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DILTON- D

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1. claro que os alunos mais experientes que tenham um m nimo de contato com as artes visuais e seu ensino v o perceber os equ vocos e o pior disso tudo que eles est o de m os atadas para sair de tal situa o porque eles visam profissionaliza o o diploma tem a relev ncia fundamental Eles involuntariamente fazem o pacto da mediocridade abrangendo todas as representa es deste campo Desta forma podemos dizer que o espa o da representa o irreal ou mesmo que o curso parece se configurar nos sonhos de cada um dos envolvidos sem jamais tocarem os p s no ch o muita coisa eu achei muito mais embroma o em rela o s disciplinas esperava aprender muito mais mas nem sempre n s temos que ficar esperando pelo professor N5 10 Juntamente com as disciplinas de matem tica e f sica ministradas por professores que n o tinham nada haver com arte e ficavam meios perdidos Ent o n o se fazia nenhuma rela o da did tica com as artes nesse sentido perdi muito disciplinas que est o mais voltadas para a rea de ensino s o totalmente desvinculadas do ensino de arte visual N6 15 a professora tinha um discurso muito bonito do conte do mas eu n o conseguia relacionar com a nossa realidade enquanto futuros educadores de arte com o que ela dava Outra disciplina foi fundamentos da arte na educa o essa cadeira poderia ter sido voltada muito mais voltado para as pr ticas e
2. Estes professores e artistas se caracterizavam pela resist ncia ao colocar experi ncias alternativas como os Gin sios Vocacionais Segundo Duarte J nior 1983 tal atitude foi duramente reprimida A iniciativa teve como coordenadora a professora Maria Nilde Mascellani que proporcionou Arte junto aos demais professores um momento de 119 gl ria pois lhe deram um lugar ao lado das outras disciplinas Temos entre nossos Coriscos um que estudou na Escolinha de Recife remanescente desse movimento Com 10 anos comecei a frequentar a Escolinha de Arte do Recife na Rua do Cupim no bairro do Espinheiro Desde crian a sou apaixonado por gravura e at hoje trabalho com xilogravura Nesse per odo eu fiz gravura sob a supervis o da professora No mia Varela N2 01 N o poder amos prosseguir sem antes recordar aspectos dessa conjuntura at aqui exposta a qual nos levou a perceber a evid ncia do preconceito no mbito da Arte e do seu ensino No conceito de transplante cultural podemos centrar a ideia do preconceito isso porque n o se tem preconceito do que se conhece e neste caso da transplanta o o que se desconhece colocado margem da sociedade discriminado como uma forma de autoprote o ou metaforicamente falando anela se o tronco da rvore para mat la por falta de nutrientes desta forma que a classe dominante brasileira representada pela elite civilizada desejava com tal transplanta
3. isso porque tal curso originar se do curso de Tecnologia em Artes Pl sticas que vem cumprindo por sua vez uma d cada com as mesmas defici ncias do seu primeiro ano Constatamos que na estrutura f sica do curso em sua edifica o h uma mesma goteira que insiste em permanecer no curso desde a cria o de sua sede anexo se fosse ela aluna j estava jubilada Fazendo uma compara o em rela o aos descaminhos cient ficos ter amos que ter resolvido os problemas da p s modernidade bem mais complexos do que uma simples goteira que come ou a sua reflex o com o Modernismo em n o lograr xito sobre os preceitos do Iluminismo O mist rio que ordena tamb m as rela es sociais apresentou se outrora no contexto rompido pelo Iluminismo e era configurado pela religi o cat lica Apesar do fracasso da Modernidade em atender s necessidades de humaniza o em sentido pleno devemos entender que as novas rupturas cient ficas s o de dif ceis revoga es e isto implica uma disputa social para que n o se ceda espa o ao mist rio visto como retr gado por esta cientificidade moderna e taxado por preconceitos v rios 159 Mas conv m sabermos que desta vez o mito n o est totalmente atrelado apenas religi o cat lica Pensemos o qu o este foi ordenador e mantenedor dos sistemas pol tico econ mico social do mundo medieval que durou mais de um mil nio por conta do mist rio que ele detinha Relevemos
4. o que tem que ser feito com o exerc cio pr tico da profiss o voc tem que estar no campo no col gio e desconstruir desfazer a ideia de que o artista professor aquele cara que faz s uma pintura a decora o do col gio ent o cabe a ele que est l chegar e colocar sua posi o Se ele tiver na forma o passar por esse debate para n o baixar a cabe a para a dire o da escola e falar que n o vai fazer isso se negar a fazer tal papel de decorador de escola se ele negociar N6 09 uma situa o onde impera a transmiss o de uma vis o pragm tica do mundo e que acaba por sufocar qualquer criticidade e criatividade no interior da educa o Uma situa o que destr i em suas bases as mais elementares condi es para que o trabalho artistico seja efetivamente desenvolvido E nessas condi es terminam os professores de arte por desempenhar um papel decorativo nas v rias acep es do termo no interior da escola Terminam por se sentirem eles mesmos confusos quanto a seu real valor e necessidade para a forma o do indiv duo DUARTE JUNIOR 1988 p 123 Encerramos este momento da educa o sob os preceitos da Lei 5 692 71 que a exemplo da reforma Universit ria relegou tamb m disciplina de Arte a categoria de ap ndice curricular dando lhe uma posi o menor no conjunto cultural da sociedade Mesmo na tentativa da Universidade de Bras lia conforme Duarte J nior 1983 nas inten
5. objeto de tabu suportando a mesma agressiva ambival ncia por parte do homem s rio amor e dio Ali s duas s o as coisas que o homem s rio faz ao chegar ao poder instaura a censura e constr i suntuosos museus e teatros E distribui pr mios liter rios Isso s parecer contradit rio se deixarmos de considerar que existem duas maneiras de aniquilar o artista censurando o ou promovendo o a uma esp cie de ornamento social E assim que o homem s rio exorciza aquilo que teme GOMES apud DUARTE J NIOR 1983 p 124 3 7 Atinge se a maioridade no ensino de arte com sua epistemologia Entendemos ser necess rio refor ar o ponto de vista de Barbosa 2008 sobre o que seja a arte educa o a epistemologia da arte Com isso haver amos de ter uma posi o de valoriza o desta disciplina no curr culo do Ensino B sico Se de fato a arte educa o assumisse este status ter amos nela o mesmo valor dado s disciplinas de 135 matem tica portugu s ci ncias etc entretanto pela epistemologia que a arte tem um dom nio uma linguagem e uma hist ria n o podemos enxerg la somente por sua irracionalidade achismos e acasos como se ela se processasse apenas por intui o No entanto ponderemos o porqu da desvaloriza o desta epistemologia no campo das artes visuais e seu ensino pois temos que visualiz la como um capital cultural suscet vel de disputa no campo social assim tamb m como aconte
6. Ao visualizarmos a hist ria pela leitura do referido trabalho surgem informa es que nos permitem suposi es v rias ligadas aos descasos verificados no Ensino de Artes Visuais e relacionando os aos mitos e preconceitos O autor traz elementos sobre a influ ncia francesa em nossa cultura urbana tamb m das secas clim ticas e dos sistemas olig rquicos em sua forma de fazer pol tica tudo isso implicando o modo simples de se viver do povo cearense Tal conjuntura remete nos desventura do Ensino de Artes Visuais em Fortaleza colocando o como parte das necessidades que formam o car ter dessa gente Para uma primeira degusta o apontamos abaixo o sentido que Lima amp Oliveira 2008 d ao movimento modernista de Fortaleza compreendemos em s ntese a configura o pol tica e em seguida a sociocultural esta ltima retardat ria em rela o aos acontecimentos nacionais A cidade se expandia se faz melhorias na Ponte Met lica que funcionava como porto formavam se os primeiros bairros ricos e na d cada seguinte quando a popula o atingiu cem mil habitantes iniciava se um crescimento vertiginoso e desordenado principalmente a partir da seca de 1932 quando os sub rbios foram ocupados de forma espont nea com edifica es prec rias dando in cio a aglomera es miser veis sem a m nima estrutura urbana sanit ria e de servi os Foi mais ou menos nesse per odo que a cidade come ou a desenvolver mani
7. es de seu mentor Darcy Ribeiro de valorizar o Ensino de Arte reconhecendo a como uma rea espec fica de conhecimento e merecedora de uma autonomia em rela o aos demais centros acad micos principalmente no que se refere pesquisa art stica Assim resumem se suas inten es O Instituto Central de Artes apresenta peculiaridades que o diferenciam dos demais e obrigam a indagar se deve ser integrados no conjunto Institutos Centrais ou separados como um setor especial em que o exerc cio da doc ncia e da criatividade art stica possam reger se por crit rios pr prios Esta linha divergir necessariamente da licenciatura do mestrado e do doutorado revisto nos demais Institutos Centrais dada a natureza especial da criatividade art stica e a dificuldade de aprecia o acad mica que lhe inerente O mesmo problema existe na forma o e sele o do magist rio universit rio de Artes Visuais que ter de ser regulamentado mais livremente para n o ser limitada pela burocratiza o uma atividade insustent vel de enquadramento em normas r gidas RIBEIRO apud DUARTE JUNIOR 1988 p 124 133 Ademais compreendemos que tal momento constitu do de mitos e de preconceitos e que estes est o afluindo a cada momento que trilhamos na constru o do modelo desta pesquisa Ficamos assim mais convictos da necessidade da Arte para a educa o formal Por que se trata do reflexo que sentimos em rela o a esta fala de
8. o deste trabalho deu se como resultado de uma estrat gia e n o como resultado do acaso por sabermos de antem o que n o ter amos tr nsito livre dentro do curso Agora tratamos como dados da pesquisa os elementos vivenciados e observados como aluno do curso complementando as informa es levantadas junto aos demais coriscos A poca em que cursava o tecn logo em artes pl sticas teve uma confus o entre a coordena o do curso com os alunos Tal fato se deu por que a coordenadora disse que o curso n o era democr tico pois queria colocar uma ex aluna do ensino t cnico para fora da institui o havia uma auxiliar sua que tamb m confirmou a sua ignor ncia Paralisamos as aulas e o reitor Mauro foi chamado s pressas ao tomar conhecimento dos fatos em reuni o com todos os alunos e professores pediu que a coordenadora pedisse desculpa aos alunos a mesma n o se desculpou Nesse momento um professor se manifestou a favor dessa coordenadora dizendo que era ditador Esse tipo o que vem gestando tal forma o N12 13 Fui fazer minha pesquisa de monografia do bacharelado em ci ncias sociais e a professora me mandou coletar dados no curso de artes pl sticas do CEFET CE eu disse que n o iria porque eles n o permitiriam tal feita ela concordou e disse tamb m fui barrada quando fazia a pesquisa de mestrado N12 09 Tem um professor que costuma desfazer os alunos ele costuma querer humilhar sua avalia
9. o estabelecer o equil brio nas rela es sociais muitas vezes isso tem sido praticado neste ensino como doses homeop ticas Observarmos o bvio na cita o acima ou seja a desconex o da ess ncia da arte na sociedade e o seu consequente ensino quando este pode ser manipulado em desfavor de tal ess ncia art stica N o precisamos agu ar a reflex o mas havia elementos curriculares colocados para o Ensino de Arte que n o coadunavam com a concep o de Arte e muito menos para sua educa o trocando em mi dos tratava se de um erro sem ntico chamar tais condi es 115 de ensino de arte Tudo bem que estamos em outro momento da hist ria mas n o queremos com isso execrar o passado e sim colocar o verdadeiro sentido que tem a Arte na sociedade sem diminu la em sua epistemologia segundo os termos de Barbosa 2006 No entanto independente dos interesses ideol gicos empregados em cada situa o do ensino de arte oficial podemos refutar a suposi o de exist ncia de erro sem ntico j que a utilizamos na condi o de hip tese pois n o estamos interessados nessa perspectiva de estudo que talvez se d no campo da lingu stica O que nos cabe de acordo com nossos prop sitos s o as evid ncias dos fatos hist ricos como hav amos anunciado apontarem para a mitifica o do referido ensino que produz uma ordem aparente para situa es aparentes onde os fins justificam os meios Somente quando se revelam as
10. provocado por uma vis o fatalista atingindo tanto os professores como seus alunos Por isso estamos a considerar a reflex o sobre o mito como uma alternativa para a melhoria deste campo formativo haja vista que ele acontece involuntariamente isto n o precisamos evoc lo ele cria se por si s nos preceitos de esperan a e f dos atores envolvidos alunos professores gestores e comunidade Insistimos pois neste caso a racionalidade s resolve em tese o que lhe demandado pelas estruturas objetivas do sistema educacional e a f atrav s do mist rio consegue internalizar as responsabilidades melhor do que qualquer ci ncia n o comprometida com a sua teleologia interessante o movimento m tico que h nas coisas ele tem sua raz o de ser na concretude dos objetos e volta se sempre para si Isto nos faz lembrar o que disse a professora Dra Socorro Lucena em sala de aula do mestrado em educa o o objetivo da Did tica promover a reflex o sobre a doc ncia tendo a pr tica como ponto de chegada e de partida na constante busca do desenvolvimento de um trabalho que alie o conhecimento cient fico e o conhecimento pedag gico em uma determinada rea de conhecimento Eis a um exemplo do bom mito mito porque tem a pr tica como ponto de chegada e de partida ou seja est na sua concretude Outra caracter stica m tica estar na constante busca o mito nunca se alcan a ele n o traz e
11. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEAR UECE FRANCISCO DILTON CHAVES BARRETO MITOS E PRECONCEITOS NA FORMA O DOCENTE EM ARTES VISUAIS NA CONFLU NCIA COM O ENSINO B SICO E O CAMPO ART STICO SER OU N O SER PROFESSOR UMA QUEST O DE ESCOLHA FORTALEZA CEAR 2013 FRANCISCO DILTON CHAVES BARRETO MITOS E PRECONCEITOS NA FORMA O DOCENTE EM ARTES VISUAIS NA CONFLUENCIA COM O ENSINO B SICO E O CAMPO ARTISTICO SER OU NAO SER PROFESSOR E UMA QUESTAO DE ESCOLHA Disserta o apresentaida ao Curso de Mestrado Acad mico em Educa o do Centro de Educa o da Universidade Estadual do Cear como requisito parcial para obten o do grau de mestre em Educa o Linha de pesquisa Did tica e Forma o Docente Orientador Prof Dr Jos Albio Moreira de Sales FORTALEZA CEARA 2013 Dados Internacionais de Cataloga o na Publica o Universidade Estadual do Cear Biblioteca Central Prof Ant nio Martins Filho Bibliotec rio Respons vel Francisco Welton Silva Rios CRB 3 919 Barreto Francisco Dilton Chaves Mitos e preconceitos na forma o docente em artes visuais na conflu ncia com o ensino b sico e o campo art stico Ser ou n o ser professor uma quest o de escolha Francisco Dilton Chaves Barreto 2013 CD ROM 190f 4 pol CD ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acad mico acondicionado em caixa de DVD Slim 19 x 14 cm x 7 mm Disserta o mes
12. indiv duo podemos comparar uma narrativa de vida que descreve uma trajet ria no espa o social hist rico a um desses foguetes de que s o feitos os fogos de artif cio O olhar de uma abordagem centrada no indiv duo seguir 27 atentamente o trajeto de um nico foguete uma nica narrativa de vida A abordagem aqui desenvolvida utiliza ao contr rio as narrativas de vida como foguetes brilhantes que iluminam por um breve instante o relevo mais menos como fazem os soldados avan ando de noite para clarear um lugar acidentado do qual n o tem a menor ideia Cada foguete revela alguns detalhes do terreno por pouco que se preste aten o n o no foguete mas no que ele revela do contexto em sua trajet ria BERTAUX 2010 p 11 12 Este estudo sobre a forma o docente em artes visuais envolve duas categorias bastante subjetivas portanto de dif cil apreens o mas consideramos estarem mitos e preconceitos imbricados nas a es dos alunos Com os fragmentos das narrativas de vida que tivemos a possibilidade de visualizar essas categorias perpassando o campo da referida forma o Assim como a met fora dos foguetes proposta por Bertaux 2010 o que nos interessou foi a luminosidade provocada pela trajet ria dos fragmentos narrativos para desvelarmos dentro do especifico campo o que havia de interfer ncias positivas e ou negativas e isso nos levou a estabelecer as hip teses pressupostos junto aos dados colhidos tanto
13. o de Duarte J nior 1983 o sentido que se deu lei para ingl s ver Haver a contradi o ou qual o real papel desta obrigatoriedade Queremos crer que ela desempenha neste contexto aquela fun o da 128 ideologia levantada por Gadotti Ou seja permitir que se possa falar no car ter humanizante e formativo do nosso sistema educacional que t o voltado ao homem integral at inclui a arte em sua forma o Todavia esta situa o extremamente enganosa na medida em que o abismo cavado entre a letra da lei e sua aplica o concreta n o permite que tais pressuposi es sigam adiante Porque se a lei tornou obrigat rio o trabalho art stico as condi es reais econ micas e materiais para sua implanta o efetiva n o existem DUARTE JUNIOR 1983 p 120 Ora estamos falando de uma lei criada em 1971 que ser refeita na LDB 9394 96 masque ainda est presente na pr tica ao nosso momento atual A partir desta primeira percorreu se um quarto de s culo e mesmo levando em conta as reformas atribu das a esta ltima seus efeitos ainda se fazem presentes Ou seja nossa estrutura educacional n o acompanhou os avan os da lei e em rela o aos seus conte dos diretrizes esses n o se efetivaram plenamente Ademais h uma incipiente forma o docente e uma prec ria pol tica de incentivo nesta rea o que caracteriza prevarica o como sugerido nos fragmentos de narrativas e
14. rea Conforme Barbosa 2008 esta lei amplia a perspectiva pedag gica por possibilitar a proposi o de mudan as que v o al m da obrigatoriedade formal deste ensino ou seja sua inser o curricular assim creditada por ser de fundamental import ncia para o desenvolvimento da criatividade nacional isto em tese pois como dissemos a idealidade est posta mas a pr tica fica a desejar Essa lei vem ampliar digamos resumidamente os direitos de uma educa o art stica com mais nfase na ess ncia da Arte o que inovado pedagogicamente com a Abordagem Triangular sinteticamente constitui se do fazer contextualizar e fruir arte elaborada por esta autora que tem sua participa o na elabora o dos PCN Artes Embora a cultura art stica tenha subsistido at hoje fora da legalidade oficial da educa o ainda necess rio reconhec la neste meio pois n o podemos deixara Arte 134 desprovida dos aparatos educacionais sua perpetua o depende tamb m do ensino formal Com isso fortalecemos suas ra zes para que n o sucumba diante do kitsch e venha a perder sua espiritualidade por completo tanto na arte popular como na arte erudita esta primeira com sua peculiaridade de elevar os nimos no cotidiano das pessoas e as unir enquanto na o mais do que qualquer erudi o que seja imposta por preconceito a arte popular se sedimenta por v rios carnavais Convenhamos tamb m que as tradi es est o cada vez mais
15. 2010 p 31 A generaliza o cient fica na perspectiva etnossociol gica se d da seguinte forma a ideia de dados objetivos relativizada por conta das narrativas de vida que abrem um espa o permitindo sua descri o e nela reside a praxiologia pois se faz somente se compreendermos a l gica ou as l gicas que ap ia ap iam a intera o observada podemos apreender os sentidos subjetivos o sentido intersubjetivo e nos aproximarmos assim de seu sentido objetivo social BERTAUX 2010 p 33 Este autor faz uma compara o metaf rica com o jogo de xadrez para compreendemos o mundo social assim qualquer pessoa pode observar uma partida de xadrez e registrar os movimentos sucessivos das pe as no tabuleiro mas necess rio conhecer as regras do jogo e sobretudo suas sutilezas para perceber o sentido de cada situa o adivinhar as inten es dos jogadores e apreciar o valor de cada jogada Vejamos resumidamente tal coloca o do particular para o geral feita a partir de um fragmento de narrativa A posi o cl ssica objetivo subjetivo tendo sido assim reformulada permitir compreender melhor como as narrativas de vida podem conter uma grande riqueza de informa es factuais exatas e descri es confi veis ainda que evidentemente incompletas de encadeamento de situa es de intera es e a es E dessas informa es e descri es que o soci logo se nutre para conhecer os
16. Os professores reflexivos elaboram compreens es espec ficas dos casos problem ticos no pr prio processo de atua o Trata se de um processo que inclui a a delibera o sobre o sentido e valor educativo das situa es b a medita o sobre as finalidades c a realiza o de a es pr ticas conscientes com as finalidades e valores educativos e d a valoriza o argumentada de processos e consequ ncias Isto conduz ao desenvolvimento de qualidades profissionais que sup em a constru o de um conhecimento profissional espec fico e b a capacidade para desenvolver se nessas situa es de conflito e incertezas que constituem uma parte importante do exerc cio de sua profiss o Em termos aristot licos a perspectiva reflexiva aplicada aos docentes refere se capacidade de delibera o moral sobre o ensino ou seja a busca de pr ticas concretas para cada caso que sejam consistentes com as pretens es educacionais CONTRERAS 2008 p 137 Temos a consci ncia de que entre a teoria e a pr tica h um fosso de inten es que podem estar travestidos de ideologias e entraves burocr ticos e vemos isto mais como uma disputa simb lica que se d no campo social da educa o afinal a quem interessa o professor reflexivo a n o ser a ele pr prio Reforcemos mais um pouco nossa compreens o fazendo jus a Zeichner que agora mostra a expans o deste termo diferentemente de Sch n que considera mais a a o individual
17. coloque em pr tica uma proposta educacional mas de qualquer forma temos hoje uma dificuldade em estabelecer o curr culo de Artes Visuais de forma eficiente e a causa desse distanciamento entre teoria e pr tica reside na precariedade tanto da forma o dos professores como das estruturas f sicas da escola bem como dos interesses ideol gicos envoltos na Educa o A conclus o que podemos tomar mediante a contextualiza o hist rica e os fatos que permearam as dificuldades em se estabelecer no curr culo oficial tal ensino e observando a sua desvaloriza o social e que o curr culo um mito na educa o brasileira Isso porque ao tentarmos ilustrar a situa o exposta acima encaixam se perfeitamente duas das caracter sticas do conceito de mito a primeira seria a proposi o de inverdade que h no curr culo sobre sua efic cia e funcionalidade a segunda seria a dificuldade em se revelar sua origem ou posicionamento ideol gico impl cito assumido pelo contexto educativo de cada poca Concordarmos com a hip tese de que nas politicas educacionais para o Ensino de Arte sempre houve um desinteresse em reconhec lo como disciplina importante em todos os seus aspectos Assim o jogo de faz de conta parece oscilar entre vencedores e perdedores num ciclo vicioso de resultados manipulados para suprir as conveni ncias hist ricas de acordo com a necessidade da arte que conforme Ernst Fischer 1971 tem como fun
18. constituindo se numa f rmula de estabelecer o conhecimento do mundo ligado aos fen menos naturais este conhecimento geralmente est associado s sociedades primitivas No entanto ele n o deixou de ter validade com o surgimento do pensamento l gico da racionalidade cient fica prova disso que o temos na atualidade em pleno funcionamento As religi es de forma geral t m essa fun o m tica mas ilustremos alguns mais propagados mito da paz mundial da seguran a da justi a da liberdade dos entes mitol gicos como os dolos da cultura de massa e de pol ticos 62 carism ticos etc Desde a Era Cl ssica da hist ria ocidental at nossos dias o mito tem se efetivado de diversas maneiras pois sua marca caracter stica carregar consigo uma mensagem cifrada indireta ele sempre esconde algo como se fosse uma inc gnita a ser revelada diz Everardo Rocha 2006 em O que mito Este autor nos introduz ao entendimento do mito de uma forma simplificada O mito uma narrativa um discurso uma fala uma forma de as sociedades espalharem suas contradi es exprimirem seus paradoxos d vidas e inquieta es Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir sobre a exist ncia o cosmos as situa es de estar no mundo ou as rela es sociais O mito uma coisa inacredit vel Algo sem realidade Em outras palavras o mito mentira Este um dos usos mais frequent
19. de in cio era importada de Portugal de jornais a documentos somente mais tarde que n s tivemos a tipografia oficial da coroa como se coloca nos livros de hist ria a imprensa r gia Podemos constatar tal depend ncia impedindo a autonomia art stica neste sentido h outros fatores da historia brasileira que se relacionam a este fato at culminarmos na leva de autores que buscavam a partir do movimento modernista de 1922 uma identidade pr pria das artes para o Brasil Mas a pol tica de explora o portuguesa tinha uma estrat gia de manter a col nia sempre dependente e isso foi o bastante para prejudicar tal processo de forma o de identidade dessa forma que podemos compreender em parte o atraso em rela o ao Ensino de Artes Mesmo assim conquistamos uma identidade barroca mas no per odo Imperial com a chegada da Miss o Francesa de 1816 imp e se o neoclassicismo como estilo oficial A universaliza o do ensino de arte s viria acontecer com o advento da Rep blica antes ela se dava somente nas oficinas de of cio para suprir as necessidades coloniais feita pelos jesu tas Entretanto a instru o era de cunho ret rico para os dominantes e pr tico para os dominados para estes ltimos colocava se a manualidade como elemento importante negando lhes a capacidade do pensamento intelectual O que nos interessa neste estudo com rela o aos mitos e preconceitos posterior ao per odo colonia
20. gico que vise os processos art sticos ent o por consequ ncia sofre tal forma o docente a influ ncia direta do mito pr prio das artes visuais Conclu mos haver um n mero elevado de incid ncia de mitos no campo das artes visuais gerando contradi es e ambiguidades na referida forma o Frisamos que somos sabedores enquanto estudiosos da educa o brasileira e mesmo enquanto cidad os formados pelo senso comum de que nosso sistema educacional p blico n o contempla a todos em efici ncia e qualidade principalmente aos estudantes da rede de ensino b sico Pode se afirmar que a educa o no Brasil ainda n o chegou aos patamares de pa ses desenvolvidos pois as desigualdades educacionais s o o reflexo da m distribui o das riquezas do pa s e o discurso oficial de praxe que os exclu dos educacionais s o de certa forma o entrave para o crescimento econ mico da na o A educa o um direito universal pelo menos em tese proferida institucionalmente pela Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNESCO Entretanto a impress o que temos que ela est sempre disponibilizada a favor da economia e esta dita os valores humanos Assim os gestores que seguem as tend ncias educacionais da globaliza o neoliberal agem como se o homem fosse um ser genuinamente econ mico Trata se de uma vis o unidimensional e enxergando o processo educacional dessa maneira somente por este vi
21. o cultural asfixiar a cultura local impondo a esta seus valores culturais de forma arbitr ria e preconceituosa A cultura popular em muitas de suas manifesta es era perseguida pela pol cia por exemplo a capoeira a dan a da umbigada o tambor de crioula assim como as manifesta es m sticas da sua religiosidade Duarte J nior 1983 p 115 observa que a realidade do povo e da terra nunca foi encarada atrav s de uma tica pr pria por parte de nossos intelectuais e planejadores afeitos s formas alien genas de pensar Fizemos algumas assertivas no sentido de identificar o preconceito no entanto insistimos com essa breve retrospectiva sobre a forma o cultural e fizemos isso para fixarmos as dificuldades que a Arte enfrentou e enfrenta para se democratizar em nossa sociedade isto para se colocar como direito de express o dos sentimentos art sticos de um povo Este sempre visto como ignorante e atrasado cabendo lhe nesta tica somente o adestramento para que produza a riqueza de alguns poucos O que est ao seu alcance em termos art sticos fica restrito arte popular porque a linguagem can nica da arte universal lhes negada Enfim todo tipo de desprezo por parte dos dominantes criando 8 velado de boas formas constantes de tolher as manifesta es art sticas populares inten es impediu que o Ensino de Arte nas escolas p blicas do Brasil se ajustasse dignamente Nessa dire o a reflex
22. ou seja negava se o conhecimento das outras manifesta es culturais Esta elite tinha ojeriza a tudo que se diferenciava da cultura europeia a tudo que n o parecia pertencer civiliza o Isto traduzido como medo do desconhecido o que produz o preconceito ou uma coura a protetora que faz os indiv duos se manterem em suas posi es sociais geralmente posi es de domina o preconceitos estes que se manifestam como mantos ideol gicos Conclui se que no per odo colonial a cultura europeia fazia parte dos costumes da elite brasileira para servir se dela como um escudo ao atraso da cultura nativa a que se formava aqui e ao mesmo tempo dificultando o florescimento de valores e sentidos de 105 costume do brasileiro que resultou num complexo de colonizado representado por exemplo quando ouvimos algu m falar dessa maneira voc sabe com quem esta falando Costuma se exaltar as origens de nobreza ou mesmo estar sempre em busca de fidalguia H exemplos como os dos bar es do caf e mais recente no per odo da chamada Rep blica Velha o fen meno do Coronelismo quando a patente era tomada de empr stimo aos militares para congratular chefes da pol tica local nas cidades do interior brasileiro Hoje temos os lobistas das grandes corpora es comerciais que se apropriam do poder pol tico desta forma Partimos do contexto da coloniza o para entender os descasos com a Educa o brasileira Nas ori
23. que havia uma maioria iletrada A solu o para tal ordem se dava pela oralidade e era estabelecida por duas estruturas de poder a Igreja Cat lica que adota um Deus nico m tico e o Estado Imperial que adota um Rei raz o Entretanto tal divis o de poder s era poss vel porque os Estados Nacionais Absolutistas como Portugal eram regidos com a outorga dos Papas que davam plenos poderes aos reis chamados vulgarmente de poderes da cruz e da espada O mito como vimos depois de extintas as sociedades grega e romana de forma o polite sta substitu do por um Deus nico que exercer a fun o ordenadora do mundo De certa forma ele apropriado pelo conhecimento cient fico e no per odo da expans o do catolicismo a Igreja tentava atrav s da for a extinguir outras manifesta es religiosas as Cruzadas Cat licas causariam inveja aos fundamentalistas mul umanos de hoje Entretanto deve se ao mito os atributos da sobreviv ncia da evolu o do homem 107 desde seus prim rdios A obedi ncia ao mito era regra para a vida em coletividade ainda funciona desta maneira j que n o temos um mundo completamente ateu e ou racional Ele o dono da vida e da morte da origem e do fim das coisas terrenas Queremos dizer resumidamente que na falta da educa o formal o mito Igreja cumpria a fun o ordenadora das rela es sociais refletindo diretamente na subjetividade dos indiv duos na sua espirit
24. s esquece se de que a educa o formal faz parte de um conjunto de valores sociais ela aplicada ent o como uma funcionalidade mantenedora da engrenagem social elaborada para produzir seres aut matos de uma sociedade vista como mec nica Pensemos por outro lado que setores da sociedade civil educadores estudantes movimentos sociais e suas redes contrapondo se l gica mercadol gica v m se esfor ando para alcan ar uma educa o plural plena de cidadania ou seja como um direito de todos e um dever do Estado voltada para a humaniza o integral do homem por uma educa o libert ria como nos ensina Freire 2005 Esses aspectos entremearam a busca da compreens o das rela es dos mitos e preconceitos sobre a imagem do artista do professor de artes visuais e principalmente da sua forma o docente Tomamos o CLAV como campo emp rico e ainda que consideremos sua peculiaridade pelo fato de ser o primeiro da rede p blica a formar educadores na rea 16 em Fortaleza acreditamos que o fen meno em tela n o se d exclusivamente nele Sabemos que a cultura local age mais diretamente no comportamento dos indiv duos mas esclarecemos que mitos e preconceitos tamb m s o transplantados haja vista o car ter universal do campo art stico e educacional e tamb m por eles se constitu rem dentro da cultura din mica que conforme Laraia 2009 um processo de transforma o das a es atitudes e valores
25. segundo a qual a produ o simb lica de um indiv duo ou grupo est subordinada ou mesmo determinada pelas suas condi es materiais de exist ncia A cultura de cada grupo basicamente traduziria em termos simb licos suas condi es objetivas de exist ncia Bourdieu atenua essa perspectiva marxista ao reconhecer a autonomia relativa dos campos de produ o simb lica Assim as produ es culturais refletem n o apenas as condi es objetivas da classe qual est o ligadas mas igualmente as condi es historicamente vari veis do campo espec fico em que foram geradas Como mencionamos n o temos tradi o acad mica na forma o docente em artes visuais e o reflexo disso pode ser o desestimulo dado pelo quadro de valores imprimido ao campo dificultando a sua melhora usamos da imagina o sociol gica conjugada com as palavras de Bourdieu para interpretar as falas professor ser mal remunerado pela viol ncia pelas condi es de trabalho ser prec rias principalmente na rea de artes pois nenhuma escola tem sala de arte palco e sala de dan a N2 14 Um fator principal para o distanciamento do aluno em rela o doc ncia o fator econ mico a remunera o do professor isso propagado a todo o instante as condi es da escola como a falta de laborat rio de atelier de material de livro did tico em arte as escolas tamb m n o se prop e mesmo que voc escreva e se disponha a elaborar um
26. tica do ensino de artes visuais e a sua pr tica profissional A forma o do professor de arte recente no cen rio educacional brasileiro por isso necessita de uma aten o maior em compara o forma o dos demais professores que no geral est o mais estabilizados por reconhecimento profissional Conforme N voa 1995 nos ltimos trinta anos depois de ter sido ignorado esmagado e controlado pelo pr prio sistema educacional o professor passou a ser objeto de pesquisa em produ es acad micas ganhando desta forma uma melhora em seu status Hoje em tese o professor de Arte j pode refletir sobre sua pr tica pedag gica e buscar maiores dom nios das a es educativas assim como tem se exigido uma autonomia profissional do professor que pressup e clareza e responsabilidade nas decis es e escolhas de como e o que ensinar De acordo com Coutinho 2003 tamb m preciso cuidar da forma o do sujeito professor formador preciso aprender a aprender a ensinar Ainda segundo esta autora tais reformula es foram amplamente discutidas pela categoria dos professores que j se encontrava com uma boa base organizativa em diversas institui es representativas Ent o resumidamente desta forma que os cursos 168 de licenciatura em Arte no Brasil v m ao longo de sua curta hist ria caminhando a reboque das pol ticas educacionais implantadas pela LDB e o que se tem feito tentar conjugar s
27. um lugar de produ o de conhecimento a falta de material did tico e a falta de tato di logo com a dire o e a coordena o pedag gica acarreta no n o fornecimento de material para as aulas de arte o que podemos colocar tudo isso num rol de preconceitos N2 09 estudamos a LDB e os PCN artes vemos seus ideais para uma aula de arte Isso chato pois quando estudamos esses ideais sabemos que na realidade eles n o se aplicam no ensino b sico nos deparamos com uma realidade escolar que n o respeita a arte que n o tem viv ncia com arte nenhuma Os diretores os professores e os pais dos alunos n o sabem o que e por isso n o d o import ncia alguma para eles tanto faz J ouvi falas e tem muita gente pensando que arte s aquele momento de divers o que a crian a desenha s para se distrair s para deixar o pai e m e em paz N9 11 Diante da condi o de desprezo dada ao Ensino de Arte ressalta se o hero smo de alguns professores que preocupados com tal condi o junto a artistas engajados na luta pelo desenvolvimento art stico tomam iniciativas para mud lo isso paralelamente ao Ensino de Arte da rede oficial conforme Barbosa 2006 e Duarte J nior 1983 Foi com este intuito que surgiram as t o propaladas Escolinhas de Arte quem d rea da Arte Educa o certamente j ouviu falar delas A pioneira surge em 1948 no Rio de Janeiro por iniciativa de Augusto Rodrigues
28. Com a derrubada dos c nones acad micos deu se vaz o criatividade podemos dizer de forma mais espont nea Assim a produ o de obras aumentou vertiginosamente favorecendo o mercado de arte mundial e ao mesmo tempo acirrou as disputas internacionais em rela o ao estabelecimento de vanguardas pois cada grupo cada estilo queria se sobressair para valorizar suas produ es Quem n o tem c o ca a com gato Justifiguemos o ditado popular viemos tratando da arte ao longo dos cap tulos com um pouco de alegoria e ao findar na terra que vaiou o sol nada mais oportuno para homenagearmos os humoristas banguelas de vera que continuam a alimentar seus filhos por uma Fortaleza Descal a beira mar Esta ltima aspa fizemos em par dia aos escritos de Otac lio de Azevedo que segundo Lima amp Oliveira 2004 ele dedica ao pintor Lucas Nascimento Isto o faz refletir sobre a compreens o dos mecanismos empregados pelos artistas atuantes neste referido per odo para aquisi o de conhecimentos art sticos O pr prio Otac lio compreende tais dificuldades quando registra em seu livro Ao publicar meus primeiros versos n o tinha aberto ainda uma gram tica e nem sabia que havia manuais de versifica o Valeram me os livros excelentes que sempre l AZEVEDO 1980 apud LIMA amp OLIVEIRA 2008 p 101 As cr nicas do escritor nos valem como importantes subs dios para compreender tal movimento art stic
29. S o cr ticas relacionadas ao distanciamento da realidade que experimentado no processo de ensino aprendizagem dentro da forma o docente sem que haja a tentativa de lig la realidade da escola de Ensino B sico campo ao qual se destinar o em sua grande maioria Nota se uma inadequa o em lidar com os conte dos das disciplinas primeira vista por falta de professores qualificados na especificidade das Artes Visuais Apesar desses desajustes n o negamos os m ritos dos esfor os em se estabelecer tal licenciatura em nosso campo educacional Ainda assim surgem inevitavelmente os conflitos pois s o poucos os alunos que reagem com indiferen a a tal situa o Tem se na pr tica uma postura pedag gico art stico que n o atende ao programa do curso e mais despreza as expectativas do aluno nesse processo assim como o entorno educacional suas escolas s o colocadas como meros espa os de est gios Desta forma os alunos se sentem prejudicados e da rela o gest o professor aluno que afloram consequentemente as contradi es e contrariedades nas mesmas significa es dadas por Contreras 2002 Assim se expressam alguns Coriscos a este respeito As disciplinas de educa o s o dadas por professores que n o tem nenhuma intimidade com a Arte ent o eles nem tentam abordar o assunto levando em conta o curso N1 18 A abordagem triangular s fica na ret rica ela se d de forma incompleta aborda se mais o
30. We specifically aimed to analyze the reasons that define the choice for the course intending to understand how this career choice is affected by the myths and prejudices Also is our objective identify on the trajectory of students if there were changes in relation to their purpose of training and identify to what extent the myths and prejudices are related to evasion and self esteem of students Myths and prejudices are observed at the confluence of the above mentioned areas and only at this intersection form the object of study and are considered as categories of analysis This is a case study and we support on the perspective etnossociological by Daniel Bertaux using a methodological instruments with qualitative characteristics life narratives participant observation interviews and bibliographical studies With the data collected we worked the analysis that considered the combination among the three fields mentioned To carry forward this analysis we had the contribution of the praxiological sociology by Pierre Bourdieu who help us to understand the habitus formation taking into account the myths and prejudices which are difficult to recognize occurring sometimes implicitly Before inserting them in the problematic of the research we conceptualized them in their essence to understanding myth were present philosophical and anthropological approaches and for the prejudice the psychosocial approach We also consider the characteristics o
31. ainda que a era Moderna em pouco mais de quinhentos anos j n o se sustenta findando por este seu ltimo sistema o capitalismo que amarga um cr nico existencialismo doentio Entretanto vivemos hoje muito mais ancorados em discursos m ticos do que toda a baixa e alta idade m dia basta olharmos a nossa volta para percebermos a conting ncia de deuses salvadores da p tria de pol ticos com seus discursos eleitoreiros de pastores e profetas que prop em a cura milagrosa para todos os males e anunciam o fim do mundo Ent o a quest o seria em que mito creditar as esperan as aos mitos das religi es ou aos mitos das ci ncias Isso gera uma quimera que vai al m dos gostos no sentido bourdieusiano O jogo de poder este distribu do na sociedade de forma desigual para ser revertido n o basta somente educa o pois o poder se d independe desta passando pelo crivo da for a bruta que direciona os valores sociais temos como exemplo os sistemas coercitivos e desta forma chegamos s representa es sociais que valorizam o ter e n o o ser Vejamos um exemplo bastante significativo o sertanejo cansado de esperar pelas for as objetivas da constru o social representada pelo Estado raz o ci ncia l gica procura na f a ordena o do seu mundo social ent o n o deixar de ser um agricultor por falta de incentivos t cnico governamentais ele n o deixar de manter suas manifesta es culturais por f
32. as atividades de ordem liter ria demonstrando acentuado preconceito contra as atividades manuais com as quais as Artes pl sticas se identificavam pela natureza de seus instrumentos BARBOSA 2006 p 19 21 Mas tudo isso n o deixa de ser intrigante pois a preocupa o em fomentar as Belas Artes mesmo que em usufruto da corte deixaria os s ditos em estado de eloqu ncia e surpreso com tal equipamento cultural O que se releva nisso a quest o da necessidade 111 da arte na estrutura o das rela es sociais E temos a consci ncia de que todos independente de classe social t m essa necessidade Ademais j sabemos que essa Academia tamb m fora criada para formar m o de obra especializada atrav s de suas oficinas de of cios que ficaram praticamente legadas classe trabalhadora Entretanto caracterizamos neste per odo como se deu o embate de posi es dentro do campo das artes Sintetizamos com Barbosa a viol ncia simb lica que se experimenta quando h sobreposi o da cultura dos dominantes sobre os dominados As nossas manifesta es neocl ssicas implantadas como que por decreto iriam encontrar eco apenas na pequena burguesia camada intermedi ria entre a classe dominante e a popular e que via na alian a com um grupo de artistas da import ncia dos franceses operando por for a do aparelho oficial de transmiss o sistem tica da cultura uma forma de ascens o de classifica o BAR
33. at agir como um jogador de cartas que sempre tem um coringa uma carta na manga para impressionar e decidir num relance a jogada num golpe de vista como faria o artista ambos sem antecipar suas a es Ao percebermos desta maneira devemos ficar atentos a quem interessa o ocultismo que mitifica a arte e porque n o o seu processo de educa o social assim como a quem interessa o seu desvelamento que integre o conhecimento artistico e a constru o do belo como sendo a busca do sentido est tico de cada tempo e espa o relacionando os ao cotidiano dos indiv duos 146 Podemos dar um salto a partir dos subs dios hist ricos para fazer uma ponte com a atualidade do Ensino de Arte de Fortaleza de forma resumida assim como se diss ssemos que para bom entendedor meia palavra basta Lembremo nos ent o da fase a que nos referimos aquela abrangida pelas duas Leis de Diretrizes tendo a primeira LDB 1971 atuando sobre a vigente principalmente quando o Ensino de Arte n o tratado com seriedade no cotidiano das escolas S para esclarecermos o papel da arte na sociedade perguntamo nos o que a Fortaleza bela fora do contexto de slogan pol tico Quem a faz como a justifica dentro do contexto artistico educacional A primeira gradua o tecnol gica em Artes Pl sticas em menos de uma d cada transformar se ia no Curso de Licenciatura em Artes Visuais do IFCE Tivemos por volta desse mesmo per odo os cursos
34. circula o relativamente aut nomo BOURDIEU 1989 apud NOGUEIRA amp NOGURIRA 2006 p 36 O conceito de campo utilizado para se referir a certos espa os de posi es sociais nos quais determinados tipos de bem s o produzidos consumidos e classificados Sua ideia a de que medida que as sociedades se tornam maiores com uma divis o social do trabalho mais complexa certos dom nios de atividade se tornam indiv duos envolvidos passam ent o a lutar pelo controle da produ o e sobretudo pelo direito de legitimamente classificarem e hierarquizarem os bens produzidos N s 37 completamos a inser o do objeto da pesquisa e o conceito de campo ao estabelecermos mais a frente o Ensino de Arte Visuais no Brasil e no Cear e a forma o docente em artes visuais em Fortaleza Este conjunto delimitador do campo da pesquisa Ent o cada campo de produ o simb lica ser palco de disputas entre dominantes e dominados sendo esta disputa relativa aos crit rios de classifica o e hierarquiza o dos bens simb licos produzidos e indiretamente das pessoas e institui es que os produzem Da mesma forma acontece nos mundos sociais onde os agentes travam uma luta mais ou menos expl cita em torno dos crit rios de classifica o cultural Sendo assim os indiv duos e as institui es que representam as formas dominantes da cultura buscam manter sua posi o privilegiada apresentando seus bens culturais com
35. conceito unit rio de preconceito pois ele tem aspectos constantes que dizem respeito a uma conduta r gida frente a diversos objetos e aspectos vari veis que remetem s necessidades espec ficas do preconceituoso que s o representadas nos conte dos distintos atribu dos aos objetos CROCHIK 1995 p 16 Essa rigidez tida como um elemento de defesa mas a entendemos como um paradoxo e neste que habita o preconceito No entanto para entendermos o fen meno do preconceito precisamos conhecer um pouco sobre como funciona o indiv duo Este deve pressupor uma esfera de intimidade ou de interioridade que se contrap e a uma esfera exterior mas sendo esta interioridade provinda do exterior implicando que ele produto da cultura e que se diferencia dela pela sua singularidade Entretanto quando o indiv duo n o pode se sobressair desta sua cultura por se identificar em demasia com ela tornar se seu reprodutor e de acordo com Crochik 1995 isso acontece por n o representar ou 97 expressar cr ticas ou reflex es sobre esta sua cultura permitindo lhe modific la tornando a mais justa Se o indiv duo somente a contrap e n o se reconhecendo nela coloca a pr pria possibilidade da cultura em risco acrescentamos ser isso fruto da sua aliena o Assim fa amos em nossa pesquisa a mesma proposi o sobre tal rigidez pois constatamos em nossas observa es de campo que pode haver uma mudan a de percurso profissional
36. da sociedade interessados em construir uma consci ncia sobre a linguagem visual permitindo um consumo de imagens desalienado E conclu mos com Nosella no entendimento de que necess rio observar que a mensagem visual torna se um eficiente instrumento ideol gico complementar dos textos devido a sua for a comunicativa rapidez e impacto emotivo muitas vezes maior do que a comunica o escrita NOSELLA apud DUARTE J NIOR 1983 p 122 3 6 Conquistamos a ind stria da Arte para uma educa o de massa Na verdade o que surge como resultado desta situa o de ensino alienado o produto elaborado para substituir a unicidade do objeto art stico assim numa produ o industrial ela a arte agora poder pertencer a todos enquanto objeto perdendo a sua aura como bem disse Walter Benjamin em a A Obra de arte na poca de sua reprodutibilidade t cnica Esse novo objeto o kitsch usado como moeda de troca analogamente aos espelhinhos que os colonizadores davam aos ndios para engabel los desta forma serve o kitsch como Arte numa escola transformada em aparelho ideol gico do Estado quando sua pr tica manipular o Ensino de Arte no intuito de fomentar o consumo dos objetos alheios a sua pr pria realidade cultural criando uma a o simplesmente mercadol gica Pois isso n o passa de uma nova modalidade de explora o capitalista que veio incidir diretamente na educa o formal preciso
37. dada profiss o justificada principalmente pelo car ter de consumo exclusivista empregado a arte posi o esta preconceituosa quando atribu da uma condi o especial ao p blico para fru la decodific la e tamb m ao artista para execut la a se fazem presentes como por exemplo o dom a genialidade a maestria etc Adentramos um pouco nessa reflex o a qual os autores preferem n o enfrentar por ordem do seu projeto pois est para al m do mbito deste estudo tentar determinar quanto este fato ajuda a explicar algumas das caracter sticas da pr pria obra de arte Voltemos a observar a tese destes autores A nossa tese consiste em que o artista fez o seu aparecimento nos registros hist ricos certas no es estereotipadas foram ligadas sua obra e sua pessoa preconceitos que nunca perderam inteiramente o seu significado e que ainda influenciam a nossa ideia de artista KRIS amp KURZ 1988 p 17 Constatamos ainda pela constru o dos valores de grandeza e perfei o que esses s o inerentes ao ser artista Assim veementemente grandeza e perfei o t m um significado jamais despercebido porque acreditamos serem eles tamb m fatores inebriantes que alimentam os egos cujas vaidades colocadas a reboque desse processo de forma o do ser artista e do ser professor de artes visuais enuviam tais campos causando as inefici ncias profissionais Feito nosso alerta continue
38. de Arte com o qual concordamos na forma o do professor preciso uma oportuna e cotidiana intera o com a Arte Esses contatos devem propiciar elementos para estudo e an lise dos sistemas de representa o articulados aos contextos hist ricos e culturais sociais e antropol gicos que os engendra A proximidade com os objetos art sticos de diferentes pocas e proced ncias e a familiaridade com os procedimentos que os constituem facilitam o encadeamento dos v rios n veis de leitura e apropria o E importante tamb m que haja uma preocupa o com a diversidade dos m todos de leitura e de interpreta o dos objetos art sticos Isso interessante porque possibilita a compara o e avalia o entre as diferentes abordagens de leitura o que dar condi es para o futuro professor fazer escolhas mais coerentes e adaptadas aos contextos e s situa es particulares A Forma o do Professor de Artes COUTINHO apud BARBOSA 2008 p 157 171 4 7 Exemplifica es do ideal das a es pedag gicas no ensino de artes visuais Em um trabalho apresentado no Encontro Nacional de Did tica e Pr tica de Ensino A Pr tica de Ensino no Cruzamento de M ltiplos Espa os Culturais em 2000 no Rio de Janeiro Ana Del Tabor Vasconcelos abordou quest es pertinentes ao desenvolvimento da pr tica de ensino em espa os que possibilitem a qualidade na forma o do professor afirmou ser fundamental educa o e aprendi
39. de tantas formas de capital quanto sejam os campos relativamente aut nomos de produ o simb lica presentes em dada sociedade Em nosso campo de pesquisa especificamente o educacional temos uma falta de capital que se relacione peculiarmente ao Ensino de Artes Visuais Pois n o temos a tradi o acad mica nesta rea que propicie tal capital e isto nos leva a crer que o ajustamento tardio deste ensino em Fortaleza principalmente no que diz respeito a sua forma o docente se d com bastante dificuldade pois a assimila o que resulta do produto do conhecimento deste campo n o se d de imediato seu efeito a longo prazo e por este motivo acreditamos ser tal situa o propiciadora ou facilitadora da viol ncia simb lica o que n o exime a forma o docente pesquisada e pode implicar resultados negativos do ensino b sico porque consideramos o professor como elemento primordial da educa o O capital cultural pode se apresentar em tr s modalidades objetivado incorporado e institucionalizado O primeiro diz respeito propriedade de objetos culturais valorizados livros e obras de arte o segundo se refere cultura leg tima internalizada pelo indiv duo ou seja habilidades lingu sticas postura corporal cren as conhecimentos prefer ncias h bitos e comportamentos adquiridos e assumidos pelo sujeito relacionados cultura dominante e o terceiro se refere posse de certificados escolares que tendem a ser so
40. desafios e regras dos jogos sociais que procura 30 identificar esse o esp rito da utiliza o das narrativas de vida em uma perspectiva etnossociol gica partir do particular para o geral em gra as ao estabelecimento de rela es entre casos particulares do que eles cont m de dados factuais recolocados em ordem diacr nica de ind cios descritivos ou explicativos propostos pelos sujeitos gra as descoberta de recorr ncia de um percurso de vida para outro e constru o de conceitos e hip teses sobre essas recorr ncias Nessa perspectiva a fun o dos dados n o a de verificar hip teses elaboradas anteriormente mas de ajudar na constru o de um corpo de hip teses BERTAUX 2010 p 34 1 3 Conflu ncias etnossociologia e praxiologia oportuno trabalharmos perspectiva etnossociol gica junto sociologia praxiol gica Tal feito possibilitou a imbrica o da pr tica com teoria de forma que temos na primeira o suporte do procedimento metodol gico que norteia a constru o do modelo da pesquisa e a segunda como refer ncia te rica que movimenta a an lise dos dados da pesquisa colocando mitos e preconceitos em resson ncia com o objeto de estudo Para o entendimento da teoria praxiol gica recorremos ao estudo Bourdieu amp Educa o desenvolvido por Maria Alice Nogueira e Cl udio M Martins Nogueira 2006 pois temos a consci ncia da complexidade da obra de Bourdieu e sua apreens o aqui
41. dos sujeitos em forma o porque h em demasia uma identifica o com a arte um desejo que dando se dentro do campo da licenciatura acarreta preconceito em rela o a esta necess rio dizer que reconhecemos a exist ncia de outros fatores como a pr pria desvaloriza o da doc ncia Ainda por meio dessa observa o de campo supomos que os sujeitos alunos t m dificuldades de emergir mesmo que plenos de consci ncia para o campo da doc ncia Mas o que predomina de fato em nosso estudo de caso a falta de reflex es voltadas para a licenciatura em Artes Visuais no sentido que nos fala Crochik 1995 permitindo lhe modific la tornando a mais justa e como temos observado fazendo com que se torne mais atrativa e venha ao encontro dos anseios dos seus alunos Entretanto nem na interioridade individual nem na exterioridade dada pela cultura poss vel falar de um indiv duo com autonomia de consci ncia e espontaneidade de experi ncia H uma s ntese nessa quest o com pitada de determinismo psicossocial Desfa amos o dilema pois conforme Crochik em ambos os casos h um terreno prop cio para o desenvolvimento de preconceitos o que justifica a reciprocidade referida anteriormente Porque no primeiro caso h uma fragilidade individual que nega a pr pria capacidade de refletir e experienciar os objetos fornecidos pela cultura e pensar que representa es a ele atribuir No segundo caso referente exter
42. dos sujeitos envolvidos ao longo do tempo Desta maneira mais gen rica que olhamos para a forma o dos professores de artes visuais na tentativa de entender esse deslocamento ou a din mica dos mitos e preconceitos na cultura dos sujeitos ou ainda em seu processo de identidade profissional Atualmente n o mais pensamos o Ensino de Arte como no passado recente em que ela era colocada em segundo plano vista como um ap ndice curricular necess rio que ela seja reconhecida de fato e possa dar sua verdadeira contribui o educa o formal e sirva tamb m para fixar a mem ria cultural aos comportamentos costumes cotidianos dos indiv duos pois sabemos que vivemos uma crise de identidade p s moderna provocada por valores massificados da ind stria cultural do modelo capitalista Algo que vem oprimindo a educa o de cunho emancipat rio como se ela andasse na contram o j que no longo processo de modernidade as artes passam a assumir valores laicos e com isto adquirem uma maior abrang ncia no entendimento social atrav s da educa o No entanto paradoxalmente ela parece perder se ou mesmo inexistir como consci ncia hist rica dos indiv duos o que acaba desfazendo ou diminuindo a import ncia deste campo educacional para a sociedade de forma o cultural tardia como a brasileira O ensino de arte embora esteja contemplado na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educa o LDB necessita ser concretizado de forma di
43. e de organizar melhor sua vida social BARBOSA 2006 p 67 O curr culo era elaborado dando primazia s disciplinas de car ter cient fico e nos parece que o Brasil era ent o visto pelos estudiosos e ou gestores da Educa o como um grande laborat rio a c u aberto ainda numa vis o de explora o econ mica agora nos par metros do capitalismo Ent o o que restou para o Ensino de Artes conforme essa filosofia digamos mal empregada tendo seu verdadeiro princ pio usurpado pelos interesses dominantes Supomos ser uma manipula o do conhecimento em Arte para extrair lhe a parte tida como sup rflua pelos dominantes e desprezando a os conte dos da arte que humanizam o homem s o negados as aplicando somente suas no es b sicas as que se destinam a sua utilidade funcional Esse descaso foi e ao nosso entender um legado de destrui o uma complementa o do ciclo de selvageria praticado pelos colonizadores pois como dissemos esse quadro educacional duradouro Na verdade foi constante em virtude do processo de reprodutibilidade ideol gica empregado pelo sistema escolar Desta forma a Rep blica essa nobre dama libertadora fazia da sua arte um meio para ganhar a vida quer dizer nela programava se a funcionalidade da arte em prol do futuro vindouro e promissor do pa s como um novo s culo de esperan a que se abria para firmar uma na o de todos ent o vejamos em s ntese como era aplicad
44. e matizes em proveito do enquadramento pintura do objeto da pesquisa Por isso nos deixamos levar pela interpreta o que faz a referida autora A met fora da pintura nos inspira a ideia de um projeto em que a realidade captada com cores e matizes particulares onde os objetos e as pessoas s o reinterpretados e criados num processo de produ o art stica Ningu m diz que uma pintura o retrato da realidade E uma dentre muitas poss veis imagens onde o autor introduz m todos e t cnicas mas onde predomina sua vis o sobre o real e sobre o impacto que lhe causa Nessa obra entra tanto o que vis vel como as emo es e tudo se une para projetar a vis o da realidade MINAYO 1999 p 35 Justificamos ainda o paradigma metodol gico com a afirma o de Schutz citado por Minayo 1999 p 56 o prop sito do cientista social revelar os significados subjetivos impl citos que penetram no universo dos atores sociais Fizemos isto por meio das narrativas dos sujeitos da pesquisa Elas s o as c mplices de nossa an lise Bogdan e Biklen 1994 p 47 nos d o cinco caracter sticas da investiga o qualitativa 1 Na investiga o qualitativa a fonte direta de dados o ambiente natural constituindo o investigador o instrumento principal 2 A investiga o qualitativa descritiva As informa es s o obtidas em forma de palavras ou imagens e n o em n meros A an lise dos dados considera toda a s
45. e que os modernistas n o desprezavam as tradi es mas sim inspiraram se nelas para produzir sua arte Dito isto podemos refletir haver nesta grandeza e perfei o um risco de exagero caso n o seja contextualizado as condi es em que se d o o desenvolvimento t cnico art stico de cada per odo hist rico exagero que se reverte em pastiche por falta de tais conhecimentos e que tamb m implicam em falta de criatividade ademais esta s se tem com o acumulo de experi ncias O que colocamos nesta quest o a forma como se interpreta tal passado 82 ser amos mais cautelosos para o entendimento do preceito dada sta tudo arte e nada arte isto merecedor de uma an lise acurada pois em s ntese nega se a Arte O que aconteceria se diss ssemos tudo educa o e nada educa o Acreditamos que nos dois casos os melhores t mulos revolvem se mas essa n o nossa busca Queremos denotar por meio dessas parcas palavras o compromisso dessas duas institui es Arte e Educa o na esperan a de que se fa am presentes no cotidiano das pessoas como fatores elementares de sua condi o humana Podemos concluir que a sustentabilidade da arte ontem hoje e sempre se d na profissionaliza o do artista No entanto seu status social diminu do alvo de adjetiva es pejorativas torna mais complexo o seu conceito ao lado e em contraposi o da qualifica o de grandeza e perfei o
46. ele que de um lado n o se sabe o quer dizer fora do uso comum a reflex o utilizado pela maioria dos professores e por outro que est na conceitua o dos pr ticos reflexivos que se reconstru ram nas anteriores tradi es pedag gicas mas legitimadas por incorporarem a terminologia mais recentemente implantada e aceita Assim cita Zeichner 1993 que faz uma tentativa de esclarecer o campo identificando na literatura pedag gica cinco variedades de pr tica reflexiva a saber a acad mica a de efici ncia social a evolutiva a de reconstru o e a gen rica Parece que o curso referido adota este ltimo ponto entretanto ponderemos pois percebemos a partir destas cinco classifica es encontradas por Zeichner n o ser f cil coloc las satisfatoriamente em sua significa o digamos pura como elaborada por Sch n e Stenhouse Mas nem por isso deixa de haver contradi o no uso de seu conceito ou melhor em n o utiliz lo de forma consciente sabendo realmente como se d o processo at chegarmos num resultado de real reflex o Contreras observa que o uso do termo reflex o perdeu o sentido original utilizado por Sch n porque no campo pr tico ele ficou restrito ao uso exclusivamente da segunda vers o ou seja a efici ncia social Esta bastante funcionalista refutada em vista da te rica de Sch n e Stenhouseda seguinte forma A pr tica profissional muitas vezes n o se encontra submetida l gica
47. em Artes Visuais do IFCE como pesquisador e com a ideia de mitos e preconceitos como um arado complementando nossa met fora fomos revolvendo a terra Compreendemos que eles n o existem em si dentro do campo das artes visuais mas em fun o da estrutura o social que se d entre as artes visuais seu ensino e o campo espec fico de sua forma o docente Eles se efetivam num fluxo de interse o entre esses campos e de forma anacr nica e diacr nica que eles permeiam tais campos Nesse revolver que emergiram os mitos e preconceitos que passam a nortear as suposi es em torno da problem tica de ser ou n o ser professor de artes visuais Nesse cap tulo tivemos a preocupa o de conceitu los primeiramente os mitos de forma gen rica e em seguida colocando os em proximidade com as artes visuais quanto aos preconceitos nos restringimos ao seu conceito de forma a entend los na sua ess ncia e analisamos somente aqueles que se referem aos campos trabalhados com suas peculiaridades No decorrer do trabalho n o nos preocupamos em dar respostas s hip teses como esclarece a metodologia etnossociol gica mas nos empenhamos em processar o discurso dos campos envolvidos de forma que emergissem mitos e preconceitos sem a nossa indu o principalmente no que diz respeito s narrativas mostrando sua atua o no campo da pesquisa Desta forma algumas de nossas quest es foram subsequentes ou seja surgiram no
48. ensino da arte estamos falando n o somente sobre as qualidades e significados de trabalhos dos grandes artistas e das experi ncias que eles podem nos proporcionar mas tamb m da postura diante da realiza o art stica em geral Excel ncia no Ensino de Arte SMITH 1986 in BARBOSA 2005 p 98 Isso nos faz lembrar a excepcionalidade do artista uma categoria que ajuda a mitific lo Tamb m podemos dizer haver no Ensino de Arte brasileiro um ponto de mitifica o referente a essa excel ncia o que para n s seria uma exce o Por analogia excepcionalidade do artista temos a excel ncia no ensino b sico de arte tamb m um mito Atentemos neste sentido ao que diz a cita o O que o mundo admirava nos gregos era o alto n vel de suas realiza es este alto n vel pressup e uma profunda convic o na import ncia da realiza o individual A meta de chegar a excel ncia os meios de obt la e principalmente a aprova o que ela deve merecer s o todos determinados pelo julgamento humano HADAS 1986 amp SMITH 1986 apud BARBOSA 2005a p 98 O que refor a nossa ideia de mitifica o na peculiaridade deste ensino ainda de acordo com Smith 1986 o fato da Arte n o ser compreendida como uma rea do conhecimento e merecer estudo como um assunto que tem finalidades conceitos e habilidades espec ficas o que pode ser motivado pelo poder m gico que a Arte exerce sobre as pessoas reconhec
49. era visto como uma linguagem t cnica que auxiliava na inven o e na produ o industrial A disciplina ent o centra se nas artes industriais o que facilita de certo modo a articula o entre o positivismo e o liberalismo Mas o embate entre os dois se configurou por maio de v rias reformas e propostas educacionais com o predom nio ora de uma ora de outra tend ncia O desenho com a conota o de prepara o para a linguagem cient fica era a interpreta o veiculada pelos positivistas o desenho como linguagem t cnica a concep o dos liberais Entretanto a partir de 1901 passaram a exigir uma gram tica comum o desenho geom trico que era proposto nas escolas prim rias e secund rias como um meio n o um fim em si mesmo Para os positivistas era um meio de racionaliza o da emo o e para os liberais um meio de libertar a inventividade dos entraves da ignor ncia das normas b sicas de constru o No entender dos liberais barbosianos seguidores de Rui Barbosa a liberdade exigia o conhecimento objetivo das coisas BARBOSA 2006 p 80 Ainda conforme Barbosa 2006 citando An sio Teixeira a escola no in cio do s culo XX tinha dois sistemas nitidamente implantados no campo da educa o brasileira a escola prim ria a escola normal e as chamadas profissionais e posteriormente industriais constitu am um dos sistemas e a escola secund ria de tipo acad mico proped utica ao ensino superior
50. estabelecidos nesse campo Sabemos que estes caducam com o passar do tempo e por uma pr tica democr tica que se devem renovar fazendo parte das quest es educacionais como um constructo de cidadania algo que nenhuma institui o educadora pode negar de forma pr tica Observamos tamb m haver uma grande diferen a entre inten es e a es haja vista o projeto pedag gico do curso de licenciatura em quest o estar cheio de boas inten es No entanto somos quase que for ados a distribuir o peso da responsabilidade com os determinismos sociais pois as press es ideol gicas da sociedade advindas das distor es historicamente constru das sobre a rea de Arte e seu ensino contribuem para a crise de sua identidade Assim ser ou n o ser professor pode ser algo imprevis vel tanto nesta forma o como em outras Entretanto acreditamos que a falta de participa o dos alunos nas decis es curriculares e de um modo geral na constru o da identidade do curso propicia os mitos do absurdo e os preconceitos indesej veis que pilham as boas inten es do ensino de arte de forma geral 186 REFERENCIAS ADORNO Theodor W Dial tica do Esclarecimento fragmentos filos ficos Rio de Janeiro Zahar 1985 ALARC O Isabel Org Forma o reflexiva de professores estrat gias de supervis o Portugal Porto Editora 1996 ALMEIDA C lia Maria de Castro Ser artista ser professor raz es e paix es do of cio S o Paul
51. exige na postura do pesquisador a imparcialidade algo praticamente imposs vel No cap tulo 2 sistematizamos o estudo dos mitos e preconceitos da seguinte forma primeiramente o tratamos isoladamente em suas ess ncias conceituais para mitos utilizamos a interpreta o filos fica e antropol gica para preconceito a interpreta o psicossocial Desta forma os vemos de forma mais pura no modo como se processam genericamente no mbito social Posteriormente introduzimos os mitos no campo da pesquisa e fomos tecendo considera es at chegarmos forma como ele se instituiu na 18 arte e na forma o do artista Neste ponto buscamos nos imbuir da imagina o sociol gica recurso que faz a ponte entre os dados bibliogr ficos e emp ricos e os objetivos da pesquisa utilizando nos especificamente para mitos dos t picos a perspectiva hist rica e sociol gica do mito e o mito do artista lenda mito e magia Assim nesse rearranjo te rico viabilizamos nossas an lises dos mitos observando os na forma o docente No cap tulo 3 abordamos o ensino das artes visuais no Brasil e sua reverbera o nas terras alencarinas Entendemos que o Ensino de Artes Visuais est relacionado s condi es da forma o cultural brasileira e considerando que o Desenho est presente em qualquer configura o hist rica ele se torna instrumento modelador de nossa est tica visual seja colonial barroca neocl ssica o
52. fa o mestrado na rea que eu quiser ou sigo por caminhos diversos N1 12 H nesta fala uma sobrecarga de d vidas Entendemos que isto pode estar relacionado a diversos fatores que se ligam aos comportamentos pr prios da juventude podemos dizer que s o incertezas ligadas conjuntura s cio pol tica referentes profissionaliza o no mundo atual Por m tais atitudes n o deixam de ser suscet veis a interpreta es sociol gicas isto porque visualizamos este fato como um quebra cabe a formas que se encaixam em outras para formar uma nica imagem e tamb m visamos esse conhecimento praxiol gico que conforme Bourdieu tem como objeto n o somente os sistemas das rela es objetivas que o modo de conhecimento objetivista constr i mas tamb m as rela es dial ticas entre essas estruturas e as disposi es estruturadas nas quais elas se atualizam e que tendem a reproduzi las BOURDIEU 1983 apud NOGUEIRA amp NOGUEIRA 2006 p 26 T As cita es das falas dos entrevistados estar o sempre desta forma NO 00 O n mero que acompanha o N se refere ao n mero da narrativa o numeral entre par nteses ao seu respectivo fragmento narrativo Os entrevistados ser o denominados daqui por diante de Coriscos na acep o de fa sca el trica que ilumina o campo da pesquisa em analogia as met foras dos foguetes feita por Daniel Bertaux 32 Para a compreens o da forma o docente em artes visuais procuramos a
53. fazer e fica faltando o contextualizar e o fruir N2 18 Estes dois fragmentos s o pontuais ao colocar o curr culo na contram o do curso de Licenciatura em Artes Visuais Ficamos a imaginar que profissional esse que se forma em tais condi es o que ser dele no futuro ter capacidade de desvencilhar os 175 erros que lhe s o postos e tomar a dire o exata de sua disciplina com seguran a e propriedade dos seus conte dos Vejamos mais nos dois fragmentos abaixo h no primeiro um deslocamento explicitado dos objetivos do curso este visa os processos em arte Ser isto em consequ ncia dos resqu cios do curso de Tecnologia em Artes Pl sticas o qual se voltava para a forma o do artista Ressaltamos ainda tendo que tiveram de formar seus ltimos alunos concomitantemente ao funcionamento do curso de licenciatura criando se dessa maneira uma suposta confus o tanto por parte do professor como do aluno Talvez por isso alguns professores n o se d o conta de que h diferen a de abordagens entre os dois cursos Algumas cadeiras s o ministradas como se tivessem preparando os alunos para serem artistas N3 11 De certa forma se voc vai ser professor tem que ter o manejo ou seja a did tica aliada s t cnicas das linguagens em artes visuais como voc vai adequar esses conte dos art sticos N4 08 Infelizmente chegamos aonde n o quer amos ou seja na educa o do faz de conta
54. fica prejudicado Assim a realidade educacional n o discutida por falta da necess ria experimenta o o que prejudica a reflexividade sobre a realidade da escola p blica Desta forma tais disciplinas est o favorecendo o distanciamento dos formandos com o seu campo de atua o profissional e consequentemente dificultando o exerc cio dos seus saberes Ser que este p blico do ensino b sico que espera ansioso por um professor de Artes Visuais n o merece respeito no sentido de ter um profissional gabaritado como se tem e se faz para o p blico referente ao mercado da ind stria por exemplo Quando esta requisita um jovem da mec nica sabe que ter um bom profissional afinal em termos de marketing a tradi o fala mais alto Por que n o imprimir tal marca tamb m s licenciaturas e em nosso caso de Artes Visuais j que h uma ind stria cultural que atualmente lidera o ranking de produ o mundial e no Estado do Cear se faz bastante necess rio De certa forma vergonhoso ter em nossas escolas p blicas d ficit de professores principalmente em Arte Ser que acreditam nossos gestores que a cultura se reproduz somente com os mestres populares que a arte n o objeto de conhecimento e que a erudi o art stica somente merecimento ou direito das elites Ser que o retorno que um professor d sociedade menos importante do que o retorno de um mec nico industrial sem desqualificar um ou out
55. germe de nossa forma o art stica para nos reconhecermos na diversidade cultural brasileira e universal Para termos a vis o global de cultura enquanto conjunto de valores que forma a na o brasileira devemos primeiramente entender como se processaram nesta Col nia os transplantes culturais ou seja como nos formamos culturalmente em um regime de expans o ainda nos moldes mercantilistas que colocaram aqui sua marca civilizat ria A respeito da Am rica Portuguesa h o conceito de semeadura em contraste com a Am rica Espanhola associada ao de ladrilho O primeiro nos peculiar e caracteriza se por sua n o racionalidade no sentido de simplesmente o explorador n o querer fincar ra zes construindo o desenho estrutura o das cidades de forma aleat ria e predat ria sem muito planejamento pois sua inten o voltar para a Europa Podemos dizer que assim come amos a constituir as nossas formas art sticas principalmente na arquitetura e escultura por serem estas duas triviais necessidades religiosas a servi o do dom nio da 104 coloniza o era a representa o do Estado na forma de igreja edifica o e escultura imagem sacra s mbolos desta civiliza o Nesta perspectiva de coloniza o explorat ria os portugueses n o tiveram a preocupa o em deixar um legado cultural de imediato seu intuito era o de extrair ao m ximo as riquezas das terras colonizadas Por um longo per odo de nossa hist ria
56. insistimos na busca de entender a relev ncia dos mitos e preconceitos para tal forma o docente em artes visuais mesmo com um objetivo bem mais amplo n o somente enfocando esta forma o mas todo o processo do ensino de arte Voltamo nos para o ponto em que eles identificam o estigma da arte como profiss o embasados teoricamente na obra de Erving Goffman Estigma Notas sobre a Manipula o da Identidade Deteriorada n o entraremos em detalhes basta nos estas linhas que se seguem para justificarmos mais uma vez o que chamamos de pecha do preconceito Temos o preconceito em comum com a Licenciatura de M sica decorrente da desvaloriza o do Ensino de Arte em nossa sociedade Vasconcelos amp Sales 2006 referenciam Goffman 1988 quando este detecta que a profiss o do artista vista socialmente como um estigma Dois declararam n o haver tido incentivo direto dos pais que temiam pela sua escolha da m sica como rea de atua o profissional Sobre esta quest o poss vel observar que havia um certo estigma em rela o arte como profiss o A representa o que a sociedade faz de algumas profiss es como meio para categorizar as pessoas d o lhes certos atributos que incluem responsabilidade honestidade seriedade entre outras podendo levar ao descr dito ou ao tratamento diferenciado para essas pessoas GOFFMAN 1988 apud VASCONCELOS amp SALES 2006 p 19 4 6 Reflex es sobre a sistem
57. isso contribui muitas vezes para a desvaloriza o da profiss o docente mesmo que n o esteja explicitada moral e institucionalmente tal pr tica Desta forma como uma profiss o com f que esperamos a mudan a do quadro de permissividade posto na Educa o onde se compra gato por lebre a tr s por quatro sem que nenhuma provid ncia seja tomada pelos rg os competentes pelo contr rio estes parecem ser os fomentadores de tal situa o Dispensamos aqui os exemplos que se d o com a enxurrada de faculdades e universidades criadas nas duas ltimas d cadas em todo o pa s para sem controle de qualidade expandir o ensino de terceiro grau principalmente as licenciaturas a baixo custo e em curto prazo deixando o mais prec rio Ademais poderemos evitar situa es constrangedoras e quem sabe traum ticas para quem inicia sua primeira forma o profissional docente com isso j nos dar amos por satisfeitos Uma an lise de dois fragmentos de narrativas pode exemplificar essas situa es As disciplinas de educa o s o dadas por professores que n o tem nenhuma intimidade com a Arte ent o eles nem tentam abordar o assunto levando em conta o curso A ementa feita uma s para todos os cursos de licenciatura Na teoria pode estar de acordo com a legisla o mas na pr tica as pessoas n o se interessam em estudar Os alunos est o acostumados com o mundo da arte e vem um professor de fora e tent
58. m do mais a pintura est submetida ao mercado consumidor de arte sofrendo assim com as intemp ries deste mercado e consequentemente exigem se altera es na forma e no conte do pl stico ditado por tal mercado Portanto sua gl ria mais incerta hoje al m das quest es tecnol gicas implicadas seu significado simb lico e art stico mais complexo do que o atribu do no passado quando ela se prendia religi o e ao mito A gloria do artista pode ser um elemento definidor para quem deseja estudar Artes Visuais Mesmo dentro de uma licenciatura tem se prefer ncias por este mercado O glamour existe apenas para quem consegue se inserir no mercado de arte e ganhar muito dinheiro f cil poucos conseguem Existe certo glamour em se dizer artista mas depende da sua fama do valor dos seus trabalhos no mercado Acho que esse glamour tamb m est muito ligado ao passado quando havia grandes mestres Na profiss o do professor n o existe glamour N1 29 Ent o voc percebe que nem precisa desse curso o ego te faz bem dizer isso o que quero ganhar grana vendendo um trampo que d para vender bem legal e que vou viver s disso ego total Mas tem que ser uma coisa que voc precisa acreditar em ser artista porque o ego est muito ligado quest o da visualidade e tamb m a vaidade os estere tipos do artista N4 10 A percep o da mitifica o da pintura na atualidade bem mais dif cil do que
59. marcadamente barroco rococ As incurs es da Arte Brasileira no neocl ssico haviam sido espor dicas como o caso de Manoel Dias o Brasiliense e o Mestre Valentim De repente o calor do emocionalismo barroco era assim substitu do pela frieza do intelectualismo do neocl ssico BARBOSA 2006 p 19 110 Contudo dentro desse enorme fosso cultural entre o Barroco e o Neoclassicismo estava representada tamb m ao nosso entender a engana o das elites brasileiras j que h aliena o nesse processo de se conceber a arte constru da por uma perspectiva euroc ntrica Tal observa o se assemelha ao que acontece nos dias de hoje nas Artes Visuais de linguagem contempor nea pois quando se esgotam l fora aqui continuam a faz las como movimento de vanguarda Visando globaliza o acabamos no mesmo equ voco da Miss o Francesa nega se uma arte pr pria em raz o da indiferen a por parte de grupos de artistas que querem ditar uma nica e exclusiva linguagem como contempor nea negando as tradicionais assim visando o moderno faz se aqui o que se deixou de fazer no velho mundo h sempre um atraso uma mania cultural de valorizar o que vem de fora mesmo na era da Internet Desta forma que o Neoclassicismo chegava nessas plagas representando uma arte aristocr tica francesa um equ voco ao gosto das elites brasileiras pois eram desprovidas em sua maioria do capital cultural A Academia surge na oportunida
60. movimento contradit rio de homogeneiza o 28 e de diferencia o que caracteriza a sociedade contempor nea sendo a homogeneiza o vis vel pelo modo de consumo ou pelas origens culturais comuns assim como na tend ncia de universaliza o dos direitos sociais Diz este autor que no contra fluxo desse duplo movimento h os avan os da diferencia o funcional que levam a multiplicar setores de atividade ou mundos sociais cada vez mais numerosos e especializados Esta pesquisa situada no campo educacional sofre tal caracter stica A forma o est atrelada a uma demanda de mercado como uma demanda social uma especialidade a mais para se unir na cultura na identidade de um povo Portanto h em seu cerne esse duplo movimento isto porque se encontra no rol dos direitos universais do homem e enquanto institui o estruturante tomada por este princ pio de formar especialistas de n vel m dio e recentemente em pouco menos de duas d cadas especialistas de n vel superior Partimos deste ponto de vista em busca de entender o campo das a es dos sujeitos informantes alunos colocados em categoria de situa o para isto somos auxiliados pela lente de Pierre Bourdieu que procura teorizar os mundos sociais atrav s do conceito de campo fazendo por m uma ressalva nenhuma teoria geral dos campos poderia com exce es de alguns princ pios universais determinar antecipadamente as formas que assumir o
61. ncia o qual n o se inscreve numa equa o matem tica de respostas exatas Por este motivo que colocamos resumidamente as respostas s indaga es que persistiram nessa caminhada E isso nos coloca agora diante de um quadro pintado de tend ncia expressionista Portanto para responder primeira quest o somos praticamente obrigados a usar de uma imagina o metaforizada por ach la d bia pois dif cil de definir ou explicar ou mesmo amb gua por caber em duas respostas uma simples e uma complexa Ent o preferimos usar da artimanha que encurta a segunda op o a resposta complexa e para isso que usamos do poder de s ntese que tem a met fora Come amos pela primeira indaga o quais os mitos e preconceitos decorrentes do campo das artes visuais e do seu ensino Eles est o presentes no curso de Licenciatura em Artes Visuais do IFCE pois acreditamos que s o relevantes os mitos e preconceitos decorrentes das artes visuais e do seu ensino e a melhor resposta que abranja essa relev ncia nos utilizar de uma met fora Ent o colocamos os mitos percebidos como pirilampos que piscam intermitentemente para iluminar caminhos de um bosque que se sabe pela luz de um nico dia ser belo Esse bosque tem flores vicejantes e perfumadas riachos de guas l mpidas com peixes ornamentais que colorem o borbulhar das corredeiras Isso encanta os passantes que no reflexo repentino deste nico dia jamais se esquece
62. no contexto renascentista de que nos fala a autora Isso porque h uma banaliza o da imagem pict rica auxiliada pela ind stria cultural de massa Como bem disse Walter Benjamim em A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade T cnica aura art stica que se imprimia no fazer do artista principalmente quando ele come a a assinar sua obra perdeu se Desta forma a obra de arte mitifica se pertencendo narrativa biogr fica fator este relevante para valoriza o e perpetua o do artista e da obra Voltemos para a busca da origem da pintura Ora lendo os autores antigos n o se encontra nenhum registro de nascimento t o prestigioso nenhuma autoridade t o imemorial relativos pintura Atento acima de tudo aos problemas t cnicos e aos fatos hist ricos Pl nio reconhece embora com ressalva uma proced ncia eg pcia para a arte da pintura mas ele se refere a mais a um in cio hist rico do que uma origem propriamente dita Na falta de patroc nio dos deuses e her is da Antiguidade a pintura por muito tempo teve que se contentar com biografias lend rias Apeles Z uxis relatos fabulosos Narciso e lugares de apari o mais ou menos m ticos Acrescente se a essa origem ingl ria a condi o social do artista na Antiguidade o pintor antes de tudo um homem que trabalha com as m os o que significa que sua atividade o afasta de qualquer possibilidade de contemplar ideias portanto de qualquer teoria LICHTENST
63. no entanto contr rio a essa situa o haveria uma Arte subversiva que burlava as for as institu das para manifestar se em favor da 122 caracterizava tamb m certo vanguardismo No entanto a Arte na Educa o ficou subordinada ao sistema oficial sofrendo mais os efeitos colaterais dessa pol tica de domina o imperialismo Norte Americano A escola agia praticamente de m os atadas por ter sido cooptada como aparelho ideol gico do Estado aqui temos um bom exemplo da escola reprodutora de Pierre Bourdieu Ainda segundo Octavio lanni o sistema de poder que passou a dominar o pa s em 1964 se prop s eliminar ou controlar o esp rito cr tico inerente a toda atividade intelectual jornal stica art stica filos fica ou cient fica IANNI apud DUARTE J NIOR 1981 p 117 Neste momento hist rico tornam se mais complexos os processos de aliena o devido dimens o industrial que passaram a ter os meios de difus o A ind stria da comunica o provoca de espa o em tempo gil uma falsa homogeneiza o das rela es culturais uma compacta o indevida e prejudicial s diversidades culturais mexendo com os costumes regionais Duarte J nior 1981 observa que a aliena o cultural uma consequ ncia do adestramento educacional e o seu malef cio a homogeneidade cultural for ada Entendemos ser isto mais uma consequ ncia da preocupa o com os lucros da apreens o da cultura como um nicho de merca
64. o Ensino de Arte Entendemos que a contribui o da pesquisa se d na possibilidade de discutir a realidade sem manique smo ou furtos sobre a verdade do que aparenta ser para nesta inverdade ser o que n o Isto enquanto institui o e enquanto sujeitos em forma o pois s o as representa es que definem o campo Para isso o mundo social deve ser analisado em suas a es peculiares mas sem o desligamento das particularidades que o estruturam Ent o apropriamo nos da etnossociologia que resumidamente se faz da seguinte forma Na pesquisa etnossociol gica os dados preenchem fun es completamente diferentes Eles n o conduzem as descri es estat sticas eles n o t m mais a voca o de verificar hip teses mas permitem ver como funciona um mundo social ou uma situa o social Essa fun o descritiva essencial e leva ao que o etn logo americano Clifford Geertz chama de thickdescription uma descri o em profundidade do objeto social que considera suas configura es internas de rela es sociais suas rela es de poder suas tens es seus processos de produ o permanente suas din micas de transforma o O objetivo de uma pesquisa etnossociol gica elaborar progressivamente um corpo de hip teses plaus veis um modelo baseado em observa es rico em descri es de mecanismos sociais e em proposi es de interpreta o mais do que de explica o dos fen menos observados BERTAUX
65. o da realidade vivida pelos indiv duos na rela o de como se configurao habitus e o campo da pesquisa Desta forma nos ajuda a sociologia a visualizar um plano situado entre o individual e o socioestrutural e por contemplarmos tamb m a perspectiva etnossociol gica que devemos de acordo com Bertaux 2010 acrescentar um n vel intermedi rio os das rela es intersubjetivas fortes e em geral dur vel aquelas que se estabelecem naturalmente entre pessoas ligadas entre si pelas rela es parentais conjugais de hierarquia e as do amor do companheirismo e da amizade ou do dio da alian a ou da rivalidade micropol ticas que s o constru das pelos pr prios atores BERTAUX 2010 p 112 Destacamos a forma de rela o social que se d nesta ltima cita o de Duarte J nior 1983 como uma representa o de viol ncia simb lica em s ntese que expressa a sua an lise e mais mostra nos que havia uma did tica empregada de forma arbitr ria O que n o condiz com as novas pedagogias o que veremos mais frente no cap tulo sobre a forma o do professor pois quando se tolhe a capacidade criativa de um aluno temos um sinal de que n o h um processo de ensino aprendizagem com autonomia capaz de faz lo exercer a criticidade resultando portanto em um ensino alienado que n o valoriza a constru o do conhecimento com a inten o de contribuir para a melhoria no Ensi
66. o n o tem nada de imparcial ele age como se tivesse inveja dos alunos outro dia ele avaliou um colega escrevendo em sua prova a palavra prolixo da seguinte maneira pro lixo isso uma falta de respeito ele que deveria zelar pelo curso do qual tira seu sustento mas cometeu mais uma essa de tirar o chap u disse ele em sala de aula ao fazer a chamada Faltaram quatorze tomara que n o venham mais Isso em um curso que est em processo de identidade uma aberra o N 12 14 Lembramos que outro professor disse em sala mostrando seus an is daqui n o saio e nem o Papa me tira Querendo dizer fa o o que bem entendo e ponto final n o tenho superiores sou dono do meu emprego N o essa a autonomia que desejamos no servi o p blico um tanto vergonhosa Talvez uma pequena minoria pense dessa forma no entanto isso n o se d s na educa o generalizado e comprovado na m dia di ria nos jornais e no cotidiano daqueles que precisam dos servi os p blicos Voltemos ao nosso foco analisemos a esse respeito o que dizem os Coriscos Quando voc est estudando em uma institui o p blica nada lhe concedido sem que voc lute para conseguir diferente do particular onde voc tem tudo nas m os porque paga Nesse sentido a mobiliza o estudantil tem sua import ncia e o curso estando separado a gente fica por fora do que acontece na institui o e as possibilidades de a o tamb m diminuem Talv
67. o para o uso da imagina o sociol gica atrav s da qual transpomos tais elementos mistificadores para a atualidade verificamos que muitos se conservam intactos outros se transmutam e alguns como j dissemos surgem na contemporaneidade por m eles conservam entre si a ess ncia o mesmo germe e sentido Pontuamos nos pr ximos t picos o modo como se produz o mito do artista 2 6 O mito do artista lenda mito e magia Kris e Kurz 1988 come am questionando o enigma do artista como problema sociol gico prenunciando que h duas maneiras de abordar tal problem tica a primeira considera a capacidade inventiva do homem de criar obras de arte a segunda indaga o porqu da atribui o de valor ao trabalho obra de arte desse homem artista ter sido avaliada pelos seus contempor neos Encontra se nessas duas abordagens um mist rio comum Primeiro h certos tra os e predisposi es especiais que s o necess rios para a cria o art stica segundo certos per odos e culturas foram preparados para conceder um lugar especial e conforme os autores amb guo ao criador da obra de arte Com isso entendemos que h uma s ntese entre o psicol gico e o sociol gico no processo criador o lugar especial seria um topo entendido como o pr prio mito em constru o Nessa estrutura topol gica se d narrativa como aned tica estabelecedora do 78 mito costurando significados na e pela fus o desses
68. o permitiria a amplia o assim restringimo nos ao campo da forma o docente com a representa o de seus alunos Cabe salientar as dificuldades encontradas na obten o dos dados referentes aos mitos e preconceitos isto porque ao fazermos as entrevistas narrativas partimos do seguinte ponto experi ncias influ ncias est mulos e desest mulos em rela o s artes visuais at chegar licenciatura N o fizemos quest es que induzissem os entrevistados deixamos que mitos e preconceitos viessem tona somente por suas falas fragmentos narrativos isto porque poderia haver uma elabora o do discurso que exacerbasse o fen meno pesquisado Somente atrav s das quest es imanentes criadas ap s suas narrativas quando surgiam ind cios de falas referindo se aos mitos ou aos preconceitos que persist amos em tais falas 1 1 Instrumentos metodol gicos Pesquisa explorat ria de campo escolha do espa o da pesquisa escolha de grupo de pesquisa estabelecimento dos crit rios de amostragem estabelecimento de estrat gia de entrada em campo e Entrevista narrativa Considerando que a apreens o da subjetividade na pesquisa qualitativa preponderante a obten o de dados foi pormenorizada segundo o modelo de entrevista narrativa orientada pela quest o central da pesquisa o desvelamento dos mitos e preconceitos atrav s das narrativas dos sujeitos alunos feita de acordo com os preceitos ditados por Ba
69. onde se permite sonhar livremente e desta forma os seus alunos ficam suscet veis s interfer ncias dos mitos e preconceitos Neste momento despontam algumas quest es que dizem respeito ao tratamento do curr culo deste curso ao seu projeto pedag gico se h consci ncia da categoria artista professor forma como mitos e preconceitos est o representados e se s o eles produzidos no campo desta doc ncia ou s o somente herdados Esta aproxima o com o mundo das artes faz com que os docentes em forma o sintam se constantemente tentados ao triunfo art stico Esta uma quest o que se apresenta subjacente entretanto foi preciso que pens ssemos os mitos e preconceitos como elementos que permeiam tal forma o e que habitam tanto as artes visuais como o seu ensino Assim acreditamos a priori que estes atuam como indutores de tal triunfo ou fracasso Ent o dividimos os mitos em positivos e negativos e os detectamos conforme o valor que eles imprimiram no campo desta forma o docente j o preconceito se apresenta sempre como algo negativo Numa primeira investida procuramos entender como os mitos e preconceitos s o representados atrav s das narrativas que contam as experi ncias de vida dos sujeitos suas trajet rias at chegarem forma o docente Antes trabalhamos separadamente seus conceitos para mitos utilizamos uma abordagem mais pr xima das artes visuais e para o preconceito bastou nos o entendimento d
70. origens dessa suposta ordem vendo a como m tica ou cient fica pedag gica que podemos vislumbrar mudan as significativas porque isto se revela na sua pr pria inefici ncia operacional isto quando a l gica cient fica n o funciona o mito entra em cena e nem um nem outro s o verdades absolutas mas est o sempre reordenando os campos sociais em que se inserem no caso as artes visuais seu ensino e a forma o docente Se queremos promover mudan as temos que romper alguns mitos assim como ele pode se estabelecer por inverdades pode tamb m se extinguir pelo mesmo motivo ele n o uma regra fixa e imut vel podemos mud lo sim com a condi o de assumirmos as consequ ncias do seu desvelamento Al m disso exige se o seu oposto isto o pensamento racional cient fico para assumir a nova ordem ou mesmo outro mito poder se estabelecer dispondo de melhores resultados para a realidade em que ele se insere junto ou n o ordem cient fica Tratamos de ideais filos ficos sobre o Ensino de Arte transformado em mito em nossa historiografia Devemos agora refletir sobre outros mitos observados em nossa hist ria O per odo abolicionista com seu ideal de liberdade traz contradi es que podem ser notadas na frase lei para Ingl s ver Isso nos remete ao sentido de inverdade como visto pode ser apropriado na conceitua o do mito e sabemos que a aboli o em seu sentido pleno inexisti
71. os bibliogr ficos quanto os emp ricos Os objetivos est o relacionados diretamente Educa o e esta se insere nas problem ticas tidas como pr prias das ci ncias sociais Isso nos outorgou a realizar tal pesquisa pelo vi s sociol gico pois mantemos afinidades com sua proposta de interpretar a realidade Trabalhamos na an lise dos fragmentos narrativos usando como aporte te rico o conceito de habitus em Bourdieu o qual mant m interdepend ncia com outros dois conceitos o de campo e o de capital simb lico cultural econ mico Tra amos a forma como assumimos tal proposta sociol gica colocando suas defini es j como pontos influenciadores de nossa an lise pois a partir deles que pensamos como se d a rela o dos mitos e preconceitos nas estruturas estruturantes do campo social em estudo Temos como caminho metodol gico a proposta de Bertaux 2010 com ela estruturamos a ideia de pesquisa cient fica justificada pela etnossociologia Este trabalho se inscreve numa categoria sociol gica chamada de mundo social e de acordo com a perspectiva etnossociol gica se constr i em torno de uma atividade espec fica ou sobre esta ou aquela categoria de situa o relativa ao conjunto de pessoas que se encontram em uma determinada situa o social no caso os alunos da forma o docente em artes visuais Por m senso comum entres os estudiosos em sociologia como bem observa Bertaux 2010 que h um duplo
72. ou reelaborados infringindo ao campo social a marca determinista da hist ria como um discurso propositado para ordenar o seu mundo Bourdieu desenvolve tr s justificativas para o papel dos sistemas simb licos ou 43 culturais na produ o e reprodu o das estruturas sociais Antes de tudo eles seriam formas de percep o e representa o da realidade Primeiro os indiv duos criariam sustentariam e defenderiam seus sistemas simb licos no mbito da sociedade em geral ou no interior de um campo espec fico Ou seja os sistemas simb licos seriam em si mesmos uma base a partir da qual se constitui e se exerce o poder na sociedade Na observa o do autor os sistemas simb licos seriam um meio capaz de traduzir e portanto escamotear dissimular eufemizar as hierarquias sociais o autor identifica como uma correspond ncia entre formas culturais e classes sociais e n o seriam facilmente percebidas pelos agentes sociais j que haveria um confinamento no modo de vida social pois vivem se hierarquias ou rela es de domina o social Mesmo que a condi o de pesquisador e aluno se fa a presente neste momento da an lise podemos esbo ar um entendimento sobre este processo de que nos fala Bourdieu nossas experi ncias vivenciadas nos levam a aproximar teoria a e realidade quando consideramos o personalismo como exalta o da tomada do p blico pelo privado o que temos de concreto para relevar tal quest o s o as int
73. para atender a uma forma o de mercado enquanto qualifica o de m o de obra atrav s do Desenho O referido per odo modernista que vai dar novos sentidos rea abrindo se as fronteiras referido per odo modernista que vai dar novos sentidos rea abrindo se as fronteiras para que o conhecimento da arte seja amplificado tanto nos seus conte dos como em 143 abrang ncia social sistematizando se desta forma como objeto de conhecimento Fortaleza traz em seu ber o aspira es art sticas muito fortes como podemos observar na ltima cita o Sua organiza o social no que se refere arte poderia nos levar a concluir que est bem assistida apesar de n o ter uma escola oficial de Belas Artes e um efetivo ensino de arte nas escolas da rede p blica Os artistas desse per odo viviam influenciados por uma revolu o cultural alheia realidade social de Fortaleza mas que a tinham como causa nobre e com os sentimentos de vanguarda local Este movimento provocava a quebra do paradigma acad mico foi um per odo de transforma es abruptas na composi o est tica muda se a forma muda se o conceito as novas tecnologias s o incorporadas acelerando os processos do fazer art stico Neste momento acontece uma enxurrada de estilos marcados pelos ismos demarcadores de territ rio como o impressionismo franc s expressionismo alem o e tamb m de estilos pessoais ou de grupos como o cubismo e o concretismo
74. paralelo entre os conceitos de mito e preconceito pois s o de naturezas distintas Apesar de em alguns momentos encontrarem se fazemos a ressalva de que o mito diferentemente do preconceito faz parte de um conjunto explicativo de fen menos que podem ser compreendidos como o desdobramento das explica es religiosas onde se guardam os mist rios explica es cujo sentido difuso e pode se dar em diversos contextos J o preconceito acontece somente na especificidade dos contextos n o tendo car ter de conhecimento e sim de prote o aos indiv duos conforme Crochik 1995 2008 sendo localizado no corpo social como uma defesa do indiv duo a tudo que lhe estranho diferente desconhecido como dissemos h pouco para a manuten o do status Neste cap tulo procuramos entender uma narrativa que pr pria da arte referiremos sempre como artes pl sticas a qual estabelece para o artista uma posi o social m tica Come amos falando dos mitos na tentativa de conceitu los introdutoriamente galgaremos agora em alicer ar seus pressupostos te ricos primeiramente nos campos da filosofia e antropologia e posteriormente inserindo os no campo das artes visuais do seu ensino e da sua forma o docente o que como nos referimos far se junto aos dados bibliogr ficos e falas dos sujeitos pesquisados Na acep o filos fica e antropol gica o mito faz parte dos prim rdios da organiza o do pensar humano
75. participam de eventos acad micos N o deixou de ser o CEFET s porque agora tem licenciatura Ent o minha experi ncia na UFC foi importante para eu saber o que existe numa universidade As pessoas nem sabem que a gente devia ter nibus para nos levar a eventos acad micos ajuda de custo nas viagens que bolsas geralmente s o ofertadas em n meros bem maiores N1 14 148 Podemos chamar tal situa o de descaso n o s com o Ensino de Artes Visuais mas com os alunos que se sentem afastados do processo de decis o como se eles fossem os ltimos interessados ou mesmo vistos como uma conting ncia que se satisfaz com o funcionamento do curso e que n o precisa participar de forma efetiva da sua constru o vistos como meros coadjuvantes nesse processo educacional Foi na tentativa de assegurar recursos para a verticaliza o do ensino profissionalizante que se criou no lugar do contradit rio curso de Tecnologia em Artes Pl sticas o CLAV acompanhado da descaracteriza o da identidade profissional Quem arcar com as consequ ncias Alguns dos Coriscos s o egressos deste malogrado curso de Tecnologia e unanimemente sentiram tal neglig ncia em seu funcionamento o que fez com que muitos migrassem para a atual licenciatura em busca de uma melhor requalifica o profissional Parece nos que em vista da desilus o o fizeram simplesmente pelo diploma Esses elementos podem ser identificados na seguinte fala Em 2006 2
76. pertencente D ris de S mos escrito nos finais do s culo IV a C uma repetida nfase no autodidatismo referindo se aos seus alunos diz que tamb m ganhou fama como inspirador de alunos seus Estudando os fragmentos das primeiras biografias gregas de artistas Kris amp Kurz 1988 descobrem que estas podem ser constru das a partir de cita es posteriores e que estas nascem todas num per odo em que a figura do artista mal acabara de autonomizar se Mais uma vez no andar da carruagem percebemos uma rela o insepar vel entre mito e artista pois a partir do momento da assinatura do artista na obra que essa rela o se fortalece para dar sustenta o laiciza o da arte como afirmamos par grafos acima O que h de peculiar no trabalho dos autores a sistematiza o dessa rela o que une mito e arte numa perspectiva sociol gica A par da tend ncia para a genealogia expressa na liga o entre Giotto e Cimabue como aluno e professor h semelhan as mais espec ficas que se relacionam com a a o do destino o papel do tyche fado fortuna Em ambos os casos o efeito duplo por um lado a Giotto tamb m permitido ascender socialmente a partir de origens humildes e por outro a mudan a decisiva de sua vida deve se a um acontecimento ocasional a descoberta do seu talento por Cimabue que por acaso passou por ali KRIS amp KURZ 1988 p 31 34 Na an lise que auferem Giotto a par d
77. produzidos por outros e na segunda tomado como agente social cuja atividade determinada exclusivamente por for as ou mecanismos sociol gicos Nestas duas vis es o professor n o passa de um boneco ventr loquo ou aplica saberes produzidos por peritos que det m a verdade a respeito de seu trabalho ou o brinquedo inconsciente no jogo das for as sociais que determinam o seu agir for as que somente os pesquisadores das ci ncias sociais podem realmente conhecer TARDIF 2011 p 230 Tamb m cabe aqui repensarmos sobre a reflex o e autonomia do professor Est o ambas intrinsicamente ligadas em um s processo S o categorias dependentes uma da outra e se faz necess rio um reconhecimento m tuo para que se possa atingir o objetivo proposto por Tardif qual seja considerar os professores sujeitos do conhecimento Assim para esse autor toda pesquisa sobre o ensino tem por conseguinte dever de registrar o ponto de vista dos professores ou seja sua subjetividade de atores em a o assim como os conhecimentos e o saber fazer por eles mobilizados na a o cotidiana TARDIF 2011 p 230 Sendo assim podemos concluir que a reflex o e a autonomia devem se dar concomitantemente a tal situa o ou seja n o s o a es independentes de um mesmo cotidiano Consideramos isto porque de acordo com o pr prio Tardif 2011 a pesquisa sobre o ensino deve se basear num di logo fecundo com os professores considerad
78. que a escolha direcionada para a doc ncia ou para a produ o art stica deve ser conscientizada Havendo tal conscientiza o por parte do CLAV eliminam se ao m ximo os preju zos causados tanto por consequ ncias das vontades individuais estruturas estruturantes como das vontades que s o dadas nas objetividades dos espa os sociais estruturas estruturadas Tomamos como princ pio a satisfa o do individuo n o como um privilegiado mas como dono de sua raz o livre e consciente de suas escolhas como sujeito ativo da hist ria tudo para que n o seja tomado de ilus es e ou alienado do seu processo de forma o profissional Entretanto temos a seguinte posi o para ser artista n o precisamos passar necessariamente por um ensino formal institucionalizado diferentemente do professor de quem exigida tal forma o institu da por lei habilitando o profissionalmente Por m entendemos haver um peso maior em se atingir o mercado de arte ou seja viver de sua pr pria arte e o agravante nisto que o sujeito com esta pretens o pode estar deslumbrado pelo glamour do artista Ele no m nimo desavisado da rela o de disputa no campo da artee das dificuldades da forma o do habitus por quest es dos capitais que ele tem que ter Como se produz socialmente a figura de um artista ou como se chega a ser artista Ante a frustra o de tal aspirante faz se necess rio entender o campo 73 art stico como um campo de b
79. que diz respeito a sua t cnica como a sua apreens o social No segundo semestre eu fui me dando um pouco melhor conhecendo mais os professores conhecendo mais pessoas n o tinha ainda muita no o do queria fazer depois do curso de licenciatura gritava aos setes ventos que eu n o queria ser professora ent o no terceiro semestre estava com mais maturidade reconhecendo os valores e os n o valores do curso suas debilidades seus pontos positivos e negativos e em vista disso fui atr s de outro lugar para me formar na mesma rea de licenciatura fiz um investimento para tentar em outro Estado N5 04 at mesmo por uma quest o de compatibilidade com a experi ncia do professor com o sistema de ensino que uma experi ncia n o muito agrad vel podemos admitir isso porque s o v rios fatos que se escuta diariamente sobre as atrocidades que acontece na escola n o que isso para mim seja uma coisa imposs vel l gico que uma quest o de foco de interesse tem pessoas que possuem mais interesse em uma determinada profiss o do que em outras mas seria isso a l gica que eu teria outros objetivos em rela o s artes pois preciso me alimentar preciso me sustentar N7 02 Podemos distinguir dentre os alunos pesquisados duas posi es opostas h aqueles que possuem discernimento do seu processo formativo e os que n o possuem e isto est relacionado s suas posi es sociais referente
80. que medida tais ajustes s o percebidos e com que intensidade eles s o utilizados para serem incorporados ao habitus Podemos dizer tamb m que desta forma que se d a reflexividade na referida forma o docente O habitus a pe a fundamental para superar as limita es do subjetivismo e do objetivismo e permite conforme Bourdieu sustentar a exist ncia de uma estrutura social objetiva baseada em m ltiplas rela es de luta e domina o entre grupos e classes sociais sem precisar sustentar a exist ncia de qualquer teleologismo ou finalismo consciente de natureza individual ou coletiva Ele esclarece que as a es dos sujeitos t m um sentido objetivo que lhes escapa eles agem como membros de uma classe mesmo quando n o possuem consci ncia clara disso exercem o poder e a domina o econ mica e sobretudo simb lica frequentemente de modo n o intencional desta forma que consideramos as a es dos sujeitos da pesquisa pens lo sempre nos mitos e preconceitos orbitando o 36 campo da pesquisa Assim as propriedades correspondentes a uma posi o social espec fica s o incorporadas pelos sujeitos tornando se parte de sua pr pria natureza E a a o de cada sujeito tenderia desta forma a refletir e a atualizar as marcas de sua posi o social e as distin es estruturais que a definem n o em primeiro lugar por uma estrat gia deliberada de distin o e ou de domina o mas principalmente porque essas ma
81. que nos induz a tal s ntese J em rela o coordena o da escola e aos demais professores de outras disciplinas voc o cara que est ali numa fun o muito boa muito c moda e f cil de desempenhar Como eles n o v em arte como conhecimentos acham tamb m que arte n o tem conte do e de que o professor de artes n o estuda n o tem forma o e que qualquer um pode dar aula de arte a contento E mais quando chega o per odo junino lhe escalam para fazer um trabalho de decora o uma apresenta o art stica escolher os alunos para fazer um n mero musical ou de dan a ligado tem tica junina N2 14 Tal situa o apesar de se passar numa escola de ensino b sico parte da experi ncia de um formando que j atua como professor n o se distanciando de nossas quest es Assim o Corisco refere se coordena o e s outras disciplinas estas tidas ZTA imagina o sociol gica capacita seu possuidor a compreender o cen rio hist rico mais amplo em termos de seu significado para a vida ntima e para a carreira exterior de numerosos indiv duos Permite lhe levar em conta como os indiv duos na agita o de sua experi ncia di ria adquirem frequentemente uma consci ncia falsa de suas posi es sociais Dentro dessa agita o busca se a estrutura da sociedade moderna e dentro dessa estrutura s o formuladas as psicologias de diferentes homens e mulheres Atrav s disso a ansiedade pessoal dos i
82. reativar no interior da hist ria da pintura a ideia de um pintor perfeito A biografia torna se relato o relato paradigma at atingir uma idealidade indiferente a qualquer determina o hist rica A grandeza de Apeles proporcional for a do movimento retrospectivo que o transforma em pintor exemplar A dimens o m tica de um artista precisamente o que ela tem de positivo isto de produtivo para o fen meno de imita o e emula o que suscita LICHTENSTEIN 2004 p 18 A hist ria da pintura se d em dois aspectos ou conforme a autora dois rostos do primeiro participam as narrativas de fatos relacionados vida dos pintores s circunst ncias relevantes no que diz respeito a sua mem ria e favore am a cria o das obras o segundo corresponde forma o e ao extenso desenvolvimento de diversos topos referentes s origens m ticas religiosas e sabedoras da atividade de pintar Ela observa que Vassari recorreu frequentemente aos dois aspectos o hist rico e o m tico chegando s vezes a confundi los nas Vidas dos artistas sem perda do car ter hist rico interessante a compreens o ao que s o topos pois eles se fazem num contexto pr prio da trajet ria dos sujeitos da pesquisa um lugar comum uma proposi o uma fonte de argumento que pode ser uma ideia por exemplo a de Deus pictor um relato mitol gico Narciso inventor da pintura ou um lugar de origem o Egito onde a pintura te
83. rererareeanos 4 4 Aflorando a subjetividade do professor em forma o o 4 5 O preconceito ronda a forma o do professor de artes nee00a 4 6 Reflex es sobre a sistem tica do ensino de artes visuais e a sua pr tica OOE ETATE A AA E green a AA E de tb A 4 7 Exemplifica es do ideal das a es pedag gicas no ensino de artes MISS rr e E A E A E O 167 168 172 CONSIDERA ES FINAIS ereto REFER NCIAS INTRODU O O interesse pela tem tica mitos e preconceitos na forma o docente em Artes Visuais nos remete a nossas experi ncias no campo art stico e educacional iniciadas quando da necessidade de qualifica o profissional Assim ao longo de uma d cada e meia estamos buscando nossa inser o no campo da aprendizagem formal Fizemos no IFCE ent o chamado CEFET Centro Federal de Educa o Tecnol gica o curso de Tecnologia em Artes Pl sticas e atualmente cursamos a Licenciatura em Artes Visuais CLAV al m de termos feito outros cursos na rea especializa o em arte educa o e alguns relacionados a t cnicas de artes pl sticas A aproxima o com o campo da pesquisa se deu de forma oportuna e estrat gica Entramos para a licenciatura como egresso do curso de tecnologia com a possibilidade de livre acesso s apreens es dos dados emp ricos viabilizando a observa o participante al m de atender ao interesse de forma o continuada Essa participa o direta nos possibilitou uma
84. ria da cultura brasileira 1972 p 23 Constitui peculiaridade do desenvolvimento brasileiro a precocidade do aparecimento de uma camada intermedi ria entre a classe dos senhores de escravos e ou dos servos e a classe dos escravos e ou dos servos isto o aparecimento da pequena burguesia O processo que motivou tal resultado n o foi desenvolvido apenas no Brasil colonial sendo normal nos pa ses e regi es em que as rela es pr capitalistas tiveram vig ncia prolongada 113 intelecto para atividades mais cient ficos pois era apenas uma forma de prepara o do intelecto para atividades mais elevadas Neste sentido destaca Barbosa a Arte era encarada como um poderoso ve culo para o desenvolvimento do racioc nio desde que ensinada atrav s do m todo positivista subordinasse a imagina o observa o identificando as leis que regem a forma Barbosa 2006 p 67 ou seja de cunho mim tico Este ensino n o se efetivou conforme os preceitos de Augusto Comte pois faltaram professores especializados Augusto Comte o grande mestre dos positivistas brasileiros valorizava as fun es humanizante da arte e afirmava a conex o entre o g nio est tico e o g nio cientifico j que para ele a forma o cient fica devia basear se naquela forma o est tica geral que predisp e a desfrutar profundamente todos os modos de idealiza o tornando os homens capazes de pensar melhor
85. rquico que resulta nas mazelas do patrimonialismo e personalismo dentro das institui es p blicas HOLANDA 1984 h no Brasil o v cio da apropria o do p blico pelo privado sem cerim nias ou desculpas e tal descalabro quem paga a sociedade As benesses s o naturalizadas desse lado da civiliza o p s colonial onde o descaso tornou se rotina e a burocracia um instrumento de pedido de desculpas quando se trata de lograr o er rio p blico ou seja tomado de forma indevida do capital simb lico e econ mico O objeto da pesquisa insere se nessas condi es que tamb m embasam nossas experi ncias pessoais em busca da forma o continuada Assim somente podemos colocar nos aqui na dupla condi o de pesquisador e de estudante sujeito da pesquisa pois enquanto tecn logo que se formou nessa institui o e estudante de Licenciatura em Artes Visuais nos fazem agora presentes enquanto Corisco Se tal condi o coloca em risco a isen o do pesquisador por outro lado apresenta a possibilidade de apreender a congru ncia dos fatos ou de interpret la com mais propriedade A organiza o do curso sua estrutura pol tico administrativa e pedag gica ser 46 tratada no cap tulo tr s mais especificamente no item 3 8 A forma o tardia artes pl sticas uma necessidade para si Gostar amos de ressaltar oportunamente neste ponto de nossas reflex es que a viabilidade da pesquisa como mencionamos na introdu
86. sociologicamente falando observamos haver no curso como um todo um des nimo que se generaliza e detectado mais precisamente a partir dos alunos do terceiro semestre quando estes n o t m mais disciplinas que envolvem as pr ticas art sticas e tamb m pelo motivo de n o ser propiciado pelo curso o esp rito universit rio ficando a identidade estudantil por ser constru da Um ritual necess rio e j estabelecido socialmente e que estes alunos n o desfrutam pela falta de conv vio com alunos de outras institui es que s percebido quando ocorrem encontros de estudantes e festas de calouros ou quando experienciaram outros cursos de outras institui es Ao relacionarmos o fator da autoestima aos mitos e preconceitos obviamente identificamos os bons mitos os que elevam a valoriza o do campo docente os que animam Pena n o termos uma cataloga o que distinga tal diferen a no entanto compensamos isso ao pensarmos naquele que chamamos de absurdo do mito em nota de rodap da p gina 73 este que contribui para a aliena o do aluno por entorpec lo de inverdades de ilus es mantendo o no discurso do inef vel da arte prejudicando assim a sistematiza o do ensino de arte de sua compreens o nos par metros de sua epistemologia O mito do absurdo junto aos preconceitos sempre indesej veis participa como motivador da evas o pois se pud ssemos concentrar toda uma sobrecarga de negativi
87. tal campo ou campo que estrutura as atividades de um determinado mundo social pois cada um campo requer um estudo espec fico Isso se d tamb m para os mundos sociais e conforme Bourdieu todo campo um mundo social mas muitos mundos sociais n o s o campos Assim tamb m na perspectiva etnossociol gica de Daniel Bertaux h o reconhecimento dessa diversidade ou pluralidade formada pelas diferencia es funcionais e nesta h um desenvolvimento interno que em tese deve ser feito por processo intersubjetivo coletivo Nesta pesquisa no entanto precisamos considerar os processos subjetivos individuais que apesar de terem tal car ter sabemos que as institui es n o est o imunes as suas interfer ncias al m do mais o campo social se faz no embate da subjetividade dos indiv duos e da objetividade das institui es Agimos de forma que ao identificar a l gica da a o do campo da objetividade do nosso mundo social e a forma n o l gica dos sujeitos da pesquisa para fazer a s ntese anal tica ou seja h um curso em forma o uma identidade sendo forjada ao mesmo tempo em que a realidade n o consegue absorver tais especialistas de forma qualitativa e equ nime dentro do mercado Enquanto o discurso constru do de forma amb gua os 29 ideais que se voltam para o campo que tratamos distanciam se provocando uma sensa o de inocuidade que leva ao fracasso curricular penalizando ainda mais
88. um modelo preestabelecido esta proposta o constr i no decorrer das observa es emp ricas e bibliogr ficas Amparamo nos teoricamente na sociologia praxiol gica para realiza o das an lises no esfor o de entender a realidade pesquisada compreendida como a s ntese do conhecimento subjetivo e objetivo de mundo levando em conta mitos e preconceitos nesse processo Desta forma procuramos estabelecer interpreta es concernentes atua o dos mitos e preconceitos dentro da especificidade da referida forma o docente em artes visuais atrav s dos conceitos de habitus de capital cultural e simb lico do entendimento das estruturas estruturantes limitadas ao objeto de pesquisa que emanam mitos e preconceito junto interioriza o da exterioriza o e de exterioriza o da interioriza o propositada pelas narrativas de vida dos sujeitos Mitos e preconceitos s o de dif cil apreens o porque s o categorias que se d o mais de forma impl cita e no mbito da pesquisa delicado o seu trato por causa das suas impress es subjetivas Podemos dizer que os mitos e preconceitos dificilmente se d o de maneira consciente nos sujeitos da pesquisa os quais no entanto frequentemente os transferem para terceiros Alguns mitos e preconceitos j est o estabelecidos no campo bibliogr fico e eles se refazem e se criam no campo emp rico na apari o destes que colocamos em risco a objetividade cientifica porque se
89. veio dando uma capengada porque veio muita teoria por cima de teoria e vai deixando a pr tica no primeiro semestre e a comecei a ficar meio desmotivada embora a teoria seja legal e adorar hist ria da arte Acho que tem disciplinas que s o muito morgadas e a gente acaba se desestimulando um pouco do curso N9 07 Come amos a abordagem espec fica sobre os mitos e preconceitos desenvolvendo reflex es sobre nossa inser o no campo do Ensino de Artes Visuais no Brasil com um sobrev o panor mico partindo do centro dos acontecimentos do per odo Imperial at pousarmos na contemporaneidade deste ensino no Cear e especificamente de Fortaleza 3 i pa Z E EA T i Bourdieu toma este termo de empr stimo na F sica histeresis que designado nesta disciplina como tendo um efeito de prolongar mesmo ap s o desaparecimento da causa uma esp cie de in rcia 55 2 MITOS E PRECONCEITOS 2 1 Uma breve introdu o Come amos este cap tulo lembrando que no processo de coloniza o do Brasil a explora o se deu com muito rigor pela Corte Portuguesa Aqui n o se permitia nenhum desenvolvimento do tipo industrial manufatureiro que possibilitasse a autonomia da col nia com isto passamos praticamente trezentos anos importando produtos e bens Havia uma fiscaliza o da coroa portuguesa para que n o se fomentasse a ind stria na col nia caso emblem tico o da imprensa toda a tipografia oficial
90. visualiza o privilegiada As condi es de pesquisador e de aluno que fizeram emergir a problem tica Com isso algumas de nossas quest es se configuram tanto na condi o de pesquisador como de aluno participante do cotidiano deste curso sentindo nos numa constante observ ncia de tal campo A delimita o te rica se d em cinco campos nas artes visuais no ensino de Artes Visuais na forma o docente em Artes Visuais na sociologia praxiol gica e no campo de interse o destes com os mitos e preconceitos As quest es surgidas se colocam na conflu ncia dos campos em quest o e desta forma embasamos os pressupostos te ricos bem como a formula o de suposi es hip teses tendo como eixo da pesquisa mitos e preconceitos A preocupa o com a forma o dos professores em Artes Visuais e sua rela o com os mitos e preconceitos resultado de observa es do senso comum sobre a pouca valoriza o da rea e ao fazermos uma reflex o r pida notamos haver discursos disseminadores destes dois elementos Nesse sentido seria uma vis o externa do problema levantado que se d no campo social mas por estarmos familiarizados com o campo da pesquisa que resolvemos fazer tal investiga o partindo das curiosidades internas que habitam tal campo ou mundo social 10 Come amos a desenvolver a tem tica quando curs vamos uma determinada disciplina no CLAV no primeiro semestre de 2011 1 com uma turma de 28 aluno
91. vulner veis s transforma es tecnol gicas que criam e alimentam uma cultura do descart vel nas Artes este um dos motivos para o qual foi criada a arte kitsch Ent o nada melhor do que a escola para assegurar a sua vitalidade fortalec la em sua ess ncia como arte de verdade Neste sentido segundo Barbosa 2008 Se pretendermos uma educa o n o apenas intelectual mas principalmente humanizadora a necessidade da arte ainda mais crucial para desenvolver a percep o e a imagina o para captar a realidade circundante e desenvolver a capacidade criadora necess ria modifica o desta realidade BARBOSA 2008 p 5 Entendemos que h um benef cio da oficialidade institucional sobre a cultura mesmo que esta n o seja trabalhada pela educa o formal ou n o tenha os incentivos necess rios para a sua produ o Usada muitas vezes como que para florear eventos oficiais seus cones s o tidos como ornamento para representar a Arte local como aconteceu com o pintor Chico da Silva colocado frequentemente na primeira fileira do Sal o Nobre da Reitoria da Universidade Federal do Cear em cerimonias oficiais Antes de continuarmos nesta nova fase do Ensino de Arte respaldado na LDB 1996 fa amos uma reflex o com base nas palavras de Roberto Gomes sobre a referida situa o servindo tamb m para a atual realidade do nosso ensino evoca se mais uma vez ao entendimento do preconceito O artista esse marginal
92. 08 MILLS Wright C A Imagina o sociol gica Rio de Janeiro Zahar 1972 MINAYO Maria Cec lia de Souza Org O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sa de 6 ed S o Paulo Hucitec Rio de Janeiro Abrasco 1999 Pesquisa Social teoria m todo e criatividade 19 ed Petr polis Vozes 2001 NOGUEIRA Maria Alice NOGUEIRA M Martins Bourdieu x Educa o 2 ed Belo Horizonte Editora Autentica 2006 N VOA Antonio Os professores e a sua forma o Porto Portugal Publica es Dom Quixote Ltda 1995 Vidas de professores 2 ed Porto Portugal Porto Editora 1995 OSTROWER Fayga Criatividade e processos de cria o 16 ed Petr polis Vozes 1987 Universo da Arte 2 ed Rio de Janeiro Eslevier 2004 PANOFSKY Erwin Significado nas Artes Visuais S o Paulo Editora Perspectiva 2007 PATRIOTA Margarida Modernidade e Vanguarda nas Artes Bras lia Editora Plano 2000 PIMENTA Selma Garrido amp GHEDIN Evandro orgs Professor reflexivo no Brasil g nese e cr tica de um conceito 4 ed S o Paulo Cortez 2006 PINTO Louis Pierre Bourdieu e a teoria do mundo social Rio de Janeiro Editora FGV 2000 ROCHA Everardo O que Mito S o Paulo Editora Brasiliense 2006 ROCHLITZ Rainer O desencantamento da arte a filosofia de Walter Benjamin Bauru SP Editora EDUSC 2008 189 SAMBONI Silvio A Pesquisa em Arte um paralelo ente arte e ci ncia 2 ed C
93. 27 28 Entendemos que neste mundo cada vez mais desumanizado ou melhor um mundo que busca o ser humano como aut mato tem se um homem ac falo A racionalidade em quest o desprovida de reflex o human stica preza por uma educa o funcionalista que cria uma sociedade ansiosa e projeta um homem sedent rio a busca desse homem pelo poder de mover os objetos num piscar de olhos pelo poder de mov los sem esfor o algum e at o preconceito de usar as pr prias m os como extens o do corpo A m o se prop e para um futuro como mero ap ndice de um corpo pregui oso artificial e descart vel Um novo espirito ter que surgir para suport lo 2 15 Os conte dos dos estere tipos Como profere Crochik 1995 aprendemos a desenvolver um tipo de pensamento que exclui a reflex o sobre outras possibilidades de vida assim deixamos de diversificar nossas experi ncias tornamo nos repetitivos e bitolados pelos sistemas sociais que nos envolvem Acreditamos que dessa forma perdemos a autonomia do ser no que diz 101 respeito a um eu pensante humanamente poss vel de exist ncia ou seja perdemos a liga o com n s mesmos com a nossa natureza ontol gica A esta altura da exist ncia humana o trabalho que nos funda enquanto ser humano agora nos aliena e degrada e o que contribui para essa situa o o grau de adjetiva o que damos e ou recebemos em nossas representa es sociais a supervaloriza o da e
94. BOSA 2006 p 19 Um Brasil de todos e para todos mesmo em sentimentos idealizados ainda estava por vir com o advento da Rep blica Temos de concreto nesse momento de forma o da sociedade brasileira uma bipolaridade manifestada em desejos isto o que emana de fora e o que emana de dentro do Brasil causando uma confus o de identidade nacional que se perpetuar at nossos dias numa alus o ao processo de globaliza o que luta pela destrui o dos sentidos de cultura pr pria Sobre a na o tal liberdade buscada custou caro para os valores atuais por ter sido assentada na mesma bipolaridade onde a representa o da arte erudita e da arte popular n o encontrava consenso Quer dizer culturalmente nos formamos com a pecha do preconceito negando o consenso pois ainda n o se estabelecia uma uni o entre as culturas a de fora e a de dentro somente no Romantismo que teremos essa inten o Tal per odo dicot mico ainda reflete em nossa sociedade deixando cicatrizes at hoje n o sanadas como a faveliza o o analfabetismo a cordialidade nos preceitos de S rgio Buarque de Holanda e enfim o prest gio dado a tudo que vem de fora Mesmo ap s a revolucion ria fase modernista das artes Semana de 1922 quando a elite intelectual tomou a consci ncia de voltarem se os olhos para o interior do Brasil numa alus o antropof gica n o conseguiram em curto prazo de tempo provocar mudan as na c
95. Darcy Ribeiro historicamente parece haver uma paralisa o do tempo tempo ideologizado que impede a real necessidade art stica no seio social Uma Fortaleza para ser bela tem que ter uma educa o em Arte que cumpra tal grandeza pois seu povo deve ser merecedor de uma autoestima que lhes favore a um bem estar mostrando se interiormente saud veis O que percebemos um caminho de melancolia consequentemente naturalizada pelas condi es hist rica e cultural feita nos moldes da subservi ncia provinciana ainda que avizinhada dos costumes feudais de serventia Com estes sentimentos que afloram sempre para o outro sentido isto de uma perspectiva que n o aconteceu na pr tica e que idealizada nos par metros da pr pria racionalidade t cnico cientifico educacional e por que n o m tica Um ideal ordenado visando capacidade inerente da Arte de elevar o padr o de vida de um povo para que ela dignifique a todos sem distin o mas que deve ser concebida como parte da diversidade deste povo dando lhe consci ncia de ser cidad o na sua pr pria cultura Assim como o bem maior de uma Rep blica diga se de passagem democr tica que preza o seu Ensino de Artes Visuais Ent o caminhamos com tais sentimentos mesmo sabendo que as vari veis podem dar se de infinitas maneiras assim algu m as pense Daremos continuidade a esta segunda fase do Ensino de Artes a partir da LDB de 1996 que traz elementos inovadores para a
96. EIN 2004 p 17 Ap s a sa da da pintura do anonimato social isto sua autonomia tanto da obra como do artista foi preciso valoriz la no seu fazer manual tendo se o virtuosismo e 72 a habilidade de inven o como fatores desta ascens o Desta forma a pintura ganha status nobreza Rompem se preconceitos e conforme Lichtenstein n o faltam exemplos dessa mudan a significada pelas rivalidades e as emula es vistas na hist ria dos primeiros pintores como Prot genes e Apeles a disputa por tra ar a linha mais fina mais sutil serve para nos fazer lembrar que a perfei o somente atingida por poucos LICHTENSTEIN 2004 p 18 Atentemos em ver o desenvolvimento deste status pois h nele um entrela amento de valores que perpassa a constru o do ser artista como um ser perfeito o qual acaba transformando se em mito e ou fundindo se com ele pela mesma perspectiva de sobreviv ncia pois assim como o mito se imp e pela sua autonomia a arte pl stica tamb m procura este caminho Podemos entender esta fus o como uma parceria que deu certo feita de m ltiplas depend ncias e ou reciprocidades sem fim Sintetizamos metaforicamente assim o mito desloca a rbita da Arte como uma for a gravitacional que estabiliza o movimento planet rio chamando a para o seu centro na inten o de perpetua la por meio do empr stimo dos seus mist rios interessante este momento para refletirmos no sentido de
97. Essas novas biografias atentas ao movimento da Hist ria da Arte v o se interessar pelas vanguardas do final do s culo XX de forma estrat gica para valorizar o mercado de arte Porque h eloqu ncia no discurso vanguardista que encobre o seu processo de aprendizagem colocando os como fenomenais como g nios enlouquecidos o processo formativo ocultado de prop sito para valorizar o artista e sua obra dando continuidade ao discurso mitificador Assim perpetuam se todas as vari veis teis que reproduzem a constru o social do artista Poder amos encerrar com este ltimo paragrafo mas seria uma indelicadeza com os demais autores que nos ajudaram no entendimento do mito eles permearam essa discuss o pensamos que suas contribui es s o mais do que suficientes para nosso intento e em especial a destes tr s ltimos autores que por felicidade nossa tratam mais especificamente do mito na arte e dentro da constru o biogr fica dos artistas numa discuss o mais apropriada ao nosso objeto de estudo D o nos as pistas ou induzem nos imagina o sociol gica para enxergarmos o mito nas artes visuais de forma insepar vel do artista do seu ensino e da sua forma o docente Precisamos compreender mais sobre a necessidade da arte numa concep o tanto filos fica como ontol gica e que atrav s da Educa o esta arte tenha sentido na vida de todos pois acreditamos ser desta maneira que n o nos prendemos a
98. LOS apud BARBOSA 2003 p 167 Observamos ainda haver uma grande diferen a entre inten es e a es haja Vista o projeto pedag gico do curso de licenciatura em quest o estar cheio de boas 177 inten es e no entanto somos quase que for ados a distribuir o peso da responsabilidade com o determinismo s cio hist rico Assim concordamos com as palavras da autora por m as press es ideol gicas da sociedade advindas das distor es historicamente constru das sobre a rea de Arte e seu ensino contribuem para a crise da identidade ser ou n o ser professor idem Neste sentido que repetimos o fragmento narrativo abaixo para exemplificar esta outra situa o pois ela tamb m abrange a discuss o deste t pico sem parecer repetitivo Assim sobre falta de participa o dos alunos nas decis es curriculares e de um modo geral na constru o da identidade do curso e do seu formando para o contexto do ensino de arte de Fortaleza diz um Corisco pensando nos alunos da licenciatura reflito um pouco sobre essa ideia da participa o enquanto futuros artistas professores e que s vezes querem mudar o que se ensinam nas escolas p blicas reclamam de que a diretora trata daquele jeito e tudo o mais quer que o professor seja a penas um decorador e tal Os pr prios alunos n o se articulam dentro da institui o IFCE para mudar esse quadro ent o como podemos mudar essa vis o da sociedade de Fortaleza so
99. TAL O e nota 80 Eu Jos Albio Moreira de Sales que presidi a banca de Disserta o assino a presente ata juntamente com os demais membros e dou f Moreira de Sales Presidente E ta Q iris TAAN 7 Profa Dra Silvina Pimentel Silva UECE Prof Dr Profa Dra ngela Maria Bessa Linhares nes Prof DF Solonildo Almeida da Silva IFCE Serro da Siva CPF 457 875 493 68 Programa de P s Gradua o em Educa o PPGE Avenida Paranjana 1700 Centro de Educa o 2 Piso Campus do Itaperi Fortaleza Cear Fone 85 3101 9918 E mail ppge Quece br Site www uece br ppge DEDICAT RIA Dedico este trabalho a uma guerreira m e a uma guerreira filha e a todos os professores as que se dedicam por um ensino de arte de qualidade AGRADECIMENTOS Agrade o a todos que contribu ram de forma direta e indireta para a realiza o deste trabalho com exclusividade aos colegas do mestrado aos professores aos funcion rios que atuam no CMAE e aos alunos do curso de Licenciatura em Artes Visuais do IFCE que colaboraram em dar seus depoimentos RESUMO A tem tica deste trabalho abrange tr s campos convergentes artes visuais seu ensino e a sua forma o docente Neste ltimo concentram se suposi es que visualizamos atrav s dos mitos e preconceitos norteadores das quest es propostas A problem tica da pesquisa se faz na contradi o entre os interesses dos alunos suas es
100. a o ao professor com as compet ncias do aluno se ele um professor de pintura e o aluno sabe desenhar mais do que ele ent o ele vai ter uma indiferen a com aquele aluno o que n o deixa de ser preconceito Outro mito no nosso contexto de que o coordenador ajuda a elevar o curso a motivar o que deveria ser uma de suas fun es a coordena o alienada ao contexto do curso at porque a coordenadora uma pedagoga que n o tem forma o em artes N8 20 151 4 A FORMA ODO PROFESSOR 4 1 Uma reflex o sobre o professor reflexivo Iniciamos este cap tulo indagando sobre o que o professor reflexivo ou a reflex o do professor pois tem sido ela t o difundida que esse termo virou senso comum Sua banaliza o tamb m pode nos indicar a exist ncia do mito do professor reflexivo Ademais ela est oficialmente contemplada pelo Projeto Pedag gico do Curso de Licenciatura em artes visuais do IFCE e ao colocar se simplesmente como uma express o sem um referencial te rico torna se banal Desta forma despertamos para tal quest o al m das que foram evocadas pelas recorr ncias das narrativas dos Coriscos Valemo nos para tal discuss o de Contreras 2002 que foca o processo de banaliza o do conceito de reflex o A partir das Contradi es e Contrariedades do profissional reflexivo ao profissional cr tico dialogamos com este autor o suficiente para apontar uma realidade distorcida entre o a teoria e
101. a apostila elas n o est o dispostas a perder tempo com isso N2 19 Pelo visto as condi es postas ao campo desta forma o docente n o s o as melhores mas os alunos est o se inserindo como nica op o mesmo considerando as dificuldades de valoriza o deste campo eles querem mesmo o t tulo e este como nos foi colocado ao criarmos a problem tica presta se mais como um passaporte de viagem 42 Se os est gios forem mal feitos ou seja com turmas selecionadas e pequenas o aluno da gradua o nunca saber das reais condi es da sala de aula isso pode ser um fator negativo de desest mulo a doc ncia Eu acredito que um ponto forte do desest mulo seja o n mero elevado de turmas o professor de artes o que mais tem turmas porque ele n o tem duas aulas com uma turma s se ele tiver planejamento ele pegar oito turmas num dia s no final do dia o professor est acabado e no outro dia do mesmo jeito a semana toda isso muito cansativo N3 11 Nesta ltima fala a sensa o que temos de que o professor em forma o est trilhando o seu calv rio quase como um penitente esperan oso de dias melhores No entanto muitos desistem no meio do caminho n o h nada que o estimule para tal forma o Nas falas entrevistas n o tivemos nenhum momento de gl ria isso em rela o doc ncia mas quando se cogita a possibilidade de trabalharem com o ensino de Artes Visuais de outra forma q
102. a com a arte ela n o resulta puramente do acaso nem puramente da t cnica mas se d nas necessidades que se ligam a esses dois elementos Somos partid rios de que somente pelo conhecimento em arte desvencilharemos as aliena es nela implicadas pois n o podemos simplesmente reduzi la ao achismo sendo este a porta aberta tanto para o preconceito como para os mitos indesej veis O inef vel na arte pode ser considerado como um mito por aqueles que procuram ver a racionalidade 145 como integrante dos processos art sticos Valorizaro mito na arte de certa forma valorizar as condi es em que ela produzida socialmente mas os resultados aprendidos no ensino de arte ensino b sico enquanto processo e n o objeto de arte devem diferir se pela apropria o pedag gica como objeto educativo o que vai al m dos deleites particularizados da est tica Desta forma podemos perceber em nossos Coriscos sensa o indigesta posta muitas vezes arbitrariamente ou em consequ ncia de uma educa o inadequada quando eles por si tem que romper as barreiras da ignor ncia como fez Lucas Nascimento comentado por Otac lio de Azevedo no texto referido o que contradiz tamb m numa segunda inten o dada por n s de que existe uma epistemologia da arte apesar de que no contexto desse artista estava ela ainda em germe numa Fortaleza Descal a No in cio na minha inf ncia sempre colocaram essa coisa do dom para mim eu
103. a diferen a que h no ato de fazer e no ato de pensar sendo essa a querela infind vel na qual se situa ou emerge o preconceito Ele se d nos opostos da rela o entre o pensar e o fazer ou seja de forma bilateral na consci ncia do indiv duo possibilitando o estar num ou noutro lado da rela o preconceituosa Conclui se que ele habita tanto o mundo da ess ncia como o mundo da exist ncia de acordo com a filosofia de Plat o Querelas paradoxos ambiguidades mitos e preconceitos tudo isso faz parte de nossas vidas s o intr nsecos a nossa ess ncia e exist ncia esse o moral da hist ria sobre a qual n o h uma solu o digamos de cura plena do preconceito ele se d na sociedade de forma cr nica O Novo Dicion rio Aur lio tem o preconceito como 1 Conceito ou opini o formado antecipadamente sem maior pondera o ou conhecimento dos fatos ideia preconcebida 2 Julgamento ou opini o formada sem se levar em conta o fato que os conteste preju zo 3 P ext supersti o crendice preju zo 4 Por ext suspeita intoler ncia dio irracional ou avers o a outras ra as credos religi es etc FERREIRA 2009 p 1617 Nas artes especificamente nas artes visuais e seu ensino estamos permeados de preconceitos introjetados pelos processos hist ricos que se manifestam nas rela es sociais do presente No que se refere institucionaliza o do ensino de arte no Brasil observamos que o preconceito vigo
104. a enxertar textos de educa o de sociologia filosofia Ningu m liga para essas disciplinas Lembro me de que Estudos S cio Filos ficos da Educa o a professora era formada em Ci ncias Sociais Houve muita desist ncia os alunos reclamavam diziam que n o entendiam nada A professora passava a aula falando de hist ria da sociologia de Durkheim sem fazer liga o nenhuma com a Arte e ningu m queria saber N1 18 Os alunos a nosso ver s o v timas em primeira inst ncia do conjunto de descaso que como induzimos acima parece ser naturalizado com a outorga da ci ncia ent o zelemos para que n o se permita tal desrespeito na sala de aula evitando assim uma 162 constru o m tica indesejada do ensino que podemos interpretar como o caso em que o professor faz de conta que ensina e o aluno faz de conta que aprende Gosto muito de um professor de Hist ria e toda aula que assistia dele eu saia mais triste com rela o ao curso porque ele expunha uns problemas que eram rid culos e que eu ficava pensando como que eles deixam isso acontecer porque que t acontecendo isso porque que a gest o do curso n o faz alguma coisa Teve a visita do MEC que foi uma palha ada em que a coordenadora s jogou a sujeira para debaixo do tapete colocaram a rede wi fi s porque a comiss o do MEC foi l porque se n o est vamos at hoje sem Internet aberta Isso se passou no terceiro semestre ent o comecei a ter
105. a mesma forma um estilo d acesso s capacidades e aos h bitos visuais e atrav s destes a experi ncia social t pica de uma poca Assim refere se Michael Baxandall ao estudar a per odo renascentista nesta perspectiva do olhar do pintor no livro O olhar Renascente Pintura e Experi ncia na It lia da Renascen a Rio de Janeiro Paz e Terra 1991 76 sobre a caracter stica do mito de perpetuar se O choque maior ou a batalha mais eloquente no sentido de ser o mito e a arte imisc veis vem com a Reforma Protestante motivo pelo qual o movimento de seculariza o pr prio da modernidade leva ao recalque do imagin rio e de toda a arte baseada em estruturas mitol gicas LICHTENSTEIN 2004 p 23 Este processo se d numa onda iconoclasta Os tempos mudam estamos passando do Renascimento e culminando com o S culo das Luzes quando todos os s mbolos do Antigo Regime ser o rejeitados Para o contexto de nossa pesquisa se faz necess rio encurtar caminhos mas com o cuidado de n o perd lo de vista afinal somos seres hist ricos isto deixamos trilhas abertas para os novos caminhares Neste sentido h o esfor o em construir uma ponte junto aos autores utilizamos seus alicerces te ricos e ficamos com a responsabilidade de dar confian a aos novos transeuntes de abrir um fluxo de ideias por meio desta pesquisa Pela condi o de se ter o uso da imagina o sociol gica Ficamos com a impress o de
106. a pr tica esclarecendo o proposito da pesquisa em desvelar os mitos e preconceitos na forma o docente do CLAV O autor apresenta sua quest o da seguinte forma o problema mais fundamental do professor reflexivo surge precisamente do reconhecimento de uma de suas contribui es mais importantes isto Efetivamente rejeitar a pr tica profissional por meio da aplica o de um conhecimento cient fico como indiscut vel resolu o de problemas ao assinalar que h sempre um movimento de valores pelo qual se identificam algumas situa es como problem ticas ao reconhecer que ela se move sempre em incertezas e dilemas est se aceitando que a doc ncia n o pode se desligar dos pressupostos interpretativos e de valores dos professores sobre o ensino e suas circunstancias No entanto ao mesmo tempo est se reconhecendo que as op es interesses plural que n o simplifica tecnicamente em fun o do m rito ou da efic cia de uma estrat gia pedag gica sobre outra porque o que representam as diferentes op es s o diversas pretens es e raz es de ser da educa o e n o diferentes caminhos para um mesmo fim CONTRERAS 2002 p 133 Justifica tal contradi o argumentando que os diferentes prop sitos para a educa o n o significam pluralidade e que n o vivemos numa sociedade simplesmente pluralista mas estratificada e dividida em grupos com status desiguais de poder e acesso aos recursos materiais e culturais Para Con
107. ade presente em seus alunos A banaliza o do uso do termo reflex o transformou o em um mero outdoor de uma educa o de qualidade Em rela o a isso o pr prio Contreras diz que parece mais ter prosperado a difus o do termo reflex o do que uma concep o concreta sobre a mesma A men o reflex o t o extensa que passou a ser de uso obrigat rio para qualquer autor ou corrente pedag gica Como consequ ncia acabou se transformando na pr tica em um slogan vazio de conte do CONTRERAS 2002 p 135 Essa cr tica ao uso indevido do termo reflex o no entender desse autor deturpou o pensamento original de Sch n o qual tinha passado a dominar o campo pedag gico Na verdade foi o uso do termo e n o de seu conte do que dominou este campo desprovendo o de significado e deu se conforme o autor de tal maneira que hoje nos deparamos com toda uma literatura sobre a doc ncia que embora se denomine reflexiva est longe de manter uma converg ncia de propostas e enfoques para al m do uso do termo idem Vejamos as referencias ao termo reflex o no Projeto Pedag gico do curso de Licenciatura em Artes Visuais do IFCE que s o feitas em dois momentos na parte que trata da concep o do curso Criamos uma estrutura curricular que valoriza a pr tica profissional 153 desde o seu primeiro ano aliada a uma forma o pedag gica e ao desenvolvimento de um pensamento cr tico reflexivo sobre as quest es c
108. ade a contempla o do trabalho art stico infantil Ele passa a ter um valor est tico com nfase na caracter stica de espontaneidade da crian a a qual ao mesmo tempo era colocada no centro dos estudos pedag gicos Conforme Duarte J nior 1981 p 114 neste per odo a arte para a crian a deixou de ser visto por muitos como uma prepara o do intelecto ou uma prepara o moral para ser encarada tamb m como a libera o de fatores emocionais e a express o de experi ncias Apesar das inten es do Movimento Modernista de imprimir novas concep es de se fazer e compreender arte assim como de contribuir diretamente para a sua nova pedagogia ele n o veio resolver os problemas enraizados pela pedagogia tradicional isto porque o ensino oficial continuou colocando a arte em uma posi o inferior continuando a lig la a arte aqueles preceitos filos ficos que se perdiam em querelas objetivando o estabelecimento do Ensino de Arte pelos valores pragm ticos e t cnicos atrav s do Desenho Barbosa 2006 exemplifica o que se passou com o Ensino de M sica eventualmente inclu do no curr culo foi contemplado no ensino formal mais como uma atividade de lazer e de aprendizado dos hinos p trios pela t cnica da imita o do professor As bases para a moderniza o do Ensino de Arte foram lan adas mas apesar dos esfor os reformistas preteridos posteriormente ele n o se desvinculou por int
109. ade da doc ncia em Artes Visuais e do seu ensino atribu mos a este momento hist rico maior evid ncia de elementos m ticos 129 que se fizeram presentes tanto no mbito educativo quanto artistico pois houve digamos migra o dos mitos pr prios da Arte para o Ensino de Artes Por isso abordamos os mitos com mais propriedade nas reflex es seguintes nesta fase que se constituir no Brasil um movimento pr prio de identidade art stico cultural associado diretamente mitifica o do artista e sua obra o que n o deixar de se processar mesmo que de forma indireta tamb m dentro do Ensino de Arte em todos os seus n veis Por m esclarecemos que eles mitos e preconceitos n o se d o em dois momentos separadamente ou de modo estanque o que pode ocorrer a exacerba o de um ou outro facilitando a sua identifica o para an lise o que n o exclui os encontrarmos juntos em momentos distintos na hist ria que envolve a pesquisa Entretanto para completar o entendimento do mito devemos recorrer ao seu cap tulo espec fico que traz sua conceitua o e nos possibilita entend lo dentro da realidade estudada campo social e assim saber quais s o suas implica es de acordo com os objetivos desta pesquisa E repetindo em linhas gerais tais objetivos nos suscitam a perguntar o seguinte nesta forma o docente Curso de Licenciatura em Artes Visuais do IFCE o mito elemento relevante Pode se dar num proce
110. ade e objetividade no processo do conhecimento social Em outras palavras sem recorrermos ao mundo fantasioso aquele que diz respeito aos sonhos imposs veis n o num sentido ut pico mas naquilo que angustia o homem em seu devir as incertezas que ele teme ou na verdade que residem em sua finitude Sua condi o de ser mortal ter que ser sublevada a um estado de humildade desta maneira ele consegue enxergar o abismo do preconceito e entender que o futuro lhe pertence na forma de construir para o outro Voltemos ao entendimento do autor A realidade n o pode ser reduzida s diversas representa es que fazemos sobre ela ou ainda estas representa es n o podem colocar se no seu lugar pois caso contrario se legitimaria o conte do que o preconceituoso atribui a sua v tima pois todas as representa es se equivaleriam e n o ter amos como contestar os ju zos emitidos pelo preconceituoso Contudo devemos voltar a dar nfase que se aquilo que pode ser pensado e representado sobre o objeto n o se confunde com ele tampouco independente dele CROCHIK 1995 p 3 102 Crochik apropria se de Adorno 1985 para conceber o preconceito de uma forma aproximativa do comportamento economicamente racional respons vel o que significa a autoconserva o individual e nesse caso o preconceito se d em fun o da economia Assim enquanto o individuo n o se sentir seguro quanto s suas possibilidades de viver uma vida digna el
111. afias pois foi preciso o aval da psicologia freudiana Desta maneira o conceito de sublima o an logo ao processo dos impulsos sexuais que vai estabelecer a rela o paternal ao adaptar este conceito por m n o aspiramos a mais do que apresentar uma hip tese formulada em termos de energia ps quica e relativa a uma das fontes da atividade criadora em geral KRIS amp KURZ 1988 p 102 94 O artista tratado neste t pico pelos autores se situa numa Europa de final do s culo XIX e come o do XX tendo assumido todas as caracter sticas estereotip veis ao longo da hist ria da arte Acreditamos que algumas delas se repetem at aos dias atuais outras n o pois o processo n o linear e algumas das invari veis m ticas que eles buscam nas biografias certamente ficam pelo caminho haja vista que o tradicional tamb m sofre suas altera es ainda mais sendo pertencente ao campo da cultura que como sabemos din mica e mut vel Dos s culos XIX e XX restou nos o artista que saiu da avareza para o descuido total com sua pessoa o Romantismo nas artes pl sticas tamb m fez suas v timas muitos morreram de overdose de amor amor pela pr pria arte Seria um excesso de paternidade No entanto proliferaram se os ca adores de biografias e agora podemos cham los de outros nomes marchands curadores produtores art sticos todos oper rios de uma grande ind stria cultural nascente no in cio da Arte Moderna
112. ais sutil sem deixar de mexer com os brios do mito ou com o que lhe de direito suas inc gnitas Modestamente entendemos que desta maneira que se constroem paradigmas n o s para a arte visual e seu ensino mas para toda uma gera o inconformada com a realidade social e especificamente no que diz respeito Educa o Porque a necessidade de mitos passa por uma abertura norteadora e ao mesmo tempo compromissada com o mundo que habitamos Precisamos reinventar os mitos em prol de um ensino de artes visuais concatenado com a valoriza o humana n o precisamos de uma estrela e sim de constela es queremos uma arte que eduque nossa consci ncia est tica em sociedade e que se fa a na diversidade cultural dos povos enfim uma arte de todos e para todos longe das rotula es elitistas e da rapinagem capitalista 92 Observamos tamb m como se d a transforma o m tica na atualidade pois h no homem atual um distanciamento mais acentuado da sua pr pria natureza Ele est cada vez mais descart vel vivemos num mundo ditado por valores ef meros e muitas vezes optamos pelo descompromisso com o ser e damos nfase em demasia ao ter Melhor seria se habit ssemos junto aos mitos na sua concretude assim viver amos conscientes dos limites de nossa exist ncia o que corriqueiramente nos esquecemos Entretanto parece que estamos perdidos em devaneios e nem o mito nem a ci ncia d o conta do bom ordenamento do mu
113. al medida deva se necessidade de seguran a com rela o a pessoas estranhas institui o mas como se chegou atal diagn stico Os estudantes n o t m que se preocupar tamb m com isso No espa o educativo onde n o se trabalha a confian a m ltipla entre professores alunos e gestores deve se diagnosticar uma doen a uma patologia s cio educacional Professores alunos sim tamb m alunos e gestores parecem agir com manique smo orientados n o pelo direito ou autoridade atribu da pela ordem hier rquica mas pela preserva o do t tulo nobili rquico que imprimem a si por se acharem impenetr veis em seus recantos educacionais parece nos que na verdade as c meras n o est o l para proteger o patrim nio coletivo mas para proteg los de suas incompet ncias O que mais se espera na institui o educacional que cabe ao poder p blico o direito ao ensino e aprendizagem com qualidade e responsabilidade E desqualificar a forma o antes mesmo que ela se d na pr tica uma atitude inibidora das liberdades de express o que atinge as gera es vindouras tolhendo lhes a possibilidade de desenvolvimento de potencialidades cr ticas e criativas que desaguariam no Ensino de Arte Identificamos nesse processo o preconceito por parte dos professores da institui o parecem se achar superiores aos futuros professores do ensino b sico Em geral 49 percebemos a aus ncia de conversas sobre a e
114. alores introjetados o s o de forma inconsciente e dirigidos de fora para dentro embora n o de forma imediata ou seja os valores introjetados ou os modelos que incorporamos para seguir n o s o tal qual existem na realidade mas mediados por nossa percep o que de forma alguma inteiramente objetiva CROCHIK 1995 p 21 A partir dessa compreens o sobre o preconceito da forma como ele se d Crochik se questiona sobre qual a sua preponder ncia no processo de socializa o Ou seja o preconceito n o inato mas ele obriga os indiv duos a se modificarem para se adaptarem aos espa os sociais Ent o tem se a quest o como diferenciar os processos de socializa o que levam ao preconceito daqueles que se dirigem sua aus ncia E da mesma forma como dizer que um comportamento aparentemente n o preconceituoso de fato o seja Essa quest o exige uma resposta complexa o que n o nosso papel neste trabalho mas por ser crucial ao entendimento de como se d o preconceito ou como ele gerado nos indiv duos faremos uma inicia o da resposta pelo pr prio autor Mais do que isso aqueles objetos bens e ideias j s o preconcebidos e quando a crian a volta o seu interesse para eles n o o faz ou quase nunca o faz por uma reflex o aut noma Assim na transmiss o da cultura para as gera es mais jovens j s o transmitidos preconceitos ideias que devem ser assumidas como pr prias sem que s
115. alta da escola oficial Por m se faltar a f no seu Santo Padroeiro ele mofina at com as primeiras chuvas e isto acontece porque o costume se constr i no cotidiano das a es trocando em mi dos a teoria se origina da observ ncia dessas a es pr ticas por m o dif cil faz la voltar se para tais a es como sabemos n o h neutralidade ideol gica nas ci ncias Acreditamos haver f por parte dos alunos que fazem o referido curso de licenciatura e ela reside dentro do conjunto de mist rios cujos elementos s o os v rios mitos mitos do artista mito do professor mitos do aluno mitos da educa o mitos da profissionalidade dentro deste campo No entanto frisamos que a racionalidade cient fica n o est parte deste processo ela se junta aos mitos na constru o das situa es sociais somente eles n o conseguem orden la forma o docente em artes visuais a 160 contento e mais pela ci ncia que nos vem o conhecimento teleol gico causador do existencialismo humano ent o quem sabe a falta do uso desta teleologia que frustra e corrompem os princ pios l gicos da racionalidade cient fica o que ordenaria com mais justeza a teoria e a pr tica dentro dos campos sociais Reca mos em quest es ideol gicas Ou ent o reside a a causa dos des nimos na referida forma o docente e de uma forma geral no Ensino de Arte destinado educa o b sica que se inicia em sala de aula
116. ampinas S o Paulo Autores Associados 2001 TARDIF Maurice Saberes docentes e forma o profissional Petr polis Editora Vozes 2011 VASCONCELOS Jos Gerardo amp SALES Jos Albio Moreira Pensando com Arte Fortaleza Edi es UFC 2006 YIN Robert K Estudo de caso planejamento e m todos Tradu o Ana Thorell 4 ed Porto Alegre Bookman 2010 190
117. antia da qualidade do curso com o compromisso de repassar experi ncias que devam ser coletivizadas tomadas em prol da educa o e n o exclusivamente dos benef cios individuais enxergo o curso como politicamente falando foi um curso que enviesou para a pesquisa dos professores que fazem parte do curso efetivos que facilitou de certa forma esse avan o que os beneficia mais do que a institui o em si o curso Digo isso porque os alunos ali podem estar morrendo mas os professores n o d o um nimo um exemplo agora que as paredes do muro v o ter que ficar brancas n s n o vamos mais poder us las como exerc cio de mural s se for um projeto de um professor N4 05 acredito que quando um professor se efetiva ele se sente seguro de mais e come a a fazer de qualquer jeito se sente dono do seu emprego Se bem que tem uns professores efetivados muito bons alguns depois que se efetivam perdem o prazer acho que porque deixam de competir de estar querendo subir melhorar essa negatividade acaba passando para o seu aluno N9 19 Quem em ltima inst ncia perde a sociedade que deve ser educada pelos princ pios ticos e morais que consideram interesses coletivos e n o com o exemplo do individualismo que destrata alunos e os tem somente como mercadoria barata e abundante no mercado Infelizmente h na forma o cultural brasileira herdada das pr ticas de um Portugal Ib rico o estado nobili
118. ar mais ainda os problemas herdados dos per odos anteriores n o somente para o Ensino de Arte mas para toda uma conjuntura social haja vista que em decorr ncia das pol ticas econ micas chegamos d cada de 1980 com uma infla o galopante de 25 ao m s Tal pol tica econ mica tornou se absurdamente insustent vel para a sociedade brasileira e de descaso em descaso findamos a d cada de 1980 no fundo do po o moralmente o que nos resgata uma Tereza constru da com retalhos de diferentes tipos e suores de v rias cores que nos al a para uma alegria marcada pelo tempo festivo e que revigora a cada ano as esperan as Podemos traduzi la na cultura popular que na mistura das ra as constituiu nossa brasilidade no carnaval no maracatu nas festas de reis e juninas Sempre renovamo nos em esperan as na busca de novas colheitas assim de zelarmos por nossos filhos que est o sempre na condi o de futuro da na o O que seria de n s se Rui Barbosa tivesse extinguido o maracatu e o carnaval Trai es e incompreens es parte s o pela manifesta o cultural que o povo se desvencilha dos problemas que lhes s o impostos pelas elites dominantes as mesmas que se negaram historicamente a permiti lo usufruir de uma Educa o em Arte e de uma forma geral de qualidade Politicamente deixamos de fazer o dever de casa e isto j se tornou tradi o sendo um motivo para o nosso atraso econ mico social Para os d
119. ara que em casos rotineiros a rela o ensino aprendizagem n o se frustre tendo se o seu melhor 158 proveito Desta forma podem seus professores e alunos se desvencilhar dos imprevistos de sala de aula das intemp ries pedag gicas tamb m em termos t cnicos e pol tico administrativos Isto acrescenta muito ao processo de supera o de des nimo de sala de aula quando temos a educa o p blica brasileira desejosa de qualidade porque este quadro cr nico das p ssimas condi es de ensino nos tenta n s professores e alunos a todo o momento para o niilismo ou para encararmos a sua precariedade como uma fatalidade 4 2 Em raz o do bom mito na forma o O bom mito aquele que dever nos proteger dos pseudo gestores Longe de fazer uma reflex o sobre a doc ncia tais burocratas est o preocupados somente em manter o status quo olhando apenas para si Mas para que se mantenha o esp rito da aprendizagem sem desqualificar o ensino necess rio transformar a Did tica em bom mito n o que ela perca por inteiro o seu sentido pedag gico mas por analogia a ci ncia que tamb m se mitifica que ordena o universo da educa o formal Se estiv ssemos aqui para propor uma sa da ou mudan a significativa no cen rio atual do curso de licenciatura de Artes Visuais dir amos que isto se daria pelo mist rio ou seja algo impenetr vel raz o humana pois da institui o estamos cansados de esperar resultados
120. as biografias Apesar de todas as modifica es e transforma es conservaram algum de seu significado at ao passado mais recente apenas a sua origem se perdeu de vista e deve ser cuidadosamente recuperado KRIS amp KURZ 1988 p 16 H pouco referimo nos a um poss vel saudosismo sobre experi ncias n o vivenciadas esclareceremos melhor tal sentido pretendido na ocasi o justamente com o que diz este final de cita o acima referindo se ao mito que apenas a sua origem se perdeu de vista e deve ser cuidadosamente recuperado Tal qual encontramos explicitamente nas narrativas dos sujeitos da pesquisa Houve sempre em falas enf ticas vontade de resgatar sentimentos vividos ou como neste caso lembran as do que nunca se houve de fato algo idealizado talvez seja isso a influ ncia dos arqu tipos Assim uma lembran a marcada por hist rias que fazem tamb m dos mitos uma necessidade como a que Ernst Fischer definiu para a Arte ser esta propositora do equil brio social e assim sejam bem vindos todos os saudosistas pela constru o da autonomia na busca da identidade que o sujeito viv ncia 80 o dilema de ser ou n o ser artista pois este n o nasce pronto mas se constitui em sociedade por meios das narrativas biogr ficas pe a fundamental para a identidade do artista e sua perman ncia na hist ria principalmente se estiver a caminho de mitificar se o que pode se dar de forma consciente ou n
121. atalha pois ao contr rio da doc ncia que tem o reconhecimento profissional institucionalizado O artista pl stico traz em seu etos o individualismo dificultando o seu reconhecimento como categoria profissional acreditamos ser causa disso a supervaloriza o do ego embevecido pelo glamour alienado sendo o artista neste sentido aquele que s se d nas apar ncias e nas superficialidades art sticas Ent o ao ter conhecimento do campo art stico de como ele se constitui em suas rivalidades e emula es ter o sujeito despertado para a exclusividade que exigida para o alcance do glamour art stico isso tamb m passa pelo desejo de ser reconhecido como um mito Ademais com o seu distanciamento da concep o de oper rio da arte o que n o se aplica caso consideremos Lichtenstein pois que a perfei o somente atingida por poucos Mas antes de tudo e independente da concep o de categoria profissional precisa se ter o senso de humildade em ambas as escolhas professor ou artista para que n o se perca em devaneios isto porque seus caminhos n o s o desprovidos de pedras e para a profissionaliza o de um artista n o h regras pr fixadas e ele segue a mesma ordem de tempo diacr nico que h no mito e se faz em semelhan a a este assim O mito de Apeles n o pode ser reduzido a um punhado de anedotas sem verossimilhan a nem verdade trata se de um relato biogr fico cuja fun o
122. az es de ser Assim de verdade que o mito n o se prop e ter fica a efic cia e o valor social Da origem que ele n o se prop e possuir fica a sua sempre presen a seus desconhecidos autores sua improv vel localiza o no tempo Da interpreta o que eles nos prop em como enigma ficam as mais diversas tentativas do pensamento humano tanto de cri lo quanto de analis lo ROCHA 2006 p 15 2 3 Mito e filosofia Na compreens o filos fica sobre o mito dialogamos com Buzzi 1992 que em seu livro Introdu o ao Pensar traz a epigrafado que mais uma vez nos d a dimens o complexa do mito mostrando nos sua incomensurabilidade Esta nos remete as caracter sticas de um deus onisci ncia onipresen a e onipot ncia pertencente ao Deus Crist o o qual nos submete aos seus mist rios Assim tamb m parece haver essa trindade na constitui o do mito ou quem sabe foram estes valores herdados do mito pelo cristianismo O mito expressa o saber que o homem n o senhor de si mesmo que n o s dependente dentro do mundo concebido mas tamb m antes de tudo depende das pot ncias que est o al m do conhecido de que ele justamente nessa depend ncia pode libertar se das pot ncias conhecidas BULTMANN amp MYTHOS apud BUZZI 1992 p 85 Vejamos que o mito quando ligado tarefa de esclarecer a exist ncia humana no mundo representa uma forma aut noma de pensamento persistente e resistente s inve
123. balho n o a obra de arte Fa amos uma proposi o dentro dos interesses da pesquisa deve o docente em forma o tomar cuidado com a parte da arte que lhe afeta com desejo de fazer arte pois o seu intento ser formar cidad os formar gente como diz Paulo Freire para isso de um modo geral o professor de Artes Visuais precisa entender que sua catarse a de sala de aula se que existe Ou ent o outra completamente diferente da art stica digamos com outra performance dentro de uma satisfa o mais contida do indiv duo mais formal mais coberta por princ pios ticos e morais em que todo cuidado pouco do contr rio pode se colocar a perder toda uma gera o ainda por completar o ciclo de maturidade muitos sem discernir direito as ideologias que lhes s o cotidianamente impostas na sociedades Kris amp Kurz utilizam se de fontes hist ricas para discutir sobre o modo como os artistas eram julgados por seus contempor neos e pela posteridade Eles estudam os temas t picos das biografias de artistas que no seu conjunto chamam de a lenda sobre o artista para eles lenda define a imagem do artista Consideram ser tal trabalho preliminar para uma futura sociologia do artista pl stico Desta forma somente nos interessam pelos relatos das carreiras desses artistas vistos de um nico ngulo na tentativa de demonstrar a recorr ncia de certas ideias preconcebidas sobre os artistas em todas as su
124. bre os professores de arte sem mudar o pr prio curr culo vou dar um exemplo o nosso curso est mudando o curr culo e os alunos n o tem participado dessa mudan a ent o nem a voz como em outras institui es a exemplo da UFC e UECE onde os alunos brigam para ter direito a voto Vejo uma imaturidade muito presente no curso de licenciatura em artes visuais o pessoal muito acostumado ainda a ver a universidade como um col gio o que tamb m faz parte da vis o do curso N6 10 Acreditamos que neste cap tulo tocamos em alguns pontos essenciais da forma o do professor em Artes Visuais e obviamente tratamos deles sem o seu esgotamento te rico entretanto procuramos incitar indaga es sobre reflex o autonomia saberes pr ticas e curr culo em correspond ncia com nossa problem tica mitos e sentido pragm tico mas no sentido praxiol gico onde se tem o processo social hist rico constru do com o consentimento e a participa o consciente de seus atores e isso no nosso entender deixa este campo mais vulner vel aos mitos indesej veis e aos preconceitos dificultando sua sistematiza o sua identidade e consequentemente sua valoriza o no mbito s cio escolar 18 Conforme a autora esta afirmativa tem como base o depoimento dos as alunos as de Pr tica de Ensino Artes Pl sticas da UFPA no processo de investiga o das rela es pedag gicas em campos de est gio 178 CONSIDERA ES FINAIS Finali
125. camos pelo contexto pr prio de cada profiss o e de cada ator isto porque sempre haver as voca es e estas s se d o por experi ncias vividas contadas em narrativas e por que n o por um saudosismo de quem nunca vivenciou os fatos caracter stica pr pria dos artistas que se refugiam em mem rias v s para transforma las em realidade o que cria tamb m seus topos Infelizmente n o temos o mesmo para o professor apesar de no passado ele ter absorvido outro valor oposto aos dos dias atuais quando o sentimento saudosista deu lugar ao melanc lico Na cita o referente ao funcionamento do topo colocamos em paralelo fala da autora como ele apropriado na realidade da pesquisa por um Corisco mostrando assim a forma como as voca es se constroem assim que Rubens e Poussin concentram em sua obra e na sua pessoa ao mesmo tempo os topoido pintor erudito do artista genial da sabedoria criativa e realizam exemplificando os tudo que remete ideia do pintor perfeito O pintor ideal nesse sentido aquele que d vida e forma a um conjunto de topoie fecha o sistema de regras e princ pios da teoria da arte LICHTENSTEIN 2004 p 20 15 mas foi a Vila escola que realmente mexeu comigo que deu aquela sacudida uma sacolejada at para trazer quest es da sua vida que voc leva para n o estou dizendo que foi o Vila que me ensinou ao sofrer mas a mexer com o art stico que ao mesmo tempo m
126. ce com o capital econ mico Se n o houvesse tal disputa de poder simb lico estar amos plenos da valoriza o desta disciplina no sistema educacional brasileiro Barbosa faz um coment rio em tom de cr tica aos que negam a sistematiza o no Ensino de Arte assim a anemia te rica um dos males da arte educa o no Brasil mesmo na universidade o que tamb m nos remete cr tica que Bourdieu faz em seu livro As regras da arte aos partid rios do inef vel na arte Na luta por este reconhecimento epistemol gico Barbosa 2008 exemplifica o caso da Universidade de S o Paulo que no fim dos anos de 1980 viu encerrado o sonho de criar um Instituto de Artes justificando que a principal raz o foi fragilidade conceitual do projeto que submeteu princ pios te ricos falsa ideologia dos interesses imediatos na busca do reconhecimento epist mico do Ensino de Arte que se caracterizara esta nova fase iniciada nos anos de 1980 assim como na nfase de sua organiza o pol tico representacional junto a encontros nacionais e internacionais Temos poucas conquistas a comemorar no ensino universit rio de arte durante a d cada de oitenta A mais importante foi a reorganiza o do Instituto de Artes da Universidade de Bras lia que havia sido destru do pela ditadura militar e foi reinstitu do em 1988 sem saudosismo mas com respeito ao passado Ironicamente a Universidade de S o Paulo que n o conseguiu cria
127. cia se do desenvolvimento anterior das proposi es te ricas para orientar a coleta e a an lise de dados Esses s o os motivos que nos levaram a trabalhar com o estudo de caso haja vista a peculiaridade do nosso objeto e o campo social no qual est inserido caracterizado por uma falta de tradi o acad mica de n vel superior vindo o CLAV somente agora no findar da primeira d cada do s culo XXI se fazer presente como forma o em Artes Visuais institucionalizado no contexto da cidade de Fortaleza E lembremos novamente tal forma o feita por uma institui o de tradi o tecnol gica de n vel m dio algo novo na configura o do ensino brasileiro Conjugamos essa proposta metodol gica com a Narrativa de Vida situada na perspectiva etnossociol gica proposta por Daniel Bertaux 2010 que diz pertencer esta grande fam lia dos m todos que utilizam o estudo de caso Assim refor amos essa escolha pois os estudos de casos trazem um grande n mero de informa es aprofundadas e cruzadas sobre um pequeno n mero de casos Ainda conforme este autor essa perspectiva de cunho objetivista no sentido de que ela n o visa a apreender a partir do interior os esquemas de representa o ou sistemas de valores de um sujeito isolado nem 23 os de um grupo social mas tem a preocupa o de estudar um fragmento particular da realidade social hist rica um objeto social de compreender como ele funciona e c
128. cialmente utilizados como atestados de certa forma o cultural As hierarquias simb licas refor am as estruturas de domina o social na medida em que restringem a mobilidade social dos indiv duos Tem se por regra geral que n o basta o indiv duo ter conhecimento t cnico espec fico para ter acesso s posi es sociais dominantes Para isso preciso ter um capital cultural O mesmo ocorre com o capital econ mico n o seria suficiente ter acesso e se manter nas posi es mais elevadas da sociedade precisaria do capital social e cultural 41 De acordo com Bourdieu essas hierarquias simb licas reproduzem de forma eufem stica a estrutura de domina o da sociedade O autor observa que enquanto os membros das classes populares preferem s obras que retratam diretamente a realidade tenham uma mensagem facilmente decifr vel e podem servir para pensar sobre o dia a dia as classes dominantes valorizam as formas abstratas o exerc cio est tico a aus ncia de qualquer mensagem direta o caso desses ltimos Coriscos citados acima onde um escolhe por necessidade e o outro por gosto e deleite Entretanto conclui Bourdieu que por tr s das hierarquias culturais est o as diferen as objetivas nas condi es de exist ncia de cada grupo Os bens simb licos considerados superiores seriam aqueles que traduzem de forma transfigurada o universo das classes dominantes Nesse ponto Bourdieu se aproxima da concep o marxista
129. cionamos anteriormente A anemia te rica comentada por Barbosa 2008 n o afeta restritamente o Ensino de Arte mas todos os campos da sociedade pode haver uma enfermidade cultural 137 j que a cultura tida como org nica Conforme Laraia 2009 tal anemia pode ser vista pela descaracteriza o das culturas quando determinada sociedade sofre muita influ ncia externa os ndios por exemplo cometem suic dio coletivo quando suas ra zes culturais s o abaladas pela domina o do homem civilizado como uma depress o cr nica causadora de letargia que deixa suas vidas sem sentido Mas infelizmente vivemos na pol tica uma l gica da raz o inversa isto parece haver uma vis o que separa os elementos que justifiquem a racionalidade do beneficio coletivo que a raz o do ser pol tico Essa deturpa o da raz o demonstra que os pol ticos se apropriam somente da parte vis vel de seus feitos bastando se a ideia de pol tica como atividade eleitoreira justificando se assim o fato de n o gostarem de fazer saneamento b sico por n o ficar ao n vel dos olhos Uma estrat gia maquiav lica que faz dele um bom fingidor e que oscila entre a virtude e a fortuna para permanecer no poder Cabe nos aqui parafrasear o artista pl stico Paul Klee tornar o invis vel vis vel assim age mos pol ticos quando tentam encobrir a raz o como num passe de m gica Neste sentido que presenciamos alguns retrocessos pol ticos
130. co contribuindo para uma educa o com o m nimo poss vel de a es mitificadas e preconceituosas constitu das por um saber art stico sistematizado e que n o impere o discurso do achismo e do inef vel na arte Interessa nos como foco investigativo a rela o dos mitos e preconceitos com a forma o docente em artes visuais Tentamos entender como eles interferem nesse processo formativo saber dos alunos desta forma o inicial o porqu de sua escolha profissional ligando inten o de valorizar o campo da doc ncia em artes visuais Quando temos por suposi o haver rejei o dos alunos em serem professores focamos hipoteticamente estes dois elementos mitos e preconceitos como participantes direta ou indiretamente nas decis es dos alunos em rela o doc ncia Neste sentido as proposi es aqui proferidas s o em fun o de acreditarmos que tais elementos mitos e preconceitos interferem na escolha profissional seja pela arte ou pela doc ncia Mesmo que sejam impl citos e de teor bastante subjetivo utilizamo nos da prerrogativa metodol gica de Bertaux 2010 pois nas narrativas dos alunos que creditamos a representa o sociol gica do objeto da pesquisa Consideramos que j est o estabelecidos neste campo como categorias independentes da rela o aluno e curso os mitos e preconceitos assim cada aluno mant m rela o particularizada com estes No entanto na suposi o da indecis o dos alunos qu
131. cola em casa ou na vida Tem se muito o desejo mas n o tem a oportunidade de vivenciar a arte ou sei l a onde em que voc experimente Aqui na nossa vida real de periferia nossos pais dizem arte para qu Arte n o enche barriga de ningu m Ent o percebo a galera vivenciando muito pouco a arte toda essa magia nos primeiros anos de vida por mais que tenha todo um est mulo para a cogni o para a crian a aprender a mexer com as m os vivenciam isso muito pouco e quando chegam nesse curso que termina com artes visuais a galera fica pirada e vai experimentar fazer vai se mostrar quer ser admirado acho tamb m que os alunos aprendem muito uns com os outros N9 13 Estes dois ltimos Coriscos trazem em suas falas uma sobrecarga de elementos mitificadores para a forma o docente considerando suas viv ncias com a arte Notamos a lat ncia dos sonhos dos desejos e do que lhes falta como condi es objetivas para exercitarem suas voca es Percebemos que eles n o est o por acaso nesta empreitada da forma o faz parte de suas trajet rias a busca di ria pela arte mas implicitamente percebem a mentira vivenciada no seu cotidiano no CLAV que determina mais o desest mulo pois como diz o preconceito arte para qu A exist ncia do mito independe da vontade individual ele se faz num processo coletivo por meio da constante repeti o da narrativa Ele se d nessa insist ncia que n o tem nece
132. colhas e os objetivos do curso pesquisado estabelecidos em seu projeto pedag gico Partiu da observa o feita em sala de aula quando das respostas dos alunos seguinte indaga o quem realmente estava ali para ser professor Um percentual elevado n o pretendia seguir a doc ncia justificando que a licenciatura somente lhes serviria como uma ponte era uma forma de aproveitamento do curso para reas afins Justificamos nossas preocupa es no comprometimento com a melhoria do Ensino de Arte na rede p blica Levamos em conta ainda que o processo formativo do professor de fundamental import ncia pois ele elemento propositor de mudan as A pesquisa tem como objetivo investigar a forma o docente em artes visuais na representa o dos alunos do curso de Licenciatura em Artes Visuais do IFCE tendo por base os mitos e preconceitos desvelando de que forma estes atuam no processo de forma o docente e na decis o por parte do estudante em ser ou n o ser professor Objetivamos especificamente analisar os motivos que definem a escolha pelo curso de forma a entender como essa escolha profissional afetada pelos mitos e preconceitos Perpassam nossos objetivos ainda identificar na trajet ria dos estudantes se houve mudan as com rela o ao seu prop sito de forma o profissional e identificar em que medida os mitos e preconceitos est o relacionados evas o e autoestima dos alunos Mitos e preconceitos s o observados
133. conte dos adquiridos para suas pr ticas docentes e a relev ncia destes no curso de Licenciatura em Artes Visuais 166 Tardif 2011 est na conflu ncia dos nossos desejos n o meramente ut picos mas de realiza es pr ticas que sirvam Educa o como um revolver de possibilidades e do direito ao saber para todos em uma sociedade que reza cotidianamente pela igualdade e quer se constituir como democr tica para al m do discurso do pol tico do burocrata e do intelectual Ent o como um ant doto ignor ncia e em prol da paz entre os homens que n s confirmamos estes desejos junto ao ideal da profiss o docente proposta por esse autor da seguinte forma Defendo portanto a unidade da profiss o docente do pr escolar universidade Seremos reconhecidos socialmente como sujeitos do conhecimento e verdadeiros atores sociais quando come armos a reconhecer nos uns aos outros como pessoas competentes pares iguais que podem aprender uns com os outros Diante de outro professor seja ele do pr escolar ou da universidade nada tenho a mostrar ou a provar mas posso aprender com ele como realizar melhor nosso of cio comum TARDIF 2011 p 244 4 5 O preconceito ronda a forma o do professor de artes A pesquisa intitulada Artista ou professor limites e possibilidades de constru o de um perfil do docente de Arte do Ensino Superior do Cear realizada pela parceria dos Professores Dr Jos Albio Morei
134. contra toda criatividade entre os alunos a criatividade caminha par a par com a liberdade e n o com a ditadura DUARTE JUNIOR 1983 p 119 120 Concordamos com essa an lise e chegamos a visualizar nosso objeto de estudo inserido nessas assertivas de Duarte J nior 1983 em todos os seus aspectos ou seja no que lhe diz respeito ao seu atual estado de esp rito tal an lise o e ngloba por inteiro 125 em suas quest es s cio pol ticas e educacionais Podemos ilustrar isso fracionando a exemplifica o com alguns dados sem a pretens o de esgotar com estes par grafos o campo de estudo no qual ele se insere Advertimos ainda que n o estamos fazendo um encaixe dos dados da pesquisa como que engessando a parte da fratura problem tica mas sim verificando a pertin ncia dos fatos hist rico sociais elencados nesta discuss o Assim visualizamos tais preceitos te ricos de Duarte J nior 1983 no objeto da pesquisa e configuramo lo na perspectiva de an lise desse autor Reforcemos ainda n o se tratar de mera coincid ncia as falas dos Coriscos aqui expostas em forma de excertos biogr ficos e ou os conte dos bibliogr ficos pois eles s o parte constitutiva de tal realidade pesquisada assim apresentando se como consequ ncias dos fatos sociais previs veis e suscet veis de interpreta o sociol gicas que lhes foram demandadas Como j colocamos com Bourdieu porque h processo de interioriza o e exterioriza
135. contribui es importantes para o nosso trabalho A interpreta o conceitual ou simb lica do mito reconhece e recorda um sentido origin rio que se multiplica e se diferencia na hist ria da comunidade sem perda de sua unidade O relacionamento entre o mito e o conceito problema da interpreta o filos fica do mito A interpreta o procura transportar o mito para o conceito Esse transporte hoje necess rio para n s porque ao lermos o conto m tico n o conseguimos o sentido origin rio das palavras m ticas Precisamos ent o moviment las como dan arinas de um bal para que no m ltiplo movimentar se deixem ouvir algo daquele sentido origin rio O sentido origin rio se multiplica nas palavras m ticas Quando se transp e o mito para o conceito interpretando as palavras m ticas como s mbolos de um sentido origin rio h sempre uma perda Por isso na interpreta o filos fica fazemos a experi ncia da perda do tempo origin rio do mito Nesse tempo origin rio ou de para so de Deus est o as coisas os animais e n s mesmos quando filosofamos de verdade porque ent o nos esquecemos BUZZI 1972 p 93 94 2 4 Pensamento m tico e pensamento l gico Em seu livro Convite Filosofia Marilena Chau trata no cap tulo sexto sobre o pensamento m tico e o l gico Ela faz um paralelo entre essas duas formas de apreender o mundo Priorizando o que nos diz respeito no passado remoto mito era a for
136. creditamos que os mitos e preconceitos s o de alguma forma norteadores das a es dos indiv duos conscientes ou n o eles interferem no comportamento social e individual pertencem em particular ao mundo das subjetividades e intersubjetividades e apesar de ocultos e invis veis no sentido da materialidade eles s o objetivos no sentido das ideias dos pensamentos e consequentemente dos comportamentos sociais Essa 58 peculiaridade da invisibilidade nos intriga pois sabemos pelos estudos psicol gicos que a psique humana influenciada pelos fen menos dos arquet picos os quais se transp em no decurso da hist ria de gera o em gera o Por exemplo o mito de dipo usado pela psican lise para demonstrar dist rbios relacionais entre filhos e pais Tendo como configura o moral a depend ncia do ci me entre filho e pai em rela o m e tais quest es se repetem ao longo da hist ria do comportamento social Assim podemos dizer que os mitos e preconceitos fazem parte de nossas vidas conscientemente ou n o e influenciam as escolhas profissionais intercedendo nos processos de constru o dessas escolhas de forma positiva ou negativa Consequentemente os mitos e preconceitos s o inerentes ao processo de identidade profissional mesmo que n o sejam expl citos estar o presentes nas maneiras de ver sentir e reagir dos sujeitos fazem parte de sua idiossincrasia Esta investiga o sobre a forma o inic
137. ctiva de se sistematiza o da Hist ria do Ensino da Arte no Cear fica a desejar pois nos limitaremos aqui s mesmas condi es em que se dana historia educacional brasileira ou seja uma escassez ou aus ncia de fontes de informa o Segundo Barbosa 2006 p 13 n o h nenhum estudo sobre a evolu o do ensino da Arte na escola prim ria e secund ria no Brasil nem sequer um estudo mais geral sobre o ensino da Arte em n vel superior no s culo XX Ainda assim faremos uma breve incurs o no mundo art stico de Fortaleza do per odo modernista brasileiro tentando situar como se deu este ensino fora da oficialidade escolar Para o momento mais atual basta nos o entendimento das duas Leis de Diretrizes e Bases da Educa o a primeira 5692 71 que tornou obrigat rio a Disciplina de Educa o Art stica e a segunda 9394 96 que determinou o Ensino de Arte como componente curricular obrigat rio em todos os n veis do Ensino B sico Entretanto lembramos que em Fortaleza n o tivemos antes da primeira d cada do s culo XXI uma forma o de licenciatura em Artes Visuais Antes de entrarmos na busca da breve historiado Ensino das Artes Visuais em Fortaleza necess rio o entendimento do contexto da conjuntura pol tico s cio econ mica que antecedeu a fase do nosso Modernismo nas Artes que se manifestou com quarenta anos de atraso Ali s supomos que tal atraso tem rela o com os processos que englobam a hist ria brasi
138. ctivas de liquida o feitas pelo saber filos fico e cient fico pois ele um conhecimento que cont m o imediato da experi ncia numa unidade fant stica de dif cil acesso S o pensamento o alcan a nunca o discurso da filosofia nem o da ci ncia conforme este autor Estaria nessa unidade fant stica propriedade semelhante catarse do fazer art stico Esta se obt m somente pelos processos de cria o art stica em sua concretude e n o h uma raz o que comensure sua intensidade criando se desta maneira uma atmosfera m gica sobre os artistas e suas obras nesta magia que se d uma semelhan a 66 entre arte e mito Arriscamos com a resposta de que os dois tanto o mito quanto a arte possuem estruturas conceituais vol teis isto torna se dif cil sua apreens o por parte do pensamento l gico fazendo assim com que permane am nesta unidade fant stica a parte inef vel da vida humana Esta concep o difere se quando falamos da arte no mbito educacional que visa funcionalidade deste conhecimento na sociedade portanto de cunho sistematizado Para Emest Cassirer 1972 p 134 a coer ncia do mito prov m muito mais de uma unidade de sentimento do que de regras l gicas assim tamb m podemos dizer da arte e completando o seu racioc nio esta unidade um dos impulsos mais fortes e mais profundos do pensamento primitivo J Buzzi afirma que a ci ncia contr ria a
139. cular do ensino b sico e posta de forma inadequada na rede p blica Somente algumas escolas contemplam condi es ideais para o ensino de artes visuais mas de n mero irris rio neste universo Ent o n o se sabe se estes alunos que acabam de se formar assumir o ou n o a carreira docente em vista das condi es prec rias de ser professor no Brasil O conceito de habitus pretende explicar justamente o fato das a es dos sujeitos serem via de regra as mais adequadas s suas condi es objetivas de exist ncia sem serem produto de um ajustamento intencional a essas condi es como suporia uma perspectiva subjetivista Ent o dever da institui o educacional propiciar os meios adequados referida forma o N o s o tamb m as a es o resultado de uma determina o direta do meio externo sobre a a o como suporia uma perspectiva objetivista enfim o aluno se responsabiliza por sua escolha diante das condi es dadas pela institui o o di logo seria a s ntese digamos praxiol gica que mediada pelo habitus A ideia de Bourdieu que os indiv duos aprendam desde cedo na pr tica que determinadas estrat gias ou objetivos s o poss veis ou mesmo desej veis para algu m com sua posi o social e que outros s o inalcan veis Esse conhecimento pr tico iria aos poucos se incorporando e se transformando em disposi es para a o Seria uma sele o natural das esp cies quando os mais dota
140. curriculares da antiga Lei 5 692 71 vigorando na interpreta o da Lei atual Assim o parecer n 540 77 diz certo que as escolas dever o contar com professores de educa o art stica preferencialmente polivalentes no primeiro grau Mas o trabalho deve se se desenvolver sempre que poss vel por atividades sem qualquer preocupa o seletiva PCN 1998 Assim Vasconcelos 2000 centra sua cr tica na polival ncia que produz um conhecimento superficial de todas as linguagens art sticas que enquanto proposta metodol gica evidenciada no ensino aprendizagem em Arte revelou se revela se ineficaz para uma forma o generalista que n o correspondeu corresponde ao profissional que se pretende formar com compet ncia para atender s diversas realidades dos contextos culturais brasileiros e s tend ncias contempor neas advindas da era tecnol gica VASCONCELOS 2000 apud BARBOSA 2008 p 162 172 Conclui se que dessa proposta metodol gica ficaram s rias lacunas na forma o do professor e nas pr ticas educativas em arte o que contribuiu para a superficialidade da rea nos curr culos escolares consequentemente impossibilitando o conhecimento sistematizado sua contextualiza o hist rica e a especificidade de cada linguagem art stica Consideramos Smith 1986 para quem a qualidade da educa o em arte deve se fazer presente em todas as esferas da institui o escolar e que ao falarmos de excel ncia no
141. d tico pedag gica como disciplina relevante do curr culo pois segundo Barbosa 2008 sua epistemologia a arte educa o e isso a justifica como conhecimento v lido Vejamos como ela est estabelecida nos Par metros Curriculares Nacionais Arte O ensino de arte rea de conhecimento com conte dos espec ficos e deve ser consolidada como parte constitutiva dos curr culos escolares requerendo portanto capacita o dos professores para orientar a forma o do aluno BRASIL 1997 p 51 Nossa compreens o deste ensino encontra conson ncia com Bourdieu 1996 que trata em As regras da arte G nese e estrutura do campo liter rio a ideia contr ria ao inef vel da arte O autor contesta os que pensam ser ela desprovida de sistematiza o ou 17 melhor que a arte n o pode ser vista luz da ci ncia despreza se a sua racionalidade mas como plena de intui o e instintos art sticos por um vi s totalmente m tico O estudo de Bourdieu 1996 se centra no auge do romantismo Por mais distante que estejamos do contexto deste estudo e mesmo sendo exclusivo do campo art stico ele nos serve como exemplo pois ainda h quem trabalhe o ensino de artes visuais negando sua epist me Este trabalho est estruturado da seguinte forma no cap tulo 1 tratamos da metodologia de pesquisa conforme a proposta etnossociol gica atrav s da qual analisamos a realidade estudada desde o in cio da pesquisa dispensando
142. da aplica o de t cnica e estrat gias que se deduzem da pesquisa mas que se op e a ela transformando se em si mesma em um processo de explora o em di logo com a situa o e guiado pela reflex o CONTRERAS 2002 p 136 Conclui se que estes usos e abusos do termo reflex o decorrem do modismo reinante nas ci ncias sociais e acreditamos que isto se acentua principalmente nesta era de equa o simpl ria do ctrl C e ctrl V quando tamb m se perde o significado sem ntico da 5 1 Uma vers o acad mica que acentua a reflex o sobre as disciplinas e a representa o e tradu o do conhecimento disciplinar em mat rias para promover a compreens o dos estudantes 2 Uma vers o de efici ncia social que ressalta a aplica o minuciosa de estrat gias particulares de ensino que v m sugeridas por um conhecimento b sico externo pr tica e que se deduz da pesquisa sobre o ensino Esta aplica o de conhecimento externo pode ser encontrada em sua modalidade mais puramente tecnol gica de uso de habilidades e estrat gias concretas ou como um processo mais pr ximo solu o de problemas fazendo um uso inteligente de estrat gias gen ricas sugeridas pela pesquisa de casos concretos 3 Uma vers o evolutiva que prioriza um ensino sens vel ao pensamento aos interesses e s pautas do desenvolvimento evolutivo dos estudantes bem como da pr pria evolu o do professor como docente e como pessoa 4 Uma vers o de rec
143. dade imposta por eles neste campo ter amos um ndice de evas o elevado A sorte que eles se d o de forma pulverizada e seus valores atuam relativamente capacidade imunol gica de cada aluno ou melhor relativamente ao seu capital cultural Este um dos fatores de persist ncia por proporcionar em tais alunos suas pr prias perspectivas com a forma o outra possibilidade de persistirem no curso a perspectiva de 185 uma profissionaliza o que independe de autoavalia o e lhes serve ainda como m rito social tais alunos desfrutam do curso como op o vi vel simplesmente pelo desejo de uma gradua o o que tamb m independe de ser ou n o professor Conclu mos que mitos e preconceitos n o podem passar despercebidos nesta constru o de um curso que se inicia e precisa forjar sua identidade porque herda e gesta seus pr prios mitos e preconceitos isso algo natural que ocorre em todos os campos sociais por m se faz necess rio reconhec los nesse processo porque se deve observar constantemente a melhoria das rela es imprimidas neste campo Ent o deveria a institui o fazer uma reflex o de que mitos e preconceitos os quais englobam ritos e tabus fazem parte do processo de uma educa o reflexiva consciente transformadora e humanista Desta forma voltamos nossos olhares para esses dois elementos e enfatizamos ser necess ria sua discuss o em proveito da renova o dos valores sociais
144. das pr ticas reflexivas do professor com o objetivo de modificar de forma imediata o que est em suas m os como vimos acima Zeichner e Listnon expandem a significa o do termo reflex o ao compar lo com a nova concep o de did tica desta forma enfatiza se o sentido do social e a concep o do professor reflexivo torna se mais abrangente A pr tica reflexiva competente pressup e uma situa o institucional que leve a uma orienta o reflexiva e a uma defini o de pap is que valorize a 156 reflex o e a a o coletiva orientada para alterar n o s as intera es dentro da sala de aula e na escola mas tamb m entre a escola e a comunidade imediata e entre a escola e as estruturas sociais mais amplas LISTON amp ZEICHNER 1991 apud CONTRERAS 2002 p 139 N o podemos falar de reflex o sem falarmos de saberes docentes Entendemos que estes est o intrinsicamente ligados aos processos pedag gicos e n o podemos fazer vistas grossas quando est o alienados das pr ticas de sala de aula pois esta deve ser justada em favor da integridade f sica e moral dos educadores e educandos e isto se passa obrigatoriamente pelo respeito ao saberes dos docentes e discentes Desta forma fa amos aqui uma proposi o mitificaremos o ensino com o bom culto Quem sabe isto que est faltando um mito ben fico para a educa o j que a ci ncia com sua racionalidade p s moderna parece n o conseguir penetra
145. de Especializa o em Metodologia do Ensino de Arte polivalente ofertado pela Universidade Estadual do Cear UECE e o de Especializa o em Arte e Educa o ofertado pelo CEFET CE funcionando at 2004 Houve a oferta tamb m em algumas institui es privadas de ensino superior A UECE mant m uma forma o docente desde a d cada de 1980 mas na rea de m sica hoje esse campo formativo est em expans o Tratando sobre o nosso campo espec fico at chegarmos a este estudo de caso no atual IFCE Instituto Federal de Educa o Ci ncia e tecnologia do Cear faz se necess rio contar um pouco de sua inser o na rea do Ensino de Artes As tradicionais Escolas T cnicas Federais do Brasil v m ao longo de duas d cadas adequando se nova realidade na demanda do ensino expandindo seu campus e abrindo novos cursos tecnol gicos de n vel superior e de p s gradua es em especial os de licenciatura tanto em arte como na rea das exatas Acreditamos que a expans o vem romper pelo menos em tese com a tradi o formada ao longo de cem anos da nossa Escola T cnica Federal denomina o esta que marcou v rias gera es de fortalezenses Sua reforma est prevista nos artigos 39 e 41 da LDB 9394 96 o qual se efetiva pelo decreto lei n 2 208 de 17 de abril de 1997 permitindo a verticaliza o do ensino profissional no mbito da formula o de curr culos plenos dos cursos t cnicos j existentes Na ges
146. de Sociologia Rio de Janeiro Marco Zero 1983 As regras da arte G nese e estrutura do campo liter rio 2 ed S o Paulo Companhia das Letras 1996 187 O poder simb lico 11 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2007 BRASIL Par metros Curriculares Nacionais Arte Secretaria de Educa o Fundamental Bras lia MEC SEF 1997 Diretrizes Curriculares Secretaria de Educa o Fundamental Bras lia SESU MEC 1998 BUZZI Arc ngelo R Introdu o ao pensar o ser o conhecimento a linguagem Petr polis Vozes 1992 CASSIRER Ernest Linguagem e Mito 6 ed S o Paulo Perspectiva 1972 CHAU Marilena Convite filosofia S o Paulo tica 1995 CONTRERAS Jos Autonomia de professores S o Paulo Cortez 2002 CROCH K Jos Leon Preconceito indiv duo e cultura S o Paulo Robe Editorial 1995 Perspectivas te ricas acerca do preconceito S o Paulo Casa do Psic logo 2008 DEMO Pedro Avalia o qualitativa 9 ed Capinas SP Autores Associados 2008 DUARTE JUNIOR Jo o Francisco Fundamentos est ticos da educa o S o Paulo Cortez 1981 Por que arte educa o Campinas Papirus 1983 ECO Umberto Obra aberta forma e indetermina es nas po ticas contempor neas S o Paulo Perspectiva 2005 FERREIRA Aur lio Buarque de Holanda Novo dicion rio Aur lio da l ngua portuguesa 4 ed Curitiba Editora Positivo 2009 FISCHER Ernst A necessidade da Arte 3
147. de Tecnologia em Artes Pl sticas estudando seus habitus pois suspeitamos que alguns deles ainda n o tomaram consci ncia de estarem no curso de licenciatura pois n o fazem reflex o sobre o ensino de arte na presente forma o e nem parecem trabalhar a identidade do curso como universit rio Histeresis podem ser observadas tamb m nos alunos h muitas recorr ncias nas narrativas que caracterizam tal fato Observamos neles um sentimento de nostalgia como se o passado fosse sempre melhor do que o presente todo um per odo vivenciado experienciado desde o ensino fundamental criao habitus de estudante prim rio e secundarista e este ltimo permanece no curso O motivo suspeitamos a falta do ritual de passagem A sensa o de ser ainda um colegial comentado na cita o da p gina 37 N6 10 Ao ingressarem no ensino superior sentem tal dificuldade adaptativa prova disso s o 54 suas queixas expressadas durante as experi ncias dos dois primeiros semestres ap s os quais eles se tornam mais maduros experientes em rela o ao curso Citaremos um tipo de insatisfa o que caracteriza bem essa histeresis bourdieusiana comecei a fazer o curso e me apaixonei j n o interessa mais estilismo e moda me apaixonei pelas pr ticas em artes visuais No primeiro semestre s pr tica estudo da cor estudo do desenho estudo das formas era tudo que queria para desenvolver o desenho a pintura as minhas id ias e depois
148. de do ex lio de Lebreton e sua trupe porque fugiam de Napole o Estes mentores n o atualizaram o curr culo pois os conceitos que eles traziam de academia representavam a nobreza francesa deposta e conforme Barbosa 2006 a Arte Neocl ssica do contexto revolucion rio franc s deixara de ser a representa o oficial sendo substitu da pelo Romantismo Revolucion rio No Brasil esta arte aristocr tica causou estranhamento na popula o por ser de dif cil assimila o para quem j estava acostumado ao curvil neo do barroco adaptado ao mundo tropical em oposi o rigidez da linha cl ssica geometrizado que caracterizava a frieza desse estilo pode ser este fato uma geratriz de preconceito Esta imposi o foi abrupta e num pa s que at ent o importava os modelos da Europa com enorme atraso a modernidade representada pelo neocl ssico provocou suspei o e arredamento popular em rela o Arte Quase poder amos dizer que est vamos evoluindo artisticamente por decreto do governo O artista categoria institucionalizada em nossa sociedade com a vinda da Miss o Francesa n o desfrutava a mesma import ncia social atribu da ao escritor ao poeta O grau de valoriza o das diferentes categorias profissionais dependia dos padr es estabelecidos pela classe dominante que refletindo a influ ncia da educa o jesu tica a qual moldou o esp rito nacional colocavam no pice de sua escala de valores
149. de dos mais fortes Quem possui essa l gica faz acreditar que somente seus iguais escapar o a uma hecatombe planet ria Em contrapartida dizemos haver uma ci ncia detentora da raz o tecnol gica e que capaz de reverter pelo menos o discurso apolog tico do dr stico apesar de ser tamb m m tica tendo l suas inverdades 2 12 A posi o confort vel do artista na biografia Para finalizar nossa discuss o sobre o mito na arte pl stica falaremos do 93 virtuosismo Antes advertimos que encontramos v rias atitudes b sicas na intera o reciproca entre o artista e o seu ambiente de modo que ficamos em posi o de demonstrar que tamb m estas atitudes est o relacionadas apesar de muitas vezes apenas de modo vago com as no es descritas nos t picos anteriores Veremos o que isso quer dizer Quando relatam os feitos dos artistas em usarem as regras da propor o t o buscada na Antiguidade e redescoberta na Renascen a algo que para uma grande maioria de leigos p blico n o era acess vel esta e outras redescobertas tratam consequentemente do uso de t cnicas que causavam o espanto e a admira o neste p blico pois significava o conhecimento do secreto conjunto de leis segundo as quais Deus criou o homem a admira o do leigo perante a velocidade com que o artista trabalha As biografias consagram amplo espa o a esse tema o virtuosismo do artista que como marca de completude a
150. de manter as desigualdades sociais de forma a mascarar a rela o entre dominante e dominado fazendo com que os bens simb licos A esse respeito sugerimos a leitura de HARVEY David A condi o p s moderna uma pesquisa sobre as Origens da Mudan a Cultural S o Paulo Edi es Loyola 1993 157 sejam distribu dos numa aparente equanimidade mantendo assim o equil brio social Apesar de n o ser nosso objetivo criar um mito que assuma a responsabilidade de ordenar o Ensino de Artes Visuais acreditamos haver algo que ordena a referida forma o docente que n o passa pela ci ncia da educa o algo que est al m das vontades tecnocr ticas de se instituir um curso que se passa no cotidiano dos alunos e se entremeia em suas vontades desejos esperan as e sonhos algo desprezado pela racionalidade e que habita na subjetividade dos alunos estaria a o bom mito Por um lado m tica a raz o de ser desta referida licenciatura que muitos n o conseguem enxergar pois s o os alunos que d o a sustentabilidade n o h escola sem alunos mesmo sem o reconhecimento expl cito as institui es n o abrem m o do seu poder de gest o de sua import ncia Intu mos que existe como que uma for a oculta mantenedora da busca pelo Ensino de Arte Visuais da forma o docente que pode se assemelhar a uma utopia n o declarada Por m alertamos que para o fortalecimento desse bom mito deve haver um ritual de
151. dente das belas artes que n o se abria aos menos favorecidos socialmente pois se destinava aos dotados de elementos m ticos assim justificados no dom na excel ncia na virtuosidade na genialidade etc Estes em primeira m o eram os aptos a frequentar tal Academia Al m disso h problemas de mercado ou seja uma demanda incipiente de consumidores de arte Ent o o que sustentava indiretamente a Academia era o mais popular destinado forma o de m o de obra atrav s do curso de Artes e Of cios Desta forma mitificava se o artista pois nem todos eram fidalgos filhos da 109 elite os pobres que ascendiam socialmente nas artes por meio do apadrinhamento pr tica comum entre os nobres um costume renascentista fadavam se s artes de of cios estas de baixo status menos intelectualizada e de cunho funcionalista que se volta exclusivamente para o mercado de m o de obra especializada Mitos e preconceitos j chegam com este transplante acad mico talvez para se juntarem aos que aqui se faziam presentes pr prios das artes pl sticas O grande diferencial neste momento hist rico seria o advento da educa o em arte colocada oficialmente enquanto institui o e que nos dava os ares da laiciza o da arte brasileira Este parece um cen rio agrad vel mas o processo ocorre em detrimento da arte e dos artistas barrocos Muitos n o se adaptaram gerando se uma disputa hist rica por quest es de nature
152. dependiam da autoriza o do Deus Crist o O adjetivo divino primeiro conferido a Miguel ngelo e outros artistas invadiu a l ngua vulgar e tornou se uma figura autom tica do discurso E ainda hoje utilizado no ep teto diva atribu da as atrizes e cantoras l ricas KRIS amp KURZ 1988 p 57 890 2 11 O artista entre a magia da arte e a ci ncia O artista j foi divinizado subjugou se Igreja Cat lica agora servir a um p blico laico Esse um momento de aproxima o de desencastelar as obras significando uma inusitada abrang ncia da arte na sociedade apesar de ainda n o podermos falar na atualidade de uma democracia nas artes no sentido de que ela est para todos com igualdade O tema da imita o perfeita da natureza da maestria do artista recorrente nas biografias desse per odo tratado pelos autores o que se leva em conta o poder de ilus o que cada artista possui ou desenvolve Assim h nas anedotas casos em que o artista consegue iludir p ssaros com a representa o de frutas e mais surpreendentemente ele pr prio iludido por um seu par o caso da hist ria de Z uxiz e Apeles quando um artista ilude o outro com a pintura de uma cortina em tela a partir desta nova caracter stica a ilus o que o produto do artista confundido com a realidade que o retrato tomado pelo retratado esse ponto intrigante para os autores que questionam por que foi esc
153. desenvolvimento do trabalho e algumas delas preestabelecidas foram refeitas ou invalidadas devido configura o incerta que se tem com esse procedimento O caminho se faz ao caminhar como bem colocamos no in cio do cap tulo sobre a metodologia No decorrer da investiga o fomos percebendo respostas s nossas indaga es iniciais o que a princ pio nos satisfez Entretanto tal estudo sugeria a necessidade de ter 180 suas dimens es ampliadas pois emergiram v rias outras perguntas demonstrando a complexidade do campo pesquisado Mas contivemo nos por raz es de delimita o te rica pois atrav s desta que podemos encontrar explica es ou a compreens o ainda que parciais aos fen menos analisados E claro temos consci ncia de que nossa vis o est aqu m do arcabou o te rico que pode ser utilizado assim como as limita es provocadas pela dinamicidade que tem a realidade estudada Desta forma conseguimos somente tirar um instant neo fotogr fico dela Entendemos que trilhamos ou abrimos caminhos que nos levam dire o certa e sentimos qu o dif cil a travessia Resulta uma satisfa o devido a uma nica certeza a de n o ter ela um fim mas v rios come os Assim cabem diversos ngulos a serem postos sob observa o como uma obra aberta que n o se deixa fechar por uma nica an lise e sim possibilita o enriquecimento de v rias outras Sintetizamos dessa forma o nosso fazer ci
154. do do que uma consci ncia de identidade na diversidade cultural do pa s Para uma reflex o recorremos a esse autor que nas palavras de Susanne Langer exalta o valor da arte nas rela es sociais Se as fileiras de jovens crescem em confus o e covardia emocional os soci logos procuram em condi es econ micas ou rela es familiais a causa dessa deplor vel fraqueza humana mas n o na influ ncia ub qua da arte corrupta que mergulha a mente em um sentimento raso que arru na quaisquer germes de sentimento verdadeiro que poderiam se desenvolver nele LANGER apud DUARTE JUNIOR 1981 p 117 O Brasil acabara de ser eminentemente rural expandindo suas metr poles ao n vel dos pa ses desenvolvidos Temos agora um quadro educacional voltado para a referida pol tica desenvolvimentista caracterizada pelo ensino t cnico que se destina a suprir um parque industrial em sua maioria empresas multinacionais que aqui se instalam Tal fato praticamente elimina uma educa o voltada para valores human sticos Em consequ ncia dessa educa o com estilo de adestramento volta se para uma automa o do homem vendo o mais como uma m o de obra especializada como uma engrenagem de mec nica socialmente funcional cujos processos de socializa o que deveriam contemplar a cultura s o a secundarizados ou extintos Fa amos mais uma s ntese que ilustra bem esse momento o autor usa das palavras de Severino 123 A educa o bra
155. do o mito n o fala diretamente ele esconde alguma coisa guarda uma mensagem cifrada o mito precisa ser interpretado terceiro o mito n o verdadeiro no seu conte do manifesto literal expresso dado no entanto possui um valor e mais que isto uma efic cia na vida social Bastariam estas tr s caracter sticas para justificarmos o poder do mito no objeto de estudo mas continuemos a reflex o com as seguintes perguntas qual o sentido do mito em nossas vidas Por que ele subsiste at hoje em sociedades complexas Podemos viver sem mitos 63 nas rela es intersubjetivas do campo em estudo que podemos visualizar o mito consideramos a presen a de sonhos e por considerarmos o glamour destas profiss es artista e professor Considerando os estudos da Psicologia sobre os sonhos Freud e sobre os arqu tipos Jung podemos justificar as suposi es da pesquisa S o concebidos como formas de interpretar a realidade possibilitados pelos desejos de vida as proje es as esperan as dos indiv duos S o os sonhos e os arqu tipos inerentes a todos nas sociedades e desta forma tamb m nos fazem viver nos mitos Vejamos resumidamente sua aproxima o com o arqu tipo pois vai ser exatamente neste inconsciente coletivo que Jung vai achar sua interpreta o para o mito O inconsciente coletivo manifesta se em padr es que ele chama usando uma express o de Santo Agostinho de arqu tipos O arqu tipo signi
156. do pode ser digamos assim muita gente pensa que o desejo algo natural espont neo e a arte est muito pr xima disso como o artista rom ntico aquele cara que explode na subjetividade no seu eu que chora e tal Acho que tem isso mas a arte pode ser ensinada sim depende das particularidades acho que o professor pode instigar isso N6 07 Este o mesmo Corisco que tem sua reflex o do habitus Observamos que ele consegue sair do inef vel da arte para uma racionalidade uma sistematiza o do ensino de arte isso se caracteriza a partir da consci ncia da mitifica o do artista rom ntico Este feito como sabemos facilitado pelo capital cultural e tem se a o bom mito pela supera o da histeresis constru da no entendimento deste saudoso artista rom ntico 64 contribuindo com a din mica do habitus em sua interioriza o da exterioriza o e de exterioriza o da interioriza o ou devolvendo o mito a objetividade social de forma consciente meus sonhos sofreram muta o sonhava em ser estilista em desenhar roupas de fazer minhas pr prias roupas e de customiz las tive um atelier de pintura de camisa que faliu porque n o sou vendedora sou artista Fui vivenciando outros tipos de arte arte de rua cultura popular tudo muito forte aqui nesse espa o ONG N9 05 Acho que a galera vivencia a arte muito pouco tanto na inf ncia como na adolesc ncia na es
157. do professor parece que j o valorizamos mitificamos em outro momento da hist ria educacional brasileira quando pelo menos ele era venerado socialmente longe de ser agredido dentro e fora da sala de aula A hist ria nos pertinente quando seus fatos inquirem a realidade presente desta forma que instigamo nos a moviment la a promover mudan as Portanto ainda segundo a an lise de Coutinho 2003 visualizamos um quadro est tico que n o progrediu em rela o ao passado pois conforme ela numa avalia o da Comiss o de Especialistas do Ensino das Artes CEEARTES das Comiss es do MEC e da pr pria Federa o de Arte Educadores do Brasil FAEB observou se a necessidade de fazer cumprir a nova LDB Lei 9394 96 e os Par metros Curriculares Nacionais de 1998 Tal fato consequentemente ao nosso entender provocou um superfaturamento de diplomas aliado m forma o ent o o que se deu foi uma correria em busca da adequa o Lei e n o em busca da qualidade de ensino de arte Coutinho conclui que na maioria dos casos as tentativas de adequa o dos cursos de forma o de professores de Arte tem se operado apenas na superf cie e n o nas estruturas curriculares assim como alguns novos cursos na Lei vigente trazem fortes resqu cios dos cursos polivalentes de Educa o Art stica das Licenciaturas de Desenho e Pl stica ou dos cursos das escolas de Belas Artes O professor reflexivo que aborda
158. do se a Marx Numa passagem c lebre de uma de suas obras Marx dizia que o mito de Zeus portador de raios trov es e tempestades n o mais poderia funcionar numa sociedade que inventou o para raios isto descobriu cientificamente a eletricidade Mas o pr prio Marx mostrou como tal sociedade cria novos mitos adaptados era da m quina e da tecnologia CHAUI 1995 p 160 161 Fiquemos com esse entendimento de que o mito e a filosofia explicam e ou visam responder aos fen menos naturais sobre o sentido da vida humana do universo assim como justificam as normas pol ticas ticas e religiosas das sociedades que os situam Na Antiguidade Cl ssica grega a mitologia e a filosofia constitu am a fonte exclusiva de explica o para o entendimento do homem no mundo e sua organiza o E a diferen a espec fica entre mito e filosofia segundo Chau 1995 est nos fundamentos de suas argumenta es A peculiaridade do s mbolo m tico est no fato de ele encarnar aquilo que ele simboliza Ou seja o fogo n o representa alguma coisa mas a pr pria coisa simbolizada deus amor guerra conhecimento pureza fabrica o e purifica o o humano O fato de o s mbolo m tico n o representar mas encarnar aquilo que significado por ele leva a dizer como faz L vi Strauss que o pensamento m tico um pensamento sens vel e concreto um pensamento onde imagens s o coisas e onde coisas s o ideias o
159. dois elementos o psicol gico e o sociol gico A forma como representamos nossos artistas pl sticos n o difere muito desse passado dos autores pois temos uma vis o feita atrav s dos seus estere tipos esta faz parte da constru o de uma experi ncia passada long nqua e nost lgica sobre a imagem do artista que muitas vezes floreamos como no exemplo da biografia inventada por Vassari sobre o pintor FilipoLippo inventar fatos sobre os personagens biografados parece ser pr prio das narrativas m ticas Damos um exemplo bastante sutil dessa recorr ncia na atualidade Devemos apagar imaginariamente as aspas da cita o a seguir para que n o percebamos a diferen a de tempo e espa os ocorridos o modo como a sociedade reage ao artista parcialmente determinado pelas suas caracter sticas e dons pessoais e por outro que essa rea o tem necessariamente um efeito sobre o artista KRIS amp KURZ 1988 p 15 Assim eles viam e assim n s vemos Isso se configura numa f rmula usada at hoje invari vel e talvez nica porque necessariamente passa pelo mito ou melhor tem como ponto comum o mist rio ou enigma O que devemos levar em conta para efeito de nossa an lise s o as caracter sticas e dons pessoais como podem ser manifestados no discurso dos sujeitos envolvidos S o os elementos vari veis que ao serem compelidos pela din mica da a o e rea o do jogo de poder que se processa no campo e
160. dos ou os bem nascidos socialmente teriam mais vantagem assumindo melhores posi es Tentamos entender na pr tica essa teoriza o observando as disposi es dos nossos Coriscos Minha escolha n o certa Eu estou fazendo licenciatura em arte mas eu n o tenho a certeza absoluta de que eu vou ser professora assim como se eu fizesse licenciatura em outra coisa Eu sei que vou atuar na rea Acho que nas ci ncias humanas o campo profissional diferente quem se forma em medicina vai ser m dico pode ser professor do curso de medicina mas depois de ter sido m dico ou sendo m dico N1 34 Mas essa coisa de eu n o querer mais ser professor de escola p blica particular ou do ensino formal mais uma coisa pessoal porque n o me interessa fazer parte do ensino formal por m quero muito poder ofertar oficinas trabalhar com projetos N7 01 52 Entendemos haver uma predomin ncia ligada ao campo da arte e parece ser ela que puxa a forma o docente para segundo plano quando em tese deveria ser o contr rio Na afirma o de Barbosa 2008 a respeito da arte educa o como epistemologia da arte e quando Lanier apud Barbosa 1984 diz devolvamos a arte educa o em arte podemos observar que s o as quest es did tico pedag gicas que possibilitam a exist ncia da arte j que n o se estabelece nenhum campo seja ele cient fico art stico religioso etc sem antes se estabelecer suas normas tanto no
161. e considerar os saberes dos alunos dentro da discuss o curricular Como indaga Tardif 2011 p 41 mas realmente isto o que ocorre Os saberes relativos forma o profissional dos professores ci ncias da educa o e ideologias pedag gicas dependem por sua vez da universidade e de seu corpo de formadores bem como do Estado e de seu corpo de agentes de decis o e de execu o Revela se por isto que os saberes cient ficos e pedag gicos que se d o na forma o dos professores precedem e dominam a pr tica da profiss o mas de acordo com este autor n o prov m dela Tamb m h nisto uma rela o de exterioridade na forma o dos professores que se manifesta atrav s de uma n tida tend ncia a desvalorizar sua pr pria forma o profissional associando a pedagogia e s teorias abstratas dos formadores universit rios TARDIF 2011 p 41 163 Perguntamos por que n o se tem uma escola modelo como obrigatoriedade nas forma es docentes assim como em outras reas do campo das exatas possuem seus laborat rios Qual o motivo que leva os futuros professores ao distanciamento da realidade escolar do ensino b sico p blico A pesquisa nos indica que uma aproxima o efetiva est longe de acontecer pois quando se tem a disciplina de Did tica e as de Est gio Supervisionado percebemos que est o desvinculadas dos conte dos das Artes Visuais e o di logo que poderia haver com a escola de ensino b sico
162. e p blico por natureza Uma de suas fun es contradizendo sua falta de l gica organizar a vida social na sua intersubjetividade atuando no meio social como um camale o adaptando sua camuflagem para o seu dif cil apresar e para manter sua livre a o principalmente em nossa contemporaneidade quando este habitat para ele tanto in spito quanto acolhedor 68 A Filosofia assume ser a guardi do mito segundo Buzzi 1972 ela nasce com prop sito de dar entendimento aos homens de sistematizar os saberes surgindo ent o a Pedagogia Esta no nosso entender assume o papel que tinha o mito de educar o homem em seus prim rdios Apesar disso o mito continua a vigorar mas intermediando o seu di logo com a filosofia isso claro nas sociedades complexas no mundo dos afazeres em constante constru o Se n o fosse a filosofia o mito seria presa f cil da ci ncia e se sua capacidade de camuflagem fosse revelada o colocar amos de uma vez por todas no rol dos preconceitos em compara o com a ci ncia que explica os fen menos do mundo Diversifiguemos nossa leitura ainda no vi s filos fico encerrando com uma cita o sucinta que pontua o dissertar de Buzzi sobre como se d a interpreta o do mito considerando o no contexto hist rico atual Em seguida daremos continuidade reflex o com a fil sofa Marilena Chau que discute no pr ximo t pico o pensamento m tico e o pensamento l gico o que traz
163. e OSPB Organiza o Social e Pol tica Brasileira que n o faz jus ao seu t tulo ela n o passa de uma cartilha que apregoava as regras do sistema pol tico vigente totalmente acr tica 124 Se quisermos entender como nossa cultura chegou ao ponto de permitir a exalta o de aberra es como o Tchan e Tch tch r r basta compreendermos o processamento esfacelado do Ensino de Arte e o enfraquecimento das tradi es culturais quando estas perdem suas ra zes para as novas gera es tomadas de costumes alheios ditados pela sociedade de consumo impregnando as de preconceito por faz las negar a pr pria cultura Assim acontece a descaracteriza o cultural sendo usada como forma de dom nio ideol gico pol tico e econ mico estrat gia esta empregada desde os grandes imp rios da Antiguidade Cl ssica a elimina o dos s mbolos do dominado Ademais existe na arte contempor nea o discurso do fim da Arte mas n o inculquemos com isso pois num bom messianismo a Arte jamais morrer ela t o essencial vida quanto o ar que respiramos Observemos o que nos levou ao mau gosto j que quest o de gosto se discute conforme Pierre Bourdieu O gosto faz parte das nossas impress es que s o filtradas por experi ncias que adquirimos principalmente na educa o formal Ent o quando esta ltima falta no quesito cultural o qual envolve ensinamentos de est tica e de hist ria da arte a sim n o te
164. e de gerir nossos pr prios destinos Ser que nossas elites n o digeriram por inteiro o Abaporu de Tarsila do Amaral Ou ser que somente afinaram a ret rica para empreg la sobre os dominados e desta vez sem a desculpa de que arte n o enche barriga Afinal de contas o bolo cresceu Considerando o fato de estarmos na era da ind stria cultural deixaram de fazer o dever de casa tamb m por estas plagas alencarinas pois atualmente o Instituto Federal de Ci ncia Educa o e Tecnologia do Cear IFCE que se encontra frente da responsabilidade de formar professores na rea de Arte n o enxergou esse nicho do mercado sendo sua voca o tradicional a ind stria por n o valorizar em especifico o curso de Licenciatura em Artes Visuais N o podemos tomar como desculpa de que toda licenciatura independente da rea seja desvalorizada por seus alunos e consequentemente por seus professores e gestores refor ando esse discurso Dessa forma oficializar se ia a desvaloriza o da doc ncia o que poderia chegar a ocorrer um dia por meio de decreto lei para alegria de alguns pol ticos e gestores mal formados Mas para que n o fiquemos em devaneios exemplifiguemos esse processo de domina o cultural ainda na forma do transplante j o fizemos com Barbosa 2008 ao nos referirmos o caso dos secret rios ou pol ticos disfar ados de educadores Agora nesta nova fase de imposi es h um novo ponto de re
165. e de sentimentos Desta forma desejamos partilhar n o de uma forma absoluta mas relativa as quest es que foram surgindo neste modelo de pesquisa 103 3 O ENSINO DE ARTES VISUAIS NO BRASIL REVERBERA O NAS TERRAS ALENCARINAS 3 1 Das origens miss o Trabalhamos este cap tulo em duas perspectivas de estudo do Ensino de Arte uma hist rica e outra filos fica Com isto nosso objetivo tra ar uma panor mica do Ensino de Arte no Brasil iniciado na corte com a Miss o Francesa at chegar ao Cear nos dias atuais No entanto ao tratarmos do Cear iniciamos no s culo XX com uma breve descri o desse ensino em Fortaleza Acreditamos ser tal espa o de tempo suficiente para imprimirmos algumas reflex es embasadas nos estudos de Barbosa 2006 2008 Duarte J nior 1981 e Lima amp Oliveira 2008 S o estudos sobre as artes pl sticas visuais envolvendo quest es de pol ticas educacionais e concep es did ticas pedag gicas bem como filos ficas O marco da Miss o Francesa se d por ser ela um divisor de guas no ensino de artes pl sticas porque oficializa esse ensino no mbito acad mico criando desta forma uma perspectiva universalizante Por m necessitamos voltar um pouco para o per odo colonial para compreendermos a produ o da identidade cultural pois a arte um produto da cultura e na cultura que ela deve sedimentar seus pressupostos ou sua raz o de ser interessante contemplar o
166. e diferentes Este alheamento decorr ncia pois da imposi o heteron mica de pa ses centrais a pa ses perif ricos da metr pole col nia de modelos de exist ncia de cultura e de civiliza o E a configura o espec fica de nossa cultural nacional se dispersa sem poder se delinear em contornos bem definidos Quaisquer que sejam as dimens es consideradas desta personalidade cultural notar se o quanto est o distante de um projeto autenticamente nacional SEVERINO apud DUARTE JUNIOR 1981 p 116 Estamos num per odo cr tico ou melhor com menos cr tica de acirramento pol tico onde o desenvolvimento das liberdades estagnado explicitamente pelo Estado ditatorial e desta forma os ideais passam a ser ditados numa univocidade ideol gica isto quando n o se permite por conta da brutalidade o outro se expressar Assim diz Octavio lanni autor do livro O Estado e a organiza o da cultura encontros com a civiliza o brasileira citado por Duarte J nior 1981 o Estado det m o monop lio da nica interpreta o que ele pr prio considera v lida para o conjunto da sociedade Essa interpreta o pensam os governantes prescinde de outras IANNI apud DUARTE J NIOR 1981 p 116 Tal arb trio atinge diretamente a produ o cultural do pa s com o impedimento das manifesta es art sticas Assim tentou se fazer com que a Arte ficasse praticamente inerte na constru o dos ideais de na o
167. e do sujeito preexistente e incorporado a ele como dissemos h pouco tamb m pode ser entendido como um sistema de disposi es dur veis e estruturadas de acordo com o meio social dos sujeitos que seriam predispostas a funcionar como estruturas estruturantes isto como princ pio gerador e estruturador das pr ticas e das representa es Bourdieu diz que a fun o sociol gica desvelar e n o denunciar Trata se de evidenciar aquilo que n o se quer saber ou que n o se quer que se saiba parece ser isto um jogo de interesses ideol gico Ent o como diz o autor habitus s o costumes que de alguma forma as pessoas sabem mas que est o situadas num n vel de profundidade onde n o se vai procur las tamb m parece haver nisso uma apatia dos indiv duos Desta forma habitus s o costumes ocultos que se constroem inconscientemente e que ficam impl citos nos sujeitos mas ao explicit los que podemos compreender as a es destes dentro do campo social Em outras palavras o conceito de habitus ajuda a escapar dos argumentos que privilegiam apenas a dimens o objetivista das imposi es sociais ou as explica es que destinam o maior papel s a es dos sujeitos determinadas a partir da sua habilidade interior Assim o habitus constitu do por um conjunto de disposi es para a a o a hist ria incorporada inscrita na mente no corpo nos gestos e nos modos de falar ou o que podemos encontrar no ethos dos ind
168. e est o reboque delas est o predispostos ao preconceito h uma rela o rec proca nesse fen meno que devemos conhecer melhor para intervir no sentido de que n o se torne prejudicial ao desenvolvimento art stico de uma sociedade L E por essa caracter stica de reciprocidade que concebemos para os sujeitos da pesquisa o lugar de v timas ou vitimador do preconceito No entanto ponderemos o seguinte ainda com Crochik o preconceito diz mais respeito s necessidades do preconceituoso do que s caracter sticas de seus objetos pois cada um destes imaginariamente dotado de aspectos distintos daquilo que eles s o cada objeto suscita no preconceituoso afetos diversos relacionados a conte dos ps quicos diversos CROCHIK 1995 p 16 Esclarece isso com o exemplo do preconceito racial pois o estere tipo sobre o negro de que se utiliza o preconceituoso distinto do estere tipo sobre o judeu Ou seja cada objeto suscita nos preconceituosos afetos diversos relacionados a conte dos ps quicos diversos o que gera uma rela o digamos amb gua entre o preconceituoso e o seu objeto sua v tima pois n o s o fatores independentes que possam existir por si s ou melhor h uma fun o relacionada entre o preconceito e o seu alvo Assim o preconceito ao mesmo tempo que diz mais do preconceituoso do que do alvo do preconceito n o totalmente independente deste ltimo N o se pode por isso estabelecer um
169. e estabelecemos as quest es entre ser professor e ser artista relacionando as aos mitos e preconceitos que emergem na constru o deste modelo de pesquisa 26 Ainda dentro do que podemos chamar quest o te rica das narrativas conforme Bauer amp Gaskell 2005 n o h experi ncia humana que n o se possa ser expressa na forma de uma narrativa E utilizam os autores de Roland Barthes para melhor exemplificar essa assertiva A narrativa est presente no mito lenda f bula conto novela epop ia hist ria trag dia drama com dia m mica pintura pensamos na Santa Ursula de Carpaccio vitrais de janelas cinema hist rias em quadrinho not cias conversa o Al m disso sob esta quase infinita diversidade de formas a narrativa est presente em cada idade em cada lugar em cada sociedade ela come a com a pr pria hist ria da humanidade e nunca existiu em nenhum lugar e em tempo nenhum um povo sem narrativa N o se importando com boa ou m literatura a narrativa internacional trans hist rica transcultural ela est simplesmente ali como a pr pria vida BARTHES apud BAUER amp GASKELL 2005 p 151 1 2 A perspectiva etnossociol gica na pesquisa Conforme Daniel Bertaux 2010 h um desejo cada vez mais acentuado por parte dos estudantes de se trabalhar com as narrativas de vida devido ao car ter hu mano dos materiais colhidos E elas partem de um princ pio elementar para um pesquisad
170. e fica quando se trata da disciplina de Artes As pistas para investiga o do fen meno a rejei o doc ncia podem ser perseguidas no contexto da educa o brasileira de uma forma geral Mas n o ser esse o nosso foco pois o que nos interessa interpretar elementos de car ter subjetivo relacionados aos estudantes como seus desejos anseios sonhos aptid es voca es talentos gostos que s o perpassados pelos mitos e preconceitos advindos dos campos das artes visuais e de seu ensino Tais aspectos relacionados forma o docente e auto afirmar o social por meio da profissionaliza o que alimentam o foco dissertativo Para tal interpreta o consideramos as narrativas dos sujeitos da pesquisa seus fragmentos como a o que caracteriza as representa es dos sujeitos da pesquisa Suas experi ncias foram por n s interpretadas articulando as s peculiaridades dos ampos ora referidos Desta forma pressupomos como fundamento emp rico o fato natural e 11 corriqueiro da aproxima o desses estudantes ao campo espec fico das artes visuais H nesta aprendizagem docente o primor pelo objeto art stico e n o se observa a sua especificidade pedag gica ou seja deve se contemplar o processo art stico e n o a obra de arte como produto final desse processo Tal situa o nos sugere que o campo das artes um lugar prop cio para exalta o do ego peculiar ao artista digamos que seja este um lugar
171. e possa pensar na sua racionalidade e consequente ades o ou n o a elas Ao dizermos que o preconceito um tipo de valor que atribu mos aos objetos que se constituem nas suas v timas reca mos necessariamente na esfera da moral E de fato o valor em conjunto com o afeto o que nos predisp e ao preconceito Quando dizemos que algo bom ou mal sem que este ju zo seja espont neo mesmo que possa aparentar espontaneidade ou sem que reflitamos sobre a sua racionalidade explicando a sua validade quer para o individuo quer para a sociedade mesmo que possa apresentar uma aparente racionalidade estamos sendo preconceituosos Assim aquele dio n o era imediato mas nem por isso era fruto da experi ncia e da reflex o Ainda durante o nazismo a explica o dada que o judeu queria dominar astutamente os povos escondia o pr prio desejo desta domina o por aqueles que o acusavam e assim tal explica o embora procurasse fatos objetivos que a sustentasse serviu para ocultar os pr prios desejos dos perseguidores e como ideologia serviu para justificar a agress o Desta forma aquilo que aparenta racionalidade n o necessariamente racional CROCHIK 1995 p 22 23 100 2 14 Estere tipo e preconceito O estere tipo como elemento importante na constitui o do preconceito sendo predominantemente um produto cultural difere dele que uma rea o individual Como comentamos o preconceito diz respeito a um mecan
172. e precisar desenvolver mecanismos ps quicos que iludam constantemente a sua real impot ncia frente atual organiza o social ou melhor criar estereotipias que o entorpecem como dito anteriormente Desta forma confirma se o preconceito como uma defesa uma sociedade que se sustenta pela amea a da exclus o ainda que velada daqueles que n o seguem os seus ditames sem que estes correspondam s necessidades individuais racionais e sem que lhes proporcione uma vida sem amea as gera continuamente a necessidade do estabelecimento de preconceitos como forma de defesa individual CROCHIK 1995 p 42 43 Consideramos ser suficiente o entendimento aqui colocado dando cabo s quest es subsequentes pois seria desnecess rio abrangermos como se d nas variadas formas de rela es sociais Tomamos mais uma vez de empr stimo a capacidade da imagina o sociol gica para entendermos o fen meno do preconceito junto ao objeto da pesquisa Usamos sempre tal estrat gia como se pulveriz ssemos as an lises este processo facilita nossa discuss o nos campos espec ficos trazendo o mote dos mitos e preconceitos superf cie da problem tica Tamb m desejamos atrav s da imagina o sociol gica deixar que fluam para outros leitores suas pr prias reflex es numa perspectiva de an lise aberta como faz Humberto Eco 2005 em rela o s obras de arte quando cada um a frui de acordo com suas capacidades intelectuais
173. e preconceitos incidem ou n o sobre as escolhas dos estudantes por ocasi o do ingresso no curso 3 Quais os fatores relacionados aos mitos e preconceitos que estimulam e ou 14 desestimulam a escolha pelo curso 4 O que esses estudantes entendem por ser artista professor Mitos e preconceitos norteiam esse entendimento 5 Como os estudantes do CLAV se percebem enquanto futuros professores no que se refere motiva o para a doc ncia H problemas relacionados com a autoestima nessa forma o Se h em que medida podemos relacion los aos mitos e preconceitos E quanto evas o desist ncia podemos relacion la aos mitos e preconceitos Tais quest es conformaram o objeto de investiga o que apresentamos nos seguintes termos a forma o docente em Artes Visuais e as poss veis interfer ncias dos mitos e preconceitos existentes no campo das artes visuais e no seu ensino O objetivo geral da pesquisa investigar a forma o docente em Artes Visuais tendo por base os mitos e preconceitos na representa o dos alunos do CLAV do IFCE desvelando de que forma mitos e preconceitos se implicam no processo de forma o docente assim como na compreens o do ser ou n o ser professor Definimos como objetivos espec ficos da pesquisa conhecer os motivos que definem a escolha pelo curso de Licenciatura em artes visuais entender como essa escolha profissional e o processo de forma o dos estudantes s o afetados p
174. e sua atua o no mbito individual e social de forma a entender como ele se processa na sociedade Tais trajet rias narrativas nos deram os ind cios para a an lise e nos guiamos pela constru o do modelo da pesquisa conforme Bertaux 2010 Feito isto afirmamos que ser ou n o ser professor uma quest o vari vel de dif cil apreens o foi a partir dos conceitos de mito e preconceito que abordamos o campo da forma o docente fazendo proposi es de cunho praxiol gico e com isso buscamos cimentar cada vez mais o Ensino de Arte pelo seu car ter epistemol gico A este car ter que creditamos a valoriza o do Ensino de Artes Visuais pois proporciona uma sistematiza o pedag gica eliminando a vulgar compreens o de que este campo n o tem 12 conhecimento pr prio As suposi es hip teses foram estabelecidas no decorrer do trabalho de pesquisa entretanto nos guiamos inicialmente da seguinte forma supomos haver uma rela o entre o referido Curso de Licenciatura e seus estudantes tendo os objetivos do primeiro fixados no seu Projeto Pedag gico e os dos estudantes focados no mercado de trabalho campo docente Com isso estabelecemos a sociabilidade que dita a interioriza o da exterioriza o e de exterioriza o da interioriza o rela o que entendemos como vari vel pois n o h uma regra fixa nesse jogo por parte do sujeito diferentemente da institui o essa tem regra fixa restando lhe com
175. e suas anedotas concluem os autores que nem o encontro fortuito com Cimabue nem o fato de ser aluno deste nem a subida de posi o social ocupam o primeiro plano da hist ria ou seja esta parte sociol gica da 85 biografia menos importante na constru o do her i artista Isto porque o mito se d por elementos ocultos enigm ticos tem um pensamento pr prio e n o l gico e nesse sentido que devemos ver o lado premonit rio sobre a crian a artista Neste sentido tal an lise na for a da express o art stica que se revela prematuramente o artista pintor e isso que chama a aten o dos bi grafos Esta for a expressiva vem ser adotada como um dos preceitos b sico no Ensino de Arte no Modernismo 2 9 O talento como apropria o m tica Com a descoberta do talento como tema mitol gico tem se a valoriza o das primeiras realiza es do talento art stico e desta maneira demonstra se que a genialidade de um artista se d na sua tenra idade o que se configura pelo esfor o do expressar art stico Tornando se o talento de acordo com Kris amp Kurz 1988 o tema mais comum das biografias de artistas n o podemos deixar de tecer considera es que o aproximam da ideia de cordialidade de S rgio Buarque de Holanda em Ra zes do Brasil observamos que quando uma crian a faz um rabisco qualquer logo ela elogiada o que muitas vezes n o passa de uma cordialidade por pa
176. ea em rela o ao outro ou uma debilidade do espirito em tranquilizar se em rela o ao meio ambiente Desta forma mostra um olhar fixo que vendo al m de algu m n o consegue v lo como se fosse uma a o esquizofr nica A caracter stica de assumirmos frente ao estranhamento das rela es sociais a rejei o no sentido de n o darmos nenhum valor ou mesmo um valor preconcebido no caso da rela o com outra pessoa de modo a entender essa pessoa n o mere a a nossa aten o por ser inferior a n s em certos casos leva a ideia fascista de elimin la se for poss vel antes mesmo de nascer CROCHIK 1995 p 19 Quanto maior a debilidade de experienciar e de refletir maior a necessidade de nos defendermos daqueles que nos causam estranheza E isso ocorre e nunca demasiado repetir porque o estranho demasiado familiar Como Freud 1975 pode mostrar o medo frente ao desconhecido ao diferente menos produto daquilo que n o conhecemos do que daquilo que n o queremos e n o podemos reconhecer em n s mesmos atrav s dos outros CROCHIK 1995 p 20 O preconceito como caracterizado n o se trata de um fen meno inato mas desenvolvido socialmente Assim atitudes de complac ncia benevol ncia e a rejei o fascista como descrita pelo autor s o caracterizadas da seguinte forma a primeira aproxima se da cordialidade que aprendemos a desenvolver como um verniz civilizat rio atrav
177. ed Rio de Janeiro Editora Zahar 1971 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necess rios pr tica educativa S o Paulo Paz e Terra 1996 Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e terra 2005 FREUD S O Ego e O Id Rio de Janeiro Imago Editora 1975 FUSARI Maria Felisminda de Rezende FERRAZ Maria Helo sa C de T Metodologia do Ensino de Arte S o Paulo Cortez 1998 Arte na Educa o Escolar S o Paulo Cortez 2001 HEGEL Georg Wilhelm Friedrich Curso de est tica o sistema das artes S o Paulo Martins Fontes 1996 HERN NDEZ Fernando Cultura Visual mudan a educativa e projeto de trabalho Porto Alegre Artes M dicas Sul 2000 188 HOLANDA S rgio Buarque de Ra zes do Brasil S o Paulo Companhia das Letras 1984 IAVELBERG Rosa Para Gostar de Aprender Arte sala de aula e forma o do professor Porto Alegre Editora Artmed 2008 KRIS Ernest KURZ Otto Lenda mito e magia na imagem do artista Lisboa Portugal Editora Presen a 1988 LARAIA Roque de Barros Cultura um conceito antropol gico Rio de Janeiro Jorge Zahar 2009 LIB NEO Jos Carlos Pedagogia e pedagogos para qu 12 ed S o Paulo Cortez 2010 LICHTENSTEIN Jaqueline org O mito da pintura Cole o A pintura Vol 1 S o Paulo Ed 34 2004 LIMA Roberto Galv o OLIVEIRA Almir Leal de A escola invis vel artes pl sticas em Fortaleza 1928 1958 Fortaleza Edi es UFC 20
178. edras no caminho Isso referindo nos ao aspecto institucional e com um recorte de tempo bem recente d cada de oitenta quando o Conselho Federal de Educa o com a reformula o do curr culo coloca o Ensino de Arte em segundo plano ela deixa de pertencer s mat rias b sicas passando somente a constar em um par grafo como disciplina exigida no curr culo Ora a Arte n o b sica na educa o mas exigida uma pedra no caminho do Ensino de Arte uma contradi o e mais um elemento de mitifica o desse ensino Acreditamos que poucos gestores s o conscientes da import ncia da Arte na educa o e isso agrava a situa o da disciplina nas escolas de Ensino B sico Essa vis o um tanto pessimista consequ ncia de como foi e como tratada nossa educa o em Arte pois temos a preval ncia do ensino funcionalista tecnicista direcionado ao mercado em detrimento de uma educa o humanista Inconsequ ncias da pol tica educacional brasileira que age em benef cio do monop lio do capital cultural e do dom nio do poder simb lico posto por uma minoria elitista que sempre governa o pa s Trocando em mi dos reserva se o privil gio do estudo da Arte aos bem nascidos socialmente restringe se esse conhecimento para que n o haja na vis o da classe dominada adestrada para o consumismo da ind stria cultural uma compreens o est tica derivada de tal ensino assim criam se consumidores de bugigangas Kitsch como men
179. eiro das influ ncias tradicionalistas Oferecemos um exemplo pessoal vivenciamos situa o que representa este cen rio no Liceu de Goi nia Go em 1981 matriculados no 118 ensino b sico cursamos a disciplina de educa o art stica que contemplava conte dos de Desenho Geom trico Tal condi o de ensino ainda se faz presente em nossas salas de aula como confirma Barbosa 2006 Um dos pressupostos difundidos na poca a ideia da identifica o do ensino da Arte com o ensino do Desenho Geom trico compat vel com as concep es liberais e positivistas dominantes naquele per odo ainda encontram eco cem anos depois em nossas salas de aula e na maioria dos comp ndios de Educa o Art stica editados mesmo depois da Reforma Educacional de 1971 BARBOSA 2006 p 12 As concep es modernistas podem ser detectadas nas falas dos Coriscos que experenciam a sala de aula na condi o de professor de Arte S o absolutos ao afirmar mesmo quando n o sabem suas causas tais influ ncias creditam nas descuidos dentro da escola ou mesmo a falta de qualidade do Ensino de Arte justificando ainda o fato de n o estarem atualizados junto s novas propostas pedag gicas PCN Arte e n o serem reconhecidos no mbito escolar e social Propaga se e se reproduz a hist ria de que arte um hobby um passatempo um lazer um entretenimento e n o uma atividade disciplinar como outra qualquer de conhecimento onde a escola antes de tudo
180. ela fala sobre as novas tecnologias as leituras de imagem mas eu assim eu acredito que tem que ter uma cadeira espec fica para trabalhar uma disciplina que se volte mais para essas pr ticas contempor neas que ensine como trabalh las com os adolescentes N3 06 A Proposta de Diretrizes Curriculares organizada pela Comiss o de Especialistas de Ensino de Artes Visuais da SESU MEC enfatiza que o perfil do profissional nessa rea deve ser voltado para a produ o pesquisa cr tica e ensino das Artes Visuais utilizando se de conhecimentos que ir o ampliar a percep o a reflex o e o potencial criativo dentro da especificidade da linguagem visual No Parecer n 540 77 s o apontadas quest es que envolvem as fragilidades conceituais e metodol gicas no campo do ensino aprendizagem em Arte tais como a inexist ncia de recursos humanos a inexperi ncia pedag gica e a consequente falta de questionamentos Diante desse quadro Vasconcelos 2000 adverte que necess rio repensar o papel da Arte na educa o escolar frente s reformas curriculares advindas da atual LDB e da consequente divulga o dos Par metros Curriculares Nacionais Arte que retificam a presen a das diversas linguagens art sticas nas escolas al m da Proposta de Diretrizes Curriculares sistematizada pela a Comiss o de Especialistas de Ensino de Artes Visuais da SESU MEC Observando a necessidade de resignificar os curr culos escolares de maneira gera
181. elos mitos e preconceitos identificar na trajet ria dos estudantes in cio e final de curso se houve mudan as com rela o ao seu prop sito de forma o profissional ainda na perspectiva mediadora dos mitos e preconceitos identificar em que medida os mitos e preconceitos est o relacionados evas o e autoestima dos sujeitos da pesquisa Alguns esclarecimentos s o necess rios para a incorpora o de nossa tem tica entendemos ser o preconceito mais vis vel em compara o ao mito no campo do ensino das artes visuais pelas facilidades de sua detec o e consequ ncias por exemplo quando o professor de artes desprezado em rela o s outras disciplinas O mito mais latente apresenta se aparentemente t mido como algo naturalizado e sua a o e consequ ncia podem ter maior ou menor relev ncia dependendo do grau de valor que lhe atribu do no processo de sistematiza o do fazer e do pensar a arte em uma determinada sociedade por exemplo quando se diz que para ser professor de arte tem que ter dom A exist ncia da arte se d mais pela subjetividade isto permite se o fazer arte numa digamos aparente Irracionalidade ou melhor desnecess rio o aval cient fico para que ela aconte a 15 Acreditamos que o mito na arte afeta significativamente esta doc ncia por ela se aproximar muito do objeto de arte e como dissemos esta busca a est tica do contr rio falta o estabelecimento do conhecimento pedag
182. enamento do mundo concebido como algo que os determina de fora para dentro de maneira inflex vel as a es individuais assim est o subordinadas aos mecanismos sociais Bourdieu recusa essas duas formas e prop e a praxiol gica tendo a como resposta a um desafio central construir uma abordagem sociol gica capaz de superar simultaneamente as distor es e os reducionismos associados s formas subjetivas e objetivas de conhecimento Deseja evitar que a sociologia restrinja se s percep es inten es e a es dos membros da sociedade tomando como independente o plano da experi ncia e consci ncia pr tica imediata dos sujeitos e por outro lado que ela se atenha exclusivamente ao plano das estruturas objetivas reduzindo a a o a uma execu o mec nica de determinismos reificados Nesse ponto parece nos haver um impasse ou mesmo uma d vida do que determinante na constru o social dos indiv duos se o subjetivo ou o objetivo Todavia percebe se tal proposi o na pr tica dos indiv duos que demonstram sentir em alguns momentos de suas experi ncias de vida a falta de norte em rela o s identidades profissionais Mesmo com focos diferentes porque no fundo eu n o sei o que realmente ser professora eu nunca fui Tamb m n o sei o que ser pesquisadora porque tamb m nunca fui Eu estou no campo que eu gosto que o da Arte Se eu terminar o curso e n o quiser ser professora de arte eu
183. endo se isto desde a era primitiva do homem Ent o juntemos a Hern ndez 2000 tal ideia que diz que a for a particularmente atestada por sociedades totalit rias em sua determina o de control la exige seu pr prio tempo e espa o dentro do curr culo SMITH 1986 apud BARBOSA 2005 p 98 Ele v a necessidade de um ensino de arte como aprendizado sequencial para que possamos engajar o aluno no mundo art stico est tico com certo grau de autonomia para que possua julgamento independente e experi ncia em n veis compat veis com seu aprendizado e isto bom para que ele n o se perca no caminho do conhecimento em arte levado por tal magia que impera neste universo 173 Observa se na atual LDB n 9394 96 que as estruturas curriculares dos cursos superiores de Arte especificamente as licenciaturas apresentam falhas te rico metodol gicas para a forma o do professor de Arte especialmente por n o entros lo com as chamadas linguagens contempor neas Desta forma por n o se desconectarem os fatos tamb m em nosso campo de pesquisa acabamos numa redund ncia sobre a forma o reflexiva do professor quando se deseja formar com este curso de licenciatura cidad os cr ticos inventivos e participativos Como j mencionamos isso apresenta um discurso mitificador da nossa realidade estudada e tamb m sentido de forma subjacente por nosso Corisco nas bibliografias no caso da Ana Mae Barbosa quando
184. ens o incontestavelmente m tica Resta saber se esses transtornos consider veis n o teriam se transformado para n s no ltimo ref gio o ltimo lugar autorizado pelas sociedades industriais para a sobrevida do mito E fato que as revolu es contidas nos nomes de 77 C zanne Picasso Kandinsky Duchamp Malevitch e tantos outros se concretizaram em relatos sempre comentados de maneira a formar os paradigmas e o nico horizonte de refer ncia da atividade pict rica no s culo XX Assim nasceu o conceito exemplar de vanguarda Poucas no es ter o suscitado tanto fervor tantas esperas e interpreta es argutas ou ing nuas tantas filosofias da hist ria e est ticas LICHTENSTEIN 2004 p 24 Vimos um pouco de como o artista se processa na hist ria se faz artista ou como as sociedades os inventam Damos continuidade nesta busca por m com um diferencial desta vez iremos identificar o mito no artista de forma mais especifica sendo ele o pr prio mito desejado Estamos resumidamente buscando o entendimento do mito na arte mesmo que fora do nosso contexto o educativo Ele n o se torna inv lido na realidade estudada por se fazer em princ pios universais ou mesmo por sua caracter stica diacr nica A compreens o do mito do artista se faz necess ria pois passamos a entend lo junto ao que Bourdieu chama de histeresis e constituinte hist rica do habitus no campo da pesquisa Mais uma vez chamamos a aten
185. ens o l gica e do reconhecimento imediato do p blico como se fic ssemos sem par metros para comensur la Mas precisamos entender que ao tratarmos com esse tipo de arte contempor nea independente das caracter sticas formais ou dos movimentos aos quais se reportam conceitual abstrata concreta expressionista em qualquer contemporaneidade devemos buscar o entendimento de que ela n o se faz isolada do seu passado pois isto principalmente na atualidade pode induzi la perman ncia no conceito da arte pela arte o que para a educa o seria algo negativo pois esta visa ao desenvolvimento social Conclu mos que se n o for observada a arte pela arte constitui se ent o num mito indesej vel que confunde a coloca o da arte e do seu ensino como consubstanciais 81 ao viver em sociedade Nem a arte e nem a educa o possuem um fim em si elas s existem por conta dos processos hist rico sociais isola las significa sua morte na arte j se fala nesse sentido e na Educa o cogita se a extin o do professor Acreditamos que tal discurso faz parte daqueles que querem a grandeza e a perfei o s para si e que desprezam paradoxalmente as tradi es de um modo geral Ent o com desprezo pela sistematiza o do Ensino de Arte que numa propens o mesmo que n o declarada ao dom o indiv duo quer ao menor custo tornar se artista contempor neo quando penso em continuar no curso ou
186. es da palavra no cotidiano Ouvimos constantemente frases como Ah Isso mito Como quem diz que isso mentira cascata coisa inventada Outra frase muito comum esses s o os seus mitos particulares no sentido de ser o seu del rio ou a sua viagem ou a sua fantasia Se por a o mito est identificado com a mentira evidentemente ele o oposto da verdade Quem fala o mito n o fala a verdade O mito est a na vida social na exist ncia Sua verdade consequentemente deve ser procurada num outro n vel talvez numa outra l gica ROCHA 2006 p 07 10 No entendimento dessa argumenta o o mito pertence a uma narrativa infind vel e possui o poder de dar sentido exist ncia humana que no pensamento l gico torna se um beco sem sa da e por ele podemos viver o mundo como um fatalismo proporcionado pela teleologia Continuando com Rocha 2006 na busca de entender a ess ncia do mito conscientizamo nos de que ele est na nossa contemporaneidade e que sua verdade como bem diz o autor deve ser procurada num outro n vel talvez numa outra l gica ROCHA 2006 p 10 apesar de n o estarmos a procur la Observemos tr s caracter sticas da ess ncia do mito dadas por este autor primeiro o mito est localizado num tempo muito antigo fabuloso nos tempos da aurora do homem ou pelo menos os homens o colocam nos seus tempos da aurora fora da hist ria segun
187. esse pensamento que foi a poca mais revoltante no quarto semestre j comecei a ficar um pouco tipo estou nem a tudo bem o curso t debilitado mas eu vou conseguir coisa melhor s esperar um pouco da fiquei mais calma e em seguida veio a greve A minha primeira greve o que s me deixou mais decepcionada a greve muito desestimulante principalmente porque no fim n o d em nada porque voc s perdeu tempo e os professores continuam recebendo seus sal rios eles n o pararam no tempo mas n s paramos no tempo n s continuamos no mesmo quarto semestre de 2011 2 at esse ano de 2012 2 um ano perdido N5 05 4 3 Docentes e seus saberes H um predom nio do poder acad mico que impossibilita o di logo entre os saberes e que desconsidera a priori o saber do aluno tendo o como uma t bua rasa na qual ser impresso todo o conte do do curso No processo educativo n o se faz o caminhar sem considerar as pedras do caminho como sendo coletivas mas justificar os erros por meio do fato de estarem as retinas da institucionalidade t o fatigadas errar em dobro haja vista ter a referida institui o passado uma d cada na experi ncia do Curso de Tecnologia em Artes Pl sticas tempo suficiente da racionalidade cient fica para suprir o curso atual licenciatura de professores efetivos e especializados no campo das artes visuais e seu ensino e adequar suas instala es f sicas juntando se a isso a necessidade de ouvir
188. estimularem a forma o nessa rea Dois deles prestam se a esse sentido o mito do dom mais comum e o mito da genialidade do artista Ambos fazem inflar os egos E isso se for tomado de forma consciente pelo curso diga se por seus gestores coordena o e professores trar positividade em rela o satisfa o dos alunos pois estes conhecem mesmo que superficialmente as dificuldades de ser professor o que funciona como um desest mulo constante Se ao contr rio for potencializado o que o mito tem de bom cria se um ponto positivo de est mulo ao curso de licenciatura O preconceito sempre visto como uma negatividade no entanto entendemos que se detectado e colocado em pauta para debates se for questionado ele pode at ser visto como algo positivo no sentido de provocar ajustamentos no campo readequa es de posi es que podem ser impensadas e postas arbitrariamente Torna se negativo algo nocivo se velado algo sobre o qual ningu m quer mencionar tocar do tipo preconceito sobre o preconceito quando ningu m faz nada para combat lo deixando que ele se 183 naturalize como algo normal e corriqueiro tido como sem import ncia no fundo sabemos que ele interessa a algu m ou a uma ideologia que desfavorece o ensino de arte na sociedade Os cursos de licenciatura em artes visuais t m a peculiaridade de formar o artista professor sendo ambos indissoci veis por quest es did tico pedag gicas que vi
189. esultado disso tudo o prevalecimento no conjunto da sociedade da imposi o de um determinado arbitr rio cultural como a nica cultura leg tima Trata se no entanto de uma ilus o que faz com que os indiv duos n o percebam que os bens culturais tidos como superiores ou leg timos ocupam essa posi o apenas por terem sido impostos historicamente pelos grupos dominantes Esquece se de viver sua realidade de forma a transform la culturalmente para si com valores que o identifiquem na comunidade como um conjunto e n o como sujeitos competitivos buscando ser sempre o melhor ou ter vantagem sobre o outro como j caracterizado pela antropologia cultural brasileira na forma do jeitinho nos fazendo esquecer o sujeito coletivo que somos Vivemos num estado de esp rito que sempre preciso esperar as trag dias para sermos solid rios Ou estamos sempre espera de um 40 milagre Ou somente no per odo de carnaval que tomamos consci ncia da nossa cultura Temos sempre que ter um dia para isso e para aquilo dia do ndio dia da mulher etc mas porque n o pensamos que todo dia dia Para se referir ao poder proveniente da produ o da posse da aprecia o ou do consumo de bens culturais socialmente dominantes Bourdieu utiliza por analogia ao capital econ mico o termo capital cultural H v rios tipos espec ficos de capital pr prios a um determinado campo de produ o simb lica Pode se at mesmo falar
190. eu entro no curso de Tecnologia em Artes Pl sticas do CEFET s depois que eu migro para a licenciatura em artes visuais No Tecnol gico vi que a grade do curso era muito voltada para as disciplinas pr ticas e tamb m estranhei que era um curso que a pessoa ficava sem uma identidade profissional e era muito dif cil se inserir no mercado de trabalho com esse curso Principalmente porque o CEFET tem a tradi o de ser refer ncia no ensino m dio tecnol gico e quando a gente chega dizendo que tem um Curso de tecnologia em Artes Pl sticas o pessoal fica sem saber do que se trata tal curso N2 08 Uma pequena nuance surge em nossa pintura parodiando a met fora de Pedro Demo que usamos ao justificarmos a metodologia Trata se n o de uma d vida mas de uma l gica quebrada dentro do sistema educacional Isso gera o mito negativo porque ao exigir do aluno quando egressos do malogrado tecnol gico tenha que se submeter a uma carta de inten o Eu fiz mas n o concordo em pagar esta conta Como perguntamos acima ainda mais quando esta conta s pesa para o aluno j que quem avalia o curso n o consegue enxergar tais absurdos que talvez por se tratarem de intransig ncias n o burocr ticas ficam a emperrar a qualifica o profissional diga se de passagem surrupiada da vida dessa gera o que serviu de experi ncia ou cobaias foi lhes negado o usufruto de uma profiss o e a que custo Com tais mudan as nos Institu
191. exe com o teu desejo tamb m E foi o col gio que me deu isso digamos me instigou a querer comer arte querer cheirar arte essa sinestesia todo de voc querer entrar no col gio sentir o cheiro do col gio pisar na areia entrar em contato com os amigos com outro clima N6 07 No sentido de promover o status da pintura teremos no Renascimento um per odo de destaque poisa se encontram os textos fundadores de Alberti e Leonardo funcionando como lembretes a excel ncia da pintura Entendem eles que ela n o poderia ser reduzida a uma pr tica espec fica ainda que primorosa mas que deveria se afirmar por meio da teoria note se que j se insere uma valoriza o conceitual Este per odo esfor a se em analisar e demonstrar que a arte de pintar em si uma forma de conhecimento da realidade mesmo com sua relativa autonomia poca que ela uma express o superior das ideias e at mesmo um modo de pensamento assim reivindicou Leonardo Por m conforme a autora as exig ncias te ricas n o podiam ser por si s suficientes meio da teoria note se que j se insere uma valoriza o conceitual Este per odo esfor a se em analisar e demonstrar que a arte de pintar em si uma forma de conhecimento da nessa luta pelo reconhecimento intelectual e social da pintura compreendida por tratadistas e pintores Para que a arte de pintar pudesse reencontrar condi o t o eminente quanto da poesia e da m s
192. ez as coisas melhorassem se nosso curso fosse junto do de Teatro j que s o os dois cursos mais deixados de lado do CEFET N1 25 47 O corisco acima valoriza a organiza o estudantil e ainda que vagamente destaca a dificuldade existente para conseguir algo nesse curso devido ao seu distanciamento f sico dos demais principalmente ao de Teatro que necessita junto ao de Artes Visuais de valoriza o no campo da educa o Seria importante entendermos o porqu disso qual a real finalidade dessa separa o A institui o alega a falta de espa o em seu campus sede Mas por que os alunos ainda n o est o organizados politicamente Isso faz parte de uma conjuntura nacional Ser o os novos tempos da pol tica estudantil que n o contribuem para tal organiza o Isso seria um estudo parte por m n o deixam de ser not rios os descasos aqui relatados Agora dentro do curso de artes visuais vi professor falar para colegas meus para que eles sa ssem do curso porque l n o era o lugar deles porque eles n o tinham dom para isso vi colegas chorando por que isso lhes foi dito Vejo tamb m alunos que tem trabalhos bel ssimos e n o conseguem mostrar porque j foram vetadas de tal maneira no come o que eles n o conseguem mais passar aquilo para ningu m N8 08 Nessa fala verificamos o desrespeito aos saberes dos alunos o que ser tratado no cap tulo sobre a forma o do professor Entendemos existir uma verdadeira
193. f the Brazilian culture formation the history of art education in Brazil and Cear as well as the formative conditions of the teacher approaching their institutional aspects contextualized in the philosophical proposals of their reflexivity and professional autonomy We conclude that our observations in the course researched lacks a university identity and myths and prejudices contribute negatively in this process directly affecting the course objectives to train teachers Keywords myth prejudice teacher training visual arts art teaching SUM RIO INTRODU O a soda Sae sia aaa 1 METODOLOGIA asia sato doa isso b seeds nda iab abra DA RA aaa do ERAS DA Sn DA ba 1 1 Instrumentos Metodo I gICOS xa 22 7imesiam aan nado era ali dna En doando nad condi d 1 2 A perspectiva etnossociol gica na pesquisa s 1 3 Conflu ncias etnossociologia e praxiologia lii 1 4 Apreens es do mundo social na pesquisa 2 MITOS ESPRECONCEIDOS casasintosassorb antas dias Ani DE E 2 1 Uma breve Introdu o sas acerca spros iara sa sura to naalsd ipa ainda cena ba as das eae tiS aaa 2 2 Mitos e preconceitos no campo da pesquisa 2 9 Mo E filosofia sctesitaro ri sida Adentro e aa S S dd 2 4 Pensamento m tico e pensamento l gico ne neeeerntrneseerrrneeeee 2 5 A perspectiva hist rica e sociol gica do mito 2 6 O mito do artista
194. falta de responsabilidade por parte desses professores de tica e de postura educativa N o se pode fazer ju zo de valor numa situa o de aprendizagem eminentemente subjetiva pois o que se deve aprender sobre a avalia o em arte que ela n o comensur vel ao ponto do desprezo n o se podendo esquecer que ela visa os processos art sticos e n o a obra Depreende se da atitude desse professor portanto que ele se coloca na posi o de marchand curador cr tico de arte etc e n o na condi o de professor n o vejo motiva o por parte dos professores do curso parece que eles est o acomodados Hoje no tempo em que estamos eles s est o mais preocupados em nos colocar dentro de regras do que levarmos para uma coisa mais s ria parece que eles querem nos aprisionar numa arte pequena quando poderiam levar os alunos a participar de v rias confer ncias de arte que tem pelo pa s n o vejo a institui o motivada N11 07 At criarmos este habitus muitas guas devem rolar Sabemos que no quadro de professores do CLAV a maioria n o tem forma o em Artes Visuais e somente agora que quatro deles estar o retornando do doutorado nesta rea E sabemos diferentemente deste Corisco que faz a indaga o que o professor s age nesse sentido se tiver incentivo e se isso contribuir para o seu curr culo segundo a l gica individualista o que desfaz qualquer senso de responsabilidade que vise o bem estar do aluno no
195. fer ncia os norte americanos Neste sentido observa ainda Barbosa 2008 que a c pia atrasada do modelo americano muito comum em nossa educa o Como dissemos sobre os per odos anteriores tudo nos chega com atraso de d cadas portanto Ilustremos de forma resumida usemos da imagina o 139 sociol gica como se deu o processo de educa o em arte nos Estados Unidos que inspirou a experi ncia brasileira Os jovens que lideravam estes movimentos eram o produto da educa o para o desenvolvimento da criatividade que irrompeu no fim dos anos cinquenta depois do lan amento do Sputnik russo Os americanos sentindo se inferiorizados em rela o aos russos culparam sua pr pria educa o tecnicista pela inferioridade e investiram na educa o atrav s da arte A gera o educada criadoramente rebelou se contra o sistema Era evidente que a educa o criadora levava ao desenvolvimento da capacidade cr tica e da coragem de operar mudan as H uma esp cie de renascimento do ensino da arte nos Estados Unidos gra as n o a a o governamental mas principalmente influ ncia da Getty Foundation criado pela heran a do rei do petr leo que vem financiando pesquisas e experi ncias de arte em escolas Com o resultado destas pesquisas a arte est sendo vista agora nos Estados Unidos como o modo mais imediato de desenvolver a capacidade de an lise e s ntese atrav s das m ltiplas abordagens metodol gica
196. festa es culturais de fei es modernas Vendo se de hoje percebe se que nessa d cada as entidades culturais mais atuantes na cidade eram o Instituto Hist rico do Cear fundado em 1887 a Academia Cearense de Letras criada em 1884 a Casa Juvenal de Galeno criada ainda nos anos vinte o Centro Acad mico Cl vis Bevil qua o Centro Estudantil Cearense criado em 1931 a Sociedade de Cultura Art stica de 1931 o Instituto Brasil Estados Unidos de 1942 a Associa o Cultural Franco Brasileira de 1943 a Sociedade Cearense de Artes Pl sticas SCAP de 1944 a Sociedade Pr Arte criada em 1948 e o Grupo Cl de Literatura e Arte que a pesar de significativa atua o nos anos quarenta cinquenta e sessenta nunca foi efetivamente institucionalizado Em termos de comunica o acidade possu a seis jornais di rios Unit rio Correio do Cear O Estado O Povo O Nordeste e a Gazeta de Not cias Havia tamb m a revista Contempor nea edi o mensal v rias tipografias destacando se a Tipografia Minerva e a emissora Cear R dio Clube inaugurada em 1938 LIMA amp OLIVEIRA 2008 p 50 51 Desde os prim rdios da arte o homem repassa os conhecimentos art sticos para os que se dizem iniciados ou seja os escolhidos por aptid es a dar continuidade s express es art sticas de seu tempo O Ensino de Arte voltado para a escola b sica de cunho universalizante como sabemos recente e a princ pio foi criado
197. fica um determinado tipo de impress o ps quica como se fosse uma marca ou imagem Um conjunto de caracteres que em sua forma e significado s o portadores de motivos mitol gicos arcaicos O mito para Jung uma quest o de interiores da mente Ali se origina ali se manifesta Reflete se na exterioridade cultural nasce na interioridade ps quica Est expresso em muitos lugares e habita apenas aqui dentro ROCHA 2006 p 42 43 Diante do que dissemos at aqui sobre mito podemos perceber sua complexidade sendo ele inesgot vel e de dif cil apreens o por constituir se como um enigma No entanto h em sua forma elementos invari veis postos no discurso narrativo para valid lo socialmente s o caracterizados misteriosamente como dom genialidade excepcionalidade etc por m a partir desse entendimento podemos angariar for as para o intento da pesquisa N o temos a inten o de uma elabora o conceitual ampla sobre o mito o que seria desnecess rio para o nosso trabalho temos a preocupa o de entender como ele se comporta em nosso campo de estudo como nossos sujeitos ir o process lo em suas hist rias Expomos alguns achados que envolvem o sentido dos sonhos pois os pensamos assim como os arqu tipos proporcionando a exist ncia dos mitos n o s vividos por estes Coriscos mas por todos os que se relacionam com o mundo das Artes a arte est muito pr ximo do desejo e o desejo pode ser aprendi
198. formados pela a o escolar constituindo o princ pio de estrutura o de todas as experi ncias ulteriores 136 Universidade de S o Paulo USP iniciando se o debate sobre a hist ria os pressupostos te ricos e o funcionamento do antigo Instituto Central de Artes da Universidade de Bras lia UnB que tinha sido refer ncia na rea e fora desmantelado pelo regime militar conforme cita o anterior de Duarte J nior 1983 Agora teremos o acirramento da luta pelos direitos a educa o em arte com um campo mais organizado e definido Barbosa 2008 vai desejar as pr ximas d cadas mais promissoras arte educa o para isso necess rio primeiro romper com o preconceito de que arte educa o significa apenas arte para crian a e adolescente Prop e ent o sacrificarmos a pr pria express o arte educa o que serviu como vanguarda dos anos 1970 e 1980 na luta contra a oficialidade daquela educa o art stica embasada na Lei 5 692 71 e do que restava como heran a do ensino tradicional Eliminemos a designa o arte educa o e passemos a falar diretamente de ensino da arte e aprendizagem da arte sem eufemismos ensino que tem de ser conceitualmente revisto na escola fundamental nas universidades nas escolas profissionalizantes nos museus nos centros culturais e ser previsto nos projetos de polit cnica que se anunciam BARBOSA 2008 p 7 Em busca da import ncia da Arte na escola encontramos in meras p
199. gens esse descaso at faz sentido porque o colonizador n o estava interessado em desenvolver a cultura local mas somente a oferecer o b sico para as necessidades prementes que contribuiriam com seus interesses imediatos desta forma tratou a como uma educa o de adestramento de m o de obra e n o como desenvolvimento dos indiv duos para que exercessem uma consci ncia cidad ofereceu um ensino s classes subalternas que n o ia al m das primeiras letras e da matem tica elementar Mas porque herdamos tal desprezo pela Educa o Ser que isso faz parte da cultura ib rica Sabemos que Portugal em meados do s culo XX ainda tinha um grande ndice de analfabetismo Ser tal desprezo uma simples estrat gia de domina o da popula o subalterna pelas elites uma pr tica pr pria dos portugueses N o precisamos dessa resposta mas podemos incitar tais quest es pelas palavras de Salvador 1971 de como nossa educa o foi gerada A educa o na metr pole a transmiss o da cultura nacional Mas na col nia n o h cultura nacional O que h a importa o ou transplanta o da cultura metropolitana A educa o brasileira na situa o colonial era a transmiss o s jovens gera es brasileiras da cultura da metr pole SALVADOR 1971 apud DUARTE J NIOR 1981 p 111 Essa era uma situa o inimagin vel nos dias de hoje num mundo globalizado que no entanto parecia estar naturalizada na col nia enq
200. i o por um lado facilitou o trabalho de campo por outro exigiu do pesquisador o estranhamento para a realiza o de uma an lise cr tica Efetivamos a pesquisa com informa es levantadas no campo emp rico desde as fontes bibliogr ficas documentais observa o participativa e entrevistas narrativas Tamb m subsidiados pelos estudos j realizados no campo da Educa o da Sociologia e das Artes Visuais assim como alguns dados referentes ao curso em estudo tais como seu projeto pedag gico a sua matriz curricular e suas estruturas f sicas e humanas as narrativas que se caracterizam pelas informa es obtidas atrav s dos informantes Conforme Bertaux 2010 esse o nome que se d aos sujeitos da pesquisa na perspectiva etnossociol gica Assim foram entrevistados doze sujeitos todos os alunos matriculados divididos em tr s grupos estudantes iniciantes estudantes no meio do curso e estudantes nos dois ltimos semestres Num primeiro momento da elabora o deste trabalho pensamos em expandir o 24 n mero de informantes para o campo da arte visual e da doc ncia isto entrevistar os artistas do entorno e os professores da referida forma o No entanto devido ao cronograma da pesquisa n o foi poss vel tal expans o ademais no per odo das entrevistas uma greve prolongada dos professores dificultou tamb m o contato com os alunos j em rela o aos artistas entendemos que o recorte do nosso objeto n
201. ial do professor de artes visuais tem sua import ncia tamb m ao nos conscientizamos de que o professor de um modo geral respons vel pelo que faz ou melhor o seu compromisso com a Educa o n o pode ser alienado do produto do seu trabalho o ensino e a aprendizagem Nesse sentido lembramo nos de Tardif 2011 e Contreras 2002 no que diz respeito a essa autonomia profissional pois o professor n o deve ser um mero reprodutor e sim um produtor de conhecimento ele tem seus pr prios saberes o que deve ser considerado tamb m no processo de sua forma o Para isso entendemos que mitos e preconceitos s o inerentes aos processos sociais pode existir uma sociedade sem preconceito mas n o sem mitos variando estes apenas na sua forma de ser e agir O preconceito pode se dar com menor ou nenhuma incid ncia depende da sociedade analisada conforme o grau de civilidade desta Quanto mais primitiva isto isolada da civiliza o mais imune ela est desse fen meno isso se deve a sua n o fragmenta o dos mundos sociais ou seja a sua n o especializa o A ocorr ncia do preconceito mais acentuada quanto mais moderna for a sociedade porque ele uma defesa que os indiv duos adquirem socialmente e ele n o inato mas est relacionado a um objeto exterior ao indiv duo Ademais trabalhamos com o conceito de preconceito da forma que ele se estabelece nos dados ou seja fazendo parte da disputa natu
202. ibu dos socialmente de acordo com os direitos e deveres de cada um ver Toqueville no estudo que faz sobre a democracia Norte Americana Neste sentido temos a teoria cr tica do curr culo concatenada com essa nossa injun o sobre o cerne democr tico na Educa o sendo fundamental entend lo como instrumento um espa o um campo de produ o e de significados no qual se fazem presentes os interesses das camadas sociais conforme Vasconcelos 2000 Concebemos este pequeno adendo para mostrarmos o contr rio isto a falta desse consenso democr tico no campo da nossa pesquisa o que tamb m visualizamos quando Vasconcelos infere sobre os caminhos percorridos no campo de est gio que coincidentemente aponta para uma de nossas indaga es iniciais a respeito da d vida de ser ou n o ser professor Ela interpreta os professores egressos dos cursos de licenciatura que ministram aulas em escolas p blicas e privadas Aqui que pontuamos a quest o democr tica quando estes professores conduzem suas pr ticas educativas conforme a democr tica quando estes professores conduzem suas pr ticas educativas conforme a 8 pela escola Pondera que esta posi o como vimos em linguagem art stica imposta tese n o se coaduna com as inten es expressas pelos cursos superiores considerando a especificidade da linguagem art stica na forma o do professor e suas implica es no campo de est gio VASCONCE
203. ica era preciso evocar origens mais nobres mais antigas mais leg timas Da o recurso aos mitos aos escritos s lendas dos pintores ao valor sempre reatualizados dos artistas da Antiguidade Apeles Prot genes Z uxis cujos nomes apenas na aus ncia das obras bastam para evocar a ideia da perfei o da arte LICHTENSTEIN 2004 p 21 A partir do momento renascentista medida que se come a afirma o da autonomia do artista o seu espa o de constru o m tica vai secularizando se e agora temos na figura heroicizada do artista genial e solit rio que se faz pela f rmula das biografias e lendas exemplares o estere tipo ltimo concebido na modernidade que seria sua derradeira forma de topo No entanto esta seculariza o da arte prov m mesmo que indiretamente do esgotamento da mitologia cl ssica grega Este fato ou melhor esta mudan a de paradigmas na forma de conceber a arte segundo a autora n o influenciou do fim do mito ou da desmitifica o da arte o que prova em parte o que viemos tratando Uma leitura complementar que trata desse assunto tendo a pintura como refer ncia da an lise social de uma poca Uma sociedade desenvolve suas pr prias capacidades e seus pr prios h bitos os quais tem uma dimens o visual uma vez que o sentido da vis o o principal rg o de experi ncia e essas capacidades e h bitos visuais tornam se parte integrante do meio de express o do pintor d
204. ica do artista divino sua supervaloriza o desde o nascimento o trocadilho do nome explorado ao m ximo em torno do ber o do artista bebeu a atra o pelo martelo e pelo cinzel no mesmo tempo que o leite da ama Assim se fixa na Hist ria da Arte a biografia de Michelangelo 89 ao mito do her i foi agora acrescentado o mito do artista verdade que esse mito adquiriu sob o olhar atento e examinador da moderna cultura ocidental uma f rmula fixa mas est entretecido na pr pria trama da biografia A heroiciza o do artista tornou se o principal objetivo dos seus bi grafos A historiografia uma vez aceita o legado do mito nunca consegue quebrar por completo o seu encantamento KRIS amp KURZ 1988 p 54 Entendemos que no contexto atual a identidade do artista se ad qua a novos par metros sociais diferentemente desta abordagem dos autores o desenvolvimento do a finalidade de persuas o de quest es pol tico ideol gicas Sobre este assunto sugerimos a leitura de Hern ndez 2000 que afirma haver um erro grosseiro e m ope pois junto com a hist ria s o as experi ncias e conhecimentos afins ao campo das artes os que mais contribuem para configurar as representa es simb licas portadoras dos valores que os detentores do poder utilizam para fixar sua vis o de realidade HERN NDEZ 2000 p 43 Conforme este autor podemos detectar mais explicitamente essa apropria o da arte em governos ditato
205. ilidade O processo de socializa o por sua vez s pode ser entendido como fruto da cultura e de sua hist ria o que significa que varia historicamente dentro da mesma cultura e em culturas diferentes Como tanto o processo de se tornar indiv duo que envolve a socializa o como o do desenvolvimento da cultura tem se dado em fun o da adapta o luta pela sobreviv ncia o preconceito surge como resposta aos conflitos presentes naquela luta E assim para se poder pens lo necess rio utilizarmos conceitos da Psicologia e da Sociologia dentro de uma perspectiva hist rica CROCHIK 1995 p 15 Essa luta aparentemente invis vel se passa em todas as dimens es sociais desde os espa os mais privados como o espa o familiar at os espa os p blicos e institucionais como os mundos sociais e os campos sociais Tais embates pela luta pela sobreviv ncia est o postos de forma latente o que podemos observar tanto nos comportamentos individuais quanto nos de grupos 96 Vivemos num jogo de interesses dado pelas posi es que cada um ocupa na sociedade as quais se quer manter e ou conquistar Nas artes visuais temos exemplos de artistas que lutaram contra o preconceito dos que temiam inova es a exemplo das rupturas de modelos que geraram pol micas em cada tempo espec fico como a ruptura do academicismo para o modernismo Interessante observarmos que tanto os que fazem as vanguardas art sticas quanto os qu
206. ionado pela estrutura estruturada assim aproveitando se das for as objetivas O tema da ascens o social do artista uma f rmula biogr fica cujas ra zes remontam a D ris de Santos e o tema dos obst culos que o g nio tem de ultrapassar surgem a uma nova luz quando os comparamos com epis dios de uma posi o social pobre e servil para embarcar no seu progresso triunfal contra as adversidades do destino KRIS amp KURZ 1988 p 41 Complementam os autores recorrendo Psicologia para fechar suas assertivas sobre o processamento de tal heroifca o do artista antes reiteram que a lenda da inf ncia de Giotto n o possui fonte identific vel a n o ser a tradi o popular transmitida oralmente e que o exame destas praticado pelo historiador cumpre a sua tarefa ao ser capaz de fazer uma lenda remontar s origens isto o que ocorre nestas biografias de artistas que se tornaram mitos Finalmente para voltar ao mbito espec fico desse estudo provou se ser poss vel estabelecer um paralelo entre o grupo dos temas que tratam da juventude do her i no mito na lenda ou na anedota e uma fantasia comum embora secreta nas crian as e adolescentes a que se deu o nome de romance de fam lia Freud 1909 Rank 1909 Deixando de lado a quest o das suas motiva es psicol gicas o fulcro destas fantasias simplesmente o sentimento que a crian a tende a n o ser filha dos pais com quem um qualquer acaso do des
207. ioridade o indiv duo n o consegue perceber que a sua vis o preconcebida da realidade fruto de sua dificuldade em perceb la como fonte de seu desenvolvimento e assim poder julgar a si mesmo e aos outros como dependentes dela Considerando para isso que a experi ncia e a reflex o s o constituintes do indiv duo na sua rela o com a cultura na aus ncia desses dois quesitos que se gera ou caracteriza o preconceito sendo assim sem reflex o e experi ncia estamos fadados a ele essa aus ncia angustiante porque causa a ruptura com o mundo que o preconceituoso percebe como demasiado amea ador Assim onipot ncia manifesta ou velada pela qual o preconceituoso julga se superior ao seu objeto corresponde a impot ncia que sente para lidar com os sofrimentos provenientes da realidade CROCHIK 1995 p 19 98 Caracterizando o preconceito podemos dizer que ele faz parte do agir irrefletido diante das intera es sociais dos indiv duos tendo a priori uma rea o congelada semelhante a uma paralisia provocada pelo estado de medo de uma situa o real ou imagin ria medo esse do desconhecido Conforme o autor a rea o presente naquele que porta o preconceito pode ser denominada de mim tica o que consiste em fingir se de morto frente ao objeto que gera estranheza a exemplo dos animais que se camuflam para sua prote o fundindo se com o meio ambiente h uma esp cie de cegueira moment n
208. ismo desenvolvido pelo indiv duo para poder se defender de amea as imagin rias Desta forma observamos um fato interessante na forma o do preconceito primeira vista contradit rio em rela o ao que foi dito acima sobre a aus ncia de reflex o e da experi ncia que consiste na afirma o conforme o autor de haver racionalidade em demasia no mundo contempor neo fazendo com que haja menos d vidas na vida das pessoas Isto inibe nossa capacidade de reflex o fator desencadeante para a forma o do preconceito Por exemplo quando temos que decidir sobre que marca de objeto comprar ou que profiss o escolher utilizamos o comportamento racional calcado na f rmula custo beneficio mas n o perguntamos se necessitamos de tal objeto ou se com as condi es t cnicas desenvolvidas e com a riqueza acumulada pela nossa civiliza o ainda precisar amos trabalhar na intensidade e na forma que trabalhamos De outro lado a ind stria cultural d os clich s que permitem ao indiv duo n o ter que enfrentar a ansiedade presente na reflex o e na experi ncia assim aquilo que se discute n o prov m imediatamente dos indiv duos mas das experi ncias j categorizada e previamente valorizada Se o ideal do indiv duo no Iluminismo inclu a a autonomia da raz o ou seja a possibilidade de se pensar por si mesmo hoje o pensamento se reduz constata o de fatos pr moldados e escolha do mal menor CROCHIK 1995 p
209. iv duos de um povo disso que trata o habitus a incorpora o da hist ria o que funciona como princ pio gerador do que fazemos ou das 34 respostas que damos realidade na realidade social Desta forma o habitus desempenha o papel de elo articulador entre tr s dimens es fundamentais de an lise a estrutura das posi es objetivas a subjetividade dos indiv duos e as situa es concretas de a o Inserimos nossas an lises nestes par metros e sempre que poss vel na observ ncia dos mitos e preconceitos que s o evidenciados nos habitus dos sujeitos da pesquisa Assim buscamos investigar como as estruturas objetivas encontram se interiorizadas nos sujeitos que constituem um conjunto est vel de disposi es estruturadas e que por sua vez estruturam as pr ticas e as representa es das pr ticas Essa forma de conhecimento busca compreender a pr pria articula o entre o plano da a o ou das pr ticas subjetivas e o plano das estruturas ou o processo de interioriza o da exterioriza o e de exterioriza o da interioriza o BOURDIEU 2007 1 4 Apreens es do mundo social na pesquisa A praxiologia uma forma de conhecimento que busca apreender a pr pria articula o entre o plano da a o ou das pr ticas subjetivas e o plano das estruturas ou nas palavras de Bourdieu o processo de interioriza o da exterioriza o e de exterioriza o da interioriza o O habitus produ
210. l mas devemos entender que eles se reportam aos prim rdios da humanidade principalmente os mitos quanto aos preconceitos podemos dizer que se situam mais no rol das sociedades desenvolvidas e ou complexas da era Moderna em diante Na Antiguidade Cl ssica ocidental a filosofia indagava sobre a ess ncia e a exist ncia do Homem num processo que distinguia os que habitavam o mundo das ideias e os que habitavam o mundo terreno os primeiros tinham o privil gio de pensar os segundos 56 deveriam submeter se aos que pensavam essa filosofia surge para justificar a explora o do homem pelo homem O preconceito pode ter seu germe nessa divis o social nessa forma de conceber o mundo entre os que pensam e os que n o pensam os que mandam e os que executam Podemos deduzir que o preconceito se d por sobreposi o de camadas sociais onde o indiv duo se relaciona na perspectiva extrema de for as antag nicas de sua produ o social por exemplo entre o poder de mudan a ou de perman ncia do status quo podendo ser tal indiv duo ao mesmo tempo preconceituoso e sofrer preconceito por outros numa escalada social sem fim Ele funciona como uma defesa natural do indiv duo e do grupo ou da classe social sendo uma categoria moderna o que d subs dio para pensarmos desta forma a divis o social do trabalho j bastante antiga no processo civilizat rio Podemos ent o deduzir que o preconceito surge pela divis o do trabalho ou pel
211. l e principalmente a forma o do professor de Arte frente rapidez das mudan as deste final de mil nio VASCONCELOS 2000 apud BARBOSA 2008 p 164 Vasconcelos 2010 ainda indaga como os cursos de Licenciatura em Artes est o preparando seus professores para um posicionamento cr tico frente s novas perspectivas te rico metodol gicas subjacentes nos documentos propostos pelo MEC 174 Tal resposta est na observ ncia dos pr prios documentos do MEC para a rea de Artes Visuais assim expressas identificar relacionar e compreender a Arte como fato hist rico contextualizado nas diversas culturas conhecendo respeitando e podendo observar as produ es presentes no entorno assim como as demais do patrim nio cultural e do universo natural identificando a exist ncia de diferen as nos padr es art sticos de diferentes grupos culturais PCN 1998 p 48 A licenciatura fomenta as rela es entre Arte e Educa o buscando a forma o do professor de Artes Visuais voltado para o ensino fundamental e m dio Espera se ainda que atrav s da aquisi o de conhecimentos espec ficos de metodologias de ensino na rea o licenciado acione um processo multiplicador ao exerc cio de sensibilidade art stica BRASIL 1998 p 1 Considerando as narrativas dos alunos do CLAV verificamos existir um distanciamento desses preceitos H uma recorr ncia de queixas sobre o como se aprende para que e por que se aprende
212. leira e que configuram o Cear como uma prov ncia em termos culturais at meados do s culo XX tanto em rela o ao Brasil como ao mundo Isto nos induz a pensar que o desprovimento de tal ensino de ordem econ mica tornando se a Arte aos olhos dos dominantes um elemento sem valia ou sup rfluo para tal momento Assim a eleva o da necessidade de se fazer arte algo que natural a todas as 141 sociedades fica a cargo de uma representatividade intelectual culta geralmente de classes mais abastadas Dessa forma tal necessidade n o atinge e ou tem uma abrang ncia dentro da sociedade fortalezense como um todo pois as pessoas que consumiam arte eram um n mero restrito pertencente elite e a pequenos grupos de intelectuais certamente porque n o havia uma educa o em Arte voltada para fruir para a constru o do senso est tico Assim levando em conta o funcionamento do mercado tamb m somos provincianos e o que n o deixou de contribuir para tal escassez do ensino de Arte Visual foi a insatisfat ria digamos cria o do habitus formado de uma maneira pouco democr tica ficando o desenvolvimento art stico cultural a cargo de poucas gera es que se valiam praticamente do desejo de fazer arte mesmo sob as adversidades de uma regi o castigada pelas intemp ries clim ticas de economia ainda de bases agr rias e em grande parte de subsist ncia com uma popula o em sua maioria pobre Para nos ajudar na si
213. lenda mito e magia e 2 7 Grandeza e perfei o como preceitos da arte 2 8 A heroifica o modelar do artista erra 2 9 O talento como apropria o m tica 2 10 A heroifica o seculanzada 2 varas irsoaiarailaiitagi aros i ande tigades a cnan dial passada 2 11 O artista entre a magia da arte e a ci ncia l 2 12 A posi o confort vel do artista na biografia 2 Pre CONCONO eira sas E a du 2 14 Estere tipo e preconceito arara 2 15 Os conte dos dos estere tipos aa 3 O ENSINO DE ARTES VISUAIS NO BRASIL REVERBERA O NAS TERRAS ALEN ARINAS esses cutsico corsa ibiesanto pers iitd ea iii aire brisa ii di sb a ada pie 3 1 Dasorgens A miss o aminas gas aa iaeiae Ear LR aU ado 3 2 Entrando na modernidade ee rrerrreaaaaaaaanenanana 3 3 Reflexos do Brasil desenvolvimentista na educa o b sica de arte 3 4 A nova diretriz educacional nos induz ao fundo do po o cultural 3 5 A for a da lei e a fraqueza do esp rito educacional iii 3 6 Conquistamos a ind stria da Arte para uma educa o de massa 3 7 Atinge se a maioridade no ensino de arte com sua epistemologia 3 8 A forma o tardia artes pl sticas uma necessidade para si 4 A FORMA O DO PROFESSOR es 4 1 Uma reflex o sobre o professor reflexivo 4 2 Em raz o do bom mito na forma o ia 4 3 Docentes e seus saberes eee
214. lidade e exercita nossa habilidade de julgar e de formular significados que excedem nossa capacidade de dizer em palavras E o limite da nossa consci ncia excede o limite das palavras BARBOSA 2008 p 3 e 4 Apesar da luta pelo desenvolvimento do Ensino de Artes Visuais Barbosa participa com a proposta triangular nos Par metros Curriculares Nacionais ainda estamos longe de universaliz lo como uma pr tica efetiva que saia da pauta da lei como j frisado anteriormente sobre o que acontece com o curr culo Nossas queixas pontuais s o relativas aos parcos recursos materiais e humanos instala es inadequadas n mero de professores insuficiente e n o capacitados al m da insistente falta de reconhecimento deste ensino no 140 sistema educacional brasileiro Todavia os estudos pertinentes nos estimulam a trilhar o conhecimento art stico conscientes de que h um campo s lido para pisar Desta forma n o se pode mais negar sua epistemologia que conquistou recentemente junto aos rg os de fomento pesquisa o seu lugar resta nos erguer as mangas e mostrar para o qu veio esta nova fase do Ensino de Artes e assim contribuir para o car ter human stico da sociedade importante lembrarmos que o objetivo da Arte na escola de Ensino B sico se d no processo de conhecimento art stico e n o pela ideia de produto acabado como obra de arte 3 8 A forma o tardia artes pl sticas uma necessidade para si A perspe
215. ltura Latino Americana de Bras lia 1987 foram jogados na lata do lixo da hist ria BARBOSA 2008 p 4 Quando vemos o tipo de descaso relatado acima ficamos a imaginar o quanto o Brasil n o sabe utilizar a regra do custo benef cio Por exemplo saber que um jovem dentro 12 Referindo se ao Encontro Nacional de Secret rios de Educa o no Rio Grande do Sul em julho de 1986 no qual o Secret rio de Educa o de Rond nia prop s a extin o da educa o art stica do curr culo o que foi aprovado pela maioria dos secret rios presentes 138 da escola menos oneroso para a sociedade em impostos do que dentro das casas de recupera o saber que saneamento b sico diminui consequentemente os custos com hospitais Quanto ao Ensino de Arte j se provou que ele tem um potencial regenerador para jovens diante de situa es de risco como os usu rios de drogas o que n o significa somente utiliz lo com esta finalidade ele tamb m pode ser preventivo despertando na consci ncia dos indiv duos sentimentos elevados que proporcionam equil brio para o conv vio social esta a verdadeira fun o da Arte Ent o enquanto n o sairmos do atraso no que diz respeito aos valores educacionais em especial aos de arte estaremos eternamente a imitar pa ses desenvolvidos que t m uma realidade sociocultural distante da nossa tornou se um v cio o t o referido transplante cultural O que acontece com a capacidad
216. m arte e s se lia texto N10 05 Voltamos discuss o com Vasconcelos 2002 que dentro da sua pesquisa prop e discutir a especificidade das Artes Visuais no contexto do ensino fundamental e m dio diante das situa es apresentadas j que estamos quase que num mesmo contexto em que a teoria se coloca distanciada da realidade e a pr tica dos est gios n o contribui 176 para tal aproxima o Na perspectiva ainda que te rica para aclarar tal quest o ela cita Giroux 1997 promover as discuss es sobre as propostas curriculares refletir sobre as especificidades do curr culo exercitar o julgamento comparar analisar interpretar e questionar s o imprescind veis no desenvolvimento da Pr tica de Ensino objetivando compreender que os curr culos s o inven es sociais conforme aponta a teoria cr tica do curr culo VASCONCELOS 2000 apud BARBOSA 2008 p 166 Educa o o lugar propicio ao exerc cio da democracia pelo menos em tese pois n o faltam teorias educacionais que trazem em seu cerne os princ pios democr ticos como os de liberdade igualdade e fraternidade No entanto para que eles aconte am pressup e se que haja educa o Tais princ pios democr ticos deveriam abranger todo o corpo social sem distin o e os temos tamb m como sendo inerentes a cada individuo ou seja eles se constituem numa rela o social de dentro para fora a partir dos desejos individuais que podem ser distr
217. m entrar de short ou saia Uma incoer ncia que gerou desconforto tanto para os alunos quanto para o curso pois se dava aos do ensino superior o mesmo tratamento dos alunos no ensino m dio Ent o deveria a institui o fazer uma reflex o a respeito desses mitos e preconceitos os quais englobam ritos e tabus que fazem parte do processo para uma educa o reflexiva consciente transformadora e humanista Desta forma deve se tamb m olhar para estes dois elementos relacionando os ao fato exemplificado Entendemos como necess ria sua discuss o em proveito da renova o dos valores sociais estabelecidos 150 nesse campo social Sabemos tamb m que caducam com o passar do tempo e por isso que a liberdade como discutida neste cap tulo no sentido de uma liberdade constru da na e pela pr tica democr tica deve fazer parte do cerne das quest es pedag gicas como um constructo de cidadania Passamos a palavra a mais um Corisco os propositores desta quest o e em seguida trabalharemos com a forma o do professor de artes visuais Muitas vezes os coordenadores fecham uma matriz curricular sem a participa o dos professores fazem reuni es fechadas sem di logo com os professores isso no meu entender causa uma decad ncia grande tanto para os professores como para os alunos N8 07 o maior mito dentro do curso de que todos os professores que est o l s o artistas e o maior preconceito em rel
218. m o que se discutir o gosto fica alienado sem argumenta o sem justificativa por quem o evoca mais ou menos isso o que ocorre com as citadas aberra es culturais onde o mau gosto ganha espa o porque acima de tudo ele d lucro e no capitalismo quest o de lucro n o se discute Devemos estar sempre atentos imagina o sociol gica ent o pensemos juntos num mesmo sentido o que diz Duarte J nior 1983 sobre a educa o de que viemos falando Trata se de transmitir f rmulas e conceitos espec ficos sem despertar o educando para o sentido de sua vida num ambiente hist rico cultural Trata se de nivelar as diferen as individuais e sociais atrav s dos sentidos considerados objetivos e universais O que acaba por fazer com que os indiv duos provenientes de diferentes classes sociais vejam a realidade a partir da tica dominante relegando seus valores e aspirando queles que lhes s o distantes e inacess veis Ou ainda acaba por fazer com que as culturas regionais sejam desprezadas em fun o do moderno que os centros econ micos veiculam Semelhante processo termina ent o por inibir e cercear a cria o por parte dos educandos j que sua situa o n o interessa ao sistema e os significados v lidos s o apenas aqueles propostos verticalmente pelo professor Mui espontaneamente essa rela o assim trica se transforma em rela o de domina o Ora uma rela o de domina o ir
219. m por ficarem maravilhados Mas agora pelo sentimento saudosista que somente podem enxergar pela luz dos pirilampos o bosque de prosperidade Assim s o os 181 mitos que permeiam nossos campos em forma de dom de genialidade de excepcionalidade envoltos de paix o S o encontrados no campo das artes e est o nos desejos dos que habitam a doc ncia esta como se fosse um jardim por m pensado como este bosque num saudosismo n o experienciado e que se ilumina por m ticos pirilampos Os preconceitos ainda com a met fora deste bosque dir amos que s o suas cigarras e come am seu canto em alerta ao sol que come a fraquinho e vai ganhando for a com o passar do dia e encerram o ciclo de vida explodindo para naturalmente dar vez a outros cantos Outras esta es se renovam para compor a sinfonia da vida no bosque estas cigarras se juntam ao borbulhar do riacho do vento que sopra na copa das rvores e na superf cie das relvas assim como os p ssaros e tudo que se movimenta para fazer o som da natureza Os preconceitos se fazem por n o entendermos o canto das cigarras como anunciadores de esta es e o desconhecimento disso o que faz nos entediarmos com seu canto a ficarmos bitolados nele de forma a ensurdecermos para os outros sons que h no bosque Ao desprezarmos as cigarras enquanto elemento compositivo nos tornamos ignorantes e incapazes de reconhecer o pr prio habitat assim tamb m passamos por este despercebidamen
220. m seu cerne o sentido de acabado de pronto de finitude Ent o se fosse poss vel traduzir a f dos alunos do CLAV isto s para amenizar a pieguice do amor pela educa o certamente abrir se iam possibilidades para darem um salto de qualidade nessa rea mesmo que nos aspectos imateriais seus conte dos se tornariam bem mais apraz veis o que amenizaria as ang stias causadas pelo descaso t cnico administrativo da educa o p blica brasileira Mesmo sabendo que estas condi es n o est o postas em igualdade em todo o sistema educacional obviamente h Fato ocorrido quando cursamos a Disciplina Metodologia do Ensino Superior 2011 2 Ministradas pelas professoras Maria do Socorro Lucena Lima e Maria Marina Dias Quando se abordou em sua ementa Pesquisa e Pr tica Pedag gica no Ensino Superior 161 exce es Mas o que se tem percebido no Brasil l ao longo de sua hist ria educacional uma constante demanda de reivindica es por melhorias principalmente no que diz respeito valoriza o do a professor a Na atualidade precisamos mudar as estrat gias de melhorias quando as greves parecem obsoletas no sentido da melhor qualidade do ensino que propomos extinguir o preconceito da profiss o docente como f para que se estabele a tamb m uma tica na doc ncia ou seja que atuem somente aqueles compromissados com a Educa o pois muitos a t m como um bico uma complementa o de renda e
221. ma de pensar o mundo que primeiro se estabeleceu para criar respostas aos fen menos naturais Esta forma m tica antecedeu o pensamento l gico e este conforme o dicion rio Aur lio tem o seguinte significado Na tradi o cl ssica aristot lico tomista conjunto de estudos que visam a determinar os processos intelectuais que s o a condi o geral do conhecimento verdadeiro Antes de surgir o pensamento l gico o mito imperava na explica o dos fen menos naturais e sociais e com o processo civilizat rio ele vai 69 perdendo espa o no entendimento do mundo para a filosofia e a ci ncia predominando essa ltima em seu discurso como detentora de verdades paradigm ticas Como vimos para Buzzi outorgada filosofia a interpreta o do mito em Chau discutido de forma a amenizar tal responsabilidade propondo outras disciplinas para interpretar o mito porque o pensamento m tico pertence ao campo do pensamento simb lico e da linguagem simb lica que coexistem com o campo do pensamento e da linguagem conceitual CHAU 1995 p 160 Ent o podemos dizer que mito e l gica se fundem N o Conforme a autora apesar dessas duas linhas de estudo aceitarem essa coexist ncia suas linguagens al m de diferentes s o tamb m frequentemente contr rias e opostas o mito n o possui uma nica fonte interpretativa As palavras da autora esclarecem tal compreens o Vejamos como ela o caracteriza referin
222. mente pela quest o salarial mas pela sua perspectiva limitada por n o proporcionar ou possibilitar ser professor pesquisador e no mais as condi es de ascens o profissional s o bastante reduzidas comparadas doc ncia de n vel superior nesta que eles se inspiram e almejam enquanto docentes A doc ncia do ensino b sico os poucos que a desejam a tomam somente como um per odo de experi ncia um meio de pagar as contas um recurso para a independ ncia financeira em rela o aos pais Os problemas que podemos relacionar autoestima dos alunos est o todos dentro do conjunto de negatividades desde os externos at os internos ao curso No que diz 184 respeito aos externos h uma precariedade da educa o brasileira que a priori causadora de desest mulo pois na sociedade atual a profiss o do professor se encontra desvalorizada em todos os aspectos J em rela o motiva o desses alunos observamos que esta se d por elementos como as aptid es os gostos os desejos e sonhos estando referenciados no mundo das artes visuais desta forma s o causadores de autoestima Entretanto n o temos uma divis o exata de baixa ou alta estima por ser isso muito relativo e de cunho individual pois neste sentido o que apetece a um aluno pode n o apetecer a outro caso contr rio isso passaria por an lises psicol gicas individuais o que n o intentamos fazer Numa vis o que se distancia de tal individualidade e
223. mos com Contreras 2002 quando esse diz haver uma exacerba o inadequada do uso do termo reflexivo ao ponto de transform lo em um slogan relaciona se diretamente ao que pode estar ocorrendo e que ocorreu com a forma o do professor em arte parece haver nessa corrida desenfreada pela adequa o da lei o comprometimento da qualidade Essa compreens o se aproxima do ponto de vista de Pimentel em Limites em Expans o Licenciatura em Artes Visuais A mudan a no r tulo n o reflete necessariamente a mudan a na ess ncia dos curr culos e das disciplinas Para que haja uma efetiva atualiza o na concep o dos curr culos se faz necess rio um maior compromisso dos educadores em Arte envolvidos no processo um compromisso coletivo com a transforma o Pimenta 1999 A solu o complexa e n o se 170 solucionar apenas com novos modelos ou padr es pois envolvem posturas conceituais dos sujeitos envolvidos posturas definidas por matizes ideol gicos A forma o do professor de arte COUTINHO 2003 apud BARBOSA 2008 p 154 155 A cr tica que se faz a contexto formativo que as faculdades de educa o e os cursos de pedagogia n o est o ainda preparados para responder de forma atualizada forma o dos seus pr prios educadores As refer ncias ao ensino de arte na maioria dessas institui es s o em geral de car ter modernista fundamentadas numa concep o psicopedag gica que se cen
224. mos pelo vi s sociol gico dos autores Sobre como constru mos na hist ria a representa o art stica dizem eles O inovador revolucion rio surge lado a lado com o chefe de uma academia e o artista universalmente reconhecido como g nio ou como cavalheiro vai a par com figuras solit rias e n o reconhecidas Esta diversidade de origens sociais transparece entre os artistas do s culo XIX cujo mundo acolhia tanto a celebrada amante do pr ncipe como o bo mio B3 desleixado que vivia o seu conceito de g nio margem da sociedade em Schwabing Montmartre ou Greenwich Village um mundo em extin o que mesmo onde ainda sobrevive j pertence ao passado Neste mundo contudo o artista n o est sozinho um membro da grande comunidade de g nios KRIS amp KURZ 1988 p 17 2 8 A heroifica o modelar do artista A heroifica o do artista se d em suas biografias conforme Kris amp Kurz afirmam neste sentido que a inf ncia e juventude de pessoas excepcionais tem profunda ra zes na mente humana Com isso perguntamos todos os artistas s o excepcionais Sendo assim a voca o art stica se coloca em tal excepcionalidade e no rol das exce es Vejamos pois dizem estes autores haver duas maneiras de heroiciza o do artista partindo desse ponto um ponto de vista afirma que os acontecimentos da inf ncia t m um impacto decisivo no desenvolvimento futuro do homem da as tentati
225. mos que o dever de se 44 estabelecer as condutas ticas e morais atribui o e garantia da institui o aos seus alunos mas ocorre o contr rio no processo educacional e administrativo em tela faz o que se quer e da forma que se quer abrindo possibilidade para a pergunta seguinte qual o compromisso da institui o na forma o de professores de Artes Visuais se eles gestores e professores do curso parecem olhar somente para seus pr prios pontos de vista ou interesses Afinal como medir o n vel de interesse dos professores se esses se colocam na posi o hier rquica a que nos referimos anteriormente em rela o aos que est o sendo formados para atuar no ensino b sico O IFCE aparenta tratar a forma o docente em artes visuais como mais uma m o de obra que ir ajustar se ao mercado em detrimento da responsabilidade que lhe compete formar professores compromissados com o Ensino de Artes Visuais Sendo assim a forma o e o mercado s o vistos como entes estranhos e fica cada um por si e Deus por todos Enquanto uns manipulam as engrenagens para que funcionem a seu gosto outros usam da hierarquia professoral como eufemismos de um jogo de faz de conta O formador neste caso acaba se encoura ando com os preconceitos e se escondendo atr s dos mitos Tendo para isso a ajuda do poder simb lico tudo fica mais f cil pois quando n o h fiscaliza o suficiente e nem vontade pol tica para se resolver os descasos ed
226. mpara o atualidade para demonstrar o aprender arte hoje pois n o est distante da realidade de Otac lio de Azevedo como se fosse um processo natural pleno de intui o o que se percebe tamb m com ele Em outros termos como se fazer arte dependesse de um dom uma inspira o divina uma genialidade concebida aos eleitos por Deus ou mesmo pela sua inefabilidade Com isso nos encontramos mais uma vez no processo de mitifica o da arte Otac lio de Azevedo na primeira parte da cita o registrada anteriormente esquece de que a arte se d num tempo e num lugar determinado historicamente e sendo assim ela compartilha com as condi es de materialidade e de t cnicas dos momentos em que s o produzidas Se esquecermos dessas condi es estaremos outorgando poderes sobrenaturais ao fazer art stico isto porque uma pedra lascada ontologicamente uma dimens o da cria o humana e ela n o nem a priori nem a posteriori Arte e sim uma necessidade Colocando tal assertiva dentro das premissas praxiol gica temos que o fazer Arte de forma naturalizada nega o ensino sistematizado de artes Assim as dificuldades materiais os dons e as genialidades se d o dentro do conceito praxiol gico no qual nem a subjetividade nem a objetividade preponderam uma sobre a outra na apreens o da realidade mas sim por meio de sua s ntese imprimida na a o dos sujeitos que fazem as rela es sociais Assim se pass
227. mpla o professor como um sujeito do conhecimento um ator que desenvolve e possui sempre teorias conhecimentos e saberes de sua pr pria a o Isto em oposi o a uma tradi o que conforme ele domina ainda de maneira geral todas as vis es da forma o dos professores tanto nas universidades do hemisf rio Norte quanto nas universidades do hemisf rio Sul os professores s o vistos como aplicadores dos conhecimentos produzidos pela pesquisa universit ria pesquisa essa que se desenvolve a maioria das vezes fora da pr tica do of cio do professor TARDIF 2011 p 235 Ademais acrescentemos que tais pesquisas se d o quando dentro da pr pria rea de atua o do professor muitas vezes descontextualizadas da realidade para a qual elas deveriam se voltar criando se desta forma conhecimentos impratic veis para a educa o como pe as de um quebra cabe a que nunca se consegue montar Sabemos que neste momento muitos dos professores do quadro efetivo do CLAV est o cursando suas p s gradua es certamente para cumprir as exig ncias do MEC em rela o ao n mero de doutores necess rios para validar o curso al m de atender a seus interesses particulares Mas independente deste tr mite burocr tico seria interessante na perspectiva em que estamos discutindo refletir sobre e aqui deixamos uma sugest o de pesquisa o interesse da forma o continuada dos professores no sentido de conhecer o retorno dos
228. n o isso regido pelo ego porque tem aquela confus o em saber ser que vale apena fazer as disciplinas pedag gicas Na verdade n o pois sei que outros colegas est o pensando em sair do curso Ent o voc percebe que nem precisa desse curso o ego te faz bem dizer isso o que quero ganhar grana vendendo um trampo que d para vender bem legal e que vou viver s disso ego total Mas tem que ser uma coisa que voc precisa acreditar em ser artista porque o ego est muito ligado quest o da visualidade e tamb m a vaidade os estere tipos do artista N4 10 Conclu mos que para ter grandeza e perfei o necess rio ter t cnica e que n o podemos nos deixar levar por um movimento art stico como se fossemos cegos a atravessar uma rua movimentada em desespero Tem um dito que diz que a arte que encontra o artista lenda ou n o tiramos a li o de que preciso ter paci ncia humildade e franqueza ao lidarmos com a arte e o seu ensino do contr rio podemos deparar com o castigo que se faz lan ar por seus mitos frustra o arrependimento infelicidade desilus o e o mais grave a aliena o pois n o h nada mais ign bil do que um artista ou um professor alienado do seu trabalho um absurdo infringido sem raras exce es a estas profiss es Obviamente os pretendentes a artista esquecem se de que o artista se faz por experi ncias ou seja conhecedor das linguagens e t cnicas art sticas
229. n o esquecer que o kitsch exerce seu papel pedag gico de modo crucial sobre as sociedades subdesenvolvidas submetidas irriga o dos meios de comunica o de massa que na verdade constituem meios de explora o das sociedades afluentes Estados unidos nova Europa ou Jap o desempenhando o papel de amplificadores de mercado DUARTE JUNIOR 1983 p 122 TA obra de arte na poca de sua reprodutibilidade t cnica de Walder Benjamin In ADORNO et al Teoria da cultura de massa Trad de Carlos Nelson Coutinho S o Paulo Paz e Terra 2000 p 221 254 132 A aliena o contida na arte kitsch colocada como uma heran a maldita termo ali s utilizado por um de nossos Coriscos para expressar o caos no Ensino de Arte vendo este na condi o de professor a dificuldade de seus alunos entenderem Arte dentro de uma concep o contempor nea Segundo este professor os alunos que passaram por professores formados nas regras da Lei 5 692 71 s o em resumo os que contemplam a arte kitsch cuja principal caracter stica a reprodutibilidade como parte dos conte dos abordados pela ent o chamada disciplina Educa o Art stica Entendemos que desta forma os alunos n o aprendem os princ pios fundamentais da arte visual e ao contr rio tornam se consumidores alienados de bugigangas Vejamos como nosso Corisco se aproxima da compreens o de Duarte J nior 1983 ao se referir ao Ensino de Arte massificado
230. na conflu ncia dos campos citados acima e somente nessa interse o conformam o objeto de estudo e s o considerados como categorias de an lise Tratase de um estudo de caso e nos apoiamos na perspectiva etnossociol gica de Daniel Bertaux utilizando nos do instrumental metodol gico de cunho qualitativo narrativas de vida observa o participante entrevistas al m de estudos bibliogr ficos Com os dados levantados trabalhamos as an lises que consideraram a articula o dos tr s campos mencionados Para levar a termo tal an lise tivemos a contribui o da sociologia praxiol gica de Pierre Bourdieu que nos fez entender a forma o do habitus levando em conta os mitos e preconceitos que s o de dif cil apreens o dando se s vezes de forma impl cita Antes de os inserirmos na problem tica da pesquisa os conceituamos em sua ess ncia para a compreens o de mito fizeram se presentes as abordagens filos fica e antropol gica e para a de preconceito a abordagem psicossocial Consideramos ainda as caracter sticas da forma o cultural brasileira a hist ria do ensino de arte no Brasil e no Cear assim como as condi es formativas do professor de arte abordando seus aspectos institucionais contextualizadas nas propostas filos ficas de sua reflexividade e autonomia profissional Conclu mos em nossas observa es que o curso pesquisado n o possui uma identidade universit ria e que mitos e preconceitos contribuem de fo
231. na sala de aula ou estava dan ando ou estava em casa construindo alguma coisa Toda vez que tinha um festival de arte no col gio meu nome era o que se destacava e isso acabou me estimulando muito meu pai chegou para mim e disse faz artes que a tua rea Aquilo me tocou assim de uma maneira que n o sei explicar e 87 acabei fazendo s que eu n o fiz direto para artes visuais fiz para teatro e acabei ficando nos classific veis optando por artes visuais Sofri uma s rie de d vidas se aquele lugar era realmente para mim foi a que comecei conhecer realmente o lado acad mico N8 01 tinha lousa tinha giz tinha papel a eu comecei a desenhar de brincar com a minha irm comecei a desenhar vestidinho de noiva foram os primeiros est mulos que eu tive pois quando a fam lia os via me exaltava e isso foi me estimulando e me dando gosto pelo desenho a eu fui aprendendo sozinha meu pai me dava bloquinhos de papel branco eu ainda tenho esses blocos com desenhos muitos feiosos meu pai sempre gostou de ver os meus desenhos mas ele n o tinha a ideia de que eu ia seguir adiante com isso pensava que era mais uma coisa de crian a mas admirava achava bonito mas uma forma dele me estimular para as artes pl sticas era trazendo bloquinhos pra mim N9 01 2 10 A heroifica o secularizada Entendemos que o preconceito de acordo com o que dissemos na introdu o deste ca
232. ncia educacional ou sua universaliza o Neste in cio de um Brasil em forma o as condi es postas Educa o s fomentaram o preconceito dos mais favorecidos sobre os menos favorecidos Imaginemos um aristocrata de modos refinados tendo que lidar com uma popula o ainda de costumes medievais sem no es sanit rias tendo nossas cidades como verdadeiros burgos margeadas de zonas f tidas e de todo tipo de mazela poss vel Ent o um fidalgo esp cime ex tica aos olhos do colonizado regressando do seu tour educacional europeu um genu no bacharel em Direito onde o espirito da modernidade o incorporara seria espantosa sua rea o em adaptar se ao que seria a sua p tria A educa o formal um elemento determinante de tal identidade mas neste contexto tamb m de domina o causa o estranhamento de quem a possui por subjugar e negara cultura do outro dificultando desta maneira o sentimento de brasilidade Mas ent o como se estabelecia a ordem social Temos aqui uma oportunidade de apresentarmos o mito porque em sua ess ncia ele que ordena e ou guia os n o educados formalmente estes desvalidos agiam quase que instintivamente ao cruzar uma rua trafegada por carruagens cavalos muares e carro as Como se orientar nas rela es sociais sem educa o Como ficavam as quest es dos valores da tica e das regras de urbanidade para essa gente Que sinaliza es seguir que s mbolos e c digos haveriam de ler j
233. nciamento da elite nativa com a cultura local n o precisamos entrar nestes detalhes Ent o agucemos a imagina o sociol gica e vejamos como este momento que est sintetizado na cita o de Duarte Junior 1981 que nos indica implicitamente para uma s perspectiva que se pode entender como sendo o germe dos mitos e preconceitos no ensino de artes pl sticas no Brasil desde ent o permeando as estruturas estruturantes no campo da arte e do ensino Imaginemos O colonizador portugu s queria ver aqui a continua o de sua Europa li o transmitida a seus descendentes que mesmo sem conhec la continuaram a sonhar com ela Por isso Chico Buarque e Ruy Guerra colocam na boca do colonizador os versos Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar se um imenso Portugal DUARTE J NIOR 1981 p 111 108 Devemos nos perguntar sobre o significado do ditado se queres conhecer um povo observe primeiro o que ele tem a oferecer sobre sua arte Talvez este se perca em rela o a sua origem no tempo mas podemos at parodi lo colocando o no tempo espa o da arte primitiva das cavernas se queres conhecer uma caverna observe sua arte falaria um troglodita para outro um ditado que merece uma reflex o voltada realidade de nossa educa o em arte pois apesar de sabermos o que significa seu ideal ele somente se inscreve em algumas poucas escolas que infelizmente servem tamb m pa
234. nde as palavras d o exist ncia ou morte s coisas CHAUI 1995 p 163 O mito uma narrativa que estrutura e organiza de forma criativa as cren as culturais As divindades constitu am os personagens que pelas diverg ncias intrigas amizades e desejos de justi a explicavam tanto a natureza humana como os resultados das guerras e os valores culturais O mito apesar do seu envolt rio fantasioso impregnado de sabedoria e conhecimento pr prio das paix es humanas dos problemas existenciais e das 70 necessidades de leis que possibilitem a vida em comunidade Marilena Chau nos incitou a pensar esse mito prestativo de favores pois assim o vemos ele o primeiro o dissertar o mundo e permanece vivo na contemporaneidade na linguagem de todos os povos est junto de n s a tecer conjecturas tamb m sobre a ci ncia o feito mal fico da ci ncia talvez possa ser traduzido como um castigo dos deuses Demos esses primeiros passos sobre o entendimento do mito pela tica de duas disciplinas a Filosofia e a Antropologia agora continuemos pelo vi s hist rico e sociol gico que nos fazem aproximar do campo das artes visuais e seu ensino 2 5 A perspectiva hist rica e sociol gica do mito Trabalhamos primeiramente com o texto O mito da pintura que est numa colet nea organizado por Jacqueline Lichtenstein 2004 e em segundo lugar com Lenda Mito e Magia na imagem do artista de Emest Kris e Ott
235. ndemos que tal resposta para ser exata exigiria outra postura metodol gica o que n o nos foi poss vel pois precisar amos ampliar o cronograma da pesquisa j que ela seria mais complexa e justificamos tal aus ncia tamb m por n o abordarmos como foco exclusivo uma nica quest o Pelas an lises dos dados tanto emp ricos como bibliogr ficos pudemos perceber a incid ncia das duas categorias mitos e preconceitos na escolha do curso s que os procedimentos metodol gicos de uma pesquisa qualitativa possibilitaram a identifica o de aspectos subjetivos e n o foi poss vel fazermos uma avalia o quantitativa cujospar metros indicassem percentuais de uma escolha ou outra Percebemos uma contradi o nas falas dos sujeitos da pesquisa quando eles relatam suas primeiras experi ncias com o campo das artes visuais o elogio dos pais familiares e amigos aptid o ou mesmo voca o que expressaram um dia torna se cr tica quando eles anunciam a escolha pelo curso de Licenciatura em Artes Visuais Os bons mitos s o esquecidos e em seu lugar surgem preconceitos muitos dizem ter sido dif cil tal escolha al m disso a relacionam falta de op o de um bacharelado em artes visuais Podemos ent o relacionar fatores ligados aos mitos e preconceitos que estimulam e ou desestimulam a forma o Obviamente isso se d separadamente Assim no que diz respeito aos mitos entendemos que eles migram das artes visuais para
236. ndiv duos focalizada sobre fatos expl citos e a indiferen a do p blico se transforma em participa o nas quest es p blicas A imagina o sociol gica nos permite compreender a hist ria e a biografia e as rela es entre ambas dentro da sociedade Mills C Wright 1972 p 12 33 como disciplinas importantes na grade curricular Entendemos serem estas disciplinas imunes discrimina o diferentemente da de Arte pois est o estabelecidas no curr culo como eficientes e a disputa por tal espa o j est dada por m ritos sociais colocando as num grau de import ncia incontest vel N o queremos com este exemplo desconsiderar os processos que constituem a forma o do habitus o que se d as a es dos sujeitos predispostas a funcionar como estruturas estruturantes isto como princ pio gerador e Estruturador das pr ticas e das representa es logo veremos isso com mais detalhes Ent o a quem se deve atribuir a responsabilidade da desvaloriza o da disciplina de Artes Visuais Ao professor Ao aluno institui o educadora sociedade que desconhece a import ncia do ensino de arte Devemos relevar tal situa o e ach la como algo corriqueiro naturalizado que n o interfere na qualidade da Educa o de uma forma geral O conceito de habitus pode ser entendido como a rela o cotidiana do sujeito com o seu campo de atua o e esse campo possui uma produ o algo que determina part
237. ndo talvez ironicamente o nico rem dio seja a cat strofe como castigo reparador pois esta nos liga realidade for ando nos a solidariedade De resto o que temos na hist ria atual do artista o seu fetichismo quando todos s o artistas e veneram a si mesmos imperando o mito de Narciso Fica por outro lado a contesta o ao desespero por um minuto de gl ria reduzimos os quinze minutos previstos por Andy Warhol l gica mercadol gica pecaminosa e estupradora imposi o de uma nica arte como verdade absoluta Por uma atua o da arte como elemento emancipat rio do ser humano e n o alienante Ali s o planeta terra depende do refreamento n o comporta mais a acelera o cont nua que se imprime aos seus passantes velocidades que procuramos sempre medir esquecendo se de medidas prementes do cotidiano Geram nos indiv duos as competi es doentias e o desequil brio social a falta de primor pela vida o que o faz desaprender a ver ouvir andar e sentir os cheiros e sabores das coisas Falta nos o saborear as coisas com mais paladar quando tudo se transforma em fast food em outdoor e ru do sonoro numa homogeneiza o que rompe com a criatividade dos indiv duos para bestializ los contribuindo para a desumaniza o Mais do que uma sele o natural das esp cies o que temos uma covardia quando se tem consci ncia desse processo de homogeneiza o do homem massificado o que faz do mundo a exclusivida
238. no campo do Ensino de Arte como no caso apresentado a seguir por Ana Mae Barbosa sobre o caso do Encontro de Secret rios de Educa o O que aqueles secret rios de educa o e membros do CFE poderiam ter dito que arte est sendo muito mal orientada nas escolas As outras reas tamb m est o Os professores ensinam da mesma maneira como foram ensinados e os de educa o art stica foram ensinados pessimamente atrav s desse curr culo universit rio que est a Muitos arte educadores se desenvolveram contra o que a universidade pretendia fazer deles Agora aproveitar o m ximo destes que aprenderam sozinhos ou uns com os outros para atualizar a maioria Precisamos arte educa o a o e pesquisa para descobrir como nos tornarmos mais eficientes no nosso contexto educacional desenvolvendo o desejo e a capacidade de aprender de nossas crian as A nova Rep blica at agora n o operou nenhum avan o na rea de educa o art stica Foi criada uma coordenadoria de arte educa o na FUNARTE mas antes de funcionar foi extinta Ningu m leu os documentos produzidos por especialistas encomendados pelo pr prio MEC SESU ou pelo menos o Manifesto de Diamantina redigido e aprovado em assembleia no Encontro Nacional de Arte Educa o durante o Festival de Inverno de Diamantina em julho de 1985 amplamente divulgado e enviado as autoridades Documentos posteriores como o de S o Jo o Del Rei de 1986 e o do Festival de Arte e Cu
239. no de Artes Visuais que apontamos algumas falhas presentes em nosso campo de estudo Para isso n o precisamos de um bode expiat rio que personalize as rela es nesse campo pretendemos analisar com o m nimo de parcialidade pois como mencionamos n o existe neutralidade 126 cient fica A constru o desse processo educacional com qualidade exige que nos sensibilizemos com a causa e para isso precisamos nos unir solidariamente aos fatos sem demagogia e sem nos preocuparmos com a polidez pol tica que muitas vezes encobre o verdadeiro brilho de uma situa o social ou seja mascara a realidade de acordo com a posi o ideol gica tomada pelos sujeitos na rela o social Para tal momento elegemos alguns Coriscos porque somente atrav s de suas narrativas que podemos enxergar o quanto importante cumprir com o dever de casa Lembremos pois que tais narrativas est o asseguradas pela busca da verdade crit rio cient fico irrefut vel amparados pela metodologia de Bertaux 2010 para quem os sujeitos adquirem o status de informantes de suas pr prias pr ticas e dos contextos sociais nos quais est o inscritas atribui se a priori a seus testemunhos um status de veracidade que verificamos ao compar los sistematicamente e cruzarmos suas falas com outras fontes BERTAUX 2010 p 153 E mais n o podemos deixar de assegurar aos nossos Coriscos sua pertin ncia nesse processo porque s o eles personagen
240. nunca pensei a respeito do dom se ele vinha naturalmente como um trabalho fruto do esfor o ou se era algo divino mas no pr prio Curso de Tecnologia em Artes Pl sticas eu produzia muito e foi assim que fui aprendendo n o tenho a menor d vida de que essa coisa de dom n o existe voc tem sim que ter afinidade com o que faz N3 03 sei que tem muito dessa coisa do dom e tal desse preconceito do dom sendo que depois de muito tempo estudando isso j agora recentemente a gente consegue ter uma no o de que nas pr ticas que vamos adquirindo habilidades e que voc vai desenvolvendo com o tempo e em determinado est gio elas n o surgem do nada elas n o vem j aprimoradas como pensado Eu costumo chamar essa forma de pensar essa coisa do dom de uma coisa muito m stica acreditando j com uns dezoito anos eu comecei a perceber que isso era uma habilidade acreditando que isso seria um tipo de t cnica que podia se desenvolver e que eu poderia transmitir tamb m N7 01 interessante notar a liga o que estes dois Coriscos fazem entre o dom e pr tica de ensino No segundo fragmento tem se uma conota o m tica que entendemos estar associado t cnica e as habilidades do artista isso significa dizer que h elementos m gicos no sentido do ilusionismo porque ao fazer arte o artista n o se obriga a ficar constantemente explicitando a t cnica e as suas habilidades estas est o sempre ocultas Ele pode
241. o naturalmente ou objetivamente superiores aos demais J4 Essa estrat gia o que Bourdieu chama de viol ncia simb lica que a imposi o da cultura arbitr rio cultural de um grupo como a verdadeira ou nica forma cultural existente Podemos observar tal fato no constante embate de posi es que se estabelece dentro do campo da pesquisa ora entre alunos e institui o ora entre alunos e professor e ora entre alunos e alunos H uma grande incid ncia de falas nas narrativas que demonstram os desdobramentos dessa viol ncia simb lica Na verdade se analisarmos todos os coriscos veremos que todos est o imbu dos dessa disputa simb lica damos dois exemplos dessa situa o para constatar digamos uma ebuli o neste campo o que podemos entender como processamento de habitus e n o como conflito pois este emperraria as normalidades vigentes Os pr prios alunos n o se articulam dentro da institui o IFCE para mudar esse quadro ent o como podemos mudar essa vis o da sociedade de Fortaleza sobre os professores de arte sem mudar o pr prio curr culo vou dar um exemplo o nosso curso est mudando o curr culo e os alunos n o tem participado dessa mudan a ent o nem a voz como em outras institui es a exemplo da UFC e UECE onde os alunos brigam para ter direito a voto Vejo uma imaturidade muito presente no curso de licenciatura em artes visuais o pessoal muito acostumado ainda a ver a uni
242. o Desta forma que os relatos hist ricos sobre artistas se firmam como biografias mas isto s vem a ocorrer se estiver direcionada a valoriza o do artista a partir do costume de ligar a obra de arte ao nome do seu criador obviamente h nesse processo um pano de fundo o mercado de arte Segundo Kris amp Kurz 1988 o fato de ligar o nome obra n o est relacionado grandeza e perfei o de seus trabalhos mas ao significado atribu do obra de arte no mercado assim a conquista da autonomia relativa configura o do mercado em que se insere o artista O di logo na arte mesmo sociol gico e h uma rela o de poder que dita tanto o artista como a obra dando lhes exist ncia Tal poder tamb m se presta distribui o dos m ritos os quais ficam reservados s classes dominantes pois estas querem fazer da arte um direito privado ou uma exclusividade formando um nicho de mercado que produz arte para si e pior que ela seja feita somente na e pela erudi o de seus artistas 2 7 Grandeza e perfei o como preceitos da arte Os crit rios de grandeza e perfei o s o na concep o de Kris amp Kurz 1988 os principais motivos de ser da obra e do artista Hoje em nosso contexto isto n o faria tanto sentido porque a arte conceitual que est no rol contempor neo n o se permite a um resumo de valores as suas dimens es de medida ganharam novas escalas que muitas vezes fogem compre
243. o Editora UNESP 2009 BARBOSA Ana Mae Arte educa o conflitos acertos 1 ed S o Paulo Editora Max Limonad 1984 Inquieta es e mudan as no ensino da arte S o Paulo Cortez Editora 2008 Arte educa o contempor nea conson ncias internacionais S o Paulo Cortez Editora 2005a Arte educa o leitura no subsolo 6 ed S o Paulo Cortez Editora 2005b BARBOSA Ana Mae Recorte e colagem influ ncia de John Dewey no ensino da arte no Brasil S o Paulo Cortez Editora 1992 Teoria e pr tica da educa o art stica 14 ed S o Paulo Editora Cultrix 1995 T picos ut picos Belo Horizonte Editora C Arte 1998 Arte educa o no Brasil 5 ed S o Paulo Perspectiva Editora 2006 imagem no ensino da arte anos oitenta e novos tempos 6 ed S o Paulo Perspectiva Editora 2008 BAUER Martin W amp GASKELL George ED Pesquisa qualitativa com texto imagem e som Petr polis Vozes 2005 BAXANDALL Michael O olhar renascentista pintura e experi ncia social na It lia da Renascen a Rio de Janeiro Editora Paz e Terra 1991 BERN N Francisco Forma o continuada de professores Porto Alegre Artmed 2010 BERTAUX Daniel Narrativa de vida a pesquisa e seus m todos S o Paulo Paulus 2010 BIKLEN Sari K BOGDAN Robert C Investiga o qualitativa em educa o uma introdu o teoria e aos m todos Porto Porto Editora 1994 BOURDIEU Pierre Quest es
244. o Kurz 1988 O interesse nestes dois trabalhos colocarmos a visualidade do mito no campo das artes visuais com a inten o de auferir mais propriedade s nossas suposi es Come amos com o primeiro que faz uma discuss o sobre as ideias os mitos e as no es que participam tanto da cria o como da interpreta o das obras de arte Essa leitura nos auxiliou a ver os mitos na configura o de nossa problem tica porque relacionando se mito a arte facilta se sua aproxima o ao campo do Ensino de Arte O mito na arte conforme Lichtenstein 2004 tem suas origens na uni o com a religi o Sabemos pela Hist ria da Arte que a pintura eg pcia e a estatu ria dos t mulos nasceram do culto aos deuses assim como a atividade pict rica dos gregos que inconceb vel sem a representa o da mitologia Tamb m a arte primitiva est ligada aos rituais m gicos Essas s o as primeiras formas de ser da arte ou seja elas se manifestam vinculadas a uma necessidade de explica o m tica Na busca de descobrir as origens da pintura a autora remete seu estudo aos primeiros historiadores os quais afirmam ser um mito a eterna gl ria da pintura Todavia numa perspectiva atual esta proje o da pintura enquanto mito se d com bem mais dificuldade em d cada recente j se propalou o seu fim e hoje o seu processo de reconhecimento social dificultado pelas formas diversificadas de produ o e difus o da 71 imagem Al
245. o de Duarte J nior 1983 afirma o seguinte ip DL k j o r Rui Barbosa por exemplo foi um dos que se opunham a tais manifesta es tentou impedir o maracatu e o carnaval de se expressarem 120 O povo que n o tinha acesso arte da elite tamb m era desencorajado e at reprimido em suas manifesta es est ticas Em tal contexto compreens vel que arte e educa o nunca fossem vistas como fen menos interpenetrantes e complementares Com uma invas o cultural estranhada desde suas origens a cultura brasileira veio se ressentindo de sentidos e valores genuinamente nacionais procurando sustentar atrav s das elites valores importados de outras culturas que consequentemente n o podiam exprimir a vida concretamente vivida Nossos valores e express es sempre brotaram margem dos canais oficiais e a despeito dos sentidos veiculados pelos dominantes DUARTE JUNIOR 1983 p 115 3 3 Reflexos do Brasil desenvolvimentista na educa o b sica de arte Entramos na era do bolo crescente uma analogia feita por economistas ao crescimento econ mico do Pa s iludindo se o povo com a promessa de que esperando se que crescesse o bolo sua divis o seria feita em um pa s onde boa parte da popula o passava fome nada mais sugestivo para impor se ideologicamente Tem se a uma vis o desenvolvimentista que ironicamente tamb m transplantada dos Estados Unidos atrelada ao tecnicismo na Educa o Isso acirr
246. o fortalezense tomemos a cita o como exemplo Trata se do modo irreverente de ser do fortalezense assim uns contam que o tempo apenas estava bonito para chover Outros d o conta que j chovia forte h dois dias entrando no terceiro O Cear vindo de uma seca braba clamava para que o sol desse uma tr gua por mais uns dias mas ele naquele 30 de janeiro de 1942 teimou em varar as grossas nuvens e apareceu avermelhado no c u 144 A verdadeira arte n o est sujeita s restri es dos m todos D inteira liberdade de sentimento ao artista que pode criar seus pr prios c nones A pintura a poesia a escultura e a m sica antecedem cronologicamente perspectiva ao metro ao estudo da pl stica anat mica e batuta servindo lhe depois esses atributos para o seu aperfei oamento Trabalhador incans velficava horas ante o seu cavalete de mogno resguardado sob o velho toldo pinc is a m o ao lado de Cl vis Costa seu aprendiz ou Milton Rodrigues o seu filho Trabalhava de manh noite no velho sobradinho situado Rua Formosa Ao seu atelier alcanforada colmeia aflu am como num enxame aur fero e inquieto outras tantas abelhas numerosos artistas sinceros entre os quais Jos Severiano Quanta vez eu meninote matuto vindo de Reden o n o desejava ficar o dia inteiro vendo o trabalhar AZEVEDO 1980 apud LIMA amp OLIVEIRA 2008 p 101 Coloquemos estas cita es em co
247. o mito nas preocupa es de sustentar o mundo proposto por nossos c lculos perdemos com frequ ncia o senso do concreto Perdemo nos na l gica que op e vida e morte sono e vig lia sa de e doen a corpo e alma sofrimento e felicidade alegria e tristeza verdadeiro e falso bem e mal ideia e ser BUZZI 1992 p 85 O mito nos devolve ao plano terreno do dia a dia e isto sentido com toda veem ncia no campo desta pesquisa quando temos em vista o ser ou n o ser professor Ainda nos diz Buzzi que hoje com nossa mente civilizada vivemos na fala da ci ncia Mas se bem nos dermos conta por toda parte transgredimos e tecemos a exist ncia no mundo chamamos as coisas para morar conosco com palavras de for a e sabor m tico BUZI 1972 p 85 A cita o vai ao encontro daquilo que dissemos sobre a forma o continuada do professor se fazer no seu cotidiano pr tico Depois de uma longa teoriza o precisamos nos ajustar realidade de forma criativa e esta se utiliza de todo um discurso que mitifica o sentido da Educa o na sociedade Complementamos afirmando que isto se passa como elementos das estruturas estruturantes dos campos sociais caracterizados pela rela o dos conceitos de campo e habitus em Bourdieu e que nesta forma de transgredir e tecer a exist ncia no mundo chamando as coisas para morar conosco o mito n o se d com indiferen a ou apartado da realidade social mas h
248. o o Ensino de Artes nos prim rdios da escola da p tria livre O excessivo intelectualismo e antiindividualismo foi o fator determinante dos meios de ensino art stico e denominador comum entre as pr ticas art sticas influenciadas pelo positivismo e neoclassicismo O conte do da Geometria Pr tica se vinculava ao estudo dos conceitos de linha figuras e s lidos geom tricos e ao tra ado preciso com o uso de instrumento A nfase era maior no conceito do que no tra ado O tra ado era encarado como demonstra o do saber te rico Destes m todos o primeiro a c pia 114 de estampas j combatido naquele tempo recebe nova carga de combatividade mas nos primeiros 20 anos do s culo XX ainda n o teria sido completamente banido das escolas prim rias O curr culo do Gin sio Nacional modelo para os estabelecimentos de ensino secund rio mesmos particulares respeitava a classifica o positivista das ci ncias dando portanto nfase especial geometria Curiosamente o Desenho mat ria obrigat ria do curr culo n o era desenho geom trico como se poderia esperar de um curr culo que baseando se nas ideias de Comte a partir da adolesc ncia deixaria de lado os aspectos estetizantes mas desenho de ornatos o que representava na poca uma direta influencia da metodologia dominante na Escola de Belas Artes BARBOSA 2006 p 70 N o nosso interesse afirmar o grau de dificuldade encontrado para que se
249. o op o formar o profissional mas para o sujeito este imbu do do senso de liberdade h uma infinidade de possibilidades com ou sem a tal forma o Por este entendimento formulamos uma grande quest o geral h contradi o entre os objetivos explicitados no projeto pedag gico do curso e os objetivos de profissionaliza o dos estudantes tendo mitos e preconceitos como elementos indutores Considerando o que diz Lanier apud Barbosa 1984 devolvamos a arte educa o em arte ressaltamos ser o objeto de arte um ponto de interse o um ponto comum s artes visuais e ao seu ensino pois entendemos que n o se estuda arte sem estar dentro dela isto envolto ao seu objeto ent o temos mais uma quest o subjacente h dificuldades por parte do CLAV e dos estudantes em levar Arte para o Ensino de Arte Assim podemos ver que a rela o artista obra versus professor processo foi agravada pela presen a dos mitos e preconceitos ficando confuso estabelecer quem pertence a quem ou quais os limites de um campo e de outro Sabemos que h o ensino de arte voltado especificamente para o mercado de arte que s o os bacharelados as belas artes etc e que eles diferem em objetivos em rela o s licenciaturas Nesse sentido fizemos mais uma suposi o em forma de pergunta h uma valoriza o maior do produto art stico nesta forma o por parte do curso de Licenciatura em Artes Visuais do CLAV e ou dos estudantes que in
250. o professor reflexivo apresentamos duas falas que trazem tamb m uma cr tica agora por parte dos Coriscos S o poucos os professores que fazem o aluno refletir para que estes possam usar dessa reflex o no ensino fundamental ou m dio De certa forma se voc vai ser professor tem que ter o manejo ou seja a did tica aliada s t cnicas das linguagens em artes visuais como voc vai adequar esses conte dos art sticos N4 08 N o percebi em nenhum momento no curso essa quest o do professor pesquisador n o me foi passado isso E colocada muito a quest o do professor de arte e em rela o ao professor reflexivo acho muito contradit rio porque quando entramos numa discuss o sobre a voca o do curso se para formar artista se para formar professores ent o eles colocam com muita nfase que n s escolhemos o curso sabendo que era para formar professores ent o como h uma a o reflexiva sen o podemos refletir sobre o curso e o que ser reflexivo N9 18 Diante desta ltima indaga o do Corisco que reiteramos nossas J4 preocupa es o que ser reflexivo Contreras ira buscar respostas nos autores que fizeram a revis o deste conceito como Ziechner 1993 Ziechner e Tabachnick 1991 Projeto Pedag gico do Curso de Licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal de Educa o Ci ncias e Tecnologia do Cear IFCE 2008 p 2 3 154 Smytth 1992 e Bartlett 1989 Conclui
251. o segundo sistema neste ltimo dominava a filosofia dos estudos supostamente treinadores da mente e transmissores de cultura geral e no primeiro sob influ ncia dos princ pios liberais dominava a da forma o pr tica e utilit ria para o magist rio prim rio as ocupa es manuais ou os of cios as atividades comerciais etc BARBOSA 2006 p 81 117 Entre essas duas tend ncias filos ficas deve se ressaltar tamb m a influ ncia do romantismo que ainda se fazia presente no in cio deste s culo XX apoiado nas teses dos liberais Com base nestes tr s pilares filos ficos que atravessamos a Primeira Rep blica numa inconst ncia que procurava conciliar e sintetizar correntes de pensamento diversas e distintas As consequencias desse processo principalmente para o campo da educa o em Arte s o o que at hoje amargamos a falta de coes o e de sistematiza o da disciplina em quest o pois como j vimos n o basta ter a da lei ela precisa ser praticada Estamos entrando propriamente no Modernismo fase que prop e mudan as estruturais na Arte e em seu ensino No Brasil seu marco inicial denominado Semana de 1922 Esse movimento chamado o modernista fez com que a Arte se deslocasse do ent o centro cultural europeu Paris para o resto do mundo lan ando influ ncias nova maneira de se expressar nas Artes influenciando tamb m o seu ensino No mbito da educa o em arte caracteriza se por uma peculiarid
252. olhida esta forma particular Por que estar esta confus o entre realidade e ilus o no cerne das anedotas KRIS amp KURZ 1988 p 65 Antes de qualquer resposta precisamos entender que Kris amp Kurz 1988 fazem um di logo com a Gr cia Cl ssica e com o Renascimento Lembramos que arte e ci ncia andam juntas desde as cavernas at nossos dias n o somente numa acep o epistemol gica da Era Moderna mas na concep o de arte e ci ncia como trabalho inventivo arte quer dizer t cnica em grego parte da inventividade que por sua vez liga se criatividade Tentaremos junto a eles dar resposta s duas quest es mencionadas a sa da das obras e dos artistas do mundo da corte ou do mundo da nobreza passando a fazer parte do universo da burguesia ascendente proporcionou uma visibilidade maior s obras de arte em consequ ncia da expans o de p blico Este novo p blico leigo em sua grande maioria n o entendia os princ pios de perspectiva geom trica tonal enfim de t cnica de pintura fato que facilitou o sucesso pela referida ilus o Voltemos aos autores no que dizem em rela o peculiaridade biogr fica ou como preferirmos da constru o do mito do artista A libera o dos conhecimentos cient ficos na sociedade se d de forma 91 gradativa e no contexto das quest es no que diz respeito arte havia uma escassez de informa o motivo de ser causadora do espanto a ilus o Assim a represen
253. ominantes h umal 121 pregui a nacional e entre estes diriam os falsos moralistas trata se de uma boa desculpa para quem n o quer nada com a vida Guardemos esta reflex o para que n o nos sintamos culpados ou melhor querem eles culpar o povo mesmo que o discurso do homem indolente j esteja ultrapassado na voz de um Euclides da Cunha Assim parece que estamos sempre atrasados para ir para a escola por causa da tarefa que n o fizemos Mas fa amos uma cr tica contundente a tal discurso diga se de passagem elitizado pois ainda se perpetua a depend ncia do povo brasileiro por conta de uma subsist ncia massiva ditada por uma renda per capta que n o atende as necessidades b sicas atrelada ao dom nio de uma c lere ind stria cultural de massa que nos fez trocar o refresco pela Coca Cola Reforcemos nossa ironia com uma m xima nessa hist ria que representa o custo benef cio da nossa explora o comumente praticada pela elite brasileira V o se os dedos ficam se os an is A atualmente t o bem explicitada condi o brasileira de depend ncia mostra de maneira manifesta o significado b sico de nossa despersonaliza o como na o e como projeto hist rico cultural E que o nosso modo de ser social n o decorre de um projeto intencionalmente elaborado pela nossa comunidade mas sim de aplica es mec nicas a nossas atividades pr ticas de esquemas elaborados por outras comunidades em contextos totalment
254. omo se transforma destacando as configura es de rela es sociais os mecanismos os processos as l gicas de a o que caracterizam Nessa perspectiva recorrer as narrativas de vida n o exclui de forma alguma outras fontes tais como estat sticas textos regulamentares entrevistas com informantes situados em posi o central ou a observa o direta dos comportamentos BERTAUX 2010 p 16 Essas raz es metodol gicas nos autorizaram a utiliza o de variadas fontes desde as bibliogr ficas s emp ricas al m de nossa pr pria observa o participante Bertaux 2010 nos fala de um mundo fragmentado ou seja vivemos em sociedades de especialistas sendo assim a abordagem etnossociol gica reconhece esse estado centra seu estudo em uma atividade espec fica ou sobre esta ou aquela categoria de situa o conjunto de pessoas que se encontram em uma determinada situa o social BERTAUX 2010 p 17 Colocamos os sujeitos da pesquisa dentro dessa especificidade e trabalhamos suas narrativas de vida que desta forma configuram se como narrativas de pr ticas em situa o porque assim nos foi poss vel a aproxima o realidade estudada e a compreens o dos contextos sociais nos quais essas pr ticas se inscrevem A observa o participante revelou se adequada a este estudo pois na condi o de estudante do curso de Artes Visuais nos fizemos presente na problem tica constru da Observamos que se essa cond
255. oncebe para cada grupo social em fun o de sua posi o no espa o social o que poss vel ou n o ser alcan ado pelos seus membros dentro da realidade social concreta na qual eles agem e sobre as formas mais adequadas de faz lo Isto por conta da posi o do grupo no espa o social e portanto de acordo com o volume e os tipos de capital econ mico social cultural e simb lico possu dos por seus membros certas estrat gias de a o seriam mais seguras e rent veis e outras mais arriscadas Sendo assim ao longo do tempo as melhores estrat gias acabariam sendo adotadas pelos grupos e seriam ent o incorporadas pelos agentes como parte do seu habitus Em termos gerais a forma o continuada de professores se coloca neste princ pio de acumulo de capital e podemos dizer que ela est vulner vel no campo em estudo pois ainda n o se estabeleceu uma demanda de profissionais suficiente apenas oito 51 se graduaram em 2012 2 uma representa o insuficiente para se estabelecer um retorno social As melhores estrat gias colocadas por Bourdieu de acordo com nossas observa es de campo n o est o consolidadas ou seja formadas enquanto habitus Assim que visualizamos o risco evasivo no curso porque al m dos alunos que persistem esta a melhor palavra neste momento da forma o que ainda n o tem uma identidade acad mica consolidada em aprender a ensinar uma disciplina desvalorizada na matriz curri
256. onceitos quando muitos os querem desta forma desvalorizados fisicamente e moralmente como repassadores de curr culo desta maneira contribuindo se para a m rela o aluno professor e deixando para segundo plano o ensino e a aprendizagem Bourdieu prop e duas estrat gias para os indiv duos sustentarem as formas dominadas da cultura A primeira quando eles reconhecem a superioridade da cultura dominante e em alguma medida buscam se aproximar ou mesmo se converter a essa cultura Ocorre a o que Bourdieu chama de boa vontade cultural o esfor o de apropria o da cultura dominante por parte daqueles que n o a possuem A segunda contrapor se hierarquia cultural dominante visando reverter a posi o ocupada pela cultura dominada Bourdieu n o acredita muito nessa segunda estrat gia pois para ele as cren as os valores 39 e as tradi es que comp em o que se denomina cultura popular n o constituem um sistema simb lico aut nomo e coerente capaz de se contrapor efetivamente cultura dominante Citamos neste momento dois Coriscos que apontam as consequ ncias da m compreens o do ensino de arte nessas falas parece se estabelecer o discurso corriqueiro de que arte n o possui conhecimento sistematizado cient fico e que ela se d na sociedade por pura intui o N s dominados devemos nos bastar com a cultura popular com os achismos e o livre fazer Ser que a cultura erudita propriedade exclusiva d
257. oncernentes as artes visuais como conte do fundamental dentro das linguagens art sticas na educa o b sica Acreditamos numa educa o para a autonomia formando ao mesmo tempo um artista criador e pesquisador habilitado para criar propor discutir e refletir sobre solu es est ticas na constru o de um produto art stico e pedag gico Atentemos para o fato de que em nenhum destes dois momentos se faz refer ncia ou mesmo pequeno embasamento te rico o que nos d ind cios do uso in cuo da palavra ou como bem disse Contreras acima de sua transforma o em um slogan Assim em nossa perspectiva de estudo essas contradi es e contrariedades tamb m revelam uma mitifica o no processo formativo em tal licenciatura Mesmo que n o estejamos aqui em busca de protagonistas para uma encena o tr gica cabe nos o dever da cr tica quando ela se faz pertinente pois n o somos n s pesquisadores que fazemos os fatos simplesmente os trazemos tona Qualquer justificativa que se possa dar para este momento se limitar a uma ret rica j que a realidade se apresenta de forma nua e crua J4 para quem quiser interpret la ou seja ela s apreendida parcialmente como num instant neo fotogr fico no entanto preciso ter recursos te ricos que refutem o n o real da realidade antes que ele se torne um mito indesejado como nos referimos acima Ao darmos continuidade ao desvelamento do significado d
258. onstru o dos conhecimentos nas formas de se conceber e fazer arte e mesmo como desenvolvimento da arte educa o parece n o ter fim Interessante pois se nunca o ouviram em outras atividades de cria o humana o que seria uma exce o certamente j o ouviram na arte fulano tem o dom disso e daquilo Parece ser algo inerente s artes o que nos remete as suas origens m gicas onde somente os iniciados o possu am o dom e podiam exercer a arte com o direito ao xtase concep o bastante controversa para aqueles que desejam ser artistas numa forma o de licenciatura pois al m desta visar os processos e n o a obra n o propicia tal xtase ou mesmo reprime o Na Era Moderna surge um novo personagem segundo os autores o bi grafo profeta ca ador e ao mesmo tempo fazedor de talentos pois oportunizaria os elementos caracter sticos das historias de vida dos artistas com o fim de agregar valor em beneficio do mito do artista Quem sabe at constroem essas invari veis Mais uma vez lembremo nos do caso de Vassari que forjou a biografia de FilipoLippo Citam o exemplo da hist ria de Michelangelo que recebe esse nome como por influ ncia das for as superiores Desejou se desse modo significar que ele se pairava acima de qualquer medida humana e possu a dons celestiais e n divinos KRIS amp KURZ 1988 p 53 Eles mostram a import ncia do jogo de palavras dessa constru o m t
259. onstru o social que acentua a reflex o sobre os contextos institucionais sociais e pol ticos bem como a valoriza o das atua es em sala de aula em rela o sua capacidade para contribuir para uma igualdade maior justi a e condi es humanas tanto no ensino como na sociedade 5 Uma vers o gen rica na qual se defende a reflex o em geral sem especificar grande coisa em rela o aos prop sitos desejados ou ao conte do da reflex o CONTRERAS 2008 p 135 136 155 o que n o se pode o que n o se quer ou o que n o se sabe dizer sempre avalizado por um manual t cnico s vezes obsoleto A Educa o n o uma ci ncia exata feita exclusivamente por professores reflexivos Contreras observa que por isso que ao estender se o sentido deste termo em sua acep o mais habitual como pensamento n o rotineiro fica o professor confuso e passa se a acreditar que qualquer processo que suponha o pensar com dedica o seria uma reflex o o autor justifica isso com Smyth que diz que sem maiores precis es fica vazio de sentido chamar qualquer concep o de professores de reflexiva CONTRERAS 2002 p 136 Encerremos no momento esta busca da concep o do professor reflexivo este que tanto desejamos mas nos par metros de que n o seja a mera presen a de um pensamento n o rotineiro e sim de acordo com as ideias complexas de Sch n e Stenhouse sintetizadas nos quatros pontos da cita o a seguir
260. or em ci ncias sociais a curiosidade isto foi o que nos ocorreu naquela sala de aula quando do surgimento da problem tica Referindo se Escola de Chicago nas d cadas de 20 e 30 como sendo o nascedouro da sociologia emp rica americana que buscava nos procedimentos da etnologia a inspira o para seus pr prios procedimentos diz ele esse tempo parece estar de volta O grande tema da a o humana que tinha sido relegado durante d cadas retorna ao centro do pensamento sociol gico A oferta de teoriza o da a o hoje muito abundante cada escola te rica prop e a sua BERTAUX 2010 interessante o esclarecimento do que seja a a o na vis o do m todo criado para tal perspectiva etnossociol gica sobre os percursos de a o A partir desse momento do nosso texto convidamos voc s leitores a participar da nossa imagina o sociol gica nos termos de C Wright Mills 1972 Tamb m Bertaux 2010 usa uma met fora bastante did tica para esclarecer o que se entende por a o tomamos a seguinte compreens o como refer ncia na pesquisa Neste livro esfor o me em conservar as contribui es dos cl ssicos desenvolvendo ao mesmo tempo um m todo de observa o de percursos de a o que se inscrevem em contextos sociais dos quais eles revelam pouco a pouco as estruturas e as din micas Uma met fora pode ilustrar a diferen a entre essa abordagem e outras centradas no
261. ores Al m de ela n o ser licenciada ela n o tem experi ncia com xilogravura nem com ensino superior Ela como uma aluna que est no mesmo patamar que n s mas que passou no concurso e est agindo como uma professora N1 17 preciso lembrar que no momento da cria o do Curso de Tecnologia em Artes Pl sticas os respons veis n o atentaram para as dificuldades que teriam os alunos na identifica o profissional com a nomenclatura do curso ou com o t tulo de tecn logo at ent o inusitado in cuo para a atua o no mercado de artes pl sticas e para a progress o acad mica pois as Institui es de Ensino Superior por exemplo n o reconhecem seu diploma para acesso a uma p s gradua o Em nosso entender essa uma das consequ ncias mais graves porque n o se possibilita a forma o continuada al m de criar constrangimento nas situa es em que se tem que apelar ao MEC por meio de representa o judicial para que este diploma seja aceito como curso superior Tal fato ocorreu com um de nossos colegas que ao entrar na p s gradua o teve que proceder desta maneira fazendo com que a Justi a reconhecesse seu diploma de tecn logo em Artes Pl sticas Vejamos como sentida a falta de identidade de curso superior nesta forma o docente causando desest mulo aos seus alunos Eu n o tenho orgulho de dizer que estudo no CEFET Parece uma escola N o tem incentivo pesquisa n o tem bolsa as pessoas n o
262. orresponde a um espa o mais profundo das rela es dos processos e dos fen menos que n o podem ser reduzidos operacionaliza o de vari veis MINAYO 2001 p 21 uma abordagem enfim que nos permite m ltiplas conex es interpreta es rela es com diferentes contextos das experi ncias dos sujeitos da pesquisa Nas ci ncias sociais h apenas aproxima es da realidade a objetividade n o realiz vel no entanto poss vel a objetiva o que inclui o rigor no uso do instrumental 21 te rico e t cnico adequado como bem acentua Minayo 1999 num processo intermin vel e necess rio de atingir a realidade Nesse sentido citando a met fora de Pedro Demo a autora afirma o que se pode ter dos fen menos sociais menos um retrato e mais uma pintura MINAYO 1999 p 35 O que se quer dizer com isso que a pintura est carregada de subjetividade de emo es que se sedimentam no quadro via pintor este na analogia presente seria o cientista social que ao imprimir suas pinceladas em busca da m mesis descobre que n o h perfei o no mundo da pintura que esta uma idealiza o o belo inating vel s existe na sua forma pura na natureza do mundo conforme Hegel 1996 em sua obra O Belo na Arte com esta mesma met fora que caminhamos na busca do conhecimento e desta forma que situamos os mitos e preconceitos em suas pr prias paletas isto com gamas de cores
263. os dominantes Quanto a esta carreira profissional quando estou em sala de aula eu s sofro com uma coisa que a heran a maldita dessas pessoas que deram aulas de arte at os dias de hoje pois nos prejudica de certa forma isso porque n s damos aulas em escolas que n o tem a tradi o de se ter professor com forma o em artes em que n o necess rio fazer prova de arte e que os alunos tem uma compreens o err nea de arte de que ela n o reprova e n o tem um conhecimento sistematizado por isso seus conte dos s o por parte desses professore sem qualifica o no ensino de arte desprezado N2 09 meus sonhos sofreram muta o sonhava em ser estilista em desenhar roupas de fazer minhas pr prias roupas e de customiz las tive um atelier de pintura de camisa que faliu porque n o sou vendedora sou artista Fui vivenciando outros tipos de arte arte de rua cultura popular tudo muito forte aqui nesse espa o ONG J tinha tentado o curso do CEFET e tinha pensado n o eu quero estilismo mas n o passei na prova e n o sabia se o curso era de licenciatura em artes visuais ou tecnologia em artes pl sticas n o sabia nem a diferen a entre licenciatura e bacharelado mas eu queria fazer porque terminava com artes visuais terminava com arte N9 05 Esse segundo exemplo frisa bem a situa o de boa vontade cultural quando o indiv duo busca identidade dentro do espa o da cultura dominante O r
264. os determinismos sociais 95 2 13 Preconceito Jos Leon Crochik 1995 em Preconceito Indiv duo e Cultura trabalha o preconceito como problem tica social uma vis o de suas caracter sticas de cunho violento cometido por indiv duos predispostos e provindos de um meio ambiente que os favorece tendo o como natural embora deva ser combatido objetivando a sua extin o Tomaremos dessa leitura aquilo que for essencial defini o de preconceito para discerni lo no mbito das artes visuais e seu ensino N o trataremos sobre uma viol ncia f sica do preconceito mas em rela o ao nosso objeto de pesquisa o temos considerando o como uma viol ncia simb lica moralmente que fere a dignidade dos indiv duos causando transtorno a sua autoestima e contribuindo para desvaloriza los em seus campos profissionais no caso das artes visuais e da doc ncia Embora o preconceito seja um fen meno psicol gico aquilo que leva o indiv duo a ser preconceituoso ou n o pode ser encontrado no seu processo de socializa o quando se transforma e se forma enquanto indiv duo pois o que lhe permite constituir se socialmente tamb m respons vel pelo desenvolvimento ou n o do preconceito Ent o o preconceito uma manifesta o individual que de acordo com Crochik 1995 corresponde s necessidades irracionais do indiv duo mas surge no processo de socializa o como resposta aos conflitos gerados no seu processo de sociab
265. os n o como objetos de pesquisa mas como sujeitos competentes que det m saberes espec ficos ao seu trabalho Entendemos que esse trabalho pode ser configurado como um conjunto uma interse o de a es que fazem aflorar al m de sua objetividade a subjetividade dos professores Neste ponto que podemos avaliar as inten es colocadas nas pr ticas dos professores saber o grau de seu compromisso de sua rela o com o ensino e a 165 aprendizagem saber do seu manejo com a Did tica em que n vel de consci ncia ela se d no seu processo de ensino Lembramos mais uma vez os ensinamentos da professora Socorro Lucena que costuma dizer para seus alunos que a porta de entrada para a doc ncia a Did tica Gostar amos de complementar suas s bias palavras acreditamos que a porta de entrada para o conhecimento do mundo uma boa educa o n o se processa sem uma boa did tica seja ela formal ou informal a Did tica que ordena todo o princ pio que nos possibilita conhecer algo desde o mais leigo ao mais acad mico dos conhecimentos sempre h uma did tica se passando com o mesmo significado e import ncia ela prescinde de ju zos de valores para atuar porque inerente ao ato do conhecer produ o do conhecimento O saber dos professores passa necessariamente pela did tica sem ela o conhecimento pode n o se realizar e sua raz o de ser est na rela o professor aluno No entanto Tardif 2011 conte
266. os que aqui vinham colonizar e mesmo os filhos destes mantinham um p na Europa o que acarretou por muito tempo a falta de sentimento p trio e os conflitos entre portugueses e brasileiros estes ltimos queriam a independ ncia Assim instalou se um pano de fundo ideol gico para a n o cria o de uma cultura genuinamente brasileira com valores e sentido pr prios pois essa colocaria em risco o processo explorat rio portugu s Com esse intuito dominador proibiu se todo e qualquer tipo de autonomia cultural tolhendo as ideias de na o a todo custo pois n o se tinha uma imprensa livre e nem mesmo meios manufatureiros para se fomentar um mercado interno de produ o de bens de consumo tudo era importado da metr pole Foi desta forma impositiva que se iniciou nossa cultura baseada em importa es e a isso de forma geral chamamos de cultura transplantada Viver com os costumes e valores europeus praticamente incompat veis com o clima tropical fazia parte da nova cultura que aqui se formava Assim tendo um p l e outro c a elite n o se ateve aos problemas locais de forma a refleti los de dentro da subcultura aqui formada pelas classes subalternas e pelos ndios e escravos permaneciam cegos diante de tal processo de forma o de identidade cultural Podemos ver nisso claros ind cios de preconceitos advindos do distanciamento dessa elite em rela o ao que acontecia nas senzalas e terreiros da casa grande
267. p tulo pode andar em par com o mito A distin o entre mito e preconceito se faz oportuna podemos implicitamente neste momento do texto ver pelo ngulo do preconceito o que s vem a contribuir para a compreens o moment nea deste t pico e para o fortalecimento de futuras proposi es na pesquisa Kris amp Kurz 1988 voltam se para a diviniza o do artista no momento dir amos de reestabelecer os la os perdidos com a religi o O mito da cria o do mundo cedo se emancipou da esfera das ideias religiosas na qual tem ra zes e tornou se motivo para a forma o de uma s rie de novas lendas Entre os muitos ap crifos que ficaram ligados aos Evangelhos existe um que retrata o pr prio Menino Deus como um artista O Evangelho da inf ncia de S o Tom s KRIS amp KURZ 1988 p 59 No Cinquencentose deu o apogeu art stico pela representa o imitativa da natureza agora a inven o o novo mote a ser seguido e a nova medida de aprecia o o xtase art stico A nova imagem do artista que o s culo XVI produziu est claramente expressa na opini o de que os pensamentos maravilhosos e divinos nascem apenas quando o xtase complementa as opera es do intelecto citam Vassari para certificar tal diviniza o art stica assim inevitavelmente a imagem do artista que cria a sua obra impelido por uma necessidade irreprim vel num misto de f ria e loucura aparentado como embriag
268. pa o interna isto de um departamento que possa tratar suas quest es com mais propriedade acreditamos que para fazer educa o preciso ter o fluxo de m o dupla entre alunos professores gestores e sociedade S para sermos incisivos permitiu se num passado recente desta institui o a inser o da expans o do seu ensino para o terceiro grau de forma a abranger a rea de humanas como as licenciaturas em Artes Visuais e Teatro ao nosso entender isto causou um impacto na forma de ser desta institui o porque a partir deste momento o seu p blico diversifica se tendo a peculiaridade de ser uma experi ncia nova em termos pedag gicos e operacionais Acreditamos com isso se deu de forma muito r pida e sem os devidos cuidados de adapta o uma vez que suas experi ncias se davam somente no ensino t cnico e m dio Queremos dizer que este pode ser mais um dos fatores causadores das intransig ncias o que refor a o afrouxamento hier rquico posto acima haja vista que a institui o delegou a um grupo de professores a tarefa de instituir o Curso de Tecnologia em Artes Pl sticas Esse malogrou por m manteve se o mesmo grupo para ent o montar o curso de Licenciatura em Artes Visuais Entretanto ao formar sua primeira turma o curso 50 reajustou o curr culo sem dialogar com uma das partes interessadas os alunos Notamos que o estabelecimento do curso acarretou um sentimento de propriedade por parte de profes
269. para baixo e n o h uma discuss o de mbito democr tico que contemple toda a comunidade educacional Ent o h uma situa o de naturaliza o criada para se impor o curr culo ou melhor para que ele se estabele a h uma ideologia representando a pol tica educacional e observamos que esta se faz contraditoriamente universaliza o do ensino n o s porque visa s especialidades do mercado mas porque n o contempla a voz dos seus atores como v lida em seu processo Isto se coloca em nossa realidade pesquisada pois os alunos s tomam conhecimento dele curr culo quando j efetivado Ao mesmo tempo em que os fazedores do curr culo agem ideologicamente em nome da ind stria educacional de massa alienando os alunos do curr culo em prol de uma efici ncia de mercado que desmerece a plena forma o human stica a disputa pelo espa o social se d de forma injusta j que a participa o dos sujeitos muitas vezes colocada em cheque mate por conta n o s do arb trio cultural mas da viol ncia simb lica Esta por vez deixa ultrapassar os seus limites abstratos para direcionar se a uma viol ncia f sica h v rios casos de viol ncia policial contra professores em manifesta es p blicas Quando o direito ao di logo interrompido a viol ncia impera sobre os professores Assim tamb m se desfaz o que poderia ser o mito do bom professor como sendo o salvador da p tria e ajuda a criar prec
270. passagem desses jovens para a vida adulta do segundo para o terceiro grau como j dissemos para um momento acad mico ou universit rio este ritual est carregado de significa es que n o se pode desprezar assim como esperan a e f em assumirem se como profissionais e cidad os O que nos levou a pensar desta forma foi a quest o da subjetividade do professor e a sua rela o com seus saberes e a pr tica docente considerados na abordagem de Tardif 2011 da seguinte maneira a miss o educativa da escola no fim das contas pesa mais nas m os dos professores por isso interessar se pelos saberes e pela subjetividade deles tentar penetrar no pr prio cerne do processo concreto de escolariza o tal como ele se realiza a partir do trabalho cotidiano dos professores em intera o com os alunos e com outros atores educacionais Observa ainda que essa perspectiva de pesquisa foi negligenciada durante muito tempo pelas ci ncias da educa o e de maneira geral pelos te ricos e pesquisadores que atuam na rea de ci ncias humanas e sociais e se interessam pelo ensino Tardir 2011 p 228 importante notar que o tempo escolar a hora da sala de aula momento precioso da rela o ensino aprendizagem e dever amos t la como parte do importante culto ao saber Para isto devemos nos apropriar da Did tica n o como uma muleta mas como um recurso autossustent vel possuidor de autonomia e criatividade p
271. processo educacional esse como dissemos parece ser mero coadjuvante Aprender a ensinar dentro de um espa o institucionalizado exige o respeito s hierarquias acad micas mas assistimos ao descumprimento desse respeito no que se 48 refere por exemplo necessidade de professor para a oferta de disciplinas demandadas alunos substituem professores somente para cumprir se a matriz curricular do curso sem que tenham forma o adequada Como se decidiu enveredar por tal solu o para a insufici ncia de professores formados na rea Quem decidiu compreens vel que uma dire o e ou coordena o de curso esteja imbu do de autoridade para encaminhar quest es dessa natureza mas como faz lo Assim entendo que arbitrar o conhecimento sem antes promover o di logo com os alunos estaria contribuindo para a consolida o do mito da negatividade presente tamb m no fato de ser o curso coordenado por profissional sem o devido conhecimento de sua rea haja vista que a coordenadora do curso n o tem forma o na rea de artes visuais Vale a reflex o essas aparentemente pequenas irregularidades s o assim sentidas pelos alunos Esses foram consultados Est o sendo cerceados em seus direitos Se isso ocorre em termos de opini o o que dizer da vigil ncia naturalizada no dia a dia atrav s de c meras que monitoram todos os espa os f sicos do curso como se estudantes fossem prisioneiros ou potenciais criminosos Talvez t
272. proximar a realidade do sujeito formador institui o com a realidade do sujeito em forma o alunos No primeiro em virtude da conjuntura educacional brasileira e no segundo pelo hist rico de vida de cada formando de seus fragmentos biogr ficos conforme a etnossociologia o que se justifica porque a ci ncia social trata dos problemas da biografia da Hist ria e das suas interse es no seio das estruturas sociais MILLS 1972 Sabemos que a forma o do professor um processo cont nuo e boa parte de sua trajet ria se faz por si na pr tica de sala de aula no seu cotidiano com a escola e na sua afinidade com o curr culo marcado por experi ncias educacionais Desta forma o processo dial tico expresso na teoria praxiol gica se d nas rela es de poder estabelecidas no campo de sua atua o Com isso mitos e preconceitos aparecem nessa trajet ria de forma o incorporando se a sua realidade mas surge a d vida quem demanda mais influ ncias dos mitos e preconceito a subjetividade ou a objetividade o aluno ou a institui o E como s o digeridos mitos e preconceito na praxiologia Ao dispormos da teoria praxiol gica neste estudo estamos fazendo a s ntese do campo em quest o entre formandos subjetivo e formadores objetivismo Ent o sem delongas e em pensamento criativo usemos sim a imagina o sociol gica para transcendermos o factual assim exposto por este pr ximo Corisco
273. que cumprir as metas destes rg os fazendo se o curr culo como parte desses jogos de poder globalizados Acreditamos que os gestores ainda n o se desprenderam de uma vis o tecnicista da educa o e os cursos de ci ncias humanas que se d o pelas licenciaturas s encalharam em termos de qualidade no seu processo fordista de produ o isso por falta das habilidades especificas em se tratar com esta rea do ensino Quando a subjetividade trabalhada pelo Ensino de Arte ela fala mais alto do que qualquer engrenagem mec nica do funcionamento social pois deixa de privilegiar a materialidade da vida e quem deseja ordenar o mundo por esse vi s deve abdicar da pregui a em pensa lo como um mundo aut mato e convencer se de que nossas necessidades est o exageradas ao ponto de causar desperd cio e isso desequilibra a sociedade que peca pelos seus excessos de sup rfluos materiais 169 importante frisarmos que o que mais nos interessa nesse processo formativo n o a sua conting ncia como uma simples m o de obra colocada no mercado para suprir uma demanda agora imposta pela lei Acima de tudo o que precisamos zelar pela qualifica o do professor de artes visuais em termos de qualidade de sua forma o principalmente porque no sentido qualitativo que se poder chegar s idealidades deste campo tanto na valoriza o do seu professor como do seu aluno Em outras palavras necessitamos do mito do bom mito
274. r na subjetividade do processo educacional acreditamos haver uma melhor satisfa o das solu es dos problemas sociais quando se considera tamb m a subjetividade Sendo assim vemos a ci ncia atuar superficialmente de forma fria burocr tica e tecnocr tica e isto n o atinge o mago da rela o entre sociedade e educa o formal para solucionar seus impasses na ess ncia ou seja no que consideramos ser o seu verdadeiro sentido de existir a forma o human stica Sabemos que a ci ncia n o independente e sim um instrumento que pode servir com exclusividade classe dominante j o mito consegue penetrar na sociedade com mais espontaneidade permitindo uma organiza o mais equ nime nas rela es sociais pois ele parece n o pertencer a ningu m ningu m se d ao direito de t lo para si ele pertence a todos compreendemos isso melhor no cap tulo espec fico ele n o elege uma classe social para atuar al m de se manifestar em abundancia e de diversas formas Assim os mitos difundem se de forma heterog nea diferentemente da ci ncia que est sempre buscando homogeneidade crit rio de generaliza o e sedimentando se nas rela es objetivas Mas o mito n o fica de fora desta objetividade podendo participar positivamente para sua organiza o por isso evocamos o bom mito Fazemos tal proposi o acreditando ser isto causado pelo modelo de escola reprodutora que conforme Bourdieu trata
275. r seu Instituto de Artes indiretamente colaborou com a recria o do Instituto de Artes da UnB BARBOSA 2008 p 7 Nessa nova configura o surge a perspectiva de trabalhar o Ensino de Arte a partir das propostas do Simp sio Internacional de Hist ria de Arte Educa o em 1984 na Conforme Pierre Bourdieu em As regras da arte G nese e estrutura do campo liter rio S o Paulo Cia de Letras 1996 1996 o campo da arte pode ser definido como um sistema ou espa o estruturado de posi es que possui regras institu das que regem o acesso e o xito no campo e que determinam a posi o ocupada por seus agentes que lutam pela apropria o do capital cultural O capital cultural pode ser conceituado mais como um bem simb lico ritos e mitos que um bem pr tico representativo de uma condi o de classe inst ncia de poder e que definido pela posse de t tulos escolares acad micos somada ao prest gio que eles conferem assim como ao conhecimento dos c digos de deciframento est tico atrav s do dom nio em graus diferentes dos princ pios que definem a maneira leg tima de abordar a obra de arte Nessa perspectiva a express o habitus utilizada por Bourdieu 2001 p 201 corresponde a um sistema de disposi es inconscientes que constitui o produto da interioriza o das estruturas objetivas consistindo num conjunto de esquemas implantados primeiro atrav s da educa o familiar e depois trans
276. ra Sales e Dra Maria Socorro Lucena Lima culminou numa reflex o sobre o processo de constru o de identidade do professor de arte no contexto do ensino superior no Estado do Cear Apesar de ter o seu campo limitado ao Curso de Licenciatura em M sica da Universidade Estadual do Cear campus Fortaleza notamos haver semelhan as dos seus resultados com a forma o docente do CLAV Desta forma podemos ter na referida pesquisa par metros gerais do que ocorre em rela o ao nosso objeto de estudoe que se liga especificamente aos mitos e preconceitos quando relacionamos os fragmentos narrativos desta pesquisa com a nossa Assim interessa nos nesta outra pesquisa o ponto que aborda a constru o da identidade profissional docente e dos saberes da pr tica pedag gica porque temos em comum estas duas categorias como condi es de visibilidade da nossa problem tica Ent o passamos a consider las pontos nefr lgicos da nossa quest o onde incidem mitos e preconceitos com maior recorr ncia Sendo assim tomamos de empr stimo os dados auferidos por tais autores que nos mostram indiretamente o que veio a incidir em nossos objetivos O estudo nos auxilia na constata o de que este campo formativo est saturado de mitos e preconceitos e consequentemente atribulam se mais ainda seus alunos e professores al m das j impostas dificuldades rotineiras encontradas em qualquer rea de forma o docente 167 Por isto que
277. ra julgado sup rfluo e sumariamente dispensado Pois disto o industrialismo tecnocr tico que leva ao desenvolvimento n o precisa SEVERINO apud DUARTE JUNIOR 1981 p 119 Consequentemente a criticidade e a criatividade no interior da educa o formal s o eliminadas por retirarem do curr culo disciplinas como Filosofia Sociologia e Arte conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educa o LDB de 1971 Ainda neste contexto que prioriza a educa o tecnicista imaginemos em que p ficou a Educa o em Arte j que historicamente sempre foi posta margem como disciplina em si negando se ao longo dos anos o seu ensino sistematizado ou a sua epistemologia que a arte educa o Barbosa 2008 Neste sentido Lanier apud Barbosa 1984 sugere que devolvamos a arte educa o em arte 3 4 A nova diretriz educacional nos induz ao fundo do po o cultural em vista desse modelo que se percebe uma educa o banc ria conforme Freire 2005 em Pedagogia do Oprimido quando ela se volta exclusivamente transmiss o de sentidos j prontos e acabados Ilude atrav s da cultura de massa induzindo um sentimento de bem estar este o jarg o da vez refor ado pelos meios de comunica o que tamb m difundem um civismo imposto pelas palavras de ordem e progresso lema do Brasil desenvolvimentista Seus valores ser o incutidos nos jovens estudantes a todo custo surgindo assim a disciplina d
278. ra mostrar resultados estat sticos que falseiam a realidade das demais escolas Ent o fica a quest o ser que simplesmente s arrumamos a casa quando temos visitas O fato de fundar uma Academia de Belas Artes de imediato talvez fosse um desejo antigo da Corte j que esta sua primeira Academia em Artes Pl sticas Mesmo assim trata se de um fato bastante inusitado e no m nimo curioso A Corte Portuguesa partiu s pressas em caravelas que envolviam todos os riscos de navega o al m dos m ticos monstros marinhos e mesmo assim teve a preocupa o de trazer obviamente que para seu deleite os equipamentos culturais de que dispunha boa parte da biblioteca imperial Claro que essas boas inten es n o contemplavam a todos os tupiniquins mas deram esperan as a muitos e o que de se supor mexeram com as estruturas sociais j existentes no Brasil pois a arte aqui independia desta Academia arrumemos a casa a nobreza est chegando Ademais entre os esperan osos em cursar tal Academia o prazer e o deleite de ser artista ou de uma forma ou outra de se relacionar neste meio acad mico deixou de ser um sonho Entretanto por uma vis o do determinismo social as fun es dos indiv duos s o preestabelecidas na sociedade a partir da podemos entender como se tornar artista nesta Academia Isto nos leva a crer que a pr pria Academia um elemento mitificador do ser artista causado pela caracter stica exclu
279. ral que h conforme o 59 conceito de campo social e que se incorporam nos habitus como vimos em Bourdieu Portanto para an lises nos interessaram somente aqueles que se justificaram dentro do campo em estudo Deixamos claro que apesar de ser relevante uma an lise completa sobre preconceitos que se destina mais ao campo da psicologia advertimos que nossas inten es s o sociol gicas por isso tais dados sobre preconceitos ser o tratados nesta perspectiva e somente se afinados com nosso objeto de estudo Assim os preconceitos aqui tratados somente dizem respeito aqueles que surgem nos campos das artes visuais seu ensino e forma o de seus professores seja como v timas ou vitimadores de preconceito S o concebidos como uma forma de coura a social uma defesa que o indiv duo tem para se defender dos fen menos desconhecidos em suas rela es com o meio social conforme veremos em Crochik 2008 Trabalhamos a seguir mais detalhadamente mitos e preconceitos primeiramente com os mitos seu entendimento no mbito filos fico antropol gico e na sua especificidade com as artes visuais e posteriormente com os preconceitos estes partindo de uma compreens o psicol gica para a sociol gica e nos limites do campo da pesquisa como j falamos 2 2 Mitos e preconceitos no campo da pesquisa As reflex es sobre mitos e preconceitos se d o de forma pertinente os seus preceitos te ricos se envolvem com as quest es su
280. ransig ncias sofridas pelos alunos primeiro no processo de identidade do curso o qual negado internamente devido a sua condi o indissoci vel de ser um curso onde a priori se pensa o mundo como um mundo funcional e isto est em seu ber o trabalhar com arte sempre provocador segundo comparamos com bullying o que sofrem os atuais alunos praticado no CLAV pela institui o na medida em que esta n o proporciona aos estudantes uma viv ncia universit ria ou o sentimento de pertencimento a uma institui o universit ria Al m de serem ignorados os saberes discentes os conte dos disciplinares em sua maioria s o postos como quantitativos impulsionados por uma demanda de mercado assim como uma mecaniza o feita para formar m o de obra industrial baseando esta interpreta o no fato de pertencer o CLAV a uma institui o de tradi o tecnicista Em s ntese tal processo sugere a ocorr ncia de uma viol ncia simb lica nos moldes de Bourdieu pois h um afrouxamento das normas da institui o educacional que n o consegue vistoriar tais arbitrariedades Essa particularidade fica meio que despercebida por parte do curso pois seria ela notada apenas por meio de autoavalia o e consequentemente de uma atitude de humildade Cabe a pergunta eles IFCE t m consci ncia de que realmente est o formando um profissional consciente do conte do da disciplina artista professor e de suas responsabilidades Pressupo
281. rcas tornam se parte constitutiva de sua subjetividade Pelo conceito de habitus podemos entender que a subjetividade socialmente incorporada de acordo com a posi o social de cada indiv duo e que as percep es aprecia es e a es refletem essa estrutura o interna quer dizer apresentam caracter sticas pr prias da posi o social na qual se encontra o indiv duo Isso contraria a perspectiva subjetivista pois nega simultaneamente o car ter consciente e aut nomo da orienta o dos indiv duos na a o Dessa forma o subjetivismo superado j que as estruturas sociais deixam de ser vistas como produtoras de comportamentos de uma forma mec nica O lugar do sujeito na estrutura social n o o conduz obrigatoriamente a agir em determinada dire o mas faria com que ele incorporasse um conjunto espec fico de disposi es para as a es que o orientam ao longo de sua vida nas mais diferentes situa es sociais Passamos agora para a compreens o dos conceitos de espa o social campo capital econ mico capital cultural capital simb lico e social mas antes vejamos como s o geradas e classificadas as produ es simb licas na reprodu o das estruturas de domina o social De acordo com Bourdieu os sistemas simb licos podem ser produzidos e ao mesmo tempo apropriados pelo conjunto do grupo ou pelo contr rio produzidos por um corpo de especialistas e mais precisamente por um campo de produ o e
282. regras que ditam por exemplo ter que estar no lugar na hora e com a pessoa certa para ser artista Refutamos esse preceito t o usual no contexto da arte moderna mas colocamos a exist ncia do acaso na arte junto ao m rito dos estudos das pesquisas assim como da dedica o profissional que o sujeito tem para 84 se tornar artista parece ser o caminho mais justo e significativo O poder premonit rio colocado na inf ncia do artista est carregado de mist rios os quais encobrem os valores que sistematizam a profiss o e o fazer artistico colocando os no rol do inef vel conforme Bourdieu 1996 por isso possui natureza mais m stica relacionando se mais ao mist rio Nas pessoas com a excepcionalidade art stica ocorre o agu amento dos sentidos e s o suas habilidades precoces trabalhadas e direcionadas para emergirem no lugar e na hora certa num meio favor vel Ocorre como um diamante achado na natureza que precisa ser lapidado pois potenciais sem direcionamento se tornam impotentes Por isso fiquemos alerta diante da constru o do her i artista desse mito muitas vezes inventado e reinventado lembremos ainda que em nossa contemporaneidade a efemeridade do artista est em voga s o pouco consistentes por desprezarem as pedras do caminho formativo Al m das recorr ncias aned ticas dadas nas biografias como mencionamos os autores descobrem atrav s de um dos mais antigos textos sobre a arte
283. rgidas no campo da pesquisa de forma constante e orbital primeiramente n o os determinamos com um fim em si e al m disso eles n o se criam necessariamente dentro do campo das artes visuais e do seu ensino mas podem advir de outras situa es sociais S o pois considerados como inerentes s rela es sociais Trabalhamos somente com aqueles que se apresentaram incidindo na peculiaridade das quest es que t m suas particularidades necess rias ao entendimento em virtude da problem tica estar locada especificamente em um curso de artes visuais Desta forma tomamos ambas como categorias basilares para a constru o desse modelo de pesquisa Lembramos que em termos gerais objetivamos analisar a intersec o destes mitos e preconceitos no processo de forma o docente e atrav s deles compreender a contradi o gerada entre o ser artista e o ser professor ou mesmo ser ou n o professor Objetivamos trabalhar particularmente tais categorias na forma o docente pois entendemos que ela se configura neste momento hist rico como elemento primordial na valoriza o do exerc cio profissional do professor de Artes Visuais tendo como 60 consequ ncia a valoriza o da Arte no Ensino B sico na rede p blica de Fortaleza Nestas inten es que se estabelecem os limites conceituais sobre mitos e preconceitos na compreens o de como eles s o concebidos pelos sujeitos da pesquisa e nas possibilidades interpretativas de q
284. ria se confundido com a escrita LICHTENSTEIN 2004 p 20 Afirma se 74 que essa rede de topoi est sempre em atividade reinterpretando se atrav s dos textos ou pelos atores dessa referida hist ria da vida dos artistas e que n o atua somente de maneira m tica sobre os esp ritos e as pr ticas da arte ou da cr tica LICHTENSTEIN 2004 p 20 No entanto sendo m tica costuma ser formada por relatos quase sempre inventados por f bulas constantemente reescritas a autora d o exemplo da f bula de Pigmali o Conclu mos que h sempre um tempo passado um anteceder deste relato m tico com rela o hist ria real factual da cria o de uma obra uma anterioridade ideativa do topo que estimula faz nascer e alimenta uma voca o enquanto o artista apenas atualiza as categorias m ticas que lhes preexistem idem Poder amos fazer perguntas nesse sentido ao nosso objeto saber deles quais os topos em que se referenciam mas como j comentamos induzir amos por demais suas respostas Lembremos por m que os topos al m dos descritos pela autora s o hoje dados por uma infinidade de fatores haja vista estarmos passando por uma era da comunica o de massa quando estes topos s o distribu dos num piscar de olhos num apertar de bot o na troca de canal da TV nas redes sociais da Internet etc As influ ncias dos pretendentes a professores ou a artistas passam por estes novos caminhos que simplifi
285. riais e totalit rios para os quais a ideologia incorporada na arte serve para persuadir o povo e isso de forma geral aplicado no sistema capitalista Kris amp Kurz 1988 falam de duas concep es em tempos distintos sobre diviniza o na concep o medieval Deus comparado ao artista na renascentista o artista comparado a Deus o que facilita o tal processo de valoriza o art stica prop sito da heroiciza o da criatividade art stica e os dois favorecem ao mecenato Assim resumidamente a concep o medieval do artista tem seu embasamento na B blia que dizia ser o artista eleito por Deus para executar as obras terrenas com a d diva da capacidade de ser criativo L se no xodo o Senhor nomeou Be alel filho de Uri encheu o do esp rito de Deus em sabedoria em compreens o e em conhecimento e em toda a esp cie de trabalho humano assim como a Aholiab filho de Ahisamak KRIS amp KURZ 1988 p 57 Desta forma o chamamento b blico a infus o do esp rito de Deus e pode ser diretamente comparado ao conceito grego de inspira o Mera semelhan a Claro que n o pois a configura o pol tica medieval necessitava da arte como aliada na difus o dos seus ideais religiosos readequando se dos significados m ticos colocando os agora a servi o da Igreja Cat lica pois os esp ritos da poca estavam subordinados ao divino al m das artes todas as outras atividades sociais
286. rico representa o caminho te rico que aponta a din mica do real na sociedade a dial tica refere se ao m todo de abordagem desse real Esfor a se para entender o processo hist rico em seu dinamismo provisoriedade e transforma o Busca apreender a pr tica social emp rica dos indiv duos em sociedade nos grupos e classes sociais e realizar a cr tica das ideologias isto do imbricamento do sujeito e do objeto ambos hist ricos e comprometidos com os interesses e as lutas sociais de seu tempo MINAYO 1999 p 65 Recorremos tamb m ao instrumental te rico da praxiologia de Pierre Bourdieu seus conceitos de habitus campo e capitais pois esses se prestam an lise do objeto enquanto fen meno social O materialismo hist rico dial tico interpreta a realidade como uma totalidade onde tanto os fatores vis veis como as representa es sociais integram e configuram um modo de vida condicionado pelo modo de produ o espec fico Nessa abordagem sublinha se a base material como determinante da produ o da consci ncia mas assume se a import ncia das representa es sociais como condicionantes tanto da reprodu o da consci ncia como na constru o da realidade mais ampla MINAYO 2001 p 34 Entendemos que tal abordagem adequada a este estudo pois sendo de cunho qualitativo considera a subjetividade e trabalha com o universo de significados motivos aspira es cren as valores e atitudes o que c
287. rita ao mbito da burocracia educacional atinge tamb m a pr tica da sala de aula afirmando se atrav s dos conte dos da disciplina na rela o da teoria e pr tica que de uma forma gen rica configuram se como polos afastados como ocorre frequentemente no ensino b sico na disciplina de arte No entanto o campo das artes n o neutro suas influ ncias ideol gicas reverberam no processo educacional de forma tendenciosa ao ponto de confundirmos os mitos e preconceitos que transitam nos dois campos arte e seu ensino Assim quando temos um ensino que privilegia os processos art sticos orientados pelos PCN Arte e n o o resultado e um mercado que se volta inteiramente para a obra de arte ficando em segundo plano o campo da doc ncia cria se um paradoxo Queremos dizer que h uma diverg ncia de sentidos no campo da forma o docente porque se considerarmos a ess ncia da arte para os benef cios sociais ou seja para a manuten o do equil brio social como j referimos precisamos encontrar caminhos que proporcionem a converg ncia desses campos em proveito da significa o qualitativa no mbito escolar desta maneira que se mitifica o Ensino de Arte criando uma ordem social desvinculada de sua real exist ncia ou para um fim que n o pr prio de sua ess ncia proporcionar o tal equil brio social A fun o do mito ordenar o social tra ar o caminho dos homens mesmo que eles tenham consci ncia plena da sua
288. rma negativa nesse processo afetando diretamente os objetivos do curso formar professores Palavras chave mitos e preconceito forma o docente artes visuais e seu ensino ABSTRACT The theme of this work covers three converging fields visual arts its teaching and its teacher training In the last concentrated assumptions we envision through the myths and prejudices two concepts that guided the proposed questions The research problem is in the contradiction between the interests of the students their choices and the researched course objectives established in its pedagogical project We came from the observation made in the classroom when we listened to the students answers to the following question who was really there want to be a teacher A high percentage did not intend to follow the teaching they explained that the course was only as a bridge a way to approximate of similar areas We justify our concerns in the commitment to the improvement of the teaching art in the public schools We also take into account that the formation process of the teacher has fundamental importance because is an element that proposes changes The research aims to investigate teacher training in visual arts in the representation of students of the training course of Visual Arts teachers of the IFCE based on the myths and prejudices showing how they act in the process of training teaching and in the decision by the student to be or not to be a teacher
289. ro preciso repensar a funcionalidade do ensino de artes dentro da licenciatura pois podemos estar vivendo um retrocesso hist rico no Ensino de Arte da escola b sica partilhado dos mesmos prop sitos pr ticos que n o contemplavam os conte dos da arte como rea de conhecimento e que negavam a sua epistemologia Hoje o Ensino de Arte na escola p blica aparece como uma abstra o da realidade educacional que n o funciona nem em tese E a reflex o do seu professor como bem disse Contreras 2002 se d na forma de um slogan desta forma ele n o consegue fazer o seu discurso movimentar se em dire o s novas propostas pedag gicas em arte e muito menos colocar em pr tica os PCN Artes Lembremos mais uma vez a fala desse Corisco 164 S o poucos os professores que fazem o aluno refletir para que estes possam usar dessa reflex o no ensino fundamental ou m dio De certa forma se voc vai ser professor tem que ter o manejo ou seja a did tica aliada s t cnicas das linguagens em artes visuais como voc vai adequar esses conte dos art sticos N4 08 4 4 Aflorando a subjetividade do professor em forma o Tardif 2010 prop e recolocar a subjetividade dos professores no centro das pesquisas sobre o ensino e sobre a escola de maneira geral Trata se da vis o que op e a maneira tecnicista e a sociol gica atribu da ao professor Na primeira o professor colocado como um mero aplicador de t cnicas de conhecimentos
290. ro de um mesmo campus esses alunos no sentido de respeit los de acordo com suas posi es sociais Obviamente que h processos de transforma o mas o que n o se sabe de que forma isso se d consciente ou n o positiva ou n o ou mesmo se a institui o tem conhecimento de tais queixas por parte dos alunos envolvidos Consideramos ter import ncia para o aluno de n vel superior ta reconhecimento por parte da institui o assim o status quo universit rio se preserva e favorece o processo de Identidade dos cursos superiores desta institui o abolindo se queixas pertinentes como essa Agora uma grande contradi o que existe no curso ter uma coordena o que n o formada em arte ou n o ser da rea de arte que n o entende de pesquisa e forma o em arte Como que voc dirige coordena um curso de arte sem entender patavina do que est sendo ofertado Como uma coordena o vai aceitar as discuss es postas os questionamentos e as reflex es para ela tanto faz porque n o entende E de repente temos uma coordena o que n o da rea de artes sendo somente uma pedagoga obviamente ela tende mais para os interesses das quest es pedag gicas e a arte como fica N9 18 No in cio dos cursos superiores de arte tecnol gicos por exemplo os alunos do CEFET CE n o podiam entrar de bermuda na institui o em nenhum curso universit rio do Cear isto n o acontecia enquanto as jovens meninas podia
291. rou desde o inicio da Academia Imperial de Belas Artes e Of cio esta tratou dicotomicamente o ensino de arte fazendo o em dois n veis um de belas artes para a elite prendar seus filhos de in cio mais as filhas pois n o se queria um filho homem artista na fam lia e o outro de artes e of cio para a qualifica o profissional dos menos abastados da sociedade supostamente menos intelectuais 57 Ao longo do processo hist rico temos in meros exemplos a mostrar at chegarmos atualidade de preconceitos que permanecem como o mencionado em rela o ao fazer manual que parecia ficar relegado a um artista ac falo ou seja n o pensante Na atualidade os preconceitos mais comuns relacionados s artes e seu ensino s o de artista e louco todos temos um pouco arte coisa para vagabundo que n o tem o que fazer faz se arte porque n o se temo que fazer Para que serve o professor de artes visuais Para que serve o ensino de arte O que faz mesmo o professor de arte Pra que serve arte Em suma h uma grande quantidade de preconceitos neste campo Temos tamb m preconceitos que incidem sobre os mitos isso quando os consideramos como supersti o crendice ou quando estamos a ignor los dos aspectos culturais nos quais se inserem Entretanto o mito serve para justificar tudo aquilo que n o se sabe sobre a origem das coisas e dos fen menos de nossa exist ncia pois desta forma que eles est o postos no si
292. rt stica desempenha um papel significativo Essa completude parece ser um valor por direito pr prio a t cnica torna se um fim em si mesma KRIS amp KURZ 1988 p 85 86 87 Em resumo os elementos biogr ficos participam da configura o da imagem do artista representada tal como ficou nos registros hist ricos Assim tentam mostrar as profundezas de onde v m e como as ideias antiga trazem a marca dos mitos que s o perpetuamente renovadas nessa constru o do artista e sua obra A inten o de estabelecer o modo como a aura de poder e mist rio que rodeia o artista expressa nas tradi es liter rias os leva a duas ideias que s o centrais nas biografias A primeira tentar compreender o processo de cria o art stica atrav s do exemplo de experi ncias de vida an logo A segunda tentada pelo estabelecimento direto entre o artista e a obra entendemos como sendo a rela o paternal do artista com sua obra portanto possuidora de sua gen tica encarando o processo da cria o art stica segundo o modelo da vida sexual KRIS amp KURZ 1988 p 102 Partindo do virtuosismo virtuoso pessoa que domina em alto grau a t cnica de uma arte eles abordam o tema pelo vi s da psican lise afirmando que essa interpreta o com conota o sexual j era cunhada pela opini o p blica como uma explica o da rela o do artista com obra de forma leiga ela n o adentrava por completo nas biogr
293. rte dos familiares presentes um mimo para a crian a Desta forma o talento n o deixa de ser um elemento de mitifica o do artista atualmente comum a todas as crian as o h bito de rabiscar por isso deve haver motivos para que se elevem tais rabiscos qualidade expressiva Nas biografias fragmentos narrativos todos os doze entrevistados se reportam fase do rabisco demonstrando ser isto uma invari vel que exalta o talento Nestes casos visto eles s o primeiramente pelos pais familiares e escola prim ria como possuidores de talento O que os autores desejam entretanto n o o que aconteceu na vida deste ou daquele artista em particular mas apenas a natureza da informa o que se pode identificar como pe a t pica de um fundo comum de tradi o KRIS amp CURZ 1988 p 37 procuram um padr o global de talento no qual se encaixam todas as invari veis aquilo que se repete como forma fixa nas biografias dos artistas e isso n o se restringe inf ncia Eles demonstram como se constr i o mito do artista constatando n o haver uma especificidade para tal fim mas uma invariabildade de suas excepcionalidades ou seja a excepcionalidade parece ser a mesma para todos os artistas Desta forma que o processo de mitifica o se mant m numa estrutura fixa independente do artista tornando o uma necessidade social o sujeito artista obviamente oportuniza esse talento que n o deixa 86 de ser proporc
294. s pode ser parcial Entendemos que os conceitos aqui utilizados nos possibilitaram uma lente aproximativa da realidade estudada A sociologia praxiol gica consiste numa teoria da pr tica centrada no conceito de habitus que Bourdieu concebeu a partir do distanciamento das concep es subjetivista e objetivista do conhecimento N s a utilizamos tomando alguns de seus conceitos chave como habitus campo e capital em aux lio s an lises Assim os conceitos desta sociologia operam como um afinador do objeto da pesquisa servindo nos como diapas o uma ferramenta que amplia sua compreens o um filtro que se presta para decantar os ind cios postos pelas narrativas Ademais ao expormos a sociologia praxiol gica de acordo com a perspectiva etnossociol gica estamos movimentando ao mesmo tempo os dados emp ricos e bibliogr ficos sempre que poss vel e adequado Isto se faz em todas as partes do trabalho pois nesta acep o metodol gica n o h uma an lise separada ou um cap tulo pr prio com este fim Vejamos resumidamente como Bourdieu concebe a praxiologia Primeiramente ele explica as duas concep es de conhecimento a subjetivista e a objetivista que s o duas formas de compreender o mundo Na primeira a ordem social produto consciente e intencional da a o individual na segunda a ordem social reificada esta concep o a 31 toma como uma realidade externa que transcende em rela o aos indiv duos o ord
295. s matriculados Chamaram nossa aten o as respostas dos alunos seguinte indaga o quem realmente estava ali para ser professor seguir a carreira docente Na ocasi o ficamos surpresos pois a resposta de cinquenta por cento dos alunos n o pretendiam seguir a doc ncia o que deu margem a nossa reflex o Estes justificavam ao professor que a licenciatura somente lhes serviria como uma ponte Era uma forma de aproveitamento do curso para reas afins no entanto poucos se posicionaram sobre a doc ncia Ficamos a refletir sobre qual o significado dessa porcentagem ou melhor o que existe por tr s do fato de alguns alunos usarem tal forma o como um trampolim A resposta estaria relacionada s condi es prec rias em que se encontram as artes visuais no ensino b sico e a desvaloriza o do professor no Brasil Advertimos que nossas preocupa es educacionais est o sempre voltadas para a rede p blica de ensino Entretanto se fizermos uma analogia com outros cursos de forma o docente mesmo que superficialmente isso s para situarmos nossas id ias poss vel que n o haja tanta rejei o pela profiss o docente em outras reas e mesmo havendo isso pode se dar devido desvaloriza o generalizada do professor tais licenciaturas se sustentam por conta da valoriza o funcional que elas det m na sociedade Desta forma a situa o das disciplinas das reas exatas difere das humanas e ainda mais distant
296. s aos capitais simb licos compreens vel que os que n o disp em de tal consci ncia fiquem mais vulner veis frustra o e os que podem ter a percep o do seu habitus conseguem ver a forma o como mais uma op o o caso deste ltimo Corisco que j possui outra forma o superior na rea de humanas Os indiv duos com maior ac mulo de capitais mais conscientes tenderiam nesta acep o a sustentar um n vel de aspira o social elevado e a colocar objetivos mais ambiciosos e arriscados Os que det m menor volume de capital tenderiam por sua vez a demonstrar um n vel baixo de aspira o social perseguindo fins compat veis com suas limita es objetivas tenderiam tamb m a naturalizar os mitos e preconceitos de acordo com sua posi o social Assim existem diferen as segundo o tipo de capital predominante no patrim nio individual como acabamos de expor Por m os indiv duos tendem a investir mais naquelas reas em que em fun o da composi o de seu capital venham a ter maiores probabilidades de sucesso 53 Observemos sobre isso o quanto o sujeito tolhido em suas aspira es Desta forma acreditamos que os capitais na forma bourdieusiana interferem sobre as voca es pois para ingressar no CLAV h um exame de habilidades sobre artes visuais independente da forma como isto posto o que interessa que se desconsidera tal probabilidade de sucesso do aluno Isto porque se entende que o e
297. s da aprecia o art stica associada ao fazer arte conscientizado BARBOSA 2008 p 3 Ana Mae Barbosa coloca pontos com os quais concordamos eles norteiam os PCN Artes e v m romper paradigmas firmados em per odos anteriores Lei 9394 96 Os pressupostos dos PCN s o considerados vanguardistas no Ensino de Arte apontando nos caminhos para contemporaneidade deste ensino Barbosa n o abole por completo as experi ncias educacionais do passado mas acrescenta novos pontos de vista compat veis com as transforma es sociais vigentes p s ditadura militar Na perspectiva de reestruturar o Ensino de Arte prop e sua sistematiza o de forma a conduzir melhor o aprendizado na rea de arte e garantir lhe um reconhecimento de fato plaus vel no curr culo escolar N o apoio o deixar fazer que caracterizou o modernismo da arte educa o mas busco uma abordagem que torne a arte n o s um instrumento do desenvolvimento das crian as mas principalmente um componente de sua heran a cultural Para isso precisamos da aprecia o da hist ria e do fazer art stico associados desde os primeiros anos do 1 grau Arte n o apenas b sico mas fundamental na educa o de um pa s que se desenvolve Arte n o enfeite Arte cogni o profiss o uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo a realidade o imagin rio e conte do Como conte do arte representa o melhor trabalho do ser humano Arte qua
298. s de uma educa o hip crita que nos impede de manifestarmos a nossa estranheza de forma espont nea ou de n o manifestar estranheza alguma CROCHIK 1995 p 20 natural que desde crian a possamos desenvolver nossa curiosidade mas n o a rejei o frente s pessoas desconhecidas A benevol ncia cont m o enrijecimento pr prio daquele que ao ter que aprender a ser forte despreza toda a fragilidade inclusive a pr pria CROCHIK 1995 p 21 A sensa o de ser o super nomem imposta por uma educa o r gida que n o permite o erro e que normatiza inflexivelmente as regras sociais as consequ ncias disso s o rigidez consigo e dureza com os outros Contudo se o preconceito n o inato em tese a crian a pode perceber que o outro diferente dela sem que isso a impe a de se relacionar com esse outro Segundo 99 Crochik 1995 essa percep o digamos amig vel dificultada pois se d sob a forma de amea a na qual a crian a induzida a sentir isso relativo sua cultura a forma como ela introjeta o preconceito desta maneira que incorporamos os objetos dos quais dependemos e os incorporamos por medo do que aconteceria caso assim n o o fiz ssemos CROCHIK 1995 p 21 o que segundo Freud 1975 ocorre com a introje o de todos os valores Por m pondera Crochik n o pretendemos com isso reduzir o superego com o preconceito um ao outro mas evidenciarmos que em ambos os v
299. s principais deste filme e nosso papel de dire o fica a cargo de um roteiro ou seja colocamos apenas a cena em pauta e n o fazemos mais do que inclu los em seu campo de percep o e de reflex o N o podemos mais nos satisfazer com uma concep o do homo sociologicus que o reduza ao status de simples portador de estruturas e de pap is ou de indiv duo perfeitamente aut nomo que s age em fun o dos seus interesses tais concep es mutilam sua humanidade BERTAUX 2010 p 154 Ent o senhores Coriscos de acordo com esta ltima tomada c nica dada por Duarte J nior 1983 preparem se para entrar em cena abordando inicialmente a quest o curricular Aten o Imagina o sociol gica na cabe a narrativa na m o a o Claquete Voc se matricula na disciplina de Est tica do curso de Artes Visuais e o professor aborda Cinema do come o ao fim acho isso rid culo Porque ele pesquisa Cinema no doutorado ele aborda na disciplina N1 16 O curr culo j que existe constitui se enquanto disciplina se ele discutido e elaborado para dar sentido ao curso de Licenciatura em Artes Visuais deveria no m nimo ser cumprido mesmo sem a participa o dos alunos quando de sua elabora o Dessa forma identificamos os elementos que mitificam e que d o margem aos descaminhos do Ensino de Arte tornado aqui em nosso campo um caminho mais penoso pelos motivos j explicados Entendemos que estes fragmentos de narra
300. sam os processos art sticos e n o a obra de arte isso direcionados ao ensino b sico Constatamos que tal discernimento n o ocorre de forma plena no curso ou seja esse artista professor n o faz parte do discurso oficial e pouco se cogita entre os alunos desconhecendo se por completo n o s a nomenclatura como a sua funcionalidade Acreditamos que se houvesse tal entendimento o curso teria outra motiva o por parte dos alunos que desejam maior nfase nas disciplinas voltadas para as pr ticas art sticas por m essa quest o n o poderia ficar somente na ret rica ou seja necessitaria de uma reformula o curricular que contemplasse no m nimo a igualdade entre as disciplinas pr ticas e te ricas Por enquanto qualquer cogita o desse artista professor dentro do curso pode ser considerada como mito se considerarmos o seu crit rio de inverdade e esta quest o do artista professor pelos motivos expostos no par grafo acima n o condiz com preconceito A percep o dos alunos enquanto futuros professores d se dentro do quadro que eles fazem da educa o brasileira que no entender dos mesmos de precariedade muitos n o pensam em ser professores de ensino b sico querem continuar os estudos para se numa carreira docente ou de pesquisadores da rea que essa seja no ensino superior H o desprezo ou digamos falta de di logo com a educa o e principalmente com a educa o b sica pois a desvalorizam n o so
301. scola e o ensino b sico nos corredores do curso e mesmo que isto seja um problema de mbito geral das Licenciaturas as condi es do est gio n o suprem tal surdez ou miopia este fato aponta uma negativa ao est mulo doc ncia Acho que foi muito importante a iniciativa de cria o do curso mas parece que quem o criou ou de quem o acompanha nesta institui o hoje se acomodou porque os alunos est o dispersos dos objetivos do curso dispersos nas aulas pois vemos que n o h motiva o nas aulas e percebemos que t m professores que n o preparam suas aulas ent o como que n s vamos ser professores de educa o b sica se n o temos uma forma o motivada apesar de n o querer ser professora a princ pio mas essa inapet ncia est sendo refor ada pela institui o N11 07 Se enumerarmos os descasos ocorridos na institui o em quest o ter amos uma lista de acontecimentos que percorrem desde o Curso de Tecnologia em Artes Pl sticas at nossos dias com a Licenciatura em Artes Visuais perfazendo quase uma d cada e meia tempo suficiente para imprimir ao curso identidade relacionando o tradi o da institui o IFCE que tem a seu favor a excel ncia da forma o no ensino t cnico industrial Sem o pulsar do esp rito universit rio este curso ficar sombra de tal tradi o pois o seu verdadeiro sentido s se concretizar se desprender se das amarras individualistas ele precisa de uma emanci
302. segue ter o senso do concreto por restringir se ao mercado As especializa es limitam a vis o educacional como funcionalista e se perdem nas suas especificidades concebendo o mundo mecanicamente e por consequ ncia subtrai os sentimentos human sticos que deveriam ser priorizados na educa o contempor nea Na conviv ncia com essas narrativas n s as naturalizamos e de certa forma passamos a agir inconscientemente com elas sem percebermos somos m ticos afinal de contas praticamente imposs vel um ser humano totalmente aut mato o mito como bem disse Chau 1995 pertence ao lado direito do c rebro sendo este regido pela emo o intui o j a ci ncia pertence ao hemisf rio esquerdo que o lado l gico Isso nos impulsiona a compreender o mito a mostrar sua efic cia para que n o nos tornemos seres robotizados quando perdermos o foco da ci ncia encontramo nos cada vez mais com o mito para nos nortear dar sentido vida e na perspectiva da pesquisa o mito tamb m se traduz nos desejos de ser professor ou artista O ltimo possui a peculiaridade de ser mais independente das institui es formadoras portanto menos sujeito a racionalidade cient fica O mito independe de nossa vontade individual ele age num estado coletivo de coisas sua a o n o pertence a um nico sujeito Ele fugidio aos esquemas ideol gicos e diferentemente da ci ncia n o pode ser apropriado num espa o privado el
303. sileira tem se caracterizado quaisquer que sejam os n veis em que considerada por servir de instrumento de consolida o da sociedade industrial e consumista que se tem instalado no Brasil S assim pode se entender a tend ncia incontrol vel da legisla o educacional no sentido de instaurar o ensino essencialmente profissionalizante em todos os graus Partindo se de uma acusa o totalmente destitu da de fundamentos de que a educa o humanista que sempre predominou no Brasil foi a grande respons vel pelo nosso subdesenvolvimento pretende se realizar este desenvolvimento contando se para isso com uma nova educa o toda ela voltada para a profissionaliza o t cnico industrial Esta acusa o duplamente injustific vel primeiramente porque historicamente nunca houve no Brasil um projeto educacional realmente humanista e segundo porque o pr prio sentido de desenvolvimento foi tomado de outras experi ncias hist ricas sem que se tenha tido entre n s a preocupa o de ver o que significaria para o Brasil este desenvolvimento Concebendo o exclusivamente como crescimento econ mico como progresso tecnol gico e como moderniza o industrial s resta colocar a educa o a servi o desses objetivos Em consequ ncia disto o pouco que ainda cabia educa o de formar uma intelig ncia cr tica capaz de participar da elabora o de um pensamento nacional informador de nosso projeto hist rico cultural ago
304. sores uma confus o a contratempo dos princ pios do funcionalismo p blico pois n o se pode reter para si o t tulo de fundador mesmo que informalmente pois a apropria o do curso ilegal e imoral Ele n o pertence a um dois ou tr s servidores mas comunidade brasileira que paga os impostos e exige transpar ncia em sua forma de gerir o ensino p blico N s j temos em nossa sociedade bustos honor ficos o suficiente que nunca foram eleitos pelo povo Bourdieu observa que ao traduzir simbolicamente de forma irreconhec vel as hierarquias sociais os sistemas culturais contribuiriam para legitimar justificar essas hierarquias Desta forma as diferen as de poder passam a ser percebidas apenas como diferen as de conhecimento de intelig ncia de compet ncia de estilo ou simplesmente de cultura Contrapondo se dimens o economicista da reprodu o social Bourdieu considera que a estrutura social se define em fun o do modo como se distribuem em dada sociedade diferentes formas de poder ou seja diferentes tipos de capital Seu conceito de espa o social passa pela apreens o justamente do car ter multidimensional da realidade social Nesse sentido a ideia fundamental a de que os capitais s o instrumentos de acumula o Quanto maior o volume possu do e investido pelo indiv duo em determinado mercado maiores suas possibilidades de ter um bom retorno Ent o voltamos aqui ao conceito de habitus que c
305. specifico da arte visual e do seu ensino podem contribuir de forma negativa isto concorre para o absurdo do mito contribuindo consequentemente para a aliena o da forma o docente em artes visuais Para os artistas hoje seus fins n o s o mais religiosos e paradoxalmente sua plena autonomia tamb m um mito A neutralidade ideol gica inexiste resta nos ent o saber o que bom e o que ruim sobre as representa es sociais que fazemos da arte Propomos isto para que possamos ajustar os gr ficos da exclus o no sentido de promover a democratiza o da arte e do seu ensino o que tamb m diz respeito ao professor de Artes Visuais no processo de autonomia profissional reconhecimento social valoriza o trabalhista reconhecimento acad mico e etc Tal reconhecimento deve ser buscado sem 5 Queremos dizer que a representa o social in loco n o completamente m tica ela precisa estar apropriada por um discurso narrativo voltado para este fim o que pode estar em processo e o absurdo do mito quando o interpretamos de acordo com a vis o fabulosa exagerada de fantasia ou de sua banaliza o como ocorre na nossa contemporaneidade isto porque os sujeitos na maioria das vezes n o se atem para uma reflex o sem ntica das narrativas e ou as concebem como ideais de um romantismo barato 79 que nos percamos em mitific los e para o professor de artes visuais mais ainda pois a finalidade do seu tra
306. ssariamente o rigor da verdade da seu car ter n o l gico agregado pela magia ocultismo ilus o irrealidade Temos que entender que h uma manipula o da ordem m tica em proveito dos dogmas sociais a apropria o deste poder que se torna tamb m coercitivo visa o ordenamento das regras sociais Isto n o quer dizer que o mito seja particularizado apropriado por uma nica pessoa ou classe de pessoas haja vista que o seu papel vai al m desta ordem social ele organiza as consci ncias por fazer se na cotidianidade da vida s o escolhas dos indiv duos t lo ou n o como norteador de seus destinos de diversas maneiras e por v rios motivos Assim quem os possui parece estar imune s desventuras da vida Temos nas religi es exemplo dessa ordem estabelecida pelo mito 65 Com todas as suas caracter sticas e vicissitudes o mito possui uma qual nos prendemos considerando a a chave de seu enigma o mist rio Indecifr vel por m til para tudo aquilo que n o tem explica o imediata e que reside na concretude das coisas como veremos mais frente O racioc nio posto nas palavras de Rocha 2006 que sintetiza as tres caracter sticas da ess ncia do mito mencionadas h pouco sugeriu nos tal assertiva sobre o mist rio Vimos um pouco da quest o da origem da quest o da verdade e da quest o da interpreta o Estes tr s temas que navegam em torno do mito s o fundamentais na discuss o das suas r
307. sso inconsciente em seus alunos Interessa nos portanto saber como ele se estabelece na rela o habitus e campo e entender em que medida ele ou n o importante na ordena o da situa o social estudada Ao entender a forma como vem sendo tratado o Ensino de Arte podemos perceber um eufemismo quando da contradi o entre a lei e sua efetiva o Porque se trocarmos essa polidez por inefic cia aproxima nos mais do que realmente queremos chamar de descaso E se continuarmos insistindo nessa troca de palavras at esgotarmos a sua sem ntica chegamos a uma vulgar palavra mentira Mas amenizemos um pouco pois esta pr pria do senso comum ent o coloquemos o seu sin nimo a inverdade Quanto ao mito j falamos desse seu crit rio de inverdade mas agora o vemos instituindo se pela contradi o da aplica o da lei que aparentemente parece ter eliminado o preconceito aquele que se d por situarem se as artes pl sticas no mbito das atividades manuais supostamente por n o demandarem uma intelectualidade Percebe se nesta quest o sobre lei que mitos e preconceitos s o de dif cil separa o em alguns momentos ocorrem juntos na mesma situa o como acabamos de dizer Ent o refor emos que para efeito de an lise s podemos eleger um ou outro conforme a 130 import ncia ou circunst ncia em que se apresentaram na empiria Essa constru o m tica que trazemos tona n o fica rest
308. stem tica dessa hist ria nos valemos do livro que tem o t tulo bastante sugestivo para o nosso trabalho A escola invis vel artes pl sticas em Fortaleza 1928 1958 de autoria de Roberto Galv o Lima artista educador e Almir Leal de Oliveira pesquisador que faz um apanhado das viv ncias art sticas deste per odo propondo se objetivar algumas das numerosas faces poss veis de como se deram o desenvolvimento e a dissemina o dos valores art sticos modernistas na capital cearense fazendo uma esp cie de levantamento das express es pict ricas e desse modo entender a cidade e seu povo LIMA amp OLIVEIRA 2008 p 09 Com o trabalho de Lima 2004 nosso objetivo reunir elementos para entender a situa o de descaso do Ensino de Artes na atualidade pois acreditamos que tem rela es com as condi es do espa o geopol tico em que se formou nossa cultura dada sob uma atmosfera social ilhada por outras necessidades mais prementes fato este indutor do preconceito a fica em voga aquele ditado de que arte n o enche barriga de ningu m Como veremos a sociedade dos artistas locais tentou se organizar em busca de conhecimento formal mas sem muito xito Cabe aqui uma reflex o sobre o porqu desse fracasso j que houve no referido per odo tentativas de sistematizar o Ensino de Artes e de que forma pagamos na atualidade as consequ ncias desses insucessos Isso daria tema para outra pesquisa 142
309. stema social para pretensamente validar tornar verdadeiro algo que a priori n o existe uma mentira institu da e oficializada pela cultura uma busca de respostas onde n o h respostas claras e simples Por m no decorrer da evolu o humana alguns mitos s o desfeitos superados pelas ci ncias outros adquirem caracter sticas mut veis criam se ou recriam se ganham uma nova roupagem de acordo com o tempo e o espa o em que s o solicitados constru dos Consultando mais uma vez o Aur lio temos em resumo algumas das caracter sticas b sicas dos mitos assim ordenadas 1 Narrativa dos tempos fabulosos ou heroicos 2 Narrativa na qual aparecem seres e acontecimentos imagin rios que simbolizam for as da natureza aspectos da vida humana etc 3 Representa o de fatos ou personagens reais exagerada pela imagina o popular pela tradi o etc 4 Pessoa ou fato assim representado ou concebido para muitos Rui Barbosa um Sin relativo a pessoa nesta acep o monstro sagrado q v 5 Ideia falsa sem correspondente na realidade as dividas surgidas no invent rio demonstram que a sua fortuna era um mito 6 Representa o passada ou futura de um est dio ideal da humanidade o mito da idade do ouro 7 Imagem simplificada de pessoa ou de acontecimento n o raro ilus rio elaborada ou aceita pelos grupos humanos e que representa significativo papel em seu comportamento FERREIRA 2009 P 1341 A
310. stereotipia A estereotipia nos cega diante da exist ncia real mascara a realidade anestesia os nossos sentidos e pior elemento de manipula o do jogo de ideologias que se d sob a eterna luta entre dominantes e dominados Conforme nosso autor essa estereotipia acarreta preconceito Assim a estereotipia do pensamento n o diz respeito somente aos conte dos que envolvem mas tamb m a forma de pensar que nos exigida Se uma das caracter sticas do preconceito a fixidez das mesmas rea es de rep dio ao objeto o pensar estereotipado que utilizamos por motivos diversos em diferentes esferas do cotidiano n o deixa de se caracterizar pela fixidez de procedimentos que s o aplicados indistintamente a qualquer objeto e assim n o deixa de contribuir com a forma o do preconceito CROCHIK 1995 p 29 31 Havemos de ponderar pois o preconceito afirma uma realidade deturpada o seu contr rio que serve para adjetiv lo deveria se pautar pela n o deturpa o Conchik 1995 nos oferece uma sa da para tal fato dizendo que para isso seria necess rio nos dirigirmos por aquilo que norteasse uma percep o da realidade verdadeira mas n o se precisaria pressupor que essa verdade fosse absoluta e sim que se revelasse ao longo do processo do desenvolvimento hist rico CROCHIK 1995 p 32 Podemos encontrar uma sa da pela sociologia praxiol gica de Pierre Bourdieu sendo esta uma s ntese da subjetivid
311. t o do Professor Mauro Oliveira ainda com a denomina o de CEFET CE iniciam se tr s modalidades de cursos em arte ainda no mbito curricular tecnol gico 147 dentre eles o curso de Artes Pl sticas aprovado pela portaria 383 GDG de 12 12 2001 Apesar da verticaliza o poca s permitiam ofertar cursos de licenciatura na rea de exatas essa a justificativa da n o cria o j de inicio pelo referido decreto das licenciaturas em Artes Todavia importante frisarmos que a real necessidade de profissionaliza o na rea de Artes Visuais em Fortaleza era a forma o docente A falta de professores qualificados um dos fatores da precariedade do Ensino de Arte principalmente no Ensino B sico A isto se soma o fato de encontrarmos atualmente na rede de ensino de Fortaleza professores ministrando aula de arte sem a devida qualifica o burlando se assim a lei que exige a forma o docente em n vel superior Isto acontece tamb m sem raras exce es no ensino superior na rea de arte seja por arranjos institucionais ou n o mas que de uma forma ou de outra pode ser causa de insatisfa es quando o professor n o cumpre o curr culo do curso ora em estudo Eis o depoimento de um Corisco a respeito desta situa o Quem est assumindo a disciplina de xilogravura uma aluna de Licenciatura em Artes Visuais formada como tecn loga um absurdo Uma aluna dando aula num curso superior formando profess
312. ta o bidimensional com efeitos tridimensionais podia ser percebida como m gica Neste contexto o retrato que imita a realidade se confunde com a coisa em si e o fato dessa imita o da natureza do espelhamento da imagem ganha for a com o Mito da Medusa nele o poder desta imagem era de petrificar as pessoas que a encaravam Entendemos isso como uma forma de coer o social delegado ao mito o que n o deixa de ser refor ado pela ilus o da imagem da Medusa Este fato confirma os anseios dos artistas do passado em representar a obra imagem como um ser animado caracterizando se o poder do artista m tico que podia criar vida e movimento Neste sentido a vis o de uma est tua provocar desejo ou de um castigo a aplicar a uma pessoa o ser na ef gie pressup e que a obra de arte era considerada viva KRIS amp KURZ 1988 p 69 Quando se pensa que a cren a em ser m tico mais forte pela fun o m gica da imagem na identidade entre a representa o e o representado menos importante a natureza da imagem Idem Claro pois estamos embevecidos pelas sugest es sociais que circunscrevem o contexto da imagem por essa imagem sugestiva que se d o entendimento dos autores Queremos dizer que n o precisamos racionalizar as imagens para que elas tenham um significado no entanto devemos considerar seus conte dos simb licos Podemos assim trazer para nossa perspectiva de estudo uma contribui o social m
313. te sem fazer parte dessa sinfonia Isso nos faz lembrar a resposta un ssona dos alunos que n o querem seguir a carreira docente Havia ali algo inibidor dos demais sentidos Assim h os mitos e preconceitos que n o s o percept veis num relance num momento impossibilitado de reflex o seja l por qual motivo por m eles n o deixam de fazer parte da realidade do bosque O que n o poder amos deixar de entender no processo de investiga o a forma como os mitos e preconceitos s o naturalizados havendo a interesses alheios s objetividades que promovem o desequil brio entre a escolha de se fazer o curso e as pr ticas emanadas por este mesmo curso estas como sendo contr rias s suas pr prias normas Tal contradi o funciona como elemento criador dos mitos e preconceitos e na observa o acurada desse fato que os vemos detectamos sua a o e os percebemos com mais clareza quando imersos na subjetividade desse campo Em rela o s indecis es sobre ser ou n o professor de arte identificamos na maioria dos alunos entrevistados e atrav s de nossas observa es de campo uma sobrecarga de des nimo com a perspectiva de ser professor no entanto de forma generalizada podemos relacionar tal des nimo conjuntura nacional s condi es impostas ao ser professor no Brasil Entretanto n o descartamos a possibilidade de haver 182 interfer ncia relevante dos mitos e preconceitos nessa situa o mas compree
314. tem tica de f sica N8 21 O primeiro passo para uma mudan a em prol da qualidade do curso seria escutar os problemas dos alunos Para isso eles t m que colocar uma coordena o que tenha mais sensibilidade e que pelo menos uma vez por m s sente com todos para ouvir isso seria O primeiro passo porque a situa o problem tica e por isso que nos desmotivamos N11 15 3 5 A for a da lei e a fraqueza do espirito educacional Quando se fala daquela lei para ingl s ver cujo sentido ilus rio sugerimos ter se enraizado nos costumes de governar o Brasil n o preciso discutir em profundidade o thos da sociedade brasileira nem fazer um encaixe te rico No que se refere por m s coincid ncias digamos da forma o hist rico cultural e s nossas peculiaridades educacionais como o n o cumprimento do curr culo faz se necess ria uma compreens o que distinga a naturaliza o dos jeitinhos e a sua racionalidade pois como j mencionado costume a apropria o do p blico prevalecendo o interesse privado pr tica que nos remete sempre a nossa forma o cultural que nos oferece subs dios para entender o presente Assim apresentamos a Lei 5 692 71 Lei de Diretrizes da Educa o que oficializou o ensino t cnico e ironicamente institui o Ensino de Arte Como j disse Ana Mae Barbosa o fez obrigat rio mas n o o valorizou no curr culo Podemos ver tamb m na observa
315. terfere nos objetivos do curso e induz a forma o inicial a ter prop sitos alheios s suas finalidades H desequil brio entre quest es pedag gicas e propriamente art sticas dentro do curso Lembramos que este curso foi estruturado ainda dentro das mesmas bases f sicas e humanas do Curso de Tecnologia em Artes Pl sticas e esse foi um fator a incidir no perfil do curso segundo nossa an lise Tais suposi es implicam numa relativa desvaloriza o do CLAV prejudicando 13 de certa forma a sua identidade no mbito acad mico e consequentemente o devido valor da Arte na Educa o Ainda perguntamos como e por que a contradi o entre finalidades do curso e os objetivos dos alunos estabelecida nesta forma o atinge diretamente o estudante Desmotiva o Causa desist ncia evas o no curso Insistimos na suspeita de que as causas relacionadas s suposi es acarretam uma evas o de sentido profissional ou ainda uma indecis o em assumir futuramente a doc ncia algo embevecido pelo desejo de ser artista posi o de melhor status em detrimento do ser professor Isso o que analisamos no decorrer da pesquisa A relev ncia deste trabalho repousa na necessidade de se investigar a forma o docente e a consci ncia dessa forma o por parte do estudante desde o seu ingresso Para tal estudo consideramos a experi ncia do extinto curso de Tecnologia em Artes Pl sticas que deu lugar a este outro de Licenciatura Este c
316. terioriza o dessa realidade vivida pelos sujeitos da pesquisa Nesse sentido as suposi es contemplam como seria a normalidade do campo pesquisado enquanto proposta ou projeto da boa forma o docente em artes visuais Tomamos os mitos e preconceitos como elemento desencadeador de nosso estudo e buscamos com base em refer ncias te ricas entender como se d o e se processam dentro do campo social pesquisado Para isso estabelecemos primeiramente seus conceitos independentemente do campo da pesquisa Depois que utilizamos a sociologia praxiol gica para fazermos a liga o destas duas categorias com o objeto da pesquisa principalmente no que diz respeito forma o do habitus Referenciamo nos tamb m na metodologia etnossociol gica Essa abordagem compreende as narrativas como fontes irrefut veis de se fazer ci ncia pois nos fragmentos biogr ficos a a o dos sujeitos elemento configurador da realidade De acordo com 179 a met fora criada por Daniel Bertaux 2010 os fragmentos de experi ncias de vidas s o foguetes que iluminam o campo revelando sua superf cie Unimos sua perspectiva de an lise indutiva que parte do micro para o macro social sociologia praxiol gica para de acordo com seu princ pio de interioriza o da exterioriza o e de exterioriza o da interioriza o estabelecer a compreens o dos mundos sociais Com essas refer ncias te ricas nos inserimos no curso de Licenciatura
317. tino a levou a viver mas pelo contr rio de ser de nascimento elevado um her i desconhecido que ainda tem esperan as de ser descoberto Com base neste fundamento psicol gico podemos entender que a pr pria anedota sobre a juventude de Giotto funcionasse como um tema do pensamento mitol gico e por isso fosse capaz de viajar para longe KRIS amp KURZ 1988 p 42 Por este imagin rio infantil notamos que os Coriscos participam desses desejos de origem oculta idealizada e que n o est o explicitados de forma clara em suas falas ou seja n o capt vel pelo udio e sim por suas gestualidades corporais mas por todo o clima que se deu no ato da entrevista nas express es gestos e comportamento numa aparente ansiedade em esconder tal desejo de exaltar o artista dentro deles ou mesmo ocultando tal vontade com a inten o de valorizar se pois nenhum deles aprofundou se nas suas origens familiares referenciando se diretamente arte como quem quisesse dizer que corre nas minhas veias o sangue de artista Expressam como se perdessem no tempo a hereditariedade art stica Isto de dif cil apreens o mas pode ser percebido tanto pelos estere tipos como pelos arqu tipos estes transitam em seus discursos despercebidamente Tentaremos coloca los aqui mas preciso que se fa a o esfor o de captar o sentido do romance de fam lia posto na cita o acima apresentava alguns pintores ent o toda vez que n o estava
318. tivas revelam anseios dos alunos em rela o s expectativas de forma o docente apontando a contradi o entre o curr culo e a pr tica pedag gica do curso Assim ao reivindicarem um funcionamento correto acionado pela institui o de ensino todo um discurso tecnocr tico e burocr tico que tenta justificar tal 127 momento este discurso se apresenta como um ajuste entendemos ser ele o famoso jeitinho brasileiro Ainda com rela o ao curr culo os fragmentos de narrativas que se seguem convergem com a compreens o de que o habitus em forma o n o est totalmente assegurado para que se possa estabelecer uma identidade acad mica Iluminemos nossa leitura com tais narrativas S o poucos os professores que fazem o aluno refletir para que estes possam usar dessa reflex o no ensino fundamental ou m dio De certa forma se voc vai ser professor tem que ter o manejo ou seja a did tica aliada s t cnicas das linguagens em artes visuais como voc vai adequar esses conte dos art sticos N4 08 Cad essa coisa de fazer com que o aluno pense mais L gico n o falando s de arte conceitual mas que reflita mais sobre os fazeres art sticos N4 11 N s fazemos est gio integrado a outros cursos onde o professor est despreparado para receber voc enquanto aluno de arte ele n o sabe como lhe colocar l na sala de aula para ele muito mais f cil direcionar um aluno que vem do curso de ma
319. to da media o entre as dimens es objetivas e subjetivas do mundo social ou simplesmente entre a estrutura e a pr tica estruturante Conforme Bourdieu a estrutura o das pr ticas sociais n o um processo que se fa a mecanicamente de fora para dentro de acordo com as condi es objetivas presentes em determinado espa o ou situa o social e nem seria um processo conduzido de forma aut noma consciente e deliberado pelos sujeitos individualmente Para ele as pr ticas sociais seriam estruturadas isto apresentariam propriedades t picas da posi o social de quem a produz porque a pr pria subjetividade dos indiv duos sua forma de perceber e apreciar o mundo suas prefer ncias seus gostos suas aspira es estariam previamente estruturadas em rela o ao momento da a o Na teoria praxiol gica cada sujeito de acordo com a sua posi o nas estruturas sociais vivenciaria uma s rie caracter stica de experi ncias que estruturaria internamente sua subjetividade o que constitui uma matriz de percep es e aprecia es que orienta e estrutura as a es do sujeito em todas as situa es subsequentes Essa matriz o habitus 35 que se constitui segundo o autor num princ pio gerador duravelmente armado de improvisa es regradas BOURDIEU 1983 apud NOGUEIRA amp NOGUEIRA 2006 p 28 O habitus formado por um sistema de disposi es gerais que precisa ser adaptado pelo sujeito a cada conjun
320. tos Federais constatamos no campus Fortaleza a necessidade de adequa o ao ensino superior que talvez se possa estender a todos os IFCE s que aderiram referida expans o evidenciada por uma nova demanda de alunos principalmente na rea de humanas Essa adequa o necess ria porque as rela es de tratamento est o assentadas na tradi o do ensino m dio e por isso h o que chamamos de quebra de rituais os quais j est o estabelecidos socialmente pois quando um aluno 149 passa para a forma o superior o que est ligado ao seu processo de autoafirma o social ele passa da vida adolescente ensino m dio para a vida adulta ensino superior e desta forma quer ser tratado exclusivamente como adulto e n o como um colegial portanto precisa se saber se h ou n o uma consci ncia deste fato por parte da institui o pois os alunos est o atentos a estas e outras quest es e suas falas s o reveladoras O coordenador do curso geralmente um professor porque ele conhece a rea sabe das dificuldades do curso L a gente tem uma coordenadora pedag gica como numa escola Isso um atraso para o curso muita coisa n o realizada n o porque ela uma pessoa ruim e mal intencionada mas porque ela n o sabe de muita coisa que um professor saberia facilmente Ela mal conhece os alunos N1 17 Essa uma quest o inc moda sentida pelos alunos por isso a institui o dever saber como diferenciar dent
321. tra no desenvolvimento da criatividade e da express o pessoal do aluno Pois conforme Coutinho s o poucos os cursos de Pedagogia no Brasil que est o procurando sintonizar se com as recentes propostas de ensino de Arte que visam uma concep o que vai al m da subjetividade expressiva num processo que envolve mais o social numa transi o de m o dupla do cognitivo para cognoscente No atual processo de forma o do professor de Arte h um desafio a ser cumprido propiciar a seus alunos uma imers o na linguagem art stica e ao mesmo tempo uma reflex o cr tica e contextual das quest es relativas ao conhecimento implicados no processo conforme A Forma o do Professor de Artes COUTINHO in BARBOSA 2008 p 156 Neste sentido que envolve mais o aspecto did tico considera se a abordagem triangular que propicia ao aluno uma imers o na linguagem art stica e ao mesmo tempo uma reflex o cr tica e contextual das quest es relativas aos conhecimentos implicados no processo art stico Outra proposi o a inter rela o de conhecimentos de diferentes reas o que levaria o aluno futuro professor a vivenciar a interdisciplinaridade em seu processo e priorizar a pesquisa como m todo de investiga o privilegiado para desenvolver no professor sua faceta de pesquisador aquele que sabe buscar relacionar os conhecimentos Destacaremos um ponto capital levantado por Coutinho 2003 sobre a forma o do professor
322. trado Universidade Estadual do Cear Centro de Educa o Curso de Mestrado Acad mico em Educa o Fortaleza 2013 Orienta o Prof Dr Jos Albio Moreira de Sales 1 Mitos e preconceitos 2 Forma o docente 3 Artes visuais ensino l T tulo CDD 370 71 Prograna de P s Gradua o es Eiuca o Universidade Estadual do Cear UECE Centro de Educa o CED Programa de P s Gradua o em Educa o PPGE ce Universidade Estadual do Cear ATA DE DEFESA Aos vinte e oito dias do m s de maio de dois mil e treze Francisco Dilton Chaves Barreto aluno regularmente matriculado no Curso de Mestrado Acad mico em Educa o na rea de concentra o em Forma o de Professores PPGE UECE defendeu a disserta o intitulada MITOS E PRECONCEITOS NA FORMA O DOCENTE EM ARTES VISUAIS NA CONFLU NCIA COM O ENSINO B SICO E O CAMPO ARTISTICO A Banca de Defesa foi composta pelos professores Dr Jos Albio Moreira de Sales Presidente UECE Dra Silvina Pimentel Silva UECE Dra ngela Maria Bessa Linhares UFC e Dr Solonildo Almeida da Silva IFCE A defesa ocorreu das 4 OQ s LIS tendo sido o aluno submetido argui o dispondo cada membro da banca de tempo h bil para tal Em seguida a banca reuniu se em separado e concluiu por considerar AJ RQSVADO O mestrando Francisco Dilton Chaves Barreto por sua disserta o e sua defesa p blica terem recebido conceito SATI ISEN
323. trajet ria sem que precisem saber da real finalidade como se fosse uma aliena o necess ria para suportar a dureza da realidade vivida e o medo de sua finitude ou mesmo para n o se abater pelo sentimento de impot ncia diante das for as objetivas do sistema social isso que nos ensina o mito de dipo no decifrar do enigma da Esfinge o peso do existencialismo traduzido aqui como uma maldi o dos deuses Duarte J nior 1983 observa que neste contexto h uma arte empregada diretamente como ve culo de inculca o de determinados valores e sentidos dir amos alienada de sua cultura No entanto ser que ao decifrarmos o enigma do Ensino de Artes como ele praticado na Educa o B sica cair amos em desgra a como no mito de Para um aprofundamento desta quest o sugerimos a leitura Cultura Visual Mudan a Educativa e Projeto de Trabalho de Fernando Hern ndez Porto Alegre Artes M dicas 2000 131 dipo Bem diferentemente do her i tebano sabemos que nos dias de hoje uma andorinha s n o faz ver o Desta forma se quisermos revelar algum mito o que pode fazer parte do processo de mudan a precisamos primeiramente da organiza o dos alunos e professores em prol de tais resultados valorativos Para que o Ensino de Arte assuma sua real finalidade educar os sentidos est ticos para que venham a contribuir na forma o do homem integral dever o ser agregados outros setores
324. treras 2002 a pr tica profissional n o s a realiza o de pretens es educativas seria como a concep o de did tica que transpassa as paredes da sala de aula Assim diz ele que n s docentes em um mundo n o s plural 152 mas tamb m desigual e injusto nos encontramos submetidos a press es e vivemos contradi es e contrariedades das quais nem sempre f cil sair ou nem se quer captar com lucidez CONTRERAS 2002 p 133 Deste ponto levanta algumas quest es para nos situar na problem tica do que realmente possa ser um professor reflexivo tais como como podemos reconhecer a diferen a entre pluralidade e desigualdade A reflex o suficiente para isso O que faz pensar que a reflex o do ensino conduza por si mesma busca de uma pr tica educativa mais igualit ria e libertadora e n o ao contr rio realiza o e ao aperfei oamento de exig ncias institucionais e sociais que poderiam ser injustas e alienantes Seu objetivo se firma em tentar ver quais limita es existem para uma reflex o com capacidade cr tica nas condi es do exerc cio profissional nas institui es educativas Obviamente n o o podemos acompanhar por inteiro nesta discuss o por m despertamos aqui o interesse em relacion lo proposta do curso de licenciatura que traz tona a reflex o em seu Projeto Pedag gico Este autor nos ajuda a perceber a contradi o por parte deste curso e a contraried
325. tuando elementos importantes como a sua autonomia a reflexividade e a import ncia do conhecimento docente e discente Inserimos quest es sobre os mitos e preconceitos sendo estes observados empiricamente no trabalho de campo e por fim fizemos proposi es sobre a sistem tica do ensino das artes visuais e suas pr ticas docentes Sugerimos a idealidade do 19 bom professor e nos apoiamos na ideia do mist rio para propor o bom mito na doc ncia levando em conta a import ncia do processo de ensino e aprendizagem imprescind vel a qualquer a o pedag gica Ao final pontuamos aspectos conclusivos de modo a sugerir que a atua o dos mitos e preconceitos na forma o em artes visuais do IFCE n o se d de forma consciente algo que propomos ser pensado no mbito deste curso evitando assim a influ ncia desgastante que das condi es externas de ordem da conjuntura educacional brasileira 20 1 METODOLOGIA O m todo a pr pria alma do condo L nin pertinente o dizer revolucion rio o caminho se faz ao caminhar e este melhor quando dispomos dos instrumentos que auxiliem a empreitada Assim as bases do materialismo hist rico dial tico constituem o paradigma desta pesquisa a refer ncia com a qual intentamos a caminhada Entendemos que ele contempla a rela o contextual do fen meno estudado Minayo assim se expressa sobre essa vertente te rico metodol gica o materialismo hist
326. tura espec fica de a o Bourdieu chama esse processo de dimens o flex vel que permite a rela o dial tica ou n o mec nica do habitus com a situa o o que faz distanciar do objetivismo Na hip tese de haver distanciamento dos alunos em rela o aos objetivos do curso devemos indagar se tal adapta o estar funcionando neste fluxo dial tico Observamos neste sentido em que medida est relacionada a dial tica com a proposta de professor reflexivo ou forma o reflexiva como est posto no projeto pedag gico do curso Pois sendo o habitus fruto da incorpora o da estrutura social e da posi o social de origem no interior do pr prio sujeito essa estrutura incorporada seria colocada em a o isto passaria a estruturar as a es e representa es dos sujeitos em situa es que diferem em alguma medida das situa es nas quais o habitus foi formado Desta forma os indiv duos precisam necessariamente ajustar suas disposi es dur veis para a a o seu habitus est formado numa estrutura social anterior conjuntura concreta na qual ele age Fa amos uma reflex o neste momento resta nos saber a que ponto os sujeitos s o conscientes deste processo de ajuste de que forma eles abstraem o conhecimento cotidiano visando sua a o Parece ser isto algo involunt rio mas a elabora o do discurso deve manter minimamente coer ncia com a realidade qual se imprime a a o Dito de outra maneira saber em
327. u pois da forma que se deu no Brasil podemos consider la como o mito da liberdade Essa longa discuss o nos levaria a teses Por ora fechemos nosso racioc nio 116 em pensar tal mitifica o referente aboli o em analogia ao referido Ensino de Artes nas escolas de Ensino B sico Para isso reflitamos sobre os seguintes pontos como ficaram os nossos libertos A que direitos recorriam ou recorrem at hoje Criou se um novo grupo de indiv duos que disputasse os espa os j estabelecidos na sociedade E o Ensino de Arte nos preceitos positivistas liberais ou modernos por que n o se efetivou plenamente ou por que n o se universalizou qualitativamente De certa forma tudo que estiver sob o manto de uma inverdade constitu da pela oficialidade das institui es sociais nos moldes da express o lei para Ingl s ver podemos afirmar tratar se de um mito Quando esta inverdade persiste no imagin rio social ou cria v nculos relacionais a ponto de naturalizar se nos mundos sociais as lendas por exemplo o mito estabelece sistemas de valores que influenciam nas representa es sociais Vejamos outra vis o filos fica que se processou paralelamente ao positivismo na disputa do campo pol tico educacional deste contexto republicano o liberalismo Se para o positivismo a Arte era um caminho at a ci ncia nesta outra vis o filos fica representava um valor em si ou seja tem cunho pragm tico Assim o Desenho
328. u moderna atrav s deste desenhar que chegamos s atuais condi es das artes visuais no ensino b sico pois somos o seu reflexo Institucional ou n o o ensino de arte sempre se fez presente pois ele se d socialmente como uma necessidade da arte por manter o equil brio social ou melhorar a conviv ncia nos mundos sociais Iniciamos esse cap tulo abordando de forma breve o processo de forma o cultural brasileira desde a Col nia tomando como marco inicial a Miss o Francesa de 1816 por ser esta a primeira institui o acad mica da rea de belas artes no Brasil o que caracteriza a formalidade de tal ensino Fizemos considera es de cunho social econ mico e pol tico referindo nos s Leis de Diretrizes e Bases da Educa o e de forma geral conjuntura social e filos fica da educa o brasileira at chegarmos Fortaleza contempor nea isso tudo num movimento diacr nico da nossa hist ria pois buscamos fatos relacionados a mitos e preconceitos Ressaltamos que os primeiros n o estabelecem regras cronol gicas para o seu acontecer sendo mesmo vistos como atemporais ou seja sem necessidade de se estabelecer a sua origem os preconceitos se fazem de forma mais pontual de acordo com as rela es sociais sendo portanto de cunho mais determinista estabelecidos pelo processo hist rico que proporciona o seu surgimento conforme sua conceitua o No cap tulo 4 tratamos da forma o do professor pon
329. ua riqueza respeitando tanto quanto o poss vel a forma em que estes foram registrados ou transcritos 3 Os investigadores qualitativos interessam se mais pelo processo do que pelos resultados ou produtos 22 4 Os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva N o recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou infirmar hip teses constru das previamente ao inv s disso as abstra es s o constru das medida que os dados particulares que foram recolhidos se v o agrupando 5 O significado de import ncia vital na abordagem qualitativa Os investigadores que fazem uso deste tipo de abordagem est o interessados no modo como diferentes pessoas d o sentido s suas vidas Este trabalho se caracteriza como estudo de caso o qual permite uma investiga o emp rica de forma detalhada e o definimos conforme Yin 2010 em duas partes primeiro o estudo de caso uma investiga o emp rica que investiga um fen meno contempor neo em profundidade e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fen meno e o contexto n o s o claramente evidentes ssegundo a investiga o do estudo de caso enfrenta a situa o tecnicamente diferenciada em que existir o muito mais vari veis de interesse do que pontos de dados e como resultado conta com m ltiplas fontes de evid ncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado benefi
330. ualidade desta forma que se imprimia a realidade social No que diz respeito estrutura objetiva ou obedi ncia s leis cabia ao Estado Portugu s tal ordena o amparado pela Igreja Cat lica e com a pr tica do uso da for a pois os oficiais militares expressavam a vontade do Reina Col nia Faz se necess rio recuperar aqui o quadro educacional ou instru o Colonial mais especificamente no que diz respeito ao Ensino de Arte Isto come a a partir de 1808 com a transfer ncia da fam lia real e sua Corte para o Brasil que por motivos pol ticos fugiram do dom nio imperial franc s de Napole o Bonaparte Podemos pensar que nesse momento se completa o ciclo de transplanta o cultural como se fossemos ganhar autonomia cultural ou pelo menos amenizar os transtornos nauseantes do jovem bacharel mencionado anteriormente No entanto a transplanta o veio como que em bloco ou seja seria constru do praticamente um peda o de Portugal no Brasil com a Corte al m dos costumes nobres vieram os meios materiais de prover tais costumes logo se cria a Imprensa R gia e em menos de uma d cada a Academia Imperial de Belas Artes Nesta configura o em que se encontrava o processo formativo da na o brasileira num momento de transi o da Corte que haveria de sofrer adapta o de ambos os lados tanto dos dominadores quanto dos dominados h um choque de rela es sociais que agu aria no nosso entender ainda mais o dista
331. uando incidiram na problem tica Por m refor amos aqui o que dissemos na metodologia sem induzir as respostas deixando os emergirem dos campos tratados e das experi ncias de vida dos alunos Para entender mitos no campo da forma o docente usamos a aproxima o destes s artes visuais haja vista serem estas praticamente ordenadas por elementos m ticos o da genialidade do dom etc na suposi o de que eles migram para o campo do Ensino de Arte ainda por falta de uma sistematiza o do mito no campo pesquisado Esta foi nossa proximidade te rica em termos bibliogr ficos na jun o dos dois campos o art stico e o educacional Propomos isso considerando diversos momentos hist ricos das artes pl sticas e deste ensino mas lembremos que o conhecimento art stico de aplica o generalista voltada para o ensino b sico como temos hoje inicia se com a educa o na era Moderna e mesmo que os mitos sejam long nquos eles ainda t m influ ncias nos dias atuais pois como os veremos se d o na diacronia hist rica Buscamos o entendimento de que tal ensino herda do campo que lhe d origem no caso as artes pl sticas as virtudes e v cios isso ocorre certamente com outras reas Ent o muito do que ocorre ou se sup e ocorrer no campo das artes pl sticas passa a influenciar o Ensino de Arte a hist ria da arte as biografias dos artistas assim como a pr pria tradi o cultural Tudo isso nos aj
332. uanto hoje combatemos a vis o 8 Essa busca pelo status de nobreza a entendemos como algo herdado e travestido de preconceito podemos observar isto j na cultura ib rica em Ra zes do Brasil de Sergio Buarque de Holanda a burguesia mercantil n o precisou adotar um modo de agir e pensar absolutamente novo ou instituir uma nova escala de valores sobre os quais firmasse permanentemente um predom nio Procura antes de associar se s antigas classes dirigentes assimilar muitos dos seus princ pios guia se pela tradi o mais do que pela raz o fria e calculista Os elementos aristocr ticos n o foram completamente alijados e as formas de vida herdadas da Idade M dia conservaram em parte seu prest gio antigo 1984 p 36 A presun o de fidalguia requerida para costumes ancestrais que em subst ncia j n o respondem a condi es do tempo embora persistam nas suas extremidades A verdadeira a aut ntica nobreza j n o precisa transcender ao indiv duo h de depender das suas for as e capacidades pois mais vale a emin ncia pr pria do que a herdada A abund ncia dos bens de fortuna os altos feitos e as altas virtudes origem e manancial de todas as grandezas suprem vantajosamente a pros pia de sangue 1984 p 37 106 euroc ntrica de conhecimento nas artes ci ncias etc Isso nos leva a supor que haveria um grande caos social um desentendimento entre as pessoas por conta dessa aus
333. uas exig ncias s necessidades dos professores Esta situa o paradoxalmente alentadora das condi es atuais em que se faz a forma o objeto de nossa pesquisa pois percebemos uma analogia com o que temos percebido no tratamento dispendido forma o docente Referimo nos a certo distanciamento que conota o descompromisso nesta rea ou mesmo uma inapet ncia seriedade no ensino de arte Sabemos que a demanda de professores de arte bem maior em nossos dias em todo o Brasil pois se ampliou a oferta deste ensino N o devemos portanto admitir o atraso para tal forma o profissional em seu aspecto tanto contingencial como qualitativo pois a realidade da sala de aula ainda contradiz um curr culo que contemple o Ensino de Arte Podemos avaliar tal situa o nos seguintes termos as escolhas curriculares s o feitas de cima para baixo exigidas pela LDB e esta por sua vez s conven es internacionais que tratam da educa o como a Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNESCO Desta forma que se tem a consci ncia por parte do governo brasileiro da import ncia desta forma o e n o pelo cultivo e manuten o da cultura que no senso comum se d de forma mais espont nea na sociedade fica a erudi o art stica legada para alguns poucos que podem aprender em boas escolas padr o do Pa s Afinal para se sair do ranking de subdesenvolvido n s brasileiros temos
334. ucacionais s nos resta o mundo de Alice Acreditamos que neste quadro que estamos pintando com pinceladas toscas o personagem principal o aluno Em tese ele deveria figurar no primeiro plano da obra forma o mas tanto os da Licenciatura em Artes Visuais como os do ensino b sico s o vi timas desse processo de faz de conta o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende resultando em comprometimento da qualidade educacional e algumas vezes s o os alunos tratados pejorativamente como se n o tivessem nenhum interesse Descentralizar fun es e poderes no Brasil infelizmente acaba sendo algo pernicioso porque as pessoas de cargo p blico est o viciadas no personalismo na obten o de m ritos individuais e isso bastante vis vel e presente nos ambientes acad micos e escolares sendo obviamente prejudiciais pois n o se garante a lisura ideol gica que se deve atribuir educa o um campo prop cio ao exerc cio da liberdade de express o que forma o verdadeiro cidad o Colocamos dois fragmentos narrativos que demonstram que apesar de haver uma pol tica de qualifica o do quadro docente esta n o parece atender efetiva 45 necessidade do curso s o desconhecidos os canais onde a decis o de qualifica o tomada sugerindo que imperativos de ordem individual s o os elementos decisivos alimentando procedimentos individualistas na profiss o sem que seja dado o devido retorno aos alunos a gar
335. uda a sedimentar os mitos e preconceitos na realidade pesquisada No entanto consideremos os mitos constru dos no decorrer da hist ria se fazendo presente nos dias atuais com as mesmas caracter sticas essenciais de quando sugiram mesmo com as transforma es sociais ocorridas alguns mant m as mesmas caracter sticas peculiares aos seus mundos sociais Isto o que veremos de in cio na conceitua o geral de mito para em seguida O Situarmos especificamente nas artes visuais no seu ensino e nas narrativas dos alunos Ademais acreditamos que o mito est residindo na forma o docente de forma pr pria isto h mitos gestados no pr prio campo da pesquisa que independem dos mitos da arte Aqui eles se d o tamb m no campo educacional e se formam na rela o deste com sua fun o social ou mesmo com suas verdades e mentiras 61 O preconceito pode se dar revelia desse processo hist rico social ele mais de cunho pessoal mas nem por isso deixa de interferir nas rela es sociais e sua caracter stica se d nas situa es em que preponderam o aqui e o agora nas a es dos sujeitos em assegurar se enquanto grupo e indiv duo agindo mais na manuten o do status quo H v rios fatores para que o preconceito se d neste campo de pesquisa por m lembramos mais uma vez s trabalharemos com aqueles que incidem de forma pr pria nas quest es art sticas e educacionais N o nosso objetivo aqui tra ar um
336. ue n o seja a sala de aula a sim h um semblante mais v vido nestes alunos Ou quando eles se percebem como professores de n vel superior pois nossa hierarquia docente privilegia esse n vel dando lhes uma posi o de destaque criando desta forma um fosso tanto em rela o ao status do t tulo quanto em rela o remunera o salarial tamb m o plano de cargos e carreira para este ltimo bastante atrativo A tese central de Bourdieu a de que os indiv duos normalmente n o percebem que a cultura dominante a cultura das classes dominantes e que ela ocupa posi o de destaque justamente por representar os grupos dominantes Os indiv duos acreditam que esse padr o cultural ocupa uma posi o elevada nas hierarquias culturais por ser intrinsecamente superior aos demais isto os indiv duos percebem como hierarquias apenas simb licas o que seriam principalmente hierarquias sociais entre grupos e classes Conforme Bourdieu essa transfigura o das hierarquias sociais em hierarquias simb licas permite a legitima o ou justifica o das diferen as e hierarquias sociais Ocorre que essa transfigura o das estruturas de domina o social em hierarquias culturais faria com que os indiv duos localizados nas posi es dominadas da sociedade tendessem a admitir sua inferioridade e a reconhecer a superioridade dos dominantes Desta forma que se naturalizam tamb m mitos e preconceitos herdados conservados e
337. uer e Gaskell 2005 p 110 a narrativa privilegia a realidade do que experienciado pelos contadores de hist ria a realidade de uma narrativa refere se aos que real para o contador de hist ria As narrativas n o copiam a realidade do mundo fora delas elas prop em representa es interpreta es particulares do mundo As narrativas n o est o abertas comprova o e n o podem ser simplesmente julgadas como verdadeiras ou falsas elas expressam a verdade de um ponto de vista de 25 uma situa o espec fica no tempo e no espa o As narrativas est o sempre inseridas no contexto s cio hist rico Uma voz espec fica em uma narrativa somente pode ser compreendida em rela o a um contexto mais amplo nenhuma narrativa pode ser formulada sem tal sistema de referentes E de acordo com Sch tze 1977 e Bruner 1990 citado por Bauer Gaskell 2005 p 92 A narra o reconstr i a es e contexto da maneira mais adequada ela mostra o lugar o tempo a motiva o e as orienta es do sistema simb lico do ator Com as narrativas dos sujeitos intentamos uma reconstru o do objeto no sentido de interpretar o recorte da realidade em estudo e buscamos o entendimento dos mitos e preconceitos perpassando a problem tica na tentativa de validar as proposi es que viessem a contribuir para a forma o de professores de artes visuais de forma a valoriz lo dentro e fora da sala de aula do ensino b si
338. ues KRIS amp KURZ 1988 p 52 Com Panofsky eles mostram a ideia da voz interior do artista na filosofia plat nica e neoplat nica esta ltima descreve a maneira como o conceito de ideia dominou a teoria da arte tendo nesta a cria o de uma doutrina de exist ncia absoluta 88 proposta nos escritos de Santo Agostinho que elabora o pensamento de um Deus pessoal que cria o mundo de acordo com uma ideia divina J em D rer o pintor est interiormente pleno de formas combina este conceito com o da inspira o por concess o divina Constatam mais uma invari vel que se d no processo de mitifica o a adula o do divino artista um fio que se entretece em todas as biografias desde o Cinquencento KRIS amp KURZ 1988 p 52 D rer tamb m definiu a atividade do artista na cria o tal e qual Deus fez com o mundo e mais designa o artista como um lter deus reconhecemos de novo o xtase divino o entusiasmo dos gregos j se fizera ouvir na hist ria da descoberta de Giotto E em harmonia com este conceito que no Renascimento testemunhamos a preval ncia da no o de que a atividade art stica n o determinada pela aprendizagem nem pela pr tica mas por um dom especial Este ponto de vista transparece na convic o de que o artista j nasceu artista KRIS amp KURZ 1988 p 52 Esse discurso sobre o dom por mais que tenhamos avan ado nos processos de c
339. ultura art stica brasileira Naquele momento os recursos t cnicos de difus o eram limitados para proporcionar tal revolu o pretendida por seus idealizadores ainda mais num Brasil eminentemente rural al m de que tal movimento tinha o seu epicentro restrito ao eixo Rio S o Paulo Insistimos pois no distanciamento cultural cada vez mais acentuado entre os p los dominante dominados acarretando preconceito que se constru a nas artes 112 pl sticas e tamb m nutrido por uma iconografia que negava uma est tica pr pria assim transplantada Quem n o d vida da representa o idealizada dos escravos e dos ndios feitas por Debret Lembremos que isso foi favorecido pelo car ter manual das artes pl sticas interpretados por uma elite avessa ao labor acostumada ao servilismo do negro que s haveria de amaldi oar qualquer servi o bra al Traduzindo isto em preconceito essa elite resguardava se do pecado da labuta que era reservada s almas penadas Por isso aderiam a tudo que era moderno na inten o de se distanciarem da servid o manual e de tudo que a ligasse a tal ideia Assim distanciam se da Arte Barroca que estava mais pr ximo das camadas populares como bem diz Barbosa Afastando se a arte do contato popular reservando a para the happy fewe o talentoso concorria se assim para alimentar um dos preconceitos contra a arte at hoje acentuado em nossa sociedade a ideia da arte como uma atividade s
340. um caminho pautado por v rios outros que nos possibilita ao menos visualizar nossa caminhada Mesmo que n o cheguemos a um lugar determinado as pedras sempre estar o nos caminhos Assim ao sintetizarmos as ideias sobre o mito da pintura sua import ncia em desvelar como se produz o mito do artista encerramos nossos argumentos com Lichtenstein longe de esgotarmos tal discuss o Esfor amo nos para diversificar a vis o sobre o mito e apontar os pr prios caminhos da pesquisa assim desviamo nos das pedras que n o podemos mover respeitando os limites conceituais com os quais objetivamos desvelar a problem tica da pesquisa Desta forma que compreendemos o veredicto da autora sobre o mito da pintura que suscitou nossas quest es A hist ria se encarregar portanto de transfigurar a aus ncia de reconhecimento art stico e social as vidas prec rias de pintores que sacrificam muito a suas pesquisas pl sticas e ela o far por meio de relatos hagiogr ficos que favorecer o a forma o de novas lendas A for a dos velhos mitos fontes da inven o da representa o transferida para relatos mais ou menos heroicos da vida do artista A oposi o ao mundo da tradi o constitui em si uma din mica pr pria na qual se cristalizam todas as esperan as da modernidade E por isso que a ideia de revolu o pict rica exemplificada por Lesdemoiselles d Avignonde Picasso ou As banhistas de C zanne possui ainda uma dim
341. uma conviv ncia na realidade que est alicer ada por for as m ticas porque ele se proporciona na configura o dos campos sociais afinal n o existe uma sociedade plenamente materialista apesar de ser ele negado constantemente pois o m rito desta ordem social sempre requerido pela racionalidade cient fica esquece se de que as estruturas sociais se d o numa rela o de interdepend ncia e que seu resultado se d por meio da s ntese praxiol gica 67 Estamos sempre a nos perguntar o que mito Uma const ncia que n o sai de nossas cabe as apesar da complexidade da resposta Mas como j frisamos precisamos do seu entendimento ou pelo menos de nos aproximar dele de forma a permitir a an lise no campo da pesquisa Ent o veremos como Buzzi O mito consiste na ingente tarefa de vivermos os mythoi isto as palavras que dizem o concreto Todos estamos imediatamente na sua experi ncia na sua alian a de sua amplitude ainda quando recorremos ci ncia para mensur lo BUZZI 1972 p 87 nas narrativas m ticas que se firmam os elos dos homens entre si e com seu meio ambiente e conforme Buzzi 1972 um povo sem mito um povo que perdeu o senso do concreto desraizado que flutua no a reo sem terra e sem sangue Sua hist ria uma d vida Este ser o caso da forma o docente em artes visuais Criada dentro de um ambiente desfavor vel ao mito numa institui o de cunho tecnicista n o con
342. up rflua um babado um acess rio da cultura BARBOSA 2006 p 20 3 2 Entrando na modernidade Dando um salto na hist ria chegamos Rep blica proclamada em 1889 Neste momento o Ensino de Arte tem os ideais de universaliza o e conforme Duarte J nior 1981 p 112 o ensino de arte nas escolas oficiais se concentrou naquelas destinadas produ o de bens incluindo se em seu curr culo a disciplina de desenho t cnico e geom trico Tais escolas eram frequentadas pelos filhos de trabalhadores ou a pequena burguesia em ascens o Mas a fun o das belas artes que era ensinada nas escolas academias e conservat rios especiais destinava se e concentrava se nas classes mais abastadas da sociedade Esse quadro educacional duradouro concretiza se a universaliza o do Ensino B sico somente na segunda metade do s culo XX Atravessamos a Primeira e Segunda Rep blica ainda nos moldes imperiais Uma das concep es filos ficas utilizadas a partir desse momento republicano a positivista de Auguste Comte refletindo se na Pedagogia de um modo geral e especificamente no Ensino de Arte O positivismo atribu a arte uma funcionalidade especializada na sociedade devendo somente contribuir para os estudos cient ficos pois era apenas uma forma de prepara o do 7 Nelson Werneck Sodr confirma a exist ncia desta camada social ainda no per odo colonial brasileiro em sua obra S ntese da hist
343. urso acaba de formar sua primeira turma no segundo semestre de 2012 com o compromisso de suprir pelo menos na regi o metropolitana de Fortaleza a car ncia de professores desta rea Entendemos ser necess rio zelar por essa forma o inicial e no que diz respeito nossa contribui o desejamos para tal forma o docente o respaldo dos princ pios de reflexividade e de autonomia os quais fazem parte do arcabou o te rico dos autores Alarc o 1996 Contreras 2002 Freire 1996 N voa 1992 1995 e Pimenta amp Ghedin 2006 Para isso buscamos desvelar os valores implicados nesse processo formativo no sentido de orden los como se catalog ssemos as pedras do caminho e acreditamos ser necess rio destitu las enquanto proposi o da pesquisa isto desnaturaliz las dos caminhos dos sujeitos alunos professores e gestores que fazem tal forma o Assim identificamos os mitos inoportunos e os preconceitos taxativos para que o professor e a disciplina de Artes Visuais ocupem o seu devido lugar no curr culo do ensino b sico Considerando a problem tica exposta sintetizamos nossas quest es de pesquisa da seguinte forma 1 Quais s o os mitos e preconceitos decorrentes do campo das artes visuais e do seu ensino Eles est o presentes no curso de Licenciatura em Artes Visuais do IFCE 2 Surge indecis o em decorr ncia desses mitos e preconceitos para seguir a carreira docente Tais mitos
344. vas para demonstrar a influ ncia precoce do destino nas vidas dos grandes homens da hist ria Outro ponto de vista n o interpreta as primeiras informa es dispon veis sobre as vidas dos her is como precursoras em termos de causalidade mas como sinais premonit rios v nas experi ncias da crian a uma indica o das suas realiza es futuras e olha as como provas de uma afirma o precoce da sua singularidade Esta perspectiva mais abrangente e provavelmente mais original KRIS amp KURZ 1988 p 26 Notamos que esse processo de constru o do artista her i determinado socialmente passando por estas categorias a excepcionalidade a decis o das influ ncias na inf ncia e o poder premonit rio Entretanto a respeito desta ltima perspectiva de heroifica o eles afirmam ser mais abrangente e provavelmente mais original e complementando os mais subjetiva mais individual mais psicol gica portanto mais m tica Sendo assim esta a respons vel em grande parte pela aura do artista e por essa perspectiva que caminhamos em dire o nossa problem tica pois acreditamos que a se encontram imantados os elementos constituintes das escolhas feitas por nossos sujeitos assim como suas perspic cias na busca de afirma o pessoal e ou de uma identidade profissional Sabemos que a capacidade criativa n o est diretamente relacionada com as determina es sociais que imp em
345. versidade como um col gio o que tamb m faz parte da vis o do curso N6 10 se n o tiver boas leituras voc vai se influenciar por certas ideologias Tem professores que domina muito bem ideologia no curso e n o das melhores voc saca que existe todos esses conjuntos de preconceitos que est o dentro das linguagens que eles utilizam em sala de aula e que gera contradi o que s depois quando voc vai se questionar e refletir que voc vai perceber Acrescentar um valor a uma coisa que percebemos ser s uma quest o de gosto quando na verdade deveria estar discutindo quest es do desenvolvimento das habilidades que vamos depois transmitir aos nossos alunos E ideol gico porque isso transmitido como se fosse a nica coisa que funciona na arte hoje em dia ou tem a validade art stica existe isso de forma muito nociva e tamb m o que gera desestimula por parte desse discurso N7 14 38 Ao refletirmos sobre estas falas percebemos o quanto podemos nos estender na discuss o por m pegamos tr s pontos chaves nelas e lembrando que estes orbitam nosso tema eixo de pesquisa mitos e preconceitos Assim temos curr culo ideologia participa o Estes elementos caracterizam nas falas uma rela o de viol ncia simb lica porque o curr culo est tomado de poder poder para si que desencadeia o arb trio do que deve e n o deve ser ensinado j que ele est colocado de cima
346. xame para selecionar o candidato que j sabe artes visuais e intu mos que isso se d na perspectiva de aproveitar ao m ximo o potencial dos alunos para demandar maior tempo na forma o para as disciplinas te ricas did tico pedag gicas j que estas s o mais contempladas no curso Entretanto os candidatos procuram o curso por terem afinidades com as artes visuais querendo aprender os processos art sticos o que s se faz contemplando a pr tica Essa de suma import ncia na forma o desse professor pois lhe possibilita compartilhar com seus alunos os conceitos que trabalham o desenvolvimento dos sentidos a sublima o e a est tica nas artes visuais A forma como a matriz curricular est montada no curso motivo de descontentamento por parte dos alunos gerando frustra es logo ap s o terceiro semestre quando a quantidade de disciplinas pr ticas diminui consideravelmente No entanto o ajustamento entre as a es e as condi es objetivas de exist ncia realizadas por interm dio do habitus n o seria necessariamente perfeito Acarretaria no que Bourdieu chama de histeresis a tend ncia do habitus a permanecer no indiv duo ao longo do tempo mesmo que as condi es objetivas que o produziram e que est o nele refletidas tenham se alterado Seria interessante um estudo parte para detectar tal histeresis no curso principalmente na parte que cabe aos professores que s o egressos do extinto Curso
347. xpostos Isto resulta no quadro seguinte escolas p blicas do Ensino B sico n o t m instala es adequadas para o Ensino de Arte e os professores est o despreparados instalando se um verdadeiro jogo de faz de conta Podemos dizer que numa primeira fase da Col nia Segunda Rep blica o Ensino de Arte caracterizou se e efetuou se sob o que denominamos a pecha do preconceito isto porque h uma acentua o desse fen meno em rela o ao Ensino de Artes Visuais Tal fen meno amenizou se quando entrarmos na Modernidade Cultural sabemos n o haver delimita o exata das mudan as hist ricas interessa nos mais a sua forma diacr nica do que a cronol gica se n o contradir amos o que dissemos sobre as Leis de Diretrizes Compreendemos assim nesta que denominamos de primeira fase as dificuldades de implantar oficialmente o Ensino de Arte destacando se como um dos fatores o preconceito elemento que suscita as quest es de pesquisa Ent o ao findar desse processo que sugerimos passar para uma segunda fase que demarcamos como a do Modernismo de1922 em diante Esta fase por se estabelecer dentro do modelo vanguardista da arte europeia e trazer uma vincula o maior do objeto de arte ao seu ensino resulta na eleva o deste objeto como finalidade no processo educativo referimo nos ao Ensino B sico Isso estabelece tamb m novos par metros em rela o emerg ncia da categoria mito dentro da especificid
348. za est tico ideol gica Al m disso neste per odo na Europa j se formara a oposi o entre academicismo e impressionismo este primeiro de est tica neocl ssica que n o representava mais a aristocracia francesa Ainda assim servimo nos das influencias estrangeiras que enriqueciam as experi ncias art sticas para formar nossa tradi o uma arte do Brasil no sentido da sua maioridade da independ ncia com uma identidade emancipada e marcada pelas gera es em decurso desta referida escola de belas artes Pensa se agora como ex col nia na condi o de sede do Imp rio Portugu s No filme Carlota Joaquina dire o de Carla Camurati 1995 retrata se bem esse digamos vexame da chegada e adapta o da Corte ao Brasil Entretanto apesar da implanta o da academia ter sido feita pelos franceses Miss o Francesa de 1816 havia nela uma defasagem de estilo artistico Come a a nossa lacuna temporal em rela o arte que se fazia na Europa no Modernismo tamb m est vamos atrasados em rala o s vanguardas art sticas europeias Completando nosso racioc nio ao criar se o ensino de arte nestas condi es vexat rias acendeu se uma centelha e apagou se outra ou melhor uma fogueira Queremos dizer j ressaltamos isto anteriormente que t nhamos uma express o genu na no estilo barroco e essa foi quase que apagada por press o da pol tica impositora da Academia Ora nossa tradi o era na poca
349. zagem em arte a sua aproxima o e a contextualiza o do conhecimento artistico hist rico e cultural querendo com isto propor a interdisciplinaridade e a import ncia do fruir arte diante das obras No entanto constata se que em grande parte do Ensino de Arte ainda atua se centrado no fazer art stico Segundo Vasconcelos 2000 tal quest o consequ ncia das distor es te rico metodol gicas dos modelos importados sem a necess ria adapta o ao contexto cultural brasileiro tamb m afirmadas por Barbosa a maioria dos professores de arte mesmo do sistema p blico procura mostrar ansiosamente que est usando m todos criados por eles mesmos ou pelo menos modificados por eles As modifica es nunca s o estruturais mas sempre insignificantemente perif ricas e algumas vezes meras redu es de modelos estrangeiros BARBOSA 1988 p 37 Temos um momento de mitifica o nesse processo formativo pois sabemos que o ensino de Arte obrigat rio pela Lei 9 394 96 no entanto os professores dessa rea na sua atua o pedag gica conforme a pesquisa que citamos acima agem superficialmente sobre os conte dos da disciplina Isto porque pulverizam os conhecimentos art stico est ticos sem uma sistem tica did tico pedag gica que possibilite a vincula o entre teoria e pr tica no processo de aprendizagem Entretanto tamb m se revela pela hist ria do Ensino de Arte no Brasil que ainda temos os componentes
350. zamos este trabalho com a sensa o de quem revolve a terra para a semeadura N o tivemos a pretens o de encontrar achados inusitados nem houve deslumbramentos com rela o aos resultados buscamos sim mostrar o teor org nico do campo da forma o docente em artes visuais que pode ser trabalhado em busca de melhorias considerando para isso tanto o conhecimento m tico como o cient fico desvencilhando o dos preconceitos indesej veis causadores da desvaloriza o do professor e do Ensino de Arte Esperamos que sejam f rteis os resultados no sentido de contribufrem com outros estudos e indaga es em prol da forma o docente estudada Assim fertilizamos tal campo visando bons frutos bons professores A pesquisa problematiza tema de cunho bastante subjetivo apesar disto nos foi facilitada por conta da nossa inser o cotidiana no objeto na condi o de aluno sem prejudicarmos a condi o do pesquisador Nas condi es postas entre subjetividade e objetividade na observa o de suas rela es que entendemos como se forma o habitus ou mesmo a idiossincrasia produzida pela a o dos sujeitos Isso possibilitado pelas narrativas fragmentos biogr ficos que s o elevadas condi o de dado cient fico preservando o car ter impessoal da cientificidade face aos conflitos gestados neste campo No entanto entende se que tais conflitos s o o reflexo da realidade objetivada digerida no processo de interioriza o e ex

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