaiabi indicaram a presen a de todos esses animais mas tamb m foram enf ticos em afirmar que a anta quem mais frequenta os barreiros e logo em busca desse animal que se deslocam at esses micro ambientes ficando tamb m satisfeitos se conseguirem abater os animais menores j mencionados Pela mesma raz o que os Kaiabi as on as e jaguatiricas tamb m est o sempre atentas as movimenta es nos barreiros em busca de alguma presa mais distraida Nesse sentido os Kaiabi admitem que devem tomar cuidado a
536. t o apresentadas na Figura 5 De acordo com o EIA da UHE Foz do Apiacas toda a regi o a montante e a jusante de um barramento sofre interfer ncia e os efeitos sobre a ictiofauna podem extrapolar os limites f sicos de uma hidrel trica Conv m ressaltar entretanto que as TI Kaiabi e Munduruku assim como os respectivos locais de pesca das tr s etnias em estudo est o todos localizados a jusante dos barramentos das UHEs S o Manoel e Foz do Apiac s o que justifica que a avalia o desse impacto sobre o componente indigena seja restrita ao trecho de jusante do reservat rio epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Legenda T PostoIndgena BR Adei Indigena Pista de pouso de Pexesde couro rt Poixos de escama mm Animais de casco duro Ovos de tracaj ou tartaruga a Lago Porto do Meio Aldeias ENE DITO 1 Minhocal Lajeinnha 3 Dinossauro 4 Tukum 5 Sapezal Watp ka i a 6 Mairowi TELES PIRES 7 Kiman VE 8 Cachoeinnha RIO APIACAS 9 Coelho 10 S o Benedito 4 do 10 B qa dg a Fonte OLIVEIRA 2010 Figura 5 Mapa de pesca da Terra Ind gena Kayabi a Impactos da fase de constru o Na fase de constru o existe a necessidade de desviar o rio por meio de ensecadeiras para que a obra da barragem principal e vertedouro possam ser executadas a seco Embora tenha interfer ncia no curso do rio n o h barramento e assim n o h interrup o do
537. t o presentes em muitas de suas hist rias Com isso pretendem abrir caminho para o retorno de muitos de seus parentes que vivem no Xingu Em termos gerais pode se afirmar que os Kaiabi sentem que essa terra tem tudo que necessitam para satisfazer n o apenas suas necessidades materiais mas tamb m suas concep es acerca de como deve ser a rela o entre humanos e natureza o que igualmente engloba os meios materiais Assim para os Kaiabi se perderem essa terra estar o perdendo seu fator central de identifica o n o apenas para a sociedade nacional ou para outros povos ind genas mas para si mesmos Com os mapas de invas es e apos as descri es na se o anterior das linhas de movimento que os Kaiabi constituem rotineiramente na regi o em que habitam possivel uma aproxima o do sentimento vivido diariamente no tocante as dificuldades relativas sua necessidade de caminharem por sua regi o e os constrangimentos advindos das invas es Os Kaiabi entendem pois que a causa central do conflito diz respeito s restri es que v m sofrendo nas ltimas d cadas em acessar livremente os recursos e os lugares sagrados do lado de Mato Grosso ssim suas reivindica es est o voltadas sobretudo em garantir e preservar as terras que antigamente habitavam que concentram boa parte das aldeias antigas lugares sagrados e os pontos constantemente utilizados para ca a pesca e coleta que aos poucos v m perdendo o controle e
538. t rica e etnogr fica fica facilitada no sentido de que cada cosmografia capaz de se disseminar por diferentes tipos de territ rios humanos a partir de suas formas sociais especificas Ent o cosmografia da forma como foi usada aqui um conceito amplo assim como aquele de territ rio mas este acaba sendo em ltima inst ncia altamente influenciado pelo primeiro Territ rio deve ser entendido como resultante de uma a o conduzida num espa o geogr fico a principio ideologicamente homog neo por um determinado grupo social em qualquer nivel Raffestin 1993 143 Assim o territ rio enquanto constru o conceitual e pr tica vivida ganha corpo e identifica o com as pessoas quando os atores territorializam o espa o proporcionando certas qualidades que antes n o existiam Dessa forma os dois conceitos encontram se diretamente interligados posto que um territ rio de um grupo social est invariavelmente fundado num distinto conjunto de princ pios cosmogr ficos Nesse sentido territorialidade deve ser entendida como esse processo de produzir qualidades heterog neas num espa o geogr fico usando controlando e se identificando com ele transformando num territ rio como uma pr tica caracter stica de todos os grupos humanos Em suma cosmografia condensa os princ pios que fornecer o a base conceitual para atender aos fins desse relat rio os valores culturais que estruturam os agrupamentos humanos e a rela o dire
539. ta com a afirma o da territorialidade que mais lhes conv m O fato de que um territ rio surge diretamente das condutas de territorialidade de um grupo social indica que qualquer territ rio um produto hist rico de processos sociais e pol ticos Isso implica que um n o mais legitimo do que outro e que todos eles podem sempre ter mapeadas suas origens sejam a partir de raizes hist ricas Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EH a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia profundas ou de rizomas mais superficiais Glissant 2005 Como afirma David Nugent 1998 para come armos a pensar com clareza sobre o surgimento e a valoriza o de novas identidades imprescindivel afastar a id ia de territ rios est ticos ou vinculos imemoriais com determinados tipos de valores e considerar a fronteira e as defini es territoriais como processos fluidos que juntamente com a hist ria recebe continuamente novas defini es A partir de no es recentes de ethog nese importa mais compreender os padr es organizacionais dos grupos seguindo desdobramentos do modelo cl ssico de Fredrik Barth e como estas forma es elaboram circunstancialmente seus valores para demarcar ou reelaborar suas fronteiras num determinado lugar em particular a partir de algum tipo de disputa As cosmografias e os territ rios humanos que essas disputas en
540. tais e econ micos As amea as as identidades criticas ancoradas no territ rio em regimes de propriedade particulares e com o envolvimento de v rios grupos de interesse tende a acirrar o conflito toda vez que um grupo ganha algum tipo de vantagem substancial O campo social em que se desenvolve o conflito claramente ambiguo uma vez que nenhuma entidade governamental possui legitimidade suficiente para arbitrar adequadamente as disputas pela terra A intratabilidade como definida neste trabalho tanto um processo que orienta as diferentes percep es do conflito como um direcionador dos caminhos pelos quais ele se desenvolve O caso da Terra Indigena Kayabi evidenciou com propriedade mudan as c clicas e dram ticas do plano local para o regional e nacional e depois para o local novamente mostrando que o conflito alcan ou certa regularidade em seu andamento que somente poderia ser quebrada a partir de uma interven o federal direta Um ponto que chama a aten o no processo de desenvolvimento do conflito que todos os atores reconhecem ainda que em ltima inst ncia a legitimidade das decis es juridico legais e direcionam suas estrat gias visando sobretudo obter vantagens nessa esfera pol tica Mesmo num contexto de viol ncia e amea as de morte que comp em o plano local do conflito a todo instante os planos regionais e nacionais influenciam nos posicionamentos locais uma vez que o conflito transcorre num marco mi
541. tala o dos Postos Pedro Dantas e Jos Bezerra pelo SPI na d cada de 1920 no m dio curso desse rio inseriu os Kaiabi nos contatos mais frequentes com a sociedade brasileira na pol tica nacional indigenista de vies positivista e consequentemente no mercado de extra o da borracha Com o avan o das ideologias ou cosmografias e empreendimentos governamentais de desenvolvimento econ mico na d cada de 1940 os Kaiabi viram seu territ rio ancestral e os principais lugares sagrados serem loteados e vendidos para empresas colonizadoras que estimulavam a ocupa o e as atividades agropecu rias na Amaz nia meridional O encontro com a Funda o Brasil Central e a transfer ncia ao Parque do Xingu no in cio da d cada de 1950 representaram tanto uma saida providencial para aqueles que vinham sofrendo com assassinatos e mortes por doen as provenientes das rela es com os brancos como tamb m uma separa o radical eivada de sofrimento para os que tinham o Teles Pires como sua terra sagrada Os que resistiram mudan a particularmente os habitantes do Baixo Teles Pires chegaram muito pr ximos de serem extintos nessa regi o devido as epidemias de sarampo e falta de assist ncia do SPI que entrara em recesso Se por um lado os relacionamentos com seringueiros gateiros garimpeiros mission rios e funcion rios do SPI trouxeram uma s rie de dificuldades e transforma es ao sistema social desse grupo em contrapartida tamb
542. tamb m pode ser considerada alta para as popula es indigenas e superior ao crescimento demogr fico dos outros grupos ind genas do Xingu que mostram uma taxa de crescimento m dia de 3 5 ao ano Rodrigues 2001 Os Kaiabi s o atualmente o grupo mais numeroso no Xingu com uma popula o total de cerca de 1 226 em 2006 O 22 Minist rio de Minas e Energia ISA 2007 Ap s a d cada de 1990 os niveis de mortalidade estabilizaram se em um patamar mais baixo em compara o com d cadas anteriores A partir do levantamento demogr fico realizado pelo chefe de Posto Cl vis Nunes no Teles Pires em 2006 apenas referente s aldeias Kaiabi o n mero de habitantes era de 155 chegando a pr ximo de 200 em 2011 De acordo com dados da WWF 2006 a popula o das tr s etnias habitando a TI era de 640 individuos A taxa de fecundidade tamb m aumentou na d cada de 1990 com cada mulher na fase reprodutiva tendo uma m dia de 9 5 filhos tanto no Xingu como no Teles Pires De acordo com Heloisa Pagliaro que estudou a demografia dos Kaiabi do Xingu 2005 Os principais fatores que causam esse crescimento populacional est o relacionadas a alguns fatores 1 melhor qualidade na assist ncia de sa de 2 situa o de maior isolamento dos conv vios com a sociedade nacional e 3 o desejo manifesto de recuperar sua estrutura s cio cultural ap s a transfer ncia De fato no Teles Pires os Kaiabi possuem um planejamento de evitarem o c
543. tamentos realizados pelo INCRA sem a devida consulta pr via a FUNAI S o ocupantes do lado do Par e definidos como de indole violenta por conta in meros encontros mais intensos e amea as de morte H unanimidade entre os ndios a respeito de sua sa da importante ressaltar tamb m as atividades de garimpo e turismo realizadas no interior da Terra Indigena Kayabi H dragas de garimpo remanescentes do per odo aurifero que ainda operam no Teles Pires assim como pousadas de pesca esportiva que se estabeleceram dentro da Terra Indigena ou possuem rotas de pesca em seu interior Apesar de percebidos como invasores e causarem problemas eventuais os pousadeiros e garimpeiros possuem um estatuto diferenciado de parceiros pois compensam os indios financeiramente ou com mercadorias em troca da utiliza o da rea Por m ambos disputam a confian a dos indios e t m os rios como Estudos do Componente Indisena das UHE S o Manoel Foz do Avia o Revis o e comlementac o EM epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia elemento chave para seus neg cios naturalmente incompat veis A Figura 7 aponta espacialmente a sobreposi o de invas es aos locais de import ncia e aldeias antigas Os garimpeiros compartilham uma concep o similar dos fazendeiros e posseiros de que a natureza deve ser explorada com t cnicas adequadas para gerar algum tipo de receita Entretanto n o operam em um te
544. te Por todas essas raz es foi considerado que a implanta o concomitante das UHE Foz do Apiac s S o Manoel e Teles Pires provoca efeitos sin rgicos sobre a ictiofauna e os recursos pesqueiros a jusante da barragem 4 1 3 Altera o na Din mica Fluvial A constru o de v rias barragens hidrel tricas consecutivas num mesmo rio pode causar altera es dr sticas na din mica fluvial dependendo do arranjo construtivo e da regra operativa da usina Seguindo o conceito de din mica fluvial adotado no item 3 3 deve se avaliar de que forma os barramentos propostos ir o interferir em conjunto sobre o regime de escoamento hidr ulico e sobre a din mica sedimentol gica do rio Como as tr s usinas avaliadas nesse documento ser o operadas em regime a fio d gua n o s o esperadas altera es no regime de vaz es do rio Teles Pires mesmo que sejam implantadas as tr s usinas A nica exce o o periodo de enchimento dos reservat rios no qual se prev uma redu o sensivel da vaz o por um prazo determinado Sendo assim n o foram identificados efeitos cumulativos ou sin rgicos relacionados ao escoamento hidr ulico No que diz respeito din mica sedimentol gica v rios barramentos em sequ ncia concorrem para uma maior reten o de sedimentos se comparado ao efeito de um reservat rio individualmente Nesse encadeamento o reservat rio a montante ret m a maior parte do sedimento transportado por arraste efeito
545. te as perspectivas demandas e estrat gias com aspectos morais e identit rios O conflito apresentado em termos de choques de percep o a respeito dos modos mais adequados dos distintos grupos humanos se relacionarem com a natureza Com esse proposito Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o HM Minist rio de Minas e Energia possivel n o apenas proporcionar uma compreens o mais ampla da din mica socioecon mica da regi o mas principalmente oferecer informa es elaboradas que nenhum dos participantes do conflito possui e qui propiciar um encaminhamento mais razo vel orientando possiveis medidas socioambientais para os empreendimentos hidrele tricos considerando as expectativas das partes sem trat los como herois ou vil es da hist ria mais recente de ocupa o das terras ao norte de Mato Grosso Ao final ser o apresentados anexos contendo os mapas participativos desenhos da Terra Indigena elaborados pelos Kaiabi e um ensaio fotogr fico a fim de corroborar visualmente as descri es escritas Como o prop sito produzir um conhecimento n o apenas dos Kaiabi mas dos ndios Apiaka e Munduruku foram tamb m utilizados dados secund rios que fornecem informa es complementares sobre o modo de vida e relacionamento desses grupos com o rio Teles Pires Logicamente o ideal seria que estudos antropol gicos mais prolongados pudessem ser realiza
546. te sobreviventes do massacre ocorrido logo ap s a instala o da Coletoria na foz do Teles Pires Esse encontro de Pyrineus com Elias ocorreu pouco ap s a borracha sofrer queda acentuada no mercado mundial e as Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM Minist rio de Minas e Energia atividades seringueiras na Amaz nia declinarem consideravelmente Como antes de pesquisa de doutorado de Frederico Oliveira n o havia nenhum trabalho etnogr fico com os Kaiabi do Teles Pires foi tomando por base alguns documentos oficiais e os relatos dos interlocutores Kaiabi que atualmente vivem ou viveram no Baixo Teles Pires que o autor procurou compreender o curso dos acontecimentos e os processos de reterritorializa o que os Kaiabi viveram ap s cruzarem o Sete Quedas importante destacar que o Salto Sete Quedas representava uma verdadeira barreira geogr fica tanto para os Kaiabi quanto para os navegantes daquela poca Inclusive foi ao tentar transpor esse acidente geogr fico que faleceu a 3 de maio de 1890 o capit o Ant nio Louren o Telles Pires chefe da malograda primeira expedi o destinada a explorar esse rio O Salto se localiza a 1 102 km da cabeceira do Paranatinga e como bem descreve Pyrineus de Souza n o se trata de uma nica e grande queda d gua mas de um momento em que o rio se divide em dois grandes canais cortados por travess es de pedra com um vo
547. terminar as modifica es no regime hidrosedimentol gico 3 3 3 Elementos Etnoecol gicos Associados Para os indios Kaiabi Apiak e Munduruku a sazonalidade do fluxo do rio Teles Pires um fator importe para a manuten o dos seus modos de vida Em primeiro lugar o ritmo da vida desses povos est fortemente vinculado ao ciclo hidrol gico e sazonalidade da vaz o do rio Teles Pires Em geral eles associam a maior parte das suas atividades produtivas as percep es que t m sobre as modifica es c clicas naturais do ambiente ao seu redor De acordo com a Revis o do Conte do Antropol gico do ECI o ritmo do Teles Pires orienta e tamb m orientado por uma grande variedade de sinais da natureza Para os Kaiabi os elementos naturais parecem estar todos imbricados numa continuidade comum que move seu mundo e com ele as mudan as c clicas que indicam o andamento do ano baseado em seus princ pios de intera o com o ambiente Alguns exemplos dessa intricada teia de percep es s o citados na Revis o do Conte do Antropol gico do ECI Para os ndios Kaiabi por exemplo um primeiro sinal observado de que o rio n o subir mais a presen a em grande quantidade das borboletas amarelas pan pan nas margens dos rios Na aldeia Kururuzinho os Kaiabi observam quando as guas alcan am duas mangueiras pr ximas ao porto principal identificando o ponto m ximo de alagamento quando atingem suas raizes formando a
548. terras indigenas Para solucionar um conflito como esse de forma definitiva as multilpas causas formadoras teriam de ser extintas e as diverg ncias existentes entre as partes solucionadas de maneira pac fica espont nea e consensual o que raramente acontece na pr tica Na situa o em que foi apresentado o conflito fica evidente que as demandas territoriais em jogo s o consideravelmente intensas e a margem para as concess es bastante restrita Nesse sentido os atores parecem ter compreendido que o encaminhamento do conflito ser alcan ado de cima pra baixo pelo vi s judicial ou por uma determina o mais direta da presid ncia da republica Por essa raz o v m buscando trabalhar de forma mais eficiente os processos pol ticos que possam de alguma maneira ser revertidos em resultados pr ticos favor veis Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Contudo nada indica que mesmo ap s a decis o final as partes prejudicadas ir o aceitar pacificamente as consequ ncias dif cil imaginar que os ocupantes n o indios deixem a Terra Indigena sem receberem qualquer tipo de indeniza o numa regi o de dificil acesso e onde a fiscaliza o prec ria Da mesma maneira os Kaiabi em particular continuar o utilizando os recursos do lado de Mato de Grosso caso tenham que abrir m o dessa terr
549. tinha que fazer alguma coisa Por isso houve a mudan a de cada grupo Pelos relatos de Kupeap e Tamana possivel notar que as primeiras incurs es da cosmografia mercantil representada pela expans o do ciclo da borracha estavam mais interessadas nas mulheres do que em disputar o territ rio ou mesmo recrutar a m o de obra indigena e pouco afetaram a territorialidade Kaiabi Apos se 10 Vide Anexo 1 1 Mapa das Terras Ind genas atualmente habitadas pelos Kaiabi 11 Tamana ainda complementa dizendo que antes para fugir dos ataques violentos dos Munduruku os Kaiabi vinham subindo o Teles Pires no sentido de Cuiaba mas foi ap s os primeiros contatos com seringueiros que come aram a descer novamente esse rio a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia estabelecerem os seringueiros se mostravam amistosos oferecendo mercadorias e ensinando os indios a trabalhar com a seringa para terem acesso s mercadorias industrializadas Com o tempo passaram a matar os homens Kaiabi e abusar de suas filhas e mulheres gerando diversos conflitos e mortes Com a chegada de elementos n o indigenas atra dos pelo boom da borracha regi o dos formadores do rio Tapaj s os indigenas foram recrutados como m o de obra para os seringais passando a viver longe de suas aldeias por periodos cada vez mais longos estando sujeitos a epidemias e a desmandos dos patr es Dessa forma os Apiaka ficaram espalhad
550. tins 1997 e justamente o uso privado das terras devolutas que tem na figura do posseiro ou ocupante a linha de frente para a consecu o de seus prop sitos Em abril de 1971 por decreto lei o governo havia federalizado as terras devolutas situadas na faixa de cem quil metros de largura em cada eixo das rodovias j construidas ou em constru o Assim cerca de 30 da rea total do Brasil que antes pertencia as esferas estaduais passou a ser controlada pela Uni o Em 1972 o INCRA decidiria vender terras p blicas da Amaz nia para o desenvolvimento de projetos agropecu rios Guimar es Neto 1996 78 No periodo posterior a 1974 expressiva a quantidade de empresas colonizadoras que se instalaram em Mato Grosso fundando pequenas cidades que se tornariam polos regionais sob o ponto de vista econ mico pol tico e estrat gico No norte do estado particularmente a exist ncia de grandes extens es de terras devolutas motivou a execu o e aliena o indiscriminada de maior volume de terras arrecadadas pela Uni o entre 1970 e 1980 Moreno 2007 3 De acordo com o recenseamento oficial Mato Grosso foi o estado que apresentou maior crescimento populacional nos anos 1970 chegando a 90 nesse periodo Nesse contexto as proje es realizadas pelo IBGE mostram que a parte do estado mais afetada pelas correntes migrat rias foi o norte mato grossense Revista Mato Grosso S A Encarte Especial Ano n 1 out nov 1983
551. to di rio com os indios e ocupam um posicionamento est vel a partir de posturas assistencialistas Segundo a Revis o do Conte do Antropol gico as seis dragas contribuem mensalmente com 100 gramas de ouro e 400 litros de combustivel al m de patrocinarem regularmente os movimentos pol ticos dos Kaiabi na cidade A fim de tentar consolidar sua rela o de parceria com os Kaiabi difundem constantemente o discurso de que s o os maiores aliados dos indios na Terra Indigena e no processo de demarca o No caso das pousadas de pesca esportiva que se situam ou atuam na Terra Indigena Kayabi todas passaram a operar justamente ap s a decad ncia das atividades garimpeiras no Baixo Teles Pires quando as dragas e balsas deixaram o rio Duas delas possuem sede fora da Terra Indigena Pousada Thaima u no rio S o Benedito e Pousada Mantega no rio Teles Pires pouco abaixo do Salto Sete Quedas com rotas de pescaria em seu interior ao passo que a Pousada Santa se situa bem pr ximo da aldeia Kururuzinho Os pousadeiros se definem como pessoas ligadas preserva o da Amaz nia e alegam que as belezas naturais est o no centro das motiva es que trazem os turistas do sudeste e sul do Brasil para regi o De forma semelhante aos garimpeiros procuram consolidar a rela o de parceria com os indios e manter suas atividades por meio de atitudes assistencialistas Com o argumento de que se interessam pela preserva o da floresta e da Ter
552. to que d sentido ao mundo para um ser no mundo EPE 2011a p 6 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Avia o gt epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia e Altera o da qualidade da gua a jusante da barragem Durante as etapas de implanta o da infraestrutura de apoio acessos vi rios implanta o de canteiros e alojamentos e constru o das barragens haver uma s rie de modifica es nos materiais de recobrimento do terreno al m do desmatamento que podem dar origem a movimentos de massas associados em especial a cortes nas encostas desmontes e escava es em solos e rochas as escava es no s tio do barramento constru o de estradas implanta o das linhas de transmiss o limpeza da bacia de acumula o explora o de reas de empr stimo e da disposi o de bota fora Esses processos s o dependentes tamb m da suscetibilidade erosiva dos locais das obras que se apresenta vari vel conforme condicionantes geol gicos de relevo de uso do solo e cobertura vegetal A jusante do barramento o impacto do carreamento de sedimentos poder ser percebido pelos grupos indigenas por modifica es nas caracter sticas fisicas da gua principalmente o aumento da turbidez e aumento de s lidos em suspens o No caso de assoreamento do leito do rio o impacto tamb m poder ser percept vel O regime fluvial natural de um curso de gua cor
553. top nimos 99 Logo mover se de um lugar a outro significa tanto refor ar a validade de uma determinada linha historicamente narrada como sentir se parte integrante do complexo de liga es que constituem essa regi o Da mesma maneira quando um novo lugar constituido ou uma nova linha tra ada no ambiente que consideram familiar os Kaiabi procuram se movimentar seguindo o padr o de orienta o considerado correto nas rela es com o ambiente adotando basicamente os dois par metros que irei desenvolver mais adiante o ciclo hidrol gico conduzido pelo ritmo do Teles Pires e o calend rio agricola Quando novos lugares ou novas linhas s o institu dos fora desse padr o os Kaiabi prontamente reconhecem e agem de maneira distinta ou de modo semelhante como agem quando est o na cidade ou no relacionamento corriqueiro com os brancos Entendo ent o que a capacidade de produ o de mapas dos Kaiabi mapping encontra se estreitamente vinculada as experi ncias de movimentos corporais emotivos em seu mundo Por oposi o os mapas cartogr ficos mapmaking suprimem ou colocam entre par nteses os movimentos pr ticos das pessoas em suas idas e vindas o que Ingold chama de ilus o cartogr fica Ingold 2000 234 Quando os Kaiabi se movimentam de acordo com pr ticas j estabelecidas em lugares caminhados e narrados possivel vislumbrar os limites de sua regi o num dado momento Devo destacar que n o s o limites
554. trabalham com dragas chupadeiras no leito do Teles Pires constituem seus frames de identidade n o em fun o de algum tipo de liga o com a terra mas principalmente a partir daquilo que o rio pode lhes proporcionar em termos de rendimentos financeiros Suas embarca es est o sempre em movimento a procura de algum po o mais profundo ou indica o de pontos de maior produtividade Apesar de compartilharem da uma concep o similar dos fazendeiros e posseiros de que a natureza tomada como entidade exterior deve ser explorada com t cnicas adequadas para gerar algum tipo de receita operam com um tipo de territorialidade errante e sem limites mais r gidos que n o imp e qualquer tipo de conex o particular com a terra As dragas mecanizadas s o operadas por pelo menos cinco funcion rios cada que trabalham 23 horas por dia sugando o cascalho do leito do rio e lan ando em esteiras fazendo posteriormente a filtragem do ouro agregado com o merc rio Desse modo os garimpeiros possuem um acordo com os ndios que os permitem atuar desde a Cachoeira Rasteira at a foz do Teles Pires Numa das conversas com Marcos o chefe dos garimpeiros ele afirmou que n s n o estamos aqui como invasores temos trabalhado nessa regi o bem antes disso virar Terra Indigena Nossa id ia ajudar os ndios tirar o nosso ouro e ajudar a Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomple
555. transi o para ser substituida no extremo setentrional pela densa floresta tropical ombr fila caracterizada por uma consider vel diversidade de fauna e flora Certamente essas forma es n o apresentam configura es homog neas ao longo do curso do Teles Pires ocorrendo com frequ ncia entre elas reas arenosas de mangues e terrenos alagados distribuidos de maneira pouco uniforme Percorrendo uma extens o total de 1 431 km dos 15 graus de latitude sul at os 7 graus tamb m de latitude sul cruzando a faixa de terras Xingu Tapaj s no sentido Sudeste Noroeste o rio Teles Pires proporciona diferentes tipos de configura es em sua pr pria fisionomia hidrogr fica al m de apresentar diversas formas vegetais de relevo e ocupa es humanas Para melhor localizar as forma es de relevo e vegeta o al m das sequ ncias de eventos que se sucederam no curso desse rio adotaremos aqui bem como na sequ ncia desse relat rio as terminologias de Alto M dio e Baixo Teles Pires O alto curso tem in cio a 800 metros de altitude nas nascentes correndo sobre a Chapada dos Parecis e seguindo at o encontro com um dos seus principais afluentes o rio Verde O m dio curso vai do rio Verde ate o Salto Sete Quedas na divisa com o estado do Par pouco abaixo da foz do rio Peixoto de Azevedo O baixo curso come a no Salto Sete Quedas e termina na sua foz quando se encontra com o rio Juruena dando in cio ao alto curso do rio Tapa
556. tras etnias ssim os guerreiros funcionavam como verdadeiras linhas de frente no reconhecimento e estabelecimento territorial dos Kaiabi Foi ent o sabendo que estavam entrando em territ rio Munduruku que resolveram descer o Sete Quedas Da Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EH m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia mesma forma sabiam que os Panar estavam pr ximos Percebendo que esses indios n o mais exerciam o dominio de anteriormente e amparados pela seguran a do chefe dos seringueiros os Kaiabi iniciaram um novo processo de territorializa o aceitando a sobreposi o da cosmografia dos seringueiros de forma marcante e definitiva At os dias atuais esses lugares fundados em hist rias antigas propiciam os alicerces necess rios para ordenamento dos movimentos que os Kaiabi estabelecem no Teles Pires Certamente outros lugares v m sendo constitu dos atrav s de experi ncias mais recentes novas hist rias vem sendo contadas possibilitando aos Kaiabi uma mescla entre elementos do presente e do passado na composi o de uma teia de pertencimentos formada a partir das antigas trilhas caminhadas por seus antepassados Vejamos mais um coment rio de At sobre esse processo de constru o hist rica do territ rio Ai quando eu cresci nessa regi o s tinha mato mato mesmo n o tinha nada de fazenda nem avi o
557. trilhas em forma de pegadas caminhos e sendas Cada uma dessas trilhas equivale a uma forma de vida que tomadas juntas comp em um emaranhado de vidas tipicamente tortuosas de uma regi o Ingold 2006 Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia e Tempo do sol kwarip Um primeiro sinal observado pelos Kaiabi de que o rio n o subir mais a presen a em grande quantidade das borboletas amarelas pan pan nas margens dos rios Na aldeia Kururuzinho os ndios observam quando as guas alcan am duas mangueiras pr ximas ao porto principal identificando o ponto m ximo de alagamento quando atingem suas raizes formando a linha que chamam de ywit A esta o seca se inicia quando o n vel do rio Teles Pires atinge certa estabilidade apos ter baixado durante as ltimas semanas do m s de mar o coincidindo geralmente com a queda dos ltimos ouri os de castanha O canto do passaro junyra que praticamente n o pia durante a esta o chuvosa o aparecimento do gavi o towotauu que s surge durante a esta o seca al m do amarelecimento e queda das folhas da rvore vagvp na capoeira s o ind cios claros de que n o deve chover nos pr ximos meses Silva 1999 P ssaros como o jacu mutum ja e macuco cantam com entusiasmo pela manh Da aldeia possivel ouvir os gritos estridentes
558. tubro de 2009 Em agosto de 2010 a Empresa de Pesquisa Energ tica EPE protocolou junto Funai o volume que documentou o estudo Os levantamentos de campo foram realizados entre maio e junho daquele ano por uma equipe composta por uma antrop loga um engenheiro agr nomo uma especialista em comunica o e cultura um economista e um bi logo Restringiu se as comunidades que habitam a TI Kayabi uma vez que os ind genas da TI Munduruku negaram o ingresso de pesquisadores em suas terras A Funai se manifestou sobre esse estudo nos primeiros meses de 2011 listando uma s rie de demandas que em seu entendimento deveriam ser atendidas com vistas adequada avalia o dos impactos dos empreendimentos sobre as comunidades indigenas Essas demandas podem ser resumidas em cinco grandes temas a revis o e complementa o do conte do antropol gico do ECI b revis o da caracteriza o das microbacias e identifica o de reas de vulnerabilidade c avalia o complementar da qualidade da gua dos corpos h dricos nas TI d avalia o complementar dos impactos da usinas sobre a ictiofauna e e revis o da matriz de impactos As demandas c e d requereram investiga es de campo e foram comuns as exig ncias feitas Companhia Hidrel trica Teles Pires S A licitante vencedor do leil o da usina hidrel trica Teles Pires justo a montante do projeto de S o Manoel no curso principal da bacia Assim reproduz se nesse volume
559. turais que podem nos dizer mais sobre a especificidade de processos territoriais numa dada por o da regi o Amaz nica Por essas raz es a territorialidade humana pode ser mais bem compreendida como um processo continuo de ocupa o afirma o e defesa altamente disputado Com os mapas elaborados juntamente com os Kaiabi foi utilizado ainda um aporte cartogr fico as conclus es a respeito dos relacionamentos ecol gicos acerca da import ncia territorial e da liga o afetiva com o Teles Pires Desafiando alguns princ pios cl ssicos da cartografia convencional a proposta apresentar mapas que n o estejam desconectados da forma como as pessoas conduzem suas vidas interagindo movimentando e resignificando diariamente o ambiente circundante O uso dos mapas serve ainda como transi o de uma abordagem perceptiva das rela es entre os Kaiabi e o ambiente que habitam realizada anteriormente para outra de car ter pol tico discursivo e relativo luta por direitos territoriais em particular a demarca o integral de suas terras e a manuten o do seu estilo de vida caso venha a ocorrer a implanta o das UHE s Este relat rio se encerra a partir do estudo do conflito socioambiental relativo Terra Indigena Kayabi Sustentada em princ pios da ecologia pol tica e aliada pr tica etnogr fica a an lise se desenvolve seguindo as percep es territoriais dos principais envolvidos buscando acima de tudo situar historicamen
560. tural mata de terra firme e ou capoeira s o derrubados e queimados para se fazer a ro a de toco agricultura de coivara e depois de cultivados por um ou dois anos s o deixados em pousio por pelo menos quatro anos O sistema de pousio garante a manuten o da fertilidade do solo permitindo que a rea possa ser utilizada por mais tempo evitando que novas reas tenham que ser continuamente desmatadas Quando o sistema de pousio n o rende mais a produ o esperada uma nova rea aberta e o cultivo realizado enquanto a rea antiga se regenera com especies nativas como o caso das capoeiras antigas situadas no S o Tome A ca a uma atividade masculina que deve ocorrer dentro dos par metros ticos que regulam a intera o entre humanos e n o humanos Para os Apiaka trata se de uma atividade influenciada pelos perigos e mist rios da mata Os animais da mata t m um dono uma esp cie de espirito guardi o que zela pelo bem estar das esp cies e que precisa ser convencido a liberar uma certa quantidade de individuos para a alimenta o dos humanos Toda ca ada envolve um n vel de incerteza e risco o que sintetizado no c digo simb lico da panema A panema um fen meno bastante difundido na regi o amaz nica e consiste num estado de des nimo geral e azar nas ca adas e pescarias que acomete o homem trata se da quebra de uma regra moral apontada como causa do insucesso no desempenho das atividades de su
561. u sei tudo onde fica l onde o Valdir t fazendo a ro a aldeia Ximari tem dois p de mangueira l pros lado do Ximari l que ele e fam lia dele t plantando ro a Eles t o procurando fazer ro a em outro lugar porque como eu falei aqui a terra muito fraca ai eles t o procurando outro lugar pra eles plantar onde tem mais terra preta Acho que no outro ano eles v o fazer ro a pra aquele lado Se demarcar a terra n s vai tudo pra aquele lado porque melhor Chama a aten o a consci ncia de At de que se os Kaiabi perderem essa terra perdem a condi o de habitantes que v m mantendo ao longo dos anos e se transformam em ocupantes assim como os brancos Pelo depoimento de At os Kaiabi teriam sido mais uma vez ludibriados pela aparente boa f dos primeiros ocupantes que estavam se estabelecendo no Teles Pires antes ainda da chegada da FUNAI e da funda o mais recente do posto ind gena Desse modo estabeleceram suas aldeias do lado do Par ainda explorando e fazendo ro as em Mato Grosso Contudo com o passar dos anos foram gradualmente perdendo controle da parte mato grossense at que a demarca o de 1976 lhes concedeu apenas direitos relativos ao lado do Par Foi ent o a partir da d cada de 1990 que assessorados por seus parentes do Xingu mais experientes em quest es pol ticas passaram a lutar pela terra que havia sido perdida convencendo a FUNAI a enviar um grupo de trabalho em 1993 a fim
562. uais as interfer ncias associadas a minera o s o relevantes para os processos erosivos pois implicam na remo o do solo aumentando o aporte de s lidos para os corpos hidricos Nesse contexto as reas a oeste onde predominam areias quartzosas se mostram mais sens veis a essa amea a A minera o de ouro resulta tamb m em contamina o por produtos quimicos e simplifica o da fauna aqu tica Os predadores de topo aqu ticos na regi o de estudo s o tipicamente os bagres de grande porte jau e caparari por exemplo Alguns desses bagres por serem migrat rios podem transportar o merc rio em sua massa corporal Mesmo esp cies de peixes de menor porte como piaus familia Anostomidae realizam migra es e ao consumir o merc rio no alimento pl ncton ou pequenos animais bent nicos ou nect nicos podem transport lo para outros trechos de rio onde poder o ser consumidos por peixes maiores Estudos do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o epe Empresa de Pesquisa Energ tica MINIST RIO DE MINAS E ENERGIA b rea de Vulnerabilidade 2 A segunda rea de vulnerabilidade observada nas terras indigenas se localiza a Leste da TI Munduruku microbacias 4426 4432 e 4436 A principal atividade a extra o mineral conforme indicam as numerosas ocorr ncias Ao observar o Mapa 06 Frentes de Ame a reas de desmatamento recente s o evidentes no limit
563. uco aderente a leituras pautadas por procedimentos quantitativos De fato o conhecimento construido com base em pesquisa etnogr fica aplica o de instrumental te rico revis o historiogr fica e an lise de conflitos por exemplo esta mais afeito a avalia es qualitativas Dessa forma a an lise descri o e classifica o dos impactos ora apresentados s o desenvolvidas de forma discursiva O encadeamento dos procedimentos adotados apresentado de forma esquem tica no fluxograma apresentado a seguir na Figura 2 O estudo ora relatado teve in cio com a an lise dos impactos propostos no ECI EPE 2010c Tambem foram analisados os impactos constantes nos Estudos de Impacto Ambiental das UHE ESTUDOS DO COMPONENTE IND GENA Avalia o dos impactos espec ficos anteriormente propostos ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL Impactos Propostos UHE Teles Pires ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL Impactos Propostos UHE S o Manoel e Foz do Apiac s IMPACTOS ESPEC FICOS SOBRE O COMPONENTE IND GENA REVIS O E TT COMPLEMENTA O DO CONTE DO ANTROPOL GICO m IMPACTANTES ELEMENTOS ETNOECOL GICOS Figura 2 Fluxograma de procedimentos adotados para reavalia o de impactos PROCESSOS IMPACTANTES AVALIA O DE CUMULATIVIDADE E SINERGIA MATRIZES DE IMPACTO PROGRAMAS E AVALIA O DE MEDIDAS DE IMPACTO MITIGA O E CONTROLE Minist rio de Minas e Energia S o Manoel e Foz do Apiac s Est
564. ue assim como o Morro do Jabuti encontra se na rea ocupada pela BRASCAN e gera o mesmo tipo de complica es para os Kaiabi No periodo diurno se dirigem ao rio Santa Rosa prioritariamente com o proposito de pescar matrinch s e pacus N o por acaso que este rio recebe o nome de rio do matrinch piavu y contudo n o incomum abaterem um anta fazendo a travessia ou mutuns e jacus na beira do rio que se alimentam de frutas Mais acima um pouco do Morro do Jabuti os Kaiabi tamb m exploram o rio Cururuzinho estado do Par e o rio Ximari estado de Mato Grosso com o prop sito Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecompiementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia de obter ca a Segundo as hist rias narradas por At na cabeceira do Cururuzinho que vive a m e de todos os animais da floresta e de l nascem e se espalham todos os animais Na pr tica este o rio mais procurado para ca a no periodo das cheias sendo conhecido como melhor lugar para se ca ar macacos que se alimentam nas beiras repletas de rvores frut feras como inaj e ing Tamb m durante a noite quando a lua se p e v o em busca de pacas que s o encontradas se movimentando nos barrancos desse rio Al m de ser uma carne muito apreciada os Kaiabi atribuem capacidades medicinais ao fel bilis da paca que segundo me disse At utilizado para p
565. ue constituem o componente socio natural chave para um entendimento mais abrangente destes conflitos No caso dos Kaiabi por exemplo o costume de dar nomes aos lugares e conect los com a hist ria oral transmitida entre as gera es serviu durante s culos como a estrat gia b sica para constitu rem sua regi o Permitiu que estabelecessem uma rela o emocional est vel com o ambiente e construissem sua territorialidade As complexas rela es ecol gicas estabelecidas est o intimamente relacionadas com sua hist ria cultural e seus mitos de cria o Essa hist ria cultural e os padr es de significa o territorial que orientam e definem os movimentos espaciais e as novas fixa es de aldeias ou lugares de import ncia Para eles a perda desse territ rio equivale perda do seu fator central de identifica o Portanto trata se de um conflito de percep es ou uma disputa sobre a maneira mais adequada de compreender e interagir com a terra fundada especialmente nos relacionamentos que os atores desempenham com o ambiente em que vivem Durante os s culos que viveram no rio dos Peixes e no Alto M dio e Baixo curso do rio Teles Pires os indios passaram por inumeras guerras e situa es conflituosas a fim de afirmar o territ rio em que viviam De acordo com a Revis o do Conte do Antropol gico h um hist rico relevante de casos em que a chegada desordenada de pessoas de diferentes regi es em terras indigen
566. ula es da fauna local A escala desse efeito pode eventualmente extrapolar os limites das reas de influencia direta e indireta previstas nos EIA A entrada de novos individuos leva a disputas territoriais que podem culminar na expuls o ou mesmo na morte de alguns animais Esse desequilibrio pode se estender inclusive para as florestas do interior da TI Kayabi Em m dio prazo espera se que o ambiente do entorno das usinas encontre um novo equilibrio contando com novo quantitativo de individuos e uma nova distribui o espacial das esp cies O enchimento do reservat rio vai interferir com as praias localizadas na rea diretamente afetada que atualmente s o utilizadas para postura de ovos de jacar s e quel nios aqu ticos Como o novo ambiente n o adequado para manuten o destas especies pode haver um decl nio populacional decorrente dessas modifica es Deve se destacar entretanto que foram observados poucos registros de desova e que de acordo com as entrevistas os principais locais de desova est o jusante da jun o dos rios Juruena e Teles Pires A Figura 3 apresenta as areas de ca a da Terra Indigena Kayabi epo Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Legenda T Posto Indigena Aldeia Ind gena Pista de Pouso Ca a em Geral s Capoeira e Lago Barreiro ou Local de Antas Postos Ind genas A Posto Kayabi Kururuzinho B Posto Teles Pires Aldeias 1
567. ultores ambientais e corromper funcion rios do IBAMA e da FEMA para conseguir as licen as para desmate Com ampla cobertura da imprensa regional e at nacional a opera o se estendeu aos estados do Sudeste e Nordeste onde se encontravam muitos dos acusados pelos avan os explorat rios na Terra Indigena Kayabi Enquanto a Pol cia Federal executava as pris es o IBAMA fazia a vistoria de p tios de madeireiras localizadas nos munic pios de Apiacas Paranaita e Alta Floresta identificadas como receptadoras de madeira na Opera o Angelim O total Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m A SRY Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia das multas chegou a 34 milh es de reais O IBAMA acredita que o movimento das madeiras retiradas da Terra Ind gena pode ter gerado mais de 150 milh es de reais Inconformados com a situa o o CODAM Conselho para o Desenvolvimento da Amaz nia Mato Grossense divulgou em 30 de novembro de 2006 um Manifesto de Indigna o em nome da popula o de Alta Floresta Paranaita Apiac s e regi o contra a Opera o Kayabi Acionando o argumento de que foram convidados pelo governo para ocupar e desenvolver a outrora in spita regi o seguindo o lema patri tico de integrar para n o entregar se diziam revoltados com o tratamento que passaram a receber como se fossem terroristas e bandidos de alt
568. unidade Apiak assim como ocorre com outros povos indigenas amaz nicos evidencia se uma equa o simb lica entre os processos de produ o de la os sociais e de seres humanos plenos como se a pessoa Apiak apenas pudesse existir plenamente no interior da comunidade isto dentro da esfera de socialidade territorializada tida como apropriada O modelo de socialidade Apiak se insere num padr o regional em que se considera como parente aquele com quem se tem um vinculo geneal gico e com o qual se observa a conduta apropriada Ou seja pode ser classificada como Apiak a pessoa que al m de ter um vinculo de consanguinidade ou afinidade com outro Apiak viva de acordo com o padr o moral instituido oferecendo resson ncia aos apelos facultados pelo parentesco designadamente demandas de d divas alimentares Ao constituir uma rede de trocas postulando que todas as pessoas podem causar doen as e fazer mal umas s outras volunt ria ou involuntariamente os Apiak est o afirmando que preciso ensinar cada corresidente a ser uma pessoa plena isto deve se incutir nele as habilidades propriamente sociais para que se torne verdadeiramente um parente N o se trata aqui de rela es estritamente biol gicas ou contratuais mas sim de um modo especifico de rela o social Parentesco se refere pois a um principio de classifica o social que articula descend ncia resid ncia e codigo de conduta 3 1 2 Cosmog
569. uruzinho um rio considerado sagrado para os Kaiabi Al m disso as tr s pousadas de pesca esportiva que atuam dentro da Terra Indigena v m disputando ativamente o direito de poderem levar seus turistas nesse rio Os Apiak por sua vez conhecem uma imensa variedade de peixes mamiferos aves e plantas silvestres mas utilizam um n mero proporcionalmente pequeno Os peixes s o a principal fonte de proteina de obten o mais segura embora a carne de ca a seja considerada mais saborosa e substanciosa Os Apiaka identificam 94 etnoesp cies de peixes das quais consomem 87 Eles dominam tecnicas variadas e um conhecimento apurado sobre os h bitos das diferentes esp cies do qual depende diretamente o sucesso nesta atividade Os Apiak pescam mais intensamente no baixo curso dos rios Teles Pires Juruena e S o Tom n o apenas em seu leito como tamb m Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Aviac e Revissoecomimenta o EM epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia nos igap s igarap s e lagos com os quais se comunicam enquanto os isolados pescam provavelmente no alto curso do rio S o Tome A obten o de grandes quantidades de peixes geralmente suscita a realiza o de refei es coletivas de car ter festivo 3 3 Altera o da din mica fluvial 3 3 1 Descri o do Impacto Altera es na din mica fluvial s o as interfer ncias capazes de modificar o reg
570. us alimentares pois como observou Fausto 2002 o corpo do rec m nascido corre o risco de ser feito igual ao corpo de outros tipos de pessoas ou mesmo de animais de modo que essas restri es s o necess rias para diferenciar os corpos humanos dos corpos dos animais os quais com exce o dos bichos de estima o jamais recebem um investimento do grupo para que sejam modelados Nesse sentido essas restri es que apareceram nas falas dos interlocutores deste estudo devem ser entendidas menos como recomenda es isoladas para o tratamento especifico de alguns tipos de ferimento e sim como elementos que fazem parte de uma concep o de mundo que diz respeito a uma intensa tentativa feita pelas pessoas de tentar controlar um cosmos que cheio de perigos e como visto anteriormente de sujeitos como os Ma it e os seres mitol gicos cuja esp cie outra que n o a humana epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia 2 2 2 Aspectos da ictiofauna local pontos de pesca prefer ncias de consumo formas de captura e h bitos migrat rios Apiak Durante o levantamento de campo na Aldeia Mairowy para o estudo complementar do Componente Indigena foram visitados v rios locais de pesca ao longo do Rio Teles Pires alguns lagos e igarapes Os locais usados para pescar e as principais esp cies que ocorrem em cada ponto est o apresentadas na Tabela 5 Tabela 5 Locais de pesca indicados pelos
571. utilidade Seguindo as informa es prestadas pelos mais velhos o ka aret o tipo de vegeta o preferida pelos Kaiabi quer dizer mato puro ou mato verdadeiro no idioma Kaiabi com predomin ncia da terra vermelha vwvpiran muito utilizado em atividades de ca a coleta e extrativismo Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Geralmente escolhem esse tipo de micro ambiente para abrirem suas aldeias tanto pelo aspecto de seguran a na esta o chuvosa como pela proximidade que apresentam com reas de capoeira No interior dos micro ambientes descritos acima existe ainda outra maneira de classificar ambientes menores que v o al m da identifica o de unidades ambientais mais amplas como o ka aret ou vapopet enfatizando os agrupamentos populacionais de determinadas esp cies de grupos vegetais ou ilhas de recursos Tais agrupamentos tambem constituem unidades ambientais diferenciadas pelos Kaiabi Com exce o dos castanhais os principais agrupamentos vegetais identificados nesse contexto normalmente est o relacionados s palmeiras que fornecem materiais diversificados para uso di rio e produ o de artesanato Os principais s o buritizal myrysitvp tucunzal tukumanyp inajazal inatatyp patauzal pinowatyp pacoval banana brava pacova entre outros
572. utra aldeia ao norte da ilha A27 n o muito distante em que outra familia Kaiabi morou na foz do igarap do Lim o o qual n o consta na carta geogr fica com esse nome 1994 177 Al m das aldeias j citadas nos afluentes de ambas os lados do Teles Pires havia aldeias estabelecidas nas margens desse rio Inicialmente ser o relacionadas aquelas que existiam rio acima ao sul do atual Posto Kayabi aldeia Kururuzinho fundado no local onde Manek e sua familia se fixaram apos a transfer ncia de seus parentes para o Xingu Uma aldeia que foi bastante habitada pelos Kaiabi na poca da seringa foi a aldeia Sa va A28 situada a alguns minutos de caminhada acima da atual aldeia Kururuzinho Trata se de uma reocupa o de um s tio de terra preta Stuchi 2010 167 com reas de capoeira em seu entorno que ainda s o visitadas pelos moradores do Kururuzinho em busca de frutas e sementes Seu Andr comenta que esse foi o primeiro lugar que tem em sua mem ria de ter morado com seu pai e seu irm o Chico por muitos anos Como n o deu certo se mudaram novamente para o outro lado do Teles Pires em frente foz do rio Cururuzinho para um lugar nomeado de vpenem A29 quer dizer lugar com cheiro ruim porque os Kaiabi Lembrando que Kupekani estava no grupo de Manek juntamente com Xup e Jatop que cruzaram o Sete Quedas e come aram a trabalhar com os seringueiros Kupekani foi transferido ao Xingu no primeiro grupo levado do Baixo
573. uxar espinho e para tirar inflama o do est mago No ver o o Cururuzinho mais procurado pelos moradores das aldeias Tukum e Lageirinha Na micro regi o conhecida como Kaipa os Kaiabi indicam capoeiras antigas como locais prop cios para encontrar animais de menor porte Recentemente numa expedi o que os Kaiabi realizaram para fiscalizar a reserva encontraram num afluente do Cururuzinho chamado de Cururu mirim um barreiro que segundo eles do tamanho de dois campos de futebol Segundo Jo o l parece que voc t andando num curral tem anta que n o acaba mais igual boi e tudo mansinha voc pode matar escolhendo Contudo esse barreiro fica num ponto da Terra Indigena dominado por um grupo de pequenos posseiros que j amea aram os Kaiabi em algumas ocasi es logo n o um lugar que podem frequentar com regularidade O rio Ximari localizado no complexo de morros que comp em a micro regi o do Morro Jabuti utilizado raramente pelos moradores do Kururuzinho para ca ar porcos do mato Segundo At as cabeceiras do Ximari eram muito frequentadas no passado por seus antepassados Atu ainda menciona a exist ncia de um caminho que os mais velhos utilizavam para visitar seus parentes no rio dos Peixes que se iniciava um pouco acima do salto Com rela o aos usos atuais do Ximari quem mais destacou esse lugar como ponto de ca a foram os familiares de Valdir que fundou recentemente uma aldeia nesse rio t
574. va o mesmo nome dessa lagoa fazendo refer ncia grande quantidade de carapan s ali existentes 2 8 Numa r pida visita a essa moradia antiga de seu Andr pude observar algumas mangueiras m eka Minist rio de Minas e Energia Havia duas aldeias praticamente uma em frente outra A36 A37 conhecidas como aldeias do Remanso a primeira situada onde foi aberta a pista de pouso que era alugada aos garimpeiros um pouco abaixo da foz do rio S o Benedito No idioma Kaiabi as duas aldeias eram indicadas pelo nome de y jewyruu se referindo a um lugar do rio em que a gua fica rodando At conta que chegou a morar quando era jovem na aldeia maior que ficava do lado de Mato Grosso Quando a empresa mineradora chegou ao Teles Pires os Kaiabi j n o moravam mais nessas aldeias Atualmente a aldeia Coelho est fundada um pouco abaixo desse remanso No rio Teles Pires em uma ilha um pouco acima ao sul da antiga sede da Minera o o cacique Kaipa tamb m morou antes de ir para o Xingu A38 Nas proximidades da atual aldeia Kururuzinho Manek e sua familia tinham aldeia num lugar ainda conhecido como Tapera Velha pirapewvyi A39 onde seu filho Jo o possui uma ro a Foi ali que os Kaiabi se aglutinaram apos a transfer ncia para o Xingu buscando se reorganizarem ap s muitas mortes por doen as e a chegada dos garimpeiros Praticamente em frente aldeia Kururuzinho Jos Kaiabi afirma ter nascido numa pequena
575. ve os Kaiabi j tentaram em algumas ocasi es por m sem sucesso trazer mudas de castanheira e arum para plantarem no Xingu 23 Evidenciando esse desejo de retorno de Tamana em julho de 2009 ele passou 6 meses com seu irm o Kurun no Teles Pires nas proximidades da aldeia S o Benedito Nesse per odo esteve pesquisando locais para abertura de ro as novas e para o estabelecimento de sua aldeia t o logo se concretize a demarca o Al m disso levou sementes para diversificar os cultivos de seu irm o e construiu um alojamento como ponto de apoio para aqueles que est o em tr nsito entre a aldeia Kururuzinho e a cidade de Alta Floresta Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o MH m CRo Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Quando eu cheguei no Xingu eu estava muito triste porque tinha perdido toda a minha familia por causa do sarampo Depois eu comecei e acostumar e sentir bem aqui porque aqui tinha rem dio a eu n o conseguia me lembrar mais do lugar onde eu morava porque eu tinha perdido todo mundo N o ficou ningu m morreu primo morreu irm o morreu tudo mesmo Por isso que eu nunca pensei em retornar pro Teles Pires Se eu retornar pra l eu n o vou encontrar ningu m dos meus parentes ent o eu vou ficar por aqui mesmo no Xingu hoje eu tenho um filho aqui e vou ficar por aqui Uma met fora regularmente acionada pelos
576. vel em http mapas funai gov br Acesso em fevereiro de 2010 MS MINIST RIO DA SA DE 2002 Portaria do Minist rio da Sa de n 254 de 31 de janeiro de 2002 OLIVEIRA Val ria Regina Salla de 2008 Impactos cumulativos na avalia o de impactos ambientais fundamenta o metodologia legisla o an lise de experi ncias e formas de abordagem Disserta o de mestrado em Engenharia Urbana UFSCAR S o Carlos OLIVEIRA F C B 2010 Quando resistir habitar lutas pela afirma o territorial dos Kaiabi no Baixo Teles Pires Tese de Doutorado Programa de P s Gradua o em Antropologia Social Brasilia DF Universidade de Brasilia eke Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Estudos do Componente Ind gena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s Revis o e Complementa o Minist rio de Minas e Energia EQUIPE T CNICA Coordena o Geral Mauricio Tiomno Tolmasquim Amilcar Guerreiro Coordena o Executiva Flavia Pompeu Serran Coordena o T cnica C sar Maur cio Batista da Silva Equipe T cnica Ana Dantas Mendez de Mattos Carina Renno Siniscalchi Carolina Maria Heliodora de G A F Braga Daniel Dias Loureiro Diego do Nascimento Bastos Glauce Maria Lieggio Botelho Gustavo Fernando Schmidt Marcos Ribeiro Conde Silvana Andreoli Espig Ver nica Souza da Mota Gomes Consultoria Frederico C sar Barbosa de Oliveira m 4 ERa Soci logo Engenheir
577. viam deixado para tr s seus pertences ro as por colher parentes enterrados e principalmente o ambiente sagrado com o qual estavam acostumados a viver durante seculos Por outro lado existem aqueles que afirmam que foi melhor assim pois os Kaiabi estavam sofrendo muitos abusos pelos seringueiros e a atitude de Prepori e dos Villas Boas foi fundamental para evitar um grande massacre Nesse sentido dois elementos emocionais fundamentais se destacam diante dos demais como marcos iniciais na compreens o das dificuldades dos sentimentos relativos transfer ncia e da liga o com o Teles Pires 1 as rela es ecol gicas cotidianas que por muito tempo vinham mantendo com o Teles Pires e 2 a proximidade ou distanciamento dos parentes Relacionando as falas dos mais velhos com as descri es ambientais citadas acima a impress o inicial que nos primeiros momentos a sensa o de desorienta o foi geral chegando a se acomodar com o tempo mas em nenhum momento os Kaiabi mais antigos chegam a afirmar que Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o e complementa o EM a Eis Re Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia est o completamente vontade ao Xingu Como estavam sendo deslocados para um ambiente consideravelmente diferente que apresenta outra din mica hidrol gica assim como distintos sinais da natureza relativos passagem do tempo e as atividades agr
578. vidades econ micas 280 3 7 Altera o na Paisagem e Perda de Referenciais Socioespaciais e Culturais 284 3 8 Matrizes de Impacto 292 4 CUMULATIVIDADE E SINERGIA 295 4 1 Avalia o e Descri o 297 4 2 Matriz de Impactos 303 5 PROGRAMAS E MEDIDAS 305 5 1 Diretrizes para Complementa o de Programas 305 5 2 Programas Especificos 307 5 3 Matriz de Reversibilidade 312 6 CONSIDERA ES FINAIS 318 7 BIBLIOGRAFIA 321 EQUIPE T CNICA 322 Parte IV Estudos Complementares Companhia Hidrel trica Teles Pires S A 1 INTRODU O 327 2 CLASSIFICA O DOS PRINCIPAIS CORPOS H DRICOS DAS TERRAS IND GENAS 328 2 1 Recursos Hidricos Caracteriza o da Bacia do rio Teles Pires 328 Lel Avalia o complementar dos impactos das usinas sobre a ictiofauna_ 337 m eka Minist rio de Minas e Energia APRESENTA O O Estudo do Componente Indigena das UHE S o Manoel e Foz do Apiac s ECI do qual o presente relat rio parte integrante se ocupa de examinar aspecto especifico identificado no Estudo de Impacto Ambiental EIA desses empreendimentos quais sejam as repercuss es sobre as comunidades indigenas radicadas em reas de influ ncia dos projetos especialmente as que habitam as Terras Indigenas TI Kayabi e Munduruku Nessas terras vivem individuos de tr s etnias diferentes a saber Apiaka Kayabi e Munduruku O ECI foi desenvolvido com base no Termo de Refer ncia TR emitido pela Funda o Nacional do ndio Funai em ou
579. viverem mais juntamente com a territorialidade do seringal a fixa o das aldeias proposta pela atual pol tica indigenista parece tamb m combinar melhor com a pesca do que com a ca a o que leva a conclus o de que a familia nuclear a unidade social mais forte entre os Kaiabi do Teles Pires e o peixe juntamente com a farinha de mandioca brava se constitui atualmente na seguran a alimentar e fonte garantida de proteina das aldeias Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Aviac e Revissoecomimenta o Ed epe Empresa de Pesquisa Energ tica Minist rio de Minas e Energia Al m da import ncia na dieta a pescaria representa ainda elementos culturais importantes para os Kaiabi Os mais novos desde a idade mais tenra j brincam com anzol e linha nos portos das aldeias se sentindo bastante orgulhosos em capturar iscas de peixes menores para os mais velhos realizarem suas pescarias Al m disso v rias outras atividades que os Kaiabi realizam na Terra Indigena t m origem na pescaria tais como visitar parentes em outras aldeias coletar frutas ou sementes ca ar e fiscalizar as invas es A pesca realizada pelos Kaiabi durante todo o ano contudo ao longo do ver o poca em que os rios est o mais baixos e a gua mais clara esta atividade facilitada sendo possivel percorrer dist ncias maiores Os Kaiabi se aproveitam do periodo de seca para sairem com as familias conhecendo seu ambiente c
580. vor vel apresentando o estrato dominante predominantemente caducif lio e com consider vel n mero de ep fitas O sub bosque constituido de gramineas e esp cies deciduas sobre uma camada espessa de material org nico n o decomposto Apresenta razo vel n mero de individuos adultos variando em torno de 50 a 60 por hectare e geralmente de alturas medianas ocorrendo a forma o de col nias homog neas de determinadas esp cies do estrato emergente a exemplo do jatoba Hymenaea sp o amarel o Apuleia sp ip s Tabebuia spp e copaiba Copaifera sp cerejeira Torresia sp e paineira Chorisia sp Na regi o estudada a Floresta Estacional Decidual somente foi observada em sua forma submontana e Savana Cerrado Ocorre amplamente na Am rica do Sul circundando a Floresta Amaz nica formando um bioma que situa se entre este e outros biomas quais sejam Floresta Atl ntica Pantanal e Caatinga Representa um bioma de grande express o territorial no Brasil e de rea continua Savanas ou Cerrados s o forma es mais abertas e estruturalmente mais simples que as florestas com maior insola o no n vel do solo fator determinante da expressividade e diversidade do estrato herb ceo arbustivo Ocorrem em climas marcados pela sazonalidade clim tica com 4 a 6 meses de seca ao longo do ano Este tipo de vegeta o normalmente reveste solos lixiviados aluminizados apresentando sin sias de hemicriptofitos plantas
581. vores com alturas entre 20 e 30 m com representantes de at 45 m troncos retos e bem copados que representam os estratos dominantes e co dominantes S o exemplos das esp cies encontradas cajua Anacardium giganteum muiracatiara Astronium nelson rosae castanheira Bertholletia excelsa pequia Caryocar villosum caucho Castilloa ulei suma ma Ceiba pentandra angelim Hymenolobium excelsum jatob Hymenaea sp seringueira Hevea brasiliensis b lsamo Myroxilum peruiferum ma aranduba Manilkara uberi angelim de saia Parkia pendula pau r xo Peltogyne densiflora ip amarelo Tabebuia serratifolia ucuuba Virola spp assim como as palmeiras paxi ba lriatea sp inaj Attalea maripa palmito Euterpe precatoria bacabas Oenocarpus spp A hierarquia topogr fica altitudes do terreno utilizada para subdivis o das diferentes fisionomias de Floresta Ombr fila dadas as varia es de condi es de umidade e temperatura s quais essas forma es s o submetidas medida que aumenta a altitude T m se assim para a regi o estudada Floresta Ombr fila Densa Aluvial descrita no mbito dos Ecossitemas Aqu ticos e Floresta Ombr fila Densa Submontana e Floresta Ombr fila Densa Submontana A Floresta Ombr fila Densa Submontana ocorre em reas situadas nas encostas dos planaltos e serras a partir dos 100 m de altitude at o limite de 600 m de altitude com superficie recoberta por solo
582. w IBGE 1991 Classifica o da vegeta o brasileira adaptada a um sistema universal IBGE Rio de Janeiro IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica 2005 Censo Demogr fico 1950 2000 IBGE Brasilia INGOLD Tim 2000 The perception of the environment essays in livelihood dwelling and skill London Routledge 2006 Up across and along Place and Location In Studies in Environmental Aesthetics and Semiotics 5 21 36 ISA 2007 Censo das aldeias Kaiabi do Parque do Xingu ano de 2006 Instituto Socioambiental S o Paulo Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel e Foz do Abiac s Revis o ecomplementa o EM m eka Minist rio de Minas e Energia LEWICKI Roy GRAY Barbara amp ELLIOTT Michael 2003 Making sense of intractable environmental conflicts Washington Covelo London Island Press LITTLE Paul E 1997 Superimposed cosmographies on regional Amazonian frontiers In S rie Antropologia n 219 pp 1 32 2001 Amazonia Territorial Struggles on Perennial Frontiers Baltimore Johns Hopkins University Press 2006 Ecologia Pol tica como etnografia um guia te rico e metodol gico In Horizontes Antropol gicos ano 12 n 25 pp 85 103 MARTINS Jos de Souza 1997 Tempo da fronteira retorno controv rsia sobre o tempo hist rico da frente de expans o e da frente pioneira In Fronteira a degrada o do Outro nos confins do human
583. xpedicion rio que viajou pelo rio Tapaj s em 1896 o rio Juruena era conhecido como Alto Tapaj s pelas fontes oficiais daquela poca Teria pois recebido o nome de Juruena mais recentemente por volta de 1930 em raz o de possuir um fluxo bem parecido com o do rio Teles Pires o que desqualificava este ltimo para ser afluente do primeiro O fato que nessa poca n o se sabia ao certo a extens o e origem do rio Teles Pires como explicarei adiante m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia Paranatinga e em seu baixo curso como rio S o Manoel ou rio das Tr s Barras Inclusive at hoje os moradores pr ximos a esses locais e at algumas cartas hidrogr ficas t m o costume de nomear o Teles Pires por essas designa es O curso baixo desse rio inscreve se na regi o chamada de Serra e Blocos Plan lticos do Norte uma rea de floresta ombr fila aberta com densidade populacional de menos de um habitante por quil metro quadrado com as cidades de Alta Floresta MT e Itaituba PA representando os dois p los regionais A bacia do rio Teles Pires atravessa uma regi o de transi o entre as paisagens abertas do Brasil Central e a grande massa florestada da Amaz nia A regi o a ser enfocada nesse relat rio se trata de uma transec o atrav s de uma variedade de ecossistemas o predom nio de forma es vegetais sav nicas da por o sul cede lugar na parte central vegeta o de
584. z em 21 de fevereiro de 2007 Carlos Siqueira tem gradua o em Ci ncias Sociais pela UFG com curso de mestrado profissionalizante iniciado em 2003 e n o concluido 65 1 As terras serem habitadas pelos ndios em car ter permanente 2 Serem por eles utilizadas para sua atividades produtivas 3 Serem imprescind veis preserva o dos recursos ambientais necess rios a seu bem estar 4 Serem necess rias sua reprodu o fisica e cultural tudo segundo seus usos costumes e tradi es Estudos do Componente Indidena das UHE S o Manoel Foz do Aviac s Revis o e complementa o EM m f s PRD Empresa de Pesquisa Energ Minist rio de Minas e Energia familias sem terra do munic pio de Apiac s para ocupar as florestas ainda preservadas dentro do territ rio ind gena Uma estrat gia de fazendeiros e madeireiros para legitimar ocupa es 5 3 4 Novas alian as dos Kaiabi Percebendo o aumento massivo de invasores em sua reserva os Kaiabi juntamente com as articula es a partir da FUNAI regional em Col der conseguiram despertar o interesse do Minist rio P blico Federal em Mato Grosso e foram capazes de trazer um importante aliado em sua luta em especial o procurador M rio L cio Avelar O Minist rio P blico enquanto rg o da administra o p blica independente dos tr s poderes principais do estado tem como sua finalidade principal defender os direitos dos cidad os e zelar pelo patrim nio
585. zerra at a foz do rio Juruena no Baixo Teles Pires Viajavam regularmente por toda essa extens o visitando parentes coletando artigos importantes como mat rias primas para seus artesanatos alimentos plantas medicinais al m de estarem constantemente pesquisando a floresta em busca lugares apropriados para fazerem suas ro as e fixarem novas aldeias Com a transfer ncia para o Parque do Xingu a nica por o desse rio ainda sob o controle dos Kaiabi diz respeito ao seu baixo curso que passou a ser habitado ativamente a partir de 1920 aproximadamente quando come aram a trabalhar com os seringueiros Os Kaiabi tanto do Teles Pires quanto do Xingu afirmam que a rela o deles com esta terra peculiar devido principalmente aos tipos de intera es ecol gicas fundadas em caminhos percorridos por seus ancestrais e pelas hist rias narradas conferindo valor e o estatuto de sagrado regi o que atualmente habitam e lutam para ser integralmente demarcada Um comportamento que contribui decisivamente na sustenta o do sentimento de habita o e pertencimento que os Kaiabi desenvolvem em rela o ao Teles Pires seu padr o de ocupa o territorial O caso dos processos de ocupa o dos Kaiabi relevante e paradigm tico uma vez eles t m o costume de estabelecerem aldeias e ro as em locais ancestrais de habita o que se tornaram s tios arqueol gicos Segundo os mais velhos esse tipo de pr tica n o est vinculada apena

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