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Manual técnico

1. Carvalho agua mata olho Pouteria salicifolia Spreng Radlk Sapotaceae X X sarandi Ca na 1 Ilex sp Aquifoliaceae X Ca na 2 Ilex sp Aquifoliaceae X Cedro Cedrela fissilis Vell Meliaceae X X X X Cerejereira do mato Eugenia involucrata DC Myrtaceae X X X Ch de bugre carvalho Casearia sylvestris Sw Salicaceae X X X X X X X Cobrini Cf Coutarea hexandra Jacq K Schum Rubiaceae X Coc o Erythroxylum deciduum A St Hil Erythroxylaceae X X X Coqueiro Syagrus romanzoffiana Cham Glassman Arecaceae X Coqueiro vermelho Cf Syagrus romanzoffiana Arecaceae X Corticeira da serra Erythrina falcata Benth Fabaceae X X Cutia jaborandi Pilocarpus pennatifolius Lem Rutaceae X X Espinheira santa cancorosa Maytenus ilicifolia Schrad Planch Celastraceae X X Espor o de galo n i n i X Figueir o Ficus luschnathiana Miq Miq Moraceae X X Fumo brabo Solanum mauritianum Scop Solanaceae X Goiaba da serra Acca selowiana O Berg Burret Myrtaceae X X X Gr pia Apuleia leiocarpa Vogel J F Macbr Fabaceae X Guabiju batinga d gua Myrcianthes pungens O Berg D Legrand Myrtaceae X X X X X X X Guabiroba Campomanesia xanthocarpa O Berg Myrtaceae X X X X X X X Guajuvira Cordia americana L Gottschling amp J S Mill Boraginaceae X X X X X X Guamirim Spp Myrtaceae X X X X Guatambu Balfourodendron riedelianum Engl Engl Rutaceae X Ing banana de macaco Inga spp Fabaceae X X X X Ip amarelo Handroanthus albus
2. Figura 8 Cancheador com ouri o movido com tra o animal 44 Fonte Cortes 1983 Na ind stria ou pelo pr prio produtor a erva cancheada pode ser mo da em diferentes granula es de acordo com o tempo de soque ANDRADE 2002 As formas mais artesanais de soque s o atrav s de pil o e de monjolo Figura 9 O primeiro pr hist rico e foi introduzido pelos jesu tas nas redu es enquanto o segundo primeiramente movido com o p tra o humana surgiu no s culo XVII e posteriormente movido gua no s culo XVIII tamb m foi um invento da poca jesu tica BERKAI BRAGA 2000 RECONSTRU O 2009 Os monjolos comumente eram constru dos beira de arroios ou similares com gua corrente de madeira de ip angico cabre va entre outras com grande durabilidade sendo a calha por onde se desviava a gua feita de coqueiro jeriv BERKAI BRAGA 2000 Figura 9 Monjolo situado a beira de um curso d gua Fonte Berkai e Braga 2000 Os soques mais sofisticados s o confeccionados de madeira e podem reunir muitas m os de pil o Os soques a roda d gua podem reunir entre quatro e 24 m os de pil o BERKAI BRAGA 2000 medida que o tempo foi passando a industrializa o da erva mate desenvolveu se para uma dimens o em escala devido ao aumento do com rcio do consumo e do desenvolvimento da tecnologia industrial Na ind stria moderna em que o processo tamb m chamado de mec ni
3. Fonte acervo do autor Nas figuras 51 e 52 s o sintetizadas as informa es sobre as esp cies arb reas utilizadas como fonte de lenha para a secagem e o sapeco pelas sete fam lias de agricultores H maior restri o do uso de esp cies utilizando se o sistema de secagem em carijo que s o selecionadas de acordo com os conhecimentos tradicionais e a disponibilidade do recurso Sendo assim o uso de algumas esp cies se repete entre as fam lias como a guabiroba a pitanga o branquilho e o angico vermelho Dentre essas esp cies nativas as duas primeiras se destacam pelo aroma peculiar de sua lenha caracter stico da fam lia bot nica das mirt ceas Myrtaceae que dariam um sabor agrad vel erva al m da qualidade de sua combust o As outras duas esp cies se destacam pela qualidade de sua combust o Dentre as esp cies ex ticas destaca se a uva japonesa que est sendo utilizada em vista de representar uma alternativa car ncia de lenha de esp cies nativas devido ao seu crescimento r pido e qualidade da lenha Outro fator que interfere o destino da produ o de erva Aquelas fam lias que comercializam periodicamente necessitam mais lenha portanto uma das solu es encontradas foi o plantio de eucaliptos e a otimiza o da secagem bem representada pelos secadores adaptados variantes Em rela o ao sapeco podem ser diferenciados dois grupos Aqueles que sapecam a erva diretamente em vista de manejarem
4. DUARTE F Sele o treinamento de julgadores e metodologia para an lise sensorial de extrato de erva mate 2000 63 f Disserta o Mestrado em Tecnologia Qu mica Setor de Tecnologia Universidade Federal do Paran Curitiba 2000 FAGUNDES G Cevando mate Porto Alegre Habitasul 1995 FERRARI E Os potenciais da cadeia produtiva da erva mate como fator de desenvolvimento regional sustent vel do M dio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul Santa Cruz do Sul EDUNISC 2006 FERRAZ H M R Situa o da atividade ervateira no Rio Grande do Sul Porto Alegre EMATERRS 1995 FILGUEIRAS T S et al Caminhamento um m todo expedito para levantamentos flor sticos qualitativos Cadernos de Geoci ncias Rio de Janeiro n 12 p 39 43 1994 FLEURY L ALMEIDA J Popula es tradicionais e conserva o ambiental uma contribui o da teoria social Revista Brasileira de Agroecologia Cruz Alta v 2 n 3 p 3 19 dez 2007 FOUCAULT M Microf sica do poder Rio de Janeiro Graal 1979 FRANCO J L A DRUMMOND J A O cuidado da natureza a Funda o Brasileira para a Conserva o da Natureza e a experi ncia conservacionista no Brasil 1958 1992 Textos de Hist ria Bras lia v 17 n 1 p 59 84 2009 FREITAS A E C Mrlr Jikre a cultura do cip territorialidades Kaingang na margem leste do lago Gua ba Porto Alegre RS 2005 457 f Tese Doutorado em Antropologia Social Universidade Federal
5. es quanto ao produto erva mate ser ou n o ser pass vel de apreens o como pelo medo de ocorrer uma apreens o pela pol cia fora o recebimento de multas e outras penalidades Os agricultores do norte e noroeste do Rio Grande do Sul que t m na atividade sua principal renda vendem a erva tanto por encomenda entregando nas ruas da cidade ou no domic lio dos consumidores como na pr pria unidade agr cola Existem consumidores ass duos que v o buscar o produto todas as semanas na casa deles Outros quando passam tradicionais regionais Para maiores informa es acessar em http www codexalimentarius net web index en jsp 163 pelo munic pio levam o produto para lugares distantes chegando a 550 km de dist ncia Acontecem epis dios em que a erva levada para outros Estados como Rio de Janeiro e S o Paulo inclusive na forma de presente S o consumidores que preferem tomar chimarr o com a erva artesanal E cada produtor foi desenvolvendo as caracter sticas de sua erva de acordo com as prefer ncias dos seus clientes Eles n o podem vender em estabelecimentos comerciais formais por m s o produtores conhecidos na comunidade e no mbito dos clientes das cidades tendo adquirido uma fama consider vel uma confian a na qualidade da erva o que est acontecendo com uma das fam lias que a mais nova no ramo eu ali na cidade como se diz to sendo bem visto nessa parte de quererem erva e que nem ontem
6. o de agricultores que comercializa os produtos agroecol gicos Tamb m realiza se anualmente uma festa da agroecologia Em Santo Ant nio do Palma existe o Centro Agroecol gico que proporciona a realiza o de eventos anuais como o Jantar Ecol gico Os produtos agroecol gicos em geral s o comercializados para fora do munic pio por exemplo a feira ecol gica em Passo Fundo Em Humait acontece anualmente a Manhok Fest e a Festa do Porco Paraguaia que no ano 2010 tiveram sua oitava e s tima edi es respectivamente A primeira se refere divulga o de um cultivo tradicional no munic pio a mandioca uma das fontes de renda de agricultores familiares A segunda diz respeito suinocultura 4 3 4 Cooperativismo da agricultura familiar marcante a presen a de associa es e cooperativas de agricultores familiares nos munic pios visitados especialmente em Ip e Santo Ant nio do Palma que s o de car ter agroecol gico Essas iniciativas em muitos casos resultam na implementa o de agroind strias Em Panambi citam se a Cooperativa dos Pequenos Produtores de Leite de Linha Gramado COPEQ a Cooperativa dos Fruticultores de Panambi FRUTIPAN e a Associa o de Apicultores de Panambi APIPAN Em Seberi existe uma associa o Nos demais munic pios elas n o foram verificadas No Alto Uruguai e Planalto M dio as cooperativas mais antigas do ramo da agricultura priorizam a cadeia produtiva de gr os soja milho
7. que a for a de trabalho essencialmente familiar sendo em geral a contrata o de Gedesdou liaristasdocasional Um aspecto interessante das unidades familiares que elas em geral congregam tr s gera es os av s ou um deles os pais e os filhos al m de um irm o ou uma irm solteira do casal de agricultores O prosseguimento das atividades est diretamente ligado sucess o familiar perspectiva de que um ou mais filhos deem continuidade ao trabalho As fam lias acompanhadas possuem em m dia tr s filhos variando de um a cinco por m muitos deles j migraram para a cidade Diferentemente das gera es passadas em geral o n mero de filhos baixou em m dia e o xodo segue acontecendo A perspectiva dos filhos continuarem no 155 meio rural e desenvolverem atividades na agricultura tamb m se relaciona com as possibilidades de investimento facilitadas ou n o pelo acesso a recursos do governo Os agricultores s o un nimes ao apontarem as dificuldades em conseguir m o de obra contratada pelo reduzido n mero de pessoas vivendo no meio rural e pela desconfian a em contratar pessoas estranhas Atahualpa mostra se preocupado com essa sitiua o fp que mais preocupa a m o de obra N o temo m o de obrad Uma sa da praticada pelos agricultores a troca de servi os ou a troca de servi os por produtos por exemplo animais que pode ser conceituada como reciprocidade RADOMSKI 2006 SABOURIN 1999 Um
8. Com o processo de moderniza o da agricultura muitas das atividades artesanais de agricultores foram sendo abandonadas assim como as pr ticas da agricultura tradicional como um todo Juntamente com a moderniza o da agricultura cresce a industrializa o passando se a consumir cada vez mais produtos aliment cios industrializados e a produzir cada vez menos para o autoconsumo BRUM 1998 Segundo Ploeg 2008 p 28 fa industrializa o implica a destrui o do capital ecol gico social e cultural Pois medida que a ind stria passa a produzir em escala objetivando apenas a difus o do produto no mercado os conhecimentos tradicionais de biodiversidade as rela es sociais das comunidades e as tradi es impl citas n o interessam mais passando a valer a rela o capitalista de mais valia As pr ticas de produ o artesanal de erva mate ainda s o encontradas contrariando o pensamento atual de que n o existem mais ou s o coisas do passado Por exemplo Rosset RECONSTRU O 2009 em seu document rio Reconstru o do processo hist rico da erva mate apresenta uma no o de Gtapismo ou Gvolucionismo como se as pr ticas artesanais fossem parte de uma hist ria tendo lugar apenas em tempos antigos Na verdade essas pr ticas continuam existindo e muitas vezes incluem novas tecnologias como o uso da energia el trica O abandono da fabrica o artesanal de erva mate pode significar maiores perdas do conhec
9. Em Santo Ant nio do Palma fica claro que eles est o mais organizados e se mobilizam para reivindicar os recursos n s tamo brigando com a prefeitura ali pra n s consegui a gente senta seguido ali com o prefeito e coisa ele sempre fala que vai ter tipo de repente uma parte a fundo perdido ou paga menos porcentagem de volta paga tipo pro munic pio Das fam lias de agricultores que t m na erva mate uma de suas principais rendas que s o as de Ip Santo Cristo Humait e Seberi apenas a de Ip est se encaminhando para a legaliza o da atividade Ao longo do tempo ela tem investido na fabrica o artesanal pelo 37 5 sohf Corresponde a um per odo em geral de dois anos em que n o h cobran a das parcelas de pagamento a contar a partir da aquisi o da verba financiada 161 fato de duas a tr s vezes terem constru do novos galp es e secadores de erva assim como fizeram aquisi es como o soque de madeira uma escada trator entre outros O caso de Seberi tamb m pr spero pelo fato de terem investido no cultivo agroflorestal na constru o do barbaqu h cerca de 30 anos aquisi o de soque de carret o e outros equipamentos Eles planejam investir mais adquirindo um novo ve culo para o transporte da erva Por m outras fam lias outrora e na atualidade mesmo tendo interesse em investir ficaram ref ns da limita o de recursos e da dificuldade de conseguir cr dito 6 5 ECON
10. Guajuvira Fac o e soque J E Mill Pitanga Eugenia uniflora L Myrtaceae Fac o Carrapicho Sloanea monosperma Vell Elaeocarpaceae Fac o Parapiptadenia rigida Benth Fabaceae Angico vermelho Soque Brenan Cabre va Myrocarpus frondosus Allem o Fabaceae Soque Canjerana Cabralea canjerana Vell Mart Meliaceae Soque Alecrim Holocalix balansae Micheli Fabaceae Soque Myrcianthes pungens O Berg D Myrtaceae Guabiju Soque Legrand Canaf stula Peltophorum dubium Spreng Taub Fabaceae Soque Figura 58 Quadro com a listagem das esp cies arb reas citadas como fonte da madeira utilizada ou que constituem os fac es para o cancheamento e os soques informando nome cient fico fam lia bot nica e uso Fonte Dados de campo 145 ER Ma Figura 59 O soque no Rio Grande do Sul Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Soque com seis m os de pil o movido a energia el trica Seberi B Soque com duas m os de pil o met licas energia el trica Panambi C e D Pondo os ramos de erva mate no cocho do soque o qual movido com energia de motor combust o Santo Cristo E Turbina d gua fonte de energia do soque Humait F Casa do soque que movido com roda d gua Bozano Ano 2010 Fonte acervo do autor 146 6 A CONTINUIDADE DE UM MODO DE VIDA Levando em considera o a abordagem de Almeida 2007 as fam lias de Panambi Bozano Humait Santo Cristo e Seber
11. No caso de esp cies nativas a lenha encontrada seca e ou ca da na propriedade 123 5 3 SECAGEM Entre as fam lias de agricultores existem basicamente tr s formas de secar a erva mate sendo as mais tradicionais historicamente as que utilizam o carijo e o barbaqu uma terceira que destoa das tradicionais para a presente pesquisa denominou se de variantes reunindo as diferentes formas adaptadas ou criadas pelos agricultores com ou sem o interm dio de assist ncia t cnica 5 3 1 Carijo As fam lias que utilizam o carijo s o as de Panambi Bozano e Santo Cristo sendo que nesta ltima h pequenas inova es Em Panambi o carijo existe h mais de 60 anos e se localiza pr ximo sanga em rea delimitada no potreiro Em Bozano ele se localiza no interior de um fragmento florestal e pr ximo estrada possuindo um telhado O de Santo Cristo existe h mais de 45 anos Todos eles foram constru dos aproveitando se a inclina o do terreno escavando se a terra de tal forma que as paredes laterais e a do fundo ficassem fechadas com o pr prio terreno sendo elas depois preenchidas com pedras figura 41 Berkai e Braga 2000 registraram a constru o de um carijo no interior de uma floresta fato que era comum entre tarefeiros que vendiam a erva cancheada s que no caso deles o carijo improvisado resume se ao estrado de varas sustentado com moir es Os carijos dos agricultores possuem uma medida em torno de 1 5 a 2
12. o cosmopolita com cerca de 400 esp cies pertencentes a apenas um g nero Ilex no Brasil ocorrem cerca de 50 esp cies SOUZA LORENZI 2006 29 Segundo Andrade 2002 a erva mate uma planta t pica do estrato inferior e m dio da Floresta Ombr fila Mista Floresta com Arauc ria montana e da Floresta Estacional Semidecidual uma planta esci fila e umbr fila que pode atingir 70 cm de di metro do tronco e 25 m de altura Backes e Irgang 2002 descrevem que a esp cie constituinte da floresta cl max do planalto Floresta Ombr fila Mista Mata Estacional Decidual ocorrendo no sub bosque geralmente associada arauc ria importante frut fera para a avifauna como sabi s e pombas A distribui o geogr fica natural da erva mate inclui os Estados do Rio Grande do Sul centro norte Santa Catarina Paran centro sul e sudoeste sul do Mato Grosso do Sul e regi es reduzidas de S o Paulo Rio de Janeiro e Minas Gerais no Brasil prov ncia de Misiones na Argentina e sudeste do Paraguai ANDRADE 2002 OLIVEIRA ROTTA 1985 Grondona 1954 al m de citar as reas acima para a ocorr ncia natural da erva mate cita regi es reduzidas do sul do Rio Grande do Sul e do Uruguai figura 2 A ocorr ncia de erva mate no Uruguai confirmada por Giberti 1995 Outros autores prop em uma distribui o geogr fica mais ampla por m duvidosa abrangendo o norte da Argentina sudeste da Bol via e outros Estados
13. Cham Mattos Bignoniaceae X X X X Ip preto n i Bignoniaceae X Jaboticaba Plinia trunciflora O Berg Kausel Myrtaceae X Leiteiro Sapium glandulosum L Morong Euphorbiaceae X Lenho ferro batinga Eugenia sp Myrtaceae X Louro pardo Cordia trichotoma Vell Arr b ex Steud Boraginaceae X X X Mamica de cadela Zanthoxylum sp Rutaceae X X X Maria preta Diatenopterix sorbifolia Radlk Sapindaceae X X Murta Blepharocalix salicifolius Kunth O Berg Myrtaceae X Osmacil n i n i X Paineira Ceiba speciosa A St Hil Ravenna Malvaceae X 181 Pata de vaca Bauhinia forficata Link Fabaceae X X Pessegueiro brabo Prunus myrtifolia L Urb Rosaceae X X X X Pessegueiro do campo Eugenia myrcianthes Nied Myrtaceae X Pitanga Eugenia uniflora L Myrtaceae X X X X X X X Primavera Brunfelsia australis Benth Solanaceae X Quebra machado n i n i X Rabo de bugio Lonchocarpus campestris Mart ex Benth Fabaceae X X X S o jo o chal chal Allophylus edulis A St Hil Cambess amp A Juss Radlk Sapindaceae X Sapopema Ficus sp Moraceae X X Sena Senna sp Fabaceae X Sete capotes Campomanesia guazumifolia Cambess O Berg Myrtaceae X X Tarum Vitex megapotamica Spreng Moldenke Lamiaceae X X X Timb Ateleia glazioveana Baill Fabaceae X X Tuna Cereus sp Cactaceae X X Umbu Phytolacca dioica L Phytolaccaceae X Unha de gato Acacia sp Fabaceae X Uvaia p ssego azedo
14. Mato Grosso do Sul 219 3 929 4 208 Total Brasil 219 773 434 727 654 500 Fonte IBGE 2009a b Produ o da Extra o Vegetal e da Silvicultura 2008 Diretoria de Pesquisas Coordena o de Agropecu ria Produ o Agr cola Municipal 2008 39 Atrav s dos dados de produ o est claro que comparando se os valores de Ferraz 1995 com os valores atuais do IBGE 2009a b a produ o de erva mate cresceu no Rio Grande do Sul incrementada pelo aumento dos plantios homog neos onde a maior parte consumida internamente por m ainda existe a compra da mat ria prima principalmente do Estado do Paran por ind strias ga chas 2 3 1 Fabrica o artesanal e industrial de erva mate A ind stria ervateira come ou a se desenvolver a partir dos anos de 1950 antes disso as unidades produtivas eram compostas por pequenos engenhos familiares Ao longo dos s culos o beneficiamento da erva mate n o foi alterado significativamente preservando opera es manuais por um longo per odo Recentemente verificou se uma acelera o do processo de moderniza o de modo que a erva mate ofertada no Brasil em sua maioria prov m de processos industriais onde as opera es s o feitas rapidamente por m quinas ANU RIO BRASILEIRO DE ERVA MATE 1999 O regime de produ o de erva mate varia de acordo com a localidade os aspectos ligados tradi o e os aspectos econ micos ANDRADE 2002 A fabrica o artesanal pode ser d
15. POSEY 1989 POSEY 1987 70 O conhecimento de popula es ind genas e tradicionais est dando aval para a defesa de que muitos ecossistemas coevolu ram com o manejo humano sem o qual n o seriam o que conhecemos hoje como a Amaz nia ANDERSON POSEY 1987 sendo este bioma um produto cultural de uma manipula o muito antiga da fauna e da flora DESCOLA 2000 e onde a antropiza o resultou em maior diversidade de esp cies nas por es de floresta manejadas em rela o quelas intactas BAL E 1993 Assim tamb m os centros de diversidade biol gica de plantas aliment cias est o diretamente relacionados coexist ncia com popula es humanas manejando e domesticando diversas esp cies NATIONAL RESEARCH COUNCIL 1989 Na ndia foi atribu do s sociedades tradicionais a presen a de alta diversidade de recursos naturais as quais ainda existem porque desenvolveram pr ticas culturais de utiliza o dos recursos que mant m a biodiversidade SARKAR 1998 Da mesma forma Castro 2000 reconhece que os saberes e as formas de manejo das popula es tradicionais s o reconhecidos como fundamentais na preserva o da biodiversidade A exist ncia dos recursos biol gicos est diretamente vinculada a um sistema ancestral de coexist ncia sustent vel entre os homens e o ambiente raz o pela qual esses recursos dependem da sobreviv ncia desse sistema A destrui o do h bitat natural da comunidade ser secundada pelo
16. ao modo como os humanos se relacionam com ela Assim humanos e natureza relacionam se intimamente de forma interdependente podendo chegar a um n vel de equil brio Isso manifestado em Panambi e Seberi o que pode ser interpretado pelos pesquisadores como um valor para a qualidade de vida e demonstra uma intimidade com o ambiente florestal 189 a gente gosta porque da orgulho teu tu vai no meio do mato e respira um ar fresquinho no ver o coisa mais boa Levanta no ver o de madrugada e entra pra dentro desse mato a pra baixo no meio das erva pra ver que ar tem ali um ar puro um ar saud vel Na figura 62 s o sintetizadas as informa es discutidas acima sobre a rela o dos agricultores com a base de recursos cujos par metros podem ser remetidos a an lise da conserva o ambiental PAR METROS P BISAP I SC H S Pouca terra X X reas de mato conservadas X X X X X X Conhecimento de esp cies nativas arb reas X X X X X X X Uso de lenha seca do mato X X X XI X XIX Uso de lenha de eucalipto e de outras esp cies ex ticas X X X XIX para secar erva Manejo de gado bovino X X X X X X Plantio de mudas nativas nos SAF APP e quintais X X X X Plantio de erva mate transplantada do mato X X X X Plantio de erva mate em SAF X X Manejo em SAF X X X Figura 62 Quadro com a s ntese das informa es das sete fam lias de agricultores sobre
17. artesanal descreve como foi a busca pelos atores sociais e apresenta os resultados da pesquisa explorat ria ou primeira visita realizada em todas as fam lias Tendo se o n mero de casos selecionados sete fam lias para fazer a pesquisa apresenta se o contexto dos munic pios onde as fam lias residem e em seguida apresentam se caracter sticas gerais e trajet rias das fam lias selecionadas O quinto cap tulo O conhecimento e as pr ticas de manejo em torno da fabrica o artesanal de erva mate mostra com texto e imagens a grande diversidade da tradi o de processar erva mate incorporando novidades e ao mesmo tempo reproduzindo os mesmos c digos seculares de um saber fazer ou de uma Gi ncia O sexto cap tulo A continuidade de um modo de vida apresenta os fatores determinantes para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate e como eles se contrap em a amea as e limites da sociedade O s timo cap tulo A conserva o da base de recursos no mbito da fabrica o artesanal de erva mate e a continuidade do modo de vida apresenta um elemento essencial para a continuidade do modo campon s de agricultura a coprodu o manuten o e incremento da base de recursos destacando se os ecossistemas silvestres e as esp cies nativas da qual se analisa a conserva o ambiental Por ltimo sintetiza a correla o da resist ncia camponesa com a conserva o ambiental O oitavo cap tulo Considera es finais ap
18. es de madeira fragmentando a erva sobre um cancheador de madeira com formato em 4 figura 53 Os fac es de madeira tamb m eram confeccionados com madeira de pitanga e de raiz de carrapicho figura 58 Figura 53 Os fac es de madeira no Rio Grande do Sul Da esquerda para a direita e do alto para baixo A e B O cancheamento da erva mate com fac o de madeira sobre um carret o Humait C Victor mostrando fac es de madeira que n o s o mais utilizados Seberi D Cancheador e fac es de madeira em Santo Ant nio do Palma Ano 2010 Fonte acervo do autor Aqueles que secam a erva em carijo recolhem na no dia seguinte ao da secagem pela manh bem cedo Como a erva secada aproveitando se o per odo da noite em que a lenha 140 queimada se tranforma em brasas no outro dia pela manh o braseiro ter se tranformado em cinzas muitas vezes ainda restando brasas ent o nesse momento faz se a limpeza do ch o com uma vassoura que pode ser de ramos da vassoureira Baccharis sp ou de outras esp cies ou aspergindo se gua eliminando se totalmente a combust o Em seguida colocam se l minas de zinco ou lona pl stica no ch o do carijo para aproveitar as folhas que caem durante a retirada dos ramos figura 54 Figura 54 A retirada dos ramos secos de erva mate do carijo RS Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Instala o de lona no ch o do carijo para aproveitar as folhas que caem du
19. isso n o constitu a nenhum problema fa den ncia era verdade mas no entender deles da justi a tava errado mas n o era algo ruim era bom 158 As fam lias n o compreenderam o epis dio gerando inconforma o geral Eles relembram dos acontecimentos com indigna o e questionam a qualidade dos alimentos das grandes agroind strias em rela o aos alimentos crioulos por den ncia home vieram uns fiscal botaram 2 500 d zia de ovo em uma caixa d igua e mexiam com um pau quebraram tudo e foram embora Ficou aquela lambusera pros outro limparem O que que tem um ovo de galinha que n o podia vende pra cesta b sica Ovo crioulo Tinha que ser ovo de granja que vem tudo contaminado com ra o horm nio galinha que bota at dois ovo por dia Esse pessoal n o entende esse lado Era uma esperan a pro pequeno agricultor Al m dos fatos na entidade muitas fam lias tiveram que depor na receita estadual M foi tanta coisa tanta den ncia vinha policial federal aqui em casa 90 tudo cal nia politicagem a terminou tudo quanto tempo os agricultor se organizando pra isso O A mobiliza o em torno das entidades de agricultores desenvolveu diversas atividades em termos de produ o economia rela es sociais tanto para as fam lias como para as cidades Havia fartura de alimentos in natura e processados que eram entregues na cooperativa Segundo os agricultores a incid ncia de roubos que eles atri
20. lise mais completa poss vel na hist ria do Brasil como os volumes organizados por Motta e Zarth 2008 Mais especificamente existem registros sobre casos emblem ticos das revoltas sociais do campo como a de Canudos do Contestado as ligas camponesas e os quilombos 64 apropria o de produtos impostos pelas elites culturais na sociedade de massas Ele rejeita a cren a do consumidor passivo e considera o consumo como uma forma de produ o de a es transformadoras SCHMIDT 1994 Certeau 2008 classifica o protagonismo dos atores condicionado ao poder em estrat gias e t ticas as quais se dividem entre a dimens o de espa o e lugar Estrat gias seriam as a es poss veis queles que t m um lugar seguro um dom nio de poder analogicamente s manobras militares enquanto s t ticas se processam no tempo pelos mais fracos aproveitando se das oportunidades de manobras no espa o de dom nio do mais forte A terceira express o da resist ncia quando tratada assim est sendo recentemente trabalhada na ci ncia entre os autores est o Long e Ploeg que se ancoram na Perspectiva Orientada pelos Atores LONG 2001 Tamb m Motta e Zarth 2008a grifo nosso apresentam as tr s categorias da resist ncia e especialmente a esta terceira a mencionam como a forma de produzir dos camponeses pela ado o de pr ticas produtivas formas de uso da terra e rela es com os recursos naturais Os mesmos autores apregoam aos campones
21. m disso essa compila o n o incluiu as etnoesp cies ex ticas e as de ervas arbustos e lianas nativas muitas delas utilizadas como alimentos e fins medicinais as quais tamb m fazem parte do cotidiano dos camponeses 183 Considera se o levantamento relevante para mostrar que os agricultores conhecem relativamente o seu meio e que existe uma rela o com as esp cies que muitas vezes primeira vista transparece apenas o sentido utilitarista Os agricultores s o sinceros ao dizer que algumas esp cies eles n o conhecem n o sabem o nome o que em algumas ocasi es permitiu a troca informa es com o pesquisador Essa forma de troca de conhecimentos foi poss vel em situa es envolvendo o nome popular como em Bozano a esp cie Chrysophyllum gonocarpum com denomina o popular de agua a u que produz frutos que podem ser comest veis para os seres humanos e em Santo Cristo a esp cie Aralia warmingiana Marchal J Wen o carob o Estas situa es apontam para a disposi o por parte dos agricultores de estarem abertos a trocar informa es a conhecer mais sobre o pr prio meio onde vivem A partir da an lise da utiliza o das esp cies com o aux lio da figura 61 pode se verificar que muitas esp cies citadas dizem respeito a frut feras como da fam lia Myrtaceae sendo que todos os agricultores mencionaram a pitanga a guabiroba e o guabiju e as duas primeiras coincidem com a prefer ncia por utilizar a sua le
22. o artesanal de erva mate est de acordo com a abordagem do conceito de tradi o de Giddens 1997 e de acordo com a abordagem do campesinato de Wanderley 1999 a qual o identifica com uma cultura pr pria que se refere a uma tradi o Assim definiu o Cenair ao responder por que continua fabricando erva mate PA continua o da erva mate uma tradi o Vem dos meus pais n amigo o finado pai sempre fez o mate pro uso dele ele n o comprava erva n o 0 O conhecimento tradicional que herdado dos pais e av s flex vel no sentido de receber a incorpora o de inova es ou novidades como adapta es de novas tecnologias ou a inventividade a partir do desenvolvimento de habilidades Portanto o conhecimento tradicional da mesma forma transformado ao longo do tempo conforme o contexto local as rela es sociais como parte da din mica da reprodu o social A descri o do saber fazer em torno da fabrica o artesanal da erva descrita no cap tulo anterior mostra exatamente essa din mica de aperfei oamento das t cnicas mesclando se tecnologias antigas e modernas por m respeitando os mesmos princ pios seculares de processar a erva Isso est de acordo com a mescla do tradicional com o moderno referido por Toledo 1992 e com o equil brio entre progresso e tradi o apontado por Ploeg 2008 Tamb m essas pr ticas podem ser referidas como novidades uma vez que est o intrinsecamente ligadas ao conh
23. trigo que predomina nas regi es Elas surgiram essencialmente na mesma poca do auge da moderniza o agr cola por isso muitas delas como Cotripal Agropecu ria Cooperativa COTRIPAL Cooperativa Agropecu ria amp Industrial COTRUU Cooperativa 89 Agropecu ria Alto Uruguai Ltda COTRIMAIO tinham em suas siglas a denomina o de trit colas Em vista de estarem no ramo das monoculturas elas n o se voltaram a trabalhar com a produ o diversificada da agricultura familiar resultando em um espa o ex guo para esse mercado com exce o de cooperativas menores como a Cooperativa dos Agricultores de Santo Cristo COOPASC 4 3 5 Ind strias Dentre os sete munic pios visitados o que tem seu parque industrial maior o de Panambi que j chegou a representar o terceiro polo metal mec nico do Estado Sua tradi o nesse ramo come ou desde o in cio da coloniza o obtendo o slogan de fCidade das M quinas MALHEIROS 1990 Em vista disso ainda existe uma cont nua migra o de trabalhadores de munic pios e regi es vizinhas fator que acrescentou no aumento de sua popula o que atualmente est em mais de 38 mil habitantes IBGE 2010 Em Bozano est o instaladas duas ind strias de beneficiamento de madeira uma ind stria ervateira uma ind stria metal mec nica e uma ind stria de artefatos de cimento BOZANO 2007 Em Humait h uma f brica de cal ados para exporta o por m a popula o jovem
24. 0 m de largura por 2 0 a 2 5 m de comprimento Entre o solo onde se faz o fogo e o estrado em que a erva fica pendurada a medida varia de 1 30 m a 1 50 m de altura O estrado compreende a disposi o de taquaras ou varas roli as de madeira com 4 a 5 cm de di metro distanciadas paralelamente em torno de 10 a 15 cm O estrado conforme a necessidade deve ser renovado a cada ano Em Santo Cristo o estrado preso pregado e possui uma tela met lica sendo as varas utilizadas da esp cie canela de veado Os carijos possuem ao redor do estrado uma esp cie de Guardadou Gerca de madeira e ou taquara que serve para sustentar os feixes lateralmente 124 Figura 41 Os diferentes tipos de carijo Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Carijo com telhado no interior da mata Bozano B Carijo e sapecador na beira de curso d gua Panambi C Detalhe do carijo mostrado em B com suas paredes internas preenchidas com pedras D Carijo com estrado de madeira e tela Santo Cristo Ano 2010 Fonte acervo do autor Os feixes de erva s o colocados sobre o carijo logo ap s a quebra ou o enfeixamento um ao lado do outro e com a ponta dos ramos orientada para cima Aqueles que amarram os feixes no momento de preencher o carijo desamarram e afrouxam nos de forma que posteriormente o calor passe entre os ramos eficientemente Dentro do carijo necess rio revisar os ramos retirando aqueles que est o prestes a cair ou que
25. 1957 p 45 traz diversos depoimentos sobre as qualidades da erva mate baseando se em autores como Bello 1907 o mate a verdadeira bebida dos climas debilitantes afirma o Dr E Monin que ainda acrescentou fas suas propriedades t nicas e excitantes permitem que se suporte um jejum prolongado O mate engana a fome do ndio e do americano do sul e substitui os alimentos vegetais nessas popula es que vivem s de carne e desconhecem o p o Esta subst ncia n o s remedeia as insufici ncias de um mau regime alimentar como suprime o cansa o excitando a energia moral O seu poder digestivo e laxante sudor fico e diur tico estimula a nutri o entorpecida e acelera as fun es do organismo Desde o s culo XIX houve muitas pesquisas sobre as propriedades nutritivas e m dico farmacol gicas da erva mate Fagundes 1995 cita diversos estudos que discriminam as suas subst ncias bem como o estudo de Valduga 1995 divulga o conte do em vitaminas e sais minerais Durante o s culo XIX at o in cio da Primeira Guerra Mundial a erva mate era considerada o esteio econ mico do Paran quando ent o a madeira come ou a conquistar a condi o de principal produto Nesta poca havia no Paran mais de 90 engenhos para beneficiamento da erva mate sendo o produto exportado principalmente para a Argentina ANDRADE 2002 MAZUCHOSWKI 1989 As explora es da regi o do sudoeste paranaense entre 1891 e 1900 atingiram 265 89
26. 2006 observaram de que as pessoas que trabalham parcial e integralmente nos estabelecimentos agr colas s o em m dia as que t m menos anos de estudo em rela o aquelas que trabalham fora Em Humait o nico filho n o tem interesse na atividade e pensa em cursar Agronomia o que a primeira vista contradit rio Essa contradi o demonstra bem a amp rise da agricultura familiar pois a tend ncia da maioria dos profissionais do ramo agr cola trabalhar com agricultura mecanizada soja milho trigo em estilo empresarial e ou no sentido da especializa o Em Bozano as duas filhas moram na cidade enquanto o nico filho que est voltando a morar com eles trabalha no ramo de insemina o artificial Victor pensa que a tradi o vai continuar na comunidade Em Panambi o Cenair foi um dos filhos que voltou ao lar dos pais por m seus filhos e netos moram na cidade e a princ pio n o h perspectiva de algu m ocupar a propriedade e prosseguir as pr ticas artesanais Quando foi perguntado sobre o porqu de os jovens irem para a cidade ele respondeu instantaneamente o desest mulo da produ o aqui como que um pai vai sustent um filho aqui na col nia n o tem como ele vai estud l e busc um emprego que aqui na col nia ele n o vai ganh isso Ele busca o emprego l o bem intencionado porque quem n o bem intencionado mas assim eu tenho v rias gente daqui que t o bem sucedido l
27. 2007 Para Giddens 1997 a tradi o uma orienta o para o passado calcado no presente mas ao mesmo tempo ela diz respeito ao devir pois as pr ticas estabelecidas s o utilizadas como uma maneira de se organizar no tempo futuro A integridade da tradi o n o resulta de sua persist ncia sobre o tempo mas da constante interpreta o que realizada para identificar os la os que ligam o presente ao passado Ela um meio de identidade e um elemento de seguran a da sociedade fuma forma de trazer para o mundo presente novo aquilo que j se sabe certo seguro e portanto reconfortante FLEURY ALMEIDA 2007 p 6 O conhecimento tradicional referido por diversas denomina es na literatura cient fica local ind gena tribal popular do povo folk aut ctone vern culo pr tico coletivo situado campon s informal nativo rural cotidiano culturalmente espec fico tnico oral comunit rio end geno sustent vel comum saber fazer entre outros ALVES SOUTO 2010 p 29 Diversos autores consideram o conhecimento tradicional como um tipo de conhecimento diferente do cient fico e circunscrito ao seu contexto ambiental social e cultural o qual est sendo reconhecido e n o nem um pouco menor que o conhecimento t cnico cient fico CASTRO 2000 DIEGUES 2000 TOLEDO 1992 Alguns autores chegam a considerar o conhecimento tradicional com car ter cient fico ou como uma ci ncia BARAHONA 1987 HECHT
28. 94 4 IBGE 20104 No Brasil o maior uso da erva mate para o chimarr o sendo o Rio Grande do Sul o maior consumidor Nos anos noventa os ervais ga chos supriam apenas a metade da demanda m dia anual do Rio Grande do Sul FERRAZ 1995 Para suprir essa demanda o mercado importava do Paran Santa Catarina e Argentina Nesse mesmo per odo a maior parte da mat ria prima provinha do extrativismo ervais nativos e ou sombreados sendo o Paran o l der nesse tipo de proced ncia somando 91 2 de ervais nativos DUARTE 2000 KICHEL 2002 Os dados mais atualizados para a primeira d cada do s culo XXI fornecidos pelo IBGE 2009a para extra o vegetal e silvicultura em 2008 que corresponde a ervais nativos e sombreados indicam que a quantidade produzida de erva mate no Rio Grande do Sul foi de 25 156 toneladas representando 11 da produ o brasileira O Estado do Paran representou 70 enquanto Santa Catarina 18 figura 4 e tabela 1 Percebe se que em 18 anos 1990 2008 o Rio Grande do Sul teve redu o da produ o de erva mate proveniente do extrativismo enquanto em n vel de Brasil esse ndice cresceu bastante tendo uma queda a partir do ano 2004 Figura 4 No Rio Grande do Sul isso pode estar relacionado ao decl nio da explora o de ervais nativos com ou sem supress o das rvores e ao aumento dos cultivos de erva mate em sistema de monocultivo enquanto que os Estados de Santa Catarina e Paran t m no
29. G FARIAS NETO A L Org Savanas desafios e estrat gias para o equil brio entre sociedade agroneg cio e recursos naturais Planaltina DF Embrapa Cerrados 2008 p 989 1014 SCOTT J C Weapons of the weak everyday forms of peasant resistance New Haven Yale University 1985 SEPP A Viagem s miss es jesu ticas e trabalhos apost licos S o Paulo Livraria Martins 1972 SEREJO H Cara In INSTITUTO EUVALDO LODI Ciclo da erva mate no Mato Grosso do Sul 1883 1947 Campo Grande Instituto Euvaudo Lodi 1986 p 27 193 SILVA M A B Governar promover a felicidade da p tria governo e campesinato no Rio Grande do Sul da Primeira Rep blica In MOTTA M ZARTH P Org Formas de resist ncia camponesa visibilidade e diversidade de conflitos ao longo da hist ria v 1 S o Paulo UNESP Bras lia Minist rio do Desenvolvimento Agr rio NEAD 2008 p 329 348 SILVA R R V et al Etnoecologia e hist ria oral usos e mudan as em um fragmento florestal In ALVES A G C SOUTO F J B PERONI N Etnoecologia em perspectiva natureza cultura e conserva o Recife NUPEEA 2010 p 249 275 SOARES M P Saint Hilaire e a erva mate In ANDR A etal Auguste de Saint Hilaire 1779 1853 Porto Alegre Sulina ARI 1982 p 111 117 SOARES M P Santo Ant nio da Palmeira Porto Alegre Bels 1974 SONINNO R MARSDEN T Beyond the divide rethinking relationships between alternative a
30. Instituto Souza Cruz 2002 BACZKO B Imagina o Social Enciclop dia Einaudi Porto Imprensa Nacional Casa da Moeda 1986 BALDAUF C Extrativismo da samambaia preta Rumohra adiantiformis G Forst Ching no Rio Grande do Sul fundamentos para o manejo e monitoramento da atividade UFSC 2006 235 f Disserta o Mestrado em Biologia Vegetal Programa de P s Gradua o em Biologia Vegetal Centro de Ci ncias Biol gicas Universidade Federal de Santa Catarina Florian polis 2006 BALDUS H O culto aos mortos entre os Kaingangs de Palmas In Ensaios de etnologia brasileira S o Paulo Nacional 1979 p 8 33 BAL E W Indigenous transformations of Amazonian forests an example from Maranh o Brazil Ldomme n 126 128 p 231 254 1993 BARAHONA R Conocimiento campesino y sujeto social campesino Revista Mexicana de Sociolog a n 49 p 167 190 1987 BEAUD S WEBER F Guia para a pesquisa de campo produzir e analisar dados etnogr ficos Petr polis Vozes 2007 BECKER I I B O ndio Kaingang no Rio Grande do Sul S o Leopoldo Instituto Anchietano Unisinos 1995 BELLO W Explora o do mate contribui o para o Brasil suas riquezas naturais suas ind strias v 1 Rio de Janeiro M Orosco amp Cia 1907 BERKAI D BRAGA C A 500 anos de hist ria da erva mate Canoas Cone Sul 2000 BERKES F Sacred ecology traditional ecological knowledge and resource management London Taylo
31. Pioneiras Ip Panambi Santo Ant nio do Palma Santo Cristo Sebeni E Floresta Estacional Decidual rea de Tens o Ecol gica JOS RuwnN Figura 17 Localiza o dos munic pios das sete fam lias pesquisadas por divis o pol tica sobre a distribui o original das regi es fitoecol gicas segundo o IBGE 2004 Fonte IBGE 2004 Por m essa vegeta o original foi quase completamente alterada e suprimida pela ocupa o antr pica Conforme Cordeiro e Hasenack 2009 a regi o fitoecol gica da Mata Estacional Decidual em seu bloco norte dom nio florestal do norte do Estado recobrindo as antigas florestas ao longo dos rios Pelotas e Uruguai at a conflu ncia com o rio Iju de um total de 17 125 23 km restam apenas 814 97 km 4 85 ou seja ela foi quase totalmente convertida em uma paisagem agr cola figura 18 Nessa regi o onde se situam os agricultores pesquisados de Panambi Bozano Santo Cristo Humait e Seberi salvo reas de transi o com outras florestas A maior rea de floresta conhecida no territ rio do munic pio de Bozano uma que tem em torno de 50 ha Em Panambi relatou se a exist ncia de uma floresta com rea de aproximadamente 100 ha que se situaria pr ximo rodovia sentido Panambi Cruz Alta e pertenceria a um Glinamarqu s Ou seja as maiores reas de floresta s o raras Em Humait as florestas remanescentes correspondem a 2 5 da rea total do munic pio 120
32. Prunus myrtifolia L Urb Rosaceae N Timb Ateleia glazioveana Baill Fabaceae N Mamica de cadela Zanthoxylum sp Rutaceae N Canela l ra a diospyrifolia Meisn Lauraceae N Figura 52 1 Quadro da listagem das esp cies arb reas citadas no quadro 5 com informa es de nome cient fico fam lia bot nica e origem da esp cie E ex tica significa esp cie de origem externa ao Rio Grande do Sul N nativa Fonte dados de campo 5 4 CANCHEAMENTO O cancheamento consiste em uma macera o ou picotea o da erva seca de modo que os ramos resultem em fragmentos menores facilitando a etapa posterior o soque Existem diversas formas e equipamentos utilizados bem como alguns agricultores descartaram a necessidade dessa etapa em seu processamento sendo os de Santo Ant nio do Palma e Santo 139 Cristo Na hist ria econ mica da erva mate antigamente as exporta es a Argentina principalmente eram realizadas com o produto na forma cancheada A forma mais antiga de canchear a erva encontrada na literatura a que utiliza os fac es de madeira Das fam lias em estudo apenas a de Humait segue utilizando essa t cnica enquanto outras substitu ram por novos procedimentos Em Humait essa tarefa cabe Violeta que a faz sobre um carret o O fac o de madeira proveniente de raiz de guajuvira Al m dessa existe uma fam lia de Santo Ant nio do Palma pesquisa explorat ria que utiliza fac
33. Sul ARDENGHI 2003 e demais comunidades tnicas que tinham na erva mate sua principal fonte de sobreviv ncia fazendo parte de uma cadeia produtiva que abastecia o consumo interno no Brasil e em grande parte voltada ao mercado argentino Assim a fam lia de Seberi veio substituindo as lavouras pelos SAF Onde eu tinha lavoura antigamente que eu era pi mais novo que lavrava com boi hoje tem rvore com 30m de altura Noel Em vista disso conta o Noel que a rea florestal contabilizando os SAF 188 aumentou e representa 60 da rea das propriedades dessa fam lia que totalizam ao redor de 25 ha Isso n o seria poss vel se a renda deles dependesse da lavoura porque eu se n o fosse a erva a minha terra hoje podia ter uns 15 a 20 de mato mas assim tenho 60 de mato conservado assim tira mais renda e n o estraga a natureza e n o precisa ta mexendo na terra ta chovendo ta erva l crescendo se vai mexer com a lavoura tu se preocupa se vai dar sol se vai chover Os custos com a lavoura s o maiores e a renda muito pequena Noel A fam lia declarou que fazem o plantio de mudas de esp cies nativas em substitui o aquelas que foram consumidas as quais morreram com a queda devido for a do vento Manifestaram que gostam de ftonservar a natureza e t m uma meta o mato nativo t sempre aumentando n o t diminuindo Essa meta contrasta com o meio onde vivem pois aparentemente essa fam l
34. a biodiversidade seja incorporada em nosso modelo econ mico em especial na agricultura temos que vencer algumas barreiras Uma destas a desinforma o sobre a exist ncia e a import ncia de nossas esp cies vegetais nativas O estudo de Brack et al 2007 refor a o conhecimento de esp cies nativas que s o e podem ser utilizadas na alimenta o humana al m disso sua abordagem revela uma contraposi o de modelos de agricultura Na agricultura moderna intensificam se a especializa o e a produ o de alimentos em sistemas de monocultivo que fazendo parte do com rcio internacional s o referidos como commodities o que demonstram Rapoport et al 1998 apontando que das cerca de 260 mil esp cies vegetais conhecidas no mundo em torno 26 de 10 s o comest veis 26 mil contudo o com rcio internacional apenas utiliza 0 04 delas sendo basicamente o arroz o milho a soja e o trigo A erva mate e a arauc ria s o as principais esp cies nativas amplamente manejadas no sul do Brasil e constituem se como esp cies potenciais para o seu manejo em sistemas agroflorestais VIVAN 1998 Elas podem promover o manejo de outras esp cies nativas porventura desconhecidas pela popula o no meio rural onde a agricultura tornou se de base monocultural Apesar do predom nio da ocupa o espacial por monoculturas no sul do Brasil diversos autores desvendam que entre agricultores familiares continua existindo o uso e o manejo
35. a assit ncia t cnica Nesse processo de transmiss o de conhecimentos atrav s dos quais tamb m se transmitem valores e tecnologias difunde se uma ideologia que dicotomiza entre o moderno o evolu do da vida urbana em contraste com o rural que visto como atrasado NEVES et al 2010 Nesse modelo de estrutura o da sociedade no ramo da agricultura moderna os alimentos em geral s o produzidos com o aporte de uma grande quantidade de agroqu micos e comercialmente monopolizados por determinados grupos empresariais transnacionais Nesse nodelo dominante n o sabemos como diversos alimentos s o produzidos e que fazem parte das refei es cotidianas como a carne o feij o o arroz o milho frutas e hortali as entre outros o que nos faz viver uma ilus o como referido por THE meatrix 2011 que critica a produ o de alimentos em sistemas intensivos e em escala em vista do uso de insumos qu micos como agrot xicos horm nios antibi ticos que por consequ ncia estariam entrando na cadeia alimentar e afetando a sa de dos consumidores assim como a polui o ambiental e a monopoliza o da cadeia produtiva por poucas empresas ocasionando o xodo rural Esse distanciamento do mercado consumidor em rela o aos produtores contribui para 23 um anonimato a respeito da produ o dos alimentos que pode contribuir para a n o problematiza o dessa realidade por parte dos cidad os levando se em conta a abordagem
36. a constru o deste trabalho LIC ES DO CARIJO O calor dos braseiros Nos ensina muitas li es Apartadas as almas Qual brasas se apagam Viram cinzas nossas ilus es Por m quando juntas Avivam e aquecem Os braseiros dos cora es Almas e brasas Assim a vida Lado a lado somamos For a e emo o Apartados N o somos nada E a pr pria vida Perde a raz o Que a exemplo do Carijo Sirva o mundo de li o Pra que os homens Se entendam e aprendam O valor De viver em comunh o Letra e m sica Silvio Aymone Genro Apresentada no 2 Carijo da Can o Ga cha em Palmeira das Miss es RS RESUMO Por tr s do h bito de tomar mate ou chimarr o existe um universo de conhecimento que est amea ado de se perder O processo de fabrica o artesanal de erva mate Ilex paraguariensis A St Hil uma pr tica antiga provinda dos povos ind genas das bacias dos rios Paraguai Paran e Uruguai como os Guaranis e Kaingangs que ainda existe na regi o sul da Am rica por m a partir dos anos 1960 v m passando por um processo de abandono tendo como principais fatores a moderniza o da agricultura e a industrializa o da cadeia produtiva da erva mate O objetivo da pesquisa foi o de analisar o processo de resist ncia dos agricultores familiares da metade norte do Rio Grande do Sul que praticam a fabrica o artesanal de erva mate frente agricultura moderna empresarial e capitalista assim como a re
37. aceitaram receber a minha visita e tornaram poss vel a realiza o desta pesquisa s conversas odas de mate acompanhamento nas lidas agr colas idas ao mato aos rios etc Aos colegas e professores que me emprestaram refer ncias bibliogr ficas trocaram ideias e conversas estimuladoras e otimistas sobre nossas pesquisas em especial a Fabiana Thom da Cruz Joana Cicconeto Josiane Wedig Joana Braun Bassi Felipe Almeida D cio de Souza Cotrim Fl via Char o Marques Gabriela Coelho de Souza Fl via Muradas Bulh es Eduardo L Ruppenthal Eric Losala e Carmen Os rio Hern ndez Sou muito grato s entidades e pessoas que me informaram a exist ncia de fam lias que processam a erva mate de forma artesanal bem como proporcionaram a apresenta o de minha pessoa e o deslocamento at o endere o das fam lias EMATER em especial a Abel Toquetto Alan Pac fico Pereira Andr Cristiano Engers Carlos Alberto Turra Edevin Bernich Eliazer Kosciuk Erivelton Gean Kreisig Pedro Urubatan Neto da Costa Sandra Teresa Spada e Vanderlei Neuhaus Ao CETAP nas pessoas de Alvir Longhi Carla Dornelles Lauro Foschiera e Sebasti o Tadeu dos Santos A M rcio Gazolla Ao IMEAB Instituto Municipal de Educa o Assis Brasil que coordena um curso de T cnico em Agropecu ria na cidade de Iju Ao Instituto Educar em especial a J ferson Boeira da Silva e a Salete Campigotto Tamb m sou grato pela oportunidade em le
38. al 2005 A n o garantia do mercado informal gerou um fen meno de capital social que ao mesmo tempo carrega valores culturais e ecol gicos que foram testemunhados em 166 munic pios da regi o do Alto Uruguai Essas fam lias n o disp em de cultivos de erva mate para a explora o comercial com exce o de no m ximo dez rvores em cada propriedade que apenas s o suficientes para abastecer o consumo pr prio Desta forma a aquisi o da mat ria prima viabilizada a partir de outros agricultores inclusive de moradores urbanos embora a maioria deles tamb m tenha poucos indiv duos de erva solit rios nas lavouras ou nos quintais das casas Consequentemente o n mero de fornecedores de erva torna se grande incont vel Eles relatam que os ervais foram arrancados em massa durante a expans o das lavouras de soja e hoje em dia os poucos p s de erva que sobraram continuam sendo removidos por causa das seguintes situa es a n o h compradores de erva mat ria prima b aumento das lavouras e supress o das rvores de erva por estarem atrapalhando os monocultivos c morte das rvores por causa da aplica o dos agrot xicos e da n o renova o dos ervais d desist ncia da venda da mat ria prima em vista de picaretagem e do baixo pre o pago pelas ind strias A fala do Jorge abaixo expressa essa situa o at l acho que n o tem mais da todo mundo j arranco porque planta ningu m
39. amarelo ou claridade fogo Q de acordo com Fagundes 1995 p 133 compreende uma instala o de madeira figura 5 constru dos tanto no interior dos ervais ou pr ximos a cursos d gua e que podem ser complementados com um telhado ou prote o O jirau de varas tem em torno de 1 50 m de altura sendo a fogueira realizada no ch o fazendo com que o calor e a fuma a circulem pelos ramos BERKAI BRAGA 2000 BONFIM 2007 MAZUCHOWSKI 1991 Figura 5 Carijo ao lado de uma rvore no interior da mata Fonte Berkai e Braga 2000 Berkai e Braga 2000 relatam que o carijo surgiu ap s o uso do forno durante a poca das redu es jesu ticas H semelhan as entre o forno descrito por Berkai e Braga 2000 e a furna em Mazuchowski 1991 por m este se refere furna como mais aperfei oada que o carijo A furna consiste numa arma o de madeira semelhante ao carijo por m abaixo do jirau no ch o h um buraco de 1 5 m de profundidade onde se faz a fogueira estando o jirau 42 a 0 70 m de altura BERKAI BRAGA 2000 A imagem de uma furna pode ser vista na figura 6 Figura 6 Furna Fonte Berkai e Braga 2000 O barbaqu barbacu ou boberaqua em guarani significa fburaco que faz reluzir FAGUNDES 1995 p 133 No barbaqu a erva recebe o calor atrav s de um canal subterr neo que mede entre 10 e 20 m de comprimento por isso diz se que o calor indireto Mazuchowski 1991 cita dois tipos d
40. apropriados at as folhas ficarem encrespadas e quebradi as Esta opera o feita no carijo no barbaqu ou na furna MAZUCHOWSKI 1991 Em mat ria publicada no Correio do Povo COME A 2003 p 16 sobre o 18 Carijo da Can o Ga cha realizado em Palmeira das Miss es RS 8 VALDUGA E Caracteriza o qu mica e anat mica da folha de Ilex paraguariensis Saint Hilaire e de algumas esp cies utilizadas na adultera o do mate 1995 97 f Disserta o Mestrado em Tecnologia Qu mica Setor de Tecnologia Universidade Federal do Paran Curitiba 1995 41 o nome Carijo vem do jirau de varas toscas onde se colocam os feixes da erva mate j sapecados para secagem ao calor do braseiro que arde em toda a extens o coberta durante tr s noites A ronda passa as noites em vigil ncia emparelhando o braseiro Durante esse per odo para se entreter os ervateiros contam causos e fazem desafios em trovas e cantorias A cidade tem a sua hist ria ligada erva mate cujas rvores eram abundantes na regi o Segundo Ribeiro 2008 o carijo um m todo totalmente artesanal mas ainda utilizado para a produ o de erva mate O processo de fabrica o artesanal de erva mate em cada uma de suas etapas utilizava uma pessoa e cada um recebia um nome conforme a fun o desempenhada como por exemplo tarefeiro ronda sapecador cancheador Portanto o carijo do guarani ca ari y que quer dizer ferva em cima do
41. baseia se fundamentalmente no uso sustentado do capital ecol gico Entre suas caracter sticas est o a multifuncionalidade a m o de obra fundamentalmente familiar ou comunit ria muitas vezes as terras e outros meios de produ o s o de propriedade da fam lia a produ o orientada ao mesmo tempo para o mercado e para a reprodu o da unidade agr cola e da fam lia h uma tentativa em distanciar as pr ticas agr colas dos mercados de insumos e uma intensifica o fundada no trabalho PLOEG 2008 A agricultura empresarial baseada essencialmente em capital financeiro e industrial sob a forma de cr dito insumos industriais e tecnologias sendo que sua expans o realizada basicamente atrav s do aumento em escala A produ o altamente especializada e orientada para o mercado Ela dependente dos mercados especialmente de insumos PLOEG 2008 A agricultura capitalista de grande escala e emerge sob a gide do modelo agroexportador Engloba uma rede bastante extensa de empresas agr colas de grande mobilidade condicionando segmentos de mercados agr colas e alimentares e utilizando se essencialmente de m o de obra assalariada A produ o voltada para a maximiza o do lucro e vista como uma fun o desta PLOEG 2008 A diferen a essencial entre os tipos de agricultura diz respeito s diferentes formas de estruturar o social e o material tamb m diferindo no modo de produ o Os modos de estrutura
42. como um todo PLOEG 2008 p 46 Na busca por autonomia os camponeses buscam fortalecer a base de recursos n o somente ao n vel da produ o melhorando os recursos e o processo de trabalho mas tamb m ao n vel das redes sociais tanto entre camponeses como com intermedi rios mercados Estado entre outros A base de recursos precisa ser constantemente defendida pois a continuidade da autonomia n o est assegurada ela precisa ser sempre criada e recriada pois o modo de agricultura campon s convive com um ambiente famea ador A base de recursos pode ser extensa ou limitada e pode tamb m ser controlada por aqueles que est o diretamente envolvidos ou ser sujeita a prescri es e controles externos 0 PLOEG 2008 p 55 52 Outras estrat gias para a obten o de autonomia s o atrav s da pluriatividade e da coopera o A primeira diz respeito a trabalhos n o agr colas realizados fora da propriedade SCHNEIDER 2003 atrav s da qual os camponeses buscam um suplemento de renda ou ela serve para obter fundos para a compra de combust vel bombas de irriga o sementes fertilizantes bois tratores e ou a alimenta o da fam lia Dessa forma evitam a depend ncia de bancos por exemplo Na segunda a busca por autonomia estendida do n vel individual para o n vel coletivo PLOEG 2008 A partir da condi o camponesa Ploeg 2008 tra a seis caracter sticas do fimodo campon s de fazer agricultura a
43. continuidade da agricultura camponesa acontecem s o distintos entre os agricultores ecologistas e os Gequenos agricultores ou colonos Os primeiros t m uma trajet ria de envolvimento com a agroecologia em que investiram para tornar suas atividades produtivas diversificadas e sem a utiliza o de agroqu micos fertilizantes agrot xicos organizaram se em associa es e cooperativas interagem com entidades agroecol gicas e comercializam em feiras livres ecol gicas Essa trajet ria na agroecologia j existe h cerca de 20 anos e se deve obviamente a uma hist ria anterior uma trajet ria que inicia com seus antepassados e que se deve muito sua base de recursos a qual foi conservada e incrementada A base de recursos dessas fam lias em maior ou menor propor o constitu da por recursos das esp cies nativas entre elas a erva mate Em rela o ao segundo grupo Golonos e ou pequenos agricultores os processos de continuidade est o se exercendo dentro de uma gama de atividades convencionais e 3 x As E 51 alternativas por m sem forma de coes o suficientes para que se promova uma coopera o l Entendida em um n vel de organiza o formal diante da sociedade associativismo e cooperativismo constituindo se em entidades de pequeno porte que se voltam aos interesses dos agricultores os quais pertencem 195 Nessas fam lias sobressaem se a reciprocidade a pluriatividade e a comercializa o informal Da mesm
44. crit rios baseados em estruturas e instala es CRUZ 2007 Segundo a autora a legisla o sanit ria brasileira foi constru da com base na normatiza o do Food and Drug Administration FDA dos Estados Unidos e em normas estabelecidas pela comiss o do Codex Alimentarius 38 um rg o que regulamenta e normatiza a legisla o sobre medicamentos e produ o de alimentos nos Estados Unidos Para maiores informa es acessar em http www fda gov uma comiss o formada por v rios pa ses e criada pela FAO em parceria com a ONU Ela procura estabelecer padr es e guias internacionais tanto para determinar a ingest o m xima aceit vel e ou recomend vel de algum aditivo alimentar quanto para determinar par metros e riscos microbiol gicos dos alimentos 162 A normatiza o brasileira leva em conta padr es internacionais e n o contempla as especificidades locais e regionais da produ o de alimentos que carregam conhecimentos tradicionais ou seja um saber fazer local muito mais antigo que a idade da legisla o sanit ria A diversidade da produ o de alimentos dos camponeses e seu saber fazer que tem car ter hist rico e cultural chocam se com as imposi es institucionais sanit rias que v o no caminho da padroniza o internacional BLACK 2005 Se os produtos artesanais continuarem a merc da regulamenta o industrial eles poder o estar em processo de desaparecimento VILLANUEVA et al 2008
45. da t cnica de captar uma variedade de situa es ou fen menos que n o s o obtidos por meio de perguntas O fen meno observado diretamente na pr pria realidade buscando captar o que h de imponder vel e evasivo na vida real GERHARDT SILVEIRA 2008 Neste aspecto um dos eventos que determinou o calend rio de visitas e a perman ncia do pesquisador em campo foi o momento em que os agricultores fabricaram erva mate em que se p de aproveitar para vivenciar com as fam lias de forma mais intensa A din mica de gera o de dados aconteceu conforme a seguinte rela o de eventos ou passos metodol gicos primeira visita apresenta o do pesquisador e do interesse da pesquisa sele o dos casos para a pesquisa leitura e assinatura do Termo de Consentimento Informado Livre e Esclarecido AP NDICE A acompanhamento da extra o e fabrica o artesanal de erva 75 mate descri o da paisagem rea da propriedade cultivos florestas benfeitorias etc com o acompanhamento de algu m respons vel pela propriedade observa o e descri o do habitat das plantas de erva mate indiv duos solit rios nas lavouras sombreados presentes na mata nativa em sistema agroflorestal etc levantamento de esp cies florestais conhecidas pelos agricultores ou etnoesp cies atrav s de caminhamento pela mata e ou ambiente da propriedade juntamente com os agricultores entrevista AP NDICE B A sequ ncia de eventos foi planeja
46. da vida social dentro do grupo WOLF 1976 A fam lia nuclear importante na produ o e na fexplora o do eu 10 Nesta pesquisa toma se esta l gica como priorit ria n o fazendo diferencia o conforme proposta de Schneider e Niederle 2008 que diferencia camponeses de agricultores familiares atrav s do crit rio da maior vincula o mercantil e participa o na divis o social do trabalho no mundo moderno por parte dos ltimos Waquill et al 2010 a partir da an lise de outros autores COSTABEBER CAPORAL 2005 QUEIROZ 2006 consideram que na agricultura de base familiar incluem se tr s categorias diferenciadas a partir do n vel de inser o no mercado desde os que n o tem inser o at aqueles que participam da exporta o e mercado interno 49 a necessidade de conservar as rela es sociais em equil brio a fim de manter o estado est vel da comunidade corporada internalizada pelo indiv duo como esfor os conscientes e intensos para manter se fiel aos pap is tradicionais os quais tiveram xito na manuten o do estado est vel do passado Deste modo aparece uma forte tend ncia no n vel psicol gico de enfatizar a pr tica rotineira ininterrupta de padr es tradicionais Dessa forma o indiv duo n o carrega a cultura dessa comunidade de modo meramente passivo como uma heran a social aceita automaticamente mas de maneira ativa A ades o cultura ratifica a sua posi o de m
47. de que embora seja verdade que certas mudan as estruturais resultam do impacto de for as externas devido presen a do mercado ou do Estado teoricamente insatisfat rio fundamentar qualquer an lise na determina o externa Todas as formas de interven o externa invadem necessariamente os mundos da vida dos indiv duos e grupos sociais por isso elas s o mediadas e transformadas por esses mesmos atores e estruturas locais Da mesma forma as for as sociais remotas e de larga escala alteram de fato as chances de vida e os comportamentos dos indiv duos e elas s podem faz lo atrav s da configura o direta ou indireta das experi ncias e percep es da vida cotidiana dos indiv duos em quest o LONG 2001 LONG PLOEG 1994 A abordagem centrada nos atores parte de um interesse em explicar respostas diferenciadas a circunst ncias estruturais similares mesmo que as condi es pare am 16 Isso gera o que Ploeg 2008 chama de Squeeze aperto na agricultura um fen meno que se repete em todo o mundo onde os agricultores tem redu o da margem de lucro devido a uma combina o de alta dos pre os dos insumos e ao baixo valor auferido pela venda dos produtos 59 relativamente homog neas Presume se que os padr es diferenciais que emergem s o em parte criados pelos pr prios atores Os atores sociais n o s o vistos meramente como categorias sociais baseadas na classe ou em outros crit rios de classifica
48. de calor vai sendo abastecida 131 Figura 46 O barbaqu Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Moquem do barbaqu onde se faz o fogo que conduzido por um t nel at o galp o dentro do qual est o os ramos de erva mate para serem secados Seberi B a boquia por onde ascende o calor para dentro do galp o situada no ch o do galp o abaixo da arapuca Seberi C D E Arapuca de madeira piramidal sobre a qual se disp e os ramos de erva mate para serem secados Seberi F Menino sobre a arapuca em Santo Ant nio do Palma Ano 2010 Fonte acervo do autor No barbaqu em vista de que a queima da lenha realizada distante da erva o leque de possibilidades da utiliza o de esp cies para lenha torna se amplo assim como foi 132 expressado pelo pai do Jos n o sendo o pessegueiro brabo outra lenha basta que d fogo Em Seberi al m da n o utiliza o do pessegueiro brabo evita se o timb Quando o timb utilizado enquanto estiver produzindo muita fuma a esta deve ser desviada pelo suspiro Portanto em Seberi a lenha proveniente de eucalipto e de diversas esp cies que eles encontram seca no mato J em Santo Ant nio do Palma algumas esp cies s o selecionadas preferencialmente como pitanga branquilho laranjeira carrapicho bracatinga eucalipto angico vermelho e raiz de ac cia negra J utilizaram cascas de arauc ria quando obtiveram uma licen a ambiental Entre as esp c
49. de esp cies e de ecossistemas nativos ASSIS et al 2010 CAFFER 2005 Portanto com esta pesquisa tomando por base agricultores familiares do Rio Grande do Sul buscou se responder o que a fabrica o artesanal de erva mate representa em termos de resist ncia ao modelo de agricultura moderna empresarial e capitalista e de conserva o ambiental Parte se da hip tese de que os agricultores familiares que fabricam erva mate de forma artesanal estariam em processo de resist ncia ao modelo dominante da agricultura moderna o qual se concatena com o processo de globaliza o econ mica e se confunde com o vi s da modernidade na sociedade urbano industrial Outra hip tese seria de que esse processo de resist ncia estaria intimamente relacionado com a conserva o dos recursos naturais a qual poderia contribuir para a autonomia e a manuten o do modo de vida caracter stico de agricultores familiares dentro do qual se expressam uma cultura e tradi es O objetivo da pesquisa foi o de identificar e analisar os mecanismos de resist ncia dos agricultores familiares associados fabrica o artesanal de erva mate frente agricultura moderna e industrializa o assim como a rela o desses mecanismos com a conserva o ambiental Como objetivos espec ficos foram tra ados os seguintes a Caracterizar os agricultores familiares envolvidos na fabrica o artesanal de erva mate b Caracterizar o processo de fabrica o art
50. dimens o desse ciclo econ mico o tempo do meu av eles tinham carijo n barbaqu colhiam a erva sapecavam cancheavam e vendiam vendiam s cancheada n o pronta era pra exporta o parece que era pra tinta isso h quantos anos atr s 50 60 anos atr s acho H mais de sessenta anos havia com rcio de erva para exporta o a Argentina Existiam os compradores e o transporte era realizado atrav s de trem e caminh o O cancheador utilizado era com tra o animal com um equipamento chamado ouri o segundo a literatura Por m a venda de erva cancheada terminou em vista de outras atividades como a produ o de su nos trigo e milho na mesma medida em que empreeenderam se a instala o de moinhos e frigor ficos No entanto o corte das rvores de erva mate continuou e prosperou em vista da demanda das ervateiras industriais por mat ria prima verde como explica o Atahualpa 104 eram em 4 irm os o pai mais 3 irm o cada um 7 filhos mais uns primo n era n o sei quantas col nia de erva mate e cheio de erva mate n mais uns primo do meu pai que tem que s o tudo unido aqui n era muita gente tinha erva nossa N s tirava no inverno n s tirava cinco seis caminh o de erva 500 600 arroba por caminh o era erva que sa a daqui nossa Ia pra Erechim Ouro Verde pra pro lado de Arvorezinha ali n s mandava tamb m nosso maior venda era pra Erechim era uma firma forte grande chegava
51. direita e do alto para baixo A Sapecador com pseudocaules de bananeira Santo Cristo B Tonel de lata Bozano C Tijolos e tronco de madeira Humait D Sapecador com pedras e o agricultor usando uma taquara para sapecar os ramos curtos evitando se queimaduras nas m os Panambi Ano 2010 er erecrereaa sas errrecaena nana a a a Aa iaia TS 118 Figura 37 Detalhe de uma folha de erva mate ap s o sapeco evidenciando rupturas na face abaxial Humait RS Ano 2010 erre er er eea aerea eres erae area aaanada 119 Figura 38 A quebra separa o dos ramos de erva mate ap s o sapeco e o enfeixamento realizado com diferentes materiais Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Ramos grossos de erva mate descartados s o aproveitados como fonte combust vel para os pr ximos sapecos Santo Cristo B Separa o dos ramos em Bozano C Amontoando os ramos entre quatro estacas de madeira Humait D Vis o do enfeixamento dos ramos entre estacas de taquara as tiras de taquara e os feixes de erva amarrados Panambi E Arma o de ferro substituindo as estacas utilizando se tiras de taquara para o amarrio Bozano F Levando os feixes ao cargo Bozano Ano 2010 4 casas areia ta mantados iesradira ada dass eat tnn dt iaa ecos daa ante denda nisi 120 Figura 39 O mutir o para sapecar quebrar e fazer o enfeixamento da erva mate Da esquerda para a direita A Humait B Bozano Ano 2010 121 Figura 40 O sapeco i
52. do Brasil ARANDA 1986 As cita es de erva mate para o norte da Argentina e para a Bol via s o refutadas por Giberti 1995 A rea predominante de distribui o natural da erva mate nos pa ses Brasil Argentina Paraguai e Uruguai compreende 540 mil km sendo que somente o Brasil abrange 450 mil km desse total ANDRADE 2002 30 meme t t BOLIVIA t Eoi REPUBLICA ARGENTINA 7 EN Area del Ilex poraguoriensis St Hil var paroguoriensis H 2 f JurucuayZ KA nS Areo del Ilex poroguariensis St Hil vor ii R poroguoriensis e Ilex poraguoriensis K MRAR St Hil vor vestita Reiss Loes MONTEVIDEO cs 4 60 AF 40 35 Figura 2 Distribui o de Iex paraguariensis erva mate na Am rica do Sul Fonte Grondona 1954 2 2 HIST RIA E ECONOMIA V rios autores citam que o uso da erva mate pelos ind genas existe h muito tempo Os primeiros registros de uso da erva mate relacionam se aos ndios guaranis que habitavam a regi o compreendida pelas bacias dos rios Paran Paraguai e Uruguai correspondendo a um territ rio pertencente ao Paraguai Misiones Argentina Mato Grosso do Sul e Paran Brasil Eles adotaram o uso da erva mate como bebida t nica e estimulante difundindo a entre as tribos at mesmo como artigo de troca A erva mate era transportada por milhares de quil metros chegando a tribos da Argentina Bol via Chile e Peru BIANCHINI 2000
53. do fogo em carijos que eram improvisados no interior das matas onde n o havia gua o material utilizado era a pr pria terra do local O fogo muito alto com labaredas um risco terr vel que pode causar o inc ndio da erva e de todo o carijo Entre as fam lias entrevistadas algumas relataram que outrora seus carijos foram incendiados como a de Santo Ant nio do Palma que atualmente n o utiliza mais esse sistema de secagem conforme relatou o pai do Jos PE ainda eles fazia e da pegava fogo porque n s tamb m foi queimado dois carijada quase pronta o outro conseguimo apag mas um se foi Outra caracter stica de uma boa lenha a ser utilizada no carijo a qualidade de sua fuma a ou seja conforme a lenha ela poder deixar a erva com sabor desagrad vel e at intoxicada Sendo assim os agricultores ao longo do tempo e conforme fatores atuais como a limita o de recursos foram conhecendo as melhores esp cies arb reas para utilizar como lenha a fim de secar a erva mate o melhor poss vel Em Panambi uma das esp cies que tem sido mais utilizada o branquilho que segundo o Cenair n o d labareda e produz brasa boa ou seja ela queima gerando brasas mais dur veis e com bom poder calor fico Ele tamb m utiliza a pitangueira e a uva japonesa e citou como uma das melhores a guabiroba por m essa n o mais utilizada em fun o da car ncia de indiv duos Por outro lado ele n o recomenda utilizar
54. dos insumos 13 Exemplos Bayer Bunge Cargill Monsanto Nestl Parmalat 58 das mat rias primas e dos produtos s o regulados internacionalmente como exemplo a soja que leva por base o valor do Bushel equivalente a 15 kg dos EUA Conforme Ploeg 2008 os imp rios n o deixam de estar fora de uma arena de disputas onde h contradi es e rupturas A agricultura camponesa se contrap e ao ordenamento dos imp rios por suas caracter sticas da frondi o camponesa sendo uma delas a busca por autonomia De acordo com Ploeg 2008 a agricultura camponesa enfrenta tr s tend ncias dos imp rios que a afetam a enfraquecimento ou desintegra o da base de recursos atrav s de diferentes mecanismos como o bloqueio do acesso a linhas de cr dito usurpa o da gua elimina o de sa das de mercado atrav s da introdu o de imita es de produtos destrui o de institui es imposi o de esquemas regulat rios b precariedade do setor agr cola por causa da drenagem de recursos e c redund ncia por causa da apropria o de recursos terras material gen tico gua sa das de mercado em que os imp rios criam circuitos paralelos para a produ o de mercadorias 3 3 A RESIST NCIA CAMPONESA E A PERSPECTIVA ORIENTADA PELO ATOR A an lise da resist ncia da agricultura camponesa toma por base a Perspectiva Orientada pelo Ator LONG 2001 A base desse interesse nos atores sociais a convic o
55. durante a poca do seu av O pai do Jorge fabricava erva antigamente assim como outros da vizinhan a a partir da implanta o de ervais A moagem da erva era feita em um soque de certo parente em uma comunidade pr xima mas em seguida constru ram seu pr prio soque o que fez muita gente solicitar lhes o servi o de moagem da erva H mais ou menos trinta anos eles fabricam erva desde quando j existia ind stria ervateira em Santa Rosa Quando Jorge e Frida se casaram foram morar durante oito anos no interior de Alecrim munic pio vizinho l ele trabalhava como diarista e em suas terras a fam lia trabalhava com agricultura no entanto n o processavam erva pois n o havia soque na vizinhan a Depois venderam as terras e voltaram a morar na casa do pai do Jorge e inclusive cuidando dele pois estava anci o Desde o retorno s o dezoito anos vivendo no antigo lar A rea da propriedade de 14 ha dos quais 4 ha s o de mata a maior parte ao fundo da rea em terreno mais ngreme figura 23 As principais fontes de renda dizem respeito fabrica o artesanal de erva mate e ao trabalho no ramo da constru o civil que o Jorge faz por vezes na forma de troca de servi os ou como um trabalho externo propriedade Tamb m h venda de bovinos para carne junta de bois para tra o e leite Na propriedade eles criam 27 cabe as de gado bovino entre as quais oito vacas produzindo leite por m ningu m da fam lia conso
56. e mediar a mobiliza o dos agricultores como o caso nas regi es serrana do litoral norte e metropolitana do Estado No ramo da agroecologia nas feiras de agricultura familiar na organiza o de agricultores criando mercados paralelos e informais semin rios encontros cursos e at escolas de ensino agroecol gico essas pessoas est o exercendo cidadania GOHN 2001 Inclusive a partir da mobiliza o camponesa novas pol ticas p blicas e programas de assist ncia t cnica s o criados Durante as trajet rias e processos de resist ncia os cidad os fazem a contracorrente da l gica dominante sendo um movimento propulsor de mudan a de baixo para cima bottom up Ao se mobilizarem e reivindicarem suas demandas seus direitos e deveres e ao defenderem sua cultura e identidade os atores exercem a ag ncia GIDDENS 1984 a capacidade de agir dentro de uma estrutura rija em que h disputa de poder a um mesmo grupo tal como agricultores familiares elas foram verificadas entre os agricultores ecologistas Neste caso desconsidera se o fato das fam lias apenas serem s cias de cooperativas do ramo das commodities pois estas s o geridas dentro da l gica empresarial onde camponeses s o integrados no mercado capitalista Para uma discuss o aprofundada ver Wanderley 2009 p 128 129 Entidades atuantes nessas regi es Centro Ecol gico Ip e Dom Pedro de Alc ntara Ecocitrus e Morro da Cutia Vale do Ca AP
57. e a reprodu o de recursos A base de recursos envolve tanto recursos sociais como naturais conhecimento redes for a de trabalho terra gado canais de irriga o terra os esterco cultivos etc sendo a terra o pilar central tanto material como simbolicamente PLOEG 2009 Ela consequ ncia da coprodu o assim como sustenta a coprodu o baseando se em parte em trocas com a natureza A base de recursos e a coprodu o juntas constituem um processo de trabalho espec fico fbnde em primeiro lugar ele o locus onde o homem e a natureza viva se encontram e onde ciclos diferentes s o interligados conjuntamente em um todo coerente PLOEG 2008 p 42 Nele s o desenvolvidas aprendizagens e criadas novas formas de fazer as coisas O processo agr cola de produ o n o gera apenas produtos finais mas tamb m s o 51 constru dos reconstru dos e desenvolvidas uma combina o de recursos espec fica equilibrada e harmonizada um estilo de agricultura PLOEG 2008 Resulta desta intera o entre coprodu o base de recursos processos de aprendizagens e inser o de novidades outra caracter stica deste modo de ser que a autonomia Ela se relaciona principalmente com a sociedade envolvente e mais especificamente com o mercado na qual buscam o m ximo de flexibilidade mobilidade e capacidade de escapar ao controle Uma das manifesta es dos camponeses que exemplifica a busca de autonomia o c
58. ecologismo sem distin o entre ecologismo e ambientalismo 69 defende que elas podem ser aliadas na conserva o como forma de preservar os ambientes naturais mas tamb m manter a diversidade cultural Associado a esta no o temos a proposi o do conceito de Conhecimento Ecol gico Tradicional TEK BERKES 1999 No Brasil h estudos que utilizaram o conceito de Conhecimento Ecol gico Local HANAZAKI 2006 PIEVE 2009 Para Pieve 2009 conhecimento ecol gico local permeia a rela o entre o ser humano e seu ambiente englobando tanto as concep es simb licas acerca de seu meio dos recursos e fen menos naturais quanto seu modo de apropriar se dele que por sua vez incentiva e permite a utiliza o de tecnologias espec ficas dispon veis no ambiente ou n o O conceito de ftonhecimento tradicional definido por Diegues 2000 p 30 tem similitude com o anterior sendo fp saber e o saber fazer a respeito do mundo natural sobrenatural gerados no mbito da sociedade n o urbano industrial transmitidos oralmente de gera o em gera o Permeiam estes conceitos a no o de tradi o que pertinente para entender a rela o entre cultura e conserva o como parte do modo de vida das popula es humanas Os estudos contempor neos que tratam do conceito de tradi o atrelam na incorpora o de mudan as e reinterpreta o de h bitos como forma de se adaptar aos contextos transit rios FLEURY ALMEIDA
59. especies nativas en especial la yerba mate Se encontr que entre esos agricultores su xito est ntimamente relacionado a la conservaci n ambiental La degradaci n y eliminaci n de las selvas la p rdida de diversidad y calidad en la base de los recursos son incompatibles con la perspectiva de continuidad de la agricultura campesina Los elementos caracter sticos de las familias se contraponen a la l gica de modernizaci n de la agricultura que constituye el dominio capitalista en el campo o sea el dominio de las transnacionales o fimperios en las cadenas productivas de beneficio y comercializaci n de alimentos Por lo tanto los elementos citados caracterizan una resistencia campesina que se est procesando a trav s del comercio informal del cooperativismo la reciprocidad y la pluriactividad relacionada a las especificidades aut ctonas ecol gicas y culturales Por consiguiente la continuidad de la agricultura campesina y la conservaci n ambiental son interdependientes Debido a la conservaci n de la base de los recursos los campesinos pueden resistir al modelo dominante y dar respuestas locales que pueden servir de modelo ideal a un desarrollo rural sustentable Palabras Clave Resistencia campesina Yerba mate artesanal Agricultura familiar Sustentabilidad CCarijo Barbacu LISTA DE ILUSTRA ES Figura 1 Ramos e folhas de erva mate Panambi RS Mar o de 2011 28 Figura
60. essas feira a a gente fazia biofertilizante da a gente aprendia l a faze at minhoc rio o composto se fazia com palha e esterco Jos e Anita Depois disso foi criada uma feira em Passo Fundo organizada pelo CETAP e a C ritas Diocesana na qual eles passaram a vender produtos h 12 anos A participa o na feira come ou pouco a pouco inicialmente em per odo mensal at chegar de forma semanal l Escola Alternativa para a Juventude Rural voltada para a forma o t cnica de lideran as e jovens rurais Foi criada em abril de 1988 em Passo Fundo pela Pastoral da Juventude Rural e a Diocese de Passo Fundo 101 Segundo o Jos o aumento da diversifica o de produtos alavancou a partir da participa o deles na feira um pouco a diversifica o vejo assim que a gente se vai vender uma coisa tu tem uma coisa a mais tu vende mais f cil se tu ir ali em Passo Fundo tu percebe a nossa banca a mais diversificada e tem 8 9 bancasO Com a diversifica o de culturas e a exig ncia de m o de obra das atividades eles vieram tomando um rumo no sentido de adaptar tecnologias e mobilizar se em uma associa o Atrav s dela foi financiada a constru o de uma agroind stria de sucos e derivados durante o governo estadual de Ol vio Dutra 1999 2002 A produ o de uvas e vinho pro gasto j existia mas com a agroind stria a fam lia investiu no aumento do parreiral que j teve qua
61. extrativismo importante cota de produ o tabela 1 38 275 250 225 200 175 150 4 Brasil med pS Mil Ton 125 100 75 50 25 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 Ano Figura 4 Produ o de erva mate em milhares de toneladas proveniente do extrativismo em dezoito anos 1990 a 2008 para o Rio Grande do Sul e Brasil Fonte Produ o da Extra o Vegetal e da Silvicultura 2008 IBGE 2009a Os dados do IBGE 2010b sobre a produ o agr cola municipal quanto aos ervais plantados para o ano 2008 revelam que atualmente a maior parte da produ o de erva mate prov m da lavoura permanente plantadas em monocultivos sendo que o Rio Grande do Sul produziu 256 352 toneladas correspondendo a 58 9 da produ o brasileira o Paran 30 5 e Santa Catarina 9 6 tabela 1 Reunindo a produ o de erva mate proveniente do extrativismo e de lavouras o Rio Grande do Sul se situa em segundo maior produtor a que se deve s suas lavouras tabela 1 TABELA 1 Quantidade de erva mate proveniente do extrativismo e de erva mate das lavouras permanentes segundo Estados da Federa o Ano 2008 Unidades da Produ o do extrativismo Produ o da lavoura permanente Total da produ o Federa o ton ton ton Paran 154 701 132 556 287 257 Santa Catarina 39 637 41 890 81 527 Rio Grande do Sul 25 156 256 352 281 508
62. galhos compridos reaproveitando esses galhos como fonte combust vel para os sapecos posteriores enquanto os que utilizam sapecadeira n o aproveitam os galhos de erva mate pois eles s o deixados nos pr prios ervais Fam lias Panambi Bozano Santo Cristo Santo Ant nio do Seberi Humait Ip Palma Sistema de carijo carijo carijo barbaqu barbaqu variante variante secagem Esp cies branquilho branquilho branquilho branquilho eucalipto eucalipto eucalipto e empregadas para uva japonesa angico vermelho uva japonesa carrapicho coc o rabo de bugio outras diversas a secagem da pitanga guajuvira canela doce pitanga maria preta camboat erva guabiroba camboat vermelho guabiju laranjeira angico vermelho vermelho rabo de bugio pitanga bracatinga branquilho coc o guabiroba eucalipto outras branquilho angico vermelho angico vermelho canela de veado ac cia negra raiz rabo de bugio arauc ria guabiroba Esp cies n o timb mamica de cadela pessegueiro brabo pessegueiro n o h desvia recomendadas pessegueiro brabo brabo se a fuma a para a secagem canela loura timb Sistema do direto direto direto direto Sapecadeira direto Sapecadeira sapeco Esp cies erva mate e erva mate e outras erva mate erva mate e outras Eucalipto e erva mate Eucalipto e empregadas para outras diversas diversas outras diversas outras diversas o sapeco diversas Figura 51 1 Quadro com a lis
63. gente Porto Alegre Instituto Ga cho de Tradi o e Folclore Prefeitura Municipal de Humait 1983 COSTA S G A erva mate Curitiba Scientia et Labor UFPR Secretaria de Estado do Planejamento e Coordena o Geral 1989 CRUZ F T Qualidade e boas pr ticas de fabrica o em um contexto de agroind strias rurais de pequeno porte 2007 111 f Disserta o Mestrado em Agroecossistemas Centro de Ci ncias Agr rias Universidade Federal de Santa Catarina Florian polis 2007 DEAN W A ferro e fogo a hist ria e devasta o da mata atl ntica brasileira S o Paulo Companhia das Letras 1996 DELGADO G C Expans o e moderniza o do setor agropecu rio no p s guerra um estudo da reflex o agr ria Estudos Avan ados S o Paulo v 15 n 43 p 157 172 set dez 2001 Dispon vel em lt http www scielo br pdf ea v15n43 v15n43a13 pdf gt Acesso em 03 jun 2011 DESCOLA P Ecologia e cosmologia In DIEGUES A C Org Etnoconserva o novos rumos para a prote o da natureza nos tr picos S o Paulo Hucitec 2000 p 149 163 DIEGUES A C Etnoconserva o da natureza enfoques alternativos In DIEGUES A C Org Etnoconserva o novos rumos para a prote o da natureza nos tr picos S o Paulo Hucitec 2000 p 1 46 DIEGUES A C O mito moderno da natureza intocada S o Paulo Hucitec 2004 DIEGUES A C Pescadores camponeses e trabalhadores do mar S o Paulo tica 1983 207
64. governo federal estadual ou municipal 14 0 058 131 0 09 Vendida diretamente ao consumidor 99 0 41 560 0 38 Exportada 8 0 0055 N o vendeu 242 0 996 1 076 0 74 Total 24 303 100 144 699 100 Fonte IBGE 2010a SIDRA Censo Agropecu rio 2006 Adaptado 47 3 REFERENCIAL TE RICO METODOL GICO Este cap tulo apresenta o referencial te rico e os m todos utilizados para desenvolver a pesquisa perpassando pelas abordagens da agricultura familiar e camponesa a condi o camponesa de Ploeg a resist ncia camponesa e a Perspectiva Orientada pelo Ator a natureza a coprodu o e o modo campon s de agricultura 3 1 AGRICULTURA FAMILIAR E CAMPONESA A atual defini o para os atores sociais que vivem no meio rural brasileiro torna se complexa na mesma propor o da sua grande diversidade e medida que eles est o reivindicando suas identidades outrora esquecidas ignoradas e subjugadas Desse ponto de vista Almeida 2007 anuncia a morte do conceito de campesinato embora outros autores se refiram aos atores sociais do meio rural dentre aqueles de grupos sociais Fpobres e ou fpequenos dentro de uma frondi o camponesad MOTTA ZARTH 2008 WANDERLEY 2009 Em uma an lise global Ploeg 2008 trabalha com o conceito de ftondi o camponesa pela qual caracteriza a agricultura camponesa mas seu conceito carrega a no o de modo de vida ou de um modo campon s de fazer agricultura As popula es tradicionais com
65. ibge gov br cidadesat gt Acesso em 6 out 2010b IBGE Senso 2010 Rio de Janeiro IBGE Dispon vel em lt http www ibge gov br home estatistica populacao censo2010 default shtm gt Acesso em 6 out 2010c IBGE Produ o da Extra o Vegetal e da Silvicultura 2008 Rio de Janeiro IBGE 2009a Dispon vel em lt http www ibge gov br home estatistica economia pevs 2008 default shtm gt Acesso em 6 out 2010 IBGE Produ o agr cola municipal ano 2008 Rio de Janeiro IBGE 2009b Dispon vel em lt http www ibge gov br home estatistica economia pam 2008 default shtm gt Acesso em 6 out 2010 209 IBGE Manual T cnico da Vegeta o Brasileira Rio de Janeiro IBGE 2004 INSTITUTO HUMANITAS S o Leopoldo Dispon vel em lt www ihu unisinos br gt Acesso em 25 fev 2011 KICHEL I Aspectos econ micos da atividade ervateira no Rio Grande do Sul 2002 79 f Trabalho de Conclus o de Curso Bacharelado em Economia Faculdade de Ci ncias Econ micas Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2002 KUBO R et al Crescimento produ o foliar e efeito de corte de samambaia preta em uma rea de encosta da mata atl ntica no Rio Grande do Sul In MIGUEL L A COELHO DE SOUZA G KUBO R Org Extrativismo da samambaia preta no Rio Grande do Sul Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 KRONE E E Identidade e cultura nos Campos de Cima da Serra RS pr ticas saberes e modos de vid
66. inicialmente numa causa de cunho ambiental com o Movimento de Atingidos por Barragens MAB e depois em um assentamento da reforma agr ria em parceria com o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra MST A viv ncia que tive no assentamento fez voltar me os olhos para o rural e para a pr tica de Extens o da universidade Essa viv ncia me fez lembrar de uma eitad ocasi o em que eu ainda crian a havia acompanhado o meu pai a fabricar erva mate artesanal utilizando o carijo dos meus av s paternos O meu av em idade avan ada pedia aos filhos para fazer a erva que ele gostava de tomar Para eles antigamente quando meu pai era guri a fabrica o de erva por determinado tempo foi a principal atividade de renda que era comercializada na comunidade e a pessoas que vinham de mais longe Essa lembran a aliada ao protagonismo dos estudantes de Ci ncias Biol gicas em organizar viv ncias motivou me a levar estudantes da UFRGS a Panambi para vivenciar o processo de fabrica o artesanal de erva mate Em parceria com um agricultor foram realizadas tr s viv ncias de extens o universit ria entre os anos de 2005 e 2007 Entre os objetivos dessas viv ncias estava o de resgatar e valorizar a fabrica o artesanal de erva mate de forma que essa pr tica n o se extinguisse Em guarani significa borboleta Por isso tem seu cognome fale das borboletas azuis 21 Meu envolvimento com colegas e grupos que atuam com agroec
67. inspirando se no trabalho de ALVES 2004 que utilizou narrativa fotogr fica A identifica o das fam lias bot nicas baseou se no sistema de classifica o de APG II APG 2003 O levantamento das etnoesp cies florestais foi realizado durante o acompanhamento da fabrica o artesanal e atrav s da sistematiza o das entrevistas e das t cnicas de caminhamento FILGUEIRAS et al 1994 e cita o oral No caminhamento os agricultores foram convidados a mostrar e a falar sobre as esp cies vegetais arb reas e de arbustos enquanto a cita o oral foi aplicada quando n o houve possibilidade de realizar o caminhamento pelas reas de mata consistindo em perguntar aos agricultores quais esp cies arb reas nativas eles conhecem Assim mais especificamente em cada caso as t cnicas foram aplicadas da seguinte maneira Panambi caminhamento na mata e propriedade Bozano 76 caminhamento em duas reas de mata Santo Ant nio do Palma caminhamento no sistema agroflorestal SAF e cita o oral Ip cita o oral Humait caminhamento na margem do rio e propriedade Santo Cristo caminhamento nas reas de mata Seberi caminhamento nos SAFG e reas de mata O levantamento de esp cies por caminhamento e cita o oral teve objetivo de complementar informa es que dizem respeito ao manejo das esp cies utilizadas ou n o para a fabrica o artesanal de erva mate bem como sobre o manejo e a conserva o dos ecoss
68. km segundo dados da Secretaria Municipal de Educa o e Cultura 1992 A figura 18 mostra a realidade atual da sobre os remanescentes de vegeta o no Rio Grande do Sul percebendo se maior ocorr ncia de florestas nas regi es com relevo mais acidentado serra e vales dos rios e tr s reas verdes no extremo norte e noroeste do Estado que 86 correspondem s reas ind genas e ao Parque Estadual do Turvo este na fronteira com a Argentina sim ANESCENTES DE VEGETA O D DO O RIO GR RANDE E MAPA DOS sa na EDO J SUL Legenda Campestre 7 Florestal EB Mosaico Campo floresta S gua EB Antr pico rural Antr pico urbano EB Fonte Mapa elaborado a parti dos dados do mapeamento da cobertura vegetal do Rio Grande do Sul UFRGS Centro de Ecologia Escala 1250 000 Figura 18 Mapa dos remanescentes de vegeta o do Rio Grande do Sul Fonte Cordeiro e Hasenack 2009 87 4 3 2 Economia e agricultura A agricultura o setor mais importante da economia para quase todos os munic pios citados destacando se a produ o de soja milho e trigo em sistemas de monocultivo em Panambi Bozano Humait Santo Cristo e Seberi Esses monocultivos tamb m ocorrem nos outros munic pios por m em menor amplitude e de forma regionalizada Ip considerado a capital nacional da agroecologia embora tamb m tenha produ o convencional na regi o mais serrana predominam as frutas uva ma e na reg
69. mesmo fazem fronteira com o rio que passa pr ximo resid ncia A rea vizinha que cont gua ao rio pertence a parentes Mesmo assim a sua propriedade est sendo cada vez mais enriquecida com o plantio de rvores frut feras tanto ex ticas como nativas estas com mudas extra das de reas de mata vizinhas Quanto fabrica o artesanal de erva mate existe uma correla o entre o tipo de sistema de secagem a proced ncia da lenha e a falta de recursos florestais na propriedade ou seja a solu o foi realizar plantio de eucaliptos sendo esta a principal fonte 185 de lenha e construir um sistema de secagem mais eficiente o forno o qual reduz a necessidade de lenha pela metade em compara o com o barbaqu Em Panambi o patrim nio da fam lia soma cerca de 10 ha divididos em duas reas separadas Mesmo havendo mais mato nessas reas hoje em dia do que em rela o h 40 ou 50 anos a lenha um recurso limitado Neste caso em que o agricultor fabrica erva apenas para o autoconsumo e utiliza o carijo para sec la suas exig ncias s o maiores quanto s esp cies a serem utilizadas para lenha embora o consumo seja espor dico Uma das esp cies preferidas a guabiroba por m ela est muito escassa Aliado aos fatores de escassez o Cenair se manifesta em rela o proibi o do corte de rvores nativas gosta eu gosto mas hoje a dificuldade ta muito grande pra faze a erva a dificuldade come a
70. meteram essa peixarada a mas largassem jundi tra ra dourado opa a sim Mas o rio Caxambu virou em til pia marcante a mensagem do agricultor pois ele contesta o que Gabricado fora da natureza ou da propriedade e compara a situa o de hoje que de escassez de peixes em quantidade e esp cies com a situa o de antigamente onde existia grande diversidade de esp cies de peixes Ele n o se convence pelo fato de um vizinho ter pescado um peixe muito grande de uma esp cie ex tica pois justamente foi pescado apenas um peixe do contr rio do que eram os milhares de peixes de jundi s lambaris tra ras e cascudos Tamb m relembra sobre a verdadeira carpa de antigamente diferenciado a das carpas atuais Dentre as consequ ncias do modelo de agricultura empresarial destacam se o xodo rural a concentra o fundi ria o baixo valor pago pela produ o de gr os a restri o e uniformiza o de mercados a falta de poder aquisitivo para atualizar se conforme as novas tecnologias implementos m quinas Todas essas consequ ncias est o interrelacionadas e por hip tese tem como causa global a financeiriza o dos mercados agr colas que 43 w 2 e 24 2 e s s As carpas s o esp cies ex ticas por m a que o agricultor se referiu n o se soube precisar qual seria a esp cie 177 atualmente s o controlados pelos imp rios agroalimentares PLOEG 2008 que com base na l gica capitalis
71. n o planta mais tu n o ouve ningu m planta erva mate o nico que planto foi o encheu meia col nia esse que vou busca erva amanh esse tamb m vai arranca depois que o velhinho morreu esse j qu tira e olha essa erva dele deu erva boa erva gorda assim n As situa es descritas s o testemunhadas de forma generalizada nos munic pios da regi o do Alto Uruguai e do Planalto M dio no Rio Grande do Sul sendo relatados em Lagoa dos Tr s Cantos e Tr s de Maio por ocasi o da pesquisa explorat ria em Bozano Humait Panambi Santo Ant nio do Palma Santo Cristo e Seberi Durante a 4 Fecol nia em Panambi integrando os munic pios de Condor e Peju ara pela primeira vez houve a participa o do Cenair em uma feira assim como a venda da erva artesanal o que motivou dez pessoas a encomend la e cinco pessoas perguntaram sobre a exist ncia de compradores da mat ria prima Parece haver uma incoer ncia entre a derrubada de ervais e a procura pelo produto e por compradores de mat ria prima que foram observadas durante a feira Ocorre ent o que os agricultores que fabricam a erva artesanal negociam com os fornecedores comprando a mat ria prima por um valor que definido pela ter a parte da produ o final ou seja em geral 30 Com muitos fornecedores o pagamento ocorre com a entrega da erva pronta para o consumo que muitos v o buscar na propriedade do fabricante 4l Empregados de ind st
72. na propaganda fazem qualquer tipo de erva pra deix a erva no padr o eles p e a car Mas v v o que tem dentro do pacote Os camponeses manifestam o zelo com que processada a erva mate de forma a obter um produto puro e com uma qualidade original sem haver nenhuma adultera o Por outro lado a qualidade da erva da ind stria posta em xeque ao ser problematizada a sua forma de produ o Depreende se destarte que as ind strias utilizam qualquer fen tipo de erva seja talo amarelo ou talo roxo em vista de sua grande demanda por m segundo os relatos utilizam o a car para tornar o produto suave conforme as prefer ncias dos consumidores em geral Esse acontecimento an logo ao exposto por Ploeg 2008 em rela o adultera o do leite fresco azul pela Parmalat na It lia A adi o de a car na erva mate foi abordada de forma preocupante por Berkai e Braga 2000 com base em estudo divulgado pelo jornal Zero Hora de fevereiro de 1999 O estudo foi realizado pelo Departamento de Tecnologia e Ci ncia dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria o qual descobriu dez marcas de erva mate de ind stria que adicionavam a car no produto sendo que apenas duas detinham a autoriza o legal do Minist rio da Agricultura Segundo os autores depois de divulgado esse estudo foram concedidas diversas liminares judiciais para que ind strias pudessem adicionar o a car consequentemente tornando se dif ci
73. ncia a compra de insumos e alimentos no com rcio ao inv s de haver a produ o na unidade agr cola Al m disso mostra a vulnerabilidade dos que compram ao adquirirem produtos de menor qualidade e n o saberem muitas vezes a quem reclamar Apesar disso ele considera que houve vantagens atualmente em rela o ao frango por resultar em produ o de carne em menos tempo N o contra a produ o dos avi rios das grandes empresas pois acha que uma necessidade para abastecer a popula o urbana por m enfatiza a situa o vulner vel do Gequeno agricultor Assim a condi o camponesa entra em conflito com a ind stria e o mercado ao perceberem que est o sendo enganados e est o perdendo autonomia Isso fica bem claro pela express o de seus valores f porque hoje seria uma vergonha tu me cheg aqui e n o t uma galinha pra mat ent o voc tem que compr O Se n o bastasse a galinha caipira o agricultor alerta sobre os peixes nativos dos rios que est o sendo destru dos pela introdu o de alevinos ou pelo rompimento de taipas de a udes t o metendo alevinos desses feito em laborat rio e s o destruidores t o destruindo eu vi um cara fazendo um apelo que n o me fa am mais isso n o me larguem esses peixes nos rios T bonito n o carioca ali pegou uma carpa capim com 11 kg no rio Caxambu bonita o mas fica s naquilo quantos miles de jundi s n o existem mais Pra povoar o rio de peixe
74. o com o turismo se existe perspectiva de continuidade da pr tica para as pr ximas gera es das fam lias proced ncia da mat ria prima e informa es a respeito da condi o social e principais atividades ou fontes de renda das fam lias Tendo se gerado dados de 14 fam lias partiu se para a tipifica o dos casos considerando as finalidades da produ o e as possibilidades de continuidade reunindo as fam lias com caracter sticas em comum Primeiramente as fam lias foram agrupadas conforme o objetivo da fabrica o artesanal de erva mate sendo apenas para o autoconsumo ara o gasto e para o com rcio incluindo autoconsumo Dos casos inclu dos no com rcio h os que t m nessa atividade sua fonte de renda principal ou uma das principais e aqueles que 82 comercializam eventualmente Em segundo lugar os casos foram reunidos conforme a perspectiva de continuidade da pr tica artesanal para as pr ximas gera es da fam lia ou atrav s de suas redes Sendo assim conforme as fam lias informaram as respostas foram no sentido de afirmar positivamente sim ou negativamente n o Alguns casos se mostraram duvidosos mas mesmo assim foram agrupados conforme outras caracter sticas de semelhan a entre eles A partir do cruzamento destes dois par metros obtiveram se tr s 3 grupos de fam lias com caracter sticas em comum figura 16 O crit rio do uso da lenha para a secagem da erva n o foi utilizado para diferenciar
75. o de tecnologias Ao longo de d cadas e at s culos essas fam lias v m desenvolvendo tecnologias utilizadas por seus ancestrais as quais s o constantemente aperfei oadas conforme as dificuldades gerando novidades similar ao verificado por Marques 2009 em rela o produ o de plantas medicinais As fam lias que atualmente utilizam o barbaqu para a secagem da erva outrora j utilizaram o carijo assim como o pil o para a moagem e os fac es de madeira para o cancheamento O que uma vez foi referido como altamente penoso para secar a erva em 171 carijo em dias de tempo frio e mido atualmente realizada no barbaqu Em Humait e Ip os atuais secadores de erva foram adequados para otimizar o aproveitamento do calor e o desvio de parte ou toda a fuma a O cancheamento que antigamente era efetuado com fac es de madeira como em Seberi atualmente ou ele foi eliminado ou adequou se ao uso de trilhadeiras O soque de erva onde se utilizavam o pil o e o monjolo hoje em dia acontece com soques de madeira com at cinco m os de pil o movidos com energia el trica motor combust o ou com a for a da gua roda d gua ou turbina Al m do processamento desenvolveram t cnicas de propaga o e de sele o de mudas de erva bem como formas de cultivo peculiares Aqueles que utilizam o carijo fazem do momento de secagem da erva uma ocasi o de lazer e procuram planejar o processamento para dias de tempo sec
76. o uso e o manejo da base de recursos sufici ncia de terra preserva o de reas de mata conhecimento sobre esp cies nativas uso de lenha da mata e de esp cies ex ticas manejo do gado bovino e de sistemas agrofloretais e plantio de mudas nativas e de erva mate P Panambi B Bozano SAP Santo Ant nio do Palma I Ip SC Santo Cristo H Humait e S Seberi SAF sistema agroflorestal APP rea de Preserva o Permanente Fonte dados de campo Os agricultores que implantaram e manejam os SAF a partir do cultivo de erva mate e de outras esp cies nativas e ex ticas que aliaram o processamento da erva com tecnologias tradicionais e ou adaptadas e comercializam em cadeias agroecol gicas podem ser reunidos dentro do conceito de neoextrativismo tratado por autores como Rego 1999 Esse conceito se diferencia do extrativismo tradicional o qual se limitaria apenas extra o dos recursos biol gicos com a venda posterior Assim o novo extrativismo segundo o autor alia inova es produtivas e comerciais com crit rios e objetivos declaradamente sustent veis Para Clement 2006 p 144 as exig ncias de mercados por qualidade e uniformidade dos produtos extrativos s o um desafio importante para as comunidades agr colas e extrativistas pois os seus produtos s o de qualidade extremamente vari vel No caso dos agricultores que extraem e fabricam a erva mate existe uma variabilidade intr nseca da qualidade do pr
77. ou alternativas como o turismo figura 16 83 COM RCIO E AUTOCON Principal FERSEECIIVA LENHA PARA A PROCED NCIA CONDI AO CABOS GRUPOS CASOS SUMO p DE SECAGEM DA ERVA SOCIAL SELECION renda Eventual CONTINUIDADE ATIVIDADES ADOS semanal Panambi X N o Nativa Mato e solit rios Aposentados X Seberi 1 X N o Nativa Mato e solit rios Aposentados Lagoa dos Tres X N o Eucalipto Solit rios Aposentados 1 Cantos 1 Lagoa d s Tr s X N o Nativa Mato e solit rios Aposentados Cantos 2 Bozano grupo Arvores solit rias Lavoura grup x Sim 7 Nativa do grupo de 07 ra x de 07 fam lias fam lias esquadrias ER anae Solit rios e de Pedreiro Santo Cristo X N o AET E a vizinhos plantada e bovinocultura de X pis mato leite 2 Tr s de Maio X N o Erva mate outras Vizinhos Lavoura Humait 1 X N o Eucalipto Vizinhos X E z Erva mate nativas e Algumas rvores Bovinocultura de Humait 2 N o P pe ex ticas solit rias na lavoura leite lavoura Figura 16 1 Quadro de informa es sistematizadas de quatorze fam lias de agricultores visitadas no Rio Grande do Sul que fabricam erva mate artesanal com informa es sobre objetivo da atividade autoconsumo ou com rcio e perspectiva de continuidade SIM N O e ou duvidosos e outras caracter sticas Solit rios diz respeito a rvores de erva mate remanescentes ou que ocorrem esparsas em pouco n m
78. produ o 6 4 INCENTIVOS CR DITO ASSIST NCIA T CNICA POL TICAS P BLICAS Os incentivos de parte dos governos da assist ncia t cnica de rg os p blicos e de entidades da sociedade civil s o um fator determinante ora como promo o das atividades 156 dos agricultores ora como normas cumprindo um papel coercitivo e regulador que limita as a es na agricultura camponesa 6 4 1 Rela o com organiza es e entidades de assist ncia t cnica Nos casos de Santo Ant nio do Palma e Ip as fam lias t m uma trajet ria de cerca de vinte anos na agroecologia devendo se em parte s organiza es n o governamentais e institui es como Centro Ecol gico CETAP C ritas Diocesana e EMATER Essas entidades come aram a mobilizar os agricultores para formar cadeias de produtores agroecol gicos a partir do movimento agroecol gico iniciado nos anos de 1980 que travou um debate e pr ticas em contraposi o agricultura moderna Em Ip a fam lia foi convidada pelo Centro Ecol gico e EMATER os quais proporcionaram cursos e motivaram os agricultores a formar associa es Ao mesmo tempo os agricultores se organizaram e com o apoio das entidades iniciaram a venda direta ao consumidor atrav s de feiras livres em Caxias do Sul Porto Alegre e Ant nio Prado e houve a venda de produtos em pequenos estabelecimentos comerciais ou mesmo a abertura de estabelecimentos para a venda Da mesma forma os agricultores d
79. que esses grupos sociais menos ou em nada favorecidos tiveram para a constru o da cidadania no Brasil desde a reivindica o de direitos trabalhistas melhores condi es laborais servi os de saneamento b sico assist ncia a pessoas com necessidades econ micas de sa de e a idosos 63 No seu trabalho fica claro que em todas as fases de governo do Brasil houve conflitos muitas vezes se contrapondo s imposi es do governo central Reunindo o trabalho de Gohn 2001 e uma s rie de outros que tratam sobre as revoltas sociais a exclus o social e tnica fica vis vel que durante todo o per odo hist rico do Brasil desde o final do s culo XV at os dias atuais sempre houve a contesta o de grupos sociais pobres exclu dos ou simplesmente avessos a acatar as determina es de atores dominantes Nesse sentido h uma s rie de trabalhos que tratam sobre a contraposi o entre o modo de vida dos caboclos ndios nativos ou FbrasileirosO e o modo de vida com interven o do Estado dos imigrantes europeus uma exclus o fomentada pelo Estado em vista do favorecimento dos imigrantes e s imposi es do Estado ou mesmo o n o atendimento s reivindica es das popula es nativas ARDENGHI 2003 RENK 1997 SILVA 2008 ZARTH 1998 A segunda express o da resist ncia abordada por Scott 1985 a partir de seu estudo com uma comunidade camponesa da Mal sia chamando a aten o para o fato de que as Ci
80. que leva vantagem apropriando se de uma grande fatia do lucro da venda dos queijos custa do trabalho dos camponeses e aquele que representa a garantia do recebimento de uma renda mensal por Decreto n 6 323 de 27 de dezembro de 2007 165 mais que seja abaixo do que realmente poderia valer e do distanciamento de receber multas e apreens es Os agricultores ecologistas que vendem erva mate aliaram a venda informal de seus produtos com a sua organiza o em entidades fazendo com que as suas vendas sejam realizadas em feiras livres mais especificamente as ecol gicas como as de Passo Fundo Caxias do Sul e Porto Alegre Neste sentido existe uma garantia maior pelo fato de haverem cadeias agroecol gicas consolidadas e que t m o respaldo dos consumidores os quais nesse caso t m um diferencial por preferirem alimentos dessa natureza Esses clientes juntamente com os produtores contestam a qualidade dos alimentos industrializados e produzidos convencionalmente com uso de agroqu micos assim como a forma como s o estabelecidas as rela es de mercado formal Eles reivindicam alimentos saud veis aliado conserva o do meio ambiente al m de fomentarem rela es de valoriza o n o somente econ mica mas para a vida dos agricultores A solu o encontrada tanto por agricultores ecologistas como os Gequenos agricultores para vender seus produtos e mais especificamente a erva mate foi a venda direta aos consumi
81. que n o consegue emprego na f brica deixa o munic pio em busca de novas oportunidades de trabalho As olarias marcenarias ferrarias serrarias e metal rgicas funcionam em pequena escala HUMAIT 1992 Seberi se destaca no setor industrial ervateiro possuindo cinco ind strias Possui agroind strias no ramo de processamento de cereais Em Santo Ant nio do Palma existe explora o de basalto e ind stria madeireira e moveleira SANTO ANT NIO DO PALMA 2010 4 4 AS FAM LIAS SELECIONADAS 4 4 1 Cenair da cidade de volta para o campo Em Panambi o agricultor entrevistado uma pessoa conhecida pelo pesquisador h mais de 20 anos A unidade familiar constitu da por tr s pessoas sendo o Cenair possuindo cerca de setenta anos sua m e vi va e com idade de 101 anos e a irm do Cenair vi va e em idade setenten ria A fam lia origin ria de Panambi sendo que antigamente pertencia ao munic pio de Cruz Alta Sua descend ncia tnica de brasileiros constitiindo se na 90 miscigena o entre popula es locais e habitantes de origem portuguesa e paulista do tempo do reinado de Dom Pedro II que vieram morar na localidade chamando a de Passo dos Pires atual linha Gramado Cenair divorciado e desse casamento tem filhos e netos que moram na cidade em outros munic pios Ele uma pessoa muito divertida e ativa Est sempre contando piadas e fazendo os outros rirem contando piada n o se faz fofoca Parti
82. seu desaparecimento como sistema cultural e vice versa pois um sem o outro insustent vel CASTRO 2000 p 172 Na perspectiva etnoecol gica os autores consideram que na sabedoria popular os diferentes conhecimentos n o s o desconectados do contexto em que as popula es vivem ou seja do seu modo de vida que dizem respeito produ o e reprodu o social e cultura Os componentes intelectuais e pr ticos s o um am lgama que faz parte de um sistema amplo o processo de produ o rural que ao mesmo tempo um processo de apropria o da natureza TOLEDO 1995 o que nos revelam os seguintes autores Nas sociedades ditas tradicionais e no seio de certos grupos extrativos o trabalho encerra dimens es m ltiplas reunindo elementos t cnicos com o m gico o ritual e enfim o simb lico CASTRO 2000 p 167 Magia medicina simp tica invoca o divina explora o da fauna e da flora conhecimentos agr colas fundem se neste modo em um sistema que abrange na mesma continuidade o campo a mata o bicho a semente o ar a gua e o pr prio c u Dobrado sobre si mesmo na economia de subsist ncia encerrado no quadro dos agrupamentos vicinais o homem aparece ele pr prio como segmento de um vasto meio ao mesmo tempo natural social e sobrenatural C NDIDO 1977 p 175 71 Toledo e Barrera Bassols 2010 sugerem a compreens o do complexo kosmos sistema de cren as vis o de mundo cosmovis
83. tem um hist rico de uso pr colombiano intimamente ligado a manifesta es culturais na regi o sul da Am rica Esse uso por exemplo faz parte da identidade ga cha haja vista que a erva mate a rvore s mbolo Decreto lei n 7 439 de 08 de dezembro de 1980 RIO GRANDE DO SUL 1980 e o chimarr o a bebida t pica Lei n 11 929 de 20 de junho de 2003 RIO GRANDE DO SUL 2003 do Rio Grande do Sul No enfoque das esp cies nativas considerando a erva mate al m de uma bebida um alimento h autores que denunciam e se preocupam com o desconhecimento e a n o utiliza o de esp cies nativas potenciais para a alimenta o humana BRACK et al 2007 p 1769 como as frut feras nativas do Rio Grande do Sul o desconhecimento sobre as esp cies frut feras nativas do Brasil n o uma realidade isolada A desvaloriza o de nosso patrim nio representado pela biodiversidade algo cultural resultado de vis es imediatistas t picas de um pa s dependente Como resultado o modelo agr cola promove basicamente o cultivo de esp cies ex ticas atrav s de monoculturas com resultados ecol gicos e econ micos geralmente pouco sustent veis Ao mesmo tempo aumentam as amea as de extin o sobre as esp cies nativas e paradoxalmente estas s o prospectadas de maneira exponencial por empresas e outras institui es estrangeiras que buscam avidamente o patenteamento de nossos recursos vegetais e seus subprodutos Para que
84. todavia ainda n o o fizeram com a erva 4 4 7 Atahualpa e Yari um casamento entre agroecologia e erva mate O agricultor contactado vende produtos org nicos e entre os quais erva mate artesanal na feira ecol gica FAE em Porto Alegre onde comparece toda semana Praticamente 80 da renda obtida a partir da produ o org nica prov m da erva mate Os outros 20 se referem a hortali as uva e caqui Al m desses produtos para o consumo da fam lia eles criam animais como galinhas su nos ovinos e bovinos A fam lia composta pelo casal Atahualpa e Olga tr s filhos a irm e os pais de Atahualpa Dos filhos uma adolescente que a mais velha est cursando Engenharia Civil em Caxias do Sul Os outros est o cursando a escola b sica Olga diretora de uma escola municipal na cidade A atividade agroecol gica recebe maior dedica o de Atahualpa e sua irm Yari com relativa participa o de seus pais que est o em idade setenten ria 103 Figura 27 Potreiro horta e Floresta com Arauc ria Ip RS Maio de 2010 Fonte acervo do autor A trajet ria da fam lia segue desde os primeiros colonizadores italianos que vieram se instalar na regi o no final do s culo XIX fazendo parte dessa hist ria a erva mate como um importante recurso econ mico abundante na Floresta com Arauc ria Quando os colonizadores chegaram na regi o Atahualpa comenta que fera s mato mato e pinheiro Ele explica como era a
85. tu viu eu chega ali pra corta j veio aquele um ali que nem eu te disse eu chego ali num lugar j vem um j vem outro j vem outro e j todo mundo me conhece por o erveiro mas o que me ligam de atr s e da eu chego na cidade oh vamo olha um p aqui vamo olha um p outro Que nem hoje eu cheguei l o disse tinha tr s da eu cheguei l hoje com ele ele oh tem tr s lugar pra ti olha umas erva pra corta Eu disse n o hoje n o vo hoje to cheio de compromisso Apesar disso eles sentem se inseguros por estarem trabalhando de maneira informal e mesmo sentem se na clandestinidade n o uma amea a s que a gente tem medo ta trabalhando meio frio como se diz n dai ent o tu tem que se cuida um pouco n tu n o pode facilita porque existem as leis e a gente sabe que ta trabalhando fora da lei nesse neg cio dessa venda meia assim como a gente ta vendendo Mas que a nica maneira de tu pod vende por enquanto n o que a gente n o queria eu gostaria de te uma firmazinha tudo legalzinha mas precisa ter da tamb m Mesmo vendendo o produto exclusivamente de forma direta a consumidores nas ruas da cidade ou em sua pr pria casa o agricultor tem receio de que sua produ o possa ser apreendida pela fiscaliza o tanto dos fiscais sanit rios como da pol cia Ele se sente um Gora da lei como se estivesse trabalhando em desacordo com as normas estabelecidas pelo Estado e mesmo
86. v 9 n 2 2004 Dispon vel em lt http www ecologyandsociety org vol9 iss2 art4 print pdf gt Acesso em 03 mar 2011 BROWDER J O Social and economic constraints on the development of market oriented Extractive Reserves in Amazon rain forests In NEPSTAD D C SCHWARTZMAN S Org Non timber products from tropical forests evaluation of a conservation and development strategy Advances in Economic Botany New York v 9 1992 p 33 42 Lei n 9 985 de 2000 191 como dos ambientes e dos recursos naturais a ela associados est o mais fortemente relacionados ao desenvolvimento do setor sucroalcooleiro do que s atividades de uso de recursos das popula es locais Silva et al 2010 utilizaram em seu m todo de estudo a an lise a partir de mem ria oral e a trajet ria do grupo social A mem ria oral foi aliada an lise de contexto hist rico dos acontecimentos locais obtendo resultados que ajudaram a explicar a rela o dos moradores com a floresta Dentro dessa mesma perspectiva de an lise pode se entender a rela o dos agricultores familiares com os remanescentes florestais que neste caso para a regi o norte e noroeste do Rio Grande do Sul a fragmenta o e supress o das florestas foi fomentada substancialmente a partir da d cada de 1970 com o avan o da agricultura moderna e tendo como principal cultura a soja claro que esse fen meno teve a participa o de agricultores todavia os principais
87. visitados PROCED NCIA DA ERVA N DE FONTE DA DESCOBERTA CASOS Bento Gon alves 1 Colegas Bozano 1 EMATER Camaqu l FAE Chapada 1 EMATER Crissiumal 1 EMATER Dois irm os das Miss es 1 EMATER Espumoso 1 EMATER Humait 2 EMATER Iju 1 IMEAB Ip 1 FAE Lagoa dos Tr s Cantos 2 EMATER Mato Castelhano 1 Coop GiraSol Marau 2 CETAP Panambi 1 Pr prio pesquisador Pont o 1 Instituto Educar Santo Ant nio do Palma 2 CETAP Santo Cristo 1 FAE Seberi 2 Colega e EMATER Tr s de Maio 1 EMATER Total 24 casos Figura 14 Quadro da rela o dos munic pios com o n mero de fam lias citadas que fabricam erva mate artesanal no Rio Grande do Sul identificando se a fonte informadora Fonte dados de campo Das 24 fam lias identificadas 14 foram visitadas sendo que dez n o o foram pelas seguintes situa es uma vez que a pesquisa explorat ria foi realizada at o m s de maio de 2010 o tempo para a pesquisa ficou limitado aliado a grande amplitude dos deslocamentos em diferentes regi es do Estado Al m disso a descoberta das fam lias foi acontecendo pouco 24 Pude sda Em Il polis existem nove ervateiras 80 a pouco medida que os casos iam sendo identificados tratava se de agendar uma visita Nesse tempo procurou se visitar o maior n mero de fam lias poss vel o que em grande parte somente se conseguiu de
88. 02 p 165 182 CERTEAU M A inven o do cotidiano artes de fazer Petr polis Vozes 2008 CHAYANOV A V La organizaci n de la unidad econ mica campesina Buenos Aires Nueva Visi n 1976 CLEMENT C R A l gica do mercado e o futuro da produ o extrativista In KUBO R R et al Org Atualidades em etnobiologia e etnoecologia v 3 Recife Nupeea Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia 2006 p 135 150 206 COELHO DE SOUZA G et al Estudo fitossociol gico das reas de ocorr ncia de samambaia preta na encosta atl ntica do RS In MIGUEL L A COELHO DE SOUZA G KUBO R Org Extrativismo da samambaia preta no Rio Grande do Sul Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 COME A a sele o das final ssimas do carijo Correio do Povo Porto Alegre 30 maio 2003 Se o Cidades p 16 CONTINI A Z O g nero Ilex alternativas de sustentabilidade no uso de etnoesp cies pelos Kaiow e Guarani em Mato Grosso do Sul 2006 65 f Disserta o Mestrado em Desenvolvimento Local Universidade Cat lica Dom Bosco Campo Grande 2006 CORDEIRO J L P HASENACK H Cobertura vegetal atual do Rio Grande do Sul In PILLAR V P etal Org Campos Sulinos conserva o e uso sustent vel da biodiversidade Bras lia MMA 2009 p 285 299 CORREIA FILHO V Ervais do Brasil e ervateiros Rio de Janeiro Minist rio da Agricultura 1957 CORTES J C P Humait cultura espont nea de sua
89. 1 Figura 55 Cancheamento da erva mate com p de corte sobre um carreto implemento para transporte de carga novembro de 2005 Panambi RS a 142 Figura 56 Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Trilhadira em Ip B Cancheamento da erva mate em trilhadeira em Bozano C Cancheamento em motriz de colheitadeira adaptada Seberi D Detalhe da erva cancheada por trilhadeira em Bozano RS pa 91 0824 0 UN PARAR RD RR RREO CERTO POR ORE OR e e NRO OR ORDER OR RARE RR 143 Figura 57 A e B Cancheamento da erva mate em m quina com barras met licas sendo tracionada com energia el trica Lagoa dos Tr s Cantos e Humait respectivamente RS Ano Figura 58 Quadro com a listagem das esp cies arb reas citadas como fonte da madeira utilizada ou que constituem os fac es para o cancheamento e os soques informando nome cient fico fam lia bot nica e USO rr rererererererererererererererererererererererererererenea 144 Figura 59 O soque no Rio Grande do Sul Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Soque com seis m os de pil o movido a energia el trica Seberi B Soque com duas m os de pil o met licas energia el trica Panambi C e D Pondo os ramos de erva mate no cocho do soque o qual movido com energia de motor combust o Santo Cristo E Turbina d gua fonte de energia do soque Humait F Casa do soque que movido com roda d gua Bozano Ano 2010 f
90. 15 redu es jesu ticas Os jesu tas observando o costume dos ndios os orientaram a realizarem cultivos da planta ao mesmo tempo que a estudaram e definiram preceitos sobre preparo e cultivo da erva mate BONFIM 2009 BECKER LI B O ndio Kaingang no Rio Grande do Sul S o Leopoldo Instituto Anchietano Unisinos 1995 32 Esse per odo ati ou a cobi a dos espanh is os quais utilizaram se da escraviza o dos ndios para explorar a erva mate visto que se tornou um artigo de troca entre as col nias como Santa F Buenos Aires Tucuman Potos e Lima O crescimento de Asunc n e a riqueza acumulada dos espanh is nesse per odo devem se ao uor e sangue derramado dos ind genas As expedi es para a extra o da erva duravam pelo menos um ano resultando em muitos sacrif cios doen as e priva es fazendo com que at caravanas inteiras fossem dizimadas pelas mol stias tropicais LESSA 1986 p 13 Os escravos dos ervais ainda foram citados entre os s culos XIX e XX at mais ou menos 1930 para o sul do Mato Grosso do Sul que tamb m tem uma hist ria com a erva mate e at hoje a explora fazendo parte da economia brasileira GOMES 1986 SEREJO 1986 SALDANHA 1986 Os tarefeiros carregavam ra dos com o pr prio corpo que chegavam a pesar 300 kg A mesma literatura descreve que tarefeiros acidentalmente ca am fraturando a coluna vertebral em vista do excesso de peso que carregavam e que nu
91. 2 Distribui o de Ilex paraguariensis erva mate na Am rica do Sul 30 Figura 3 Divis o pol tica do Rio Grande do Sul mostrando em gradientes de cor os munic pios de acordo com a quantidade de erva mate produzida em toneladas a partir do extrativismo para o ano de 2008 seasasmasiarcasasasiaraisssamasa fase tan eas are dsaa ternas adia Deieaa titia dade rndiguadi 36 Figura 4 Produ o de erva mate em milhares de toneladas proveniente do extrativismo em dezoito anos 1990 a 2008 para o Rio Grande do Sul e Brasil 38 Figura 5 Carijo ao lado de uma rvore no interior da mata Fonte Berkai e Braga 2000 41 Figura Os PUMA EEE EE RR Ae 42 Figura 7 Barbaqua raido ssa essa docas dorso Tapa E as REE nau less dba passo ais paica datos 42 Figura 8 Cancheador com ouri o movido com tra o animal 43 Figura 9 Monjolo situado pr ximo a um curso d gua isseseeeeeeeeeeerieos 44 Figura 10 Secador industrial de erva mate Junho de 2010 45 Figura 11 Quadro das principais caracter sticas dos modos campon s e empresarial de fazer 89 OA U AI gs PRO RS RN RR a RD DE SRD E RR ie 56 Figura 12 Esquematiza o dos elementos contituintes da no o de condi o camponesa 67 Figura 13 Quadro das principais caracter sticas dos modos campon s e agroindustrial de uso dos recursos NALULAIS e ssin is ssacs progaaiador sas faso aaa ias audio dam
92. 2 toneladas PEREGALLI 2001 A quest o de Palmas foi resolvida em 1891 acertando os limites entre Brasil e Argentina no atual Estado de Santa Catarina onde a presen a cabocla foi significativa para a decis o arbitral pelo presidente norte americano defendendo essa regi o rica em ervais a favor do Brasil MORAES CARDOSO 2009 A explora o de erva mate nos Estados de 35 Santa Catarina Paran e Mato Grosso do Sul at por volta de 1930 voltava se preponderantemente ao mercado argentino e paraguaio Nesse sentido merece destaque a pesquisa de Boguszewski 2007 a respeito dos r tulos das caixas de erva mate comercializadas entre 1880 e 1930 por ind strias do Paran em que muitas das marcas tinham sua produ o exportada ao Uruguai A partir de 1930 as exporta es de erva mate a Argentina deca ram em fun o de que esse pa s investiu em suas pr prias planta es Em 1937 a Argentina superou a produ o do Brasil atingindo 106 330 ton LESSA 1986 A erva mate teve import ncia tamb m como fator de povoamento no Paran Curitiba e outras cidades do Paran tiveram um crescimento demogr fico proporcionalmente maior do que outras cidades do Brasil no per odo entre 1920 e 1940 CORREIA FILHO 1957 Al m disso o ciclo econ mico da erva mate foi fundamental para a forma o do Estado do Paran desmembrando se de S o Paulo e da Universidade Federal do Paran universidade do mate semelhante cria o d
93. 2004 no sentido de relacionar a ocorr ncia de esp cies com o contexto dos agricultores A localiza o dos munic pios por regi es fisiogr ficas baseada em Pacheco 1956 Para a sistematiza o dos dados realizou se a transcri o das entrevistas para um formato de texto assim como as informa es registradas em caderno de campo Esses dados mais as fotografias serviram de base para a caracteriza o do processo de fabrica o artesanal de erva mate das fam lias de agricultores e os conhecimentos e as pr ticas de manejo da biodiversidade associados Essa caracteriza o corresponde din mica da coprodu o e da gest o da base de recursos os quais serviram para analisar a conserva o ambiental TT Com os dados sistematizados das entrevistas e do caderno de campo p de se analisar os fatores determinantes para a continuidade do modo de vida dos agricultores familiares a partir da interpreta o e compreens o das caracter sticas dificuldades estrat gias objetivos limites e amea as presentes na agricultura camponesa que mais se repetiram entre as fam lias Ou seja o entendimento desses fatores compreende o seu modo de vida Com isso tamb m p de se identificar os mecanismos de resist ncia das fam lias e para fundamentar isso analisaram se as declara es que representassem uma rela o de contraposi o ou de autonomia ao nodelo dominante agricultura moderna e industrializa o A reda o d
94. Al m disso dando continuidade atrav s de um mecanismo de retroalimenta o todos estes fatores fortalecem a base de recursos o que por sua vez otimiza a coprodu o E todo esse processo se daria Fpor meio de melhorias qualitativas tornando a terra mais f rtil cruzando vacas mais produtivas selecionando as melhores mudas construindo melhores instala es de armazenagem ampliando o conhecimento tornando a forragem compat vel com as necessidades do rebanho etc O PLOEG 2009 p 19 conforme esquematizado na figura 11 Sobreviv ncia Mercados Outras atividades 5 Ambiente hostil Figura 12 Esquematiza o dos elementos contituintes da no o de condi o camponesa Fonte Ploeg 2009 p 18 A partir dessa proposi o depreende se a centralidade da rela o com a base de recursos ou seja nas palavras do pr prio Ploeg 2009 p 19 produ o camponesa baseada numa rela o de troca n o mercatilizada com a natureza Decorrente deste fato fa centralidade do capital ecol gico ajuda a desenvolver de forma sustent vel a produ o agr cola mesmo sob condi es altamente adversasO PLOEG 2009 p 20 68 justamente a partir destes fatores que propiciam esta condi o camponesa que se pode depreender a centralidade da sustentabilidade da produ o E nesse sentido permite se buscar converg ncias com a no o de conserva o embora nesta proposi o Ploeg ressalta o gran
95. Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Aproveitando as brasas do sapecador para acender o fogo no carijo Panambi B Lenha fina para queimar no sapecador e lenha grossa para secar a erva mate no carijo Panambi C Lenha de uva japonesa Santo Cristo D Vis o da lenha queimando distribu da nos cantos do carijo durante a secagem da erva Bozano E O in cio da queima da lenha no carijo e um balde com gua para controlar o fogo Panambi Ano 2010 127 Figura 44 A ronda no carijo Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Erva mate secando e a instala o de uma lona pl stica para evitar que a erva umede a com o sereno da noite Panambi B Violeiros animam a noite de vig lia da secagem da erva Panambi foto de 2007 C Monitorando a secagem Bozano D confraterniza o com janta durante a secagem daerva Bozano Ano 2010 seeniiraispas anal a Ena qua selada en Slave lion dass ID lo suado EN 129 Figura 45 A e B Secagem da erva mate em carijo utilizando se chapas met licas entre o estrado e o ch o e lona de pl stico preta Santo Cristo RS Ano 2010 130 Figura 46 O barbaqu Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Moquem do barbaqu onde se faz o fogo que conduzido por um t nel at o galp o dentro do qual est o os ramos de erva mate para serem secados Seberi B a boquia por onde ascende o calor para dentro do galp o
96. EL Porto Alegre cooperativas de assentamentos da reforma agr ria cooperativa Arco ris APESI entre outras 196 Portanto analiticamente a ag ncia faz parte da resist ncia da agricultura camponesa no sentido de haver reprodu o social mantendo as tradi es e as valorizando de modo que haja seguran a social em rela o s imposi es e limites do contexto regional nacional e internacional Finalmente pode se sintetizar a partir do que foi apresentado a perspectiva de continuidade da fabrica o artesanal de erva mate pelas pr ximas gera es das fam lias e que na maioria delas coincide com a continuidade do seu modo campon s de agricultura A partir do entendimento do seu modo de vida p de se identificar os mecanismos de resist ncia da agricultura camponesa figura 64 Em Bozano a continuidade da fabrica o artesanal foi referida a n vel de comunidade contudo h perspectiva de haver a sucess o familiar na agricultura O sinal de interroga o 7 remete perspectiva de continuidade da agricultura camponesa nas fam lias que no decorrer do tempo os filhos poder o ou n o se interessar em seguir as pr ticas artesanais ou herdar o patrim nio e o saber campon s nas palavras de Woortmann 2009 FAM LIAS PERSPECTIVA MECANISMOS DE RESIST NCIA Panambi N o Reciprocidade coprodu o manuten o e incremento da base de recursos Disso Sim Reciprocidade pluriatividad
97. ESARIAL Baseado na internaliza o da natureza Desconectado da natureza A coprodu o e a co evolu o s o centrais Partificializa o da agricultura Distanciamento de mercados de insumos Elevada depend ncia de mercados grau de grau de mercantiliza o reduzido mercantiliza o elevado Centralidade da per cia artesanal e Centralidade do empreendedorismo e das tecnologias tecnologias baseadas em habilidades mec nicas Intensifica o continuada baseada na Aumento de escala a trajet ria de desenvolvimento quantidade e qualidade do trabalho dominante intensidade adquirida e uma fun o da tecnologia Multifuncional Especializada Continuidade entre passado presente e futuro Cria o de rupturas entre passado presente e futuro Aumento da riqueza social Conten o e redistribui o da riqueza social Figura 11 Quadro das principais caracter sticas dos modos campon s e empresarial de fazer agricultura Fonte PLOEG 2008 p 134 Ploeg 2008 e Toledo 1995 lembram que esses tipos ideais na realidade se combinam e se misturam a partir de um processo de moderniza o da agricultura contra o qual atua um processo de resist ncia dos camponeses A vis o dominante sob a gide da fmoderniza o do fprogressoO e do flesenvolvimentoO rural representa a destrui o do modo campon s e sua substitui o pelo modelo agroindustrial com todas suas consequ ncias ecol gicas sociais e cult
98. Editora Turismate Prefeitura Municipal de I polis 2009 Document rio REGO J F Amaz nia do extrativismo ao neo extrativismo Ci ncia Hoje Rio de Janeiro v 25 n 147 p 62 65 1999 RENK A A luta da erva um of cio tnico no Oeste Catarinense Chapec Grifos 1997 RIBEIRO P Carijo Rota do mar Os rio 6 jun 2008 Se o Opini es p 2 RIO GRANDE DO SUL Lei n 7 439 de 8 de dezembro de 1980 Institui a erva mate Alex Paraguariensis como a rvore s mbolo do Rio Grande do Sul Di rio Oficial do Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre 8 dez 1980 Dispon vel em lt http www corag rs gov br diario index php gt Acesso em 13 nov 2008 RIO GRANDE DO SUL Lei n 11 929 de 20 de junho de 2003 Institui o churrasco como prato t picode o chimarr o como fbebida s mbolo 6 do Estado do Rio Grande do Sul e d outras provid ncias Di rio Oficial do Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre 23 jun 2003 Dispon vel em lt http www corag rs gov br diario index php gt Acesso em 13 nov 2008 ROCHA A L C ECKERT C Etnografia saberes e pr ticas In PINTO C R J GUAZZELLI C A B Org Ci ncias Humanas pesquisa e m todo Porto Alegre Editora da UFRGS 2008 p 9 24 RODRIGUEZ F Mujeres resguardan sus derechos y l s semillas In LARRAIN S AEDO M P SEP LVEDA L Alternativas vivientes experi ncias y propuestas ciudadanas frente a la globalizaci n Santiago Conosur Sus
99. Eugenia piryformis Cambess Myrtaceae X X X X X 87 TOTAL 30 33 25 27 35 30 21 32 182 Figura 61 Quadro da listagem das etnoesp cies de rvores e arvoretas nativas conhecidas pelos agricultores atrav s da amostragem por cita o oral e ou caminhamento pelas reas da propriedade e matas sendo arroladas por ordem alfab tica de etnoesp cie quando identificada P Panambi B Bozano SAP Santo Ant nio do Palma I Ip SC Santo Cristo H Humait S Seberi Spp esp cies ou mais de uma esp cie n i n o identificada Cf conferir com ou identifica o n o confirmada Fonte Dados de campo 45 O levantamento sintetizado na figura 61 foi qualitativo e n o se preocupou em fazer uma amostragem intensa ou precisa sobre as esp cies existentes mas seguiu de modo a n o pressionar ou juerer saber tudodo que os agricultores sabem ou seja foi realizado conforme as disponibilidades de tempo dessas pessoas e em geral consistiu de caminhadas entre 30 e 60 min considerando que algumas florestas se localizam relativamente distantes das suas resid ncias Portanto presume se que os agricultores conhe am um n mero maior de esp cies do que as apresentadas no quadro inclusive al m daquelas presentes em suas propriedades como foi o caso em Humait em que percorreu se a margem do rio que se limita com a propriedade de um lindeiro e em Panambi onde tamb m se percorreu uma rea de mata vizinha Al
100. Feira de Agricultura Ecol gica FDA Food and Drug Administration FOM Floresta Ombr fila Mista FRUTIPAN Cooperativa dos Fruticultores de Panambi IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renov veis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IMEAB Instituto Municipal de Educa o Assis Brasil IRDeR Instituto Regional de Desenvolvimento Rural MAPA Minist rio da Agricultura Pecu ria e Abastecimento MDA Minist rio do Desenvolvimento Agr rio MAB Movimento dos Atingidos por Barragens MED Mata Estacional Decidual MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra PFNM Produtos Florestais N o Madeir veis PNATER Pol tica Nacional de Assit ncia T cnica e Extens o Rural POA Perspectiva Orientada pelo Ator SAF Sistema Agroflorestal SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conserva o UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul SUM RIO INTRODU O venanen e a a a 20 1 1 PR TICAS ARTESANAIS FRENTE MODERNIZA O DA AGRICULTURA E INDUSTRIALIZA O srr e RE DE E E EEE e e 23 2 A ARVORE ERVA MATE Suse ap n 28 2 1 BIOLOGIA E FITOGEOGRAFIA oira e AE E A aan 28 22 HISTORIA E ECONOMIA e pa a O a da a 30 2 3 A ERVA MATE NA ATUALIDADE asia ea e enia r a R 35 2 3 1 Fabrica o artesanal e industrial de erva mate 0snsosseseseessesessresseserssressessrssees 39 3 REFERENCIAL TE RICO METODOL GICO eee 47 3 1 AGRICULTURA FAMILIAR E CA
101. ISADAS s siisiessesssttititsessstsesttttrisisssssstststtitirsissssststtrtrnsnss 89 4 4 1 Cenair da cidade de volta para o campo nssnnsensoeoooooooooesseessoesseossoresseesseesseesse 89 4 4 2 Victor e Joana erva em mutir o setes eeseeseesessesteseestsseseesessesersessreees 91 4 4 3 Hor cio e Violeta de pe o a erveiro ssierrrerreeeeereeereereeraaneo 92 4 4 4 Jorge e Frida tradi o que se tornou alternativa iii 94 4 4 5 Noel e Mercedes mais mato menos lavoura iiiiteererrerrereeeess 96 4 4 6 Jos e Anita tradi o e agroecologia s ss eieeeererererereaeeenos 98 4 4 7 Atahualpa e Yari um casamento entre agroecologia e erva mate 102 4 5 A DIVERSIDADE DA AGRICULTURA CAMPONESA E O MODO CAMPON S DE FAZER AGRICULTURA sea agarra a RS DPL LEU ISCA aaa DO capta Soda 105 5 O CONHECIMENTO E AS PR TICAS DE MANEJO EM TORNO DA FABRICA O ARTESANAL DE ERVA MATE 108 DI CORTE sda aaa OA ir a a af 108 5 1 1 poca frequ ncia do corte e lua atear 114 5 1 2 Variedades de erva mate e propaga o erre 115 5 2 SAPECO sc sarada nagar atada aa va CU Ta USAS A E ETE na ei 116 Sea SADC direto as O E ED i a a a 117 9 21 1 Quebra e enfeixamento ssa sta sein a Tati ads a RMDa Saca TUAS dual Poa e sds g SST 119 5 2 2 SADUCO imdireto e e a SR RR e do a 121 5 9 SECAGEM ireann ing seca saga
102. LINHARES 1969 H autores que atribuem o uso da erva mate tamb m pelos ndios Kaingangs BALDUS 1979 BECKER 1995 SOUZA 1998 VENZON 1991 Os Kaingangs do planalto curitibano a chamavam de Congoin BOGUSZEWSKI 2007 do qual derivou o nome Congonha utilizado pelos brasileiros Existe uma ata de verean a de Paranagu de 18 de agosto de 1835 como o documento mais antigo no Brasil onde o termo mate aparece pela primeira vez MARTINS apud BOGUSZEWSKI 2007 3 MARTINS R Ilex mate ch sul americano Curitiba Empresa Graphica Paranaense 1926 312 p 31 O termo mate prov m de mati de origem qu chua ou quichua etnia ind gena descendente dos incas significando porongo caba a ou cuia o qual os espanh is passaram a utilizar referindo se bebida No Rio Grande do Sul se naturalizou a express o nate como sin nimo de chimarr o Os guaranis desde os prim rdios chamavam a planta de caa erva e a infus o com as folhas de caa gua de erva assim como o recipiente ou cuia de caigu FAGUNDES 1995 Contini 2006 em estudo da etnia Kaiow um dos grupos Guarani no Mato Grosso do Sul cita que as rela es entre esses ndios e a erva mate foram no princ pio do seu uso de ordem apenas ritual e curativa A erva mate tostada ou seca e socada no pil o bebida ou inalada por Guaranis e Kaingangs em contextos rituais e xam nicos BECKER apud FREITAS 2005 A evolu o econ mica da erva mate remon
103. LIVRE E ESCLARECIDO sitio siosnepoagaiadiio indi Gob Sea oeei GE nada sas gaga ars ca aba 216 AP NDICE B ROTEIRO DE ENTREVIST A e e esesesessssssssssssesescscecceceterororsesrssssssesse 217 ANEXO A LETRAS DE M SICAS SOBRE CARIJO ssssssssssssesesrsrsroroeoeoeoesccececseses 220 20 1 INTRODU O Nas asas de Panambi eu me interessei em preservar a natureza percorrendo matas e pescando no rio Caxambu com o meu pai acompanhando o nas lidas agr colas nos finais de semana ou em momentos de f rias ou quando o meu pai n o tinha servi o na cidade A partir disso gostando da natureza fui estudar em uma escola agr cola em Palmeira das Miss es e l o setor que mais me interessou foi o de silvicultura Ao final do curso tamb m motivado por alguns professores eu queria seguir os estudos pois tinha grande interesse por rvores e ecologia assim n o sabia o que seria melhor o curso de Ci ncias Biol gicas ou o de Engenharia Florestal Depois de ter realizado est gio t cnico em suinocultura bovinocultura e silvicultura no Instituto Regional de Desenvolvimento Rural IRDeR situado em Augusto Pestana RS passei a cursar Ci ncias Biol gicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS no ano 2000 onde atuei em pesquisa com Ecologia Vegetal e Bot nica estudando as rvores e as florestas pelo enfoque flor stico e fitossociol gico Como bolsista de extens o participei de viv ncias com movimentos sociais
104. MPONESA ccceceeeeeeererrerecerennereerrerocenecenereende 47 3 2 A CONDI O CAMPONESA DE PLOEG ieeeemeeeemeeereeme enem neeree 49 3 2 1 O desenvolvimento da agricultura moderna e os estilos de agricultura 53 3 2 2 Industrializa o IMp TIOS js sseso zucessirado e cisatelaias coisa iara cas REA a US he i cagada gu o 56 3 3 A RESIST NCIA CAMPONESA E A PERSPECTIVA ORIENTADA PELO ATOR 58 JJ A DONA sois e a RS a SR a A L 59 FIZ RESIST NCIA ss sis DA oa L a EEAS AE oa ro a D O ira GE DEST A o TN SS a da SR 60 3 4 A NATUREZA A COPRODU O E O MODO CAMPON S DE AGRICULTURA 67 3 5 OS M TODOS DA PESQUISA sesta adaga Ep a 73 4 A ENTRADA EM CAMPO E AS FAM LIAS QUE PROCESSAM ERVA MATE ARTESANAL io stones sacia a Da O aaa Ro Toa e 78 4 1 A PROCURADO TESOURO asusiass ai as atada aba 78 4 2 CONHECENDO AS FAM LIAS E SELECIONANDO OS CASOS DE AMOSTRAGEM mesra Sprite aa na a ha aaa Sa an 81 4 3 OS MUNIC PIOS DAS FAM LIAS PESQUISADAS ens 84 4 3 1 Localiza o e vegeta o ontse e G ans a aa E gaga LEG tap 84 4 3 2 Economia eagiicultira scraps soedsssiguespiradgo Les piualquas Det Dad puma gue nha Efe DP isadG ada Dna putas tad a 87 4 3 3 Feiras dos produtores e eventos de agricultura familiar s issttiiss 88 4 3 4 Cooperativismo da agricultura familiar siieeereereerereeeees 88 4 3 5 INSERT O a E A EN SR A EE E a E 89 4 4 AS FAM LIAS PESQU
105. NTO E AS PR TICAS DE MANEJO EM TORNO DA FABRICA O ARTESANAL DE ERVA MATE A fabrica o artesanal de erva mate efetuada de forma diversificada entre as fam lias de agricultores que em regra geral aliam conhecimentos sobre t cnicas tradicionais e a apropria o de tecnologias modernas ou adaptadas ambos podendo ser desenvolvidos como novidades MARQUES 2009 PLOEG et al 2004 no processo produtivo No entanto o processamento da erva segue os mesmos princ pios em todas as fam lias sendo composta por cinco etapas a corte poda b sapeco c secagem d cancheamento e e soque O n mero de etapas pode ser reduzido para quatro quando o cancheamento n o utilizado como ser visto A seguir s o descritas as etapas do processamento que s o adotadas pelas sete fam lias de agricultores complementando com informa es de outras fam lias que foram visitadas durante a pesquisa explorat ria no sentido de mostrar a grande diversidade em torno da quest o 5 1 CORTE A extra o da erva mate ocorre em diversos ambientes sendo em sistema de monocultivos de rvores remanescentes ou plantadas nos quintais das propriedades e nas lavouras de reas de mata nativa e de cultivo em sistema agroflorestal Os agricultores dos munic pios de Panambi Bozano Santo Cristo e Humait possuem em geral at dez indiv duos de erva desde algumas rvores que outrora foram plantadas reunidas ou constituem se em rvores esp
106. OMIA E CLANDESTINIDADE Um conflito emblem tico o que acontece entre a agricultura camponesa e as normas que regulam o beneficiamento e o com rcio de alimentos ainda mais quando inclui o manejo de esp cies vegetais nativas ou alternativas Mesmo produtos com uma hist ria antiga na agricultura como o leite passa por uma s rie de exig ncias para que os produtores possam beneficiar e comercializar Para eles est claro que h uma incoer ncia na aplica o dessas normas para a agricultura familiar pois elas tomam como refer ncia a ind stria um carinha fez uma d vida e montou pra pasteuriz o leite pois n o que vieram ali a fiscaliza o e lacraram tudo faltava 4 cm na altura ficou derrotado Os cara chegaram ali e colocaram o padr o da ind stria o cara pequeno agricultor como que vai t dinheiro at se vai peg um financiamento nem consegue n o liberam tanto dinheiro pro pequeno agricultor nem tem garantia terra pouquinha Desanimou muito o pequeno Por isso que o pequeno t indo embora vai cri mais xodo rural al m de j t A declara o acima mostra o antagonismo entre as peculiaridades dos camponeses e as exig ncias da vigil ncia sanit ria A legisla o sanit ria brasileira come ou a ser institucionalizada nos anos 1950 por m ela foi elaborada com base nas caracter sticas das grandes ind strias de alimentos e dentro de um contexto da produ o urbano industrial adotando
107. Ol vio Dutra era governo do Estado botaram t cnico depois terminou trocou de governo e mudou de um dia pro outro poca que foi plantado bastante rvore frut feras nativas Ajudou a faz muda de erva naquela poca do Ol vio ele incentivava a faz agroind stria n s fizemo at a planta do projeto mas depois ele saiu e os outros governo que entraram cortaram n o deram mais incentivo E agora tem que faz financiamento e pag 100 Naquela poca tinha feito um projeto de 25 mil pra faz um galp o e tinha uma parte de fundo perdido Hoje t avaliado em mais de 100 mil reais mais dif cil financi hoje N o tem incentivo n o tem verba O Estado tinha que reagi mais O relato a respeito do governo estadual da gest o do PT tendo como governador Ol vio Dutra como sendo um governo que incentivou a cria o de agroind strias e de associa es bem como o desenvolvimento da agroecologia n o se limitou apenas a esse caso outras fam lias tamb m se referiram como sendo uma poca melhor para o equeno agricultor Nesse tempo eles criaram uma associa o de agricultores e lembram especificamente como eram satisfat rios o trabalho de um t cnico da associa o e o desenvolvimento das atividades Uma das miss es da associa o era a de incentivar a produ o de alimentos agroecol gicos A associa o proporcionava cursos e interc mbios entre os agricultores incentivando os a produzirem de forma org nica El
108. Sea dE GARAGE pa a 123 53 DOG 01 PRA BEE RR DE EDER ER AR RO RE ERRAR ERRAR RS ROGERS 123 53 2 DAP DAQUA sinos eras todas Dos Una A aaa ana a Oaea it 130 RRAIN A cio RSRS DDR PE TE RR ER RE E RR 132 SA CANCHEAMENTO srta brasa ala oe aa Sib asa RA aa aah a 138 ES SOQUE nao nara dean pe A a a aa RA a a 144 6 A CONTINUIDADE DE UM MODO DE VIDA eee 146 6 TERADIC O span Regi O E ASI Rd e E E 148 CO SUCESS O AMIBEAR asso ea a a eat a da R co ide nar 150 GS M O DE QN aa ea ida ola caDi ao Rh bar o arandos ni 154 6 4 INCENTIVOS CR DITO ASSIST NCIA T CNICA POL TICAS P BLICAS 155 6 4 1 Rela o com organiza es e entidades de assist ncia t cnica 156 6 42 Criou as da la ab doa a Ria cia oba ea 159 6 5 ECONOMIA E CLANDESTINIDADE 161 6 6 QUALIDADE ESADDE sm esess pesto sas Da a Da 167 6 7 AS DIFICULDADES DO PROCESSAMENTO MANUAL E O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES sara toras E Sd 170 6 8 OS PEQUENOS VERSUS OS GRANDES A AGRICULTURA CAMPONESA VERSUS A AGRICULTURA MODERNA usssagisoiias do puisl oras Naiara 172 7 A CONSERVA O DA BASE DE RECURSOS NO MBITO DA FABRICA O ARTESANAL DE ERVA MATE E A CONTINUIDADE DO MODO DE VIDA 179 7 1 A COPRODU O COM A NATUREZA eee eee eeeeeeeens 179 7 2 RESIST NCIA E CONSERVA O AMBIENTAL 193 8 CONSIDERA ES FINAIS eee eee 199 REBER NCIAS oeeie E a e a 203 AP NDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
109. Setembro de 2010 Fonte acervo do autor H vinte anos atr s ainda costumavam fazer agricultura no sistema de ro a queima e coivara e se referem a uma vegeta o que era comum o macegal Segundo eles hoje em dia a regi o est mais reflorestada possuindo mais mato e capoeira pois antigamente o que tinha mais era o macegal De acordo com os relatos sobre o macegal depreende se que era uma vegeta o campestre onde predominava uma gram nea H sessenta anos atr s eram produzidos na regi o de forma predominante o trigo o milho e su nos que eram visados comercializa o Depois desse per odo a soja foi inclu da como cultura relevante no ciclo agr cola anual O trigo foi plantado at 15 anos atr s pela fam lia A caminhada deles na agroecologia come ou com a participa o na Escola Alternativa para a Juventude Rural ESCAJU R como explica a fala abaixo ela fez a ESCAJUR ali em Passo Fundo que tinha a ESCAJUR e eu fiz uma semana que n o tinha tempo era dif cil a gente sa de casa da fiz uma semana de estudo tipo de t cnico Eles ensinavam bastante dai essas coisa assim pra bem dize alternativa tipo os composto coisas org nica a gente aprendia bastante o foi criado depois tinha ali o depois disso tinha os padre que coordenava tudo em Passo Fundo depois foi um dia a gente come ou assim a produzi pra casa a faze os composto e produzindo depois foi se criando
110. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE CI NCIAS ECON MICAS PROGRAMA DE P S GRADUA O EM DESENVOLVIMENTO RURAL MOIS S DA LUZ CARIJOS E BARBAQU S NO RIO GRANDE DO SUL RESIST NCIA CAMPONESA E CONSERVA O AMBIENTAL NO MBITO DA FABRICA O ARTESANAL DE ERVA MATE Porto Alegre 2011 MOIS S DA LUZ CARIJOS E BARBAQU S NO RIO GRANDE DO SUL RESIST NCIA CAMPONESA E CONSERVA O AMBIENTAL NO MBITO DA FABRICA O ARTESANAL DE ERVA MATE Disserta o submetida ao Programa de P s Gradua o em Desenvolvimento Rural da Faculdade de Ci ncias Econ micas da UFRGS como quesito parcial para obten o do t tulo de Mestre em Desenvolvimento Rural Orientador Prof Dr F bio Kessler Dal Soglio Co orientadora Prof Dra Rumi Regina Kubo Porto Alegre 2011 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGA O NA PUBLICA O CIP Respons vel Biblioteca Gl dis Wiebbelling do Amaral Faculdade de Ci ncias Econ micas da UFRGS Luz Mois s da L979c Carijos e Barbaqu s no Rio Grande do Sul resist ncia camponesa e conserva o ambiental no mbito da fabrica o artesanal de erva mate Mois s da Luz Porto Alegre 2011 221 f il Orientador F bio Kessler Dal Soglio co orientadora Rumi Regina Kubo S rie PGDR Disserta o n 139 Disserta o Mestrado em Desenvolvimento Rural Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Ci ncias Econ micas Programa de P s Gradua
111. USTRIALIZA O Por tr s do h bito de tomar mate ou chimarr o existe um universo de conhecimento que est amea ado de se perder O processo de fabrica o artesanal de erva mate uma pr tica antiga provinda dos povos ind genas das bacias dos rios Paraguai Paran e Uruguai ANDRADE 2002 como os Guaranis e Kaingangs LESSA 1986 FREITAS 2005 que existe na regi o sul da Am rica por m a partir dos anos 1960 v m passando por um processo de abandono tendo como principais fatores a moderniza o da agricultura e a industrializa o da cadeia produtiva da erva mate Refere se aos produtos prim rios comercializados em escala na cadeia de exporta o como soja e milho Sua produ o basicamente na forma de monocultivos ent o diz se monocultura de gr os 24 A fabrica o artesanal de erva mate tamb m representa uma forma tradicional de produ o econ mica que pode proporcionar determinados momentos de sociabilidade designados como as rondas dos carijos BERKAI BRAGA 2000 Al m de significar o momento de cuidar da secagem da erva mate as rondas por vezes tornam se a manifesta o do folclore seja pelas odas de prosad de drausos compartilhando o chimarr o contemplando a natureza e o c u estrelado seja um evento festivo com m sicas e dan as regionais fazendo parte da identidade ga cha BERKAI BRAGA 2000 Como exemplos no ANEXO A s o transcritas algumas letras de m sica sobre o carijo
112. a 30 cm Alguns agricultores indicam que a poda da erva n o deve ser total alguns ramos menores devem ser deixados ilesos de modo que ela se recupere melhor 115 A melhor poca de poda entre os meses de junho e meados de setembro e durante os meses de janeiro e fevereiro O primeiro per odo se refere ao inverno quando a erva mate passa por uma esp cie de dorm ncia dessa forma quando podada ir brotar somente depois da fase mais fria do ano assim a brota o n o acometida pelas geadas Quanto ao segundo per odo uma poca onde n o h perigo da brota o ser afetada pelas geadas do pr ximo inverno por m se houver poda a partir de mar o corre se o risco da brota o ser afetada bem como as rvores podendo at ocasionar a morte delas A esta o da lua tamb m levada em considera o para a poda da erva por parte de algumas fam lias Mesmo aquelas que n o acham esse fator importante j ouviram falar que durante os dias ao redor do auge da lua nova teria mais seiva no caule por isso poderiam haver danos na recupera o da brota o Em geral para as fam lias que comercializam o produto a fase da lua n o determinante para interferir na agenda de trabalho mas existe uma fam lia em exce o em que n o se realiza o corte no per odo de tr s dias antes at tr s dias depois da lua nova 5 1 2 fVariedadesO de erva mate e propaga o Os agricultores comentam sobre as variedades ou tipos d
113. a a ea Bea iai a Da sa qa diana SA aa ga aaa aa 72 Figura 14 Quadro da rela o dos munic pios com o n mero de fam lias citadas que fabricam erva mate artesanal no Rio Grande do Sul identificando se a fonte informadora 79 Figura 15 Mapa do Rio Grande do Sul destacando os munic pios visitados em cinza e n o visitados em branco onde residem as fam lias de agricultores que processam erva mate de forma artesanal isise tiinas iarsin EE EEE AEEA patas aa Copa ESERSE EASE ASNES 81 Figura 16 Quadro de informa es sistematizadas de quatorze fam lias de agricultores visitadas no Rio Grande do Sul que fabricam erva mate artesanal com informa es sobre objetivo da atividade autoconsumo ou com rcio e perspectiva de continuidade SIM N O e ou duvidosos e outras caracter sticas Solit rios diz respeito a rvores de erva mate remanescentes ou que ocorrem esparsas em pouco n mero nas lavouras e quintais 83 Figura 17 Localiza o das sete fam lias pesquisadas atrav s de seus respectivos munic pios contorno territorial sobre a distribui o original das regi es fitoecol gicas segundo o IBGE A O D RED PR E SRD TR JRR ROO UPE CRE OR ENE ER UR RR RR RR q RED ARE SO UR 85 Figura 18 Mapa dos remanescentes de vegeta o do Rio Grande do Sul 86 Figura 19 Potreiro e mata ciliar ao fundo das casas de moradia Mar o de 2010 Panambi Figura 21 A casa do soque os potrei
114. a atividade sua principal fonte de renda o fen meno da obten o da mat ria prima de terceiros como visto na se o 6 5 do cap tulo anterior tem ajudado a manter os ervais de reas rurais e urbanas devido explora o que realizada de acordo com o tempo de recupera o da esp cie a cada dois ou tr s anos 192 demanda do produto artesanal pelos consumidores e pela escala de produ o dos agricultores que limitada Nesse sentido o fen meno social est sendo positivo em termos ecol gicos e culturais todavia a longo prazo n o se mostra promissor porque esses agricultores n o est o incrementando a sua base de recursos para que se tornem mais aut nomos pois est o dependendo da mat ria prima de outras reas particulares o que n o est coerente com o prosseguimento da derrubada dos ervais no contexto regional aliado ao fato de se sentirem dentro de um mercado inseguro na clandestinidade Isso pode significar a n o continuidade do modo campon s de agricultura e consequentemente a conserva o das matas poder seguir como est ou ficar comprometida caso haja sobre explora o de recursos a partir do aumento de lavouras ou do aumento do rebanho bovino Os fatores que influenciam as decis es dessas fam lias dependem do contexto pol tico econ mico e social da regi o assim como os riscos que passam est o tamb m relacionados a quest es de ordem produtiva e clim tica Assim os camponeses prec
115. a de pecuaristas familiares produtores do queijo serrano 2009 146 f Disserta o Mestrado em Desenvolvimento Rural Faculdade de Ci ncias Econ micas Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009 JOLLIVET M Pour une science sociale travers champs paysannerie capitalisme France XXe Se cle Paris Arguments 2001 LAMARCHE H Agricultura familiar v 2 do mito realidade Campinas UNICAMP 1998 LESSA B Hist ria do chimarr o Porto Alegre Sulina 1986 LINHARES T Hist ria econ mica do mate Rio de Janeiro Jos Olympio 1969 LONG N Resistance agency and counter work a theoretical positioning In WRIGHT W MIDDENDORE G The fights over food Pennsylvania Penn State University Press 2007 LONG N Sociolog a del desarollo una perspectiva centrada en el actor M xico Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropolog a Social El Colegio de San Luis 2001 LONG N LONG A Battlefields of knowledge the interlocking of theory and practice in social research and development London Routledge 1992 LONG N PLOEG J D Heterogeneity actor and structure towards a reconstitution of the concept of structure In BOOTH D Rethinking Social Development theory research and practice London Longman Scientific amp Technical 1994 p 62 90 MALDONADO S C Pescadores do mar S o Paulo tica 1986 MALHEIROS A A Panambi o vale das borboletas azuis Panambi s
116. a focal Sd DA a Db tennt 145 Figura 60 Quadro dos fatores determinantes nas fam lias para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate em contraposi o a amea as e limitantes da sociedade 147 Figura 61 Quadro da listagem das etnoesp cies de rvores e arvoretas nativas conhecidas pelos agricultores atrav s da amostragem por cita o oral e ou caminhamento pelas reas da propriedade e matas sendo arroladas por ordem alfab tica de fam lia bot nica quando identificada P Panambi B Bozano SAP Santo Ant nio do Palma I Ip SC Santo Cristo H Humait S Seberi nnseeonseneneneessseseosesessssesosereesssssseseoersessssoserereessssssesereesesss 180 Figura 62 Quadro com a s ntese das informa es sobre a rela o entre o uso e manejo de recursos e a conserva o ambiental sufici ncia de terra preserva o de reas de mato conhecimento sobre esp cies nativas uso de lenha do mato e de esp cies ex ticas manejo do gado bovino e de sistemas agrofloretais e plantio de mudas nativas e de erva mate pelas sete fam lias de agricultores P Panambi B Bozano SAP Santo Ant nio do Palma I Ip SC Santo Cristo H Humait e S Seberi SAF sistema agroflorestal APP rea de Pr serva o Permanente Jons icerriraunn e ARO DS STO R a S 189 Figura 63 Quadro com a s ntese da conserva o ambiental entre as sete fam lias de agricultores a partir da an lise do
117. a forma a sua base de recursos importante para a continuidade da condi o camponesa Por m como foi visto em algumas dessas fam lias a perspectiva de continuidade da fabrica o artesanal de erva mate pode n o acontecer O modo campon s de agricultura deixa de existir quando n o h sucessores quando h xodo rural e quando o modo de fazer agricultura se torna essencialmente empresarial e dependente do mercado A agricultura camponesa aparenta ser menos pr spera entre os equenos agricultores e isso tem a ver com a capacidade de mobiliza o e organiza o dos camponeses Tal protagonismo pode ser entendido pela no o de ag ncia GIDDENS 1984 Parece haver um contexto regional norte e noroeste do RS desfavor vel a mudan as na agricultura nessas regi es em vista da preponder ncia da estrutura e log stica para desenvolver a agricultura empresarial representando um enorme desafio para a manuten o e prosperidade da agricultura camponesa Viu se que uma das fam lias tentou se cooperar por m teve empecilhos a ponto de uma cooperativa fechar A maioria das cooperativas existentes s o do ramo das culturas convencionais onde h um espa o ex guo para a comercializa o de produtos da agricultura familiar especiamente os produtos coloniais e artesanais e os agroecol gicos Cabe destacar a aus ncia de entidades que promovam alternativas a essa situa o agr cola salvo alguma ou outra exce o que poderiam fomentar
118. a rural adquiria no com rcio levaram estagna o e ao decl nio da agricultura tradicional BRUM 1988 Wanderley 2009 partindo da an lise de outros autores sobre a transforma o agr ria brasileira enfatiza a escolha pol tica da elite brasileira no sentido de modernizar a grande propriedade sem haver a reforma agr ria ao que se denominou de moderniza o conservadora e sem ter apostado no potencial da agricultura que se expressava em todo o pa s Segundo ela o pr prio estatuto da terra de 1964 durante o in cio do regime militar ap s haver a elimina o dos movimentos camponeses formaliza o ponto de partida da moderniza o denominando o estabelecimento rural como Fempresa rural Foi dado um fvoto de confian a para a grande propriedade como se ela fosse desenvolver uma agricultura eficaz ao progresso do pa s e ao benef cio de toda a popula o Nesse sentido voltou se toda a pol tica e a log stica para o estabelecimento da agricultura moderna destacando se a media o do setor p blico DELGADO 2001 O processo de moderniza o da agricultura come ou a acontecer ap s a Segunda Guerra Mundial concatenado industrializa o e urbaniza o juntamente com a difus o do padr o de consumo norte americano para outros pa ses BRUM 1988 ou de uma ideologia 1 Constitu am se de foice e machado para a derrubada do mato enxada e arado de tra o animal para o preparo do solo e controle de pl
119. abrella Benth Fabaceae X X Branquilho Sebastiania commersoniana Baill L B Sm amp Downs Euphorbiaceae X X X X X X X Buti Butia spp Arecaceae X X Cabre va Myrocarpus frondosus Allem o Fabaceae X X X X Camboat branco Matayba eleagnoides Radlk Sapindaceae X X X Camboat vermelho Cupania vernalis Cambess Sapindaceae X X X X X X X Camboim Myrciaria spp Myrtaceae X X Canaf stula Peltophorum dubium Spreng Taub Fabaceae X Canela Cinnamomum amoenum Nees Kosterm Lauraceae X Canela amarela Cf Nectandra lanceolata Ness Lauraceae X Canela de porco n i Lauraceae X Canela de veado Helietta apiculata Benth Rutaceae X X X Canela do brejo Cf Machaerium paraguariense Hassl Fabaceae X X X X Canela loura Cf Ocotea diospyrifolia Meisn Mez Lauraceae X X Canela merda Cf Nectandra megapotamica Spreng Mez Lauraceae X Canela pinho canela guaic Ocotea puberula Rich Nees Lauraceae X X Canela preta Cf Nectandra megapotamica Spreng Mez Lauraceae X Canela raposa n i Lauraceae X Canela vermelha n i Lauraceae X Canjerana Cabralea canjerana Vell Mart Meliaceae X X Capororoca Myrsine sp Myrsinaceae X Carne de vaca Styrax leprosus Hook amp Arn Styracaceae X Caroba Jacaranda micrantha Cham Bignoniaceae X X X X Carrapicho Sloanea monosperma Vell Elaeocarpaceae X X 180
120. ada Ela sempre foi um produto processado pela fam lia para consumo pr prio e em parte sempre foi vendida a vizinhos Apesar de n o ter sido e ainda n o ser um produto de destaque para a economia da fam lia eles ao longo do tempo foram aperfei oando o processamento artesanal Antigamente utilizavam o carijo para secar e o pil o para socar mas h pouco tempo adquiriram um soque de madeira que movido atrav s de um motor combust o e constru ram um barbaqu aproveitando se uma arapuca de madeira que seria descartada por um vizinho Sendo assim conforme a express o do pai do Jos ao responder por que fabricam erva mate AUma que a gente consome n e tamb m por costume tradi o vai vindo de fam lia mesmo n o sendo um produto essencialmente voltado ao mercado a pr tica vem sendo aperfei oada e pode ser interpretada como fazendo parte da l gica camponesa de desenvolver autonomia congregando rela es sociais e culturais Wanderley 1999 j havia observado que o campon s recorre ao passado para enfrentar o presente e preparar o futuro construindo um saber tradicional e transmiss vel aos filhos Essa tradi o defendida e manifestada como um patrim nio a ser herdado pelas gera es futuras e nas palavras de Fleury e Almeida 2007 d seguran a aos que herdam esse conhecimento Nesse sentido expressa o Noel Tinha que continu porque isso uma hist ria se termin as hist ria passada o que os n
121. ade Filhos Quantos Quantas pessoas moram em sua casa Quais suas respectivas idades Qual a escolaridade de voc s Essa terra de voc s Quantos hectares Gostam de morar aqui Por qu Nos Oi ode ONO O ode DO CO H quanto tempo moram aqui 10 De onde vieram o que faziam antes de vir para c 11 O que produzem aqui 12 Quais culturas s o as principais que d o mais renda 13 O que vendido 14 Para quem vendido como 15 Que culturas s o para o autoconsumo Fpro gastoO 16 Sempre plantou essas para o autoconsumo fpro gastoO 17 O que mudou de antigamente para agora no que voc s plantam 18 Faz trocas Como 19 H quanto tempo exerce essas atividades 20 Usam m quinas e implementos 21 O que mudou depois de usar m quinas 22 Usam venenos 23 Usam adubo qu mico 24 E de onde vem as sementes 25 O que acha das sementes h bridas 26 E das transg nicas 27 Voc usa sementes crioulas Por qu 28 O que cada um da fam lia faz 29 Gostaria que seus filhos continuassem exercendo a s mesma s atividade s Por qu 30 Voc s contratam empregados pe o diarista Como Em que poca 31 218 Quais s o as dificuldades para conseguir gente para trabalhar 32 Voc faz parte de alguma organiza o cooperativa sindicato associa o Qual 33 Como a vida em comunidade MATO 1 Do au son 11 12 13 De quanto a rea de
122. adultera es Dificuldades do processamento Aus ncia de incentivos manual motivam busca por melhorias Coprodu o manuten o e incremento Aus ncia de incentivos legisla o da base de recursos Figura 60 Quadro dos fatores determinantes nas fam lias para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate em contraposi o a amea as e limitantes da sociedade 34 2 x y 3 n a Tamb m s o referidos como picaretagem ou seja quando os agricultores s o enganados a ponto dos tarefeiros cortarem a erva mate e depois irem embora sem haver o pagamento aos agricultores 148 6 1 TRADI O A tradi o faz parte de todos os casos acompanhados mesmo no caso de Humait em que a fam lia aprendeu o of cio a partir de um vizinho A tradi o pode ser considerada como um pr requisito pois representa uma bagagem de conhecimento das t cnicas do uso de recursos naturais e constitui um processo cont nuo e din mico inter geracional que envolve o trabalho baseado em habilidades PLOEG 2008 e rela es sociais Ela tamb m n o excludente visto que os conhecimentos tradicionais podem ser aprendidos e apreendidos por qualquer indiv duo Embora a tradi o por si s n o seja determinante para a continuidade das pr ticas artesanais ela faz parte da l gica camponesa estando associada perspectiva de continuidade para as pr ximas gera es Poderemos ver que a continuidade da fabrica
123. ai te que tenta colhe mais ent o se torna mais caro nessa parte da precisa de maquin rio tu vai te que renovando no causo n s tinha uma semeadeira boa tivemo que compra outra tu tem que acompanha n s tinha uma n o era plantio direto tivemo que compra uma plantio direto e m quinas s o a mesma coisa tu tem uma mais ou menos velha quando v j n o tem nem pe a ent o tu se qu mante tu vai te que compra uma m quina melhora n ent o vai se tornando caro assim acho que assim tem que te um subs dio no causo no adubo alguma coisa assim e uma garantia de pre o tamb m que a gente precisava ter se tu sabe se tu vai ganha tanto pelo produto tu pode se organiza pra aquilo ali ent o n o f cil Ano passado n s tava vendendo soja a R 47 00 48 00 na colheita e esse ano ta vendendo a R 32 00 depois subiram um pouco n ent o ent o se tem uma garantia de pre o muda n da melhor O depoimento acima demonstra bem a situa o dos agricultores familiares que est o dentro da Gorrida da agricultura empresarial estando sujeitos ao aumento dos custos e a baixa dos rendimentos o chamado squeeze conforme PLOEG 2008 e a necessidade ou obrigatoriedade de se atualizarem s novas tecnologias Ocorre ent o que uma das sa das a amplia o de reas de cultivo colher mais para aumentar os rendimentos Esse fen meno ajuda a explicar a concentra o fundi ria e o xodo rural que seguem todo vapor co
124. am de uma sociedade de sal o de baile e cancha de bocha 92 Eles produzem alimentos para o autoconsumo como oler colas batata doce mandioca ab bora moranga chuchu feij o e amendoim Criam galinhas patos peixes su nos e bovinos H frut feras dom sticas de laranja lim o lima bergamota p ra nozes entre outras e processam derivados como queijo doces melado p es e cucas A erva mate diz respeito apenas ao consumo do grupo de fam lias Na fam lia anfitri a entrevista foi realizada apenas com o Victor que tem 56 anos de idade Ele e a Joana t m duas filhas que moram na cidade e um filho que est prestes a vir morar com eles O filho trabalha como inseminador de su nos viajando para outras cidades A filha mais velha formada em Pedagogia enquanto a outra est estudando O Victor tem quatro irm os dos quais apenas um trabalha com ele no interior embora resida na cidade em Iju Eles tamb m se dedicam a uma pequena f brica de esquadrias met licas que se situa na mesma propriedade A fam lia nasceu e se criou na localidade onde moram desde a vinda dos av s de outras cidades do Rio Grande do Sul como Santa Maria e Ven ncio Aires e da Alemanha assim como da pr pria localidade Figura 21 A casa do soque os potreiros o a ude e o mato Bozano RS Abril de 2010 Fonte acervo do autor 4 4 3 Hor cio e Violeta de pe o a erveiro Em Humait a fam lia constitu da por Hor cio
125. an pois a consideram de melhor qualidade para a ind stria em rela o existente na regi o de Seberi Na ind stria o processamento de erva velozmente maior ao artesanal em apenas uma tarde 1 230 kg de erva resultaram cancheados A fam lia tem gado bovino com oito vacas em lacta o sendo a maior parte do leite vendida por m est o prestes a interromper a comercializa o destinando os animais a produzir leite e carne apenas para o consumo pr prio Para alimentar o gado plantam aveia e cana de a car e fazem ensilagem de aveia Al m disso para o consumo da fam lia consomem su nos galinhas frutas bergamota laranja p ssego uva chuchu ab bora pinh o mandioca entre outros Nos a udes rec m constru dos pretendem criar peixes Tamb m preparam p es e cucas assando os no forno de barro e fazem doces shimiers O Sep possui um cavalo com o qual participa de cavalgadas como a que aconteceu precedendo a Col nia em Festa em junho de 2010 Ao longo da trajet ria familiar eles foram diminuindo as reas de lavoura e aumentando as reas dos ervais em sistema agroflorestal que atualmente somam mais de 4 ha H mais de cinquenta anos n o existia soque a erva era socada no monjolo e a secagem 98 era realizada no carijo at eles constru rem o barbaqu h trinta anos Nessa poca ainda n o existiam as ind strias ervateiras No princ pio eles come aram a trabalhar com os vizinhos negociando a e
126. antas espont neas m quina manual de plantar foicinha m quina manual de matar formiga carro a e outros ve culos de tra o animal para o transporte 54 moderna NEVES et al 2010 A moderniza o tinha como objetivo expl cito contribuir para o aumento da produ o e da produtividade agr cola no mundo embora com interesses econ micos e pol ticos ligados expans o das grandes corpora es Nos diversos pa ses implantou se uma estrutura para desenvolver a agricultura moderna desde associa es de cr dito assist ncia t cnica at entidades de pesquisa voltadas inova o tecnol gica de sementes No Brasil a moderniza o da agricultura teve seu grande impulso a partir de 1965 consistindo na difus o de variedades fimelhoradas geneticamente de trigo soja arroz e milho juntamente com o aumento da produtividade mediante o uso intensivo de insumos qu micos o uso de t cnicas de corre o do solo irriga o combate s doen as e pragas e de maquinaria e equipamentos modernos A esse conjunto de t cnicas inovadoras deu se o nome de fpacote tecnol gico BRUM 1988 NEVES et al 2010 A moderniza o da agricultura se efetua pelo processo de mecaniza o e tecnifica o da lavoura e leva o agricultor e a produ o a se integrarem no mercado e na racionalidade do lucro ou seja a l gica capitalista no campo BRUM 1988 GORENDER 2002 A agricultura tamb m se especializa crescendo a produ o em mo
127. aponesa Santo Ant nio do Palma RS Setembro de 2010 Fonte acervo da pesquisa O mesmo acontece com os agricultores de Ip e Seberi por m esses desenvolveram ademais o manejo da erva em sistema agroflorestal SAF Em Seberi a fam lia possui dois ervais na forma de SAF que totalizam em torno de 4 ha Eles foram desenvolvendo essa tecnologia em substitui o ao que era potreiro e lavoura O manejo consiste de cortar erva mate cortar lenha de rvores mortas selecionar esp cies arb reas para crescerem livremente assim como limitam as reas de pastejo do gado para que n o entre nessas reas Entre os motivos pela prefer ncia por esse sistema de cultivo s o a qualidade do produto resultante e a preserva o ambiental Segundo Mattos 2011 a erva mate extra da de ambientes sombreados seja de SAF ou de florestas preferida no mercado em Santa Catarina e Paran devido caracter stica resultante de um produto mais suave ao paladar Em vista disso o pre o pago pelas ind strias aos produtores desta mat ria prima superior ao daqueles que produzem o vegetal em sistemas de monocultivo Dos SAFB da fam lia o mais jovem existe h 12 anos tendo a presen a de rvores adultas e altas ocorrendo esp cies como corticeira da serra camboat branco camboat vermelho timb canela de veado pitanga guabiju uvaia branquilho arauc ria e maria preta Constitui se de uma mata que foi manejada plantando se erva ma
128. aqui os caminh o caminh o pra carrega terminava de carrega era o dinheirinho na horinha sem cheque nada era dinheiro vivo pesava o caminh o e j Atrav s dos relatos fica claro que a explora o da erva mate foi uma das principais rendas externas das fam lias e mesmo a oportunidade dos filhos obterem dinheiro pr prio como explica a Yari eu lembro que todos n s tinham o seu caderno n e da cada cesto que a gente tinha era o dinheiro pra gente Nunca foi uma explora o que os filhos iam l e o pai ficava com a grana n o sempre foi dividido assim era tinha seu cesto l digamos tirava eu minha irm a n s pesava era pra n s aquele dinheiro tinha uma porcentagem pro pai Um tanto pra mim um tanto pro pai que era o dono da erva e um tanto pra quem tirava ganhava uns troco n sen o o mato n o tava cheio de gurizada todos ganhavam Sempre trabalhavam homens e mulheres entre familiares e vizinhos e de acordo com a m e do Atahualpa todo mundo ia pro mato Essa atividade tinha um per odo anual definido sendo entre metade de junho at metade de agosto Em julho e agosto acontecia uma colheita mais intensa Essa atividade teve grande express o durante 15 a 20 anos at o momento em que as ervateiras tinham sua disposi o bastante mat ria prima tamb m cultivada por elas pr prias As ervateiras j n o vinham em busca de mat ria prima comprando apenas dos agricultores que faziam a entr
129. ara chimarr o de forma artesanal utilizando se para a secagem o carijo o barbaqu ou variantes das formas tradicionais e manejam a erva mate vegetal na forma de extrativismo cultivos agroflorestais e ou de ervais plantados A procura dos casos designada de Gpesquisa de campo explorat ria focou a regi o do Planalto rio grandense MORENO 1989 onde prevalecem a distribui o natural da erva mate e a industrializa o do produto A forma como se obteve a informa o sobre a exist ncia dessas fam lias foi intencional no sentido de come ar por algumas regi es do Estado atrav s de comunica o direta pessoal por telefone e correio eletr nico a profissionais e entidades que trabalham com assist ncia t cnica e educa o no meio rural os quais em muitas situa es indicaram outros t cnicos e munic pios para que se pudesse obter a informa o Neste caso pode se referir a forma de busca dos casos como rede de informantes O m todo de sele o dos casos a serem investigados com maior profundidade baseou se em primeiramente realizar o m ximo de visitas poss vel a fim de conhecer a diversidade em torno do tema e sistematizar informa es gerais sobre as fam lias Em seguida a forma de sele o dos casos foi realizada atrav s de uma tipifica o a fim de reunir as fam lias com caracter sticas em comum resultando a partir da grupos onde se p de selecionar algumas fam lias em cada grupo para se proceder a investi
130. arsas na propriedade como aquelas localizadas no quintal das casas junto ao bosque ou pomar e aquelas que est o nas lavouras remanescentes de antigos cultivos ou de sua proced ncia natural figura 28 A situa o a mesma para os vizinhos dos quais eles tamb m adquirem a erva proced ncia que corresponde a maior parte da mat ria prima para aqueles que al m do autoconsumo exercem o com rcio 109 Figura 28 Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Indiv duo de erva mate podado situado na lavoura Bozano B Poda de algumas rvores de erva mate situadas junto com uma lavoura de pastagem Santo Cristo C Erva mate junto com a lavoura de milho Santo Cristo D Erva mate podada situada em um quintal urbano Humait E Fileira de erva mate dividindo duas reas de lavoura Humait F Erval remanescente Seberi Ano 2010 RS Fonte acervo do autor A fam lia de Santo Ant nio do Palma implementou o cultivo de erva mate em sistema de monocultura em duas pequenas reas a partir da obten o de mudas da pr pria floresta Floresta com Arauc ria onde h indiv duos de erva nativos mas diferente de ser uma grande rea apenas com a erva esses pequenos bosques fazem fronteira com o cultivo de 110 videiras figos da ndia e uva japonesa o que faz parecer mais um sistema de culturas intercaladas figura 29 Figura 29 Erval intercalado com outros cultivos como parreiral figos da ndia e uva j
131. as se tornam mais flex veis de maneira a n o quebrarem durante o amarrio Em Bozano na ocasi o presenciada de forma in dita os agricultores experimentaram uma arma o de metal em substitui o s estacas de madeira que se cravam no ch o figura 38E Ela foi moldada na f brica de esquadrias da propriedade O momento de sapecar separar os ramos e depois enfeix los muitas vezes ocorre na forma de mutir o chegando a somar nove pessoas sete homens e duas mulheres na ocasi o presenciada em Bozano Em Humait somou seis pessoas pois as visitas ajudaram mas em geral participam o casal de agricultores o irm o e a m e do Hor cio figura 39 Figura 39 O mutir o para sapecar quebrar e fazer o enfeixamento da erva mate Da esquerda para a direita A Humait B Bozano Ano 2010 Fonte acervo do autor 5 2 2 Sapeco indireto Esta modalidade de sapeco realizada com o cilindro de metal telado sapecadeira sendo assim a separa o dos ramos finos com as folhas acontece previamente como acontece em Ip e Seberi O cilindro fica instalado de maneira que possa ser girado manualmente e sua posi o em rela o ao solo fica inclinada assim medida que os ramos s o introduzidos no cilindro durante o sapeco eles circulam passam pela fogueira sapecando os e em seguida caem na outra extremidade A fogueira realizada no ch o abaixo do cilindro e numa posi o de modo que o fogo passe pelo meio do cilindro at
132. assim como a pr pria condi o de campon s poder ficar mais cr tica Dessa forma o regime regulat rio consequentemente acaba n o reconhecendo a qualidade dos alimentos camponeses os quais nas comunidades s o bem vistos fFazia produtos de qualidade Os queijo era padr o Nas comunidades os produtos s o reconhecidos atrav s de outros crit rios como foram observados por Krone 2009 em rela o ao queijo serrano at mesmo a qualidade vista sob o aspecto sanit rio e microbiol gico seja confrontada com a qualidade dos alimentos industriais que ser discorrido na se o 6 6 Os crit rios valorizados pelas comunidades dizem respeito ao valor do trabalho executado para se obter os produtos da terra aliado ao zelo pela terra pelos cultivos e animais a rela o de reciprocidade entre parentes vizinhos e amigos e valoriza o do conhecimento sobre o saber fazer das pr ticas artesanais O beneficiamento e a comercializa o da erva mate artesanal n o fogem regra nesse contexto de embate entre os produtos artesanais e os industriais promovido pela legisla o sanit ria Da mesma forma que o queijo serrano a sa da est sendo a informalidade atrav s da venda direta ao consumidor Todos os casos acompanhados em que existe com rcio da erva mate s o de natureza informal n o havendo o registro do produto pessoa jur dica Esses agricultores consideram se em situa o de clandestinidade tanto por falta de informa
133. atr s A participa o da fam lia em feiras come ou em fevereiro de 2001 inicialmente em um mercado em Caxias do Sul e depois na feira ecol gica em Porto Alegre Para conseguir uma boa renda com a atividade agroecol gica eles levaram cerca de quatro anos para conquistar uma quantidade consider vel de clientes O sucesso foi atingido a partir da oferta de erva mate artesanal em meados de 2003 pois anteriormente apenas comercializavam hortali as como relatou a m e do Atahualpa O mais que melhor foi depois com a erva mate n se era s pra verdura n o tinha muito ganho A declara o de Atahualpa revela a necessidade e o potencial em diversificar a produ o Due todos produzem n bom faz uma coisa diferente t um produto diferente n A fam lia a partir da venda de erva vem aprimorando suas t cnicas de fabrica o de acordo com a prefer ncia dos fregueses e a otimiza o do processo de secagem que constitui se em uma forma variante das tradicionais Entre 2003 e 2004 a comercializa o de erva era baixa ainda todavia ela cresceu no ano de 2006 chegando a 150 kg semana em m dia Nessa mesma fase eles receberam muitos visitantes de Santa Catarina Paran Argentina e Uruguai e universit rios da UFRGS havendo troca de experi ncias 4 5 A DIVERSIDADE DA AGRICULTURA CAMPONESA E O MODO CAMPON S DE FAZER AGRICULTURA As fam lias acompanhadas apresentam se com uma diversidade no que se refere a suas at
134. bu ram classe pobre diminuiu durante a opera o da cooperativa em vista da distribui o de alimentos atrav s da cesta b sica Por outro lado atualmente a incid ncia de roubos voltou a aumentar Eles manifestaram a import ncia dos agricultores se organizarem inclusive pela sua condi o de Gequenos visto que sozinhos encarece muito para registrar uma empresa e pagar os encargos Com o fechamento da cooperativa a fam lia parou de vender queijo passando a vender somente o leite Al m do queijo eles vendiam uma s rie de outros produtos como banha carne mandioca erva mate feij o arroz e doces Em Santo Cristo a fam lia sempre processou erva pro gasto e a vende na vizinhan a Ela s cia de cinco cooperativas por m apenas entrega erva mate para uma delas para a qual ofereceram erva e outros produtos inicialmente dizendo que tudo da col nia Come aram vendendo 10 kg de erva os quais eram transportados de bicicleta percorrendo em torno de 8 km de dist ncia A cooperativa estava vendendo bem a erva o que gerou maior demanda da fabrica o artesanal por parte do agricultor chegando ao ponto de entregar mais de 100 kg por semana quando a cooperativa passou a revender a erva para a Cooperativa Coolmeia de Porto Alegre Por m essa boa fase durou poucos meses por causa do fechamento da Coolmeia em 2006 Ap s alguns anos de decl nio na venda do produto atualmente a situa o melhorou porque novamente est ha
135. cala e o uso de fontes de energia alternativa para a secagem da erva mate f o investimento na forma o de profissionais e na assist ncia t cnica fomentando os sistemas agroflorestais a viabiliza o do beneficiamento de produtos artesanais e ou Groloniais o acesso a mercados e a organiza o participativa de agricultores g aprofundar a pesquisa sobre os efeitos mal ficos quanto determinada concentra o de subst ncias t xicas na erva mate derivadas do contato do produto com a fuma a durante as etapas do sapeco e da secagem Avaliar o n vel de concentra o aceit vel dessas subst ncias t xicas na erva mate como o benzopireno Neste sentido havendo riscos sa de podem ser desenvolvidas tecnologias que proporcionem o beneficiamento da erva mate sem haver o contato com a fuma a fato que j realidade na secagem da erva mate por parte de fam lias inclu das nesta pesquisa O fato dos agricultores manejarem a erva mate sendo uma esp cie nativa promove a conserva o e o uso racional de recursos naturais Essa base de recursos dos ecossistemas nativos faz parte da seguran a alimentar e da continuidade de um modo de vida Portanto a biodiversidade tem ajudado os agricultores a continuarem vivendo no campo ao contr rio de vis es que pregam a diminui o das reas de conserva o e o aumento das reas de monocultivo como as lavouras de soja trigo milho e eucalipto A erva mate sendo um produto trad
136. cassa devido aos poucos fragmentos florestais existentes necessitando adquirir lenha de eucalipto ou de outras esp cies de outras reas al m da propriedade o que est o fazendo as fam lias que comercializam o produto de forma mais constante sendo a lenha utilizada principalmente ou 41 Reis 2006 aponta a import ncia sociocultural do extrativismo Fonte REIS M S Extrativismo no sul e sudeste do Brasil caminhos para sustentabilidade s cio ambiental In KUBO R R et al Org Atualidades em etnobiologia e etnoecologia Recife Nupeca Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia 2006 p 115 128 187 em parte a de eucalipto Uma exce o quanto a isso a fam lia de Jorge e Frida que tem utilizado lenha seca do mato o qual tem fornecido boa reserva de lenha em fun o dos vendavais que acontecem na regi o Em seu mato h duas clareiras causadas recentemente pelo que o agricultor chama de tormenta em vista disso h muitas rvores que foram arrancadas e derrubadas ao ch o Fora isso o agricultor consome lenha de esp cies ex ticas como uva japonesa e canela doce Mesmo com a retirada de lenha do mato ele observou que o mesmo mato existe desde que ele era crian a Foi o seu pai que fez estradas no interior da mata antigamente por onde retirava lenha Apesar da oferta de lenha estar assegurada ele se preocupou em tornar mais eficiente a secagem no carijo instalando algumas l minas de metal entre o fogo
137. chimarr o e junto com o chimarr o ao meio dia ela toma uma meia ta a de vinho bord seco porque ela diab tica e o chimarr o ela toma na base de antes do almo o ela toma 3 cuias de chimarr o da erva fabricada aqui n amigo e tardinha ela toma mais umas 2 cuias de chimarr o e assim ela vai vivendo Em vista de sua m e seguir vivendo relativamente bem em vista da idade avan ada hoje em dia a erva que ele fabrica em casa tem um valor muito significativo para a vida deles como expressa o Cenair acho que hoje eu n o deixo mais n o porque hoje eu sei valoriz porque aquele m dico mesmo que disse derem pra tua m e erva que voc s mesmo fazem 6 7 AS DIFICULDADES DO PROCESSAMENTO MANUAL E O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES As dificuldades das pr ticas artesanais como da agricultura em geral que t m por base atividades principalmente manuais muitas vezes s o enfatizadas como a manifesta o do atraso e da pobreza das popula es al m de serem utilizadas como justificativa para que os camponeses adquiram novas tecnologias como m quinas e implementos Essas pr ticas analisando se de forma descuidada podem ser interpretadas como altamente insalubres As dificuldades do trabalho manual pelo que foi verificado com os agricultores relacionam se a outros fatores determinantes que n o se resumem ao uso de tecnologias modernas mas tamb m dizem respeito disponibilidade de m o de obra e adequa
138. cionar oficinas de fabrica o artesanal de erva mate aos seus educandos do curso de T cnico em Agropecu ria com nfase em Agroecologia s pessoas que tornam realidade a exist ncia da feira ecol gica FAE na rua Jos Bonif cio em Porto Alegre uma vez que a se proporciona a oferta de erva mate artesanal pela qual fiquei sabendo da exist ncia de tr s fam lias Ao colega e amigo Eduardo Luiz Ruppenthal pela amizade e carona durante a pesquisa explorat ria e a Alcida e N lio Bell pela hospedagem Aos colegas e amigos Lisiane Gon alves Brolese ipoca M rcio Zamboni Neske Jo o Ramos Paulo Jos da Fonseca Pires e Paulo Fabiano dos Santos pelo apoio na etapa final do meu trabalho Ao cantor missioneiro Valdomiro Maic e a Carmen Otonelli Maic por eles terem me recebido muito bem em seu lar e terem me prestado informa es sobre a m sica RA ltima tarefa a c pia de um document rio de Berkai e Braga 2000 e pesquisa a refer ncias na Casa de Cultura de Tr s Passos RS Ao bi logo argentino Hor cio Fabi n Olivera Maic por informar o contato de Valdomiro Maic Ao bi logo Martin Molz e a ge grafa Mariana Lisboa Pessoa pela ajuda na constru o de mapas professora M rcia Rejane Kristiuk do Instituto Federal Farroupilha polo de Panambi e a Carmen Os rio Hern ndez pelo aux lio na transcri o do resumo para a l ngua espanhola s demais pessoas que de alguma forma contribu ram para
139. cipa de um coral em Panambi indo aos ensaios semanalmente Em sua casa costumam reunir se com amigos uma ou duas vezes por semana onde se animam contando piadas e cantando ao som do viol o Morou por mais de 20 anos na cidade Trabalhou 17 anos na COTRIJUI em Iju e Dourados MS e depois passou a trabalhar na COTRIPAL em Panambi onde se aposentou Quando estava em Dourados trabalhando pela COTRIJUI disse que seus pais estavam velhinhos e abandonados no local onde moravam a seus pais pediram para ele trabalhar em Panambi a fim de ficar pr ximo deles Ele sentiu que deveria voltar ent o passou a trabalhar na COTRIPAL em Panambi Foi quando veio morar com sua m e Do conjunto de irm os somente ele e sua irm ficaram morando no campo os outros moram na cidade A propriedade onde a fam lia mora tem em torno de 5 ha Existe uma rea de potreiro aos fundos da casa e do galp o que declina at a sanga protegida por mata ciliar e onde est o o carijo e uma estrutura montada para lazer com lona e mesa No local tem grama e sombra e eventualmete acontecem confraterniza es e encontros de cavaleiros figura 19 Figura 19 Potreiro e mata ciliar ao fundo das casas de moradia Mar o de 2010 Panambi RS Fonte acervo do autor Campo de pastagem natural 3 Pequeno curso d gua c rrego 91 Eles t m a sua principal fonte de renda obtida atrav s das aposentadorias Para o autoconsumo possuem uma pequena
140. co as m quinas empregam a energia el trica existindo duas caldeiras principais a do sapeco e a da secagem figura 10 cada uma possui uma fornalha onde utiliza se lenha De acordo com Andrade 2002 essas tecnologias trouxeram avan os como a menor perda de calor a uniformidade e a velocidade na secagem 45 Figura 10 Secador industrial de erva mate Fonte acervo do autor Os ramos de erva mate s o trazidos ind stria in natura atrav s de caminh es No momento que h bastante fogo nas fornalhas o processo inicia ligando se toda a engrenagem Os ramos s o direcionados ininterruptamente para o sapecador passando pelo triturador o secador at chegar de forma cancheada triturada e seca ao local do soque Em 24 horas podem ser produzidas 15 mil kg 1 000 arrobas segundo Berkai e Braga 2000 Os mesmos autores observam que o trabalho do tarefeiro n o foi descartado pois ele que faz a poda dos ervais utilizando se fac o e faz a amarra o dos feixes ou ra dos com lascas de taquara Por outro lado ele n o realiza mais o sapeco no interior dos ervais e a automatiza o das ind strias dispensou muito a m o de obra que antes era necess ria nos soques ervateiros A erva cancheada pode ser armazenada ou n o conforme prefer ncia do mercado sendo que no Brasil prefere se produto de colora o verde erva n o descansada sem armazenamento ou estacionamento enquanto que o mercado externo prefere produto de colo
141. co e o conhecimento local In REUNI O ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CI NCIA SBPC 58 2006 Florian polis Anais eletr nicos Florian polis SBPC 2006 Dispon vel em lt http www sbpcnet org br livro 58ra gt Acesso em 13 nov 2008 HANN H Locality identity and the reshaping of modernity An analysis of cultural confrontation in two villages In HANN H LONG N Org Images and realities of rural life Wageningen Van Gorcum 1997 p 153 177 HARDT M NEGRI A Imp rio Rio de Janeiro Record 2001 HECHT S B POSEY D A Preliminary results on soil management techniques of the Kayap Indians Advances in Economic Botany New York v 7 p 174 188 1989 HERCULANO S O campo do ecologismo no Brasil o F rum das ONGs In REIS E ALMEIDA M E FRY P Org Pol tica e cultura vis es do passado e perspectivas contempor neas S o Paulo Hucitec Anpocs 1996 p 91 127 HOME Director Yann Arthus Bertrand Europacorp Elzevier Films 2009 Dispon vel em lt http www homethemovie org gt Acesso em 23 jul 2010 HUMAIT Secretaria Municipal de Educa o e Cultura Humait munic pio jardim ontem e hoje Humait Secretaria Municipal de Educa o e Cultura 1992 IBGE Censo Agropecu rio 2006 Rio de Janeiro IBGE Dispon vel em lt http www sidra ibge gov br gt Acesso em 6 out 2010a IBGE CidadesO Rio de Janeiro IBGE Dispon vel em lt http www
142. com a lenha ent o existe um problema muito grande a por causa da lenha pra faze uma erva mate boa voc tem que guabiroba pra seca ela branquilho e hoje isso a o ibama t ent o n o t f cil e tu n o pode faze erva mate e agredi o meio ambiente n ent o hoje eu to plantando uva japonesa n timb n o aconselh vel porque t xico ent o tem que parti pra uva japonesa Plantei pra pod faz a erva mate Branquilho tu n o pode derruba mais ent o complicado n o f cil Para resultar em uma erva com qualidade conforme as prefer ncias do Cenair ele gerencia a sua base de recursos unindo conhecimentos ancestrais e fatores externos limitantes Ele conhece relativamente as esp cies florestais do meio onde vive sabe sobre o grau de disponibilidade de cada esp cie quanto lenha assim ele vai manejando o meio utilizando se da lenha seca dispon vel ele tamb m sabe que esp cies n o s o aconselh veis para secar a erva Nesse sentido em vista tamb m de fatores externos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renov veis IBAMA as leis ambientais e mesmo a sua preocupa o em n o agredir o meio ambiente a sa da al m do manejo de extra o e sele o que faz o plantio de uva japonesa a qual cresce r pido e fornece uma lenha apropriada para secar a erva sem incorrer em conflitos com as restri es ambientais para esp cies nativas Todas as fam lias possuem reas flo
143. contra o que a sociedade em geral julga como adequado Mas como ele observa a nica maneira que essa fam lia desenvolveu para vender seus produtos e da tirar a renda que necessitam para suprir suas necessidades e projetos uma vez que possuem pouca rea de terra sendo insuficiente para adquirirem renda satisfat ria a partir da lavoura de gr os Mesmo o registro da produ o de erva no bloco do produtor n o realizado P que o dia que peg n o tem se ele n o t autorizado o bloco n o vai defend ele 164 Essa preocupa o tamb m foi manifestada por outra fam lia em vista da inseguran a desse mercado que a qualquer momento pode acabar Em outro caso a fiscaliza o j acarretou a diminui o dos pontos de venda da erva Em Ip a fam lia se preocupa agora em se adequar s novas exig ncias para a certifica o dos produtos org nicos al m disso eles pensam em registrar a erva como pessoa jur dica Por m o fato de registrar o produto faz com que eles tenham que se adequar a determinadas regras e a uma estrutura de regulamenta o produtiva e mercadol gica que est basicamente voltada para as grandes empresas tem que te uma matriz fica l na impressora Depois eles imprimem s de 15 em 15 mil embalagem Nossa 15 mil quilo A gente nem qu n a gente tamb m nem qu assim n o n o 15 mil pacote d pra d pra trabalha um ano mais 500 quilo por m s j tava bom Iss
144. da para acontecer durante pelo menos duas visitas em cada caso mas que poderia necessitar de outras visitas dependendo das combina es a serem feitas com os agricultores e de fatores n o previs veis como a quest o das chuvas a n o disponibilidade das fam lias entre outros Portanto obrigatoriamente aconteceu uma primeira visita de apresenta o do pesquisador e da pesquisa em que se fizeram perguntas b sicas e se conheceram brevemente as instala es e os equipamentos utilizados para a fabrica o artesanal tamb m procedeu se troca de contatos telef nicos para futuras combina es A observa o participante ocorreu na segunda ou na terceira visita tendo dura o entre dois e tr s dias cada uma As entrevistas foram realizadas sempre nas ltimas visitas no nterim ou ap s todo o acompanhamento da pr tica artesanal durante a visita de observa o ou em visita posterior Durante a observa o participante utilizou se o di rio de campo e uma m quina fotogr fica digital O di rio de campo o relato escrito daquilo que o investigador ouve v experiencia e pensa no decurso da coleta de dados BOGDAN BIKLEN 1994 que permite o detalhamento das informa es observa es e reflex es sugeridas no decorrer da investiga o ou momento observado GERHARDT SILVEIRA 2008 As imagens foram coletadas para realizar a descri o do conhecimento e das t cnicas do processamento artesanal conjugando se texto e imagens
145. dado A decis o sobre determinados ajustes do trabalho manual pode estar relacionada com a sucess o familiar do trabalho a aquisi o de recursos para investimentos o conhecimento sobre o modo de processar o produto de forma a ter a qualidade esperada e tamb m com esquemas reguladores importante destacar que as novidades muitas vezes s o desenvolvidas sem o apoio de especialistas mas sim pelos pr prios agricultores Em rela o a artesanalidade Ploeg 2008 a coloca como estrat gica pela capacidade de obter resultados produtivos elevados e pr speros por objeto de trabalho de forma 172 sustent vel S o muito importantes o conhecimento local e o saber fazer Ele a define como uma unidade org nica de trabalho mental e manual que permite o controle direto sobre o processo de produ o e o seu aperfei oamento A artesanalidade manifesta uma habilidade adquirida por um logo tempo de aprendizagem treino e experi ncia fruto da experi ncia e da pr tica Assim o autor situa os camponeses como superiores tecnicamente em rela o tecnologia das ind strias as quais s o padronizadas e n o suportam a varia o nem a especificidade As tecnologias industriais subjugam a natureza e o mundo social exigindo os a se enquadrarem em padr es esquemas e procedimentos previamente determinados PLOEG 2008 6 8 OS PEQUENOS versus OS GRANDES A AGRICULTURA CAMPONESA versus A AGRICULTURA MODERNA A continuidade da agricultu
146. de Ip desenvolveu um sistema de secagem com desvio da fuma a dessa forma a erva para chimarr o resulta sem sabor de fuma a al m disso produz dois tipos de erva para chimarr o a pura folha textura grossa e a tradicional textura m dia A sua erva tem uma caracter stica peculiar pois boa parte da produ o utiliza como mat ria prima as rvores nativas de erva que vivem na Floresta com Arauc ria chegando a medir 15 m de altura por isso seu sistema de cultivo denominado de sistema agroflorestal Outra caracter stica de seu produto que a maioria das rvores s o da variedade talo roxo que neste caso est relacionada obten o de uma erva com sabor mais amargo o que curiosamente veio ao encontro do gosto dos apreciadores de mate de Porto Alegre onde a erva vendida Na regi o norte e noroeste do Estado compreendendo os munic pios de Santo Cristo Humait e Seberi as fam lias produtoras e os consumidores t m prefer ncia por uma erva suave e de textura fina e por causa disso selecionam a variedade talo amarelo o que tamb m semelhante ao gosto das fam lias de Panambi e Bozano Por muitas vezes houve a produ o e a venda ou doa o de mudas por parte de prefeituras e rg os da assist ncia t cnica por m n o levaram em conta esse conhecimento 168 dos agricultores Em Seberi depois que a fam lia percebeu que as mudas de erva que eles compraram resultavam em um produto com sabor amargo
147. de coprodu o com a natureza da qual se analisa a conserva o ambiental Buscou se aprofundar entre os produtores artesanais de erva mate qual o teor e dimens o deste conhecimento a partir da problematiza o dos conhecimentos acerca das esp cies vegetais e sua rela o com a atividade de processamento da erva mate 7 1 A COPRODU O COM A NATUREZA O processamento da erva mate depende da utiliza o de outras esp cies nativas e ex ticas para o fornecimento de lenha e madeira A mata nativa ao longo da hist ria sempre representou e ainda representa um banco de recursos de onde se extrai lenha para o processamento de alimentos como a erva mate e o melado para esquentar a gua para a carnea o de animais esquentar o fog o e o forno de barro entre outros madeira para uso em constru es cercas equipamentos e ferramentas frutos sementes ra zes folhas e ramos alimentos e fins medicinais entre outros Todos os agricultores entrevistados possuem reas de mata mato em suas propriedades Mesmo o agricultor que atua mais no ramo de produ o de commodities possui dois fragmentos florestais As reas florestais dizem respeito a fragmentos ou cap es de mata e reas de preserva o permanente situadas s margens de cursos d gua Tamb m levou se em considera o o plantio de rvores no quintal das casas Ao mesmo tempo decorrente desta situa o eles s o conhecedores de esp cies florestais que ocorre
148. de erro em considerar estes agricultores abarcados pela condi o camponesa como ambientalistas Mas considerando que o pr prio movimento ambientalista tem diferentes vertentes o que se pode depreender que as proposi es em torno da condi o camponesa refor am alguns pressupostos de determinadas vertentes conforme esta se o vai explicitar O termo conserva o recente e est relacionado com o conceito de conservacionismo Embora hajam controv rsias sobre o significado deste termo toma se aqui a delimita o deste termos em contraste ao preservacionismo Neste trabalho parte se da identifica o de duas principais correntes que influenciaram as preocupa es com a natureza e os recursos naturais durante o s culo XX o preservacionismo de John Muir 1838 1914 e o conservacionismo de Gifford Pinchot 1865 1946 O primeiro estaria ligado ideia da cria o de parques nacionais a partir de uma concep o de proteger para a posteridade buscando um estado de natureza pristina e portanto apartada da presen a humana e foi a base para o modelo de reas protegidas implantado nos EUA e Inglaterra que se propagou em diversos pa ses Brasil ndia pa ses da frica DIEGUES 2000 J a segunda perspectiva pauta se pela possibilidade de uma explora o racional de recursos como o solo as florestas e a gua pr ximos da tradi o de manejo florestal MCCORMICK 1992 FRANCO DRUMMOND 2009 Diegues 2000 critica a c
149. de tinha o emprego garantido e continuou trabalhando como diarista A partir da casou se sendo a Violeta origin ria de Catu pe Quando o Hor cio era crian a havia vizinhos que processavam erva mate usando carijo mas ele e seus irm os nunca participavam pois n o tinham afinidade com eles Referiu se a esses vizinhos como acaboclados Afirmou que nunca iria imaginar que hoje estaria trabalhando com erva A fam lia tem uma hist ria de 15 anos de trabalho com a erva mate Hor cio trabalhou como pe o para um vizinho que tradicionalmente processava erva O vizinho inicialmente tinha um barbaqu herdado de seu pai mas depois substituiu o sistema de secagem construindo uma esp cie de forno Hor cio come ou aprendendo a etapa da poda onde subia em rvores de at dez metros de altura Em seguida foi aprendendo as outras etapas do processo chegando ao ponto do patr o deix lo encarregado por tudo desde a poda at o soque como ilustra a fala a seguir ele n o conseguia gente pra ajud ningu m qu n esse neg cio de trep num p de erva n o qualquer um que trepa e sabe cort e tudo Da ele veio falou comigo da eu disse eu n o sei lid mas tudo a gente vai aprendendo n e da foi Trabalhei acho que um ano assim ajudando a pux da depois j fui desgalh e da ele j come a deix eu faz sozinho da j n o quis mais sab a era eu que tinha que me vir com tudo Ele s pegava
150. deres por fronteiras fixas est destinada a acabar como uma esp cie de gueto N o se pode resistir ao Imp rio com um projeto que visa a uma autonomia limitada e local N o podemos recuar para qualquer forma social anterior nem seguir adiante isoladamente Na literatura por exemplo em MOTTA ZARTH 2008a b e baseando se na classifica o de Ploeg 2009 encontram se tr s tipos de express es da resist ncia a lutas abertas revoltas greves protestos marchas ocupa es bloqueios de estradas b atos cotidianos de desafio ocultos e camuflados c interven es na organiza o do trabalho e da produ o introdu o de altera es A primeira categoria de resist ncia a que se deu at agora mais ampla aten o na literatura social e hist rica O trabalho de Gohn 2001 ilustra bem as revoltas armadas no Brasil entre o final do s culo XVIII e o final da ditadura militar no s culo XX A autora aborda as lutas sociais a partir da perspectiva dos dominados destacando os na hist ria uma vez que a maioria dos estudos d se nfase aos dominantes no caso Portugal o governo do Imp rio do Brasil e depois os governos da rep blica Ela descortina a hist ria assombrada revelando que em regra geral em todas as revoltas a maioria dos mortos foram pessoas escravas ndios e negros pobres e camponeses Inclusive Tiradentes que foi esquartejado era o mais pobre entre os perdedores Fora isso ela destaca a import ncia
151. do consumo por Certeau 2008 No Brasil a exist ncia desses dois modelos de agricultura pode ser exemplificada pelo fato de que h dois minist rios para a agricultura o Minist rio da Agricultura Pecu ria e Abastecimento MAPA e o Minist rio do Desenvolvimento Agr rio MDA o primeiro na agricultura atua com nfase no fomento cadeia de produ o de commodities que se relaciona diretamente ao modelo de agricultura moderna enquanto o segundo tem seu foco na agricultura familiar e demais atores sociais inclu dos na Pol tica Nacional de Assit ncia T cnica e Extens o Rural PNATER ainda que grande parte deste atores sociais atuem tamb m no ramo das commodities O volume de recursos para cr dito em custeio e investimento difere grandemente entre as duas pastas enquanto o MAPA tem um or amento em torno de 100 bilh es de reais o MDA alcan ou o patamar de 16 bilh es na safra 2010 2011 WEID 2010 A no o de resist ncia pode ser analisada a partir de teorias e perspectivas que em parte se diferenciam sejam as estruturalistas FOUCAULT 1979 ou aquelas que valorizam o protagonismo dos atores sociais dentro de uma estrutura de sociedade como a Perspectiva Orientada pelos Atores LONG 2001 que tem por base a ag ncia dos atores GIDDENS 1984 Esta pesquisa ter sua an lise levando se em conta a ag ncia dos atores sociais investigados 1 1 PR TICAS ARTESANAIS FRENTE MODERNIZA O DA AGRICULTURA E IND
152. do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2005 GERHARDT T E SILVEIRA D T M todos de pesquisa DERADOS Porto Alegre PLAGEDER UFRGS 2008 GIBERTI G C Aspectos oscuros de la corologia de Jex paraguariensis St Hil In WINGE et al Org Erva mate Biologia e cultura no Cone Sul Porto Alegre Editora da UFRGS 1995 p 289 300 GIDDENS A A vida em uma sociedade p s tradicional In GIDDENS A BECK U LASH S Moderniza o reflexiva pol tica tradi o e est tica na ordem social moderna S o Paulo UNESP 1997 p 11 71 GIDDENS A The constitution of society na outline of the theory of structuration Cambridge Polity Press 1984 GOHN M G Hist ria dos movimentos e lutas sociais a constru o da cidadania dos brasileiros S o Paulo Loyola 2001 GOMES O G Dom Thomaz In INSTITUTO EUVALDO LODI Ciclo da erva mate no Mato Grosso do Sul 1883 1947 Campo Grande Instituto Euvaudo Lodi 1986 p 387 443 208 GORENDER J G nese e desenvolvimento do capilalismo no campo brasileiro In STEDILE J P Org A quest o agr ria hoje Porto Alegre UFRGS 2002 p 15 44 GRONDONA E M Hist ria de La yerba mate II Sinonimia cariolog a y distribuci n geogr fica Revista Argentina de Agronomia Buenos Aires v 21 n 1 p 9 24 1954 GUBER R La etnografia m todo campo y reflexidad Bogot Norma 2001 HANAZAKI N Etnoecologia etnobiologia e as interfaces entre o conhecimento cient fi
153. do depois que o mato t formado pode solt o gado mas enquanto pequeno o gado come ou ent o tem que fech pro gado n o entr Quando os agricultores foram perguntados sobre a viabilidade de preservar o mato aliado extra o de lenha para a fabrica o artesanal de erva mate as respostas resultaram que se a fabrica o se limitasse apenas ao consumo da fam lia ou comunidade o mato sempre seria preservado como respondeu o Jos Eu vejo que poss vel sim uma vez tinha aqui um p que outro de pitanga hoje daqui uns 3 4 anos t fechado Sempre tem bastante e tem os passarinho da eles semeiam Desta forma o extrativismo de lenha que realizado est de acordo com a din mica sucessional ou ecol gica do meio de modo que a natureza pode restabelecer se ou mesmo o manejo acontece em sintonia com sua din mica Nesse sentido o manejo pode ser positivo para o meio florestal e inclusive pode demonstrar que natureza e humanos est o em relacionamento equilibrado Diversos estudos t m demonstrado a sustentabilidade do manejo de popula es tradicionais com o seu meio local O manejo da samambaia preta realizado por agricultores familiares extrativistas em Maquin foi caracterizado como sustent vel BALDAUF 2006 COELHO DE SOUZA et al 2006 KUBO et al 2006 Todavia a produ o de erva mate em maior escala em per odo semanal torna maior a demanda por lenha e dessa forma o mato torna se uma fonte es
154. dores tanto de uma forma individual como organizando se em associa es Essa venda direta o que alguns autores chamam por redes alternativas de alimentos ou cadeias curtas de produ o MARSDEN 2004 SONINNO MARSDEN 2006 WILKINSON 2003 ou circuitos curtos e descentralizados PLOEG 2008 que aproximam produtores e consumidores dispensando a participa o dos atravessadores como os comerciantes supermercados armaz ns lojas Com essa aproxima o muito caracterizada pelas feiras livres produtores e consumidores ficam cara a cara dialogando sobre a qualidade dos produtos como as plantas foram cultivadas e que tipos de insumos foram utilizados como preparar refei es ou receitas com os alimentos entre outras trocas de informa es Fora isso a intera o chega ao ponto dos agricultores convidarem os clientes a visitarem suas propriedades Assim caso algum produtor resolvesse vender alimentos que foram produzidos ou beneficiados de forma desleixada ou adulterada a probabilidade de haver reclama o e reprova o pelos consumidores seria maior o que poderia afetar a reputa o desse agricultor Dessa forma alguns aspectos que s o determinantes para definir a qualidade dos alimentos s o a confian a a transpar ncia e a localidade proced ncia dos alimentos e sua identidade com aspectos culturais e regionais A localidade traz carcter sticas que definem os produtos de terroir para os consumidores franceses AURIER et
155. dustrial ou seja onde a industrializa o a ordem de funcionamento e na agricultura ela se expressa essencialmente nas formas empresarial e capitalista de produzir um modelo de fora para dentro que retira o protagonismo dos camponeses deixando os muito dependentes a normas externas Conforme Jones e Bressan 2000 a renda adquirida pelos camponeses com a oferta de seus produtos no mercado vai depender da concorr ncia capitalista e como tal foge ao controle dos agricultores Al m disso no modelo dominante a margem de lucro um crit rio orientador das rela es mercantis Em rela o s fam lias investigadas percebeu se que existe uma situa o em desvantagem dos agricultores de Panambi Bozano Humait Santo Cristo e Seberi frente ao seu meio social comparando se com os agricultores ecologistas de Ip e Santo Ant nio do Palma Essa desvantagem pode ser relacionada com a falta de organiza o ou a iniciativas de coopera o n o bem sucedida entre os agricultores a aus ncia de entidades que apoiem e promovam a agroecologia ou alternativas ao modelo convencional de produ o agr cola aus ncia de espa os que assegurem o interc mbio de sua produ o a pouca efici ncia e limita o de entidades cl ssicas como secretarias de agricultura e rg os de assist ncia t cnica estatais no sentido de apoiar o desenvolvimento de aptid es locais mercados paralelos entre outras medidas Portanto o modo como os processos de
156. e coprodu o manuten o e incremento da base de recursos oi E Reciprocidade com rcio informal pluriatividade Humait N o AA coprodu o manuten o e incremento da base de recursos Santo Cristo N o Reciprocidade com rcio informal pluriatividade coprodu o manuten o e incremento da base de recursos Reciprocidade com rcio informal pluriatividade Seberi Sim z ARS coprodu o manuten o e incremento da base de recursos Ip Sim 7 Coopera o reciprocidade coprodu o manuten o e incremento da base de recursos Santo Ant nio Coopera o reciprocidade coprodu o manuten o e Sim i do Palma incremento da base de recursos Figura 64 Quadro sobre a perspectiva de continuidade da fabrica o artesanal de erva mate nas sete fam lias de agricultores e os principais mecanismos de resist ncia do modo campon s de fazer agricultura Fonte dados do autor Os mecanismos de resist ncia ou que tornam vi vel a continuidade da agricultura camponesa foram identificados neste estudo A partir de cada fam lia investigada foram identificados os mecanismos mais sobressalientes em cada caso os quais podem promover outros mecanismos Assim verifica se que atrav s da coopera o geram se as t cnicas de reestrutura oO e a fvisibilidade citadas por PLOEG 2008 e a pr pria comercializa o informal e formal para os agricultores ecologistas nesta pesquisa 197 Outro mecanismo essencia
157. e Santo Ant nio do Palma participaram de cursos promovidos pela ESCAJUR h cerca de vinte anos ligado a C ritas Diocesana de Passo Fundo e atualmente somam diversas conquistas como a participa o na feira ecol gica em Passo Fundo a cria o de uma associa o com a qual constru ram uma agroind stria de sucos e a constru o de um Centro Agroecol gico de patrim nio do munic pio Mesmo que essas fam lias tenham se organizado em associa es e t m o apoio de entidades voltadas ao tema da agroecologia n o quer dizer que as conquistas foram f ceis e de que n o existem Gimea as Atualmente est o em condi es melhores mas a caminhada segue e surgem novos desafios Al m das dificuldades em garantir mercados para a erva discutido na se o 6 5 ao n vel de associa o tamb m existem complica es como a desist ncia de agricultores e a dificuldade de recrutar novos associados Fora isso a mobiliza o agroecol gica n o est forte como foi at dez anos atr s n o havendo campanhas de incentivo e recursos Nem sempre a coopera o contempla as perspectivas dos agricultores pois depende da for a que as entidades possuem politicamente e do interesse de lideran as pol ticas ou mesmo de for as contr rias sua organiza o o caso de uma das fam lias que relatou a sua trajet ria de participa o em uma associa o conforme expressa na fala abaixo 157 veio um pouco de apoio o tempo que o
158. e Violeta que est o na faixa de idade entre quarenta e cinquenta anos seu nico filho adolescente e a m e e um irm o do Hor cio ela com idade de 83 anos Quanto origem tnica definem se como descendentes de italianos A fam lia disp e de tr s reas de terra totalizando em torno de 10 ha Uma das reas com 6 ha foi financiada atrav s do Banco da Terra e est sendo paga anualmente 93 A fabrica o artesanal de erva mate a principal fonte de renda da fam lia comercializando de maneira informal Exerce outras atividades como a produ o de soja na rea de 6 ha e tem parte da renda de uma serralheria que administrada por outra fam lia A serralheria funciona com a for a da gua do lajeado riacho atrav s de uma turbina A mesma turbina que faz movimentar o soque de erva Criam bovinos porcos e galinhas que se destinam basicamente ao pr prio consumo Processam derivados como salames e rapaduras Produzem alimentos para seu aprivisionamento como mandioca batata doce amendoim hortali as plantas medicinais e est o formando um pomar com marmelo caqui ma p ssego e rom A fam lia participa de festas do munic pio como a Manhok Fest e a Festa do Porco Paraguaia Figura 22 O riacho com vegeta o ciliar e as lavouras Humait RS Julho de 2010 Fonte acervo do autor Os pais do Hor cio s o origin rios de Jaguari e vieram para Humait h cerca de 60 anos seguindo a corrente
159. e barbaqu o paraguaio e o brasileiro O primeiro constitui se de um jirau ovalado em forma de tatu constru do com varas roli as que tamb m chamado por barbaqu ra do por Berkai e Braga 2000 mostrado na figura 7 Figura 7 Barbaqu ra do Fonte Berkai e Braga 2000 43 No segundo o jirau plano semelhante ao do carijo ou vem passando por modifica es sendo o estrado constru do de madeira quadrangular como ripas MAZUCHOWSKI 1991 Berkai e Braga 2000 citam que o barbaqu de feixe brasileiro surgiu no final do s culo XVIII O cancheamento uma tritura o ou fragmenta o da erva seca podendo ser realizada de diversas formas Na forma manual s o utilizados os fac es de madeira batendo se a erva sobre um couro bovino ou lona estendido no ch o ou dentro de um cocho de madeira CORTES 1983 MAZUCHOWSKI 1991 A madeira dos fac es citada por Cortes 1983 como sendo de guajuvira Outra forma a realizada atrav s de um cancheador utilizando se tra o animal geralmente equino Consiste em uma cancha circular dentro da qual um rolo c nico dentado chamado de ouri o tritura a erva figura 8 O ouri o comumente era confeccionado de madeira de ip cabre va e cerne de louro BERKAI BRAGA 2000 e segundo Mazuchowski 1991 de imbuia monjoleiro cabre va ou outras madeiras pesadas CANCHADOR Tra o animal Humait 1981 Desenho elaborado por Roberto Goldberg
160. e do barbaqu e ambos obedecem s seguintes etapas a corte b sapeco c quebra e feixe d secagem em carijo ou barbaqu e cancheamento f soque Aqui o processo de fabrica o artesanal n o ser relatado detalhadamente a partir da revis o da literatura mas apresentam se informa es b sicas e suas denomina es pois a descri o das t cnicas e o conhecimento das fam lias pesquisadas s o apresentados no cap tulo 5 O corte ou a poda dos ramos da erva mate geralmente realizado atrav s de fac o ou foice Cada rvore podada a partir do terceiro ou quarto ano de vida repetindo se a poda a cada dois ou tr s anos CORTES 1983 O sapeco na sua forma rudimentar realizado manualmente junto ao fogo e consiste na passagem r pida dos ramos com folhas sobre as chamas de uma fogueira com lenha adequada Esta pr tica retira a umidade superficial inativando as enzimas peroxidases e polifenoloxidases e evita que as folhas se tornem escuras e de sabor desagrad vel VALDUGA apud BORILLE 2004 O voc bulo Sapeco s olho mbeca abrir prov m do guarani significa abrir os olhos o que est de acordo com a abertura dos est matos provocando a desidrata o durante o sapeco FAGUNDES 1995 p 134 MAZUCHOWSKI 1991 p 82 Existe tamb m o sapeco mec nico que realizado com aux lio de um cilindro girat rio de chapa de ferro ou de tela de arame MAZUCHOWSKI 1991 A secagem realizada em locais
161. e erva mate as quais biologicamente n o configuram como variedades propiamente ditas conforme verificado por Winge et al 1995 quando analisaram caracter sticas bot nicas e gen ticas com rela o s caracter sticas de pigmenta o de pec olos e de ramos de erva mate Em Ip foram relatadas tr s variedades de erva mate a do talo roxo de colora o roxa nos ramos e pec olos das folhas a do talo amarelo tamb m de colora o roxa nos pec olos por m de cor amarelada nos ramos e a periquita de colora o toda amarela tanto nos ramos como nos pec olos e folhas estreitas e de tamanho menor em compara o com as outras Em geral os agricultores associam variedade talo roxo obten o de um produto com sabor mais amargo enquanto a talo amarelo um produto suave Mattos 2011 descreve a correla o da erva mate em cultivo sombreado com a obten o de um produto suave enquanto Winge et al 1995 sup em a manifesta o de pigmenta o roxa em plantas de erva mate que estejam expostas insola o Nesse sentido o erval pertencente fam lia de Ip contradiz e complexifica mais essa quest o pois o manejo do erval na Floresta com Arauc ria onde pelo menos em parte as rvores de erva mate est o em ambiente sombreado por m sua pigmenta o mostra se roxa nos ramos e pec olos e o produto resultante de sabor amargo Nos outros munic pios basicamente as variedades citadas dividem se em duas talo rox
162. e estilo de vida Segundo Sacco dos Anjos e Caldas 2006 p 187 188 a sucess o na agricultura familiar envolve n o apenas a transfer ncia de um patrim nio e de capital imobilizado ao longo das sucessivas gera es mas de um verdadeiro c digo cultural que orienta escolhas e procedimentos dirigidos a garantir com que pelo menos um dos sucessores possa reproduzir a situa o original Com o advento da modernidade que se confunde com o grande desenvolvimento da industrializa o e da urbaniza o uma grande massa de camponeses migrou para trabalhar nas cidades ocasionando um processo de xodo rural que continua acontecendo embora estudos divulguem a estabilidade da quantidade de pessoas que trabalham e dependem da agricultura na Am rica Latina LONG ROBERTS apud PLOEG 2008 com exce o do Brasil que em quatro d cadas teve sua popula o diminu da Segundo o censo do IBGE de 2010 a popula o rural no Brasil permanece est vel em n meros absolutos desde 1940 somando cerca de 30 milh es de pessoas cifra que atualmente representa 15 65 da popula o brasileira IBGE 2010 3 LONG N ROBERTS B Changing rural scenarios and research agendas in Latin Am rica in the new century In BUTTEL F MCMICHAEL P H New directions in the sociology of global development research in rural sociology and development Greenwich JAI Press 2005 p 57 90 151 Nesse sentido embora a influ ncia da modernidade
163. e o estrado uma inova o em rela o secagem tradicional em carijo que era realizada por seu pai Assim vale dizer que todas as fam lias preservam e conservam reas de floresta nativa como sendo uma fonte de recursos mais ou menos limitada Entre os agricultores de Santo Ant nio do Palma Ip e Seberi al m das florestas em situa o de preserva o existe o manejo e o estabelecimento de sistemas agroflorestais As fam lias do ramo agroecol gico diversificaram sua agricultura A de Santo Ant nio do Palma est implementando um SAF biodiverso com uma grande diversidade de esp cies arb reas nativas e ex ticas Uma parte importante da fonte de recursos da fam lia de Ip prov m de sua floresta que manejada com a extra o de erva mate nativa Em Seberi a rea de sistema agroflorestal com erva mate est sendo expandida onde outras esp cies nativas s o selecionadas para o livre crescimento assim Noel resume a situa o atual Hoje eu tenho uns quantos hectare de terra que j mato nativo que se criou consorciado com a erva O manejo em sistema agroflorestal desenvolvido pela fam lia de Seberi tem uma hist ria com cerca de 20 anos mas desde os familiares ascendentes da Mercedes h mais de cem anos a erva mate j era extra da e processada para fins comerciais Existiam rvores que rendiam 36 arrobas de erva cortada Esse fato concorda com os registros hist ricos sobre o modo de vida dos caboclos no Rio Grande do
164. e outras universidades como a do Amazonas em fun o do ciclo da borracha e a de S o Paulo em fun o do ciclo do caf WACHOWICZS apud BOGUSZEWSKI 2007 2 3 A ERVA MATE NA ATUALIDADE Inicialmente a explora o de erva mate perdeu espa o devido explora o madeireira iniciada nos anos de 1950 e tendo seu auge na d cada de 1970 fato que levou destrui o de muitos ervais nativos haja vista que at ent o a explora o da erva mate era realizada principalmente atrav s do extrativismo KICHEL 2002 ANDRADE 2002 Esse processo de desmatamento em seguida ocorreu lado a lado com o avan o das reas de lavoura para a produ o de soja em monocultivo ANDRADE 2002 ao mesmo tempo em que avan a a industrializa o da erva mate at meados do s culo XX o setor ervateiro assim como o setor prim rio exportador foram marcados pelo processo de industrializa o A moderniza o da estrutura da produ o fez com que as culturas tradicionais principalmente as cultivadas por pequenos produtores fossem gradativamente deslocadas para uma posi o secund ria com diminui o relativa nas quantidades f sicas e no valor da produ o Isso se verifica nos anos 60 e 70 em que culturas para exporta o como a soja devido a moderniza o tecnol gica e linhas espec ficas de cr dito ganham espa o tornando se nos anos 80 culturas din micas KICHEL 2002 p 15 9 WACHOWICZ R C Universidade do mate Cu
165. ecimento local ou artesanal semelhan a do que Marques 2009 e Ploeg et al 2004 definiram como novidades Em Panambi at mais ou menos vinte anos atr s enquanto o pai do Cenair viveu eles mantinham muitas pr ticas tradicionais fato que eles come aram a resgatar depois que o Cenair voltou da cidade por m adequando novas tecnologias para facilitar o trabalho como exp e a fala a seguir 149 e dai n s come amo de novo a resgat aquele passado de soc o milho no pil o pra faz a canjica o arroz pra faz aquela galinhada sabe n amigo socada no pil o e volt a faz erva mate e faz erva mate vai soc aonde a eu consegui ali em Panambi um cara que tinha feito um soque com aquele motorzinho acho que at de motor de m quina de lav roupa Cenair Os casos de Panambi e Bozano que se voltam somente para o autoconsumo utilizam o sistema de secagem em carijo e por conta disso al m de terem desenvolvido habilidades fazem desse momento uma confraterniza o entre familiares e vizinhos Esse capital cultural pode contribuir enormemente para a manuten o da tradi o refor ando os la os de sociabilidade Em Bozano na referida ocasi o estavam presentes cerca de dez pessoas da comunidade na maioria homens desde adolescentes at senhores idosos Em Santo Ant nio do Palma a venda da erva mate apenas eventual sendo ela somente um dos produtos gerados na propriedade que bastante diversific
166. efeitos regulados pela sociedade sendo mencionados e interpretados como amea as e limitadores da autonomia camponesa Os limitantes da sociedade agem afetando um ou diversos fatores intr nsecos da agricultura camponesa Por exemplo a imposi o de uma lei sanit ria que n o adequada ao contexto da agricultura familiar poder incentivar ou desencadear determinadas a es como o xodo rural ou a sa da dos jovens o desenvolvimento de uma cadeia alternativa em que os agricultores sentem se como Qora da lei e mesmo s o tratados assim por rg os governamentais e sociedade civil direta ou indiretamente e al m disso a lei pode desconsiderar todo o conhecimento secular dessas fam lias entre outros efeitos poss veis Assim na figura 60 s o sintetizadas essas contraposi es que ser o discutidas nas se es deste cap tulo Fatores determinantes para a Amea as e limitantes da sociedade continuidade da fabrica o artesanal de erva mate Tradi o conhecimento Ind stria agricultura empresarial moderna xodo concentra o fundi ria Sucess o familiar Aus ncia de incentivos leis sanit rias ambientais M o de obra comerciais lei dos org nicos certifica o Incentivos cr dito assist ncia t cnica Baixo pre o pago pelas ind strias golpes pol ticas p blicas Economia e clandestinidade Qualidade e sa de Qualidade da erva de ind stria Produtos artificializados
167. eferem galhos mais compridos por isso o intervalo de tempo para a poda ser maior Com os galhos compridos facilita se o sapeco evitando se queimaduras na pele Quando o sapeco realizado com o aux lio de um cilindro de metal telado chamado de sapecadeira exige se a separa o pr via dos ramos finos com as folhas que acontece de duas formas diferentes os galhos s o podados e em seguida no momento de transport los com o carret o esses ramos s o separados deixando se os galhos grossos no pr prio erval figura 33 ou esses ramos finos com as folhas s o separados diretamente atrav s da poda Figura 33 Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Poda da erva com fac o B Separa o dos ramos de erva mate no carret o no interior da agrofloresta Seberi RS Ano 2010 Fonte acervo do autor A t cnica da poda realizada predominantemente atrav s de fac o figura 33A Alguns agricultores utilizam complementarmente a tesoura de poda um pequeno serrote e motosserra O corte feito em bisel inclinado Para os galhos mais grossos ele efetuado no sentido de baixo para cima dando se um talho sobre o caule de um lado e empurrando com a m o o galho no sentido contr rio ao do talho Desta forma evita se que o caule em continua o com a rvore resulte lascado quando ocorrem rachaduras para o interior do caule O ponto de corte dos galhos realizado contando a partir da base do caule em torno de 20
168. ega diretamente ind stria Em vista dessa situa o a fam lia construiu uma olaria que passou a ser a principal atividade com gera o de renda at por volta do ano 2000 A extra o de erva passou a acontecer esporadicamente sendo necess rio entreg la diretamente na ervateira enquanto a fabrica o artesanal para o consumo da fam lia seguiu ocorrendo de forma eventual No ano 2000 eles entraram no ramo da agroecologia atrav s de um convite do Centro Ecol gico e da EMATER ambos do munic pio de Ip Nesse per odo j havia associa es agroecol gicas Depois da cria o do Centro Ecol gico em Ip e Litoral Norte em 1985 e da Cooperativa Coolmeia em Porto Alegre a qual organizou a FAE surgiram outras como a cooperativa Aescia de Ant nio Prado e a que a fam lia participa surgiu em 1999 sendo a ltima a surgir a partir do movimento agroecol gico Foram realizadas reuni es pr vias para convidar os agricultores e organizar a associa o O pai de Atahualpa e Yari participou da primeira reuni o mas n o se interessou Com o interesse de Yari ela assistiu s reuni es e 105 teve aulas sobre agroecologia o que foi fundamental para o ingresso da fam lia no ramo agroecol gico O in cio na agroecologia n o foi f cil apesar de eles terem entrado na associa o pelo menos um ano depois de sua funda o Atualmente ela possui em torno de quatro fam lias s cias de um total de vinte fam lias h onze anos
169. eira das Miss es pelo fato dessa cidade ter sua hist ria intimamente ligada erva mate SOARES 1974 A partir da esses t cnicos indicaram outros munic pios da regi o do Planalto M dio e Alto Uruguai Atrav s da FAE em Porto Alegre e do Centro de Tecnologias Alternativas para Pequenos Agricultores CETAP em Passo Fundo identificaram se fam lias na regi o serrana Planalto M dio e Encosta Superior do Nordeste e uma fam lia no Alto Uruguai regi o do munic pio de Santa Rosa 2l Moreno 1989 Para o registro do n mero de fam lias que fabricam erva mate artesanal incluiu se este caso no levantamento explorat rio 2 Classifica o de Pacheco 1956 23 Idem 79 No ano de 2009 fez se uma visita a Turismate um evento festivo realizado em Il polis no vale do Taquari regi o que se caracteriza por ser um dos principais polos de fabrica o de erva mate do Estado por m com as pessoas contactadas n o se obteve informa o sobre a exist ncia de erva mate artesanal inclusive as respostas foram no sentido da n o exist ncia Um contato importante para o descobrimento das fam lias foi a gentileza de um funcion rio da EMATER de Iju o qual solicitou a todos os escrit rios dessa regional 47 munic pios atrav s de correio eletr nico a informa o sobre a exist ncia de casos Felizmente houve resposta de alguns de seus colegas como de Humait e Bozano visitados Espumoso e Crissiumal n o
170. ele orientado para a produ o e crescimento do m ximo de valor agregado poss vel Ocorre produ o de renda independente usando basicamente recursos auto criados e auto gestionados b a base de recursos dispon vel por unidade de produ o e consumo quase sempre limitada necess rio obter o m ximo de produ o com uma dada quantidade de recursos e sem deteriorar sua qualidade c a produ o camponesa por tend ncia intensiva baseada no trabalho sendo assim a m o de obra ser relativamente abundante d o processo de trabalho representa uma unidade org nica entre recursos sociais e materiais e centralidade do trabalho os n veis de intensidade e desenvolvimento continuado dependem da quantidade e qualidade do trabalho Associado a isso est a import ncia dos investimentos do trabalho a natureza das tecnologias aplicadas orientando as para compet ncias e a produ o de novidades f a rela o estabelecida entre os camponeses e o mercado no sentido de haver um ciclo aut nomo da unidade de produ o sendo que apenas parte da produ o seja mercantilizada e de que haja a reprodutibilidade da fam lia e da unidade de produ o Portanto a condi o camponesa engloba tanto agricultores e popula es locais e sua delimita o resulta de uma leitura relacionada e tendo em conta a condi o global a que est o imersos estes atores sociais Assim esta no o s faz sentido tendo como par metro a
171. eles trataram de fazer as pr prias mudas a que chamam de crioula erva nativa mesmo O mesmo foi observado por Ferrari 2006 p 69 na regi o do Conselho Regional de Desenvolvimento COREDE do M dio Alto Uruguai que inclui o munic pio de Seberi em que seus entrevistados disseram que as mudas fornecidas pelos viveiros locais e prefeituras municipais atrav s das secretarias da agricultura e ervateiras n o s o de qualidade adequada ao chimarr o A melhor muda para cultivo s o as colhidas no mato portanto muda nativa e transplantada ou s o aquelas de sementes de plantas nativas e robustas FERRARI 2006 O autor ainda cita que a grande procura por mudas de erva na d cada de 1980 fez com que houvesse compra de mudas da Argentina e que pelo fato dessa variedade de erva ser mais forte ao paladar ocasionou a desist ncia do cultivo na regi o Em rela o escolha das variedades a fala do Hor cio corrobora o encontrado por Ferrari 2006 e revela a prefer ncia dos agricultores pelo fen tipo talo amarelo eu tenho um padr o Jeu chego n o fa o a erva sem olh se aquela talo roxo j digo na hora pro cara oh essa n o d Que aquela poca que come ou as plantas de erva que a maioria tem uns ervalzinho foi bem uma poca que os cara vinham vend muda de erva e era tudo dessa erva talo roxo porcaria que n o tem como tu faz ela Quanto ao teor de fuma a na erva em Seberi e Humait ele baixo pois a f
172. em vergonha que n o sabem nem o que faz com o dinheiro que tem v o l e tem o dinheiro na hora e um coitado que nem que chega l nem chance de entr no banco as vez n o tem Eu acho essa a dificuldade maior O exposto acima revela a desigualdade entre a situa o dos equenos agricultores e a dos Grandes no que se refere possibilidade de conseguir cr dito nos bancos Para acessar os recursos os agricultores levam em conta logicamente se poder o pagar se os juros n o s o altos e a possibilidade de haver rebate das d vidas como a propagada express o a fundo perdido Se a gente ganhasse a fundo perdido porque toc de pag de volta isso da tu tem que vend mais pra outro e continu Em Bozano a assist ncia t cnica da EMATER encaminhou um projeto de secador solar em que a verba veio a fundo perdido para beneficiar o grupo de fam lias que fabrica erva mate O principal motivo que levou o t cnico a proporcionar o empreendimento foi a uni o dessas fam lias Para os agricultores ecologistas uma das estrat gias para facilitar a aquisi o de m quinas a compra em sociedade ou seja em um grupo de fam lias como foi o caso da m quina rotativa que eles adquiriram entre sete fam lias Em dois anos eles j terminaram de pagar o financiamento Eles consideram que o acesso a cr dito hoje em dia est mais f cil por m acham que muita gente n o vai conseguir pagar a partir do momento em que vencer a car ncia
173. embro de uma sociedade existente e funciona como passaporte para uma participa o na vida da comunidade WOLF 2003 p 129 Existe uma oposi o da l gica camponesa com a do capitalismo como abordou Chayanov 1981 classificando os tipos de unidade econ mica em camponesa e capitalista A primeira prioriza a satisfa o das necessidades da fam lia com menor disp ndio de trabalho e reduz assim a intensidade t cnica do conjunto das atividades econ micas o que contrasta com a unidade capitalista J Wolf 1976 afirma que a propriedade camponesa tanto uma unidade econ mica como um lar destacando a pluralidade de atividades dos camponeses que n o se reduzem apenas produ o de alimentos Para a presente pesquisa os atores sociais investigados ser o considerados dentro da condi o camponesa que ser tratada com base nas caracter sticas de PLOEG 2006 2008 e conforme a abordagem de Almeida 2007 a autodefini o dos agricultores Neste sentido no Rio Grande do Sul comum agricultores se auto referirem como frolonos como sin nimo de agricultor um termo origin rio a partir da implanta o de col nias de imigrantes europeus n o ib ricos durante os s culos XIX e XX conforme descreve Zarth 1998 3 2 A CONDI O CAMPONESA DE PLOEG Jan Douwe van der Ploeg catedr tico de sociologia rural da Universidade de Wageningen Holanda define a condi o camponesa conforme o contexto atual global reconhecendo co
174. ento sobre o processo de fabrica o artesanal de erva mate importante para valorizarmos a cultura ga cha o conhecimento das pessoas e conseguirmos achar formas eficientes de ajudar ou incentivar os agricultores na busca de alternativas que melhorem sua renda econ mica tragam melhor qualidade de vida autonomia e a preserva o e o uso racional da natureza O nome desta pesquisa SABER TRADICIONAL E BIODIVERSIDADE NO MBITO DA FABRICA O ARTESANAL DE ERVA MATE RIO GRANDE DO SUL BRASIL O O orientador desta pesquisa o professor F bio Kessler Dal Soglio do Programa de P s Gradua o em Desenvolvimento Rural da UFRGS O que quero saber quais s o as plantas do mato que voc s conhecem e usam que estejam relacionadas com a fabrica o artesanal de erva mate ou seja a lenha para sapecar e secar a erva os cip s e cascas para amarrar a madeira para fazer o carijo o cancheador o pil o o monjolo etc os ch s que porventura venham a ser misturados com a erva Tamb m quero saber como voc s manejam o cultivo da erva mate e do mato como a poda da erva a poca de corte etc Para mim tamb m importante saber quais eram as plantas mais usadas antigamente nos tempos dos pais e av s de voc s e as que usam hoje Pedirei permiss o para tirar fotos da paisagem da propriedade do mato das plantas e de voc s fazendo erva mate artesanal Tamb m vou pedir permiss o para gravar algumas de nossas conversas e para pernoita
175. ero nas lavouras e quintais Fonte dados de campo 84 4 3 OS MUNIC PIOS DAS FAM LIAS SELECIONADAS 4 3 1 Localiza o e vegeta o Panambi e Bozano localizam se no Planalto M dio noroeste do Estado A vegeta o original de acordo com IBGE 2004 de Floresta Estacional Decidual e Estepe Gram neo Lenhosa com Floresta de Galeria Humait Santo Cristo e Seberi localizam se na regi o do Alto Uruguai extremo norte e noroeste do Estado Nos dois primeiros a vegeta o original de Mata Estacional Decidual enquanto no terceiro ocorrem a Mata Estacional Decidual e a Floresta Ombr fila Mista Santo Ant nio do Palma localiza se no Planalto M dio por m em uma zona de transi o com a Encosta Superior do Nordeste ou seja com a regi o serrana do Estado A vegeta o original a Floresta Ombr fila Mista Ip localiza se na Encosta Superior do Nordeste ou tamb m chamada de regi o serrana A vegeta o original de Floresta Ombr fila Mista nas encostas superiores dos morros de Mata Estacional Decidual nos vales dos morros e de Estepe Gram neo Lenhosa nos planaltos dos morros Campos de Cima da Serra A localiza o e a vegeta o dos munic pios podem ser conferidas no mapa a seguir figura 177 85 sa Regi es Fitoecol gicas Munic pios Floresta Ombr fila Densa EE Savana Est pica Bozano EE Floresta Ombr fila Mista Estepe Humait Floresta Estacional Semidecidual MM rea das Foma es
176. erva leva em torno de 24h quando o fogo periodicamente renovado Tamb m levado em conta se o tempo est ensolarado e seco A lenha utilizada para secar basicamente de eucalipto o qual foi plantado com esse objetivo Esporadicamente utiliza se lenha de esp cies nativas como rabo de bugio camboat vermelho coc o e branquilho aa Figura 47 O secador em Humait RS Da esquerda para a direita e do alto para baixo A o forno B Ramos de erva mate secos dispostos verticalmente sobre a arapuca de madeira do forno C Vis o abaixo da arapuca mostrando a estrutura de tijolos dentro da qual a lenha queimada D Vis o externa do forno mostrando o local onde se queima a lenha Ano 2010 Fonte acervo do autor Em Ip o secador semelhante ao caso anterior por m o cilindro interno utilizado de metal o estrado um ripado plano e a fuma a completamente desviada por uma esp cie de chamin Dentro do secador a erva colocada em dois n veis sobre o ripado e acima dele sobre uma tela Em m dia a capacidade do secador de 30 arrobas verde equivalente a 450 kg Depois de seca o peso se reduz para 210 kg aproximadamente O tempo de secagem de 35 a 40 horas A manuten o da secagem realizada mantendo se o fogo a cada tempo de 1h30min mais ou menos A lenha utilizada na secagem prov m da propriedade sendo de eucalipto e de esp cies nativas Como h o desvio da fuma a eles utilizam qualquer len
177. erva socada daqui do soque e ainda levava l na casa dele da eu fazia tudo ele me dava o trator o carreto n e um pe o junto e eu me virava Hor cio Depois que o Hor cio aprendeu o of cio resolveram tocar a produ o pr pria construindo junto com o sogro o forno para secar erva conforme o modelo do seu Gprofessor H dois anos a fam lia comercializa a erva mate 4 4 4 Jorge e Frida tradi o que se tornou alternativa Em Santo Cristo a unidade familiar composta pelo casal Jorge e Frida um irm o da Frida e dois filhos que moram com eles sendo um rapaz de 18 anos de idade que ora trabalha 95 em casa ora trabalha de diarista e uma menina que cursa a oitava s rie do Ensino Fundamental Eles possuem mais tr s filhos sendo duas mulheres casadas que moram na cidade e um rapaz que mora em Carazinho onde estuda Engenharia Mec nica e trabalha em N o Me Toque A fam lia natural de Santo Cristo sendo que os av s do agricultor vieram de Montenegro Eles t m origem tnica germ nica e entre eles e com os vizinhos costumam se comunicar em l ngua alem Sobre a vinda dos imigrantes Jorge relembra fo meu av era o ultimo do mato ali o primeiro que entrou era tudo mato ele derrubou a rea ali da Belinha pra faz o cemit rio o velho ele era agrimensor das col nias medi terras Antigamente o que mais se produzia era soja milho e porco Pelo que sabem n o havia erva nativa na regi o
178. es compet ncias laborais e do seu modo de vida como sendo potenciais para a constru o de uma nova agricultura por m s o desconhecidos e desqualificados pelos princ pios de constitui o e expans o do capitalismo Ploeg 2008 2009 trabalha a resist ncia enfocando a agricultura como sendo a express o de um estilo de agricultura camponesa de forma a manter e a prosperar o modo campon s de fazer agricultura Por isso ele foca sua an lise no cotidiano da manuten o desse estilo de agricultura como as diferentes pr ticas de produ o de alimentos e gest o da base de recursos que se diferenciam da resist ncia de Scott 1985 pois naquela haveria uma rela o direta e comunicativa entre ator dominante e ator dominado al m de uma quase inteira depend ncia dos atores dominados em rela o aos dominantes como por exemplo os bojas frias em rela o aos usineiros e fazendeiros tratados por Menezes 2002 Por outro lado na agricultura camponesa tratada por Ploeg quando concebe a unidade agr cola sendo gerida pela fam lia haveria uma autonomia maior em rela o administra o de sua base de recursos que lhe d autonomia muitas vezes n o havendo uma rela o direta com atores dominantes embora haja a domina o indireta A agricultura camponesa por suas caracter sticas argumenta Ploeg 2009 entra em conflito com o seu meio fhostil que sempre est impondo limites quando n o a est amea ando de exterm n
179. es iam conhecer modelos de propriedades Foi nesse tempo que a fam lia entrevistada viajou mais chegando a participar de encontros de agricultores Depois disso os agricultores tiveram a ideia de criar uma cooperativa com objetivo de organizar e vender a produ o dos colonos ela foi criada por volta do ano de 2006 envolvendo 13 munic pios sendo respons vel por fornecer alimentos para a merenda escolar e a cesta b sica Por m ela fechou as portas no ano de 2009 tinha at h pouco tempo por problema judicial fechou Mas mais politicagem Os agricultor tavam vendendo tavam bem a cesta b sica merenda escolar tudo a cesta b sica na regi o sa a da agricultura era limitado por cada produtor a 2 500 00 por ano em dinheiro vendiam pelo bloco Muitos colono tinham produto mas n o tinham bloco da pegavam o bloco de um vizinho emprestado ele n o tinha mais produto pra entreg mesmo ai eles se emprestavam os bloco entre vizinhos mas quem pegava o dinheiro era o que produzia ai correu a pol tica e a disseram que a cooperativa pegava os bloco por conta e vendia o produto e pegava o dinheiro correu isso a a a cooperativa fechou Quem perdeu foram os colono Como n s que tinha um mandiocal grande plantado pronto pra entreg pra cesta b sica acab apodrecendo na lavoura A den ncia de infra o foi baseada no uso indevido dos blocos dos produtores a qual a justi a acatou por m no entender da agricultora
180. esanal de erva mate os conhecimentos e as pr ticas de manejo da biodiversidade associados c Identificar os fatores determinantes para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate e por consequ ncia do modo de vida dos agricultores familiares d Analisar a rela o entre a fabrica o artesanal de erva mate e a base de recursos naturais e suas consequ ncias em termos de conserva o ambiental e Analisar a correla o entre a conserva o ambiental e a continuidade do modo de vida dos agricultores familiares 21 A disserta o comp e se de oito cap tulos a partir desta introdu o O segundo cap tulo A rvore erva mate apresenta o estado da arte em rela o a informa es sobre a biologia e fitogeografia da esp cie erva mate Iex paraguariensis A St Hil dados hist ricos e econ micos no sul da Am rica do Sul a descri o encontrada na literatura referente fabrica o artesanal de erva mate at os tempos atuais e a import ncia econ mico social da erva mate nos dias de hoje O terceiro cap tulo apresenta o referencial te rico metodol gico perpassando pelos conceitos de agricultura familiar e camponesa a condi o camponesa de Ploeg a resist ncia camponesa e a Perspectiva Orientada pelo Ator e a natureza a coprodu o e o modo campon s de agricultura Por ltimo apresenta os m todos empregados na pesquisa O quarto cap tulo A entrada em campo e as fam lias que processam erva mate
181. eses a desprezar o saber dos pais Em Seberi o Sep uma figura importante da fabrica o artesanal que tamb m conhece o trabalho da ervateira industrial Ele participa de cursos sobre o cultivo de erva mate e est interessado em seguir os estudos para aplic los na atividade Essa fam lia que tem uma hist ria antiga no cultivo e no processamento da erva mate continua vivendo no meio rural gra as atividade artesanal como expressou o Noel n s tamo resistindo na agricultura por causa da erva se n o j tinha que t sa do Esse aqui n o podia t com n is se for analis bem complicado Eu com a erva eu segurei tudo meus filho tudo em roda tudo t o lidando com erva hoje Eles constituem um caso isolado na regi o um caso que v m dando prosperidade para que os filhos sigam com a atividade e continuem como camponeses No entanto o que est acontecendo na regi o via de regra o xodo e o envelhecimento do meio rural como afirma o Noel a juventude t saindo n o tem incentivo nenhum como que v o fic Fic pra pass fome T o s os velho em casa da juventude n o tem nenhum foram trabalh na cidade tem gente em Panambi Novo Hamburgo Nova Hartz tudo qu parte tem gente e os velho t o ali por enquanto n n o sei se logo n o vendem e v o atr s disso a Em Santo Ant nio do Palma os filhos ainda s o crian as mas pelos coment rios dos pais e av s os filh
182. ess o de um estilo de agricultura denominado de agricultura camponesa por Ploeg 2008 constituindo se na manifesta o de um modo de vida peculiar que est amea ado de exterm nio pela l gica dominante da moderniza o na agricultura ou seja a agricultura empresarial e capitalista que est o em sintonia com um processo homogeneizante de modernidade e p s modernidade na sociedade global De acordo com Jones e Bressan 2000 a integra o econ mica dos mercados define a globaliza o diante da qual diversas comunidades e povos em todo o mundo se mobilizam para defenderem seus modos de vida sua cultura e soberania muitas vezes estreitamente relacionados ao meio onde vivem fen meno denominado como respostas locais ou resist ncias locais regionais e globais globaliza o HANN 1997 MIRANDA 2004 RODRIGUEZ 2004 Hann 1997 mostra que as tradi es aut nticas n o foram removidas por uma forma de modernidade mas elas se transformam dentro de um processo onde existe um novo mosaico de modernidades e onde as comunidades podem fazer sua pr pria interpreta o a respeito da modernidade Desta forma as condi es de autonomia e acesso na sociedade que interferem na din mica de reprodu o social est o associadas diversidade de situa es dos 22 camponeses no que diz respeito a um ou outro modelo de agricultura por exemplo o representado pela moderniza o na agricultura o de uma agricultura bastante aut n
183. est o muito abaixo do estrado podendo comprometer a secagem causando inc ndio figura 42 125 Figura 42 A disposi o dos ramos de erva mate sobre o carijo Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Carijo com os ramos de erva mate e suas bordas vedadas para o m ximo aproveitamento do calor Panambi B pondo os feixes de erva sobre o carijo Bozano C retirando ramos de erva que est o muito abaixo do estrado para evitar o risco de inc ndio do carijo Panambi D Carijo com os feixes de erva Santo Cristo E Vis o em detalhe da face embaixo do estrado de taquara mostrando seu espa amento e os ramos de erva Bozano F O carijo com os feixes de erva dispostos verticalmente Bozano Ano 2010 Fonte acervo do autor O in cio do fogo no carijo feito aproveitando se as brasas que sobram no sapecador A lenha utilizada deve ser seca podendo ser de espessura grossa e comprida constituindo se de galhos e troncos de rvores No carijo em vista de que a secagem ocorre com a fonte de calor pr xima a erva exigem se cuidados especiais H que ter cautela quanto ao tipo de 126 lenha a ser utilizada pois necess rio que gere calor por m sem haver chamas muito altas e que n o solte muitas fa scas Para controlar qualquer chama alta comum ter se disposi o um balde cheio de gua e por isso muitos carijos antigamente e ainda hoje se localizam pr ximos aos cursos d gua figura 43 J o controle
184. estrutura ao qual est o inseridos sendo necess rio remeter a no es como os estilos de agricultura que se identificam com determinadas estruturas de poder que delimitam diferentes grupos 53 3 2 1 O desenvolvimento da agricultura moderna e os estilos de agricultura Brum 1988 classifica um antes e um depois na hist ria da agricultura considerando o per odo entre a implanta o de col nias no Rio Grande do Sul e os dias atuais O antes era a agricultura tradicional que vigorou at um per odo entre 1950 e 1970 e o depois refere se agricultura moderna Ele aborda a agricultura tradicional no mbito da ocupa o das matas por imigrantes europeus colonos no Rio Grande do Sul nos s culos XIX e XX em que as caracter sticas comuns eram a pequena propriedade a pr tica da policultura para abastecimento da fam lia e produ o de excedentes para a comercializa o a utiliza o dos recursos naturais como a fertilidade natural do solo o uso da m o de obra direta dos membros da fam lia com uso de instrumentos simples para o trabalho e a energia animal da gua e do vento Esse processo de ocupa o se intensificou com as fam lias numerosas aumentando a explora o do solo que aliado cont nua transfer ncia de renda dos agricultores para os comerciantes e industriais atrav s da diferen a no pre o dos produtos pre os baixos para os produtos agr colas que o colono vendia e pre os altos pelos bens que a fam li
185. evisitado In SCHNEIDER S A diversidade da agricultura familiar Porto Alegre UFRGS 2006 PLOEG J D V Sete teses sobre a agricultura camponesa In PETERSEN P Agricultura familiar camponesa na constru o do futuro Rio de Janeiro AS PTA 2009 p 17 31 PLOEG J D V et al On regimes novelties niches and co production In WISKERKE J S C PLOEG J D V Seeds of transition Assen Van Gorcum 2004 p 1 30 PORTO ALEGRE Secretaria Estadual do Meio Ambiente Esp cies da Flora Amea adas de Extin o do Rio Grande do Sul Porto Alegre SEMA 2002 Dispon vel em lt www sema rs gov br gt Acesso em 12 jan 2010 POSEY D Introdu o etnobiologia teoria e pr tica In RIBEIRO B G Org Suma etnol gica brasileira etnobiologia v 1 Petr polis Vozes 1987 p 159 172 212 RADOMSKY G F W Reciprocidade redes sociais e desenvolvimento rural In SCHNEIDER S Org A diversidade da agricultura familiar Porto Alegre UFRGS 2006 p 104 133 RAMALHO C O caminhar sobre as guas das ci ncias sociais In COSTA A L Nas redes da pesca artesanal Bras lia IBAMA 2007 p 97 114 RAPOPORT E H et al Malezas comestibles hay yuyos y yuyos Ciencia Hoy Buenos Aires v 9 n 49 nov dic 1998 Dispon vel em lt http www cienciahoy org ar hoy49 malez01 htm gt Acesso em 13 jun 2010 RECONSTRU O do processo hist rico da erva mate Dire o Ismael Rosset Il polis SIC V deo
186. exemplo disso o que acontece com a fam lia de Santo Cristo S assim troca dia com ele n Isso n o tem pre o as vez eu dou um leit o ele p sa um leit o dou pra ele A erva que ele toma ele toma tudo ali Pe o at agora nunca n o paguemo s troca dia me ajuda a carne as vez se eu quero carne um ternero Jorge Em Bozano acontece um caso particular em que muitas atividades s o mobilizadas por um conjunto de at sete fam lias como o caso da erva mate Eles designam de puchir o mutir o o fato de fazerem erva em conjunto Al m disso acontecem outras atividades como troca de servi os sendo o abate de gado uma delas Em Santo Ant nio do Palma a fabrica o artesanal de erva mate algumas vezes acontece em um conjunto de at quatro fam lias Nos casos dos agricultores ecologistas de Santo Ant nio do Palma e Ip eles atualmente reduziram a troca de servi os em vista de que suas atividades na propriedade se diversificaram e por isso exigem dedica o integral al m do mais o fato de fazerem parte da associa o e trabalharem em conjunto comercialmente tamb m demanda tempo Jos e Anita quando precisam de mais m o de obra para atuar na propriedade contratam diaristas agora se paga porque n o se tem tempo A reciprocidade constitui se assim num elemento de estabelecimento de sociabilidade coes o social ao mesmo tempo que propicia a resolu o de quest es concretas referentes
187. feitura Municipal Economia do Munic pio Bozano Prefeitura Municipal 2007 Dispon vel em lt http www bozano rs gov br gt Acesso em 05 out 2010 BRACK P KINUPP V F SOBRAL M E G Levantamento preliminar de esp cies frut feras de rvores e arbustos nativos com uso atual ou potencial do Rio Grande do Sul Revista Brasileira de Agroecologia Cruz Alta v 2 n 1 p 1769 1772 fev 2007 BRUM A J Moderniza o da agricultura trigo e soja Petr polis Vozes FIDENE 1988 CAFFER M M Caracteriza o do conhecimento de popula es locais sob a diversidade de recursos gen ticos vegetais em remanescentes de Floresta Ombr fila Mista 2005 136 f Disserta o Mestrado em Agroecossistemas Centro de Ci ncias Agr rias Universidade Federal de Santa Catarina Florian polis 2005 C NDIDO A Os parceiros do rio Bonito estudo sobre o caipira paulista e a transforma o de seus meios de vida S o Paulo Duas Cidades 1977 CAPORAL F R COSTABEBER J A Agroecologia e desenvolvimento rural sustent vel perspectivas para uma nova extens o rural Porto Alegre EMATER RS 2001 CARVALHO I C M A inven o ecol gica narrativas e trajet rias da educa o ambiental no Brasil Porto Alegre UFRGS 2001 CASTRO E Territ rio diversidade e saberes de popula es tradicionais In DIEGUES A C Org Etnoconserva o novos rumos para a prote o da natureza nos tr picos S o Paulo Hucitec 20
188. fomentadores foram o Estado o Banco do Brasil BERKAI BRAGA 2000 e as empresas nacionais e transnacionais atrav s de pol ticas p blicas financiamentos pesquisa e oferta de tecnologias a chamada Gnoderniza o da agricultura As coisa foram indo at que lentamente assim foi mudando n mas depois uns tempo depois at conversando bah falta mudou aqui n mudou ali faltava o mato aquela coisa assim n da que esses anos atr s o Banco do Brasil financiava pra arranc mato isso at que ano mais ou menos at 1980 o m ximo Seguindo as reminisc ncias dessas fam lias o mato e os ervais foram arrancados e substitu dos pela soja como expressou o Cenair quem terminou com o mato foi a soja Segundo registros da literatura os ervais nativos do Rio Grande do Sul foram reduzidos a ponto de serem quase exterminados devido expans o da monocultura da soja entre 1965 e 1975 BERKAI BRAGA 2000 Esse fen meno segue acontecendo nos dias atuais As rvores de erva mate continuam sendo arrancadas abordados no cap tulo anterior assim como reas de floresta o que faz transparecer que persiste o fen meno de expans o da fronteira agr cola o que significa a amplia o das lavouras e da cria o de gado bovino e a concentra o de terras nas m os de poucos propriet rios Analisando se o extrativismo por parte das fam lias que n o investiram na implementa o de seus ervais e que encontraram ness
189. fui na secretaria de agricultura n o tem que faz agroind stria eles falaram N o ajudam nada nada at agora nada 6 4 2 Cr dito O acesso a recursos financi veis parece ser um h bito que os agricultores em geral por um lado evitam e por outro t m dificuldade de conseguirem aprova o pelo fato de muitas vezes n o terem um capital suficiente o qual levado em conta nos bancos Al m do mais a depend ncia de um ou mais financiamentos corresponde a muitos anos de parcelas a pagar com acr scimo de juros embora seja encarado com adimpl ncia conforme revela a fala abaixo 160 4 olha o que ta faltando mesmo bastante um incentivo mais direto pro colono porque n o adianta o governo d as coisas pra agricultura familiar mas tu vai l no banco e n o consegue Que nem eu pra mim consegui essa camioneta foi a maior briga faz uns 2 ano que t lutando pra consegui esse financiamento mas como a gente pobre tu chega no banco e n o tem vez N da tudo se torna mais dif cil ent o agora eu consegui porque eu consegui at dois avalista claro que a gente n o um cara que nega a conta em nada mas pelo capital que a gente tem eles acham que pouco e que da n o podem larga n dou raz o pra eles tamb m nessa parte s que n o devia s assim devia de s assim que visse se o cara um cara honesto trabalhador o banco peg e vamo d pra esse cara o cara t se virando agora muitos grande s
190. ga o Desta forma o grupo selecionado constituiu uma amostra representativa O interesse da an lise na heterogeneidade da agricultura camponesa parte da Perspectiva Orientada pelos Atores POA na qual um dos pilares fundamentais a ag ncia dos atores sociais Tratou se assim de buscar acessar as dimens es locais e aproxima es com o cotidiano dessas pessoas considerando a compreens o dos fen menos sociais desde a perspectiva dos pr prios atores GUBER 2001 e a an lise do pesquisador Essa forma de captar e compreender a realidade est de acordo com a metodologia utilizada em etnoecologia TOLEDO 1992 Tendo em vista esta quest o e dimensionando ao tempo dispon vel para a pesquisa de campo as principais t cnicas utilizadas para a gera o de dados foram a entrevista semi estruturada e a observa o participante 14 A orienta o da aplica o das t cnicas de gera o e sistematiza o dos dados baseou se na leitura de refer ncias etnogr ficas como o Guia para a pesquisa de campo de Beaud e Weber 2007 Por isso esta pesquisa pode ser considerada com vi s etnogr fico a partir da utiliza o de algumas t cnicas comumente empregadas em etnografias assim como o fato de ter por base prop sitos etnogr ficos GUBER 2001 ROCHA ECKERT 2008 Refletindo sobre as caracter sticas da etnografia abordadas por Rocha e Eckert 2008 a pesquisa dentro de um contexto campon s focando pr ticas artesanais n o
191. gricultura que segue uma l gica de dom nio capitalista no campo intensificado pelo avan o das transnacionais ou fimp rios no dom nio das cadeias produtivas de beneficiamento e comercializa o de alimentos O modelo dominante que promove a uniformiza o da produ o e a estandartiza o do processamento de alimentos choca se com a natureza da agricultura camponesa que tem por aptid o a produ o diversificada e localizada com atributos culturais e ambientais peculiares Os elementos citados caracterizam uma resist ncia camponesa e atrav s da an lise deles p de se identificar os principais mecanismos dessa resist ncia que s o o com rcio informal o cooperativismo a reciprocidade a pluriatividade e a coprodu o manuen o e incremento da base de recursos Descobriu se que entre esses agricultores a sua prosperidade est intimamente ligada conserva o ambiental A degrada o e supress o das matas e a perda de diversidade e qualidade na base de recursos s o incoerentes com a perspectiva de continuidade da agricultura camponesa 200 Em rela o metodologia utilizada para desenvolver a pesquisa conclui se que ela foi adequada aos seus prop sitos levando se em conta a abordagem da Perspectiva Orientada pelos Atores a Etnoecologia e os m todos etnogr ficos no sentido de aprofundar a pesquisa em uma amostra que abrangesse a maior diversidade poss vel dos agricultores familiares A forma de aprese
192. ha seca dispon vel preferindo aquelas que tenham poder calor fico maior figura 48 A fam lia pretende fazer um novo sistema de secagem mais eficiente de forma a utilizar menos lenha e secar a erva mais rapidamente pois consideram que no atual sistema se perde muito calor Tendo a assessoria do Centro Ecol gico e da EMATER Atahualpa soube de dois tipos de secadores lenha e a sol O segundo ele considera que em vista do inverno 134 n o funcionaria bem apenas durante o ver o Como eles produzem erva semanalmente preferem o sistema lenha Para isso o Atahualpa est se informando em Nova Prata sobre o poss vel aproveitamento de equipamentos de secagem de fumo que n o est o sendo mais utilizados Figura 48 Secador em Ip RS Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Recolhendo os ramos de erva mate sapecados para serem dispostos na entrada do secador B Estrado plano de madeira onde se disp e os ramos de erva mate para serem secados C Vis o do interior do secador com os ramos de erva mate D Local onde se queima a lenha dentro de um cilindro de metal localizado abaixo do estrado E Vis o do secador do local onde h uma chamin Ano 2010 Fonte acervo do autor 135 Durante a pesquisa explorat ria p de se conhecer outras experi ncias de secagem de erva que destoam daquelas tradicionais Em Santo Ant nio do Palma a novidade foi apenas uma experimenta o de um equipamento que o
193. humanos como sujeitos sociais que p em em a o procedimentos intelectuais conhecimento percep es e cren as tomam decis es e executam opera es pr ticas para apropriar a natureza TOLEDO 1992 p 9 10 Assim a etnoecologia um ramo da ci ncia que tem como objeto de estudo o conhecimento ecol gico local tradicional imbu do de representa o interpreta o e manejo da natureza Ela incorpora e se baseia nos conhecimentos das comunidades ou povos locais de forma a compreender como a rela o deles para com o ambiente onde vivem desde a rela o com o meio bi tico at sua rela o simb lica e cosmol gica TOLEDO BARRERA BASSOLS 2010 Toledo 1992 sugere que a perspectiva da etnoecologia n o se deve restringir ao estudo de popula es ind genas ou tradicionais mas tamb m aos produtores rurais do mundo moderno como agricultores que praticam uma agricultura industrializada e voltada ao mercado visto que a etnoecologia visa avaliar ecologicamente a efici ncia dos sistemas produtivos rurais no sentido de haver futuramente a aplica o pr tica de sistemas produtivos com base em modelos de desenvolvimento rural sustent vel 12 A partir desta nfase nas rela es entre o ser humano e a natureza complementarmente s ideias de Ploeg 2008 sobre o modo campon s Toledo 1995 p 10 distingue conforme seus modos de apropria o da natureza o modelo campon s e o agroindustrial ou moderno O primeir
194. i ncias y propuestas ciudadanas frente a la globalizaci n Santiago Conosur Sustentable Chile Sustentable International F rum on Globalization Heinrich Boell Foundation 2004 p 129 140 MONSMA K James C Scott e a resist ncia cotidiana no campo uma avalia o cr tica BIB Rio de Janeiro n 49 p 95 121 2000 MORAES C CARDOSO E S An lise da organiza o espacial de Palmitos SC e sua rela o com a quest o de Palmas Geografia Ensino amp Pesquisa Santa Maria v 13 n 2 p 42 50 2009 MOREIRA L F V QUINTEROS M C Em busca de Aim Bonpland Fronteiras Dourados v 10 n 18 p 221 236 2008 MORENO J A Mapa morfol gico Porto Alegre Secretaria da Agricultura e Abastecimento Divis o de Geografia e Cartografia 1989 MOTTA M ZARTH P Org Formas de resist ncia camponesa visibilidade e diversidade de conflitos ao longo da hist ria v 1 S o Paulo UNESP Bras lia Minist rio do Desenvolvimento Agr rio NEAD 2008a MOTTA M ZARTH P Org Formas de resist ncia camponesa visibilidade e diversidade de conflitos ao longo da hist ria v 2 S o Paulo UNESP Bras lia Minist rio do Desenvolvimento Agr rio NEAD 2008b 211 NATIONAL RESEARCH COUNCIL Lost crops of the Incas little known plants of the Andes with promise for Worldwide cultivation Washington D C National Academy Press 1989 NEVES F M et al A moderniza o da agricultura e os eixos tem ticos I
195. i o de campo predomina a lavoura de gr os milho soja Na agricultura familiar h de forma generalizada a bovinocultura de leite e tamb m ocorrem cultivos de cebola alho e morangos IPE 2010 informa o verbal Em Santo Ant nio do Palma tamb m se destaca a produ o agroecol gica No munic pio ocorre uma regionaliza o do cultivo de alguns produtos sendo basicamente tr s regi es a do fumo a dos pomares e hortas e a das monoculturas de soja milho e trigo sendo que em geral est presente a bovinocultura de leite Existem tr s agroind strias duas de sucos e derivados e uma de melado A produ o de erva mate em folha mat ria prima de 200 t ano em 20 ha de terra informa o verbal De modo geral s o produzidos diversos produtos para o autoconsumo que muitas vezes tamb m s o comercializados como feij o mandioca cana de a car frutas hortali as fumo aveia batata bovinos su nos ovinos peixes e aves No quesito leite Santo Cristo possui uma das maiores bacias leiteiras mais de 100 mil litros dia da sua regi o e do Estado Na suinocultura Humait o quarto maior produtor do Estado levando se em conta a intensa ado o do sistema de integra o produtor empresa informa o verbal A produ o de su nos tamb m se destaca para o munic pio de Santo Cristo A piscicultura tem sido incentivada em Bozano e Santo Cristo contabilizando no primeiro mais de 250 a udes que totalizam uma
196. i se auto denominam de pequenos agricultores e inclusive alguns deles se auto referem como colonos e ao meio onde vivem chamando o de col nia Por outro lado em Santo Ant nio do Palma e Ip as fam lias se auto denominam de agricultores ecologistas pois atuam em cadeias de produ o e comercializa o agroecol gicas A resist ncia da agricultura camponesa pode se revelar atrav s de v rios aspectos da vida dos atores sociais frente ao modelo dominante de agricultura convencional empresarial e de globaliza o capitalista Tendo o olhar da an lise de acordo com a terceira express o da resist ncia com base principalmente nas estrat gias produtivas e de interrela es dos agricultores no sentido de continuarem prosperando o seu modo de fazer agricultura a fabrica o artesanal de erva mate como uma pr tica que gera apenas um dos alimentos consumidos o eixo condutor da an lise Os principais motivos que explicam a continuidade ou a n o continuidade da fabrica o artesanal de erva mate podem ser esclarecidos atrav s de tr s fatores principais ainda que existam outros que influenciam e podem ser determinantes para a sua continuidade ou n o Eles dizem respeito sucess o familiar incentivos cr dito assist ncia t cnica pol ticas p blicas e m o de obra dispon vel Eles tamb m s o interdependentes pois a m o de obra muitas vezes suprida atrav s do compromisso de um filho trabalhar na atividade a qual mu
197. ia pode ser a nica que est desenvolvendo um modo alternativo de fazer agricultura O que eles relataram e o que se v na regi o o dom nio das lavouras em monocultura de gr os que segundo eles os granjeiros seguem ampliando as reas de plantio com a derrubada de mata nativa e de ervais Esse contraste an logo ao evidenciado no Sergipe por Woortmann e Woortmann 1997 sobre o modo de se relacionar com a natureza entre sitiantes e fazendeiros grandes propriet rios Para os ltimos o mato algo a ser removido para ser substitu do pelo capim Para os primeiros algo a ser preservado como parte mesmo do espa o de trabalho ou utilizado apenas medida das necessidades de reprodu o social respeito de dar continuidade ao trabalho da fam lia e consequentemente manter os ervais SAF8 ou o mato como eles designam o erval eles t m receio caso fossem vender parte das terras ou o seu patrim nio pois sabem o que poderia acontecer O que a gente fez at agora o que tu plantou tem medo de um chegar e destruir tudo se vender pra um outro isso tudo arrancado vira em granja em poucos dias Para esta fam lia a preserva o da natureza manifestada com grande import ncia Porque a hora que termin a natureza termin esses cap o de mato que tem se vai o pa s A partir da fala acima depreende se que na perspectiva desse agricultor o futuro do pa s est diretamente relacionado preserva o da natureza
198. icional h s culos na regi o do amp Conesul envolvendo Brasil Argentina Paraguai e Uruguai pode receber maior aten o para assegurar a reprodu o social de agricultores com princ pios da sustentabilidade valorizando sua autonomia e as pr ticas artesanais que expressam identidades e conhecimentos ancestrais A regi o fitogeogr fica da erva mate tem muito a ganhar se a sociedade priorizar o desenvolvimento end geno os circuitos curtos e descentralizados de forma a valorizar a 202 autonomia camponesa como sendo um am lgama entre cultura e natureza uma alternativa cl ssica oposi o ecologia economia 203 REFER NCIAS ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agr rio em quest o S o Paulo Rio de Janeiro Campinas Hucitec ANPOCS Editora da UNICAMP 1992 ALENCAR F R Erva mate Rio de janeiro SAI 1960 ALMEIDA M W B Narrativas agr rias e a morte do campesinato RURIS v 1 n 2 p 157 186 set 2007 ALTIERI M Agroecologia a din mica produtiva da agricultura sustent vel Porto Alegre UFRGS 2001 ALTIERI M ROSSET P THRUPP L A The potencial of agroecology to combat hunger in the developing world Food First Policy Brief Oakland n 2 1998 ALVES A Os argonautas do mangue S o Paulo Imprensa Oficial do Estado de S o Paulo 2004 ANDERSON A B POSEY D A Reflorestamento ind gena Ci ncia Hoje Rio de Janeiro v 6 n 31 p 44 50 1987 ANDRADE F M Explo
199. icultura bem vista a do Fempres rio rural quais os sonhos de vida dos jovens rurais O prosseguimento dos filhos atuando e mantendo a propriedade junto com seus pais pode ser considerado um divisor de guas na continuidade de pr ticas e tradi es assim como na exist ncia de conhecimentos e a partir da adolesc ncia pode determinar a decis o por um ou outro projeto de investimento Em geral semelhante aos resultados do estudo de Sacco dos Anjos e Caldas 2006 em que 64 das propriedades tinham sido herdadas pelos esposos parece que a sucess o nas fam lias que fabricam erva mate ser direcionada para os filhos homens A maioria dos filhos e filhas de agricultores ora acompanhados est o seguindo os estudos como a gradua o universit ria o que muitas vezes quase somente viabiliza seguir uma carreira profissional fora da propriedade Nos dados da pesquisa de Sacco dos Anjos e Caldas 2006 houve concord ncia entre a maior escolaridade e a maior dedica o a atividades fora da propriedade Isso tem sido observado em maior propor o nas fam lias pluriativas Os mesmos autores encontraram que os agricultores em sua maioria 67 para os pluriativos e 61 5 para as fam lias exclusivamente agr colas preferem que os seus filhos tenham uma educa o mista que seja orientada a trabalhar na agricultura ou em outra atividade Nesse sentido Woortmann 1983 152 alertava que as escolas agr colas levavam os filhos de campon
200. ida Figura 65 Quadro com a s ntese da correla o entre a continuidade do modo campon s de agricultura e a conserva o ambiental das sete fam lias de agricultores Fonte dados do autor A partir da figura 65 pode se destacar que a conserva o ambiental futura que diz respeito sucess o da unidade agr cola para as pr ximas gera es conservando a base de recursos e incrementando a tamb m depende da continuidade da agricultura camponesa pois se ela continua da mesma forma a conserva o se mant m com maiores perspectivas de garantia e at de ser incrementada Por outro lado se as fam lias n o disp em de sucessores para seguir vivendo na unidade agr cola e ou a gerenciando de acordo com a condi o 198 camponesa a conserva o poder ficar comprometida ou ser renegada Da mesma forma o fortalecimento da base de recursos em especial os ervais as matas e as esp cies nativas como foram enfatizados anteriormente essencial para a continuidade da agricultura camponesa Com essa base de recursos pode se angariar autonomia e alternativas ao modelo dominante da agricultura moderna a normas e formaliza es da sociedade Portanto a continuidade da agricultura camponesa e a conserva o ambiental ou a manuten o e o incremento da base de recursos dentro da condi o camponesa s o interdependentes Gra as conserva o da base de recursos os camponeses podem resistir ao modelo dominante
201. ies utilizadas h aquelas que eles julgam com maior qualidade para a secagem da erva como carrapicho pitanga e guabiroba todavia esta ltima encontra se de forma escassa A prefer ncia por determinados tipos de lenha refere se ao conhecimento que eles t m em rela o a qualidades como poder calor fico aroma teor de fuma a como define o pai do Jos Casca de pinheiro e carrapicho isso d brasa mas n o d fuma a depois dura o fogo d um calor que J 5 3 3 Variantes Nesta se o s o relatadas diferentes experi ncias de secagem da erva desde aquelas de Humait e Ip tratadas com maior profundidade na pesquisa at aquelas que foram conhecidas durante a pesquisa explorat ria Em Humait a secagem realizada no que a fam lia chama de forno que consiste em uma estrutura fechada com telhado e de tijolos figura 47 Os feixes de erva s o postos sobre uma arapuca de madeira onde s o desamarrados e os ramos dispostos em p Abaixo da arapuca no ch o feito o fogo protegido por uma esp cie de cilindro de tijolos e barro que tem pequenas aberturas para sair o calor e a fuma a e haver corrente de ar Esse cilindro est dentro do forno portanto a fuma a que sai inicialmente passa pela erva Como o fogo protegido n o necess rio control lo pode se deix lo alto com labaredas Em vista disso produz se pouca fuma a resultando em um produto com baixo teor de fuma a A secagem da
202. imento popular como v m acontecendo nas sociedades modernas especialmente do campo Hoje no Brasil ela talvez seja rara tanto para o autoconsumo como para o mercado Al m disso essa tradi o pode representar um profundo conhecimento ecol gico ainda existente e herdado dos antepassados que perpassa gera es de agricultores fruto de suas experi ncias com o meio natural e social Nesse sentido h autores que defendem a ntima rela o entre conserva o ambiental ou dos recursos naturais com as popula es denominadas de tradicionais DIEGUES 2004 ind genas ou camponesas TOLEDO 1992 e agricultores familiares ou camponeses 25 PLOEG 2008 De acordo com Altieri et al 1998 os camponeses s o os melhores zeladores dos recursos naturais obtendo produtividade de suas terras por longo prazo e conservando a biodiversidade de suas propriedades e arredores Pela perspectiva desses autores na conserva o ambiental fundamental o equil brio entre o manejo humano dos recursos naturais com a manuten o dos ecossistemas antr picos e silvestres a longo prazo Como recursos citam se os solos as florestas os cursos d igua os animais dom sticos e as sementes que aliados ao manejo humano podem resultar em paisagens diversas com pr ticas sustent veis Em rela o aos ecossistemas silvestres e mais especificamente s esp cies nativas no territ rio brasileiro a erva mate uma esp cie amplamente utilizada a qual
203. io ou explora o Sendo assim os camponeses desenvolvem estrat gias e adapta es de forma a prosperarem o menos dependente poss vel 65 Na agricultura camponesa expressa se uma vasta gama de pr ticas heterog neas e cada vez mais interligadas que no contexto dos imp rios manifestam se como resist ncia LONG 2007 A corrente dominante da resist ncia camponesa flui atrav s da Amultiplicidade de respostas continuadas e ou criadas de uma nova forma para enfrentar e contrapor os imp rios como principal modo de ordenamento PLOEG 2008 p 289 O mesmo autor cita exemplos de como a resist ncia se manifesta seja a forma como o Festrume bom produzido como as vacas nobres s o criadas como as fbelas propriedadesO s o constru das seja na cria o de novas unidades de produ o e de consumo em campos que deveriam manter se improdutivos ou ser usados para a produ o de culturas de exporta o Conforme Ploeg 2008 as tr s categorias de resist ncia est o sempre presentes embora a relev ncia a visibilidade e a for a de cada uma estejam sempre mudando Ele se refere terceira categoria de resist ncia como sendo a corrente dominante que muitas vezes alimenta as outras constituindo se nos alicerces da resist ncia camponesa Ele sintetiza seis mecanismos das formas de resist ncia interligados a t cnicas de reestrutura o o que foi desconstru do pelos imp rios ativamente ligado e reestruturado por exem
204. is grande n Eles encercam e vira potreiro isso tem mais que 100 ha de terra tudo encercado 200 300 cabe a de gado dentro t o arrematando isso o mal 175 Al m disso na regi o do Alto Uruguai foram ouvidos relatos sobre a ainda exist ncia da apropria o de terras que pertenciam a posseiros os quais n o as titularizaram Esse acontecimento abordado como exclus o social bem demonstrado por Ardenghi 2003 para a regi o do antigo munic pio de Palmeira das Miss es que inclu a Humait e Fortaleza Seberi e tamb m por Renk 1997 para o oeste de Santa Catarina Outra consequ ncia do dom nio da industrializa o sobre a agricultura quando aquela fica respons vel pelo fornecimento dos meios de produ o que acaba por caracterizar a agricultura empresarial a sua grande depend ncia sen o total dos insumos adubos agrot xicos sementes s men equipamentos m quinas etc Nesse sentido as pr ticas de cultivo elementares como a produ o de hortali as s o afetadas pela industrializa o Os apontamentos do Cenair revelam o drama que representa a depend ncia dos camponeses em rela o ao mercado Ele contesta a qualidade das sementes de hortali as vendidas no com rcio al m do fato de n o haver assist ncia aos agricultores os grandes plantadores esses grande que trabalham que s o preparados pra isso eles tem a semente certa que nem do tomate a mesma coisa a pra eles funci
205. isam ser racionais no uso dos recursos na tentativa de minimizar os riscos e n o de maximizar os seus lucros ABRAMOVAY 1992 Como as reas dos agricultores s o limitadas em termos de rea de topografia e outros fatores naturais que limitam a expans o das lavouras convencionais de soja milho ou trigo ou as reas de pastagem para o gado o modo de fazer agricultura deve ser de acordo com as aptid es naturais e poder ser direcionado a realizar atividades alternativas conforme a exist ncia de possibilidades econ micas de mercado de assist ncia t cnica e de pol ticas p blicas Quanto a isso os agricultores manifestaram que a situa o futura poder mudar e o que alguns querem caso eles possam investir na atividade artesanal regularizando uma firma microempresa adquirindo um ve culo de transporte ou implantando os seus ervais Portanto de acordo com os par metros discutidos e apresentados no quadro 10 a situa o atual das fam lias camponesas demonstra que est havendo conserva o ambiental mas ela depende tanto da condi o camponesa como de fatores externos unidade familiar do contexto pol tico econ mico e social Ficou claro que a base de recursos limitada e representa um enorme desafio manuten o dos recursos naturais principalmente em um contexto desfavor vel conserva o ambiental Tamb m diz respeito conserva o a trajet ria das fam lias em que a tradi o e a busca por autono
206. iste h muitos anos Parte disso tamb m se deve ao papel do pesquisador ao se apresentar explicar a pesquisa e pedir autoriza o para efetu la No mapa abaixo figura 15 apresentam se os munic pios onde foram realizadas as visitas e aqueles onde n o foi poss vel visitar as fam lias 81 56 54 52 50 Paraguai 28 Argentina Sa 3 Vhs 30 5 7 Munic pios visitados Munic pios n o visitados Uruguai Porto Alegre 1 Bento Gon alves 11 Lagoa dos Tr s Cantos 32 2 Bozano 12 Marau 3 Camaqu 13 Mato Castelhano 4 Chapada 14 Panambi 5 Crissiumal 15 Pont o 6 Dois Irm os das Miss es 16 Santo Ant nio do Palma 7 Espumoso 17 Santo Cristo 8 Humait 18 Seberi 9 Iju 19 Tr s de Maio Ps 00 i 10 Ip Figura 15 Mapa do Rio Grande do Sul destacando os munic pios visitados em cinza e n o visitados em branco onde residem as fam lias de agricultores que processam erva mate de forma artesanal Fonte dados de campo 4 2 CONHECENDO AS FAM LIAS E SELECIONANDO OS CASOS DE AMOSTRAGEM Na pesquisa explorat ria geraram se dados de localiza o munic pio tecnologias utilizadas para a fabrica o da erva mate esp cies vegetais fornecedoras de lenha usadas para a secagem tecnologia para desvio da fuma a se h com rcio do produto e respectivo registro se h conex
207. istema agroflorestal com 12 anos de idade Seberi RS Ano Figura 32 Erva mate nativa na Floresta com Arauc ria e seu manejo agroflorestal Ip RS Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Subindo em uma rvore de erva mate com cerca de 12 m de altura com aux lio de escada B Atahualpa na copa da rvore C Vis o das copas de erva mate podadas com altura das rvores chegando a aproximadamente 15 m D Separa o dos ramos de erva mate na pr pria floresta E Os ramos separados s o postos em cestos para serem carregados at o carret o o qual com o trator transportado at o local do sapeco F Tronco de erva mate Ano 2010 sssssesssesessseesseesseesseesseeesseessseessresseesseeesseesssees 113 Figura 33 Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Poda da erva com fac o B Separa o dos ramos de erva mate no carret o no interior da agrofloresta Seberi RS Ano Figura 34 Sementeira de erva mate no interior da mata Seberi RS Ano 2010 116 Figura 35 Resultado da secagem dos ramos de erva mate sobre o carijo destacando se a diferen a entre os ramos que foram sapecados colora o verde e aqueles que n o foram sapecados colora o escura Panambi RS Setembro de 2007 117 Figura 36 O sapeco direto realizado por diferentes fam lias de agricultores no Rio Grande do Sul utilizando se diferentes materiais para instalar o sapecador Da esquerda para a
208. istemas florestais das propriedades Nesse sentido o conjunto de informa es sobre etnoesp cies manejo e fabrica o artesanal configura os dados a respeito da coprodu o com a natureza que permite consequentemente a an lise da conserva o ambiental No texto as esp cies s o chamadas apenas por seus nomes populares ou etnoesp cies enquanto os nomes cient ficos das esp cies s o listados nos quadros No caso de esp cies associadas fabrica o artesanal de erva mate a listagem de esp cies consta ap s a apresenta o das pr ticas Etnoesp cies dizem respeito aos nomes das esp cies conhecidas pelos agricultores na forma de nome popular Esp cies nativas s o aquelas de ocorr ncia natural no Estado do Rio Grande do Sul enquanto as ex ticas s o aquelas que n o ocorrem naturalmente no RS provenientes de outros Estados ou de outros pa ses e continentes que foram introduzidas intencionalmente ou n o O termo G amp rvad utilizado no texto deve ser entendido por erva mate O termo nato sin nimo de mata ou floresta O roteiro de entrevista AP NDICE B serviu de guia para a aplica o de perguntas durante as entrevistas e durante a observa o participante nesta ltima ocorrendo conforme o desenrolar dos acontecimentos A determina o taxon mica das etnoesp cies foi realizada predominantemente pelo pr prio pesquisador A denomina o das regi es fitoecol gicas levou por base a classifica o do IBGE
209. itas vezes viabilizada atrav s de um projeto com financiamento facilitado e com poucos juros que foi encaminhada com apoio de uma assist ncia t cnica e que pode fazer parte de uma nova pol tica p blica voltada agricultura familiar Aliada a isso est a perspectiva de um rendimento econ mico de forma que haja prosperidade Por m na maioria das vezes a continuidade de tal atividade n o tem um ou mais elementos desse encadeamento ou rede ou seja para continuar a atividade n o existem circuitos formais socialmente estabelecidos Assim como Ploeg 2008 observou em rela o agricultura camponesa essas fam lias vivem em um meio onde h uma s rie de limites e imposi es em que os agricultores n o conseguem ou t m muita dificuldade de p r em pr tica suas atividades elementares Sendo assim na fabrica o artesanal de erva mate eles precisam buscar alternativas circuitos do lado de fora dos circuitos formais da sociedade que s o regulados pelo Estado mercados e legisla o 147 Os outros fatores que se destacam na fabrica o artesanal s o a tradi o o retorno econ mico aliado clandestinidade a identifica o por parte das fam lias de um produto com melhor qualidade e benef cios sa de comparado ao da ind stria e as dificuldades intr nsecas ao processamento manual que motivam o desenvolvimento de habilidades e novidades Os fatores determinantes foram percebidos na an lise como contrapostos a
210. ividade no produtividade ecol gica e energ tica trabalho Res duos Baixos ou nulos Altos Conhecimento Hol stico grafo baseado em fatos e Especializado baseado exclusivamente cren as de transmiss o limitada e em fatos objetivos transmitido por via altamente flex vel escrita de ampla transmiss o por m estandartizado Cosmovis o A natureza uma entidade viva e A natureza um sistema ou uma sagrada Cada elemento natural encarna m quina separada da sociedade cujas em deidades riquezas devem ser exploradas atrav s da ci ncia e da t cnica Figura 13 Quadro das principais caracter sticas dos modos campon s e agroindustrial de uso dos recursos naturais Fonte adaptado de Toledo 1995 p 12 Por sustentabilidade Toledo 1992 se refere habilidade de uma cultura rural manter a produ o agr cola ao longo do tempo Assim ele sugere que se deve mudar o objetivo central da maximiza o da produ o rural e da obten o de lucro a curto prazo para uma nova perspectiva que tamb m considera a habilidade de manter a produ o por longo prazo 73 Desta forma o modelo campon s de Toledo 1995 est em estreita rela o com o modo campon s de agricultura de Ploeg 2008 em que ambos comungam mais proximamente a coprodu o com a natureza 3 7 OS M TODOS DA PESQUISA A pesquisa foi realizada entre os atores sociais identificados como agricultores familiares que fabricam erva mate p
211. ividades econ micas e de sobreviv ncia ocorrendo desde as mais envolvidas com a produ o de gr os em monocultivo as que obt m seus principais rendimentos da aposentadoria at aquelas que se dedicam venda de erva mate como principal atividade Entre as fam lias que comercializam a erva mate observou se a busca de outros rendimentos atrav s de atividades ligadas constru o civil venda do leite participa o societ ria em ervateira industrial e produ o agroecol gica apresentando grande variedade de produtos comercializados em feiras e outros espa os O trabalho na forma de troca de servi os ou a troca de servi os por produtos alguns autores o tratam com o conceito de reciprocidade RADOMSKI 2006 SABOURIN 1999 enquanto o trabalho n o agr cola realizado fora da propriedade h autores que conceituam como pluriatividade SCHNEIDER 2003 106 Mesmo com essa grande diversidade consegue se identificar caracter sticas em comum que est o de acordo com o modo campon s de fazer agricultura tratado por Ploeg 2006 2008 Por m uma de suas caracter sticas a m o de obra relativamente abundante um fator limitante entre as fam lias que fabricam a erva mate A m o de obra essencialmente familiar tendo em determinadas atividades a participa o de Fpe es ou fiaristas que comumente s o pessoas da comunidade conhecidas pelas fam lias Quanto a enorme diversidade da agricultura camponesa n
212. ividida em duas etapas bem distintas o ciclo do cancheamento e o da industrializa o ou beneficiamento executado pelo produtor e pela ind stria respectivamente No ciclo do cancheamento s o tr s opera es bem definidas sapeco secagem no carijo ou no barbaqu e cancheamento ANDRADE 2002 FAGUNDES 1995 MAZUCHOWSKI 1991 Conforme veremos entre as fam lias a fabrica o artesanal de erva mate re ne as duas etapas citadas ao n vel de produtor CORTES 1983 A defini o do trabalho artesanal pode basear se na associa o de formas de trabalho organiza o social conhecimento ecol gico local cultura e valores de acordo com suas intera es DIEGUES 1983 MALDONADO 1986 RAMALHO 2007 A defini o de Pieve et al 2009 para pesca artesanal como sendo o uso de tecnologia simples associada ao trabalho em grande parte familiar ou atrav s de grupos de parentesco irm os pais e filhos esposas e maridos genros e sogros e vizinhos adequa se ao processamento artesanal da erva mate segundo as descri es detalhadas de Cortes 1983 Mazuchowski 1991 e Berkai e Braga 2000 Existem outras refer ncias que descrevem o processo de forma menos detalhada ou d o nfase a algumas etapas do processamento ALENCAR 1960 COSTA 1989 FAGUNDES 1995 CORREIA FILHO 1957 40 Cortes 1983 descreve o processo com base no acompanhamento de agricultores citando que s o dois os tipos de secagem da erva atrav s do carijo
213. iza o onde a industrializa o submete os processos de produ o processamento e com rcio de alimentos Nesse sentido na agricultura os imp rios orientam o seu funcionamento para uma forma industrial que caracterizam a agricultura empresarial e capitalista Assim a industrializa o a express o dos imp rios assim como o meio pelo qual se sustentam e se estruturam PLOEG 2008 Os imp rios se relacionam com a sociedade de forma coercitiva onde todos os projetos com atores individuais e coletivos devem ser alinhados conforme as regras que eles estabelecem Por meio dos imp rios incluindo a industrializa o criam se desconex es em que a produ o e o consumo de alimentos est o cada vez mais desconectados entre si tanto no tempo como no espa o gerando uma produ o agr cola descontextualizada isto cada vez mais desconectada das especificidades dos ecossistemas locais e das sociedades regionais PLOEG 2008 O imp rio n o acrescenta nada ele simplesmente combina e recombina recursos j existentes Ele tem disposi o uma combina o do poder pol tico e do poder econ mico por isso ele tem entrada em m ltiplos n veis facilidades de rendimento e sistemas de distribui o que ficam fechados a outros PLOEG 2008 p 121 A Ss lt A a A medida que as transnacionais v o controlando cada vez mais a produ o o beneficiamento e o com rcio de alimentos e seus derivados tamb m os pre os
214. jos e Caldas 2006 p 211 que apesar da imagem negativa do of cio que desempenham muitos agricultores a avalia o deles sobre o espa o onde vivem o reconhecimento de atributos os quais s o valorizados e n o pretendem renunciar tais como a paz a tranquilidade a rela o com os vizinhos e o contato com a natureza Em vista do xodo e da falta de pol ticas estimuladoras para que as pessoas permane am vivendo dignamente no campo uma infinidade de escolas no meio rural foram fechadas ou tiveram seu n mero de estudantes bastante reduzido Essa tend ncia moderna questionada pelo Cenair como se pode perceber no trecho de entrevista transcrito abaixo tinha um cara que incentivava os col gio no interior que era pra aument hoje t o quase fechando os col gio no interior tinha que aument t o metendo na cidade e por que n o incentivam os col gios no interior em vez de traz l da cidade pra estud aqui n o lev os inocente pra l e vira no que t certo ou t errado Em vez de lev os inocente pra cidade tragam os da cidade pro interior pra estud n o podia faz o reverso pois a despesa a mesma Sua observa o a respeito da despesa em transportar os estudantes reflete uma valoriza o do espa o rural e que pode ser perfeitamente vi vel dependendo de que valores e de que desenvolvimento a sociedade prioriza 6 3 M O DE OBRA Uma das caracter sticas da agricultura camponesa
215. l encontrar uma erva mate sem a car para preparar um aut ntico chimarr o ga cho BERKAI BRAGA 2000 p 62 Os autores denunciam que existem ind strias que continuam adicionando a car na erva mate mesmo n o tendo a autoriza o judicial o que pode ser considerado atitude criminosa e que p e em risco a sa de de pessoas como aquelas que sofrem de diabetes Os autores ainda afirmam que esse procedimento degradante para a cultura ga cha e tal fato se deve importa o da mat ria prima da Argentina de menor pre o e mais amarga que n o apreciada pelo paladar da maioria dos brasileiros Em Panambi o resgate da fabrica o artesanal de erva mate teve como principal motivo a sa de da m e do Cenair que diab tica A motiva o partiu de uma recomenda o m dica para que ela n o consumisse a erva comercializada em supermercados que em geral prov m da fabrica o de ind strias por causa da probabilidade de haver a car em seu conte do Assim ele exp e 170 a a minha m e ficou diab tica e numa consulta l em Iju o m dico disse que a minha m e teria que tom chimarr o de erva fabricada em casa n o compr erva de mercado e da a gente come ou a volt n eu voltei novamente a fabric erval erva nativa Ela completou 100 anos de idade em fevereiro de 2010 ao que Cenair associa com o consumo da erva artesanal e hoje a minha m e ta com 100 anos e 4 meses e tomando
216. l para a continuidade da agricultura camponesa como observado no cap tulo 5 e na se o 7 1 a manuten o e o incremento da base de recursos Todas as fam lias desenvolvem tecnologias pr prias como demonstradas no cap tulo 5 o que desvenda a arte da coprodu o com a natureza Assim resultam se os principais mecanismos de resist ncia entre as sete fam lias de agricultores a coopera o b reciprocidade c pluriatividade d com rcio informal e e coprodu o manuten o e incremento da base de recursos Enquanto na l gica da agricultura moderna parece haver um distanciamento dessa sinergia com a natureza a ponto de usurpar os recursos dispon veis na l gica camponesa de agricultura essa rela o mais ntima de forma a haver uma aproxima o ou interdepend ncia maior com a natureza A correla o entre a continuidade da agricultura camponesa e a conserva o ambiental mostra que as fam lias que t m maiores perspectivas de continuar a fabrica o artesanal de erva mate e seu modo campon s de agricultura de maneira que exista continuidade para as pr ximas gera es s o os casos mais prof cuos na conserva o ambiental figura 65 Fam lias Continuidade Conserva o Conserva o atual futura Santo Ant nio do Palma Ip Sim Incrementada pr spera e Seberi Bozano Sim Est vel Panambi Humait N o Incrementada comprometida Santo Cristo N o Est vel compromet
217. la o da resist ncia com a conserva o ambiental A partir disso sete fam lias de camponeses passaram por uma pesquisa qualitativa de enfoque etnogr fico aplicando se entrevistas e observa o participante A resist ncia camponesa foi analisada como sendo a express o de um estilo de agricultura ou de um modo de vida a camponesa em contraposi o ao modelo dominante representado pela agricultura empresarial e capitalista Os elementos determinantes nas fam lias para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate e coincidentemente com o modo de vida campon s s o a sucess o familiar os incentivos assist ncia t cnica cr dito pol ticas p blicas a m o de obra dispon vel a tradi o a economia ligada busca de alternativas de mercado o apre o em qualidade e a sa de identificados na erva mate artesanal e as dificuldades dos trabalhos manuais que motivam o desenvolvimento de habilidades e fnovidadesO Outro elemento fundamental para a continuidade da agricultura camponesa a coprodu o exercida com a natureza a base de recursos como os ecossistemas e as esp cies nativas em especial a erva mate Descobriu se que entre esses agricultores a sua prosperidade est intimamente ligada conserva o ambiental A degrada o e supress o das matas e a perda de diversidade e qualidade na base de recursos s o incoerentes com a perspectiva de continuidade da agricultura camponesa Os elementos caracter stic
218. la modernizaci n de la agricultura y la industrializaci n de la cadena productiva de la yerba mate El objetivo de la investigaci n fue analizar el proceso de resistencia de los agricultores familiares de la mitad norte de R o Grande del Sur que practican la fabricaci n artesanal de la yerba mate frente a la agricultura moderna empresarial y capitalista la industrializaci n y la relaci n de la resistencia con la conservaci n ambiental Para ello se realiz una investigaci n cualitativa a 7 familias de campesinos aplicando entrevistas y observaci n participante La resistencia campesina fue analizada como una expresi n de un estilo de agricultura o del modo de vida campesina en contraposici n al mnodelo dominante representado por la agricultura empresarial y capitalista Los factores determinantes en las familias para la continuidad de la fabricaci n artesanal de la yerba mate y con el modo de vida campesina son la sucesi n familiar los incentivos asistencia t cnica cr dito y pol ticas p blicas la mano de obra disponible la tradici n la econom a ligada a la b squeda de alternativas de mercado la calidad y salud identificadas en la yerba mate artesanal y las dificultades de los trabajos manuales que incentivan el desarrollo de habilidades y fnovedades Otro elemento importante para la continuidad de la agricultura campesina es la coproducci n ejercida con la naturaleza la base de recursos los ecosistemas y las
219. lexibilidade no tamanho das propriedades devido aos fatores de partilha por heran a diminui o ou aumento das reas de terra os agricultores familiares ficam circunscritos a uma pequena rea de terra onde necessitam racionalmente gerir a sua base de recursos de forma a mant la e a increment la o melhor poss vel Nas fam lias investigadas a rea do conjunto das propriedades por fam lia varia entre cerca de 10 a 33 ha Nesse sentido as gera es tiveram que se adaptar aos ambientes naturais e deles que retiraram recursos importantes para a sua sobreviv ncia como at hoje acontece O fato de depender de uma base de recursos limitada significa um diferencial intr nseco aos agricultores familiares fato que comum hoje em dia a todos que dependem diretamente dos recursos naturais para a sua sobreviv ncia Portanto a diversidade da agricultura familiar se relaciona com um processo hist rico e com a trajet ria de vida de cada fam lia O que a realidade nos mostra uma enorme heterogeneidade que mistura o tradicional com o moderno transformando os conforme o protagonismo e a habilidade dos atores sociais O desenvolvimento de conhecimentos e de pr ticas misturando saberes antigos e modernos acontece com as popula es camponesas em geral como destacou Toledo 1992 p 11 chamando a de ftradi o moderna ou uma s ntese entre tradi o e modernidade como ser visto no pr ximo cap tulo 108 5 O CONHECIME
220. lidade da fam lia e na constru o de seu patrim nio Assim a rela o dos agricultores com o mercado dependeria da sua condi o de camponeses como no estudo de Lamarche 1998 A rela o com o mercado n o exclui a l gica camponesa que fundamentalmente orienta as decis es da fam lia e a ela tem seu foco de produ o e reprodu o o campon s adormecido que permanece no agricultor familiar JOLLIVET 2001 e fbem acordadoO segundo Wanderley 2009 De acordo com Wanderley 1999 os agricultores familiares t m que se adaptar s mudan as socioecon micas da atual sociedade e mesmo assim n o h uma ruptura total e definitiva com o modo de vida ou funcionalidade anterior da fam lia ou seja ela segue tendo uma tradi o camponesa que calcada na propriedade dos meios de produ o pelo trabalho na terra e por modalidades de produ o e manifesta o de valores e tradi es patrim nio sociocultural em torno da e para a fam lia Entre outras caracter sticas tamb m podem ser atribu das a reciprocidade a economia de subsist ncia e o desenvolvimento de t cnicas que permitiram sua sobreviv ncia mediante o conhecimento satisfat rio dos recursos naturais C NDIDO 1977 Indo mais al m existe uma dimens o simb lica uma ideologia que se relaciona com a natureza da experi ncia humana expressada em atos e ideias cerimoniais e cren as A ideologia tem significado moral e atrav s dela se sustenta a continuidade
221. ltores do Alto Uruguai e do Planalto M dio regi es onde a agricultura representada pela moderniza o preponderante manifestam a situa o amea adora que a agricultura familiar enfrenta como mostra a fala de uma das fam lias parece que ta tudo combinado Vamo faze tudo isso pro pequeno ir tudo embora De outra maneira eles n o tinha pra termina com o pequeno agricultor o transg nico extermina com o pequeno o pequeno n o tem condi es de bota veneno e o grande tem Era mais lagarta na soja N o existia ferrugem Fizeram o transg nico n o foi tr s ano in aram de ferrugem tem que passa tr s vezes o veneno pra controla Em Bozano a fam lia entrevistada pode ser considerada a que est mais engajada na agricultura empresarial em vista de que sua principal atividade o cultivo de monoculturas soja milho trigo que s o comercializadas na COTRIJU A rea de arrendamento para o plantio chega a 60 ha O Victor manifesta se contente em rela o s sementes transg nicas no causo a princ pio ta bom porque ele barateia o custo e vai menos veneno n e venenos mais fraco porque no convencional ia muitos veneno brabo eu acho que era pior usa mais o secante agora s o secante e o secante n o t o perigoso veneno tamb m n Mas o tempo do convencional ia o tal de trifluralina e essa s vai pra baixo s puxa pra baixo e tinha o outro Septer tamb m era um veneno meio brab
222. m mais posses financeiras s o favorecidos A demarca o entre agricultura camponesa e empresarial dif cil de ser estabelecida por m se sabe que dentro da categoria dos agricultores familiares particularmente se referindo regi o norte e noroeste do Rio Grande do Sul h predom nio das lavouras mecanizadas em que a margem de lucro obtida pela produ o depende da balan a comercial e da cota o internacional dos pre os dos gr os Essa depend ncia da agricultura camponesa em rela o a este tipo de mercado como assinalou Ploeg 2008 pode representar limites e amea as ao modo campon s de agricultura Por conseguinte a sua base de recursos poder ser prejudicada em vista dessa depend ncia pois a maior parte das m quinas equipamentos e insumos s o viabilizados externamente unidade agr cola e a renda anual basicamente oriunda da venda de gr os e ou do leite o que faz aumentar os riscos em vista do squeeze na agricultura Mesmo com a participa o desses agricultores na cadeia de agricultura moderna percebe se que eles em v rios aspectos seguem caracter sticas da l gica camponesa condi o camponesa Por exemplo valores que se expressam pela busca de autonomia da unidade familiar ou da comunidade sendo movida atrav s da reciprocidade seja trocando 178 servi os fazendo mutir es trocando alimentos emprestando equipamentos e m quinas cooperando se para a aquisi o de uma m quina Outra ca
223. m nestas reas como demonstram os resultados dos levantamentos das plantas conhecidas pelos agricultores figura 61 44 A mostra pedag gica apoiada pelo Minist rio da Educa o da Fran a aborda a import ncia da madeira leia se tamb m lenha e bosques como a primeira fonte de energia utilizada pelos seres humanos tendo import ncia fundamental em tradi es culturais e para a aprendizagem de crian as Fonte Minist rio Nacional de Educa o da Fran a Dispon vel em lt www ledeveloppementdurable fr gt Acesso em set 2010 ETNOESP CIES ESP CIE NOME CIENT FICO FAM LIA P B SAP 1 sc Hm s N o informado Gleditsia amorphoides Griseb Taub Fabaceae X A oita cavalo Luehea divaricata Mart amp Zucc Malvaceae X X X X Agua mirim vassourinha Chrysophyllum marginatum Hook amp Arn Radlk Sapotaceae X Alecrim Holocalix balansae Micheli Fabaceae X X Angico branco Cf Albizia edwallii Hoehne Barneby amp J Grimes Fabaceae X Angico vermelho Parapiptadenia rigida Benth Brenan Fabaceae X X X X X X Ara Psidium cattleianum Sabine Myrtaceae X X X Araticum quaresma Annona spp Annonaceae X X X X X X Arauc ria Araucaria angustifolia Bertol Kuntze Araucariaceae X X X Arumbeva Opuntia monocantha Willd Haw Cactaceae X Biti Aspidosperma australe M ll Arg Apocynaceae X Bracatinga Mimosa sc
224. ma das situa es descritas a forma de resolu o do caso foi sacrificar a pessoa com uso de rev lver transparecendo que na situa o onde estavam n o havia recursos m dicos GOMES 1986 A economia da empresa Mate Laranjeira que depois se tornou uma companhia chegou a representar o maior movimento de capital do antigo Estado do Mato Grosso O empreendimento surgiu a partir de um catarinense chamado Thomaz Laranjeira que no in cio explorava os ervais utilizando carro as e o servi o de pe es SEREJO 1986 Infelizmente at hoje acontecem epis dios de trabalho escravo em ervais nativos como foi publicado pela Ag ncia Rep rter Brasil em 14 de julho de 2010 para o munic pio de Calmon em Santa Catarina e em 27 de agosto de 2009 para Bituruna no Paran INSTITUTO HUMANITAS 2011 Durante a disputa do territ rio sul americano Portugal e Espanha viram como estrat gicas a ocupa o da Bacia do rio da Prata pela qual se poderia ter acesso s riquezas minerais e o interesse crescia em torno das minas de Potos hoje pertencente Bol via e aos ervais que estavam se tornando uma mercadoria rent vel A conquista dos ervais se deu inicialmente pelas col nias da Espanha em vista de terem avan ado a ocupa o e explora o do territ rio anteriormente aos portugueses Ap s a perda do dom nio da navega o nas rotas da sia e frica Portugal avan a a ocupa o na Am rica o que ocasionou a disputa por territ rio
225. mate figura 57 143 Figura 56 Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Trilhadira em Ip B Cancheamento da erva mate em trilhadeira em Bozano C Cancheamento em motriz de colheitadeira adaptada Seberi D Detalhe da erva cancheada por trilhadeira em Bozano RS Ano 2010 Fonte acervo do autor Figura 57 A e B Cancheamento da erva mate em m quina com barras met licas sendo tracionada com energia el trica Lagoa dos Tr s Cantos e Humait respectivamente RS Ano 2010 Fonte acervo do autor 144 5 5 SOQUE Essa etapa consiste em deixar a erva mate pronta para o consumo na forma de chimarr o resultando com diferentes granula es Os antigos pil es de madeira n o s o mais utilizados para esta pr tica ficando guardados nos galp es de algumas propriedades Atualmente as fam lias utilizam soque desde duas at seis m os de pil o sendo movimentados atrav s de energia el trica motor a combust o ou energia hidr ulica turbina d gua ou roda d igua como mostrados na figura 59 Alguns soques foram constru dos pelos pr prios agricultores em que a madeira foi extra da de suas propriedades Bozano angico vermelho e cabre va Santo Ant nio do Palma angico vermelho e canjerana Santo Cristo cabre va alecrim guajuvira guabiju e canaf stula figura 58 NOME POPULAR ESP CIE FAM LIA USO Cordia americana L Gottshling amp Boraginaceae
226. mato em sua propriedade Faz algum tipo de manejo no mato O que usado do mato Para qu Que plantas do mato voc conhece Quais os usos dessas plantas Qual a import ncia do mato Ele deve ser preservado Por qu O que pensa sobre as leis ambientais O que pensa sobre a exig ncia de reflorestar beiras de rios sangas e a udes Isso pode prejudicar suas atividades na propriedade poss vel manejar o mato usando lenha e madeira e ao mesmo tempo deix lo em p preservado Que bichos do mato tem aqui De antigamente para hoje ser que os bichos est o voltando ERVA MATE l 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Por que faz erva mate H quanto tempo voc faz erva mate artesanal Como aprendeu a fazer erva Seus pais av s bisav s faziam erva Como aprenderam Essa pr tica tradi o de onde vem Por que continuou a fazer erva Como era fazer erva antigamente Tinha muito p de erva Tinha mais mato Faz erva de quanto em quanto tempo Quantas pessoas trabalham Quem ajuda a fazer erva Como combinam para fazer erva 219 13 De onde vem a erva que voc usa 14 Como o cultivo de seu erval 15 plantado ou se tira do mato 16 Como o manejo da erva no mato 17 A cada quanto tempo se poda a erva 18 Qual a melhor poca pra cortar a erva Por qu 19 Existem variedades de erva Quais 20 Qual a melhor variedade 21 Que lenha usada para
227. me o leite H cerca de um ano compraram uma ordenhadeira que a Frida est aprendendo a manusear no entanto algumas vezes a filha ca ula faz o servi o Existem reas de pastagem e milho que se destinam alimenta o do gado o qual tamb m circula pela mata ciliar de um riacho Para o autoconsumo tamb m h cria o de porcos algumas rvores frut feras pera caqui nozes e c tricas uma pequena horta e fazem melado Uma caracter stica peculiar dessa fam lia o fato de ser s cia de cinco cooperativas 96 Figura 23 Potreiro em primeiro plano Ao fundo do outro lado do riacho reas de pastagem e outros cultivos arrodeados pela mata Santo Cristo RS Junho de 2010 Fonte acervo do autor 4 4 5 Noel e Mercedes mais mato menos lavoura Em Seberi a unidade familiar constitu da por tr s pessoas sendo Noel e Mercedes em uma faixa de idade entre cinquenta e sessenta anos e o filho mais novo Sep com idade de 18 anos Sep concluiu o ensino m dio e est pensando em fazer algum curso superior O casal possui uma filha que mora com seu esposo na mesma propriedade e um filho mais velho casado e residente na zona urbana o qual tamb m trabalha no ramo ervateiro por m industrial A origem da Mercedes do interior de Seberi onde viveram seus pais e av s de origem ind gena e mesti a Seus antepassados sempre trabalharam com erva mate e essa hist ria segue por mais de cem anos O Noel de descend
228. me oportunizado ver como se processa erva mate artesanal pelas idas ao mato s pescarias e s viv ncias no meio rural Aos demais familiares pela motiva o em especial minha irm Ana Maria a meus av s maternos e a meu tio Dalmir Lima Godoy Ao amigo Lu s Pires de linha Gramado pela parceria e por ele ter proporcionado algumas viv ncias para os universit rios aprenderem a tradi o de processar erva mate artesanal viv ncias que motivaram grandemente a realiza o desta pesquisa Ao meu orientador F bio Kessler Dal Soglio pelo incentivo em fazer esta pesquisa e ingressar no curso de mestrado em Desenvolvimento Rural A ele e a minha co orientadora professora Rumi Regina Kubo pela orienta o A Tha s Caroline Nunes Barreto pelo companheirismo durante o meu trabalho Ao profissionais do Programa de P s Gradua o em Desenvolvimento Rural PGDR dos restaurantes universit rios e das bibliotecas da UFRGS Ao amigo Martin Zamora pela hospedagem e mates uruguaios durante as primeiras semanas de in cio do curso de mestrado em 2009 CEFAV Casa de Estudante das Faculdades de Agronomia e Veterin ria pela oportunidade em ter moradia estudantil durante um ano equipe do PLAGEDER curso de gradua o tecnol gica em Planejamento e Gest o para o Desenvolvimento Rural pela oportunidade em ser tutor dist ncia CAPES pela bolsa concedida para a realiza o deste trabalho s fam lias de agricultores que
229. mia est o relacionadas com a no o de preservar a natureza Se dependesse apenas da condi o camponesa a conserva o ambiental talvez estivesse assegurada pois os dados demonstram uma rela o de interdepend ncia com o seu estilo de agricultura ou poder amos relacionar ao seu corpus e a 193 sua praxis TOLEDO BARRERA BASSOLS 2010 e a sua moralidade conforme Woortmann 2009 ou kosmos conforme Toledo e Barrera Bassols 2010 respectivamente Entre as fam lias que desenvolvem e manejam SAF verifica se que al m de manterem as matas est havendo a diversifica o de cultivos de base agroecol gica Processo semelhante observa se entre as fam lias de Panambi e Humait uma vez que est o enriquecendo seus quintais com esp cies florestais nativas e cultivando esp cies ex ticas para lenha como eucalipto e uva japonesa apesar de a terra ser um recurso limitado Estes fatores t m consequ ncias diretas na conserva o dessas reas A partir desta perspectiva da diversifica o da base de recursos sintetizou se a situa o da conserva o ambiental entre as sete fam lias de agricultores Cinco fam lias incrementaram a sua base de recursos enquanto duas das fam lias mant m os recursos naturais de maneira est vel figura 63 Fam lias Conserva o atual Santo Ant nio do Palma Ip Seberi Panambi e Humait Incrementada Bozano Santo Cristo Est vel Figura 63 Quadro com a s n
230. migrat ria de outros parentes Justificaram a vinda pela melhor qualidade das terras de Humait Em Jaguari onde moravam n o tinha terra boa era uns perau uns cerro Quando chegaram para morar na localidade disseram que era tudo mato Como tinha muito mato tudo foi derrubado para usar em serrarias e marcenarias Esse processo aconteceu por volta das d cadas de 1950 e 1960 coincidindo com a expans o das lavouras mecanizadas do trigo e da soja seguindo se a derrubada dos ervais nativos O pai do Hor cio trabalhava como ferreiro e na marcenaria de parentes Sempre trabalharam com lavoura e cultivos e cria es para o consumo pr prio Quando jovens o Hor cio e seus irm os eram impedidos de trabalhar na marcenaria ent o apenas observavam por causa disso sa am para trabalhar como diaristas para vizinhos e outros agricultores 94 Depois que ele terminou de estudar o antigo Grimeiro grau trabalhou em uma marcenaria durante quatro anos em Toledo PR Em apenas um ano de experi ncia aprendendo a profiss o seu patr o permitiu que ele trabalhasse de forma individual na empresa onde fabricava m veis como estantes mesas e cadeiras Depois disso teve que voltar a Humait para ficar cuidando de sua m e pois o pai havia falecido O outro irm o que estava em casa havia se mudado para o Estado do Mato Grosso onde ficou por pouco tempo retornando depois para morar com eles Hor cio desta forma n o quis voltar ao Paran on
231. mo central a condi o de agente A partir dela ele explicita o modo campon s de fazer agricultura que se baseia em formas m ltiplas e coerentes como os camponeses determinam o processo agr cola de produ o e est enraizado na condi o camponesa e prov m dela PLOEG 2006 2008 As dez caracter sticas da condi o camponesa sintetizadas por Ploeg 2008 grifo nosso s o a luta por autonomia 1 o contexto caracterizado por rela es de depend ncia 4 Zarth 1998 diferenciou dois modos de vida diferentes entre os camponeses no sul do Brasil sendo o ftolono que o imigrante ou filho de imigrantes europeus e o fraboclo cujo modo de vida mais pr ximo do modo de vida original do ind gena Desta forma o termo folono ser tamb m considerado embora nem sempre corresponda a descendentes de europeus n o ib ricos 50 marginaliza o e priva es 2 ela tem por objetivo e se concretiza com a cria o e desenvolvimento de uma base de recursos auto controlada e auto gerenciada 3 a base de recursos permite formas de coprodu o 4 entre o homem e a natureza viva que interagem com o mercado 5 permitem a sobreviv ncia e perspectivas de futuro 6 e realimentam se na base de recursos e a fortalecem melhorando o processo de coprodu o e fomentando a autonomia 7 e dessa forma reduzem a depend ncia 8 a base de recursos pode ser fortalecida atrav s de atividades n o agr colas 9 e por a es de co
232. n 1990 MARQUES F C Velhos conhecimentos novos desenvolvimentos transi es no regime sociot cnico da agricultura A produ o de novidades entre agricultores produtores de plantas medicinais no sul do Brasil 2009 220 f Tese Doutorado em Desenvolvimento Rural 210 Faculdade de Ci ncias Econ micas Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009 MARSDEN T Theorising food quality some key issues in understanding its competitive production and regulation In HARVEY M MCMEEKIN A WARDE A Qualities of food New York Palgrave 2004 p 129 155 MARTINEZ ALIER J The environmentalism of the poor Cheltenham Edward Elgar 2002 MATTOS A G Caracteriza o das pr ticas de manejo e das popula es de erva mate Ilex paraguariensis A Saint Hil nativa em explora o no planalto norte catarinense 2011 180 f Disserta o Mestrado em Ci ncias Universidade Federal de Santa Catarina Florian polis 2011 MAZUCHOWSKI J Z Manual da erva mate Curitiba Emater 1991 MCCORMICK J Rumo ao Para so a hist ria do movimento ambientalista Rio de Janeiro Relume Dumar 1992 MENEZES M A O cotidiano campon s e a sua import ncia enquanto resist ncia domina o a contribui o de James C Scott Ra zes Campina Grande v 21 n 1 p 32 44 2002 MIRANDA A V Por tierra la comunidad y la democracia In LARRAIN S AEDO M P SEP LVEDA L Alternativas vivientes exper
233. n ALMEIDA J Org A moderniza o da agricultura Porto Alegre UFRGS 2010 p 19 58 NORDER L A C Mercantiliza o da agricultura e desenvolvimento territorial In SCHNEIDER S Org A diversidade da agricultura familiar Porto Alegre UFRGS 2006 p 57 81 OLIVEIRA Y M M ROTTA E rea de distribui o natural de erva mate Ilex paraguariensis St Hil In SEMIN RIO SOBRE ATUALIDADES E PERSPECTIVAS FLORESTAIS SILVICULTURA DA ERVA MATE 10 1985 Curitiba Anais Curitiba EMBRAPA 1985 p 17 36 PACHECO M F S D Divis o regional do Rio Grande do Sul Boletim Geogr fico do Rio Grande do Sul Porto Alegre v 1 n 4 p 7 17 1956 PAIM E S ORTIZ L S Org Hidrel tricas na Bacia do rio Uruguai guia para ONGs e movimentos sociais Porto Alegre N cleo Amigos da Terra Brasil 2006 PALMEIRA M Moderniza o Estado e quest o agr ria Estudos Avan ados S o Paulo v 3 n 7 p 87 108 set dez 1989 Dispon vel em lt http www scielo br pdf ea v3n7 v3n7a06 pdf gt Acesso em 3 jun 2011 PEREGALLI E Como o Brasil ficou assim S o Paulo Global 2001 PIEVE S M N KUBO R R COELHO DE SOUZA G Pescadores artesanais da lagoa Mirim etnoecologia e resili ncia Bras lia MDA 2009 PLOEG J D V Camponeses e imp rios alimentares lutas por autonomia e sustentabilidade na era da globaliza o Porto Alegre UFRGS 2008 PLOEG J D V O modo de produ o campon s r
234. na Bacia do Prata em fins do s culo XVIII MORAES CARDOSO 2009 5 Ea d E di E g Tarefeiro a designa o da pessoa que corta a erva geralmente utilizando fac o Muitas vezes cabe lhe apenas a tarefa de podar as rvores reunindo os galhos em grandes feixes chamados ra dos que depois s o transportados 33 Por parte de Portugal os bandeirantes paulistas ficaram conhecendo a erva mate durante a anexa o de Portugal a Espanha 1580 1640 a ponto de irem conquistando as redu es jesu ticas do Guair em 1638 Ap s a restaura o do trono portugu s a conquista avan ou para o oeste e chegaram a Maracaju MS onde encontraram ricos ervais em que os guaranis a chamavam de Congoin o que alimenta sendo assim entre os brasileiros a erva era conhecida pelo nome de ACongonha Justamente a partir de 1720 que Portugal toma resolu es para a explora o da erva o que mais tarde v m a contribuir para a disputa pelo territ rio da bacia do Prata ocasionando os diferentes tratados e finalmente a expuls o dos jesu tas e a Guerra Guaran tica no Rio Grande do Sul LESSA 1986 No S culo XVIII as redu es jesu ticas no Rio Grande do Sul que pertenciam a Espanha estavam bem desenvolvidas Foram denominadas de Sete Povos das Miss es e correspondem segunda fase das Miss es no Rio Grande do Sul 1682 1750 Nesse per odo os jesu tas e ndios j tinham avan ado em t cnicas de cultivo da erva mate dinamizando a
235. na cidade se tivesse aqui na col nia tava morrendo de fome V o arrum emprego aqui o agricultor t fraco ent o n o pode pag bem pra um pe o ent o n o tem jeito a cidade eles v o busc a cidade acho eu v o estud e ficam por l n o v m mais pra c amigo Em regi es do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina esse fen meno chega a evoluir para uma masculiniza o do meio rural como reportado por B chtold 2010 Blum 1999 e Sacco dos Anjos e Caldas 2006 Esse mesmo fato foi relatado por um t cnico da EMATER de Santo Cristo como a sa da das mulheres do meio rural sendo inclusive incentivadas para isso enquanto os homens estariam permanecendo em maior propor o nas reas agr colas O fato de haver poucas mulheres no meio rural consequentemente estimularia os homens a tamb m migrar para a cidade O Cenair enfatiza que os pequenos agricultores est o fracos mas afirma que essa situa o pode ser revertida a partir de uma melhor condi o social e econ mica e nesse caso constituindo se uma op o de vida associada ao bem estar 154 mas o pai t pobre ai ele n o vem voc tem que t estrutura se eu fosse forte eu tinha dois tr s eu tinha um t cnico um jardineiro formado especializado em jardinagem tem que s forte mas na pobreza a vai arrum o qu Mas que a sa da aqui uma vida tranquila bonita a n amigo Esses mesmos valores foram observados por Sacco dos An
236. ncia germ nica e natural de Catu pe de onde veio com seus pais e irm os quando ele tinha oito anos de idade Em Catu pe n o existia erva nativa e nem plantada por isso eles nem conheciam O pai dele plantava alfafa vendendo a para o ex rcito Depois que vieram a Seberi passaram a trabalhar com erva foram aprendendo e aperfei oando tamb m em vista de que os familiares da Mercedes trabalhavam com isso Na propriedade eles fabricam erva artesanal utilizando a secagem em barbaqu a principal fonte de renda sendo produzida semanalmente em torno de 200 a 300 kg A mat ria prima em uma propor o de um quarto suprida pelos ervais pr prios que s o cultivados em sistema agroflorestal o restante adquirem de vizinhos figura 24 Eles fazem 97 parte de uma associa o de pequenos agricultores cujo objetivo o de promover assist ncia t cnica e a comercializa o da produ o das fam lias associadas Figura 24 Erval em sistema agroflorestal Seberi RS Maio de 2010 Fonte acervo do autor Parte da renda da unidade agr cola prov m de uma ervateira industrial na qual eles s o s cio propriet rios Ela de car ter basicamente familiar pois as pr prias fam lias s cias se encarregam da m o de obra e gest o necess rias empresa sendo espor dica a contrata o de funcion rios O empreendimento foi adquirido a partir da venda de terras obtidas por heran a Parte da mat ria prima comprada do Par
237. ncias Sociais cl ssica sempre se deteve nas a es de movimentos sociais e partidos no processo de transforma o social como os conflitos rebeli es e atos abertos Ele descortina as a es cotidianas dissimuladas sobre o comportamento das pessoas dominadas em rela o aos seus dominantes como fofocas fazer corpo mole fazer se de desentendido desobedi ncia a ordens n o trabalhar ou fazer boicote furtos condescend ncia surrupio simula o fuga fantasia maledic ncia difama o inc ndio culposo Essas a es n o ocorrem de forma organizada e articulada no sentido formal mas elas se coordenam na medida em que se desenvolvem a partir de uma densa e rica rede informal dos atores sociais sendo a fronteira entre as a es individuais e coletivas nebulosa Elas somente constituem resist ncia quando deixam de ocorrer de forma isolada Scott d import ncia estratifica o social no comportamento dos indiv duos e sua an lise se centra nas rela es de poder domina o e resist ncia embora questione as teorias estruturalistas da a o social afirmando que os indiv duos podem se utilizar de diferentes estrat gias nas intera es sociais MENEZES 2002 MONSMA 2000 Neste mesmo sentido Certeau 2008 foca a sua an lise no comportamento dos consumidores nas pessoas comuns averiguando as t ticas que elas utilizam para subverter a 17 As lutas sociais dos camponeses poderiam ser reunidas para resultar em uma an
238. nd conventional food networks in Europe Journal of Economic Geography Oxford n 6 p 181 199 2006 214 SOUZA J O C fios fantasmas das brenhasG etnografia invisibilidade e etnicidade de alteridades origin rias no sul do Brasil 1998 Tese Doutorado em Anstropologia Social Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 1998 SOUZA V C LORENZI H Bot nica sistem tica Nova Odessa Instituto Plantarum 2006 THE MEATRIX New York GRACE Communications Foundation Dispon vel em lt http www themeatrix com gt Acesso em 3 mar 2011 TOLEDO V M BARRERA BASSOLS N Etnoecolg a y conservaci n en Latinoam rica In ALVES A G C SOUTO F J B PERONI N Etnoecologia em perspectiva natureza cultura e conserva o Recife NUPEEA 2010 p 41 72 TOLEDO V M Campesinidad agroindustrialidad sostenibilidad los fundamentos ecol gicos e hist ricos del desarollo rural Ciudad del M xico Grupo Interamericano para el Desarollo Sostenible de la Agricultura y los Recursos Naturales 1995 TOLEDO V M What is ethnoecology Origins scope and implications of a rising discipline Etnoecologica v 1 n 1 p 5 21 1992 VALDUGA E Caracteriza o qu mica e anat mica da folha de Ilex paraguariensis Saint Hilaire e de algumas esp cies utilizadas na adultera o do mate 1995 97 f Disserta o Mestrado em Tecnologia Qu mica Setor de Tecnologia Universidade Federal do Paran C
239. ndireto realizado manualmente com o aux lio de uma sapecadeira cilindro de metal girat ria Da esquerda para a direita e do alto para baixo A e B Ip C Detalhe do sapeco onde o homem vai pondo os ramos de erva dentro da sapecadeira ao lado de fora do galp o do barbaqu Seberi D Vis o da parte interna do galp o do barbaqu onde o agricultor gira o cilindro e os ramos sapecados v o caindo no piso do galp o Seberi Ano Figura 41 Os diferentes tipos de carijo Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Carijo com telhado no interior da mata Bozano B Carijo e sapecador na beira de curso d gua Panambi C Detalhe do carijo mostrado em B com suas paredes internas preenchidas com pedras D Carijo com estrado de madeira e tela Santo Cristo Ano Figura 42 A disposi o dos ramos de erva mate sobre o carijo Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Carijo com os ramos de erva mate e suas bordas vedadas para o m ximo aproveitamento do calor Panambi B pondo os feixes de erva sobre o carijo Bozano C retirando ramos de erva que est o muito abaixo do estrado para evitar o risco de inc ndio do carijo Panambi D Carijo com os feixes de erva Santo Cristo E Vis o em detalhe da face embaixo do estrado de taquara mostrando seu espa amento e os ramos de erva Bozano F O carijo com os feixes de erva dispostos verticalmente Bozano Ano Figura 43 A lenha e o in cio do fogo no carijo
240. nforme constatado nas entrevistas das fam lias do Alto Uruguai o xodo n o parou continua a juventude vai faz o que no interior faz o que nas grota quem mora mais em terreno dobrado n o tem Se vai vend o milho hoje n o paga os custo de produ o Pra grande propriedade d o grande produtor pega os insumo direto na f brica pra ele sai baratinho ele mesmo tem caminh o n o tem frete O pequeno j produz pouco tem que pag mais mais gasto E no nosso caso diferente porque l o freteiro ganha o comerciante ganha pra repass pra n s estoura tudo os custo no pequeno e no grande n o estoura isso a E no nosso caso se n s plantasse milho soja n s j tinha dado a terra Jorge e Frida enfatizam que o governo deveria tomar provid ncias para que os camponeses n o entreguem as terras nas m os dos fazendeiros deveria dar a terra queles que trabalham nela Da forma como est eles preveem o t rmino da col nia Relatam que o pr prio Banco da terra n o est sendo bem sucedido no munic pio de Alecrim os agricultores n o conseguem pagar as presta es por isso vendem aos grandes os quais podem pagar Na concentra o da terra a aquisi o de propriedades se d tamb m por gente da cidade como funcion rios p blicos aposentados funcion rios de bancos advogados m dicos entre outros que investem na cria o de gado De acordo com o Jorge f N o deixa pra esses grande eles sempre ficam ma
241. nha para a secagem de erva mate Outras frut feras mais citadas foram a uvaia a cerejeira o ara a goiaba da serra o araticum e o ing por m este ltimo nem sempre visado como frut fera O guamirim bastante citado pode referir se a diferentes esp cies de Myrtaceae visto que um nome bastante gen rico Entre as esp cies utilizadas para lenha mais citadas est o o branquilho o angico vermelho a guajuvira e o camboat vermelho tamb m utilizadas para secar erva Entre esp cies madeireiras que foram muito exploradas antigamente mas que hoje s o pouco utilizadas ou que permanecem na mem ria madeira de lei uma pelos poucos indiv duos existentes e outra pela maior restri o de corte dessas esp cies est o o cedro o louro pardo a cabre va a caroba e o ip amarelo Outras esp cies citadas como a canela do brejo geralmente lembrada como sendo muito utilizada no passado para confeccionar canga de boi o tarum foi descrito pelo Jorge como sendo timo para fazer palanque de cerca pois o seu cerne leva muito tempo para terminar grande durabilidade Tamb m entre elas foram citadas como medicinais a pata de vaca limpa urina diabetes a Gleditsia amorphoides N o foi alvo desta pesquisa a abordagem de quest es m sticas e simb licas relacionadas as esp cies como observadas e citadas por SILVA et al 2010 e SOARES 1974 No entanto dos relatos dos agricultores entrevistados nas regi es norte e no
242. noculturas principalmente soja e trigo utilizando se da energia do petr leo essencialmente BRUM 1988 A expans o da agricultura moderna ocasionou uma mudan a brusca nas propriedades rurais tradicionais Uma minoria dos agricultores aqueles que se estruturaram de forma empresarial foram mais ou menos favorecidos enquanto os pequenos propriet rios rurais foram sendo marginalizados no processo BRUM 1988 Esse processo ocasionou efeitos sociais como o xodo rural a concentra o fundi ria e a deteriora o da qualidade de vida no campo PALMEIRA 1989 e tamb m efeitos ambientais NEVES et al 2010 O avan o da fronteira agr cola desrespeitou inclusive territ rios ocupados por popula es ind genas como os Kaiow no Mato Grosso do Sul onde houve instala o de fazendas de gado e explora o das matas contribuindo com o confinamento dos ndios BRAN D apud CONTINI 2006 Apesar da intensa implanta o de uma estrutura e log stica para desenvolver a agricultura moderna entre os agricultores familiares a ades o aos pacotes tecnol gicos foi parcial revelando as diferentes formas pelas quais as novas tecnologias foram apropriadas De acordo com Brum 1988 a implementa o da agricultura moderna no Brasil obedeceu conjuntura internacional sendo um processo de ffora para dentro comandado pelas corpora es transnacionais tendo como estrat gia subordinar outras organiza es e os pr prios Es
243. nos anseios de vida dos camponeses n o seja um fator f cil de identificar caso a caso mas de maneira global ou conjunta um fator percept vel A modernidade ou os valores modernos de vida urbana foram e s o intensamente veiculados como sendo o caminho dos sonhos de todo indiv duo e nisto cumprem papel importante os meios de comunica o de massa Nesse sentido o meio rural foi bombardeado por esses valores e ao mesmo tempo n o se deu nenhuma import ncia ao espa o rural como um espa o de vida W ANDERLEY 2009 Percebe se tamb m que as propagandas da m dia em rela o ao rural at poucos anos atr s ou ainda hoje enfatizam apenas um tipo de ator social o Gigricultor fazendeiro aparecendo vestido com cal a jeans em estilo cowboy e possuindo uma caminhoneta a mais moderna poss vel e logo atr s uma lavoura de soja A imagem do agricultor foi voltada para um fempres rio rural em conformidade com a modernidade WANDERLEY 2009 Nesse sentido os agricultores familiares camponeses Gequenos agricultores popula es tradicionais e ind genas n o xistiam dentro desses novos valores modernos e mesmo para as pol ticas p blicas assist ncia t cnica e forma o de profissionais voltados para atuar na agricultura Com o advento da modernidade tamb m tratou se de expandir um novo estilo de agricultura representado pela moderniza o da agricultura BRUM 1988 MARQUES 2009 Dentro desse panorama global e onde a agr
244. nta o dos resultados e sua an lise da mesma forma levaram em conta a perspectiva dos atores sociais pesquisados Em rela o an lise da resist ncia configurou se uma an lise ampla uma vez que considerou as perspectivas de continuidade de um modo de vida com base na terceira express o da resist ncia Na an lise da resist ncia com a conserva o ambiental p de se constatar a estreita rela o da continuidade da agricultura camponesa com a necessidade de conservar e incrementar a base de recursos Os resultados alcan ados mostraram dimens es da agricultura familiar que precisam ser alvo de pesquisas mais detalhadas e haver a adequada aten o por parte de pol ticas p blicas para terem seus problemas resolvidos Um dos fatores mais cruciais para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate e do modo campon s de agricultura identificado nesta pesquisa a aus ncia de incentivos na forma de pol ticas p blicas cr dito e assist ncia t cnica Verificou se que a maioria dos agricultores comercializa a erva mate de forma clandestina ou em mercados alternativos como as feiras livres N o existe uma legisla o e pol ticas p blicas adequadas para que os produtores consolidem uma cadeia produtiva em torno da erva mate artesanal de forma a desenvolver cultivos em sistemas agroflorestais beneficiar e comercializar o produto Essa situa o de descaso faz com que as fam lias sintam se e sejam tratadas como dora
245. o corpus sistema cognitivo conjunto de conhecimentos atrav s dos quais a esp cie humana se apropria intelectualmente dos recursos naturais e praxis sistema de manejo conjunto de pr ticas atrav s das quais a esp cie humana apropria se materialmente dos recursos naturais utilizando se da perspectiva da etnoecologia Essa tr ade que funcionalmente n o se separa representa o universo da sabedoria popular Esses autores abordam especialmente o modo de vida de popula es camponesas ind genas que atribuem natureza uma qualidade sagrada que est quase ausente no pensamento ocidental De acordo com as cosmovis es ind genas eles n o veem a terra apenas como um recurso econ mico mas ela fonte de vida que alimenta conserva e ensina A natureza o centro do universo o n cleo da cultura e a origem da identidade tnica TOLEDO BARRERA BASSOLS 2010 p 52 53 Segundo Toledo 1992 o ponto de partida da etnoecologia seria n o separar na an lise a cultura da produ o pois ambas se complementam ou s o a mesma coisa Ela n o deve se resumir ao estudo de termos lingu sticos estruturas cognitivas s mbolos t cnicas ou esp cies teis mas ao processo concreto atrav s do qual a fam lia comunidade ou grupo cultural produz e reproduz suas condi es materiais ou seja deve explorar as conex es entre o corpus e a praxis no processo concreto de produ o O autor ainda afirma que a etnoecologia deve tratar os grupos
246. o e o veneno pra lagarta na poca era pior ainda hoje os veneno t o mais ecol gico n n o t o perigoso mais Mas o transg nico melhoro bastante assim e o transg nico e o plantio direto n o d mais eros o d menos custo de lavoura assim n o judia tanto do maquin rio assim de primeiro pateava gradeava n e judiava o maquin rio e gastava bastante Constata se a satisfa o do agricultor comparando se com o per odo at cerca de 15 anos atr s quando ainda n o existia o plantio direto na palha em que no manejo das terras utilizavam se diversos implementos agr colas revolvendo o solo e o deixando sem cobertura propenso s precipita es que causavam a eros o Percebe se tamb m a experi ncia que o agricultor tem com o uso de m quinas ao se referir ao desgaste delas judiava durante o trabalho como se fossem seres viventes Por outro lado interpreta se uma contradi o quando o mesmo agricultor questionado sobre o que precisa para as pessoas continuarem vivendo no meio rural 42 E x Convencional o agricultor se refere ao sistema de cultivo anterior ao sistema de Plantio Direto na Palha que tamb m era realizado em monocultivos 174 o que eu acho que tinha que assim no causo te um pre o s mais justo no produto e no causo esse ano ta um pouco baixo n se torna dif cil pra o custo de lavoura cada vez se torna mais caro assim tem que capricha vai te que aduba mais tu v
247. o ou recipientes passivos de interven o mas sim como participantes ativos que processam informa es e utilizam estrat gias nas suas rela es com v rios atores locais assim como com institui es e pessoas externas Os diferentes padr es de organiza o social que emergem resultam das intera es negocia es e lutas sociais que ocorrem entre os diversos tipos de atores LONG 2001 LONG PLOEG 1994 Um dos conceitos que fundamenta a Perspectiva Orientada pelo Ator o de ag ncia GIDDENS 1984 3 3 1 Ag ncia Giddens 1984 exp e que a ag ncia diz respeito a que o ator individual exer a a capacidade de processar a experi ncia social e de delinear formas de enfrentar a vida mesmo sob as mais extremas formas de coer o Dentro dos limites da informa o da incerteza e de outras restri es f sicas normativas ou pol tico econ micas existentes os atores sociais s o detentores de conhecimento e ftapazes0 Eles procuram resolver problemas aprender como intervir no fluxo de eventos sociais ao seu entorno e monitorar continuamente suas pr prias a es observando como os outros reagem ao seu comportamento e percebendo as v rias circunst ncias inesperadas GIDDENS 1984 p 1 6 A ag ncia n o se refere s inten es que as pessoas t m para realizar certas coisas mas sim sua capacidade de fazer essas coisas de causar uma mudan a em rela o a um estado de coisas Implica que todos os atores e
248. o Brasil chama se a aten o para a sua trajet ria hist rica e cultural pois existem correla es entre as caracter sticas da condi o camponesa de Ploeg e as de popula es tradicionais tratadas por Diegues 2004 assim como entre o conceito de campon s e o de popula es tradicionais analisados por Fleury e Almeida 2007 H autores que atribuem uma heran a cultural ind gena por popula es tradicionais e agricultores familiares entre eles Zarth 1998 e Soares 1974 Essa heran a cultural ind gena em maior ou menor grau por agricultores familiares provindos da imigra o europeia dos s culos XIX e XX n o seria nenhuma novidade levando se em conta a trajet ria dessas popula es que durante o processo de ocupa o do Brasil miscigenaram se e interagiram se cultural e economicamente com as popula es nativas As fam lias que processam a erva mate s o oriundas de diferentes etnias e h casais em que homem e mulher s o de origens tnicas diferentes mesmo assim todas apropriaram se dos conhecimentos sobre a fabrica o artesanal de erva mate a maioria a partir dos primeiros imigrantes que chegaram ao territ rio aprendendo provavelmente a partir das pessoas que j viviam no Estado como ndios caboclos e outras popula es locais identificando se como ga chos ou brasileiros Assim como exploraram a madeira durante a ocupa o do territ rio a erva mate foi um dos principais produtos comercializados nesse pe
249. o da erva mate pelas sete fam lias de agricultores informando os sistemas dessecasem ede SaDECO sociais a a a loga 137 Figura 52 Quadro da listagem das esp cies arb reas citadas no quadro 5 com informa es de nome cient fico fam lia bot nica e origem da esp cie E ex tica significa esp cie de origem externa ao Rio Grande do Sul esesseeeseseseeeseesseeresresseserssressrseresresstssrestesseesresreeseese 138 Figura 53 Os fac es de madeira no Rio Grande do Sul Da esquerda para a direita e do alto para baixo A e B O cancheamento da erva mate com fac o de madeira sobre um carret o Humait C Victor mostrando fac es de madeira que n o s o mais utilizados Seberi D Cancheador e fac es de madeira em Santo Ant nio do Palma Ano 2010 139 Figura 54 A retirada dos ramos secos de erva mate do carijo RS Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Instala o de lona no ch o do carijo para aproveitar as folhas que caem durante a retirada dos ramos de erva mate do carijo Panambi B Vis o dos ramos de erva mate secos sobre o carijo Panambi C D Retirada dos ramos secos de erva mate do carijo em Bozano observe as l minas de zinco no ch o do carijo para aproveitar as folhas que caem E Os ramos de erva mate sendo postos em um carret o para serem transportados com o trator at o local do cancheamento Bozano ssseesssssssssseressssssssesrersssssssestrrrersse 14
250. o das categorias de agricultura afetam a magnitude do valor agregado e a sua redistribui o bem como a natureza qualidade e sustentabilidade dos processos de produ o e os alimentos que resultam desses processos PLOEG 2008 A partir dos estilos de agricultura Ploeg 2008 sintetiza dois modelos de estrutura o entre os grupos agr rios e a sociedade o primeiro baseado na constru o e reprodu o de circuitos curtos e descentralizados que ligam a produ o e o consumo de alimentos e de 56 forma geral a agricultura e a sociedade regional que escapam do controle direto do capital embora ocorra o controle indireto e o segundo centralizado representado por grandes empresas de processamento e comercializa o de alimentos que cada vez mais operam em escala mundial podendo se referi las como imp rios Embora exista grande heterogeneidade no meio rural a classifica o de Ploeg 2008 revela uma agricultura dividida em duas l gicas de desenvolvimento Sendo assim para a presente pesquisa em que ser analisada a resist ncia de um modo de vida o qual corresponde agricultura camponesa ela poder contrapor se ao modelo dominante da agricultura moderna representada pelos estilos de agricultura empresarial e capitalista As duas l gicas s o apresentadas por Ploeg diferenciando as entre o modo campon s e o modo empresarial de fazer agricultura figura 11 MODO CAMPON S MODO EMPR
251. o de f Entre o erval e a cuia Tem um missioneiro em p A transforma o dos tempos Veio sulcando de rijo Como eterno mateador Ten ncia agora eu exijo Minha ultima tarefa proteger o carijo CARIJADA Letra Ivo Ladislau M sica Edson R gis dos Santos Vieira irau de varas toscas Em forma de cumeeira A metro e meio do solo Secando a erva parelha Tr s noites de vig lia Sentinelas farroupilhas Emparelhando o braseiro Matear de rostos faceiros Guabiroba pitangueira Pr aromar o chimarr o Espreito de arijo aceso Quem domou meu cora o A secagem do carijo Tr s dias de mutir o Modelo de ra a unida Que afasta assombra es A secagem do carijo Tr s dias de mutir o Modelo de ra a unida Que afasta assombra es Seguem causos pela noite Zelo a canha e a gua na guampa E a guitarra emoldurando O ritual do velho pampa RONDA DE CARIJO Letra Ant nio Augusto Fagundes M sica Newton Luiz Bastos Toda a noite vai secar Secando a erva campeira O carijo como o altar Da comunh o missioneira Eu n o posso cochilar Vou cuiar a noite inteira Pra erva poder secar Sem queimado de fogueira E eu rondo o fogo cuidando Sonhando com o chimarr o O carijo sabe quando Vira festa e comunh o o pr prio pago rondando O fogo da tradi o Atiro uma guampa d igua Se o fogo sobe demais Caa Yari chora de mag a Pelos cortes dos ervais Se houve um clarim de combate Quando um canto
252. o de tijolos com a entrada do fogo larga para se colocar lenha e medida que o t nel se aproxima do galp o onde est a erva ele vai se afunilando com um di metro menor que no in cio O t nel desemboca no ch o do galp o boquia que est logo abaixo da erva Acima da sa da do calor h uma l mina de metal suspensa que serve para espalhar o calor e proteger a erva do contato direto com o fluxo de calor A erva fica acomodada sobre uma arapuca de madeira de formato piramidal constitu da por sarrafos quadrangulares figura 46 Ainda existem por m n o foram observadas nesta pesquisa as arapucas de formato ovalado constru das com varas de madeira roli as registradas por Berkai e Braga 2000 como barbaqu ra do ou barbaqu paraguaio Em Seberi a fam lia implementou sobre o t nel logo depois do ponto onde se queima a lenha uma chamin ou suspiro que serve para desviar o excesso de fuma a durante o in cio do fogo Em Seberi ap s a etapa do sapeco a erva colocada sobre a arapuca iniciando se a secagem A capacidade de secagem de erva de uma nica vez de 300 kg que leva um per odo de dois a tr s dias para secar Essa quantidade n o colocada de uma vez s ela posta gradualmente ao que eles chamam de capa de erva sendo assim s o colocadas at tr s capas de erva para encher o barbaqu Nesse per odo medida que se colocam as capas de erva as mesmas s o revolvidas e ao mesmo tempo a fonte
253. o demonstra um contrassenso da estrutura de mercado formal e as caracter sticas da agricultura familiar ora quinze mil embalagens podem corresponder a quinze mil kg de erva que seriam produzidas em at mais de dois anos Eles n o t m interesse e nem poderiam produzir mais do que 500 kg de erva por m s Por outro lado se eles n o registrarem a comercializa o poder ser bastante limitada reduzindo se venda informal nas feiras o que vem sendo realidade teve poca que vendia na m dia de 150 kg por semana Hoje n o caiu a metade do meu neg cio Tinha nos mercado casas naturais s que hoje n o t o mais pegando por causa da fiscaliza o nem t o mais pedindo como que vai ter um produto ali sem proced ncia nenhuma Essa mesma realidade em rela o ao com rcio de produtos artesanais ou coloniais foi verificada por Krone 2009 a respeito do queijo serrano com agricultores familiares dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul Da mesma forma eles est o sujeitos s penalidades da fiscaliza o sanit ria que antes de ser uma d vida se podem ou n o podem ser penalizados j um fato comum na regi o pois j houve agricultores multados e que tiveram seus queijos apreendidos Sendo assim uma das sa das encontradas foi a aceita o de uma figura intermedi ria na comercializa o o atravessador que se responsabiliza por esse risco No entanto o atravessador ao mesmo tempo visto como aquele
254. o do local da secagem outra porque n o veem necessidade Os ramos separados medem um comprimento de at 50 cm As fam lias de Panambi Bozano e Humait realizam o enfeixamento que nada mais do que amarrar uma certa quantidade de ramos de forma a facilitar o seu transporte at o local da secagem mesmo que ele esteja a apenas cinco metros de dist ncia 120 Figura 38 A quebra separa o dos ramos de erva mate ap s o sapeco e o enfeixamento realizado com diferentes materiais Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Ramos grossos de erva mate descartados s o aproveitados como fonte combust vel para os pr ximos sapecos Santo Cristo B Separa o dos ramos em Bozano C Amontoando os ramos entre quatro estacas de madeira Humait D Vis o do enfeixamento dos ramos entre estacas de taquara as tiras de taquara e os feixes de erva amarrados Panambi E Arma o de ferro substituindo as estacas utilizando se tiras de taquara para o amarrio Bozano F Levando os feixes ao carijo Bozano Ano 2010 Fonte acervo do autor Os ramos s o colocados sobre o ch o entre quatro estacas de madeira ou taquara cravadas no solo de forma a amontoar os ramos prens los com a for a das m os at se ter um feixe que amarrado empregando se corda tiras de taquara ou cip O Cenair utiliza uma t cnica consistindo na passagem das tiras de taquara entre as cinzas e brasas restantes do 121 sapeco assim as tir
255. o e ensolarado As dificuldades do trabalho manual foram claramente manifestadas em Santo Ant nio do Palma e Santo Cristo referente etapa do sapeco pois ambos o fazem manualmente passando se os galhos de erva mate sobre uma fogueira O Jorge reclama que sua vis o est sendo prejudicada por causa do contato pr ximo com o calor por isso justifica que pretende seguir trabalhando com a atividade at que se aposente no entanto interessou se pelo sapecador tipo cilindro ao ser inquirido pelo pesquisador sobre a mudan a do sapeco As outras fam lias que fazem o sapeco com o mesmo m todo s o as de Bozano Panambi e Humait As duas primeiras fazem o processamento esporadicamente e no caso de Bozano realiza se em mutir o por isso presume se n o ser uma atividade desgastante Em Humait em geral s o duas pessoas homens que fazem o sapeco e essa forma manual preferida por eles porque tem melhores resultados em rela o sapecadeira sapecador tipo cilindro demonstrando cuidados com a qualidade do produto Portanto por mais que hajam dificuldades no trabalho manual o seu grau de intensidade relativo pois vai depender da disponibilidade de m o de obra da adapta o de tecnologias e da frequ ncia do trabalho uma vez que todos os agricultores est o abertos a melhorias e ao longo da experi ncia laboral eles percebem o que precisa ter maior efici ncia ou maior facilidade e eles podem decidir sobre o que precisa ser mu
256. o e talo amarelo embora reconhe am que 116 existam outras variedades A variedade talo amarelo pode ser considerada como sin nimo da variedade talo branco citada por autores como Winge et al 1995 Para algumas fam lias o mato serve de fonte de mudas de erva mate que eles transplantam para seus quintais plantios homog neos e sistemas agroflorestais Em Seberi a fam lia realiza o plantio de sementes espalhando se os frutos inteiros sem abri los em sementeiras de dois tipos em canteiro com cobertura de taquara pr ximo resid ncia e na beira de uma sanga no interior da mata figura 34 O plantio ocorre durante a frutifica o da erva mate entre fevereiro e abril enquanto a germina o acontece no m s de setembro Quando as mudas alcan am em torno de 30 cm de altura o transplante realizado diretamente para o SAF As mudas s o retiradas da sementeira simplesmente arrancando as com as pr prias m os cuidando se para n o quebrar a raiz principal A variedade selecionada a do talo amarelo Outra forma de propaga o relatada por essa fam lia com o intuito de selecionar tal variedade a mergulhia 3 de ramos desta forma obtendo indiv duos clonados Figura 34 Sementeira de erva mate no interior da mata Seberi RS Ano 2010 Fonte acervo do autor 5 2 SAPECO O sapeco comumente realizado logo ap s o corte mas segundo o Cenair se a erva cortada final da tarde n o h problema de sapecar no
257. o em Desenvolvimento Rural Porto Alegre 2011 1 Camponeses 2 Agricultura familiar Erva mate Rio Grande do Sul I Dal Soglio F bio Kessler II Kubo Rumi Regina II Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Ci ncias Econ micas Programa de P s Gradua o em Desenvolvimento Rural IV T tulo CDU 316 343 633 MOIS S DA LUZ CARIJOS E BARBAQU S NO RIO GRANDE DO SUL RESIST NCIA CAMPONESA E CONSERVA O AMBIENTAL NO MBITO DA FABRICA O ARTESANAL DE ERVA MATE Disserta o submetida ao Programa de P s Gradua o em Desenvolvimento Rural da Faculdade de Ci ncias Econ micas da UFRGS como quesito parcial para obten o do t tulo de Mestre em Desenvolvimento Rural Aprovada em Porto Alegre 11 de julho de 2011 Prof Dr F bio Kessler Dal Soglio Orientador presidente da banca PGDR Departamento de fitossanidade UFRGS Prof Dr Geraldo Ceni Coelho UFFS Profa Dra Fl via Char o Marques PGDR Departamento de Horticultura e Silvicultura UFRGS Profa Dra Gabriela Coelho de Souza PGDR Departamento de Ci ncias Econ micas UFRGS Dedico este trabalho s fam lias que fabricam erva mate artesanalmente Aos apreciadores de mate de erva artesanal AGRADECIMENTOS Primeiramente agrade o a meu pai Jo o Valentim Cavalheiro da Luz e a minha m e Delci da Luz que sempre me apoiaram para que eu conseguisse ir atr s de meus sonhos A eles e a meus av s paternos por terem
258. o pr prio autor 78 4 A ENTRADA EM CAMPO E AS FAM LIAS QUE PROCESSAM ERVA MATE ARTESANAL Este cap tulo divide se em quatro se es A primeira e a segunda apresentam os resultados referentes procura dos casos pesquisa explorat ria A terceira apresenta os munic pios de resid ncia das fam lias selecionadas contextualizando as a partir de dados geogr ficos vegetacionais econ micos e demais informa es pertinentes agricultura familiar A quarta se o apresenta as sete fam lias selecionadas para a pesquisa descrevendo suas caracter sticas e trajet rias 4 1 A PROCURA DO TESOURO O pesquisador partiu do princ pio que a fabrica o artesanal de erva mate seria rara pois apenas conhecia tr s casos um em Panambi e os outros dois atrav s da Feira de Agricultura Ecol gica FAE em Porto Alegre Desde o final de 2009 at maio de 2010 foi o per odo de intensa procura para saber sobre a exist ncia dessas fam lias Atrav s de diferentes fontes soube se da exist ncia de 24 casos em munic pios da regi o do Planalto e um caso na regi o do Escudo Cristalino no munic pio de Camaqu figura 14 A descoberta dos casos foi obtida principalmente atrav s de informa o de entidades de assist ncia t cnica que trabalham com agricultores Inicialmente telefonou se aos t cnicos da Associa o Rio Grandense de Empreendimentos de Assist ncia T cnica e Extens o Rural EMATER dos munic pios da regi o de Palm
259. o tem ra zes nas origens da esp cie humana e no processo de co evolu o entre humanos e natureza enquanto o segundo surgiu a partir da revolu o industrial e cient fica no mundo ocidental especialmente destinado a suprir as necessidades das zonas urbanas O autor diferencia os dois modelos segundo nove atributos de car ter ecol gico energ tico econ mico agr rio e cultural figura 13 As racionalidades entre os dois modelos s o contrastantes destacando se no modo campon s como caracter sticas b sicas a predomin ncia do valor de uso a reprodu o dos produtores e da unidade produtiva as rela es sagradas com a natureza e o interc mbio ecol gico com a natureza Por outro lado no modo agroindustrial prevalece o valor de troca a maximiza o da taxa de lucro a acumula o de capital e o interc mbio econ mico com o mercado CAMPON S AGROINDUSTRIAL Energia Uso exclusivo de energia solar Uso predominante de energia f ssil petr leo Escala Pequenas propriedades M dias e grandes propriedades Autosufici ncia Alta Baixa ou nula Pouco uso de insumos externos Alto uso de insumos externos For a de trabalho Familiar ou comunit ria Familiar e ou assalariada Diversidade Alta diversidade eco geogr fica Muito baixa diversidade biol gica gen tica e produtiva Especializa o Produtividade Alta produtividade ecol gico Alta produtividade no trabalho baixa energ tica baixa produt
260. o texto a partir do cap tulo 4 apresenta os resultados na forma de descri o dos dados coletados argumentando com narrativas e imagens provenientes das fam lias entrevistadas e relacionando com o referencial te rico apresentado As fam lias entrevistadas s o referidas no texto atrav s de nomes fict cios em homenagem a personalidades relacionadas com a cultura gauchesca do Conesul da Am rica entre outras personalidades Cantores Cenair Maic in memoriam o argentino Hor cio Guarani a chilena Violeta Parra in memoriam Noel Guarani in memoriam a argentina Mercedes Sosa in memoriam o argentino Jorge Cafrune in memoriam o argentino Atahualpa Yupanki in memoriam o argentino Jose Larralde o chileno Victor Jara in memoriam Joana uma homenagem a artista e professora Joan Jara chilena inglesa que foi esposa de Victor Jara Yari se refere deusa dos ervais Os demais s o Olga Ben rio in memoriam Anita Garibaldi in memoriam a mexicana Frida Kahlo in memoriam e Sep Tiaraju in memoriam Parte das cita es de entrevista n o tem seus interlocutores identificados a fim de preservar o anonimato conforme o teor de determinadas declara es As palavras em it lico se referem a termos de idiomas que n o s o da l ngua portuguesa e provenientes das falas dos entrevistados As cita es at tr s linhas e palavras de outros autores foram grifadas com aspas duplas As palavras com aspas simples s o termos d
261. o timb por considerar a sua fuma a t xica Em Bozano na ocasi o presenciada a lenha utilizada foi de branquilho angico vermelho e guajuvira Eles foram lascando a lenha e pondo aos poucos em quatro pontos laterais no ch o do carijo Pela quantidade de fogo pareceu que seria pouco calor por m posteriormente estendendo a m o sobre os feixes de erva percebeu se que tinha bastante calor Um fator para isso que a lenha de angico vermelho tem um grande poder calor fico Tamb m podem ser utilizados o camboat vermelho e o rabo de bugio Em Santo Cristo as esp cies utilizadas para lenha s o de uva japonesa canela doce e esp cies provenientes do mato que s o extra das de rvores mortas Foram citadas como as melhores esp cies para a secagem o branquilho o guabiju a pitanga a guabiroba a canela de veado o rabo de bugio e o angico vermelho enquanto as esp cies evitadas s o o pessegueiro do mato a mamica de cadela e a canela loura 127 Figura 43 A lenha e o in cio do fogo no carijo Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Aproveitando as brasas do sapecador para acender o fogo no carijo Panambi B Lenha fina para queimar no sapecador e lenha grossa para secar a erva mate no carijo Panambi C Lenha de uva japonesa Santo Cristo D Vis o da lenha queimando distribu da nos cantos do carijo durante a secagem da erva Bozano E O in cio da queima da lenha no carijo e um balde com gua para con
262. oduto que resultar conforme o fen tipo da erva a sua proced ncia o sistema de secagem a lenha e a granula o Contudo o modo como os agricultores processam segue princ pios fundamentais 190 existindo um padr o de qualidade para cada fam lia e a qualidade do produto declarada como superior da ind stria como abordado no cap tulo anterior Na abordagem do extrativismo e de Produtos Florestais N o Madeir veis PFNM Clement 2006 questiona a viabilidade da produ o extrativa a longo prazo quando ela incorporada l gica do mercado dizendo que esta acaba desestruturando a estabilidade econ mica e ambiental das comunidades de onde o recurso extra do Al m disso alerta que o extrativismo dentro dessa l gica e dependendo cada vez mais de reas florestais cada vez menores torna se insustent vel e de que o maior problema da conserva o diz respeito a o dos desmatadores e da amplia o das reas de lavoura e cria o de gado Baseando se nos estudos de Ruiz P rez et al e Browder sobre o extrativismo de PFNM os quais afirmaram que o extrativismo por si s n o suficiente para garantir a conserva o ambiental Clement 2006 destaca que para haver o est mulo a uma agricultura sustent vel o governo brasileiro precisa exigir crit rios de sustentabilidade ao ramo da agricultura moderna que ele chamou de agroneg cio e de n o sustent vel inclusive de forma a viabilizar os PFNM Isso
263. ois filhos em idade infantil e o pai e a m e do Jos na faixa setenten ria Possuem cerca de 33 ha de terra dos quais um quarto corresponde a reas de mata 99 Figura 25 Paisagem a partir da propriedade Santo Ant nio do Palma RS Mar o de 2010 Fonte acervo do autor Eles est o h cerca de vinte anos no ramo da agroecologia produzindo alimentos org nicos como oler colas frutas e seus derivados que s o comercializados em feiras e em outros canais atrav s de uma associa o da qual participam A erva mate fabricada uma a duas vezes durante o inverno que em parte vendida na feira do Ponto Ecol gico em Passo Fundo Desde seu envolvimento na agroecologia a sua produ o de alimentos veio se diversificando sendo tamb m utilizada para o autoconsumo Incluem se coletas de frutas nativas como buti ara e araticum e o pinh o semente da arauc ria produ o de hortali as cenoura repolho couve br colis couve flor beterraba alho alface chic ria agri o mandioquinha salsa yacon batata doce ab bora melancia chuchu frutas c tricas goiaba abacaxi uva figo da ndia macad mia caqui figo p ssego pera n spera marmelo su nos galinhas e bovinos Al m disso manejam uma agrofloresta constituindo se em um cons rcio de esp cies arb reas nativas e ex ticas com destaque para as frut feras 100 Figura 26 Horta e pomar com figo da ndia Santo Ant nio do Palma RS
264. ologia viveirismo e apoio reforma agr ria proporcionou conhecer personalidades fora do mbito do curso de Ci ncias Biol gicas como estudantes e professores dos cursos de Agronomia Ci ncias Sociais Medicina Veterin ria entre outros e da P s Gradua o em Desenvolvimento Rural al m de profissionais fora dos Gnuros da universidade Assim conheci o professor F bio Dal Soglio ao qual propus o tema da presente pesquisa que acrescentou muito para que a pesquisa n o se resumisse a uma abordagem disciplinar das Ci ncias Biol gicas mas tamb m focada em an lises aplicadas ao Desenvolvimento Rural Inicialmente a problem tica da pesquisa questionava os motivos para o abandono e a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate Uma quest o bem ampla que foi tomando uma forma mais espec fica pouco a pouco Eu queria saber quais eram as causas da atual realidade e ao mesmo tempo queria compilar e analisar a utiliza o de lenha de rvores nativas para a secagem da erva mate e outros usos de esp cies associadas fabrica o relacionando com a conserva o ambiental Entre muitas conversas com o meu orientador procurando compreender a Perspectiva Orientada pelo Ator LONG 2001 que de base fenomenol gica e enfatiza o protagonismo dos atores e a heterogeneidade em fun o dele chegamos ao tema da resist ncia camponesa O que tem a ver resist ncia camponesa com a conserva o ambiental A resist ncia a expr
265. oma em rela o obten o de insumos equipamentos e tecnologias desenvolvidos externamente unidade agr cola ou o de uma agricultura h brida entre os dois modelos A resist ncia tamb m pode ser inferida ao choque de modelos apresentado por Rosset 2006 o antagonismo entre o Modelo Dominante e a fSoberania Alimentar o primeiro correspondendo moderniza o da agriculturade o segundo ao modelo defendido pela Via Campesina Neste ltimo prega se o desenvolvimento de uma agricultura sustent vel segundo os preceitos da agroecologia tratados por autores como Altieri 2001 e Caporal e Costabeber 2001 O modelo dominante se intensifica com o desenvolvimento dos imp rios alimentares citados por Hardt e Negri 2001 e Ploeg 2008 que controlam cada vez mais a produ o o beneficiamento e a distribui o de alimentos no mundo seguindo uma l gica insustent vel para o planeta conforme mostra o document rio de Arthus Bertrand HOME 2009 O desenvolvimento dessa insustentabilidade est ligado ao processo de desenvolvimento da economia mundial capitalista onde o crescimento das cidades a industrializa o e a moderniza o ou industrializa o na agricultura est o estreitamente concatenados Esse modelo propagado nas diferentes formas de estrutura o da sociedade como no ramo da educa o e da pesquisa MOTTA ZARTH 2008b LONG N LONG A 1992 citando como exemplos a forma o de profissionais e
266. omportamento de desconfian a o qual assentado sob um sistema de conhecimentos baseado na tradi o e sedimentado atrav s da experimenta o di ria e de um sistema de confian a que mant m a coes o social bem como contribui para a sua continuidade O que est enraizado localmente ou na comunidade como o conhecimento sobre as pr ticas agr colas traz confian a e por isso valorizado Mesmo em sociedades modernas os agricultores n o aceitam prescri es externas atrav s de rela es de depend ncia o que valorizado e serve de inspira o s o o trabalho o conhecimento a experi ncia e os desejos pr prios assim como elementos de superioridade e beleza s o constru dos de forma a trazer satisfa o e orgulho A agricultura camponesa essencialmente embora n o exclusivamente baseada em um fluxo relativamente aut nomo de recursos produzidos e reproduzidos na pr pria unidade agr cola A base de recursos s lida e bem definida criada e desenvolvida atrav s desse fluxo Do mesmo modo apenas uma parte da produ o total vendida sendo a outra parte que obviamente pode variar no tempo e no espa o reutilizada na pr pria unidade agr cola Essa segunda parte retorna aos ciclos futuros assim criando uma forma de auto sufici ncia ou auto abastecimento que n o est relacionada ao contr rio do que muitas teorias ainda defendem com o consumo familiar de alimentos mas com o funcionamento da unidade agr cola
267. ona agora pro pov o pobre aqui vem essas sementinhas aqui eu semeei um canteiro de rabanete n o sei se d 30 de rabanete o resto n o d nada existe uma fiscaliza o sobre isso acho que n o O mesmo acontece com a produ o de galinhas dom sticas referidas por ele que nem compra pinto a mesma coisa tu compra 20 pinto cria 10 11 o resto morre tudo e do por qu E ningu m explica ningu m diz nada Troquei a ra o foi uma nega o comprei pinto e ra o em outro lugar e continua do mesmo jeito Ent o voc paga quase R 2 00 por pinto na verdade tu pagou R 4 00 pra que porque sai mais barato voc compra o galeto no mercado O fato de comprar pintos e ra o por diversas vezes em lugares diferentes e mesmo assim haver a morte de um grande n mero desses animais faz o Cenair concluir que mais barato comprar o galeto no mercado por causa dos custos de produ o A pr pria exist ncia da aut ntica galinha caipira podendo se referi la como um s mbolo da agricultura camponesa posta em d vida conforme expressa o Cenair a galinha caipira at nem existe mais amigo isso ta tudo isso ai terminou amigo Um compr caipira l com o nome de caipira mas elas ponharam um tempo a e agora pararam de ponh e tem que mat porque s tao comendo e n o t o ponhando ovos 176 Fica claro que segundo as palavras do agricultor parece haver uma l gica que favorece a depend
268. oncep o de conserva o baseada no modelo de reas fechadas separadas do ser humano pois n o contempla as especificidades ambientais e culturais locais como nos pa ses onde esse modelo foi implantado genericamente sendo um deles o Brasil Em contraste a isso o autor desenvolveu uma abordagem de conserva o com base no estudo das popula es locais com grande intera o com o seu meio ambiente natural e uma auto identidade distinta apresentando as como popula es tradicionais Derivado desta no o ele prop e uma conserva o aliada interven o humana a etnoconserva o que leva em conta as especificidades ambientais e culturais dessas comunidades Ele n o considera as popula es tradicionais como conservadoras natas mas 20 Apenas para dar o teor destas controv rsias para P dua 1997 apud Carvalho 2002 o conservacionismo um movimento ligado ao campo cient fico que se centra na prote o da natureza em si e que procede do ecologismo que prega que a sobreviv ncia da humanidade passa por uma mudan a mais ampla cultural no estilo de vida e na perspectiva deste autor no Brasil haveria um movimento intermedi rio que denomina de ambientalismo Fonte PADUA J A Natureza e projeto nacional o nascimento do ambientalismo brasileiro In SVIRSKY R CAPOBIANCO J P O ambientalismo no Brasil passado presente e futuro S o Paulo ISA SMA SP 1997 Outros autores como Herculano 1996 adotam o termo
269. opera o 10 Alguns conceitos chave do autor s o a coprodu o a base de recursos e a autonomia A coprodu o a intera o e transforma o m tua constantes entre o homem e a natureza viva o processo de produ o agr cola Tanto os recursos sociais como os recursos naturais s o constantemente configurados e reconfigurados assim gerando continuamente novos n veis de coprodu o Guzman casado et al 2000 Gerritsen 2002 Ploeg 20034 A agricultura a cria o de animais a horticultura a silvicultura a ca a e a pesca e tamb m a transforma o posterior dos produtos obtidos em outros produtos mais elaborados por exemplo a transforma o de excrementos e palha em estrume de leite em queijo e de carne em presunto bem como fen menos recentes como o turismo rural s o express es da coprodu o Na coprodu o a intera o entre o homem e a natureza viva decisiva ela distingue o rural do urbano Ploeg 1997b PLOEG 2008 p 40 41 Al m disso Ploeg 2008 salienta que a intera o com a natureza viva d forma ao social atrav s do modo artesanal do processo de produ o da centralidade da artesanalidade e de que a predomin ncia de unidades familiares est intimamente relacionada com a coprodu o e a co evolu o do homem e da natureza viva Essa co evolu o orienta para uma produ o mais efetiva melhorando os recursos sociais e naturais a longo prazo Na coprodu o ocorre a produ o
270. orma de secagem indireta Em Seberi a secagem realizada em barbaqu todavia foi acrescentada uma inova o no t nel que serve para desviar o excesso de fuma a Em Santo Cristo a fam lia produz erva secando a em carijo o que torna o produto com maior teor de fuma a mas essa caracter stica n o tem gerado nenhuma reclama o por parte dos clientes ao contr rio esse diferencial um dos motivos da procura pelo produto A qualidade da erva mate artesanal identificada em unanimidade como sendo superior da erva industrializada A fala a seguir exp e uma das opini es que atesta a melhor qualidade da erva mate artesanal e de outros produtos beneficiados pelos agricultores em rela o aos da ind stria Mas tudo n desde a erva mate tudo que fabricado aqui no interior eu acho que mais saud vel n o t defendendo a minha p tria a como se diz mas uma verdade n isso aqui n o tem qu mico nenhum e feito mais simples assim de repente d a impress o que tem menos higiene mas acho eu que tem at mais higiene d impress o que n o feito assim n coloc numa carretinha no trator mas n o sujo assim n e as ind stria tamb m bonito quando t l no pacote mas antes um tro o n que em grande quantidade n o tem como tamb m mud as coisa fam lia 1 169 2 A respeito da erva da ind stria ela mencionada como adulterada e com menos qualidade Muito
271. ormas penetrando na vida cotidiana Hardt e Negri 2001 quando mostram a constru o e a a o dos imp rios como modo de ordenamento capitalista dominante o fazem dembrando de que existe resist ncia A resist ncia diz respeito fmultid oO aos prolet rios n o somente os de f bricas que mobilizando se por melhores condi es de trabalho e novas oportunidades foram e s o os propulsores de crises e novas mudan as do capitalismo ou mesmo da derrocada de poder ou 62 de sistemas como o fracasso do socialismo sovi tico Neste sentido atribuem como formas propulsoras de mudan as formas de resist ncia desse proletariado o nomadismo a deser o e o xodo Por m os imp rios implicam o controle cada vez maior da mobilidade e fluidez sociais ao mesmo tempo que a multid o cada vez mais reivindica a cidadania global o direito de controlar seu pr prio movimento Existe um direcionamento de cidadania global que torna o trabalho e direitos civis de interesse coletivo dando os o car ter de direito social Isso desafia o aparato b sico de controle imperial sobre o rendimento e a vida da multid o Para resistir aos imp rios necess rio igualmente uma alternativa global uma resist ncia contra imp rio e contra globaliza o HARDT NEGRI 2001 p 226 qualquer proposta de comunidade particular isolada definida em termos raciais religiosos ou regionais filesvinculadad do Imp rio protegida de seus po
272. os de bananeira pedras tijolos ou um tonel de lata e por vezes agregam se troncos e estacas de madeira para sustentar a coluna do parapeito que serve para proteger se do calor do fogo e facilitar a sapecagem figura 36 O sapeco na forma direta a etapa considerada mais dif cil O sapeco consiste em passar os galhos da erva mate uniformemente sobre a fogueira por um tempo de alguns segundos de forma que todas as folhas passem em contato com o fogo por m sem queim las Mesmo a poda sendo realizada cortando se galhos compridos sempre h uma pequena quantidade de galhos curtos que dificultam o sapeco O Cenair para evitar de se queimar prendeu esses pequenos ramos em uma taquara a fim de n o desperdi ar a mat ria prima figura 36D Ele algumas vezes utiliza luvas para efetuar o sapeco desses pequenos ramos 118 Figura 36 O sapeco direto realizado por diferentes fam lias de agricultores no Rio Grande do Sul utilizando se diferentes materiais para instalar o sapecador Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Sapecador com pseudocaules de bananeira Santo Cristo B Tonel de lata Bozano C Tijolos e tronco de madeira Humait D Sapecador com pedras e o agricultor usando uma taquara para sapecar os ramos curtos evitando se queimaduras nas m os Panambi Ano 2010 Fonte acervo do autor Conforme a proced ncia da erva ou mesmo a variedade no momento do sapeco as folhas poder o emitir um som de fo
273. os casos devido ao receio dos agricultores em declarar sobre as esp cies utilizadas e pela varia o na utiliza o de esp cies nativas e ex ticas Cada grupo resultante ficou formado por quatro a cinco fam lias das quais foram selecionadas duas ou tr s fam lias a fim de aprofundar a pesquisa O grupo 1 resultou com cinco fam lias reunindo aquelas que destinam a produ o artesanal apenas para o consumo pr prio coincidindo com a predomin ncia do uso de lenha de esp cies nativas Entre outras caracter sticas est o o fato de quatro delas reunirem aposentados os quais n o t m perspectiva de continuidade da pr tica entre seus descendentes O grupo 2 re ne quatro fam lias que comercializam a erva artesanal por m n o disp em de plantios de erva mate sendo a proced ncia da erva externa propriedade Verificou se tamb m que n o h a perspectiva de continuidade da pr tica para as pr ximas gera es e t m como outras atividades principais o cultivo de gr os commodities e a produ o de leite O grupo 3 re ne cinco fam lias que comercializam a erva mate contudo se verificam diferen as marcantes em rela o ao segundo grupo que s o a presen a de cultivos do vegetal nas propriedades na forma de plantios homog neos e ou agroflorestais a perspectiva de continuidade da pr tica por seus descendentes e com exce o de uma fam lia fazem parte de redes de produ o beneficiamento e comercializa o agroecol gicas
274. os das fam lias se contrap em l gica da moderniza o na agricultura que segue uma l gica de dom nio capitalista no campo ou seja o avan o das transnacionais ou fimp riosO no dom nio das cadeias produtivas de beneficiamento e comercializa o de alimentos Portanto os elementos citados caracterizam uma resist ncia camponesa que est se processando atrav s do com rcio informal do cooperativismo da reciprocidade e da pluriatividade aliada s especificidades aut ctones como as ecol gicas e as culturais Assim a continuidade da agricultura camponesa e a conserva o ambiental s o interdependentes Gra as conserva o da base de recursos os camponeses podem resistir ao modelo dominante podem dar respostas locais que podem servir de modelo ideal a um desenvolvimento rural sustent vel Palavras chave Resist ncia camponesa Erva mate artesanal Agricultura familiar Sustentabilidade Carijo Barbaqu RESUMEN Detr s del h bito de tomar mate existe un universo de conocimientos que est en riesgo de perderse El proceso de fabricaci n artesanal de la yerba mate Iex paraguariensis A St Hil es una pr ctica antigua originaria de los pueblos ind genas de las cuencas de los r os Paraguay Paran y Uruguay como los Guaranis y Kaingangs que a n existen en la regi n sur de Am rica Sin embargo a partir de los a os de 1960 han venido pasando por un proceso de abandono teniendo como principales factores
275. os ir o continuar em vista do interesse deles para com as atividades Por outro lado o projeto de sucess o nas outras fam lias totalmente diferente ou existe uma d vida tempor ria pois n o sabem sobre o que os filhos ir o se interessar Em Ip a filha mais velha est cursando Engenharia Civil em outra cidade enquanto o guri tem idade de 14 anos sendo considerado ainda muito novo para saber o que ele vai querer Uma das maiores preocupa es do Atahualpa a poss vel falta de m o de obra como assinalou sua esposa fp que mais preocupa o Atahualpa acho que a falta de interesse dos filhos em se envolver nesse trabalho O Em Santo Cristo os pais ainda n o sabem qual ser o futuro do rapaz que mora com eles mas acham que ele ainda n o tem interesse em assumir algum of cio por enquanto ele vai trabalhando para os vizinhos como diarista Mas tamb m afirmaram que se o filho tivesse interesse em trabalhar processando erva mate ou tivesse algum projeto para incentiv lo eles ajudariam o rapaz Um ponto a destacar nesse caso que o agricultor acha penosa a 153 etapa do sapeco que est prejudicando a sua vis o por isso ele planeja parar com a atividade quando se aposentar que acontecer daqui a cerca de dez anos bem prov vel que o herdeiro da propriedade ser o filho que n o seguiu os estudos uma vez que existe a tend ncia de heran a masculina Esse caso vai ao encontro do que Sacco dos Anjos e Caldas
276. ot mia argentina Por m seu interesse pela erva mate ocasionou a desconfian a do Paraguai que considerava a produ o dela sob o seu monop lio Em 1821 a fazenda com planta o de erva mate de Bonpland na prov ncia de Corrientes foi destru da e o levaram preso ao Paraguai onde ficou detido por nove anos LESSA 1986 MOREIRA QUINTEROS 2008 Esse fato aliado ao isolacionismo do Paraguai foi o estopim para que o 34 Brasil avan asse nas exporta es do produto A Guerra do Paraguai levou a derrota deste pa s perdendo parte de seu territ rio rico em ervais para o Brasil LESSA 1986 Na descri o da esp cie da erva mate figura outro naturalista franc s August de Saint Hilaire que a denominou cientificamente em 1822 sendo que as coletas foram realizadas nas proximidades de Curitiba MAZUCHOWSKI 1991 Sua incurs o pelo Brasil foi entre 1816 e 1822 passando pelos Estados do Rio de Janeiro S o Paulo Esp rito Santo Goi s Minas Gerais Paran Santa Catarina e Rio Grande do Sul Nesse per odo o naturalista observou que o card pio principal ou o nico do ga cho pastoril era a came bovina o que tornava o chimarr o um timo alimento em vista de suas propriedade nutritivas a fim de complementar uma dieta alimentar escassa SOARES 1982 As propriedades nutritivas e medicinais da erva mate s o as respons veis pelo in cio de seu emprego na hist ria como registram in meras refer ncias hist ricas Correia Filho
277. outro dia durante as primeiras horas da manh O sapeco necess rio para tirar a fortid o ou o amargor da erva Se ela n o fosse sapecada resultaria um produto com sabor amargo al m de perder a colora o verde A 33 Os ramos que crescem a partir da base do tronco s o dobrados para o interior do solo cobrindo se a parte inferior do ramo com a terra de modo que nesse ponto do caule ocorra o enraizamento Ap s o enraizamento corta se a liga o do caule ao tronco planta m e e a partir da pode se transplantar o clone para outro lugar 117 figura 35 mostra os ramos de erva mate ap s a secagem em que alguns ramos que est o na parte de cima est o com colora o acinzentada evidenciando que n o foram sapecados Figura 35 Resultado da secagem dos ramos de erva mate sobre o carijo destacando se a diferen a entre os ramos que foram sapecados colora o verde e aqueles que n o foram sapecados colora o escura Panambi RS Setembro de 2007 Fonte acervo do autor Como mencionado anteriormente h dois tipos de t cnicas para se realizar o sapeco a forma direta e a com aux lio de sapecadeira as duas manualmente As duas formas ser o vistas nas pr ximas subse es 5 2 1 Sapeco direto O sapecador identificado como sendo um local no ch o uma esp cie de parapeito ou trincheira coluna vertical com cerca de 60 a 70 cm de altura constru do ou improvisado com materiais distintos como ronc
278. ovo v o sab das tradi o antiga essa seguran a que gera a coes o social entre os membros da fam lia e do grupo social Esta coes o gera um sentimento de pertencimento ao grupo que se manifesta nos gostos e prefer ncias Destaca se assim a prefer ncia a valoriza o e em muitos casos o 150 prazer em processar a erva mate tanto aquelas que a comercializam tamb m a utilizam para o consumo pr prio As pessoas com a tradi o trazem uma bagagem de conhecimento que pode ser acessada conforme os diferentes objetivos dos atores e da realidade do seu contexto social assim a fam lia de Noel e Mercedes utilizou se desse patrim nio cultural como o seu meio de vida para reproduzir se socialmente juntou os dois o que a gente gostava de faz e sabia com a necessidade 0 Isto aponta para as diferentes alternativas e a es que cada fam lia tem a partir desse patrim nio coletivamente compartilhado 6 2 SUCESS O FAMILIAR A sucess o familiar na agricultura diz respeito aos filhos continuarem as atividades na unidade agr cola mas n o s isso a sequ ncia e o assumir de um estilo de vida por parte dos filhos dos agricultores n o necessariamente nos mesmos moldes mas com princ pios em comum O envolvimento dos filhos com a agricultura constitui um processo de forma o cont nuo que tem rela o com os projetos da fam lia das possibilidades de prosperidade da valoriza o desse trabalho e dess
279. plo atrav s de vendas diretas mercados de agricultores cadeias agroalimentares alternativas esquemas p blicos de abastecimento b novas tecnologias camponesas que aumentam o valor agregado c aumento da autonomia atrav s do cooperativismo d respostas redund ncia causadas pelos imp rios tomando novas posi es como ocupando e se estabelecendo satisfatoriamente em reas julgadas por t cnicos como sendo impr prias para a agricultura e visibilidade os imp rios tendem a tornar os produtores invis veis sendo n o pessoas e os locais de produ o de alimentos como n o lugares As a es por visibilidade v o desde declara es p blicas at a cria o de p ginas personalizadas na internet f reciprocidade Ploeg 2009 atribui essa resist ncia como nova pois procura construir solu es locais para problemas globais Argumenta que as outras categorias de resist ncia desaparecem assim como surgem Ela est presente no florescimento da agroecologia e a principal for a motriz de muitas formas de desenvolvimento aut ctone 18 Conceito trabalhado por autores como Radomski 2006 e Sabourin 1999 66 A resist ncia j n o uma forma de rea o mas sim uma forma de produ o e a o uma resist ncia completamente nova baseada na inova o e na coopera o aut noma entre sujeitos e produtores e consumidores Ela a capacidade de desenvolver potencialidades novas e constituti
280. podem dar respostas locais que podem servir de modelo ideal a um desenvolvimento rural sustent vel 199 8 CONSIDERA ES FINAIS Com a realiza o desta pesquisa os principais resultados encontrados foram a revela o de uma diversidade de realidades e trajet rias de vida entre as fam lias de agricultores a caracteriza o da fabrica o artesanal de erva mate atrav s da descri o das cinco etapas do processamento mostrando em cada etapa as diversas formas saberes e novidades desenvolvidos pelas fam lias desde muitas gera es passadas a caracteriza o do conhecimento e das pr ticas de manejo da biodiversidade associados fabrica o de erva mate Al m disso puderam ser identificados os elementos determinantes para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate e coincidentemente com o modo de vida campon s quais sejam a sucess o familiar os incentivos assist ncia t cnica cr dito pol ticas p blicas a m o de obra dispon vel a tradi o a economia ligada busca de alternativas de mercado e clandestinidade a identifica o de um produto com melhor apre o em qualidade e sa de comparado ao da ind stria as dificuldades dos trabalhos manuais que motivam o desenvolvimento de habilidades e novidades e a coprodu o manuten o e incremento da base de recursos Os elementos determinantes para a continuidade da agricultura camponesa se contrap em l gica da moderniza o na a
281. produ o bem como extra am a mat ria prima de ervais nativos vendendo a para as col nias espanholas SEPP 1972 A import ncia econ mica da erva mate foi um dos motivos da disputa pelo territ rio no sul da Am rica do Sul entre Portugal e Espanha que ainda depois continuou com a contesta o da demarca o dos limites de fronteira entre Brasil e Argentina A disputa pelos ervais estava sob o olhar dos interesses das prov ncias da Espanha as quais mesmo anteriormente independ ncia dividiram se A primeira a proclamar a independ ncia foi o Paraguai inclusive em rela o s outras prov ncias como a de Buenos Aires Depois das independ ncias entre 1820 e 1853 as prov ncias tiveram muitos conflitos entre si e entre seus caudilhos ora gerando uni o ora havendo separa es O Paraguai teve uma atitude isolacionista a ponto de em 1813 interromper suas exporta es de erva mate fato que motivou a Argentina a investir na cultura Nesse per odo entrou em cena um naturalista franc s Aim Bonpland o qual veio a Buenos Aires em 1817 com interesse em se radicar e contribuir com seus estudos para a regi o O naturalista veio regi o do Prata em um per odo marcado pelas guerras e disputas por territ rio entre os quatro pa ses Brasil Argentina Paraguai e Uruguai Ele se entusiamou em estudar a erva mate o que come ou a se concretizar ap s o convite do governador da prov ncia de Entre R os para Bonpland morar na mesop
282. produ o ao redor de 40 toneladas de peixes por ano BOZANO 200 A situa o fundi ria dos munic pios constitu da principalmente por pequenas propriedades familiares que correspondem a mais de 90 dos estabelecimentos agropecu rios com rea m dia entre 12 e 26 5 ha IBGE 2010 Sin nimo de produ o em monocultivos e com o uso de insumos externos como fertilizantes e agrot xicos Tamb m designado de produ o em monocultura 26 Informa o fornecida pela fam lia entrevistada de Ip Informa o fornecida pela EMATER de Santo Ant nio do Palma em 2010 Informa o fornecida pela EMATER de Humait em 2010 88 4 3 3 Feiras dos produtores e eventos de agricultura familiar Foi citada a exist ncia de feiras dos produtores em alguns dos munic pios visitados Em Seberi ela administrada por uma associa o de agricultores e tem apoio da EMATER e prefeitura municipal Al m disso acontece a Col nia em Festa no m s de junho que no ano de 2010 teve a sua quinta edi o e pela primeira vez teve troca e venda de sementes crioulas contabilizando cerca de cem variedades A EMATER do munic pio de Bozano realizou no ano 2010 uma feira para a troca de sementes crioulas A feira do produtor de Panambi tem o apoio da EMATER Anualmente est o sendo realizadas as Feiras da Col nia Fecol nia que comumente integram mais dois munic pios Condor e Peju ara Em Ip existe um estabelecimento da associa
283. quer dizer que a conserva o depende de seu contexto maior de mbito pol tico e econ mico A conserva o reduzida a reas protegidas como as reservas extrativistas e de uso sustent vel por si s n o v o garantir um futuro bem sucedido continuidade de sobreviv ncia e de equil brio ambiental da biodiversidade Se o crescimento e o lesenvolvimento do pa s continuar ocorrendo a partir de uma agropecu ria insustent vel de maneira que os campos e pastagens de produ o v o se ampliando e se tornando uniformes tanto as reas protegidas dentro da lei do Sistema Nacional de Unidades de Conserva o SNUC como as reas naturais dos agricultores familiares e aquelas manejadas por popula es tradicionais poder o ser suprimidas Por for a do desenvolvimento econ mico acelerado no Brasil est ocorrendo rotineiramente a supress o e degrada o de ecossistemas naturais e o reassentamento de comunidades de agricultores popula es tradicionais e at ind genas como a constru o de usinas hidrel tricas PAIM ORTIZ 2005 A diminui o das florestas na Mata Atl ntica foi substitu da predominantemente pelas cidades e lavouras de cana de a car DEAN 1986 Silva et al 2010 p 261 evidenciaram que o atual n vel de fragmenta o e fragiliza o da Mata Atl ntica na zona da mata norte de Pernambuco bem 48 RUIZ PEREZ et al Markets drive the specialization strategies of forest peoples Ecology and Society
284. r amp Francis 1999 BIANCHINI O C D A Companhia Matte Laranjeira e a ocupa o do sul de Mato Grosso 1880 1940 Campo Grande UFMS 2000 BLACK R E The Porta Palazzo farmers market local food regulations and changing traditions Anthropology of Food n 4 2005 Dispon vel em lt http aof revues org document157 html gt Acesso em 13 jan 2011 BLUM R Agricultura familiar estudo preliminar da defini o classifica o e problem tica In TEDESCO J C Agricultura familiar realidades e perspectivas Passo Fundo EDIUPF 1999 p 57 104 BOGDAN R C BIKLEN S K Notas de campo In Investiga o qualitativa em educa o uma introdu o a teorias e aos m todos Porto Porto Editora 1994 p 150 175 205 BOGUSZEWSKI J H Uma hist ria cultural da erva mate o alimento e suas representa es 2007 129 f Disserta o Mestrado em Hist ria Universidade Federal do Paran Curitiba 2007 BONFIM V P Per odos hist ricos do Paran ra zes e tend ncias 2007 Dispon vel em lt http fera seed pr gov br arquivos File Documentos Pesquisa Raizes e Tendencias do Par ana pdf gt Acesso em 13 nov 2008 BORILLE A M W Rela o entre compostos fitoqu micos e o nitrog nio em morfotipos de erva mate Ilex paraguariensis St Hil 2004 110 f Disserta o Mestrado em Agronomia rea de Concentra o fCi ncia do Solo Universidade Federal do Paran Curitiba 2004 BOZANO Pre
285. r odo um dos poucos produtos em que se conseguia renda externa unidade agr cola Os agricultores familiares possuem um corpus e uma pr xis nos termos de Toledo e Barrera Bassols 2010 intr nsecas ao seu modo de vida que se diferenciam em maior ou menor grau em rela o aos povos ind genas e determinadas popula es tradicionais uma vez que cada uma dessas categorias possui especificidades culturais e uma rela o maior ou menor com o mercado e com a sociedade urbano industrial Na abordagem do campesinato Woortmann 2009 atribui ao saber campon s uma moralidade que rege o modo de vida campon s em que por exemplo a terra n o deve ser propriedade de um indiv duo mas um patrim nio de uma fam lia a ser transmitido para as gera es futuras juntamente com o saber de cuidar da natureza Essa moralidade em car ter espiritual pode ser relacionada ao que Toledo e Barrera Bassols 2010 chamam por kosmos 107 Um dos aspectos dos agricultores que prov m a partir da migra o de colonos europeus que lhes foram concedidas ou vendidas parcelas de terra col nias tornando se propriedades a partir da lei de terras de 1850 o que n o era da cultura de ndios e popula es tradicionais como os caboclos os quais sendo posseiros foram em grande parte exclu dos desse processo ARDENGHI 2003 RENK 1997 ZARTH 1998 Nesse processo hist rico em vista da sucess o das unidades agr colas por mais que haja uma f
286. r ergue a voz Permanece em cada mate Um ndio dentro de n s 221 LIC ES DO CARIJO Letra e m sica Silvio Aymone Genro O calor dos braseiros Nos ensina muitas li es Apartadas as almas Qual brasas se apagam Viram cinzas nossas ilus es Por m quando juntas Avivam e aquecem Os braseiros dos cora es Almas e brasas Assim a vida Lado a lado somamos Forca e emo o Apartados N o somos nada E a pr pria vida Perde a raz o Que a exemplo do Carijo Sirva o mundo de li o Pra que os homens Se entendam e aprendam O valor De viver em comunh o
287. r quando for necess rio A qualquer hora voc pode parar nossa conversa ou desistir de participar dessa pesquisa sem trazer nenhum preju zo a voc O meu orientador e seus orientados trabalham com agricultores familiares na busca por uma agricultura que valorize as pessoas as tradi es a produ o de alimentos saud veis a autonomia dos agricultores e o uso racional dos recursos naturais Tamb m nos comprometemos a trazer os resultados da pesquisa para voc s e s us los para comunicar a outros pesquisadores em reuni es e revistas relacionadas faculdade Se voc tiver qualquer d vida ou quiser saber mais sobre nossa pesquisa basta falar comigo a qualquer momento Voc tamb m pode nos telefonar Vou deixar aqui o nosso telefone e endere o Programa de P s Gradua o em Desenvolvimento Rural PGDR UFRGS Av Jo o Pessoa 31 bairro centro Porto Alegre RS CEP 90040 000 Telefone do pesquisador Mois s da Luz 51 9650 2174 Telefone do orientador da pesquisa F bio K Dal Soglio 51 9912 2455 Entrevistado Depois de eu ter sido esclarecido sobre a pesquisa de como vai ser feita do direito que eu tenho de n o participar ou desistir dela sem preju zo para mim e ainda de como os resultados ser o usados eu concordo em participar desta pesquisa Data Local Entrevistado Entrevistador pesquisador 217 AP NDICE B i ROTEIRO DE ENTREVISTA CIDADE CASO Data S CIO ECON MICO 1 Naturalid
288. ra o manejo e potencial socioecon mico da erva mate In SIMOES L L LINO C F Org Sustent vel Mata Atl ntica a explora o de seus recursos florestais S o Paulo SENAC 2002 ANU RIO BRASILEIRO DA ERVA MATE Santa Cruz do Sul Gazeta Grupo de Comunica es 1999 APG II ANGIOSPERM PHYLOGENY GRUP An update of the Angiosperm Phylogeny Grup classification for the orders and families of flowering plants APG II Botanical Journal of the Linnean Society London n 141 p 399 436 2003 ARANDA D rea de distribuci n natural de la yerba mate Cerro Azul INTA Estacion Experimental Agropecu ria Misiones 1986 ARDENGHI L G Caboclos ervateiros e coron is luta e resist ncia no norte do Rio Grande do Sul Passo Fundo UPF 2003 ASSIS A L et al Esp cie chave cultural indicadores e aplicabilidade em etnoecologia In ALVES A G C SOUTO F J B PERONI N Etnoecologia em perspectiva natureza cultura e conserva o Recife NUPEEA 2010 p 163 186 AURIER P FORT F SIRIEIX L Exploring terroir product meanings for the consumer Antropology of food Salleboeuf n 4 2005 Dispon vel em http aof revues org document187 html Acesso em 06 jan 2011 BACHTOLD F Falta de mulher no campo deixa tarefa de casa para homem Folha de S Paulo S o Paulo 25 dez 2010 Se o C5 204 BACKES P IRGANG B rvores do Sul guia de identifica o e interesse ecol gico Santa Cruz do Sul
289. ra o amarela erva descansada longo per odo de armazenamento ou estacionamento ANDRADE 1999 grifo nosso Conforme dados do Censo Agropecu rio de 2006 do IBGE 2010a tabela 2 a maior parte da erva mate colhida de extrativismo vendida para as ind strias ervateiras Brasil 63 4 Rio Grande do Sul 80 7 sendo que esse n mero que chega a ind stria pode ser bem maior pois parte da mat ria prima colhida vendida para intermedi rios Somando as quantidades vendidas para a ind stria e aos intermedi rios resulta em 96 Brasil e 95 7 Rio Grande do Sul Portanto no Brasil a exist ncia de erva mate artesanal pode estar correlacionada pequena quantidade que vendida diretamente ao consumidor e talvez parte daquela entregue a cooperativas e que n o foram vendidas fora aquela produ o que n o 46 chega a ser registrada Presume se que a quase totalidade da produ o de erva mate artesanal n o seja registrada TABELA 2 Destino da produ o de extra o de erva mate do Rio Grande do Sul RS e Brasil BR vendida ou entregue a terceiros em toneladas e porcentagem correspondente Ano 2006 Destino da produ o vendida ou Toneladas q ng Toneladas BR BR Vendida ou entregue a cooperativas 420 1 73 1 911 1 32 Vendida diretamente para ind strias 19 613 80 70 91 783 63 43 Entregue empresa integradora 271 1 12 2 083 1 44 Vendida a intermedi rios 3 645 15 47 147 32 58 Vendida entregue ou doada ao
290. ra camponesa pode ser inferida como um processo que se choca com a l gica capitalista que promove a agricultura empresarial e capitalista Nas express es dos camponeses quando se referem ao seu modo de vida e sociedade envolvente pode se perceber uma rela o de contraposi o dos pequenos em rela o aos grandes A trajet ria dos agricultores rica ao revelar que muitos deles tiveram experi ncias na cidade trabalhando para empresas ou s o multifuncionais exercendo outras profiss es ou atividades As fam lias camponesas quando contam sua hist ria de vida ao mesmo tempo refletem sobre os acontecimentos passados Poderemos ver que o passado e o presente est o mais pr ximos do que se imagina uma vez que a conjuntura estrutural onde vivem ainda dominada pela l gica da moderniza o na agricultura Assim o que aconteceu no passado no auge da expans o das monoculturas de soja muitos erval arrancaram pra faz granja O povo da cidade os m dico advogado lojista foram comprando terra granja foram arrancando tudo plantando soja e trigo depois n o tinha mais erval JO acontece na atualidade ali do outro lado era erva virou granja faz quatro ano e ele tirou tudo 16 ha povoado tinha um erval grande os timb grande O que a gente fez at agora o que tu plantou tem medo de um cheg e destru tudo se vend pra um outro isso tudo arrancado vira em granja em poucos dia 173 Os agricu
291. racter stica o n o desperd cio ou o aproveitamento mais eficiente poss vel dos recursos naturais constru dos e adquiridos Na l gica capitalista os agricultores s o for ados a aderirem cada vez mais agricultura empresarial por m a tend ncia poder ser o sucesso de poucos e o xodo de muitos Mas para quem adere de forma aparentemente satisfat ria o resultado pode ser uma grande depend ncia em rela o ao mercado e a pol ticas e normas internacionais Os agricultores percebem a sua vulnerabilidade quando se tornam muito dependentes como expressou o Cenair o capitalismo o dinheiro que manda Portanto os fatores determinantes para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate e do modo campon s de agricultura puderam ser identificados assim como os fatos discutidos neste cap tulo e de uma forma mais geral nesta se o demonstram a contraposi o entre a agricultura camponesa e a agricultura moderna Outro fator determinate para a continuidade da fabrica o artesanal de erva mate pelas fam lias de agricultores a coprodu o com a natureza que ser discutido em maior profundidade no pr ximo cap tulo 179 7 A CONSERVA O DA BASE DE RECURSOS NO MBITO DA FABRICA O ARTESANAL DE ERVA MATE E A CONTINUIDADE DO MODO DE VIDA Este cap tulo apresenta um elemento determinante para a continuidade da agricultura camponesa a sua rela o com a base de recursos ou tamb m chamada
292. rante a retirada dos ramos de erva mate do carijo Panambi B Vis o dos ramos de erva mate secos sobre o carijo Panambi C D Retirada dos ramos secos de erva mate do carijo em Bozano observe as l minas de zinco no ch o do carijo para aproveitar as folhas que caem E Os ramos de erva mate sendo postos em um carret o para serem transportados com o trator at o local do cancheamento Bozano Ano 2010 Fonte acervo do autor Em Panambi o agricultor canchea a erva dentro de um implemento de carga pequeno utilizando uma p de corte figura 55 142 Figura 55 Cancheamento da erva mate com p de corte sobre um carreto implemento para transporte de carga novembro de 2005 Panambi RS Fonte acervo do autor As fam lias de Bozano e Ip utilizam a trilhadeira que movida com a tra o do trator enquanto a de Seberi adaptou uma esp cie de motriz de colheitadeira tornando se algo semelhante a uma trilhadeira sendo movida com a tra o do trator e com energia el trica A trilhadeira foi muito utilizada para selecionar e limpar gr os quando ainda n o haviam as colheitadeiras modernas sendo m quinas que chamam aten o por seu design combinando materiais de madeira e metal figura 56 Outras fam lias al m das sete em estudo utilizam uma m quina movida com energia el trica Ela consiste de um eixo contendo barras met licas que ao girar com muita velocidade faz com que as barras quebrem os ramos de erva
293. rasil Argentina e Paraguai o cultivo da erva mate de grande import ncia s cio econ mica uma vez que realizado por um grande n mero de pequenos produtores comunidade ind gena guarani e por ervateiras CONTINI 2006 0az O abr E sais Emas indsponivel Figura 3 Divis o pol tica do Rio Grande do Sul mostrando em gradientes de cor os munic pios de acordo com a quantidade de erva mate produzida em toneladas a partir do extrativismo para o ano de 2008 Fonte IBGE 2010b 37 A maior parte da erva mate ofertada hoje prov m do processo mec nico onde todas as opera es s o efetuadas automaticamente e em pouqu ssimo tempo desde o sapeco at o empacotamento do produto Ainda em uso o processo manual vem sendo abandonado gradativamente KICHEL 2002 Quanto m o de obra a maioria dos produtores de erva mate utiliza se da familiar para a execu o das tarefas Grande parte desses produtores n o sobrevive apenas da cultura da erva mate pois a terra utilizada para plantio em cons rcio com outras culturas tempor rias KICHEL 2002 A maioria da extra o de erva mate no Brasil est concentrada em reas menores do que 50 hectares representando 83 9 dos estabelecimentos agropecu rios Para o Rio Grande do Sul em reas menores que 50 hectares s o 89 3 dos estabelecimentos al m disso a grande maioria dos produtores s o propriet rios das terras Brasil 91 7 e Rio Grande do Sul
294. ravessando o em todo o seu di metro figura 40 122 Figura 40 O sapeco indireto realizado manualmente com o aux lio de uma sapecadeira cilindro de metal girat ria Da esquerda para a direita e do alto para baixo A e B Ip C Detalhe do sapeco onde o homem vai pondo os ramos de erva dentro da sapecadeira ao lado de fora do galp o do barbaqu Seberi D Vis o da parte interna do galp o do barbaqu onde o agricultor gira o cilindro e os ramos sapecados v o caindo no piso do galp o Seberi Ano 2010 Fonte acervo do autor Em Ip a erva em ramos descarregada sobre uma esp cie de cancha de madeira retangular situada ao lado do sapecador para durante o sapeco os ramos serem empurrados para dentro do cilindro S o necess rias tr s pessoas para sapecar Em Seberi uma pessoa fica respons vel em p r a erva no cilindro a segunda gira o cilindro manualmente com uma esp cie de manivela enquanto uma terceira pessoa recolhe a erva sapecada que cai no piso do galp o auxilia aquele que abastece o cilindro aproximando os ramos de erva e monitora o fogo pondo mais lenha se necess rio Em Ip acontecem as mesmas atividades mas com a diferen a de que a pessoa que movimenta o cilindro a mesma que coloca os ramos dentro do sapecador A lenha para sapecar consiste de cascas e galhos finos de rvores de eucalipto e de outras esp cies Para iniciar o fogo tamb m se utilizam ramos secos de arauc ria grimpas
295. rea de lavoura onde plantam milho caiano para consumo animal e humano milho verde mandioca e algumas hortali as Junto e ao redor das casas e do galp o plantam chuchu rvores frut feras dom sticas de p ssego figo bergamota laranja lim o kinkan e nativas Possuem diversas esp cies de plantas medicinais e de flores O Cenair costuma coletar plantas espont neas para consumir em saladas como radiche mastruz serralha e dente de le o Criam alguns animais como bovinos e galinhas Na propriedade h um a ude com margens reflorestadas onde produzem peixes 4 4 2 Victor e Joana erva em mutir o Em Bozano a fabrica o artesanal de erva mate acontece em mutir o por at sete fam lias de agricultores O grupo realiza outras tarefas em conjunto como o manejo das lavouras e o abate de animais bovinos e su nos A entrevista foi realizada apenas com uma das fam lias a qual hospedou o pesquisador Figura 20 Paisagem de monoculturas de inverno e fragmentos florestais Agosto de 2010 Bozano RS Fonte acervo do autor Em m dia cada propriedade tem em torno de 20 h ocorrendo arrendamento de terras A fam lia entrevistada cultiva 60 h de terra A atividade que mais diz respeito obten o de renda a produ o de gr os sendo soja no ver o e trigo no inverno em sistema convencional Como s o s cios da COTRIJU l que comercializam seus produtos Na comunidade cat lica da comunidade eles particip
296. resenta os principais resultados conforme os objetivos tra ados e os encaminhamentos que se derivam como demandas de pesquisa e aplica es pr ticas no contexto da fabrica o artesanal de erva mate e da agricultura familiar 28 2 A RVORE ERVA MATE Este cap tulo apresenta a esp cie erva mate em tr s se es A primeira com dados de biologia e fitogeografia a segunda sobre sua hist ria e economia e a terceira traz a descri o encontrada na literatura referente fabrica o artesanal de erva mate at os tempos atuais e a import ncia econ mico social da erva mate nos dias de hoje 2 1 BIOLOGIA E FITOGEOGRAFIA A erva mate em sua forma nativa uma rvore perenif lia de at 15 m de altura Possui folhas alternas obovadas a el pticas verde escuras glabras com at 8 cm de comprimento por at 4 cm de largura e margens denteadas Quanto reprodu o uma planta dioica por redu o a infloresc ncia fica nas axilas das folhas e as flores s o pequenas A flora o ocorre de setembro a dezembro e a frutifica o de janeiro a mar o O fruto esf rico com quatro sementes de tonalidade vermelha at negra com at 5 5 mm de di metro ANU RIO 1999 BACKES IRGANG 2002 so Ed 4 Figura 1 Ramos e folhas de erva mate Panambi RS Mar o de 2011 Fonte acervo do autor A erva mate esp cie Ilex paraguariensis A St Hil pertence fam lia Aquifoliaceae a qual tem distribui
297. restais nativas excetuando se a de Humait e da mesma forma todas extraem madeira dessas reas para ser utilizada como lenha em atividades diversas como a fabrica o da erva por m a retiram de rvores secas mortas ou que ca ram por causa de ventanias Eles consideram que a extra o de madeira seca n o representa dano ao meio natural e n o motivo para se preocupar com a fiscaliza o ambiental Parece ser esse o limite aceit vel para as obedi ncias legisla o ambiental A n o possibilidade de extrair madeira seca da mata significa um afrontamento dignidade das 186 fam lias camponesas Esse limite de coer ncia entre conservar e respeitar normas externas transparece com a afirma o do Cenair Ent o a gente n o t se comprometendo com o ibama e nem com o meio ambiente aproveita aquilo que t seco O Quanto viabilidade de conservar o mato aliado ao manejo em que retiram se rvores secas e mesmo rvores vivas conforme a necessidade o Cenair assegurou de forma positiva e defendeu que o n mero de rvores aumenta com o manejo Mas vi vel e muito mais tu vai ter mais rvore ainda vi vel Vai tirando ao longo do ano e vai deixando os pequeninho e vai cuidando e aquilo vai crescendo e os grande vai aproveitando O Por m em rela o ao manejo do gado bovino o Cenair faz recomenda es havendo restri o soltura do gado no mato enquanto as mudas de rvores estiverem pequenas Quanto ao ga
298. ria ervateira falsos ou n o colhem a erva por m n o pagam a carga simplesmente indo embora 167 ou em estabelecimentos que revendem o produto Existem situa es em que a fam lia paga em dinheiro pela mat ria prima no momento da colheita O resultado desse fen meno que os fornecedores dessa forma s o estimulados a manter as rvores vivas e recebem um valor superior ao que a ind stria pagaria A exposi o abaixo sintetiza isso na fui l os caras vieram l isso d 100 kg de erva ofereceram 8 kg de erva entregaram por 8 kg de erva toda aquela erva digo de mim voc s iam ganha uns R 100 00 at mais Eu to valorizando eles pra n o arranca erva pra segura aquilo ali Eu to pagando tr s vez mais do que os cara da ind stria e deixo ela pronta l no mercado s eles l recebe n Esta situa o demonstra o potencial de uma alternativa de cadeia produtiva e de mercado incentivando a diversifica o da produ o e o acesso a diferentes mercados para os agricultores familiares al m do fato de representar um produto diferenciado carregado de tradi o e qualidade peculiar Esse potencial econ mico com atributos locais o que alguns autores trabalham como o desenvolvimento end geno NORDER 2006 6 6 QUALIDADE E SA DE Os camponeses apresentam uma grande diversidade na forma como produzem a erva artesanal que adequada conforme as prefer ncias de seus clientes seletos A fam lia
299. ricultores a venda do produto sempre se limitou ao mbito da comunidade Era comum ficar cuidando da secagem da erva at a meia noite momento em que eles aproveitavam para tocar gaita A erva seca era cancheada manualmente no por o da casa e depois era armazenada em caixas de madeira 32 mn ga a Gaita do folclore gauchesco Esp cie de acorde o ou sanfona 102 As prefer ncias quanto ao resultado do produto final antigamente eram diferentes Eles processavam a erva de forma a deix la com cor amarela como no exemplo a seguir explicado pela Anita que tem semelhan as com o m todo de estacionamento utilizado na Argentina e Uruguai At aquele tempo n s n o fazia erva verde erva amarelinha se dizia olha que amarelinha que bonita Sapecava quebrava de tarde deixava ela no soque pra amarelar Hoje quanto mais verde o pessoal prefere mais Atualmente eles continuam sapecando a erva manualmente sendo essa tarefa considerada a mais complicada a mais sofrida Com o processo de secagem em barbaqu e com o soque adquirido h aproximadamente oito anos eles afirmam que houve melhorias o trabalho ficou mais f cil e resultou em menos m o de obra No Ponto Ecol gico em Passo Fundo a erva est sendo vendida h dois anos fato que foi incentivado pelo CETAP Ainda n o se tem uma avalia o quanto aprecia o do consumidor embora tenham vendido toda a oferta Ocorre degusta o de produtos como sucos e doces
300. ritiba APUFPR 1983 189 p 7 Sin nimo de plantios em monocultura geralmente referidos por agricultores e t cnicos com a no o de agricultura mecanizada 36 Atualmente no Mato Grosso do Sul s o poucos os indiv duos de erva mate remanescentes em toda a rea de ocorr ncia natural A expans o da fronteira agr cola e o assentamento de colonos favoreceram a derrubada dos ervais naturais ocasionando a fragmenta o da vegeta o CONTINI 2006 De acordo com Andrade 2002 o ciclo da erva mate ocorreu de forma extrativista e desorganizada depois com a supress o dos ervais juntamente com as florestas nativas houve diminui o na oferta do produto o que ocasionou a alta nos pre os A partir do aumento do consumo interno e a boa expectativa de neg cios fomentou se a realiza o de plantios homog neos da cultura recompondo se as fontes de mat ria prima ANDRADE 2002 KICHEL 2002 Em pleno in cio do s culo XXI a estrutura fundi ria ervateira predominantemente de minif ndios nos tr s Estados do sul do Brasil o que mostra que a erva mate uma cultura t pica da pequena propriedade familiar ANDRADE 2002 Aproximadamente 80 dos produtores t m na erva mate uma alternativa de renda constituindo se em uma atividade de car ter permanente e de rendimento anual ANDRADE 2002 FERRAZ 1995 No Rio Grande do Sul a import ncia dessa cultura pode ser ilustrada para algumas regi es do Estado atrav s da figura 3 No B
301. rma mais ou menos intensa que designado como o estalar da erva Por exemplo se a erva de local sombreado ela estala menos do que aquela de local aberto a pleno sol A emiss o desse som serve como par metro para saber se a erva foi bem sapecada pois medida que as folhas passam pelo fogo imediatamente estalam ao mesmo tempo que sua intensidade vai baixando se o galho n o for mudado de posi o Assim se a pessoa que sapeca n o for habilidosa demorando no revolvimento dos galhos corre se o risco de queimar as folhas A figura 37 mostra os detalhes de uma folha ap s o sapeco 119 Figura 37 Detalhe de uma folha de erva mate ap s o sapeco evidenciando rupturas na face abaxial Humait RS Ano 2010 Fonte acervo do autor A lenha utilizada para sapecar em geral proveniente do aproveitamento dos galhos de erva mate descartados no momento da separa o dos ramos de fabrica es anteriores que ficam amontoados Tamb m s o utilizados galhos finos e secos de diversas esp cies que s o obtidas na pr pria unidade agr cola 5 2 1 1 Quebra e enfeixamento Nesta modalidade de sapeco os ramos finos com as folhas s o separados dos galhos grossos manualmente ap s toda a erva ser sapecada o que tamb m chamado de quebrar a erva figura 38 As fam lias de Santo Cristo e Santo Ant nio do Palma n o fazem o enfeixamento ap s a separa o dos ramos uma porque essas atividades ocorrem ao lado ou pr xim
302. roeste do Rio Grande do Sul comum ouvir se hist rias sobre as panelas de dinheiro que diferentemente do papel dos seres sobrenaturais referem se a lugares que podem ati ar a cobi a das pessoas por m soam como amaldi oadas e que as pessoas que tentaram desenterr las n o conseguiram faz lo muitas vezes a ponto de serem castigadas Essas hist rias se referem a locais onde existem florestas onde as panelas teriam sido enterradas Sendo assim para as comunidades locais essas lendas parecem ajudar a restringir a explora o dessas reas de mata fato que mereceria se j n o houve estudos que podem ter rela o com acontecimentos hist ricos 184 rem dio pro cora o em que o nome popular n o era conhecido camboat vermelho rem dio pro cora o o tarum a folha rem dio pra dor de dente o coqueiro vermelho amarel o gripe o cobrini a sena e a cancorosa Al m dessas finalidades h outras como o embelezamento da propriedade e a manifesta o da import ncia de esp cies para alimentar os p ssaros Com o Victor a conversa com o pesquisador incluiu a quest o das esp cies amea adas de extin o por m ele n o chegou a precisar quais esp cies estariam em extin o ou que ele n o encontraria mais na comunidade Conforme a listagem do quadro 9 pode se identificar seis esp cies que est o na lista oficial de esp cies amea adas de extin o do RS PORTO ALEGRE 2002 estando na condi o de vulner
303. ros o a ude e o mato Bozano RS Abril de 2010 92 Figura 22 O riacho com vegeta o ciliar e as lavouras Humait RS Julho de 2010 93 Figura 23 Potreiro em primeiro plano Ao fundo do outro lado do riacho reas de pastagem e outros cultivos arrodeados pela mata Santo Cristo RS Junho de 2010 96 Figura 24 Erval em sistema agroflorestal Seberi RS Maio de 2010 97 Figura 25 Paisagem a partir da propriedade Santo Ant nio do Palma RS Mar o de CO A O a sd 99 Figura 26 Horta e pomar com figo da ndia Santo Ant nio do Palma RS Setembro de POTO naaniernan a RES a E E ET E a a E Ea 100 Figura 27 Potreiro horta e Floresta com Arauc ria Ip RS Maio de 2010 103 Figura 28 Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Indiv duo de erva mate podado situado na lavoura Bozano B Poda de algumas rvores de erva mate situadas junto com uma lavoura de pastagem Santo Cristo C Erva mate junto com a lavoura de milho Santo Cristo D Erva mate podada situada em um quintal urbano Humait E Fileira de erva mate dividindo duas reas de lavoura Humait F Erval remanescente Seberi Ano PAUS E E E E E E ET 109 Figura 29 Erval intercalado com outros cultivos como parreiral figos da ndia e uva japonesa Santo Ant nio do Palma RS Setembro de 2010 110 Figura 30 A e B Erval em s
304. rva em uma propor o de 50 meia Eles transportavam a erva em carro a andando at 30 km por dia muitas vezes saindo de casa durante a madrugada e conforme a ocasi o somente voltando quase meia noite por vezes tomando chuva na estrada Houve uma poca que a venda de erva proveniente dos barbaqu s decaiu por causa da implanta o e do crescimento da produ o nas ind strias que se alavancaram a partir de 1990 H mais de cinquenta anos existia muito mato e as lavouras n o eram como hoje a rea de plantio era chamada de campo a qual tinha muita barba de bode gram nea e onde n o dava nada Nas reas de campo era plantado o trigo passando a receber a soja por volta do ano de 1975 enquanto o milho foi introduzido em monocultivos mecanizados a partir de 1990 A fam lia possui ao redor de 25 ha de terra em glebas separadas Enquanto na sua trajet ria observa se o aumento de reas florestadas com erva mate e outras esp cies nativas na vizinhan a as culturas anuais aumentaram sua superf cie de cultivo Um sintoma desse efeito que ilustra a situa o da propriedade visitada foi o preju zo causado s folhas do mandiocal devido aplica o de agrot xico por um vizinho em uma lavoura de soja lindeira 4 4 6 Jos e Anita tradi o e agroecologia Em Santo Ant nio do Palma a fam lia natural do pr prio munic pio e descende de poloneses S o em n mero de seis pessoas sendo o Jos e a Anita seus d
305. s dominados ou que est o expostos a situa es de explora o laboral econ mica injusti a e depend ncia Esse fen meno expresso a atores sociais dominantes sejam individuais ou coletivos sejam a entidades privadas ou p blicas assim como a normas valores leis e mesmo a modelos s cio econ micos regionais e internacionais como o capitalismo o socialismo e o comunismo Ela pode ser manifestada simplesmente ao patr o de uma fazenda ou empresa como pode se contrapor pol tica incluindo leis e normas agr ria e agr cola de determinado pa s Ela muitas vezes percebida como um aspecto negativo das comunidades 61 que n o aceitam se modernizar pois nas sociedades urbano industriais a modernidade vista como o nico caminho para o desenvolvimento s cio econ mico Por outro lado a resist ncia a express o de reivindica es carregadas de valor para a emancipa o e autonomia dessas comunidades Long sintetiza a no o de resist ncia como sendo utilizada para caracterizar lutas contra autoridades e s tios de poder ou frequentemente chamados de regime ou atores fominantes que excluem atores individuais ou coletivos com menos poder chamados de fsubordinadosO A resist ncia referida como tendo caracter sticas de um conflito hier rquico que eclode entre camponeses e grandes propriet rios de terra trabalhadores e donos de empresas privadas ou p blicas agricultores de pequena escala e agiota
306. s da lenha e dos materiais A lenha a ser utilizada deve estar bem seca obviamente Tamb m a ocorr ncia de ventos fortes ou que significam previs o de chuva n o combinam com a pr tica Esses fatores al m de significar perda de efici ncia e qualidade do trabalho e consequentemente do produto representam riscos a pr pria sa de das pessoas envolvidas pois o fato de lidar com o calor do fogo n o combina com o tempo mido como afirmou o Jos lembrando de como era antigamente FS que era sofrido porque a maioria fazia mais fogo de noite da de frente assim tinha fogo e de costas assim vinha vento frio rapaz pega gripe e coisa Da mesma forma fazer o sapeco com a ocorr ncia de ventos prejudica o trabalho e a pessoa pode se queimar gravemente Em Bozano eles costumam proceder a secagem a partir do meio dia tendo se a presen a de pelo menos uma pessoa para monitorar o fogo noite o pessoal se re ne em frente ao carijo permanecendo at que a queima da lenha n o represente mais amea a de inc ndio Nesse momento ocorre uma confraterniza o entre o grupo de fam lias participando desde jovens adolescentes at idosos na maioria homens O local previamente preparado instalando se uma lona pl stica para o resguardo das pessoas e uma fia o el trica para acender uma l mpada e ligar o r dio Eles compartilham contando hist rias e piadas e fazendo uma refei o Na janta as pessoas compartilharam mandioca p o
307. s agricultores utilizam para secar gr os uma vez que ele possui uma base met lica com orif cios por onde passa o ar quente a partir de uma fonte a lenha O calor direcionado para alcan ar a cancha circular saindo pelos orif cios A experimenta o deu timos resultados sendo utilizada tanto para a secagem de gr os como para a secagem da erva mate figura 49 Figura 49 Secador de gr os utilizado para secar erva mate Santo Ant nio do Palma RS Ano 2010 Fonte acervo do autor Em Bozano o mesmo grupo de fam lias que seca erva no carijo est construindo uma estrutura semelhante a anterior por m a sua fonte de energia ser solar figura 50 Consistir de um t nel de 40 m de lona pl stica de modo que o ar no seu interior seja aquecido pela energia do sol O ar quente ser bombeado para o interior de uma cancha circular onde semelhante ao caso anterior ter uma base met lica perfurada sobre a qual ser disponibilizada a erva A efici ncia da estrutura prevista de forma regular pelas fam lias pois elas consideram que no per odo de inverno a energia solar n o ser suficiente para aquecer o ar por m t m expectativas de que no per odo de ver o haja bons resultados O projeto foi viabilizado pela EMATER como uma esp cie de Gratifica o uma vez que elas n o precisar o pagar os custos do empreendimento em vista da uni o dessas fam lias em torno da fabrica o artesanal de erva mate 136
308. s da lei e por isso tornam se vulner veis aos limites e sancionamentos externos Neste sentido torna se emergencial a iniciativa em pesquisas e aplica es em n vel de mudan as na legisla o e na consolida o de pol ticas p blicas que promovam a cadeia produtiva da erva mate artesanal mais especificamente a a adequa o da legisla o ambiental com a possibilidade de empreeder as agroind strias familiares Os dados desta pesquisa constataram a exist ncia de fam lias que processam a erva mate e a comercializam cultivando a erva em sistema agroflorestal e utilizando se de lenha oriunda de esp cies nativas e ex ticas sem haver uma sobre explora o dos ecossistemas naturais mais al m chegando a tornar a propriedade mais reflorestada e preservando APP amp Tamb m neste sentido podem ser desenvolvidas outras fontes de energia para a secagem da erva mate adequadas agricultura familiar 201 b a adequa o da legisla o sanit ria s caracter sticas da agricultura familiar c a promo o da cadeia produtiva da erva mate artesanal para a agricultura familiar com crit rios espec ficos de registro comercial e agroindustrial no sentido de proporcionar o acesso a mercados formais d a promo o da cadeia produtiva da erva mate artesanal no mbito das feiras agroecol gicas e o apoio financeiro em pesquisas e no desenvolvimento de tecnologias que promovam o beneficiamento da erva mate em pequena es
309. s fundamentais de intera o LONG PLOEG 1994 p 8 Giddens 1984 aborda a ag ncia considerando a exist ncia de estrutura s da sociedade as quais continuamente est o sendo constru das atrav s das rela es sociais A estrutura nada mais do que a express o espa o temporal e virtual que interfere na distribui o de condi es e recursos para os seres humanos O autor apresentou a teoria da dualidade da estrutura como sendo a estrutura o meio pelo qual avan a o processo de estrutura o e mudan as sociais na sociedade assim como ela exerce um controle e engessamento da vida social Ele expressa a ag ncia como o dilema entre ter liberdade e limita o nas a es da vida social Nesse sentido a Perspectiva Orientada pelos Atores parte do pressuposto de que diferentes agricultores ou categorias de agricultores definem e operacionalizam seus objetivos e pr ticas de gerenciamento agr cola com base em diferentes crit rios interesses experi ncias e perspectivas Ou seja os agricultores desenvolvem ao longo do tempo projetos e pr ticas espec ficas para a organiza o de sua atividade agr cola Muitas vezes esses projetos s o de certo modo respostas a outros projetos formulados por ag ncias estatais ou de agroneg cio LONG PLOEG 1994 3 3 2 Resist ncia Quanto resist ncia v rios autores ARDENGHI 2003 LONG 2007 PLOEG 2008 2009 SCOTT 1985 a abordam como um fen meno manifestado por atores sociai
310. s ou atravessadores ocupantes ou invasores de terra e propriet rios de terras e de forma mais geral cidad os contestando direta ou indiretamente as autoridades e ou pol ticas do Estado ou corpora es internacionais poderosas LONG 2007 p 70 tradu o nossa Long 2007 p 69 70 se refere a um not vel espa o de contesta o no ramo da agricultura e pr ticas alimentares como em rela o s desigualdades dos acordos comerciais internacionais explora o laboral ao papel da ci ncia no desenvolvimento de tecnologias como a engenharia gen tica bem como a implementa o de sistemas burocratizados de avalia o e regula o da qualidade dos produtos da seguran a dos alimentos e da gest o ambiental Para Ardenghi 2003 p 33 os acontecimentos est o enredados numa teia de rela es de poder e portanto geram formas de resist ncia que se manifestam em pontos m veis e transit rios distribuindo se por toda a estrutura social A defini o de Baczko 1986 p 297 citada pela autora reveladora sobre a no o de resist ncia fqualquer luta sempre resist ncia dentro da pr pria rede de poder teia que se alastra por toda sociedade e a que ningu m pode escapar ele est sempre presente e se exerce como uma multiplicidade de rela es de for a 0 A an lise de Ardenghi baseada nas rela es de poder e aos olhos de Foucault 1979 em que o poder assume formas regionais e concretas e exercido de diversas f
311. s par metros listados no quadro 10 193 Figura 64 Quadro sobre a perspectiva de continuidade da fabrica o artesanal de erva mate nas sete fam lias de agricultores e os mecanismos de resist ncia do modo campon s de fazer aoric ltUTa es e e e E a E 196 Figura 65 Quadro com a s ntese da correla o entre a continuidade do modo campon s de fazer agricultura e a conserva o ambiental das sete fam lias de agricultores 197 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Quantidade de erva mate proveniente do extrativismo vegetal e de erva mate das lavouras permanentes segundo Estados da Federa o Ano 2008 38 Tabela 2 Destino da produ o de extra o de erva mate do Rio Grande do Sul RS e Brasil BR vendida ou entregue a terceiros em toneladas e porcentagem correspondente Ano LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APIPAN Associa o dos Apicultores de Panambi CETAP Centro de Tecnologias Alternativas para Pequenos Agricultores COOPASC Cooperativa dos Agricultores de Santo Cristo COPEQ Cooperativa dos Pequenos Produtores de Leite de Linha Gramado COREDE Conselho Regional de Desenvolvimento COTRIJU Cooperativa Agropecu ria amp Industrial COTRIMAIO Cooperativa Agropecu ria Alto Uruguai Ltda COTRIPAL Cotripal Agropecu ria Cooperativa EMATER Associa o Rio Grandense de Empreendimentos de Assist ncia T cnica e Extens o Rural ESCAJUR Escola Alternativa para a Juventude Rural FAE
312. salada bebidas e um churrasco assado sobre as brasas do carij figura 44D 129 Figura 44 A ronda no carijo Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Erva mate secando e a instala o de uma lona pl stica para evitar que a erva umede a com o sereno da noite Panambi B Violeiros animam a noite de vig lia da secagem da erva Panambi foto de 2007 C Monitorando a secagem Bozano D confraterniza o com janta durante a secagem da erva Bozano Ano 2010 Fonte acervo do autor Em Santo Cristo a secagem realizada durante o dia sendo o carijo nesse momento coberto com uma lona de pl stico preta figura 45 Entre o ch o e o estrado instalam se l minas met licas que t m a fun o de tornar mais eficiente o aproveitamento do calor e representam uma seguran a a mais para evitar a queima da erva Com o uso das l minas n o necess rio fazer tanto fogo e nem mesmo espalhar a lenha e a brasa 130 Figura 45 A e B Secagem da erva mate em carijo utilizando se chapas met licas entre o estrado e o ch o e lona de pl stico preta Santo Cristo RS Ano 2010 Fonte acervo do autor 5 3 2 Barbaqu Os barbaqu s t picos conforme registrados na literatura foram encontrados em Santo Ant nio do Palma e Seberi A sua principal diferen a em rela o ao carijo que a queima da lenha realizada a uma dist ncia de at 20 m de onde a erva se encontra O barbaqu consiste de um t nel feit
313. sapecar 22 Que tipo de lenha usada para secar a erva 23 Qual a melhor lenha para secar 24 De onde vem a lenha pra secar 25 Essa lenha tem bastante 26 Que lenha era usada antigamente 27 Por que essa lenha acabou 28 Como que sempre tem essa lenha pra queimar 29 O que sente ao secar a erva no carijo durante a noite Como 30 O que pensa quando seca a erva 31 Como estar entre amigos quando seca a erva 32 O que que d mais trabalho 33 Qual a parte que voc mais gosta quando faz erva 34 Qual o destino da sua erva 35 Voc gosta de tomar mate com a sua erva Por qu 36 O que acha da erva de mercado 37 J pensou em vender a sua erva 38 Quais as dificuldades se fosse querer vender 39 O que precisa para vender essa erva 40 Gostaria que seus filhos continuassem a fazer erva Por qu PERGUNTAS GERAIS 1 Conte a hist ria da fam lia 2 Quais as dificuldades para a agricultura familiar 3 Por que os filhos migram para a cidade 220 ANEXO A LETRAS DE M SICAS SOBRE CARIJO A LTIMA TAREFA Letra Nabuco Fortes M sica Valdomiro Maic Vim de carijo em carijo Aprimorando as fun es Onde a brasa se faz chama No assoprar dos ti es Roda de mate carijo Em Palmeira das Miss es Um desgalha outro sapeca Feixe feito pega l E a bugrada em formigueiro No rumo do barbaqu N o deixe morrer o fogo Alerta Churumind E nessa ronda ao carijo Matear um at
314. significou completamente um deslocamento do pesquisador de sua cultura para se situar no interior do fen meno observado de outra cultura atrav s de sua participa o efetiva nas formas de sociabilidade por meio das quais a realidade investigada se lhe apresentou uma vez que o pesquisador tem experi ncia e tr nsito nesse meio considerando se mais como um ator social h brido em rela o a uma Frultura da cidade e do meio rural investigado Em cada fam lia pesquisada aplicou se uma entrevista semi estruturada registrando a em um gravador digital e por vezes complementando a com anota es De acordo com Gerhardt e Silveira 2008 a entrevista semi estruturada organiza se em um conjunto de quest es sobre o tema que est sendo estudado mas permite e at incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que v o surgindo como desdobramentos do tema principal As entrevistas na maioria dos casos foram realizadas durante a noite e com a presen a de todos os integrantes das fam lias como pais filhos e av s Somente em dois casos houve a presen a apenas de uma pessoa no caso o propriet rio do estabelecimento rural Na observa o participante o investigador participa at certo ponto como membro da comunidade ou popula o pesquisada proporcionando o contato direto do pesquisador com o fen meno observado a partir do qual obtem se informa es sobre a realidade dos atores sociais em seus pr prios contextos A import ncia
315. situada no ch o do galp o abaixo da arapuca Seberi C D E Arapuca de madeira piramidal sobre a qual se disp e os ramos de erva mate para serem secados Seberi F Menino sobre a arapuca em Santo Ant nio do Palma Ano 2010 131 Figura 47 O secador em Humait RS Da esquerda para a direita e do alto para baixo A o forno B Ramos de erva mate secos dispostos verticalmente sobre a arapuca de madeira do forno C Vis o abaixo da arapuca mostrando a estrutura de tijolos dentro da qual a lenha queimada D Vis o externa do forno mostrando o local onde se queima a lenha Ano Figura 48 Secador em Ip RS Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Recolhendo os ramos de erva mate sapecados para serem dispostos na entrada do secador B Estrado plano de madeira onde se disp e os ramos de erva mate para serem secados C Vis o do interior do secador com os ramos de erva mate D Local onde se queima a lenha dentro de um cilindro de metal localizado abaixo do estrado E Vis o do secador do local onde h uma chamin Ano 201 ESEC 134 Figura 49 Secador de gr os utilizado para secar erva mate Santo Ant nio do Palma RS ADO 2O LO eaa e e e a E EE a O RIU 135 Figura 50 A e B Secador solar em constru o para a secagem de erva mate Bozano RS ADO RPA O A ARARAS a a Ee RR E E E RN aE EES 136 Figura 51 Quadro com a listagem das esp cies arb reas utilizadas como lenha para a secagem e o sapec
316. sua abordagem te rica iniciada com Diegues 2004 tendo um modo de vida campon s como citado por Wanderley 2009 e Motta e Zarth 2008 tem caracter sticas em comum com as da condi o camponesa citadas por Ploeg 2008 tal qual com o conceito de campon s como analisaram Fleury e Almeida 2007 A contradi o entre a academia e a realidade rural quanto denomina o dos grupos sociais problematizada por Almeida 2007 acentua a necessidade de a pesquisa ser realizada com os s no ch od isto autoras como Wanderley 2009 revelam que a defini o de agricultura familiar e camponesa vem sendo constru da historicamente e que necess rio levar em conta a reivindica o de identidades para a conceitua o dessas comunidades Apesar do aparente isolamento geogr fico das comunidades em muitas regi es elas n o se comportam como grupos isolados ao contr rio revelam trajet rias de viv ncias fluidas com outros grupos sociais e de viv ncia em cidades at mesmo a metr pole de S o Paulo informa o verbal Palestra proferida por Em lia Pietrafesa de Godoi em 2010 na Faculdade de Economia da UFRGS por convite do PGDR 48 Wanderley 2009 observa a fluidez das categorias agricultura familiar e camponesa as quais s o equivalentes e intercambi veis O adjetivo familiar visa somente refor ar as particularidades do funcionamento e da reprodu o dessa forma social de produ o que se baseia na centra
317. ta poca da coloniza o europeia mais especificamente por volta de 1554 quando o general Irala radicado em Asunci n capital do Paraguai ia desbravando o territ rio para aumentar os limites das terras para a coroa espanhola Quando chegou a Guair no atual Estado do Paran percebeu que os ndios do lugar eram mais fortes do que outros guaranis e curiosamente faziam uso de uma bebida com folhas fragmentadas tomada em um pequeno porongo por meio de um canudo de taquara LESSA 1986 LINHARES 1969 De volta a Asunci n os soldados levaram um carregamento de erva mate a partir da sendo o seu consumo propagado entre as col nias espanholas Lessa cita que o h bitat dos ervais ficava longe de Asunci n estando nas serras do Maracaju no Guair no Iva e no Alto Uruguai Por meio s culo o consumo da erva foi proibido e atemorizado por parte da igreja cat lica considerando a como a ferva do diaboQ por m depois devido a suas propriedades nutritivas car ncia alimentar dos mais pobres e ao potencial econ mico da erva sem contar que agradou ao paladar de forma generalizada a pr pria Companhia de Jesus n o teve outra alternativa sen o buscar as vantagens da ferva do paraguaiO LESSA 1986 Da metade do s culo XVI at 1632 a extra o da erva mate era a atividade econ mica mais importante da prov ncia do Guair territ rio que abrangia praticamente o Paran e no qual foram fundadas tr s cidades espanholas e
318. ta e de acordo com a concentra o da gest o financeira por crit rios internacionais e de informatiza o s o os respons veis pela regula o de pre os O novo ordenamento mundial capitalista chamado de imp rio s e que transforma a sua din mica como capital financeiro e se confunde com um capitalismo virtual corresponde ao que Hardt e Negri 2001 atribuem como manifesta o do p s modernismo Outra causa pode ser inferida intensifica o da especializa o tecnol gica das monoculturas promovida por empresas transnacionais e mesmo tendo a apoio de entidades de pesquisa estatais al m do aparato de pesquisa das universidades que em diversos casos s o utilizados para desenvolver estudos conforme as demandas dessas empresas Essa especializa o se torna coerente com a especula o capitalista dos produtos da agricultura m quinas e insumos onde os agricultores precisam manter se atualizados de acordo com as novas tecnologias que surgem no mercado Essas causas acabam gerando o squeeze na agricultura citado por Ploeg 2008 Dentro do modelo de agricultura moderna a capacidade do agricultor inovar est diretamente relacionada obten o de tecnologias que s o desenvolvidas fora da propriedade o que o torna muito dependente Os agricultores t m consci ncia do que representa esse modelo de agricultura abordado como granjas os grandes em termos de sua condi o de pequenos agricultores em um meio onde os que t
319. tados governos com vistas a sia Extremo Oriente e Am rica Latina No contexto internacional a economia avan ou de forma integrada e uma das principais caracter sticas que os pa ses subdesenvolvidos se colocaram como fornecedores de bens prim rios e mat rias primas baratas e importadores de produtos industrializados tecnologia e capitais 14 BRAND A J O impacto da perda da terra sobre a tradi o Kaiow Guarani os dif ceis caminhos da palavra 1997 382 f Tese Doutorado em Hist ria 1 Pontif cia Universidade Cat lica do Rio Grande do Sul Porto Alegre 1997 55 adaptadas ou modificadas de acordo com os contextos locais e a criatividade dos camponeses HAAN 1997 Esse fen meno est de acordo com o mito da interven o planejada referidos por Long e Ploeg 1994 que desvenda o fato de que as novas tecnologias modelos ou normas t cnicas n o s o utilizadas como esperavam os seus mentores Considerando a agricultura familiar a proposta de classifica o de Brum 1988 entre agricultura tradicional e moderna na realidade n o segue uma linha evolutiva e apenas situa dois lados extremamente antag nicos Nesse sentido outros autores consideram a grande heterogeneidade do meio rural atual embora insistindo em uma classifica o te rica que trace caracter sticas entre os tipos de agricultura Ploeg 2006 2008 classifica os estilos de agricultura em camponesa empresarial e capitalista A agricultura camponesa
320. tagem das esp cies arb reas utilizadas como lenha para a secagem e o sapeco da erva mate pelas sete fam lias de agricultores informando os sistemas de secagem e de sapeco Fonte dados de campo 138 NOME POPULAR ESP CIE FAM LIA ORIGEM Uva japonesa Hovenia dulcis Thunb Rhamnaceae E Branquilho Sebastiania commersoniana Euphorbiaceae N Baill L B Sm amp Downs Pitanga Eugenia uniflora L Myrtaceae N Anpico vamalho ER rigida Benth Fabaceae N renan Eucalipto Eucalyptus spp Myrtaceae E Guabiroba p A xanthocarpa O Myrtaceae N Guajuvira pen o L Gottshling Boraginaceae N Coc o Erythroxylum deciduum A St Hil Erythroxylaceae N Camboat vermelho Cupania vernalis Cambess Sapindaceae N Rabo de bugio Lonchocarpus campestris Mart ex Fabaceae N Benth Canela doce Cinnamomum zeylanicum Blume Lauraceae E Guibii Myrcianthes pungens O Berg D Myrtaceae N Legrand Canela de veado Helietta apiculata Benth Rutaceae N Maria preta Diatenopterix sorbifolia Radlk Sapindaceae N Carrapicho Sloanea monosperma Vell Elaeocarpaceae N Araucana Araucaria angustifolia Bertol Araucariaceae N Kuntze Laranjeira Citrus sp Rutaceae E Bracatinga Mimosa scabrella Benth Fabaceae N Ac cia negra Acacia mearnsii De Wild Fabaceae E Erva mate Ilex paraguariensis A St Hil Aquifoliaceae N N o recomendadas para a secagem Pessegueiro brabo
321. te Biologia e cultura no Cone Sul Porto Alegre Editora da UFRGS p 323 345 1995 WOLF E Sociedades camponesas Rio de Janeiro Zahar 1976 WOORTMANN E F O saber campon s pr ticas ecol gicas tradicionais e inova es In GODOI E P MENEZES M A MARIN R A Org Diversidade do campesinato express es e categorias v 2 S o Paulo UNESP Bras lia NEAD 2009 p 119 129 WOORTMANN E F WOORTMANN K O trabalho da terra a l gica e a simb lica da lavoura camponesa Bras lia UNB 1997 WOORTMANN K A transforma o da subordina o Anu rio Antropol gico Bras lia n 81 p 204 229 1983 ZARTH P A Os esquecidos da hist ria exclus o do lavrador nacional no Rio Grande do Sul In ZARTH P A et al Os caminhos da exclus o social Iju Uniju 1998 216 AP NDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO LIVRE E ESCLARECIDO Venho por meio deste documento pedir a sua permiss o para que voc e sua fam lia participem da minha pesquisa Meu nome Mois s da Luz Sou natural de Panambi RS e estudo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS em Porto Alegre fazendo o curso de mestrado em Desenvolvimento Rural Estou aqui na sua propriedade ou comunidade para desenvolver um trabalho sobre a fabrica o artesanal de erva mate desde o corte da erva at a moagem e consumo Para essa pesquisa estou buscando os sistemas de secagem da erva usando o carijo e o barbaqu Este conhecim
322. te e ro ando se os arbustos onde os timb s chegam aos 20 m de altura figura 30 111 Figura 30 A e B Erval em sistema agroflorestal com 12 anos de idade Seberi RS Ano 2010 Fonte acervo do autor O erval mais velho tem 18 anos de idade s que ele primeiramente foi implantado em forma de monocultivo onde antes era uma planta o de mandioca Nos ltimos anos a fam lia optou por deixar desenvolver as rvores de esp cies nativas como timb e canela de veado que hoje medem ao redor de tr s metros de altura desta forma esse erval medida que explorado vai se tornando um SAF figura 31 Figura 31 Erval em sistema agroflorestal com 18 anos de idade Seberi RS Maio de 2010 Fonte acervo do autor Em Ip a fam lia extrai erva mate principalmente de sua propriedade que existe em duas formas cultivada e nativa esta ltima caracterizando se como um Sistema Agroflorestal O SAF em quest o refere se s reas de mata que chega em torno de 8 ha As rvores de erva mate s o nativas e chegam a medir 15 m de altura Segundo coment rios do Atahualpa elas devem ter mais de cem anos de idade impressionando pela altura e espessura dos troncos Suas copas s o altas necessitando de uma escada para subir A escada de 6 m de altura muitas vezes n o alcan a as copas por sorte s vezes h algum galho mais baixo que 112 facilita a subida O Atahualpa muito habilidoso ao subir nas rvores pr
323. tentable Chile Sustentable International F rum on Globalization Heinrich Boell Foundation 2004 p 141 146 ROSSET P Alternativa pol tica fundi ria de mercado reforma agr ria e soberania alimentar In SAUER S PEREIRA J M M Org Capturando a terra Banco Mundial pol ticas fundi rias neoliberais e reforma agr ria de mercado S o Paulo Express o Popular 2006 SABOURIN E Pr ticas de reciprocidade e economia de d diva em comunidades rurais do nordeste brasileiro Ra zes Campina Grande v 18 n 20 p 41 19 1999 213 SACCO DOS ANJOS F CALDAS N V Pluriatividade e sucess o heredit ria na agricultura familiar In SCHNEIDER S Org A diversidade da agricultura familiar Porto Alegre UFRGS 2006 p 186 212 SALDANHA A Capataz caati In INSTITUTO EUVALDO LODI Ciclo da erva mate no Mato Grosso do Sul 1883 1947 Campo Grande Instituto Euvaudo Lodi 1986 p 445 518 SANTO ANT NIO DO PALMA Prefeitura Municipal O Munic pio Dispon vel em lt http www pmpalma com br index php pagina municipio municipio gt Acesso em 5 out 2010 SARKAR S Restoring wilderness or reclaiming forests Terra nova nature and culture Tucson v 3 n 3 p 35 52 Summer 1998 SCHNEIDER S A pluriatividade na agricultura familiar Porto Alegre UFRGS 2003 SCHNEIDER S NIEDERLE P A Agricultura familiar e teoria social a diversidade das formas familiares de produ o na agricultura In FALEIRO F
324. tese da conserva o ambiental entre as sete fam lias de agricultores a partir da an lise dos par metros listados no quadro 10 Fonte dados do autor Existe uma rela o ntima entre a base de recursos tratada por Ploeg 2008 e a conserva o ambiental pois quando houver escassez de recursos ou esses forem explorados de forma desequilibrada a conserva o ambiental ser prejudicada Assim fatores externos que interferem na estabilidade ou no fortalecimento da base de recursos de modo a prejudic la tamb m s o importantes para a conserva o ambiental e a continuidade da agricultura camponesa A supress o ou a explora o desmedida dos recursos representa uma incoer ncia com a prosperidade dos camponeses Partindo dessa l gica de interdepend ncia entre humanos e natureza dentro da condi o camponesa atenta se para a import ncia dos ecossistemas locais e esp cies nativas florestais para a manuten o da base de recursos bem como para a sobreviv ncia dos agricultores 7 2 RESIST NCIA E CONSERVA O AMBIENTAL Os cap tulos 5 e 6 e a se o 7 1 mostram elementos determinantes para a continuidade de um modo de vida a agricultura camponesa Esses elementos podem caracterizar a resist ncia do modo campon s de agricultura a um processo dominante que se caracteriza 194 pelo dom nio das cadeias mercadol gicas em torno da produ o beneficiamento e com rcio de alimentos na forma de um modelo agroin
325. tica que faz h mais de 25 anos mesmo tendo ca do uma vez machucando se Enquanto ele faz o corte da erva com fac o e tesoura de poda os galhos que caem ao ch o s o manejados por uma ou duas pessoas na ocasi o presenciada seu filho e uma mulher contratada como diarista que v o separando os galhos finos com as folhas e colocando os dentro de dois cestos Os cestos s o pesados e os galhos s o descarregados dentro do carret o que transportado com o trator figura 32 113 Figura 32 Erva mate nativa na Floresta com Arauc ria e seu manejo agroflorestal Ip RS Da esquerda para a direita e do alto para baixo A Subindo em uma rvore de erva mate com cerca de 12 m de altura com aux lio de escada B Atahualpa na copa da rvore C Vis o das copas de erva mate podadas com altura das rvores chegando a aproximadamente 15 m D Separa o dos ramos de erva mate na pr pria floresta E Os ramos separados s o postos em cestos para serem carregados at o carret o o qual com o trator transportado at o local do sapeco F Tronco de erva mate Ano 2010 Fonte acervo do autor 114 5 1 1 poca frequencia do corte e lua As rvores s o podadas a cada dois ou tr s anos Esse intervalo de tempo ser maior ou menor conforme as caracter sticas da t cnica de sapeco Quando o sapeco realizado manualmente de forma direta sobre uma fogueira o que exige o manuseio muito pr ximo ao fogo os agricultores pr
326. tro safras A habilidade em manejar as videiras se deve inicialmente experi ncia que o Jos teve h 25 anos quando trabalhou nos parreirais de Bento Gon alves durante quatro anos Quando ele voltou de l fez uma poda dr stica nas videiras uma t cnica estranhada por seu pai que tinha o costume de deixar os galhos compridos com pouca poda Atrav s da associa o vendem produtos em Caxias do Sul para onde v o a cada tr s semanas levando sementes farinha integral e hortali as Vendem vinho em Nova Prata para alguns pequenos mercados e feij o e linha a para a M e Terra de S o Paulo No ano de 2006 aconteceu a constru o do pr dio do Centro Agroecol gico em estilo polon s a partir de um projeto encaminhado pela prefeitura municipal de Santo Antonio do Palma No ano de 2010 foi realizado o Nono Jantar Agroecol gico promovido pelos grupos agroecol gicos CETAP EMATER C ritas Diocesana Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Prefeitura municipal de Santo Ant nio do Palma Na trajet ria da fam lia cabe constar mais uma experi ncia do Jos que j foi vereador no munic pio Em rela o erva mate a trajet ria da fam lia vem aperfei oando as t cnicas de processamento aliando autonomia e o consumo pr prio Antigamente eles secavam a erva utilizando o carijo Em vista das dificuldades com o processamento manual e a disponibilidade da mat ria prima ficar distante al m dos casos de inc ndio nos carijos dos ag
327. trolar o fogo Panambi Ano 2010 Fonte acervo do autor Em Panambi a secagem da erva geralmente come a no final da tarde e se estende at o outro dia sendo conveniente instalar uma lona pl stica acima do carijo a fim de que a erva n o absorva a umidade da noite No per odo da noite e madrugada que porventura amigos se re nem com viol o e gaita para confraternizar Esse momento registrado na hist ria do 128 folclore gauchesco como a ronda onde al m de monitorar a secagem da erva aconteciam costumeiramente as confraterniza es conforme Berkai e Braga 2000 e como se pode ver na figura 44 Atualmente o agricultor quando faz erva para sua fam lia muitas vezes n o madruga pois com a lenha que usa que resulta em boa brasa n o h perigo de queimar a erva Sendo assim se h visitas eles ficam resguardados no chatozinho da sua casa Outro fator em rela o perman ncia dele no carijo quanto ao cuidado que ele tem com a sua sa de e com seus familiares A secagem em carijo por suas caracter sticas sendo muitas vezes instalado sem nenhuma cobertura em local aberto afastado de casa e por acontecer principalmente na poca do inverno demanda uma s rie de fatores a serem seguidos como as condi es do tempo que deve ser ensolarado e n o representar risco de chuva por pelo menos dois ou tr s dias Al m disso a secagem n o deve acontecer logo ap s uma chuva em vista da umidade do solo das planta
328. turo Nesse aspecto a coopera o frequentemente um mecanismo chave Das tr s trajet rias de desenvolvimento citadas por Ploeg 2008 industrializa o desativa o e recampesiniza o a terceira funciona como um movimento contra imp rio e contra agricultura empresarial Ela protagonizada pelos camponeses fugindo l gica do capitalismo constituindo se na busca por autonomia em um mundo cada vez mais caracterizado por padr es de depend ncia e por processos de marginaliza o e priva o Assim a reconstitui o do campesinato est ocorrendo em tr s dimens es a multiplicidade de respostas aos imp rios formas de resist ncia luta por autonomia e determina o na constru o de respostas alternativas no meio rural PLOEG 2008 1 NEGRI A Movimenti nell Impero passagi e paesaggi Milano Rafaello Cortina Editore 2006 303 p 67 3 4 A NATUREZA A CONSERVA O E O MODO CAMPON S DE AGRICULTURA Na no o de condi o camponesa conforme Ploeg 2009 a busca pela autonomia um fator fundamental tendo esta uma rela o direta com a base de recursos auto gerida compreendida como recursos sociais e naturais esta base que propicia a coprodu o entre ser humano e natureza Estes processos s o modelados conforme expectativas e interesses da fam lia e nessa perspectiva tamb m interage com o mercado vendendo parte de sua produ o enquanto a outra utilizada para a reprodu o da fam lia
329. urais TOLEDO 1995 p 17 3 2 2 Industrializa o e imp rios Imp rio na perspectiva de Hardt e Negri 2001 representa o novo ordenamento capitalista mundial que se sobrep e aos limites pol ticos nacionais sendo manifestado e 57 alicer ado atrav s da terceira fase econ mica que a da informatiza o onde os servi os e a informa o dominam os demais sistemas de produ o embora o imp rio controle todas as formas de produ o incluindo tanto as da esfera da agricultura como da ind stria Neste sentido os autores associam a era da industrializa o moderniza o enquanto que a era da informatiza o corresponde p s moderniza o O imp rio emergente se correlaciona com o desenvolvimento do capitalismo financeiro A agricultura e o com rcio de alimentos n o fogem regra sendo tamb m colocadas sob o dom nio do imp rio quest o que abordada por Ploeg 2008 como imp rios alimentares Os imp rios s o personificados pelo conjunto integrado e coerente entre grupos de agroneg cio grandes varejistas mecanismos estatais leis modelos cient ficos tecnologias entre outras Ou seja o novo ordenamento dominante capitalista sobre a produ o o processamento e o com rcio de alimentos Apesar do desenvolvimento de uma economia gerida pela informatiza o a express o da agricultura comandada pelos imp rios a agricultura moderna que foi e continua sendo expandida pelo paradigma da modern
330. uritiba 1995 VENZON R A Guarani missioneiros os guarani missioneiros incorpora o e sobreviv ncia In EXPROPRIA O e luta as terras ind genas no Rio Grande do Sul Porto Alegre PETI ANAI RS 1991 p 118 121 VILLANUEVA A C etal Alimentos artesanales y tradicionales variabilidad versus estandarizaci n In CONGRESO INTERNACIONAL DE LA RED SIAL 4 2008 Mar del Plata Anais Mar del Plata Alfater 2008 1 CD ROM WANDERLEY M N B Ra zes hist ricas do campesinato brasileiro In TEDESCO J C Agricultura familiar realidades e perspectivas Passo Fundo EDIUPF 1999 p 21 55 WANDERLEY M N B O mundo rural como um espa o de vida reflex es sobre a propriedade da terra agricultura familiar e ruralidade Porto Alegre UFRGS 2009 WAQUIL P D MIELE M SCHULTZ G Mercado e comercializa o de produtos agr colas Porto Alegre Editora da UFRGS 2010 WEID J M V Agricultura familiar sustentando o insustent vel Agriculturas experi ncias em agroecologia Financiamento da transi o agroecol gica Rio de Janeiro v 7 n 2 p 4 7 jul 2010 WILKINSON J A agricultura familiar ante o novo padr o de competitividade do sistema alimentar na Am rica Latina Estudos Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro n 21 p 62 87 2003 215 WINGE H et al Variabilidade gen tica em popula es nativas de erva mate e a implanta o de bancos de germoplasma In WINGE H et al Org Erva ma
331. vas que v o al m das formas de dom nio reinantes NEGRI apud PLOEG 2008 p 297 Assim como Scott 1985 explicita sobre a resist ncia camuflada Ploeg 2008 enfatiza que essas express es s o por si s inocentes e inofensivas mas quando combinadas elas se tornam poderosas mudando o panorama O autor enfatiza que a produ o agr cola representa para os camponeses um de seus principais campos de batalha atrav s dela o progresso pode ser alcan ado melhorando lentamente a qualidade e a produtividade dos recursos como terras animais culturas instala es infra estruturas de irriga o conhecimentos aprimorando o processo de produ o e reestruturando as rela es com o mundo exterior assim os camponeses alcan am os meios para aumentar sua autonomia e melhorar a base de recursos Segundo Ploeg 2008 p 43 grifo do autor O processo de trabalho uma arena muito importante de luta social para o campesinato A luta social n o ocorre apenas nas ruas nas ocupa es de terras nas f bricas ou nos grandes supermercados isto fora dos dom nios da produ o e do trabalho nem precisa haver cartazes ou discursos inflamados de todas as cores A luta social tamb m deve ser vista como um esfor o substancial para melhorar os recursos dispon veis provocando pequenas adapta es que no seu conjunto contribuem para a cria o de um bem estar aumentado de uma renda mais elevada e de melhores perspectivas de fu
332. vel a gr pia a cabre va a arauc ria e a canela amarela e em perigo o buti e a Gleditsia amorphoides sucar O conhecimento sobre as esp cies est diretamente relacionado ao meio onde elas ocorrem portanto algumas esp cies foram citadas apenas conforme sua distribui o geogr fica visto que as sete fam lias de agricultores se situam em diferentes regi es fitoecol gicas IBGE 2004 Assim o carrapicho a arauc ria a bracatinga a corticeira da serra foram citados em conformidade com a distribui o da Floresta Ombr fila Mista FOM enquanto o alecrim a gr pia o guatambu a canaf stula o louro pardo e o angico branco coincidem preferencialmente com a distribui o da Mata Estacional Decidual MED A zona de transi o entre essas duas forma es levando se em conta as localidades em estudo pode coincidir com Seberi O levantamento nesta localidade apresentou esp cies como a corticeira da serra e arauc ria FOM e Gleditsia amorphoides maria preta e timb mais citadas para a MED conforme IBGE 2004 No entanto essa base de recursos florestal e nativa em algumas propriedades mais ou menos limitada o que se relaciona com a conserva o ambiental A fam lia de Humait disp e de tr s reas de terra por m elas somam aproximadamente 10 ha o que relativamente pouco considerando o seu contexto econ mico e social Em vista da fragmenta o de seu patrim nio eles n o possuem reas de mata nativa nem
333. vendo a demanda pelo produto 36 sy Pode se referir a roubos furtos e abijeatos 159 O pre o de cada quilo de erva vendido pela fam lia de R 3 00 o pre o mais baixo dos casos pesquisados fato que eles avaliam considerando que deveriam receber mais A filha de 14 anos de idade manifesta o que significa o trabalho deles fa pior parte n s j fizemo em casa busc sapec e soc voc s n o voc s tiram do pacote regulam e botam o carimbo e depois botam de novo A necessidade de vender para atravessadores representa muitas vezes um mal necess rio como observou Krone 2009 em sua pesquisa sobre o queijo serrano nos Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul Outras fam lias como as de Humait e Bozano s o s cias de cooperativas de car ter empresarial pelo fato de serem negociados os produtos das lavouras de monocultura de gr os soja trigo e milho Quanto ao servi o de assist ncia t cnica para os agricultores ecologistas ela se volta basicamente para a promo o da agroecologia viabilizando tanto o acesso a recursos para investimentos fomentando a organiza o dos agricultores e criando mercados dentro ou fora das cadeias do mercado convencional Nos outros casos a assist ncia t cnica principalmente ofertada pela EMATER que juntamente com as secretarias de agricultura municipais s o citadas como pouco efetivas no sentido de proporcionar solu es s demandas dos camponeses u
334. vido ao aux lio dos t cnicos que a partir de seus gabinetes municipais transportaram e apresentaram o pesquisador aos agricultores Sendo assim aqueles casos em que n o houve aux lio para o deslocamento foram deixados como segunda alternativa por m alguns deles n o efetuou se a visita devido ao limite de tempo Houve um caso em que a fam lia n o aceitou receber a visita do pesquisador Alguns casos n o tiveram a media o tratando se diretamente com os agricultores o interesse da pesquisa sendo em Panambi Tr s de Maio Ip e Bento Gon alves Nesses munic pios a forma do deslocamento incluiu bicicleta e carona com colegas e com nibus escolar O deslocamento at os munic pios foi realizado preponderantemente atrav s de nibus de linhas intermunicipais Nesse aspecto o fato de o pesquisador possuir parentes em Panambi fez com que o munic pio fosse uma base de campo amp strat gicad para contactar os agricultores e os mediadores planejar as viagens informando se de hor rios de nibus e dirigindo se s cidades do Alto Uruguai e Planalto M dio A media o exercida pelos t cnicos para aproximar o pesquisador e as fam lias camponesas foi fundamental para a viabilidade da pesquisa e contribuiu para a receptividade do pesquisador em vista da aparente manifesta o de confian a por parte dos anfitri es Isso se deve em parte ao trabalho dos t cnicos os quais em muitos casos t m uma rela o com os agricultores que ex
335. xercem um determinado tipo de poder mesmo aqueles em posi es de extrema subordina o GIDDENS 1984 fodas as formas de depend ncia oferecem alguns recursos com os quais aqueles que s o subordinados podem influenciar as atividades dos seus superioresO GIDDENS 1984 p 16 A ag ncia apenas se manifesta atrav s das rela es sociais e portanto depende das capacidades de organiza o das pessoas e n o apenas de certas qualidades que um indiv duo possa ter Assim o ator social socialmente constru do sendo culturalmente end geno por ser baseado nos tipos de representa es caracter sticos da cultura na qual o ator est enraizado 60 a capacidade de influenciar os outros ou de transmitir uma ordem reside fundamentalmente nas a es de uma cadeia de acontecimentos que cada um traduz de acordo com seus pr prios projetos e o poder composto aqui e agora pela associa o de muitos atores em um dado esquema pol tico e social LATOUR 1986 p 264 Por outras palavras a ag ncia e o poder depende crucialmente da emerg ncia de uma rede de atores que se tornam parcialmente embora quase nunca completamente envolvidos nos projetos e pr ticas de outro indiv duo ou indiv duos Por conseguinte a ag ncia efetiva requer a gera o manipula o estrat gica de uma rede de rela es sociais e a canaliza o de itens espec ficos como reivindica es ordens bens instrumentos e informa o atrav s de certos ponto

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