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Liane Vendrame - Programa de Pós

1. ou seja o conhecimento historicamente acumulado Ao tomar o conhecimento como constru o Arce 2000 p 50 observa que este pressuposto derivado da concep o construtivista Nesse sentido o conhecimento fruto da intera o com o meio e da constru o adaptativa que cada pessoa realiza logo o conhecimento constru do de forma individual A autora diz ainda que a interpreta o pessoal rege o processo de conhecer o qual desenvolve seu significado atrav s de experi ncia o cotidiano do sujeito e ele pr prio trazem os conte dos necess rios para que ocorra a aprendizagem Para ela o construtivismo n o aceita que exista conhecimento objetivo universal e que a atribui o de sentidos e significados para a realidade fruto de contructos pessoais V se aqui o cerne da quest o p s moderna presente tendo em vista que esta tamb m nega a capacidade do ser humano de conhecer a realidade de forma objetiva ARCE 2000 p 51 Apesar da segunda proposta de Educa o do Munic pio apresentar diferen as de encaminhamento mant m a op o pela concep o do materialismo hist rico dial tico bem como sua premissa n o se assemelha construtivista As diferen as at o momento suscitadas entre as concep es te ricas indicam diferen as as quais ser o objeto de an lise na continuidade 156 As an lises a seguir articulam um conjunto de rela es a partir da categoria da totalidade a fim de encontrar o
2. NAGLE J Educa o e Sociedade na Primeira Rep blica 2 ed Rio de Janeiro DP amp A 2001 NETO L B Avan os e Retrocessos da Educa o Rural no Brasil Campinas SP Tese de Doutorado 2008 NEVES L M W Brasil 2000 Nova Divis o do Trabalho na Educa o 2 ed S o Paulo Xam 2000 NOSELLA P A Escola de Gramsci 3 ed S o Paulo Cortez OLIVEIRA E SILVA A P A presen a do educador na ABE Educa o Rio de Janeiro v 32 n 101 abr jul 2000 p 12 17 196 OLIVEIRA C de et al Municipaliza o do Ensino no Brasil Belo Horizonte Aut ntica 1999 ON AY S T V Escola das Classes Populares Contribuindo para a Constru o de Pol ticas P blicas Disserta o de Mestrado Passo Fundo 2008 PERONI V Pol tica Educacional e papel do estado no Brasil dos anos de 1990 S o Paulo Xam 2008 PISTRAK Fundamentos da Escola do Trabalho S o Paulo Express o Popular 2002 PLANO DE GOVERNO Conc rdia Melhor Conc rdia 2000 O que bom vai ficar cada vez melhor Conc rdia 2004 PONCE A Educa o e Luta de Classes 21 ed S o Paulo Cortes 2005 PORTAL SECAD Dispon vel em lt www mec gov br gt Acessado em 18 08 2006 PRADO C Jr Hist ria Econ mica do Brasil S o Paulo Brasiliense 41 ed 1994 Quest o Agr ria S o Paulo Brasiliense 1979 RECH P E Uma an lise dos paradigmas educacionais 1997 In CADERNOS PEDAG GICOS A Educa o no s culo XXI Di logo
3. Por m nesse momento incorre uma outra quest o para onde caminha a educa o do campo nas escolas de classe multisseriada Essa pergunta requer uma resposta criteriosa e rigorosa para n o cair em generalismos pois h positividades na escola multisseriada Viu se no decorrer da pesquisa especialmente neste quarto cap tulo que a partir do momento em que a escola mulitisseriada oferecer condi es materiais e pedag gicas adequadas para estar ativa na comunidade representa uma possibilidade vi vel n o apenas por ser refer ncia na comunidade mas porque as crian as t m condi es de estudar em ambientes mais pr ximos que ofere am possibilidades concretas para desenvolver a aprendizagem Como j anteriormente citado o Plano Nacional de Educa o sugere que as classes multisseriadas sejam gradativamente eliminadas e assim as crian as possam estudar em escolas maiores Contudo se a escola apresenta se prec ria pelo pr prio descaso do Estado em sua manuten o de fato n o se pode deixar as crian as merc dessas condi es No entanto se h falta de condi es f sicas necess rias educa o professores e funcion rios em n mero suficiente material did tico biblioteca espa o para atividades f sicas dentre outras tanto na escola multisseriada quanto nas demais h que se repensar no sentido de mudar sua 182 organiza o ou seja se multisseriada oferecer condi es de transporte pa
4. Unesco e a educa o 2006 VENDRAMINI C R Terra Trabalho e Educa o Ijui Editora Cortez 2000 escola diante do multifacelado espa o rural Revista Perspectiva Florian polis v 22 n 1 p 145 165 jan jul 2004 ZANELLA J L A Educa o Escolar do Campo luz do materialismo hist rico dial tico IV Jornada HISTEDBR Ponta Grossa 2005 Considera es sobre a filosofia da educa o de Paulo Freire e o Marxismo Mimeo Ponta Grossa 2007 ZOTTI S A Educa o Sociedade e Curr culo no Brasil Dos Jesu tas aos de 1980 S o Paulo Autores Associados 2004
5. importante iniciar pelo entendimento da quest o do conhecimento enquanto necessidade do aluno logo que esta considera o apresenta se claramente na fala da entrevistada Para Saviani o conhecimento que a escola deveria trabalhar o conhecimento elaborado ou seja a transmiss o dos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade a partir de uma vis o dial tica Nesse sentido a escola assume a fun o de media o no seio da pr tica social global Isso significa dizer que h a preocupa o sim de Saviani em considerar a necessidade do aluno no momento que pressup e a categoria da media o Saviani observa que a educa o a medida em que uma media o no seio da pr tica social global significa que a ela cabe permitir que as novas gera es incorporem os elementos que est o inscritos na pr tica social que decorrem do movimento hist rico anterior SAVIANI 2005 p 13 Muitos educadores segundo Saviani 2003 p 79 t m dicotomizado as quest es relativas Pedagogia Hist rico cr tica especialmente quando o autor toma a discuss o do saber erudito versus o saber popular Por m nessa mesma obra ele esclarece que esta quest o pode ser ligada quest o do ponto de partida e do ponto de chegada Nesse sentido a cr tica que vinha recebendo estava relacionada preocupa o de que ele estaria valorizando a cultura erudita em detrimento da cultura popular e ao centrar se no ponto de chegada
6. Zanella 2007 estabelece an lise cr tica acerca da concep o filos fica da Pedagogia Hist rico Cr tica e a de Paulo Freire a partir da quest o do m todo Na introdu o desse trabalho o autor esclarece Entendemos que o mais importante n o o debate sobre a ortodoxia das doutrinas mas os conhecimentos dos diferentes m todos E a ortodoxia do m todo e sua aplica o que nos interessa E nesta perspectiva que buscaremos situar a filosofia da educa o de Paulo Freire frente filosofia marxista ZANELLA 2007 p 02 A discuss o refere se aos pressupostos filos ficos por isso a cr tica de Zanella versa sobre diversos pontos os quais acabam por definir qual a filosofia da Educa o de Paulo Freire considerada tarefa complexa Para isso busca nos autores como Saviani 1987 e Gadotti 1989 elementos que ajudem a esclarecer a quest o Para Saviani a filosofia de Freire possui uma n tida inspira o da concep o humanista moderna de filosofia da educa o atrav s da corrente personalista existencialista crist e que sua dial tica idealista uma esp cie de dial tica de consci ncias que com base no m todo fenomenol gico existencial sin nimo de di logo ZANELLA 2007 p 03 Para Gadotti 1989 p 115 116 Paulo Freire sofreu influ ncias diversas seu pensamento humanista inspirou se no personalismo de Emmanuel Mourier bem como no existencialismo na fenomenologia e no marxismo 1
7. conhecimento l gico matem tico e conhecimento em ci ncias naturais Mesmo ressaltando a validade e a import ncia dos subtemas definidos segundo a proposta de Pistrak esses complexos devem ser trabalhados numa perspectiva de totalidade ou seja articulando a especificidade do campo com a realidade social mais ampla pois n o existem realidades independentes uma da outra todos os aspectos espec ficos fazem parte de uma mesma realidade social Antes mesmo de detalhar um pouco mais a proposta preciso trazer a quest o de que a organiza o da Escola em Gramsci estava voltada para a forma o humanista de cultura geral visando aliar o trabalho profissional e intelectual Seria portanto uma escola imediatamente desinteressada no termo cunhado pelo autor pois essa n o poderia por si s mudar a realidade mas possibilitar a sua compreens o cr tica Dessa forma Gramsci expressa o papel da escola junto s massas com a inten o da eleva o do senso comum a uma consci ncia cient fica e filos fica na 162 perspectiva do ser que saiba pensar propor dirigir e controlar quem dirige ser governante A id ia de forma o de todos para serem dirigentes a ess ncia da escola unit ria que ainda tem validade no atual contexto educacional e social A preocupa o com a busca de uma base te rica que expresse os interesses da comunidade do campo representa um avan o em termos de proposta de educa o uma v
8. diversidade e alteridade Para colaborar com a an lise acima importante trazer os argumentos de Gramsci por meio das considera es de Manacorda 1996 Ap s an lise acerca das concep es de trabalho em Marx e Gramsci o autor conclui que a rela o ensino trabalho elemento unit rio de ensino nos n veis iniciais da escola e depois o trabalho encarado como elemento distinto profissional nos n veis ulteriores escola A tend ncia de abolir toda a escola formativa do tipo humanista e multiplicar as escolas profissionais especializadas paradoxal uma vez que fora apresentada como democr tica Nesse aspecto que o pensamento gramsciano nos auxilia na an lise pois para Gramsci segundo Manacorda A democracia na educa o n o pode consistir de fato em consentir estratifica es internas nos v rios grupos sociais na base de uma especializa o unilateral do trabalho em dar afinal a possibilidade de que os serventes de pedreiro se tornem qualificados discrimina o que consiste exatamente no fato de que cada grupo social tenha a sua escola A escola n o pode ser socialmente qualificada ou discriminante deve educar de modo que todo o tipo de cidad o possa tornar se dirigente MANACORDA 1996 p 138 grifos meus Dessa forma o entendimento de Gramsci corrobora o de Marx no sentido de n o corroborar a id ia de uma escola distinta para os diferentes grupos sociais 133 mesmo que esses per
9. educa o e dos menos favorecidos economicamente A classe trabalhadora 15 enquanto for a produtiva que serve ao capital tanto no campo quanto na cidade tem estado exclu da de diversos direitos Essas diferen as perpassam as sociedades divididas em classe em todos os tempos particularmente no modelo de desenvolvimento capitalista cujo fim se encontra apenas no lucro mesmo que para isso grande n mero de trabalhadores tenha que ser explorado e exclu do do acesso aos bens culturais Apesar da popula o do campo ter decrescido nos ltimos anos segundo dados do IBGE 2000 ainda hoje 18 75 da popula o brasileira s o residentes na zona rural o que justifica a preocupa o com as quest es espec ficas que afligem essas pessoas n o s pela sua import ncia na economia mas tamb m pelo xodo causado pela precariedade a qual est submetida As principais mudan as que ocorrem no pa s e no modo de produ o capitalista aprofundam as diferen as sociais determinadas pelas diferen as de classes sociais Para Antunes 2005 p 23 desde a d cada de 1980 nos pa ses de capitalismo avan ado ocorreram profundas transforma es no mundo do trabalho sendo que quem mais sofreu com essas mudan as foi a classe que vive do trabalho A produ o baseada no taylorismo substitu da pelo modelo de acumula o flex vel o qual estrutura uma nova maneira de organizar a vida das pessoas Os pressupostos neoliberais fundamen
10. o da avalia o 2005 2006 s p que diz de modo geral a forma o veio de encontro com nossos anseios possibilitando um trabalho vinculado s necessidades dos alunos e comunidade unindo teoria e pr tica a qual proporciona uma aprendizagem mais significativa Em outra avalia o agora de 2006 encontra se um depoimento que diz Melhorou a forma o profissional dos educadores Apesar das avalia es acima pertencerem segunda proposta nessa n o est expl cito um programa de forma o docente Contudo por meio da sistematiza o de aulas observa se que os professores re nem se mensalmente para organizar e planejar aulas a partir do tema gerador A orienta o do trabalho realizada sob a orienta o dos coordenadores da Secretaria Municipal de Educa o Na primeira proposta est presente a import ncia do estudo te rico para a sua constru o ao expressar que estudar apenas quest es de ordem pr tica n o resolveria todos os problemas previamente diagnosticados pois segundo Pistrak 3 Essa avalia o foi da professora da Escola do Campo de Linha Gomercindo e Barra do Castilho 2005 s p 176 somente a teoria nos d o crit rio indispens vel para optar avaliar e justificar tudo o que fazemos na escola PISTRAK 2008 p 25 A maneira como o professor tratado na primeira proposta ressalta a sua responsabilidade na educa o uma vez que em classes unidocentes ele est sozinho n
11. o das necessidades b sicas de moradia sa de educa o como meio de reduzir a pobreza No documento do Banco Mundial Prioridades y estrategias para la educaci n maio 1995 diz que La educaci n es un importante instrumento de promoci n del crecimiento econ mico y de reducci n de la pobreza Es el elemento fundamental de la estrategia aplicada por el Banco Mundial para reducir la pobreza mediante a una mayor utilizaci n productiva del trabajo que es el bien principal de los pobres y b la prestaci n de servicios sociales b sicos a los pobres BANCO MUNDIAL 1995 p xv 110 O documento diz ainda que as economias em todo o mercado de trabalho est o evoluindo tendo em vista o r pido crescimento Dessa forma a educa o fundamental para atender a essa demanda por novos conhecimentos que devem ser empregados no trabalho BANCO MUNDIAL 1995 p xv Dessa forma seria mais que oportuno para o mercado explorar o que se tem de mais barato ou seja a m o de obra dos trabalhadores Por m esse trabalho n o haveria de ser com pessoas sem capacita o Para o Banco Mundial h necessidade de qualifica o desse trabalhador por meio da sua profissionaliza o uma vez que essa importante para o desenvolvimento econ mico dos pa ses pobres Para essa profissionaliza o o setor privado assumiria papel fundamental na dire o do conte do e tamb m do financiamento Nas palavras do documento a quest
12. 2000 p 42 Dessa forma a escola que o movimento almeja n o deveria seguir um modelo ou um tipo de escola que seja pr prio para um grupo ou outro mas sim segundo Caldart a escola deve alterar a postura dos educadores e o jeito de ser da escola como um todo Para tanto a escola deve ser constitu da pela leitura pedag gica das pr ticas sociais do MST ou a constitui o do Movimento como sujeito pedag gico Diz ainda que somente as escolas constru das pol tica e pedagogicamente pelos sujeitos do campo conseguem ter o jeito do campo e incorporar nesse jeito as formas de organiza o e trabalho dos povos do campo CALDART 2000 p 65 Ao tomar portanto o fazer pedag gico do movimento enquanto premissa para a organiza o da escola poss vel analis lo sob dois olhares O primeiro de maneira positiva ao compreender que o ponto de partida para o trabalho na escola a pr tica social como bem apontou Saviani ao propor os cinco passos do ensino Jacques Delors presidente da Comiss o que presidiu os trabalhos da elabora o do Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre Educa o para o s culo XXI cujo t tulo Educa o Um tesouro a descobrir O Relat rio Jacques Delors assim como ficou conhecido iniciou seus trabalhos em mar o de 1993 e foi conclu do em setembro de 1996 UNESCO 2001 p 09 130 indicando que o ponto de partida do ensino na escola a pr pria pr tica soci
13. A maneira como se organizou esse conjunto de a es governamentais segundo L bo e Faria 2003 p 399 tem produzido impactos nos munic pios do interior e portanto no mbito do ensino rural A express o escola municipalizada transformou se hoje numa esp cie de slogan para os Munic pios que precisam fazer usos dos recursos do FUNDEF Concluem ainda que o processo de municipaliza o do Ensino Fundamental n o alterou substancialmente a face da escola rural uma vez que as principais modifica es se deram no estatuto jur dico da escola pela convers o de escolas estaduais em municipais e pelo agrupamento de escolas sob a pol tica de Racionaliza o de Escolas e Transporte Escolar Mas significou em geral economia de recursos dado o baixo valor estimado de custo anual por aluno o que de fato ocorreu no munic pio de Conc rdia principalmente ap s 1998 ano de implementa o do FUNDEF Nesse ano 04 escolas que antes pertenciam Rede Estadual de Ensino passaram a ser n cleos para as crian as que pertenciam a outras 25 escolas de classes multisseriadas que foram desativadas MUNIC PIO DE CONC RDIA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCA O 1998 O documento que cont m os crit rios para desativa o das escolas multisseriadas elaborado pela Secretaria de Educa o em janeiro de 1998 no qual foram considerados argumentos de fato e de direito refere se localiza o geogr fica da Unidade Escolar n
14. Esse interesse em conhecer e estudar o desenvolvimento da crian a e do adolescente deve se necessidade de estabelecer princ pios educativos e metodol gicos diferenciados para o ensino de primeiro segundo e terceiro graus Nosella observa ainda que a defesa da disciplina na educa o e nas escolas a partir das posi es de Gramsci tem como objetivo educar para uma liberdade historicamente definida Por isso dois tipos de disciplina externa e autodisciplina devem corresponder ao processo psicol gico de amadurecimento Quando Gramsci estabelece de cinco a oito horas de estudos sentados mesa desfaz segundo Nosella a id ia de que o trabalho intelectual seja algo meramente criativo O trabalho intelectual para Gramsci tamb m um esfor o muscular e nervoso Nesse sentido observa Ora estabelecer o trabalho industrial moderno como princ pio educativo significa tamb m de certa forma introduzir na escola e na educa o familiar a disciplina moderna inclusive como o fordismo a pensou a disciplina tamb m hist rica pois a pr industrial bem diferente da industrial Essa disciplina visa adquirir a autodisciplina a autonomia e a liberdade Enfim Gramsci estabelece o trabalho industrial moderno como princ pio geral de toda a educa o familiar e escolar mas com base na evolu o psicol gica do homem que estabelece princ pios educativos metodol gicos NOSELLA 2004 p 126 Como b
15. duo s demandas de conhecimento cient fico e tecnol gico e conciliar a competi o com a coopera o e a solidariedade UNESCO 1996 Diante dos desafios a educa o apresentada como um trunfo para a paz liberdade e justi a social e apta a fazer recuar a pobreza e a incompreens o social SHIROMA 2004 p 65 67 O relat rio defende tamb m que a escola deve chegar a uma id ia correta das potencialidades de cada aluno e sempre que poss vel os jovens devem poder recorrer a orientadores profissionais que os ajudem na escolha dos estudos a seguir tendo em conta as necessidades do mercado de trabalho UNESCO 1996 p 139 Observa se a partir dessa breve an lise que os organismos multilateriais est o presentes na defini o das pol ticas para a educa o Do mesmo modo esses organismos apoiaram toda a constru o dos documentos que norteiam as a es da Educa o do Campo Conv m destacar a presen a da UNESCO desde a Educa o um tesouro a descobrir Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre educa o para o s culo XXI 1996 Jacques Delors foi o membro da comiss o designado para presidir o relat rio No per odo era ministro da Economia e Finan as do Governo Franc s e ex presidente da Comiss o Europ ia 114 Confer ncia Nacional de Educa o do Campo em 1998 Posterior primeira o Semin rio Nacional em 2002 e a Il Confer ncia em 2004 tam
16. educa o na zona rural pela legisla o brasileira constatamos a aus ncia de amparo nos documentos legais A Constitui o de 1824 no T tulo 8 que trata sobre as Disposi es Geraes e Garantias dos Direitos Civis e Pol ticos dos Cidad os Brazileiros traz apenas duas indica es sobre a educa o sem nenhuma refer ncia educa o no meio rural como pode se verificar A inviolabilidade dos Direitos Civis e Pol ticos dos Cidad os Brazileiros que tem por base a liberdade a seguran a individual e a propriedade garantida pela Constitui o do Imp rio pela seguinte maneira XXXII A Instruc o Prim ria e gratuita a todos os Cidad os XXXIII Collegios e Universidades aonde ser o ensinados os elementos das Sciencias Bellas Letras e Artes BRASIL CONSTITUI O FEDERAL DE 1824 p 25 e 28 93 Para Edla Soares relatora das Diretrizes Operacionais para a Educa o B sica do Campo a aus ncia de condi es e amparo para a popula o rural significa por um lado o descaso dos dirigentes com a Educa o do Campo e do outro os resqu cios de matrizes culturais vinculadas a uma economia agr ria apoiada no latif ndio e no trabalho escravo SOARES 2001 p 03 Dessa forma observa se que no s culo XIX especialmente na d cada da promulga o da Primeira Constitui o Federal do Brasil as iniciativas de forma o das popula es do meio rural se deram nos setores do En
17. es mais amplas O trabalho com o tema gerador como in cio da pr tica pedag gica exige do educador uma vis o de totalidade para n o tornar o trabalho fragmentado e superficial uma vez que esse o elemento que permite chegar ao que a proposta denomina por t picos dos conhecimentos ou seja os conhecimentos que dever o ser trabalhados em sala de aula Isso porque de acordo com o pr prio pensamento de Freire 2005 p 97 para o educador educando di logo problematizador o conte do program tico da educa o n o uma doa o ou uma imposi o um conjunto de informes a ser depositado nos educandos mas a devolu o organizada sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada Nesse sentido a fala da comunidade representa o conjunto de informes que ap s ser discutida com os educadores ser o meio que sustentar os conte dos trabalhados em sala de aula Assim para a organiza o das aulas desenvolve se o tema gerador sempre de forma problematizadora O tema gerador extra do por meio de uma metodologia que n o pode contradizer a dialogicidade da educa o libertadora Essa metodologia pretende investigar o pensamento linguagem do homem referido realidade os n veis de sua percep o dessa 165 realidade a sua vis o de mundo em que se encontram envolvidos seus temas geradores FREIRE 2005 p 101 Segundo Zanella a raz o pel
18. essas quest es MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 P 10 A implementa o das oficinas bem como das disciplinas continuam at hoje Segundo o documento que demonstra o quadro de professores das escolas do campo observa se que todas as escolas mant m as condi es acima e todos os professores s o habilitados isto possuem gradua o rea que atuam 175 Isso tamb m representa avan o na medida em que o curr culo busca romper com as concep es folcl ricas introduzindo conhecimentos cient ficos nas pr ticas populares no caso das oficinas de produ o org nica e tamb m com a amplia o do acesso cultura elaborada no caso das demais disciplinas e oficinas ou seja prop e a supera o daquelas concep es que n o consideram o aluno em sua totalidade e avan a na supera o de um processo dual da educa o A forma o de professores tratada na primeira proposta como uma das prioridades da linha de a o tendo em vista a necessidade de atender a especificidade de forma o do professor que atua nestas escolas ou mesmo com as turmas de educa o de jovens e adultos seja ela no urbano ou n o MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 p 20 A forma o de professores como anteriormente j referido uma linha de a o da Secretaria Municipal de Educa o contudo n o h registros que demonstrem que a forma o dos professores das escolas do campo trabalhe com a especificidade com exce
19. estaria desconsiderando o ponto de partida sendo portanto injusta tal acusa o O pr prio Saviani esclarece que A cultura popular do ponto de vista escolar da maior import ncia enquanto ponto de partida N o por m a cultura que vai definir o ponto de chegada do trabalho pedag gico nas escolas Se as escolas se limitarem a reiterar a cultura popular essa cultura assistem tica e espont nea o povo n o precisa da escola Ele a desenvolve por obra de suas pr prias lutas rela es e pr ticas O povo precisa da escola para ter acesso ao saber erudito ao saber sistematizado e em consequ ncia para expressar de forma elaborada os conte dos da cultura popular que correspondem aos seus interesses SAVIANI 2003 p 80 Conforme an lise observa se que a atual Proposta de Educa o do Munic pio ou seja aquela que anteriormente denominou se por segunda preocupa 154 se com a realidade uma vez que esse foi o principal motivo da substitui o da base te rico metodol gica da Proposta de Educa o Entretanto essa preocupa o al m de n o estar ausente na proposta de Saviani n o pode perder de vista o risco de desvalorizar o conhecimento cient fico necess rio para a elabora o da cultura popular Paulo Freire na Pedagogia do Oprimido traz a discuss o da import ncia do di logo com o povo no sentido de discutir a sua vis o de mundo Diz ele que temos que estar convencidos de que a vis o do
20. mero de alunos mas somente o total de escolas desativadas 63 n o 8 Na Constitui o Federal art 212 o m nimo aplicado em educa o pelos estados e munic pios n o pode ser inferior a 25 da receita resultante de impostos 38 Escola do Campo de Lageado Paulino 2004 O trabalho foi apresentado pelos alunos na Confer ncia Municipal de Educa o do Campo 181 pontuando tamb m o per odo da desativa o MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 s p Ap s diversas an lises que possibilitam demonstrar os limites e as possibilidades das duas Propostas de Educa o do Munic pio de Conc rdia considera se importante destacar que a concep o da escola unit ria de pressupostos marxistas permitiu ressaltar que mesmo considerando as especificidades do meio onde se situa a escola do campo insere se no modelo capitalista de produ o sofrendo influ ncias tanto nas rela es de produ o quanto na educa o Mas ao tomar como princ pios a forma o humana os conhecimentos de cultura geral enfim a uni o entre trabalho manual e intelectual ci ncia e tecnologia poss vel avan ar por m n o suficiente para a supera o da dualidade existente na educa o A dualidade cidade campo ser superada com a supera o do modo de produ o capitalista que ao mesmo tempo em que determina uma interdepend ncia entre esses dois espa os provoca a exclus o social de muitos brasileiros inclusive concordienses
21. mica social e pol tica da grande propriedade e a exist ncia de uma enorme fronteira de terras livres ou pass veis de serem colonizadas pela simples ocupa o e posse Dessa forma no Brasil em toda a sua hist ria a grande propriedade dominante se imp s como modelo recebendo a maioria dos incentivos financeiros sendo que a agricultura familiar sempre ocupou um lugar subalterno na sociedade brasileira Esta configura o pode se dizer que foi herdada da forma como Portugal colonizou o Brasil e que ainda decorrente da divis o do Pa s em grandes lotes as Capitanias Heredit rias A monocultura principalmente na regi o Nordeste do pa s passou a dominar nas grandes propriedades com o algod o a cana a produ o do a car e do tabaco e as atividades acess rias a economia de subsist ncia da propriedade utilizando inclusive a m o de obra escrava Pela necessidade de alimentos a serem consumidos internamente no Brasil cria se um tipo de explora o rural diferente separado da grande lavoura S o 81 pequenas propriedades em que o trabalho realizado pelo propriet rio da terra por sua fam lia e mais raramente por um escravo A coloniza o dessas propriedades foi realizada por imigrantes estrangeiros os quais ocuparam e formaram a pequena propriedade principalmente no sul do pa s e esteve desde as primeiras coloniza es subordinada aos interesses da grande lavoura por necessitar de alimentos q
22. ncia da presen a da escola mesmo sendo multisseriada nas localidades rurais do munic pio se solidificou uma vez que se encontra nos registros dos Estudos do Plano Municipal de Educa o 2002 A Escola inserida na zona rural necessita de garantia de a es que garantam a qualidade do Ensino Fundamental observando as peculiaridades que viabilizam a perman ncia do homem no campo com reais condi es para viver e trabalhar MUNIC PIO DE CONC RDIA 2002 p 24 A concep o de educa o espec fica para as Escolas do Campo do Munic pio continuou no governo seguinte inclusive explicitando a preocupa o com as escolas no campo no plano de governo do ano 2003 da coliga o que venceu o pleito municipal e que assumiria o poder no ano seguinte Na p gina dedicada educa o encontra se a afirma o manter as Escolas do Campo PLANO DE GOVERNO 2003 Observa se portanto a concep o de uma pol tica que valoriza a cultura do campo por m nesta segunda proposta n o se prop e uma pol tica 72 O Plano Municipal de Educa o do ano de 2002 n o fora conclu do e nem aprovado pelo munic pio As informa es s o aquelas encontradas nos rascunhos do Plano mas discutidas com os profissionais do magist rio daquele per odo 149 espec fica para as escolas do campo uma vez que a concep o do tema gerador adotada para a maioria das escolas do munic pio 4 1 2 A especificidade das Concep es da
23. nica forma e nem sequer a principal Educa se atrav s da convivialidade do relacionamento informal das pessoas entre si SAVIANI 1994 p 157 158 grifos do original Nesse sentido a contradi o impressa na escola tem sua explica o pautada na hist ria isto como a hist ria chega a colocar a forma escolar como forma dominante de educa o e ao mesmo tempo question la A hist ria da escola come a com a divis o dos homens em classes que estabelecem rela es antag nicas nas quais uma classe explora a outra SAVIANI 2003 p 159 Dessa forma a escola p blica nasce com os ide logos da burguesia francesa que proclamavam a escola universal gratuita e obrigat ria portanto uma escola comum a todos que correspondia ao car ter da burguesia revolucion ria Nesse momento em que a burguesia assume o papel de intelectual org nico da sociedade a luta pela forma o e implanta o de sua hegemonia se torna condi o necess ria para a consolida o do poder Um dos instrumentos segundo Lopes para a burguesia se firmar no poder a instru o Para a autora os discursos pedag gicos n o disfar am o car ter estritamente burgu s das propostas de publiciza o da instru o Por m lembra ainda que como instrumento de hegemonia que a instru o traz em si tamb m as aspira es e pretens es da classe subalterna LOPES 1981 p 113 Isso porque no mundo que ainda era 10 Gramsci formula a di
24. o reflex o a o que para Paulo Freire ponto esclarecido O Saviani trabalha com o conhecimento de uma forma cr tica mas ele trabalha a partir do conhecimento Paulo Freire j traz toda uma dimens o social Ele olha para o conhecimento a partir do social Saviani olha pro social a partir do conhecimento que um pouco o ponto de partida O Saviani tem uma contribui o muito grande que ele abriu a perspectiva de estar trabalhando criticamente os conhecimentos e eles estarem a servi o serem uma ferramenta de an lise uma ferramenta de interpreta o uma ferramenta hist rica Por outro lado a partir de onde que a necessidade do aluno n o que ele seja equivocado mas para mim tem uma certa ruptura nesta quest o a o reflex o a o porque a o onde a crian a est onde o aluno est onde o sujeito est Ele est onde Ele est no contexto ele est no social Por isso que Paulo Freire na Pedagogia Libertadora parte dessa quest o Edione SEMED Conc rdia 2007 8 As explica es foram dadas pesquisadora pela diretora de educa o Edione Trombetta em entrevista realizada no dia 15 de janeiro de 2007 A entrevista foi gravada e transcrita mantendo fidelidade as informa es nelas apresentadas 153 preciso detalhar algumas id ias da explica o acima que parece ter conceitos um tanto complexos e precisam ser esclarecidos luz das concep es formuladas por Freire e Saviani
25. p 400 citando WHITAKER e ANTUNIASSI 1993 p 12 Os autores observam que a nuclea o pode ser comparada com o Programa de Escolas Rurais Consolidadas ERC s no per odo de 1975 1986 cuja id ia b sica era a de consolidar distritos reunindo v rias escolas isoladas e multisseriadas numa escola maior localizada num ponto central e servida por linha de nibus o que parece que aconteceu no munic pio de Conc rdia uma vez que das 04 escolas municipalizadas todas receberam alunos das escolas isoladas desativadas 118 No entanto os alunos das escolas desativadas necessitam do transporte escolar para o deslocamento at a escola n cleo Nesse sentido a nuclea o implicou num outro problema o longo tempo despendido entre a hora que a crian a sai de casa at sua chegada na escola Em algumas regi es do munic pio as crian as gastam em m dia 05 ou at mesmo 06 horas para o deslocamento de suas casas para a escola mais o retorno da escola at suas casas SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCA O 2006 Diante de todas as mudan as ocorridas a supera o dos problemas na educa o s mudou a configura o Se neste momento a educa o passa por reformas estas deveriam solucionar aquelas dificuldades que impedem o trabalho de ser realizado com a qualidade desejada Os discursos que acompanham o fazer pedag gico pensado por organismos que administram interesses comuns perpetua o dos entraves encontrados n o m
26. possibilidades e de acesso cultura geral ficou relegada apenas esfera burguesa enquanto aos trabalhadores restou uma escola dogm tica que trabalhava com as concep es folcl ricas Gramsci ao tratar das concep es folcl ricas volta o seu olhar filosofia do seu tempo e inicialmente faz uma reflex o em rela o aus ncia da cultura e da hist ria nas disciplinas escolares cujas reflex es permitem explicar a realidade Nesse sentido afirma que preciso destruir o preconceito de que a filosofia algo muito dif cil pelo fato de ser uma atividade intelectual pr pria de um determinado grupo Diz ainda que todos os homens s o fil sofos definindo os limites e as 46 caracter sticas dessa filosofia espont nea que est contida na pr pria linguagem no senso comum e no bom senso e ainda na religi o popular A partir disso distingue diferentes patamares de conhecimento filos fico sobre a realidade os quais classifica como folcl rico senso comum bom senso e senso filos fico GRAMSCI 2004 p 95 Ao tratar do senso comum Gramsci o analisa a partir de conex es entre a religi o e a filosofia Para ele religi o e senso comum s o coletivos ou seja n o existe um nico senso comum pois tamb m ele um produto e um devir hist rico A filosofia a cr tica e a supera o da religi o e do senso comum e nesse sentido coincide com o bom senso que se contrap e ao senso comum GRAMSC
27. terra e o impediria ou pelo menos dificultaria a sa da de seu habitat As principais id ias desses grupos giravam em torno de tr s quest es b sicas Moraes 2000 faz uma an lise acerca do conceito otimismo pedag gico sob o ponto de vista de Nagle 1976 e Paiva 1973 Para o primeiro Otimismo Pedag gico seria a cren a de que determinadas formula es doutrin rias sobre a escolariza o indicam o caminho para a verdadeira forma o do novo homem brasileiro escolanovismo J para Paiva o movimento se caracteriza pela preocupa o com o funcionamento eficiente e com a qualidade dos sistemas de ensino ou dos movimentos educativos Mas Moraes destaca que o que interessa salientar nessa quest o que o movimento sempre esteve ligado s propostas liberais cl ssicas que afirmam os seres humanos como eminentemente racionais e portanto capazes de estabelecer racionalmente desde que sejam oferecidas condi es ambientais favor veis quais s o os objetivos e quais as estrat gias mais adequadas para alcan los Da a import ncia da educa o MORAES 2000 p 125 127 100 A primeira trata de conceber uma escola rural t pica acomodada aos interesses e necessidades da regi o a que fosse destinada como condi o de felicidade individual e coletiva A segunda refere se a uma escola que impregnasse o esp rito do brasileiro antes mesmo de lhe dar a t cnica do trabalho racional do amanh dos campos
28. vel de desenvolvimento econ mico do pa s Isso se explicita no momento em que a reportagem aponta que enquanto a educa o brasileira n o der um salto qualitativo o pa s continuar patinando e comendo poeira dos rivais EXAME 27 09 06 p 20 30 Como se a educa o por si s fosse capaz de transformar a economia Tomar portanto o saber como mercadoria torna se uma consequ ncia do modo imperativo de como o capitalismo foi se constituindo num sistema que passa por processos individuais vazio na forma o de valores fundamentais ao humanismo bem como na pr pria aliena o do homem frente ao processo produtivo segundo os ideais liberais Essas premissas s o id ias totalmente contr rias quelas propostas por Gramsci no momento em que discute a escola unit ria Essa a tend ncia de valorizar mais o ter em substitui o ao ser em detrimento de outros valores ou seja da id ia de posse tema que discutido por Marx no momento em que analisa a propriedade privada Essas considera es levam em conta a transforma o das rela es sociais em fun o do modelo de produ o capitalista Nesse sentido Marx afirma que Para Guiomar Namo de Mello o conceito de compet ncia n o novo na psicologia nem na pedagogia A compet ncia se caracteriza como a capacidade de mobilizar conhecimentos valores decis es de agir de modo pertinente em uma determinada situa o MELLO 2004 p 55 Contudo muitos autor
29. 15 de outubro de 1827 e nico at 1946 dispunha que em todas as cidades vilas e lugares populosos haveria de ter escolas de primeiras letras Contudo a tradi o do ensino elementar como tarefa da fam lia por meio de preceptores dispensava a difus o de escolas Quando o Estado assumia esse ensino era para confirmar o discurso demag gico que permeou o discurso da elite ante a necessidade da popula o ZOTTI 2004 p 39 V se portanto que a educa o analisada por Zotti 2004 corresponde dualidade da educa o brasileira Uma educa o voltada queles que dirigem o pa s e outra para aqueles que ideologicamente precisam ser dirigidos como forma de sustentabilidade do poderio econ mico de pequenas parcelas da popula o Calazans 1993 sinaliza outras tr s ocorr ncias sobre a Educa o Rural no pa s nos anos de 1812 1826 e 1879 CALAZANS 1993 p 16 17 A primeira relativa ao Plano de Educa o de 1812 Governo de D Jo o VI inclui como um dos dispositivos que no 1 grau da instru o p blica se ensinariam aqueles conhecimentos que a todos s o necess rios qualquer que seja o seu estado e no 2 grau todos os conhecimentos que s o essenciais aos agricultores aos artistas e comerciantes 95 A segunda ocorr ncia se evidencia pela reforma de 1826 por meio do Plano Nacional de Educa o Inscreve se que no 1 ano do 2 grau se dar uma id ia dos tr s reinos da natureza insist
30. Condorcet apesar de conferir a todos o acesso instru o p blica restringia aqueles cidad os cujas circunst ncias de vida n o permitiam a continuidade dos estudos nos graus da escola francesa devido a isso que no item anterior fez se a afirma o de que o Estado burgu s ao mesmo tempo em que desarticula tamb m articula A estrat gia meio para perpetuar no poder uma 33 elite cujos precedentes fortalecem a hegemonia do estado burgu s Condorcet ao tratar da igualdade diz Que preciso dar a todos igualmente a instru o que poss vel ser estendida a todos mas n o recusar a uma parcela dos cidad os a instru o mais elevada que imposs vel fazer aquinhoar massa ativa dos indiv duos Estabelecer a primeira porque til queles que a recebem e a outra porque til mesmo queles que n o a recebem CONDORCET 1792 p 02 Isso era necess rio porque era preciso ainda desmantelar a ideologia religiosa presente na educa o uma vez que o movimento burgu s precisava implantar seu discurso Dessa forma assim manifesta se Condorcet Os princ pios da moral ensinados nas escolas e nos institutos ser o aqueles que fundados sobre nossos sentimentos naturais e sobre a raz o pertencem igualmente a todos os homens E pois rigorosamente necess rio separar da moral os princ pios de toda religi o particular e de n o admitir na instru o p blica o ensino de qualquer culto religios
31. Fundamental 67 Secretaria n o justificou essa afirma o sen o no pr prio argumento utilizado ou seja apenas nas condi es aparentes da escola seriada ser maior em termos de estrutura f sica e n mero de professores Apesar de proporcionar melhores condi es do que aquelas at o momento oferecidas essa a o estudar em uma escola maior n o garante uma melhor aprendizagem dos alunos Isso porque se fosse condi o para promover a aprendizagem teria que desconsiderar todos aqueles aspectos que fizeram parte da preocupa o de Gramsci no momento em que quis compreender o desenvolvimento da crian a e as implica es do processo de desenvolvimento da adolesc ncia Parece mesmo esse fundamento utilizado pelo rg o gestor ter permanecido nos discursos apoiados nas bases do psicologismo uma vez que n o se levaram em conta as condi es reais de vida de trabalho destas crian as e de suas fam lias Considerou se apenas a efici ncia e a efic cia da jun o de crian as no intuito de reuni las em um nico espa o possibilitando conforme o documento da Secretaria Municipal de Educa o uma educa o que auxilie e facilite o processo ensino aprendizagem e a socializa o dos alunos com crian as de outras comunidades SEMED 1998 s p oportuno destacar que mesmo expressos no documento de desativa o das unidades escolares motivos que voltam seu olhar para o aluno sobrep em se motivos que
32. Programa de Gotha elaborada por Marx Agora de forma a dar maior sustentabilidade s discuss es anteriores toma se o m todo dial tico explicitado por Marx em A Cr tica da Economia Pol tica MARX 2001 Nesse sentido o concreto concreto porque s ntese de m ltiplas determina es e por isso a unidade do diverso MARX 2001 p 15 Isso porque aquilo que a primeira vista apresenta se como concreto apenas uma abstra o do todo que o comp e E apesar de j se referir a esta cita o no terceiro cap tulo importante repetila agora no intuito de realizar outras aproxima es Parece correto come ar pelo real e o concreto pelo que se sup e efetivo por exemplo na economia partir da popula o que constitui a base e o sujeito do ato social da produ o no seu conjunto Contudo a um exame mais atento tal fato revela se falso A popula o uma abstra o quando por exemplo deixamos de lado as classes de que se comp e Por sua vez estas classes ser o uma palavra oca se ignorarmos os elementos em que se baseiam por exemplo o trabalho assalariado o capital etc Estes ltimos n o nada sem o trabalho assalariado sem o valor sem o dinheiro sem os pre os etc MARX 2001 p 14 171 Assim Marx esclarece que ao contr rio do que Hegel concebia o m todo que consiste em elevar se do abstrato ao concreto para o pensamento apenas a maneira de se apropriar do concreto d
33. Proposta de Educa o do Munic pio A Proposta de Educa o do Campo de Conc rdia est dividida em tr s partes sendo que na primeira est expresso o referencial te rico na segunda o projeto pol tico pedag gico e por fim a an lise das a es da proposta CONC RDIA 2004 Como j explicado anteriormente esta proposta orientada pela proposta geral do Munic pio baseada nos pressupostos te rico metodol gicos de Dermeval Saviani Contudo em 2005 mantido o mesmo governo municipal em fun o da reelei o houve algumas mudan as na forma de organizar a Educa o principalmente em rela o ao referencial te rico metodol gico uma vez que a equipe pedag gica da Secretaria Municipal de Educa o de uma gest o para outra mudou provocando com isso ruptura com a proposta metodol gica anterior e implanta o de uma nova Em primeiro lugar a primeira proposta foi elaborada especificamente para a Educa o do Campo e agora n o mais uma vez que foi adotada uma s proposta para toda a Educa o Municipal Al m dessa mudan a a segunda proposta apesar de manter o embasamento de Saviani introduz o pensamento de Paulo Freire O documento Proposta Pedag gica da Secretaria Municipal de Educa o de Conc rdia 2005 2008 defende que a abordagem te rico metodol gica que permeia a constru o do trabalho pedag gico e da organiza o das rela es escolares parte da concep o do materi
34. agr cola foi chamada de Revolu o Verde Essa n o se preocupou com os impactos sociais causados os quais t m resultado em quest es como a m distribui o das terras nas prec rias condi es sociais da pequena propriedade e inclusive no xodo rural No Brasil o xodo rural se tornou um problema por n o haver alternativas de viabiliza o para a popula o rural ou quando houve n o conseguiu atingir a todos Ainda que a agroind stria seja a base da economia do munic pio a agricultura familiar absorve grande parte da regi o e dos trabalhadores rurais E s o esses agricultores familiares que produzem a mat ria prima para a agroind stria que ao processar o produto agr cola emprega o trabalho assalariado Dessa forma observa se que sob a divis o social do trabalho campo e cidade s o Bernardo Man ano Fernades 2004 S rgio Celani Leite 1999 St dile 1997 440 item 2 2 3 ir se ocupar de conceituar Agricultura Familiar e estabelecer rela es 91 inst ncias interdependentes Para Martins 2004 p 21 quando o capital aproxima as rela es entre campo e cidade no entanto o pr prio desenvolvimento capitalista com suas especificidades resiste Martins 1982 p 14 lembra que Enquanto a mercadoria do oper rio a for a de trabalho a mercadoria do lavrador o produto do trabalho Assim o trabalho sob o capital tem formas peculiares no campo e a explora o do rural difer
35. as no plano econ mico pol tico e social determinaram reformas cujos reflexos se estenderam ao mbito da educa o Nesse per odo o Brasil passou por um processo de moderniza o capitalista cujo modelo de desenvolvimento tomou por base a globaliza o da 8 As refer ncias sobre o tema anteriores a 1980 utilizam essa denomina o como por exemplo os Programas Educacionais desenvolvidos no Brasil durante quase todo o s culo XX Ruralismo Pedag gico d cada de 20 Miss es Rurais 1947 104 economia e a difus o da acumula o flex vel como paradigma de organiza o e trabalho PERONI 2008 p 16 Assim ainda que as quest es referentes ao campo tenham ocupado maior espa o na formula o das pol ticas p blicas estas tendem a se adaptar s exig ncias do modelo capitalista pois a auto organiza o da sociedade civil orientada para a defesa de interesses puramente corporativos os quais regulados pela l gica do mercado e onde isso n o foi poss vel arbitrados por uma burocracia estatal racionalizadora terminam por produzir a ordem capitalista NEVES 2000 p 17 A partir dessa tica a organiza o e a produ o da vida material objetiva ou subjetiva t m caracter sticas peculiares em fun o das mudan as que v m ocorrendo na esfera do mercado e do Estado Esses s o processos distintos mas fazem parte de um mesmo movimento hist rico no qual presenciamos a reestrutura o pr
36. concep o de educa o surgida no seio das quest es sociais do MST e a educa o proposta n o trata apenas de uma reflex o sobre campo e cidade uma reflex o sobre a educa o necess ria classe trabalhadora e sobre as desigualdades que caracterizam o pa s SOUZA 2006 p 23 128 O MST possui a especificidade de ultrapassar os limites do tradicional conceito de movimento social Possui condutas de movimento reivindicat rio pol tico e antagonista Compreendemos portanto o MST como um movimento social sem esquecer que ele carrega caracter sticas de sujeitos coletivos que est o na esfera do Terceiro Setor pois um movimento que possui uma rede de rela es que gera forma o escolar t cnica que gera parcerias e assessorias que luta por poder nas rela es sociais que constr i e naquelas que participa como parceiro SOUZA 2006 p 21 A partir disso a preocupa o do Setor de Educa o relaciona se com o pensar e projetar uma educa o do campo e n o uma educa o para o campo evidenciando dessa forma as especificidades dos sujeitos que participam da escola do campo Nesse sentido Souza 2006 p 40 41 diz que poder amos pensar que se trata de uma educa o da classe trabalhadora independente da realidade campo ou cidade De fato ao considerar a classe trabalhadora enquanto aquela que detentora da for a de trabalho e que explorada por aqueles que det m os meios
37. conex o da escola com a realidade principalmente pelas abordagens te ricas utilizadas salvo os limites apontados at o momento Nesse sentido h ainda outros aspectos que devem ser analisados sob a refer ncia definida nesta pesquisa qual seja a concep o de escola unit ria Outros avan os com rela o primeira proposta podem ser identificados na inclus o de algumas disciplinas que anteriormente n o existiam no curr culo Essas disciplinas Educa o F sica Xadrez e L ngua Estrangeira que por necessitarem de professores habilitados na rea eram inexistentes nas escolas de classe multisseriada Elas existiam apenas nas escolas de classes seriadas E isso foi uma justificativa utilizada pela Secretaria de Educa o do Munic pio em 1998 para justificar o processo de fechamento das escolas Naquele momento a quest o da qualidade de ensino e um professor para cada s rie era proposta atraente comunidade escolar acostumada com apenas um professor e sem nenhuma outra disciplina ou professor que n o aquilo que os professores ofereciam Tamb m em 2002 foi implantado o programa das oficinas s cio educativas nas escolas do campo inclusive nas de classes multisseriadas Essas oficinas ministradas semanalmente como as demais disciplinas tinham seu conte do voltado para a forma o de leitores e produ o org nica essa ltima por se entender que a escola estando inserida num espa o rural poderia trabalhar com
38. contr rio Nesse sentido Gruppi explica que h a inexist ncia de uma teoria sobre Estado burgu s Explica que n o existe uma teoria cient fica de como nasce o Estado por que nasce e por 30 quais motivos mas existe sim uma justificativa ideol gica ou seja os homens existem primeiro individualmente para depois se constitu rem em sociedade Tampouco cient fico que o Estado funda a sociedade civil GRUPPI 1985 p 24 z Esta vis o organicista do Estado criticada por Marx Dizia ele que os preceitos do Estado burgu s liberdade e igualdade davam se apenas para uma parcela da popula o importante destacar que justamente nesse Estado burgu s que se origina a escola p blica tamb m constitu da pelos interesses burgueses Marx n o chegou a formular um conceito de Estado mas forneceu a teoria fundamental a partir da qual se p de construir tal conceito Para Marx a estrutura econ mica est na base do pr prio Estado GRUPPI 1985 p 28 Engels segundo Gruppi 1985 o qual se ocupou da contribui o marxista traz o conceito de Estado como express o da domina o de uma classe a necessidade de regulamentar juridicamente a luta de classes de manter determinados equil brios entre as classes em conformidade com a correla o de for as existentes a fim de que a luta de classe n o se torne dilacerante O Estado a express o da domina o de uma classe mas tamb m um momento de equ
39. da educa o na escola para o povo No campo a situa o se agrava ainda mais uma vez que as condi es f sicas de material e at mesmo da forma o de professores s o suficientes apenas para imprimir o discurso burgu s da oferta de escolas mas n o com a qualidade que deveria ter Pode se afirmar inclusive que a condi o de existir da 66 escola p blica no campo hoje se assemelha s escolas de primeiras letras presentes no Brasil no in cio do s culo ofertadas apenas para o n vel elementar perpetuando o dom nio ideol gico da elite agr ria sobre o povo prolet rio A proposta liberal de unifica o escolar compreende ainda que se existem diferen as entre escolas essas n o s o atribu das aos fatores ambientais e aos condicionantes s cio pol ticos mas a problemas individuais que devem ser resolvidos por crit rios psicopedag gicos no interior da escola MACHADO 1989 p 73 V se portanto que ao anular a escola de toda e qualquer inser o social d se a ela um car ter homogeneizador como se todos os alunos tivessem a mesma condi o pol tica social econ mica e cultural Nesse sentido ignoram se as desigualdades sociais e padroniza se o ensino Essas caracter sticas s o contr rias aos princ pios da Escola Unit ria de Gramsci uma vez que a educa o deveria unir a escola vida N o inten o desta pesquisa pormenorizar trabalhos que tenham percorrido an lises acerca de
40. dar o simultaneamente N o h portanto uma consci ncia antes e um mundo depois e vice versa FREIRE 2005 p 81 No que se refere ao homem concreto sua concep o n o se contrap e aos princ pios defendidos por Saviani nem com os fundamentos de Gramsci e Pistrak Mas Zanella ressalta que para Freire estudar a realidade estudar o pensar do sujeito sobre a realidade mas acrescenta que 82 O pragmatismo valoriza a pr tica imediata mais do que a teoria e considera que devemos dar mais import ncia s consequ ncias e efeitos da a o do que a seus princ pios e pressupostos ZANELLA 2007 p 08 apud JAPIASSU e MARCONDES 1996 p 218 166 O educador mediante o m todo da problematiza o busca desvelar a realidade do pensamento dos educandos Mas como desvelar a realidade Coerente com o m todo fenomenol gico Freire mostra que o caminho pelo qual h uma emers o das consci ncias que se inserem criticamente na realidade parece ser poss vel realizar o processo de reflex o que problematiza o pensar sem a media o da teoria pois n o se trata de investigar a realidade objetiva no sentido do realismo filos fico mas de problematizar a realidade enquanto o pensar do sujeito sobre a mesma ZANELLA 2007 p 18 grifos do original Nesse sentido Freire coloca no ponto de partida a transforma o dos sujeitos oprimidos e esses para promover tal empreendimento necessitam de uma pedagogia que s
41. de Paulo Freire 136 Outros autores como Pistrak e Vygotsky s o fontes epistemol gicas das propostas as quais contribuem para que na escola se compreenda a pr pria realidade E por fim o terceiro per odo depois de 1996 at nossos dias cujo trabalho volta se formula o de propostas educacionais com secretarias municipais de educa o com governos estaduais com o governo federal e com as universidades Apesar de todos os questionamentos as proposi es que permeiam as discuss es da Educa o do Campo requerem uma educa o voltada n o aos interesses capitalistas mas para a humaniza o do homem que vive e trabalha na terra O sil ncio e a nega o de direitos fundamentais para o campo t m suas origens na pr pria hist ria de coloniza o explora o do Brasil inclusive o acesso educa o Contudo a dualidade e a exclus o n o atingiram nica e expressamente o povo do campo mas toda a classe trabalhadora A partir disso explicitou se at aqui de forma geral e sucinta a concep o de Educa o do Campo a partir dos seus principais propositores Esses por sua vez reivindicaram que a pol tica ora em constru o fosse reconhecida pelo Estado O documento produzido em 2002 quando da realiza o do Semin rio Nacional traduz a vontade coletiva dos presentes apresentando as propostas de a o para o novo governo No item 12 evidencia se o pedido de criar no MEC uma Secretaria ou Coorden
42. de alto e profundo sentido ruralista capaz de lhe nortear a a o para a conquista da terra dadivosa e de seus tesouros com a convic o de ali encontrar o enriquecimento pr prio e do grupo social de que faz parte isto em oposi o escola liter ria que desenraizava o homem do campo E por ltimo a id ia de uma escola ganhando adeptos voca o hist rica para o ruralismo que h neste pa s Os homens que perturbam essa voca o diziam os ruralistas criando primeiro centros acad micos para doutores e depois uma ind stria muitas vezes artificial que se alimentava em alguns casos de mat ria prima importada CALAZANS 1993 p 18 19 O ide rio do ruralismo pedag gico durante cinco d cadas norteou muito dos estudos e levantamentos nessa rea Tamb m foi um marco significativo para a realiza o do Oitavo Congresso Brasileiro de Educa o 1942 ocasi o em que se reafirma a necessidade da forma o do aluno com consci ncia c vica e trabalhista dentre outros ideais alicer ados nos princ pios do governo Vargas do Estado Novo Para Leite 1999 esse Congresso de Educa o apenas preconizou que se a antiga oligarquia j n o mais existia no momento a nova oligarquia estava no poder t o conservadora quanto anterior por m referindo se obviamente burguesia em ascens o Indiretamente esse congresso foi porta voz dessa nova oligarquia LEITE 1999 p 31 Calazans 1993 dest
43. de aproximar o aluno da classe trabalhadora a uma reflex o cujo conte do pode contribuir para a efetiva o de uma sociedade menos desigual que as desigualdades sociais decorrentes do modo de produ o capitalista apesar de persistentes tomam novas configura es e a partir disso a escola se redefine Nesse sentido alguns limites se imp em na proposta de educa o do campo no munic pio de Conc rdia Pode se destacar que s discuss es puseram em evid ncia que um dos aspectos da contradi o anteriormente explicitada n o poss vel superar a dualidade na escola por meio de propostas educacionais diferenciadas seja para grupos sociais da mesma Apesar das refer ncias nessa pesquisa referirem se ao ano de 2004 quando citada a Proposta de Educa o do Campo de Conc rdia o documento esclarece que desde 2001 iniciou se uma proposta diferenciada para a Educa o do Campo MUNIC PIO DE CONCORDIA 2004 p 04 188 classe trabalhadores da cidade ou do campo ou mesmo para diferentes classes a supera o se d somente com a igualdade do direito A partir dessa constata o que se apoiou na concep o de escola nica de Gramsci e na Cr tica ao Programa de Gotha de Marx opondo se aos preceitos da escola nica liberal evidencia se que as novas concep es neoliberais da organiza o da educa o retomam e refor am a dualidade por meio da nfase nas diferen as que se manifesta
44. de novas linhas de produ o e nichos de mercado As d cadas de 1970 e 1980 foram segundo Harvey 2005 p 140 um conturbado per odo de reestrutura o econ mica e de reajuste social e pol tico No espa o criado por essas oscila es e incertezas numa s rie de novas experi ncias nos dom nios da organiza o industrial e da vida social come aram a se formar outras organiza es sociais Para Harvey 2005 p 140 essas experi ncias representam os primeiros mpetos da passagem para um regime de acumula o inteiramente novo associado com um sistema de regulamenta o pol tica e social bem distinta Harvey chama a aten o ao fato de que esse novo modelo o qual denominou de acumula o flex vel se caracteriza por novos setores de produ o novos mercados novas formas tecnol gicas e organizacionais A acumula o flex vel envolve r pidas mudan as dos padr es do desenvolvimento desigual tanto entre setores como entre regi es geogr ficas A partir dessa nova configura o estrutural do mercado as rela es de trabalho tamb m se redimensionaram O processo de acumula o flex vel traz consequ ncias diretas sobre os trabalhadores pois com o crescimento do desemprego estrutural os empregadores exercem maior press o sobre a for a de trabalho impondo regimes e contratos que se tornam mais flex veis Al m do desemprego estrutural h uma redu o do emprego regular e um aumento de traba
45. desta pesquisa t m somente a inten o de contribuir no sentido de indicar media es necess rias para que as propostas de mudan a apresentadas avancem ainda mais mesmo diante das in meras dificuldades daqueles que lutam pela coletividade e pelo direito educa o Nessa dire o prop e se Tomar a realidade espec fica do campo como ponto de partida para a elabora o de uma proposta pedag gica para toda a classe trabalhadora no sentido de avan ar na dire o da supera o da dualidade na educa o Retomar a id ia de um curr culo b sico que contemple as necessidades e os interesses da classe trabalhadora a partir do atual contexto econ mico e pol tico Avaliar as metodologias adotadas tendo como refer ncia o conhecimento cient fico e a necessidade de superar uma vis o idealista e rom ntica Avaliar as propostas de nucleariza o das escolas tendo em vista as condi es objetivas de acesso dos alunos Observar a positividade da escola multisseriada pois essa uma caracter stica dos munic pios pequenos em como organizar a educa o Agora se n o apresentar condi es necess rio articular uma pol tica p blica de educa o para aqueles que precisam locomover se para outras escolas que n o quela de sua comunidade para estudar Por m tudo isso de forma que n o perca a vis o de totalidade no processo de constru o assimila o dos conhecimentos e sem deixar os alunos fadados ao is
46. deveria segundo Gramsci corresponder ao per odo representado hoje pelas escolas prim rias e m dias O n vel inicial n o deveria ultrapassar tr s ou quatro anos e ao lado do ensino das no es instrumentais ler escrever fazer contas conhecimentos de geografia e hist ria deveria trabalhar elementos primordiais de uma concep o de mundo que lutasse contra as concep es folcl ricas Para ele o problema did tico a resolver o de abrandar e fecundar a orienta o dogm tica que n o pode deixar de existir nestes primeiros anos GRAMSCI 2004 p 37 Por m ao tratar das fases posteriores Gramsci observa que no ensino tradicional h pouca diferen a entre as fases anteriores e o liceu Segundo Gramsci de fato entre liceu e universidade isto entre a escola propriamente dita e a vida existe um salto uma verdadeira solu o de continuidade n o uma passagem racional da quantidade idade qualidade maturidade intelectual e moral GRAMSCI 2004 p 38 Nesse sentido essa ltima fase da escola unit ria deveria criar os valores fundamentais do humanismo a autodisciplina intelectual e moral para uma posterior especializa o Gramsci esclarece que seria nessa ltima fase o per odo que inicia o aprendizado dos m todos criativos na ci ncia e na vida Apesar de toda a escola unit ria ser ativa Gramsci diz estar ainda na fase rom ntica da escola ativa por m necess rio segundo ele e
47. deveria colher e vender tanto mais tinha a necessidade de terra proporcionalmente ao tamanho de sua fam lia para que pudesse cobrir suas despesas permanecendo id nticas s condi es de produ o Ele n o podia modificar sua vontade o modo de produ o j estabelecido n o podia aumentar a extens o de sua terra KAUTSKY 1980 p 33 Assim com uma fam lia numerosa n o tendo onde trabalhar a fam lia camponesa reduziu se o m ximo poss vel Outra raz o para isso foi que o trabalho na agricultura n o exigia sempre o mesmo gasto de trabalho em fun o da cultura a ser desenvolvida e do pr prio clima Se n o havia trabalho na lavoura a fam lia rural 33 Sistema de tr s afolhamentos era a maneira como era utilizada a terra na Idade M dia nos feudos para melhor aproveitamento do solo HUBERMANN 1986 75 passava a trabalhar em casa Por m com a substitui o da ind stria dom stica camponesa pela ind stria urbana a fam lia rural teria que ter poucos integrantes pois n o haveria alimentos para todos Desta forma os trabalhadores que permanecem no campo s o aqueles que suprem o trabalho agr cola Mas o trabalho na lavoura n o basta para sobreviver ent o se tornam oper rios assalariados os quais s s o ocupados durante o tempo de servi o mais duro e que podem ser dispensados logo que n o se tenha a necessidade deles KAUTSKY 1980 p 34 O fortalecimento da propriedade privada a supress
48. do corpo disciplinar escolar foi tamb m conferida aos Estados a responsabilidade de manuten o da educa o nos n veis prim rio e m dio Por m como ocorreu em outras legisla es j anteriormente citadas essa descentraliza o do ensino acabou mais uma vez por omitir o acesso educa o principalmente aqueles que viviam no meio rural Deixando a cargo da municipalidade a estrutura o da escola fundamental na zona rural a Lei 4 024 omitiu se quanto escola do campo uma vez que a maioria das prefeituras municipais do interior desprovida de recursos humanos e principalmente financeiros Desta feita com uma pol tica educacional nem centralizada nem descentralizada o sistema formal de educa o rural sem condi es de auto sustenta o pedag gica administrativa e financeira entrou num processo de deteriora o submetendo se aos interesses urbanos LEITE 1999 p 39 Assim a escola para a classe trabalhadora inclusive para a rural vai se moldando conforme as reformas educacionais n o diferentes a partir desta data Nos anos seguintes as quest es educacionais v o sendo discutidas por meio de reformas 103 2 3 A EDUCA O DO CAMPO E AS REFORMAS As discuss es acerca da educa o do campo com esta denomina o s o recentes tendo em vista o tratamento anteriormente dado a ela ainda denominada de educa o rural J na d cada de 1980 iniciaram se as discuss es intensificadas nos ano
49. do desenvolvimento da educa o rural em meio a um contexto de desenvolvimento do pa s principalmente a partir do in cio do s culo XX Por m anterior tomada educacional o cap tulo procura mostrar como se desenvolveu a quest o agr ria o processo de desenvolvimento da agricultura capitalista inclusive com uma tomada das quest es agr rias do s culo XVIII em plena ascens o do capitalismo e decorrente disso das modifica es nas rela es entre a cidade e o campo Decorrentes desse processo ocorreram in meras modifica es na forma de organizar a vida na sociedade contribuindo portanto para o processo de imigra o entre alguns pa ses europeus e o Brasil Este ltimo sofreu forte coloniza o inclusive de alem es e italianos principalmente no sul do Brasil formando assim a pequena propriedade rural fato esse que ocorreu tamb m no Munic pio de Conc rdia As modifica es introduzidas pelo modo capitalista de produ o modificaram a agricultura e as rela es sociais implicando na necessidade de um sistema de ensino que atendesse s exig ncias para o desenvolvimento No Brasil apesar dessas mudan as j se manifestarem no momento da coloniza o secundarizou a quest o da educa o no meio rural uma vez que esta surge tarde e descont nua 12 As transforma es no mbito econ mico social e pol tico das ltimas d cadas do s culo XX modificaram as rela es existentes entre cidade campo fa
50. do ensino que est vinculado com a nega o da ci ncia o que acaba contribuindo para o interesse da burguesia qual seja o da nega o do ensino das ci ncias Zanella 2004 p 10 conclui que a nega o ou a secundariza o desses conhecimentos na escola significa marginalizar as futuras gera es da sociedade tecnol gica e inform tica 135 Com rela o pr xis o documento vai enfatizar que o desafio que se imp e aos sujeitos do campo o de avan ar na clareza te rica constituindo te rica e politicamente o conte do e a forma desta nova bandeira CALDART 2005 p 15 A autora acrescenta ainda que o desafio te rico atual o de construir o paradigma contra nhegem nico da Educa o do Campo produzir teorias construir consolidar e disseminar as concep es ou seja os conceitos o modo de ver as id ias que conformam uma interpreta o e uma tomada de posi o diante da realidade que se constitui pela rela o entre campo e educa o Mais adiante a autora continua dizendo que n o se trata de inventar um ide rio para a Educa o do Campo mas de abstrair das experi ncias e das viv ncias do movimento um conjunto de id ias que possa orientar o pensar e projetar outras pr ticas e pol ticas de educa o CALDART 2005 p 16 17 Nesse sentido para elaborar esse projeto de educa o preciso segundo Caldart 2005 p 21 22 dialogar com a teoria pedag gica cr tica que nesse cas
51. do s culo XX coloca a grande lavoura como principal causa por ser fonte da riqueza e da acumula o de capitais De fato a luta pela terra no Brasil uma luta n o somente pela posse dos meios de produ o como m quinas ou quaisquer outros instrumentos principalmente uma luta que se configura pelo n o monop lio da terra ou seja pelo direito a todos por terra Isso significa que a terra ainda hoje o principal elemento da agricultura como era no per odo colonial e nas rela es feudais Se n o fosse com a penetra o do capitalismo a terra n o ocuparia mais o centro das disputas Mas importante considerar que terra sem meios n o produz Dessa forma a uni o das duas condi es s o fundamentais para a consolida o do trabalho agr cola O grupo liderado por Celso Furtado ST DILE 1997 p 15 no Governo Goulart defendia a id ia de que o Brasil vivia um processo de subdesenvolvimento porque n o havia um mercado interno capaz de sustentar um amplo processo de industrializa o baseado na produ o de bens de consumo n o dur veis a serem adquiridos por amplas camadas da popula o J outra corrente a defendida pelo economista Paul Singer idem p 17 baseava se na doutrina social da Igreja que apregoava uma reforma agr ria como viabiliza o do ideal crist o de justi a social e da pequena propriedade Apesar dessas correntes apontarem diversas origens para os problemas que permeiam o c
52. duo humano a cultura geral ainda indiferenciada foi criando se paulatinamente todo um sistema de escolas especializadas de diferentes n veis para inteiros ramos profissionais ou para profiss es j especializadas e indicadas mediante uma precisa especifica o GRAMSCI 2004 p 32 33 Nesse contexto observa se que a dualidade uma caracter stica pr pria da sociedade dividida em classes Ent o a crise institucional a que Gramsci se referia ao propor a escola unit ria diz respeito ao fato de que esse processo de diferencia o e particulariza o da escola ocorria de modo ca tico e sem um plano bem estruturado e estudado Para ele a crise do programa e da organiza o escolar ou seja de uma pol tica de orienta o geral de forma o de modernos quadros de intelectuais era devida em grande parte a uma complexifica o da crise org nica mais ampla e geral da sociedade Conclu a ainda que a divis o da escola em cl ssica e profissional era um esquema racional de divis o para as classes ou seja a escola profissional para a classe instrumental e a cl ssica para as classes dominantes e seus intelectuais Esse tipo de dualidade deveria segundo Gramsci ser abolida Este autor questiona a tend ncia atual de abolir qualquer tipo de escola desinteressada n o 22 A crise escolar caracterizada pela separa o entre a escola e a vida O fato de que um clima e um tal modo de vida tenham entrado em ago
53. e complementar do processo educativo ao lado do ensino e de suas variadas formas mas se insere no ensino pelo conte do e pelo m todo MANACORDA 1996 p 135 Marx ao questionar um ensino igual para todos parece reafirmar a recusa de uma educa o igual para todas as classes sem o risco evidentemente de um rebaixamento de n vel como hoje se diz Isso segundo Manacorda significa tamb m confirmar a aut noma validade daquela forma o intelectual que nas Instru es de 1866 era primeiramente colocada como componente do ensino sem adjetivos No entanto justamente pelas aspas na sociedade atual reafirma se indiretamente que na sociedade do futuro ser diferente n o a toa que o v nculo ensino trabalho aparece aqui formulado como um dos mais potentes meios de transforma o da sociedade atual MANACORDA 1996 p 39 40 59 1 4 4 A organiza o da escola unit ria Em meio a tais observa es Gramsci tamb m vai pensar a organiza o da escola unit ria suas divis es e os respectivos conte dos de ensino que s o de extrema import ncia para o pensamento educacional gramsciano uma vez que ao referir se escola nica inicial preocupa se com a idade do jovem como ocorre seu desenvolvimento intelectual e os fins que a pr pria escola pretende alcan ar Sugere ent o uma divis o da Escola Unit ria em elementar ginasial e m dia ou liceu MANACORDA 2000 p 39 Dessa forma a escola unit ria
54. em lt www inep gov br gt Acessado em 08 11 06 MARTINS F J Gest o democr tica e ocupa o da escola O MST e a Educa o Porto Alegre EST 2004 MARX K ENGELS F A Ideologia Alem S o Paulo 2002 O Manifesto do Partido Comunista S o Paulo Martins Claret 2004 Obras Escolhidas v 2 Rio de Janeiro Editora e Gr fica Polar 1961 MARX K O Capital Cr tica da Economia Pol tica O Processo de Produ o do Capital Livro 1 v 1 Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2004 Contribui o cr tica da economia pol tica 2 ed S o Paulo Martins Fontes 1988 MEC Diretrizes Operacionais para a Educa o B sica nas Escolas do Campo Bras lia 2002 _ Plano Nacional de Educa o Bras lia 2003 Grupo Permanente de Trabalho de Educa o do Campo Refer ncias Para Uma Pol tica Nacional de Educa o do Campo Caderno de Subs dios Bras lia 2008 MELLO G N De Educa o Escolar Brasileira O que trouxemos do s culo XX Porto Alegre Artmed 2004 MOCHCOVITCH L G Gramsci e a Escola S rie Princ pios 3 ed S o Paulo tica 2001 195 MOLINA M C JESUS S M S A de orgs Por Um Educa o do Campo Contribui es para a Constru o de um Projeto de Educa o do Campo Cad 5 Bras lia DF 2004 MONTEIRO J C O processo de trabalho e o desencadeamento dos agravos sa de dos trabalhadores rurais um estudo ergon mico em Santa Catarina Tese de
55. escola p blica est portanto articulada aos interesses da classe burguesa dominante e cabe ao Estado o papel de atend los por meio da defini o de seus princ pios conte dos e formas de organiza o Bloco hist rico existe quando se v realizada a hegemonia de uma classe sobre o conjunto da sociedade Deve ser visto como o complexo de atualiza o de uma hegemonia determinada numa dada situa o hist rica Verifica se a exist ncia de um bloco hist rico precisamente quando pela hegemonia que exerce a classe dirigente chega a fazer passar os seus pr prios interesses pelos interesses do conjunto do corpo social e a sua vis o do mundo que reflete justifica e legitima o seu dom nio como vis o universal GRISONE amp MAGGIORE 1974 p 218 citado por MOCHCOVITCH 2001 p 44 32 Nesse sentido desde a sua origem a escola p blica liberal estendia o direito educa o ao povo contudo tinha em seu poder o controle ideol gico Essa forma de organizar a escola est impl cita no discurso de Condorcet d cada de 90 s culo XVI Esse apesar de demonstrar tend ncia expans o da instru o por meio dos princ pios da universalidade gratuidade obrigatoriedade e liberdade atendia apenas a interesses pr prios Quando por exemplo Condorcet 1972 p 04 prop e a organiza o do ensino em cinco graus de instru o escolas prim rias escolas secund rias institutos liceus e sociedade naciona
56. essa dualidade sugeria uma escola t cnica mas que unisse o conte do te rico e pr tico O que significa levar em conta as especificidades decorrentes das desigualdades mas sem esquecer a necessidade de buscar a supera o da desigualdade Manacorda observa que Marx refere se sociedade atual pela indica o de aspas como aquela que se apresenta em seu tempo mas que na sociedade do futuro ser diferente Por isso n o toa que o v nculo ensino trabalho apare a como um dos meios potentes para explicar a transforma o da sociedade atual e evidenciar a necessidade de supera o da dualidade MANACORDA 1996 p 39 40 A partir dessa reflex o preciso elucidar que o desejo desses movimentos sociais a efetiva o de uma escola do campo espec fica para um determinado segmento da classe trabalhadora na qual se encontram muitos outros grupos pertencentes a essa mesma classe Essa educa o espec fica requer que a escola esteja atrelada aos problemas e aos anseios dos povos do campo No mesmo caderno quatro que fruto do Semin rio realizado em Bras lia 2002 h em diversos momentos a afirma o de que a escola do campo tem que ser espec fica Reconhecemos a caminhada dos Movimentos Sociais do Campo como express o do povo organizado que faz e que pensa sobre a vida no e do campo Das suas pr ticas de organiza o de luta social e de educa o podemos extrair muitas li es para a educ
57. fil sofos mas aquela baseada na atividade pr tica imediata que se torna aceita pela maioria na solu o e na explica o das quest es cotidianas Mas isso n o significa para Gramsci uma forma nica de interpretar a realidade O senso comum n o uma concep o nica id ntica no tempo e no espa o o folclore da filosofia e como o folclore apresenta se em inumer veis formas seu tra o fundamental e mais caracter stico o de ser uma concep o inclusive os c rebros individuais desagregada incoerente inconsequente conforme a posi o social e cultural das multid es das quais ele a filosofia GRAMSCI 2004 p 114 13 A educa o do campo nesse momento diz respeito s proposi es contidas nos documentos elaborados pelo Movimento Nacional Por Uma Educa o do Campo n o se tratando portanto da Proposta de Educa o do Campo de Conc rdia Na sequ ncia o trabalho explanar essas divis es Ao se referir pr xis o documento ressalta a import ncia de se avan ar na clareza te rica e de projeto para poder dar um salto de qualidade na luta pol tica e nas pr ticas pedag gicas produzidas at aqui MOLINA 2005 caderno 05 p 15 48 Para Gramsci quando se elabora na hist ria um grupo social homog neo elabora se tamb m contra o senso comum uma filosofia homog nea isto coerente e sistem tica A essa concep o Gramsci faz uma cr tica ao Ensaio Popular que diz
58. homens homens FREIRE 2005 p 102 151 A partir disso para chegar defini o do tema gerador preciso problematizar a realidade situa es limites para que se possa chegar a uma compreens o antes n o tida A investiga o do tema gerador se realiza por meio de uma metodologia conscientizadora e permite uma ponte entre o que cada um j sabe com o saber que est prestes a ser constru do pela rela o intersubjetiva produzida a partir do grupo em partilha ON AY 2008 p 100 Percebe se assim que a primeira proposta difere da segunda pois est o pautadas em bases filos ficas que mesmo tendo alguns princ pios em comum n o necessariamente est o baseadas nos mesmos fundamentos filos ficos Para Gramsci Na realidade n o existe filosofia em geral existem diversas filosofias ou concep es do mundo e sempre se faz uma escolha entre elas Como ocorre esta escolha E esta escolha um fato puramente intelectual ou um fato mais complexo E n o ocorre frequentemente que entre o fato intelectual e a norma de conduta exista uma contradi o Qual ser ent o a verdadeira concep o do mundo a que logicamente afirmada como fato intelectual ou a que resulta da atividade real de cada um que est impl cita na sua a o E j que a a o sempre uma a o pol tica n o se pode dizer que a verdadeira filosofia de cada um se acha inteiramente contida na sua pol tica 1995 p 14 Sobre a quest
59. lhes absorva toda a for a de trabalho garantindo lhes a subsist ncia e o progresso social e econ mico com rea m xima fixada para cada regi o e tipo de explora o e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros MDA Minist rio do Desenvolvimento Agr rio 2002 Segundo o Censo Agropecu rio 1995 96 FAO IBGE 1996 existem no Brasil 4 859 864 estabelecimentos rurais ocupando uma rea de 353 6 milh es de hectares S o 4 139 369 estabelecimentos familiares ocupando uma rea de 107 8 milh es de hectares sendo respons veis por R 18 1 bilh es do VBP Valor Bruto de Produ o total recebendo apenas R 937 milh es de financiamento rural importante ressaltar que a an lise da agricultura familiar no Brasil uma tarefa que requer um tratamento especial visto os dados prim rios dispon veis As tabula es do Censo Agropecu rio que um dos poucos instrumentos de an lise quantitativa do setor agropecu rio no Brasil n o permitem a separa o entre agricultura familiar e patronal na forma b sica como os dados s o disponibilizados pelo IBGE restringindo se a estratifica o segundo a condi o do produtor o grupo de atividade econ mica e os grupos de rea total dos estabelecimentos agropecu rios MONTEIRO 2004 Dessa forma entende se por agricultura familiar aquela em que a fam lia ao mesmo tempo em que propriet ria dos meios de produ o tamb m assume o trabalho no estabelecimento produtiv
60. marxistas Programa de Gotha bem como das propostas de Gramsci e das an lises de Manacorda Ainda que reconhecendo a contribui o de Paulo Freire no sentido de se opor a uma educa o tradicional e de considerar a especificidade do aluno percebe se que sua proposta precisa ser avaliada no sentido de n o perder 167 de vista a totalidade social mais ampla que interfere e determina as condi es particulares de cada comunidade bem como a necessidade de se buscar a supera o da dualidade imposta pelas propostas liberais e neoliberais Por outro vi s de an lise uma vez que Paulo Freire fundamenta a proposta de educa o do Munic pio de Conc rdia como tamb m um dos te ricos adotados pela pedagogia relativa Educa o do Movimento Nacional da Educa o do Campo pergunta se o porqu de no momento atual a Secretaria de Educa o de Conc rdia sentir a necessidade de substitui um referencial no caso Saviani e Pistrak de fundamenta o explicitamente marxista pela proposta de Paulo Freire que ainda que j tenha se evidenciado sua valiosa contribui o baseia se em uma concep o idealista Essa substitui o pode esconder uma mudan a de dire o e de concep o pois o modo de adotar a proposta de Paulo Freire pode adequar se aos princ pios neoliberais de respeito diversidade e alteridade refor ando a dualidade da escola tal como foi feito durante o regime militar que padronizou
61. mundo que se manifesta nas v rias formas de sua a o reflete a sua situa o no mundo em que se constitui FREIRE 2005 p 100 Nesse sentido o conte do program tico da educa o buscado naquilo que Freire chama de realidade mediatizadora na consci ncia de que dela tem tanto os educadores quanto o povo Esse o momento que inaugura o di logo como pr tica da liberdade Por isso essa investiga o implica necessariamente uma metodologia igualmente dial gica que permite a apreens o dos temas geradores FREIRE 2005 p 101 Tendo por base essa metodologia a segunda proposta de educa o foi procurar nas falas dos alunos e das comunidades elementos que permitissem eleger os conte dos de forma a contemplar a realidade Ainda que esses conte dos sejam importantes e significativos n o se pode ignorar a necessidade de um conhecimento sistematizado que d conta de explicar essa realidade vivida Al m disso h que se destacar uma outra mudan a significativa na nova proposta Se antes de 2005 havia uma proposta geral e dessa se sistematizou uma espec fica para a educa o para o campo a partir deste momento n o se caracteriza mais dessa maneira mas conforme a metodologia de trabalho por meio do tema gerador que passa a garantir a especificidade no momento da sele o dos conhecimentos por meio da an lise das falas dos diferentes sujeitos Contudo a quest o que se coloca a seguinte se Saviani co
62. n o deixam d vidas a que veio a nuclea o n o haver repasse de recursos pelo governo federal para escolas cuja matr cula for inferior a 20 alunos Em outro item o documento mais uma vez orienta na dire o da nuclea o como possibilidade de garantir recursos ao explicitar a necessidade de que s o necess rios 25 alunos por turma bem como a conten o de despesas com professores e manuten o de escolas MUNIC PIO DE CONC RDIA 1998 s p A partir disso observa se que as preocupa es se voltam apenas para aquilo que garante recursos e opta se por resolver os problemas educacionais no campo por meio da reuni o de crian as em escolas p lo Como est expl cito em toda a legisla o educacional desde a primeira LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional todas as propostas Projeto de desativa o das Escolas Multisseriadas do Munic pio de Conc rdia para o ano de 1998 68 prop em um tronco comum do conte do program tico Para Machado a parte comum compreenderia na educa o b sica o mesmo ponto de partida a primeira etapa a ser percorrida por todos independente de diferen as sociais raciais sexuais etc Por isso ela seria essencialmente homogeneizadora Mas a parte diversificada procuraria atender s diversas peculiaridades resguardando apenas daqueles elementos homogeinizadores os necess rios garantia da unidade pedag gico administrativa e coes o social MACHADO 1
63. nica A quarta e ltima diferen a que esse novo liberalismo aparece como uma vit ria ideol gica sobre os trabalhadores logo ap s um per odo de luta dos trabalhadores que resultou numa conquista o chamado welfare state sendo que contra este que insurge o fundamentalismo liberal FIORI 1997 p 213 215 As mudan as a partir do modelo de acumula o flex vel exigem uma nova divis o internacional do trabalho subjacente revolu o cient fico tecnol gica em processo no mundo contempor neo e o Estado passa a ser o Estado m ximo para o capital Peroni 2003 acrescenta ainda que Assim verificamos que mesmo os governos mais comprometidos com a l gica neoliberal n o intervencionista t m sido grandes interventores a favor do grande capital o que ressalta mais uma vez o car ter classista do Estado que ao mesmo tempo em que se torna Estado m nimo para as pol ticas sociais e de distribui o de renda configura se como Estado m ximo para o grande capital PERONI 2008 p 33 Essas mudan as ocorridas no limiar do s culo XX marcadas por mudan as no modo de produzir influenciaram as formas de organizar a Educa o Isso porque os efeitos desestabilzadores da reestrutura o econ mica alicer ados pelos imperativos capitalistas buscaram alternativas de competitividade no mercado tornando ainda mais dram tica a separa o entre aqueles que ganham e aqueles que perdem Para Moraes 2003 p 151 esse e
64. o A partir de 2005 observa se que a proposta de educa o de Conc rdia tem conseguido avan ar na quest o da supera o da dualidade ao estender a proposta freiriana para toda a rede de ensino independente do lugar onde a escola est inserida seja esta urbana ou rural Como foi poss vel perceber a luta pela educa o implementada no decurso da hist ria do Brasil especialmente nas ltimas d cadas pelo MST permite enfatizar que embora a luta dos trabalhadores seja feita de avan os e retrocessos a luta pela educa o rural guarda tra os de seu passado apesar de apresentar particularidades do tempo presente que se refletem nas proposi es de uma pedagogia aut noma como querem suas lideran as pol ticas e intelectuais A partir disso evidencia se portanto que as condi es objetivas de vida no campo dependem de medidas tamb m no mbito econ mico que favore am o trabalho rural e contribuam para a perman ncia do homem no campo S o 190 portanto as condi es reais de sobreviv ncia ligadas maneira como os trabalhadores se organizam para produzirem sua exist ncia que determinam suas formas de vida e n o as id ias produzidas pelos homens em um dado habitat NETO 2003 p 211 E a melhoria dessas condi es gerais certamente traria reflexos positivos para a educa o do campo Enfim a discuss o a respeito da educa o do campo vasta e certamente n o se esgota aqui As reflex es
65. o da Escola Unit ria O marco te rico deste trabalho est pautado na concep o marxista fonte de inspira o do pensamento gramsciano pois busca em sua totalidade oferecer condi es de an lise que considerem a rela o entre totalidade e parte ou seja analisando todos os aspectos da escola em seu contexto e n o apenas por ela 18 mesma Dessa forma a categoria fundamental de an lise foi a escola unit ria definida por Gramsci 2004 p 33 34 como Escola nica inicial de cultura geral humanista formativa que equilibre de modo justo o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente tecnicamente e industrialmente e o desenvolvimento das capacidades de trabalho intelectual Deste tipo de escola nica atrav s de repetidas experi ncias de orienta o profissional passar se a uma das escolas especializadas ou ao trabalho produtivo Dessa forma o levantamento hist rico da quest o agr ria do pa s e do desenvolvimento das pol ticas educacionais nesse contexto aliado investiga o te rica sobre as concep es que fundamentam a escola que se construiu no campo constituiu o arcabou o te rico para que se realizasse o confronto das diferentes concep es que influenciaram a Proposta de Educa o do Munic pio de Conc rdia bem como para a an lise de dados estat sticos que deram sustenta o s an lises Desse modo para expor essa investiga o o trabalho est organizado em tr s cap
66. o da op o filos fica Zanella entende que a explica o das diferentes filosofias n o um exerc cio de um mero academicismo de tipo metaf sico que poderia ser entendido como um capricho de intelectuais que n o t m o que fazer Zanella 2007 p 02 Afirma pois que h diferentes filosofias com pressupostos ontol gicos epistemol gicos e antropol gicos que constituem a d marche de seus campos de atua o Nesse sentido essa op o tem um significado importante para a defini o dos rumos da a o e da tomada de posi o em rela o a essa Para Gramsci as intui es que os homens t m de mundo devem ser explicadas pela filosofia uma vez que preciso saber como ocorrem os fatos como nascem as filosofias como se divulgam ou seja necess rio sistematiz las cr tica e coerentemente Mas segundo Gramsci 74 No texto Considera es sobre a filosofia da Educa o de Paulo Freire e o marxismo no prelo para publica o na Revista 2007 75 O autor explica em nota que D marche utilizada aqui no sentido de m todo que diferencia as diferentes concep es te rico metodol gicas 152 Isso s pode ser feito e somente pode ser feito no quadro da hist ria da filosofia que mostra qual foi a elabora o que o pensamento sofreu no curso dos s culos e qual foi o esfor o coletivo necess rio para que existisse o nosso atual modo de pensar que resume e compendia toda essa hist ria pass
67. o de obra MANACORDA 2000 p 135 Sobre esse princ pio Nosella tamb m possui importante contribui o ao afirmar que Gramsci volta a defender a mesma tese do trabalho industrial como princ pio educativo relacionando epistemologicamente e diretamente a atividade intelectual do oper rio com o seu pr prio esfor o muscular nervoso n o como um fato individual concreto e sim como um fato universal abstrato isto enquanto elemento de uma atividade pr tica geral que inova perpetuamente o mundo f sico e social NOSELLA 2004 p 174 Sob este aspecto Gramsci constr i o conceito de unitariedade Para Nosella a uniltariedade entre as m os e a mente ser constru da resgatando de um lado a intelectualidade do oper rio e de outro o efetivo trabalho f sico do intelectual O trabalho intelectual requer um esfor o muscular nervoso que transforma a mat ria a natureza o instinto e a cultura para o bem estar de todos os homens Assim o intelectual n o pode esquecer que seu pr prio of cio tamb m um trabalho e ao mesmo tempo que o trabalhador pensa Do mesmo modo trabalhador oper rio n o pode esquecer que a fun o do intelectual n o consiste em genialidades misteriosas mas no esfor o disciplinado NOSELLA 2004 p 174 Compreende se portanto que a unitariedade categoria marcadamente definitiva no pensamento de Gramsci se constr i na rela o da uni o da ci ncia e do trabalho Nesse senti
68. o desse trabalho que tem como consequ ncia a mutila o do trabalhador que levado a desenvolver apenas uma parte de suas potencialidades Essa simplifica o do trabalho n o exige uma forma o completa do trabalhador no sentido gramsciano de educa o human stica de cultura geral Por isso empobrece o conte do limitando o s fun es subalternas considerando somente os aspectos psicopedag gicos no trabalho educativo Desse modo essa unifica o n o tem como finalidade a supera o das desigualdades Muito pelo contr rio a burguesia se esfor ar por encontrar uma ideologia educacional consoante com este papel da educa o e com sua concep o de igualdade pol tica de forma a isolar os reclamos do prolet rio em prol da igualdade social e econ mica Esta ideologia se consolidou aos poucos em torno dos ideais do movimento da escola unificada ou seja da escola nica diversificada MACHADO 1989 p 28 A Escola nica diversificada aquela que no n vel prim rio prop e uma educa o igual e que no n vel secund rio e superior diferencia se pois na sua ess ncia n o considera as desigualdades sociais existentes no modo de produ o capitalista A dualidade presente a partir da nega o das desigualdades sociais legitimou a escola de educa o geral para a elite como por diversas ocasi es afirmou Gramsci bem como contribuiu para uma profissionaliza o estreita para a precariza o
69. o momento os documentos referentes Educa o do Campo sejam eles elaborados pelos Movimentos Sociais pelo Estado por meio da SECAD inclusive a Proposta de Educa o do Campo de Conc rdia que objeto desse estudo apresentam como justificativa para a defini o de pol ticas espec ficas o fato dessas representarem anseios que expressam as necessidades dos sujeitos que moram no campo que se pode compreender como sendo express o espont nea da filosofia das multid es Eis algumas dessas manifesta es as quais justificam uma Proposta Espec fica de Educa o para o Campo 18 Secretaria de Educa o Continuada alfabetiza o e diversidade 49 Entende se por escola do campo aquela que trabalha desde os interesses a pol tica a cultura e a economia dos diversos grupos de trabalhadores e trabalhadoras do campo nas suas diversas formas de trabalho e de organiza o KOLLING 1999 s p O campo do Brasil est em movimento H tens es lutas sociais organiza es e movimento de trabalhadores e trabalhadoras da terra que est o mudando o jeito da sociedade olhar para o campo e seus sujeitos A educa o b sica do campo est sendo produzida neste movimento nesta din mica social que tamb m um movimento sociocultural de humaniza o das pessoas que dele participam Precisamos aprender a potencializar os elementos presentes nas diversas experi ncias e transform los em um movimento conscient
70. para a supera o dos problemas no campo Contudo essa nova roupagem n o tem aliviado os problemas de mis ria e pobreza no campo Tem sim aumentado a concentra o fundi ria camuflado a Reforma Agr ria e impedido o assentamento de muitas fam lias que a cada dia crescem nos Movimentos Sem Terra 2 1 4 O desenvolvimento do Munic pio de Conc rdia Atualmente o Munic pio de Conc rdia localizado no meio oeste catarinense tem por base econ mica o trabalho na pequena propriedade e se destaca pela produ o de su nos e aves Estas atividades presentes desde o per odo de ocupa o das terras que hoje pertencem ao munic pio s o caracter sticas dos povos que colonizaram a regi o oeste do estado de Santa Catarina Esse processo retrata a hist ria de ocupa o do pa s a partir dos diferentes tipos de propriedade Ao contr rio da grande lavoura a coloniza o se deu por pequenos propriet rios que constitu ram a base do desenvolvimento econ mico do munic pio O Munic pio de Conc rdia emancipado h 73 anos tem sofrido os mesmos impactos decorrentes do processo capitalista Houve um crescente aumento da popula o urbana sendo que em 1960 essa representava 15 65 da popula o 86 total do munic pio e em 2002 esse percentual cresceu para 71 76 MUNIC PIO DE CONC RDIA ASPLAN 2006 A pequena propriedade rural de m o de obra familiar a base econ mica do munic pio na zona rural m
71. para essa forma o unilateral e consequentemente o curr culo distanciava se da realidade material concreta Nesse sentido para Gramsci a consolida o do princ pio educativo se daria tendo em vista o trabalho industrial na perspectiva da totalidade Esse novo 170 trabalho industrial decorrente de um processo de modifica es historicamente determinadas pelo modo de produ o capitalista revoluciona todo o sistema produtivo inclusive as rela es que se estabelecem no campo Sem essa tomada hist rica e dial tica a busca do trabalho como princ pio educativo restrito realidade da agricultura familiar no Munic pio de Conc rdia n o se realiza na totalidade O m todo da economia pol tica de Marx vem trazer uma importante contribui o sobre o conceito de totalidade porque vai contextualizar uma vis o de ser humano a partir das rela es que se estabelecem no mbito da sociedade Diferente portanto da vis o idealista apontada pelos seus antecessores MARX 2001 Talvez a quest o do m todo seja um dos pontos mais importantes deste trabalho de pesquisa porque a partir dele que se pode estabelecer an lises principalmente sobre um dos pontos mais enfatizados at aqui a necessidade ou n o de uma proposta espec fica para a educa o do campo para a supera o da dualidade cidade campo No cap tulo anterior foi realizada uma breve an lise da quest o tomando como refer ncia a cr tica ao
72. para o MST Isso porque h a preocupa o com a forma o das crian as para possibilitar a constru o de conhecimentos e a forma o de quadros que repensem a organiza o social e a produ o agr cola nos assentamentos A forma o pol tica outro ponto destacado da educa o formal a qual tem por objetivo o dom nio de conhecimentos t cnicos e organizativos e o rompimento com pr ticas individualistas e autorit rias de trabalho SOUZA 2006 31 32 Nessa proposta de educa o fica expl cita segundo a autora a necessidade de formar pessoas comprometidas com a transforma o social e com a milit ncia direta nas lutas populares capazes de pensar e agir com autonomia Os pressupostos te ricos est o fundamentados nas id ias de Freire Pistrak e Makarenko SOUZA 2006 p 33 34 Nesse sentido observa se a aproxima o dos ideais presentes na Educa o do MST desde as d cadas de 1980 e 1990 com os princ pios que permeiam a educa o do campo hoje uma vez que no final desta ltima d cada a proposta constru da pelo MST passa a ser discutida no contexto das reflex es sobre Educa o do Campo com o prop sito de conceber uma educa o b sica do campo Essa proposta est voltada aos interesses e ao desenvolvimento s cio cultural e econ mico dos povos que habitam e trabalham no campo atendendo suas diferen as hist ricas e culturais SOUZA 2006 p 35 Nesse sentido a educa o do campo tem por base a
73. perpetuam caracter sticas da escola dual ou seja a dualidade n o 70 apenas vista no projeto pedag gico mas nas condi es gerais de organiza o da escola E essa organiza o fruto da organiza o do capital que em seu ide rio a forma o do homem unilateral prevalece forma o do homem onilateral Partindo disso o homem unilateral fruto de uma forma o que privilegia a fragmenta o do conhecimento o pragmatismo e a forma o profissional fruto de um longo processo de desenvolvimento e consolida o da ideologia burguesa liberal que no final do s culo XX readequa se s novas exig ncias capitalistas Dessa forma a educa o p blica para a classe trabalhadora reorganizada em fun o das condi es que o modelo econ mico legitima o que acabou por mais uma vez na hist ria movimentar os trabalhadores no sentido de reivindicarem o direito ao acesso educa o A educa o para os povos do Campo institucionalizada como forma de garantir o atendimento queles que vivem do trabalho rural Por m que espa o esse Quais as influ ncias que sofrem bem como que educa o do campo essa Quais s o as bases de constru o desse projeto Essas s o quest es que o pr ximo cap tulo tentar responder CAP TULO II A EDUCA O DO CAMPO E AS REFORMAS DOS ANOS DE 1990 Este cap tulo ao longo do texto abordar considera es que revelam quest es fundamentais sobre o contexto
74. produtos da ro a para o colono ter mais dinheiro e viver melhor Outra fala agora de crian a Enquanto d seca n o precisamos pagar o banco MUNIC PIO DE CONC RDIA SEMED 2006 Ainda que essa coleta de informa es seja til e importante como ponto de partida para o planejamento escolar essas revelam conhecimentos imediatos do senso comum Nesse sentido ao buscar as contribui es de Gramsci acerca do senso comum ou seja a s ncrese mec nica do que pensam as mol culas sociais percebe se que a fala da comunidade essa s ncrese que est apresentada e valorizada nesta proposta Al m da positividade j indicada vem um questionamento as falas por elas mesmas explicam a realidade social pol tica e cultural a qual contribui para que o processo capitalista se desenvolva e se concretizem as realidades descritas pelos pais e alunos Gramsci ao definir as bases de uma escola unit ria propunha uma educa o original debatendo se entre o liberalismo rousseauniano e o autoritarismo jesu tico prop e a supera o das propostas vigentes Foi a partir dessa reflex o que Saviani articulou uma pedagogia que pudesse superar a velha Pedagogia Tradicional e a Pedagogia Nova Assim a proposi o por uma Escola do Campo que considere as dificuldades os anseios e as expectativas daqueles que trabalham nas atividades agr colas enquanto parte da classe trabalhadora requer uma escola que supere a realidade e
75. puramente t cnica mas que pudesse considerar o homem na sua onilateralidade Esse termo aparece com Marx no momento em que discute a divis o do trabalho Para ele a onilateralidade considerada objetivamente como o fim da educa o A divis o do trabalho condiciona a divis o da sociedade em classes e com ela a divis o do homem Esta divis o se torna verdadeiramente divis o quando se apresenta como divis o entre trabalho manual e trabalho mental assim as duas divis es do homem dividido cada uma das quais unilateral s o essencialmente as do trabalhador manual oper rio e do intelectual MANACORDA 1996 p 67 Marx segundo Manacorda ao colocar diversos conceitos que caracterizam o trabalho como deformidade do ser humano em fun o da unilateralidade com que empregado sob o capitalismo faz uma interessante an lise de como esse modo de produ o aliena o homem trabalhador ao mesmo tempo em que refina suas necessidades sob o princ pio da divis o do trabalho e que cria a possibilidade de que a produ o e o consumo caibam a indiv duos diversos Por m isso apenas uma condi o de positividade relativa porque a divis o do trabalho submete todos a 45 seu signo sem deixar lugar para a onilateralidade no m ximo apenas para uma multiplicidade de necessidades e prazeres MANACORDA 1996 p 75 76 Por esse falseamento positivo do trabalho unilateral Manacorda parafraseia Marx no que toca a quest o sob
76. que valorizada desde o surgimento da instru o p blica na revolu o burguesa hoje considerada importante n o s pelos movimentos sociais do campo mas tamb m para o conjunto dos organismos multilaterais por meio da defini o de pol ticas setoriais para a educa o acordadas em n vel internacional Entretanto o que mais se destacou nesses ltimos anos foi a racionaliza o de recursos descentralizando responsabilidades mas concentrando as decis es sob a hegemonia do Estado A partir dessas considera es a express o campo passa a ser utilizada em substitui o a meio rural com o objetivo de incluir no processo da confer ncia uma reflex o sobre o sentido atual do trabalho campon s e das lutas sociais e culturais dos grupos que hoje tentam garantir a sobreviv ncia desse trabalho KOLLING NERY MOLINA 1999 p 26 No caderno 05 organizado por Molina e Jesus 2005 a express o campo explicada no momento em que os autores tratam da luta por pol ticas p blicas que promovam a universaliza o da educa o Um dos tra os fundamentais que v m desenhando a identidade do movimento Por Uma educa o do Campo a luta do povo do campo por pol ticas p blicas que garantam o seu direito educa o e a uma educa o que seja no e do campo No o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive Do o povo tem direito a uma educa o pensada desde o seu lugar e com a sua participa o vincu
77. realidade mas o primeiro imprimindo e seguindo ortodoxamente o m todo marxista J para Freire a realidade um fen meno aquilo em que aparece a consci ncia ZANELLA 2007 p 20 Isso para Zanella aponta o limite da proposta freireana Na primeira proposta em quest o o trabalho coletivo foi premissa do desenvolvimento das atividades educativas nas escolas de classe multisseriada A partir da contribui o de Pistrak 2002 p 54 que fornece os fundamentos sobre a auto organiza o dos estudantes prop e se que 8 Saviani esclarece a fidelidade de Gramsci ao m todo pois esta condi o se d quando o m todo desenvolvido e trabalhado SAVIANI 1997 p 53 169 preciso ater se s condi es particulares de cada institui o infantil para escolher as tarefas que podem ser executadas coletivamente e que s o capazes de desenvolver h bitos de vida coletiva sem esquecer de que se trata tamb m de escolher formas de trabalho que n o sejam penosas arrasadoras evitando se assim resultados negativos MUNIC PIO DE CONCORDIA 2004 p 18 grifos no original Isso porque o trabalho educativo desenvolvido nas escolas do campo tamb m ocorre na horta escolar por exemplo pois essa al m de contribuir com a sa de dos educandos oportuniza o desenvolvimento de atividades pedag gicas uma vez que a possibilidade de explora o vai desde a organiza o do trabalho coletivo ao registro sistem tico
78. se dual e desigual Quanto ao PNE ao propor a expans o da escola rural e a substitui o das classes unidocentes por classes em escolas com pelo menos quatro s ries completas n o esclarece como isso pode acontecer uma vez que em alguns lugares do pa s as nicas escolas que comportam as quatro s ries est o na zona urbana ou seja muito distantes das comunidades rurais Apesar do documento contemplar a necessidade do transporte escolar as condi es concretas para o acesso dificultam a locomo o e a perman ncia dos alunos na escola Um exemplo dessa dificuldade encontra se no munic pio de Conc rdia Para chegar escola 140 muitos alunos despendem um tempo significativo exigindo muitas vezes horas de transporte como j analisado no cap tulo anterior Neste sentido pode se observar que as bases de constru o do projeto de educa o do campo a partir do Estado n o apontam caminhos para a supera o da dualidade cidade campo pois gen rica em suas proposi es orientando de forma geral a pol tica em quest o sem destacar o papel do Estado na manuten o integral do ensino A preocupa o de encontrar meios compensat rios ou seja as chamadas pol ticas de discrimina o positiva para justificar uma educa o para todos que s o opostas ao princ pio do direito educa o valorizando o direito diferen a reproduzem a proposta da cria o da escola nica liberal durkheimiana que s
79. surgimento da pequena propriedade teve import ncia para o desenvolvimento econ mico As transforma es do modelo campesino para o que agora chamamos de agricultura familiar se deram principalmente na ltima d cada do s culo XX Muitos autores inclusive Abramovay 1992 dizem que o termo agricultor familia tem ganhado status em detrimento ao conceito de campon s desenvolvendo o paradigma da agricultura familiar O autor defende a id ia de que o produtor familiar que utiliza os recursos t cnicos e est altamente integrado ao mercado n o um campon s mas sim um agricultor familiar Para Fernandes a agricultura familiar est inserida no capitalismo ou seja a sua exist ncia est muito mais ligada s pol ticas criadas pelo Estado para garantir a produ o de alimentos do que aos interesses pol ticos e s lutas dos pequenos agricultores FERNANDES 2001 p 30 Diversos estudos acerca da agricultura familiar t m sido tomados nos ltimos tempos Esses trabalhos tomam os estudos conceituais sobre a agricultura familiar de autores como Wanderley 1996 Lamarche 1993 e as an lises a partir dos dados fornecidos pelo Censo Agropecu rio 1995 96 Esse ltimo inclusive uma das poucas op es de investiga o quantitativa que cont m dados relativos s quest es agr rias brasileiras Tomar portanto o desenvolvimento da agricultura familiar nesta pesquisa justifica se no sentido de contextualiza
80. tanto conceber a escola humana e solid ria significou segundo a proposta de Educa o das Escolas do Campo em 2004 a constru o de uma pol tica voltada as reais necessidades e interesses dos alunos do campo levando 148 em conta a realidade destes sujeitos e seus modos de organiza o e vida PROPOSTA DE EDUCA O 2004 P 04 E de quais necessidades a proposta se refere Aquelas cuja realidade reflete a vida e os modos de organiza o das pequenas propriedades rurais do Munic pio de Conc rdia na qual a presen a da escola nas comunidades representa a vida desta expresso na proposta quando da afirma o foi necess rio pensar uma educa o voltada ao filho do pequeno agricultor do agregado do atingido pela barragem e do oper rio das agroind strias bem como da organiza o das escolas multisseriadas e suas necessidades PROPOSTA DE EDUCA O 2004 p 05 Paralela s discuss es municipais ocorria tamb m em n vel nacional discuss o acerca do tema cujo enfoque fora dado aten o especial no cap tulo anterior Por m nesse momento configura se a necessidade de resgatar o fato de que o Brasil estava adaptando se s exig ncias do modelo de produ o capitalista e em contrapartida a luta das classes exigia respostas para os seus anseios como por exemplo ocorre de fato com os Movimentos Sociais e a luta por uma educa o de car ter espec fico Nesse sentido a solidifica o da import
81. toca manuten o dos escolares isto requer que seja completamente transformado o or amento do minist rio da educa o nacional ampliando o enormemente e tornando o mais complexo a inteira fun o da educa o e das novas gera es deixa de ser privada e torna se p blica pois somente assim ela pode abarcar todas as gera es sem divis es de grupos ou castas GRAMSCI 2004 p 36 Com rela o pr tica da escola Gramsci tamb m demonstra cuidado uma vez que se preocupa com os pr dios o material cient fico o corpo docente Este ltimo em particular deveria ser ampliado pois a efici ncia da escola muito maior e intensa quando a rela o entre professor e aluno menor Como a escola sugerida por Gramsci em tempo integral o pr dio deveria conter dormit rios refeit rios bibliotecas especializadas salas adequadas para o trabalho de Semin rio etc GRAMSCI 2004 p 37 1 4 1 Os fundamentos da educa o e da escola em Gramsci Este item da pesquisa contribui para o entendimento das principais concep es que levaram Gramsci proposi o da Escola Unit ria Dessa forma quest es como o espontane smo autoritarismo coer o o trabalho na escola como princ pio educativo e a conceitua o de escola nica s o os temas abordados a seguir Muitos dos trabalhos de Gramsci inclusive os que tratam da educa o foram escritos na pris o com estudos minuciosos de todos os assuntos 12 Tod
82. trabalhadores o suficiente para manter a ordem capitalista Nesse sentido a escola produz e mant m as desigualdades por desconsiderar que o processo deveria ser o inverso isto o mesmo ponto seria o de chegada n o o de partida Do ponto de vista dos princ pios da Escola Unit ria de Gramsci a unifica o escolar somente poss vel se forem eliminadas as condi es geradoras das desigualdades sociais princ pio contido tamb m nos ideais socialistas fonte de inspira o para o desenvolvimento da proposta da Escola Unit ria A concep o burguesa de unifica o escolar pretende realizar a unifica o pela supress o das barreiras econ micas pol ticas religiosas raciais e sexuais existentes de acesso escola condicionando a apenas a crit rios psicopedag gicos MACHADO 1989 p 107 A autora observa ainda que sob essa tica h a inten o de uma unidade nacional infundindo um mesmo sentimento p trio a identificar moral e culturalmente todo o povo Todavia a unifica o escolar necessitaria eleger um organismo que pudesse articular as diferen as existentes de modo a integrar as partes envolvidas ent o o Estado Para Souza 2006 o sujeito central da educa o rural foi o Estado por m isso n o mais ocorre no Brasil na atualidade pois nas reflex es de Educa o do Campo o Estado passa a ser secund rio tendo em vista que essa passa a ser 64 pensada pelos movimentos sociais mudando tod
83. uma educa o apenas do tipo profissional Era sim necess ria uma escola que trabalhasse inclusive com a forma o do homem em todas as suas dimens es uma vez que os homens s o hist ricos inseridos num determinado espa o social pol tico e econ mico E nesse caso oportuno lembrar que o modo de produ o de vida material condiciona o desenvolvimento da vida social pol tica e intelectual em geral N o a 38 consci ncia dos homens que determina o seu ser o seu ser social que inversamente determina a sua consci ncia MARX 1983 p 24 Assim para dar conta de uma forma o integral coloca se a necessidade de uma educa o pensada de forma s ria ou nas palavras de Manacorda a exig ncia de uma educa o austera MANACORDA 2000 p 68 grifo meu que uma condi o considerada por Gramsci como fundamental para a efetiva o da escola nica do trabalho posicionando se finalmente contra o espontane smo Mas sobre qual espontane smo Gramsci posiciona se contra Para responder a essa pergunta Manacorda lembra que se n o for analisada devidamente a dist ncia entre o autoritarismo jesu tico e o liberalismo rousseauniano elimina se toda a possibilidade de entender seriamente a austera concep o pedag gica gramsciana que entre os dois riscos opostos do espontane smo e do autoritarismo procura elaborar uma concep o original Dessa forma descarta o velho autoritarismo e capta perf
84. uma pedagogia n o autorit ria e para os anos posteriores uma pedagogia autorit ria conservando t o somente a distin o entre toda a primeira idade sem distinguir entre os dois e os cinco anos e a adolesc ncia sendo que afirma que o pedantismo inicialmente necess rio mas depois prejudicial MANACORDA 2000 p 78 A ltima fase da escola unit ria que corresponderia etapa da adolesc ncia deve segundo Gramsci ser decisiva pois nessa que se formam os valores fundamentais do humanismo al m da autodisciplina intelectual e da autonomia moral necess ria a uma posterior especializa o Dessa forma os estudos por meio dos m todos criativos da ci ncia e da vida n o ficariam restritos ao monop lio da universidade devendo estar j no n vel secund rio Portanto uma escola criadora e que estimule os estudantes reflex o e critica GRAMSCI 2004 p 39 O advento da escola unit ria significaria o in cio de novas rela es entre trabalho intelectual e trabalho industrial n o apenas na escola mas em toda a vida social Por isso o princ pio unit rio deve se refletir em todos os organismos da cultura transformando lhes e emprestando lhes um novo conte do GRAMSCI 2004 p 40 Efetivamente uma escola unit ria em seu sentido pleno s ser poss vel quando superada a divis o da sociedade em classes No entanto esse princ pio deve ser tomado como refer ncia na luta contra a desig
85. 2008 p 12 13 Nesse sentido a educa o inerente pr pria hist ria do homem pois os elementos acima destacados levam compreens o de que o trabalho educativo o ato de produzir direta e intencionalmente em cada indiv duo singular a humanidade que produzida hist rica e coletivamente pelo conjunto dos homens Assim a escola a institui o cujo papel consiste na socializa o do saber sistematizado SAVIANI 2008 p 13 Ponce observa que a propriedade privada surge em substitui o propriedade comum Esta aliada ao escasso rendimento do trabalho humano constituiu as condi es para o aparecimento das classes sociais PONCE 2005 p 22 5 Marx em O Capital refere se aos processos de trabalho como atividades em que o homem opera uma transforma o subordinando as a um fim no objeto que atua por meio do instrumental de trabalho O processo extingue se ao concluir se o trabalho O trabalho um conjunto de atividades dirigidas com o fim de criar valores de uso de apropriar se dos elementos naturais para satisfazer s necessidades humanas condi o necess ria de interc mbio material entre o homem e a natureza condi o natural eterna de vida humana MARX 2004 p 214 218 23 As proposi es ora destacadas por Saviani fundamentam a Proposta de Educa o para as Escolas do Campo do Munic pio de Conc rdia em 2004 Na introdu o da mesma fica claro o interesse do munic pio em cons
86. 73 Contudo n o se pode dizer a partir disso que Freire seja ecl tico Ele integra elementos fundamentais dessas doutrinas filos ficas sem repeti las mec nica ou sectariamente Em uma entrevista em forma de debate com Dermeval Saviani e Adriano Nogueira realizada pela APP Sindicato do Paran em 1997 Paulo Freire definiu se como n o marxista Eu Ihes digo que por respeito a Marx eu n o me defino como marxista FREIRE APP 1997 p 48 Ao justificar a sua posi o em rela o a Marx que sendo materialista n o admite a prioris Freire afirma que aceita Deus como a priori Sobre essa afirma o Zanella observa que esse se assume idealista e portanto n o poderia ser de fato marxista ZANELLA 2007 p 05 Mas segundo o pr prio Saviani isso n o significa que Paulo Freire desvalorize a contribui o de Marx Saviani ao posicionar se como marxista diz ainda que Marx n o apenas moda mas que justamente a an lise dele que permite demonstrar criticamente essa concep o neoliberal que est a na p s modernidade SAVIANI APP 1997 p 48 Zanella 2007 p 22 reconhece que a pedagogia de Paulo Freire constitui se num avan o na em medida que consegue mostrar que a educa o deve respeitar o aluno como sujeito sujeito estes possuidor de anseios necessidades percep es enfim apontando que ele um ser humano que vive numa situa o social determinada Freire partindo do pres
87. 81 p 73 74 A partir da organiza o dos sistemas nacionais surgem propostas em pa ses como a Alemanha a partir de 1886 A reforma escolar na perspectiva da escola da unidade permitiria al m de combater o movimento oper rio consequente consolidar a unifica o da Alemanha sob a hegemonia burguesa submetendo os remanescentes da antiga sociedade e o proletariado ao seu comando pol tico MACHADO 1981 p 54 Desse modo os princ pios liberais estiveram sempre voltados unifica o moral e cultural do povo a fim de consolidar a unidade da na o em torno dos seus interesses Por isso que o movimento liberal enfatiza a necessidade de que todos os cidad os se eduquem juntos ocupando se poss vel os mesmos bancos escolares Apesar de a Escola Liberal possuir em seus pressupostos te ricos o reconhecimento das desigualdades entre os homens Durkheim 1858 1917 tendo em vista a divis o da sociedade em classes sociais isso n o representou avan o Ao contr rio foi de encontro aos interesses burgueses por dois motivos O primeiro pelas implica es pol ticas de subordina o de todos ideologia dominante e por segundo pela defesa da divis o capitalista do trabalho verific vel na apologia do trabalho parcelado MACHADO 1981 p 62 Enquanto que a burguesia procurava fundamentar teoricamente sua proposta de unifica o escolar havia aqueles que propunham uma educa o que pudesse ultrapassar apenas es
88. 989 p 78 Prova disso encontramos na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional 4024 61 e a LDBEN 9394 96 2 Para Saviani a educa o que a burguesia concebeu e realizou sobre a base do ensino prim rio comum n o passou nas suas formas mais avan adas da divis o dos homens em dois grandes campos aqueles das profiss es manuais para as quais se requeria uma forma o pr tica limitada execu o de tarefas mais ou menos delimitadas dispensando se o dom nio dos respectivos fundamentos te ricos e aqueles das profiss es intelectuais para os quais se requeria dom nio te rico amplo a fim de preparar as elites e representantes da classe dirigente para atuar nos diferentes setores da sociedade SAVIANI 2003 p 193 A dualidade da educa o expl cita na contribui o de Saviani mostra que o argumento liberal tem como premissa b sica o ju zo de que toda a unifica o unifica o do diverso o que n o poderia ser de outro modo Une se o diverso pela rejei o imposta da id ia de modelo nico pois a realiza o da diversidade seria importante garantia de igualdades de oportunidades educacionais Cada sociedade deveria conceber seu pr prio modelo de estrutura de escola conforme suas especificidades culturais para que fosse mantida a estabilidade social Assim a ordem coletiva seria mantida pela garantia a todos de oportunidades iguais para seu desenvolvimento conforme suas aptid es e capacidades
89. A Sica nao asas don A RAiN 146 4 1 A constru o da proposta de Conc rdia concep es e caminhos 147 4 1 1 O contexto de desenvolvimento das propostas de Educa o do Munic pio para as Escolas do Campo erre cenaararene nana aaaananer rena mnnn nnne 147 4 1 2 A especificidade das concep es da Proposta de Educa o do ALETA o o RASANA E E alo do E EAA EE EE 149 4 2 Limites e possibilidades da Proposta de Educa o do Campo de Conc rdia PAE I E EEEE E EA A T 156 CONSIDERA ES FINAIS sssasaesaeeeeeeeeeueneeueeuruennrunnunnnnununnununnununnununeneneenennn nenen 1845 REFER NCIAS O ar e RE E ERES ADE a ES 192 INTRODU O Este trabalho tem como finalidade analisar os limites e as possibilidades da Educa o do Campo por meio de um estudo de caso qual seja da Proposta de Educa o para as Escolas do Campo do Munic pio de Conc rdia situado no estado de Santa Catarina O estudo de caso neste trabalho procura explicitar e analisar o objeto espec fico a partir de uma totalidade O problema central que justifica esta investiga o a tradicional dualidade cidade campo que historicamente materializa se como evid ncia da divis o da sociedade em classes especificamente no capitalismo e que resulta em desigualdade de acesso aos bens culturais No caso da educa o a dualidade se concretiza na oferta de acesso diferenciado e de limites no ingresso aos n veis mais elevados de ensino de
90. Brasil no in cio do governo Itamar Franco com a elabora o do Plano Decenal de Educa o para Todos No entanto foi no governo Fernando Henrique Cardoso FHC que a reforma anunciada ganhou concretude 2 3 2 Os determinantes pol ticos das reformas Desde o in cio da d cada de 90 do s culo XX numerosas publica es de organismos multilaterais de empres rios e de intelectuais atuaram como arautos das 5 O Plano Decenal de Educa o para Todos foi a maneira de complementar o compromisso assumido pelos pa ses participantes da Confer ncia de Jontiem na Tail ndia em 1990 Os governos participantes inclusive o Brasil foram levados a desencadear a es para a consolida o dos princ pios acordados na Declara o de Jomtien Seus governos se comprometeram a impulsionar pol ticas educativas articuladas a partir do F rum Consultivo Internacional de Educa o para Todos SHIROMA MORAES EVANGELISTA 2004 p 56 57 Em 1998 j na gest o do Ministro da Educa o Murilo Avelar Hingel no Governo Itamar Franco o Brasil tra ava as metas locais a partir do que foi acordado em Jomtien e indicava aos organismos internacionais que o projeto educacional por eles prescritos no Brasil seria implantado 108 reformas que se efetivaram no pa s no final desse s culo PERONI 2003 p 56 Muitos desses organismos tais como UNESCO FMI BANCO MUNDIAL estabeleceram metas a es e diretrizes na educa o que co
91. Conc rdia a partir das proposi es nacionais tamb m elabora uma proposta de educa o para as escolas do campo de classes multisseriadas Procura se evidenciar que a referida proposta nas suas duas vers es apresenta limites e possibilidades em rela o s quest es de acesso qualidade defini o de bases te ricas e metodol gicas Palavras chaves educa o do campo dualidade escola unit ria escola nica liberal ABSTRACT The present study discusses the limits and possibilities of the Countryside Education Proposal in the City of Conc rdia considering the duality between city countryside which has given impulse to educational speeches and constituted itself in worker s public politics The analysis had as its reference the conception of Unitary School from the theorist Gramsci whose concern was the elaboration of a school that could go through crisis which means a school without interests In this way the marxists concepts have been giving a greater strength to the analysis For the realization of the research it was used mainly documents besides an enterview During the development of the papers there was the preocupation of explicitating the theory concepts about education its origins as well as the unique liberal school this one opposing to the unitary school of Gramsci It was also necessary to contextualize the country s agrary development system model by using the analysis of authors who wrote about
92. DA EDUCA O 2003 p 04 A meta da Coordena o Geral de Educa o do Campo p r em pr tica uma pol tica de Educa o que respeite a diversidade cultural e as diferentes experi ncias de educa o em desenvolvimento em todas as regi es do Pa s como forma de ampliar a oferta de Educa o de Jovens e Adultos e da educa o b sica das escolas do campo SECAD MEC 22 09 05 p 1 A SECAD foi respons vel pela organiza o de semin rios estaduais realizados em 2005 e 2006 Para a realiza o desses semin rios a SECAD conta com a parceria das Secretarias Estaduais e Municipais de Educa o Conselhos Estaduais de Educa o Movimentos Sociais UNDIME e CONSED Esses encontros t m o objetivo de diagnosticar e buscar solu es para combater as desigualdades do cotidiano escolar A finalidade incentivar a constru o de rela es baseadas no respeito e na valoriza o de milhares de brasileiros que tiram seu sustento da terra SECAD MEC 22 09 05 importante destacar que a SECAD tem indicado elementos para se discutir o Plano Nacional de Educa o O documento sugerido pela secretaria destaca a import ncia da organiza o dos povos do campo os quais conseguiram agendar UNDIME Uni o Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa o 7 CONSED Conselho Nacional dos Secret rios de Educa o 7 As diretrizes do Ensino Fundamental apontadas no PNE reconhecem a necessidade de tratamento d
93. Dispon vel em lt www Ibge gov Br gt Acessado em 10 de novembro de 2006 KAUTSKY K A Quest o Agr ria S o Paulo Proposta Editorial 1980 194 KOLLING E NERY Ir MOLINA M orgs Por Uma Educa o B sica do Campo v 1 Bras lia DF Editora Universidade de Bras lia 1999 KOLLING E CERIOLI P R CALDART R S orgs Por Uma Educa o B sica do Campo v 4 Bras lia DF Editora Universidade de Bras lia 2002 KUENZER A Z Pedagogia de F brica As rela es de produ o e a Educa o do Trabalhador 2 ed S o Paulo Cortez e Autores Associados 1986 LEITE S C Escola Rural urbaniza o e pol ticas educacionais S o Paulo Cortez 1999 L BO Y L FARIA R A Quest o Pol tica do direito educa o da popula o do campo In FARIA L C M SOUZA D B de Desafios da Educa o Municipal Rio de Janeiro DP amp A 2004 LOPES E M S T Origens da Educa o P blica a instru o na revolu o burguesa do s culo XVIII S o Paulo Loyola 1981 MACHADO L R S Polictenia Escola Unit ria e Trabalho S o Paulo Cortez Autores Associados 1989 MAESTRI M CANDREVA L Antonio Gramsci Vida e Obra de Um Revolucion rio S o Paulo Express o Popular 2001 MANACORDA M A Marx e a Pedagogia Moderna 2 ed S o Paulo Cortez Autores Associados 1996 O Princ pio educativo em Gramsci Porto Alegre Artes M dicas 2000 MAPA DO ANALFABETISMO NO BRASIL Dispon vel
94. Doutorado UFSC Engenharia de Produ o Orientadora Leila Amaral Gontijo 2004 MORAES M C M de org Iluminismo s Avessas Produ o de conhecimento e pol tica de forma o docente Rio de Janeiro DP amp A 2008 Reformas de Ensino Moderniza o administrativa A Experi ncia de Francisco Campos anos vinte e trinta Florian polis UFSC 2000 teses NUP MUNIC PIO DE CONC RDIA Secretaria Municipal de Educa o Departamento Pedag gico Proposta de Ensino e Aprendizagem das Escolas do Campo do Munic pio de Conc rdia 2004 Secretaria Municipal de Educa o Departamento Administrativo Planilha gastos com Educa o Relat rio Geral 2005 Secretaria Municipal de Educa o Departamento Administrativo Dados do Transporte Escolar 2005 e 2006 Secretaria Municipal de Educa o Departamento Pedag gico Projeto de desativa o das Escolas Multisseriadas para 1998 1998 Secretaria Municipal de Educa o Departamento Administrativo Setor de Matr culas Dados de matr culas escolas do Campo 2006 Secretaria Municipal de Educa o Departamento Pedag gico Oficina das Escolas do Campo 2006 Secretaria Municipal de Educa o Proposta Pedag gica da Secretaria Municipal de Educa o de Conc rdia 2005 2008 2006 ASPLAN Assessoria de Planejamento Anu rio estat stico do Munic pio de Conc rdia 2004 e 2006 Plano Municipal de Educa o em mimeo 2002
95. I 2004 p 96 A partir disso que Gramsci vai desenvolvendo an lises sobre a filosofia e o fato de haver ou n o uma verdadeira concep o de mundo Assim vai buscar nas diferentes pocas como nascem e como se difundem essas diferentes concep es no que chama de quadro da hist ria da filosofia que mostra como foi a elabora o que o pensamento sofreu no curso dos s culos Em suas reflex es posteriores Gramsci vai observar que na filosofia destacam se nitidamente as caracter sticas de elabora o individual do pensamento no senso comum ao contr rio destacam se as caracter sticas difusas e dispersas de um pensamento gen rico de certa poca em certo ambiente popular Nesse sentido afirma ele que toda a filosofia tende a se tornar senso comum de um ambiente ainda que restrito de todos os intelectuais Trata se portanto de elaborar uma filosofia que tendo j uma difus o ou possibilidade de difus o pois ligada vida pr tica e impl cita nela se torne um senso comum renovado com a coer ncia e o vigor das filosofias individuais GRAMSCI 2004 p 101 A partir dessa concep o que Gramsci observa que uma filosofia da pr xis s pode apresentar se como supera o da maneira de pensar precedente e do pensamento concreto existente GRAMSCI 2004 p 101 47 z O que importa nesse trabalho exatamente articular ao pensamento de Gramsci uma das proposi es contidas na Educa o do Cam
96. In dito entre Dermeval Saviani Adriano Nogueira e Paulo Freire Publica o Comemorativa dos 50 anos da APP Sindicato Pr 1997 SALOM O A O pre o da Ignor ncia P 20 30 In Revista Exame Ignor ncia Mata Ed 877 a 40 n 19 27 09 2006 SAVIANI D Escola e Democracia 37 ed Campinas SP Autores Associados 2005 Pedagogia Hist rico Cr tica 8 ed Campinas SP Autores Associados 2003 nova Lei da Educa o LDB Trajet ria Limites e Perspectivas 8 ed Campinas Autores Associados 2003 O Trabalho como Princ pio Educativo frente s novas tecnologias Petr polis Vozes 2003 In FERRETTI C J ZIBAS D M L MADEIRA F R FRANCO M L P B orgs Tecnologias Trabalho e Educa o Um Debate Interdisciplinar 9 ed Petr polis Vozes 2008 SOARES E Diretrizes Curriculares para a educa o do campo Bras lia 2001 SOUZA M A de Educa o do Campo Propostas e Pr ticas Pedag gicas do MST Petr polis RJ Vozes 2006 ST DILE J P Quest o Agr ria no Brasil 9 ed S o Paulo Atual 1997 TEDESCO J C org Agricultura familiar realidade e perspectivas 3 ed Passo Fundo UPF 2001 TOMMASI L WARDE M J HADDAD S orgs O Banco Mundial e as Pol ticas Educacionais S o Paulo Cortez 1996 UNESCO Educa o Um Tesouro a Descobrir Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre Educa o para o S culo XXI Bras lia DF Cortez 2001 197
97. MACHADO 1989 p 78 Novamente exp em se aqui algumas an lises anteriormente desencadeadas no sentido de que de fato a todos oferecida a educa o ou seja o mesmo ponto de partida mas no momento que se atribui s capacidades individuais o sucesso ou fracasso escolar o ponto de chegada apenas m rito de A LBDEN 9394 96 explicita a necessidade de um curr culo de base nacional comum observando que deve haver a parte diversificada respeitando as caracter sticas regionais e locais da sociedade da cultura da economia e da clientela 69 alguns Assim o ser humano despido de sua pr pria hist ria de sua condi o de classe e de explorado pelo modo de produ o vigente ou seja o capitalismo O cuidado com a condi o material de vida do homem e sua hist ria preocupa o de Gramsci uma vez que a escola unit ria prop e unificar a educa o por m de modo contr rio proposta de unifica o escolar Se nesta a condi o social econ mica e cultural do homem que define suas capacidades determina sua ascens o ou n o na escola unit ria de Gramsci as crian as n o possuem as mesmas condi es de outras porque a essas houve maior possibilidade de acesso aos instrumentos que permitem se apropriar do saber Gramsci sugere a cria o de uma rede de creches e outras institui es nas quais mesmo antes da idade escolar as crian as se habituem a uma certa disciplina coletiva e adquiram no es
98. MANACORDA 1996 p 27 Essa forma de conceber o ensino para Marx tamb m se op e proposta burguesa a qual concebe o ensino enquanto treino dos oper rios ou seja um ensino apenas industrial MANACORDA 1996 p 17 O autor assim expressa essa concep o marxista Ali s quando Marx fala em O Capital de um nico m todo para produzir esses homens ele exclui assaz decididamente a validade de qualquer outra forma hist rica de ensino que n o seja aquela do futuro associada ao trabalho produtivo MANACORDA 1996 31 grifo do original A partir dessas observa es depois de quase trinta anos do Manisfesto Marx volta a interferir pela terceira vez na reda o de um programa do partido pol tico MANACORDA 1996 p 38 Dessa forma em 1875 na Cr tica ao Programa de Gotha Marx tra a severas cr ticas acerca da educa o ent o existente Educa o popular geral e igual a cargo do Estado Assist ncia Escolar obrigat ria para todos Instru o gratuita Educa o popular igual Que se entende por isto Acredita se que a sociedade atual que a que se trata a educa o pode ser igual para todas as classes O que se exige que tamb m as classes altas sejam obrigadas pela for a a conformar se com a modesta educa o dada pela 58 escola p blica a nica compat vel com a situa o econ mica n o s do oper rio assalariado mas tamb m do campon s Marx 1961 p 224 225 Manac
99. ORDIA SEMED 2004 p 8 A escolha de Pistrak como base te rica deve se segundo a proposta pelas caracter sticas que as Escolas Multisseriadas apresentam um professor para as quatro s ries e que exerce outras fun es que n o apenas pedag gicas como prepara o da alimenta o manuten o das depend ncias f sicas das escolas e escritura o escolar Nesse sentido a proposta explica que necess rio pautar as a es num ensino unificado que aborda o conhecimento em sua totalidade constitu do nas intera es sociais Isso porqu a organiza o das escolas em classes multisseriadas s ries iniciais como s o as Escolas do Campo de Conc rdia permite o avan o de uma proposta que observe justamente esta maneira real de organiza o MUNIC PIO DE CONCORDIA 2004 p 7 Mais adiante a proposta esclarece que o tema e os subtemas do complexo dispostos num organograma foram selecionados por meio da realiza o de uma pesquisa em novembro de 2003 nas comunidades rurais Assim segundo a proposta o complexo reflexo da realidade atual das comunidades rurais do interior do munic pio e que permite trabalhar todas as reas do conhecimento numa perspectiva dial tica MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 p 22 23 A Proposta esclarece ainda que leva em considera o a realidade recorrendo a Pistrak Conforme o documento 161 Foi necess rio pensar numa educa o voltada ao filho do pequeno a
100. PISTRAK 2000 p 37 e al m disso intimamente ligada auto organiza o ou auto dire o que dever ser baseada no desenvolvimento do coletivo infantil PISTRAK 2000 p 182 Nesse sentido quanto organiza o da escola e aos conhecimentos que devem ser trabalhados para uma educa o unit ria v se que h uma grande dist ncia entre o ideal e o real em rela o principalmente ao acesso a todos os graus de ensino No campo a quest o do acesso educa o b sica agrava se no sentido de que a maioria das escolas oferece as s ries iniciais do ensino fundamental e em menor n mero as s ries finais geralmente no meio urbano Em Conc rdia por exemplo existem apenas quatro n cleos de Ensino M dio com cursos de educa o geral localizados na zona rural MUNIC PIO DE CONC RDIA ASPLAN 2006 Em rela o oferta de educa o infantil a realidade mostra a sua quase inexist ncia Para ilustrar o fato segundo dados IBGE 2000 no munic pio de Conc rdia das 7 547 crian as de zero a 6 anos que residem no munic pio apenas 1 063 s o atendidas em creches e 1 054 em pr escolas Por m no campo a situa o se agrava visto que na zona rural h apenas 8 turmas de pr escola mantidas pelo munic pio atendendo em m dia 141 alunos MUNIC PIO DE CONC RDIA Departamento Administrativo 2006 30 De acordo com a LDB Lei 9394 96 Art 21 educa o b sica formada pela educa
101. T DILE 1997 p 15 Os dois ltimos estabelecem uma pol mica decorrente de dois pontos de vista radicalmente opostos Enquanto que para Guimar es 1968 p 33 a origem do problema agr rio no Brasil configura se pelo hist rico da ess ncia feudal do sistema latifundi rio brasileiro para Prado J nior 1979 p 68 o que prevaleceu no pa s como organiza o econ mica desde o in cio da coloniza o foi a escravid o servindo de base a uma economia mercantil St dile 1997 p 15 explica que Caio Prado J nior formulou a id ia de que no campo brasileiro n o havia resqu cios feudais mas predominavam formas capitalistas de produ o Contudo Guimar es e Prado J nior comungam na quest o de que a grande lavoura predominou desde a coloniza o do pa s como forma de explora o n o somente da terra mas da m o de obra escrava ou assalariada Nesse sentido para Prado J nior O essencial da estrutura agr ria brasileira legada pela col nia se encontrava assim como que predeterminada no pr prio car ter e nos objetivos da coloniza o A grande propriedade fundi ria constituiria a regra e elemento central e b sico do sistema de coloniza o que precisava desse elemento para fins de realizar o que se destinava A saber o fornecimento em larga escala de produtos prim rios aos mercados europeus PRADO JUNIOR 1979 p 48 78 Guimar es 1968 p 168 ao referir se crise que assolou o pa s na primeira d cada
102. TSKY 1980 No Brasil a coloniza o por estrangeiros atendia inicialmente demanda da grande lavoura bra os livres principalmente no cultivo do caf O primeiro ciclo migrat rio ocorreu no pa s entre 1824 at 1830 Outro surto migrat rio ocorreu em 1848 por meio da Lei Imperial de 28 de setembro de 1848 a qual concedia reas territoriais s Prov ncias o que desenvolveu a pequena propriedade em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul V rios foram os processos que permitiam a vinda de imigrantes alem es e mais tarde italianos para o Brasil Por m o que mais contribuiu para a imigra o estrangeira no Brasil foi o trabalho nas grandes lavouras anterior mesmo aboli o da escravatura A coloniza o por meio do sistema de Vergueiro 1857 parceria imigrante e dono por m com imensa explora o do primeiro ou mesmo de parceria 1871 se fortaleceu para suprir a fome de bra os livres nas lavouras principalmente de caf j no final do s culo XIX GUIMAR ES 1968 p 121 146 76 uma dificuldade encontrada a do mercado consumidor exigir uma regularidade da entrega dos produtos o que n o realidade na produ o Isso acaba por permitir a entrada de produtos de empresas maiores em concorr ncia com o pequeno produtor De qualquer forma o autor destaca que o desenvolvimento desse tipo de produ o um fator positivo porque 63 dos consumidores catarinenses consomem estes produtos e especifi
103. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN PROGRAMA DE P S GRADUA O EM EDUCA O MESTRADO EM EDUCA O LIANE VIZZOTTO VENDRAME EDUCA O DO CAMPO LIMITES E POSSIBILIDADES DA PROPOSTA DE CONC RDIA SC A PARTIR DA CONCEP O DE ESCOLA UNIT RIA DE GRAMSCI Disserta o de Mestrado apresentada Universidade Federal do Paran para obten o do t tulo de Mestre em Educa o sob orienta o da Professora Rose Meri Trojan CURITIBA PR 2007 LIANE VIZZOTTO VENDRAME EDUCA O DO CAMPO LIMITES E POSSIBILIDADES DA PROPOSTA DE CONC RDIA SC A PARTIR DA CONCEP O DE ESCOLA UNIT RIA DE GRAMSCI CURITIBA PR 2007 Dedico este trabalho a pessoas especiais Este adjetivo atribu do a elas devido ao fato de reconhecer a import ncia que t m em minha vida Orlando e Eva meus pais Aur lio meu amor e Maria minha adorada crian a AGRADECIMENTOS Dizer que cursar o mestrado e conclu lo foi tarefa f cil seria ignorar a condi o do ser humano enquanto sujeito hist rico de um processo pelo qual nos tornamos seres concretos E por sermos concretos como anunciou Marx somos s ntese de m ltiplas determina es e por isso somos a unidade do diverso MARX 1983 p 15 Ao tomar a contribui o marxista acima como forma de demonstrar o movimento de constitui o dial tica do homem permeado por rela es sociais gostaria de agradecer A todos da minha fam lia meus irm os e irm s seus esposos e espos
104. a o da Educa o do Campo para fazer a interlocu o com o povo que vive no campo e suas organiza es KOLLING CERIOLLI CALDART 2002 p 23 Essa foi apenas uma das dezenove reivindica es que a Assembl ia aprovou e que foram encaminhadas ao Estado importante destacar ainda a necessidade de implementar um programa de forma o para todos os educadores do campo a amplia o da Educa o de Jovens e Adultos do Campo a garantia da Educa o Infantil e do Ensino fundamental nas comunidades do campo bem como o acesso ao n vel m dio e superior bem como a divulga o das Diretrizes Operacionais para a Educa o B sica nas Escolas do Campo garantindo o envio para todos os munic pios KOLLING CERIOLLI CALDART 2002 p 21 23 137 3 2 A EDUCA O DO CAMPO E O ESTADO A partir das reivindica es emanadas dos movimentos sociais em suas diversas manifesta es o Estado por meio do Minist rio da Educa o institui um GPT Grupo Permanente de Trabalho para tratar das quest es da Educa o do Campo cuja miss o reunir os movimentos sociais e as inst ncias oficiais com o objetivo de discutir e definir as pol ticas que efetivamente atendam s necessidades educacionais e sejam um instrumento para o desenvolvimento sustent vel do Brasil no campo O GPT coordenado pela SECAD Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade no mbito do Minist rio da Educa o MINIST RIO
105. a o do campo a primeira delas que o povo que vive no campo tem que ser o sujeito de sua pr pria forma o N o se trata pois de uma educa o ou uma luta para os mas sim dos trabalhadores do campo e assim que ela deve ser assumida por todos os membros deste movimento Por uma Educa o do Campo SEMIN RIO NACIONAL POR UMA EDUCA O DO CAMPO Bras lia 2002 p 20 grifos do original 132 Contudo legitimar uma escola pr pria para um segmento de classe quer seja a dos trabalhadores n o pode legitimar tamb m diferen as que dividam a classe trabalhadora que ao contr rio deveria unir se para imprimir uma educa o nica como sugerira Gramsci Al m disso a dualidade da educa o n o acaba mas se torna premissa para que essa mesma dualidade se intensifique uma vez que a quest o de classe esquecida ao propor uma escola para apenas um segmento Nesse sentido a quest o da educa o igual segundo Marx n o deveria acontecer no momento atual para todas as classes mas para a sociedade do futuro Sendo assim aquele era o momento de fortalecer o ensino para as classes trabalhadoras no sentido de ascender a uma educa o que unisse ci ncia e trabalho mas para todos Agora se cada vez mais se divide a tend ncia de uma fragmenta o cont nua acentuada que pode levar fragmenta o dos pr prios trabalhadores problema que tem se verificado no mbito das propostas neoliberais de respeito
106. a que hoje na Unidade de Conc rdia tamb m abate aves Ao longo dos anos firmou se no segmento agroindustrial e na produ o de alimentos derivados de carne su na bovina de frango e de peru al m de massas e margarinas Nos ltimos anos a Sadia se especializou cada vez mais na produ o e distribui o de alimentos industrializados congelados e resfriados Exporta seus produtos para 92 pa ses Mant m atrav s de seu Sistema de Fomento Agropecu rio parceria com cerca de 10 mil granjas integradas de aves e su nos www sadia com br acessado em 17 01 07 89 Esses por sua vez passam a ser integrados ao sistema de produ o da agroind stria BADALOTTI 2008 p 151 152 A autora aponta que na regi o oeste de Santa Catarina grande parte dos produtores integrados s o donos de suas propriedades e al m das atividades convencionais ligadas agroind stria desenvolvem outras como a produ o de gr os Por outro lado existe uma parcela significativa de agricultores familiares que n o est o mais ligados ao sistema agroindustrial isso porque as empresas t m cada vez mais realizado um processo de sele o e exclus o que tem ocasionado um significativo xodo rural na regi o BADALOTTI 2008 p 153 Mas apesar da posse da propriedade rural o munic pio tem sentido a evas o dos povos do campo para a cidade conforme pode se constatar no quadro abaixo Segundo o Anu rio Estat stico do Munic pio de Conc
107. a a descentraliza o do ensino art 35 itens 03 e 04 cap tulo IV e reservava Uni o o direito de criar institui es de ensino superior e secund rio nos estados Consequentemente essa Constitui o delegava aos estados da federa o a compet ncia e a responsabilidade de prover e legislar sobre o ensino de 1 grau Na d cada de 1850 consolida se o Imp rio ocorrendo a passagem de uma sociedade com base rural agr cola para o urbano agr cola comercial no qual as cidades passam a ser os p los do crescimento capitalista interno Desta forma o eixo da produ o se desloca do norte para a regi o sul e sudeste em virtude da produ o de caf Por m as a es concernentes educa o continuam com car ter de privil gio que n o representavam a necessidade do pa s cujo car ter se expressa no estabelecimento de medidas para o ensino prim rio e secund rio no munic pio da Corte RJ dando nova estrutura ao Ensino Superior e ao Col gio Pedro II ZOTTI 2004 p 48 49 96 Ao descentralizar as responsabilidades da educa o nesse n vel de ensino para os estados havia a desobriga o do Governo Federal ao atendimento na educa o e os estados implementavam o ensino conforme seus interesses e necessidades Para Oliveira 1999 na Constitui o de 1891 permaneceu a dualidade dos sistemas de educa o refletindo dessa forma a dist ncia que havia entre a educa o da classe dominante escolas secun
108. a a configura o da concep o de educa o e de seus objetivos SOUZA 2006 p 51 52 A partir dessa autonomia que permite uma concep o pr pria por parte dos movimentos sociais uma das bases da Proposta de Educa o do Campo segundo Caldart 2005 p 20 a pedagogia socialista que tem como prop sito ajudar a pensar a rela o entre educa o e produ o na dimens o pedag gica do trabalho e da organiza o coletiva A proposta evidencia que a concep o pedag gica socialista base auxiliar para pensar processos de forma o do ser humano capaz de ser construtor de um determinado projeto de sociedade Al m disso a proposta de Educa o do Campo de Conc rdia parece atribuir escola a responsabiliza o para a solu o dos problemas evidenciados no Munic pio Nesta l gica o objetivo garantir que as escolas do campo possam contribuir para o desenvolvimento hist rico pol tico e social dos sujeitos que fazem parte e vivem nesse meio assegurando a perman ncia do homem no campo com qualidade de vida MUNIC PIO DE CONC RDIA SEMED 2004 p 5 grifos meus Com essa afirma o a Proposta em quest o aproxima se do ideal da escola burguesa quando a essa era atribu da a solu o para as desigualdades sociais A proposta ao apresentar esse objetivo coloca problemas de ordem econ mica como responsabilidade sua esquecendo os limites da educa o e da fun o social da escola que a pr pri
109. a agricultura na pecu ria e em outras poss veis necessidades de seu cotidiano As d cadas seguintes 1940 e 1950 do s culo XX seguiram com uma multiplicidade de projetos e programas para a educa o do meio rural Na d cada de 40 surgiram programas de destaque tanto sob a responsabilidade do Minist rio da Agricultura como o Minist rio da Educa o e Sa de Foi nesse per odo que se criou a Comiss o Brasileira Americana de Educa o das Popula es Rurais CBAR cujo principal objetivo corroborava com o ide rio de que o progresso da agricultura brasileira dependia em grande parte da educa o do homem do campo Por isso a forma o do homem do campo n o pode ficar adstrita ao ensino t cnico nas poucas escolas destinadas ao preparo profissional dos trabalhadores na agricultura CALAZANS 1993 p 21 Outros programas nessas duas d cadas foram implementados para a Educa o Rural tendo como t nica o desenvolvimento da comunidade como por exemplo a Campanha Nacional de Educa o Rural CNER e o Servi o Social Rural SSR O primeiro tinha como objetivo preparar t cnicos para atender s necessidades da educa o de base inspirados na Unesco CALAZANS 1993 p 23 Ainda em 1948 surge a Associa o de Cr dito e Assist ncia Rural ACAR que fora o embri o da Associa o Brasileira de Assist ncia T cnica e Extens o Rural ABCAR Esta entidade tinha como patrocinadoras organiza es ligadas ao governo d
110. a concorr ncia e a domina o de uns sobre os outros A tend ncia econ mica na acumula o flex vel tem ditado regras princ pios e valores que normatizam a vida das pessoas bem como o conhecimento cient fico considerado pe a importante nessa engrenagem Segundo Harvey 2005 p 150 o pr prio saber se torna uma 2 Ao referir se a atual escola italiana deve se levar em considera o que Gramsci vivia no per odo de 1920 no contexto entre guerras e fascismo em que segundo ele a educa o passava por uma crise e sua proposi o para uma Escola Unit ria segundo Manacorda seria a perspectiva que Gramsci prop e para solu o racional da crise MANACORDA 2000 p 160 54 mercadoria chave a ser produzida e vendida a quem pagar mais sob condi es que s o elas mesmas cada vez mais organizadas em bases competitivas Nesse sentido o que a escola tem impl cito em sua pr tica apenas o modo de fazer bem feito o melhor poss vel ou seja o modelo baseado no desenvolvimento de compet ncias Educar para o desenvolvimento das compet ncias tem secundarizado a cultura geral e evidenciado os aspectos comportamentais de car ter utilit rio e imediato Um exemplo t pico de que n o somente a escola mas tamb m a sociedade coloca essa fun o para a educa o aparece estampado na Revista Exame de 27 de setembro de 2006 A reportagem de capa O pre o da ignor ncia atribui educa o o baixo n
111. a diversificada O sistema de ensino deve ser uno e m ltiplo M ltiplo devido tend ncia diversifica o e especifica o dia a dia mais precoce Uno porque a forma o moral e pol tica do indiv duo deve ser 141 nica com respeito natureza humana ao direito e ao dever Contudo esses princ pios v o de encontro aos interesses burgueses pelas implica es pol ticas de subordina o de todos ideologia dominante e tamb m pela apologia do trabalho parcelado exatamente a essa diferencia o que Gramsci se contrap e e sua proposta a supera o da forma o unilateral e diferenciada imediatamente interessada pois a escola deve ser unit ria Outro pressuposto do fil sofo Durkheim que justificaria a escola nica diferenciada o fato de que temos segundo nossas aptid es diferentes fun es a preencher e ser preciso que nos coloquemos em harmonia com o trabalho que nos incumbe Nem todos somos feitos para refletir e ser preciso que haja sempre homens de sensibilidade e homens de a o MACHADO 1989 p 62 apud DURKHEIM 1977 p 34 A proposta de Educa o do Campo apesar dos limites comentados distancia se da durkheimiana ao conceber a unicidade como nica forma o moral e pol tica do indiv duo e por considerar a pr tica social e a realidade campesina como ponto de partida Isso se expressa no pr prio m todo da economia pol tica quando Marx aponta que Parece que o
112. a e percebida pela nfase em valores como respeito cultura local resgate da identidade etc uma vez que n o comum encontrar trabalhos que discutem a forma de organizar e conceber a educa o pela massa trabalhadora Gramsci 2004 p 116 ressalta que Quando individualmente um elemento da massa supera criticamente o senso comum ele aceita por esse mesmo fato uma filosofia nova da portanto a necessidade numa exposi o da filosofia da pr xis da pol mica das filosofias tradicionais Ali s por seu car ter tendencial de filosofia de massa a filosofia da pr xis s pode ser concebida em forma pol mica de luta perp tua Todavia o ponto de partida deve ser sempre o senso comum que espontaneamente a filosofia das multid es as quais se trata de tornar ideologicamente homog neas Contudo apesar do significado dessa confer ncia tendo em vista todo o envolvimento dos alunos e professores atingiu apenas as escolas de classes multisseriadas n o sendo realizada portanto para as demais unidades escolares do munic pio Essa forma de encaminhamento pol tico de um lado romantiza a id ia de valoriza o do campo e de outro determina uma fragmenta o entre o urbano e o rural refor ando a dualidade Quanto estrutura f sica das escolas segundo as propostas de educa o do munic pio observa se a preocupa o com as condi es de trabalho para o funcionamento das mesmas Em 2004 as 21 unidades d
113. a escola e sendo assim o nico profissional da educa o que promove a intera o entre aqueles que ali se encontram ou seja entre professore e alunos e entre alunos e alunos A partir deste pressuposto a proposta valoriza o professor que al m da forma o reconhecido pela pr pria fun o que exerce Mas foram nestes momentos em que o professor dizia se atarefado com outras fun es al m do ensino que se percebeu a necessidade urgente de avan armos em muitos pontos O primeiro deles foi valoriza o do professor das escolas do campo anteriormente considerado apenas um sujeito presente nas escolinhas esperando o momento da nuclea o para que pudesse ir a uma escola sede grande com mais recursos e uma s turma Por m agora um sujeito pensando as convic es firmes acerca do trabalho que desempenha nestas unidades escolares MUNIC PIO DE CONCORDIA 2004 p 16 17 A segunda proposta n o cont m registros que expressam de forma direta o trabalho do professor na classe multisseriada Mas se percebe por meio da proposta que h preocupa o com os professores O documento 2005 2008 indica que os profissionais buscam e sinalizam a necessidade de um avan o te rico e metodol gico Em outra parte do texto destaca que Precisa se construir a cultura junto com os professores refletir sobre sua a o para construir uma pr tica coletiva e interdisciplinar que d conta de efetivar esse pro
114. a o desenvolvimento mas com a crise desencadeada em meados da d cada de 1960 por meio do desenvolvimento das ondas migrat rias das popula es carentes do meio rural para o urbano do golpe militar de 1964 o qual modificou a estrutura s cio pol tica da Na o e cristalizou a depend ncia econ mica do Brasil em rela o aos pa ses do bloco capitalista a anula o dos direitos civis e da cidadania e o desenvolvimento do milagre econ mico possibilitaram a penetra o da Extens o Rural e sua ideologia no campo Nesse sentido ocorre a substitui o a professora do ensino formal pelo t cnico e pelo extensionista tamb m subsidiados por entidades norte americanas LEITE 1999 p 42 Com a promulga o da Lei 5 692 71 deu se de modo definitivo a municipaliza o do ensino rural subsidiada administrativa e financeiramente mais uma vez por projetos Para Leite 1999 esta LDB teoricamente abriu espa o para a educa o rural por m restrita em seu pr prio meio e sem contar com recursos humanos e materiais satisfat rios Isso porque essa lei distanciada da realidade s cio cultural do campesinato brasileiro n o incorporou as exig ncias do processo escolar rural em suas orienta es fundamentais nem mesmo cogitou poss veis direcionamentos para uma pol tica educacional destinada exclusivamente aos grupos campesinos LEITE 1999 p 48 Em 1980 1985 outros programas educacionais foram desenvolvidos pelo III Plano Se
115. a produ o o curr culo jesu tico era sem utilidade pr tica vis vel para uma economia fundada na agricultura elementar e no trabalho escravo mas logo a elite percebeu a import ncia e o poder dessa educa o para a forma o de seus representantes pol ticos e consequentemente interven o no poder p blico ZOTTI 2004 p 20 94 No per odo colonial depois da sa da de cena do ensino jesu tico o ensino popular ainda era inexistente pois as poucas aulas r gias continuavam para uma pequena parcela da popula o No per odo Imperial continuou a tradi o da n o preocupa o com o ensino do povo prim rio e secund rio ficando claro que o objetivo era a educa o da elite Mesmo com o processo de Independ ncia brasileira pelo fato das atividades econ micas estarem centradas no latif ndio agro exportador conforme convinha classe dominante em alguns momentos se lan ava m o de um discurso de car ter nacional e popular demonstrando preocupa o com a instru o p blica e declarando a como rea priorit ria pelo governo j que por meio de uma instru o s lida poder se ia garantir a grandeza da na o ZOTTI 2004 p 38 Mesmo estando previsto em lei discuss o da Assembl ia Nacional Constituinte de 1823 a gratuidade do ensino prim rio e a cria o de demais n veis n o se diferenciava daquilo que vinha acontecendo nos anos anteriores A matriz curricular proposta pelo Decreto Imperial de
116. a proposta coloca mais adiante que transmitir o conhecimento sistematizado historicamente evidente que tal projeto n o pode suprimir as desigualdades sociais do campo entretanto n o se d conta que a qualidade de vida das pessoas n o decorre apenas das especificidades que devem ser levadas em conta mas do modo de produ o e da divis o da sociedade em classes Al m disso h contradi es entre as propostas de unifica o escolar burguesa e a luta de classes inclusive no pr prio campo tendo em vista essa desconsidera o da divis o da sociedade em classes sociais Mas talvez justamente no espa o da contradi o esteja a resposta para uma proposta de supera o da dualidade na Educa o do Campo pois ao tornar as diferen as e Esta proposta aquela formulada pelos agentes sociais do campo ou seja pelo movimentos sociais e demais institui es que discutem o tema da Educa o do Campo 65 desigualdades t o evidentes levanta a necessidade de buscar caminhos para sua supera o levando em conta os limites da a o da educa o escolar que se colocam dentro do espa o da transmiss o do conhecimento como instrumento de reflex o sobre a realidade social Uma das reflex es da proposta de unifica o escolar liberal prima por considerar a materialidade ou seja as bases reais de desenvolvimento das for as produtivas do capital Uma delas a divis o do trabalho a complexifica
117. a qual Paulo Freire fala desse modo sobre a realidade dos educandos devido influ ncia da filosofia da educa o de John Dewey o pragmatismo Da o risco de se incorrer em uma proposta imediatista Para Paulo Freire a filosofia da educa o centra se no di logo pois a dialogicidade a ess ncia da educa o como pr tica da liberdade o m todo por excel ncia da liberta o Essa educa o que se imp e como libertadora e coloca o di logo como centralidade da filosofia n o pode segundo Freire fundar se numa compreens o dos homens como seres vazios a quem o mundo se encha de conte dos mas ao contr rio h necessidade de uma educa o problematizadora FREIRE 2005 p 77 Nesse sentido uma educa o problematizadora o caminho para se conhecer a realidade uma vez que o di logo que possibilita aos homens a pron ncia do mundo pela palavra que a o e reflex o ao mesmo tempo enquanto pr xis que leva transforma o ZANELLA 2007 p 18 Por m de qual realidade Paulo Freire est falando A realidade o mundo o mundo da consci ncia Assim Freire 2005 p 81 enfatiza que a educa o como pr tica de liberdade implica a nega o do homem abstrato isolado solto desligado do mundo assim como tamb m a nega o do mundo como uma realidade ausente dos homens Assim continua o autor a reflex o que se prop e sobre os homens em suas rela es com o mundo em que ambas se
118. abalhador j cobria os custos de produ o mat ria prima m o de obra custos de produ o em geral Esse tempo que o trabalhador despende sua for a de trabalho na produ o de mercadoria e que o patr o n o tem custos Marx chamou de mais valia ou seja o lucro Maiores detalhes acerca do conceito que se torna complexo pelas reflex es marxianas ver O Capital Livro volume 1 o processo de produ o do capital 63 desigualdades uma vez que exclui qualquer possibilidade de pensar a educa o sob as condi es reais de exist ncia dos homens produzidas no mbito das rela es de produ o N o implica portanto em uma an lise econ mica da propriedade privada do seu significado no conjunto das rela es capitalistas mas a vis o apenas de forma o unilateral do indiv duo para adequar se nova sociedade A utiliza o dos princ pios de liberdade igualdade e fraternidade embutidos nos projetos pedag gicos oferece igualdades a todos os cidad os ou seja o discurso universalizante da instru o a escolaridade comum a todos Mas como essa escolaridade estava ligada a uma tend ncia modernizadora de uma sociedade mais avan ada era vista por alguns te ricos como necess ria como Saviani afirma lembrando Adam Smith uma instru o para os trabalhadores por m em doses homeop ticas SAVIANI 2008 p 160 Em outras palavras isso significava fornecer o m nimo poss vel de instru o para os
119. abalho do professor n o consiste simplesmente em transmitir informa es ou conhecimentos mas sim em apresent los sob a forma de problemas a resolver Al m disso o mesmo texto apresenta uma outra id ia a de que a fun o do professor transmitir o gosto pelo estudo UNESCO 2001 p 157 No entanto sem discordar da necessidade da problematiza o e de desenvolver o gosto pelo estudo essa n o se d quando a escola desvincula a realidade do aluno dos conhecimentos trabalhados Gramsci j lembrava que a escola n o deve se afastar da vida Um exemplo que retrata essa preocupa o para que a escola n o se afaste da vida foi a realiza o da Confer ncia Municipal de Educa o do Campo no munic pio de Conc rdia 2004 O resultado foi a produ o de uma carta p blica contendo as convic es dos professores e dos alunos ou seja aquilo que pensam sobre a educa o o que anseiam e esperam da educa o do campo Eis parte do conte do da carta dos professores de maneira sucinta Somos educadoras do campo e atrav s deste documento queremos demonstrar nossas lutas e conquistas que denominamos aqui de convic es fundantes que aquilo que acreditamos e constru mos Assumimos a especificidades do campo Isso quer dizer que precisamos valorizar o conhecimento do aluno e garantir o conhecimento cient fico a todos de maneira indistinta temos elaborado o nosso Projeto Pol tico Pedag gico que orienta nossa
120. aca que na educa o prim ria os principais objetivos eram o desenvolvimento da personalidade objetivo individual a integra o do educando na sociedade brasileira em geral objetivo nacionalista a forma o do sentimento de solidariedade humana objetivo humano bem como o ajustamento ao ambiente regional em que se desenvolvia a vida do educando objetivo vocacional CALAZANS 1993 p 19 Os ideais presentes nas id ias do movimento iniciado em 1920 por meio do ruralismo pedag gico surgiram no momento em que o Brasil passava por grandes transforma es nos planos econ mico e pol tico cujo movimento como j visto ocorreu daquilo que se denominou de entusiasmo e otimismo pedag gico Como Nagle 2001 j definiu anteriormente esse per odo foi marcado por mais uma crise do capitalismo Neto 2003 tamb m referenda as transforma es do per odo nestas 101 duas esferas o in cio da d cada de 30 foi caracterizado no Brasil por dificuldades econ micas e preju zos aos propriet rios de terras produtores de g neros agr colas voltados para a exporta o e em especial para a oligarquia cafeeira sofrendo consequente enfraquecimento pol tico NETO 2008 p 12 Foi nesse contexto segundo Neto 2003 que se desenvolveu a ideologia da fixa o do homem do campo por meio da pedagogia com um curr culo escolar que deveria estar voltado para o fornecimento de conhecimentos que pudessem ser utilizados n
121. acional que emergiu uma proposta de Educa o do Campo para o Munic pio de Conc rdia Assim a an lise de suas possibilidades e de seus limites foi realizada tendo como refer ncia uma educa o cuja concep o pautada na supera o das diferen as que acabam por legitimar a dualidade da escola Essa concep o portanto da escola unit ria de Gramsci A popula o do campo tem reivindicado uma educa o pr pria Educa o do Campo ou seja uma educa o que esteja ligada aos modos de organiza o da vida e da cultura dos povos que vivem no campo Para tanto tem promovido in meros debates em n vel nacional estadual e municipal com o objetivo de articular pol ticas educacionais espec ficas para a implementa o no campo As discuss es acerca do assunto emergiram inicialmente dos movimentos sociais sendo esses os principais articuladores de uma proposta educacional de ra zes socialistas que possibilite incluir a escola com sua organicidade pr pria com um sentido libertador transformador talvez mesmo revolucion rio para aquilo que a escola faz ou pode vir a fazer CALDART 2005 p 393 Os principais argumentos suscitados para a efetiva o de uma pol tica espec fica para a educa o do campo s o as condi es de pobreza geradas a partir das desigualdades sociais e o abandono hist rico da educa o nesse meio Contudo observa se que n o somente o meio rural que sofre o abandono da
122. ada mesmo em seus erros e em suas loucuras os quais ademais n o obstante terem sido corrigidos podem ainda se reproduzir no presente e exigir novamente a sua corre o GRAMSCI 1995 p 15 Portanto a import ncia que reside no fato de optar por uma base te rica est relacionada ao modo como foi organizado historicamente o pensamento sobre esta ou aquela filosofia que sustenta uma ou outra proposta Contudo a explicita o da base filos fica de uma proposta representa um avan o pois permite que se analise todas as situa es pertinentes s quest es educacionais a partir de uma determinada concep o hist rica A nica ressalva que essa base te rica n o fa a da educa o um mero conte do acad mico ou mesmo um vago discurso demag gico mas que leve em conta as concep es de sociedade e das rela es hist ricas estabelecidas pelos homens A escolha de outro referencial para a educa o do Munic pio de Conc rdia e que acabou por influenciar diretamente na Proposta para as Escolas do Campo explicada pela coordena o pedag gica da Secretaria de Educa o Nesse sentido a diretora de educa o explica que Saviani trabalha a partir do conhecimento concep o essa que n o atende s especificidades de uma educa o para a grande massa dos trabalhadores A entrevistada ressalta que considera importante a contribui o da pedagogia cr tica de Saviani por m observa que h uma ruptura na quest o a
123. al SAVIANI 2005 p 70 Por m ao tomar a constitui o do movimento como sujeito pedag gico pode incorrer em uma limita o Quando Saviani apontou a especificidade da educa o chamou a aten o para a transmiss o do conhecimento historicamente acumulado pelo homem N o se pode esquecer que o campo brasileiro tal qual j foi analisado anteriormente passou por um processo de transforma o desencadeado pelas rela es de produ o capitalistas isto o campo quer seja aquele da pequena da m dia ou da grande propriedade produtor de mercadorias para o capitalismo Nesse sentido para aqueles que permanecem no campo n o se pode negar as condi es para se apropriar dos conhecimentos t cnico cient ficos da produ o e de uma forma o humana emancipat ria No quarto caderno da cole o as quest es acerca da necessidade de uma escola pr pria para os sujeitos do campo est o intr nsecas nas proposi es do caderno Assim reivindicam uma educa o do campo partindo do pressuposto de que existe uma realidade pr pria do campo Para Caldart que escreve o primeiro texto desse caderno Construir uma escola do campo significa pensar e fazer a escola desde o projeto educativo dos sujeitos do campo trazer para dentro da escola as matrizes pedag gicas ligadas s pr ticas sociais combinar estudo com trabalho com cultura com organiza o coletiva com postura de transformar o mundo se as
124. alismo hist rico dial tico abordagem que j estava posta na proposta anterior do Munic pio O novo documento indica a preocupa o em definir um outro olhar principalmente na constru o do curr culo escolar Assim a proposta esclarece que Para que haja a compreens o de qual proposta do Campo estar se falando nos momentos a seguir toma se como primeira quela que tem como refer ncia Saviani e Pistrak e por segunda a adotada a partir de 2005 e que n o apresenta uma proposta espec fica para a educa o do campo 150 Exige se portanto um outro olhar e um outro planejar a sala de aula onde este parta do contexto em que est inserida levando em considera o a vis o de mundo expressa por esta comunidade em suas falas rea es an lises e proposi es contexto O processo de reorganiza o curricular que se pretende construir deve necessariamente transitar neste movimento de a o x reflex o x a o pois como diz Paulo Freire ningu m ignora tudo Ningu m sabe tudo Todos n s sabemos alguma coisa Todos n s ignoramos alguma coisa Por isso aprendemos sempre SECRETARIA DE EDUCA O 2005 s p Nesse sentido muda tamb m a maneira de orientar o trabalho nas escolas do campo que agora n o ocorre mais por meio da constru o de complexos tem ticos mas por meio de temas geradores Nesse caso coloca se uma diferen a entre as duas orienta es A op o elaborada
125. aloriza o da cultura do povo do campo que nesse caso camuflam as desigualdades sociais concretamente existentes realidade 16 A referida proposi o est contida no primeiro caderno da colet nea de cinco publicados pela Articula o Nacional O conte do desse primeiro se refere mem ria ou seja a resgatar tudo que constituiu parte da Educa o do Campo 17 Retirado do texto A escola do Campo em Movimento de Roseli Salete Caldart 2003 As tr s proposi es citadas pela autora referem se s id ias que possibilitam a din mica das lutas pela implementa o de um projeto popular de desenvolvimento do campo CALDART 20083 p 61 Publicado por Curr culo Sem Fronteiras v 3 n 1 pp60 81 Jan jun 03 8 As observa es extra das comp em a Proposta de Educa o para as Escolas do Campo do Munic pio de Conc rdia 2008 50 Tais discursos s o baseados nos preceitos neoliberais colocados em termos como equidade alteridade e respeito s diferen as para justificar planos setoriais de educa o os quais acabam refor ando ainda mais as desigualdades O Estado at reconhece essas diferen as no entanto ao propor uma educa o diferente para os diversos grupos como do campo e da cidade por exemplo volta a legitimar a dualidade pelo fato de confundir e identificar as desigualdades dentro da ordem das diferen as culturais desconsiderando o contexto social pol tico e econ mico A partir das reflex es a
126. ampo o que se tem concretamente no Brasil neste s culo a continua o dos conflitos pela terra e a luta por acesso aos meios de produ o o que tem gerado grandes barb ries excluindo milh es de brasileiros n o somente do acesso a terra mas tamb m de todos os direitos sociais inclusive e principalmente do direito educa o 2 1 3 A pequena propriedade e a agricultura familiar Os dados do Censo Agropecu rio 1995 96 revelam que a maior parte da popula o rural se ocupa do trabalho na pequena propriedade que baseada na m o de obra familiar As pequenas unidades de produ o isto as pequenas 79 propriedades rurais garantem mais de 14 4 milh es de postos de trabalho perfazendo aproximadamente 86 6 do total de trabalho na agricultura A agricultura familiar a principal geradora de postos de trabalho no meio rural brasileiro Mesmo dispondo de apenas 30 da rea 353 6 milh es de hectares respons vel por 76 9 do Pessoal Ocupado PO Dos 17 3 milh es de PO na agricultura brasileira 13 780 201 est o empregados na agricultura familiar FAO INCRA 2002 Contudo a atividade predominante informal j que pelas informa es obtidas junto ao Minist rio do Trabalho apontam um n mero em torno de apenas um milh o de empregados com carteira assinada neste setor MONTEIRO 2004 O prop sito de apresentar esses dados encontra sentido ao constatar que a quest o agr ria no Brasil desde o
127. ar ter fragment rio essas duas premissas anteriormente citadas por Machado o fato de o Brasil ser consignat rio dos acordos internacionais impostos pelos organismos multilaterais Eles padronizam o sistema de ensino brasileiro como forma de manuten o e poder Assim esse desenvolvimento da id ia de unifica o escolar est associado preocupa o pol tica b sica da burguesia de realizar sob sua hegemonia a unifica o cultural e moral do povo a fim de consolidar a unidade da na o em torno dos seus interesses MACHADO 1989 p 66 Para tanto torna se necess rio que o conte do a ser ensinado parta das duas id ias b sicas anteriormente discutidas isto da reivindica o de universaliza o da educa o e a formula o na organiza o da educa o nacional tendo em vista maior coes o unidade e coordena o entre as diferentes institui es educativas Isso requereria a unifica o tamb m do professorado quanto a sua forma o remunera o e carreira MACHADO 1989 p 67 68 A primeira id ia na perspectiva da resposta ao princ pio do direito de todos impede a possibilidade do mesmo ponto de chegada pois se fundamenta em fatores de ordem psicopedag gicas esquecendo as diferen as decorrentes das desigualdades sociais Nesse sentido o fracasso ou o sucesso do aluno n o est em nenhum momento ligado sua condi o de classe mas apenas aos pr prios m ritos de aprendizagem Na segunda i
128. ar a mentalidade de acordo com as caracter sticas da ideologia do Brasil pa s essencialmente agr cola o que importava tamb m em operar como instrumento de fixa o do homem do campo NAGLE 2001 p 302 Por m o que mais interessa nesse momento considerar que n o bastava apenas pensar a educa o para o povo urbano Seria necess rio pensar tamb m a educa o para a zona rural A partir do ideal de politiza o da educa o segundo Moraes Estavam presentes ent o algumas id ias elaboradas nas d cadas anteriores como a de que a reforma da sociedade se daria pela reforma da educa o e do ensino a import ncia da cria o de cidad os e de reprodu o moderniza o das elites acrescidas da consci ncia cada vez mais expl cita acerca da fun o da educa o no trato da quest o social a educa o rural para conter a migra o do campo para as cidades e a forma o t cnico profissional do trabalhador visando solucionar o problema das agita es urbanas MORAES 2008 p 132 99 Essa nova configura o educacional proporcionou a constru o de um curr culo nacional cient fico e laicizado Segundo Neto 2003 tornou se percept vel a presen a de modismos pedag gicos importados sobretudo da Fran a e Inglaterra No entanto o que mais caracterizou o per odo foi a presen a do denominado otimismo pedag gico o qual atribu a escola a fun o de principal agente de muda
129. as pai m e e sobrinhos s minhas amigas Ivete Cechin Sandra Pierozan e Marcia Farinella pelas contribui es te ricas e pelas conversas s colegas da Secretaria Municipal de Educa o minha orientadora Rose Meri Trojan que com paci ncia contribuiu de maneira incondicional para a concretiza o dessa pesquisa Regina Michelotto minha primeira orientadora Sua contribui o foi fundamental para dar sentido ao objeto de pesquisa nos momentos de indefini es Aos professores do Programa de Mestrado da UFPR Linha de Pol ticas e Gest o da Educa o os quais contribu ram para a efetiva o deste trabalho de pesquisa s professoras da banca C lia Vendramini e Maria Ant nia de Souza pelas contribui es Secretaria Municipal de Educa o em especial ao Departamento Pedag gico pela ced ncia dos documentos necess rios pesquisa E finalmente ao Aur lio meu querido companheiro que tem compreendido minhas aus ncias e incentivado meus estudos Somos conformistas de algum conformismo somos sempre homens massa ou homens coletivos O problema o seguinte qual o tipo do qual fazemos parte Quando a concep o de mundo n o cr tica e coerente mas ocasional e desagregada pertencemos simultaneamente a uma multiplicidade de homens massa nossa pr pria personalidade comp sita de uma maneira bizarra nela se encontram elementos dos homens das cavernas e pri
130. as a forma mais t pica desse trabalho se realiza por meio de parcerias entre os agricultores e a agroind stria Atualmente o Munic pio de Conc rdia com uma popula o estimada de 66 350 habitantes ocupa a 12 posi o na economia do Estado de Santa Catarina dentre os 293 munic pios catarinenses Em rela o ao IDH ndice de Desenvolvimento Humano PNUD 2003 ocupa a 13 posi o no estado e dentre os 5 507 munic pios brasileiros fica na 32 posi o MUNIC PIO DE CONC RDIA ASPLAN 2006 Segundo dados do Censo Agropecu rio 1995 96 FAO INCRA o n mero de estabelecimentos rurais em Conc rdia de 3 350 sendo que as atividades agropecu rias representam 80 de sua economia idem ibidem Apesar de as atividades agr colas no munic pio representarem quase o total de sua economia interessante notar que a maioria da popula o est concentrada na cidade J 80 da economia resultado da produ o agr cola representada por apenas 28 23 da popula o todavia 71 77 moram em reas urbanas MUNIC PIO DE CONC RDIA ASPLAN 2006 Cabe lembrar neste momento que ficam claras as evid ncias que indicam que o processo capitalista de produ o aproximou o campo cidade subordinando o primeiro ao segundo Mas esse processo n o ocorreu ao acaso e tampouco fora do contexto das rela es sociais de trabalho ou melhor das rela es que resultaram 3 Esses dados como os demais que se r
131. b m tiveram a participa o desse organismo As mudan as pelas quais passou o pa s a partir dos anos de 1980 determinadas dentre outras raz es pela nova reestrutura o produtiva implementada pelo neoliberalismo e pela globaliza o da economia atrav s das influ ncias dos organismos multilaterais levaram o Estado a uma reforma e em consequ ncia reorganiza o da educa o Como ressaltou anteriormente Torres houve a partir disso uma nova forma de gestar a educa o o que acabou por definir um modelo descentralizado de ensino provocando mudan as na organiza o da educa o brasileira Uma dessas mudan as foi a municipaliza o do ensino por meio do processo de descentraliza o Muitos autores t m se ocupado de estudar o tema como Oliveira 1999 Mendon a 2000 e Arelalo 1999 Para Oliveira a descentraliza o do ensino vem ocorrendo nos ltimos anos em quase todos os pa ses latino americanos implantada tanto em governos democr ticos quanto em ditaduras militares E de se registrar ainda que organismos internacionais ligados promo o da educa o t m recomendado a descentraliza o Na es Unidas Banco Mundial e OEA OLIVEIRA 1999 p 13 citando HEVIA 1991 p 5 As discuss es sobre a descentraliza o do ensino brasileiro n o s o recentes Elas permeiam as pol ticas educacionais ainda na Primeira Rep blica estando presentes em diferentes inst ncias no Manifesto dos Pi
132. ca presente na Idade M dia muda tendo em vista que a cidade subordinava se ao campo A partir disso a cidade passa a prevalecer sobre o campo e a agricultura tende cada vez a subordinar se ind stria e a se modernizar Assim as rela es de trabalho mudam e a escola est ligada a esse processo como ag ncia educativa ligada s necessidades do progresso s necessidades de h bitos civilizados que correspondem vida na cidade SAVIANI 1994 p 157 As mudan as ocorridas na sociedade formam o indiv duo para a vida na cidade para ser sujeito de direito da sociedade moderna centrada na cidade e na ind stria Dessa maneira a forma escolar emerge como forma dominante de educa o na sociedade atual e por ser assim compreende se porque as demais 26 formas de educa o passam para um plano secund rio e se subordinam escola Essa ent o compreendida como institui o formal e quando se fala em educa o h que se especificar de qual se trata da educa o escolar ou da n o escolar Saviani vem chamar a aten o disso ao pontuar que a escola sofre uma verdadeira hipertrofia tende se a considerar e a atribuir escola tudo aquilo que educativo inclusive a educa o que antes se acreditava ser fun o da fam lia Mas ao mesmo tempo em que recebe todas essas atribui es tende a ser secundarizada pois surgiu em nossos dias um discurso que se inclina a afirmar que a educa o escolar n o a
133. camente no oeste do estado 78 compram produtos industrializados de fam lias de agricultores FERRARI 2003 p 167 Contudo se essa uma sa da para o campo h grandes contingentes populacionais buscando trabalho no espa o urbano Dados estat sticos mostram que nos ltimos anos o xodo rural tem aumentado Em 1993 o munic pio de Conc rdia contava com 46 de sua popula o residindo no campo Hoje apenas 28 33 permanecem nesse tipo de atividade MUNIC PIO DE CONC RDIA ASPLAN 2006 Segundo dados do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat sticas no Brasil em 1991 a popula o residente no campo era de 35 834 485 do total de 110 990 990 habitantes ou seja 32 28 Hoje pelos dados do ltimo Censo IBGE 2000 dos 169 799 170 habitantes do Brasil 18 75 est o no campo ou seja apenas 31 845 211 pessoas residem na zona rural Para atender s transforma es necess rias moderna agricultura no per odo do final do s culo XVII desenvolve se a mec nica a qu mica e a fisiologia animal Contudo mesmo com o desenvolvimento tecnol gico aplicado agricultura com o arado a vapor o arado el trico e a adubagem qu mica do solo a economia da for a de trabalho n o se d como na ind stria Esse desenvolvimento tecnol gico possibilita que j no final do s culo XIX a agricultura seja reconhecida como ci ncia e que sejam criadas as escolas agron micas particularmente as escolas superiore
134. cerca da a o transformadora da filosofia fica patente a grande preocupa o de Gramsci com as formas de pensar e de sentir das classes subalternas uma vez que qualquer processo de transforma o da consci ncia passa pelo senso comum criticado e pelo bom senso elaborado Ap s essas digress es acerca da finalidade da educa o observa se que Saviani Gramsci e Marx trataram a educa o e a escola enquanto elementos essenciais para o processo de desenvolvimento da humanidade Foi comum encontrar em suas teorias conceitos relativos categoria trabalho enquanto princ pio educativo ou seja como fundamento do e para o processo de forma o humana bem como das condi es para a inser o no mundo do trabalho isto a uni o do ensino de cultura geral e ao do trabalho profissional ou mesmo como dizia Marx a uni o entre ci ncia e trabalho Apesar de estes te ricos terem vivido em momentos hist ricos diferentes suas an lises acerca da escola n o deixaram de observar as bases concretas de desenvolvimento da sociedade o que consideram fundamental no momento de organiza o de suas concep es pedag gicas 1 4 3 A concep o de Escola Unit ria em Gramsci As desigualdades impostas pelo contexto pol tico social econ mico e cultural do seu tempo que se desenvolvia por meio do pleno dom nio da ind stria do norte italiano sobre o sul agr cola atrasado e mais tarde pelo regime fascista que concentrou ainda mais o p
135. cesso escola p blica como express o da igualdade de direitos n o propunha a supera o das desigualdades decorrentes da divis o da sociedade em classes Da mesma forma a pol tica educacional de cunho neoliberal retomou a id ia de educa o como solu o para as quest es sociais somando a essa um outro elemento o respeito diferen a e cultura Por m a legitima o da diferen a est sendo utilizada para a legitima o de uma sociedade dividida desigual e injusta Isso porque reconhecer a diferen a sob essa tica legitimar a id ia da divis o da sociedade em classes sociais Opondo se a essa vis o cr tica o Relat rio da Unesco para a Educa o do S culo XXI justifica a necessidade de reconhecer que os sistemas educacionais imp em a todas as crian as o mesmo modelo cultural e intelectual sem ter em conta a diversidade dos talentos individuais UNESCO 1996 p 55 que se fundamenta no princ pio do individualismo segundo o qual uns s o mais capazes do que outros O modo de produzir no capitalismo e os ajustes que se delinearam com o modelo de acumula o flex vel trouxeram implica es no modo de abordar as quest es educacionais atribuindo a essa uma fun o que n o parece justa do ponto de vista da supera o das desigualdades Para Soares o Banco Mundial vem dando nfase especial educa o vista n o apenas como instrumento de redu o da pobreza mas principalmente como fator
136. cesso e que devolva ao professor sua fun o de produ o e constru o do conhecimento necess rio junto ao seu aluno MUNIC PIO DE CONC RDIA 2005 s p As duas propostas valorizam a forma o dos professores Apesar de a primeira apresentar mais elementos te ricos que a segunda no que se refere aos estudos ambas valorizam a teoria Isso representa uma positividade apontada por Pistrak 2003 pois segundo ele o educador que n o disp e da teoria n o poder trabalhar de forma til na escola uma vez que esse se perder sem encontrar o caminho sem guia sem o caminho a ser atingido A inten o segundo Pistrak da 177 forma o do professor arm lo de modo que ele pr prio seja capaz de criar um bom m todo baseando se numa teoria s lida de pedagogia social PISTRAK 2003 p 25 A fun o que o professor exerce na educa o fundamental Manacorda lembra que para Gramsci o professor exerce uma fun o de controle e orienta o amig vel MANACORDA 2000 p 163 Segundo Zanella na concep o marxista o professor respons vel pelo ensino devendo para tanto possuir um aprofundamento te rico metodol gico com dom nio do saber objetivo para saber ensinar ZANELLA 2007 p 21 As pol ticas neoliberais ainda que ressaltem a import ncia do professor t m relativizado o seu papel na transmiss o de conhecimentos ao enfatizar os aspectos afetivos e comportamentais O Relat rio da Unesco pa
137. cia de uma escola para a cidade e de outra para o campo o que a partir das propostas neoliberais tem ganhado novos contornos Desse modo para avaliar o conte do da proposta de Conc rdia para a escola do campo em primeiro lugar a concep o gramsciana de escola unit ria se imp e como refer ncia fundamental pois se coloca como Escola nica inicial de cultura geral humanista formativa que equilibre de modo justo o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente tecnicamente e industrialmente e o desenvolvimento das capacidades de trabalho intelectual Deste tipo de escola nica atrav s de repetidas experi ncias de orienta o profissional passar se a uma das escolas especializadas ou ao trabalho produtivo GRAMSCI 2004 p 33 34 grifos meus importante voltar a aten o para a reflex o que Gramsci procura evidenciar ao propor a Escola Unit ria n o apenas sua organiza o e ao m todo de ensino mas tamb m a uma nova concep o do mundo que entra em luta contra as concep es determinadas pelos diversos ambientes sociais tradicionais ou seja contra as concep es que chama de folcl ricas GRAMSCI 2004 p 37 52 Contudo a concep o folcl rica n o se esgota aqui No caderno 11 Gramsci ao tratar do senso comum estabelecer outras rela es necess rias compreens o de uma nova concep o de mundo A preocupa o sobre a escola nica conte do na carta escrita e
138. cional para o campo brasileiro Neste trabalho torna se importante incluir algumas quest es referentes aos Movimentos Sociais uma vez que juntamente com CNBB Confer ncia Nacional dos Bispos do Brasil UnB Universidade de Bras lia UNICEF e UNESCO realizaram a Confer ncia Nacional Por uma Educa o B sica do Campo em 1998 O conte do debatido na Confer ncia nos remete reflex o sobre aspectos relacionados vis o de adapta o do curr culo s condi es de vida material do meio rural dominante no campo Mostra ainda que o campo est vivo e necessita de um movimento educativo renovador ARROYO 1999 p 7 8 No texto de mem ria da confer ncia contido no primeiro caderno de uma s rie de cinco encontramos o hist rico ou seja como surgiu o primeiro debate acerca da Educa o do Campo Se a Confer ncia Nacional Por Uma Educa o B sica do Campo foi um marco essa aconteceu tendo em vista um processo de reflex o anterior gestado no ENERA Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agr ria promovido justamente pelas organiza es 62 Caldart 2004 Souza 2006 Martins 2004 Vendramini 2000 Man ano 2004 Arroyo faz o pref cio desse primeiro caderno tendo constitu do as discuss es na Confer ncia Os cadernos s o editados a partir dos encontros realizados para discutir a educa o do campo O primeiro deles e que cont m a mem ria de como iniciaram os trabalh
139. classes O trabalho era comum Nesse sentido os homens se educavam e educavam as novas gera es no pr prio processo de trabalho Com o surgimento da propriedade privada e a consequente divis o da sociedade em classes sociais a classe dos propriet rios se sobrep e classe dos n o propriet rios o que oferece condi es de uma classe viver do trabalho alheio SAVIANI 1994 p 152 Observando essas rela es em todo o processo da hist ria humana o homem ao interferir na natureza inicia processos de transforma o criando um mundo humano o mundo da cultura SAVIANI 2008 p 11 Assim a educa o como um fen meno pr prio dos seres humanos constitui se como uma exig ncia ao mesmo tempo do e para o processo de trabalho bem como ela pr pria um processo de trabalho SAVIANI 2003 p 12 Para que o homem exista necess ria a garantia de sua subsist ncia material que ocorre por meio do trabalho material Contudo para que esse trabalho se concretize necess rio que o homem antecipe sua a o no trabalho material por meio de id ias e que essas sejam compartilhadas por meio de uma atividade intelectual ou seja do trabalho n o material na modalidade em que o produto n o se separa do ato de produ o A educa o portanto um trabalho n o material pois envolve id ias conceitos valores habilidades e tais elementos n o podem ser considerados como algo exterior ao homem SAVIANI
140. complementa que Gramsci ao ter realizado sua op o por uma escola nica de cultura geral human stica no sentido amplo e n o apenas tradicional se disp e a estudar os modos concretos segundo os quais essa escola poder se configurar tendo como prop sito atender aos interesses da classe trabalhadora Para isso analisa os dados subjetivos do desenvolvimento psicol gico dos jovens mas tamb m os dados objetivos do fim a ser alcan ado que de introduzir os jovens na vida social dotando os de certa autonomia intelectual e de capacidade de cria o intelectual e pr tica ao mesmo tempo Especificamente sobre os dados objetivos Gramsci analisa que ser o as condi es econ micas gerais que ditar o eventualmente a necessidade de fazer trabalhar os jovens para obter deles uma contribui o produtiva imediata e que determinar o disponibilidade financeira estatal a qual dever ser aplicada Educa o Manacorda refor a ainda que Gramsci preveja ser necess rio maior investimento por parte do Estado considerando que a escola necessitaria de amplia es em termos de edifica es de material did tico no sentido amplo e de corpo docente MANACORDA 2000 p 158 36 No caderno que trata da escola unit ria Gramsci deixa clara a responsabiliza o por parte do Estado para com as despesas com a educa o A escola unit ria requer que o Estado possa assumir as despesas que s o hoje a cargo da fam lia no que
141. crit rios psicopedag gicos no trabalho escolar Mas considera se importante citar algumas an lises de Duarte 2004 acerca da quest o Seu trabalho evidencia que o construtivismo modelo educacional em voga nos anos de 1990 se expressa nos Par metros Curriculares Nacionais PCNs Para Duarte 2004 os PCNs adotam como referencial te rico um construtivismo ecl tico que incorpora diversas correntes psicol gicas e educacionais fazendo se passar por uma grande s ntese DUARTE 2004 p 58 Para muitos isso resolveria o problema da educa o brasileira pois superaria a unilateralidade das concep es pedag gicas centradas no ensino e no professor Aqui cabe uma an lise no seguinte sentido tendo em vista os preceitos construtivistas e as novas formas neoliberais de organizar a educa o houve no final da d cada de 1990 a nuclea o das escolas do campo do Munic pio de Conc rdia ou seja um agrupamento de unidades escolares em apenas uma Um dos motivos apresentados para tal procedimento foi oportunizar possibilidades para um melhor aprendizado da crian a que at ent o frequentava a escola multisseriada e que agora disporia de depend ncias f sicas maiores um professor para cada turma e diversas outras condi es SEMED 1998 s p Contudo a 3 Os PCNs como s o chamados os Par metros Curriculares Nacionais um conjunto de cadernos os quais tra am as linhas gerais das diversas disciplinas escolares do Ensino
142. d ia o problema decorre da inexist ncia de um sistema nacional para garantir a igualdade de condi es O regime de colabora o entre os sistemas federal estadual e municipal e a proposta de descentraliza o n o garantem a mesma base material necess ria para todas as escolas especialmente para a educa o do campo Por m outra reflex o pertinente nesse momento a institucionaliza o da Educa o do Campo Se o artigo de Caldart referido anteriormente cita a condi o de que n o poss vel admitir que o Estado assuma a constru o efetiva de um sistema p blico de Educa o para o Campo CALDART 2004 p 02 como ent o explicar a cria o de um segmento pr prio de Educa o do Campo e Diversidade A explica o poss vel nesse caso justamente a manuten o da desigualdade e 143 da dualidade cidade campo como j analisado anteriormente ao tratar da Educa o na concep o do MST Se a SECAD financia a Educa o do Campo n o cumpre mais do que a sua responsabilidade com a educa o como bem afirmou Gramsci sobre o papel do estado no financiamento educa o Gramsci 2004 p 36 e tamb m quando Marx 1961 p 225 explicita a fun o do Estado na cr tica que faz ao Programa de Gotha Por m as an lises do documento n o registram nenhuma proposta de financiamento espec fico para a Educa o do Campo Isso se comprova pois a educa o do campo na maioria dos munic pios brasil
143. d rias acad micas e superiores e a educa o do povo prim ria e escola profissional mantendo consequentemente a distin o entre as profiss es liberais e as manuais ou mec nicas OLIVEIRA 1999 p 19 20 A Constitui o de 1934 procurou criar mecanismos de centraliza o da educa o quanto abrang ncia do ensino prim rio e secund rio ao t cnico superior NETO 20083 p 13 Quanto ao ensino rural art 156 par grafo nico refere se apenas compet ncia da uni o em reservar no m nimo vinte por cento das cotas destinadas educa o no respectivo or amento anual CONSTITUI O FEDERAL 1934 Apesar da referida constitui o estabelecer postulados e aspira es discutidos na Confer ncia de Niter i em 1932 e no Manifesto dos Pioneiros pela Educa o Nova OLIVEIRA 1999 p 21 aparece uma refer ncia pela primeira vez s quest es rurais mesmo que prec ria e por meio de cotas Por m essa t mida manifesta o de escola no meio rural n o se deu por vontade apenas do governo mas ocorreu em meio a discuss es que ao menos tiveram representa o de outras inst ncias ligadas educa o inclusive pelos movimentos dos Pioneiros Apesar de a Constitui o prever a obrigatoriedade do Estado em fornecer educa o para toda a popula o n o havia escolas p blicas suficientes para todos o que determinava o n o acesso educa o para todos No meio rural ent o por n o haver uma escola prof
144. dade A partir disso o Estado apesar do discurso pautar se na necessidade da supera o dos problemas no mbito da educa o do campo ao reconhecer a necessidade de valorizar as diferen as justamente ao fazer essa distin o refor a e legitima a dualidade 189 Contudo a Proposta de Educa o para as Escolas do Campo de Conc rdia apresenta muitas positividades que se evidenciam especialmente quando A preocupa o com a defini o de uma base te rico metodol gica evita ecletismos que perdem de vista os objetivos e interesses pr prios da classe trabalhadora A proposi o de estudo da realidade social vivida pela comunidade rural do Munic pio que tem sua economia e seu desenvolvimento pautado na agricultura familiar considerada como ponto de partida para o trabalho pedag gico A ado o do trabalho como princ pio educativo n o apenas o trabalho na agricultura mas considerando todo o contexto atual que se configura a partir de ajustes no sistema produtivo em geral como evidenciaram as duas vers es da proposta possibilita uma aproxima o com a totalidade Da mesma forma que a escola nica gramsciana a proposta em quest o tenta superar a crise da escola para as classes trabalhadoras do campo no intuito de garantir a todos o acesso educa o com qualidade Quando prop e uma educa o para a popula o que vive no campo chama a aten o para a quest o da dualidade na educa
145. dade est em contradi o com o pano de fundo que a SECAD coloca ou seja a referida diversidade Se a Secretaria reconhece o direito diferen a salientando sua exist ncia como pode num segundo momento querer super la O segundo eixo um tanto gen rico prop e uma estrat gia de constru o de uma esfera p blica entre o gestor p blico e a parcela de representantes da sociedade civil especialmente quelas que sempre estiveram margem nas rela es de poder na sociedade capitalista que se constituiria como uma estrat gia de constru o da democracia essa como valor universal SECAD MEC 2005 p 03 Nessa proposi o coloca se outra quest o a pr pria democracia preconiza o direito a uma educa o igualit ria contr ria diferen a ainda que uma educa o de cunho liberal necess rio distinguir o direito diferen a como possibilidade de escolha e a diferen a como resultado das desigualdades sociais Nesse caso as desigualdades no mbito da sociedade capitalista se efetivam pelas desigualdades da classe social a que o homem pertence E como ltimo eixo define a fun o do Estado o Estado em a o A esse caberia a busca da efici ncia administrativa propondo e executando pol ticas 139 permanentes e programas de governo coerentes com os princ pios republicanos SECAD MEC 2005 p 3 Questiona se portanto quais seriam esses princ pios republicanos A hist ria tem mostrado qu
146. de produ o compreende se que necess ria e urgente a implementa o de uma pol tica para essa classe Contudo se formos articular a educa o para as diferentes esferas que comp em a classe trabalhadora ent o a educa o do ndio do negro da cidade por exemplo tamb m devem ser aspectos observados para articular propostas que valorizem a diversidade de cada grupo O que importa por m o olhar que dado ao valorizar o ponto de partida de todos os homens independente de qual grupo perten a A partir disso a fun o da escola em trabalhar os conhecimentos necess rios emancipa o humana e a forma de abord los outra quest o que vai contribuir para que o ponto de chegada seja coerente igualit rio e bom para todos Uma s rie de documentos foi escrita sistematizada tratando da escola do campo Autores como Caldart Arroyo Molina e a Articula o Nacional Por Uma Educa o do Campo t m se preocupado com as quest es referentes escola interessante verificar como a concep o de escola do campo para esse grupo tem sido discutida e constru da No primeiro caderno da Cole o Por Uma O setor de educa o uma das divis es que existem no MST e que se preocupa com as quest es educacionais o qual t m produzido material e levantado discuss es sobre a necessidade de pol ticas para a Educa o do Campo A partir disso Souza caracteriza na hist ria do MST tr s momentos distintos na pr
147. de brasileira est organizada segundo o modo de produ o capitalista No atual contexto os trabalhadores de diferentes segmentos da classe trabalhadora t m passado a reivindicar uma escola pr pria que atenda s suas especificidades como no caso os trabalhadores do campo 186 Apesar das lutas hist ricas dos trabalhadores a educa o ofertada no campo n o passou por mudan as profundas que resultassem em uma melhoria das condi es de acesso ao trabalhador rural Mesmo os discursos voltados valoriza o do homem do campo que se pronunciaram em diversos momentos da hist ria do pa s propondo diferentes pol ticas de fixa o do homem do campo no meio rural para evitar sua evas o para as cidades n o chegaram a efetivar mudan as significativas especialmente no acesso educa o A escola no campo como lembrou Calazans 1993 p 16 surge tarde e descont nua e at hoje os mesmos problemas permanecem As formas prec rias e inadequadas de tratar os problemas da escola para o trabalhador do campo tiveram seus princ pios desenvolvidos nos primeiros anos do s culo XX por meio das id ias do ruralismo pedag gico Por m a luta para que o trabalhador rural permane a no campo mais que um problema pedag gico deve ser vista como um problema econ mico pois aqueles que n o t m terras suficientes para produzir de acordo com as necessidades do mercado t m grandes dificuldades de permanecer na ro a A partir
148. de situa es criadas atrav s de determinado subtema do complexo MUNIC PIO DE CONCORDIA 2004 p 18 A proposta evidencia em diversos momentos o trabalho como princ pio educativo Mas qual trabalho Aquele realizado pelos trabalhadores do campo inseridos no contexto da agricultura familiar e da pequena agroind stria Dessa forma o trabalho como princ pio educativo uma possibilidade apontada pela proposta Para Gramsci o trabalho como princ pio educativo a atividade te rico pr tica imanente escola prim ria j que a ordem social direitos e deveres introduzida e identificada na ordem natural pelo trabalho GRAMSCI 2004 p 43 Trata se como j citado no primeiro cap tulo do trabalho enquanto atividade especificamente humana que segundo Saviani diferencia o homem dos outros animais e n o o trabalho alienado e unilateral e da educa o como um fen meno pr prio dos seres humanos SAVIANI 2008 p 19 Mas al m disso o trabalho referido por Gramsci era aquele que estava em curso no desenvolvimento do seu pa s o trabalho industrial moderno que modificava as rela es dos homens com o pr prio trabalho Constru a a partir disso um homem unilateral pois as novas rela es de trabalho que vinham se desenvolvendo n o requeriam do homem conhecimentos que n o aqueles voltados para o desenvolvimento do pr prio trabalho no caso do oper rio A partir disso a escola estava voltada
149. des e perspectivas 3 ed Passo Fundo UPF Editora 2001 90 Houve claramente uma invers o da popula o rural com rela o urbana que em 30 anos essa tendeu a se concentrar na cidade Muitos autores t m se ocupado em estudar o processo de evas o do campo Para Tedesco isso ocorreu tendo em vista a moderniza o da agricultura no final da d cada de 1960 e in cio de 1970 O plano Estrat gico de Desenvolvimento PED visava por meio da moderniza o da agricultura a eleva o da produ o e da produtividade agr cola via transforma o da agricultura tradicional Isso se daria adotando a utiliza o intensiva de insumos modernos e m quinas viabilizadas sobretudo pelo Estado que tamb m montou uma linha de cr dito subsidiado com o intuito de acelerar esse processo dando maiores possibilidades de capacita o e lucratividade grande propriedade TEDESCO 2001 p 116 Assim dentro dessa nova perspectiva que vai se configurando no cen rio agr rio brasileiro a pequena produ o que consegue sobreviver obrigada a se organizar conforme as bases t cnicas do modelo em vig ncia obrigando se muitas vezes a se especializar numa cultura ditada pelo mercado ou pela agroind stria Dessa forma a pequena produ o controlada pela ind stria compradora de mat rias primas tendo que se tecnificar por m n o conseguindo capitalizar se idem ibidem Badalotti 2003 p 85 observa que essa moderniza o
150. dessa quase n o condi o de trabalho por falta de espa o e meios materiais o trabalhador rural reivindica al m da reforma agr ria tamb m os direitos que lhe deveriam ser assegurados pela legisla o vigente no pa s Contudo nas diversas regi es do Brasil a aus ncia de escolas e mesmo de pol ticas educacionais adequadas distancia os trabalhadores dos seus direitos particularmente da educa o Nesse contexto de desigualdade de descaso e de car ncias o MST Movimento dos Trabalhadores Sem Terra prop s uma educa o espec fica para os povos do campo no sentido de articular uma proposta de educa o que valorize as especificidades dos trabalhadores do campo N o diferente das reivindica es nacionais no Munic pio de Conc rdia foi elaborada tamb m uma proposta espec fica para a educa o do campo voltada para 8 O Setor de Educa o do MST como lembrou Vendramini 2000 p 172 foi quem iniciou a elaborar programas pr prios de educa o para implementar nos pr prios acampamentos assentamentos Por m os documentos nacionais resultados das confer ncias ou Semin rios h a participa o de outros movimentos como o Movimento de Mulheres Camponesas MMC Movimentos dos Pequenos Agricultores MPA Comiss o Pastoral da Terra CPT Il Confer ncia Nacional por uma Educa o do Campo 2004 p 07 187 as escolas de classes multisseriadas Essa proposta foi constru da em 2001
151. dicam em que medida essa proposta contribui para a supera o da dualidade Assim a partir das reflex es efetuadas sobre a proposta de Paulo Freire e tomando como refer ncia a concep o de escola unit ria volta se quest o previamente proposta com o intuito de pontuar os limites e possibilidades da proposta de Educa o do Campo de Conc rdia apesar da positividade apontada pelos professores Se para Gramsci h necessidade de uma escola nica de cultura geral que una o trabalho manual e intelectual como supera o do ensino jesu tico e do espontane smo rousseauniano Freire tamb m se ocupou em pensar e articular uma proposta que superasse a opress o da pedagogia tradicional de ensino banc rio dogm tico mec nico e formal Essa inten o de articular uma possibilidade educativa para o prolet rio ou para o oprimido foi preocupa o tanto de Freire como de Gramsci Nesse sentido s o semelhantes A diferen a segundo as an lises at o momento estabelecidas reside no fato de que Freire por apoiar se em diversas filosofias idealistas n o tomou a quest o educacional da mesma forma que Gramsci o fez Isso porque a preocupa o deste ltimo relacionava se com uma educa o nica para todos independente da classe social a qual o sujeito pertencesse uma vez que entendia que a transforma o da sociedade ocorreria quando todos pudessem ser governantes Gramsci assim como Freire vai buscar o conhecimento na
152. do a escola deveria levar em considera o esta unitariedade ou organicidade entre escola e sociedade no momento do trabalho educativo Entretanto Gramsci observa que ao contr rio para a maioria das 44 crian as havia uma enorme dicotomia entre a concep o educativa representada pelo curr culo escolar e a concep o de vida e de hist ria representada pelas rela es sociais concretas em que viviam as crian as do seu tempo NOSELLA 2004 p 174 O distanciamento entre aquilo que a escola trabalhava com a realidade vivida foi fator importante para Gramsci consolidar o trabalho industrial como princ pio educativo Marx tamb m se ocupou do trabalho quando analisou a escola e sua fun o colocando o como elemento principal do trabalho escolar MANACORDA 1996 p 27 Da mesma forma assim como Gramsci havia em Marx a preocupa o com um ensino que n o fosse puramente t cnico o qual atendesse apenas demanda burguesa de m o de obra Era necess rio aliar o trabalho ao ensino tendo em vista possibilitar a emancipa o da crian a ou do adolescente ou mesmo como lembra Manacorda a exig ncia da versatilidade do oper rio a necessidade de substituir uma popula o oper ria unilateral mantida em reserva para fazer frente as varia es do trabalho pela absoluta disponibilidade do homem onilateral MANACORDA 1996 p 30 Ou seja A partir desse pensamento observa se que a forma o n o poderia se dar
153. do trabalho Nesse sentido escola liberal burguesa n o interessa a supress o das classes sociais muito pelo contr rio fortalece as com um ensino que apesar de ter se contraposto s bases eclesi sticas cat licas n o intenciona uma educa o pautada nos princ pios socialistas mas sim deseja propor um novo ensino como forma de controle O interesse da burguesia pela classe prolet ria que tamb m nasce com o capitalismo pela sua incorpora o aos ideais burgueses por m sem dissolv la uma vez que essa a classe geradora de mais valia Para Machado 1989 p 58 59 a classe prolet ria foi cooptada pela subordina o hegemonia da burguesia que por diversas vezes conseguiu exercer influ ncias sobre as formula es dos pedagogos ligados s experi ncias oper rias Essa nova pedagogia para se constituir enquanto uma proposta aut noma e de classe teria que superar duas impropriedades a inclina o pela utiliza o de princ pios e conceitos burgueses e a tend ncia para a utopia Esse modo de articular as propostas educacionais liberais justamente o contr rio da proposta de escola unit ria de Gramsci porque mesmo a partir da concep o de uma escola igual para todos continuou se mantendo as 8 O termo mais valia foi umas das principais contribui es de Marx Ele usou este termo que correspondia ao trabalho excedente do trabalhador uma vez que o trabalho necess rio desse mesmo tr
154. e a escola no Brasil antes e durante o per odo republicano tem sido instrumento de perpetua o das diferen as e forma de controle A escola rural especificamente se obteve expans o essa se deu a partir de necessidades da elite agr ria brasileira sob diversas formas tanto para zelar pela rep blica quanto para cumprir com o papel democr tico fun o essa que tem recebido principalmente nas ltimas d cadas Apesar do discurso de autonomia da escola expresso o Estado tem meios de controle sobre a educa o inclusive a educa o do campo a fim de garantir como devem ser encaminhadas as pol ticas educacionais uma vez que elabora leis destina recursos aprova projetos e ainda participa da coordena o de semin rios ou confer ncias que definem concep es e pr ticas De certa forma o que aparecia como secund rio tendo em vista a primazia dada organiza o dos trabalhadores pela escola sobrep e se como principal pois sem financiamento n o h concretiza o de id ias constru o de escolas pagamento de professores etc Nesse sentido as pol ticas para a educa o de hoje assemelham se aquela da revolu o burguesa quando o povo pressionava pela necessidade da instru o mas o Estado apesar da aparente disposi o para atender essas solicita es imprimia as caracter sticas que melhor atendessem s necessidades da elite que por sua vez detinha o poder Assim a escola apesar de expandir se fez
155. e a rela o imediata entre adultos e crian as Se Gramsci aceitasse a forma o das crian as de forma espont nea princ pio o qual fora contra o ambiente assumiria tal responsabilidade Mas ao contr rio quando Gramsci toma o ambiente enquanto meio das rela es dos homens e os considera em sua hist ria nega qualquer tipo de educa o que n o 41 seja aquela voltada a toda a coletividade colocando se contra a dualidade da escola Nosella a partir disso identifica na carta de agosto de 1930 os conceitos de hegemonia e senso comum o senso comum a s ncrese mec nica do que pensam as mol culas sociais isto o pensar difuso do ambiente social Observa ainda que o ambiente ao qual se refere Gramsci um educador poderoso e primordial que torna indispens vel como contraponto o estabelecimento de uma linha hegem nica mais elevada que d a dire o ao processo educativo das gera es mais novas NOSELLA 2004 p 125 Cabe aqui um par ntesis pois necess rio aprofundar o conceito de hegemonia entendido como o conjunto das fun es de dom nio e dire o exercido por uma classe dominante no decurso de um per odo hist rico sobre outra classe social e at sobre o conjunto das classes da sociedade Assim a hegemonia composta de duas fun es ou seja de dom nio e de dire o intelectual e moral MOCHCOVITCH 2001 p 20 Dessa forma a hegemonia d conta das rela es travadas
156. e aliasse a cultura geral com o desenvolvimento tecnol gico impresso pelo tempo hist rico em quest o Sendo assim poss vel confrontar essa concep o com as propostas de educa o do campo especificamente a de Conc rdia e com as m ltiplas influ ncias das propostas liberais de educa o que t m se desenvolvido no modo de produ o capitalista Nosella observa que a preocupa o de Gramsci se voltava para a supera o da crise da escola tradicional italiana valorizando o potencial educativo da escola humanista tradicional mas tamb m interessado em defender um novo tipo de escola mais org nica ao mundo industrial uma vez que ocorria o processo de moderniza o da ind stria Nas palavras do pr prio Gramsci a quest o fica mais elucidativa a crise escolar que hoje violentamente se manifesta est ligada ao fato 53 de esse processo de diferencia o e especializa o ocorrer de forma ca tica sem claros e precisos princ pios sem um plano bem estudado e conscientemente fixado GRAMSCI 1975 1531 apud NOSELLA 2004 p 166 Nesse sentido a crise da escola para Gramsci est em seu m todo por ser consequ ncia de uma crise org nica mais abrangente e geral Por m Gramsci n o est interessado em abandonar a ess ncia metodol gica da escola tradicional convertendo a em profissional mas prop e uma solu o que deveria seguir a linha escola nica inicial de cultura geral humanista formativa e que con
157. e aptid es pr escolares GRAMSCI 2004 p 38 A preocupa o em proporcionar conhecimentos que at ent o pertenciam a poucos para elevar condi es daqueles que a pr pria condi o de classe negou foi uma alternativa encontrada para que se pudesse oferecer um ensino melhor para todos indistintamente Mas a proposta de unifica o escolar liberal tem nesse caso uma positividade que a aproxima da escola unit ria e que tamb m est expressa na LDBEN 9394 96 explicito j no Artigo 3 que abrange os princ pios e os fins da educa o que se refere ao acesso e perman ncia a todas as crian as Para tanto muitos munic pios optaram pela nuclea o das unidades escolares mas evidenciando apenas o car ter organizativo e n o o trabalho educativo escolar O problema maior que n o s o garantidas as mesmas condi es de acesso e perman ncia em todas as escolas e isso se acentua no campo In meras s o as causas que originam o problema inclusive a dist ncia entre a escola e as resid ncias dos alunos bem como a necessidade de acesso a materiais Esses entre outros limites s o motivos pelos quais os Movimentos Sociais lutam por uma pol tica p blica de Educa o do Campo Quer dizer a dualidade da educa o tamb m percept vel por meio das condi es objetivas anteriormente anunciadas por Saviani bem como das condi es subjetivas Espa o f sico condi es de acesso escola transporte tamb m
158. e de constru o das escolas do campo como escolas que ajudem neste processo mais amplo de humaniza o e de reafirma o dos povos do campo como sujeitos de seu pr prio destino de sua pr pria hist ria CALDART 2008 p 61 A maioria dos alunos das Escolas do Campo s o filhos de agricultores que vivem e sobrevivem das atividades do campo Estas caracteriza es os tornam sujeitos deste espa o social observada suas rela es nesse contexto o que consequentemente desencadeia sua cultura e seu modo de vida E necess rio nesse contexto que a escola fa a parte destas discuss es para juntos pensarem em boas alternativas de melhorar e muito mais do que isso formar educandos que tenham id ias prospectivas neste espa o MUNIC PIO DE CONC RDIA PROPOSTA DE EDUCA O DO CAMPO 2004 p 14 15 Observa se que tanto nos documentos nacionais como nos municipais a Educa o do Campo parte do princ pio de que as necessidades expressas nas rela es de produzir no campo s o o ponto de partida na din mica da constru o da proposta Por m nesse caso coloca se a necessidade de questionar que apesar de se aproximar dos princ pios da escola unit ria tomando como refer ncia a realidade como ponto de partida essas propostas de Educa o do Campo se ficarem limitadas a tais especificidades podem n o garantir a todos o mesmo ponto de chegada Isso porque as necessidades que as propostas objetivam satisfazer s o apenas a v
159. e ensino bem como todas as escolas e centro de educa o infantil da rede municipal receberam reformas e equipamentos Em 2005 observa se que a instala o de equipamentos nas escolas do campo como aparelhos de DVDs e computadores tem auxiliado no 3 Na primeira proposta encontra se registrado as reformas que as escolas do campo receberam entre os anos de 2001 e 2004 J na segunda proposta n o h registros Por m dentre os documentos da Secretaria Municipal de Educa o do Munic pio rea administrativa encontram se as planilhas de custos das referidas obras Na maioria das escolas a reforma ocorreu por meio de pintura nova reformas de cozinhas banheiros refeit rio incluindo tamb m a compra de equipamentos de inform tica televisor 29 DVDs aparelhos de som bem como demais materiais de equipamentos 180 trabalho Segundo avalia o realizada em outubro de 2006 observa se que um dos avan os apontados pelos professores a possibilidade de utiliza o de novas tecnologias as quais abrem perspectivas de melhora para o trabalho do professor a aprendizagem e o interesse das crian as MUNIC PIO DE CONC RDIA 2006 s p importante destacar que no relat rio geral da Secretaria Municipal de Educa o do Munic pio de Conc rdia exerc cio 2005 os gastos com educa o foram superiores ao previsto na Constitui o Federal ou seja representaram 30 60 da receita do munic pio Desse montante o
160. e h uma nova estrutura o econ mica para o campo como est descrito nos itens anteriores claro que esse requer pessoas capazes para desenvolver o campo Mas que educa o ent o seria necess rio Segundo os documentos aquela educa o que prima pela profissionaliza o pelo aligeiramento dos estudos o que tende a formar indiv duos apenas para os trabalhos de execu o contr rio portanto aos princ pios socialistas que a Educa o do Campo prop e como fundamento de sua concep o de educa o Outro ponto importante o papel do Estado Gramsci j apontava a necessidade do Estado assumir as despesas com a Educa o mas as propostas dos organismos multilaterais passam a responsabilizar para essa fun o a iniciativa privada e a pr pria sociedade Dessa forma o Estado passa uma fun o que seria sua para setores da sociedade que a partir dessa participa o requerem pol ticas educacionais que atendam suas necessidades quais sejam de suprir a m o de obra escolarizada e barata nos setores produtivos da economia No conjunto das reformas que v o se confirmando nos anos de 1990 dentre as quais se destaca a pr pria legisla o da educa o a LDB 9394 96 que reestrutura uma nova configura o educativa Na vis o do Banco Mundial necess rio melhorar o acesso a equidade e a qualidade na educa o o que implica em mudan as no financiamento e na gest o do sistema educativo do pa s proposi es e
161. e mant las em atividade Isso conduz a uma outra quest o o trabalho coletivo na escola multisseriada Ele leva os alunos a uma organiza o respons vel uma vez que o trabalho coletivo leva responsabilidade coletiva ou seja a uma unicidade Pistrak lembra que Cada tarefa pode ser desmembrada dividida entre v rios subgrupos cada subgrupo faz ent o seu trabalho mas tem consci ncia de que uma parte do trabalho comum Este tipo de trabalho merece mais o nome de trabalho coletivo do que o de trabalho de campo a unifica o do trabalho dos diferentes subgrupos garantida pela revis o em comum a globaliza o do trabalho o balan o PISTRAK 2008 p 158 Pistrak observa ainda que o trabalho coletivo implica pensar tamb m nas exig ncias do desenvolvimento f sico das crian as uma vez que compreende que indispens vel considerar a necessidade de desenvolver n o somente a intelig ncia mas tamb m o corpo humano a viga mestra que segundo ele em ltima an lise determina o desenvolvimento intelectual PISTRAK 2008 p 158 Ao tratar do desenvolvimento importante retomar aqui a discuss o de Gramsci ao considerar o desenvolvimento da crian a na organiza o da escola unit ria Isso porque a escola de classe multisseriada apresenta uma positividade uma vez que as crian as aprendem umas com as outras no trabalho coletivo Enfim o posicionamento contra ou a favor da classe multisseriada dev
162. e o reproduzir na forma do concreto pensado por m n o este de modo nenhum o processo de g nese do concreto em si MARX 2001 p 15 Tendo por base o m todo da forma pensada por Marx questiona se se a popula o apenas uma abstra o das classes sociais a realidade que perpassa os espa os do campo brasileiro tamb m apenas uma abstra o das classes sociais que comp em o campo uma vez que existem no capitalismo duas classes fundamentais a capitalista e a trabalhadora Nesse sentido ao se lutar pela especificidade h que se levar em conta que a realidade que se apresenta no campo com seus sujeitos concretos produto de uma sociedade capitalista Portanto a luta por uma educa o do campo deve ser a luta por uma educa o da classe trabalhadora Saviani lembra que Gramsci marxista ortodoxo no sentido de ampliar e desenvolver internamente a teoria marxista Ortodoxo no caso dele quer dizer fidelidade ao m todo A finalidade de Gramsci ao m todo aquela de n o subservi ncia fidelidade a um m todo desenvolv lo trabalh lo Para n o escleros lo SAVIANI 2000 p 53 Assim a proposta de Conc rdia apresenta uma possibilidade importante ao valorizar a pr tica social dos sujeitos quando concebe que o conhecimento produto das rela es hist ricas estabelecidas pelo homem Logo a realidade existente no meio rural do Munic pio decorrente de todo um processo hist rico que va
163. e s o pr prias na Europa pela amplia o do trabalho mas n o necessariamente do assalariamento Assim capital e trabalho encontram no Novo Mundo um modo de se reorganizar sob outras bases sem contudo eliminar contradi es j evidenciadas no Velho Mundo Portanto o processo colonizador traz em si uma contradi o fundamental industrializa o brasileira o trabalhador livre A vinda incessante de uma for a de trabalho livre garante o desenvolvimento da produ o da riqueza de car ter capitalista AUED FIOD 2002 p 29 apud VENDRAMINI 2004 p 148 35 A expuls o dos caboclos numa faixa de 15 quil metros de cada lado da ferrovia foi um dos motivos que desencadeou a Guerra do Contestado 82 Tantos os migrantes de descend ncia principalmente alem ou italiana como os pr prios caboclos eram propriet rios de poucas terras localizadas em reas de dif cil plantio Essas condi es foram dando formato s pequenas propriedades em Santa Catarina A pequena propriedade teve importante participa o na agricultura brasileira Em 1960 a rea de lavoura ocupada por ela era de 58 01 do territ rio nacional GUIMAR ES 1968 p 141 Hoje a pequena propriedade no Brasil est vinculada ao conceito de propriedade familiar Segundo o inciso Il do art 4 do Estatuto da Terra da Lei de 4 504 64 define se como Propriedade Familiar O im vel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua fam lia
164. e ser visto na complexidade das condi es de sua exist ncia das concep es e dos pontos de vista que determinam as possibilidades e limites do acesso perman ncia e sucesso dos alunos Assim se for para condenar o aluno ao abandono negando 184 sua condi o de sujeito hist rico e seu direito no processo de transmiss o assimila o dos conhecimentos essa escola de fato n o tem fun o de existir Agora se s o oferecidas condi es como apontado nas diversas an lises n o tem porque fech las se essa a necessidade que se imp e Contudo e apesar das positividades a escola por melhor que esteja organizada continua dual uma vez que nela estudam filhos de trabalhadores que vivem em uma sociedade dividida Essa discuss o paralela quela travada anteriormente da necessidade ou n o de uma escola espec fica para o campo bem como das concep es de uma ou outra proposta seja ela de Saviani ou de Freire Se a escola dual deve se diferen a que se estabelece entre e nas classes sociais que comp em a sociedade brasileira hoje Ent o a indaga o que se coloca se cada vez que se implementa uma pol tica espec fica e diferenciada de educa o para um determinado grupo n o se estaria legitimando essas diferen as Essa pesquisa no decorrer do texto procurou trazer elementos para responder quest o admitindo a exist ncia de diferen as e desigualdades por m sem esquecer as limi
165. e um plano metaf sico para uma cr tica a essa vis o permitiu que Gramsci compreendesse a hist ria como condicionamento do homem como coer o palavra esta considerada chave em sua pedagogia Entretanto n o se deve considerar aqui o sentido negativo da palavra como repress o ou coibi o mas a sua positividade ou seja no ato de formar na crian a o incentivo aos h bitos necess rios para a aprendizagem e para a socializa o O termo coer o utilizado em uma das cartas de Gramsci Giulia sua esposa em dezembro de 1929 quando reconhece que o desenvolvimento de seu filho D lio est um tanto atrasado em rela o a sua idade Critica tamb m a forma metaf sica como sua esposa e a fam lia dela se posicionam em rela o ao desenvolvimento infantil tendo em vista as informa es que at ent o recebera do filho Mas do complexo desses dados tive a impress o de que sua concep o e a dos outros membros de sua fam lia muito metaf sica isto pressup e que todo um homem em potencial existe na crian a e que cabe ajud la sem coer es a desenvolver aquilo que j cont m de latente deixando obrar as formas espont neas da natureza ou sei l o qu Eu ao contr rio penso que o homem toda uma forma o hist rica obtida com a coer o entendida n o s no sentido brutal e de viol ncia externa e quando basta de outro modo cair amos numa forma de transcend ncia ou iman ncia GRAMSCI 1978
166. e um processo inerente ao desenvolvimento hist rico geral preciso demonstrar a ess ncia dial tica de tudo o que existe mas uma demonstra o deste tipo s poss vel na medida em que o ensino se concentre em torno de grupos de fen menos constitu dos em objetos de estudo PISTRAK 2008 p 34 35 O autor lembra que essa forma de conceber o ensino encontra se nos complexos os quais s o formulados a partir das concep es marxistas Nesse sentido alerta sobre a necessidade de bases te ricas sobre esse ensino unificado Sobre a necessidade Pistrak lembra que o ensino unificado necess rio para poder educar os combatentes a servi o dos ideais da classe oper ria dos construtores da nova sociedade PISTARK 2008 p 35 183 Outros argumentos que podem ser postos em discuss o sobre o ensino na classe multisseriada relacionam se quest o da sua especificidade O primeiro diz respeito ao fato que mesmo numa escola em que o professor tenha quatro turmas h condi es de aprendizagem justamente pela forma como ela organizada Pistrak 20083 lembra que a organiza o do trabalho pedag gico de acordo com o complexo n o enfrenta nenhuma dificuldade na escola de 1 grau em que todo o grupo se acha sob a dire o de um nico professor PISTRAK 2008 p 140 Nesse sentido quando houver preocupa o com as necessidades de escolas multisseriadas que s o diferentes da seriada uma possibilidade d
167. ea partir de 2005 com a mudan a do enfoque tre rico metodol gico passou a integrar a pol tica de educa o municipal denominada Educa o Democr tica e Cidad Dessa forma a proposta em quest o pautada teoricamente em Saviani e posteriormente Paulo Freire elege a pedagogia socialista como base e a partir desses fundamentos que tamb m deve ser analisada no sentido de observar os limites e as possibilidades que a proposta em quest o apresenta Assim foi fundamental tomar os fundamentos da pedagogia socialista em rela o s concep es e metodologias para orientar as an lises aqui efetuadas A abordagem dial tica de pensar a organiza o social e consequentemente da escola tornou poss vel questionar a possibilidade ou n o de uma proposta de educa o espec fica para os trabalhadores do campo no atual contexto social pol tico e econ mico e o que isso implicou na sua efetiva o Foi necess rio discutir as mudan as nas bases te ricas da referida proposta pois ambas partem da premissa de que a educa o tem que valorizar a realidade Contudo para cada proposta seja baseada em Saviani ou Freire os argumentos n o s o os mesmos Apesar dessas diferen as observou se que as propostas em quest o conseguiram muitos avan os mas tamb m apresentam alguns limites A partir disso tendo como eixo a escola unit ria de Gramsci foi poss vel analisar que a refer ncia gramsciana uma possibilidade
168. eiros mantida com os recursos que mant m tamb m as demais escolas inclusive a do munic pio de Conc rdia Ent o observa se que o Estado tem contribu do na constru o da concep o de Educa o do Campo mas como n o podia deixar de ser de acordo com os princ pios neoliberais respeito diferen a escola diferenciada no campo e a participa o de responsabilidade coletiva Segundo o relat rio preciso tamb m que a coletividade olhe para a educa o como algo pertinente em rela o situa es da vida real e correspondendo s suas necessidades e aspira es E preciso ter em conta as espeficidades da vida no meio rural e urbano decidindo qual a l ngua de ensino e analisando com cuidado as adapta es a fazer nos programas conte dos forma o de professores e materiais UNESCO 2001 p 131 132 Assim corresponde ao novo papel do Estado ser m nimo no financiamento das pol ticas sociais e m ximo no controle social PERONI 2003 Nesse sentido o respeito s diferen as leva em conta especificidades que n o consideram portando que estas se encontram na totalidade ou seja nas contradi es da sociedade divididas em classes que s o resultado da divis o do trabalho a partir da qual decorre a dualidade entre cidade e campo O Relat rio Delors pauta a miss o da educa o nos quatro pilares propondo em um destes que o processo de aprendizagem do conhecimento nunca est acabad
169. eitamente a contradi o do espontane smo cujo respeito pela crian a se traduz na pr tica pelo seu abandono MANACORDA 2000 p 75 A essa exposi o o autor resgata uma passagem de uma das cartas de Gramsci a qual diz que renunciar a formar a crian a significa apenas permitir que sua personalidade se desenvolva extraindo caoticamente do ambiente geral todos os motivos de vida A ades o espontaneidade infantil esta sim de forma positiva deve estar limitada primeira inf ncia ou seja at os cinco anos porque nesse per odo se devem seguir as inclina es da crian a devendo ser negada para as idades posteriores Para tal conclus o Gramsci tomou alguns elementos da psicologia da primeira inf ncia os quais representam a passagem de um momento de imagens e representa es para um momento em que se formam os primeiros nexos l gicos Refor a Gramsci que ap s esse per odo n o se deve deixar cristalizar por uma esp cie de idolatria em rela o crian a mas se adequar a suas novas possibilidades l gicas e for las o quanto poss vel MANACORDA 2000 p 71 72 A partir dessas observa es a educa o tem que ser exigente para que possa estimular o desenvolvimento da crian a n o concebendo portanto uma vis o pueroc ntrica que a transforma num mito Para Gramsci as crian as amam e s o felizes quando s o consideradas como iguais MANACORDA 2000 p 73 39 Esse amadurecimento das reflex es d
170. eja forjada com eles e n o para eles A pedagogia leva em conta o m todo que desvela a realidade a problematiza o que mediante di logo reflexivo vai possibilitar que se explicitem os anseios as d vidas as esperan as e as desesperan as enquanto situa es existenciais dos oprimidos Assim descobrir as contradi es do vivido eis o desafio para organizar os temas significativos a serem estudados ZANELLA 2007 p 19 Contudo Zanella 2007 p 19 observa ainda que se o ponto de partida da educa o a realidade dos oprimidos conclui que parece haver uma realidade dos oprimidos e outra realidade que pode ser a dos opressores ou de outros e que uma n o pode ser imposta a outra devido ao fato de que ambas possuem os seus pr prios conceitos Dessa maneira cada povo ou cada classe teria sua realidade Assim os conte dos dessas realidades diferentes s o incompreens veis quando apresentados de um para outro O autor conclui portanto que n o h nega o do saber apenas que esse se subordina ao compreender e ao sentir Esse saber centrado apenas no pensar dos oprimidos n o um saber que se fundamenta nas leis objetivas do real hist rico mas um saber dos fen menos da consci ncia enquanto doadora de sentidos e significados ao real ZANELLA 2007 p 19 Em an lises precedentes questionou se a necessidade de uma educa o espec fica para o campo por meio de rela es estabelecidas pelos fundamentos
171. elacionarem ao munic pio foram extra dos do site www concordia sc gov br link da ASPLAN Assessoria de Planejamento do Munic pio Qualquer outro dado do munic pio que n o tiver como fonte a referida assessoria ser enunciado Acessado em 16 de janeiro de 2007 7 O conceito de pequena propriedade remete nos s explica es do art 185 da Constitui o Federal que por meio de regulamenta o foi editada a Lei 8629 93 que de forma expressa conceitua o que sejam a pequena e m dia propriedade rural respectivamente aquela entre 1 um e 4 quatro m dulos fiscais e de 4 quatro a 15 quinze m dulos O Estatuto da Terra Lei 4504 64 define m dulo por o im vel rural que direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua fam lia lhes absorva toda a for a de trabalho garantindo lhes a subsist ncia e o progresso social e econ mico com rea m xima fixada para regi o e tipo de explora o eventualmente trabalhando com ajuda de terceiros 383 FAO Organiza o para a Agricultura e Alimenta o FAO Siglas de Food and Agriculture Organization uma organiza o das Na es Unidas cujo objetivo declarado elevar os n veis de nutri o e de desenvolvimento rural INCRA Instituto de Coloniza o e Reforma Agr ria 87 na divis o do trabalho Essa subordina o pode ser percebida tanto na concentra o da popula o no centro urbano quanto na articula o entre o trabalho agr cola com o indus
172. em anunciara Nosella anteriormente a concep o de escola unit ria de Gramsci s foi poss vel tendo em vista o trabalho como princ pio educativo ou seja da ntima rela o entre trabalho e educa o Assim importante se elucidar o trabalho como princ pio educativo tomada essa sistematizada na pr xima se o 1 4 2 O Trabalho como princ pio educativo e a unitariedade A partir do trabalho como princ pio educativo ou seja da ntima rela o entre trabalho e educa o Gramsci constr i sua concep o de escola unit ria a qual tem como princ pio fundamental a quest o do trabalho Tal import ncia dada ao tema n o se refere ao trabalho simplesmente por ter sido algo escolhido ao acaso mas sim por fazer parte de suas preocupa es com a realidade italiana 43 Manacorda 2004 p 332 recolhe a contribui o gramsciana para a educa o Lembra que sua an lise da crise da organiza o escolar e a sua pesquisa de um novo princ pio educativo tendo como base Marx e as contradi es da experi ncia sovi tica partem da rela o entre o desenvolvimento cient fico t cnico e a escola e se concluem com uma volta ao desenvolvimento social Mas a qual trabalho Gramsci se refere Justamente quele trabalho que estava em curso no desenvolvimento de seu pa s o trabalho industrial moderno que segundo Manacorda jamais representou para Gramsci uma mesquinha ou monstruosa m quina de prepara o de m
173. ente uma vez que mesmo conhecendo seu opressor capital e a propriedade seus olhos est o velados pela autonomia do trabalho pela sua solid o A explora o que o alcan a n o direta tem muitas media es por isso cria tamb m a ilus o de liberdade em que j profundamente escravo MARTINS 1982 p 19 citado por MARTINS 2004 p 21 Observa se assim que as formas de explora o no campo n o s o iguais s urbanas contudo n o deixam d vidas quanto aliena o do trabalhador e quanto forma pela qual explorado Mas a quest o agr ria no Brasil e seus desdobramentos n o s o recentes perpassam por todo o processo de coloniza o pelos portugueses bem como da explora o da grande propriedade no Brasil em detrimento da pequena a partir desse processo que ainda gera conflitos e lutas que se desenvolvem diferentes propostas de educa o escolar as quais se identificam pelo fato de refor arem a dualidade cidade campo 2 2 ANTECEDENTES DAS REFORMAS O CONTEXTO HIST RICO A escola no meio rural surge no fim do Segundo Imp rio quando a monocultura da cana de a car dominava a economia do pa s e prescindia de m o de obra Contudo com o advento de outra monocultura n o mais da cana de a car mas do caf aliado ao fim da escravid o a agricultura passou a carecer de pessoal mais especializado para o setor Com a necessidade cada vez maior de pessoal o qual se pretendia que
174. entre as classes sociais especificamente fora do terreno da produ o econ mica permitindo trabalhar com os aspectos da dire o cultural e pol tica que envolve as classes fundamentais da sociedade O que interessa para Gramsci como mudar a hegemonia e como pode o proletariado estabelecer sua hegemonia sobre as outras classes subalternas da sociedade pois uma vis o de mundo coerente e hegem nica que consegue ades o e alian as imprescind vel para que a classe oper ria possa abalar a hegemonia burguesa e conquistar sua hegemonia ideol gica antes mesmo da tomada de poder MOCHCOVITCH 2001 p 21 Dando continuidade s reflex es de Gramsci sobre algumas estrat gias educativo disciplinares observando o desenvolvimento dos meninos e das meninas sua preocupa o se volta para a aquisi o do h bito de estudo que deve ser adquirido e ensinado com jeito at os 14 anos Para isso Gramsci considera duas fases distintas na vida das crian as antes e depois da puberdade Para os meninos antes da puberdade a personalidade ainda n o est formada e mais f cil guiar sua vida e fazer com que adquira certos h bitos e disciplina Por m ap s a puberdade a personalidade forma se de modo impetuoso Logo para as mulheres diz Gramsci a puberdade uma crise muito mais grave e complexa do 42 que para os homens com a vida moderna e a relativa liberdade das mulheres o problema torna se ainda maior NOSELLA 2004 p 125
175. equivocar se a partir do pressuposto de que a essa elabora o de uma filosofia original das massas opunham se os grandes sistemas das filosofias tradicionais e a religi o do alto clero Gramsci esclarece que essas filosofias s o desconhecidas pelas multid es n o tendo efic cia direta sobre o modo de pensar e agir Por m n o significa que sejam desprovidas inteiramente da efic cia hist rica por essa efic cia ser de outra natureza por influ rem sobre as massas populares como for a pol tica externa e portanto como elemento de subordina o a uma hegemonia exterior que limita o pensamento original das massas populares de uma maneira negativa Por certo diz Gramsci isso n o quer dizer que se devam esquecer as cr ticas s filosofias sistem ticas dos intelectuais Quando individualmente um elemento da massa supera criticamente o senso comum ele aceita por esse mesmo fato uma filosofia nova por isso a necessidade de uma filosofia da pr xis GRAMSCI 2004 p 114 115 Ali s por seu car ter tendencial de filosofia de massa a filosofia da pr xis s pode ser concebida de forma pol mica de luta perp tua Todavia o ponto de partida deve ser sempre o senso comum que espontaneamente a filosofia das multid es as quais se tratam de tornar ideologicamente homog neas GRAMSCI 2004 p 116 grifo meu Essa longa e met dica exposi o acerca da posi o de Gramsci sobre o senso comum deve se ao fato de que a todo
176. eresses das classes subalternas em torno dos seus LOPES 1981 p 115 28 Neste sentido pode se afirmar que o discurso burgu s reconhece as desigualdades econ micas e indica a instru o como meio de supera o instru o atribu da a fun o de tornar os cidad os mais iguais Contudo essa igualdade vai depender da natureza do indiv duo logo aquele indiv duo que n o conseguir tal feito ter a si mesmo como nico culpado Lopes esclarece as considera es burguesas que Depreende se da o mesmo instrumento que pode tornar os indiv duos iguais pode faz los permanecer desiguais A instru o acenada como ve culo de liberta o e de iguala o mas assentada sobre a desigualdade econ mica permanece ve culo de domina o de classe LOPES 1981 p 115 Desse modo os princ pios da escola p blica do s culo XVIII universalidade gratuidade laicidade e obrigatoriedade s o ora descartados ora mantidos pela burguesia expressando as lutas para conquistar o seu ideal hegem nico Cada um desses princ pios foi tratado de modo distinto pelos discursos decorrentes na poca ou seja a cada conven o e propositor se imprimia uma ordem A universalidade esteve presente em todos os discursos J no que se refere gratuidade todos os autores concordam que o primeiro grau de ensino deva ser gratuito exceto o discurso de Daunou Esse princ pio usado pela burguesia como instrumento de coe
177. es sua concep o Para tanto tal proposta deve ser analisada a partir de alguns pressupostos que ajudar o a dar legitimidade s an lises referentes educa o escola escola unit ria gramsciana e escola liberal bem como da dualidade existente na educa o assentada nos princ pios decorrentes do modo de produ o capitalista Neste primeiro cap tulo esses pressupostos ser o desenvolvidos no sentido de iniciar as primeiras aproxima es com o objeto de investiga o desta pesquisa 21 1 1 A FINALIDADE DA EDUCA O NA FORMA O HUMANA O tema em quest o tem sido objeto de debate de in meros autores Por m para este trabalho tomar se o como refer ncias as reflex es de Saviani 2008 uma vez que corresponde ao princ pio te rico metodol gico definido nesta pesquisa qual seja o materialismo hist rico dial tico Dessa forma o autor define a natureza e a especificidade da educa o em an lises associadas ao contexto social que essa mesma educa o est inserida Para Saviani a educa o um fen meno pr prio dos seres humanos Por isso para compreend la necess rio compreender a natureza humana ou seja O trabalho enquanto atividade que diferencia o homem dos outros animais por ser uma a o intencional SAVIANI 2003 p 11 not rio destacar que o homem ao intervir na natureza vai elaborando seu modo de produzir a vida pelo trabalho A partir disso e da maneira c
178. es fazem cr ticas uma vez que dos acordos estabelecidos nos encontros entre os pa ses consignat rios resultaram segundo Rech 1997 p 39 40 posi es consensuais que tratam de desenvolver compet ncias fundamentais requeridas para as necessidades do mundo do trabalho Dessa maneira tais id ias corroboram com os princ pios do Relat rio Jacques Delors cujo princ pio de educa o ap ia se nos quatro pilares ocultando uma educa o que valoriza a cultura geral esta desnecess ria ao desenvolvimento do capital nos dias atuais 55 A propriedade privada tornou nos t o est pidos e parciais que um objeto s diretamente possu do comido bebido transportado no corpo habitado etc ou melhor quando utilizado Portanto todos os sentidos f sicos e intelectuais foram substitu dos pela simples aliena o de todos os sentidos pelo sentido do ter O ser humano viu se for ado a reduzir se a esta total mis ria a fim de produzir toda a sua riqueza interior MARX 2004 p 142 grifos do original Tendo em vista as modifica es ocorridas no modo de produzir e organizar a vida surge portanto outro modo tamb m de organizar a escola que requer uma forma o de m o de obra para postos no mercado de trabalho bra al e outra para os postos de trabalho qualificado uma vez que essa uma das caracter sticas fundamentais no capitalismo Ao lado do tipo de escola humanista destinada a desenvolver em cada indiv
179. escolas de qualidade diferenciada da dicotomia entre educa o geral e profissional e no caso do campo da distin o entre educa o urbana e rural Metodologicamente nesta pesquisa foi necess rio recorrer principalmente a documentos escritos cujo conte do explicita o objeto de investiga o sejam documentos municipais ou nacionais sobre a educa o do campo As refer ncias aos documentos nacionais foram necess rias tendo em vista que a Proposta de Educa o do Campo do Munic pio de Conc rdia fundamenta se nas concep es da proposta nacional Como esta pesquisa caracteriza se como um estudo de caso foi necess rio tamb m entrevistar a coordena o da Secretaria Municipal de Educa o a fim de explicar a mudan a do foco te rico metodol gico da proposta O Munic pio de Conc rdia nos ltimos seis anos passou a assumir uma postura democr tica frente educa o conforme os documentos das duas ltimas 13 propostas de educa o O modo de organiza o inicialmente tendo por base te rico metodol gica o materialismo hist rico dial tico marca o ide rio educacional voltado para uma educa o para a classe trabalhadora A partir dessa organiza o houve a elabora o de uma Proposta de Educa o para as Escolas do Campo de classe multisseriada vinculada preocupa o de proporcionar aos alunos dessas unidades do munic pio uma educa o voltada a seus interesses e que por meio disso pudes
180. essencial para a forma o de capital 158 humano adequado aos requisitos do novo padr o de acumula o SOARES 1996 p 30 Nesse sentido h que se perguntar qual saber qual conhecimento qual compet ncia se prop e como finalidade da educa o escolar Ora se h legitima o das desigualdades o saber aquele necess rio para a manuten o do capitalismo o saber til e necess rio ao trabalho produtivo t o somente aliado ao desenvolvimento do capitalismo no campo Ao tratar de como a pol tica neoliberal se apropria do saber atrav s de uma forma pr tica e pragm tica evidencia se uma educa o que continua a legitimar as diferen as Assim se o conhecimento produto que impulsiona o capital n o est destinado a todos j que o sucesso ou o fracasso na escola est o vinculados s capacidades de cada um Com rela o ao segundo aspecto a hist ria tem mostrado que a discrimina o a opress o econ mica pol tica e cultural n o ocorreram somente na zona rural No cap tulo dois procurou se evidenciar por meio das an lises de Kaustky que as rela es com o trabalho a partir do surgimento do capitalismo modificaram todas as rela es tanto aquelas do campo como as da cidade O campon s ou colono como denominado na regi o sul do Brasil parte de uma totalidade que a classe trabalhadora e por isso tomar a quest o da educa o do campo de forma isolada seria no
181. etiza o do fazer pedag gico tentando suprimir as diferen as de classes e consequentemente a dualidade na educa o REFER NCIAS ARCE A A Forma o de Professores sob a tica construtivista Primeiras aproxima es e alguns questionamentos Editora Autores Associados 2000 In ARROYO M G CALDART R S MOLINA M C orgs Por Uma Educa o do Campo Petr polis RJ Vozes 2004 BADALOTTI R M A coopera o agr cola e a agroecologia como base para a viabiliza o da agricultura familiar no oeste catarinense o papel da Apaco Associa o dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense e demais agentes sociais Tese de Doutorado Universidade Federal de Santa Catarina 2008 BANCO MUNDIAL Prioridades y estrategias para la educaci n Estudio sectorial del Banco Mundial Vers o Preliminar 2005 BENJAMIM C CALDART R S Projeto Popular e Escolas do Campo Por Uma Educa o B sica do Campo Cole o Por Uma Educa o do Campo v 3 Bras lia DF 2000 BRASIL Constitui o Federativa do Brasil 1824 CADERNOS PEDAG GICOS A Educa o no s culo XXI Di logo In dito entre Dermeval Saviani Adriano Nogueira e Paulo Freire Publica o Comemorativa dos 50 anos da APP Sindicato Pr 1997 CALAZANS M J C Escola e Educa o do Campo Campinas Papirus 1993 CALDART R S Pedagogia do Movimento Sem Terra 3 ed S o Paulo Express o Popular 2004 Elementos para constru o do pr
182. ez que na hist ria da educa o rural todos os programas voltados ao campo estavam ligados a uma concep o de desenvolvimento pr pria do capitalismo como observado no ruralismo pedag gico ou seja programas ligados tradi o rural do trabalho na lavoura e financiados por ag ncias internacionais Para Vendramini 2000 p 166 Tais iniciativas acentuaram ainda mais o isolamento das popula es rurais por meio da proposta de educa o regionalizada Os programas foram sucessivamente despejados do alto do governo federal justamente contra a divis o e fragmenta o que a escola unit ria propunha uma educa o inicial geral aquilo que Gramsci determinou de escola ativa compreendendo as divis es da escola unit ria em dois n veis o elementar e o m dio O objetivo da escola ativa seria de lutar contra as concep es folcl ricas al m de garantir os estudos primordiais da cultura quais sejam ler escrever fazer contas no es de hist ria e geografia direitos e deveres Como j explicitado no primeiro cap tulo a escola unit ria organizada em n veis de ensino considerando as etapas de desenvolvimento da crian a e do adolescente deveria trabalhar sua rela o com a sociedade capitalista como subs dio para definir os conte dos do ensino Diferentemente disso Condorcet no relat rio e projeto sobre a organiza o da instru o p blica em 1792 preocupa se em conceber um ensino para o povo cujos
183. fosse qualificado pela escola elementar instala se no pa s a escola t cnica de 2 grau como forma de suprir essas necessidades CALAZANS 1993 p 15 92 Dessa forma para compreender o processo de surgimento da escola no meio rural necess rio levar em considera o que essa n o se deu por ela mesma Para a autora Seu desenvolvimento atrav s da hist ria reflete de certo modo as necessidades que foram surgindo em decorr ncia da pr pria evolu o das estruturas agr rias CALAZANS 1993 p 16 2 2 1 O nascimento da escola rural e o ruralismo pedag gico no Brasil not rio destacar que para as classes dominantes era consenso de que n o havia necessidade de uma educa o para a classe trabalhadora indiferente se essa se encontrava na cidade ou no campo A educa o vinha sempre acompanhada por pressupostos que interessavam a um determinado grupo independente do espa o que ocupava Nessa mesma perspectiva Calazans destaca que As revolu es agroindustriais e as suas consequ ncias no contexto brasileiro principalmente a industrializa o provocaram altera es que obrigaram os detentores do poder no campo a concordar com algumas mudan as como por exemplo a presen a da escola em seus dom nios Assim a escola surge no meio rural brasileiro tardia e descont nua CALAZANS 1998 p 16 Esse descaso com a educa o se reflete nas legisla es brasileiras Ao observarmos a import ncia dada
184. gasto com obras foi de 12 02 com equipamentos e material permanente foi de 6 91 com material de consumo e did tico 5 92 e com capacita o de professores 0 30 O maior gasto foi com a folha de pagamento dos profissionais 53 42 e com o transporte escolar 13 02 Os servi os de terceiros representou os demais 5 19 Na terceira parte da segunda proposta 2004 que apresenta a avalia o das a es observa se que apontam para a positividade dessa a o No texto que avalia as a es da proposta encontram se quest es como e foi com a certeza de mudan a com valentia de acertar que a proposta implantada no munic pio de Conc rdia vem dando bons resultados Em outro trecho do texto encontra se uma indica o que foi considerada como positiva na fala de um aluno estou feliz por ter uma escola funcionando perto de minha casa ao contr rio de dezenas de comunidades que tiveram suas escolas fechadas aluno 42 s rie MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 p 32 A fala do aluno refere se s escolas que foram desativadas no per odo de nuclea o principalmente em 1998 Conforme demonstram os dados organizados pelos alunos de uma das escolas do Campo do Munic pio de Conc rdia cujo conte do refere se ao n mero de alunos das escolas desativadas naquele per odo havia escolas com no m nimo 05 alunos e no m ximo 20 no momento da desativa o Os dados n o precisam a quantidade de escolas relacionado as com o n
185. gricultor do agregado do atingido pela barragem e do oper rio das agroind strias bem como da organiza o das escolas multisseriadas e suas necessidades Para tanto trabalhar os conhecimentos que valorizem esta realidade buscou se em Pistrak o referencial te rico que subsidiou a constru o da Proposta de trabalho atrav s de complexos n o enquanto t cnica metodol gica mas como forma de organiza o do programa justi ada pelos fins da escola PROPOSTA DE EDUCA O DO CAMPO DE CONCORDIA 2004 p 5 E por meio do complexo que a proposta do munic pio desenvolve os assuntos para serem trabalhados com os alunos inclusive realizando uma confer ncia de educa o para as crian as que vivem no campo Todo esse trabalho foi realizado pelos professores das escolas unidocentes da rede municipal de ensino de Conc rdia nos momentos de estudos mensais O tema do complexo definido foi As escolas do campo de Conc rdia ressignificando a qualidade de vida dos sujeitos do campo e os subtemas a organiza o do espa o do campo mem ria e identidade dos sujeitos do campo valores coletivos constroem organiza o meio ambiente gera vida educa o e cultura como direito do sujeito do campo a luta pela vida na terra sa de dos sujeitos do campo trabalho e renda no campo O tema e os subtemas est o interligados s reas do conhecimento quais sejam conhecimento s cio hist rico conhecimento em linguagem e express o
186. hadores Sem Terra MST n o de agora intensificou se nos anos de 1980 e tem ganhado for a e sentido uma vez que as discuss es se fortaleceram tamb m nos Estados e Munic pios Ao final dessa mesma d cada os movimentos sociais do campo O MST criam o setor de educa o que passa a discutir as quest es educacionais como prioridade Para alguns autores como Vendramini 2000 p 172 o MST compreende que a escola tem como fun o espec fica a socializa o e a produ o de conhecimentos cient ficos necess rios vida pessoal e social e defende que as teoriza es sejam feitas sob pr ticas sociais concretas em que os alunos estejam envolvidos 124 Dessa forma este cap tulo vai tratar da concep o constru da com rela o escola do campo e de seu movimento hist rico Da mesma forma trar contribui es de como o Estado tem se inserido nessas discuss es a partir da constitui o do GTP Grupo de Trabalho Permanente no MEC e suas principais a es uma vez que se cria uma secretaria para discutir a educa o do campo 3 1 A ESCOLA DO CAMPO NA CONCEP O DO MST In meros autores t m destacado o trabalho dos Movimentos Sociais para a forma o de uma concep o espec fica de educa o para o campo e discutido maneiras e pr ticas de consolida o de uma escola no campo Por isso negar essas contribui es seria ignorar uma parte fundamental do processo de constitui o do pensamento educa
187. i al m da apar ncia imediata Isso contribui para desfazer a id ia de que existe uma realidade do campo e outra da cidade Na verdade a dualidade existente aquela que se refere condi o de classe a qual cada ser humano pertence que se reproduz na educa o Kosik 2002 apresenta uma an lise aprofundada sobre o conceito de realidade e tom lo nesse momento importante no sentido de compreender melhor as quest es do m todo anteriormente levantadas Nesse sentido Kosik observa que 84 O autor tr s estas contribui es em entrevista concedida a Edi o Comemorativa dos 50 anos Caderno Pedag gico APP Sindicato de Curitiba 172 a realidade um conjunto de fatos de elementos simpl ssimos e at mesmo inderiv veis disto resulta em primeiro lugar que a concreticidade a totalidade de todos os fatos e em segundo lugar que a realidade na sua concreticidade essencialmente incognic vel pois poss vel acrescentar a cada fen meno ulteriores facetas e aspectos fatos esquecidos ou ainda n o descobertos KOSIK 2002 p 43 Contudo e apesar das diversas positividades apresentadas acerca das propostas para a educa o do campo aqui estudadas sejam as nacionais elaboradas pelo MST ou pelo MEC ou as implementadas pelo munic pio de Conc rdia todas elas correm o risco de refor ar a dualidade educacional principalmente considerando as influ ncias das pol ticas neoliberais de car ter fragment rio
188. ida CAP TULO IV A PROPOSTA DE CONC RDIA LIMITES E POSSIBILIDADES DE SUPERA O DA DUALIDADE A quest o escolar interessa me muit ssimo GRAMSCI 1978 p 25 Esta parte da pesquisa talvez a mais rica por representar as an lises dos elementos at o momento coletados trata do objeto de estudo e das concep es te ricas Nesse sentido o esfor o em descrever e contextualizar os primeiros cap tulos decorre da necessidade de neste momento utiliz lo como suporte te rico para fundamentar as an lises A partir disso a Proposta de Educa o do Munic pio de Conc rdia descrita tendo em vista que isso s foi poss vel em decorr ncia da an lise de documentos que cont m os registros de todo o trabalho desenvolvido no munic pio bem como na necessidade de entrevista quando da aus ncia de documentos A todo momento resgatada a refer ncia que possibilita a discuss o qual seja a escola unit ria gramsciana no sentido de estabelecer limites e possibilidades entre esta e o objeto de estudo frente ao contexto econ mico e social do modo de produ o capitalista 147 4 1 A CONSTRU O DA PROPOSTA DE CONC RDIA CONCEP ES E CAMINHOS O processo de constru o de uma proposta espec fica para a educa o do campo no munic pio de Conc rdia desenvolveu se a partir de um determinado plano de governo municipal Assim antes de identificar e analisar a especificidade das concep es conte dos e me
189. ideais estavam ligados ideologia burguesa Para a organiza o da instru o essa foi dividida em cinco graus Por m a divis o da escola em graus de ensino tinha impl cita a id ia da dualidade ou seja a escola prim ria que era mais acess vel ao povo formava homens capazes das fun es p blicas mais simples enquanto o liceu que era destinado para poucos tornava os homens s bios sendo que nestes todas as ci ncias eram ensinadas em toda a sua plenitude CONDORCET 1792 p 04 e 10 Quando se prop e um ensino espec fico para o campo pode se Os cinco graus eram escolas prim rias secund rias Institutos Liceus e sociedade nacional das ci ncias e das artes CONDORCET 1792 p 4 163 incorrer nesse engano disponibilizar uma escola prim ria para uns e uma escola para s bios a outros Os princ pios liberais burgueses ao contr rio da proposi o gramsciana ao mesmo tempo em que defendem e justificam a instru o fortalecem as diferen as de classes sociais por meio de um ensino dual Na fase elementar a crian a necessita construir h bitos de estudo e aprender os conhecimentos primordiais da cultura enquanto o jovem deve segundo Gramsci estudar n o apenas de forma ativa mas de maneira criativa em busca do pensamento aut nomo proposi o tamb m defendida por Pistrak ou seja uma educa o ativa que concretize a ci ncia permitindo assimilar o m todo cient fico
190. iferenciado para a popula o do campo A escola rural requer um tratamento diferenciado tendo em vista que a oferta de ensino fundamental precisa chegar a todos os recantos do Pa s e a amplia o da oferta de quatro s ries regulares em substitui o s classes isoladas unidocentes meta a ser perseguida consideradas as peculiaridades regionais e a sazonalidade PNE 2008 p 42 138 na esfera p blica a quest o da educa o do campo como interesse nacional Dessa forma o Minist rio da Educa o a partir do Governo atual finalmente abre se constru o de uma pol tica nacional de educa o do campo que vem sendo constru da em di logo com as demais esferas da gest o do Estado e com os movimentos e organiza es sociais do campo brasileiro SECAD MEC 22 09 05 Para tanto tem apontado alguns eixos te ricos orientadores da pol tica em constru o mas observando que o pano de fundo a diversidade tnico cultural como valor ou seja o direito diferen a e a promo o da cidadania na vida da Rep blica O que desde j se contrap e id ia de escola unit ria e supera o da dualidade O primeiro eixo a constru o de uma base epistemol gica que busque superar a dicotomia campo cidade Essa base deve dar apoio pesquisa tem tica da educa o do campo e mormente ao desenvolvimento sustent vel V se que esse primeiro eixo que prop e a supera o da dicotomia campo ci
191. igados ao mundo do conhecimento ou espec ficos dos processos de aprendizagem escolar Nesse sentido para o Movimento todos os saberes s o importantes os quais podem e devem ser constru dos pelo di logo Para Zanella ao contr rio da educa o do campo a educa o escolar parte do pressuposto que a escola p blica tem uma especificidade a socializa o do conhecimento sistematizado isto o saber como express o cient fica e dial tica do movimento da realidade Esse saber o cient fico e o tecnol gico pois est ligado com o desenvolvimento da sociedade urbano industrial porque quanto mais se avan a nesse processo mais se desloca a exig ncia da expans o escolar O interesse da sociedade moderna e burguesa pela escolariza o universal passou a ser a principal forma de educa o Assim a forma escolar passa a ser confundida com a educa o propriamente dita uma vez que quando pensamos em educa o automaticamente pensamos em escola ZANELLA 2004 p 10 Para Saviani o que est em causa o problema escolar SAVIANI 1994 157 Isso porque desde o surgimento da escola p blica no capitalismo a educa o escolar esteve voltada a atender aos interesses burgueses ou seja a educa o escolar aquela que vai ministrar para os trabalhadores uma instru o em doses homeop ticas ou seja um conhecimento m nimo A partir disso Zanella observa que a tend ncia em curso via escola p blica a nega o
192. il brio jur dico e pol tico um momento de media o GRUPPI 1985 p 31 O conceito de Estado para Gramsci j se torna mais elaborado Para ele n o h a concep o de Estado sem levar em conta a sociedade civil Nesse sentido a distin o entre Estado e sociedade civil puramente de m todo Como bem observou Gruppi 1985 p 78 ao propor que a diferen a entre Estado e sociedade civil seja puramente de m todo conclui que sociedade civil e Estado na realidade n o est o separados Gramsci vem explicar a origem dessa concep o na carta de setembro de 1931 quando escreve que seus estudos acerca dos intelectuais t m se ampliado muito e que a amplia o desses estudos leva tamb m a tecer certas considera es sobre o Estado acerca das determina es do conceito de Estado que comumente entendido como Sociedade pol tica ou ditadura ou aparelho coercitivo para amoldar a massa popular ao tipo de produ o e economia de dado momento e n o como um equil brio da Sociedade pol tica com a Sociedade civil ou hegemonia de um grupo social sobre a sociedade nacional inteira exercida atrav s das chamadas organiza es privadas como a Igreja os sindicatos as escolas GRAMSCI 1978 p 224 31 A partir disso o conceito de Estado se amplia em Gramsci pois para formul lo foi buscar outros conceitos j estudados por ele hegemonia coer o e bloco hist rico A hegemonia e a coer o s o o
193. indo se particularmente no conhecimento dos terrenos e dos produtos naturais da maior utilidade nos usos da vida CALAZANS 1993 p 17 A terceira ocorr ncia efetivou se por meio da reforma de 1879 sob decreto n 7247 estabelecendo se que o ensino nas escolas prim rias do 2 grau constaria da continua o e desenvolvimento das disciplinas ensinadas no 1 grau e mais entre outras disciplinas no es de lavoura e horticultura CALAZANS 1993 p 17 18 A demanda escolar nesse per odo que vai se constituindo segundo Soares 2001 predominantemente oriunda das chamadas classes m dias emergentes que identificavam na educa o escolar um fator de ascens o social e de ingresso nas ocupa es do embrion rio processo de industrializa o No entanto para a popula o residente no campo o cen rio era outro A aus ncia de uma consci ncia a respeito do valor da educa o no processo de constitui o da cidadania ao lado das t cnicas arcaicas do cultivo que n o exigiam dos trabalhadores rurais nenhuma prepara o nem mesmo a alfabetiza o contribu ram para a aus ncia de uma proposta de educa o escolar voltada aos interesses dos camponeses SOARES 2001 p 04 Na Constitui o de 1891 o par grafo 24 do art 72 institu a o sistema federativo como princ pio de organiza o da Rep blica e defendia a liberdade do ensino como corol rio da liberdade profissional Ao mesmo tempo consagrav
194. issionalizante que formasse m o de obra e a pr pria 4 Do Programa da V Confer ncia Nacional de Educa o realizada em Niter i em 1932 1933 fez parte a seguinte tese Quais as atribui es respectivas dos governos federal estaduais e municipais relativamente educa o Coube o seu estudo a uma comiss o especial composta de dez educadores indicados pela ABE Comiss o dos Dez e dos representantes oficiais de todos os Estados do Brasil do Distrito Federal e do Territ rio do Acre Comiss o dos Trinta e Dois Essa Comiss o elaborou um anteprojeto para a Constitui o Brasileira de 1934 na parte referente Educa o Pela Comiss o dos Dez e na qualidade de Presidente An sio Teixeira assinou a Justifica o do Anteprojeto Na publica o intitulada O Problema Educacional e a nova Constitui o organizada pela ABE e publicada em 1934 SILVA 2000 97 forma como a agricultura era praticada principalmente pelos pequenos propriet rios tornava a escola desinteressante e desnecess ria para o meio rural NETO 2008 p 29 As pr ticas agr colas arcaicas juntadas impossibilidade de aquisi o de equipamentos agr colas por parte dos pequenos propriet rios de terra devido ao seu alto custo em contrapartida com a baixa renda tirada da terra frente ao atrativo da ind stria nascente culminavam com a incorpora o do trabalhador ao mundo urbano NETO 2003 p 29 Ao abordar essas mesmas transforma e
195. itos educadores representa uma quest o negativa Assim as observa es buscam apontar as positividades ou limites luz da concep o gramsciana de educa o Enfim as reflex es procuraram evidenciar o car ter dial tico da concep o marxista estabelecendo conex es e an lises na tentativa de n o correr riscos de an lises simplistas Assim os conceitos gramscianos marxistas de Saviani bem como de Freire ofereceram esse suporte no entanto sem perder de vista o contexto social da sociedade brasileira inserida no modo de produ o capitalista CAP TULO A EDUCA O A ESCOLA E A DUALIDADE CIDADE CAMPO Esta primeira parte tem como finalidade fundamentar teoricamente as categorias utilizadas para analisar o objeto de estudo deste trabalho a Proposta de Educa o do Campo do Munic pio de Conc rdia Essas categorias escola unit ria e dualidade foram definidas tendo como princ pio o direito educa o Nesse sentido a concep o de escola unit ria como refer ncia torna se elemento importante uma vez que essa foi pensada por Gramsci como uma escola para todos tendo em vista o acesso da classe que estava sendo explorada e at mesmo exclu da dos bens culturais particularmente da educa o considerando as condi es materiais de exist ncia dos homens O pensamento educacional de Gramsci n o se limita apenas elabora o de uma proposta educacional mas a todo um complexo de conceitos inerent
196. l SUDENE Superintend ncia do Desenvolvimento do Nordeste SUDESUL Superintend ncia do Desenvolvimento do Sul UnB Universidade de Bras lia UNDIME Uni o Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa o UNESCO Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNICEF Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia SUM RIO INTRODU O sais ga as a tai asi 12 CAP TULO A EDUCA O A ESCOLA E A DUALIDADE CIDADE CAMPO 20 1 1 A finalidade da educa o na forma o humana i 21 1 2 A Educa o Escolar e o papel do Estado rnn 25 1 2 1 A origem da Escola P blica rear ananaaaa 25 1 2 2 Conceito de Estado e seu papel na educa o 29 13 Arascola nica lib ralaurerasi nennen a PU UU Sa a OSLO Sta 31 TA escola UN nias sons aca oa nda a a aa a 35 1 4 1 Os fundamentos da educa o e da escola em Gramsci 36 1 4 2 O Trabalho como princ pio educativo e a unitariedade 42 1 4 3 A concep o de Escola Unit ria em Gramsci eree neererrrrerrsrerrrr rnes eee 50 1 4 4 A organiza o da escola unit ria rear nnne net 59 1 5 A escola nica liberal a escola unit ria do trabalho e a dualidade na QUUCA O Lora EAE EE a 61 CAP TULO II A EDUCA O DO CAMPO E AS REFORMAS DOS ANOS DE 1990 71 2 1 Antecedentes da quest
197. l das ci ncias e das artes forma se uma pir mide em cuja base encontra se a grande maioria dos alunos e conforme se eleva o grau o acesso instru o vai ficando cada vez mais restrito aos trabalhadores Nesse sentido a fun o do ensino prim rio seria pela necessidade do indiv duo para que pudesse guiar se e gozar a plenitude dos seus direitos sem esquecer no entanto que esses direitos se restringiam condi o de classe que o ser humano pertencia J os demais graus de ensino principalmente o liceu eram destinados aos s bios uma vez que esse grau era atingido pelos melhores os quais assumiriam a fun o de dirigentes LOPES 1981 p 76 77 Assim a escola era organizada com conte dos que segundo Lopes 1981 p 95 consideravam a crian a como elemento constitutivo da for a de trabalho sendo que a escola deveria prepar la para o bom desempenho de fun es j pr determinadas e n o para a ascens o social No Relat rio e projeto de decreto sobre a organiza o da instru o p blica francesa de 1792 Condorcet apresenta a fun o dos diferentes graus de ensino e ao ensino prim rio atribui a fun o do ensino que pudesse instruir os indiv duos para usufruir das li es necess rias para tornar os homens capazes das fun es p blicas mais simples s quais bom que todo o cidad o possa ser convocado como aquela de jurado ou de guarda municipal CONDORCET 1792 p 4 O projeto de
198. lada sua cultura e s necessidades humanas e sociais MOLINA E JESUS 2005 p 26 citando CALDART 2002 As discuss es sobre educa o do campo s o recentes na agenda da pol tica p blica contudo uma quest o que desde o in cio dos anos de 1980 vem sendo discutida no mbito dos Movimentos Sociais 8 A organiza o da Confer ncia de Educa o B sica do Campo est registrada no primeiro caderno de mem rias j referido anteriormente Nesse momento as discuss es giram em torno de id ias que mais tarde ser o ampliadas ou melhor discutidas tendo em vista as discuss es que v o ocorrendo nas demais confer ncias e nos pr prios grupos que articulam o tema em quest o Um exemplo disso que em 2002 no Semin rio Nacional em Bras lia se delibera pela passagem de Educa o B sica do Campo por Uma Educa o do Campo por entender que o b sico restringiria a amplitude da pol tica constru da ent o 127 Souza 2006 ao discutir as propostas e pr ticas pedag gicas do MST faz inicialmente um resgate de como surgiu o interesse e a necessidade de uma proposta articulada para os assentamentos e acampamentos Observa a partir disso que a Educa o no MST aponta duas caracter sticas a presen a de processos educativos formais e n o formais Os n o formais ocorrem por meio de reuni es congressos assembl ias cursos de forma o e capacita o entre outros enquanto os formais tornaram se uma estrat gia
199. lguns organismos multilaterais como a UNESCO e UNICEF j participam das discuss es que iniciaram a ser desenvolvidas com rela o Educa o do Campo Nos documentos publicados pela Articula o Nacional Por Uma Educa o do Campo confirma se a presen a desses organismos como organizadores do evento Nossa caminhada enquanto articula o nacional Por Uma Educa o do Campo come ou no processo de prepara o da Confer ncia Nacional Por Uma Educa o B sica do Campo realizada em Luzi nia Goi s de 27 a 31 de julho de 1998 A id ia da Confer ncia por sua vez surgiu durante o Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agr ria ENERA feito em julho de 1997 A Confer ncia promovida a n vel nacional pelo MST pela CNBB UnB UNESCO e pelo UNICEF foi preparada nos estados atrav s de encontros que reuniram os principais sujeitos de pr ticas e de preocupa es relacionadas educa o do campo KOLLING CERIOLI CALDART 2002 p 15 Nesse sentido se a pr pria educa o do campo luta em defesa de uma escola que leve em conta suas necessidades e especificidades por que da participa o de organismos como a UNESCO nas Confer ncias uma vez que essas delimitam o conte do das pol ticas educacionais Parece contradit rio uma vez que a UNESCO prima pelas orienta es dos Planos de Educa o elaborados pelos organismos multilaterais os quais pretendem cumprir com a meta de Educa o para T
200. lho em tempo parcial e tempor rio Para Peroni 2003 p 26 as contradi es a cada dia mais acirradas na sociedade capitalista devem se ao fato do capitalismo viver uma crise estrutural Nesse sentido a ofensiva neoliberal se caracteriza justamente como uma estrat gia de supera o dessa crise utilizando em larga escala de sua ideologia para construir a ambi ncia cultural necess ria a este per odo particular do capitalismo Fiori 1997 ao explicitar as particularidades acerca do novo e velho liberalismo coloca tr s aspectos comuns a ambos a proposta foi e segue sendo a busca da despolitiza o total dos mercados a liberdade absoluta de circula o dos indiv duos e dos capitais privados e a valoriza o do individualismo Contudo o 106 autor n o nega que existam diferen as Dentre elas destaca o individualismo enquanto um individualismo metodol gico uma pretens o de cientificidade que antes n o tinha Coloca tamb m a combina o das id ias pol ticas de forma virtuosa no per odo de 1970 a 1990 devido s transforma es econ micas e pol ticas materiais que o capitalismo vem vivendo desde a crise de 1973 Uma terceira diferen a que fundamental foi a derrota comunista e o avan o das id ias e pol ticas dos novos liberais os quais t m dado ao pensamento neoliberal condi es sem precedentes de que jamais o liberalismo gozou estabelecendo uma ideologia que consegue ser quase universalmente hegem
201. lifica o em sentido estrito adquirida pela forma o t cnica e profissional o comportamento social a aptid o para o trabalho em equipe a capacidade de iniciativa o gosto pelo risco UNESCO 2001 p 94 Contudo o relat rio ao evidenciar o trabalho esvaziado de qualquer rela o social valoriza o pragmatismo o modelo de compet ncias na forma o do homem Dessa forma o conte do do conhecimento presente na dual escola cl ssica liberal esvaziado ainda mais e substitu do pelo desenvolvimento daquilo que necess rio apenas para o indiv duo se adequar ao mercado de trabalho Dessa forma se o Estado brasileiro consignat rio desses acordos como j explicitado no segundo cap tulo passa a levar em considera o esse modelo educacional acordado tende a conceber a educa o de forma o do homem unilateral de saber fazer de conformar se diante das situa es degradantes existentes no dia a dia do trabalhador e ao mesmo tempo feliz por este mesmo trabalhador ainda conseguir diante de in meros exclu dos um emprego que lhe d condi es de sobreviv ncia 145 As contradi es ora apontadas bem como os conte dos explicitados neste cap tulo seguem no pr ximo no sentido agora de analisar a Proposta de Educa o do Campo do Munic pio de Conc rdia observando seus limites e possibilidades na tentativa de superar a dualidade presente na educa o e no contexto social que a escola est inser
202. m nimo superficial A elabora o dessa proposta apresenta uma positividade no sentido de perceber e evidenciar a explora o do trabalhador do campo e a partir disso definir as tem ticas a serem trabalhadas em sala de aula com os alunos das Escolas do Campo de Conc rdia Entretanto como j evidenciado anteriormente essas tem ticas devem ser tomadas como ponto a partir do qual se articular o os conhecimentos cient ficos necess rios para uma forma o onilateral A segunda proposta tamb m apresenta uma preocupa o com a especificidade de cada realidade A nova metodologia de trabalho implica a coleta de falas nas comunidades onde se localizam as escolas do campo com a finalidade 77 Colono significa viver numa col nia de prefer ncia possuir um peda o de terra suficiente para a sobreviv ncia comumente o m nimo equivalente a uma col nia 25 hectares uma designa o mais presente no sul do Brasil espa o de maior influ ncia do colono imigrante europeu Os produtores rurais se autodenominaram de colonos Somos colonos porque trabalhamos na col nia TEDESCO 2001 p 108 159 de contribuir para a identifica o do tema gerador e a defini o dos conhecimentos a serem trabalhados pela escola No documento da Secretaria de Educa o elaborado para subsidiar o planejamento das escolas do campo encontram se transcri es de falas como quero que aumente o pre o do leite do su no do milho e de outros
203. m 14 de dezembro de 1931 Nesta Gramsci pede a Giulia para ser informado sobre o quadro cient fico no qual se situa a escola que frequentam Giuliano e Delio GRAMSCI 1978 p 259 Isso porque gostaria de compreender os coment rios que sua esposa fazia nas cartas com rela o a eles O interesse pela escola se expressa na preocupa o de que a finalidade desta na sua concep o n o estivesse sendo alcan ada Dizia ele Interessa me saber como foram introduzidos na escola prim ria o princ pio das brigadas de assalto e os cantinhos especializados bem como quais os fins pedag gicos que se prop em alcan ar E poss vel que nas a a d vida de que isto acelere artificialmente a orienta o profissional e falsifique as inclina es das crian as levando a perder de vista a finalidade da escola nica que a de conduzir os menores no sentido de um desenvolvimento harm nico de todas as atividades at que o ponto da personalidade formada ressalte as inclina es mais profundas e permanentes porque nascidas em um n vel mais alto de desenvolvimento de todas as for as vitais etc etc GRAMSCI 1978 p 259 Com essas contribui es cujo conte do volta se para a forma o intelectual de todo o povo a categoria Escola Unit ria se torna fundamental enquanto elemento que possibilite estabelecer an lises do processo educacional hoje por considerar essa uma escola para todos cujo conte do n o seria esvaziado mas qu
204. m o poder p blico 3 O dado foi retirado da Proposta de Educa o para as Escolas do Campo SEMED 2004 Dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Educa o do Munic pio de Conc rdia Setor de Escritura o Escolar Outubro de 2004 25 1 2 A EDUCA O ESCOLAR E O PAPEL DO ESTADO Ao tratar da educa o escolar nesse momento procura se resgatar a origem da escola p blica e as condi es nas quais foi sendo desenvolvida bem como as articula es liberais implementadas para o fortalecimento da ideologia burguesa Nesse processo o Estado tornou se pe a principal pois coube a ele o papel de definir organizar legalizar e manter a institui o escolar que se tornaria essencial no processo de forma o para o trabalho e para a cidadania 1 2 1 A origem da Escola P blica A partir das in meras discuss es realizadas sobre a educa o especialmente sobre a quest o do direito educa o fundamental compreender como se desenvolveu a escola p blica por esta ter origem no capitalismo e perpetuar a dualidade que veio legitimar ainda mais as diferen as das classes sociais Para Saviani quando a sociedade capitalista rompeu com as rela es dominantes naturais que prevaleceram at a Idade M dia essas rela es passaram de naturais para predominantemente sociais Dessa forma a sociedade capitalista rompe com a id ia de comunidade e imprime com toda for a a id ia de sociedade A partir disso a l gi
205. m por meio do respeito diversidade cultural e alteridade Para considerar as especificidades educacionais da popula o do campo n o obrigatoriamente necess rio atuar por meio de pol ticas isoladas mas ao contr rio considerar a articula o das especificidades com a totalidade como observou Saviani no decorrer do trabalho Por diversos momentos a proposta ao tratar da educa o evidencia essa como a salvadora dos problemas sociais aproximando se da concep o neoliberal Outro limite que a primeira proposta de Educa o do Munic pio contemplava somente as classes multisseriadas exceto na segunda vers o da mesma quando a partir da metodologia do tema gerador exclui se essa separa o Referente ado o da pedagogia de Paulo Freire esta pesquisa procurou apontar por meio das id ias de autores como Zanella alguns limites principalmente no que diz respeito concep o fenomenol gica que se op e ao materialismo hist rico dial tico ao qual essa mesma proposta diz pautar se As an lises apontam que a dualidade se d por duas vias aquela existente entre a educa o para a classe burguesa e a educa o especifica para os trabalhadores campo cidade esta ltima refor ada principalmente nas ltimas d cadas em fun o dos conceitos neoliberais por incentivar a necessidade de respeitar a diversidade cultural que se materializa na formula o de uma escola para o campo e outra para a ci
206. melhor m todo ser come ar pelo real e pelo concreto que s o a condi o pr via e efetiva assim em economia pol tica por exemplo come ar se ia pela popula o que a base e o sujeito do ato social de produ o como um todo No entanto numa observa o atenta apercebemo nos de que h aqui um erro A popula o uma abstra o se desprezarmos por exemplo as classes de que se comp e Por seu lado essas classes s o uma palavra oca se ignorarmos os elementos em que repousam por exemplo o trabalho assalariado o capital etc O capital por exemplo sem o trabalho assalariado sem o valor sem o dinheiro sem o pre o etc n o nada Assim se come ssemos pela popula o ter amos uma vis o ca tica do todo e atrav s de uma determina o mais precisa atrav s de uma an lise chegar amos a conceitos cada vez mais simples do concreto figurado passar amos a abstra es cada vez mais delicadas at atingirmos as determina es mais simples MARX p 218 Mas a partir do exposto no m todo observa se que a Escola do Campo ao requerer uma pol tica que valorize a diversidade dos trabalhadores do campo tem uma proposta que se aproxima da tend ncia liberal uma vez que considera o campo como parte isolada das diversas classes e consequentemente da pr pria classe trabalhadora urbana 142 Outro problema que condiciona a educa o em geral e a educa o do campo em particular tend ncia liberal e de c
207. mento hist rico pol tico e social dos sujeitos que fazem parte e vivem nesse meio assegurando a perman ncia do homem do campo com qualidade de vida MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 p 05 Essa preocupa o segundo a proposta ocorre tendo em vista a situa o atual da agricultura e a situa o do homem do campo historicamente percebe se que o homem do campo tem sido v tima de discrimina o e opress o econ mica pol tica e cultural fato este que vem contribuindo para o xodo rural Nesse processo a sociedade em geral estigmatiza o homem do campo desvalorizando 157 sua identidade e retirando sua auto estima MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 p 04 Dessa ocorr ncia incorrem duas quest es a primeira que a escola n o o caminho para a solu o dos problemas econ micos e sociais e a segunda que as condi es de degrada o do campon s n o s o recentes e tamb m n o ocorrem somente com esse mas com a grande massa de trabalhadores Os problemas do campo n o ser o resolvidos pela educa o Essa por sua vez se constitui como um instrumento importante para forma o dos sujeitos que buscam por meio da luta de classes as mudan as sociais que lhe interessam Ao colocar a escola como solu o para suprimir as diferen as que existem na sociedade de classes estar se legitimando o preceito liberal de diferencia o do acesso escola Quando a burguesia estendeu classe prolet ria o a
208. metas que prop em os organismos multilaterais inclusive o Banco Mundial unem educa o e desenvolvimento em cujas reformas os empres rios tiveram influ ncia significativa Nas palavras de Shiroma 2004 Ao longo dos anos de 1990 a pol tica educacional dispersou se em uma profus o de medidas que reformaram profundamente o sistema educacional brasileiro Essas reformas t m encontrado apoio nas justificativas elaboradas por t cnicos de organismos multilaterais e de intelectuais influentes no pa s Ademais popularizaram uma pr tica que se tornaria um fato na condu o das pol ticas p blicas a forma o de inst ncias tripartites envolvendo empres rios e trabalhadores para discutir com o governo os rumos da educa o brasileira SHIROMA 2004 p 77 Contudo as influ ncias dos organismos internacionais no desenvolvimento do pa s n o s o recentes O Banco Mundial exerceu profunda influ ncia no processo de desenvolvimento do pa s durante o per odo de expans o da economia que perdurou at o final dos anos 70 Nesse per odo promoveu a moderniza o do campo brasileiro por meio de financiamentos de grandes projetos industriais e de infra estrutura que contribu ram para um modelo de desenvolvimento concentrador de renda e danoso ao meio ambiente SOARES 1996 p 17 Nas ltimas tr s d cadas o Banco Mundial tem modificado suas prioridades ou seja passou do plano de financiamento em infra estrutura para a focaliza
209. mo Freire valoriza os conhecimentos reais dos indiv duos porque substituir a fonte te rica Observa se que na segunda proposta evidenciada a quest o da constru o dos conhecimentos para que os alunos consigam compreender suas vidas refletir sobre elas e buscar coletivamente nos mais diversos grupos sociais alternativas de 155 mudan as na estrutura social e a fun o da escola que o da constru o de conhecimentos MUNIC PIO DE CONC RDIA SEMED 2005 s p grifos meus J para Saviani 2008 p 18 o fim da escola a transmiss o assimila o do saber sistematizado por m cabe escola viabilizar as condi es dessa assimila o importante lembrar que para Saviani esse fim da escola n o se realiza por ele mesmo fundamental considerar todas as rela es que o autor estabelece a partir da pedagogia hist rico cr tica para n o esvaziar o conte do da afirma o acima quest o essa tratada no primeiro cap tulo desta pesquisa Tomando pois a refer ncia gramsciana preciso salientar que os princ pios que embasaram a escola unit ria op em se escola cl ssica liberal que fundamenta e condiciona a forma o da escola dual na sociedade capitalista Nesse sentido a partir desse pressuposto e da advert ncia de Saviani n o se pode incorrer no engano de uma pseudoconstru o de conhecimentos ou de uma pseudopesquisa baseadas no senso comum ignorando a ci ncia j sistematizada
210. n as que possibilitassem alguma forma de equidade social no Brasil Nagle ao discutir o surgimento do entusiasmo e do otimismo pedag gico na educa o em meio s transforma es ocorridas no Brasil nas primeiras d cadas do s culo XX no plano econ mico pol tico e cultural observa que O mais manifesto resultado das transforma es sociais mencionadas foi o aparecimento do inusitado entusiasmo pela escolariza o e de marcante otimismo pedag gico de um lado existe a cren a de que pela multiplica o das institui es escolares da dissemina o da educa o escolar ser poss vel incorporar grandes camadas da popula o na senda do progresso nacional e colocar o Brasil no caminho das grandes na es do mundo de outro lado existe a cren a de que determinadas formula es doutrin rias sobre a escolariza o indicam o caminho para a forma o do verdadeiro homem brasileiro NAGLE 2001 p 134 A partir desse movimento diversos ideais na d cada de 1930 se fortaleceram inclusive o Ruralismo Pedag gico Para Neto 2003 o termo ruralismo pedag gico foi cunhado para definir uma proposta de educa o do trabalhador rural que tinha como fundamento b sico a id ia de fixa o do homem no campo por meio da pedagogia NETO 2008 p 11 O autor acrescenta ainda que essas id ias foram defendidas por um grupo de intelectuais pedagogos ou livre pensadores pois esse ide rio ajudaria a fixar o homem do campo
211. n o verificado na proposta a preocupa o em ter um embasamento em fundamentos te ricos que justificam e prop em o acesso a todos os educandos ao conhecimento historicamente acumulado pela humanidade Esta proposta fundamenta se nos princ pios norteadores inter relacionados de acesso e perman ncia de todas as crian as jovens e adultos escola de terminalidade da s rie e ou curso iniciados atrav s da apropria o do conhecimento historicamente acumulado que possibilita a constru o da autonomia cidadania e democracia promovendo o aluno como sujeito do processo hist rico SEMED 2004 p 06 grifos no original Por escola multisseriada entende se aquelas em que estudam no mesmo espa o e tempo as turmas que comp em as s ries iniciais do Ensino Fundamental 7 A Proposta de Educa o para as Escolas do Campo do Munic pio de Conc rdia constitui parte da Proposta de Educa o do Munic pio denominada por Proposta de Educa o Democr tica da Rede Municipal de Ensino de Conc rdia 24 Nesse sentido a Proposta concorda com o papel da escola na concep o de Saviani quando o mesmo observa que a escola diz respeito ao conhecimento cient fico e n o ao espont neo ao saber sistematizado e n o ao saber fragmentado cultura erudita e n o cultura popular A partir disso o autor ressalta a id ia de que a escola existe para propiciar a aquisi o dos instrumentos que possibilitem o acesso ao saber elabo
212. nc pios da ci ncia mais moderna e progressista preconceitos de todas as fases hist ricas passadas estreitamente localistas e intui es de uma futura filosofia que ser pr pria do g nero humano mundialmente modificado GRAMSCI 2004 p 94 RESUMO A presente pesquisa procura discutir os limites e as possibilidades da Proposta de Educa o do Campo do Munic pio de Conc rdia vista a tradicional dualidade cidade campo As an lises tiveram como refer ncia a concep o de Escola Unit ria de Gramsci cuja preocupa o residia na elabora o de uma escola que superasse a desigualdade entre escola para dirigentes e para trabalhadores Dessa forma os fundamentos marxistas permearam as an lises dada a op o por uma concep o de educa o socialista baseada no m todo do materialismo hist rico dial tico Ao longo do desenvolvimento do trabalho teve se a preocupa o de explicitar os conceitos te ricos acerca da educa o suas origens bem como da escola nica liberal esta oposta escola nica de Gramsci Tamb m se contextualiza o modelo de desenvolvimento agr rio do pa s a partir das mudan as econ micas pol ticas e culturais ocorridas no modo de produ o capitalista que por sua vez influencia a educa o do campo Na d cada de 1980 os movimentos sociais do campo principalmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST reivindicam uma escola espec fica A partir de 2001 o munic pio de
213. ne smo e autoritarismo contribu ram para Gramsci elaborar sua concep o acerca da Educa o Para tanto faz uma pequena brincadeira em uma das cartas remetidas sua esposa destacando o modo de ajudar uma planta a crescer Todos os dias me v m a tenta o de pux las um pouquinho a fim de ajud las a crescer mas permane o incerto entre as duas concep es de mundo e de educa o se devo ser rousseauniano e deixar em paz a natureza que n o se equivoca mas fundamentalmente boa ou se devo ser voluntarista e for ar a natureza introduzindo na evolu o a m o habilidosa do homem e o princ pio da autoridade GRAMSCI 1978 p 54 Manacorda observa que foi a partir desse momento que se deu a reviravolta do pensamento pedag gico de Gramsci Destaca que de se acreditar que realmente as duas ideologias pedag gicas a ativista e a voluntarista se debatessem agora na cabe a de Gramsci e que aqui ele toma consci ncia da alternativa est por iniciar se o grande momento da pedagogia de Gramsci MANACORDA 2000 p 69 Gramsci observou que a escola precisava necessariamente repensar sua forma o e organiza o uma vez que o contexto social e econ mico da poca mudava tendo em vista a industrializa o que ocorria Era pois uma mudan a n o apenas na cidade mas que se estabelecia uma nova organiza o tamb m no espa o rural e nas rela es entre as pessoas Assim n o seria adequado o desenvolvimento de
214. nhorial tanto mais este tinha necessidade de bra os e de terra Assim se produziu a amplia o da propriedade do nobre custa da propriedade camponesa seja pela diminui o do territ rio n o partilhado sistema de tr s afolhamentos em particular das pastagens seja diretamente pela expuls o dos lavradores KAUTSKY 1980 p 42 A explora o nesse sentido empobreceu cada vez mais o campon s e fortaleceu o propriet rio fundi rio ou seja a imposi o da propriedade privada completa na agricultura Houve tamb m o desenvolvimento do mercado urbano relacionado sobretudo com a ind stria que foi para Kautsky o ponto de partida para a dissolu o da propriedade camponesa independente KAUTSKY 1980 p 49 Uma maneira portanto do campon s conseguir dinheiro consistia em transformar seus produtos em mercadorias e lev las ao mercado para a venda Assim o campon s foi finalmente for ado a tornar se o que se entende hoje por campon s coisa que absolutamente n o foi de in cio um agricultor puro KAUTSKY 1980 p 32 Houve nesse per odo um processo de explora o do campon s uma vez que este se tornava mais dependente do comerciante visto um novo processo de organiza o de compra e venda dos produtos Nesse sentido o campon s ca a nas depend ncias do mercado e quanto mais o fazia mais tinha necessidade do dinheiro e por conseguinte maior necessidade de produ o do excesso de g neros que
215. nia e que a escola se tenha separado da vida determinou a crise da escola Criticar os programas e a organiza o disciplinar da escola significa menos do que nada se n o se levam em conta essas condi es GRAMSCI 2004 p 45 56 imediatamente interessada e formativa GRAMSCI 2004 p 33 V se que insistentemente Gramsci procura pautar a discuss o da escola nica criticando o modo como as quest es italianas vinham sendo tratadas bem como se propunha a procurar uma solu o que organizasse a educa o e que pudesse dar conta desses problemas Da mesma forma ao tratar da escola desinteressada importante destacar o interesse de Gramsci para as quest es culturais que decorrem da objetiva preocupa o de preparar os quadros dirigentes que haveriam de governar o futuro Estado Prolet rio Nesse sentido uma palavra chave que emerge o termo desinteressado que conota horizonte amplo de longo alcance que interessa n o somente a indiv duos ou a pequenos grupos mas sim coletividade NOSELLA 2004 p 42 Nosella observa que a f ria de Gramsci se dava inclusive por perceber que o Estado italiano nesse per odo preocupava se em criar uma escola do trabalho por m diferente da socialista O Estado tinha por objetivo fundi la com a oficina simplesmente para utilizar os alunos das escolas na reprodu o das muni es que a guerra requeria NOSELLA 2004 p 46 apud GRAMSCI Observa se portanto
216. no Brasil 29 8 10 2 Santa Catarina 10 2 5 3 Conc rdia 9 6 4 5 Fonte INEP Mapa do Analfabetismo no Brasil 2000 Dados organizados pela autora 2 Estes dados foram retirados do texto da Biblioteca do MST Movimento dos Movimentos Sem Terra escrito por Osvaldo Russo estat stico e presidente do Incra A Terra e os Sem Terra www mst org br acessado em 24 08 06 3 MEC Secretaria de Educa o Infantil e Fundamental Departamento de Pol ticas Educacionais Elabora o de Estrat gias para a preven o de Estrat gias para a Preven o do fracasso escolar Documento Regional Brasil Fracasso Escolar no Brasil Pol ticas programas e estrat gias de preven o ao fracasso escolar 2005 17 Tamanhas diferen as constru das em fun o do modelo de desenvolvimento acabam por legitimar estas mesmas desigualdades tamb m na educa o Dessa forma este trabalho buscou evidenciar em que medida as propostas de educa o para o campo se aproximam e se distanciam da concep o de escola unit ria de Gramsci delineando os limites e possibilidades da Proposta de Conc rdia A concep o de Escola Unit ria em Gramsci se op e escola cl ssica liberal que fundamenta e condiciona a forma o da escola dual Suas contribui es s o importantes na medida em que elas refletem n o somente sobre a escola mas tamb m sobre assuntos que dizem respeito a preocupa es reais com a pol tica eco
217. nomia religi o cultura hist ria que embasam seu pensamento sobre a educa o Nesse sentido Gramsci prop e uma escola nica de cultura geral e forma o de valores pautados no humanismo como condi o para inser o na atividade produtiva Sobre essa quest o Manacorda afirma que a Escola Unit ria a escola de trabalho intelectual e manual t cnico industrial que o seu objetivo a forma o de valores fundamentados no humanismo isto a autodisciplina intelectual e a autonomia moral necess rias tanto para os estudos posteriores como para a profiss o que a instru o das novas gera es e das gera es adultas se apresentam sempre para ele como uma s rie cont nua que para ele nenhuma profiss o est privada de conte dos e exig ncias intelectuais e culturais e ainda que a vida moderna implica num novo entrela amento entre ci ncia e trabalho MANACORDA 1990 p 163 A partir disso a pesquisa oferece condi es no sentido de refletir se a educa o do campo da forma como est sendo discutida se aproxima ou se distancia da concep o unit ria de educa o por ser essa um ideal que pode contribuir no processo de supera o das desigualdades e da dualidade cidade campo no que se refere ao direito educa o Deste modo o objetivo geral consiste em analisar o conte do e a concep o da proposta de pol tica p blica para a educa o do campo de Conc rdia tendo como refer ncia concep
218. ntemplassem o desenvolvimento das na es por meio da educa o desencadeando uma s rie de encontros cujo resultado foi a elabora o de documentos norteadores das pol ticas e da gest o da educa o e t o logo conclu dos e distribu dos foram implementadas pelos pa ses membros inclusive o Brasil A inten o nesta an lise n o pormenorizar as diretrizes estabelecidas nas confer ncias ou encontros realizados pelos organismos multilaterais Ao contr rio a discuss o se faz pertinente identificando como essas medidas resultaram na defini o de a es educativas no mbito da sociedade brasileira e especificamente no caso da Educa o do Campo Segundo an lise de in meros autores Tommasi 1996 Haddad 1996 Warde 1996 Shiroma 2004 Moraes 2004 e Evangelista 2004 as reformas das pol ticas educacionais no Brasil t m sido influenciadas ou melhor determinadas por a es definidas a partir do conjunto de metas estabelecidas pelo conjunto do Banco Mundial BM Nessas orienta es gerais afirma se que por orienta es de organismos financeiros internacionais primeiro deve vir o ajuste para que os pa ses se preparem para a integra o econ mica depois as reformas de estado para que a integra o seja a longo prazo ao termo do processo os direitos sociais Nas duas primeiras fases quando sobrev m as consequ ncias sociais dos impactos econ micos as pol ticas devem ser assi
219. ntrar na fase cl ssica racional encontrando nos fins a atingir a fonte natural para elaborar os m todos e as formas GRAMSCI 2004 p 39 5 Na It lia o liceu equivale ao nosso ensino m dio nota do autor COUTINHO 2004 p 292 60 Saviani ao levantar quest es relativas secundariza o dos conhecimentos que considera essenciais na escola corrobora com Gramsci Diz ele que ao se questionar pela forma como a escola tem sido negligente com as quest es de criatividade de iniciativa dos alunos ou seja com os princ pios daquilo que seria uma escola ativa lembra que no Brasil em 1932 era lan ado o Manifesto dos Pioneiros da Educa o Nova Transcorridos mais de 50 anos nestes tempos do s culo XXI avalia que tamb m se continua na fase rom ntica dessa escola e n o se conseguiu entrar na fase cl ssica fase que ocorreu uma depura o superando se os elementos pr prios da conjuntura pol mica e recuperando a aquilo que tem de car ter permanente isto resistiu ao embate do tempo SAVIANI 2003 p 18 A partir disso observa que o cl ssico na escola a transmiss o assimila o do saber sistematizado Essa discuss o ora realizada encontra sentido quando se observa o documento da Proposta de Educa o do Campo de Conc rdia que valoriza o que para Saviani cl ssico ou seja a apropria o dos conhecimentos historicamente acumulados Tendo em vista que quando a proposta em quest o quer pos
220. nvite leitura de Paulo Freire S rie pensamento e a o no Magist rio S o Paulo Scipione 1989 O Legado de Paulo Freire 2002 In CALDART R S KOLLING E J Paulo Freire um educador do povo 3 ed Revista MST S o Paulo Gr fica e Peres 2002 GRAMSCI A Cadernos do C rcere volume 1 Introdu o ao estudo da filosofia Filosofia de Benedetto Croce Edi o e Tradu o de Carlos Nelson Coutinho Luis S rgio Henriques e Marco Aur lio Nogueira 3 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2004 Cadernos do C rcere v 2 Os Intelectuais O Princ pio Educativo Jornalismo Edi o e Tradu o de Carlos Nelson Coutinho Luis S rgio Henriques e Marco Aur lio Nogueira 3 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2004 Cartas do C rcere 2 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1978 Os Intelectuais e a Organiza o da Cultura 9 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1995 GUIMAR ES A P Quatro S culos de Latif ndio Rio de Janeiro Paz e Terra 1968 GRUPPI L Tudo Come ou com Maquiavel As concep es de Estado em Marx Engis L nin e Marx 5 ed Porto Alegre L amp PM Editores LTDA 1985 HARVEY D Condi o P s Moderna S o Paulo Edi es Loyola 2005 HUBERMAN L Hist ria da Riqueza do Homem 21 ed Rio de Janeiro LTC 1986 IBGE Censo Agropecu rio 1995 1996 IBGE Cidades Popula o e Domic lios Censo 2000 com Divis o Territorial 2001
221. nvolvimento CALAZANS 1993 p 33 34 importante destacar que o desenvolvimento pretendido estava relacionado com uma mudan a cultural para um melhor estar das comunidades humanas no decurso do tempo Nesse sentido o papel da educa o seria de propor elementos para que o homem ao inv s de subordinar se ingressasse nesse mundo inovado e conseguisse situar se nele como o seu mundo e definir o papel que nele lhe coubesse CALAZANS 1993 p 36 Para a autora essas proposi es levavam para uma proposta de educa o para o desenvolvimento e para o trabalho preparando a popula o para o ingresso consciente no processo pol tico CALAZANS 1993 p 36 Para Leite 1999 na d cada de 1960 o estatismo informal da educa o rural possibilitou o surgimento de v rios movimentos populares como o MEB Movimento Educacional de Base e os CPC Centro Populares de Cultura os quais estavam ligados aos movimentos de esquerda e sustentados por princ pios ideol gicos das ligas camponesas sindicatos e outras institui es em favor dos desprotegidos da zona rural LEITE 1999 p 40 Contudo o Governo Federal desenvolveu programas setoriais como a SUDENE SUDESUL E INCRA com o objetivo de conter o expansionismo dos movimentos agr rios e das lutas camponesas Novamente a inten o de criar tais organismos ocorre por interesses hegem nicos tal como caracteriza o processo de surgimento da escola no meio rural Se nesse per odo h
222. o CONDORCET 1972 p 8 9 Machado 1981 p 47 ao tratar da proposta liberal de unifica o escolar observa que id ias semelhantes quelas de Condorcet ser o retomadas pelo movimento de unifica o escolar no s culo XIX A necessidade de uma unifica o escolar segundo a autora deve se pela id ia de fortalecimento do esp rito nacional uma vez que nesse per odo se fortalecia a disputa entre Estado e Igreja em torno do ensino com a gradativa vit ria do Estado Para manter a estabilidade desse novo Estado a escola seria um meio fundamental pois a educa o e a cultura n o poderiam estar mais voltadas essencialmente para o cosmopolitismo e a universalidade reinantes at o s culo XVIII MACHADO 1981 p 47 Era preciso uma escola que questionasse a aristocracia e tamb m que tentasse desarticular as correntes contr rias como a socialista que vinha se materializando nos princ pios marxistas Por m o controle da instru o era disputado por for as pol ticas de m ltiplas tend ncias envolvendo intensas disputas entre a Igreja Cat lica e o Estado o que n o impediu a constitui o de 34 sistemas nacionais de ensino MACHADO 1981 p 54 No discurso de Condorcet por exemplo a quest o da laicidade era assim entendida ser pois rigorosamente necess rio separar da moral os princ pios de toda religi o particular e n o admitir na instru o p blica o ensino de nenhum culto religioso LOPES 19
223. o est apoiada em tr s refer ncias quais sejam o pensamento pedag gico socialista o di logo com a Pedagogia do Oprimido e por fim a refer ncia pedag gica mais recente a Pedagogia do Movimento que tamb m dialoga com as tradi es anteriores Essa ltima se trata de uma matriz pedag gica cuja constitui o te rica se d no mesmo tempo hist rico da Educa o do Campo Sobre essa ocorr ncia Zanella questiona a possibilidade de fazer s ntese com teorias e filosofias t o diferentes Ressalta a d vida de como por exemplo fazer a s ntese entre o materialismo hist rico pensamento pedag gico socialista e o m todo fenomenol gico existencial pedagogia do Oprimido Pergunta portanto se essa s ntese seria ecl tica e se estaria de acordo com os interesses e necessidades do Movimento Social A constru o da trajet ria da educa o do MST segundo Souza 2006 p 86 91 demonstra a luta do movimento em termos de concep o de conte dos e de organiza o do trabalho pedag gico A autora aponta tr s per odos de constru o dessa trajet ria No primeiro per odo os documentos apontam para uma concep o de educa o que pudesse contribuir com o avan o da luta pol tica no e do MST No segundo que engloba os anos de 1991 a 1996 o MST lan a se na produ o de materiais e de propostas curriculares para as escolas dos assentamentos embasados pela concep o dial gica e problematizadora das id ias
224. o Esse car ter familiar influencia em todo o processo produtivo pois o fato de uma estrutura produtiva associar fam lia 83 produ o trabalho tem consequ ncias fundamentais para a forma como ela age econ mica e socialmente WANDERLEI 2001 p 23 Apesar do conceito de agricultura familiar a heterogeneidade e a desigualdade na distribui o de estabelecimentos e produ o s o marcantes A Secretaria de Agricultura Familiar rg o do Minist rio de Desenvolvimento Agr rio separa os agricultores em tr s grupos os que est o inseridos no campo de atividades econ micas integradas ao mercado classificados como capitalizados os descapitalizados ou em transi o mas com algum n vel de produ o destinada ao mercado e os residentes no espa o rural assalariados agr colas e n o agr colas com produ o agropecu ria voltada quase que exclusivamente ao auto consumo Numa an lise mais detalhada acerca da quest o agr ria no Brasil no final do s culo XX Fernandes 2001 pontua que as quest es agr rias no pa s se pautam em duas refer ncias A primeira a forma de resist ncia dos trabalhadores na luta pela terra e a segunda a implanta o de assentamentos rurais simultaneamente intensifica o da concentra o fundi ria No centro dessas duas refer ncias se encontram as disputas pol ticas por diferentes projetos de desenvolvimento do campo Ao resgatarmos a hist ria de ocupa o do Brasil percebemo
225. o e pode enriquecer se com qualquer experi ncia Neste sentido para a UNESCO esse processo liga se cada vez mais experi ncia do trabalho medida que este se torna menos rotineiro UNESCO 2001 p 92 grifos meus 144 Ao colocar a experi ncia da aprendizagem ao trabalho ocorre a ruptura com o que Gramsci denominou do trabalho como princ pio educativo Resgatando de forma breve as observa es do autor italiano a unitariedade que decorrente do princ pio educativo definida a partir da rela o da uni o entre ci ncia e trabalho E essa rela o organicidade entre escola e sociedade que a educa o deve levar em conta no momento do trabalho educativo Contudo n o o que a UNESCO sugere Ao tomar a experi ncia apenas rotineira mec nica do trabalho sem as devidas rela es desvincula se totalmente da concep o do princ pio educativo Essa distor o leva a educa o no o de compet ncia entendida no relat rio como necess ria ao trabalhador vista que o progresso t cnico modifica inevitavelmente as qualifica es exigidas pelos novos processos de produ o UNESCO 2001 p 93 O relat rio mais explicito ao apontar que Os empregadores substituem cada vez mais a exig ncia de uma qualifica o ainda muito ligada a seu ver id ia de compet ncia material pela exig ncia de uma compet ncia que se apresenta como uma esp cie de coquetel individual combinando a qua
226. o ocidental Assim desinteressado n o significa in til alienado Esclarece que com o processo de industrializa o o grego e o latim perderam o sentido por m o m todo desinteressado em que era ministrado que deveria persistir NOSELLA 2004 p 170 171 57 idade de inser o no trabalho atividade produtiva depende das condi es econ micas gerais da sociedade j que essas podem exigir dos jovens uma certa contribui o produtiva imediata GRAMSCI 2004 p 36 Encontram se tamb m em Marx preocupa es semelhantes acerca do ensino Manacorda 1996 nesse sentido retoma cuidadosamente a trajet ria do pensamento Marxista em torno do tema a partir dos escritos do Manifesto do Partido Comunista das Instru es aos Delegados e do pr prio Capital Observa que nas Instru es Marx analisa o entendimento que o Partido havia tra ado sobre ensino em tr s pontos O primeiro entendendo o ensino como intelectual o segundo a educa o f sica dada nas escolas e atrav s de exerc cios militares e por fim o ensino entre as crian as de nove aos dezessete anos que poderia ser dividido em tr s classes Tal ensino estaria vinculado a um programa gradual e progressivo de ensino intelectual f sico e tecnol gico Isso porque segundo Marx a uni o do trabalho produtivo remunerado ensino intelectual exerc cio f sico e adestramento polit cnico elevariam a classe oper ria acima das classes superiores e m dias
227. o agr ria e arerararenaaa 72 2 1 1 O desenvolvimento da agricultura sob o capitalismo ii 73 2 1 2 O desenvolvimento das rela es sociais de produ o do campo no Brasil 77 2 1 3 A pequena propriedade e a agricultura familiar ennenen een rnnee eeen 78 2 1 4 O desenvolvimento do Munic pio de Conc rdia 85 2 2 Antecedentes das reformas o contexto hist rico 91 2 2 1 O nascimento da escola rural e o ruralismo pedag gico no Brasil 92 2 2 2 O Ruralismo Pedag gico no Brasil arena 98 2 3 A educa o do Campo e as reformas ea 103 2 3 1 Contexto econ mico social e pol tico dos anos 1990 c 103 2 3 2 Os determinantes pol ticos das reformas sssesrrirrrrrerrrerrrrsrrrssnessreeseesse 107 2 3 3 Um novo enfoque para a Educa o do Campo 118 CAP TULO IlI A INFLU NCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA A CONSTITUI O DA ESCOLA DO CAMPO A CONCEP O DO MST E DO ESTADO 123 3 1 A Escola do Campo na Concep o do MST 124 3 2 A Educa o do Campo e o Estado csasesusminorigeresasasadoiiaad iessaebamadsasa and neta 137 CAP TULO IV A PROPOSTA DE CONC RDIA LIMITES E POSSIBILIDADES DE SUPERA O DA DUALIDADE serra ra ssaaaios ass tas isso lo sa saibas nene fios o cna tod n ANNA AANKAN
228. o da comunidade territorial e a elimina o das formas de cultivo da terra at ent o predominantes s o as novas caracter sticas de uma agricultura mais moderna Al m disso a exig ncia de uma outra organiza o para o campo assentava se tamb m e fundamentalmente no modo como as cidades come avam a se organizar A hist ria das transforma es ocorridas no cen rio agr cola durante muitos anos conduziu a agricultura a estabelecer novas rela es entre o campo e a cidade que at nossos dias continuam sofrendo modifica es ainda por meio de formas excludentes e seletivas Em uma recente pesquisa acerca do desenvolvimento econ mico da agroind stria no oeste de Santa Catarina Ferrari 2003 traz tona discuss o semelhante an lise estabelecida por Kautsky O pequeno produtor familiar como alternativa para agrega o de valor ao seu produto coloca o diretamente venda no mercado por meio de feiras livres ou no com rcio em mini mercados supermercados ou padarias A primeira condi o se efetiva com o aux lio de cooperativas que orientam a dinamiza o dos produtos coloniais no mercado Na segunda via de comercializa o do produto que tem o estabelecimento comercial como intermedi rio Ferrari 2003 p 165 aponta que Kautsky contextualiza suas an lises referindo se aos trabalhadores europeus Aqueles que n o ficam na fam lia rural s o mandados para a Am rica a fim de constitu rem novos lares KAU
229. o fica mais elucidativa La educaci n profesional da los mejores resultados cuando se imparte con la participaci n directa del sector privado en su suministro financiamiento y direcci n BANCO MUNDIAL 1995 p xxi Para essas e outras tantas orienta es do Banco Mundial a nfase sobre a educa o iniciou se anteriormente quando da realiza o da Confer ncia Mundial sobre Educa o para Todos realizada em Jomtien Tail ndia em mar o de 1990 convocada pela UNESCO UNICEF PNUD e o BM A prioridade definida nessa confer ncia voltou se para investimentos na educa o b sica e no in cio dessa mesma d cada o Banco Mundial decidiu prestar mais aten o ao desenvolvimento infantil aos anos iniciais bem como s popula es ind genas e minorias tnicas TORRES 1995 p 130 Mas o Banco Mundial ao colocar as quest es educativas em discuss es propunha mudan as em rela o a essas dentro do pr prio organismo desde 1980 Uma dessas mudan as a transi o de um enfoque estreito de projeto para um amplo enfoque setorial ou seja o BM mant m com os governos em mat rias educativas um di logo setorial abrangendo todos os n veis e modalidades do sistema educativo Isso permite influir cada vez mais sobre as decis es que afetam o setor em seu conjunto e n o unicamente sobre uma parte do mesmo TORRES 1995 p 129 111 Por meio dessa forma de controle observa se que no final da d cada de 1990 a
230. o infantil ensino fundamental e ensino m dio BRASIL 1996 81 Os dados referentes popula o residentes do Munic pio foram extra dos do site www ibge gov br Tabela Popula o e Domic lios Censo 2000 com Divis o Territorial 2001 J os dados da Matr cula de crian as em creches e pr escolas foram compilados a partir das informa es obtidas pelo INEP www inep gov br Ambos os endere os foram acessados eletronicamente em 10 de novembro de 2006 164 Com isso poss vel observar que a inten o de garantir uma proposta para a Educa o do Campo precisa ser refor ada principalmente pela cria o de um n mero maior de escolas melhores condi es materiais para todas e ainda meios adequados popula o que se encontra exclu da do acesso educa o Contudo reafirma se a posi o anterior de que n o somente as popula es do campo devem ser atendidas mas essas condi es deveriam ser estendidas a todos os trabalhadores Como anunciado anteriormente a primeira proposta de 2004 organizada por meio do sistema de complexos expressou segundo o que est descrito a realidade social pol tica e econ mica do Munic pio Em 2005 a segunda proposta organizada sob o tema gerador traz a coleta de falas da comunidade centrada nos seus problemas imediatos revelando uma redu o ainda maior de abrang ncia ao contr rio da primeira que mesmo centrada no munic pio demonstra uma preocupa o com quest
231. o interesse de conter as for as populares o surgimento da escola no meio rural tamb m ocorre como forma de conter o processo migrat rio do homem do campo para a cidade ou seja o xodo rural Como vimos anteriormente a escola no meio rural mais que um um possa agir ou n o Freire foi na contra m o do tecnicismo do que vinha acontecendo na rea da educa o Ele n o admitia educa o como m todo ou t cnica neutra Ele nega essa neutralidade Para ele educa o ato pol tico ARROYO 2002 p 56 57 A proposta de Paulo Freire foi amplamente utilizada levando se em conta o trabalho do Movimento de Educa o de Base e as rupturas ideol gicas s cio pol ticas internas acontecidas a partir de 1964 O enfoque principal do trabalho de Paulo Freire a conscientiza o do cidad o ante as press es advindas do capitalismo explorat rio e o seu papel diante das distor es hist rico sociais por ele produzidas LEITE 1999 p 43 44 Superintend ncia do Desenvolvimento do Nordeste 5 Superintend ncia do Desenvolvimento da Regi o Sul Instituto Nacional de Coloniza o da Reforma Agr ria 120 programa fora uma estrat gia de fixar o homem no seu meio como resposta para a quest o social criada pelo incha o das cidades e a incapacidade de absor o de toda a m o de obra dispon vel pelo mercado de trabalho urbano LOBO E FARIA p 392 Nas d cadas referidas anteriormente pretendia se uma educa o rural par
232. oder econ mico e pol tico nas m os da burguesia 1 Equidade e alteridade s o termos recorrentes e comuns em documentos dos organismos multilaterais como o Relat rio Jacques Delors o qual prop e as diretrizes para a Educa o inclusive do Brasil para o s culo XXI UNESCO 2001 51 foi o cen rio para pensar a escola unit ria O desenvolvimento industrial fez aumentar a necessidade de um novo tipo de intelectual urbano e deste modo houve uma cis o da escola cl ssica e t cnica esta ltima profissional mas n o manual Dessa forma essa nova configura o do cen rio Italiano que entrela a ci ncia e trabalho na ind stria moderna cria a necessidade de uma escola que seja tamb m de cultura geral como era a antiga escola cl ssica mas voltada agora de uma cultura nova ligada vida produtiva MANACORDA 2000 p 153 A concep o de escola unit ria de Gramsci op e se dualidade da escola liberal capitalista por apresentar propostas para superar as diferen as que contribuem para a exclus o de muitos do acesso e do direito educa o O modelo imposto pelo pr prio desenvolvimento capitalista baseado na separa o entre classes e consequentemente na educa o prop e uma escola para a elite e outra para o povo uma para o dirigente e outra para o trabalhador Essa dualidade sempre existiu no contexto das sociedades divididas em classes e nesse sentido essa divis o tamb m se apresenta na exist n
233. odos UNESCO 2007 p 05 Dessa forma se a educa o do campo de maneira geral prima por suas especificidades e luta por imprimir seu discurso nas propostas educacionais como pode ocorrer a colabora o de um organismo que prop e projetos educacionais a n vel mundial Em nenhum momento os documentos do Banco Mundial ou da Unesco relacionam a pobreza s condi es de classes ou seja a realidade concreta dos trabalhadores no modo de produ o capitalista apenas admite a exist ncia da pobreza Dessa forma se assim n o o fazem seus planos e programas s o apenas ret ricos que atribuem educa o a solu o para reduzir a pobreza a equipara o de g neros o desenvolvimento sustent vel bem como para reduzir a quantidade de 5 O documento que a UNESCO produziu sobre a Educa o foi retirado do site www unesco org education acessado em 19 01 07 O documento intitulado UNESCO E A EDUCA O 112 filhos e tardar o casamento de jovens Nesse sentido ao negar a condi o de classe que o indiv duo se encontra os planos excluem o homem enquanto ser hist rico de todo esse processo e considera o como mero sujeito que escolarizado impulsiona o desenvolvimento econ mico por meio da explora o do trabalho Para as pol ticas de educa o do campo n o diferente Se h o desejo de Uma Educa o para Todos n o se tem percebido a supera o apenas o agravamento dos problemas educacionais S
234. odu o pedag gica 1986 1991 1991 1996 e 1996 at nossos dias Souza 2006 p 82 87 129 Educa o do Campo 1999 observa se o anseio em construir um ideal pedag gico Explicita portanto a necessidade das transforma es pelas quais a escola deve passar ou seja expressa na mudan a do papel da escola na gest o e por fim na pedagogia escolar Nessa ltima caracter stica questiona se quais aprendizados dever o ser constru dos pelas nossas crian as Em nota h uma observa o refor ando que para construir tal aprendizado pode se ter como elementos inspiradores as quatro aprendizagens fundamentais do Relat rio Delors quais sejam aprender a conhecer aprender a viver juntos aprender a fazer e aprender a ser MOLINA KOLLING N RY 1999 p 68 69 Tendo em vista o desejo de uma nova educa o para os povos do campo percebe se aqui uma incoer ncia j que os quatro pilares descritos no Relat rio Delors foram elaborados no conjunto das reformas educacionais na d cada de 1990 como premissas neoliberais da escola pragm tica e profissionalizante voltados para atender demanda capitalista de m o de obra e que j estavam incorporadas no discurso pedag gico brasileiro nesse fim de s culo No terceiro caderno os textos j n o tomam os quatro pilares como inspira o ao contr rio evidencia se o surgimento de uma escola que est sendo produzida pelo movimento social do campo CALDART
235. odutiva a globaliza o o neoliberalismo e a p s modernidade PERONI 2008 p 22 A rigidez do Taylorismo Fordismo marcado pelo trabalho de produ o em massa e pelo disciplinamento necess rio opera o do sistema de linha de montagem de alta produtividade caracterizou se principalmente pela nfase nas estruturas organizacionais na ordena o hier rquica do fluxo de autoridade e de informa o HARVEY 2005 p 123 Harvey ao destacar esta rigidez como uma das caracter sticas do modelo coloca o tamb m como fator que desencadeou a incapacidade do mesmo para conter as contradi es inerentes ao capitalismo Essa rigidez que se encontra expressa nos contratos de trabalho e nos investimentos entre outros aspectos provoca resist ncias das classes trabalhadoras principalmente pelas ondas de greve e pelos problemas trabalhistas do per odo 1968 1972 HARVEY 2005 p 135 Em 1973 a infla o ascendente de muitas economias ocidentais aliada crise do petr leo desencadeou uma profunda crise fiscal Por essas raz es as 4 Sobre esses temas ver Sanfelice 2002 Frigotto 1998 Kuenzer 1986 Nesse trabalho toma se como refer ncia Harvey 2005 por contextualizar de forma clara estes processos no capitalismo 105 corpora es come aram a entrar num per odo de racionaliza o reestrutura o e intensifica o do controle do trabalho Houve ent o a necessidade de mudan as tecnol gicas a busca
236. ojeto pol tico pedag gico da educa o do campo Revista Trabalho Necess rio a 2 n 2 2004 Apresenta o In PISTRAK M Fundamentos da escola do trabalho S o Paulo Express o Popular 2000 p 7 15 COMISS O PASTORAL DA TERRA Dispon vel em lt www cpt br gt Acessado em 24 08 06 CONDORCET Relat rio e projeto de decreto sobre a organiza o da instru o p blica apresentado Assembl ia Nacional em nome do Comit de Instru o P blica em 20 e 21 de abril de 1792 Tradu o Maria Auxiliadora Cavazotti Mimeo 193 DADOS PRELIMINARES Dispon vel em lt www inep gov br gt Acessado em 10 de novembro de 2006 DUARTE N org Sobre o Construtivismo Campinas S o Paulo Autores Associados 2000 FERNANDES B M Quest o Agr ria pesquisa e MST S o Paulo Cortez 2001 A Quest o Agr ria no Brasil Hoje subs dios para pensar a Educa o do Campo Os Paradigmas Palestra Ministrada no Semin rio Estadual de Educa o do Campo Faxinal do C u PR 2004 FERRARI D L Agricultura Familiar trabalho e desenvolvimento no oeste de Santa Catarina Disserta o de Mestrado UNICAMP Professor Orientador Dr Pedro Ramos 2008 FIORI J L Os Moeiros Falsos Petr polis RJ Vozes 1997 FREIRE P Pedagogia do Oprimido 40 ed S o Paulo Paz e Terra 2005 FRIGOTTO G org Educa o e Crise do Trabalho Perspectiva do final de s culo Petr polis RJ Vozes 1998 GADOTTI M Co
237. olamento e atraso Enfim o trabalho procurou contribuir por meio de media es para a constru o de pol ticas educacionais que sejam para todos indistintamente Assim como Gramsci em toda a sua hist ria procurou elaborar seus pressupostos que pudessem auxiliar os trabalhadores a uma vida digna esse mais um trabalho que buscou elementos que busca tornar poss vel algumas utopias da 191 classe trabalhadora construindo sua pr pria hegemonia no sentido de luta para a transforma o Da mesma forma essa hegemonia deve estar presente na educa o e como n o poderia deixar de ser conclui se esse trabalho de pesquisa novamente buscando em Gramsci uma ltima contribui o Na carta de 1936 Gramsci escreve esposa queixando se das poucas informa es que possu a sobre a vida de seus filhos D lio e Giuliano ressaltando a preocupa o com o trabalho escolar e a pseudocientificidade Assim argumenta que Creio que ser sempre preciso levar os escolares a um caminho que permita o desenvolvimento de uma cultura s lida e realista depurada de quaisquer elementos de ideologias antiquadas e est pidas capaz portanto de permitir a forma o de uma gera o que saiba construir a sua vida e a vida coletiva de modo s brio com o m ximo de economia nos esfor os e o m ximo rendimento GRAMSCI 1978 p 380 Isso parece resumir o desejo n o somente gramsciano mas de muitos educadores que buscam o melhor poss vel na concr
238. omo se relaciona com a natureza o homem vai criando necessidades estabelecendo rela es com outros homens e portanto caracterizando um modo de produ o As rela es que permitem ao homem viver ou melhor ocupar se da natureza para produzir a vida encontram explicitadas no conceito de trabalho elaborado por Marx ao dizer que O trabalho um processo de que participam o homem e a natureza processo em que o ser humano com sua pr pria a o impulsiona regula e controla seu interc mbio material com a natureza Defronta se com a natureza como uma de suas for as P e em movimento as for as materiais do corpo bra os pernas cabe a e m os a fim de apropriar se dos recursos da natureza imprimindo lhes forma til vida humana Atuando assim sobre a natureza externa e modificando a ao mesmo tempo modifica sua pr pria natureza Desenvolve as potencialidades nela adormecidas e submete ao seu dom nio o jogo das for as naturais MARX 2004 p 211 Assim a rela o dial tica entre o homem e a natureza e as rela es contradit rias que se estabelecem entre ambos constituem se por meio do trabalho sendo esse n o apenas uma atividade natural mas sim uma inven o humana Como inven o humana o trabalho vai al m do modo capitalista de produ o Ele pode existir bem como j existiu em outras sociedades que n o a capitalista Como 22 exemplo pode se citar o modo de produ o comunal no qual n o havia
239. oneiros em 1932 bem como nas legisla es educacionais em 1961 e 1971 As discuss es desse per odo detiveram se inicialmente na an lise do financiamento observando a impossibilidade dos munic pios de arcar com todas as despesas do ensino prim rio A partir da Emenda Constitucional 14 96 o tema ganha contornos substanciais nas responsabilidades dos entes federados quanto manuten o e ao desenvolvimento do ensino em seus diferentes n veis As discuss es giram em torno do financiamento do ensino sendo esse o principal aspecto dessa nova configura o criando a partir de 1996 o FUNDEF 115 Fundo de Manuten o e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valoriza o do Magist rio como instrumento para consolidar esse processo OLIVEIRA 1999 p 11 12 O autor destaca ainda que por descentraliza o entende se que as entidades regionais ou locais com graus significativos de autonomia definam as formas pr prias com as quais v o organizar e administrar o sistema de organiza o p blica em suas respectivas reas de a o OLIVEIRA 1999 p 16 O processo de descentraliza o na Am rica Latina vem acompanhado pelo de desconcentra o compreendido como a delega o de determinadas fun es a entidades regionais ou locais que dependem diretamente do outorgante OLIVEIRA 1999 p 16 O autor destaca ainda que no Brasil o processo de descentraliza o efetivado por interm dio de tr s modalidade
240. onistas como enunciou Fernandes anteriormente No come o da derrocada da ditadura militar os Sem Terra colocaram a reforma agr ria na pauta pol tica Foi logo no primeiro governo da Nova Rep blica que foi criado o Plano Nacional da Reforma Agr ria o Programa Especial de Cr dito para a Reforma Agr ria PROCERA Nesse contexto as a es governamentais desse per odo foram orientadas por a es norte americanas expressas nas pol ticas da Alian a para o Progresso que propunha medidas de reforma agr ria como meio de aliviar as tens es sociais e evitar revolu es Essas orienta es segundo St dile 1997 p 10 levaram o governo a criar o Estatuto da Terra em 1964 sendo que por meio dele criou alguns 85 organismos p blicos como o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agr rio INDA em substitui o SUPRA Posteriormente foi criado o Instituto Nacional de Coloniza o e Reforma Agr ria Posteriormente nos Governos de Fernando Collor e Itamar Franco mantiveram se as press es aos sem terra Nos tr s governos da Nova Rep blica Sarney Collor e Itamar segundo Fernandes 2001 p 20 se fortaleceu o modelo de desenvolvimento econ mico para a agropecu ria atendendo aos interesses e privil gios da agricultura capitalista n o sendo criado nenhum projeto de desenvolvimento rural Essa forma caracteriza a mercantiliza o e a capitaliza o da agricultura familiar como uma pol tica adotada
241. oras da Reforma Agr ria ERC s Programa de Escolas Rurais Consolidadas FAO Organiza o para a Agricultura e Alimenta o Food and Agriculture Organization FUNDEF Fundo de Manuten o e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valoriza o do Magist rio GPT Grupo de Trabalho Permanente IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estat stica IDH ndice de Desenvolvimento Humano INCRA Instituto de Coloniza o da Reforma Agr ria INDA Instituto Nacional de Desenvolvimento Agr rio INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An sio Teixeira LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional MDA Minist rio do Desenvolvimento Agr rio MEC Minist rio da Educa o MEP Movimento Educacional de Base MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetiza o MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra PDDE Programa Nacional do Livro Did tico PED Plano Estrat gico de Desenvolvimento PEP Desenvolvimento Rural de Conc rdia PNAE Programa Nacional de Alimenta o Escolar PNE Plano Nacional de Educa o PNUD Programa das Na es Unidas para o Desenvolvimento PROCERA Programa Espec fico de Cr dito para a Reforma Agr ria PRONASEC Programa Nacional de A es S cio Educativas e Culturais para o Meio Rural SECAD Secretaria de Educa o Continuada Alfabetiza o e Diversidade SEMED Secretaria Municipal de Educa o de Conc rdia SSR Servi o Social Rura
242. orda ao analisar essas afirma es observa que um dos temas fundamentais da pedagogia marxiana a uni o de ensino e trabalho produtivo para as crian as desde que previamente abolido o que no Manisfesto era chamado de sua forma atual a exig ncia de escolas t cnicas que com seu duplo conte do te rico e pr tico e apesar do abandono daquelas mais significativas defini es como polit cnicas ou tecnol gicas representa a mesma educa o do futuro desejada nas Instru es e em O Capital MANACORDA 1996 p 39 grifos do original Percebem se nas concep es de Marx e Gramsci semelhan as concernentes aos princ pios de uma educa o voltada para toda uma na o n o somente para a classe trabalhadora por m em muitos momentos ocupando se em denunciar os problemas reais da escola dos trabalhadores cuja dualidade era desde aquele tempo realidade concreta O olhar cuidadoso de Manacorda destaca que ainda que se diferencie de Marx em pequenos detalhes acerca da quest o do trabalho Gramsci prop e uma pedagogia marxista ou seja tanto a inspira o gramsciana claramente marxista como tamb m n o se reduz e n o se confunde nunca com as demais pedagogias MANACORDA 1996 p 135 Nesse sentido o trabalho para Gramsci essencialmente um elemento constitutivo do ensino semelhante ao que o aspecto pr tico no ensino tecnol gico em Marx o trabalho n o um termo antag nico
243. os Estados Unidos sendo que seu objetivo era coordenar programas de extens o e captar recursos t cnicos e financeiros Ao longo desse per odo a forte presen a das id ias do ruralismo pedag gico aliada aos ideais debatidos no Oitavo Congresso Brasileiro de Educa o que 102 defendiam que a escola rural deveria ser caracteristicamente a escola do trabalho cuja fun o fosse agir sobre a crian a o jovem o adulto integrando os todos na obra de constru o da unidade nacional para a tranquilidade seguran a e bem estar do povo brasileiro CALAZANS 1993 p 26 Nesse sentido a escola organizada em fun o da produ o e da inten o de diversos programas para o meio rural que buscavam a dissemina o de princ pios e valores comuns capazes de estreitar os la os de coopera o e identidade no Ocidente Para Calazans 1993 fatores como unidade nacional integra o ocidental constitui o de um mercado consumidor e adestramento de produtores para um mercado definido tendiam a pol ticas educacionais homogeizadoras CALAZANS 1993 p 29 Essa orienta o segue o ideal do projeto da escola nica liberal burguesa que ser pauta de discuss o no pr ximo cap tulo Apesar de todos esses programas a educa o no meio rural n o alcan ou o sucesso almejado uma vez que o n mero de analfabetos no campo continuava crescendo Mesmo com a cria o da LDB 4 024 61 que conferiu aos Estados a amplia o
244. os assumem definitivamente o financiamento do Ensino Fundamental subsidiados principalmente pela LDB 9394 96 Dessa forma esse processo foi apenas uma quest o de tempo minando a educa o brasileira de novos conceitos trajados por propostas neoliberais O Estado nesse sentido usa de suas prerrogativas poder pol tico povo e territ rio para solidificar seu posicionamento de defesa da hegemonia burguesa GRUPPI 1986 p 07 Sobre a concep o de estado Gruppi destaca as observa es de Kant por exemplo observa que os direitos pol ticos perante o estado cabem aos cidad os dependentes propriet rios apesar de admitir que a soberania pertence ao povo mas a nega na medida que existe somente para uma parte desse povo Essa vis o liberal tem por ess ncia a rela o indissoci vel entre propriedade e liberdade cujo poder centraliza se em quem possui a propriedade e pode exercer o poder pol tico Afirma ainda que a Lei se sobrep e soberania do povo A soberania do povo deve ser delimitada por algumas leis que est o acima dela e s o inviol veis indiscut veis o direito de propriedade a liberdade da palavra de express o de reuni o de associa o Liberdade que na pr tica s o gozadas apenas por quem tiver recursos suficientes para usufruir delas GRUPPI 1986 p 17 Parece portanto que o conceito de Estado concebido por Kant 1724 1804 reaparece hoje por m com novos contornos neoliberais c
245. os os temas relacionados educa o j estavam presentes nas discuss es de Gramsci antes mesmo de sua pris o pelo governo de Mussolini Gramsci escrevia cartas no C rcere as quais eram remetidas para seus amigos e parentes especialmente e em grande n mero esposa Giulia e cunhada T nia cujo conte do destas como o dos cadernos era variado Desde os primeiros dois meses da sua estada na pris o em Ustica It lia Gramsci j dava not cias de seu envolvimento com uma escola destinada para os confinados na ilha A escola dos Confinados da qual era aluno e professor MANACORDA 2000 p 53 55 Sobre essa ocorr ncia Manacorda analisa que na pris o Gramsci retomou a atividade educativa que tinha constitu do o compromisso constante de sua milit ncia pol tica as associa es de cultura os clubes de vida moral as escolas de cultura e de propaganda socialista os institutos de cultura prolet ria os cursos e as escolas por correspond ncia s o revividos tanto quanto as condi es o permitem nessa escola de presos MANACORDA 2000 p 55 37 que pudessem oferecer suporte s d vidas que a cada estudo surgiam Por isso muitas das cartas escritas eram questionamentos acerca do desenvolvimento infantil dos seus filhos que conhecimentos eram trabalhados com as crian as inclusive com sua sobrinha que frequentava a escola dentre outras quest es que se trata de explicar a seguir As reflex es referentes ao esponta
246. os pa ses europeus por j possu rem uma determinada tradi o camponesa n o viriam ao Brasil apenas para se tornarem assalariados rurais Dessa forma foi criada a Lei de Terras que movia o sonho daqueles que viriam construir sua vida no Brasil constituindo a propriedade privada de terra no pa s Essa lei discriminou os pobres e impediu os escravos libertos de se tornassem propriet rios pois nem um nem outro possu am recursos para adquirir parcelas de terra da Coroa ou para legalizar o que possu am Outra consequ ncia social dessa lei foi a consolida o do grande latif ndio como estrutura b sica da distribui o de terras no Brasil Aqueles que tinham recebido nas sesmarias regularizaram suas posses e transformaram nas em propriedade privada assegurando assim o dom nio da principal riqueza do pa s suas terras STEDILE 1997 p 11 Essa maneira desigual que agia por interesse daqueles que tinham a posse da terra continuou quando da venda de pequenas propriedades para os imigrantes que ocuparam a regi o sul do Brasil Durante muitos anos os imigrantes trabalharam para pagar a quantia de terra que haviam comprado da Coroa De qualquer forma a Lei de Terras n o ajudou nenhum despossu do Ao contr rio fortaleceu o grande latifundi rio escravizou o imigrante e relegou de vez qualquer possibilidade ao negro liberto do acesso a terra Parece nos portanto que a luta pela terra decorreu dos protag
247. os para a constru o de uma proposta para a educa o do campo n o foi escrito pela Articula o Nacional isso porque essa organiza o surge mais tarde Esse primeiro caderno foi organizado por Edgar Kolling Ir Nery e M nica Molina em 1999 125 anteriormente citadas as quais se desafiaram para idealizar um projeto para o campo brasileiro O texto justifica ainda a vincula o dos parceiros com a tem tica por todo seu trabalho em favor das crian as requerendo este investimento espec fico na educa o do mundo rural A Unesco que tem entre suas tarefas a educa o e a cultura v como necess ria e educa o b sica do campo A CNBB j trabalha com a tem tica por meio de diversos organismos com engajamento no mundo do campo como a CPT Comiss o Pastoral da Terra CIMI Conselho Ind gena Mission rio MEB Movimento de Educa o de Base e a AEC Associa o de Educa o Cat lica A UnB Universidade de Bras lia em seu Decano de Extens o tem um Grupo de Trabalho de Apoio Reforma Agr ria que desenvolve projetos educacionais para o meio rural O MST possui uma coordenadoria nacional especializada para a educa o do campo KOLLING NERY MOLINA 1999 p 14 15 Depois de identificada a necessidade da discuss o formou se a Secretaria Executiva em 1997 preparando calend rios e objetivos para a realiza o da Confer ncia bem como uma agenda de reuni es em todos os estados da federa o impor
248. ova matr cula com aumento ou n o do n mero de alunos dificuldade quanto ao transporte e escola se ou n o considerada o centro da comunidade O n mero m nimo de alunos segundo o projeto de nuclea o que permitiria a poss vel desativa o seria ent o de 15 Do per odo em quest o at hoje no total foram desativadas 67 escolas de classes multisseriadas sendo que no per odo de 1998 a 2000 intensificaram se as desativa es ou seja logo ap s uma das reformas educacionais no pa s Na LDBEN 9394 96 as novas proposi es foram imediatamente postas em pr tica importante destacar que nas 20 escolas multisseriadas ainda em atividades no munic pio no ano de 2006 todas se utilizam do transporte escolar para locomo o dos alunos tendo em vista que as poucas fam lias que continuam residindo na zona rural precisam do transporte por n o haver escola pr xima 117 mesmo frequentando a classe multisseriada que muitas vezes se localiza em outra comunidade A postura adotada pelo munic pio de nuclear escolas multisseriadas ocorreu principalmente a partir de 1998 como j descrito Os motivos alegados por parte do rg o gestor para a desativa o das escolas foram o n mero reduzido de alunos matriculados o n o repasse dos recursos do Governo Federal para as escolas cujas matr culas apresentassem n meros inferiores a 15 alunos para manter e valorizar o professor seria necess rio 25 alunos por t
249. p 145 A interlocu o que Gramsci estabelece com o mundo exterior ao c rcere por interm dio das cartas permite formular os conceitos que lhe ser o fundamentais ao sugerir a Escola Unit ria Outro exemplo dessa interlocu o a rigidez e seriedade com que trata a educa o Em uma de suas cartas remetida a sua m e Gramsci analisa que sua sobrinha Mea Edmea poderia ser mais madura intelectualmente uma vez que o pr prio Gramsci na idade da sobrinha o era Nesse sentido observa que pelo que seu irm o lhe descrevera Mea n o tem lido sen o os livros escolares Chama aten o dizendo que Em suma deve procurar habitu la a trabalhar com disciplina e a limitar um pouco a sua vida mundana menos xitos de vaidade mais seriedade em subst ncia GRAMSCI 1978 p 163 Gramsci atribui esse atraso observado no desenvolvimento intelectual de 40 sua sobrinha a uma educa o condescendente desprovida de todo o elemento de coer o MANACORDA 2000 p 79 Ao analisar o que Gramsci escreve sobre Mea Nosella observa que as pessoas devem lutar pelo dom nio do seu ambiente para n o se deixar oprimir Esta afirma o pode ser observada em uma das cartas remetidas ao irm o Carlo O ambiente de Mea em primeiro lugar voc s a depois os seus amigos a escola e finalmente todo o lugarejo de quais setores receber Mea os impulsos para os seus h bitos os seus modos de pensar os seus ju zos morais Se
250. po cujo conte do refere se ao desafio que se imp e hoje aos sujeitos da Educa o do Campo que o da pr xis Se para Gramsci o n cleo sadio do senso comum decorre de express es populares e isso possibilita a elabora o de uma filosofia pr pria uma vez que toda a filosofia tende a se tornar senso comum isso se torna um aspecto relevante pol tica para a Educa o do Campo Isso porque para a organiza o nacional do movimento reivindicat rio por pol ticas p blicas para a Educa o do Campo a base do trabalho tamb m se encontra nas express es populares Devido a isso h um discurso nesses documentos que apontam que a Educa o do Campo uma Educa o do campo por representar o pluralismo das id ias e das concep es pedag gicas dizendo respeito identidade dos grupos formadores da sociedade brasileira Nessas palavras fica claro que n o basta construir escolas no campo queremos ajudar a construir escolas do campo ou seja escolas com um projeto pol tico pedag gico vinculado s causas aos desafios aos sonhos hist ria e cultura do povo trabalhador do campo ARROYO CALDART MOLINA 2004 p 27 grifos dos autores Assim o que Gramsci identifica como filosofia espont nea diz respeito a todo o sistema de cren as supersti es opini es modos de ver e de agir que se manifestam naquilo que se conhece como folclore GRAMSCI 2004 p 93 E o senso comum n o a filosofia dos n o
251. por meio do sistema dos complexos era para Pistrak uma tentativa de organizar o programa da escola pensando a dimens o de estudo intimamente ligada ao trabalho t cnico auto organiza o dos educandos e ao trabalho social da escola Trata se de organizar o ensino atrav s de temas socialmente significativos CALDART 2000 p 15 Segundo Pistrak a quest o do ensino unificado da concentra o do ensino por complexos torna se uma quest o candente a quest o do m todo que agora se coloca n o simplesmente a quest o de uma assimila o melhor e mais completa destes ou daqueles estudos trata se de uma quest o que se relaciona com a ess ncia do problema pedag gico com o conhecimento dos fen menos atuais em suas rela es e din micas rec procas isto com a concep o marxista da pedagogia PISTRAK 2000 p 35 J os temas geradores fundamentados em Paulo Freire t m seus princ pios a partir da dialogicidade entre os homens e por meio do di logo buscam na realidade os n veis de percep o que se em sobre ela Freire em sua obra cl ssica Pedagogia do Oprimido traz a discuss o da rela o oprimido opressor suas implica es e a luta dos primeiros pela supera o por meio de uma pedagogia dial gica Nesse sentido observa que o tema gerador n o apenas uma hip tese de trabalho mas para chegar a sua defini o necess rio uma reflex o cr tica sobre as rela es homens mundo e
252. que o princ pio da escola nica como da ent o proposta pelo Estado italiano era o trabalho Por m para esse como forma de dom nio e explora o da for a de trabalho do povo e e para Gramsci como forma de superar a dualidade existente e a condi o de forma o de modernos quadros intelectuais por meio da uni o do nexo ci ncia e trabalho Na escola unit ria a forma o human stica de inser o do jovem na atividade social ocorreria depois de t lo elevado para cria o intelectual e pr tica e a uma certa autonomia e capacidade de iniciativa Gramsci observa ainda que a Para Nosella o conceito de desinteressado de escola ou de cultura n o pode ser analisado fora do contexto ao qual Gramsci se remete o tempo todo Sobre esse tema Gramsci segundo Nosella 2004 j discutiu com Giulia desinteressado se contrap e a interesse imediato e utilit rio o que til a muitos a toda a coletividade hist rica e objetivamente Exemplo que pode clarear mais a express o aquele em que Gramsci se refere ao ensino do latim e do grego na velha escola cl ssica Ele exemplifica dizendo que naquela escola se ensinava o latim e o grego desinteressadamente Ou seja ningu m ensinava o latim e o grego para ser um int rprete ou gar om em hotel greco romano Ensinava se latim e grego para transmitir os valores culturais e a estrutura l gico ling stica de civiliza es consideradas refer ncias fundamentais da civiliza
253. r as rela es de produ o mais 80 especificamente do modelo de agricultura familiar por ser esta predominante na regi o do munic pio de Conc rdia e que permite compreender o contexto hist rico nas quais est o inseridas as quest es relativas educa o do campo Para Monteiro 2004 a agricultura familiar no Brasil tem suas bases originadas no campesinato brasileiro N o uma categoria social recente e se liga atrav s de fortes la os com esse campesinato gestando uma categoria de agricultor portador de uma tradi o camponesa permitindo por m adaptar se s novas exig ncias da sociedade WANDERLEI 1996 apud MONTEIRO 2004 A agricultura familiar no Brasil come a a ganhar for a a partir da d cada de 90 legitimada pelos movimentos sociais que reivindicam um conjunto de medidas em defesa dos pequenos produtores e dos trabalhadores rurais FERRARI 20083 Isso porque anterior a esse per odo segundo o mesmo autor a forma familiar de organiza o do trabalho e da produ o tanto na esfera acad mica sindical e pol tica era referenciada como minifundi rios pequena produ o trabalhadores rurais ou campesinato O modelo do campesinato brasileiro reflete s particularidades dos processos sociais mais gerais da hist ria da agricultura brasileira Algumas destas situa es tais como o quadro colonial brasileiro que se perpetuou como uma heran a ap s a independ ncia nacional a domina o econ
254. ra a Educa o do s culo XXI diz que A forte rela o estabelecida entre professor e aluno constitui o cerne do processo pedag gico O saber pode evidentemente adquirir se de diversas maneiras e o ensino a dist ncia ou a utiliza o de novas tecnologias no contexto escolar t m se revelado eficazes Mas para quase todos os alunos em especial para os que n o dominam ainda os processos de reflex o e aprendizagem o professor continua indispens vel UNESCO 2001 p 156 Isso significa reduzir o papel proposto pela pedagogia marxista bem como aquele que a proposta de educa o de Conc rdia parece demonstrar Na proposta de 2004 observa se que com a forma o oferecida aos professores e a mudan a no nosso curr culo percebemos que alunos professores e os pais agricultores est o estudando e refletindo sobre a sociedade que temos e a sociedade que gostar amos de ter MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 p 29 Se o mais importante o aspecto dos la os estreitos com o professor pode ent o n o ser importante o dom nio dos processos de ensino e aprendizagem O que parece transparecer na nfase dada aos aspectos afetivos que o papel do professor significativo somente em parte e nesse sentido a educa o torna se cada vez mais afastada da possibilidade de forma o plena no sentido gramsciano possibilitando um reducionismo de tomada pragm tica e rom ntica 178 O relat rio da Unesco diz ainda que o tr
255. ra outra escola ou dar condi es para que a escola unidocente permane a em atividade Para as escolas maiores seriadas as condi es tamb m devem ser adequadas independente de sua localiza o Se a escola multisseriada fica submetida a um isolamento por falta de condi es de fato ela precisa ou ser fechada ou por meio de pol ticas p blicas e investimentos reestruturada Por m sabe se que a inten o do Estado n o reside nessa possibilidade a inten o tem sido sempre a de redu o de custos o que acaba por caracterizar um limite pr pria educa o Al m disso necess rio n o esquecer que a nucleariza o quando n o leva em conta as possibilidades reais de deslocamento das crian as resolve um problema e cria outro no caso o absurdo de obrigar os alunos a percorrer um trajeto longo a p para depois de ficar uma a duas horas dentro de um ve culo para chegar escola mesmo garantindo o transporte com recursos p blicos Dessa forma se as condi es de acesso escola e aos estudos s o diversas logo a concep o de unitariedade presente na Escola Unit ria de Gramsci esvazia se perante a realidade dual da escola Isso porque o ensino unificado tem sentido de totalidade e deve se garantido para todos Pistrak escreve em 1924 que por meio do ensino unificado e de um novo m todo pode se demonstrar que os fen menos que est o acontecendo na realidade atual s o simplesmente partes d
256. rado a ci ncia bem como o pr prio acesso aos rudimentos desse saber SAVIANI 2003 p 14 15 Observa se ainda que a proposta de educa o do munic pio como um todo no momento que reconhece a necessidade de uma educa o que proporcione a todos o acesso ao conhecimento acaba por reconhecer que estas diferen as existem e que precisam ser superadas especificando por m a preocupa o apenas com as escolas multisseriadas localizadas nas zonas rurais sem no entanto despender tal aten o s demais escolas pertencentes rede municipal Isso porque o n mero de alunos que foram contemplados com a Proposta para as Escolas do Campo refere se apenas 368 alunos sendo que o munic pio em sua totalidade na poca possu a 5 486 alunos na rede sendo 950 na zona rural Desse modo se h especificidades a serem observadas no acesso igualit rio a educa o essas deveriam ser tamb m identificadas com a finalidade de garantir n o somente o acesso mas a perman ncia e a qualidade do ensino A garantia da oferta da educa o escolar colocada desde as suas origens como dever do Estado e direito de todos Entretanto a rela o entre Estado e educa o perpassada historicamente por interesses divergentes decorrentes do modo de produ o capitalista e da divis o da sociedade em classes Portanto para se analisar qualquer proposta de educa o p blica necess rio refletir sobre a escola e sua rela o co
257. rdia em 1970 dos 45 387 habitantes a popula o rural era de 34 619 pessoas em 1996 do total de 58 502 habitantes 21 778 estavam na zona rural J em 2000 com uma popula o de 63 058 encontram se no campo apenas 17 804 representando 28 23 da popula o como j apontado anteriormente Assim verifica se que a taxa de urbaniza o do munic pio entre os anos de 1980 a 2000 aumentou de 23 62 para 71 76 MUNIC PIO DE CONC RDIA ANU RIO ESTAT STICO 2004 Ano Popula o Total Popula o Rural Popula o Urbana 1970 45 387 34 619 10 768 1996 58 502 21 778 36 24 2000 63 058 17 804 45 254 Fonte MUNIC PIO DE CONC RDIA ANU RIO ESTAT STICO ASPLAN 2006 41 O termo integrado est associado ao propriet rio de terras em sua maioria descendentes de europeus e afeitos ao trabalho As agroind strias surgiram muito em fun o desses valores culturais e tnicos tendo em vista que encontraram no pequeno produtor a base de sua expans o BADALOTTI 2003 p 149 42 Mais detalhes sobre a integra o e o processo de moderniza o da agricultura capitalista nas ltimas d cadas ver TEDESCO J C Contratualiza o e racionalidade familiar Passo Fundo UPF Editora 2001 MONTOYA M A GUILHOTTO J J M Mudan a Estrutural no agroneg cio brasileiro e suas implica es na agricultura familiar Passo Fundo UPF Editora 2001 In TEDESCO J C org Agricultura Familiar realida
258. re o que trabalho segundo a realidade e segundo a possibilidade que o trabalhador segundo a realidade unilateral e segundo a possibilidade onilateral MANACORDA 1996 p 75 A partir disso a forma o da onilateralidade prop e se como o oposto daquilo que o trabalho dividido e alienado tem caracterizado no homem Dessa forma esse conceito vem ao encontro do pressuposto conceitual da Escola Unit ria em Gramsci uma vez que A onilateralidade portanto a chegada hist rica do homem a uma totalidade de capacidades produtivas e ao mesmo tempo a uma totalidade de capacidades de consumo e prazeres em que se deve considerar sobretudo o gozo daqueles bens espirituais al m dos materiais e dos quais o trabalhador tem estado exclu do em conseg ncia da divis o do trabalho MANACORDA 1996 p 81 A exclus o a que est submetida maioria dos trabalhadores em fun o da divis o do trabalho tamb m dividiu a educa o uma vez que imp e a necessidade de uma escola para a elite e outra para a massa fato que ainda hoje realidade Gramsci j observava essa divis o quando dizia que a divis o da escola em cl ssica e profissional atendia aos interesses do capitalismo ao oferecer uma escola profissional destinada s classes instrumentais enquanto a cl ssica se destinava s classes dominantes e aos seus intelectuais GRAMSCI 2004 p 33 Nesse sentido a escola que pudesse oferecer aos alunos um conjunto de
259. s KAUTSKY 1980 p 73 No Brasil s o as Escolas Agron micas no Reinado de D Jo o VI de n vel profissional as primeiras a se instalarem na zona rural A necessidade do ensino nesse per odo muito mais que elementar era t cnica ou seja uma educa o de sentido pr tico e utilit rio adaptada vida rural CALAZANS 1993 p 17 Por m esse assunto ser objeto de maiores reflex es posteriormente ao tratar da constitui o da Escola no campo 11 2 1 2 O desenvolvimento das rela es sociais de produ o do campo no Brasil As rela es de produ o do campo no Brasil tamb m passaram por transforma es No per odo que segue a coloniza o do Brasil pa ses como Portugal e os demais de toda a Europa passavam por plena transforma o ou seja florescia o mercantilismo ao passo que se desagregava o regime feudal GUIMAR ES 1968 O modelo que surge no Brasil col nia e como esse se desenvolve tomado por diversos autores cada um com considera es diferentes as quais explicam as origens do sistema agr rio brasileiro Nesse sentido o processo de desenvolvimento das for as produtivas do campo no Brasil explicado a partir de quatro abordagens que analisam a natureza do problema agr rio brasileiro justificando a necessidade da realiza o de uma reforma agr ria Um grupo liderado por Celso Furtado outro por Paul Singer um terceiro por Alberto Passos Guimar es e o ltimo por Caio Prado J nior S
260. s a es valorizando o jeito de ser de pensar do aluno do campo garantindo o conhecimento que lhes d seguran a MUNIC PIO DE Conc rdia 2004 p 35 Da mesma forma os alunos tamb m fizeram a sua carta contendo as convic es daquilo que pensam sobre a escola do campo A carta dos alunos foi dividida em tr s pontos sendo que no primeiro destacam os problemas que afetam o campo hoje o abandono das atividades agr colas xodo rural o uso de agrot xicos polui o do meio ambiente desvaloriza o da sua cultura e perda gradativa da identidade dos sujeitos do campo No segundo ponto destacam que n o s o somente problemas que afetam o meio rural mas que tamb m h coisas boas que fazem no campo que os fazem ainda permanecer no local Solicitam que as escolas de classes multisseriadas n o sejam mais tratadas como escolinhas e que as aulas de Educa o F sica L ngua Estrangeira e oficinas s cio educativas 179 permane am no curr culo escolar Como terceiro e ltimo ponto da carta evidencia se o resgate de valores como solidariedade amizade uni o justi a coletividade que foram perdidos nos ltimos anos MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 p 36 V se a partir dessas declara es que o ponto de partida para o trabalho na escola foi o que Gramsci 2004 p 116 chamou de senso comum a ideologia das multid es influenciada pela hegemonia burguesa difundida pelos meios de comunica o de mass
261. s o defende que a inscri o escola p blica significa conquista das camadas populares e ponto decisivo para a democratiza o das oportunidades escolares Em rela o laicidade s n o aparece nos planos de Talleyrand mas de modo geral esse princ pio significa a ruptura com o sistema feudal eclesi stico bem como a necessidade de inculcar uma nova vis o de mundo e de homem Entretanto a escola p blica universal gratuita e leiga n o deveria ser obrigat ria A obrigatoriedade iria contrariar os princ pios do laissez faire e a obriga o para qualquer coisa feriria a burguesia relembrando lhes as contri es e constrangimentos impostos pelo feudalismo e pelo sistema de privil gios LOPES 1981 p 118 Essa justificativa que fora usada para n o obrigar as pessoas instru o camuflou o temor burgu s em rela o for a do povo uma vez que os interesses da burguesia estavam voltados para a consolida o hegem nica Sendo assim a 29 instru o assume o papel de apaziguadora dos nimos das classes sociais e n o de igualizadora Lopes 1981 p 74 Os interesses burgueses pela instru o p blica estavam aliados ao interesse pelo desenvolvimento da economia e a educa o precisava ser instrumento de a o r pida uma vez que naquele momento o capitalismo representava um avan o em rela o ao modo de produ o que o precedera Lopes observa ainda que a revolu o democr tico b
262. s regionaliza o municipaliza o e nucleariza o A regionaliza o pode compreender um ou mais estados ou grupo de Munic pios A nucleariza o concebida como uma nova forma organizativa constitu da de escolas rurais dispersas e com problemas semelhantes A municipaliza o no caso do Brasil compreende tr s possibilidades o munic pio se encarrega de todo o ensino em um ou mais n veis no mbito de sua jurisdi o o Munic pio se encarrega de parte das matr culas convivendo no mesmo territ rio com a rede estadual e por ltimo o munic pio se encarrega de determinados programas como a merenda escolar transporte dos alunos constru es escolares funcion rios postos disposi o das escolas estaduais Isso tudo possibilitado por meio de conv nios OLIVEIRA 1999 p 16 17 Ao se referirem s pol ticas de municipaliza o L bo e Faria 2003 observam ainda que nos anos seguintes aprova o da LDB 9394 96 o Governo Federal orientou sua a o pol tica pelos princ pios de flexibiliza o e avalia o No exerc cio de sua fun o redistributiva de recursos criou v rios programas de apoio aos Estados e Munic pios para a manuten o e desenvolvimento de seus sistemas de ensino Dentre os programas os autores destacam o Programa Nacional de Alimenta o Escolar PNAE o Programa Dinheiro Direto na Escola PDDE e o Programa Nacional do Livro Did tico PNLD L BO FARIA 2003 p 398 399 116
263. s de 1930 Nesse per odo a industrializa o passou a ser vista no pa s como o ideal civilizat rio da sociedade Para que isso se concretizasse foi necess rio que pontuasse a industrializa o como sua ordena o 98 principal o que exigiu para sua efici ncia a colabora o permanente de outras pr ticas sociais inclusive e principalmente a educa o MORAES 2003 p 131 A partir desse pressuposto foi que os renovadores pensaram novas t cnicas novos m todos que formatavam o paradigma da escola no molde da sociedade industrial que originou o projeto de nacionalidade desse grupo que se contrapunha aos ideais do grupo Cat lico o qual defendia uma proposta de re cristianiza o do pa s MORAES 20083 131 135 2 2 2 O Ruralismo Pedag gico no Brasil A partir das diversas modifica es que marcaram o in cio do s culo XX as discuss es pertinentes educa o aconteciam a partir do mesmo processo o desenvolvimento da sociedade industrial O projeto de Nacionalidade se expressava nos ideais do fen meno de ruraliza o do ensino devido ao fato de que o nacionalismo representou um esfor o de exalta o da terra e da gente brasileira Nesse sentido terra se traduziu em produtos da terra e por meio disso terra e agricultura tornaram se termos sin nimos E por esse caminho que a ruraliza o do ensino significou na d cada de 1920 a colabora o da escola na tarefa de form
264. s de 1990 que passaram a utilizar essa nova terminologia Isso porque a LDB 9394 96 em seu art 28 prop e medidas de adequa o da escola vida do campo e n o mais de adapta o Para Edla Soares 2001 a legisla o reconhece a diversidade s cio cultural e o direito igualdade e diferen a possibilitando a defini o de diretrizes para a educa o rural sem no entanto recorrer a uma l gica exclusiva e de ruptura com um projeto global de educa o para o pa s SOARES 2001 p 30 31 Entendendo portanto a educa o sob a tica do Direito implica o respeito s diferen as e a pol tica de igualdade Nesse sentido o campo n o apenas como um significado que incorpora os espa os da floresta da pecu ria das minas e da agricultura mas os ultrapassa ao acolher em si os espa os pesqueiros cai aras ribeirinhos e extrativistas O campo nesse sentido mais que um per metro n o urbano um campo de possibilidades que dinamizam a liga o dos seres humanos com a pr pria produ o das condi es de exist ncia social e com as realiza es da sociedade humana SOARES 2001 p 04 A partir disso denominar Educa o do Campo primar pela constru o de uma escola que esteja no campo mas que tamb m seja do campo unindo a amplia o do direito educa o e escolariza o no campo 2 3 1 Contexto econ mico social e pol tico dos anos 1990 Na ltima d cada no s culo XX diversas mudan
265. s dois aspectos da domina o de classe que s o asseguradas pelo exerc cio das duas fun es do Estado fun o de dom nio e fun o hegem nica A primeira desempenhada na sociedade pol tica e envolve coer o e o segundo age na sociedade civil e tem o papel de obter o consenso e a ades o das classes subalternas instituindo um bloco que re ne numa harmonia historicamente provis ria as diversas for as sociais promovendo a unifica o ideol gica e cultural da na o ou seja o bloco hist rico MOCHCOVITCH 2001 p 43 Levando em conta esses aspectos a autora define Estado a partir de Gramsci como o conjunto dos rg os por meio dos quais a hegemonia e a coer o da classe dominante ou classes dominantes s o exercidas sobre as classes subalternas da sociedade MOCHCOVITCH 2001 p 43 No s culo XIX para a manuten o da hegemonia burguesa esses prop em uma escola voltada para seus interesses o que significou o questionamento da escola aristocr tica e tamb m a desarticula o do pensamento socialista que vinha sendo elaborado ao longo dos anos com Marx Nesse sentido a proposta burguesa ao mesmo tempo em que desarticula tamb m articula pois os interesses que se materialzam para o povo por meio do acesso instru o favorecem a consolida o unificada do pensamento burgu s repassado por meio da escola MACHADO 1989 p 53 1 3 A ESCOLA NICA LIBERAL Desde a sua origem a
266. s e da Am rica Latina e que tem privilegiado as atividades ligadas pecu ria fortalecendo a produ o de su nos e aves no referido munic pio A instala o da empresa sem d vida proporcionou ao munic pio o desenvolvimento econ mico o trabalho assalariado na cidade e o desenvolvimento do com rcio Hoje h no munic pio de Conc rdia in meras propriedades que trabalham em regime de parcerias com agroind strias da regi o principalmente nas atividades de cria o de su nos e aves Para Badalotti 2003 p 151 os frigor ficos somente se expandiram porque tiveram na pequena produ o familiar a base para a reprodu o local As grandes empresas ampliaram seus neg cios enquanto os pequenos agricultores se mantiveram dependentes desse sistema Nesse sentido a expans o da agroind stria no munic pio de Conc rdia e posteriormente na regi o come a a se transformar no sentido de orientar a produ o conforme a demanda do capital industrial Assim a suinocultura se firma como a principal atividade agropecu ria da grande maioria dos pequenos agricultores 3 Essas informa es foram organizadas pela Secretaria Municipal de Agricultura e compunham o Planejamento de trabalho da referida Secretaria 2002 A Ind stria em quest o a Sadia S A Instalou se no Munic pio de Conc rdia SC em 1944 fundada por At lio Fontana A industrializa o de su nos foi a primeira atividade desenvolvida pela ind stri
267. s limites e as possibilidades da proposta de educa o do campo do munic pio de Conc rdia luz da concep o de escola unit ria na dire o da supera o da dualidade 4 2 LIMITES E POSSIBILIDADES DA PROPOSTA DE EDUCA O DO CAMPO DE CONC RDIA Analisar uma proposta de educa o luz da contribui o te rica gramsciana especificamente da escola unit ria n o uma tarefa f cil Contudo a primeira quest o a ser observada inicialmente a preocupa o de Gramsci em propor uma escola que pudesse oferecer condi es de superar a crise pela qual escola italiana passava tendo em vista as modifica es econ micas pol ticas e culturais do seu tempo e as novas rela es de trabalho Propunha uma escola que acompanhasse as mudan as mas n o que simplesmente se adaptasse ou se subordinasse a tais mudan as e sim que atendesse s necessidades e interesses da classe trabalhadora que superasse a dualidade posta e que possibilitasse a todos uma forma o como dirigentes Na primeira proposta elaborada pelo Munic pio de Conc rdia observa se que a preocupa o em desenvolver um conjunto de a es para as escolas do campo especificamente para as escolas multisseriadas ou unidocentes estava voltada para a perman ncia do homem do campo no campo mas com qualidade de vida O documento se expressa da seguinte maneira nesta l gica o objetivo garantir que as escolas do campo possam contribuir para o desenvolvi
268. s ocorridas no Brasil nas primeiras d cadas do s culo XX Nagle 2001 sinaliza que o ide rio liberal se sustentava a partir de duas ordens de ocorr ncias De um lado a passagem do sistema agr rio comercial para o sistema urbano industrial e de outro se observa o rompimento dos alicerces da sociedade estamental e se estruturam as bases de uma sociedade de classes Nesse sentido o autor caracteriza como sendo uma nova fase do capitalismo que configurava tamb m novos padr es culturais que provocou o desencadeamento de um processo de defesa dos valores da nossa civiliza o agr ria NAGLE 2001 p 131 133 Observa se portanto que desde o final do Imp rio vinha ocorrendo no Brasil uma vigorosa e profunda discuss o sobre os assuntos educacionais A educa o nesse per odo a partir de uma concep o rom ntica adquiria alta relev ncia como instrumento capaz de contribuir para o progresso econ mico do Brasil MORAES 2000 p 114 A grande lavoura nesse per odo ainda desempenhava papel decisivo na sociedade brasileira A aboli o da escravatura e o aumento da popula o tanto urbana como rural devido chegada de imigrantes estrangeiros possibilitou o aumento no fluxo do n mero de matr culas no meio rural NETO 2008 A partir desse contexto a id ia de que a solu o dos problemas do pa s estaria na educa o criou um forte movimento de politiza o das quest es educacionais principalmente nos ano
269. s que os problemas que existiam naquele per odo persistem por m com algumas transforma es Contudo a concentra o de terras e dos meios de produ o nas m os de poucos continua sendo um grave problema da quest o agr ria brasileira Se no feudalismo a explora o se dava na rela o senhor feudal x servos onde a terra era a principal fonte de riqueza hoje as explora es continuam muitas vezes camufladas por pol ticas e discursos voltados para aqueles que det m a posse da terra Se houve avan os na distribui o e uso da terra no Brasil n o se deu com certeza por vontade pol tica As profundas transforma es no campo brasileiro resultado da implanta o do modelo de desenvolvimento econ mico da agropecu ria ocorreram pelos governos militares e principalmente pelos protagonistas da luta contra esse modelo O MST e a Pastoral da Terra CPT FERNANDES 2001 Os avan os na luta por pol ticas agr rias mais justas ocorreram por press es como todos os avan os e conquistas populares que a hist ria no Brasil possa lembrar 84 Por m nessa mesma poca na Europa a mis ria no campo crescia e se agravava por uma crise social o que favorecia a imigra o para a Am rica e resolvia parcialmente os problemas daqueles pa ses bem como apontou anteriormente Kautsky quando se referia aos camponeses que vieram para a Am rica uma vez que n o havia trabalho para todos naquele continente Mas os camponeses d
270. scola p blica ressalta que de cada um dos per odos revolucion rios os grupos que t m a dire o sugerem propostas a respeito de como e por que publicizar a instru o S o v rios os discursos decorrentes desse per odo entre os quais se destacam o relat rio de Talleyrand o discurso de Condorcet e a Conven o Nacional esta ltima assim dividida Lanthenas Lepeletier e Daunou LOPES 1981 p 60 85 Assim o ide rio educacional burgu s deveria seguir a moral e a raz o burguesa liberdade individualismo e igualdade jur dica Para Lopes A liberdade exigida para as rela es econ micas e interpessoais expressa se pedagogicamente em dois sentidos liberdade para ser educado e liberdade para educar Ou seja o conte do acad mico deveria ser livre desamarrado do formalismo feudal eclesi stico e nele imprimido a moral burguesa e a Raz o A liberdade pol tica declarada na legisla o tornar se ia real mediante a liberdade na instru o e a difus o na instru o Por outro lado a burguesia n o desejava nenhum tipo de controle sobre as iniciativas individuais privadas e se atribu a ao Estado a compet ncia em mat ria de educa o n o desejava sua interfer ncia restritiva a essas iniciativas LOPES 1981 p 114 Nesse momento confirma se o fato de que o Estado toma para si a educa o p blica de modo a tornar coesa toda a sociedade seja pela via dos conte dos seja pela pr pria forma de articular os int
271. se auxiliar o homem do campo que mediante a realidade social tornava o campo sin nimo de pobreza e atraso MUNIC PIO DE CONC RDIA 2004 p 02 Tal proposta apresentada no ltimo cap tulo pauta se teoricamente em Saviani e Pistrak Portanto esta pesquisa necessitou aprofundar os conhecimentos acerca das bases te ricas dos referidos autores quais sejam a educa o de cunho socialista de fundamenta o marxista Al m disso tamb m se analisa a contribui o de Paulo Freire considerando a mudan a de encaminhamento metodol gico implementada em 2005 que substitui a organiza o do curr culo de complexos tem ticos para temas geradores e as poss veis consequ ncias na concep o de educa o e nos resultados na pr tica pedag gica Para isso utilizam se estudos comparativos sobre as concep es de Saviani e Paulo Freire do ponto de vista do materialismo hist rico dial tico A partir dos fundamentos marxistas incluiu se como refer ncia a contribui o de Gramsci que com sua concep o de escola unit ria foi indispens vel para analisar a quest o da dualidade que se coloca como categoria central desse trabalho de pesquisa No mbito da educa o a quest o da dualidade est presente em diversas discuss es educacionais que tratam principalmente do direito educa o seja do ponto de vista liberal seja do socialista Gramsci ao analisar a crise da escola tradicional Italiana do seu tempo questiona
272. se ensino que apesar do discurso universalizante colocava limites por entender que as condi es psicopedag gicas como aptid o inclina es disposi o natural voca o talento intelig ncia educabilidade dentre outros seriam respons veis pelo sucesso ou fracasso do aluno Nesse sentido o Estado oferecia condi es de ingresso mas se houvesse fracasso escolar a legitima o da culpa era nica e exclusivamente do aluno como se este fosse um ser humano desvinculado de qualquer rela o social 35 Apesar de essa proposta reconhecer que todas as crian as deveriam entrar na escola independentemente de crit rios econ micos religiosos pol ticos ou de qualquer outra ordem parece n o reconhec los ou melhor camufla todo seu discurso educacional no sentido de orienta o de uma pol tica que pudesse isentar o Estado As contribui es de Gramsci v m na contram o dos preceitos da escola liberal e s o refer ncias para superar as arbitrariedades A seguir o assunto em pauta a concep o de escola unit ria de Gramsci como esta foi pensada pelo autor bem como foi proposta a sua organiza o 1 4 A ESCOLA UNIT RIA O desenvolvimento da concep o de escola unit ria desenvolvida por Gramsci nascera segundo Manacorda 1996 como uma aparente digress o do discurso sobre os intelectuais a prop sito da intelectualiza o da atividade pr tica e da praticiza o da atividade te rica O autor
273. senvolvimento Rural de Conc rdia PEP utilizando se para isso do diagn stico do Sistema Agr rio o qual dividiu o interior do munic pio em cinco sistemas ligados ao desenvolvimento econ mico do munic pio 1 predomina a cultura cabocla e italiana com explora o anual dos produtos de subsist ncia e da produ o de leite 2 cultiva principalmente gr os e produz leite al m das culturas permanentes de erva mate citros e reflorestamento 3 Regi o que possui forte integra o de su nos e aves centrado na agroind stria com maior produtividade e ganho econ mico a qual reflete as mudan as configuram a agricultura familiar hoje 88 4 pequenas propriedades que se dedicam ao cultivo de culturas anuais milho soja e feij o e h muita presen a de capoeiras e reas de abandono 5 predominantemente cabocla com agricultura de subsist ncia e cultivo voltado produ o de gr os e leite PREFEITURA MUNICIPAL DE CONC RDIA 2002 N o diferente de qualquer outro lugar o munic pio de Conc rdia tamb m foi influenciado pelas rela es do modo de desenvolvimento capitalista fator que determinou a melhor forma da organiza o da economia no campo Aqueles que n o se adaptaram s novas concep es de campo e vida rural contribu ram para o aumento da popula o urbana aliada no caso do Munic pio de Conc rdia instala o na metade do s culo XX de uma das maiores agroind strias do pa
274. sforma es sobre a agricultura subordinando o campo cidade Sobre esse problema na obra A Quest o Agr ria escrita em 1898 Kaustky afirma que a agricultura n o se desenvolve segundo o mesmo processo da ind stria por m esclarece que agricultura e ind stria s o concili veis pois ambas tendem para o mesmo fim por comporem partes de um mesmo processo de conjunto Salienta ainda que o partido comunista por ter como fundamento a grande empresa acaba por deixar de lado a explora o que vinham sofrendo os camponeses As dedu es de Marx n o podem ser transportadas tais quais s o para o dom nio da agricultura Sobre as quest es de ordem agr ria ele chegou igualmente a exprimir id ias de grande valor Mas a sua teoria do desenvolvimento que pressup e o crescimento da grande explora o a proletariza o das massas e que deduz dessa evolu o como consequ ncia necess ria o socialismo essa teoria clara para o dom nio agr rio Parece me que apenas a pesquisa cient fica poder preencher a lacuna que existe certamente KAUTSKY 1980 p 27 2 1 1 O desenvolvimento da agricultura sob o capitalismo Kautsky vai buscar no fim da Idade M dia a origem dos problemas enfrentados pelo campo Com o aparecimento do mercado urbano para os g neros de primeira necessidade era preciso mais trabalhadores para a produ o de 14 excedentes Quanto maior o excedente dos g neros produzidos pelo dom nio se
275. sibilitar a todos esse saber coloca como ponto de partida a pr pria pr tica social e como ponto de chegada novamente a pr tica social Ainda na fase inicial da escola unit ria Gramsci observa que o trabalho da escola prim ria deva ser dogm tico ou melhor que seja necess ria uma exposi o dogm tica das no es cient ficas ou seja necess ria uma mitologia n o significa que o dogma deva ser o dogma religioso ou a mitologia aquela determinada mitologia Que um povo ou um grupo social atrasado tenha necessidade de uma disciplina exterior coercitiva a fim de ser educado civilizadamente n o significa que deva ser escravizado a n o ser que se pense que toda coer o estatal escravid o GRAMSCI 2004 p 87 Para Manacorda essa proposta de educa o dogm tica e coercitiva segundo Gramsci necess ria para as crian as pequenas porque na primeira inf ncia deve se seguir a inclina o das crian as mas n o se deve depois deixar cristalizar se por uma esp cie de idolatria em rela o s suas primeiras atitudes 2 A proposta apresenta nesse momento os cinco passos elaborados por Saviani como meio para que todos tenham acesso ao conhecimento historicamente elaborado PROPOSTA DE EDUCA O DO CAMPO DE CONCORDIA 2004 p 07 61 Deve se ao contr rio adequar se s novas possibilidades l gicas e for las o quanto poss vel MANACORDA 2000 p 72 Para a primeira inf ncia prop e
276. siga equilibrar o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente e intelectualmente NOSELLA 2004 p 167 A concep o de Escola Unit ria desenvolvida por Gramsci tem sua estrutura embasada na Educa o do Estado Socialista Sovi tico em oposi o organiza o liberal da escola italiana do seu tempo que lhe parecia lenta demais Assim n o se prende ao modelo da escola cl ssica italiana mas antes ao da escola nica do trabalho tal como ele havia conhecido nos anos em que passara na Uni o Sovi tica e que justamente uma escola em nove s ries dos oito aos dezessete anos de idade MANACORDA 2000 p 160 Segundo Manacorda Gramsci defende que a Escola Unit ria a escola de trabalho intelectual e manual t cnico industrial que o seu objetivo a forma o de valores fundamentados no humanismo isto a autodisciplina intelectual e a autonomia moral necess rias tanto para os estudos posteriores como para a profiss o que a instru o das novas gera es e das gera es adultas se apresentam sempre para ele como uma s rie cont nua que para ele nenhuma profiss o est privada de conte dos e exig ncias intelectuais e culturais e ainda que a vida moderna implica num novo entrela amento entre ci ncia e trabalho MANACORDA 2000 p 163 Contudo observa se em nossos dias a tend ncia da n o valoriza o desses elementos do humanismo O modo de produ o capitalista sempre tem incentivado
277. sim o for a escola do campo ser mais que escola porque com uma identidade pr pria mas vinculada a processos de forma o bem mais amplos que nem come am nem terminam nela mesma e que tamb m ajudam na tarefa grandiosa de fazer a terra ser mais que a terra CALDART 2002 p 35 Dessa coloca o extrai se a quest o ligada necessidade de uma escola espec fica para o campo comentada anteriormente Se n o houvesse todo esse movimento para a constitui o de uma pol tica espec fica para a educa o b sica do campo ela poderia existir de outra forma Isso porque o campo ao reivindicar uma escola espec fica logra aos demais grupos sociais o direito de pol ticas espec ficas Esse posicionamento leva a um questionamento desse movimento para os demais Por que ent o n o o fazem atrav s de luta como ocorre com o campo 131 Nesse momento importante recorrer a Marx e Gramsci como forma de contextualizar a situa o e embasar de forma clara essa realidade respondendo aos questionamentos citados acima Na cr tica ao Programa de Gotha Marx j questionava uma educa o igual para todos Isso porque a premissa marxista de uma educa o igual mas para todas as classes cairia evidentemente no risco de um rebaixamento de n vel Marx fazia tal cr tica por reconhecer a dualidade da educa o derivada do modo da organiza o social ou seja por reconhecer a exist ncia de classes distintas Para superar
278. sino M dio e Superior especialmente neste ltimo Um indicativo da preocupa o profissionalizante da educa o rural foi a cria o do ensino agr cola surgido na Bahia no reinado de D Jo o VI que depois se transformou na primeira Escola de Agronomia do pa s Contudo quem eram os alunos que frequentavam o Ensino Superior nesse per odo Se a legisla o obrigava o Estado a manter uma educa o para quem dela j havia usufru do das etapas anteriores significa que a escola p blica e gratuita desde esse per odo favoreceu uma pequena parcela da popula o brasileira Conforme as an lises de Zotti 2004 desde os chamados tempos her icos 1549 1570 a educa o teve o car ter de seus colonizadores conforme seus interesses Nesse per odo a pol tica educacional comandada pelo Padre Manuel da N brega tinha um certo car ter democr tico especialmente pelo interesse em formar adeptos ao catolicismo Para atingir tais objetivos o ensino da doutrina crist dos bons costumes e das primeiras letras compunham a matriz curricular b sica Somente na sequ ncia dos estudos para aqueles que se destacavam era previsto o ensino da gram tica latina e aos demais o ensino profissional agr cola ou manufatureiro ZOTTI 2004 p16 18 Mais tarde ainda no primeiro s culo de coloniza o o Brasil teve apenas uma educa o voltada novamente aos interesses de poucos Como bem aponta Zotti 2004 do ponto de vista d
279. social estabelecem se rela es conscientes de como produzir a vida pelo trabalho e pelas rela es sociais Marx e Engels ao analisar esses dois elementos da produ o da vida humana estabelecem uma rela o com a divis o do trabalho Da divis o entre OS Sexos passou se para a divis o entre trabalho intelectual e trabalho manual modificando tamb m os processos de trabalho na agricultura No sistema feudal a produ o do campo carecia de bra os que pudessem dar conta do trabalho agr cola mas com o desenvolvimento de outras for as produtivas que passaram a modificar 173 a rela o do campo com a cidade o trabalho para produ o de excedentes e extra o da mais valia precisava desta divis o Este processo que marcou profundamente o modo de organizar a vida pelo trabalho na Europa no s culo XIX foi ganhando formas tamb m nos pa ses colonizados na Am rica O que importa nesse momento que as metr poles especificamente no caso Brasileiro Portugu s impuseram um modelo de coloniza o extremamente explorat rio considerando o objetivo da coloniza o sugar da col nia tudo o que de riqueza esta pudesse oferecer Concomitante ao poderio da metr pole para a certeza da explora o e do lucro a divis o do trabalho se concretizou de modo a implantar no pa s um sistema de explora o n o apenas de coloniza o O modo de produ o capitalista traz o trabalho industrial como forma dominante e produz tran
280. ssas presentes na atual legisla o educacional TORRES 1996 p 127 130 Essa nova maneira de gestar a educa o resultou numa s rie de medidas nos munic pios brasileiros que para se ajustarem legisla o implementaram 54 Essas atribui es que cabem educa o est o contidas no documento da UNESCO UNESCO e a Educa o 2006 p 02 113 determinadas a es como a pr pria municipaliza o do ensino fundamental dentre outras que ser o objeto de an lise posterior Logo ap s a Confer ncia de Jomtien 1990 os organismos multilaterais re nem uma s rie de medidas que norteiam os rumos educacionais dos pa ses pobres e em desenvolvimento Outro documento o conhecido Relat rio Jacques Delors 1996 cujo enfoque se volta para a educa o do indiv duo ao longo de toda a vida por meio de um novo conceito de educa o que seria alcan ado a partir de quatro tipos de aprendizagens aprender a conhecer aprender a fazer aprender a conviver e aprender a ser UNESCO 1996 Inicialmente o referido documento faz uma an lise da sociedade em que vivemos observando ser natural alguns fen menos como pobreza e desigualdades sociais os quais tamb m se encontram em pa ses desenvolvidos Do ponto de vista do documento as principais tens es a serem resolvidas no s culo XXI s o tornar se cidad o do mundo mundializar a cultura preservando as culturas locais e as potencialidades individuais adaptar o indiv
281. stado de coisas tem efeitos extensos e profundos sobre as v rias pr ticas sociais e de modo particular sobre a educa o Nesse sentido a educa o foi eleita como barreira estrat gica para adequa o s mudan as E preciso elaborar uma nova pedagogia um 107 projeto educativo de outra natureza de modo a assegurar o desenvolvimento de compet ncias valor agregado a um processo que todavia n o o mesmo para todos MORAES 2008 p 152 Em rela o s desigualdades Fiori 1997 ao colocar outra especificidade do neoliberalismo acrescenta que Os novos liberais nunca se preocuparam muito em discutir mais profundamente a quest o de como responder ao problema concreto de que nas sociedades reais no ponto zero de suas reflex es j existiam imensas diferen as e desigualdades que nunca foram ou ser o corrigidas de forma a igualar as condi es de partida para todos FIORI 1997 p 213 Nesse novo enfoque que atribu do educa o prioriza se o pragmatismo cujo espa o para teoria esvaziado por ser considerado perda de tempo Isso porque para a maioria da popula o bastam os desenvolvimentos das compet ncias no sentido gen rico que o termo adquiriu nos ltimos tempos o que permite a sobreviv ncia nas franjas de um mercado de trabalho com exig ncias diferenciadas e altos n veis de exclus o MORAES 2008 p 152 Essa nova configura o educativa tem suas diretrizes implementadas no
282. stenciais e compensat rias WARDE 1996 p 11 A partir dessas a es assiste se ao que Warde 1996 chamou de naturaliza o dos significados dessas reformas educacionais para os pa ses do Terceiro Mundo descentraliza o capacita o de professores em servi o propostas curriculares educa o dist ncia prioridade ao ensino prim rio dentre outras a es A educa o b sica foco dessas reformas pois segundo o Banco 51 A UNESCO a organiza o das Na es Unidas especializada em educa o Desde a sua cria o em 1945 tem trabalhado para a melhoria da educa o em todo o mundo por meio de iniciativas de apoio t cnico da elabora o de modelos projetos inovadores refor o da capacidade especializada e trabalho em redes Seus estreitos v nculos com minist rios da educa o e outros atores institucionais em 188 pa ses legitimam e destacam a organiza o na promo o de programas e atividades voltadas para a educa o UNESCO p 4 www unesco org education acessado em 19 01 07 5 Fundo Monet rio Internacional 109 Mundial a educa o especialmente a prim ria e a secund ria ajuda a reduzir a pobreza aumentando a produtividade do trabalho dos pobres reduzindo a fecundidade melhorando a sa de e dota as pessoas de atitudes de que necessitam para participar plenamente na economia e na sociedade SHIROMA 2004 p 74 75 grifos do original Nesse sentido observamos que as
283. stin o entre intelectuais como categoria org nica de cada classe fundamental e intelectuais como categoria tradicional isto como categoria nascida sim historicamente em fun o de uma determinada classe mas cristalizando se depois por sua ininterrupta continuidade hist rica como casta MANACORDA 2000 p 151 Para Mochcovitch 2001 p 18 os intelectuais org nicos n o s o apenas os grandes intelectuais criadores de teorias como Marx L nin ou Trotski mas tamb m s o aqueles que difundem a concep o de mundo revolucion ria entre as classes subalternas 27 feudal a escola era particular restrita e religiosa Assim ao conquistar o poder o Estado burgu s quer recuperar a instru o por consider la um dos instrumentos pol tico ideol gicos mais poderosos chamando para si a quest o da educa o por meio da elabora o de planos para a efetiva o de pol ticas educacionais Cabe lembrar que o poder pol tico do Estado nada mais do que um comit para administrar os neg cios comuns de toda a classe burguesa MARX 2004 p 47 Ou seja O Estado estruturado em torno dos interesses da burguesia que assume o poder como classe dominante Mas o que significou a publiciza o da instru o Para Lopes nada mais que a retirada do controle ideol gico das m os da Igreja passando a ao Estado burgu s e colocando a de acordo com a nova concep o de mundo A autora que analisou o surgimento da e
284. suposto de que o aluno vive num mundo que tem um significado pr prio indica que preciso considerar este mundo para lev lo ao conhecimento de sua realidade social a fim de que possa assumir se numa pr xis libertadora primeiro pessoal e depois social Paulo Freire deu uma extraordin ria contribui o educa o brasileira na medida em que soube fazer uma pedagogia a partir dos problemas do povo oprimido Nesse sentido resgatando a justificativa apresentada acerca da substitui o da proposta de educa o pautada na pedagogia hist rico cr tica para uma de bases freirianas identifica se uma certa proximidade entre o pensamento de Freire e Saviani corroborada pelas contribui es de Zanella uma vez que ambos ao questionar qual realidade que o aluno est inserido permitem uma aproxima o com a realidade concreta 174 Mas para conhecer essa realidade concreta preciso compreender que o conhecimento do concreto na sua ess ncia somente pode ser obtido pela pesquisa cient fico filos fica pelo m todo cient fico que se faz a an lise a decomposi o do todo na busca das conex es internas entre o geral e o particular media es para depois se chegar s ntese enquanto concreto pensado sem esquecer que o crit rio de verdade da teoria a realidade ou a pr tica social MARX 2002 p 100 Ambas as propostas de educa o do munic pio de Conc rdia apresentam muitas caracter sticas que valorizaram a
285. ta es As especificidades s o importantes enquanto subs dios que determinam o ponto de partida a ser superado mas negativas se refor am a fragmenta o e o isolamento das comunidades do campo e nesse caso mant m a dualidade CONSIDERA ES FINAIS Este trabalho teve como finalidade analisar os limites e as possibilidades da Proposta de Educa o para as Escolas do Campo do Munic pio de Conc rdia cujo problema central sobre o qual se justificou esta investiga o a tradicional dualidade cidade campo Historicamente essas quest es se materializam como decorr ncia da divis o da sociedade em classes especificamente no capitalismo e que resulta em desigualdade de acesso aos bens culturais Para tanto foi preciso buscar uma refer ncia que pudesse servir de fundamento para o tema proposto Assim as an lises apoiaram se na concep o de educa o de Gramsci uma vez que a sua proposta educativa propunha superar a crise da escola italiana e a consequente dualidade presente na escola no per odo relacionado primeira metade do s culo XX A partir da concep o de escola unit ria Gramsci propunha uma educa o para todos independente da classe social a qual pertenciam A condi o de classe n o poderia ser empecilho para que todos tivessem acesso educa o Tomar portanto a condi o de classe como ponto de partida para analisar o acesso educa o foi fundamental tendo em vista que a socieda
286. tam as novas exig ncias e valores da sociedade de consumo e nesse sentido a forma de organizar a vida no campo tamb m sofre as influ ncias desse modelo Diante de tamanhas desigualdades o campo brasileiro tem sido cen rio de um longo processo de explora o das classes prolet rias bem como da segrega o de direitos b sicos de todo ser humano mesmo que garantidos na legisla o O fortalecimento da grande propriedade em detrimento da pequena desde a sua origem no per odo de coloniza o do Brasil tem evidenciado e acentuado as desigualdades do campo cuja causa principal pode ser considerada a nega o do direito a terra Nessa quest o o Brasil recordista mundial de concentra o de terra Menos de 3 dos propriet rios de terras possuem mais da metade das terras agricult veis CPT 2003 De acordo com os dados do Censo Agropecu rio 1995 96 a menor concentra o se d no Sul e a maior no Nordeste Segundo os dados cadastrais do Incra Instituto Nacional de Coloniza o da Reforma Agr ria relativos a 1998 os 16 minif ndios e as chamadas pequenas propriedades rurais totalizaram 3 183 055 im veis ou seja 88 7 do total de im veis detendo 92 1 milh es de hectares 22 2 da rea total cadastrada Enquanto que as chamadas grandes propriedades totalizavam 104 744 propriedades 2 9 do total de im veis por m detendo 238 3 Z milh es de hectares isto 57 3 da rea cadastrada do pa s Ou
287. tante destacar que desde o in cio chegou se a um consenso sobre a necessidade de explicitar e atender especificidade da educa o b sica do campo Essa especificidade est relacionada relev ncia dada s caracter sticas s necessidades e aos sonhos dos que vivem no campo e do campo Nesse sentido e por considerar essas especificidades ela deve ser diferenciada isto alternativa Al m disso a Educa o do Campo deve ter um sentido mais amplo de processo de forma o humana que constr i refer ncias culturais e pol ticas para a interven o das pessoas e dos sujeitos sociais na realidade visando a uma humanidade mais plena e feliz KOLLING NERY MOLINA 1999 p 24 importante destacar que nesse momento em que se gestavam as id ias acerca da Educa o do Campo havia uma certa tend ncia em corroborar com a id ia de escolariza o Nunca a escolariza o foi considerada t o importante como hoje por isso nossa confer ncia vai enfatizar essa dimens o KOLLING NERY MOLINA 1999 p 25 Em nota os autores concordam ainda com o pr prio conceito de educa o que consta do artigo 1 da LDB 9394 96 A Educa o abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar na conviv ncia humana no 126 trabalho nas institui es de ensino e pesquisa nos movimentos sociais e organiza es da sociedade civil e nas manifesta es culturais A id ia de escolariza o
288. ten am a classes sociais diferentes ou como analisado acima da mesma condi o de classe A proposta de educa o do campo no caderno 05 2005 vai discutir a quest o do trabalho como princ pio educativo mas ainda de modo parcial Considera portanto o trabalho como princ pio educativo de compreens o do v nculo entre educa o e a produ o e a educa o do campo precisa segundo o documento recuperar toda uma tradi o pedag gica de valoriza o desse trabalho CALDART 2005 p 32 Nesse sentido Zanella observa que essa premissa fundada na base te rico metodol gica do materialismo hist rico mas tomando a id ia de totalidade Mas observa que o trabalho ao qual o documento se refere o trabalho do movimento Sendo assim parte da totalidade contrariando portanto o conceito que Marx e Engels imprimiram no materialismo hist rico inicialmente na Ideologia Alem e mais tarde na obra Para a Cr tica da Economia Pol tica 1859 cujo teor da tese chega ao seu grau m ximo de sistematiza o ZANELLA 2004 p 03 04 Dessa forma Zanella considera que em se tratando da rela o cidade campo o m todo do materialismo nos indica que a cidade o lugar que expressa o desenvolvimento capitalista de forma mais desenvolvida O campo situa se enquanto locus de formas menos desenvolvidas da industrializa o e do capital que segundo o autor constituiu se a partir das rela es superadas de trabalhos ser
289. the economic politic and cultural changes that the capitalist way of production caused In this way education has its characteristics adapted and thought by the structures of the capitalist system This also happens in the brazilian countryside inicially caused because of the countryside social movements in the decade of 1980 mainly the MST Movement of Landless Workers who claims an specific school Likely to that the city of Conc rdia also has a proposal of education for the schools of the countryside of classes with multiple grades from the year of 2001 on t is evidenciated however that the possibilities of the above mentioned proposal live in the access questions theoric base concern the same ones that limit it Keywords Countryside Education Duality Unitary School Unique Liberal School LISTA DE SIGLAS ABCAR Associa o Brasileira de Assist ncia T cnica e Extens o Rural ACAR Associa o de Cr dito de Assist ncia Rural ASPLAN Assessoria de Planejamento do Munic pio de Conc rdia BM Banco Mundial CBAR Comiss o Brasileira Americana de Educa o das Popula es Rurais CNBB Confer ncia Nacional dos Bispos do Brasil CNER Campanha Nacional de Educa o Rural CONSED Conselho Nacional dos Secret rios de Educa o CPC Centro Populares de Cultura CPT Comiss o Pastoral da Terra EDURURAL Programa de Extens o e Melhoria para o Meio Rural ENERA Encontro Nacional de Educadores e Educad
290. todologias que se apresentam na proposta necess rio situar ainda que brevemente o contexto no qual se desenvolveram tais propostas 4 1 1 O contexto de desenvolvimento das Propostas de Educa o do Munic pio para as Escolas do Campo O munic pio de Conc rdia sistematizou uma Proposta de Educa o para o Campo intitulada Proposta de Ensino e Aprendizagem para as Escolas do Campo de Conc rdia no ano de 2004 A necessidade de pensar uma pol tica de atendimento para as escolas localizadas na zona rural fora inicialmente desenvolvida no Plano de Governo da Administra o que assumiria o poder executivo em 2001 No referido plano encontra se registrado a necessidade de avaliar a nuclea o e o zoneamento escolares PLANO DE GOVERNO 2000 Isso porque em anos anteriores foi implantada no munic pio a pol tica de nuclea o cujo processo efetivou a reuni o de escolas menores denominadas de multisseriadas em uma nica escola central No plano de governo desta gest o apesar de n o explicitar o posicionamento frente ao processo de nuclea o se deixa transparecer a preocupa o com as escolas impactadas pela pol tica ora implementada Isso porque no pr prio plano h a seguinte afirma o em destaque Construir participativamente uma concep o de educa o em que educandos e educadores sejam sujeitos do seu processo de desenvolvimento e que a escola seja humana e solid ria PLANO DE GOVERNO 2000 Para
291. tor e com isso possibilitou o surgimento de princ pios educacionais relacionados a acordos entre organismos multilaterais que acabam por imprimir as premissas neoliberais tamb m na educa o Nesse contexto em que v o se modificando as estruturas sociais a educa o no geral bem como as divis es que dela decorrem no caso da Educa o do campo torna se especificidade de um todo que historicamente tem constitu do a dualidade cidade campo 2 1 ANTECEDENTES DA QUEST O AGR RIA Para entender e avaliar as propostas de educa o direcionadas para o campo necess rio antes identificar as especificidades que decorrem da quest o agr ria A divis o do trabalho impulsionada pelo modo de produ o capitalista por meio da propriedade privada e de produ o n o mais apenas para suprir necessidades mas para o mercado crescente assenta se no modo como o homem organizou sua vida ou seja como ele a produz Para Marx e Engels em A Ideologia Alem escrita em 1843 produzir a vida tanto a sua pr pria vida pelo trabalho quando a dos outros pela procria o nos aparece portanto a partir de agora como uma dupla rela o por um lado como uma rela o natural por outro como uma rela o social social no sentido em que se entende com isso a a o conjugada de v rios indiv duos sejam quais forem suas condi es formas e objetivos 2003 p 23 A partir da organiza o da vida do homem enquanto produto
292. torial de Educa o Cultura e Desporto que tinha por objetivo unir capital e trabalho educa o e cultura Dessa forma foi proposta a expans o do ensino fundamental para o campo valorizando a escola rural e o trabalho do homem do campo LEITE 1999 p 49 Contudo o processo de implanta o ocorre novamente por projetos especiais do MEC como o PRONASEC Programa Nacional de A es S cio Educativas e Culturais para o meio rural o EDURURAL Programa de Extens o e Melhoria para o Meio Rural e o MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetiza o os quais comprovam que a preocupa o com a educa o no meio rural volta se apenas 121 como forma o de instrumentos de produ o Dessa forma n o houve preocupa o em sistematizar tais projetos levando em conta as diferen as entre cidade e campo Isso se comprova nas a es do PRONASEC cujo conte do recomendava um mesmo calend rio escolar para toda a escola rural tendo por base o calend rio urbano e a forma o dos professores que era leiga em rela o s quest es campesinas LEITE 1999 p 50 V se portanto que o Estado mesmo inserindo a quest o da educa o do meio rural na legisla o abdica do seu dever ao propor um modelo descentralizado cuja responsabiliza o do ensino principalmente de 1 grau passa gradativamente para os munic pios Esse processo se efetiva nas reformas educacionais propostas nos anos de 1990 quando os munic pios brasileir
293. trial Como consequ ncia as quest es espec ficas do campo ficam muitas vezes esquecidas Dessa forma Kautsky esclarece que n o se deve equacionar apenas o problema de saber se a pequena explora o tem ou n o futuro na agricultura 1980 p 28 Para ele importante observar as mudan as ocorridas no decurso do modo de produ o capitalista Sugere ent o uma pesquisa que ajude a compreender se e como o capitalismo se apoderou da agricultura revolucionando a subvertendo as antigas formas de produ o e de propriedade criando assim a necessidade de novas formas Esses novos elementos que se configuram no mundo rural v o moldando as rela es sociais e culturais dos camponeses aproximando as das rela es sociais urbanas por ambas incorporarem valores sustentadores do sistema capitalista Produz se conforme necessidades de consumo que v o se criando no mundo globalizado As mudan as das formas de produzir no espa o rural desencadearam um novo mapa acerca das atividades econ micas no munic pio de Conc rdia que at pouco tempo tendia s atividades agr colas e pecu rias Hoje essas atividades persistem mas com a implementa o tecnol gica de t cnicas avan adas e in meras pesquisas cient ficas as quais possibilitam a produ o com maior qualidade e variedade atendendo assim s especificidades do mercado Nesse sentido em 2002 o Munic pio desenvolveu o Plano Estrat gico e Participativo de De
294. tros dados relativos improdutividade das terras das grandes propriedades comprovam que 59 8 mil im veis n o oferecem qualquer produtividade A partir desse quadro constata se que de fato o campo passa por in meras dificuldades particularmente quanto ao acesso educa o Ele comporta hoje o maior n mero de pessoas analfabetas segundo dados do INEP Mapa do Analfabetismo no Brasil 2000 O analfabetismo da popula o rural acima de 15 anos de 32 7 Quanto s matr culas do ensino fundamental dados apontam que apenas 17 3 das matr culas est o na zona rural e 82 7 est o na zona urbana MEC INEP 2005 A diferen a entre alunos da zona rural e urbana que permanecem no sistema educacional not ria Atualmente 26 5 da popula o rural de mais de 10 anos t m menos de 01 ano de estudo enquanto que em zonas urbanas esse percentual de 10 2 Da popula o rural 55 5 t m menos de 04 anos de estudo contra 25 9 da popula o urbana enquanto que 88 1 e 60 6 da zona rural e urbana respectivamente e menos de oito anos de escolaridade Outros dados do pa s e tamb m do estado de Santa Catarina comprovam que os n meros relativos ao espa o rural retratam uma situa o de exclus o social Os dados abaixo comprovam as observa es acerca das desigualdades sociais referentes ao analfabetismo Pa s Estado Munic pio ndice de Analfabetos Meio Rural ndice de Analfabetos Meio Urba
295. truir uma proposta de trabalho para as escolas multisseriadas tendo em vista a situa o social e econ mica das pessoas que residem na zona rural do referido munic pio A proposta esclarece ainda a inten o de um outro fazer pedag gico nesse momento de acordo com as caracter sticas da administra o municipal Pode se observar isso quando na introdu o a proposta afirma que em 2001 com um Governo Democr tico Popular com um pensar e uma pr tica voltada Democracia iniciou se uma proposta diferenciada para a educa o do campo partindo do coletivo de professores e dos anseios da pr pria comunidade escolar SEMED 2004 p 04 Mais adiante a proposta vem justificar seu referencial te rico ao observar que as novas reflex es fundadas na Proposta de Educa o Democr tica da Rede Municipal de Ensino de Conc rdia fundamentada nos pressupostos te ricos do pensador Dermeval Saviani cujo fazer pedag gico valoriza os conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade e principalmente a n o secundariza o dos mesmos SEMED 2004 P 04 A proposta manifesta preocupa o com a educa o dos alunos que residem na zona rural uma vez que at ent o com a pol tica de desativa o das unidades multisseriadas identifica a presen a de apenas 21 unidades em atividade sendo que 40 j haviam sido desativadas pela implementa o do processo de nuclea o na d cada de 1990 De modo geral um grande ava
296. tulos O primeiro deles procurou pautar as refer ncias te ricas que s o bases para a an lise do objeto de estudo em quest o Em primeiro lugar estabeleceu se o marco te rico da pesquisa de fundamentos marxistas explicitando a finalidade da educa o na forma o humana e a partir disso o papel do Estado na organiza o da Escola e a explicita o clara do conceito de escola unit ria a partir da vis o gramsciana bem como do seu oposto a escola nica liberal Nesse sentido fez se necess rio explicitar a origem da escola p blica pois a educa o da forma como hoje est organizada decorrente do processo hist rico de sua cria o Sem evidenciar como se deu seu surgimento n o poss vel compreender a sua evolu o e atualidade No segundo cap tulo a pesquisa busca contextualizar as reformas educacionais ocorridas nos anos de 1990 uma vez que nesse per odo que se intensificaram as discuss es acerca do tema Educa o do Campo Tamb m busca a compreens o do contexto no qual est inserida a educa o no espa o rural como esse espa o tem se modificado buscando explica o em Kautsky A partir desse situa se a evolu o da agricultura capitalista e a pequena propriedade 19 uma vez que foi por meio dessa organiza o que o Munic pio de Conc rdia se desenvolveu e ainda hoje se mant m embora com modifica es Nesse contexto de desenvolvimento o cap tulo discute o surgimento da escola r
297. ualdade no mbito da escola em particular e da educa o em geral 1 5 ESCOLA NICA LIBERAL A ESCOLA UNIT RIA DO TRABALHO E A DUALIDADE NA EDUCA O Relatou se anteriormente que a educa o p blica nasceu em meio revolu o burguesa o que de certa forma representou um avan o vista a aus ncia Se se prop e uma escola unit ria os demais espa os culturais da sociedade como um todo tamb m devem se abrir no sentido de garantir a todos o acesso s conquistas da humanidade inclusive os espa os de lazer e entretenimento 62 de qualquer instru o para a classe trabalhadora at ent o Nesse per odo caracterizado pelo desenvolvimento das id ias da ilustra o do enciclopedismo alarga se a cren a na necessidade de subordina o da educa o ao Estado MACHADO 1989 p 47 Essas foram as premissas que efetivaram a Escola nica Liberal contr rias no entanto escola nica do trabalho proposta por Gramsci Z E necess rio portanto n o confundir a concep o da escola unit ria de Gramsci com a da Escola nica Liberal Em uma an lise bem detalhada Machado 1989 p 10 observa que a concep o capitalista de unifica o escolar constitui um dos sistemas de defesa do capitalismo na guerra de posi es pois visa consolidar o poder da burguesia quebrando a unidade de seus opositores Busca ainda o desenvolvimento unilateral do indiv duo a monotecnia e o ajustamento divis o social
298. udam as estat sticas uma vez que a educa o ainda n o para todos e para aqueles que t m acesso n o de qualidade No entanto al m de n o resolver os problemas educacionais muitas medidas acabam por fragmentar o conte do escolar e separar a escola da condi o de classe a que o indiv duo pertence Isso continua a solidificar a dualidade seja ela na educa o ou no setor econ mico Nesse contexto de desenvolvimento capitalista de tend ncia neoliberal e diante da realidade do campo brasileiro os trabalhadores rurais lutam por uma formula o espec fica de pol ticas p blicas de educa o A seguir a pesquisa se ocupar de demonstrar como a popula o do campo foi se consolidando nas ltimas d cadas do s culo XX 2 3 3 Um novo enfoque para a Educa o do Campo Nas d cadas de 1960 e 1970 continuou o desenvolvimento de programas para a educa o no meio rural inclusive programas relevantes utilizando se do m todo Paulo Freire que se destacaram pela inova o te rico metodol gica 5 Arroyo observa que Paulo Freire n o inventou um m todo Educa o para ele muito mais que isso pois seu pensamento n o uma nova t cnica uma nova metodologia uma receita que cada 119 Para Calazans esses programas contribu ram para dar fim oposi o cidade campo alvo principal da luta ideol gica do ruralismo pedag gico por estabelecerem uma vincula o entre educa o e dese
299. ue eram necess rios para suprir a grande propriedade A coloniza o do Munic pio de Conc rdia foi realizada por migrantes provindos do Rio Grande do Sul os quais se fixaram n o somente nesse munic pio mas em toda a regi o oeste Segundo Ferrari 1992 p 15 esses migrantes descendentes em sua grande maioria de alem es e italianos habitaram a regi o quando a Companhia colonizadora Brazil Development and Colonization Co iniciou seus trabalhos de venda de pequenas propriedades uma vez que Conc rdia havia sido projetada para servir de sede para a Companhia Esta foi respons vel pela constru o da estrada de ferro que ligaria o sul do pa s ao estado de S o Paulo e que mais tarde devido explora o sofrida pelos caboclos que nessa regi o j habitavam desencadeou se um dos mais sangrentos conflitos brasileiros a Guerra do Contestado 1912 1916 Em Santa Catarina a quest o do trabalho central no processo de migra o O Estado para proceder a um processo civilizat rio e de desenvolvimento por meio da constru o de estradas da explora o da madeira e da extra o do carv o precisa contar com uma for a de trabalho disciplinada e acostumada com o assalariamento Os imigrantes ou os seus descendentes criam e recriam as condi es de sua reprodu o e recriam tamb m as condi es que garantem a sobrevida daquilo que na Europa vertia gua o trabalho assalariado Reorganizam rela es sociais qu
300. uja ess ncia parece 6l Gruppi em seu livro Tudo Come ou com Maquiavel na primeira parte exp e o conceito de Estado dos Pensadores Pol ticos desde N Maquiavel at G W F Hegel GRUPPI 1986 p 10 22 122 apenas ter mudado de poca mas continua a mesma a domina o dos propriet rios sobre os n o propriet rios E isso se expressa tamb m na educa o no caso na educa o do campo O pr ximo cap tulo tomar as discuss es dos segmentos as quais abordam as pol ticas p blicas de educa o para o campo ou seja o que expressa os movimentos sociais e o que o Estado prop e CAP TULO III A INFLU NCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA A CONSTITUI O DA ESCOLA DO CAMPO A CONCEP O DO MST E DO ESTADO A consci ncia da mudan a das circunst ncias e da atividade humana ou automudan a s pode ser considerada e compreendida racionalmente como pr xis revolucion ria MARX e ENGELS Teses Sobre Feuerbach 2002 p 100 Nesse cap tulo a tarefa elucidar as concep es de Educa o do Campo presentes na sociedade brasileira Os movimentos sociais enquanto precursores da luta por uma educa o do campo espec fica t m fortalecido o processo de articula o e sistematiza o das discuss es em mbito nacional O anseio por uma pol tica p blica espec fica ocorreu principalmente pelo descaso e abandono das quest es educacionais no meio rural Nesse sentido a luta que segundo o Movimento dos Trabal
301. uma proposta de alfabetiza o de adultos supostamente de acordo com o m todo do tema gerador Ao analisar os documentos atuais da Proposta da Secretaria de Educa o observa se como j indicado anteriormente que as Escolas do Campo se organizaram a partir de falas significativas de comunidades entre as quais precisamos estudar porque quando somos grandes e temos que fazer um documento como o bloco de produtor eles podem nos enganar se n o sabemos ler E outras ainda como a minha m e muito gorda ela pesa mais que 100 quilos e L na minha v tem muito lixo A partir dessas falas foi realizado um trabalho de sistematiza o extraindo elementos da estrutura social problematizando as Isso possibilitou o planejamento de aulas para o ano de 2006 uma vez que dessas an lises foram definidos os conhecimentos para serem trabalhados em sala de aula A avalia o dessa ltima proposta realizada pelos professores atribui car ter significativo maneira de organizar o trabalho pedag gico por meio da problematiza o Os pontos positivos indicados apontam dentre outros a facilidade no planejamento a discuss o da realidade e a valoriza o do campo pela institui o de ensino SEMED 2006 Ainda que a discuss o da realidade e a valoriza o do campo sejam elementos importantes a considerar no planejamento 168 do ensino e que essa metodologia torne o trabalho dos professores mais f cil n o in
302. ural no Brasil a partir dos movimentos das d cadas de 30 e 40 do s culo XX quais sejam o otimismo e o ruralismo pedag gico e as principais influ ncias das reformas dos anos de 1990 com o surgimento de um enfoque espec fico para a educa o rural a Educa o do Campo J o terceiro cap tulo vai abordar como a Escola do Campo surgiu seus propositores suas concep es apontando cr ticas acerca da necessidade de uma educa o espec fica para a popula o do campo pautada na concep o gramsciana e marxista Para tanto ocupou se de explicitar a vis o impressa pelos movimentos sociais do campo principais idealizadores da proposta e o que o Estado compreende e sistematiza a partir dessa concep o de educa o do campo O quarto e ltimo cap tulo trata principalmente da an lise sobre a Proposta de Educa o do Munic pio de Conc rdia tendo como refer ncia a escola unit ria de Gramsci apontando os limites e as possibilidades para a forma o do homem onilateral e a supera o da dualidade cidade campo Ainda nessa ltima parte trava se uma discuss o interessante sobre a mudan a da concep o te rica na proposta de educa o do munic pio de Saviani para Paulo Freire Seria imposs vel concretizar essa an lise sem considerar que essa mudan a significativa uma vez que seus pressupostos diferem Tamb m h an lises acerca da escola multisseriada uma vez que sua organiza o diferente o que para mu
303. urge durante a passagem do capitalismo concorrencial para o monopolista momento em que a burguesia necessitava propagar id ias de solidariedade entre as classes sociais Segundo Machado Durkheim atribu a educa o um papel de regulamenta o da diferen a ou seja ela n o pode ser igual e a mesma para todas as pessoas Para ele a divis o do trabalho uma regra imperativa de conduta um dever social que os indiv duos deveriam praticar mas que deveria ser devidamente regulamentado Ao atribuir a liga o dos homens pelo seu contr rio porque a divis o do trabalho tem necessidade uns dos outros Dessa forma preciso segundo Durkheim que os homens cooperem harmonicamente durante todo o per odo de suas rela es MACHADO 1989 p 60 Assim para Durkheim a educa o um mecanismo que colabora nessa regulamenta o da divis o do trabalho social Em cada sociedade e a cada momento haveria um tipo regulador de educa o ao qual os indiv duos terminariam por se submeter mesmo que apresentassem resist ncia MACHADO 1989 p 61 apud DURKHEIM 1977 p 36 Ao encontrar justificativas para essa desigualdade afirma que a educa o de cada um n o poderia estar submetida s suas condi es de nascimento ou de riqueza no entanto mesmo assim a educa o n o seria mais igualit ria pois estaria subordinada diversidade moral das profiss es por meio dessa premissa que Durkheim prop e a escola nic
304. urguesa n o expressou apenas os interesses da burguesia mas tamb m os interesses das massas camponesas Aliada ao car ter progressista do capitalismo naquele momento e ao alto grau de desenvolvimento da filosofia francesa ela propiciou s classes subalternas sen o a Liberdade pelo menos algumas formas de liberdade pol tica a partir das quais o trabalho de emancipa o das classes subalternas passaria a se dar LOPES 1981 p 123 A partir do hist rico da origem da educa o p blica fica claramente evidente que a escola p blica tal como conhecida atualmente teve sua origem no capitalismo Contudo a partir do desenvolvimento da organiza o social pol tica e econ mica que foi se desenvolvendo do per odo de nascimento da publiciza o do ensino este moldado sob diversas formas ora por for a e press o do povo ora pela necessidade de manter coesa a ideologia enquanto for a dos dominantes sobre os dominados por parte do Estado 1 2 2 Conceito de Estado e seu papel na educa o A concep o de Estado sempre foi muito discutida gerando diferen as em termos de conceitos que decorrem de interesses diversos Para Hegel segundo Gruppi 1985 o Estado o fundamento da sociedade civil e da fam lia Para ele n o h sociedade civil se n o existir um Estado que a construa que a componha e que integre suas partes Assim n o existe povo se n o existir Estado pois o Estado que funda o povo e n o o
305. urma espa o f sico adequado ao desenvolvimento das atividades mais din micas e interessantes biblioteca laborat rio educa o f sica s ries distintas para um professor de cada turma bem como disciplinas diversificadas com professores espec ficos de xadrez espanhol e educa o f sica dire o e secret rio para gerenciar e agilizar o processo pedag gico e administrativo bem como merendeira e zeladora para a alimenta o escolar limpeza e higiene das unidades escolares Por fim maior n mero de crian as por s ries possibilitando a intera o com o grupo auxiliando e facilitando o processo ensino aprendizagem e a socializa o dos alunos com crian as de outras comunidades SEMED Setor Pedag gico 1998 Para L bo e Faria 20083 a pol tica de agrupar escolas no campo embora apresente aspectos positivos como o de superar o isolamento e o abandono ao qual estiveram condenadas e ainda alocar apoio administrativo para melhorar as condi es de trabalho do professor suscita problemas decorrentes do fechamento de escolas principalmente para as fam lias que residem no meio rural Justificam tal afirma o ao dizer que fechar escolas sem a certeza de que estejam sendo adequadamente substitu das eliminar do horizonte das pessoas um s mbolo importante nico foco da cultura institucionalizada a transmitir lhe um pouco de esperan a E sem esperan a a vida pode tornar se insuport vel L BO E FARIA 2008
306. va a exist ncia de uma escola para os dirigentes e outra para os dirigidos Essa vis o liberal burguesa de escola diferenciada para a elite dirigente e para a classe trabalhadora que se mant m at a contemporaneidade surge com 1 A Proposta de Educa o do Munic pio de Conc rdia tinha como t tulo Educa o Democr tica mas a partir de 2005 ela passou a ser denominada Educa o Democr tica e Cidad MUNIC PIO DE CONCORDIA 2005 s p 14 Durkheim sob os princ pios de igualdade e justi a com a finalidade de garantir o acesso educa o Para ele a educa o seria como um mecanismo de integra o que colaboraria na regulamenta o da divis o do trabalho social MACHADO 1989 p 60 Contudo propunha apenas a igualdade de oportunidades no ponto de partida e desigualdade inevit vel no ponto de chegada decorrente das diferen as individuais que justificam o fracasso de muitos e o sucesso de poucos ou seja sem considerar as diferen as decorrentes das desigualdades sociais As desigualdades entre os homens t m se perpetuado e se intensificado tendo em vista o modo capitalista de produ o As rela es sociais sejam elas nos espa os rural ou urbano t m se modificado e imprimido uma nova forma de organizar a educa o principalmente por parte dos exclu dos ou seja os trabalhadores especificamente aqui os trabalhadores rurais A partir desse contexto social pol tico econ mico e educ
307. vis e artesanais Dessa forma a produ o tornou se um mercado constitu do a partir das cidades Conclui portanto que a realidade tanto do campo como da cidade em sua totalidade passou a ser nica a do modo de produ o capitalista ZANELLA 2004 p 05 Por isso ao tomar o trabalho do movimento enquanto princ pio educativo esse n o tomado em sua totalidade mas apenas em parte uma vez que o autor entende que para o materialismo hist rico a realidade na sua ess ncia n o particular subjetiva fragmentada e descont nua mas ao contr rio pressup e se que o mundo fenom nico natural e social uma totalidade estruturada que se cria transforma se e est em movimento ZANELLA 2004 p 08 S Artigo A Educa o Escolar do Campo luz do materialismo hist rico dial tico IV Jornada HISTEDBR Ponta Grossa 2004 134 Em outras quest es que aparecem nos documentos produzidos pelo Movimento o olhar vai ser direcionado ainda para dois aspectos a socializa o e a produ o de diferentes saberes e ao desafio imposto aos sujeitos da educa o do campo a pr xis Ao tomar a produ o de saberes o movimento destaca aqueles que est o ligados sua especificidade Para Caldart 2005 p 46 trata se de saberes ligados ao mundo da cultura incluindo os da arte e da est tica saberes ligados ao mundo do trabalho saberes ligados dimens o da milit ncia e da luta social mas tamb m os saberes l
308. voc s renunciarem a intervir e a gui la usando da autoridade que vem do afeto e da conviv ncia familiar e fazendo press es sobre ela de modo afetuoso e am vel mas todavia r gido e inflexivelmente firme sem d vida a forma o espiritual de Mea ser mec nica GRAMSCI 1978 p 165 A reflex o de Gramsci sobre a quest o do ambiente vai contribuir nas discuss es posteriores s quest es educacionais Uma vez observado o ambiente em que se encontra a educa o de sua sobrinha questiona a cargo de quem ficar a responsabilidade pela educa o dela Questiona se portanto que renunciar a formar a crian a significa apenas permitir que sua personalidade se desenvolva extraindo caoticamente do ambiente geral todos os motivos de vida MANACORDA 2000 p 81 Para tanto Gramsci estabelece algumas defini es sobre o ambiente sob o signo de uma equa o inatismo ren ncia de educar MANACORDA 2000 p 81 Por isso para Gramsci a educa o uma adapta o ao ambiente mas tamb m e sobretudo uma luta contra esse ambiente para n o permitir que esse influa casualmente mecanicamente como autoridade como press o Segundo Manacorda 2000 p 81 o problema coloca se como uma op o entre naturalidade e autoridade isto interven o humana na pressuposi o de que n o se pode falar de natureza do homem mas t o somente de um ambiente historicamente determinado Nesse sentido o discurso mais amplo qu
309. xistente no campo brasileiro hoje o que imediatamente imposs vel A necessidade de uma educa o voltada para a classe trabalhadora do campo se traduz com a supera o do curr culo tradicional urbano Ainda que a supera o de um curr culo tradicional urbano ou rural seja desej vel no sentido de estabelecer articula o entre o conhecimento cient fico e a realidade concreta dos estudantes n o o meio pelo qual poder haver transforma o da sociedade 78 Fala de um pai de aluno de uma das comunidades rurais do munic pio de Conc rdia Para a sistematiza o do tema gerador h a necessidade de coletar falas sejam elas das crian as ou dos adultos 160 Diante disso as duas propostas em quest o apontam para a busca de elementos no seio da comunidade elementos para o trabalho educativo em sala de aula At 2004 conforme destacado anteriormente evidenciava se uma proposta voltada para a organiza o do ensino por meio de complexos tem ticos embasados na teoria do educador russo Pistrak Segundo a proposta o sistema de complexos busca os temas a serem trabalhados no espa o escolar no plano social subs dio para compreens o da realidade atual uma vez que este estudo deve mostrar as rela es rec procas existentes entre os aspectos diferentes das coisas esclarecendo a transforma o de certos fen menos em outros ou seja o estudo da realidade atual deve utilizar o m todo dial tico MUNICIPIO DE CONC

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