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wanderson DNOS - Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

1. prova rzeas ES Laborat rio de Cartografia e Geotecnologias UFES 2012 1
2. Em consequ ncia aparecem mudan as importantes de um lado na composi o t cnica do territ rio pelos aportes maci os de investimentos em infra estruturas e de outro lado na composi o org nica do territ rio gra as cibern tica s biotecnologias s novas qu micas inform tica e eletr nica SANTOS 2008b p 38 39 Essa integra o com o mercado mundial se deu atrav s de programas lan ados pelo governo federal que optou pelo crescimento econ mico custa de um consider vel endividamento resultando em profundas mudan as do territ rio Segundo Xavier 2010 p 330 o Programa de A o Econ mica do Governo 1964 1966 procurou reintegrar o subsistema econ mico brasileiro ao sistema capitalista mundial Octavio lanni 1971 Entre seus principais objetivos estava a forma o de um mercado de consumo para bens dur veis favorecendo o a implanta o das ind strias desse setor no pa s Com a crise de 1973 nova etapa de moderniza es imposta ao territ rio Segundo Antonio B de Castro 1985 p 28 diante do transtorno das contas externas verificadas no ano de 1974 o Brasil optou pelo crescimento com endividamento Esse crescimento seria gestado por meio do Il Plano Nacional de Desenvolvimento 1974 que priorizava a implanta o de novos setores a cria o e a adapta o de tecnologias para modernizar a economia o ajustamento s novas realidades da economia mundial e uma nova
3. Larga como est do jeito que t n o nem recuperar nada No dia em que encerrou a ordem foi larga onde t n o eu n o posso largar isso A nica coisa que consegui fazer com a maioria do pessoal foi andar com as m quinas tirar da beira do rio p pra dar uma enchente n o sei e carregar afastar dos c rregos cinquenta metros e l ficou e l est at hoje um monte de ferro velho que ficou por a Eu posso te garantir uma coisa de cadeira foi um preju zo enorme causado ao pa s a extin o do DNOS O pessoal hoje n o sabe o tamanho do preju zo que foi causado Acredito que Collor teve uma briga com o diretor do DNOS pois ele pediu para fazer um canal l em alagoas e o diretor disse n o tenho recurso pede ao ministro se o minist rio liberar o recurso eu mando Ele achou que tinha sido desacatado pelo diretor um reles diretor geral do DNOS cujo status era de governador na verdade era de governador negar um pedido do governador do Estado de Alagoas Ficou com raiva desde aquela ocasi o dali a dois anos ele se elegeu e resolveu acabar com o DNOS Primeiro essa coisa dele acabar com a mem ria do DNOS foi repugnante o que se perdeu de estudos t certo Jogando fogo Voc n o brinca n o foram cinquenta anos de mem ria de um rg o nacional muita coisa Esse estado de abandono dos canais gerado pela aus ncia administrativa do governo federal acabou agra
4. RT 079 99 RIMA Linhares menta Fazenda Monterrey Rio Doce Bananal gt do Sul v 14Km Mila do Canal C 5 Riacho oO Rio Riacho 15Km Barragem m vel Barra do Riacho gt O Figura 6 Sistema de capta o adu o de gua do rio Doce pela Aracruz Celulose Fonte CEPEMAR 1999 143 ANEXO III Foto 3 Comporta barragem m vel no rio Riacho Foto 4 Antigos galp es da fazenda Agril Foto 5 Antiga unidade de processamento de arroz da fazenda Agril Nota fotos do dia 15 01 2012 Autoria Wanderson dos Santos Rebello 144 ANEXO IV Figura 7 Investimentos do DNOS no Esp rito Santo Figura 8 Not cia sobre o DNOS em A Gazeta 145 ANEXO V Figura 9 Recupera o dos vales midos capixabas Figura 10 Importa o de arroz para o Esp rito Santo 146 ANEXO VI Rio Comboios Rio Riacho Eoz do rio Riacho Figura 11 Representa o das v rzeas do Riacho no s culo XIX Adaptado de Companhia Vale do Rio Doce 2002 147 ANEXO VII Canais do DNOS e Prov rzeas ES Aracruz 393000 394000 395000 7824000 7823000 o o o N N co Sede_Agril Un ben arroz 7821000 393000 394000 395000 c 7 D N os WGS_1984_UTM_Zona_24S E Fontes Vetores Geobases 2010 anais Elabora o Wanderson dos Santos Rebello A Organiza o cartogr fica Fabricio Holanda do Nascimento
5. o te rica em geografia como poss vel aferir na extensa revis o bibliogr fica sobre o tema que abre a reflex o mais sistem tica que Milton SANTOS 2006 dispensou sobre a rela o entre a t cnica e o espa o geogr fico Nessa revis o o referido autor evoca contribui es de obras cl ssicas na geografia levadas a cabo por autores como dentre outros Vidal de La Blache A Demangeon Philip Wagner Pierre George Pierre Gourou Max Sorre Andr Fel Joan Eugene No panorama recente da reflex o te rica na geografia brasileira a contribui o de Milton Santos pode ser destacada como uma das mais representativas devido ao tratamento sistem tico que dedicou problem tica do conte do t cnico do espa o geogr fico De fato na longa trajet ria do pensamento te rico de Milton Santos sobre a natureza do espa o geogr fico a assimila o da no o de t cnica parece assumir import ncia crescente e decisiva f Para uma aprecia o sint tica sobre o tratamento dispensado no o de t cnica na reflex o te rica em autores que estabeleceram as matrizes cl ssicas origin rias do pensamento geogr fico brasileiro ver a contribui o de Ruy MOREIRA 2008 O recurso no o de t cnica no projeto de formula o te rica sobre a natureza do espa o encaminhado por Milton Santos possui uma larga proveni ncia Desde o final dos anos 70 no texto A Totalidade do Diabo como as formas geogr ficas difundem o
6. 1977f 1978a 1978b 1978d 1981a 1981b Hemerly 1977 1978 Vieira 1975 e Walber 1977a 1977b 1977c 1978a 1978b Essa busca por uma nova perspectiva na agricultura capixaba altamente cientificizada e voltada para uma produ o de alto rendimento direcionada para o mercado levou o Estado a estudar solu es tecnicamente vi veis para remediar a situa o e como uma das alternativas foi proposta a produ o nas v rzeas do Riacho as quais se encontravam sob interven o t cnica do DNOS desde o final dos anos 60 Este assunto ser tratado adiante contextualizando o hist rico da produ o geogr fica das v rzeas do Riacho com o estado atual em que se encontra a rea em fun o dos canais abertos pelo DNOS 3 4 OS CANAIS DO DNOS NAS V RZEAS DO RIACHO O DNOS foi uma autarquia federal com mbito nacional de atua o respons vel pela modifica o de grandes reas segundo a pol tica de moderniza o do territ rio vigente na poca atrav s de obras de grande porte em pontos estrat gicos previamente escolhidos sobretudo em fun o dos estudos elaborados pelo seu corpo t cnico com vistas para a produ o modernizada Assim nesse contexto brevemente exposto o DNOS ser caracterizado historicamente em linhas gerais a fim de permitir o encaminhamento da problem tica envolvendo as v rzeas do Riacho onde foram instalados dezenas de quil metros de canais de drenagem a K Lima Vasconcelos e Freita
7. o para a produ o agr cola modernizada visando a introdu o de culturas alimentares que requeriam a irriga o controlada em busca da amplia o da produtividade 15 agr cola na rea tendo em vista ainda a possibilidade de exporta o de parte da produ o Trata se enfim de uma obra levada a cabo sob uma pol tica de fomento moderniza o da produ o agr cola no territ rio capixaba sob o contexto dos anos 60 per odo que como ser evidenciado no que segue pode ser considerado decisivo reestrutura o da economia capixaba N o obstante esse contexto referente origem da constru o dos canais os mesmos foram ulteriormente submetidos a um prop sito distinto que entretanto permanece vigente atualmente qual seja o de servirem como instrumento de fundamental import ncia ao fornecimento da gua indispens vel Aracruz Celulose atual Fibria no processo produtivo da celulose mat ria prima para a produ o de papel voltada para exporta o cabendo destacar que a empresa exerce atualmente o controle do fluxo de gua nos canais das v rzeas do Riacho a fim de abastecer seus reservat rios quando necess rio criando dessa forma impactos significativos sobre a sociedade local existente a partir do quadro brevemente esbo ado acima que o presente trabalho tem como objetivo investigar o papel dos canais do DNOS na produ o da configura o territorial capixaba procurando responder qu
8. 1989 Datilografado Por uma outra globaliza o do pensamento universal consci ncia universal Rio de Janeiro Record 2000 natureza do espa o 4ed S o Paulo Edusp 2006 Economia espacial cr ticas e alternativas S o Paulo Edusp 2007 T cnica espa o e tempo globaliza o e meio t cnico cient fico informacional 5 edi o S o Paulo Hucitec 2008a O meio t cnico cient fico In urbaniza o brasileira S o Paulo EDUSP 2008b Metamorfoses do espa o habitado fundamentos te ricos e metodol gicos da Geografia 6 ed S o Paulo Hucitec 2008c SANTOS Milton SILVEIRA M Laura O Brasil territ rio e sociedade no in cio 138 do s culo XXI 14ed S o Paulo Edusp 2010 SILVEIRA Mar a Laura Um pa s uma regi o fim de s culo e modernidades na Argentina S o Paulo Fapesp 1999 S o povo salva o povo Colatina e Linhares nunca houve tantos motivos para exigir a cabe a dos governantes Jornal Posi o edi o especial Vit ria 23 fev 1979 16p TALENTO S A Relat rio de impacto ambiental Centro Industrial da Orla Aracruz 1999 TEIXEIRA Francisco M P Hist ria do Brasil Contempor neo 2 ed S o Paulo tica 1995 TUTELA de padrasto Revista Esp rito Santo Agora Vit ria n 41 p 22 23 26 jan 1980 VIEIRA Jos Eug nio Algumas informa es sobre a produ o leiteira e sistema de comercializa o do leite no estado do Esp
9. COMPANHIA VALE DO RIO DOCE O Vale do Rio Doce Ed EGB 2002 Mas e o peixe Dire o Itamar Cossi Paulo Nascimento Barra do Riacho 2011 Arquivo digital formato wmv 19min color COSTA Walnei Produ o de arroz no Espirito Santo dados estat sticos Vit ria CEPA 1980 Produ o de cacau no Esp rito Santo dados estat sticos Vit ria CEPA 1981a Produ o de caf no Espirito Santo dados estat sticos Vit ria CEPA ES 1981b DAEMON Bas lio Carvalho Prov ncia do Esp rito Santo sua descoberta historia chronologica synopsis e estat stica Vit ria Typographia do Esp rito Santense 1879 DALCOMUNI Sonia A implanta o da Aracruz Celulose no ES principais interesses em jogo Disserta o Mestrado em Ci ncias Sociais Programa de Desenvolvimento Agricultura e Sociedade UFRRJ 1990 D ALINCOURT Luiz Mem ria sobre o reconhecimento da Foz e Porto do Rio Doce Vila de Linhares 1833 ELIAS Denise Globaliza o e agricultura a regi o de Ribeir o Preto SP S o 130 Paulo Edusp 2003 EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECU RIA Estado do Esp rito Santo Diagn stico e prioridades de pesquisa em agricultura irrigada regi o sudeste Bras lia Embrapa DEP 1988 ENGENHARIA GALLIOLI LTDA V rzea litor nea entre os rios Doce e S o Mateus regi o da Lagoa Suruaca Estado do Esp rito Santo Plano de saneamento relat rio Rio de Janeiro Engenharia Gallioli Ltda
10. Olha eu nunca vi um arroz t o bom na minha vida Quinze mil hectares s de arrozais s ali no Riacho agora voc bota uma terra dessa produzindo 10 toneladas de arroz por hectare por ano em quinze mil hectares voc chega num n mero que assusta Chegaram a beneficiar arroz ali os Coutinho compraram ali uma propriedade grande e ele beneficiava arroz na Agril De acordo com Dall Orto a grande enchente do rio Doce que ocorreu em 1979 foi o principal motivo de o DNOS ter diminu do o ritmo da abertura dos canais o que acabou dificultando a continuidade das culturas agr colas Em parte o governo federal j n o estava disponibilizando a mesma quantidade de verbas que seriam necess rias para a abertura e recupera o dos canais atingidos pelas cheias Por outro lado alguns produtores deixaram de produzir arroz em fun o da amplitude da destrui o causada pelas enchentes Quando eles os Coutinho viram que n o tinha jeito botaram boi A chuva de 79 acabou com os canais acabou com tudo entupiu p ali n o brincadeira n o rapaz a voc v os canais ali eram quarenta metros de largura trinta metros de largura n o qualquer coisa que voc desentope isso n o A nossa conta foi que n s r amos gastar para desentupir mais ou A foto 3 ANEXO 3 ilustra o que restou da antiga unidade de beneficiamento ou processamento de arroz pertencente Agril atualmente envolta por eucaliptos O projeto da referida u
11. Universidade Federal do Esp rito Santo Centro de Ci ncias Humanas e Naturais Ill T tulo CDU 91 AGRADECIMENTOS Primeiramente ao professor orientador amigo Lu s Carlos Tosta dos Reis por ter oferecido a oportunidade de orienta o diante do quadro complicado que se instalou durante a defini o de orientadores em 2010 Sem esse apoio teria sido complicado obter resultados consistentes na rela o teoria pr xis da pesquisa Ao professor Carlos Teixeira de Campos J nior pelos valiosos apontamentos feitos durante a etapa de qualifica o da pesquisa que ajudaram na elabora o do cap tulo de an lise Ao professor Aldo Dantas pelos apontamentos feitos durante a etapa de defesa da disserta o Ao ex professor da UFES e ex diretor geral do DNOS no Esp rito Santo Elmo Luiz Campo Dall Orto por ter compartilhado t o gentilmente parte de uma hist ria do ES ainda n o encontrada nos livros e pesquisas existentes A minha fam lia por todo suporte oferecido durante minha caminhada pessoal e profissional Aos amigos J lio Martins Cl udio DJ e Cida pela amizade ao longo desses anos Aos companheiros da turma do mestrado de 2010 em especial ao Aldo Rezende e Edmara Loren o pelas incans veis conversas caf s e sugest es durante a pesquisa A Izadora por toda ajuda aten o e amizade constru das nesses 2 anos Aos funcion rios dos diversos rg os p blicos visitados Ao Criador pel
12. ao passo que para Silveira 1999 p 410 reconhecer se ia um meio t cnico Quando os instrumentos t cnicos deixam de ser prolongamentos do homem e passam a ter vida pr pria aquilo que J Attali chama de objeto vivant e quando os sistemas de a es criados em um lugar podem operar em territ rios long nquos As for as naturais passam a ser transpostas pelo homem atrav s dos objetos t cnicos ocorrendo assim uma nova significa o do tempo com reflexos diretos no trabalho e no territ rio criando o tempo social voltado para a produ o marcado profundamente pelo trabalho e fabricado pela sociedade mercantilista Os objetos t cnicos maqu nicos juntam raz o natural sua pr pria raz o uma l gica instrumental que desafia as l gicas naturais criando nos lugares atingidos mistos ou h bridos conflitivos Os objetos t cnicos e o espa o maquinizado s o locus de a es superiores gra as sua superposi o triunfante s for as naturais Tais a es s o tamb m consideradas superiores pela cren a de que ao homem atribuem novos poderes o maior dos quais a prerrogativa de enfrentar a Natureza natural ou j socializada vinda do per odo anterior com instrumentos que j n o s o prolongamento do seu corpo mas que representam prolongamentos do territ rio verdadeiras pr teses Utilizando novos materiais e transgredindo a dist ncia o homem come a a fabricar um tempo novo no trabalho no in
13. da maior da maior parte dos pa ses as firmas globais buscam impor sua l gica territorial nos lugares Sob influ ncia da globaliza o as transforma es do espa o geogr fico passam a se suceder em velocidades maiores que nos meios anteriores sobretudo em fun o do mercado mundial crescente ocorrendo em intensidades diferentes nas diversas partes do mundo SANTOS 2006 2008c A caracter stica marcante da nova l gica dominante a uni o entre t cnica ci ncia e informa o em favor do mercado mundial globalizado Acontece de modo distinto toda uma reconstru o de significados e maior integra o dos objetos t cnicos inclusive aqueles produzidos nos per odos precedentes visando atender a nova divis o territorial do trabalho como afirma Santos 2008c p 43 O meio t cnico cient fico o terreno de elei o para a manifesta o do capitalismo maduro e este tamb m disp e de for a para cri lo S o duas faces de uma mesma moeda Por isso esse meio t cnico cient fico geografiza se de forma diferencial isto de forma cont nua em algumas reas cont nuas A tend ncia por m em todos os casos a conquista relativamente r pida de mais reas para o meio t cnico cient fico ao contr rio do meio t cnico que o precedeu de forma geogr fica e difundia se de forma relativamente lenta a certamente mais seletiva Os objetos t cnicos deste meio de acordo com Santos 2006 1985 pa
14. e do territ rio em seu uso industrial Atualmente nos arredores das tr s f bricas um novo gloss rio renomeia e ressignifica todo o territ rio Se entre os povos habituais rurais os verbos conjugados com a gua eram sorver pescar nadar banhar divertir se conduzir batizar etc hoje a empresa em quest o flexiona outros verbos com a mesma gua desviar depositar branquejar caustificar purgar secar deslignificar empacotar vaporizar etc Tamb m entre os substantivos h uma nova nomea o Retiram se os c rregos rios ribeir es lagos e lagoas e entram em cena os canais os reservat rios as barragens as elevat rias e as comportas Tomada pela empresa a gua ressignificada em seu emprego industrial MARACCI 2010 p 17 Cabe mencionar que a instala o da Aracruz Celulose no munic pio de Aracruz fez com que outras empresas fossem l instaladas para atender demanda de insumos da empresa produtora de celulose Dentre essas empresas pode ser citada a Evonik Degussa instalada pr ximo foz do rio Riacho que fornece per xido de hidrog nio popularmente conhecida como gua oxigenada para o branqueamento da celulose Nessa ordem torna se importante destacar a opini o expressa em 118 entrevista concedida no dia 16 de janeiro de 2012 por Sebasti o Buteri o qual informou que o desaparecimento de peixes pode estar ligado com a quantidade de empresas presentes na rea que lan am seus dejetos ind
15. expressivo crescimento do quadro urbano industrial e da consequente demanda de alimentos que se concretizaria a reboque do expressivo crescimento populacional que a aglomera o urbana da Grande Vit ria manifestava nos anos 1960 Destaca se sobretudo que parte do discurso supunha uma oferta de condi es que atrairiam ou fixariam o homem no campo face ao xodo rural que vinha ocorrendo em fun o da crise do caf importante fato que acometeu a economia capixaba nos anos de 1960 Tais argumentos legitimavam a constru o dos canais como instrumento que iriam viabilizar a recupera o das v rzeas do Riacho para amplia o da produtividade agr cola no Esp rito Santo via moderniza o da agricultura e nesse sentido a 124 materializa o da vontade estatal foi demonstrada atrav s da hist ria dos trabalhos executados pelo DNOS no Esp rito Santo Assim atrav s deste estudo de caso sobre as v rzeas do Riacho p de se perceber a ocorr ncia de elementos da moderniza o da produ o agr ria sobretudo entendidos atrav s dos projetos de recupera o ali instalados o Ante projeto de Recupera o das V rzeas do Riacho e Suruaca que deram continuidade s obras de constru o de canais iniciadas pelo DNOS al m do projeto para a produ o de arroz elaborado pela Cofai implantado na fazenda Agril com financiamento do Prov rzeas ES que permitiu o desenvolvimento de um padr o de atividade agr cola alt
16. fauna provenientes de outros locais assim por diante Os dados existentes segundo alguns funcion rios do lema s o produzidos pela Aracruz Celulose sendo propriedade dessa e muitos n o se encontram no rg o ambiental informa o verbal 2005 Seria interessante que houvesse uma fiscaliza o e um rigor maior na produ o desses dados por parte do rg o ambiental respons vel j que a pr pria empresa que os produz Isso aumentaria a credibilidade sobre a veracidade dos mesmos Tratando da tem tica referente ao uso da gua para fins de acumula o de capital por parte da iniciativa privada em alus o a toda a problem tica envolvendo o consumo de gua pela Aracruz Celulose pode se citar Maracci 2005 p 8480 para quem 80 Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos H dricos do Estado do Esp rito Santo 115 O projeto Aracruz Celulose est todo ele baseado na apropria o dos recursos h dricos por meio do dom nio da terra A apropria o das guas para fins de acumula o de capital base deste empreendimento A celulose fabricada origina se de uma planta o eucalipto constitu do basicamente de gua e carbono Assim a ARCEL exporta indiretamente gua muita gua Nesta perspectiva o controle dos recursos h dricos pe a fundamental para a exist ncia e expans o deste empreendimento O dom nio desses recursos pela ARCEL se d de diversas formas tais como pelo monop lio da terra pelo cre
17. nio Villa a de Garcia engenheiro civil e por fim CBC Construtora Base e Com Ltda sob responsabilidade dos engenheiros civis Waldir Lopes Magalh es e Elmo Dall Orto ex engenheiro chefe do DNOS no Esp rito Santo E Durante a pesquisa percebeu se que a gest o do ministro Ant nio Dias Leite J nior foi de 27 de janeiro de 1969 at 15 de mar o de 1974 lembrando que o referido ministro era um dos propriet rios da Ecotec empresa que determinou a localiza o da Aracruz Celulose Coincidentemente pouco antes do fim da sua gest o enquanto ministro de Minas e Energia Ant nio Dias concedeu Arcel a outorga para a capta o de gua no rio Doce em 22 de fevereiro de 1974 100 Riacho aproveitando os antigos canais abertos pelo DNOS atrav s da abertura de um novo canal o canal Caboclo Bernardo Figuras 2 e 3 O projeto tinha como objetivo principal Ampliar a disponibilidade h drica no munic pio de Aracruz para fortalecer o seu desenvolvimento em bases sustent veis nos planos econ mico e social a partir do aporte de gua do rio Doce ao subsistema h drico na margem direita e a jusante de Linhares aproveitando os antigos canais de drenagem do DNOS existentes na rea CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS 1999 p 7 Tal objetivo foi elaborado com base nos seguintes requisitos presentes no projeto Melhorar a distribui o da disponibilidade h drica concentrada no rio Doce Maximizar o aproveitamento das estrutu
18. o Paulo 1995 242f MORAES C cero de Como nasceram as cidades no Esp rito Santo Vit ria IHGES 1954 MORAES C cero Geografia do Esp rito Santo Vit ria ES Funda o Cultural do Esp rito Santo 1974 231p MOREIRA Roberto J Agricultura familiar processos sociais e competitividade Rio de Janeiro Mauad UFRRJ CPDA 1999b MOREIRA Ruy O pensamento geogr fico brasileiro as matrizes cl ssicas origin rias S o Paulo Contexto 2008 NASCIMENTO FEdin ia Aparecida do Balne rio Pontal do Ipiranga um paradigma anti exemplar Vit ria Monografia gradua o em Geografia Ufes Vit ria 1994 NERY Joaquim O que restou desses bravos Revista Esp rito Santo Agora Vit ria n 23 p 12 19 abr 1978 OLIVEIRA Francisco de Cr tica raz o dualista o ornitorrinco Boitempo editorial S o Paulo 2003 OLIVEIRA Jos Teixeira Hist ria do Estado do Esp rito Santo Vit ria 1975 136 OS ltimos Guaranis Revista Esp rito Santo Agora Vit ria n 2 p 23 32 nov 1972 PEROTA Celso O s tio Monsar s evid ncias arqueol gicas Disserta o de mestrado em antropologia social S o Paulo 1980 PERUZZO Dilvo Habita o controle e espolia o S o Paulo Editora Cortez 1984 Projeto que capta gua no Rio Doce recebe premia o Jornal de Aracruz rg o informativo da prefeitura municipal de Aracruz p 20 n 103 dez 2000 REBELLO Wanderson dos Santos Impactos de Gr
19. o de expectativas na economia brasileira e mundial ter garantido o afluxo de recursos sem os quais esses projetos dificilmente viabilizar se iam O Il PND portanto aglutinhou e financiou projetos suscitados pelo crescimento dos mercados internos e externos durante o per odo do milagre possibilitado sua concretiza o o que se verifica por exemplo com a implanta o da Aracruz Celulose S A no Esp rito Santo DALCOMUNI 1990 p 181 182 Outros fatos importantes com rela o aos desdobramentos da implanta o da empresa durante o per odo militar quando os interesses corporativos da a o Estatal s o impostos de forma dissimulada em prol dos interesses hegem nicos de maneira autorit ria sem a participa o da sociedade civil s o evidenciados por meio do que est descrito em Movimento Alerta contra o Deserto Verde FASE 2001 p 8 9 O projeto de implanta o de uma grande empresa produtora de celulose na regi o de Aracruz tem in cio em 1972 no auge da ditadura militar na vig ncia do Ato Institucional n 5 Al 5 Durante o governo M dici um dos piores momentos da ditadura esse projeto s poderia assumir uma forma cl ssica que mistura censura viol ncia e exclus o Durante esses 30 anos o projeto dessa empresa que tinha em sua origem o controle estatal e outros projetos semelhantes Companhia Vale do Rio Doce CVRD Companhia sider rgica de Tubar o CST etc mudaram o perfil do E
20. o de m o de obra para explora o A localiza o de uma agrovila em suas imedia es como estrat gia para reter a m o de obra necess ria sua explora o insufici ncia esta provocada pela baix ssima densidade populacional que sempre se verifica nas reas de pecu ria uma vez que esta atividade ao se expandir desapropria grande parte dos pequenos propriet rios retendo as propriedades exclusivamente pecuaristas um contingente m nimo de pessoas ao mesmo tempo que por ser extensiva se apropria de extensas reas de terra INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES 1983 p 153 154 grifo nosso De acordo com o mesmo documento no tocante s rela es de trabalho foi ressaltada a grande quantidade de trabalhadores com assalariamento tempor rio presentes na propriedade de ngelo Coutinho com cerca de 2 000ha dados de 1983 onde eram utilizados processos produtivos altamente tecnificados sendo que 1 000ha eram dedicados ao cultivo do arroz e os outros restantes pecu ria A planta o de arroz era financiada atrav s do projeto Prov rzeas ES e por destoar das t cnicas utilizadas pelo conjunto dos produtores nas propriedades pr ximas teve ressaltada no relat rio do PDRI o perfil das modernas t cnicas utilizadas no seu processo produtivo Dentre as t cnicas descritas no relat rio do PDRI destaca se que o solo era preparado atrav s do uso de enxada rotativa ou gradea o a corre o do solo era feita com calc
21. o que viria modificar o papel do Esp rito Santo no novo contexto capitalista nacional do ponto de vista das novas rela es de produ o que estavam se estabelecendo em n vel mundial o que supostamente diminuiria a possibilidade de que a popula o hi O Funres concedia benef cios fiscais com vistas industrializa o atrav s da ren ncia fiscal do imposto de renda e do imposto sobre circula o de mercadorias e produtos ICMS 53 capixaba migrasse em massa para outros estados Assim de acordo com autor O Estado por outro lado articula os fatores de atra o da popula o rural para migrar para a cidade que s o os grandes projetos industriais e o portu rio os quais se localizam na Grande Vit ria ou pr ximo dela Dentre estes projetos est o o Porto de Tubar o Porto de Praia Mole Porto de Capuaba Portocel Porto de Vit ria Usina de Pelotiza o Companhia Sider rgica de Tubar o CIVIT Centro Industrial de Vit ria Aracruz Celulose PERUZZO 1984 p 56 Para se refor ar a afirma o anterior que versa sobre a industrializa o capixaba pode se citar Campos J nior 2002 p 16 o qual afima que Aproveitando se do momento de grande internacionaliza o da economia brasileira e das possibilidades criadas atrav s da pol tica industrial proposta pelo Il PND as lideran as locais juntamente com a CVRD articulam a implanta o de grandes projetos industriais aqueles de capital do
22. ographique nous avons cherch comprendre le processus de mat rialisation des canaux comme une uvre de ing nierie comme une tude de cas du processus de mat rialisation de l tablissement scientifique et technique de la configuration territoriale en raison de la p riode de modernisation du Esp rito Santo Le travail permet galement de comprendre l inflexion sur l utilisation originale de les canaux initialement con u pour la promotion des zones pour la production agricole et modernis e qui sont actuellement sous le contr le d Aracruz Celulose actuelle Fibria causant des impacts consid rables sur la soci t locale LISTA DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1 A Fibria antiga Aracruz Celulose n o bem vinda na festa dos PESCADORES usar nad dra ris a A a a Pada e EE A e i 119 Fotografia 2 Faixa representando o pensamento dos pescadores 119 Fotografia 3 Antiga unidade de processamento de arroz da fazenda Agyril 143 Fotografia 4 Antigos galp es da fazenda Agril ie 143 Fotografia 5 Antiga unidade de processamento de arroz da fazenda Agyril 143 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Caracteriza o do custo das obras do DNOS nas v rzeas do Riacho 71 Tabela 2 Custos do projeto de adu o emergencial para o canal Caboclo Bernardo Dana RS RR NPRR RN E A E RO RAR DRC RC RAR 103 Tabela 3 Custos do projeto de consolida o t cnica para o canal Ca
23. p 6 7 maio 2000 ASSOCIA O DOS GE GRAFOS BRASILEIROS se o Vit ria ES Impactos da apropria o dos recursos h dricos pela Aracruz Celulose nas terras ind genas Guarani e Tupinikim ES Vit ria 2004 BARCELLOS Gilsa Helena Desterritorializa o e r exist ncia Tupiniquim mulheres ind genas e o complexo agroindustrial da Aracruz Celulose 2008 Tese Doutorado em Geografia Universidade Federal de Minas Gerais 2008 BARCELLOS G H et al Estudo e relat rio de impactos em direitos humanos de grandes projetos eidh ridh o caso do monocultivo de eucalipto em larga escala no norte do Esp rito Santo O projeto agroindustrial da Aracruz Celulose Fibria e as comunidades quilombolas do Sap do Norte Concei o da Barra S o Mateus 2010 127 BERGAMIM M rcia Cristina Agricultura familiar no Esp rito Santo constitui o moderniza o e reprodu o socioecon mica Disserta o Mestrado em Geografia Universidade Federal de Uberl ndia Minas Gerais 2004 170f BERNARDES Fl via Pescadores pro bem entrada da Fibria em festa na Barra do Riacho 2011 Dispon vel em lt http Avnww seculodiario com exibir not asp id 24352 gt Acesso em 01 mar 2012 BERNARDES Fl via Depois de um ano MST ainda aguarda vistoria da Fazenda Agril 2006 Dispon vel em lt htttp nww seculodiario com br arquivo 2006 setembro 27 noticiario meio ambiente 27 09 08 asp gt Acesso em 19 fev 2012 BERNARDES
24. possibilitado por redefini es verificadas no mercado mundial de celulose A n vel estadual estrat gias de diversifica o de investimentos de grupos empresariais por um lado e preocupa es governamentais e de fra es da sociedade capixaba em promover a diversifica o da economia estadual demasiadamente dependente da monocultura do caf por outro suscitam desde o final dos anos 60 interesses no desenvolvimento da ind stria de celulose no Esp rito Santo Esses interesses no entanto apenas nos anos 70 em especial com a implementa o do Il PND encontram conjuntura favor vel sua consecu o Em conson ncia portanto com a din mica capitalista nacional o Esp rito Santo se insere no novo padr o da industrializa o brasileira DALCOMUNI 1990 p 5 Com base na autora supracitada pode ser ressaltada a realiza o de dois cursos da CEPAL em Vit ria no per odo 1964 69 com cerca de quatro meses de dura o cada um atrav s de um acordo CEPAL BNDE Esses cursos visavam amplia o do n mero de simpatizantes das ideias de industrializa o planejada propalada como uma poss vel forma de supera o do subdesenvolvimento fato que contribuiria para fortalecer o projeto de industrializa o do Esp rito Santo Fornecendo um panorama geral sobre os impactos decorrentes da implanta o da Arcel no Esp rito Santo e se Com rela o sucess o do poder no Estado ap s o resultado negativo da C
25. que poderia gerar 24 363 empregos diretos atingindo at 123 170 pessoas nas explora es agropecu rias num per odo em que a oferta de trabalho no meio rural estava em regress o o que supostamente favoreceria fixa o da m o de obra no campo Um exemplo concreto que permite evidenciar a repercuss o desses projetos notadamente os benef cios concedidos pelo Prov rzeas ES bem como o papel de fundamental import ncia dos canais do DNOS como pressuposto t cnico da moderniza o da produ o agr cola nas v rzeas do Riacho pode ser observada partir do caso da fazenda Agril propriedade de ngelo Coutinho que produziu e beneficiou arroz segundo o projeto proposto pela Cofai i Outras propriedades chegaram a produzir arroz em grandes quantidades como foi constatado na entrevista com Elmo Dall Orto Devido amplitude da quest o preferiu se limitar o exemplo propriedade do Coutinho levando se em considera o o foco da pesquisa sobre o uso dos canais do DNOS j que um aprofundamento no tema espec fico sobre a produ o arroz iria ultrapass lo 86 Consta no relat rio do Programa de Desenvolvimento Regional Integrado PDRI elaborado pelo Instituto Jones dos Santos Neves que em 1983 no munic pio de Aracruz havia um bols o de produ o de arroz fomentado pelo prov rzeas ES que utilizava um grande n vel de assalariamento Tal bols o localizado justamente na fazenda Agyril promovia a reten
26. rio al m do uso intensivo da aduba o qu mica sendo todos esses processos realizados com o uso de trator assim como na abertura dos canais para irriga o O plantio era efetuado atrav s de plantadeira ou com o uso de avi o com uso de semente de arroz pr germinado sendo feito seguir a incorpora o do arroz atrav s de gradagem oi Seguindo dados fornecidos pelo Movimento dos Sem Terra MST em 2006 a fazenda Agril possu a 8 980 hectares sendo que apenas 3700 hectares est o regularmente registrados no INCRA e o restante seria formado por reas p blicas ou terras devolutas BERNARDES 2006 Ei Gradagem consiste na t cnica de desfazer os grandes torr es de terra que permanecem ap s a ara o Com o uso de grades tamb m puxadas por tratores esses torr es s o desfeitos de 87 Dentre os tratos culturais empregados configuravam a capina qu mica feita com herbicida atrav s de avi o o controle de pragas e doen as pulverizadas com avi o a aduba o de cobertura feita com trator e tamb m com o uso de avi o feita um m s ap s o plantio al m da irriga o e represamento da gua proveniente dos canais do DNOS Destaca se aqui o papel do Prov rzeas ES para o financiamento da abertura de canais espec ficos para a irriga o do arroz que eram interligados aos canais do DNOS atrav s de canais abertos pelo maquin rio da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agr cola do Esp rito Santo CIDA ES
27. rito Santo 2 ed Vit ria CEPA 1975 VILARINHO Eliete Sousa Solos e indicadores ambientais na regi o de Caboclo Bernardo Sul do delta do Rio Doce Disserta o Mestrado em Solos e Nutri o de Plantas Departamento de Solos Universidade Federal de Vi osa Vi osa 2005 WALBER Vladimir Melges COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA Arroz no Esp rito Santo subs dios para planejamento Vit ria CEPA 1978a COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA Flutua es sazonais dos pre os de hortali as no mercado de Vitoria Vit ria CEPA 1977a 139 Margens de comercializa o de produtos agr colas no mercado de Vit ria CEPA 1977b COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA HEMERLY Francisco Xavier Posse e uso da terra no Estado do Esp rito Santo Vit ria CEPA ES 1978b COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA Proje o da demanda interna de alimentos no estado do Esp rito Santo Vit ria CEPA 1977c XAVIER Marcos Os sistemas de engenharia e a tecniciza o do territ rio O exemplo da rede rodovi ria brasileira In SANTOS Milton Silveira Mar a Laura O Brasil Territ rio e sociedade no s culo XXI 14 ed Rio de Janeiro Record 2010 ZUNTI Maria L cia Grossi Panorama hist rico de Linhares Linhares 1982 140 ANEXOS ANEXO I Figura 5 Croqui dos Canais do DNOS nas v rzeas do Riacho em 1978 Adaptado de Esp rito Santo 1978 142 ANEXO II
28. se subordinam s l gicas globais Agora torna se mais n tida a associa o entre objetos modernos e atores hegem nicos Na realidade ambos s o os respons veis principais no atual processo de globaliza o SANTOS 2006 p 161 O meio t cnico cientifico informacional passa a estar presente tanto no meio urbano como no meio rural As grandes cidades que se apresentavam como locus privilegiado da t cnica sob o meio t cnico passam a compartilhar as mudan as com o meio rural sobretudo em fun o do volume de artificialidades adicionadas a esse meio com o intuito de aumentar a produtividade Antes eram apenas as grandes cidades que se apresentavam como o imp rio da t cnica objeto de modifica es supress es acr scimos cada vez mais sofisticados e mais carregados de artif cio Esse mundo artificial inclui hoje o mundo rural Segundo G Dorfles 1976 p 39 este marcado pela presen a de materiais pl sticos fertilizantes colorantes inexistentes na natureza e a respeito dos quais de um ponto de vista organol tico t ctil crom tico temos a n tida sensa o de que n o pertencem ao mundo natural SANTOS 2006 p 160 O uso da informa o e do conhecimento assume um papel marcante o de ser recurso que viabiliza a domina o da natureza atrav s do conhecimento cient fico do funcionamento dos fatores naturais com o uso de novas tecnologias permitindo dessa maneira queles que tiverem acesso aos da
29. segundo as especifica es estabelecidas no manual do Prov rzeas BRASIL 1986 A colheita do arroz por sua vez tamb m era mecanizada e a produ o era destinada ao abastecimento de supermercados e pequenas mercearias situados no Esp rito Santo e alguns pontos de com rcio em Minas Gerais Parte dos canais do Prov rzeas ES pode ser vista no mapa 2 ANEXO VII A fazenda Agril empregava cerca de cinquenta pessoas no geral diaristas e alguns poucos assalariados permanentes constituindo se em m o de obra especializada respons vel pela irriga o e represamento Os trabalhadores possu am carteira assinada e recebiam aproximadamente 1 sal rio m nimo exceto a m o de obra especializada que provavelmente eram melhor remunerados Os assalariados permanentes provinham da sede de Aracruz e os diaristas da Vila do Riacho Parte dos trabalhadores moravam na semi vila presente na propriedade formada por cerca de 15 a 20 casas que eram cedidas aos trabalhadores INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES 1984 Na conversa com o Sr Ant nio antigo trabalhador da Agril e atual caseiro da antiga sede da fazenda agora pertencente a outro propriet rio constatou se o seguinte modo com que o solo fique mais uniforme para o cultivo R A CIDA ES dispunha de uma frota de m quinas espec ficas para a presta o de servi os para o Prov rzeas ES EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA 1988 Ro Fato relatado pelo Sr Ant nio ex
30. t certo Ent o um canal pequeno tem dez metros de largura S disso a ali no Riacho voc tem mais de 60 quil metros de canais Para voc desobstruir tudo vai longe Vou te dar uma no o do que foi a inunda o de 1979 voc tinha m quinas trabalhando nessa regi o um drag line um guindaste equipado com uma ca amba Eu tinha oito m quinas na beira dos canais do Riacho elas simplesmente desapareceram debaixo d gua sumiram eu tenho foto a que eu sobrevoei a regi o cad minhas m quinas Depois de um m s come ou a aparecer a ilha em cima a ilha era a ponta da lan a da m quina cheia de mato Ent o em 1979 veio aquela cheia cavalar a grande enchente a maior enchente j registrada no pa s eu acho que em 1979 Arrasou tudo jogou a gente quando draga um canal a gente pega o material dele e empilha do lado pelo menos no m nimo a oito metros de dist ncia mas s vezes voc tem uma montanha de tr s quatro metros de altura a gua subiu passou por cima dos diques na hora que voltou voltou fechando os canais at hoje tem canais sujos Essa regi o acabou em mat ria de agricultura Foi a cheia de 1979 que acabou com essa t certo A virou pastaria muito simples de explicar o boi voc toca certo Com base nesses relatos poss vel considerar que muitos tenham abandonado a produ o de arroz em fun o da margem de lucro que se tornaria menor por causa do montante necess rio de in
31. 1966 Processo 376 ENGENHARIA GALLIOLI LTDA V rzea litor nea entre os rios Doce e S o Mateus regi o da Lagoa Suruaca Estado do Esp rito Santo Plano de saneamento estimativa sum ria de custo Rio de Janeiro Engenharia Gallioli Ltda 1970 ESP RITO SANTO Despacho n 040 de 27 de dezembro de 1996 Di rio Oficial do Estado do Esp rito Santo Vit ria 27 de fev 1997 p11 SECRETARIA DE AGRICULTURA CEPA ES Agricultura no Esp rito Santo ano agr cola 1975 76 Vit ria 1976a SECRETARIA DE AGRICULTURA CEPA ES Agricultura no Esp rito Santo ano agr cola 1975 76 Vit ria 1976a SECRETARIA DE AGRICULTURA CEPA ES Diagn stico da pesca artesanal do Estado do Esp rito Santo PESCARTES Vitoria 1976b Secretaria de Agricultura do Esp rito Santo CEPA PAPA plano anual de produ o e abastecimento 1976 1977 Vit ria 1976c SECRETARIA DE AGRICULTURA CEPA ES Plano anual de produ o e abastecimento 1976 77 PAPA Vit ria 1976d 2 v 131 SECRETARIA DE AGRICULTURA CEPA ES COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO An lise da situa o cooperativista no Esp rito Santo Vit ria s d SECRETARIA DE AGRICULTURA CEPA ES COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA Cr dito rural no Esp rito Santo 1969 1976 Vit ria 1978a Secretaria de Agricultura CEPA ES Informa es estat sticas do setor agropecu rio do Esp rito Santo 1947 78 Vit ria 1978b SECRETARIA DE ESTADO D
32. Agora as guas subiram e as cobras ficam mais pr ximas das casas REBELLO 2006 Em rela o pesca ind gena realizada no rio Comboios o maior impacto da abertura do Caboclo Bernardo foi sobre a queda no volume da produ o do pescado sentida pelos pescadores que resumida nas palavras do Compadre Pedro antigo pescador da aldeia cnegava se a capturar 19kg de camar o pitu por dia e agora a gente mal consegue 1 ou 2 kg por dia REBELLO 2006 De modo geral alguns peixes como a carapeba o piau e o car n o s o mais encontrados Outros como o robalo a tra ra o crumat e o tucunar ainda aparecem no rio Comboios mas a quantidade capturada tem diminu do ao longo dos anos A presen a de algumas esp cies ex ticas provenientes do rio Doce no rio Comboios como o bagre africano tamb m causa transtornos pois esses peixes se enrolam nas redes de pesca feitas para capturar os peixes de menor porte causando danos nas mesmas Os animais ex ticos tamb m se alimentam dos filhotes de camar o dificultando a reprodu o da esp cie fazendo com que a pesca de camar o seja diminu da As palavras do cacique Jo o Mateus durante as entrevistas realizadas foram enf ticas ao comparar a atual condi o do rio Comboios ao passado 114 Isso a n o o rio Comboios N s queremos o nosso rio de volta Isso aqui que voc v um canal da Aracruz Celulose Em outra pesquisa foi poss vel constatar que o canal
33. Caboclo Bernardo foi licenciado na esfera estadual por m atrav s da an lise de leis ambientais pertinentes verificou se que o canal deveria ser licenciado na esfera federal j que referido rio passa por mais de um estado o que faz com que o mesmo esteja sob tutela federal tendo sido assim um equ voco o licenciamento ter ocorrido na esfera estadual capixaba REBELLO 2009 Al m disso deve ser ressaltada a dificuldade de ter acesso a dados consistentes no IEMA sobre o licenciamento do canal Caboclo Bernardo apesar de existir a lei 10 650 de 2003 que garante o acesso p blico aos dados e informa es ambientais e informa es existentes nos rg os e entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente por parte de qualquer cidad o Os dados dispon veis popula o por m estavam limitados a uma simples declara o de impacto ambiental e ao resumo executivo do projeto assim como as algumas notas emitidas em jornais que tratam da comunica o obrigat ria ao p blico referente emiss o de licen as para o empreendimento Sobre a disponibilidade de dados sobre o canal Caboclo Bernardo Rebello 2009 p 26 27 afirma que no IEMA N o existem maiores estudos que verifiquem a ocorr ncia de danos ou impactos negativos provenientes do funcionamento do canal N o poss vel encontrar dados sobre qualidade da gua polui o varia o do pH em pontos determinados nem sobre o aparecimento de esp cies de flora e
34. Coutinho ainda comprava arroz de um monte de gente limpava ensacava e vendia depois De acordo com o entrevistado a localiza o da fazenda despertou o interesse da Aracruz Celulose em fun o da abertura do canal Caboclo Bernardo como ser considerado adiante Como alguns canais passavam pela propriedade desde a poca em que produzia arroz a fazenda tornou se uma importante rea para a empresa que al m de adquirir a rea passou a plantar eucalipto na mesma A fazenda que era produtora de alimentos passou a produzir eucalipto para a transnacional A Aracruz Celulose veio aqui querendo comprar tudo por causa dos canais para fazer o canal novo que suga gua l do rio Doce O Coutinho vendeu uma parte para a Aracruz a parte l de baixo Aqui a sede o Coutinho vendeu para um doutor l em Vit ria que eu trabalho pra ele Eu que tomo conta daqui agora dessa parte pequena que era a sede antiga durmo l atr s na casa de l Aqui s tem um pouco de gado quase nada mas o doutor disse que vai investir aqui e colocar mais gado antiga sede composta pelas casas e galp es ainda presentes foi vendida para um m dico residente em Vit ria conforme informou o Sr Ant nio A rea restante onde parte dos antigos canais do DNOS est o situados foi comprada pela Aracruz Celulose se Cabe lembrar que ngelo Coutinho propriet rio da FRISA Frigor fico Rio Doce S A produtor de derivados da pecu ria bovina e
35. Fl via Sem terras s o expulsos da fazenda Agril por tropa de choque da PM 2006 Dispon vel em lt http www seculodiario com br arquivo 2006 abril 28 noticiario meio ambiente 28 04 08 asp gt Acesso em 19 fev 2012 BERNARDES Fl via Fibria doa viatura pol cia para tentar silenciar comunidade em Barra do Riacho 2012 Dispon vel em lt http www seculodiario com br exibir not asp id 54792 gt Acesso em 17 mar 2012 BIODIN MICA Gasoduto Cacimbas Vit ria Estudo Antropol gico sobre as terras e as popula es ind genas situadas pr ximo ao tra ado do gasoduto Cacimbas Vit ria Vit ria 2004 BIONDI Aloysio O Brasil privatizado um balan o do desmonte do Estado S o Paulo Editora Funda o Perseu Abramo 2003a O Brasil privatizado Il o assalto das privatiza es continua S o Paulo Editora Funda o Perseu Abramo 2003b BRASIL Decreto lei n 2 367 de 4 de Julho de 1940 Di rio Oficial da Uni o Bras lia 06 jul 1940 Se o 1 p 12895 128 BRASIL Decreto lei n 4 089 de 13 de Julho de 1962 Di rio Oficial da Uni o Bras lia 21 nov 1966 Se o 1 p 13415 BRASIL Minist rio do Interior DNOS Grupo Interministerial de Trabalho para Realizar Estudos para a preserva o e o controle das enchentes do rio Doce Relat rio 1982 BRASIL Minist rio da Agricultura Prov rzeas Nacional Programa para aproveitamento racional de v rzeas irrig veis do Estado do Esp rito Sant
36. Freitas 2011 p 64 partir de 1990 que o Estado brasileiro acasala se com grande projeto de neoliberalismo fundamentado na bandeira de menos interven o estatal e maior for a decis ria das grandes empresas onde se desestrutura a ordem do bem estar social e soerguem se as as decis es do empresariado 59 assim remontar hist ria da a o do DNOS nas v rzeas do Riacho de forma a ilustrar as disparidades que envolvem a problem tica de uma question vel ocupa o do solo que gerou um contexto com s rias consequ ncias sociais em benef cio de alguns empres rios que passaram a utilizar o local atrav s de alguns incentivos como poder ser visto no cap tulo 4 3 4 2 A A o do DNOS nas V rzeas do Riacho Aproxima o preliminar e questionamentos As v rzeas do Riacho tornaram se objeto de interven o do DNOS no final dos anos de 1960 quando esse passou a instalar canais de drenagem no intuito de tornar o solo aproveit vel para o desenvolvimento da agricultura e pecu ria em parceria com programas federais e estaduais como ser observado no cap tulo 4 O rio Riacho principal corpo d gua presente na rea juntamente com seus afluentes foi o alvo principal de artificializa o do referido rg o de forma que a rea ap s devidamente drenada e preparada foi dividida em propriedades voltadas para a produ o agr cola Segundo Mendes 1978 a rea escolhida era interessante em fun o da sua local
37. Pires da Silva Pontes D ALINCOURT 1833 A primeira tentativa de liga o s ocorreria em 1860 de acordo com Almeida 1959 por m a liga o definitiva apenas seria estabelecida no governo de Nestor Gomes entre 1920 e 1924 por onde navegou o Tamoio vindo rebocado de Vit ria at a concha do Riacho e dali com suas pr prias m quinas saiu no rio Doce como afirma Zunti 1982 p 90 O percurso foi abandonado tempos depois ap s pouco uso j que o mesmo era pouco pr tico Toda aquela regi o era extremamente pantanosa Alguns locais eram bastante perigosos podendo se afundar at a cintura Quando ca am chuvas de inverno ou as tempestades de ver o elevando o n vel das guas toda aquela rea tornava se quase um nico e enorme alagadi o com correntezas que indo dar no canal enchiam no de detritos for ando a subida das guas represadas e inundando as margens ou ent o proliferavam de tal maneira as plantas aqu ticas que se tornava imposs vel qualquer navega o ZUNTI 1982 p 90 Ainda em 1920 segundo Zunti 1982 ocorreu a introdu o da rede el trica proveniente de geradores impulsionados por motores movidos a diesel em substitui o aos lampi es e velas que come avam a permitir uma solidariedade t cnica entre as reas que se utilizassem dessa energia A quantidade de estradas 48 abertas crescia por m at os anos de 1950 ainda n o havia liga o permanente entre Vit ria e o
38. a maior desse capital constante na instrumentaliza o do espa o ao mesmo tempo em que se d o novas exig ncias quanto ao capital vari vel indispens vel instrumentos de produ o sementes selecionadas fertilizantes adequados pesticidas etc Desse modo segundo Santos 2006 2008c passam a ocorrer requalifica es espaciais que visam atender aos interesses dos atores hegem nicos sejam eles econ micos culturais e pol ticos incorporadas plenamente s novas correntes 30 mundiais tra o caracter stico do fen meno da mundializa o econ mica a globaliza o Para Milton Santos O meio t cnico cient fico informacional a cara geogr fica da globaliza o A diferen a ante as formas anteriores do meio geogr fico vem da l gica global que acaba por se impor a todos os territ rios e a cada territ rio como um todo O espa o no qual o homem sobrevive h mais de cinquenta mil anos tende a funcionar como uma unidade Pelo fato de ser t cnico cient fico informacional o meio geogr fico tende a ser universal Mesmo onde se manifesta pontualmente ele assegura o funcionamento dos processos encadeados a que se est chamando de globaliza o SANTOS 2006 p 160 Assim baseado no exposto quanto mais atual um objeto adicionado ao espa o mais subordinado o mesmo estar ao fen meno da globaliza o j que quanto mais tecnicamente contempor neos s o os objetos mais eles
39. a reprodu o do capital enquanto parte da moderniza o do territ rio atrav s da abertura dos canais do DNOS e da materializa o atributos decorrentes provocando mudan as na composi o territorial da rea Assim ser demonstrado como a configura o territorial acaba sendo influenciado durante o per odo t cnico cient fico informacional o que permite enquadrar o recorte te rico para rea de estudo na presente pesquisa enquanto uma pequena parte de uma organiza o espacial composta por uma materialidade geogr fica de maior amplitude 2 2 CONFIGURA O TERRITORIAL E MODERNIZA O A configura o territorial de acordo com Santos 2006 toda a materialidade presente no territ rio sendo composta pelo territ rio mais o conjunto de objetos existentes sobre ele sejam esses provenientes da natureza sejam os mesmos artificiais 33 A configura o territorial dada pelo conjunto formado pelos sistemas naturais existentes em um dado pa s ou numa dada rea e pelos acr scimos que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais A configura o territorial n o o espa o j que sua realidade vem de sua materialidade enquanto o espa o re ne a materialidade e a vida que a anima A configura o territorial ou configura o geogr fica tem pois uma exist ncia material pr pria mas sua exist ncia social isto sua exist ncia real somente lhe dada pelo fato das rela es sociais
40. acaba amanh na porrada interessante da coisa foi essa o camarada passou seis meses olhando o que como que como que funciona o que que faz e simplesmente n o se pode extinguir este rg o foi posto para fora para botar outro que aquela ordem do Collor foi extinguir Rapaz voc n o queria saber o preju zo que foi para o pa s aquilo ali Ap s o fim do DNOS todas as m quinas e obras dos canais foram abandonadas em RO Cabe mencionar que no relat rio ESP RITO SANTO 1992 ainda citada a produ o do arroz como importante cultura em funcionamento nas v rzeas do rio Riacho N o foi poss vel identificar com precis o a data em que finalizou a produ o de arroz no Riacho A produ o de arroz nas v rzeas do Riacho conforme a entrevista concedida por Herval Nogueira J nior morador da Barra do Riacho findou nos anos 90 E Com rela o ao processo de privatiza o no territ rio brasileiro e suas repercuss es ver Biondi 2003a Biondi 2003b e Ribeiro J nior 2011 92 v rias partes do Estado Esse abandono de um amplo patrim nio inclusive toda a mem ria escrita em v rios estados brasileiros na vis o de Dall Orto foi um grande preju zo para o Brasil dada a amplitude da atua o do DNOS O maior parque de m quinas do mundo s eu aqui no Esp rito Santo tinha trinta e oito Bom virou ferro velho No ano da extin o a gente pedia n o vamos dar um destino
41. administra o brasileira da poca segundo Zunti 1982 a tentar impedir atrav s de leis e decretos a comunica o entre os estados de Minas Gerais e Esp rito Santo no intuito de dificultar o descaminho dos novos artigos com alto valor comercial COMPANHIA VALE DO RIO DOCE 2002 Segundo o mesmo autor ap s a exaust o das minas aur feras no s culo XVIII a extra o de minerais permitiu a abertura das primeiras f bricas de beneficiamento de min rio de ferro e com a permiss o do estabelecimento de ind strias no territ rio brasileiro em 1808 inicia se a densifica o industrial no estado mineiro Assim por causa do aumento populacional de Minas Gerais a produ o capixaba passaria a abastecer aquele estado com maior frequ ncia principalmente atrav s de estradas nas margens do rio Doce ocorrendo tamb m o interc mbio de produtos entre os dois estados De acordo o supracitado autor tentou se no in cio e no posterior desenvolvimento das atividades da ind stria de ferro estabelecer e fortificar a liga o fluvial pelo rio Doce ao mesmo passo que se iniciava a povoa o das margens do rio e inclusive no intuito de proteger tais iniciativas foram criados destacamentos militares os quart is levando se em considera o o perigo da invas o de cors rios estrangeiros e dos ataques de ndios geralmente os botocudos Os principais quart is criados no entorno do rio Doce foram os de Reg ncia Augusta Coutins Pan
42. anos 60 e 70 a prioridade do subs dio de cr ditos agr colas para estimular a grande produ o agr cola as esferas agroindustriais as empresas de maquin rios e de insumos industriais para uso agr cola como tratores herbicidas e fertilizantes qu micos a agricultura de exporta o a produ o de processados para a exporta o e a diferencia o do consumo como de queijos e iogurtes Para o autor essa revolu o no contexto brasileiro foi socialmente conservadora por ter sido um modelo concentrador e excludente n o beneficiando os pequenos produtores rurais tampouco a agricultura familiar A FAO Food and Agriculture Organization um rg o vinculado s Organiza o das Na es Unidas que funciona como estimuladora da revolu o verde nos pa ses subdesenvolvidos 13 O assalariamento do trabalhador rural passou a ser uma constante nas propriedades agr colas 52 direcionado pelos governantes estaduais A alternativa encontrada para atravessar a crise econ mica estadual de acordo com Campos J nior 2002 foi a cria o do FUNRES Fundo de Recupera o Econ mica do Estado do Esp rito Santo oficializado pelo decreto lei federal 880 de 1969 Por m mesmo com o incentivo na vis o do autor a medida n o foi suficiente para mudar totalmente a base econ mica estadual e apenas alguns poucos empres rios conseguiram se preparar para enfrentar a crise econ mica que estava se instalando Nessa m
43. canal Caboclo Bernardo A comunidade de Barra do Riacho n o recebe nenhuma gota d gua deste desvio para seu abastecimento pelo contr rio as guas do rio Riacho diminu ram A comunidade se v obrigada a comprar gua mineral engarrafada no mercado ou na pior das hip teses utiliza gua de um c rrego pr ximo que est contaminado Corroborando com que foi acima exposto o Sr Herval Nogueira de acordo com Maracci 2008 s n demonstrou em campo durante v rias caminhadas no entorno de Barra do Riacho o estado de degrada o dos cursos d gua e nascentes e as obras de barragens realizada pela empresa Diante da foz do rio Riacho ele 116 explica que depois da constru o do canal Caboclo Bernardo verifica se o estreitamento da boca da foz do rio Riacho provocado por bancos de areia formados pelo mar Assim ilustra se a extens o dos efeitos perversos que apropria o dos canais do extinto DNOS e do canal Caboclo Bernardo pela Aracruz Celulose exerce sobre as comunidades locais da Barra do Riacho Nesse mesmo sentido a autora afirma que a pesca bastante impactada em fun o da diminui o do fluxo de gua que provoca a obstru o da foz do rio Riacho prejudicando o deslocamento dos barcos pesqueiros o qu por consequ ncia impacta negativamente a economia local A diminui o do fluxo de gua do rio Riacho a partir do sistema de invers o do fluxo do seu afluente rio Gimuhuna nas proximida
44. das leis que regulavam o DNOS percebe se que o trabalho desse rg o poderia ir al m das obras de saneamento chegando a atuar como rg o de planejamento geogr fico dada a amplitude de atua o legal e no intuito de ilustrar o exposto seguem algumas das atribui es legais e Levantar o cadastro imobili rio de toda a regi o onde estiver operando ou tenha de operar anotando os ndices de valoriza o das propriedades beneficiadas e Estudar os programas de obras e melhoramentos das regi es sobre a sua influ ncia tendo sempre em vista uma previs o equilibrada das consequ ncias econ micas e sociais resultantes da realiza o dos trabalhos Promover desapropria es por necessidade e utilidade p blica ou interesse social de bens necess rios execu o dos servi os e obras a seu cargo Proceder ao levantamento cadastral das propriedades beneficiadas ou a beneficiar pela execu o de servi os ou obras a seu cargo visando contribui o de melhoria e institui o de taxas por servi os prestados Pesquisando sobre os conflitos sociais existentes entre a agroind stria a ucareira os pequenos agricultores e pescadores resultantes das obras dos canais do DNOS implantados na Baixada Fluminense Carneiro 2003 levantou dados hist ricos sobre a antiga Comiss o de Saneamento permitindo mostrar que o papel do rg o enquanto planejador econ mico e regional resultavam do esfor o do engenheir
45. de intensifica o da moderniza o que o pa s conheceu de modo saliente desde o dec nio precedente Assim o estudo sobre o papel desta obra de engenharia n o se orienta no sentido de considerar o car ter estritamente t cnico funcional da referida obra tratando se antes de propor atrav s do aporte te rico da geografia uma contribui o que n o obstante a condi o de estudo de caso possibilite promover uma interpreta o cr tica sobre a constitui o t cnico cient fica de uma parcela da configura o territorial capixaba Desse modo os canais do DNOS s o problematizados enquanto uma manifesta o representativa ainda que pontual do papel que o conte do t cnico cient fico do territ rio desempenha no complexo processo de moderniza o do Esp rito Santo Instalada nas v rzeas do Riacho e pr xima foz do rio Doce entre os limites dos munic pios de Linhares e Aracruz a referida obra foi produzida entre os anos de 1960 e 1990 inicialmente sob os ausp cios da aspira o de moderniza o nacional por parte do governo federal na tentativa de alinhar o Esp rito Santo na perspectiva da l gica desenvolvimentista em que o Brasil buscava se inserir naquele momento e da necessidade criada para se promover a moderniza o na agricultura capixaba A princ pio como ser ratificado ao longo do trabalho a obra de engenharia foi projetada visando tornar as v rzeas do Riacho em uma rea pass vel de utiliza
46. do meio t cnico onde o in cio de um novo formato da configura o territorial das v rzeas do Riacho ir ocorrer Assim a ascens o do meio t cnico ser mostrada a partir de fatos hist ricos ocorridos ap s a chegada dos estrangeiros sobretudo pontuados pela instala o e densifica o do aparelhamento t cnico do territ rio voltado para a produ o e suas respectivas moderniza es com a posterior concretiza o do meio t cnico atrav s da chegada das m quinas como ser visto 44 adiante 3 2 ATRIBUTOS DA G NESE DAS V RZEAS DO RIACHO ENQUANTO MEIO T CNICO O fato que ir conduzir a g nese do padr o de organiza o espacial que marcar o in cio da ruptura entre o meio natural e o meio t cnico no territ rio capixaba pode ser associado chegada dos europeus ao Esp rito Santo atrav s de Vasco Fernandes Coutinho em 1535 com mais 60 pessoas segundo Oliveira 1975 cerca de um ano ap s a divis o do Brasil em capitanias heredit rias por parte do rei portugu s D Jo o III A agricultura nas terras capixabas ap s a chegada dos europeus passa a ser direcionada para o com rcio ao contr rio do modo subsistente dos ind genas e passou a se basear densificadamente nas culturas de mandioca milho arroz feij o e principalmente da cana de a car para a qual foram constru dos engenhos para o processamento da cana Ocorria ainda a extra o de variados tipos de rvores provenientes de uma enor
47. em n mero consider vel de lugares hoje s o majoritariamente feitas com produtividade muitas vezes maior em reas cada vez menores Santos 2008a afirma que ocorrem mudan as na composi o t cnica do territ rio gra as ao emprego da informa o e do conhecimento os quais se materializam atrav s da cibern tica das biotecnologias das novas qu micas da inform tica da eletr nica e a pr pria informatiza o do territ rio ocorre antes mesmo que a informatiza o da economia e da sociedade Essas tecnologias tornam se ferramentas de fundamental import ncia para o aumento da efici ncia da produ o j que permitem controlar in meras vari veis de um produto antes mesmo de ser produzido fato que ocorre na rea de projetos das grandes empresas Os sistemas t cnicos que antes eram apenas locais ou regionais relativamente isolados e em n mero semelhante aos lugares ou regi es existentes v o perdendo essa caracter stica em fun o da mais valia mundializada atrav s de firmas e bancos internacionais A mais valia materializada na forma de cr dito permite a instala o de in meros objetos t cnicos no espa o Para Santos 2008c p 44 isso significa que O fato de que o espa o seja chamado a ter cada vez mais um conte do em ci ncia e t cnica traz consigo outras consequ ncias como uma nova composi o org nica do espa o pela incorpora o mais ampla de capital constante ao territ rio e a presen
48. empresa chegando a uma capacidade estimada de produ o de 2 300 000 toneladas por ano da Aracruz Celulose no Esp rito Santo Para atingir os n meros dessa elevada produ o atualmente os principais equipamentos que comp em o processo industrial da Aracruz Celulose s o 2 linhas de descascamento 3 caldeiras de recupera o 8 picadores 3 digestores 4 linhas de deslignifica o com oxig nio 5 linhas de branqueamento 5 secadores 7 linhas de enfardamento 1 planta qu mica para gera o de di xido de cloro e di xido de enxofre Dados dispon veis em lt www fibria com br gt 99 Atender a amplia o da demanda de gua prevista no projeto da unidade C por m constitu a numa condi o para a efetiva o da amplia o planejada para a empresa j que haveria um substancial aumento no consumo total de gua para o abastecimento dos reservat rios Essa demanda juntamente com o per odo de falta de chuvas que vinha ocorrendo ao norte do Esp rito Santo como noticiado nos meios de comunica o da poca levou a empresa a buscar uma solu o para aumentar a quantidade de gua dispon vel para o processo industrial j que seus reservat rios se encontravam em n veis cr ticos para a manuten o do ritmo de produ o Aludindo a um claro interesse de um macroator que direciona a a o do Estado tem se a a o da Aracruz Celulose que em conjunto com as prefeituras de Linhares e Aracruz estabeleceu um
49. etapa de esfor o de integra o nacional Nesse contexto de integra o se insere o Esp rito Santo o qual sofreu um processo de moderniza o em fun o da mudan a de base econ mica de agr ria para industrial sobretudo ap s a crise do caf quando importantes ind strias exportadoras foram implantadas com produ o voltada para o com rcio exterior De acordo com Campos J nior 2002 o Esp rito Santo possu a sua economia baseada predominantemente na agricultura at aproximadamente os anos de 1970 tendo o caf como o produto que destacava economicamente sendo cultivado predominantemente em pequena propriedade atrav s do trabalho familiar Nos anos 50 ainda em ascens o o caf tinha pre os favor veis no mercado externo e durante os anos 60 quando se instalou a crise a produ o come ou a declinar em fun o da baixa produtividade dos cafeeiros que j estavam velhos e eram 50 plantados sem t cnica somada queda no pre o internacional do produto iniciada a partir de 1956 Peruzzo 1984 afirma que o Estado capixaba sofre profundas mudan as na estrutura econ mica principalmente em fun o dos interesses maiores advindos logo ap s o golpe de 1964 in cio da ditadura militar brasileira poca em que grandes projetos se instalam em v rios estados brasileiros O Esp rito Santo passa por profundas transforma es a partir de meados da d cada de 60 Este Estado desde a poca colonial represento
50. fixos em sistemas de engenharia n o haveria condi es de realiza o da mundializa o da produ o tampouco da unifica o do mercado consumidor do sistema financeiro internacional n o haveria em suma configura o territorial necess ria intensidade diversidade e complexidade de realiza o dos fluxos de mat ria e de informa o inerentes produ o e consumo modernos Elias 2003 p 39 grifo nosso Assim manifestam se atrav s da renova o t cnico cient fica do territ rio um conjunto de for as ora verticais ora horizontais sobretudo a partir dos sistemas de engenharia e dos objetos t cnicos implantados que passam a fazer parte do capital constante no espa o direcionando a produ o Almejando uma compreens o melhor das l gicas que comp em essas for as um esclarecimento sobre os conceitos de verticalidades e horizontalidades ser exposto adiante 2 4 VERTICALIDADES E HORIZONTALIDADES As verticalidades de acordo com Santos 2000 s o conjuntos de pontos que formam um espa o de fluxos em um territ rio que se comunicam atrav s de redes e est o submetidos produ o hegem nica sobretudo durante o per odo t cnico cient fico informacional Apresentam conjuntos de rela es baseadas em fatores externos s l gicas locais os quais direcionam o relacionamento dos agentes produtivos entre si Esses agentes podem ser entendidos como macroatores por determinarem a l gica da produ
51. fizeram uma comporta aquela comporta ali foi feita pela Aracruz A comporta comporta de mar quando a mar subir a comporta desce quando a mar baixar e com o n vel da gua alto sobe Bom eles tinham um controle autom tico que funcionava muito bem simplesmente a famosa enchente de 79 passou com dois metros d gua por cima e destruiu tudo Destruiu equipamento eletr nico el trico motor destruiu tudo e eles nunca mais recuperaram aquilo Ent o passaram a um equipamento manual com motor de serra grifo nosso Cabe destacar o depoimento do ex engenheiro do DNOS que ao tratar da constru o do canal Caboclo Bernardo ressalta a import ncia que o referido canal representa para a Aracruz Celulose j que a empresa poderia ter a produ o interrompida por falta de gua O mesmo justificou que projetou o canal Caboclo Bernardo visando o uso compartilhado da gua entre a Arcel e os produtores rurais localizados no entorno do projeto deixando bem claro por m que o controle das comportas e do sistema de canais como um todo ficou a cargo da Aracruz Celulose em fun o da necessidade de consumo da empresa Em 1999 j tava com seis anos de uma seca brutal as barragens da Aracruz estavam secas j estavam dando poeira no fundo e eles tavam fazendo as contas de operar e em tr s meses iriam para a f brica ent o me chamaram porque eu j tinha falado muitas vezes que eu tive problema de gua ent o
52. hoje eles puxam aqui o projeto at dez metros c bicos por segundo o que sai aqui at a licen a que eles tem S que eles puxam daqui com bomba eles puxam cinco metros por segundo com bomba aqui da bacia raramente abre essa comporta toda Ent o quando o pessoal grita Ah a Aracruz a Aracruz n o puxa essa gua toda por exemplo t chovendo A comporta t trancada porque n o precisa J tem o Riacho todo aqui tem essa bacia toda contribuindo essa bacia aqui toda d noventa noventa e cinco metros c bicos por segundo nessa poca de enchente ela vai a isso E o problema a gua cr tica do per odo seco ent o de mar o a setembro que chove menos ent o eles puxam dois e meio cinco seis metros nunca mais do que isso N o o tanto que o pessoal berra e eu sempre briguei com esses camaradas a ah vai secar o rio Doce a m nima do rio Doce Q7 10 do rio Doce a vaz o m nima duzentos e sessenta metros por segundo isso gua que n o acaba mais Prov vel nunca se verificou isso A m dia do rio Doce de mil metros c bicos por segundo Em 79 ele deu onze mil e duzentos metros c bicos por segundo arrasou com essa regi o N s tomamos um susto n s nunca pensamos que o rio Doce pudesse ter essa cheia centen ria Ent o hoje foi feito esse canal de irriga o ele abastece a Aracruz e irriga uns dez mil hectares evidenciado na fala do ex diretor do DNOS o
53. meios para atingir seus objetivos desde especula o do pre o da terra expropria o do territ rio onde viviam n o somente as popula es ind genas como tamb m posseiros pequenos agricultores remanescentes de quilombos LOUREIRO 2006 p 94 96 Ap s a aprova o da implanta o do projeto inicial da Aracruz Celulose em 01 11 1977 atrav s do Of cio SEMA SACT n 53 concedida pela Secretaria de Meio Ambiente do governo federal as atividades da empresa foram iniciadas com duas linhas de produ o ambas constituindo a f brica A com capacidade de produ o de 500 000 toneladas por ano de celulose de fibra curta para atender o mercado internacional Visando o escoamento de seus produtos atrav s do transporte mar timo nos anos 80 a empresa instalou o Porto de Barra do Riacho atrav s da empresa Portocel Terminal Especializado da Barra do Riacho S A Projetando o aumento da produ o a Arcel deu entrada no rg o ambiental estadual em 1986 com uma solicita o de amplia o obtendo em 1987 a aprova o para a constru o da f brica B a qual iniciou suas atividades de opera o em 1991 No final dos anos 90 a empresa deu in cio a mais um projeto de amplia o visando a constru o da f brica C onde a capacidade de produ o da empresa passaria a ser de 1 940 000 toneladas por ano de polpa de celulose branqueada Assim a f brica C foi inaugurada em 2002 ampliando sobremaneira a capacidade produtiva da
54. melhores solos e de recursos como a incid ncia da luz a disponibilidade de gua e a temperatura ambiente adequada ao tipo de cultura a ser implantada As tentativas de domina o da natureza no meio natural ainda n o se materializavam atrav s da implanta o de pr teses territoriais artificiais cuja emerg ncia ir caracterizar uma nova fase da hist ria do meio geogr fico marcada pela introdu o de objetos t cnicos no territ rio Essa nova fase passa a ser o da cria o do meio t cnico que substitui o meio natural SANTOS 2008b p 133 A transforma o do meio natural em meio t cnico seria marcada principalmente pelo in cio e ascens o do espa o mecanizado em fun o da introdu o de m quinas no territ rio que ampliaram a capacidade do trabalho humano permitindo transpor 25 gradualmente as for as naturais A emerg ncia desse novo padr o de organiza o do meio geogr fico verifica se a partir do fim do s culo XVIII e durante o s culo XIX sobretudo em fun o do advento da Revolu o Industrial A sociedade aprimora seus instrumentos de trabalho que deixam de ser simples prolongamentos de suas m os tornando se prolongamento do pr prio meio Segundo Friedmann apud Silveira 1999 p 47 a passagem de um meio natural para um meio t cnico reconhecer se ia no momento em que a energia natural for a animal vento gua substitu da pela energia t rmica el trica etc
55. metros c bicos por segundo gua A voltou o projeto todo para tratar e veio um metro c bico e meio por segundo que mesmo assim achei muito Mas ent o eles desistiram de fazer esse neg cio aqui e come aram a te Durante a entrevista ficou claro que o papel principal dos os canais do DNOS nas v rzeas do Riacho era a promo o da produ o agr cola alimentar e tamb m pecu ria mas nesse caso o DNOS que sugeriu Aracruz Celulose que se drenasse gua do rio Doce mesmo sendo a produ o da f brica n o sendo voltada para alimentos E O ex governador do Esp rito Santo que esteve no poder entre 15 de mar o de 1971 e 15 de mar o de 1975 passou a presidir a Aracruz Celulose pouco tempo ap s o fim do seu mandato estadual es O DNOS ofereceu o uso dos canais tamb m para o abastecimento da Aracruz Celulose por m esse projeto n o se efetivou por parte da empresa A Arcel preferiu construir barragens e transformar alguns rios em reservat rio por estarem situados bem pr ximos da f brica o que na vis o de Dall Orto foi mais oneroso que a proposta do DNOS 106 fazer um sistema de barragens custou dez vezes mais caro N o entendi at hoje essa furada que fizeram Ent o parou isso aqui ao mesmo tempo eles tinham problemas aqui eles come aram a pegar gua da bacia mas acontece que ali onde eles fizeram subindo o Gimuhuna voc tem uma influ ncia grande de mar ali ent o naquela ocasi o eles
56. o os benef cios mais palp veis do projeto de recupera o dos vales fazendo se ressaltar que os empregos indiretos ser o diretamente proporcionais ao grau de integra o intersetorial e interespacial E assim medida que o homem do campo se sentir apoiado e assistido recebendo carga de conhecimentos induzidos pelo projeto a meta de fixa o do homem ao campo poder tornar se menos dispendiosa O projeto poder funcionar como um p lo de crescimento capaz de atrav s de efeitos de flu ncia spread effects levar outras reas a adotarem t cnicas e resultados de experi ncias ali efetuadas Em resumo a rea poder transformar se num laborat rio aberto para o setor agr cola ESPIRITO SANTO 1978c p 11 grifo nosso importante destacar que o projeto esposava os poss veis benef cios econ micos e sociais a um sistema empresarial da agricultura tornando expl cita a vincula o entre a dota o t cnico cient fica do territ rio e o mercado Sob o ponto de vista distributivo a manuten o da situa o atual com as 80 caracter sticas enunciadas refor ar o processo de concentra o espacial e pessoal da renda O benef cio desta maneira adviria de uma poss vel maior efici ncia econ mica o sistema empresarial estaria mais aberto a inova es via uso de novas tecnologias Haveria um aumento de produtividade como j foi dito na substitui o de m o de obra por capital O tempo de matura o e
57. o rio Comboios chegando ao final do curso na comporta ou barragem m vel que desvia a gua para o rio Gimuhuna abastecendo os reservat rios da empresa Em pocas chuvosas o excesso de gua desviado pelo rio Comboios para a foz do rio Riacho atrav s da abertura de uma comporta stop log e em poca de escassez h drica a comporta pode ser fechada fazendo com que a gua circule somente pelo canal C3 e C5 sendo desviada por fim pela comporta m vel ANEXO Ill para o rio Gimuhuna de onde bombeada para os reservat rios da f brica A comporta possui ainda a finalidade de impedir a entrada de gua salgada proveniente do mar em certas pocas do ano para o sistema O ex diretor do DNOS Elmo Dall Orto um dos consultores respons veis pela elabora o do canal Caboclo Bernardo explicou que a ideia de captar gua no rio 105 Doce antiga tendo sido elaborada ainda nos anos 70 no entanto n o foi acatada pela Arcel j que a empresa preferiu represar outros rios transformando os mesmos em reservat rios Os canais do DNOS ent o foram usados para abastecer as propriedades ao longo dos mesmos tanto para a agricultura quanto para a pecu ria Todavia a comporta constru da no encontro do rio Gimuhuna com o rio Riacho teve fundamental import ncia para a Aracruz Celulose por impedir a entrada de gua salgada proveniente do mar nos reservat rios da empresa poss vel observar ainda como ex diretor do DNOS en
58. poss vel verificar como se deu a busca de um aumento da efici ncia do car ter exportador do mesmo em fun o da amplia o da produ o j que a impregna o do meio pelas t cnicas segundo a express o de G Friedmann 1966 p 7 revela se sobretudo atrav s da difus o das m quinas de produ o e das m quinas de transporte Na primeira d cada do s culo o motor el trico e a linha de montagem implantada nos frigor ficos permitir nos iam reconhecer uma maquiniza o das ind strias 27 Por outra parte a constru o da rede ferrovi ria possibilitou a unifica o dos mercados do interior com Buenos Aires e acabou assim com a fragmenta o territorial dos mercados SILVEIRA 1999 p 47 48 Dentre os dados apresentados pela autora cabe destacar o que ilustra a introdu o da refrigera o no processo produtivo da carne fato que permitiu a exporta o em grandes quantidades de carne congelada para a Europa de modo que a exporta o cresce de 17 mil reses congeladas em 1833 para 3 milh es em 1901 conforme SILVEIRA 1999 p 50 Fica evidente assim o aumento da efici ncia exportadora em fun o da introdu o dos objetos t cnicos frigor ficos na cadeia produtiva A difus o do meio t cnico possui destacada import ncia na hist ria do meio geogr fico em fun o da crescente composi o t cnica do territ rio sobretudo evidenciado com o crescimento do fen meno urbano e das vias de comunic
59. produ o agr cola nos anos 70 exista a Companhia de Fomento Agroindustrial Cofai que se constitu a em uma autarquia estadual encarregada de fomentar o desenvolvimento das culturas agr colas fornecendo insumos visando o alto rendimento produtivo Dentre os estudos que a COFAI empreendeu pode ser citado o projeto que previa a produ o consorciada de arroz o Projeto t cnico e econ mico de viabilidade de desenvolvimento da agroind stria para exporta o de arroz ESP RITO SANTO s d exclusivo para as v rzeas do Riacho e da Suruaca que almejava o abastecimento tanto do mercado capixaba quanto do brasileiro quando a produ o atingisse o m nimo necess rio para tal fim O objetivo principal da proposta elaborada pela COFAI era desenvolver um projeto integrado de produ o e processamento de arroz Recomenda se a instala o de uma opera o de produ o de 6 000 ha de arroz no Estado do Esp rito Santo Em conjunto com o programa de produ o recomenda se a instala o de uma unidade de processamento de arroz com capacidade de 10 ton hora e cujo produto ser vendido no mercado dom stico brasileiro O produto final dessa unidade de processamento ser um arroz descascado limpo e polido e ainda o farelo para ser vendido como ra o animal ESP RITO SANTO s d p 02 grifo pis A produ o seria consorciada entre produ o e processamento do arroz como descrito no projeto Assim prop e se um emp
60. rio segundo a l gica da divis o internacional do trabalho l gica social que nem sempre similar l gica do meio onde o objeto ser inserido como indica o seguinte trecho O componente internacional da divis o do trabalho tende a aumentar exponencialmente Assim as motiva es de uso dos sistemas t cnicos s o crescentemente estranhas s l gicas locais e mesmo nacionais e a import ncia da troca na sobreviv ncia do grupo tamb m cresce Como o xito nesse processo de com rcio depende em grande parte da presen a de sistemas t cnicos eficazes estes acabam por ser cada vez mais presentes A raz o do com rcio e n o a raz o da natureza que preside sua instala o SANTOS 2006 p 59 grifo nosso Buscando salientar o significado do aumento da divis o internacional do trabalho poss vel citar Silveira 1999 quando trata da instala o do meio t cnico na Argentina sobretudo no s culo XIX enquanto parte do seu estudo sobre moderniza o do territ rio argentino na medida em que ilustra o impacto da crescente maquiniza o O processo segundo a autora ocorreu a partir de investimentos do Tesouro e de concess es ao capital ingl s SILVEIRA 1999 p 47 para a instala o e moderniza o de uma extensa rede ferrovi ria de frigor ficos dos portos e de novas reas para a cria o de gado e l A autora apresenta dados que demonstram a densifica o de objetos no territ rio tornando
61. salienta que A atua o do DNOS permitia e legitimava a expans o das atividades agropecu rias na regi o Utilzava se um discurso de recupera o da rea como se em um dado momento hist rico as atividades agropecu rias tivessem perdido as terras para as guas quando na verdade o que havia era o fen meno inverso Ent o o discurso do DNOS era de recuperar estas terras como se estas terras tivessem sido perdidas em alguma poca para as guas e estivessem sendo reintegradas s atividades econ micas O DNOS enquanto autarquia estatal que atuava destacadamente em fun o da promo o do capital privado teve seu fim durante o governo Collor em 1990 quando foi extinto atrav s da Medida Provis ria n 151 juntamente com v rios outros rg os em fun o de um rearranjo pol tico voltado para a nova pol tica de moderniza o que estava se estabelecendo no pa s segundo um contexto neoliberal Conforme exposto a abertura de canais de drenagem nas baixadas no Rio de Janeiro voltados para o favorecimento da instala o de grandes infraestruturas que beneficiam uma minoria empresarial em torno dos lucros obtidos em torno de uma rea produzida pelo DNOS com a posterior gera o de v rios conflitos sociais origin rios sobretudo no discut vel modo de favorecimento aos ocupadores do solo fato similar ao processo que ocorreu no Esp rito Santo Torna se necess rio 3 De acordo com Lima Vasconcelos e
62. vel potencial agr cola durante aproximadamente 50 anos como destacado por Dall Orto SA CESAN Companhia Esp rito Santense de Saneamento a DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e As not cias sobre a atua o e investimentos feitos pelo DNOS no Esp rito Santo eram destaques na primeira p gina dos principais meios de comunica o escritos da poca Ressalta se inclusive que as not cias de anivers rio do rg o mereceram destaque na m dia capixaba ANEXO IV 69 Ent o nesse per odo de instala o do DNOS foi verificado foram levantados que o Estado tinha 240 000 hectares de terras alagadas inund veis ou inundadas com potencial agr cola muito grande eram terras inund veis que podiam secar durante uma parte do ano mas tinham potencial agr cola enorme Ent o foram levantados 240 000 hectares isso muito ch o s voc imaginar 1 hectare um campo de futebol 240 000 hectares s o 240 000 campos de futebol t certo Ent o desses 200 000 s o as grandes baixadas litor neas Ent o foi nessas baixadas litor neas que foi a grande atua o do DNOS aqui no Esp rito Santo no contexto dessa atua o federal do DNOS como ressaltado por Dall Orto que a partir de 1965 as v rzeas do Riacho e da Suruaca sofreram as primeiras interven es onde posteriormente alguns programas governamentais de agricultura foram fomentados pelo Estado Algumas informa es na esfera esta
63. 8 3 4 OS CANAIS DO DNOS NAS V RZEAS DO RIACHO 55 3 4 1 O DNOS como Vetor de Moderniza o uma aprecia o sint tica 56 3 4 2 A A o do DNOS nas V rzeas do Riacho aproxima o preliminar e Questionamentos araras ces stnenes e Reais Arre apa lda ineita Ee Edna Dali pa Us Diadora ais 59 4 O SIGNIFICADO DOS CANAIS DO DNOS NAS V RZEAS DO RIACHO UM ESFOR O DE AN L ISE a ananas ataia asda doei opi a aia aoi 64 4 1 PERFIL DA G NESE E MAGNITUDE UMA GRANDE OBRA DE ENGENHARIA LEGITIMADA SOB O DISCURSO DO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO 65 4 2 A INFLEX O NO USO E SIGNIFICADO DOS CANAIS DO DNOS A APROPRIA O PELA ARACRUZ CELULOSE 92 5 CONSIDERA ES FINAIS crerreereereeorereeeeecrereeeoreeeeeereneeeorsesesnrancaaeaos 123 6 REFER NCIAS ANEXOS 13 14 INTRODU O O presente trabalho problematiza o significado dos canais constru dos pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento DNOS uma importante obra de engenharia constru da a partir dos anos de 1960 nas v rzeas do Riacho ES enquanto processo de materializa o da constitui o t cnico cient fica da configura o territorial capixaba A pesquisa que se prop e desenvolver sobre este objeto aspira sobretudo investigar o significado dos canais enquanto express o da assimila o de uma parcela do territ rio capixaba ao processo de moderniza o que ocorria em um contexto mais amplo e complexo
64. A AGRICULTURA CEPA ES COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA Ante projeto recupera o dos grandes vales Suruaca e Riacho Vit ria CEPA 1978c Secretaria de Agricultura CEPA ES Programa de reflorestamento em pequenas e m dias propriedades rurais Vit ria 1978d Secretaria de Agricultura Comiss o Estadual de Planejamento Agr cola CEPA Plano anual de produ o e abastecimento 1977 78 Vit ria CEPA 1977a Secretaria de Agricultura do Estado do Esp rito Santo Plano anual do setor p blico agr cola PASPAG Vit ria CEPA 1977b Secretaria de Agricultura do Estado do Esp rito Santo Plano de Trabalho da CEPA Vit ria 1977c SECRETARIA DE AGRICULTURA CEPA ES Plano de Trabalho para 1976 Vit ria 1976e SECRETARIA DE AGRICULTURA CEPA ES COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA Plano estadual para aplica o do cr dito rural no 132 Estado do Esp rito Santo PESAC 1976 Vit ria 1976f SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA CEPA ES COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA Sistema de planejamento agr cola estadual Vitoria 1977e SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA CEPA ES COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGR COLA Programa de recupera o de vales midos no Estado do Esp rito Vit ria CEPA 1977f 65p SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA INSTITUTO CEPA Projeto CNDU BIRD apoio pesca artesanal Vit ria 1981 144p SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICU
65. As evid ncias de que passa a ocorrer a materializa o do meio t cnico na rea em quest o ocorrem ainda na primeira metade do s culo XIX quando chegam os barcos movidos a vapor no Baixo Doce transportando pessoas e cargas entre os portos movimentando o com rcio nos pontos de parada A chegada dos barcos dessa maneira torna evidente que ocorre uma consolida o dos primeiros sistemas de engenharia no meio t cnico j que a solidariedade passa a estar presente nos portos evidenciada atrav s do aumento da circula o de pessoas dos meios de transporte do aumento do consumo de mat rias primas no entorno da rea As descri es feitas por Saint Hilaire permitem afirmar que os campos do Riacho eram os alagados que formavam as v rzeas do Riacho rea que periodicamente era afetada pelas cheias do rio Doce poss vel ver uma representa o da rea das v rzeas do Riacho feita no s culo XIX na figura 11 ANEXO VI 9 SEPE 2 Procurou se nesse cap tulo enfatizar a materializa o geogr fica ocorrida no baixo Doce pr ximo Linhares Colatina e parte do litoral que tenha rela o com a problem tica do estudo no caso no entorno da foz do rio Riacho Sabe se por m que o Esp rito Santo em termos de territ rio possu a tr s regi es distintas em termos de ocupa o no s c XIX a sul polarizada por Cachoeiro de Itapemirim onde predominava a grande propriedade com base nos moldes escravistas presentes em M
66. Celulose Herval fez quest o de ressaltar em v rios momentos que a abertura do canal feita em benef cio maior da Aracruz Celulose foi feita com recursos p blicos provenientes da Sudene 110 fornecimento de em caso de expans o da planta que implicar no aumento do consumo Ainda n o est definida qual ser a participa o da Aracruz no projeto mas sua parceria dada como certa Apesar dessas promessas discursadas pelo prefeito de Aracruz Herval Pereira afirma que os benef cios para as citadas comunidades nunca apareceram somente a Aracruz Celulose foi grandemente beneficiada Durante a entrevista Herval mostrou o jornal de circula o interna da empresa Aracruz Celulose Figura 4 que anunciava na capa que a o projeto canal Caboclo Bernardo conquistava o pr mio CNI de Ecologia onde ainda afirmado que o mesmo um exemplo ambiental em n vel nacional Consta na mat ria que Um ano ap s come ar a irrigar as v rzeas da regi o de Aracruz poss vel notar as mudan as na paisagem cortada pelo Canal Caboclo Bernardo Com 49km de extens o trata se do maior canal de adu o e drenagem do pa s Captando gua do Rio Doce o canal melhorou a qualidade da gua consumida pela popula o da Vila do Riacho trouxe gua para cerca de 20 mil hectares de propriedades rurais revitalizou o Rio Comboios garantiu a viabilidade do p lo industrial da regi o de Aracruz e a manuten o da produ o de celulose ARACR
67. ESTUDOS AMBIENTAIS 1999 p 6 7 grifo nosso 101 Figura 2 Canal Caboclo Bernardo vis o parcial Fonte Aracruz Celulose S A 2000 Figura 3 Canal Caboclo Bernardo vis o parcial Fonte Aracruz Celulose S A 2000 Tal objetivo foi elaborado com base nos seguintes requisitos presentes no projeto Melhorar a distribui o da disponibilidade h drica concentrada no rio Doce Maximizar o aproveitamento das estruturas de drenagens existentes constru das pelo DNOS e abandonadas para exercerem a fun o dupla de 102 drenagem e adu o aberta de gua Compartilhar responsabilidade entre o poder p blico comunidade e iniciativa privada para encaminhar o projeto buscar financiamento e executar obras tendentes a alcan ar o objetivo fixado qual seja ampliar a disponibilidade de gua nos sistemas h dricos do munic pio de Aracruz Desenvolver projetos que n o se restrinjam a solu es t cnicas de engenharia mas que viabilizem e tratem das quest es ambientais e sociais associadas com esses projetos adotando os princ pios do desenvolvimento sustent vel mesmo quando tratar de a es de emerg ncia Otimizar as solu es para beneficiar o maior n mero poss vel de usu rios garantindo o acesso p blico aos mananciais e priorizando o uso do da gua para o abastecimento p blico Consolidar solu es de emerg ncia na linha de se implantar sistemas definitivos de solu o do problema em termos de p
68. LTURA INSTITUTO CEPA Projeto CPM BIRD CNDU abastecimento alimentar na Grande Vit ria o grande projeto Vit ria 1981b SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA Projeto de Aproveitamento Racional das V rzeas lrrig veis para o Estado do Esp rito Santo PROV RZEASIES Vit ria 1982 COMPANHIA DE FOMENTO AGRO INDUSTRIAL Projeto t cnico e econ mico de viabilidade e desenvolvimento da agroind stria para exporta o arroz Vit ria s d FEDERA O DOS RG OS DE ASSIST NCIA SOCIAL E EDUCACIONAL FASE O Caso Aracruz Celulose no Brasil ECAs exportando insustentabilidade Esp rito Santo 2003 Os danos socioambientais da monocultura do eucalipto no Esp rito Santo e na Bahia semin rio Vit ria Movimento Alerta Contra o Deserto Verde 2001 133 H20 para celulose X gua para todas as l nguas o conflito ambiental no entorno da Aracruz Celulose S A Esp rito Santo 2006 2 Viola o de direitos econ micos sociais culturais e ambientais na monocultura de eucalipto a Aracruz Celulose e o Estado do Esp rito Santo Brasil Vit ria FASE 2002 38 f Dispon vel em lt www fase org br gt Acesso em 23 jan 2007 FERREIRA Simone R B Da fartura escassez a agroind stria de celulose e o fim dos territ rios comunais no Extremo Norte do Esp rito Santo Disserta o Mestrado Programa de P s Gradua o em Geografia Humana Universidade de S o Paulo 2002 FLOR NCIO Carlos Manuel Diogo d
69. OS 1985 2006 21 simultaneidade passa a ocorrer durante o dia inteiro em todos os lugares em uma opera o das empresas globais que agem em escala planet ria Passa a existir dessa maneira a mais valia universal motor nico das a es globais de um planeta unificado tecnicamente atrav s da informa o onde a internacionaliza o da economia concorre para a mundializa o dos produtos do dinheiro do cr dito da d vida do consumo e da informa o SANTOS 2000 Buscando se ent o a operacionaliza o da pesquisa a partir desse quadro de reflex o abrangente constatou se a necessidade de se adotar um n mero relativamente limitado de conceitos e categorias extra dos das contribui es de Milton Santos que foram no que segue destacados para orientar a reflex o te rica em torno da problem tica elaborada nesse sentido que a fim de corresponder de modo mais direto problematiza o no sentido previamente enunciado na introdu o acerca do papel dos canais do DNOS nas v rzeas do Riacho considerou se adequado recorrer preliminarmente ao papel do conte do t cnico do espa o geogr fico atrav s de um enfoque diacr nico quando Milton Santos nos fornece uma sistematiza o sobre as fases de evolu o do meio geogr fico centrada em seu conte do t cnico Por sua vez no que respeita ao recurso de no es que fornecessem subs dios no sentido operacional para a an lise do papel do conte do t cnico
70. P blicas os planos gerais de trabalho ou programas decenais quinquenais e anuais nos limites das possibilidades financeiras do pa s A princ pio a constru o dos canais foi realizada com bastante dificuldade j que as m quinas n o podiam chegar facilmente aos locais designados para as primeiras interven es Dall Orto descreve esse fato da seguinte forma Ent o o trabalho foi bra al no in cio n o tinha nem m quina a limpeza 68 dos cursos d gua das coisas era aberto no bra o Os homens entravam com gua no pesco o tirando o mato da frente ah o neg cio foi bravo N s tivemos isso aqui no Esp rito Santo tivemos que fazer isso tamb m e j n o foi muito longe n o onde a m quina n o entra vai no bra o foi na canoa cortando at o n vel da gua baixar o suficiente para uma m quina poder entrar Voc tem aquilo que a gente chama de vala piloto uma vala aberta no bra o ou ent o com uma m quina pequenininha com a m quina quase flutuando a gente bota em cima de uma verdadeira jangada de madeira hoje em dia voc j tem m quina para isso naquela poca n o tinha Voc abre uma valinha de nada para a gua come ar a escoar a quando enxuga mais um pouco voc entra com o equipamento pesado para fazer os grandes canais Mas um neg cio demorado viu Ao ser questionado sobre a finalidade imputada ao DNOS Dall Orto ressaltou alguns pontos importantes da linha de a
71. PI para a derrubada do governador Lacerda de Aguiar o mesmo foi obrigado a entregar sua carta de ren ncia sob press o dos militares tendo sido substitu do pelo vice governador Rubens Rangel que governa at 1966 MEDEIROS 2004 Depois dele v m os governadores indiretos come ando por Christiano Dias Lopes Filho 1967 1971 passando por Arthur Carlos Gerhardt Santos 1971 1975 prosseguindo com lcio lvares 1975 1979 e finaliza com Eurico Rezende 1979 1983 Alguns desses pol ticos s o citados em partes da pesquisa por terem desempenhado papel importante na moderniza o do Esp rito Santo geralmente beneficiando grandes empres rios ou grandes empresas se Comiss o econ mica para a Am rica latina e o Caribe 95 Por ser a produ o de madeira a base do funcionamento de todo o complexo a Aracruz Celulose diferencia se dos demais Grandes Projetos por provocar fortes impactos tamb m sobre a agricultura estadual Sua implanta o aumentou o n vel de concentra o da terra alterou o uso do solo contribuiu para uma maior generaliza o de rela es capitalistas de produ o no agro capixaba com a intensifica o do uso da m o de obra assalariada e utiliza o de insumos e implementos industriais em todas as fases da explora o florestal DALCOMUNI 1990 p 6 Segundo a supracitada autora pode se afirmar que a cria o da lei federal 5106 66 funcionou como grande incentivo ao reflorestament
72. SANTOS 2006 p 38 39 A realidade da configura o territorial de um pa s ainda composta por v rios atributos sendo alguns caracterizados por Milton Santos da seguinte forma Seja qual for o pa s e o est gio do seu desenvolvimento h sempre nele uma configura o territorial formada pela constela o de recursos naturais lagos rios montanhas e florestas e tamb m recursos criados estradas de ferro e de rodagem condutos de toda ordem barragens a udes cidades o que for esse conjunto de todas as coisas arranjadas e em sistema que forma a configura o territorial cuja realidade e extens o se confundem com o pr prio territ rio de um pa s Tipos de floresta de solo de clima de escoamento s o interdependentes como tamb m o s o as coisas que o homem superp e natureza SANTOS 2008c p 84 necess rio apontar que em uma dada por o do planeta a configura o territorial pode ser modificada em fun o dos acontecimentos do per odo hist rico vigente que podem se manifestar materialmente de diversas formas atrav s da introdu o de objetos geogr ficos criando rupturas com os per odos precedentes sendo isso um fen meno conhecido segundo Santos 2006 como moderniza o A moderniza o de um territ rio ocorre toda vez que os novos arranjos introdu es e reorganiza es das infraestruturas se articulam em torno da produ o de acordo com Silveira 1999 As modernidades para
73. TT potencial de desenvolvimento da rea o governo estadual ent o no mesmo ano contratou a firma Robertson Sinclair amp cia ltda para executar os estudos iniciais que ocorreram em conjunto com a empresa canadense C D Schultz amp Company tendo como resultado um relat rio apresentado em dezembro de 1973 no qual foi demonstrado o potencial agr rio e pecu rio da rea O relat rio foi entregue ao governo do Esp rito Santo no qual era indicado que seriam necess rios 3 milh es de d lares de investimentos em estudos mais aprofundados para a efetiva o do aproveitamento de todo o potencial do vale da Suruaca e das v rzeas do Riacho Ressalta se que no tocante ao investimento necess rio para o prosseguimento das obras segundo os crit rios de an lise de custos mencionados em Robertson Schultz 1973 novos dados financeiros foram fornecidos pelo cons rcio consultor canadense que levou em conta tanto a previs o de gastos do DNOS para o beneficiamento da rea quanto das obras de infraestrutura que j haviam sido efetivamente implantadas nas reas do Riacho e da Suruaca seja em termos de drenagem quanto de aproveitamento do solo incluindo o montante de estradas abertas e do que havia se concretizado em termos de produ o agr cola O relat rio revela que a previs o de custos do DNOS era equivocada em fun o de o governo federal fornecer o pr prio maquin rio para a execu o das obras fazendo com qu
74. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESP RITO SANTO CENTRO DE CI NCIAS HUMANAS E NATURAIS PROGRAMA DE P S GRADUA O EM GEOGRAFIA WANDERSON DOS SANTOS REBELLO O PAPEL DOS CANAIS DO DNOS NAS V RZEAS DO RIACHO ES ESTUDO DE CASO SOBRE A CONSTITUI O T CNICO CIENT FICA DA CONFIGURA O TERRITORIAL CAPIXABA VIT RIA 2012 WANDERSON DOS SANTOS REBELLO O PAPEL DOS CANAIS DO DNOS NAS V RZEAS DO RIACHO ES ESTUDO DE CASO SOBRE A CONSTITUI O T CNICO CIENT FICA DA CONFIGURA O TERRITORIAL CAPIXABA Disserta o apresentada ao Programa de P s Gradua o em Geografia da Universidade Federal do Esp rito Santo como requisito parcial para a obten o do t tulo de Mestre em Geografia Orientador Prof Dr Luis Carlos Tosta dos Reis VIT RIA 2012 Dados Internacionais de Cataloga o na publica o CIP Biblioteca Central da Universidade Federal do Esp rito Santo ES Brasil Rebello Wanderson dos Santos 1978 R291p O papel dos canais do DNOS nas v rzeas do Riacho ES estudo de caso sobre a constitui o t cnico cient fica da configura o territorial capixaba Wanderson dos Santos Rebello 2012 147 f il Orientador Lu s Carlos Tosta dos Reis Disserta o Mestrado em Geografia Universidade Federal do Esp rito Santo Centro de Ci ncias Humanas e Naturais 1 Departamento Nacional de Obras de Saneamento Brasil 2 Aracruz Celulose 3 V rzeas Reis Lu s Carlos Tosta dos Il
75. UZ CELULOSE 2000 Vi Pr mio concedido pela Confedera o Nacional da Ind stria CNI portanto pr mio CNI de Ecologia O objetivo desse pr mio atrav s das estrat gias do marketing verde reconhecer e estimular as boas pr ticas empresariais que conduzam a ind stria brasileira a produzir de forma eficiente e sustentada gerando riquezas para o Brasil Trata se de um pr mio gestado pelo capital industrial voltado para a valoriza o do pr prio capital industrial conforme as metas estabelecidas pela CNI A relev ncia desses resultados para os menos favorecidos sempre discut vel como ser visto no trabalho no tocante aos impactos gerados pelo canal Caboclo Bernardo que ganhou o pr mio de ecologia na categoria prote o dos recursos h dricos O projeto vencedor intitula se Canal Caboclo Bernardo e a qualidade ambiental em sua rea de influ ncia de autoria de Alberto Carvalho e Orlindo Borges Filho professor da UFES e consultor da Aracruz Celulose 111 ACTUZ N 87 MAIO 2000 Projeto conquista Pr mio Figura 4 Capa do Jornal da Aracruz Celulose o canal caboclo Bernardo Fonte Aracruz Celulose S A 2000 Em dezembro de 2000 foi noticiado no jornal da prefeitura de Aracruz como suposto motivo de orgulho que o Projeto que capta gua no rio Doce recebe premia o Na not cia poss vel constatar a afirma o de que ao captar a gua do Rio Doce o canal melhorou a
76. Universidade Federal do Esp rito Santo no dia 19 de junho de 2000 Nesse evento Herval Pereira J nior antigo morador da Barra do Riacho durante o momento em que se abriu o debate com o p blico deixou evidente atrav s de sua fala a insatisfa o social dos que convivem dia a dia com a problem tica do rio Riacho em fun o das promessas feitas por parte do Estado de que seria aumentada a quantidade de gua no rio Riacho o que iria permitir uma melhor navega o na foz do rio Riacho mas contudo n o foram cumpridas por parte da empresa e do Estado Em 1998 saiu no jornal um projeto do prefeito mais o presidente da ADERES ag ncia de desenvolvimento regional do Esp rito Santo e o governo do Estado que era ligar o rio Doce e o rio Riacho por meio de um canal Era a solu o que ele dava para a Barra do Riacho S que tem um s Herval mais conhecido como Cidad o considerado como importante refer ncia local em termos da hist ria do passado da Barra do Riacho por ser morador daquele distrito desde 1982 conforme informou Sebasti o Buteri presidente da associa o dos pescadores em entrevista concedida no dia 16 de janeiro de 2012 109 detalhe Naquela ocasi o a barragem da Aracruz estava secando e o projeto a beneficiava E o projeto era da SUDENE o dinheiro era da SUDENE dois milh es e trezentos mil reais Conclus o fizeram o canal em dois meses Essa seria a solu o de vida para o p
77. a o que permitem o escoamento da produ o mesmo que ainda n o haja grandes intera es entre os pontos artificializados atrav s dos objetos t cnicos o que limitava no per odo a expans o comercial Esse isolamento passa a ser rompido com a emerg ncia do meio que suceder o meio t cnico em fun o sobretudo do grande desenvolvimento tecno cient fico dos meios de comunica o A sucess o gradual do meio t cnico para o meio t cnico cient fico informacional se inicia de acordo com Milton Santos de meados dos anos de 1940 quando passa a ocorrer uma importante moderniza o dos objetos geogr ficos j existentes al m da implementa o de novos objetos t cnicos em quantidades crescentes sobretudo em fun o da evolu o cient fico informacional estritamente associada ao mercado promovendo a emerg ncia do novo meio geogr fico o qual considerado a resposta geogr fica ao processo de globaliza o SANTOS 2008a p 10 O processo de globaliza o para Santos 2008a p 32 constitui um sistema de rela es hier rquico constru do para perpetuar um subsistema de domina o sobre outros subsistemas em benef cio de alguns Esse novo sistema econ mico mundial tende a beneficiar os atores hegem nicos sobretudo as grandes empresas que buscam uma maior possibilidade de reprodu o do capital sobre as quais Silveira 28 1999 p 127 observa que com uma renda global que excede o PNB
78. a o adequada de fatores e para que fatores tradicionais e modernos se ajustem de uma maneira tima Para o caso do Esp rito Santo o uso de novas tecnologias n o levaria necessariamente a um incremento de xodo rural Acredita se que a moderniza o obedecendo composi o fatorial dispon vel pode levar cria o de novas fontes de emprego via maior integra o com os outros setores da economia aumentando se o grau de especializa o em consequ ncia da inova o Por outro lado a sustenta o de propriedades familiares eficientes seria uma raz o maior para a fixa o do homem ao campo ESP RITO SANTO 1978c p 10 et seg grifo nosso As afirma es acima deixam evidente que o Estado estava trabalhando para introduzir novos m todos produtivos em prol da moderniza o da agricultura tecendo apologias aos supostos benef cios de um novo modelo produtivo altamente tecnificado Assim no que diz respeito especificamente aos vales da Suruaca e do Riacho o ante projeto tamb m ressalta o seguinte Os vales da Suruaca e Riacho aliados a outros pequenos vales parecem ser as nicas reas dispon veis no Estado suscept veis de um desenvolvimento agr cola dirigido capaz de possibilitar uma utiliza o tima de do potencial existente em termos de fatores e servir como centro de irradia o e acumula o de conhecimentos A cria o de empregos diretos e indiretos adicionados ao aumento da produ o ser
79. a exprimem de modo inequ voco a condi o de objeto t cnico geogr fico de grande magnitude na configura o territorial capixaba A disposi o atual dos canais pode ser conferida no mapa 1 O estudo encontra se estruturado em 4 cap tulos dos quais o seguinte reservado base te rica e conceitual que orienta a pesquisa enquanto o terceiro cap tulo dedicado ao desenvolvimento da problem tica em torno da rea de estudo Nesse sentido a fim de desenvolver uma caracteriza o da rea que n o se limitasse a fornecer informa es sobre a rea de estudo mas que sobretudo promovesse o sentido da problem tica elaborada em torno do papel dos canais do DNOS tal como esbo ado anteriormente foi observado a necessidade de contemplar tr s elementos identificados como sendo inicialmente necess rios qualifica o da pesquisa proposta no sentido de contextualizar a necessidade da constru o dos canais no tempo e no espa o em fun o da produ o quais sejam a atributos da evolu o das v rzeas do Riacho enquanto meio geogr fico b aprecia o panor mica dos elementos b sicos da moderniza o do territ rio no Esp rito Santo e c qualifica o institucional do Departamento Nacional de Obras e Saneamento sendo conclu do com a exposi o das quest es centrais que orientaram a realiza o da pesquisa Estes 3 elementos n o esgotam toda a complexidade associada a qualifica o da rea de estudo contudo s
80. a Exist ncia RESUMO O trabalho problematiza o significado dos canais constru dos pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento DNOS nas v rzeas do Riacho iniciados no dec nio de 1960 entre os munic pios de Aracruz e Linhares Com base na perspectiva te rica de Milton Santos que permite assimilar a no o de T cnica enquanto recurso epistemol gico para an lise e interpreta o do espa o geogr fico buscou se compreender o processo de materializa o dos canais enquanto obra de engenharia configurando se como estudo de caso do processo de materializa o da constitui o t cnico cient fica da configura o territorial capixaba decorrente do per odo moderniza o do Esp rito Santo O trabalho permite ainda compreender a inflex o sobre o uso original dos canais concebidos inicialmente para a promo o de reas voltadas para a produ o agr cola modernizada e que atualmente encontram se sob controle da Aracruz Celulose atual Fibria causando consider veis impactos sobre a sociedade local RESUME La recherche traite de v rifier le sens des canaux construits par Departamento Nacional de Obras de Saneamento DNOS dans les plaines inondables de la riviere Riacho depuis la d cennie de 1960 entre Aracruz et Linhares Selon la perspective th orique de Milton Santos qui permet d assimiler la notion de technique comme une ressource pist mologique pour l analyse et l interpr tation de l espace g
81. a Luz As margens do Piraqu A u Etnog nese e Territ rio uma abordagem geogr fica Disserta o Mestrado Programa de P s Gradua o em Geografia Universidade Federal do Esp rito Santo 2010 GOMES Helder Relat rio sobre a implanta o e sobre as atividades do grupo Aracruz no territ rio capixaba Vit ria acervo Fase ES Rede Contra o Deserto Verde 2002 Governo quer drenar Rio Doce at Aracruz Estado e Prefeitura de Aracruz buscam parceiros para o projeto gua ser canalizada at Vila do Riacho num trajeto de 50 quil metros A Gazeta Vit ria p 7 08 abr 1998 HARTT Charles Friederick Geologia e geografia f sica do Brasil Ed Nacional 1941 HEMERLY Francisco Xavier Avalia o dos retornos e riscos relacionados com o uso de fertilizantes em milho no Esp rito Santo Vit ria CEPA ES 1977 COMISS O ESTADUAL DE PLANEJAMANTO AGR COLA ES Programa 134 de reflorestamento em Pequenas e m dias propriedades rurais Vit ria CEPA 1978 INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES Plano de desenvolvimento regional integrado regi o programa IV Linhares Vit ria 1983 Plano de desenvolvimento regional integrado relat rio municipal de Aracruz Vit ria 1984 LIMA Luiz Cruz VASCONCELOS Tereza Sandra Loiola FREITAS Bernadete Maria Coelho Freitas Os novos espa os seletivos no campo Fortaleza EdUECE 2011 LOUREIRO Kl tia O processo de moderniza o autorit ria da agricu
82. a autora possuem valor relativo que pode ser alterado conforme a tend ncia de um per odo temporal sendo refletidas nos arranjos das materialidades sobre o territ rio A nfase dada quest o das moderniza es tamanha que Elias 2003 afirma como sendo as mesmas o nico modo para se levar em conta as implica es temporais da organiza o do espa o geogr fico de forma que cada per odo acaba apresentando um conjunto coerente de elementos de ordem econ mica social pol tica e moral constituindo sistemas de modo que a moderniza o de um espa o 34 ocorre quando esse se une ao mundo moderno atrav s dos aspectos econ micos pol ticos e sociais Santos 1985 afirmando que poss vel estabelecer per odos de inflex o associados ao fen meno da moderniza o no espa o sugere alguns per odos onde podem ser apontadas caracter sticas singulares que permitem a caracteriza o do meio 1 o per odo do com rcio em grande escala de fins do XV at aproximadamente 1620 2 o per odo manufatureiro 1620 1750 3 o per odo da revolu o industrial 1750 1870 4 o per odo industrial 1870 1945 5 o per odo tecnol gico Para o autor ocorrem importantes revolu es nesses per odos que ir o ter reflexos diretos nas formas como o mundo se organiza A primeira a revolu o dos transportes mar timos que permite a circula o de mercadorias em escala mundial entre os continentes sendo
83. a parceria que levou a contratar um cons rcio de empresas consultoras com vistas a solucionar a situa o posta no par grafo anterior A proposta sugerida na poca pelos consultores levou em considera o a antiga outorga de gua expedida pelo Minist rio de Minas e Energia sob a Portaria 210 de 22 de fevereiro de 1974 que permitia derivar at dez metros c bicos por segundo de gua do rio Doce Ent o como Solu o para o problema cr nico da ocorr ncia de secas c clicas na regi o foi apresentado o Projeto de aumento da disponibilidade h drica nas v rzeas do rio Riacho nos munic pios de Aracruz e pa Elmo Dall Orto Herval Nogueira J nior Sebasti o Buteri o Sr Ant nio e J lio Perini entrevistados durante a realiza o da pesquisa afirmaram que o n vel de gua dos reservat rios da Arcel estava t o cr tico que havia a amea a de que a produ o da Aracruz Celulose corria grande risco de parar ainda no final dos anos 90 devido situa o clim tica vigente no norte capixaba se O cons rcio era constitu do pelas seguintes empresas CEA Centro de Estudos Ambientais sob a responsabilidade de Orlindo Borges Filho professor da Ufes MPS Gest o e Qualidade do Meio Ambiente Ltda sob responsabilidade de M rcio Pereira de Souza e Jos Carlos Der rio ambos engenheiros qu micos Hidrossistem Engenheiros e Consultores Ltda sob a responsabilidade de Ant nio Garcia Occhipint meteorologista e Lu s Ant
84. a segunda a revolu o industrial a qual permitir a produ o e a introdu o de objetos t cnicos no meio geogr fico de forma crescente e por fim a revolu o tecnol gica correspondendo a uma moderniza o comercial industrial e tecnol gica A revolu o tecnol gica correspondente ao per odo t cnico cient fico informacional onde h a constitui o do espa o globalizado quando segundo Elias 2006 p 36 todos os lugares participam mesmo que de forma indireta de uma ordem econ mica mundial Tomando por base a reflex o exposta nos par grafos anteriores e tendo como considera o o atual per odo correspondente ao da materializa o do meio t cnico cient fico informacional torna se necess rio estabelecer o papel dos sistemas de engenharia enquanto conjunto de objetos t cnicos pensados e criados para determinado fim na renova o da materialidade do territ rio indicando alguns desdobramentos dessa manifesta o t cnica que permite a adi o de mais objetos t cnicos voltados para a produ o sobretudo especializada e hegem nica 35 2 3 SISTEMAS DE ENGENHARIA E RENOVA O T CNICO CIENT FICA DA CONFIGURA O TERRITORIAL Desde o in cio de sua hist ria social o homem utilizava objetos encontrados na natureza para constituir um sistema de condi es materiais indispens veis reprodu o do grupo de forma que paulatinamente atrav s da adi o de artificialidades natureza est
85. amente tecnificada de arroz irrigado com alta utiliza o de modernos equipamentos agr colas contando inclusive com uso de avi o Destaca se o emprego de aproximadamente 50 trabalhadores assalariados na produ o existente em mais de 2000 hectares de rea da citada fazenda Tal n mero de trabalhadores em vista da rea ocupada pela fazenda que pode ter chegado a quase 9 mil hectares nos anos 90 pode ser tomado como inexpressivo diante dos n meros estimados por Peruzzo 19840 sobre xodo rural dos anos 60 70 de aproximadamente 150 mil habitantes que ocupavam cerca de 167 mil hectares com pequenas propriedades Assim fica evidente que o apelo moderniza o da agricultura como elemento de atra o do homem ao campo sobretudo atrav s das reas beneficiadas pelos canais do DNOS apesar de constituir um pomposo discurso de cunho social tinha como principal inten o a inser o de novas rela es capitalistas no campo beneficiando os grandes propriet rios de terra tal como no exemplo da Agril ngelo Coutinho propriet rio tamb m de outros neg cios de grande porte no Esp rito Santo Para al m de todo o contexto associado origem da constru o dos canais para a promo o da produ o de alimentos observa se que os mesmos foram ulteriormente submetidos a um prop sito radicalmente distinto qual seja o de servir como instrumento de fundamental import ncia ao fornecimento de gua indispens vel ao proces
86. ande exportador tanto de produtos 19 Baseando se em Moraes 1974 pode se afirmar que as estradas capixabas foram constru das em fun o da circula o que estava aumentando ao passo da decad ncia de parte da rede ferrovi ria ap s 1910 e do aumento da circula o comercial entre os munic pios capixabas As rodovias sobretudo as federais tendiam a convergir para Vit ria em fun o do porto por onde poderiam escoar a produ o de Minas Gerais Sul da Bahia e Goi s De acordo com Teixeira 1975 o governador Bernardino Monteiro partir de 1916 dedicou se constru o de rodovias por onde escoaria a produ o dos cafezais A ele se deve a inaugura o da pol tica rodovi ria estadual 49 agr colas n o tradicionais soja c tricos parcialmente beneficiados antes de se dirigirem ao estrangeiro quanto de produtos industrializados A moderniza o agr cola ali s atinge tamb m produ es tradicionais como o caf o cacau o algod o alcan a produtos como o trigo cujo volume plantado e colhido se multiplica implanta se em muitos outros setores e beneficia se da expans o da classe m dia e das novas equa es de um consumo popular intermitente com o desenvolvimento da produ o de frutas verduras e hortali as A popula o aumentada a classe m dia ampliada a sedu o dos pobres por um consumo diversificado e ajudado por sistemas extensivos de cr dito servem como impuls o produ o industrial
87. andes Projetos A Aracruz Celulose e os Impactos sobre a Comunidade Ind gena 2002 Trabalho apresentado no Il encontro estadual de Geografia influ ncia do canal Caboclo Bernardo na din mica ambiental do rio Comboios o caso da pesca dos remanescentes ind genas Tupiniquim 2006 Monografia gradua o em Geografia Vit ria 2006 Aspectos legais do canal Caboclo Bernardo 2009 Monografia Especializa o em Gest o Ambiental com nfase em Licenciamento Ambiental Universidade Gama Filho 2009 RIBEIRO JUNIOR Amaury A privataria tucana S o Paulo Gera o Editorial 2011 RICHTA R Economia capitalista e revolu o tecnol gica S o Paulo Editora Paz e Terra 1972 RIO Riacho Produ o Liza Borges Lorena Silva Joselha Santos Barra do Riacho 2011 Arquivo digital formato wmv 11min color 137 ROBERTSON SCHULTZ Pre feasibility study of the potential for development of the Suruaca Valley State of Espirito Santo Brasil S o Paulo 1973 ROCHA H C MORANDI A M Cafeicultura e grande ind stria a transi o no Esp rito Santo 1955 1985 Vit ria ES Funda o Ceciliano Abel de Almeida 1991 SAINT HILAIRE Auguste de Viagem ao Esp rito Santo e Rio Doce 1820 Ed USP Itatiaia 1974 SANTOS Milton Por uma Geografia nova S o Paulo Hucitec Edusp 1978 Espa o e m todo S o Paulo Nobel 1985 Os sistemas de engenharia Departamento de Geografia USP S o Paulo
88. antidades importadas de arroz batata milho e laranja al m da compra de alho e cebola por parte dos atacadistas da Grande Vit ria segundo estudos promovidos pela CEASA ES seriam para o Estado mais um importante fator em favor da promo o da agricultura local e assim de justificativa do Programa de Aproveitamento dos Vales midos do Esp rito Santo Diante do exposto a SEAG atrav s de v rias empresas vinculadas promoveu o levantamento de vales midos do Estado cabendo Empresa de Assist ncia T cnica e Extens o Rural EMATER ES por interm dio dos seus escrit rios locais proceder ao levantamento de localiza o e da rea aproximada dos vales midos de maior relev ncia Dessa forma era afirmado que O aproveitamento dos vales midos do Estado atrav s de programas racionais de dragagem irriga o e drenagem permitir a expans o das fronteiras agr colas do Estado e consequentemente aumento de produ o Devido s suas promissoras caracter sticas de solo e relevo a adi o dessas novas reas ir possivelmente proporcionar tamb m um acr scimo de produtividade agr cola auxiliando dessa forma a fixa o do homem no campo ESP RITO SANTO 19771 p 41 42 Al m da nfase sobre o efeito positivo que o referido programa teria na gera o de emprego para a fixa o do homem no campo caberia destacar tamb m a si As not cias sobre a importa o de alimentos eram constantemente veiculadas no
89. ar recursos financeiros para a continuidade da constru o dos canais j iniciados pelo DNOS assim como para o andamento dos estudos que permitiriam prever as futuras necessidades infraestruturais das terras beneficiadas levando se em conta se Pode se afirmar com rigor que cabia ao Estado naquela poca dotar certa rea piloto com toda a infraestrutura necess ria para que a mesma se conformasse geograficamente formando verdadeiros sistemas de engenharia As reas eram dotadas de estradas energia el trica 72 diferentes utiliza es previstas para as mesmas de forma que a circula o distribui o da produ o fosse viabilizada Cabe destacar que antes da cria o e implementa o dos referidos projetos j existiam uma s rie de a es desenvolvidas entre o DNOS e o governo estadual Sobre essa fase o ex diretor do DNOS relatou o seguinte O relacionamento entre o governo federal e estadual aqui no Esp rito Santo ou seja DNOS Seag era excelente a secretaria nos pedia para sanear algum pequeno vale ent o a gente ia l e fazia o estudo de viabilidade econ mica o estado e tudo e a gente fazia o estudo das obras E fazia de comum acordo Assim nessa fase o DNOS atendia aos pedidos da Seag utilizando recursos financeiros de origem federal para construir os canais que fossem necess rios Ressalta se que o DNOS trabalhava sem ter firmado v nculo funcional efetivo com o governo estadual o que some
90. as v rzeas do Riacho foram coletados do documento do Estado do Esp rito Santo elaborados com base nos valores oriundos dos originais concebidos pelo DNOS nos anos 60 mas atualizados para o ano da vers o consultada relativa ao final dos anos 70 71 projetadas mas que segundo o documento consultado seriam de fundamental import ncia para o funcionamento dos canais enquanto sistema planejado para ser controlado em fun o das necessidades dos poss veis usu rios locais TABELA 1 CUSTO DAS OBRAS DO DNOS NAS V RZEAS DO RIACHO Custo por Extens o Volume hectare das obras m Cr ha Dragagem de canais 10 000 000 Abertura de canais 272 Km Adaptado de Esp rito Santo 1978c Constru o de diques 1 000 000 As obras de constru o dos canais come aram em 1965 mas o andamento das mesmas n o ocorreu conforme previsto pelo DNOS j que alguns imprevistos atrapalharam o seu ritmo de execu o sobretudo devido progressiva diminui o das verbas federais ocorrida em decorr ncia das crises econ micas que o Brasil enfrentou durante os anos 70 segundo as informa es fornecidas por Dall Orto Como maneira de remediar essa dificuldade de ordem financeira o governo federal DNOS passou a estabelecer parcerias com o governo estadual capixaba atrav s da elabora o conjunta de projetos que previam a utiliza o integrada das reas que seriam beneficiadas j que cada Estado da federa o poderia destin
91. as do Riacho Para caracterizar a magnitude desse empreendimento que envolve a abertura de aproximadamente 272 quil metros de canais de drenagem ser o expostos alguns valores relativos aos custos estimados para a constru o dos canais concebidos pela Engenharia Gallioli firma contratada pelo DNOS governo federal para projetar os canais e estimar os custos das obras nas v rzeas do Riacho e da Suruaca De acordo com os dados presentes no documento Esp rito Santo 1978c as obras do DNOS nas v rzeas do Riacho estavam ent o voltadas para a recupera o de uma rea aproximada de 69 000 hectares TABELA 1 atrav s da implementa o das obras de infraestrutura como a constru o de pontes a abertura de canais e da constru o de diques ao custo estimado de 140 milh es de cruzeiros calculados pelo DNOS n o incluindo ainda algumas comportas que n o haviam sido dos canais C1 e C2 Esses dois canais entretanto n o fazem parte do sistema atual de canais em funcionamento nas v rzeas do Riacho Os canais C4 e C5 s o resultantes da retifica o do antigo leito do rio Riacho Para observar a disposi o dos canais ver ANEXO 1 29 Sobre a grande inunda o o autor se refere s grandes cheias do rio Doce que ocorreram em janeiro de 1979 e destru ram grande parte dos munic pios ribeirinhos sobretudo aos capixabas Parte da rea costeira de Linhares ficou debaixo d gua por alguns dias causando enormes preju zo
92. atrasada constitu a se como entrave ao desenvolvimento A moderniza o do campo ent o com o uso de novas t cnicas m quinas insumos e mudan as na rela o de trabalho seria uma aspira o ao progresso por m apesar de esse processo ter se repetido em v rias partes do pa s no Esp rito Santo as mudan as foram menos intensas n o ocorrendo atrav s do emprego de m quinas na agricultura Em certas reas o cultivo do caf passava a ser trocado pela pr tica da pecu ria do reflorestamento com vistas produ o industrial e ao cultivo da cana de a car O caf s viria a ser retomado como cultura de grande import ncia ap s 1975 com o uso de t cnicas modernas e de insumos agr colas adequando se ao pensamento modernista da poca sobretudo 4 O jornal Posi o n 62 traz uma reportagem que trata de grandes empres rios que se beneficiariam dos planejamentos empreendidos pela Empresa Capixaba de Tursimo Emcatur rg o estatal atrav s da valoriza o de reas apontadas como de interesse tur stico por serem propriet rios de terras nas reas escolhidas para o turismo Dentre os empres rios configuravam Camilo Cola Eliezer Baptista Otac lio Coser Jo o Santos e Jo o Calmon e Torna se importante ressaltar a revolu o verde enquanto estrat gia mundial encontrada pelo capital para a moderniza o da agricultura Para Moreira 1999 a revolu o verde no Brasil assumiu marcadamente nos
93. ava criando infraestruturas sob a forma de sistemas de engenharia verdadeiras pr teses que constituem a cria o de condi es de trabalho pr prias de cada poca formando por sua vez as bases da produ o e do interc mbio de produtos ou mercadorias SANTOS 2006 2008a 2008b Os sistemas de engenharia segundo o autor evoluem historicamente em fun o da evolu o do emprego do trabalho ora baseado mais no trabalho na for a e na t cnica ora baseado fundamentalmente no capital financeiro como pode ser observado no seguinte trecho De modo geral podemos dizer que passamos primeiro de um uso maior do trabalho a um uso maior do capital sempre Por exemplo o caso do arroz plantado em bolanas na Guin atrav s do trabalho que s o feitos os diques os canais de irriga o ou de drenagem enquanto nos pa ses mais ricos os sistemas modernos de irriga o e de drenagem que s o mais capital por isso mesmo espancam trabalho por isso que a palavra e o ato da irriga o t m atrav s do tempo significados diferentes de um ponto de vista n o apenas t cnico mas econ mico social pol tico e cultural e paralelamente a evolu o dos sistemas de engenharia transcende a natureza que vai se tornando mais e mais artificial SANTOS 2008c p 88 O exemplo brevemente mencionado por Milton Santos o que ilustra o caso da produ o de arroz em Guin Bissau frica onde o homem com toda sua engenhosidade acumulada
94. baseado principalmente na ca a de animais na coleta de alimentos e a 24 pr tica da pesca suficientes para alimentar o contingente populacional existente O aprimoramento gradual das t cnicas ao longo do tempo tornou mais complexa a produ o em fun o da aplica o de t cnicas mais aprimoradas e complexas como o pousio a rota o de terras e a agricultura itinerante Mesmo assim esses sistemas t cnicos sem objetos t cnicos n o eram pois agressivos pelo fato de serem indissol veis em rela o Natureza que em sua opera o ajudavam a reconstituir SANTOS 2006 p 158 As motiva es de uso da t cnica sobre as for as da natureza nesse per odo de acordo com Santos 1985 2006 eram locais mesmo que o papel do interc mbio ou das trocas nas determina es sociais fosse crescente As sociedades criavam as pr prias t cnicas sendo caracterizadas como autossuficientes e o territ rio do grupo circunscrevia a rea de produ o do consumo da circula o e de distribui o O ritmo da natureza acabava condicionando o ciclo social pois o homem de modo geral ainda n o dispunha de t cnicas avan adas a ponto de construir objetos t cnicos maqu nicos que ajudassem a romper com os ritmos naturais que pudessem suprimir grandes extens es territoriais e sobre eles estabelecer um controle A produ o agr ria por exemplo estava ainda diretamente ligada aos fatores naturais como a localiza o dos
95. boclo Bernardos DEE RD ED ESET O EDER RS RE 104 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Localiza o da rea de estudo ss ses scasecssessscacaccocerareaaanerrenas 41 Figura 2 Canal Caboclo Bernardo vis o parcial 101 Figura 3 Canal Caboclo Bernardo vis o parcial 101 Figura 4 Capa do Jornal da Aracruz anunciando a conquista do pr mio CNI de Ecologia em fun o da abertura do canal caboclo Bernardo 111 Figura 5 Croqui dos Canais do DNOS nas v rzeas do Riacho em 1978 141 Figura 6 Sistema de capta o adu o de gua do rio Doce pela Aracruz Celulose EEEE TRN E CBR RB SE UR RR SR COD RN ERES SOGRA A US RR RD E 142 Figura 7 Investimentos do DNOS no Esp rito Santo lii 144 Figura 8 Not cia sobre o DNOS em A Gazeita 144 Figura 9 Recupera o dos vales midos capixabas 145 Figura 10 Importa o de arroz para o Esp rito Santo 145 Figura 11 Representa o das v rzeas do Riacho no s culo XIX 146 10 LISTA DE SIGLAS BANDES Banco de Desenvolvimento do Esp rito Santo BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econ mico e Social CASES Companhia de Armaz ns e Silos do Esp rito Santo CERMAG Companhia de Engenharia Rural de Mecaniza o Agr cola COFAI Companhia de Fomento Agr
96. bsurdo rapaz Perdeu se aproximadamente cinquenta anos de hist ria Carneiro 2003 descreve o descaso com que o patrim nio de 1 145 metros lineares havia sido tratado no Rio de Janeiro abandonado tamb m em um grande galp o na av Presidente Vargas a toda sorte de intemp ries As poucas caixas que sobraram foram recolhidas pelo Arquivo Nacional mas continham apenas informa es relativas ao registro de ex funcion rios do rg o Pode ser observado atualmente que os servi os que eram realizados pelo DNOS est o sendo feitas pela iniciativa privada sob o regime de licita es geralmente de confiabilidade duvidosa como Dall Orto ressaltou no in cio da conversa permitindo entender isso como parte da inten o de se apagar a hist ria do rg o Ee Os quatro programas s o os seguintes o Provales programa estabelecido atrav s de uma parceria entre o governo do Estado do Esp rito Santo e o DNOS para promover os pequenos vales midos para a agropecu ria capixaba o Ante projeto de recupera o dos grandes vales da Suruaca e Riacho voltado para promover tamb m a produtividade agr cola das v rzeas do Riacho o Projeto t cnico e econ mico de viabilidade de desenvolvimento da agroind stria para exporta o de arroz e por fim o Prov rzeas ES programa de fomento sobretudo financeiro ao cultivo de culturas irrigadas que no caso de sua a o implementa o nas v rzeas do Riacho valeu se do uso dos canais do DNOS para a ca
97. canais culminando em uma amplia o da rea industrial da Aracruz Celulose por meio da expans o em larga escala da monocultura de eucalipto com rea muito superior antiga produ o local de alimentos Assim se numa primeira fase pode se inferir que o prop sito maior alegado em torno da legitima o da obra de engenharia era o de promover benef cios socioecon micos de modo prevalente no plano da horizontalidade notadamente a recupera o de reas rurais tendo como retorno um suposto desenvolvimento social atrav s da proposta de moderniza o que a agricultura estava enfrentando enquanto discurso legitimado pelo Estado numa segunda fase o que se percebe que foi a presen a e o predom nio de um ator hegem nico sob a figura da Aracruz Celulose uma empresa de capital privado transnacional de alto valor mercadol gico detentora de grandes latif ndios voltados para a monocultura atuante em um mercado de n vel mundial que exerce o seu dom nio irrestrito sobre o uso da obra de engenharia que se encontrava abandonada a reboque da extin o do DNOS Assim a referida empresa passa a controlar todo o sistema de gua 122 captado desde o rio Doce at o fim do percurso do rio Riacho Destaca se assim a for a da influ ncia que a Aracruz Celulose exerce ao estabelecer parcerias com o poder pol tico municipal obtendo assim enorme vantagem sobretudo no tocante ao controle da gua de acordo com sua demanda d
98. capital e mudam as estruturas sociais O autor j atribui ao conte do t cnico das novas formas geogr ficas de antanho um lugar de fundamental import ncia para a interpreta o do sentido t cnico instrumental do espa o ao servi o da sociedade do capital SANTOS 2007 1979 Em sua primeira grande s ntese dedicada teoria geral da geografia intitulada Por Uma Geografia Nova SANTOS 1978 a reflex o sobre a t cnica central notadamente articulada no o de produ o segundo o pensamento de Marx Em Metamorfoses do Espa o Habitado publicado no final dos anos 80 a relev ncia da t cnica como categoria de an lise influencia notadamente as reflex es acerca do objeto da geografia como por exemplo na refer ncia ao processo de culturaliza o da natureza que se torna cada vez mais o processo de sua tecnifica o As t cnicas mais e mais v o incorporando se natureza e esta fica cada vez mais socializada pois a cada dia mais o resultado do trabalho de um maior n mero de pessoas SANTOS 2008c Nos anos 90 a centralidade da no o da t cnica para a fundamenta o te rica da geografia ocorre em seu sentido mais amplo como poss vel constatar no livro T cnica Espa o Tempo Globaliza o e meio t cnico cient fico informacional no qual o autor assevera que 20 A reflex o te rica que se segue ir a princ pio articular um leque relativamente restrito de categorias de an lise e no
99. cas Porto do Souza Lorena e Anadia e conforme afirma Zunti 1982 existiam ainda dois pontos de apoio para tropas viajantes os quart is do Aguiar e de Comboios importante destacar o papel dos quart is enquanto precursores do povoamento de algumas localidades como o quartel do Coutins o qual originou o munic pio de Linhares al m do quartel de Reg ncia Augusta o qual se tornou o atual distrito de Reg ncia 46 Salienta se ainda o papel da fazenda Bom Jardim para a ocupa o e produ o local Essa situada margem direita do rio Doce era propriedade de Jo o Filipe Calmon e segundo Saint Hilaire 1974 o mesmo havia vendido o que possu a no sul do estado no intuito de estabelecer morada permanente em Linhares juntamente com a fam lia e os escravos Segundo o autor citado Jo o enfrentou muitas dificuldades ao atravessar os campos do Riacho pois o rio Doce estava em per odo de cheias alagando toda a rea pr xima ao rio Riacho o que aumentava a dificuldade de se atravessar a floresta existente naquela poca o que refor a novamente como era a condi o alagadi a do local Segundo Zunti 1982 a fazenda de Jo o Calmon produzia farinha a car linho e trigo e mais tarde passou a construir de barcos e foi montada uma olaria de telhas e tijolos e a produ o escoava principalmente para Vit ria e para Minas Gerais tanto por terra usando animais como transporte ou pelo rio Doce atrav s de barcos
100. cos indispens veis produtividade agr cola do arroz nesta rea notadamente atrav s de uma dupla fun o por um lado a de drenar o solo encharcado eliminando o excesso de gua de forma a permitir a planta o do arroz e por outro lado fornecer gua para a irriga o da planta o atrav s de canais menores Para melhor caracterizar a produ o modernizada do arroz nas v rzeas do Riacho ser o analisados dois projetos de fomento a essa cultura quais sejam o elaborado pela Cofai e o Prov rzeas ES os quais culminaram na materializa o propriamente 81 dita da produ o do arroz na fazenda Agril que se beneficiava dos canais para a produ o do arroz irrigado A almejada moderniza o da agricultura para que efetivamente ocorresse dependia substancialmente do cr dito rural considerado no projeto como um eficiente instrumento de pol tica agr cola no sentido de atingir objetivos espec ficos tais como introduzir novas t cnicas no setor orientar a produ o agr cola e promover o aumento da produtividade Esp rito Santo 1978c p 38 Dentre os agentes financeiros dispon veis para a concess o de cr ditos estavam o Banco do Estado do Esp rito Santo e o Banco do Brasil al m de outros bancos sediados no Estado Obtendo os cr ditos geralmente a baixo custo o produtor dependia de assessoramento para que a produ o pudesse alcan ar o xito desejado Entre os agentes de assessoramento t cnico da
101. da v rias temporalidades produtivas ao contr rio do tempo hegem nico vertical S o as manifesta es horizontais que garantem a sua perman ncia no espa o banal que pode ter seu significado sempre refeito conforme a defini o da produ o vigente A ideia e o fato da Pol tica e seu conjunto de normas que tendem a regular e proteger o funcionamento do conjunto espacial recriada no espa o banal em revanche inten o hegem nica das verticalidades Essas rea es horizontais no territ rio permitem que o mesmo seja caracterizado como abrigo para aqueles que dele fazem uso n o sendo apenas um lugar de uso pragm tico como para as a es verticais Dialeticamente verticalidades e horizontalidades coexistem e se complementam produzindo espa o Uma contribui o oportuna de ser destacada cabe leitura te rica de Maria Laura SILVEIRA 1999 que assimila de modo apropriado os conceitos de verticalidade e horizontalidade aos termos espa os do mandar e espa os do fazer O espa o do mandar aquele onde o pensamento hegem nico elaborado alheio s particularidades de um local de a o emissores de um know how importado e os espa os do fazer s o os locais que tendem a resistir a o das verticalidades ainda que sejam os receptores das diretrizes mundiais da a o econ mica global de um macroagente Os conceitos de verticalidade e horizontalidade assim destacados para orientar parte da reflex o te r
102. de gua para o consumo humano revitalzando os mananciais reservados ao abastecimento industrial e viabilizando os projetos municipais de implanta o do Distrito Industrial da Orla Atrav s das tabelas 2 e 3 poss vel observar os custos do empreendimento 103 listados no projeto e ter no o de como foi empregado o montante financeiro de US 2 300 000 00 de d lares em fun o das tarefas executadas para a constru o do canal Caboclo Bernardo uma liga o feita para ligar o rio Doce aos antigos canais do DNOS de forma a captar parte das guas do rio Doce para o abastecimento da Arcel atrav s de um engenhoso sistema controlado por comportas TABELA 2 CUSTOS DO PROJETO DE ADU O EMERGENCIAL CANAL CABOCLO BERNARDO Descri o Adu o emergencial etapa 1 40 000 00 60 000 00 93 000 00 6 000 00 110 000 00 15 000 00 130 000 00 20 000 00 130 000 00 23 000 00 34 000 00 59 000 00 80 000 00 800 000 00 Estudos preliminares e consultoria Engenharia conceitual b sica e detalhamento Galeria da travessia junto ao rio Doce Stop log na galeria de travessia junto ao rio Doce Liga o com o canal Bananal do Sul 2km Escada de dissipa o de energia Galeria da travessia Bebedouro Reg ncia Stop log na galeria da travessia Bebedouro Reg ncia Liga o Bananal do Sul ao C3 2km fem Stop log Bananal do Sul Abertura da liga o com o rio Doce Eleva o do n vel da estrada Bebedouro R
103. dentificar esse acontecer hom logo Nas rela es entre a cidade e o campo ele complementar como tamb m nas rela es interurbanas E h tamb m o acontecer hier rquico resultante das ordens e da informa o provenientes de um 37 lugar e realizando se em um outro como trabalho a outra cara do sistema urbano N o que haja um lugar comandando um outro sen o como met fora Mas os limites escolha de comportamentos num lugar podem ser devidos a interesses sediados em um outro grifo nosso Por outro lado sem a solidariedade entre as infraestruturas n o haveria a forma o de sistemas de engenharia Solidariedade e sistemas s o de acordo com o pensamento em tela praticamente sin nimos o que leva a entender que existe uma forte intera o entre os objetos durante o seu funcionamento Para ilustrar um caso representativo da aus ncia de sistemas de engenharia caberia citar o seguinte acerca da exist ncia de objetos t cnicos em uma parcela do territ rio brasileiro no s culo XIX com pouca ou nenhuma solidariedade entre eles Ainda que existissem no final do s culo XIX alguns caminhos de terra sem drenagem e com escassas pontes para atravessar os rios eles permitiram apenas o tr fego de animais e n o se encadeavam em sistemas com os portos Todavia no Sudeste e Sul j existiam algumas estradas que embora permitindo a circula o de dilig ncias n o foram suficientes na concorr ncia com as ferr
104. des do povoado de Barra do Riacho tornou insuficiente o movimento de retirada da areia pela gua do rio desequilibrando a din mica de movimento entre o mar e o rio do Riacho na sua foz No local poss vel observar claramente um intenso processo de assoreamento e um estado de desequil brio dos processos deposicionais e erosionais entre rio e o mar na foz do Riacho Com a redu o do fluxo de gua do rio Riacho houve um comprometimento da din mica da foz cujo controle morfol gico d se agora pelo dom nio da a o das ondas do mar reduzindo a capacidade do rio Riacho em transportar os sedimentos para desobstruir sua foz resultando no que os pescadores de Barra do Riacho chamam de fechamento da boca da barra Observa se ainda um movimento de migra o r pida dos bancos de areia motivada pela energia das ondas Segundo Herval Nogueira em poucos dias muda completamente a configura o da boca da barra Com estes problemas as embarca es de pesca artesanal recurso tradicional de sobreviv ncia da comunidade pesqueira do povoado n o conseguem chegar ao mar em per odos de mar baixa Esse fato imp e a diminui o das horas de pesca agora determinadas pelas mar s e consequentemente uma dr stica diminui o na produ o de peixes Isso provocou grande impacto na economia da comunidade de pescadores que j enfrenta a concorr ncia com grandes barcos que realizam pesca predat ria diga se de passagem que n o sofre
105. divididos entre outros acionistas O controle acion rio atual 2012 exercido pelos grupos Safra Lorentzen e Votorantim com participa o acion ria de 28 cada e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econ mico e Social com participa o de 12 5 Ressalta se que o grupo Lorentzen de origem norueguesa Para um maior entendimento sobre o desenrolar do financiamento da empresa sugere se a leitura de Dalcomuni 1990 ne Na poca foi constatado que a produtividade do eucalipto no munic pio de Aracruz ES era muito alta se comparada s planta es europeias devido a fatores favor veis relativos ao solo e clima 94 O contexto pol tico da cria o da empresa ocorrido sob a conjuntura do regime militar mereceu destacado tratamento cr tico elaborado parte da economista S nia Dalcomuni A implanta o da Aracruz Celulose S A no Esp rito Santo resultante de um conjunto de fatores relacionados din mica capitalista a n vel internacional nacional e estadual No plano nacional o fomento estatal industrializa o pesada nas d cadas de 1960 80 promove paulatinamente profundas mudan as estruturais na ind stria de celulose no pa s Esta passa a se caracterizar pela forte concentra o e centraliza o do capital elevadas barreiras entrada integra o vertical da produ o ado o do biodesenvolvimento tecnol gico enquanto principal fator de concorr ncia e forte vi s exportador processo esse
106. do internacional Prometiam emprego e qualidade de vida E o que vemos hoje trinta anos depois At h alguns meses cont vamos com a presen a da SUDENE atuando em 27 cidades do Esp rito Santo quase 35 dos munic pios desse Estado alguns deles com significativas planta es de eucalipto Vemos tamb m a distribui o de cestas b sicas para combater a fome e a mis ria Vemos hoje mais claramente que antigas promessas n o passavam de mentiras De acordo com Loureiro 2006 que promoveu uma an lise da implanta o do complexo Aracruz Celulose S A no Esp rito Santo e os seus reflexos sobre as popula es ind genas preexistentes Tupinikim e Guarani Mbya no per odo compreendido em 1967 e 1983 a a o do Estado subentendido enquanto governo estadual foi fundamental para o estabelecimento do locus de a o pragm tica da Aracruz Celulose no que diz respeito s terras cedidas para a empresa que se tratavam de antigos territ rios ind genas estabelecidos pelos seus ancestrais como territ rio de abrigo fato solenemente ignorado pelos sucessivos governantes da poca os quais permitiram com que a referida empresa transformasse o territ rio em recurso A Aracruz Florestal S A recebeu do Governo Estadual representado pelo governador Christiano Dias Lopes os dez mil hectares anteriormente explorados pela Cofavi onde iniciou o plantio de eucalipto A partir dessa concess o a empresa n o cessou de estender seus dom
107. do por m n o reflete os custos dos equipamentos normais pois o maquin rio fornecido pelo Governo Apenas as despesas de funcionamento e de manuten o operacional est o inclu dos no custeio O custo esquema do DNOS utilizando as taxas de comerciais para a constru o de cerca de CR 237 milh es ou cerca de 40 milh es de d lares A constru o foi iniciada com o canal de drenagem prim rio no sul por m at a presente data apenas uma se o menor foi conclu da ROBERTSON SCHULTZ 1973 p 14 15 grifo nosso A concretiza o dos estudos sugeridos por Robertson Schultz podem ser confirmados atrav s do trabalho da Comiss o Estadual de Planejamento Agricola Cepa que conjuntamente a outros rg os estaduais em 1978 firmou uma parceria com o DNOS e lan ou o Ante projeto de recupera o dos grandes vales da Suruaca e Riacho tamb m sob o governo de lcio lvares tendo sido posto em pr tica adotado efetivamente no mesmo ano O ante projeto elaborado com base em v rios levantamentos feitos por equipes t cnicas estaduais tinha o objetivo de indicar a viabilidade do aproveitamento de ambos os vales implantando se uma agricultura tecnificada baseada em t cnicas mais avan adas do que as j existentes no restante do Estado que poderiam permitir uma produ o em escala industrial Como mencionado anteriormente por Dall Orto essas parcerias eram firmadas principalmente para que o andamento dos trabalhos
108. do DNOS nas v rzeas capixabas n o fosse interrompido em fun o da diminui o das verbas federais destinadas ao DNOS Dall Orto afirma que houve a concretiza o das parcerias e em conjunto com outros importantes projetos COFAI e Prov rzeas ES foi poss vel produzir dentre as culturas que obtiveram xito o arroz irrigado como ser visto no decorrer do texto Cabe ressaltar o discurso presente no ante projeto que procurava refor ar o fato de a agricultura tradicional da poca n o ser t o lucrativa quanto um modelo de agricultura tecnificada e al m disso considerar que a tecnifica o n o estimularia necessariamente o xodo rural no caso do Esp rito Santo A agricultura tradicional pouco compensadora no sentido de que numa se Esse canal prim rio foi o primeiro canal aberto nas v rzeas do Riacho conforme explica o fornecida por Dall Orto 79 economia como a do Esp rito Santo uma queda de pre os agr colas que para a popula o como um todo se traduz em bem estar para o agricultor significa uma tend ncia ainda maior em utilizar se de t cnicas tradicionais aumentando assim o diferencial de produtividade em rela o a outros Estados produtores mais eficientes Na realidade da maneira como a agricultura est estruturada no que concerne o grau de tecnologia utilizada estrutura da propriedade estrutura de custos e n vel de conhecimentos n o se criam tens es suficientes para uma combin
109. do espa o foram a princ pio elencadas como necess rias reflex o articulada sobre as seguintes categorias a configura o territorial em sua rela o com o processo de moderniza o os sistemas de engenharia e seu papel na renova o t cnico cient fica do territ rio horizontalidades e verticalidades e no es associadas 214 O CONTE DO T CNICO DO ESPA O GEOGR FICO ENFOQUE DIACR NICO A perspectiva de se analisar a produ o do espa o geogr fico pelo vi s da t cnica tal como proposta por Milton Santos parte de uma concep o instrumental e s cio 22 antropol gica da t cnica que inicia sua reflex o sobre o conte do t cnico do objeto da geografia apresentada de modo direto nos seguintes termos por demais sabido que a principal forma de rela o entre o homem e a natureza ou melhor entre o homem e o meio dada pela t cnica As t cnicas s o um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o homem realiza sua vida produz e ao mesmo tempo cria espa o SANTOS 2006 p 16 Caberia ressaltar que a t cnica tal como interpretada pelo autor deve ser sempre entendida como um fen meno em sua total abrang ncia mais geral n o se restringindo a um enfoque que apenas contemplasse a s t cnica s espec fica s as chamadas t cnicas da produ o como a t cnica usada na produ o de bens vista como um meio de realizar algum ou aquele resultado espec fico atrav s do t
110. dos produzidos obterem maiores rendimentos financeiros por tirar proveito de informa es que outros podem n o possuir como indica Milton Santos 31 As fotografias por sat lite retraiam a face do planeta em intervalos regulares permitindo apreciar de modo ritmado a evolu o das situa es e em muitos casos at mesmo imaginar a sucess o dos eventos em per odos futuros Os radares meteorol gicos cada vez mais poderosos e precisos s o colaboradores preciosos nessa tarefa porque permitem que as previs es se realizem com intervalos ainda menores Cientistas puros e aplicados valem se desses instrumentos de acompanhamento e previs o para aperfei oar o conhecimento das leis da natureza f sica antever o respectivo comportamento e de posse dessas preciosas informa es alcan ar uma implementa o consequente das atividades econ micas e sociais As reas em que tal instrumenta o dispon vel podem permitir aos seus usu rios um maior grau de certeza e sucesso na realiza o de opera es sabido que em muitos casos na agricultura e na ind stria certas etapas do processo produtivo alcan am maior rentabilidade quando empreendidas em condi es meteorol gicas favor veis A prepara o das terras a sementeira ou o plantio a utiliza o de adubos ou de fungicidas podem ter mais ou menos efic cia segundo as condi es de tempo em que s o feitas Tudo isso tende a favorecer os empres rios uma vez que tenham
111. du o etnocultural dos habitantes da aldeia ind gena de Comboios localizada s margens do rio Comboios que utilizam o territ rio como abrigo onde garantem sua sobreviv ncia espacial 113 Em pesquisas precedentes foi poss vel abordar a liga o direta de tais ind genas com o rio Comboios no tocante a v rios aspectos a pesca artesanal as atividades de lazer e de cio da circula o executada atrav s de pequenas travessias e curtas viagens de barco todas afetadas negativamente pelas modifica es impostas pela abertura do canal Caboclo Bernardo REBELLO 2006 At os banhos ficaram prejudicados pois existem evid ncias de que a gua do rio Comboios provoca irrita es na pele dos que se banham naquelas guas conforme relatado por alguns ind genas entrevistados Ao analisar as rela es que os ind genas de Comboios desenvolviam com o referido rio p de ser constatado que A pesca praticamente artesanal para consumo interno da aldeia e segundo o cacique Jo o Mateus ainda essencial para algumas fam lias A locomo o fica comprometida sobretudo quando feita por barcos pois os passageiros ao descerem do barco s o obrigados a p r os p s na gua devido falta de calado suficiente para o barco alcan ar a margem Outro transtorno percebido foi o aparecimento de cobras na ilha Segundo o cacique Jo o Mateus as cobras ficavam nas antigas margens mais baixas onde se alimentavam e se reproduziam
112. dual e ou nacional foram ressaltadas pelo engenheiro civil o que permitiu compreender a din mica dos trabalhos nos locais citados principalmente no que diz respeito a escolha dos s tios onde os canais seriam implantados em fun o da dificuldade de escoamento das guas do rio Doce que inundavam as v rzeas em pocas de cheias Olha as obras das v rzeas do Riacho foram iniciadas em 1965 Esse neg cio de se drenar uma rea grande deixa eu te explicar que complicado voc pega uma rea enorme daquela voc n o pode ir desesperado que voc n o consegue Ent o sobre o Riacho a 1 coisa a ser observada o fundo do rio Doce que mais alto que isso aqui e que a Suruaca por isso que o problema de drenagem dele s rio pelo seguinte quando ele transborda para l e para c ele n o volta para o leito t Eu j fiz se es transversais aqui para ver isso O fundo dele mais alto que a baixada aqui o n vel d gua ent o nem se fala bom ent o voc v como que complica isso Descia tanta gua por aqui afora que n o se podia meter m quina aqui ent o o primeiro servi o foi pegar dessa ponta aqui uma m quina pequenininha cavando uma vala e jogando material para o lado Essa m quina trabalhou anos a tadinha isolada Para cortar essa gua aqui e a dirigir para o Comboios aqui t Ent o depois que foi feito esse corte aqui cortou se esse bra o inclusive do Trio Riac
113. e Hoje tem at esgoto de toda a cidade que jogado nele tem a Evonik Degussa que joga veneno dentro dele as f bricas todas aqui em volta que jogam coisas dentro dele Sobre a situa o atual do rio Riacho Buteri na mesma entrevista expressa a seguinte opini o Hoje n s consideramos que o rio est morto a polui o muito grande para ter vida l de primeiro a gente ficava olhando assim e tinha siri que passava Hoje voc n o encontra um ser vivo dentro do rio S quando o mar enche bota um pouquinho de peixe que nada de volta ou morre porque ele n o ag enta isso mas o rio mesmo hoje n o tem mais Historicamente ele era um ser vivo e hoje n o mais A fotos 1 e 2 ajudam a ilustrar a manifesta o da contrarracionalidade expressa atrav s de uma situa o de rea o t pica do plano da horizontalidade por parte dos pescadores a o da Aracruz Celulose atual Fibria na Barra do Riacho a Sebasti o Buteri o atual presidente da Associa o de Pescadores da Barra do Riacho ASPEBR e morador da Barra do Riacho desde 1991 119 durante a festa dos pescadores realizada em 2011 Foto 1 A Fibria antiga Aracruz Celulose n o bem vinda na festa dos pescadores Fonte Bernardes 2011 o ASPEBR Foto 2 Faixa representando o pensamento dos pescadores Fonte Bernardes 2012 Inconformado com a situa o na qual se encontra o rio Riacho Sebasti o Buteri encaminhou
114. e caf tinha no navio eu sei que vieram 150 m quinas que funcionam at hoje as que salvaram est o at hoje A melhor m quina que j vi na minha vida De um total de 150 m quinas veio de uma tacada s aqui para o Esp rito Santo vieram 20 m quinas que descarregaram em Vila Velha N s t nhamos dentistas e m dicos dentro do DNOS fora uma carpintaria que fazia tudo fora uma oficina que eu nunca botei um carro para consertar fora s o motor tudo ali dentro tudo a gente tinha tudo o DNOS fabricava tudo m vel Eu n o comprava m vel n o eu comprava a madeira e tinha carpinteiros O carpinteiro fazia m vel eu me lembro do Diretor Geral uma vez veio aqui e viu os m veis p voc s tem carpinteiro n Eu to precisando de uma porta a mandamos dois carpinteiros ah eles eram artistas n o eram carpinteiros ele levou o carpinteiro para fazer a porta mandou copiar a porta da Candel ria em louro os caras fizeram a porta perfeita Passados uns tempos n s est vamos fazendo uma reforma no gabinete do diretor no nono andar quem que vai fazer Eu quero os dois carpinteiros do Esp rito Santo Pedreiro soldador tudo n s nunca dependemos de nenhum estranho para fazer nada nada a gente tinha estrutura Quem criou o DNOS j fez com aquela mentalidade vamos fazer um rg o autossustent vel Parece um palavr o hoje em dia n Gabinete dent rio n s tivemos 2 de
115. e consumo Percebe se em todo esse complexo processo que envolve a constru o e as transforma es do uso dos canais do DNOS nas v rzeas do Riacho de modo n tido a figura transfigurada de um Estado sucumbindo ao t pico perfil neoliberal de atua o ao beneficiar um grande ator hegem nico ao mesmo tempo em relega indiferen a o sentido social de suas a es 2 De acordo com Alves 2012 a Aracruz Celulose Fibria assim como outras transnacionais instaladas no Esp rito Santo grande financiadora de campanhas dos candidatos a cargos pol ticos Na disputa de 10 anos atr s a 500 mil reais foram doados a Paulo Hartung para campanha na disputa do cargo de governador Em 2006 o mesmo candidato recebeu 200 mil reais da empresa Renato Casagrande atual governador recebeu 250 mil reais No tocante aos deputados estaduais 16 candidatos se beneficiaram das doa es dentre eles lcio lvares Na c mara federal 8 deputados receberam o patroc nio dentre eles Lelo Coimbra com 140 mil reais Nas elei es municipais de 2008 Jo o Coser atual prefeito de Vit ria recebeu 140 mil reais Nelcimar Fraga prefeito de Vila Velha recebeu 120 mil reais Guerino Zanon em Linhares recebeu 110 mil reais e em S o Mateus Amadeu Boroto recebeu 40 mil reais Diante desses valores concedidos ao financiamento de campanhas eleitorais poss vel entender o descaso e a omiss o das autoridades no tocante aos assuntos geogr fico amb
116. e desenvolvida desde tempos pret ritos criou um sistema de diques para preparar a terra conforme pode ser visto Mesmo as chamadas civiliza es primitivas dispunham de sistemas de engenharia e s vezes at mais bem elaborados que os atuais porque demandando engenho e arte a empreender com poucos meios O dom nio por exemplo das guas salgadas num pa s como Guin Bissau que ainda pobre e economicamente atrasado algo extremamente ilustrativo dessa capacidade de aperfei oar a natureza com a constru o de diques para dessalgar a terra e plantar arroz Trata se de um caso limite de 36 elabora o de um sistema de engenharia SANTOS 2008c p 88 Os sistemas de engenharia segundo o autor supracitado funcionam em uma ordem criada para e pelo trabalho passando de uma condi o de isolamento a uma interdepend ncia crescente de forma a integrar o territ rio de todos os pa ses permitindo opera es em tempo real Por outro lado Elias 2003 p 39 ao considerar o papel desses sistemas no contexto t cnico cient fico informacional afirma que a instala o desses sistemas explicar se iam pela necessidade de reequipar o territ rio para que os capitais especulativos possam em seguida se instalar Os sistemas de engenharia portanto enquanto express o da materializa o de objetos no espa o ir o permitir uma maior e crescente fluidez intensificando as trocas de todos os tipos de natureza podend
117. e o custo apresentado fosse bem menor que o custo real caso fosse empreitado por terceiros que utilizassem suas pr prias m quinas O esquema apresenta um amplo sistema de canais de drenagem e diques O sistema foi projetado para o DNOS por Engenharia Gallioli Ltda em 1968 O esquema est bem concebido e parece mais adequado para a f O relat rio apresentado pela firma Robertson Schultz intitula se como Estudo de pr viabilidade do potencial de desenvolvimento do vale da Suruaca Estado do Esp rito Santo Brasil O texto original encontra se todo escrito em ingl s E A previs o de gastos do DNOS era baseada no projeto elaborado em 1968 pela Engenharia Galiolli o qual era relativo localiza o dos canais nas v rzeas do Riacho e Suruaca e do valor de custo para constru o dos canais e diques previstos conforme Engenharia Gallioli LTDA 1966 1970 Como evidenciado em Robertson Schultz 1973 a Engenharia Gallioli levava em conta que o maquin rio que inclu a dragas tratores e caminh es eram fornecidos pelo DNOS Essas evid ncias permitem supor que a Engenharia Galiolli ao ser contratada para executar as obras de constru o dos canais em ambas as v rzeas NASCIMENTO 1994 utilizava os equipamentos do DNOS em seus trabalhos 78 melhoria da plan cie costeira tanto para a drenagem e irriga o O custo do esquema finalizado cerca de CR 100 milh es cerca 17 milh es de d lares segundo o DNOS Este m to
118. e p s de caf cerca de 45 do total existente no Esp rito Santo mediante o pagamento de determinada import ncia por p arrancado desde que fosse substitu do por outra cultura que n o o caf PERUZZO 1984 p 55 Dessa forma na vis o do autor a erradica o de 167 mil hectares equivalentes a uma redu o de 336 mil sacas de caf suprimiu 50 mil empregos rurais 16 da m o de obra agr cola do Esp rito Santo o que acabou provocando a migra o de aproximadamente 150 mil habitantes do campo em dire o cidade ao mesmo tempo em que ocorriam novas rela es capitalistas atrav s da mudan a das 51 atividades agr colas sobretudo com a expans o das grandes propriedades j que a crise se tornou oportuna para os grandes empres rios o que dificultava a vida no campo dos pequenos propriet rios j que n o contavam com as mesmas facilidades para obter cr dito como os grandes Os novos projetos industriais e tamb m o desenvolvimento tur stico que estava ocorrendo incentivado pelos pol ticos estaduais que a encontraram uma boa oportunidade para especular o valor da terra come aram a atrair os que n o mais encontravam trabalho no campo Naquele momento quando da erradica o do caf segundo Campos J nior 1998 a ind stria do centro hegem nico do pa s S o Paulo produzia implementos para a moderniza o no campo ao mesmo passo que o pensamento dominante na pol tica era de que a agricultura
119. ecimento da Aracruz Celulose Barra do Riacho fica depois desse referido ponto s margens da foz Fica evidenciado assim que a justificativa do Estado quanto necessidade da constru o do Canal para resolver problemas de do abastecimento de gua do distrito s o infundados No entanto justamente por localizar se s margens da foz a redu o do volume de guas do rio Riacho que acontece ap s o ponto de invers o de seu curso atinge substancialmente os pescadores de Barra do Riacho MARACCI 2008 s n A partir de uma clara evid ncia da a o racional de um macroator hegem nico poss vel citar Maracci 2010 que em trabalho mais recente faz alus o ao processo de apropria o dos canais origin rios do DNOS pela Aracruz Celulose que consistiu em um dos principais vetores que induziu a transforma o de um territ rio que para a maior parte da popula o local existia enquanto abrigo para ent o reduzi lo em territ rio recurso Nesse sentido autora discorre sobre o processo de ressignifica o exercido pela racionalidade econ mica industrial sobre as guas O processo de apropria o dos recursos h dricos realizado pela agroind stria celul sica vinculado ao sistema mais amplo de assenhoreamento territorial al m de aprofundar as assimetrias na distribui o e ou apropria o social de recursos h dricos imp e s popula es tradicionais atingidas e sociedade civil as ressignifica es da gua
120. eg ncia Conting ncias Total da primeira etapa E E Pen hs ee has Pile cce Mc GC E Reggie PRP Nceg tece o pos PPM ht Cintas Ca E OE EM Sc O RS Fonte Centro de Estudos Ambientais 1999 As comportas no projeto original s o chamadas de stop logs 104 TABELA 3 CUSTOS DO PROJETO DE CONSOLIDA O T CNICA CANAL CABOCLO BERNARDO Consolida o T cnica etapa 2 515 000 00 295 000 00 57 000 00 17 000 00 40 000 00 60 000 00 10 000 00 40 000 00 66 000 00 Limpeza do canal Bananal do Sul Limpeza do canal C3 16 km Limpeza do canal C5 5 km Projeto estrutural e mec nico das comportas Aquisi o das comportas Execu o da estrutura de concreto das comportas Instala o das comportas Limpeza do trecho Bananal do Sul at Comboios 2km Recupera o do acionamento das comportas da barragem m vel 250 000 00 150 000 00 1 500 000 00 2 300 000 00 Projeto topografia consultoria e outros servi os Conting ncias Total da segunda etapa Total Geral Rpeem E EmcmumsJ HAHas E E E e E a E a E SS PES e sas a Caso SD E E Cd E E na a A qem SS ss Ee EE cs Fonte Centro de Estudos Ambientais 1999 O esquema apresentado no ANEXO Il ajuda a ilustrar como o sistema de canais controlado pela Aracruz Celulose com a capta o e controle inicial da gua do rio Doce ocorrendo na Fazenda Monterrey atrav s de uma comporta stop log sendo enviada para o canal C3 e ou para
121. er feitos os acordos de coopera o conjunta para beneficiar reas de acordo com a necessidade de cada uma delas Atrav s desses acordos seria poss vel executar obras de drenagem irriga o e defesa contra enchentes em coopera o com governos estaduais II governos municipais do Distrito Federal e de Territ rio IIl pessoas naturais ou jur dicas de direito privado A coopera o de que trata esta lei consistir em reconhecimento estudos projetos e or amento a serem realizados pelo D N O S custa de seus pr prios recursos Il contribui o do D N O S em dinheiro de acordo com as seguintes percentagens de or amento aprovado pelo Minist rio da Via o e Obras P blicas para a realiza o de obras a aos governos estaduais municipais do Distrito Federal e dos Territ rios 70 setenta por cento b s pessoas naturais ou pessoas jur dicas de direito privado de 50 Sob esse horizonte foi elaborada a primeira parceria estadual capixaba com o DNOS estabelecida durante o governo de lcio lvares por meio da Secretaria de Agricultura Seag resultando em 1977 no Programa de Aproveitamento dos Vales midos do Esp rito Santo Provales No tocante s justificativas oficiais para a elabora o do Provales segundo o documento oficial que trata do projeto ESP RITO SANTO 19771 consta que a car ncia de reas novas s exig ncias da expans o agr cola tinha feito com
122. es do referido quadro te rico consideradas como aquelas que qualificam diretamente a problem tica da pesquisa proposta Contudo antes de enunci las e desenvolver a reflex o sobre o conte do de cada uma dessas no es considerou se necess rio fornecer ainda que de modo condensado uma vis o panor mica do quadro te rico desde o qual as categorias de an lise s o tribut rias Para Milton Santos uma interpreta o suficiente do objeto da geografia o espa o geogr fico compreendido como conjunto indissoci vel de sistema de objetos e sistemas de a es deve ser conduzida luz dos dados constitutivos do per odo atual marcado de modo indel vel pelo processo de globaliza o podendo ser contemplado articula o de tr s no es gerais quais sejam a unicidade da t cnica a converg ncia dos momentos e a unicidade do motor que em conjunto explicariam o tra o fundamental da globaliza o a saber a interdepend ncia dos eventos SANTOS 2006 2008a A t cnica da informa o tribut ria tanto da cibern tica como da inform tica e da eletr nica permite a comunica o entre as diversas t cnicas existentes criando a unicidade da t cnica que contribui sobremodo para a converg ncia dos momentos vividos quando as a es v o se dar de maneira simult nea de forma a acelerar o processo hist rico O mercado passando a ser tribut rio do tempo da A posi o relativa de cada lugar dada em gra
123. esma poca o aparelhamento t cnico cient fico estadual foi se concretizando com vistas futura moderniza o como pode ser demonstrado atrav s do depoimento do ex governador Christiano Dias Lopes que ocupou o cargo entre 1967 e 1971 o qual listou algumas das realiza es executadas em prol de se refor ar a infraestrutura do Estado nas novas rela es capitalistas Criamos e implantamos um sistema de assessoramento na rea administrativa jur dica e de programa o e planejamento reorganizamos o DER reestruturamos a Pol cia Militar a Procuradoria Geral da Justi a a Geral do Estado e o Departamento de Estat stica Criamos estruturamos e implantamos o DERMAG hoje CERMAG o Departamento de Aerofotogrametria o DETRAN a SUPPIN o CIVIT a Escola de Agronomia de Alegre o DTC a SPC a FESBEM a COFAI a SERCOP hoje PRODEST a EMCATUR a COPESA a CESAN a COMDUSA a COHAB a CODES hoje BANDES a EMFORMA a Meridional de Eletricidade entre outros PERUZZO 1984 p 57 importante mencionar de acordo com Peruzzo 1984 as propostas de descentraliza o industrial constantes no Il Plano Nacional de Desenvolvimento criado pelo governo federal entre 1975 e 1979 enquanto estrat gia para conter os fluxos migrat rios que se direcionavam aos grandes centros atrav s da industrializa o das cidades de porte m dio Alguns desses projetos de moderniza o segundo o autor foram direcionados para a Grande Vit ria
124. esse fato ligado aos fatores econ micos da produ o do arroz pode ter levado o empres rio a se voltar apenas para a pecu ria 3 Ver foto 3 ANEXO III 89 Ta vendo esse monte de eucalipto em volta A Aracruz encheu a parte dela de eucalipto depois de comprar tudo A tudo na sua frente era tudo da fazenda antiga Voc vai ali atr s na rua que corta ali na lateral vai ver o que sobrou da usina de arroz s tem as lajes t cheio de eucalipto em volta A gente produzia arroz agora s eucalipto O arroz era pra comer n vender no supermercado a gente tinha emprego vivia gente disso aqui do arroz do gado vinha um monte de gente trabalhar no arroz Agora s eucalipto a Aracruz vai encher tudo de eucalipto Anda a com seu carro e voc n o acha nem gente s eucalipto Antes era comida pra mesa dos outros e agora eucalipto pra a f brica s pra ela S tem eucalipto aqui s vai ter eucalipto daqui uns anos Complementando as informa es sobre o arroz nas v rzeas do Riacho pode se citar o relato de Dall Orto que afirmou sobre a ocorr ncia de uma grande produ o de arroz ao mesmo tempo em que a fazenda Agril comprava de outros produtores grandes quantidades de arroz que eram beneficiados posteriormente Ent o s nessa regi o a do Riacho s a tinha trinta mil hectares de terras produtivas sendo que al m desses doze mil que n s recuperamos uns quinze mil era s de arroz
125. esso de demarca o da Terra Ind gena Comboios em 1996 afirmam que durante os anos de 1940 as terras ind genas foram consideradas como devolutas pelo Estado e foram ocupadas por projetos econ micos que eram indiferentes ao modo de reprodu o f sica e cultural dos ind genas como consta no Di rio Oficial de 27 de Fevereiro de 1997 Joaquim NERY 1978 discorre sobre crescimento em termos de rea da floresta de eucaliptos em detrimento da diminui o da rea dos ind genas guarani sobretudo os de Caieiras Velha e tupiniquim al m do processo de instala o dos canteiros de obras da Aracruz Celulose o que prejudicava a reprodu o do modo de vida desses povos A revista Esp rito Santo AGORA 1980 traz a reportagem sobre um decreto onde a FUNAI reconhece apenas um cent simo das terras ind genas em rela o rea da sesmaria doada aos ndios pelo ex governador e capit o mor do Esp rito Santo em 1610 Nessa reportagem Ewerton Guimar es ent o advogado da Comiss o de Justi a e Paz da Arquidiocese de Vit ria concluiu que a nica beneficiada no 62 processo a Aracruz Celulose j que a empresa plantou eucalipto sobre grande parte da antiga sesmaria ind gena A revista Agora 1981 traz um artigo onde o presidente do CIMI Conselho Indigenista Mission rio relata que o delegado regional da Funai fomentava um conflito entre as tribos ind genas existentes visando facilitar a expans o das florestas da Arac
126. estionamentos que incitam a pesquisa tais como quais os principais atributos associados g nese dos referidos canais isto fase de projeto e constru o dos mesmos Quais as principais transforma es que o uso dos canais conheceu desde sua g nese at o presente Qual o significado dessas transforma es no que respeita ao conte do t cnico cient fico de uma parcela do territ rio capixaba A fim de encaminhar a problem tica em tela no plano te rico a pesquisa buscar apoio numa perspectiva estabelecida no mbito da pesquisa em geografia qual seja a perspectiva que focaliza a problem tica acerca da rela o entre espa o geogr fico e t cnica Mais especificamente trata se de recorrer contribui o que Milton Santos forneceu assimila o da no o de t cnica enquanto recurso epistemol gico para a an lise e interpreta o do espa o geogr fico Sua contribui o amplamente reconhecida entre os ge grafos traduzindo se por sua vez como matriz de teoria e m todo de diversas contribui es e estudos de caso 16 que se dedicam pesquisa acerca da dota o t cnica do territ rio e seu significado mais amplo para a produ o social A ado o desse quadro de refer ncia te rica estrito embora n o exclusivo reflete a constata o de que ele oferece uma orienta o de m todo convergente perspectiva com a qual se prop e problematizar os canais do DNOS os quais enquanto obra de engenhari
127. fatiza a import ncia do controle da gua e assim dos canais para a empresa Em 1970 quando a Aracruz come ou a estudar a f brica n s avisamos pedimos a quantidade de gua que eles iam precisar falaram em cinco metros c bicos por segundo ent o o DNOS avisou a Aracruz que nem por sonho n o daria essa gua a bacia do Riacho dava meio metro c bico por segundo nas estiagens ent o a gente tinha feito um projeto de irriga o a gente o DNOS ia pegar gua do rio Doce que era na fazenda Maria Bonita e ia sair com um canal grande em dire o lagoa do Aguiar e fazia uma curva e ca a no canal C4 ent o tudo isso que t aqui trinta mil hectares iriam ser irrigados por esse canal aqui Propusemos Aracruz lembre se de que a Aracruz naquela ocasi o cinquenta e um por cento das a es eram do BNDES hoje em dia ela totalmente privatizada Ent o n s propusemos era o governo federal trabalhando com o governo federal para botar gua l era s fazer esse projeto que o DNOS tem aqui Ent o n o gasta o dinheiro todo do DNOS v o propor cinquenta por cento para cada branco e toparam E come amos a esticar o canal Eu j tinha estranhado e falado com o Artur Artur Carlos Gerhardt Santos Artur era o presidente da Arcel naquele tempo e foi meu professor de hidr ulica Artur cinco metros por segundo Artur A mat ria prima de voc s n o era a madeira gua Porque cinco
128. financiamento das culturas no Esp rito Santo por m tamb m contou com um programa espec fico estabelecido entre o governo brasileiro e capital alem o Em 1981 foi institu do o Projeto de Aproveitamento Racional das V rzeas Irrig veis para o Estado do Esp rito Santo o Prov rzeas ES programa exclusivo para o estado capixaba que contou com financiamento do banco de desenvolvimento alem o Kreditanstaut F r Wiederaufbau KFW sendo agenciado intermediado atrav s do Banco Central do Brasil O Esp rito Santo por sua vez contava com v rios agentes financeiros credenciados para o fornecimento desses recursos Constava no documento referente ao Prov rzeas ES que o mesmo era um amplo programa que visava o aumento da oferta de alimentos por meio da incorpora o de v rzeas n o utilizadas ou subexploradas ao processo produtivo empregando tecnologia adequada ao uso racional do solo e da gua por meio da irriga o controlada de forma que o sistema econ mico estadual seria envolvido atrav s de entidades banc rias do com rcio ind strias armaz ns novas estradas e redes de comunica o ESP RITO SANTO 1982 Destaca se aqui a inten o existente no Prov rzeas ES de aumentar a financeiriza o da agricultura estadual sobretudo atrav s da entrada do capital estrangeiro Cabe salientar que os objetivos espec ficos constantes no Prov rzeas capixaba eram Promover por meio de obras de saneamento agr cola dre
129. firma que o crescimento industrial no Esp rito Santo induziu o crescimento de outros setores como o terci rio que metodologicamente sofre influ ncia do setor prim rio e secund rio da economia assim como pelo processo de urbaniza o No espa o urbano segundo o autor verifica se ainda a integra o e o pleno desenvolvimento de diversos setores da economia como a dinamiza o do setor terci rio a qual resulta da expans o dos outros setores e do pr prio processo de urbaniza o integrando se globalidade econ mica sendo suporte para a continuidade dos setores produtores e da aglomera o da popula o no espa o urbano O autor afirma ainda que o n mero de empregos nesse setor foi suficientemente satisfat rio a ponto de atrair e ocupar os novos moradores da Grande Vit ria e tamb m a ponto de alavancar parte do mercado da constru o imobili ria j que a busca por empregos causa uma consider vel transfer ncia de contingente populacional e consequentemente provoca incremento na busca de moradias Essa atra o de trabalhadores para a capital tornou se interessante para a classe empresarial do ramo imobili rio que p de especular com a quantidade de terrenos ainda n o plenamente constru dos e ocupados na Grande Vit ria Por outro lado essa especula o desenfreada impede que os mais pobres possam se estabelecer nas reas tornadas nobres atrav s do planejamento urbano fazendo com que os mesmos passem a ocupa
130. governo federal e de origem externa colocando em negocia o as oportunidades encontradas Em consequ ncia promovem a instala o da Aracruz Celulose da Samarco Minera o da Sider rgica de Tubar o e a intensifica o das atividades da Companhia Vale do Rio Doce que j exportava min rio Segundo Rocha e Morandi 1991 com essa nova din mica capitalista havia a necessidade de se fortalecer a rede urbana de modo facilitar os novos fluxos e assim foram constru dos quase mil novos quil metros de estradas sendo que um quarto delas era asfaltada Esses fatores tamb m atra ram a popula o rural a migrar para a Grande Vit ria em fun o da perspectiva de amplia o da oferta de empregos principalmente os ligados aos grandes projetos Para o autor a partir 1975 o setor industrial no Esp rito Santo sofreu modifica es passando a expans o a ser comandada por capitais externos o que provocou crescente diversifica o da atividade industrial De acordo com o autor o g nero metalurgia que se mantinha estagnado entre 1975 e 1980 passava a aparecer como o terceiro mais importante em valor de produ o em 1980 O in cio da opera o da Companhia Sider rgica de Tubar o em 1983 que apresentava uma capacidade de produ o 15 vezes maior que a Cofavi fez com que produ o metal rgica passasse a superar a produ o estadual de alimentos 15 Companhia de Ferro e A o Vit ria 54 Rocha e Morandi 1991 a
131. has pragas e mol stias e da colheita ESP RITO SANTO s d Caberia a Cofai prioritariamente o fornecimento de adubos pesticidas e toda a esp cie de insumos qu micos necess rios produ o em grande escala de modo a acelerar o processo biol gico das esp cies cultivadas al m do controle de pragas que porventura viessem a se manifestar na produ o Consta ao ter sido indicada a localiza o da rea do projeto proposto pela Cofai que a rea proposta est sendo drenada pelo DNOS e as instala es necess rias para o controle da gua est o sendo executadas como parte deste programa ESP RITO SANTO s d p 6 grifo nosso O projeto elaborado pela Cofai de produ o e beneficiamento do arroz se concretizou ou seja foi implantado na fazenda Agril como ser visto adiante Torna se necess rio ainda contextualizar o papel desempenhado pelo Prov rzeas EsS para demonstrar como se viabilizou financeiramente a produ o do arroz na fazenda Agril e toda a rela o existente entre os canais abertos pelo DNOS e os canais fomentados pelo Prov rzeas ES necess rios irriga o do arroz 83 Desse modo a implanta o da cultura do arroz em todas as v rzeas capixabas passou a contar no in cio dos anos 80 com o apoio financeiro de origem federal do Programa Nacional para Aproveitamento de V rzeas lIrrig veis Prov rzeas Nacional disponibilizava o cr dito atrav s do Banco do Brasil BRASIL 1981 O
132. ho a que come ou a poder trabalhar aqui sen o ningu m conseguia fazer nada Ent o fez se uma s rie de canais aqui o canal C5 C4 C3 C2 e vai embora Isso aqui foi feito com a finalidade de recuperar 30000 ha de di No momento em que Dall Orto explicava como se deram as obras no Riacho o mesmo estava desenhando um croqui esquem tico para representar a rea mostrando ao final como foi aberto um grande dique que hoje a estrada que d acesso ao mar no percurso Riacho Reg ncia Na representa o ora eram apontadas as v rzeas do Riacho no sul do rio Doce e ora eram apontadas as v rzeas da Suruaca ao norte do rio Doce Infelizmente o croqui n o p de ser inserido na pesquisa pois ao final da explica o o rascunho tornou se inintelig vel devido grande sobreposi o de informa es feita por Dall Orto em apenas uma nica lauda ni De acordo com o relat rio de Centro de Estudos Ambientais et al 1999 o canal C3 foi finalizado em 1972 o canal Bananal do Sul em 1984 o canal C5 em 1970 o canal C4 foi finalizado em meados dos anos de 1970 N o foram encontradas as datas relativas conclus o das obras das 70 terra Ent o come ou em 1965 e terminou em 79 na grande inunda o pronto E foi o que acabou com o Brasil n com meio Brasil O projeto do DNOS ANEXO 1 fornece a localiza o que foi sugerida pela Engenharia Gallioli Ltda 1966 1970 para a constru o dos canais nas v rze
133. ica es referentes a estudos arqueol gicos desenvolvidos no litoral norte do Esp rito Santo o Relat rio Final de Reestudo da Identifica o das Terras Ind genas Caieiras Velhas Pau Brasil e Comboios FUNAI 1994 solicitou informa es a respeito dos s tios arqueol gicos existentes no munic pio de Aracruz Segundo o documento o arque logo Celso Perota n o respondeu a nenhuma solicita o do GT Esse acontecimento chama a aten o pois todos os s tios arqueol gicos encontrados nos munic pios do Esp rito Santo onde se realizaram pesquisas de prospec o foram registrados no IPHAN por Celso Perota respons vel por 95 das escava es Assim de acordo com Perota 1980 a mat ria prima dos artefatos encontrados nos s tios hist ricos identificados na plan cie do rio Doce como as facas l minas e lascas cortantes eram limitadas aos elementos minerais encontrados localmente como o quartzo e provenientes tamb m de origem animal constru dos base de ossos As cer micas por sua vez eram todas fabricadas com mat rias primas de origem mineral e os outros artefatos culturais encontrados permitiram que o 43 pesquisador deduzisse que a atividade principal dos grupos era a coleta de alimento al m da pr tica da ca a e da pesca Os s tios hist ricos encontrados sambaquis acabam sendo refer ncias da delimita o territorial dos grupos humanos sobretudo por constitu rem locais importantes sendo inclus
134. ica em torno da problem tica elaborada na presente pesquisa permitem compreender as for as que atuam direcionando o sentido da inser o de um lugar no processo de globaliza o assim como ocorrem as rea es locais contr rias s for as externas um fen meno pass vel de ser identificado por sua vez atrav s de um desdobramento da leitura te rica dos canais do DNOS segundo a articula o proposta na pesquisa partindo da contextualiza o mundial do per odo de inser o do territ rio brasileiro no per odo t cnico cient fico informacional o qual passa a ser equipado segundo as diretrizes hegem nicas verticais sendo o contexto 41 mais geral para se compreender a inser o do Esp rito Santo nessa articula o de moderniza o espacial chegando ao ponto emp rico de an lise da pesquisa as v rzeas do Riacho onde as horizontalidades ir o ocorrer sendo essa interpreta o tratada oportunamente em cap tulo espec fico 3 A PROBLEM TICA EM TORNO DA REA DE ESTUDO AS V RZEAS DO RIACHO E OS CANAIS DO DNOS A rea denominada como v rzeas do Riacho conforme demonstrada na figura 1 est situada nos limites dos munic pios de Aracruz e Linhares e possui cerca de 69 000 hectares de extens o Nessa rea est presente o rio o Riacho principal corpo d gua modificado pelo DNOS Localiza o da rea Plan cie Costeira Rio Doce Sul Fonte IBGE 2009 Datum SAD 69 Area de Estud
135. idas como a complexa teia de rela es que caracterizam a conviv ncia numa mesma rea entre as for as t picas das horizontalidades e aquelas das verticalidades Nessa perspectiva a presente disserta o deixa evidente que diante dos resultados obtidos novas pesquisas devem ser produzidas de forma a aprofundar o entendimento dos outros processos existentes na rela o hist rica do embate do vertical com o horizontal na rea problematizada permitindo assim esclarecer outras rela es existentes no espa o quais sejam relativas fazendeiros que por ventura ainda existam nas v rzeas do Riacho relativas aos habitantes da Vila do Riacho e suas rela es com os canais do DNOS relativas moderniza o do arroz de maneira mais espec fica e pesquisas mais aprofundadas sobre as rela es espaciais desenvolvidas sobre os pescadores da Barra do Riacho 126 6 REFER NCIAS A Funai quer por fim aos ndios Revista Esp rito Santo Agora Vit ria n 57 p 22 23 jun 1981 ALMEIDA Ceciliano Abel de O desbravamento das selvas do rio Doce mem rias Rio de Janeiro J Olympio 1959 ALVES Henrique Cegos surdos e mudos quem vai ousar sair da mesmice e denunciar a polui o das transnacionais nas elei es deste ano 2012 Dispon vel em lt http Anww seculodiario com br exibir not asp id 54802 gt Acesso em 18 mar 2012 ARACRUZ CELULOSE S A Projeto conquista pr mio CNI de ecologia Jornal da Aracruz Aracruz
136. ientais no Esp rito Santo o poder financeiro de um ator hegem nico atuando como controlador indireto do estado 123 5 CONSIDERA ES FINAIS O presente trabalho problematizou o significado dos canais do DNOS enquanto importante obra de engenharia constru da a partir dos anos de 1960 nas v rzeas do Riacho ES como parte do processo de materializa o da constitui o t cnico cient fica da configura o territorial capixaba visando investigar o significado dos canais enquanto express o da assimila o de uma parcela do territ rio capixaba ao processo de moderniza o que ocorria em um contexto mais amplo e complexo de intensifica o da moderniza o nacional Foi poss vel constatar no decorrer do trabalho evolu o do meio geogr fico nas v rzeas do Riacho durante o per odo t cnico cient fico informacional e a maneira pela qual os canais do DNOS foram produzidos com o prop sito de tornar aquela rea pass vel de utiliza o para a produ o agr cola modernizada visando introdu o de culturas alimentares baseadas na alta produtividade voltadas para o abastecimento do mercado interno com vistas a possibilidade de exporta o de parte da produ o Foi poss vel reconhecer que a constru o dos canais do DNOS ocorreu a princ pio sob a a o de um estado que salientava enquanto discurso as limita es do perfil da produ o agr cola capixaba de ent o como um problema face perspectiva de
137. inas Gerais e Rio de Janeiro de onde a produ o escoava atrav s de ferrovias para o Rio de Janeiro a central polarizada por Vit ria onde predominavam as atividades de com rcio e servi os e a norte polarizada por S o Mateus Sobre o assunto relativos s atividades desenvolvidas no s culo XIX no ES e alguns dados estat sticos indicamos a leitura de Campos J nior 2002 Oliveira 1975 e Daemon 1879 47 sobretudo as madeiras que al m de servirem para a constru o de m veis tamb m serviam como combust vel para os barcos principalmente durante o percurso entre Colatina e Reg ncia Toda essa solidariedade voltada para o mesmo fim a produ o e o com rcio importante destacar que segundo a autora citada atravessar a barra do rio Doce e chegar ao Atl ntico era muito trabalhoso para os barcos devido a pouca profundidade local aos bancos de areia presentes na rea e s correntezas que se formavam constituindo se em fatos que fizeram surgir a ideia da primeira grande obra de interven o nas v rzeas do Riacho a abertura de uma liga o entre o rio Comboios e o rio Preto enquanto caminho alternativo atrav s do qual seria poss vel navegar entrando pela foz do rio Riacho e sair no rio Doce e vice versa fato tamb m apontado por Oliveira 1975 Essa obra era um antigo projeto elaborado pelo sargento mor engenheiro Luiz D Alincourt em 1833 a pedido do presidente da prov ncia do Esp rito Santo Manuel Jos
138. ive considerados como sagrados j que continham tamb m os restos mortais dos antepassados desses povos Os objetos encontrados nos s tios hist ricos s o em sua maioria compostos de materiais cer micos e artefatos predominantemente culturais caracter sticos uma fase em que o homem os fabricava sem depender de t cnicas complexas ou de m quinas Segundo Biodin mica 2004 consta atualmente na rea da pesquisa e em seu entorno as aldeias Tupiniquim de Comboios Caieiras Velhas Iraj e Pau Brasil al m das aldeias ind genas Guarani de Boa Esperan a Tr s Palmeiras e Piraqu A u compostas aproximadamente por uma popula o de 5290 pessoas Ressalta se que apenas os Tupiniquim s o origin rios do territ rio capixaba ao contr rio dos Guaranis que vieram do sul do pa s no s culo XX De maneira geral pode se dizer que a popula o ind gena no litoral capixaba existia em grande n mero por m a maior parte foi dizimada ap s a chegada dos europeus sobretudo os botocudos os quais eram vistos como barreiras ocupa o estrangeira no Esp rito Santo e assim grandes mudan as na composi o territorial ocorrem ap s a chegada e o estabelecimento dos europeus no Estado os quais formaram pequenos n cleos de povoamento ao longo da costa capixaba importante salientar que ocorre uma transi o entre o meio natural quando ainda chegaram os estrangeiros no territ rio capixaba s culo XVI e a constitui o
139. iza o por se comunicar com rodovias estaduais e com a rodovia federal BR 101 o que facilitaria o escoamento da produ o al m de contar na poca com a eletrifica o rural que estava sendo implantada Partindo se dessa transforma o o Estado capixaba lan ou alguns projetos baseados em pesquisas que levavam em considera o algumas caracter sticas do solo e a necessidade de se utilizar implementos qu micos para uma alta produtividade al m do controle da gua para as culturas que fossem implementadas atrav s da irriga o mecanizada assunto a ser aprofundado no cap tulo 4 2p O controle da gua atrav s da irriga o era uma das caracter sticas t cnicas do Prov rzeas que contava inclusive com manual t cnico espec fico sobre esse assunto como pode ser conferido em Brasil 1986 60 O DNOS al m de drenar o solo era tamb m respons vel pela abertura de estradas que iriam permitir o fluxo posterior da produ o segundo Mendes 1978 Cabe notar de acordo com o referido autor que o tamanho m dio das propriedades na rea do Riacho estavam em tomo de 119 14 hectares para apenas 456 propriet rios sendo que 50 da rea possu a tamanho m dio de 200 a 1000 hectares Para o autor a an lise minuciosa mostra que a concentra o de propriedades relativamente grande em ambos os vales e mais pronunciadamente no Vale do Riacho onde 10 9 da rea total est o nas m os de 51 do total de pr
140. l fato Dall Orto forneceu os seguintes coment rios O Collor assumiu em 1990 n o foi isso No discurso de posse ele acabou com o DNOS IAA e outros v rios rg os Ningu m entendeu o por qu Ent o o DNOS viveu um ano aquilo que se chama em extin o voc n o acaba hoje voc tem que ter um per odo para reorganizar o que vai fazer com os funcion rios com as coisas estar redistribuindo as atribui es As atribui es do DNOS foram jogadas no lixo Mentiram dizendo que ia para aqui para l foram para lugar nenhum Acabou simplesmente acabou O neg cio dele era extinguir mesmo Ent o ao longo do ano de 1990 foram tomadas essas provid ncias Foi feito o chamado invent rio Tinha um inventariante que era encarregado de extinguir o DNOS No final de 90 pegou fogo l e acabou com tudo O interessante de comentar isso que botaram um camarada l um inventariante um camarada inteligente espetacular esqueci o nome dele Depois de seis meses de inventarian a como se chama n ele reuniu todos os diretores regionais em conversa o que que faz o que n o faz quando ele ficou sabendo o que era o DNOS ele simplesmente fez um relat rio que ele n o podia n o se podia extinguir aquele rg o dado o que ele fazia era um rg o enxuto ele n o via raz o para extinguir o rg o e se recusou ele se recusou sou obrigado mas me recuso A destitu ram ele da coisa e colocaram outro em ordem de
141. logicamente de retorno econ mico seria mais r pido partindo se da hip tese de que a capacidade de acumula o de capital bem maior no sistema empresarial ESP RITO SANTO 1978c p 12 grifo nosso Os principais objetivos do ante projeto podem ser sinteticamente apresentados da seguinte maneira Contribuir para a expans o da produ o agr cola do Esp rito Santo Contribuir para a integra o agro industrial do Esp rito Santo diversificando se assim a base econ mica regional Contribuir para a cria o de novos empregos Contribuir para o aumento de produtividade via melhoria da tecnologia podendo constituir se a regi o num centro de irradia o de inova es Fixar o homem a terra dando lhe condi es satisfat rias de vida como tamb m dando lhe treinamento adequado aumentando sua produtividade com reflexos positivos no mercado de trabalho ESP RITO SANTO 1978c p 20 21 grifo nosso Como forma de evidenciar a guisa de exemplo o modo com o qual o Ante projeto de recupera o dos grandes vales da Suruaca e Riacho conduziu a efetiva o do perfil t cnico cient fico da produ o agr cola nas v rzeas do Riacho destacaremos o caso espec fico por m emblem tico da produ o de arroz que teve uma express o sobremodo saliente em termos de volume de produ o Al m disso o exemplo da produ o do arroz permite dimensionar o papel que ent o os canais do DNOS exerciam enquanto objetos t cni
142. ltura no Esp rito Santo os ndios Tupiniquim e Guarani M bya e a empresa Aracruz Celulose S A Disserta o mestrado CCHN Universidade Federal do Esp rito Santo 2006 MARACCI Marilda Teles A apropria o de territ rios para monocultura de eucalipto impactos socioambientais e conflitos territoriais no Esp rito Santo Brasil In X Encontro de Ge grafos da Am rica Latina 20 a 26 de mar o de 2005 Anais Universidade de S o Paulo Progresso da morte progresso da vida a reterritorializa o conjunta dos Tupinikim e dos Guarani em luta pela retomada de suas terras territ rios Esp rito Santo Brasil 2008 288f Tese Doutorado em Ordenamento Territorial e Ambiental Programa de P s gradua o em Geografia Universidade Federal Fluminense Niter i 2008 288f Apropria o e Ressignifica o da gua pela Racionalidade Econ mica Industrial Vit ria Geografares n 8 p 1 23 2010 MEDEIROS Rog rio O golpe de 64 e suas consequ ncias no Esp rito Santo Vit ria 2004 lt http nww seculodiario com br arquivo 2004 reportagens 135 maciel anosdechumbo01 asp gt Acesso em 19 fev 2012 MENDES Jos Deneval Anteprojeto recupera o dos grandes vales Suruaca e Riacho Vit ria CEPA 1978 34p MENDON A Eneida Maria Souza Trans forma o planejada de territ rios urbanos em Vit ria ES o bairro Camburi Disserta o Mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade de S o Paulo S
143. m fiscaliza o nas guas desta comunidade segundo os pescadores de Barra do Riacho A comunidade pesqueira de Barra do Riacho reivindicou provid ncias junto empresa que disp s uma draga para retirar a areia depositada Explica o Herval Nogueira que a draga retira a areia do canal da foz e a amontoa na praia do lado direito O mar por sua vez retira a areia do barranco esquerda na tentativa de repor o material Em poca de mar alta o mar passa por cima do barranco MARACCI 2008 s n O Estado de acordo com a autora na tentativa de justificar a abertura do canal Caboclo Bernardo afirmava que a capta o de guas do rio Doce atrav s da referida obra de engenharia iria solucionar os problemas de abastecimento de gua da comunidade de barra do Riacho Esse argumento por m foi refutado tendo em vista o seguinte 117 O Servi o Aut nomo de gua e Esgoto de Aracruz SAAE atrav s do Of 201 02 SAAE ARA de 18 06 2002 informou que a capta o de gua de Barra do Riacho feita na lagoa Santa Joana local j sem influ ncia do canal que n o traz benef cio s caracter sticas f sico qu micas da gua captada Segundo Relat rio da AGB ES 2004 o mesmo of cio informa que a canaliza o n o beneficiou o Distrito de Barra do Riacho porque a capta o do abastecimento desse distrito no Rio Riacho est em um ponto jusante anterior ao desvio das guas para os reservat rios de abast
144. mas al m do interesse de grupos empresariais em participar de um mercado de celulose em expans o Cabe lembrar que esse aumento significativo das florestas de eucalipto no Esp rito Santo resultou em um expressivo aumento da demanda de gua pela Aracruz Celulose resultando na apropria o dos canais constitu dos pelo DNOS convertendo um territ rio que era abrigo para muitos em recurso para um grande ator hegem nico a Aracruz Celulose como ser visto no decorrer do texto 96 Dalcomuni 1990 ressalta que a Aracruz Celulose apesar de ter se beneficiado do contexto relativo aos Planos Nacionais de Desenvolvimento PND teve sua implanta o viabilizada apenas como parte de um conjunto de projetos que n o emergem diretamente da estrat gia federal de desenvolvimento j que foram planejados em n vel estadual De acordo com a autora os documentos oficiais demonstram que os projetos aglutinados foram gestados apenas em conson ncia com a estrat gia federal e Nesse sentido a import ncia do papel desempenhado pelo governo estadual deveu se ao seu posicionamento favor vel implanta o desses projetos envolvendo se em gest es junto ao governo federal e institui es internacionais para a concretiza o de tal intento Assim tamb m no plano federal o II PND aben oa tais projetos propiciando lhes o financiamento n o os cria A sua fundamentalidade reside exatamente no fato de numa conjuntura de revers
145. mava banho pulava ali num trampolim e a gua era limpinha Hoje ali tem um esgoto que hoje n o d pra se tomar banho mais A gua t toda polu da Este mangue aqui era bastante povoado de caranguejo aratu Hoje voc vai ali e n o acha nada porque da polui o n a polui o hoje tomou conta de tudo Eut lio um experiente pescador e antigo habitante da Barra do Riacho fala da dificuldade enfrentada para se atravessar a barra do rio Riacho rumo ao mar Esse rio quando n s come amos a pescar ele tava bom a barra n o fechava de repente hoje em dia ela fecha de repente por que n o temos gua no rio n De primeiro a gua corria direto a a barra demorava a fechar n o fechava f cil N s comecemos a pescar em canoas depois passemos pra barco vela pescava garoupa Muita garoupa n s peguemo aqui poss vel perceber diante do quadro de repercuss es esbo ado que a hegemonia exercida pela Aracruz Celulose sobre o controle dos canais por onde regulado o 2 Julio Cezar F Perini atual Presidente da AMBSPPC Associa o de Moradores dos Bairros S o Pedro Pindorama e Chic Chic e morador da barra do Riacho concedeu a entrevista no mesmo dia da entrevista realizada com Sebasti o Buteri em 15 01 2012 E A fala do pescador foi retirada do v deo Rio Riacho produzido em 2011 por alunos da escola Caboclo Bernardo situada na Barra do Riacho O v deo foi produzido pelas alunas Liza Borges Lo
146. me e densa floresta composta por segundo Zunti 1982 perobas cedros jacarand s ip s jequitib s pau brasil parajus guararemas e muitas outras que transformadas em madeira para o com rcio foram utilizadas na constru o de embarca es e resid ncias e tamb m exportadas Europa em grandes quantidades Inicia se assim uma raz o baseada no com rcio de car ter exportador atrav s da aplica o de tecnologias mais complexas na agricultura e na produ o em geral como no caso dos engenhos para o processamento da cana Com o passar dos anos algumas fazendas foram estabelecidas visando o aumento da produ o no intuito de abastecer a capital Vit ria seus arredores e posteriormente os mercados 7 A mandioca e o milho j eram cultivados nas Am ricas antes da chegada dos europeus ao contr rio das outras tr s culturas as quais os cientistas acreditam ser provenientes da sia antes de introduzidas nas Am ricas 45 de Minas Gerais e do Rio de Janeiro com o traslado das mercadorias feitas atrav s do uso de animais e de embarca es A partir de 1572 foram iniciadas expedi es pelo rio Doce na tentativa de obterem se maiores informa es sobre a poss vel exist ncia de metais e pedras preciosas em Minas Gerais o que apenas se consolidou entre fins do s culo XVII e in cio do XVIII Esse fato motivou um alto fluxo de pessoas regi o mineira atrav s da abertura de caminhos e estradas o que levou a
147. modo com o qual a Arcel passa a controlar os canais Diante disso ao ser questionado sobre o aproveitamento dos antigos canais do DNOS pela empresa Dall Orto afirmou o seguinte Eu achei que valeu pena porque a terra ali tava perdida virou rea de gado se bem que eu n o tenho nada contra o gado um boi aqui pastando s o dois empregos l no a ougue fora os que ficaram no frigor fico no transporte etc poss vel perceber que em momento nenhum o entrevistado toca no assunto relativo exist ncia de outros segmentos sociais ao longo dos rios agora transformados em sistema de canais de abastecimento da Aracruz Celulose Dall Orto por fim falou sobre a aquisi o das terras em torno dos canais por parte da empresa de forma que os canais passaram a constar no quadro fundi rio da mesma O ex diretor ressaltou ainda a vantagem de se trabalhar com o eucalipto quando se tem um alto n vel da mecaniza o no processo o que barateia o processo por n o ocupar muita m o de obra Hoje a Aracruz comprou a maioria daquelas terras todas s n o comprou um pedacinho de terra aqui que do Moro que justamente onde faz a me Durante a entrevista Dall Orto n o teceu coment rios sobre os ind genas de Comboios tampouco os pescadores da Barra do Riacho presentes ao longo do sistema de canais sendo diretamente impactados negativamente pelo controle total exercido pela Aracruz Celulose sobre as comportas do
148. nagem e di O KFW foi fundado logo ap s a segunda guerra mundial como parte do Plano Marshall esse criado com o objetivo principal de reconstruir a economia europ ia desestabilizada em fun o da guerra Para maiores esclarecimentos acessar www kfw de lt Acesso em 17 jan 2012 gt De acordo com o projeto o custo total do programa era de 252 595 680 00 de Marcos Alem es equivalentes a 9 332 400 000 00 de Cruzeiros em 1981 Os juros sobre os empr stimos concedidos aos beneficiados eram de apenas 4 5 ao ano com a vantagem da car ncia de 5 anos al m da varia o cambial do cruzeiro em rela o ao marco que era pago pelo governo brasileiro como forma de subs dio ao programa 84 irriga o drenagem o desenvolvimento integrado dos recursos naturais solo e gua e humanos da regi o Sensibilizar t cnicos e produtores para o uso racional das v rzeas irrig veis e do fator de produ o gua dispon vel em abund ncia em muitas regi es Incorporar produ o agropecu ria reas n o aproveit veis economicamente Proporcionar pesquisa e assist ncia t cnica aos produtores orientando os ainda quanto utiliza o racional das m quinas e equipamentos agr colas Incrementar e racionalizar a cultura do arroz no per odo chuvoso e implantar na rota o anual as culturas do feij o milho oler colas e forrageiras Permitir at 3 plantios por ano o que beneficiar a regulariza o da oferta na e
149. nal dos anos 30 e posteriormente transformado em DNOS passando a funcionar em regime de autarquia federal de acordo com a lei 4 089 de 1962 Nessa lei consta que o rg o passa a contar com personalidade jur dica de direito pol tico autonomia financeira e administrativa com sedes instaladas em v rios estados podendo inclusive fazer obras em regime de parceria com os governos estaduais municipais e cabe destacar com pessoas f sicas ou jur dicas tendo ainda o poder de fiscalizar e multar quem n o cumprisse os contratos firmados segundo BRASIL 1940 1962 Essa dire o era seguida segundo a pol tica e A Revolu o de 1930 ou o Movimento de 1930 foi o momento pol tico em que Get lio Vargas assume o Governo Provis rio ap s o fim da Rep blica Velha O Brasil entra em um novo per odo de moderniza o onde s o modificadas as estruturas sociais econ micas e pol ticas atrav s da estrat gia populista conforme afirma Teixeira 1995 Para Carneiro 2003 desse per odo em diante que o pa s passa a ser modernizado com base na planifica o t cnica da a es modificadoras executadas por parte do governo federal Para uma leitura mais ampla sobre o processo do aprofundamento da inser o do Brasil no sistema econ mico mundial recomenda se imprescindivelmente a importante leitura de Oliveira 2003 57 desenvolvimentista assumida pelo Estado nacional durante o per odo p s guerra Atrav s da leitura
150. nde parte em fun o das t cnicas de que portador o respectivo meio de trabalho Dessa maneira a t cnica constitui um elemento de explica o da sociedade e de cada um dos seus lugares geogr ficos evidente que a t cnica por si s n o explica nada O estudo das t cnicas ultrapassa largamente o dado puramente t cnico e exige uma incurs o bem mais profunda na rea das pr prias rela es sociais Para que a geografia possa aspirar ao seu reconhecimento como uma filosofia das t cnicas deve levar em considera o as implica es de fatos como esses aplicando lhes como em qualquer outro esfor o de natureza filos fica um sistema de refer ncias cuja base fundamental a interpreta o global do mundo e por seu interm dio a interpreta o de cada um dos seus aspectos ou partes SANTOS 2008a 3 Se a exposi o de um quadro te rico de grande amplitude extrapola os prop sitos de uma revis o te rica orientada por uma problem tica espec fica como ocorre em trabalhos que constituem estudos de caso uma aprecia o sint tica incorre no risco de fornecer uma vis o parcial do referido quadro na medida em que necessariamente ir privilegiar determinados aspectos em detrimentos de outros que manifestariam menor correspond ncia problem tica de pesquisa espec fica a ser desenvolvida Assim para uma vis o de s ntese da proposi o te rica do referido autor consideramos indispens vel o estudo de SANT
151. nidade coube Cofai R Dos 30 mil hectares de terra produtivas cerca de 12 mil era provenientes dos beneficiamentos do DNOS Desses 30 mil hectares produtivos 15 mil eram de arroz 90 menos 30 do valor que foi gasto pra executar Despejou tudo aqui para dentro Essa cheia de 79 passou a exigir verbas muito maiores para recuperar os canais n o era mais para fazer era recuperar ent o n s paramos com o programa de novos investimentos para salvar o que j existia aqui Eu n o vou abrir um canal novo se eu preciso desobstruir um antigo E a come a um problema no governo federal de existir cada vez menos verba quando mais a gente precisou de mais foi onde veio menos entendeu Ent o at hoje tem lugares que n o foram desobstru dos l se v o quarenta anos nessa brincadeira viu Se verificou o pessoal da Seag verificou que do jeito que o DNOS tava trabalhando j com pouca verba muita gente desistiu de plantar Cari foi um que desistiu de plantar arroz os Coutinho pararam de plantar arroz as pequenas continuaram porque era pouca coisa agora as grandes n o tinha mais jeito tinha que recuperar todos esses canais e a s o anos para come o de conversa s o anos Voc n o faz deixa eu ver s ali no Riacho dos grandes canais eu chamo de grande canal o canal que tem mais de dez metros de largura o resto eu chamo de vala os canais ali s o de trinta ou quarenta metros
152. nios incorporando de forma il cita em seu territ rio reas de ndios de quilombolas de posseiros de pequenos lavradores Conforme c pias de processos de requerimentos de terras devolutas ao estado do Esp rito Santo anexadas CPI da Aracruz Celulose 2002 a o Em mar o de 2002 foi instalada uma comiss o parlamentar de inqu rito cpi na Assembleia Legislativa estadual com a finalidade de investigar as irregularidades ocorridas durante a implanta o 98 empresa valeu se de terceiros testas de ferro empregados da pr pria Empresa no processo de legitima o de terras que eram habitadas por ndios posseiros remanescentes de quilombos Depoimentos prestados CPI apontam como principais testas de ferro da Empresa o major Orlando o coronel Argeu o tenente Mer on e o Sr Benedito Braulino mais conhecido como Sr Pel Nesse per odo as pessoas jur dicas n o podiam requerer nem receber por legitima o terras devolutas e depois as repassavam para a Aracruz Celulose burlando dessa forma a lei Em outros termos as terras eram legitimadas por funcion rios da empresa e depois repassadas para a empresa No correr do mandato do governador Artur Carlos Gerhardt Santos 1972 foi criada a empresa Aracruz Celulose S A Arcel J instalados e determinados a ampliar a rea de plantio do eucalipto os empres rios com o Governo Estadual e as ag ncias de desenvolvimento procederam com todos os
153. norte do estado lembrando que segundo Moraes 1954 o ciclo ferrovi rio do Esp rito Santo ocorreu entre 1886 e 1910 e o ciclo rodovi rio inicia ap s 1924 As maiores transforma es na rea ir o ocorrem ap s a implanta o dos canais do DNOS nas v rzeas do Riacho no intuito de modificar profundamente a condi o pantanosa que prevalecia sobre o solo preparando a rea para a produ o em grande escala Este assunto que ser tratado adiante com a adequada contextualiza o do surgimento do DNOS e o papel desse rg o em parte do cen rio nacional no per odo t cnico cient fico informacional 3 3 ELEMENTOS DA MODERNIZA O DO TERRIT RIO CAPIXABA NO PER ODO T CNICO CIENT FICO INFORMACIONAL A moderniza o territorial do Esp rito Santo ocorre como parte da hist ria do processo de moderniza o nacional intensificada ap s 1945 Foi contudo durante o per odo da ditadura militar para Milton Santos que a ideia de integra o nacional ganhou for a orientando se em fun o do mercado internacional da seguinte maneira O golpe de Estado de 1964 todavia aparece como um marco pois foi o movimento militar que criou as condi es de uma r pida integra o do Pa s a um movimento de internacionaliza o que aparecia como irresist vel em escala mundial A economia se desenvolve seja para atender a um mercado consumidor em c lere expans o seja para responder a uma demanda exterior O pa s se torna gr
154. nte iria ocorrer com a elabora o e execu o implementa o de determinados projetos desenvolvidos atrav s de parcerias entre o DNOS e o governo do Esp rito Santo Dall Orto deixou claro que a partir do momento em que o DNOS capixaba passou a enfrentar problemas financeiros a cria o e efetiva o do Provales foi uma maneira encontrada para que as obras de beneficiamento dos vales continuassem sendo executadas Quando come ou a faltar dinheiro do governo federal o Estado Esp rito Santo come ou a injetar recursos t certo A foi criado o Provales Primeiro antes das parcerias a gente simplesmente fazia ta precisando l em S o Jo o Grande vamos l vamos fazer a drenagem come ou a faltar recursos ent o o Estado criou o Provales fazendo com recurso meio a meio s que esse meio do estado nunca apareceu todo no m ximo 10 20 por cento a gente acabava terminando as obras com recursos do DNOS s que demorava mais n Ent o nessa brincadeira n s recuperamos bem uns quinze mil hectares desses vales Dos vinte mil quinze mil pelo interior a fora muita coisa T certo Esse tipo de parceria era permitido segundo a legisla o que norteava os trabalhos do rg o federal Cabe destacar a exist ncia da lei federal n 819 de 1949 que canaliza o da gua e todo o suporte necess rio para que outros agentes pudessem se beneficiar futuramente 73 definia como poderiam s
155. ntistas nunca um funcion rio nosso foi ao dentista de fora N o s o funcion rio a fam lia do funcion rio era atendida O m dico o fundador da Associa o a Todos os depoimentos do referido engenheiro que ser o citados ao longo da apresenta o foram extra dos da entrevista realizada no dia 30 01 2012 67 dos Funcion rios P blicos do Esp rito Santo Dr Denizard era um m dico do DNOS Ele dava plant o de 4 horas de expediente no DNOS Toda essa complexa organiza o t cnica e humana viabilizava seus trabalhos segundo planos plurianuais nos quais eram estabelecidas as metas a serem alcan adas pelo rg o federal no per odo determinado em cada plano Dall Orto ressaltando o per odo do regime militar afirmou que os trabalhos se davam da seguinte forma na poca em que o mesmo era diretor o pessoal fala muito de ditadura militar nunca se trabalhou t o bem e tanto nesse pa s quanto na ditadura militar n o tenha d vidas disso trabalhou se olha de 1965 at o final do governo Geisel trabalhou se nesse pa s de uma maneira t o certa como eu nunca vi na minha vida Voc quer ver como que funcionava o DNOS isto a maioria dos rg os uma coisa que n o se escutou mais ningu m falar existia um neg cio chamado plano plurianual para todos os rg os o governo federal tinha um plano Ent o voc tinha no plano decenal ao longo de 10 anos o que voc pretendia fazer is
156. ntressafra contribuindo para a estabiliza o dos pre os ao longo do ano e para o aumento da renda l quida do agricultor Minorar mediante o plantio de forrageiras anuais na entressafra o problema de alimenta o do gado no per odo seco do ano Gerar excedentes export veis sobretudo de produtos b sicos usados na alimenta o Fixar o homem ao campo por meio do aumento da renda pelo uso intensivo da sua v rzea Oferecer bases para a instala o de agroind strias pela oferta concentrada de mat rias primas Incentivar a cria o de cooperativas de usu rios da gua de produ o e de comercializa o Dinamizar o com rcio exportador pelo aumento da produ o e eleva o dos ndices de produtividade gerando excedentes export veis ESP RITO SANTO 1982 p 84 85 grifo nosso Pode se afirmar com base no documento acima que a incorpora o das reas ao processo produtivo segundo os crit rios do Prov rzeas ES exigia uma assist ncia t cnica especializada em fun o do n vel tecnol gico preconizado no programa Eram as equipes de assist ncia t cnica que iriam assistir ao produtor rural durante o processo desde o encaminhamento de produtores selecionados aos rg os financeiros at a elabora o do plano de explora o agr cola com assist ncia t cnica dirigida visando o uso racional das reas beneficiadas desde o preparo do solo at a comercializa o O cr dito rural apresentava se como im
157. o Informes Adicionais Bras lia 1981 BRASIL Servi o Nacional de Forma o Profissional Minist rio da Agricultura Programa Nacional para Aproveitamento das V rzeas lrrig veis Manual do irrigante Bras lia 1986 790p CAMPOS J NIOR Carlos Teixeira de A constru o da cidade formas de produ o imobili ria em Vit ria Vit ria Ed Floricultura 2002 in casa edificada Vit ria Editora Rona 1998 CARNEIRO Paulo Roberto Ferreira Dos p ntanos escassez uso da gua e conflito na baixada dos Goytacazes S o Paulo Annablume Rio de Janeiro Coppe UFRJ 2008 CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS Solu o do problema cr nico da ocorr ncia de secas c clicas na regi o projeto de aumento da disponibilidade h drica nas V rzeas do Riacho nos munic pios de Aracruz e Linhares Declara o de Impacto Ambiental Aracruz 1999 CEPEMAR Relat rio de impacto ambiental Fiberline C Aracruz Celulose S A Relat rio T cnico 1999 COELHO Andr Luiz Nascentes A evolu o e a din mica fluviomarinha recente na plan cie costeira do rio Doce identificando e discutindo as principais 129 transforma es In Anais do XI Simp sio Brasileiro de Geografia F sica Aplicada 05 a 09 de setembro de 2005 USP COMPANHIA DE FOMENTO AGROINDUSTRIAL Projeto t cnico e econ mico de viabilidade de desenvolvimento da agroind stria para exporta o arroz Vit ria COFAI FMC Brastec 197
158. o EE Punie sur Elabora o Wanderson dos S Rebello Laborat rio de Cartografia Geogr fica e Geotecnologia UFES Data 07 2010 20 Km Figura 1 Localiza o da rea de estudo A Segundo Daemon 1879 em descri o feita no s culo XIX o rio Riacho originava se na lagoa de Aguiar sendo os seus afluentes o Santa Joana Pav o ou Pav nio Jemuuna Cachoeirinha Quilombola Brejo Grande Araraquara Comboios e pequenos c rregos 42 Na busca de mostrar afinidade entre o recorte tem tico e espacial estabelecido anteriormente neste cap tulo ser caracterizada a rea de estudo com o prop sito de contextualizar atrav s da historicidade geogr fica o processo que levou implanta o dos canais do DNOS enquanto importante obra de infraestrutura que precedeu a elabora o de v rios projetos voltados para a rea 3 1 AS V RZEAS DO RIACHO ENQUANTO MEIO NATURAL O PER ODO PR CABRALINO A hist ria do meio natural nas v rzeas do Riacho enquanto reflexo apenas pontual do fen meno maior da composi o do meio natural no territ rio capixaba por sua vez pode ser caracterizada com base nos estudos do Prof Celso Perota antigo pesquisador da Universidade Federal do Esp rito Santo A quantidade de publica es sobre os s tios arqueol gicos capixabas escassa e a maior parte dos s tios identificados coube ao citado pesquisador de acordo com Biodin mica 2004 p 15 Diante da escassez de publ
159. o Hildebrando Ara jo de G es que comandava a Comiss o desde 1933 as pretens es da Comiss o de Saneamento superam em muito a tarefa de realizar obras de saneamento na Baixada Fluminense Na verdade n o obstante serem essas suas fun es prec puas institu a se naquele momento um rg o com ampla capacidade de influir na economia regional realizando um extenso plano de obras voltados para o interesse da agroind stria Em grande medida essas novas atribui es foram consequ ncia do esfor o de G es para que a comiss o assumisse um programa maior de servi os que aqueles determinados anteriormente quando da sua cria o CARNEIRO 2008 p 38 58 Segundo o supracitado autor o saneamento das reas insalubres acabou sendo tomado como discurso para quem conseguisse se utilizar posteriormente dos servi os do rg o conseguindo assim obter usos para fins de valoriza o fundi ria A suposta qualifica o de uma rea como insalubre se dava em fun o da presen a natural da gua no solo fator que dificultava a ocupa o do mesmo seja pela possibilidade de se tornarem foco de doen as que encontravam nessas reas um ambiente favor vel reprodu o de seus transmissores como tifo mal ria e febre amarela muito comum nos s culos XVIII e XIX ou pela impossibilidade de se expandir as atividades agropecu rias ou outro tipo de ocupa o sobre o terreno Nesse contexto Netto apud CARNEIRO 2003 p 43
160. o sendo os direcionadores das a es internas das reas escolhidas para a atua o do capital principalmente atrav s das macroempresas as quais acabam direcionando os pap is reguladores do espa o Nesse sentido os espa os de fluxo apresentam uma solidariedade organizacional justamente por terem suas rela es de agrega o e coopera o entre os agentes resultantes de fatores externos s reas de atua o dos mesmos 39 Os interesses dos macroatores estranhos ao local de atua o acabam prevalecendo sobre os interesses p blicos locais de modo que a constru o do espa o acaba sendo direcionada pelos interesses privados os quais passam a atuar como for a pol tica que direcionam a a o do Estado Esse por sua vez atua de maneira expl cita ou disfar ada em prol dos interesses hegem nicos cedendo assim o papel de regulador para as grandes corpora es As for as externas que visam determinar e dominar o espa o s o de acordo com Santos 2000 for as centr fugas portadoras do pensamento hegem nico que busca a unifica o a homogeneiza o espacial e a imposi o de um tempo universal ditado pelas macroempresas no fluxo vertical As verticalidades em suas a es enxergam o territ rio como um locus de a o produtiva pragm tica em fun o da instala o dos equipamentos instalados caracterizando o territ rio dessa forma apenas como recurso sendo indiferentes ao que acontece no entorno d
161. o Industrial COMDUSA Companhia de Melhoramentos e Desenvolvimento Urbano DNOS Departamento Nacional de Obras de Saneamento EMATER Empresa de Assist ncia T cnica do Estado do Esp rito Santo EMCAPA Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecu ria EMCATUR Empresa Capixaba de Turismo ITC Instituto de Terras e Cartografia LISTA DE MAPAS Mapa 1 Canais do DNOS em Aracruz e Linhares Mapa 2 Canais dos DNOS Prov rzeas ES i 12 SUM RIO T INTRODU O e E r a ia ini 14 2 T CNICA E ESPA O GEOGR FICO A BASE TE RICO METODOL GICA 19 214 O CONTE DO T CNICO DO ESPA O GEOGR FICO ENFOQUE DIACRONICO sas es Ei saia ara a a 21 2 2 CONFIGURA O TERRITORIAL E MODERNIZA O eeren 32 2 3 SISTEMAS DE ENGENHARIA E RENOVA O T CNICO CIENT FICA DA CONFIGURA O TERRITORIAL ceeteeeeeeeeerereeereeeeeeeeeeeeeeeerereereners 35 2 4 VERTICALIDADES E HORIZONTALIDADES 38 3 A PROBLEM TICA EM TORNO DA REA DE ESTUDO AS V RZEAS DO RIACHO E OS CANAIS DO DNOS rrenan 41 3 1 AS V RZEAS DO RIACHO ENQUANTO MEIO NATURAL O PER ODO PR CABRALINO ss qeas ana al duos S der SR PAR da ARE a su DE at 42 3 2 ATRIBUTOS DA G NESE DAS V RZEAS DO RIACHO ENQUANTO MEIO TECNICO sau dem A o E Ut AUD O dO AA 44 3 3 ELEMENTOS DA MODERNIZA O DO TERRIT RIO CAPIXABA NO PER ODO T CNICO CIENT FICO INFORMACIONAL eetaees 4
162. o Rio Doce vai garantir o abastecimento para as comunidades de Vila do Riacho e Barra do Riacho que t m uma popula o de aproximadamente 12 mil habitantes al m de viabilizar o p lo petroqu mico que ser instalado numa rea de 5 milh es de metros quadrados em Vila do Riacho A capta o de gua do rio Doce lembrou o prefeito possibilitar o restabelecimento da vaz o do Rio Comboios resolvendo o problema dos pescadores cerca de 150 que n o podem sair com os barcos quando o volume de gua reduzido A Boca da Barra explicou o prefeito quase toda assoreada n o permite a movimenta o dos barcos quando a vaz o baixa A Aracruz Celulose conforme informou seu diretor de Opera es Walter L dio Nunes tem interesse em participar desse projeto Hoje a empresa tem o suprimento de gua garantido por barragens mas a adu o representa para a Aracruz tranquilidade para os per odos de seca e tamb m o pe A not cia intitulada Governo quer drenar Rio Doce at Aracruz Estado e Prefeitura de Aracruz buscam parceiros para o projeto gua ser canalizada at Vila do Riacho num trajeto de 50 quil metros foi veiculada no jornal A Gazeta de 08 04 1998 Para Herval entrevistado no dia 16 01 2012 essa mat ria foi escrita de forma que o leitor pensasse que os maiores beneficiados seriam a Barra do Riacho a Vila do Riacho e a aldeia de Comboios amenizando os interesses de quem seria a maior beneficiada a Aracruz
163. o de moderniza o capixaba e a materializa o de projetos e objetos t cnicos no Esp rito Santo Nesse sentido ser indispens vel num segundo momento conduzir a an lise sobre o contexto no qual se deu especificamente a constru o dos canais do DNOS porquanto constitui um elemento central para a pesquisa na medida em que se trata de um conte do indispens vel para caracterizar a g nese dos referidos canais 2 Quais as principais transforma es que o uso dos canais do DNOS conheceu ao longo do tempo A princ pio destacam se 2 elementos que podem ser elencados no sentido em que se permitem orientar a an lise sobre as transforma es que o uso dos canais do DNOS e por extens o seu significado conheceu desde sua cria o at o presente a A elabora o e a implementa o de projetos agr rios nas v rzeas do Riacho a reboque da constru o dos canais tribut rios de estudos t cnico cient ficos 64 promovidos pelo Estado onde a irriga o a aduba o e todo um aparato de controle baseado na racionalidade t cnica tentou promover o aumento da produtividade agr cola na rea resultante de um discurso de recupera o local b O impacto da constru o da Aracruz Celulose e a expans o das suas unidades fabris com sua necessidade de se captar gua em um volume progressivo para o abastecimento da produ o culminando com a capta o direta das guas do rio Doce atrav s dos canais o que cons
164. o e a organiza o da estrutura produtiva do Brasil afirmando que foi criado um aparelho institucional para controlar o territ rio atrav s da articula o e do controle dos mercados De acordo com Ribeiro apud Santos 2006 p 172 a psicoesfera 32 consolida a base social da t cnica e a adequa o comportamental intera o moderna entre tecnologia e valores sociais e por isso mesmo que a psicosfera apoia acompanha e por vezes antecede a expans o do meio t cnico cient fico A exposi o feita sobre o meio t cnico cientifico informacional permitir compreender como o processo de moderniza o territorial se manifestou sobre o territ rio brasileiro e de maneira n o menos importante como o Esp rito Santo foi inserido ao processo sobretudo visando o modelo industrial exportador submetido ao capital estrangeiro Permitir tamb m compreender como se manifestou o dom nio sobre a natureza concretizado atrav s da racionaliza o cient fica a qual se evidenciava por meio dos estudos voltados para a produ o e para a adi o de artificialidades no territ rio seja atrav s de obras de infraestrutura seja atrav s de insumo qu micos do fornecimento de cr ditos e outros atributos do meio t cnico cient fico informacional As caracter sticas acima expostas por fim permitir o entender como as v rzeas do Riacho s o inseridas ao processo de moderniza o enquanto rea a ser promovida para
165. o eletricista na manuten o el trica de alguma m quina a t cnica que o agricultor emprega ao trabalhar com alguma cultura agr cola espec fica J a no o mais abrangente da t cnica em um cunho mais geral permite alinhar todas as t cnicas espec ficas no tempo permitindo a contextualiza o das mesmas em rela o moderniza o no sentido explicitado atrav s da teoria exposta por Milton Santos enquanto introdu o de inova es 23 As caracter sticas da sociedade e do espa o geogr fico em um dado momento de sua evolu o est o em rela o com um determinado estado das t cnicas Desse modo o conhecimento dos sistemas t cnicos sucessivos essencial para o entendimento das diversas formas hist ricas de estrutura o funcionamento e articula o dos territ rios desde os albores da hist ria at a poca atual Cada per odo portador de um sentido partilhado pelo espa o e pela sociedade representativo da forma como a hist ria realiza as promessas da t cnica A rela o entre t cnica e produ o do espa o foi objeto de reflex o do autor sob uma perspectiva diacr nica sendo a evolu o hist rica do meio geogr fico sistematizada em fun o do conte do t cnico do meio geogr fico em modelos gerais quais sejam o meio natural o meio t cnico e o meio t cnico cient fico tamb m chamado de t cnico cient fico informacional Essa reflex o sugere se relevante para a pesquisa proposta no
166. o mesmo As horizontalidades por sua vez s o extens es cont nuas formadas pelas zonas de contiguidades assim consistindo em um espa o banal onde se d toda a viv ncia espacial nesse espa o que vai existir a solidariedade org nica um conjunto de produ es localizadas e dependentes entre si na rea de um territ rio comum condicionadas pela disponibilidade de recursos do meio geogr fico local A presen a do Estado no espa o limitada em fun o dos interesse oriundos das verticalidades e suas macroempresas e at mesmo do pr prio Estado que busca favorecer um bom desempenho dos macroagentes produtivos Esse favorecimento causa uma amplia o da a o das verticalidades que assim permitem um aprofundamento das horizontalidades expressas atrav s da busca de uma maior integra o entre as empresas presentes no espa o banal mesmo que o n vel de t cnica presente nas mesmas seja variado A solidariedade resultante possui um cunho econ mico social cultural e geogr fico conforme Santos 2000 buscando sempre a manuten o da exist ncia No espa o banal v o surgir for as centr petas dominantes que garantem a sobreviv ncia espacial sendo regidas pela contra racionalidade surgida no interior 40 do pr prio territ rio de forma a garantir a personalidade do mesmo apesar da racionalidade hegem nica das verticalidades que atuam em diferentes pontos do territ rio As contra racionalidades admitem ain
167. o of cio 004 12 ao prefeito do munic pio de Aracruz Ademar Devens onde solicitada a despolui o e recupera o do Rio Riacho que se encontra assoreado e quase morto criando bancos de areia em seu percurso trazendo perigo para os tr fegos de barcos e preju zos para os pescadores e artesanais Em o Festa dos pescadores artesanais da Barra do Riacho realizada em 30 09 2011 na Barra do Riacho Aracruz 120 outras pocas os pescadores e moradores tinham este rio como fonte complementar de alimentos e lazer para sua fam lia Todo rio desova de peixes nobres como robalo de camar es siris marisco e uma fonte inesgot vel de nutrientes que s o alimentos para os filhotes de peixes do mar e etc Julio Cezar F Perini ao lembrar se do passado relativo realiza o de eventos esportivos envolvendo o rio Riacho e fazendo um contraste com a situa o presente agravada pelas guas provenientes do rio Doce atrav s do canal Caboclo Bernardo afirma que o pessoal atravessava o rio tinha tri tlon em 1988 eu lembro em 1988 tinha tri tlon aqui hoje morreu um rapaz afogado na lama O barco dele virou tinha uma crian a que ele tirou mas a cabe a dele ficou agarrada na lama e ele morreu afogado na lama Carlinhos pescador nascido e criado na Barra do Riacho falando do rio Riacho lembra da poca em que ainda era poss vel tomar banho nele Antigamente esse rio era um rio que a gente to
168. o por conceder benef cios fiscais aos empres rios do ramo florestal fazendo com que as florestas artificiais aumentassem significativamente entre 1967 e 1968 Pode ser evidenciado com a cria o dessa lei a a o de um Estado que passa a beneficiar os futuros atores hegem nicos ou os macroatores Assim ressalta se que a cria o da referida lei foi influenciada pela empresa capixaba Ecotec S A de propriedade de Jorge Kfouri e Ant nio Dias Leite Jr este ltimo destaca se veio a se tornar posteriormente ministro das Minas e Energia A Ecotec em 1966 foi respons vel pelos estudos que determinaram a localiza o da Aracruz Celulose no munic pio de Aracruz Nota se o papel de um empres rio o qual determinou a localiza o de um futuro macroator no munic pio de Aracruz Os benef cios fiscais concedidos ao reflorestamento atrav s da legisla o de acordo com Dalcomuni 1990 p 106 suscitaram um grande n mero de den ncias que colocavam em suspei o os n veis de racionalidade t cnica e de moralidade envolvidos nos projetos beneficiados No entanto o reflorestamento no Brasil apresentou um crescimento not vel principalmente a partir dos anos 70 em fun o das redefini es na ind stria mundial de celulose de a es do governo no sentido de atrair para o pa s os capitais abundantes na economia mundial e de fomentar as atividades exportadoras atrav s de benef cios fiscais e tribut rios concedidos s mes
169. o quando fui na regi o e pediram pra fazer aqui em Santa Maria de Jetib mandei uma m quina l pra fazer um servicinho a no dia em que eu fui l inspecionar os agricultores doutor um valezinho que tem ali e voc podia fazer Quando eu olhei mandei o maquinista fazer uns 50 100 metros rapaz cada ca ambada que dava a gua baixava dois dedos o camarada aumentava a horta dele a eu falei vai embora continua Isso dava prazer de fazer O camarada querendo produzir mas sem ter como Com base na experi ncia positiva relativa drenagem de pequenos vales no in cio dos anos 60 o DNOS a partir de 1965 iniciou a constru o de canais nas v rzeas litor neas do Riacho e da Suruaca no intuito de permitir a utiliza o das terras para a produ o agropecu ria Segundo Robertson Schultz 1973 entre 1965 e 1970 ou seja depois de decorridos aproximadamente 5 anos da constru o dos primeiros canais o governador Cristiano Dias Lopes Filho reconheceu que o sucesso das interven es nas v rzeas do Riacho e Suruaca iriam requerer melhorias de forma planejada e integrada para que a produ o fosse otimizada A partir do momento em que a Ag ncia Canadense de Desenvolvimento Internacional se comprometeu no ano de 1973 a financiar estudos de pr viabilidade que justificassem os investimentos em estudos mais aprofundandos que pudessem mostrar todo RU Canadian International Development Agency CIDA
170. o ser materialmente encontrados sob a forma de oleodutos gasodutos canais autopistas aeroportos teleportos Tais sistemas podem ainda ser definidos como uma superposi o irregular de peda os de fam lias de t cnicas SANTOS 2006 SILVEIRA 1999 poss vel observar ainda que para a exist ncia dos sistemas de engenharia fundamental a exist ncia de uma solidariedade entre os objetos t cnicos Os portos lugar de solidariedade entre navios rotas de navega o e zonas produtivas as ferrovias as primeiras estradas de rodagem e usinas de eletricidade permitiram a constitui o dos primeiros sistemas de engenharia no territ rio brasileiro No Rio de Janeiro as novas infraestruturas portu rias nascem em solidariedade com as primeiras estradas de ferro como a Pedro Il SANTOS 2010 p 33 No entanto cabe lembrar que a no o de solidariedade para Santos 2006 p 109 aquela encontrada em Durkheim e n o tem conota o moral chamando a aten o para a realiza o compuls ria de tarefas comuns mesmo que o projeto n o seja comum Esse acontecer solid rio malgrado todas as formas de diferen a entre pessoas entre lugares se apresenta sob tr s formas no territ rio atual um acontecer hom logo um acontecer complementar e um acontecer hier rquico Numa regi o agr cola esse acontecer solid rio hom logo Mas numa mesma cidade dominada por uma mesma produ o industrial poss vel i
171. obre a sociedade local alguns questionamentos foram elaborados a fim de dar continuidade pesquisa de forma a contribuir para o desdobramento do pr ximo cap tulo que trata da problem tica central da pesquisa buscando aferir qual foi o papel dos canais do DNOS na constitui o t cnico cient fica de parte da configura o territorial capixaba atrav s da materializa o de objetos t cnicos surgidos a partir da referida obra Para tanto no sentido de se atingir o que foi exposto ser feito um esfor o de se articular a 63 problem tica apresentada no corpo da pesquisa ao referencial te rico adotado Desse modo nos cap tulos subsequentes buscar se responder as seguintes interrogantes quais sejam 1 Quais os principais atributos associados g nese da a o do DNOS nas v rzeas do Riacho e especificamente fase de projeto e constru o dos canais de drenagem A resposta a este questionamento visa num primeiro momento caracterizar quais projetos e objetos t cnicos se materializaram nas v rzeas do Riacho e no seu entorno enquanto tribut rios diretos da a o do DNOS elemento promotor de moderniza o que no plano te rico remete em parte reflex o desenvolvida no cap tulo 2 onde foi exposto o significado dos sistemas de engenharia enquanto elementos de moderniza o do territ rio e tamb m ao cap tulo 3 onde ressaltado ainda que panoramicamente como ocorre o process
172. om o qual a apropria o dos canais do DNOS torna se uma necessidade de fundamental import ncia para a atividade produtiva da Aracruz Celulose A Aracruz Celulose a empresa que lidera o mercado mundial de celulose branqueada sendo constitu da predominantemente por capital privado tendo se instalado no munic pio de Aracruz distrito da Barra do Riacho no final dos anos 60 A hist ria dessa empresa inicia se em 1967 a partir da funda o da Aracruz Florestal a qual fez os primeiros estudos e experimentos relativos adapta o e produtividade do eucalipto nas terras capixabas prosseguindo com a constitui o da Aracruz Celulose S A em 1972 passando por uma fase de planejamento desenvolvimento e implanta o da empresa que culminou em setembro de 1978 na partida inicial da sua primeira unidade de opera o denominada como F brica A CEPEMAR 1999 se Atualmente a empresa chama se Fibria ap s a fus o da Aracruz Celulose com a Votorantim Celulose e Papel ocorrida em 01 09 2009 vindo se tornar a l der mundial do mercado de celulose branqueada Maiores detalhes podem ser vistos em lt www fibria com br gt A A composi o acion ria da Aracruz Celulose era assim dividida no seu in cio 25 90 pertencente ao BNDE 25 90 da Companhia Souza Cruz de Ind e Com FIBASE com 14 72 Grupo Billerud com 6 07 Grupo Lorentzen com 5 08 Vera Cruz Agroflorestal S A com 3 37 Grupo Moreira Salles com 2 63 e 16 94
173. opriet rios MENDES 1978 p 12 Ap s a extin o do DNOS em 1990 os canais abertos deixaram de ser controlados pelo rg o ficando os mesmos em estado de abandono j que a citada medida mencionava que apenas os bens im veis os bens m veis os materiais e equipamentos passariam ao dom nio da Uni o n o sendo citado o que deveria ser feito com os canais que j se encontravam em funcionamento Assim com a extin o do DNOS o poder p blico n o assumiu a administra o dos canais tampouco a manuten o dos mesmos o que permitiu que os mesmos pudessem ser utilizados para outros fins apropriados sob dom nio da iniciativa privada fato semelhante aos exemplos do caso da Baixada Fluminense citados em Carneiro 2003 por m no caso capixaba o uso dos canais foram direcionados predominantemente para o abastecimento de gua da Aracruz Celulose A Aracruz Celulose atualmente conhecida como Fibria a maior produtora mundial de polpa de celulose branqueada O processo de implanta o da empresa ocorreu paralelamente aos trabalhos de constru o dos canais do DNOS quando ainda ela teve iniciado seus trabalhos no Esp rito Santo atrav s da Aracruz Florestal Arflo em 1967 que fez os primeiros plantios de eucalipto no munic pio de Aracruz Em 1972 ocorreu a implanta o da planta industrial da Aracruz Celulose Arcel da qual a Arflo se tornou subsidi ria Em 1978 foi inaugurada a f brica A da Arcel seg
174. ovias para escoar as produ es SANTOS 2010 p 34 O conte do t cnico cient fico do espa o de acordo com Santos 2008 vai permitir de maneira significativa a produ o de um mesmo produto em quantidades maiores mas em reas cada vez menos extensas e em tempos menores rompendo assim os antigos equil brios e impondo novos de acordo com a quantidade e qualidade das popula es capitais empregados formas de organiza o e outros fatores Esse aumento da produtividade em fun o dos sistemas de engenharia apresenta se como caracter stica constante no meio rural sobretudo nas reas produtivas especializadas A adi o de objetos similares no espa o geogr fico ir corresponder unicidade t cnica em n vel mundial o que permite a fragmenta o do processo produtivo em fun o da presen a repetitiva de conjuntos t cnicos Para Elias 2003 p 39 ocorre Uma verdadeira unicidade t cnica visto que todos os lugares do planeta passam a conter os mesmo conjuntos t cnicos embora em diferentes n veis de complexidade o que possibilita a fragmenta o do processo produtivo escala internacional j que certos objetos geogr ficos est o presentes em todas as partes do mundo aeroportos estradas de rodagem portos silos centros de pesquisa centrais de telecomunica es bancos etc 38 A autora ressalta ainda que Sem a unicidade t cnica propiciada pela organiza o funcional e estrutural dos
175. ovo l da Barra do Riacho onde est a grande parte dos pescadores mas n o vimos nenhuma gota dessa gua ainda Por qu Eles ficaram de fazer outro canal de tr s quil metros ligando o rio Comboios e o curso da for a desse canal ia permitir levar gua at a boca da Barra Conclus o Aracruz t l gigantesca reserva cheia e os pescadores t m dificuldades de apanhar seu alimento e ainda por cima ela ficou colocando m quina l para extrair areia para enganar o povo pois at hoje estamos com esse problema e o dinheiro era do povo E a vem a not cia de que ela ganhou um pr mio que foi reconhecida como projeto socioambiental Parece brincadeira tudo com o dinheiro do povo FEDERA O DOS RG OS DE ASSIST NCIA SOCIAL E EDUCACIONAL 2000 p 49 Corroborando com a fala de Herval o discurso feito em torno da abertura do canal Caboclo Bernardo foi constru do na promessa de que a gua beneficiaria grandemente o rio Comboios e as comunidades da Vila do Riacho e da Barra do Riacho Pode se perceber que o texto foi escrito de forma a induzir o leitor a uma interpreta o de que a Aracruz Celulose n o seria a maior interessada na abertura do canal A proposta que o presidente da Aderes considera uma solu o saud vel para resolver o abastecimento de gua no munic pio de Aracruz al m de representar a solu o para a problemas sociais da popula o O prefeito de Aracruz destaca que a capta o de gua d
176. popula o da Vila do Riacho irrigou cerca de 20 mil hectares de propriedades rurais revitalizou o Rio Comboios garantiu a viabilidade do p lo industrial de Aracruz e o bom desenvolvimento de outros empreendimentos que est o ali instalados entre as quais o porto de Barra do Riacho e a pr pria Aracruz Como ser visto adiante a abertura do canal Caboclo Bernado que aproveitou os antigos canais do DNOS n o trouxe grandes benef cios para os segmentos da sociedade citados pelo prefeito de Aracruz pelo contr rio o projeto foi altamente ben fico para a Aracruz Celulose por m promoveu a reboque uma s rie de conflitos em torno do uso e do controle da gua notadamente prejudiciais popula o local Nessa perspectiva o rio Comboios um importante afluente do rio Riacho p de ser problematizado por Flor ncio 2010 Maracci 2008 Rebello 2002 2006 2009 no tocante aos impactos do sistema de controle de gua montado sobre os canais do extinto DNOS provenientes do rio Doce atrav s do canal Caboclo Bernardo controlado pela Aracruz Celulose transformando o territ rio em recurso De fato o canal Caboclo Bernardo causou uma s rie de impactos negativos sobretudo no tocante ao n vel m dio das guas que variam conforme a necessidade de consumo de gua da Aracruz Celulose assim como a qualidade da gua com rela o aos aspectos de cor contamina o da gua Esses impactos t m prejudicado significativamente a repro
177. portante ferramenta ao Prov rzeas ES e dessa forma no tocante disponibiliza o de cr dito ao produtor 75 2 destinavam se ao custeio agr cola e apenas 6 3 para a aquisi o de m quinas Os 18 5 restantes destinam se a investimentos em obras 85 de saneamento agr cola conserva o do solo e gua drenagem e drenagemirriga o sistematiza o O custo das obras da drenagem e sistematiza o representava 11 8 do total do projeto e 14 4 das despesas realizadas pelo produtor Tais despesas poderiam ser financiadas atrav s do Sistema Nacional de Cr dito Rural e estavam enquadradas nas opera es de cr ditos para investimento disciplinadas pelo Manual de Cr dito Rural segundo o supracitado documento Um detalhe importante do projeto a ser ressaltado diz respeito ao custeio da atividade agropecu ria pois as despesas destinadas aquisi o de insumos sementes fertilizantes e defensivos e m o de obra eram respons veis por 80 dos custos para os produtores e 66 do custo total do projeto ESP RITO SANTO 1982 Tal como as despesas de aquisi o de m quinas drenagem e sistematiza o as de custeio eram financiadas pelas ag ncias banc rias sendo que 80 das despesas de custeio eram financiadas e 20 supridos com recursos do produtor O projeto anunciava que al m dos reflexos econ micos gerados pela produ o de alimentos b sicos nas reas recuperadas o mesmo seria de indiscut vel alcance social j
178. pr vio conhecimento das condi es meteorol gicas em que cada fra o do trabalho e cada fra o de capital ser o utilizadas SANTOS 2006 p 162 Um fen meno importante a ser citado voltado para a consolida o do meio t cnico cientifico informacional a ocorr ncia do que Santos 2008c chama de tecnoesfera e psicoesfera que juntas visam estimular uma mentalidade voltada para o consumo da produ o conforme o seguinte trecho Ao mesmo tempo em que se instala uma tecnosfera dependente da ci ncia e da tecnologia cria se paralelamente e com as mesma bases uma psicosfera A tecnosfera se adapta aos mandamentos da produ o e do interc mbio e desse modo frequentemente traduz interesses distantes desde por m que se instala substituindo o meio natural ou o meio t cnico que a precedeu constitui um dado local aderindo ao lugar como uma pr tese A psicosfera reino das ideias cren as paix es e lugar da produ o de um sentido tamb m faz parte desse meio ambiente desse entorno da vida fornecendo regras racionalidade ou estimulando o imagin rio Ambas tecnosfera e psicosfera s o locais mas constituem o produto de uma sociedade bem mais ampla que o lugar Sua inspira o e suas leis t m dimens es mais amplas e mais complexas SANTOS 2006 p 172 No tocante psicoesfera destaca se a contribui o de Ana Clara Torres Ribeiro que identificou a rela o existente entre os processos de comunica
179. pta o de gua do rio Riacho para promover a produ o da cultura do arroz irrigado 66 e sob o regime estadual do governador Jones dos Santos Neves 1943 1952 Conforme o relato do engenheiro civil Elmo Luiz Campo Dall Orto ex diretor do DNOS capixaba o rg o foi instalado no Esp rito Santo em 1944 com o nome de 7 D F O S ou seja 7 Distrito Federal de Obras de Saneamento e que mais tarde passou a se chamar 5 D R S 5 Diretoria Regional de Saneamento Era um rg o vinculado ao Minist rio do Interior na poca em que o Brasil tinha s 12 minist rios que funcionavam e hoje tem 38 que n o funcionam Rato Acerca da infraestrutura t cnica do DNOS no Esp rito Santo seu ex diretor oferece uma percep o entusi stica quanto sua magnitude o que por seu turno nos permite inferir a complexidade e densidade da organiza o t cnica do referido rg o O departamento tinha 450 m quinas no pa s Era o maior parque de m quinas do Brasil inteiro drag lines o maior parque de m quinas do mundo S eu aqui no Esp rito Santo tinha 38 N s t nhamos um galp o enorme aqui onde o INCRA hoje N s fizemos aquilo ali em 1964 aquele galp o Foi feito de 62 a 64 foi inaugurado em 1964 Interessante o DNOS come ou comprando m quinas mas ele cresceu muito uma coisa do governo de Jo o Goulart Trocou um navio carregado de caf por 150 m quinas alem s Eu n o sei quantas toneladas d
180. qualidade da gua consumida pela popula o do munic pio de Aracruz No seguinte trecho pode perceber se que a inten o maior de que o projeto fosse executado ou seja o crescimento econ mico baseado no setor industrial A Prefeitura de Aracruz sem d vida tem motivos suficientes para se orgulhar de alguns projetos que desenvolveu durante esses ltimos quatro anos de Administra o Um deles o projeto de capta o de gua do Rio Doce realizado em parceria com a Aracruz Celulose A prefeitura de Linhares tamb m participou do projeto A capta o do Rio Doce solucionou o problema de falta de gua nas 112 comunidades de Vila do Riacho e Barra do Riacho aumentando as reas irrig veis para a agricultura Na opini o da Administra o o projeto possibilitou ao munic pio de Aracruz retomar a capacidade de desenvolvimento econ mico sobretudo para a sua grande potencialidade que o setor industrial grifo nosso No jornal ainda veiculado que o projeto trouxe resultados altamente significativos para a irriga o das v rzeas do Riacho para o rio Comboios e sobretudo para a Vila do Riacho Os resultados desse trabalho s o altamente significativos Para se ter uma id ia dessa import ncia em apenas um ano a irriga o das v rzeas da regi o e as mudan as na paisagem e benef cios para a comunidade s o evidentes Ao captar a gua do Rio Doce o canal melhorou a qualidade da gua consumida pela
181. que o Esp rito Santo atrav s do secret rio de agricultura solicitasse estudos referentes ao aproveitamento dos vales midos estaduais e buscando parceria com o DNOS estudou se o conjunto de vales midos capixabas Previu se ent o numa primeira Governador do Esp rito Santo entre 1975 e 1978 do Arecupera o dos vales midos capixabas eram veiculadas nos jornais de grande circula o conforme pode ser constatado no ANEXO VI aa Dall Orto ressaltou que o DNOS possu a um crit rio que levava em conta a exist ncia de uma dimens o m nima para que ocorresse o beneficiamento de vales alagados N o foi informado por m qual seria essa medida mas ficou bem claro que se o vale fosse muito pequeno o investimento na abertura de canais n o se justificaria financeiramente j que o retorno atrav s da capta o de impostos gerados na produ o agr ria n o seria compensador 74 etapa a abertura de 250km de canais distribu dos entre 16 pequenos vales estudados A incorpora o desses vales equivaleria a uma rea de 6 826 hectares de terras a serem adicionadas ao processo produtivo agr rio de onde se estimava uma gera o de renda superior a 40 milh es de cruzeiros atrav s da explora o econ mica do milho feij o arroz batata tomate alho cebola e bovinos O custo total do projeto de engenharia relativo s obras de drenagem segundo o documento supracitado estava em torno de 71 milh es de cruzeiros Um in
182. r os morros e as reas perif ricas de Vit ria Aproveitando se da crescente artificializa o urbano industrial do territ rio capixaba onde o contingente populacional estava aumentando e demandando quantidades crescentes de alimentos o Estado atrav s dos seus agentes pol ticos e financeiros passou a fazer levantamentos sobre a agricultura no intuito de promov la aumentando a efici ncia produtiva tanto para uma produ o voltada para o mercado interno quanto para a possibilidade de exporta o beneficiando os grandes propriet rios de terra assim como os grandes empres rios do setor agr rio Para tal 19 Em Mendon a 1995 poss vel entender como alguns locais de Vit ria foram planejados de modo que fossem valorizados a ponto de ser considerados bairros nobres como no caso de Camburi em detrimentos de reas com ocupa es mais antigas como o bairro Goiabeiras que se tornou desvalorizado em rela o ao primeiro A continuidade de eventos desse tipo foi interessante para corretores de im veis e imobili rias da capital 55 promo o ainda nos anos 70 foi criada a Comiss o Estadual de Planejamento Agr cola e atrav s dos rg os e empresas criados no governo de Cristiano Dias Lopes v rios estudos e projetos foram elaborados e dentre os levantamentos agr colas podem ser citados Costa 1980 1981a 1981b Esp rito Santo s d 1976a 1976b 1976c 1976d 1976e 1976f 1977a 1977b 1977c 1977d 1977e
183. rabalho A vis o mais espec fica como a das t cnicas de produ o poderia levar a no es parciais como a de espa o agr cola e espa o industrial e apenas a no o total e mais abrangente do fen meno t cnico que permite alcan ar a no o mais ampla de espa o geogr fico defendida por Milton Santos Na perspectiva exposta a t cnica revela se recurso anal tico fundamental para a compreens o das formas espaciais pois O recurso t cnica deve permitir identificar e classificar os elementos que constroem tais situa es Esses elementos s o dados hist ricos e toda t cnica inclui hist ria Na realidade toda t cnica hist ria embutida Atrav s dos objetos a t cnica hist ria no momento da sua cria o e no de sua instala o e revela o encontro em cada lugar das condi es hist ricas econ micas socioculturais pol ticas geogr ficas que permitiram a chegada desses objetos e presidiram sua opera o A t cnica tempo congelado e revela uma hist ria SANTOS 2006 p 29 Desse modo atrav s do recurso no o de t cnica enquanto conte do primordial da produ o do espa o seria poss vel entender o significado dos objetos t cnico geogr ficos em suas articula es com os territ rios pois conforme indicado por Santos 2006 p 111 Como t cnica espec fica pode se entender como exemplo a t cnica que o mec nico emprega na fabrica o de pe as a t cnica d
184. ras de drenagens existentes constru das pelo DNOS e abandonadas para exercerem a fun o dupla de drenagem e adu o aberta de gua Compartilhar responsabilidade entre o poder p blico comunidade e iniciativa privada para encaminhar o projeto buscar financiamento e executar obras tendentes a alcan ar o objetivo fixado qual seja ampliar a disponibilidade de gua nos sistemas h dricos do munic pio de Aracruz Desenvolver projetos que n o se restrinjam a solu es t cnicas de engenharia mas que viabilizem e tratem das quest es ambientais e sociais associadas com esses projetos adotando os princ pios do desenvolvimento sustent vel mesmo quando tratar de a es de emerg ncia Otimizar as solu es para beneficiar o maior n mero poss vel de usu rios garantindo o acesso p blico aos mananciais e priorizando o uso do da gua para o abastecimento p blico Consolidar solu es de emerg ncia na linha de se implantar sistemas definitivos de solu o do problema em termos de preparar o munic pio para atravessar secas prolongadas sem impor sofrimentos sociais e econ micos que se experimenta no momento presente Atender sempre que poss vel s demandas das atividades do campo de modo a contribuir para fixar o homem no campo reduzindo o xodo rural Manter a produ o industrial e garantir o suprimento da demanda para atendimento das ind strias existentes e com pretens es a se instalarem no munic pio CENTRO DE
185. reendimento para plantio e processamento de arroz em grande escala a ser implantada na plan cie inundada do rio Doce O produto poder ser vendido nos mercados interno e internacional O arroz beneficiado destina se a ser vendido a granel e em pacotes para o consumidor ESP RITO SANTO s d grifo nosso 82 nosso Consta no documento elaborado pela Cofai que para efetiva o do projeto seria necess rio um investimento de CR 58 357 150 00 Havia segundo o documento a previs o do crescimento na demanda de arroz com base nas proje es brasileiras de consumo que indicavam um crescimento per capita entre 38kg e 55kg at o ano de 1980 Essas taxas de consumo per capita resultariam ent o em um consumo total de 6 744 mil a 5 290 mil toneladas o que significaria que a produ o teria que aumentar de 40 a 80 entre 1972 e 1980 para atender a demanda dom stica Previa ainda que a produ o deveria atingir 100 das necessidades de mat ria prima da unidade de processamento projetada no trabalho com rendimento da produ o em 3 5 toneladas por hectare de arroz utilizando uma alta mecaniza o do processo de acordo com as ltimas inova es tecnol gicas da poca destinando se a satisfazer as necessidades pr ticas do plantio e colheita dos 40 ha dia previstos seguindo as orienta es para a produ o de arroz baseadas no preparo da terra no plantio na aduba o no controle da irriga o no controle das ervas danin
186. rena Silva e Joselha Santos para a disciplina de qu mica conforme informou Liza Borges se A fala do pescador foi retirada do v deo Mas e o peixe produzido em 2011 dirigido por Itamar Cossi e Paulo Nascimento professores da escola Caboclo Bernardo 121 fluxo de gua conforme a necessidade da produ o da empresa criou uma s rie de efeitos negativos sobre os v rios segmentos que comp em a sociedade no entorno n o gerando rea o significativa por parte do poder p blico Diante do quadro apresentado e retomando se algumas ideias dos prop sitos dos canais na primeira fase antes da extin o do DNOS n tida a brutal transforma o acerca do significado dos referidos canais Num primeiro momento a justificativa esposada para a constru o dos canais era a princ pio a recupera o e promo o ou valoriza o de reas rurais para a agricultura de alimentos com vistas ao desenvolvimento local sendo tamb m evocado o sentido social da obra levando se em conta a oferta de trabalho que seria gerada nas culturas que fossem introduzidas nas reas beneficiadas sobretudo em fun o da proposta de uma volumosa produ o agr cola para o abastecimento do mercado da Grande Vit ria o que supostamente beneficiaria os produtores locais que se inserissem no processo Contudo a apropria o privada dos canais do DNOS pela Aracruz Celulose a partir de 1999 foi um prop sito radicalmente distinto que se imp s ao uso dos
187. reparar o munic pio para atravessar secas prolongadas sem impor sofrimentos sociais e econ micos que se experimenta no momento presente Atender sempre que poss vel s demandas das atividades do campo de modo a contribuir para fixar o homem no campo reduzindo o xodo rural Manter a produ o industrial e garantir o suprimento da demanda para atendimento das ind strias existentes e com pretens es a se instalarem no munic pio CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS 1999 p 6 7 grifo nosso Conta ainda no referido projeto que a escassez de gua para atendimento das atividades urbanas rurais e industriais um paradoxo se comparada com a elevada disponibilidade h drica encontrada no rio Doce o que evidenciaria que o problema da provis o da gua ao sul e a jusante de Linhares seria mais dependente de solu es de transporte e melhor distribui o dessa disponibilidade concentrada do que um problema natural Dessa forma o projeto de capta o de guas estaria em certa medida resgatando a antiga pol tica federal de drenagem das v rzeas do rio Riacho executada pelo DNOS promovendo a limpeza recupera o e manuten o dos canais o que na vis o do autor caracterizar se ia como um empreendimento governamental para a solu o de um problema de d ficit h drico de toda uma regi o levando a beneficiar a popula o das localidades de Barra do Riacho e Vila do Riacho CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS 1999 com a disponibiliza o
188. ruz Celulose sobre as terras ind genas A tem tica dos impactos da implanta o da Aracruz Celulose sobre as comunidades ind genas quilombolas e de pescadores no campo cient fico bastante recorrente sendo amplamente estudada onde podem ser evocados dentre os existentes os trabalhos de Barcellos 2008 Barcellos e outros 2010 Coelho 2005 Loureiro 2006 Ferreira 2002 Fase 2002 2006 2007 AGB 2004 Dalcomuni 1990 Maracci 2005 2008 2010 Gomes 2002 Vilarinho 2005 Dentre esses trabalhos observa se que o campo de a o impactante da Aracruz Celulose n o se limita ao munic pio de Aracruz avan ando ao norte do Esp rito Santo chegando ao sul da Bahia onde v rios casos podem ser vistos Sabe se atualmente que os canais abandonados pelo antigo DNOS foram apropriados de maneira predominante pela Aracruz Celulose desde o final dos anos 90 para o abastecimento da sua linha de produ o Cabe ent o analisar a rela o existente entre a referida empresa e a redefini o do significado do uso dos canais a partir da apropria o privada pela empresa ponto de reflex o que ser conduzido no desenvolvimento do cap tulo 4 Diante da problem tica exposta anteriormente que envolve a constru o dos canais por parte do DNOS nas v rzeas do Riacho sobretudo durante o per odo de moderniza o t cnico cient fica do Esp rito Santo e de todos os impactos decorrentes dos conflitos de ordem geogr fica s
189. s 2011 afirmam que nos ltimos dec nios do s culo XX por conta da onda de moderniza o mundial baseada em inova es t cnico cient ficas a ci ncia cooptada pelo sistema produtivo e o Estado ent o convocado a oferecer maior investimento ao setor industrial produ o agropecu ria acentuando o papel de base nos servi os modernos para intensificar os fluxos de capital mercadorias e pessoas 56 fim de converter as caracter sticas originais do ambiente f sico uma rea composta de alagados e sob influ ncia dos transbordamentos do rio Doce 3 4 1 O DNOS como Vetor de Moderniza o uma aprecia o sint tica A hist ria nacional do DNOS segundo Carneiro 2003 iniciada partir do Movimento de 193018 quando a g nese da moderniza o do territ rio brasileiro representa uma ruptura com o antigo padr o de acumula o capitalista vigente atrav s da implanta o de uma nova base industrial voltada sobretudo para os bens de produ o fator que direcionou a base econ mica nacional para o padr o urbano industrial Nesse nterim foi constitu da a Comiss o de Saneamento da Baixada Fluminense visando o saneamento e aproveitamento da Baixada Fluminense em favor da ocupa o da rea da instala o de cooperativas e ind strias Analisando se o Decreto Lei 2 367 de 1940 poss vel constatar que a Comiss o de Saneamento foi transformada em Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense no fi
190. s o considerados como importante fonte de informa es sobre o assunto na medida em que n o poss vel a consulta aos antigos documentos produzidos pelo pr prio DNOS Na sequ ncia ser o considerados respectivamente o papel de quatro programas governamentais que de modo mais ou menos direto tiveram repercuss es quanto ao sentido do uso dos canais do DNOS nas v rzeas do Riacho 4 1 PERFIL DA G NESE E MAGNITUDE UMA GRANDE OBRA DE ENGENHARIA LEGITIMADA SOB O DISCURSO DO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO No sentido de qualificar a g nese dos canais do DNOS caberia antes de tudo qualificar o contexto da instala o do DNOS no Esp rito Santo Esse rg o foi instalado no Esp rito Santo sob o regime presidencial de Get lio Vargas 1930 1945 e de suma import ncia ressaltar nesse sentido a posi o que o Governo do Presidente Fernando Collor de Mello teve para com o DNOS e sua repercuss o para a mem ria do rg o constru da em cinquenta anos de exist ncia Durante a entrevista com Elmo Dall Orto o mesmo afirmou que partiu de Bras lia uma ordem para que os documentos fossem recolhidos e guardados em um galp o do DNOS na rodovia Dutra em S o Paulo o qual misteriosamente 1 ano depois pegou fogo destruindo a mem ria da maioria das se es regionais Nas palavras do engenheiro Os documentos pegaram fogo eu digo pegaram fogo e n o pegou fogo Algu m de prop sito queimou toda a mem ria do rg o A
191. s aos pequenos agricultores locais Essa trag dia no entanto traduziu se em uma grande oportunidade para que os fazendeiros mais ricos pudessem adquirir dos pequenos propriet rios as terras devastadas a pre os baix ssimos POSI O 1979 que se tornaram reas de pastagens com decorrer dos anos e que atualmente configuram como as grandes reas de pecu ria de algumas fam lias ditas tradicionais do Esp rito Santo como os Dur o que tiveram seu passado hist rico ligado vida pol tica de Linhares Essa enchente fez com que o Minist rio do Interior realizasse estudos de preven o e controle das enchentes que resultaram em um relat rio que mostravam as principais a es a serem tomadas pelos governantes editado em 1982 As enchentes tomaram grande parte dos notici rios locais tanto na m dia televisiva quanto na escrita podendo ser ressaltado a edi o especial do jornal Posi o de 23 de fevereiro de 1979 onde a reportagem S o povo salva o povo de conte do cr tico sobre a trag dia descreve parte das transforma es ocorridas nas propriedades locais Sobre o relat rio das enchentes do rio Doce ver Brasil 1982 Po A Engenharia Gallioli era uma firma de origem italiana que empreitava grande parte das obras do DNOS no Brasil A citada firma possu a o escrit rio matriz sediado em Mil o e contava com uma filial no Rio de Janeiro Os dados relativos aos valores gastos na constru o das obras dos canais do DNOS n
192. s jornais capixabas ANEXO V RR Dentre as empresas que trabalhavam em conson ncia com a secretaria de agricultura eram a Cermag Cofai DAF Emespe Emcapa Emater ES DTC Cases Ceasa ES Sobre o significado das siglas e o papel cabido a cada empresa ver a p gina 10 dessa pesquisa 76 qualifica o da pequena propriedade como sendo considerada um entrave s mudan as tecnol gicas t o apregoadas naquele tempo em fun o da aspira o de aumento da efici ncia produtiva como pode ser visto no que segue Predominam em todo o territ rio estadual pequenas e m dias propriedades agr colas em todos os munic pios mencionados existe a predomin ncia de propriedades at 50 hectares Esta caracter stica fundi ria tem sido apontada como uma das limita es s mudan as tecnol gicas caracterizando a presen a no Estado de elevado n mero de produtores de baixa renda ESP RITO SANTO 1977f p 16 A impress o passada por Dall Orto sobre a experi ncia vivida durante a parceria que resultou no Provales foi positiva sendo assim descrita O Provales nasceu aqui no Esp rito Santo e depois foi para Minas Gerais com o nome de Prov rzeas O Provales foi criado aqui no Esp rito Santo entre o DNOS e a Secretaria de Agricultura justamente para recuperar estes pequenos vales interioranos Ent o voc tem a um monte de pequenos vales altamente produtivos Olha tem essa coisa que d prazer de fazer eu me lembr
193. scimento urbano e pelas atividades industriais O impactante processo de instala o e amplia o do Grupo Aracruz produziu e continua produzindo graves consequ ncias econ micas sociais culturais e ambientais em especial no que refere concentra o fundi ria destrui o da biodiversidade e dos modos de vida tradicionais s rela es de trabalho e prec ria urbaniza o de povoados e cidades no norte capixaba A maior parte da rea ocupada era coberta pela Mata Atl ntica As comunidades viviam num modo de vida em que biodiversidade e cultura formavam um todo complexo A apropria o das guas pela Aracruz Celulose de acordo com a autora Atingiu diretamente comunidades ind genas comunidades de pescadores de quilombolas camponeses e outras popula es locais que t m pelas terras pelas guas pelas matas e respectivos seres fundamentalmente uma rela o de base da reprodu o da vida da cultura e da hist ria De forma a retratar as rea es que emergiram no plano das rela es sociais t picas da horizontalidade no que diz respeito aos impactos resultantes da apropria o das guas do rio Riacho pela Aracruz Celulose sobre a comunidade da Barra do Riacho em fun o da abertura do canal caboclo Bernardo poss vel citar o trabalho de Maracci 2008 onde se encontra o depoimento de Herval Nogueira que afirma que a comunidade da Barra do Riacho n o obteve benef cios com a constru o do
194. sentido em que fornece subs dios importantes tanto para contemplar a historicidade territorial presente nas v rzeas do Riacho quanto sobretudo por tornar poss vel assimilar a constru o dos canais do DNOS como parte do processo de moderniza o t cnico cient fica do territ rio capixaba A primeira configura o geogr fica existente para Milton Santos foi o meio natural onde o trabalho humano n o era suficiente para dominar as for as da natureza pois A precariedade ou a pobreza das t cnicas dispon veis constitu a o corpo do homem como o principal agente de transforma o tanto na produ o como no enfrentamento das dist ncias e ainda aqui a natureza triunfa e o homem se adapta Era um per odo de acomoda o e morosidade na rela o com o meio SANTOS 2010 p 29 Para o autor o n vel de aplica o da t cnica nos prim rdios da humanidade estava limitado ao ponto de se tirar da natureza apenas o que fosse necess rio para garantir a sobreviv ncia do homem e desse modo a intera o humana com o meio poderia variar segundo a adapta o dos grupos existentes no planeta Assim n o se imprimiam grandes transforma es na natureza em termos de artificialidades de maneira que a natureza acabava condicionando fortemente o ritmo do trabalho humano e as possibilidades de cria o acabavam limitadas pelos ritmos naturais tendo como resultado o modo de produ o subsistente como caracter stica marcante
195. sistema 108 liga o do rio Doce s tem o Moro que n o vendeu a terra para eles o resto a Aracruz foi comprando e aonde tinha boi e arroz antigamente tem eucalipto hoje em dia eucalipto agricultura n N o deixa de ser Olha e eu vou te contar hein e bastante rent vel Pelo que eu to sabendo o eucalipto t rendendo mais que o caf rendia viu Voc n o tem muita m o de obra uma lavoura mecanizada n Ap s demonstrar brevemente o complexo hist rico da implanta o da Aracruz Celulose e a forma com que a mesma se apropriou dos antigos canais do DNOS torna se necess rio aprofundar a reflex o sobre o significado dessa apropria o dos canais do DNOS nas v rzeas do Riacho e seus desdobramentos trazendo tona os efeitos gerados pela implanta o do canal Caboclo Bernardo problematizando o contraste entre o prop sito original dos canais do DNOS e o destino que o sistema de engenharia conheceu No que segue ser o abordados alguns conflitos decorrentes da apropria o dos canais por uma grande empresa a Aracruz Celulose em detrimento dos pequenos atores locais existentes Dada a amplitude existente em torno da tem tica ambiental e social envolvendo a Aracruz Celulose e seus impactos cabe citar a realiza o atrav s de diversas entidades que comp em a Rede Alerta contra o Deserto Verde do semin rio Os danos socioambientais da monocultura do eucalipto no Esp rito Santo e Bahia ocorrido na
196. so isso isso dentro desse plano decenal voc dava nfase a um plano quinquenal ent o era mais detalhado dentro desse plano quinquenal voc tinha um plano trienal que a era rigoroso e dentro desse trienal voc tinha um plano anual Voc n o podia alterar nada a menos que houvesse uma calamidade p blica voc tinha que terminar a menos que acontecesse a calamidade por isso as coisas funcionavam Ent o voc tinha v rias obras estupidamente detalhadas ao m nimo Hoje em dia rapaz eu tomei um susto eu n o sei mais como que se trabalha neste pa s As obras eram projetadas demorava se 1 ano ou 2 fazendo um projeto mas eram no m nimo detalhe as obras eram or adas em n vel de centavo or adas or amento pronto A voc botava em concorr ncia um neg cio chamado pre o teto n o pode passar daqui t or ado em 1 292 633 20 teto Pre o m nimo n o pode ficar abaixo disso mais que 20 porque voc sabe que n o vai fazer A gente tinha tanta certeza do or amento que o pessoal trabalhava numa faixa de 20 Se ele desse 30 a 40 por cento abaixo do or amento ele era desclassificado porque n o vai poder fazer p ningu m faz milagre E isso funcionava ent o voc tinha certeza que voc ia fazer aquela obra por aquele dinheiro Esse relato ratifica o Decreto 2 367 de 1940 no qual se destaca que caberia ao DNOS preparar e submeter aprova o do Ministro da Via o e Obras
197. so produtivo da Aracruz Celulose atual Fibria macroator que contou com grande apoio do Estado para a apropria o dos canais do DNOS atrav s da implanta o do canal Caboclo Bernardo controlado pela empresa Esse canal da mesma maneira foi objeto de discurso por parte dos governantes 125 capixabas os quais afirmavam que a constru o do mesmo iria beneficiar a sociedade local cabendo destacar que se tratava da reprodu o do mesmo elemento de discurso poca da constru o dos canais por parte do DNOS a saber a atra o do homem ao campo que foi reiteradamente utilizado como parte das justificativas para a realiza o das obras do canal Caboclo Bernardo componente do sistema mais amplo de canais que drena parte das guas do rio Doce para abastecer a produ o de celulose destinada sobretudo ao mercado internacional Constata se assim a for a da Aracruz Celulose como ator hegem nico sendo o seu processo produtivo voltado para exporta o o grande beneficiado do uso dos canais em detrimento dos interesses da maior parte da popula o local notadamente a popula o Tupiniquim de Comboios e os pescadores da barra do Riacho Ressalta se nesse sentido o poder que a empresa exerce no tocante ao controle do fluxo de gua nos canais das v rzeas do Riacho a fim de abastecer seus reservat rios quando necess rio Os conflitos da derivados por fim deixa evidente as contradi es presentes no espa o entend
198. ssam a ser t cnicos e informacionais ao mesmo tempo resultantes da informa o agora difundida com base nos modelos de consumo provenientes dos pa ses hegem nicos A cientificiza o e a tecniciza o da paisagem geogr fica acaba se tornando fen meno decorrente da informa o que al m de estar presente nos objetos quem comp em o espa o apresenta se nas a es que ocorrem entre os mesmos devido ao emprego em larga escala da ci ncia e dos estudos cient ficos nos componentes que ir o compor o territ rio visando facilitar a circula o dos novos fluxos provenientes da divis o internacional do trabalho Em fun o do emprego da t cnica da ci ncia e da informa o que se unem em fun o do mercado em grandes propor es passa a ocorrer uma extrema p Produto Nacional Bruto 29 especializa o das reas produtivas cada vez mais voltadas para o aumento do lucro A produ o agr cola por sua vez passa a ocorrer em reas cada vez menores conforme indica Santos 2008c p 45 Cabe igualmente lembrar que nesta fase amplia se a rea da produ o enquanto a arena da produ o se reduz Isto a produ o considerada em todas as suas inst ncias d se em reas maiores do territ rio ao passo que o processo produtivo direto completa se em reas cada vez menores Produ es como a do alho dos marmelos do mam o da cebola para falar apenas de algumas que antes se davam em quantidades m nimas
199. sse problema emergente diversas outras atividades agr colas receberam maiores aten es por parte dos rg o governamentais com o objetivo de reduzir o problema de desemprego da popula o rural remanescente e melhorar o n vel de renda altamente prejudicado com o programa de erradica o do caf As modifica es da estrutura econ mica estadual em fun o das altas invers es financeiras levadas a efeito nos ltimos anos t m estimulado a gt a M o de obra por hectare ou seja dado relativo ocupa o de um certo n mero de trabalhadores por hectare 75 expans o da ind stria de constru o civil Pesquisa realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Esp rito Santo IDEIES constatou existir naquele setor em 1976 somente na regi o da grande vit ria um d ficit de 6 234 trabalhadores O vulto dos investimentos previstos no Estado e o n mero de empregos diretos a serem criados requerem das autoridades governamentais um esfor o de previs o e antecipa o das pol ticas que contribuam harmoniza o das atividades dos tr s setores da economia atrav s de um programa arrojado de apoio ao desenvolvimento econ mico e social Proje es de economia estadual mostram que a agricultura ter que crescer a uma taxa de 6 3 a a Para garantir a harmoniza o do desenvolvimento econ mico global do Estado do Esp rito Santo ESP RITO SANTO 19771 p 06 grifo nosso Dados relativos s qu
200. stado do Esp rito Santo e do sul da Bahia Todos ocorreram sem nenhum debate s rio com a sociedade civil organizada exploraram a aus ncia de informa o e se apoiaram em muitos casos no uso da viol ncia S A citada autora em seu trabalho lista v rios projetos de grande porte planejados pelo estado dentre eles a instala o da Companhia Sider rgica de Tubar o usinas de pelotiza o da Vale do Rio Doce usina de pelotiza o da Samarco Para maiores esclarecimentos ver Dalcomuni 1990 p 175 180 97 De acordo com este estudo a presen a dos chefes de Estado na inaugura o das f bricas que comp em a empresa representam simbolicamente o poder do Estado autorit rio que tecia seu discurso em torno da promessa da gera o de empregos e melhora da qualidade de vida mas que ao final os resultados apresentados n o foram os prometidos A presen a de Ernesto Geisel na inaugura o da primeira f brica na d cada de 70 e de Fernando Collor em sua amplia o nos anos 90 s o fatos simb licos Os dois presidentes representam o autoritarismo e o descaso com o dinheiro p blico que marca a hist ria de nosso pa s E essas elites tamb m t m um discurso autorit rio A destrui o da organiza o territorial anterior justificada pelo discurso oficial de que o que existia antes nessas regi es era arcaico e atrasado e que estavam construindo um grande p lo de desenvolvimento Prometiam a integra o com o merca
201. terc mbio no lar Os tempos sociais tendem a se superpor e contrapor aos tempos naturais SANTOS 2010 p 158 Para Santos 2006 anteriormente instala o de um objeto t cnico no meio h sempre uma intencionalidade voltada para o aumento da efici ncia do sistema mercantilista permitindo ao capital adquirir novas formas para se reproduzir Exemplificando um caso de intencionalidade na instala o do objeto t cnico o autor cita a difus o da rede el trica na Costa do Marfim para ilustrar como o objeto t cnico tende a for ar a solidariedade entre os indiv duos e a transforma o do meio geogr fico 26 A pretexto de analisar as redes sociot cnicas criadas a partir da introdu o de objetos t cnicos no caso a eletricidade em meio subdesenvolvido M Akhrich 1987 oferece nos tamb m uma chave para entender a partir do fen meno t cnico a produ o e a transforma o de um meio geogr fico assim como por outro lado as condi es de organiza o social e geogr fica necess rias introdu o de uma nova t cnica Ela estava trabalhando sobre a difus o da rede el trica na Costa do Marfim e avaliando o seu peso na produ o de uma solidariedade for ada entre os indiv duos Segundo essa autora p 52 o objeto t cnico define ao mesmo tempo os atores e um espa o SANTOS 2006 p 23 grifo nosso De acordo com o autor a raz o do com rcio o que vai determinar a adi o de objetos t cnicos ao territ
202. teressante dado a ser destacado a an lise do custo benef cio do projeto que se estimava favor vel pois no terceiro ano de execu o a rela o econ mica seria CR 1 31 de benef cio ou retorno para cada CR 1 00 de custo O projeto enfatizava ainda em rela o ao benef cio social a possibilidade de gera o de 1 000 empregos diretos na rea rural Esse ltimo dado poderia criar uma boa expectativa em torno da aceita o do projeto considerando se o contexto no qual o Estado ent o no final dos anos 70 se encontrava decorrente dos efeitos da crise do caf que teve o seu auge nos anos 60 As justificativas mencionadas para a legitima o do Provales eram variadas mas fundamentalmente giravam em torno da apologia do discurso do desenvolvimento econ mico e social do Estado Destaca se nesse sentido que as mudan as por exemplo observadas no comportamento do mercado da constru o civil da poca justificariam a necessidade de se promover aumento da produtividade agr cola estadual para um patamar correspondente como pode ser visto a seguir As atividades tradicionalmente desenvolvidas em torno da cafeicultura entraram em decad ncia no in cio da d cada de 60 com a erradica o dos cafezais As terras liberadas pela erradica o do caf foram ocupadas principalmente por pecu ria bovina atividade de menor utiliza o de m o ha provocando a libera o de grande contingente de m o de obra Para fazer face a e
203. titui elemento central do controle de toda a obra de engenharia instalada no local por parte da empresa Caberia sobretudo problematizar o efeito da apropria o dos canais por esta empresa no que diz respeito aos diferentes segmentos que integram a sociedade local Esse questionamento visa assim aprofundar o entendimento sobre as transforma es do uso dos canais do DNOS nas v rzeas do Riacho e assim ampliar a compreens o sobre os seus significados como express o da constitui o t cnico cient fica de parte do territ rio capixaba 4 O SIGNIFICADO DOS CANAIS DO DNOS NAS V RZEAS DO RIACHO UM ESFOR O DE AN LISE O presente cap tulo aborda a g nese e magnitude dos canais do DNOS implantados nas v rzeas do Riacho Para tanto ser necess rio tratar de uma parte da hist ria do DNOS no Esp rito Santo a fim de contextualizar sua a o na constru o dos referidos canais Tratar tamb m da necessidade que a Aracruz Celulose teve de se apropriar do uso dos canais com o prop sito de consumir mais gua para o seu processo produtivo Por fim ser apresentada uma s ntese do significado dos canais do DNOS na rea tendo como foco as repercuss es sociais das principais transforma es do seu uso ao longo do tempo Para conduzirmos inicialmente a an lise iremos recorrer fundamentalmente aos 65 depoimentos cedidos pelo ex diretor do DNOS capixaba o engenheiro civil Elmo Luiz Campo Dall Orto Esses depoimentos
204. trabalhador da fazenda Agril em entrevista realizada no dia 15 01 2012 E A antiga fazenda Agril foi dividida em duas partes ao ser vendida A parte onde se encontra a 88 sobre o fim da produ o do arroz na fazenda Um dia cedo o Coutinho chegou pra mim e disse Ant nio vou parar de mexer com o arroz Vou encher a fazenda de gado o gado d menos trabalho Vou arrendar a parte do arroz para outro tocar essa parte da fazenda Rapaz ele parou porque ganhou muito dinheiro cansou de ganhar dinheiro o Coutinho ganhou muito dinheiro com o arroz Era arroz que n o acabava mais muito mesmo Tinha at avi o que jogava o veneno e a semente A gente processava o arroz ali do outro lado A gente enchia o caminh o de saco de arroz e sa a cedinho vendendo A gente parava e um monte de lugar em Aracruz Nova Almeida a gente ia at Minas Gerais entregando arroz ali na divisa A o Coutinho arrendou tudo e parou de mexer com arroz E gado tamb m tinha muito muito mesmo Olha tem bem pra l de vinte anos que n o produz mais arroz aqui Ta vendo aquele monte de casa ali Morava um monte de gente aqui Essas casas que sobraram era onde morava os encarregado da fazenda tudo casa boa casa com laje tamanho bom Aquele monte de galp o que voc viu l atr s era o galp o do maquin rio era a casa das m quinas onde guardava trator essas coisas Nos outros estocava arroz era muita coisa enchia o galp o todo O
205. tua o do rg o no Estado capixaba Olha embora tenha atuado em v rias frentes o saneamento se voc for procurar o que saneamento uma express o gen rica vai longe O forte do DNOS era justamente a rea de atua o na rea rural combate s inunda es preven es de cheias A finalidade do DNOS n o era s drenagem de v rzeas e defesas contra inunda o era tudo O DNOS fazia barragens fazia pontes fazia drenagem urbana fazia diques ent o a gama de atua o do DNOS aqui no Esp rito Santo s aqui no Esp rito Santo o que eu fiz em mat ria de obras p blicas todos os canais de Vila Velha foi o DNOS que fez todos os canais foram feitos e mantidos Vila Velha come ou a ter esses problemas a partir de 1990 quando o DNOS acabou porque todo ano a gente botava m quina para limpar aquilo t certo Abastecimento de gua o DNOS fez obras para a Cesan ent o a gente cuidava de abastecimento d gua de drenagem urbana prote o contra inunda es e obras contra as secas tamb m o DNOCS era s no nordeste o DNOS era no Brasil inteiro Ent o n s trabalhamos aqui com irriga o o DNOS fez v rias obras de irriga o aqui no estado Ent o voc v que a gama de atua o enorme foram 50 anos de trabalho A atua o do DNOS no Esp rito Santo como mencionado acima resultou em uma consider vel amplitude dos trabalhos no tocante ao beneficiamento de reas com poss
206. u uma barreira que impedia a o acesso de indesejados s fontes aur feras de Minas Gerais tanto assim que o vale do Rio Doce acesso natural entre o mar e as minas permaneceu inexplorado Interesses econ micos e militares for avam a passagem pelo Rio de Janeiro para os que pretendessem ligar Minas Gerais ao mundo exterior Assim o controle tribut rio teria maiores possibilidades de ocorrer Enquanto isso o controle militar estaria assegurado pelas for as existentes no Rio de Janeiro A ocupa o das terras capixabas ocorreu lentamente gra as expans o da fronteira agr cola aberta pelo caf em torno da qual se estrutura a economia capixaba Duro golpe sofre a economia capixaba ap s o movimento de 64 Nesse per odo o estado acelera a satisfa o dos interesses do capital em geral em detrimento do particular Isto n o uma incoer ncia do Estado visto que grandes grupos os mais poderosos passam a ter maior poder de barganha junto a ele PERUZZO 1984 p 54 Para o citado autor o Instituto Brasileiro do Caf IBC incentivou a pol tica de erradica o do caf alegando que se fazia necess rio eliminar o caf de tipo inferior inclusive os cafezais substituindo os por outras culturas que n o o caf ao inv s de se desenvolver um conjunto de incentivos para a substitui o do tipo de caf cultivado por outro tipo de caf Nos anos 66 e 67 o governo federal promove a erradica o de 185 milh es d
207. ugere se fornecem um enquadramento suficientemente amplo e nesse sentido podem ser destacados enquanto fios condutores iniciais da problem tica da pesquisa proposta O quarto cap tulo constitui o cerne da pesquisa sendo reservado an lise do significado da implanta o dos canais do DNOS nas v rzeas do Riacho sendo na primeira parte evidenciado como em sua origem eram voltados para a promo o da agricultura de alimentos contanto inclusive com programas de fomento financeiro na segunda parte a an lise aborda a posterior inflex o dos mesmos para a produ o agroindustrial de celulose O cap tulo finalizado mostrando os rebatimentos dessa inflex o sobre a sociedade local 17 sobretudo em fun o da apropria o dos canais do DNOS pela Aracruz Celulose ator hegem nico presente na rea As considera es finais s o desenvolvidas no cap tulo cinco escrito com o prop sito de fornecer uma s ntese sobre os principais resultados da pesquisa em sua rela o ao tema 18 Mapa 01 19 2 T CNICA E ESPA O GEOGR FICO A BASE TE RICO METODOL GICA A perspectiva de reflex o te rica na geografia a partir da no o de t cnica possui uma larga proveni ncia na hist ria do pensamento geogr fico H mesmo o reconhecimento de toda uma tradi o de contribui es cl ssicas na geografia que em per odos distintos e com abordagens m ltiplas dedicaram no o de t cnica um lugar de destaque na formula
208. uida da f brica B em 1991 e da f brica C em 2002 A implanta o o funcionamento e a amplia o da Aracruz Celulose ao longo dos anos t m gerando uma s rie de repercuss es tratadas por diversos especialistas 61 tanto atrav s de artigos cient ficos como atrav s das outras m dias dispon veis em assuntos que excedem os impactos gerados pela apropria o dos canais Dentre os trabalhos existentes pode se citar dos anos de 1970 algumas reportagens publicadas em revistas que mencionavam alguns conflitos incipientes tal como a revista Esp rito Santo AGORA 1972 que traz informa es sobre o processo de perda das terras enfrentado pelos ind genas de Aracruz inicialmente para a Cofavi a qual retirou a cobertura original para o abastecimento do seu processo produtivo que as cedeu para a Aracruz Florestal executar o reflorestamento baseado na monocultura de eucalipto A atividade dessa empresa Ferro e A o n o durou muito Viria mais tarde a completar os desejos do governo do Estado de transformar a regi o em rea de reflorestamento cedendo terras para a Aracruz Florestal Nesse processo invasor os terrenos dos ndios foram tomados beneficiando se os grileiros por n o terem os tupiniquins quaisquer documenta o n o fossem os registros hist ricos Essa vers o tamb m acatada pelos antrop logos Carlos A R Freire e Carlos A M Peres que ao prestarem servi os de consultoria para a Funai durante o proc
209. ustriais no rio Riacho tais como a Evonik Degussa al m do lan amento de esgoto residencial no referido rio j que n o existe unidade de tratamento de esgoto na Barra do Riacho Ao comentar sobre o passado do rio Riacho Buteri afirma que O rio Riacho sempre foi uma fonte de alimento para os moradores t certo Aqui voc pescava uma s rie de peixes e era um lazer para os moradores que tomavam banho e ficavam ali tamb m pescando Era muito significativo um rio bonito imponente ele flu a muito bem de acordo com a natureza A partir de quando foi feita aquela barragem exclusivamente para colocar gua para a Fibria a antiga Aracruz celulose 4 comportas eles fecham 2 e deixam 1 ou 2 abertas e o restante da gua desviado para l que sugado com aparelhos grandes Inclusive onde suga um rio chamado Gimuhuna esse rio um afluente ele jogava as suas guas no rio Riacho justamente ali ele tamb m sugado o nico rio que anda para tr s o rio Gimuhuma Agora ele s serve para alimentar as f bricas da Fibria Era um rio importante para o pessoal da Barra aqui tinha caranguejo que era meio de vida dos pescadores peixe lazer inclusive os barcos sa am normalmente para pescar no mar sem ter problema na boca da barra e ia embora E depois infelizmente com essa barragem come ou a assorear o rio e hoje o rio est polu do assoreado est dif cil a navega o no rio a situa o trist
210. vando os conflitos de interesse existentes em torno do uso dos canais No estado do Rio de Janeiro de acordo com Carneiro 2003 situa o semelhante ocorre na baixada fluminense envolvendo diversas situa es enfrentadas por pescadores pequenos propriet rios e usineiros de cana de a car Segundo o referido autor emerge uma grande dificuldade para lidar com os conflitos derivados desse quadro Nas v rzeas do Riacho a situa o n o ser diferente envolvendo por m diferentes agentes sociais como ser tratado no cap tulo adiante 59 Parte do maquin rio usado na dragagem do rio Riacho est sucateado e abandonado pr ximo vila do Riacho As drag lines remanescentes do DNOS ainda em funcionamento est o sob responsabilidade da Aracruz Celulose e das prefeituras de Aracruz e Linhares de acordo com Dall Orto Ainda existem sucatas em Mimoso do Sul em Anchieta e alguns outros locais 93 4 2 A INFLEX O NO USO E SIGNIFICADO DOS CANAIS DO DNOS A APROPRIA O PELA ARACRUZ CELULOSE Neste item ser abordado o que pode ser considerada a principal transforma o do uso dos canais constru dos pelo DNOS nas v rzeas do Riacho a saber sua apropria o pela Aracruz Celulose na medida em que se trata de um momento decisivo na ressignifica o dessa obra de engenharia Torna se indispens vel contudo conduzir preliminarmente uma breve apresenta o da empresa para que seja poss vel contextualizar o modo c
211. vestimentos para se recuperar a rea ap s a enchente A extin o posterior do Prov rzeas ES BERGAMIM 2004 tamb m pode ter Cari Lindemberg filho do ex governador Carlos Lindemberg mandatos 1947 1951 e 1959 integrante da fam lia propriet ria da Rede Gazeta de Comunica es subsidi ria da rede Globo foi um grande produtor de arroz assim como o pessoal da fam lia Dalla Bernardina que detinha v rios neg cios no Estado inclusive no ramo imobili rio Ambos por m possu am propriedades que se localizavam nas v rzeas da Suruaca ao norte do rio Doce onde havia outro bols o de arroz que foi destru do na grande enchente de 1979 Enquanto a produ o do arroz no Riacho adentrou aos anos de 1980 chegando aos anos 90 a produ o na Suruaca findou ainda no final dos anos 70 e o in cio dos anos 80 conforme informou Dall Orto 91 contribu do para o fim da produ o do arroz nas v rzeas do Riacho Os trabalhos do DNOS em mbito nacional foram encerrados em 1990 pelo novo presidente empossado Fernando Collor de Mello o qual por meio da medida provis ria 151 de 15 de mar o de 1990 primeiro dia da posse como presidente efetivamente extinguiu o rg o juntamente com outras autarquias federais segundo um plano de remodela o econ mica para o Brasil processo aprofundado no governo de Fernando Henrique Cardoso de 1994 por meio de in meras privatiza es de importantes empresas brasileiras Sobre ta
212. voc s v o ter que pegar gua no rio Doce Eles pensaram que era brincadeira minha era gente nova que n o fazia parte da turma velha que tava l voc s v o ter que pegar gua do rio Doce A me encomendaram um projeto a eu projetei o que se chama l hoje de Canal Caboclo Bernardo Ent o ao inv s de fazer aquele l por cima que demorado demais eu simplesmente aproveitei tudo o que j existia os antigos canais E foi justamente esses canais a que eu aproveitei para irrigar a regi o aquele projeto ali que o pessoal fala tanto em Aracruz ele irriga a regi o Eu n o ia deixar passar uma oportunidade dessas Ent o botei um canal saindo do rio Doce at o Bananal dois quil metros de canal aproveitei seis quil metros do bananal aqui j feito e fiz mais seis quil metros cruzando a estrada ent o fiz 12 quil metros novos de canal A sim que eu limpei os canais entupidos desde 79 a Aracruz limpou por conta dela o que precisava limpou isso aqui tudo fez esse pedacinho novo S quando me pediram o projeto pediram cinco metros c bicos por segundo eu falei n o vamos fazer dez Dez Dez porque voc s v o ter que justificar essa gua aqui voc s v o irrigar essa regi o aqui toda E a diferen a de custo Mais vinte por cento s N o parece n Mais vinte Os canais abandonados pelo DNOS nas v rzeas do rio Riacho 107 por cento e dobra Ent o fiz esse projeto

wanderson DNOS - Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

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