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1. O filhote canguru nasce prematuro do nosso ponto de vista com apenas 13 mm isto significa que ele doze mil vezes menor do que sua m e Ela o carrega durante dezoito meses ou mais dentro de sua bolsa marsupial Por isso a bolsa marsupial pode ser considerada uma verdadeira incubadora natural dentro da qual o pequeno canguru permanece por um per odo cinco vezes maior do que no tero materno Esse m todo uma forma segura de assist ncia ao rec m nascido prematuro oferece vantagens em rela o assist ncia convencional incluindo benef cios sociais como a participa o da fam lia e a redu o de custos e pode ser adaptado a diferentes culturas e a diferentes tipos de hospitais Os maiores obst culos para a sua implanta o parecem ser a atitude de desconhecimento dos profissionais de sa de a prec ria infra estrutura dos 57 hospitais os problemas sociais das m es e das fam lias como tamb m a falta de informa es suficientes dos gestores sanit rios dos diretores e dos administradores dos hospitais sobre o assunto BRASIL 2002 Ao gestar seu beb geralmente a m e o idealiza gordinho perfeito saud vel e risonho No geral por m os partos prematuros ocorrem de forma imprevista causados na maioria das vezes por afec es maternas Margotto 2006 p 38 enfatiza que n o s o beb pr termo os pais tamb m s o prematuros pois a fase de desenvolvimento psico afetivo que ocorre du
2. M J N 20 anos cat lica Serra da Pelada Trouxe Gislene de um m s para reza Reza faz bem a sa de age no corpo e na alma Di logo n mero 13 M L S V 58 anos costureira Era cat lica agora sou evang lica Tenho depress o todo dia seu Ananias reza Tive um come o de hemor ragia ele fez tr s garrafadas fiquei boa Tive uma mola sentia dor no p da barriga fiz per neo Seu Ananias me deu aroeira para me assear Pra mim a reza uma maravilha a gente tem f bom demais Meus filhos com dor ele reza e ficam bem Meus netos de seis anos e tr s anos nunca trago ao posto s ao rezador Sou vizinha de seu Ananias cultivo os pinh es para dar ao povo s tr s da tarde faz fila na casa dele ent o dou a planta para as pessoas irem reza Rezador n o pode cobrar ele recebe dinheiro das garrafadas Ele bom rezador O pastor diz que a reza n o atrapalha nada Deus um s Tenho f muita f e muita vit ria Minha filha estava perdida o rapaz tirou a virgindade dela for a e ela gostava de lebre sapat o bebia H tr s anos ela deixou a bebida e se batizou na igreja Batista A irm dela j era evang lica e insistiu com a L para ser evang lica que hoje vive com a irm Elas cuidam da minha bisneta de quatro anos A reza faz o que a pessoa tendo f a reza faz muita coisa Por exemplo a gente sente uma dor vai ao m dico fica tomando rem dio o tempo todo Com a reza a gente n o precisa
3. es se fazem necess rias na rea de pesquisa em sa de pois al m do aprimoramento tecnol gico deveremos como docentes responder s realidades da comunidade na tentativa de fazer reverter um quadro de desigualdades sociais tamb m devemos pensar em termos de humaniza o das pr ticas m dicas que incorpore novas refer ncias da experi ncia social em curso Nesses tempos de reflex o e mudan a de paradigma deve se compreender que para o processo ensino aprendizagem no s culo XXI h necessidade de um esfor o transdisciplinar que seja capaz de rejuntar ci ncias e humanidades e romper com a oposi o entre natureza e cultura Morin 2003 em seu livro Os Sete Saberes Necess rios Educa o do Futuro explana que toda sociedade e toda cultura deve tratar segundo modelos e regras pr prias a cada um dos seguintes aspectos 91 As cegueiras do conhecimento o erro e a ilus o necess rio introduzir e desenvolver na educa o o estudo das caracter sticas cerebrais mentais culturais dos conhecimentos humanos de seus processos e modalidades das disposi es tanto ps quicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou ilus o Os princ pios do conhecimento pertinente E preciso ensinar os m todos que permitam estabelecer as rela es m tuas e as influ ncias rec procas entre as partes e o todo em um mundo complexo Ensinar a condi o humana O ser humano a um s tempo f sico biol gico ps quico
4. o de sua obra basilar O Livro dos Esp ritos 2006 a 167 publica o da Federa o Esp rita Brasileira Rio de Janeiro com base na an lise dos fen menos medi nicos e nos esclarecimentos que os Esp ritos forneceram sobre os problemas da vida e do plano espiritual como da rela o entre essas duas ordens de fen menos Concebendo as religi es como formas progressivas de esclarecimento espiritual do homem o espiritismo tenta ajudar as religi es a seguirem na obra de espiritualiza o do mundo o que seria fundamentalmente contribuir para arrancar do homem uma animalidade redutora conduzindo o moralidade que Cristo orienta e exemplifica O Paradigma do Esp rito cujos elementos estamos a pontuar na reflex o que ora fazemos portanto ir tomar da vis o esp rita sua refer ncia b sica concebendo o princ pio espiritual como imortal em tr nsito pela experi ncia reencarnat ria no seu trajeto evolutivo rumo perfei o Voltemos nossa reflex o sobre as refer ncias fundantes sobre ci ncia em nosso tempo No seu estudo Biologia e Conhecimento ensaios sobre as rela es entre as regula es org nicas e os processos cognoscitivos Piaget 2003 assinala a rela o entre conhecimento e vida sublinhando a id ia do sujeito humano de buscar a homeostase equil brio din mico e a id ia de que seu evoluir d se em n veis de complexidade crescente Debrucemo nos sobre isso para enriquecer nossa discuss o sob
5. CAPRA 1996 Um belo exemplo de sistema autopoi tico estudado inicialmente por Humberto Maturana e Francisco Varela a c lula viva onde toda a rede continuamente produz a si mesmo E numa concep o semelhante Geoffrey Chew formulou a sua hip tese bootstrap na qual cada part cula ajuda a gerar outras part culas no caso os h drons part culas que interagem por intera o forte CAPRA 1996 A teoria de Gaia de James Lovelock olha para a vida de maneira sist mica a id ia de que a Terra como um todo um sistema vivo auto organizador A hip tese de Gaia em honra da deusa grega da Terra plenamente cient fica resultou da associa o desse cientista com Lynn Margulis resultando na compreens o de que os la os de realimenta o ligam conjuntamente sistemas vivos e n o vivos CAPRA 1996 p 93 N o podemos mais pensar nas rochas nos animais e nas plantas como estando separados uns dos outros A teoria de Gaia mostra que h um estreito entrosamento entre as partes vivas do planeta plantas microorganismos e animais e suas partes n o vivas rochas oceanos e a atmosfera Nesse novo paradigma depreende se que todas as concep es e todas as teorias cient ficas s o limitadas e aproximadas O que observamos n o a natureza em si mas a natureza exposta ao nosso m todo de questionamento Independentemente de quantas conex es levarmos em conta na nossa descri o cient fica de um fen meno s
6. ELIANE SILVA DE OLIVEIRA A constru o da experi ncia espiritual e sua problematiza o como lugar de supera o dos limites do paradigma biom dico uma contribui o para a reflex o sobre espiritualidade na educa o m dica Esta Tese foi submetida Coordena o do Departamento de Educa o como parte dos requisitos necess rios obten o do t tulo de Doutor em Educa o Brasileira outorgado pela Universidade Federal do Cear UFC e encontra se disposi o dos interessados na Biblioteca da referida Universidade A cita o de qualquer trecho desta tese permitida desde que feita de acordo com as normas de tica cient fica Data da aprova o BANCA EXAMINADORA Prof Dr ngela Bessa Linhares Orientadora Prof Dr L dia Valeska Bonfim Pimentel Examinadora Prof Dr Alan Marcos Neves da Silva Examinador Prof Dr Andr Luiz Peixinho Examinador Prof Dr D cio Iandoli Jr Examinador DEDICATORIA A Santa M e Maria Sant ssima sublime guardi do menino Jesus em sua jornada terrena que sempre tocou profundamente meu ser O Esp rito Auta de Souza numa maravilhosa trova psicografada por Chico Xavier conseguiu traduzir a miss o desse Esp rito grandioso O c u querendo enviar Jesus terra sombria N o formou a es de guerra Pediu apoio Maria A minha m e Maria Ivone pela amizade incondicional de todos os momentos pelos
7. IRWIN 1985 LOCKE SHONYZ 1983 H estudos tentando associar as EQM a condi es psicopatol gicas graves por m a maioria desses trabalhos n o conseguem esclarecer os acontecimentos da experi ncia Turner et al 1972 p 674 em seu artigo sobre problemas psicorreligiosos e psicoespirituais critica o que conceitua como insensibilidade da psiquiatria com rela o aos aspectos religiosos e espirituais dos pacientes em tratamento Os autores tra aram um paralelo entre psiquiatria e espiritualidade e religi o e psiquiatria mostrando como se tem ignorado a dimens o espiritual da vida e situado a experi ncia espiritual como evid ncia de psicopatologia Mesmo admitindo que haja problemas espirituais que podem derivar da experi ncia espiritual eles n o s o atribu dos a uma desordem mental mas h duas ordens de experi ncias na cl nica e na literatura que no conjunto do estudo que n o se situam no quadro de doen a mental a experi ncia m stica e experi ncia de quase morte 207 Turner ef al 1972 baseado em varios estudos define experi ncia mistica como experi ncia extraordin ria transit ria marcada por sentimentos de unidade rela o harmoniosa com o divino e com tudo que existe bem como sentimentos de euforia perda de fun o do ego altera es da percep o de tempo e espa o e senso de perda de controle sobre os eventos Relata que cerca de trinta a quarenta por cento da popula o tem experi nc
8. LATOUR B Jamais fomos modernos Rio de Janeiro Editora 34 2000 LAUREL A C Sobre la concepci n biol gica y social del proceso salud enfermedad Jn Organiza o PANAMERICANA DE SAUDE ORGANIZA O MUNDIAL DE SAUDE Lo biol gico y lo social Washington DC 1994 LE GOFF J Hist ria e mem ria 4 ed Campinas Editora da UNICAMP 1996 LEVIN J Deus F e Sa de Explorando a conex o espiritualidade cura S o Paulo Cultrix 2001 LEVINE J D GORDON N C FIELDS H L The mechanism of placebo analgesia Lancet v 2 n 8091 p 654 657 1978 LIND G Moral regression in medical students and their learning environment Rev Bras Educ Med v 24 n 3 p 24 33 2000 LINHARES A M B O Tortuoso e doce caminho da sensibilidade um estudo sobre arte e educa o 2 ed Porto Alegre Editora Iju 2003 Encontro evangelizador esp rita uma proposta educacional esp rita Fortaleza Artlaser editora e gr fica 2005 LINS F A D Espiritismo e medicina uma abordagem Jn Medicina e Espiritismo S o Paulo Associa o M dico Esp rita do Brasil 2004 276 LOCKE T P SHONTZ F C Personality correlates of the near death experience a preliminary study J Am Soc Psychical Res v 77 p 311 318 1983 LOYOLA M A M dicos e curandeiros S o Paulo DIFEL 1984 LOOMMEL P V WEES R V MEYERS V ELFFERICH I Near death experience in survivors of cardiac arrest a prospective s
9. MORIN E Sete saberes necess rios educa o do futuro 8 ed S o Paulo Cortez UNESCO Editora 2000 Ci ncia com consci ncia 6 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2002 A cabe a bem feita repensar a reforma reformar o pensamento 10 ed Rio de Janeiro Editora Bertrand Brasil 2004 MORIN E MOIGNE J L A intelig ncia da complexidade 3 ed S o Paulo Peir polis 2000 MORSE M L CONNER D TYLER D Near death experiences in a pediatric population Am J Dis Child v 139 p 595 600 1985 A near death experience in a 7 year old child Am J Dis Child 137 959 961 1983 MORSE M L VENECIA D MILSTEIN J Near death experiences a neurophysiological explanatory model J Near Death Stud v 8 p 45 53 1989 MORSE M PERRY P Closer to the light New York Ivy Books 1990 Transformed by the light New York Ivy Books 1992 Where god lives New York Cliff Street Books 2001 NEGRI R Quelques propos sur la personnalit du foetus in Que savent les foetus Fran a Editions Eres 78 1997 NOBRE M O clamor da vida reflex es contra o aborto intencional S o Paulo FE Editora Jornal stica 2000 Li es de sabedoria Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Esp rita S o Paulo FE Editora Jornal stica 1997 219 A alma da mat ria S o Paulo FE Editora Jornal stica 2003 Nossa vida no al m 5 ed S o Paulo FE Editora Jornal stica 2004 NOYES R Atti
10. Morin 2004 p 16 enfatiza que a aptid o para contextualizar e integrar uma qualidade fundamental da mente humana que precisa ser desenvolvida e n o atrofiada O observador humano constitui o elo final na cadeia de processos de observa o e as propriedades de qualquer objeto at mico s podem ser compreendidas em termos de intera o do objeto com o observador Morin 2004 p 40 41 traz considera es importantes acerca desse assunto sen o vejamos A Terra n o a soma de um planeta f sico de uma biosfera e da humanidade A Terra a totalidade complexa f sico biol gica antropol gica onde a vida uma emerg ncia da hist ria da Terra e o homem uma emerg ncia da hist ria da vida terrestre A rela o do homem com a natureza n o pode ser concebida de forma reducionista nem de forma disjuntiva A humanidade uma entidade planet ria e biosf rica maneira de um ponto de holograma trazemos no mago de nossa singularidade n o apenas toda a humanidade toda a vida mas tamb m quase todo o cosmo incluso seu mist rio que sem d vida jaz no fundo da natureza humana Atualmente as posi es paradigm ticas que nos legaram a modernidade est o a ser colocadas em quest o Sem desconhecer aspectos importantes dos legados da ci ncia moderna parto contudo de sua cr tica e adentro o campo tenso da medicina na modernidade Morin 2000 enfatiza que a grande import ncia da epistemologia mo
11. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA FACULDADE DE EDUCACAO ELIANE SILVA DE OLIVEIRA A CONSTRU O DA EXPERI NCIA ESPIRITUAL E SUA PROBLEMATIZA O COMO LUGAR DE SUPERA O DOS LIMITES DO PARADIGMA BIOM DICO UMA CONTRIBUI O PARA A REFLEX O SOBRE ESPIRITUALIDADE NA EDUCA O M DICA FORTALEZA 2008 ELIANE SILVA DE OLIVEIRA A CONSTRU O DA EXPERI NCIA ESPIRITUAL E SUA PROBLEMATIZA O COMO LUGAR DE SUPERA O DOS LIMITES DO PARADIGMA BIOM DICO UMA CONTRIBUI O PARA A REFLEX O SOBRE ESPIRITUALIDADE NA EDUCA O M DICA Tese apresentada a Faculdade de Educa o da Universidade Federal do Cear UFC como requisito parcial para obten o do T tulo de Doutor em Educa o Brasileira Orientadora Prof Dr ngela Bessa Linhares FORTALEZA 2008 046c Oliveira Eliane Silva de A constru o da experi ncia espiritual e sua problematiza o como lugar de supera o dos limites do paradigma biom dico uma contribui o para a reflex o sobre espiritualidade na educa o m dica Eliane Silva de Oliveira 2008 290 f il Orientadora Profa Dra ngela Bessa Linhares Tese Doutorado Universidade Federal do Cear Faculdade de Educa o Fortaleza 2008 1 Experi ncia Espiritual 2 Espiritualidade 3 Experi ncia de Quase Morte 4 Hist ria Oral 5 Multirreferencialidade 6 Espiritismo 7 Educa o M dica I Linhares ngela Bessa orient II T tulo CDD 141 3
12. aparece ao se jungir sexualidade e agressividade na puls o de vida Eros Realmente Pestalozzi pronunciara se a respeito em seu texto Minhas Indaga es ao introduzir o sentido de devir do ser e da hist ria no seio de um movimento dial tico Assim que o devir do ser e da hist ria assume um aspecto tripartite na teoria dos tr s estados em Pestalozzi quais sejam o estado natural o social e o moral vistos como camadas do ser Vejamos a teoria pestalozziana dos tr s estados ou das tr s camadas do ser que j nos leva a esbo ar uma id ia de multi dimensionalidade do sujeito Como dimens o do ser o estado natural seria o grau m ximo da vida animal a zona dos instintos puls es seria a camada na qual se abrigam os desejos sensoriais e o impulso de sobreviv ncia o reino da necessidade O homem nesse estado um filho puro do instinto que o conduz ao puro gozo dos sentidos diz Pestalozzi J o estado social outra camada do ser para Pestalozzi poderia ser definido como a limita o do estado natural Pode se fazer analogia a Freud quando nos assegura que a civiliza o mant m se s custas do sacrif cio pulsional por simbolizar e por produzir cultura que os sujeitos humanos v o desenvolver suas obras coletivas criando as com o am lgama de v nculos e de sentimentos comuns A vida social criaria para Pestalozzi substitutivos para compensar a perda parcial da liberdade animal comenta Dora Inco
13. dele a id ia de que o povo det m um saber feito de experi ncia Ainda Freire nos ensina que o ser humano se educa devido sua incompletude FREIRE 2003 2005 2006 Na id ia reencarnacionista n s somos perfect veis logo n o somos perfeitos estamos a caminho da perfei o por isso a gente reencarna a educar se nesta caminhada Reencarnar educar se na dire o perfei o e o modelo de perfei o o Cristo Esse processo de educa o transcende a aquisi o de conhecimentos Nessa perspectiva Allan Kardec compreende H um elemento que n o se ponderou o bastante e sem o qual a ci ncia econ mica n o passa de teoria a educa o N o a educa o intelectual mas a moral e nem ainda a educa o moral pelos livros mas a que consiste na arte de formar caracteres KARDEC 2006a Pensar forma o inclui rever as id ias pestalozzianas Johan Heinrich Pestalozzi 1746 1827 educador su o nascido em Zurique herdeiro de Rousseau 1712 1778 com profundo compromisso existencial e tico com sua vida totalmente dedicada humanidade desenvolve a teoria dos tr s estados natural social e moral que podem ser compreendidos como tr s etapas de desenvolvimento da esp cie do indiv duo e da crian a mas ao mesmo tempo como tr s inst ncias ps quicas e existenciais camadas do ser imanentes em todos os seres humanos INCONTRI 1996 A rela o entre um estado e outro como bem comenta Incontri 200
14. o ao estudar as teorias explicativas das EQMs deve se vincular aos estudos sobre estados alterados de consci ncia a transcend ncia na qual percep o fun es cognitivas emo o e senso de identidade funcionam independentemente da liga o normal corpo mente em estado de vig lia Os estudos de van Lommel et al 2001 no per odo de 12 anos com 344 pacientes que passaram por 509 ressuscita es bem sucedidas demonstram que nenhum fator m dico farmacol gico ou psicol gico afetou a freq ncia da experi ncia Importante ressaltar que 62 18 pacientes dessa amostragem de 344 passaram por uma EQM e que se a viv ncia resultasse de causa puramente fisiol gica a maioria dos pacientes teriam relatado a experi ncia Importante tamb m nesse estudo longitudinal o fato marcante de que as pessoas podiam recordar quase exatamente a viv ncia ap s 2 e 8 anos 37 pacientes 8 anos depois foram capazes de contar novamente a experi ncia quase exatamente Shirbon 2008 traz para discuss o a experi ncia de quase morte ocorrida com um paciente de 45 anos sexo masculino acometido por extenso infarto do mioc rdio o qual se manteve em assistolia por uma hora e meia e que recuperou os batimentos card acos no momento da prepara o para remo o de seus rg os para transplantes e que est estimulando os debates ticos na Fran a sobre a defini o do momento da morte 214 O homem de 45 anos de idade foi acometido po
15. o de rezador em Maranguape duzentos rezadores Outro dia eu vi uma reuni o assim pra gente rezar no pessoal e dar valor com os m dicos da prefeitura A reza d for a coragem e sa de Se a pessoa viver perturbada pode mandar rezar A reza tira o quebrante O vento ca do um modo que a crian a sente A diferen a do quebrante que o quebrante uma pessoa dos olhos maus que joga na crian a Eu rezo no corpo pra alma Pra o anjo de guarda abrandar o cora o pessoa pra ter paz e paci ncia Rezo pras necessidades da pessoa A reza tira tudo Limpa o corpo limpa o sangue ruim Vemos acima que o Sr Ananias afirma haver inter rela o entre o corpo e o esp rito afirma inclusive que reza no corpo para a alma o que parece atestar a percep o que a origem da doen a tem ra zes na alma 110 Na perspectiva espirita uma das ci ncias que trazemos para dialogar neste concerto de multirreferencialidade h a concep o de sa de que extrapola o funcionamento perfeito do corpo biol gico como diz o Esp rito Emmanuel psicografado por Chico Xavier 1995 p 66 Para o homem da Terra a sa de pode significar o equil brio perfeito dos rg os materiais para o plano espiritual todavia a sa de a perfeita harmonia da alma para obten o da qual muitas vezes h necessidade da contribui o preciosa das mol stias e defici ncias transit rias da Terra Podemos observar ainda que seu Anan
16. o do sistema biol gico de forma an loga Rupert Sheldrake denominou campos morfogen ticos campos fora do campo org nico e que permitem o desenvolvimento do ser A medicina do Esp rito atua de forma preventiva correlacionando a desarmonia f sica com a desarmonia dos corpos sutis O Esp rito Dias da Cruz 2006 p 97 99 no livro Instru es Psicof nicas chama a aten o para o fato de que todos os nossos pensamentos definidos por vibra es palavras ou atos arrojam de n s raios espec ficos Mais adiante Dias da Cruz psicografado por Xavier 2006 p 160 faz importantes coloca es que pelo im do pensamento doentio e descontrolado o homem provoca sobre si a contamina o flu dica de entidades em desequil brio capazes de conduzi lo escabiose e ulcera o dipsomania e loucura cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada proced ncia tanto quanto aos v cios que corroem a vida moral e atrav s do pr prio pensamento desgovernado pode fabricar para si mesmo as mais graves eclos es de aliena o mental como sejam as psicoses de ang stia e dio vaidade e orgulho usura e deliqu ncia des nimo e egocentrismo impondo ao ve culo org nico processos patog nicos indefin veis que lhe favorecem a derrocada ou a morte Usemos desse modo na garantia de nossa higiene mento ps quica os antiss pticos do Evangelho Bondade para com todos trabalho incans vel no bem otimismo o
17. o ou uma manifesta o de transtorno dissociativo Existem v rias respostas psicol gicas e biol gicas poss veis ao trauma uma delas o transtorno de estresse p s traum tico que envolve um padr o bif sico de se reviver o trauma mem rias intrusivas alternadas com entorpecimento e evita o de situa es que lembrem o trauma GREYSON 2007 As EQMs compartilham com o transtorno de estresse p s traum tico aumento de pensamentos intrusivos de imagens de sentimentos e de sonhos mas se diferenciam por n o gerarem evita o entorpecimento ps quico e nem inibi o comportamental Portanto as EQMs causam altera es sugestivas de uma resposta n o espec fica a eventos catastr ficos GREY SON 2007 As pessoas que vivenciam uma EQM em geral possuem bom estado pr m rbido e t m uma atitude explorat ria positiva da viv ncia o que as diferenciam de transtornos 208 psic ticos breves LUKOFF 1985 A autoscopia experi ncia na qual a pessoa relata ver um duplo ativo do pr prio corpo e tem sido confundida com EQM Esta situa o n o deve ser confundia com EQM pois na experi ncia de quase morte os pacientes percebem se fora do corpo f sico que observado inativo GABBARD TWEMLOW 1984 H similaridades com as alucina es provocadas por subst ncias psicoativas e EQM por m as ltimas s o mais complexas e mais dotadas de significado pessoal e ocorrem na aus ncia de subst ncias psicoativas
18. o paradigma dominante onde a auto reflexividade essencial para os primeiros tra os de horizontes emancipat rios e como designa Santos 2005 a transi o epistemol gica ocorre entre o paradigma dominante da ci ncia moderna e o paradigma emergente que designo por paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente SANTOS 2005 p 16 O Esp rito Emmanuel em seu livro EMMANUEL 2008 p 98 psicografado por Chico Xavier coloca que a ci ncia infatig vel procura agora a mat ria padr o a for a origem simplificada da qual cr emanarem todos os compostos e nesse estudo proveitoso que ela pr pria afirmando se at ia descrente caminha para o conhecimento de Deus E analisa ainda mais profundamente neste mesmo livro Emmanuel 2008 p 41 No futuro viver a Humanidade fora desse ambiente de animosidade entre a Ci ncia e a Religi o e julgo mesmo que em nenhuma civiliza o pode a primeira substituir a segunda Uma e outra se completam no processo de evolu o de todas as almas para o Criador e para a perfei o de sua obra As suas aparentes antinomias que derivam na atualidade da compreens o deficiente do homem em face dos problemas transcendentes da vida ser o eliminadas dentro do estudo da an lise e do racioc nio A f sica qu ntica demonstra a profunda interconex o de tudo com tudo e a liga o entre a realidade e o observador A mat ria cedeu lugar energia e assim compreendo m
19. pouca ansiedade em rela o morte e o gosto pela vida Do estudo das transforma es participaram mais de quatrocentas pessoas que eram adultos que tinham tido experi ncias de quase morte quando crian as naturalmente com menos influ ncia cultural E outra exig ncia era a de que pelo menos dez anos tivessem passado desde a ocorr ncia da experi ncia Morse 1997 estudou uma popula o englobando pessoas de todas as classes sociais mec nicos de autom vel m dicos banqueiros donas de casa advogados m sicos bem como representantes dos fundamentos religiosos e tnicos Em todas as pessoas participantes dessa pesquisa a EQM provocou diversas mudan as duradouras nas pessoas que as vivenciaram gy As mudan as duradouras incluem A uma diminui o na ansiedade em rela o oy morte Morse 1997 relata que quando perguntadas sobre seus sentimentos em rela o morte diziam algo como n o tenho mais medo da morte ou agora sei que vamos para um lugar melhor quando morrermos B um aumento das capacidades medi nicas as pessoas do grupo da EQM tinham a quantidade de experi ncias medi nicas v lidas mais de quatro vezes maior do que a das pessoas do grupo normal e as do de seriamente enfermo C maior gosto pela vida manifestam grande energia e entusiasmo pela vida D uma intelig ncia mais elevada dif cil de comprovar por m dif cil de ignorar Muitas pessoas do grupo de EQM sentem que estive
20. um embri o unicelular e que o desenvolvimento humano um processo cont nuo que se inicia quando um ov cito 257 vulo de uma f mea fertilizado por um espermatoz ide de um macho MOORE PERSAUDE 2008 O m dico obstetra Zugaib 2008 p 1143 diz que a vida definida como a continuidade de todas as fun es de um organismo vivo ou como o per odo compreendido entre a concep o e a morte fundamental a tomada de consci ncia pelo respeito vida humana Rezende 2005 obstetra de refer ncia nas escolas m dicas tamb m afirma que come a a vida do novo ser com a fecunda o e abortamento no plano tico impedir sua vida A explica o sobre as causas das doen as aprofundada na perspectiva esp rita ampla pois se estende ao encadeamento existencial ap s a separa o da roupa biol gica tamb m relacionada ao seu contexto familiar social e cultural Xavier 1987 comenta sobre a possibilidade que temos de mudar a rota do destino atrav s da pr tica do bem e do pensamento claro e correto com a o edificante interfere nas fun es celulares tanto quanto nos eventos humanos atraindo em nosso favor por nosso reflexo melhorado e mais nobre amparo luz e apoio segundo a lei do aux lio Vejamos como o instrutor espiritual Emmanuel sintetiza a solu o de um dos maiores enigmas da medicina a causa das doen as cong nitas ou seja presentes ao nascimento As enfermida
21. 2002 diz que a ci ncia deve reatar com a consci ncia pol tica e tica uma ci ncia emp rica privada de reflex o e uma filosofia puramente especulativa s o insuficientes consci ncia sem ci ncia e ci ncia sem consci ncia s o radicalmente mutiladas e mutilantes 98 Morin 2002 traz reflex o a complexidade intr nseca que se encontra no cerne da ci ncia o desenvolvimento disciplinar levando superespecializa o com o saber acumulado em bancos de dados e manipulados pelos poderes econ micos e pol ticos sentimos que a engenharia gen tica tanto pode industrializar a vida como biologizar a ind stria Ressalta a ignor ncia do cientista acerca do que n o se refere ao seu campo de estudo inconsciente acerca do mundo da vida da sociedade os cientistas produzem um poder sobre o qual n o t m poder No s culo XVII nasceu uma ci ncia aut noma diante da religi o do Estado e das consegii ncias morais que o conhecimento provoca conhecer por conhecer quaisquer que fossem as consegii ncias De marginal a ci ncia passou a central no s culo XIX n o s nas universidades mas tamb m nas empresas industriais e sobretudo no cora o do Estado que financia controla e desenvolve as institui es de pesquisa cient fica A rela o entre a ci ncia e a t cnica passou a ser dominante e indissol vel com intera o entre ci ncia e poder MORIN 2002 Obedecemos m quina e n o sabemos para
22. Chamou essa luz de o ponto de aniquilamento um lugar assustador mas que lhe deu uma compreens o universal Olaf desejava permanecer na luz enquanto era for ado a entrar em um t nel e a voltar para o seu corpo Lembro me de pensar por favor deixe me entender esta nova f sica da relatividade escreveu Olaf Depois senti um solavanco fiquei preso em um canal e fui tranportado com tremenda for a para dentro do meu corpo A experi ncia de quase morte modificou imediatamente o car ter de Olaf De estudante mediano tornou se arrogante e utilizava teorias que tinha aprendido no outro lado para explicar a obra de Albert Einstein De in cio Olaf achava que a EQM n o passava de um sonho medida que progredia nos estudos especiais percebeu que algo acontecera durante sua aventura c smica Estava mais inteligente do que antes mas tamb m livre do pensamento que o restringia a aceitar teorias e valores Hoje possui mais de cem patentes qu micas e descobriu a maneira de incluir mais cr na fabrica o do papel diminuindo em vinte e cinco por cento o n mero de rvores cortadas para essa finalidade Olaf refere se sua EQM como meu presente c smico MORSE 1997 A maioria dos estudos retrospectivos de EQM mostrou que as pessoas que passaram por essa experi ncia s o psicologicamente saud veis e que em medidas de sa de mental n o diferem dos de grupos controle GABBARD TWEMLOW 1984 GREYSON 1991
23. Deus por todas as b n os pela grandiosidade da vida Deus nosso Pai e Criador intelig ncia suprema causa primeira de todas as coisas KARDEC 2006 a AGRADECIMENTOS Ao Divino Mestre Jesus pelos ensinamentos vivenciados em seu cotidiano planet rio h dois mil anos e que constituem e constituir o sempre um farol iluminando toda a humanidade terrena Aos benfeitores espirituais do Mundo Maior mission rios do Cristo Jesus o Divino M dico que de forma ostensiva e amorosa por acr scimo da miseric rdia divina me ajudaram em todos os momentos desse trabalho Deus os recompense por tudo A Profa Dra ngela Maria Bessa Linhares minha orientadora pela honra de trabalharmos juntas pelo aprendizado e pelos momentos ricos de discuss es Deus a aben oe e que sua luz brilhe cada vez mais diante dos homens mas principalmente diante de Deus A todos os professores do curso de P s Gradua o em Educa o Brasileira da Faculdade de Educa o da Universidade Federal do Cear pelo compromisso institucional compet ncia dedica o e seriedade em contribuir para a forma o de profissionais comprometidos com um mundo melhor mais respons veis no exerc cio de sua cidadania Especialmente aos Professores Doutores ngela Maria Bessa Linhares Erc lia Braga de Olinda Kelma Matos e Jo o Batista B Figueiredo pela implanta o da linha de pesquisa Educa o e Espiritualidade na p s gradua o da Faculdade de
24. Eu n o entendi nada quando de repente uma jovem chegou perto de mim e falou o meu nome Gra a eu sou fisioterapeuta sou sua colega e estou aqui para te ajudar Oh n o foi o fim para mim naquele momento Durante o procedimento quando a fisioterapeuta aspirava foi um al vio a primeira aspira o a segunda aspira o foi boa no in cio mas no final foi muito ruim e a terceira vez foi cruel quase insuport vel E ali eu fiquei pensando no sofrimento dos pacientes dos leitos de UTI N o poder se mexer n o poder dizer suas necessidades Ficar totalmente dependente de outros Depois veio outra fisioterapeuta outro dia ou mais tarde talvez que realmente era minha amiga Dina amigona a qual me ajudou muito Aquela sim foi amiga nas horas mais dif ceis da minha vida N o consigo me lembrar de muita coisa Mas lembro que talvez antes de perceber algu m perto de mim de tentar falar eu lembro que era tudo muito estranho Eu sabia que a cabe a era minha mas o corpo era como se eu tivesse quatro pernas quatro p s e quatro bra os isso por efeito da droga eu sei Mas aos poucos fui ligando uma coisa outra at que entendi que eu n o havia me sa do bem na cirurgia Mas uma coisa eu sei que o meu Deus vive Ele amigo fiel n o me deixou um s momento Sempre que eu estava consciente eu estava ligada com Deus pedindo que enviasse anjos em meu aux lio E num daqueles dias creio que eu estava muito mal eu sent
25. M e Canguru na Maternidade Escola Assis Chateaubriand junto aos sujeitos que buscam os rezadores no Programa de Sa de da Fam lia Novo Iracema em Maranguape e atrav s das narrativas de sujeitos que vivenciaram experi ncia de quase morte EQM e experi ncia de quase morte s mile desdobramento A pesquisa tem como metodologia a hist ria oral tem tica m todo de pesquisa antropol gico ci ncia do indiv duo utilizando entrevistas semi estruturadas com uma abordagem transdisciplinar numa perspectiva multirreferencial ou seja uma leitura plural utilizando sistemas de refer ncias distintos obtendo as narrativas dos depoentes acerca das reflex es sobre a constru o da experi ncia espiritual nos percursos educacionais vividos nos processos de adoecimento e cura com o objetivo de estudar o que essas experi ncias apontam como perspectiva de supera o dos limites do paradigma biom dico As narrativas foram gravadas transcritas em seguida foi realizada a an lise cotejando com o referencial te rico desta tese ci ncia da educa o ci ncia m dica e o pensamento esp rita em seu aspecto religioso filos fico e cient fico As an lise no corpo deste estudo levaram compreens o da necessidade de uma nova conceitua o do sujeito humano como ser espiritual da necessidade de se considerar as produ es simb licas que remetem dimens o transcendente considerando os fen menos da ordem espiritual como fen menos que
26. Sempre soube que somos esp ritos e que nosso corpo f sico uma roupa Converso com as crian as quando elas se v o Pedi licen a ao beb que morreu em quem treinei entuba o quando estava ele morto fisicamente Disse lhe que o meu aprendizado em seu corpo iria ajudar a salvar outras crian as N o sei porque mas acho que quando as crian as morrem a gente tem que falar alguma coisa para elas As crian as malformadas com problemas graves eu compreendo que essa encarna o para elas apenas uma passagem para resgatar alguma coisa de vidas passadas s vezes converso mentalmente com elas e me pergunto o que ter o feito para passarem por tal prova o Todo dia fa o isso na UTI neonatal mentalmente pergunto o que andaram fazendo para nascerem prematuras malformadas s vezes converso com eles em voz em alta H per odos em que vejo muito os Esp ritos Vejo os Esp ritos na UTI Nunca ouvi nada Nos sonhos eu sou capaz de conversar com os Esp ritos de escut los Vejo os Esp ritos desencarnados com um corpo t nue s vezes transparente e s vezes menos transparente Geralmente s percebo que n o s o pessoas com corpo f sico depois de algum tempo Vejo os Esp ritos com os olhos fechados No Hospital Infantil Albert Sabin h outro hospital l dentro um hospital espiritual Quando residente de pediatria em um plant o noturno fui chamada de madrugada para atender uma crian a e vi o esp rito de uma outra
27. a partir do conceito de cadeira ainda que o necessitemos mas tamb m a partir da hist ria de trocas intera es com cadeiras que cada um de n s teve das imagens das lembran as e das fantasias sobre esse objeto FERNANDEZ 1991 p 117 Com isso queremos dizer que a hist ria da pessoa vai influenciar o modo de ler ou de compreender o vivido No nosso Paradigma do Esp rito a pessoa esp rito imortal e j viveu outras reencarna es que se condensam como personas na acep o junguiana de personalidades secund rias que deixam impulsos antigos para serem retomados revistos acrescidos modificados por n s no agora mas que adv m de outras experi ncias reencarnat rias 4 10 A Outra Dimens o Um signo uma chave Como diz Pearce um signo alguma coisa que representa algo para algu m Os signos que representam todas as palavras da nossa l ngua por exemplo s o uma chave para se alcan ar a inteligibilidade do mundo de si e do Outro O trabalho de 182 falar do mundo e de criar realidades tarefa que se faz com o uso de signos eles v o servir de media o ir o ser intermedi rios v o servir de meios para conferir sentido vida Os sentidos que as pessoas d o a suas vidas s o extra dos do reservat rio de experi ncia da sua cultura Dentro de toda cria o h um concerto de asas e de eixos h a mem ria das culturas em seu caminho de ra zes e h o que rompe com o cimento do institu do
28. aprendizagem que implica em uma reorganiza o do mundo interno valores cren as e uma experi ncia que modifica a forma da pessoa lidar com a experi ncia de adoecimento e de cura Morse 1997 ao estudar a transforma o ocorrida ap s EQM informa que a pessoa n o precisa ter uma exaustiva EQM para ser transformada pela experi ncia Todas as pessoas referem mais entusiasmo pela vida e virtualmente nenhum medo da morte Todas sentem que suas vidas t m um prop sito que est o aqui para cumprir um objetivo Neste estudo o pesquisador comenta o relato de um empres rio sexagen rio ap s sobreviver a uma parada card aca A primeira coisa que vi quando acordei no hospital foi uma flor e eu chorei Acredite ou n o nunca tinha realmente visto uma flor at que voltei da morte Uma coisa que aprendi quando morri foi que todos n s somos parte de um grande universo vivo Se julgamos que podemos ferir uma outra pessoa ou qualquer coisa viva sem ferirmos a n s mesmos estamos redondamente enganados O pediatra Melvin Morse 1997 relata que todas as pessoas quase morreram de maneira muito diferente mas todas t m uma coisa em comum estavam transformadas Um grande n mero de pessoas apresentou transforma es paranormais telepatia sentimentos precognitivos sonhos precognitivos ver outras pessoas e lugares atrav s de algum tipo de observa o remota ser capaz de diagnosticar doen as e s vezes at mesmo curar e ma
29. brio do centro gen sico implantando nos tecidos da pr pria alma a sementeira de males que frutescer o mais tarde em regime de produ o a tempo certo No homem o resultado dessas a es aparece quase sempre em exist ncia imediata na forma de mol stias testiculares disendocrinias diversas dist rbios mentais na mulher a miopraxia do centro gen sico atonizado padecendo logo que reconduzidas ao curso da maternidade terrestre as toxemias da gesta o prenhez ect pica descolamento de placenta degenera o c stica do c rio inflama es anexiais tumores ovarianos O perisp rito constitu do de mat ria sutil vibra numa freqii ncia mais elevada do que a do corpo denso apresenta c lulas tecidos e rg os que servem de matrizes para o corpo biol gico nos processos reencarnat rios ZIMMERMANN 2006 Guimar es 1984 em suas pesquisas o denominou modelo organizador biol gico pelas suas qualidades organizadoras reveladas em muitos experimentos se modifica sob o comando do pensamento e subsiste ap s a morte f sica ocupando no extra f sico regi o pr pria NOBRE 2005 Ainda n o h tecnologia para mensurar o perisp rito 261 Nobre 2005 p 62 68 cita as experi ncias de Harold de Saxton Burr com salamandras e sua descoberta da presen a de campos eletrodin micos denominados pelo pesquisador ingl s de life fields os quais determinam a organiza o e orienta
30. com sua roupa biol gica e o esp rito o princ pio inteligente do Universo KARDEC 2006a Goswami 2007 f sico j considera a consci ncia como criadora do mundo material e investiga os fen menos por ela provocados A pot ncia criadora da id ia como dizia Bozzano 2000 p 113 e Geley 2006 e como observamos seu funcionamento nesta tese em situa es do Posto de Sa de de Maranguape e nos outros cen rios se revela no mbito das curas que consideram o sujeito como mais que seu corpo como sendo esp rito que possui um corpo transit rio 4 CAPITULO 3 ESCUTA NA ENFERMARIA MAE CANGURU 4 1 Um lugar de escuta importante a enfermaria Mae Canguru Adentramos a enfermaria M e Canguru na Maternidade Escola por ser um lugar que derivou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cear da luta por uma aten o s classes populares mais consent nea com suas necessidades prementes Acometidas em geral com afec es como DHEG Doen a Hipertensiva da Gesta o as jovens m es que est o nessa enfermaria vivenciaram a retirada do seu beb prematuro em geral por estar em risco a vida da m e Nomeia se M e Canguru essa enfermaria por funcionar como incubadora humana na qual a crian a fica ao m ximo vinculada ao colo da sua jovem m e Era uma tarde suave de junho as chuvas haviam lavado o c u e ficava no ar um matiz delicado de sol por uma fresta da janela As enfermeiras auxiliavam algumas m
31. como tamb m os que est o descritos no livro O C u e o Inferno KARDEC 2007 em O Livro dos Esp ritos KARDEC 2006a em O Livro dos M diuns KARDEC 2006b j apontavam e analisavam do ponto de vista chamado esp rita e que envolve em conjunto o mbito religioso filos fico e cient fico essa ordem de fen menos 226 Observei portanto que isso significa que os epis dios iniciais narrados sobre a viv ncia ap s morte a entrada no chamado mundo espiritual e que envolve a vida em outra dimens o vibrat ria s o muito semelhantes a ordem de fen menos vividos nas EQMs As pesquisas de Kardec 2007 em O C u e o Inferno e as narrativas das chamadas por Bozzano 2006b personalidades medi nicas que s o segundo o autor os chamados esp ritos pessoas que j n o possuem corpo f sico e que mant m sua individualidade pensante ap s a morte relatam viv ncias cujas descri es s o similares s narrativas das pessoas que vivenciam as EQM o que me faz adentrar mais conscientemente obrigatoriamente e com mais consist ncia na ordem de descri es e de compreens es que o pensamento esp rita prop e como j apreendiam Kardec 2007 e Bozzano 2006b Nos estudos de Bozzano 2006b que corroboram as obras de Kardec 1995 2004 2007 apontam que a entrada no mundo espiritual d se de acordo com o chamado est gio de evolu o do ser pelo qual cada Esp rito desencarnado levado necessariamente a gra
32. comportando a id ia de que morte processo O momento da morte deve ser repensado inclusive o tempo de reanima o e os crit rios utilizados para determinarem o sucesso dessas manobras Deve ser considerada a relev ncia afetiva espiritual tica e t cnica do momento de morrer Assim recomendo o encontro e desenvolvimento com o paradigma m dico esp rita O modelo biom dico calcado na refer ncia morfo fisio biologicista com aplicabilidade importante por m limitada pois este modelo ainda hegem nico que muito tem contribu do com a sa de humana agora necessita se pensar pois reduz o ser humano a um conglomerado celular distanciado nos da compreens o do ser humano integral levando a uma pr tica profissional atomizada e mecanizada em excesso Esfor os devem ser empreendidos e esta tese caminha neste sentido pelas escolas m dicas para rever paradigmas para ver a pessoa como um todo como ser espiritual tamb m como pessoa que parte de uma sociedade o que significa que as a es de sa de devem 246 estar voltadas ao mesmo tempo para o indiv duo e para a comunidade para a preven o e para o tratamento e respeito dignidade humana fundamental contemplar de forma significativa na forma o m dica o modelo de promo o sa de preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos Universit rios da rea da Sa de aprovadas pelo Conselho Nacional de Educa o em outubro d
33. condi es espirituais de cada ser esp ritos felizes esp ritos em condi es medianas esp ritos sofredores esp ritos suicidas criminosos arrependidos esp ritos endurecidos esp ritos que vivenciaram expia es terrestres Bozzano 2006b em seu livro A Crise da Morte submeteu ao processo cient fico da an lise comparada e da converg ncia de provas extenso volume de experi ncias sob a forma de narrativas que contam como se d a entrada no meio espiritual ou no mundo dos Esp ritos 225 conforme nomeia As narrativas s o de pessoas que est o a deixar o corpo f sico ou biol gico e tamb m h as que deixaram a Terra e que contam por meio de mensagens medi nicas como lhes transcorre no mundo espiritual a exist ncia durante os primeiros tempos ap s a desencarna o morte As narrativas encerram um conjunto de informa es a partir de dezessete ocorr ncias o campo emp rico de suas observa es que s o analisadas de forma comparativa com referencial te rico da Doutrina Esp rita segundo sua pr pria nomea o S o informes capitais acerca das experi ncias individuais que comp em seu campo de pesquisas e que fazem uma esp cie de rastreamento do campo fenom nico na rea Dessa forma posso ver que esse campo de observa es e as descri es dessa ordem de fen menos narrados por Bozzano 2006b apresentam analogia com as narrativas das experi ncias de quase morte estudados pelos cientistas
34. cultural social hist rioco Ensinar a identidade terrena Ser preciso indicar o complexo de crise planet ria que marca o s culo XX mostrando que todos os seres humanos confrontados de agora em diante aos mesmos problemas de vida e de morte partilham um destino comum Enfrentar as incertezas A educa o deveria incluir o ensino das incertezas que surgiram nas ci ncias f sicas microf sicas termodin mica cosmologia nas ci ncias da evolu o biol gica e nas ci ncias hist ricas Ensinar a compreens o A compreens o a um s tempo meio e fim da comunica o humana A tica do g nero humano A educa o deve contribuir n o somente para a tomada de consci ncia de nossa Terra P tria mas tamb m permitir que esta consci ncia se traduza em vontade de realizar a cidadania terrena MORIN 2003 p 11 18 Assim que observarmos por m que ao orientarmos e tentarmos caminhar na dire o de executar com os alunos do curso de medicina essas diretrizes do novo paradigma percebemos que o modelo biom dico necessita ser revisto e contextualizada a sua abordagem social ainda necessita se ampliar nossa vis o de sujeito das pr ticas de sa de de modo a comportar um sujeito multidimensional Desse modo que objetivo a estudar as narrativas que se d o nos percursos de adoecimento e cura tentando descrever como os sujeitos que vivem essas experi ncias tentam dar significado a elas
35. e alegre e segundo Adalgisa sa de ela tem muita O fato de estar com a dor na perna e de ter artrose n o a faz sentir se doente V se aqui que a doen a para Adalgisa algo maior do que uma dor localizada ou um problema como o da artrose Ela percebe se ativa com sa de inclusive e com autonomia para viver Pode se pensar aqui que essa autonomia a alegria e o t nus de vitalidade de Adalgisa fazem na sentir se n o doente mas com dor na perna que ela sabe ser artrose Ela parece dizer que a doen a algo que envolve mais do que isso que est localizado como dor parece apontar outras dimens es como que outras vari veis para o sentir doente evidente que a falta do medicamento alop tico impulsionou a procura de Adalgisa ao rezador Sabemos que h esse risco nas alternativas de medicina popular no SUS mas isso n o significativa que a validade destas formas que incluem o rezador sejam destitu das de 124 sentido Como tudo no processo capitalista tamb m as perspectivas m dicas que apontamos podem ser utilizadas de forma aviltada Al m disso Adalgisa parece ter uma doen a cr nica degenerativa a artrose onde esses medicamentos alop ticos s o paliativos e cujo uso freqiiente resultam em danos graves sa de da pessoa A ind stria farmac utica lucra com a doen a e a medicaliza o excessiva da sociedade alimentada pelo processo acumulador do mercado farmac utico e cala a orienta o sobre
36. em se tratando de uma percep o aut ntica representaria uma explica o paranormal da EQM Van Lommel et al 2001 fizeram um estudo prospectivo durante doze anos in cio em 1988 de 344 pacientes que passaram por parada card aca em dez hospitais holandeses com morte cl nica estabelecida atrav s de registros eletrocardiogr ficos com 509 ressuscita es bem sucedidas dos quais 62 pessoas vivenciaram uma EQM Foi realizado um estudo longitudinal das mudan as na vida p s EQM dois anos e oito anos ap s a experi ncia mencionada Como EQM foi definido um estado especial da consci ncia incluindo elementos como experi ncia fora do corpo sensa o agrad vel prazerosa vis o de um t nel de luz parentes falecidos revis o da vida Crit rios de aprofundamento dessa viv ncia foram estabelecidos superficial experi ncia central e experi ncia profunda Vale salientar que as experi ncias superficiais foram mantidas no estudo devido s mudan as importantes resultantes destas Temos visto e observado ao longo desta tese que a experi ncia espiritual que aqui estudamos em tr s ambi ncias diferentes enfermaria M e Canguru sujeitos que procuraram rezador no PSF Nova Iracema e profissionais que vivenciaram experi ncia de quase morte uma experi ncia educativa que se caracteriza pela transforma o da pessoa Ao longo deste trabalho veremos que a experi ncia espiritual como experi ncia de transforma o 195
37. es a retirar o leite do peito para coloc lo em um tubo uma vez que os prematuros beb s ainda n o tinham a for a de sug lo Uma jovem que j estava com seu beb a dormir e que se quedava quieta olhando nossa chegada chamou nos logo a aten o Depois de algumas conversas e de apresenta es aos trabalhadores que cumpriam o plant o no local fomos na dire o da jovem m e que continuava a observar nos Di logo com Jasmim M N S 26 anos cat lica m e de Let cia com dias de vida nasceu com 30 semanas de idade gestacional Apgar 3 e 7 peso de nascimento 1300 gramas Podemos conversar Claro Estamos fazendo uma pesquisa sobre as significa es que as pessoas d o a seus processos de adoecimento e de cura Voc poderia ent o contar como se deu esse percurso que levou voc at aqui E que significados foi construindo para dar sentido ao que vivia nesse caminho N o sei se isso mas eu vou contando Eu precisava entender o que se passava comigo O que se passa Sempre At agora quando ela come a a chorar aponta a crian a dormindo em seu peito me d desespero N o sei o que ela est sentindo ela chora muito Ser que uma coisa dela mesma Como que eu vou saber o que ela est sentindo Eu n o esperava que nascesse assim prematura mas a press o subiu tiveram de tirar s pressas a crian a Voc n o esperava que acontecesse isso 147 Nao Eu esperava uma gravide
38. expressa sobre Religi o e religi es A Religi o o sentimento divino que prende o homem ao Criador As religi es s o organiza es dos homens fal veis e imperfeitas como eles pr prios dignas de todo o acatamento pelo sopro de inspira o superior que as faz surgir s o como gotas de orvalho celeste misturadas com os elementos da terra em que ca ram Muitas delas por m est o desviadas do bom caminho pelo interesse criminoso e pela ambi o lament vel dos seus expositores Para mim o caminho para chegar espiritualidade passa necessariamente pela Religi o Esp rita que promove um retorno ao cristianismo redivivo em seu anseio de pr tica de vida repartida e aprendizado do amor KARDEC 2006a 2006b 2006c 2006d De filia o existencial crist expl cita como Freire 2003 compreendo que existir um conceito din mico implica uma dialoga o eterna do homem com o homem do homem com o Criador 34 Freire 2006 explicita que esta capacidade de discernir o que n o pr prio do homem permite lhe tamb m descobrir a exist ncia de um Deus e estabelecer rela es com Ele Compreendo espiritualidade como refer ncia tamb m para a ci ncia eixo do pensamento a partir do qual propomos delineamentos na dire o de um paradigma do Esp rito delineamentos que far o parte da conclus o deste trabalho Nesse referencial o ser humano integral esp rito corporificado criado por Deus comp
39. facilmente a se libertar do corpo Eu sentia que me desprendia gradualmente dos la os org nicos mas me encontrava em condi es pouco l cidas de exist ncia afigurando se me que sonhava Sentia a minha personalidade como que dividida em muitas partes que todavia permaneciam ligadas por um la o indissol vel Quando o organismo corp reo deixou de funcionar p de o esp rito despojar se dele inteiramente Pareceu me ent o que as partes destacadas da minha personalidade se reuniam numa s Senti me ao mesmo tempo levantado acima do meu cad ver a pequena dist ncia dele donde eu divisava distintamente as pessoas que me cercavam o corpo N o saberia dizer por que poder cheguei a me desprender e a me elevar no ar Depois desse acontecimento suponho ter passado um per odo bastante longo em estado de inconsci ncia ou de sono o que ali s acontece frequentemente se bem isso n o se d em todos os casos deduzo o do fato que quando tornei a ver o meu cad ver estava ele em estado de adiantada decomposi o Logo que voltei a mim todos os acontecimentos de minha vida me desfilaram sob as vistas como num panorama eram vis es vivas muito reais em dimens es naturais como o meu passado se houvera tornado presente Foi todo o meu passado o que revi compreendido o ltimo epis dio o da minha desencarna o A vis o passou diante de mim com tal rapidez que quase n o tive tempo de refletir achando me como que arrebatado por um
40. humano ser um esp rito corporificado e a medicina da alma a ess ncia do processo de adoecimento e cura em minha compreens o Ao dissecar o cad ver nas aulas de anatomia com naturalidade executava as pr ticas ciente de estar usando a roupa biol gica de algu m que talvez estivesse ali por perto como diz o ap stolo Chico Xavier o passarinho havia fugido da gaiola A medicina sempre me atra ra tamb m pelo respeito sacralidade e dignidade da vida que um bem indispon vel e o primeiro de todos os direitos naturais do ser humano que o de viver Mergulhei intensamente no universo biom dico cartesiano Ao conhecer um pouco o funcionamento de nossa roupa biol gica fiquei maravilhada com a grandiosidade divina Todas as met foras s o insuficientes para explicitar a luta de um beb de setecentos gramas pela vida Os in meros casos vivenciados nas unidades de terapia intensiva neonatais onde trabalho as hist rias de vida de mulheres e homens presenciados ao longo de vinte anos constitu ram a base deste estudo seu solo fundante Durante aproximadamente dez anos participei de reuni es semanais no Centro Esp rita A Caminho da Luz situado na rua Assun o 669 onde tr s a quatro vezes por ano os esp ritos materializavam se tratavam pacientes encarnados faziam belas prele es evang licas jogavam perfume no ambiente muitas vezes ter e caminhavam por entre os participantes atrav s da mediunidade de
41. mas erguendo os olhos de s bito viu de manh cedo que jazia na pira a alma imortal e capaz de suportar todos os males e todos os bens seguiremos sempre o caminho para o alto e praticaremos por todas as formas a justi a com sabedoria a fim de sermos caros a n s mesmos e aos deuses enquanto permanecermos aqui e depois de termos ganho os pr mios da justi a como os vencedores dos jogos que andam em volta a recolher os pr mios da multid o tanto aqui como na viagem de mil anos que descrevemos seremos ent o felizes Estar amos a dialogar com o mito de ER 2 CAPITULO 1 PARADIGMA DOMINANTE CRISE E PARADIGMA EMERGENTE 2 1 Situando o paradigma da educa o m dica Anterior ao surgimento das universidades medievais a forma o m dica relacionava se aprendizagem com o trabalho A educa o foi separada do trabalho m dico no campo da cl nica m dica na Idade M dia e no s culo XVIII na rea da cl nica cir rgica LAMPERT 2002 Perdura at os dias atuais a cis o do trabalho manual e intelectual Desta forma o aluno de medicina n o tem poder de intervir nos problemas de sa de da popula o A pr tica do estudante de medicina vista como experi ncia pedag gica e n o como contribui o para a transforma o da realidade no setor sa de eximindo o acad mico do trabalho produtivo GARCIA 1972 A forma o do m dico a partir de estudos em grupos desconectados da pr tica profissional
42. mesmo com uma abordagem basicamente biom dica n o se pode negar um pluralismo de sistemas que envolvem a leitura dos processos de adoecimento e da arte de curar Como diz Capra 1982 p 118 A medicina ocidental emergiu de um vasto reservat rio de curas tradicionais e populares e propagou se subseqiientemente ao resto do mundo acabou por transformar se em v rios graus mas conservou sua abordagem biom dica b sica Com a extens o global do sistema biom dico v rios autores abandonaram os termos ocidental cient fica ou moderna e referem se agora simplesmente medicina cosmopolita Mas o sistema m dico cosmopolita apenas um entre muitos Na medida em que a medicina oriental passou a se fazer conhecida no ocidente acentuaram se pesquisas em todo o mundo detectando se fatos e realidades aparentemente novas A homeopatia e a acupuntura que se fundamentam em outro paradigma o da medicina chinesa s o atualmente especialidades m dicas Tamb m as pr ticas complementares de 16 sa de como a massoterapia a farm cia viva entre outras manifesta es dos saberes acumulados por sujeitos coletivos diversos est o inseridas no SUS Sistema Unico de Sa de como realidade terap utica J tem novo alento a pesquisa sobre a influ ncia da f e da ora o na cura Pesquisas em neuroci ncias buscam desvendar o mist rio do que sejam os estados alterados de consci ncia Esquadrinha se como
43. mesmo em todos os mundos Passando de um mundo para outro o Esp rito troca seu envolt rio como mudais de roupa Vemos assim que no pensamento esp rita inclui se a id ia da pluralidade dos mundos habitados o Esp rito preexistindo como princ pio inteligente individualizado que 112 preexiste e que sobrevive exist ncia com o corpo org nico participando do que se vem a chamar de exist ncia espiritual e de mundo espiritual Geley 1998 p 201 aponta essa no o capital chave para os que v o desenvolver a reflex o sobre palingenesia Segundo o pensamento esp rita haveria a presen a no ser de princ pios din micos e ps quicos independentes do funcionamento do organismo capazes de se separarem dele durante a vida devendo por conseguinte a ele preexistir e a ele sobreviver O doutor Gustave Geley m dico da faculdade de medicina de Lion na Fran a e estudioso da ci ncia esp rita situa a exterioriza o an mica essa possibilidade de separa o dos princ pios din micos e ps quicos e o seu funcionamento em operar se independente do organismo como fen meno pass vel de grada es variadas GELEY 1998 p 130 131 Na ci ncia m dica v se o estudo do m dico cardiologista van Lommel et al 2001 afirmarem em reiteradas pesquisas por um per odo de doze anos que as experi ncias fora do corpo apontam para a exist ncia de uma mem ria extra cerebral E que as EQMS empurram para o limit
44. mica Os pr prios objetos s o redes de rela es embutidas em redes maiores A met fora para compreens o do universo do cosmos da sociedade do corpo humano de uma rede com interliga es uma rede de rela es O pensamento sist mico foi estabelecido pelas concep es de Bertalanffy de um sistema aberto e de uma teoria geral dos sistemas que estabeleceram o pensamento sist mico como um movimento cient fico de primeira grandeza substitu ndo os fundamentos mecanicistas da ci ncia pela vis o hol stica onde os organismos vivos s o sistemas abertos porque precisam se alimentar de um cont nuo fluxo de mat ria e de energia extra das do seu meio ambiente para permanecerem vivos As propriedades sist micas surgem de uma configura o de padr es ordenados tendo a rede como padr o geral da vida capaz de se auto organizar e cujas rela es s o n o lineares CAPRA 1996 p 53 78 Behe 1997 professor de bioqu mica em seu livro 4 Caixa Preta de Darwin o desafio da bioqu mica teoria da evolu o usa como exemplos a vis o a coagula o do sangue o transporte celular a complexidade da c lula e argumenta t cnicamente que essas estruturas biol gicas t m que ter sido planejadas por um planejador inteligente seja Deus ou uma Intelig ncia Suprema Capra 1996 ressalta a contribui o de Gregory Bateson sobre a concep o da mente baseada em princ pios cibern ticos o que favoreceu a compreens o da nat
45. mico Sinal se refere aquilo que o examinador encontra H toda uma orienta o sobre a condu o da entrevista sobre a an lise da narrativa do sujeito Tamb m a orienta o j devidademente estudada de que A maioria dos lit gios quanto m pr tica resultado mais da deteriora o da comunica o e insatisfa o do paciente do que fruto de uma real neglig ncia m dica SWARTZ 2006 p 7 Swartz 2006 p 27 28 em seu livro Tratado de Semiologia M dica Hist ria e Exame Cl nico possui uma se o sobre Hist ria Psicossocial e Espiritual com as seguintes informa es 176 A hist ria psicossocial inclui informa o sobre a educa o as experi ncias de vida e as rela es pessoais do paciente Esta se o deve incluir o estilo de vida do paciente outras pessoas que vivem com ele educa o servi o militar cren as religiosas em rela o s percep es de sa de e tratamento e casamento ou outras rela es significativas Uma hist ria espiritual proporciona informa o sobre o que d sentido para a vida do paciente A espiritualidade ajuda a lidar com a doen a grave debilidade e morte Esta parte da hist ria m dica proporciona excelente percep o das necessidades espirituais e sistema de cren a do seu paciente A medita o e a ora o podem complementar o cuidado m dico A espiritualidade pode oferecer esperan a para aqueles com doen a cr nica e pode ainda trazer um novo signif
46. ncias s o descritas como poderosas felizes e mais reais que o real T m sido discutidos modelos implicando a serotonina a adrenalina a vasopressina e o glutamato JANSEN 1997 MORSE et al 1989 SAAVEDRA AGUILAR G MEZ JERIA 1989 Esses trabalhos t m sido realizados baseados em agentes qu micos ou em efeitos end genos hipot ticos cuja exist ncia n o foi comprovada e nem fundamentada por dados emp ricos Com base na suposta similaridade entre EQM e epilepsia do lobo temporal alguns estudiosos MORSE et al 1989 SAAVEDRA AGUIAR G MEZ JERIA 1989 relacionaram as EQMS a v rias regi es anat micas do c rebro mais frequentemente ao lobo temporal direito Ocorre que em convuls es do lobo temporal quase nunca s o observadas viv ncias de EQM DEVINSKY et al 1989 RODIN 1989 e a estimula o el trica dos lobos temporais pode desencadear fragmentos de m sica cenas isoladas e repetitivas que parecem familiares audi o de vozes experi ncias de medo ou outras emo es negativas vis es bizarras imagens on ricas al m de ampla escala de sensa es som ticas que nunca foram relatadas em EQMs GLOOR 1990 HOROVITZ ADAMS 1970 Persinger 1994 relatou fen menos induzidos por estimula o magn tica transcraniana dos lobos temporais que mostram vaga semelhan a com uma EQM por m tais fen menos n o foram replicados e t m sido atribu dos sugest o Neurocientistas t m discutido sobre a participa o
47. no espinha o fui ao m dico n o serviu de nada Passei quatro dias com dor nas costelas fiquei bom com reza Sempre vou ao seu Ananias Nasci em Parangaba moro no Parque Novo Iracema h dois anos Desde crian a tenho dor problema de coluna Quando rezo melhoro Cheguei sentindo dor nas costas ele rezou e ficou bom Pego peso e adoe o de novo n o tenho repouso Seu Ananias reza muito bem Ela volta para o normal Ele levanta as acas de uma vez Tem rezador que reza tr s a quatro vezes Minhas tr s meninas e minha mulher rezam com ele Di logo n mero 18 A J S 28 anos sexo masculino casado trabalha no DERT cat lico Quando posso vou missa Sentia dor nas costas e os peitos como se tivessem se abrindo h uns vinte dias peguei uma porta e senti dor do lado direito Passei uns dias em casa repousando Minha esposa falou no seu Ananias Sentia um suor frio um pouco de dor seu Ananias rezou Voc sente quando as acas voltam para o lugar N o vou a m dico Basta rezar e volta para o lugar J aconteceu umas cinco vezes J rezei antes com dona In s Quando trabalho com peso as acas caem Mesmo trabalhando sente cair d dor no espinha o fica doendo muita dor nas costas Dona In s rezava umas tr s vezes para as acas voltarem para o lugar e com ele Seu Ananias bastou uma vez e j voltou para o lugar Agora fazer gemada com mel de abelha ela cura M dico s vou com problema mais grave s que t
48. o Observam tamb m os autores Rabelo e Alves 1999 p 172 que se a enfermidade envolve a presen a subjetiva de mal estar isso n o significa que derive totalmente dessa experi ncia Queremos dizer com isso que se a enfermidade envolve uma tentativa intersubjetiva de lhe dar significado formado a partir de processos comunicativos de defini o e de interpreta o n o se reduz contudo a isso Percebemos que os estudos de Turner observam a natureza social da doen a n o nega sua natureza transcendental H aqui o reconhecimento de que o ser humano tem m ltiplas dimens es inclusive quando Ediv nia diz que se o filho da gente fica doente eu fico doente tamb m parece estar a admitir a dimens o afetiva como causadora da doen a Todavia Ediv nia embora admita uma multidimensionalidade do sujeito o que faria com que a doen a tivesse causas m ltiplas n o deixa claro como isso acontece Os grandes m dicos da Gr cia eram tamb m fil sofos naturais Eles n o tinham como objetivo diz Rosen 1994 p 37 apenas lidar com os problemas de sa de mas desejavam tamb m sondar a constitui o do universo e entender as rela es homem e natureza Apoiando se no racioc nio filos fico e em observa es emp ricas e respondendo a necessidades pr ticas os gregos desenvolveram concep es e explica es naturalistas acerca da doen a atribuindo sa de e doen a a processos naturais Hip crates como comenta R
49. o e da separa o A associa o de fatores unit rios diminutos resultaria por funcionar reduzindo a realidade ao que se consegue ver por essa fresta H quem admita o atomismo como uma revolu o ou um rompimento para com as id ias de Parm nides sobre a unidade e imutabilidade do ser O atomismo representaria em 71 sua origem uma tentativa de reconcilia o entre a tese de Parm nides e a observa o da multiplicidade e transforma o dos objetos naturais os tomos permaneceriam inalterados enquanto pudessem modificar suas maneiras de se associarem em qualidade ou quantidade CHAUI 2004 Em algumas de suas vers es o atomismo incorporou os quatro elementos b sicos fogo ar gua e terra da doutrina de Emp docles 490 430 a C e em outras a id ia devida a Anax goras 500 428 a C de que existiriam tantos tomos diferentes quantas fossem as subst ncias diferentes MESQUITA 1987 Na doutrina dos quatro elementos de Emp docles encontra se tamb m a proposi o de duas for as de intera o amor a unir os elementos e conflito a separ los A despeito do sucesso inicial o atomismo n o ganhou maior destaque entre o pensamento grego n o obstante deixou ra zes a ponto de se notar uma forte influ ncia tantos s culos depois e at mesmo no mundo antigo entre os que o rejeitaram como Plat o e Arist teles MESQUITA 1987 A filosofia atomista grega com Dem crito com Leucipo e c
50. o experi ncias vivenciadas por pessoas desde tempos remotos e foi alvo da tentativa de compreens o de fil sofos I ANDOLLI JR 2004 NOBRE 2004 Desde a antiguidade a reflex o sobre a morte e em especial a experi ncia de quase morte comparecem na educa o em A Rep blica de Plat o 428 348 a C no livro X o dialogismo socr tico j nos instigava a esse mbito de interroga es Utilizemos o mito de Er para ilustrar uma primeira ordem de quest es suscitadas pela EQM Plat o conta o mito de Er denominado mensageiro do al m Livro X 615a e p 313 319 A verdade que o que vou te narrar n o um conto de Alc noo mas de um homem valente Er o Arm nio Panfilio de nascimento Tendo ele morrido em combate andavam a recolher ao fim de dez dias os mortos j putrefatos quando o retiraram em bom estado de sa de Levaram no para casa para lhe dar sepultura e quando ao d cimo segundo dia jazia sobre a pira tornou vida e narrou o que vira no al m Contava ele que depois que sa ra do corpo a sua alma narrou o que vira no al m Contava ele que depois que sa ra do corpo a sua alma fizera caminho com muitas e haviam chegado a um lugar divino no qual havia na terra duas aberturas cont guas uma outra e no c u l em cima outras em frente a estas No espa o entre elas estavam sentados ju zes que depois de pronunciarem a sua senten a mandavam os justos avan ar para o caminho direita que s
51. o formal a uma religi o embora possa envolver tamb m essa escolha Na realidade os fen menos f sicos e os espirituais o mundo subjetivo e o objetivo reiteramos s o profundamente interconectados e interdependentes O antrop logo Turner et al 1995 em seu trabalho sobre o problema espiritual e religioso afirmam que a experi ncia espiritual essencialmente uma experi ncia subjetiva 20 com o sagrado E religiosidade envolve a religi o organizada enquanto sistema de doutrina e de pr ticas sociais Defino que a experi ncia espiritual inclui um sujeito com a sua subjetividade em rela o com o sagrado mas tamb m em rela o com a religi o enquanto doutrina e sistema organizado de pr ticas sociais positivadas ou enquanto silenciamento dessa refer ncia de algum modo sempre presente O pensamento esp rita corrobora com esta vis o da dimens o espiritual estar sempre presente Kardec 2006a em O Livro dos Esp ritos ao dialogar racionalmente com os instrutores espirituais sobre a lei de adora o analisa que h uma cren a imanente em Deus que a lei de adora o uma lei natural resultante de um sentimento inato no ser humano Frankl 2006 demonstra que o ser humano n o movido apenas pelo inconsciente mas manifesta uma espiritualidade inconsciente h no ser humano uma religiosidade na rela o com Deus a n vel inconsciente imanente no ser humano a rela o com o transcendente com Deus embora muitas
52. p 51 assinala ainda A fim de possibilitar aos cientistas descrever matem ticamente a natureza Galileu postulou que eles deveriam restringir se ao estudo das propriedades essenciais dos corpos materiais formas quantidades e movimento as quais podiam ser medidas e quantificadas Outras propriedades como som cor sabor ou cheiro eram meramente proje es mentais subjetivas que deveriam ser exclu das do dom nio da ci ncia Esta orienta o tornou os cientistas obcecados por medir e quantificar desconsiderando e mesmo evitando a sensibilidade a tica a est tica o afeto os valores e o esp rito Japiassu 1982 revela que a situa o do homem se v despojada de suas grandes significa es Fica reduzida ao estado desolador de um deserto de valores Todas as evid ncias do dom nio humano bem como a espiritualidade religiosa e vida cotidiana passam pelo crivo de um questionamento feroz Em uma outra situa o Galileu muda de papel Pode se ver como dif cil romper com um velho molde Galileu permaneceu aferrado s rbitas circulares embora tenha sido contempor neo e se correspondido com Johanes Kepler 1571 1630 astr nomo f sico e matem tico e que descobriu que as rbitas planet rias s o el pticas e n o circulares HELLMAN 1998 O atomismo do grego atoma a significar coisas que n o podem ser divididas uma doutrina filos fica destinada a explicar fen menos complexos custa da redu
53. que pode durar um dia ou dois como pode durar semanas e meses isto depende das circunst ncias em que morreram No meu caso eu fora morto de maneira fulminante n o sofrera n o passara por enfermidades exaurentes apesar disso por m estive mergulhado no sono durante cerca de uma semana porque tendo sido s bita a minha morte meu corpo flu dico fora bruscamente arrancado do corpo som tico com um contragolpe sens vel sobre o primeiro Quando entre os Esp ritos rec m chegados h os que se encontrem ligados por vivas afei es a outros Esp ritos desencarnados algum tempo antes estes ltimos lhes acorrem ao encontro antes que passem pela fase do sono reparador N o se pode imaginar ventura maior do que a desses encontros no meio espiritual ap s longas separa es que pareciam definitivas Se bem os Esp ritos saibam que ter o de separar se ainda por certo tempo n o o lamentam por estarem cientes de que estas separa es j n o ser o quais as anteriores E quando os Esp ritos rec m chegados despertam do sono reparador seus guias interv m para inform los do adestramente espiritual que a cada um se acha reservado O Esp rito Tiny narra um encontro afetuoso com entes queridos j domiciliados no mundo espiritual similar narrativa EQM do m dico A P R ao se reencontrar com cinco entes queridos tamb m domiciliados no mundo espiritual com os quais ele tem profundo 236 vinculo afetivo
54. s como uma complexa teia de rela es entre as diversas partes do todo Essas rela es sempre incluem o observador de maneira essencial CAPRA 1983 p 58 Capra 1983 1996 explica que o aspecto s lido da mat ria a conseqii ncia de um t pico efeito qu ntico vinculado ao aspecto dual onda part cula da mat ria essa caracter stica do mundo subat mico n o disp e de analogia macrosc pica E todas as medidas de espa o e tempo s o relativas dependendo do estado de movimento do observador como toda a estrutura do espa o tempo est inextricavelmente vinculada distribui o da mat ria 83 Capra 1983 p 170 185 em seu livro O Tao da Fisica no capitulo A Dan a C smica explica que o f ton n o possui massa e representa a unidade de radia o eletromagn tica O neutrino de dif cil detec o porque n o possue massa nem carga el trica Movimento e o ritmo s o propriedades essenciais da mat ria que toda mat ria tanto na Terra como no espa o externo est envolvida numa cont nua dan a c smica numa chuva de part culas diversas Os sistemas vivos s o totalidades integradas suas propriedades n o podem ser reduzidas s de partes menores As rela es de organiza o das partes os pr prios objetos s o redes de rela es embutidas em redes maiores A met fora do conhecimento a da rede de rela es A forma emerge das rela es O universo material visto como uma teia din
55. ticamente nada Expliquei que meu interesse saber como ela tem enfrentado essa experi ncia Margarida narrou de forma fluente e emocionada sua bela hist ria Somos cat licos eu e meu marido Minha gravidez foi planejada fizemos o pr natal direito A gente tinha passado por um aborto espont neo Desde o primeiro m s de gravidez apreceu a press o alta N o tinha 154 consci ncia da gravidade de press o alta na gesta o Mas eu sempre entreguei muito a Deus tudo que acontece Todo dia eu orava para Nossa Senhora do Bom Parto Quando de repente na consulta do s timo m s na consulta de pr natal a press o estava em 18 por alguma coisa Fiquei de repouso com medica o s bado domingo segunda e a press o n o baixou Fui para a Maternidade Madalena Nunes fui atendida pelo dr Willon diretor muito amigo Ele disse Vou lhe internar e controlar sua press o Voc tem f em Deus eu sou instrumento de Deus um servo de Deus vai dar tudo certo Vou lhe dar duas inje es para amadurecer os pulm es do beb Fiquei recebendo sulfato de magn sio sozinha no hospital Ap s tr s dias de tratamento n o melhorei a me levaram para Sobral Mas n o pude ficar l por n o ter UTI neonatal Ent o me colocaram numa ambul ncia da prefeitura com minha irm e uma auxiliar de enfermagem e viemos para Fortaleza a 160 km por hora com medica o que dava para chegar at o hospital Eu estava muito tranquil
56. veis e t m impacto positivo na promo o de efeitos nas vidas das pessoas Fenwick e Parnia 2001 enfatizam que h um pequeno n mero de sobreviventes de parada card aca que relatam estar conscientes dos eventos ocorridos durante a ressuscita o e 212 que tem recordado de enxergar detalhes espec ficos n o conhecidos anteriormente Essas experi ncias t m sido registradas enquanto a fun o cerebral em muitos estudos tem se mostrado severamente comprometida e a atividade el trica no c rtex cerebral e nas estruturas profundas do c rebro tem se mostrado ausentes Do ponto de vista cient fico estas ocorr ncias parecem altamente improv veis e paradoxais contudo essas experi ncias realmente ocorrem A neuroci ncia cognitiva tem destacado as dificuldades em tentar responder questionamentos com rela o natureza e ao mecanismo pelos quais a experi ncia subjetiva e o senso de consci ncia podem surgir do processo celular SEARLE 1998 Sabom 1998 descreveu com detalhes a EQM de uma mulher que se submeteu cirurgia sob parada card aca e hipotermia Durante a opera o a paciente preencheu todos os crit rios aceitos para morte cerebral mas mesmo assim descreveu com exatid o os muitos detalhes espec ficos e inesperados de sua opera o Sabom 1982 1998 chama a aten o para o fato de que algumas das caracter sticas das EQMs s o dif ceis de serem explicadas nos termos de nossa compreens o atual sobre os proc
57. 1984 CULLEN W L What drowning feels like by one who narrowly escaped Br Med J v 2 p 941 944 1894 DAMASCENO M N SALES C M V O caminho se faz ao caminhar elementos te ricos e pr ticas na pesquisa qualitativa Fortaleza Editora UFC 2005 DANTZER R Stress and immunity what have we learned from psychoneuroimmunology Acta Physiol Scand v 161 n 640 p 43 46 1997 DENIS L O problema do ser do destino e da dor 20 ed Rio de Janeiro FEB 1998 Depois da morte 18 ed Rio de Janeiro FEB 1994 DICIONARIO Houaiss da Lingua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001 DONNET C A Premature interment Lancet v 1 p 295 296 1866 DOSSEY L Espa o tempo e medicina S o Paulo Cultrix 1998 268 Acura al m do corpo Sao Paulo Cultrix 2001 DOUGLAS M Pureza e perigo S o Paulo Editora Perspectiva 1976 DOWBOR L A reprodu o social Rio de Janeiro Editora Vozes 1998 DURKHEIM As formas elementares de vida religiosa o sistema tot mico na Austr lia S o Paulo Edi es Paulinas 1989 FENWICK P Is the near death experience only N methyl D aspartate blocking J Near Death Stud v 16 p 43 53 1997 FERREIRA M M Entre vistas abordagens e usos da hist ria oral Rio de Janeiro FGV 2000 FERREIRA M M AMADO J Usos e abusos da hist ria oral Rio de Janeiro FGV 2000 FERREIRA M M et al Entre vistas abordagens e usos da hist ria
58. BATES STANLEY 1985 Lukoff et al 1992 ressalta que de acordo com a Associa o Americana de Psiquiatria h uma outra categoria de problemas classificados como outras circunst ncias que podem ser foco de aten o cl nica as quais incluem uma subcategoria espec fica problemas espirituais ou religiosos e esta categoria diagn stica ancora a extremidade n o patol gica de um espectro de diagn stico diferencial TURNER et al 1995 A referida Academia na quarta edi o de seu Manual de Diagn stico e Estat stica dos Transtornos Mentais advertiu contra a interpreta o equivocada de experi ncias espirituais ou religiosas como transtornos mentais Dentro dos problemas espirituais ou religiosos est a EQM a qual considerada uma experi ncia espiritual MOODY 2004 Chegar pr ximo da morte um evento traum tico que pode levar a um sofrimento psicol gico cl nicamente significativo a uma diminui o da capacidade funcional e necessidade de atendimento psiqui trico Greyson 2003b relata em seus estudos com pacientes que se apresentaram pela primeira vez a uma cl nica psiqui trica ambulatorial que 33 deles relataram ter estado perto da morte entre os quais 22 7 da popula o total de pacientes tiveram EQMs Com medidas para estudo de sofrimento psicol gico Greyson 2003b constatou que a experi ncia de vivenciar uma proximidade com a morte estava associada com maior sofrimento psicol gico mas o f
59. Centros de For a ou Chacras coron rio lar ngeo card aco espl nico g strico gen sico com fun es espec ficas na fisiologia org nica O Esp rito que tem um corpo espiritual agente estruturador da forma ao se depurar crescendo espiritualmente sofre modifica o em seus envolt rios que se adequam ao plano evolutivo respectivo fundamental que consideremos que a verdadeira causa das doen as na compreens o esp rita reside nos envolt rios sutis Em nosso corpo causal fica registrada a conta do destino criada por n s mesmos assim que o corpo f sico reflete o estado espiritual do ser XAVIER 2006 O Esp rito Andr Luiz no livro Entre a Terra e o C u psicografado por Chico Xavier 2003 p 145 146 comenta acerca das enfermidades que cada centro de for a exigir absoluta harmonia perante as Leis Divinas que nos regem a fim de que possamos ascender gt no rumo do Perfeito Equil brio e faz importante esclarecimento acerca das afec es humanas Um dia o homem ensinar ao homem consoante as instru es do Divino M dico que a cura de todos os males reside nele pr prio A percentagem quase total das enfermidades humanas guarda origem no psiquismo Orgulho vaidade tirania ego smo pregui a e crueldade s o v cios da mente gerando perturba es e doen as em seus instrumentos de express o A enfermidade como desarmonia espiritual sobrevive no perisp rito As
60. EQM 186 6 CONSIDERA ES FINAIG c cssssssssssssssossoscsssosssssacsessscsecascnseassasessensescens 244 REBERENCIAS fui pi E E iii i a a 263 ANEXOS cisto dtasaspanipiaaais los usonidia E a Esse sl adai poli idos 285 1 INTRODUCAO 1 1 Apresenta o Nesta tese vou proceder ao estudo da constru o da experi ncia espiritual e sua problematiza o como lugar de supera o dos limites do paradigma biom dico em tr s cen rios no contexto em que as m es recorrem a explica es transcendentais quando na enfermaria m e canguru na Maternidade Escola Assis Chateaubriand MEAC junto aos sujeitos que buscam os rezadores no Programa de Sa de da Fam lia PSF Novo Iracema em Maranguape atrav s das experi ncias de quase morte EQM vivenciadas por profissionais da sa de como uma contribui o para a reflex o sobre espiritualidade na Educa o M dica A pergunta de pesquisa que me move a seguinte como se constr i a experi ncia espiritual nos percursos educacionais vividos nos processos de adoecimento e cura e o que ela aponta como perspectiva de supera o dos limites do paradigma biom dico Os loci da pesquisa reitero s o os percursos educacionais vivenciados pelos sujeitos nos tr s contextos situacionais o primeiro contexto o contexto da enfermaria m e canguru da Maternidade Escola Assis Chateaubriand MEAC o segundo o contexto que envolve os sujeitos que procuram os rezadores e o rezador da Sa
61. Fui para a cirurgia sem um pingo de medo Me entreguei nas m os de Deus e pedi Nossa Senhora do Bom Parto para me ajudar a dar vida ao meu filho Quando ouvi o choro de meu filho comecei a agradecer a Deus O nome Ant nio uma homenagem a meu av muito querido j falecido E Gabriel por causa do anjo Gabriel que anunciou o menino Jesus para Nossa Senhora No terceiro dia de operada fui ver meu filho na UTI Estamos esperando a hora que Papai do C u vai mandar a gente para casa S tenho o que agradecer Deus a Maternidade Escola Pago muito imposto Nunca vi um imposto t o bem empregado como estou vendo agora Meu Deus cada um aqui tem um problema Tudo est sendo um grande aprendizado para mim Nunca pensei em ficar longe da minha m e numa hora dessa Aprendi tanta coisa Percebi que a miseric rdia de Deus infinita Deus est ali caminhando com voc Aprendi a ser mais humilde a ouvir mais a se mais conselheira a ser mais forte Aprendi a lutar muito pelas coisas aprendi a ficar longe de casa 155 Est sendo uma experi ncia boa Vai chegar o dia de voltarmos para casa Quando eu chegar em Tiangu vou fazer uma campanha pelas ambul ncias vou ao procurador mas n o quero conflito Vou lutar porque tem muita gente que n o tem as condi es que tive Tive muita provid ncia de Deus Vou testemunhar Meus pais s o analfabetos pobres mas deram educa o para os cinco filhos Sou concursada do Estado e da
62. M J SCHEINMAN M M GRIFFING J C HERRE J M Electrocerebral accompaniments of syncope associated with malignant ventricular arrythmias Ann Intern Med v 108 p 791 796 1988 ARIST TELES tica a Nic maco S o Paulo Editora Martin Claret 2006 ATHAPPILY G K GREYSON B STEVENSON I Do prevailing societal models influence reports of near death experiences Comparison of accounts reported before and after 1975 J Nerv Ment Dis v 194 p 218 222 2006 264 BACCELLI C A O Evangelho de Chico Xavier Votuporanga SP Casa Editora Espirita Pierre Paul Didier 2000 BADHAM P BADHAM L Immortality or extinction Totowa Barnes amp Noble 1982 BATES B C STANLEY A The epidemiology and differential diagnosis of near death experience Am J Orthopsychieatry v 55 p 542 549 1985 BARREIRA I A Sociologia de Augusto Comte sociologia do direito Fortaleza s n 2001 BAUER C B Near death experiences and attitude change Anabiosis J Near Death Stud v 5 n 1 p 39 47 1985 BECKER C B The failure of Saganomics why birth models cannot explain near death phenomena Anabiosis J Near Death Stud v 2 p 102 109 1982 BEHE M J A caixa preta de Darwin O desafio da bioqu mica teoria da evolu o Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 1997 BENSON H Medicina espiritual o poder essencial da cura 11 ed Rio de Janeiro Editora Campus 1998 BENTAL R P Hallucinatory
63. Muitos autores como Greyson 1983 p 380 psiquiatra da Universidade de Michigan assevera que a an lise psicol gica das EQMs n o entra em conflito com a possibilidade de que a EQM possa ser um encontro com uma realidade alternativa Voltando a Bozzano 2006a em seu estudo intitulado Experi ncias ps quicas no leito de morte v se como o autor descreve como se d o as vis es de moribundos no leito de morte Em seu outro estudo A crise da morte por sua vez mostra Bozzano como se d o as descri es da entrada no mundo espiritual de esp ritos que j viveram o fen meno da morte e descrevem como se deram os prim rdios dessa experi ncia Essas narrativas como se disse at ent o contadas por meio dos relatos medi nicos desvelam o modo como as pessoas que viveram a morte do corpo f sico v o adentrando em outra modalidade de experi ncia extra f sica V se de modo bastante contundente como acima se sublinhou como o Esp rito desencarnado ao chegar no limiar da nova exist ncia acolhido por Esp ritos de mortos mortos no corpo f sico uma vez que est o sobrevivendo em outra dimens o e como s o recebidos em grande por o dos casos por parentes que se apresentam como amigos ou como Esp ritos guias n o h palavras que te possam descrever a felicidade que experimentei quando vi que vinham ao meu encontro ora uma ora outra das pessoas a quem mais amei na Terra diz o Esp rito Peckam BOZZANO 2006 b So
64. Perspectiva que tamb m da tradi o crist A percep o do ser humano espiritual uma invers o copernicana com rela o ao sistema capitalista mecanicista materialista da sociedade contempor nea Coloca quest es profundas ao refor ar as rela es existentes entre o ser humano e a sua realidade o seu contexto a sua rela o com o mundo da natureza com a comunidade onde vive e a cultura onde est inserido Traz em si uma mudan a de paradigma uma nova mentalidade de abertura sensibilidade flexibilidade e pluralista Vai muito al m da ci ncia conduz compreens o do encaixamento do ser humano no cosmo onde tudo est interligado e interdependente Desta forma favorece a consci ncia de fraternidade e de solidariedade mais acentuada com todos os seres a compreens o que a evolu o humana se processa em conjunto com todos os outros seres e que a paz harmonia a felicidade dependem de mudan as de mentalidade individual e coletiva Essa cosmologia diverge do paradigma tradicional elaborado a partir de Newton Cop rnico Galileu e Descartes que dividiam o mundo da mat ria e do esp rito em dois campos absolutamente distintos e estudados por diferentes ci ncias que valorizam a raz o e a sensa o e tudo o que podia ser medido mensur vel Uma cosmologia antropoc ntrica dualista em que o ser humano estava separado de Deus fora criado por Deus para ser o senhor 106 da natureza cuja finalidade era servi
65. Ronaldo seu colega e amigo da faculdade de medicina que continua os estudos no extra fisico Gladys a amiga que foi brutalmente assassinada e que se encontrava num hospital espiritual seu pai profundo estudioso do espiritismo que foi professor da Universidade Federal do Cear e sua m e extremamente iluminada atuante na rea da educa o e da assist ncia social e sua av Isabel a qual ele n o conheceu no mundo f sico Desses cinco esp ritos tr s eu tive a honra de conhecer e de conviver com eles Sua m e Milena pessoa muito caridosa que vivenciou no seu cotidiano uma religiosidade intensa voltada para o bem do pr ximo Por anos trabalhamos juntas viajamos e n o me surpreende saber que ela possui intensa luminosidade pois na perspectiva esp rita o essencial a viv ncia do evangelho e isso posso afirmar como testemunha ocular que ela o fazia Deixou um bel ssimo trabalho em prol do idoso carente Gladys amiga querida Freqiientavamos o mesmo Centro Esp rita o C rculo de Renova o Espiritual e ela foi advertida certa feita anos antes de desencarnar pelo esp rito Dr Fritz atrav s de um m dium pernambucano tamb m j desencarnado que fizesse muita caridade pois seu desencarne seria muito violento Gladys vivia em atividades benemerentes com dedica o exclusiva tarefa do bem ao pr ximo Pecebe se sua espiritualidade em n o querer comentar seu assassinato numa demonstra o expl cita do perd o
66. Todas as criaturas por m guardam nas consigo emitindo as em frequ ncia que varia em cada uma de conformidade com as tarefas que o Plano da Vida lhes assinala Vemos pelo pensamento esp rita que os raios vitais pertencem a todos os seres vivos e tamb m que h sensitivos encarnados que libertam essas energias com mais facilidade Vimos tamb m que no pensamento esp rita o desejo de fazer o bem atrai para si apreci veis condi es que tornam os sujeitos encarnados capazes de projetar raios mentais e assimilar correntes superiores de pensamento que enriquecem essas proje es O Esp rito Andr Luiz no livro Evolu o em Dois Mundo psicografado por Francisco C ndido Xavier 1989 p 95 nos faz atentar para a id ia de que essas emana es vitais que parecem emanar da pr pria alma s o uma esp cie de subproduto do flu do c smico universal e que esse processo vitalista um processo pelo qual a criatura humana assimila a for a emanante do Criador esparsa no Universo Sen o vejamos 123 No plano espiritual o homem desencarnado vai lidar mais diretamente com um fluido vivo e multiforme estuante e inestanc vel a nascer lhe da pr pria alma de vez que podemos defini lo at certo ponto por subproduto do flu do c smico absorvido pela mente humana em processo vitalista semelhante respira o pelo qual a criatura assimila a for a emanante do Criador esparsa em todo o Cosmo transubstanciando a sob a
67. altera es de forma permanente em atitudes em valores e em cren as naqueles que passam por essa viv ncia S o transforma es que os que a vivenciam qualificam de ben ficas embora existam tamb m leituras que trazem situa es consideradas pelos narradores como menos felizes com acr scimo de aprendizagem 211 ressalta se tamb m que uma experi ncia espiritual que caracterizamos como uma experi ncia de transforma o Sabom 1982 1998 chama a aten o para o fato de que algumas das caracter sticas das EQMs s o dif ceis de serem explicadas nos termos de nossa compreens o atual sobre os processos psicol gicos ou fisiol gicos Ele informa que os pacientes s vezes relatam que observaram seus corpos de pontos diferentes no espa o e que podem descrever com precis o o que estava acontecendo em torno deles enquanto estavam ostensivamente inconscientes Outros estudiosos CLARK 1984 RING LAWRENCE 1993 relatam que durante as viv ncias de EQM as pessoas perceberam eventos posteriormente confirmados que ocorreram a uma dist ncia que n o poderia ser alcan ada por seus rg os dos sentidos incluindo pessoas cegas que descreveram percep es visuais exatas durante sua experi ncia de quase morte RING COOPER 1999 Fenwick e Parnia 2001 relatam que muitos estudos em humanos e em animais t m indicado que as fun es cerebrais cessam durante a parada card aca levantando questionamentos a respeito dos proce
68. ambiente e o desrespeito s tradi es que pode como conseqii ncia corromper a textura s cio cultural O pre o da sobreviv ncia o resultado de uma revolu o fundamental e da emerg ncia de valores qualitativos em oposi o s estruturas quantitativas e destrutivas que existem hoje Resumindo necess rio facilitar o aparecimento de um nova consci ncia mediante a qual o homem poder encontrar a plenitude de seus direitos ligados sua dignidade de ser vivo num quadro de solidariedade e responsabilidade que comprometem cada Estado cada grupo social e cada indiv duo ANEXO B A Declara o de Vancouver se refere s considera es do anexo 1 e sintetiza as discuss es deste Simp sio Declara o de Vancouver A sobreviv ncia do planeta tornou se uma preocupa o central e imediata A situa o atual exige medidas urgentes em todos os setores cient fico cultural econ mico e pol tico e uma maior sensibiliza o de toda a humanidade Devemos abra ar a causa comum com todos os povos da Terra contra o inimigo comum que qualquer a o que ameace o equil brio de nosso ambiente ou reduza a heran a para gera es futuras Esse o objetivo da Declara o de Vancouveer sobre a sobreviv ncia I A Humanidade em Face da Sobreviv ncia Nosso planeta inst vel uma m quina t rmica em permanentes transforma es Na sua superf cie h cerca de quatro bilh es de anos a vida se desenvolveu em
69. ao tratar a pessoa integralmente A compreens o popular de dimens o espiritual varia de acordo com as culturas As religi es s o formas humanas de lidar com a dimens o espiritual atrav s de seus c nones e s o formas de dar conta da rela o entre esse ser espiritual conectando as com as raz es de sentido de estar no mundo hoje Penso que nos processos de adoecer e curar se se v as formas humanas de se relacionar com o ser espiritual que somos Por isso estou tecendo como refer ncia base sobre espiritualidade o pensamento esp rita segundo a Doutrina dos Esp ritos codificada por Allan Kardec Segundo esta refer ncia o ser humano um ser espiritual que est encarnado e o Ser Espiritual a individualidade pensante perfect vel imortal e criado por Deus KARDEC 2006a 2006b 2006c 2006d Podemos assim explicitar que dimens o espiritual a rela o do homem enquanto esp rito reencarnado com o ser espiritual que ele e que as explica es de sentido decorrentes desse estado portanto transcende facticidade de seu estar no mundo nesta reencarna o KARDEC 2006a 2006b 2006c 2006d 2006e Poder se ia dizer que h um Paradigma do Esp rito que vem sendo gestado desde S crates ele envolve concep es de imortalidade da alma humana transcendendo ao corpo f sico pensa o ser humano como sendo possuidor de raz o aut noma e de senso moral dotado de liberdade e perfectibilidade INCONTRI 2001 O Pa
70. c us Cop rnico foi condenado posteriormente quando Giordano Bruno 1548 1600 mostrou as implica es metaf sicas e teol gicas do seu sistema Hellman 1998 relata como Galileu Galilei 1564 1642 f sico matem tico e astr nomo italiano grande g nio de sua poca ao escrever o livro Di logo sobre os grandes sistemas do mundo ptolomaico e copernicano 1632 em italiano fez sucesso instant neo lidando diretamente com a quest o cosmol gica o sistema ptolomaico versus o sistema copernicano Galileu foi processado levado em julgamento em 22 de junho de 1633 aos 69 anos e al m de ter sido cerceada a sua liberdade de investiga o cient fica foi mantido em pris o domiciliar para o resto de sua vida A Igreja percebeu qu o s rio era o desafio da nova ci ncia de Galileu doutrina estabelecida pela Igreja Este acontecimento relevante e condensa algo importante do que est em jogo quando se trata da origem da inimizade entre a ci ncia e a religi o V se um conflito entre a nova ci ncia e o argumento da autoridade estabelecida Em 1980 a Igreja tardiamente absolveu Galileu A ci ncia sempre far assim O m todo experimental formulado por Galileu um dos alicerces epistemol gicos da perspectiva empiricista do saber moderno e da racionalidade instrumental Perspectiva que parte do princ pio aristot lico segundo o qual nada h na mente que n o tenha passado antes pelos sentidos desta forma o conhecimento re
71. ci ncias da educa o est relacionado ao est mulo de um di logo que extrapole as dimens es disciplinares institu das pela ci ncia moderna movimento este aqui denominado de multirreferencialidade O olhar multirreferencial que aqui indicamos para a compreens o dos fen menos educativos n o significa ren ncia das identidades das ci ncias imbricadas no processo anal tico essas ci ncias por m s o conscientes de que cada uma delas separadamente n o pode explicar e compreender sua totalidade MARTINS 1998 p 32 1 N s temos assim desenvolvido um modelo de inteligibilidade das pr ticas educativas distinguindo os olhares centrados sobre os indiv duos ou sobre as pessoas perspectiva psicol gica sobre as intera es e sobre o grupo perspectivas psicossociais sobre as organiza es e as institui es perspectivas mais sociol gicas mas combinando os seus sistemas de refer ncias pr prios ARDOINO 1995 p 9 45 Ardoino e Barbier 1993 na introdu o da edi o francesa da revista Pratiques de Formation Analyses n mero 25 26 de abril de 1993 enfatizam que numa epistemologia da compreens o a complexidade a palavra chave por meio dela se pode fazer falar o objeto para entendimento da realidade Nem mesmo pela conven o epist mica dizem nos os autores deve ser negada a realidade de sua situa o e sua heterogeneidade intr nseca O processo de conhecimento estabelece se a parti
72. circunst ncias dos cen rios insuficientes para atendimento das demandas dos usu rios do sistema de sa de pacientes destaca que os pacientes cada vez mais s o levados ao atendimento voltado para o rg o afetado percorrendo diferentes especialistas para cada queixa topogr fica ou funcional quando adoecem os pacientes percebem o esquema vigente e cada vez menos estabelecem v nculo com o m dico Nos nossos estudos vamos observar que ao tentar dar significado sua dor sua doen a e sua cura as pessoas das classes populares tendem a pensar nas v rias dimens es da vida N o se vendo nem ao seu corpo como um construto f sico apenas o modelo biom dico da medicina hegem nico sim mas isso n o alcan a a popula o mais empobrecida de modo absoluto as pessoas das classes populares tendem a buscar se perceber tamb m como ser pol tico tico afetivo e espiritual Essa inteireza com que se v em implica que v o dar significado a seus processos de adoecimento e de cura a suas dores ent o de um modo que nos obriga a comportar dimens es que n o s o as que o paradigma biom dico hegem nico tem tradicionalmente considerado 4 8 Aprendizagem como experi ncia de si Na nossa experi ncia com grupos sociais de diversa natureza vimos que fazer um sintoma implicava um desafio o sujeito punha se diante dessa experi ncia como necessitando aprender algo O que havia a conhecer por m estava velado ocult
73. com hist ria e com cria o Considerando o fator organizacional na luta das classes populares por seus direitos sociais n o se pode esquecer contudo de que o conjunto ideacional o mundo de representa es e de saberes que os movimentos sociais criam o seu fundamento Essa postura para n s fundamental Buscar os sentidos que os movimentos sociais est o produzindo no seu percurso de luta pelo direito sa de envolve pois um campo de di logo e de solidariedades complexo no qual as pessoas desenvolvem aprendizagens importantes aprendizagens que devem interessar medicina Refletir neste ensaio sobre o dialogismo que viceja nos processos relacionais vividos pelos atores dos movimentos sociais e nesse contexto situar a dimens o espiritual como um clamor que tenta ser ouvido s o nossas inten es Para tanto iniciaremos com uma reflex o sobre as refer ncias fundantes nas ci ncias hoje e em suas rupturas no sentido de apontar elementos para um paradigma emergente A seguir analisaremos um pouco como nas produ es de sentido sobre doen a e cura as pessoas recorrem dimens o espiritual como fonte de significa es para o que lhes acontece na vida No seio mesmo desse movimento de compreens o iremos pontuando elementos do paradigma esp rita na Medicina Vejamos 165 4 4 Elementos para um paradigma emergente Acentuando o car ter criativo e n o aleat rio da evolu o das esp cies e situando se para a
74. crian a que estava a me olhar Era um menino Vi uma auxiliar de enfermagem entrando em outra enfermaria quando ent o indaguei sobre o que estava ocorrendo naquela outra enfermaria A auxiliar que estava comigo disse me que apenas n s duas est vamos ali e que ela n o tinha visto ningu m mais Percebi que se tratava de um esp rito Fui me deitar Sequer tinha dormido quando o menino e a mo a esp ritos chegaram em p ao lado da cama dizendo que eu tinha que ir com eles trabalhar Respondi que estava cansada e perguntei se podia dormir eles responderam que sim Mal fechei os olhos sa do corpo e fui com eles para uma enfermaria espiritual dentro do Hospital Infantil Albert Sabin onde estavam crian as mulheres e idosos desencarnados Ficamos orando nesses 240 esp ritos ajudando os Depois de um tempo olhei para o rel gio e vi que eram 6 30 horas Disse que tinha que voltar para poder trabalhar e rapidamente voltei para o corpo Estou precisando desabafar pois estou deprimida triste com o que me aconteceu h duas semanas atr s Estava dormindo sa do corpo e me encontrei com um grupo de pessoas num c rculo de ora es todos de m os dadas quando apareceu um esp rito de uma mo a branca com os cabelos pretos no centro do c rculo Ela disse que precisava falar por meu interm dio Eu lhe disse que n o permitiria que ela usasse o meu corpo Ela disse que iria usar o meu corpo preciso de ajuda vou entrar no
75. da rea realacionada aten o no lobo frontal da rea de orienta o no lobo parietal do t lamo do hipot lamo da am dala do hipocampo e dos 202 filamentos de Reissner na espinha vertebral CARR 1982 SAAVEDRA AGUILAR GOMEZ JERIA 1989 S o mecanismos neurol gicos especulativos para os quais h pouca evid ncia emp rica se houver podem sugerir caminhos cerebrais por meio dos quais uma EQM possa ser expressa ou interpretada mas n o implicam necessariamente em mecanismos causais KELLY et al 2006 N o se conseguiu demonstrar que nenhum dos mecanismos neurofisiol gicos propostos provocou EQM e que alguns tais como o papel da expectativa ou da presen a e os efeitos da an xia s o inconsistentes com os dados dispon veis KELLY et al 2006 Alguns investigadores de estudos neurofisiol gicos prop em interpreta es como as de que o estado cerebral pode permitir o acesso experi ncia ou simplesmente refleti la KELLY et al 2006 Sabom 1982 em seus estudos apresenta resultados como amplia o da espiritualidade da preocupa o com outras pessoas valoriza o da vida diminui o do medo da morte do materialismo e da competitividade Noyes 1980 fazendo estudos comparativos das atitudes das pessoas antes e ap s uma EQM relata que os indiv duos referiram se diminui o do medo da morte a uma sensa o de relativa invulnerabilidade a um sentimento de import ncia ou de potencial para uma miss
76. da Medicina e a Educa o tomando alguns aportes ainda da Antropologia Cultural Como m todo dentro de pesquisa qualitativa ser escolhida a Hist ria Oral tem tica MEIHY 2002 LE GOFF 1996 JOUTARD 1998 FERREIRA 1994 2000 THOMPSON 2002 que d nfase determinada etapa ou setor da vida pessoal e organizacional no caso o momento do percurso do adoecimento e de cura que flagra respostas situacionais a conting ncias cotidianas A hist ria oral tem tica ou depoimentos pessoais parte de um assunto espec fico e previamente estabelecido compromete se com o esclarecimento ou a opini o do entrevistado sobre algum evento definido A Hist ria Oral a ci ncia do indiv duo Respeitar e valorizar as diferen as individuais numa sociedade cada vez mais massificada fundamental Aqui se destaca a dimens o social social da Hist ria Oral e a atua o do historiador PORTELLI 1997 46 Ferreira 1994 ressalta que a hist ria oral tem se revelado um instrumento importante no sentido de possibilitar uma melhor compreens o da constru o das estrat gias de a o e das representa es de grupos ou indiv duos em uma dada sociedade O tema a preocupa o central E Meihy 2002 p 21 tamb m explica que Com uma voca o para tudo e para todos a hist ria oral respeita as diferen as e facilita a compreens o das identidades e dos processos de suas constru es narrativas Todos s o personagens hist
77. da Escola M dica deve realizar ultrapassagens do modelo biom dico uma vez que precisa incorporar as formas da popula o lidar com a dimens o espiritual formas que as classes populares qualificam de alternativas que est o sendo fortemente propostas pelo movimento popular para a educa o em sa de conforme mencionadas anteriormente 162 O biologiscismo tecnicista j observa a integra o entre os sistemas imune nervoso e end crino J se tornou uma especialidade m dica a PNI psiconeuroendocrinoimunologia Adler e Cohen 1975 N s n o somos apenas um amontoado de c lulas Pensar sa de junto a processos de educabilidade do coletivo esse um grande desafio Como a perspectiva de Johann Amos Comenius 1592 1670 que considera educa o uma a o de totalidade a pedagogia do todo e n o a escolariza o em determinada fase da vida Comenius procura inspirar suas id ias pedag gicas nas interrela es entre ambos os aspectos propondo a educa o para todos durante toda a vida como tarefa de viver COMENIUS 2002 Enquanto ser espiritual e a reencarna o como uma experi ncia de educa o toda a vida constitui se numa experi ncia educacional o que se pode dizer tomando a perspectiva de Comenius como refer ncia Segundo ele Que se ensine a todos a conhecer os fundamentos as causas e as finalidades de todas as coisas COMENIUS 2002 Paulo Freire outro te rico importante para nossos estudos pois
78. de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2007 KELLY E F KELLY E W CRABTREE A GAULD A GROSSO M GREYSON B Irreducible mind toward a psychology for the 21 century Lanham Rowman amp Littlefield 2006 KIERAN G S MAC AULEY D GRAY D P Personal significance the third dimension Lancet v 351 p 134 136 1998 KLEINMAN A EISENBERG L GOOD B Culture Illness and Care Clinical Lessons from Anthropologic and Cross Cultural Research Ann Int Med 88 251 258 1978 KOENIG H G Espiritualidade no cuidado com o paciente S o Paulo FE Editora Jornal stica 2005 Psychoneuroimmunology and the faith factor JGSM v 3 n 5 p 37 44 2000 KOENIG H G PARGAMENT K IL NIELSEN J Religious coping and health status in medical ill hospitalized older adults J Nerv Ment Dis v 186 n 9 p 513 521 1998 KHUN T S A estrutura das revolu es cient ficas Trad B V Boeira e N Boeira 5 ed S o Paulo Perspectiva 1997 The road since structure philosophical essays 1970 1993 Chicago University of Chicago Press 2000 275 KROPIUNIGG V Basics in psychoneuroimmunology Ann Med v 25 p 473 79 1993 KUBLER ROSS E A roda da vida Rio de Janeiro Sextante 1998 O t nel e a luz Campinas Verus 2003 A morte um amanhecer S o Paulo Pensamento 1991 LAMPERT J B Tend ncias de mudan as na forma o m dica no Brasil S o Paulo Hucitec ABEM 2002
79. de rem dio Eu estava com uma dor que nem andava o m dico me deu um monte de rem dio Seu Ananias foi em minha casa rezar passou lcool com arruda para massagear e com oito dias eu estava andando 143 A reza para o corpo e para a alma N o para ter f no rezador para ter f em Deus Passei a ser evang lica por causa de minhas filhas Tenho medo de deixar a reza porque eu preciso das rezas J precisei muito Di logo n mero 14 F B S 40 anos cat lica trabalha em casa de familia Trouxe Renan com quinze dias de vida estava com ventre ca do susto deve ter sido a porta Fui criada e criei meus filhos com reza Levava meus filhos para os m dicos n o resolvia levava para rezar na dona Alda Acho que a reza para a alma ajuda tamb m o corpo se n o a gente n o se sustenta O corpo s a mat ria O esp rito que vale Tenho mais f na reza que nos m dicos Os m dicos d o o rem dio e guardam a doen a O rezador passa lambedor e a gente v o catarro nas fezes Na minha casa s o sete pessoas e todo mundo vai para rezar Di logo n mero 15 RM A L 55 anos cat lica Trouxe Samuel de tr s anos e Daniel de sete anos para rezar Cuido dos dois netos s o a minha vida Trouxe para rezar porque tem pessoa com olhos ruins De quinze em quinze dias mando rezar nos dois e em mim Eu mesma rezo Tenho o carma de sentir as coisas no ar dentro de casa s vezes estou mais gordinha
80. desenfreado e a grande realiza o deste ser humano n o consiste mais em ser mas em possuir os bens materiais Urban 2003 compreende que o grande dilema filos fico atual a nega o da ess ncia do pr prio homem Este fato est explicitado na experimenta o em seres humanos constituindo abusos usando como justificativa o conhecimento cient fico Urban 2003 relata epis dios marcantes para a humanidade como o ocorrido na Willowbrook State School uma escola com graves deficientes mentais onde entre 1956 e 1970 cerca de 800 crian as foram inoculadas com cepas do v rus da hepatite O objetivo era estudar uma forma de profilaxia efetiva contra a afec o Os pais assinavam um termo de consentimento onde constava que se n o tivessem de acordo com a pesquisa seus filhos n o mais seriam admitidos naquela escola Em 1964 em outro estudo no Jewish Chronic Disease Hospital foram injetadas c lulas tumorais em 25 idosos sem pr vio consentimento com o objetivo de analisar o desenvolvimento dessas c lulas fora dos organismos que a geraram Outro estudo que recebeu o nome da cidade onde foi realizado foi o Tuskegee Syphilis Study A cidade de Tuskegee situa se no Alabama um local onde moram muitos pobre e negros Entre os anos de 1932 e 1972 600 trabalhadores bra ais negros foram submetidos a um estudo organizado pelo U S Public Health Service com objetivo de estudar o curso natural da s fi
81. destaca do organismo corporal me permitido falar te disso rapidamente nesta mensagem Come o por dizer que n o haver dois Esp ritos desencarnados que tenham de passar pela mesma experi ncia a tal respeito Entretanto essas experi ncias variadas apresentam uma circunst ncia comum que todos os Esp ritos imaginam a princ pio estar ainda entre os vivos e os que atravessaram uma agonia de sofrimentos ficam profundamente surpreendidos de se acharem curados de s bito Tal a alegria que experimentam que julgo ser essa a impress o mais forte que se possas sentir depois da crise da morte Quando morri ou mais exatamente quando meu corpo morreu eu me julgava mais vivo do que nunca e esperava receber ordem um novo pulo para a frente Ao ser ferido pelo proj til que me matou est vamos separados do nosso regimento e tent vamos com grandes precau es p r nos de novo em contato com ele Algumas vezes os Esp ritos desencarnados ao se acharem s s num meio desconhecido s o tomados grande pavor mas isso s se d com os que em vida foram profundamente ego stas e nunca dirigiram um pensamento a Deus Contudo em chegando o momento esses Esp ritos s o ajudados e animados a sua vez por seus Esp ritos guias mas preciso lhes primeiro adquirirem uma espiritualidade suficiente para se acharem em condi es de perceber os Esp ritos guias Quase todos os desencarnados passam por um per odo de sono reparador
82. devem ser considerados em medicina as experi ncias de quase morte e os desdobramentos sugerem a exist ncia de uma individualidade extra corp rea consciente com identidade intelig ncia mem ria dotado de faculdades transcendentes capazes de vivenciar experi ncias como seres espirituais as quais devem ser levadas em considera o na pr tica m dica principalmente na rela o m dico paciente com sujeitos em coma e no momento do processo de morte e repensar o tempo de reanima o e os crit rios utilizados para determina o do sucesso dessas manobras de que estudos multirreferenciados utilizando o pensamento esp rita na perspectiva religiosa filos fica e cient fica dever o ser realizados desenvolvendo o paradigma m dico esp rita como contribui o relevante para a medicina Palavras chave Experi ncia Espiritual Espiritualidade Experi ncia de quase morte Hist ria Oral Multirreferencialidade Espiritismo Educa o M dica ABSTRACT This thesis presents a qualitative research about the development of the spiritual experience and it s problematization on how overcoming the limits of the biomedical paradigm and proposes to contribute on the reflection about spirituality in medical education in three situations the context in which the mothers of opt to use transcendental explanations for their experiences in the Nursery Mother Kangaroo in the hospital Maternidade Escola Assis Chateaubriand along subjects who searc
83. di logo com M G A 49 anos segundo grau solteira cat lica mora desde crian a em Maranguape ela relata Vim para o dentista e aproveitei para ir ao seu Ananias Desde crian a que surgindo oportunidade vou para o rezador Estive para morrer quando crian a e quem me salvou foi o rezador Aos vinte e dois anos fiquei numa rede sem vontade para nada dormindo minha tia me levou ao rezador Com uma reza no primeiro dia fiquei bem Fui mais duas vezes A ora o tem muita for a mas voc tem que acreditar nela Vou ao m dico mas confio mais no rezador Vemos a que a ora o um tipo de cren a que envolve a vontade O pensamento esp rita como vimos nos diz que a energia dessa corrente est na raz o direta do pensamento e da vontade Geley apud Bozzano 2006 p 115 desenvolve observa es nesse sentido ao discorrer sobre a pot ncia criadora da id ia e segundo ele o organismo condicionado pela id ia e s aparece como produto ideopl stico do que existe de essencial no ser ou seja o seu psiquismo subconsciente Esse subsconsciente que em si tem as capacidades diretoras e centralizadoras do eu em todas suas representa es tem tamb m o poder de elevar se acima destas mesmas representa es As faculdades an micas diz Bozzano 2006 p 116 escapam do dom nio material pois h no ser vivo um d namo psiquismo que constitui a ess ncia do eu e que se n o pode ligar sd ao funcionamento dos ce
84. do corpo como se o esp rito tivesse sa do do corpo como se eu estivesse noutra dimens o mais em cima do local do meu corpo me contemplando Sentia que era o meu fim material Eu estava numa sala de recupera o pequena e apertada Hoje eu sei que o esp rito sai do corpo Eu pude sentir e ver que o c u era mais em cima eu teria que apanhar um transporte que j estava me esperando para chegar na cidade celestial E quando acordei o doutor estava ao meu lado e me falou que eu estava tima Greyson 2007 psiquiatra informa sobre EQM que algumas pessoas que vivenciam um estado pr ximo ao da morte relatam uma experi ncia profunda na qual acreditam deixar seus corpos e ingressar em alguma outra dimens o transcendendo os limites do ego e as fronteiras convencionais do tempo e do espa o Observamos que os termos em que Greyson estuda e analisa os fen menos de EQM s o similares aos que nossa narradora G F explicita deixar os corpos e ingressar em outra dimens o aparece de modo recorrente nos estudos desse autor GREYSON 2007 Greyson trar importantes dados historiogr ficos de EQM para a literatura m dica que evidenciam como desde o s culo XIX GREYSON 1998a identificava se a EQM como uma s ndrome distinta de problem ticas caracter sticas da doen a mental desde descri es de Heim 1892 Outros estudiosos CLARK 1984 RING LAWRENCE 1993 j haviam relatado que durante as viv ncias de EQM as
85. doen a no corpo processo de cura para a alma CHICO XAVIER 2002 A partir da observa o do trabalho de seu Ananias procurei as vis es dos que o buscavam como rezador Di logo n mero 02 Entrevista com uma mulher que estava juntamente com sua crian a saindo da reza na unidade de sa de do PSF Novo Iracema Edivania meu nome O menino Paulo um ano Voc tem quantos anos Dezenove sou cat lica e estudei at o ensino m dio 115 Trabalho s em casa aponta para o menino correndo de seus bra os e ela indo atr s Todo mundo l de casa reza com ele aponta seu Ananias Pela minha f resolve O que acontece quando voc reza Ele tava vomitando passando mal Eu achei que foi saindo o que ele tinha No momento que se t rezando Deus t aben oando e tirando tudo o que tem de ruim Eu tamb m pe o na hora da reza Quando seu Ananias t rezando eu tamb m tou rezando Eu acho que se voc t com problema fica doente Se o filho da gente t doente eu fico doente tamb m Preocupa o com d vidas tamb m horr vel Se tiver com esses problemas como d vidas que n o est o no corpo voc vem aqui rezar Venho Alivia Turner 2005 ao estudar os ritos curativos do povo ndembu em Z mbia mostra que esse povo atribui todas as doen as persistentes ou severas ao que nomeia causas sociais e que envolvem conflitos ou puni o por esp ritos ancestrais P
86. e estudados por mim nesta pesquisa Nas palavras de Bozzano 2006b p 74 Com efeito sendo o homem um Espirito embora encarnado deve poder realizar em vida posto que imperfeitamente o que pode realizar um desencarnado sempre que se encontre em condi es mais ou menos acentuadas de desencarna o transit ria e parcial quais ocorrem no sono fisiol gico no sono provocado no xtase nos estados medi nicos e nos momentos pr ag nicos Bozzano 2006b consagrou v rios anos de estudo sobre o que nomeia de revela es transcendentais obtidas mediunicamente com esp ritos que j n o t m o corpo f sico essas narrativas concordam admiravelmente entre si e descrevem o que sentiram e o que vivenciaram as pessoas que se nomeia esp ritos e que j n o t m corpo f sico Essas narrativas como estudei comp em o conjunto maior descrito e estudado pelos esp ritas como religi o filosofia e ci ncia Essas narrativas descritas e estudadas por Bozzano mediante o que se chama de fen meno medi nico que s o contadas por esp ritos que j perderam o corpo f sico e que se referem s impress es experimentadas no momento da entrada no mundo espiritual s o muito semelhantes s impress es experimentadas pelas pessoas que viveram EQM Tamb m os estudos levados a efeito por Allan Kardec 1804 1869 grande parte deles compilados analisados e publicados na Revista Esp rita pela Sociedade Parisiense de Estudos Esp ritas
87. efeitos f sicos de um homem s bio Almerindo Reis 39 Foram reuni es memor veis Esse contato direto com o transcendente sempre foi encarado de forma natural por todos os participantes dessas reuni es onde tamb m estavam meus filhos Ana Emmanuel e minha m e Ivone Com as leituras e os chamados cotidianos minha m e tamb m se tornou esp rita Aos trinta e nove anos inesperadamente descobri estar no terceiro m s de gesta o A essa altura dos acontecimentos tinha decidido pelo fim do casamento Foi um momento em que senti intenso apoio espiritual Um dia estava a meditar sobre a gravidez em um contexto de separa o refletindo sobre minhas dificuldades quando uma voz amorosa e n tida disse no meu ouvido direito Deus deu Deus cuida Foi uma extraordin ria manifesta o de um amigo do extra f sico em um momento delicado Rodrigo meu presente de Deus n mero tr s nasceu lindo e forte no dia vinte e dois de maio dia de Santa Rita de C ssia a santa das causas imposs veis Consigo perceber o contato com o extra f sico atrav s de alguns sonhos marcantes e importantes na minha vida Por exemplo em novembro de mil novecentos e noventa e quatro estava vivenciando a ruptura de um relacionamento afetivo o mais intenso de minha vida quando sonhei com o contexto do cap tulo cinco de Atos dos Ap stolos vers culos trinta e quatro a trinta e nove onde Gamaliel advoga a causa dos ap stolos presos entendi a mensa
88. em medidas de sa de mental n o diferem das de grupos controle GABBARD TWEMLOW 1984 GREYSON 1991 IRWIN 1985 LOCKE SHONYZ 1983 Na autoscopia transtorno tratado na psiquiatria cl ssica no qual muitas vezes a pessoa relata ver um duplo ativo do pr prio corpo essa experi ncia poderia ser confundida com EQM Os estudiosos distinguem todavia a situa o da EQM dos contextos da autoscopia a doen a psiqui trica Os cientistas asseguram que na experi ncia de quase morte os pacientes ao se perceberem fora do corpo f sico observam o corpo f sico inativo saindo dele com um outro corpo semelhante mas diverso GABBARD TWEMLOW 1984 Sabom 1982 1998 chama a aten o para o fato de que algumas das caracter sticas das EQMs s o dif ceis de serem explicadas nos termos de nossa compreens o atual sobre os processos psicol gicos ou fisiol gicos Ele enfatiza que os pacientes s vezes relatam mesmo que observaram seus corpos de pontos diferentes no espa o e que podem descrever com precis o o que estava acontecendo em torno deles enquanto estavam ostensivamente inconscientes com EEG isoel trico sem atividade cerebral O segundo caso estudado por Bozzano 2006b p 27 31 cont m em sua narrativa a hist ria da personalidade medi nica do Dr Horace Abraham Ackley que narra como se separou do organismo som tico 232 Como sucede a um bem grande n mero de humanos meu esp rito n o chegou muito
89. em n vel internacional rela es de poder reproduzem o institu do mas tamb m sugerem transforma es Como 172 4 7 A resist ncia e a cria o do novo nos movimentos sociais Sabemos que atualmente ocorre uma amplia o gigantesca da especula o financeira e da privatiza o dos mercados que agora abarcam os espa os da informa o e da comunica o em escalada mundial As pol ticas p blicas acabam nesse quadro por se reduzirem a estrat gias compensat rias de diminui o da pobreza e conten o de rea es a esse modelo concentrador de renda As formas de regula o internacionais n o d o conta de modificar as rela es de produ o nem mesmo de pensar par metros de amorosidade e de justi a social Fragilizam se os estados nacionais as cidades ficam hiper povoadas e os sujeitos fragmentam se em uma multiplicidade de pap is e de identidades Formam se blocos de empresas transnacionais que resultam por hierarquizar espa os sociais e acessos a produ es de bens econ micos e simb licos A l gica da concentra o de riquezas tenta perpassar a l gica da vida cultural Em meio a isso tudo por m se abrem novas dimens es para a inser o do indiv duo no processo de reprodu o social permitindo talvez a reconstitui o de um ser humano mais integrado DOWBOR 1998 p 30 O vivido nos espa os locais como a casa a escola a comunidade as experi ncias formadoras de ordem variada incluindo
90. enfermo familiares com di logos e com m sica transcendental 194 O cientista Bozzano 1926 em seu livro A Crise da Morte estuda e comenta os testemunhos de seres espirituais personalidades meditinicas em narrativas acerca de sua passagem morte submetendo os an lise comparada e converg ncia das provas que ser o discutidas posteriormente pois tais narrativas s o similares s narrativas de EQM com a diferen a de que na entrada no mundo dos esp ritos na crise da morte as pessoas ficam e nas EQMs as pessoas adentram noutra dimens o an loga descrita pelas personalidades medi nicas no mundo espiritual mas retornam para a roupa biol gica ou seja uns ficam morrem e outros retornam ap s vivenciarem EQMs Greyson 1988 observa que os m todos atuais s o ainda inadequados para as pesquisas sobre EQM French 2001 chama a aten o para o fato de que a maioria dos estudos sobre experi ncia de quase morte foram retrospectivos com algumas exce es o que acarreta d vidas sobre a confiabilidade nas mem rias relatadas ressalta que os pesquisadores do assunto compreendem que os achados estudados indicam a necessidade de revis o radical na rela o entre consci ncia e funcionamento cerebral Enfatiza tamb m que a experi ncia fora do corpo conhecida em ingl s como out of body experiency OBE que uma experi ncia na qual a pessoa parece perceber o mundo de uma localiza o fora do corpo f sico
91. ensinado pelo Mestre Jesus Ronaldo foi meu aluno na faculdade de medicina um rapaz alto bonito educado e estudioso Visitei o quando ele estava em estado terminal sem cabelos extremamente magro com resigna o com serenidade e com sua fam lia extremamente amorosa e ligada a Deus Ronaldo como m dico queria estudar as experi ncias transcendentais na morte Ele continua seus estudos e com certeza est a ajudar o pr ximo em seu belo domic lio espiritual de acordo com o di logo com seu amigo A P R Nas experi ncias do m dico A P R os esp ritos desencarnados sabem que est o domiciliados no extra f sico com detalhes interessantes para estudo como a orienta o de Milena sobre a pintura do filho e o pai que atravessa os objetos do mundo f sico numa demonstra o ostensiva de sua condi o de esp rito desencarnado e de conscientiza o acerca de sua situa o espiritual Todas as cinco personalidades espirituais t m a peculiaridade de terem sido esp ritas no mundo f sico o que implica terem esclarecimentos sobre como saber que somos esp ritos imortais que podemos nos comunicar e que a realidade espiritual mais real do que a do mundo f sico em que estagiamos temporariamente na roupagem biol gica de forma an loga ao mito da caverna de Plat o 237 Isso n o significa que os esp ritas produzam os fen menos que eles acreditam mas que d o significado eles de acordo com seu mundo simb lico sua
92. espiritual encontro com parentes ou amigos j falecidos contato com seres espirituais denominados por essas pessoas como seres de luz que irradiam amor lido como incondicional amparo conforto e prote o entrada em lugares muito bonitos como jardins bosques lagos sempre envolvidos por uma luz muito brilhante recapitula o hologr fica da pr pria vida n o como forma de Julgamento mas como forma de compreens o do que cada um verdadeiramente do verdadeiro sentido da vida enquanto aprendizado de amor e de aquisi o de conhecimento principalmente de autoconhecimento reestrutura o da personalidade mediante o contato com o que nomeiam como sendo a comunica o com a luz retornar vida passar pela experi ncia 61 de contar aos outros sobre a viv ncia ter novas vis es da morte e a comprova o de conhecimentos n o adquiridos por meio da percep o normal GREY SON 2000 2003 2007 KUBLER ROSS 1998 2003 MOODY JR 1975 1992 MORSE PERRY 1997 PARNIA FENWICK 2002 Van LOMMEL et al 2001 O cardiologista holand s Pim van Lommel et al 2001 em seus trabalhos explicita que em muitas circunst ncias s o relatadas experi ncias de quase morte como parada card aca em infarto do mioc rdico com morte cl nica em situa es em que ocorre choque hipovol mico por hemorragias como em complica es perioperat rias e no p s parto tentativa de suic dio choque anafil tico em pessoas com doen as gra
93. estruturas do capital em seu modelo de acumula o de renda em detrimento da maioria da popula o foi tendo como conseqii ncia devastadora a fragmenta o do nosso pensamento ocidental em todas as reas do 74 conhecimento Na rea m dica o especialista na m quina humana desconsidera a dimens o psicol gica e o psicoterapeuta alija a tica moral e a pol tica desvinculando a dimens o som tica de dimens es constituidoras do humano Capra 1982 p 55 ressalta que para Descartes a exist ncia de Deus era essencial sua filosofia cient fica mas em s culos subsegiientes os cientistas omitiram qualquer refer ncia expl cita a Deus e desenvolveram suas teorias de acordo com a divis o cartesiana res cogitans e res extensa Em seu livro Discurso do M todo 1637 Descartes enumerara os passos metodol gicos que o pesquisador deveria seguir para chegar ao conhecimento verdadeiro Somente a raz o poderia evidenciar a verdade as dificuldades deveriam ser fragmentadas em tantas parcelas poss veis para serem melhor resolvidas o pensamento deveria ent o ser separado e ordenado a partir do mais simples numa espiral crescente de dificuldades DAMASCENO 2005 Essa perspectiva racionalista alcan ou desenvolver potencialidades humanas e sociais em escala gigantesca mas por estar sendo utilizada para dom nio no capitalismo excluiu uma maior parte da popula o da Terra de seus benef cios e riquezas Assim
94. exemplos de coragem f humildade honradez e amor Aos meus filhos Milton Emmanuel Ana Siomara e Rodrigo tr s maravilhosos presentes de Deus Espero ter a honra de ser m e de voc s novamente nas pr ximas encarna es Agrade o a Deus estarmos juntos nesta caminhada terrena mais uma vez Deus os aben e sempre mais eternidade afora alma imortal do venerado mestre Allan Kardec um dos mais dedicados ap stolos do Mestre Jesus cujo trabalho de pesquisa fudamentado e racionalizado permitiu a retomada do cristianismo na terra atrav s da perspectiva religiosa filos fica e cient fica do espiritsmo Aos Mestres Espirituais Joanna de Angelis Adolfo Bezerra de Menezes Francisco C ndido Xavier Emmanuel e Andr Luiz pseud nimo do m dico Carlos Chagas vener veis Ap stolos do Senhor Jesus Dra Marlene Rossi Severino Nobre presidenta da Associa o M dico Esp rita do Brasil e da Associa o M dico Esp rita Internacional institui es que com amor e dedica o se empenham na implanta o da espiritualidade na medicina Pelo seu exemplo e pelo seu est mulo Deus a envolva em ben os de luz amor e prote o agora e sempre Aos alunos com os quais tenho a honra de experienciar o processo ensino aprendizagem motiva o maior deste trabalho Deus os aben oe e que possamos ser m dicos de homens e de almas Inicialmente pela oportunidade desta caminhada genuflexa em esp rito agrade o
95. grada para os eventos ocorridos antes da perda de consci ncia movimentos autom ticos efeitos da mem ria formigamento nas extremidades e em torno da boca confus o e desorienta o ap s despertar assim como sensa o de n o conseguir movimentar o corpo ao acordar A hip xia ou a an xia produz geralmente alucina es idiossincr sicas e assustadoras e conduzem o sujeito agita o e agressividade estados completamente diferentes dos sentimentos de paz que s o consistentes e universalmente descritos em EQM GREYSON 2007 200 Al m disso os resultados de pessoas que estiveram pr ximas da morte mostraram que aquelas que referem uma EQM n o t m n veis mais baixos de oxig nio do que aquelas que n o tiveram uma EQM SABOM 1982 Van LOMMEL et al 2001 Outros estudiosos sugeriram que a hipercapnia aumento dos n veis de di xido de carbono pode contribuir para as EQMs JANSEN 1997 MORSE et al 1989 Por m as caracter sticas semelhantes a uma EQM que t m sido relatadas na hipercapnia como a sensa o de sair do corpo a vis o de uma luz brilhante a escurid o no vazio a revis o da vida e o sentimento de paz s o raras e isoladas E t m ocorrido relatos de EQM em pessoas cujos n veis de di xido de carbono n o estavam elevados MORSE et al 1989 PARNIA FENWICK 2001 SABOM 1982 Estudiosos argumentam que se a an xia e a hipercapnia representam um fator importante para as EQMs que as EQMs deveriam
96. inconsciente reprimida FRANKL 1992 p 39 Uma de minhas pacientes certa vez declarou espont neamente Por que ser que tenho vergonha de todas as coisas religiosas por que elas me parecem desagrad veis e rid culas Bem eu mesma sei exatamente por que me envergonho das minhas necessidades religiosas a t nica b sica da pisocoterapia a que venho me submetendo h 27 anos junto a outros m dicos e outras cl nicas tem sido sempre a de que tal anseio constitui simples medita o especula o absurda porque s existe o que se v e se ouve e todo o resto um disparate desencadeado por um trauma ou ent o uma fuga para a doen a a fim de fugir da vida Assim cada vez que falava da minha necessidade de Deus at precisava temer que isto faria com que me colocassem na camisa de for a At agora todo tratamento tem sido um eterno falar de coisas sem import ncia Para a completa harmonia da alma a conex o com o nosso Criador um passo fundamental conforme as pesquisas esp ritas KARDEC 2007 XAVIER 1991 2001 2002 2003 NOBRE 2003 e as pesquisas e viv ncias cl nicas FRANKL 1985 1992 Com os desmandos das religi es institucionalizadas conforme a hist ria tem documentado a rea o iluminista de certa forma deixou o ser humano prisioneiro da raz o 256 instrumental Cabe uma reflex o sobre o cristianismo das igrejas o qual bastante diferente e s vezes distorcido do cristianismo do Crist
97. instrumental a uma forma de funcionamento da ci ncia vinculada s estruturas de produ o do capitalismo Freire 2005 enfatiza a voca o ontol gica do ser humano de ser mais a sua historicidade e a sua inconclus o o seu potencial de transformar o mundo assumindo a vida construindo a com uma pr xis que a reflex o e a o verdadeiramente transformadora da realidade fonte de conhecimento reflexivo e criativo Os outros animais t m atividade sem pr xis Tamb m Freire 2005 enfatiza a n o inexorabilidade do futuro devemos problematizar o devir nesse sentido que devo pensar esta pesquisa visando o devir da educa o m dica Em coopera o com a Fondazione Giorgi Cini a UNESCO promoveu no per odo de tr s a sete de mar o de 1986 em Veneza It lia um simp sio sobre Ci ncia e as fronteiras do conhecimento pr logo do nosso passado cultural que reuniu dezenove cientistas e fil sofos de todas as partes do mundo e que sintetizou as discuss es em um documento 29 conhecido como Declara o de Veneza Este documento relatou a necessidade de novos m todos educacionais capazes de levar em considera o a critica ao progresso cient fico atual o qual deve estabelecer um di logo com as grandes tradi es culturais cuja preserva o e cujo estudo profundo s o essenciais Ante os desafios de nosso tempo e os riscos de destrui o de nossa esp cie tornou se a Declara o de Veneza ANEXO A estimula
98. intuitiva da unicidade de toda a vida a interdepend ncia de suas m ltiplas manifesta es e seus ciclos de mudan a e transforma o 166 Deve se observar que aqui assinalada a id ia de unidade e de movimento nessa rede complexa de rela es que constitui a vida e os seus processos de cria o O universo visto como uma teia din mica de eventos inter relacionados em movimento fluente mais se parecendo com um grande pensamento do que com uma grande m quina CAPRA 1996 GOSWAMI 2007 Continuando nesse todo em movimento fluente as part culas subat micas n o seriam entidades separadas arrancadas de teias e de conex es seriam padr es interligados de energia em um cont nuo processo de relacionamentos A concep o do universo como uma rede interligada de rela es um dos dois temas tratados com maior freqii ncia na f sica moderna O outro tema a compreens o de que a rede c smica intrinsecamente din mica O aspecto din mico da mat ria manifesta se na teoria qu ntica como conseqii ncia da natureza ondulat ria das part culas subat mica e ainda mais central na teoria da relatividade a qual nos mostrou que o ser da mat ria n o pode ser separado de sua atividade As propriedades de seus modelos b sicos as part culas subat micas s podem ser entendidas num contexto din mico em termos de movimento intera o e transforma o CAPRA 1982 p 82 Nessa dire o de pensamento deveremos
99. ir para a escola que ficava seis quil metros de dist ncia de minha casa O grupo escolar onde estudei est n tido em minha mem ria Sempre estudei em escolas p blicas sempre tive que fazer provas de sele o para obter uma vaga nos col gios poca em que os alunos n o aprovados nos exames de sele o estudavam nas escolas privadas as quais a gente denominava escolas pp pagou passou 36 Aos sete anos eu dizia para mim mesma que quando crescesse seria m dica e iria trabalhar na guerra na Cruz Vermelha Ora em minha regi o n o tinha luz el trica s possufamos um radio pilha onde ouviamos a R dio Nacional e s quartas feiras s 18 00 horas n s crian as escut vamos as est rias do tio Janj o Seria imposs vel saber o que era Cruz Vermelha E nem se falava em guerra Nunca falei sobre isso com ningu m e nunca conversei sobre tal assunto ao meu redor at porque morava num s tio no interior de Vargem Alta que interior do Esp rito Santo Trinta e seis anos depois em Fortaleza fui convidada para ir uma reuni o no Centro Esp rita Meimei na beira mar Estava eu no sal o com a assembl ia e numa sala privativa estava uma m dium baiana da qual nunca tinha ouvido sequer falar a respeito e que viera a convite do grupo do referido centro para ajuda espiritual aos necessitados presentes Ali ningu m me conhecia exceto a amiga que me fez o convite Em dado momento um m dico incorporado na refer
100. m a possibilidade da percep o n o sensorial ou seja caminha se na dire o de admitir um estado de consci ncia que se pode dizer transcendente Na mesma pesquisa de van Lommel et al 2001 os estudiosos holandeses sugerem estudos de desdobramento para compreender aspectos que comp em a ordem de fen menos que se nomeia hoje de EQM uma vez o desdobramento situado como fen meno no mbito da EQM um dos componentes da EQM sugere ainda Van Lommel que se busquem referenciais explicativos para essas experi ncias afirma que a transcend ncia deve ser inclu da como referencial explanat rio e capaz de dar compreensibilidade a essas experi ncias nessa perspectiva que assumo como referencial explicativo capaz tamb m de dar compreensibilidade aos acontecimentos o referencial esp rita no qual Bozzano 2006b 229 insere se pois penso que a transcend ncia pode e deve ser inclu da como referencial te rico em di logo com outros referenciais e que incluo o desdobramento como parte da fenom nica da EQM Prossigo fazendo o cotejamento das narrativas do meu campo emp rico com as do campo te rico pr tico ofertado por Bozzano tamb m completo esse di logo incluindo os autores que trazem estudos de EQM o holand s Van Lommel o ingl s Fenwick o filand s Haraldson os americanos Greyson e Moody como tamb m Turnner e que utilizo para dialogar com o conjunto do pensamento esp rita do qual Bozzano faz parte
101. menos sociais e suas possibilidades de an lise Nous avons ainsi d velop um modele d intelligibilit des pratiques ducatives en distinguant des regards centr s sur les individus ou les personnes perspective psychologique sur les interacions et sur le groupe perspective psycho sociales sur les organisations et les institutions perspectives plus sociologiques assortis de leur syst me de r f rences propres ARDOINO 1995 p 9 l A multirreferencialidade portanto trata se de uma leitura plural sob diferentes ngulos e em fun o de sistemas de refer ncias distintos n o redut veis uns aos outros devendo o pesquisador possuir uma postura aberta e capacidade de realizar leituras m ltiplas MARTINS 1998 A an lise multirreferencial questiona a racionalidade moderna nos termos A racionalidade cient fica tamb m totalit ria na medida em que nega o car ter racional a todas as formas de conhecimento que n o se pautarem pelos seus princ pios espistemol gicos e pelas suas regras metodol gicas Ao partirmos do princ pio de que a educa o n o expressa apenas um projeto cient fico ou racional acentuamos o car ter plural da a o educativa pois esta realiza se a partir de uma variedade de valores e de cren as de ideais e de situa es que ilus rio tentar controlar a priori Tais considera es levam nos a considerar que o estabelecimento de uma tradi o mais promissora das
102. meu filho escapasse As primeiras vinte e quatro horas de vida foram importantes Para mim Deus quis que ele escapasse O pai dele me ajudou muito Ele foi e est sendo paciente ele est muito presente Ele vigilante Ao chegar em casa ap s a visita na UTI neonatal ficava um meia hora chorando sem conseguir falar No dia 13 de maio fui Igreja de F tima e eu disse na ora o Se for sua vontade me d uma resposta quando chegar ao hospital Quando cheguei no hospital Saulo tinha melhorado Estou mais aliviada Vou me realizar mais quando ele estiver mamando Todos os 76 dias estive aqui presente Primeiramente Deus e depois a medicina Se n o fosse a ventila o mec nica o meu beb n o teria sobrevido Deus deu sabedoria para a medicina para os m dicos Aprendi que vou ter que controlar minhas raivas aprender a lidar com elas afinal vou querer ter outro filho Di logo com Margarida C E F 28 anos segunda gesta o primeira gesta o foi um aborto espont neo m e de Ant nio Gabriel com 23 dias de vida nasceu com idade gestacional de 34 semanas e 4 dias Apgar 8 e 9 Parto cesareano devido pr ecl mpsia grave Margarida professora de l ngua portuguesa em curso de n vel m dio e UVA Proveniente de Tiangu Conversei com Margarida explicando o trabalho e pedi para que me contasse a sua hist ria desde a gesta o at chegar enfermaria M e Canguru N o foi necess rio perguntar pr
103. modelos de rg os humanos v rias salas de aula cursos de especializa o na esfera espiritual Gladys uma grande amiga Trabalhou muito em atividades assistenciais Espanhola de nascimento e foi assassinada brutalmente em sua mans o no Jacarecanga onde drogados atravessaram lhe a cabe a com um peda o de pau Foi muito chocante Ap s seu desencarne vivenciei um desdobramento e fui parar em um ambiente hospitalar Uma pessoa me recepcionou e me disse Uma pessoa quer muito lhe ver Vi v rias janelas e percebi que estava em um local muito alto que pela janela n o dava para ver o que havia embaixo A pessoa me perguntou Voc est preparado Respondi que sim pois tinha chegado at ali Entrei numa enfermaria com seis leitos e Gladys estava num leito direita Quando a vi comecei a chorar muito de emo o e perguntei lhe quem tinha feito aquilo com ela Ela respondeu Deixa isso pra l diferente ler e vivenciar Sempre soube da possibilidade do esp rito se deslocar do corpo Mas muito diferente constatar a veracidade atrav s da pr pria experi ncia N o consigo fazer medicina sem essa compreens o Os estudos sobre EQM t m suscitado muitas reflex es acerca da consci ncia e da rela o esp rito corpo Kardec 2007 no livro O C u e o Inferno em 1860 faz profundos estudos na Sociedade Parisiense de Estudos Esp ritas atrav s do resultado da observa o de fatos materiais da l gica do
104. morais e espirituais H uma destitui o das identidades sociais dos sujeitos e de sua singularidade como indiv duo Continuando vemos um outro aspecto importante do sublinhado na vis o de Ediv nia Eu tamb m pe o na hora da reza Todo mundo l de casa reza com ele aponta Sr Ananias Pela minha f resolve Aqui vemos um sujeito que sai da posi o de um cooperador na sua pr pria cura quando Ediv nia diz que tamb m pede Tamb m se observa que h algo que acontece segundo seu ponto de vista que relaciona f e reza na cura Por seu lado Sr Ananias diz A reza d for a coragem e sa de Vemos na fala de Ediv nia que h uma rela o do sujeito que busca a reza consigo pr prio com a f e com os benef cios da ora o Sr Ananias vai al m quando nos diz que reza no corpo pra alma Aqui ultrapassamos uma percep o que localiza a doen a apenas no corpo e que admite mesmo uma alma que se relaciona com esse corpo tanto que ao rezar no corpo atinge se a alma Estamos no limiar de um novo paradigma e na imin ncia da supera o de um modelo redutor organicista Ao utilizarmos a mutireferencialidade na an lise desses fen menos espiritismo como ci ncia filosofia e religi o antropologia e medicina estamos a ver que h matizes numa leitura plural aberta complexidade da realidade e interioridade significante do sujeito observador BARBOSA 1998 que fertilizam este campo discursivo Conform
105. nela Voc viu o esp rito perguntei ao rezador N o eu n o vi Peguei na reza Vejamos como a ci ncia esp rita v estes estados de exterioriza o da alma an micos Kardec em O Livro dos Esp ritos 2006a p 70 pergunta aos instrutores espirituais a defini o de Esp rito e eles respondem o princ pio inteligente do Universo Mais adiante o pensamento esp rita nas palavras de Kardec esclarecem que o Esp rito um princ pio inteligente independente da mat ria E observam os instrutores espirituais a Kardec 2006a p 74 O Esp rito est revestido de uma subst ncia vaporosa para os teus olhos mas ainda bem grosseira para n s muito vaporosa entretanto para poder elevar se na atmosfera e se transportar para onde queira Kardec ent o utilizando se de uma met fora observa que assim como o germe de um fruto envolvido pelo perisperma da mesma forma o Esp rito propriamente dito est revestido de um envolt rio que por compara o pode se chamar perisp rito Delanne 2001 p 133 ao refletir sobre o que chama de inconsciente ps quico lida tamb m com o conceito de perisp rito e afirma que o mecanismo mediante o qual a alma atua sobre a mat ria igualmente mantido no inv lucro flu dico Ao refletir sobre de onde o Esp rito toma esse envolt rio semi material Kardec 2006 a apreende a seguinte resposta Do flu do universal de cada globo Por isso ele n o o
106. ntico num campo de significa o que transborda o modelo do corpo A medicina ao discutir o psicossom tico aponta para essa falta de lugar de algo mais que o corpo n o d conta um momento de den ncia ela n o aponta para o espiritual aponta para o corpo juntando com a psique embarcando no modelo biom dico que admite a psique como corpo BOLTANSKI 2004 Ser que as representa es sobre o que doen a que est o vinculadas ao corpo al m de estarem contaminando os m dicos n o est o tamb m contaminando os doentes Di logo n mero 05 Helena enfermeira do Posto de Sa de Novo Iracema sobre a dona Icl ia A dona Icl ia eu fui l duas vezes Eu gostei muito da ora o dela Conversando com ela ela disse ce si pare a 4 use os intermedi rios os santos os anjos e pe a Ela maranhense atende as pessoas na casa dela mesmo A irm Isa recebe algumas coisas As vezes um material l uma caixa de vela alguma coisa Porque a partir do momento em que voc pegar um dinheiro todo mundo tem a necessidade e n o certo A doen a est na alma No pensamento em sa de h um conjunto de dimens es entre elas a espiritual que trazem saberes que influenciam o profissional de sa de Di logo n mero 06 Icl ia 65 anos Como foi que voc recebeu esse dom de rezar E um dom Eu nunca disse nada pr ningu m A gente leva o segredo dos doentes pro t mulo Eu levo como os
107. nuas que s o interpretadas como reais mas que n o s o ouvidas por outras pessoas GREYSON 1993b 1997 LIESTER 1998 MOODY 1975 RING 1980 e que s o compar veis com as alucina es auditivas benignas observadas em 10 a 47 da popula o geral saud vel BENTALL 2000 GREYSON LIESTER 2004 Greyson e Liester 2004 em um estudo comparativo das vozes internas dos sujeitos que passaram por uma EQM e por alucina es auditivas de pacientes psic ticos relataram que h diferen as marcantes na compara o nas quais as vozes internas frequentemente ouvidas ap s uma EQM s o muito valiosas para esses indiv duos e frequentemente s o associadas melhora no funcionamento psicossocial e n o piora Enquanto que os pacientes esquizofr nicos continuam referindo atitude negativa em rela o s suas alucina es Os efeitos negativos resultantes da experi ncia de quase morte s o conhecidos e os estudos mostram que as pessoas podem sofrer se a EQM conflitar com as suas cren as e com as suas atitudes pr vias a nfase da m dia leiga nos benef cios da EQM inibe a busca por ajuda daquelas pessoas com problema Algumas pessoas duvidam de sua sanidade mental mas receiam discutir esse assunto com amigos ou com profissionais de sa de pelo medo de serem ridicularizadas ou rejeitadas Algumas vezes os profissionais de sa de reagem negativamente quando os pacientes que vivenciaram uma EQM relatam suas experi ncias o que os de
108. o A discuss o que travo sobre a insufici ncia do paradigma biom dico e os mbitos de supera o que s o nomeados por fen menos que se poderia qualificar da ordem do espiritual o objeto alvo deste estudo que fa o hoje no contexto de uma crise de paradigmas De que contexto falo A teoria darwinista da evolu o no s culo XIX com estudos acerca da evolu o humana n o explica a evolu o espiritual do Homo sapiens na verdade nem admite o princ pio espiritual como constituinte do ser A complexidade dos alicerces da vida paralisou as tentativas da ci ncia de explic la as m quinas moleculares como que erguem uma barreira ainda impenetr vel ao alcance universal do darwinismo BEHE 1997 A ci ncia tradicional fundamentada numa perspectiva cartesiana que separava o todo em partes inscritas em um tempo linear ficou estupefata ante a revolu o ocorrida na d cada de vinte com a descoberta do mundo qu ntico Emergia um novo paradigma em que o tempo n o seria mais visto como linear o espa o seria relativo a mente influenciaria as mudan as de estado da mat ria haveria a possibilidade real da exist ncia de quatro ou mais dimens es em nosso universo e todas as coisas existentes estariam interconectadas CAPRA 1995 A medicina ocidental nessa gama de conceitos que transcendem a uma vis o cartesiana passa a se defrontar ent o com uma infinidade de abordagens que deslocam o eixo de seu conhecimento Na verdade
109. o povo diz que estou bonita e logo emagre o Com f em Deus a reza contrita diretamente com Jesus Cristo A f maior que tudo A reza age mais na alma que no corpo Pedi a Deus para abrir a mente para coisas boas Sou o homem e a mulher da casa O homem que eu tinha era emprestado casado tive que devolver Venho ao m dico para pegar vitamina e rem dio para verme Di logo n mero 16 AM P 53 anos esp rita casada t cnica de enfermagem residente em Fortaleza bairro Aldeota foi ao Posto Nova Iracema para conhecer o Sr Ananias Sinto dentre outras coisas dores intensas nos quadris bursite diagnosticada por ultrassonografia H tr s dias seu Ananias fez a ora o em mim senti grande emo o deu vontade de chorar sensa o de serenidade me senti muito bem Desde ent o n o tomei rem dio para dor Quem sabe a inflama o n o est diminuindo Mas quando estou em ora o perco contato com o corpo Tirei tamb m o rem dio para extra s stole por minha pr pria conta para ver se consigo administrar Passei a ter tranq ilidade Hoje foi a segunda vez de ora o do seu Ananias senti mais tranquilidade mais confiante 144 Di logo n mero 17 A C M 47 anos agente de limpeza da prefeitura casado religi o n o tenho s a cat lica mesmo Sr Ananias Ele estava com nove dedos de acas ca das As acas encostando no f gado s Deus S vivo com dor nas costas nas costelas
110. o a cumprir e a um fortalecimento da cren a na vida ap s a morte Ap s uma EQM pessoas referiram se a um maior apre o pela vida a uma renova o do sentido da vida a um aumento da confian a e da flexibilidade para lidar com as adversidades da vida a uma valoriza o do amor e do servi o ao pr ximo e a uma diminui o da preocupa o com status pessoal e com bens materiais a um aumento do sentimento de compaix o pelos outros a uma valoriza o da espiritualidade e uma redu o significativa do medo da morte RING 1980 1984 Bauer 1985 relata que suas pesquisas demonstram que uma EQM conduz s mudan as positivas significativas em rela o finalidade e ao sentido da vida e que favorece a uma aceita o da morte Essas mudan as profundas nas atitudes e no comportamento das pessoas que vivenciam uma EQM v m sendo corroboradas em estudos de longo prazo e tamb m nas entrevistas com amigos e parentes RING 1984 Dentre os efeitos positivos da EQM Flynn 1982 evidenciou que comparando pessoas que tiveram a viv ncia de EQM com as que n o tiveram observou entre as que tiveram EQM um grande aumento do altru smo uma diminui o do medo da morte um aumento da cren a na exist ncia de vida ap s a morte um aumento do interesse e do sentimento religioso uma diminui o do desejo de sucesso material e da aprova o pelos outros 203 Ap s vivenciar uma EQM algumas pessoas referem se a vozes internas cont
111. o com o sagrado e que abertamente priorit rio na vida desses sujeitos que procuram o rezador O Programa de Sa de da Fam lia PSF que segundo Ros 2004 n o deveria mais ser assim denominado mas de Estrat gia de Aten o B sica porque estruturante do Sistema nico de Sa de permite redimensionar a organiza o dos servi os de sa de municipais deve promover sa de e trabalhar com grupos terap uticos nas comunidades nas quais se localiza o Centro de Sa de fazendo educa o e se vinculando a uma popula o adstrita O PSF foi implantado pelo governo brasileiro em 1994 constituindo se numa proposta de nfase na aten o b sica prim ria integral da fam lia contrapondo se ao modelo hegem nico ao complexo m dico industrial e incluindo dentre outras metas a promo o de sa de PSF Essa estrat gia para a aten o b sica sa de da fam lia resultou em uma maior proximidade dos cotidianos das pessoas e das popula es e num confronto com os processos vividos por diferentes grupos sociais a respeito de suas cren as e de suas significa es para a vida O sentido da vida e a supera o da crise que a doen a e que a morte representam d o se para a maioria da popula o no campo religioso O relacionamento com a realidade de grande parte da popula o brasileira d se atrav s da elabora o religiosa Desconhecendo este fato o profissional de sa de n o conseguir compreender a perspectiva com que a
112. o est associada ao desenvolvimento de experi ncias de quase morte 221 EQM Di logo n mero 02 Flor de Lis Religi o Esp rita Doutora em Educa o UFC Professora da Faculdade de Educa o UFC Desde pequena sentia vontade de contribuir para mudar as coisas Aos 18 anos era grande a minha inquieta o pela quest o social e pol tica Tinha grande sentimento por Deus acreditava em Deus mas n o tinha religi o Militava no Partido Comunista Brasileiro no racha prestista Fiquei no grupo revolucion rio o outro lado era reformista conciliador Encontrei no partido pol tico esse espa o de achar que iria melhorar o mundo S que sentia falta de alguma coisa Pessoas pr ximas sempre me falavam de esp ritos de transcend ncia e eu questionava muito Eram pessoas com id ias vagas sem sustenta o Era t cnica em qu mica uma ci ncia em que a vis o de mundo n o tinha di logo N o se falava nisto nessa poca Casei me e seis anos ap s tive o primeiro filho Mikail Aos 27 anos mestre em Educa o professora de uma universidade privada iniciando minha vida profissional tive uma hemorragia na menstrua o e o m dico fez um exame e disse que era compat vel com um aborto e recomendou curetagem Fui ao Hospital Cura D Ars o procedimento foi realizado com anestesia geral J na enfermaria ainda sob o efeito da anestesia tive um desdobramento me senti levada lentamente por um caminho por onde era fort
113. onde vai essa m quina de maneira similar ao comportamento irrespons vel dos nazistas nos massacres dos campos de concentra o eu obedecia ordens disse Eichmann homem muito banal burocrata falando acerca o massacre de Auschwitz Vivemos a era da irresponsabilidade generalizada MORIN 2002 A disjun o da subjetividade humana reservada filosofia ou poesia e a disjun o da objetividade do saber cient fico cegou a marcha da ci ncia As a es cient ficas e pol ticas desde que s o iniciadas entram no jogo das intera es da sociedade e s vezes t m um destino oposto ao desejado Morin 2002 chama a aten o para o fato de que a hiperespecializa o das ci ncias humanas destr i e desloca a no o de homem a demografia economia n o precisam mais da no o de homem At na psicologia certas disciplinas eliminam o homem seja em proveito do comportamento seja em proveito da puls o A id ia de homem foi desintegrada do mesmo modo as especializa es biol gicas eliminam a id ia de vida em ben ficio das mol culas dos genes etc Estamos numa poca em que a disjun o entre os problemas ticos e os problemas cient ficos pode se tornar mortal Urge resgatar nossas vidas humanistas nossa espiritualidade Existem milhares de embri es congelados e o impasse jur dico discute se s o coisas ou seres humanos Os bancos de esperma negociam os espermatoz ides de acordo com as caracter sticas f sicas dos doad
114. oral Rio de Janeiro Editora da Funda o Get lio Vargas 1994 FLECK M A BORGES Z N BOLOGNESI G Development of WHOQOL spirituality religiousness and personal beliefs module Rev Sa de Publica v 37 n 4 p 446 445 2003 FIGUEIREDO J B A O Tao ecoc ntrico em busca de uma pr xis ecol gica Fortaleza Editora GigaMedia 1999 FLAMMARION Camille A Morte e o seu Mist rio vol II 5 ed Rio de Janeiro FEB 2004 FLYNN C P Meanings and implications of NDEr transformations some preliminary findings and implications Anabiosis J Near Death Stud v 2 p 3 13 1982 FOUCAULT M Microf sica do poder 21 ed Rio de Janeiro Edi es Graal 1979 O nascimento da clinica Rio de Janeiro Editora Forense Universit ria 1980 269 FRANCO D ANGELIS J Esp rito O ser consciente 11 ed Salvador Livr Esp rita Alvorada 2003 FRANKL V Em busca de sentido 23 ed Petr polis Sinodal Vozes 2006 A presen a ignorada de Deus 9 ed Petr polis Sinodal Vozes 2006 FREIRE P Educa o como pr tica da liberdade 27 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2003 Pedagogia da autonomia Rio de Janeiro Editora Paz e Terra 2000 Cartas a Cristina reflex es sobre minha vida e minha pr xis S o Paulo Unesp 2002 Pedagogia do oprimido 40 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2005 Conscientiza o te rica e pr tica da liberta o 3 ed S o Paulo Centauro Editora 2006 FR
115. org nico GELEY 1998 p 151 A partir disto Geley 1998 p 140 prop s pensar que A verifica o dos conhecimentos e faculdades contida no primeiro grupo prova que a subconsci ncia superior em parte constitu da pelas aquisi es totais da consci ncia e que cont m todos os antigos atributos desta ltima ou em outros termos que uma por o dos elementos ps quicos da subconsci ncia superior foram previamente elementos ps quicos da consci ncia A partir da Geley 1998 desenvolve seus estudos e chega a pensar que todos os elementos ps quicos subconscientes foram anteriormente elementos ps quicos conscientes Evidencia se assim segundo Geley 1998 que os atributos da subconsci ncia que n o prov m das vias sensoriais e da consci ncia atual originam se da vias sensoriais e de consci ncias anteriores atual Chegando id ia da paligenesia Geley 1998 p 142 assevera que o ser subconsciente exterioriz vel o produto sint tico de uma s rie de consci ncias sucessivas que nele se embasam e que pouco a pouco o constitu ram Nos termos de Geley 1998 p 149 114 O ser subconsciente alma e seu psiquismo superior seria o eu real a individualidade permanene s ntese das personalidades transit rias sucessivas produto integral da dupla evolu o terrestre e extraterrestre Continuando seu relato o Sr Ananias informa ter conseguido pegar o esp rito na reza e contin
116. os fen menos de algumas leis que regem os fen menos da vida e morte Vimos que o Eu no fen meno da morte conserva o envolt rio flu dico grandemente semelhante ao corpo f sico e respons vel pela manuten o de sua forma e organiza o som tica Observamos que em todos estes fen menos o ser conserva a sua individualidade Mas h que se distinguir tamb m a diferen a entre um eu profundo e a personalidade transit ria Isso exigiria um outro olhar em educa o 6 CONSIDERACOES FINAIS Da experi ncia espiritual como lugar onde se estrangula a refer ncia morfo fisio biologicista e se caminha na dire o do Paradigma M dico Esp rita As an lises no corpo deste estudo acerca da experi ncia espiritual levam me a concluir pela necessidade de uma nova conceitua o do sujeito humano como ser espiritual sujeito das pr ticas m dicas tanto o profissional de sa de como a popula o impele nos para a necessidade de se considerar as produ es simb licas que remetem dimens o transcendente e nos implem a considerar os fen menos da chamada ordem espiritual como fen menos que devem ser considerados em medicina Espiritualidade e o paradigma do esp rito s o paradigmas emergentes que devem ser considerados na escola m dica e na pr tica dos profissionais de sa de especialmente o m dico Levin 2001 p 220 221 reflete que estamos no final do atual modelo biom dico Esse modelo materialista arraigado na vis o de
117. os primeiros lampejos acerca da natureza essencial das coisas lidando com uma experi ncia n o sensorial da realidade CAPRA 1983 p 52 o conceito de for a foi substitu do por um conceito muito mais sutil de campo A luz n o passa de um campo eletromagn tico de altern ncia r pida e que percorre o espa o sob a forma de ondas 82 Sabemos atualmente que as ondas de r dio de luz ou os raios X s o ondas eletromagn ticas campos magn ticos e el tricos oscilat rios que diferem unicamente pela frequ ncia de suas oscila es e mais sabemos que a luz vis vel apenas uma fra o nfima de espectro eletromagn tico Os quanta de luz que deram teoria qu ntica o seu nome tem sido aceitas como part culas genu nas que s o atualmente chamadas f tons S o part culas de um tipo especial desprovidas de massa e que sempre se deslocam com a velocidade da luz No n vel subat mico n o se pode dizer que a mat ria exista com certeza em lugares definidos diz se antes que ela apresenta tend ncias a existir e que os eventos at micos n o ocorrem com certeza em instantes definidos e numa dire o definida mas sim que apresentam tend ncias a ocorrer CAPRA 1983 p 58 A percep o da realidade complexa al m da complexidade da pr pria realidade A retina humana camada do bulbo ocular que possui os neur nios fotossens veis possui cento e vinte e seis milh es de fotorreceptores e o n
118. outros rezadores o fazem Ao errar a reza significando um mau progn stico pode se ter a compreens o de que na reza h tamb m outros saberes e dimens es social pol tica afetiva e espiritual que dialogam entre si Vimos no depoimento de Icl ia que parece ser dif cil uma produ o de sentido desvinculado de um sistema de cren as e valores para lhe dar sustenta o As filia es religiosas s o produ es de sentido sobre o que o espiritual e portanto ajudam a produ o intersubjetiva a extrair consensos e fazer a pessoa se sentir amparada A produ o de sentido espiritual parece ser ordenadora da experi ncia com o sagrado e o sistema de cren as al m de propiciar uma rede de apoio social parece ser um esfor o consciente de superar a fragmenta o vivida na modernidade Uma filia o religiosa serve como uma esp cie de acervo de significa es para se lidar com uma dimens o que tem sido estrangulada na vis o oficial de corpo e sa de nos percursos de adoecimento e cura O pensamento esp rita ao dialogar com esta perspectiva antropol gica nos explicita uma esp cie de dial tica da consci ncia que toma conhecimento do mundo a partir da experi ncia espiritual O aspecto tr plice da doutrina esp rita que prop e Kardec filosofia ci ncia e religi o parece nos levar a responder exig ncias fundamentais da consci ncia da a o humana pessoal e coletiva bem como de suas conseqii ncias morais P
119. pessoas perceberam eventos posteriormente confirmados que ocorreram a uma dist ncia que n o poderia ser alcan ada por seus rg os dos sentidos incluindo pessoas cegas que descreveram percep es visuais exatas durante sua experi ncia de quase morte RING COOPER 1999 Na verdade Sabom 1998 descreveu com detalhes a EQM de uma mulher que se submeteu cirurgia sob parada card aca e hipotermia Durante a opera o a paciente preencheu todos os crit rios aceitos para morte cerebral mas mesmo assim descreveu com exatid o os muitos detalhes espec ficos e inesperados de sua opera o A neuroci ncia dos dias atuais afirma que a consci ncia unicamente o produto de processos cerebrais ou que a mente meramente um epifen meno de eventos neurol gicos SEARLE 1998 A experi ncia de quase morte desafia a refer ncia morfo fiso biologicista hegem nica na ocorr ncia de um funcionamento mental ampliado quando o c rebro est gravemente danificado que o estudo dessas circunst ncias particulares leva nos a perguntar sobre os limites do modelo biom dico e deixa claro a necessidade de modelos explicativos 219 mais abrangentes que comportem outra compreens o do sujeito humano Sigamos observando como os processos sensoriais e a mem ria continuam a estar presentes nas experi ncias de quase morte Kelly et al 2007 assevera em seus trabalhos Um modelo adequado das intera es mente c rebro precisa ser capaz de
120. pouco cultivo da espiritualidade quando na experi ncia terrena e que os Esp ritos que o acolheram apesar de desconhecidos guardavam afinidade com ele na perspectiva das condi es espirituais Similar s experi ncias de quase morte o Esp rito passou pela revis o panor mica de sua vida que acontece em grande parte das EQMs a qual n o se desenrolou espontaneamente mas d a impress o de que foi supervisionada pelos Esp ritos guias numa esp cie de exame de consci ncia BOZZANO 2006b Lembremo nos de que n o acontecem as mesmas coisas nas EQMs mas que h um conjunto de fen menos de uma mesma ordem e que um ou mais componentes j qualificam a experi ncia espiritual nesse mbito de EQM MOODY 2004 Lommel amplia os estudos consideravelmente ao admitir que pode se 233 viver uma EQM sem estar gravemente enferma e perfeitamente l cida 2001 p 2039 Vejamos Such experiences are also reported by patients with serious but not immediately life threatening diseases in those with serious depression or without clear cause in fully conscious people Similar experiences to near death ones can occur during the terminal phase of illness and are called deathbed visions Identical experiences to NDE so called fear death experiences are mainly reported after situations in which death seemed unavoidable serious traffic accidents mountaineering accidents or isolation such as with shipwreck Voltando nossa escuta
121. pr tica a essa quest o vital para a educa o m dica no contexto em que nos encontramos de consolida o do Paradigma da Integralidade 2 5 Algumas reflex es sobre a espiritualidade e a bio tica Sabedoria absoluta esta n o existe sen o em Deus Paulo Freire 2006 p 16 Nesta reflex o sobre tica fa o minhas as palavras de Incontri 1996 que em sua fala explicita que toda concep o de tica depende da concep o de ser humano que se tem A concep o materialista compreende o ser humano como um animal que tem racionalidade herdeiro de sua carga gen tica um pacote de c lulas regido por instintos que passa por um processo social no qual indiv duos adquirem habilidades conhecimento valores e os pap is consonantes com sua posi o em um grupo ou sociedade A socializa o a transforma o de um pacote de c lulas em um ser social REGO 2003 Os marxistas dizem que o ser humano produto de sua classe social Vigostk diz que toda aprendizagem do ser humano vem de sua rela o com o meio As teorias nihilistas dizem que o ser humano n o nada o ser e o nada de Sartre O materialismo dogma um pressuposto filos fico pois ningu m provou a inexist ncia da alma e a inexist ncia de Deus E a popula o terrestre em sua grande maioria tem algum tipo de religiosidade A compreens o materialista sociol gica diz que a religi o um fen meno sociol gico uma conven o social DURK
122. que em sua maioria buscam suas ora es e s vezes antes ou depois da ora o buscam atendimento m dico ou odontol gico a maioria vem s para rezar diz Sr Ananias Ele um dos rezadores cadastrados e treinados para orientar s m es a levarem as crian as ao m dico Ensina o preparo do soro caseiro e ainda benze o referido soro o que confere a este maior credibilidade Fiquei extremamente emocionada com o Recanto da F e com Sr Ananias que gentilmente orou em mim com seu galho de pinh o roxo A equipe de sa de respeita o velho homem o seu trabalho e alguns desfrutam desse servi o como a dentista do posto a jovem Carol de 26 anos Carol tem uma les o em sua m o direita j foi operada e que nos momentos de dor mais intensa recorre ao rezador segundo seu pr prio relato H um entrosamento humanizado entre a comunidade e a maioria dos profissionais do referido posto A enfermeira do posto senhora Afonsina Alves de Souza quando de minha primeira visita ao posto em maio de 2005 narrou que ao criarem o Recanto da F uma senhora da comunidade disse lhe Se a senhora acredita no que a gente acredita a gente tamb m acredita na senhora No PSF Novo Iracema de Maranguape pretendo colher depoimentos de sujeitos da comunidade que recorrem ao rezador no Recanto da F e que procuram atendimento m dico Atrav s de entrevistas semi estruturadas utilizando me de suas hist rias orais tem ticas prete
123. que esses pacientes podem superar a preocupa o de que s o de algum modo anormais apenas redefinindo para si pr prios o que normal S o pessoas que sentem que imposs vel comunicar aos outros o significado e o impacto de uma EQM em suas vidas Frequentemente os que viveram uma EQM experimentam um sentido do amor incondicional durante a EQM e t m dificuldades de aceitar as condi es e as limita es dos relacionamentos humanos GREYSON 1997 GREYSON HARRIS 1987 Bush 1991 constatou que em decorr ncia da discrep ncia entre os valores adotados pelos que passaram por uma EQM e os valores de seus c njuges tem resultado taxas relativamente elevadas de div rcio nesse grupo Insinger 1991 em seus estudos relata que algumas pessoas p s EQM passam em parte por processo de morte social a qual pode ser lida como mais desorganizadora para a fam lia do que quanto seria a morte f sica desse indiv duo AS pessoas que passam por essa viv ncia quase sempre demonstram menos medo da morte comparadas com as que n o passaram por essa experi ncia SABOM 1982 H pesquisadores como Van Del 1977 que trazem para a discuss o a possibilidade de algumas pessoas sentirem se incentivadas ao suic dio j que a EQM poderia funcionar para o sujeito como uma esp cie de romantiza o da morte na viv ncia ocorre reencontro com os entes amados j falecidos uma experi ncia do amor que evoca novas bases de reflex o Po
124. que os seres humanos s o corpos f sicos e nada mais mecanicista reducionista dominado por m dicos superespecializados que utilizam a alta tecnologia para focalizar e determinar problemas funcionais definidos com estreiteza A medicina cient fica ocidental est dominada por administradores treinados para visar aos lucros e n o o bem estar das pessoas Esse modelo est em vias de extin o A experi ncia espiritual n o cabe nas refer ncias do modelo biom dico hegem nico Os sujeitos que buscam os rezadores no cen rio 01 de estudos em suas narrativas colocam a busca da terap utica para a alma a qual repercute no corpo f sico Em algumas falas depreende se a compreens o de ser esta a terap utica da alma a terap utica de profundidade como se a medicaliza o apenas reprimisse a afec o Os rezadores demonstram tamb m essa compreens o O senhor Ananias por exemplo afirma haver inter rela o entre o corpo e o esp rito afirma inclusive que reza no corpo para a alma inclusive os sujeitos rezadores e os que buscam a reza na maioria das situa es parecem atestar a percep o de que a origem da doen a tem ra zes na alma O processo de adoecimento e cura geralmente vivenciado como experi ncia de aprendizado de transforma o nomeada neste estudo de experi ncia espiritual Tamb m sugiro que se proceda a estudos mutireferenciados que utilizem a riqueza do pensamento esp rita que a um
125. realidade com seus conceitos cl ssicos de determinismo que ainda predominam no pensamento pol tico e econ mico fosse explodida Ela deu luz a uma nova l gica correspondente em muitos aspectos a antigas l gicas esquecidas Um di logo capital cada vez mais rigoroso e profundo entre a ci ncia e a tradi o pode ent o ser estabelecido a fim de construir uma nova abordagem cient fica e cultural a transdisciplinaridade A transdisciplinaridade procura pontos de vista a partir dos quais seja poss vel torn las interativas procura espa os de pensamento que as fa am sair de sua unidade respeitando as diferen as apoiando se principalmente numa nova concep o de natureza Reconhecendo o valor da especializa o a transdisciplinaridade procura ultrapass la recompondo a unidade da cultura e encontrando o sentido inerente vida Por defini o n o pode haver especialistas transdisciplinares mas apenas pesquisadores animados por uma atitude transdisciplinar Os pesquisadores transdisciplinares imbu dos desse esp rito s podem se apoiar nas diversas atividades da arte da poesia da filosofia do pensamento simb lico da ci ncia e da tradi o elas pr prias inseridas em sua pr pria multiplicidade e diversidade Eles podem desaguar em novas liberdades do esp rito gra as a estudos trans hist ricos ou transreligiosos gra as a novos conceitos de transnacionalidade ou novas pr ticas transpol ticas inau
126. religiosidade funcionam como pr tica transformativa N o ressaltaremos aqui dos estudos de Rabelo 1993 os aspectos do ritual envolver encena o e performance como tamb m de manejar linguagens art sticas em meios de 151 comunica o dramatiza es cantos dan as etc Iremos nos deter no efeito de transforma o que a experi ncia religiosa realiza nas pessoas Assim que retiraremos dos estudos de Rabelo duas id ias b sicas que adv m dessa id ia do tratamento religioso funcionar como experi ncia reorganizadora a de que uma pr tica de transforma o da pessoa e a de que a pessoa realiza nesse percurso simboliza es de um modo extra cotidiano Veja que vamos insistir na id ia de que em situa es de adoecimento e de cura mesmo sem uma busca ritual stica ostensiva considerada como tratamento religioso como em Rabelo as pessoas de um modo geral lidam com essa dimens o espiritual Desse modo que nos processos de doen a e de cura vistos como experi ncia de si a pessoa interroga e busca permanentemente significar a vida e assim volta se para explica es de totalidade que dizem respeito dimens o espiritual Analisemos essas assertivas I A id ia de que o doente passa por uma transforma o na sua percep o de mundo da Rabelo chamar essa experi ncia de pr tica transformativa conceito que nos ser de grande valia Reparemos que Jasmim diz que gostaria de que alguma coisa
127. religioso Cren as pessoais podem ser quaisquer cren as valores sustentados por um indiv duo e que caracterizam seu estilo de vida e comportamento Por sua vez a religiosidade pode levar ou n o espiritualidade Linhares e Oliveira 2006 p 22 23 ao refletirem sobre o contexto entrela ado das v rias dimens es da vida humana asseveram Mais do que nunca Paulo Freire nos traz suas iluminuras ao nos apontar o entrela amento das dimens es tica pol tica pedag gica e por que n o dizer espiritual Ao identificar a necessidade dos sonhos e da utopia na discuss o de saberes em ci ncia nos estimula a perguntar por que reduzir o humano e a ci ncia ao que temos concebido como materialidade O mundo est cheio de elos e as dimens es do humano s o interligadas e s o interdependentes Por exemplo o planejamento familiar s ter xito quando a pobreza for reduzida em mbito mundial O meio ambiente continuar sendo destru do enquanto os pa ses pobres estiverem corro dos pela enorme d vida que as camadas empobrecidas da popula o n o fizeram Algumas solu es vi veis s o as sustent veis e mundo das redes de solidariedade e de resist ncia pol tica passa a ter de se tonar uma urg ncia A espiritualidade pode se dizer vista por n s como as formas de saber e de elabora o simb lica das culturas e das pessoas como tamb m o modo como organizam sua subjetividade e n o se reduz portanto ades
128. ricos e o cotidiano e os grandes fatos ganham equipara o na medida em que se tran am para garantir a l gica da vida coletiva A hist ria oral ligada antropologia a hist ria oral um m todo de pesquisa antropol gica que d voz aos exclu dos e trata de temas da vida cotidiana n o surpreende a hist ria acad mica somente por sua fonte mas tamb m por seu objeto e suas problem ticas JOUTARD 1998 Freitas 2006 e Meihy 2002 tecem assim importantes considera es sobre o m todo hist ria oral tem tica Possibilita reflex es sobre o registro dos fatos na voz dos pr prios protagonistas realizada com um grupo de pessoas sobre um assunto espec fico Essa entrevista que tem caracter stica de depoimento abrange parte de um assunto espec fico e previamente estabelecido O tema a preocupa o central com nfase no estudo do cotidiano A hist ria oral legitima a hist ria do presente com enorme potencial na explora o da experi ncia social concreta Tem possibilidade de regatar o indiv duo como sujeito no processo hist rico o que fundamental para a compreens o da vida humana O discurso oral natural e espont neo muito mais detalhado e expressivo A Hist ria Oral privilegia enfim a voz dos indiv duos n o apenas dos grandes homens como tem ocorrido mas dando a palavra aos esquecidos ou vencidos da hist ria A hist ria que tradicionalmente esteve voltada para os her i
129. rio de conhecimento biotecnologia patenteamento de formas de vida e engenharia gen tica tra ado do genoma humano conduzir o a conseq ncias irrevers veis em detrimento do futuro da vida humana O tempo escasso e pede rapidamente a conclus o de uma paz ecocultural com a ajuda da ci ncia e da tecnologia e qualquer demora somente causar um maior custo para a sobreviv ncia Devemos conhecer a realidade de um mundo multirreligioso e a necessidade do tipo de toler ncia que permitir a coopera o m tua das religi es quaisquer que sejam suas diferen as Isso contribuir para satisfazer o que se requer para a sobreviv ncia humana e para se manter o n cleo comum de toda a humanidade e deriva de nossa percep o do significado transcendental da exist ncia humana e de uma nova consci ncia global Vancouver Canad 15 de setembro de 1989 Daniel A Akyeampong F sico Ghana Ubiratan D Ambr sio Matem tico Brasil Andr Chouraqui Biblicista Israel Nicolo Dallaporta F sico It lia Pierre Danserau Ec logo Canad Mahdi Elmandjra Economista President Association Internacionali Futuribles 293 Marrocos Santiago Genov s Antrop logo M xico Carl Goran Hed n Bi logo President World Academy of Arts and Sciences Su cia Alexander King President Club de Roma Eleonora Masini Soci loga President World Future Studies Federation It lia Digby Mclaren Ge logo President Royal Soci
130. rito materializado na arena f sica manifestando se pelo ve culo carnal que o exprime Esse ve culo constitu do por bilh es de c lulas ou individua es microsc picas que se ajustam aos tecidos sutis da alma partilhando lhes a natureza eletromagn tica lembra uma oficina complexa formada de bilh es de motores infinitesimais movidos por oscila es eletromagn ticas em comprimento de onda espec fica emitindo irradia es pr prias e assimilando as irradia es do plano em que se encontram tudo sob o comando de um nico diretor a mente Assim desde a concep o o Esp rito comanda o desenvolvimento embrion rio de sua roupa biol gica e nela se reflete as caracter sticas pr prias do Esp rito As disfun es vibrat rias acarretam desequil brios celulares A ci ncia esp rita demonstra experimentalmente a exist ncia da alma e sua imortalidade e explica que a vida humana come a na fecunda o Explica que o esp rito designado pr viamente para o corpo f sico e que a uni o da alma e do corpo come a na concep o mas s se completa no momento do nascimento KARDEC 2006a Tamb m explicitado que o primeiro de todos os direitos naturais do homem o de viver Por isso ningu m tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante nem de fazer o que quer que seja que possa comprometer sua exist ncia corporal KARDEC 2006 p 528 A ci ncia m dica de forma clara compreende que o zigoto
131. sei que s o mem rias de vidas passadas a minha milit ncia contra o nazismo Depois disso tenho desdobramentos dormindo Depois lembrei me que desde pequena fui son mbula Fiquei com muita curiosidade para ler sobre esse assunto Uma amiga minha que n o era esp rita me disse que n o eram sonhos e sim lembran as de vidas passadas Fui ent o ao Centro Esp rita Francisco de Assis A mediunidade aflorou e hoje desdobro durante as reuni es 222 Penso que fui levada para me dizerem que tenho uma tarefa a realizar A anestesia deve ter a peculiaridade de afrouxar os la os do esp rito com o corpo Depois da minha experi ncia j ouvi relatos semelhantes de outras pessoas durante o per odo em que foram anestesiadas Minha vida mudou ap s essa experi ncia busquei um conhecimento que explicasse como o esp rito se separa do corpo A repercuss o que isso teve na minha vida foi a de me levar para o caminho da espiritualiza o EQM di logo n mero 03 A P R M dico ginecologista obstetra Esp rita desde o nascimento Experi ncia espiritual 13 05 07 Algumas vezes tenho tido a experi ncia consciente de desdobramento Eis a narrativa de algumas experi ncias marcantes para mim Sinto uma press o nos ouvidos como se estivesse subindo de avi o muito r pido Sempre come a assim de forma que me ajeito na cama e me preparo para o acontecimento Estava deitado levantei me e vi o meu corpo na cama Fui a
132. sens vel aos est mulos dolorosos incapaz de instalar um sistema para aliviar a dor Piontelli 1995 e Negri 1997 s o a favor da continuidade do comportamente pr e p s natal Os trabalhos de Piontelli e Negri foram realizados por meio de ecografias Negri 1997 observou que o beb intra tero pode demonstrar contato com o seu meio e em particular com a placenta A pesquisadora observou que o beb intra tero mostra interesse em tocar e brincar com a placenta ficar em contato estreito com a mesma avan ar a boca na dire o da placenta toc la com a cabe a esfregar seu rosto contra ela aconchegar se ela Alguns beb s seguram o cord o umbilical mais tempo que outros beb s Essas observa es foram realizadas por volta da d cima s tima e d cima oitava semana de vida intra uterina os 59 movimentos fetais s o semelhantes aos movimentos realizados por beb s pr termo NEGRI 1997 Os estudos anteriormente citados nos propiciam uma id ia acerca da import ncia do M todo Canguru para o bin mio m e e filho tanto com rela o parte biol gica mas tamb m psicol gica e afetiva e espiritual O bin mio m e e filho um importante colaborador para este estudo no qual atrav s de entrevistas semi estruturadas procurarei captar no relato materno hist ria oral tem tica sua maneira de vivenciar a experi ncia de gestar e de dar luz a um beb prematuro e sua rela o espiritual com todo o proce
133. ser conceituada por n s como o extrato consciente do que est a ser vivido pelas pessoas Josso 2004 p 41 relata que a aprendizagem experiencial um meio poderoso de elabora o e de integra o do saber fazer e dos conhecimentos o seu dom nio pode tornar se um suporte eficaz de transforma es A cientista tamb m comenta JOSSO 2004 p 44 49 As experi ncias de transforma o das nossas identidades e da nossa subjetividade s o t o variadas que a maneira mais geral de descrev las consiste em falar de acontecimentos de atividades situa es ou de encontros que servem de contexto para determinadas aprendizagens A experi ncia implica a pessoa na sua 2 globalidade de ser psicossom tico e sociocultural isto ela comporta sempre as dimens es sens veis afetivas e conscienciais A experi ncia de si que vai ser problematizada questionada refletida nos movimentos sociais ela vai permitir ver que novos valores est o emergindo que novas ordena es est o surgindo nos espa os de solidariedade e que possibilidades est o sendo vividas pelas pessoas que aumentam a rea de sensibiliza o institucional tamb m para novos direitos sociais Josso 2004 chama a aten o para o fato de que na interpreta o da experi ncia a qual potencialmente poliss mica ocorre um jogo de for as das subjetividades e o referencial te rico funciona como grelha de interpreta es No caso deste trabalho
134. seu corpo voc est desprotegida Ela precisava dizer umas coisas e que eu tinha que me acostumar Eu vi meu marido dormindo meu corpo ao seu lado e a mo a entrou no meu corpo chorando Vi meu marido consolando meu corpo que estava chorando muito alto e que acordou toda a casa Meu marido abra ou meu corpo me puxou para ele foi como se tivesse me resgatado e a voltei imediatamente para o corpo Tive plena consci ncia Ele me perguntou por que eu estava chorando e eu lhe respondi que n o era eu quem estava a chorar Todos em casa ouviram o choro e pensaram que eu estava a brigar com meu marido Eu assisti o esp rito da mo a entrar no meu corpo Rezei muito por mim e pela mo a Fiquei deprimida porque sei no meu ntimo que isso poder se repetir Trabalhei de 2003 a 2005 numa reserva ind gena no Programa de Sa de da Fam lia Ind gena pela Funda o Nacional de Sa de em Barra do Corda interior do Maranh o Os ndios t m muita coisa interessante Eram duas aldeias ind genas diferentes Porquinhos e Canela a cada quinze dias eu alternava entre uma aldeia e outra Eu fazia minha medicina tradicional o Pag se consultava comigo Eu s consultava ap s a consulta do Pag Ele fazia o tratamento dele e dizia aos ndios para que poderiam me procurar tamb m O Pag me dizia que quem orienta o tratamento s o os Esp ritos dos antepassados De vez em quando eu via os Esp ritos dos antepassados dos ndios nas pr pria
135. seus sentidos assim que tentando equacionar aspectos da vida que envolvem o problema do ser do destino e da dor a pessoa bate porta de quest es que a levam ao que ela vai nomear como espiritualidade A dor e os significados que ela instiga o sujeito a produzir nos seus percursos de adoecimento e de cura como dissemos um processo que se significa familiarmente e em uma cultura ainda que cada pessoa aproprie se individualmente dessas constru es O sintoma por sua vez tende a cristalizar a modalidade de aprendizagem que a pessoa vai viver o tipo de coisa que a pessoa vai fazer para responder a suas quest es vitais em um determinado momento da vida ent o que a pessoa pode correr o risco de ir perdendo a possibilidade de ir transformando se e de utilizar a dor ou o limite causado por ela para mudar O sintoma importante que fique claro vai dizer a seu modo e de alguma maneira o que n o est podendo ser simbolizado com palavras Esse movimento de oculta o ou de cristaliza o em algo que se vela simboliza o que o sintoma resulta por realizar n o absoluto A reflex o educacional e a psicol gica v o tentando por exemplo fazer falar o que est sendo dito como sintoma 181 V rias outras dimens es da pessoa v o acolher essa luta para dar significado experi ncia com a dor ou com a doen a que o sintoma exp e O aspecto biom dico vai ser chamado a responder de um modo f sic
136. situa es comuns no dia a dia contribuem para tornar este profissional alvo de atitudes que muitas vezes o deixam estressados e em sofrimento Como por exemplo escolher qual dos beb s dever ser 105 colocado em uma Unica incubadora restante numa unidade de terapia intensiva super lotada Como se pode determinar qual ser humano dever responder melhor e viver melhor No corredor de um hospital de emerg ncia que sujeito dever ser operado primeiro o que est com uma bala na perna no t rax ou no c rebro o mais jovem ou o mais velho a mulher ou a crian a A espiritualidade compreende a defesa da vida humana do continuum que se estende da concep o morte um paradigma bioc ntrico o ser humano possui uma dignidade intr nseca possui um fim em si mesmo pelo simples fato de existir Uma dignidade ontol gica igual para todos um paradigma que muito poder contribuir nas reflex es ticas na vida individual profissional e coletiva Para os gregos especialmente Plat o e Arist teles h no homem a presen a de um elemento divino a alma que lhe confere a caracter stica de um ser sagrado tanto por sua origem quanto por sua destina o Assim em A Rep blica IX 589 e tica a Nic maco X7 1177 a 16 b 28 esse elemento divino ressaltado nos eleva acima da terra constituindo se em fundamento da pr pria dignidade humana O esp rito estaria assim na raiz da pessoa conferindo lhe transcend ncia
137. sujeito da hist ria sua fun o de co criador da obra universal e de sua pr pria perfei o mediante in meras experi ncias reencarnat rias Haveria uma esp cie de voca o do homem para ser co criador na obra geral do mundo como dizia Kardec 2006a em O livro dos Esp ritos quest o 132 ao enfatizar o aspecto criador da exist ncia humana e mesmo do esp rito em sua evolu o A encarna o tem ainda outra finalidade a de por o Esp rito em condi es de cumprir sua parte na obra da Cria o Para execut la que em cada mundo ele toma um instrumento em harmonia com a mat ria essencial desse mundo a fim de nele cumprir daquele ponto de vista as ordens de Deus E dessa forma que concorrendo para a obra geral ele pr prio se adianta Veja se que um novo mbito tico delineado quando a fun o da reencarna o perpassa a discuss o cient fica fica posta de um modo mpar a tarefa de se criar o novo no humano Tamb m nessa perspectiva necessita se de uma nova compreens o do sujeito ele possui m ltiplas dimens es um Esp rito imortal e evolui na dire o da perfei o H necessidade de se interrogar nessa visada o valor de cada escolha de experi ncia a legitimidade de pr ticas e de valores consagrados pela tradi o e pelo costume como pelo que se tem chamado de novo e de moderno sob a perspectiva do ser imortal que reencarna O sentido que norteia as rela es humanas n
138. tem as impress es do tato a alma MENEZES 1987 p 136 Nobre 2003 p 32 33 m dica ginecologista m dium e presidenta da Associa o M dico Esp rita do Brasil e presidenta da Associa o M dico Esp rita Internacional sintetiza assim o Paradigma M dico Esp rita O Paradigma M dico Esp rita sustenta se nos seguintes princ pios Imortalidade da alma e a o hegem nica e priorit ria desta sobre o corpo f sico e os envolt rios sutis corpo mental perisp rito Poder co criador da mente e dos pensamentos Comunicabilidade do Esp rito por meios n o sensoriais inclusive na condi o de encarnado Reencarna o como lei biol gica natural que enseja aprimoramento cont nuo at condi o de Esp rito puro Lei de A o e Rea o que respeita o livre arb trio e confere a cada um segundo as pr prias obras Sa de como estado de perfeita harmonia da alma Cura como sendo auto cura Corpo f sico templo sagrado que age como filtro de impurezas da alma e meio de evolu o espiritual Amor Universal como conquista m xima do ser que enseja o estado de sa de perfeita Trata se de uma produ o te rica que nos leva a uma abordagem do ser humano integral a uma assist ncia hol stica sa de e essa abordagem tem uma contribui o significante para a supera o do modelo biom dico ampliando a compreens o 253 preliminarmente acerca das causas das afec es tratamento e processo adoecimento e cura ac
139. tica 2000 XAVIER F C Instru es psicof nicas 9 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2006 XAVIER F C ANDR L Esp rito Evolu o em dois Mundos 14 ed Rio de Janeiro RJ Federa o Esp rita Brasileira 1995a Nosso lar 52 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2002 Nos dominios da mediunidade 23 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 1995c A o e rea o 27 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2006 Entre a terra e o c u 1 ed especial Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2003 284 Liberta o 17 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 1995b Mission rios da luz 11 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 1978 XAVIER F C EMMANUEL Esp rito O consolador 17 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 1995 Justi a divina 7 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 1991 Pensamento e vida 8 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 1987 Religi o dos esp ritos 15 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2002 Ren ncia 22 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 1995 Emmanuel 27 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2008 WILHEIM J O que psicologia pr natal 3 ed S o Paulo Editora Casa do Psic logo 2002 WHINNERY J E Psychophysiologic correla
140. urg ncia Eu fiquei maravilhada com a presen a de Deus t o viva na minha vida mesmo sabendo que n o era e nem sou merecedora de um presente t o rico como esse E naquele momento de tanta emo o sem demora comecei a fazer a primeira ora o que foi de adora o a Deus eu dizia Senhor eu n o tenho outro Deus al m de Ti n o adoro imagem nem escultura Ali eu senti que Deus estava me dando uma grande chance de clamar por socorro e de sair daquela situa o Em seguida a segunda ora o eu pedi em poucas palavras que Deus resolvesse aquela situa o pois ele permitiu que eu chegasse at ali ent o iria permitir que eu sa sse Pedi para Ele um milagre como Ele fez com o rei Ezequias acrescentando lhe quinze anos de vida e eu pedi apenas a metade A terceira ora o naquele momento pedi a Deus para viver mais um pouco pois eu precisava voltar para colocar Deus em primeiro lugar na minha vida porque na verdade eu O colocava em segundo lugar e at mesmo em terceiro Pedi uma chance para rever a minha vida pois eu n o tinha certeza se minha lamparina ainda tinha leo ou azeite s mbolo b blico da comunh o com Deus E foi ali que de repente eu vi um p ssaro bem branquinho semelhante a uma pombinha branca com olhar fixo para mim e batendo a asa como se fosse um sinal que estava vindo me buscar De repente a ave cresceu ficou do tamanho de um avi o ou melhor foi se transformado em um avi o a partir do qual abriu
141. vezes permane a latente Outro ponto importante que Turner et al 1995 levantam o de que a experi ncia espiritual resulta de uma capacidade inata da exist ncia de todo ser humano de se vincular com o sagrado As religi es institucionalizadas s vezes afastam a experi ncia transcendente ou espiritual do ser humano apontam Turner et al 1995 ao inv s de facilitar a experi ncia com o transcendente o que causa muitas vezes uma esp cie de sentimento de desilus o com as institui es religiosas Hist ricamente essa cis o entre religi o e espiritualidade segundo os autores resultou na dissocia o entre a experi ncia espiritual da institui o religiosa ou em um desencantamento do mundo conforme se tem assinalado que caracteriza muito do que se tem falado sobre a modernidade Observa se contudo que uma intensifica o volunt ria da pr tica religiosa pode ser resultante da experi ncia religiosa Parece haver uma tentativa da experi ncia religiosa de organizar a identidade a partir de um di logo com seu conjunto doutrin rio que pode levar as pessoas a buscarem mecanismos que podem ajud las a sobreviv ncia diante de traumas dissocia es como outra ordem de organiza o da identidade TURNER et al 1995 Koenig et al 2001 m dicos da Universidade de Duke na Carolina do Norte salientam a rela o dos termos com a busca do sagrado definindo religi o como um sistema organizado de cren as pr t
142. 007 GREYSON B The psychodynamics of near death experiences J Nerv Ment Dis v 171 p 376 381 1983b Near death experiences and attempt suicide Suic Life Threat Behav v 11 p 10 16 1981 Near death encounters with and without near death experiences comparative NDE scale profiles J Near Death Stud v 8 p 151 161 1990 Near death experiences precipitaded by suicide attempt lack of influence of psychopathology religion and expectations J Near Death Stud v 9 p 183 188 1991 Reduced death threat in near death experiencers Death Stud v 16 p 533 546 1992 271 The near death experience as a focus of clinical attention J Nerv Ment Dis v 185 p 327 334 1997a Biological aspects of near death experiences Perspect Biol Med v 42 p 14 32 1998b Dissociation in people who have near death experiences out of their bodies or out of their minds Lancet v 355 n 9202 p 460 463 2000 Near death experiences in a psychiatric outpatients clinic population Psychiatric Services v 54 n 12 p 1649 1651 2003 The near death experience as a focus of clinical attention J Nerv Ment Dis v 185 p 327 334 1997a The incidence of near death experiences Med Psychiatry v 1 n 92 1998a Biological aspects of near death experiences Perspect Biol Med v 42 p 14 32 1998b Dissociation in people who have near death experiences out of their bodies
143. 1 1 5 2 1 5 3 2 1 2 2 2 3 2 4 4 1 4 2 4 3 4 4 4 5 4 6 4 7 4 8 4 9 SUMARIO INTRODU O susana end a ad 14 Apresenta c o 5oscveccdessesasonnctadsesuensaeonssSeanesecondsomendaseies cavsadencednanasstoadcangesnaueseenese 14 O Percurso da minha espiritualidade ccssccssssccssssccsssscsssccssscssseecees 30 Objetivos da Pesquisa eeseseccosesoessocccsececosecooseooossooossececosscoosesoessososssccsosseo 40 Dos referenciais te rico metodol gicos cccccccccesseceseceseceeseeesseenseees 41 Cen rios do estudo sessessesecocssceocsoesesoosossococesceocscesosoosossosoososeoesossessosossssoseo 50 Posto do Programa de Sa de da Fam lia Novo Iracema Maranguape 51 Enfermaria M e Canguru seeesccescocessccssecesocesoossoocesscessocesocesoocesoesssecesoses 54 Experi ncia de Quase Morte sooesecssessoesosssessocsscssossoosseesoesooesossossoossossoee 59 CAP TULO 1 PARADIGMA DOMINANTE CRISE E 64 PARADIGMA EMERGENTE e sessessesossesessossesoosossossossesossossesossossesossosse Situando o paradigma da educa o m dica eesesoesossesocssesossossesocsossesooes 64 Historicizando a reflex o sobre paradigmas sscssssccssssscsssccssssccsescees 66 Algumas considera es sobre o Paradigma Quantico scscscsssssseees 81 Algumas palavras sobre o paradigma flexneriano e o paradigma da 87 Intesralidade aces cass sacs esnsdecvas apena sypelaania a
144. 1 em sua tese de doutoramento se d dialeticamente por meio de um processo individuado onde ocorre um 163 devir evolutivo de cada um em que a fase a se atingir se traduz numa sintese das etapas ou instancias anteriores Pestalozzi intui a id ia do principio espiritual em germina o no ser como potencialidade de perfei o que no atrito com os instintos animais e com as imposi es sociais tem a possibilidade de se realizar desde que o ser se assuma como construtor de si mesmo Para Pestalozzi a supera o do conflito entre o ser humano instintivo e a repress o dos desejos fundamentais d se na autonomia do ser moral onde nesse estado o ser humano obra de si mesmo INCONTRI 2001 O desafio da educa o seria nessa visada despertar esse ser moral para que ele empreenda sua autoconstru o compreendendo assim o ser humano como alma no conceito de Pestalozzi a verdadeira religiosidade basicamente id ntica verdadeira moralidade INCONTRI 1996 2001 A perspectiva de Jos Herculano Pires jornalista e fil sofo com sua vasta obra contribuir para nossos estudos Ele compreende o educando como um ser reencarnado numa proposta de educa o integral Para o professor Pires 1984 a Educa o encarada numa perspectiva esp rita nos apresenta dois aspectos fundamentais o processo de integra o das novas gera es na sociedade e na cultura do tempo mas tamb m o processo de desenvolvi
145. 1991 p 55 em seu livro A morte um amanhecer diz que Espiritualidade Espiritualidade a consci ncia da exist ncia de algo maior do que n s de um Ser que criou este universo criou a vida e a consci ncia de que somos uma aut ntica importante e significativa parte dele e que podemos contribuir para a pr pria evolu o 19 Oliveira 2006 p 88 no livro Ci ncia e Espiritualidade Psique e Transpessoalidade explicita o Paradigma da Espiritualidade O Paradigma da Espiritualidade contempla a religiosidade que leva a espiritualidade e contempla a ci ncia que em todas as reflex es mencionadas leva dimens o espiritual A dimens o espiritual a dimens o da aceita o do desconhecido do inesperado do imprevis vel com abertura toler ncia e di logo Religi o tamb m definida como Culto prestado a uma divindade cren a na exist ncia de um ente supremo como causa fim ou lei universal conjunto de dogmas e pr ticas pr prias de uma confiss o religiosa rever ncia s coisas sagradas HOUAISS 2003 Religiosidade a extens o na qual um indiv duo acredita segue e pratica uma religi o com um sistema de adora o com uma doutrina espec fica partilhada por um grupo O Dicion rio Houaiss 2003 define religiosidade como Qualidade do que religioso tend ncia para os sentimentos religiosos para as coisas sagradas conjunto de escr pulos religiosos ou de valores ticos que apresentam certo teor
146. 2001 INSINGER R M The impact of a near death experience on family relationships J Near Death Stud v 9 p 141 181 1981 IRWIN H J The near death experience as a dissociative phenomenon an empirical assessment J Near Death Stud v 12 p 95 103 1993 JANSEN K L R The ketamine model of the near death experience a central role for the N methyl D aspartate receptor J Near Death Stud v 16 p 5 26 1997 JAPIASSU H Nascimento e morte das ci ncias humanas 2 ed Rio de Janeiro Livraria Francisco Alves 1982 O mito da neutralidade cient fica Rio de Janeiro Imago 1975 JOSSO M C Experi ncias de vida e forma o S o Paulo Cortez 2004 JOUTARD P Desafios hist ria oral no s culo XXI In CONFER NCIA DA ASSOCIA O INTERNACIONAL DE HISTORIA ORAL 10 1998 Anais Rio de Janeiro 1998 JUNQUEIRA L C CARNEIRO J Histologia b sica 11 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2008 274 JUNG C G Psicologia e religi o 6 ed Petr polis Vozes 1999 KARDEC A O Livro dos Esp ritos 150 anos Edi o Comemorativa Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2006 a O Evangelho segundo o Espiritismo 126 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2006c O Livro dos M diuns 77 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2006b A G nese 50 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2006d O C u e o Inferno 60 ed Rio
147. Curriculares mas se afirma que uma refer ncia b sica a ser constru da com as perspectivas evolutivas urdidas na pr tica social e formativa que se vai gestando Ao percebermos assim a perspectiva hist rico cultural da sa de temos mutilado contudo a dimens o espiritual inerente ao ser humano A pr tica artesanal e cotidiana dos locais da sa de que estudo em meu trabalho junto Universidade volta se para o atendimento s popula es empobrecidas Os locais p blicos de atendimento s popula es pauperizadas costumam ter a hegemonia do modelo biom dico como norteador das pr ticas em sa de Neste modelo a produ o do significado feita pelas popula es sobre suas doen as e sobre seus processos de cura fica colocada margem devido ao modo objetivo mas redutor da a o que se erige dentro deste paradigma Assim que buscarei os significados que as pessoas t m produzido sobre seus processos de adoecimento e de cura tentarei incluir o que est sendo nomeado de dimens o espiritual nos cen rios discursivos vinculados s m es que t m seus beb s prematuros internados na UTI neonatal e na enfermaria M e canguru na MEAC UFC junto aos sujeitos atendidos no Posto de Sa de Novo Iracema em Maranguape que procuram o rezador e ou atendimento m dico tamb m na escuta a sujeitos que vivenciaram a experi ncia de quase morte EQM e as experi ncias de quase morte s mile as experi ncias de experi ncias fora do
148. DUARTE apud MINAYO ALVES 1994 p 83 88 V se na observa o de Duarte que o fen meno dos nervos pensado como modo cultural de reconhecer perturba es f sico morais indicado como uma esp cie de tentativa de superar reducionismos das vis es acad micas na tentativa de chegar mais perto do que os grupos culturais estudados pensam quando se referem a afli es ditas nervosas Prossigamos com Duarte O retorno a uma categoria tradicional teria neste caso a vantagem heur stica fundamental de relativizar n o endossar a priori as representa es modernas que sustentam nosso senso comum acad mico Seria neste caso mais prop cia a encaminhar o reconhecimento das condi es fundamentalmente simb licas culturais da experi ncia humana Os pr prios conceitos de doen a mental e de dist rbio psicossocial seriam assim casos culturalmente espec ficos do conjunto mais amplo das perturba es f sico morais por expressarem modos de sentido pr prios de nossa cultura o grifo nosso DUARTE apud MINAYO ALVES 1994 p 84 V se como os estudos da pr pria Antropologia M dica no Brasil ressaltam o modo como a nossa cultura percebe e sente o referido dualismo de um modo mais amplo observe que a cultura brasileira das classes populares que s o em geral as estudadas Nossa id ia a de que indo um pouco mais al m nessa hip tese percebemos que as classes populares n o assum
149. EITAS S M Hist ria oral possibilidades e procedimentos 2 ed S o Paulo Associa o Editorial Humanitas 2006 FRENCH C C Dying to know the truth visions of a dying brain or false memories Lancet v 358 p 2010 2011 2001 FREUD S O mal estar na civiliza o Rio de Janeiro Imago 2002 Obras completas de Sigmund Freud 2 ed Rio de Janeiro Imago 1987 v 9 GABBARD G O TWEMLOW S W With the eyes of the mind an empirical analysis of out of body states New York Praeger 1984 GARCIA J C La educacion m dica en la Am rica Latina S 1 1972 413 p OPAS OMS Publica o Cient fica n 255 270 GASPARIN J L Com nio a emerg ncia da modernidade na educa o 2 ed Petr polis RJ Vozes 1998 GUATARRI F ROLNIX S Cartografias do desejo Rio de Janeiro Vozes 1986 GEERTZ C A interpreta o das culturas Rio de Janeiro LTC 1989 O Saber Local novos ensaios em antropologia interpretativa 3 ed Petr polis Vozes 1997 GLOOR P Experiential phenomena of temporal lobe epilepsy Brain v 113 p 1673 1694 1990 GOHN M G Teoria dos movimentos sociais paradigmas cl ssicos e contempor neos 4 ed S o Paulo Edi es Loyola 1997 GOLISZEK A Cobaias humanas a hist ria secreta do sofrimento provocado em nome da ci ncia Rio de Janeiro Ediouro 2004 GOSWAMI A O universo autoconsciente como a consci ncia cria o mundo material S o Paulo Editora ALEPH 2
150. Educa o em 2001 Deus os aben oe e ampare nessa miss o maravilhosa da educa o Ao Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cear local que tenho a honra de pertencer pelo apoio de todos Departamento sede da Disciplina Medicina e Espiritualidade implantada no primeiro semestre de 2001 e que tem o compromisso de contribuir na forma o de m dicos melhores para o mundo Que as b n os divinas envolva a todos dando nos f for as e coragem para que jamais desanimemos diante dos desafios Maternidade Escola Assis Chateaubriand local do nascimento dos meus tr s filhos e de grandes aprendizagens vivenciando com minha gente momentos de alegrias e tamb m de sofrimentos os quais resultaram e resultam em crescimento Deus aben oe sempre mais A todos os sujeitos com os quais tive a honra de dialogar em meu campo empirico foram momentos nicos de aprendizado crescimento e transforma o e pe o as b n os de Deus para todos meus amigos para sempre A todos os professores examinadores Profa Dra ngela Bessa Linhares Profa Dra L dia Valeska Bonfim Pimentel Prof Dr Alan Marcos Neves da Silva Prof Dr Andr Luiz Peixinho e Prof Dr D cio Iandoli Jr pela valiosa contribui o e disponibilidade Deus os aben oe e recompense ALIAN A DA CI NCIA E DA RELIGI O A Ci ncia e a Religi o s o as duas alavancas da intelig ncia humana uma revela as leis do m
151. HEIM 1989 Para esta vertente de estudos a tica uma conven o social os princ pios ticos s o produtos de uma sociedade numa determinada poca A consequ ncia imediata deste entendimento que podemos criar uma tica de acordo com nossos interesses por exemplo os nazistas tiveram ou t m sua tica assim como a m fia possui sua tica Na perspectiva espiritualista o ser humano um ser espiritual al m de biol gico social psicol gico cultural ecol gico e c smico Frankl 2006 psiquiatra austr aco que passou por quatro campos de concentra o diz ue o ser humano al m da impulsividade inconsciente possui o inconsciente espiritual o q p gt P p 93 inconsciente n o se comp e unicamente de elementos instintivos mas tamb m espirituais A dimens o espiritual nesta compreens o vai al m do aspecto religioso possui uma vertente valorativa intelectual e art stica Como terapeuta experiente descobriu a religiosidade em estado latente no interior do sujeito muitas vezes s revelada atrav s da an lise dos sonhos inclusive de pessoas irreligiosas Frankl 2006 denomina tend ncia inconsciente para Deus ou estado inconsciente de rela o com Deus e constatou em seus estudos que s vezes nossa rela o com Deus pode ser inconsciente ou reprimida e assim oculta para n s mesmos Em seu trabalho terap utico Frankl 2006 fala do objetivo de tornar conscientes v rios aspectos reprimidos inclus
152. IN 2000 p 20 21 O desenvolvimento cient fico para Morin 2000 possui tra os que ele qualifica negativos quais sejam a fragmenta o do saber e o desligamento das ci ncias da natureza daquilo que se chama prematuramente de as ci ncias do homem De fato o ponto de vista das ci ncias da natureza exclui o esp rito e a cultura que produzem essas mesmas ci ncias e n o chegamos a pensar o estatuto social e hist rico das ci ncias naturais Por outro lado segundo Morin 2000 do ponto de vista das ci ncias do homem somos incapazes de nos pensar n s seres humanos dotados de esp rito e de consci ncia enquanto seres biologicamente constitu dos Tomando a hist ria oral tamb m como uma forma de compreender as narrativas e de pensar a vida social que utilizamos a formula o oral como leitura de experi ncia sustentada por uma s rie de entrevistas Inclu mos uma vis o de mem ria como trazendo o passado din mico e o inconsciente Como diz Bergson 2006 p 167 as imagens presentes em nossa percep o possuem uma exist ncia fora da consci ncia e pois no esp rito Koenig 2005 p 18 em seus estudos revela que as necessidades espirituais tornam se particularmente fortes nos momentos que as doen as amea am a vida uma situa o limite ou o modo de vida e que negligenciar a dimens o espiritual como ignorar o ambiente 50 social de uma paciente ou seu estado psicol gico e resulta em falha
153. Leis Divinas h uma for a misteriosa que os faz cair dentro dos seus enganos e de suas pr prias fraquezas A impenit ncia da civiliza o moderna corrompida de v cios e mantida nos seus maiores centros custa das ind strias b licas n o diferente do imp rio babil nico que caiu apesar do seu fast gio e da sua grandeza No banquete dos povos ilustres da atualidade terrestre l em se as tr s palavras fat dicas do festim de Baltasar Uma for a invis vel gravou novamente o Mane Th cel Phares na festa do mundo Em o Mito da Neutralidade Cient fica Japiassu 1975 considera que a doutrina kantiana j anunciara a epistemologia positivista que prepara o terreno para o cientificismo na medida em que reserva o nome de conhecimento exclusivamente para a experi ncia sens vel e o produto acabado sendo considerado o conhecimento cient fico Kuhn 1997 afirma que tanto as teorias quanto os dados na ci ncia dependem dos paradigmas predominantes na comunidade cient fica Paradigma definido por ele como um feixe de pressupostos conceituais metaf sicos e metodol gicos incorporados por uma tradi o de trabalho cient fico Com um novo paradigma os velhos dados s o reinterpretados e vistos de novas maneiras e buscam se novas esp cies de dados Na escolha entre paradigmas n o h regras ou crit rios determinantes absolutamente cient ficos tamb m h cren as e valores interesses e margens na ambi n
154. Prefeitura O que me sustenta a base familiar na fam lia a pessoa tem o primeiro contato com a espiritualidade tica postura A fam lia fruto do amor de Deus Na minha fam lia adquiri minha base espiritual Minha vida n o minha de Deus a gente precisa entender o plano de Deus Eleve o nome de Deus com a minha hist ria Quero fazer alguma coisa pelas pessoas tenho consci ncia pol tica Nos relatos dessas m es que vivenciaram e vivenciam situa es limite observo que a experi ncia espiritual uma experi ncia de transforma o e aprendizado Vimos acima como Violeta utiliza a matriz de pensamento que possui com rela o transcend ncia para lhe nortear na produ o de significa es Veja se como ela conscientemente alude ao que aprendeu Aprendi tanta coisa Percebi que a miseric rdia de Deus infinita Deus est ali caminhando com voc Aprendi a ser mais humilde a ouvir mais a se mais conselheira a ser mais forte Aprendi a lutar muito pelas coisas aprendi a ficar longe de casa Vemos como as m ezinhas percebem e se referem import ncia da conex o com a Divindade nos momentos cr ticos Koenig 2005 p 18 em seus estudos recomenda a necessidade de se apontar os apectos espirituais das doen as e que nossas necessidades espirituais tornam se particularmente fortes em tempos que as doen as amea am a vida ou o modo de vida Em todos os di logos durante essa pesquisa conforme as narrati
155. REYSON 1998b PARNIA FENWICK 2002 Van Lommel et al 2001 ressaltam que h um aumento nos relatos de EQM devido s modernas t cnicas de reanima o melhorando a sobreviv ncia Relatam que o conte do e o efeito nos pacientes parecem similares ao redor do mundo nas variadas culturas O vocabul rio usado para descrever e para interpretar a experi ncia de EQM pelos sujeitos que a vivem carrega o cunho individual cultural e religioso de cada indiv duo Van Lommel et al 2001 deduziram de seus estudos que a experi ncia de quase morte pode ocorrer em v rias circunst ncias parada card aca em infarto do mioc rdio morte cl nica perda de sangue no p s parto ou em complica es per operat rias choque s ptico ou anafil tico choque el trico coma resultante de dano cerebral hemorragia intracraniana ou infarto cerebral tentativa de suic dio afogamento apn ia e asfixia Tais experi ncias s o relatadas tamb m por pacientes com depress o s ria ou sem causa definida em pessoas inteiramente conscientes NDE are reported in many circumstances cardiac arrest in myocardial infarction clinical death shock in postpartum loss of blood or in perioperative complications septic or anaphylactic shock electrocution coma resulting from traumatic brain damage intracerebral hemorrhage or cerebral infarction attempted suicide near drowning or asphyxia and apnoea Such experiences are also reported by patients with se
156. RNER et al 1995 A referida Academia na quarta edi o de seu Manual de Diagn stico e Estat stica dos Transtornos Mentais realmente advertiu contra a interpreta o equivocada de experi ncias espirituais ou religiosas como transtornos mentais nessa categoria n o patol gica que ancora a experi ncia religiosa ou espiritual em que se situa a EQM Pode se admitir contudo que chegar pr ximo da morte um evento traum tico que pode levar a sofrimento psicol gico cl nicamente significativo diminui o da capacidade funcional e necessidade de atendimento psiqui trico Greyson 2003b j relatara em seus estudos com pacientes que se apresentaram pela primeira vez a uma cl nica psiqui trica ambulatorial que 33 deles narraram ter estado perto da morte e que entre estes 22 7 da popula o total de pacientes registraram terem vivido EQMs 220 Nessa dire o Greyson 2007 testou a confiabilidade dos relatos de sujeitos que vivenciaram experi ncias de quase morte concebeu e administrou uma escala de EQM inclusive uma medida quantitativa aos mesmos indiv duos em duas ocasi es com um intervalo de aproximadamente vinte anos no in cio da d cada de 1980 e outra vez em 2000 N o foram encontradas evid ncias de que as pessoas que passaram por uma EQM modificam seus relatos com o passar do tempo romantizando os Os resultados mostraram que n o se verificou diferen a estat stica significativa entre as pontu
157. RRINGTON A The effect an interdisciplinary expoloration Cambridge Harvard University Press 1997 260 p HELLMAN H Grandes debates da ci ncia dez das maiores contendas de todos os tempos S o Paulo Editora UNESP 1999 HELMAN C G Cultura sa de e doen a 4 ed Porto Alegre Artmed 2003 HENRY J P Psychological and physiological responses to stress the right hemisphere and the hypthalamo pituitary adrenal axis an inquiry into problems of human bonding Acta Physiol Sacand v 161 n 640 p 10 25 1997 HEIM A Von St G Notizem ber den Tod durch absturz Remarks on fatal falls Jahrbuch des Schweitzerischen Alpenclub v 27 p 327 337 1892 HERZOG D B HERRIN J T Near death experiences in the very young Crit Care Med v 13 p 1074 1075 1985 273 HINSCH J Functional neuroimaging during altered states of consciousness how and what do we measure Prog Brain Res v 150 p 25 43 2005 HOBSBAWM E A era das revolu es 1789 1848 10 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1996 IANDOLI Jr D A reencarna o como lei biol gica S o Paulo FE Jornal stica 2004 Fisiologia transdimensional 3 ed S o Paulo FE Editora Jornal stica 2007 INCONTRI D Pestalozzi educa o e tica S o Paulo Scipione 1996 Pedagogia esp rita um Projeto Brasileiro e suas Ra zes Hist rico Filos ficas Tese Doutorado Faculdade de Educa o Universidade Federal de S o Paulo S o Paulo
158. a es da escala de EQM nos dois momentos de sua aplica o Greyson 2007 informa que as mudan as observadas nas pontua es da escala n o foram associadas significativamente com o intervalo de tempo decorrido desde a EQM Esse estudo sugere que os relatos das experi ncias de EQM s o confi veis ao longo de um per odo de duas d cadas o que sustenta a validade dos estudos em que a EQM ocorreu em anos anteriores investiga o Os estudos tamb m mostram que muitos poucos tra os ou vari veis pessoais foram identificados para que se pudesse predizer se uma pessoa ter uma EQM ou que tipo de experi ncia poder ter Pesquisas e estudos retrospectivos com pessoas que vivenciaram uma EQM demonstram que essas pessoas s o sujeitos psicologicamente saud veis que n o diferem dos grupos controle em rela o idade ao g nero etnia religi o religiosidade ou a sa de mental GABBARD TWENLOW 1984 GREYSON 1991 IRWIN 1985 SABOM 1982 Com medidas para estudo de sofrimento psicol gico Greyson 2003b constatou que a experi ncia de vivenciar uma proximidade com a morte estava associada a um maior sofrimento psicol gico mas o fato de passar por uma EQM parece ter efeito protetor para o trauma O percentual de pacientes nesse estudo que referiu uma EQM foi comparado com os achados na popula o geral GREYSON 1998a essas an lises sugeriram tamb m algo que desde j devemos afastar que a doen a mental por si n
159. a A ambul ncia come ou a apresentar defeito em Itapag Me entreguei nas m os de Deus e pensei Meu Deus se voc quiser me levar pode me levar se voc quiser que eu viva aben oe a mim e a meu filho e vai dar tudo certo A ambul ncia deu o prego A bateria come ou a falhar as luzes se apagaram As pessoas quiseram me tranquilizar que tinha medica o at amanhecer o dia eram duas horas da manh Minha irm vinha com uma lanterna o motorista fazia de tudo At que a ambul ncia morreu Empurraram a ambul ncia Me vali do meu av Ant nio j falecido ele era um bom mec nico tudo ele resolvia Pedi permiss o a Deus para meu av ajudar O motorista disse que precisava de um parafuso Ent o o motorista de repente conseguiu um ossinho e colocou na bateria e funcionou Ele disse Nunca perdi um paciente na ambul ncia N o perca a f Minha press o estava 18 por 8 Eu disse ent o Estou conformada O motorista ligou para o resgate N o fiquei com raiva Fiquei tranquila o tempo todo Disse a minha irm e auxiliar de enfermagem Se eu morrer diga a todo mundo que sou muito agradecida por tudo s 6 30 horas da manh chegou a UTI m vel de Tiangu O motorista disse A mulher est morrendo Com duas horas de viagem chegamos em Fortaleza na Maternidade Escola Dr Willon j tinha falado com o m dico daqui Fiquei o dia sendo medicada noite fui para a ces rea eu estava piorando
160. a O saber 297 compartilhado deve levar a uma compreens o compartilhada fundamentada no respeito absoluto s alteridades unidas pela vida comum numa s e mesma Terra Artigo 14 Rigor abertura e toler ncia s o as caracter sticas fundamentais da vis o transdisciplinar O rigor da argumenta o que leva em conta todos os dados o agente protetor contra todos os poss veis desvios A abertura pressup e a aceita o do desconhecido do inesperado e do imprevis vel A toler ncia o reconhecimento do direito a id ias e verdades diferentes das nossas ARTIGO FINAL A presente Carta da Transdisciplinaridade est sendo adotada pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade n o se reclamando a nenhuma outra autoridade a n o ser a da sua obra e da sua atividade Segundo os procedimentos que ser o definidos em acordo com os esp ritos transdisciplinares de todos os pa ses a Carta est aberta assinatura de todo ser humano interessado em medidas progressivas de ordem nacional internacional e transnacional para aplica o dos seus artigos nas suas vidas Convento da Arr bida 6 de novembro de 1994 Comit de Reda o Lima de Freitas Edgar Morin e Basarab Nicolescu ANEXO D TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Universidade Federal do Ceara Faculdade de Educa o Doutorado em Educa o Brasileira TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO T tulo da Pesquisa A cons
161. a Quando a pessoa n o quer s vender sua for a de trabalho no posto ela pensa que h algo mais na cura e vai fazer curativo voluntariamente no final da tarde por exemplo como o caso da Ametista As pessoas v o buscar refer ncias em reflex es que extrapolam o modelo biom dico Essas refer ncias de sentido que as pessoas v o buscar corporificam se em pr ticas sociais concretas Mesmo que os paradigmas n o hegem nicos emergentes n o tenham proemin ncia cient fica sobretudo na rea m dica as lutas da educa o popular em sa de inseriram no contexto do SUS a id ia de que h saberes n o hegem nicos que tamb m se situam na perspectiva do cuidado e mesmo da cura A experi ncia espiritual vai adquirir seu vigor tamb m ao dialogar com as refer ncias de outra dimens o como a afetiva a moral a tica est tica e a intuitiva E a experi ncia espiritual embora dialogue com todas essas dimens es n o se reduz a elas e necessita de 127 refer ncias de um paradigma que d sustenta o e que torne intelig vel processos causas agentes estados vinculados ao adoecer cura e ao cuidado que extrapolam essas dimens es A seu modo cada um vai buscar interpretar o que seria a doen a da alma e n o vai interpretar dentro do paradigma biom dico a partir do qual a cura est no corpo que adoece Essas pessoas lidam com o esp rito com a alma com a id ia reencarnacionista numa teia sem ntica num campo sem
162. a exemplifica o pressentimento de Morin 2002 p 18 de que a engenharia gen tica tanto pode industrializar a vida como biologizar a ind stria o DNA de cada pessoa representa um tipo especial de propriedade por conter uma informa o diferente de todos os outros tipos de informa o pessoal O DNA representa sua programa o biol gica que traz as dimens es de um passado um presente e um futuro Como Sabe se que o gen tipo n o determina o fen tipo ele determina uma gama de fen tipos poss veis para uma norma de rea o logo estabelece uma gama de possibilidades PENA 2000 N o existem genes intrinsecamente bons nem maus Pena 2000 explicita que a medicina preditiva como o pr prio nome indica a capacidade de fazer predi es quanto possibilidade de que o paciente venha a desenvolver alguma doen a com base em testes laboratoriais em DNA um diagn stico pr sintom tico Haveria um potencial iatrog nico importante nesse caso tico fazer o diagn stico de doen as que n o t m cura Qu o confi veis s o os testes preditivos Quais as conseq ncias de indiv duos sadios ficarem sabendo do seu destino m dico Os laborat rios que oferecem testes preditivos evitar o erros que poder o ser devastadores e n o ser o guiados por interesses de mercado Como podem os 28 indiv duos sadios ser protegidos de discrimina o por seguradoras e empregadores potenciais E vidas poder o ser salvas com esses test
163. a a constru o de novas realidades S o Paulo Hucitec 2004 REZENDE J de Obstetr cia 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005 281 RING K COOPER S Mindsight near death and out of body experiences in the blind Palo Alto CA William James Center Institute of Transpersonal Psychology 1999 RING K LAWRENCE M Further evidence for veridical perception during near death experiences J Near Death Stud v 11 p 223 229 1993 RODIN E A The reality of death experiences a personal perspective J Nerv Ment Dis v 168 p 259 263 1980 ROS M A Educa o m dica em transforma o instrumentos para a constru o de novas realidades S o Paulo Hucitec Associa o Brasileira de Educa o M dica 2004 ROSEN G Da pol cia m dica medicina social ensaios sobre a hist ria da assist ncia m dica Rio de Janeiro Edi es Graal 1979 SAAVEDRA AGUILAR J C G MEZ JERIA J S A neurobiological model for near death experiences J Near Death Stud v 7 p 205 222 1989 SABOM M B Recollections of death a medical investigation New York Harper and Row 1982 Light and death one doctors fascinating account of near death experiences Michigan Zondervan Publishing House 1998 SALDANHA V A psicoterapia transpessoal Rio de Janeiro Record Rosa dos Ventos 1999 SANTOS B S A cr tica da raz o indolente contra o desperd cio da experi ncia S o Paulo Cortez 2000 Um
164. a contextos de cr tica e reflex o vinculados a paradigmas emergentes A Faculdade de Educa o da Universidade Federal do Cear assume papel importante na reflex o sobre paradigmas ao colocar a Espiritualidade como linha de pesquisa tema inovador e ousado para uma poca de um materialismo desumanizador orquestrado pelo capitalismo hegem nico Espiritualidade um termo poliss mico e possui v rias possibilidades de tratamento e educa o H a espiritualidade para c ticos assim denominada por alguns fil sofos SOLOMON 2003 desvinculada do transcendente que uma corrente de estudiosos hoje levanta junto educa o popular VASCONCELOS 2006 H os que compreendem a espiritualidade como a capacidade humana de autotranscend ncia na linha de pensamento de Heidegger Para outros a espiritualidade a conex o com a divindade com o devir do humano em seu caminho de perfectibilidade A religi o uma forma certamente importante de lidar com a espiritualidade nos contextos sociais tem sido colocada ap s as cr ticas ocidentais como ref gio do pensamento m tico ou do formalismo religioso Poder se ia dizer que a espiritualidade retoma a conex o da ci ncia da filosofia e da religi o e que concretamente tenta realizar a busca de significado para a vida a procura de unidade e o contato com a natureza com a humanidade e com o transcendente O Esp rito Emmanuel atrav s da psicografia de Chico Xavier 2008 p 44 assim
165. a cura e que nessa hora tem uma coisa em mim Helena perguntou Eu vi outro dia a senhora falando outras l nguas voc Minha reza do Esp rito Santo de Deus A espinhela e a arca depois dela emborcar assim mata uma pessoa Eu rezo en o recebo nada de ningu m N o vendo minha reza por dinheiro nenhum desse mundo Batendo aqui n o est na porta da caridade Ent o eu n o posso cobrar Mas Deus manda Na hora que eu mais tou necessitando chega uma coisinha assim alimentos Deus sempre manda Dona fulana pede de cinco ma os de vela e faz umas garrafadas pra vender Grrafada de erva Dram o tijolo a ela dona fulana Muita coisa Ela era pobrezinha e come ou nos terreiros de macumba e foi no espiritismo Helena A dona Siqueira j faleceu Icl ia Era macumbeira na igreja quando tinha missa o padre n o deixava ela entrar Helena Uma vez tamb m a Eliane que tinha Centro Esp rita ia entrando na igreja e o padre n o deixou ela entrar Icl ia Eu n o tenho nada contra religi o nenhuma mas eu s acredito no dom que vem desde o ventre da m e E eu vou levando at onde o vento faz a curva Douglas 1976 observa que as cren as que atribuem poder espiritual aos indiv duos nunca s o neutras ou livres dos poderes dominantes da estrutura social Observa ainda a autora DOUGLAS 1976 que h cren as em que o pr prio sistema excepcionalmente destitu do de estrutura formal evidente
166. a evidente a venda de partes de corpos de beb abortados doados pelas cl nicas de aborto que contornam a lei e que s ovendidos de forma indireta pesquisadors que precisam de partes do corpo 100 Os beb s s o retalhados vivos afim de n o serem danificadas as pe as solicitadas existem empresas que processam mais de 1500 fetos por dia e anunciam abertamente tecido de primeira qualidade de pre os mais acess veis mais frescos preparados segundos as especifica es do comprador e entregue na quantidade necess ria e no momento que o cliente o desejar GOLISZEK 2004 Nesse livro alguns t cnicos especializados em colher tecidos fetais relatam de forma impressionante como partes das crian as ainda vivas quase a termo s o desmembradas e os beb s se mechendo respirando com o cora o batendo Vejamos um pouco do depoimento de Lawrence Dean Alberty Jr GOLISZEK 2004 p 385 Ao assumir o trabalho como t cnico de aquisi o de tecido fetal tive a impress o de que o que eu iria fazer tornaria a vida melhor para pacientes com doen a de Parkinson de Alzheimer e pacientes com c ncer Nunca fui levado a acreditar que o tecido seria outra coisa sen o til para aqueles em necessidade O que me fez mudar de id ia foi assistir abortos quase no fim do termo ver seus olhos olhando para mim quando cortava seu cr nio para extrair o c rebro para pacientes com Parkinson e Alzheimer cortar para abrir suas cavidades t
167. a extremamente forte Subitamente estava do outro lado e todos os sofrimentos tinham acabado Eu tinha perdido todo o interesse e apego vida biol gica Percebi que a fronteira entre a vida e a morte uma estranha cria o de nossas mentes horripilante e real quando percebida deste lado o lado dos vivos e ainda assim insignificante quando percebida do outro lado Minha primeira impress o foi uma total surpresa Como eu podia existir de um modo t o confort vel e como podia perceber e pensar estando morto e n o tendo corpo Olaf Sunden sentiu se flutuando em um universo sem fronteiras sentiu um total entendimento permanecendo em uma brilhante luz alaranjada e viu o universo como um sistema de reduzidas bolhas de sab o Sentiu sua mente dividindo se em partes Lembro me de pensar Por favor deixe me entender esta nova f sica da relatividade Depois senti um solavanco fiquei preso em um canal e fui transportado com tremenda for a para dentro do meu corpo Olaf possui cerca de cem patentes qu micas e descobriu uma maneira de incluir um produto que economiza madeira na produ o de papel O estudo do grupo de Van Lommel 2001 m dico cardiologista chefe do Hospital Rijnstate em Arhem Holanda relata uma experi ncia ver dica de experi ncia fora do corpo de um paciente ressuscitado reproduzido em seguida pois ela est no cerne desta pesquisa Essa experi ncia fora do corpo foi relatada ao pesquisador por uma en
168. a n lise est centrada em salientar as experi ncias que considero significativas Embora saiba que cada sujeito se apropria da interpreta o de acordo com sua pr pria representa o 180 4 9 Aprofundando mais Falar de diferentes lugares ao mesmo tempo Me pergunto em ltima inst ncia se a confus o de n veis ao relatar a experi ncia n o minha nica maneira de relatar literalmente o vivido Eduardo Pavlovsky Poder amos lembrar que a pessoa estabelece de algum modo di logo com seu sintoma Tamb m poder amos pensar que o di logo com seu sintoma que a pessoa vai vivenciar ao tom lo como problema uma experi ncia de si importante Os caminhos que v o ser trilhados e as perguntas que a pessoa vai fazer a si ser o nesse percurso de tentar dar significado ao seu sintoma de ordens diversas junto a essas modalidades de perguntas nesse processo de aprendizagem instigado pelo sintoma que a pessoa tenta desocultar o que vela a si pr pria ent o que o sintoma faz se problema de aprendizagem desafio pessoa que entre tantas atitudes ante o oculto pelo sintoma a doen a ou o que causa dor para a pessoa vai fazer perguntas que se reportam ao que ela pr pria vai considerar da ordem do que espiritualidade Simbolizando elaborando explica es sobre o vivido a partir do que se vela ao seu entendimento a pessoa ensaia apropriar se de uma ordem de saber que remete totalidade da vida e de
169. a nossa exist ncia Das viv ncias de intensidade particular produz se sentido para o vivido consigo mesmo com o nosso ambiente humano e natural As experi ncias relacionam pr tica social e sentido e s o um movimento da consci ncia e da tarefa de pensar o pensamento O modo como compreendo experi ncia inclui seu aspecto existencial juntando a este dimens es costumeiramente apartadas como o sentir o pensar e o fazer uma vez que se 31 chega a um trabalho reflexivo sobre o que se passou a partir do que foi percebido sentido realizado e pensado As narrativas simbolizam nossa compreens o das coisas e a falha do olhar constituem refer ncias do que se aprendeu experienciando a vida e do que se deixa como pergunta na pr pria hist ria s o met foras da realidade pessoal e social mostram os sentidos acostumados e os pontos de ruptura apontando devires As narrativas fazem o sentido j posto transbordar e n o caber no costume preserva o e cria o fechamento e abertura lugar de configura es sedimentadas e de fermenta o do novo Josso 2004 enfatiza que a narrativa das experi ncias permite explicitar a singularidade dos sujeitos a partir da qual suas experi ncias fundadoras aparecem S o experi ncias que dizem respeito ao todo da pessoa sua identidade profunda maneira como o campo consciencial amplia sua lucidez A id ia de experi ncia com a qual trabalho toma de Josso 2004 a necessidade de co
170. a que O Esp rito de uma pessoa viva isolado do corpo pode aparecer como o de uma pessoa morta e ter todas as apar ncias da realidade e mais pelas mesmas causas que explicamos pode adquirir uma tangibilidade moment nea Este fen meno designado sob o nome de bicorporeidade que deu lugar s hist rias de homens duplos quer dizer de indiv duos cuja presen a simult nea foi constatada em dois lugares diferentes Dois exemplos tirados da hist ria eclesi stica o de Santo Alfonso de Liguori e o de Santo Ant nio de P dua Durante a vida esp rito jamais est completamente desligado do corpo KARDEC 2006a Em O Livro dos Esp ritos Kardec 2006a p 123 124 nomeia o envolt rio semimaterial do esp rito o qual conecta o esp rito ao corpo f sico Z Assim como o g rmen de um fruto envolvido pelo perisperma o Esp rito propriamente dito revestido por um envolt rio que por compara o se pode chamar perisp rito O Esp rito tira o envolt rio semimaterial do fluido universal de cada globo E por isso que ele n o o mesmo em todos os mundos Passando de um mundo a outro o Esp rito muda de envolt rio como mudais de roupa Em todos os relatos estudados os sujeitos se compreendem como individualidades extra corp reas capazes de experi ncias extra corp reas com identidade consci ncia mem ria intelig ncia demonstrando assim a exist ncia de um corpo et reo conectado ao corpo som t
171. a quem a gente vai fazer a ora o Esta ora o Okiyome a oportunidade de fazer esta arte Mahikari Eu aceitei o convite da pessoa que veio fazer esta arte por aqui a arte que venera os antepassados Voc acha que o Mahikari uma reza Ser que um jeito da pessoa n o se vincular aos rezadores mais populares uma filosofia japonesa muito rigorosa Pra voc manusear o sagrado Omitama tem de lavar a boca os olhos Quando voc passa por um per odo de febre de muita coisa que acontece a gente passa s vezes por um processo de limpeza vomitando com diarr ia Eu outro dia fui para um semin rio que eu pensei que n o ia agiientar de repente senti a presen a do meu pai Chorei Quando veio um orientador conversar comigo pediu para eu me desfazer das pe as de roupas que eu tivesse dele do meu pai Quando voc recebe a ora o o esp rito que est perto de voc por algum motivo de afinidade ele que est perto vai fazer o treinamento dele e ajudado O treinamento dele na terceira dimens o Quando a pessoa est doente e recebe a reza o esp rito que est sendo ajudado no momento da ora o o esp rito sai e vai receber o treinamento dele O esp rito influencia muito mas voc pode trazer coisas de vidas passadas coisas que voc n o compensou nas vidas passadas e que veio para essa vida A doen a est na alma da pessoa por conta do que a pessoa vivenciou O c ncer s o as ang stias o q
172. a sua pr xis social adquire novo lume se considerarmos a perspectiva reencarnacionista no contexto do pensamento esp rita No cen rio de um pensamento que transcenda o limite da unicidade da exist ncia e da localidade terrena no concerto evolutivo do humano poder amos alcan ar uma vis o que comporte a inteireza do humano Desse modo tamb m estar amos a pressupor a necess ria desnaturaliza o do desamor no mundo social e nos sujeitos impulsionando um contato mais profundo com a transforma o das estruturas que causam o sofrimento pessoal e social Como diz Herculano Pires 185 Assim para usarmos uma express o de Tagore a religi o do homem seria a nova homogeneidade em que a educa o poderia reconstruir se n o mais na base ing nua de certezas tradicionais mas na base din mica da expans o do conhecimento em busca de novas dimens es do esp rito PIRES 1985 p 36 A forma o desse homem novo ent o como diz Herculano Pires apontaria para a id ia de uma humanidade c smica como se pode ver Com isso n o queremos dizer que toda a humanidade se converta ao espiritismo mas t o somente que os princ pios fundamentais do espiritismo ser o as coordenadas do futuro marcando o mbito conceptual e tico da nova forma o educacional PIRES 1985 p 62 Saldanha 1999 p 29 33 ressalta a valoriza o do divino de forma intr nseca desconectado na maioria das vezes das religi es institu d
173. a vez que descri es similares s o trazidas pelo campo significante das experi ncia de quase morte Como j mencionamos Van LOMMEL et al 2001 entre as circunst ncias em que se observa acontecer as EQM temos a parada card aca por infarto do mioc rdio o choque 227 hipovol mico p s parto o choque s ptico choque el trico as hemorragias intracranianas as tentativas de suic dio os afogamentos os pacientes com doen as graves as pessoas com depress o s ria os pacientes com risco de morte ou sem causas definidas e as pessoas inteiramente conscientes aqui se situam os chamados por Bozzano e por Allan Kardec de desdobramentos De in cio Bozzano 2006b afasta dessas experi ncias fora do corpo a hip tese alucinat ria dizendo que um eu pessoal consciente divisa a dist ncia um duplo do seu corpo capaz de se afastar dele com consci ncia perfeitamente l cido na sua individualidade Por sua vez afirma van Lommel et al 2001 que experi ncias de quase morte que incluem tamb m desdobramentos nos moldes do pensamento esp rita podem ocorrer em doentes em estado terminal doen as em fase terminal ou em situa es nas quais o contexto significante da morte parece presente H pois nesta abordagem de van Lommel e colaboradores a inclus o de maior espectro de fen menos considera ainda a equipe do estudioso holand s que est o no mbito das EQM as experi ncias em que ocorrem o medo da morte em sit
174. a vinte e um da eu vim de Sobral fazer a cesariana e ficar aqui em Fortaleza Como voc buscava entender o que lhe acontecia Primeiro eu perguntei a Deus Eu perguntava por que Deus estava me colocando essa prova o na minha vida E Deus me respondeu depois que eu fui buscando perguntar isso dentro de mim que a Let cia tinha vindo para eu me conformar Deus tinha mandado a Let cia para mim nessa prova o Ele me respondeu assim Como voc foi perguntando procurando essa resposta Ah de muitas formas Eu vinha pensando perguntando a Deus quando meu noivo chegou a dizer arranje outra pessoa voc tem jeito de refazer a sua vida Eu acho que a Let cia dentro de mim me ajudava a continuar a procurar entender a continuar minha rotina de sempre Deixei de ir a festas eu ia muito com ele meu noivo e fui passando a n o pensar tanto nele a pensar nela na Let cia Mas no come o n o eu n o sabia da exist ncia dela e pensava que minha press o subia porque eu via meu noivo com outras namoradas e porque dava muito plant o para esquecer o sofrimento Quis chorar mas continuou logo que sorriu para n s Eu achava tamb m que quando ele soubesse da exist ncia da filha dele da Let cia ele ia pensar ia se preocupar ia gostar dar carinho mas n o foi isso que aconteceu Por isso eu ia perguntando a Deus por que essa prova o Hoje ele passa mensagem e quer saber de tudo dela parece que est se arr
175. acionais que envolvem adoecimento e cura devo fazer um primeiro enquadramento tomo os processos de sa de e doen a como experi ncias das pessoas e n o de rg os ou de partes do corpo RABELO et al 1999 E no percurso do adoecimento e cura que um sujeito busca dar significado ao que vivencia RABELO et al 1999 na busca de dar significado ao que o sujeito vive que o sujeito traz dimens es que foram obscurecidas no modo biom dico de fazer ci ncia entre as quais a dimens o espiritual que remete o ser a compreens es de si que extrapolam o reducionismo organicista 18 Conceitos como religiosidade espiritualidade n o s o consensuais O Dicion rio Oxford SIMPSON WEINER 1989 define esp rito como a parte imaterial intelectual ou moral do ser humano O Dicion rio Houaiss 2001 define esp rito como a parte imaterial do ser humano alma subst ncia imaterial incorp rea inteligente consciente de si onde se situam os processos ps quicos a vontade os princ pios morais Em O Livro dos Esp ritos KARDEC 2006a temos que O esp rito o princ pio inteligente do Universo pergunta de n mero 23 Na pergunta n mero 79 temos Os Esp ritos s o a individualiza o do princ pio inteligente como os corpos s o a individualiza o do princ pio material Na pergunta n mero 76 temos Pode se dizer que os Esp ritos s o os seres inteligentes da Cria o povoam o Universo fora do mundo ma
176. ado utilizando o pr prio mundo explicativo ou compreensivo dos nativos ou dos informantes que vivenciam estas experi ncias Em minha ambi ncia pesquisadora devo por m considerar al m da vis o dos informantes ou dos sujeitos da pesquisa tamb m o pensamento Esp rita como lugar que me informa e me ajuda a dialogar com o mundo do sagrado vivido pelos rezadores e pelos outros sujeitos que vivenciam o que v m a nomear a experi ncia espiritual importar assinalar que fa o uma tese multirreferenciada onde a vis o educacional se vincula a medicina a vis o Esp rita vista como ci ncia filosofia e religi o como acentua Kardec e tamb m por vezes trago cena a antropologia como lugar do estudo do humano para o f rtil di logo que travo sobre a experi ncia espiritual e o estrangulamento do modelo biom dico Evidentemente que as experi ncias de cuidado e cura vivida pelos rezadores e pelos sujeitos que procuram as rezas tamb m encenam dramas pessoais e sociais al m de funcionar como mediadores do di logo com o sagrado que acontece no lugar Como dizem 109 grande parte dos estudos de antropologia m dica Rabelo 1993 os rituais simbolizam transforma o al m de crise e afli o TURNER 2005 p 38 Por serem dramas pessoais e sociais e simbolizarem transforma es estou a nomear este momento de di logo com o sagrado que a experi ncia espiritual como dramas de transforma o espiritual Os dramas de transfo
177. aliza es Durante a d cada de 50 v rias confer ncias e semin rios discutiram as diretrizes da medicina preventiva destacando se em 1952 a de Colorado Springs da Associa o Americana de Col gios M dicos em 1953 a de Nancy das Escolas Europ ias em 1953 o Primeiro Congresso Mundial sobre Educa o M dica realizado em Londres em 1955 a Confer ncia de Educa o M dica na India em 1958 a Confer ncia Regional do Pac fico em Manila e a Confer ncia de Medicina Preventiva no Ira LAMPERT 2002 As escolas m dicas latino americanas foram influenciadas por essas discuss es que gestavam a id ia de um novo paradigma capaz de se contrapor ao modelo flexneriano Os semin rios de Vin del Mar Chile em 1955 e Tehuac n M xico em 1956 sob ausp cio da Opas OMS GARCIA 1972 influenciaram tamb m a id ia de um novo paradigma com o advento da proposta da medicina preventiva No ano de 1978 v se um marco hist rico relevante a Declara o de Alma Ata sob o lema ut pico Sa de para todos no ano 2000 Por m s em 1986 na Confer ncia de Otawa foi formulada oficialmente a proposta Promo o da Sa de ampliando o entendimento de sa de como qualidade de vida identificando determinantes da sa de al m da esfera do biol gico No Brasil os dois marcos hist ricos fundamentais na medicina preventiva e da promo o da sa de foram a VIII Confer ncia Nacional da Sa de 1986 e o movimento da Reforma Sa
178. almente n o t m voz nas pesquisas devo dar voz a pessoas que lidam concretamente com situa es de cura e adoecimento buscando compreender nestes processos o que est o a significar como dimens o espiritual que esse modo de lidar no mundo a partir dessa condi o de ser espiritual Dar voz a sujeitos quando articulam um sentido de totalidade para a vida ver como fazem reflex es sobre suas experi ncias como ser espiritual em momentos de adoecimento e cura Pretendo ouvir suas falas e tentar captar como as pessoas significam esse processo de adoecimento e cura e essa id ia de ser espiritual atrav s de suas narrativas entrevistas e hist rias de vida tem tica Tento compreender os campos de significa o no processo de adoecimento e cura e que se referem a uma ordem de fen menos que estamos a nomear como 41 da ordem do espiritual da transcend ncia Devo perceber como se referem a esta experi ncia que nomeio espiritual quando parecem organizar o seu universo simb lico e sua percep o a partir de fen menos que apontam para uma nova concep o do sujeito das pr ticas em sa de Dentro desse solo de reflex es parto da id ia de que o ser humano elabora seu processo de adoecimento e cura muitas vezes tamb m sob o prisma de sua compreens o sobre a pr pria espiritualidade Percebo como pertinente que o profissional da rea de sa de deva ter em conta que quando adoece ou tenta sua cura um sujeito inquire essa dime
179. am a mulher est desenganada Quando disseram que iam me botar no Frot o eu fiz voto com a senhora do Monte Serrado e eu chorando pedi a Deus que segurasse minha m o Clamei a miseric rdia do meu Divino Mestre A dor veio profunda como se eu fosse ter crian a Quando chegou no caro o ele n o tava mais l Tomei banho depois de passar a m o na barriga e o caro o tinha sumido Mesmo assim fui ao Frot o O m dico que tinha me desenganado se espantou Ficaram besta de ver que n o tinha nada mais l As representa es sobre corpo dos que v o ao Posto de Sa de condicionam muitos dos relatos do que lhes aconteceu do que acontece aos rezadores Os depoentes mostram que a doen a est no corpo que a doen a est na alma que a doen a vem da alma No caso da Icl ia n o h produ o simb lica para dar conta das novas refer ncias que extrapolam o paradigma biom dico Em sua fala Icl ia relata sobre guardar segredo sobre guardar coisas parecendo que ia confidenciar algo que nunca havia revelado e que queria dar id ia de como era dif cil carregar num jogo de linguagem Leva o segredo dos doentes para o t mulo Ela est no princ pio de s ndrome de p nico com medo de ir ao quintal Tenta desqualificar os outros rezadores porque s o vinculados religi o Ela se remete a uma reflex o sobre pureza e sobre impureza distinguindo se como se fosse mais pura como se o seu poder viesse direto do Esp rit
180. ampliar a esfera das liberdades pessoais para o maior n mero de pessoas NOBRE 2003 Nesta perspectiva os pacientes em estado terminal crian as com defici ncias severas idosos com doen as degenerativas dentre outros est o fora dos padr es estabelecidos e teriam indica o de deixar de existir a morte seria um objetivo a atingir rebaixando o ser humano da condi o de sujeito para a de objeto Na pr tica a coisifica o da pessoa j ocorre na pr tica resultante da aplica o destes ltimos modelos bio ticos A forma o tica e t cnica dos profissionais de sa de objeto de preocupa o crescente nas escolas m dicas corpora es e sociedade H insatisfa o em todos os seguimentos com a assist ncia sa de decorrentes de falhas na forma o tica e t cnicas dos profissionais O problema complexo e tem v rias perspectivas e movimentos programas e projetos de humaniza o t m refletido esta preocupa o O caminho a percorrer longo e estudos t m apontado propostas que consideram o desenvolvimento sociomoral do indiv duo no caso os profissionais de sa de inclusive como estrat gia de supera o das limita es impostas pela tica profissional deontol gica a qual insuficiente para as novas necessidades dos referidos profissionais REGO 2004 Os c digos de tica sabidamente t m suas fun es classificadas em interesses das corpora es e em interesses da sociedade Neste c digo est a
181. ano encarnado com corpo f sico produz fen menos an micos e desencarnados produz fen menos chamados esp ritas Vimos a que a subst ncia viva ectopl smica exteriorizada obedece a uma for a organizadora inerente ao pensamento e vontade humana Contudo observa Bozzano 2000 p 103 104 que tais pensamentos e vontade n o pertencem exclusivamente personalidade integral subconsciente dos m diuns Prov m muitas vezes de entidades espirituais de criaturas falecidas Doutor Crawford estudioso do assunto sup s que as levita es de mesas que se davam nos chamados fen menos das mesas girantes envolviam uma esp cie de alavanca flu dica que saindo do organismo do m dium descia at ao solo para distender se depois em bra o vertical que tocasse o fundo da mesa e a levantasse Bozzano 2000 p 105 comenta que o doutor Crawford confirmou esse fato por meio das provas fotogr ficas dessa levita o Como pensava Crawford a alavanca flu dica existia de fato constitu da pela forma imaginada Prossigamos Ediv nia diz que 117 Se voc t com problema fica doente Se o filho da gente t doente eu fico doente tamb m Preocupa o com d vidas tamb m horr vel Percebe se tamb m que como dizia Rabelo et al no livro Experi ncia de Doen a e Narrativa nas experi ncias de enfermidade comum que o mal estar seja transformado em objeto socialmente aceito de conhecimento e de interven
182. ante para o paciente Fiquei gratamente surpresa com a receptividade por parte dos alunos e sinto me no meu espa o de atua o Certa feita um jornalista me perguntou como eu compreendia um m dico com essa vis o profissional Eu respondi que n o compreendo como ser m dico sem essa compreens o Educa o algo fundamental na minha exist ncia fico me perguntando como n o pensei antes neste curso de P s Gradua o em Educa o Brasileira Sei que para tudo existe um momento oportuno No atual momento de minha exist ncia este percurso da constru o da tese significa crescimento pessoal e espiritual Agrade o a Deus este momento de crescimento de alargamento da compreens o do estar no mundo comprometida com os graves problemas contempor neos Sei que o curso ajudar me a ser uma pessoa melhor para o mundo e isso a prioridade de um ser que compreende a terra como uma grande escola na qual nesta ef mera caminhada devemos crescer e receber a aprova o geral na conclus o do curso ao voltarmos para Deus 1 3 Objetivos da Pesquisa Devo buscar compreender como se constr i em sujeitos que vivenciam processos de adoecimento e cura a experi ncia espiritual e sua problematiza o como lugar de supera o dos limites do Paradigma Biom dico uma contribui o para a reflex o sobre espiritualidade na Educa o M dica Pretendo estudar em lugares p blicos por meio de uma escuta a narrativas sujeitos que ger
183. apontar O que se podia compreender disso De que modo os sujeitos recorrem a que dimens es e que 22 mbitos do discurso tecem sobre si e est o sendo silenciados por usualmente n o caberem nas refer ncias do modelo biom dico Como se desdobram essas configura es de modo a romper paradigmas e apontar devires na dire o de compreens es que implicam vis es de sujeito diversas das que tradicionalmente possui a pr tica m dica nos processos de adoecimento e de cura Na UTI neonatal da Maternidade Escola da UFC em particular na enfermaria M e Canguru da Maternidade Escola da UFC como tamb m no PSF do Posto Nova Iracema de Maranguape segundo cen rio deste estudo da minha tese a popula o empobrecida vive experi ncias cruciais no processo de adoecimento e cura Objetivo dar voz a alguns desses sujeitos numa tentativa de compreens o de uma dimens o que n o est sendo explicitada que est sendo sonegada mesmo dentro do paradigma da integralidade porque o novo paradigma est compreendendo a sa de coletiva e cultura como importantes por m trabalha quase que essencialmente a refer ncia morfo fisio biologicista apenas n o o concebe como ser espiritual n o trabalha com a dimens o espiritual Escolhi a enfermaria M e Canguru e UTI neonatal da MEAC UFC porque h vinte anos trabalho nesse hospital escola como m dica neonatologista e trata se de um ambiente onde se utiliza todo aparato tecnicista de ponta nele a hu
184. apresenta ali de uma s vez Nessa situa o voc n o v apenas cada a o que fez mas tamb m percebe imediatamente que efeitos cada uma dessas a es teve sobre as pessoas na sua vida se eu me vir cometendo um ato n o amoroso contra algu m estarei imediatamente na consci ncia dessa pessoa e poderei sentir sua tristeza sua dor e ent o me arrepender se fizer uma boa a o a algu m estarei imediatamente no seu lugar e poderei perceber os sentimentos de alegria e carinho Durante todo o processo o Ser permanece com essas pessoas perguntando que fizeram de suas vidas Ele as ajuda nessa revis o e as ajuda a colocar todos os eventos de sua vida em perspectiva Todas as pessoas que passam por isso retornam acreditando que a coisa mais importante da sua vida o amor Para a maioria delas a segunda coisa mais importante o conhecimento medida que assistem a cenas de sua vida nas quais est o aprendendo coisas o Ser assinala que uma das coisas que podem levar com elas na hora da morte o conhecimento A outra o amor Quando as pessoas voltam elas t m sede de conhecimento Frequentemente se tornam leitores vidos mesmo que n o fossem apreciadores de leitura antes ou ainda inscrevem se numa escola para estudar algum assunto diferente daquele em que atuam No est gio seguinte ocorre uma ascens o r pida ao espa o que algumas pessoas descrevem como c u Nem todas as pessoas que t m uma EQM passam pela e
185. ar todavia dessa dicotomia mente corpo como tamb m da dicotomia natureza cultura que ainda perpassa muito da discuss o sobre doen a e sa de nas ci ncias Vejamos Comaroff 1980 1985 insere o sistema religiosos do sofredor no contexto cultural mais amplo em que se situa ao inv s de se ater s explica es do modelo biom dico J L vi Strauss 1967 admite que as explica es da ordem da religiosidade como ele 150 nomeia inserem se em um todo coerente que organiza os estados confusos e desordenados que o sujeito quer compreender Taussin 1980 avan a mais chegando a ponto de afirmar que o tratamento m dico despersonaliza o doente enquanto o religioso tenta atingir a pessoa como um todo reinserindo lhe como sujeito em um novo contexto de relacionamentos Comecemos deste lugar Observemos que Jasmim daremos nomes de flores aos participantes da pesquisa no cen rio da enfermaria M e Canguru resguardando o anonimato e a tica necess rios situa o investigativa a mo a da narrativa que agora tentaremos compreender falava mais de uma vez na sua necessidade de rompido seu relacionamento com quem ela nomeia como pai de sua filha refazer a vida Jasmim n o fala em termos de se refazer da doen a ou de algo localizado que remete a um estado org nico ou ps quico delimitado Refere se prova o ela disse eu perguntava por que Deus estava me colocando essa prova o na minha vida e tamb m a sofri
186. ara Pires 2005 p 131 a compreens o do universo e da vida extremamente complexa exigiria pois lidarmos com as ci ncias com um sistema filos fico e com a s ntese est tica conceptual emotiva de ordem religiosa que para Herculano Pires 2005 129 este aspecto tr plice ci ncia filosofia religi o envolve as fun es da consci ncia em sua dial tica na rela o do humano com seu mundo vida 132 Tomando o pensamento de Kant para esclarecer o assunto Pires 2005 p 129 130 afirma As fun es da consci ncia s o consideradas desde Kant como tr plices temos primeiramente as fun es te ricas que nos permitem elaborar com os dados sens veis uma concep o do real depois as fun es pr ticas que estabelecem as nossas rela es com o objeto permitindo nos interpretar a realidade concebida e estabelecer as nossas normas de a o e de conduta e por fim as fun es estet ticas que permitem a simbiose sujeito objeto a fun o afetiva racional do homem com o duplo objeto mundo vida Zz No espiritismo o elemento fundamental da evolu o psicogen tica o esp rito o pr prio ser que se projeta na exist ncia O ser humano que se projeta na exist ncia tem aspecto tr plice esp rito possui um corpo espiritual ou perisp rito e corpo f sico Observa Herculano Pires 2005 que a concep o esp rita do ser humano como unidade trina se op e ao dualismo religioso e tamb m ao monis
187. ara Turner os esp ritos provocam doen as em uma pessoa se sua conviv ncia na fam lia e com as demais pessoas de sua rela o n o estiver sendo pac fica se estiver nutrindo rancores ou brigando Assim que os chamados infort nios por doen a s o atribu dos a tens es exacerbadas nas rela es sociais A cura nessa sociedade tem um certo car ter de an lise social e visa incluir a pessoa de nova forma no campo social tensionado Helman 2003 p 220 descreve um destes momentos de an lise social O advinho chama todos os familiares do paciente para um santu rio sagrado dedicado aos ancestrais induzindo os a confessar rancores e ressentimentos que possam nutrir contra o paciente O paciente tamb m deve assumir publicamente seus rancores em rela o aos companheiros da aldeia a fim de eliminar sua afli o Nesse processo todas as tens es sociais ocultas do grupo s o manifestadas em p blico e assim resolvidas gradativamente Isso n o exclui que depois se trate as influ ncias espirituais por meio de rituais que s o vividos tamb m por todos da comunidade HELMAN 2003 Vemos tamb m no caso de Edv nia um aspecto da enfermidade no qual se v a concep o da doen a como algo que entra e sai do corpo Vejamos como Ediv nia caso n mero 02 pensa a doen a que a faz procurar a reza do Sr Ananias da seguinte forma Ele refere se a seu filho Paulo tava vomitando passando mal Eu ache
188. as as quais muitas vezes deturpam a id ia original de seus fundadores Afirma que para Moreno existe uma natureza religiosa no homem Para ele desconsiderar a religiosidade natural do ser era tirar lhe a esperan a e a b possibilidade de cura A cientista relata tamb m em sua obra A Psicoterapia Transpessoal que Maslow declarava que sem o transcendente ficar amos doentes violentos niilistas vazios de esperan a e ap ticos SALDANHA 1999 p 33 O Esp rito Emmanuel na obra psicografada por Xavier 2008 p 63 exorta a busca do desenvolvimento da intui o para desabrochar a espiritualidade humana Cada individualidade deve alargar o c rculo das suas capacidades espirituais por quanto poder como recompensa sua perseveran a e esfor o certificar se das sublimes verdades do mundo invis vel sem o concurso de quaisquer intermedi rios O que se lhe faz por m altamente necess rio o amor o devotamento a aspira o pura e a f inabal vel concentrados nessa luz que o cora o almeja fervorasamente esse estado espiritual aumentar o poder vibrat rio da mente e o homem ter ent o nascido para uma vida melhor 5 CAPITULO 4 A EXPERI NCIA DE QUASE MORTE EQM Consideramos a experi ncia de quase morte como abrangendo uma ordem de fen menos que se entrela am e que chamam um conjunto de reflex es que se situam na fronteira do que se tem conhecido como paradigma biom dico e que apontam para no
189. as conforme anota Capra vincula complexidade e criatividade mostrando que os seres vivos seguem um caminho evolutivo a partir do qual a vida busca rela es e comunidade al m de ser caracter stica do que vivo a cria o de configura es constantemente novas CAPRA 1996 Observando a natureza din mica e a unicidade fundamental dos fen menos naturais e sociais Capra sugere que deveria haver na rela o entre os homens e com o ambiente uma nova base filos fica e religiosa que sustentasse o que ele nomeia como ecologia profunda Segundo Capra 1996 p 402 403 A nova vis o da realidade uma vis o ecol gica num sentido que vai muito al m das preocupa es imediatas com a prote o ambiental Para enfatizar esse significado mais profundo de ecologia fil sofos e cientistas come aram a fazer uma distin o entre ecologia profunda e ambientalismo superficial Enquanto o ambientalismo superficial se preocupa com o controle e a administra o mais eficientes do meio ambiente natural em benef cio do homem o movimento da ecologia profunda exigir mudan as radicais em nossa percep o do papel dos seres humanos no sistema planet rio Em suma requer uma nova base filos fica e religiosa A ecologia profunda apoiada pela ci ncia moderna e em especial pela nova abordagem sist mica mas tem suas ra zes numa percep o da realidade que transcende sua estrutura cient fica e atinge a consci ncia
190. as enquanto que as do fluido universal se estendem ao infinito Assim sendo quando o pensamento dirigido para um ser qualquer sobre a Terra ou no espa o de encarnado a desencarnado ou de desencarnado a encarnado uma corrente flu dica se estabelece de um ao outro transmitindo o pensamento da mesma forma que o ar transmite o som Quando o Sr Ananias responde Voc viu o esp rito N o eu n o vi Peguei na reza Se Ediv nia percebe a import ncia da f que tem na reza do Sr Ananias observa se que ela coopera com sua pr pria cura N o podemos depreender dessas falas uma a o da vontade Aclaremos a quest o mais um pouco com Kardec 2006c Evangelho Segundo o Espiritismo cap tulo XXVII item 10 A energia dessa corrente est na raz o direta do pensamento e da vontade assim que a prece ouvida pelos esp ritos em qualquer lugar em que eles se encontrem que os esp ritos se comunicam entre si que nos transmitem suas inspira es e que se estabelecem as rela es dist ncia entre os encarnados Essa explica o visa a esclarecer principalmente aqueles que n o compreendem a utilidade da prece puramente m stica n o tem por finalidade materializar a prece mas tornar os seus efeitos compreens veis mostrando que ela pode ter uma a o direta e efetiva mas que n o est menos subordinada vontade de Deus juiz supremo em todas as coisas e o nico que pode tornar sua a o eficaz 120 No
191. as da hist ria do universo O reconhecimento da Terra como p tria um dos imperativos da transdisciplinaridade Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade mas com o t tulo de habitante da Terra ele ao mesmo tempo um ser transnacional O reconhecimento pelo direito internacional dessa dupla condi o pertencer a uma na o e Terra constitui um dos objetivos da pesquisa transdisciplinar Artigo 9 A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta em rela o aos mitos s religi es e temas afins num esp rito transdisciplinar Artigo 10 Inexiste la o cultural privilegiado a partir do qual se possam julgar as outras culturas O enfoque transdisciplinar ele pr prio transcultural Artigo 11 Uma educa o aut ntica n o pode privilegiar a abstra o no conhecimento Ela deve ensinar a contextualizar concretizar e globalizar A educa o transdisciplinar reavalia o papel da intui o do imagin rio da sensibilidade e do corpo na transmiss o do conhecimento Artigo 12 A elabora o de uma economia trasdisciplinar fundamentada na postulado segundo o qual a economia deve estar a servi o do ser humano e n o o inverso Artigo 13 A tica transdisciplinar recusa toda e qualquer atitude que rejeite o di logo e a discuss o qualquer atitude que rejeite o di logo e a discuss o qualquer que seja a sua origem de ordem ideol gica cient fica religiosa econ mica pol tica filos fic
192. as de grande impacto grande transforma o fora dos limites do corpo biol gico Para Geley 1998 p 137 parece haver uma esp cie de subconsci ncia superior cuja sede o esp rito Observa ainda o estudioso que nesta esp cie de subconsciente profundo o ser sedia conhecimentos que n o prov m das vias sensoriais A pergunta de Geley 1998 p 138 nesses casos de exterioriza o an mica o ser utilizaria faculdades transcendentais ou deveremos buscar uma conceitualiza o do ser de outra natureza Continuando sua reflex o Geley 1998 pergunta se se a subconsci ncia superior n o fun o dos centros nervosos qual a sua origem Qual a sua ess ncia ntima Ap s afastar a hip tese de que a subconsci ncia superior seria fun o dos centros nervosos segundo Geley 1998 p 140 141 haveria dois grupos de conhecimentos e de faculdades os que conscientemente ou n o puderam ser adquiridos pelas vias sensoriais incursionando da consci ncia normal subconsci ncia que os armazenou e conservou e haveria em um segundo grupo o de faculdades e de conhecimentos que n o poderiam ser adquiridos pelas vias sensoriais Como Freud e outros psicanalistas tamb m Geley j percebia que a consci ncia n o o mesmo que nosso eu tamb m Geley distingue entre o que ele nomeia de subconsci ncia inferior produto do automatismo dos centros nervosos e a subconsci ncia superior que independe do funcionamento
193. as que lidam com a espiritualidade tenta olhar o que se tem acumulado como experi ncia de si mesmo tenta rever o papel do Estado a cria o de novos espa os e motivos de intera o tenta alargar a produ o de saberes de transforma o e arrisca se a tentar repert rios de a es coletivas solid rios Vivenciando uma a o municipal na prefeitura do Partido dos Trabalhadores intitulada Cirandas da Vida vimos como seria importante buscar o repert rio de a es coletivas a sua hist ria a sua pujante cultura de resist ncia essa aprendizagem que o universo popular faz em seu caminho Um dos primeiros aprendizados que fizemos como coletivo foi perceber que o motor social das mudan as n o estava no sistema pol tico institucionalizado Tendia se a ver as mudan as no Estado como algo que acontecia apenas por meio das institui es pol ticas formais representativas e isso reduzia nossa vis o do que estava a acontecer Segundo Cohen e Arato 1992 apud GOHN 1997 a moderna a o coletiva nos movimentos sociais parece pressupor o desenvolvimento da autonomia do social e dos espa os pol ticos dentro da sociedade civil e da sociedade pol tica que passam a serem vistos 173 como construtores de novas identidades Modos de vida associativa e formas de solidariedade est o sendo recriados como a socioeconomia solid ria por exemplo e nesse contexto dos movimentos sociais s ent o se est a ver em sua magnitud
194. ato de passar por uma EQM parece ter efeito protetor para o trauma O percentual de pacientes nesse estudo que referiu uma EQM foi comparado com os achados na popula o geral GREYSON 1998a essas an lises sugerem que a doen a mental por si n o est associada com o desenvolvimento de experi ncias de quase morte Greyson 1997a professor de psiquiatria e pesquisador do assunto juntamente com Greyson e Harris 1987 asseveram que 209 A maneira pela qual um psicoterapeuta responde a um individuo que passou por uma EQM pode ter enorme influ ncia na evolu o do caso ou seja se haver aceita o da experi ncia e esta se transformar em um est mulo para o crescimento psicoespiritual ou ser considerada uma experi ncia bizarra que n o deva ser compartilhada com os outros por medo de ser rotulado como mentalmente doente til incentivar os pacientes que passaram por uma EQM a verbalizar sua confus o e seu sofrimento a refletir e clarificar suas percep es e emo es Devem ser oferecidas informa es objetivas sobre a viv ncia da EQM favorecendo o entendimento tanto dos pacientes como dos familiares evitando o sentimento de v tima no paciente e ajudando particularmente o indiv duo nas afli es perante as perdas do ego Os pacientes que considerarem sua EQM inef vel podem expressar seus conflitos usando meios n o verbais de express o ou por meio da hipnose e da imagina o dirigida As rela es fam
195. ava com uma longa roupa de luz Comecei a chorar Ela veio se abaixou e me beijou na testa Foi muito emocionante Ela voltou e eu acordei Em novembro de 2005 h dois anos atr s estava num congresso no Rio de Janeiro e ocorreu novo desdobramento Minha m e se aproximou r pido com intensa energia e falou Nunca deixe a pintura 223 Ronaldo esp rita tamb m foi meu colega de turma na faculdade de medicina Assim que terminou a gradua o foi para o ex rcito Ningu m entendeu o porque dele tendo sido excelente aluno n o ter feito a prova de resid ncia pois apesar de casado e com uma filha era estudante profissional sua fam lia o ajudava Eu estava no Rio de Janeiro fazendo resid ncia m dica e com seis meses de curso o Paulo Alvarez amigo e colega que estava na resid ncia de cl nica m dica me telefonou contando que Ronaldo estava com leucemia Ele sentira o abdome crescer procurou tratamento e teve esse diagn stico O ex rcito aumentou a patente de Ronaldo e ele se aposentou Meses ap s o desencarne de Ronaldo senti a press o no ouvido Senti que novamente teria outra experi ncia Encontrei me com Ronaldo em um jardim vi a paisagem t o nitidamente que sou capaz de desenh la e de pint la Perguntei a ele Voc n o morreu Ele riu e me respondeu Voc n o sabe que isso n o existe Aqui estou continuando meus estudos Ele saiu me mostrando os locais um laborat rio de anatomia com
196. bre essa narrativa dos que viveram a morte e que foram acolhidos por pessoas que conheceram ou amaram e j se encontram em outra dimens o transcendente Bozzano 2006b p 26 faz a seguinte an lise dos detalhes do vivido e do narrado como nomeia 230 Assim por exemplo o detalhe de o Esp rito n o perceber ou quase n o perceber que se separara do corpo e ainda menos que se achava num meio espiritual Tamb m o outro detalhe de o Esp rito se encontrar com uma forma humana e se ver cercado de um meio terrestre ou quase terrestre de pensar que se exprime de viva voz como dantes e perceber como antes as palavras dos demais Assinalemos ainda outro detalhe o de achar o Esp rito desencarnado ao chegar ao limiar da nova exist ncia para o acolheram e guiarem outros Esp ritos de mortos que s o geralmente seus parentes mais pr ximos mas que tamb m podem ser seus mais caros amigos ou os Esp ritos guias Nas EQMs os relatos s o similares Observa se em autores como van Lommel et al 2001 Moody 2004 e Morse 1990 1992 2001 que os Esp ritos guias ou seres de luz geralmente dialogam telepaticamente com os moribundos ou com os que est o a viver experi ncias qualificadas como de EQM Vejamos como o m dico A P R cuja narrativa colhi e parte do campo emp rico de minha tese relatou esse encontro que aconteceu mais de uma vez com sua m e falecida Minha m e Milena desencarnou em 18 de outubr
197. capaz de dirigi los nas curas mesmo com todos esses fen menos eles n o v o fazer uma produ o de sentido que rompa com o modelo biom dico monetariza o no processo de curar Ele Em dio tamb m monetariza O modelo de curar come a a aparecer monetarizado Na descri o dos casos surgem situa es que fogem ao script de quebrante de vento ca do e de espinhela ca da h uma tend ncia monetariza o Em fen menos que extrapolam o f sico quando chega uma pessoa amarrada enlouquecida com encosto ou com sombra no dizer de seu Ananias fogem ao quadro geral e embora haja a dificuldade de acesso ao m dico v se tamb m que as pessoas n o se deixam domesticar pelo modelo biom dico vigente Sempre encontrado algo de uma ordem que n o compreendido e que levado ao rezador porque este tanto resolve os problemas que est o no corpo como algo que as pessoas entendem como sendo para ser cuidado pelo rezador como quando algu m anda de quatro p s ou est amarrado por estar enlouquecido E isso mostra tamb m que o rezador n o est completamente domesticado pelo modelo biom dico e que seduzido a cuidar desses problemas O modelo interfere na forma da tarefa ser exercida uma tarefa humana carnal mesmo lidando com fen menos da ordem espiritual e das pessoas que vivem num mundo em que a cura monetarizada por um sistema de sa de embora seja um direito neste aspecto h uma mercantiliza o Al
198. cediam diante dos esfor os e das a es de sa de tradicionais Os profissionais de sa de constataram que 40 das mortes ocorriam por diarr ia e que em 100 desses casos os pais haviam procurado rezadores na tentativa de salvar a vida do filho ou para o consolo espiritual j que em alguns casos a crian a era considerada desenganada pela fam lia MORAES 2006 T nia Maria Vasconcelos de Moraes enfermeira coordenadora do Programa de Sa de da Fam lia na poca entrevistada por mim em maio de 2006 relatou que com sua equipe analisou as causas dos bitos no que ela denominou aut psia verbal estudou os atestados de bitos e conversou com cada fam lia para chegar s informa es anteriormente relatadas O rezador sempre me atende a qualquer hora N o cobra nada N o precisa de ficha Tem sempre uma palavra de conforto fala das pessoas equipe de sa de durante as conversas A equipe constatou que os rezadores tinham atitudes que prejudicavam como a indica o de ch s por n o falar sobre o soro oral por pedir que suspendessem a alimenta o No final de 1999 a secretaria de sa de do munic pio compreendeu que outros fatores deveriam ser levados em considera o como a f e a cultura popular Maranguape uma cidade que d a impress o de que em cada quarteir o tem um rezador e a popula o mant m suas tradi es de procurar aux lio e conforto espiritual para os males que maltratam o c
199. cia dos cientistas A avalia o envolve a comunidade 81 cient fica e esta atravessada de interesses conflitantes Um paradigma estabelecido todavia bastante resistente refuta o uma vez que as discrep ncias entre a teoria e os dados podem ser deixadas de lado como anomalias ou reconciliadas por meio da inser o de hip teses ad hoc KUHN 1997 No entanto assim mesmo por meio de rupturas a ci ncia se transforma e tamb m o conjunto da vida social 2 3 Algumas considera es sobre o Paradigma Qu ntico Isto sabemos Todas as coisas est o ligadas como o sangue que une uma fam lia Tudo o que acontece com a Terra acontece com os filhos e filhas da Terra O homem n o tece a teia da vida ele apenas um fio Tudo o que faz teia ele faz a si mesmo Chefe Seattle Diapositivo Delzilene Macedo A Teia da Vida Os padr es que os cientistas observam na natureza est o intimamente relacionados com os padr es das suas mentes com os seus conceitos pensamentos e valores CAPRA 1983 p 17 A estrutura mental condiciona a obten o dos resultados Santos 1999 p 23 ao discorrer sobre a crise do paradigma dominante enfatiza que a crise n o s profunda como irrevers vel estamos a viver uma revolu o cient fica que se iniciou com Einstein e a mec nica qu ntica e n o se sabe quando terminar A partir do in cio do s culo XX o mundo at mico e subat mico forneceu aos cientistas
200. cial do ser espiritual imensur vel na sua estrutura profunda que lhe cabe desenvolver ao largo das sucessivas reencarna es FRANCO 2002 p 35 259 O Instrutor Espiritual Emmanuel no livro Religi o dos Esp ritos in Xavier 2002 p 60 faz interessante analogia acerca do corpo f sico o corpo carnal ainda mesmo o mais mutilado e disforme em todas as circunst ncias o sublime instrumento em que a alma chamada a acender a flama da evolu o por esse motivo que no mundo encontramos a cada passo trajes f sicos em figurino moral diverso Corpos santu rios Corpos oficinas Corpos b n os Corpos esconderijos Corpos flagelos Corpos ambul ncias Corpos c rceres Corpos expia es A todos eles contudo palpita a concess o do Senhor induzindo nos ao pagamento de velhas d vidas que a Eterna Justi a ainda n o apagou Essa breve e profunda explana o acerca da Lei de A o e Rea o exemplifica situa es nas quais vive se com dificuldades causadas por atos em encarna es passadas O instrutor espiritual Emmanuel continua com importa es elucida es acerca de situa es no corpo f sico as quais solicitamos a Provid ncia Divina experi ncia las por favores na reencarna o XAVIER 2002 p 65 66 com as esclarecedoras correla es assim que cientistas famosos a emergirem da crueldade rogam encarceramento na idiotia pol ticos
201. cl ssica Os valores desta vis o de mundo decorrem tamb m de uma associa o de v rias correntes de pensamento da cultura ocidental dentre eles a Revolu o Cient fica o Iluminismo e a Revolu o Industrial que estiveram presentes a partir dos s culos XVII XVIII XIX As id ias iniciais que muito influenciaram a era moderna foram formuladas nos s culos XVI XVII e XVIII MORAES 2005 p 32 Por m desde o in cio do s culo XX uma nova leitura da realidade tem sido apresentada humanidade em uma ruptura epistemol gica paradigm tica A etimologia da palavra paradigma adv m do grego paradeigma que significa modelo ou padr o Na filosofia plat nica era o mundo das id ias que se achava oculto pelas ilus es e figura es do sens vel Kuhn 1997 ao estudar a estrutura das revolu es 68 cientificas abordou a id ia de paradigma na ci ncia detectando que a proemin ncia que os referenciais embasados em cren as e valores adquirem no pr prio consenso da comunidade cient fica acerca de determinadas quest es Kuhn fil sofo e epistem logo considerava que a hist ria da ci ncia feita de descontinuidades e rupturas radicais CHAUI 2004 Segundo ele a revolu o cient fica n o ocorre somente quando o paradigma vigente n o consegue explicar um fen meno ou fato novo Se novos fen menos s o descobertos os conhecimentos antigos s o abandonados e ocorre uma mudan a profunda na maneira do cientis
202. corpo Estes tr s cen rios discursivos s o lugares nos quais vou buscar as narrativas dos sujeitos mencionados anteriormente mediante a hist ria oral tem tica MEIHY 2002 em um contexto que nomeio como percurso de constru o de significado sobre doen a e cura Procurarei desvendar por meio de um estudo de narrativas os modos como cada pessoa vive processos de adoecimento e de cura nestes ambientes 44 Diante da multiplicidade de perspectivas de possibilidades de conhecer a realidade complexa do mundo da vida principalmente nos momentos de adoecimento e de cura por que irei utilizar a perspectiva da multirreferencialidade O termo multirreferencialidade foi cunhado por Ardoino desde 1966 e seu grupo de pesquisadores da Universidade de Paris VIII propondo uma posi o epistemol gica para abordar os fen menos complexos a an lise multirreferencial Deve se levar em considera o o fato de que no contexto humano e social nenhuma redu o leg tima Recortar o real para an lise decompondo em elementos simples sem levar em conta as intera es entre eles desconsiderando o imagin rio institu do pela ci ncia deixando de lado rela es leva a um empobrecimento da compreens o acerca dos fen menos e dos fatos e a uma grave mutila o na forma de tomar a realidade que se estuda Dessa maneira a an lise multirreferencial propicia reflex es mais amplas acerca da inteligibilidade da totalidade do conjunto dos fen
203. corpo Conforme explica Moody 2004 um terceiro est gio S depois de escrever A Vida Depois da Vida que percebi que as pessoas passam pelo corte das amarras e pela experi ncia de estar fora do corpo antes de realmente perceberem que tudo est relacionado morte Assim narra o pesquisador MOODY 2004 p 23 191 Nessa hora uma passagem ou t nel se abre e elas s o impelidas para a escurid o Elas come am a atravessar esse espa o escuro e no final entram numa luz brilhante Algumas pessoas sobem escadas em vez de atravessar um t nel Uma mulher disse que estava ao lado de seu filho enquanto ele morria com c ncer no pulm o Uma das ltimas coisas que ele disse foi ter visto uma linda escada em espiral que subia Ele acalmou sua m e quando lhe disse que tinha decidido subir por aquela escada Algumas pessoas contaram ter atravessado portas lindas e ornamentadas que pareciam simbolizar muito bem a passagem para um outro reino Algumas pessoas ouvem um barulho de corrente de gua quando entram no t nel Ou ouvem uma vibra o el trica ou um zumbido A experi ncia do t nel n o algo que descobri existe uma pintura do s culo XV feita por Hieronymus Bosch intitulada A Subida ao Emp reo que praticamente descreve essa experi ncia No primeiro plano vemos as pessoas que est o morrendo Em volta delas est o seres espirituais que tentam desviar sua aten o para cima Elas passam por um t nel es
204. corpo paz e aus ncia de dor emo es que aludem ao valor da vida capacidade de se deslocar na velocidade do pensamento para o local que desejasse capacidade de ouvir o que os m dicos e os familiares estavam falando durante a viv ncia de uma perspectiva que n o teria se estivesse em seu corpo deitado a sensa o de mover se em um t nel e ser atra do por uma luz brilhante branca dourada ou azul visualizar bonitas pontes ou portas belas por onde se atravessava para outra dimens o para o que nomearam de mundo espiritual Estes sujeitos que vivenciaram a EQM tamb m referem nesta experi ncia o encontro com parentes ou amigos j falecidos reportam se ao contato com seres espirituais denominados por estas pessoas como seres de luz que irradiam amor incondicional amparo conforto e prote o decrevem a entrada em lugares muito bonitos como jardins campos verdes lagos envolvidos por uma luz muito brilhante tamb m realizam a recapitula o hologr fica da pr pria vida n o como forma de julgamento mas como forma de compreens o do que cada um verdadeiramente do verdadeiro sentido da vida que afirmavam ser o aprendizado do amor incondicional e a aquisi o de conhecimento principalmente autoconhecimento relatam que passaram uma esp cie de reestrutura o positiva da personalidade mediante o contato com a luz comunica o com a luz e apontam uma acentuada transforma o de sua reflex o a o posterior experi
205. cultura e cren a pessoal No relato da personalidade espiritual n mero 05 o Reverendo A K Stockwell morto havia mais de quarenta anos comunicava se usando o pseud nimo de Amicus Ap s dar provas suficientes de identifica o pessoal consagrou se miss o de transmitir aos vivos do mundo f sico ensinos expostos na pesquisa de Bozzano 2006b p 43 48 Quando me achava no mundo dos vivos jamais cheguei a conceber a exist ncia de al m t mulo Tinha sobre isso id ias confusas e incertas que entretanto giravam em torno das concep es habituais de um para so reservado aos que conseguiam salvar se e de um inferno pronto a tragar os maus No meu tempo geralmente se ignorava a possibilidade da comunica o com os Esp ritos dos mortos N o havia pois mais do que arquitetar teorias e ter f em Deus Era a f que eu tinha Nessas condi es in til dizer te que quando me encontrei no mundo espiritual fiquei profundamente admirado em face da realidade Vi me acolhido reconfortado e ajudado por pessoas que eu conhecera na Terra e que me precederam na grande viagem Mas o que constituiu para mim a alegria daquela hora foi o encontrar me com a querida companheira de toda a minha exist ncia a qual logo se p s a prodigalizar me no meio espiritual as dedicadas aten es e as ternuras afetuosas que me dispensava no meio terrestre Minha primeira impress o no mundo espiritual foi a prova de que a estima e o d
206. curo e saem em dire o a uma luz Conforme se dirigem para a luz essas pessoas se ajoelham numa rever ncia Numa das experi ncias de t nel mais supreendentes que ouvi o t nel foi descrito como sendo quase que intermin vel em exten o e largura e repleto de luz As descri es s o muitas mas a sensa o do que est acontecendo a mesma a pessoa est atravessando uma passagem em dire o a uma luz intensa O quarto est gio de uma EQM ocorre ap s a travessia do t nel no qual a pessoa geralmente encontra seres de luz S o seres que brilham com uma luminosidade linda e intensa que parece permear tudo e encher a pessoa de amor MOODY 2004 O m dico psiquiatra e pesquisador relata MOODY 2004 p 24 Alguns dizem que como ficar encharcado por uma tempestade de luz Eles tamb m descrevem essa luz como sendo muito mais brilhante que qualquer coisa que experimentamos na Terra Mas ainda assim a despeito de sua intensidade brilhante ela n o machuca os olhos Ao contr rio quente vibrante e viva Nessa situa o as pessoas que passam por uma EQM frequentemente reencontram amigos e parentes que morreram Muitas vezes dizem que essas pessoas tamb m est o em corpos t o indescrit veis como os seu pr prios Al m da luz brilhante e de amigos e parentes iluminados algumas pessoas tamb m descrevem cenas buc licas Uma mulher que conhe o falou de um campo cercado por plantas cada uma com sua pr pria luz i
207. d disease neural endocrine and immune interactions Brain Res Rev v 23 p 79 133 1997 MATURANA H R VARELA F J A rvore do conhecimento as bases biol gicas da compreens o humana 4 ed S o Paulo Palas Athena 2004 MEIHY J C S B Manual de hist ria oral 4 ed S o Paulo Edi es Loyola 2002 MENEZES A B A loucura sob novo prisma 2 ed S o Paulo EDI ES FEESP 1987 MESQUITA FILHO A Confesso que blefei f sica antiga x moderna S o Paulo Editora das Faculdades S o Judas Tadeu 1987 MINAYO M C de S O Desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sa de 8 ed S o Paulo Hucitec 2004 MINAYO M C de S ALVES P C Org Sa de e doen a um olhar antropol gico Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 1998 MOODY Jr R Life after life Covington Mockingbird Books 1975 Reflections on life after life St Simon s Island GA Mockingbird Books 1977 A luz que vem do Al m S o Paulo Butterfly 2004 Document rio vida ap s a morte S o Paulo NCA Forever 1992 1 fita de v deo 60 MOODY R A PERRY P Coming back a psychiastry explores past life journeys New York Bantam 1991 MOORE K L PERSAUD T V N Embriologia clinica 8 ed Rio de Janeiro Elsevier 2008 MORAES M C O Paradigma educacional emergente 11 ed S o Paulo Papirus 2005 278 MORAES T M V de Entrevista em maio de 2006 no Hospital Argeu Herbster em Maranguape Cear
208. da is aaa ra Cerca nto niaca di adai pads Algumas reflex es sobre a espiritualidade e a bio tica 92 CAP TULO 2 CEN RIO DE ESCUTA NO POSTO DO 107 PROGRAMA DE SA DE DA FAM LIA NOVO IRACEMA MARANGUAPE ssosssssssessssisooesssscrorossossstssssooosess sooo Nac oroo cdi eua osise CAPITULO 3 ESCUTA NA ENFERMARIA M E CANGURU 146 Um lugar de escuta importante a enfermaria M e Canguru 146 Garimpando uma id ia de sujeito nas pr ticas sociais que envolvem 157 transforma o em percursos de adoecimento e de cura Reflex es sobre um olhar para interferir na realidade cscssssceees 161 Elementos para um paradigma eMergente ccsscccssrcccssssccsssscsssscsseecees 165 Alargando o olhar aos fen menos sociais cceesessesersesseseesessese 169 Globaliza o e produ o de subjetividades ccs essere 169 A resist ncia e a cria o do novo nos movimentos sociais 172 Aprendizagem como experi ncia de Si ccsscccsssccssssccsssccsssscssssscssssssseess 178 Aprotundando MaiS sssescssssoessoeossocccosecoosecoesssoossocccosecoocesoossocossosesosecossesse 180 4 10 A Quira Dimens o sissoo teoissa coopnasaueqnssnssrsaassoseuaseabeenes 181 4 11 A transcend ncia ou espiritualidade na vis o esp rita se ssesccsseessesocsse 184 5 CAP TULO 4 A EXPERI NCIA DE QUASE MORTE
209. da vida intra uterina consegii ncias in sa de e espiritismo 3 ed S o Paulo Associa o m dico esp rita do Brasil 2004 PIAGET J Biologia e conhecimento 4 ed Petr polis RJ Vozes 2003 PIRES J H Pedagogia esp rita S o Paulo Edicel 1985 Parapsicologia hoje e amanh 10 ed S o Paulo Paid ia 2004 PIONTELLI A Do feto a crian a Rio de Janeiro Imago 1995 PUCHALSKI C M ROMER A L Taking a spiritual history allows clinicians to understand patients more fully J Palliat Med v 3 p 129 2000 PLAT O A Rep blica S o Paulo Editora Martnin Claret 2005 PORTELLI A Tentando aprender um pouquinho algumas reflex es sobre a tica na hist ria oral In PROJETO Hist ria 15 S o Paulo Educ 1997 RABELO M C Religi o e cura algumas reflex es sobre a experi ncia religiosa das classes populares urbanas Cad Sa de P blica v 9 n 3 p 316 325 1993 RABELO M C M ALVES P C B SOUZA I M A Experi ncia de doen a e narrativa Rio de Janeiro Editora Fiocruz 1999 REICHLING S Neuroendocrine immune interactions N Engl J Med v 329 n 17 p 1246 1253 1993 REGO S A forma o tica dos m dicos saindo da adolesc ncia com a vida dos outros nas m os Rio de Janeiro Editora Fiocruz 2003 REGO S PALACIOS M SHRAMMM F R Jn REGO S MARINS J J N LAMPERT J B ARAUJO J G C Educa o m dica em transforma o instrumentos par
210. dade O estar doente sickness a realidade concreta desse sujeito Kieran et al 1998 ressaltam a necessidade que o m dico tem de possuir as melhores evid ncias t cnicas para tratar o sujeito que vivencia o processo de adoecimento e cura e ao mesmo tempo a arte para faz las chegar at esse sujeito Os autores explicam como o progresso t cnico e os avan os na investiga o rendem uma multid o de informa es de trabalhos Surge a Medicina Baseada em Evid ncias como qualidade de informa o onde o valor de signific ncia estat stica confere alto n vel de envid ncia a um estudo segue se o n vel de signific ncia cl nico E os valores atitudes cren as medos e expectativas do paciente determinar o em ltima inst ncia a efic cia do tratamento e ades o ao mesmo O paciente tem seu modo pr prio de interpretar a sua doen a e interferir no tratamento E ao m dico h tamb m importante aspecto a meu ver que o da Medicina Baseada em Experi ncia Os estudos da Antropologia M dica apontam um mais al m tamb m o doente vai tentar dar significado sua doen a e esse significar vai depender da cultura na qual a pessoa vive As representa es sociais que as pessoas constru ram sobre o pr prio corpo bem como as id ias do que consideram sa de e doen a v o mediar o que percebido sentido e narrado sobre o adoecer Foucault 1980 j observara que tamb m o que percebido pela cl nica m dica e o c
211. dade voltado para as necessidades b sicas de sa de A capacita o docente dever ser voltada tanto para a compet ncia t cnico cient fica quanto para a compet ncia did tico pedag gica de modo que a participa o do estudante desde a universidade fique comprometida com o sistema nico de sa de Segundo Campos et al 2001 o paradigma da integralidade tem como objetivo no que se refere aos cursos de gradua o do profissional da sa de uma forma o mais contextualizada que leve em conta as dimens es sociais econ micas e culturais da popula o portanto o profissional da sa de dever estar capacitado para enfrentar os problemas do processo sa de doen a de forma contextualizada Tamb m inclui uma atua o interdisciplinar e multiprofissional que respeite os princ pios do sistema nico de sa de Esse paradigma visa o equil brio entre a excel ncia t cnica e a relev ncia social Para isso O curr culo m dico dever ser integrado numa rela o de parceria entre a universidade e as comunidades os servi os os grupos comunit rios e movimentos sociais A educa o n o dever se esgotar na gradua o e sim ser compreendida como um processo permanente Como est o sendo constru dos passos para alcan ar esse devir As contradi es do capital mundializado se fazem presentes neste ambiente formador Que aspectos apontam rupturas e preparam que novas perspetivas se instaurem na forma o em medicina Novas orienta
212. das teorias o n cleo obscuro que orienta os discursos 49 te ricos neste ou naquele sentido Na verdade observa o autor que a ci ncia uma atividade organizativa da mente e sempre o observador est presente no di logo com o mundo dos fen menos Prop e Morin 2000 que a objetividade da ci ncia possa produzir a reflexidade sobre a pr pria ci ncia a elei o do pensamento esp rita como uma das refer ncias tamb m uma tentativa de dar conta da reflexividade que inclui a esfera m ltipla e articulada da ci ncia filosofia e religi o Quanto a este aspecto da objetividade e do papel da reflexividade nas ci ncias Mellucci 2005 sugere que atrav s da hist ria de todos os homens ou da gente comum pode se reconstruir a hist ria profunda das sociedades Para isso a auto reflex o da ci ncia deve acontecer e a centralidade do sentido deve ser uma chave para a compreens o dos fen menos sociais fundamental neste trabalho a id ia de que as ci ncias antropossociais possuem um enraizamento f sico e natural e as ci ncias consideradas f sicas e naturais s o ci ncias sociais como observa Morin 2000 Assim tenta se superar a fragmenta o que p e de um lado as ci ncias f sicas e naturais e de outro lado as ci ncias ditas do homem e da sociedade Superar isso envolve tamb m retomar a uma id ia de sujeito no estudo dos fen menos humanos e da sociedade um sujeito que foi remetido filosofia e a moral MOR
213. de A P R que descreve como vivencia um desdobramento que aqui nesta tese situamos no mbito dos fen menos qualificados como EQM O despertar n o voltando para o corpo s vezes como se tivesse acordando normalmente outras vezes pulo no corpo de volta A personalidade medi nica n mero 02 informa ter pairado acima do seu cad ver descri o bastante semelhante dos que vivenciam as EQMs e similar de G F que nessa pesquisa durante o coma informa ter pairado acima de seu corpo f sico assistindo aos acontecimentos dentro da unidade de terapia intensiva G F relata que sentiu chegar a uma esp cie de linha divis ria e que se ultrapassasse essa linha n o mais retornaria ao seu corpo biol gico Ela afirma literalmente agora sei que o Esp rito sai do corpo A personalidade medi nica n mero 03 trata se de Jim Nolan que disse ter sido soldado no curso da guerra de Secess o da Am rica e ter morrido de tifo num hospital militar Bozzano 2006b p 31 37 analisa a informa o da seguinte narrativa acerca da primeira entrada no mundo espiritual ap s deixar o corpo f sico Parecia me que despertava de um sono com um pouco de atordoamento a mais J n o me sentia enfermo e isso me espantava grandemente Tinha uma vaga suspeita de que alguma coisa estranha se passara todavia n o sabia definir o de que se tratava Meu corpo se achava estendido no leito de campanha e eu o via Dizia de mim para mi
214. de crescente no seio dos povos e entre as na es do nosso planeta Considerando ao mesmo tempo que todos os desafios enunciados t m sua contrapartida de esperan a e que o crescimento extraordin rio dos saberes pode conduzir a longo prazo a uma muta o compar vel passagem dos homin deos esp cie humana Considerando os aspectos acima os participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade Convento da Arr bida Portugal 2 a 7 de novembro de 1994 adotam a presente Carta entendida como um conjunto de princ pios fundamentais da comunidade dos esp ritos transdisplinares constituindo um contrato moral que todo signat rio dessa Carta traz consigo mesmo livre de qualquer esp cie de press o jur dica ou institucional 295 Artigo 1 Toda e qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma defini o e de dissolv lo no meio de estruturas formais sejam quais forem incompat vel com a vis o transdisciplinar Artigo 2 O reconhecimento da exist ncia de diferentes n veis de realidade regidos por l gicas diferentes inerente atitude transdisciplinar Toda tentativa de reduzir a realidade a um s n vel regido por uma l gica nica n o se situa no campo da transdisciplinaridade Artigo 3 A transdisciplinaridade complementar abordagem disciplinar ela faz emergir novos dados a partir da confronta o das disciplinas que os articulam entre si oferece nos uma nova vis o da nature
215. de do ser humano melhor explicitada relevante a perspectiva da espiritualidade uma compreens o contra hegem nica que contribui para uma abordagem ampliada da vida pessoal e profissional contribui para viv ncias de valores ticos capazes de gerar transforma o na supera o de si mesmo e da sociedade a tica do ser do bem da fraternidade e melhores condi es morais O s culo XX foi a poca na hist ria da humanidade em que mais se falou do ser humano e dos seus direitos Sob dom nio da economia e da pol tica tamb m foi o tempo em que se verificaram as maiores viola es desses mesmos direitos Vive se uma t o falada crise 95 de valores que tem ra zes na crise do pr prio ser humano que quase n o se consegue mais reconhecer a sua dignidade pessoal e nem respeitar a dignidade de seus semelhantes Os fil sofos gregos partiam de uma realidade mais concreta do significado de ser homem ser humano Este era a base e a medida de todas as coisas O pensamento greco romano que se estendeu at a Idade M dia pode ser avaliado como um humanismo aberto Durante vinte e cinco s culos a filosofia cultivou um ser humano concreto individualizado que se relaciona consigo mesmo que pensa que pessoa e assim sendo torna se um ser nico no tempo e no espa o O desprezo sistem tico da dignidade humana um dos frutos da filosofia idealista e da pol tica totalit ria Feuerbach 1894 1872 defendia que o conte do
216. de imagens mentais Os estudos de Ring 1992 relatam que pessoas que vivenciaram EQM s o indiv duos que reconhecem de forma significativa maior n mero de traumas vividos na inf ncia assim como tend ncias dissociativas resultantes desses traumas do que outros da popula o geral Greyson 2007 relata que n o est claro se esses tra os pessoais distintos resultam da EQM propriamente ou se os indiv duos que t m essas caracter sticas s o mais propensos a ter uma EQM quando est o pr ximos da morte H reflex es que consideram as expectativas pessoais e culturais GREYSON 1893b RODIN 1980 e estudos comparativos de EQMs de diferentes culturas que sugerem que as cren as pr vias t m alguma influ ncia na leitura da experi ncia que uma pessoa relatar se vivenciar uma situa o pr xima morte KELLEHEAR 1993 Pode se inferir desses estudos arrolados at ent o que importante que se conectem a estudos sobre cren a e sobre cultura uma vez que a viv ncia de EQM relaciona se com sua recorda o e com a sua reprodu o verbal Ring 1984 em seus estudos demonstrou que frequentemente as pessoas relatam EQMs que se op em s suas expectativas religiosas e pessoais espec ficas em rela o morte Greyson 1991 diz que pessoas que n o tiveram nenhum conhecimento pr vio sobre EQM descrevem o mesmo tipo de experi ncia que as pessoas familiarizadas com o fen meno tamb m foi constatado que o conhecimento pr vi
217. derna consiste em ter mostrado de maneira decisiva que a teoria cient fica n o o reflexo do real As teorias s o sistemas l gicos elaborados pelo esp rito humano e este os aplica sobre o real A revolu o cient fica do s culo XX iniciada com a f sica qu ntica prepara a reforma do pensamento e contribui para a mudan a de paradigma Morin 2004 p 89 comenta sobre o avan o pac fico de uma reforma do pensamento 86 As duas revolu es cient ficas do s culo preparam a reforma do pensamento A primeira come ou com a f sica qu ntica e como j mencionamos desencadeia o colapso do Universo de Laplace a queda do dogma determinista o esboroamento de toda id ia de que haveria uma unidade simples na base do universo e a introdu o da incerteza no conhecimento cient fico Suscitou notadamente em Bachelard e Popper tomadas epistemol gicas de consci ncia em rela o aos pressupostos do saber cient fico A segunda revolu o realizada com a constitui o de grandes liga es cient ficas faz com que se levem em considera o os conjuntos organizados ou sistemas em detrimento do dogma reducionista que imperara durante o s culo XIX O Universo est em permanente expans o O Universo consciente e possui prop sito Nesse paradigma emergente o objeto a continua o do sujeito por outros meios Por isso todo o conhecimento cient fico auto conhecimento SANTOS 1999 p 52 A modernidade
218. des cong nitas nada mais s o que reflexos da posi o infeliz que nos conduzimos no pret rito pr ximo reclamando nos a interna o na esfera f sica s vezes por prazo curto para tratamento da desarmonia interior em que fomos comprometidos Causas amargas de mutila es e doen as s o guardadas na profundez de nosso campo espiritual como sementes de agressivo espinheiro que nos mesmo acalent vamos no obscuro e dos remorsos ocultos S o planta es de tempo certo que a lei de a o e rea o governa vigilante com seguran a e precis o XAVIER 1987 p 71 72 Tandoli Jr 2007 m dico esp rita cirurgi o em seu estudo Fisiologia Transdimensional promove reflex es importantes acerca da exist ncia de componentes energ ticos n o mensur veis no ser humano chamando aten o para o fato de que se detecta a efic cia da acupuntura homeopatia e terapias flu dicas e que caber a fisiologia transdimensional estabelecer os sistemas e mecanismos que relacionam o homem f sico e o homem et rico Assim como o cientista Herculano Pires cunhou o termo de que o ser humano inter existente o professor Iandoli traz a no o do ser humano encarnado como um ser transdimensional pois parte permanece no plano f sico e parte permanece no plano espiritual Como um iceberg a maior por o est submersa e n o pode ser vista no plano f sico IANDOLI Jr 2007 p 2 3 Francisco C ndido Xavier no livro escrito po
219. discurso sobre as ci ncias 11 ed Porto Edi es Afrontamento 1999 SCHON D A Educando o profissional reflexivo um novo design para o ensino e a aprendizagem Porto Alegre Artes M dicas Sul 2000 SHIRBON E Caso franc s de experi ncia de quase morte estimula os debates sobre doadores de rg os Dispon vel em lt http www medcenter com Medscape aspx id 9298 amp LangType 1046 gt Acesso em 27 jun 2008 282 SERDAHELY W J Pediatric near death experiences J Near Death Stud v 9 p 33 39 1990 SIEGEL B S Amor medicina e milagres 17 ed S o Paulo Best Seller 1994 SILVA A D O papel das emo es na preven o e cura das doen as 8 ed S o Paulo Best Seller 1994 SIMPSON J A WEINER E S The Oxford English Dictionary 2 ed Oxford Clarendon Press 1989 SIQUEIRA A F A teoria quantica e a consci ncia Fortaleza 2008 Texto Mimeo curso Medicina e Espiritualidade Faculdade de Medicina Universidade Federal do Ceara 26 de junho de 2008 SOLOMON R C Espiritualidade para c ticos paix o verdade c smica e racionalidade no s culo XXI Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2003 SOMMERMAN A Inter ou transdisciplinaridade S o Paulo Paulus 2006 SOUL M Les aspects psychologiques de la m dicine foetal et du diagnostic ant natal In Le foetus h pital Paris Editions Eres 1997 p 25 SOUZA J R P II Curso de Medicina de Fam lia e Comunidade For
220. do como m dium de esprito Veja que por meio de Em dio parecem os poderes espirituais como desencadeando fen menos internos e fen menos que se externalizam de modo ostensivo Como diz Douglas 1976 nos estudos de antropologia acontece que a distin o entre fontes externas e internas de poder frequentemente correlata a outra distin o entre poder controlado e n o controlado 135 Tamb m nem sempre o agente que possui estes poderes o controla ou percebem quando est o ativos como parece ser o caso da irup o do mediunisno de Em dio Como observam os estudos antropol gicos em grande parte dos casos os poderes ps quicos internos n o s o necessariamente provocados pela inten o do agente Este o agente pode n o estar muito ciente de que os possui ou de que eles est o ativos DOUGLAS 1976 Sabe se tamb m que o que considerado normal em uma cultura n o o ser em outra E assim percebe se que estes poderes espirituais trazem em comum id ia de que eles necessitam de criar formas sociais para externar se Vale aqui salientar que conforme o pensamento de Durkeim 1989 a religi o busca fazer a coes o social sendo uma forma da sociedade de pensar a si mesma Esse fato ineg vel uma vez que o ser humano est sempre a produzir sentido para suas experi ncias no mundo Contudo isso n o significa que n o exista uma ordem de fen menos que nos leve a outra concep o de ser humano sujeito da
221. dora de mais reflex es numa perspectiva transdisciplinar ANEXO C Em um segundo Simp sio em Vancouver Canad em setembro de 1989 cientistas e fil sofos renomados discutiram sobre A Sobreviv ncia no S culo XXT concretizando a Declara o de Vancouver que se reporta ao empobrecimento da concep o do ser humano de sua vis o de mundo mecanicista do estreitamento de seus valores da necessidade de uma abordagem integrativa para supera o da fragmenta o da unidade corpo mente esp rito redirecionando a ci ncia e a tecnologia para necessidades fundamentais ANEXO B Diante desse contexto que emblem tico de uma press o social evidente para novos paradigmas em sa de das popula es as escolas m dicas contempor neas j possuem parcelas de seus estudiosos que se esfor am para preparar os estudantes para al m das demandas biot cnicas que se constata uma crise de legitima o do capitalismo HABERMAS 1999 que situa como question vel os modelos assistenciais das pr ticas de sa de e os seus conceitos fundantes consegiientemente suas refer ncias formativas O que isso parece querer significar O Conselho Nacional de Educa o do Minist rio da Educa o aprovou em 2001 as Diretrizes Curriculares para todos os cursos da rea da sa de A escola m dica da Universidade Federal do Cear UFC no segundo semestre de 2001 reformulou seu curr culo dentro das Diretrizes Nacionais compreendendo o ser humano co
222. dora do ser aos fen menos medi nicos e an micos e situavam a id ia de que o ser esp rito id ia que nosso referencial ampara quando admite que o ser consciente preexistente e sobrevive ao corpo e estas refer ncias KARDEC 2006 ancorando esta ordem de fen menos que observamos tamb m quando na enfermaria M e Canguru a paciente referia se a explica es e perguntas sobre Deus prova o crescimento espiritual e seu aprendizado e transforma o e solicitava ajuda do av j falecido Desta forma que se pode pensar em refer ncias que levem a pr tica m dica a contemplar o constituinte fundamental do ser humano a alma individualidade imortal que pr existe e sobrevive morte do corpo f sico KARDEC 2006a 2006b 2006c 2006d 2007 NOBRE 2003 Pude dialogar nesta tese multirreferenciada com o pensamento esp rita com a medicina com a antropologia A antropologia conduzindo nos para a necessidade de respeitarmos as constru es simb licas sobre doen a e cura A medicina j admitindo no SUS formas complementares de cura como os rezadores nos Postos de Sa de e nos mostrando como as popula es n o foram de todo colonizadas pelo modelo da biomedicina em que pese suas enormes contribui es este necessita repensar se Tamb m a medicina j nos levou como se p de observar no corpo desta tese o holand s van Lommel et al 2001 o Greyson et al 2004 os islandeses Osis e Haraldson 1977 Morse
223. e a dimens o espiritual como lastro para o inaugurar das novas organiza es e dos novos espa os sociais comunit rios Sai se das vis es que enfatizavam apenas os movimentos sociais esse universo da a o coletiva como mobiliza o de recursos por grupos de interesse e de protesto comunais como em Tilly 1981 apud GOHN 1997 Chega se ent o a admitir que se h novas solidariedades que resultam por conseguirem sua institucionaliza o como o direito de creche na luta feminista ter sido associado ao direito do cidad o crian a e n o mais a uma garantia da mulher trabalhadora de empresas capitalistas h a constru o de novas identidades e demandas que possuem aspectos inegoci veis nos processos associativos como a da liberdade de vivenciar os aspectos brincantes da vida as linguagens da arte e as religiosas Assim se as institui es pol ticas formais representativas como os sindicatos as associa es os partidos pol ticos por exemplo s o importantes para garantir direitos estes devem ser embasados em uma cultura pol tica que comporte uma cultura da vida em sua inteireza Tem se observado COHEN apud GOHN 1997 p 683 que os chamados novos movimentos sociais buscam uma reflex o e uma interven o anal tica dos novos valores que est o movendo as pessoas e atuando pois sobre a sociedade Explicitar a consci ncia daquilo que est latente na vida cotidiana mas que se acha velado uma forma de traba
224. e subjetividades que reafirma o id ntico e que incentiva a forma de funcionamento do capital autoconservar se implicaria segundo os autores numa singulariza o existencial capaz de fazer a pessoa buscar seu gosto nico de viver de construir seu mundo de instaurar seus sonhos de mudar enfim de proclamar seu direito singularidade em todos os n veis de produ o de sua diferen a Assim que o autor diz que uma das formas de rompimento com os processos de homogeneiza o das subjetividades essa modeliza o uniformizadora s o os percursos de singulariza o nos quais os sujeitos apostam na sua sensibilidade e na sua criatividade acrescentar amos tamb m em sua espiritualidade como forma de vivenciarem seu jeito singular e nico de existir no mundo v lido ainda perguntar em que contexto d se esse processo de reprodu o e de resist ncia Vejamos como Dowbor 1998 em seu livro A Reprodu o Social nos convoca a refletir sobre globaliza o Globaliza o constitui ao mesmo tempo uma tend ncia dominante e uma din mica diferenciada Por tr s dessa desarticula o encontramos a dimens o espacial do descompasso entre a rapidez da evolu o das t cnicas e a relativa lentid o das transforma es institucionais gerando uma ampla esfera econ mica mundial sem controle ou regula o e uma perda generalizada de governabilidade no planeta DOWBOR 1983 p 31 Por dentro desses processos que se d o
225. e 2001 que compreende a aten o integral da sa de sendo o profissional um agente de transforma o social promotor da sa de integral do ser humano exigindo do profissional uma conduta profissional tico human stica respons vel MARANH O apud ALMEIDA 2003 Ao tentar contribuir para a reflex o sobre espiritualidade na educa o m dica nesta tese de doutorado em Educa o Brasileira considero que as ci ncias m dicas situam se na interface entre as ci ncias morfo fisio biol gicas e as ci ncias antropossociais e acrescento alguns passos na dire o de compreender o ser humano como um ser multidimensional dentro dessa vis o de um sujeito multidimensional que deve ser contemplada na educa o m dica que proponho se considere a dimens o espiritual ou transcendente em sa de e que se caminhe na dire o de pensarmos em um paradigma que comporte a id ia do sujeito humano como um ser espiritual Desse modo que sugiro que a mat ria da educa o m dica deva se abrir para paradigmas emergentes entre os quais proponho o que est em desenvolvimento pela Associa o M dico Esp rita do Brasil como Paradigma M dico Esp rita que pode vir a comportar mbitos de reflex o capazes de nos levar a compreender o sujeito das pr ticas em sa de como ser que possui a dimens o espiritual ou transcendente e mesmo como um ser espiritual com uma vertente biol gica social cultural psicol gica e hist rica O Paradigma M d
226. e a animalidade e a sociedade em que vive vai encontrar na autonomia moral o modo de impulsionar uma s ntese sempre mais complexa e evolutiva ao se erguer como sujeito de seu ser e da hist ria O divino que podemos chamar de princ pio espiritual no sujeito evolui nesse construto moral que se aprimora Repare se como observa Incontri 1996 p 62 que se deve falar em dial tica e n o em movimento porque se trata de um movimento com uma finalidade a da s ntese assim as contradi es que levam s ntese uma reorganiza o que incorpora a anterior e que a supera em um n vel de complexidade maior Dessa forma gra as ao poder de se autoconstruir que o homem revela se ser no pensamento pestalozziano segundo observa Incontri 1996 p 65 O estado moral para Pestalozzi a resposta ao conflito posto se o estado natural revela o homem como obra da natureza e o estado social como obra da sociedade o estado moral aquele em que o homem se faz a si mesmo Gra as ao poder de se autoconstruir que o homem se revela ser Sigamos um pouco mais com Pestalozzi que fertiliza uma abordagem espiritista em pedagogia a autonomia moral erige se ent o a partir do conflito dial tico entre o estado natural base animal do ser e o estado social base pol tica do conviver humano mas seu desenvolvimento garantido pela divindade essencial que cada um traz o princ pio espiritual que viceja em cada um como indiv
227. e das id ias m dicas acerca da consci ncia humana e da rela o mente c rebro O pesquisador holand s sugere em suas pesquisas que estudos devem ser concentrados no esfor o de explicar cient ficamente a ocorr ncia e o conte do das EQMs incluindo a transcend ncia pois algumas pesquisas sustentam que as viv ncias de EQM podem ser uma modifica o no estado de consci ncia transcend ncia no qual identidade cogni o e emo o funcionam independentemente do corpo inconsciente por m ret m a possibilidade de percep o n o sensorial GREYSON 2000 SABON 1982 GROF HALIFAX 1977 RING COOPER 1999 Os estudos sobre EQM apontam para uma ruptura epistemol gica no paradigma biom dico Os cardiologistas LOMMEL et al 2001 argumentam tamb m que n o est provado que consci ncia e mem ria est o localizadas no c rebro e intriga aos estudiosos da ci ncia m dica o fato de consistentes estudos demonstrarem que sujeitos que vivenciaram situa es nas quais o c rebro estava inativo como na morte cl nica com eletroencefalograma plano SABOM 1988 tamb m nas situa es em que ocorrem paradas card acas com eletrocardiogramas planos CLUTE LEVY 1990 ARNINOFF SCHEIM GRIFFING 1988 e estudos com relatos de sujeitos cegos com percep o verdadeira durante experi ncias fora do corpo nas EQMs RING COOPER 1999 Esses estudos t cnicos demonstram 113 situa es nas quais os sujeitos vivenciam experi nci
228. e encontro como um ponto de partida e encorage mais reflex es do g nero num clima de transdisciplinaridade e universidade Signat rios A D Akeampong Ghana f sico matem tico Ubiratan D Ambr sio Brasil educador matem tico Ren Berger Su a cr tico de arte Nicol Dallaporta It lia f sico Jean Dausset Fran a Pr mio Nobel de Medicina Maitraye Devi India poetisa Gilbert Durand Fran a fil sofo Santiado Genov s M xico antrop logo Akshai Margalit Israel fil sofo Yujiro Nakamura Jap o fil sofo David Ottoson Su cia Presidente do Comit Nobel de Filosofia Abdus Salam Paquist o Pr mio Nobel de F sica L K Shayo Nig ria 287 matem tico Ruppert Sheldrake Inglaterra bioqu mica Henry Stapp USA f sico David Suzuki Canada geneticista Susantha Goonatilake Sri Lanka antropologia cultural Basarab Nicolescu Fran a f sico Michel Random Fran a escritor Jacques Richardson USA escritor Eiji Hattori UNESCO Chefe do Setor de Informa es V T Zharov UNESCO Diretor da Divis o de Ci ncias A Sobreviv ncia no S culo XXI Vancouver BC Canad 10 a 15 de setembro de 1989 A partir do Simp sio sobre Ci ncia e as Fronteiras do Conhecimento realizado em Veneza em 1986 notou se a necessidade de focalizar a an lise das rela es entre as ci ncias e as tradi es no contexto atual da crise que amea a a sobreviv ncia da civiliza o e da pr pr
229. e o objeto da religi o s o absolutamente humanos O mist rio da teologia para ele a antropologia e portanto o mist rio da exist ncia de um ser divino a cria o do pr prio ser humano Na pr tica a consequ ncia deste pensamento um humanismo ateu e materialista Para o progresso do homem seria necess rio destruir Deus porque a sua exist ncia o aliena de seus verdadeiros objetivos O homem transformado em Deus para Feuerbach tamb m um Deus reduzido ao homem LUCAS 1997 As bases filos ficas desse humanismo de Feuerbach podem ser encontradas em Hegel 1770 1831 Para Hegel a nica realidade o Esp rito Absoluto que se realiza na hist ria A pessoa concreta o indiv duo algo irreal cuja exist ncia tem o objetivo apenas de concretizar o projeto do Absoluto LUCAS 1997 O ser humano aqui passa a ser um mero instrumento Marx 1818 1883 apenas substituiu o esp rito pela mat ria A ess ncia do ser humano aquilo que ele faz j que a mat ria o princ pio absoluto Portanto a ess ncia do ser humano a sua capacidade real de transformar o mundo Para Marx o homem gen rico transforma se em ser humano produtor LUCAS 1997 O ser humano fazendo parte do conjunto do seu trabalho e realizando se atrav s dele um sinal inquestion vel de que a aliena o hist rica fundamental para Marx est na divis o entre o produto do trabalho e o trabalhador Essa expropria o est diretamente ligada prop
230. e observa o de Ardoino e Barbier 1998 a multirreferencialidade uma aprendizagem que come a com a an lise da implica o do pesquisador que n o se purifica ao entrar em seu laborat rio 119 portanto d amplo lugar a uma relatividade com refer ncia s condi es de apreens o e de produ o do objeto bem como a diferentes perspectivas de leitura poss veis Vimos que h corpo e alma no doente e que a reza dever atingir os dois Isso modifica uma vis o de doen a e de cura uma vez que tocamos aqui numa concep o do sujeito das pr ticas m dicas paciente Discutamos um pouco como age a ora o segundo o pensamento esp rita que nos leva a compreens es da natureza dos problemas da nossa investiga o Em o Evangelho Segundo o Espiritismo 2006c p 619 620 respondem os esp ritos a Kardec no cap tulo XXVII item 10 O espiritismo nos faz compreender a a o da prece explicando como se processa a transmiss o de pensamento seja quando o ser chamado atende o nosso apelo seja quando o nosso pensamento chega at ele Para se compreender o que se passa nessa circunst ncia preciso imaginar todos os seres encarnados e desencarnados imersos no fluido universal que ocupa o espa o assim como aqui na Terra estamos mergulhados na atmosfera O fluido recebe o impulso da vontade ele o ve culo do pensamento como o ar o ve culo do som com a diferen a de que as vibra es do ar s o circunscrit
231. e que voa l cido portal do sonho H os tra os que s o comuns a todos do grupo social a que pertencemos e h os sulcos de diferencia o os vetores que fazem nossa singularidade Quando se tenta atualmente pensar em termos da dimens o espiritual temos de ver com que id ia de sujeito estamos trabalhando Tradicionalmente o pensamento cartesiano que ainda hegem nico em nosso tempo em ci ncia acentuou o dualismo corpo e alma que resultou por caracterizar em grande medida as representa es sobre o humano dentro da cultura ocidental moderna Anteriormente a antiga tradi o m dico filos fica utilizara a express o f sico moral para referir se ao que hoje se chama doen a mental A ado o do termo f sico moral tentava fazer uma ponte para articular os dois planos corpo e mente que se pensava constitutivos da pessoa Em seu estudo publicado Duarte apud MINAYO ALVES 1994 no livro Sa de e Doen a um olhar antropol gico lembra que no s culo XX os estudos da doen a mental com o apogeu do modelo biom dico alguns termos da afli o psicossocial psychosocial distress derivaram para um sociologismo e para um psicologismo A categoria inglesa de mind tentou uma extens o sem ntica que derivou no som tico mas como observa Setha Low LOW 1985 p 189 v se que os estudos etnogr ficos do fen meno nervoso em diversas partes do mundo n o encontram essa dicotomia mente corpo e a exclus o da id ia de a
232. ebeu minha afli o e disse n o se preocupe ele n o veio para voc Em coma vi a m dica que me visitou e depois ela duvidando que eu a tivesse percebido se impressionou quando lhe descrevi sua bata amarela o corte de cabelo e outros detalhes Houve momentos em que eu estava acordada noite e s vezes at sob efeito de droga talvez Eu via e ouvia certas coisas que n o eram muito normais Uma noite o cara da funer ria entrou na UTI e disseram chegou o papa defunto ei cara n o tem ningu m para voc Fiquei assustada Numa outra noite eu acordei com muita sede eu sabia que era noite porque as luzes estavam apagadas e os funcion rios estavam reservados Bom de repente eu vi do meu lado um homem de branco e alto e eu lhe pedi gua Como ele n o respondeu eu pedi novamente e tentei pegar ou puxar na sua roupa E quando eu tentei tocar n o tinha ningu m E eu orava tanto e dizia O que isso meu Deus Ser alucina o ou mesmo Deus que est sempre ao meu lado E agradecia obrigada Senhor por n o me abandonar em nenhum instante Quando voltei a trabalhar me chamavam de alma fantasma Deus permitiu que eu passasse por isso como um choque de alerta para lembrar da exist ncia Dele 218 Procedamos an lise do que acabamos de arrolar Voltemos narra o Ali eu fiquei me vendo deitada no leito vi as pessoas que estavam ao lado e eu me encontrava muito em cima Eu estava fora
233. eendidas racionalmente e a aplica o dessas leis segundo sua perspectiva aumentaria a influ ncia humana sobre o meio ambiente as equa es diferenciais de Newton tornaram se o fundamento matem tico do paradigma mecanicista A m quina newtoniana do mundo era vista como completamente causal e determinista Tudo o que acontecia tinha uma causa definida e dava origem a um efeito definido e o futuro de qualquer parte do sistema poderia em princ pio ser previsto com certeza absoluta se o seu estado em qualquer instante fosse conhecido em todos os seus detalhes CAPRA 1996 p 105 O pai matem tico do mecanicismo Newton com seu modelo mec nico do sistema solar e as leis do movimento adquiriu imenso prest gio influenciando todas as reas do conhecimento o psiquismo humano e as rela es intersubjetivas at os dias atuais Newton era um homem espiritualizado que estava envolvido com o conhecimento esot rico de sua poca Ele estudou alquimia astrologia e ocultismo pois acreditava que as tradi es esot ricas tamb m traziam chaves importantes para o conhecimento da vida e escreveu muito sobre assuntos espirituais Apesar de ver nas leis da natureza manifesta es da perfei o de Deus seu pensamento cient fico era mecanicista e servia bem aos prop sitos e necessidades da poca refor ando a cren a na abordagem racional e materialista CAVALCANTI 2000 p 35 A vis o mecanicista separa os i
234. eguir um ir na dire o do que foi autorizado pela m e A tarefa com valor social foi autorizada pela fam lia e reproduz socialmente o papel da m e na aus ncia desta Os rezadores t m algu m que autoriza No caso da Icl ia caso n mero 06 que se jogava na lama dos carangueijos que foi levada at a Bol via pelo pai para tirar dela o dom fica clara a rela o dela entre o dom que possui e seu pai Havia algo da produ o de sentido do feminino que extrapolava o que o pai compreendia e propunha um enfrentamento que o mundo fazia da lei do pai e daquela produ o de sentido racional que fazia todo tempo Di logo n mero 10 A R F S 20 anos solteira trabalha na Dakota fez at a quarta s rie cat lica N o tenho nada Na reza deu muita inveja Desde os doze anos trabalho em casa de fam lia e o povo fica com inveja porque agora trabalho numa f brica Meus pais eram separados quando eu nasci minha m e me deu para minha av quando eu tinha quinze dias de vida Hoje minha m e vive com outro homem tem dois filhos dele Conheci minha m e com quinze anos o marido dela n o sabe que eu existo ela tem medo que ele ache que ela rapariga e acabe o casamento Ela clara tem os olhos verdes eu sou morena Acho que minha m e n o me quis porque ela racista Cresci cat lica at os doze anos a minha av se tornou evang lica porque o filho dela morreu Ela era rezadeira filha de rezador cresci na reza E
235. eiro por ter recobrado a consci ncia recentemente ap s permanecer 19 anos em estado de consci ncia m nima devido a um acidente de carro A primeira palavra que Terry falou quando despertou foi m e a qual sempre esteve com seu filho ao longo do 19 anos de cuidado 101 Um novo m todo de neuroimagem imagem tensora de difus o por resson ncia magn tica associado tomografia por emiss o de p sitrons revelou aumentos not veis nos ax nios cerebelares e respectivo aumento do metabolismo neural em repouso correlacionados a melhores respostas das fun es motoras em Patr cia Bull e em v rios outros seres humanos em estado de consci ncia minima HIRSCH 2005 Terri Schiavo morreu em 31de mar o de 2005 ao final de 14 dias sem receber alimento e gua Seus pais sustentaram que ela desejava viver e era capaz de se comunicar com eles Alguns autores como Harman 1994 consideram que a epistemologia da ci ncia natural inadequada ao estudo da consci ncia uma vez que a classifica o das experi ncias internas e subjetivas s vezes indescrit veis estabelecida por um obsevador externo Situa es como estas citadas e muitas outras nos remetem ao relevante estudo das dimens es morais nas decis es que guiam s ci ncias da vida e da sa de A Bio tica dentro de uma realidade pluralista tem v rios modelos como o utilitarismo o principialismo a moral secular e o personalismo Todos estes modelos quando a
236. elhor a inspirada a fala do ap stolo Paulo H um s Deus e Pai de todos que reina sobre todos age por meio de todos e permanece em todos EF SIOS 4 6 87 2 4 Algumas palavras sobre o paradigma flexneriano e o paradigma da integralidade As comunidades cient ficas segundo Khun 1997 s o caracterizadas por sequ ncias de entendimentos t citos compartilhados que s o os paradigmas O verdadeiro progresso cient fico descont nuo e s ocorre quando um paradigma substitu do por outro que substitui o primeiro no momento em que as explica es para os fen menos n o satisfazem instaura se uma crise paradigm tica No pensamento cr tico que vai desaguar na Reforma Sanit ria no Brasil o termo paradigma vem sendo usado para explicitar o modelo hegem nico de educa o m dica influenciado pelo relat rio Flexner e que vem sendo designado como paradigma flexneriano Importante ressaltar que as recomenda es de Flexner no que se refere parte social e humana n o foram seguidas No Brasil o modelo norte americano aporta com toda a for a em fun o do golpe militar de 1964 embora rondasse nosso pa s desde 1950 mas n o era hegem nico o modelo brasileiro na poca era o europeu ecl tico ROS 2004 As pesquisas da medicina social contrariam a perspectiva hegem nica da medicina do capital ao apontar para mudan as sociais para o aumento de sal rios e para os direitos sociais trabalhistas que se co
237. em de modo t o radical a dicotomia corpo mente nem alijam a id ia de alma ou de esp rito de sua vis o de si como pessoa Admitindo a a o concomitante da esfera social e reconhecendo a din mica propriamente psicol gica deveremos por m agora anotar que tamb m a id ia de moral na locu o f sico moral seria uma tentativa de reduzir para fazer comportar algo que a nosso ver reporta se ao que vamos de chamar de dimens o espiritual Essa dimens o significa que estamos a demandar outro modo de tomar o sujeito das pr ticas de sa de e de doen a um sujeito que Esp rito possui um soma e ainda um modelo organizador biol gico ou perisp rito segundo a refer ncia espiritista Detenhamos nos um pouco nessa reflex o 184 4 11 A transcend ncia ou espiritualidade na vis o esp rita Pensar a inter rela o essencial de todos os fen menos parece transcender as atuais fronteiras disciplinares que temos e apontar para novas refer ncias conceituais e paradigm ticas Estamos a tentar contribuir com a formula o gradual de uma rede de conceitos e de refer ncias que nomeamos Paradigma do Esp rito na inten o de tentar descrever diferentes aspectos da estrutura relacional do humano em seus m ltiplos aspectos Assim que nos propomos com Herculano Pires que as condi es de iman ncia social sejam finalmente rompidas pelo impulso da transcend ncia Assumir essa transcend ncia implicaria uma assun o do
238. em interagir de forma mais espont nea O encontro com o paciente o momento decisivo do m dico um momento nico e irrepet vel converge toda forma o recebida a ci ncia acumulada e o momento em que se revela o sentido vocacional do seu trabalho um lugar oportuno para reflex es apoiadas em hist rias de vida Estar doente uma condi o vivenciada de acordo com o ser sempre personalizada vivenciada de acordo com o ser pessoal BLASCO 2002 Kleinman et al 1978 distingue a doen a disease e o estar doente a viv ncia da doen a por parte do paciente illness A doen a da compent ncia da ci ncia m dica ma a viv ncia tem rela o com o mundo do paciente que sente e vive a doen a Blasco 2002 p 17 analisa que os pacientes percebem o esquema vigente e cada vez menos estabelecem v nculo com o m dico mesmo porque n o tem um m dico e sim um batalh o de especialistas Na compreens o esp rita a sa de a perfeita harmonia da alma mas para a sua obten o necess ria muitas vezes a preciosa contribui o das doen as e das defici ncias transit rias XAVIER ANDR LUIZ 2001 Assim conforme Nobre 2003 real a em seu livro A Alma da Mat ria segundo essa vis o a sa de constitui uma aquisi o lenta e gradativa do Ser medida que progride em conhecimento e amor com o concurso das experi ncias hauridas nas vidas sucessivas A alma pois o esp rito encarnado
239. em suas reflex es sobre complexidade mostra como este modelo redutor em especial porque ele coloca em pauta apenas um aspecto do sujeito a dimens o biol gica Com o modelo hospitaloc ntrico v se a legitima o do descaso com a aten o prim ria nele as ci ncias da sa de funcionam como um bra o para a reprodu o do capital Tamb m a se reitera o dom nio do branco colonizador que alijou as contribui es do feminino e da sensibilidade dando lhes minoridade intelectual nesse contexto tamb m a espiritualidade foi vista de uma forma redutora No bojo dos movimentos sociais e com o advento da medicina preventiva nas d cadas de 60 70 a Confer ncia de Alma Ata na R ssia em 1978 e no mbito de confer ncias mundiais de educa o m dica delineou se no ocidente a constru o de um novo paradigma denominado por alguns de Paradigma da Integralidade para formar profissionais de sa de No Brasil conforme mencionado anteriormente a VIII Confer ncia Nacional de Sa de 1987 o movimento da Reforma Sanit ria a Constitui o Brasileira 1988 e mais recentemente 2001 a homologa o das Diretrizes Curriculares MEC CNE d o uma sequ ncia de consolida o em leis e decretos ao encaminhamento para as mudan as nas a es de sa de e na forma o de recursos humanos com prepara o adequada para prestar uma assist ncia de qualidade em sa de com abordagem integral interdisciplinar multiprofissional e eqilita
240. emente impulsionada presen a de uma luz intensamente brilhante Quanto mais eu era levada por esse caminho mais a luz se intensificava Senti que havia um ponto onde a luz era ainda mais forte como se fosse uma barreira Percebi que se passasse daquele ponto eu n o voltaria mais que sairia definitivamente do corpo Entrei em p nico Estava com muito medo Foi uma sensa o indescrit vel quando vi muitas m os umas seis ou sete me amparando com grande carinho e apoio Passou o medo me deu vontade de ficar na luz tive uma sensa o de paz de conforto e de plenitude Por m senti que deveria voltar Ningu m conversou comigo mas percebi que n o podia permanecer onde estava A volta foi muito r pida com grande impacto no corpo As enfermeiras ao meu redor diziam que eu estava gritando havia cerca de uns dez minutos e que n o sabiam mais o que fazer Percebi que estivera com outros seres pois o povo de cima tinha uma roupa branca clara e as enfermeiras usavam roupas verde claro Logo em seguida senti muita dor de cabe a e fiquei muito sens vel Minha m e foi contatada pela enfermagem e eu fui transferida para um apartamento E n o tive nada do ponto de vista f sico ap s essa ocorr ncia me recuperei tranquilamente Fiquei com uma sensa o muito forte de que aquilo n o foi por acaso com a sensa o de que tenho algo a realizar A partir da passei a ter desdobramentos em sonhos vendo soldados em luta contra o nazismo Hoje
241. entimento enfermi o e expoentes da beleza e da gra a que corromperam a perfei o corp rea convertendo a em motivo para transgress es lament veis requestam longos est gios em quadros penfigosos que lhes desfigurem a forma de modo a expiarem nas chagas da presen a inquietante as culpas ominosas que lhe agoniam os pensamentos A experi ncia no corpo biol gico de vital relev ncia para o Esp rito que assim vai se aperfei oando ampliando sua compreens o acerca dos renascimentos e dentro dessa vis o devemos considerar que o mundo n o apenas a escola mas tamb m o hospital em que sanamos desequil brios recidivantes nas reencarna es regenerativas atrav s do sofrimento e do suor a funcionarem como medica o compuls ria XAVIER EMMANUEL 1991 260 Como j mencionado temos que levar em considera o a Lei de A o e Rea o causas anteriores chamado carma e causas atuais No corpo causal um dos envolt rios do Esp rito que est como constituinte do perisp rito est o as contas c rmicas donde surgem as doen as Embora tenhamos uma farm cia dentro de n s mesmos por m essa farm cia est obliterada porque trazemos nossos complexos de culpa porque temos dificuldade de vencer a n s mesmos em virtude das in meras camadas negativas que constru mos para nosso envolt rio perispir tico As doen as s o meios de expungirmos nossos males NOBRE 2003 Na anamnese no Paradigma M dico Esp r
242. ependendo do que fez Eu ia assim mas minha anima o maior foi quando eu cheguei aqui A irm de meu cunhado esp rita e conhece a minha hist ria Ent o me deu um livro para ler que eu acho que era a minha hist ria E qual a sua hist ria como a do livro A do livro assim um casal namorava h muito tempo combinaram de se formar antes de casar Foi quando o rapaz conheceu algu m mais rica a namorada era pobre Ele deixou a gr vida n o a procurou mais Ele foi fazer Direito e ela tamb m sem ele saber queria estar altura dele para se vingar Seis anos depois ele a encontrou na rua ela n o disse nessa hora que tinha uma filha dele 148 Uma vez aconteceu da mo a defender uma causa e n o assinar Ele era o advogado oposto mas ela ganhou a causa ele quis saber quem era porque ela n o tinha podido assinar porque estava se formando ainda Foi ent o que ele soube que era sua ex namorada A partir da ele se interessou por ela quis saber do filho ela falou Nessa hora a mo a conversou com pessoas esp ritas que disseram para ela que enquanto ela tivesse esse desejo de vingan a lhe dominando a vida n o ia refazer a vida dela que tinha de tirar aquela raiva do cora o para ser de algum modo mais feliz Chegou uma enfermeira que trouxe leite em um tubo pequeno para a crian a sugar Ela n o mama ainda N o Nasceu com um quilo e trezentas gramas e depois baixou para um quilo e duzen
243. equil brio com o ambiente onde mudan as repentinas e imprevis veis eram a norma A descoberta h cerca de duzentos anos da energia livre armazenada em combust veis f sseis deu humanidade o poder de dominar toda a superf cie do planeta e num per odo de tempo incrivelmente curto sem planejamento e quase sem reflex o sobre as consegii ncias nossa esp cie tornou se sem qualquer compara o o maior fator para a transforma o do planeta As consequ ncias t m sido dr sticas e nicas na hist ria da nossa esp cie e crescimento exponencial da popula o nos ltimos 150 anos de um bilh o para mais de cinco bilh es e atualmente dobrando a cada 30 40 anos e um aumento compar vel no uso de combust veis f sseis conduzindo polui o global da atmosfera e altera o no clima e no n vel das guas mar timas e destrui o acelerada do habitat de vida iniciando assim um epis dio irrevers vel de extin o em massa na biosfera que a base do ecossistema da Terra e gastos inimagin veis de recursos materiais e de criatividade em guerras e em prepara o para a guerra 290 E tudo isso se faz crendo se na inexauribilidade de recursos do planeta sob o encorajamento de sistemas pol ticos e econ micos que enfatizam o lucro imediato como um benef cio e ignoram o custo real da produ o A situa o que a humanidade enfrenta envolve o colapso de qualquer equil brio entre nossa esp cie e o resto de
244. er pensada como vemos tamb m em outros patamares em termos das mudan as nos paradigmas atuais que s o as refer ncias que constroem o que se considera ci ncia em uma poca e em termos de futuro em uma afirma o que o v como pass vel de mudan a No entanto preciso refletir sobre a condi o dos sujeitos na modernidade e sobre como se pode fazer a cr tica da ci ncia que tem se erigido como um bra o do capitalismo nesta fase do capital mundializado 4 6 Globaliza o e produ o de subjetividades Habermas 1999 seguidor da chamada Escola de Frankfurt que teceu uma teoria cr tica no contexto do capitalismo do modo como funciona hoje observa que a reflexividade cr tica est sendo abandonada pelo sujeito que faz ci ncia e pelo homem comum O grande 170 poder tecnol gico sobre a natureza fez com que as classes dominantes fizessem submergir as estruturas da ci ncia ao interesse da manuten o do est gio de acumula o do capital Como construir uma nova racionalidade capaz de se contrapor a esse tipo de funcionamento da raz o que os frankfurtianos chamam instrumental e que quer operar com o real simplesmente sem se perguntar a que finalidade serve Para Habermas 1999 em seu estudo sobre A crise de legitima o no capitalismo tardio Rio de Janeiro haveria um clamor por justi a social pois as estruturas que sust m as divis es de classe j n o se sustentam mais Para o autor as mudan as acon
245. erca do processo de morte e da vida ap s a morte Nobre 2003 p 3 explana acerca do in cio da vis o integral do ser humano A vis o integral do ser humano come ou para a medicina ocidental com Hip crates 460 377 a C na Escola de C s que considerava a sa de como um estado de desequil brio entre influxos ambientais modos de vida e v rios componentes da natureza humana entre os quais os humores e as paix es entendendo se o equil brio dos humores como harmonia qu mica e hormonal e as paix es como interdepend ncia mente corpo Tinha em conta tamb m o poder curativo da natureza que correspondia s for as curativas inerentes aos organismos vivos o m dico deveria ajudar essas for as naturais criando condi es favor veis ao processo de cura Os estudos da ci ncia esp rita t m uma abordagem unificada corpo mente e esp rito com uma intera o cont nua entre processos biol gicos ps quicos sociais e espirituais Nessa perspectiva o sujeito humano esp rito imortal e tamb m possui um corpo espiritual o qual deve se estudar para se compreender sa de e doen a Nesse paradigma m dico esp rita toda doen a tem origem nos v cios da mente Todas as a es humanas nascem da mente do pensamento da a o do ser humano inicialmente originada no pensamento mas que toma fei o concreta nos contextos da exist ncia Apontando para aspectos tico morais na sua causa o a doen a nessa perspectiva nos imp
246. eremos sempre for ados a deixar outras de fora Na ci ncia sempre lidamos com descri es limitadas e aproximadas da realidade CAPRA 1996 A imprevisibilidade a n o localidade a totalidade implicada o comportamento ca tico determinista e padronizado o Efeito Borboleta mudan as diminutas no estado 85 inicial do sistema levar o ao longo do tempo a conseqii ncia em grande escala s o todas informa es e constata es que levam a reforma do pensamento Santos 1999 p 22 26 faz importantes coloca es para nossas reflex es A a o humana radicalmente subjetiva O comportamento humano ao contr rio dos fen menos naturais n o pode ser descrito e muito menos explicado com base nas suas caracter sticas exteriores e objetiv veis uma vez que o mesmo ato externo pode corresponder a sentidos de a o muito diferentes a hip tese do determinismo mecanicista inviabilizada uma vez que a totalidade do real n o se reduz soma das partes em que a dividimos para observar e medir a distin o sujeito objeto muito mais complexa do que primeira vista pode parecer A distin o perde os seus contornos dicot micos e assume a forma de um continuum Devemos nos preparar para o nosso mundo incerto e aguardar o inesperado Precisamos de uma concep o complexa complexus o que tecido junto do sujeito estudar a desordem refletir sobre a id ia de caos organizador ir para al m das contradi es
247. eri ncia que se caracteriza devido sua inteireza por um trabalho que considera o ser de um modo mais ostensivo em seu todo e pois que remete a reflex es de totalidade que definem o dom nio do espiritual N o se pode esquecer de que no curso dessa experi ncia a pessoa lida com uma carga excepcional no sentido de que maior do que a comum de emo o e de sentimento Ao lado desse trabalho com a dimens o do sentir temos de atentar para a id ia de que o sujeito que vivencia esse percurso de busca de sentidos modifica seu modo de se relacionar com os outros esse um efeito transformativo Tamb m se deve considerar que a transforma o vivida no livro traz um elemento interessante na elabora o de Jasmim uma a o pedag gica vivida e vista como educa o espiritual para a pessoa a procura e a aprendizagem no centro esp rita Essa aprendizagem volta se sobretudo para a vida moral das pessoas A gente pode lembrar que no livro lido pela nossa entrevistada Jasmim os esp ritos nas reuni es davam toque para a vida dos dois sempre aconselhando coisas como o perd o que foi o exemplo dado algo que exige uma atividade de transforma o moral Em seu livro As formas elementares da vida religiosa Durkheim 1989 p 224 j observava esse la o entre a vida moral e as religi es todas as religi es s o em certo sentido espiritualistas pois as pot ncias que elas colocam em jogo s o antes de tudo espirit
248. erina um leve acariciar do l bio superior ou das abas do nariz fazem o pesco o se curvar e o tronco se afastar da fonte de est mulo Os fetos entre o quarto e o quinto m s de vida intra tero acalmam se quando escutam m sica de Vivaldi e Mozart e podem ficar agitados com sons de rock Busnel 2003 cita que por meio de suc o n o nutritiva o rec m nascido de dois dias prefere escutar a voz humana a qualquer outro som e com um dia de vida p s natal o beb pode reconhecer entona es de vozes e que prefere as de alegria e que h um aprendizado intra uterino de emo es expressas pelos pais Busnel 2003 se reporta ao fato de que embora a sensorialidade fetal tenha sido negada pela ci ncia porque o sistema nervoso ainda n o estava anatomicamente completo sabe se hoje que a partir da s tima semana de gesta o aparecem o olfato e o paladar A pesquisadora relata que h uma continuidade de gosto e de cheiro entre o l quido amni tico o colostro e o leite materno Soul 1997 enfatiza que a bradicardia no feto pode ser provocada pela dor que ele venha a sentir durante um procedimento m dico ou pela dor que a m e venha a sentir O estudioso acredita que devemos conhecer a dor no feto a fim de evitarmos o que ocorreu com a dor no rec m nascido a qual foi negada por muito tempo o que fez com que muitos procedimentos dolorosos fossem realizados sem que a dor do beb fosse levada em considera o E o beb pr termo al m de mais
249. eriores O empobrecimento da pr pria concep o de ser humano causado por essa omiss o das outras dimens es est absolutamente coerente com a concep o cient fica do universo como uma m quina na qual o ser humano n o mais que uma pequena engrenagem A concep o que o homem tem de si mesmo um determinante principal dos seus valores ele fixa a concep o do eu a partir da avalia o do seu interesse pessoal Assim o empobrecimento ideol gico associado com a vis o do homem como uma pequena engrenagem em uma m quina conduz ao estreitamento de seus valores 291 Contudo os avan os cient ficos do s culo atual t m mostrado que uma vis o mecanicista do universo insustent vel em termos puramente cient ficos Assim a base racional para uma concep o mecanicista do homem tem sido invalidada III Vis es Alternativas Na ci ncia contempor nea a velha e r gida vis o mec nica do universo substitu da por conceitos que permitem um universo que o produto de impulsos criativos cont nuos n o condicionados rigidamente a qualquer lei mec nica O pr prio ser humano se torna um aspecto desse impulso criativo que est ligado ao universo numa rela o que n o se expressa nos velhos marcos referenciais mecanicistas Ser se torna assim n o mais uma engrenagem mecanicamente controlada dentro de uma m quina gigantesca mas sim a manifesta o de um impulso livre e criativo que est intr
250. ervo ptico tem cerca de um milh o de fibras que levam o processo visual at ao c rtex visual Assim a informa o recebida pelos receptores selecionada e agrupada codificada e integrada JUNQUEIRA CARNEIRO 2008 Portanto imposs vel enxergar tudo o que nos rodeia como bem explanou Exup ry em seu livro O Pequeno Pr ncipe o essencial invis vel para os olhos e tamb m a fala do ap stolo Paulo de Tarso em sua segunda carta aos Cor ntios no cap tulo 4 vers culo 18 o nosso objetivo n o o que se v mas o que n o se v o que se v provis rio mas o que n o se v eterno nos contextualiza bem com rela o nossa constitui o e nossa exist ncia Os objetos materiais s lidos da f sica cl ssica dissolvem se em padr es de probabilidades semelhantes a ondas probabilidades de interconex es N o podemos decompor o mundo em unidades menores dotadas de exist ncia independente As part culas n o t m significado enquanto entidades isoladas mas interconex es ou correla es entre v rios processos de observa o e medida CAPRA 1996 Capra 1996 p 42 discutindo sobre f sica qu ntica ressalta que enquanto que na mec nica cl ssica as propriedades e o comportamento das partes determinam as do todo a situa o invertida na mec nica qu ntica o todo que determina o comportamento das partes o todo mais do que a soma de suas partes A natureza surge perante n
251. es Estava bastante preocupada e me sentia num beco sem sa da Fui reuni o p blica no Centro Esp rita Vicente Pifano em Governador Valadares escrevi minhas iniciais numa folha de papel ESO idade 18 anos e meu endere o Rua S o Jo o 179 fundos escrevi tamb m que 38 estava presente reuni o Isso porque o Senhor Jos da Costa Freitas um farmac utico muito atuante na cidade e vizinhan a psicografava mensagens durante a reuni o N o havia conversado com ningu m at porque eram assuntos s rios e muito particulares No final da reuni o procurei a folha com meu nome e l estava uma mensagem assinada pelo Esp rito Dr Bezerra de Menezes mensagem esta que me confortou e ajudou imensamente e que muito me emociona sempre que a leio Minha irm Paz Considera as aves do c u que n o semeiam e comem e olha os l rios do campo que n o fiam e n o tecem e que contudo vestem se lindamente A natureza mestra s bia e inteligente estuda tudo que se passa diante dos teus olhos e tira o melhor proveito das li es da vida Guarda a Paz e cultiva a paci ncia no santu rio do cora o Bezerra de Menezes Cerca de 34 anos ap s li uns documentos assinados pelo Dr Bezerra de Menezes quando m dico encarnado e constatei que a sua assinatura id ntica da mensagem psicografada pelo Senhor Costa Freitas O curso de medicina foi a op o intr nseca e natural sempre na perspectiva do ser
252. es E os problemas psicol gicos e tico morais pol ticos e econ micos al m dos espirituais decorrentes de uma seletividade question vel Mais grave ainda o fato de que os cientistas est o e s o destitu dos dos poderes criados pela atividade cient fica Esse poder em migalhas no n vel da investiga o encontra se reconcentrado no n vel dos poderes econ micos e pol ticos De certo modo os cientistas produzem um poder sobre o qual n o t m poder mas que enfatiza inst ncias j todo poderosas capazes de utilizar completamente as possibilidades de manipula o e de destrui o provenientes do pr prio desenvolvimento da ci ncia MORIN 2002 p 18 In meras perguntas poderiam ser formuladas nesse contexto a maioria delas sem respostas ou deixando a compreens o de que para o profissional da rea h uma urgente necessidade de construir reflex es de outra ordem que alcancem aspectos ticos filos ficos sociol gicos e de outras reas correlatas E o estudante da escola m dica ou m dico em forma o Sch n 2000 quando comenta sobre a crise de confian a na educa o profissional nos assevera que O que os aspirantes a profissionais mais precisam aprender as escolas profissionais parecem menos capazes de ensinar As escolas profissionais da universidade moderna dedicadas pesquisa est o baseadas na racionalidade t cnica Os pensadores da Escola de Frankfurt associam a hipertrofia da raz o
253. es conversar com o Pai Jo o um esp rito que falava atrav s de uma conhecida de minha m e aqui em Fortaleza Gostei do ocorrido mas n o satisfez a minha compreens o Aos quinze anos em Governador Valadares ao estudar na casa de uma colega deparei me com o livro Nosso Lar do esp rito Andr Luiz psicografado por Francisco C ndido Xavier 2002 Ao ler a referida obra encontrei 37 explica es que nenhum adulto com os quais tivera contato at ent o havia conseguido me explicar Fiquei deslumbrada Na mesma ocasi o meu pai foi conhecer um centro esp rita dirigido pelo seu amigo da ma onaria Dr talo Pifano e pedi para acompanh lo Que surpresa maravilhosa conhecer o Centro Esp rita Vicente Pifano pois n o sabia at este momento existir a religi o esp rita A partir da rompi definitivamente com os liames cat licos passei a devorar as obras esp ritas e a freqiientar as reunides da Mocidade Esp rita Paulo de Tarso no referido Centro Esp rita Meu pai n o retornou ap s sua primeira visita e minha m e n o concordou com minha ruptura radical e definitiva por m n o me atrapalhou Tornei me esp rita desde ent o e j se v o algumas d cadas No ano de interc mbio nos Estados Unidos onde cursei o senior year equivalente ao terceiro cient fico no outono de 1975 sozinha numa casa colonial estava a gravar m sicas de um disco de vinil para uma fita cassete virgem Ao escutar a fita em v
254. esejo que estaria em circula o nos conjuntos sociais de diferentes tamanhos sendo social todavia seria assumida e vivida por indiv duos em suas exist ncias particulares GUATTAR ROLNIX 1986 Guatarri e Rolnix 1986 observam que o capitalismo em escala mundial tamb m realiza uma sujei o que alcan a as subjetividades ressaltam que haveria uma modeliza o unificadora de gostos e de desejos que ocorre no tecido da cultura Uma serializa o na forma de funcionamento social impedir nos ia de fazer a cr tica do que a ind stria cultural e a comunica o de massas produzem no mago das pessoas 171 Essa esp cie de economia subjetiva ocorreria em todos os niveis do consumo na verdade o capitalismo produz subjetividades modos de ser do eu e comportamentos como em uma fabrica ou em uma linha de montagem Nao nega todavia Guattari e Rolnix 1986 que assim como o capital cultural reproduz se tamb m haveria formas de resist ncia humanizadoras Essa produ o em s rie de subjetividades que atua n o mais apenas fabricando modos de ter e de fazer mas tamb m de modos de ser e de sentir poderia ser contestada Da que Guattri e Rolnix prop em o caminho da singulariza o como o modo de cada pessoa e de cada grupo fazer a cr tica do modelo coisificador vigente e buscar seguir seus percursos desejantes singulares como sujeitos e em seus grupos sociais Desconstruir portanto essa linha de manipula o d
255. esocultar uma vez que esse desvelamento pode nos levar entre outros aportes ao reconhecimento de um ser humano multidimensional cuja dimens o espiritual est presente Greyson 2007 psiquiatra relata que algumas pessoas que vivenciam um estado pr ximo ao da morte relatam uma experi ncia profunda na qual acreditam deixar seus corpos e ingressar em alguma outra dimens o transcendendo os limites do ego e as fronteiras convencionais do tempo e do espa o Aqui j se anuncia uma an lise da EQM em di logo com as inst ncias de funcionamento da psique que consideram o inconsciente de modo ampliado Embora o termo experi ncia de quase morte tenha surgido em 1975 relatos similares podem ser encontrados no folclore escrito de europeus do oriente m dio dos indianos dos africano do leste asi tico dos povos do pac fico e na cultura dos nativos americanos GREYSON 1998 Greyson 2006 traz importantes dados historiogr ficos de EQM na literatura m dica Ele levanta estudos e compila es que desde o s culo XIX identificaram a EQM como uma s ndrome distinguida por Heim 1892 Este pesquisador publicou uma colet nea de casos de alpinistas que ca ram nos Alpes soldados feridos na guerra trabalhadores que ca ram de andaimes e indiv duos que estiveram pr ximos morte em acidentes e em mergulho Esse artigo foi traduzido para o ingl s oitenta anos depois de escrito Na literatura m dica do s culo XIX Cullen 1894 rela
256. esp rito de seu tio que morreu com mal ria e seu tio passou a doen a como esp rito para ela Ela diz que s vezes a doen a est no corpo s vezes est no esp rito Como seu tio e ela passou a ter todos os sintomas da mal ria Ela delineou narrando acontecimentos da sua pr pria vida algo que at ent o tinha ficado muito invis vel na fala dos rezadores at ent o uma hist ria vivida pelo rezador sobre onde est a doen a Ela informa que s vezes a doen a est no esp rito que s vezes a pessoa v e que o esp rito n o a mat ria No caso do tio dela por exemplo ele tinha morrido quando apareceu a ela e que ningu m sabia e que a morte da mat ria n o do esp rito A morte do corpo n o do esp rito e que ningu m deve pagar pela reza pois quem cura Deus e n o ela No Posto de Sa de as pessoas que foram para receber reza dizem que a doen a s vezes est no corpo s vezes est no esp rito O rezador n o d essa informa o mas em suas falas com os pacientes ele transmite essa compreens o E essa compreens o dos clientes da reza t m a ver com as representa es que as pessoas t m acerca de sa de e de doen a Por m essa fala surge na Isa ra uma pessoa que reza nos clientes Nessa teia seguida de informa es de um rezador sobre outro h um referencial religioso sempre h forma o de sentido Alguns rezadores n o se vinculam a uma religi o formal explicitamente em tod
257. espraia por tudo ao redor Fica sendo um cuidado com a vida mesmo suas pedras e estrelas arremedos e florescimentos A vida o lugar do cuidado Com tudo o que se pode saber sobre ela Refletir sobre Medicina e Espiritualidade hoje implica certamente em propor elementos para um paradigma emergente que possa pensar um novo modelo de sujeito das pr ticas sociais com a medicina e novos horizontes de sentido Um sujeito que possa ver a vida como o lugar do cuidado a vida como um tudo que se espraia em n s e fora da gente em sua desmesurada entrega de estrelas Entre pedras e descobrimentos uma nova mulher aponta ao aprender do amor o cuidado por todos os filhos da Terra e do universo maior Como se poderia pensar elementos para um paradigma novo que comportasse a espiritualidade que muitos chamam transcend ncia como dimens o do ser O que as reflex es sobre sa de feitas nos movimentos sociais podem nos dizer sobre essa dimens o que busca ser escutada Seguindo um pouco as reflex es de Melucci nsitas no livro de Gohn 1997 intitulado Teoria dos Movimentos Sociais temos que os novos movimentos sociais podem ser tomados tamb m como categoria anal tica refer ncia para pensarmos as situa es de luta coletiva hoje Formas de a o coletiva que se tece como uma rede complexa de solidariedade e de lutas sociais rupturas e produ o de sentidos novos para o caminhar das gentes os movimentos sociais lidam permanentemente
258. essa id ia e relata que ap s terem visitado com alguns amigos uma exposi o sobre o holocausto nuclear um deles disse que me importa que tenham morrido cem mil japoneses em Hiroshima se eu n o conhecia 104 nenhum Para esses cientistas a incapacidade de incluir aqueles desconhecidos no campo de suas preocupa es o impede de ter uma quest o tica em rela o a isso preciso aceitar o outro como leg timo na conviv ncia para al m das fronteiras culturais Da a relev ncia da Declara o de Direitos Humanos ser humano significa pertencer a um grupo que possui os mesmos direitos A moral o campo de a o que inclui as a es que possam ter repercuss es sobre outras pessoas A atua o profissional se d nos mais variados segmentos sociais com diversidade de valores e de culturas Para o conv vio social faz se indispens vel o respeito s posi es do outro constituinte basilar dos relacionamentos Reconhecer as diferen as que n o somos necessariamente os detentores da verdade e que de da compet ncia t cnica n o deriva uma autoridade moral REGO et al 2004 O niilismo moral deve ser distinguido do multiculturalismo pois conforme j foi comentado anteriormente nem todo comportamento justific vel Pluralidade de vis es de mundo universo de valores dever o levar ao di logo e reflex o permanente As teorias do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget explicam de forma satisfat ria o desenvol
259. essos psicol gicos ou fisiol gicos Ele ressalta que os pacientes s vezes relatam que observaram seus corpos de pontos diferentes no espa o e que podem descrever com precis o o que estava acontecendo em torno deles enquanto estavam ostensivamente inconscientes Outros estudiosos CLARK 1984 RING LAWRENCE 1993 relatam que durante as viv ncias de EQM as pessoas perceberam eventos posteriormente confirmados que ocorreram a uma dist ncia que n o poderia ser alcan ada por seus rg os dos sentidos incluindo pessoas cegas que descreveram percep es visuais exatas durante sua experi ncia de quase morte RING COOPER 1999 Na verdade Sabom 1998 descreveu com detalhes a EQM de uma mulher que se submeteu cirurgia sob parada card aca e hipotermia Durante a opera o a paciente preencheu todos os crit rios aceitos para morte cerebral mas mesmo assim descreveu com exatid o os muitos detalhes espec ficos e inesperados de sua opera o A neuroci ncia dos dias atuais afirma que a consci ncia unicamente o produto de processos cerebrais ou que a mente meramente um epifen meno de eventos neurol gicos A experi ncia de quase morte desafiaria a refer ncia morfo fiso biologicista hegem nica na ocorr ncia de um funcionamento mental ampliado quando o c rebro est gravemente danificado que o estudo destas circunst ncias extraordin rias leva nos a perguntar sobre os limites do modelo biom dico e deixa claro a nece
260. et al 1990 Parnia et al 2001 Moody J nior 1975 1977 2004 entre outros que em seus estudos sobre Experi ncia de Quase Morte como n s tamb m pudemos concluir nesta tese apontam para a necessidade de se comportar a dimens o transcendentes para as ocorr ncias dessa natureza No di logo com o pensamento esp rita que ci ncia religi o e filosofia reiteramos as obras do esp rito Andr Luiz psicografadas por Francisco C ndido Xavier trazem esclarecimentos importantes como no livro Liberta o 1995b p 18 Do hidrog nio s mais complexas unidades at micas o poder do esp rito eterno a alavanca diretora de pr tons n utrons e el trons na estrada infinita da vida Desde o s culo XIX e s culo XX com os estudos esp ritas com Allan Kardec 1803 1869 e com a amplia o desses estudos com v rios cientistas como Adolfo Bezerra de Menezes 1831 1900 com sua obra A Loucura sob Novo Prisma 1987 Gabriel Delanne Ernesto Bozzano Camille Flammarion Alexandre Aksakof Heculano Pires Hernani Guimaraes Andrade Marlene Nobre D cio Iandoli Jr dentre outros e com a obra profunda e avan ada psicografada pelo m dium Francisco Candido Xavier 1910 2002 a qual trouxe 252 grande contribui o para a compreens o acerca do ser humano como ser espiritual da sa de espiritual e f sica temos institu do o paradigma m dico esp rita Dr Bezerra de Menezes 1987 fez um estudo ps quico fisiol gico sob
261. etuando se os elevados ensinamentos nos santu rios inici ticos guardava a fun o oracular do magismo entremeando se nos problemas corriqueiros da vida material fosse entre guerreiros e fil sofos mulheres e escravos nobres e plebeus Sobre a comunica o dos seres humanos com seus semelhantes j mortos o Esp rito Emmanuel na roupagem do Padre Damiano no livro Ren ncia XAVIER 1995 p 197 faz importantes esclarecimentos Desde a mais remota antiguidade os homens se comunicaram com os seus semelhantes j mortos En ias fez consultas a Anquises por meio dos estranhos poderes da feiticeira de Cumas Plutarco afirmava que os seres de outro mundo se manifestavam nos Mist rios S crates tinha seu g nio familiar Apol nio de Tiana sentia se auxiliado por entidades invis veis os imperadores romanos buscavam os pareceres dos habitantes de Al m T mulo com a coopera o dos Or culos Vespasiano procurou a palavra dos numes tutelares no Or culo de Geryon Tito fez o mesmo na Ilha de Chipre Trajano imitava os sondando as revela es do Or culo de Heli polis na S ria os cronistas do tempo antigo declaram que Augusto depois de iniciado no culto de El usis tinha contato com os fantasmas nas p ginas sagradas da B blia vemos Saul procurando o falecido Samuel por interm dio da pitonisa de Endor e contemplamos os disc pulos de Jesus bafejados pelo Esp rito Santo no glorioso dia do Pentecostes No ano de 1857 o Livr
262. ety of Canad Yujiro Nakamura Filosofia Jap o Lisandro Otero Novelista Cuba Josef Riman Gen tica molecular President Czechoslovak Academy of Sciences Checoslov quia Soedjatmoko Ex Reitor da Universidade das Na es Unidas Indon sia Henry Stapp F sica USA Manual da Forma o Transdisciplinar 2000 Universidade da Paz Unipaz Sao Paulo ANEXO C Carta da Transdisciplinaridade PREAMBULO Considerando que a prolifera o atual das disciplinas acad micas e n o acad micas conduz a um crescimento exponencial do saber o que torna imposs vel uma vis o global do ser humano Considerando que somente uma intelig ncia que leve em considera o a dimens o planet ria dos conflitos atuais poder enfrentar a complexidade do nosso mundo e o desafio contempor neo de autodestrui o material e espiritual da nossa esp cie Considerando que a vida est fortemente amea ada por uma tecnoci ncia triunfante que s obedece l gica apavorante da efic cia pela efic cia Considerando que a ruptura contempor nea entre um saber cada vez mais cumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva ascens o de um novo obscurantismo cujas consegii ncias no plano individual e social s o incalcul veis Considerando que o crescimento dos saberes sem precedente na hist ria aumenta a desigualdade entre os que os possuem e os que deles est o desprovidos gerando assim uma desigualda
263. eu Zequinha mas n o governando na pol tica Eu via ele no alto do ch o igual voc Voc se encomende a Deus e encomende ele O filho j morreu Dr Jo o Freire tamb m eu recebo foi parteiro 133 Eles curam muita doenga cancer Quem tem familia ele faz uma coisa e ajuda a pessoa pra pegar filho Temos muitos depoimentos aqui at gravados voc quer ouvir M e Isa incorpora o Dr Ageu converso com o esp rito Dr Ageu sobre o trabalho Dr Ageu se voc for esp rita voc vai ajudar muito Vai ajudar a mem ria das pessoas dos alunos as pessoas v o precisar muito disso A gente vai fazer visita em esp rito a voc s muitas vezes A gente transporta o esp rito para tratar espiritualmente porque somos desencarnados estamos na luta Tamb m a gente pode fazer a cirurgia espiritual O esp rito Dr Ageu incorporado em m e Isa dirigindo se para uma das pessoas que estavam me acompanhando Voc pode fazer o banho do quebra pedra O asseio do quebra pedra Cozinha faz e toma chazinho de quebra pedra evita o c ncer Ch da casca de genipapo amarelo tira a m circula o Tome o ch todo dia Levanta quem est com trombose est mago inflamado gastrite pessoas com gi rdia tamb m O Esp rito continua conversando atrav s de m e Isa e diz Chama essa crian a Essa crian a foi adotada a m e tomou Citotec Olha ele ficou bonito e o homem daqui da nossa casa O menino tamb m quer reza
264. eu beb em seu corpo numa bolsa artificial Os estudos atuais acerca da import ncia na gesta o da Psicologia Fetal um ramo recente nascido dos avan os tecnol gicos na rea pr natal mostram que o feto tem reconhecidamente seu espa o com um psiquismo rico confirmando a riqueza da personalidade humana antes do nascimento Com o advento do ultra som coadjuvado por outras t cnicas inclusive com a regress o do indiv duo ao per odo pr natal conforme vem sendo praticado pela psicologia transpessoal descobriu se a exist ncia de uma vida repleta de emo es BUSNEL 2002 NEGRI 1997 PIONTELLI 1995 WILHEIM 2002 desfazendo assim a id ia de que ao nascer a crian a uma folha em branco e abrindo assim um campo para confirma o da reencarna o NOBRE 2000 Sabemos hoje que a crian a antes do 58 nascimento um ser humano consciente e capaz de rea es e que tem uma vida afetiva sentimentos e lembran as As percep es e os sentimentos da crian a come am a modelar o seu comportamento assim como as suas esperan as Os nove meses que separam o momento da concep o do nascimento t m uma import ncia capital na forma o e na estrutura o da personalidade da libido e dos impulsos VERNY 1991 V rios estudos na atualidade abordam a sensorialidade do beb intra tero como suporte s primeiras rela es Andrade 2006 revela que o embri o com menos de seis semanas de desenvolvimento intra ut
265. eus am m Pai Nosso Ave Maria Santa Maria Salve Rainha O ramo de pinh o roxo sempre cruza os v rios lados do corpo fazendo cruz Seu Ananias Vou pedir licen a em nome das cinco chagas e a paix o de Cristo am m Ah minhas cinco chagas me ajude pelo amor de Deus Eu tenho devo o com as cinco chagas Ah Minhas cinco chagas me ajude pelo amor de Deus Ele reza todo o Credo Sr Ananias Meu Deus eu tou curando com os poderes de Deus e da Virgem Maria Espero alcan ar o perd o e o merecimento Defendei ela de todos os perigos com os poderes de Deus e da Virgem Maria Defendei ela a pessoa que ele estava a rezar de todos os malfazejos com os poderes de Deus e da Virgem Maria Retirai tudo o que for ruim de perto dela nas ondas do mar Deixe ela em paz com os poderes de Deus Ah meu Deus est curada Meu Deus eu estou curando com os poderes de Deus e a Virgem Maria nas horas de Deus am m Seu Ananias voltando se para o di logo comigo Meu pai era rezador E nunca ensinou uma palavra Deus mostrou a n s uma gra a e uma felicidade Eu fiz pedido a Deus para rezar nas crian as e nas pessoas Faz quarenta e tantos anos que eu curo gente Eu tomava muito lcool Eu pedi a Deus para aborrecer o lcool Deus me mostrou essa gra a e eu aborreci o lcool Todo mundo disse eu duvido Mas eu consegui aborrecer o lcool e pedi a Deus a gra a e a 108 felicidade de mostrar um cam
266. eus c njuges ou pais podem sentir sua falta 193 As pessoas que vivenciam EQMs dizem que o tempo parece lhes altamente comprimido e que lhes parece diferente da maneira como o mensuramos com nossos rel gios Moody 2004 este psiquiatra que entrevistou mais de dez mil pessoas que passaram por uma EQM disse que os pacientes relatam que a viv ncia parece ter durado um segundo ou dez mil anos Descrevem na como estar na eternidade Os estudos na rea apontam que os limites impostos pelo espa o na nossa vida s o quebrados durante as EQMs Se as pessoas quiserem ir a algum lugar frequentemente basta imaginar se l O pesquisador informa que as pessoas disseram que enquanto estavam fora do corpo observando o trabalho dos m dicos na sala de cirurgia bastava simplesmente desejar para logo estarem na sala de espera vendo seus parentes Essa refer ncia de um estar fora do corpo leva nos a considerar a experi ncia de EQM uma experi ncia em que se estrangula a compreens o do sujeito das pr ticas m dicas como um sujeito que possui exclusivamente um corpo f sico O profissional de sa de n o necessita assumir posi es concernentes realidade objetiva dessas experi ncias espirituais mas principalmente na educa o m dica torna se imperioso perceber que essas viv ncias s o uma parte natural e normal do processo da morte e que t m profundas implica es para os profissionais que trabalham com a vida a morte e com o morrer P
267. evive morte do corpo f sico Isso seria diferente a nosso ver de reduzirmos a medicina cultura como ela foi reduzida natureza N o quer amos colocar o princ pio espiritual como algo que n o possui uma realidade concreta a id ia de inconsciente que revolucionou tudo o que se pode tomar como humano e como social nas ci ncias chegou a uma constru o mais profunda quando abandonou o desejo de estabelecer correla es org nicas no sentido estrito para cada aspecto da sua fenomenologia Tamb m queremos dizer com isso que quando tentamos admitir um princ pio espiritual e quando observamos que o sujeito em seus percursos de adoecimento e de cura recorre a uma ordem de explica es de explica es que nos leva a essa esfera n o estamos limitando esse saber pura ideologia ou a uma simples resposta simb lica em que pese import ncia dessas visadas em estudos dessa natureza A positividade do saber em Medicina e a considera o de uma dimens o especificamente biol gica n o ser o negadas se pensar a id ia de pessoa como comportando um princ pio extraf sico que sobrevive ao corpo f sico e com ele se relaciona Embora importantes os estudos sobre magia sobre rituais e sobre doen a situaram se no n vel do simbolismo e da ideologia na esfera da linguagem Enfatizando que os fen menos nunca s o estritamente sociais nem estritamente naturais sendo quase coisas como diz Latour 1991 deveremos nos desvencilh
268. evotamento da minha companheira n o se haviam enfraquecido em consegii ncia de sua morte porquanto se renovaram para comigo com toda a comovente espontaneidade que os caracterizava no meio terrestre Eu sentia que efetivamente voltara doce vida familiar do per odo mais ditoso da minha exist ncia por m dessa vez gozava mais a felicidade por efeito da alegria suprema da reuni o celeste depois da longa separa o terrena a morte n o pode suprimir a afei o nem impedir a reuni o de duas almas que se amaram na Terra uma das primeiras descobertas que fiz depois da morte foi a de mim mesmo o processus da morte f sica e do renascimento espiritual muito interessante e mesmo belo Normalmente a partir do instante em que come a a cessa o das fun es corporais processo que pode demorar longo tempo os sofrimentos f sicos e as ansiedades do Esp rito cessam e ele passa gradualmente a condi es de inconsci ncia absoluta Por m uma vez transposta a crise da morte o pleno despertar da consci ncia o morto renasce ent o para uma exist ncia nova e come a logo a exercitar a sua atividade em o novo meio Sempre acontece que providencialmente o Esp rito desencarnado n o se apercebe de que morre s vezes quando o nota muito depressa fica terrivelmente transtornado especialmente se a morte cortou la os afetivos muito fortes Mas n o chega ao meio espiritual como um desamparado quase nunca fica e
269. experiences In CARDENA E LYNN S J KRIPPNR S Varieties of anomalous experience examining the scientific evidence Washington DC American Psychology Association 2000 p 85 120 BERGSON H Mat ria e mem ria ensaio sobre a rela o do corpo com o esp rito 3 ed S o Paulo Martins Fontes 2006 BIAGGIO A M B Kohlberg e a Comunidade Justa promovendo o senso tico e a cidadania na escola Psicol Reflex Crit v 10 n 1 p 47 69 1997 B BLIA Portugu s Biblia sagrada Tradu o Ecum nica S o Paulo Edi es Loyola 1994 BLACK P H Psychoneuroimmunology brain and immunity Sci Am Sci Med p 16 25 Nov Dec 1995 265 BLACKMORE S Birth and the OBE un unhelpful analogy J Am Soc Psycal Res v 77 p 229 238 1983 Dying to live near death experiences Buffalo Prometheus 1993 BLASCO G P Medicina de fam lia amp cinema recursos human sticos na educa o m dica S o Paulo Casa do Psic logo 2002 BOLTANSKI L As classes sociais e o corpo 4 ed S o Paulo Editora Graal 2004 BOFF L Espiritualidade um caminho de transforma o 3 ed Rio de Janeiro Sextante 2001 BOZZANO E Fen menos ps quicos no momento da morte 7 ed Rio de Janeiro FEB 2006a 1926 A crise da morte 10 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2006b Pensamento e vontade 11 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 2006c Animismo ou espir
270. explicar como a consci ncia pode funcionar de forma t o complexa durante uma EQM observando se que o ato de pensar a percep o sensorial e a mem ria continuam a ocorrer durante uma parada card aca ou sob anestesia geral os modelos fisiol gicos atuais que explicam o funcionamento da mente consideram tais eventos imposs veis Experi ncia de quase morte portanto considerada por grande parte dos autores que a estudam uma experi ncia espiritual como asseveramos e os estudos sugerem que a mem ria est fora do corpo MOODY 1975 MORSE 1997 GREYSON 2007 Pelo fato das experi ncias de quase morte ocorrerem quando algumas pessoas vivenciam um estado de consci ncia m stica com funcionamento mental intensificado em contextos nos quais o funcionamento mental est gravemente prejudicado constitui um desafio para os modelos atuais que concebem a intera o c rebro mente pensarem essa situa o limite No entanto de primeira m o devemos afastar os contextos de transtornos tratados pela nosologia cl ssica Lukoff et al 1992 j ressaltavam que de acordo com a Associa o Americana de Psiquiatria h uma outra categoria de problemas classificados como outras circunst ncias que podem ser foco de aten o cl nica as quais incluem uma subcategoria espec fica problemas espirituais ou religiosos e esta categoria diagn stica ancora a extremidade n o patol gica de um espectro de diagn stico diferencial TU
271. expostas em sua tens o Podemos ainda dizer aproveitando diversas veredas de pensamento que porque o sujeito humano vai ser arrancado esfera da natureza na verdade animalidade que ele vai fazer cultura cultura como uma socializa o das car ncias dos riscos e dos conflitos advindos da sublima o Assim para Freud o criador da psican lise e para Williams que pensa cultura a partir da multirreferencialidade advinda da literatura e da sociologia Tamb m Pestalozzi como se ver discutir em outros termos uma id ia de sujeito percorrendo mbitos que derivam de tens es entre o que seria da esfera da natureza melhor dizendo da esfera animal e o que seria da ordem da cultura Sendo o conceito de puls o trieb para Freud 1987 um conceito limite entre o registro biol gico e o psicol gico o criador da psican lise queria ultrapassar a organicidade da id ia de instinto do paradigma biom dico que reduz todo fen meno f sico a seu substrato biol gico temos que em psican lise a consci ncia moral aparece como a causa da ren ncia puls o Posteriormente a rela o inverte se Qualquer ren ncia pulsional nessa perspectiva moral torna se uma fonte de energia para a consci ncia 158 Continuando com o pensamento do psicanalista temos que os processos mentais acontecem tanto no individuo quanto no grupo cultural como um todo o desenvolvimento cultural do indiv duo e de seu grupo achando se in
272. fala em termos de educa o moral reduzindo a educa o s cio pessoal excluindo a dimens o espiritual que colocamos como parte da educa o moral cujo la o Durkheim j anunciara No entanto Larossa em seu texto intitulado Tecnologias do eu e educa o inserido no livro de Tomaz Tadeu da Silva O sujeito da Educa o estudos foucaultianos sublinha um aspecto de media o e de produ o pedag gica na rela o da pessoa consigo mesma que se parece muito com o que temos chamado de aprendizagem de si Esse aprendizado p e em relevo o tra o de alteridade que nos torna humanos da evolu o humana portanto que progridem atrav s da intera o de mundos internos e externos esses dom nios em intera o e em movimento Nos movimentos sociais o movimento da educa o popular em sa de tem observado a dimens o espiritual como fundante e como elemento constante nas pr ticas de sa de Tamb m ineg vel que na experi ncia vivida nos percursos dos grupos os valores que se reportam ao que espiritual s o refer ncia basilar nas avalia es que pessoas e que grupos fazem sobre si Por que continuar com o obscurecimento dessa dimens o A quem interessa atualmente afirmar um materialismo redutor que tem vincado tudo com a hipertrofiada e tiranizante esfera do ter 4 3 Reflex es sobre um olhar para interferir na realidade Ao pensarmos no paradigma da Promo o da Sa de compreendemos que o Curr culo
273. fermeira durante a fase piloto da pesquisa na unidade de cuidados coronarianos Van LOMMEL et al 2001 p 2041 Durante a noite uma ambul ncia trouxe um homem de 44 anos cian tico comatoso para a unidade de cuidados coronarianos Ele foi encontrado uma hora atr s em um jardim Ap s admiss o recebeu oxigenioterapia massagem card aca com desfibrilador Ao ser entubado retirei sua dentadura superior e a coloquei no carro de urg ncia Ap s uma hora e meia de procedimentos o paciente estava com press o arterial e freqii ncia card aca suficientes mas permanecia entubado ventilado e comatoso Foi transferido para unidade de terapia intensiva para continuar com respira o assistida Somente ap s mais de uma semana encontrei novamente esse paciente agora de volta a enfermaria da cardiologia Ao distribuir a medica o no momento em que me viu ele disse oh aquela enfermeira sabe onde est minha dentadura Eu estou muito surpresa Ent o ele esclareceu Sim voc estava l quando eu fui trazido ao hospital voc tirou minha dentadura da boca e colocou no carro Fiquei especialmente pasma porque eu lembrava que quando isto ocorreu o paciente estava em coma profundo e em processo de ressuscita o de parada cardiorespirat ria Ele tamb m foi capaz de descrever a pequena sala de ressuscita o e as pessoas presentes A enfermeira relata tamb m para o cardiologista pesquisador que o paciente informou que en
274. feudais Havia uma alian a fundamental entre a Igreja e o Estado l etad c est moi o Estado sou eu dizia o Rei Sol Luis XIV 77 A Igreja atrav s de leis dogm ticas direito divino legitimava e fundamentava o poder do rei que n o podia ser contestado Estudou Comte a persegui o da ci ncia do cientista no estado feudal e constatou que a Igreja no tribunal da Inquisi o perseguiu pessoas que foram alcunhadas de bruxos de feiticeiras de alquimistas que eram os cientistas que estavam criando leis postulados contr rios aos da Igreja Por seu turno a Igreja com o tribunal do santo of cio tornou imposs vel a conviv ncia da ci ncia com a religi o Comte se insurge contra a domina o da Igreja e contra a persegui o da ci ncia e dos cientistas Interessa lhe o deslocamento do poder das m os de Deus para as m os dos cientistas o fortalecimento da nova elite a burguesia que possu a a capacidade econ mica para propiciar o desenvolvimento da ci ncia e a nova alian a a da burguesia com a ci ncia Era um intelectual a servi o da classe burguesa No seu tipo ideal de sociedade Comte tentava varrer o poder de Deus Com a nova alian a o poder e a domina o da classe burguesa foi tentando justificar se legitimar se e fundamentar se dentro de crit rios tamb m de racionalidade mediante as leis da ci ncia Em seu livro Op sculo de Filosofia Moral 1820 Comte apontou o fim da era teol gic
275. ge das profundezas do ser Ao m dico caberia partejar esse processo de cura ajudar assistir e cuidar dessas for as do ser dentro de um rigoroso c digo de tica FOUCAULT 2001 O ato m dico por m nos contextos da medicina que vigem no capitalismo tem sido excessivamente tecnologizado reificado separado de uma cl nica mais humanizadora Os rec m egressos das escolas m dicas e os cada vez mais numerosos especialistas acompanhando essa vertigem das mudan as v m se distanciando da compreens o do ser humano como um ser integral multidimensional O avan o da ci ncia nos ltimos cem anos tem sido t o espantoso que se tem julgado seu funcionamento como dogm tico mais que a religi o um dia o fora CHAU 2004 A sociedade de consumo e da cultura de massas al m da intensifica o da globaliza o que se erigiu no seio do capitalismo selvagem mundializado reduziu a cidadania planet ria no o de mercado MARCUSE 1968 Diz o autor que h um modo de se tomar raz o na modernidade que faz as estruturas da ci ncia funcionar como um bra o para o mercado e que nossa raz o tamb m passa a ter esse funcionamento instrumental 27 Sabe se que n o h neutralidade na tica nem na biotecnologia e que se vive numa pr tica capitalista a partir da qual a tica atravessada pelos interesses de mercado Para ilustrar minha reflex o introdut ria o exemplo por excel ncia o da medicina gen tica que pela sua pr
276. gem do sonho Quando de Deus n o acaba nunca A minha jornada terrena tem sido permeada por manifesta es do mundo espiritual sinto me um ser interexistente como dizia o professor Herculano Pires e como se diz no espiritismo embora tenham sido sempre manifesta es relativamente discretas Mergulhada no cotidiano mecanicista da Faculdade de Medicina e do trabalho m dico oxigenava a alma nas reuni es esp ritas Em 2001 com a mudan a no curr culo da escola m dica ressignifiquei o mundo do trabalho O enfoque human stico a compreens o do ser humano como um ser biopsicossocial no seu contexto hist rico e ecol gico permitiram olhar de um novo lugar minha pr xis O curr culo foi buscando novos caminhos de reflex o e pr tica e permitiu o surgimento de disciplinas opcionais Assim no primeiro semestre de 2004 organizei a disciplina Medicina e Espiritualidade que seguiu todos os tr mites burocr ticos e com ampla aceita o foi incorporada ao curr culo da escola m dica da Universidade Federal do Cear O espa o p blico o espa o da diversidade e os temas abordados objetivam suscitar reflex es acerca dos v rios olhares que se pode dar ao tema Reflexionamos sobre a abordagem mente corpo sobre a humaniza o hoje e seus dilemas tentamos buscar o como da medicina centrada no paciente e n o no m dico e nos 40 demos conta de que se muitas vezes a religi o n o importante para o m dico import
277. gi o esp rita Ele recebeu a influ ncia salutar de Pestallozi o educador su o em Yverdun nas primeiras d cadas do s culo XIX onde aprendeu o respeito pela Ci ncia e o verdadeiro sentido da Religi o e Filosofia Nobre 2003 destaca alguns t picos do resumo da Religi o Esp rita apresentados por Kardec 1868 na Sociedade Esp rita de Paris 249 Crer num Deus todo poderoso soberanamente justo e bom crer na alma e em sua imortalidade na pr exist ncia da alma como Unica justificativa do presente na pluralidade das exist ncias como meio de expia o de repara o e de adiantamento intelectual e moral na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos na eqiiitativa recompensa do bem e do mal conforme o princ pio a cada um segundo as suas obras na igualdade da justi a para todos sem exce o no livre arb trio do homem que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal crer na continuidade das rela es entre o mundo vis vel e o mundo invis vel na solidariedade que religa todos os seres passados presentes e futuros encarnados e desencarnados considerar a vida terrestre como transit ria e uma das fases da vida do Esp rito que eterno aceitar corajosamente as prova es em vista do futuro mais invej vel que o presente praticar a caridade em pensamentos palavras e obras na mais larga acep o da palavra esfor ar se cada dia para ser melhor que na v spera extirpando alguma imperfei o de sua a
278. ginal e nas pessoas que nasceram de parto por cesariana BECKER 1982 contrariando a id ia da possibilidade da EQM ser mem ria do nascimento nas pessoas nascidas de parto por ces rea Tem sido aventada a possibilidade de que a an xia ou a hip xia ocorr ncias comuns no processo de morte cerebral correlacionam se com as EQMs BLACKMORE 1993 RODIN 1980 Por m as experi ncias de quase morte ocorrem sem hip xia ou an xia como em doen as n o fatais e em acidentes nos quais a pessoa sai ilesa e as viv ncias associadas hip xia s o superficialmente similares s EQMs Apesar de seu modelo n o explicar todos os fen menos da EQM Whinnery 1997 comparou as EQMs aos devaneios que ocorrem durante os per odos breves de inconsci ncia induzidos por acelera o r pida em pilotos de ca a A vis o do t nel e de luzes brilhantes a sensa o de estar flutuando as sensa es agrad veis e de prazer os breves fragmentos de imagens visuais e algumas raras vezes a sensa o de deixar o corpo s o as caracter sticas principais compartilhadas entre a hip xia induzida por acelera o e as EQMs Na hip xia induzida por acelera o devaneios comparando com as EQMs os devaneios incluem vis es de pessoas vivas mas nunca de pessoas mortas n o h refer ncias s revis es da vida nem mem ria hologr fica WHINNERY 1997 As EQMS n o incluem sintomas t picos de hip xia tais como convuls es miocl nicas amn sia retr
279. gnificado s suas experi ncias como apontam a si como sujeitos Nos estudos sobre rituais de cura da antropologia m dica observa se que a experi ncia espiritual vista como uma experi ncia de transforma o Os objetos animais e plantas dan as e pr ticas dos rituais como tamb m os vestu rios e toda a ornamenta o e a paramenta o s o vistos por muitos estudiosos como formas de simboliza o dos percursos de transforma o RABELO et al 1999 Temos vivido e visto um clamor dos movimentos populares para que dentro das pr ticas de sa de sejam comportadas pr ticas que eles denominam Espiritualidade Assim que no Posto de Sa de do PSF primeiro cen rio de meu estudo desta tese j se observa alguns amparos do SUS a essa reivindica o do movimento popular em sa de Na tentativa de me aproximar das formas como isso acontece busco junto aos rezadores de Maranguape perguntar como est o a dar significado sob a forma de narrativas esta ordem de experi ncias que nomeio de experi ncia espiritual Em minhas idas ao Posto eu o sujeito que ali est como rezador e os que estavam para serem atendidos como eles percebiam por exemplo a si em seus percursos de adoecimento e cura Como se fossem como corpos vinculados a almas que adoecem como apontavam De que modo buscavam explica es da ordem do transcendente Ao dizerem por exemplo que a doen a estava na alma e n o no corpo que campos de sentido estavam a
280. gos n o est o a dar conta de ancorar o novo objeto de conhecimento ent o que se observa que esse novo conhecimento n o se engancha no antigo por mera associa o de est mulos como pensava o pensamento associacionista E na realidade esse novo reordenamento essa modifica o dos esquemas de apreens o da realidade ocorre mediante o conflito cognitivo uma esp cie de impasse a exigir mudan a Retomando o novo conhecimento a informa o o est mulo que vem do meio ao ser colocado para o sujeito de um modo que ele possa incorpor lo ressignific lo e aprender resulta por dialogar com o conhecimento que a pessoa j possu a Dessa forma que em sua a o de transforma o no mundo o sujeito modifica se e vice versa no seio mesmo do mundo social que um sujeito aprende a dialogar consigo e com o mundo vivencia suas escolhas e portanto sua evolu o quando o sujeito n o d conta de entender o novo que ele vai tentar formas de reorganiza o mental que possam comportar esse novo repare que ent o nesse movimento que a mudan a evolutiva que vai ocorrendo em n veis de complexidade crescentes Pensamos pois que esse progresso rumo ao complexo como reorganiza o maior d se nos v rios planos evolutivos do universo 169 4 5 Alargando o olhar aos fen menos sociais O desdobramento da vida estende se nas formas de complexidade sempre crescentes dos sistemas viv
281. guns ficam com a vertente da cura monetarizada aderindo ent o ao modelo biom dico e alguns rezadores ficam com a produ o de sentido da ordem espiritual que os guia para o processo de cura Mesmo reconhecendo o fen meno espiritual como ultrapassando a doen a do corpo apenas a maioria n o rompe completamente com o modelo biom dico na hora em que 141 monetarizam para poder se identificar com esse modelo Na experi ncia da nossa cultura a cura tem um valor social monetarizado A Isa ra se mant m na posi o de n o cobrar porque ela produz sentido da ordem espiritual equacionando de forma n o monetarizada utilizando aspectos do pensamento esp rita mesmo sem ter vincula o religiosa formal com o espiritismo Cada aspecto de sua narrativa como o fato de ver esp ritos o tio que morreu e que se comunicou com ela transmitindo lhe inclusive os sintomas f sicos da afec o que causou a sua passagem no caso a mal ria e o marido ter sido curado pelo esp rito Dr Bezerra de Menezes ela n o encontra o correspondente no modelo da biomedicina Isa ra atende a muitas crian as posi o da ordem do feminino reconhece um saber ao cortar o cord o umbilical ao fazer alguns partos adere ordem da m e pois d continuidade reza desta embora com relut ncia no sentido de n o haver uma identifica o muito total com o lugar da m e por se sentir menor ou pela grandeza da m e Ela diz eu n o queria ir Esse s
282. gurando uma educa o e uma ecologia transdisciplinares O desafio da transdisciplinaridade gerar uma civiliza o em escala planet ria que por for a do di logo intercultural se abra para a singularidade de cada um e para a inteireza do ser Numa sociedade capitalista na qual as rela es sociais fazem se a partir de diferencia es de classe as concep es sobre sa de e sobre doen a acham se eivadas por contradi es tamb m Assim o pensamento das ag ncias de forma o como as universidades encontra se mediado pela corpora o m dica os paradigmas da ci ncia pois s o marcados por interesses desta ordem e s o frutos tamb m das cren as da ambi ncia cient fica 43 J se percebe em sa de coletiva das popula es o seu aspecto social e hist rico CORDEIRO 1984 p 90 mas sonega se uma vis o de totalidade destes processos que comportem outras dimens es do sujeito O indiv duo real particular inscreve se na coletividade que ele constitui essa dimens o da sa de coletiva j se v Falamos que j se est a lidar com as determinantes sociais da sa de e da doen a no que diz respeito forma o em medicina contudo ainda o modelo biom dico tem sido o paradigma dominante que alimenta a pr tica em sa de e ele tem ficado limitante Em meio ao conjunto de lutas sociais percebe se que a crise de paradigmas resultou por configurar o paradigma da Integralidade j posto nas Diretrizes
283. h beis que abusaram das coletividades a que deviam prote o e defesa suplicam inibi es cerebrais que os recolham a precioso ostracismo administradores dos bens p blicos que n o hesitaram em esvaziar os cofres do povo a favor da economia particular solicitam racioc nio obtuso que lhes entrave a sagacidade para o furto aparentemente legal criminosos que brandiram armas contra os semelhantes requisitam bra os mutilados assinando aflitivas senten as contra si mesmos suicidas que menosprezaram as concess es do Senhor atendendo a deplor veis caprichos recorrem a organismos quebrados ou violentados no ber o para repararem as faltas cometidas contra si mesmos tribunos da desordem pedem os embara os da gaguez artistas que se aviltaram arrastando emo es alheias s mosntruosidades da sombra invocam a interna o na cegueira f sica caluniadores eminente que n o vacilaram no insulto ao pr ximo requerem o mart rio silencioso dos surdos mudos desportistas em ritos e bailarinos de prol que envileceram os dons recebidos da Natureza exoram nervos doentes e gl ndulas deficit rias que os segregam a dist ncia de novas quedas morais traidores que expuseram cora es respeit veis no pelourinho da inj ria demandam a pr pria deten o no catre dos paral ticos mulheres que desertaram da excelsa miss o feminina a se prostitu rem na pregui a e na delinqii ncia solicitam mol stia ocultas que lhes impe am a expans o do s
284. h for an specific group of people prayers in the Family Health Program Novo Iracema in Maranguape and through the narratives of subjects who have gone through near death experiences and near death simile out of body experience The research uses as thematic methodology the oral history an anthropologic method of research individual science using semi structured interviews with transdiciplinary approach in a multireferential perspective which were meant as an attempt at a plural reading using distinct reference systems obtaining the narratives of the subjects of the subjects about their reflections over the development of the spiritual experience throughout the processes of ailment and cure proposing to study what these experiences point as a perspective of overcoming limits of the biomedical paradigm The narratives were recorded transcripted and analyzed according to the theoretical references of this thesis science of education medical science and the spiritist theory in it s religious aspect philosophical and scientific The analysis presented in the course of this study lead to the understanding of the need for a new concept for the human being as an spiritual being of the need to consider the symbolic productions that alludes to a transcendental dimension considering the spiritual phenomena which must be taken under consideration in medicine The near death experiences and the out of body experiences suggest the existence
285. ha surgido em 1975 relatos similares descrevendo profunda experi ncia subjetiva podem ser encontrados no folclore escrito de europeus do oriente m dio dos indianos dos africanos do leste asi tico dos povos do pac fico na cultura dos nativos americanos e na literatura m dica desde o s culo XIX GREYSON 1998 2006 Van Lommel et al 2001 prop em a compreens o de que os eventos anteriormente descritos e que constituem EQM s o vivenciados e relatados n o s por pessoas que foram 62 consideradas clinicamente mortas por seus m dicos mas tamb m por pacientes em coma profundo por pacientes em estado terminal e cujos relatos s o chamados vis es no leito de morte e por pessoas que passaram por situa es de grande risco de morrer em que a morte parecia inevit vel e das quais sa ram ilesas como acidentes durante escaladas em montanhas ou acidentes de tr nsito os quais s o comumente chamados de medo da morte Experi ncia de quase morte portanto considerada por grande parte dos autores que a estudam uma experi ncia espiritual e os relatos sugerem que a mem ria est fora do corpo MOODY 1975 a EQM ocorre quando algumas pessoas vivenciam um estado de consci ncia m stica com funcionamento mental intensificado quando o funcionamento mental est gravemente prejudicado e constitui um desafio para os modelos atuais que concebem a intera o c rebro mente GREYSON 2007 Experi ncias de quase morte s
286. har j existente Com o advento da patologia como campo institucionalizado do conhecimento o acesso doen a tornou se vis vel Com isto n o mais uma determinada afec o que se insere no corpo mas o pr prio corpo que se torna doente Em conseq ncia disto como foi dito h uma reformula o do saber onde a semiologia m dica passa a ser um conjunto sistematizado de t cnicas e legitimado como uma rea espec fica do conhecimento cient fico permite aliar a leitura dos sintomas com a pesquisa dos sinais Foucault 1980 mostra nos ent o que a anatomia e a fisiologia tornam se significativas dentro de um paradigma e de c nones ou de refer ncias codificadas por grupos espec ficos O nascimento da cl nica seria uma esp cie de ci ncia do olhar que se desdobra com o advento da anatomia patol gica No entanto esse olhar mediado e informado por regras e por par metros de grupos do mundo cient fico e cultural e n o pois um saber absoluto nem universal 177 Kleinman et al 1978 apontam a distin o entre doen a disease e o estar doente a viv ncia da doen a por parte do paciente illness A doen a da compet ncia da ci ncia m dica mas a viv ncia tem rela o com o mundo do sujeito que sente e vive a doen a Um universo complexo entremeado pela cultura pelo aspecto social religioso espiritual onde preciso penetrar para poder lidar e cuidar de um sujeito acometido por uma enfermi
287. hing Nova York 576p Esse trabalho estabeleceu as diretrizes para as reformas do ensino m dico americano influindo no desenvolvimento pesquisa instituindo o modelo hospitaloc ntrico doc ncia com dedica o exclusiva e o aprofundando nas reas de estudo resultando na nfase s especialidades 66 selecionadas Isso acirrou o cons rcio posto nas pr ticas sociais do capitalismo no ocidente entre a medicina e o capital E selou o funcionamento como vamos ver da depend ncia das estrutruras de produ o da ci ncia ao interesse do capital hoje mundializado Como esse processo de vincula o da ci ncia com os contextos sociais de sua produ o se contru ra para chegar a esse ponto 2 2 Historicizando a reflex o sobre paradigmas O ser humano em um processo intermin vel de busca pela compreens o do mundo tanto de seu pr prio mundo interior quanto exterior tem procurado construir conhecimento de maneiras as mais diversas E se a complexidade desse processo tem sido demonstrada pela filosofia epistemologia psican lise psicologia antropologia sociologia entre outras ci ncias porque complexo tamb m o ser humano e seus saberes Buscando maior compreens o de como as pessoas em processos de adoecimento e de cura buscam a dimens o transcendente situarei antes o contexto da eclos o do paradigma antropoc ntrico cartesiano com sua vis o de mundo mecanicista atomista cujo modelo o da m quina Tamb
288. humano da sua sobreviv ncia para uma melhora na sua qualidade de vida denominado Bio tica O termo bio tica um neologismo recentemente incorporado aos dicion rios de l ngua portuguesa e foi empregado pela primeira vez por Van Rensselaer Potter bi logo envolvido na pesquisa do c ncer na Universidade em Nova York Sua preocupa o inicial era com o avan o desenfreado da ci ncia O conflito que existia entre o desenvolvimento cient fico e tecnol gico e um crescimento humano aut ntico A ci ncia paradoxalmente ao que se acreditava no s culo XIX n o mais era um elemento fundamental para o bem estar da humanidade Cont nuas agress es ao meio ambiente e conviv ncia permanente com a amea a nuclear criou uma ponte um elo entre os conhecimentos filos ficos s ci ncias da vida URBAN 2003 O termo bio tica na raiz de sua concep o est a necessidade de que a ci ncia biol gica e de que o ser humano se interrogue a respeito da relev ncia moral de sua interven o na vida humana NOBRE 2003 Qual a fronteira da interven o biotecn l gica na pesquisa a conduta humana nas ci ncias da vida Um esfor o interdisciplinar e intercultural necess rio Os problemas ticos e morais da ci ncia contempor nea cujos m ltiplos e prodigiosos poderes de manipula o nascidos das tecnoci ncias t m imposto ao cidad o e humanidade inteira o problema do controle tico e pol tico da atividade cient fica Morin
289. i que foi saindo o que ele tinha reza tira o quebrante O vento ca do um modo que a crian a sente 116 A diferen a do quebrante que o quebrante uma pessoa dos olhos maus que joga na crian a Eu rezo no corpo e pra alma Podemos observar que para o Sr Ananias a reza tira o quebrante quer dizer h algo que est ali no corpo que tem a ver com a doen a ou que a pr pria doen a que precisa sair Tamb m pode se ver que o que tirado pela reza foi algo que uma pessoa jogou na crian a A diferen a do quebrante que o quebrante uma pessoa dos olhos maus que joga na crian a Joga no corpo apenas posso perguntar Sr Ananias diz que ele reza no corpo e na alma Aqui ainda n o se v claro como se relacionam estas coisas corpo e alma e a doen a Mas se percebe no Sr Ananias que a doen a algo que uma pessoa dos olhos maus Joga algo de uma ordem diversa portanto do biol gico Bozzano 2000 p 113 j observava que o pensamento e a vontade s o for as pl sticas organizadoras Resulta da que a mat ria viva exteriorizada plasmada pela id ia As experi ncias de Bozzano 2000 p 97 afirmam que a mat ria viva exteriorizada pode modelar se sob a influ ncia de uma vontade assaz poderosa tal como a argila nas m os do escultor Na perspectiva esp rita distingue se os fen menos an micos dos chamados fen menos esp ritas o esp rito hum
290. ia esp cie no planeta Decidiu se convocar o II F rum como um simp sio com uma agenda que permitisse 1 uma tomada de consci ncia do problema e de sua extrema urg ncia em n vel mundial 2 o lan amento de um apelo a todos os respons veis cient ficos culturais espirituais econ micos e pol ticos para se traduzir essa tomada de consci ncia em a o efetiva 3 o exame das causas de todos os tipos que nos conduziram ao desastre planet rio e das novas vias por contemplar para que essa sobreviv ncia ainda seja poss vel a m dio prazo Al m dos objetivos espec ficos o Simp sio conduziu a um grande n mero de considera es sintetizadas a seguir A imin ncia de uma explos o demogr fica que levar a popula o do planeta a seis bilh es de habitantes no ano 2000 num momento em que como consegii ncia da polui o e da desertifica o os recursos planet rios v o se reduzindo em propor es consider veis est entre as principais causas Al m disso enumera se o esquentamento do planeta e o risco de que um ter o das terras atuais seja submergido num futuro relativamente pr ximo a destrui o da biosfera e os gastos inimagin veis de recursos financeiros e humanos com finalidades b licas A origem do problema pode ser encontrada numa concep o cient fica que no seu aspecto reducionista e atomista conduziu o homem a considerar a natureza e o universo como um po o de riquezas sem fim e a explorar os recursos co
291. ia uma dor terr vel com agonia E em esp rito eu orava e meditava que eu para morrer por eu n o estar agiientando E fiquei pensando no que Jesus sofreu para morrer por todos n s Lembro que havia muitas pessoas ao meu redor cerca de doze a treze pessoas no meio estava o m dico de plant o Eu estava na sala de recupera o da UTI monitorizada e dava para ouvir o barulho dos eletrodos a fregii ncia card aca muito acelerada Estava bastante dispn ica com falta de ar e com uma dor muito grande n o era na cirurgia era em todo o corpo na alma E comecei a orar em esp rito Pedi que Deus me enviasse um anjo para me ajudar e naquele momento percebi que as pessoas que estavam ali sa ram de cabe a baixa o m dico sacudiu a cabe a e saiu Lembro quando ele chegou e disse mais ou menos assim Eu n o disse que ela n o passava de hoje Outras pessoas sa ram chorando pensando que era o meu fim 216 Voltei a orar pois eu estava sempre ligada com Deus e na minha ora o eu disse Senhor parece que eu j vou ou j fui todo o mundo vai um dia e a minha vez chegou E pensei N o Senhor eu n o vou me entregar eu n o vou me conformar pois n o o homem quem vai me dar senten a para morrer O Senhor o dono da vida quem me fez me criou e quem permitiu que eu chegasse at aqui E eu vou Te clamar com as ltimas for as que tenho E o Senhor h de mostrar para essa plat ia que o Senhor tem p
292. ias m sticas e que muitos trazem estas experi ncias para a terapia Consider veis experi ncias cient ficas das ltimas d cadas identificaram EQM como um fen meno psicol gico e n o atribu do doen a mental BASFORD 1990 um evento subjetivo profundo experienciado por pessoas pr ximas da morte ou que se acreditam mortas resultante de inj ria s ria ou de doen as resultantes de situa o fatal da qual inesperadamente se recuperam TURNER et al 1972 Noyes e Kletti 1977 em seus estudos descreveram as EQM como um tipo de despersonaliza o ou como um sentimento de estranhamento ou de irrealidade que simula o estado de morte e que sacrifica uma parte da personalidade para evitar a morte real muito embora a despersonaliza o n o esclare a a amplia o da agilidade mental nem a consci ncia m stica observadas nas EQMs GREYSON 2007 As experi ncias de quase morte t m sido comparadas ao fen meno de dissocia o na qual ocorre a separa o de pensamentos de sentimentos ou de experi ncias do curso normal da consci ncia e da mem ria o que uma resposta de adapta o ao trauma comum em pessoas sem outras altera es patol gicas Greyson 2000 constatou que o perfil do sintoma dissociativo dos indiv duos que passaram por uma EQM sugere resposta psicofisiol gica normal ao estresse um desvio de aten o do ambiente f sico para um estado alterado de consci ncia mais que um tipo patol gico de dissocia
293. ias levanta uma quest o importante quando observa que o atuar junto ao corpo junto pessoa que decide que decide ir em busca da reza pode levar a atingir a alma e as matrizes da doen a Nas palavras do Esp rito Emmanuel vemos essa id ia esp rita de uma matriz espiritual alma o Esp rito encarnado que se manifesta atrav s do corpo ESP RITO EMMANUEL CHICO XAVIER 1995 p 66 As chagas da alma se manifestam atrav s do envolt rio humano O corpo doente reflete o panorama interior do esp rito enfermo A patogenia um conjunto de inferioridades do aparelho ps quico O rem dio eficaz est na a o do pr prio esp rito enfermi o E ainda na alma que reside a fonte prim ria de todos os res duos medicamentosos definitivos O rem dio eficaz est na a o do pr prio esp rito Podemos ver que os s mbolos como a reza em seu feixe de gestos e de palavras que constituem um conjunto simb lico representam muitas coisas ao mesmo tempo Um s mbolo mult voco possui m ltiplas significa es e n o un voco como diz Turner 2005 p 71 Um tnico simbolo de fato representa muitas coisas ao mesmo tempo multivoco e n o univoco Seus referentes n o s o todos da mesma ordem l gica e sim tirados de muitos campos da experi ncia social e de avalia o tica Turner 2005 p 49 j observava que os s mbolos s o um processo din mico aqui podemos dizer que a reza um evento simb lico uma li
294. ica compartilhada O princ pio de justi a busca garantir um sistema de sa de no qual todos se beneficiem Outros princ pios s o levados em considera o como o da Bio tica Personalista destacando se o de defesa da vida f sica o de liberdade e responsabilidade o de totalidade o 102 de sociabilidade ou subsidiaridade NOBRE 2003 O principio de defesa da vida fisica esta ligado ao respeito que se deve ter pela propria vida representando o primeiro imperativo tico do ser humano para consigo mesmo e para com os outros A civiliza o da sociedade se constr i sobre este princ pio Existem outros paradigmas como o antropol gico que tem por base uma filosofia humanista que procura compreender o ser humano em sua integralidade em sua multidimensionalidade NOBRE 2003 Conforme j mencionado os sociobi logos consideram o ser humano um edif cio celular consideram o cosmo e as v rias formas de vida do planeta em evolu o o que respalda as mudan as dos valores morais Nesta perspectiva s o justific veis as interven es no patrim nio biol gico da humanidade NOBRE 2003 O modelo subjetivista ou liberal radical e o modelo pragm tico utilitarista enfatizam a autonomia do ser humano revalorizam o ser humano e colocam limites na a o do m dico Rejeitam a metaf sica s o comuns na bio tica anglo sax e trazem de volta o utilitarismo resumindo se no tr plice mandamento maximizar o prazer minimizar a dor e
295. ica dos profissionais m dicos 299 5 Pagamento O participante da pesquisa n o ter nenhum tipo de despesa para sua participa o bem como nada ser pago por sua participa o Ap s estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados de forma livre e esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Nome do Participante da Pesquisa Assinatura do Participante da Pesquisa Pesquisadora Eliane Silva de Oliveira Orientadora Profa Dra Angela Bessa Linhares
296. icado para seus sofrimentos V rios estudos em alguns anos passados mostraram os efeitos ben ficos da espiritualidade com relativa diminui o do estresse convalescen a da doen a suaviza o da dor e mais r pida convalescen a de cirurgia Observa se assim que a ci ncia m dica est avan ando na compreens o da espiritualidade como um dos determinantes da sa de humana Puchalski e Romer 2000 sugerem que na anamnese se pergunte ao sujeito que busca os cuidados m dicos se a pessoa se considera espiritualizada ou religiosa e como as suas cren as influenciam nos seus cuidados de sa de i Como observa Jaqueline Ferreira em seu estudo sobre O corpo s gnico na publica o nomeada Sa de e Doen a um olhar antropol gico FERREIRA apud MINAYO ALVES 1994 p 103 o sintoma diz respeito exclusivamente ao doente e reporta se ao car ter invis vel da doen a J o sinal faz parte do dom nio m dico principalmente e refere se ao aspecto vis vel da doen a Com os termos de Jaqueline Ferreira MINAYO ALVES p 103 4 Segundo Foucault o destaque ao sintoma como a nica forma de acesso doen a no sentido hipocr tico perdura at o s culo XVIII Para ele com o advento da cl nica an tomo patol gica h uma reformula o do saber onde a semiologia m dica passa a ser um conjunto de t cnicas que permite aliar a leitura dos sintomas com a pesquisa dos sinais onde entram em jogo a escuta e o olfato al m do ol
297. icas de rituais e de s mbolos delineados para facilitar a proximidade com o sagrado e com o transcendente Deus Poder Maior ou Verdade Realidade Final M xima O Esp rito Andr Luiz no livro Evolu o em dois mundos 21 psicografado por Chico Xavier 1995 p 158 explica que a religi o assume aspecto enobrecido como ci ncia moral de aperfei oamento para mais alta ascens o da mente humana Consci ncia C smica J espiritualidade definida por Koenig et al 2001 como a busca pessoal por respostas compreens veis para quest es existenciais sobre a vida sobre o seu significado e sobre a rela o com o sagrado ou transcendente como uma busca pessoal que pode ou n o levar ou resultar do desenvolvimento de rituais religiosos e da forma o de uma comunidade Observo que ser importante em meus estudos a perspectiva de ver a experi ncia espiritual como experi ncia de transforma o Aqui tomo de Freire a id ia da educa o como transforma o das pessoas logo a experi ncia espiritual tamb m tem seu aspecto de uma experi ncia educacional por implicar transforma o e aprendizagem No segundo locus da minha pesquisa por exemplo pergunto que saberes produziram as m es das crian as no per odo em que se encontravam em risco de perderem seus beb s e o que de seu ponto de vista transformou as Quero saber tamb m como recorrem a essas explica es sobre o que lhes acontece Nessas procuras de dar si
298. ico Evidencia assim a independ ncia da alma em rela o ao corpo Trata se de uma manifesta o an mica ou faculdade consciente e supranormal BOZZANO 1982 242 O pesquisador Bozzano 1995 1972 fez numerosos estudos por mais de quarenta anos demonstrando atrav s de an lises comparadas que as faculdades supranormais subconscientes ou sentidos supranormais ou ainda sentidos espirituais da personalidade integral subconsciente existem preformadas em estado latente aguardando o momento de emergir no meio espiritual ap s a crise da morte As manifesta es supranormais s o as manifesta es an micas e as manifesta es espir ticas as quais demonstram cientificamente a sobreviv ncia humana al m do processo de morte BOZZANO 1995 Em seus aprofundados estudos na d cada de 1940 definiu os poderes supranormais da subconsci ncia clarivid ncia no espa o e no tempo telepatia psicometria telemnesia leitura nas subconsci ncias de outros sem limites de dist ncia comunica es medi nicas entre vivos ou conversa o entre dois psiquismos postos em rela o entre si O cientista tamb m demonstrou que as faculdades subconscientes possuem o atributo divino da onisci ncia Vejamos seu relato BOZZANO 1995 p 285 286 as faculdades supranormais em apre o s o os sentidos espirituais da personalidade integral subconsciente os quais existem preformados em estado latente nos recessos da subco
299. ico Esp rita que tem sua constru o direcionada pela Associa o M dico Esp rita Brasileira modelo que propicia importante contribui o na compreens o acerca dos problemas do destino do ser e da dor do processo sa de doen a e do processo de vida e morte e sua significa o que envolve tamb m a produ o simb lica dos sujeitos humanos que tento capturar ao estudar a experi ncia espiritual como lugar de escuta importante dos sujeitos em sa de Dentro dessa vis o observei que a experi ncia espiritual que estudo em tr s cen rios diversos lugar significativo para examinar onde se estrangula o paradigma morfo fisio biol gico em suas linhas de compreens o redutoras que se devem abrir para novas dire es Entre as dire es que ajudam a pensar novas refer ncias na educa o m dica pelo que vimos nesta tese concluo que se deve escutar e aprofundar o paradigma m dico esp rita 247 perspectiva que acho relevante e que encontra reafirma e desenvolve o que se pode refletir como conclus o desta pesquisa Lins 2004 p 64 comenta que o trabalho empreendido por Adolfo Bezerra de Menezes em prol da homeopatia e da difus o de uma medicina j compreendia o ser humano como ser espiritual Em 1897 a obra de Bezerra A Loucura sob Novo Prisma de muito antecede a discuss o atual sobre a revis o dos conceitos de normalidade anormalidade A mente e o corpo uma dualidade de conforma es que entre n s e
300. icologia transpessoal o estudo emp rico e cient fico dos diferentes n veis de consci ncia e de suas rela es com nossa percep o da realidade de cren a e de valores visando atingir estados superiores da consci ncia atrav s de uma expans o desta integrando a na vida cotidiana As pr ticas da psicologia transpessoal e psicoss ntese pois entre outras perspectivas parecem me trazer novos problemas de pesquisa que perguntam qual o sujeito das pr ticas m dicas Sabe se que a consci ncia cr tica resulta da inser o do sujeito no mundo como sujeito transformador de realidades pessoais e sociais FREIRE 2005 Todavia meus estudos levam me a uma compreens o mais alargada da consci ncia capaz de abarcar uma concep o de sujeito que inclui nos extratos extracerebrais saberes de m ltiplas reencarna es FRANCO 2003 LINHARES 2003 2005 Esses aspectos j amplamente conhecidos de algum modo de todas as tradi es espirituais comumente ainda s o ignorados pela medicina ocidental ou quando muito s o abordados apenas pela tica da antropologia m dica que n o deixa de ter ineg vel import ncia de certo modo perdendo nossas origens pois em certo sentido a medicina hipocr tica considerava o ser humano de modo mais aproximado de sua inteireza ao pensar a doen a como um desequil brio entre as influ ncias ambientais os modos de vida e os v rios componentes da natureza humana sendo o processo de cura algo que sur
301. ida m dium mandou me chamar e falando em espanhol disse que em minha encarna o anterior eu trabalhara em sua equipe na guerra com os aliados e na Cruz Vermelha Conversou um pouco mais por m fiquei extremamente emocionada foi ent o que compreendi que h muito existia forte em mim a lembran a de uma vida passada Cresci com uma religiosidade intr nseca mas descontextualizada dos ensinamentos que aprendia tais como c u ap s a morte inferno purgat rio pecado e dem nio etc A pr pria morte era para minha compreens o infantil assunto que os adultos ao meu redor ignoravam completamente e n o sabiam explicar Concordo com o poeta que na m sica diz Eu era crian a e entendia tudo agora cresci e n o entendo nada Eu percebia que os adultos evitavam falar sobre o assunto com as crian as ent o sequer os importunava com minhas perguntas porque eu sabia que eles n o desejavam me responder Percorria ent o uma vereda maior de perguntas que buscava responder sozinha Em Cachoeiro do Itapemirim no Esp rito Santo onde vivi ao sair de Vargem Alta com cerca de dez anos de idade fui ajudante da zeladora da Igreja de Santa Luzia onde rezava o ter o todo o m s de maio junto s senhoras da igreja Participava de todas estas atividades por interesse pr prio e n o havia interfer ncia familiar pois minha m e praticamente n o comparecia igreja Por volta dos quatorze anos fui cerca de tr s vez
302. idualidade eterna e perfect vel e que se projetar numa transcend ncia na autodetermina o moral do sujeito que se desenvolve portanto e que eclode a fonte divina presente em cada um o princ pio espiritual em evolu o Na verdade a identifica o do humano com alguma forma de reflexividade implicando em constru es morais que perguntam pela id ia do bem e tamb m em alguma forma de a o social que sup e a pergunta por normatividade no contexto coletivo vem desde Plat o na sua Rep blica Desde S crates de quem Plat o foi disc pulo a pessoa humana n o existe no sentido meramente factual sujeita a necessidades e a desejos ela interroga as raz es ltimas de sua exist ncia e isso traz repercuss es que v o novamente levar a reflex es e a pr ticas 161 Para n s a experi ncia de si al m de vincular essas esferas da reflexividade que inclui as constru es morais e a esfera da pr tica social sexuada e pol tica tamb m equaciona a dimens o espiritual de algum modo mais ou menos consciente ou expl cito A experi ncia de si a hist ria que o sujeito traz dos percursos que fazem sua singularidade e seu caminho evolutivo Implica a experi ncia de si em movimentos de aquisi o permanente de sentidos para o vivido o que vai demandar atua o no mundo auto avalia o e autoconhecimento e tamb m possui um aspecto relacional e de transmiss o que n o se deve deixar de lado Larossa
303. iliares requerem mudan as quanto s pessoas que vivenciam a EQM uma vez que estas mudam os seus valores as suas cren as e as suas atitudes Terapia faz se necess ria para integrar as viv ncias da EQM na vida di ria uma vez que ocorrem mudan as na carreira e nos relacionamentos ntimos GREY SON 1997a Greyson e Harris 1987 recomendam terapia de grupo ou grupo de auto ajuda espec fico Wilber 1984 tem advertido contra a prescri o de medicamentos para pessoas que vivenciam um despertar espiritual espont neo pois causam impedimentos no processo e recomenda pr ticas contemplativas como a medita o ou a ora o que ajudam a pessoa em crises espirituais Sabom 1982 1998 chama a aten o para o fato de que algumas das caracter sticas das EQMs s o dif ceis de ser explicadas nos termos de nossa compreens o atual sobre os processos psicol gicos ou fisiol gicos Ele explicita que os pacientes s vezes relatam que observaram seus corpos de pontos diferentes no espa o e que podem descrever com precis o o que estava acontecendo em torno deles enquanto estavam ostensivamente inconscientes Outros estudiosos CLARK 1984 RING LAWRENCE 1993 relatam que durante as viv ncias de EQM as pessoas perceberam eventos posteriormente confirmados que ocorreram a uma dist ncia que n o poderia ser alcan ada por seus rg os dos sentidos incluindo pessoas cegas que descreveram percep es visuais exatas durante sua experi ncia de q
304. inho Eu vi aquelas duas m os geladas e fiquei esmorecidinho E depois que esse vulto desceu do c u e passou as duas m os no meu rosto eu aborreci o lcool Mas eu fiz esse pedido O pessoal at me amarrava o dia todo num tronco de pau porque eu corria louco louco Os s mbolos possuem movimento e sistemas de a o quando Victor Turner 2005 ao tomar o ritual como drama e o drama as crises pol ticas sociais e da vida como ritual mostram o estudo da sociedade como mito e narrativa Como observa Roberto DaMatta no pref cio do livro de Turner 2005 p 26 A Floresta de S mbolos Turner foi um estudioso obcecado pelas formas rituais por aquilo que a sociedade se via obrigada a produzir o que como testemunhamos nos nossos desfiles carnavalescos fica sempre sempre aqu m ou al m dos entrechos valores e personagens a serem dramatizados Os rezadores quando falam de sua a o parecem nos mostrar algo para al m do que est o dizendo Os estudos dos rituais e dos dramas mostram conte dos e formas de diz los que est o sendo reprimidos na sociedade Compreendo os rezadores como uma encena o de uma dimens o espiritual que foi silenciada em medicina e que extrapola o modelo biom dico Vemos ent o que os rituais ou dramas apontam para um mais al m ou mais aqu m dos que eles pr prios est o a dizer Todavia os antrop logos sobretudo a partir de Malinowsk estudam os fen menos que nomeiam de sagr
305. is de vinte e cinco por cento de todos os adultos que sobreviveram experi ncia de quase morte quando crian as relataram n o poderem usar rel gios porque eles pararam de funcionar Morse 1997 p 147 fala sobre o fato dos rel gios pararem de funcionar em determinadas pessoas Na verdade n o creio que seja um problema com as baterias Ap s estudar cientificamente centenas destas experi ncias estou convencido de que a pr pria EQM sutilmente modifica as for as eletromagn ticas que cercam os nossos corpos e cada uma de suas c lulas Esta mudan a t o profunda que afeta aspectos como a personalidade a rea o ansiedade a capacidade de ter experi ncias ps quicas e at a capacidade de algumas pessoas usarem um rel gio Algumas pessoas tinham adquirido uma intelig ncia muito elevada No livro Transformados pela Luz Morse 1997 narra a EQM de Olaf Sunden aos quatorze anos durante a retirada de suas tonsilas palatinas ao receber uma dose excessiva de ter ocorr ncia comum naqueles dias em que o ter era administrado gota a gota em algod o pr ximo ao rosto do paciente Olaf Sunden relata uma viagem c smica MORSE 1997 p 26 27 196 De repente rolei dentro de uma esfera e parecia colidir com uma parede dentro de uma outra realidade A passagem deste lado para o outro foi extremamente dolorosa sufocante As for as que me conduziam atrav s da barreira da morte eram extraordin rias e a barreira limite er
306. isse me levem logo porque eu n o estou suportando a dor e eu tenho certeza que v o me abrir ou seja fazer laparatomia exploradora 215 Fui para a emerg ncia do HAP no dia 01 11 03 quando fui atendida por um m dico jovem que solicitou o parecer de um cirurgi o Achei interessante que no ltimo dia em que eu trabalhei quando eu ia saindo do HGCC e esperava o meu irm o na recep o estava l um m dico do hospital e eu senti vontade de pedir uma orienta o do que eu estava sentindo E resolvi que n o pois eu iria logo para uma emerg ncia E quando o jovem m dico solicitou a presen a de um cirurgi o o m dico que veio foi o mesmo que eu tinha visto no HGCC Deus havia me mostrado antes uma ajuda e eu n o entendi Porque para Deus n o existe coincid ncia Fui internada para cirurgia mas esta s aconteceu quatro dias depois n o sei porque por algum motivo o qual n o informaram a minha fam lia Eu s sei dizer que n o estava agiientando mais Lembro bem do momento em que entrei na sala para a cirurgia e no qual o anestesista ou a anestesista n o lembro bem mas sei que errou v rias vezes e quando eu falei n o vou mais deixar e o doutor falou conseguiu Da eu lembro e ainda sinto o bisturi encostar na minha barriga E queria ver tudo fechei os olhos para que ningu m percebesse que eu estava acordada E n o vi mais nada E quando acordei estava no respirador entubada e cheia de secre o
307. isse me ser necess rio que eu repousasse e dormisse Deitei me e dormi longamente No mundo dos Esp ritos h a for a do pensamento por meio do qual se podem criar todas as comodidades desej veis Bozzano 2006b comenta que em seus estudos de d cadas com personalidades medi nicas as informa es narram que a modalidade de exist ncia dos Esp ritos constituem uma reprodu o exata ainda que espiritualizada do meio terrestre da humanidade Ressalta o poder criador do pensamento e da vontade que mesmo na exist ncia encarnada s o suscet veis de criar e de objetivar as formas concretas das coisas pensadas e desejadas As personalidades medi nicas afirmam que essas condi es de exist ncia espiritual s o transit rias e se referem s esferas mais pr ximas do mundo terrestre que se destina aos Esp ritos rec m chegados O pesquisador analisa que se trata de um ciclo de exist ncia preparat ria entre a exist ncia encarnada e a de puro Esp rito numa adapta o gradativa ao desligamento do corpo biol gico e s liga es afetivas do mundo f sico Subentende se que a av de Jim revestira temporariamente sua antiga forma terrena para ser reconhecida A revis o panor mica de Jim foi muito mais uma recapitula o de lembran as sugerindo que a personalidade medi nica pertence mais ao tipo auditivo mental do que visual No relato da personalidade medi nica de n mero 04 o filho mais mo o da senhora Plat
308. ita a hist ria mais completa porque compreende a hist ria da mol stia atual mais a ficha c rmica o contexto familiar pois ningu m se liga a outro por acaso Chico Xavier no livro Li es de Sabedoria 1997 ao ser entrevistado pela Dra Marlene Nobre explica que somos devolvidos Terra mesmo aos n cleos habitacionais em que as nossas culpas foram adquiridas e muitas vezes trazemos conosco o problema da esquizofrenia Ou seja nossas a es repercutem em nossa indument ria espiritual que por sua vez repercute em nossa roupa biol gica Vejamos o que o Esp rito Andr Luiz esclarece acerca do aborto criminoso no livro Evolu o em dois Mundos psicografado por Chico Xavier 1995a p 199 Segundo o princ pio universal do Direito C smico a expressar se no ensinamento de Jesus que manda conferir a cada uma de acordo com as pr prias obras arquivamos em n s as ra zes do mal que acalentamos para extirp las custa do esfor o pr prio em companhia daqueles que se nos afinem faixa de culpa com os quais perante a Justi a Eterna os nossos d bitos jazem associados dessa forma que a mulher e o homem acumpliciados nas ocorr ncias do aborto delituoso mas principalmente a mulher cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa natureza muito maior frente da vida que ela prometeu honrar com nobreza na maternidade sublime desajustam as energias psicossom ticas com mais penetrante desequil
309. itismo 5 ed Rio de Janeiro Federa o Esp rita Brasileira 1995 Comunica es medi nicas entre vivos 3 ed S o Paulo EDICEL 1982 Desdobramento fen menos de Biloca o S o Paulo Edi o Calv rio 1972 BUCKINGHAM J C LOXLEY H D CHRISTIAN H C PHILIP J G Ativation of the HPA axis by immune insults role and interactions of cytokines eicosanoids and glucocorticoids Pharmachol Biochem Behav v 4 n 1 p 285 298 May1996 BUSH N E The near death experience in children shades of the prison house reopening Anabiosis J Near Death Stud v 3 p 77 193 1983 Is ten years a life review J Near Death Stud v 10 p 5 9 1991 266 BUSNEL M C A sensorialidade do feto In Novos olhares sobre a gesta o e a crian a at os tr s anos Bras lia LGE Editora 2002 BYERLY H Explaining and exploiting placebo effects Perspect Biol Med v 19 p 423 436 Spring 1976 CAMPOS F E FERREIRA J R FEURWERKER L SENA R R CAMPOS J J B CORDEIRO H CORDONI L Caminhos para aproximar a forma o de profissionais de sa de das necessidades da Aten o B sica Rev Bras Educ M d v 25 n 2 p 53 59 2001 CARR D Pathophysiology of stress induced limbic lobe disfunction a hypothesis for NDEs Anabiosis J Near Death Stud v 2 p 75 89 1982 CAPRA F A teia da vida 14 ed S o Paulo Editora Cultrix 1996 O Ponto de Muta o S o Paulo Editora Pensame
310. ive a religiosidade reprimida que ocorre quando a rela o com a transcend ncia est perturbada Afirma que quando a f na escala individual se atrofia transforma se em neurose e na escala social degenera em supersti o Mostra tamb m que o sentimento religioso natural tem sido v tima da repress o por parte da raz o instrumental ou da intelig ncia tecnicista A an lise existencial de Frankl 2006 tem por objetivo o ser humano n o como ser impulsionado mas como ser respons vel a sua exist ncia espiritual o eu se torna consciente de si mesmo a autonomia da exist ncia espiritual e descobriu dentro da espiritualidade inconsciente do homem algo como religiosidade inconsciente no sentido de um relacionamento inconsciente com Deus de uma rela o com o transcendente que imanente no ser humano embora muitas vezes permane a latente Revela que sempre existiu no ser humano uma tend ncia inconsciente em dire o a Deus que sempre tivemos uma liga o intencional embora inconsciente com Deus Dr Michael Persinger neurobi logo canadense atrav s de estudos com tomografia com emiss o de p sitrons que permitem o estudo funcional do c rebro constatou que no lobo temporal direito do ser humano ocorre uma ativa o sempre que a palavra Deus ou similar pronunciada A pesquisa foi realizada com pessoas de diferentes culturas e essa regi o anat mica foi denominada pelo pesquisador de ponto de Deus Os estudos sugerem q
311. izem que parece uma nuvem de cores ou um campo de energia Uma das pessoas que passaram pela EQM me disse anos atr s que observou suas m os enquanto estava nesse estado e percebeu que eram pequenas e feitas de luz A maioria das pessoas ap s uma EQM passam a ter uma vis o diferente sobre o corpo f sico afirmando os estudiosos que a maioria das pessoas com EQMs que conversaram comigo consideram o corpo como uma casa para o esp rito Moody 2004 O m dico relata que pessoas com defici ncias f sicas e que vivenciam uma EQM descobrem que as suas defici ncias somem No reino espiritual eles s o seres completos e altamente geis Tem sido minha experi ncia ver que a EQM permite que os deficientes aceitem melhor seus problemas E narra uma viv ncia muito elucidativa MOODY 2004 p 86 Outro homem que conhe o caiu de um outdoor sobre cabos de alta voltagem Ele perdeu as pernas e parte de um bra o por causa das queimaduras Ele teve uma experi ncia fora do corpo na sala de opera es Enquanto olhava para baixo para seu pr prio corpo o primeiro pensamento que veio sua mente foi Olhe para aquele pobre homem Ele nem mesmo reconheceu o corpo na mesa como sendo o seu pr prio Quando finalmente entendeu que aquele corpo gravemente danificado era o seu notou algo mais peculiar seu corpo espiritual n o estava aleijado de maneira nenhuma A experi ncia do t nel geralmente acontece depois da separa o do
312. l m da id ia de sele o natural como competitividade proposta por Darwin tomaremos de Capra o aspecto de sua vis o que enfatiza a cria o de sistemas de relacionamento e de redes de conex es de coopera o e de interdepend ncia como aspectos que caracterizam o universo Em seu livro O Ponto de Muta o Capra 1982 p 387 observa que a pr pria base material da vida planet ria achar se ia em ntima rela o e mesmo dependeria de aspectos mais interiores na pessoa Contrariamente s cren as convencionais os sistemas de valores e a tica n o s o perif ricos em rela o ci ncia e tecnologia mas constituem sua pr pria base e for a propulsora Por conseguinte a mudan a para um sistema social e econ mico equilibrado exigir uma correspondente mudan a de valores da autoafirma o e da competi o para a coopera o e a justi a social da expans o para a conserva o da aquisi o material para o crescimento interior Capra mostra que os sistemas vivos passam constantemente por mudan as de estruturas e de rela es que acontecem a partir de processos de renova o dos padr es de coopera o em suas teias Nesse tecido no qual a cria o se d o organismo ao mesmo tempo determinado e livre e ao se organizar como em teias viceja em um campo no qual tudo interdependente e caminha em dire o complexidade crescente CAPRA 1996 Prigogine em seus estudos sobre Estruturas Dissipativ
313. la da F do Programa de Sa de da Fam lia PSF Novo Iracema em Maranguape e o terceiro contexto da pesquisa s o as narrativas de profissionais da sa de e de outros sujeitos que vivenciaram a experi ncia de quase morte EQM Por que escolhi este lugar da experi ncia espiritual como contexto situacional privilegiado de onde se pode ver os pontos de estrangulamento do paradigma biom dico e suas perspectivas de supera o Irei me acercando desta resposta ao configurar essa problem tica de pesquisa em um quadro conceitual que considera a experi ncia espiritual um lugar que aponta para insufici ncia do paradigma biom dico e para mbitos de supera o que s o nomeados por fen menos que se poderia qualificar da ordem do espiritual Para dar conta desta tarefa irei utilizar como mostrarei a seguir a multirreferencialidade ARDOINO 1993 como orienta o da minha pesquisa para tanto me utilizo da Ci ncia M dica da Ci ncia da Educa o e da Ci ncia Filosofia e Religi o Esp rita como referencial te rico b sico al m de alguns di logos com a Antropologia Cultural 15 A pesquisa qualitativa que farei conforme irei detalhar adiante situa se no conjunto de redefini es que a colocam no mbito de uma produ o de sentidos relacional e sobretudo assume a auto reflex o como caracter stica importante a ser manifestada A pr pria experi ncia espiritual cerca se de um saber que envolve a consci ncia a auto reflex
314. le disse para eu rezar para o meu anjo da uarda Minha m e n o me quer estou preocupada porque s tenho minha av tenho medo de ficar sozinha Trabalhei na casa de uma senhora loura de olhos verdes em Fortaleza gostava muito de l Ela disse que eu podia lhe chamar de m e e o marido dela de pai As outras empregadas tinha inveja Ela tomava muitos rem dios calmantes muito dependente um monte de drogas Um dia ela esqueceu uns perfumes numa loja e desconfiou de mim Rezei para ela encontrar os perfumes Eles tinham ficado na Manix ela me deu uns presentes mas fiquei sentida N o quis mais ficar l Continuando na mesma linha de racioc nio temos a narrativa de M G A 49 anos segundo grau solteira volunt ria da APAE dois expedientes cat lica desde crian a moro em Maranguape Vim para o dentista e aproveitei para ir ao seu Ananias Desde crian a que surgindo oportunidade vou para o rezador Estive para morrer quando crian a e quem me salvou foi o rezador Aos vinte e dois anos fiquei numa rede sem vontade para nada dormindo minha tia me levou ao rezador Com uma reza no primeiro dia fiquei bem Fui mais duas vezes A ora o tem muita for a mas voc tem que acreditar nela Vou ao m dico mas confio mais no rezador 122 Aulus o instrutor espiritual do livro do Espirito Andr Luiz intitulado Nos Dominios da Mediunidade 2005 p 29 psicografado pelo m dium Francisco C ndido Xavier orienta sob
315. lhar essa ordem de vis o dos fen menos sociais na contemporaneidade A perspectiva do estudo da espiritualidade no seio dos movimentos sociais ajudar nos a ver o modo como os novos atores das a es coletivas lidam com essa dimens o Quando buscam conferir lastro e significa o s suas transforma es pessoais a seus impulsos na dire o de uma compreens o de si mais inteira a suas experi ncias de si e da luta social empreendida em que situa es recorrem e como os sujeitos que vivenciam os novos movimentos sociais consideram essa dimens o espiritual Os movimentos sociais v o fazendo confluir em meio s graves problem ticas coletivas uma pol tica da vida em meio vida da pol tica tentam ainda for ar a conflu ncia entre a vida pessoal e a pol tica Por isso importante dizer que os novos movimentos sociais n o s o apenas a es coletivas organizadas em suas lutas por amplia o de direitos sociais mas s o tamb m al m de estruturas associativas de formatos diversos movimentos que 174 assumem novos modos de produ o de significados pessoais e culturais a exigir novas constru es anal ticas para pens los Impulsionando as pessoas a produzirem sentidos por si mesmas para suas experi ncias coletivas os movimentos sociais tamb m criam solidariedades complexas nas quais a esfera do sentir e a espiritual das culturas tocada e dignificada Novos c digos culturais s o a gestados nos movime
316. lho transporte emprego lazer liberdade acesso e posse da terra e acesso aos servi os de sa de A express o processo sa de doen a aponta pois para situa es resultantes das formas poss veis dos seres humanos levarem a vida isto para os modos como os seres humanos estabelecem rela es que eles estabelecem entre si enquanto indiv duos ou enquanto grupos Assim entender sa de doen a como processo leva nos a perceber o que ele tem de coletivo de din mico e de material O modo como os seres humanos vivem adoecem e morrem al m de apontadas percep es culturais e de caracter sticas individuais imunogen ticas fortemente condicionado pelo modo como a sociedade produz e distribui suas riquezas ao longo da hist ria SOUZA 2007 Desde a Assembl ia Mundial de Sa de de 1983 a inclus o de uma dimens o n o material ou espiritual de sa de vem sendo discutida intensamente a ponto de haver uma proposta para modificar o conceito cl ssico de sa de da Organiza o Mundial de sa de para um estado din mico de completo bem estar f sico mental espiritual e social e n o meramente aus ncia de doen a FLECK 2003 Temos ent o uma amplia o progressiva na compreens o do estado de sa de Por m a ci ncia esp rita compreende a sa de como perfeita harmonia da alma O poder de comando est no esp rito N o s o as rea es f sico qu micas que determinam as nossas atitudes mas elas s o con
317. lis quando esta n o era tratada Um grupo de 399 homens com a doen a n o foram tratados e nem informados sobre a natureza da sua doen a Outros 201 n o portadores da doen a participaram do experimento como grupo controle Durante 40 anos esses homens foram sistematicamente privados de qualquer tratamento A penicilina estava dispon vel nos anos 40 o f rmaco de escolha para tratamento desta afec o que degenera 97 ossos sistema nervoso central e outros rg os sexualmente transmiss vel e a m e contaminada passa a doen a para a crian a que acometida de forma grave Mesmo com a penicilina dispon vel o estudo permaneceu inalterado nenhum doente foi tratado Em 1973 ap s o jornal New York Times chamar a aten o de todos para o grave desvio moral e desrespeito a dignidade humana com que ele estava sendo conduzido formou se uma comiss o do governo americano determinado pelo Department of Health Education and Welfare e estabeleceu que a partir desse acontecimento a sociedade n o mais poderia permitir que o equil brio entre o direito individual e o progresso cient fico fosse determinado unicamente pela comunidade cient fica URBAN 2003 O dano de poucos deficientes pobres negros crian as judeus foi de forma utilitarista manipulado por cientistas para a promo o de um presumido bem estar da sociedade Neste ambiente desenvolveu se um novo campo da tica direcionado para a defesa do ser
318. lma submeter todas as cren as ao controle do livre exame e da raz o e nada aceitar pela f cega respeitar todas as cren as sinceras por mais irracionais que nos pare am e n o violentar a consci ncia de ningu m ver enfim nas descobertas da ci ncia a revela o das leis da natureza que s o as leis de Deus eis o Credo a religi o do Espiritismo religi o que se pode conciliar com todos os cultos isto com todas as maneiras de adorar a Deus Nobre 2005 p 14 15 em seu estudo acerca do paradigma m dico espirita que tem como uma de suas fontes as obras do Esp rito Andr Luiz psicografadas por Chico Xavier 1978 2002 1995a 1995c 2002 e Kardec 2006d sintetiza da seguinte forma a constitui o do ser humano O ser humano constitu do al m do corpo f sico do Esp rito e de um elemento intermedi rio a que Paulo de Tarso denominou de corpo espiritual e Allan Kardec de perisp rito O perisp rito ele pr prio formado de v rias camadas um modelo composto de camadas tipo cebola Neste seu modelo de cebola ele engloba v rios corpos como o vital duplo et rico o astral o mental e o causal O corpo causal que integra o perisp rito constitu do da roupa imunda tecida por nossas m os nas experi ncias anteriores Nele est o registrados todos os nossos pensamentos e a es de vidas passadas O corpo mental conceituado como o envolt rio sutil da mente sobre o qual os O
319. lma ou de esp rito nas popula es estudadas Muito pelo contr rio como atenta Pigeaud 1981 h uma rela o ntima entre esses v rios aspectos repleta de fluxos e de conex es na vis o das popula es estudadas de que a id ia de doen a dos nervos no modelo biom dico tenta abarcar Na Antropologia M dica teve se a percep o por m de ultrapassar em certo sentido o que ela mesma veio a nomear de reducionismo biom dico que ao estudar a manifesta o de perturba es nos nervos como se chegava a dizer na literatura especializada da medicina descobria se que havia a necessidade de comportar o antigo espiritual a alma e o novo da esfera ps quica A tentativa todavia era reconhecer o tecido cultural da experi ncia humana e ancorar se em um sentido mais perto do que as classes populares davam s suas doen as nervosas 183 Foi justamente a prop sito dos nervos enquanto c digo de express o privilegiado das perturba es das classes populares brasileiras que me pareceu necess rio reavivar a velha locu o f sico moral aplicada s perturba es Efetivamente a qualidade f sico moral evoca a necess ria e entranhada imbrica o correla o entre o n vel f sico corporal da experi ncia humana e tudo aquilo que de outra parte se lhe op e e se nomeia de forma t o d spar entre as culturas humanas como na nossa tradi o o antigo espiritual e o recente ps quico
320. m Que estranho fen meno Olhei ao meu derredor e vi tr s de meus camaradas mortos nas trincheiras diante de Vicksburg e que eu enterrara Entretanto ali estavam na minha presen a Olhavam a sorrir Ent o um dos tr s me saudou dizendo Bom dia Jim tamb m um dos nossos Sou um dos vossos Que queres dizer Mas que te achas aqui conosco no mundo dos Esp ritos N o te apercebes disto um meio onde se est bem Estas palavras eram muito fortes para mim Fui preso de violenta emo o e exclamei Meu Deus Que dizes Estou morto Tais experi ncias de quase morte podem ocorrer durante a fase terminal de doen as em pessoas com depress o s ria ou sem causa clara em pessoas inteiramente conscientes Experi ncias similares s EQMs podem ocorrer durante a fase terminal de doen as e s o denominadas vis es no leito de morte Experi ncias id nticas a EQM chamadas experi ncia com medo da morte s o relatadas principalmente ap s situa es nas quais a morte parece inevit vel s rio acidente de tr nsito acidentes em alpinismos ou naufr gios Tradu o minha 234 N o est s mais vivo do que nunca Jim por m te achas no mundo dos Esp ritos Para te convenceres n o tens mais do que atentar no teu corpo Com efeito meu corpo jazia inanimado diante de mim sobre a tarimba Como pois contestar o fato Pouco depois chegaram dois homens que colocaram meu cad ver numa prancha e o tran
321. m dicos como os sacerdotes a gente n o diz O meu pai me levou at esse lugar chamado Bol via pra tirar esse dom em mim E meu pai n o conseguiu No Maranh o a praia n o baixinha Meu pai me achava l no mar nos mangues entre os caranguejos Um dia a finada Janoca disse que esse dom era desde a barriga da minha m e 128 Se eu errar a reza eu pe o desculpa pra pessoa N o quero invadir a vida das pessoas Eu s fa o o bem s digo o bem das pessoas Os estudos de antropologia em especial DURKEHEIM 1989 DOUGLAS 1976 v o problematizar de variadas formas a rela o entre o sagrado e o que situam como algo da ordem dos valores ou tica Ao comentar o pensamento de Eliade Douglas 1976 observa que em grande parte dos estudos o sagrado ao mesmo tempo sagrado e maculado e observa que o sagrado n o se refere apenas a aspectos psicol gicos mas discute essencialmente valores A esfera do sujeito que reflete sobre valores a esfera tico moral Falar em valores nos leva a id ia de Pestalozzi da auto constru o do ser feita por meio do estado moral O estado moral uma camada do ser em que o ser humano faz a si mesmo Na perspectiva pestalozziana poder amos dizer ent o que a experi ncia espiritual por ser uma experi ncia que envolve valores por ser uma reflex o do sujeito sobre o plano tico moral da criatura ent o uma experi ncia educadora formativa Assim podemos desde j perceber com
322. m levantarei as inadequa es do modelo biom dico para dar conta da complexidade do sujeito das pr ticas de sa de Tentarei esbo ar a percep o mais integrada que adv m do paradigma hol stico ecoc ntrico e bioc ntrico que leva a vis o de mundo como uma teia de rela es propiciando a supera o da compartimenta o f sica que tem caracterizado a atua o da medicina na sociedade contempor nea A vis o de mundo matriz do paradigma biom dico est se exaurindo tendo dominado nossa cultura por cerca de quatro s culos modelou nossa moderna sociedade ocidental compreendendo o universo como um sistema mec nico composto de blocos de constru es elementares o corpo humano como m quina a vida em sociedade como uma luta competitiva acreditando em um progresso ilimitado obtido por meio do crescimento econ mico e tecnol gico Capra 1982 ao refletir sobre o mundo em que estamos vivendo reflete que importante salientar nossa imers o no fen meno da globaliza o que tem produzido crescente amplia o e expans o da mis ria e viol ncia social Figueiredo 2001 67 Com a supremacia do conhecimento cient fico tomado atomisticamente tamb m teve relevo o primado da tecnologia essa percep o fragmentada ent o promoveu a cientifica o da vida humana despojando qualquer resqu cio de espiritualidade como algo que seria um retorno ao m tico e ao m gico Oliveira 2002 em seu livro tica e Raci
323. m um esp rito de poder suicida Esse comportamento contra a natureza e a vida conduziu o homem a privilegiar um nico modelo de desenvolvimento ignorando a complexidade cultural econ mica espiritual e social que constitui a verdadeira ess ncia da esp cie 288 Essas reflex es p em em causa o conjunto dos conceitos e modelos atuais na medida em que sobreviver depende de uma vis o global ou hol stica da realidade vis o esta que emana por sua vez das grandes tradi es e das conclus es mais recentes da f sica Isso exige uma mudan a radical que se aplica a todos os n veis do saber e do fazer Claramente a intera o viva de todas as coisas no universo implica o nosso ambiente e a tradu o de nossos conhecimentos em um processo de integra o que abranja os aspectos mais sutis da realidade Essencialmente busca se uma unidade total de vida entre o homem a natureza e o corpo c smico Devemos portanto procurar uma transforma o radical de nossos modelos de desenvolvimento de educa o e de civiliza o baseada no reconhecimento de uma pluralidade de modelos de culturas de espiritualidade e de diversifica es s cio econ micas e no respeito a cada uma das in meras modalidades Uma redefini o de prioridades da ci ncia e da tecnologia para que os caminhos para o seu desenvolvimento respeitem o meio vivo e sejam acompanhados de um autocontrole que evite todas as aplica es que possam amea ar a vida e o meio
324. m uma junta m dica O vis vel n o operou nada n o Ele tinha sido operado no invis vel pelo Bezerra de Menezes Eu sei porque eu vi o retrato de Bezerra de Menezes no centro e disse esse a eu vi foi esse a l na serra Eu via a pessoa quando vinha Quando d f chegava uma pessoa Eu rezo aqui n o posso negar Mas eu n o queria seguir isso Muita vez me chamavam para ir l embaixo mas eu n o quero ir porque bebida e eu n o gosto Aqui eu rezo mas eu n o queria seguir isso Uma vez chegou um rapazim muito doente estava fedendo n o podia tomar o rem dio do m dico que intoxicava Uma febre E depois da reza o rapaz ficou bom Eu disse Foi Deus que curou num foi eu n o Seu Ananias tem uma reza muito boa eu mesma fui muitas vezes curada por ele Eu acho dif cil agora escutar mas eu muitas vezes ou o uma voz vejo um esp rito N o sempre n o dif cil agora Eu agora rezo mais nas crian as quando v m aqui porque no outro dia mandaram eu ir em Fortaleza Meus filhos eram pequenos eu n o fui Fiquei sentida porque eu n o fui eu queria ter ido Mas acho melhor rezar por aqui Dona Isa ra voc acha que a doen a est na alma no corpo ou nos dois As vezes t no corpo mas s vezes ta no corpo mas s vezes ta na pessoa que morreu daquela doen a e que passa para a pessoa que t ali viva O que que aparece da pessoa que morreu Isa ra responde O esp rito
325. ma Em O Nascimento da Cl nica Foucault 1980 revela nos como o corpo sendo espa o de doen a funciona como um texto capaz de fazer ver muitas leituras de si Espa o de leituras diversas esse corpo s gnico um texto que revela pr ticas sociais e cren as sobre si O Outro e a vida O corpo vai desencadeando sintomas para o doente e sinais ind cios para o cl nico que assim vai encontrando as formas vis veis da doen a E as n o t o vis veis assim O que se torna vis vel o dependendo das lentes que municiam nosso olhar Que lente se tem usado para ver um corpo em Medicina Vejamos Sabe se que o corpo suporta que se leia a ele como um texto s gnico suporte de significa es que se lhes possa dar Tomando a concep o de Roland Barthes tem se que o signo algo que produz um significar na consci ncia Como Assim a mensagem o significante uma esp cie de inv lucro do significado e o conte do o significado o corpo 175 ent o emite mensagens os sintomas experienciados pela pessoa que v o se explicitar sob a forma de sinais observados pelo cl nico sinais que t m um significado a ser desvelado O signo pois constru do pelo significante e pelo significado e para ter desveladas as suas significa es precisa ser compartilhado fazendo parte de um processo de comunica o Fala se por isso no car ter social do signo O sintoma ao ser experienciado pela pessoa faz com que ela te
326. ma rea mais propens o ela parece ter de apresentar padr o fragmentado de investiga o constituindo se de paradigmas em escalas menores A revolu o copernicana exemplifica uma ruptura epistemol gica do paradigma hegem nico no s culo XVI Nicolau Cop rnico 1473 1543 advogado e c nego da catedral de Frauenberg na Pol nia prop s em 1543 o sistema helioc ntrico contrapondo se s explica es de Ptolomeu de Alexandria em vigor desde 150 d C Cop rnico n o fora o primeiro a apresentar a concep o helioc ntrica Ela j tinha sido proposta muito antes por admir veis gregos incluindo Aristarco de Samos por volta de 260 a C HELLMAN 1998 Segundo Hellman 1998 Cop rnico tinha reconhecido a possibilidade de problemas na 69 comunidade cient fica de ent o e por isso adiou por muitos anos a publica o de seus achados O primeiro exemplar do seu livro De Revolutionibus Orbium Coelestium Da revolu o das esferas celeste saiu do prelo e foi posto em suas m os no seu pr prio leito de morte O livro escrito em latim resultou por ser um dos maiores trabalhos n o lidos de todos os tempos Sequer foi inclu do no Index at 1616 quando o apoio de Galileu sua doutrina for ou a Igreja a reconhecer a fertilidade da id ia de Cop rnico Segundo a cosmologia copernicana n o havia diferen as qualitativas entre a terra e o mundo exterior a si assim as mesmas leis se aplicavam tanto terra quanto aos
327. ma revela o soube que ia fazer medicina fora de Fortaleza O que realmente aconteceu Na carism tica tem um momento em que se ora em l nguas uma forma de se entrar em transe Eu estava orando em l nguas e desmaiei ca no ch o e a vi um anjo segurando uma vela Esse anjo me disse que eu aos dezoito anos iria sair de casa e morar bem longe para cuidar das pessoas Na poca eu pensava em ser engenheira el trica Quando passei no vestibular para medicina em S o Luiz compreendi as palavras prof ticas do anjo Na faculdade em S o Luiz eu via muito os Esp ritos No apartamento em que eu morava via um rapaz de cal a sungada correndo minha amiga tamb m via o mesmo Esp rito Eu trabalho nos sonhos saio do corpo e me encontro com outras pessoas encarnadas e desencarnadas para fazermos ora es em outras pessoas Fazemos exorcismos em v rios lugares diferentes s vezes at com fusos hor rios diferentes No dia em que isso acontece fico t o cansada Oramos em casas em quartos em v rios lugares do mundo Esp ritos voltados ao mal est o perturbando pessoas encarnadas Quando crian a eu saia do corpo sempre que queria Hoje eu posso fazer isso por m n o tenho mais a espontaneidade de crian a Ocorre mais no sono de forma involunt ria Fisicamente falando quando saio do corpo fico bradic rdica o cora o bate mais lento como se fosse nadar em apn ia Fico consciente e quando volto para o corpo de uma vez
328. maioria dos usu rios e profissionais relaciona se com a realidade Melhy 2002 p 85 86 exemplifica uma situa o importante no cen rio hist rico nacional em que a experi ncia dos grupos populares n o foi levada em considera o com 53 acentuado desligamento cultural com uma documenta o distorcida do fato que foi a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro Modernos estudos de hist ria oral t m mostrado que h uma vers o diferente das expressas nos livros sobre a Revolta da Vacina Quando abordado exclusivamente por meio de documentos aquele fato mostra o povo contra o governo republicano na cidade do Rio de Janeiro por m pesquisas feitas com entrevistas revelam que o protesto popular se deu no Morro da Sa de porque a invas o policial atacou determinados campos religiosos da divindade do Candombl Omolu exatamente o santo que tinha tido var ola Em Maranguape o Posto de Sa de Novo Iracema atende cerca de 1600 fam lias tem um aspecto bem cuidado simples Esse posto possui o Recanto da F sala bem organizada similar aos demais consult rios na qual o senhor Ananias Rozendo de Oliveira de 77 anos reza nos pacientes que o procuram no referido posto quebranto dor de cabe a dor de dente bra o desmentido dor de coluna ventre ca do Ele um agricultor aposentado cat lico e h 31 anos exerce o of cio de rezador Tr s vezes por semana Sr Ananias atende em m dia quarenta pessoas por dia
329. maniza o algo que se faz imprescind vel num contexto de adoecimento cura e com relativa freq ncia nos deparamos com a morte do rec m nascido O m todo M e Canguru traz novas observa es e pr ticas para a forma de tratar os beb s rec m nascidos prematuros e de baixo peso no entanto desejo escutar nesse percurso vivido por estas jovens com seus beb s o que dizem sobre seus percursos de adoecimento e cura e observar como se referem ao que nomeio como experi ncia espiritual No terceiro cen rio deste estudo me volto para as viv ncias compreendidas como Experi ncias de Quase Morte EQM narrativas de profissionais de sa de e outros sujeitos Como realizar esta escuta a pessoas que vivem a experi ncia de quase morte ultrapassando limites de compreens es dentro do modelo biom dico j que o sujeito em determinadas situa es produz saberes em condi es que parecem exigir que pense a si mesmo como um ser espiritual Como dar conta de buscar compreender estes extratos de consci ncia que informam fatos que fogem aos sentidos f sicos e aludem ao fato de acontecerem em outra dimens o vibrat ria Ao falarem de suas viv ncias esses sujeitos estariam a pensar em termos de uma ordem de fen menos que apontam para a exterioriza o da alma ou do perispirito o corpo flu dico que seria o corpo que se exterioriza nos termos do pensamento esp rita KARDEC 2006a 2006b 2007 Isso me levaria a superar os limites reducionis
330. mecanicista da natureza que tentava explicar se em fun o da organiza o de suas partes Dessa forma orientava se a observa o cient fica e o quadro mec nico da natureza tornou se o paradigma dominante Com Capra Toda a elabora o da ci ncia mecanicista nos s culos XVII XVIII e XIX incluindo a grande s ntese de Newton nada mais foi do que o desenvolvimento da id ia cartesiana Descartes deu ao pensamento cient fico sua estrutura geral a concep o da natureza como uma m quina perfeita governada por leis matem ticas exatas CAPRA 1982 p 56 A compreens o da natureza como organismo vivo foi substitu da assim na modernidade pelo paradigma da m quina e isso ir repercutir em todas as reas da vida humana e do conhecimento a cultura ocidental passando a manipular e a explorar cient ficamente a natureza inclusive a pr pria natureza humana Os animais as plantas o humano a natureza v o sendo ent o reduzidos a mecanismos como um grande rel gio su o para serem melhor manipulados pelo avan o das formas produtivas O sistema filos fico racionalista com seu expoente m ximo Ren Descartes tem como ponto de partida a evid ncia do cogito o qual permite a supera o da d vida existencial em seu famoso silogismo cogito ergo sum penso logo existo No entanto embora com riquezas ineg veis a excessiva nfase na perspectiva cartesiana e a alian a das estruturas da ci ncia com as
331. meno que escapa em ltima inst ncia ao controle do homem como algo que no limite produto de for as sobrenaturais ou mais comumente de Deus Dentro desse quadro ser efetuado o seguinte procedimento a Descri o dos modos de dar significado a seus processos de adoecimento e de cura estudo de narrativas por meio da hist ria oral abordando a tem tica do adoecer e do curar se b Nessas descri es tentarei pin ar o que nomeio como dimens o espiritual e que se cal a nos fen menos de rela o com o sagrado visto como a rela o com Deus a imortalidade do princ pio espiritual nos seres humanos a sobreviv ncia extraf sica da individualidade que ap s a morte do corpo f sico e a mediunidade como base dos fen menos da espiritualidade Procederemos descritividade e an lise do campo emp rico buscando a voz de narradores e dialogando com autores como Freire 2003 2005 2006 Turner 1995 Jung 1999 Greisson 2007 Moody 1975 1977 2004 Morse 1985 1989 Parnia e Fenwick 2002 Van Loomel 2001 e com os pensadores espiritistas que tamb m estudaram e analisaram o fen meno em quest o como Bozzano 2000 Flammarion 1990 Gibier 1998 Kardec 2006a 2006b 2006c 2006d Denis 1994 1987 2003 2006 Iandoli 2004 Linhares 2003 2005 Nobre 2000 Peres 2004 Devemos observar ainda que Morin 2000 p 45 j afirmava que paradigma aquilo que est no princ pio da constru o
332. mento O psiquismo visto como algo da esfera de seu pr prio ser n o como algo separado A vida ent o nesse contexto tida como uma totalidade em movimento E por perceber seu processo de adoecimento que est ainda em curso uma vez que ela continua internada na enfermaria M e Canguru como algo que lhe deve devolver a pot ncia de ser sujeito na vida que ela parece procurar explica es da ordem do que ela nomeia como espiritualidade A id ia de refazer a vida quando o rapaz seu antigo noivo a deixou parecia remeter a significa es que envolvessem a retomada de novos relacionamentos j em outro momento da sua fala Jasmim reporta se id ia de refazer a vida como sendo oposta de guardar raiva no cora o e de ser de algum modo mais feliz o grifo nosso Isso tudo faz Jasmim referir se a algo que da ordem do espiritual ela fala ao referir se sobre o que ia lendo que ia ouvindo isso e aprendendo mais sobre a vida espiritual Segundo Rabelo 1994 em seu estudo sobre Religi o Ritual e Cura os estudos sobre rituais t m contribu do significativamente para uma compreens o do que est em jogo quando o tratamento religioso entra em cena a partir de compara es com os tratamentos da medicina oficial Rabelo 1993 afirma que os tratamentos que envolvem o aspecto religioso levam os doentes a uma reorganiza o de sua experi ncia de mundo A estudiosa observa que o ritual de cura que se utilizam da
333. mento das potencialidades do ser na exist ncia com vistas ao seu destino transcendente Le n Denis 1975 fil sofo franc s esp rita do s culo XIX tamb m vislumbra explica es pedag gicas sobre o Problema do Ser do Destino e da Dor e para ele a educa o o mais poderoso fator do progresso cont m em g rmen todo o futuro Mas para ser completa deve inspirar se no estudo da vida sob suas duas formas alternantes vis vel e invis vel em sua plenitude em sua evolu o ascendente para os cimos da natureza e do pensamento No movimento de compreens o do que os sujeitos das classes populares est o nomeando como espiritualidade nos tr s lugares da pesquisa a serem percorridos UTI neonatal enfermaria M e Canguru ambos na MEAC UFC Posto de Sa de Novo Iracema em Maranguape e os profissionais de sa de que vivenciaram uma experi ncia de quase morte no sentido amplo buscando levantar teias de significados que as pessoas est o produzindo sobre o princ pio espiritual nos seus processos de adoecimento e de cura nosso desejo contribuir para a supera o do modelo biom dico no curr culo da escola m dica da UFC e dar contribui es para a reflex o sobre a espiritualidade na educa o m dica 164 E ent o a nova mulher na enfermaria M e Canguru abra ando a crian a no peito disse com os olhos repletos de descobrimento Agora eu sei que cuidar um jeito de caminhar O cuidado com o filho se
334. meu bra o para impedir que eu inserisse uma agulha no seu bra o para injetar um fluido intravenoso Sua m o atravessou o meu bra o mas ao fazer isso mais tarde ela disse ter sentido alguma coisa com a consist ncia de gelatina muito rarefeita como se houvesse uma corrente el trica passando atrav s dela No segundo est gio da EQM segundo Moody 2004 enquanto o paciente est encarnado frequentemente pode haver dor intensa Mas quando os fios s o cortados h uma sensa o real de paz e aus ncia de dor O pesquisador relata que pacientes card acos enfartados disseram que a dor intensa de seu ataque card aco deixou de ser uma agonia para se transformar num grande prazer 190 O terceiro est gio de uma EQM conforme o m dico psiquiatra Moody 2004 p 22 a experi ncia de sentir se fora do corpo esta assim descrita pelo pesquisador Frequentemente quando o m dico diz n s o perdemos o paciente passa por uma mudan a completa de perspectiva Ele se sente levantar e pode ver o pr prio corpo abaixo dele A maioria das pessoas diz que n o passam a ser apenas um ponto de consci ncia quando isso acontece Elas ainda parecem estar em algum tipo de corpo embora estejam fora de seus corpos f sicos Elas dizem que o corpo espiritual tem forma e apar ncia diferentes do nosso corpo f sico Esse corpo tem bra os e uma silhueta embora a maioria dessas pessoas n o consiga descrev lo Algumas delas d
335. mo materialismo O perisp rito e o corpo f sico para Kardec 2006 s o instrumentos da manifesta o do esp rito Desde a Rep blica de Plat o IX 589 e tica a Nic maco de Arist teles como em todos os ensinamentos de S crates o elemento divino a alma que vai conferir ao humano a caracter stica de um ser sagrado que preexiste ao corpo f sico e sobrevive a ele ap s a morte Como relata Nobre 2003 p 91 N o h d vida de que a no o de pessoa para a doutrina esp rita a do ser que tem uma dignidade intr nseca ontol gica conferida pela presen a da alma o elemento imortal de origem divina que necessita do corpo f sico para aprender e evoluir continuamente atrav s de encarna es sucessivas Continuemos Di logo n mero 07 M e Isa em sua casa com as portas sempre abertas em uma mesa com telefone para atendimentos M e Isa Meu pai n o gostava do meu dom Era direto no ros rio Eu via os bichos morrendo benzia e eles viviam Com o tempo eles disseram pra mim que isso era de mim mesma pra eu ajudar as pessoas Fui ser professora pra o pessoal da fazenda de Zequinha Gadelha Da de vez em quando recebia o Dr Ageu e ele passava o dever por mim porque dizia que gostava das crian as Mas eu n o queria minha escola com o doutor Ageu E fui pedir para sair Da seu Zequinha pediu pra mim n o sair e queria saber porque eu n o dizia que era vidente nessa poca Eu via ele ganhando s
336. mo ser biopsico social com modifica es estrat gicas no esfor o para se chegar ao profissional reflexivo que se debru a na complexidade da condi o humana No sentido de me reencontrar com as bases originais da pr tica m dica que compreende um cuidar f sico social emocional e espiritual respondendo solicita o da coordena o do curso m dico da UFC como professora do referido curso e part cipe pois do processo de mudan a do curr culo organizei a disciplina Medicina e Espiritualidade Esta disciplina um espa o para reflex es acerca da realidade multidimensional do ser humano e tem a proposta de tocar o tema da espiritualidade como base dentro de uma diversidade de olhares 30 Por seu lado a Faculdade de Educa o da UFC no segundo semestre de 2004 abriu a linha de pesquisa intitulada Arte Forma o Humana e Espiritualidade Neste tempo eu estava interessada em estudos sobre Espiritualidade instigada tamb m pelos estudos que faz amos sobre o Paradigma da Integralidade como se tem denominado o Paradigma das Novas Diretrizes Curriculares da Gradua o M dica na UFC onde leciono ent o que dentro dessa ordem de problem ticas e tentando construir delineamentos capazes de seguir na dire o de uma mudan a paradigm tica pensei em um projeto de pesquisa que pudesse por meio de um estudo de narrativas e em um movimento de compreensibilidade desse mbito de fen menos explicitar o modo como a
337. mol stias conhecidas no mundo e outras que ainda escapam ao diagn stico humano por muito tempo persistir o nas esferas torturadas 2 da alma conduzindo nos ao reajuste A dor o grande e aben oado rem dio Reeduca nos a atividade mental Na compreens o esp rita a sa de a perfeita harmonia da alma mas para a sua obten o necess ria muitas vezes a preciosa contribui o das doen as e das defici ncias transit rias XAVIER 2001 Assim conforme Nobre 2003 real a em seu livro A Alma da Mat ria segundo essa vis o a sa de constitui uma aquisi o lenta e gradativa do Ser medida que progride em conhecimento e amor com o concurso das experi ncias hauridas nas vidas sucessivas A alma pois o esp rito encarnado com sua roupa biol gica e o esp rito o princ pio inteligente do Universo KARDEC 2006a Goswami 2007 f sico j considera a consci ncia como criadora do mundo material e investiga os fen menos por ela provocados A pot ncia criadora da id ia como dizia Bozzano 2000 p 113 e Geley 2006 e como observamos seu funcionamento nesta tese em situa es do Posto de Sa de de Maranguape e nos outros cen rios se revela no mbito das curas que consideram o sujeito como mais que seu corpo como sendo esp rito que possui um corpo transit rio 251 As investiga es da tese demonstram que os sujeitos dos tr s cen rios estudados referem se que h uma pot ncia cria
338. n a de Deus em todas as coisas O encontra em cada ser em cada rvore na terra no fogo no vento no sol na chuva Freire 1980 relata de forma inspirada que esta capacidade de discernir o que n o pr prio do homem permite lhe tamb m descobrir a exist ncia de um Deus e estabelecer rela es com Ele Com esta compreens o ser o grandes as chances da tica do ser da tica do viver da tica ao pesquisar contribu rem para a almejada felicidade do ser humano 3 CAPITULO 2 CENARIO DE ESCUTA NO POSTO DO PROGRAMA DE SAUDE DA FAM LIA NOVO IRACEMA MARANGUAPE Nos anos 70 conversando com jornalistas na Austr lia lhes disse para espanto de alguns que fora aos mocambos e c rregos do Recife movido por minha amizade ao Cristo por minha esperan a na esperan a que Ele significa Ao chegar l a realidade tr gica dos c rregos dos mocambos dos alagados me remeteu a Marx Minha conviv ncia com Marx jamais me sugeriu sequer meu afastamento de Cristo FREIRE 2002 p 122 Di logo n mero 01 Narrativa do Sr Ananias rezador da Sala da F Sr Ananias Meu pai era rezador e nunca ensinou palavra Deus mostrou a n s uma gra a e felicidade Eu fiz pedido a Deus para rezar nas crian as e nas pessoas Faz 47 anos que eu curo gente Eu tomava muito lcool Eu pedi a Deus para aborrecer o lcool Seu Ananias ora em uma pessoa Sr Ananias A reza d sa de A reza de Deus d for a Nas horas de D
339. natureza s agora compreendo N o me lembro de ter sofrido Quando imergi nas guas n o experimentei sensa o alguma de medo nem mesmo de frio ou de asfixia N o me recordo de ter ouvido o barulho das ondas a se quebrarem sobre as nossas cabe as Desprendi me do corpo quase sem me aperceber disso e abra ado sempre minha mulher segui minha m e que viera para nos acolher e guiar O primeiro sentimento penoso s me assaltou quando dirigi o pensamento para o meu caro irm o por m minha m e percebendo me a inquieta o logo ponderou Teu irm o n o tardar a estar conosco A partir desse 228 instante todo sentimento penoso desapareceu de meu espirito Pensava na cena dram tica que acabara de viver unicamente com o fito de levar socorro aos meus companheiros de desgra a Logo entretanto vi que estavam salvos das guas do mesmo modo por que eu o fora Todos os objetos me pareciam t o reais volta de mim que se n o fosse a presen a de tantas pessoas que sabia mortas teria corrido para junto dos n ufragos Quis informar te de tudo isto a fim de que possas mandar uma palavra de consola o aos que imaginam que os que lhes s o caros e que desapareceram comigo sofreram agonias terr veis ao se verem presas da morte N o h palavras que te possam descrever a felicidade que experimentei quando vi que vinham ao meu encontro ora uma ora outra das pessoas a quem mais amei na Terra e que todos me acudiam a me dar a
340. ncarnado sen o vejamos Algumas vezes tenho tido a experi ncia consciente de desdobramento Eis a narrativa de algumas experi ncias marcantes para mim Sinto uma press o nos ouvidos como se estivesse subindo de avi o muito r pido Sempre come a assim de forma que me ajeito na cama e me preparo para o acontecimento Estava deitado levantei me e vi o meu corpo na cama Fui at o quarto de minha m e e vi meu pai ao seu lado Fiquei assustado e perguntei O senhor n o morreu Ele passou pelo meio da cama e da rede e respondeu me Isso prova que a morte n o existe 231 Observemos tamb m que A P R descreve esse fen meno de desdobramento de um modo que parece haver consci ncia do que lhe ocorre O despertar n o voltando para o corpo s vezes como se tivesse acordando normalmente outras vezes pulo no corpo de volta Vimos anteriormente no caso de G F EQM n mero 1 a experi ncia espiritual vivida pela enfermeira e fisioterapeuta apontar o fen meno de desprendimento do corpo nos seguintes termos Ali eu fiquei me vendo deitada no leito vi as pessoas que estavam ao meu lado e que eu me encontrava muito em cima Eu estava fora do corpo como se o esp rito tivesse sa do do corpo como se eu tivesse noutra dimens o De partida devemos ressaltar que a maioria dos estudos que historiam EQM mostraram que as pessoas que passaram por essa experi ncia s o psicologicamente saud veis e que
341. nceitu la como uma viv ncia refletida na qual ocorre a consciente produ o de significados Quando estudo a experi ncia espiritual nos percursos educacionais que envolvem os processos de adoecimento e de cura penso que estou trabalhando com produ o de sentido e com a reflex o sobre o pr prio saber produzido em uma flex o do pensamento sobre si mesmo capaz de interrog lo Penso que como se minha id ia de experi ncia implicasse interrogar as pr prias condi es em que o saber produzido e suas condi es de possibilidade de dizer Nos estudos sobre rituais de cura da antropologia m dica observa se que a experi ncia espiritual vista como uma experi ncia de transforma o Os objetos animais e plantas dan as e pr ticas dos rituais como tamb m os vestu rios e toda a ornamenta o e a paramenta o s o vistos por muitos estudiosos como formas de simboliza o dos percursos de transforma o RABELO et al 1999 Observo que ser importante essa perspectiva de ver a experi ncia espiritual como experi ncia de transforma o No primeiro l cus os saberes que produziram as m es das crian as no per odo em que se encontravam em risco de perderem seus beb s e que nos seus pontos de vista realizaram as transforma es resultantes do enfrentamento de uma situa o limite quando do internamento do beb na unidade de terapia intensiva neonatal na maioria das vezes sob risco de morte iminente e posteriorme
342. ncia de quase morte 24 Van Lommel et al 2001 situam a EQM como uma ordem de fen menos que evidenciam processos que envolvem exterioriza o an mica Assim que estes autores situam os eventos anteriormente descritos e que constituem EQM no mbito das viv ncias e dos relatos realizados n o s por pessoas que foram consideradas clinicamente mortas por seus m dicos mas tamb m por pacientes em coma profundo por pacientes em estado terminal e cujos relatos s o chamados vis es no leito de morte Inclui se nesta ordem de experi ncias pessoas que passaram por situa es de grande risco de morte em que a morte parecia inevit vel e das quais sa ram ilesas como acidentes durante escaladas em montanhas ou acidentes de tr nsito os quais s o comumente associados a medo da morte Tamb m Van Lommel et al 2001 expandem o conceito de EQM para os fen menos vividos espont neamente como experi ncias fora do corpo Tomarei EQM nesta mais larga acep o por ela remeter e apontar para a id ia de aspectos importantes em um paradigma emergente onde as evid ncias sugerem que h um corpo et reo capaz de se afastar tempor riamente do corpo som tico durante a vida terrestre Tamb m a EQM est sendo estudada e elaborada de modo crescente atualmente o que faz com que certo mbito de descri es ainda estejam sendo colocadas embora j exista um conjunto de eventos que se observa estar a compor uma ordem fen
343. ndeu que todo ser humano tem a verdade dentro de si Os princ pios morais n o s o cria es da sociedade est o embutidos em nossa consci ncia pois constituem a presen a de Deus em n s Trazemos todos uma iman ncia divina em n s Rousseau dizia que a maior prova que temos princ pios ticos em n s a sensa o de remorso O Cristo nos disse que o reino de Deus est em n s Na perspectiva socr tica temos id ias inatas de moralidade do bem da justi a Esta compreens o uma invers o copernicana a tica algo que est dentro de n s que sentimos Todos os seres humanos possuem esses princ pios e essa id ia libert ria e igualit ria Todos os seres humanos podem ser bons todos os seres humanos devem ser livres A tica imanente ao ser humano Na perspectiva socr tica a educa o favorece o desabrochar das potencialidades divinas da alma o indiv duo ignorante de si mesmo INCONTRI 1996 O processo de forma o na escola m dica que o local de minha pr tica profissional espec fica onde pode se dizer que ocorre um fen meno denominado coisifica o do ser humano resultante do modelo biom dico hegem nico resultando na reifica o do paciente como objeto Espiritualidade um termo poliss mico por m pode se afirmar que nesta perspectiva o ser humano um ser espiritual com uma vertente biol gica social cultural ecol gica psicol gica e c smica Neste paradigma a integralida
344. ndiv duos de seus relacionamentos n o reconhece a import ncia do contexto no qual est o inseridos gera um individualismo exagerado e faz prevalecer o egocentrismo humano MORAES 2005 p 22 76 Simult neamente Francis Bacon 1561 1626 na Inglaterra propunha o m todo emp rico para a ci ncia com o pensamento indutivo tornando se ent o o m todo emp rico em ci ncia um imenso caminho de experimenta o cient fica Este sistema de investiga o foi denominado indu o cient fica e punha em bases experimentais a ci ncia moderna A mat ria nessa perspectiva de Bacon era ent o considerada a base de toda a exist ncia o mundo material era visto como um conjunto de objetos separados que constitu am uma gigantesca m quina Este pensamento era extrapolado para a m quina c smica Capra 1982 p 44 afirma que acreditava se que os fen menos complexos podiam ser sempre entendidos desde que se os reduzissem a seus componentes b sicos e se investigasse os mecanismos atrav s dos quais esses componentes interagiam Desta forma o reducionismo tornou se base conceitual para descri o da realidade e passou a ser confundido com o m todo cient fico As revolu es industriais e as guerras napole nicas culminaram em 1848 e principalmente marcaram o triunfo da ind stria capitalista e da sociedade burguesa liberal Per odo marcado por muitas transforma es na humanidade o mundo era at ent o essencialmente ag
345. ndo estudar o modo como esses sujeitos compreendem o processo de adoecimento e de 54 cura como se relacionam com a divindade e como compreendem espiritualidade dentre outros objetivos a y gt a Figura 1 Reza d sa de A pessoa que n o reza n o pode ter sa de S Ananias SALA DA FE PSF NOVO IRACEMA MARANGUAPE CE Fonte Eliane Oliveira 1 5 2 Enfermaria M e Canguru Figura 2 M todo M e Canguru J A M pai de Rebeca Fonte W Rios 55 aN 4 Figura 3 M todo M e Canguru M R A S S M e de Rafaela e Rebeca Fonte Eliane Oliveira O Minist rio da Satide desde 1999 por meio da Area de Satide da Crian a tem conduzido o processo de normatiza o e de dissemina o nacional do M todo M e Canguru uma proposta de humaniza o da assist ncia neonatal baseada em quatro fundamentos b sicos acolhimento do beb e de sua fam lia respeito s singularidades promo o do contato pele a pele o mais precoce poss vel e o envolvimento da m e do pai e da fam lia nos cuidados com o beb O M todo tem sido trabalhado em mbito nacional como uma pol tica p blica em um trabalho interdisciplinar e vem sendo implantado nas maternidades que atendem gestantes de alto risco pelo Sistema nico de Sa de SUS A Maternidade Escola Assis Chateabriand da Universidade Federal do Cear em 1999 implantou a Enfermaria M e Canguru que um novo paradigma de aten o perina
346. ndo se em um fen meno que envolve intera es entre a mente as emo es e diferentes sistemas principalmente o end crino e o imunol gico o que poderia constituir um acesso para mecanismos internos naturais e que poderiam desencadear tanto processos patol gicos quanto de cura J se pesquisa tamb m como os pensamentos e as emo es alteram os par metros biof sicos do ser humano e remetem mesmo para novos estratos de compreens o do sujeito Assim originou se a psiconeuroimunologia como rea de estudo ADER 1975 1978 BYERLY 1976 LEVINE 1978 STEFANO et al 2001 Esta comunica o entre os v rios sistemas end crino imunol gico sistema nervoso parece ser regulada principalmente pela secre o do fator liberador de corticotrofina CRF cuja secre o pode ser estimulada por pensamentos emo es ou por ativa es imunol gicas 17 que influem no eixo hipot lamo pituit ria adrenal HPA e nos seus produtos fen meno evidenciado por Seyle no in cio do s culo passado BLACK 1995 Dentre os neuro horm nios envolvidos temos o fator liberador de corticotrofina CRF horm nio fol culo estimulante FSH horm nio adrenocorticotr fico ACTH horm nio do crescimento GH horm nio luteinizante LH horm nio tire ide estimulante TSH a prolactina e a somatostatina Entre as mol culas efetoras neuroend crinas temos a epinefrina os corticoster ides os horm nios tireoidianos T3 e T4 e os horm nios es
347. ngo de todo este trabalho que faz dialogar o pensamento esp rita ci ncia religi o e filosofia a medicina a antropologia e a educa o mostrarei estas faltas e os pontos que estrangulam o paradigma da integralidade em vigor na escola m dica contempor nea Di logo n mero 08 Em dio rezador Maranguape Dona Raimunda mulher de Em dio relata sobre o marido Ele m dium de esp rito n o foi desenvolvido por ningu m Ele trabalhava na vacaria tirando leite Um dia chegou e disse Quem pode mais que Deus Eu disse ningu m Ele pegou uns cigarros saltou e o cigarro avuou Ele disse vou no ro ado agora s de tarde Ele tacou a m o na minha cabe a e disse m dium tamb m Ele tava com um esp rito O esp rito o guia dele disse Levanta a palma da bandeira E pediu paz gritando A pol cia passava pra l e pra c olhando Um cunhado disse meu cunhado que curador diz que vai curar o povo O nosso patr o nesse tempo tava andando de quatro p s Edmar Pereira Um dia ele j tava curando todo o mundo quando o patr o dele chamou o Eu tou pedindo perd o Voc vai ser um curador n o Uma mulher disse para o patr o Ele t doido O patr o disse N o a corrente dele que est baixando na terra Podemos fazer uma reflex o sobre o car ter inusitado e estranho do fen meno vivido pelo rezador Em dio que foi nomea
348. nguagem Podemos dizer tamb m que a reza um campo de atividades e implica em uma a o social envolve tamb m mudan as externas e internas dos sujeitos Nas palavras de Turner 2005 p 40 50 Vim a conceber os desempenhos do ritual como sendo fases distintas no processo social atrav s das quais os grupos se ajustavam a mudan as internas e se adaptavam ao seu ambiente externo Desse ponto de vista o s mbolo ritual transforma se em um fator de a o social em uma for a positiva em um campo de atividade Ainda o antrop logo prop e que eles sejam vistos em uma s rie temporal sem retira los da torrente da hist ria Da pensarmos em processos de transforma o e n o em a es pontuais como movimentos de transforma es processos vividos por sujeitos hist ricos Veja se que 111 Ananias vai trazer seu saber para ser rezador do Posto de Satide Nova Iracema do Programa de Sa de da Fam lia de Maranguape fato hist rico que nunca acontecera antes no lugar Continuemos com Sr Ananias Chegou uma pessoa em casa pedindo pra fazer uma garrafada pra botar o menino no mato Eu digo por que voc fez Ent o v ter o menino Eu j peguei muita crian a morta na caixa na rampa Eu rezo em coceira no corpo bra o desmentido Uma vez chegou uma mulher na porta Seu Ananias eu quero reza Quando eu comecei ela bateu os p s na porta e quis sair era um esp rito que j morreu que tava encostado
349. nit ria 1988 que repercutiram na Constitui o Brasileira de 1988 artigo 196 Sa de direito de todos e dever do Estado O campo da sa de est vinculado s disputas pol ticas e constru o do Sistema nico de Sa de que tenta supera es do modelo anterior embora ainda obedecendo a uma vis o de mundo fundada nas teorias do Estado de Bem Estar Social que resultou por anteceder as id ias neoliberais que marcaram os governos brasileiros da d cada de 90 CORDEIRO 2001 Lampert 2002 relata a an lise do paradigma flexneriano na escola m dica com as seguintes caracter sticas predomin ncia de aulas te ricas enfocando a doen a e o conhecimento fragmentado em disciplinas pelo processo ensino aprendizagem estar centrado no professor em salas de aulas expositivas e demonstrativas pela pr tica desenvolvida predominantemente no hospital pela capacita o docente centrada unicamente na compet ncia t cnico cientifica e pelo mercado de trabalho no consult rio tradicional 89 Quanto assist ncia prim ria o problema n o somente o reduzido n mero de cl nicos gerais mas tamb m a abordagem da assist ncia super especializada fragmentada centrada na doen a Deve se lembrar que a dimens o biol gica o corpo f sico do sujeito que adoece vivida por um sujeito concreto multidimensional cujas dimens es psicossocial cultural e tamb m espiritual s o constituidoras desse sujeito Morin 1999
350. no E fui atendida Eu n o me sentia vontade Fiquei em afli o para n o ser banhada por um homem Senti muitas dores chorava com dor tamb m por ficar quase sempre na mesma posi o Hoje oriento que o ideal mudar o dec bito a cada duas horas Sempre no final da tarde eu tinha uma piora ficava com dificuldade para respirar ficava ansiosa Eu ficava com medo da equipe da noite Tinha medo das auxiliares e at do m dico N o achava que eles fossem t o cuidadosos Quando essa equipe chegava me deixava aflita Eu tinha medo que me enterrassem viva Achava que eles poderiam achar que eu estivesse morta Eles n o tinham interesse em cuidar do paciente Eram muito mec nicos Quando soltou a m scara a auxiliar amarrou de volta junto com meus cabelos sentia muita dor machucou muito arrancou meus cabelos no tronco Fiquei mais de um dia assim e n o podia falar nem me comunicar Quando me recuperei tive que cortar meus cabelos bem curtinhos e passou mais de um ano para que eles voltassem a ficar num tamanho maior As pessoas disseram que meus olhos ficaram fechados mas eu lembro que olhava para a boca das pessoas e que entendia o que diziam Em coma ouvia e via o que ocorria ao meu redor Ouvi quando o m dico disse para avisar a fam lia que eu n o voltaria mais Vi o Dr Amauri nefrologista e fiquei desesperada pois sabia que estava com a creatinina alta insufici ncia renal e pensei que ele fosse me dialisar Algu m perc
351. nos esp ritas Observamos que A R F S caso n mero 30 menciona o fato de ter se apercebido que durante a reza sentia que estava se afastando o que ela estava sentindo Vejamos as suas palavras N o tenho nada Na reza deu muita inveja Desde os doze anos trabalho em casa de fam lia e o povo fica com inveja porque agora trabalho numa f brica Meus pais eram separados quando eu nasci minha m e me deu para minha av quando eu tinha quinze dias de vida Hoje minha m e vive com outro homem tem dois filhos dele Conheci minha m e com quinze anos o marido dela n o sabe que eu existo ela tem medo que ele ache que ela rapariga e acabe o casamento Ela clara tem os olhos verdes eu sou morena acho que minha m e n o me quis porque ela racista Cresci cat lica at os doze anos a minha av se tornou evang lica porque o filho dela morreu Ela era rezadeira filha de rezador cresci na reza Escolhi ser cat lica sou jovem quero sair usar roupas modernas Religi o eu creio em Deus a salva o individual cada um procura a sua Estou h uma semana sem dormir de dia eu estava muito depressiva N o sou de tomar rem dio para mim rem dio uma droga Trabalho noite na firma Tenho que dormir de dia Queria ser telefonista gosto muito de conversar no meu trabalho tenho que ficar calada trabalho com produtos qu micos Durante a reza de seu Ananias senti que estava se afastando o que eu estava sentindo E
352. ns o espiritual Como o que devo buscar compreender 1 4 Dos referenciais te rico metodol gicos Sabemos que a sociedade fruto da inter rela o dos atores sociais e que as narrativas s o produ es de significado ou modos como as pessoas compreendem e expressam suas realidades As intera es sociais os sujeitos em rela o proporcionam par metros de significados comuns aos grupos culturais No entanto esses significados podem ser partilhados em parte modificados transpostos adulterados e reinterpretados o movimento da vida impele as pessoas para conservar e para mudar muito do aprendido socialmente Na pesquisa qualitativa pode se ver esse movimento de produ o de significa es em contextos bem concretos pode se observar que s o as condicionantes particulares que v o nos fornecer o nexo explicativo das totalidades concretas Neste estudo farei uma abordagem qualitativa com um olhar transdiscipinar numa perspectiva multirreferencial que lida n o s com corpos biol gicos que v em a doen a como entidade biol gica apenas mas pensarei em corpos sociais e no di logo entre medicina antropologia e educa o com o pensamento esp rita ci ncia filosofia e religi o devo considerar tamb m a id ia de que somos seres espirituais Sommerman 2006 p 50 51 explica a atitude transdisciplinar rigor abertura e tolerancia e que dos tr s pilares metodol gicos da pesquisa transdisciplinar emergem a e
353. nsci ncia guardando o momento de emergir e atuar no meio espiritual depois da crise da morte do mesmo modo que os sentidos terrenos existem preformados em estado latente no embri o esperando momento de emergir e atuar no meio terreno depois da crise do nascimento Bozzano 1995 argumenta baseado em suas pesquisas que o embri o humano destinado a viver no mundo terreno tem que chegar habilitado com sentidos apropriados e preformados prontos para serem utilizados O mesmo se d com o Esp rito desencarnado ao chegar no mundo espiritual ap s a crise da morte com sentidos espirituais pr existentes os quais n o surgem no instante da morte O Esp rito possui os em estado latente quando no mundo f sico sentidos an micos prontos para entrar em rela o com o novo meio plano espiritual importante assinalar que a diversidade do que acontece depois da morte e que se apresenta em todas as comunica es a consequ ncia mesma das individualidades Nas palavras de Kardec 2006a p 98 A infinita diversidade que apresentam os Esp ritos durante todas as comunica es a consegi ncia mesma das individualidades Se n o houvesse ap s a morte sen o isto que chamam o grande Todo absorvendo todas as individualidades este Todo seria uniforme e desta maneira todas as comunica es que se recebesse do mundo invis vel seriam id nticas 243 Com efeito estamos no rastro das leis e condi es que regem
354. nseca e imediatamente ligado ao universo como um todo Portanto os valores humanos se tornam nessa nova vis o cient fica expandidos para valores muito mais em conson ncia com aqueles que prevaleceram em culturas anteriores Nesse complexo de imagens convergentes do ser humano que os recentes desenvolvimentos cient ficos e culturais nos proporcionam onde procuramos vis es de um futuro que permitir ao ser humano sobreviver com dignidade e em harmonia com seu ambiente A humanidade atingiu n o somente suas limita es externas mas tamb m suas limita es internas de compreender as complexidades resultantes de seus pr prios atos bem como sua capacidade de viver num ambiente s cio cultural em transforma o Ao mesmo tempo a evolu o da ci ncia parece permitir a aceita o de outras formas de conhecimento que dariam ao ser humano a capacidade de recuperar a riqueza das cren as e a variedade de experi ncias espirituais No contexto dessas considera es e da presente situa o cr tica a maneira como a humanidade tem ocupado o planeta exige novas vis es ancoradas em uma variedade de culturas para contemplar o futuro e a percep o de um macrocosmo org nico que recaptura os ritmos da vida permitir ao ser reintegrar se na natureza e restaurar seu relacionamento no espa o e no tempo com avida como um todo e com o mundo f sico e o reconhecimento pelo ser humano de que ele parte do mesmo padr o que define o unive
355. nte aprendendo a cuidar de um ser fr gil e complexo Observo que ser importante essa perspectiva 32 Como se experi ncia implicasse interrogar as pr prias condi es em que o saber produzido e suas condi es de possibilidade de dizer pela pessoa os acontecimentos relativos espiritualidade e que constituem experi ncias transformadoras da rela o consigo mesmo pela media o com os outros como da rela o com os outros pela media o de si mesmo A narrativa experiencial potencialmente poliss mica Ao fazer a hist ria dos outros estamos fazendo tamb m a nossa pr pria hist ria h um entrela amento quando se escolhe o tema a condu o das entrevistas n o um exerc cio de ventr loquos mas um movimento reflexivo centrado no que consideramos significativo para compreendermos o que nos tornamos Josso 2004 sintetiza o significado da narrativa experiencial no contexto da pesquisa N o h processo cient fico ou escolha de objeto te rico que n o seja por uma dimens o afetiva na maioria dos casos associada a uma l gica biogr fica articulada a um contexto sociocultural e hist rico Espiritualidade tem sido a b ssola de minha exist ncia Espiritualidade uma palavra geradora carregada de sentido existencial e acentuado conte do emocional FREIRE 2003 portanto acho necess rio situar a minha hist ria particular no contexto coletivo Todos somos respons veis uns pelos outros tudo que eu fa
356. nte descrev lo signific lo ent o que a doen a passa de um fen meno individual a um fen meno coletivo reconhecido pelos outros de sua cultura O cl nico esse Outro qualificado a compreender e a buscar o significado da doen a A antropologia m dica tem percebido repare que a experi ncia da dor por exemplo vivida como algo pessoal HELMAN 2003 No entanto ao buscar um m dico al m de relacionar essa dor com a pr pria experi ncia de dores a pessoa busca relatar sua experi ncia com uma qualidade ou com caracter sticas que possam fazer com que ela seja socialmente reconhecida Assim que o que doen a para um grupo social pode n o o ser para outro O comportamento comunicativo fundamental no cuidado dos pacientes A semiologia m dica setor destinado ao estudo dos m todos e procedimentos do exame cl nico que sup e o corpo como gerador de signos ensina que a medicina tecnol gica n o pode substituir as palavras e a atitudes do servi o para o paciente a boa comunica o proporciona melhor sa de e que o principal prop sito de uma anamnese audi o avalia o inquisi o observa o entendimento conseguir todas as informa es b sicas pertinentes para a doen a do paciente SWARTZ 2006 Sabe se que o sintoma se refere ao que o paciente sente S o descritos pelo paciente para esclarecer a natureza da doen a O sintomas s o influenciados pela cultura intelig ncia e padr o s cio econ
357. nte do pensamento hegem nico da Igreja Concebia se neste renascimento o homem como centro como medida do universo assim a vida sagrada tornava se cada vez mais profana Neste contexto humanista Jesus visto de modo mais humano A natureza entrou em processo crescente de dessacraliza o acentuando se a cis o entre ci ncia e espiritualidade As pr ticas do cristianismo herdaram muito destas pr ticas pag s com ritos sacralizando a natureza no entanto estas pr ticas foram perseguidas pela reforma protestante que buscava um cristianismo com reformas o que contribu a para um desencantamento da natureza Assim a Reforma de Lutero e Calvino prosseguiu separando o mundo material do mundo espiritual eliminando o mundo espiritual do mundo natural possibilitando a concep o de um Deus racionalista favorecendo um clima intelectual para o progresso cient fico tecnol gico A modernidade nasceu associada a esse Paradigma antropoc ntrico como rea o profunda ao esp rito teoc ntrico FIGUEIREDO 2001 O ser humano abdicou de Deus tentou dominar a natureza e se achou propriet rio das verdades construtor delas A raz o cient fica tornou se hegem nica com Descartes com Galileu e com Newton grandes pensadores e que nos legaram imensur vel saber aumentando de modo impens vel antes as possibilidades da vida e da t cnica No entanto a id ia de progresso sem tica a voraz sede de acumula o do capital vai se aliand
358. nterior s vezes as pessoas v em lindas cidades de luz que desafiam a descri o tamanha a sua grandeza Nesse estado a comunica o n o acontece em palavras como as conhecemos mas de forma telep tica e n o verbal que resulta numa compreens o imediata O quinto est gio em que uma pessoa que passa por uma EQM depois de encontrar v rios seres de luz encontrar um Ser Supremo de Luz As pessoas o descrevem de acordo com sua forma o religiosa como Deus como Jesus como Buda ou como Al H os que disseram n o se tratar de Deus nem de Jesus mas mesmo assim de um ser de grande santidade Seja quem for o Ser irradia amor e compreens o totais Tanto assim que a maioria das pessoas quer ficar com Ele para sempre MOODY 2004 O pesquisador relata que nessa hora geralmente o Ser Supremo lhes diz que preciso retornar ao corpo f sico por m antes tem a tarefa de conduzi los a uma revis o de sua vida Moody 2004 p 25 relata acerca do sexto est gio a revis o da vida 192 Quando a revis o da vida acontece n o h mais nenhuma ambienta o f sica No lugar h uma revis o panor mica da vida num plano tridimensional totalmente colorido onde a pessoa pode rever cada uma das coisas que fez em sua vida Isso geralmente acontece numa perspectiva de terceira pessoa e n o ocorre num tempo assim como o que conhecemos A descri o mais pr xima que j ouvi para esse momento que toda a vida da pessoa se
359. ntes As pessoas diziam assim somente eu tenho f em Deus que isso vai dar certo Justamente isso eu queria saber f em Deus at que ponto As pessoas pedem a Deus para o que elas desejam acontecer dar certo mas eu perguntava Pausemos um pouco a narrativa que na verdade tem suas fundamentais falas do nosso ponto de vista nessa parte acima exposta Reparemos nos grifos em it lico para buscar um itiner rio de compreens o Partimos do pressuposto de que os estudos de narrativas em Antropologia M dica atestam que as pessoas desejam dar significado s suas experi ncias e que o adoecer e o 149 curar se envolveria portanto um percurso de busca de sentido que se faz como experi ncia de si Na verdade temos de situar que n o est em quest o apenas a import ncia do social do pol tico econ mico e do cultural junto a um modelo org nico ou natural o biom dico Os estudos de Herzlich por exemplo ao mostrar a entrada das ci ncias antropossociais para os espa os antes restritos aos profissionais de sa de apontam o aspecto da natureza social dos fen menos biol gicos Diverso desse enfoque importante situar que n s estamos intentando contribuir para modificar a pr pria id ia de sujeito das pr ticas em Medicina N o s seria importante ampliar os dom nios do corpo para comportar a mente ou o ps quico mas considerar um ps quico no m nimo como tendo um princ pio espiritual extraf sico que sobr
360. nto Cultrix Ltda 1982 O Tao da F sica S o Paulo Editora Cultrix 1983 CARVALHO M R PROCHNIK M M todo m e canguru de aten o ao prematuro Rio de Janeiro BNDES 2001 CAVALCANTI R O Retorno do sagrado a reconcilia o entre ci ncia e espiritualidade S o Paulo Editora Cultrix 2000 CERTEAU M de Artes de fazer a inven o do cotidiano 2 ed Petr polis Vozes 1996 CHALMERS D J The puzzle of conscious experience mysteries of the mind Sci Am spec issue p 30 37 1997 CHAUL M Convite filosofia S o Paulo tica 2004 CHAVES M M Educa o m dica uma mudan a de paradigma Bol ABEM v 28 n 4 p 10 11 2000 CLARK K Clinical interventions with near death experiencers In GREYSON B 267 FLYNN C P Ed The near death experience problems prospects perspectives Springfiel Charles C Thomas 1984 p 242 255 CLUTE H L LEVY W J Electroencephalografic changes during brief cardiac arrest in humans Anesthesiology v 73 p 821 825 1990 COMENIUS J A Did tica magna 2 ed S o Paulo Livraria Martins Fontes Editora Ltda 2002 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA C mara t cnica sobre a terminalidade da vida proposta de resolu o Bras lia 2006 CORDEIRO H Descentraliza o universalidade e equidade nas reformas da sa de Ci n Sa de Coletiva v 6 n 2 p 319 328 2001 CORDEIRO H A As empresas m dicas Rio de Janeiro RJ Graal Ed
361. ntos sociais que n o envolvem apenas a l gica do poder mas buscam trazer a experi ncia de si mesmo e a experi ncia formadora vivida nas rela es sociais para dialogarem Composta de entrela amentos e de margens pelas duas ordens de experi ncia a experi ncia com a dimens o espiritual atualmente n o pode ser negligenciada Uma racionalidade mais aberta que comporta a dimens o do sentir a da tica a da est tica e a dimens o espiritual passa a se vincular ao exerc cio de entender as situa es do mundo e transform lo Uma l gica da vida tenta alcan ar ser um meio atrav s do qual os problemas mais gerais das gentes s o abordados E nesse contexto que tamb m por meio de processos que lidam com a dimens o espiritual os atores sociais que comp em os movimentos sociais constroem sentidos e a es coletivas Detenhamo nos sobre o assunto A voz submersa Eu sabia que por ali sempre t nhamos caminhado Conhecia os c rregos o lama al as valas da pobreza As crian as beijavam os dias com sua alegria no sol claro E o sofrimento vinha a mim como uma m sica long nqua O desejo das mulheres enchia o cora o de p rpura e segredo Por que o corpo temia chamar a alma para acudir Foi ent o que na delicadeza da hora imensa e secreta Veio um p blico e extenso dom nio o da voz submersa Aquela que chamava Deus e os esp ritos para fazer o agora Ah a voz submersa O Corpo um texto dizia Foucault e a al
362. ntrap em organiza o da produ o desenvolvida no mundo desde o in cio do s culo XIX Chaves 2000 usa a no o de transi o paradigm tica como met fora para a educa o m dica pois a express o paradigma flexneriano de uso corrente embora ciente de que os conceitos de Khun n o se aplicam fora do mundo da ci ncia Explicita que n o se pense que a transi o paradigm tica ser tarefa f cil Trata se de uma desconstru o e reconstru o a serem feitas sincronicamente como reformar uma casa que continua sendo habitada CHAVES 2000 p 11 No Brasil predominava a influ ncia da escola m dica francesa depois a ib rica A partir da Reforma Universit ria de 1968 Lei 5 540 68 passa se a adotar oficialmente o modelo americano Os departamentos contendo disciplinas substituem as c tedras o ensino fica dividido em ciclo b sico e ciclo profissionalizante com disciplinas ditas profissionalizantes Esse ltimo ciclo denominado profissionalizante por conter a especialidade e o Internato Curricular est gio hospitalar Desta forma os curr culos m dicos t m uma estrutura que propicia acrescentar conhecimentos com o surgimento de novas disciplinas A estrutura flexneriana acentua o que no mundo social se sedimentava o 88 individualismo o modelo hospitaloc ntrico a ambi ncia biologicista que alijou filosofia e tica das possibilidades da ci ncia se pensar e a fragmenta o com as especi
363. ntregue a si mesmo todos os Esp ritos quase sem exce o quando saem da crise da morte s o acolhidos pelos guias melhor indi cados para os reconfortar aconselhar e assistir o meio que o recebe determinado pelo grau de espiritualidade em que ele se acha Atrav s da morte ganha a morada espiritual que preparou para si mesmo sua futura morada est no c rculo de sua alma seus companheiros espirituais s o os seres que se lhe assemelham gravita para o meio nico que se pode adaptar s suas condi es de evolu o espiritual de eleva o moral de cultura intelectual conforme ele pr prio as criou pela sua atividade terrestre o nosso mundo o do pensamento tudo o que nele se v toca e utilza uma cria o do pensamento Estes ensinos espirituais que agora apenas come amos a dar aos vivos constituem uma das muit ssimas coisas a cujo respeito Jesus o Nazareno afirmou que aquela gera o e aquela poca n o estavam maduras para as receber 238 EQM di logo n mero 04 S V S 31 anos M dica pediatra neonatologista Religi o cat lica Data 15 02 08 Desde cinco anos de idade tenho vis es tenho consci ncia de que vejo esp ritos Quando era crian a toda noite quando ia orar eu sa a do corpo Aos sete anos de idade ao orar entrava em transe sa a do corpo passeava no teto do meu quarto no quarto dos meus pais no quintal muito legal andar no teto
364. ntri em seu estudo sobre Educa o e tica em Pestalozzi INCONTRI 1996 p 64 A estrutura da ordem social assim no pensamento pestalozziano exigiria o trabalho da representa o que s o meios artificiais de gratifica o diversos da satisfa o do estado animal algo na dire o do que Castoriadis vai desenvolver depois e nomear no contexto maior do que ele chama de a institui o imagin ria da sociedade O conflito dial tico entre o estado natural e o social permanente diz Pestalozzi como a t pica freudiana j apontava ao tensionar o ego e o id o princ pio da realidade e os conte dos da libido o princ pio do prazer respectivamente Tens o constitutiva no ser e na hist ria o conflito entre a camada natural do ser e a social des gua na s ntese produzida pelo estado afetivo moral Os mbitos do estado natural e social coordenados pela constru o afetivo moral v o constituir ent o uma estrutura espiritual fundada na divindade interior 160 Com Incontri 1996 p 66 A autonomia moral sim fruto do atrito entre ambos os estados natural e social mas garantida por uma divindade essencial e deve se projetar numa transcend ncia Problematizemos o movimento dial tico que nessa s ntese instaura se A liberdade natural e o direito social estariam em permanente luta em nossa esp cie tal o pensamento de Pestalozzi Pode se come ar dizendo que o ser humano dividido entr
365. ntros nervosos Esse d namo psiquismo essencial n o seria condicionado pelo organismo mas o condicionaria E a partir desta id ia que Bozzano desenvolve sua tese de que o pensamento e a vontade s o for as pl sticas e organizadoras A partir de Bozzano 2006 p 120 podemos supor que as cria es mentais produzidas pelos processos de adoecimento v o cessar quando o pensamento criador produzir um novo tipo de cria o mental sustentado pela vontade e pela rela o com o sagrado levando cura Bozzano 2006 p 114 admitindo a exist ncia do Esp rito utiliza o conceito de ideoplastia esta moldagem da mat ria viva feita pela id ia para mostrar a insufici ncia da fisiologia materialista Bozzano 2006 informa que desde 1896 o coronel de Rochas j tivera a intui o da hip tese ideopl stica e a circunscrevera a justos limites Como observa Bozzano 2006 p 98 se devemos admitir a exist ncia de fen menos que permitem atribuir ao pensamento subconsciente do m dium uma energia pl stica e organizadora demonstrado est igualmente que fen menos outros h cuja explica o se torna imposs vel desde se n o admita a interven o de um pensamento organizador estranho ao m dium e assistentes 121 Em seu livro Animismo e Espiritismo Bozzano 2006 diz que para esta ordem de fen menos existe uma causa nica o Esp rito humano que encarnado produz fen menos an micos e desencarnado produz fen me
366. ntudo notamos ao mesmo tempo um grande abismo entre uma nova vis o do mundo que emerge do estudo de sistemas naturais e os valores que continuam a prevalecer em filosofia nas ci ncias sociais e humanas e na vida da sociedade moderna valores amplamente baseados num determinismo mecanicista positivismo ou nihilismo Acreditamos que essa discrep ncia danosa e na verdade perigosa para a sobreviv ncia de nossa esp cie O conhecimento cient fico no seu pr prio mpeto atingiu o ponto em que ele pode come ar um di logo com outras formas de conhecimento Nesse sentido e mesmo admitindo as diferen as fundamentais entre Ci ncia e Tradi o reconhecemos ambas em complementaridade e n o em contradi o Esse novo e enriquecedor interc mbio entre ci ncia e as diferentes tradi es do mundo abre as portas para uma nova vis o da humanidade e at para um novo racionalismo o que poderia induzir a uma nova perspectiva metaf sica 286 3 Mesmo n o desejando tentar um enfoque global nem estabelecer um sistema fechado de pensamento nem inventar uma nova utopia reconhecemos a necessidade premente de pesquisa aut nticamente transdisciplinar mediante uma din mica de interc mbio entre as ci ncias naturais sociais arte e tradi o Poderia ser dito que esse modo transdisciplinar inerente ao nosso c rebro pela din mica de intera o entre os seus dois hemisf rios Pesquisas conjuntas da natureza e da imagina o do unive
367. o O modelo biom dico tem uma perspectiva distanciada dessa vis o integral Por m o Espiritismo poder contribuir para a retomada dos conceitos mais ampliados numa perspectiva integrativa Na compreens o m dico espirita o pensamento o alicerce vivo de todas as realiza es no plano f sico e extraf sico KARDEC 2006a BOZZANO 2006 XAVIER 1995a NOBRE 2003 O instrutor espiritual Emmanuel no livro Pensamento e Vida faz a seguinte abordagem XAVIER 1987 p 69 70 O Esp rito inquilino da casa f sica lhe preside forma o e sustenta o consciente ou inconscientemente desde a hora primeira da organiza o fetal n o obstante quase sempre sob os cuidados protetores de Mensageiros da Provid ncia Divina Trazendo consigo mesmo a soma dos reflexos bons e menos bons de que portador segundo a colheita de m ritos e preju zos que semeou para si mesmo no solo do tempo o Esp rito incorpora aos moldes reduzidos do pr prio ser as c lulas do equipamento humano associando as pr pria vida desde a ves cula germinal Amparado no colo materno estrutura se lhe o corpo mediante as c lulas referidas que em se multiplicando ao redor da matriz espiritual como a limalha de ferro sobre o im formam a princ pio os folhetos blastod rmicos de que se derivam o tubo intestinal o tubo nervoso o tecido cut neo os ossos os m sculos os vasos Em breve atendendo ao desenvolvimento espont neo acha se o Esp
368. o de preconceitos e supersti es vigentes na poca tendo ainda como proposta basilar a instaura o de uma ordem democr tica Quer dizer elege como ponto de partida a contraposi o entre o homem e o mundo portanto a oposi o entre sujeito e objeto do conhecimento 75 Capra 1982 p 56 analisa que a concep o cartesiana dentro dos par metros com que se usou a ci ncia reteve uma vis o do universo como sistema mec nico e forneceu sans o cient fica para a manipula o e explora o da natureza que se tornaram t picas da cultura ocidental Santos 1999 em Um Discurso sobre as Ci ncias discorre sobre a ambig idade e complexidade da situa o do tempo presente um tempo de transi o e diz que o modelo global a nova racionalidade cient fica tamb m um modelo totalit rio na medida em que nega o car ter racional de todas as formas de conhecimento que n o se pautarem pelos seu princ pios epistemol gicos e pelas suas regras metodol gicas SANTOS 1999 p 10 11 Se Descartes construiu as bases te rico filos ficas da ci ncia do s culo XVII Isaac Newton 1642 1727 desenvolveu a concep o matem tica mecanicista do mundo No seu livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica 1687 Newton desenvolveu grande s ntese das obras de Cop rnico Kepler Bacon Galileu e Descartes posteriormente chamada de mec nica cl ssica Sua f sica concebia o universo governado por leis eternas que podiam ser compr
369. o digo e penso tem um impacto sobre o outro Quero discorrer sobre o assunto em minha vida a fim de explicitar minha escolha pelo tema em um trabalho de tese trabalho este existencialmente engajado conectado minha viv ncia Por que sendo m dica e tendo feito o mestrado em cirurgia realizando experimentos sobre isquemia de car tida em ratos e relacionando o experimento com uma das causas de cegueira humana j organizando o projeto para o doutorado optei pela Faculdade de Educa o na linha de pesquisa Espiritualidade e Educa o A investiga o tem tica s se justifica enquanto devolva aos sujeitos o ato de conhecer com ele a realidade que o desafia conhecer interferir na realidade conhecida FREIRE 2005 sou sujeito tamb m desta pesquisa portanto compreendo como fundante deste trabalho esta narrativa que reflete minha vis o de mundo a forma de constru o do pensamento Para uma comunica o eficiente faz se necess rio o conhecimento cr tico a fim de sintonizar se com a situa o concreta das pessoas evitando se assim um discurso alienado e alienante FREIRE 2005 Sou professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cear onde ensino Histologia e Embriologia Humanas assunto que se situa no cerne da biomedicina da refer ncia hegem nica morfo fisio biologicista O que me faria buscar o campo de reflex es 33 que envolve a ultrapassagem do modelo biom dico buscando conectar me
370. o geralmente est ligada morte Elas se v em flutuando acima do seu corpo olhando para o corpo de uma certa dist ncia sentem se confusas ou amedrontadas e se perguntam como poss vel estar olhando de cima para si mesma embaixo Podem reconhecer ou n o o pr prio corpo e frequentemente t m um senso agu ado de identidade acontecendo quase sempre de o medo se transformar em felicidade e tamb m em compreens o nova Moody 2004 p 21 informa que Nesse momento aqueles que atravessam essa experi ncia frequentemente sentem medo que ent o cede lugar compreens o perfeita do que est acontecendo Elas podem entender o que os m dicos est o tentando transmitir uns aos outros mesmo n o tendo na maioria das vezes nenhum conhecimento m dico formal mas quando tentam falar com os demais ou com qualquer outra pessoa presente ningu m pode v las ou ouvi las Nesse instante poss vel que tentem atrair a aten o das pessoas presentes tocando nelas Mas quando fazem isso suas m os passam atrav s do bra o da outra pessoa como se n o houvesse nada ali uma mulher que eu mesmo ressuscitei eu a vi ter um ataque card aco e imediatamente comecei a massagear seu peito Ela me disse mais tarde que enquanto eu tentava reanimar seu cora o ela subiu acima do corpo e olhou para baixo Ela estava em p atr s de mim tentando me dizer para parar que ela estava bem aonde estava Como eu n o a ouvia ela tentou agarrar
371. o que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente permitindo dessa forma uma maior participa o dos pais no cuidado a seu rec m nascido MARGOTTO 2006 BRASIL 2002 Esse contato prolongado e cont nuo se inicia no hospital ap s o beb ter condi es de sair da UTI neonatal como peso acima de 1200 gramas com a respira o efetiva sem suporte suplementar de oxigenioterapia e em condi es de ser alimentado com leite materno exclusivo O beb em geral colocado em posi o supina semidespido entre os seios da m e posi o de r e recebe acompanhamento adequado por parte de profissionais de sa de especializados numa equipe multidisciplinar BRASIL 2002 MARGOTTO 2006 O contato pele a pele que se inicia no hospital pode ser mantido em casa O m todo reconhecidamente diminui o tempo de interna o e aumenta as taxas de sobreviv ncia infantil entre beb s prematuros bem como melhora a sua qualidade de vida e previne o abandono CARVALHO PROCHNIK 2001 Estes autores narram o por qu do M e Canguru O M todo M e Canguru adotou o nome dessa esp cie de mam feros marsupiais origin rios da Austr lia porque as crias nascem antes de completar ou levar ao fim sua gestac o Os beb s cangurus t m por isso uma gesta o extra uterina A natureza dotou as f meas dos cangurus de uma bolsa onde se completa o tempo de gesta o ali os pequenos se aquecem e se alimentam at se fortalecerem adequadamente
372. o que costuma alijar as outras dimens es que informam o adoecimento e que o significam J a dimens o espiritual da pessoa vai estimul la a realizar aprendizagens que sejam feitas situando se a pessoa como um ser de transcend ncia como um ser espiritual nessa procura ent o que se processam as elabora es que o sujeito vai fazer tecendo uma experi ncia de si em v rios planos quer dizer tecendo uma experi ncia de si que comporte a id ia de que temos entre outras uma dimens o espiritual A aprendizagem com sua pr pria espiritualidade e que implica que a pessoa vai se apropriando de elementos para se pensar como ser espiritual acontece em um espa o de constru o de significados em que interatuam a elabora o objetivante e a subjetivante Vejamos como Alicia Fernandez define esses dois modos de apropria o de saberes 2 Aprender apropriar se apropria o que se d a partir de uma elabora o objetivante e subjetivante A elabora o objetivante permite apropriar se do objeto ordenando o classificando o quer dizer por exemplo reconhecer uma cadeira pondo a na classe cadeira quer dizer tratando de usar o que a iguala a todas as cadeiras do mundo Por outro lado a elabora o subjetivante tratar de reconhecer de apropriar se dessa cadeira a partir daquela nica e intransmiss vel experi ncia Z que haja tido o sujeito com as cadeiras Aprendemos o que uma cadeira por exemplo n o s
373. o Santo de Deus DOUGLAS 1976 problematizando valores e tentando se situar com seus poderes espirituais fora do sistema de cren a que conhece O problema que por ser rezadora Icl ia passa a transformar sua experi ncia espiritual em experi ncia p blica Tamb m na hist ria da sua doen a ela passa a ostentar sua experi ncia espiritual como uma experi ncia p blica A experi ncia moderna faz com que grande parte de nossa experi ncia espiritual n o se represente ou se apresente no contexto da religi o Douglas 1976 em seu estudo antropol gico intitulado Pureza e Perigo observa que a fun o do ritual religioso modificar 131 a experi ncia e o que o objetivo do ritual n o enganar a Deus mas reformular a experi ncia passada Atrav s do ritual e do discurso o que passou restabelecido e a inten o boa prevalece sobre o que parecia exdr xulo ou estranho Na reza de Icl ia j que n o h cobran a de dinheiro o que lhe parece pesado guardar o segredo Pode se dizer que por seu isolamento de um sistema de cren as formal ela parece ter dificuldade de controlar sua pr pria experi ncia e seus pr prios poderes espirituais A partilha do segredo faz Icl ia inconscientemente c mplice de algo e volta ent o a problem tica da pureza e perigo e a problem tica dos valores Conhecendo a dimens o da necessidade Icl ia parece colocar a problem tica tica ao alegar que n o recebe dinheiro como
374. o a si e se expunha agora por meio do sintoma como um desafio para a pr pria pessoa desvendar Velar significa p r v us isso mesmo O problema que no sintoma h algo que se vela ao sujeito algo oculta o que se poderia saber sobre si que como sabemos o sintoma pode ser pensado tamb m como uma fala que est a significar e como que a desafiar o sujeito em termos de decifra me ou te devoro como fazia a esfinge do mito do Edipo 179 A aprendizagem que a pessoa vai empreender ent o a partir dessa convoca o ofertada pelo sintoma uma experi ncia de si importante e como vamos ver vai se relacionar com outras experi ncias de si vividas no contexto social Como podemos desde j perceber a experi ncia espiritual pode ser tomada como experi ncia de si e suas aprendizagens v o orientar muito do que ser equacionado na hora em que o sintoma p e se como problema para a pessoa importante perceber que quando falamos experi ncia de si n o significa que a pessoa n o interaja em contextos de alteridade n o significa que o que foi aprendido sobre si esteve fora de contextos sociais N o Diz se experi ncia de si porque a resultante do vivido e elaborada por um sujeito singular que ora rompe com serializa es inscritas nos modelos de a es e de pensamentos postos pela cultura ora adere aos modos coletivos de agir e de pensar do contexto no qual se situa Da que a experi ncia de si est a
375. o de 2003 num s bado tarde domingo foi o sepultamento Dia 20 de outubro segunda feira noite ap s uma reuni o de ora es por ela ao deitar me senti a press o no ouvido Relacionei ao desencarne de minha m e Sentei me na cama e vi o meu corpo deitado Do corredor que d para o meu quarto surgiu um claro no ambiente quando mam e entrou Parecia luz fluorescente no plexo solar na altura do seu cora o iluminou todo o ambiente Ela vinha apoiada por duas pessoas n o dava para ver o rosto dessas duas pessoas O rosto de minha m e era bem vis vel ela estava com uma longa roupa de luz Comecei a chorar Ela veio se abaixou e me beijou na testa Foi muito emocionante Ela voltou e eu acordei Observemos que h outros encontros de A P R com Gladys e com Ronaldo amigos do narrador pessoas que ele estimava muito e estima muito Tamb m importante anotar o encontro de A P R com sua av materna que o narrador n o conheceu havia ela desencarnado antes de A P R nascer Ele a identifica pelo seu retrato retrato da av de A P R grande que havia em uma sala da sua casa retrato que agora est em sua posse em seu apartamento do apartamento do narrador Outro aspecto que mister observar refere se experi ncia de desdobramento que qualificada como consciente por A P R Vejamos como ele narra essa sa da do corpo No caso abaixo desenvolve se tamb m como um encontro com seu pai que j havia dese
376. o de tal modo estrutura das produ es cient ficas que a ci ncia torna se o mito da ci ncia Com o pensamento moderno d se cada vez mais o primado da individualidade do homem tomado doravante como o centro dos valores e do conhecimento O novo mundo se d uma leitura antropol gica e ao mesmo tempo antropoc ntrica JAPIASSU 1982 13 Japiassu 1982 relata que Galileu com sua ci ncia veio destruir o esquema de um cosmos organizado hierarquicamente no interior de um espa o fechado e impregnado de resson ncias m tico religiosas Somente se admite as disciplinas da raz o Ren Descartes 1596 1650 com seu c lebre enunciado Cogito ergo sum Penso logo existo sintetiza a nfase dada ao pensamento racional em nossa cultura O conhecimento racional vai dominando a nossa civiliza o e sua crise alcan a tornar se uma crise civilizat ria Na modernidade ent o acontece a cis o mais funda entre a mente e o corpo com reflexos em toda a cultura ocidental Dividindo o ser humano em mente res cogitans e corpo res extensa acentua se o dualismo corpo alma j existente na filosofia ao nos determos em nossas mentes esquecemos da conex o com o nosso corpo nos desligamos de nosso meio ambiente natural e da inter rela o com os outros seres vivos Para Descartes todo o universo era uma m quina Ele substituira a vis o dos gregos e da Idade M dia do cosmo vivo cheio de intelig ncia e sentido por uma vis o
377. o dos Esp ritos KARDEC 2006a p 23 foi lan ado em Paris com profundos esclarecimentos acerca da alma ser imaterial e individual que reside em n s e sobrevive ao corpo explicando no cap tulo IX a interven o dos Esp ritos no mundo corporal Inclusive relatando que os Esp ritos influem em nossos pensamentos e em nossos 157 atos muito mais do que imaginamos e frequentemente s o eles que nos dirigem KARDEC 2006a Jasmim interage com o livro esp rita encontrando sua hist ria no relato liter rio Violeta busca apoio e conforto em sua cultura religiosa cat lica para avaliar aprendizados espirituais e inclusive explicou posteriormente que seu filho Saulo uma refer ncia ao ap stolo respons vel pela difus o do cristianismo entre os gentios e se apega a Nossa Senhora Ela tamb m usa sua religi o para mudan a de comportamento e de atitude ao lidar com emo es destrutivas como a raiva 4 2 Garimpando uma id ia de sujeito nas pr ticas sociais que envolvem transforma o em percursos de adoecimento e de cura Ao pensarmos uma id ia de sujeito nas pr ticas sociais que envolvem transforma o em percursos de adoecimento e de cura temos uma vis o de cultura que deixa ver rupturas em um tecido que se poderia pensar uniforme Para al m dessa diferen a por m podemos cal armo nos em uma id ia de cultura como lugar de constru o dos sujeitos e portanto em um espa o no qual as rela es sociais s o
378. o febris nem an xicos OSIS HARALDSSON 1977 RING 1980 SABOM 1982 Esses estudos sugerem que o del rio induzido por drogas ou por problemas metab licos inibem as EQMs e n o as induzem ou conforme as an lise de Kelly et al 2006 as pessoas em del rio tendem a n o recordar as pr prias experi ncias ap s se recuperarem 201 Estudiosos t m atribuido as EQMs a varios neurotransmissores no c rebro mais frequentemente as endorfinas ou a outros opidides end genos liberado sob estresse BLACKMORE 1993 CARR 1982 SAAVEDRA AGUILAR GOMEZ JERIA 1989 Mas as endorfinas produzem al vio da dor e sensa o de bem estar que persiste por horas ao passo que nas EQMs a paz e a cessa o da dor s o sentidas de forma breve por alguns segundos mas s o intensas e inesquec veis Jansen 1997 fez um modelo mais amplo sugerindo que um agente end geno neuroprotetor similar quetamina a exist ncia desse agente uma hip tese ainda n o comprovada pode ser liberado em condi es de estresse agindo nos receptores do N metil D aspartato NMDA A quetamina pode provocar sentimentos de se estar fora do corpo e algumas sensa es como se sentir atravessando um t nel escuro em dire o luz acreditar que morreu ou que est se comunicando com Deus Por m as experi ncias com a quetamina geralmente envolvem imagens bizarras e assustadoras normalmente reconhecidas como ilus es FENWICK 1997 e nos relatos de EQM as experi
379. o militar que dominou no estado feudal e observou que o nascimento da sociedade cient fico industrial com o estado liberal burgu s iria ser a base intelectual e moral da nova ordem social Conclui dizendo que a revolu o social e pol tica realizada pela burguesia e que teve sua representa o no emblem tico 1789 apoiou se em uma revolu o intelectual Comte apostou no triunfo exclusivo do pensamento cient fico A crise de sociedade em Comte reside na contradi o hist rica entre o tipo teol gico militar em vias de desaparecer e a ordem social cient fico industrial que nasce Comte resolveu a crise da sociedade apostando no triunfo exclusivo do sistema de id ias cient fico industrial No seu livro Curso de Filosofia Positiva 1830 Comte o inicia fazendo uma reclassifica o hier rquica das principais ci ncias de seu tempo matem tica f sica qu mica biologia astronomia e a mais complexa a f sica social sociologia Comte seria considerado o pai desta nova ci ncia de Comte a formula o da Lei dos Tr s Estados que s o fases sucessivas ou evolutivas que o ser humano atravessa no decorrer de sua evolu o Essa lei sugere que haveria inicialmente uma fase ou estado teol gico no qual o esp rito humano explicaria a causalidade dos fen menos sociais atribuindo os a seres entidades ou for as divinas A essa fase sucede o estado metaf sico no qual o homem explicaria a causalidade dos fen menos sociais a
380. o ou omisso pois esta seletividade tem o seu significado Al m disso a no o de que o documento escrito possui um valor hier rquico superior a outros tipos de fonte vem sendo sistematicamente contestada em um s culo marcado por um avan o sem precedentes nas tecnologias de comunica o FREITAS 2006 p 67 Os depoimentos foram gravados em fitas cassetes com o consentimento pr vio do colaborador com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido vide ANEXO D O documento oral um ato de cria o do qual participa o subjetivismo conforme di logo entre entrevistador e entrevistado privilegiando a experi ncia vivida por quem viveu VIEIRA 2000 MEIHY 2002 FREITAS 2006 O documento final foi obtido ap s a transcri o da entrevista FERREIRA 1994 2000 E em seguida a an lise cotejando com o referencial te rico desse trabalho O campo emp rico abordado reitero atrav s da utiliza o de procedimentos da investiga o como as entrevistas abertas ou semi estruturadas e a observa o participante A necessidade da observa o participante deve se ao fato de que sou parte do contexto de observa o vivencio o concerto da hist ria oral protagonizada pelos sujeitos da pesquisa Devemos considerar que a hist ria oral pode comportar as met foras que desempenham um papel muito importante na produ o dos sentidos sobre adoecimento e sobre cura elas lidam com imagens ricas de sentimento e expressam as
381. o sobre EQM n o parece influenciar os detalhes das suas pr prias experi ncias GREYSON 1991 GREYSON STEVENSON 1980 RING 1980 SABOM 1982 As experi ncias de quase morte relatadas antes de 1975 quando Raymond Moody Jr criou esse termo em seu livro Life after Life tornando o fen meno conhecido n o diferem das experi ncias que foram relatadas ap s essa data ATHAPPILLY et al 2006 Os relatos das crian as que vivenciaram uma EQM t m caracter sticas similares s dos adultos e as crian as t m menos expectativas desenvolvidas sobre a morte BUSH 1983 GABBARD TWEMLOW 1984 HERZOG HERIN 1985 MORSE et al 1985 1983 SERDAHELY 1990 Morse 1983 fez o primeiro relato de EQM em crian as e ampliou suas pesquisas na rea MORSE et al 1983 alertando aos m dicos pediatras que EQMs ocorrem em um n mero significativo de crian as criticamente enfermas 199 H uma experi ncia central nuclear nos relatos comum aos pacientes apesar das diferen as culturais uma esp cie de n cleo duro que faz convergir s mbolos embora a maneira de interpretar a experi ncia possa diferir nos indiv duos segundo a cultura de cada um ROBERTS OWEN 1988 Em seus estudos Sagan 1979 interpretou as EQMs com suas viv ncias de visualiza o de um t nel escuro de uma luz brilhante e de entrada em uma outra dimens o como uma mem ria pr pria do nascimento Por m as mem rias s o comuns em pessoas que nasceram de parto va
382. o trabalho minha m e Uma vez uma pessoa se aproximou de mim Deu um tremor um vulto aquela sombra eu vi na parede Eu disse m e eu tou vendo meu tio Ela disse que ele estava em Bel m do Par Minha m e rezou rezou e eu fui melhorando Ele meu tio me apareceu Ele tava com sez o mal ria Uma dor na cabe a um tremor frio horr vel Eu via ele Depois chegou uma carta dizendo que ele tinha morrido Eu passei muito tempo sentindo isso esse sez o Sofri Fui amortalhada a Canind pagando tudinho a promessa que meu tio depois que morreu pediu que eu pagasse suas promessas Era um sez o t o forte que era uma coisa N o rezo pago n o A reza que se faz paga n o serve Comecei depois desse tempo a ver coisas Via um caix o de crian a passar r pido e quando dava f acontecia A noite para mim era o dia T o aluminado Um reflexo que dava N o sei o que era aquilo Ele ali adoeceu aponta o marido Ele uma vez ia morrendo Eu j tinha ido ao m dico e nada Pensei meu Deus me amostra um jeito desse homem ficar bom Da uma vez eu botei a m o na cabe a dele e vi a minha irm Maria que tinha morrido Ela disse que ele tinha de tomar um rem dio Quando dei f veio um m dico de roupa verde era um esp rito Da ele disse ele vai ficar bom Vai se operar e vai ficar bom No 137 outro dia ele foi pra Fortaleza e eu n o tive coragem de ir mais olhar o sofrimento dele Fizera
383. o uma experi ncia espiritual uma experi ncia educativa e formativa Quando Icl ia menciona que a gente leva o segredo dos doentes para o t mulo parece sugerir que os segredos cont m tamb m impurezas ou coisas que n o seriam aceit veis Tamb m quando ela diz que eu s fa o o bem s quero o bem das pessoas parece sugerir a mistura bem mal que pode levar o rezador a um esfor o de distin o entre uma coisa e outra Ou amos mais Icl ia Tem gente que chega aqui amarrado em cadeira de rodas Outro dia essa semana um menino que ningu m chegava perto estava com febre Eu fui fazendo a reza o menino foi se animando pro meu lado e saiu andando O menino estava h uma semana dormindo A m e chegou acode minha filha que ele vai morrer A ela trouxe a crian a eu peguei o ter o perguntei se morreu alguma crian a assim O homem disse pois o menino que est perto dessa crian a o que morreu E continuei a reza A crian a foi na aula dela Antes me pediu um beijo Eu s acredito em Deus Icl ia continua sugerindo algo impuro no que estava a possuir o menino algo que ela contrap e a Deus Helena enfermeira do Posto de Sa de que nos servia de guia perguntou Nunca baixou nenhum esp rito na hora em que voc estava rezando 129 Acho que de Deus a minha reza Inveja intribula o mau olhado seta ruim E clamo pelo Esp rito Santo de Deus e os astros e sinto que fa o
384. odemos acompanhar a compreens o de Moody 2004 que nos conduz a este ponto tamb m As pessoas que conseguem descrever o que estava acontecendo em outros lugares enquanto estavam sofrendo est o realmente passando por uma experi ncia extracorp rea MOODY 2004 p 30 Outras dessas experi ncias aconteceu com uma senhora idosa que eu tentava ressuscitar Eu estava lhe fazendo uma massagem no cora o numa mesa de pronto socorro e a enfermeira que me assistia foi para outra sala pegar um medicamento de que precis vamos Era uma ampola de vidro que deve ser segurada com uma toalha de papel ao se quebrar a tampa para n o se cortar Quando a enfermeira voltou o gargalo estava quebrado e eu pude usar o medicamento imediatamente Quando a senhora voltou a si olhou docemente para a enfermeira e disse Querida eu vi o que voc fez naquela sala voc vai se cortar fazendo aquilo A enfermeira ficou chocada Ela admitiu que na pressa em abrir o rem dio havia quebrado o vidro com os dedos nus A mulher nos contou que enquanto a ressuscit vamos ela havia seguido a enfermeira at a outra sala para ver o que ela estava fazendo Experi ncias similares a EQM podem ocorrer durante a fase terminal de doen a e s o denominadas vis es no leito de morte Van LOMMEL et al 2001 OSIS HARALDSSON 1977 Bozzano 2006 descreveu fen menos ps quicos no momento da morte com relatos de apari es de seres falecidos percebidos pelo
385. oder de ressuscitar mortos de fazer cego enxergar e de fazer paral tico andar Ent o Senhor mostra me mais uma vez o Teu poder D me este testemunho E de repente foi muito forte o que apareceu a mim Foi tudo muito r pido como se formasse ali um palco um homem de estatura m dia mais para baixo cabelos bem cortados quase pelado Um homem comum E falou bem claro o papa est ali E eu quase me desesperei pois estar com as horas contadas e ter um encontro com o papa era o fim E eu disse Senhor eu n o quero ver o papa pois n o acredito que Te servi em v o at aqui e que n o ganhei a salva o eu n o acredito que vou ver o papa ao inv s de ver Jesus E aquele homem me disse que aquele era o caminho largo e espa oso Vi um caminho escuro uma mesa cheia de b blias e os paramentos do papa sobre uma cadeira E o caminho era como um ferro de engomar come ava largo e ia se estreitando Gra as a Deus que n o vi o papa mas vi um caminho largo e de uma claridade imensa Um barulho de uma cavalgadura e de cavalo e de repente apareceu um homem t o alto que n o pude ver o seu rosto vestido numa t nica branca e comprida sobre um cavalo com uma voz estrondosa e suave que se aproximou de mim e disse me Fa a tr s ora es Naquele momento eu pude perceber que o meu Deus estava me dando uma grande chance de sair do vale e eu fiquei muito emocionada com a resposta que o meu Deus estava me dando com tanta
386. of an out of body individuality conscious with identity intelligence memory with transcendental abilities capable of having experiences with other spiritual beings which must be considered in the medical practice especially in the relationship doctor patient with subjects in coma and close to death and rethink the reanimation period and he criteria used to establish the success of these maneuvers that of multireferential study utilizing the sipiritist theory in the religious perspective philosophical and scientific should be made developing the medical spiritist paradigm as a relative contribution for medicine Keywords Spiritual Experience Spirituality Near death Experience Oral History Multireferentiality Spiritism Medical Education ACTH CRF EQM FSH GH HPA LH MEAC OBOE PSF QS T3 e T 4 TGF TNF TSH UFC UVA LISTA DE ABREVIATURAS Horm nio adrenocorticotr fico Fator liberador de corticotrofina Experi ncia de quase morte Horm nio fol culo estimulante Horm nio do crescimento Hipot lamo pituit ria adrenal Horm nio luteinizante Maternidade Escola Assis Chateaubriand Out of body experience experi ncia fora do corpo Programa de Sa de da Fam lia Spiritual Quocient Quociente espiritual Horm nios tireoidianos Fator de crescimento tumoral Fator de necrose tumoral Horm nio tire ideo estimulante Universidade Federal do Cear Universidade do Vale do Acara 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 5
387. om nica n o fechada mas evidenciada em sua singularidade Estou a fazer um di logo entre as m ltiplas refer ncias a m dica com Moody Jr 1989 1992 Greyson 2000 2003 Kubler Ross 1991 1998 2003 Morse e Perry 1997 Parnia e Fenwick 2002 Van Lommel et al 2001 Osis e Haraldsson 1977 Nobre 2000 Iandoli Jr 2004 a refer ncia educacional tomo em especial de Freire 2000 2003 2005 2006 a refer ncia antropol gica de Turner et al 1995 e tamb m a ci ncia esp rita com Kardec 2006a 2006b 2006c 2006d 2007 Bozzano 1972 1982 1995 2006a 2006b 2006c Delanne 2003 Denis 1975 conforme veremos este di logo fecundo acontecer por toda a tese assim que Ernesto Bozzano no seu livro Os Fen menos Psiquicos no Momento da Morte mostra em suas pesquisas que Em todos os tempos e entre todos os povos tem se notado que durante a crise suprema da morte a intelig ncia humana dava muitas vezes sinais de perspic cia e previd ncia extraordin rias ou que estava sujeita a percep es de natureza supranormal partilhadas bastas vezes por outras pessoas presentes ou afastadas BOZZANO 2006 25 As observa es de campo mostram que embora haja uma variabilidade de formas de viver a EQM h um conjunto de indicadores e situa es experienciadas que s o comuns nos estudos j realizados em v rias partes do mundo por exemplo experi ncia fora do corpo experi ncia de t nel ou de
388. om Lucr cio concebia a mat ria como formada por v rios blocos b sicos de constru o Nessa visada os tomos eram passivos e mortos Eles diziam que os tomos eram movidos por alguma for a exterior que supunham ter car ter espiritual portanto diferente da mat ria Foi essa antiga concep o atomista grega uma das bases que deu origem ao dualismo esp rito mat ria mente corpo que permeou todo o pensamento ocidental Cavalcanti 2000 faz uma reflex o acerca do assunto em seu livro O Retorno do Sagrado O desenvolvimento da consci ncia no ocidente tomou o caminho da fragmenta o se desespiritualizou e assumiu uma forma dualista no modo de pensar e no modo de sentir Na cultura ocidental o processo de fragmenta o de esp rito mat ria e ci ncia espiritualidade tem ra zes muito antigas j presentes na filosofia atomista grega com Dem crito e Lucr cio Os atomistas concebiam a mat ria como formada de v rios blocos b sicos de constru o os tomos que eram passivos e mortos Eles diziam que os tomos eram movidos por alguma for a exterior que supunham ter car ter espiritual e portanto diferir da mat ria Foi essa antiga concep o grega que deu origem ao dualismo esp rito mat ria mente corpo o qual mais tarde veio a permear todo o pensamento ocidental 2000 p 18 O pensamento dualista embora n o fosse dominante na filosofia grega que para os gregos a natureza se constitu a em um o
389. omei o rem dio e n o serviu de nada Nos di logos com os ltimos nove sujeitos de forma clara percebe se que eles se compreendem como esp ritos que adoecem e que a ora o conecta a pessoa com o transcendente Deus e propicia equil brio f sico O v nculo com o profissional de sa de em todos os relatos aparece de forma fr gil quase inexistente Com o rezador h uma rela o de confian a acentuada Em alguns momentos os sujeitos se conectam ao processo de medicaliza o verme dor depress o estresse mas na concep o de que o rem dio guarda a doen a ou n o soluciona a afec o Em nenhum momento da pesquisa nas in meras idas Maranguape cidade e ao Posto de Sa de Nova Iracema por um per odo de tr s anos e idas casa dos rezadores na resid ncia do Sr Ananias fui seis vezes percebi algum v nculo ou sequer o nome de algum m dico foi mencionado exceto o esp rito dr Argeu que conversou conosco atrav s da 145 psicofonia de m e Isa No PSF Novo Iracema percebi um grande entrosamento da enfermagem funcion rios e especialmente a enfermeira chefe do posto num relacionamento de intimidade de proximidade de acolhimento com as pessoas que buscavam o servi o de sa de Durante os tr s anos de minha viv ncia em Maranguape procurei interagir de forma simples desde o vestu rio at nos di logos e tempo de perman ncia no local afim de me familiarizar com o setor e tamb m para que as pessoas pudess
390. omo percebido s o coisas que mudam ao longo da hist ria dependendo de interesses de classe tamb m Os movimentos feministas t m interrogado se a dor do parto seria inerente ao parto ou fruto de constru es socioculturais que v m de uma longa tradi o que vincula feminilidade passividade e dor Rosen colocava que haveria uma etiologia biol gica e uma etiologia social da doen a e que a social ficava em segundo plano nos estudos que temos feito Como j anotara ROSEN 1979 p 62 em seu estudo intitulado Da pol tica m dica medicina social A forma pela qual o indiv duo em um determinado per odo hist rico percebe seu mundo a forma pela qual ele o sente depende de seus interesses cren as e valores da rela o complexa que existe entre sua vida interior seu padr o de vida e as condi es sociais e culturais espec ficas que ele encontra em seu ambiente 178 Boltanski 2004 em seu estudo As classes sociais e o corpo por sua vez sup s que a percep o da dor como doen a grave aumenta nas classes dominantes em rela o s classes populares Alguns estudos brasileiros por m mostram que n o a percep o da dor que varia mas a continuidade das atividades o povo tende a trabalhar mesmo com dor e a forma de buscar al vio para suas dores O Prof Dr Raymundo Soares de Azevedo Neto no pr logo de Blasco 2002 p 17 m dico membro fundador da Sociedade Brasileira de Medicina de Fam lia comentando as
391. omo religi o pois dava ci ncia um car ter dogm tico Intelectualmente Comte intenta destruir o poder divino Diz que nesse estado novo surgiriam novos sacerdotes que s o os cientistas t o poderosos quanto os velhos sacerdotes do estado feudal Prop e o fim do calend rio gregoriano ou crist o sugeriu que a elite laica tivesse um novo calend rio onde os meses do ano teriam os nomes dos cientistas A combina o da Lei dos Tr s Estados com a reclassifica o hier rquica das ci ncias tinha por objetivo provar que a maneira de pensar que triunfou na matem tica ou na f sica devia se impor pol tica levando constitui o de uma ci ncia positiva da sociedade a sociologia que estuda a evolu o da esp cie humana no s cius Na doutrina de Comte est a id ia de que s existe sociedade na medida em que seus membros possuem as mesmas cren as Para ele a hist ria a hist ria de um nico povo no qual existe uma nica maneira de pensar poder se ia dizer que estaria nesta conformidade absoluta s bases do pensamento totalit rio que seria o da sociedade da Europa ocidental ou sociedade industrial burguesa na qual a maneira de pensar da matem tica e da f sica deveria se reproduzir em Sociologia Moral ou Direito denominado o soci logo da unidade humana pois sua sociologia objetiva reduzir a infinita diversidade de pensamento humano a um nico e exclusivo pensamento que o cient fico Comte n o est inte
392. on fora contratado para investigar sobre o ensino m dico nos Estados Unidos O modelo resultante desta investiga o aparentemente foi um avan o na poca mas posteriormente seria caracterizado como negador de uma forma mais ampla de se considerar os aspectos psicol gicos e sociais envolvidos na quest o da sa de Esse estudo flexneriano seria mais corretamente denominado modelo da medicina positivista ou modelo unicausal tornou se hegem nico nos estados americanos possibilitando o desenvolvimento das bases para o capitalismo lucrar com a doen a atrav s do complexo m dico industrial ROS 2004 O paradigma flexneriano resultou no modelo biom dico com grandes conquista tecnicistas centrado na doen a e no modelo hospitaloc ntrico fixou rigorosas diretrizes obedecidas pelas escolas m dicas do ocidente Paralelamente a pesquisa objetivou canalizar as gigantescas verbas de funda es rec m estabelecidas especialmente concedidas pelas funda es Carnegie e Rockefeller para algumas institui es m dicas cuidadosamente 22 Abraham Flexner foi um educador graduado em qu mica que fez um estudo da situa o das escolas e da educa o m dica americana e canadense por encomenda da American Medical Association AMA Funda o Carnegie para o Progresso no Ensino resultando no Relat rio Flexener publicado em 1910 Medical Education in the United States and Canada A Report in the Carnegie Foudation for the Advancement of Teac
393. onalidade Moderna comenta mais do que nunca cresce em nossos dias a consci ncia da amea a para toda a humanidade do projeto moderno do dom nio da natureza Manifestam se mais claramente as conseqii ncias da interven o tecnol gica do homem sobre a biosfera e a ecosfera provocando superpopula o escassez de fontes energ ticas destrui o do meio ambiente fome e mis ria em muitos paises possibilidade da destrui o nuclear da humanidade Aprendemos muito sobre tecnologia de ponta e pouco sobre o significado tico da vida e da morte reflex o da c mara t cnica do Conselho Federal de Medicina sobre a terminalidade da vida O documento enfatiza ainda As evid ncias parecem demonstrar que esquecemos o ensinamento cl ssico que reconhece como fun o do m dico curar s vezes aliviar muito frequentemente e confortar sempre Deixamos de cuidar da pessoa doente desconhecendo que nossa miss o primacial deve ser a busca do bem estar f sico e emocional do enfermo j que todo ser humano sempre ser uma complexa realidade biopsicossocial e espiritual H consenso entre os pensadores contempor neos que experienciamos uma crise de percep o que expulsou a capacidade da ci ncia se pensar e tem levado a um desenvolvimento cego e descontrolado da tecnoci ncia triunfante chegando se a um pensamento cient fico reducionista e mecanicista que produz uma leitura da realidade segundo os pontos de vista da f sica
394. opernicana na pr xis m dica e na compreens o do processo de adoecimento e cura com importante contribui o para a medicina Essas considera es traduzem alguns aspectos importantes da multidimensionalidade e complexidade da vida humana que devem ser considerados pelos estudiosos da sa de humana A medicina do esp rito em ess ncia a medicina do m dico dos m dicos o Cristo de Deus REFERENCIAS ADER R COHEN N Behaviorally conditioned immunosupression Psychosom Med v 37 n 4 p 333 340 1975 ADER R On the development of psychoneuroimmunology Eur J Pharmacol v 405 p 167 176 2000 Psychoneuroimmunology ILAR J v 39 n 1 p 27 29 1998 Conditioned immune responses adrenocortical influences Progr Brain Res v 72 p 79 80 1987 ADER R COHEN FELTEN DL Brain behavior and immunity Brain Behav Immun v 1 n 1 p 1 6 1987 ALMEIDA M Org Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos Universitarios da Area da Sa de Londrina Rede Unida 2003 ANDRADE H G Esp rito perisp rito e alma 10 ed S o Paulo Pensamento 1984 ARDOINO J Multir f rentielle analyse In Le directeur et Vintelligence de Porganization Rep res et notes de lecture Ivry ANDESI 1995 Abordagem multirreferencial plural das situa es educativas e formativas In BARBOSA J G Org Reflex es em torno da abordagem multirreferencial S o Carlos SP Ed da UFSCar 1998 AMINOFF
395. or cicas somente para no final ver um cora o batendo e movendo cada vez mais lentamente at parar e durante todo o tempo colhendo sangue do seu cora o ou assistindo fetos numa panela de metal cobertos de sangue movendo se e respirando s para acabar me vendo num lugar sem m dicos sem sa das pensando o tempo todo Meu Deus o que fiz para ver isso Noite ap s noite em meu sono os fetos estavam l O autor do livro bastante impressionante fala acerca da possibilidade de mulheres engravidarem para ganhar dinheiro com o tecido fetal H uma previs o de que o mercado que tenha crescido a um ritmo anual de 14 vale atualmente mais de um bilh o de d lares por ano sem contar quaisquer que sejam os lucros que advir o das patentes GOLISZEK 2004 p 387 Morin 2002 chama a aten o entre a falsa moral e norma A falsa moral confunde a normalidade e a norma Devemos desconfiar da tica da normalidade aquela que vai privilegiar o ser humano padr o Desta forma vamos eliminar os deficientes gen ticos os seres com enfermidades degenerativas os deficientes de todos os tipos e os anormais ideol gicos como aconteceu nos hospitais psiqui tricos da URSS embora no contexto totalit rio a anormalidade est no pr prio Estado Patr cia White Bull durante o parto do seu quarto filho desacordou para somente recobrar a consci ncia 16 anos depois no natal de 1999 Terry Wallis um norte americano noticiado no mundo int
396. or out of their minds Lancet v 355 p 460 463 2000 Posttraumatic stress symptoms following near death experiences Am J Orthopsychiatry v 71 p 368 373 2000 Incidence and correlates of near death experiences on a cardiac care unit Gen Hos Psychiatry v 25 p 269 276 2003a Near death experiences in a psychiatric outpatient clinic population Psychiatry Serv v 54 p 1649 1651 2003b Consistency of near death experience a accounts over two decades are reports embellished over time Ressuscitation v 73 p 407 411 2007 GREYSON B HARRIS B Clinical approaches to the near death experiencer J Near Death Stud v 6 p 41 52 1987 212 GREYSON B LIESTER M B Auditory hallucinations following near death experiences J Humanistic Psychol v 44 p 320 336 2004 GREYSON B STEVENSON I The phenomenology of near death experiences Am J Psychiatry v 137 p 1193 1196 1980 GROF S HALIFAX J The human encounter with death New York Dutton 1977 GUDMUNDSDOTTR S Story maker Story teller narrative structures in curriculum J Curriculum Stud v 23 n 3 p 207 218 1991 HABERMAS J A crise de legitima o do capitalismo tardio Rio de Janeiro Ed Tempo 1999 HARMAN W The scientifc exploration of consciousness toward an adequate epistemology J Conscious Stud v 1 n 140 148 1994 HAWKING S O universo numa casca de noz 5 ed S o Paulo Arx 2002 HA
397. ores Pela web compra se a c lula para fecunda o artificial com as caracter sticas desejadas e escolhe se o sexo Os estudiosos do desenvolvimento humano h d cadas explicitam que o zigoto um embri o unicelular uma nica c lula que se 99 desenvolve continuamente num intrigante processo de formar um corpo humano O desenvolvimento humano um continuum MOORE PERSAUD 2008 A fetologia uma especialidade m dica onde o ser humano intra tero o paciente do obstetra especialista no assunto A medicina fetal est muito avan ada Na atualidade s o realizadas audaciosas cirurgias fetais ainda no tero para que o desenvolvimento ocorra de forma satisfat ria s o realizadas trocas de sangue atrav s do cord o umbilical v rios exames importantes s o realizados no beb intra tero Sabe se que o beb sonha tem emo es brinca e tem movimentos respirat rios no tero materno V rios estudos sobre psiquismo fetal demonstram a import ncia da vida emocional da crian a e a repercuss o na sua personalidade Nos consult rios de psiquiatras e psic logos que trabalham resgatando as viv ncias passadas os sujeitos relatam eventos ocorridos na poca da gesta o do parto e antes mesmo da concep o S o numerosos os estudos acerca deste assunto Todos os ind cios sugerem que a vida n o come a no ber o e n o termina no t mulo abrindo campo para confirma o da reencarna o NOBRE 2000 Os direitos do emb
398. orma mais eficiente Compreendo que a medicina tem que ser centrada no Esp rito e n o no corpo f sico Entendo que os sofrimentos t m uma raz o de ser e tenho compaix o dos pacientes em suas dores As crian as com c ncer sei que h uma 241 justificativa para o sofrimento de seu corpo para se purificar mas me choca muito ainda Acho que por isso trabalho com crian as Com o idoso mais f cil entendo melhor o sofrimento Em sua narrativa a m dica S V S demonstra a capacidade de se afastar tempor riamente do corpo som tico levando consigo a consci ncia individual a mem ria integral e suas propriedades sensoriais Observa se uniformidade do fen meno de exterioriza o an mica em todos os di logos anteriores Todos os sujeitos que narraram suas experi ncias neste estudo t m consci ncia de que o esp rito sai do corpo G F que esteve em coma evang lica diz literalmente agora sei que o esp rito sai do corpo quando ela acima do corpo f sico via seu corpo estendido na cama e assistia o que se passava na unidade de terapia intensiva A m dica S V S demonstra extrema familiaridade com o fen meno de biloca o ou desdobramento designado por Bozzano 1972 em que a pessoa capaz de se afastar tempor riamente do corpo som tico durante a exist ncia terrestre Desde sua inf ncia ela convive naturalmente com essa ocorr ncia Kardec 2006b nos estudos em O Livro dos M diuns relat
399. orpo e a alma recorrendo aos rezadores que nunca lhes faltaram principalmente os de maior vulnerabilidade social Em uma abordagem inovadora os profissionais de sa de resolveram aliar o que tradicionalmente a cultura ocidental separa no combate mortalidade infantil Em vez de investir numa campanha para convencer a popula o a procurar uma unidade de sa de e a abandonar as rezas os t cnicos decidiram respeitar a cultura e as tradi es locais e 52 cadastraram e treinaram 188 rezadores e 8 raizeiros os quais hoje fazem parte do Programa de Sa de da Fam lia local Os rezadores prontamente aceitaram as orienta es e concordaram em se aliar s equipes de sa de numa parceria in dita Segundo a enfermeira T nia Moraes a maioria dos m dicos foram resistentes mas ocorreu uma sensibiliza o geral envolvendo a comunidade da cidade Alguns m dicos uniram se aos rezadores que aprenderam a preparar o soro caseiro e a identificar os sinais de desidrata o grave de modo que as crian as que chegavam aos profissionais de sa de eram aquelas que se encontravam em estado menos grave do que antes Assim reduziram em 55 a mortalidade infantil unindo o soro e a reza ci ncia sabedoria popular MORAES 2006 Esse cen rio importante para o presente estudo pois se trata de um local no qual as pessoas vivenciam seu processo de adoecimento e de cura com a participa o direta de uma pessoa que um instrumento de rela
400. os de admitir pois que se deve caminhar na dire o inicialmente de comportarmos uma nova vis o do sujeito das pr ticas em sa de e que nesta dire o podemos encontrar as constru es do paradigma m dico esp rita e desenvolv las Assim devemos caminhar na dire o de compreender o sujeito humano como sujeito que possui uma alma que um esp rito encarnado KARDEC 2007 p 146 e que esta alma 248 em situa es especiais pode exteriorizar se como vimos nos fen menos dos rezadores pode desdobrar se como vimos nas Experi ncias de Quase Morte BOZZANO 1972 KARDEC 2006b e realizar ou perceber fen menos transcendentes que a mat ria viva pode modelar se sob a a o da vontade e mesmo atuar junto a doen as e curas Lembremos que o pensamento esp rita uma das refer ncias desta tese sendo tamb m um espiritualismo cient fico j nos mostrava que o sujeito humano um ser que possui alma alma sendo um esp rito reencarnado que possui um liame semimaterial o perisp rito que une corpo ao esp rito KARDEC 2006a 2006b Denis 1994 p 199 200 em sua obra Depois da Morte de forma did tica explica o ser humano na perspectiva espiritista O homem um ser complexo Nele se combinam tr s elementos para formar uma unidade viva a saber O corpo envolt rio material tempor rio que abandonamos na morte como vestu rio usado o perisp rito inv lucro flu dico permanente invis vel aos nossos
401. os e tamb m na diversidade cultural que se lan a nos poss veis de serem criados no mundo social Essa amplia o da reflex o sobre criatividade e complexidade e sobre evolu o e reorganiza o importante ser feita O educador Paulo Freire j tentava situar como importante a cria o como ensaio da esperan a e a problematiza o do futuro em um horizonte hist rico Propondo os poss veis do sonho nos contextos da vida social e da educa o Freire questionava a id ia de se ver o futuro como algo fixo e inexor vel propondo ent o a pedagogia da esperan a como esse abrir se humano ao novo que humaniza as forma es sociais Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia assim se refere a respeito Nego a desproblematiza o do futuro a que sempre fa o refer ncia e que implica sua inexorabilidade A desproblematiza o do futuro numa compreens o mecanicista da x hist ria de direita ou esquerda leva necessariamente morte ou nega o autorit ria do sonho da utopia da esperan a E que na intelig ncia mecanicista portanto determinista da hist ria o futuro j sabido A luta por um futuro j conhecido a priori prescinde de esperan a A desproblematiza o do futuro n o importa em nome de que uma ruptura com a natureza humana social e historicamente constituindo se O futuro n o nos faz N s que nos refazemos na luta para faz lo FREIRE 2000 p 56 A quest o da criatividade pode s
402. os h bitos educacionais que levam a uma outra concep o de sa de doen a Neste momento refleti sobre a minha necessidade de ouvir a experi ncia de pessoas da comunidade que poderiam estar circunstancialmente distanciadas e menos aprisionadas nos seus relatos pelo modelo biom dico medicalizador que a orienta o dominante dentro do Posto do PSF A auxiliar de enfermagem do PSF Novo Iracema M H a qual denominarei Ametista no trajeto de ida casa de m e Isa fez um relato espont neo acerca de sua experi ncia como enfermeira e como pessoa da comunidade que atende a chamados de doentes ministrando curativos e ora es Di logo n mero 04 Ametista auxiliar do PSF Novo Iracema na ida casa de M e Isa que vive com sua casa de porta sempre aberta simples com um garoto de seis anos moreno Rafael Eu trouxe uma vizinha Gorete Ela me dizia que sentia que estava precisando de uma reza Eu fiz a prece do Mahikari uma licen a pra vir a luz de Deus Fui fazer uma reza com ela na dona Icl a a rezadeira E ela disse quando voc chegar em casa vai fazer faxina em sua casa tem umas vizinhas que ficam sem fazer nada tomando conta de sua vida quando voc sai Vai viver sua vida com disposi o Outro dia me chamaram nove da noite um rapaz estava convulsionando e amarrado Fui buscar o rapaz e trouxe na dona Isa Da veio o esp rito do doutor Ageu e disse que ele tinha neurocisticercose que algo neu
403. os os momentos Para Isa ra quem curou seu marido foi o esp rito Dr Bezerra de Menezes embora n o possa sair de casa pelas limita es que possui e n o saiba ler fica impl cito um desejo de se vincular formalmente A tarefa de rezar mesmo sendo uma tarefa que ultrapassa o modelo biom dico de sa de ela fala da condi o espiritual da pessoa colocada no lugar do religioso mesmo que n o tenha uma religi o formal Deus faz a cura Como algo da ordem do religioso cura uma 139 vez que cura algo da medicina Como esse entrela amento ocorre Com margens com ultrapassagens e com estrangulamentos faz se de uma forma sofrida na vida dessas pessoas Dona Raimunda esposa do Em dio em sua fala d o sentido da reza do pr prio marido caso n mero 08 O patr o do Em dio a autoridade estava andando de quatro p s e ap s curar v rias pessoas foi at o patr o para cur lo Este rezador tem um ritual similar a um transe que demarca sua inicia o na atividade de rezas e de curas As pessoas interrogam se ele est louco seu patr o informa que n o que suas correntes que se abriram O patr o tinha a percep o de que n o se tratava de um dist rbio mas de um fen meno A filha do patr o comenta que tinha ouvido falar de um curador que tinha ficado muito rico com suas rezas H uma insinua o comentam que outros rezadores cobram e surge a id ia de tamb m cobrar Em dio trabalhava na vacaria e tirou
404. osen 1994 parecia acreditar profundamente na possibilidade da harmonia entre o homem e o ambiente Sabe se que Hip crates fez um gigantesco esfor o para sistematizar as rela es causais entre fatores de meio f sico e doen a E por mais de dois mil anos o texto Ares guas e Lugares foi a b ssola te rica que ancorou o estudo e a compreens o das doen as end micas e epid micas at o s culo XIX ROSEN 1994 p 37 Esse estudo ilumina as reflex es sobre sa de uma vez que reconhecia a presen a cont nua de certas doen as chamadas end micas termo usado at hoje e sabia que as outras doen as nem sempre presente por vezes aumentavam em demasia s o as doen as epid micas nome que perdura at hoje Poder amos perguntar como Hip crates percebe 118 quais os fatores que s o respons veis pelas doen as e v se que o m dico afirma serem o clima o solo a gua o modo de vida e de nutri o Vemos que na estrutura da medicina cient fica moderna muda as refer ncias a nfase recai sobre o aspecto f sico qu mico da doen a embora a antropologia m dica tente outro caminho diferente dessa redu o completa ao org nico Costumeiramente se ignora os significados que o doente confere ao que sente como tamb m retira se as dimens es outras que n o a f sica do sujeito que adoece Este n o visto comumente em sua vida familiar e dom stica em seu mundo s cio econ mico ou em suas dimens es tico
405. outros mbitos de espa o tempo vis o e encontros com seres em outras dimens es vibrat rias recapitula o hologr fica da vida Como conceber que essas experi ncias acarretam transforma es profundas nas pessoas que as viveram com modifica es internas e buscas de sentido que extrapolam a vis o do ser como corpo f sico e o que v em como um princ pio espiritual individualizado e imortal que sobrevive ao corpo Pessoas que vivenciam um estado pr ximo da morte referem se a experi ncias profundas de transcender o mundo f sico e frequentemente passam por uma transforma o espiritual as quais s o relevantes inclusive na sua pr xis m dica pois produzem mudan as nas cren as nas atitudes e nos valores com conseq ncias diferentes para a compreens o dos estados psicopatol gicos com os quais podem ser confundidos A consci ncia m stica e o funcionamento mental intensificado durante uma EQM quando o funcionamento cerebral est gravemente prejudicado desafiam o paradigma biom dico o qual n o consegue explica es que levem compreens o do fen meno Bauer 1985 Greyson e Harris 1987 Greyson 1997 1998 Moody 1975 1992 Morse e Perry 1997 Os acontecimentos relativos espiritualidade constituem experi ncias transformadoras da rela o consigo e da rela o com os outros Tento compreender neste estudo de minha tese como a experi ncia de transforma o uma experi ncia de aprendizagem acrescen
406. pactua o corporativa sobre o que permitido e negado fazer e isto insuficiente para assegurar o compromisso social Este papel cabe Bio tica que pode ser compreendida como uma corrente da filosofia moral 103 Rego 2004 entende que compete a Bio tica analisar os argumentos morais a favor e contra determina es das pr ticas humanas que afetam a qualidade de vida e o bem estar dos humanos e dos outros seres vivos e a qualidade dos seus ambientes Desta forma dever ocorrer privil gio da autonomia ao inv s do estudo do c digo de tica apenas assim o profissional ser comprometido ticamente de forma permanente as caracter sticas destes tempos conturbados e fr geis de individualismo exacerbado de amea as globais ecol gicas e militares de intoler ncia proporcional ao fundamentalismo religioso de neocolonialismo etc REGO 2004 p 166 O contexto sociocultural em que se insere a forma o profissional do profissional de sa de dever ser levado em considera o sem supervaloriza o do mesmo Por m o contexto hist rico das sociedades democr ticas pluralistas e seculares s o relevantes Embora secular n o significa desconectado de Deus E valores morais acerca do nascer viver e morrer devem ser refletidos e questionados por meio do di logo com avalia o permanente da pr tica atos e decis es profissionais Nas escolas m dicas em geral discuti se o c digo de tica ou s o apresentado
407. pectos que fogem ao controle do consciente A opera o metaf rica vem juntando o sentimento junto s representa es intelectuais elas se mant m pr ximas experi ncia de vida das pessoas e ultrapassam a segmenta o do fen meno f sico que alija outras dimens es do sujeito como a espiritual 48 A dimens o espiritual laborada pelas pessoas das classes populares mais facilmente elas parecem perceber a inteireza do humano Minayo 2004 ja colocava que novas proposi es paradigm ticas devem levar em conta uma redefini o mais totalizante dos processos humanos envolvendo mat ria e esp rito A vis o social de sa de tamb m vai ao encontro das concep es de resist ncia das classes trabalhadoras ao n vel do senso comum Por m ela inclui a imagem mais totalizante do homem corpo alma mat ria e esp rito assim como as condi es de vida e trabalho MINAYO 2004 A problem tica da sa de e da doen a envolve quest es existenciais que exigem repostas do ser humano inteiro clama sua expectante rela o com a vida com a morte e com a necessidade que temos de significar esses processos Precisar amos na pr tica e na teoria buscar a multidimensionalidade dos sujeitos como totalidade fundamental do humano isso nos leva transced ncia Segundo Loyola 1984 p 23 em seu livro M dicos e curandeiros A doen a ou sa de considerada no quadro global dos problemas da vida ou da morte como um fen
408. pelo meu pai e pela minha m e Eles procuravam o rapaz que eu estava vendo e que se escondia E ningu m via Eu via um menino ndio que sorria para mim e via uma mulher como se fosse transparente e que se desmanchava Procurei ajuda na igreja evang lica mas n o achava certo o luxo da igreja e a cobran a do d zimo Achei mercantilista e eles diziam que eu estava com manifesta o demon aca que eu estava vendo dem nios pois na percep o deles n o poss vel os esp ritos voltarem para a terra Rezavam na minha cabe a pedindo o afastamento dos esp ritos e eu tinha medo ent o sa da Igreja Batista Procurei ent o a Renova o Carism tica cheguei l dizendo eu vejo esp ritos e quero ajuda Eles disseram que era coisa do c o Na hora das preces eu entrava em transe e fazia revela es Fiquei dois anos na Renova o Carism tica Orei muito e pedi a Deus para afastar esse rapaz o esp rito obsessor que me perseguia Durante esse per odo fiquei muito bem espiritualmente como eu disse Orava muito e passei a ver a aura das pessoas uma energia colorida em torno das pessoas As pessoas com aura clara s o pessoas voltadas para o bem para o amor Nessa poca meu irm o mais velho come ou a ficar esquizofr nico e eu e minha m e v amos um homem entrando no quarto dele Minha m e pegava uma vela gua benta e rez vamos e meu irm o se acalmava Voc acredita 239 Aos quinze anos atrav s de u
409. pensar que o sujeito humano que temos em vista situa se em um universo em constante atividade ainda que viceje nele o princ pio espiritual como caracterizando uma individualidade imortal elemento extraf sico n o mais colocando o espiritual como epifen meno resultante do mundo org nico Dessa maneira n o temos apenas que o esp rito se liberta de sua redu o ao v nculo com o corpo f sico uma vez que lhe sobrevive mas ter amos mesmo uma epistemologia nova aos nos conectarmos com outras concep es do humano e do universo Como Herculano Pires j apontava em seu livro Parapsicologia hoje e amanh O homem psicol gico n o pode mais se ajeitar na rede animal do sens rio Teve fatalmente de se abrir no extra sens rio como o universo f sico se abriu ao energ tico PIRES 2004 p 11 E que ser humano temos em vista O humano que possui o princ pio espiritual O princ pio espiritual portanto teria em si o germe da perfei o que cada um como individualidade eterna vai construir seremos art fices do pr prio destino ap s inumer veis reencarna es Situaremos nos portanto de algum lugar para percebermos esse movimento do princ pio espiritual de modo a compor o di logo a ser feito sobre o tema proposto O pensamento esp rita pode ser o lugar de onde nos posicionaremos para proceder a essa perspectiva de constru o dos olhares Espiritismo uma doutrina elaborada por Allan Kardec em 1857 ano da publica
410. perante dever irrepreens velmente cumprido sinceridade boa vontade esquecimento integral das ofensas recebidas e fraternidade simples e pura constituem sustent culo de nossa sa de espiritual Amai vos uns aos outros como eu vos amei Recomendou o Divino Mestre O m dico Dias da Cruz adverte novamente da necessidade da dieta do Evangelho procurando erguer um santu rio de princ pios morais respeit veis pois em muitas ocasi es nossa conduta pode ser a nossa enfermidade tanto quanto o nosso comportamento pode representar a nossa restaura o e a nossa cura XAVIER 2006 p 98 O fil sofo esp rita Leon Denis 1846 1927 em seu tratado sobre O Problema do ser do destino e da dor 1998 p 313 assevera que a vontade a maior de todas as pot ncias da alma A vontade de viver de desenvolver em n s a vida atrai nos novos recursos vitais o des nimo o medo e o mau humor nos desarmam e entregam a ele sem defesa Sua considera es s o relevantes para a sa de do ser humano e anteciparam os achados m dicos de nosso tempo BENSON 1998 DOSSEY 1998 2001 SIEGEL 2000 SILVA 1994 WOLMAN 2002 Denis 1998 p 313 315 de forma clara assevera acerca do princ pio da sa de f sica e moral 262 A vontade pode atuar com intensidade sobre o corpo flu dico ativar lhe as vibra es e por esta forma apropri lo a um modo cada vez mais elevado de sensa es prepar lo para mais alto gra
411. pistemologia e a metodologia da pesquisa transdisciplinar a complexidade a l gica do terceiro exclu do e os diferentes n veis de realidade Sommermann 2006 comenta tamb m os sete eixos b sicos da evolu o transdisciplinar na Educa o 42 1 educa o intercultural e transcultural 2 o di logo entre a arte e a ci ncia 3 a educa o inter religiosa e transreligiosa 4 a integra o da revolu o inform tica na educa o 5 a educa o transpol tica 6 a educa o transdisciplinar 7 a rela o transdisciplinar os educadores e os educandos e as institui es e a sua metodologia subjacente SOMMERMAN 2006 p 50 A abordagem transdisciplinar assim uma nova abordagem do conhecimento Sommerman 2006 cita o documento Ci ncia e Tradi o resultante do congresso Ci ncia e Tradi o Perspectivas Transdisciplinares para o s culo XXI organizado pela UNESCO em Paris de 2 a 6 de dezembro de 1991 A Carta da Transdisciplinaridade Anexo 3 e o documento Ci ncia e Tradi o d o subs dios para defini o do conceito e da metodologia A abordagem transdisciplinar uma abordagem referencial no paradigma da espiritualidade e para esta tese assim apresentarei algumas passagens do documento Ci ncia e Tradi o citadas por Sommerman 2006 p 47 48 Uma das revolu es conceituais deste s culo veio paradoxalmente da ci ncia mais particularmente da f sica qu ntica que fez com que a antiga vis o da
412. plana es que muito me tocam em O Evangelho Segundo o Espiritismo 2006c quando comentam acerca da coragem da f no cap tulo XXIV que remete compreens o de que ego sta a f que se guarda para si mesmo a f que se esconde com medo de algum preju zo neste mundo enquanto haveria de se buscar construir em n s outra f coloque a verdade acima de seus interesses materiais a proclame abertamente trabalhando ao mesmo tempo pelo seu futuro e pelo dos outros Jung 1999 ao discorrer sobre autonomia do inconsciente traz importante contribui o sobre o problema da religi o quando diz 35 Visto que a religi o constitui sem d vida alguma uma das express es mais antigas e universais da alma humana subentende se que todo o tipo de psicologia que se ocupa da estrutura psicol gica da personalidade humana deve pelo me nos constatar que a religi o al m de ser um fen meno sociol gico ou hist rico tamb m um assunto importante para grande n mero de indiv duos JUNG 1999 p 7 Z E necess rio portanto comportar essa perspectiva reflexiva da minha experi ncia religiosa pois ela coaduna se com minhas escolhas na vida e com a elei o deste objeto de estudo que percebe educa o como reflex o e a o verdadeiramente transformadora da realidade Devo come ar minha narrativa do fato de que desde que passei a ter consci ncia de estar no mundo senti me um ser espiritual num envolt rio de carne De heran a ca
413. plicados na sua forma absoluta ideol gica poder o colocar em risco um outro valor considerado absoluto o respeito vida URBAN 2003 A espiritualidade parte da dignidade do ser humano como refer ncia al m de sua condi o e circunst ncia se contrap e s cont nuas agress es que cultivam a morte a destrui o de seres em sua maioria sem voz e sem visibilidade como os embri es fetos deficientes pessoas em coma estado vegetativo ou em estado de consci ncia m nima Os tr s crit rios da Bio tica benefic ncia autonomia e justi a fazem parte do modelo anglo sax o A a o do m dico estaria representada na benefic ncia enquanto que a do paciente seria reconhecida na autonomia e a da sociedade na justi a A benefic ncia enquadra se no modelo hipocr tico diz respeito a fazer o bem n o causar dano Este crit rio est se tornando relativamente problem tico com a redu o de embri es com o campo da manipula o gen mica a possibilidade da clonagem humana a tecnologia de tecidos e os poss veis cibiontes meio seres humanos meio m quinas embri es humanos ser o desenvolvidos fora do corpo com implantes neurais que oferecer o aumento de mem ria e de intelig ncia por exemplo HAWKING 2002 O m dico tem que levar em conta os direitos do paciente e sua autonomia o que torna mais complexo decidir o bem para a pessoa O paciente e o m dico s o ambos sujeitos numa rela o que deve ser dial g
414. popula o recorre a explica es da ordem do que ela nomeia como espiritual quando do percurso vivido em processos de adoecimento e cura E como o meu percurso de investiga o se gestou na minha hist ria pessoal 1 2 O Percurso da minha espiritualidade H mais criminosos al m dos que est o presos s o os homens cultos que conhecem as verdades e n o ousam revel las por temerem o rid culo ou por interesse pessoal Tenho encontrado durante minha carreira mais de um destes homens de ci ncia muito inteligentes muito instru dos que foram testemunhas ou tiveram conhecimento de fatos metaf sicos irrecus veis que n o duvidam da exist ncia ineg vel desses fen menos e n o t m a coragem de o dizer por um sentimento de mesquinhez imperdo vel nos esp ritos de real valor ou que cochicham misteriosamente com medo de serem ouvidos os seus depoimentos que seriam de consider vel peso para a vit ria da verdade FLAMMARION Camille A morte e o seu mist rio vol II 5 ed RJ FEB 2004 A constru o da narrativa de cada indiv duo conforme Josso 2004 conduz a v rias reflex es que evidenciam as caracter sticas do ser humano em sua universalidade e genericidade e tamb m a uma retomada do questionamento socr tico quem sou eu A pessoa por tr s dos pap is sociais A flex o sobre si mesmo e sua experi ncia conduz a uma compreens o axiol gica que relaciona as pr ticas sociais aos valores que estruturam
415. por meio de elabora es internas cada vez mais complexas o desenvolvimento mostrando se portanto processual e a realidade apresentando se como um desafio permanente Como um continuum sucedem se as diversas fases da vida nas quais o sujeito vai modificando seus esquemas de apreens o da realidade disso resultando um reordenamento incessante de suas estruturas mentais que vai ocorrer em n veis de crescente complexidade A id ia de equilibra o majorante que Piaget 2003 prop e para as formas de conhecer dos sistemas vivos poder amos afirmar e que envolveria esse reordenamento nas estruturas mentais do sujeito em n veis de complexidade crescente n o parece se processar como procedimento evolutivo essa nossa id ia Aprender na vis o piagetiana portanto envolveria um crescente rearranjo nas estruturas mentais Vimos que para o novo conhecimento ser incorporado experi ncia necessita se enganch lo em uma estrutura j existente E se essa estrutura n o estiver formada Os aspectos maturacionais do organismo aqui entram em jogo mas n o s Se no processo de assimilar algo n o se tem onde enganchar o novo e j se tem uma matriz maturacional organ smica os esquemas do sujeito v o se modificar para comportar o que chega de sua apreens o do mundo o que vem at o sujeito como desafio de aprendizagem V o se criar novos esquemas de assimila o mental do sujeito pois os esquemas anti
416. pr pria responsabilidade para influenciar na Cria o a partir de si mesma Esse flu do o seu pr prio pensamento cont nuo gerando potenciais energ ticos com que n o havia sonhado o ser humano Decerto que na esfera nova de a o a que se v arrebatado pela morte encontra a mat ria conhecida no mundo em nova escala vibrat ria XAVIER ANDR LUIZ esp rito 1989 p 95 9 A partir da observa o do trabalho de seu Ananias e de suas reflex es procurei as vis es dos que o buscavam como rezador na inten o de ampliar meu universo de inteligibilidade dos fen menos em estudo Di logo n mero 03 Entrevista com senhora que foi se consultar e rezar com seu Ananias no PSF Novo Iracema Adalgisa 86 anos Sr Ananias Rezei na perna dela porque ela tava com dor no osso Ananias Adalgisa N o tem nenhum rem dio que o m dico passou voltarem paracetamol Pergunta A senhora sempre vem s rezas com qual tipo de problema Adalgisa Dor de cabe a E agora a dor na perna O doutor disse que artrose D i no osso Sa de eu tenho muita Fico s Fa o comida engomo dan o forr Sou alegre Mas senti essa dor na perna E eu sou sadia Tenho uma filha professora em Fortaleza que pode pagar uma pessoa para me ajudar mas eu prefiro fazer minhas coisinhas Vemos aqui que Adalgisa percebe se sadia como ela diz uma vez que afirma que faz suas coisas sozinha faz comida engoma dan a forr
417. pria natureza cerca se de incertezas ticas legais e sociais MORIN 2002 Morin 2002 p 8 9 em seu livro Ci ncia com Consci ncia chama a aten o para o fato de que A ci ncia igualmente complexa porque insepar vel de seu contexto hist rico e social A ci ncia moderna s p de emergir na efervesc ncia cultural da Renascen a na efervesc ncia econ mica pol tica e social do Ocidente europeu dos s culos 16 e 17 Desde ent o ela se associou progressivamente t cnica tornando se tecnoci ncia e progressivamente se introduziu no cora o das universidades das sociedades das empresas dos Estados transformando os e se deixando transformar por sua vez pelo que ela se transformava A ci ncia n o apenas cient fica Sua realidade multidimensional Os efeitos da ci ncia n o s o simples nem para o melhor nem para o pior Eles s o profundamente ambivalentes O cientista conclama a reconcilia o da ci ncia com a reflex o filos fica com a consci ncia pol tica e tica Morin 2002 p 11 questiona O que um conhecimento que n o se pode partilhar que permanece esot rico e fragmentado que n o se sabe vulgarizar a n o ser em se degradando que comanda o futuro das sociedades sem se comandar que condena os cidad os crescente ignor ncia dos problemas de seu destino A atividade cient fica criou poderes que escapam aos pr prios cientistas Uma pequena reflex o sobre a engenharia gen tic
418. quanto observava seu atendimento ele tinha ficado com muito medo de que a equipe 197 m dica pudesse parar com as manobras de ressuscita o e que ele pudesse morrer E ela confirma que o homem fora admitido em graves condi es e que a equipe foi muito negativa com rela o ao progn stico do paciente E ela informa ainda mais Van Lommel et al 2001 p 2041 O paciente disse me que ele tentou desesperadamente e sem sucesso contatar com a equipe para tornar claro para n s que ele ainda estava vivo e que n s dever amos continuar com as manobras de resssuscita o Ele ficou muito impressionado com sua experi ncia e diz que n o tem mais medo de morrer Por m Greyson 2007 testou a confiabilidade dos relatos de sujeitos que vivenciaram experi ncias de quase morte concebeu e administrou uma escala de EQM uma medida quantitativa aos mesmos indiv duos em duas ocasi es com um intervalo de aproximadamente vinte anos no in cio da d cada de 1980 e outra vez em 2000 N o foram encontradas evid ncias de que as pessoas que passaram por uma EQM modificaram seus relatos com o passar do tempo romantizando os Os resultados mostraram que n o se verificou diferen a estat stica significativa entre as pontua es da escala de EQM nos dois momentos de sua aplica o Greyson 2007 informa que as mudan as observadas nas pontua es da escala n o foram associadas significativamente com o intervalo de tempo decorrido desde a EQM E
419. que a mat ria j morreu Seu Nonato esposo de Isaira Eu conheci Bezerra de Menezes na fazenda Vit ria nas Queimadas Meu pai era vaqueiro criou um bezerro enjeitado de nome Vit ria e ficou o nome da fazenda Meu av era da fazenda Vit ria Eu conheci o m dico Dr Jo o Bezerra pai e o filho Eles morreram nesse s culo agora Explico que Bezerra de Menezes 1831 1900 outro um esp rito que em sua ltima encarna o nasceu em Riacho do Sangue hoje Jaguaretama Cear Dona Isa ra a senhora acha que tem rela o entre a vida que a gente leva e a reza A pessoa deve ter muita f nas ora es Precisa ter uma vida mais humilde Isa ra Dona Maria Helena reza divinamente bem j me disseram 138 Maria Helena Tenho medo de me expor e n o digo nada Isa ra Ah se eu pudesse ler Conhe o todas as letras mas n o sei juntar Ai eu lia Antes eu via e dizia o que eu via Eu n o devia ter dito Por isso agora vejo raramente Minha m e dizia que era para eu n o dizer Mas eu ainda vejo um pouco os esp ritos Eu ainda vejo um pouco Em todo seu texto Isa ra remete se ao desejo de sua m e tentou fazer parto mas n o gosta Deu trabalho sua m e quando crian a H uma vis o da reza enquanto uma tarefa Ela frisa que quem cura Deus n o cobra pois n o ela quem cura mas Deus Diz que v os esp ritos conta com muitos detalhes o dia em que viu o
420. que as cren as e os valores s o vividos por um sujeito hist rico inserido em uma cultura espec fica E algumas cren as parecem ter um sistema mais formalizado do que outras Observa ainda a autora DOUGLAS 1976 que h cren as em que o pr prio sistema de cren as da pessoa parece estar excepcionalmente destitu do de estrutura formal Pode se dizer que Icl ia tenta ficar fora do sistema pol tico que distribui autoridades e poderes que s o vividos nos variados sistemas de cren a local Tentando uma esp cie de poder espiritual livre ela diz s acredito no poder que vem desde o ventre da m e em uma esp cie de nega o das possibilidades de um sistema religioso estruturar ou dar limites a sua a o espiritual p blica 130 Douglas 1976 p 142 143 diz que devemos ver no corpo um simbolo da sociedade e os poderes e perigos creditados estrutura social reproduzidos em miniatura no corpo humano O que est sendo gravado na carne humana uma imagem da sociedade Na verdade Icl ia parece tratar seu corpo e seus poderes como uma cidade sitiada por outras cren as que s o impuras Continuando a narrativa de Icl ia Olha mo a eu passei uma poca que parecia que eu tava gr vida Era uma cabe a assim o caro o na barriga Rolava no ch o de dor Bati o ultrassom no posto era uma h rnia muito grande Deu um cisto debaixo do meu rim L no Gonzaguinha eu gritava dia e noite Todos disser
421. que certo modo instrumental de se tomar a raz o o elemento determinante no processo do conhecimento tornando o mundo um laborat rio no qual pessoas rela es animais e plantas passaram a ser reduzidas a mat ria e pass veis de an lise como coisas No mbito das ci ncias que tratam do homem e das suas rela es a aplica o desse m todo emp rico anal tico ou emp rico racionalista direcionou se para o estudo dos fatos sociais da forma mais imparcial e positiva poss vel orientando se pelo preceito de que estes fatos devem ser tratados como coisas e como tais devem ser observados e mensurados a fim de garantir a objetividade e a cientificidade do conhecimento DAMASCENO 2005 p 27 A ci ncia passa a ter como modelo a racionalidade instrumental direcionada para o controle da vida humana em termos n o cr ticos No entanto a ambival ncia mesma e as contradi es postas no mundo social e nas estruturas da ci ncia levam nos a pensar criticamente sobre o iluminismo e sua concep o de progresso Progresso do ponto de vista de quem Para quem Damasceno 2005 p 21 analisa que A concep o de ci ncia que se instala na modernidade ocidental produz uma ruptura entre o homem e a totalidade do real isto significa que a filosofia da raz o iluminista ou das luzes surge no cen rio da revolu o burguesa que se prop e a romper com a ordem social baseada na aristocracia com todas as formas de autoritarism
422. r cola n o havendo diferen a radical entre o homem do campo e da cidade HOBSBAWN 1996 Nesse per odo hist rico de interesse para essa an lise a figura de Augusto Comte Augusto Comte 1791 1857 que nasce no ano em que a burguesia fez a Constitui o Burguesa destruindo o modelo feudal Barreira 2001 contextualizando e analisando a poca de Comte explica que a Revolu o Burguesa 1789 foi o cume de um processo que levou dez anos e destruiu lentamente o modelo de economia do Estado feudal franc s que durara seis s culos A classe burguesa era a classe exclu da desprivilegiada desprestigiada pela elite dominante senhores feudais clero e nobreza Aquela se organizou e fez a ruptura com a ordem anterior Desta forma a burguesia desempenhou em seu tempo um papel de mudan a social ineg vel construindo um novo modelo de Estado o Estado liberal burgu s ou capitalista Da derivou o governo republicano e a economia de mercado Este o modelo de estado que Comte desejou ver fortalecido pois ele viveu num momento de transi o A sociedade de seu tempo vivia a crise no pensamento no sistema de id ias ele prop e uma revolu o intelectual no terreno do pensamento Comte estudou com profundidade o estado feudal medieval que era sustentado pela monarquia absolutista pela economia agr ria por um estado teol gico e militarizado e que era composto por uma elite constitu da pelo clero pela nobreza e pelos senhores
423. r m outros estudos GREYSON 1982 RING 1984 evidenciam uma diminui o da id ia suicida Uma EQM fundamenta a vida de sentido e de prop sito promove sentido de unidade com algo que transcende personalidade re significando as perdas as falhas real ando a alegria de viver e a auto estima GREY SON 1993a Morse 1997 conclui em suas pesquisas sobre o assunto que todas as pessoas que tiveram EQMs foram transformadas pela experi ncia T m mais entusiasmo pela vida e virtualmente nenhum medo da morte Deixam de ser materialistas algumas desenvolvem capacidades medi nicas capacidade de ver o futuro em sonhos ou de predizer corretamente os acontecimentos atrav s da intui o al m de n o poderem usar rel gios porque alguma coisa os quebra e at o aumento de intelig ncia Com rela o ao aumento dos poderes medi nicos foram informa es que chegavam com freqii ncia grande demais para serem ignoradas Morse 1997 claramente informa que os cientistas que pesquisam o assunto j aceitam como sendo real a experi ncia das pessoas deixando os seu corpos f sicos e vendo 205 seres de luz e cita tamb m os psiquiatras Stuart Twemlow e Glen Gabbard que s o especialistas em situa es fora do corpo O cientista relata que todas as pessoas t m uma importante coisa em comum ap s vivenciarem uma EQM estavam transformados Morse 1997 observou que as pessoas com as quais conversou todas caracterizam se pela
424. r Baccelli 2002 p 182 explica que na realidade toda doen a no corpo processo de cura para alma e mais ainda a doen a uma 258 esp cie de escoadouro de nossas imperfei es inconscientemente o esp rito quer jogar para fora o que lhe seja estranho ao pr prio psiquismo Compreende se que a vis o integral do ser humano remete ao poder do Esp rito O pensamento produto da alma e n o secre o do c rebro Nasce das profundezas da reflex o mental Nobre 2005 p 10 relata esclarecimentos importantes Z Aprendemos com os Esp ritos Superiores que o Universo um todo de for as din micas expressando o Pensamento do Criador e cada criatura detentora de uma capacidade intr nseca a co cria o inerente faculdade de pensar atrav s da qual x assimila a for a emanente de Deus moldando a sua vontade e influenciando dessa forma a pr pria cria o Nos fundamentos da Cria o vibra o pensamento imensur vel do Criador e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensur vel da criatura a constituir se no vasto oceano de for a mental em que os poderes do 2 Esp rito se manifestam O pensamento assim o alicerce vivo de todas as realiza es no plano f sico e extra f sico O esp rito Clar ncio no livro Entre a Terra e o C u psicografado por Xavier 2003 comenta acerca da enfermidade como desarmonia espiritual que sobrevive no perisp rito e no caso do rena
425. r ao homem o mundo era uma m quina perfeita e Deus o seu grande arquiteto MORAES 2005 Para a espiritualidade s o relevantes as contribui es de Einstein o princ pio da complementaridade de Bohr o princ pio da incerteza de Heisenberg e de v rios cientistas como Prigoginee Bohm Jung Allan Kardec Maturana e muitos outros que projetaram uma vis o de mundo unificado integrado din mico hol stico n o hieraquizado masculino e feminino yin e yang cheio de energia e vida onde tudo est conectado No fundo explica que a mat ria simult neamente esp rito e mat ria mat ria energia condensada a vida material intr nsecamente interligada vida espiritual uma compreens o que ci ncia e espiritualidade est o implicadas mutuamente e assim amplia os caminhos da ci ncia onde tamb m est o inseridas a intui o nossas experi ncias e viv ncias interiores e exteriores um processo dial tico que envolve todos os seres e amplia tamb m a compreens o da multidimensionalidade do ser humano que interexiste no tempo e no espa o em v rios n veis energ ticos A espiritualidade compreende a inexist ncia de um nico caminho para chegar at Deus de uma nica verdade MORAES 2005 Existem v rios caminhos que levam ao sagrado que existe dentro de cada um Moraes 2005 explicita que espiritualidade n o tem p tria nem religi o est presente em todas as culturas seja oriental ou ocidental Reconhece a prese
426. r de v rios planos das motiva es mais profundas do pesquisador de seus desejos de suas proje es pessoais de sua trajet ria pessoal etc conforme elucida Martins 1998 propiciando assim a multirreferencialidade o desvelamento dos sujeitos envolvidos na pesquisa pesquisados e pesquisador por meio de um encontro intersubjetivo que considera v rios prismas da realidade Jacques Ardoino 1998 em seu texto sobre Abordagem multirreferencial plural das situa es educativas e formativas comenta sobre a hipercomplexidade da realidade na qual a abordagem multirreferencial prop e se a uma leitura plural de seus objetivos pr ticos ou te ricos sob diferentes pontos de vista que implicam em linguagens diversas e sistemas de refer ncias distintos incluindo preocupa es ticas As vis es de mundo subjacentes coexistem e se justap em atrav s de tudo que pare a ser o mais banal e a riqueza das pr ticas sociais n o permitem uma an lise cl ssica por meio da decomposi o redu o Ardoino 1998 compreende que hol stico o que melhor caracteriza a complexidade dos fen menos humanos Hol stico derivado de holismo epistemologia geral designa contestando o atomismo uma posi o segundo a qual n o se pode entender as partes sem conhecer o todo Nos termos de uma pesquisa qualitativa na perspectiva da multirreferencialidade tomo como refer ncia a Ci ncia Filosofia e Religi o Esp rita em di logo com a Ci ncia
427. r e n o quero afastar a corrente dele Ele toca assim a dor se some E recebe o transporte da dor da pessoa e limpa Outro Esp rito fala atrav s de m e Isa Dr Jo o Freire Dr Ageu o m dium da mesa E trabalha com os olhos fechados Eu trabalho com os olhos abertos Alguns procuram e eu atendo Tem o Dr Marcos a Dra Marta o padre Anchieta o padre Bernardo O mestre Abelha trabalha perto Pode se ver que a m e Isa em sua presta o de cuidado de sa de parece efetivar suas possibilidades de a o conjunta com outros rezadores Repare que ela parece realizar uma esp cie de organiza o do cuidado Vasconcelos 2005 p 3 j observava que grande parte do comportamento profissional em sa de intuitivo orientado pela capacidade de perceber discernir ou pressentir coisas idependentemente de racioc nio e an lise 134 O trabalho em sa de complexo e com dimens es m ltiplas e m e Isa reporta se a um processo de trabalho coletivo inclusive com os esp ritos desencarnados o que parece estar al m do que Vasconcelos nomeia como o trabalho da intui o na organiza o e a o do cuidado em sa de Estamos lidando com uma ordem de fen menos que o pensamento esp rita nomeia como mediunismo O ser humano a um s tempo espiritual biol gico cultural social e hist rico e comp e uma unidade complexa que n o pode ser desintegrada e que deve ser o n cleo essencial de todo o ensino Ao lo
428. r um infarto mioc rdico extenso tendo sido realizada massagem card aca como manobra de reanima o por m sem sucesso antes de sua transfer ncia para um hospital nas proximidades Devido a uma s rie de circunst ncias complexas as manobras de reanima o foram mantidas por mais tempo do que o normal para um paciente cujo n o respondia ao tratamento at o momento em que foram iniciados os preparativos para a remo o dos rg os Nesse instante os cirurgi es at nitos notaram que o paciente estava recuperando a respira o sem qualquer aux lio suas pupilas estavam reativas e foram observados sinais lgicos e finalmente a atividade sist lica retornou V rias semanas depois o homem caminhava e falava Segundo uma publica o on line de um comit de tica esta situa o foi um exemplo not vel das quest es que permanecem no campo da reanima o e de quais crit rios podem ser utilizados para determinar o insucesso dessas manobras O caso tem estimulado o debate na classe m dica e o jornal di rio Le Monde dedicou uma p gina inteira ao assunto sob o t tulo O doador de rg os n o estava morto De acordo com o relat rio do comit de tica o que est em Z quest o o estado de uma pessoa quer se trate de um paciente que pode ser reanimado ou potencial doador SHIRBON 2008 Esses relatos ilustram a relev ncia do tema e que o modelo reducionista materialista hegem nico necessita de prof
429. racioc nio e da san o dos fatos procede a an lise dos relatos de personalidades medi nicas atrav s de m dins diferentes sobre a morte o morrer e as conseqii ncias das responsabilidades dos atos de cada um neste processo Pode se assim afirmar que o pesquisador Allan Kardec 1804 1869 foi o primeiro tanat logo do ocidente Em suas observa es Kardec 2007 p 27 28 constata que 224 O estudo das almas depois da morte n o mais um sistema por m o resultado da observa o O mundo espiritual aparece nos na plenitude de sua realidade pr tica n o foram os homens que o descobriram pelo esfor o de uma concep o engenhosa s o os pr prios habitantes desse mundo que nos v m descrever a sua situa o a os vemos em todos os graus da escala espiritual em todas as fases da felicidade e da desgra a assistindo enfim a todas as perip cias da vida de al m t mulo A alma n o uma abstra o ela tem um corpo et reo que a define ao pensamento Al m disso em vez de perdidos nas profundezas do Espa o est o ao redor de n s o mundo corporal e o mundo espiritual identificam se em perp tuas rela s assistindo se m tuamente Ao discorrer sobre 0 passamento Kardec 2007 explana as fases atravessadas durante o processo de morrer No momento em que se extingue a vida org nica h o desprendimento do perisp rito envolt rio semimaterial do esp rito envolt rio da alma e n o se separa dela nem an
430. radigma do Esp rito poderia vir a contribuir como base reflexiva para um percurso educativo que considerasse como sua id ia de sujeito um ser que Esp rito em tr nsito pela experi ncia terrena perfect vel ap s inumer veis reencarna es e que tem como modelo o Cristo Ainda a experi ncia espiritual pode ser lida como experi ncia de transforma o de um sujeito reflexivo que acumula saber e aprendizagem sobre si LINHARES 2005 INCONTRI 2001 esse movimento reflexivo que sust m esta tese 1 5 Cen rios do estudo O ut pico n o o irrealiz vel a utopia n o o idealismo a dialetiza o dos atos de denunciar e anunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura humanizante Por esta raz o a utopia tamb m um compromisso hist rico Paulo Freire 51 1 5 1 Posto do Programa de Sa de da Fam lia Novo Iracema Maranguape Maranguape faz parte da rede metropolitana de Fortaleza fica a 27 km de distancia da capital do Cear cercada por um verde imponente da mata atl ntica contrapondo se ao cen rio usualmente seco do Nordeste Possui cerca de noventa mil habitantes de origem ind gena que mant m tradi es ligadas s suas origens como as rezas e as benzeduras Maranguape tem uma bela hist ria de f bem caracter stica do povo nordestino Em 1998 as estat sticas locais com rela o mortalidade infantil eram de 36 mortes para cada 100 0000 nascidos vivos e esses n meros n o
431. ram envolvidas com seres mais elevados tornando se mais inteligentes em conseqii ncia de suas passagens r pidas pela morte e da experi ncia espiritual por ela gerada MORSE 1997 Morse 1997 estudou o caso de Olaf Sunden um sueco que vivenciou uma EQM ao submeter se extra o cir rgica das am dalas aos quatorze anos de idade Ele parou de respirar quando colocaram ter em algod o pr ximo ao rosto e o paciente narrou que De repente rolei dentro de uma esfera e parecia colidir com uma parede dentro de uma outra realidade A passagem deste lado para o outro foi extremamente dolorosa sufocante As for as que me conduziam atrav s da barreira da morte eram extraordin rias e a barreira limite era extremamente forte S bitamente estava do outro lado e todos os sofrimentos tinham acabado Eu tinha perdido todo o interesse e apego vida biol gica Percebi que a fronteira entre a vida e a morte uma estranha cria o de nossas mentes horripilante e real quando percebida deste lado o lado dos vivos e ainda assim insiginificante quando percebida do outro lado Minha primeira impress o foi uma total surpresa Como eu podia perceber e pensar estando morto e n o tendo corpo grifo meu 206 Em sua narrativa Olaf sentiu se flutuando em um universo sem fronteira numa viagem c smica na qual sentia total entendimento Em sua experi ncia de quase morte Olaf permaneceu em uma brilhante luz alaranjada
432. rante a gesta o foi interrompida bruscamente Portanto o nascimento de um beb prematuro sempre se constitui uma experi ncia traum tica com expectativas acerca da sobrevida e da sa de da crian a O beb prematuro na maioria das vezes passa por um per odo de interna o na unidade de terapia intensiva neonatal UTI neo por um per odo que varia de acordo com o peso com a idade gestacional e com o estado cl nico A UTI neo um local de alta tecnologia com aparato t cnico considerado de ponta como aparelhos de ventila o mec nica surtactante ex geno xido n trico inalat rio dentre outros dispositivos tamb m um local de procedimentos invasivos estressante para o beb para as m es e para os profissionais de sa de O beb permanece com tubos de diversos tipos como sonda orog strica para alimenta o fios para ox metros de pulso agulhas para acesso venoso realiza exames variados ao longo do dia enfim sobre ele exercida uma monitoriza o cont nua nas vinte e quatro horas do dia Os pais podem visitar seu beb sem restri es mas assustam se com tanta t cnica e com tanta gente Sempre questionam acerca da sobreviv ncia da crian a Com a melhora cl nica do beb a m e vai sendo orientada sobre o m todo m e canguru sobre as vantagens deste e sobre sua disponibilidade de permanecer com o beb na enfermaria no momento oportuno um momento de intensa doa o da m e que fica no hospital com s
433. rcunst ncias que est o fora do controle pessoal dos pacientes 156 Margarida interage de forma clara com o extra f sico quando solicita de forma espont nea e confiante a ajuda de seu av Ant nio j falecido Um excelente mec nico que com a permiss o de Deus vem auxiliar o motorista da ambul ncia inspirando o a usar um pedacinho de osso na bateria no lugar de um parafuso O interior do Cear extremamente cat lico cidade como Sobral possui uma igreja em cada quarteir o Por m as pessoas se relacionam com os esp ritos de forma simples naturalmente principalmente nos momentos dif ceis abrindo se na pr tica a uma ordem de fen menos que n o encontram explica es rotineiras no seu credo embora conscientemente n o pare am aperceber se disso O Esp rito Bittencourt Sampaio no livro Instru es Psicof nicas XAVIER 1991 p 279 esclarece acerca do interc mbio com os desencarnados H mais de dez mil nios nos templos do Alto Egito e da antiga Eti pia os fen menos medi nicos eram simples e correntios entre os ass rios e caldeus de pocas remot ssimas praticava se a desobsess o com alicerces no esclarecimentos dos Esp ritos infelizes precedendo a antiguidade cl ssica Zoroastro na P rsia recebia a visita o de mensageiros celestiais e tamb m antes da era crist na velha China a mediunidade era desenvolvida com a colabora o da m sica e da prece Mas o interc mbio com os desencarnados exc
434. re a aliena o mental detendo se prolongadamente na an lise da loucura sem les o cerebral quando ela ocorre devido interfer ncia de Esp ritos menos esclarecidos mais conhecida por obsess o ou possess o espiritual demonstrando que o c rebro n o rg o do pensamento Nos casos de loucura por obsess o n o h les o cerebral por m esta les o poder ocorrer por causa da obsess o E ressalta a import ncia da moraliza o do Esp rito obsessor da lei de amor ao pr ximo e o sublime exemplo do perd o dado por Jesus do alto da cruz MENEZES 1987 p 163 Nessa obra Dr Bezerra de Menezes 1897 estuda tamb m estados em que sujeitos sonambulizados hipnotizados magnetizados com suspens o das atividades corporais gozam da faculdade de ver perto ou longe de descrever tudo o que v e de falar at de coisas que n o conhece o c rebro n o mais do que um instrumento material a servi o da alma para p la em rela o com o mundo material E tanto assim que temos um mundo de pensamentos sem objetivo fora de n s isto no mundo material de que o c rebro pode receber as impress es Assim portanto as faculdades s o da alma e o meio material de p las em rela o com o mundo material que pertence ao c rebro e suas depend ncias Quem exerce as fun es de vida de rela o quem pensa raciocina guarda a mem ria dos sucessos sente delibera v ouve sente o cheiro o gosto e
435. re o assunto N o sabe voc que um homem encarnado um gerador de for a eletromagn tica com uma oscila o por segundo registrada pelo cora o Ignora porventura que todas as subst ncias vivas da Terra emitem energias enquadradas nos dom nios das radia es ultravioletas Em nos reportando aos nossos companheiros possu mos neles almas regularmente evolutidas em apreci veis condi es vibrat rias pela sincera devo o ao bem com esquecimento dos pr prios desejos Podem desse modo projetar raios mentais em vias de sublima o assimilando correntes superiores e enriquecendo os raios vitais de que s o d namos comuns Andr Luiz que nos narra uma saga de in meras experi ncias que contam da rela o entre dois planos vibrat rios o dos encarnados e o dos desencarnados continua nos esclarecendo sobre o que seriam esses raios vitais capazes de projetar energias e sintonizar com emiss es dos planos superiores Continuemos com o instrutor espiritual Aulus XAVI ER 2005 p 29 Os raios vitais chamemos lhes raios ectopl smicos unindo nossos apontamentos nomenclatura dos espiritistas modernos Esses raios s o peculiares a todos os seres vivos E com eles que a lagarta realiza suas complicadas demonstra es de Z metamorfose e ainda na base deles que se efetuam todos os processos de materializa o medi nica porquanto os sensitivos encarnados que os favorecem libertam essas energias com mais facilidade
436. re os percursos de conhecer em ci ncia Apaixonado pela biologia sua forma o primeira e pela filosofia Jean Piaget 1896 1980 queria saber como se constr i conhecimento em ci ncia Para isso estudou como a crian a constr i intelig ncia e portanto como o processo de conhecer acontece em seu nascedouro criando para isso a Epistemologia Gen tica Nos sistemas vivos Piaget prop e que se trabalhe com o conceito de equilibra o majorante para se ter em mira que cada fase do desenvolvimento engloba a anterior e a supera dialeticamente a partir de reorganiza es internas do sujeito Dentro dessa vis o haveria um movimento dial tico que se erige a partir do conflito entre o conhecimento anterior e o que se vai adquirir que impulsionaria e que efetivaria uma crescente complexidade evolutiva nas estruturas vivas Piaget 2003 prop e a id ia de que conhecer envolve basicamente os processos que nomeia de assimila o e acomoda o assimila o seria uma esp cie de absor o dos est mulos do meio acomoda o um rearranjo uma reordena o nos esquemas mentais do sujeito para dar conta da elabora o do material de realidade assimilado O pensamento piagetiano refere se ao conhecer como tendo um car ter essencialmente adaptativo conhece se em um mundo de limita es e para sobreviver em meio a elas Assim que as estruturas do sujeito v o se renovando para responder aos desafios da realidade 168 sempre
437. recorrendo dimens o da Espiritualidade Nessa perspectiva devo ir problematizando as fendas e limites de nossa pr tica social calcada no modelo biom dico A Associa o Nacional de Educa o Popular em Sa de ANEPS constitu da por grupos populares em todo o pa s tem colocado dentre suas tem ticas mais discutidas a Espiritualidade como dimens o fundamental nas pr ticas sociais em sa de A Rede Unida formada por educadores em sa de t cnicos da rea em todo o territ rio nacional e que influencia as pol ticas p blicas e educacionais em sa de vem discutindo de forma importante a Espiritualidade nas pr ticas de sa de O Sistema Unico de Sa de est implantando t cnicas alternativas em sa de como Reike massoterapia medita o rezadeiras e outras pr ticas que dizemos situadas no contexto da Espiritualidade Al m disso Ken Wilber psic logo e grande estudioso do assunto desenvolve bases para novos paradigmas emergentes e tem sido refer ncia para os trabalhos de Cipriano Luckesi e sua equipe da Universidade Federal da Bahia que trabalha pr ticas l dicas com um corpo de conhecimento mais largo como vis o de sujeito Nomeadas estas pr ticas sociais de espiritualidade podemos ver que s o quest es que ultrapassam o paradigma biom dico 92 Por que n o comportar a pergunta que se gestou em especial no movimento popular em sa de por essa dimens o esquecida a espiritual e dar consist ncia te rico
438. res de alguma forma monetarizada Um sentido mais complexo de cura n o vai remeter apenas para a ordem da dimens o espiritual vai transitar no mundo humano no qual a cura tem um valor e para muitos rezadores esee valor monetarizado Eles inclusive comparam se o rezador tal ganha mais ou menos Dentro disso h posi es como a da Isa ra que ultrapassa o limite dessa vis o monetarizada Embora pobre reza e cura as crian as mas n o aceita dinheiro Mesmo sem ter uma religi o formal ela se vincula a determinados aspectos religiosos do pensamento esp rita 140 uma vez que ela foi a centros tendo inclusive reconhecido no retrato o esp rito doutor Bezerra de Menezes que curou seu marido Essa monetariza o da cura tamb m acontece na mentalidade do rezador uma vez que ele n o tem um modelo de produ o de sentido que situe essa cura em algum lugar que rompa com essa monetariza o proposta pelo modelo biom dico ou seja se a pessoa cura e se a cura ocorre de modo similar medicina a qual tem no modelo vigente um valor social no mercado id ia marxiana Mesmo sem estudo o rezador compreende que fez o que o m dico n o fez e que realizou um trabalho que tem um valor social ent o ele pode monetarizar esse valor O fato de verem esp ritos de sentirem a aproxima o de esp ritos de se sentirem possu dos ou tendo rela o com esses esp ritos de perceberem que se trata de algo da ordem espiritual
439. ressado em estudar a diversidade do pensamento humano da experi ncia social e de suas pr ticas A ci ncia era por ele concebida como uma fonte de 79 dogmas que tentam estabelecer atrav s de leis positivas verdades absolutas e definitivas que n o podem ser contestadas O homem moderno faz essa ruptura e sua intelig ncia seria comandada pelo pensamento cient fico ter amos o per odo das luzes com a elabora o de uma racionalidade com o m todo positivo Comte acreditava que o conte do essencial da verdade era representado pelo que chama de lei BARREIRA 2001 e que dever se ia obedecer o caminho da experimenta o observa o e formula o de leis Para o pensamento de Comte o ser humano ter uma compreens o melhor de si mesmo ao descobrir a estrutura hier rquica dos seres segundo a qual cada categoria estaria sujeita a determinadas leis O aspecto fundamental da sociologia comteana na an lise de Barreira 2001 seria a distin o entre est tica e din mica social a id ia fundamental da est tica a ordem e id ia fundamental de din mica o progresso Nosso pa s parece ter nascido sob o apan gio comteano ordem e progresso O progresso s ocorreria se a ordem fosse mantida e a ordem sempre deveria ser acompanhada pela id ia de for a Para Comte a din mica subordinava se est tica pois o progresso adviria da ordem Conv m lembrar que nessa poca o Estado estava se fortalecendo ap s seis
440. rganismo vivo devido ao seu movimento incessante CHAUI 2004 devido ao atomismo de alguns deixou contudo germes poderosos utilizados muito depois para fundamentar a separa o entre ci ncia e espiritualidade Cavalcanti 2000 relata por m que a concep o animista grega permeou a Idade M dia influenciando todo o pensamento ocidental contrabalan ando a vis o dualista que 12 na compreens o animista a alma humana constitu da da consci ncia ou ess ncia espiritual como tamb m da vida do corpo e das atividades corp reas dos sentidos e dos instintos O Paradigma teoc ntrico por sua vez vai se firmar com as tradi es pr crist s e os valores da religi o crist nele h uma combina o de paganismo popular de conhecimentos da antiguidade cl ssica e cristianismo medieval que os valores espirituais do cristianismo do Cristo contribu ram para sustentar o elo entre o mundo Divino e o mundo humano entre o cient fico e o espiritual Cavalcanti 2000 afirma que at o s culo XIII a Idade M dia foi permeada pelo pensamento neoplat nico No Renascimento eclode o florescimento de id ias da Antiguidade agora retomadas fase de grande desenvolvimento tecnol gico e de transforma o epistemol gica aqui j se clarifica de modo radical a oposi o s id ias de Arist teles O Renascimento pretendia ser o herdeiro da tradi o grega e judaico crist mas substituindo o aristotelismo constitui
441. ri o e do feto s o inalien veis e a sociedade n o pode se calar diante do assassinato de seres indefesos sem voz A vida humana come a na fecunda o MOORE PERSAUD 2008 REZENDE 2005 ZUGAIB 2008 e h muito mais mist rios do que possa imaginar o cientificismo dogm tico e fundamentalista dos dias atuais Morin 2002 explicita a tese de que o problema tico um problema conflito de valores A escolha entre o bem e o mal n o um problema tico um problema f sico ou psicol gico de coragem de intelig ncia de vontade tica Na realidade o problema surge quando h pluralidade de imperativos contradit rios quando na perspectiva utilitarista e materialista h conflito de interesses O caso do aborto t pico h interesse de empresas de aparelhagem especializadas no esfacelamento dos beb s com envolvimento financeiro exorbitante Todos os relatos das m es que se submeteram ao aborto apresentam sintomas de estresse p s traum tico Os profissionais envolvidos no processo do infantic dio em cl nicas legalizadas no hemisf rio norte t m altos ndices de alcoolismo depress o pesadelos e baixa qualidade nos relacionamentos familiares dentre outros problemas GOLISZEK 2004 No livro Cobaias Humanas a hist ria secreta do sofrimento provocado em nome da ci ncia Goliszek 2004 p 378 391 relata detalhes acerca de oficinas de desmanche humano o florescente neg cio da colheita de tecidos Nesse relato fic
442. riedade privada dos meios de produ o Troca se o produto do trabalho de maior valor por um sal rio com menor valor dentro do capitalismo Essa expropria o gera as diferen as de classes sociais e seria a grande causadora da opress o progressiva sofrida pela classe trabalhadora A religi o seria um elemento alienante legitimando e controlando os nimos entre as classes pois consola as mis rias presentes com a promessa de outra vida LUCAS 1997 96 O ser humano perdeu sua identidade que se tornou algo abstrato A pr pria morte de Deus foi proclamada em Nietzche 1844 1900 Na realidade quem verdadeiramente foi morto pela filosofia contempor nea foi o ser humano Humilhado generalizado reduzido pura mat ria exposto a diversas formas de ideologias totalit rias do nosso tempo V tima an nima imolada nos altares das ideologias N o por acaso que o ser humano identifica se mais com a tecnologia que concreta do que consigo mesmo e com os seus semelhantes LUCAS 1997 Esta tend ncia absolutista tamb m se fez presente nas sociedades liberais e n o apenas nos regimes totalit rios O capitalismo na sua forma de liberalismo puro descarta qualquer regra moral e n o encontra justifica o fora de si mesmo O capitalismo nunca se realizou concretamente nenhum estado o defendeu ou o imp s com viol ncia a outros estados Por m sua consequ ncia mais direta escravizou o homem moderno atrav s do consumismo
443. rientadores Espirituais recomendam se considere v lidos os estudos j realizados por outras escolas espiritualistas a respeito dele O corpo causal constitu do de uma estrutura eltromagn tica formada de el trons e f tons iguais aos que integram o corpo f sico por m em outras caracter sticas vibrat rias O corpo vital ou duplo et rico o mais grosseiro de todos e tende a desaparecer com a morte f sica Sem a energia vital n o h como explicar a complexidade da c lula viva Esse corpo exterioriz vel em parte como podemos verificar nos experimentos de materializa o e na transmiss o de passes magn ticos Ele formado por emana es neurops quicas que pertencem ao campo fisiol gico e que por isso mesmo n o consegue maior afastamento da organiza o terrestre destinando se desintegra o tanto quanto ocorre ao instrumento carnal por ocasi o da morte renovadora Nas escrituras sagradas no primeiro livro de Mois s chamado G nesis cap tulo 1 vers culo 27 temos E Deus criou o homem sua imagem Refletindo se acerca do ser qu ntico compreende se que em ess ncia em Esp rito somos realmente a imagem e semelhan a de Deus pois somos energia interligada e imersos em Deus intelig ncia suprema e causa primeira de todas as coisas KARDEC 2006a p 77 250 Nobre 2005 no estudo acerca da constitui o do ser humano explicita que todos esses corpos espirituais possuem numerosos
444. rios momentos da grava o se ouvia v rias pessoas conversando vozes masculinas e femininas em um idioma similar a russo ou alem o Imediatamente percebi que se tratava do que hoje se chama transcomunica o instrumental ou seja comunica o de seres do plano extraf sico ou pessoas que deixaram o corpo f sico e ali estavam ao meu redor conversando entre si A essa altura j tinha lido grande n mero de livros esp ritas pois sou leitora compulsiva e j possu a compreens o sobre a ocorr ncia que encarei com naturalidade pena que a fita se estragou nas m os do meu ent o pequenino primog nito Emmanuel Tamb m nesse ano vivenciei por tr s vezes uma paralisia corporal na minha compreens o semelhante catalepsia quando novamente sozinha nessa mesma casa surpreendi me incapaz de qualquer movimento embora estivesse deitada em transe catal ptico respirava e pensava Tive a impress o n o sem algum susto que se algu m me encontrasse naquele estado julgar me ia morta Orei com intensidade e o fen meno passou O fen meno da catalepsia repetir se ia comigo cerca de vinte anos depois por aproximadamente duas vezes e n o mais Algumas vezes recomendei a amigos caso tenha algum epis dio de morte s bita que pesquisassem a possibilidade de catalepsia pois n o gostaria de ser enterrada viva sem o devido desligamento perispiritual Ao retornar do interc mbio encontrei minha fam lia com problemas muito grav
445. rious but not immediately life threatening diseases in those with serious depression or without clear cause in fully conscious people Similar experiences to near death ones can occur during the terminal phase of illness and are called deathbed visions Identical experiences to NDE so called fear death experiences are mainly reported after situations in which death seemed unavoidable serious traffic accidents mountaineering accidents or isolation such as with shipwreck van LOMMEL et al 2001 p 2039 189 Moody 2004 m dico psiquiatra entrevistou mais de dez mil pessoas e encontrou v rias pessoas que tiveram epis dios completos com todos os sintomas por ele classificados de uma EQM por m asseverou que nem todas as pessoas que passam por uma EQM experimentam todos os sintomas algumas podem ter um ou dois desses sintomas outras cinco ou seis a presen a de um ou mais deles que define uma EOM MOODY 2004 Este pesquisador cita os sintomas que definem uma EQM sensa o de estar morto paz e aus ncia de dor experi ncia de sentir se fora do corpo a experi ncia do t nel vis o de pessoas de luz reflex es sobre o ser de luz a revis o da vida ascens o r pida a um outro plano vibrat rio relut ncia em voltar transforma o da pessoa p s viv ncia da EQM Segundo os estudos de Moody 2004 a sensa o de estar morto refere se ao fato de que muitas pessoas n o percebem que a experi ncia que est o vivend
446. rma o espiritual segundo conceituo evidenciam e encenam processos de transforma o pessoal que envolvem a dimens o espiritual e consequentemente a viv ncia de aprendizados que incluem a produ o de sentido aprendizado tico moral e como tamb m escolhas actanciais referentes s a es de um Podemos ver nessa fala do Sr Ananias que h uma situa o em que ele era at amarrado em um tronco de pau bebia e ap s um movimento de transforma o que incluo como parte do drama de transforma o da experi ncia espiritual ele aborreceu o lcool e fez um pedido a Deus para rezar nas crian as e nas pessoas E conclui Ananias Faz quarenta e tantos anos que eu curo gente Essas situa es de estar amarrado s o no dizer de Turner 2005 experi ncias intensas e a essas experi ncias corporais de grande intensidade corresponde a percep o de um poder maior do que aquele normalmente possu do pelo indiv duo Ao estudar os Ndembu em seus rituais de afli o Turner 2005 p 39 observa que comum os que v o aprender seu of cio de curandeiro dizerem Comecei ficando eu mesmo doente E depois este sujeito que se transforma vai ser um intermedi rio nas situa es que como diz Turner 2005 p 39 colocam os vivos em contato com os mortos Continuava o rezador Esse ano onze de dezembro fa o oitenta anos Vou fazer s um almo o para os trinta e cinco netos Temos uma por
447. rocerebral Passou a medica o e disse tamb m para bater a tomografia O rapaz foi para a reza pela necessidade est tomando a medica o Ele muito envolvido na igreja cat lica e quando falam em esp rito eles dizem que s o os dem nios Eu iniciei a rezar no meu filho fiz a imposi o da minha m o no dente dele e passou a dor Quando eu estou com sentimento muito puro eu vejo que minhas m os pareciam que t m gliter todo brilhoso O sentimento est puro que a luz transcende Sentimento puro e humildade Quando eu levantava sa a mancando De tanto que do a o calcanhar comecei a fazer a imposi o da m o e fiquei boa Ele o esp rito identificou que tinha sido desgosto dentro da minha casa E foi Eu vivia financeiramente muito bem 125 Minha filha saiu de casa tem dois filhos O marido batia nela e ela ligava pra minha casa dizendo o que fazia dizendo que ia matar meu esposo No final minha filha voltou para casa com duas netas para mim Estas netas eu abortei em outras vidas E devo agora dar a vida a elas s o uma ben o Amanda e Alana Eu fui a Juazeiro E antes vi como se fosse padre C cero conversando comigo em sonho em Juazeiro Da eu fui no Horto e fiquei chorando muito Todos os dias quando eu chego do trabalho s cinco horas da tarde saio voluntariamente para fazer curativos Fa o Okiyome a prece que fa o com a imposi o das m os Quando come o e termino agrade o a Deus E agrade o
448. rometido com a transforma o dos graves problemas contempor neos em um contexto social cultural hist rico e ecol gico Acho importante explicitar a minha compreens o pois quem n o conhece minha hist ria de vida minha leitura de mundo como diz Paulo Freire pode ter a impress o de que estou advogando a causa esp rita ou a exist ncia de Deus Deus n o possui filhos bastardos e nem precisa de advogados e sabedoria absoluta esta n o existe sen o em Deus FREIRE 2006 O espiritismo foi sempre o eixo norteador de minha compreens o acerca da vida somos imortais e perfect veis respons veis pela nossa caminhada retornamos em outra roupa biol gica quando deixamos esta ao findar nossa vida til programada gen tica e previamente Essa vis o comporta a id ia da pluralidade dos mundos habitados bem como a comunica o entre o mundo f sico e o extra f sico KARDEC 2006a 2006b 2006c 2006d 2007 Informa es que definiram sempre as minhas escolhas e os enfrentamentos cotidianos H todo um conte do filos fico e cient fico que faz parte do meu trabalho e vida Eis porque acho essas explana es fundamentais para o meu trabalho e tamb m por compartilhar das palavras do Esp rito Emmanuel no livro Religi o dos Esp ritos psicografado por Chico Xavier Relatemos as nossas experi ncias pessoais no caminho da f com o desassombro de quem se coloca acima dos preconceitos Os instrutores espirituais fazem ex
449. rso amplia sua auto imagem e permite lhe transcender o ego smo que a principal causa de desarmonia entre indiv duos e entre a humanidade e a natureza 292 e a supera o da fragmenta o da unidade corpo mente esp rito resultado de uma nfase desequilibrada de algumas partes em detrimentos de outras e do todo lhe permitir redescobrir em seu pr prio ntimo o reflexo do cosmo e seu princ pio unificador supremo Tais vis es pedem uma transforma o radical dos modelos de desenvolvimento a elimina o da pobreza ignor ncia e mis ria o fim da corrida armamentista novos processos de aprendizagem sistemas educacionais e atitudes mentais melhores formas de redistribui o para se assegurar equidade social um novo estilo de vida baseado na redu o do desperd cio no respeito pela biodiversidade numa diversifica o de sistemas s cio econ micos e na diversidade cultural transcendendo os conceitos desatualizados de soberania Ci ncia e tecnologia s o indispens veis para se atingirem essas metas mas somente poder o ter resultados positivos mediante uma reintegra o da ci ncia e da cultura de modo a assegurarem um sentido de finalidade bem como um enfoque integrativo com o objetivo de se superarem as fragmenta es que conduziram a uma interrup o nas comunica es culturais Se falharmos no redirecionamento da ci ncia e da tecnologia para as necessidades fundamentais os avan os na inform tica reposit
450. rso e do homem poderiam conduzir nos mais pr ximos realidade e permitir nos um melhor enfrentamento dos desafios do nosso tempo 4 A maneira convencional de ensinar ci ncia mediante uma apresenta o linear do conhecimento n o permite que se perceba o div rcio entre a ci ncia moderna e vis es do mundo que hoje s o superadas Enfatizamos a necessidade de novos m todos educacionais que tomem em considera o o progresso cient fico atual que agora entra em harmonia com as grandes tradi es culturais cuja preserva o e estudo profundo s o essenciais A UNESCO deve ser a organiza o apropriada para procurar essas id ias 5 Os desafios de nosso tempo o risco de destrui o de nossa esp cie o impacto de processamento de dados as implica es da gen tica etc jogam uma nova luz nas responsabilidades sociais a comunidade cient fica tanto na inicia o quanto na aplica o de pesquisa Embora os cientistas possam n o ter controle sobre as aplica es das suas pr prias descobertas eles n o poder o permanecer passivos quando confrontados com os usos impensados daquilo que eles descobriram nosso ponto de vista que a magnitude dos desafios de hoje exige por um lado um fluxo de informa es para o p blico que seja confi vel e cont nuo e por outro lado o estabelecimento de mecanismos multi e transdisciplinares para conduzirem e mesmo executarem os processos decis rios 6 Esperamos que a UNESCO considere est
451. s tempo ci ncia filosofia e religi o 245 A partir dos extensos estudos acerca das viv ncias das experi ncias de quase morte que s o a culmin ncia desta tese principalmente as experi ncias fora do corpo f sico sugerem a exist ncia de uma individualidade integral consciente o Esp rito imortal As viv ncias fora do corpo sugerem fortemente a independ ncia da alma em rela o ao corpo que o esp rito liberta se moment neamente das amarras f sicas Ou seja essas experi ncias sugerem fortemente a exist ncia de um corpo et reo em um corpo som tico e que a sede da consci ncia da intelig ncia da mem ria o corpo et reo As experi ncias de quase morte com as experi ncias fora do corpo sugerem uma compreens o mais acentuada nos cuidados com os pacientes em coma ou prisioneiros do corpo f sico como por exemplo nas unidades de terapia intensiva O Esp rito reencarnado revestido com o corpo biol gico pode vivenciar experi ncias como seres espirituais que somos por exemplo em situa es em que ficamos moment neamente distanciados do corpo f sico conforme as experi ncias vivenciadas fora do corpo Tamb m como conclus o desta tese temos que a id ia de sujeito como esp rito imortal e todo o conjunto de observa es te rico pr ticas feitas ao longo deste trabalho nos leva a importantes discuss es acerca da morte e vida quais sejam O processo de morte deve ser repensado
452. s culos de domina o feudal E para Comte o Estado deveria ser moralizado e n o eliminado a propriedade privada deveria ser mantida Poder amos assegurar como esse pensamento condensa e alimenta muito do paradigma biom dico e das refer ncias que est o ainda valorizadas no concerto do pensamento cient fico moderno Haveria fendas nesse bloco Japiassu 1982 em sua reflex o sobre Nascimento e Morte das Ci ncias Humanas diz que no mundo elaborado pela ci ncia moderna n o h lugar para o homem nem tampouco para a vida A ideologia mecanicista se encarregar de dissoci los do mundo da ci ncia Mas essa ideologia fracassou Enfatiza que o ser humano s pode ser compreendido a partir dele mesmo O mesmo poder amos dizer das ci ncias humanas s podem ser compreendidas a partir delas mesmas vale dizer a partir do homem enquanto constitui um sujeito que conhece e um objeto para um saber Conforme narrativa anterior a ci ncia moderna surgiu no s culo XVII com a Revolu o Galileana A g nese dos grandes princ pios da ci ncia moderna processou se acreditando na unidade do pensamento humano especialmente em suas formas mais elaboradas pensamento filos fico pensamento religioso e pensamento cient fico JAPIASSU 1982 Newton j afirmara que o mundo consiste de part culas em movimento e esse ponto de vista foi adotado no s culo XVIII Com o desenvolvimento da qu mica no s culo XIX 80 e
453. s modelos idealizados que refor am a id ia de uma moral heter noma centrada no comportamento dos indiv duos Assim a deontologia refere se a moralidade do agente e a Bio tica a moralidade dos fatos Os princ pios absolutos em determinadas circunst ncias n o d o conta de resolver determinadas situa es em determinados contextos Rego 2004 cita como exemplo uma situa o ocorrida em Seattle no in cio de 1960 quando foi desenvolvida a tecnologia da realiza o da di lise renal O n mero de pacientes com doen a renal cr nica que poderia beneficiar se desse novo recurso terap utico excedia a capacidade instalada para a terapia Que pacientes deveriam ser escolhidos para beneficiar se e quais os que deveriam morrer A vida sagrada e o primeiro direito natural do ser humano o de viver Os recursos s o escassos e as necessidades ilimitadas A realidade objetiva nesta circunst ncia foi um marco para a Bio tica Foi questionado por que esta decis o deveria caber exclusivamente ao m dico uma decis o que extrapolava sua compet ncia t cnica de caracterizar o quadro cl nico e indicar o tratamento Seattle constituiu um comit com membros representantes dos mais variados setores da sociedade para que se pudesse decidir quem seriam os benefici rios da terapia que se introduzia no momento Na pr tica m dica necess rio que o profissional seja capaz de incluir o outro entre suas preocupa es Maturana e Varela 2004 advogam
454. s os epis dios as aventuras Walter Benjamim responde que qualquer um de n s uma personagem hist rica FREITAS 2006 p 50 Elejo como procedimento do trabalho de campo a entrevista semi estruturada e n o estruturada a observa o participante por considerar relevante a considera o de estar o observador face a face com os observados inclusive junto ao seu cen rio cultural A qualidade da entrevista o ponto mais importante do trabalho sem limitar o tempo de 47 dura o das entrevistas com respeito velocidade e as formas de express o de cada indiv duo A entrevista semi estruturada e a n o estruturada pode se dizer que diferem apenas em grau de interven o porque como observa Minayo 2000 p 121 nenhum intera o para finalidade de pesquisa se coloca de forma totalmente aberta Esta informa o abre se para a n o estrutura e a semi estrutura da entrevista na tentativa de se compreender as especificidades e as id ias mais profundas das pessoas com rela o aos fen menos que estudo em Hist ria Oral o entrevistado considerado ele pr prio um agente hist rico Nesse sentido importante resgatar sua vis o acerca de sua pr pria experi ncia e dos acontecimentos sociais dos quais participou Por outro lado a subjetividade est presente em todas as fontes hist ricas sejam elas orais escritas ou visuais O que interessa em Hist ria Oral saber por que o entrevistado foi seletiv
455. s boas vindas nas esferas dos imortais N o tendo estado enfermo e n o tendo sofrido f cil me foi adaptar me imediatamente s novas condi es de exist ncia ineg vel que os fen menos estudados em EQM corroborados pela ci ncia esp rita sobretudo os estudos de Kardec 2007 mostram que a ordem de fen menos que em que se d a libera o do esp rito do corpo f sico e a ordem de fen menos estudados nas EQM s o semelhantes Da deduzir se que uma intelig ncia pensante sobrevive ao corpo f sico Lembra o pesquisador holand s Van Lommel et al 2001 uma de nossas refer ncias de pensamento em medicina sobre EQM que nunca se provou que consci ncia e mem ria est o localizadas no c rebro e se pergunta como pode uma consci ncia clara se pronunciar fora do corpo no momento em que o c rebro n o est funcionando durante o per odo de morte cl nica com um eletroencefalograma isoel trico sem atividade cerebral Vemos essa pergunta de Van Lommel et al 2001 mostrando que um paradigma morfo fisio biologicista n o d conta de explicar esta ordem de fen menos sem que haja uma redefini o do sujeito humano alvo das pr ticas m dicas Van Lommel et al 2001 prop em que identidade emo o e cogni o podem funcionar independentemente do corpo em situa es em que o eletroencefalograma acusa o c rebro estar isoel trico ou seja em situa es que acusam o seu n o funcionamento mas ret
456. s casas deles muito forte a espiritualidade dos ndios No vel rio da aldeia o corpo do morto fica no local em que a pessoa costumava dormir e os ndios se deitam do lado do corpo abra am beijam o corpo Como se aculturaram querem enterrar no caix o Os homens da fam lia saem de saiote e voltam correndo espalhando poeira para que o Esp rito do morto n o mais ache o caminho de volta para casa Dentro do quarto onde eu deitava na casa que funcionava como Posto de Sa de e casa senti passar embaixo da rede um Esp rito uma crian a brincando S o Esp ritos ing nuos livres como se n o carregassem tanta coisa Uma dentista minha companheira de quarto estava sendo sufocada por um fantasma acordou gritando E eu sonhava que tinha um homem dentro do quarto s vezes escuto umas vozes Estava numa toyota bandeirante vindo da aldeia ind gena numa viagem de seis horas em dire o cidade escutando m sica num diskman quando ouvi um Esp rito dizendo que mais adiante a estrada estava interrompida Ao mesmo tempo tive a vis o de uma rvore ca da numa estrada estreita Cerca de dois quil metros ap s nos deparamos com a tal rvore numa cena exatamente igual minha vis o Tenho sempre a sensa o de que minha miss o a de ajudar as outras pessoas a de confortar Tenho isso desde crian a Compreendo que os beb s entendem minha conversa Procuro uma maneira de compreender tudo isso para cumprir minha miss o de f
457. s pr ticas m dicas que incorpore uma id ia de ser que antecede a sua liga o com o corpo f sico e continua a existir ap s o desligamento do corpo f sico KARDEC 2006a Voltando ao caso em estudo certamente Raimunda mulher de Em dio parece demonstrar na fala uma id ia do que normal para as pessoas do lugar e do que vinha da parte do marido sob a forma de poder ps quico que era incomum Ressalte se tamb m o car ter p blico destes extravazamentos que parecem precisar da legitima o da coletividade no caso legitima o representada pelo assentimento do patr o para investir se do que poderemos chamar poder de cura Esse car ter p blico dos fen menos e a tentativa de uma produ o simb lica para explic los recorrente nessa ordem de fen menos de mediunismo descritos em Maranguape Tamb m se pode observar que os momentos de mediunismos ostensivos poderiam ser caracterizados pelo que Durkheim 1989 p 283 chama de del rio em seu livro As formas elementares de vida religiosa e que envolve uma proje o de sentimentos impress es e intui o Com o autor se chamamos del rio qualquer estado no qual o esp rito aumenta os dados da intui o sens vel projetando seus sentimentos e suas impress es nas coisas talvez n o exista representa o coletiva que n o seja delirante em certo sentido as cren as religiosas constituem apenas caso particular de lei muito geral Durkheim 1989 refere
458. s vezes demorava a voltar para o corpo tinha sensa o de que ia morrer Sa de casa por duas vezes sai e fiquei olhando as estrelas Dormia com um monte de bonecas com medo de sair do corpo Ficava cansada ao acordar mas gostava Podia flutuar e podia andar fora do corpo dormindo ou acordada s vezes via esp ritos de crian as em casa Minha m e e minha irm viam as mesmas crian as Essas experi ncias s o as melhores lembran as da minha inf ncia o grande lance era sair do corpo Minha m e disse que at os sete anos a gente podia ser anjo resolvi ent o nessa idade parar de comer queria morrer virar anjo e ir para o c u Achava essas experi ncias t o boas que eu queria morrer e virar anjo Ent o minha m e me levou ao enterro de um beb de um ano que havia morrido de meningite estava num caix o azul sem tampa e ela me disse que morrer era ficar daquele jeito ir para embaixo da terra e ser comido pelos vermes Depois desse dia resolvi desistir de morrer e voltei a me alimentar Foi um tratamento de choque Na adolesc ncia com quinze anos fui perseguida por um esp rito obsessor essa terminologia eu sei porque meu irm o de 28 anos esp rita e tenho tamb m um tio esp rita e s vezes ou o as conversas deles Nessa fase da adolesc ncia todo dia quando ia trocar de roupa esse rapaz queria me olhar Eu via esse esp rito como se fosse uma sombra escura sentia que era ruim Ficava assustada e chamava
459. scimento malogrado de J lio devido suic dio em encarna o anterior suic dio esse que lesou os tecidos perispirituais no chackra lar ngeo J lio reajustou se para a continui o regular da luta evolutiva que lhe compete O renascimento malogrado n o teve para ele t o somente a significa o expiat ria necess rio ao Esp rito que deserta do aprendizado mas tamb m o efeito de um rem dio curativo A perman ncia no campo f sico funcionou como recurso de elimina o da ferida que trazia nos delicados tecidos da alma A carne em muitos casos assim como um filtro que ret m as impurezas do corpo perispiritual liberando o de certos males nela adquiridos XAVIER 2003 p 231 A doen a surge como um estado secund rio a perturba o do equil brio celular encontra se muito mais radicada na distonia da mente NOBRE 2005 que causa desequil brio nos tecidos perispirituais A nobre Instrutora Espiritual Joanna de Angelis na obra O Ser Consciente estuda o ser humano em sua estrutura f sica ps quica e transcendental em an lise profunda compreendendo que cada pessoa a soma das suas experi ncias transatas e sua mente o ve culo formador de quanto se lhe torna necess rio para o processo iluminativo FRANCO 2002 O Esp rito Joanna de Angelis esclarece tamb m que a realidade do Esp rito indissoci vel de todo acontecimento f sico e ps quico FRANCO 2002 p 37 enfatizando que o poten
460. scolhi ser cat lica sou jovem quero sair usar roupas modernas Religi o eu creio em Deus a salva o individual cada um procura a sua Estou h uma semana sem dormir de dia eu estava muito depressiva N o sou de tomar rem dio Para mim rem dio uma droga Trabalho noite na firma Tenho que dormir de dia Queria ser telefonista gosto muito de conversar No meu trabalho tenho que ficar calada trabalho com produtos qu micos Durante a reza de 142 seu Ananias senti que estava se afastando o que eu estava sentindo Ele disse para eu rezar para o meu anjo da guarda Minha m e n o me quer Estou preocupada porque s tenho minha av tenho medo de ficar sozinha Trabalhei na casa de uma senhora loura de olhos verdes em Fortaleza gostava muito de l Ela disse que eu podia lhe chamar de m e e o marido dela de pai As outras empregadas tinham inveja Ela tomava muitos rem dios calmantes muito dependente um monte de drogas Um dia ela esqueceu uns perfumes numa loja e desconfiou de mim Rezei para ela encontrar os perfumes Eles tinham ficado na Manix Ela me deu uns presentes mas fiquei sentida N o quis mais ficar l Di logo n mero 11 A C B C 11 anos cat lica Sexta feira vim morta de cansada da escola por causa da f sica Minha av disse que eu estava muito vermelha e estava mole Minha av me trouxe para rezar Seu Ananias disse que era uma sombra que estava me perturbando Di logo n mero 12
461. se ao del rio como uma esp cie de exalta o ou de intensidade de vida que se apresenta em algumas situa es de modo particularmente sens vel O problema que Durkheim 1989 quer reduzir toda a for a dos sistemas de 136 cren as religiosas fun o de coes o social Se esta fun o importante n o se deve reduzir a natureza do espiritual a este aspecto Como observamos as religi es al m de serem oportunidades da sociedade se pensar a si mesma referem se a uma ordem de fen menos onde o universo se abre ao energ tico e sai do sens rio e extrapola ao que se conhece como refer ncia morfo bio fisiol gica alcan ando propriamente como proponho ao que da ordem do espiritual Di logo n mero 09 Isa ra em sua resid ncia em Maranguape O que acontece quando a pessoa reza Tem gente que n o acredita Quando chega uma crian a que a m e tem f a crian a sai e fica boa Tem crian a com ventre ca do e sai boa Quebranto Deus bom Pergunto se um dom o of cio de curar Isa ra continua sua narrativa Minha m e era parteira dos matos Toda vez que a minha m e fazia os partos dela ela fazia as ora es J peguei cinco crian as como parteira A m e me ensinou e disse que era para que uma de n s assumisse o lugar dela quando ela viesse a faltar Eu morava nos matos Uma vez uma mulher precisou Eu cortei o umbigo do menino mas o que eu continuei mesmo foi reza Dei muit
462. se uma porta e desceu uma escada Ali eu fiquei me vendo deitada no leito vi as pessoas que estavam ao meu lado e eu me encontrava muito em cima Eu estava fora do corpo como se o esp rito tivesse sa do do corpo como se eu estivesse noutra dimens o mais em cima do local do corpo me contemplando Sentia que era o meu fim material Eu estava numa sala de recupera o pequena e apertada Hoje eu sei que o esp rito sai do corpo Eu pude sentir e ver que o c u era mais em cima eu teria que apanhar um transporte que j estava me esperando para chegar na cidade celestial E quando acordei o doutor estava ao meu lado e me falou que eu estava tima 217 E agora eu lembro que quando eu dormia andei por uma estrada t o longa na qual havia um grande deserto e algumas plantinhas e que ao final dela encontrei uma ponte que n o podia atravessar pois na frente havia um grande mar do lado direito montanhas e do esquerdo um abismo Compreendi que se atravessasse a ponte eu iria para o outro lado da vida E quando acordei era tudo t o estranho Na UTI os auxiliares e os enfermeiros andavam de um lado para o outro e eu achava tudo muito esquisito Entre as auxiliares de enfermagem havia auxiliares homens Eu n o gostei de forma alguma quando escalaram um para fazer parte do banho Fiquei t o agitada que consegui falar S n o lembro se ainda estava entubada ou se foi depois E eu pedi ent o que fosse atendida por auxiliar do sexo femini
463. segii ncias dos pensamentos O pensamento atributo do esp rito BOZZANO 2006 KARDEC 2006a XAVIER 2002 NOBRE 2003 Em Xavier 1987 p 10 76 o esp rito Emmanuel nos ensina que o nosso pensamento cria a vida que procuramos atrav s do reflexo de n s mesmos at que nos identifiquemos um dia no curso dos mil nios com a Sabedoria Infinita e com o Infinito Amor que constituem o Pensamento e a Vida de Nosso Pai S a Vontade suficientemente forte para sustentar a harmonia do esp rito O pensamento for a criativa a exteriorizar se da criatura que o gera por interm dio de ondas sutis em circuitos de a o e rea o no tempo sendo t o mensur vel como o fot nio que arrojado pelo fulcro luminescente que o produz percorre o espa o com velocidade determinada sustentando o hausto fulgurante da Cria o Deduz se dessas orienta es que a sa de a harmonia da alma em sintonia com o Pensamento Divino Ou seja a sa de est relacionada diretamente conex o com a Intelig ncia suprema e causa primeira de todas as coisas KARDEC 2006a Em Xavier 2001 o instrutor espiritual Emmanuel orienta que sa de a perfeita harmonia da alma mas 255 para sua obten o necess ria muitas vezes a preciosa contribui o das doen as e das defici ncias transit rias da terra Frankl 1992 criador da an lise existencial que reconhece no ser humano a dimens o nool gica
464. sencoraja em procurar ajuda para mais bem compreender essa experi ncia GREYSON 1997 GREYSON HARRIS 1987 A maioria das pessoas que passa por uma EQM ajusta se experi ncia e aos seus efeitos Com frequ ncia o processo de adapta o p s EQM requer a ado o de novos valores atitudes e interesses Familiares e amigos podem ter dificuldades em compreender as novas cren as e os novos comportamentos dos que vivenciaram a EQM Alguns familiares e amigos evitam essas pessoas e outros amigos e familiares influenciados pela m dia leiga sobre os efeitos positivos de uma EQM podem endeusar essas pessoas e esperar mudan as irreais rejeitando as mesmas quando as expectativas n o s o atendidas GREYSON 1997 GREYSON HARRIS 1987 Muitas pessoas ao vivenciarem uma EQM definem se como sobreviventes de uma EQM S o pessoas que podem ter problemas emocionais como raiva e depress o por terem sido ressuscitados e mandadas de volta talvez contra a pr pria vontade Esses indiv duos frequentemente apresentam dificuldades para conciliar a experi ncia de EQM com os ensinamentos de suas cren as religiosas tradicionais ou os seus valores com os estilos de vida pr vios Como as viv ncias da EQM tornam se centrais para a auto identidade desses 204 pacientes e parecem diferenci los das outras pessoas que convivem com eles a maioria das novas atitudes e cren as t o diversas das cren as e das atitudes daqueles que o circundam
465. sentidos naturais que acompanha a a alma em sua evolu o infinita e com ela se melhora e purifica a alma princ pio inteligente centro da for a foco da consci ncia e da personalidade A alma desprendida do corpo material e revestida do seu inv lucro sutil constitui o Esp rito ser flu dico de forma humana liberto das necessidades terrestres invis vel e impalp vel em seu estado normal Vimos nesta tese tamb m dialogando com Delanne 2001 p 133 al m de Kardec 2006a entre outros que este liame nomeado pelo pensamento esp rita de perisp rito um mecanismo mediante o qual a alma atua sobre a mat ria experi ncia que pudemos estudar a partir das narrativas que contaram sobre momentos de desdobramento vividos pelos sujeitos que viveram EQM e que foram depoentes desta tese Pode se ver que a j se estrangula um paradigma materialista e j se sabe que estudos consistentes desde o s culo XIX s o empreendidos em dire es que superam estes limites Na verdade estudos s o realizados sobretudo ap s por Allan Kardec 1804 1869 No pre mbulo do livro O que o Espiritismo Kardec 1859 j afirmava Espiritismo uma ci ncia que trata da natureza origem e destino dos Esp ritos bem como de suas rela es com o mundo corporal Kardec 1804 1869 foi um cientista com mente alargada e vis o profunda a qual permeou toda sua produ o intelectual como toda a codifica o da ci ncia filosofia e reli
466. ser muito mais comuns do que as observadas ap s parada card aca KELLY et al 2006 Van LOMMEL et al 2001 As pessoas que vivenciaram uma EQM relatam acontecimentos que n o podem ser vistos nem vivenciados por aqueles sua volta plaus vel a hip tese de que as EQMs sejam alucina es provocadas pela medica o comumente prescrita a pessoas em estado terminal ou por dist rbios metab licos ou ainda por mau funcionamento cerebral em pessoas pr ximas morte No entanto muitas EQMs s o relatadas por pessoas sem disfun es org nicas nem metab licas que pudessem causar alucina es assim como sujeitos que recebem medica o na verdade referem menos EQMs do que as pessoas que n o a recebem GREYSON 1990 OSIS HARALDSSON 1977 SABOM 1982 Sabe se que o mau funcionamento cerebral do ponto de vista org nico produz geralmente turva o da consci ncia irritabilidade medo agressividade e vis es idiossincr sicas bastante diferentes do pensamento claro e do sentimento de paz da calma e dos conte dos previs veis t picos da EQM Pessoas com del rio normalmente v em pessoas vivas ao passo que os indiv duos pr ximos morte e sem altera es do n vel de consci ncia quase sempre v em pessoas falecidas OSIS HARALDSSON 1977 Pessoas febris ou an xicas quando pr ximas da morte referem menos EQMs e experi ncias menos elaboradas do que os indiv duos que n o est o fazendo uso de f rmacos e que n o est
467. situada al m do psico f sico inclui o espiritual al m da dimens o religiosa mas valorativa intelectual e art stica Reconhece o inconsciente espiritual uma espiritualidade inconsciente descobriu a religiosidade em estado latente no interior do sujeito a tend ncia inconsciente para Deus Frankl 1992 chamou de estado inconsciente de rela o com Deus ou presen a ignorada de Deus O m dico psiquiatra com ampla viv ncia cl nica e pessoal foi prisioneiro de quatro campos de concentra o fala de uma f inconsciente e de um inconsciente transcendental que inclui a dimens o religiosa Mostra tamb m que o sentimento religioso natural tem sido v tima da repress o por parte da raz o absoluta ou intelig ncia tecnicista produzindo normopatas ou norm ides prisioneiros da racionalidade instrumental Os estudos de Frankl 1992 1985 demonstram que o ser humano experimenta al vio psicol gico ao considerar sua transcend ncia ao encontrar o sentido ltimo da vida em Deus ou ao sentir se ancorado no Absoluto Na logoterapia criada por Frankl o tratamento psicoterap utico permite libertar a f primordial reprimida no inconsciente O psiquiatra afirma que a neurose obsessiva que seria a religiosidade psiquicamente doente FRANKL 1992 p 53 O m dico vienense cita a fala interessante de uma paciente que ap s d cadas de tratamento psiqui trico compreendeu que sua doen a era causada pela sua religio
468. sp ritas se legitima dentre outras vias por uma vasta literatura medi nica Devemos rever nossos paradigmas pois tamb m buscando a refer ncia esp rita como ci ncia filosofia e religi o Paradigma M dico Espirita Da constitui o do ser humano definindo o sujeito como Esp rito individualidade imortal reencarnada No estudo sobre os rezadores de Maranguape primeiro cen rio desta tese vimos como o rezador Ananias e outros realizavam uma esp cie de exterioriza o an mica em sua reza identificando o que nomeavam como esp ritos e tamb m identificando energias que chamavam como mau olhado quebranto entre outros modos de nomear essa ordem de fen menos vivenciadas pelos que acorriam ao Posto de Sa de e s pr ticas dos rezadores Tamb m os rezadores se mostraram como capazes de vivenciar poderes ora controlados e ora incontrolados que percebiam como mandatos espirituais e que lhes impeliram na dire o do trabalho com curas de doen as Esta ordem de fen menos que o espiritismo nomeia de medi nicos KARDEC 2006a 2006b tamb m n o encontra amparo no paradigma morfo fisio biologisicta O paradigma morfo fisio biologicista n o comporta estes tipos de eventos como parte de sua constru o te rico pr tica em sa de Para pensarmos em termos de exterioriza o an mica de energias em movimento e de mediunidade como rela o entre o plano f sico e o espiritual KARDEC 2006b tem
469. sportaram para perto de um carro neste o meteram subiram bol ia e partiram Acompanhei ent o o carro que parou borda de um fosso onde o meu cad ver foi arriado e enterrado Fora eu o nico assistente do meu enterro As sensa es experimentadas na crise da morte foram as que se experimenta quando o sono se apodera da gente mas deixando que ainda se possa lembrar de alguma id ia que tenha tido antes do sono A gente por m n o se lembra do momento exato em que foi tomado pelo sono o que se d por ocasi o da morte Mas um pouco antes da crise fatal minha mentalidade se tornara muito ativa lembrei me subitamente de todos os acontecimentos da minha vida vi e ouvi tudo que fizera dissera pensara todas as coisas a que estivera associado Lembrei me at dos jogos e brincadeiras do campo militar gozei os quando deles partipei meus bons amigos soldados n o mais me abandonaram desde que desencarnei at o momento em que fiz a minha entrada no mundo espiritual l tinha eu av s irm os e irm s que entretanto n o me vieram receber quando desencarnei Ao entrar no mundo espiritual parecia me caminhar sobre um terreno s lido e vi que ao meu encontro vinha uma velha que me dirigiu a palavra assim Jim ent o vieste para onde est vamos Olhei a atentamente e exclamei avozinha s tu Sou eu mesma meu caro Jim Vem comigo E me levou para longe dali para sua morada Uma vez l d
470. ssas part culas foram identificadas com os tomos da teoria de Dalton mas as hip teses da f sica newtoniana s o ainda aceitas pela maioria dos cientistas A perspectiva newtoniana contudo vista em uma moldura cr tica como determinista ao afirmar que o comportamento futuro de qualquer sistema pode ser previsto a partir de um conhecimento detalhado do seu estado atual vista como reducionista ao afirmar que o comportamento de um sistema determinado pelo comportamento de suas partes menores sem cuidar de rela es entre as partes realista ao presumir que as teorias cient ficas descrevem o mundo como ele independente do envolvimento do observador identificando assim a objetividade com a separabilidade do observador em rela o ao objeto observado Nesta moldura cr tica da sociedade o Esp rito Emmanuel 2008 p 150 relata que a civiliza o est em crise porque conheceu a sua senten a de destrui o A guerra no seu mecanismo industrial econ mico e pol tico imprescind vel e inevit vel A ci ncia tem utilizado suas descobertas em grande parte para a destrui o e para a morte o organismo social moderno repousa mais na edifica o armamentista m ngua dos conhecimentos espirituais XAVIER EMMANUEL 2008 Em Xavier Emmanuel 2008 p 140 numa an lise profunda dos tempos modernos traz uma s ntese importante De cada vez que os homens querem impor se arbitr rios e desp ticos diante das
471. ssidade de modelos explicativos mais abrangentes que comportem outra compreens o do sujeito humano Sigamos observando 213 como os processos sensoriais e como a mem ria continuam a estar presentes nas experi ncias de quase morte Kelly et al 2007 relata em seus trabalhos Um modelo adequado das intera es mente c rebro precisa ser capaz de explicar como a consci ncia pode funcionar de forma t o complexa durante uma EQM observando se o ato de pensar a percep o sensorial e a mem ria continuam a ocorrer durante uma parada card aca sob anestesia geral os modelos fisiol gicos atuais que explicam o funcionamento da mente consideram tais eventos imposs veis Aprofundando mais os estudos prospectivos de Fenwick et al 2000 de abordagem qualitativa e quantitativa com sobreviventes de parada card aca sugerem que a ocorr ncia de epis dios de EQM durante a parada card aca levanta quest es acerca da poss vel rela o entre c rebro e o esp rito Aponta serem necess rios mais estudos em maior escala para compreender a etiologia e o verdadeiro significado dos epis dios de EQM Vemos nesses estudos com sobreviventes de parada card aca de ordem qualitativa e quantitativa que envolvem recorda es dos pacientes sobre o que foi vivido que dentro do paradigma biom dico j se suscita e se prop em estudos acerca da poss vel rela o entre c rebro e esp rito Van Lommel et al 2001 explicam que com rela
472. sso de gravidez e de parto desde a unidade de terapia intensiva neonatal at chegar enfermaria M e Canguru 1 5 3 Experi ncia de Quase Morte Ascen o no Empireo Hieronymus Bosch 1453 1516 Intuitivamente descreveu o t nel pelo qual as almas adentram rumo s esferas superiores do mundo espiritual Figura 4 Ascen o ao Empireo Fonte Hironymus Bosch 1453 1516 60 Figura 5 Apari o medi nica 1855 Catherine Irene Newton e John King Fonte James Tissot 1836 1902 Experi ncia de quase morte um termo criado pelo m dico americano Raymond Moody Jr 1975 1992 para conceituar a viv ncia de indiv duos que foram considerados clinicamente mortos mas que voltaram a viver normalmente e se lembram na maioria dos registros feitos at ent o de terem experimentado sensa o de estar morto ouvir o an ncio da pr pria morte sensa o de flutuar para fora do corpo paz e aus ncia de dor inefabilidade sentimentos qualificados pelos sujeitos como de real valor capacidade de se deslocar na velocidade do pensamento para o local que desejasse capacidade de ouvir o que os m dicos e os familiares estavam falando durante a viv ncia de uma perspectiva que n o teria se estivesse em seu corpo deitado mover se em um t nel e ser atra do por uma luz brilhante branca dourada azul ou visualizar bonitas pontes ou portas com feitio est tico incomum por onde atravessava para outra dimens o para o mundo
473. ssos de pensamento com racioc nio e da forma o de mem ria que ocorrem durante o per odo sem atividade cerebral Estes estudos s o relevantes para a compreens o da natureza da consci ncia humana e da sua rela o com o c rebro que ainda constitui um enigma A mem ria um indicador muito sens vel de les o cerebral e a extens o da amn sia antes e ap s o per odo de inconsci ncia um indicador da severidade da les o Eventos que ocorrem pouco antes ou pouco depois da perda de consci ncia n o se espera que sejam lembrados No entanto h numerosos relatos de pacientes capazes de lembrar de detalhes das manobras de ressuscita o realizadas pelos m dicos durante a parada card aca lembran as essas inexplic veis dentro do que se conhece nos dias atuais Para que essa mem ria pudesse ocorrer uma forma de consci ncia necessitaria estar presente durante a parada card aca em que o eletroencefalograma est isoel trico sem fun o cerebral Grande desafio para a neuroci ncia explicar como ocorre a experi ncia subjetiva Chalmers 1997 neurocientista diz que faltam evid ncias acerca de como os neur nios ou de como os circuitos neurais podem produzir a ess ncia subjetiva da mente e dos pensamentos Van Lommel et al 2001 em seus estudos comprovou que apenas poucos pacientes relatam mem rias do per odo de inconsci ncia caracter sticas de EQM ap s parada card aca e que essas mem rias geralmente s o agrad
474. st o determinada socialmente 65 DA ROS 2004 Virchow 1948 vai afirmar que as doen as s o causadas pelas m s condi es de vida hegemonia n o interessava as investiga es da medicina social que apontavam para mudan as sociais no capitalismo e no Estado O pensamento calcado na unicausalidade no microorganismo na doen a tirava do Estado a responsabilidade e abria a possibilidade de culpar a v tima iniciando o higienismo na sa de p blica e o desenvolvimento de tecnologia para investigar as unicausas e para a ind stria farmac utica erradicar as respectivas causas Da Ros 2004 explicita que a hegemonia instala ideologicamente um jeito de pensar descartando se a quest o das determinantes sociais do processo sa de doen a e sociedade instalando as bases para o chamado complexo m dico industrial Rosen 1979 relata que a hegemonia passa a ter sua base cient fica nas ci ncias exatas e abandona definitivamente a possibilidade da medicina ser tamb m uma arte A medicina sempre tentou valorizar se como ci ncia exata portanto o biol gico era o nico pensamento aceit vel desde que convertido em dado matem tico LAUREL 1994 O paradigma da educa o m dica da forma o em sa de tem sido caracterizado pelo modelo que resultou do relat rio Flexner 1910 que introduziu a fragmenta o do conhecimento em reas especializadas Flexner professor da Johns Hopkins University financiada pela Rockefeller Foundati
475. ste estudo sugere que os relatos das experi ncias de EQM s o confi veis ao longo de um per odo de duas d cadas o que sustenta a validade dos estudos em que as EQMs ocorreram em anos anteriores investiga o Os achados de Greyson 2007 s o consistentes demonstrando que os relatos n o apresentam mudan as com a passagem do tempo e que as mem rias da EQM parecem ser mais est veis do que as mem rias de outros eventos traum ticos Os estudos tamb m mostram que muitos poucos tra os ou que vari veis pessoais foram identificados para que pudessem predizer se uma pessoa ter uma EQM ou que tipo de experi ncia poder ter Outros estudos retrospectivos com pessoas que vivenciaram uma EQM demonstram que essas pessoas s o sujeitos psicologicamente saud veis que n o diferem dos grupos controle em rela o a idade ao g nero etnia religi o religiosidade ou sa de mental GABBARD TWENLOW 1984 GREYSON 1991 IRWIN 1985 SABOM 1982 Locke e Shontz 1983 em seus estudos com pessoas que vivenciaram uma EQM relatam que s o indiv duos indistingu veis da popula o geral quanto intelig ncia neurotiza o extrovers o ansiedade e s medidas relevantes de Rorschach 198 Irwin 1985 realizou estudos que sugeriram que pessoas que passaram por uma EQM tendem as ser sujeitos facilmente hipnotiz veis a recordar mais frequentemente dos seus sonhos e a ter mais facilidade no uso da visualiza o
476. sultando da experi ncia sensorial Foi Galileu quem introduziu um corte epistemol gico na hist ria do pensamento ocidental Foi ele quem rompeu com todo o sistema de representa o do mundo antigo e do mundo medieval Ele o antim gico por excel ncia Encarna a concep o mecanicista do saber o primeiro esp rito verdadeiramente moderno JAPIASSU 1982 De acordo com Galileu a experimenta o constitui um dos princ pios b sicos do m todo cient fico DAMASCENO 2005 Esta postura produz a autonomia do 70 conhecimento cient fico em rela o ao conhecimento filos fico a experimenta o passa a corporificar a forma de produzir ci ncia demarcando ent o a cis o entre o modo de pensar da filosofia e o da ci ncia moderna DAMASCENO 2005 Galileu estabeleceu a hip tese de Cop rnico como teoria cient fica v lida e foi o primeiro a combinar experimenta o cient fica com o uso da linguagem matem tica para formular leis da natureza por ele descobertas sendo considerado o pai da ci ncia moderna Foi Galileu e n o Cop rnico quem inaugurou a revolu o cient fica moderna JAPIASSU 1982 Assinalam se costumeiramente dois aspectos pioneiros de seu trabalho a abordagem emp rica e o uso de uma descri o matem tica da natureza que se tornaram caracter sticas dominantes da ci ncia no s culo XVII subsistindo como importante crit rio das teorias cient ficas nos s culos seguintes Capra 1982
477. surgem as sensa es e as percep es como se relacionam mem ria e cria o chega se mesmo a um contexto te rico que admite experi ncias mentais de expans o da consci ncia SALDANHA 2006 Existe uma fisiologia propondo um sistema mental que envolve o sistema nervoso o sistema end crino e o sistema imunol gico situando a psiconeuroimunologia em novas bases que tentam sustentar teoricamente uma biogu mica das emo es Na realidade esse conhecimeno bem antigo em Prov rbios 17 22 j est colocado esse conhecimento Um cora o alegre facilita a cura um esp rito abatido resseca os membros A psiconeuroimunologia a rea da ci ncia que estuda a intera o entre os sistemas nervoso imunol gico end crino e o fator psicol gico KROPIUNIGG 1993 REICHLIN 1993 DANTZER 1997 ADER 1987a 1987b 1988 2000 KOENIG 2000 MASEK et al 2000 A psiconeuroimunologia foi assim denominada h cerca de vinte anos originou se da tentativa de explica o do mecanismo de funcionamento do chamado efeito placebo HARRINGTON 1997 A resposta do organismo ao placebo pode envolver componentes de diversas naturezas tanto emocional quanto f sica ou simb lica sendo que todas colaboram para a ativa o de uma resposta neurobiol gica LEVINE et al 1978 Diversos pesquisadores trouxeram evid ncias sugestivas de que o efeito placebo poderia ser explicado como uma resposta condicionada do organismo constitui
478. t o quarto de minha m e e vi meu pai ao seu lado Fiquei assustado e perguntei O senhor n o morreu Ele passou pelo meio da cama e da rede e respondeu me Isso prova que a morte n o existe Quando meu pai desencarnou eu tinha poucos anos de vida Nesse dia ele estava muit ssimo mais novo quase n o o reconheci Quando nasci minha av materna Isabel j tinha desencarnado Certa feita num outro desdobramento fui at a sala e vi a minha av sentada mesa em postura de ora o O choque a emo o atrapalha a viv ncia Reconheci minha av pela foto na sala de nossa casa que hoje est em meu apartamento Olhava muito para ela e ela olhava muito para mim O despertar n o voltando para o corpo s vezes como se estivesse acordando normalmente outras vezes pulo no corpo de volta Minha m e Milena desencarnou em 18 de outubro de 2003 num s bado tarde domingo foi o sepultamento Dia 20 de outubro segunda feira noite ap s uma reuni o de ora es por ela ao deitar me senti a press o no ouvido Relacionei ao desencarne de minha m e Sentei me na cama e vi o meu corpo deitado Do corredor que d para o meu quarto surgiu um claro no ambiente quando mam e entrou Parecia luz fluorescente no plexo solar na altura do seu cora o iluminou todo o ambiente Ela vinha apoiada por duas pessoas n o dava para ver o rosto dessas duas pessoas O rosto de minha m e era bem vis vel e ela est
479. t lica amava os rituais lit rgicos convivia com as imagens de santos que nossa cultura nordestina ofertava e sempre venerava e venero sempre mais a M e Sant ssima desejava coro la no m s de maio junto s outras crian as mas n o podia comprar uma roupa de anjo Nasci em Fortaleza fui morar no Esp rito Santo aos nove meses de idade Depois morei uns anos em Minas Gerais alguns meses em Fortaleza novamente De novo em Minas Gerais um ano na Pennsylvania nos Estados Unidos interc mbio em escola publica bolsa de estudo alguns meses no Rio de Janeiro e finalmente aos vinte anos novamente retornei para o amado Cear Aos seis ou sete anos morando em Vargem Alta no interior do Esp rito Santo com flores do campo coroava a imagem de Nossa Senhora do Perp tuo Socorro num ritual em que inclu a meus tr s irm os Adorava as narrativas sobre as almas sempre os mais velhos contavam algum acontecimento envolvendo as pessoas que j se foram Este sempre foi o meu assunto predileto E aos seis sete anos em Vargem Alta antes de dormir todas as noites eu sentia a visita de uma alma que ficava um tempo beira de minha cama eu cobria o rosto embora n o sentisse medo e percebia quando a visita retirava se s ent o eu descobria o rosto e dormia Nem sequer comentava sobre tal ocorr ncia intuitivamente achava natural Tamb m foi em Vargem Alta regi o de montanhas muito verde e muito fria onde comecei a
480. ta a EQM de um sujeito que vivenciou uma experi ncia de quase morte durante um afogamento e Donnet 1866 publica o relato denominado enterro prematuro premature interment no Lancet Pesquisas recentes sugerem que experi ncias de quase morte s o referidas por 12 a 18 dos sobreviventes de paradas card acas GREYSON 2003 PARNIA et al 2001 Van LOMMEL et al 2001 Por outro lado trata se de uma experi ncia relevante para a pr xis m dica na acep o freireana do termo uma vez que envolve reflex o sobre o vivido e a o para transforma o 188 da realidade pois as EQMs desencadeiam mudan as abrangentes e dur veis em rela o a cren as a atitudes e a valores dos paciente e dos profissionais de sa de Para o profissional m dico ciente do sentido transformador dessas experi ncias espirituais como conceituo ocorre uma invers o copernicana nessa ambi ncia de reflexividade pois ele passa a contar com a possibilidade de compreender o sujeito que vivencia o processo de adoecimento e de cura como um ser espiritual que possui uma vertente biol gica hist rica social cultural e psicol gica As experi ncias de EQM podem ocasionar confus o com estados psicopatol gicos por m suas consegii ncias s o bem diferentes com abordagem terap utica diferente E o estudo dessas viv ncias poder levar a uma maior compreens o sobre a consci ncia em sua fun o transcendente e a sua rela o com a fun o cerebral G
481. ta ver o mundo vai se constituindo um conjunto de cren as e transformando se o solo das verdades anteriores dessa forma se vai laborando cortes no que era em alguma medida consensuado KUHN 1997 Kuhn 1997 relata em suas reflex es que o futuro n o uma simples continua o do passado e os paradigmas s o conjuntos de regras e regulamentos que estabelecem limites e agem como filtros que ret m dados que v m a mente do cientista E os dados que concordam com o paradigma do cientista t m acesso f cil ao reconhecimento Por m h uma dificuldade em perceber os dados que n o combinam com as expectativas criadas por seus paradigmas Em casos extremos Kuhn 1997 descobriu que os cientistas s o incapazes de perceber dados inesperados para qualquer prop sito pr tico esses dados s o invis veis Como resultado o que pode ser bvio para uma pessoa com um paradigma pode ser totalmente impercept vel para uma pessoa com um paradigma diferente Trata se de uma paralisia de paradigma uma doen a fatal de certeza quando a pessoa n o consegue mudar suas regras e seus regulamentos sem flexibilidade para mudan as As anomalias denominadas por Kuhn 1997 de quebra cabe as sem solu o multiplicam se resistem aos melhores esfor os dos cientistas at que outra perspectiva de explica o outras refer ncias fa am avan ar as novas investiga es Posteriormente Khun 2000 reconheceu que quanto mais complexo o objeto de estudo de u
482. tal Trata se de uma aten o humanizada ao rec m nascido de baixo peso Em 1979 os doutores H ctor Marinez e Edgar Rey Sanabria do Hospital San Juan de Dios Instituto Materno Infantil de Bogot na Col mbia iniciaram essa nova concep o e essa nova forma de lidar com o rec m nascido prematuro e de baixo peso CARVALHO PROCHNIK 2001 Essas crian as constituem um grupo sujeito a infec es cruzadas ao desmame precoce a ao alto percentual de morbimortalidade neonatal com graves consegii ncias m dicas e sociais como abandono dos beb s pelas fam lias quando a separa o longa e com altos custos dos cuidados BRASIL 2002 56 Oliveira et al 2006 relatam que em todo o mundo nascem anualmente vinte milh es de crian as prematuras e com peso abaixo de 2500 gramas e dessas crian as um ter o morre antes de completar um ano de vida Dentro de uma aten o humanizada crian a m e e fam lia respeitando as em suas caracter sticas e individualidades esse m todo propicia maior v nculo m e filho auxilia no desenvolvimento psicomotor dos rec m nascidos notadamente os de baixo peso e promove o aleitamento materno MARGOTTO 2006 O M todo Canguru faz parte da pol tica de sa de do Estado Brasileiro O Metodo M e Canguru definido como um tipo de assist ncia neonatal que implica o contato pele a pele precoce entre a m e e o seu rec m nascido de baixo peso de forma crescente pelo temp
483. taleza Conselho Regional de Medicina 2007 STEFANO G B FRICCHINE G L SLINGSBY B T BENSON H The placebo effect and relaxation response neural processes and their coupling to constitutive nitric oxide Brain Res Rev v 35 n 1 p 1 19 2001 SWARTS Mark H Tratado de semiologia m dica hist ria e exame cl nico 5 ed Rio de Janeiro Elsevier 2006 THOMPSON P A voz do passado hist ria oral 2 ed S o Paulo Paz e Terra 1998 TURNER R P LUKOFF D BARNHOUSE R T LU F G Religious or spiritual problem a culturally sensitive diagnostic category in the DSM IV J Nerv Ment Dis v 183 p 435 444 1995 283 TURNER V Floresta de s mbolos aspectos do ritual ndembu Niter i EdUFF 2005 URBAN C A Bio tica clinica Rio de Janeiro Livraria e Editora Revinter 2003 Van DEL R A The role of death romantization in the dynamics of suicide Suic Life Threat Behav v 7 p 45 56 1977 Van LOMMEL P WEES R MEYERS V ELFFERICH I Near death experience in survivors of cardiac arrest a prospective study in the Netherlands Lancet v 358 n 9298 p 2039 2045 2001 VASCONCELOS E M Org A espiritualidade no trabalho em sa de S o Paulo Ed Hucitec 2006 VASCONCELOS T M Entrevista maio de 2006 VERNY T A vida secreta da crian a antes de nascer S o Paulo Ed C J Salmi 1991 VIEIRA M P PEIXOTO M R KHOURY Y A A pesquisa em hist ria S o Paulo
484. tas 23 que tomam o sujeito das pr ticas m dicas como um corpo f sico e n o um sujeito que uma entidade espiritual com dimens es m ltiplas Por seu lado a experi ncia de quase morte EQM da forma que tem sido afirmada pelos autores que fazem parte do nosso referencial te rico envolve um conjunto de fen menos que est na conflu ncia dos anteriores que estudo nos dois cen rios Vou deter me nesta tese mais na EQM por isso pela extens o dos fen menos que ora abarca e pela extens o dos fen menos com os quais se avizinha no estado da quest o hoje Experi ncia de quase morte um termo criado por Moody Jr 1989 1992 m dico psiquiatra americano e desenvolvido por Greyson 2000 2003 pela m dica sui a Kubler Ross 1991 1998 2003 por Morse e Perry 1997 pelos m dicos ingleses Parnia e Fenwick 2002 pelos m dicos holandeses van Lommel et al 2001 pelo island s Osis e Haraldsson et al 1977 como tamb m pelos cientistas brasileiros Andrade 2000 Nobre 2004 e Iandolli Jr 2004 principais refer ncias te ricas nesta minha tese O termo experi ncia de quase morte EQM desenvolve campos de reflex o met foras e narrativas colhidas dos indiv duos que viveram EQM que caracterizam esse fen meno como a viv ncia de indiv duos que foram considerados clinicamente mortos voltaram a viver normalmente e lembram se de terem experimentado sensa o de estar morto sensa o de flutuar para fora do
485. tas e vinte gramas Paramos um pouco e depois a mo a continuou do ponto em que estava Ela a mo a do livro ent o foi conhecendo algo mais da vida espiritual algo da vida espiritual O ex namorado perseguindo ela foi descobrir que ela frequentava um centro esp rita ia a reuni es e quis ir tamb m Nas reuni es os esp ritos se comunicavam atrav s de outras pessoas e sempre davam algum toque sobre a vida deles dois que servia pra vida deles dois Por exemplo Que ele teria de pedir perd o e ela teria de perdoar que ela deveria deixar ele assumir o filho Ela n o deixava Ela n o deixava mas ia ouvindo isso e aprendendo mais sobre a vida espiritual como eu agora Estou aprendendo mais sobre a vida espiritual estou lendo aquele livro ali mesmo aqui E penso em Deus penso em como Deus mandou a Let cia Voc acha que vai acontecer com voc como aconteceu no livro Ou j est acontecendo N o est acontecendo tudo n o S se algo tocasse Alguma coisa tocasse no cora o dele como tocou no meu Alguma coisa que at agora com ele ainda n o aconteceu O livro foi mais forte para mim que a experi ncia anterior Depois do livro eu n o tou dizendo que conhe o a fundo o que espiritualidade o que espiritismo E o que eu vejo que as pessoas n o acreditam e dizem tinha de acontecer e aconteceu Mas s o pessoas desacreditadas de tudo Eu nunca me interessei a
486. te considerada uma experi ncia espiritual aut ntica e que n o deveria mais ser rejeitada pelos m dicos como uma alucina o uma experi ncia verdadeira e os m dicos n o devem menosprez la por n o poderem explic la MORSE 1997 Temos considerado o sujeito que vive a EQM como sujeito qualificado para compreender e para dar sentido ordem de experi ncia considerada por eles mesmos como experi ncia espiritual A experi ncia espiritual no mbito da EQM segundo defendo est a nos mostrar pois os pontos de estrangulamento de um paradigma ou no m nimo suscita nos reflex es em educa o m dica que nos dever o levar a uma nova vis o do sujeito humano do sujeito das pr ticas m dicas que vivencia percursos de adoecimento e de cura 187 O psicoterapeuta C G Jung teve uma experi ncia de flutuar em 1944 quando sofreu um ataque card aco ele disse que sentiu estar subindo rapidamente para um ponto acima da terra MOODY JR 1975 Jung 2000 fala na fun o transcendente como resultante da uni o de conte dos conscientes e inconscientes que derivam para a emerg ncia de novos estados de consci ncia Seu modelo de funcionamento da psique conduz cura ou ao equil brio dos sujeitos por um caminho que leva personalidade datada e situada em um tempo hist rico determinado em dire o ao inconsciente atemporal e totalidade do self Certamente a psicologia junguiana dar me substratos a d
487. te da puls o de morte que um modo da puls o de Eros Repare se que agressividade seria algo diverso de agress o a primeira teria um acordo com o impulso de vida a segunda seria um gozo secund rio desvio a ser burilado pelos imperativos da lei representada essencialmente pela fun o paterna Nesse quadro de for as a puls o de Eros que manteria a ordem social mas alimentada pela sublima o que a cultura vai exigir dos sujeitos Posso acrescentar que a civiliza o constitui um processo a servi o de Eros cujo prop sito combinar indiv duos humanos isolados depois fam lias e depois ainda ra as povos na es numa nica grande unidade a unidade da humanidade FREUD 1987 p 144 145 Entre as exig ncias da cultura ou do mundo social e as da realidade pulsional do homem v se um sujeito cindido e como que em luta constante Por qu Poder amos dizer de partida que a absolutiza o da tens o indiv duo sociedade que resulta em dom nio e em explora o entre os homens algo produzido historicamente e portanto mutante 159 No pensamento freudiano sublinhado que na economia libidinal essa economia do desejo dos individuos e da cultura ha instintos agressivos que necessitam serem trabalhados no indiv duo pois poem em risco o que se tem constru do como processo civilizat rio A problem tica da base animal da vida humana como ir colocar Pestalozzi com bastante propriedade aqui em Freud j
488. te danificado O estudo destas circunst ncias extraordin rias leva nos a perguntar sobre os limites do modelo biom dico e deixa claro a necessidade de modelos explicativos mais abrangentes que comportem outra compreens o do sujeito humano Kelly et al 2007 afirma em seus trabalhos Um modelo adequado das intera es mente c rebro precisa ser capaz de explicar como a consci ncia pode funcionar de forma t o complexa durante uma EQM observando se o ato de pensar a percep o sensorial e a mem ria continuam a ocorrer durante uma parada card aca ou sob anestesia geral os modelos fisiol gicos atuais que explicam o funcionamento da mente consideram tais eventos imposs veis Greyson 2007 professor de psiquiatria e pesquisador do assunto h d cadas chama a aten o de que as discuss es cient ficas s rias e intelectualmente respons veis precisam levar esses dados em considera o pois somente assim alcan ar o progressos na compreens o do fen meno das EQMs Ele tamb m ressalta a necessidade dos especialistas examinarem os atuais modelos mentais luz das EQMs abrindo se nova ordem de fen menos para que se consiga progressos na compreens o do fen meno da consci ncia da cren a e das suas rela es com o c rebro Como v se com esta revis o de literatura sobre o assunto fatores fisiol gicos psicol gicos e socioculturais podem interagir de forma complexa com uma EQM As experi ncias de quase morte acarretam
489. tecem em uma esfera interpessoal uma vez que o ser humano constr i se sujeito na a o comunicativa A base do agir humano assentar se ia nas rela es comunicativas que os sujeitos estabelecem entre si Vemos aqui que a constru o te rica de Habermas relega a rela o do sujeito cognoscente o sujeito que conhece com os objetos f sicos e sociais do mundo e d lugar maior intera o como lugar de constru o de sentidos e como base para o agir social Dessa forma pensa Habermas propor a constru o de uma racionalidade mais ampla que possa comportar a dimens o cognitivo instrumental mas tamb m a dimens o pr tico moral e a est tico expressiva O estudo de Guatarri e Rolnix 1986 sobre a contemporaneidade intitulado Cartografias do Desejo det m se sobre as micropol ticas do desejo que envolvem uma esp cie de coloniza o da subjetividade humana O capitalismo dessa maneira n o funcionaria apenas no registro dos valores de troca mas seria garantida sua perman ncia por meio de um controle de subjetiva o Aponta esse estudo que o capitalismo mundial em tempos de globaliza o al m de acontecer no plano econ mico produz bens simb licos e subjetividades resultando tamb m por fazer as rela es sociais funcionarem de modo maquinico Relacionando se com seu ambiente social a subjetividade seria composta essencialmente por um conjunto de afetos cambiantes que comporiam uma esp cie de cartografia do d
490. ter ides sexuais Dentre os neurotransmissores neuropept deos podemos citar a serotonina a norepinefrina a acetilcolina a dopamina o cido gama aminobut rico os opi ceos a arginina vasopressina a subst ncia P o pept deo intestinal vasoativo a colecistocinina a ocitocina a melatonina Quanto s citocinas temos as interleucinas 1 2 3 6 al m dos fatores de necrose TNF alfa e crescimento tumoral TGF beta e o interferon gama BLACK 1995 BUCKINGHAM et al 1996 HENRI 1997 MCEWEN et al 1997 Mol culas efetoras neuroqu micas neurohormonais e neuroend crinas que sabidamente interagem com diferentes c lulas do sistema imune As citocinas do sistema imune por sua vez interagem com sistema nervoso e com o end crino numa interliga o sist mica Kardec 2006d p 328 no livro A G nese no cap tulo sobre os flu dos no item 20 assim esclarece acerca desse assunto Quando se diz que um m dico opera a cura de um doente por meio de boas palvras enuncia se uma verdade absoluta pois que um pensamento bondoso traz consigo flu dos reparadores que atuam sobre o f sico tanto quanto o moral O pensamento produz uma esp cie de efeito f sico que rege sobre o moral Com essas informa es uma vis o multidimensional do ser inclusive tem nos levado a considerar a dimens o espiritual e o modo como ela influencia em todos esses n veis Quando estudo como se constr i a experi ncia espiritual nos percursos educ
491. terial J o termo espiritualidade um termo poliss mico envolve quest es quanto ao significado da vida e raz o de viver n o limitados a tipos de cren as ou pr ticas A religi o por sua vez a cren a na exist ncia de um poder sobrenatural criador e controlador do universo que deu ao ser humano uma natureza espiritual que continua a existir depois da morte de seu corpo Espiritualidade vista tamb m como as formas de saber e elabora o simb lica das culturas e das pessoas como tamb m o modo como organizam sua subjetividade e n o se reduz portanto ades o formal a uma religi o embora possa tamb m envolver essa escolha OLIVEIRA 2006 Boff 2001 p 21 em seu livro Espiritualidade um caminho de transforma o considera que Espiritualidade esteja relacionada com aquelas qualidades do esp rito humano tais como amor e compaix o paci ncia e toler ncia capacidade de perdoar contentamento no o de responsabilidade no o de harmonia que trazem felicidade tanto para a pr pria pessoa quanto para os outros Dicion rio Houaiss 2003 define espiritualidade como 2 Qualidade do que espiritual tudo o que tem por objeto a vida espiritual caracter stica ou qualidade de tudo o que tem por objeto a vida espiritual caracter stica ou qualidade do que tem ou revela intensa atividade religiosa ou m stica religiosidade misticismo eleva o transcend ncia sublimidade Ross
492. terligados nesse processo Assim o que Freud vai continuar observando como os instintos do ego que visam preservar os indiv duos e do id a libido que empurra o amor em seu esfor o de busca de objetos no contexto de uma luta pela preserva o da esp cie constituem uma economia que em geral coincide com a energia instintiva Um par ntese Nesse quadro repare que o instinto agressivo vai dar origem ao complexo de culpa Uma vez que a inten o de fazer o mal considerada equivalente ao ato para a psique pois o superego que a estrutura da censura interior que a tudo assiste assim o julga o ego reage culpabilizando se Dessa forma freando os instintos que o superego assegura constantemente uma culpabilidade necess ria sublima o que exigida na produ o da cultura e das obras do conviver social Por isso se poderia dizer desde a que neste est gio evolutivo em que nos encontramos na Terra o esp rito evolui at a perfei o por meio de in meras experi ncias reencarnat rias e tamb m nos per odos intermissivos entre uma e outra o mundo dos pensamentos nossos ainda com tantos desequil brios com rela o ao amor que deveremos aprender encontra uma forma de trabalho muito espec fica com o exerc cio da sublima o vivido mediante participa o no mundo da cultura Voltando a Freud 1987 a inclina o para a agress o seria por sua vez uma disposi o derivada e principal representan
493. tes nem depois de morrer num processo de desacoplamento molecular A sensa o dolorosa da alma por ocasi o da morte est na raz o direta da soma dos pontos de contato existentes entre o corpo e o perisp rito KARDEC 2007 p 180 O processo de morrer poder ser acompanhado de sofrimento em caso de existir acentuada for a adesiva unindo o corpo ao perisp rito como por exemplo em pessoas intensamente materialistas Kardec 2007 p 182 constata em suas investiga es que na transi o da vida corporal para a vida espiritual ocorre um per odo o qual ele denomina de perturba o Esta fase considerada normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado variando de algumas horas a alguns anos Trata se de uma fase na qual a alma experimenta um torpor que paralisa moment neamente as suas faculdades neutralizando ao menos em parte as sensa es A medida que se liberta a alma encontra se numa situa o similar de uma pessoa que desperta de profundo sono A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento o estado moral da alma KARDEC 2007 p 185 Algumas personalidades medi nicas relatam uma revis o da vida Nesta pesquisa h um aprofundamento diante das diversas situa es como morte natural resultante da extin o das for as vitais por velhice ou doen a na morte violenta e nos casos de morte por suic dio De forma pedag gica s o estudados e selecionados os relatos de acordo com as
494. tes of unconsciousness and near death experiences J Near Death Stud v 15 p 231 258 1997 WILBER K The developmental spectrum and psychopathology part II treatment modalities J Transpers Psychol v 16 p 137 166 1984 WOLMAN R N Intelig ncia espiritual 2 ed Rio de Janeiro Ediouro 2002 ZIMMERMANN Z Perisp rito 3 ed Campinas SP Editora Allan Kardec 2006 ZOHAR D MARSHALL I QS Intelig ncia Espiritual 2 ed Rio de Janeiro Editora Record 2002 ZUGAIB M Obstetr cia S o Paulo Manole 2008 ANEXO A Ci ncia e as Fronteiras do Conhecimento Pr logo do Nosso Passado Cultural Veneza It lia 3 a 7 de mar o de 1986 Em coopera o com a Fondazione Giorgi Cini a UNESCO promoveu em Veneza It lia de 3 a 7 de mar o de 1986 um Simp sio sobre Ci ncia e as fronteiras do conhecimento pr logo do nosso passado cultural O Simp sio que reuniu dezenove participantes de todas as partes do mundo e de distintas especialidades culminou com um documento que sintetiza as discuss es havidas e que passou a ser conhecido como a Declara o de Veneza 1 Estamos testemunhando uma importante evolu o no campo das ci ncias resultante das reflex es sobre ci ncia b sica em particular pelos desenvolvimentos recentes em f sica e em biologia pelas mudan as r pidas que elas ocasionaram na l gica na epistemologia e na vida di ria mediante suas aplica es tecnol gicas Co
495. tiva As contesta es reflex es acerca da exaust o do modelo tradicional no ensino m dico flexneriano haviam ocorrido em n vel mundial A sociedade civil claramente insatisfeita reivindicou mudan as na forma o de profissionais voltados para suas necessidades e realidades O Brasil acompanhou essa avalia o e o repensar do ensino m dico Na verdade o que construiu o solo fundante dessas contesta es e revis es paradigm ticas foram as press es dos movimentos sociais pelo direito sa de que como vimos explicita uma crise de legitimidade nas diretrizes que lhe d o suporte e s institui es que formam os profissionais O Paradigma da Integralidade assim a perspectiva que denomina o novo enfoque assumido pelo curso m dico da UFC desde 2001 e que configura a necessidade de supera o dos reducionismos do modelo biom dico Esta perspectiva contextualiza o ser humano em seu meio ambiente e tenta contemplar a sua complexidade tnica social e cultural Ao apontar 90 para o processo sa de doen a objetiva enfatizar mais a sa de do que a doen a visando promo o preserva o e recupera o da sa de concebe desse modo a doen a como uma intercorr ncia da sa de que deve ser evitada O processo ensino aprendizagem prop e se a estar mais centrado no aluno e em seu papel ativo na pr pria forma o O ensino da pr tica almeja ocorrer no sistema de sa de existente em graus crescentes de complexi
496. to que a experi ncia de transforma o uma experi ncia de aprendizagem h uma reorganiza o do universo de sentido e uma produ o nova que faz o sujeito se nomear e s suas viv ncias de outro lugar e de outra forma Sabe se que o corpo por outro lado nunca est s doente ou s saud vel visto que nele se expressam as transforma es da consci ncia O corpo nada faz por si basta observar um cad ver Para tomar um ponto de vista que ci ncia filosofia e religi o que dialogue com as perguntas que fa o na tese elejo o pensamento esp rita insisto em anotar por ultrapassar a vis o redutora do corpo de um ser humano visto como construto f sico qu mico a refer ncia morfo fisio biologicista No pensamento esp rita o sujeito humano sede de um esp rito que sobrevive morte do corpo f sico KARDEC 2006a 2006b 2006c 2006d 2007 e tamb m na perspectiva da psicologia transpessoal SALDANHA 1999 As refer ncias da perspectiva esp rita far o pois um di logo com a perspectiva m dica e educacional o que situa como mencionei acima esta tese como um estudo multirreferenciado nos termos que Ardoino auxilia me a pensar na constru o da pesquisa 26 A expans o da consci ncia e a percep o de outros n veis de realidade evidenciam uma fase mais adiantada da percep o da evolu o humana posterior instintiva emocional e mental SALDANHA 1999 Conforme explicita Saldanha 1999 a ps
497. to aparece quando n s vemos essas dimens es do sujeito e essas pr ticas sociais com conflito e com acr scimo de vis o O SUS est sendo orientado a partir de imensa luta social desde a reforma sanit ria e mostra o clamor das popula es empobrecidadas pelo direito sa de No caso em estudo a enfermeira n o uma rezadeira por m mostra na sua pr pria a o o seu trabalho dentro do modelo biom dico e ao mesmo tempo tem uma vida dupla como pessoa que vai rezar nas casas Embora o ato m dico seja algo que est orientado pelo modelo biom dico na verdade as pr ticas curativas das pessoas extrapolam esse corpus da mat ria m dica A experi ncia espiritual traz isso que extrapola que n o cabe nas refer ncias do modelo biologicista hegem nico A experi ncia espiritual vai ser vivida por meio de pr ticas sociais agora trazidas pelo SUS que v o suscitar equacionamentos Significa que o modelo j n o t o hegem nico e que a experi ncia espiritual faz dialogar dimens es como a afetiva a tica e a religiosa H uma rede submersa de pr ticas sociais que alimentam a busca de dar sentido que ainda n o se corporifica no saber m dico e que se corporifica em pr ticas sociais concretas n o uma abstra o Como n o h um paradigma que ampare essa reflex o na sa de as pessoas realizam suas buscas e suas pr ticas poss veis no mbito do cotidiano come am a se destacar umas no voluntariado outras na pol tic
498. tocasse no cora o dele do rapaz que era seu noivo como tocou no meu ela diz Alguma coisa que at agora com ele ainda n o aconteceu ela diz Infere se da que houve uma experi ncia de transforma o pois ela admite que isso a diferencia hoje do noivo Jasmim fala em um antes diverso do hoje Admite Jasmim que ent o algo a transformou algo que ela atribui a uma experi ncia espiritual como assim ela nomeia ao percurso vivido II A id ia de que nessa passagem nessa pr tica transformativa a pessoa lida com s mbolos em um contexto extra cotidiano Observemos que Jasmim fala em um depois do livro o que parece significar que o livro funcionou como objeto projetivo como manancial de s mbolos para o di logo que ela ia fazendo durante todo esse percurso Um di logo marcado por um perguntar primeiro a Deus como ela diz que Jasmim diz ser diferente de desejar apenas que as coisas aconte am de dada forma 152 Pensamos reiteramos que nos percursos de adoecimento e de cura em seu anseio de significar um sujeito inquire permanentemente o que se tem nomeado como algo da ordem do religioso do transcendente ou do que estamos a chamar de espiritual Observamos desde j que esse percurso cognitivo da ordem do conhecer envolve outras dimens es do ser da ser pens vel que a pessoa transforma se de um modo mais inteiro nessa experi ncia Poder amos dizer que a experi ncia espiritual uma exp
499. tra o de uni o est no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas rela es com o mundo corp reo leis t o imut veis quanto as que regem o movimento dos astros e a exist ncia dos seres Uma vez comprovada pela experi ncia essas rela es nova luz se fez a f dirigiu se raz o esta nada encontrou de il gico na f vencido foi o materialismo Mas nisso como em tudo h pessoas que ficam atr s at serem arrastadas pelo movimento geral que as esmaga se tentam resistir lhe em vez de o acompanharem toda uma revolu o que neste momento se opera e trabalha os esp ritos Ap s uma elabora o que durou mais de dezoito s culos chega ela sua plena realiza o e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade F ceis s o de prever as consegii ncias acarretar para as rela es sociais inevit veis modifica es s quais ningu m ter for a para se opor porque elas est o nos des gnios de Deus e derivam da lei do progresso que lei de Deus KARDEC Allan O Evangelho Segundo o Espiritismo 126 ed RJ FEB 2006 c RESUMO Esta tese apresenta uma pesquisa qualitativa sobre a constru o da experi ncia espiritual e sua problematiza o como lugar de supera o dos limites do paradigma biom dico e se prop e a contribuir para a reflex o sobre espiritualidade na educa o m dica em tr s cen rios no contexto em que as m es recorrem a explica es transcendentais quando na enfermaria
500. tribuindo os a entidades abstratas como a natureza Por fim haveria a fase ou estado 78 positivo ou cient fico onde o homem faz uma revolu o no seu intelecto renunciaria explica o de causalidade dos fen menos sociais e se contentaria t o somente em estabelecer as leis que o governavam A fase ou estado teol gico e a fase ou estado metaf sico segundo ele devem ser eliminadas e na sociedade comteana deveria triunfar e dominar a fase ou estado positivo cient fico Esse homem novo na constru o do tipo ideal da sociedade comteana que estava fazendo uma revolu o no seu intelecto preocupa se em estabelecer leis que o governassem foi por isso converter se em um fiel aplicador de leis um devoto absoluto de leis positivas da ci ncia No tipo ideal de sociedade de Comte h o nivelamento das leis da ci ncia com as leis de Deus ou seja as leis da ci ncia tamb m seriam dogm ticas pois Comte constatou que as leis divinas s eram fortes porque eram leis dogm ticas verdades absolutas e definitivas Por isso para resolver a crise da sociedade de 1830 Comte tem a inten o deliberada de proteger o estado liberal burgu s ou capitalista O ordenamento jur dico de 17791 criado pela burguesia e que contemplava a classe burguesa tinha que ser acatado como dogma para dar sustenta o ao estado novo que estava sendo criado A religi o da humanidade a esse tempo era o positivismo e Comte j nesse tempo tratava a ci ncia c
501. tru o da experi ncia espiritual e sua problematiza o como lugar de supera o dos limites do paradigma biom dico uma contribui o para a reflex o sobre espiritualidade na educa o m dica Nome da pesquisadora Eliane Silva de Oliveira Nome da orientadora Profa Dra ngela Bessa Linhares 1 Natureza da pesquisa estudo das narrativas hist ria oral tem tica de sujeitos durante o processo de adoecimento e cura que procuraram o Posto de Sa de Nova Iracema na Sala da F em Maranguape e das m es da enfermaria m e canguru da Maternidade Escola Assis Chateaubriand E estudo das narrativas de profissionais da rea da sa de que vivenciaram experi ncia de quase morte 2 Envolvimento na pesquisa Todos os participantes desta pesquisa s o volunt rios com liberdade de se recusar a participar Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Crit rios da tica em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolu o no 196196 do Conselho Nacional de Sa de Ser garantido o completo anonimato e as informa es ser o utilizadas de forma tica e respons vel 3 Confidencialidade todas as informa es coletadas neste estudo s o estritamente confidenciais Somente a pesquisadora e sua orientadora ter o conhecimento dos dados 4 Benef cios Esta pesquisa n o trar nenhum benef cio direto aos participantes Esperamos contribuir para reflex es acerca da espiritualidade no curso de medicina na forma o human st
502. ts Tiny rapaz de 18 anos morto quando combatia na frente francesa em abril de 1917 que comunicou se mediunicamente com sua pr pria m e Forneceu provas diretas e indiretas de sua identidade pessoal As diretas consistiam em anunciar sua m e a entrada no mundo espiritual de outros Esp ritos de militares mortos em combate naquele momento depois de que em alguns dias viriam efetivamente not cias oficiais Sua narrativa fruto de 235 ensinamentos de um mission rio espiritual padre Hilarion e a senhora Platts verificou sobre esse personagem documentando se a respeito A senhora Platts perdeu dois filhos na guerra Trata se de uma narrativa interessante pois sugere que a crise da morte varia de acordo com a espiritualidade do desencarnante S o todos detalhes concordantes em que as personalidades medi nicas descrevem os mesmos detalhes fundamentais e secund rios levando compreens o de que s o descri o autenticamentes espirituais simult neamente objetivas permanentes e reais Essas descri es e as do mbito das EQMs que poder amos chamar de mbito transcendental da experi ncia e que nos apontam para a exist ncia do Esp rito e de um mundo espiritual Bozzano 2006b p 38 43 analisa a narrativa de Tiny sua m e em seu est gio p s morte Os seres que vivem no meio terrestre muito t m que aprender acerca do estado que os espera depois da morte quero dizer do instante em que o Esp rito se
503. tude change following near death experience Psychiatry v 43 p 234 242 1980 NOYES R KLETTI R Despersonalization in response to life threatening danger Compr Psychiatry v 18 p 375 384 1977 OLIVEIRA E S Medicina e Espiritualidade In AZEVEDO C R F COSTA D M Org Ci ncia e espiritualidade psique e transpessoalidade Fortaleza Orion Edi es 2006 OLIVEIRA E S LINHARES B In OLINDA E B FIGUEIREDO J B Forma o humana e dialogicidade em Paulo Freire Fortaleza Editora UFC 2006 OLIVEIRA M A de tica e racionalidade moderna S o Paulo Loyola 1993 Cole o filosofia 28 OSIS K HARALDSSON E At the hour of death New York Avon 1977 PARNIA S FENWICK P Near death experiences in cardiac arrest visions of a dying brain or visions of a new science of consciousness Ressuscitation v 52 p 5 11 2002 PARNIA S WALLER D G YEATES R FENWICK P A qualitative and quantitative study of the incidence features and aetiology of near death experiences in cardiac arrest survivors Ressuscitation v 48 p 149 156 2001 PENA S D J Aspectos Bio ticos do Projeto Genoma Humano e da Medicina Preditiva In TEIXEIRA S F Direito e Medicina Aspectos Jur dicos da Medicina Belo Horizonte Del Rey 2000 PENAFORTE J C Editorial Rev Educ em Poucas Palavras Fortaleza ano 1 n 3 jan 2006 280 PERES J P PERES M J P Regress o de mem rias e traumas
504. tudy in the Nederlands Lancet v 358 p 2039 2045 Dec 2001 LUCAS L R L Uomo Sipirito Incarnato compendio di Filosofia dell uomo Mil o San Paolo 1997 LUKOFF D Diagnosis of mystical experiences with psychotic features J Transpers Psychol v 17 p 155 181 1985 LUKOFF D LU F TURNER R Toward a more culturally sensitive DSM IV psychoreligious and psychospiritual problems J Nerv Ment Dis v 180 p 673 682 1992 MANUAL t cnico de aten o humanizada ao rec m nascido de baixo Peso m todo m e canguru Bras lia DF Minist rio da Sa de 2002 MARCUSE H L Homme unidimensionel e eros et civilisation Paris Editions de Minuit 1968 MARGOTTO P R Assist ncia ao rec m nascido de risco 2 ed Brasilia Anchieta Hospital Anchieta 2006 MARTINS J B Multirreferencialidade e educa o In BARBOSA J G Org Reflex es em torno da abordagem multirreferencial S o Carlos SP Ed da UFSCar 1998 MASEK K PETROVICKY P SEVCIK J ZIDEC Z FRANKOVA D Past present and future of psychoneuroimmunology Toxicology v 17 n 3 p 179 188 2000 MATURANA H Emo es e linguagem na educa o politica Belo Horizonte Ed UFMG 1998 MCEWEN B S BIRON C A BRUNSON K N BULLOCH K CHAMBERS W H DHABAR F S GOLDFARB R H KITSON R P MILLER A H SPENCER R L 277 NEISS J M The role of adrenocorticoids as modulators of immune function in health an
505. turbilh o de emo es A vis o em seguida despareceu com a mesma instantaneidade com que se mostrara s medita es sobre o passado e o futuro sucedeu em mim vivo interesse pelas condi es atuais Eu ouvira dizer aos esp ritas que os Esp ritos desencarnados eram acolhidos no mundo espiritual pelos seus parentes ou por seus Esp ritos guardi es N o vendo ningu m perto de mim conclui que os esp ritas haviam se enganado Mas apenas este pensamento me atravessou o esp rito vi dois Esp ritos que me eram desconhecidos e para os quais me senti atra do por um sentimento de afinidade Soube que tinham sido homens muito instru dos e inteligentes mas que como eu n o haviam cogitado de desenvolver em si os princ pios elevados da espiritualidade Chamaram me pelo nome embora n o o houvesse eu pronunciado e me acolheram com uma familiaridade t o ben vola que me senti agrad velmente reconfortado Com eles deixei o meio onde desencarnara e onde me conservara at aquele momento Pareceu me nebulosa a paisagem que atravessei mas dentro dessa meia obscuridade fui conduzido a um lugar onde vi reunidos numerosos Esp ritos entre os quais muitos havia que eu conhecera em vida e que tinham morrido havia l algum tempo A narrativa dessa personalidade medi nica narrada por Bozzano 2006b conta que Dr Horace Abraham Ackley destaca o meio pouco luminoso de sua primeira experi ncia sem o corpo biol gico correlacionando o com o
506. u de exist ncia O princ pio da evolu o n o est na mat ria est na vontade cuja a o tanto se estende ordem invis vel das coisas como ordem vis vel e material Esta simplesmente a conseqii ncia daquela O princ pio superior o motor da exist ncia a vontade A Vontade Divina o supremo motor da Vida Universal Na ordem f sica por exemplo n o se destroem os infus rios os infinitamente pequenos que vivem e se multiplicam em n s mas se ganham for as para melhor lhes resistir a vontade impressiona a mat ria e pode submet la a seus des gnios Cada alma um foco de vibra es que a vontade p e em movimento Na compreens o esp rita o nosso corpo biol gico atual foi configurado dentro das aquisi es do passado todavia modificando as estruturas do pensamento e dos sentimento e atrav s de uma terapia de profundidade de transforma o moral procurando a rela o com a fonte de amor que alimenta todas as criaturas Deus acionando a vontade conseguiremos a harmonia da alma a sa de f sica e mental A abordagem terap utica se faz atrav s da busca pelo equil brio atrav s da Evangelhoterapia a ora o transforma o moral al m dos instrumentos terap uticos tradicionais O Paradigma M dico Esp rita centrado no Esp rito no ser integral esp rito perisp rito e corpo f sico que vivencia experi ncias de aprendizado em sua passagem pelo planeta conduz a uma invers o c
507. ua Rezei nove vezes e o esp rito saiu Quem v esp rito o mestre Abelha no Cacimb o e m e Isa Eu sou m dium de nascen a Sombra o esp rito que morre rezo para afastar o esp rito anda procurando reza A sombra pode deixar a pessoa louca de tanto perturbar perde o sentido muita gente n o consegue segurar O encosto anda atr s de entrar no corpo Quando entra no corpo j mandei para o mestre Abelha n o tiro porque n o trabalho com macumba Vemos ent o como se v na fala acima que a id ia de sombra como sendo um esp rito de quem morre presente nas situa es de afli o O estudo de Turner 2005 com o povo Ndembu mostra que v rias formas de doen as s o associadas a esp ritos dos mortos influenciando o mundo dos vivos Ao ser apanhado por um mukishi um esp rito de uma pessoa j morta segundo os Ndembu a pessoa alvo de elaborado ritual no qual todos os participantes querem ela melhore ou tenha melhor sorte importante observar que o mukishi um esp rito de um ancestral do grupo tnico e observa Turner que estes rituais seriam uma esp cie de aproxima o a realidades grupais do lugar e a tarefas sociais das quais a pessoa enferma ou em afli o tem se afastado Chico Xavier 2002 j observava A doen a uma esp cie de escoadouro de nossas imperfei es inconscientemente o Esp rito quer jogar fora o que lhe seja estranho ao pr prio psiquismo E mais al m toda
508. ua es nas quais a morte parecia inevit vel em acidentes de tr nsito s rios vinculados ao alpinismo ou a acidentes com navios em estados de isolamento ou em submarinos espont neamente sem causa aparente como vimos anteriormente Adentremos no universo estudado por Bozzano Bozzano 2006b p 23 27 estuda o caso do Juiz Edmonds not vel m dium psic grafo escrevente falante e vidente que recebeu a comunica o com o amigo Peckam Essa comunica o de Edmonds deu se meses ap s a morte acidental de seu amigo o juiz Peckam a quem ele muito estimava Edmonds escreveu psicografou longa mensagem em que o amigo morto relata as circunst ncias de sua morte de onde foi retirada a seguinte passagem Se houvera podido escolher a maneira de desencarnar certamente n o teria preferido a que o destino me imp s Todavia presentemente n o me queixo do que me aconteceu dada a natureza maravilhosa da nova exist ncia que se abriu subitamente diante de mim No momento da morte revi como num panorama os acontecimentos de toda a minha exist ncia Todas as cenas todas as a es que praticara passaram ante o meu olhar como se houvessem gravado na minha mentalidade em f rmulas luminosas Nem um s dos meus amigos desde a minha inf ncia at a morte faltou a chamada Na ocasi o em que mergulhei no mar tendo nos bra os de minha mulher apareceram me meu pai e minha m e e foi esta quem me tirou da gua mostrando uma energia cuja
509. uais e sobre a vida moral que elas t m a fun o de agir Outro aspecto que Rabelo assinala o de que na experi ncia de si vivida nos percursos de adoecimento e de cura um sujeito em sua nsia de significar carreia met foras que unem aspectos dir amos dimens es diversos de sua pessoa Assim que as met foras embora inscritas em um tecido imaginante e que parece informe em seu percurso de significar v o se estendendo a dom nios concretos e reconhec veis da vida comum Detenhamo nos no assunto tentando aprofundar a discuss o sobre a id ia de sujeito 153 Di logo com Violeta A S B 28 anos cat lica m e de Saulo Aur lio que nasceu com 975 gramas Apgar 1 2 e 4 com menos de 29 semanas de idade gestacional Est hoje com 76 dias de vida pesando 1590 gramas Estamos fazendo uma pesquisa sobre as significa es que as pessoas d o a seus processos de adoecimento e de cura Voc poderia ent o contar como se deu esse percurso que levou voc at aqui E que significados foi construindo para dar sentido ao que vivia nesse caminho Minha gravidez foi planejada desejada Tive muita raiva na gesta o Minha rotina era pesada trabalho na Escola sevi o burocr tico e fa o o curso t cnico de enfermagem Tive raiva do meu marido com tr s meses de gesta o tive muito aborrecimento no trabalho Com cinco meses de gravidez tive um aborrecimento com meu cunhado Foi Deus quem quis que o
510. uase morte RING COOPER 1999 Sabom 1998 descreveu com detalhes a EQM de uma mulher que se submeteu cirurgia sob parada card aca e hipotermia Durante a opera o a paciente preencheu todos os crit rios aceitos para morte cerebral mas mesmo assim descreveu com exatid o os muitos detalhes espec ficos e inesperados de sua opera o Badham e Badham 1982 relata que algumas pessoas que passaram por uma EQM referem se a ter encontrado parentes e amigos falecidos e tamb m algumas crian as que passaram por EQM descrevem ter encontrado pessoas que n o conheciam e que foram 210 identificadas posteriormente por meio de retratos como parentes falecidos que o paciente nunca havia visto antes Outras pessoas que experienciaram uma EQM dizem ter encontrado pessoas recentemente falecidas de cuja morte ainda n o haviam tido conhecimento BADHAM BADHAM 1982 MOODY 1975 RING 1980 SABOM 1982 S o relatos com dados que n o podem ser explicados e compreendidos pelos modelos fisiol gicos nem psicol gicos hegem nicos atuais ou por expectativas culturais ou religiosas BLACKMORE 1993 A neuroci ncia dos dias atuais afirma que a consci ncia unicamente o produto de processos cerebrais ou que a mente meramente um epifen meno de eventos neurol gicos A experi ncia de quase morte desafia a refer ncia morfo fiso biologicista hegem nica na ocorr ncia de um funcionamento mental ampliado quando o c rebro est gravemen
511. ubia para o c u depois de lhes terem atado frente a nota de seu julgamento ao passo que os injustos prescreviam que tomassem esquerda e para baixo levano tamb m atr s a nota de tudo quanto haviam feito Quando se aproximou disseram lhe que ele devia ser o mensageiro junto dos homens das coisas do al m e ordenaram lhe que ouvisse e observasse tudo o que havia naquele lugar E as almas medida que chegavam pareciam vir de uma longa travessia e regozijavam se por irem para o prado acampar como se fosse uma panegiria as que se conheciam cumprimentavam se mutuamente e as que vinham da terra faziam perguntas s outras sobre o se passava no al m e as que vinham do c u sobre o que sucedia na terra O essencial dizia ele que era o que segue Fossem quais fossem as injusti as cometidas e as pessoas prejudicadas pagavam a pena de tudo isso sucessivamente Depois de cada um deles ter passado sete dias no prado tinham de se erguer dali e partir ao oitavo dia para chegar ao fim de mais quatro dias a um lugar de onde se avistava estendendo se desde o alto atrav s de todo o c u e terra uma luz direita como uma coluna muito semelhante ao arco ris mas mais brilhante e mais pura De repente as almas 63 partiram dali cada uma para seu lado para o alto a fim de nascerem cintilando como estrelas Er por m foi impedido de beber Nao sabia contudo por que caminho nem de que maneira alcan ara o corpo
512. ue a gente vivenciou que traz essa ang stia Tenho ido fazer curativos e ora o Sabe aquele mo o ali A mulher dele estava ruinzinha press o subindo sem explica o exames que n o acusavam nada Eu disse posso fazer ora o Ela disse sou protestante eu repliquei ora o faz sempre bem Fiz ora es tr s vezes na mulher e ela ficou boazinha A doen a est na alma V se que no pensamento em sa de h um conjunto de dimens es de saberes que influenciam o profissional de sa de Ametista trabalha no posto e sua experi ncia est vinculada com o grupo religioso Mahikari que influencia seu pensamento a tal ponto que ela localiza a doen a na alma A ang stia ou determinados sentimentos s o coisas que est o na alma desta vida e que ainda apontam para vidas passadas Isso n o vem de seu saber de forma o que obedece ao modelo biom dico que n o admitie a alma Sua vincula o religiosa confere lhe um saber que informa a sua pr tica que determina muitas vezes sua decis o como profissional de sa de Determina inclusive a forma de levar a profiss o que 126 tende a entrar em conflito com o valor mercadol gico do que ela faz ainda que venha a aceitar favores a fazer pol tica Traz tona discuss es sobre as dimens es e que essas dimens es s o alimentadas por pessoas e por pr ticas sociais que v o influenciar as formas de compreender o adoecimento e a cura O ponto de estrangulamen
513. ue os seres humanos s o programados gen ticamente para acessar a divindade ZOHAR 2002 A atividade do lobo temporal tem sido ligada h anos s vis es m sticas de epil pticos e de indiv duos que tomavam LSD por m em 1997 o neurologista Vilayanu Ramachandran e sua equipe na Universidade da Calif rnia demonstrou que a mesma rea est ativa em pessoas normais quando se menciona Deus O ponto de Deus n o prova a exist ncia de Deus mas demonstra que o c rebro evoluiu para fazer as perguntas finais para ter e usar sensibilidade a sentido e valores mais amplos ZOHAR 2002 S o ind cios acerca da iman ncia divina no ser humano 94 Zohar 2002 em seus estudos compreende que a intelig ncia total do ser humano se completa com o quociente espiritual A pesquisadora explica o referido quociente como A intelig ncia com que abordamos e solucionamos problemas de sentido e de valor a intelig ncia com a qual podemos p r nossos atos e nossa vida em um contexto mais amplo mais rico mais gerador de sentido a intelig ncia com a qual podemos avaliar que um curso de a o ou caminho na vida faz mais sentido do que outro O Quociente Espiritual a funda o necess ria para o funcionamento eficiente do quociente intelectual e do quociente emocional a nossa intelig ncia final ZOHAR 2002 S crates 470 399 a C o pai da tica no ocidente Atrav s da mai utica a filosofia do di logo um parto espiritual compree
514. ulsiona a considerar as constru es vividas pelas outras dimens es XAVIER 2003 A doen a segundo a ci ncia esp rita uma oportunidade de introspec o solu o de desequil brios XAVIER 2003 Um dos pilares do paradigma m dico esp rita a vis o integral do ser humano sendo comandado pelo poder do esp rito Sa de o completo bem estar f sico mental social ecol gico e espiritual NOBRE 2003 Por ocasi o da sua funda o em 1948 a Organiza o Mundial da Sa de definiu sa de como um estado de completo bem estar f sico mental e social e n o apenas a aus ncia de afec o ou doen a Tal conceito por um lado sugere um certo avan o na s ntese das concep es mais expressivas sobre sa de conhecidas na poca No entanto revela se contradit rio por supor um completo estado de estar bem o que por defini o imposs vel de acontecer uma vez que bem estar f sico bem estar mental e bem estal social s o estados de equil brio inst vel que se definem na medida do dinamismo e dos conflitos de sociedades concretas Isso tamb m exemplifica o car ter processual da sa de e da doen a A perspectiva de processo vem a ser compartilhada nos fundamentos do pr prio Sistema nico de Sa de SOUZA 2007 254 Dessa forma o Sistema Unico de Sa de delineou uma concep o mais ampla sobre sa de enquanto resultante das condi es de alimenta o habita o educa o renda meio ambiente traba
515. um tipo de organiza o que concebe a escola m dica como uma estrutura administrativa e um sistema de governo separados das institui es de assist ncia GARCIA 1972 A quest o entre o ensino a presta o de servi os de sa de a escola e o mundo do trabalho elemento comum em todas as reflex es sobre a educa o m dica No in cio do s culo XIX o capitalismo j era uma forma hegem nica da produ o no mundo europeu funcionando como uma superexplora o da for a de trabalho Nossa sociedade organizada sob a gide do capitalismo tem favorecido a sofistica o e progresso de tecnologias em diferentes campos No que concerne s rela es sociais essas s o submetidas a padr es de profundas desigualdades com acirramento do individualismo est mulo competi o desenfreada e desrespeito s quest es de g nero de etnia de idade DA ROS 2004 Entre 1830 e 1870 a contra hegemonia no seio dos movimentos sociais desenvolve um novo conceito do processo sa de doen a chamado de medicina social Entre 1870 e 1900 com o desenvolvimento de diversos campos do conhecimento principalmente a microbiologia ocorre verdadeira revolu o no conhecimento m dico E por interesse do capital e do complexo m dico industrial pelo in cio da fragmenta o no conhecimento pela galopante concentra o de renda e pelas derrotas nas tentativas de transforma o social vai se ofuscando a possibilidade do entendimento da sa de como que
516. uma parte do trabalho para se dedicar reza A refer ncia esp rita orienta que essa atividade n o deve ser monetarizada Quem cura a doen a o m dico e alguns fazem a leitura de tamb m cobrar pela cura H uma monetariza o da cura Tem seus ritos passagens e fica h brida O fen meno do rezador atua em algum res duo pois h com frequ ncia a fala de que foi ao m dico e que n o obteve a cura eu curei mesmo sendo Deus que cura Fica parecendo no discurso que h algo da ordem do humano na sa de monetarizada que ele conhece mesmo que o m dico tenha estudado para isso E mesmo sem estudo ele curou e esse fen meno h brido da sa de do modelo vigente e religioso Aparece a a monetariza o No posto as representa es dos clientes t m a ver com o modelo que elas t m sobre sa de sobre doen a e sobre cura e o modelo poderia estar sendo afetado pela vis o do que um posto Fora do posto as representa es poderiam acontecer mais livremente por m nas falas fora do posto constata se que o modelo n o est dentro nem fora do posto Fora do posto h um com rcio mais livres com as coisas sagradas e talvez h mais elementos O que acontece com quem se cura tamb m ocorre com os rezadores s que com estes h dois caminhos sa de como uma cura no corpo efetuada pelos m dicos e que monetarizada pelo modelo de sa de vigente localizada no corpo conforme o modelo biom dico Uma parte dos rezado
517. undas revis es principalmente com rela o ao processo de morrer pois h evid ncias muito bem fundamentadas sugerindo que h no ser humano uma ess ncia que transcendem a parte f sica Vejamos os di logos com os sujeitos do campo emp rico EQM Di logo n mero 01 Experi ncias fora do corpo em situa es cl nicas Narrativa 01 data 19 de abril de 2007 Local Faculdade de Medicina UFC G F 50 anos enfermeira e fisioterapeuta Evang lica petencostal Viv ncia em outubro e novembro de 20003 21 dias na UTI e 11 dias em coma induzido Tudo come ou no dia 29 10 03 quando estava trabalhando no Centro de Sa de no per odo da manh era mais ou menos 10 00 horas Terminei o atendimento e em seguida tomei um cafezinho e senti um ardor na parte alta do est mago regi o epig strica Tomei rem dio e n o passou Achei esquisito e fui para o outro trabalho HGCC L tomei outro comprimido de cimetidina e 35 gotas de Buscopan e n o passou a dor Lembrei que antes havia almo ado for a e que no caf da manh senti fastio Trabalhei mais dois dias no HGCC dias 30 e 31 de outubro de 2003 pois eu n o queria faltar pois se tratava de uma troca e a colega j havia trabalhado as minhas horas e eu n o queria prejudic la Pela manh eu n o estava acordando bem repugnando at a gua No terceiro dia eu comecei a sentir dores fortes no abdome e pedi que me levassem para um hospital porque n o era normal e eu d
518. undo material e a outra as do mundo moral Tendo no entanto essas leis o mesmo princ pio que Deus n o podem contradizer se Se fossem a nega o uma da outra uma necess riamente estaria em erro e a outra com a verdade porquanto Deus n o pode pretender a destrui o de sua pr pria obra A incompatibilidade que se julgou existir entre essas duas ordens de id ias prov m apenas de uma observa o defeituosa e de excesso de exclusivismo de um lado e de outro Da um conflito que deu origem incredulidade e intoler ncia S o chegados os tempos em que os ensinamento do Cristo t m de ser completados em que o v u intencionalmente lan ado sobre algumas partes desse ensino tem de ser levantado em que a Ci ncia deixando de ser exclusivamente materialista tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religi o deixando de ignorar as leis org nicas e imut veis da mat ria como duas for as que s o apoiando se uma na outra e marchando combinadas se prestar o m tuo concurso Ent o n o mais desmentida pela Ci ncia a Religi o adquirir inabal vel poder porque estar de acordo com a raz o j se lhe n o podendo mais opor a irresist vel l gica dos fatos A Ci ncia e a Religi o n o puderam at hoje entender se porque encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo rec procamente se repeliam Faltava com que encher o vazio que as separava um tra o de uni o que as aproximasse Esse
519. ureza da mente como um fen meno sist mico e se tornou a primeira tentativa bem sucedida feita na ci ncia para superar a divis o cartesiana entre mente e corpo at as evid ncias da neuroci ncia de que a intelig ncia humana a mem ria humana e as decis es humanas nunca s o completamente racionais mas sempre se manifestam com emo es 84 a compreens o dos organismos vivos como sistemas energeticamente abertos mas organizacionalmente fechados o reconhecimento da realimenta o como o mecanismo essencial da homeostase e os modelos cibern ticos dos processos neurais para citar apenas tr s exemplos que estavam bem estabelecidos na poca representaram avan os da maior import ncia na compreens o cient fica da vida No modelo qualitativo de auto organiza o pode se dizer que a auto organiza o a emerg ncia espont nea de novas estruturas e de novas formas de comportamento em sistemas abertos afastados do equil brio caracterizados por la os de re alimenta o internos e descritos matematicamente por meio de equa es n o lineares CAPRA 1996 p 75 80 A concep o de Prigogine de que em sistemas abertos a dissipa o torna se uma fonte de ordem quando o fluxo de energia e de mat ria que passa atrav s das estruturas dissipativas aumenta elas podem experimentar novas instabilidades e se transformar em novas estruturas de complexidade crescente s o relevantes para a compreens o da natureza
520. vas de Jasmim Violeta e Margarida percebe se que ser espiritual forma a raiz de suas identidades como seres humanos d vida sentido e prop sito A religi o como acervo de informa es sobre a transcend ncia tamb m vital para lidar com circunst ncias dif ceis da vida conforme o di logo de Margarida m e de Ant nio Gabriel Koenig 2005 p 19 explica o que exatamente buscar apoio e conforto na religi o o uso das cren as religiosas ou pr ticas que reduzam o estresse emocional causado por perdas ou mudan as Os pacientes podem passar a responsabilidade de seus problemas para Deus acreditando que Ele resolva as doen as e assim eles n o precisariam preocupar se com elas Eles podem acreditar que Deus tenha um prop sito em permitir que sofram algum tipo de dor ou doen a o que dar significado ao sofrimento e o tornar mais suport vel As pessoas com conhecimentos religiosos s o mobilizadas a reduzir a ansiedade aumentar a esperan a ou o senso de controle Em rela o pr tica religiosa os pacientes podem rezar meditar ler escrituras religiosas comparecer a servi os religiosos tomar parte em rituais religiosos receber os sacramentos ou ser untado com leo por exemplo ou confiar no suporte religioso vindo do clero ou de outros membros da igreja Sinagoga mesquita ou templo As cren as religiosas e suas pr ticas s o ent o usadas para regular a emo o durante os tempos de doen as mudan as e ci
521. ves em pessoas com depress o s ria e em pessoas inteiramente conscientes sem causa clara Este pesquisador e a sua equipe t m se debru ado por mais de uma d cada nesses estudos com contribui es relevantes As situa es em que sem causa aparente algumas pessoas vivenciam uma EQM cuja viv ncia inclui sempre a experi ncia fora do corpo Van LOMMEL et al 2001 no referencial esp rita esta situa o denominada desdobramento ou exterioriza o da alma KARDEC 2006b O processo de morrer em particular a experi ncia subjetiva de morrer uma rea pouco conhecida e tem sido ignorada pela investiga o cient fica Fenwick e Parnia 2001 ressaltam a import ncia desse estudo que ocorre de fato inconstest vel para auxiliar os profissionais de sa de a lidar com a ansiedade dos pacientes que enfrentam a morte e para a compreens o da natureza da consci ncia humana Experi ncia de quase morte EQM um termo que denota segundo Moody 1977 qualquer experi ncia perceptiva consciente que ocorre durante um evento no qual a pessoa poderia morrer t o pr xima morte que se acreditaria ter morrido a pessoa ou declarada clinicamente morta mas que apesar de tudo continua a viver sua vida f sica Recentemente Moody 1991 redefiniu a experi ncia de quase morte como um evento espiritual profundo n o desejado que ocorre com algumas pessoas pr ximas morte Embora o termo experi ncia de quase morte ten
522. vida no planeta Paradoxalmente num momento em que estamos no limiar da degenera o do ecossistema e da degrada o da qualidade de vida humana o conhecimento e as ci ncias est o agora numa posi o de fornecer a criatividade humana e a tecnologia necess rias para se tornarem a es remediadoras e se redescobrir a harmonia entre natureza e humanidade Est faltando apenas a vontade social e pol tica Il As Origens do Problema A origem dessa situa o t o angustiosa e de nossa perplexidade repousa fundamentalmente em certos desenvolvimentos cient ficos que essencialmente se completaram no in cio do s culo Esses desenvolvimentos os quais foram codificados matematicamente numa vis o do universo baseada na mec nica cl ssica deram aos seres humanos um poder sobre a natureza que tem at recentemente produzindo um sempre crescente e aparentemente suprimento de bens materiais Mergulhada na explora o desse poder a humanidade tendeu a mudar seus valores para valores que promovem uma realiza o m xima das possibilidades materiais que esse poder possibilita Foram assim suprimidos valores associados com as dimens es do potencial humano que haviam constitu do os fundamentos de culturas anteriores Mergulhada na explora o desse poder a humanidade tendeu a mudar seus valores para valores Foram assim suprimidos valores associados com as dimens es do potencial humano que haviam constitu do os fundamentos de culturas ant
523. vimento da capacidade dos indiv duos para realizar um julgamento moral Essa teoria compreende que os indiv duos evoluem de um est gio de desenvolvimento ego sta autocentrado e com argumentos que demonstram a obedi ncia estrita e acr tica autoridade externa a um est gio de preocupa o com os interesses da coletividade de fundamenta o da a o baseada no racioc nio cr tico com nfase nos interesses da coletividade mediante um processo de descentra o Assim pode se dizer que os indiv duos evoluem de uma fundamenta o heter noma a uma aut noma em seus julgmentos morais BIAGGIO 2003 A evolu o da capacidade de julgamento moral se d a partir dos conflitos cognitivos que determinam a necessidade de elabora o de novas estruturas cognitivas que viabilizem respostas s novas situa es Para os te ricos desse referencial uma das fun es do aparelho escolar seria provocar esses conflitos cognitivos que possibilitem o desenvolvimento moral dos indiv duos REGO 2003 Lind 2000 realizou um diagn stico que aponta que embora a profiss o m dica tenha alta demanda por profissionais moralmente competentes estudantes de medicina s o treinados apenas para lidar dom os aspectos t cnicos de sua profiss o n o os morais Em rela o implica es morais de suas decis es eles est o mal preparados Aliado vis o de mundo mecanicista o m dico formatado de forma a se tornar um biot cnico e
524. vitar para o estado espiritual que corresponde ao grau de sua evolu o espiritual alcan ado em conseqii ncia da passagem pela exist ncia na carne As narrativas estudadas por Bozzano s o mensagens que trazem informa es atrav s de m diuns pessoas que s o consideradas medianeiras entre os esp ritos comunicantes que j n o t m corpo f sico e algum audit rio social para quem falam As narrativas escolhidas por Bozzano 2006b foram colhidas na Inglaterra e nos Estados Unidos locais que n o s o os de origem de Bozzano que italiano Este universo emp rico foi eleito na inten o de se conseguir certo estranhamento necess rio segundo ele ao tipo de estudo realizado Esse estudo sobre as narrativas do in cio da exist ncia ap s a morte que Bozzano acrescenta serem experi ncias que se realizam no momento da entrada no mundo espiritual cotejo com os estudos feitos por autores do nosso tempo que atualmente estudam EQM A partir dessa compara o entre os estudos de EQM e os descritos por Bozzano na chamada por ele crise da morte momentos ap s a morte do corpo f sico busco o referencial esp rita para realizar o dialogismo entre esses v rios mbitos discursivos As narrativas pesquisadas por Allan Kardec 2007 assim como o estudo das narratvas estudadas por Bozzano das chamadas personalidades medi nicas que s o os esp ritos que j n o possuem corpo f sico s o relevantes no contexto desta tese um
525. vos conceitos que incluem uma id ia de sujeito das pr ticas m dicas sujeito humano mais alargada A ordem de fen menos conceituada como experi ncia de quase morte envolve um conjunto de experi ncias que presentificam se nos outros cen rios de estudo enfermaria m e canguru e sujeitos em processo de adoecimento e de cura que buscam o rezador no Posto de Sa de Novo Iracema e j possui uma conceitua o na literatura m dica especializada E como vai se demonstrar ao longo deste estudo que tanto no sua conceitua o estrita e como no seu sentido largo a experi ncia de quase morte aponta uma ruptura com o modelo biom dico a refer ncia morfo fisio biologicista Por ser um conceito j trabalhado na literatura m dica por estudiosos de v rios pa ses e por esta tese ser multirreferenciada ci ncia da educa o ci ncia m dica e ci ncia esp rita a qual simult neamente ci ncia filosofia e religi o considerarei experi ncia de quase morte o n cleo duro dos estudos que ora fa o Da a largueza e o extenso dialogismo do estudo com experi ncia de quase morte Temos buscado capturar as experi ncias de quase morte neste trabalho de tese sob a forma de narrativas de quem tornou vida no plano f sico no plano vibrat rio anterior tamb m como narrativas de pessoas que por uma diversidade de motivos alguns sem causa aparente que de forma consciente experienciaram viv ncias fora do corpo A experi ncia de quase mor
526. xperi ncia do t nel Muitas pessoas relatam uma ascens o e um flutuar no qual elas sobem rapidamente ao que nomeiam de c us vendo o universo de uma perspectiva poss vel apenas para sat lites e astronautas Moody 2004 comenta sobre a experi ncia do psiquiatra su o Carl Gustav Jung 1875 1961 que teve essa experi ncia quando sofreu um ataque card aco Jung disse estar subindo rapidamente para um ponto acima da Terra Em outro relato Moody 2004 disse ter conversado com uma crian a que se sentiu muito longe da Terra passando atrav s das estrelas e se encontrando l em cima com os anjos Uma outra se viu passar zunindo pelos planetas em torno dela e vendo a Terra embaixo como se fosse uma bola de gude azul A relut ncia em voltar uma etapa comum s pessoas para as quais a EQM t o agrad vel que elas n o querem voltar Costumam ficar bravas com seus m dicos por traz las de volta Para a maioria um sentimento passageiro pois ficam felizes por terem voltado MOODY 2004 p 28 Embora sintam falta da sensa o de felicidade ficam felizes por terem a chance de continuar vivendo Curiosamente muitas dessas pessoas sentem que t m a escolha de voltar ou ficar Talvez essa oferta venha do Ser de Luz ou de um parente que morreu Todas as pessoas com quem falei ficariam se tivessem de se preocupar s consigo mesmas Mas geralmente dizem que querem voltar porque t m filhos para criar ou porque s
527. z normal e um nascimento Mas a Leticia nasceu com um quilo e duzentos grama passou quinze dias na UTI Tamb m fui dar conta da gravidez j no quinto m s Sempre tive menstrua o irregular e no primeiro m s da gravidez nos separamos eu e o pai dela Da eu n o ia pensar que tinha ficado gr vida ali e fui levando me afogando de trabalhar quando a press o subia eu achava que era de trabalhar demais dar plant o Quase sempre eu induzia minhas regras por meio de medicamentos sabe como eu sou atendente de enfermagem em Sobral sei algo sobre isso mesmo Do interior do Cear Tinha passado cinco anos noiva do pai dela da Let cia apontava a menina em seu colo S faltavam dois meses para a gente se casar quando ele terminou mas eu j estava gr vida com um m s de gr vida e n o sabia Antes de eu descobrir que estava gr vida j terminado o noivado fizemos vestibular juntos para Biologia Passamos os dois Eu dava muitos plant es de noite muitos e achava que minha press o subia porque eu n o queria lembrar Eu tinha dito a ele que estava gr vida l para o quinto m s quando eu soube e ele disse que n o era dele At o nome dela tinha sido programado quando a gente era noivo Let cia Eu expliquei tudo mas n o caju a ficha veio cair a ficha dele agora quando eu vim de Sobral Estava centralizando nela minha press o alta L quando eu me internava minha press o estava
528. za da realidade A transdisciplinaridade n o procura a mestria de v rias disciplinas mas a abertura de todas as disciplinas ao que as une e as ultrapassa Artigo 4 A pedra angular da transdisciplinaridade reside na unifica o sem ntica e operativa das acep es atrav s e al m das disciplinas Ela pressup e uma racionalidade aberta a um novo olhar sobre a relatividade das no es de defini o e de objetividade O formalismo excessivo a rigidez das defini es e a absolutiza o da objetividade incluindo se a exclus o do sujeito conduzem ao empobrecimento Artigo 5 A vis o transdisciplinar completamente aberta pois ela ultrapassa o dom nio das ci ncias exatas pelo seu di logo e sua reconcilia o n o somente com as ci ncias humanas mas tamb m com a arte a literatura a poesia e a experi ncia interior Artigo 6 Em rela o interdisciplinaridade e multidisciplinaridade a transdisciplinaridade multirreferencial e multidimensional Leva em considera o simult neamente as concep es do tempo e da hist ria A transdisciplinaridade n o exclui a exist ncia de um horizonte transhist rico 296 Artigo 7 A transdisciplinaridade n o constitui nem uma nova religi o nem uma nova filosofia nem uma nova metafisica nem uma ci ncia da ci ncia Artigo 8 A dignidade do ser humano tamb m de ordem c smica e planet ria O aparecimento do ser humano na Terra uma das etap

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