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Um turismo de base comunitária para o Parque

1. j j i i j j foi apresentado o conflito socioambiental existente consequ ncia da forma madequada da amplia o do Parque Nacional do Itatiaia numa rea ocupada por popula es locais Dessa forma necess rio realizar disgn sticos socioecon micos e principalmente mapear a ocupa o e os usos da popula o local no PARNA do Itatiaia identificando os pontos de conflito e apresentando solu es negoci veis que concilie as necessidades de conserva o do meio ambiente com os interesses das popula es locais O estudo das pr ticas de manejo utilizados podem apontar caminhos mais adequados para ocupa o do espa o de forma ambientalmente sustent vel Se esse acordo de boa conviv ncia for bem elaborado o Parque poder ser ce fato implementado na sua totalidade Possibilidades de trabalho podem tamb m ser criadas por meio da capacita o dos moradores para o ecoturismo pois s o eles que de fato conhecem toda a rea No entanto essa alternativa precisa ser bem discutida com os moradores porque ficou claro nas suas falas durante o trabalho de compo que eles querem que o Parque permane a com o limite antigo incorporando apenas as reas de maior altitude pouco utilizadas por eles importante asseverar que esse acordo de conviv ncia n o um termo de gest o nem um instrumento imut vel permanente um termo possivel de mudan as de reformula es posteriores resultantes de di logos com as
2. 221 H interesse em trabalhar com turismo sim n o Como O turismo pode contribuir com o aumento da renda da fam lia sim n o Como feito o descarte do res duo de sua produ o Queima sim n o Joga no rio sim n o Enterra sim n o Outra Rela o com o PNI A Administra o do PNI fiscaliza sua atividade produtiva sim n o H proibi o por parte do ICMBio do exerc cio de alguma pr tica produtiva sim n o Em caso afirmativo quais os motivos Voc conhece o Conselho Consultivo sim n o Sabe o que faz o Conselho Consultivo sim n o Voc j participou de alguma reuni o do Conselho Consultivo do PNI sim n o As suas reivindica es s o atendidas sim n o Como voc se sente quando participa de reuni o do Conselho Consultivo constrangido a vontade H oferta de infra estrutura de sa de educa o saneamento transporte e produ o tratores sementes insumos ferramentas sim n o qual O ICMBio apoia ou realiza capacita o para a sobreviv ncia da sua fam lia sim n o Qual a sua opini o sobre a inten o do ICMBio de desapropriar a terra Caso aconte a a desapropria o o que voc pretende fazer 228 AP NDICE B Roteiro de quest es Conselho Consultivo do PNI Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ Programa de P s gr
3. COLE David Wilderness Experiences what should we be managing for International Journal of Wilderness v 10 n 3 dez 2004 COOPER C FLETCHER J WANHILL S GILBERT D SHERPHERD R Turismo principios e pr ticas Porto Alegre Bookman 2001 CORIOLANO Luzia Neide M T et al Arranjos produtivos locais do turismo comunit rio atores e cen rios em mudan a Fortaleza EdUECE 2009 CORR A Marcos S Itatiaia o caminho das pedras S o Paulo Metalivros 2003 CORR A R L Territorialidade e Corpora o um exemplo In SANTOS M SOUZA M A A SILVEIRA M L Org Territ rio globaliza o e fragmenta o S o Paulo HUCITEC 2002 COSGROVE Denis A geografia est em toda parte cultura e simbolismo nas paisagens humanas In CORREA Roberto Lobato e ROSENDAHL Zeni Org Paisagem tempo e cultura Rio de Janeiro EdUERJ 2004 p 92 122 CUNHA Manuela Carneiro da ALMEIDA Mauro de Traditional populations and environment conservation In CAPOBIANCO Jo o Paulo Ribeiro Coord Biodiversity in the brazilian Amazon assessment and priority actions for conservation sustainable use and benefit sharing S o Paulo Esta o Liberdade ISA 2004 DEAN Warren A ferro e fogo a hist ria e a devasta o da Mata Atl ntica brasileira S o Paulo Companhia das Letras 2011 DERANI Cristiane Patrim nio gen tico e conhecimento tradicional associado considera es jur dicas sobre seu acesso
4. CEIVAP Entidades n o governamentais de montanhismo e ou excursionismo sediadas nos estados do Rio de Janeiro Minas Gerais ou S o Paulo com atua o na rea do Parque e ou do seu entorno FEMERJ Entidades n o governamentais de montanhismo e ou excursionismo sediadas nos estados do Rio de Janeiro Minas Gerais ou S o Paulo com atua o na rea do Parque e ou do seu entorno FEMESP rea de Prote o Ambiental da Serra da Mantiqueira Associa o dos Servidores do Parque Nacional do Itatiaia ASPANIT
5. Com base nessa perspectiva fica evidente que a expropria o das fam lias residentes nas comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande na parte alta do PNI constituiria uma possibilidade desfavor vel tanto na esfera cultural como tamb m na ambiental A tentativa de expropria o preconizada pela administra o do PNI apresenta se invi vel para um grupo social ali instalado h mais de um s culo A presen a dos moradores dessas comunidades n o o que acarreta danos ecossist micos Algumas de suas pr ticas produtivas precisam de maior rigor como o caso de cria o de gado no entanto o impedimento dessa pr tica pode ser acordado em termos de compromisso ou acordos de conviv ncia a serem celebrados entre a UC e os moradores sem que seja necess ria a remo o das fam lias o que pode conforme a an lise de outros casos semelhantes em UCs mundo afora gerar mais danos que benef cios ao meio ambiente expondo a regi o a pr ticas predat rias de invasores ca adores e exploradores ilegais de esp cies de valor comercial como a a o de madeireiros palmiteiros e criadores de p ssaros que encontrariam no PNI toda a abertura favor vel pr tica de suas a es ilegais e prejudiciais ao meio ambiente Al m destes os grupos sociais hegem nicos detentores do capital se favorecem com a expropria o dos comunit rios tendo como consequ ncia uma rea intocada para a manuten o de suas a es excludentes e concen
6. Eis algumas falas que mostram os procedimentos em rela o ao lixo Tem uma casinha de lixo l na encruza a o pessoal da Prefeitura vem e busca Tem o lixeiro l na frente a gente coloca l e quando tem bastante eles v m e pega Eles junta o lixo 159 aqui e joga no tambor l na beira da estrada A vem o carro da Prefeitura e leva referindo se aos lat es coloridos descritos anteriormente Figura 9 A fam lia 18 n o descarta os res duos e queima todo o lixo produzido A pr tica de queimar o lixo tamb m foi mencionada pela fam lia 27 que afirmou A gente queima pl stico papel o que n o queima vai pro lixo A prop sito tamb m das implica es da para a atividade tur stica no PNI em rela o preocupa o com o meio ambiente no que tange atividade produtiva e quanto ao que feito com o res duo gerado que no caso das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande refere se ao soro do leite na fabrica o de queijo e gua dos tanques onde ocorre a cria o de trutas uma moradora salientou a inexist ncia de lixo na ro a termo utilizado por ela na refer ncia aos res duos que tudo aproveitado de alguma forma O soro do leite por exemplo vai tudo pros porco continuou De fato em 11 fam lias os res duos da produ o do queijo s o destinados aos porcos Uma fam lia respondeu que vai para o gado 5 moradores afirmaram que d o aos cachorros o que resta
7. es locais tradicionais e aos propriet rios privados dependendo do caso ou mesmo acarretar a anula o dos atos de cria o com sua consequente desconstitui o em detrimento do ambiente natural 2007 p 213 15 De igual modo Antunes 2006 p 574 5 ao analisar a problem tica instaurada na dif cil rela o que se estabelece entre a prote o de determinadas reas ecologicamente relevantes e as popula es que tradicionalmente ocupam tais regi es afirma que no seu entendimento o decreto no particular est fundado sobre equ vocos bastante s rios a come ar exatamente pelo que vem a ser a defini o de popula o tradicional para fins de indeniza o e de reassentamento 56 que dada a complexidade da defini o da express o popula o tradicional dificilmente se poder chegar a uma conclus o satisfat ria quando n o se tratar de popula es ind genas ou remanescentes de quilombos nicos grupos sociais contemplados na CF 88 De acordo com o autor essa condi o constitui uma l gica cruel pois muitas popula es pobres podem n o se enquadrar no conceito de tradicional ANTUNES 2006 p 575 Nessa perspectiva a amplia o do Parque Nacional do Itatiaia por meio do Decreto Federal n 87 586 82 com a presen a de popula es locais na parte alta representativa dessa situa o uma vez que o parque incorporou estabelecimentos de particulares sem que os propriet rios fossem d
8. fortalecer s instrumentos existentes de participa o e controle social bem como os de monitoramento e controle do Estodo XTT o eixo tem tico 4 obrigar o Estado a c garantir que qualquer reassentamento ou restri o de uso da terra ou dos recursos biol gicos por povos ind genas comunidades 31 Lui Federal 7985 2000 32 Decreto n 5 738 de 13 de abril de 20h A quilombolas ou locais s ocorra op s o consentimento pr vio e informado dessas comunidades que dever ser obtido em conformidade com a legisla o nacioral e as obriga es internacionais As conversas com a equipe de profissionais do Parque Nacional do Itatiaia demonstraram que parece n o haver interesse de remover essas popula es a partir de uma indeniza o de forma autorit ria mas realizavam um levantamento das terras ocupadas pelas comunidades locais na rea de amplia o Entretanto observo que caso indenizem algum morador que tenha interesse em sair preciso saber qual a forma mais adequada e mais justa dessa indeniza o O processo de levantamento fundi rio do valor da indeniza o e a realoca o devem ser considerados pois essas popula es n o possuem a habilidade de representar se nem de defender se pol tica e socialmente e muitas vezes o valor da indeniza o insuficiente para reorganizarem sua sustentabilidade em outro lugar com condi es f sicas diferentes do seu local de origem Transferir essas pessoa
9. gt 237 n Na rea ampliada do Parque Nocional do Itatiaia existem duas comunidades locais denominadas de bairros do munic pio de Itamonte com moradias escola e reas de produ o de subsist ncia H tamb m uma esta o de micro ondas de Furnas Centrais El tricas S A instalada pr xima qo Port o do Planalto na Parte Alta do PARNA do Itatiaia Furnas Centros El tricos S A Embora o Parque Nacional do Itatiaia seja uma unidades de prote o integral que tem como objetivo preservar a natureza admitindo apenas o uso indireto dos seus recursos naturais essas reas ainda n o foram desapropriadas Segundo o corpo t cnico da Parque o principal problema da gest o do PARNA a quest o fundi ria pois apenas 25 de sua rea est regularizada 10 000 ha S o mais de 190 s tios com aproximadamente 350 moradores al m dos hot is e pousadas existentes nas partes baixa e alta do PARNA do Itatiaia 238 239 VOC ITITIVPVVOLCUCLOCDSPOLDESHDDDDHDHDHADHDHHDHDAS 3 As comunidades locais inseridas no Parque Nacional do Itatiaia A umplia o do Porque Nacional do Itatiaia sobrep s ao territ rio habitado por popula es locais que j se apropriavam coletivamente dos recursos naturais para sua sobreviv ncia Como foi ampliado antes da Le do SNUC os estudos t cnicos e a consulta p blica para a identifica o da localiza o da dimens o e dos imites mois adequados para
10. o por isso que eu n o voltei mais disse o morador No mbito do pr prio Conselho diante da pergunta sobre a atua o do CCPNI quanto promo o de capacita o e educa o ambiental uma conselheira respondeu que h muitos conselheiros que n o conhecem o Parque querem apresentar projeto Se eu tivesse que definir o Conselho Consultivo do Parque Nacional do Itatiaia eu diria que ele informativo e n o consultivo utilizando uma express o compartilhada por diversos outros membros E a prop sito mesmo da quest o da participa o diante da pergunta sobre a disponibilidade de informa es sobre a din mica das reuni es e sobre o est mulo participa o houve diverg ncias Dos treze conselheiros consultados nove responderam afirmativamente enquanto que quatro outros conselheiros fizeram duras cr ticas Um deles por exemplo que representa uma ONG ambientalista da regi o coloca que algumas informa es sobre assuntos mais complexos poderiam ser melhor detalhadas previamente os conflitos s o pouco trabalhados e tendem a ficar latentes Outro representante da FEMERJ completa apresenta uma pauta mas n o nesse sentido de estimular a participa o Normalmente a pauta pobre e a coordena o do conselho n o inclui os temas pol micos muito fraco z Tem sido chamado de informativo e n o consultivo O conselho submisso e 167 omisso a discuss o engessada Como o ac
11. o cultural tanto do Estado quanto da sociedade aliada prote o da biodiversidade Proteger a cultura de determinada comunidade em alguns aspectos pode exigir a demarca o de um territ rio por exemplo e permitir a reprodu o social da comunidade com a perman ncia da utiliza o dos recursos naturais Ao analisar a cria o de reas protegidas com a presen a de comunidades tradicionais Leuzinger ressalta que a Constitui o prev ao lado da obriga o que possui o Estado de proteger e preservar o meio ambiente para as presentes e para as futuras gera es inscrita no caput do art 225 da CF 88 a obriga o de proteger o patrim nio cultural pois tanto o direito ao meio ecologicamente equilibrado quanto os direitos culturais s o direitos fundamentais e por essa raz o s o dotados de igual dignidade 2007 p 237 55 A autora observa que a Constitui o Federal exige do poder p blico quando se pretende criar uma unidade de conserva o de prote o integral a comprova o de que o ecossistema em que se encontra n o suporta o impacto produzido pela reprodu o de sua vida social Dessa forma caso a popula o n o promova o esgotamento dos recursos naturais e a perda da biodiversidade a lei veda a cria o de unidades de prote o integral na rea utilizada pela popula o tradicional para suas atividades sociais econ micas e culturais Ao analisar os aspectos jur dicos presentes no Decreto n
12. o da natureza territ rios ind genas e de quilombolas aspectos jur dicos Defini es b sicas reas protegidas unidades de conserva o e espa os territoriais especialmente protegidos pelo poder p blico In RIOS Aur lio Virg lio Veiga Org O Direito e o desenvolvimento sustent vel curso de direito ambiental S o Paulo Peir polis Bras lia DF Instituto Internacional de Educa o do Brasil 2005 p 167 204 SANCHEZ FILHO Saul Edgardo Mendez A Representa o da identidade cultural atrav s de registros fotogr ficos da literatura Imagem Revista Urut gua Maring PR n 9 p 1 6 abr mai jun jul 2006 SEABRA L lian Condi es para um turismo sustent vel In CUNHA Sandra Batista da GUERRA Antonio Jose Teixeira Org A quest o ambiental diferentes abordagens 3 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2007 p 174 189 SEGADAS VIANNA F DAU L Ecology of the Itatiaia range southeastern Brazil 2 climates and altitudinal climatic zonation Arquivos do Museu Nacional Rio de Janeiro v 53 p 31 53 1965 SEVERINO Antonio Joaquim Metodologia do trabalho cient fico 23 ed rev e atual S o Paulo Cortez 2007 SILVA Francisco Carlos Teixeira A hist ria das paisagens In CARDOSO Ciro Flamarion S VAINFAS Ronaldo Org Dom nios da hist ria ensaios de teoria e metodologia Rio de Janeiro Campus 1997 p 203 216 SILVA Odair Vieira da ROCHA Guilherme Coelho Guimar es Impac
13. o dos dados somente para finalidade cient fica Foi garantido a todos a prote o dos seus respectivos nomes por meio do sigilo de pesquisa e a n o divulga o dos dados fora do mbito acad mico coerente com uma pesquisa de Doutorado Por isso nesta tese as fam lias ser o tratadas por n meros de um 1 a trinta e seis 36 e os conselheiros da mesma forma de um 1 a treze 13 Em sua formula o geral no cap tulo 1 a tese discorre luz da hist ria ambiental sobre a cria o de reas protegidas no mundo e sobre a cria o do Parque Nacional do Itatiaia em 1937 com destaque para os desdobramentos da sua amplia o em 1982 com base no marco regulat rio brasileiro referente ao Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Natureza 28 Na amplia o do marco conceitual da pesquisa o conceito de paisagem foi de muita utilidade para tratar as temporalidades geol gicas biol gicas e sociais de forma integrada O campo de pesquisa da hist ria ambiental representa uma tentativa recente de incorporar as temporalidades do mundo biof sico dentro da an lise da hist ria humana Dessa forma os historiadores os ge logos e os bi logos combinam seus enfoques buscando entender as mudan as de longa dura o BRAUDEL 1976 P DUA 2002 DEAN 2011 SANTOS 2008 na paisagem com base na an lise das distintas ondas de ocupa o humana e seus respectivos impactos socioambientais O cap tulo 2 estuda a ecologia pol
14. Agrade o aos moradores das comunidades Serra Negra e Vargem Grande na parte alta do PNI no munic pio de Itamonte que me receberam e contribu ram com a pesquisa respondendo s perguntas elaboradas durante o per odo do trabalho de campo e de coleta de dados E Prefeitura de Itamonte especialmente ao Prefeito Marcos Carvalho e Secret ria de Turismo Sustent vel Lily Taylor Durante a caminhada tive a grata surpresa de conhecer o Prof Dr Frederico Loureiro da UFRJ grande incentivador um mestre como poucos Provoca as reflex es mais instigantes nos faz reconhecer nossos limites mas tamb m lutar pelo mundo melhor que queremos com mobiliza o educa o e justi a Finalmente a Profa Dra Rosane Manh es Prado Ao final do curso quase no apagar das luzes surgiu como uma luz a iluminar o desfecho desta tese com sua incr vel capacidade de aceitar novos desafios e a dedica o a esta ci ncia encantadora que em suas palavras a Antropologia bonita e gostosa Tamb m agrade o tia Zu sempre acolhedora bondosa e generosa s minhas grandes amigas Luciane Zanol e Bernadete Mesquita que al m de me emprestarem muitos dos livros consultados nesta tese compartilharam comigo momentos dif ceis onde a conversa com elas sempre me iluminava a encontrar uma sa da uma alternativa vi vel para prosseguir nesta jornada Tamb m agrade o Rita e Lina que deram o est mulo final fundamental para a c
15. a e o DE JN Universidade do Estado do Rio de Janeiro EN Sig a z 5 So W 2 estao Y Daniel Braga H bner Um turismo de base comunit ria para o Parque Nacional do Itatiaia estudo sobre conflito socioambiental em unidade de conserva o Rio de Janeiro 2013 Daniel Braga H bner Um turismo de base comunit ria para o Parque Nacional do Itatiaia estudo sobre conflito socioambiental em unidade de conserva o Tese apresentada como requisito parcial para obten o do t tulo de Doutor ao Programa de P s Gradua o em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro rea de concentra o Constru o Social do Meio Ambiente Orientadora Prof Dra Elza Maria Neffa Vieira de Castro Coorientadora Prof Dra Camila Gon alves de Oliveira Rodrigues Rio de Janeiro 2013 CATALOGA O NA FONTE UERJ REDE SIRIUS BIBLIOTECA CTC A H bner Daniel Braga Um turismo de base comunit ria para o Parque Nacional do Itatiaia estudo sobre conflito socioambiental em unidade de conserva o Daniel Braga H bner 2013 276f il Orientador Elza Maria Neffa Vieira de Castro Coorientador Camila Gon alves de Oliveira Rodrigues Tese Doutorado Universidade do Estado do Rio de Janeiro Inclui bibliografia 1 Ecologia humana Brasil Teses 2 Turismo Aspectos sociais Brasil 2 Parque Nacional do Itatiaia RJ e MG Teses I Castro Elza Maria Neffa Vieira
16. na cria o de reas protegidas os povos da floresta n o devem ser removidos ou reassentados nem deveriam sofrer restri es severas quanto ao uso tradicional dos recursos naturais BAILEY et al 1992 p 208 apud DIEGUES 2008 p 112 E ele recupera o depoimento de um trabalho realizado por Cunha Eu n o sei direito s sei que eles referindo se aos rg os ambientais servem para tirar do pequeno A gente n o pode plantar n o pode cortar porque eles v m em cima da gente o ITCF a pol cia florestal a Sudepe a Sema e porque n o v o atr s do barco que pesca dia e noite com arrast o e ainda por cima roubam a rede dos pequenos sic depoimento de pescador artesanal de Tromom In CUNHA 1989 apud DIEGUES 2008 p 136 Em outro trecho Diegues 2008 enaltece a perman ncia de moradores de reas protegidas e suas pr ticas em prol da prote o da natureza as popula es tradicionais mediante suas pr ticas culturais colaboraram e colaboram para a manuten o da diversidade biol gica desde que sejam respeitadas e mantidas suas formas tradicionais de manejo Ora a implanta o de reas naturais protegidas que respeitem essas pr ticas 209 tradicionais podem contribuir tanto para a prote o de formas de vida humana mais compat veis com a diversidade biol gica quanto para a conserva o do mundo natural seja ele virgem seja j manejado por popula es tradicionais p 157
17. o da Biodiversidade criado pela Lei Federal n 11 516 em 28 de agosto de 2007 Com a cria o de outros rg os ambientais o IBAMA possui atualmente os objetivos institucionais de licenciamento ambiental controle da qualidade ambiental autoriza o de uso dos recursos naturais e fiscaliza o monitoramento e controle ambiental O ICMBio por sua vez possui a incumb ncia de executar as a es do SNUC podendo propor implantar gerir proteger fiscalizar e monitorar as UCs institu das pela Uni o Assim o ICMBio o rg o ambiental respons vel pela gest o de todas as UCs federais O Instituto tamb m promove a execu o de programas de pesquisa prote o preserva o e conserva o da biodiversidade e exerce o poder de pol cia ambiental para a prote o das Unidades de Conserva o federais com a Dentre as leis propostas pelos rg os subordinados ao MMA merecem destaque as seguintes legisla es Lei das guas Pol tica Nacional de Recursos H dricos Lei Federal n 9433 1997 Lei de Crimes Ambientais Lei Federal n 9 605 1998 Pol tica Nacional de Educa o Ambiental Lei Federal n 9 7951999 SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Natureza Lei Federal n 9 985 2000 Lei de Gest o de Florestas P blicas Lei Federal n 11 284 2006 Pol tica Nacional de Res duos S lidos Lei Federal N 12 305 2010 e o C digo Florestal Lei Federal N 12 651 2012 165 miss
18. o do PNI a cria o de gado citada como um dos principais problemas da unidade juntamente com o fogo e com a quest o fundi ria que no caso da parte alta tem rela o direta com a presen a do gado O fogo que na vis o dos gestores do PNI sem d vida o maior problema tamb m tem afinidade com o problema da cria o de gado devido pr tica utilizada por alguns pecuaristas de utilizarem o fogo para prepara o do pasto para o gado Os inc ndios no entanto ocorrem por raz es naturais ou s o provocados por outras pr ticas antr picas O hist rico ambiental da regi o do PNI apresenta frequentes inc ndios Segundo registros de Warren Dean O Parque Nacional do Itatiaia foi diversas vezes invadido pelo fogo Em 1981 7 mil hectares foram queimados em um inc ndio que irrompera simultaneamente por diversos pontos Houve uma forte suspeita de que fosse obra de fazendeiros vizinhos Alguns deles haviam perdido terras com a expans o do parque provavelmente sem receber indeniza o outros percebiam uma oportunidade de converter o parque em pastagem que poderia ser invadida por seus rebanhos 2011 p 326 Richter tamb m apresenta a ocorr ncia de um inc ndio mais recente os campos de altitude do Planalto do Itatiaia sofreram mais um inc ndio em sua longa hist ria de queimadas n o naturais entre os dias 18 e 21 de julho de 2001 O planalto rea de intensa visita o durante os meses de inverno para a
19. rea que est desmatada como posto Quem tem pasto formado no rea d amplia o do Parque usa E o Porque n o pode multar Multor por que o terro minho pago direitinho os impostos O mata continuo l e n o deixo queimar Respeito a divisa que passa a 1800 m de altitude A maioria das matos daqui foram derrubadas pela empresa dos Rolim da TAM Eles tinhom 2 600 ha tudo dentro do Parque Derrubaram entre os anos de 1943 a 1990 A forragem para alimentar o gado na poca de seca cultivada em 2 252 253 TT h p Dia h pequenos campos de capim nos s tios dos moradores O n mero de reses existente h o tamb m insuficiente para tornar o solo mais compacto e imperme vel devido ao pisoteio dos animais e da mesma forma n o causa impacto nos reas de brejos nascentes e riachos pois estas s o preservadas pelos moradores es fi E as de pastagens com aceiros Forragem campos de copim paro impedir a passagem do crescido no poca da seca fogo O gado tamb m parece n o causar impactos na atividade de turismo visto que estes locais ficam distantes das reas ocupadas pelos moradores do Parque e principalmente porque n o existe tr nsito dos animais nos vias de acesso dos reas de visita o p blica Outrossim corroboro com Tomzhinski quando reconhece que h mais de quatro gera es bem antes da cria o do Parque as pr ticas de uso da terra faziam p
20. rennen 119 Os efeitos socioecon micos do ecoturismo planejamento participa o e valoriza o cultural do n cleo receptor te 126 Regulariza o fundi ria uma tentativa vi vel 130 Turismo de base comunit ria territorialidades e pol ticas p blicas 133 Mercantiliza o da natureza eee 141 VIS ES REFERENTES AO PNI VALORES E INTERESSES DOS ATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS nnnn 147 Sobre a pesquisa metodologia nenn ne eeteeerreenernnennr nenene 147 Atores sociais envolvidos rea 149 As fam lias da parte alla san pacien ad db ua 150 O CONSeIRo CONSUNIVO acess asas SA ED GSE ea 160 OSIBAMA ICMBIO snes dO eo RO LOST 164 Quest es envolvidas errar eenenanaaaanana 165 Participa o sa a De a OS oa a Si 165 O gado o fogo e o agravamento da situa o fundi ria 171 U SNO o donde A a ride nd RSI E e pet ed arado 185 CONSIDERA ES FINAIS ARRANJO INSTITUCIONAL E DE GEST O sonia dis OR A E E REFER NCIAS sas doses da aspira a a a e a ra SAC AP NDICE A Question rio Pequenos produtores rurais do entorno da Pare Alta do PNI scan sis a fa sea fa rica ipa aaa Dean b inda deus Adendos AP NDICE B Roteiro do quest es Conselho Consultivo do ANEXO A Laudo da per cia antropol gica realizada pelo MPE MG BRR a EEN RSRS SAD OR PERES MES FER AEREAS ANEXO B Com
21. 4 340 2002 que regulamentou alguns artigos da Lei do SNUC Leuzinger atenta para o fato do decreto n o ter estabelecido com precis o os atos obrigat rios e as fases a serem observadas no processo de cria o de uma unidade de conserva o A autora salienta que o decreto somente se preocupa com a denomina o da unidade de conserva o com o processo de consulta p blica a categoria de manejo os objetivos os limites a rea da unidade e o rg o respons vel por sua administra o Enfatiza que o decreto n o obriga a que o ato de cria o indique a exist ncia de popula o tradicional quando sua presen a n o admitida embora tal fato acarrete consequ ncias jur dicas importantes pois h impropriedade na utiliza o de termos t cnico jur dicos sem acrescentar algo sobre os estudos t cnicos que devem ser realizados para implementar uma unidade de conserva o Sua an lise afirma ainda que nenhum outro dispositivo do Decreto n 4 340 02 disciplina o procedimento de institui o de unidades de conserva o acarretando omiss o na regulamenta o da Lei do SNUC em preju zo s popula es locais envolvidas s popula es tradicionais residentes aos propriet rios privados que possuam propriedades na rea afetada e enfim ao ambiente natural que se visa proteger Isso porque a omiss o pode conduzir a ilegalidades na institui o de UCs tendo em vista as disposi es constitucionais em preju zo s popula
22. Conforme salienta Drummond 1999 p 140 embora setorial o c digo promoveu um avan o nos conceitos de administra o das principais unidades de preserva o do pa s estabelecendo padr es mais profissionais desenvolvidos pela pequena equipe do IBDF encarregada dos parques nacionais Posteriormente em 1988 esse Plano foi revisto e atualizado pela Funda o Pr Natureza Funatura a quem o IBDF tamb m encomendou a elabora o de um anteprojeto de lei que institu sse um sistema nacional de unidades de conserva o At ent o as unidades de conserva o existentes se submetiam a dois tipos de uso direto e indireto As de uso direto se referiam s reas destinadas conserva o de sua biodiversidade embora possibilitassem a utiliza o dos recursos naturais em seu interior a partir de modelos de desenvolvimento sustent vel Estavam inclu das nesse grupo as florestas nacionais Flona as reas de prote o ambiental APA a reserva da fauna e a reserva de prote o ambiental As unidades de conserva o de uso indireto correspondiam s reas destinadas conserva o de sua biodiversidade pesquisa cient fica educa o ambiental e recrea o sendo proibida a explora o de recursos naturais admitindo apenas seu benef cio indireto A esse grupo pertenciam os parques nacionais Parna a esta o ecol gica o monumento natural e o ref gio de vida silvestre No per odo que antecedeu a apr
23. In LIMA Andr Org O direito para o Brasil socioambiental Porto Alegre Fabris 2002 DIAS R AGUIAR M R de Fundamentos do turismo conceitos normas e defini es Campinas Editora Al nea 2002 DIEGUES Antonio Carlos ARRUDA Rinaldo S V Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente S o Paulo USP 2001 DIEGUES Antonio Carlos Sant Ana O mito moderno da natureza intocada S o Paulo Hucitec Nupaub USP CEC 2008 DOMBROWSKI O Poder local hegemonia e disputa os Conselhos Municipais em pequenos munic pios do interior Revista de Sociologia Pol tica v 16 n 30 p 269 281 2008 219 DOUROJEANNI Marc J P DUA Maria Tereza J Biodiversidade a hora decisiva Curitiba Editora da Universidade Federal do Paran 2001 DRUMMOND Jos Augusto A Hist ria ambiental temas fontes e linhas de pesquisa Estudos Hist ricos Rio de Janeiro v 4 n 8 p 177 197 1991 DRUMMOND J A Devasta o e preserva o ambiental os parques nacionais do Estado do Rio de Janeiro Niter i EdUFF 1997 DRUMMOND J A A legisla o ambiental brasileira de 1934 a 1988 Ambiente amp Sociedade v 2 n 3 4 p 127 149 1998 1999 DRUMMOND A J et al Geneious v5 5 2010 Dispon vel em lt http www geneious gt Acesso em 12 de mar 2012 EMBRATUR Turismo no Brasil 2011 2014 Bras lia MTur 2010 ESTRELLA Andr ia Carvalho Entre imagens e palavras
24. J venres pron id ncias sims eni vota o da Congreso Nocmnal 4 212 d vidos esclarecimentos Esse processo de consulta p blica um procedimento indispens vel e deve considerar o art 6 da Conven o 169 1 Ao oplicor as disposi es da presente Conver o os governos dever o e consultar os povos interessados mediante procedimentos opropriados e particularmente otrav s de suas institui es representativas cada vez que sejam previstos medidas legislativas ou administrotivos suscet veis de ofet los diretamente b estabelecer os meios atrav s dos quais os povos interessados possam participor livremente pelo menos na mesma medida que outros setores da popula o e em todos os n veis mo oda o de decis es em Institui es afetivas ou orgonismos administrativos e de outra natureza respons veis pelas pol ticos e programas que lhes sejam concernentes c estobelecer os meios para o pleno desenvolvimento das institui es e iniciativas dos povos nos casos apropriados fornecer os recursos necess rios para esse fim 2 As consultas realizados na aplica o desta Conven o dever o ser efetuados com boa f e de maneira apropriada s circunst ncias com o objetivo de se chegar a um acordo e conseguir o consentimento ocerca das medidos propostas Entretanto a pesquisa de campo demonstrou que a perspectiva da maioria dos moradores dessas comunidade tradicionais que seu territ rio seja
25. O Conselho Consultivo do PNI privilegia projetos e a es que implementam medidas e sistemas de controle sobre as atividades tur sticas 2 Existem orienta es do Conselho sobre a din mica de uso p blico e visita o aos moradores da parte alta 3 As interven es os interesses e as perspectivas particulares dos pequenos produtores residentes na parte alta em rela o ao turismo s o reconhecidos e respeitados no mbito do Conselho Consultivo do PNI 4 Existem proposi es do Conselho para estimular a pr tica do turismo ecol gico na parte alta do Parque 5 A infra estrutura de visita o atendimento travessias e trilhas condutores sinaliza o controle resgate na parte alta atende aos anseios dos turistas 1 Enumere por ordem de import ncia quais a es ou atividades s o priorizadas pelo Conselho Consultivo do PNI na atualidade Enumere por ordem de import ncia quais as principais dificuldades que fetam o funcionamento do Conselho Consultivo do PNI Escassez de recursos financeiros para aplicar em projetos ou a es no PNI Conflitos dif ceis de serem resolvidos Falta de conhecimento dos membros sobre gest o ambiental Falta de apoio t cnico administrativo Falta de motiva o dos membros Interesses divergentes entre os membros 2 a Outra 231 3 Qual a sua opini o sobre a inten o do ICMBio de desapropriar as terras
26. Os autores afirmam que o ecoturismo deve ser encarado como um esfor o cooperativo entre a popula o local e visitantes conscientes e preocupados em preservar as reas naturais e seus patrim nios culturais e biol gicos atrav s do apoio ao desenvolvimento da comunidade local Por desenvolvimento da comunidade entenda se conferir poderes aos grupos locais para controlar e gerenciar reservas valiosas por meio de mecanismos que n o s as sustentem mas que tamb m satisfa am as necessidades econ micas sociais e culturais do grupo 2005 p 256 Horwich et al 2005 exemplificam com a apresenta o das a es realizadas em Belize que teve um salto de 55 na chegada de turistas entre 1980 e 1990 Esse crescimento exigiu pol ticas p blicas de turismo naquele pa s que designaram o turismo como a segunda prioridade para o crescimento estrat gico em 1984 e 130 adotaram o modelo que enfatiza o controle local de pequenas opera es tur sticas em todos os n veis desde a propriedade e a gest o at os cargos de presta o de servi o Da mesma forma Coriolano et al 2009 defendem a participa o da popula o no processo de planejamento e de desenvolvimento do turismo Argumentam que essa perspectiva se configura em uma nova concep o de turismo denominado de comunit rio ou local 3 3 Regulariza o fundi ria uma tentativa vi vel Os procedimentos para a fase de regulariza o fundi ria em unidades de c
27. Portanto extenso para todos os membros do Conselho Consultivo lembrando que as reuni es s o abertas e divulgadas Responderam que n o os conselheiros 3 6 e 12 sem detalhamentos O conselheiro 10 respondeu que o conselho informado A conselheira 5 tem a mesma opini o comunicado quando o parque adquire uma nova propriedade todo o processo feito pelo parque Tal opini o compartilhada pela conselheira 2 Quando chega no conselho somos comunicados j aconteceu O conselheiro 1 disse que Deveria mas o conselho nem provoca isso O Walter n o transparente nem com o Conselho e nem com a equipe dele Por que comprar uma rea fora do PNI e n o comprar v rias outras l dentro questiona O conselheiro 7 respondeu que Como eu j disse ele informado depois que outra compra foi concretizada esclarecendo que o conselho apenas informado sem ser consultado Como pudemos ver neste item a prop sito das quest es referentes ao gado ao fogo e situa o fundi ria aqui tratadas e como j indicado antes na caracteriza o do CCPNI a diverg ncia de posi es entre os conselheiros reflete de um lado a sua composi o diferenciada e de outro o engajamento distinto por parte dos componentes E tamb m se pode ver como essas quest es s o colocadas de modo entrela ado no discurso dos atores sociais da mesma maneira que aflora juntamente a quest o da participa o vista no
28. aquisi o foi feita na surdina e pol mica pois grande parte da propriedade est fora dos limites do parque e justamente fora dos limites do parque est a cachoeira do escorrega lazer gr tis e tradicional da comunidade de Mau e regi o que agora 3 Plano de Manejo o principal documento de gest o de uma UC Nele s o especificadas as atividades desenvolvidas em toda extens o territorial da unidade mapeadas por um zoneamento zonas de uso direto ou indireto intensivo ou extensivo entre outras No PNI o Plano de Manejo est sendo revisado desde 2011 O Plano atual de 1982 anterior amplia o territorial do PNI A rea ampliada portanto onde est o as comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande n o tem Plano de Manejo at os dias atuais 183 vai custar 11 00 por cabe a Na imprensa o ICMBio fala que a popula o de Mau est fazendo barulho a toa pois h desconto para a popula o do entorno Uma hipocrisia pois sim esse desconto est previsto na portaria 366 de 2009 http www jurisite com br portaria portarias por590 html mas at hoje n o foi implementado em nenhuma UC federal e aqui no Itatiaia isso j foi cobrado diversas vezes da chefia do parque que de forma evasiva diz que ele pediu mas est parado em Bras lia O mesmo conselheiro continua no mesmo tom forte de cr tica a prop sito da quest o de se o conselho consultivo do PNI tem tomado provid ncias no sentido de cumprir
29. cabe ressaltar que alguns autores MORE amp MANNING 2004 CHRISTENSEN WATSON amp BURCHFIELD 2007 BECKLEY 2003 KRUGER 2003 YUNG et al 2003 avaliam a gest o p blica e sua rela o com os conceitos de efici ncia e gest o do setor privado cujas decis es se estabelecem por regras de mercado Os autores analisam unidades de conserva o dos Estados Unidos Canad Gr Bretanha e Austr lia No Brasil os parques nacionais s o p blicos em sua totalidade e a gest o tamb m fica a cargo do setor p blico por meio do ICMBio Como dito anteriormente o turismo uma pr tica social Pode se constituir como uma op o alternativa a ambientes sens veis em rela o a outras pr ticas produtivas sendo uma atividade de baixo impacto ambiental quando praticada com planejamento e de forma sustent vel Cabe ressaltar que como campo do saber o turismo apresenta pressupostos hist ricos e anal ticos constitu dos em sua rela o interdisciplinar com outras reas do conhecimento De acordo com Boull n o turismo n o nasceu de uma teoria mas de uma realidade que surgiu espontaneamente e foi se configurando sob o impacto de descobertas em outros campos como entre outras coisas o progresso da navega o e a inven o da ferrovia do autom vel e do avi o 2002 p 20 Assim a inova o tecnol gica como no caso dos meios de transportes dos meios de comunica o e da utiliza o de equipamentos e estrat gias inici
30. cias televisivas d o aos moradores a dimens o dos problemas enfrentados em outros lugares Na fam lia 17 tamb m comentada a situa o em que demonstrada a intranquilidade em deixar a comunidade O morador relata Eu n o saio daqui T com sessenta anos vou pra onde Tava vendo na televis o os desastres como que faz Eu pra beira de morro e encosta eu n o vou Estas afirma es permitem dialogar com Coriolano et al 2009 ao tratarem da economia solid ria H por parte dos moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande uma l gica de produ o e distribui o bastante diferente das trocas mercantis que s o realizadas no ambiente urbano onde quase tudo definido por um pre o monet rio Nestas comunidades os moradores fornecem entre si o que produzem e o que possuem Para Coriolano et al a produ o voltada economia solid ria remete para outra l gica ou alternativa de produzir e distribuir fazendo contraponto ao modelo de produ o capitalista Na verdade a organiza o comunit ria pautada em princ pios sociais que convivem com as desigualdades emanadas do capitalismo N o portanto outro est gio do capital ou um modelo mais evolu do socialmente mas uma cr tica ao modelo hegem nico Assim a economia solid ria bate de frente no capitalismo embora tenha que coexistir com ele negando os princ pios burgueses e do capital e elegendo outros valores como as condi es human
31. comensurabilidade dos recursos ou equival ncia das necessidades o que leva supera o da racionalidade meramente econ mica ZHOURI e OLIVEIRA 2005 p 62 Por envolver tanto um s rio compromisso com a natureza como uma responsabilidade social WESTERN 2005 p 16 o ecoturismo organizado por meio do turismo comunit rio apresenta caracter sticas que se diferem do turismo de massa e global que se estrutura por meio de grandes empreendimentos e marketing intenso para que o destino se torne conhecido Na pol tica de turismo local que tamb m denominada de socialmente respons vel a conserva o do meio ambiente e da cultura tradicional s o prioridades inclusive com o apoio de organiza es n o governamentais e se estruturam como forma de rea o e de inser o econ mica CORIOLANO et al 2009 p 213 Esse modelo evita a apropria o dos recursos naturais e sua mercantiliza o por grandes grupos hegem nicos detentores do capital permitindo uma distribui o mais igualit ria dos benef cios gerados pelo turismo enquanto atividade econ mica Ao analisar o comportamento da sociedade brasileira no fim do s culo XX Dias e Aguiar 2002 ressaltam a modifica o da forma de vida dos humanos nas grandes cidades que passam a buscar um maior contato com a natureza Essa pr tica influenciou os deslocamentos de finais de semana e feriados para as reas rurais em propriedades como s tios ch caras fazendas e ou
32. elas podem funcionar como via alternativa de acesso aos recursos N o basta que institui es participativas estejam disposi o para que a amplia o da participa o ocorra H limites socioecon micos simb licos e pol ticos que funcionam como obst culos relevantes participa o podendo at mesmo aprofundar a desigualdade pol tica no mbito dos pr prios dispositivos participativos No entanto a simples exist ncia de uma institui o de gest o participativa ela pr pria o resultado da luta pol tica permitiu a incorpora o de determinados atores pol ticos do processo de tomada de decis o p blica antes monopolizado pela burocracia estatal incorpora o esta que pode produzir efeitos n o antecipados por uma an lise puramente estrutural FUKS amp PERISSINOTTO 2006 170 Os fatores problem ticos observados na literatura estudada sobre a escolha de membros para a composi o de instrumentos de gest o participativa como o caso do CCPNI foram e Clientelismo e Composi o dos conselhos feita nos bastidores e Membros cujo papel somente votar como o presidente e Cria o de conselhos para cumprir exig ncia legal e acessar recursos financeiros e Despreparo de conselheiros H relatos de extrema dificuldade em encontrar pessoas dispostas a participar de conselhos Muitas vezes os secret rios de governo ou pessoas indicadas pelo prefeito no mbito dos conselhos municipais de sa de d
33. em aquelas terras como Campo Bela em 1849 hoje Itatiaia Bocsina de Minas em 1848 e o povoado de Itamonte que depois Iornos se municipio em 1930 Devido imenta movimenta o dos tr peirus a regi o ficou conhecida como um dos mais importantes entrepodus aMandeg rios e comerciais do sudeste do pais Os trilhos da Estrada de Ferro D Pedro I chegaram s Iratiaia em 1873 substituindo aos poucos o comercio fluvial a Barra do Pirai Ainda no s culo XIX a regi o foi alvo de interesse de naturalistas e bot nicos atraldos pela res de Mata Atl ntica pelo Bar o de Maua O famoso naturalista Auguste de Saint Hilaire em suas expedi es pelo sudeste brasileiro entre LEIG c 1822 foi o primeiro a deixas registrado a coleta de materin bot nico e no zool gico na regi o Astim 4 ideia da prote o governamental dessas reas naturais j come ava a ganhar forma Com o decl nio do cielo do caf no in cio do s culo XX o surgimento de leis untiescravistas a maloria dus fazendas de caf de katiaia voltaram se para a pocu ria de posta s a leiteira que garantin a sobreviv ncia ecosbmica mat tepresentos eignificativa mudan a em rela o sos ureos tempos da febre cafecira Diante du falta de perspectivas ccon micas para a regi o t o estrat gica ans interesses nacionais o goremo feiteral decidiu em 1908 adquirir as tortas de Visconde de Mau ent o propestdade de seu filho paro ali implantar dois pequenos m cleos
34. enfatiza a l gica da domina o da sociedade sobre a natureza ao estabelecer territ rios concebidos por valores e decis es human sticas As reas protegidas portanto est o inseridas em uma conjuntura global complexa e expressam o distanciamento hist rico entre a sociedade e a natureza BOTELHO 2009 p 26 O conflito expresso na disputa de poder e de territ rio das unidades de conserva o que observamos no Brasil e que aplic vel neste estudo sobre o Parque Nacional do Itatiaia n o se configura como um fato isolado distante do cen rio de apropria o dos recursos naturais para reprodu o sociocultural e material da exist ncia de determinado grupo social Retrata as contradi es do modelo global de produ o e consumo aliado estrat gia de prote o ambiental baseada no estabelecimento de reas protegidas Como sintetiza Botelho esse contexto leva afirma o de que o enfrentamento da crise ambiental deve ter articula o com o enfrentamento da crise cultural e social pois estas t m origem nos fundamentos do surgimento da civiliza o ocidental moderna A crise social responde degrada o ambiental e express o de 100 conflitos ambientais sobre o acesso e uso dos recursos naturais e coletivos LAYRARGUES 2001 apud BOTELHO 2009 p 25 Dessa forma o conflito se configura na express o das contradi es que nem sempre s o declaradas BOTELHO 2009 p 40 A autora salienta que os parques
35. es de cada membro de influenciar na tomada de decis o O autor entende que h uma regra das rea es antecipadas que se estabelece quando o grupo decisor por medo de retalia es dos verdadeiros poderosos mesmo que sendo agentes externos decidem baseados em n o afetar os interesses do grupo que det m a hegemonia do poder Abramovay 2001 que analisou conselhos de diversos setores de atua o no Brasil observa que o poder em conselhos de gest o participativa comumente exercido por agentes governamentais que exercem a presid ncia e definem a pauta das reuni es Para o autor a prerrogativa do cargo que ocupam nos conselhos permite um uso cognitivo e esclarecimentos de ordem t cnica al m de recursos e agendas governamentais que influenciam significativamente na tomada de decis es culminando na aprova o ou rejei o de propostas conforme os interesses dos bastidores do conselho O autor explica que em alguns casos percebe se a presen a de conselheiros invis veis que n o participam do debate mas votam com o presidente ou relator quase sempre Al m disso a escolha dos representantes n o governamentais que far o parte do conselho via de regra controlado pelo governo e seus aliados consolidando um procedimento que se inicia antes da cria o efetiva do conselho No caso do CCPNI a presid ncia sempre ocupada pelo Chefe da UC e portanto agente governamental Assim sendo o Esta
36. humano as comunidades com seus h bitos tradi es e sua historia sociocultural como atrativos tur sticos constitui se como mat ria prima do turismo No entanto a apropria o dos recursos naturais ocorre tamb m para o desenvolvimento e a pr tica de outras atividades econ micas Sendo assim torna se pertinente analisar a 142 forma como se d a utiliza o dos recursos naturais em diversas perspectivas dentre as quais a mercantiliza o da natureza Para Zhouri e Oliveira a natureza submetida aos des gnios do capital transforma se em recurso com o valor econ mico legitimando a sua representa o A no o de recurso por sua vez equivale valoriza o e recodifica o da natureza como capital em detrimento de diversos significados que grupos sociais distintos a ela atribuem Do mesmo modo transa es e compensa es efetuadas no mbito do mercado n o compreendem reivindica es relativas aos direitos de diferen a e autonomia 2005 p 62 Na perspectiva da ecologia pol tica como exposto no cap tulo 2 o princ pio de justi a ambiental diz respeito no o de que justi a n o compreende apenas a distribui o equ nime dos recursos entre os atores envolvidos Nessa abordagem a ideia de equidade reconhece os significados culturais distintos atribu dos ao territ rio associando se assim aos princ pios da diversidade e da democracia n o se referindo apenas valoriza o monet ria
37. o caso do Parque Nacional do Itatiaia No Brasil a ideia de se criar um Parque Nacional anterior forma o da Rep blica Com a transfer ncia da Fam lia Real portuguesa para o Brasil em 1808 D Jo o VI criou o Jardim da Aclimata o no Rio de Janeiro posteriormente denominado de Real Horto e atualmente Jardim Bot nico do Rio de Janeiro A iniciativa teve interesses econ micos maiores do que os de preserva o ambiental JOBIM 1981 DEAN 2011 No per odo imperial D Pedro Il busca na floresta a capta o de gua para a cidade A expans o da cultura cafeeira no s culo XVIII avan ou em dire o floresta da Tijuca implicando no desmatamento da mata primitiva em praticamente toda a serra da carioca Para resguardar os recursos florestais o imperador ordenou a imediata desapropria o dos cafezais e o reflorestamento da rea Em 1861 ocorre a cria o das florestas da Tijuca e das Paineiras com objetivo de resguardar os recursos h dricos da regi o DRUMMOND 1997 BARRETO FILHO 2004 DEAN 2011 Em 1876 no per odo da escravatura brasileira o abolicionista Andr Rebou as prop s a cria o de um parque nacional baseado no modelo dos parques p blicos criados nos Estados Unidos P DUA amp FILHO 1979 apud DIEGUES 2008 projeto que s viria a se concretizar no governo de Get lio Vargas em 1937 atrav s do Decreto n 1 713 Originalmente as terras do comendador Henrique Irineu de Souza ent o p
38. o da biodiversidade Um primeiro conjunto de problemas diz respeito ao fato de n o ser permitida a presen a de popula es humanas mesmo as consideradas tradicionais Um segundo grupo de problemas refere se ao impacto pol tico territorial e fundi rio gerado pela cria o de reas protegidas que em muitos pa ses j representa consider veis extens es territoriais Um terceiro conjunto diz respeito a problemas sociais e tnicos relativos expuls o das popula es tradicionais respons vel pela perda de grande arsenal de etnoconhecimento e etnoci ncia de sistemas engenhosos de manejo de recursos naturais e da pr pria diversidade cultural A expuls o de moradores tradicionais come ou a ser contestada a partir dos anos 1960 e 70 com mudan as de percep es e de atitudes no que diz respeito contribui o que essas popula es podem dar para a conserva o ambiental Esse modelo de conservacionismo norte americano trazido para os pa ses em desenvolvimento como o Brasil onde a situa o ecol gica social e culturalmente distinta recriou a dicotomia entre povos e parques e seu efeito foi devastador sobre as popula es que desenvolvem modos de vida particulares envolvendo depend ncia dos ciclos naturais conhecimento dos ciclos biol gicos e dos recursos naturais tecnologias patrimoniais simbologia e mitos 38 Aprofundando o tema Leuzinger 2007 esclarece que para que uma dada comunidade seja considerada
39. os agentes envolvidos com as unidades de conserva o com o estabelecimento de multas autua es e outras pr ticas de coer o e enfrentamento Na PNPCT o inciso XVII do art 3 trata do apoio inclus o produtiva bem como o artigo 8 inciso VI da IN 26 2012 O artigo 3 inciso XVII da PNPCT salienta a necessidade de apoiar e garantir a inclus o produtiva com a promo o de tecnologias sustent veis respeitando o sistema de organiza o social dos povos e comunidades tradicionais valorizando os recursos naturais locais e pr ticas saberes e tecnologias tradicionais BRASIL 2007 O inciso VI do artigo 8 da IN 26 2012 publicado pelo ICMBio apresenta como atividade a ser promovida na etapa de constru o participativa do termo de compromisso a avalia o da necessidade e se pertinente proposi o de alternativas de trabalho e renda com atividades de baixo impacto ambiental para melhoria das condi es de qualidade de vida das fam lias ICMBio 2012 Neste caso emerge a possibilidade da cria o de um arranjo institucional e de gest o entre o ICMBio e as comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande que permita o desenvolvimento do ecoturismo de base comunit ria compat vel com os objetivos de prote o ambiental do Parque Nacional do Itatiaia que promova pr ticas sustent veis de turismo com baixo impacto ambiental em prol da melhoria da qualidade de vida das fam lias Para uma melhor compre
40. p 31 Diegues esclarece que o Brasil um pa s que apresenta grande variedade de modos de vida e culturas diferenciadas que podem ser considerados tradicionais 2008 p 18 Leuzinger 2007 compara as an lises de autores do campo antropol gico em rela o aos aspectos encontrados nos documentos normativos concluindo que as principais caracter sticas apresentadas pelos autores da ci ncia antropol gica relacionam se ao conhecimento e a depend ncia do ambiente natural territorialidade ao modo de produ o import ncia do n cleo familiar e auto identifica o e identifica o por parte da sociedade envolvente Para a autora n o h mais uma vez a imposi o de possu rem um estilo de vida tradicional relevante para a conserva o e utiliza o sustent vel da diversidade biol gica ou pr tica de atividades de baixo impacto como requerido pela maioria dos textos normativos fazendo refer ncia apenas a impacto limitado o que possui sentido diferente LEUZINGER 2007 p 227 Assim cabe ressaltar a relev ncia de incluir nessas contribui es a prote o biodiversidade nas atividades de baixo impacto exercidas pelo grupo social Para Cunha e Almeida 2004 o termo popula o tradicional ainda est em constru o e destacam o que consideram comum a esses grupos como uma hist ria de baixo impacto ambiental e de possu rem no presente interesses em manter ou em recuperar o
41. prote o do meio ambiente Campinas SP Papirus 1997 SACHS Ignacy Sustentabilidade social e desenvolvimento integral In SACHS 1 VIEIRA P F Org Rumo ecossocioeconomia teoria e pr tica do desenvolvimento S o Paulo Cortez 2007 p 285 314 SANSOLO Davis BURSZTYN Ivan Turismo comunit rio na Am rica Latina potencialidade do meio rural In ANNUAL COLLOQUIUM OF THE INTERNATIONAL GEOGRAPHICAL UNION 16 2009 Espanha Anais Espanha Universidade de Zaragoza Commission on the Sustainability of Rural Systems 2009 SANTOS Milton Paisagem e espa o In Metamorfoses do espa o habitado S o Paulo Hucitec 1994 Cap 5 7 10 p 67 81 95 102 119 127 SANTOS Milton O lugar encontrando o futuro In Da totalidade ao lugar S o Paulo Editora Universidade de S o Paulo 2005 Cap 10 p 155 164 224 SANTOS Milton Raz o global raz o local os espa os da racionalidade In Da totalidade ao lugar S o Paulo Editora Universidade de S o Paulo 2005 Cap 11 p 165 170 SANTOS L B Trilhas da pol tica ambiental conflitos agendas e cria o de unidades de conserva o Revista Ambiente e Sociedade v 12 n 1 p 133 150 jan jun 2009 SANTILLI Juliana O socioambientalismo na Constitui o Brasileira In Socioambientalismo e novos direitos prote o jur dica diversidade biol gica e cultural S o Paulo Peir polis 2005 SANTILLI Juliana Unidades de conserva
42. tica a qual segundo Loureiro e Cunha 2008 tem como m rito a constitui o de conselhos consultivos que re nem grupos com diferentes interesses desde os mais diretamente afetados passando por rg o gestor at setores do ambientalismo para a discuss o dos 87 conflitos que envolvem a unidade de conserva o H portanto nesses casos o desafio de lidar com diferentes vis es de mundo e com formas de compreender e de se compreender no mundo LOUREIRO E CUNHA 2008 p 248 A forma o de um conselho consultivo exigido pelo SNUC em unidades de conserva o de prote o integral s ser efetiva se assegurar um processo participativo de gest o no qual s o discutidas a es para garantir a mobiliza o e o envolvimento dos atores bem como sua presen a nas reuni es e principalmente disponibilizar forma o que possibilite aos membros do conselho uma interven o qualificada sobretudo daqueles em condi es de maior vulnerabilidade socioambiental LOUREIRO E CUNHA 2008 p 248 Um conselho consultivo assim configurado pode por exemplo discutir os conflitos relacionados presen a de comunidades localizadas nas reas de prote o integral a fim de implementar um esfor o coletivo em busca da conserva o e do uso sustent vel Para entender as quest es do conflito fundi rio no PNI importante lembrar que os limites iniciais da cria o do PNI em 1937 n o incorporavam a regi o de Va
43. tica e as rela es de poder existentes entre os atores sociais que interagem com interesses conflitantes sobre as quest es inerentes territorialidade no PNI A delimita o do subcampo da etnografia dos conflitos socioambientais LITTLE 2006 delineado pelo novo campo de pesquisa da ecologia pol tica contextualiza as an lises realizadas na parte alta do PNI a partir da incorpora o das a es antr picas s for as biof sicas em uma perspectiva s cio hist rica e das intera es decorrentes do relacionamento din mico e interdependente entre o mundo biof sico e o mundo social eliminando a distin o entre natureza e cultura e unificando a teoria natureza cultura em um campo interdisciplinar A etnografia dos conflitos socioambientais tem foco nas rela es usa a metodologia processual e contextualiza o conhecimento produzido Essa perspectiva explicita as bases latentes dos conflitos e d visibilidade aos grupos marginalizados identificando os diferentes atores sociais suas reivindica es e cotas de poder e os recursos ambientais envolvidos no conflito analisando a intera o desses atores entre si e com o meio biof sico e o meio social A identifica o dos atores sociais e de suas intera es pol ticas permite ao pesquisador compreender a din mica pr pria do conflito que inclui a identifica o e o posicionamento das polariza es construindo o mapeamento das alian as e coaliz es assim como as estr
44. um exerc cio metodol gico multidimensional In RODRIGUES Maria Lucia LIMENA Maria Margarida Cavalcanti Org Metodologias multidimensionais em ci ncias humanas Bras lia L ber Livro Editora 2006 FOLADORI G Limites do desenvolvimento sustent vel Campinas Edunicamp 2001 FOSTER J B Marx e o meio ambiente In Wood E M FOSTER J B Em defesa da hist ria marxismo e p s modernismo Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999 FUKS M PERISSINOTTO R Recursos decis o e poder Conselhos Gestores de Pol ticas P blicas de Curitiba Revista Brasileira de Ci ncias Sociais v 21 n 60 p 67 81 2006 GOULET Denis Development ethics a guide to theory and practice New York The Apex Pressand London Zed 1995 GUERRA M rcia Ferreira Conflitos ambientais no Parque Natural Municipal de Grumari Revista Rio de Janeiro meio ambiente conflitos e media es pol ticas e projetos n 16 17 p 115 132 maio dez 2005 HOLZER Werther Paisagem imagin rio identidade alternativas para o estudo geogr fico In CORREA Roberto Lobato ROSENDAHL Zeni Org Manifesta es da cultura no espa o Rio de Janeiro EdUERJ 1999 p 149 168 HORWICH Robert H et al O ecoturismo e o desenvolvimento da comunidade a experi ncia de Belize In LINDBERG Kreg HAWKINS Donald E Org Ecoturismo um guia para planejamento e gest o 5 ed S o Paulo Ed Senac 2005 p 253 281 220 IBAMA Parques Nacionais S
45. uma ver que estas reas est o localizadas nam dos pontos estrut gicos do Parque g n o exigiria desemtamentos 33 254 235 seus descendentes garantindo sua reprodu o com melhores condi es de vida A popula o local sugeriu durante a investiga o in loco uma mudan a nos divisas do Parque e que suas casas e terras fossem tiradas de dentro dele pois assim e presen a da Unidade de Conserva o seria uma coisa boa j que preserva o meio em que eles vivem e traz melhoria s suas condi es de vida energia el trica conserva o das vias de acesso escolo saneamento e turismo Dessa forma a perspectiva de todos acabar com a amplia o do Parque Nacional do Itatiaia A divisa devia voltar pra onde era e deixar o povo sossegado aqui embaixo O Porque est cqui h mois de 70 onos mas no outro limite Passou um mentirosa l em caso e ficou falando que faz 30 aros que o drea toda do Parque foi medida Mentira ningu m assinou ningu m mediu a terro O limite l de cima eu respeito O limite doque de baixo eu n o respeito A reo do Parque s ocima de 1800 m de altitude e as reas que ocupamos abaixo disso t m que ser liberadas para os moradores Quanto indeniza o os moradores declaroram que n o est o dispostos a sair do seu territ rio indenizados e assentados em outra terra Sabem que se forem indenizados e realocados v o ser desterritorializados do seu territ rio tredic
46. PARNA do Itatiaia por estes novos moradores e se n o forem bem planejados podem ter potencial para causar impacto ambiental social e cultural devido press o entr pica 7 Considera es O objetivo dessa per cia antropol gica foi investigar a especificidade das popula es locais impactadas pelo Parque Nacional do Itatiaia e avaliar os impactos porventura causados pelo presen a delas na rea da unidade de conserva o para subsidiar a interven o do MPF nos autos A pesquisa in loco demostrou que o PARNA do Itatiaia convive com os mesmos problemas da maioria das unidades de conserva o brasileiras foi criado em rea j era ocupoda por popula es locais constitu dos por grupos familiores que praticam agricultura e criam gado nas encostas des serras para sua subsist ncia Deste modo mais uma vez a pol tica ambiental brosileira de cria o de Unidade de Conserva o fundamentada no ponto de vista preservacionista norte americano que criou o Parque Nacional de Yellowstone em 18727 baseado no paradigmo de que o natureza deve permanecer intocada sem a presen a da a o do homem como ilhas de conserva o ambiental em reas de grande beleza c nica onde o homem da cidade pudesse reverencior a natureza selvagem causou um conflito socioambiental pois interferiu significativamente na din mica do modo de vida das popula es locais O estabelecimento de novas regras de uso e ocupa o da rea de vi
47. PNI esta uma briga de foice e a dire o do PNI n o tem medido esfor os em tentar avan ar com as aquisi es de terra E em muitos momentos sempre que necess rio o Conselho apoiou o PNI para que os avan os acontecessem Foram feitas reuni es extraordin rias e at mo es de apoio para casos judiciais Nossa posi o de apoio Uma conselheira afirmou que O assunto foi exaustivamente abordado foi tirado v rias d vidas com pessoas competentes ao assunto nas reuni es extras e as do Conselho Consultivo que estiveram cientes dos desenvolvimentos com v rias reuni es paralelas com os 184 t cnicos especializados nesta a o No entanto n o esclareceu quem seriam as pessoas competentes ao assunto e os t cnicos especializados Em uma das quest es os conselheiros foram perguntados se o conselho consultivo acompanha o processo de regulariza o fundi ria Responderam que sim os conselheiros 4 8 e 9 O conselheiro 11 comentou assim ao que parece pouco A conselheira 13 lembra que alguns membros porque tudo da regulariza o fundi ria n o acontece nas reuni es do Conselho Consultivo pois s o muito extensas levam semanas de levantamento e estudo an lises e outros junto com t cnicos do INCRA e ICMBio No caso a conselheira detalha o procedimento operacional necess rio para a realiza o da desapropria o ou mesmo da aquisi o de determinada propriedade pelo PNI E completa
48. Turismo o desafio da sustentabilidade S o Paulo Futura 2002 p 34 45 IRVING M A Turismo como instrumento para desenvolvimento local entre a potencialidade e a utopia In D VILA M PEDRO R Org Tecendo o desenvolvimento saberes tica e ecologia social Rio de Janeiro Letra e Imagem 2008 p 167 184 JOAQUIM Gra a Da identidade sustentabilidade ou a emerg ncia do turismo respons vel Sociologia problemas e pr ticas Lisboa n 23 p 71 100 1997 KRIPPENDORF Jost Sociologia do turismo para uma nova compreens o do lazer e das viagens Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1989 KRUGER Linda E A focus on community forest relationships In UNDERSTANDING comminity forest relations general technical report PNW GTR 566 Portland U S Department of Agriculture Forest Service Pacific Northwest Research Station 2003 p 1 6 LITTLE Paul Elliot Ecologia pol tica como etnografia um guia te rico e metodol gico Horizontes Antropol gicos Porto Alegre v 12 n 25 p 85 103 jan jun 2006 221 LITTLE P Territ rios sociais e povos tradicionais no Brasil por uma antropologia da territorialidade Bras lia DF Departamento de Antropologia da UnB 2002 JOBIM Leopoldo C Os jardins bot nicos no Brasil colonial Biblioteca do Arquivo do Museu de Lisboa Lisboa v 2 n 1 p 91 1981 LENOBLE Robert Hist ria da ideia de natureza Tradu o de Teresa Louro P rez Rio de Ja
49. Vargem Grande s o popula es tradicionais e avaliar os impactos porventura causados pela presen a dessas popula es na rea da unidade de conserva o O Parecer em quest o apresentado em sua totalidade no anexo A desta tese 132 A pr tica do turismo em uma rea natural uma escolha que exige um bom relacionamento entre os diversos atores sociais envolvidos Para que a atividade possa se perpetuar ou seja para que o turismo seja sustent vel cabe a gest o da rea e a manuten o do espa o protegido de forma a gerar um fluxo de visita o compat vel com a prote o ambiental e exercer o turismo em condi es de equil brio ecol gico A prote o do ambiente natural o que gera o fluxo tur stico portanto os custos da natureza s o de responsabilidade de todos que usufruem do ambiente protegido Assim o desenvolvimento coordenado do turismo protege o ambiente natural em prol da sua pr pria sobreviv ncia pois a degrada o ambiental compromete a continuidade da pr tica do turismo RUSCHMANN 1997 p 24 Al m dos reflexos ecol gicos o desenvolvimento do turismo afeta a comunidade local em aspectos econ micos e culturais o que exige a prepara o destes agentes para uma nova e diferente realidade Para Silva e Rocha o fato de receber turistas promove a necessidade dos residentes direta ou indiretamente envolvidos em adquirir uma certa capacita o para receb los bem como da mesma forma os res
50. a dos visitantes Enfim um eco turismo respons vel 2002 p 175 Segundo a pol tica vigente no Brasil a regulamenta o do turismo cabe ao Estado enquanto agente legislador e executor de pol ticas p blicas Mas a prop sito de possibilidades de outras inst ncias da sociedade assumirem a condu o de atividades tur sticas participando de tais pol ticas Coriolano et al prop em que o Estado como principal incentivador das pol ticas de turismo faz das empresas as benefici rias dos investimentos p blicos Entretanto em rea o a tal pol tica concentracionista a sociedade civil desenvolveu formas 38 Rodrigues A B Turismo eco rural interfaces entre o ecoturismo e o turismo rural Em Anais Congresso Internacional sobre Turismo Rural e Desenvolvimento Sustent vel Santa Maria RS UFSM maio de 1998 Pe Ara jo lembra que o Estado composto de institui es que se responsabilizam pelo bem estar do povo e pela soberania nacional Para a autora a no o mais concreta de Estado pode ser tida atrav s de seus organismos de decis o legislativo e judici rio e de execu o dos governos federal estaduais e municipais que pode ter fun o de mediador ou de provedor das necessidades dos cidad os pois det m o poder de mando e o representante cl ssico da soberania de uma na o de um pa s em rela o aos demais 2006 p 34 187 de tamb m se beneficiar economicamente dos recursos e institui es p
51. a unidade de conserva o que s o instrumentos capazes de mostrar se rea pleiteada era ocupada por popula o n o foram realizados De acordo com essa lei inconceb vel a perman ncia de moradores numa UC pois esta admite apenas o uso indireto de seus recursos naturais e culturais associados e mane jados uma vez que a pol tica ambiental brasileira est baseada no ponto de vista preservacionista onde a presen a humana no parque seria permitida apenas para a contempla o Entretanto coma as popula es locais ainda n o foram desapropriadas a sobreposi o de reas gerou um conflito socioambiental medida que n o foram estabelecidos a es efetivas para compatibilizar o uso dos recursos naturais da UC pelos moradores sem prejuizo dos seus modos de vida A regi o que abriga o Porque Nacional do Itatiaia foi ocupada originalmente pelos ndios Puris Catagu s ou Cataguases que viviam da ca a e da pesca eram n mades e ecampovem ora s margens do Rio Para be ora na regi o alta da Serro da Mantiqueira onde colhiam pinh es quando a ca a ficava dificil Os colonizadores chegaram a essa regido no s c XVI com as entrados e bandeiras a partir de Minas Gerais Foi o escoamento do ouro que possibilitou no s culo XVIII o desbravamento da regi o atualmente ocupada pelos estados do Rio de Janeiro S o Paulo e Minas Gerais Posteriormente com a decad ncia da minera o emigrantes de Minas Gerais atra dos pelos baixos
52. ambas as partes Tamb m fundamental a cria o de pol ticas integrados de manejo e gest o da unidade de conserva o que permitam que o poder p blico e as comunidades tradicionais trabalharem em conjunto Os moradores est o de acordo que o turismo pode vir a se tornar uma atividade geradora de trabalho e renda mas asseveraram com firmeza que o seu modo de vida tradicional est baseado na produ o de queijo e mel E para que o turismo seja implementado necess rio existir uma infraestrutura p blica adequada regi o que ocupam como melhoria das prec rias vias de acesso e dos meios de comunica o como o telefone fixo e o celulor que s o funcionam pois essa estrutura deficiente afugenta os turistas Alguns outros j hospedaram turistas nos quartos sem uso de suas moradias mas n o frequente Acreditam at que se o turismo fosse incentivado poderiam incrementar a comercializa o de seus doces e geleias artesanais otimizar a hospedagem e alimenta o dos turistas nas resid ncias dos moradores al m de prestar servi os de guia Ressaltaram que v rios moradores j fizerem curso de condutor de turistas de guias mas s dois deles s o cadastrados no Parque Tamb m n o possuem ve culos para os passeios com os turistas Durante a pesquisa de compo observei que o turismo ecol gico apesar do per odo de f rias escolares julho n o parecia ser intenso no Parque Nacional do Itatiaia Talvez devido ao dif cil a
53. avalia o de impacto ambiental por meio da pesquisa participativa Nessa abordagem os grupos sociais ambientalmente em desvantagem passam a ser co produtores do conhecimento necess rio para a elabora o n o discriminat ria de pol ticas ambientais Esse modelo participativo foi refor ado pelas conclus es de um grupo de trabalho institu do pelo Congresso americano em 1990 que afirmou ser imposs vel definir solu es para o meio ambiente sem consultar as comunidades nele envolvidas Diante dessas considera es em 1991 os Estados Unidos estabeleceram uma agenda nacional para redefinir a pol tica ambiental americana que passava a incorporar as minorias comunidades amer ndias latinas afroamericanas e asioamericanas e consolidava um movimento de justi a ambiental multicultural e multirracial O reconhecimento da desigualdade social americana foi um passo importante para que aquela na o pudesse reorientar o modelo de distribui o espacial das atividades econ micas buscando a chamada transi o justa isto alternativas para que a polui o n o acabasse com os empregos gerados pelas ind strias poluentes ou 82 fosse simplesmente transferida para os pa ses pobres nesse contexto que de acordo com Acselrad 2002 ocorre a internacionaliza o do movimento pela justi a ambiental que busca construir uma resist ncia global s dimens es mundiais da reestrutura o espacial da polui o
54. busca superar a distribui o desigual dos benef cios e danos ambientais Considerando que a injusti a social e a degrada o ambiental t m a mesma raiz haveria que se alterar o modo de distribui o desigual de poder sobre os recursos ambientais e retirar dos poderosos a capacidade de transferir os custos ambientais do desenvolvimento para os mais despossu dos Seu diagn stico assinala que a desigual exposi o aos riscos deve se ao diferencial de mobilidade entre os grupos sociais os mais ricos conseguiriam escapar aos riscos e os mais pobres circulariam no interior de um circuito de risco Donde a a o decorrente visando combater a desigualdade ambiental dar igual prote o ambiental a todos os grupos sociais e tnicos ACSELRAD 2010 p 110 As diferentes raz es permeiam os conflitos socioambientais gerados em reas protegidas brasileiras e trazem a necessidade de caracterizar os diferentes sujeitos do conflito socioambiental buscando identificar de que lugar se expressa cada um dos atores sociais e que elementos possuem para explicitar seus ideais suas pr ticas produtivas e a rela o que estabelecem com a natureza Esses atores s o diversificados tornam se fonte de pesquisas conforme salienta Loureiro acabam se tornando forte objeto de estudos e sujeitos da pr tica pol tica ambientalista as chamadas comunidades e popula es tradicionais e grupos outros cujos modos de vida se definem claramente na rela
55. coletivos e do bem comum O peso de cada ator social na arena p blica fica evidente como sugere Carneiro O poder simb lico exercido pela juridifica o do Estado n o se restringe apenas imposi o da vis o hegem nica de mundo por meio de leis e normas deliberativas mas sobretudo revela se como poder de efetiva interven o no mundo No campo da pol tica ambiental essa interven o se expressa por meio da implementa o de determinadas pol ticas e leis ambientais por meio das quais as diversidades socioculturais s o anuladas em fun o de uma vis o parcelar legitimada pela cientificiza o e juridifica o dessas pol ticas e imposta com o prop sito de representa o do bem comum Subjacente a essa interven o ancora se uma contradi o ainda mais profunda entre a sustentabilidade do capitalismo que toma o meio ambiente como um fluxo homog neo de mat rias primas e energias para a acumula o e as sustentabilidades das formas de reprodu o material e simb lica n o capitalistas que tomam os meios ambientes como sistemas espec ficos singulares diferenciados e portanto insubstitu veis 2003 apud ZHOURI et al 2005 p 97 No caso do turismo em reas protegidas o desenvolvimento de pol ticas e projetos reproduz essa mesma l gica como esclarecem Coriolano et al OS projetos p blicos e privados para o setor tur stico constroem se pelos modelos mentais e bases sem nt
56. completou 75 anos de cria o no dia 14 de junho de 2012 n o consolidou integralmente seu territ rio por meio de desapropria es indeniza es e outros procedimentos legais No Decreto 1 713 de 1937 que criou o PNI s o apresentadas as considera es que levaram transforma o da extinta Esta o Biol gica de Itatiaia pertencente ao Jardim Bot nico do Rio de Janeiro no primeiro Parque Nacional do Brasil Dentre estas est o a prote o de nascentes a flora a prote o aos aspectos primitivos o atendimento s necessidades de ordem cient fica a necessidade de recuperar o dom nio territorial dos pequenos lotes particulares para que as terras do Parque n o sofressem solu es de continuidade que prejudicassem os objetivos de sua cria o Cabe destacar a vision ria miss o de Parque Nacional para a Na o brasileira no que diz respeito ao turismo quando no referido Decreto ressalta se que considerando que al m das suas qualidades de car ter cient fico preciso atender tamb m s de ordem tur stica que se apresentam em condi es de fazer do Parque um centro de atra o para viajantes assim nacionais como estrangeiros Em seguida o decreto 1 713 37 re ne os aspectos que justificam a cria o do PN do Itatiaia e adverte que tais atributos aplicam se n o somente cria o do PN do Itatiaia mas de parques nacionais de uma maneira geral considerando que essa localiza o importa ao mesmo
57. conserva o da biodiversidade o exerc cio de atividades de baixo impacto ambiental a n o acumula o de capital a estreita rela o com o meio natural na depend ncia de seus recursos e ciclos naturais para a sobreviv ncia f sica e cultural do grupo No entanto adotar os conceitos at ent o existentes dentre os quais o da pr pria Constitui o Federal de 1988 restringe tais caracter sticas a alguns grupos como ind genas e quilombolas em detrimento de outros grupos que embora n o contemplados na legisla o possuem rela o com o meio natural que se assemelham aos grupos sociais contemplados A defini o gen rica e ampliada do conceito no entanto pode inviabilizar sua aplicabilidade ao considerar praticamente toda a sociedade brasileira como popula o tradicional onde mesmo as atividades de alto impacto ambiental e insustent veis na explora o dos recursos naturais possam ser entendidas como leg timas como as atividades de garimpo de carvoarias de explora o ilegal de madeira de ca a e coleta de esp cies silvestres que embora poluidoras e geradoras de alto impacto ao ambiente natural possuem estreita rela o com o meio natural e seus praticantes dependem dos recursos naturais para sua reprodu o f sica e cultural H dois campos da ci ncia que se dedicam aos estudos acerca do conceito de popula o tradicional o direito e a antropologia No mbito das ci ncias jur dicas Souza Fi
58. controle sobre o territ rio que exploram dispostos a negociar esse controle territorial com a presta o de servi os de prote o ambiental Argumentam que popula es tradicionais s o grupos que conquistaram ou est o lutando para conquistar atrav s de meios pr ticos e simb licos uma identidade p blica que inclui algumas mas n o necessariamente todas as seguintes caracter sticas o uso de t cnicas ambientais de baixo impacto formas 45 equitativas de organiza o social a presen a de institui es com legitimidade para fazer cumprir suas leis lideran a local e finalmente tra os culturais que s o seletivamente reafirmados e reelaborados CUNHA e ALMEIDA 2004 apud LEUZINGER 2007 p 228 Em 1989 em Paris foi realizada a 25 Confer ncia Geral da UNESCO rg o das Na es Unidas para a educa o e cultura que elaborou para orientar governos sobre a prote o da cultura tradicional a Recomenda o sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular sendo utilizada a defini o do termo cultura tradicional como o conjunto de cria es que emanam de uma comunidade cultural fundadas na tradi o expressadas por um grupo ou por indiv duos e que reconhecidamente respondem s expectativas da comunidade enquanto express o de sua identidade cultural e social as normas e os valores se transmitem oralmente por imita o ou de outras maneiras Suas formas compreendem entre outras a l ngua a lite
59. custos da atividade os investimentos s o realizados sem sistematiza o ou crit rios espec ficos comprometendo o futuro das atra es que estimularam sua implanta o 1997 p 164 Para Braga o planejamento um processo cont nuo e renov vel ele ocorre no per odo presente resultante de um aprofundado estudo da realidade com o intuito de ordenar a es que acontecer o em um momento futuro 2007 p 1 2 Por sua vez Ruschmann define planejamento como uma atividade que envolve a inten o de estabelecer condi es favor veis para alcan ar objetivos propostos 1997 p 83 No ambiente organizacional a concep o ampliada para o conceito de planejamento estrat gico em fun o das necessidades de se atingir metas e resultados Nesse sentido as empresas desenvolvem o conceito de origem militar da Primeira Guerra Mundial em que os estrategistas definiam as manobras de guerra para derrotar o inimigo com os recursos que dispunham em fun o da localiza o e das caracter sticas das tropas BRAGA 2007 p 4 Ap s o fim da 129 Segunda Guerra Mundial as empresas norte americanas consolidam esse conceito no gerenciamento empresarial baseado em estrat gias para alcan ar objetivos CHIAVENATO e SAPIRO 2003 p 36 apud BRAGA 2007 p 4 Como campo interdisciplinar o turismo se utiliza de conceitos modelos e teorias de diversas reas do conhecimento estabelecendo o conceito de planejamento tur
60. da desapropria o expressa concomitantemente o seu interesse no turismo Se desapropriar at o turista vai sumir porque o pessoal gosta de comprar as coisas A n o vai ter mais n Considerando que este estudo pretende contribuir com o desenvolvimento de uma pol tica regional como instrumento de inclus o social para se alcan ar os preceitos preconizados pelos adeptos do que se entende por turismo comunit rio conforme apresentado no cap tulo 3 dei especial aten o s vis es sobre a quest o do turismo manifestadas pelos diferentes atores sociais abrangidos no PNI Entendo que para se pensar no desenvolvimento do turismo em uma rea protegida que requer maiores cuidados em seus aspectos ambientais preciso esclarecer que tipo de turismo pode ser praticado neste cen rio cujo contexto ambiental e tamb m o social apresentam conflitos decorrentes da conviv ncia Pires analisa a quest o refletindo sobre qual seria o paradigma para o turismo Com base em que premissas se h de conceber de forma ambiental e socialmente aceit vel o desenvolvimento tur stico e ecotur stico A resposta poder estar na simples ado o de uma postura de responsabilidade diante da concep o da pr pria atividade nos aspectos substanciais de qualidade seguran a e equidade Dessa forma como prop e Rodrigues um desenvolvimento eco tur stico com base local equilibrando em si a satisfa o da popula o anfitri com
61. de Il Rodrigues Camila Gon alves de Oliveira III Universidade do Estado do Rio de Janeiro IV T tulo CDU 504 75 81 Autorizo apenas para fins acad micos e cient ficos a reprodu o total ou parcial desta tese Assinatura Data Daniel Braga H bner Um turismo de base comunit ria para o Parque Nacional do Itatiaia estudo sobre conflito socioambiental em unidade de conserva o Tese apresentada como requisito parcial para obten o do t tulo de Doutor ao Programa de P s Gradua o em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro rea de concentra o Constru o Social do Meio Ambiente Aprovado em 30 de julho de 2013 Banca examinadora Prof Dra Elza Maria Neffa Vieira de Castro Orientadora Universidade do Estado do Rio de Janeiro VERJ Prof Dra Rosane Manh es Prado Universidade do Estado do Rio de Janeiro VERJ Prof Dra Sandra Maria Correa de S Carneiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro VERJ Prof Dr Carlos Frederico Bernardo Loureiro Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Prof Dr Eduardo Trindade Bahia Tecno Tabb MG Rio de Janeiro 2013 DEDICAT RIA O exerc cio da doc ncia uma atividade ora gratificante ora penosa e exige toda a responsabilidade e dedica o ao of cio Como professor sinto me realizado quando vejo um aluno brilhar trilhando seus caminhos com retid o e construindo uma trajet ria vitoriosa Por isso
62. de Cultura Econ mica 2001 MART NEZ ALIER Joan Justi a ambiental local e global In CAVALCANTI C Org Meio Ambiente desenvolvimento sustent vel e pol ticas p blicas S o Paulo Cortez Recife Funda o Joaquim Nabuco 1997 p 215 231 MARTINEZ ALLIER Juan O ecologismo dos pobres conflitos ambientais e linguagens de valora o Tradu o de Maur cio Waldman S o Paulo Contexto 2007 MARTINS Marcos Lobato Hist ria e meio ambiente S o Paulo Annablume Faculdades Pedro Leopoldo 2007 Pt 1 Teoria e M todo p 17 83 222 McCORMICK J M Rumo ao para so a hist ria do movimento ambientalista Rio de Janeiro Relume Dumar 1992 MENDES Estevane de Paula Pontes PESS A Vera L cia Salazar T cnicas de investiga o e estudos agr rios entrevistas registros de observa es e aplica o de roteiros de entrevista In RAMIRES Julio C sar de Lima PESSOA Vera L cia Salazar Geografia e pesquisa qualitativa nas trilhas da investiga o Org Uberl ndia MG Assis 2009 p 509 537 MILANI C Pol ticas p blicas locais e participa o na Bahia o dilema gest o versus pol tica Sociologias v 8 n 16 p 180 214 2006 MINAYO Maria Cec lia de Souza Org Pesquisa social teoria m todo e criatividade 26 ed Petr polis RJ Vozes 2007 MOREIRA Roberto J Terra poder e territ rio S o Paulo Express o Popular 2007 MORE Thomas A MANNING Robert E The Public Func
63. de Janeiro Editora L men J ris 2006 ARA JO Ana Maria Matos As pol ticas p blicas para o turismo In TURISMO DE INCLUS O Fortaleza Funda o Dem crito Rocha 2006 ARRUDA Rinaldo Popula es tradicionais e a prote o dos recursos naturais em unidades de conserva o Ambiente amp Sociedade Campinas SP v 2 n 5 p 79 92 1999 BALDINI Karla Beatriz Lopes Etnhoconhecimento como ferramenta para conserva o de recursos naturais no Parque Nacional do Itatiaia 2008 Disserta o Mestrado Universidade Federal Fluminense Niter i RJ 2008 BARBANTI JR Olympio Conflitos Socioambientais teoria e pr tica In ANPPAS Indaiatuba SP 2001 Bauru Edusp 2001 P 55 66 BARRETTO FILHO H T Notas para uma hist ria social das reas de prote o integral no Brasil In RICARDO F Org Terras ind genas e unidades de conserva o S o Paulo Instituto Socioambiental 2004 p 53 63 BARRETO Margarita Manual de inicia o ao estudo do turismo 10 ed Campinas SP Papirus 2001 216 BARTHOLO Roberto SANSOLO Davis G BURSZTYN Ivan Org Turismo de base comunit ria diversidade de olhares e experi ncias brasileiras Rio de Janeiro Letra e Imagem 2009 BAUMAN Zygmunt Comunidade a busca por seguran a no mundo atual Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008 BAUMAN Zygmunt Identidade entrevista a Benedetto Vecchi Rio de Janeiro Jorge Zahar 2005 BECKLEY Thomas M The relative imp
64. de absor o do turismo sustent vel e comunit rio como parte dessa solu o Assim que no cap tulo 3 a seguir ser tratada a quest o do turismo em rela o ao parque para posteriormente no cap tulo 4 serem avaliadas as vis es dos grupos sociais envolvidos no PNI A emerg ncia do turismo sustent vel entendido como fen meno social resultado da trajet ria hist rica na Europa que parte do turismo de massas nos anos 60 70 para a procura de um turismo diferenciado pautado nas motiva es culturais nos anos 80 e chegando aos anos 90 com a busca por um turismo respons vel que considera a sustentabilidade JOAQUIM 1997 Essa sustentabilidade garantida na medida em que o impacto f sico e social da atividade tur stica controlado para permitir que os ecossistemas sejam capazes de voltar sua condi o de equil brio Para Joaquim 1997 sustentabilidade um processo de mudan a na explora o dos recursos que considera as necessidades do presente e do futuro para as opera es de investimento na orienta o do desenvolvimento tecnol gico e na mudan a institucional O conceito baseado ainda nos princ pios fundamentais da a sustentabilidade ecol gica que busca garantir a compatibilidade entre o desenvolvimento e a manuten o da din mica ecol gica essencial 10 b sustentabilidade social e cultural que assegura o equil brio entre o desenvolvimento e sua consequ ncia na cultura
65. de milho feij o batata fumo e pastagens para o gado leiteiro a retirada de madeira para o conserto da moradias a ca a e a constru o de novas moradias para seus descendentes Todas essas atividades foram criminalizadas pelo rg o ambiental que na defesa do meio ambiente aplicou multas sem dialogar com a popula o e sem apresentar nenhuma alternativa de sustentabilidade Tudo isso e a amea a de desapropria o pelo Estado causaram inseguran a para as comunidades e geraram um conflito socioambiental Per cia antropol gica anexo A p 17 Este parecer embasa a atua o do MPF no que se refere ao conflito socioambiental no qual as popula es da Serra Negra e da Vargem Grande se inserem pois a partir dele essas popula es podem ser definidas como comunidades tradicionais Em seu parecer a antrop loga afirma que os moradores das comunidades Serra Negra e Vargem Grande possuem modos de vida definidos pela agricultura de subsist ncia e pela pecu ria extensiva atividades que praticam h mais de cem anos bem antes do estabelecimento do PARNA do Itatiaia Dessa maneira s o dependentes do manejo sustent vel do ambiente que ocupam e podem ser classificadas como comunidades tradicionais Per cia antropol gica ANEXO A p 30 Tais observa es constatadas a partir da coleta de dados na pesquisa de campo realizada com as trinta e seis fam lias residentes nas comunidades de Serra Negra e Vargem Grande e dos dado
66. de propriedades por parte do PNI seriam a inten o de vender por parte dos atuais propriet rios e a documenta o em dia das respectivas propriedades Segundo ele essas condi es seriam suficientes para a abertura do processo referente ao lote espec fico da negocia o A partir disso seria realizado um estudo e analisado o valor de mercado da propriedade 2 De acordo com a advogada respons vel pelo Programa de Regulariza o Fundi ria do PNI em entrevista concedida no dia 13 de fevereiro de 2012 as propriedades do antigo N cleo Colonial de Itatiaia adquiridas foram o lote 3 com 0 3ha por R 131 286 94 e o lote 22 com 2 7ha por R 200 871 99 ambos em dezembro de 2010 e o lote 15 com 22ha por R 194 000 00 em mar o de 2011 3 Informa o adquirida em entrevista realizada com o Chefe do PNI Walter Behr ocorrida dia 13 de fevereiro de 2012 A propriedade e respectivas benfeitorias possuem 33ha e foi comprada pelo ICMBio por R 1 050 000 00 em dezembro de 2011 Os recursos utilizados para compra de propriedades no processo de regulariza o fundi ria s o provenientes da arrecada o de compensa o ambiental 174 para a aquisi o por parte do ICMBio O crit rio seguinte seria a aquisi o de reas de interesse para o uso p blico Figura 26 Cachoeira do Escorrega Foto O autor 2012 Como se v pelas coloca es acima as quest es do gado do fogo e fundi ria est o imbricadas no caso do P
67. de que a paisagem formada n o apenas de volumes como tamb m de cores movimentos odores e sons encontra resson ncia no car ter din mico da transforma o da paisagem do parque Os diferentes matizes encontrados nos p ssaros do PNI ressaltam essa afirma o Tais caracteriza es da paisagem desta UC implicam em an lises tamb m das dimens es humanas tendo em vista que o estudo do conceito de paisagem categoria anal tica desta tese incorpora aspectos importantes da conjuntura como as rela es pol ticas e culturais existentes ao longo da hist ria 17 Nome cient fico Dasypus novemcinctus 18 Essas informa es est o contidas no v deo institucional do PNI elaborado durante o Programa de 70 anos de cria o do Parque Nacional O v deo dispon vel em DVD foi um dos produtos do programa que tamb m realizou obras de revitaliza o e reformas das estruturas prediais T1 Figura 21 Guia de campo de observa o de p ssaros produzido pelo PNI quando completou 75 anos Parquie Be Nacional do Itatiaia GUIA DE CAMPO Itatiaia National Park Field Guide As avan n o est o reprosentadas em escala www icmbio gov briparna itatiaia ANO MORERA LIMA for BRUNO RENNO LUIZ CARLOS RIDENBOIM LUCIANO MOREIRA LUMA design RUCI B MM 78 Registros hist ricos apontam para a ocorr ncia de popula es ind genas e comunidades rurais nos territ rios posteriormente transformados no Parque Nacional do Itati
68. de todas as partes interessadas mas nossas decis es s o sempre para as melhores situa es de futuro Nessa mesma linha a prop sito do turismo com rela o mesma quest o dos interesses dos residentes da parte alta uma conselheira remete diretamente ao tema fundi rio posicionando se em favor do direito ao meio ambiente equilibrado 190 em detrimento aos direitos culturais Para ela O PARNA ITATIAIA at o momento da categoria PROTE O INTEGRAL se caso mudar vamos esquecer o ber o gen tico da Mata Atl ntica que est amea ado drasticamente Portanto no meu ponto de vista n o para morar ningu m menos ainda ter produtor Ent o vamos entregar os pontos jogar a toalha e fantasiarmos de algo chamado de sustentabilidade Que mesmo assim dura menos que 3 s culos Agora o que o produtor que mora no cintur o de contorno do Parque o que podemos fazer regularizar a sua passagem com as pequenas produ es artesanais pelo interior do PNI Mas produtor residente do PNI transformar a UC em um grande curral de gado argumentou condenando a pr tica da pecu ria no PNI A pr tica do turismo envolve diferentes grupos que s o afetados pela sua realiza o e que possuem interesses espec ficos e diferentes na condu o da atividade Cada um desses grupos tem um importante papel a desempenhar na abrang ncia do turismo Segundo Goeldner 2002 p 23 s o eles 1 o turista 2 as empresas fornecedoras
69. de universos de legitimidade que precisam ser considerados para juntos resolverem os conflitos socioambientais Ao estudar as contribui es de Clay 1985 editor de uma conceituada revista chamada Cultural Survival Diegues 2008 ressalta a import ncia da manuten o das popula es locais em reas protegidas De acordo com o autor essa pol tica permitiria fazer com que elas as popula es possam absorver de maneira mais adequada as mudan as socioculturais provindas da sociedade mais ampla a tecnol gica e industrial Esse fator de amortecimento daria mais tempo e oportunidade a essas popula es para recriarem de forma din mica suas rela es com a natureza em virtude das mudan as vindas de fora DIEGUES 2008 P 103 Sobre a rela o entre a perman ncia de popula es locais e a prote o da biodiversidade Diegues lembra a afirma o de Clay publicada em fevereiro de 1985 na revista ora citada sob o t tulo Parks and People os povos desenvolveram uma s rie de maneiras de conviver com os ambientes fr geis N s conhecemos muito pouco sobre como esses sistemas se desenvolveram como eles funcionam e como podem ser adaptados para faz los mais produtivos e ecologicamente sadios Sabemos no entanto que a chave para o entendimento das atividades sustent veis em ambientes fr geis come a com as popula es locais Seu conhecimento valioso para o futuro do ambiente da terra e dos povos No entan
70. dedico este trabalho que fiz com carinho e esfor o aos meus alunos que me instigam a trabalhar cada vez mais por um Brasil mais justo inclusivo e melhor de se viver AGRADECIMENTOS A realiza o deste trabalho ao longo de quatro anos 2009 2012 foi poss vel devido al m do esfor o pessoal ajuda e participa o de muitas personagens Inicialmente agrade o a Deus pelas oportunidades pelo aprendizado e pelos ensinamentos que tem me dado a todo instante Aos amigos do outro plano sempre presentes iluminando o meu caminho Ao Pai Eduardo e a todos os irm os da Casa de Caridade For a no Caminho e do Centro Esp rita Irm o Clar ncio Agrade o tamb m a prote o de S o Francisco as b n os de Santa Luzia protetora dos olhos de Nossa Senhora Desatadora dos N s e de S o Judas Tadeu em nome de Jesus Cristo No plano institucional agrade o ao CEFET MG que desde o in cio apoiou e viabilizou as condi es e os recursos necess rios realiza o desta jornada por meio da Diretoria de Pesquisa e P s gradua o DPPG Agrade o tamb m ao Programa PICDT CAPES que financiou por meio de bolsa de pesquisa de Doutorado os recursos financeiros necess rios minha perman ncia no Rio de Janeiro e aos deslocamentos at Itatiaia RJ Itamonte MG e aos demais caminhos percorridos durante esta trajet ria Das pessoas ao meu redor agrade o ao meu pai e minha m e que sempre me incentivam Meu pai
71. democr tica se a estrutura de poder concentra as decis es numa elite minorit ria Ent o as condi es de participa o no mundo atual s o essencialmente conflituosas e a participa o n o pode ser estudada sem refer ncia ao conflito social Para o autor em toda sociedade existe uma oposi o entre sistemas de solidariedade n vel comunit rio e sistemas de interesses n vel individual Como se viu ao longo desta exposi o total a dist ncia da popula o residente em rela o ao conselho do parque do qual se esperaria que participasse e ou atrav s do qual se esperaria que manifestasse suas quest es aquelas que n o aparecem nas discuss es do CCPNI E como se viu tamb m s o consider veis as cr ticas de parte dos pr prios conselheiros quanto ao funcionamento do conselho As vis es dos autores acima citados podem contribuir para a compreens o dessa configura o do conselho no PNI bem como daquelas concep es que se seguem a prop sito do mesmo tema Para Dombrowski 2008 a pr tica do clientelismo frequente em muitos conselhos A presen a de coron is detentores do controle dos recursos e de subordinados ou de bases pol ticas dependentes desses recursos para reprodu o de sua subsist ncia cujos recursos come am a ser debatidos nesses conselhos n o garantem a descontinuidade do clientelismo na institucionaliza o dos conselhos pois medida que tais institui es caminham para a autonomia
72. deve se basear nas caracter sticas de cada atividade e no porte de investimentos e infra estrutura apropriados para cada situa o A modalidade de presta o de servi os de apoio visita o deve portanto considerar a diversidade de situa es em termos ambientais sociais e econ micos RODRIGUES 2009 p 301 A elabora o de um Plano de Manejo que desconsidere exclua ou ignore a participa o de algum dos atores sociais envolvidos com a UC favorece o surgimento de um conflito No entanto sobre o conflito em si Acselrad demonstra que esta pr tica n o se apresenta apenas com seus aspectos negativos Inicialmente o termo remete ideia de diverg ncia e confronto Mas h tamb m outra perspectiva diferente do paradigma de que o conflito n o algo bom sociedade pois se d em fun o da distin o de interesses relativos ao uso acesso e distribui o dos recursos naturais BOTELHO 2009 p 37 Acselrad 2000 observa que a supera o do conflito pode ocorrer por meio do processo pol tico da negocia o Ao analisar os m todos de zoneamento ecol gico econ mico na Amaz nia o autor ressalta a afirma o de um representante do Banco Mundial sobre a quest o a sociedade caracterizada por conflitos muitas vezes sobre o uso da terra e seus recursos A resolu o de conflitos sociais se d atrav s do processo pol tico O processo t cnico de planejamento tem certa tend ncia de espe
73. do encadeamento e da gest o local da atividade que permita a a o de agentes do turismo p blicos ou privados que fa a prevalecer a no o de empresa extensiva a toda a localidade Isto a localidade passa a ser o produto posto no mercado sem considerar seus recursos e equipamento de forma isolada Comercialmente essa postura pode parecer vantajosa uma vez que reduz os custos da divulga o por m ambientalmente pode favorecer as estrat gias de certos grupos de propriet rios de im veis de hoteleiros de agentes imobili rios de comerciantes de propriet rios de resid ncias secund rias etc 1997 p 33 Cabe ressaltar que a atividade tur stica n o isenta de impactos ao meio natural Contudo na an lise de Ruschmann o turismo n o se constitui como o nico culpado das agress es sofridas pelo meio ambiente Em compara o a outras atividades produtivas os danos provocados pelo turismo s o insignificantes como o caso dos vazamentos de petr leo nos oceanos das queimadas florestais para utiliza o do solo em atividades diversas dos acidentes das usinas nucleares 1997 p 24 De acordo com Rodrigues 2009 devido ao contexto das pol ticas p blicas vinculadas visita o nos parques nacionais ainda falta um longo percurso para aprimorar a rela o entre as esferas p blica e privada no uso destas reas p 314 Em sua pesquisa sobre a rela o entre as esferas p blica e privada na apropria
74. e ensinamentos que ajudem na sobreviv ncia da fam lia foi dito que isso n o ocorre mas foram lembradas a es educativas e cursos realizados por outras entidades J teve da Emater IMA Instituto Mineiro de Agropecu ria apoio da Prefeitura de Itamonte Mas o Parque n o Nas entrevistas realizadas com as fam lias da parte alta a quest o da desapropria o devido proposta do PNI de regulariza o fundi ria e as possibilidades sobre o que fazer diante dessa situa o foram tratadas ao final da conversa E este assunto foi o que provocou a maior queixa dos moradores 32 No roteiro da entrevista Ap ndice A as duas ltimas perguntas referem se ao tema fundi rio A primeira delas busca compreender o que os moradores pensam sobre a inten o de desapropria o 176 not vel a irrita o que expressam a indigna o e a hostilidade em rela o ao PNI quando pensam em sair de suas propriedades e ter que viver em outro lugar como j foi indicado anteriormente e como ser retomado adiante no item sobre a rela o moradores PNI Argumentam que pagam os impostos da propriedade que t m toda a documenta o e que est o instalados naquele lugar h muitas gera es Uma express o muito utilizada pelos moradores somos todos nascidos e criados aqui e perguntavam como e por que sair alegando n o ter para onde ir nem o que fazer em outro lugar No entanto alguns moradores n o apresentam muita
75. exist ncia biol gica prote o afeto cria o produ o reprodu o biol gica participa o na vida social identidade e liberdade Portanto sustent vel n o o processo que apenas se preocupa com uma das duas dimens es mas que precisa contemplar ambas o que um enorme desafio diante de uma sociedade que prima pelos interesses econ micos acima dos demais 2012 p 56 7 Como dito anteriormente entendo que a prote o da natureza n o ocorre dissociada da presen a humana Ser humano Homo sapiens tamb m uma esp cie e portanto um ser natural A utiliza o dos recursos naturais essencial inclusive para a perpetua o dessa esp cie o que n o significa aceitar abusos e expropria o espacial de outras esp cies que tamb m t m direito vida reprodu o e perpetua o Enfim o que defendo aqui a explora o sustentada dos recursos naturais e n o a utiliza o dos recursos para a acumula o No campo dos estudos de turismo entende se que o turismo enquanto pr tica socioecon mica possui um efeito multiplicador que possibilita a realiza o de outras atividades afins de forma a permitir a inclus o econ mica no processo produtivo Assim pode se reconhecer que a pr tica do turismo na parte alta do Parque Nacional do Itatiaia pode estimular a elabora o de artesanato local a produ o de doces queijos e outros produtos que podem ser comercializados diretamente entre os produtores d
76. extrativistas no reconhecimento de terras de quilombo e nas propostas de cria o de modalidades de reas de conserva o de m ltiplos usos a serem definidos em mosaico nos planos de manejo fruto justamente da auto organiza o das popula es tradicionais e de propostas que delas emanam recebendo apoio de outros atores e setores sociais ARRUDA 1999 p 85 Apesar de se constitu rem como iniciativas que incluem a popula o local como agentes coautores da conserva o ambiental sustent vel Arruda alerta para o fato de que essas iniciativas n o obt m apoio das autoridades respons veis pela pol tica ambiental uma vez que o poder p blico n o aceita alternativas fora do padr o das concep es ambientais tecnicistas p 85 Arruda 1999 denuncia a recorr ncia no Brasil de unidades de conserva o superpostas a reas ocupadas por popula es para as quais desenvolvido um plano de manejo que n o enxerga as comunidades residentes e socioculturalmente dependentes dessas reas na medida em que desenvolveram estilos de vida relacionados a ambientes naturais espec ficos com suas vis es de mundo particulares conhecimento extenso e minucioso dos processos naturais e que estabelecem rela es com o mundo natural distintas das que prevalecem nas sociedades urbano industriais ARRUDA 1999 p 86 Segundo o autor embora o poder p blico busque solucionar os conflitos socioambientais que se instal
77. fiscaliza o do Parque apesar das discord ncias devido aos interesses divergentes A presen a do analista ambiental na parte alta do PARNA do Itatiaia tem propiciado um di logo maior com as comunidades locais mas mesmo assim a realidade das comunidades desconhecida pelos gestores do Parque Os moradores ainda t m pouco conhecimento e informa o sobre as restri es pr prias dessa rea protegida ainda n o demarcada fisicamente e nenhuma participa o nos a es do PARNA do Itatiaia com exce o de uns poucos moradores contratados como brigadistas na Brigada de Combate e Preven o a Inc ndios Florestais dessa UC Eles tamb m questionaram a ler de contrata o de brigadistas que tempor ria apenos por seis meses Essa temporariedade tamb m ruim para o Parque pois o morador capacitado s pode retornar ao PREVFOGO ap s dois anos de afastamento O pr prio t cnico do IMCBio avaliou na sua disserta o que as a es coercitivas da equipe de fiscaliza o nica presen a institucional na parte alta do PNI n o eram eficazes para resolver os conflitos com as comunidades locais e estes s seriam sanados com a implementa o de pal ticas que considerem as especificidades das popula es locais Entretanto j se passaram mais de quatro onos desde essa avalia o e at hoje n o existe um plano de manejo discutido com a comunidade De acordo como 18 Tomehisishi G W An lise Extrat gica para implem
78. gico paleontol gico ecol gico e cient fico 51 O poder p blico com a colabora o da comunidade promover e proteger o patrim nio cultural brasileiro por meio de invent rios registros vigil ncia tombamento e desapropria o e de outras formas de ocautelamento e preserva o 5 2 Cobem odministra o p blica no forma da lei a gest o da documenta o governamental e as provid ncias para franquear sua consulta a quantos dela necessitem 5 3 A les estabelecer incentivos pora a produ o e a conhecimento de bens e valores culturais amp 4 Os danos e amea as ao patrim nio cultural ser o punidos na forma da lei amp 5 Ficom tombados todos os documentos e os s tios detentores de reminisc ncias hist ricas dos entigos quilombos 34 UU ULTUUVULVULUVULULLOLULUVOCOcooo soco DpDS Os moradores dessas comunidade n o se veem como degradadores do meio ambiente pois sempre preservaram a natureza e seus recursos porque dependem deles para viver A sustentabilidade de suas pr ticas tradicionais era garantida com a baixa densidade demogr fica e o uso itinerante do terra seja dos ro as ou da solta do gado leiteiro O uso da terra era regido pelo manejo das ro as de subsist ncia familiar com o uso da coivara e pousio para recomposi o da fertilidade do solo sempre preservando o meio ambiente A solta do gado tamb m n o era uma atividade impactante ras encostas usados para o pastoreio pois co
79. gicos era relevante Eis ent o que surge o ecoturismo como atividade considerada n o predat ria da sua base principal de recursos que a natureza e como tal potencialmente capaz de colocar se como alternativa para a gera o de renda s comunidades que dependem da explora o direta desses recursos na medida do seu engajamento efetivo com o desenvolvimento dessa atividade PIRES 2002 p 72 O crescimento acelerado do turismo tamb m remete reflex o sobre os seus riscos e os impactos dessa atividade e alerta para a necessidade de se considerar uma importante vari vel o planejamento Em unidades de conserva o os impactos s o potencializados sobre os recursos naturais e mesmo em ambientes urbanos a preocupa o com o planejamento uma premissa necess ria para se alcan ar resultados satisfat rios no que se refere ao desenvolvimento local Relacionado a essa quest o pode se remeter a Dias e Aguiar 2002 que discorrem sobre os impactos causados pelo turismo em ambientes naturais Os autores argumentam que as oportunidades de neg cios se multiplicaram com o desenvolvimento do turismo em todo o mundo Para os autores essa forma de consumo marcadamente individualista trouxe para a atividade tur stica a necessidade de consumir os melhores recursos naturais a flora a fauna o clima a paisagem a cultura o sil ncio etc sem se levar em conta que estes valores ecol gicos em sua maior parte n o s o renov veis
80. item anterior envolvendo esses mesmos atores sociais Veremos em seguida uma configura o semelhante prop sito do turismo 37 Walter um servidor do ICMBio PNI Ocupou o cargo de Chefe da UC de 2005 at o anivers rio de 75 anos do PNI em 14 de junho de 2012 185 4 3 3 Turismo Em relatos dos moradores percebi que alguns esperam que o turismo possa contribuir com o aumento da renda demonstram entusiasmo com a ideia e acreditam que o desenvolvimento da atividade pode gerar benef cios para cada fam lia e para a comunidade como um todo Isso remete coloca o de Coriolano et al 2009 no sentido de que na dimens o comunit ria a atividade tur stica pensada como forma de rea o e ao mesmo tempo de inser o na economia Trata se de uma reprodu o em dimens es microescalares do modelo capitalista de gera o de renda Contudo se apresenta como uma proposta alternativa por inverter a pol tica tradicionalmente de cima para baixo pela gest o da comunidade p 213 Os mesmos autores argumentam em prol de um arranjo produtivo local que pode se constituir em uma alternativa vi vel para o momento pelo qual passa o PNI Atualmente o PNI atravessa um impasse frente ao seu contexto fundi rio de um lado o poder p blico quer as terras para prote o ambiental mas n o indeniza os propriet rios dos terrenos de outro os propriet rios querem continuar na terra e relatam que n o s o inden
81. limites atuais do PNI acrescidos de um raio de tr s quil metros no seu entorno registrou de 1937 a 2011 um total de 332 eventos alguns dos quais relacionados situa o fundi ria devido pr tica de alguns produtores rurais se utilizarem de queimadas para a prepara o de pasto para o gado Tal pr tica transmitida de gera o em gera o entre os pequenos produtores rurais Segundo o autor o contexto que envolve gado fogo e propriedade particular se constitui como um grave problema do PNI A quest o fundi ria est na raiz de grande parte dos conflitos que resultam em inc ndios florestais dentro do Itatiaia especialmente na Parte Alta e no Alto dos Brejos Mesmo antes da amplia o do Parque em 1982 os criadores do entorno levavam o gado para invernar nas alturas do Planalto 2 Nome cient fico Araucaria angustifolia 173 do Itatiaia e sem cercas o gado se espalhava indistintamente dentro e fora do Parque em terras p blicas ou privadas que eram queimadas para favorecer a rebrota do capim Paulo Manoel do Santos com pess Desta forma a quest o do fogo est em grande parte diretamente conectada ao gado e situa o fundi ria Com a amplia o da Unidade o conflito se agravou j que diversas pequenas fazendas foram incorporadas Unidade de Conserva o sem serem devidamente adquiridas pelo poder p blico E comum ouvir dos propriet rios o argumento de que mant m gad
82. n o dada para todo o sempre objeto de mudan a um resultado de adi es e subtra es sucessivas 1994 p 75 Em conson ncia com Santos esse estudo adota este conceito de paisagem porque percebe assim como ele que h uma adequa o da sociedade sempre em movimento paisagem A sociedade se encaixa na paisagem sup e lugares onde se instalam em cada momento suas diferentes fra es H dessa maneira uma rela o entre sociedade e um conjunto de formas materiais e culturais Quando h uma mudan a social h tamb m mudan a dos lugares SANTOS 1994 p 79 80 A delimita o espacial necess ria para a caracteriza o do PNI pois h diferencia o das pr ticas desenvolvidas pelas popula es que usufruem de duas por es distintas delimitadas pela diferen a altim trica em fun o das caracter sticas do relevo denominadas parte baixa PB e parte alta PA esta tamb m chamada de planalto Na parte baixa no antigo N cleo Colonial de Itatiaia a grande maioria das propriedades de veraneio segunda resid ncia em finais de semana com presen a de hot is e de edifica es da administra o do parque Na parte alta o posto de controle e fiscaliza o assim como o abrigo Rebou as para montanhistas configura a presen a administrativa do PNI e as propriedades rurais representam as popula es locais que ali sobrevivem de agricultura de subsist ncia cria o de trutas pe
83. ndio de vultosos recursos financeiros de origem p blica presen a de comunidades rurais de variados tipos utiliza o de terras para produ o agropecu ria aos fluxos de visita o e de empreendimentos tur sticos dentre outros Rocha et al 2010 apontam a especula o e o apossamento ilegal de terras p blicas como sendo peculiaridades que agravam o problema a ser enfrentado no contexto da regulariza o fundi ria dos PNs Esses autores acentuam que a in rcia do poder p blico no trato da quest o contribui para o agravamento da situa o pois apesar dos preju zos causados pela lentid o no cumprimento do que determina a Lei os parques continuam exercendo parcialmente suas fun es Nesse sentido assinalam que curiosamente um PN pode conviver com elas as peculiaridades por per odos relativamente longos sem que haja conflitos agudos mas tamb m sem que se alcancem solu es definitivas Assim os problemas fundi rios n o alcan am necessariamente uma grande repercuss o p blica nem geram forte mobiliza o social que pressione o rg o gestor a resolv los Isso suscita a conviv ncia prolongada com situa es irregulares e uma postura complacente ou postergadora dos rg os administradores 2010 p 217 Entretanto mesmo com todos os instrumentos para cria o de rea protegida institu dos h casos em que s o criadas unidades de conserva o de prote o integral sem o cumprimento pleno da norma
84. nos relacionamos apenas esteticamente com ela de ambiente porque n o trata apenas de nossa sustentabilidade enquanto seres vivos de regi o e de rea porque o sentido da paisagem eminentemente simb lico e dos lugares pois estes se referem ao indiv duo e s o nomeados enquanto que a paisagem se caracteriza mais como superf cie cont nua e n o como foco de aten o 1979 apud HOLZER 1999 p 157 158 Cosgrove 2004 p 99 relaciona a paisagem a uma nova maneira de ver o mundo cuja estrutura e mecanismos s o acess veis mente humana assim como ao olho agindo como guia para os seres humanos em suas a es de alterar e de aperfei oar o meio ambiente O autor especifica tr s implica es do conceito 1 foco nas formas vis veis do mundo sua composi o e estrutura espacial 2 unidade coer ncia e ordem ou concep o racional do meio ambiente 3 a ideia de interven o humana e controle das for as que modelam e remodelam nosso mundo Em Santos tamb m se destaca a import ncia de se diferenciar o conceito de paisagem ao ressaltar o car ter din mico da transforma o da paisagem ao longo da hist ria a partir da inova o feita pelos instrumentos de produ o Tais caracter sticas levam no a definir paisagem como 62 um conjunto de formas heterog neas de idades diferentes peda os de tempos hist ricos representativos das diversas maneiras de produzir as coisas de construir o espa o A paisagem
85. o Antigamente os melhores hot is estavam nos centros das cidades mas com o crescimento do turismo automotor sobretudo nos Estados Unidos onde o turismo interno foi sempre significativo constru ram se hot is com estacionamento a princ pio na beira das estradas mot is estrutura horizontal e motor hotels estrutura vertical O desenvolvimento do turismo de forma desordenada trouxe sem que se tivesse clareza do significado do termo muita confus o ao campo do saber Conceitos de turismo se multiplicaram influenciados por outros campos cient ficos Os conceitos de turismo desde o per odo da Segunda Guerra Mundial s o analisados por Ignarra Na d cada de 1940 Hunziker e Krapf conceituaram turismo como o conjunto das inter rela es e dos fen menos que se produzem como consequ ncia das viagens e das estadas de forasteiros sempre que delas n o resulte um assentamento permanente nem que eles se vinculem a alguma atividade produtiva ANDRADE 1998 apud IGNARRA 2002 p 23 24 Em seguida Mcintosh afirma que o turismo pode ser definido como a ci ncia a arte e a atratividade de atrair e transportar visitantes aloj los e cortesmente satisfazer suas necessidades e desejos McINTOSH GUPTA 1993 apud IGNARRA 2002 p 24 Jafar Jafari insere a terminologia ind stria ao conceito de turismo Para ele turismo o estudo do homem longe de seu local de resid ncia da ind stria que satisfaz suas necessid
86. o da biodiversidade a autora elaborou uma lista de tend ncias e recomenda es que podem auxiliar na elabora o de novas pol ticas Na Tabela 2 a seguir os resultados e os argumentos desenvolvidos pela autora s o apresentados 145 Tabela 2 Tend ncias e recomenda es para elabora o de pol ticas p blicas de visita o nos parque nacionais brasileiros 1 Os instrumentos para a delega o de servi os de apoio visita o devem ser revistos atualizados e adaptados visando consolida o de investimentos e empreendimentos de v rias escalas Para que a administra o das UC atenda ao usu rio com qualidade e seguran a e promova um leque diversificado de op es recreativas necess rio regulamentar a presta o de servi os por meio de diferentes modalidades concess o permiss o autoriza o parceria com OSCIP cada qual orientada por um conjunto de procedimentos que se adeque melhor ao perfil dos servi os prestados Isso permite implementar diferentes arranjos entre as esferas p blica e privada diminuindo a depend ncia de um nico modelo A concess o pode n o ser o instrumento mais adequado para alguns casos principalmente em reas com pouca demanda por servi os de apoio visita o 2 O artigo 33 da Lei 9 985 de 18 de julho de 2000 deve ser regulamentado considerando a consolida o de instrumentos como licen as permiss es e autoriza es para a presta o de servi os d
87. o Paulo Empresa das Artes Bras lia Minist rio do Meio Ambiente e dos Recursos H dricos e da Amaz nia Legal 1998 IBAMA Portaria 22 92 Institui o Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Popula es Tradicionais Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente 2011 ICMBIO Instru o Normativa n 26 2012 Estabelece diretrizes e regulamenta os procedimentos para a elabora o implementa o e monitoramento de termos de compromisso entre o Instituto Chico Mendes e popula es tradicionais residentes em unidades de conserva o onde a sua presen a n o seja admitida ou esteja em desacordo com os instrumentos de gest o Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente 2012 IGNARRA Luiz Renato Fundamentos do Turismo S o Paulo Pioneira Thomson Learning 2002 IRVING M A Reinventando a reflex o sobre turismo de base comunit ria inovar poss vel In BARTHOLO Roberto SANSOLO Davis G BURSZTYN Ivan Org Turismo de base comunit ria diversidade de olhares e experi ncias brasileiras Rio de Janeiro Letra e Imagem 2009 p 108 122 IRVING M A et al Constru o de governan a democr tica interpretando a gest o de parques nacionais no Brasil In IRVING M A Org Areas protegidas e inclus o social construindo novos significados Rio de Janeiro Aquarius 2006 IRVING M A Participa o quest o central na sustentabilidade de projetos de desenvolvimento In IRVING M A AZEVEDO J Org
88. o artigo 11 da Lei Federal 9985 2000 que preconiza a desapropria o e a indeniza o Aqui no Itatiaia nem o decreto de 37 nem o decreto de 82 vieram acompanhados do decreto de utilidade p blica fundamental no processo de desapropria o At agora o que o ICMBio chama de desapropria o amig vel ele comprando im veis de quem quer vender com recursos vindos ou da compensa o ambiental ou da compensa o de reservas legais em propriedades que n o as tem atrav s de um dispositivo legal estadual de MG Ou seja os grandes aglomerados plantadores de eucalipto n o tem reserva legal na terra deles porque eles compraram terras para o PNI As ltimas aquisi es na parte alta foram atrav s desse dispositivo e toda essa transa o foi feita sem conhecimento do conselho Tentei trazer isso na lista de discuss o do conselho e na ltima reuni o mas n o consegui Para esta quest o como para outras houve diverg ncia nas vis es dos conselheiros que se colocam de um lado assim como este ltimo mais cr ticos em rela o atua o do conselho n o est envolvido na regulariza o fundi ria o conselho consultivo e apenas tem sugerido alternativas mas n o 14 acompanha todo o processo de desapropria o que feito pelo parque os conselheiros sempre perguntam mas o presidente diz que est em andamento E de outro lado mais afinado quanto ao conselho e ao
89. o com a natureza e se contrap em a vis es de mundo que mercantilizam a vida e dicotomizam sociedade natureza quilombolas pequenos agricultores 98 extrativistas ribeirinhos cai aras etc Modo de produ o e modo de vida se definem dialeticamente 2012 p 30 A resist ncia ao modelo hegem nico de desenvolvimento estabelecido pelo capital se d por movimentos sociais organizados por representantes de causas ambientais sindicatos ONG s organiza es afro descendentes e ind genas pesquisadores universit rios e outros grupos que no Brasil formaram a Rede Brasileira de Justi a Ambiental RBJA lan ada no F rum Social Mundial em 2002 De acordo com Porto e Milanez as discuss es que marcaram a cria o da rede se centraram no fato do modelo de desenvolvimento dominante no Brasil destinar as maiores cargas de danos ambientais s popula es socialmente mais vulner veis pobres e discriminadas da sociedade o que reflete a enorme concentra o de poder na apropria o do territ rio e dos recursos naturais que caracteriza a hist ria brasileira Os objetivos centrais da RBJA residem na troca de experi ncias e informa es entre movimentos sociais popula es entidades e pesquisadores assim como a produ o e circula o de den ncias e campanhas Trata se portanto de um espa o privilegiado para levantar a exist ncia de conflitos socioambientais no Brasil 2009 p 1987 A posi o e a luta dos d
90. o pode n Eles t o muito agressivo Disse que v o derrubar aquele hotel na beira da estrada T tudo constru do pra que derrubar Neste depoimento eles refere se aos servidores do PNI e o hotel citado a Pousada dos Lobos que j foi autuada pelo PNI diversas vezes e possui alguns chal s interditados sendo o motivo alegado pelo rg o ambiental de acordo com o morador o fato de estarem pr ximos ao curso d gua provocando contamina o dos recursos h dricos Lembra ainda a tens o provocada pelo impasse fundi rio Eles n o deixa plantar fazer nada na terra S tirar o leite A complica Buscar tudo na cidade muito caro n O dono l o Gustavo o mais mand o que tem Tem o Luis tamb m na Casa de Pedra Ele escondeu no mato e prendeu o mo o colocando fogo Amarrou ele Veio avi o e levou Ficou dois meses preso O mo o falou que s n o matou ele porque n o tinha rev lver J encheram a Casa de Pedra de bala Isso a vai d confus o acredita Na fam lia 24 relatada a resist ncia dos moradores e a dificuldade de tratar do assunto Reclama se que o PNI n o quer indenizar mas quer as terras por um 33 Gustavo na fala citada um analista ambiental do ICMBio PNI Atuou como Coordenador do N cleo de Fiscaliza o do PNI e assumiu o cargo de Chefe da Unidade quando o PNI completou 75 anos em 14 de junho de 2012 Lu s na fala citada outro analista ambiental do ICMBio
91. o retorno financeiro proporcionado por esse mesmo uso p blico para a viabiliza o de sua prote o e manejo Na sociedade como um todo vem se verificando o aumento do interesse p blico pela natureza e pelos lugares que ainda a mant m na sua originalidade proporcionalmente ao crescimento das a es ambientalistas e sua repercuss o social ao mesmo tempo em que as experi ncias ecotur sticas t m aumentado a sensibilidade p blica pela causa ambientalista 2002 p 69 De acordo com Pires 2002 o termo ecoturismo foi cunhado por Ceballos Lascur in em 1983 O autor afirma no entanto que para o criador da express o sua assimila o n o se deu de imediato sendo necess rios v rios anos para a divulga o e matura o desse novo conceito o que ocorreu somente com a chegada dos anos 1990 quando logrou maior receptividade nas organiza es e entidades que se encontravam frente do ambientalismo porque j embutia no conceito que passou a acompanh lo a partir de 1991 a tica conservacionista defendida por todas elas O termo constituiu se numa forma telegr fica de expressar conjuntamente a ideia de turismo associada com a de ecologia p 76 O contexto de surgimento do ecoturismo em sua concep o hist rica recuperado por Pires 2002 quando salienta que o arcabou o hist rico no qual repousa o cen rio em que se revela o surgimento do ecoturismo remete aos anos 1960 e 1970 quando os g
92. os em curto prazo ajudam a regi o onde os resorts se alocam eles s o vistos como minas para o empreendedor e para o Na ocasi o ele informou tamb m sobre a exist ncia de uma negocia o com a Prefeitura de Itamonte para a instala o de um posto de informa o na Garganta do Registro sendo retirado o posto fiscal Informou ainda sobre a elabora o de um guia de trilhas do planalto e que o PNI tornou se integrante do Programa Parques da Copa uma a o desenvolvida pelo governo federal para preparar e estimular a visita o tur stica em unidades de conserva o selecionadas para este Programa durante o per odo de realiza o da Copa do Mundo de futebol que ocorrer no Brasil em 2014 Este Programa gerou na administra o do PNI a expectativa de receber recursos para projetos da unidade Na parte baixa acrescentou que o PNI pretende desenvolver um sistema pr prio de transporte tur stico com esta es em alguns pontos para que se possa proibir no futuro a utiliza o de ve culos particulares nas depend ncias da unidade 42 Segundo Coriolano et al 2009 Resort significa est ncia de f rias e tem como caracter sticas principais arquiteturas horizontais amplo espa o aqu tico rea de recrea o clube de sa de ou spa e completa estrutura nos servi os S o equipamentos voltados para o mercado internacional desenvolvendo um turismo diferenciado daqueles que podem comprar luxo lazer e conforto Para a As
93. os princ pios b sicos do desenvolvimento participativo comunit rio do turismo o de base local Estes arranjos constituem forte refer ncia para a formula o de pol ticas sociais que buscam promover bairros periferias e comunidades reduzir dist ncias socioecon micas entre ricos e pobres podendo contribuir para tornar a sociedade menos perversa e mais sustent vel 2009 p 18 19 196 Os efeitos negativos da atividade tur stica tamb m s o sentidos e podem ser potencializados se houver aus ncia de planejamento de fiscaliza o e de controle por parte dos rg os p blicos Para Pires a vig ncia e a hegemonia do turismo de massas ao mesmo tempo que proporcionou um grande avan o na socializa o do turismo acarretou uma s rie de impactos negativos de car ter ecol gico econ mico social e cultural que desencadeariam descontentamentos e com eles os anseios por mudan as na condu o desse modelo de turismo que o tornassem menos pernicioso em seus impactos 2002 p 249 Constata es como esta s o relevantes na medida em que casos em desacordo com os princ pios de sustentabilidade constituem um desafio para o sentido de comunidade e de n cleos receptores locais de turismo na concep o dominante de turismo comunit rio Para compreender melhor a conviv ncia entre os moradores e o PNI analiso a seguir as quest es dos formul rios de pesquisa que abordaram essa interatividade 4 3 4 Re
94. partes interessadas Outra alternativa seria a dupla afeta o a popula o local permaneceria no Parque Nacional do Itatiaia que continuaria com o mesmo limite e o Termo de Conviv ncia conciliaria a prote o do meio ambiente e os direitos territoriais das comunidades a partir de um plano de manejo construido com a participa o dos moradores visando incorpora o dos seus saberes tradicionais Nesse processo n o basta s ouvir a comunidade numa audi ncia p blica necess rio um processo continuo de oficinas para discutir alternativas de sustentabilicade compat veis com suas necessidades sociais culturais e econ micas Desse modo necess rio uma ren ncia de direitos de ambos os lados Essa alternativa pode reduzir os conflitos e at compatibilizar a presen a dessas comunidades dentro do Parque Uma terceira alternativa tamb m poss vel quando observa se que o 39 270 4 SNUC nermatizou pol ticas p blicas com a finalidade de cria o implanta o e gest o das unidades de conserva o no pa s as UC de prote o integral que tem como objetivo a manuten o dos ecossistemas sem as altera es causadas por interfer ncia humana admitindo apenas o uso indireto de seus atributos naturais e proibindo as atividades de consumo coleta dano ou destrui o dos recursos naturais E as UC de uso sustent vel com o objetivo de compartilhar a conserva o da natureza com uso sustent vel dos recursos
95. pr ticas sociais e culturais importante lembrar que nesse processo est o presentes as rela es de submiss o e poder que atendem aos interesses do ator com maior capital De acordo com Botelho 2009 p 38 quando os acordos simbi ticos s o rompidos por um dos atores envolvidos que recusa o modo como est o organizadas as formas de apropria o do territ rio e de 93 seus recursos instaura se o que Acselrad 2004 p 26 apud BOTELHO 2009 p 38 define como conflito ambiental os conflitos ambientais s o portanto aqueles envolvendo grupos sociais com modos diferenciados de apropria o uso e significa o do territ rio tendo origem quando pelo menos um dos grupos tem a continuidade das formas sociais de apropria o do meio que desenvolvem amea ada por impactos indesej veis decorrentes do exerc cio das pr ticas de outros grupos O conflito pode derivar da disputa por apropria o da mesma base de recursos ou de bases distintas mas interconectadas por intera es ecossist micas este conflito tem por arena unidades territoriais compartilhadas por um conjunto de atividades cujo acordo simb lico rompido em fun o da den ncia dos efeitos indesej veis da atividade de um dos agentes sobre as condi es materiais do exerc cio das pr ticas de outros agentes Nesse contexto o conflito socioambiental enunciado em fun o da necessidade que os grupos sociais t m de impor poder
96. pre os das terras deram in cio a uma nova atividade econ mica co longo da Serra da Mantiqueira com o cria o de pecu ria de leite extensiva animais de carga e cultivos de milho e feij o nas encostos das serras Por volta de 1790 o caf cultivado com m o de obra escrava tornou se a gronde riqueza da regi o Ele era transportado at o porto de Angra dos Reis pelos tropeiros Mais tarde o escoamento do caf foi realizado por bolsas no Rio Paraiba de Resende at 240 e q Barra do Pirai De l o caf seguia de trem at o Rio de Janeiro O uso indiscriminado da terra o aparecimento de pragas na lavoura e q proibi o do tr fico de escravos por volta de 1870 provocaram a decad ncia do ciclo do caf e a transfer ncia de v rios cafeicultores para o oeste paulista As terras foram ent o adquiridas pela Fazenda Federal para implanta o de n cleos coloniais em 1908 quando houve novos desmatamento para a agricultura e para a constru o da estrada de ferro do Vale Paraiba Entretanto esses n cleos n o prosperaram e as suas terras foram transferidas para o Minist rio da Fazenda que criou em 1929 a Esta o Biol gica subordinada ao Jardim Bot nico do Rio de Janeiro Mas foi em 1913 que o bot nico Alberto Loefgren solicitou ao Minist rio da Agricultura a cria o de um parque nacional no maci o do Itatiaia essa proposta recebeu apoio de ge logos bot nicos e ge grafos numa co
97. que realizou para auxiliar o posicionamento do MPF diante do conflito fundi rio que se instalou na regi o do PNI tamb m aqui fa o uso das falas nativas com o intuito de dar visibilidade tens o existente entre os moradores e o Parque Nacional do Itatiaia em raz o da sobreposi o de territ rios e da afirma o de seus direitos terra que ocupam Parecer 095 MPF p 3 4 Nos depoimentos coletados tanto dos moradores membros das 36 fam lias das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande entrevistadas quanto dos conselheiros membros do CCPNI ao comunicar me com os entrevistados no intuito de obter respostas fidedignas e n o contribuir por meio da publica o dos depoimentos individuais com a exposi o de algu m a uma poss vel retalia o puni o ou constrangimento garanti aos mesmos o sigilo em rela o aos seus nomes Tamb m devido aos diferentes interesses e posicionamentos sobre a situa o fundi ria que envolvem a quest o da presen a de moradores em uma UC de prote o integral e dom nio p blico informei os que os dados coletados seriam utilizados apenas para a finalidade de an lise cient fica constante da pesquisa de doutorado Todo esse cuidado de minha parte de um lado se sustenta num aspecto b sico da pesquisa de perspectiva antropol gica que o reconhecimento de ser o pesquisador via e parte da pesquisa e de outro lado j como parte dos dados obtidos a exig ncia desse cuidado r
98. reaplica o dos recursos advindos do turismo na melhoria da qualidade de vida por meio das demandas locais apresentadas pela comunidade A valoriza o da cultura local permite internalizar a cultura como patrim nio e historia o que favorece a coes o social Essa valoriza o essencial para o turismo de base comunit ria que confere a afirma o das identidades locais e o pertencimento ao grupo cultural O encontro o que permite o intercambio cultural a troca de experi ncias a aprendizagem de novas manifesta es culturais e o compartilhamento entre as identidades O encontro n o se restringe ao mero ato de visitar e ser visitado mas transcende a experi ncia da visita entre os agentes envolvidos Para Irving 2009 cabe refletir neste aspecto sobre o turismo no sentido de d diva que para Mauss 137 2003 apud IRVING 2009 p 118 tem o objetivo de produzir um sentimento de amizade entre as duas pessoas envolvidas A d diva para Mauss implica em intera o em um constante dar e receber e n o unilateral Irving acredita que inovar poss vel e o turismo de base comunit ria talvez represente um excelente laborat rio de constru o de novas realidades e transforma o social no caso brasileiro se for interpretado como alternativa tica duradoura e humanizante 2009 p 120 Essa contribui o n o encerra o debate acerca de uma defini o universal para o termo mas permite encontrar
99. rios existentes no PNI A possibilidade de desenvolvimento de pr ticas produtivas alternativas agropecu ria como o turismo de base comunit ria por exemplo que permite a inclus o das fam lias residentes no territ rio do PNI at que se conclua o processo de regulariza o fundi ria e a sua consolida o territorial foi ressaltada com vistas a apontar a constru o de um arranjo institucional como estrat gia de compatibiliza o de dois direitos fundamentais garantidos pela Constitui o Federal de 1988 CF 88 o direito ao meio ambiente equilibrado e o direito cultural Nesse parque a atividade tur stica manifesta se como uma das alternativas vi veis para o enfrentamento dos conflitos sobre a ocupa o fundi ria tendo em vista que pol ticas p blicas de turismo t m concebido a es de gera o de trabalho e renda de inclus o social e de sustentabilidade econ mica e ambiental A ado o da metodologia de pesquisa qualitativa com base na t cnica de observa o participante permitiu a imers o do pesquisador na problem tica vivenciada por comunidades tradicionais que vivem em UCs e possibilitou a obten o de dados singulares que auxiliaram na interpreta o dos resultados A partir das an lises empreendidas com base no trabalho de campo e nas entrevistas esta tese refor a a import ncia da celebra o de um arranjo institucional entre o Estado brasileiro por meio do rg o ambiental e as fam lias residentes nas
100. socioterritorial que concentram a terra e a gua nas m os de fortes representantes do interesse econ mico capitalista A quest o de justi a ambiental brasileira revela ainda para Acselrad 2010 a jun o estrat gica entre justi a social e prote o ambiental Segundo o autor os representantes do movimento pelos direitos ambientais das popula es futuras prop em que sejam interrompidos os mecanismos de transfer ncia dos custos ambientais do desenvolvimento para os mais pobres p 114 uma vez que enquanto os custos ambientais puderem ser transferidos a press o sobre o 85 ambiente n o cessar Dessa forma para frear a destrui o ambiental e preservar a natureza como um bem de todos preciso proteger os mais fracos barrando assim a reprodu o das desigualdades em tempos de liberaliza o da economia p 115 No Brasil a consolida o da participa o popular como esfera de consulta e de decis o foi incentivada com a publica o do SNUC que determinou a incorpora o de conselhos consultivos para uma gest o participativa nas unidades de conserva o Apesar dessa norma legal Loureiro e Cunha 2008 observam dificuldades na efetiva o e no funcionamento dos conselhos consultivos nas unidades de conserva o Segundo eles mesmo contribuindo para o aumento e a consolida o popular da participa o dos grupos sociais ou seja daqueles que t m seus interesses representados ou atingidos pela dis
101. the PNI agrarian subject were highlighted as to the contributions of political ecology Under this perspective the study characterised the relation between the traditional communities and the environment and the social environmental practices arising from it and identified social environmental sustainment alternatives to face the agrarian conflicts occurring in the PNI The possibility of development of alternative production practices to agriculture and cattle raising as well as community base tourism for instance which allows the inclusion of families residing in the PNI territory until the agrarian regulatory process and its territorial consolidation comes to an end was pointed out so as to suggest the making of an institutional agreement as a compatibility strategy of two rights entitled by 1988 Federal Constitution the right to the balanced environment and the cultural right In this park the tourism activity manifests itself as one of the feasible alternatives to face land occupation conflicts bearing in mind that tourism public policies have conceived actions in order to generate work income social inclusion and environmental and economical sustainment The adoption of a qualitative research methodology focused on an active observation technique allowed the researcher to immerge into the problems experienced by traditional communities that live in Conservation Units and also permitted the obtainment of relevant data that has aided in t
102. trabalho de campo foi realizado por meio de visitas s localidades e observa o da vida local mas sobretudo por meio de entrevistas diretas com as 36 fam lias residentes nas comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande na parte alta do Parque Nacional do Itatiaia cujo roteiro de quest es consta no Ap ndice A e com 13 dos 30 membros do conselho consultivo do parque entrevistados por meio de um formul rio que consta no Ap ndice B enviado e recebido por correio eletr nico e ainda por meio de entrevistas e conversas informais realizadas com servidores do ICMBio PNI e outros interlocutores que conhecem convivem e ou participam das atividades do PNI seus conflitos desafios objetivos e a es priorit rias Tamb m documentos relativos ao PNI foram considerados tais como legisla o textos jornal sticos artigos cient ficos teses e disserta es acad micas e as atas das reuni es do CCPNI A utiliza o das falas dos pesquisados respeitando a forma como foram coletadas no trabalho de campo busca demonstrar os diversos posicionamentos que t m como pano de fundo a quest o fundi ria do PNI visto que a situa o tem 148 origem na cria o do parque em 1937 mas se prolonga em um impasse cada vez mais agudo entre os diferentes atores sociais envolvidos Conforme salienta a antrop loga ngela Maria Baptista do Minist rio P blico Federal ao emitir o Parecer 095 2011 Anexo A com base na per cia antropol gica
103. vel tra ar um perfil das propriedades das fam lias pesquisadas Em geral est o instaladas na regi o h gera es com casos que est o na sexta gera o sendo as propriedades em grande maioria adquiridas por meio de heran a Das 36 fam lias 25 herdaram suas propriedades de seus ancestrais As propriedades s o estruturadas sendo 33 constru das em alvenaria S o pequenas propriedades onde em 23 das 36 fam lias fui informado que o tamanho da rea que possuem corresponde a no m ximo 20 alqueires sendo considerado o alqueire mineiro que corresponde a 4 84 hectares ou 48 400m Cinco fam lias no entanto declararam possuir mais de 50 alqueires Os equipamentos e a infra estrutura necess rios ao trabalho rural tamb m foram diagnosticados na pesquisa Em 25 das 36 fam lias afirmou se possuir curral embora alguns tenham ressaltado que est inoperante em raz o do desgaste provocado pelas proibi es de cria o de gado por parte da administra o do PNI Treze fam lias possuem chiqueiro e 14 possuem galinheiro A cria o suficiente apenas para consumo pr prio e n o h entre os residentes das duas comunidades pesquisadas nenhum fornecedor de frigor ficos ou a ougues Observei tamb m outras benfeitorias e uma pequena produ o de fruticultura e hortali as com a exist ncia relatada pelos moradores da produ o de p ssego lim o mam o cana horta e uma pequena infra estrutura de ferramentas e materiais de
104. 1990 o turismo se tornou uma atividade n o agr cola capaz de agregar valor s atividades dos agricultores familiares A proposta de turismo de base comunit ria no plano institucional recente Para Sansolo e Bursztyn o reconhecimento ocorre com a publica o em 2008 de um edital do Minist rio do Turismo MTur n 001 2008 para fomentar a atividade Nesse documento o MTur apresenta o conceito de turismo de base comunit ria que norteia o edital o turismo de base comunit ria compreendido como um modelo de desenvolvimento tur stico orientado pelos princ pios da economia solid ria associativismo valoriza o da cultura local e principalmente protagonizado pelas comunidades locais visando apropria o por parte dessas dos benef cios advindos da atividade tur stica MTur 2008 apud SANSOLO e BURSZTYN 2009 p 149 Ao examinar a sele o do edital Sansolo e Bursztyn 2009 afirmam que 80 dos projetos selecionados relacionam se s reas rurais do Brasil do interior e da regi o costeira o que demonstra a import ncia da atividade no Brasil A express o turismo de base comunit ria possui entendimento amplo e diversificado sem um consenso universal Entretanto h caracter sticas que aproximam os conceitos de turismo de base comunit ria em mbito mundial Sansolo e Bursztyn citam os conceitos utilizados por governos e organiza es n o governamentais internacionais Os autores analisaram as def
105. C mara Federal em 1995 a defini o da express o popula o tradicional foi apresentada como popula o vivendo h pelo menos duas gera es em um determinado ecossistema em estreita rela o com o ambiente natural dependendo de seus recursos naturais para a sua reprodu o s cio cultural por meio de atividades de baixo impacto ambiental No entanto o texto final aprovado pela C mara dos Deputados ampliou o tempo de perman ncia para tr s gera es A etapa seguinte de tramita o o envio do projeto de lei ao Senado Federal que rejeitou as emendas apresentadas na C mara como estrat gia para que o projeto n o retornasse an lise dos Deputados Foi negociado o veto presidencial a alguns dispositivos do texto dentre os quais a defini o de popula o tradicional bem como a reclassifica o de unidades de conserva o ocupadas por essas popula es As raz es para o veto presidencial constam da mensagem n 967 da Presid ncia da Rep blica de 18 de julho de 2000 5 A mensagem 967 2000 justifica o veto defini o de popula o tradicional ao afirmar que o conte do da disposi o t o abrangente que nela com pouco esfor o de imagina o caberia toda a popula o do Brasil De fato determinados grupos humanos apenas por habitarem continuamente em um mesmo ecossistema n o podem ser definidos como popula o tradicional para os fins do Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Nat
106. David Let cia Daiane Rose Vera e Danielle Agrade o tamb m aos colegas companheiros de jornada que comigo dividiram muitas afli es especialmente turma de 2009 a Beatriz a Joyce e ao Waldir Ao longo do processo procurei a Profa Dra Camila Rodrigues possuidora de um curr culo excelente no campo do turismo Sempre atenciosa s quest es pertinentes ao trabalho aceitou co orientar a tese com relevantes contribui es No Parque Nacional do Itatiaia agrade o a todos que me recebem desde 2006 quando estive pela primeira vez poca como pesquisador de Mestrado Al m dos servidores do ICMBio agrade o aos vigilantes equipe de limpeza ao Joel que sempre preparou com muito capricho a Casa do Pesquisador nos momentos em que l estive alojado Em especial ressalto o apoio dado pelo Coordenador de Uso P blico e Ecoturismo Luiz Sergio P Sarahyba o Coordenador de Pesquisa L o Nascimento o ex Chefe Walter Behr o atual Chefe Gustavo Tomzhinski Chefe de Fiscaliza o Patr cia Iwamoto Coordenadora de Educa o Ambiental Elisabete Hulgado Tamb m agrade o aos companheiros do PNI que s o grandes parceiros e a todos os demais defensores desta UC Edson Santiago F tima Chaves Karla Baldini Adriana Santos Agrade o tamb m aos membros do Conselho Consultivo da UC que responderam s minhas quest es e aos formul rios de pesquisa al m de permitirem a minha participa o em diversas reuni es
107. Imagem dos ndios da etnia Puri em exposi o permanente do Centro de Visitantes do PNI 19 A configura o da popula o atual residente no PNI e seu entorno foi modificada ao longo dos anos O hist rico de instala o e ocupa o da regi o pelas fam lias residentes no dias atuais ser descrito e analisado no cap tulo 4 A imagem da figura 23 de uma fam lia residente na comunidade da Serra Negra Figura 23 Fam lia residente na comunidade da Serra Negra Foto O autor 2011 A rela o de conflito vivenciada entre a popula o residente das terras estabelecidas nos limites do PNI e a administra o da Unidade de Conserva o ser explicitada no cap tulo 2 com base na categoria anal tica da Ecologia Pol tica 80 2 SOBRE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS PARA PENSAR O PNI Este cap tulo trata por um lado de v rias perspectivas sobre conflito socioambiental e por outro da aplica o dessas perspectivas problem tica das reas protegidas e das popula es locais residentes tradicionais tendo em vista a adequa o de tais perspectivas considera o do caso do Parque Nacional do Itatiaia 2 1 Concep es no campo da ecologia pol tica A cria o de unidades de conserva o de prote o integral ocorre no contexto de diversos interesses e campos de disputa sobre a utiliza o dos bens naturais de um determinado territ rio Para analisar a problem tica fundi ria do PNI fundamen
108. NI como principais problemas Nas investiga es do MPF a antrop loga que emitiu o laudo da per cia antropol gica afirma que Segundo o corpo t cnico do Parque o principal problema da gest o do PARNA a quest o fundi ria pois apenas 25 de sua rea est regularizada 10 000ha Parecer 095 MPF p 7 ANEXO A Embora a afirma o contenha imprecis es quantitativas esclarece que a situa o fundi ria se constitui como o principal problema da gest o do PNI Ciente deste contexto perguntei aos moradores se recebiam alguma ajuda ou aux lio para a produ o como tratores sementes insumos e ferramentas Da parte do PNI os moradores informaram n o receber nenhum tipo de aux lio pelo contr rio somente proibi o de realizarem determinadas pr ticas principalmente a utiliza o de fogo na prepara o do pasto e a proibi o de descartar nos rios e nos cursos d gua os dejetos da produ o rural Informaram tamb m que n o h nenhuma pol tica cont nua de subs dio de distribui o de capacita o e 175 desconhecem a exist ncia de algum aux lio por parte tanto do poder p blico quanto de ong s Entretanto citaram a Emater MG o Sindicato dos Produtores Rurais e a Prefeitura de Itamonte como institui es que os ajudam com o fornecimento de sementes reuni es em que ensinam a plantar e na presta o de servi os p blicos O ICMBio no caso em quest o o PNI de acordo com os morador
109. OM iomagerr da bonis Mpa du mormrtataras hociosti do Foe citros sets errpersa DIVISA ory 1000 frstanmado jar Cumi os W Trutat or nene dp DZ Fonte TOMZHINSKI 2012 Os conflitos socioambientais no Brasil s o decorrentes do modelo de desenvolvimento em curso no pa s A escolha de uma pol tica de estabiliza o monet ria praticada pelo Estado brasileiro baseia se em mecanismos recessivos altas taxas de juros e amplia o do acesso ao cr dito aliado ao controle ambiental por meio de licenciamentos com regras confusas burocr ticas mas insuficientes devido aus ncia de fiscaliza o por parte do Estado Acselrad argumenta que a categoria do meio ambiente n o pode ser vista apenas como objeto de coopera o mas tamb m de contesta o e conflito Ao contr rio do que sugere o senso comum o ambiente n o composto de puros objetos materiais amea ados de esgotamento Ele atravessado por sentidos socioculturais e interesses diferenciados 2005 p 7 O modelo de desenvolvimento praticado no Brasil explicita os conflitos ambientais por meio das diferentes formas de apropria o e ocupa o do territ rio em face das atividades tidas como priorit rias por governos estaduais e federal com o privil gio a alguns setores produtivos em detrimento de outros Essa pol tica adota o discurso da gera o de empregos distribui o da renda mas em muitos casos isso n o ocorre e os custos sociais de expuls o da
110. PNI assim como Gustavo Este ltimo por m atua na parte alta e reside na Casa de Pedra de propriedade do PNI constru da para ser abrigo do ent o Presidente da Rep blica Get lio Vargas em caso de necessidade de utilizar a edifica o como abrigo ou esconderijo 178 pre o muito baixo O morador coloca que Aqui n o tem jeito n Se eles n o pagar as terras ningu m vai sair n Olha a eu a mui e treis meninos Como que eu vou fazer Onde que eu vou encostar Debaixo da ponte eu n o vou ficar n Quando pergunto sobre a desapropria o o morador completa Aqui n o tem jeito n O povo n o sai n o muita fam lia n Levar esse povo pra onde A gente v as reportagem a tem muita gente sofrendo n Eu acho que desapropriar eles n o consegue n o Aqui a gente n o liga pra isso de leite pra beber queijo pra comer A gente sabe que tem gente que n o tem como mexer com uma vaquinha n Ent o se quiser pegar um leite a um queijo pra comer a gente d n Mas na cidade tem que comprar tudo n A como que faz Os questionamentos do morador demonstram a preocupa o com o futuro As reportagens citadas na fam lia 24 referem se s not cias veiculadas poca da entrevista sobre as fam lias que perderam suas casas em fun o de fortes chuvas o que tem acontecido com frequ ncia no Brasil nos per odos de ver o principalmente nas regi es serranas do sul e do sudeste do pa s As not
111. S o Paulo Rio de Janeiro e Belo MONZOnNt s susana oa a eloa adia 65 Agulhas Negras arri aee eka BAD Ena nana Sala aee aeeaiei 67 AEE EIIE E EE a S EEA E E gar E 67 Hidrografia do PNI secasisssiamancdondnasasigesl eene eoar AA eee R E ERE EERE EErEE 68 Rio Aiuruoca Planalto do PNI eee 69 Nascente do rio Campo Belo aerea 70 Piscina do Marombaga assess uia Ena CTA aaa dada 70 Cachoeira V u de Noiva ssssssesssessrresrrrertenttrttttetttnnnrnnnnr rrt nrn trene 71 Rio Campo Belo visto do Mirante do ltimo Adeus Parte Baixa 71 Bromelia RRDR SRU Ra SRU a a O RA E RM 72 Sempre viva fotografada no outono m s de abril 2007 73 Sempre viva fotografada na primavera m s de outubro 2007 73 A cz 645 RANCOR O IRS SE E RADIO RD ARREPIADO RR 74 Fam lia de macaco prego eeeeesessssssssrrrrrrrrererrerrrrrrrrersssssssrrrrrrrre ene 75 Greb Alae LE S e Pe EE ES a Ro e A 75 Tatu galinha ea eae aa aaae Ea CS da a Eaa AALALA ETARE 76 Guia de campo de observa o de p ssaros produzido pelo PNI quando completou 75 anoS nneseiensnnnnersenrrnnnrrnrnnnnrrnnrrnennrnrrernne 77 Imagem dos ndios da etnia Puri em exposi o permanente do Centro de Visitantes do PNI aasnaaannnnnnnnnneenenereesernnnnrrnntnnrnnnneneeereeee 78 Fam lia residente na comunidade da Serra Negra 79 Mapa de cria o do PNI em 1937 e territ r
112. T cnica de Montanhismo e Ecoturismo A coloca o no sentido de que embora a CTME perten a ao Conselho toda a discuss o referente parte alta do parque fica restrita a essa comiss o E outros 3 conselheiros concordam nesse sentido Isso entra na CTME N o existe no conselho consultivo uma discuss o sobre a parte alta do parque H a parte mais ativa que a CTME temos a c mara t cnica de montanhas J foram discutidas a quest o do controle e sustentabilidade das trilhas a quest o do lixo educa o ambiental para a parte alta Segundo Abramovay 2001 que analisou o perfil dos membros de conselhos e suas fun es ao serem escolhidos como representantes institucionais nestes instrumentos de gest o participativa culturalmente os brasileiros n o est o acostumados participa o social em conselhos gestores O autor analisou dados do IBGE de 2000 e coloca que a forma o dos conselhos passa pelo processo de 2 O conselho consultivo do PNI possui c maras t cnicas que s o inst ncias internas do CCPNI onde s o discutidos temas espec ficos Atualmente h duas c maras t cnicas a CTME e a CTEA c mara t cnica de educa o ambiental 169 inser o no debate pol tico das a es p blicas e pela aloca o de recursos governamentais sendo a participa o em conselhos um aprendizado democr tico De sua parte Bordenave 1994 entende que a participa o n o pode ser igualit ria e
113. Tal an lise evidencia a desigualdade distributiva e os m ltiplos 97 sentidos que as sociedades atribuem a suas bases materiais e abre se espa o para a percep o e a den ncia de que o ambiente de certos sujeitos sociais prevale a sobre o de outros fazendo surgir o que se veio denominar de conflitos ambientais ACSELRAD 2010 p 109 O autor critica a raz o utilit ria e contesta a ideia de que a polui o democratizada pois segundo ele a polui o e os riscos de uma maneira geral podem afetar de forma vari vel os diferentes grupos sociais Acselrad entende que h a exposi o desproporcional dos socialmente mais desprovidos aos riscos das redes t cnico produtivas da riqueza ou sua despossess o ambiental pela concentra o dos benef cios do desenvolvimento em poucas m os ACSELRAD 2010 p 109 Seguindo essa mesma linha de racioc nio o autor sintetiza a an lise das duas raz es expostas argumentando que as duas raz es aqui esbo adas correspondem dois modelos de a o estrat gica A raz o utilit ria configurou a estrat gia dita de moderniza o ecol gica pela afirma o do mercado do progresso t cnico e do consenso pol tico A sociedade de propriet rios propugnada pelo neoconservadorismo seu norte uma revolu o da efici ncia evocada para economizar o planeta dando pre o ao que n o tem pre o A raz o cultural deu por seu lado origem a uma a o que denuncia e
114. a o dos recursos naturais das localidades receptoras e integrar visitantes e anfitri es por meio do compartilhamento de experi ncias mutuamente ben ficas 2002 p 44 45 O autor ressalta a mudan a de pensamento que ocorre no per odo onde n o somente o bem estar do turista e a excel ncia na presta o de servi os s o valorizados Come a ent o uma rela o mais pr xima e informal entre visitantes e visitados onde apreciada a prote o ambiental e tamb m a interatividade com a comunidade receptora com a respectiva valoriza o do modo de vida local os benef cios da atividade tur stica para os anfitri es e a promo o de sua cultura e de 126 seus saberes Esta interatividade provoca o surgimento de novas abordagens a respeito das comunidades em unidades de conserva o a emerg ncia dessas quest es que faz considerar a necessidade de buscar alternativas para o enfrentamento de um duplo problema a necessidade de proteger o patrim nio representado pelos recursos existentes nas reas naturais protegidas n o s aquelas eventualmente sob o controle das ONGs como tamb m as reas integrantes do sistema de unidades de conserva o institu das e administradas pelo poder p blico a necessidade de gerar alternativas utiliza o pelas popula es tradicionais dos mesmos recursos pleiteados para a prote o e geralmente nica alternativa sua pr pria sobreviv ncia PIRES 2002 p 71 Para Horw
115. a o social sendo o locus de ressignifica o de c digos e s mbolos Assim o lugar tur stico representa integrar olhares distintos leituras antag nicas percep es contradit rias ideologias incompat veis Este lugar n o um lugar apenas mas o palco de conflitos e o cen rio de transforma es os v rios lugares do mesmo lugar em resposta aos v rios olhares sobre o mesmo lugar O lugar tur stico o palco da pluralidade de identidades e o cen rio da trama complexa das rela es sociais IRVING 2003 p 177 178 A autora enfatiza o poder da participa o no processo de implementa o de um novo destino tur stico dada s interfer ncias na din mica socioambiental a que est sujeito o destino com o desenvolvimento do turismo Para Irving uma releitura do turismo de base comunit ria estrutura se em premissas centrais capazes de superar a ideia de comunit rio como comunidade de baixa renda e apresenta as seis premissas que considera necess rias na reflex o sobre a possibilidade de inova o do turismo de base comunit ria 1 base end gena da iniciativa e desenvolvimento local 2 participa o e protagonismo social no planejamento implementa o e avalia o de projetos tur sticos 3 escala limitada e impactos 136 sociais e ambientais controlados 4 gera o de benef cios diretos popula o local 5 afirma o cultural e interculturalidade 6 o encontro com
116. a Esta comunidade inclui o solo a gua a fauna e flora como tamb m as pessoas E incorreta quando tende para uma outra coisa 1949 p 224 5 apud DIEGUES 2008 p 34 Segundo Diegues 2008 apesar dos conflitos entre os conservacionistas e os preservacionistas a rea de parques nacionais e outras unidades de prote o aumentaram consideravelmente nos EUA e os equipamentos tur sticos foram incentivados para atrair a aten o das popula es urbanas em 1918 quando da cria o do Servi o Nacional de Parques No per odo p s guerra esse Servi o passou a adotar uma nova postura na cria o de unidades de conserva o predominando os crit rios ecol gicos sobre os crit rios est ticos Ap s a Il Guerra Mundial a vis o abrangente e tica de Leopold que se fundamentava no enfoque da hist ria natural foi abandonada pelos ec logos que se voltaram para a modelagem do ecossistema tornando a ci ncia ecol gica mais 35 abstrata quantitativa e reducionista Os aspectos ticos do preservacionismo americano foram retomados nos anos 50 com os trabalhos de Krutch para quem a ideia de vida selvagem uma morada permanente do esp rito humano e a modifica o da natureza era ben fica at o ponto em que n o interferisse drasticamente com o ecossistema como um todo NASH 1989 p 73 apud DIEGUES 2008 Os conflitos entre as duas correntes permaneceram no per odo p s guerra com os avan os das ideias de efici
117. a defini o de espa os territoriais e seus componentes em todas as unidades da federa o a serem especialmente protegidos o texto constitucional previu que a altera o e a supress o desses espa os somente dar se iam por lei sendo vedada qualquer utiliza o que comprometesse a integridade dos atributos que justifiquem sua prote o RIOS amp IRIGARAY 2005 p 168 Vale ressaltar que no processo de elabora o legislativa que culminou na Lei do SNUC o embate ideol gico entre preservacionistas e conservacionistas de cunho socioambiental ressurgiu e os conceitos conservacionistas prevaleceram em grande parte sobre os conceitos preservacionistas Esse embate favoreceu a constru o de novos paradigmas jur dicos os quais foram sendo incorporados legisla o brasileira SANTILLI 2005 Segundo salientam Santilli 2005 Dourojeanni amp P dua 2001 apud RODRIGUES 2009 com a aprova o do SNUC passa a haver uma correspond ncia entre o conceito internacional de rea protegida consagrado pela Art 225 8 1 I preservar e restaurar os processos ecol gicos essenciais e prover o manejo ecol gico das esp cies e ecossistemas Il preservar a diversidade e a integridade do patrim nio gen tico do Pa s e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipula o de material gen tico III definir em todas as unidades da Federa o espa os territoriais e seus componentes a serem especialmente prot
118. a Nacional de Desenvolvimento Sustent vel dos Povos e Comunidades Tradicionais a Instru o Normativa 26 2012 do ICMBio que estabeleceu diretrizes e regulamentou os procedimentos para a elabora o implementa o e monitoramento de termos de compromisso entre o Instituto Chico Mendes e popula es tradicionais residentes em unidades de conserva o onde a sua presen a n o seja admitida ou esteja em desacordo com os instrumentos de gest o o Parecer 095 2011 da 62 C mara de Coordena o e Revis o de ndios e Minorias do Minist rio P blico Federal de Minas Gerais referente ao Inqu rito Civil P blico n 1 22 013 000361 2009 31 em atendimento ao pedido do Procurador da Rep blica em Pouso Alegre MG entre outros leis decretos portarias medidas provis rias 4 A Parte Alta do PNI compreende o ambiente onde est o localizados os pontos mais altos de seu relevo com destaque para o Pico das Agulhas Negras 22 em contraponto aos direitos fundamentais culturais dentre os quais o direito identidade cultural e territorial que depende da continuidade de exist ncia do grupo social e das condi es de reprodu o das pr ticas culturais estabelecidas historicamente Diante desse contexto que vejo atualmente a possibilidade de se compatibilizar a prote o ambiental com a presen a de moradores humanos encontrando uma alternativa de inclus o social por meio de um arranjo institucional transit rio que viabilize prioritariam
119. a dos mais velhos para sobreviverem Mas todos declararam durante a pesquisa que a perspectiva dos parentes que sa ram de um dia voltar para suas terras pois esperam reconquistar o direito de viver e usufruir de suas terras 8 Conclus o Como os dados da pesquisa de campo demonstrarom as popula es locais 30 Sonia Misa A Naucza du copie Masp 2001 Me 10 cas 32 K 263 que ocupam a rea do Parque Nacional do Ttatiaia e sua rea de amortecimento h mais de um s culo constituem uma popula o tradicional de descendentes de antigos agricultores que desenvolveram em comum saberes e modos de vida articulados com a natureza da Serra da Mantiqueira que lhes oferecia quase tudo que necessitavam madeira para lenha e constru o de suas cosas palhas para cobertura das moradias rem dios do mato frutos reas de cultivos e pastagens para o gado leiteiro A ferra que ocupam um territ rio um bem coletivo dos grupos familiares pois foi constru do socialmente como espa os de pertencimento necess rios sua reprodu o f sica social econ mica e cultural Seu modo de vida dependente do meio ambiente em que vivem e suas atividades principais s o a agricultura de subsist ncia e pecu ria leiteira para produ o de queijo atividade mais importante na gera o de renda Outrossim todos os dispositivos legais legitimam essa popula o como popula o tradicional cuja exist ncia baseia se em sist
120. a e separada como parque p blico ou rea de recrea o para benef cio e desfrute do povo e que toda pessoa que se estabelecesse ou ocupasse aquele parque ou qualquer de suas partes exceto as j estipuladas fosse considerada infratora e portanto desalojada KENTON MILLER 1980 apud DIEGUES 2008 p 29 Assim a ideia de parque como rea selvagem e desabitada t pica dos primeiros conservacionistas americanos A concep o dessas reas protegidas vem do s culo XIX nos EUA a fim de proteger a natureza selvagem ou wilderness Pensava se ent o em preservar peda os do mundo natural em seu estado primitivo afastando os do ser humano e consequentemente das transforma es advindas da revolu o urbano industrial destruidora da natureza Para o naturalismo da prote o da natureza do s culo XIX reativo contra a corrente dominante do culturalismo esses lugares seriam preservados para serem locais onde o ser humano pudesse restabelecer suas energias da vida da cidade e 32 do trabalho mon tono Enfatizada pelo United State Wilderness Act em 1964 a lei que define as reas selvagens unidades de conserva o como as que n o sofrem interven o humana admitem o ser humano apenas como visitante e n o como morador e postula a beleza natural como motivadora de sentimentos de enlevo admira o solid o e distanciamento DIEGUES 2008 COLE 2004 RODRIGUES 2009 Esse neomito do para so perdido ou mito mod
121. a parte do D crain FT SEE Elaborado por Patricia K Imamota em mar o de mit sndoyw sodien Fonte FISCALIZA O PNI 2012 89 O discurso de rea protegida distanciado do contexto socioecon mico e cultural local sobretudo em um pa s onde a reforma agr ria ainda incipiente busca convencer a grande maioria da popula o de que a posse e a propriedade privada em uma rea anterior configura o de unidade de conserva o deve ser expropriada Esse conflito ocorre atualmente em diversos pontos do territ rio nacional e nos faz refletir se a pol tica de cria o e amplia o de unidades de conserva o de fato uma preocupa o ambiental atual ou se a demarca o desses espa os constitui reservas para o capital no futuro Loureiro 2012 questiona O que preciso produzir e consumir para sermos felizes Qual o meu direito em satisfazer certas necessidades culturais e simb licas quando isso pode afetar a vida de outro Qual o direito que tenho de ver as demais esp cies estritamente de modo utilit rio As outras esp cies possuem direitos Qual o sentido da exist ncia humana no planeta Como produzir respeitando os ciclos naturais e satisfazendo as necessidades vitais humanas p 17 18 Essas s o quest es que busco compreender ao analisar o microcosmo do Parque Nacional do Itatiaia em seu cen rio atual de conflito fundi rio considerando se que leg timas propriedades privadas tor
122. a pr tica ilegal por contrariar as normas constitucionais e infraconstitucionais LEUZINGER 2007 o que cria um impasse dado o n o cumprimento integral da legisla o vigente A essa quest o acrescenta se a incorpora o da ideia de natureza intocada importada do modelo de parques nacionais iniciado no s c XIX nos Estados Unidos da Am rica que prioriza a prote o ambiental por meio da proibi o da presen a de moradores nos limites territoriais das unidades de conserva o de prote o integral Cabe enfatizar que na atualidade a importa o do modelo Yellowstone de parques n o habitados por popula o humana cria a dicotomia povos e parques e provoca contesta o de grande parte dos membros da comunidade cient fica devido aos conflitos gerados entre duas categorias de direitos fundamentais previstos na Constitui o Federal Brasileira de 1988 CF 88 os direitos fundamentais ao meio ambiente equilibrado Lei Federal n 9 985 2000 que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Natureza SNUC Tamb m comp em o arcabou o jur dico legal em an lise nesta tese o Decreto 1 713 1937 que criou o Parque Nacional do Itatiaia o Decreto 4 340 2002 que regulamentou artigos da Lei 9 985 2000 o Decreto 84 017 1979 que aprovou o regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros o Decreto 87 586 1982 que ampliou a rea do Parque Nacional do Itatiaia o Decreto 6 040 2007 que instituiu a Pol tic
123. a produ o e o consumo de servi os como alimenta o hospedagem transporte comunica o eventos entre outros durante o per odo de visita a determinado local por algum indiv duo ou grupo As unidades de conserva o em geral e os parques nacionais em particular possuem uma fun o de prote o ambiental mas tamb m possuem uma fun o p blica MORE amp MANNING 2004 que envolve o aspecto social Em sociedades com substancial desigualdade social a distribui o dos benef cios se constitui como tema central para o interesse p blico MORE amp MANNING 2004 Os parques enquanto espa os p blicos produzem benef cios e precisam de estrat gias de distribui o dos benef cios produzidos Em estudos conduzidos por Manning et al 1999 os autores identificaram dez diferentes tipos de valores ofertados pelos parques e reas protegidas recrea o est ticos ecol gicos terap uticos econ micos cient ficos educacionais hist ricos culturais morais ticos espirituais e os valores intelectuais 115 Os valores identificados por Manning et al 1999 comp em uma rede de elementos a serem observados na gest o de uma UC No caso do PNI poss vel identificar todos os valores levantados pelos autores Este emaranhado de fatores amplia a necessidade de pol ticas de gest o que contemple os diversos aspectos abordados Esta tese n o tem por objetivo analisar a gest o da unidade de conserva o No entanto
124. a regi o e os turistas o que propicia maior renda para os pequenos produtores ao se evitar o interm dio do atravessador Defendo aqui a prote o ambiental que inclua o pr prio ser humano enquanto ser vivo que permita a perpetua o das esp cies no mbito biol gico mas que n o se esque a da prote o cultura direito manuten o da identidade e direito ao territ rio de forma comum e igualit ria esse o arranjo ao qual me refiro aqui e o qual sigo apresentando 213 Sobre o impasse existente no PNI preciso encontrar uma alternativa com a popula o e n o contra a popula o Assim a participa o das comunidades nos processos decis rios uma premissa condicionante para o estabelecimento de uma pol tica de manejo dos recursos naturais assim como para a pr tica do turismo Os moradores locais querem controlar o processo do turismo em suas comunidades e n o serem turistificados por empreendedores de fora da rea Seja uma favela uma aldeia ind gena uma comunidade rural ribeirinhos cai aras pescadores entre outros Esta tese almeja contribuir para a solu o do conflito socioambiental instalado na parte alta PNI cujo impasse se d em torno da situa o fundi ria de duas comunidades de propriet rios rurais moradores desse cen rio Proponho a constru o de um arranjo institucional e de gest o celebrado entre o rg o ambiental e os moradores estabelecendo condi es para as pr ticas pr
125. ades e dos impactos que ambos ele e a ind stria geram sobre os ambientes f sico econ mico e sociocultural da rea receptora BENI 1998 apud IGNARRA 2002 p 24 Na an lise de lIgnarra 2002 as defini es de turismo excluem fundamentalmente as viagens desenvolvidas por motivos de neg cios e de lucros Segundo o autor essas viagens s o no entanto respons veis por grande parte da Os conceitos de turismo ao longo do s culo XX s o bastante difundidos Para mais detalhes recomendamos ver BARRETO 2001 que apresenta dezessete defini es IGNARRA 2002 que apresenta dez defini es Nesta tese apresentamos defini es publicadas a partir do per odo da Segunda Guerra Mundial per odo em que o turismo se organizou enquanto atividade produtiva da forma que exercido at os dias atuais Os conceitos disponibilizados ao longo do texto apresentam termos diferentes e evolu es sociohist ricas bem como as defini es mais encontradas na literatura t cnica sobre o tema 118 ocupa o dos empreendimentos tur sticos dentre os quais os meios de hospedagem de transporte espa os de eventos e as estruturas de entretenimento Por isso surgiram os termos turismo de neg cios ou turismo de eventos que marcam com clareza a segmenta o da atividade A exclus o das viagens de neg cios nos conceitos de turismo anteriormente publicados estimulou Ignarra a criar o seu pr prio conceito ao afirmar que podemo
126. ados por outros autores que contribu ram para a expans o e a consolida o do turismo de massa progresso econ mico alcan ado por alguns pa ses incrementando a renda de diversas classes sociais promulga o de leis trabalhistas a favor da redu o da jornada de trabalho e do incremento dos benef cios de f rias progresso t cnico informacional Internet TV a cabo despertando interesses em conhecer outras culturas e paisagens avan o no setor de transportes possibilitando uma maior mobilidade dos indiv duos facilidade de cr dito em fun o da organiza o de pacotes de viagem oferecidos pelas operadoras tur sticas difus o e promo o do lazer como um bem necess rio para o ser humano 2009 p 66 apud PADILLA 1980 KRIPPENDORF 1989 URRY 1996 Entretanto a partir da d cada de 1970 a preocupa o ambiental foi incorporada pela atividade tur stica em muitos pa ses Esse novo paradigma considera a sensibilidade causa ambiental Os empreendimentos tur sticos buscam ofertar um produto que destaca a natureza e o cotidiano das comunidades receptoras ainda massificadas neste momento O desenvolvimento desta sensibilidade evolui e a partir da metade dos anos 1980 ocorre a mudan a da fase precedente com novas pr ticas de turismo e de lazer A prote o da natureza torna se essencial para a pr tica tur stica que se apropria do meio ambiente e utiliza equipamentos para aproximar o ser humano s reas nat
127. adua o em Meio Ambiente PPGMA Doutorado Multidisciplinar Tese A atividade tur stica em Parques Nacionais alternativas de sustentabilidade socioecon mica e prote o ambiental Doutorando Daniel Braga Hiibner Orientadora Elza Neffa Co orientadora Camila Rodrigues Question rio Assinale o setor que voc representa Comunidade local Sociedade Civil Poder P blico Institui o que representa Cargo Quanto participa o Sim N o Outras considera es 1 O Conselho Consultivo do PNI disponibiliza informa es sobre a din mica das reuni es e temas em pauta a fim de estimular e permitir a participa o de todos os seus membros 2 As reuni es do Conselho Consultivo do PNI v m ocorrendo sob regime pol tico de democracia participativa com negocia o de conflitos entre seus membros 3 Quais os principais temas discutidos no Conselho relacionados parte alta do Parque 4 O Conselho Consultivo do PNI tem elaborado pol ticas de valoriza o da cultura das popula es residentes na parte alta do parque 5 O Conselho Consultivo do PNI orienta os pequenos produtores da parte alta para que suas atividades produtivas sejam sustent veis 229 6 O conselho utiliza os resultados dos conhecimentos produzidos nas pesquisas acad micas na formula o de suas propostas para o desenvolvimento do turismo ecol gico no PNI 7 O Co
128. aia Os primeiros habitantes da regi o de Itatiaia foram os ndios da tribo Tupi etnia Puri Puri ou Por i em tupi significa povo mi do de pequena estatura Conhecidos por Timburib nome de uma rvore que podia ser avistada de longa dist ncia esses ndios eram troncudos de pele vermelha cabelos lisos e amistosos Esta etnia deu o nome Itatiaia regi o que em Tupi guarani significa lugar de pedras pontiagudas Mas o significado do termo Itatiaia tem outras interpreta es No s culo XIX o linguista e historiador Afonso de Taunay o descrevia como penhasco cheio de pontas O viajante e naturalista ingl s Richard Burton acreditava no significado rochedo brilhante por causa da semelhan a das Agulhas Negras com labaredas flamejantes Jos Franklin Massena pioneiro em alcan ar o topo das Agulhas Negras interpretou o como pedra em forma de grelha de fogo O pesquisador Jo o Barbosa Rodrigues por sua vez no in cio do s culo XX designou a palavra ind gena como pedregal que por si se faz H tamb m a interpreta o do bot nico alem o Carl Friedrich von Martius que o entendia como o lugar onde nascem guas saud veis Essa ltima defini o no entanto atribu da consensualmente tradu o da palavra Mantiqueira A denomina o dos ndios Puri muito utilizada e a mais encontrada na literatura que explica o significado do termo Itatiaia TEIXEIRA et al 2007 Figura 22
129. aixo na divisa e aqui ent o tudo dentro do Parque Para a antrop loga do MPF a amplia o do Parque Nacional do Itatiaia sobrep s ao territ rio habitado por popula es locais que j se apropriavam coletivamente dos recursos naturais para sua sobreviv ncia Parecer 095 p 8 A autora explica que a sobreposi o de reas gerou um conflito socioambiental medida que n o foram estabelecidas a es efetivas para compatibilizar o uso dos recursos naturais da UC pelos moradores sem preju zo dos seus modos de vida Parecer 095 p 8 Ao contextualizar a hist ria da ocupa o humana na regi o ela esclarece que a amplia o do Parque Nacional do Itatiaia em 1982 incorporou uma rea j ocupada desde a d cada de 30 por fazendas agropecu rias s tios hot is pousadas e comunidades locais e ainda n o desapropriadas at os dias de hoje Parecer 095 MPF p 9 Dentro do grupo de moradores que n o vendem as propriedades a alega o pode ser resumida na fala do morador da fam lia 16 De mim aqui eles n o compra n o Eu n o vendo n o Acho que bobi a S se pagar muito bem Eu n o tenho pra onde ir Vou pra casa deles do pessoal do Ibama O morador da fam lia 17 explica assim a situa o N s depende da natureza n n s vive aqui Eles s vem encher o saco Multa quem constr i aqui critica H moradores que demonstram simpatia com o ICMBio para o qual utilizam o term
130. al do Itatiaia que se concretizou em 14 de junho de 1937 constituindo se como o primeiro parque nacional do Brasil Al m de instituir a conserva o do patrim nio natural brasileiro este decreto trouxe como objetivo inicial o incentivo pesquisa cient fica e o atendimento s demandas de ordem tur stica que se apresentam em condi es de fazer do parque um centro de atra o Figura 1 Pedra de Funda o do PNI Foto O autor 2007 Na ocasi o a cria o de Parques Nacionais doravante PNs j havia sido estabelecida no art 9 do C digo Florestal aprovado em 1934 que os definiu como monumentos p blicos naturais que perpetuam em sua composi o flor stica 48 primitiva trechos do pa s que por circunst ncias peculiares o mere am BRASIL 1934 Este C digo primeiro documento a institucionalizar as reas protegidas e a enfatizar a import ncia de seus aspectos est ticos e simb licos caracterizou as como representa o da riqueza da na o No entanto o conceito jur dico de parque nacional s foi estabelecido por meio do artigo do Decreto Legislativo n 3 de 13 de fevereiro de 1948 que aprovou a conven o para prote o da flora e da fauna e das belezas c nicas naturais dos pa ses da Am rica nos seguintes termos Parque Nacional as regi es estabelecidas para prote o e conserva o das belezas c nicas naturais e da flora e fauna de import ncia nacional das quais o p b
131. al subordinado ao Minist rio da Agricultura criado em 1925 com a finalidade de administrar reas cobertas por flora nativa Nesse aspecto os autores assinalam que por mais de 60 anos a pol tica brasileira de parques nacionais em particular e de unidades de conserva o em geral ficaram vinculadas a este Minist rio Mesmo com a cria o do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBDF pelo Decreto n 289 67 os parques nacionais continuaram sob essa subordina o via administra o desse instituto 49 Contraditoriamente embora o IBDF tivesse comprometimento com o desmatamento de grandes reas de florestas naturais para implanta o de projetos de reflorestamento para fins industriais DIEGUES 2008 p 119 dentre suas atribui es estava a de orientar coordenar e executar as medidas necess rias utiliza o racional prote o e conserva o dos recursos naturais renov veis e ao desenvolvimento florestal do pa s BRITTO 2003 apud RODRIGUES 2009 Uma importante contribui o desse instituto deu se atrav s da elabora o do Plano do Sistema de Unidades de Conserva o no Brasil em 1979 que pretendia estudar detalhadamente as regi es tidas como priorit rias para implanta o de novas unidades de conserva o A elabora o desse plano teve como ponto de partida o Decreto 84 017 de 21 de setembro de 1979 que aprovou o primeiro c digo de manejo para os parques nacionais brasileiros
132. alares do modelo capitalista de gera o de renda Contudo se apresenta como uma proposta alternativa por inverter a pol tica tradicionalmente de cima para baixo pela gest o da comunidade p 213 Os mesmos autores argumentam em prol de um arranjo produtivo local que o que vejo como uma alternativa vi vel para o momento pelo qual passa o PNI com o impasse demonstrado nesta tese frente ao seu contexto fundi rio de um lado o poder p blico quer as terras para prote o ambiental mas n o indeniza os propriet rios dos terrenos de outro os propriet rios querem continuar na terra e relatam que n o s o indenizados exigindo um pagamento justo pelo que possuem Nesse contexto como medida transit ria ao processo de regulariza o fundi ria em curso no PNI que acredito que cabe analisar a proposta de um arranjo institucional que permita a presen a dos moradores e a realiza o de pr ticas sustent veis e de baixo impacto pelos propriet rios em prol da conserva o ao meio ambiente enquanto a indeniza o n o for efetivada Para Coriolano et al h experi ncias positivas de Arranjos Produtivos Locais APL de base comunit ria no campo do turismo que buscam contribuir com o fortalecimento dessas atividades vinculadas ao turismo com responsabilidade social turismo comunit rio enfim o turismo de grupos majorit rios e com poucas condi es econ micas que procuram solu es alternativas e condizentes com
133. alizadas e nos mutir es que ainda acontecem nas atividades de reforma de moradias A maioria dos habitantes s o descendentes de lavradores que ocuparam a regi o no in cio do s culo XX Outras poucas familias estabeleceram se no PARNA h mais de quinze anos e alguns moradores considerados como pessoas de foro chegaram recentemente atra dos pela qualidade do meio ambiente depois de comprar alguma posse de antigos moradores Suas moradias est o localizades pr ximas s nascentes dos cursos d gua A maioria das casas simples de barro ou alvenaria coberta por telhas ou folhas de flandres Como seus moradores est o distribu dos nas propriedades dispersos no territ rio ocupado causam pouca press o entr pica uma vez que as atividades que praticam n o s o agressivas co meio ambiente 242 S o s tios que tinhom como atividades produtivas o cultivo de milho batata feij o e fumo para subsist ncia em ro as de toco isto ro as itinerantes pois usavam a t cnica de pousio com interrup o do cultivo da terra por um ano ou mais para a recomposi o do solo e m o de obra familiar Pr ximos s moradias havia o quintal com cultivo de hortali as cria o de galinha e su no Criavam gado de leite em reas de pastoreiro coletivas A produ o de leite e queijo era vendida para as cidades vizinhas nos munic pios do Rio de Janeiro At alguns anos atr s no periodo de 1985 2005 o leite era comercializado po
134. almente militares pela sociedade civil em mbito comercial contribu ram para o desenvolvimento do turismo A organiza o da atividade tur stica como se observa nos dias atuais tem in cio ap s a Segunda Guerra Mundial em consequ ncia dos aspectos relacionados produtividade empresarial facilidade dos transportes ao poder de compra das 116 pessoas e ao bem estar resultante dos processos de pacifica o no mundo FOURASTI E 1979 apud RUSCHMANN 1997 p 13 Entre os autores que analisam o posicionamento do turismo no campo do saber aparecem express es como ci ncia t cnica setor e ind stria Barreto afirma que os estudos cient ficos do turismo como ci ncia social come aram h poucas d cadas antes de 1950 h somente estudos econ micos A cientifiza o do turismo est em andamento e provoca ainda discuss es Da mesma forma que se discute h d cadas se o turismo ou n o uma ind stria discute se se ou n o uma ci ncia De fato o turismo um fen meno social abrangente 2001 p 130 Por outro lado Boull n n o reconhece o turismo como ci ncia O autor afirma que n o conhecemos nenhum cientista aut nomo ou seja n o pertencente a algum dos ramos conhecidos da ci ncia que tenha produzido e difundido um corpo te rico sobre um determinado enfoque tur stico e que este enfoque atenda aos requisitos anotados 2002 p 20 Tais requisitos para Boull n 2002 referem
135. ambiente promovendo o bem estar das popula es envolvidas MICT MMA 1995 apud WESTERN 2005 p 17 Dados do Instituto Brasileiro de Turismo EMBRATUR e da Organiza o Mundial do Turismo OMT revelam um crescimento na chegada de turistas internacionais no fluxo mundial de 702 6 milh es para 880 milh es no per odo de 2002 a 2009 O aumento percentual foi de 25 25 no mundo e 26 32 no Brasil Fonte Turismo no Brasil 2011 2014 EMBRATUR 2010 Em 2011 a chegada de turistas internacionais em todo o mundo chegou a 990 milh es Para o fechamento dos dados de 2012 a OMT estima que o fluxo mundial ultrapasse 1 bilh o de turistas internacionais OMT WWw unwto org acesso em 13 de janeiro de 2013 com an lise divulgada em 12 de setembro de 2012 ressaltando a pujan a do turismo apesar das incertezas da economia mundial 125 Um dos pilares do ecoturismo a promo o do bem estar das popula es envolvidas Esse bem estar no entanto n o deve se resumir gera o de emprego e renda A melhoria da qualidade de vida da popula o envolve tamb m a sua participa o ativa no processo de desenvolvimento do turismo a qualifica o de suas atividades a gera o de conhecimento que por sua vez incentiva a emancipa o frente aos empreendimentos liderados por agentes externos De acordo com Western 2005 o ecoturismo preocupa se com a natureza fundamentalmente mas tamb m se posiciona diante da responsabili
136. ando a vegeta o fica prop cia ocorr ncia de inc ndios que podem propagar se e cousor danos consider veis Por isso a queima era realizada sempre depois das chuvas e numa tarde sem vento quando era necess rio faziom aceiros limpeza que se foz no entorno de uma rea delimitada para proteg la contra o fogo por ocasi o das queimadas A maioria dos inc ndios que ainda ocorrem nos periodos de seco n o s o provocados pelos moradores e os focos muitas das vezes ocontecem de forma espont nea Segundo os moradores um dos maiores inc ndios registrados ocorreu em 2001 e foi provocado por um grupo de turistas que se perdeu no Parque Entretanto os moradores observaram que s vezes as a es de repres lia da institui o ambiental levam algum morador agastedo a provocar um foce de inc ndio mas este sempre controlado pela pr pria brigada do PARNA do Itatiaia da qual participam Os inc ndios tamb m passaram a ter dura o e reas atingidas cada vez menores N o obstante Tomzhinski atestar no sua disserta o a exist ncia de v rios impactos no PARNA Itatiaia decorrentes da atividade de pecu ria de leite extensiva praticada pelos moradores verificou se in loco que esta parece n o ser mais uma pr tica impactante uma vez que as reas de pastagens utilizadas s o aquelas sem vegeta o nativa e n o h abertura de novas trilhas Todos os moradores que possuem rea dentro da drea ampliada do Porque usam aperas a
137. ar o maneiro com manejo Mes s sabe multer N o pode nem plantor nos compos limpos Tem muito capoeira que d pra fazer ro a mas o Porque multa Antigamente se plantava de tudo sem adubo s com a queima e a cinza e noscia tudo Hoje o FIC urt da Lel do SNUC estabelece que us UC devem dispor de um Plano de Munejo que abranger toda a sua hiwa vomititui o documento t cnico mediante o qual com fundamento nos vletivos gerais de uma mnidinto de conserva o se estabelece o seu zoneamento c as normas que desem presidir o uso du rca b tmnnejo dos recursus sutirais 17 249 VOO CUSTOU COCO LER U terra t conscda porque n o pode ro ar ros capoeiras e hoje n o se queima mais Antes do porque n o tinha emola o E a gente sabe que modeira tirar para construir uma caso fazer uma porteira construir um curral A gente sobe qual q madeira boa para o lerho Mas par cousa da proibi o ningu m mais corta madeira Para fazer um conserto no cesa tem que pedir cutorize o para q Parque muita perda de tempo Traz prejuizo tamb m quande uma cerca que cai um paiol O Parque s prejudica pois n o deixa plantar arrumar q estrada ponte etc dificultando a nossa vida O Parque vem acechando muito o povo n o pode por gado na serra na terra que nossa O Parque n o informa a gente nem ajuda o resolver cs problemas Antes do Porque a g
138. aram nas unidades de conserva o habitadas por comunidades locais as a es demonstram se ineficazes uma vez que h por um lado problemas relacionados fiscaliza o e por outro problemas sociais decorrentes da reacomoda o das comunidades em munic pios pr ximos Assim as 107 popula es veem se no interior de um dilema que contrap e seus valores e pr ticas aos da conserva o ambiental ou seja continuam tradicionais tendo cada vez menos condi es objetivas de manter os padr es usuais de reprodu o sociocultural ou s o assimiladas pela sociedade dominante dissolvendo se como comunidades e abrindo espa o para a dissemina o do modelo hegem nico de explora o e uso dos recursos naturais ARRUDA 1999 p 86 Devido for a e do poder p blico a tend ncia da resolu o desses conflitos socioambientais nas unidades de conserva o de uso restrito o enquadramento no modelo oficial de preserva o ambiental que determina a dissolu o das comunidades tradicionais No entanto de acordo com Arruda 1999 existe outra solu o para esses conflitos sociambientais que raramente contemplada pelas pol ticas p blicas brasileiras seria um plano de manejo constru do em parceria com as popula es locais prevendo uma conviv ncia harmoniosa e economicamente eficaz Essa alternativa estimula a identidade os conhecimentos as pr ticas e os direitos de cidadania destas popula es valo
139. arrebentadas nem fecha mais Outro relato afirma que tem um postinho aqui na escola a gente mede a press o l a Prefeitura d uns rem dio Os rem dio mais caro a gente compra isso a Outro depoimento demonstra a preocupa o com uma poss vel interrup o do atendimento no local Tem posto de sa de que vem m dica de 15 em 15 dias Mas n o sei se vai continuar T o falando isso Hospital s em Itamonte referindo se sede do munic pio dif cil Quando chove ent o tem nada n o Tem que ir direto pra Itamonte Dentista n o tem Sobre o transporte as queixas s o maiores N o h nenhuma linha de transporte p blico que atenda s comunidades sendo que o nico transporte p blico existente o transporte escolar Aqui s carona com os amigos Mas a escola tem o carro da Prefeitura que puxa Cada um usa o seu Fusca A dificuldade de deslocamento enfatizada pelos moradores A pesado porque os alunos t m que acordar cinco da manh e pegar essas estrada a 35 km pra Itamonte o que ocorre quando o aluno estuda na sede do munic pio No caso para estudar na sede de Itamonte uma crian a da comunidade desloca se 70 km por dia considerando ida e volta O acesso de fato bastante prec rio sendo em dias de chuva prop cio para atoleiros e interdi es Quando isso ocorre de acordo com os moradores o socorro fornecido pela Prefeitura de Itamonte A Prefeit
140. as centrando se nos aspectos socioculturais 2009 p 241 179 Nas comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande h quem n o acredite na regulariza o fundi ria preconizada pelo PNI H um hist rico de tentativas de regulariza o fundi ria em outros per odos que n o se efetivaram Para alguns moradores essa proposta mais uma que n o vai avan ar O morador da fam lia 4 lembra que Eles fala que quer comprar mas eles quer dado O rapaz aqui de cima quer vender mas eles n o quer pagar Fica s enrolando Eles n o t m dinheiro pra tirar o povo daqui n o Tem propriedade aqui que vale dinheiro Eu n o acredito nisso n o Eles quer chatear a gente Oc acha que o governo vai perder o imposto disso Todo mundo aqui paga o imposto da terra direitinho Mesmo sem acreditar na desapropria o ele demonstra irrita o com o assunto Eu n o t na rea do Parque n o Se eles me pagar eu t se n o pagar n o t n o Eu queria plantar umas rocinha a n o posso mais Eu falei com eles que se n o pode fazer casa aqui n s vamo juntar todo mundo por a mudan a no caminh o e morar dentro da casa d oc s ironiza Na fam lia 29 a regulariza o fundi ria assunto de muitos anos que nunca se concretizou J t ouvindo isso h 20 anos assim Assim se voc for trabalhar pro Parque tudo bem Mas vender eles quer pagar 10 proc do que voc vende pra outra pessoa Isso eu queria falar numa re
141. as amistosas das fam lias comigo com boa fluidez sem que houvesse um di logo baseado somente em perguntas e respostas Os moradores foram estimulados a expressarem suas opini es sobre os aspectos contidos no roteiro de quest es e conversaram naturalmente demonstrando estarem vontade diante da minha abordagem Tive o cuidado de n o influenciar induzir ou completar as respostas dos moradores Os dados s o apresentados em n meros absolutos e n o em percentuais visto que se trata de uma pesquisa de base qualitativa e n o quantitativa No caso do Conselho Consultivo do PNI al m dos documentos consultados como atas das reuni es e legisla o para os 13 membros entrevistados por meio de correio eletr nico as quest es focalizaram tr s aspectos participa o situa o fundi ria turismo No caso do ICMBio PNI al m da legisla o consultada duas entrevistas profundas foram realizadas respectivamente com o Chefe do Parque e com a Coordenadora de Educa o Ambiental focalizando quest es que envolvem o PNI como os principais problemas a situa o fundi ria o turismo e tamb m a rela o com os moradores especialmente com as comunidades objeto deste estudo 4 2 Atores sociais envolvidos A seguir ser o caracterizados os atores sociais que contribu ram com este estudo sujeitos da investiga o e da an lise acerca do conflito fundi rio encontrado no PNI 150 4 2 1 As fam lias da parte alta poss
142. as foi confirmado que s o fiscalizados e em 8 foi respondido que n o s o fiscalizados Diante da pergunta mais ampla sobre alguma proibi o do IBAMA as respostas de 34 do total de 36 fam lias confirmaram a exist ncia de proibi es demonstrando a presen a constante da fiscaliza o do PNI na parte alta E o que proibido pelo IBAMA Constru o desmatamento queimada fossa pr xima ao curso d gua cria o de gado cria o de abelha cria o de peixe cria o de avestruz cria o de porco lixo tirar madeira e plantar As alega es do rg o ambiental seriam no sentido de que est o dentro da rea do parque querem a rea para preserva o contra a lei a ordem que t m essa estraga a natureza E os moradores se sentem injusti ados com a aplica o de multas e com o embargo no caso de constru o O morador da fam lia 30 se queixa das proibi es de produzir nas terras da parte alta Aqui a terra fraca mesmo eu acho que isso aqui b o pra Ibama mesmo S que o pre o que eles quer pagar n o compensa Ent o eles tem que pagar mais d mais valor Ajudar o pessoal a porque na terra n o pode fazer nada mais mesmo ele reclama e relata uma tentativa de mobiliza o e enfrentamento da quest o por meio de uma luta pol tica Eu j fiz abaixo assinado pro A cio Neves pra ver o qu que n s v o fazer aqui Se a gente descolocar daqui vai viver do que Aqui m
143. as semelhan as que orientam a elabora o de pol ticas e a implementa o de a es de turismo de base comunit ria Dessa forma entende se que a proposta dessa forma de organiza o do turismo inclui a comunidade local enquanto agente pol tico na busca por empoderamento para decidir sobre os mecanismos de gest o as propostas de a o e a melhor utiliza o dos benef cios advindos do turismo enquanto pr tica n o agr cola em ambiente rural Diversos fatores contribu ram para a mudan a da percep o sobre o turismo influenciadas por caracter sticas internacionais Segundo Irving isso ocorreu quando o turismo passou a ser interpretado no pa s como alternativa poss vel de inclus o social e a discuss o sobre participa o social e governan a democr tica se tornou priorit ria no mbito internacional IRVING 2009 p 108 Para a autora no plano global novas tend ncias tem marcado tamb m a ressignifica o do turismo como por exemplo uma mudan a sutil no perfil de turistas conectados progressivamente com os temas da responsabilidade social e ambiental o que passou a influenciar operadoras e ag ncias internacionais que por sua vez buscaram dar maior visibilidade a destinos tur sticos menos convencionais mas capazes de viabilizar novas experi ncias e descobertas para um cidad o global em busca de oportunidades de viv ncias e aprendizagens para al m do card pio de op es dispo
144. at tem algum n vel de di logo com os moradores mas isso mais uma postura pessoal do que institucional e existem diversos servidores que tratam os moradores com um rigor excessivo e tendendo puni o e n o negocia o Como acabamos de ver a prop sito do turismo no Parque a rela o estabelecida entre a administra o do PNI e a comunidade produz tens es e conflitos principalmente pela maneira como s o conduzidas diversas a es pelo PNI excluindo ou marginalizando os moradores e seus interesses dos processos de decis o e gest o da unidade e com a perspectiva de ado o de modelos hegem nicos em favor de grupos sociais privilegiados E como continuaremos vendo no caso do PNI reproduzem se as quest es apontadas pelos diversos autores referidos no cap tulo 2 a prop sito de conflitos socioambientais Tal postura pode ser resumida nas considera es de Loureiro que elucida sob premissas populares e democr ticas o sentido universalista do que p blico pressuposto para o ambiente ser um bem comum tal como definido em lei n o significa tratar a todos como iguais abstratamente Isto representa na pr tica o cumprimento da formalidade jur dico institucional de um Estado que reduz as desigualdades sociais a diferen as da vida privada por conseguinte desloca as quest es sociais para a esfera da responsabilidade individual Exige que as liberdades individuais e pol ticas se instaurem pela materializa o de con
145. at gias e as tentativas de resolu o adotadas pelos diferentes grupos sociais na resolu o do conflito O cap tulo 3 analisa as formas de atua o das comunidades localizadas na parte alta do PNI a partir da interface entre o turismo enquanto fen meno social e a conserva o da biodiversidade buscando identificar as potencialidades locais e as pr ticas produtivas relacionadas ao setor de turismo que se configuram como 29 alternativas sustent veis para a resolu o dos conflitos fundi rios existentes no Parque Nacional do Itatiaia O cap tulo 4 apresenta as diferentes vis es sobre o PNI diagnosticadas nos trabalhos de campo e nas entrevistas realizadas junto aos diversos atores sociais consultados nesta pesquisa Ressalta as caracter sticas hist ricas e sociais das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande e as rela es que estabelecem com o Parque Nacional do Itatiaia para que se possa pensar no que seja a sustentabilidade ambiental e social e o equil brio do ecossistema Oferece subs dios para a constru o de um arranjo institucional capaz de possibilitar o desenvolvimento de pr ticas socioambientais sustent veis apresentadas como alternativas de turismo ecol gico pass veis de implementa o local Como considera es finais o cap tulo 5 apresenta uma s ntese de toda a tese oferece as condi es necess rias para o estabelecimento de um arranjo institucional que permita a compatibiliza o dos objetivos d
146. b m Enfiar na cidade pra fazer o que l Eles s fala mas n o indeniza ningu m se indenizasse muitos vendia mas tem uns que n o quer sair tamb m porque ir pra cidade n Pra quem morou a vida inteira na ro a ir pra cidade n o d n Sou a favor do Ibama proibir as derrubada mas de desapropriar eu sou contra Como se v o discurso dos moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande sobre o tema da desapropria o ocorre no sentido contr rio proposta alegando n o terem para onde ir n o conseguirem vender para o PNI por um pre o justo terem avers o ao ambiente urbano principalmente por motivos de seguran a custo de vida e por n o terem estudo que lhes garanta uma boa coloca o no mundo do trabalho No conjunto trata se de uma reitera o dos mesmos pontos Mas indo al m da rea o contr ria desapropria o h moradores que entendem que a pr pria exist ncia do PNI irregular ilegal Eu acho que bobeira deles desapropriar o povo daqui Eles quando entraram aqui foi tudo invadindo O povo tem os documentos das terras aqui Considerando que o 181 PNI foi ampliado em 1982 e desde ent o essas comunidades convivem com o impasse de terem suas terras incorporadas pela Uni o dito que errado n Quando o av do meu marido era vivo eles falavam que a divisa do Parque era l pra cima da montanha Agora o mo o do Ibama veio aqui e falou que passa l emb
147. blicas construindo arranjos produtivos locais de turismo adaptados a seus interesses ou seja arranjos de pequenos empreendimentos organizados comunitariamente 2009 p 78 Nesse sentido vejamos como se expressam as vis es dos gestores dos moradores da parte alta do PNI e dos membros do Conselho Consultivo e que perspectivas podem indicar Na entrevista realizada com o Chefe do PNI quando perguntei sobre as a es de gest o do turismo empreendidas pelo PNI ele anunciou que seria realizado um estudo pela equipe que estava fazendo a revis o do Plano de Manejo sobre as reas priorit rias para uso p blico na parte alta Informou tamb m que seria relan ado o edital que foi divulgado em 2010 sobre a permiss o de uso e a concess o das instala es do abrigo Rebou as do Posto 3 Marc o e dos servi os de camping Em 2010 o edital n o recebeu nenhuma proposta Quanto aos moradores de um lado h aqueles com ceticismo em rela o ao turismo e quem acredite que a atividade pode ser prejudicial ao inv s de contribuir apontando poss veis danos e efeitos negativos a partir do desenvolvimento da atividade tur stica o caso da fam lia 26 onde o morador faz uma complexa an lise da comunidade da Serra Nega onde vive comparando com outros destinos de maior movimento tur stico do entorno ressaltando a atua o do PNI enquanto rg o ambiental Segundo o morador eu n o sou contra o parque n o Se deixar o povo avaca
148. bsist ncia e dos locais de moradia destas popula es assegurando se a sue participa o na elabora o das referidas normas e a es nada foi feito Dessa forma as comunidades permanecem sem o direito de usufruir de seu pr prio territ rio pois tirou se a liberdade de uso de suas terras que se encontram dentro da rea do Parque Nacional Itatiaia Os moradores das comunidades Serra Negra e Vargem Gronde possuem modos de vida definidos pela agricultura de subsist ncia e pecu ria de leite extensivo atividades que praticam h mais de cem anos bem entes do estabelecimento do PARNA do Itatiaia Dessa maneira s o dependentes do manejo sustent vel do ambiente que ocupam e podem ser classificados como comunidades tradicionais Esse termo surgiu em 1992 nas discuss es da Ibama para a cria o das unidodes de conserva o para dar 27 Segundo o SNUC soda UE deve ter em plano de maneja a ser claborudo em seus priineihns comeu timos de exmtlneia Esse plno um instrumento norteador das aciridades a serem deseavulvidas sa umidade definido na Wi da seguinte forma documento ideniuo mediante o qual coni fesdumento mos ubpaivos gerie de wma umidade de conserva o ue estabelece o seu suneimento e us mbrmas que dever presodir o eso ds droa o o manojo dos nicursos mutarmis selvas a insplunta o us cstrutiaras fisicas mecees rios gest o do untado O plano de manejo dave abramgur a unidade sus sora de aimurcermento lt os corred
149. ca no PNI e assim como vimos anteriormente a respeito do tratamento de assuntos referentes parte alta do parque tamb m com rela o ao turismo respostas como desconhe o n o tenho conhecimento n o acompanho o encaminhamento dos resultados confirmam que os temas relativos ao turismo na parte alta s o desconhecidos ou ou ignorados por uma parte dos membros do CCPNI Quanto utiliza o pelo Conselho dos conhecimentos produzidos nas pesquisas acad micas na formula o de suas propostas para o desenvolvimento do turismo ecol gico no PNI assim como vimos a prop sito das quest es anteriormente tratadas as vis es dos conselheiros mais uma vez apontam em dire es variadas entre o sim e o n o com afirma es diversas De um lado um bom exemplo desta situa o a ocorr ncia do sapinho flamenguinho que apesar de ter a sua reprodu o garantida com o fechamento da estrada principal no planalto esta quest o foi levada ao conselho para avalia o e o conselho decidiu pelo fechamento mesmo devido aos estudos existentes de forma totalmente superficial e n o sistem tica sim De outro lado um conselheiro nega a falta de divulga o dos resultados das pesquisas De acordo com ele o conselho nem toma conhecimento das pesquisas que t o rolando N o sei nem se o PNI como unidade de conserva o utiliza o resultado dessas pesquisas Mediante a pergunta se o conselho consultivo do PNI privile
150. cativo da Antropologia ecologia pol tica pois permite que os grupos politicamente marginalizados e at mesmo invis veis ao olhar do Estado povos ind genas quilombolas ribeirinhos favelados etc possam ser reconhecidos e considerados nas decis es para a resolu o dos conflitos socioambientais Com o foco etnogr fico deslocado para o conflito em si cabe ao antrop logo descrever os distintos atores sociais e os recursos ambientais envolvidos no conflito mapeando diferentes n veis do processo que passam pela intera o entre esses atores deles com o meio biof sico e o meio social a fim de levantar as cotas de poder formal e informal de cada grupo bem como suas demandas Para essa vertente etnogr fica o ambiente biof sico um elemento crucial na medida em que os recursos naturais s o mais que um contexto em que for as sociais agem s o for as biof sicas que operam a partir de suas pr prias din micas internas Al m de compreender a din mica biof sica de acordo com Little 2006 o entendimento do conflito requer a an lise da intera o entre homens e natureza intera o essa percebida como relacionamento de m o dupla entre as ag ncias natural e social o que vai de encontro ao conceito de paisagem de Santos 1994 apresentado anteriormente A an lise do conflito requer do etn grafo a busca e a defini o dos principais atores envolvidos na quest o na perspectiva de descrever os interesses e as dema
151. cesso aos pontos tur sticos situados na parte alta caracterizada pelas montanhas forma es rochosas e vegeta o mais seca onde est o Pico das Agulhas Negras com 2 791 55m de altitude Pico das Agulhos Negras Wo A estrada de ch o com bastante curvas pedras e buracos prec ria e segundo os moradores locais inibe o acesso dos turistas Os veiculos mais recomendados s o os com tra o traseira tipo fusca gurgel e combi ou ent o 4X4 e carros com suspens o mais alta 258 259 Estradas de terra estreitos e com bastante pedras buracos e oreia O hotel Alsene o mais pr ximo ao Pico das Agulhas Negras era uma das estrutura de apoio co turismo dentro da parte alta do PARNA Itatiaia mas foi interditado pelo ICMBio Segundo relatos de campo a raz o da interdi o foi a denifica o de suas fossas Entretanto os sanit rios desse hotel estavam sendo utilizados para apoio de um pelot o de 400 codetes da Academia Militar de Agulhas Negras nos periodos de treinamento 15 dias apesar do dono no hotel n o ter sido sarado Outra alternativa de alojamento o acampamento Brejo da Lapa no km B depois da Casa de Pedra na regi o do Alto Aiuruoca no interior do Parque Nacional de Itatiaia O acampamento das Agulhas Negras antes muito procurado pelos excursionistas e montanhistas deixou de funcionar em 1992 O Abrigo Rebou as o abrigo p blico mais alto do Brasil altitude de 2350 metros cons
152. cio cultural e ambiental na rea do Parque e ou seu entorno ONG Nosso Vale Nossa Vida 276 Entidades nacionais de ensino superior e ou de pesquisa sediadas nos estados do Rio de Janeiro Minas Gerais ou S o Paulo com atua o na rea do Parque e ou no seu entorno UFJF Organiza es n o governamentais com atua o s cio cultural e ambiental na rea do Parque e ou seu entorno Organiza o Crescente F rtil Entidades nacionais de ensino superior e ou de pesquisa sediadas nos estados do Rio de Janeiro Minas Gerais ou S o Paulo com atua o na rea do Parque e ou no seu entorno UFRRJ Entidades nacionais de ensino superior e ou de pesquisa sediadas nos estados do Rio de Janeiro Minas Gerais ou S o Paulo com atua o na rea do Parque e ou no seu entorno AEDB Entidades nacionais de ensino superior e ou de pesquisa sediadas nos estados do Rio de Janeiro Minas Gerais ou S o Paulo com atua o na rea do Parque e ou no seu entorno JBRJ Entidades n o governamentais de montanhismo e ou excursionismo sediadas nos estados do Rio de Janeiro Minas Gerais ou S o Paulo com atua o na rea do Parque e ou do seu entorno GEAN Entidades nacionais de ensino superior e ou de pesquisa sediadas nos estados do Rio de Janeiro Minas Gerais ou S o Paulo com atua o na rea do Parque e ou no seu entorno VAGO Organismos de bacia de atua o na rea do Parque e ou entorno
153. co e aprofundado da literatura cient fica do campo do turismo apresentados em t tulos como turismo de base local e turismo comunit rio dentre outros O desenvolvimento do turismo depende da sinergia entre os agentes sociais diversos que est o presentes no ambiente como salienta Ruschmann como agentes do desenvolvimento do turismo consideram se n o apenas os respons veis pela oferta tur stica alojamentos restaurantes agentes operadores transportadores etc mas tamb m pelos turistas pela popula o das localidades receptoras pelo meio natural e sociocultural nos quais a atividade ocorre e os respons veis pela atratividade das destina es al m evidentemente do Estado propriet rio dos espa os Esses componentes s o estreitamente relacionados e altamente interdependentes pois a falta ou o mau funcionamento de um deles pode inviabilizar a comercializa o do produto 1997 p 22 Trata se do Parecer 095 2011 da 6 C mara de Coordena o e Revis o ndios e Minorias do Minist rio P blico Federal O Parecer foi solicitado pelo Procurador da Rep blica no Munic pio de Pouso Alegre MG Dr Jos Lucas Perroni Kalil referente ao processo n 1 22 013 000361 2009 31 PRM PSA MG e realizado pela Antrop loga Angela Maria Baptista Versa sobre a realiza o de per cia antropol gica para verificar se as popula es que habitam o Parque Nacional do Itatiaia nas comunidades de Serra Negra e
154. colar fornecido pela Prefeitura de Itamonte Em 22 das 36 fam lias foi declarada a posse de ve culo pr prio O acesso s duas comunidades dif cil e perigoso com estrada de terra muitos buracos e desn veis Em per odos de chuva mesmo caminh es ficam pelo caminho e as interdi es s o frequentes O Fusca o ve culo mais encontrado entre as 22 fam lias que possuem condu o Em 18 destas declarou se que o ve culo tamb m utilizado no trabalho no transporte da produ o de queijo leite doces frutas e hortali as at os pontos de venda 152 A observa o e as entrevistas realizadas mostram que a sobreviv ncia dessas fam lias tem sido garantida pela atividade agr ria embora a produ o rural encontre impedimentos colocados pelo ICMBio nas ltimas d cadas A prop sito pode se remeter ideia de fundo desta tese sobre a possibilidade de converg ncia do turismo com a prote o ambiental em casos como os do PNI No entanto h que se reconhecer que as fam lias necessitam do p o de cada dia at que o turismo se estabele a Esse aspecto ser tratado especificamente a seguir no item 4 3 sobre as diferentes quest es envolvidas no contexto do PNI e nesse sentido remeto a Pires 2002 quando pondera que a cr tica feita preserva o mercantilista dos costumes e tradi es estimulada pelo turismo alternativo deve ser estendida a toda e qualquer atividade tur stica mas tamb m relativizada
155. coloniais a fim de incesirear a imigra o de uusopeus para u deco a partir de emio que se d a ocupa o definitiva destas terras pelo homem s alem es se fixaram definitivamente em Visconde de Mau onde at hois residem mui os de wiss remanescentes Com q wrminn da panicipa o oficial em 1916 foram permitidos a vendas de Iotes coloniais a qualquer elemento interessado Nests momento v rios fuzendeisos principslmeme mineiros passaram q adquira grandes quantidades de lotes compundosus de colonos estrangeiros nuciomais e mesmo do estado As novas fazendas passaram q cuidar da cria o de pado leiteiro Mas a crise leitesra mas S cudas de 70 e RO ubre espa o expans o de turismo que se l rna a ecominica para a regi o Portanto apesur ds cria o desses importantes polos turisticos ne regi o a maior parte das serras que eram do Rasbo de Masi cominuaram 5 236 e sa tr y VA y e Pe vel hd i Parque Nacional do Itatiaia At hoje a situa o fundi ria do PARNA Itatidia bastante complexa e irregular Na parte baixa al m da sede do Parque permanecem v rias propriedades particulares s tios de veraneio e hot is Porteria do PARNA Itatiaia Indica es de ocesso no interior da parte baixa Pr dios onde funcionom a sede o centro de visitantes e museu do flora e fauno cercados pela vegeta o do Mata Afl ntica rwadas heip ar aaia migo bro de 2011 htp ipt wikipedia orgy
156. comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande dentro dos limites territoriais do PNI como forma de se criar uma alternativa sustent vel aos impasses vivenciados pelo Estado brasileiro frente s reivindica es de grupos sociais envolvidos em conflitos socioambientais n o s no PNI mas em diversas Unidades de Conserva o do Brasil Palavras chave Parque Nacional Conflito socioambiental Arranjo institucional Turismo comunit rio ABSTRACT The Itatiaia National Park founded in 1937 is the first Brazilian park and features two distinct plans within its premises the High Part and the Low Part including municipalities from the states of Rio de Janeiro and Minas Gerais In this thesis the study of the social environmental conflict existing in the Itatiaia National Park PNI was based on the process of territorial enlargement occurred in that Conservation Unit in 1982 Such an expansion incorporated small private properties to the park High Part without the necessary indemnifications and expropriations advocated by the Brazilian environmental law for Full protection Conservation Units SNUC Federal law no 9985 2000 The PNI classification was done according to environmental trends that led to the creation of protected areas since the first conservation unit was created in the United States of America in the nineteenth century The asymmetries identified in the power relationships established by the social players involved in
157. conciliando a presen a humana nas dreas protegidos A categoria Monumento Natural Tem como objetivo b sico preservar sitios noturois raros singulares Pode ser constituido por reas porticulores desde que seja possivel compatibilizor os objetivos da unidade com a utiliza o da terra e dos recursos do local pelos propriet rios uma unidade de conserva o de uso sustent vel que permite a presen a de popula es locais Entretanto sabe se que a recategoriza o da por o do Parque Nacional do Itatiaia isto da parte de terras que sobrep e no territ rio dessas comunidades uma alternativo vi vel Ela deve contribuir significativamente para diminuir os incertezas inseguran as e falta de garantios que os moradores t m com rela o possibilidade de manuten o de seu modo de vida pois teriam suas reas de moradio de cultivo e pastagens do gado leiteiro garantidos a partir de um zoneamento e plano de manejo discutido com todos es moradores do Parque E tamb m essas popula es n o ficariam vulner veis especula o imobili ria pois continuariam dentro de um territ rio protegido Recentemente em 2 de junho de 2008 o Parque Nacional dos Pont es Capixabas criado em 19 de dezembro de 2002 sem consulta p blica com uma rea aproximada de 17 500 hectares nos munic pios de Pancas e guia Branca no Estado do Espirito Santo foi recategorizado para Monumento Natural dos Pont es Capixabas por decreto p
158. condi es de igualdade frente aos demais atores para que garantam o atendimento s suas demandas e aos seus direitos um espa o p blico e o ambiente como bem comum se efetivam de modo universal quando a cr tica e o dissenso organizado das classes trabalhadoras e do conjunto de expropriados incluindo a popula es e comunidades tradicionais pode se instalar igualitariamente na demanda de direitos na defini o das institucionalidades que regem a conviv ncia social e das normas que configuram os usos e apropria es da natureza Logo s h espa o p blico medida que os socialmente desiguais se encontrem como sujeitos aut nomos e protagonistas pol ticos e s h ambiente como bem comum medida que o acesso riqueza produzida e natureza seja justo e os diversos modos de se organizar com base em processos econ micos e culturais sustent veis sejam respeitados p 46 Assim a mobiliza o pelas lutas ambientais tem se tornado um instrumento de conquista para as comunidades de resgate e valoriza o de suas identidades e da inclus o socioecon mica na sociedade moderna Coriolano et al em estudos empreendidos em diversas comunidades no estado do Cear lembram que nas comunidades problemas diversos esperam solu es A acelerada redu o do trabalho chegando forma de desemprego e exclus o 168 contraditoriamente levou muitos grupos a lutar por propostas de trabalho que reduzam as disparidade
159. ctivas particulares dos pequenos produtores residentes na parte alta em rela o ao turismo eis as vis es mais eloquentes nas dire es opostas De um lado os que cobram e criticam apontando a preocupa o em favor desses residentes Nunca houve essa discuss o no Conselho O Conselho Consultivo nem tem conhecimento sobre os interesses desses moradores O conselho em sua maioria esmagadora desconhece as comunidades que moram dentro do PNI seja na parte alta no Norte seja na parte baixa no Sul Em grande parte das vezes os moradores s o colocados at nos pap is de vil es para o conselho afinal eles que moram l tem o gado as abelhas as esp cies ex ticas usam o parque e n o pagam nada De outro lado aqueles que n o consideram que os moradores da parte alta do parque sejam ignorados e os que mostram sua preocupa o com os destinos do PNI enquanto uma rea protegida As entidades representadas pelos membros apresentam seus interesses nas reuni es O conselho privilegia abertamente a conserva o do patrim nio natural com uma vis o de futuro n o privilegiamos o presente estes precisam entender que neste local se imp e um cuidado extremo com o patrim nio natural e que devem ser contentes com o que poss vel de se realizar a velha est ria do b nus individual e preju zo coletivo Para este preju zo coletivo o Conselho tem se mostrado muito atento apesar de reconhecer as necessidades
160. cursos naturais para o futuro no modelo capitalista Todavia a literatura ambiental analisa em menor escala a outra face do impacto que impacto causa a cria o de uma unidade de conserva o na vida de uma comunidade rural No caso do PNI a amplia o territorial ocorrida em 1982 acarretou mudan as nas pr ticas produtivas sendo algumas pr ticas modificadas ap s restri es impostas pela fiscaliza o ambiental e outras impedidas por provocarem danos ambientais Algumas pr ticas foram criminalizadas pelo rg o ambiental transformando trabalhadores rurais em criminosos ao reproduzirem pr ticas ensinadas por seus ancestrais sem que tivessem oportunidade de aprender novas t cnicas de produ o e di logo com o rg o ambiental Este por sua vez promove a inseguran a das comunidades quando amea am realizar a desapropria o agravando o conflito socioambiental A considerar a legisla o vigente atualmente torna se importante ressaltar o que trata a Lei Federal n 9985 2000 conhecida como lei do SNUC e a recente Instru o Normativa n 26 do ICMBio de 4 de julho de 2012 que estabelece diretrizes e regulamenta os procedimentos para a elabora o implementa o e monitoramento de termos de compromisso entre o Instituto Chico Mendes e popula es tradicionais residentes em unidades de conserva o onde a sua presen a n o seja admitida ou esteja em desacordo com os instrumentos de gest o Pode se ver claram
161. cuss o a gest o participativa muitas vezes inviabilizada pela falta de acesso e de capacidade de interven o no uso e na distribui o dos bens naturais Al m disso outros problemas de gest o s o apontados e possuem causas diversas que v o desde a ambiguidade ou a omiss o da lei referente a algumas categorias de UCs falta de procedimentos claramente definidos MMA 2004 que impe am a utiliza o desse instrumento como um espa o que apenas referende interesses de grupos espec ficos sem representar um local de constru o da cidadania entendida como condi o efetiva de participa o delibera o e apropria o do que socialmente produzido LOUREIRO e CUNHA 2008 p 237 238 Para os autores o caminho para a conquista dessa gest o democr tica a educa o ambiental N o a educa o ambiental conservadora ou comportamentalista que refor a as rela es de poder e as situa es de aliena o e subordina o reproduzindo os modos de vida e os valores dos grupos dominantes mas a educa o ambiental cr tica e emancipat ria respons vel por fomentar a consolida o de valores que possam ser aceitos e entendidos por uma sociedade como favor veis sustentabilidade global justi a social e preserva o da vida LOUREIRO 2004 p 4 com base nessa educa o ambiental que segundo esse autor os conselhos consultivos poder o ser constitu dos como espa os educativos p blicos para
162. da inefici ncia na explora o e consumo dos recursos naturais n o renov veis assegurando a produ o m xima sustent vel NASH 1989 apud DIEGUES 2008 p 31 Em ess ncia Pinchot criticava o modelo de desenvolvimento perdul rio pautado na transforma o da natureza em mercadoria RODRIGUES 2009 p 37 33 Sob a influ ncia de Thoreau John Muir defendia a preserva o pura da natureza a natureza selvagem em si com base na exist ncia de um Ser Universal transcendente no interior da natureza Incorporando um organicismo pelo qual a base do respeito pela natureza era seu reconhecimento como parte de uma comunidade criada a qual os humanos tamb m pertenciam Muir destacava que n o somente os animais mas as plantas e at as rochas e a gua eram fagulhas da Alma Divina que permeava a natureza NASH 1989 p 39 apud DIEGUES 2008 p 33 Com apoio cient fico da Hist ria Natural as id ias preservacionistas postulavam que o ser humano n o poderia ter direitos superiores aos animais e essas no es foram consideradas mais tarde como bioc ntricas Em 1844 nos Manuscritos econ mico filos ficos Marx chamava aten o sobre a indissocia o do ser humano com a natureza pois para ele o homem vive da natureza isto a natureza seu corpo e tem que manter com ela um di logo ininterrupto se n o quiser morrer Dizer que a vida f sica e mental do homem est ligada natureza significa simp
163. da Constitui o de 1988 vem sendo estimulada institucionalmente a implementa o de um novo paradigma de gest o das pol ticas p blicas com vistas a descentralizar as decis es e ampliar o espa o de participa o da sociedade CARVALHO et al 2005 Na esfera ambiental os instrumentos mais conhecidos criados para estimular a participa o da sociedade s o os conselhos municipais de meio ambiente os conselhos consultivos de unidades de conserva o da natureza e os comit s de bacias hidrogr ficas sendo estes ltimos mais direcionados aos recursos h dricos No PNI o conselho consultivo est em funcionamento desde quando foi criado em 2002 Cada conselheiro a atua em um dos dois setores de representa o no CCPNI sociedade civil que inclui as associa es representativas das comunidades e poder p blico com suas inst ncias de governo A composi o atual do Conselho apresentada no Anexo B desta tese O Conselho Consultivo uma inst ncia de gest o participativa estimulada pelo governo federal para descentraliza o das tomadas de decis es e garantia de representa o pol tica a diferentes grupos e interesses No caso do PNI a composi o do CCPNI prev a representatividade de entidades p blicas e privadas organiza es militares organiza es educacionais e de pesquisa prefeituras federa es e grupos de montanhismo organiza es n o governamentais ong s associa es de moradores ass
164. da atividade tur stica onde a comunidade local com seus diversos segmentos os turistas e os novos empreendedores que surgem na localidade passam a interagir No caso do PNI encontro semelhan as com os estudos empreendidos por Prado 2003 que ao analisar a chegada do turismo na Ilha 94 Grande RJ destaca o surgimento do conflito devido diferen a de valores e interesses dos grupos sociais ao afirmar que entre os diferentes sistemas de valores e interesses diante dos quais se v em os nativos da Ilha Grande est esse que estou chamando de ideologia ambientalista por sua vez tamb m j trazendo muitas nuances e passando por v rias inst ncias como a pr pria legisla o os rg os de controle ambiental e os grupos ambientalistas a partir da qual se pretende civilizar os nativos Pode se aqui fazer uma analogia com os muitos casos de popula es tradicionais afetadas pela transforma o de seus lugares em unidades de conserva o nos quais para al m da perplexidade dos habitantes originais surge um inescap vel conflito de vis es e interesses entre estes e o Estado que cobra o cumprimento da legisla o Como costuma acontecer naqueles casos tamb m na Ilha na percep o de boa parte dos ambientalistas as vis es nativas em geral s o consideradas como uma n o ecologia isto como uma aus ncia de ao inv s de a presen a de uma ecologia nativa uma etnoecolog
165. da produ o do queijo e um contrap s que vai para o lix o O lixo vai pro lix o Sobre os tanques de cria o de trutas um morador ressaltou que faz tudo certinho explicando que a gua passa por filtros antes de ser devolvida ao rio tem um filtro em outro tanque que trata a gua e vai limpa pro rio completa No caso em quest o trata se do rio Aiuruoca Outro criador no entanto informou que a gua sai do tanque e vai direto para o rio Questionado se havia algum filtro ou tratamento da gua que sa a do tanque antes de retornar ao curso d gua respondeu negativamente que a gua voltava ao rio sem nenhum tipo de tratamento mesmo Estes dados permitem concluir que duas fam lias tratam os res duos de forma inadequada sendo que os demais possuem pr ticas que n o geram danos ou agress es ao meio ambiente Assim poss vel afirmar que as condi es de viver dentro dos limites do PNI no caso das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande caracterizam se por m nimos recursos estruturais e acesso a servi os b sicos como sa de transporte e comunica o As condi es de trabalho tamb m t m sido cada vez mais conflitantes com o rg o ambiental que realiza opera es de fiscaliza o e aplica quando encontra irregularidades autua es e multas aos moradores por exercerem pr ticas produtivas consideradas prejudiciais ao meio ambiente 160 4 2 2 O conselho consultivo Desde a promulga o
166. dade social ao promover de um lado a conserva o e de outro o bem estar da popula o local Assim o ecoturismo ganhou notoriedade como alternativa vi vel para o desenvolvimento de comunidades de baixa renda aliado preocupa o ambiental como pr tica de baixo impacto e geradora de benef cios para a conserva o ambiental al m de promover o bem estar de comunidades e valorizar suas manifesta es culturais Pires 2002 lembra que o ecoturismo passa a ser reconhecido como instrumento vi vel de utiliza o sustent vel do meio natural e valoriza o das culturas aut ctones sendo aceito e proposto como alternativa para o desenvolvimento de regi es perif ricas e remotas do mundo subdesenvolvido inicialmente por parte dos organismos conservacionistas com atua o mundial IUCN WWF CI CN e num segundo momento pelos pr prios governantes dos pa ses dessas regi es 2002 p 76 77 Neste contexto um novo tipo de turismo diferente do que era praticado e oferecido ao mercado s grandes massas surgiu envolvendo turistas e comunidades receptoras em intera es diferentes do que se apregoava anteriormente de presta o consumo de servi os tur sticos Para Pires os anseios por um turismo diferente e alternativo foram delineando e amadurecendo ideias e conceitos sobre essa nova proposta que num sentido amplo deveria ser coerente com a preserva o dos valores culturais e com a conserv
167. dades de visita o considerando a parte baixa e a parte alta do parque deixam transparecer a possibilidade de implementa o de diferentes servi os e modalidades de delega o para a sua formaliza o A parte baixa apresenta um maior fluxo de visitantes e consequentemente requer uma maior concentra o de infra estrutura compat vel com o perfil e as necessidades da visita A parte alta do parque mais procurada por montanhistas e escaladores menos visitada e tem pouca infra estrutura Assim o desenho dos servi os deve se basear nas caracter sticas de cada atividade e no porte de investimentos e infra estrutura apropriados para cada situa o A modalidade de presta o de servi os de apoio visita o deve portanto considerar a diversidade de situa es em termos ambientais sociais e econ micos p 300 Julgo que essa avalia o uma base para se considerar o conjunto de vis es dos moradores dos conselheiros e do gestor do PNI tamb m avaliadas neste item no sentido de se reconhecer a diversidade entre elas que dever necessariamente ser considerada em uma poss vel proposta de arranjo institucional e de gest o como pretendo a partir desta tese que contemple a inclus o social e a prote o ambiental Para fundamentar esta sugest o apresento aqui a an lise de autores do o componente ideol gico de tal discurso consequentemente leva troca de categorias para criar uma argumenta o aparentem
168. de reas protegidas para tentar frear a degrada o ambiental No Brasil as reas protegidas foram categorizadas em unidades de conserva o A hist ria tem mostrado que a constitui o dessas reas abrange conflitos regulares que variam de intensidade devido aos v nculos que as popula es estabeleceram com esses espa os e por isso reinvindicam direitos de uso e apropria o social dos bens ambientais neles contidos SANTOS 2009 36 p 137 Dessa forma a disputa pelo uso leg timo da natureza caracteriza os conflitos que necessitam da ado o de a es e se manifestam a partir dessas O modelo de unidades de conserva o praticado no Brasil derivado da concep o de reas protegidas segue o padr o mundial estabelecido a partir da d cada de 60 momento em que a extens o das reas protegidas foi enormemente ampliada no mundo Esse modelo toma como princ pio a ideia de que o ser humano alterar e domesticar a natureza sendo necess rio conservar partes do mundo natural em seu estado original antes da interven o humana As unidades de conserva o s o os espa os naturais onde o ser humano pode reverenciar pesquisar e apreciar a natureza intocada ARRUDA 1999 As unidades de conserva o s o sujeitas a um controle externo com territ rio definido protegido gerenciado e administrado pelo poder do Estado excluindo a participa o das pessoas que vivem no interior ou no entorno das reas protegidas A
169. de atualiza o das novas gera es podendo haver tamb m a introdu o de formas distintas de produ o promovendo a descaracteriza o identit ria e territorial da popula o tradicional Quando tais reas j n o s o humanamente ocupadas fato cada vez mais raro adota se a estrat gia da retirada de residentes locais pelo expediente da indeniza o em valores monet rios ou da compensa o territorial supondo uma desocupa o e um afastamento da rea por parte dessas comunidades Isso na realidade muitas vezes n o se verifica pois tal medida acaba se constituindo num foco de discord ncias e desestrutura o social o que resulta no ressurgimento do acesso da comunidade rea e com ele em antigos usos arraigados na tradi o local PIRES 2002 p 72 73 Diegues 2008 ressalta a vis o conflitante entre o espa o p blico e o espa o comunit rio segundo perspectivas distintas e at opostas a do Estado representando interesses das popula es urbano industriais e a das sociedades tradicionais Na verdade o que est impl cito que estas deveriam sacrificar se para dotar as popula es urbano industriais de espa os naturais de lazer e contato com a natureza selvagem Ou ainda segundo uma vers o mais moderna dos objetivos das reas protegidas de uso restrito proteger a biodiversidade p 68 Para Diegues a remo o das popula es residentes nas reas protegidas estimula diverso
170. de acordo com o que disp e a lei 5 2 A visita o p blico est sujeita s normas e restri es estobelecidos no Plano de Manejo da umidade s normas estabelecidas pelo rg o respons vel por sua administra o e aquelas previstas em regulamento amp 3 A pesquisa cient fica depende da autoriza o pr via do rg o respons vel pela odminstro o da unidade e est sujeita s condi es e restri es por este estabelecidas bem como aquelas previstas em regulamento E 4 As unidades dessa cotegoria quando criadas pelo Estado ou Munic pio ser o denominadas respectivamente Porque Estadual e Parque Natural Municipal Como o Parque Nacional do Itatiaia foi criado e ampliado antes da Lei do SNUC n o considerou a ocupa o regional nem as popula es locais que ali existiam 6 Os primeiros ocupantes ds regi o foram 05 indios Puri de familia tupi A partir do s culo XVI no in cio do movimento das bandeiras eur peus e descendentes paulistas chegaram regr o para a captura de escravos ind genas e faziam uso de tma trilha que servia de passagem e pomso para viajantes c bandeirantes O Pico das Agulhas negras era utilizado como um marco de orienta o peles bandeirantes Posteriormente no fim do s culo XVII a descoberta e a extra o de ouro em Minas Gerais pelos portugueses cos m o de obra escrava desbravou a regi o que serviu como uma esp cie de comedor para escoamento do ouro de Minas pars os po
171. de bens e servi os 3 o governo 4 a comunidade receptora ou anfitri Quanto a este ltimo grupo a comunidade Swarbrooke 2000 p 65 considera que as comunidades podem ter o controle total da pol tica estrat gica e das decis es t ticas em rela o ao turismo na rea as comunidades podem ter poder de veto contra todas as pol ticas e decis es sobre turismo que estejam nas m os das entidades do setor p blico as comunidades podem estabelecer as prioridades e os par metros da pol tica e ou das decis es do setor p blico s comunidades permitido escolher uma pol tica ou estrat gia entre um pequeno n mero de op es todas as quais foram geradas pelos que elaboram as pol ticas do setor p blico as opini es da comunidade s o utilizadas para ajudar a justificar as decis es tomadas pelos rg os do setor p blico a comunidade pode ser consultada mas os seus pontos de vista podem n o influenciar significativamente a pol tica do setor p blico Mediante tais refer ncias v se com mais clareza que a participa o do grupo que ocupa o lugar da comunidade limitada ou mesmo nula Embora os moradores se interessem pelo turismo n o exercem influ ncia na elabora o de normas e regulamentos desconhecem a exist ncia da inst ncia de participa o que o conselho consultivo e por isso ficam marginalizadas nos processos de decis o implementa o e opera o de pr ticas que os afetam dire
172. de integral Segundo o autor para se alcan ar um desenvolvimento genuinamente sustent vel e sadio os crit rios de sustentabilidade precisam ser satisfeitos em todas as dimens es pertinentes do desenvolvimento 2007 p 296 Tais crit rios foram didaticamente explicados por Sachs em uma lista experimental de crit rios de sustentabilidade parcial conforme Tabela 1 112 Tabela 1 Crit rios de sustentabilidade parcial 1 Social alcan ar um justo grau de homogeneidade social distribui o equitativa de renda pleno emprego e ou auto emprego permitindo a produ o de meios de subsist ncia decentes acesso equitativo aos recursos e aos servi os sociais 2 Cultural mudan a em meio continuidade equil brio entre o respeito tradi o e a inova o capacidade de concep o independente de um projeto nacional autonomia endogeneidade em contraposi o c pia servil de modelos estrangeiros e autoconfian a combinadas com uma abertura para o mundo 3 Ecol gico preservar o potencial do capital natural para produzir recursos renov veis limitar o uso de recursos n o renovaveis 4 Ambiental respeitar e aumentar a capacidade de autodepura o dos ecossistemas naturais 5 Territorial configura es rural urbanas equilibradas elimina o de vieses urbanos na aloca o de investimentos p blicos melhorar os ambientes urbanos
173. de servi os de apoio visita o e da taxa de ingresso devem ser estabelecidos de forma clara e objetiva O Art 35 do SNUC define os crit rios para aplica o destes recursos no mbito do SNUC por m os procedimentos para ordenar o fluxo de aplica o na UC que originou o recurso ainda n o foram regulamentados Al m disso a portaria que estabelece os valores dos servi os e ingressos nos parques nacionais Portaria n 62 de 20 de mar o de 2000 deve ser revista e atualizada incorporando o detalhamento necess rio para a defini o de valores diferenciados por atividades trilhas acampamento e para os visitantes nacionais estrangeiros locais etc 6 Uma das dificuldades apontadas pelos gestores dos parques nacionais na presta o de servi os a elabora o de editais de licita o As etapas e os procedimentos necess rios para a autoriza o para a explora o de bens e servi os devem ser detalhados e esclarecidos em roteiros guias pr ticos e estudos de caso para facilitar o aprendizado por parte dos gestores dos parques nacionais e dos prestadores de servi os 7 O relacionamento entre os prestadores de servi os e os visitantes pode favorecer ou dificultar a compreens o dos objetivos e das fun es dos parques nacionais Dependendo do posicionamento do prestador de servi o a visita ao parque nacional mais enriquecedora em termos de informa o interpreta o e educa o ambiental Neste sentido p
174. densa e o solo coberto por musgos e Pterid fitas J a A angustif liaaparece a 1 600m no lado ocidental da serra e a 1 900m no lado oriental enquanto outra esp cie de pinheiro Podocarpus lamberti se concentra na regi o da Serra Negra sendo ambas as esp cies bastante sens veis s mudan as nas condi es ecol gicas Aximoff 2011 destaca que metade dos campos de altitude do Estado do Rio de Janeiro est no interior e entorno do Parque Nacional do Itatiaia e que este abriga 40 esp cies da flora constantes do livro vermelho de esp cies amea adas de extin o MMA 2008 sendo que 73 delas s o restritas ao PNI 2012 p 32 Contudo qualquer que seja a caracteriza o especificada a vegeta o remanescente da Mata Atl ntica beneficiada pela rica biodiversidade que colore a paisagem do Parque Nacional do Itatiaia de roxo com as quaresmeiras de amarelo laranja e vermelho dos ip s e das muitas brom lias e do verde das matas em seus diversos tons No Planalto as diferentes esta es do ano primavera ver o outono e inverno alteram as cores de uma mesma esp cie como a sempre viva Figura 14 Brom lia Foto O autor 2007 12 Nome cient fico Fernseea itatiaiae planta da fam lia Bromeliaceae outo 007 4 Figura 15 Sempre viva fotografada no outono m s de abril 2 Foto O autor 2007 13 Sempre viva o nome popular da esp cie O nome cient
175. des locais que pretendem exercer a fun o tur stica repensem sua identidade e a representa o que essa pode dar a ela e ao turista que ir entrar em contato com ela dessa forma que as recomenda es da OMT Organiza o Mundial do Turismo s o direcionadas para a considera o que essencial para qualquer tipo de desenvolvimento tur stico a manuten o do sentido nico da hist ria da cultura e da identidade de cada comunidade OMT 1993 apud JOAQUIM 1997 p 81 114 3 SOBRE TURISMO PARA PENSAR O PNI Este cap tulo identifica o turismo como um fen meno social e paralelamente como um campo tem tico de estudo das ci ncias humanas sociais e trata tamb m de quest es que se relacionam ao campo tem tico do turismo em reas protegidas e o PNI como uma delas foco deste estudo Nesse sentido s o abordadas concep es de turismo relacionadas ao meio ambiente sustentabilidade e participa o de popula es locais quanto sua inser o numa rea protegida e ao mesmo tempo tur stica 3 1 O turismo sob v rias perspectivas O desenvolvimento do turismo em uma rea protegida requer o estabelecimento de regras que permitam compatibilizar a prote o ambiental com a pr tica tur stica pois envolve a presen a de visitantes visitados profissionais da atividade tur stica e gestores ambientais A sustentabilidade pode ocorrer por meio do turismo que como pr tica social envolve
176. desde a acomoda o entre as necessidades de desenvolvimento e de crescimento econ mico at a defesa do anticrescimento mais intransigente Dominando tudo isso est a quest o de saber se o meio ambiente um assunto pol tico econ mico ou cientifico ou todos tr s Este o movimento ambientalista Quaisquer que sejam as filosofias ou os m todos das partes o objetivo ltimo do todo a manuten o da qualidade do meio ambiente humano Para Pires 2002 as interfaces do ecoturismo com o ambientalismo t m in cio na mesma d cada de 1970 com o estabelecimento das bases sobre as quais haveriam de evoluir e al ar novas dimens es sendo este per odo a g nese dos dois movimentos que at os dias atuais se influenciam e se beneficiam mutuamente em uma simbiose 123 para o ambientalismo o surgimento das primeiras entidades e ONGs voltadas para a defesa ambiental no mesmo rastro alternativo dos movimentos de contracultura para o ecoturismo as primeiras mobiliza es por alternativas tur sticas e o surgimento das experi ncias organizadas de turismo alternativo PIRES 2002 p 68 Considerando a rela o entre ecoturismo e ambientalismo em uma rea protegida e suas rela es e benef cios m tuos Pires exemplifica o que tem observado em seus estudos acerca dessa abordagem um exemplo t pico seria a demanda de uso p blico predominantemente tur stico das unidades de conserva o e
177. di es de dignidade humana rela o liberdade necessidade ou seja tratar de modo igual as distintas necessidades e capacidades LOUREIRO 2012 p 46 A prop sito da quest o fundi ria foi visto que os moradores contestam o fato de estarem dentro da rea do parque recorrente a afirma o de que possuem a documenta o das propriedades e que s o pagadores de impostos Ao mesmo tempo em que reconhecem a presen a dos fiscais do PNI reiteram o que entendem como seus direitos de propriedade T direto na rea a Eu n o sou parque n o aqui meu mesmo pago imposto tudo Aqui na minha casa eles n o usa vir n o porque eu t fora da rea deles e tamb m eu n o fa o nada que eles n o gosta Mas se derrubar umas rvores a eles perturba bem mesmo Apesar de todos os moradores entrevistados estarem instalados em reas sobrepostas pela amplia o territorial do PNI de 1982 e portanto da perspectiva oficial dentro da rea do 198 parque percebe se como eloquente a sua manifesta o no sentido de que eles s o dali e que aquilo deles A outra afirma o frequente nas falas dos moradores a de que a gente nascido e criado aqui que revela a identifica o que possuem com o lugar e a recusa em deixarem aquelas terras e viverem em outra localidade Diante da pergunta espec fica se a administra o do parque fiscaliza a atividade produtiva em 28 das 36 fam lias pesquisad
178. do degradado pela presen a desses moradores e pelo exerc cio de suas pr ticas produtivas se a perman ncia deles onde est o instalados mais impactante na esfera ambiental do que seria na esfera social a sua retirada N o vejo na reprodu o social dessas fam lias a acumula o de capital ou mesmo de qualquer bem N o vejo na reprodu o de suas identidades culturais e territoriais a degrada o do meio ambiente mesmo porque a piora de indicadores ambientais certamente ir afet los primeiro antes de qualquer outro ator social Tamb m n o vejo nessas fam lias o estilo de vida consumista encontrado no meio urbano e portanto muito menos sustent vel E concordando novamente com Diegues quanto a essa quest o a pergunta resposta que me norteou foi se a perman ncia dessas fam lias na parte alta do PNI conforme visualizei n o deteriora o ambiente n o seriam elas as protetoras da natureza e defensoras do meio ambiente Eis o que afirma Diegues 211 A constru o social de um modelo que chamamos de etnoconservacionista poder resultar numa conserva o ambientalmente mais eficaz e numa melhoria das condi es sociais e econ micas sobretudo para as popula es que vivem diretamente dos benef cios da biodiversidade que ajudam a manter 2008 p 184 O principal argumento da cria o de unidades de conserva o a prote o da biodiversidade Mas preciso proteger tamb m a sociodiversidade Ali s pensar o s
179. do passa a ser a inst ncia de organiza o e de legitima o dos processos pol ticos CUNILL GRAU 2004 BLONDIAUX e SINTOMER 2002 apud MILANI 2006 Fica uma id ia de cidadania regulada SANTOS 1987 apud MILANI 2006 164 4 2 3 O IBAMA ICMBio O IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov veis foi criado com a promulga o da Lei Federal n 7 735 em 22 de fevereiro de 1989 Este rg o integrou a gest o ambiental no Brasil visto que anteriormente o pa s possu a rg os ambientais subordinados a diferentes minist rios com vis es em alguns casos contradit rias Desde ent o o IBAMA figura no imagin rio popular como o guardi o do meio ambiente no pa s Por ser anterior cria o do Minist rio do Meio Ambiente MMA criado em 1992 o IBAMA tinha a fun o de executar a pol tica ambiental no Brasil Com a cria o do MMA os atributos de pol ticas p blicas na rea ambiental passam a ser realizados pelo Minist rio Al m disso o MMA adequou se s crescentes demandas ambientais do pa s incorporando sua estrutura rg os vinculados como o pr prio IBAMA o Jardim Bot nico do Rio de Janeiro desde 1996 o Conselho Nacional de Recursos H dricos criado em 1997 a Ag ncia Nacional das guas criada em 2000 o Conselho Nacional dos Recursos Gen ticos criado em 2001 o Servi o Florestal Brasileiro criado em 2006 e o Instituto Chico Mendes de Conserva
180. dos No entanto o turismo pr tica permitida pela mesma legisla o o que permite defender a implementa o da atividade de forma organizada coordenada e controlada em prol dos benef cios socioecon micos para a comunidade em substitui o s pr ticas produtivas que garantem a sobreviv ncia das fam lias residentes nas comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande atualmente e em equil brio com o meio ambiente 3 4 Turismo de base comunit ria territorialidades e pol ticas p blicas Sansolo e Bursztyn 2009 analisam as mudan as em curso no espa o rural brasileiro e as possibilidades de inser o do turismo no mbito das pol ticas p blicas setoriais nesse ambiente Os autores afirmam que as reas de produ o agr cola no Brasil tem aumentado em fun o da valoriza o das commodities agr colas em mbito internacional o que acarreta aumento no valor da terra e das rela es de trabalho no campo No entanto esse processo favorece a produ o dos grandes latif ndios em detrimento dos grupos menores como os agricultores familiares que diante da crise ambiental tem buscado novas estrat gias de sobreviv ncia para al m da produ o de subsist ncia Paralelamente produ o agr cola rural voltada para o agroneg cio internacional os habitantes do espa o rural atravessam um processo de mudan a em suas atividades produtivas onde o campo configura se como uma nova constru o social rural em que a te
181. dos interesses das popula es locais Excurs es especializadas saf ris de aves competi es esportivas por regi es naturais caminhadas pela natureza e outros s o cada vez mais comuns Esse grupo crescente mas pequeno constitui o que chamamos de ecoturismo E surpreendentemente o ecoturismo est tornando toda a ind stria de viagens mais sens vel ao meio ambiente 2005 p 15 16 Para Barreto a preocupa o ambiental come ou na d cada de 1970 A autora afirma que os americanos foram pragm ticos preciso cuidar dos recursos naturais porque caso contr rio eles deixam de dar lucro BARRETO 2001 p 56 Embora com uma vis o utilitarista do meio ambiente medidas de controle come aram a surgir Cientes da import ncia de proteger o meio ambiente para manter a atividade tur stica os empreendedores desenvolveram estrat gias verdes Com base em Pires 2002 o ambientalismo entendido nesta tese a partir da contribui o de McCormick 1992 p 18 que afirma que os grupos ambientalistas abrangem desde organiza es de v rios milh es de membros operando a partir de escrit rios de planejamento em Washington Londres ou Genebra at associa es de aldeia no Himalaia lutando para salvar ser modo de vida pr prio As t ticas abrangem desde a pr tica cuidadosa e cont nua do lobby junto a legislaturas nacionais at a confronta o ocasionalmente violenta em alto mar As filosofias se estendem
182. dos recursos arrecadados n o tem acesso sem acrescentar considera es Ou acrescentando n o controlo e nem sei o montante arrecadado por compensa o ambiental N o me recordo que o Conselho tivesse o controle de alguma arrecada o informado o que foi feito das compensa es Creio que as reuni es s o muito poucas para chegarmos a essa finalidade De outro lado h os que afirmam que sim o Conselho controla a destina o dos recursos como coloca um outro conselheiro Existe a previs o da apresenta o dos recursos com seus destinos por parte da dire o do Parque no entanto sua resposta n o confirmou a apresenta o dos dados em algum momento Outros tamb m responderam na mesma dire o como a conselheira que comentou ap s responder que sim Quando o recurso vem e a a o compartilhada com o Conselho n s avaliamos sim os projetos N o controlamos nem fiscalizamos a parte 163 financeira n o nosso papel mas avaliamos os projetos e damos sugest es de melhorias foi assim com a reforma do Museu e Centro de Visitantes e foi assim tamb m com projeto de reforma do Rebou as que foi alterado em sua concep o por avalia o do conselho demonstrando desconhecer a legisla o apresentada pelo conselheiro 7 citado de in cio E aqui pode se recorrer a autores que estudaram o tema dos conselhos Alves 2000 analisa o des equil brio das rela es de poder e as condi
183. e sistema internacional de coopera o cient fica e tecnol gica efetivo desmercantiliza o parcial da ci ncia e da tecnologia como elementos que pertencem tamb m ao patrim nio comum da humanidade Fonte SACHS 2007 p 298 299 Como se nota s o muitos os elementos necess rios em busca da sustentabilidade integral defendida por Sachs que apresenta seus crit rios em mbito global No entanto poss vel aplicar os mesmos crit rios na esfera local em um microcosmo como no caso do PNI Assim sendo a ilustra o de Sachs esclarece que conforme afirma o autor 113 o desenvolvimento integral incompat vel com o crescimento econ mico alcan ado mediante a desigualdade social crescente e ou a viola o da democracia mesmo que seus impactos ambientais sejam mantidos sob controle A prud ncia ambiental por mais necess ria que seja n o pode servir de substituto para a equidade social A preocupa o com o meio ambiente n o deveria se tornar um desvio dos imperativos fundamentais de justi a social e democracia plena os dois valores b sicos do desenvolvimento integral SACHS 2007 p 299 V se assim que al m da finalidade econ mica o turismo sustent vel possui outra a de contribuir para a conserva o do meio ambiente e para a valoriza o cultural com uma tica de desenvolvimento social Para que o turismo sustent vel se realize de acordo com Joaquim 1997 preciso que as comunida
184. e comunidades tradicionais IX o articula o com os demais pol ticas p blicas relacionados sos direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais ras diferentes esferos de governo X a promo o dos meios necess rios para a efetiva participa o dos Povos e Comunidades Tradicionais nas inst ncias de controle social e nes processos decis rios relacionados aos seus direitos e interesses XII a contribiu o para a forma o de uma sensibiliza o coletiva por porte dos rg os p blicos sobre a import ncia dos direitos humanos econ micos sociais culturais ambientais e do controle social para a gorantia dos direitos das povos e comunidades tradicionais XIV a preserva o dos direitos culturais o exerc cio de pr ticas comunit rias a mem ria cultural a identidade racial tnica e nos seus objetivos Art 2 A PNPCT tem como principal objetivo promover o desenvolvimento sustent vel dos Povos e Comunidades Trodicioneis com nfase no reconhecimento fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais sociais ambientais econ micos e culturais com respeito e valoriza o sua identidade suas formas de organiza o 36 268 sucs institui es Art 3 I garantir aas pavos e comunidades tradicionais seus territ rios e o acesso 005 recursos naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodu o fisica cultural e econ mica IT solucionar e ou minimizar os conflitos gerado
185. e diferentes reas do conhecimento tais como Economia Sociologia Antropologia e Ci ncia Pol tica entre outras que fazem uso de uma perspectiva funcionalista ou sist mica identificadas por Northrup 1989 apud BARBANTI JR 2001 p 17 como as rela es das partes envolvidas com o conflito os esclarecimentos necess rios para a resolu o do conflito os diferentes n veis de poder participantes do processo as condi es para se estabelecer um acordo pac fico para o conflito Para ele como as partes envolvidas muitas vezes n o s o capazes de perceber os aspectos do conflito estimando custos benef cios e possibilidades de resolu o torna se necess rio o esclarecimento das interpreta es equivocadas a fim de que se institua um processo de tomada de decis o que apesar do desn vel de poder dos agentes envolvidos seja coletiva e cooperativa para que todos ganhem com a solu o do conflito Buscando a compreens o da ideia de conflito a partir da defini o e delimita o antropol gica Little 2006 relaciona os conflitos socioambientais a um 105 complexo conjunto de disputas entre grupos sociais em fun o de seus diferentes posicionamentos e modos de relacionarem se com o meio ambiente incorporando elementos cosmol gicos rituais identit rios e morais que n o sempre s o claramente vis veis desde a tica de outras disciplinas LITTLE 2006 p 91 Segundo o autor essa abordagem oferece um aporte signifi
186. e educa o de meio ambiente de esportes e da juventude de seguran a participam de in meros conselhos No munic pio catarinense de Dion sio Cerqueira foram encontrados conselheiros que participavam de onze conselhos diferentes H tamb m um excesso burocr tico muitas reuni es e conselhos criados essencialmente para legitimar decis es tomadas previamente sem que as quest es tenham sido debatidas de fato a servi o de interesses pol ticos partid rios do capital ou de grupos espec ficos ABRAMOVAY 2001 Para Bauman a participa o a promo o da cidadania a realiza o do sujeito hist rico o instrumento por excel ncia para a constru o do sentido de responsabilidade e de pertencimento a um grupo classe comunidade e local 2005 p 19 Embora tenham registrado cr ticas ao modus operandi de muitos conselhos e outros instrumentos de gest o participativa semelhantes na literatura cient fica que estuda esta tem tica ABRAMOVAY 2001 ALVES 2000 BORDENAVE 1994 CARVALHO et al 2005 DOMBROWSKI 2008 FUKS amp PERISSINOTTO 2006 MILANI 2006 os autores entendem que a iniciativa positiva que bom para a democracia e que um processo de aprendizado 171 4 3 2 O gado o fogo e o agravamento da situa o fundi ria Como j apontado anteriormente a quest o da produ o rural um elemento de tens o entre os moradores e o ICMBio que responde pela gest o do PNI Do lado da administra
187. e apoio visita o incluindo a atua o de operadores e ag ncias de viagens e turismo cruzeiros mar timos guias e condutores de visitantes O desenvolvimento destes servi os deve observar um conjunto de procedimentos como o cadastramento a habilita o o agendamento de atividades o pagamento de tarifas o monitoramento dos impactos de suas atividades entre outros aspectos que visam ordenar a visita o 3 A identifica o e o conhecimento de experi ncias na presta o de servi os de apoio visita o por parte dos gestores dos parques nacionais podem desmistificar os poss veis entraves entre as esferas p blica e privada As experi ncias exitosas nos parques nacionais devem ser valorizadas e divulgadas entre os gestores destas reas O interc mbio de experi ncias entre os gestores das diversas esferas do governo e de outros pa ses pode motiv los a buscar solu es criativas e fact veis para as suas demandas 4 A estrutura o m nima e o fortalecimento da equipe dos parques nacionais s o condi es b sicas para iniciar o processo de presta o de servi os por terceiros Esse um fator crucial para a defini o de pap is claros e objetivos entre as esferas p blica e privada que exerce influ ncia direta na consolida o da identidade institucional do parque e no monitoramento adequado dos servi os prestados 5 Os mecanismos de cobran a e a aplica o dos recursos provenientes da presta o
188. e dependendo da forma como se d o consumo se caminha para a sua destrui o p 93 No entanto os fatos identificados com o incremento do turismo nas pequenas cidades do interior n o configuraram somente problemas Cabe ressaltar os benef cios alcan ados como a melhoria da infra estrutura e a integra o de comunidades antes isoladas e esquecidas pelas autoridades Os autores portanto apontam caracter sticas tanto ben ficas quanto os problemas decorrentes do incremento do turismo em rela o s comunidades Abaixo o quadro reproduz a an lise dos autores 128 Quadro 1 Benef cios e impactos da atividade tur stica Aspectos positivos benef cios Aspectos negativos impactos Revaloriza o das propriedades rurais em fun o de uma reorienta o da fun o de uso do solo de eminente produtivo para estabelecimento de atividades prestadoras de servi o Urbaniza o de rea rurais sem planejamento e infra estrutura sanit rias adequadas Particularmente importantes s o as reas pr ximas a represas a santu rios paisag sticos praias de rara beleza etc Constru o de novas vias de comunica o facilitando o acesso do turista e o seu uso pela popula o local telefone televis o etc Aumento de res duos de todo tipo particularmente os s lidos que modificam a paisagem e o meio ambiente S o particularmente significativos os sacos de lixo e os vasilhames de bebidas em lugare
189. e mesmo nome e Campo Redondo colonizado por portugueses h mais ou menos 300 anos est localizada a 1 500 metros de altitude entre o Parque Estadual da Serra do Papagaio e Parque Nacional de Itatiaia e possui mais de 300 habitantes W Anexo 5 Mapa dos Edifica es da Comunidade de Serm Negra inseridos po interior do Parque Nacional do Itatiais 12 Segundo infumsa es de um dos analistas ambientals do PARNA do hatiala a truticultura upess de ser uma atividade familiar e artesanal praticada em tanques impactante ao meio ambiente quando detritos provenientes ds ra o quando atingem os rios 13 bnp www sermadopapagalo org hr comanidade asp7id 35 10 241 Todas essas comunidades s o detentoras de saberes tradicionais relativos aos ciclos de vida da flora e da fauna s esta es do ano e a abund ncia dessas esp cies ao ciclo do gua conhecimentos necess rios para a conserva o dos recursos naturais que forom produzidos coletivamente por seus ancestrais e transmitidos de gera o em gera o de forma oral Seus moredores est o organizedas em v rias associa es Associa o Comunit rio de Serra Negra e Vargem Grande Associa o Comunit ria de Campo Redondo Associa o Comunit ria da Frag ria Associa o Comunit ria de Capivara e Monte Belo As rela es de parentesco de reciprocidade e solidariedade entre os moradores das comunidades s o bastante presentes e sempre atualizados pelos festas re
190. e nos valores da popula o por ele afetadas c sustentabilidade econ mica que gera os recursos naturais pensando nas gera es futuras protegendo os dos interesses exclusivamente econ micos Para Sachs 2007 sustentabilidade evoca const ncia steadiness uma combina o de regularidade e perenidade p 286 O autor apresenta uma reflex o sobre a sustentabilidade social da perspectiva dos estudos sobre o desenvolvimento integrando v rias ci ncias sociais tradicionalmente definidas Sachs explica que a sustentabilidade social aparece como uma preocupa o relacionada organiza o interna de cada sociedade humana e da comunidade mundial de na es cada vez mais interdependentes consideradas como um todo uma caracteriza o consistente de sustentabilidade social deve basear se nos valores primordiais de equidade e democracia significando esta ltima a apropria o efetiva de todos os direitos humanos pol ticos civis econ micos sociais e culturais 2007 p 288 A opini o de Zhouri vai ao encontro dos argumentos de Sachs 2007 e Goulet 1995 apoiada no princ pio de justi a ambiental das abordagens de Mart nez Alier 1997 e Acselrad 2002 Para Zhouri pensar a sustentabilidade em uma sociedade t o diversa e desigual como a brasileira requer equacion la impreterivelmente diversidade cultural democratiza o do acesso aos recursos naturais e distrib
191. e o conselho consultivo tem elaborado pol ticas de valoriza o da cultura das popula es residentes na parte alta do PNI As respostas se dividem Alguns apontam com veem ncia na mesma dire o j detectada antes a prop sito das outras quest es avaliadas no sentido de ser ignorada a parte alta do PNI Desconhe o O PNI n o coloca o conselho a par do problema fundi rio Se tem mais teoria que pr tica Isso discutido mas n o h resultados O PNI como parte mais instru da deveria orientar e n o pressionar N o nem da parte alta nem da parte baixa Outros apontam na dire o contr ria Em nosso entendimento sim pois v rias regras colocadas para o uso militar tem por finalidade a preserva o ambiental e tamb m de usos e costumes dos moradores Na gest o passada uma institui o apresentou um diagn stico socioambiental de Serra Negra Foi um trabalho muito bom O conselho tem pontuado a necessidade de realizar trabalhos educacionais com estas popula es no sentido de minimizar os problemas com fogo que ainda apesar de proibida uma pr tica desta popula o para aumentar suas reas de pasto para gado Nesta resposta no entanto a conselheira relata uma discuss o realizada no conselho com apontamentos para uma necessidade mas n o explicita a elabora o de nenhuma pol tica ou a o efetiva desenvolvida pelo conselho consultivo ou mesmo pelo PNI Ao analisar estas respos
192. e ocorreu a partir de minha tentativa de avaliar a atua o dos conselheiros com a quest o sobre se e como o CCPNI controla a destina o dos recursos arrecadados por meio da compensa o ambiental De um lado as indica es foram no sentido de que isso definitivamente n o ocorre O conselheiro representante da FEMESP afirma cobrar a apresenta o dos dados que segundo ele nunca foram apresentados Encaminhou uma resposta longa e detalhada cuja nfase e teor analiso ser merecedora de transcri o na integra os grifos s o dele Apesar de ser parte das atribui es do conselho DECRETO No 4 340 DE 22 DE AGOSTO DE 2002 Regulamenta artigos da Lei no 9 985 de 18 de julho de 2000 que disp e sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Natureza SNUC e d outras provid ncias Art 20 Compete ao conselho de unidade de conserva o elaborar o seu regimento interno no prazo de noventa dias contados da sua instala o Il acompanhar a elabora o implementa o e revis o do Plano de Manejo da unidade de conserva o quando couber garantindo o seu car ter participativo Ill buscar a integra o da unidade de conserva o com as demais unidades e espa os territoriais especialmente protegidos e com o seu entorno IV esfor ar se para compatibilizar os interesses dos diversos segmentos sociais relacionados com a unidade 162 V avaliar o or amento da unidade e o relat rio
193. e v rios Parque Nacionais reduzindo v rias UCs de prote o integral em fun o de empreendimentos econ micos Por que n o desafetar o Parque Nacional do Itatiaia do territ rio dessas popula es tradicionais para garantir seus direitos e suas especificidades O ergumento de alguns que esse ato abrir um precedente para que as pessoas pensem que o0 invadir uma UC v o acabar ficando com a rea o que n o procede pois todas essas comunidades j ocupavam o territ rio com suas atividades tradicionais quando o Parque foi institu do E principalmente porque o PARNA do Itatiaia n o considerou as popula es que ocupavam a rea ampliada As alternativos propostas que n o s o simples devem ser apresentados analisadas e avaliadas em reuni es preliminares nas comunidades locois e com os agentes sociais interessados para verificar qual seria a op o mais vi vel discutindo todos os pr s e contras de coda uma delas T cnicos especialistas bi logos agr nomos ge grafos antrop logos devem fazer se presentes nessas oficinas para prestar os 3 Anexo i Pariicipa o socia urpanizada mm proces o de recategarica o du Parque Nacional de Pansies Capmahas pars Mununeno Natural de setoria d Fermunta Afomieir 5 Anexo lt Medida Provin ria n 542 de 12 de aguento de 2057 disp e sabes aliura es mos Nnsites du Parque Nacirtral Amanbnia do Parque Naciinai das Campos Amuszenines dht Morus Nacineal da Mupinguar
194. e valores em rela o ao territ rio BOTELHO 2009 p 38 territ rio esse que Botelho entende conforme Bourdieu 1989 1994 apud BOTELHO 2009 p 38 como um espa o de luta simb lica representa o do mundo social atrav s da tentativa de imposi o de determinada escala de valores capital econ mico social cultural Compreendida sob essa perspectiva a luta estabelecida entre os atores sociais ultrapassa a discuss o sobre a prote o dos recursos naturais dispon veis na rea de conflito e estabelece uma luta simb lica para os distintos pontos de vista sobre a representa o da natureza e o manejo apropriado do bem natural O discurso e a pr tica desses diferentes atores sociais geram diferentes campos de for a e configuram os conflitos Dessa forma o conflito socioambiental pode ser considerado como uma express o de resist ncia aos modos de apropria o por um grupo economicamente dominante numa tentativa de mudan a do status quo atual Tal atitude reflete a recusa dos atores sociais marginalizados a seguir a orienta o de organiza o dos espa os e das formas de apropria o do territ rio e dos recursos naturais preconizadas pelos grupos hegem nicos Os diferentes valores e a inten o de se converter os grupos sociais s o exemplificados em estudos diversos dentre os quais aqueles sobre as unidades de conserva o e as localidades que estabelecem um crescimento desordenado e sem planejamento
195. effa da UERJ que identificou a proposta com as suas investiga es na bacia hidrogr fica do rio Pretolregi o do vale M dio do rio Para ba do Sul A partir da come ou ent o n o somente uma orienta o mas uma parceria com novas possibilidades de estudos com base na hip tese de que o turismo pode contribuir para o processo de conserva o da biodiversidade nos Parques Nacionais ao se constituir como alternativa s pr ticas produtivas das comunidades locais e como instrumento capaz de subsidiar a 21 implementa o do modelo de gest o preconizado na pol tica ambiental brasileira SNUC Ao longo do processo investigat rio e de acordo com as recomenda es regimentais do PPG MA buscamos a co orienta o da Dra Camila Rodrigues turism loga e professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ que contribuiu para a realiza o desta tese de doutorado cuja problem tica se traduz na afirma o de que a amplia o do territ rio do Parque Nacional do Itatiaia em 1982 ao incorporar pequenas propriedades particulares ao dom nio pleno da Uni o sem as necess rias regulariza es fundi rias e demarca es de limites asseguradas pela legisla o brasileira gerou conflitos vivenciados entre os gestores p blicos ICMBio e as popula es locais residentes na parte alta do PNI Isso porque a implanta o de unidades de conserva o de dom nio p blico sem a pr via desapropria o constitui um
196. efini o do relacionamento do ser humano com as outras esp cies vivas O mundo natural antes percebido em termos de suas analogias e semelhan as com os seres humanos passou a ser estudado em si pr prio com as plantas e os animais adquirindo significados independentes da utilidade que pudessem ter para os humanos THOMAS 2010 Em meio a esse per odo no s culo XVII a concep o de reserva natural foi discutida na Europa com base em vis es racionalistas e no s culo XVIII fundamentada em concep es rom nticas mas s se viabilizou no final do s c XIX nos Estados Unidos da Am rica a partir da influ ncia de te ricos como Henry David Thoreau que criticou a destrui o das florestas para fins comerciais e Marsh que alertou sobre as consequ ncias da destrui o da natureza para a sobreviv ncia da esp cie humana no planeta DIEGUES 2008 Embora nessa poca o artista George Catlin tenha sugerido a cria o de um parque nacional como um parque da na o contendo homens e animais todos na selvageria e frescor de sua beleza natural DAVENPORT amp RAO 2002 p 54 apud RODRIGUES 2009 p 48 o Parque Nacional de Yellowstone criado em 1872 pelo Congresso americano como sendo o primeiro parque p blico do mundo foi instalado sob a preval ncia da no o de rea n o habitada permanentemente ou seja como uma regi o reservada e proibida de ser colonizada ocupada ou vendida segundo as leis dos E U A e dedicad
197. egidos sendo a altera o e a supress o permitidas somente atrav s de lei vedada qualquer utiliza o que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a sua prote o VII proteger a fauna e a flora vedadas na forma da lei as pr ticas que coloquem em risco sua fun o ecol gica provoquem a extin o de esp cies ou submetam os animais a crueldade 51 Conven o da Diversidade Biol gica CDB e o conceito brasileiro de unidade de conserva o adotado pela Lei do SNUC na medida em que o art 2 da lei estabelece que Unidade de conserva o o espa o territorial e seus recursos ambientais incluindo as guas jurisdicionais com caracter sticas naturais relevantes legalmente institu do pelo Poder P blico com objetivos de conserva o e limites definido sob regime especial de administra o ao qual se aplicam garantias adequadas de prote o BRASIL 2000 Conforme o artigo 7 da Lei as unidades de conserva o foram divididas em dois grupos com caracter sticas espec ficas as Unidades de Prote o Integral que t m como objetivo b sico preservar a natureza admitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais com exce o dos casos previstos na Lei e as Unidades de Uso Sustent vel com o objetivo b sico de compatibilizar a conserva o da natureza com o uso sustent vel de parcela dos recursos naturais arts 8 e 14 Ao primeiro grupo de Prote o Integral pertencem as categ
198. egorizada como parque nacional o que impede a presen a de moradores n o seria apropriado alterar a categoria da UC de forma a permitir a 203 perman ncia das comunidades no territ rio habitado e a prote o ambiental por meio da efetividade da instala o de uma UC compat vel com a situa o socioambienatal existente d A rea que se encontra preservada estaria nas mesmas condi es se a popula o nela residente promovesse a degrada o ambiental ou se tivesse sido expropriada desde a amplia o do PNI em 1982 Na literatura sobre as quest es ambientais frequente a an lise de que a humanidade tem gerado press es e impactos sobre o meio ambiente Mas entendo que a afirma o no sentido de que a press o antr pica provoca cada vez mais danos ao meio ambiente cria uma perigosa tend ncia de analisar sempre a situa o socioambiental na perspectiva da explora o exagerada pela humanidade desconsiderando os princ pios sustent veis de manejo e t cnicas de baixo impacto Essa perspectiva em geral torna os grupos sensibilizados causa ambiental avessos queles que acusam de gerar algum dano ao meio ambiente propondo a sua puni o Ocorre que o modelo hegem nico atualmente encontrado no Brasil onde mais de 80 da popula o urbana e precisa ser abastecida pela produ o rural pressiona o campo a produzir de maneira mais eficiente e com uso de novas tecnologias O modus vivendi apresenta tamb
199. eio dada pelo t tnica um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o homem realizo a sua vida produz e oo mesmo temp cria espa o Dessa forma o territ rio n o apenas o conjunto de sistemas naturais e de sistemas de coisas superpostas O territ rio o territ rio usado n o o territ rio em st O territ rio usado o ch o mais a identidade A identidade o sentimento de pertencer quilo que nos pertence O territ rio o fundomento do trabalho o lugar da resid ncia dos trocas materiais e espirituais e de exerc cio da vida Os moradores crgumentaram que n o s o contra a preserva o e conserva o do meio ambiente nem contra o Parque uma vez que dependem dos recursos naturais para manterem seu modo de vida e s o conscientes da import ncia dessa preserva o para gorantir sua qualidade de vida repetido At hoje sentem se indignados pela forma que o Porque Nacional do Itatiaia foi ampliado sem nenhuma consulta e esclarecimento sobre o significado de um parque As restri es de uso do recurso notural a terra pelos comunidades decorrentes pela amplia o do PARNA do Itatiaia geram atualmente a migra o de parte da popula o mais jovem para as cidades na busca de estrat gios de sobreviv ncia descoracterizando seus modos de vida tradicionais e o empobrecimento daqueles que permaneceram nos povoados pois sem o uso da terra passaram a depender da Bolsa Fam lia e da aposentadori
200. eiras ou at invasoras apesar de a imensa maioria delas viver a h gera es Al m disso pelo seu modo de vida conhecimentos e pr ticas culturais muitas delas contribu ram e contribuem para a manuten o da biodiversidade At hoje n o existe um cadastro oficial das comunidades tradicionais residentes em unidades de conserva o integral seus problemas e limita es Em muitos casos as pesquisas das ci ncias humanas n o s o bem vindas ou as propostas s o engavetadas pelos rg os respons veis que n o procedem assim na licen a concedida s pesquisas de car ter biol gico Al m disso n o h linhas espec ficas de financiamento para as pesquisas de car ter sociol gico como ocorre para as ci ncias naturais p 168 169 Para o autor a es de prote o da natureza distribuem se entre os diversos atores sociais e envolvem os membros das comunidades que n o podem ser alijados dos processos decis rios H necessidade urgente das universidades e institutos de pesquisas dos pa ses tropicais em desenvolver modelos de conserva o que al m de eficazes sejam democr ticos participativos levando em conta os interesses das comunidades locais DIEGUES 2008 p 169 Uma quest o de fundo da pesquisa realizada neste estudo era se as fam lias residentes nas comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande estariam em condi es de equil brio ambiental ou seja se o ambiente em que se instalaram teria si
201. em baixo N o vai dar para viver Reuni o com as comunidades locais de Vargem Gronde e Serra Negra Dizem que a indenizo o das benfeitorias s daquelas que existiam ne poca da cria o do porque Est errado pois deviam ter indenizado noquela poca S alguns moradores de Vorgem Gronde t m terra dentro do Parque mas l em Serra Negra muitos t m terra na porte alta do Parque Antes de 1985 a vida era bos Podia fazer tudo na nassa ferro plantar criar um gado todo mundo era amigo tinha muito festa depois do Parque tudo piorou A multa impede at a oposentodoria pois muitos deixaram dz pagar os impostos e acabaram perdendo a terra o Parque deve deixar o pessoal plantar ocupar a rea em que of moradores est o pois tem muita rea de capoeira boa para fazer i ro a f 1 4 a ambubos a s1o 257 acho at que o parque deveria pagar uma renda mensal paro as pessoas mais idosos sem oposentodoria o bom era fechar a rea que n o est desmatada e deixar a rea de campo para os moradores Dessa maneira os moradores concordam com a possibilidade de um acordo de conviv ncia sustent vel desde que ele assegure um n vel digno de vida Esse acordo pode garantir que o uso dos recursos naturais por essas comunidades ocorra sem perdas ambientais de maneira sustent vel mas ele exige tamb m toler ncia e compreens o de
202. em curso no PNI As informa es obtidas nessas entrevistas foram tratadas juntamente com a colabora o de treze membros do conselho consultivo do PNI CCPNI tamb m entrevistados por meio de um roteiro de quest es Neste caso no entanto os conselheiros responderam s quest es por meio de correio eletr nico O arquivo contendo as quest es foi enviado individualmente a cada um dos conselheiros Ap ndice B Ap s o envio das respostas os conselheiros remeteram tamb m por meio de correio eletr nico seus respectivos depoimentos durante o primeiro semestre de 2012 Esse procedimento no entanto n o ocorreu com dois conselheiros que responderam por meio de entrevista realizada pessoalmente por motivos de sa de quando realizada a coleta destes dados Ao todo treze conselheiros responderam Inicialmente cada conselheiro identificou o setor que representa no conselho podendo ser comunidade local sociedade civil poder p blico Em seguida o roteiro de vinte e cinco perguntas abordou os seguintes temas participa o situa o fundi ria turismo e a es de interven o O estudo de caso por sua vez serviu para aprofundar a an lise sobre uma situa o particular significativa a expans o territorial do primeiro Parque Nacional do Brasil ocorrida em 1982 Decreto 87 586 quando as popula es locais se viram amea adas por desenvolverem atividades produtivas rurais Este caso espec fico investigado nesta tese repr
203. emas sustent veis de explora o dos recursos naturais desenvolvidos ao longo de gera es e adoptodos s condi es ecol gicas locais e que desempenham um papel fundamental na prote o da natureza e ra manuten o da diversidade biol gica art 20 da Lei 9985 2000 popula o vivendo em estreito rela o com o ambiente natural dependendo de seus recursos naturais paro a suo reprodu o sociocultural por meio de atividades de baixa impacto ambiental art 316 inciso TI da Lei 11 428 2006 grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem com tais que possuem formos pr prias de organiza o social que ocupam e usom territ rios e recursos naturais como condi o para sua reprodu o cultural social religiosa ancestral econ mica utilizando conhecimentos inova es e pr ticos gerados e transmitidos pela tradi o art 3 inciso I do Decreto 6 040 2007 Pol tica Nacional de Desenvolvimento Sustent vel dos Povos e Comunidades Tradicionais PNPCT a aos povos tribais em paises independentes cujas condi es sociais culturais e econ micos os distingam de outros setores da coletividade nacional e que estejam regidos total ou parcialmente por seus pr prios costumes ou tradi es ou por legisla o especiol art 1 1 da Corven o 169 da Organiza o Internacional do 33 264 265 Trabalho OIT Com a amplia o do Parque Nacional do Itatiaia em cima de u
204. emete diretamente a um ponto estrutural do contexto pesquisado que o conflito latente ou manifesto entre os diferentes atores sociais presentes nesse contexto dada a pol mica que abarca a quest o territorial referente a dois direitos fundamentais o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito identidade cultural No caso das fam lias pesquisadas as entrevistas foram feitas a um de seus membros incluindo quest es relativas sobretudo a quatro aspectos propriedade fam lia renda e produ o e rela o com o PNI Em cada aspecto a interface com o turismo tamb m foi abordada A coleta de dados foi anotada pelo pesquisador com base em um roteiro de perguntas Em conversas informais com outros pesquisadores do PNI que em suas investiga es realizaram alguma abordagem 149 com os residentes da parte alta foi me sugerido n o utilizar equipamentos de grava o que poderiam inibir o depoimento dos moradores que n o est o familiarizados com recursos tecnol gicos visto que n o disp em de acesso a equipamentos b sicos da sociedade urbana contempor nea como telefone celular m quinas fotogr ficas digitais gravadores filmadoras computadores entre outros Ao final das entrevistas algumas fam lias permitiam ser fotografadas outras demonstravam constrangimento com a proposta e pediam para n o serem fotografadas No entanto permitiam fotografias do entorno As entrevistas transcorreram em convers
205. ens o desta proposta o cap tulo 3 apresenta um aprofundamento acerca do ecoturismo de base comunit ria 61 1 3 O Parque Nacional do Itatiaia elementos de uma paisagem Holzer afirma que o conceito de paisagem vem sendo redescoberto reestudado e revisto na retomada da dimens o cultural no pensamento geogr fico 1999 p 153 O autor busca na hist ria o significado etimol gico do conceito Os primeiros registros do termo s o paysage na Fran a em 1551 paisagem em Portugal em 1608 paesaggio no s c XVII na It lia paisage na Espanha em 1708 Argumenta que em seu surgimento o conceito de paisagem possu a um sentido renascentista de espa o que se observa de um golpe de vista vis o associada pela geografia cena enquanto que no final do s culo XIX o conceito geogr fico voltou se para o significado de rea fisicamente e culturalmente reconhec vel Diante dessa ressignifica o ao longo da hist ria e do surgimento de outros termos que se apropriaram do significado ou tentaram explic lo o autor afirma que se tornou necess rio diferenciar diversos conceitos correlatos utilizados muitas vezes indistintamente pelos ge grafos tais como paisagem natureza cen rio ambiente regi o rea e lugar Foi o que fez Meining ao dizer que a paisagem se diferencia da natureza pelo car ter unit rio que imprime a nossos sentidos de cen rio porque n o
206. enta o prote o do Parque Nacional de Itatiaia na regi o do alto ca s Informa o da URRI abril 2007 Amruoca trabalho final de curso de p s gradua o lrtu sen u em Ger ncia Estrat gi 19 251 e a a ve vce uv uUugsgos av uUs ou syF a dire o do Parque Nacional do Itatiaia s recentemente contrataram a empresa Exomec pora elaborar o pleno de manejo cuja pesquisa deve ser finalizada em 2012 Entretanto os moradores afirmaram que ainda n o sabem o que podem e n o podem fazer dentro do PARNA do Itatiaia e ainda n o foram envolvidos em nenhuma pesquisa para o plano de manejo Segundo informa o do presidente da Associa o Comunit ria de Serra Negra e Vargem Grande o conselho do Parque foi criado h mais de tr s anos mas nunca se reuniu Tamb m ficou evidenciado nas conversas com os funcion rios do PARNA de Itatiaia que a maioria dos t cnicos atua na regi o h pouces anos e desconhecem as especificidades do modo de vida das popula es locais uma vez que n o existe nenhum diagn stico qualitativo para orient los nas suas a es e oproxim los das comunidades o que dificulta o envolvimento dos moradores nas a es do rg o ambiental Analisando o site do Parque do Itatiaia percebeu se que n o existe interfase da atua o educativa com a popula o local das comunidades de Vargem Grande e Serra Negra pois o p blico dessas a es s o estudantes e docentes das escolas do entorno e p
207. ente alternativas sustent veis nas esferas econ mica e ecol gica por meio da organiza o e do desenvolvimento do turismo de base comunit ria enquanto n o ocorrer a regulariza o da situa o fundi ria Para compreens o dessa problem tica foi tra ado o objetivo geral de analisar a situa o atual das popula es locais estabelecidas na parte alta do PNI seus conflitos desafios e potencialidades com vistas a contribuir para a discuss o sobre a elabora o de um arranjo institucional que aponte possibilidades de inclus o destes moradores por meio da pr tica do turismo de base comunit ria Para tanto foram sistematizados os seguintes objetivos espec ficos o caracterizar o PNI a partir da concep o de reas naturais protegidas e do marco regulat rio do Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Natureza SNUC o analisar os conflitos socioambientais e as rela es de poder entre os diferentes atores sociais no contexto da situa o fundi ria existente na parte alta do PNI com base na ecologia pol tica o analisar a partir da legisla o ambiental brasileira vigente as possibilidades de inclus o das comunidades localizadas na parte alta do PNI identificando potencialidades locais compat veis com a presen a e com a participa o das popula es locais nas a es de turismo de base comunit ria sem preju zo dos modos de vida das fontes de subsist ncia dos seus locais de moradia e dos objetiv
208. ente como nos depoimentos dos moradores entrevistados na parte alta do PNI aspectos relevantes poderiam deveriam ser levados em conta na elabora o de tais termos de compromisso H tamb m a opini o dos membros do conselho consultivo da unidade ressaltando que nenhum dos conselheiros entrevistados membro das comunidades seja Serra Negra ou Vargem Grande A lei do SNUC possibilita a elabora o de um regulamento que permita a perman ncia de popula es tradicionais no interior de parques nacionais estabelecendo condi es e prazo de perman ncia vide 3 do art 42 Este o 205 instrumento apropriado execu o pelo PNI visto que n o h pol tica de reassentamento para as fam lias das comunidades residentes em seu interior Art 42 As popula es tradicionais residentes em unidades de conserva o nas quais sua perman ncia n o seja permitida ser o indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente real adas pelo Poder P blico em local e condi es acordados entre as partes 1 O Poder P blico por meio do rg o competente priorizar o reassentamento das popula es tradicionais a serem realocadas 8 2 At que seja poss vel efetuar o reassentamento de que trata este artigo ser o estabelecidas normas e a es espec ficas destinadas a compatibilizar a presen a das popula es tradicionais residentes com os objetivos da unidade sem preju zo dos modos de vida das f
209. ente l gica As que antes eram vistas como fundamentais para a pr tica pol tica passam condi o de secund rias ou mesmo superadas De nfase em pol ticas p blicas constru das sob institucionalidades p blicas passa se execu o de projetos via ONGs e empresas afinal para esta concep o ideologizada se somos todos parceiros e buscamos a mesma coisa n o h o que discutir e decidir publicamente h o que fazer para resolver os problemas De explicita o dos conflitos como condi o para a democratiza o passa se l gica do consenso e do di logo como se a desigualdade e o antagonismo de interesses de classe tivessem evaporado espontaneamente ou pior como se a comunica o entre agentes sociais levasse ao consenso e emancipa o LOUREIRO 2012 p 44 195 campo do turismo que estudaram a es semelhantes e discorrerei no cap tulo 5 sobre o arranjo que entendo ser vi vel ao contexto atual do PNI Como foi mostrado alguns moradores esperam que o turismo possa contribuir com o aumento da renda demonstram entusiasmo com a ideia e acreditam que o desenvolvimento da atividade pode gerar benef cios para cada fam lia e para a comunidade como um todo Isso remete coloca o de Coriolano et al 2009 no sentido de que na dimens o comunit ria a atividade tur stica pensada como forma de rea o e ao mesmo tempo de inser o na economia Trata se de uma reprodu o em dimens es microesc
210. ente usava o fogo pra fazer pasto pro gedo e ro as de toco Havia grandes ro os de milho a feij o Muito leite e queijo Um farturdo danado Hoje tado munde depende do cidade Antes do Parque tinha rea de uso coletivo de ro a pasto Depois do Porque as terras foram ficando poucas e hoje coda morador tem a sua rea cercada O Parque chegou e o popula o ficou com medo de fazer ro a Ainda tem orga porco do mato javali poco Antigamente a gente cu ava para completar o alimenta o Hoje d d de mator pois a gente tem mais consci ncia ombientol Antes da amplia o do Parque a gente vivia com fartura Depois do Parque possamos a depender da cidade porque tem o terra mas n o pode fazer rodo A ro a pouca Antes do Parque ere bom Todo mundo piantava milho feij o e batata Os paigis ficavom cheios de gr os pois o milho alimento o moredor o porco a galinha Todo muundo criava porco para subsist ncia e ainda vendio Agora n o pode plantor noda nem milho Tinha muita fartura O Parque s sabe proibir e multar Antes da amplia o do Parque o povo ficava vontade Desde 85 a situa o piorou Tudo que o gerte vai fazer ganha multa j LLLLLLLLLLDLOLOELOCLLLLOCCLTTOV reco 250 a gt ia Moradores locais das comunidades de Serra ev Grande pt E da i A Exp ea Consoante os moradores atualmente existe mais di logo com a
211. er humano enquanto um ser natural como definido por Marx e n o somente como amea a e inimigo do ambiente como integrado natureza e agente de sua prote o Os moradores possuem saberes dos quais precisamos e a participa o deles nos processos decis rios pode auxiliar na elabora o de pol ticas de manejo e conserva o No PNI os conflitos fundi rios s o decorrentes de uma pol tica que privilegia estabelecer uma unidade de conserva o de prote o integral em detrimento da perman ncia de poucas fam lias de pequenos produtores rurais instalados naquele territ rio em alguns casos na sexta gera o As caracter sticas de um parque nacional enquanto unidade de conserva o de prote o integral impedem al m da moradia dentro dos limites da unidade a apropria o desse territ rio para produ o rural seja agricultura pecu ria ou a cultura de outra esp cie qualquer seja animal ou vegetal Mas o turismo pode ser explorado o que me faz defender a amplia o dessa atividade como alternativa de renda para essas fam lias como medida transit ria dado o processo de regulariza o fundi ria em curso na unidade e frente ao constrangimento e s amea as constantes de multas e autua es por parte do PNI junto aos pequenos produtores pela posse do gado cria o de trutas e pequenas planta es Assim o desenvolvimento do turismo pode contribuir tanto com a prote o ambiental como tamb m para auxiliar no pr
212. erno Representa o da Sociedade Civil Parque Nacional do Itatiaia Ind strias usu rias de recursos naturais no entorno do Parque INB rg o de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro INEA Associa es de moradores do Parque e ou do seu entorno Associa o da Serra Negra rg o de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais IEF Associa es de moradores do Parque e ou do seu entorno VAGO Prefeitura de Itatiaia Associa es de moradores do Parque e ou do seu entorno Associa o Macaco Arteiro Prefeitura de Resende Prefeitura de Itamonte Institui o local do setor de turismo ou meio ambiente com atua o no Parque Nacional AMEN Titular ACVM Suplente Institui o local do setor de turismo ou meio ambiente com atua o no Parque Nacional MAUATUR Prefeitura de Bocaina de Minas Institui o local do setor de turismo ou meio ambiente com atua o no Parque Nacional AGUIMAN Prefeitura de Queluz Organiza es n o governamentais com atua o s cio cultural e ambiental na rea do Parque e ou seu entorno Organiza o Ambientalista Onda Verde Representante de Organiza o Militar Usu ria AMAN Organiza es n o governamentais com atua o s cio cultural e ambiental na rea do Parque e ou seu entorno PRONATURA Representante de Organiza o Militar Usu ria CRI Organiza es n o governamentais com atua o s
213. erno segundo Diegues 2008 vem impregnado no entanto do pensamento racional representado por conceitos como ecossistema e diversidade biol gica entre outros Segundo Silva 1997 a ideia de natureza virgem um mito criado pela ideologia de civilizados sonhadores de um mundo diferente do seu 1997 p 204 Nos Estados Unidos do s culo XIX duas vis es em rela o ao mundo natural conservacionismo e preservacionismo foram sintetizadas nas propostas de Gifford Pinchot e John Muir DIEGUES 2008 RODRIGUES 2009 SANTILLI 2005 Na vis o de Pinchot precursor do movimento de conserva o dos recursos e de seu uso racional a conserva o deveria basear se em tr s princ pios b sicos 1 o uso dos recursos naturais pela gera o presente 2 a preven o do desperd cio e 3 o uso dos recursos naturais para benef cio da maioria dos cidad os As ideias de Pinchot influenciaram o debate entre desenvolvimentistas e conservacionistas e foram importantes para os enfoques posteriores de ecodesenvolvimento na d cada de 1970 e de desenvolvimento sustent vel a partir de 1986 DIEGUES 2008 p 31 O conservacionismo configura se como um dos primeiros movimentos te rico pr ticos contra o desenvolvimento a qualquer custo Sua aceita o apoia se na ideia de que se deve procurar o maior bem para o benef cio da maioria incluindo as gera es futuras mediante a redu o dos dejetos e
214. es fornece apenas o curso de forma o de brigadistas anti fogo para atua o no Prevfogo um grupamento de combate a inc ndios florestais treinado pelo ICMBio Eles emprega umas pessoas a pra trabalhar pra eles no Prevfogo S quando precisa da pessoa pra apagar fogo a eles d o curso Leva l pra Itatiaia e fica l uma semana fazendo curso Eles tem um curso a pra brigadista apagar fogo essas coisa muito arrumadinho explica as coisa da natureza Mas l em Itatiaia cinco dias de curso H quem reclame da falta de proximidade da equipe do PNI em rela o aos ensinamentos que poderiam ser utilizados pelos moradores sendo como j vimos a presen a do rg o ambiental associada puni o e vigil ncia Eles s v m aqui se derrubar um pinheiro n Ensinar aqui eles n o vem ensinar nada n o A atua o de fiscaliza o do PNI com as proibi es de um lado e a aus ncia no aux lio produ o do outro lado chega a provocar indigna o em alguns moradores Eles quer que oc fique fechado dentro de casa Tem que matar esses cara Na opini o dos moradores o PNI n o mede esfor os para combater o fogo O Parque vem ajudar a apagar fogo que gente a toa p e de safadeza A vem ex rcito vem todo mundo O apoio que n o vem do PNI no entanto pode chegar de outras institui es Em todas as 36 fam lias quando perguntado se o Parque apoia ou realiza algum treinamento
215. es e das t cnicas patrimoniais nas tomadas de decis es sobre o uso do espa o por longo tempo habitado e usado pelo morador tradicional DIEGUES 2008 A perman ncia das popula es tradicionais em reas naturais protegidas n o se justifica somente pela prote o e pelo reconhecimento da grande bagagem de etnoconhecimento transmitido de gera o em gera o a respeito das condi es naturais pela necessidade de garantir direitos hist ricos a seu territ rio mas tamb m como exemplos a serem considerados pela civiliza o urbano industrial na redefini o necess ria de suas rela es atuais com a natureza DIEGUES 2008 Os humanos e a natureza fazem parte do ecossistema Cada sociedade por sua vez um subsistema que faz parte de um sistema mais amplo no qual os humanos os animais e os vegetais mant m rela es bioenerg ticas Evidencia se assim a import ncia de pensar na cria o de reas protegidas como espa os territoriais onde a necessidade de uma rela o mais harmoniosa entre o homem e a natureza seja afirmada positivamente n o de forma excludente como hoje prev a legisla o de parques e reservas mas de forma a beneficiar as popula es locais com a es de participa o gest o democr tica e inclus o nas pr ticas produtivas de forma a gerar benef cios diretos e o desenvolvimento socioecon mico dos moradores das comunidades envolvidas LOUREIRO 2012 208 Este contexto decorrente entre o
216. esapropriados e indenizados o que caracteriza uma situa o de conflito fundi rio Ao tentar relacionar os aspectos que caracterizam as comunidades tradicionais descritos por Leuzinger 2007 e Diegues 2008 situa o vivenciada pelos moradores da parte alta do PNI percebe se que estes se caracterizam por serem fam lias de produtores rurais Das 36 fam lias entrevistadas 28 possuem estabelecimentos at 20 alqueires 02 entre 20 e 50 alqueires 05 com mais de 50 alqueires e 01 cuja extens o territorial n o foi identificada que ao longo de quatro gera es em m dia produzem produtos agropecu rios para a subsist ncia com base em m o de obra familiar antes mesmo de essa rea ser transformada em parque nacional Essas fam lias dependem da natureza para sua sobreviv ncia f sica e cultural se utilizam de tecnologias simples apresentam fraco poder pol tico e condi es financeiras insuficientes para desenvolvimento de uma vida com plena satisfa o das necessidades b sicas Esses propriet rios n o realizam pr ticas sustent veis e nem gest o compartilhada dos recursos naturais passam ao largo de uma posse comunal e de uma identidade sociocultural ainda que tenham lideran as comunit rias e n o apresentam manifesta es culturais t picas de grupos sociais tradicionais Em 2011 o MPF de Minas Gerais solicitou a realiza o de uma Per cia Antropol gica sobre popula es no interior do Parque Nacional do Ita
217. esentativo dos conflitos fundi rios existentes na maioria das unidades de conserva o de prote o integral brasileiras o que permite uma generaliza o das an lises empreendidas nesta tese para outras situa es 26 an logas o que corresponde defini o de Severino 2007 para este procedimento metodol gico A utiliza o de fotografias ao longo do texto ocorre como registro documental dada sua relev ncia para a preserva o da mem ria al m da valoriza o da cultura da regi o BARTHES 1980 apud SANCHEZ FILHO 2006 A leitura de uma imagem fotogr fica tem se tornado cada vez mais necess ria para o entendimento de diferentes contextos visto que no mundo atual a imagem tem sido uma das principais fontes de comunica o ESTRELLA 2006 As imagens fotogr ficas unidas ao texto enriquecem o arcabou o de significados culturais sendo capazes de sugerir uma diversidade de aspectos sociais e hist ricos sem contudo exigir conhecimentos espec ficos pr vios SANCHEZ FILHO 2006 O autor ressalta a relev ncia da fotografia para a mem ria regional sendo as imagens um registro dos aspectos identit rios de momentos hist ricos e da pr pria sociedade local de forma a preservar a mem ria e valorizar o imagin rio cultural nas pesquisas relativas cultura e identidade Estes procedimentos foram utilizados por meio de uma abordagem comunit ria de forma a favorecer os diversos relatos dos moradores e imagens do
218. esenvolvendo a es para preserv los Essa lei visa as familias das florestas nacionais reservas extrativistas e assentamentos do Ircra Mas inclui tamb m territ rios ocupados por ribeirinhos extrativistas popula es ind genas quilombolas e outras comunidades tradicionais Indago se as comunidades de Vargem Grande e Serra Negra ser o beneficiados por essa lei apesar de ocuparem um territ rio dentro de uma rea de conserva o de prote o integral O equacionamento do conflito socioambiental entre a popula o local e o Parque Nacional do Itatiaia possivel e depende de atitudes de todos os envolvidos com a cria o de pol ticas integradas de manejo e gest o da unidade de conserva o Mais que repress o o mundo moderno necessito de exemplos de rela es mais adequados entre o homem e natureza As unidades de conserva o podem oferecer condi es para que os enfoques trodicionais de morejo do mundo nofurol sejam valorizados renovados e at reinterpretados para torn los mais adaptados a novas situa es emergentes Diegues 1998 Amar Boptista bole Antrop loga 6 CCR 37 Anexo 10 Lei 12 512 de 14 de outubeo de 2011 DOU de 17 12 2011 Se o 1 N 1 3 38 Diegues AC O mio modemo ds natureza intocada Ju edi o S o Paulo Editora HUCITEC 199 43 274 275 ANEXO B Composi o do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Itatiaia no bi nio 2010 2012 Representa o de Gov
219. essoas interessados em educa o ambiental 5 Impactos das comunidades de Vargem Grande e Serra Negra no Parque Nacional do Itatiaia A pesquisa de campo demonstrou que o uso da queimada utilizada pelos moradores do Parque Nacional do Itatiaia sempre foi uma t cnica tradicional para renova o das pastagens e prepora o do solo para as ro as de milho feij o e batata Mas quase nunca utilizada nos dias de hoje pois essos atividades produtivas forom proibidos Dessa maneira n o existe diminui o da vegeta o nativa e nem eros o no solo causadas pela popula o local no PARNA Itatiaia 194 Revis o do Plano de Muncio estava prevista para ser apresentado nium seimisirit de pesguis aqua se reulhoara no dtas ISIR de covembro 201 ma mede do Parque Nacional do lestesia kiip Avew sombiwgos hr porsa Haten intdos piy md mess Ty 20 Queira de mate de vegeta o seca um vende guralenorsho eym o fen de pevparur o terreno para seinest cip phuetish ow mesme limpa Diciondrio Aur lia ieul XX 20 severo es LLLLLLLLLSSELLISLLELLLLA J Apesar da proibi o do uso de fogo para a renova o de postagens o gado ainda se mant m como atividade principal de muitas das fam lias porque ele que gera renda com a venda do queijo gorantindo a sobreviv ncia dos comunidades locais Como a narrativa dos pr prios moradores revelaram eles sobem que esto queima especialmente perigosa principalmente nos periodos de estiagem qu
220. exclu do dos limites do Parque Nacional do Itatiaia O Parque teria assim seus limites modificados e os moradores dessas comunidades ficariam em suas reas trodicionais agregando um valor socioambiental comercializa o do queijo produzido Todavia chamo a aten o para o fato de que essas popula es podem ficar desprotegidas diante da press o e ocupa o de pessoas de fora e da especula o imobili ria para implanta o do turismo que com certeza ir o ocorrer uma situa o paradoxal A solu o desse conflito socioambiental causado pela apropria o do espa o ocupado vivido e necess rio para a produ o e reprodu o da sobreviv ncia das popula es locais de Vargem Grande e Serra Negra grupos sociais que constru ram sua territorialidade e seu modo de fazer e viver em comunidades num espa o que agora objeto de prote o ambiental s ser exequivel se todos os agentes participarem do processo de discuss o das alternativas sugeridas A sustentabilidade ambiental pode 42 273 b b pe i 1 i ser garantida com o desenvolvimento socioecon mico e ambiental das popula es locais Recentemente foi sancionada pela Presidenta da Rep blica a lei que cria o Programa de Apoio Conserva o Ambiental conhecido como Bolsa Verde que visa transfer ncia de renda a familias em situa o de extrema pobreza que vivam em undades de conserva o e que estejam d
221. fico Actinocephalus polyanthus 173 74 Em meio diversidade da vegeta o a fauna encontrada no PNI surpreende por sua variedade e beleza Nas trilhas da parte baixa do parque a observa o de p ssaros segmento do turismo organizado internacionalmente encontra um cen rio prop cio sua realiza o com mais de 350 esp cies de aves j catalogadas assim como 50 esp cies de mam feros e 5 000 esp cies de insetos BALDINI 2008 RICHTER 2004 Figura 17 Jacu asas Fm a e 7 por Foto o autor 2008 14 Nome cient fico Penelope obscura Figura 18 Fam lia de macaco prego Foto O autor 2007 Figura 19 Caxinguel Fa Foto O autor 2007 15 Nome cient fico Cebus apella Nome cient fico Sciurus aestuans 75 76 Figura 20 Tatu galinha Foto O autor 2011 Do ponto de vista cient fico os campos de altitude formam um ecossistema que h muito desperta interesse de consagrados naturalistas que o visitaram registraram e documentaram parte do acervo natural da regi o nos s culos XIX e XX Dentre eles pode se citar Saint Hilaire Carl Friedrich Von Martius Andr Rebou as Alberto L efgren Afonso de Taunay Richard Burton Jos Franklin Massena e Barbosa Rodrigues Seus atrativos naturais apresentam grande import ncia para o turismo e para as economias locais SEGADAS VIANNA e DAU 1965 apud RICHTER 2004 A afirma o de Santos 1994
222. financeiro anual elaborado pelo rg o executor em rela o aos objetivos da unidade de conserva o VI opinar no caso de conselho consultivo ou ratificar no caso de conselho deliberativo a contrata o e os dispositivos do termo de parceria com OSCIP na hip tese de gest o compartilhada da unidade VII acompanhar a gest o por OSCIP e recomendar a rescis o do termo de parceria quando constatada irregularidade VIII manifestar se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de impacto na unidade de conserva o em sua zona de amortecimento mosaicos ou corredores ecol gicos e IX propor diretrizes e a es para compatibilizar integrar e otimizar a rela o com a popula o do entorno ou do interior da unidade conforme o caso Absolutamente nada relativo a dinheiro livro caixa volume de destina o de recursos relat rios escolhas de contrata es enfim nada relacionado dinheiro foi sequer mencionado at hoje no Conselho E eu j cobrei isso e j lembrei desse trecho do regulamento que colei acima v rias vezes dentro do conselho excess o dos montanhistas nenhuma outra institui o demonstra tal interesse ou desejo e n o temos apoio nenhum dentro do conselho para exigir ver as contas Muitas obras s o pol micas como os 300mil gastos em 2008 na reforma do Abrigo Rebou as explicou Outros ainda apontam na mesma dire o indicando que n o controlam a destina o
223. flito ambiental n o ocorre apenas em um espa o geogr fico determinado ele compreende atores posicionados de forma diferenciada no espa o social que por sua vez cont m elementos de diferencia o de poder e articula se em uma din mica relacional a diferentes percep es da realidade que integram disputas entre distintos modos de representar o mundo p 117 118 Para chegarmos ao conceito de conflito importante compreender as rela es entre o mundo social e material a partir da reflex o das pr ticas respons veis pela apropria o do mundo material Essa apropria o analisada por Acselrad 2004 apud BOTELHO 2009 que a divide em tr s pr ticas que envolvem 1 a apropria o t cnica do mundo material que consiste em obten o de um fim material f sico qu mico ou org nico 2 a apropria o social relativa s estruturas desiguais de acesso distribui o posse e controle de territ rios 3 a apropria o cultural que d sentido e ordenamento gerando atos e pr ticas diversos a partir de percep es e de representa es coletivas diferenciadas do mundo material De acordo com Botelho 2009 essas pr ticas de apropria o do mundo material determinam o modelo de desenvolvimento que a sociedade contempor nea adota e na qual os diferentes atores sociais envolvidos na busca por legitimar cada qual sua verdade universal entram em conflito para defender seus interesses valores e
224. gia projetos e a es que implementam medidas e sistemas de controle sobre as atividades tur sticas responderam positivamente 8 dos 13 conselheiros consultados sem mais considera es Responderam que n o os conselheiros 6 e 10 sem nada acrescentarem E mais uma vez ser ressaltada a atua o da C mara T cnica de Montanhismo e Ecoturismo quando uma conselheira afirma que as normas s o discutidas na CTME O conselho s aprova e outro conselheiro ironizou N o o conselho n o se envolve com nenhuma quest o operacional do PNI A CTME quem trabalha na regulamenta o dos abrigos travessias sistema de reservas mas 4 Nome cient fico Melanophryniscus moreirae 189 no fim necess rio pedir a ben o do chefe do parque que j barrou diversas iniciativas Tamb m quanto exist ncia de orienta es do conselho sobre a din mica de uso p blico e visita o aos atrativos da parte alta voltamos a encontrar vis es opostas entre os conselheiros e tamb m a CTME volta a ser apontada Enquanto 5 dos 13 entrevistados respondem positivamente e outros 3 respondem negativamente todos sem coment rios outros trazem adendos Atrav s da CT turismo e montanha as propostas s o encaminhadas e votadas O Conselho cobra h informa o da exist ncia de uma portaria nesse sentido mas n o interfere na gest o Sobre o reconhecimento pelo Conselho das interven es dos interesses e das perspe
225. gia que permita a perman ncia no territ rio onde est o instalados bem como a garantia de continuar a exercer pr ticas que garantam a sobreviv ncia f sica e cultural Os moradores conforme ser aprofundado no cap tulo 4 afirmam com frequ ncia a identidade que possuem com aquele territ rio e com a hist ria de seus 14 descendentes O uso frequente de express es como n s somos nascidos e criados aqui n o tem outro lugar pra gente ir n o e a gente n o quer sair daqui n o demonstra a liga o que possuem com o territ rio em que vivem H tamb m uma tentativa de envolver a comunidade em uma resist ncia organizada por meio de estrat gias em busca de personagens influentes da pol tica local e extra local em a es de mobiliza o das comunidades com a inten o de se fortalecerem para enfrentar as batalhas de expropria o no combate contra o PNI Segundo Corr a 2002 o processo em que determinado grupo perde seu territ rio ou espa os de vida e de rela es para outros grupos interpretado por ge grafos como desterritorializa o que o autor define como a perda do territ rio apropriado e vivido em raz o de diferentes processos derivados de contradi es capazes de desfazerem o territ rio Certamente os grupos desfavorecidos vinculam se a novos espa os cotidianos pois a sobreviv ncia implica no uso do espa o e na cria o de novas territorialidades 2002 p 252 26 Um do
226. gundo Acselrad 2010 nebulosa e diversificada de organiza es com diferentes graus de estrutura o formal que enquadram desde ONG e representa es de entidades ambientalistas internacionais a se es ambientais de organiza es n o especificamente ambientais e grupos de base com exist ncia associada a conjunturas espec ficas p 103 No entanto apesar do debate sobre a prote o ambiental brasileira envolver esse conjunto diversificado de entidades os discursos n o explicitam majoritariamente as determina es sociais dos problemas ambientais relacionados luta contra a pobreza e a desigualdade social uma vez que tendem para os prop sitos desenvolvimentistas correntes que almejam a rentabiliza o de capitais em nome da gera o de emprego e renda ACSELRAD 2010 p 104 Esse contexto leva seguinte quest o Como ent o conquistar no Brasil legitimidade para as quest es ambientais se a preocupa o com o ambiente tende a n o considerar a luta pela igualdade social o enfrentamento do desemprego e supera o da pobreza Para Acselrad 2010 a solu o para as quest es ambientais brasileiras passa pela combina o entre a defesa do direito ao ambiente cultural espec fico ao territ rio e seus recursos ambientais A justi a ambiental no pa s s poder ser alcan ada se houver um equil brio entre as for as de expans o das atividades capitalistas e de mercado e as de segrega o
227. he evaluation of results From such analyses based on field work and interviews this thesis reinforces the importance of making an institutional agreement between the Brazilian state by means of its environmental agencies and the families dwelling in the Serra Negra and Vargem Grande communities within the territorial borders of the Itatiaia Park as a way to create a sustainable alternative to deadlocks experienced by the Brazilian state regarding the claims proposed by social groups involved in social environmental conflicts not only in the PNI but also in several Conservation Units throughout Brazil Keywords National Park Social environmental Conflict Institutional Agreement Community Tourism Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Mapa 1 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Mapa 2 Mapa 3 LISTA DE FIGURAS Pedra de Funda o do PNL ass saias ao ease So sds pd idas laio saia 47 Resid ncia particular na Parte Baixa do PNI ssiiiio 63 Turistas e montanhistas em dire o s Agulhas Negras ap s a passagem pelo Posto Marc o eee 63 Identifica o do Abrigo Rebou as no Planalto do PNI 64 Localiza o do PN meenen Gai da E 65 Acessos rodovi rios ao PNI partindo de
228. i exclui a perman ncia de moradores dentro dos territ rios dos parques nacionais na medida em que os preconiza como sendo de posse e dom nio p blicos Em caso de ocorr ncia de reas particulares em seus limites essas dever o ser desapropriadas Por essa mesma raz o n o admitida a perman ncia de popula es humanas residentes ainda que tradicionais com exce o para as popula es ind genas quando h sobreposi o entre UCs e terras por elas tradicionalmente ocupadas Configurada a exist ncia de popula es tradicionais nos territ rios de um parque nacional quando de sua cria o os par grafos 1 e 2 do art 42 da lei do SNUC asseguram a compatibiliza o da presen a dessas popula es residentes com os objetivos da unidade sem preju zo dos modos de vida das fontes de subsist ncia e dos locais de moradia destas popula es inclusive determinando a elabora o de um regulamento que estabele a normas sobre o prazo e condi es de perman ncia Sobre essa quest o ver nota 330 da Tese de Doutorado intitulada Natureza e Cultura direito ao meio ambiente equilibrado e direitos culturais diante da cria o de unidades de conserva o de prote o integral e dom nio p blico habitadas por popula es tradicionais de M rcia Dieguez Leuzinguer Bras lia UnB 2007 p 135 53 A regulariza o fundi ria nos PNs um tema complexo porque envolve interesses diversificados relacionados ao disp
229. ia ou de uma vis o peculiar Assim que os nativos da Ilha de um modo geral tamb m reagem em princ pio sendo refrat rios ecologia muitas vezes referida como uma entidade uma coisa que chegou 2003 p 220 A apropria o dos recursos naturais pelos diferentes grupos sociais se d de maneiras diversas e por interesses tamb m diferentes Esse contexto favorece o surgimento do conflito Porto e Milanez 2009 afirmam que a emerg ncia e intensifica o dos conflitos no atual contexto brasileiro mas tamb m internacional decorrem de uma vis o economicista restrita de desenvolvimento Esta vis o pautada por crit rios de crescimento econ mico visto como alternativa nica de progresso de natureza produtivista e consumista Tal vis o desrespeita a vida humana e dos ecossistemas bem como a cultura e os valores dos povos nos territ rios onde os investimentos e as cadeias produtivas se realizam A apropria o dos recursos naturais e espa os p blicos para fins espec ficos que geram exclus o e expropria o produzem rea es por parte de movimentos sociais grupos e popula es que se sentem atingidos em seus direitos fundamentais envolvendo quest es como sa de trabalho cultura preserva o ambiental e uso de espa os bens e servi os p blicos Os estudos de Alier 2007 apud SIMON 2003 no campo da Economia Ecol gica e da Ecologia Pol tica demonstram ainda que os conflitos s o politicamen
230. ia das vezes o patrim nio natural que se quer proteger com a cria o de reas protegidas encontra se amea ado bem como o conjunto patrimonial e cultural das comunidades receptoras do movimento tur stico dessas reas naturais pois tradi es e costumes est o sendo perdidos Tal amea a requer uma re valoriza o do legado cultural como condi o para a pr tica do turismo sustent vel SEABRA 2007 p 176 O turismo sustent vel seja em reas de atrativo natural ou hist rico cultural implica a ideia de que a popula o do n cleo receptor deve julgar e decidir o que deve se constituir como patrim nio assim como os j consagrados que lhes d o identidade e contam a hist ria de sua comunidade SEABRA 2007 p 174 O reconhecimento do que patrim nio por uma comunidade receptora torna o turismo uma atividade importante para as gera es atuais e futuras A participa o da popula o local no desenvolvimento do turismo essencial para valorizar o seu legado cultural e garantir a prote o ambiental tendo em vista que essas 20 comunidades s o as mais atingidas pelos impactos do turismo tanto positivos quanto negativos Em rela o aos impactos positivos pode se elencar a gera o de trabalho e renda a prote o dos atrativos naturais e a valoriza o das manifesta es culturais e no que diz respeito aos impactos negativos a degrada o socioambiental destaca se pois o fluxo tur stico por ser atividade
231. icas da economicidade que transforma terras lugares viagens sonhos imagens em mercadorias Os discursos pol ticos jur dicos e econ micos s o justificados por este mesmo modo de pensar no que se refere s quest es de sustentabilidade ambiental marcados pela vagueza ambiguidade omiss o Mostram incapacidade na solu o dos problemas socioambientais e quanto ao estabelecimento de normas e institucionaliza o efetiva dos servi os tur sticos 2009 p 62 194 Na an lise de Loureiro 2012 tamb m h concord ncia com o pensamento dos autores citados acima Para o autor o resultado foi o esvaziamento dos espa os p blicos e sua despolitiza o e uma associa o entre a a o de entes privados com pr tica cidad como se estes estivessem fora das rela es pol ticas e econ micas LOUREIRO 2012 p 45 Zhouri et al 2005 afirmam que o debate ambiental contempor neo apresenta uma tend ncia a negligenciar as rela es de poder que sublinham os conflitos em torno da significa o e da apropria o do meio ambiente p 95 Ao estudar a visita o do PNI em sua pesquisa de doutorado sobre o uso do p blico nos parques nacionais Rodrigues 2009 apresentou aspectos a serem observados na elabora o implementa o e condu o de pol ticas p blicas e normas que regulem essa pr tica no PNI Ao estudar a visita o no PNI a autora avalia que as caracter sticas do PNI no que diz respeito s oportuni
232. ich et a o ecoturismo genu no deve basear se em uma perspectiva de sistemas que inclua a sustentabilidade e a participa o da popula o rural local naquelas regi es onde o maior potencial para o desenvolvimento de atividades ecotur sticas pode ser encontrado 2005 p 256 Neste contexto a busca pela sustentabilidade se estrutura com a participa o da comunidade local tanto no processo de planejamento como na gest o das pr ticas ecotur sticas 3 2 1 Os efeitos socioecon micos do ecoturismo planejamento participa o e valoriza o cultural do n cleo receptor Em termos econ micos Western afirma que o ecoturismo gera receitas expressivas e se configura como uma op o atraente para os pa ses em desenvolvimento Segundo o autor a renda proveniente do turismo gerada a partir da extensa rede de reas protegidas da frica oriental representa a maior fonte de rendimentos da regi o 2005 p 17 A import ncia econ mica do turismo representa um bom percentual no PIB de alguns pa ses que promovem o desenvolvimento de pol ticas para a atividade WESTERN 2005 No entanto o modelo de turismo de massa com grandes volumes de visitantes em reas sens veis em um momento onde a preocupa o ambiental era discutida nas reuni es internacionais n o se apresentava como uma alternativa 127 vi vel A necessidade de encontrar um modelo de desenvolvimento do turismo que promoveria tamb m os aspectos ecol
233. ida das comunidades receptoras Nos anos 1990 os estudiosos do campo do turismo passaram a analisar os impactos decorrentes das intera es sociais dessas comunidades com os turistas e a press o decorrente do turismo de massa sobre o ambiente natural o que gerou um profundo debate em reuni es t cnicas e cient ficas de turismo Por isso outras formas de turismo est o sendo propostas a fim de conter os impactos negativos da atividade e al m do j citado turismo brando e tranquilo recebem a denomina o de alternativo respons vel ecol gico e mais recentemente de turismo sustent vel Independentemente de sua designa o o que os caracteriza s o as viagens individuais as atividades relacionadas com a natureza o alojamento em estabelecimentos pequenos com servi os personalizados e s vezes at realizados pelos pr prios turistas RUSCHMANN 1997 p 23 No Brasil em 1994 formou se o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo composto poca pelo Minist rio da Ind stria Com rcio e Turismo pelo Minist rio do Meio Ambiente e da Amaz nia Legal pela Embratur pelo Ibama por empres rios e consultores que definiram o termo da seguinte forma ecoturismo um segmento da atividade tur stica que utiliza de forma sustent vel o patrim nio natural e cultural incentiva sua conserva o e busca a forma o de uma consci ncia ambientalista atrav s da interpreta o do meio
234. idades pertencem ao governo estadual de Minas Gerais No mbito das pol ticas p blicas de infra estrutura saneamento transporte sa de educa o gera o de emprego e renda entre outras demandas a exemplo de outras tantas conforme apontado em estudos como o de Coriolano et al 2009 estas comunidades s o frequentemente esquecidas ou relegadas e sua participa o nas inst ncias de debate e decis o s o muitas vezes marginalizadas o que exclui os comunit rios dos benef cios advindos da implementa o das pol ticas p blicas Sobre a sa de os moradores informaram que a Prefeitura de Itamonte fornece atendimento realizado por uma m dica em uma sala na escola de 15 em 15 156 dias Relataram tamb m a atua o de uma agente de sa de que visita as resid ncias eventualmente Sobre o atendimento m dico no geral os moradores disseram ser bom como resume a fala da moradora da fam lia 9 A sa de boa A m dica vem na casa da gente Mas apresentaram queixas diversas sobre a falta de rem dios o constrangimento vivido devido ao local onde o atendimento realizado uma sala pequena da escola e a preocupa o com a continuidade do atendimento como ilustram as seguintes falas oriundas de diferentes fam lias Tem um postinho muito prec rio o que a gente fala l dentro todo mundo ouve muito ruim pequeno M dico vem s de vez em quando s vezes nem vem A escola t toda quebrada as portas
235. identes que n o est o envolvidos s o influenciados pois passam a presenciar um certo fluxo de pessoas que n o havia anteriormente modificando drasticamente sua rotina di ria 2010 p 3 A transforma o de um destino em produto tur stico implica a participa o e o envolvimento dos diversos atores interessados visto que desenvolver o turismo n o trabalho simples para os gestores p blicos pois exige planejamento e participa o de todos os envolvidos direta e indiretamente no processo CARVALHO 2010 p 471 No PNI o Estado atua de forma legalista presen a de moradores e de suas pr ticas produtivas atuais O posicionamento por parte dos gestores da UC que os moradores est o instalados dentro dos limites da unidade sendo que a propriedade privada proibida pela lei 9 985 2000 na categoria parque nacional Essa tens o causa constrangimentos popula o local que se encontra desamparada pelo Estado e constrangida de exercer suas pr ticas produtivas o que ocorre em algumas fam lias h seis gera es A utiliza o do fogo para prepara o de pasto para o gado a pr tica apontada pela gest o do PNI como principal problema enfrentado na rela o com os moradores da parte alta o que 8 Os aspectos referentes participa o ser o aprofundados mais adiante no subcap tulo 4 2 1 133 gera com frequ ncia autua es e multas e aumenta a tens o entre os agentes envolvi
236. iferentes atores envolvidos nos conflitos sociambientais levam Loureiro 2012 p 51 a questionar como articular as diferentes lutas justas pela democratiza o radical da sociedade contemplando as quest es ambientais De acordo com Loureiro a relev ncia da categoria conflito ambiental se explicita nesse momento pois qualifica e integra a a o organizada em defesa de justi a social e do direito vida emancipada saud vel e sustent vel quando se busca legitimar os modos de vida desses atores sociais nas rela es estabelecidas nos processos antag nicos de interesses entre os agentes que disputam os recursos naturais Tratando da mesma quest o Foladori 2001 afirma que a crise ambiental n o constitu da apenas de crit rios ecossist micos e naturais mas deriva do modelo do capital hegem nico apresentado pela hist ria econ mica Segundo ele a an lise da crise ambiental contempor nea deve partir das pr prias contradi es no interior da sociedade humana contradi es que n o s o biol gicas mas sociais que n o se baseiam na evolu o gen tica mas na hist ria econ mica que n o t m ra zes nas contradi es ecol gicas em geral mas naquelas que se estabelecem entre classes e setores sociais em particular p 45 Acselrad 2010 explica a constru o da tem tica de justi a ambiental no Brasil 99 a no o de justi a ambiental exprime um movimento de ressignifica o da ques
237. inclusive acordando durante a madrugada nas quartas feiras dos per odos iniciais para levar me ao distante aeroporto de Confins para as viagens ao Rio de Janeiro antes que eu conseguisse me instalar em definitivo na cidade maravilhosa E aos professores Rubens e Oscar que conduziram a minha prepara o para as provas de profici ncia nas l nguas inglesa e espanhola No Rio de Janeiro agrade o imensamente ao Marco Antonio de Vila Isabel e Farha Am lia de Copacabana que abriram as portas de suas casas para me receberem A D Farha companheira e incentivadora conhecedora dos caminhos do Rio de Janeiro que me ensinou a deslocar me pelos caminhos mais geis e tamb m pelas mais bonitas paisagens da cidade De maneira geral sou grato a todo o povo do Rio de Janeiro Os cariocas se revelaram companheiros solid rios amigos hospitaleiros Fizeram com que eu me sentisse em casa e de fato o Rio de Janeiro tornou se a minha casa Uma experi ncia enriquecedora e inesquec vel Conviver com as muitas diferen as e os contrastes dessa cidade tornaram me um ser humano muito melhor Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ quero agradecer Profa Dra Elza Neffa que acolheu o meu projeto e o conduziu com todo o empenho necess rio Foi uma conviv ncia com muitos aprendizados Agrade o tamb m aos professores do Programa de P s gradua o em Meio Ambiente PPG MA e s secret rias que atuaram neste per odo Helaine
238. ini es utilizadas nas pol ticas de turismo da Bol via de Costa Rica e do Equador no plano 135 governamental e da ONG World Wild Found WWF International o que lhes permitiu concluir que os componentes de conserva o ambiental e valoriza o da identidade cultural sustentam esta proposta de turismo bem como a gera o de benef cios diretos para as comunidades receptoras No Brasil essas defini es e conceitos incorporam ainda as no es de empreendimentos comunit rios e interc mbio inter cultural 2009 p 147 Irving 2009 questiona se inovar poss vel ao refletir sobre o turismo de base comunit ria Para a autora essa express o esteve durante muitos anos no Brasil carregada de um sentido marginal perif rico e at mesmo rom ntico diante das perspectivas de um mercado globalizado e vido por estat sticas e receitas p 108 Segundo Irving essas condi es inibiram a produ o acad mica sobre o tema bem como as pol ticas p blicas pensadas a partir do turismo de base comunit ria enquanto estrat gia vinculada ao desenvolvimento do turismo no pa s Cabe esclarecer que compreender o turismo que se deseja implementar capaz de ressignificar o destino onde se desenvolve fundamenta se na interpreta o do turismo n o apenas em sua vertente de mercado mas principalmente como fen meno social complexo da contemporaneidade IRVING 2009 p 110 O lugar tur stico passa pela transform
239. io que isto dever acontecer com os novos projetos propostos pela C mara T cnica de Educa o Ambiental Como se v a prop sito desse assunto referida outra c mara t cnica com atua o recente e a exemplo da c mara que trata do turismo esta tamb m vista como se n o fosse parte do pr prio conselho Existe a C mara T cnica de Educa o Ambiental com menos de 1 ano Isso deve estar sendo abordado l No conselho n o H muitos discursos sobre a import ncia da educa o e bla bla bla mas na pr tica a colabora o dos conselheiros se resume aos momentos presenciais deles nas reuni es N o levam nenhum projeto n o trabalham levantando informa es e s o reativos basicamente Como um lugar para a sociedade civil expressar suas demandas estrat gicas o conselho do PNI um fracasso Da parte do ICMBio quanto s tantas quest es envolvidas na rela o entre moradores e o PNI traduzido por seus gestores em entrevista com a coordenadora de Educa o Ambiental ela relatou que estava realizando um curso no ICMBio para a elabora o de termos de compromisso que seriam firmados entre a UC e os moradores em busca de diminuir a tens o existente e estabelecer regras sobre a realiza o de pr ticas produtivas especialmente a proibi o do uso de fogo na prepara o de pasto para o gado pr tica existente na parte alta do PNI No entanto a servidora via com desconfian a a formaliza o dos termos de compro
240. io atual ampliado em Localiza o das comunidades Vargem Grande e Serra Negra no territ rio do PNI desde 1982 esse 88 Mapa 4 Quadro 1 Figura 24 Figura 25 Figura 26 Mapa da situa o fundi ria com limites do PNI de 1937 e amplia o e incorpora o de propriedades em 1982 90 Benef cios e impactos da atividade tur stica 128 Ponto de coleta de lixo s margens da estrada Serra Negra Vargem Grande isnan sao CLASS Srs ADS La o aae 158 Presen a de gado em meio a arauc rias na Vargem Grande 172 Cachoeira do Escorrega rrenan 174 Tabela 1 Tabela 2 LISTA DE TABELAS Crit rios de sustentabilidade parcial nenn n nenene Tend ncias e recomenda es para elabora o de pol ticas p blicas de visita o nos parques nacionais brasileiros ABL ABNT AMAN APM C CAPES CCPNI CDB CEFET MG CEMIG CF 88 CI CNPq CRI CTEA CTME Emater ENE EUA Funatura ha IATA IBAMA IBDF IBGE ICMBio IMA INCRA IUCN UICN MDA MDS LISTA DE SIGLAS Academia Brasileira de Letras Associa o Brasileira de Normas T cnicas Academia Militar das Agulhas Negras Arquivo P blico Mineiro Graus Celsius Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior Conselho Consultivo do Parque Nacional do Itatiaia Conven o da Diversidade Biol gica Centro Federal de Educa o Tecnol gica de Minas Gerais Companhia E
241. ionais regionais e locais pela cria o de reas de prote o ambiental SANTOS 2009 No Brasil os parques nacionais foram criados e ampliados por conservacionistas estatais respons veis por implantar reas de prote o e de conserva o ambientais SIMON 2003 No entanto apesar da cria o de unidade de conserva o no Brasil ser tratada pela esfera pol tica houve tamb m um enfoque cient fico na medida em que as reas priorit rias para a conserva o foram selecionadas a partir da an lise de amostras da biodiversidade brasileira que identificavam amea as reais ou potenciais de destrui o dos recursos naturais Foi assim que de acordo com Simon 2003 p 119 a m quina estatal brasileira transformou in meros territ rios sociais pol ticos e econ micos de alto valor ambiental em espa os institucionalizados com regras de uso e apropria o voltadas para os objetivos de conserva o e sob o controle governamental Os problemas resultantes da cria o e implementa o dos parques impediam a realiza o dos objetivos de conserva o sendo tratados como entraves t cnicos institucionais que configuravam uma inefici ncia estatal impedindo ou limitando a implementa o das pol ticas de conserva o Nessa perspectiva cabia ao governo a miss o de proteger e de resolver o interesse do bem p blico priorizando o coletivo em detrimento do individual No entanto diversos entraves t cnico institucionais
242. ional onde todos se conhecem e mant m rela es de solidariedade entre as fam lias e entre as comunidades que constituem atualizados pelos eventos coletivos que realizam festas mutir es cavalgodas para transportar o queijo at as cidades vizinhos Esse processo de desterritorializa o tamb m leva co empobrecimento tonto dessas fam lias como do Brasil e do mundo que perde essa diversidade de saberes de modos de vida e de formes de se apropriar da natureza N o esperamos mais a regulariza o fundi rio de rossas terras pois n o pretendemos sair delas lc sos gt tbt E outros poucos moradores s aceitam ser incenizados pelo pre o real da terra pre o de mercado e tamb m afirmaram que o pre o do sossego da paz seria um acordo de conviv ncia com o Parque Nacional do Itatiaia i um acordo de conviv ncia seria bom queremos liberdade para cortar um mour o pro fazer uma cerca consertar uma casa para plantar milho 22 FI 10 dm supe 256 o fego quando aparece colocado por aquele morador que tem reivo E o pior que todos n s pagamos por isso N o somos contra o Porque Se inderszar tem que ser com pre o bom para o povo sobreviver l fora mas quem sair doque vdi morrer logo pois o gente s sobe viver essa vida daqui Ningu m sobe viver em outro lugar Ningu m aprendeu a viver fora Se indenizar os reas altas voi sobrar muito pouca terra aqui
243. ional do Estado brasileiro que pode balizar a conflitante conviv ncia existente nas UC s do pa s com popula es locais Afirma em seu artigo primeiro que esta Instru o Normativa estabelece diretrizes e regulamenta os procedimentos para a elabora o implementa o e monitoramento de termos de compromisso entre o Instituto Chico Mendes e popula es tradicionais residentes em unidades de conserva o onde a sua presen a n o seja admitida ou esteja em desacordo com os instrumentos de gest o 206 A mesma IN 26 do ICMBio define popula o tradicional como vide art 2 al nea Il popula o tradicional grupo culturalmente diferenciado e que se reconhece como tal que possui forma pr pria de organiza o social que ocupa e usa territ rios e recursos naturais como condi o para sua reprodu o cultural social religiosa ancestral e econ mica utilizando conhecimentos inova es e pr ticas gerados e transmitidos pela tradi o conforme o disposto no Decreto n 6 040 de 7 de fevereiro de 2007 A IN 26 do ICMBio reconhece o imbr glio jur dico no qual se assenta o conflito fundi rio ao afirmar em suas diretrizes no art 3 al nea Il que um dos seus objetivos o de assegurar as condi es de gest o da unidade de conserva o e a integridade dos atributos que justificaram sua cria o at a efetiva consolida o territorial da rea Embora seja o primeiro PN brasileiro o Itatiaia que
244. iro 2013 O Parque Nacional do Itatiaia fundado em 1937 o primeiro Parque Nacional do Brasil e apresenta dois planos distintos em seus espa os Parte Alta e Parte Baixa compreendendo munic pios dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais O estudo do conflito socioambiental existente no Parque Nacional do Itatiaia PNI foi realizado nesta tese a partir do processo de amplia o territorial ocorrido nesta Unidade de Conserva o em 1982 que incorporou pequenas propriedades particulares ao territ rio da Parte Alta do PNI sem que o Estado efetivasse as indeniza es e as desapropria es territoriais preconizadas pela legisla o ambiental brasileira para unidades de conserva o de prote o integral SNUC Lei Federal n 9 985 2000 A caracteriza o do PNI foi feita levando se em considera o as correntes ambientalistas que fundamentaram a cria o de reas protegidas desde o surgimento da primeira unidade de conserva o nos Estados Unidos da Am rica no s c XIX As assimetrias identificadas nas rela es de poder estabelecidas pelos atores sociais envolvidos na quest o fundi ria do PNI foram destacadas com base nas contribui es do campo da ecologia pol tica Nessa perspectiva o estudo caracterizou a rela o das comunidades tradicionais com o meio ambiente e as pr ticas socioambientais dela decorrentes e identificou alternativas de sustentabilidade socioambiental para enfrentamento dos conflitos fundi
245. is seus territ rios e o acesso aos recursos naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodu o f sica cultural e econ mica O inciso Il do mesmo artigo trata dos conflitos existentes entre as popula es tradicionais e as unidades de conserva o de prote o integral como o caso do PNI referindo se necessidade de solucionar e ou minimizar os conflitos gerados pela implanta o de Unidades de Conserva o de Prote o Integral em territ rios tradicionais e estimular a cria o de Unidades de Conserva o de Uso Sustent vel 60 H tamb m nos incisos XIV XV e XVII da PNPCT a alus o aos direitos individuais e coletivos seus conhecimentos e pr ticas e o uso dos saberes e tecnologias tradicionais Considerando este e outros instrumentos jur dicos o ICMBio publicou em julho de 2012 a Instru o Normativa n 26 IN 26 2012 que trata das diretrizes para o estabelecimento de termos de compromisso entre o ICMBio e as popula es tradicionais residentes em unidades de conserva o nos espa os onde sua presen a n o admitida ou est em desacordo com os instrumentos de gest o Esta IN 26 2012 apresenta alternativas produtivas diante da dificuldade de se promover a regulariza o fundi ria e criar normas de comportamento e de uso dos recursos naturais para garantir a prote o ambiental nas unidades de conserva o de prote o integral a fim de evitar conflitos e constrangimentos entre
246. isa qualitativa um exemplo dessa liberdade dada ao pesquisador pela observa o participante ao permitir lhe anotar as informa es que n o fazem parte dos outros instrumentos formais da coleta de dados e utiliz las em suas an lises Dessa forma o estudo qualitativo n o segue a obrigatoriedade amostral com an lises estat sticas e percentuais o que n o significa falta de rigor uma vez que estabelece crit rios nas escolhas A aplica o de entrevistas semi estruturadas com trinta e seis fam lias de moradores nascidos e criados na parte alta do PNI Ap ndice A sendo vinte e 25 duas fam lias da comunidade da Serra Negra e quatorze fam lias da comunidade da Vargem Grande permitiu obter informa es relevantes sobre as comunidades rurais fornecendo dados significativos sobre a propriedade a fam lia as rela es de produ o assim como sobre as rela es das comunidades com o PNI Nesses momentos os entrevistados estabeleceram o ritmo da conversa em um di logo informal embora as entrevistas tenham sido previamente orientadas por um roteiro ordenado de quest es MENDES amp PESS A 2009 Tamb m foram entrevistados servidores do ICMBio lotados no PNI dentre os quais o chefe da unidade o coordenador de uso p blico o chefe de pesquisa a coordenadora de educa o ambiental e a chefe de fiscaliza o E finalmente foi entrevistada uma servidora terceirizada respons vel pela regulariza o fundi ria
247. ist rio do Meio Ambiente Secretaria de Biodiversidade e Florestas 2008 BRASIL Decreto N 6 040 2007 Institui a Pol tica Nacional de Desenvolvimento Sustent vel dos Povos e Comunidades Tradicionais Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente 2007 217 BRASIL Decreto N 84 017 1979 Aprova o Regulamenta dos Parques Nacionais Brasileiros Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente Secretaria de Biodiversidade e Florestas 2003 BRASIL Decreto N 87 586 1982 Amplia a rea do Parque Nacional do Itatiaia criado pelo decreto 1 713 de 14 de junho de 1937 Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente Secretaria de Biodiversidade e Florestas 2003 Lei N 9 985 de 18 de julho de 2000 Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente Secretaria de Biodiversidade e Florestas 2000 52p Lei N 11 428 2006 Disp e sobre a utiliza o e prote o do bioma mata atl ntica Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente 2012 Lei N 11 516 2007 Cria o Instituto Chico Mendes de Conserva o da Biodiversidade Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente 2012 Medida Provis ria n 2 186 2001 Disp e sobre o acesso ao patrim nio gen tico e a prote o e o acesso ao conhecimento tradicional associado Bras lia DF Minist rio do Meio Ambiente 2001 BRAUDEL F Hist ria e ci ncias sociais Lisboa Presen a 1976 CARNEIRO Eder Jurandir Conflitos ambientais no Estado do Rio de Janeiro associativismo e significados sociop
248. itucionalmente meio ambiente e diversidade cultural A especificidade dessas popula es locais est garantido pelo Pol tica Nacional de Desenvolvimento Sustent vel dos Povos e Comunidades Tradicionais PNPCT quando disp e nos seus princ pios 35 266 267 I o reconhecimento a valoriza o e o respeito diversidade socioambiental e cultural dos povos e comunidades trodicionais levando se em conta dentre outros aspectos os recortes etnia ra a g nero idode religiosidade oncestrolidade orienta o sexual atividades laborais entre outros bem como a rela o desses em cada comunidade ou pova de modo a n o desrespeitar subsumir ou negligenciar as diferen as dos mesmos grupos comunidades ou povos ou ainda instaurar ou refor ar qualquer rela o de desigualdade IT a visibilidade dos povos e comunidades trodicionais deve se expressar por meio do pleno e efetivo exercicio do cidodonia V o desenvolvimento sustent vel como promo o da melhoria da qualidade de vide dos povos e comunidades tradicionais ras gera es atuais garantindo os mesmas possibilidades para as gera es futuras e respeitando os seus modos de vida e os suas trodi es VI a pluralidade socioambiental econ mico e cultural das comunidades e dos povos tradicionais que interagem nos diferentes biomas e ecossistemas sejam em reos rurais ou urbanas VIII o reconhecimento e a consolida o dos direitos dos povos
249. izados exigindo um pagamento justo pelo que possuem Nesse contexto como medida transit ria ao processo de regulariza o fundi ria em curso no PNI acredito que cabe analisar a proposta de um arranjo institucional que permita a presen a dos moradores enquanto a indeniza o n o for efetivada e a realiza o de pr ticas sustent veis e de baixo impacto pelos propriet rios em prol da conserva o ao meio ambiente Para Coriolano et al h experi ncias positivas de Arranjos Produtivos Locais APL de base comunit ria no campo do turismo que buscam contribuir com o fortalecimento dessas atividades vinculadas ao turismo com responsabilidade social turismo comunit rio enfim o turismo de grupos majorit rios e com poucas condi es econ micas que procuram solu es alternativas e condizentes com os princ pios b sicos do desenvolvimento participativo comunit rio do turismo o de base local Estes arranjos constituem forte refer ncia para a formula o de pol ticas sociais que buscam promover bairros periferias e comunidades reduzir dist ncias socioecon micas entre ricos e pobres podendo contribuir para tornar a sociedade menos perversa e mais sustent vel 2009 p 18 19 186 A exist ncia de atividades tur sticas no PNI j um fato e tem implica es diferentes para diversas reas do parque Assim um morador da parte alta que recebe turistas em um chal nos fundos de sua casa ao falar da quest o
250. l m disso as popula es que habitam essas reas s tomam conhecimento das decis es sobre a cria o das reas de prote o no momento em que s o transformadas em lei evitando assim mobiliza es sociais que possam atrapalhar os planos do Estado A pr pria din mica do modelo de unidades de conserva o estabelece uma dicotomia de conflito entre ser humano e natureza tendo em vista a suposi o que as comunidades locais n o s o capazes de manter o estado natural de equil brio dessas reas nem de desenvolver um manejo sustent vel dos recursos naturais Embora esse modelo possa ser aplicado com mais adequa o aos Estados Unidos uma vez que o pa s possui grandes reas desabitadas no Brasil assim como em outros pa ses em desenvolvimento ele mostra se problem tico porque mesmo as reas consideradas isoladas ou selvagens abrigam popula es locais Assim no momento em que essas reas s o transformadas em unidades de conserva o as popula es locais se veem impedidas de explorar os recursos naturais para sobreviver Mais que isso essas popula es s o discriminadas e impedidas de reproduzir seu modo de vida e sua identidade sociocultural Uma nova modalidade de conserva o surgiu da associa o entre movimentos sociais que lutam pelo direito de acesso terra e aos recursos naturais pelas popula es tradicionais para os quais a crise ambiental est profundamente associada crise do modelo de desenvolvimen
251. l surgem nos Estados Unidos a partir de uma articula o entre as lutas sociais territoriais ambientais e direitos civis ACSELRAD 2002 por isso que em fins dos anos 1960 para os que viriam a compor esses movimentos o termo ambiental era entendido como um embate frente s condi es inadequadas de saneamento moradia e trabalho disposi o indevida de lixo principalmente o t xico e o perigoso Nos anos 1970 diferentes associa es se unem para debater as quest es ambientais urbanas com base em estudos que j apontavam a distribui o desigual da polui o segundo a ra a e a renda dos habitantes Nessa ocasi o as associa es buscavam realizar parcerias para a formula o de pol ticas p blicas capazes de combater a disposi o indevida de res duos s lidos em reas residenciais de popula o negra e pobre De acordo com Acselrad as lutas contra as desigualdades ambientais no plano local elevaram a justi a ambiental condi o de quest o central na luta pelos direitos civis 2002 p 53 colocando a na pauta de discuss o do movimento ambientalista tradicional americano Assim o fim da d cada de 1980 marcado pelo surgimento da Avalia o de Equidade Ambiental documento elaborado por organiza es de base ambientalista que estabelece um novo sistema de avalia o tecido sobre o estudo das liga es entre ra a pobreza e polui o cujas vari veis sociais foram introduzidas nos estudos de
252. la o substitui o de pr ticas produtivas baseadas na agropecu ria Para os gestores do PNI a presen a do gado constitui amea a de inc ndio devido pr tica de colocar fogo para prepara o de pasto para o rebanho Assim sendo o turismo proposto como uma alternativa de renda para que estas comunidades possam obter o sustento pr prio sem a presen a do gado e suas pr ticas de cria o com os respectivos impactos ambientais decorrentes No entanto a indica o da atividade tur stica n o resolve o conflito fundi rio visto que a legisla o em vigor impede a propriedade privada em parques nacionais O turismo portanto pode funcionar como uma estrat gia de sensibiliza o e de envolvimento das comunidades ao mesmo tempo em que se negocia o processo de desapropria o incluindo a justa indeniza o das propriedades por parte do Estado e a instala o das fam lias residentes em outra rea No per odo de regulariza o fundi ria as fam lias poderiam melhorar a sua qualidade de vida a partir das atividades relacionadas ao turismo Portanto constitui uma medida transit ria at que seja conclu da a regulariza o fundi ria em sua totalidade 3 2 A preocupa o ambiental ecoturismo ambientalismo e participa o da popula o residente O ecoturismo emerge na sociedade urbana p s industrial a partir da busca pelo turismo ao ar livre e do contato mais pr ximo com o ambiente natural 120 A
253. la o moradores x PNI Quando me refiro aqui rela o entre moradores e PNI quero referir me ao modo como se relacionam os moradores e os gestores do parque e esta quest o como j se pode perceber pela apresenta o dos itens anteriores acaba incorporando as demais quest es tratadas visto que a rela o dos moradores com o PNI envolve diretamente a quest o da propriedade afeta diretamente as rela es familiares e abarca as rela es de produ o dos moradores A conviv ncia tensa como j apareceu nos itens anteriores de um lado os moradores que buscam a reprodu o de suas pr ticas culturais sociais e produtivas de outro lado os agentes ambientais em suas a es de fiscaliza o e de prote o ambiental o poder p blico incorporado no ICMBio enquanto rg o ambiental regulador e que localmente referido como IBAMA em raz o da administra o e da nomenclatura originais H tamb m outras institui es que atuam nesse cen rio como a Prefeitura de Itamonte respons vel pela coleta de lixo pelas escolas e pelo posto de sa de e a Emater MG que fornece eventualmente em atua o junto ao Sindicato dos 197 Produtores Rurais alguns cursos e sementes para planta o principalmente de milho e feij o Um dos membros do conselho consultivo do PNI parece sintetizar as tens es existentes ao falar da conviv ncia mais cotidiana entre gestores e moradores Alguns servidores do ICMBio
254. lanalto abrigos caros e luxuosos versus essa vis o Foz do Igua u do ICMBio Nessa briga o conselho n o se posiciona E outros ainda confirmam a posi o dessa C mara T cnica Se surgir alguma coisa atrav s da CTME n o do Conselho Consultivo Nunca houve Mas volto a dizer que o Conselho n o conhece o parque A CTME elabora as a es de est mulo ao turismo Em busca de identificar a infra estrutura de apoio ao turismo os conselheiros foram ainda consultados se a infra estrutura de visita o atendimento travessias e trilhas condutores sinaliza o controle resgate na parte alta atende aos anseios dos turistas constatando se que na sua percep o H muito a fazer nesse sentido como indicado nas seguintes falas Em parte N o atende plenamente Pode melhorar muita coisa e muito melhorou devido CTME Tem gente que s elogia como tem os que s criticam O atendimento falho mas parcialmente Tem mais reclama o que elogio Falta de abrigo n o tem resgate n o tem camping atendimento prec rio Ningu m orientado Eu creio que n o N o h resgate A estrada ruim A sinaliza o est melhorando mas falta enfim h muito que melhorar e principalmente nos processos administrativos de agendar autorizar ter um hist rico estat stica de visita o 192 Quanto ao Chefe do PNI entrevistado entre v rias outras a es previstas adiantou que os projetos fu
255. legal gerando um conflito sobre a posse da terra No Brasil a cria o de parques nacionais tem ocorrido sem a pr via desapropria o de reas que possuem propriedades particulares Essa situa o emblem tica quando se toma o PNI como exemplo visto que desde sua amplia o em 1982 h quest es fundi rias pendentes na parte alta do parque que foram agravadas pois passados trinta anos n o foram constatados desapropria es processos indenizat rios e regulariza es fundi rias Vale lembrar que em caso de necessidade de remo o da popula o a lei do SNUC preconiza que cabe ao Estado a tarefa de reassentar a comunidade afetada em local que permita sua sobreviv ncia f sica e cultural Nas entrevistas da pesquisa de campo os moradores se queixam da falta de a o por parte do Estado em transfer los para outras terras A ilegalidade ocorre pelo que se chama na teoria do direito de v cio de forma e v cio de objeto LEUZINGER 2007 O v cio de forma pode ocorrer em duas 54 situa es 1 sem a realiza o da avalia o da exist ncia de popula o tradicional e 2 sem verifica o da capacidade de suporte do ecossistema que pode permitir ou n o a compatibilidade entre as atividades praticadas pela popula o tradicional e a prote o ao meio ambiente afetado Quanto ao v cio de objeto este se verifica quando a cria o da unidade de conserva o de prote o integral ocorre mesmo quando constatada a p
256. lesmente que a natureza est ligada a si mesma porque o homem dela parte 1975 p 328 apud MARTINS 2007 p 19 e FOSTER 1999 p 165 Com essa afirma o Marx indicava que a humanidade e a natureza estavam interrelacionadas e que a forma historicamente espec fica das rela es de produ o constitu a o mago dessa interrela o em qualquer per odo dado Entretanto parte dos marxistas do s culo XX relegaram a natureza a um mero epifen meno das rela es sociais de produ o reduzindo o materialismo hist rico dial tico a seus aspectos econ micos e hist ricos e pouco contribu ram com as ideias preservacionistas FOSTER 1999 Contudo outras ideias europeias influenciaram o preservacionismo especialmente a teoria da evolu o de Charles Darwin que em 1859 recolocou o ser humano na natureza inspirando o ambientalismo e a tica ambiental e a no o de ecologia de Ernest Haeckel darwinista alem o que em 1866 preconizou a exist ncia da intera o dos organismos vivos entre si e com o ambiente DIEGUES 2008 As ideias de Marsh nos Estados Unidos em 1864 contribu ram para as an lises dos impactos negativos das sociedades sobre o meio ambiente ao afirmarem que a terra fora concedida ao ser humano para usufruto e n o para consumo ou degrada o o que demandava controle da tecnologia e consequentemente uma revolu o pol tica e moral DIEGUES 2008 34 Nesse momento a ci ncia ecol gica emergen
257. lha o lugar n Igual Maromba n o presta mais Maromba era b o era ro a igual aqui mesmo Agora t ruim l De outro lado percebe se o interesse manifestado de diversas formas como ilustram as seguintes falas Se cair o turista aqui a d movimento n a d emprego tudo pelo turista n Se pudesse era b o Se desse eu tinha uma pousadinha aqui mas falta de dinheiro pra investir n A moradora da fam lia 8 tem mesmo planos para se beneficiar com o incremento do turismo penso em fazer chal A moradora da fam lia 35 n o demonstra interesse em empreender mas se disponibiliza a trabalhar com o turismo Se tivesse oportunidade eu gostaria de trabalhar n O morador da fam lia 17 pensa em pousada fazer trilha passear de cavalo como op es para a oferta tur stica Por outro lado h tamb m entre os moradores quem se sinta intimidado em desenvolver alguma coisa e depois ser punido pelo rg o ambiental O morador da fam lia 21 disse que pretende Fazer chal receber turista Mas tudo que oc vai 188 fazer eles fala que n o pode afirmou ao se referir aos fiscais do PNI A moradora da fam lia 15 fez uma afirma o parecida Fazer pousadinha aqui Mas n o t o deixando mexer a t dif cil n Quanto aos membros do Conselho nas consultas a eles feitas busquei esclarecimentos relativos s discuss es que ocorrem no conselho sobre a atividade tur sti
258. lho define como aquelas que vivem vida coletiva e solid ria e que conhecem e praticam seus processos comunit rios e suas tradi es convivem com as plantas e dialogam com os animais dominam os segredos as pedras e se encontram com seus antepassados nos sonhos e deles recebem informa es e ensinamentos Por isso t m ainda e diariamente reproduzem um conhecimento n o sabido pela culta s bia e n o raras vezes pedante civiliza o ocidental 2005 p 28 Para Derani 2002 p 153 que adota a express o comunidade tradicional cinco elementos para esta classifica o ao grupo s o necess rias 44 1 propriedade comunal 2 produ o voltada para dentro valor de uso 3 distribui o comunit ria do trabalho n o assalariado 4 tecnologia desenvolvida e transmitida por processo comunit rio a partir da disposi o de adapta o ao meio em que se estabelecem 5 transmiss o da propriedade conhecimento pela tradi o comunit ria intergeracional 2002 p 153 A antropologia por sua vez atua mais com a elabora o de par metros e crit rios para classificar determinado grupo como tradicional Entre os autores que se dedicam ao tema destaco Diegues e Arruda 2001 Coelho 2003 Cunha e Almeida 2004 As caracter sticas apresentadas pelos autores incluem o conjunto de saberes e saber fazer a respeito do mundo natural e sobrenatural transmitido oralmente de gera o em gera o DIEGUES e ARRUDA 2001
259. lico pode aproveitar se melhor ao serem postas sobre a superintend ncia oficial ANTUNES 2006 p 573 Este conceito sofreu evolu o quando a lei n 4 771 65 que institui o Novo C digo Florestal estabeleceu normas para prote o da vegeta o e crit rios para sua explora o definiu parque nacional para al m da guarda dos atributos excepcionais da natureza prescrevendo o para a utiliza o de objetivos educacionais recreativos e cient ficos PEREIRA 2005 QUINT O 1983 apud DIEGUES 2008 Segundo Pereira 2005 at a d cada de 1960 a cria o de unidades de conserva o vinculava se sobretudo s raz es est ticas ou pol ticas sem se articular a um sistema composto por diferentes tipos de categorias de manejo As unidades de prote o institu das antes da aprova o do SNUC por meio de portarias e decretos o foram aleatoriamente com base em crit rios confusos sem um processo de participa o da sociedade desconsiderando grande parte dos interessados e seus interesses DRUMMOND 1997 A ado o de uma pol tica voltada s unidades de conserva o se desenvolver lentamente e ter como prop sito a instala o de um plano do Sistema nacional de unidades de conserva o a partir de 1976 baseado no trabalho Uma An lise de Prioridades em Conserva o da Natureza na Amaz nia 2005 p 123 Rocha et al 2010 recupera a origem do Servi o Florestal Federal SFF primeiro rg o governament
260. local que permitiram me aproximar ao modo de vida dessas comunidades que possuem uma estreita rela o com o ambiente onde est o instaladas em diversos aspectos como trabalho lazer rela es sociais rela es socioecon micas festividades e ritos religiosos Assim os instrumentos metodol gicos de sustenta o para a realiza o desta pesquisa foram prioritariamente a observa o participante a utiliza o de di rio de campo com anota es diversas na intera o entre o pesquisador e os diversos interlocutores consultados ao longo da pesquisa em conversas e contatos informais a presen a in loco do pesquisador no PNI e seu entorno em diversos momentos diferentes e em contato com as mais variadas pessoas que de alguma forma comp em o universo humano do PNI e os respectivos desdobramentos da observa o participativa a entrevista semi estruturada e a fotografia Contudo outros instrumentos de coleta de dados auxiliam o desenvolvimento do trabalho de campo como o levantamento de informa es junto aos rg os p blicos como o pr prio ICMBio as Prefeituras dos munic pios de Resende RJ lItatiaia RJ e principalmente lItamonte MG onde est o localizadas as comunidades da Serra Negra e Vargem Grande institui es de arquivo e mem ria como o Arquivo P blico 27 Mineiro os cart rios de Registro de Im veis de Itamonte MG e de Itanhandu MG a Diocese de Campanha MG o Jardim Bot nico do Rio de Janeiro os est
261. loga com o mundo contempor neo conforme avalia o de Prado 2012 a prop sito da pol mica quest o das tradi es no que se refere s popula es residentes em unidades de conserva o Em 25 das 36 propriedades investigadas h pelo menos uma nascente d gua dos v rios rios ou c rregos da Mantiqueira Esse dado demonstra a abund ncia de recursos h dricos existentes na regi o No entanto n o h rede de esgoto e saneamento Trinta e quatro propriedades possuem fossa O acesso telefonia escasso na regi o A grande maioria das fam lias n o possui comunica o via telefone Em todas as vezes que estive na regi o n o havia sinal de telefonia m vel e encontrei dois telefones p blicos orelh es instalados pr ximo escola da Vargem Grande Apenas cinco fam lias declararam possuir acesso telefonia Por meio de uma antena conseguem captar o sinal de telefonia m vel mesmo assim com qualidade muito ruim Os aparelhos telef nicos ficam conectados permanentemente a essas antenas por um cabo Em dias de chuva a obten o de sinal mais dif cil As operadoras s o variadas sendo relatada a capta o de sinal das operadoras Vivo RJ 1 Claro RJ 1 Vivo MG 2 e somente uma fam lia possui uma linha de telefonia fixa de Minas Gerais Sobre a propriedade de ve culo pr prio cabe ressaltar que as comunidades s o distantes e desprovidas de servi o p blico de transporte H apenas o transporte es
262. m certa postura de sociedade em f rias p 20 Neste per odo ocorrem expedi es de naturalistas s reas long nquas e de dif cil acesso como as montanhas que exigem escaladas e acampamentos improvisados e a utiliza o de animais para o deslocamento dos membros das expedi es e transporte de alimentos dos expedicion rios Trata se de um per odo em que os viajantes que cruzavam a Europa pelo denominado Grand Tour buscavam um sentido de reconstitui o f sica e espiritual A segunda fase ocorre na poca da chamada Belle poque no final do s culo XIX e in cio do XX Tem como caracter stica um turismo dirigido e elitista despreocupado com a prote o ambiental e de demanda crescente estimulando a expans o imobili ria que pode ser observada atualmente nos centros tur sticos mais antigos da Europa A terceira fase refere se ao turismo de massa iniciado na d cada de 1950 e muito desenvolvido nos anos 1970 e 1980 Essa fase caracterizada por um 121 acelerado aumento na demanda tur stica dos pa ses desenvolvidos Com uma expans o sem precedentes das localidades tur sticas ocasionou o preenchimento dos vazios at ent o existentes nas zonas litor neas mais acess veis ao grande p blico e provocou a satura o Trata se do per odo mais devastador ambientalmente tanto sobre a natureza como sobre as comunidades receptoras Rodrigues 2009 reuniu alguns fatores de mudan a na din mica do turismo apont
263. m altos ndices de polui o nos grandes centros urbanos muita produ o de res duos e uma necessidade cada vez maior de energia Tudo isso exige recursos naturais DIEGUES 2008 LOUREIRO 2012 Por outro lado h pequenas comunidades que sobrevivem por meio de atividades produtivas de baixo impacto com uso de tecnologias rudimentares e desprovidas de aparelhos tecnol gicos modernos Produzem poucos res duos e vivem em uma condi o de equil brio com o ambiente onde se instalaram MART NEZ ALIER 2007 No entanto devido pol tica ambiental de prote o da natureza por meio da cria o de unidades de conserva o e que tem sua origem numa sociedade com h bitos t cnicas produtivas e consumo muito diferentes dessas comunidades a atua o do Estado tem ocorrido de forma a incorporar reas preservadas s unidades de conserva o expropriando os atuais propriet rios Tal procedimento desconsidera os direitos culturais dentre os quais o territ rio a identidade e as pr ticas produtivas Ao lado de diversos autores aqui referidos 204 tamb m considero que ao incorporar ao patrim nio estatal propriedades particulares conservadas o poder p blico pune aqueles que conservaram em prol de um comportamento urbano e insustent vel Aquele que conservou resta a indigna o Ao que polui o Estado passa a garantir uma unidade de conserva o uma rea protegida para contempla o e possivelmente reserva de re
264. m territ rio ocupodo por popula es locais dependentes dos recursos naturais a din mica de vida os medos de viver e os meios de subsist ncia de seus moradores foram alterados As restri es impostas pelo Parque trouxeram a escassez de terras para as atividades agropastoris e provocou o xodo rural descaracterizando os valores culturais e os modos de vida tradicionais dessa popula o garantidos pela Constitui o Federal de 1988 Art 215 O Estado gorontir a todos o pleno exercicio dos direitos culturais e acesso s fontes da cultura racional e apoiar e incentivor a valoriza o a difus o das manifesta es culturais amp 1 O Estado proteger as manifesta es dos culturas populares indigenas e afro brasileiras e dos de outros grupos participantes do processo civilizat rio nacional t Art 216 Constituem patrim nio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial tomados individualmente ou em conjunto portadores de refer ncia identidade a o mem ria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira nos quais i se incluem I as formas de express o II os modos de criar fazer e viver IIT as cria es cientificas art sticas e tecnol gicas i IV as obras objetos documentos edifica es e demais espa os destinados s monifeste es artistico culturais V os conjuntos urbanos e s tios de valor hist rico paisagistico art stico arqueol
265. mbiental pois a natureza se constitui como a motiva o do turista ou seja o que gera no turista o interesse em visitar determinado destino Dessa forma a natureza apropriada como mat ria prima da atividade tur stica e sua deteriora o gera para a comunidade impactos econ micos com a perda de receitas Ruschmann salienta que se as regi es ou localidades decidem investir no turismo elas devem considerar tamb m a qualidade do meio ambiente 1997 p 25 A implementa o de um projeto de turismo baseado na gest o comunit ria exige a articula o entre os setores envolvidos no local da atividade Na teoria do turismo estes setores s o fundamentalmente classificados de poder p blico comunidade e iniciativa privada BENI 2003 COOPER et al 2001 PETROCCHI 2000 Petrocchi 2000 afirma sobre a teoria do turismo que a sustenta o da atividade ocorre quando o turismo se desenvolve por meio de pap is claramente definidos sobre as a es do poder p blico governos da comunidade n cleo receptor e da iniciativa privada empresariado No entanto esses setores possuem interesses diferentes tanto em rela o apropria o quanto ao uso da natureza o 144 que imp e um desafio para a implanta o de projetos tur sticos de forma integrada como analisa Ruschmann uma das principais dificuldades para a implanta o de um projeto global de desenvolvimento tur stico em localidades receptoras a total aus ncia
266. misso Informou ainda sobre a inten o de se realizar um diagn stico ambiental juntamente com a chefia de fiscaliza o com o mapeamento das propriedades e o levantamento de fam lias que queiram vender suas propriedades 201 Da parte dos moradores tais iniciativas no entanto n o t m repercuss o e os depoimentos vistos anteriormente d o conta de que o PNI nunca promoveu nenhum aux lio seja para produ o treinamento capacita o educa o ambiental ou turismo embora tenham reconhecido outras institui es que realizam a es de apoio e capacita o como a Emater a Prefeitura de Itamonte e o Sindicato de Produtores Rurais E o conselho consultivo embora alguns conselheiros tenham afirmado a realiza o de tais pr ticas sequer conhecido pelos moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande Em todo esse contexto aqui avaliado atrav s das quest es envolvidas no PNI reflete as quest es de conflitos ambientais e de justi a ambiental apresentadas no cap tulo 2 Com base na reflex o que esta avalia o propicia apresento a seguir no cap tulo 5 as possibilidades identificadas para an lise e possivelmente implementa o por parte do PNI no que tange ao desenvolvimento de pr ticas sustent veis de turismo comunit rio 202 5 CONSIDERA ES FINAIS ARRANJO INSTITUCIONAL E DE GEST O Este cap tulo final prop e a elabora o de um arranjo institucional e de gest o a ser celebrado e
267. mo o n mero de reses dei pequeno o pisoteio dos animais no solo n o tornave o mais compacto n o causava eros o e as reas ce nascente eram preservadas Em decorr ncia de toda essa situa o o Parque Nacional do Itatiaia uma unidade de conserva o de prote o integral que ainda n o foi implementada efetivamente pois tem presen a de popula es locais na rea ampliada e at hoje n o existe plano de manejo Na tentativa de implantar de fato o PARNA o Ibama e posteriormente o ICMBio atuaram com exagero ao aplicer as leis de fiscaliza o voltadas conserva o da natureza ignorando a especificidade dessas popula es locais O conflito socioambiental vivenciado pelos moradores locais refletem o embate entre popula es tradicionais e unidades de conserva o que possuem interesses diferentes no uso dos recursos naturais decorrente da cria o da UC de prote o integral de forma autorit ria desconsiderando a presen a da popula o local no territ rio do PARNA da perda dos territ rios de ro as e pasto do despreparo dos rg os ambientais para lidar com a popula o local da falta de intera o entre o conhecimento cient fico e o tradicional na elabora o de normativas ambientais de alternativas efetivas e compat veis com o modo de vida da popula o que continuou a exercer suas atividades tradicionais Essa uma situa o bastante complexa pois trata da sobreposi o de dois bens tutelados const
268. munidades de Serra Negra e Vargem Grande o conflito socioambiental com o Parque Nacional do Itatiaia e as expectativas dessas comunidodes a partir da percep o de seus moradores manifestadas durante as reuni es realizedos Fa o uso des falas nativas com o intuito de dar visibilidade tens o existente entre os moradores o Parque Nacional do Itatiaia em raz o do sobreposi o de territ rios e 5 234 235 do afirma o de seus direitos terra que ocupam Ressalto que foi de fundamento import ncia o apoio do condutor do ve culo disponibilizado pela PRM Pouso Alegre Carlos S rgio que me acompanhou no trabalho de campo tendo em vista o seu conhecimento da regi o 2 O contexto de cria o do Porque Nacional do Itatiaia O Parque Nacional do Itatiaio a primeiro Unidade de Conserva o brasileira Foi criado pelo Decreto Federal n 1713 em 14 de junho de 1937 pelo presidente Get lio Vargas com uma rea de 11943 ha nas terras que eram de propriedade do Visconde de Maua Em 20 de setembro ce 1982 foi ampliado para 30 000 ha i O PARNA do Itatiaia esta localizado na Serra da Mantiqueira uma cadeia montanhosa com quase 3 000 metros de altitude que se estende pelos estados de S o Paulo Minas Gerais e Rio de Janeiro Fico a sudoeste do Estado do Rio de Janeiro em terras dos munic pios de Resende e de Ifaticia e ao sul de Minas Gerais abrangendo os municipios de Itamonte Alagoa e Bocaina de Minas Pos
269. n veis IRVING 2009 p 110 Na an lise de Coriolano et al 2009 o surgimento do modelo de turismo comunit rio emerge de disputas pela posse e uso da terra como ocorre no caso de uma comunidade de pescadores conhecida como Tatajuba no munic pio de Camocim litoral a oeste de Fortaleza Cear A comunidade de Tatajuba vive em situa o de conflito fundi rio em rela o a grileiros especuladores e imobili rias que utilizam mecanismos escusos para obterem a posse indevida de terras De 138 acordo com os autores essa apropria o por vezes ocorre a partir da ingenuidade das pessoas que acreditam no dono fantasma e se desfazem de suas propriedades e desarticulam seus modos de vida e ou tomam consci ncia e resistem press o de empresas imobili rias que desagregam fam lias dividem residentes e levam alguns a mudarem de ocupa o CORIOLANO et al 2009 p 208 209 Uma das poss veis estrat gias de resist ncia das popula es residentes nas comunidades da parte alta do PNI como o caso da Serra Negra e da Vargem Grande pode ser a implementa o do turismo comunit rio pois as press es exercidas pelo capital e pelas pol ticas p blicas que promovem a atra o de investimentos externos e a reestrutura o dos territ rios sem considerar a quest o ambiental desfavorecem a mobiliza o e a organiza o da comunidade As comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande buscam alguma estrat
270. na Parte Alta 4 Voc acredita que o desenvolvimento da atividade tur stica praticada pelos moradores da parte alta pode favorecer a gest o ambiental Por que Em caso afirmativo quais sugest es voc pode dar para contribuir para o desenvolvimento do turismo ecol gico na parte alta 5 Qual o plano de aplica o dos recursos arrecadados por meio da compensa o ambiental para resolver a quest o fundi ria da parte alta do parque 6 A regulariza o fundi ria na parte alta deve ocorrer em virtude somente da legisla o ou por crit rios ecossist micos 7 O PNI pode ser beneficiado com a desapropria o de terras da parte alta ANEXO A Laudo da per cia antropol gica realizada pelo MPF MG 232 LO VU MINIST RIO P BLICO FEDERAL 6 C mara de Coordesa o e Revis o Endi os e Minorias Parecer n 095 2011 Brasilia DF 30 de novembro de 2011 Refer ncia F nix 3004 2010 Interessado Jos Lucas Perroni Kalil Procurador da Rep blica na PRM Pouso Alegre MG Destinat rio Aur lio Virg lio Veiga Rios Subprocurador Geral da Rep blica Membro da 6 CCR Outros Popula es no interior do Parque Nacional do Itatiaia ICP n 122 013 000361 2009 31 PRM PSA MG 1 Introdu o Este parecer trata da solicita o do Dr Jos Lucas Perroni Kali Procurador da Rep blica no Munic pio de Pouso Alegre para realiza o de per cia antropol gica para verificar se as popula es
271. na do Maromba a 1 100m de altitude e Cachoeira V u de Noiva localizada a 1 150m de altitude famosa pelos seus 40m de queda d gua No percurso desse rio ainda poss vel localizar outras piscinas e lagos naturais dentre eles o Lago Azul a 750m de altitude em meio floresta PNI 2011 Figura 10 Nascente do rio Campo Belo E Foto O autor 2010 70 Figura 12 Cachoeira V u de noiva Foto O autor 2012 Figura 13 Rio Campo Belo visto do Mirante do ltimo Adeus Parte Baixa N a ar Foto O autor 2007 71 72 De igual modo a caracteriza o da vegeta o do PNI se d em linhas gerais a partir dos n veis de altitude como demonstra os estudos empreendidos por Tomzhinski conforme o sistema de classifica o proposto no Manual T cnico da Vegeta o Brasileira IBGE 1991 a vegeta o do Itatiaia se distribui em Floresta Ombr fila Densa Montana at a altitude de 1 500 m Floresta Ombr fila Densa Alto Montana acima de 1 500 m de altitude Floresta Ombr fila Mista Montana em altitudes de cerca de 1 200 m com a presen a de Araucaria angustifolia e Floresta Estacional Semidecidual Montana na vertente continental do parque SANTOS amp ZIKAN 2000 Segundo Brade 1955 as matas higr filas subtropicais mostram principalmente acima dos 1 700 m composi o e aspecto bastante diferentes com rvores de porte mais baixo entremeadas com uma vegeta o arbustiva e
272. nais porventura residentes na rea as condi es e os meios necess rios para a satisfa o de suas necessidades materiais sociais e culturais 108 contemplado no zoneamento Em s ntese as terras incorporadas ao territ rio do PNI n o possuem Plano de Manejo at 2012 Atualmente o Plano de Manejo do PNI passa por processo de revis o e no ano de 2012 quando a unidade celebrou 75 anos estava prevista a conclus o do documento Assim o zoneamento e a caracter stica de utiliza o e prote o de cada rea da unidade deve ser apontada de forma a permitir o desenvolvimento de pr ticas tur sticas e de uso p blico formas de organiza o normas e crit rios de controle das atividades As a es de prote o ambiental como reas priorit rias e caracter sticas de conserva o de esp cies tamb m devem ser apontadas pelo novo Plano de Manejo As caracter sticas do PNI no que diz respeito s oportunidades de visita o considerando a parte baixa e a parte alta do parque deixam transparecer a possibilidade de implementa o de diferentes servi os e modalidades de delega o para a sua formaliza o A parte baixa apresenta um maior fluxo de visitantes e consequentemente requer uma maior concentra o de infra estrutura compat vel com o perfil e as necessidades da visita A parte alta do parque mais procurada por montanhistas e escaladores menos visitada e tem pouca infra estrutura Assim o desenho dos servi os
273. naram se irregulares a partir da publica o de um decreto que amplia a rea de um parque nacional e do estabelecimento de uma legisla o que torna ilegal propriedades privadas em reas criadas como parque nacional O mapa 4 detalha a situa o fundi ria do PNI bem como os limites iniciais da cria o da unidade em 1937 e a rea ampliada em 1982 Assim o Estado enquanto ator social o primeiro agente a descumprir suas obrigatoriedades inclusive de indeniza o justa express o constante na legisla o do SNUC que em caso de desapropria o estabelece a necessidade dessa indeniza o Resta saber assim como em rela o sustentabilidade justa para quem Loureiro ressalta que se deve ter cuidado para n o generalizar no estabelecimento de regras ao afirmar que frequente em estudos ambientais variados se ler uma lista de impactos ambientais tendo como causa os chamados efeitos antr picos Ou seja efeitos da a o humana Mas qual homem e mulher Todos igualmente Quem causa o qu Quem gera o qu Nunca se fala isso 2012 p 25 90 Mapa 4 Mapa da situa o fundi ria com limites do PNI de 1937 e amplia o e incorpora o de propriedades em 1982 MAPA DA SITUA O FUNDI RIA Legenda Parque Nasonal do hatua Entomo de 3 um O mina do PNI em 1997 PROSE O UNIVERDAL TRANDVERDA CHE MERCATORA BAGAS PUC Fina 7 fow on deae Las cho PA debario a punto ds Decreto EO S
274. nas formas de abordagem h uma converg ncia no entendimento de que o conflito no contexto de cria o de reas protegidas est relacionado a um modelo que preconiza a prote o ambiental em prol da sociedade urbana e desconsidera a complexidade da apropria o dos recursos naturais pelos diferentes grupos humanos As perspectivas desses autores contribuem para a minha pr pria abordagem do caso do PNI como tamb m ocorre com aqueles que seguirei apresentando aqui Na cr tica de Botelho 2009 p 43 a institucionaliza o de parques em um determinado territ rio implica formas distintas de apropria o material e simb lica de uma mesma unidade territorial compartilhada e portanto desencadeia contrariedades entre os atores sociais com rela o s novas regras de uso e apropria o do territ rio O conflito em parques surge ent o a partir do confronto de 101 pr ticas valores e interesses com rela o ao territ rio protegido parque estabelecido em um campo de for as que busca legitimar as diferentes formas de apropria o t cnica social cultural e simb lica do territ rio em disputa De acordo com Barbanti Jr 2001 p 7 os conflitos envolvem interesses que v o do individual ao coletivo numa mesma situa o Nessa perspectiva os conflitos sociais e ambientais necessitam de uma compreens o mais aprofundada das caracter sticas que os comp em Pensando da mesma forma Carneiro 2005 p 36 sugere um e
275. nce de Angra dos Reis e Parmy E bs margens dessas trilhos foram se estabelecendo pequenas ireas de ocupa o destinadas ao abastecimento e pouso dos tropeiros que transportavam o ouro das minas para 0 litoral Alguns desses ranchos PANE DEAN MRE E A como caso por exemplo da cria o de Recende datada 1744 Com o espotumento das minas de ouro esses ranchos teriam descido definitivamente a serra procorando terras onde pudessem se inctalar Esse periodo marca wma fase iie transi o econ mica passando ds agricultira e pecu ris de subsist ncia que predominou entre os primeiros runcheiros para o aparecimento das grandes fazendas de cana de u cas e caf sendo a primeira atividade logo superada pels segunda desativando 04 poucos engenhos que chegaram a surgir Com o inicio do cielo da Caf no Final do sisolp XVIL ass encostas dos muros do Vele do Paraiba do Sul sungiram grandes fazendas Cachoeira n Harinia a Belos Prados Campo Beto da Serra a Fazendinha e a de Irineu Evaspelisia de Souss o Bar o de Mau A cafescultura degradou grande parte da Mats Atl ntica g 3 nica regi o que permaneceu preservada foi a Apesar das tentativas frustradas de coloniza o pelos europeus no s c XIX a rea do Bardo de Mau n o for degradada foi onde o Parque Nacional do ltutinis se instalou A Ocupa o do vale da Paraiba do Sul se imensificou partit desse s culo XIX e resulton ma forma o da maioria dos municipios que hoje comp
276. ncestral e econ mica utilizando conhecimentos inova es e pr ticas gerados e transmitidos pela tradi o e dependem de seus territ rios tradicionais os espa os necess rios reprodu o cultural social e econ mica dos povos e comunidades tradicionais sejam eles utilizados de forma permanente ou tempor ria e fazem uso equilibrado dos recursos naturais voltado para a melhoria da qualidade de vida da presente gera o garantindo as mesmas possibilidades para as gera es futuras art 3 do Decreto n 6 040 As unidades familiares das comunidades de Vargem Grande e Serra Negra utilizam terras tradicionalmente ocupados h mais de um s culo por meio da propriedade ou da posse praticando atividades de subsist ncia agricultura e pecu ria leiteira extensiva pare o suo reprodu o social Dessa maneira assegurar o acesso ao territ rio a essos popula es significa manter suas pr ticas sociais seus modos tradicionais de produ o e manejo dos recursos naturais desenvolvidos ao longo de gera es e adaptados s condi es ambientais locais al m da dimens o simb lico do territ rio que expressa os acontecimentos que mant m viva a mem ria do grupo e os identifica como comunidades 29 Diegues CA O mito da natureza intocada S o Paulo Hucitec 1996 1 87 31 de Vargem Grande e Serra Negra Milton Santos afirma que a principal forma de rela o entre o homem e a noturezo ou melhor entre o homem e o m
277. ncia no uso dos recursos naturais setor desenvolvimentista assim como das ideias preservacionistas escola est tico ecol gica que asseguravam a inviolabilidade dos parques nacionais Tal perman ncia contribuiu para fundamentar o movimento ambientalista emergente nos anos 60 e 70 O modelo de conservacionismo norte americano se espalhou rapidamente pelo mundo recriando a dicotomia entre povos e parques com efeitos devastadores sobre as popula es tradicionais sobretudo nos pa ses do Terceiro Mundo Essa inadequa o aliada a outros fatores como por exemplo graves conflitos fundi rios corporativismo de administradores expans o urbana profunda crise econ mica e crescente d vida externa est o na base do que se define como a crise da conserva o Embora o modelo de Yellowstone tenha se espalhado por todo o planeta enquanto pol tica de prote o ambiental os estudiosos dessa mat ria apresentam os desgastes e as contradi es desse modelo e apontam para uma aproxima o entre sociedade e natureza em conviv ncia de equil brio entre a utiliza o dos recursos naturais para o atendimento s necessidades humanas em sua complexidade sociocultural expressa nos diferentes grupos humanos historicamente constitu dos e a conserva o ambiental por meio da reprodu o de esp cies de fauna e flora prote o dos recursos h dricos e demais componentes ecossist micos Em todo o mundo utiliza se a cria o
278. ncial que desempenhem papel fundamental na prote o da natureza e na manuten o da biodiversidade p 220 Para a autora essa an lise fundamental pois este o sentido empregado em outras normas que tratam deste assunto Assim a defini o de popula o tradicional com a finalidade de prote o ambiental assinalada por diferentes normas jur dicas somente ser aplic vel s popula es tradicionais que suas a es produzam baixo impacto e ou contribuam para a prote o da biodiversidade Leuzinger 2007 A legisla o que trata do assunto prossegue no entendimento da express o tradicional Isso pode ser observado na Lei n 11 284 2006 que disp e sobre a gest o de florestas p blicas para a utiliza o sustent vel onde a defini o apresentada no art 3 inciso X popula es tradicionais e outros grupos humanos organizados por gera es sucessivas com estilo de vida relevante conserva o e utiliza o sustent vel da diversidade biol gica Nesta norma jur dica portanto condi o para ser considerada popula o tradicional o estilo de vida de grupos comprometidos com a conserva o e utiliza o sustent vel da biodiversidade Este comprometimento de tais grupos condi o tamb m observada na tradu o da Conven o da Diversidade Biol gica CDB ratificada pelo Brasil em 1994 Nesta norma ao tratar da conserva o in situ em seu artigo 8 o texto afirma popula o r
279. nciso VIII a promo o de pesquisas que possam subsidiar as etapas do termo 131 de compromisso Em minha pesquisa sobre esta abordagem n o foram encontrados estudos que pudessem ser utilizados para esta finalidade salvo a per cia antropol gica solicitada e realizada pelo Minist rio P blico Federal Sendo assim faz se necess rio nesta tese dialogar com este laudo pericial Esta tese n o tem o objetivo de se tornar refer ncia para a elabora o dos termos de compromisso entre o ICMBio e a popula o residente das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande Entretanto apresenta elementos que podem contribuir para subsidiar a elabora o dos termos de compromisso preconizados pela IN 26 2012 no mbito do PNI objetivo desta tese Sobre o desenvolvimento de algum tipo de trabalho que considere a sustentabilidade ambiental e a coexist ncia da presen a de popula es residentes nos limites territoriais da UC a IN 26 2012 disp e que devem ser promovidas atividades como avalia o da necessidade e se pertinente proposi o de alternativas de trabalho e renda com atividades de baixo impacto ambiental para melhoria das condi es de qualidade de vida das fam lias Neste caso o turismo se apresenta como uma alternativa interessante se planejado para ocorrer de maneira sustent vel com os princ pios do ecoturismo e colocado em pr tica por meio de a es locais e comunit rias Trata se de um tema espec fi
280. ndas em torno dos recursos naturais e do territ rio Esses atores precisam ser tamb m conhecidos nas suas intera es sociais por meio de seus discursos entendidos luz das bases culturais e pol ticas que conferem a cada um dos grupos envolvidos cotas distintas de poder que podem ser ocultas ou expl citas Investigar os diferentes grupos requer que o etn grafo pesquisador estabele a um di logo imparcial com todos esses grupos no intuito de entender os respectivos pontos de vista V se ent o que a etnografia dos conflitos socioambientais possui segundo Little 2006 um foco espec fico que a direciona para o estudo dos conflitos em si e 106 para as m ltiplas intera es que o fundamentam lidando com os diferentes grupos sociais envolvidos no conflito grupos esses articulados em v rios n veis sociais O desequil brio entre os interesses dos agentes em a o nas unidades de conserva o nos casos que possuem comunidades que as habitam cria uma situa o de conflitos sociambientais que no Brasil t m se multiplicado nos casos em que os objetivos de conserva o n o s o cumpridos pelas popula es locais que exploram a natureza muitas vezes de forma sustent vel para garantir sua condi o sociocultural De acordo com Arruda 1999 no Brasil h aberturas no modelo pautado na hegemonia da pol tica conservacionista nacional Embora essa abertura seja t mida ela encontra se corporificada na cria o das reservas
281. ndida como uma conclus o democr tica do processo de ambientaliza o pensado tamb m a partir das caracter sticas do lugar do seu contexto e momento hist rico De acordo com Loureiro 2004 no Brasil a quest o ambiental entra para o debate a partir da d cada de 1980 por meio da atua o crescente das organiza es ambientalistas e da amplia o da produ o acad mica Nesse contexto a garantia constitucional prote o ambiental expressa na Constitui o de 1988 pelo artigo 225 A Constitui o garante a representa o popular em seu artigo 1 ao prever que todo poder emana do povo que o exerce indiretamente atrav s de seus representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Constitui o por meio da possibilidade de cria o de meios de participa o popular plebiscito referendo 84 iniciativa popular de lei audi ncias p blicas conselhos comit s f runs or amento participativo ouvidorias etc Com rela o ao meio ambiente o artigo 225 refor a a participa o popular ao impor ao poder p blico e coletividade o dever de defend lo e preserv lo para as presentes e futuras gera es A garantia constitucional oferece portanto aos sujeitos coletivos a possibilidade de exigir perante a lei prote o ambiental LOUREIRO E CUNHA 2008 Os espa os sociais de circula o de discursos e pr ticas relacionadas prote o ambiental s o marcados pela associa o se
282. ndo das ci ncias naturais que n o apenas desconhece mas despreza o conhecimento tradicionalmente acumulado Em lugar da etnoci ncia instala se o poder da ci ncia moderna com seus modelos ecossist micos com a administra o moderna dos recursos naturais com a no o de capacidade de suporte baseada em informa es cient ficas na maioria das vezes insuficientes p 71 Na mesma linha de pensamento Arruda 1999 p 90 defende que a cria o de unidades de conserva o no estilo jardim zool gico resguarda somente uma parte das reas intocadas sendo por isso um recorte insuficiente para a 102 reprodu o integral dos ecossistemas para a manuten o da biodiversidade e da pluralidade cultural Sendo assim a concep o de parques nacionais como ilhas de natureza ou jardim zool gico vem sendo questionada sob os aspectos pol tico econ mico e social para a determina o de pol ticas p blicas de ordenamento territorial tra adas no interior das unidades de conserva o Embora ainda com foco conservacionista est o sendo pensadas estrat gias participativas para essas reas que estabelecem regras de uso e de apropria o para as comunidades de dentro ou do entorno dos parques nacionais Dessa maneira de acordo com Simon 2003 p 126 preciso visualizar os parques como s cio espa os impregnados de rela es sociais complexas que carregam diferentes representa es de natureza e
283. neiro Edi es 70 1969 LEUZINGER M rcia D Natureza e cultura direito ao meio ambiente equilibrado e direitos culturais diante da cria o de unidades de conserva o de prote o integral e dom nio p blico habitadas por popula es tradicionais Tese Doutorado UNB CDS Bras lia DF 2007 LOUREIRO Carlos Frederico Bernardo CUNHA Cl udia Concei o Educa o ambiental e gest o participativa de unidades de conserva o elementos para se pensar a sustentabilidade democr tica Ambiente amp Sociedade Campinas SP v 11 n 2 p 237 253 jul dez 2008 LOUREIRO C F B Educa o ambiental e gest o participativa na explicita o e resolu o de conflitos Gest o em A o Salvador v 7 n 1 p 1 16 jan abr 2004 LOUREIRO C F B Sustentabilidade e educa o um olhar da ecologia pol tica S o Paulo Ed Cortez 2012 LUCHIARI Maria Tereza Duarte Paes A re significa o da paisagem no per odo contempor neo In ROSENDAHL Zeny CORREA Roberto Lobato Org Paisagem imagin rio e espa o Rio de Janeiro Eduerj 2001 p 9 28 MACHADO Paulo Affonso Leme Direito Ambiental Brasileiro S o Paulo Malheiros Editores 2006 MANNING R VALLIERE W MINTEER B Values ethics and attitudes toward national forest management Society and Natural Resources v 12 n 5 p 421 436 1999 MART NEZ ALIER Jos JUSMET J R Econom a ecol gica y pol tica ambiental 2 ed M xico Fondo
284. nerg tica de Minas Gerais Constitui o Federal da Rep blica Federativa do Brasil de 1988 Conserva o Internacional Centro Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico Centro de Recupera o de Itatiaia Ex rcito Brasileiro C mara T cnica de Educa o Ambiental do CCPNI C mara T cnica de Montanhismo e Ecoturismo do CCPNI Empresa Brasileira de Extens o Rural Este Nordeste ponto sub colateral Estados Unidos da Am rica Funda o Pr Natureza Hectares International Aviation Transport Association Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov veis Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica Instituto Chico Mendes de Conserva o da Biodiversidade Instituto Mineiro de Agropecu ria Instituto Nacional de Coloniza o e Reforma Agr ria Uni o Internacional para Conserva o da Natureza Minist rio do Desenvolvimento Agr rio Minist rio do Desenvolvimento Social e Combate Fome MEC MG MMA MPF NE PA PB PBF PICDT PN PNI PPG MA RJ SISBIO SNUC UERJ UC UFRJ UFRRJ UNA OMT ONU Minist rio da Educa o Minas Gerais Minist rio do Meio Ambiente Minist rio P blico Federal Nordeste Parte Alta do Parque Nacional do Itatiaia Parte Baixa do Parque Nacional do Itatiaia Programa Bolsa Fam lia Programa Institucional de Capacita o Docente e T cnica Parque Nacional Parque Nacional do Itatiaia P
285. nfer ncia realizada na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro Em 1937 o ent o presidente Get lio Vargas cria o primeiro parque nocional do Brasil nas terras do bar o de Mau que continuavam ambientalmente preservados A amplia o do Parque Nacional do Itatiaia em 1982 incorporou uma rea J ocupada desde a d cada de 30 por fazendas agropecu rias s tios hot is pousadas e comunidades locais e ainda n o desapropriadas at os dias de hoje Como o Parque uma unidade de conserva o de prote o integral que tem como objetivo preservar a natureza admitindo apenas o uso indireto dos seus recursos naturais criou se um conflito socioambiental com as popula es locais de Serra Negra Vargem Grande Frag ria e Campo Redondo formadas pelos descendentes dos pioneiros que fundaram esses povoados h mais de cem anos produzindo queijos principalmente o queijo parmes o na regi o chamada por muitos de mar de morros Esses descendentes s o os moradores das comunidades locais de Vargem Grande e Serra Negra localizadas na microbocia do alto rio Aiuruoca cuja altitude varia de 1 500 a 2 600 metros nos biomas de Campos de Altitude e Mata Atl ntica 7 Asexo 3 Mapa do Parque Nacional do ltatizia incintindo nes limites das comunidades do cosmo Anexo Mapa das comunidades locais inseridas pr ximas do Parque Nacional do Itainia 9 iii uu messa ani som ier ghp dormi e hipi labeiomsnunims cols oeralo pintas e
286. nflitos socioambientais Belo Horizonte Aut ntica 2005 p 49 64 226 AP NDICE A Question rio Pequenos produtores rurais do entorno da Parte Alta do PNI N Data Nome Idade Em rela o propriedade Como voc adquiriu sua propriedade heran a compra financiamento rural Outra Quando Sede madeira alvenaria pau a pique Outra Qual o tamanho da propriedade Possui Curral sim n o Moinho sim n o Chiqueiro sim n o Galinheiro sim n o Outras benfeitorias A casa tem fossa sim n o eletricidade sim Jn o telefonia sim n o nascente de gua pot vel sim n o fog o de lenha sim n o saneamento b sico sim n o Em rela o fam lia Composta de pessoas A segunda gera o permanece na terra sim n o Por que Se houvesse alternativa de trabalho os filhos permaneceriam Possui ve culo pr prio sim n o Em caso afirmativo o ve culo utilizado como instrumento de trabalho sim n o Em rela o produ o Qual atividade produtiva principal garante a sobreviv ncia da fam lia agricultura pecu ria outra especificar Tem outra atividade produtiva sim n o Quais Qual a produtividade Como comercializada cooperativa outra qual Trabalha com turismo sim n o Qual atividade
287. nfoque cr tico para reconfigurar a quest o ambiental pautando a no o de conflitos ambientais como uma disputa que perpassa a estrutura social dominante que op e grupos sociais que possuem condi es assim tricas de poder lutam pela atribui o de distintos significados e usos s condi es naturais territorializadas Para ele os conflitos ambientais seriam aqueles caracterizados pela disputa de diferentes agentes de um ambiente espec fico para usos determinados O modelo de prote o ambiental livre da presen a e ocupa o humana passou a ser debatido em todo o mundo A expuls o de moradores do interior das unidades de conserva o vista n o apenas como expropria o e causadora de danos sociais maiores mas danosa pr pria conserva o ambiental em fun o da nega o dos saberes acumulados das popula es que residem em determinado ambiente h v rias gera es Nos estudos de Diegues 2008 esse contexto configura o confronto entre dois saberes o tradicional e o cientifico moderno De um lado est o saber acumulado das popula es tradicionais sobre os ciclos naturais a reprodu o e migra o da fauna a influ ncia da lua nas atividades de corte da madeira da pesca sobre os sistemas de manejo dos recursos naturais as proibi es do exerc cio de atividades em certas reas ou per odos do ano tendo em vista a conserva o das esp cies De outro lado est o conhecimento cient fico oriu
288. no Parecer 095 2011 do MPF Ao relatar a hist ria da presen a humana na parte alta do PNI a autora explica que como o Parque uma unidade de conserva o de prote o integral que tem como objetivo preservar a natureza admitindo apenas o uso indireto dos seus recursos naturais criou se um conflito socioambiental com as popula es locais de Serra Negra Vargem Grande Frag ria e Campo Redondo formadas pelos descendentes dos pioneiros que fundaram esses povoados h mais de cem anos produzindo queijos principalmente o queijo parmes o na regi o chamada por muitos de mar de morros Esses descendentes s o os moradores das comunidades locais de Vargem Grande e Serra Negra localizadas na microbacia do alto rio Aiuruoca p 9 10 O avan o da regulariza o fundi ria recha ado e a perspectiva de enfrentar as investidas do PNI manifestada com poucas varia es nas falas de diversos moradores Eu acho que n o acontece nada n o Eles exigiram o documento da terra mas a todo mundo mostrou a eles deixaram quieto A gente n o vai sair daqui n o A gente n o tem pra onde ir n o Nem bem vendido a gente n o quer n o Isso errado n Quem tem o documento da terra n o pode ser desapropriado porque paga o imposto certinho tem tudo certinho Tamb m a ancestralidade afirmada N o vai n n s tem o documento da terra n o vai tirar a gente Meu pai nasceu aqui meu av tam
289. nologia relativamente simples de impacto limitado sobre o meio ambiente import ncia dada unidade familiar e s rela es de parentesco ou compadrio para o exerc cio das atividades econ micas sociais e culturais conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflete na elabora o de estrat gias de uso e de manejo dos recursos naturais 39 Conforme esclarece Santilli 2005 p 188 o Direito d os primeiros passos para a formula o de uma defini o de popula es tradicionais nesse campo do saber e a imprecis o do conceito tem dificultado sua ampla aceita o em mbito jur dico Para essa autora mesmo o conceito desenvolvido pelas ci ncias sociais s pode ser compreendido com base na interface entre biodiversidade e sociodiversidade para aplica o na rea jur dica A express o povos tradicionais aparece no documento das Na es Unidas Nosso Futuro Comum de 1987 em refer ncia s minorias culturalmente distintas da maioria da popula o que est o quase que inteiramente fora da economia de mercado Uma interpreta o mais ampla necess ria para incorporar sociedades minorit rias que t m as caracter sticas dos grupos tradicionais incluindo um corpo de conhecimento tradicional do ambiente e seus recursos e que ainda n o est o intimamente ligados economia de mercado p 25 apud DIEGUES 2008 p 106 No Brasil na relatoria do Projeto de Lei do SNUC da
290. nsciente que n o de modo algum uma moda p s moderna passageira mas um caminho em dire o a uma modernidade alternativa baseada na defesa da biodiversidade agr cola e das pr ticas agron micas sensatas 1997 p 224 A mesma ideia compartilhada por Zhouri quando afirma que os conflitos decorrentes denunciam contradi es em que as v timas das injusti as ambientais n o s s o verdadeiramente exclu das do chamado desenvolvimento mas assumem todo o nus dele resultante os exclu dos n o se constituem como v timas passivas do processo e v m se organizando em variados movimentos associa es e redes apresentando se como portadores de outros projetos de vida e intera o com o meio ambiente ZHOURI 2008 p 105 Nos dias atuais a quest o ambiental compreendida sob a perspectiva sociol gica designa a ado o de diversos discursos ambientais por parte de diferentes grupos sociais que visam a legitimar suas pr ticas sejam institucionais pol ticas cient ficas dentre outras e instauram disputas de legitimidade que buscam caracterizar as diferentes pr ticas como ambientalmente benignas ou danosas ACSELRAD 2010 p 103 Essas pr ticas d o origem a novas e retomam antigas quest es ambientais que v o sendo expostas opini o p blica e unificadas sob a chancela de prote o ao meio ambiente Esse contexto faz surgir segundo Acselrad 2010 a busca pela justi a ambiental ente
291. nselho Consultivo do PNI promove capacita o e educa o continuada sobre os princ pios b sicos da gest o ambiental relacionados ao turismo objetivando instrumentalizar os usu rios as entidades da sociedade civil e os rg os governamentais para que compreendam o PNI como unidade de planejamento e gest o e para que exijam do Estado o seu desenvolvimento integral Quanto situa o fundi ria Sim Outras considera es 1 O Conselho Consultivo do PNI tem discutido no processo de revis o do Plano de Manejo alternativas para solucionar a quest o fundi ria na parte alta do PNI 2 O Conselho Consultivo do PNI tem tomado provid ncias no sentido de cumprir o artigo 11 da Lei Federal 9985 2000 que preconiza a desapropria o e a indeniza o 3 O Conselho Consultivo acompanha processo de regulariza o fundi ria 4 O Conselho Consultivo do PNI controla a destina o dos recursos arrecadados por meio da compensa o ambiental Em caso afirmativo comente 5 O Conselho Consultivo do PNI desenvolve a es que integram setores como turismo e educa o ambiental com vistas a garantir maior efic cia em termos de gest o dos recursos ambientais do PNI 6 Voc conhece algum estudo do PNI sobre poss veis impactos 230 ambientais causados pela presen a de moradores na parte alta Quanto ao Turismo Sim N o Outras considera es 1
292. nte em muitos conflitos ao longo da Hist ria e nos dias atuais O autor esclarece quem seriam os sujeitos e personagens ao bl aa ds redor do mundo que poderiam receber o r tulo de ecologistas ao questionar por acaso n o tem sido ecologistas os camponeses de Salinas na prov ncia de Bol var os quais embora sem o apoio das pr prias autoridades municipais impediram a minera o pela empresa Rio Tinto em seu territ rio E os habitantes da Amaz nia que reclamam contra os derramamentos de petr leo E a popula o pobre e negra da prov ncia de Esmeraldas no litoral mulheres em sua maioria que est na vanguarda pela defesa dos manguezais e contra a ind stria do camar o como ocorre em tantos outros lugares do mundo MART NEZ ALIER 1997 p 221 O autor cita diversos outros exemplos do que considera ambientalismo dos pobres destacando o que considera serem ambientalistas ou ecologistas embora os sujeitos na maioria das vezes ignorem essas terminologias 83 A contribui o da quest o ecol gica no campo da justi a ambiental sobre as a es de mobiliza o social para enfrentar a hegemonia do capital pode ser observada quando se analisa as conex es entre o local e global Para Mart nez Alier a expans o destrutiva da agricultura moderna com seu uso intensivo de combust veis f sseis al m de biologicamente simplificada tem produzido um movimento de agro ecologia camponesa autoco
293. ntre o Estado por meio do rg o ambiental e as fam lias residentes nas comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande no munic pio mineiro de Itamonte na parte alta do PNI Esta proposta apoia se nas an lises empreendidas nos cap tulos anteriores de acordo com o que foi investigado e diagnosticado na pesquisa de campo e convergente com a legisla o ambiental brasileira Apresenta uma alternativa produtiva sustent vel e de baixo impacto ambiental por meio do desenvolvimento de a es de turismo de base comunit ria Arranjo institucional A elabora o de um arranjo institucional no Parque Nacional do Itatiaia em prol de uma melhor conviv ncia entre os moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande com o poder p blico federal representado pelo MMA ICMBio PNI passa pela constru o de um documento que contemple as garantias culturais e de sobreviv ncia s comunidades por um lado e do direito prote o ambiental que garanta a exist ncia do PNI naquele local com regras que possam ser cumpridas e respeitadas por estes atores sociais envolvidos diretamente e outros indiretamente Algumas quest es surgem a partir da an lise do conflito a Instalados naquele territ rio h mais de um s culo sendo a rea preservada nos dias atuais n o estariam tais comunidades em condi o de equil brio ambiental com o meio b Essas comunidades degradam a natureza ou auxiliam na sua prote o c Sendo a UC cat
294. ntre os meses de junho e setembro e com ver es brandos e chuvosos e inverno seco abaixo de 1600m Figura 7 Agulhas Negras Foto O autor 2010 Figura 8 Prateleiras Foto O autor 2007 67 68 Na Parte Baixa o per odo chuvoso do ver o continua no outono e enxurradas ocorrem nas cachoeiras e nas piscinas naturais com forma o de cabe as d gua e temperaturas variando de 10 Ca 28 C A capilaridade hidrol gica no territ rio do PNI chama a aten o pois este parque possui 12 nascentes de rios Campo Belo Taquaral Tapera Alambari Aiuruoca Maromba Itaporani Rebou as Bonito gua Branca Preto e Agulhas Negras Essas guas contribuem para a forma o de duas importantes bacias hidrogr ficas do sudeste brasileiro a do rio Para ba do Sul e a do rio Paran Mapa 1 Hidrografia do PNI MAPA DE HIDROGRAFIA r iea o oaee e e a e a e le IA P TE ce K PO 5 hA p vo AMAS Ez w PAN PA Gak id zy hd 4 d A Ly er Bam Meeagr tcas traro vim 3 mom m mese fracas du tt PRICLIE O Lita RANT VERSA CE MERO Atom Fonte TOMZHINSKI 2012 69 Figura 9 Rio Aiuruoca Planalto do PNI Foto O autor 2012 O principal rio que drena o PNI o Campo Belo que al m de abastecer o munic pio de Itatiaia e formar o rio Salto constitui as cachoeiras Itaporani Piturendaba Poranga e Tupie O Ribeir o das Flores principal afluente do Campo Belo d origem Pisci
295. ntropol gicos v 9 n 20 p 205 224 out 2008 PRADO Rosane M De praias que viram morros deslocamento de popula o na Ilha Grande In CARNEIRO Sandra de S SANT ANNA Maria Josefina Org Cidade olhares e trajet rias Rio de Janeiro Garamond 2009 PRADO Rosane M Viagem pelo conceito de popula es tradicionais In STEIL Carlos Alberto CARVALHO Isabel Cristina de M Org Cultura percep o e ambiente di logos com Tim Ingold S o Paulo Terceiro Nome Capes 2012 RICHTER M Geotecnologias no suporte ao planejamento e gest o de unidades de conserva o estudo de caso Parque Nacional do Itatiaia 2004 Disserta o Mestrado em Geografia Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2004 ROCHA Leonardo G M da DRUMMOND J A GANEM R S Parques Nacionais Brasileiros problemas fundi rios e alternativas para resolu o Revista de Sociologia e Pol tica Curitiba v 18 n 36 p 205 226 jun 2010 RODRIGUES Camila Gon alves de Oliveira O uso do p blico nos parques nacionais a rela o entre as esferas p blica e privada na apropria o da biodiversidade 2009 Tese Doutorado UNB Bras lia DF 2009 RIOS A V V IRIGARAY C T H Org O Direito e o desenvolvimento Sustent vel curso de Direito S o Paulo Peir polis Bras lia DF Instituto Internacional de Educa o do Brasil 2005 RUSCHMANN Doris van de Meene Turismo e planejamento sustent vel a
296. o IBAMA como tamb m para se referirem ao Parque A quest o ambiental merecedora de cuidados na opini o dos moradores mas quando se fala de desapropria o a discord ncia se torna evidente Quando pergunto o que se pretende fazer se ocorrer a desapropria o a convic o de que n o ser f cil ou simplesmente de que n o pode ocorrer Na fam lia 7 refutada a desapropria o da rea e o morador afirma N o tem como n J falaram disso l em Bras lia mas a Presidente disse que n o pode n Pra onde que vai levar esse pessoal todo S se eles pagar n mas n o tem como n Mesmo assim pergunto o que se vai fazer 3 D cada de 30 do s culo XX anos 1930 182 se ocorrer a desapropria o Com muita serenidade o morador responde N o vai acontecer isso n o e oferece um caf encerrando a conversa Perguntados se o conselho consultivo do PNI tem discutido no processo de revis o do Plano de Manejo alternativas para solucionar a quest o fundi ria na parte alta do PNI os conselheiros entrevistados responderam de tr s modos variados 1 De uma forma pouco precisa desconhe o houve v rias reuni es neste sentido 2 De forma afirmativa alguns sem mais coment rios e outros com adendos foi levado por uma ex conselheira e pelo presidente a possibilidade de utilizar o instrumento da Reserva Legal conforme o modelo de MG Aqui a conselheira em quest o represen
297. o queijeiro que se trata de um dos moradores que recolhe diariamente a produ o de casa em casa e revende nos pontos de venda principalmente em Visconde de Mau Maromba e Maring uma fam lia fornece para a Prefeitura de Itamonte que utiliza no fornecimento da merenda escolar tr s vendem para comerciantes de Maromba e Maring duas vendem para outros compradores Essa situa o permite afirmar que o movimento gerado pelo fluxo tur stico nos citados munic pios das redondezas gera benef cios econ micos aos moradores produtores do queijo parmes o da Mantiqueira e que Coriolano et al 2009 nos ajudam a considerar quest es ambientais e de sustentabilidade econ mica colocando que os residentes das reas com potencial tur stico embora ainda n o contempladas para o turismo convencional organizam se em movimentos de resist ncias ao turismo elitista buscando formas para produ o de turismo alternativo que possa oferecer oportunidades de trabalho nos bairros nas periferias e comunidades contribuindo para a inclus o de pequenos grupos e empreendedores na cadeia produtiva do turismo CORIOLANO et al 2009 p 18 Veremos adiante com mais detalhe ao avaliar as quest es que afloram no contexto do Parque que para os gestores o queijo em si n o o problema mas a mat ria prima sim A administra o do PNI afirma que um dos maiores problemas da UC na rela o com as comunidades a presen a de gado A pr
298. o Parque Nacional do Itatiaia aliando sua import ncia ecol gica para o bioma Mata Atl ntica valoriza o e prote o das culturas humanas existentes em seu territ rio Tamb m realiza apontamentos para pesquisas futuras na tem tica de popula o tradicional em unidades de conserva o e estudos de cunho social na regi o do Parque Nacional do Itatiaia e outras contribui es para os estudiosos do campo ambiental O conhecimento gerado pela pesquisa pretende servir como subs dio para a inova o formula o e implementa o de pol ticas p blicas que considerem as reivindica es e a cultura dos grupos sociais envoltos em conflitos socioambientais 30 1 UNIDADES DE CONSERVA O E O PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA Este cap tulo conceitua Unidades de Conserva o e explicita o embate entre conservacionismo e preservacionismo Apresenta defini es sobre o conceito de popula es tradicionais e resgata a trajet ria do marco regulat rio legal sobre as Unidades de Conserva o apropriando se da fotografia para caracterizar a paisagem do Parque Nacional do Itatiaia 1 1 reas naturais protegidas concep o e implementa o A rela o entre natureza e rea protegida existente atualmente surgiu de um contexto no qual se imaginou a reserva de espa os para a prote o do ambiente natural o que acarretou mudan as na paisagem devido aos diferentes usos e apropria es do territ rio pelos seres humanos Com base no p
299. o condi o essencial A autora explica que a motiva o end gena mais fiel ao desejo dos grupos sociais locais sendo os agentes externos importantes indutores do processo Mas o protagonismo social essencial para as demandas de desenvolvimento local resulta do sentimento de pertencimento e do empoderamento da comunidade que passa a se reconhecer como agente da din mica de desenvolvimento A participa o da comunidade desde o in cio do processo de planejamento possibilita compartilhar os saberes e identificar as necessidades essenciais que devem constar no projeto Al m de um maior engajamento dos agentes locais a participa o estimula a co responsabilidade por meio de uma postura pr ativa na resolu o de problemas Ao analisar a participa o em pesquisas qualitativas de turismo de base comunit ria de outros autores em diversos estados brasileiros Irving afirma que Quanto maior o envolvimento local e mais desenvolvidas as estrat gias de participa o social em planejamento e implementa o de projetos mais evidentes tendem a ser os n veis de protagonismo social e a sustentabilidade das iniciativas em curso 2009 p 115 Os benef cios diretos popula o local s o gerados em prol da coletividade no sentido de se evitar a concentra o de benef cios em uma parcela dos agentes envolvidos Irving 2009 sugere a elabora o de indicadores de avalia o que possam ser utilizados localmente em prol da
300. o de determinado grupo como popula o tradicional Leuzinger 2007 Em 2012 o ICMBio publicou no dia 6 de julho a Instru o Normativa n 26 que estabelece diretrizes e regulamenta os procedimentos para a elabora o implementa o e monitoramento de termos de compromisso entre o Instituto Chico Mendes e popula es tradicionais residentes em unidades de conserva o onde a sua presen a n o seja admitida ou esteja em desacordo com os instrumentos de gest o Nesta norma a defini o de popula o tradicional adotada art 2 inciso II a mesma que consta do Decreto 6 040 2007 a PNCPT Dadas as distin es conceituais apresentadas nos diversos instrumentos jur dicos citados bem como o entendimento do que venha a ser popula o tradicional e comunidade local nesta tese torna se necess ria a diferencia o dos conceitos Cabe esclarecer portanto que comunidade local faz refer ncia 43 fundamentalmente a determinada localidade sendo o adjetivo local condi o necess ria em mbito espacial onde est localizado determinado grupo e exercem as atividades que garantem sua sobreviv ncia f sica e cultural A express o popula o tradicional no entanto diferencia se da quest o puramente espacial pois para ser assim classificadas e gozar dos benef cios e direitos estabelecidos na legisla o s o observadas caracter sticas pr prias espec ficas destes grupos dentre as quais o comprometimento com a
301. o de proteger o patrim nio natural e promover o desenvolvimento socioambiental o que inclui as comunidades tradicionais nas UCs de uso sustent vel como ocorre na parte alta do PNI No entanto por ser mais recente e ainda desconhecido da grande massa da popula o o ICMBio muitas vezes confundido com o IBAMA visto que este ltimo era o rg o ambiental que realizava as pol ticas e as a es de fiscaliza o na esfera ambiental do pa s Assim comum ouvir nos relatos dos moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande a express o IBAMA quando na verdade referem se ao ICMBio que atualmente o rg o ambiental respons vel pela gest o do PNI 4 3 Quest es envolvidas Este subitem discute as diferentes vis es e interesses dos atores sociais entrevistados diante de quest es como participa o situa o fundi ria turismo e a rela o existente entre os moradores e o PNI 4 3 1 Participa o O tema da participa o corresponde a um campo vast ssimo de estudos na rea das ci ncias sociais ESTRELLA 2006 SEVERINO 2007 CARVALHO e SOUZA 2009 e no que diz respeito a unidades de conserva o cuja exist ncia prev legalmente a forma o de conselhos a concretiza o de tais conselhos bem como as formas de participa o que eles envolvem t m sido objeto de estudos espec ficos ALVES 2000 ABRAMOVAY 2001 FUKS e PERISSINOTTO 2006 DOMBROWSKI 2008 Vim
302. o dentro do Parque porque a terra n o foi devidamente indenizada A in rcia hist rica do Governo Federal em rela o regulariza o fundi ria n o um privil gio do Itatiaia e origin ria de um emaranhado de causas concorrentes que v o desde a falta de verbas e vontade pol tica a in meros entraves burocr ticos no entanto tem havido progressos com rela o a essa quest o TOMZHINSKI 2012 p 35 36 Os progressos mencionados por Tomzhinski referem se ao processo de regulariza o fundi ria em curso no PNI Desde 2010 foram adquiridas tr s propriedades na parte baixa correspondentes ao antigo N cleo Colonial de Itatiaia e uma propriedade na parte alta fora dos limites do PNI autorizada pelo ICMBio por ser uma rea de grande interesse para o uso p blico Esta ltima propriedade est localizada nas proximidades de Visconde de Mau onde est situada a Cachoeira do Escorrega Na entrevista realizada com o ent o Chefe do PNI quando perguntado sobre a situa o fundi ria ele respondeu que esta pol tica desenvolvida pelo ICMBio come ou em v rias unidades de conserva o e citou os Parques Nacionais da Bocaina da Canastra da Serra do Cip e do Itatiaia at ent o com quatro propriedades adquiridas sendo tr s na parte baixa e uma na parte alta onde est a Cachoeira do Escorrega em Visconde de Mau conforme exposto no cap tulo 1 Os crit rios inicialmente estabelecidos para a compra
303. o exerc cio da cidadania em que h inten es di logos e disputas que representam interesses e situa es de conflitos dos atores sociais envolvidos Os membros do Conselho Consultivo do PNI foram entrevistados durante a realiza o deste estudo No entanto em tais entrevistas n o se pretendia analisar a din mica de funcionamento do pr prio conselho mas identificar o posicionamento e as reflex es dos conselheiros acerca dos temas aprofundados nesta tese As entrevistas junto aos conselheiros ser o apresentadas e analisadas no cap tulo 4 86 O processo de gest o participativa cumpriria assim a miss o de mediar democraticamente os conflitos e instaurar mecanismos consensuais entre os atores sociais para o desenvolvimento de acordos que considerem o conhecimento cient fico as manifesta es culturais populares e uma nova tica nas rela es sociedade natureza pautada e constru da em processos coletivos de transforma o social enquanto condi o b sica para se estabelecer patamares societ rios LOUREIRO 2004 p 3 No entanto o fato de muitas unidades de conserva o de prote o integral terem sido criadas sem a efetiva participa o social e sem atender s normas legais espec ficas estabelecidas no SNUC categoria escolhida como tamb m o caso do PNI dificulta a cria o de um espa o coletivo de tomada de decis es e normas estabelecidas e acordadas no grupo e gera situa es de conflit
304. o nativa da Mata Atl ntica Nesta Lei tamb m h uma defini o de popula o tradicional no art 3 inciso Il popula o vivendo em estreita rela o com o ambiente natural dependendo de seus recursos naturais para sua reprodu o sociocultural por meio de atividades de baixo impacto ambiental Esta defini o n o menciona a prote o da biodiversidade na atua o do grupo social envolvido Em 2007 o governo federal publicou o Decreto 6 040 que institui a Pol tica Nacional de Desenvolvimento Sustent vel dos Povos e Comunidades Tradicionais PNCPT que apresenta no art 3 inciso a seguinte defini o Povos e Comunidades Tradicionais grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais que possuem formas pr prias de organiza o social que ocupam e usam territ rios e recursos naturais como condi o para sua reprodu o cultural social religiosa ancestral e econ mica utilizando conhecimentos inova es e pr ticas gerados e transmitidos pela tradi o Mais uma vez as atividades exercidas pelo grupo social para a prote o e conserva o da biodiversidade n o aparecem na reda o da norma jur dica bem como as caracter sticas como reduzida acumula o de capital e a pr tica de atividades de baixo impacto e de subsist ncia Esta abrang ncia compromete a efetividade da Pol tica dada a amplitude da defini o e inexist ncia de limites mais rigorosos para o entendiment
305. o ombiemal desenvolvimento sustent vel a partir de atividados como o turismo agricultura onica apiculhara Localiza se em uma cegi o ambientalmente sensivel pr mimo at Fico das Agulhas Negras s Fratelemas o Pasque Naci rssl de itutinia Itps nas ni brirarsa em 15 247 t 4 ocuparam a regido ap s os ciclos da minera o e do cof e desenvolveram modos de vida pr prios com tecnologias rudimentares pora gorontir sua subsist ncia Essas atividades produtivos se assemelham s realizadas no tempo do visita regi o do viajante Soint Hilaire bot nico franc s em meados de 1800 quando encontrou pequenas estabelecimentos agropecu rios inseridos em grandes propriedades ogrepecu rias predu o para qutrconsuma amp integre o com mercades externos diferencia o entre estabelecimentos agropecu rios em fun o de seus respectivos graus de inser o nos mercados Reis 2008 grifo mau Atualmente as propriedades s o pequenas e a atividade principal a pecu ria leiteiro extensiva com produ o de queijos que constitui a atividade mais imp rtante para gera o de renda Essa atividade sustent vel pois foi desenvolvida ao longo de gera es e adaptada s condi es ecol gicas locais Nem todo o rebanho de bos qualidade e o n mero de cabe as de gado por fam lia pequeno o o a o mo Os principais usos dos recursos vegetais pela popula o local s o a coleta de fru
306. o social No caso do PNI o conselho consultivo possui representantes de entidades de variados setores e interesses p blicas privadas e organiza es n o governamentais com olhares diferentes sobre o uso e apropria o dos recursos naturais conforme ser evidenciado nas falas dos interlocutores entrevistados que ser o analisadas no cap tulo 4 De acordo com Loureiro e Cunha 2008 p 246 esses casos s o lembrados pelo hist rico de conflitos e de aus ncia de estrat gias de di logo entre rg os ambientais e agentes sociais populares envolvidos em reas protegidas o que tem gerado um contexto de m tua desconfian a e um afastamento que dificulta a revers o do cen rio centralizado de gest o ambiental dominante no pa s Leuzinger 2007 cita casos de anula o pelo poder judici rio de atos de cria o de unidades de conserva o devido constata o de irregularidades e descumprimento de normas legais No mbito do uso p blico no PNI Rodrigues afirma que em mais de 70 anos de exist ncia a situa o fundi ria do Parque ainda n o foi resolvida muitas trilhas e demais infra estruturas de apoio visita o n o foram implementadas e a maioria dos servi os de apoio visita o desde o funcionamento de uma pequena lanchonete at o de um hotel n o formalizado 2009 p 209 210 Embora haja problemas quanto melhor forma de funcionamento dos conselhos ineg vel a conquista da gest o democr
307. o uma representa o de algo in spito agressivo caro e ruim Afirmam frequentemente que onde est o melhor comparando como vivem atualmente com o que imaginam ser em outro lugar principalmente em uma cidade grande o que causa desassossego nos moradores e a segunda quest o tenta identificar o que os moradores pretendem fazer caso a desapropria o aconte a 177 As not cias de viol ncia e criminalidade que chegam das grandes cidades por meio da televis o impressionam os moradores e causam inquieta o e mal estar O ambiente competitivo para eles que declaram n o ter estudos referindo se forma o escolar uma condi o que faz com que se sintam diminu dos A moradora da fam lia 1 ressalta que s o Todos nascidos e criados aqui sem estudo N o acostuma fora complicado isso N o pega servi o fora Quem saiu daqui tem a maior vontade de voltar Quem sai depois arrepende Diante da perspectiva de desapropria o a preocupa o aumenta Tem que morar embaixo da ponte na cidade Esses mais novos viram tudo bandido N o tem estudo n o tem dinheiro pra comprar terreno casa Aqui n o paga gua a luz barata todo mundo tem horta porco consegue sobreviver Na cidade tem aluguel tem que comprar ovo frango N o d muito dif cil avalia H depoimentos mais exaltados com queixas mais incisivas ao comportamento dos servidores do PNI A moradora da fam lia 3 demonstra isso N
308. obstaculizavam esse poder p blico de exercer seu papel devido falta de recursos financeiros de infra estrutura de pessoal capacitado e outros que o impediam assim de realizar por exemplo as desapropria es impostas pela lei ou de elaborar os Planos Diretores ou o fomento da pesquisa e outros 96 A participa o da corrente socioambientalista no debate sobre a conserva o ambiental evidenciou que por tr s dos problemas ambientais estaria uma complexa rede de atores sociais envolvidos dando ent o visibilidade ao impacto que as medidas de conserva o trouxeram sobre as popula es locais Instaura se nesse momento a discuss o entre conservacionistas e socioambientalistas quanto a reas protegidas em torno da necessidade de total isolamento humano dos recursos naturais para a conserva o utilizados somente para a educa o o lazer e a pesquisa em detrimento do uso coletivo que as comunidades locais faziam desses mesmos recursos MART NEZ ALIER 1997 Os entraves t cnicos e institucionais mencionados anteriormente somente tomaram contornos mais claros com a caracteriza o pelo SNUC 2000 de diferentes categorias de UC s dentre as quais est o grupo de prote o integral que determina a conserva o da natureza sem interfer ncia humana de qualquer esp cie A cria o de espa os naturais livres de a es antr picas conservados ao m ximo em seu estado primitivo reflete a dicotomia entre sociedade e nature
309. ocal No texto da MP 2 186 2001 o art 7 inciso Ill define comunidade local como grupo humano incluindo remanescentes de comunidades de quilombos distintos por suas condi es culturais que se organiza tradicionalmente por gera es sucessivas e costumes pr prios e que conserva suas institui es sociais e econ micas Para Leuzinger 2007 na MP 2 186 2001 comunidade local sin nimo de popula o tradicional assim como ocorre na CDB dada a organiza o tradicional com costumes pr prios que diferem da sociedade envolvente e distin o das institui es sociais e econ micas No mbito da temporalidade a MP 2 186 2001 assemelha se Lei 11 284 2006 com a utiliza o da express o gera es sucessivas o que pressup e o m nimo de duas gera es dada a necessidade de uma gera o suceder a anterior No plano institucional o Ibama define popula o tradicional na Portaria n 22 92 que instituiu o Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Popula es Tradicionais como comunidades que tradicional e culturalmente t m sua subsist ncia baseada no extrativismo de bens naturais renov veis Neste conceito as popula es tradicionais ficam restritas apenas s popula es extrativistas 42 O bioma mais devastado do Brasil a Mata Atl ntica tamb m recebeu a aten o da legisla o brasileira por meio da Lei 11 428 2006 que disp e sobre a utiliza o e prote o da vegeta
310. ocesso de sensibiliza o e de educa o ambiental se praticado com responsabilidade e com base nos preceitos ecossist micos sem que o objetivo seja puramente lucrativo e concentrador de riqueza por exemplo com a instala o de grandes empreendimentos de hospedagem mas praticado pelos atuais moradores que podem ser estimulados a receber pequenos grupos de turistas em suas pr prias resid ncias O que defendo aqui que os recursos naturais possam ser explorados por crit rios ecossist micos e sustent veis por muitas pessoas em poucas quantidades ao contr rio de uma explora o monopolizada concentradora de riqueza e com distribui o desigual dos 212 benef cios Assim as comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande exercem a cidadania o direito a sua cultura e identidade que envolve entre outros elementos o territ rio em que vivem Al m de manter sua cultura poder o ter acesso a benef cios econ micos oriundos de uma atividade produtiva que n o pode ser enquadrada como ilegal pois o turismo pode ser explorado em uma unidade de conserva o da categoria parque nacional Loureiro ressalta que tanto as a es econ micas como as a es culturais s o componentes dos processos sobre a sustentabilidade ao afirmar que no mbito do debate sobre sustentabilidade necessidades s o vistas tanto no sentido material quanto simb lico portanto econ mico e cultural Assim fazem parte destas subsist ncia garantindo a
311. ocia es de empresas de diversos setores da regi o como o setor industrial do Vale do Para ba e o setor de turismo alimenta o e servi os e sua composi o atual pode ser conferida no Anexo B Esse Conselho Consultivo foi estabelecido pela Portaria IBAMA n 96 de 6 de agosto de 2002 e a representatividade atual de vagas foi definida pela Portaria IBAMA n 55 de 21 de julho de 2006 O CCPNI como indicado no seu nome tem limites decis rios em rela o gest o da unidade sendo seu funcionamento apenas como uma inst ncia de aconselhamento e sugest es sem poderes de delibera o sobre quaisquer assuntos abordados em suas reuni es Em geral os membros do CCPNI por ser este uma inst ncia composta por membros de diferentes vis es atua es e interesses na rela o que possuem com 161 o PNI ver Anexo B apresentam diverg ncias de posicionamento frente aos aspectos investigados por meio do formul rio de quest es a eles dirigidas Ap ndice B O perfil diversificado com argumenta es e embates frequentes em fun o da defesa dos interesses e institui es que representam em busca do convencimento dos que n o possuem um posicionamento definido sobre os desafios e problemas pelos quais passam ao participarem do conselho consultivo do primeiro Parque Nacional do Brasil A t tulo de ilustra o para caracterizar a atua o do Conselho exponho a seguir um exemplo dessa diverg ncia de posi es qu
312. odu o do queijo derivada do leite cujo gado ocupa parte do territ rio do PNI Eis o ponto de tens o a ser avaliado especificamente adiante Problematizando a quest o Loureiro considera que em tempos de relativismo absoluto e redu o da realidade linguagem que levam no o de que tudo come a e se esgota na tica e ao desprezo pelas media es econ micas que definem nossa sobreviv ncia recuperar a materialidade dos processos sociais e da natureza fundamental para n o perdermos a dimens o concreta e hist rica dos discursos ambientais que buscam se afirmar como verdades 2012 p 14 Quanto s potencialidades de gera o de renda para as fam lias residentes na parte alta do PNI a partir da atividade tur stica ao avaliar se algu m trabalhava com turismo constatei que em vinte e cinco fam lias n o era esse o caso enquanto que em onze fam lias isso ocorria Dentre as ocupa es afins ao turismo que foram relatadas quatro fam lias possuem algu m que atua como guia de turismo outras quatro fam lias possuem um de seus membros ligados a trabalho em pousada uma 155 fam lia tem algu m que trabalha com artesanato uma fam lia tem um de seus membros trabalhando no PNI na recep o da parte alta e uma fam lia possui um chal para loca o aos turistas nos fundos da propriedade E quanto ao interesse em trabalhar com turismo em dezessete fam lias esse interesse foi confirmado sendo que entre as oc
313. odutivas e o desenvolvimento de a es de turismo de base comunit ria Nesta pol tica defendo que o turismo seja regulamentado pelo rg o ambiental com a participa o dos moradores e exercido pelos moradores e visitantes de forma sustent vel e com baixo impacto ambiental de modo que esta solu o seja v lida e exequ vel em diversas outras reas protegidas sob administra o p blica Desse modo advogo a tese de que poss vel ponderar as duas garantias constitucionais em conflito de forma que as fam lias ao inv s de proibidas sejam aceitas de modo disciplinado n o agressivo ao meio ambiente pela negocia o dos atores sociais envolvidos Diante do conflito entre atores que d o distintos significados ao meio ambiente a partir de racionalidades distintas sendo a da administra o ambiental fortemente ancorada na pr pria doutrina formatadora dos parques nacionais proponho que tal conflito antes de tornar se um confronto pode ser evitado ou minorado se os moradores das comunidades reconhecidos como popula es tradicionais em uma per cia antropol gica empreendida pelo MPF forem ouvidos e participantes das a es de manejo e conserva o do PNI Entendo que a legisla o atual existente pode ser interpretada de modo a chancelar a pr tica do turismo e que sua proibi o seria um equ voco legal da administra o do PNI tendo em vista que o direito ambiental oferece um arcabou o favor vel pr tica da atividade
314. ol ticos Revista Rio de Janeiro n 16 17 p 35 46 maio dez 2005 CARVALHO Nat lya Dayrell de SOUZA Murilo Mendon a Oliveira de A pesquisa participante no contexto da geografia agr ria pressupostos te ricos e possibilidades pr ticas In RAMIRES Julio C sar de Lima PESSOA Vera L cia Salazar Pessoa Org Geografia e pesquisa qualitativa nas trilhas da investiga o Uberl ndia MG Assis 2009 p 139 162 CARVALHO P G M de OLIVEIRA S M M C de BARCELLOS F Ce ASSIS J M Gest o local e meio ambiente Ambiente e Sociedade Campinas SP v 8 n 1 p 1 19 2005 CARVALHO Stella Maria Sousa A percep o do turismo por parte da comunidade local e dos turistas no munic pio de Cajueiro da Praia PI Revista Turismo em An lise S o Paulo v 21 n 3 p 470 493 dez 2010 CHRISTENSEN Neal WATSON Alan BURCHFIELD James Relationships to Place in Wildland Resources Management Developing an Effective Research Approach In WATSON Alan SPROULL Janet DEAN Liese comps 2007 Science and stewardship to protect and sustais wilderness values eight World Wilderness Congress symposium September 30 October 6 2005 Anchorage AK Proceedings RMRS P 49 Fort Collins CO U S Department of Agriculture Forest Service Rocky Mountain Research Sation 218 COELHO Daniele Maia T Biodiversidade e conhecimentos tradicionais uma abordagem jur dica Revista forense Rio de Janeiro v 370 p 422 428 2003
315. onclus o do trabalho Tamb m agrade o ao m dico Dr Marcos e psic loga Dra Marisa que souberam com muita habilidade me explicar o momento pelo qual passava durante a transi o deste rito Aprendi que na vida as coisas come am as coisas terminam O Doutorado est sendo finalizado H muitos trabalhos pela frente novos desafios Sinto me melhor preparado As lembran as e os aprendizados desse per odo em muito contribuir o para as realiza es que est o por vir Que assim seja Tudo tem o seu tempo determinado e h tempo para todo o prop sito debaixo do c u H tempo de nascer e tempo de morrer tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou tempo de matar e tempo de curar tempo de derrubar e tempo de edificar tempo de chorar e tempo de rir tempo de prantear e tempo de dan ar tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras tempo de abra ar e tempo de afastar se de abra ar tempo de buscar e tempo de perder tempo de guardar e tempo de lan ar fora tempo de rasgar e tempo de coser tempo de estar calado e tempo de falar tempo de amar e tempo de odiar tempo de guerra e tempo de paz Eclesiastes 3 1 8 RESUMO HUBNER Daniel Braga Um turismo de base comunit ria para o Parque Nacional do Itatiaia estudo sobre conflito socioambiental em unidade de conserva o 2013 276f il Tese Doutorado em Meio Ambiente Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Jane
316. onserva o foram estabelecidos na Instru o Normativa n 26 do ICMBio IN 26 2012 publicada no Di rio Oficial da Uni o do dia 6 de julho de 2012 que Estabelece diretrizes e regulamenta os procedimentos para a elabora o implementa o e monitoramento de termos de compromisso entre o Instituto Chico Mendes e popula es tradicionais residentes em unidades de conserva o onde a sua presen a n o seja admitida ou esteja em desacordo com os instrumentos de gest o Esta IN 26 2012 foi elaborada a partir da legisla o brasileira atual considerando a Constitui o de 1988 a Lei do SNUC de 2000 e outros decretos bem como instrumentos internacionais como a Declara o Universal dos Direitos Humanos de 1948 e a Conven o da Diversidade Biol gica da qual o Brasil signat rio desde 1998 e a Conven o n 169 da Organiza o Internacional do Trabalho sobre Povos Ind genas e Tribais regulamentada no Brasil em 2004 O estabelecimento de termos de compromisso entre o ICMBio e as popula es preconizado pela IN 26 2012 tem como objetivo dentre outros compatibilizar os objetivos da UC e as formas pr prias de ocupa o do territ rio e de uso dos recursos naturais pela popula o tradicional residente na unidade seus modos de vida fontes de subsist ncia e locais de moradia conforme definido no inciso do art 3 O cap tulo Il da IN 26 2012 que trata dos objetivos e diretrizes prev em seu i
317. onsulta a arquivos e do estabelecimento de di logos com cientistas que trabalham na regi o apontando sinais da atividade humana para o historiador ambiental que podem ser usados mesmo sem comprova o suplementar dos documentos propriamente ditos como por exemplo a identifica o de uma floresta secund ria renascida depois de uma queimada A abordagem qualitativa foi priorizada para esta tese por meio de observa o participante e de estudo de caso no sentido de captar valores e significados que sustentam e envolvem os participantes do universo considerado na an lise deste trabalho A observa o participante envolve a a o direta sob a realidade do grupo pesquisado e incorpora formas de interpretar e de compreender os problemas do coletivo podendo viabilizar transforma es nas comunidades e resolu o de problemas CARVALHO e SOUZA 2009 No processo pelo qual o pesquisador assume a posi o de observador de uma situa o social com o objetivo de realizar uma investiga o cient fica a observa o participante surge da necessidade desse pesquisador relativizar o espa o social de onde prov m aprendendo a se colocar no lugar do outro MINAYO 2007 p 71 Diferentemente de instrumentos de coleta de dados de base estat stica que poderiam restringir o pesquisador no processo de pesquisa a observa o participante lhe oferece liberdade O di rio de campo principal instrumento de trabalho do observador na pesqu
318. ontes de subsist ncia e os locais de moradia destas popula es assegurando se a sua participa o na elabora o das referidas normas e a es 3 Na hip tese prevista no 2 as normas regulando o prazo de perman ncia e suas condi es ser o estabelecidas em regulamento LEI FEDERAL 9 985 2000 A pr tica do turismo por sua vez garantida no texto da mesma lei art 11 caput sujeitas ao cumprimento de normas estabelecidas pela administra o do parque nacional e s restri es contidas no Plano de Manejo da unidade vide 2 do art 11 Art 11 O Parque Nacional tem como objetivo b sico a preserva o de ecossistemas naturais de grande relev ncia ecol gica e beleza c nica possibilitando a realiza o de pesquisas cient ficas e o desenvolvimento de atividades de educa o e interpreta o ambiental na recrea o em contato com a natureza e de turismo ecol gico 8 1 O Parque Nacional de posse e dom nio p blicos sendo que as reas particulares inclu das em seus limites ser o desapropriadas de acordo com o que disp e a lei 2 A visita o p blica est sujeita s normas e restri es estabelecidas no Plano de Manejo da unidade s normas estabelecidas pelo rg o respons vel por sua administra o e aquelas previstas em regulamento LEI FEDERAL 9 985 2000 A instru o normativa n 26 2012 do ICMBio apresenta se como um componente dentro do arcabou o jur dico instituc
319. opula es que vivem nos parques DIEGUES 2008 p 23 A territorialidade constitui um aspecto importante na elabora o da defini o de popula o tradicional visto que para muitas comunidades a terra n o vista como propriedade particular e sim como um bem de uso comum onde s o desenvolvidas as atividades que garantem sua sobreviv ncia bem como as pr ticas que lhes confere a identidade cultural do grupo social Para Little a territorialidade entendida como esfor o coletivo de um grupo social para ocupar usar controlar e se identificar com uma parcela espec fica de seu ambiente biof sico convertendo a assim em seu territ rio ou homeland 2002 p 3 Argumenta o autor que a territorialidade n o se restringe s leis ou t tulos pois compreende a mem ria coletiva que incorpora dimens es simb licas e identit rias na rela o do grupo com a sua rea o que lhe confere profundidade e consist ncia temporal A compreens o de que o uso comunal da terra molda o espa o onde vive determinada comunidade compartilhada por Sundfeld 2002 e Santilli 2005a para quem prevaleceu o uso e a gest o compartilhada dos recursos naturais na 140 ocupa o coletiva do espa o de realiza o dos costumes e tradi es reproduzidos pelos povos tradicionais A transfer ncia territorial de um grupo tradicional pode levar perda de saberes inclusive pr ticas de conserva o ambiental pois ocorre a falta
320. ordo de conviv ncia Existe uma marca o de tempo que n o permite a discuss o E o conselheiro representante da FEMESP j referido anteriormente a prop sito das diverg ncias no Conselho e de sua cr tica falta de acesso s quest es or ament rias do CCPNI coloca que aparentemente sim o Conselho faz tais coisas mas h dificuldade de se incluir assuntos pol micos na pauta e muitas vezes quando inclu dos s o inclu dos como informe e n o h espa o para discuss o nem posicionamento dos membros E esclarece explicitando que temas conflituosos n o s o abordados h tempos no conselho Vide pauta de 10 de mar o de 2012 s para exemplo Os itens s o 1 boas vindas 2 aprova o de ata 3 acordo de conviv ncia e ent o seis itens de informe com vinte minutos de perguntas para todos os seis N o se discute muita coisa relevante muito mais um conselho informativo que consultivo A conselheira que representa um grupo de montanhismo da regi o que desenvolve suas a es no PNI conclui Tem a pauta mas h informa es que n o passam pelo conselho s o feitas e depois comunicadas aos conselheiros os temas mais pol micos lembrando que houve um tempo em que havia pouco tempo de discuss o e as pessoas tinham que votar sem discutir a fundo os assuntos Loureiro 2012 destaca a import ncia de organiza o e mobiliza o da comunidade para construir no processo pol tico
321. ores ecol gicos que eventualmente fa am a cunesdo entre unidades Outras rea naturais Um ckemena nma so SNUC a possibilidade das unidades serem geridas por organiza es da sociedade cisil de interesse c blico OCiPs por meio de sermos de parcerias firmados com o nko ambiental resquns vel pele unidade de conserva o 28 Arm 42 f e T s Lei do SNUC 262 conta das comunidades tradicionalmente residentes nos reas protegidos De ccordo com Diegues comunidades trodicionais est o relacionadas com um Tipo de organiza o econ mica e social com reduzida acumula o de coprtal n o usando for a de trobalho essoleriodo nelos produtores independentes est o envolvidos em atividades econ micos de pequena escola como ogriculturo e pesca coleta e ortesanato Economicomente portanto essas comunidades se baseiam no uso de recursos noturais renov veis Seus padr es de consumo baixo densidade populacional e limitado desenvolvimento tecnol gico fazem com que sua interfer ncia no meio ambiente sejo pequena Posteriormente em 2007 a Pol tica Nacional de Desenvolvimento Sustent vei dos Povos e Comunidades Tradicionais estabeleceu como povos e comunidades tradicionais grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais que possuem formas pr prias de organiza o social que ocupam e usam territ rios e recursos naturais como condi o pera sua reprocu o cultural social religiosa a
322. orestais As manobras do pelot o de cadetes da Academia Militar de Agulhos Negros quando treinam dentro do Parque do Itatiaia e acompam nos meses de meio junho em duas grandes reas j degradadas pela constru o de uma estrada at a torre de Furnas devem cousar mais impocto com o tr nsito de seus caminh es e soldados pisoteando a vegeta o afugentando os animais abrindo trilhas e deteriorando as vias de acesso do que as populo es locais que a vivem h mais de cem anos praticando atividades tradicionais qe reas de acompamento dos ca detes Enfim o principal impacto do Parque Nacional do Itatiaia a concep o de preserva o ambiental que impede es atividades produtivas dos comunidades locais Para os gestores do Parque a terra uma unidade de preserva o e conserva o da natureza pesquisa turismo e lazer enquanto para os moradores a ferra seu meio de subsist ncia 6 Expectativas das comunidades locais de Vargem Grande e Serra Negra Em todos as falas dos moradores entrevistados subsiste uma melancolia e saudade do tempo de liberdade que existia antes da amplia o do Parque quando forem expropriados da terra A esperan a de todos poder usufruir da sua terra com o direito de criar o gado leiteiro de fazer suas ro as consertar e construir casas para os MN O funcion rio de Furnas que estava de plarado sugerru que dc sonmraitse nesses reas onyo acampamentos pata v turistas
323. orias Esta o Ecol gica ESEC Reserva Biol gica REBIO Parque Nacional PARNA Monumento Natural MN e Ref gio de Vida Silvestre RVS ao segundo grupo de Uso Sustent vel correspondem as categorias rea de Prote o Ambiental APA rea de Relevante Interesse Ecol gico ARIE Floresta Nacional FLONA Reserva Extrativista RESEX Reserva de Fauna REFAU Reserva de Desenvolvimento Sustent vel RDS e Reserva Particular do Patrim nio Natural RPPN As unidades de conserva o apresentam diferentes possibilidades de presen a humana No grupo de Prote o Integral a propriedade particular permitida somente nas categorias Monumento Natural e Ref gio de Vida Silvestre No grupo de Uso sustent vel a propriedade particular permitida nas seguintes categorias rea de Prote o Ambiental rea de Relevante Interesse Ecol gico No entanto na condi o de popula o tradicional a presen a humana permitida nas categorias Floresta Nacional Reserva Extrativista Reserva de Desenvolvimento Sustent vel 7 A CDB foi assinada pelo Brasil durante a Confer ncia das Na es Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992 e ratificada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n 2 1994 e promulgada pela Presid ncia da Rep blica pelo Decreto n 2519 1998 estabelecendo rea protegida como rea definida geograficamente que destinada ou regulamentada e administ
324. orre 1992 a que melhor se aproxima do entendimento do conceito de turismo por compreender a amplitude do significado do termo turismo que se apresenta coerentemente s abordagens desenvolvidos neste estudo Sendo ci ncia t cnica ind stria ou setor entendo por turismo um fen meno social relativo ao deslocamento de pessoas independentemente da motiva o da viagem e que exerce efeitos significativos nas dimens es sociais ambientais culturais e econ micas de um determinado destino O que busco estabelecer a diferencia o entre turistas e moradores das localidades visitadas e entre estes dois grupos e os profissionais que atuam no turismo por meio da presta o de servi os Essa diferencia o se constitui como premissa fundamental para analisar a pr tica 119 do turismo em unidade de conserva o pois como cen rio do exerc cio da atividade a UC utilizada pelos diferentes personagens por motivos e interesses tamb m diferentes H tamb m neste contexto a participa o dos gestores ambientais que coordenam a elabora o de estrat gias e a es para o desenvolvimento do turismo em unidades de conserva o interagem com os demais agentes e s o respons veis pelo controle e manejo dos impactos ambientais decorrentes da atividade tur stica O desenvolvimento do turismo no PNI defendido nesta tese como uma atividade alternativa para os moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande em re
325. ortance of sociocultural and ecological factors in attachment to place In UNDERSTANDING COMMUNITY FOREST RELATIONS General Technical Report PNWGTR 566 Portland OR U S Department of Agriculture 2003 p 115 126 BENI M rio Carlos An lise estrutural do turismo S o Paulo Senac 2003 BORDENAVE J E D O que participa o 8 ed S o Paulo Brasiliense 1994 p 41 85 BOTELHO Eloise Silveira Conflitos na gest o de parques o caso do Parque Estadual dos Tr s Picos RJ 2009 Disserta o Mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2009 BOULL N Roberto C Planejamento do espa o tur stico Tradu o de Josely Vianna Baptista Bauru SP EDUSC 2002 BRAGA D bora Cordeiro Planejamento tur stico teoria e pr tica Rio de Janeiro Elsevier 2007 BRASIL Constitui o 1988 Constitui o da Rep blica Federativa do Brasil 27 ed Bras lia DF C mara dos Deputados Coordena o de Publica es 2007 BRASIL Decreto Lei N 23793 de 23 de janeiro de 1934 C digo Florestal Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Rio de Janeiro RJ 1934 BRASIL Decreto Lei N 1 713 de 14 de junho de 1937 Disp e sobre a cria o do Parque Nacional do Itatiaia Di rio Oficial da Rep blica Federativa do Brasil Rio de Janeiro RJ 1937 BRASIL Decreto N 4340 2002 Regulamenta artigos da Lei N 9 985 Bras lia DF Min
326. orte do cotidiano dessas popula es locais A amplia o do Parque sem os devidos estudos incluiu na rea protegida diversas propriedades rurais particulares das comunidades de Vargem Grande e Serra Negra que passaram o ter limita es de uso previstos na legisla o de uma UC de prote o integral Al m disso a falta da regulariza o fundi ria s intensificou o conflito socioambiental Os moradores das comunidades de Vargem Grande e Serra Negra est o conscientes da import ncia da unidade de conserva o para preservar sua qualidade de vida e suas atividades econ micas Disseram que n o praticam o corte de vegeta o de reas de preserva o ambiental corte de palmito n o demandam a queima de novos pastos n o fazem derrubada de vegeta o para fabrica o de carv o abertura de estrada e constru o de moradias a ca a e apreens o de animais n o mais uma atividade tradicional n o h represamento dos cursos d gua e pesca A polui o das nascentes est sendo evitado com a implanta o do projeto de saneamento Alto Aiuruoca Sustent vel E todos querem permanecer nas suas ferros Por sua vez o 9 Toco PARNA Itatiaia ainda n o encontrou uma agenda comum de discuss o e atua o com os moradores locais n o existe plano de manejo e tampouco informa o de educa o ambiental A nica exce o o trabalho tempor rio de poucos moradores na Brigoda de Combate e Preven o a Inc ndios Fl
327. os nos itens anteriores a caracteriza o dos atores sociais envolvidos no PNI e focalizados nesta tese as fam lias da parte alta o conselho o ICMBio e veremos aqui de que modo a quest o da participa o aflora na rela o entre esses atores sociais e suas vis es rec procas 166 Busquei informa es junto s fam lias sobre a sua participa o e representatividade no CCPNI perguntando inicialmente se conheciam o conselho consultivo Das trinta e seis fam lias pesquisadas trinta e tr s delas afirmaram desconhecer o CCPNI Alguns chegavam a me perguntar o que isso pra que serve isso o que que faz isso E das tr s fam lias que disseram conhecer o CCPNI a afirma o n o veio acompanhada de algo que indicasse esse conhecimento Para ter certeza da resposta perguntei a cada um dos entrevistados sabe o que faz o conselho consultivo E todos afirmaram que n o indicando a dimens o da falta de representatividade e da dificuldade de expor as suas demandas ao PNI por meio do Conselho como um caminho para o exerc cio de cidadania Mediante a pergunta se teria participado alguma vez de uma reuni o do conselho consultivo apenas um morador da fam lia 29 disse que sim e sobre como foi a reuni o respondeu Eles marcam umas reuni es a uma vez eu fui mas tinha muita gente nem d pra voc falar Eles fazem reuni o pra fazer proibi o n o pra ouvir ningu m N o tem organiza
328. os do PNI o subsidiar a constru o de um arranjo institucional que possibilite o desenvolvimento de pr ticas socioambientais 23 sustent veis que se apresentem como alternativas de inclus o social articuladas ao setor de turismo pass veis de implementa o local Para alcan ar os objetivos mencionados este estudo busca encontrar respostas s seguintes quest es 1 Como conciliar o desenvolvimento socioecon mico ambiental das comunidades residentes na Parte Alta do PNI com a prote o do patrim nio natural 2 Como a atividade tur stica pode contribuir para a inclus o social das popula es locais da parte alta do PNI Como um dos referenciais metodol gicos a pesquisa adotou a hist ria ambiental WORSTER 1991 DRUMMOND 1991 MARTINS 2007 DEAN 2011 P DUA 2002 tendo em vista que essa abordagem sintetiza diversas contribui es em uma pr tica inerentemente interdisciplinar e em fun o da necessidade de se saber que papel a natureza teve na moldagem dos m todos produtivos dos atores sociais da parte alta do PNI e complementarmente que impactos esses m todos tiveram na natureza O entendimento de que qualquer reconstru o do ambiente deve incluir n o apenas os aspectos f sicos mas os seres humanos como parte integrante dos ecossistemas em seu processo de reprodu o da exist ncia permitir analisar a natureza a organiza o socioecon mica e a cultura como uma totalidade din mica e nica O es
329. ova o do SNUC foi criado em 1989 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renov veis IBAMA vinculado inicialmente ao Minist rio do Interior e atualmente ao Minist rio do Meio Ambiente com a incumb ncia de gerir as UCs federais Tamb m coube ao Ibama entre outras 50 atribui es a regulamenta o e o fomento da pesca e da borracha o licenciamento ambiental a cria o de normas de qualidade ambiental e a prote o da biodiversidade Esse rg o se diferencia dos demais criados at ent o com preocupa o predominantemente ambiental As caracter sticas desse rg o e o contexto de sua cria o colocaram pela primeira vez a pol tica ambiental brasileira em geral e a de UCs em particular fora do dom nio da esfera produtivista DRUMMOND et al 2010 p 216 O ac mulo de atribui es sobrecarregou o Ibama que diante de limitados recursos dispon veis teve enfraquecida sua capacidade de resolu o das quest es fundi rias Somente em 2000 o projeto de lei foi aprovado transformando se em norma jur dica atrav s da Lei Federal 9 985 regulamentada pelo Decreto 4 340 2002 Essa lei instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Natureza SNUC constitu do pelo conjunto das unidades de conserva o federais estaduais e municipais a partir da regulamenta o do art 225 8 1 incisos Il Ill e VII da Constitui o Federal Al m de enumerar as incumb ncias do poder p blico e
330. p 54 impedindo assim que os determinantes da desigualdade social e racial se estendessem ao meio ambiente Martinez Alier 1997 questiona quais s o as causas da expans o do ambientalismo O autor esclarece que entende por ambientalismo as a es desenvolvidas ou as preocupa es expressas com rela o s condi es do meio ambiente em decorr ncia da a o humana e analisa que existem suficientes raz es de ndole material para se ser ambientalista na Escandin via tal como na Holanda ou na Alemanha E h mais motivos para isso em pa ses ou regi es pobres cujo espa o ambiental esteja sendo usado em benef cio dos ricos p 219 220 Ao analisar as variedades de ambientalismo Mart nez Alier avalia duas concep es a tese p s materialista e o que ele chama de ambientalismo dos pobres Para o autor o ambientalismo compreendido de maneira diferente pelos adeptos da tese p s materialista Inglehart 1977 1995 e por aqueles que acreditam no ambientalismo dos pobres Guha amp Mart nez Alier 1996 Alguns autores afirmam que o ambientalismo nos pa ses ricos n o constitui uma rea o materialista aos efluentes da aflu ncia mas na verdade uma mudan a p s 1968 em dire o aos valores culturais p s materialistas MART NEZ ALIER 1997 p 219 Mart nez Alier 1997 p 220 afirma que h provas claras de que o ambientalismo dos pobres est prese
331. passando a desenvolver pr ticas predat rias do meio ambiente como nico meio de garantir sua subsist ncia e n o cair na marginalidade ou na indig ncia ARRUDA 1999 p 90 Rejeitando assim o modelo vigente as comunidades impedidas de exercer seu modo de vida sinalizam a necessidade de repensar esse modelo buscando alternativas de gest o que possam incorporar o potencial conservacionista que as popula es presentes nas unidades de conserva o podem dispensar para as reas nas quais est o historicamente instaladas Identifico portanto as diferentes vis es e interesses dos atores sociais diante da melhor forma de uso e apropria o do territ rio Outro problema tocante s unidades de conserva o foi apontado pelos estudos de Carneiro 2005 Ao descrever os conflitos sociambientais no estado do Rio de Janeiro Carneiro revelou que em 86 dos casos a atua o dos rg os p blicos principalmente os do setor ambiental do Estado contribuiu para o surgimento agravamento ou dificuldade de resolu o dos problemas cf CARNEIRO 2005 p 43 A fraca atua o do poder p blico deve se segundo o autor precariedade dos recursos materiais e humanos desses rg os que resultam em a es de fiscaliza o morosas e ineficientes Al m disso a ocorr ncia de processos de licenciamento irregular a aceita o de informa es incompletas 104 equivocadas ou que acatam interesses dos empreendedores locais a
332. pela considera o de que satisfeitas as m nimas condi es de dignidade e autodetermina o das popula es locais n o h porque lhes negar o direito de viver daquilo a que est o apegadas e que constitui sua maior e s vezes nica voca o produtiva 2002 p 46 47 As 36 fam lias das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande s o em geral compostas pelo casal e filhos Dezoito delas s o compostas por tr s ou quatro pessoas quatro fam lias t m uma ou duas pessoas No entanto 14 delas possuem cinco ou mais membros vivendo na mesma unidade habitacional Quanto emigra o da localidade quest o relevante quando se trata das UCs brasileiras em 12 fam lias se afirmou que os filhos deixaram a casa dos pais e os motivos alegados foram um casou dez sa ram para trabalhar uma saiu para estudar Nessas 12 fam lias em 11 casos foi indicado que se houvesse trabalho na regi o os filhos teriam permanecido Nos casos em que os que permanecem s o crian as previs vel que no futuro deixem a casa dos pais para igualmente 14 estudar e trabalhar Uma entrevistada com l grimas nos olhos declarou ele doido pra voltar pra c mo o Mas aqui como que faz tem que trabalhar n Em apenas uma fam lia foi afirmado que o membro da segunda gera o n o retornaria As queixas encontradas nas respostas dos moradores identificam as dificuldades pelas quais passam para produzir Embora ligados com
333. pol tica de cria o de reas protegidas iniciada em 1872 com o Parque Nacional de Yellowstone impulsionou a pr tica do turismo em ambientes naturais Segundo Western 2005 p 15 o s culo XX assistiu a uma mudan a dr stica e incessante nas viagens a reas naturais A frica um bom exemplo O autor relata um saf ri de ca a realizado em 1909 pelo ent o presidente americano Theodore Roosevelt para capturar as maiores cabe as e chifres que ele pudesse encontrar As grandes atra es tur sticas africanas eram a ca a e a captura de grandes animais tais como o le o a zebra o elefante e o rinoceronte WESTERN 2005 p 15 A pr tica da ca ada foi sendo substitu da pelo saf ri fotogr fico mais popular na metade do s culo XX A realiza o das viagens antes restrita elite econ mica come a a atrair tamb m o turismo de massa e individual por volta da d cada de 1970 que beneficiada com o desenvolvimento da avia o comercial p s guerra Ruschmann 1997 afirma que a rela o entre o turismo e o meio ambiente n o tem se caracterizado como equilibrada Contudo aponta ind cios de melhora nesse relacionamento A autora analisa estudos desenvolvidos na Fran a que estabelecem quatro fases do relacionamento entre o turismo e o meio ambiente A primeira fase data do s culo XVIII sendo caracterizada pela descoberta da natureza e das comunidades receptoras A autora ressalta que os turistas apresentava
334. popula o tradicional e alcance a prote o das normas ambientais voltadas para esse segmento social ela deve apresentar sete caracter sticas ainda que umas surjam em maior intensidade do que outras a partir das quais a legisla o ambiental identifica determinado grupo social S o elas 1 auto identifica o e identifica o pela sociedade envolvente como pertencente a um grupo distinto desenvolvimento de pr ticas sustent veis de explora o dos recursos naturais que produzam baixo impacto e contribuam para a prote o da diversidade biol gica depend ncia da natureza seus ciclos e elementos para sua sobreviv ncia f sica e cultural implementa o de atividades de subsist ncia e reduzida acumula o de capital pertencimento a determinado territ rio em cujos limites se reproduzem cren as mitos e pr ticas ancestrais ou n o que reatualizam e reivificam a mem ria coletiva posse comunal e gest o compartilhada dos recursos naturais transmiss o do conhecimento por meio da tradi o comunit ria intergeracional normalmente tradi o oral A autora salienta que essas popula es possuem caracter sticas culturais pr prias e dependem do ambiente natural para sua reprodu o f sica e cultural contribuindo ainda para a conserva o da biodiversidade 2007 p 235 6 A essas caracter sticas Diegues 2008 p 89 acrescenta outras a saber 1 fraco poder pol tico 2 tec
335. posi o do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Itatiaia no bi nio 2010 2012 span inalor quo isag anda us iusia nad n aaa mass nnmnnn 202 215 226 228 232 19 INTRODU O Em dezembro de 2007 com a defesa da disserta o de mestrado em Turismo e Meio Ambiente na Uni o de Neg cios e Administra o UNA em Belo Horizonte MG a perspectiva de fazer parte de um programa de Doutorado come ou a me instigar Naquele momento vislumbrava a possibilidade de dar continuidade aos estudos realizados sobre turismo e biodiversidade em uma rea protegida e aprofundar a ideia que surgiu no trabalho de campo durante o mestrado no Parque Nacional do Itatiaia PNI de contribuir para a discuss o sobre o fortalecimento do turismo como vetor de inclus o social e de melhoria da qualidade de vida das popula es que vivem em reas protegidas A ideia de integra o dos agentes envolvidos na atividade tur stica o poder p blico a iniciativa privada os turistas as organiza es n o governamentais e a comunidade com destaque para este ltimo estimulou a vontade de investigar modelos possibilidades e a es inovadoras de turismo pautadas na sustentabilidade ambiental que fossem capazes de levar em considera o os aspectos socioculturais e tamb m ecol gicos assegurados na legisla o ambiental brasileira de modo a reprogramar os processos produtivos que causam impactos paisagem da parte alta do PNI Na maior
336. pr tica de diversas modalidades de esportes ao ar livre tais como caminhadas e escaladas Uma das reas mais visitadas o Maci o das Prateleiras tamb m foi atingida pelo inc ndio A rea queimada fica extremamente sujeita eros o e grande o risco de multiplica o de trilhas e pisoteio de reas em regenera o ap s a queimada 2004 p 54 O principal problema para a gest o do PNI apontado pelo chefe da unidade foi o fogo Segundo ele o fogo se d na maioria dos casos de forma criminosa por criadores de gado que utilizam rea do parque como pasto de seus rebanhos Para ele o setor de fiscaliza o do parque atuante mas mesmo assim h quem coloque fogo na vegeta o o que gera muitos problemas para a administra o do PNI Citou o inc ndio mais recente at ent o ocorrido em setembro de 2011 que queimou cerca de 1500 ha sendo necess ria a mobiliza o de todo o efetivo do 172 parque brigadistas e ajudas externas como o Ex rcito Brasileiro De acordo com ele o fogo foi colocado por um morador da Serra Negra mas n o identificou quem seria por entender que embora tivesse certeza n o poderia provar naquele momento No entanto informou que havia um inqu rito aberto junto s autoridades policiais para apurar as causas e identificar os respons veis pelo inc ndio a arauc rias na Vargem Grande X Te Foto O autor 2010 Tomzhinski 2012 ao estudar a ocorr ncia de inc ndios nos
337. que habitam o interior do Parque Nacional de Itatiaia nas comunidades de Serra Negra e Vargem Grande s o popula es tradicionais e avaliar os impactos porventura cousados pela presen a dessas popula es na rea da unidade de conserva o nos termos da Lei 9985 2000 Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Natureza SNUC para dar andamento ao Inqu rito Civil Oficio PRMSLADAB n 84372010 2 Anexo Lei 9 983 24M0 SNUC P blico supracitado Tendo em vista a impossibilidade do analista pericial em biologia se assentar de Bras lia no per odo da pesquisa antropol gica in loco em raz o dos prazos das an lises j iniciadas no mbito da 4 C mara conforme informa o de sua Gerente T cnica o avalia o dos impactos causados pela presen a dessa popula o no Parque Nacional da Itatiaia ficou prejudicada Essa per cia foi elaborada com base na leitura e an lise dos autos e de seus anexos sobre o conflito que atingiu as popula es locais situodas na rea do Parque Nacional do Itatiaia pois suas atividades tradicionais de subsist ncia dependentes dos recursos naturais s o consideradas como ilegais pelos agentes ambientais devido legisla o restritiva do Parque unidade de conserva o UC de prote o integral Com esse objetivo entrevistei no dia 18 de julho de 2011 no sede do Parque Nacional do Itatiaia localizada na parte baixa os t cnicos Walter Behr chefe do PARNA Itatiaia Gusta
338. que movimenta pessoas com maior n vel de consumo e tamb m de exig ncia de pr ticas de entretenimento aumenta os problemas relacionados aos aspectos sanit rios dentre outros Ao estudar esses fen menos desde quando iniciei o curso de gradua o em 1999 percebi a necessidade de investigar as rela es estabelecidas nas pr ticas de turismo entre as administra es p blicas e as popula es locais de reas protegidas brasileiras Com o conv nio firmado entre o Doutorado Multidisciplinar do Programa de P s gradua o em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro PPG MA UERJ e o Centro Federal de Educa o Tecnol gica de Minas Gerais CEFET MG em 2008 surgiu uma oportunidade de aprofundar estudos nessa rea tanto em termos cient ficos quanto log sticos delimitando o objeto de estudo ao Parque Nacional do Itatiaia PNI e ao per odo correspondente ao ano em que o PNI teve elaborado o Plano de Manejo e logo em seguida ampliado seu territ rio 1982 at os dias atuais na perspectiva de incorporar o que afirma Little de que toda pesquisa ecol gica precisa de algum tipo de recorte geogr fico e tem tico 2006 p 90 91 Ciente da necessidade de associar a atividade tur stica ao movimento ambientalista e Educa o Ambiental e da import ncia de contribuir com an lises para um campo cient fico em constru o como o turismo em Unidades de Conserva o procurei a orienta o da Dra Elza N
339. queira Limita se ao sul com o vale do Para ba ao norte com o vale do rio Preto a leste com a Serra Negra e a oeste com o vale do rio do Salto Os acessos rodovi rios a partir de grandes centros urbanos S o Paulo Rio de Janeiro e Belo Horizonte s o pelas rodovias BR 116 Presidente Dutra para sa das de S o Paulo ou do Rio de Janeiro A partir da capital mineira os acessos podem ser pelas BR s 040 e 393 Rodovia JK e 65 Rodovia L cio Meira ou pelas BR s 381 e 354 Rodovia Fern o Dias e Rio Caxambu figura 5 Figura 5 Localiza o do PNI UNIDADES DE CONSERVA O FEDERAIS DO BRASI Parque Nacional de Itatiaia Localiza o no Brasil Fonte Acervo do PNI 2010 Figura 6 Acessos rodovi rios ao PNI partindo de S o Paulo Rio de Janeiro e Belo Horizonte ATLANTICO oct Fonte Acervo do PNI 2010 66 Geograficamente o PNI situa se entre as coordenadas 22 19 e 22 45 de latitude sul e 44 15 e 44 50 de longitude oeste pr ximo a tr s grandes centros emissores de turistas do Brasil Belo Horizonte S o Paulo e Rio de Janeiro Segundo Richter 2004 a regi o onde se insere o Parque Nacional do Itatiaia composta pelas unidades morfoestruturais da Serra do Mar do Vale do Para ba do Planalto Sul de Minas e da Serra da Mantiqueira que nos limites do PNI conhecida como Maci o do Itatiaia Este Maci o caracterizado por um bloco montanhoso de rochas intr
340. quena produ o de mel de doces em compotas e de leite Dentre os derivados do leite destaca se a produ o do queijo parmes o da Mantiqueira 63 Figura 2 Resid ncia particular na Parte Baixa do PNI Foto O autor 2007 Figura 3 Turistas e montanhistas em dire o s Agulhas Negras ap s a passagem pelo Posto Marc o Foto O autor 2007 64 Figura 4 Identifica o do Abrigo a as no Planalto do PNI MI INIS m DOME INSTITUTO BRASILERO ATE TE DOS RECURSOS NATURAS RENOVAVE E I do o ZA pacas nr Eu Foto O autor 2007 Al m disso a renda familiar proveniente das aposentadorias e da presta o de servi os no transporte escolar na manuten o das estradas e na venda de hortifrutigranjeiros para a merenda escolar principalmente para a Prefeitura de Itamonte MG representa baixo poder aquisitivo embora as pessoas em geral tenham boas condi es de higiene salubridade adequada capta o de gua na nascente do rio Aiuruoca sem polui o industrial e vivam integradas em uma conviv ncia sem os problemas decorrentes dos grandes n cleos urbanos como o stress por exemplo Com uma rea total de 28 155 hectares ha o Parque Nacional do Itatiaia abrange os munic pios de Itatiaia e Resende no estado do Rio de Janeiro Itamonte e Bocaina de Minas no estado de Minas Gerais e situa se na divisa entre estes dois estados pr ximo do estado de S o Paulo na Serra da Manti
341. r meio de um latic nio que existiu na comunidade de Vargem Grande mas foi fechado pelo PARNA do Itatiaia Atualmente a maioria dos s tios dessas comunidades possuem reas que variam de dois a duzentos alqueires de terra e consoante com as informa es de campo quem possui mais de cem alqueires de terra possui escrituras Entretanto a maioria dos moradores possuem reas pequenas e muitas deles s o terras de heran a de seus antepassados Na poca da pesquisa de campo o ICMBio realizava um levantamento fundi rio das ocupa es e comentou que muitas das ocupa es tinham documenta o As rela es de parentesco e de reciprocidade dos grupos familiares ainda s o atualizadas nas festas juninas do pinh o quando s o oferecidos os pratos t picos da regi o broa assada pinh o cozido pamonha doces caseiros mel e queijo E tamb m nos mutirdes que acontecem quando fazem reforma de moradias e constru o de cercos As ro as de subsist ncia s o pequenos e sem uso de agrot xico Plantam fruticultura banana manga goiaba lim o loranja figo abacate amora efc e hortali as para consumo pr prio Criam animais de carga cavalos e o gado leiteiro ainda se mantem como atividade principal 1 a 14 reses fom lia alimentados por copineiros pois a nico meio de vida que gera renda o ano todo proveniente da venda do leite e do 243 iii e e e q o 244 queijo Semanalmente h mais de 40 anos os moradore
342. rada de terra bastante acidentada E prec ria Nos comunidades n o existem postos de sa de nem visitas de m dicos e odont logos mas tem uma agente de sa de que os visita mensalmente As doen as mais comuns s o a dicbete e pneumonia Ainda fazem uso de rem dios de ervas medicinais que i aprenderam com os av s benzedeiras Parteiras existem mas n o s o mais utilizadas Recebem Bolsa Fam lia Os alunos do ensino fundamental estudam na Escola Municipal Ant nio Couto Perroni na comunidade de Serra Negra e na Escola Municipal Bruno Fonseca Pinto na comunidade vizinha de Campo Redondo para onde se deslocam em nibus escolar Os alunos mais adiantados estudam nas sedes dos distritos ou munic pios da redondeza utilizando transporte do munic pio A pesquisa de campo evidenciou que as comunidades locais Vargem Grande e Serra Negra existem h mais de um s culo possuem la os de parentesco e rela es sociais e simb licas se estabelecem entre as fam lias Foram formadas por pequenos produtores de milho feij o burros de carga e pecu ria de leite extensiva que 15 O Projeto Aho Amuoca Sustent vel PAAS desenvolvido mo municipio de tamente MG mat comunidades de Serra Negra Campo Redondo Vargem Grunde Frag ria e Capivara Seus principais objetivos s o a preserva o dos corpos de gua doce recupera o des mulas no estosso do rio Alusmoce e afluentes coleta seletiva de lixo saneamento b sico educa
343. rada para alcan ar objetivos espec ficos de conserva o 8 No caso uso indireto aquele que n o envolve consumo coleta dano ou destrui o dos recursos naturais conforme artigo 2 IX da referida Lei 52 Entre essas categorias os Parques Nacionais objeto desse estudo s o por voca o aqueles que oferecem maior oportunidade de visita o e nos quais se necessita implantar um conjunto de servi os e de equipamentos para receber os visitantes adequadamente devendo se assegurar que a visita o esteja compatibilizada com a conserva o da biodiversidade IBAMA 1998 p 9 Tal responsabilidade recai tanto sobre os que administram essas unidades a partir de normas de uso p blico quanto em parte fun o da sociedade como um todo O artigo 11 da Lei do SNUC define como objetivo b sico de parque nacional a preserva o de ecossistemas naturais de grande relev ncia ecol gica e beleza c nica possibilitando a realiza o de pesquisa cient fica e o desenvolvimento de atividades de educa o e interpreta o ambiental na recrea o em contato com a natureza e de turismo ecol gico BRASIL 2000 Outro importante aspecto a ser ressaltado em rela o aos parques nacionais diz respeito ao impedimento da exist ncia de propriedade particular na rea de sua abrang ncia e consequentemente a n o realiza o de atividades produtivas no seu interior Tamb m por defini o e nos termos do 1 do art 11 a le
344. randes temas ambientais j suficientemente difundidos pelas institui es de pesquisa e por personalidades do mundo cient fico come aram a sensibilizar a opini o p blica nos pa ses desenvolvidos onde alguns segmentos se mobilizam em torno de causas como a defesa do meio ambiente a prote o dos ecossistemas naturais e dos processos ecol gicos do planeta PIRES 2002 p 63 Ao lembrar os termos que remetem ideia de ecoturismo utilizados desde a d cada de 1970 que relacionam o ecoturismo ao ambientalismo Pires 2002 listou turismo ecol gico turismo verde turismo de natureza turismo de descoberta turismo suave turismo respons vel turismo de aventura turismo participativo e O pr prio ecoturismo O autor afirma que o conceito ainda n o consensual e 124 universalmente aceito entre os diversos setores que utilizam essas express es como os governos as empresas o meio acad mico e a sociedade civil organizada No entanto esclarece que os termos utilizados possuem premissas em comum que se relacionam melhoria da qualidade de vida das comunidades receptoras da utiliza o sustent vel dos recursos naturais e da sensibiliza o sobre as quest es relativas prote o ambiental Com o crescimento do turismo observado atualmente na primeira d cada do 123 s culo XXI a atividade ganhou import ncia tanto na economia dos destinos como na v
345. rar que ele por si s possa levar a um consenso a uma harmonia social sobre o assunto Certamente pode contribuir para tal Mas o zoneamento n o deve ignorar a exist ncia de conflitos de interesses como 109 um fato b sico social e ter mais chances de sucesso se for conduzido como um processo de negocia o de resolu o de conflitos entre os stakeholders Parece inclusive que deveria come ar logo com o di logo entre os stakeholders sobre os problemas e op es por eles percebidos e n o com as pesquisas e os mapas ACSELRAD 2000 p 6 7 As coloca es dos autores referidos neste cap tulo articulando quest es referentes a conflitos socioambientais reas protegidas e popula es locais de muitas maneiras podem orientar a abordagem do caso do PNI na medida em que s o essas as mesmas quest es que ali preciso focalizar para a compreens o da realidade local Nesse sentido as ltimas coloca es de Arruda 1999 quanto a uma poss vel solu o em rela o imposi o do modelo hegem nico de preserva o s popula es envolvidas nas unidades de conserva o que seria a dos planos de manejo elaborados com a participa o das comunidades locais v m diretamente ao encontro do foco central desta tese que com o reconhecimento da situa o local e da vis o dos segmentos locais e com a parceira dos grupos locais sugerir um arranjo institucional de gest o que considere a possibilidade
346. ratura a m sica a dan a os jogos os ritos a mitologia os costumes o artesanato a arquitetura e outras artes COLCHESTER 1994 apud LEUZINGER 2007 p 233 Diante da amplitude de conceitos apresentados neste estudo utilizo a express o popula o residente nas an lises que envolvem os moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande instalados dentro dos limites internos da parte alta do PNI no munic pio mineiro de Itamonte Esta op o ocorre porque o conceito de popula o tradicional n o consensual est em constru o e o debate acerca do que venha a significar o termo n o se esgotou No entanto entendo que as popula es residentes s quais me refiro possuem direitos territoriais e culturais e que a unidade de conserva o tamb m tem o direito de existir enquanto um espa o de prote o do bioma Mata Atl ntica Assim sendo ou n o sendo classificadas como popula es tradicionais pelas abordagens dos diversos autores aqui estudados esclare o que o termo popula es residentes se apresenta como o mais adequado para as an lises deste estudo que n o tem a pretens o de apresentar um novo conceito ou caracter sticas para a express o popula o tradicional A compreens o da din mica de inclus o social no mbito dos parques p blicos brasileiros requer um estudo do marco regulat rio das Unidades de Conserva o 46 1 2 Marco regulat rio das Unidades de Conserva o brasileiras
347. reciso criar canais de comunica o entre o parque e os prestadores de servi os como o exemplo da comiss o de uso p blico do conselho consultivo do PNMA que funciona como um espa o de aprendizado negocia o e comprometimento Fonte Adaptado de RODRIGUES 2009 p 314 315 No cap tulo 4 ser o analisados os depoimentos coletados no trabalho de campo que contou com entrevistas junto aos moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande com as declara es dos servidores do ICMBio Parna 146 Itatiaia que comp em a administra o da unidade e tamb m com os esclarecimentos dos membros do conselho consultivo do PNI 147 4 VIS ES REFERENTES AO PNI VALORES E INTERESSES DOS ATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS Este cap tulo apresenta e analisa os dados resultantes da pesquisa de campo realizada no per odo correspondente ao primeiro semestre de 2011 conforme exposto abaixo S o aqui descritas e analisadas a caracteriza o e a inser o dos principais atores sociais no contexto do PNI representados pelas fam lias da parte alta do parque membros do Conselho Consultivo e t cnicos do ICMBio bem como suas vis es sobre as quest es que ali afloram e que os envolvem 4 1 Sobre a pesquisa metodologia Embora j anunciado na Introdu o gostaria de esclarecer aqui com mais detalhe a maneira como esta parte da pesquisa foi conduzida enfatizando o car ter qualitativo da mesma O que considero como
348. res do Porque Nacional do Tatiaia acerca da sobreposi o dessa unidade de conserva o nos terras que ocupam h mais de um s culo As reuni es foram conduzidos de maneira informal em que o pesquisado falo mais que o pesquisador por m este orienta o di logo de modo a permitir que os nativos externassem suas opini es a respeito do tema tratado sem constrangimentos observando por m os pontos que considerei a priori como relevantes para a compreens o do conflito socioambiental com o Porque Nacional Assim o modo de vida e de produ o das comunidodes a hist ria dos conflitos do uso do territ rio e dos recursos naturais os impactos causados nas comunidades pelas restri es vigentes ap s a cria o da UC quanto sos usos tredicionais dos moradores a sustentabilidade do meio ambiente e os perspectivas das comunidades foram os aspectos investigados junto s comunidades Nas comunidades apresente me e informei os moradores sobre o trabalho que iria realizar e o que este se destinava demonstrar as especificidades do Seu modo de vida para atua o do MPF no conflito socioambiental existente entre as comunidades e o Parque Nacional do Itatiaia Foram feitos registros fotogr ficos e anota es em caderno de campo das observa es e dos conversas informais em reuni es e durante os deslocamentos realizadas com os moradores das comunidades Deste modo apresento neste parecer uma retrospectiva do modo de vida dos moradores das co
349. resen a de popula o tradicional e a capacidade de suporte do ecossistema ao analisar as atividades praticadas pela comunidade Segundo Leuzinger 2007 a anula o dos respectivos atos de cria o n o simples e pode provocar danos ambientais e sociais graves Tal situa o cria um imbr glio jur dico cuja solu o ocorre mediante convalida o quando ocasionado por v cio de forma e convers o total ou parcial do ato de cria o quando v cio de objeto A convers o altera o tipo de categoria estabelecida no SNUC Diferentemente da categoria parque nacional as reservas extrativistas e as reservas de desenvolvimento sustent vel permitem a compatibilidade entre a prote o ambiental e a presen a de popula o residente Machado por sua vez afirma que a Lei Federal 9985 2000 em seu posicionamento sobre as popula es tradicionais quer valorizar ao mesmo tempo o ser humano e a natureza N o admite que nenhum deles seja aviltado e menosprezado Por isso constatada a exist ncia da presen a de popula o tradicional em uma rea na qual se entenda necess ria a cria o de uma unidade de conserva o essa popula o n o poder ser expulsa ou levada a sair do local sem indeniza o e adequada realoca o pelo pr prio poder p blico Dessa forma entende se que basta haver uma s pessoa nessa situa o para que tenha seus direitos assegurados pelo art 42 2006 p 807 Esse contexto exige tamb m a prote
350. residencial Essa recategoriza o se deu por meio de um Projeto de Lei 7 70851 e objetivou resolver os conflitos socioambientais com cerco de 2 000 familias descendentes de pomeranos que o ocupam com agricultura familiar de caf milho cacau 33 Lei 9 5832000 34 Anexo Lein 11 656 de 2 de jumho de 2008 40 271 e outros culturas e que ali viviam h pelo menos tr s gera es e s o reconhecidos como tradicionais Al m de preservar os pont es rochosos a flora e a founa associadas bem como a paisagem formada pelos elementos naturais e culturais tradicionais a categoria Monumento Natural permitiu a exist ncia dessas propriedades particulares no interior do unidade desde que o uso delas seja compativel com o manejo dessa unidade de conserva o Com a recategoriza o dessa unidade o governo federal cumpriu a Pol tica Nacional de Desenvolvimento Sustent vel dos Povos e Comunidades Tradicionais que visa reconhecer fortalecer e garantir os direitos desses povos com a pr tica de uma pol tica ambiental constru da coletivamente considerando a tredicionalidade do ser humano A visita o oos monumentos naturais permitida e as atividades de pesquisa dependem de pr via autoriza o do IMCBio Sabemos que essa recotegoriza o requer um processo supercomplexo que envolve o Congresso Nacional Entretanto h pouco tempo a Presidenta da Rep blica prop s uma Medida Provis ria para redefinir os limites d
351. resist ncia em deixar a regi o alegando estarem impedidos de realizar suas atividades mas exigem um outro lugar para ir em condi es parecidas ou uma justa indeniza o que seja suficiente para adquirirem outra propriedade que permita garantir a sobreviv ncia da fam lia Mesmo assim por iniciativa pr pria os moradores n o demonstram interesse em deixar a rea e atribuem ao PNI uma a o autorit ria arrogante enquanto buscam manter suas propriedades o seu modo de vida e sua identidade cultural Um morador da fam lia 2 afirmou que Pra desapropriar tem que pagar ou d terra em outro lugar Mas dif cil N o tenho nem pra onde ir A n o ser que eles paguem Mas n o f cil isso n Outro da fam lia 6 questiona a desapropria o por serem pagadores de impostos e propriet rios leg timos das terras Eu acho errado n N o pode Pra onde v o levar os morador Aonde n s v o morar sem ser aqui Estudo n s n o tem pra pegar um servi o b o Tem que ser ro a mesmo E continua Nem sei A gente paga imposto tudo certinho A gente dono da terra heran a n Eu quero ficar aqui a gente nascido e criado aqui Eu nem pensei nisso ainda Na ro a mais trang ilo tem mais liberdade Fazer o que na cidade A preocupa o dos moradores diante da possibilidade de terem que recome ar a vida em uma cidade grande incomoda os Os moradores da Serra Negra e da Vargem Grande t m do cen rio urban
352. ressuposto de Lenoble 1969 p 17 de que a natureza n o pode ser concebida como uma natureza em si mas somente dentro de um relativismo que a faz representar se como uma abstra o que toma sentidos radicalmente diferentes segundo as pocas e os homens este estudo absorve a premissa desse autor de que a natureza n o uma ideia mas muitas ideias e significados pensados assistematicamente Segundo Guerra 2005 p 117 apud BOTELHO 2009 p 43 a representa o da natureza uma representa o humana imbu da de valores socioculturais constitu dos historicamente Nessa perspectiva os autores entendem que a a o intencional em transformar a natureza transforma a pr pria natureza humana compelida por representa es e ideias que s o reflexos da vida em sua totalidade e n o s das condi es materiais de produ o mas de valores tradi es e formas de sociabilidade pr prias a cada sociedade Tamb m Whitehead 1994 considera a natureza como uma manifesta o m ltipla de eventos passageiros que s ganha sentido de realidade na rela o ser social fen menos da natureza observ veis Nessa tica com a supera o de muitos dogmas e com a emerg ncia de novas sensibilidades em rela o aos animais s plantas e paisagem entre os 31 anos de 1500 e 1800 percebe se que uma s rie de transforma es ocorreu na representa o que homens e mulheres tinham da natureza o que acarretou a red
353. rgem Grande e Serra Negra na parte alta do parque Mapa 2 Essas comunidades s passaram a fazer parte da rea do PNI pela amplia o territorial de 1982 Mapa 3 Apesar da amplia o do territ rio o conflito pelo uso e ocupa o da terra por essas comunidades s passou a existir no ano de 2000 momento em que houve a promulga o da Lei do SNUC que proibiu a perman ncia de moradores em unidades de conserva o da categoria parque nacional Os mapas a seguir apresentam a rea original do PNI criado em 1937 e a rea atual ap s a amplia o ocorrida em 1982 88 Mapa 2 Mapa de cria o do PNI em 1937 e territ rio atual ampliado em 1982 Esbo o do limite da UC Decreto de Cria o n 713 Parque Nacicral do atiais Limite do PN 1937 Site de Coord dos ERGAS 0 UM R Fome ces dados Cams spogmifci Agali Negra e Alngos csaka 55 000 IDA ES lin do PNI elaborado a parar de 1 ieorto 5 439602 Ebdon por Patricio K amow er margo mn Fonte FISCALIZA O PNI 2012 Mapa 3 Localiza o das comunidades Vargem Grande e Serra Negra no territ rio do PNI desde 1982 Mapa de localiz Comunidades lt Parque Nacional do Itatiaia Legenda LS Parque Nacional do Itatiaia Hidrografia PNI e Comunidades 20001000 0 1000 m reata Smtema de Coordenadas SIRGAS WON UTM zs Fonte dos dados Cartas tepagr fica Agulhas Negras o Aligos escal 150000 PBGE limite ilo PNU aingorado
354. rizando seu padr o de uso dos recursos naturais ARRUDA 1999 p 89 constituindo dessa forma um modelo que permite s comunidades tradicionais manejos de recursos naturais valorizados renovados e at reinterpretados para torn los mais adaptados a novas situa es emergentes DIEGUES 1996b 97 apud ARRUDA 1999 p 89 Arruda acredita que a inclus o das comunidades locais no plano de manejo e mais no conceito de conserva o precisa investir no reconhecimento das identidades desses grupos na valoriza o de seus conhecimentos na melhoria de suas condi es de vida e principalmente na garantia de sua contribui o para as pol ticas conservacionistas nas quais eles tamb m se beneficiem A implementa o de uma atividade econ mica comercial tur stica em uma unidade de conserva o regulada pelo Plano de Manejo da unidade principal documento de gest o ambiental No PNI o primeiro Plano de Manejo foi elaborado em 1982 antes da amplia o da unidade ocorrida no mesmo ano O documento n o define a a o dos gestores da unidade no territ rio ampliado que n o foi 2 A lei do Snuc esclarece em seu art 28 nico At que seja elaborado o Plano de Manejo todas as atividades e obras desenvolvidas nas unidades de conserva o de prote o integral devem se limitar quelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger assegurando se s popula es tradicio
355. rograma de P s gradua o em Meio Ambiente da UERJ Rio de Janeiro Sistema de Autoriza o e Informa o em Biodiversidade Sistema Nacional de Unidades de Conserva o da Natureza Universidade do Estado do Rio de Janeiro Unidade de Conserva o da Natureza Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Uni o de Neg cios e Administra o Organiza o Mundial do Turismo Organiza o das Na es Unidas 1 1 1 2 1 3 2 1 2 2 3 1 3 2 3 2 1 3 3 3 4 3 5 4 1 4 2 4 2 1 4 2 2 4 2 3 4 3 4 3 1 4 3 2 4 3 3 4 3 4 SUM RIO INTRODU O oea a a damn 19 UNIDADES DE CONSERVA O E O PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA ces ea e A A T A nN 30 reas naturais protegidas concep o e implementa o 30 Marco regulat rio das Unidades de Conserva o brasileiras o caso do Parque Nacional do Itatiaia ii 46 O Parque Nacional do Itatiaia elementos de uma paisagem 61 SOBRE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS PARA PENSAR O PNI 80 Concep es no campo da ecologia pol tica 80 Conflitos socioambientais reas protegidas e popula es locais 91 SOBRE TURISMO PARA PENSAR O PNI iiiienn 114 O turismo sob v rias perspectivas 114 A preocupa o ambiental ecoturismo ambientalismo e participa o da popula o residente
356. ropriet rio de seis fazendas Queijaria Central Taquaral Invernada Benfica e Mont Serrat na regi o onde mais tarde foi instalado o Parque Nacional do Itatiaia PNI foram adquiridas pela Uni o em 1908 com o objetivo de nelas implantar n cleos coloniais A iniciativa entretanto n o obteve os resultados esperados Ap s o insucesso desse empreendimento parte das reas adquiridas foi incorporada ao patrim nio do Jardim Bot nico do Rio de Janeiro que a utilizou como Esta o Biol gica de Itatiaia desde 1914 at a sua transforma o em Parque Nacional para que pudesse ficar perpetuamente conservada no seu aspecto primitivo e atender s necessidades de ordem cient fica decorrentes das circunst ncias conforme disposto no referido Decreto 47 A cria o do Parque Nacional do Itatiaia contou com a defesa de Hubmayer na Sociedade Brasileira de Geografia no Rio de Janeiro em 1911 e do bot nico Alberto L efgren em 1913 quando este ltimo reiterou a proposta de instala o de um Parque Nacional na regi o da Serra da Mantiqueira com o prop sito de incentivar a pesquisa cient fica e de oferecer lazer s popula es dos centros urbanos DIEGUES 2008 Em 1931 com o objetivo de proteger os recursos naturais e culturais de uma rea possuidora de rica biodiversidade e de um ecossistema de expressiva beleza o bot nico Alberto Sampaio enviou ao governo brasileiro uma nova proposta de cria o do Parque Nacion
357. rra BL 10 0 N o Aiuruoca tem a nascente mais alta do Brasil fica no macio das Agulhas Negras Ele desce em dise o so veste de Minas Gerais e desemboca so Rio Grande atravessando uma regi o de grande potencial paisagimico e turistico em parte da regi o do Sul de Minas iii o o o o o o o o o g Y inseridos na regi o da APA da Serra da Mantiqueira no Parque Nacional do Itatiaia e no Porque Estatual da Serra do Papagaio Essas comunidades s o consideradas como bairros pelo munic pio mineiro de Itamonte A Comunidade Rural da Serra Negra uma des comunidades mais impoctadas pelo Porque Nacional do Itatiaia Tem aproximadamente 72 fam lias e a rraioria de seus moradores possuem s tios inseridos no noroeste do Parque Nacional do Itatiaia As outras comunidades impactadas pelo PARNA do Itatiaia s o Vargem Grande que foi dividida ao meio pelos limites da amplia o do PARNA Itatiaia e como a maioria de seus moradores vendeu suas posses e migrou ficaram apenas sete moredores na comunidade Frag rio Capivara e Monte Belo s o comunidades locais limitrofes com o Parque Frag ria tem cerca de 40 fam lias e a maioria de suas terras est o fora do Parque mas alguns moradores possuem reas de pastagem dentro do Parque Capivara tem aproximadamente doze propriedades sendo que duas delas est o inseridas do Parque Dois Irm os possui uma propriedade e uma moradia dentro do PARNA com cria o de truta no rio d
358. rra passa a ser percebida com valores potenciais m ltiplos por sua multifuncionalidade BLANCO 2004 apud BARTHOLO SANSOLO e BURSZTYN 2009 p 143 Dentre as estrat gias encontradas para enfrentar essas m ltiplas funcionalidades em conformidade com os princ pios ecossist micos o turismo de base comunit ria vem tendo o apoio de pol ticas p blicas setoriais do governo federal apresentando uma alternativa s fam lias de pequenos propriet rios rurais O apoio governamental se d por meio dos Minist rios do Desenvolvimento Agr rio 134 MDA do Meio Ambiente MMA e do Turismo MTur SANSOLO e BURSZTYN 2009 p 144 Na pol tica do MDA o turismo apresentado como uma atividade n o agr cola capaz de auxiliar na conserva o ambiental e valoriza o da cultura local com potencial de gerar trabalho e renda aos propriet rios rurais integrados por meio de arranjos produtivos locais SANSOLO e BURSZTYN 2009 p 144 A atua o profissional na cadeia produtiva do turismo favorece a presta o de alguns servi os conforme a an lise de Schneider e Fialho 2000 apud SANSOLO e BURSZTYN 2009 Na vis o desses autores algumas ocupa es na presta o de servi os de apoio ao turismo exigem baixa qualifica o Essa caracter stica possibilita a absor o da for a de trabalho de habitantes do campo em muitos casos desprovidos do acesso forma o profissional existente nos centros urbanos Desde a d cada de
359. s o territ rios intrinsecamente conflitivos 2009 p 41 decorrentes da limita o de reas para prote o da natureza que refor am a dicotomia sociedade natureza e alimentam a luta simb lica entre os diferentes atores sociais pela legitima o das diferentes formas de apropria o do territ rio e reprodu o sociocultural Na an lise de Simon a n o visualiza o dos Parques Nacionais como s cio espa os impregnados de complexas rela es sociais tem levado interpreta o dos problemas sociais evidenciados como problemas ambientais O que se visualiza o resultado dessa rela o a degrada o ambiental SIMON 2003 p 125 A autora defende que o atual modelo de prote o da natureza gera a ideia equivocada de um ambiente igual para todos na medida em que desconsidera as complexas rela es sociais e as diferentes significa es e formas de apropria o do territ rio e de seus recursos naturais SIMON 2003 apud BOTELHO 2009 p 41 sendo o conflito um problema ambiental que deve ser resolvido em prol do atendimento aos objetivos de prote o ambiental que justificaram a cria o de um parque Os conflitos resultantes do modelo em voga podem colocar em risco inclusive a prote o da biodiversidade dentro dos limites da pr pria rea protegida PEREIRA 2005 p 121 DIEGUES 2008 p 103 Como se v nos autores apresentados at aqui apesar das varia es nos aspectos e
360. s contempor neas S o Paulo Studio Nobel 1996 WESTERN David Como definir o ecoturimo In LINDBERG Kreg HAWKINS Donald E Org Ecoturismo um guia para planejamento e gest o Tradu o de Leila Cristina de M Darin 5 ed S o Paulo Ed Senac 2005 Pref cio p 13 22 WHITEHEAD M Is it fair Evaluating the equity implications of the NHS reforms In ROBINSON R LE GRAND J Ed Evaluating the NHS reforms London King s Fundation 1994 p 208 242 WORSTER Donald Para fazer hist ria ambiental In Estudos Hist ricos Rio de Janeiro v 4 n 8 p 198 215 1991 YUNG Laurie Freimund Wayne A Belsky Jill M The politics of place understanding meaning common ground and political differences on the Rocky Mountain Front Forest Science v 49 n 6 p 855 866 2003 ZHOURI A LASCHEFSKI K PEREIRA D B Org A insustent vel leveza da pol tica ambiental desenvolvimento e conflitos socioambientais Belo Horizonte Aut ntica 2005 ZHOURI Andr a Justi a ambiental diversidade cultural e accountability desafios para a governan a ambiental Revista Brasileira de Ci ncias Sociais S o Paulo v 23 n 68 p 97 107 out 2008 ZHOURI Andrea OLIVEIRA Rachel Paisagens industriais e desterritorializa o de popula es locais conflitos socioambientais em projetos hidrel tricos In ZHOURI A LASCHEFSKI K PEREIRA D B Org A insustent vel leveza da pol tica ambiental desenvolvimento e co
361. s contidos na per cia antropol gica Anexo A 58 realizada por determina o do Minist rio P blico Federal MPF confirmam a complexidade da situa o jur dica das popula es que tradicionalmente se inserem na paisagem do PNI Cabe ressaltar que em 2007 o Instituto Chico Mendes de Conserva o da Biodiversidade ICMBio criado pela Lei n 11 516 de 28 de agosto vinculado ao Minist rio do Meio Ambiente com a atribui o de propor implantar gerir proteger fiscalizar e monitorar os Parques Nacionais institu dos pela Uni o fez com que os PN s deixassem de estar vinculados s Superintend ncias Estaduais do Ibama sendo responsabilidade do ICMBio Em sua estrutura o ICMBio possui quatro diretorias dentre as quais a de Planejamento Administra o e Log stica qual esta ligada uma Coordena o Geral de Regulariza o Fundi ria encarregada de tratar da complexidade que envolve o tema no interior dos parques nacionais ROCHA et al 2010 Com a cria o do ICMBio surgiu pela primeira vez dentro da pol tica federal de gest o de UCs uma inst ncia espec fica encarregada de tratar dos aspectos ligados a essa quest o No entanto como salientam Rocha et al 2010 os problemas fundi rios dos PNs normalmente n o inviabilizam a exist ncia e o funcionamento da unidade Um PN pode conviver com essa pend ncia por per odos relativamente longos sem que haja conflitos agudos mas tamb m sem solu es definiti
362. s covalgam pelas trilhas antigas e descem a serra com a produ o de queijo e outros produtos como o mel do Mantiqueira at os consumidores nas cidades mais pr ximas como Visconde de Mau no Estado do Rio S o os tropeiros do parmes o da Serra da Mantiqueira 245 0 Gtl coiota uma fruta rasteira Horticultura que se parece com a melancia por fora e com ab bora por dentro Serve para fazer doce as L Gado leiteiro Produ o de queijo Outras atividades complementam a renda familiar como a apicultura como diarista nas fazendas vizinhas ou para algum morador realizando algum trabalho por tarefa cria o de trutas em cativeiro atividade praticada s por uma fam lia cria o de animais de carga aves e su no para subsist ncia Aposentadorias trabalho de brigadista do Porque e a venda de doces e geleias de frutos dos pomares familiares fabricados pelos mulheres capacitadas pela Emater tamb m geram renda Existem algumas familias cultivando hortali as cenoura cheiro verde vagem pimenta alface beterraba etc num projeto em parceria com a Emater e seus produtos v o para as escolas municipais de Itamonte Mas apesar dos esfor os e da iniciativa da Associa o Comunit ria dos Amigos Vizinhos e Moradores da Serra Negra de oferecer cos moradores cursos de fruticultura org nica turismo rural hotelaria e condutores apicultura derivados de leite processamento de fru
363. s d gua t tudo estragado De professor t timo s falta melhorar a estrada Al m das reclama es sobre a necessidade de reforma das instala es os moradores tamb m se queixam da aus ncia de oferta de todas as s ries da forma o escolar Dependendo do ano de curso os alunos precisam se deslocar para o bairro rural vizinho chamado Campo Redondo ou para a sede do munic pio de Itamonte At a 4 s rie tem escola aqui Depois vai pra Itamonte a Prefeitura d o carro e leva A apreens o sobre a continuidade do funcionamento da escola de Vargem Grande tamb m manifestada At esse ano que passou teve escola aqui Agora vai fechar porque tem pouca crian a A tem que ir pro outro bairro aqui a Serra Negra Quanto coleta de res duos que tem rela o direta com a quest o ambiental as comunidades n o possuem sistema regular de coleta de lixo nem coleta seletiva Houve relatos da pr tica de queimar o lixo principalmente pl stico e papel Essa pr tica arriscada e pode dar in cio a inc ndios de grandes propor es principalmente em per odos mais secos Observei a presen a de lat es coloridos instalados pela Prefeitura de Itamonte Um dos pontos de coleta na escola da Vargem Grande As cores diferentes dos lat es seriam uma tentativa de coletar separadamente os materiais que podem ser reciclados No entanto essa tentativa foi em v o pois o ac mulo do lixo ocorre de forma desorgani
364. s definir o turismo como o deslocamento de pessoas de seu local de resid ncia habitual por per odos determinados e n o motivados por razoes de exerc cio profissional constante Uma pessoa que reside em um munic pio e se desloca para outro diariamente para exercer sua profiss o n o estar fazendo turismo J um profissional que esporadicamente viaja para participar de um congresso ou para fechar um neg cio em outra localidade que n o a de sua resid ncia estar fazendo turismo 2002 p 25 Nessa an lise Ignarra faz a distin o entre os turistas e as pessoas que viajam por motivos profissionais estabelecendo uma diferencia o temporal da pr tica da viagem ao utilizar os termos constante e esporadicamente Um dos conceitos mais encontrados na literatura do turismo o do mexicano Oscar De La Torre o turismo um fen meno social que consiste no deslocamento volunt rio e tempor rio de indiv duos ou grupos de pessoas que fundamentalmente por motivos de recrea o descanso cultura ou sa de saem de seu local de resid ncia habitual para outro no qual n o exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada gerando m ltiplas inter rela es de import ncia social econ mica e cultural DE LA TORRE 1992 p 19 apud BARRETO 2001 p 13 IGNARRA 2002 p 24 H outros conceitos e outros autores que contribuem e analisam o que entendem ser o fen meno do turismo Nesta tese a contribui o de De La T
365. s moradores da comunidade da Serra Negra entrevistados em trabalho de campo relatou a iniciativa de produzir um abaixo assinado para o atualmente Senador e ex Governador de MG A cio Neves 139 O discurso de inclus o social presente nas pol ticas p blicas acompanhado por promessas de empregos e de outros benef cios para os moradores locais Essa abordagem tende a iludir alguns membros da comunidade e gerar constrangimentos remetendo a conflitos em torno de direitos territoriais e significados culturais Diegues 2008 alerta que as autoridades respons veis pelas unidades de conserva o percebem as popula es tradicionais como destruidoras da vida selvagem desprezando oportunidades reais de incorpor las no projeto de conserva o A chamada participa o das popula es tradicionais no estabelecimento dos parques e reservas muitas vezes n o passa de cortina de fuma a para responder a certas demandas internacionais que consideram o envolvimento dessas popula es fator positivo para o xito do empreendimento p 23 O autor critica a forma como tratada e conduzida a situa o das popula es tradicionais em reas protegidas As formas de incorporar os moradores tradicionais no planejamento e implanta o das unidades de conserva o na maioria das vezes visam simplesmente minimizar os conflitos potenciais ou existentes e n o realmente oferecer alternativas vi veis de subsist ncia s p
366. s outros problemas constituindo um modelo de exclus o sendo que a legisla o brasileira que cria parques e reservas prev como nos Estados Unidos a transfer ncia dos moradores dessas reas causando uma s rie de problemas de car ter tico social econ mico pol tico e cultural 2008 p 18 Essa pr tica reitera n o favorece as a es de conserva o ambiental e prote o da biodiversidade A expuls o dos moradores tem contribu do ainda mais para a degrada o das reas de parques uma vez que frequentemente por falta de fiscaliza o ind strias madeireiras e de minera o as invadem para explorar ilegalmente seus recursos naturais DIEGUES 2008 p 22 A regi o onde se situa o PNI abrange um grande parque industrial na regi o do Vale do Para ba que conta com a presen a de sider rgicas montadoras de ve culos e parte de sua cadeia produtiva papel e celulose pneum ticos e energia nuclear Muitas das empresas desses setores industriais fazem parte do conselho 141 consultivo do PNI e frequentemente realizam contribui es financeiras ao Parque em medidas de compensa o ambiental em iniciativas para aliar a marca ideia de prote o do meio ambiente e em outros casos s o autuadas e multadas por rg os ambientais devido pr ticas predat rias Esse contexto leva s indaga es seria interesse dessas empresas a reserva de espa o ocupado pelo PNI como garantia de rea a ser e
367. s p blicos Maior valoriza o das reas naturais como recurso tur stico de tal forma que essas reas passaram a ser vistas por seus propriet rios com outros olhos agora como fonte de renda Aumento de pessoas nas zonas naturais com fuga da fauna silvestre e diminui o de sua capacidade de reprodu o recolhimento de esp cies vegetais de forma irrespons vel quando n o destru das pelo de tr nsito no local Cria o de novos postos de trabalho em reas rurais Aumento da necessidade de prestadores de servi o para o atendimento ao turista Modifica es significativas e irrevers veis na paisagem pela prolifera o de infraestruturas e constru es Aqui se incluem a abertura de novas vias de comunica o instala es tur sticas de todo tipo etc Fonte Adaptado de DIAS AGUIAR 2002 p 94 95 Ruschmann alerta para o excesso de demanda observado em destinos tur sticos muito procurados pelos turistas que acarreta o desenvolvimento de uma oferta de produtos e servi os tur sticos sem planejamento A autora afirma que a extrema valoriza o dos aspectos econ micos do turismo tem negligenciado os estudos e a considera o dos aspectos relacionados com o meio ambiente natural a cultura e os aspectos psicossociais das comunidades receptoras E ineg vel que para certos pa ses o turismo constitui a principal fonte de renda e apesar dos riscos de uma polariza o entre os benef cios e os
368. s para outros lugares transferir o problema principalmente para as periferias dos centros urbanos A equipe de gest o do Parque Nacional do Itatiaia cogitou a realiza o de um acordo de boa conviv ncia do Parque com os moradores locais Pondero que o estabelecimento desse acordo envolve distintas rocionalidades de apropria o do meio ambiente conserva o X modo de ser fazer e pensar das popula es locais isto modos diferenciados de conserva o do meio ambiente Os ambientalistas do ICMBio devem buscar a integra o e a valoriza o do outro moradores do PARNA na constru o de a es de preserva o compartilhando informa es e experi ncias valorizando seus conhecimentos e negociando decis es coletivas que respeitem seus direitos fradicionais Os saberes tradicionais sobre o uso e manejo dos recursos naturais n o devem ser negligenciado pois para garantir a conserva o da biodiversidade do Parque necess rio conhecer a sua utiliza o pelas popula es locais para identificar se causam impactos e o que fazer paro evit los pois o interfer ncia desses popula es locais na paisagem do Parque Nacional do Itatiaia depende da intensidade do uso e manejo S assim ser poss vel um acordo de boa conviv ncia com defini es responsabilidades obriga es e direitos de cada parte envolvida pois como 38 269 3 b 3 b gt b b d b b b b J b i
369. s pela implonte o de Unidades de Conserva o de Prote o Integral em territ rios tradicionais e estimulor a crio o de Unidades de Conserva o de Uso Sustent vel 3 Assim posto essa pol tica enfatiza que osseguror o acesso ags territ rios tradicionais dessos popula es significa respeitar a diversidade cultural os modos de ser fazer e viver essenciais sua identidade cultural Essa lei vai de encontro ao SNUC pois este n o permite a perman ncia de popula es tradicionais no interior de UCs de prote o integral e nas UCs de uso sustent vel tamb m imp e restri es s popula es tradicionais que vivem no seu interior l Outrossim os princ pios do Plano Estrat gico Nacional de reas Protegidas PNAP instituido em 2006 tamb m n o foram considerados promo o da perticipa o do inclus o sociol e do exercicio da cidadania na gest o cas creas protegidas buscando permanentemente o desenvolvimento social especialmente para as popula es do interior e do entorno dos reas protegidas XX e como diretrizes fomentor o participa o social em todas as eftopas da implementa o e avalia o do PNAP X assegurar o envolvimento q qualifica o dos diferentes atores sociais no processo de tomada de decis o para a cria o e para a gest o das reas protegidas garantindo q respeito oo conhecimento e direitos dos povos indigenas comunidades quilombolos e locais XT
370. s popula es locais de suas 91 terras reduzem ou anulam os ganhos l quidos dos empregos gerados Acselrad argumenta que o meio ambiente n o deve ser visto como fator de constrangimento ex geno ao desenvolvimento mas sim como parte constitutiva dos embates pela constru o democr tica Por isso entende que os conflitos exprimem as contradi es internas aos modelos de desenvolvimento Acselrad 2005 p 8 9 A mesma vis o compartilhada por Zhouri Laschefski e Pereira o conflito eclode quando o sentido e a utiliza o de um espa o ambiental por um determinado grupo ocorre em detrimento dos significados e usos que outros segmentos sociais possam fazer de seu territ rio para com isso assegurar a reprodu o do seu modo de vida 2005 p 18 Cabe avaliar de que modo essas considera es se aplicam no caso do PNI sabendo que as caracter sticas de um parque nacional enquanto unidades de conserva o de prote o integral impedem al m da moradia dentro dos limites da unidade a apropria o desse territ rio para produ o rural seja agricultura pecu ria ou a cultura de outra esp cie qualquer seja animal ou vegetal Dentre os atores sociais envolvidos no contexto do PNI destaco os moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande o conselho consultivo do parque e o poder p blico representado pelos servidores do ICMBio lotados no parque para fazer essa avalia o Partindo das premissas dos au
371. s regionais e por pr ticas pol ticas participativas e democr ticas com mecanismos voltados para a articula o entre os sujeitos sociais em busca de solu es end genas 2009 p 59 Se as falas dos conselheiros citados acima indicam que n o ocorre no caso do CCPNI a participa o no n vel esperado para o mbito de um conselho ver se tamb m a seguir que os assuntos referentes parte alta do parque n o t m espa o nas reuni es o que se conclui das respostas pergunta sobre quais s o os principais temas discutidos no conselho relacionados parte alta do PNI que na sua maioria aponta para assuntos e preocupa es de interesse e visando melhorias para o pr prio Parque melhorias nas trilhas de forma a diminuir os impactos ambientais por elas provocados condi es dos abrigos e possibilidades para camping a quest o do fogo abertura de guias para escaladas turismo clandestino pecu ria invasiva trilhas abrigos e uso p blico temas relacionados s normas de uso do Parque reabertura de antigas trilhas condutor de visitantes extens o de hor rio visita o e outros que v o surgindo assuntos relacionados visita o incrementos tur sticos O representante da FEMESP eloquente A parte alta desconhecida de grande parte dos conselheiros Pouco se discute sobre ela no conselho Quem se envolve ativamente com a parte alta basicamente a CTME diz a C mara
372. se s condi es para elaborar uma teoria cient fica Para o autor primeiro preciso que haja uma s rie de hip teses A seguir a possibilidade de dizer que tal conjunto de ideias pode constituir os princ pios gerais de uma determinada disciplina do saber No entanto Barreto posiciona o turismo na distin o entre ci ncia e t cnica Segundo a autora de uma maneira geral pode se dizer que a ci ncia do turismo est ligada aos estudos que dizem respeito sociedade enquanto as t cnicas referem se administra o das empresas e otimiza o dos neg cios BARRETO 2001 p 131 O per odo p s guerra favoreceu o desenvolvimento do turismo com a forma o de mercados de consumo de massa globais originados com os investimentos dos Estados Unidos na internacionaliza o da economia como o plano Marshall e a generaliza o do fordismo como sistema de produ o HARVEY 1989 p 137 apud BARRETO 2001 p 54 As evolu es tecnol gicas dos meios de transportes foram determinantes para a consolida o do turismo nas d cadas seguintes Conforme afirma Barreto 2001 p 55 117 na segunda metade do s culo a atividade tur stica expandiu se pelo mundo inteiro O n mero de ag ncias de viagens aumentou em consequ ncia do crescimento das companhias a reas que n o tinham capacidade para colocar suas pr prias filiais e preferiam dar a venda de passagens a varejistas A hotelaria passou por uma modifica
373. socia o Brasileira dos Resorts s poss vel se enquadrar nesta qualifica o o estabelecimento que for destino exclusivo e diferenciado para o lazer dotado de excelente infra estrutura e situado em locais especiais chamados pelo trade de paradis acos Em lugar onde o turista pode ter contato com a natureza e desfrutar de v rias op es de lazer independentemente da idade 193 Estado No entanto este tema precisa ser pesquisado pois h controv rsias a este respeito Sobre estes empreendimentos h bastantes questionamentos tais como quais os impactos socioambientais desses empreendimentos Quais as contribui es dos resorts para os munic pios onde se alocam Qual o peso na oportunidade de empregos aos residentes H prioridade de empregos para os profissionais locais ou s o contratados profissionais de fora sem ao menos verificar a exist ncia dos profissionais aqui formados Por que os governos n o estabelecem contrapartidas garantindo em forma de contrato mais empregos num pa s onde h tantos desempregados Como isso pode ser controlado 2009 p 115 A implementa o de projetos como estes a exemplo de outras a es que tamb m ocorrem exclui a atua o das comunidades na tomada de decis o que n o participam sequer dos debates Assim as decis es s o unilaterais favorecendo os interesses dos grupos sociais hegem nicos e detentores do capital em detrimento dos crit rios ecossist micos e dos interesses
374. stico a partir da necessidade de estudar as complexas rela es que se desenvolvem na atividade tur stica na busca por resultados desej veis no futuro Nessa perspectiva Braga ressalta que qualquer trabalho de planejamento tur stico tem como pressuposto o conhecimento do destino tur stico chamado por muitos autores de n cleo receptor Nele s o estudadas a oferta tur stica atrativos equipamentos e infra estrutura de apoio e a comunidade local que interfere ativamente na atividade tur stica e ao mesmo tempo constitui se no principal elemento a ser impactado pelos rumos do desenvolvimento do turismo colhendo os frutos bons e ruins das consequentes mudan as socioecon micas e ambientais 2007 p 5 6 Segundo Ruschmann os riscos de se promover o crescimento do turismo sem a es de planejamento podem provocar danos irrecuper veis pois um crescimento desordenado agride e descaracteriza o meio natural e urbano 1997 p 163 A autora chama a aten o tamb m para os danos de natureza sociocultural que afetam as tradi es que s o influenciadas pelos interesses comerciais da atividade desvinculados de uma proposta que considere o fen meno tur stico Ao analisar o desenvolvimento da comunidade local nos projetos de implementa o do ecoturismo Horwich et al 2005 reafirmam a import ncia do planejamento e enfatizam a participa o da comunidade local nas estrat gias de desenvolvimento das atividades ecotur sticas
375. sui fauno e flora bastante diversificadas devido altitude e ao clima que variam administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conserva o da Biodiversidade ICMBio A origem do nome do Parque remete aos voc bulos de lingua tupi ta pedra e ti i ponta dente aludindo s formas pontiagudas das serra onde destaca o Pico das Agulhas Negras Segundo o art 11 da Les 9985 2000 do Sistema Nacional de Unidades de Conserva o SNUC o Parque Nacional uma unidade de conserva o de prote o integrol que tem como objetivo b sico a preserva o de ecossistemas naturois de grande relev ncia ecol gica e beleza c nica possibilitando a realiza o de pesquisas cient ficos e o deservolwmento de atividades de educo o e interpreta o ambiental no recrea o em contato com a noturezo e de turismo 4 Umidade de Vormecrva o augo terikit g soja repurmss amilsieniaa imeluisdw ai dyoga jiapiadiiutba ques wstactermicus maneio nele antes Jegalrmento idini polo Poky Publica cum objetos de conserva o l mites definidos moh gime cxpecoil do mministra o quere se aplicam garatis adequadas de prote o atipo D da Lei KSA A 3 Anese 3 Decret n NTSG de 20 de setembro de LONI DULLDCLLLSSLLLLCDLLLLLLLLRELELULULUEDA LAMA as l n nnmnnn UCL eo b ecol gico 81 O Parque Nacional de posse e dominio p blicos sendo que as reas particulares incluidos em seus limites ser o desapropriadas
376. superar as disparidades inter regionais criar estrat gias ambientalmente sadias para reas ecologicamente fr geis conserva o da biodiversidade mediante o ecodesenvolvimento 6 Econ mico desenvolvimento econ mico intersetorial equilibrado seguran a alimentar capacidade de moderniza o cont nua do aparato produtivo grau razo vel de autonomia na pesquisa cient fica e tecnol gica inser o soberana na economia mundial 7 Pol tico nacional democracia definida em termos de apropria o universal do conjunto dos direitos humanos um Estado desenvolvimentista capaz de implementar o projeto nacional em parceria com todos os atores sociais interessados Um grau razo vel de coes o social 8 Pol tico internacional um sistema efetivo das Na es Unidas para prevenir guerras proteger a paz e promover a coopera o internacional um programa de co desenvolvimento Norte Sul baseado no princ pio da equidade regras de jogo e compartilhamento do fardo direcionados em favor dos parceiros mais fracos controle institucional efetivo das finan as e do com rcio internacionais controle institucional efetivo da aplica o do princ pio de precau o na gest o dos recursos ambientais e naturais preven o das mudan as negativas do meio ambiente global prote o da diversidade biol gica e cultural e gest o dos bens comuns globais como parte do patrim nio comum da humanidad
377. t o ambiental Ela resulta de uma apropria o singular da tem tica do meio ambiente por din micas sociopol ticas tradicionalmente envolvidas com a constru o da justi a social Esse processo de ressignifica o est associado a uma reconstitui o das arenas onde se d o os embates sociais pela constru o dos futuros poss veis E nessas arenas a quest o ambiental se mostra cada vez mais central e vista crescentemente como entrela ada s tradicionais quest es sociais do emprego e da renda ACSELRAD 2010 p 109 Sob essa perspectiva Simon 2003 caracteriza o conflito socioambiental como um conflito social de atores com interesses diversificados que t m a natureza como objeto de disputa resultante da tens o entre os interesses coletivos em espa os p blicos e os interesses privados que tentam se apropriar desses espa os p blicos Embora o contexto pol tico seja importante enquanto espa o de negocia o a crise ambiental tem origem em um modelo pol tico econ mico concentrador de riqueza e excludente portanto gerador de conflito O enfrentamento desse cen rio passa por uma mudan a de comportamento de valores e dos fundamentos de produ o e de consumo predominantes na sociedade capitalista referido dicotomia entre o social e o natural A estrat gia de prote o da natureza por meio da cria o de reas protegidas reproduz a pr pria crise desconsiderando a complexidade da rela o entre o social e o natural
378. tadas que s o provenientes de outras fontes foram produ o de doces aposentadoria guia de turismo truta merenda escolar leite queijo agricultura mel hospedagem bolsa fam lia e artesanato A produtividade segundo os moradores varia em fun o do clima da pluviosidade que alta na regi o e do risco de inc ndios entre outros fatores Vinte e duas fam lias informaram que o que produzem suficiente apenas para o consumo pr prio n o sendo obtida receita externa por meio de comercializa o Das fam lias restantes a produ o total de leite das duas comunidades varia entre 626 e 676 litros por dia a produ o de queijos varia do m nimo de 49 e do m ximo de 52 pe as por dia a produ o de trutas varia de 15 a 20 mil por ano sendo que a medida utilizada de unidade e n o de quilogramas pois assim que se realiza o com rcio e a venda da produ o local A produ o de mel em torno de 100 litros por ano A comercializa o destes produtos realizada nos pontos de venda do entorno Dentre os produtores que comercializam suas mercadorias um informou que vende diretamente ao consumidor final ou encaminha para a sede do munic pio de Itamonte duas fam lias enviam para Visconde de Mau quatro encaminham para a Garganta do Registro na divisa dos estados de MG e RJ onde h pequenas lojas beira da Rodovia BR 354 que revendem produtos diversos t picos da regi o seis 154 vendem sua produ o para
379. tal compreender as rela es de poder estabelecidas pelos atores sociais que interagem a partir de interesses conflitantes sobre a utiliza o dos recursos naturais do PNI A etnografia dos conflitos socioambientais proposta por Little 2006 explicita as bases latentes dos conflitos e d visibilidade aos grupos marginalizados identificando os diferentes agentes suas reivindica es e cotas de poder os recursos ambientais envolvidos no conflito e analisando a intera o desses atores entre si e com o meio biof sico e o social Essa etnografia delineada por um novo campo de pesquisa denominado Ecologia Pol tica que segundo Loureiro refere se ao estudo e o reconhecimento de que agentes sociais com diferentes e desiguais n veis de poder e interesses diversos demandam na produ o de suas exist ncias recursos naturais em um determinado contexto ecol gico disputando os e compartilhando os com outros agentes E nesse movimento din mico contradit rio e conflituoso que uma organiza o social se estrutura e estruturante das pr ticas cotidianas e ou pode ser superada 2012 p 14 Nessa perspectiva as organiza es sociais com diferentes interesses e poderes criam os movimentos pela justi a ambiental reivindicando direitos e denunciando pr ticas desiguais de produ o e de consumo dos bens naturais 81 Mas que movimentos s o esses Como quando e por que surgiram Os movimentos pela justi a ambienta
380. tamente Quanto exist ncia de proposi es do conselho para estimular a pr tica do turismo ecol gico na parte alta do parque enquanto a maioria dos entrevistados responde que sim ou n o sem justificar outros acrescentam aspectos que 191 consideram relevantes Entendemos que a rea tem esta voca o e precisa se capacitar para melhor realizar Mais uma vez atrav s da CTME com a cria o do site de agendamento do abrigo Como se v a CTME continua sendo apontada como o ve culo de a o e o mesmo conjunto de conselheiros mais cr ticos em rela o atua o do Conselho aponta com mais veem ncia para a atua o da CTME Um deles explicita aquilo que j se pode perceber por respostas vistas anteriormente que o lugar de destaque da CTME dentro do Conselho e tamb m de polariza o em rela o ao pr prio Conselho como um todo e dire o do Parque Ele indica a exist ncia de uma diferen a ideol gica criticando a filosofia de padroniza o que acredita existir no ICMBio e explicando que A chefia do parque tem uma tend ncia por grandes obras volume de visita o muitas atra es e servi os terceirizados muitas vezes grandes interven es na paisagem O modelo de parque do ICMBio Foz do Igua u e de certa forma ele insiste em aplicar esse modelo no PNI Isso uma briga conceitual Chefia X CTME que n o quer grandes estruturas mega trilhas pavimentadas com pontes e passarelas no p
381. tante da Prefeitura de Resende RJ se refere ao procedimento que vem sendo utilizado pelo Parque Estadual da Serra do Papagaio bem pr ximo ao PNI do lado de Minas Gerais O que a conselheira denomina instrumento da Reserva Legal o mecanismo de Desonera o da Reserva Legal cujos detalhes foram explicados no cap tulo 1 ao citar a entrevista realizada com a advogada respons vel pela realiza o dos procedimentos de regulariza o fundi ria por parte do PNI Outra conselheira tamb m informou que estamos acompanhando a revis o do plano de manejo e fizemos nossas considera es a respeito em uma oficina Al m disso este assunto constante em nossa pauta de reuni o E 3 de forma negativa reponderam aqueles conselheiros que representam as institui es de montanhismo h dois representantes do conselho no plano de manejo O conselho n o discute regulariza o fundi ria s informado alguns representantes do conselho acompanham a revis o do plano de manejo Eu s participei do uso p blico n o das reuni es do plano de manejo E outro criticou a falta de informa o sobre o assunto e os procedimentos adotados pelo PNI sobre cuja atua o ele tece ironias N o se discute a situa o fundi ria do PNI no conselho apenas se informa A recente aquisi o em Mau da propriedade da Cachoeira do Escorrega foi surpresa informada ao conselho atrav s de uma not cia no site do ICMBio Essa
382. tas doces viveirista muitos jovens est o saindo da comunidade em busca de trabalho Mas os moradores afirmaram que quem saiu quer voltar se a vida no Parque melhorar isto se o Parque permitir o modo de vida tradicional das comunidades locais Em rela o infraestrutura a gua utilizada nes moradias canalizado dos cursos dos rios pr ximos Um sistema de fossos biodigestores do Projeto Alto ever verve ese vv vv e a 246 Aiuruoca Sustent vel est sendo implantado pelo Petrobras em parceria com a Associa o Comunit ria dos Amigos Vizinhos e Moradores da Serra Negra nas resid ncias dos moradores locais cadastrados Esse projeto consiste na constru o de fossas s pticas biedigestoras desenvolvidas pela EMBRAPA Estas unidodes de Saneamento permitem a bio digest o do esgoto sanit rio com gera o de adubo org nico utiliz vel em ro as copineiras e outros culturas Existe coleta seletiva do lixo dom stico realizado pelo municipio de Itamonte As pol ticas p blicas de energia e coleta seletiva de lixo foram implementadas nos anos 90 N o h telefone fixo sinal para telefonia m vel nem transporte p blico Para ter acesso s sedes dos distritos ou munic pios es moradores precisam fazer todo o percurso a p a cavalo ou de veiculo pr prio ou de corona em JJ o g algum 4X4 pois como uma regi o tipicamente rural e de serras com baixo densidade populacional n o existem ruas e a est
383. tas juntamente com a afirma o dos conselheiros em outras quest es como se v evidente o desconhecimento de boa parte dos conselheiros sobre o que ocorre na parte alta No que diz respeito ao papel mediador do Conselho Consultivo entre moradores e gestores a avalia o dos pr prios membros indica que essa media o oscila na sua efic cia tanto se reconhece quanto se cobra a a o do conselho O conselho n o faz mas recomenda que seja feito pois isto uma tarefa que demanda tempo e recursos Na oficina para elabora o do plano de manejo a qual boa parte 200 do conselho estava presente esta quest o foi pontuada e entrou como a o priorit ria para o PNI Por exemplo sobre a promo o de capacita o e educa o continuada de usu rios do parque moradores conselheiros quanto a princ pios b sicos da gest o ambiental relacionados ao turismo e compreens o do PNI como unidade de planejamento e gest o e para que se exija do Estado o seu desenvolvimento integral foi indicado que N s promovemos capacita es para os conselheiros para entendermos melhor nossas fun es e nossos limites de a o Tivemos apenas uma oficina para elabora o do planejamento estrat gico H o Programa de Condutores de Visitantes que em parte atende pergunta Mas o Conselho desconhece n o atua o PNI n o os membros do Conselho Acho que o Conselho deveria se interessar mas n o acontece Cre
384. te critica a conserva o est tica e oferece a t cnica para o manejo do meio ambiente assim como a vis o da totalidade da natureza A base cient fica com caracter sticas de objetividade e de utilidade afastada do c nico e do monumental traz a perspectiva de que as comunidades bi ticas devem ser preservadas e que os visitantes devem ter encontros aut nticos com a natureza KOPPES 1988 p 247 apud DIEGUES 2008 Ap s Yellowstone parques nacionais foram criados no Canad em 1885 na Nova Zel ndia em 1894 na frica do Sul e na Austr lia em 1898 Na Am rica Latina o modelo de rea protegida sem popula o residente influ ncia de Yellowstone come ou no M xico em 1894 seguido pela Argentina em 1903 Chile em 1926 e Brasil em 1937 quando foi criado o Parque Nacional do Itatiaia Em todos esses casos os objetivos de cria o da rea protegida eram similares ao modelo norte americano proteger reas naturais de grande beleza c nica para usufruto dos visitantes DIEGUES 2008 As concep es preservacionistas tiveram continuidade no s culo XX com as ideias de Aldo Leopold que assumiu uma vis o abrangente e tica da natureza Para ele toda tica se baseia na premissa de que o indiv duo membro de uma comunidade com partes independentes Nessa perspectiva Leopold afirma que uma decis o sobre o uso da terra correta quando tende a preservar a integridade a estabilidade e a beleza da comunidade bi tic
385. te modelados e podem estar mascarados pelo discurso de falhas de mercado que deslocam os custos sociais do seu sentido real Tra a se dessa forma uma equa o proporcional em que quanto maior for o crescimento da economia maior ser o uso da natureza como recurso e mais dif cil ser o equil brio entre o mercado e a sustentabilidade ambiental caracterizando assim conflitos de valores e de poder Para Sabatini 1997 apud SIMON 2003 um impacto ambiental s pode ser considerado um problema ambiental no momento em que os atores sociais tomam 95 consci ncia dos danos causados luz de seus interesses e valores e com as informa es sobre o impacto Dessa forma um problema ambiental s pode ser considerado como conflito no momento em que os diferentes atores sociais reinvidicam seus interesses contrariando o modo vigente de apropria o uso e significa o de um determinado territ rio Para o autor o conflito expressa se assim como uma luta por justi a ambiental e transforma o social na medida em que novas alternativas de desenvolvimento social cultural econ mico pol tico e ecol gico s o buscadas Atualmente os crit rios cient ficos direcionam o debate sobre a cria o de reas a proteger justificadas dentre outros fatores pela representatividade da biodiversidade e das esp cies sob risco de extin o Al m dos crit rios cient ficos s o consideradas for as as press es internacionais nac
386. tempo em prote o natureza aux lio s ci ncias naturais incremento das correntes tur sticas e reserva para as gera es vindouras das florestas existentes ou sejam todos os objetivos reunidos simultaneamente que justificam a cria o de Parques Nacionais 207 A pr tica do turismo em PN portanto um dos objetivos desta categoria de unidade de conserva o desde o decreto de cria o da primeira UC deste tipo no Brasil Ao Estado cabe o est mulo atividade a defini o de normas e regulamentos que o exerc cio da atividade tur stica requer em prol da sustentabilidade ambiental e no caso da presen a de comunidades tamb m a sustentabilidade sociocultural O controle dos impactos sociais e ambientais se d pela nova forma de fazer turismo que se apoia no planejamento com base na ideia da sustentabilidade em compromisso com a responsabilidade social e ambiental Essa estrat gia se diferencia do turismo de massa e se constitui como uma tend ncia em expans o PIRES 2002 H autores que reconhecem que deveria haver um esfor o maior em se integrar o etnoconhecimento das popula es tradicionais nos planos de manejo tendo em vista as limita es das contribui es da pr pria ci ncia Ademais em reas onde existam comunidades tradicionais imperioso que estes planos de manejo percam seu car ter autorit rio e tecnocr tico passando a ser um processo de integra o gradativa do conhecimento dos fazer
387. tiaia Nesta per cia ANEXO A realizada pela antrop loga ngela Maria Baptista as comunidades s o classificadas como popula o tradicional o que lhes propicia um 1 H fam lias que est o instaladas na mesma propriedade h seis gera es O aspecto ancestralidade marcante entre as fam lias da parte alte do PNI 57 argumento importante na luta pelo reconhecimento ao direito de permanecerem em suas propriedades e o exerc cio de atividades produtivas compat veis com a exist ncia de uma unidade de conserva o da categoria parque nacional No laudo pericial produzido a antrop loga define seu trabalho como uma investiga o realizada mediante uma abordagem antropol gica isto da observa o direta do ponto de vista do outro os moradores do Parque Nacional do Itatiaia acerca da sobreposi o dessa unidade de conserva o nas terras que ocupam h mais de um s culo Per cia antropol gica anexo A p 3 Em seu depoimento sobre as comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande a antrop loga confirmou as queixas ouvidas dos moradores sobre os impactos causados nas comunidades com a amplia o do PNI ocorrida em 1982 Segundo a antrop loga de acordo com os moradores do PARNA do Itatiaia a amplia o dessa unidade de conserva o impactou suas pr ticas tradicionais de subsist ncia medida em que impediu o uso de queimadas para a expans o das atividades agropecu rias ro as de toco
388. tion of Parks and Protected Areas In Working Papers of the Finnish Forest Research Institute Dispon vel lt http www metla fi julkaisut workingpapers 2004 mwp002 htm gt Acesso em 2 de jun 2012 NASH Roderick Wilderness and the american mind Cambridge Yale University Press 1982 P DUA Jos Augusto Um Sopro de destrui o pensamento pol tico e cr tica ambiental no Brasil Escravista 1786 1888 Rio de Janeiro Jorge Zahar 2002 PEREIRA Doralice Barros Paradoxos do papel do estado nas unidades de conserva o In ZHOURI A LASCHEFSKI K PEREIRA D B Org A insustent vel leveza da pol tica ambiental desenvolvimento e conflitos socioambientais Belo Horizonte Aut ntica 2005 p 119 142 PETROCCHI M Turismo planejamento e gest o S o Paulo Futura 2000 PIRES Paulo S Dimens es do ecoturismo S o Paulo Editora SENAC 2002 PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA Revis o do Plano de Manejo do Parque Nacional do Itatiaia estudo do uso p blico Bras lia ICMBio 2011 Vers o preliminar dezembro 2011 PORTO Marcelo Firpo MILANEZ Bruno Eixos de desenvolvimento econ mico e gera o de conflitos socioambientais no Brasil desafios para a sustentabilidade e a justi a ambiental Revista Ci ncia amp Sa de Coletiva Rio de Janeiro v 14 n 6 p 1983 1994 2009 223 PRADO Rosane Manh es As esp cies ex ticas somos n s reflex o a prop sito do ecoturismo na Ilha Grande Revista Horizontes A
389. titui se num alojamento p blico de montanha localizado dentro do Parque Algumas trilhas tradicionais tamb m estavam fechadas ao turismo Aparentemente a infroestrutura que o Parque oferece oo turista limitada e tamb m pouco segura Faltam sinaliza es indicativas de trilhas e locais de visita o com informa es de suas caracter sticas indica o de sanit rios equipes de resgate melhoria das vias de acessos mirantes primeiros socorros divulga o e at incentivo valoriza o e divulga o da paisagem do PARNA Na parte alta n o existe um centro tur stico pora receber os visitantes O controle e vigil ncia do visitante na guarita possui apenas tr s funcion rios dois recepcionistas e um caixa com pouca capacita o segundo informa es in loco 73 O Hotel Alsene na parte alta do PARNA do Itatiaia encontrava se desativado em junho 201 Z4 Segundo o funcion rio de Femmes v rias ap ncias de moda de esporte j realizarmm campanhas publicit rias com a beltra c nica do PARNA do ltstisia mas farem a divulga o como se estivesse cm paisagem do territ rio chileno 28 260 Observei tamb m que a especula o imobili ria j acontece nessa regi o e representada pela venda de terrenos para pessoas de fora oriundos do regi o de Visconde de Mau no Estado do Rio de Janeiro uma dos regi es serronas com maior fluxo tur stico do pa s Polos de turismo podem vir a ser implementados no
390. to mis ria e degrada o ambiental Nesse sentido insere se a cr tica a um ambientalismo importado dos 37 pa ses industrializados que n o reflete as aspira es e os conceitos dos pa ses do Hemisf rio Sul por n o inclu rem o problema da pobreza e principalmente da m distribui o de renda Segundo Luchiari ao emergir na hist ria recente com uma tica preservacionista o ambientalismo contempor neo protegeu ecossistemas naturais e tomou mais uma vez a natureza como externalidade Por outro lado ao reinventar a natureza como paisagem valorizada abriu caminho para incorpora o da natureza sociedade reproduzindo sua estrutura perversa de estratifica o social O mesmo esp rito preservacionista que protegeu ecossistemas naturais tamb m selecionou paisagens naturais para serem mercantilizadas e transformadas em novas territorialidades e restringiu ou excluiu antigas pr ticas sociais de subsist ncia das popula es tradicionais O acesso seletivo s paisagens naturais preservadas e valorizadas litorais montanhas florestas ganhou atributo de distin o social e tem contribu do para o fortalecimento das desigualdades socioespaciais 2001 p 9 10 A quest o das reas naturais protegidas destaca in meros problemas de car ter pol tico social e econ mico e n o se reduz como querem os preservacionistas puros a uma simples quest o de conserva o do mundo natural e mesmo de prote
391. to n s nunca conheceremos esses ambientes se os povos que os desenvolveram continuam a ser destru dos ou impedidos de continuar seu modo de vida tradicional CLAY 1985 p 5 apud DIEGUES 2008 p 104 Na mesma dire o Diegues cita as constata es do pr prio Banco Mundial No relat rio de 1992 h a afirma o de que se excluirmos os seres humanos do 103 uso de grandes reas de florestas n o estaremos protegendo a biodiversidade que apreciamos mas a alteraremos significativamente e provavelmente a diminuiremos ao longo do tempo CLEAVER 1992 p 208 apud DIEGUES 2008 p 155 A resist ncia e a perman ncia da popula o nas reas de conserva o s o criminalizadas As a es voltadas para a reprodu o sociocultural dessas comunidades a ca a a pesca a utiliza o de recursos da mata o plantio a cria o de animais dom sticos e de animais para subsist ncia a lenha para cozinhas dentre outros passam a n o ser mais permitidas e seus praticantes perseguidos e penalizados juridicamente Paradoxalmente as popula es criminalizadas s o solicitadas a proteger e a conservar o meio ambiente incorporado na vis o da sociedade que reproduz continuamente o modelo urbano industrial o papel de proteger a natureza No entanto de acordo com Arruda 1999 as popula es acabam por desenvolver uma postura anticonservacionista identificando o ambientalismo como o substituto dos antigos grileiros e
392. tores citados a constru o de uma gest o ambiental justa democr tica e aut noma para o PNI exige que as comunidades residentes na rea do PNI sejam entendidas como historicamente determinadas constitu das e se constituindo socialmente em a es pol ticas com vistas transforma o societ ria LOUREIRO E CUNHA 2008 p 238 Concordando com Loureiro entendo que esses s o os agentes sociais com diferentes e desiguais n veis de poder e interesses diversos 2012 p 4 que fazem parte do conflito fundi rio existente no PNI e que precisam ser conhecidos e caracterizados 2 2 Conflitos socioambientais reas protegidas e popula es locais A fim de compreendermos a situa o estabelecida entre os administradores do PNI e as comunidades da parte alta incorporadas rea do referido parque 92 torna se necess ria uma abordagem da concep o de conflito No entanto para se chegar ao conceito de conflito em situa es socioambientais preciso considerar as rela es sociais de apropria o da natureza a partir dos diferentes interesses dos atores sociais envolvidos em um dado territ rio Dessa forma acredito tendo em vista Guerra 2005 apud BOTELHO 2009 ser fundamental considerar que o conflito n o ocorre somente em fun o da discuss o sobre o direito espacial mas tamb m sobre as for as que integram o posicionamento e as cotas de poder de que disp em os agentes sociais envolvidos no conflito o con
393. tos araticum noz moscada ara ing pinh o das arauc rias e medicinal N o i h extra o de madeira devido s restri es do PARNA apesar dos moradores l conhecerem as esp cies madeireiras e suo utiliza o como lenha utens lios dom sticos e de trabalho vigas nos moradias pai is currais estacas mour es ferramentas m veis e carv o que utilizavam com sustentabilidade ambiental Esse conhecimento se traduz num patrim nio cultural dessa popula o Observo que devido ao tempo que j se passou desde a amplia o de Parque j poderiam ter sido implantados manejo florestais sustent veis para utiliza o do popula o focal E at o melhoria do rebanho bovino traria um cumento na produ o de leite e reduziria o n mero de cabe as de gado E consequentemente diminuiriam os impactos ambientais caso existam 4 Impactos do Parque Nacional do Itatiaia nas comunidades locais de Vargem Grande e Serra Negra to FE 09 dos antas 16 248 ves Desde a amplia o do Parque Nacional do Itatiaia em 1982 portanto sem aobserv ncia do art 22 da lei do SNUC estudo t cnicos adequados e consulta p blico as popula es locais de Vargem Grande e Serra Negra detentoras de direito de posse e ou propriedade v m resistindo s restri es impostas pela fiscaliza o ambiental do Ibama e ICMBio que acarretam perdas financeiras e patrimoniais O Plano de Manejo existente da d cada de 1980 est
394. tos positivos e negativos da pr tica de turismo em ambientes rurais In Revista Cient fica Eletr nica de Turismo Gar a SP v 7 n 13 p 1 5 jun 2010 SIMON Alba Val ria Santos Conflitos na conserva o da natureza o caso do Parque Estadual da Serra da Tiririca 2003 Disserta o Mestrado em Ci ncia Ambiental Universidade Federal Fluminense Niter i RJ 2008 SOUZA FILHO Carlos Frederico Mar s de As popula es tradicionais e a prote o das florestas Revista de direitos difusos S o Paulo v 31 maio jun 2005 225 SUNDFELD Carlos Ari Comunidades quilombolas direito terra Bras lia DF Funda o Cultural Palmares Editorial Abar 2002 SWARBROOKE J Turismo sustent vel meio ambiente e economia Tradu o de Esther Eva Horovitz 3 ed S o Paulo Aleph 2000 V 2 TEIXEIRA Wilson LINSKER Roberto et al Itatiaia sentinela das alturas S o Paulo Terra Virgem 2007 TOMZHINSKI Gustavo Wanderley An lise geoecol gica dos inc ndios florestais no Parque Nacional do Itatiaia 2012 Disserta o Mestrado em Geografia UFRJ Rio de Janeiro 2012 THOMAS Keith O homem e o mundo natural mudan as de atitude em rela o s plantas e aos animais 1500 1800 Tradu o de Jo o Roberto Martins Filho S o Paulo Companhia das Letras 2010 UNESCO Confer ncia Mundial sobre Pol ticas Culturais relat rio final 1982 In URRY John O Olhar do Turista lazer e viagens nas sociedade
395. totalmente desatualizado e n o abrange a rea ocupada pela popula o local De acordo com os moradores do PARNA do Itatiaia a amplia o da rea dessa unidade de conserva o impactou suas pr ticos tradicionais de subsist ncia medida em que impediu o uso de queimedos pera a expans o das atividades agropecu rias ro as de toco de milho feij o batata fumo e pastagens para o gado leiteiro a retirada de madeira para o conserto das moradia a ca a e a constru o de novas moradias para seus descendentes Todas essas atividades foram criminalizadas pelo rg o ambiental que na defesa do meio ambiente aplicou multas sem dialogar com a popula o e sem apresentar nenhuma alternativo de sustentabilidade Tudo isso e a amea a de desapropria o pelo Estado couseram inseguran a para as comunidades e geraram um conflito socioambiental O Porque n o ajuda pois nunca trouxe nada Atualmente a situa o melhorou um pouco pois est havendo menos multas O Porque n o deixo construir casas para os filhos as obras s o embargodo e multodos A multa por volta de R 45000 S consertos nos casas que j existem s o autorizados e mesmo assim dependem do tipo de reforma N o pode tiror um pou pro arrumar uma cerco fozer uma lenha E a gente sabe que madeiro que pode tirar e como tirar sem destruir a natureza Se o Parque quisesse ajudar o gente ele at poderio jo ter plantodo umas rvores para a gente us
396. trabalho tais como paiol cocheira mangueira de tirar leite casa de guardar ferramenta silo po o e cachoeira tanque de cria o de peixe truta Duas das 36 fam lias possuem pequenas pousadas com piscina sauna rea de camping rea de churrasco canil e lavanderia As propriedades s o dotadas de eletricidade e todas s o atendidas pela eletrifica o rural sendo a Companhia Energ tica de Minas Gerais Cemig a concession ria fornecedora de energia O combust vel utilizado para a prepara o alimentar o g s e 35 fam lias possuem fog o a g s Chama a aten o o fato de que o fog o de lenha est tamb m presente na casa de trinta e tr s das trinta e seis fam lias entrevistadas No entanto os moradores informaram que utilizam mais o fog o a g s sendo o fog o de lenha utilizado raramente Tal comportamento 151 segundo eles deve se praticidade e tamb m ao fato de evitarem a retirada de lenha da natureza Entre outros aspectos esse formato de conviv ncia do fog o de lenha com o fog o a g s ilustra claramente as mudan as pelas quais vem passando o modo de vida local mediante as tentativas de consolida o do PNI Os fog es de lenha permanecem mas para um uso residual e n o poderia deixar de ser assim diante da interdi o de cortar um pau e aparecem como que um emblema da pr tica tradicional da popula o local que guarda marcas dos seus referenciais culturais ao mesmo tempo em que dia
397. tradoras de riqueza como analisa Diegues o parque nacional acaba representando um hipot tico mundo natural primitivo intocado mesmo que grande parte dele j tendo sido manipulada por popula es tradicionais durante gera es criando paisagens mistas de florestas j transformadas e outras que raramente sofreram interven es por parte dessas mesmas popula es tradicionais Esses espa os florestados assim constitu dos s o paisagens em grande parte resultantes da a o humana Uma pol tica conservacionista equivocada que transforma esses lugares em n o lugares com a expuls o das popula es tradicionais pode estar abrindo espa o para que esses n o lugares se tornem o dom nio de pesquisa das multinacionais ou de conv nios entre entidades de pesquisa nacionais e internacionais e ao final privatizados como manda o manual neoliberal Talvez seja por essa raz o que as grandes entidades conservacionistas internacionais e governos associem de forma t o ntima a conserva o da biodiversidade e as reas protegidas vazias de seus habitantes tradicionais e de sua cultura 2008 p 181 182 210 Este contexto permite recomendar novas pesquisas de ci ncias sociais na regi o sustentado pelas contribui es de Diegues 2008 quando explica que existe um sil ncio constrangedor dos rg os oficiais sobre a sorte das comunidades tradicionais residentes em parques porque legalmente s o consideradas poss
398. trasam e muitas vezes at mesmo inviabilzam as a es dos rg os respons veis pela conserva o ambiental O resultado de todos esses problemas da a o reguladora do Estado afeta principalmente as popula es mais pobres e refor a dessa maneira as desigualdades socioambientais produzidas pela estrutura socioecon mica vigente Para Carneiro a solu o para os conflitos sociambientais no Estado do Rio de Janeiro passa pelo fortalecimento da a o reguladora dos rg os respons veis e pelo direcionamento desses no intuito de compensar ao inv s de agravar a injusti a ambiental A complexidade dos conflitos socioambientais segundo Barbanti Jr 2001 p 17 materializada pelo conjunto de teorias que a tomam como objeto de estudo Essas teorias s o divididas por ele em quatro campos te ricos que abordam a an lise dos conflitos sob a perspectiva dos processos sociais enfocando a primeira as caracter sticas do indiv duo a segunda os processos racionais matem ticos a terceira os processos estruturantes e a quarta os processos sociais Tendo em vista a necessidade de entender um pouco melhor as rela es sociais do conflito em si faremos men o apenas ao campo te rico que analisa os processos sociais Para Barbanti Jr 2001 esse campo abriga teorias que estudam o conflito como um processo caracterizado pela rela o entre as suas partes componentes Sendo assim para entender o conflito encontramos contribui es d
399. tre os instrumentos de regulamenta o da cria o de espa os territoriais protegidos pelo poder p blico tamb m cabe mencionar a Pol tica Nacional de Meio Ambiente Lei n 6 938 81 que em seu art 4 Il disp e que a referida pol tica visar a defini o de reas priorit rias de a o governamental relativa qualidade e ao equil brio ecol gico atendendo aos interesses de cada um dos entes federativos Em 2007 o governo federal publicou o Decreto 6 040 que instituiu a Pol tica Nacional de Desenvolvimento Sustent vel dos Povos e Comunidades Tradicionais PNPCT Este decreto define em seu art 3 Povos e Comunidades Tradicionais grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais que possuem formas pr prias de organiza o social que ocupam e usam territ rios e recursos naturais como condi o para sua reprodu o cultural social religiosa ancestral e econ mica utilizando conhecimentos inova es e pr ticas gerados e transmitidos pela tradi o Dentre os princ pios do Decreto 6 040 preconizada a valoriza o da diversidade socioambiental e cultural a pluralidade econ mica das comunidades e a preserva o dos direitos culturais Nos objetivos espec ficos da PNPCT pode estar a sa da jur dica para as comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande ao serem reconhecidas como popula o tradicional O inciso do art 3 da PNPCT afirma garantir aos povos e comunidades tradiciona
400. tros locais Os autores afirmam que as administra es p blicas municipais n o possu am preparo para a 143 demanda crescente de visitantes que chegavam aos pequenos munic pios do interior e autorizaram empreendimentos em reas de mananciais a destrui o de ecossistemas importantes a implanta o de loteamentos pr ximos a rios e represas com a consequente destrui o das matas ciliares DIAS e AGUIAR 2002 p 44 o que promoveu um desenvolvimento desordenado A an lise das discuss es sobre turismo e sustentabilidade realizada no Brasil e no mundo sobre essas novas caracter sticas do fen meno tur stico com uma mudan a percebida tanto no comportamento dos turistas como nas a es de planejamento formata o e venda dos produtos tur sticos por parte dos empreendedores contribuiu para a elabora o de recomenda es para a pr tica do turismo a conserva o dos recursos naturais e culturais o compromisso de desenvolvimento socioecon mico das comunidades receptoras e a participa o dos atores sociais em todas as etapas do processo de planejamento e implementa o de projetos com a gera o de benef cios para a popula o local e sua autonomia no processo de decis o IRVING 2002a apud IRVING 2009 p 111 A escolha pelo desenvolvimento do turismo enquanto uma alternativa econ mica e uma forma de ocupa o para as popula es residentes da parte alta do PNI pressup e mecanismos de prote o a
401. tudo que vem relacionando a hist ria natural hist ria social tem se ampliado nas ltimas d cadas com base em cinco caracter sticas metodol gicas e anal ticas MARTINS 2007 A primeira refere se s an lises sobre uma regi o com alguma homogeneidade ou identidade natural sem esquecer suas particularidades f sicas e ecol gicas O estudo de um parque nacional um exemplo de hist ria ambiental que revela a liga o com a hist ria regional onde s o focalizados processos sociais A segunda caracter stica diz respeito integra o das ci ncias naturais inclusive s aplicadas para entendimento dos quadros f sicos e ecol gicos das regi es estudadas A terceira relaciona se ao estudo da cultura material das implica es para a organiza o social e da intera o com o ambiente natural Uma quarta caracter stica a considerar a grande variedade de fontes pertinentes ao estudo das rela es entre as sociedades e o ambiente que 24 incorporam a utiliza o de invent rio de bens de escrituras de compra e venda de terras de ferramentas e t cnicas produtivas de mem rias orais dentre outras A quinta e ltima caracter stica da hist ria ambiental o trabalho de campo que demanda viagens ao local de estudo e observa es pessoais e t cnicas de anota o peculiares sobre as paisagens naturais e sobre as marcas que a cultura humana deixa nessas paisagens feitas a partir de entrevistas com moradores de c
402. tur stica princ pio facilitado por uma emergente tica ambiental em unidades de conserva o Por fim recomendo uma negocia o entre as partes envolvidas de modo a que sejam garantidos todos os interesses constitucionais abarcados tanto 214 os direitos culturais quanto o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado proporcionando o avan o da participa o dos diversos atores sociais e contribuindo com os princ pios democr ticos Acredito que o PNI enquanto rea protegida o ICMBio enquanto rg o ambiental e os moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande enquanto agentes de prote o respeitados seus direitos identit rios e territoriais possam atuar como parceiros e n o como advers rios Penso que a es contradit rias a essa proposta produzir o mais preju zos que benef cios tanto ao PNI como UC quanto aos moradores como indiv duos e cidad os Vejo os diferentes atores sociais como essencialmente ambientalistas com alguns pontos divergentes No entanto as diverg ncias existentes podem ser superadas em uma negocia o democr tica na constru o deste arranjo pois os atores sociais envolvidos querem a sobreviv ncia do bioma Mata Atl ntica o mais devastado dos biomas brasileiros sendo o PNI um leg timo representante Assim este arranjo promove a prote o ambiental objetivo do PNI enquanto unidade de conserva o e permite que a comunidade tenha a garantia s suas pr ticas c
403. turos previam a reforma da estrada at o antigo Hotel Alsene a ser transformado em pousada de alto n vel De acordo com o chefe da unidade haveria um projeto de reforma das instala es do antigo Hotel Alsene desenvolvido por um arquiteto do Rio de Janeiro e as negocia es para a gest o estavam adiantadas com a ONG Pro Natura que seria respons vel pela gest o do empreendimento por meio de concess o Entendo que as inten es do gestor do PNI pelo desenvolvimento de neg cios tur sticos de alto n vel n o s o as melhores op es para a regi o considerando se a rea protegida a comunidade envolvente e tamb m o p blico visitante deste tipo de atrativos tur sticos naturais como o caso dos parques nacionais Diversos autores e estudos de caso recha am iniciativas como esta e demonstram sua inefic cia quanto ao desenvolvimento tanto da atividade do turismo como do local onde tal pol tica foi implementada CORIOLANO et al 2009 A instala o de grandes empreendimentos promove impactos socioambientais diretos e sua cria o em reas protegidas criticada seja pelos danos ambientais que provoca seja pela conviv ncia que se estabelece entre seus frequentadores clientes e a comunidade receptora Por exemplo Coriolano et al ao analisarem a multiplica o da instala o de Resorts ao longo da costa brasileira avaliam que os gestores dos empreendimentos tur sticos acreditam que estes investimentos maci
404. udos de pesquisadores que utilizaram as categorias anal ticas contidas nesta pesquisa bem como em cen rios de reas protegidas incluindo o PNI o mapeamento da regi o a partir de material impresso e digital por meio da internet que apresentem informa es do PNI Para Estrella 2006 a observa o atenta e paciente durante o processo da pesquisa traz importantes informa es a respeito da din mica e dos modos de vida da comunidade e das pessoas A combina o da fotografia com os dados coletados por meio das entrevistas com as trinta e seis fam lias de moradores e com os membros do conselho consultivo permitiu um expressivo volume de informa es e conhecimentos para an lise que contou tamb m com a pesquisa da literatura cient fica sobre o tema A an lise dos dados se deu a partir desse complexo conjunto de informa es coletadas fotografias entrevistas registros documentais e jur dicos anota es das conversas informais com os agentes envolvidos com o PNI em di rio de campo observa es realizadas em campo o que permitiu um aprofundado estudo para obter um hist rico ambiental daquela regi o com nfase em seus aspectos culturais tur sticos pol ticos e econ micos As entrevistas realizadas tanto com as fam lias com os conselheiros com servidores do ICMBio com pesquisadores de outras institui es que atuam no PNI foram em sua totalidade resultantes de um compromisso assumido pelo pesquisador de utiliza
405. ui o dos riscos da produ o industrial Trata se de um princ pio de justi a ambiental Martinez Alier 2001 ou seja da espacializa o da justi a distributiva Deutsch Lynch 2001 2008 p 104 Para Sachs necess rio levar em conta os limites internos inerentes s sociedades humanas pois ao contr rio de qualquer outro organismo o ser humano vive para o bem ou para o mal em dois ambientes um ambiente f sico e um ambiente simb lico imaterial cultural que produto de sua pr pria atividade 2007 p 287 Nesse contexto Sachs entende que a tica do desenvolvimento precisa ser ampliada de modo a incluir a sabedoria ambiental ao analisar as contribui es de Goulet que afirma que n o pode haver uma tica do desenvolvimento social sem sabedoria ambiental e inversamente n o h sabedoria ambiental sem uma tica de desenvolvimento social 1995 apud SACHS 2007 p 289 111 Cabe lembrar a publica o do relat rio Brundtland em 1987 documento das Na es Unidas intitulado Nosso Futuro Comum onde foi apresentada uma defini o sobre sustentabilidade que passou a influenciar governos e empresas em todo o mundo a partir de diretrizes ambientais nas pol ticas e a es de desenvolvimento Assim Sachs apresenta conceitos distintos de sustentabilidades parciais necess rias para o que ele define como sustentabilidade global ou sustentabilida
406. uito ou pouco a gente t sobrevivendo Mas fora daqui oc imagina o que n s vamo passar Aqui o pessoal trang ilo mas essa turma de Bras lia barra pesada O pessoal ao qual se refere o morador s o os servidores do ICMBio que atuam no PNI que em alguns casos alegam que as autua es e multas ocorrem por ordem de Bras lia segundo o morador Pode se aqui remeter a Loureiro 2012 para quem por meio da mobiliza o e dos movimentos sociais que se d o embate que pode resultar na mudan a dos atuais modos de produ o e de consumo e o autor questiona como 44 A cio Neves foi governador do estado de Minas Gerais de 2003 a 2010 Em 2010 foi eleito Senador da Rep blica tamb m pelo estado de Minas Gerais 199 articular as diferentes lutas justas pela democratiza o radical da sociedade contemplando as quest es ambientais Responde ao afirmar que nesse momento que a relev ncia da categoria conflito ambiental para os movimentos sociais se explicita Esta qualifica e integra a a o organizada em defesa de justi a social e do direito vida emancipada saud vel e sustent vel uma vez que trata das rela es estabelecidas nos processos antag nicos de interesses entre agentes que disputam recursos naturais e buscam legitimar seus modos de vida LOUREIRO 2012 p 51 No mbito do CCPNI sobre a rela o do PNI com a popula o residente em seu interior os conselheiros foram perguntados s
407. ulturais que incluem o territ rio a identidade e os costumes produtivos que durante mais de cem anos vem contribuindo com a prote o e o equil brio ecossist mico da regi o A s bia natureza agradecer proporcionando a paz aos atores sociais a vida s esp cies ali existentes a melhoria na qualidade de vida e bem estar de moradores e turistas que encontram no PNI toda a exuber ncia da Mata Atl ntica 215 REFER NCIAS ABRAMOVAY R Conselhos al m dos limites Estudos Avan ados v 15 n 43 2001 p 121 140 ACSELRAD Herri Ambientaliza o das lutas sociais o caso do movimento por justi a ambiental Estudos Avan ados v 24 n 68 p 103 119 2010 ACSELRAD Henri Org Conflitos ambientais no Brasil Rio de Janeiro Relume Dumar 2004 ACSELRAD Henri Justi a ambiental narrativas de resist ncia ao risco social adquirido In ENCONTROS E CAMINHOS forma o de Educadoras es Ambientais e Coletivos Educadores Bras lia DF MMA 2005 ACSELRAD Henri Justi a ambiental e constru o social do risco Desenvolvimento e Meio Ambiente n 5 p 49 60 jan jun 2002 ACSELRAD Henri O zoneamento ecol gico econ mico e a multiplicidade de ordens socioambientais na Amaz nia Novos Cadernos NAEA v 3 n 2 p 5 15 dez 2000 ALVES F W A Os 500 anos da participa o popular no Brasil Revista de Informa o Legislativa v 37 n 146 p 203 208 2000 ANTUNES Paulo de Bessa Direito Ambiental Rio
408. uni o E nunca sai essa verba Isso a n o sei O morador alerta que a vida na comunidade barata quando comparada aos centros urbanos e n o pretende resistir desapropria o embora fa a algumas exig ncias Desde que eles me coloca num lugar seguro eu vou continuar trabalhando n Mas tem que ser um lugar seguro n Se eu for morar no Rio eu vou morar debaixo da ponte Aqui se voc viver com o sal rio da cidade voc junta muito dinheiro mas o contr rio voc sabe como n Quando eu saio daqui pra trabalhar no Rio eu gasto muito com comida mas o que eu ganho l eu vivo aqui muito tempo Esse morador diz ainda que eventualmente presta servi os de pintura residencial no Rio de Janeiro por isso fez a compara o sobre o custo de vida local com a capital fluminense A longevidade da presen a das fam lias nas comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande para alguns moradores motivo que garante a sua perman ncia ali importante lembrar que embora o PNI tenha completado 75 anos em 2012 a mesma idade que podem ter alguns moradores da parte alta do Parque a rea inicial da UC n o abarcava as comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande o que ocorreu somente em 1982 quando o PNI foi ampliado por meio do 180 Decreto Federal n 87 586 assinado pelo ent o Presidente da Rep blica Jo o Baptista Figueiredo A longevidade da presen a das fam lias dessas comunidades tamb m foi identificada
409. unidade por seus aspectos identit rios e hist ricos aqueles que t m oportunidade enviam os filhos para outro lugar mesmo que seja prec rio e em condi es de depend ncia de terceiros em busca de um futuro melhor H quem afirme que tem parentes em 153 outras cidades e sonha em mandar os filhos para estudar Assim v o em busca do para so perdido descrito por Bauman 2003 A quest o da sa da dos habitantes das unidades de conserva o no Brasil sobretudo dos mais jovens um tema que faz parte de uma quest o central referente exist ncia de habitantes nas UCs PRADO 2009 e 2012 e esse aspecto ser tratado mais especificamente adiante As atividades produtivas que constituem a fonte de sobreviv ncia principal das fam lias das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande s o pecu ria leiteira e latic nios 13 fam lias presta o de servi os como colheita capina prepara o do solo para pequena planta o e servi os de faxina limpeza e prepara o de alimentos em pousadas 7 fam lias servidores p blicos da Prefeitura de Itamonte 5 fam lias aposentadoria 4 fam lias agricultura 3 fam lias e outras atividades 4 fam lias Sobre alguma outra atividade geradora de renda al m da atividade principal das 36 fam lias pesquisadas 20 n o possuem nenhuma outra fonte complementar de renda No entanto 16 fam lias informaram n o haver nenhuma outra fonte de renda As rendas ci
410. upa es e segmentos citados nove relacionam se hospedagem no caso receber os turistas e aloj los em algum quarto da casa Nota se que a percep o dominante de turismo entre os residentes do PNI se aproxima das pr ticas de turismo de base comunit ria em diversos destinos brasileiros conforme os estudos que v m proliferando como ser particularmente desenvolvido adiante item 4 3 3 em rela o quest o do turismo no contexto do PNI Por estar dentro dos limites territoriais do PNI importante saber como a vida dos moradores das comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande no que tange infra estrutura e ao acesso oferta de servi os b sicos como sa de educa o saneamento e transporte bem como se h algum aux lio do poder p blico no fomento atividade de produ o rural Cabe ressaltar que o perfil de moradores da parte baixa bastante diferente dos que est o instalados na parte alta considerando a rela o que estabelecem com o meio natural as rela es sociais que estabelecem entre si e o modus vivendi destes diferentes grupos de residentes Cabe ressaltar que as comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande s o bairros rurais do munic pio de Itamonte sendo no mbito municipal atendidas por este munic pio e no mbito estadual pertencentes ao estado de Minas Gerais Sendo assim os rg os de seguran a p blica e de desenvolvimento regional que atuam na jurisdi o onde est o estas comun
411. ura d manuten o na estrada passa trator p e brita Percebi uma solidariedade da comunidade no deslocamento das pessoas Quem n o possui ve culo pr prio depende de quem tem o que gera algum constrangimento desconforto mas a assist ncia ocorre sempre que necess rio Quem n o tem sua condu o tem que depender dos outros E h quem ironize Tem dia que complica o carro atola engui a a a gente acaba tendo que levar o carro ele n o d conta de levar a gente n o 157 A situa o escolar limitada H uma escola na Serra Negra e uma na Vargem Grande H queixas quanto necessidade de reformas e manuten o das instala es Ambas as escolas s o para alunos at a quarta s rie do ensino fundamental que compreende parte da segunda etapa de forma o escolar da Educa o B sica do Sistema Educacional do Minist rio da Educa o A outra escola mais pr xima no Campo Redondo outro bairro rural de Itamonte por m fora dos limites territoriais do PNI Na sede do munic pio de Itamonte h outras escolas em complemento forma o escolar at o ensino m dio Nas comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande em geral os moradores gostam das escolas mas apontam os problemas existentes A escola t boa tem fartura na merenda A aula boa mas a escola t precisando de obra Tem vidro quebrado lavat rio que n o funciona vaso n o funciona a fossa t vazando At os cano
412. urais Como afirma Ruschmann turismo de natureza ou o turismo ecol gico ocorre na maioria das localidades tur sticas estabelecidas e nas novas evita se a ocupa o de todos os espa os Caminhadas ciclismo rafting mountain bike motocross e toda uma s rie de esportes novos necessitam de uma natureza preservada A natureza e todos os seus componentes tornam se pretextos para a descoberta a inicia o a educa o e o esp rito de aventura e dessa forma d o origem a um novo mercado 1997 p 21 Esta tese n o visa a aprofundar as discuss es do campo do lazer bem como os voc bulos relacionados a esta categoria anal tica tais como recrea o entretenimento cio tempo livre e anima o No entanto ao analisar o fen meno tur stico torna se necess rio mencionar o lazer enquanto um fen meno cultural Para maiores detalhes ver Dumazedier 1999 122 Neste per odo grandes eventos internacionais como a Confer ncia de Estocolmo em 1972 propagam ideias de prote o ambiental e necessidade de uma mudan a comportamental em rela o natureza Essa nova diretriz pol tica promove uma altera o tamb m nas atividades tur sticas em meio natural tornando o turismo uma pr tica mais pr xima dos crit rios ecossist micos preconizados pelos ambientes protegidos bem como as popula es locais Segundo Western mais visitantes est o conscientes do dano ecol gico que podem provocar do valor da vida natural e
413. ural de baixa renda impossibilitando a prote o especial que se pretende dar s popula es verdadeiramente tradicionais 41 que em conformidade com sua legisla o nacional respeitar preservar e manter o conhecimento inova es e pr ticas das comunidades locais e popula es ind genas com estilo de vida tradicionais relevantes conserva o e utiliza o sustent vel da diversidade biol gica e incentivar sua mais ampla aplica o com a aprova o e a participa o desse conhecimento inova es e pr ticas e encorajar a reparti o equitativa dos benef cios oriundos da utiliza o desse conhecimento inova es e pr ticas Para Leuzinger 2007 o termo popula o local assim como comunidades locais s o utilizados nas normas jur dicas como sin nimos de popula o tradicional eis que exige estilo de vida tradicional impondo no entanto para que lhes sejam conferidos os direitos previstos pelo dispositivo que este estilo de vida tradicional seja relevante conserva o e utiliza o sustent vel da biodiversidade p 222 O uso de express es semelhantes na defini o de popula o tradicional pode ser observado em outros documentos jur dicos Em 2001 por exemplo a Medida Provis ria n 2 186 que disp e sobre o acesso ao patrim nio gen tico e a prote o e o acesso ao conhecimento tradicional associado utiliza como sin nimo de popula o tradicional a express o comunidade l
414. ureza O conceito de ecossistema n o se presta para delimitar espa os para concess o de benef cios assim como o n mero de gera es n o deve ser considerado para definir se a popula o tradicional ou n o haja vista n o trazer consigo necessariamente a no o de tempo de perman ncia em determinado local caso contr rio o conceito de popula es tradicionais se ampliaria de tal forma que alcan aria praticamente toda a 40 No entanto ao ser sancionada a Lei do SNUC apresenta o que entendido como popula o tradicional ao tratar da categoria Reserva de Desenvolvimento Sustent vel no art 20 caput quando afirma que a reserva de desenvolvimento sustent vel uma rea natural que abriga popula es tradicionais cuja exist ncia baseia se em sistemas sustent veis de explora o de recursos naturais desenvolvidos ao longo de gera es e adaptados s condi es ecol gicas locais e que desempenham um papel fundamental na prote o da natureza e na manuten o da diversidade biol gica Leuzinger 2007 analisa o conceito de popula o tradicional contido no art 20 do SNUC e entende que al m de tratar da rela o dessas popula es com o ambiente natural e de sua depend ncia dos recursos naturais foi al m do disposto no dispositivo vetado no que tange aos impactos causados pelas atividades por elas praticadas pois n o suficiente para caracteriz las que produzam baixo impacto sendo esse
415. usivas quartzo sienitos com abrupta eleva o sendo poss vel identificar grandes blocos rochosos arredondados fraturados al m de penhascos e picos pontiagudos e sulcados constitu dos de rochas gneas gn issicas e plut nicas Nesse Maci o encontra se o Pico das Agulhas Negras e um diversificado conjunto montanhoso de forte atra o tur stica no qual sobressai a eleva o da Serra Negra na margem direita do rio Aiuruoca assim como as Prateleiras o Morro do Couto a Pedra do Altar e a Asa de Hermes com altitudes variando entre 2 300m e 2 791 55 Essa altitude m xima confere ao Pico das Agulhas Negras IBGE Projeto Pontos Culminantes 2004 apud TEIXEIRA et al 2007 o status de ponto mais alto do estado do Rio de Janeiro e a quinta maior montanha do Brasil TEIXEIRA et al 2007 Geologicamente a composi o rochosa essencialmente metam rfica originada no per odo Pr cambriano composto por gnaisses com xistosidade predominante entre NE e ENE Alguns diques de rochas b sicas e de rochas alcalinas afan ticas cortam as gn issicas S o estas rochas do embasamento cristalino que limitam os dois corpos de rocha alcalina salientes na topografia modelando relevos de maior altitude RICHTER 2004 Segundo a classifica o de K ppen o clima da regi o do Maci o do Itatiaia caracteriza se como mesot rmico em fun o da altitude com ver es brandos e sem uma esta o seca muito definida acima de 1600m com estiagem e
416. utras a es no mbito das pol ticas p blicas da aus ncia de reforma agr ria prometida pelo Estado h mais de 50 anos bandeira do governo militar e de palanque dos governos civis mas com realiza o p fia insuficiente Concordando com Diegues 2008 entendo que mais do que repress o o mundo moderno necessita de exemplos de rela es mais adequadas entre o ser humano e a natureza Essas unidades de conserva o podem oferecer condi es para que os enfoques tradicionais de manejo do mundo natural sejam valorizados renovados e at reinterpretados para torn los mais adaptados a novas situa es emergentes Sigo recorrendo a Diegues que lembra que propostas democr ticas n o seriam in ditas na gest o ambiental de reas protegidas h muitas reas em que as popula es nativas seguindo suas culturas tradicionais protegem grandes reas de ecossistemas essencialmente naturais e coletam os recursos naturais de forma sustent vel Esses povos e os administradores das reas protegidas precisam chegar rapidamente a um entendimento Os administradores podem aprender muito sobre conserva o e uso de recursos naturais enquanto a conserva o de reas naturais pode oferecer grande oportunidade para a sobreviv ncia das culturas tradicionais Manual para Manejo de Areas Protegidas nos Tr picos IUCN 1986c p 100 apud DIEGUES 2008 p 108 Para o autor a presen a de moradores favorece a prote o da natureza pois
417. v ncias e pr ticas sociais dos moradores inseridos no PARNA do Itatiaia a falta de di logos e a 35 O Pirque Nacional de Yellowstone s era habitado pekos indini Sicosinimas quer Ioram compietamemis desconsaderadas s expulsas Sepois de vivleos conflitos com a adisimistra o da Pangot 26 DIGUES NOGARA 1994 APUD AMARAL 1998 p 70 29 iv ii uy ircompreens o das restri es da legisla o ambiental geraram e acirraram o conflito socioambiental A despeito de j ter se passado mais de setenta anos de sua cria o o Parque Nacional do Itatiaia ainda n o foi efetivamente implantado nem demercodo na rea ampliada h mais de tr s d cadas Possui um conselho consultivo que n o funciona ainda n o tem plano de manejo e a regulariza o fundi ria ainda n o foi efetivada As comunidade locais continuam morando dentro do Parque submetidos legisla o ambiental de restri o de uso pois ainda n o forem indenizedos ou compensados pelas benfeitorias existentes nem realocadas E apesor da Lei do SNUC garantir que o Poder P blico por meio do rg o competente priorizar o reassentamento das popula es tradicionais a serem relocadas e at que seja possivel efetuar o reassentemento ser o estabelecidas normas e a es espec ficas destinadas a compatibilizar a presen a das popula es tradicionais residentes com os objetivos da unidade sem preju zo dos modos de vida das fontes de su
418. vas Esse hist rico conduz a uma conviv ncia prolongada com a situa o irregular Vale assinalar que diferentemente dos Parques Nacionais as categorias denominadas Monumento Natural e Ref gio de Vida Silvestre pertencentes ao mesmo grupo de Prote o Integral permitem que reas particulares sejam institu das como tais em seus limites desde que haja compatibiliza o entre os objetivos da UC e as atividades exercidas pelos propriet rios na utiliza o dos recursos naturais em seu interior Art 12 8 1 e art 13 8 1 respectivamente da Lei n 9985 2000 Isso leva reflex o sobre a possibilidade de se promover atividades tur sticas capazes de compatibilizar atividades econ micas sustent veis e preserva o de ecossistemas naturais e educa o ambiental em conformidade com o artigo 11 da Lei 9985 2000 SNUC 11 Parecer 095 2011 da 6 C mara de Coordena o e Revis o de ndios e Minorias ICP n 1 22 013 000361 2009 31 PRM PSA MG atendendo pedido do Procurador da Rep blica em Pouso Alegre MG Jos Lucas Perroni Kalil 59 Cumpre esclarecer que este estudo n o tem a pretens o de propor a mudan a de categoria de unidade de conserva o do Parque Nacional do Itatiaia mas busca analisar as possibilidades legais da pr tica do turismo na categoria Parque Nacional que sejam compat veis com o atual contexto da unidade e a legaliza o da presen a de popula es locais dentro de seu territ rio Den
419. vo Wanderley Tomzhinski coordenador do PrevFogo Patr cia Kidricki Iwamoto bi loga respons vel pela Coordena o de Prote o Ambiental M rio Luiz Kozlowiski Pitombeira e Luiz S rgio Pereira Sarahyba analistas ambientais e Elizabeth Helgado educadora ambiental Posteriormente dirigi me Casa de Pedra situada no parte alta do Parque Planalto caracterizada por montanhas de altitude e baixas temperaturas e pr xima s comunidades Vargem Grande e Serra Negra para entrevistar o analista ambiental Luiz Ant nio Coslope Casa de Pedra 3 A pane baixo do Parque Nacional do latiala composta por tr s pr dios sede centro de vivitantes e museu da fors da fruna cercados pela vegeta o du Mata Atl mjca O acess feito por uma estrada de A km na altura da de de ltatizis situada na Vis Dutra BR 116 a 156 km do Rio de Janeiro e a 250 km de S o Paulo Ax rodovias BR 351 3 BR 455 samb m d o acesso ao Pargue 233 EYU VREERO ST ma ee e MM IESI sv er www www el a wu y 1 En seguida nos dias 19 a 23 de julho visitei v rios moradores des comunidades de Serra Negra e Vargem Grande localizadas dentro do Parque Nacional do Itatiaia quando realizei a pesquisa antropol gica que se encerrou com uma reum o com a psrticipa o de v rios moradores Essa investiga o foi realizada medionte uma abordagem antropol gica isto do observa o direta do ponto de vista do outro os morado
420. xplorada no futuro A presen a de moradores pode de algum modo prejudicar a atividade industrial por meio de mobiliza o social e den ncias que visem combater a pr tica dessas empresas Seria interesse das empresas por vezes com atua o de ONG s a expuls o de moradores para que possam exercer suas atividades sem maiores constrangimentos No mbito social a cria o de reas protegidas em territ rios com presen a de popula es tradicionais provoca al m da perda territorial e descaracteriza o da comunidade danos sociais que transcendem quest o espacial Quando a presen a dessas popula es tolerada as limita es ao uso tradicional dos recursos naturais s o de tal monta que os moradores n o t m outra alternativa sen o migrar voluntariamente engrossando o n mero de favelados e desempregados das reas urbanas DIEGUES 2008 p 23 No caso do PNI o relato dos moradores concorda com a an lise de Diegues A afirma o de que o familiar que deixou a regi o t doidinho pra voltar que n o se acostuma fora dali e possui interesse em retornar comunidade de origem Os que deixam as comunidades da Serra Negra e da Vargem Grande buscam oportunidades em cidades do entorno como Resende e Volta Redonda Os que se arriscam em ir para capitais acabam se tornando moradores de favelas 3 5 Mercantiliza o da natureza A utiliza o dos recursos naturais e da paisagem que inclui o elemento
421. za apontada por Irving et al 2006 p 53 que sustenta o conceito de parque no Brasil os parques nacionais tipificam a partir de sua origem como nenhuma outra categoria de manejo de reas protegidas no Brasil a cis o sociedade natureza em toda a sua complexidade nela sendo o conflito o elemento central e talvez por esta raz o eles representem tamb m o maior desafio na constru o de novas pr ticas em pol ticas de conserva o da biodiversidade Para Acselrad 2010 a constru o da quest o socioambiental reflete historicamente duas raz es a utilit ria e a cultural A primeira hegem nica expressa em quantidades e entende o meio ambiente como uno e composto estritamente de recursos materiais sem conte dos socioculturais espec ficos e diferenciados A raz o cultural por sua vez entende que o meio ambiente m ltiplo em qualidades socioculturais n o h ambiente sem sujeito ou seja ele tem distintas significa es e l gicas de uso conforme os padr es das distintas sociedades e culturas Os riscos na raz o utilit ria s o democr ticos pois a polui o decorrente do ambiente nico objeto instrumental da acumula o de riqueza n o faz distin o de classe Ao passo que na raz o cultural os riscos ambientais s o diferenciados e desigualmente distribu dos pois os grupos sociais possuem diferentes capacidades de escaparem aos efeitos das fontes de tais riscos p 108 109
422. zada n o havendo nem mesmo a separa o b sica do lixo org nico e dos materiais recicl veis conforme a fotografia da figura 24 em outro ponto de coleta s margens da estrada na comunidade da Vargem Grande 158 Os moradores informaram que a coleta do lixo realizada por um caminh o da Prefeitura de Itamonte mas divergiram quanto frequ ncia da coleta Alguns informaram que a coleta ocorre semanalmente e outros que a frequ ncia de coleta mensal como o morador da fam lia 24 que contou que Tem coleta da Prefeitura todo m s Mas agora t cheio l porque choveu muito a eles n o vieram Tamb m registrei a afirma o que de vez em quando o caminh o passava sem frequ ncia definida Em per odos de chuva a situa o se agrava Figura 24 Ponto de coleta de lixo s margens da estrada Serra Negra Vargem Grande MES gt SEE Foto O autor 2012 Outro problema recorrente em rela o ao res duo dom stico refere se fauna Alguns animais em busca de restos de alimentos reviram e espalham o lixo Isso ocorre mesmo com pequenos animais dom sticos como os c es A deteriora o dos restos alimentares descartados no ambiente de forma inadequada pode tamb m provocar a intoxica o de alguns animais O lixo vai tudo pra Itamonte sede T ruim isso a O cachorro espalha ahh O lixo eles colhe uma vez no m s s vezes os cachorros esparrama o lixo na estrada espalha tudo

Um turismo de base comunitária para o Parque

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