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A partir das águas - Repositório Institucional da UnB

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1. MAT RIAS DE OPINI O FAVOR CONTRA FUN O DOS ASSINANTES 5 GOMES Ciro A integra o do bom senso Folha de x Ministro da S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Integra o Opini o S o Paulo Bras lia 20 set 2005 Nacional 6 ALMEIDA Luciano Mendes de Rio S o Francisco e a x Bispo da Igreja vida pela vida Folha de S Paulo Primeiro Caderno Cat lica Se o Opini o S o Paulo 01 out 2005 7 GOMES Ciro Rio S o Francisco Folha de S Paulo x Ministro da S o Paulo Bras lia Primeiro Caderno Se o Painel do Integra o Leitor 06 out 2005 Nacional 8 FREITAS Janio de Aguas turvas Folha de S Paulo X x Editor da FSP Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 06 T g out 2005 9 GABEIRA Fernando Viver ou morrer pelo S o x Deputado federal Francisco Folha de S Paulo Caderno Folha Ilustrada PV RJ Opini o S o Paulo 08 out 2005 10 ALMEIDA Luciano Mendes de Revitalizar o rio S o x Bispo da Igreja Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Cat lica Opini o S o Paulo 08 out 2005 11 CONY Carlos Heitor A mulher do padeiro Folha de x x Integrante do S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Rio Conselho editorial de Janeiro 08 out 2005 da FSP 12 COELHO Marco Ant nio Tavares Contra Projeto x Jornalista poca beneficia privilegiados Folha de S Paulo Caderno editor
2. Nordeste versus Sul Sudeste bem percept vel e a mobilidade dessa fronteira interna tamb m reflete o dualismo sert o versus litoral do pr prio Nordeste Tem se a cria o do sert o como o lugar que a partir da destrui o de seus povos permite o nascimento da civiliza o nacional As popula es sofrem o xodo rural seja pelos efeitos pol ticos relacionados de certo modo ao fen meno clim tico da seca seja pelos grandes projetos de infraestrutura desenvolvimentistas No caso do sert o nordestino o esfor o de cria o de imagens e a apropria o do significado da coletividade dos grupos sertanejos s o caudat rios de nomes como Jos de Alencar e Euclides da Cunha literatos concebidos como grandes tradutores da realidade Esse ltimo em um de seus escritos chega a mencionar a transposi o do S o Francisco como solu o s secas at mesmo uma prov vel deriva o das guas do S o Francisco para os tribut rios superiores do Jaguaribe e do Piau levando perpetuamente natureza torturada do Norte os alentos e a vida da natureza maravilhosa do Sul CUNHA 1907 p 40 Esse trecho que descreve e simboliza o Nordeste como um lugar do in spito do sofrimento da natureza torturada e coloca o Sul como o lugar da maravilha aparece em diversos documentos oficiais da transposi o Na regi o Nordeste h a institui o governamental centen ria o Departamento Nacional de Obras Contra as Sec
3. amparado pela legitimidade das press es p blicas materializasse a partir de tomadas de decis es dentro das institui es do Estado as respostas adequadas s demandas sociais que ali se faziam O objetivo da Recid fomentar o processo de educa o popular no Brasil Nela participam militantes de diversos movimentos sociais camponeses urbanos mulheres jovens etc H uma cr tica expl cita no interior desse programa e de identidade pois muitos militantes se sentem usados e cooptados ao mesmo tempo reconhecem que um avan o ainda que limitado de participa o popular junto ao governo Alguns tratam a iniciativa do programa como um repasse de esmola para que movimentos sociais possam desenvolver oficinas de educa o popular segundo informa es colhidas em reuni es da Recid e para que o programa sirva como pe a de marketing do governo federal Por meio desse programa criam se la os entre movimentos sociais e a Presid ncia parte dos mesmos atores sociais a envolvidos se relacionam em diversas outras esferas de luta social O que se ressalta desse processo o limiar dos movimentos sociais entre serem apoiadores de um governo considerado democr tico popular e a coopta o de militantes bem como a decep o desses ao perceberem que apesar do avan o em programas sociais h uma fluxo maior na contram o dos movimentos que o fortalecimento do grande capital com o apoio do Estado 118 Todavia o q
4. es de toda a bacia ocorrido em Bom Jesus da Lapa na Bahia Houve a constru o de uma agenda de 7 Para compreender se um pouco da dimens o pol tica que discutida na Romaria da Terra e da gua destacam se os temas abordados em 2010 Que Reforma Agr ria queremos Mata Atl ntica Cerrado e Caatinga como patrim nio nacional Quilombos territ rios de resist ncias guardi es das guas O rio S o Francisco e o neg cio da gua Povo de Deus na luta pol tica pelo bem comum Terra m e da juventude presente que temos futuro que queremos CEBs e Ecologia Ainda o evento englobou o lan amento no Nordeste da Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra Em 2006 o tema principal foi S o Francisco Vivo Terra gua Rio e Povo o lema da Articula o Popular do S o Francisco 111 lutas em comum a favor dos grupos oprimidos da revitaliza o do rio e pautada no recha o transposi o do S o Francisco Levanta se um debate estrat gico para tornar as quest es do S o Francisco uma esfera de cuidado de toda a sociedade brasileira convergindo esfor os para melhorar a situa o das popula es do semi rido A partir desses debates que se estabelece a Articula o Popular do S o Francisco Em meio ao per odo de organiza o dos mutir es surge o protesto da greve de fome do bispo Dom Cappio que veio influenciar as din micas de atua o da Articula o A CPT e a CPP organizam por s
5. o a favor ou contra a obra Tabela 3 A opini o e o peso argumentativo dos editores e colunistas n o representam a posi o pol tica mais aut ntica da Folha de S Paulo sobre a transposi o Essa declarada explicitamente mediante seus editoriais analisados adiante Ressalta se que mesmo um artigo com posicionamento claramente contra a transposi o n o quer dizer que manifeste posi o favor vel s a es da rede de resist ncia ser contra a obra n o significa ser a favor dos movimentos populares Sobre os artigos de opini o publicados pelos integrantes do conselho editorial do Jornal 2 assinados por Janio de Freitas aproximam se de uma vis o que n o toma partido nem a favor nem contra a transposi o J Carlos Heitor Cony escreveu 3 artigos sendo 1 deles sem uma posi o clara em rela o obra por m ridicularizando as greves de fome de Dom Cappio e 2 foram a favor da obra O editor da se o Brasil atual se o Poder na qual h a maioria das reportagens sobre a transposi o Fernando Barros e Silva foi um dos mais agressivos a pessoa de Dom Cappio a verificar por seu artigo do dia 21 de dezembro de 2007 dois dias ap s a decis o do STF Tamb m se observa que dois dos colunistas que mais escreveram contra a transposi o tiveram seus contratos cancelados por ordem da Folha de S Paulo como Lu s Nassif saiu do Jornal em 2006 que escreveu uma sequ ncia de 3 artigos contra a transposi o e 2 a
6. o do Banco Mundial s o fracassadas tendo gerado mais o empobrecimento das popula es atingidas que benef cio 3 2 A ASSOCIA O PRA BARCA ANDAR Surgida no final dos anos 1980 a Associa o pra Barca Andar representa para diversos atores de movimentos sociais um marco na hist ria da articula o popular no que concerne a englobar a es coletivas das quatro sub bacias do rio S o Francisco Segundo a Articula o Popular do S o Francisco 2009 a Associa o a que melhor se aproxima de uma primeira articula o de toda bacia pois integrou a numerosas entidades ambientalistas religiosas a movimentos sociais grupos de estudantes de artistas e de intelectuais cujo objetivo era a defesa socioambiental do S o Francisco Antes dela n o h registros de uma articula o similar Algumas entidades que compunham a Associa o pra Barca Andar estavam estreitamente vinculadas Igreja Cat lica reflexo da not vel capilaridade que as comunidades eclesiais de base e pastorais sociais conseguiram alcan ar ao longo da bacia uma forte influ ncia em diversas das iniciativas de organiza o popular em defesa do S o Francisco Alguns dos coordenadores da referida Associa o mant m se at hoje como atores de refer ncia nas resist ncias populares do S o Francisco como Ruben Siqueira coordenador nacional da Comiss o Pastoral da Terra CPT e Adriano Martins o soci logo que tamb m participou da peregrina o com
7. o do rio S o Francisco Nota se que com o t tulo Invas o contra obra de transposi o tem ger ncia de empresa a atua o de uma invers o Antes a condu o ger ncia da resist ncia 186 representada pelo Jornal era centralizada em Dom Cappio possu a cunho religioso Parece que se intencionou criar trocas simb licas entre as vis es de mundo insurgentes opressores diminuindo o car ter humano religioso tamb m da Ocupa o com o gerenciamento de empresa enquanto se atribuiu vis o Administrativa do Estado um car ter religioso Nesse contexto ressalta se que no dia posterior sa da dos manifestantes do canteiro de obras em 5 de julho de 2007 o procurador geral da Rep blica Antonio Fernando Souza solicitou ao STF a suspens o imediata das obras da transposi o Acontecimento importante que poderia ter sido assunto de mat ria jornal stica mas somente foi registrada 15 dias depois pela Folha de S Paulo cf FREITAS 20 jul 2007 Essa a o jur dica somente foi julgada diante das press es populares e no mbito do segundo jejum de Dom Cappio em 19 de dezembro de 2007 com decis o do STF a favor da continuidade da obra Figura 13 Destaque aos Truk s 6 de julho de 2007 Kardo P Folha imagem Ag ncia A Tarde Texto legenda NOVA INVAS O ndios truc acampam em uma fazenda a 15 km das obras de transposi o do rio S o Francisco em Cabrob PE de onde foram re
8. s vezes se parecem mais aos movimentos populares do que com as pastorais da Igreja Cat lica pois em alguns estados empreendem ocupa es de terra fazem acampamentos conquistam assentamentos nos moldes muito pr ximos de atua o do MST Em outras regi es difere se bastante pois alguns integrantes n o se vinculam s atividades gerais da Via Campesina Isso para n o falar em atua es totalmente diferentes como a de um Comit de Bacia Hidrogr fica e das ONGs Ainda cabe dizer que embora existam diretrizes comuns a movimentos nacionais como o MAB e o MST esses tamb m possuem suas idiossincrasias no modus operandi de cada luta regional e local Em grande medida a rede de resist ncia contra a transposi o foi construindo seu percurso com base nas pedagogias populares as quais n o se conformam por atos autom ticos Requerem seu pr prio tempo para refletir sobre a realidade e para articular as pr ticas emancipat rias Sujeitos hist ricos n o empreendem tarefas de forma mecanizada ou impulsionada por ordens de cima para baixo Al m disso os sujeitos militantes nunca se encontram soltos livres de trabalhos e de responsabilidades cotidianas est o ocupados entre os dif ceis afazeres pr prios das lutas sociais e da vida pessoal de cada um Uma rede de resist ncia popular n o eclode instantaneamente do dia para a noite mas ela se estabelece a partir de longo estudo coletivo e da realiza o de trabalhos n o remunerados
9. 193 Como havia uma espera muito forte de que do STF resultasse uma decis o desfavor vel resist ncia dado de entrevistas de campo muitos militantes ponderaram que nesse momento fosse mais estrat gico abrir m o de algumas demandas que desde a primeira greve eram irredut veis sobretudo no que se diz respeito reivindica o de paralisa o total da obra Em que pesem algumas cr ticas de que a resist ncia popular deliberou por uma entrega dos pontos o que tamb m pode ser dimensionado que dadas assimentrias com o governo federal que a resist ncia teve de ser um pouco mais flex vel com a sua negocia o De toda forma dos v rios pontos de pauta apresentada por Dom Cappio e pelos movimentos sociais os dois mais importantes n o foram aceitos pelos representantes da Presid ncia da Rep blica S o eles 1 manter a suspens o das obras iniciadas da transposi o com a retirada imediata das tropas do Ex rcito CARTA DE CONTRAPROPOSTA 18 dez 2007 apud VIAN 2008 p 61 E a novidade no discurso dos movimentos populares 2 adu o de 9m s para as reas de maior d ficit h drico dos estados de Pernambuco e Para ba redimensionando o projeto atual de 28m s atrav s de Termo de Ajustamento entre o empreendedor e o Minist rio P blico Federal com interveni ncia dos estados da bacia do estado da Para ba e do Comit de Bacia Hidrogr fica do S o Francisco CARTA DE CONTRAPROPOSTA 18 dez
10. BEZERRA Fernando O S o Francisco de volta Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 06 out 2003 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp brasil gt Acesso em 22 set 2010 BORGES C sar A transposi o da trucul ncia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 21 dez 2005 BRITO Pedro A favor gua para todos Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo Bras lia 20 fev 2005 CAPA abordando a segunda greve de fome Folha de S Paulo S o Paulo 19 dez 2007 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 19 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPA abordando a segunda greve de fome Folha de S Paulo S o Paulo 20 dez 2007 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 20 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPA abordando audi ncia no Senado Federal sobre a transposi o Folha de S Paulo S o Paulo 15 fev 2008 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2008 02 15 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPA alusiva segunda greve de fome Folha de S Paulo S o Paulo 18 dez 2007 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 18 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPA com destaque greve de fome Folha de S Paulo S o Paulo 03 out 2005 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 03 2 gt Acesso em 11 ago
11. E quase 150 anos depois n s estamos fazendo essa obra t o necess ria a milh es e milh es de nordestinos BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 14 dez 2010a p 3 O uso da imagem de D Pedro Il realizado com cuidado patri tico o imperador foi impedido por for as ocultas de realizar a obra causando um efeito discursivo como se a obra da transposi o tivesse sido sempre esperada desde tempos remotos Para ent o emergir modestamente um her i atual o pr prio presidente para realizar por vontade pol tica a reden o dos males da seca O imperador impedido de executar a obra foi honrado pelo her i nordestino oper rio presidente que explicitamente proclama ser essa obra uma das maiores paix es da vida ou seja de seu especial orgulho e import ncia pol tica Assim ele declarou na v spera de transfer ncia do cargo presidencial momento em que os presidentes costumam indicar desde seus pontos de vista sobre o que deve o Estado realizar de mega empreendimentos infraestruturais A utiliza o de ret ricas anacr nicas em que se tomam emprestados personagens do passado transformando os em totens heroicos no presente no intuito de legitimar propostas pol ticas de l deres carism ticos foi discutida por Karl Marx em O 18 Brum rio Aqui auxilia sua reflex o para compreender esse mecanismo discursivo que ainda se reatualiza exatamente nessas pocas de crise revolucion ria eles conjuram temerosa
12. Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Macei 06 ago 2006 7 FERNANDES Kamila Transposi o divide governadores eleitos Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Fortaleza 07 nov 2006 8 SALOMON Marta Governo tenta driblar a es contra obra no S Francisco Licita o de R 3 3 bi ser desmembrada enquanto o STF n o autoriza transposi o Para agilizar os trabalhos os projetos executivos com pre o estimado em R 90 mi ser o objeto de edital a ser lan ado at o final do m s Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 07 nov 2006 9 DELGADO Malu Transposi o custar mais que o previsto calcula TCU Para tribunal obra no rio S o Francisco beneficiar popula o inferior estimada TCU avalia que Estados n o v o conseguir distribuir a gua popula o depois que as bacias fluviais da regi o estiverem integradas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 11 nov 2006 10 LO PRETE Renata Painel guas revoltas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 13 nov 2006 11 SALOMON Marta STF derruba liminares que suspendiam transposi o Minist rio da Integra o Nacional pretende iniciar obras no S o Francisco em janeiro Foram derrubadas pelo Supremo mais de dez a es que alegavam riscos sociais e ambientais escassez de gua e falhas no projeto Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se
13. RODRIGUES 2007 p 1 Como comentado anteriormente 2005 foi um ano de grandes esc ndalos pol ticos vide o esc ndalo do Mensal o assim preocupando a Presid ncia da Rep blica quanto a sua imagem e a de Lula Portanto n o de se desconsiderar que diante da aten o midi tica ao caso da greve de fome de Dom Cappio que a Presid ncia pudesse temer que a partir disso se criasse uma pol mica ainda maior sobre a transposi o e a democracia do governo Lula refletindo se diretamente sobre os resultados das elei es de 2006 3 8 O DI LOGO DE SURDOS DE 2006 A a o do bispo surtiu alguns efeitos imediatos pois foi not rio um maior agrupamento e fortalecimento da mobiliza o popular opositora transposi o Conseguiu se pautar a m dia nacional que se posicionou relativamente a favor da resist ncia Parte da 113 opini o p blica se declarou a favor da paraliza o da obra e de um amplo debate sobre a transposi o e a revitaliza o do rio S o Francisco Alcan ou se interlocu o direta com a Presid ncia com o objetivo de se pressionar pelo cancelamento do projeto Portanto a greve de fome logrou frear o cronograma da transposi o mas em nenhum momento os arautos da transposi o e suas equipes curvaram se s principais demandas da rede de resist ncia Ao contr rio continuaram a trabalhar pensando em como driblar as dificuldades que pudessem surgir em 2007 quando possivelmente Lula j estivesse em se
14. es de direitos humanos de comunidades quilombolas e ribeirinhas povos ind genas e fam lias assentadas de reforma agr ria as margens do rio S o Francisco Bras lia Recife Plataforma Dhesca Brasil Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econ micos Sociais Culturais e Ambientais dez 2010 SCHERER WARREN Ilse Das mobiliza es s redes de movimentos sociais Sociedade e Estado Bras lia v 21 n 1 jan abr 2006 p 109 130 SIGAUD Lygia O Efeito das tecnologias sobre as comunidades rurais o caso das grandes barrragens S L RBCS n 18 1992 p 18 29 SIMMEL Georg Sociologia Organizador da colet nea Evaristo de Moraes Filho S o Paulo tica 1983 SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CI NCIA SBPC Encontro Internacional sobre Transfer ncia de Aguas entre Grandes Bacias Hidrogr ficas Recife out 2004 Dispon vel em lt http www abes al org br sbpc1 PDF gt Acessado em 4 jul 2011 SPIVAK Gayatri Chakravorty Can the subaltern speak In WILLIAMS Patrick CHRISMAN Laura Colonial Discourse and post colonial theory a reader New York Columbia University Press 1994 p 66 111 THOMPSON John B A m dia e a modernidade uma teoria social da m dia Trad Wagner de Oliveira Brand o 8 ed Petr polis Vozes 1998 Ideologia e cultura moderna teoria social cr tica na era dos meios de comunica o de massa Trad Grupo de Estudos sobre Ideologia Comunica o e Representa es Soc
15. es judiciais foram iniciadas O dia 14 de mar o Dia Internacional de Luta Contra as Barragens foi marcado no Brasil por diversos protestos do Movimento dos Atingidos por Barragens MAB que refor aram o recha o transposi o Cerca de 600 manifestantes estavam em Bras lia desde o dia 12 de mar o em frente Torre de Televis o no acampamento que se intitulou Pela vida do S o Francisco e do Nordeste As atividades organizadas em Bras lia tinham o intuito de retomar o di logo com o governo federal Na audi ncia no MMA ficou claro o posicionamento da ministra Marina Silva em favor da obra No Minist rio P blico Federal houve audi ncia qual acudiram mais de 400 militantes da rede de resist ncia contra a transposi o al m de representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci ncia SBPC do Tribunal de Contas da Uni o TCU do Comit da Bacia Hidrogr fica do S o Francisco CBHSF da Associa o Brasileira do Minist rio P blico do Meio Ambiente Abrampa e da Ag ncia Nacional de gua ANA Apenas os representantes da ANA se colocaram a favor da transposi o Em audi ncias no STF advogados do movimento foram recebidos pelos ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso o atual presidente do STF com mandato desde abril de 2010 que votou contra a obra de transposi o no julgamento de 19 de dezembro de 2007 que se declararam cientes da necessidade de urg ncia nos julgamentos Na oportunidade hou
16. es teve pico de efervesc ncia entre 2005 e 2007 sofrendo um refluxo em 2008 com o avan o do empreendimento ent o liderado pelo Ex rcito Nesse contexto esta tese foi motivada pela seguinte pergunta de que forma discursos veiculados pela Folha de S Paulo retrataram a rede de resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco no per odo de 2005 a 2007 A metodologia utilizada foi a an lise de discurso com base em referentes imag ticos e textuais da Folha de S Paulo interessando compreender por quais mecanismos ideol gicos isto por quais estrat gias de constru o simb lica a resist ncia popular foi retratada pelo Jornal A pesquisa verificou que 61 5 das reportagens do Jornal sobre a transposi o foram elaboradas de forma a noticiar centralmente a es da rede de resist ncia Entretanto nas capas fotografias reportagens e editoriais notou se que em grande medida essas publica es ocultaram a diversidade de atores sociais da rede de resist ncia bem como as suas propostas socioambientais e alternativas transposi o Outra estrat gia utilizada foi a de ridicularizar e ou minimizar a import ncia pol tica das lideran as e da organiza o da resist ncia Comumente as mobiliza es foram simbolizadas como atos violentos vinculados a vandalismos a invas es ou representadas em oposi o a for as militares Percebe se que a busca desses atores por participa o pol tica emancipat ria foi basta
17. foi expulso de suas terras e 120 fam lias foram reassentadas em lIbotirama no estado da 92 Bahia a mil quil metros de dist ncia do seu leg timo territ rio Itaparica submergiu Petrol ndia e Itacuruba em Pernambuco E Rodelas e Barras do Tarrachil na Bahia desabrigando a cerca de 40 mil pessoas Uma das principais demandas dos atingidos at hoje para que ind genas e comunidades ribeirinhas recebam a titularidade de suas terras Os atingidos seguem exigindo o cumprimento das benfeitorias sociais como reassentamento rurais em projetos populares de irriga o O acordo entre os atingidos e a Companhia Hidro El trica do S o Francisco Chesf foi para que em 1988 logo ap s enchimento do reservat rio todos os projetos econ micos estivessem em opera o Todavia as fam lias permaneceram impossibilitadas de trabalhar Algumas conseguiram taxas de assist ncia da Chesf uma situa o que na pr tica com o decorrer de tantos anos os atingidos comparam a um projeto d bil de aposentadoria precoce Os atingidos organizados no Polo Sindical do Subm dio S o Francisco no munic pio de Petrol ndia PE denunciam e pressionam o governo e o Banco Mundial para que seus direitos sejam alcan ados Em 1997 solicitaram um painel de inspe o ao Banco Mundial por ele ter sido um dos principais financiadores da hidrel trica e por haver descumprimentos de acordos pr vios sobre os projetos de reassentamento de Itaparica Eis um dos
18. nessa inst ncia jur dica 196 A Associa o de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia AATR entidade integrante do F rum Permanente de Defesa do S o Francisco da Bahia FPDSF descreveu assim a sess o do Supremo Dois recursos para suspender a transposi o foram colocados para julgamento um das organiza es da sociedade civil e outro do Minist rio P blico Federal ajuizado em 5 de julho de 2007 pelo procurador geral da Rep blica ap s a Ocupa o em Cabrob Tratava se ent o de apreciar o pedido liminar mas ainda n o seria o julgamento definitivo das a es pois ainda existem outras 12 a es a serem julgadas pelo STF por m podem perder qualquer efeito de suas raz es se a obra j est em andamento Primeiro o STF n o conheceu em nada os argumentos levantados pelas organiza es da sociedade civil porque julgou que as mesmas n o tinham legitimidade para questionar o Projeto s quem poderia faz lo eram os estados ou entidades federativas segundo o ministro Menezes Direito ele n o chegou a ler pasmem os estatutos das associa es que se encontravam no processo mas s pelo nome das institui es envolvidas se percebia que n o tinham a defesa do meio ambiente como um dos seus prop sitos Foi apoiado por mais quatro ministros e por 5 votos a 4 o recurso da sociedade foi extinto sem merecer aprecia o de uma folha sequer do que foi alegado AATR BA 2008 p 92 No dia seguin
19. o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 13 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 13 2 gt Acesso em 15 ago 2011 Invas o contra obra de transposi o tem ger ncia de empresa No acampamento dos manifestantes de Cabrob PE tarefas s o divididas por setor e administradas por grupos diferentes Receitas e despesas s o registradas em planilhas de computador coordenador nega que protesto siga administra o empresarial Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 01 jul 2007 p A17 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 07 01 2 gt Acesso em 11 ago 2011 Ministro critica nova greve de fome de religioso Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 28 nov 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 11 28 2 gt Acesso em 14 ago 2011 Rio S o Francisco Let cia Sabatella visita bispo em greve de fome e critica Lula Folha de de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 09 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 09 2 gt Acesso em 15 ago 2011 S o Francisco Ato de apoio a Cappio deve reunir cerca de 10 mil pessoas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 08 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 08 2 gt Acesso em 15 ago 2011 S o Francisco Manifestantes
20. o da consci ncia social pr tica est o agregados e subjugados ao mesmo prop sito o da manuten o do status quo Grifa se aqui que tais aspectos n o s o hierarquiz veis como se uns se caracterizassem mais importantes que outros As contribui es te ricas de Thompson 1998 2002 na conflu ncia entre ideologia e meios de comunica o de massa indicando esses como mecanismos privilegiados da produ o e da dissemina o ideol gica s o bastante elucidativos dos contextos hist ricos da sociedade moderna O autor desenvolve o conceito de midia o da cultura moderna esclarecendo que a ideologia disseminada com impacto massivo como um fen meno de massa Sendo assim somente foi poss vel com o surgimento dos meios de comunica o de massa pelos quais perpassam os interesses pol ticos e econ micos espec ficos de redes regionais nacionais e transnacionais complexas A sociedade moderna tem efetivado o ambiente mais expressivo quanto fluidez e velocidade com que as formas simb licas s o produzidas reproduzidas circuladas recebidas e intercambiadas Trata se de um fen meno crescente pois cada vez mais as formas simb licas s o mediadas pelos aparatos t cnicos e institucionais da ind stria da m dia O fen meno ampliado dia a dia de modo sem precedente diante de cada novidade tecnol gica da informa o Extrapola se em extens o de escalas das nacionais s planet rias permitindo a possibilidade i
21. o do Rio S o Francisco um projeto de seguran a h drica dos grandes reservat rios o que reafirma atual l gica de exclus o no acesso gua Ele n o contempla a democratiza o ao acesso gua e a amplia o da rede de distribui o N o verdade que a transposi o levar gua a quem tem sede e isto por si s j um impedimento tico mais do que suficiente para justificar a oposi o a este projeto De qualquer forma tomamos a iniciativa de trazer um documento que sintetiza os principais argumentos ticos e sociais que amparam a consciente oposi o transposi o O Rio S o Francisco v tima de d cadas de descaso e explora o insustent vel agoniza lentamente imperativo um pacto nacional pela recupera o do rio Os diagn sticos da situa o s o amplamente conhecidos e os documentos que trouxemos demonstram claramente isto Precisamos passar do diagn stico para o tratamento real e efetivo acima e al m de quaisquer interesses regionais ou institucionais isolados e de curto prazo O desenvolvimento do Nordeste brasileiro exige a supera o da vis o preconceituosa do que seja a vida no semi rido J existe uma proposta b sica um indicativo de caminho para um projeto de desenvolvimento baseado na conviv ncia com o semi rido 295 Uma proposta vi vel em termos t cnicos e econ micos al m de socialmente justa e inclusiva Em primeiro lugar de fundamental import nc
22. queria esta gua mas n o queria sair s o queixas muito ouvidas esses dias Queremos gua terra e vida digna mas dentro de um modelo que respeite a nossa cultura O semi rido brasileiro vi vel tem gua S o 70 mil a udes e 36 bilh es de metros c bicos de gua acumulada O que precisamos democratizar o acesso a esse bem t o precioso para a vida de todos n s Isso o que motiva a nossa luta e resist ncia Por isso afirmamos o nosso compromisso em nos mobilizar e continuar na luta para que tenhamos vida e em abund ncia A hist ria da Transposi o n o nova a reedi o de folhetins que conhecemos de outros canais FRENTE PARAIBANA EM DEFESA DAS TERRAS DAS GUAS E DOS POVOS DO NORDESTE et al 19 jun 2010 Em geral os atingidos expulsos de suas terras n o conseguem uma indeniza o m nima quando reassentados t m acesso limitado gua N o raro s o servidos por gua de baixa qualidade de carros pipa Lembram que o acesso direto gua da barragem ou dos canais pr ximos como o Eixo de Integra o no Cear lhes impedido havendo por isso frequentes conflitos entre os reassentados que tentam sobreviver como podem e os vigilantes e policiais armados do governo Esses grupos est o sendo novamente impactados dessa vez pela transposi o A partir dos encontros populares dos atingidos pela transposi o emerge a constru o de uma nova consci ncia sobre suas identidade
23. s cr ticas da CNBB Jornal Nacional 29 set 2005 3 TRANSPOSI O das guas do S o Francisco Jornal Nacional 30 set 2005 4 BISPO faz greve de fome contra obras no Rio S o Francisco Jornal Nacional 01 out 2005 5 BISPO diz que permanecer em greve de fome contra a transposi o das guas do S o Francisco Jornal Nacional 03 out 2005 6 DIA de S o Francisco Jornal Nacional 04 out 2005 7 DEZ dias em jejum Jornal Nacional 05 out 2005 8 GREVE de fome gera cr ticas Jornal Nacional 05 out 2005 9 BISPO encerra greve de fome Jornal Nacional 06 out 2005 10 BISPO amea a retomar greve Jornal Nacional 07 out 2005 2006 1 SURPRESAS para o desfile do Rio Jornal Nacional 25 fev 2006 2 O DIA dos candidatos presid ncia Jornal Nacional 03 ago 2006 3 O DIA dos candidatos Jornal Nacional 04 ago 2006 282 2007 6 Ta GOVERNADORES do Nordeste cobram ajuda do governo Lula Jornal Nacional 11 jan 2007 BISPO que fez greve de fome contra transposi o do S o Francisco leva carta a Lula Jornal Nacional 22 fev 2007 PUBLICADO edital para a primeira etapa das obras de transposi o do Rio S o Francisco Jornal Nacional 13 mar 2007 PROTESTO contra transposi o do Rio S o Francisco Jornal Nacional 15 mar 2007 IBAMA libera licen a de instala o para projeto de transposi o do S o Francisco Jornal Nacional 23 mar 2007 MILITARES do Ex rcito come
24. uma estrat gia narrativa de restaura o da ordem em que se cria um inimigo ao mesmo tempo criminalizado e como se fosse externo na o 4 Editorial A CONTROV RSIA sobre a transposi o do rio S o Francisco come ou a ser enterrada h duas semanas em Cabrob PE por escavadeiras do Ex rcito As m quinas inauguravam a obra civil or ada em R 3 3 bilh es Na esteira do trator empreiteiro do governo Lula uma semana depois manifestantes fechavam parte da vala com p s e picaretas Levantaram alguma poeira Perto dali o Velho Chico seguia seu curso mais morto que vivo 5 Editorial As obras ao menos j come aram Em junho batalh es do Ex rcito iniciaram escava es preliminares em Cabrob PE o agroneg cio demonizado por movimentos sociais com apoio da Igreja Cat lica 5 10 AN LISE DE DISCURSO SOBRE A RESIST NCIA NOS EDITORIAIS Para exame cr tico dos cinco editoriais partiu se da base te rica elencada anteriormente e de alguns questionamentos como emerge nos editoriais a o aparecimento ou n o de atores da resist ncia popular b o aparecimento da organiza o de a es e protestos c a legitimidade de reivindica es e argumenta es da resist ncia d o tipo de descri o e e a valora o dos atores a es da sociedade civil Para tanto foram utilizadas frases ou fragmentos de frases em que ocorrem constru es sem nticas que abordam impl cita ou explicitamente
25. 15 12 07 aaa 233 5 11 ntegra dos EdionalS asc tea ea dd de a a O ad 237 CONCLUSA Ondan ne a a sa e ip A e 242 REFER NCIAS si as Tie 252 AP NDICE A REFER NCIA DA FOLHA SOBRE A TRANSPOSI O POR CRONOLOGIA E DESTAQUE TEM TICO RESISTENCIA OPINI O E JUSTI A ss ii 269 AP NDICE B CRONOLOGIA CONTEXTO HIST RICO DA TRANSPOSI O 284 AP NDICE C MODOS DE OPERAR DA IDEOLOGIA 291 ANEXO A CARTAS DE DOM CAPPIO E DOS MOVIMENTOS POPULARES 293 INTRODU O Thompson 2002 considera que uma das caracter sticas da sociedade moderna o processo de midia o da cultura na qual cada vez mais a vida social pol tica e econ mica influenciada pelas representa es simb licas criadas reproduzidas e repercutidas pela m dia Nessa esfera a ideologia dominante cria e estabelece sentido a servi o do poder hegem nico por meio de diversos estratagemas de constru o simb lica para manuten o do status quo A ideologia dominante ancorada materialmente entre outros fatores no controle dos meios de produ o da grande m dia O objeto de pesquisa desta tese encontra se na conflu ncia investigativa a sobre a rede de resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco vinculada a um conflito socioambiental contempor neo que encontra semelhan as sociais em termos de dificuldades de organiza o da resist ncia em diversas out
26. 20 dez 2007 39 BEGUOCI Leandro Para te logo ato de bispo tem amparo na B blia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 dez 2007 RELIGIAO 40 MELLO Fernando Barros de Especialistas n o v em messianismo em ato de religioso Professor de sociologia da USP diz que bispo poderia vir a ter seguidores mas n o tem caracter sticas de l der carism tico Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 dez 2007 41 GUIBU F bio Para m dico greve acabou e sa de de bispo fr gil E l gico que acabou n o tem jeito diz Jo o Franco Cappio irm o de d Luiz Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 20 dez 2007 42 SCOLESE Eduardo Atriz chora e diz que decis o foi humilhante Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 20 dez 2007 43 FREITAS Silvana de SCOLESE Eduardo Supremo libera transposi o bispo desmaia e internado Relator diz que Judici rio n o pode interferir em defini o de pol ticas p blicas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 20 dez 2007 44 MOURA Wagner Entrevista de M nica Bergamo a Wagner Moura Um lago fedido Folha de S Paulo Caderno Folha llustrada S o Paulo 21 dez 2007 45 GUIBU F bio Francisco Luiz Bispo deixa UTI e encerra greve de fome Em missa d Luiz agradece apoio da popula o a seu protesto e pede perd
27. 2011 258 CAPA com destaque greve de fome Folha de S Paulo S o Paulo 05 out 2005 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 05 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPA com destaque greve de fome Folha de S Paulo S o Paulo 07 out 2005 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 07 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPA com destaque Manifesta o em Bras lia Folha de S Paulo S o Paulo 16 mar 2007 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 03 16 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPA com destaque Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o Folha de S Paulo S o Paulo 29 jun 2007 p capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 06 29 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPA com destaque primeira greve de fome Folha de S Paulo S o Paulo 01 out 2005 Capa Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 01 2 gt Acesso em 11 ago 2011 CAPPIO Luiz Fl vio Vida para todos por isso fiz a greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 10 out 2005 COELHO Marco Ant nio Tavares Contra Projeto beneficia privilegiados Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo 09 out 2005 N o aparece essa mat ria no sistema de busca de artigos da Folha com CONY Carlos Heitor A fome da greve Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o Rio de Janeiro 2
28. 28 Instituto Humanitas Unisinos IHU Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos S o Leopoldo 2008 Dispon vel em lt www unisinos br ihu gt Acesso em 04 nov 2010 LITTLE Paul Ecologia pol tica como etnografia um guia te rico metodol gico Horizontes Antropol gicos Porto Alegre n 12 v 25 2006 p 85 108 Os conflitos socioambientais um campo de estudo e a o pol tica In BURSZTYN Marcel Org A dif cil sustentabilidade pol tica energ tica e conflitos ambientais Rio de Janeiro Garamond 2001 p 107 122 LOPES Maria Margaret Mais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube l no Cear Hist ria Ci ncias Sa de Manguinhos Il 1 50 64 mar a jun 1996 LOUREIRO Isabel Maria Rosa Luxemburgo vida e obra S o Paulo Express o Popular 2000 LULA DA SILVA Luiz In cio Carta Compromisso com a mudan a pelo Presidente eleito da Rep blica Federativa do Brasil S o Paulo 28 out 2002 MACEDO Marcos Antonio de A canaliza o do Rio de S o Francisco ao Cear Revista da Academia Cearense tomo Il Fortaleza 1897 Navegabilidade do Rio S o Francisco comparado com o Dan bio Rio de Janeiro Universal de Laemmert 1869 Observa es sobre as seccas do Cear Os meios de aumentar o volume das guas nas correntes do Cariry Rio de Janeiro Typographia Nacional 1878 1847 MART NEZ ALIER Joan O ecologismo dos pobres conflitos ambientais e
29. 3 auxiliam a visualiza o geral das capas editadas facilitando a an lise que se seguir Indicam se nesses quadros as principais cnamadas ocorr ncias de manchete e fotografias conforme o Jornal retratou e aqui se buscou classificar As c lulas que receberam destaque de fundo cinza representam elementos relacionados s capas e que receberam fotografias destacando a transposi o 157 Quadro 1 S ntese de representa es na capa da Folha tema transposi o 2005 Te Etapas do Data Chamada ou Legenda Observa es diversas e ma conflito 2005 literal sobre as representa es 01 10 Romaria Cem pessoas v o Presen a de duas fotografias capela em Cabrob PE onde H redu o da amplitude pol tica da est o bispo Luiz Cappio desta resist ncia a pequeno ato religioso limitado a a que em greve de fome contra a cem pessoas em Romaria 12 ETAPA transposi o do S o Francisco Inicia a polariza o do conflito entre o bispo e Lula enviou carta a ele o presidente da Rep blica Apresenta 03 10 NOVENA Reuni o de fi is em Presen a de fotografia oda capela no sert o pernambucano Novamente h redu o da resist ncia a resist ncia onde bispo de Barra BA o frei pequeno ato religioso dessa vez destaca se E Luiz Fl vio Cappio faz greve de a palavra NOVENA seguida de reuni o de fome contra a transposi o do rio fi is 8 S o F
30. Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 06 out 2005 Nas guas do rio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 dez 2007 FREITAS Silvana de Procurador tenta de novo deter obras do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 jul 2007 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp brasil gt Acesso em 22 set 2010 FREITAS Silvana de SCOLESE Eduardo Supremo libera transposi o bispo desmaia e internado Relator diz que Judici rio n o pode interferir em defini o de pol ticas p blicas Folha de S Paulo Caderno Brasil S o Paulo Bras lia 20 dez 2007 p A4 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 20 2 gt Acesso em 11 ago 2011 GABEIRA Fernando S o Francisco um rio da pol mica nacional Folha de S Paulo Caderno Turismo S o Paulo 11 dez 2000 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp brasil gt Acesso em 22 set 2010 Viver ou morrer pelo S o Francisco Folha de S Paulo Caderno Folha Ilustrada Opini o S o Paulo 08 out 2005 GASPARI Elio Let cia Sabatella fez bem ao Natal Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Sobradinho BA 23 dez 2007 GOMES Ciro A integra o do bom senso Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo Bras lia 20 set 2005 Rio S o Francisco Folha de
31. Governo de 2002 indicava apenas um foco estrat gico que tendia revitaliza o do S o Francisco e tamb m a programas que contemplariam o ac mulo de conhecimentos das organiza es ribeirinhas ainda que colocado contraditoriamente ao lado de seus conhecimentos o de empresas hidrel tricas Pode se conferir O novo governo aproveitando o conhecimento acumulado pelos organismos respons veis pela administra o dos recursos h dricos pelas empresas respons veis por hidrel tricas pelas organiza es ribeirinhas e por outras tantas organiza es que vivem em fun o de nossos rios vai dar prioridade revitaliza o 81 de bacias numa vis o de integra o nacional entendendo que os rios s o corredores de desenvolvimento fundamentais PALOCCI FILHO 2002 par grafo 24 Todos esses aspectos que caracterizaram a nova fase da pol tica de Lula o da concilia o de interesses como a alian a do PT com Ciro e outros pol ticos de partidos muito distintos ao seu a alian a com os empres rios do setor de constru o civil e o jogo discursivo de Lula com os movimentos populares foram tamb m contemplados no primeiro pronunciamento do Lula rec m eleito Presid ncia chamado Compromisso com a mudan a Mas esta vit ria uma conquista das classes populares das classes m dias de parcelas importantes do empresariado dos movimentos sociais e das entidades sindicais que compreenderam a necessidade de combater
32. Guibu 01 jul 2007 p A17 Fonte imagem 5 Folha 01 jul 2007 p A17 Foto imagem 5 Leonardo Wen Folha Imagem Organizado pela autora 185 Assim como na Figura 10 as imagens da Figura 12 foram agrupadas devido a suas semelhan as visuais Nesse caso a metade superior de ambas as p ginas do Jornal est dividida entre a reportagem sobre a Ocupa o sintomaticamente colocadas esquerda em oposi o s imagens do presidente Lula e da primeira dama em momento descontra do em suas festas juninas direta Na p gina da primeira reportagem Imagem 1 2 e 3 da Figura 12 as imagens do presidente e da primeira dama foram posicionadas de modo que visualmente pela composi o da diagrama o aparenta se que eles est o espiando lendo a reportagem ao lado sobre a Ocupa o A festa junina presidencial de Lula em sua ro a artificial observa com ar divertido a ro a real dos sertanejos que de carro a buscam resistir ao esbulho social Observa se que a fotografia Lula com Marisa Imagem 3 foi registrada no ano anterior data da publica o portanto trata se de uma foto de arquivo Sabe se que comum o uso do recurso jornal stico de utiliza o de imagens de pessoas famosas para atrair a aten o do leitor Esse recurso de forma intencional ou n o desvia a aten o dos leitores de outros temas que n o possuem o mesmo apelo imag tico como por exemplo a situa o anteriormente comentada sobre a imagem do P
33. Para outros era sintom tico que devido s alian as realizadas com grandes setores empresariais ainda em poca de campanha eleitoral que Lula n o realizaria um governo de esquerda aliado aos movimentos populares Nas palavras de uma importante lideran a do MAB quando o governo de Lula completava quase dois anos de mandato Temos um hist rico de di logo com o PT com o Lula ele conhece bem v rias das nossas lideran as eu mesmo o conhe o pessoalmente ele sabe quem eu sou e agora n o nos recebe pra nada nem quando estamos com enfrentamento direto nas marchas nas barragens Sempre o apoiamos durante todas as campanhas apesar de n o acreditarmos que as mudan as b sicas para a melhoria de vida do povo do campo e da cidade venham a partir da disputa eleitoral O que muitas vezes tem enfraquecido nossa luta quando companheiros partem para disputar as campanhas s h perda de for a popular e coopta o N o d para misturar as coisas se algu m quer se candidatar pode depois apoiar mas n o mais um integrante de dentro do movimento MAB Por isso consideramos o apoio s campanhas sabendo que uma op o entre o ruim e o que pode ficar ainda pior N o h ilus o de que o governo Lula um governo da burguesia assistimos de perto as alian as que ele fez com grandes empres rios em nome de um socialismo que n o exclui os grandes empres rios do qual somos totalmente contr rios isso uma farsa ali s nem se
34. aram a trabalhar na obra de transposi o do Rio S o Francisco Jornal Nacional 09 jun 2007 TRANSPOSI O do rio S o Francisco gera manifesta es Jornal Nacional 26 jun 2007 Per odo da segunda greve de fome dezembro de 2007 VATICANO envia carta pedindo fim da greve de fome de dom Cappio Jornal Nacional 15 dez D 8 OBRAS no S o Francisco ser o retomadas Jornal Nacional 19 dez 2007 FIM do jejum Jornal Nacional 20 dez 2007 2008 a 2010 RECOME AM as obras no S o Francisco Jornal Nacional 08 jan 2008 MANIFESTANTES protestam em v rios estados Jornal Nacional 10 jun 2008 LULA visita obra da transposi o do S o Francisco Jornal Nacional 15 out 2009 OPOSI O questiona viagem de Lula ao S o Francisco Jornal Nacional 20 out 2009 LULA visita Nordeste e fala sobre transposi o do Rio S o Francisco Jornal Nacional 14 dez 010 283 AP NDICE B CRONOLOGIA CONTEXTO HIST RICO DA TRANSPOSI O DO RIO S O FRANCISCO S CULO XIX 1818 1820 O cl rigo Jo o de Santa Rosa em visita ao o Cariri se pronuncia sobre a ideia da canaliza o do rio S o Francisco at o Cear O ouvidor Jos Raimundo de Passos Barbosa pede o c lculo da obra 1839 Marcos Antonio de Macedo rec m chegado da Europa viaja ao vale do S o Francisco para conhecer os lugares de onde poderia partir o canal 1847 Marcos Antonio de Macedo ent o deputado provincial do Cear estuda a idei
35. audi ncias p blicas licita es or amentos licenciamentos e que s o organizadas nas pautas de economia Outro coment rio do editorial que cumpre destacar a predile o desmesurada do Estado por grandes obras do que com a popula o pobre nordestina que lhe serve de libi H um eufemismo em predile o desmesurada do Estado por grandes obras ao colocar a popula o como libi Dificilmente o Jornal dar nfase s injun es que as popula es impactadas devem de lidar dia a dia ap s as obras ou aos mais de um milh o de atingidos por barragens existentes no Brasil expulsos de suas terras e que no m ximo 30 desses obtiveram algum tipo de indeniza o A popula o pobre nordestina n o identificada como parte do grupo insurgente nada mais ornamento de discurso de promessa pol tica Dessa forma naturaliza se a perpetua o das grandes obras como catedrais do desenvolvimento Afinal do ponto de vista do Jornal os grupos revoltosos n o alcan am legitimidade para exercer disputa de poder em um jogo de constru o simb lica do qual nada impede o Estado de frear sua obstina o por replicar o monumental As manifesta es apenas levantam poeira a lideran a pol tica personificada cont m o governo por apenas 11 dias a popula o pobre um libi Todos esses fragmentados em colis o com a l gica do Jornal dono da revela o e da indigna o a dissimular seu pr prio interesse de
36. biental pelo prin c pio da precau o Elogio intr nseco ao governo Lula na men o de que tem sido bem sucedido na supera o das barreiras institucionais ainda que sua governabilidade apele quebra de princ pios legais e de direito Fonte Organizado pela autora 236 5 11 A NTEGRA DOS EDITORIAIS 1 EDITORIAL 20 DE FEVEREIRO DE 2005 GUAS DO S O FRANCISCO O governo pretende iniciar em breve o projeto de transposi o de guas do rio S o Francisco que idealizado pela primeira vez em 1847 ganhou desde ent o v rias vers es A atual prev que uma fra o segundo o Minist rio da Integra o Nacional correspondente a 1 do volume de gua que o rio despeja no mar seja desviada por meio de um sistema de 700 km de canais para beneficiar 12 milh es de pessoas no semi rido do Nordeste A obra que se anuncia custosa exigindo investimentos de cerca de R 4 5 bilh es tem gerado ruidosas controv rsias entre t cnicos pol ticos e representantes do governo O presidente Lula que n o lan ou at aqui nenhum projeto de porte compar vel diz encarar a obra como um legado pessoal regi o A transposi o n o tem como objetivo solucionar o hist rico problema da seca ou da inexist ncia de gua em volume suficiente para irrigar os cinco Estados a serem beneficiados Cear Para ba Rio Grande do Norte Pernambuco e Alagoas A proposta visa perenizar alguns rios manter
37. dia m s ano nos textos Esse formato impede que as refer ncias sejam facilmente confundidas pois um s autor poderia receber a indica o 2005a 2005b 2005m As mat rias da Folha de S Paulo al m de surgirem na referencia geral da tese tamb m est o organizadas por ordem cronol gica Ap ndice A Quando a refer ncia for da Folha de S Paulo poder surgir a indica o de p gina como p 1 isso implica dizer que a informa o foi extra da diretamente do sistema de busca virtual da Folha com o qual fornece o texto da mat ria por m sem indicar sua p gina de publica o no jornal impresso 58 correspondeu com interesse ao projeto n o vislumbrando a possibilidade de lucro r pido em seu benef cio como ocorria com a explora o das minas de ouro e de diamante de considerar se que havia a barreira imposta pela pr pria limita o t cnica quando no Brasil mal se registravam as canaliza es de esgotos das cidades mais populosas Mais tarde constr i se uma identidade para o rio S o Francisco alcunhado de rio da unidade nacional depois de rio da integra o nacional nomina o bastante utilizada nos discursos sobre a transposi o No mbito da fabrica o de representa es simb licas no imagin rio coletivo brasileiro emerge o ide rio de unidade e de integra o associados categoria nacional como significados chaves para a legitima o dos grandes projetos no rio S o Francisco As ret ri
38. doque pois no encadeamento discursivo n o se sabe quem representa a sociedade civil Talvez dentro de t cnicos haja a possibilidade de a estar alguns que n o concordam com o projeto e n o s o governo Segue se uma estandardiza o como tamb m ser percebida em outros editoriais a de oculta o do protagonismo dos movimentos sociais e ou de suas demandas por eles mesmos ruidoso uma qualidade associada a quem n o sabe se expressar e que assim n o pode exercer poder Express es Atores da A es e protestos Legitimidade de Tipo de descri o Valora o dos Elementos a resist ncia reivindica es atores a es analisar argumentos a transposi o A sociedade A express o ruidosas tem gerado civil resist ncia popular controv rsias reduz o ruidosas que motiva o debate debate a ru do ser a motiva o rec ndita de uma parcela significativa de advers rios da obra Ela centraliza recursos que o governo poderia pulverizar para atender outras demandas regionais A transposi o secar fontes financeiras o que evidentemente gera e gerar protestos A sociedade civil pode estar subsumida em uma parcela significativa de advers rios da obra Express o que quer simbolizar uma unidade mas que no contexto do editorial mostra se uma express o usurpadora Pode conter tanto movimentos sociais como governadores contr rios transposi o e ao fato de que
39. es de beneficiados X X 3 Ibama 4 Minist rio da Integra o Nacional 5 Lula presidente da Rep blica 6 7 8 9 x x gt lt x gt lt x T cnicos Pol ticos Advers rios da obra transposi o Chesf 10 Estados da federa o 11 Munic pios 12 Particulares beneficiados 13 Governos de Minas Gerais e da Bahia 14 A administra o 15 Representantes do governo 16 Especialistas Governo Federal 18 Justi a Federal da Bahia Luiz Fl vio Cappio bispo XxX gt lt D lt gt lt gt lt gt lt XK gt K XK gt K gt K x lh oa Ss E x Ee 20 O governo Lula O governo de Lula X XX 21 Ex rcito X X 22 ANA x x i 23 41 milh es de pessoas nordestinos X x 24 Unicef x 25 Jornal Valor Econ mico X 26 Folha x 27 Popula o do semi rido pobre nordestina X 28 Empreiteiras x 29 Estado x 30 Mar governamental pr transposi o X 31 Manifestantes x 32 Movimentos sociais X 33 Igreja Cat lica x 34 Agricultores X 35 Congresso x 36 Agroneg cio x 37 _Escavadeiras do Ex rcito m quinas xX Obs 1 Quando se repete o x mais de uma vez na mesma c lula porque a express o surge mais de uma vez no mesmo texto Obs 2 A partir do contexto dos editoriais na Ta
40. es mundiais al m da forma como se arranjam os movimentos sociais a sociedade civil organizada e a m dia entre outras tem ticas LITTLE 2001 Entre os estudos sobre conflitos sociais h preocupa es no que diz respeito ao grau de consci ncia e racionalidade dos atores ativos nesses conflitos pois s vezes um determinado grupo de atores identificado como massa de manobra de a es coletivas a ponto deles serem desqualificados quanto legitimidade de suas atividades reivindicat rias frente opini o p blica Mancur Olson 1965 em seus escritos sobre teoria da a o coletiva e as escolhas racionais afirma que somente quando os atores esperam proveitos diretos da a o coletiva fun es de poder ou vantagens financeiras que dela participam ativamente O vi s individualista e utilitarista dessa teoria torna a bastante pol mica uma vez que diversos movimentos sociais t m provado o contr rio na medida em que muitos dos bens a serem alcan ados pela a o coletiva n o s o divis veis A a o racional n o assim apenas utilitarista j que depende da constru o das identidades e de solidariedades para com o grupo social ao qual se reconhece pertencer podendo haver uma forte dimens o afetiva como motivador da participa o Os objetos de disputa pelos quais os sujeitos envolvidos nos movimentos sociais lutam s o por eles reconhecidos bem como eles t m consci ncia da import ncia de seus pr
41. fundamentalista de bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA Petrolina PE 30 nov 2007 5 GUIBU F bio S o Francisco Arcebispo de Salvador pede a d Luiz fim de greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA Petrolina PE 05 dez 2007 6 BATISTA JUNIOR Paulo Nogueira Dom Luiz n o pode morrer Folha de S Paulo Caderno Mercado Se o Opini o S o Paulo 06 dez 2007 7 ALVES FILHO Jo o D Cappio e o mito da falta d gua Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 07 dez 2007 8 GUIBU F bio S o Francisco Ato de apoio a Cappio deve reunir cerca de 10 mil pessoas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 08 dez 2007 15 Essa mat ria n o foi encontrada na vers o impressa e digitalizada somente uma fotografia com legenda a respeito Por m surge no sistema de busca do jornal Folha de S Paulo como not cia publicada no caderno Brasil Essa informa o pode ser conferida entre o sistema de busca do Acervo Folha e da Folha com http www1 folha uol com br fsp brasil fc0607200727 htm 277 9 GUIBU F bio Rio S o Francisco Let cia Sabatella visita bispo em greve de fome e critica Lula Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 09 dez 2007 10 ALENCAR Kennedy Preocupado com greve de fome governo procura
42. gicas que subsistem atravessando todos os per odos geol gicos at hoje n o a d bil m o do homem que agora as poder alterar A quest o outra de execu o relativamente f cil e de resultados seguros J se sabe que cada gera o do Cear passar por duas secas uma calamidade peri dica como imposs vel fazer chover vontade previnam se os meios para arrost la placidamente ALVES s d p 238 Detalhadas an lises de historiadores como Lopes 1996 e Braga 1962 sobre a constitui o e desenvolvimento da Comiss o bem como os pr prios escritos do Bar o de Capanema a respeito das secas pois ele desenvolveu mais de vinte anos de pesquisa no Cear denotam que a ideia de recomendar a abertura de um canal partindo do rio S o Francisco e ao rio Jaguaribe n o lhe pertenceu bem como ele tamb m desaprovava a constru o de a udes sem rigor t cnico como muitos que o pr prio Bar o presenciou no Cear atualmente apelidados de a udes sorrisal porque primeira chuva se desmancham 68 A Comiss o Cient fica de Explora o foi criada pelo Instituto Hist rico e Geogr fico Brasileiro IHGB ela estava relacionada diretamente ao governo imperial e tinha por objetivo pesquisar o Norte e Nordeste do Brasil ent o regi es pouco conhecidas do centro pol tico do pa s Foi apelidada de Comiss o do Cear devido ao principal destino escolhido para as investiga es ser esse estado onde a Co
43. manant des acteurs a t tr s d l gitim e par le journal et leurs arguments ax s sur la protection de l environnement et des droits de Homme ont t r duits au silence ou falsifi s l gard des propositions originales Cependant il convient de tenir compte des diff rences au sein du journal puisque la plupart des auteurs des articles d opinion tait oppos s au chantier et ou favorables au r seau de r sistance Mots cl s r seau de r sistance populaire chantier de la rivi re Sao Francisco m dias et id ologie RESUMEN Megaproyectos de infraestructuras en r os como transvases presas para la producci n de energ a y abastecimiento h drico han generado conflictos socioambientales en diversas realidades del sistema mundo capitalista Contra Frente a ellos se han articulado m ltiples redes de resistencia antisist micas basadas en la participaci n popular que pretenden realizar defensas socioambientales desde un modo indisociable de la concretizaci n de alternativas al modelo capitalista Estas defensas contribuyen a acumular poder popular a trav s de la elaboraci n y difusi n de ideolog as emancipadoras objetivando la necesaria construcci n del orden sociometab lico de transici n Tales redes disputan un nuevo modelo de sociedad en distintos espacios entre ellos el medi tico controlado de manera hegem nica por el poder dominante Un caso espec fico de este contexto es el transvase del r o S o Franc
44. ncia do governo Dilma Rousseff foi o principal interlocutor do governo no per odo do segundo jejum Enfim esses di logos ocorreram depois de uma larga sucess o de fatos que deixavam clara a posi o do governo Lula de n o ser t o aberto aos movimentos populares Entre esses fatos citam se aqui dois momentos de indisposi o do governo Lula ao di logo com os movimentos sociais durante as a es da Marcha Nacional guas pela Vida organizada pelo MAB em maio de 2004 e da Marcha Nacional pela Reforma Agr ria organizada pelo MST em maio de 2005 A primeira com a participa o de cerca de mil atingidos por barragens e a segunda envolvendo cerca de 17 mil militantes Os militantes percorreram a p os 230 quil metros que separam as capitais Goi nia e Bras lia Foram diversos dias de sacrif cio militante no intuito de promover visibilidade p blica s exig ncias de in meras demandas populares como o atendimento ao passivo hist rico para com a popula o atingida por barragem o cancelamento de in meros projetos de grandes barragens a realiza o de reforma agr ria no sentido amplo do termo incluindo a garantia da qualidade da educa o do campo sa de assist ncia t cnica promo o da agricultura ecol gica Ao mesmo tempo os movimentos sociais disseminavam a ideia de que essas a es coletivas significavam um apoio necess rio ao governo federal um estrat gico apoio para que o governo democr tico popular
45. o com 30 bispos e outros representantes da sociedade civil e com a presen a de Ciro Gomes para debater a transposi o 15 de dezembro Realiza se audi ncia com integrantes de movimentos populares com Dom Cappio e outras entidades contr rias transposi o com o presidente Lula no Pal cio do Planalto 2006 Fevereiro Movimentos sociais enviam documento ao presidente Lula cobrando uma agenda de debates 6 e 7 de julho Ocorre em Bras lia encontro de movimentos populares e demais representantes da sociedade civil e funcion rios do governo para debater alternativas ao desenvolvimento do semi rido ent o cria se tr s c maras tem ticas para aprofundar as quest es sobre revitaliza o do rio S o Francisco Agosto a outubro Durante campanha eleitoral tema da transposi o n o aparece nos programas pol ticos 10 de novembro Tribunal de Contas da Uni o TCU demonstra em auditoria que o Pisf n o teria como atender a 88 dos munic pios previstos no projeto por falta de infraestrutura para capta o tratamento e distribui o da gua da transposi o 18 de dezembro O STF avocou a si compet ncia para julgar todos os processos jur dicos relacionados transposi o O ministro do Sep lveda Pertence suspende dez liminares que proibiam o in cio das obras da transposi o liberando o Ibama para conceder a Licen a de Instala o 2007 22 de janeiro O governo federal apresenta
46. o de energia e abastecimento h drico t m sido propulsores de conflitos socioambientais em diversas realidades do sistema mundo capitalista Contra esses empreendimentos articulam se in meras redes de resist ncia antissist micas que pretendem com base na participa o popular efetivar a defesa socioambiental de forma indissoci vel da concretiza o de alternativas ao modelo capitalista Essas defesas contribuem para o ac mulo de poder popular por meio da elabora o e dissemina o de ideologias emancipat rias objetivando a necess ria constru o da ordem sociometab lica de transi o Tais redes disputam um novo modelo de sociedade em diversos espa os entre eles o midi tico controlado hegemonicamente pelo poder dominante Um caso espec fico desse contexto a transposi o do rio S o Francisco situada no Nordeste brasileiro obra de maior porte infraestrutural iniciada no governo Lula e objeto de intensa midiatiza o Contra a obra convergiram diversas a es coletivas fruto da uni o entre movimentos sociais como o Movimento dos Atingidos por Barragens MAB o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST entidades religiosas etnias ind genas e comunidades quilombolas Essas for as sociais conformaram a rede de resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco constituindo uma articula o sem precedentes em termos de diversidade social contra uma obra estatal no Brasil Seu ciclo de mobiliza
47. o foi promessa de campanha de Lula em 2002 Por m nesse ano n o fica claro o posicionamento de Lula em rela o ao projeto Em todas as fontes verificadas em jornais como Folha de S Paulo Di rio do Nordeste Correio Braziliense Estado de S o Paulo e nos debates presidenciais de 2002 n o foi encontrada nenhuma declara o direta do pol tico sobre o assunto nenhuma cita o direta a esse respeito p de ser vista indicando de modo evidente sua vontade de levar a cabo a transposi o em um governo seu Apenas foram encontradas respostas evasivas assinalando sua posi o sobre ser urgente a revitaliza o do rio S o Francisco As rea es contr rias transposi o expressadas por atores dos setores p blicos dos movimentos populares e de algumas entidades cat licas acrescidas ao fato de Lula j ter sido tr s vezes derrotado em elei es presidenciais podem ter contribu do para que ele n o adotasse posi o p blica em rela o transposi o Relembrando Lula perdeu as elei es em 1989 para Fernando Collor de Melo PRN no segundo turno em 1994 e 1998 perdeu seguidamente no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso PSDB Quando candidato pela quarta vez em 2002 mudou sua conhecida imagem como pol tico radical de esquerda que n o agradava aos grupos conservadores sobretudo da elite pol tico econ mica e dos latifundi rios O candidato optou por realizar uma campanha de concilia es de interess
48. o local a respeito do empreendimento Diante de tamanho impasse seria desej vel que o governo adiasse o in cio da obra e prolongasse o debate acerca do projeto Essa seria a atitude mais prudente A v spera das elei es a execu o de uma obra sem um m nimo de consenso que dever custar R 4 2 bilh es e afetar a vida de milh es de pessoas soa como um indesej vel a odamento 239 4 EDITORIAL 1 DE JULHO DE 2007 GUAS TURVAS Transposi o do S o Francisco come a sem garantia de sobrevida ao rio e de chegada da gua a quem dela precisa A CONTROV RSIA sobre a transposi o do rio S o Francisco come ou a ser enterrada h duas semanas em Cabrob PE por escavadeiras do Ex rcito As m quinas inauguravam a obra civil or ada em R 3 3 bilh es Na esteira do trator empreiteiro do governo Lula uma semana depois manifestantes fechavam parte da vala com p s e picaretas Levantaram alguma poeira Perto dali o Velho Chico seguia seu curso mais morto que vivo O maior manancial do Nordeste semi rido sofre com desmatamento nas margens de tribut rios e cabeceiras polui o por efluentes dom sticos e agroindustriais e assoreamento do leito A dicotomia revitaliza o contra transposi o consagrou se como divisor de guas da pol mica Motivou a greve de fome do bispo de Barra BA dom Luiz Fl vio Cappio que em 2005 conteve por 11 dias a mar governamental pr transposi o O presidente da Re
49. o por tudo que fiz voc s sofrerem nesses dias Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA Petrolina PE 21 dez 2007 46 SANDER Let cia Se o Estado cede o Estado acaba diz Lula sobre bispo Em caf com jornalistas presidente critica a greve de fome de d Luiz Cappio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 21 dez 2007 47 LO PRETE Renata A luta continua Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Painel do Leitor S o Paulo 21 dez 2007 279 48 BARROS E SILVA Fernando de guas republicanas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 21 dez 2007 49 GUIBU F bio FRANCISCO Luiz STF foi submisso e Estado de Direito corre risco diz bispo Para d Luiz Lula foi muito insens vel e decis o do Supremo desanimadora Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA Petrolina PE 22 dez 2007 50 GASPARI Elio Let cia Sabatella fez bem ao Natal Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Sobradinho BA 23 dez 2007 51 SALOMON Marta Lula quer obra no rio S o Francisco irrevers vel at 2010 Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 23 dez 2007 52 FRANCISCO Luiz Para bispo Lula do passado morreu e seu governo s d esmola ao povo Religioso diz que os movimentos sociais foram abafados na gest o de petista
50. o retratadas com se tivessem sido realizadas por um n mero pequeno de participantes Na realidade da resist ncia na Manifesta o em Bras lia participaram pelo menos 700 manifestantes e no Acampamento cerca de dois mil militantes representantes de 30 movimentos sociais contudo frequentemente os atores foram apresentados de modo isolado como o manifestante correndo sozinho Dom Cappio discursando como se fosse o principal protagonista apenas duas mulheres frente aos policiais um homem com duas crian as em uma carro a 2 induz se pelas imagens que os manifestantes estavam mal intencionados por exemplo pela foto da portaria quebrada e pela apari o de policiais em oposi o aos manifestantes 3 isso n o se desvincula da desqualifica o da imagem e dos s mbolos dos movimentos pelo enquadramento da bandeira do MST na fotografia da portaria quebrada 188 pela sequ ncia de palavras e frases desqualificando o movimento contra a transposi o como quebra quebra clima tenso um homem detido 4 h nas mesmas p ginas das not cias sobre a resist ncia contra a transposi o outras not cias que desqualificam movimentos e entidades sociais como a not cia sobre a abertura da CPI das ONGs a mat ria sobre diversas invas es de terras em S o Paulo 5 continua a personifica o da resist ncia na pessoa de Dom Cappio pelo uso central de sua imagem em fotografias de somente ser o seu nome o
51. objetividade anal tica c contesta se a riqueza da mensagem o autor quis tudo isso p 41 ao que aqui tamb m se acrescenta ser que o autor n o quis dizer tudo isso Joly 2000 defende o seguinte aquele que busca interpretar a imagem n o deve esconder que sua posi o est deliberadamente do lado da recep o Isto n o h onipresen a anal tica poss vel que possa falar por toda rela o emissor canal receptor A autora expressa que a an lise da imagem n o tem como alvo esclarecer a totalidade da originalidade do precedente das ideias do autor nem o pr prio autor nem ningu m o conseguiria A imagem compreendida sob as circunst ncias espec ficas individuais sociais hist rico e culturais conforme cada temporalidade E de modo apropriado quest o a an lise da imagem ressignifica a express o proibido proibir 1 mas ainda preciso evitar proibir se de compreender a imagem devido a crit rios de avalia o mais ou menos perigosos p 45 Observa se o paradoxo fotogr fico de Barthes 2005 para quem as fotografias dos impressos jornal sticos tanto s o dotadas de estruturas de denota o como de conota o Denota o porque a fotografia para o senso comum pura conting ncia do real conota o porque ela incita interpreta es que se fazem conforme o arcabou o cultural de quem as recebe Afinal essas imagens n o s o apenas percebidas s o lidas dentro de um pano de fundo qu
52. poderia pulverizar para atender outras demandas regionais A transposi o secar fontes financeiras o que evidentemente gera e gerar protestos 5 Editorial Advers rios da transposi o diante do fato consumado recorrem a medidas extremas como a retomada da greve de fome de dom Luiz Fl vio Cappio bispo de Barra BA Alegam com apoio de v rios especialistas que o projeto n o equaciona os verdadeiros problemas do rio e da popula o que dele depende como a polui o da gua Afirmam ainda que ela n o chegar s pessoas que mais precisam mas servir de modo preferencial aos grandes projetos de irriga o o agroneg cio demonizado por movimentos sociais com apoio da Igreja Cat lica 215 O ator chave para essa discuss o e que marca a principal diferen a deste ltimo editorial em rela o aos outros os movimentos sociais surge pela primeira e nica vez espremido entre o agroneg cio e a Igreja Cat lica Emerge sem muitas explica es e com muita conten o textual Finalmente os movimentos sociais aparecem diferenciados de advers rios da obra de manifestantes n o mais ocultos por Judici rio da Bahia com uma rela o mais direta com especialistas todavia como se fossem tutelados pela Igreja Cat lica e em uma rela o invertida de legitima o narrativa com o agroneg cio Uma apari o t o inc moda dessa haveria de vir contida de antem o da express o batalh es do Ex rcito Aparenta se a
53. pria din mica de aten o dada ao assunto pelo Executivo Primeiramente desqualificou se o caso n o se falando muito a respeito reservando maior aten o sa de de Dom Cappio j precarizada A segunda jornalista que mais publicou mat rias sobre a transposi o foi Marta Salomon elaborando 24 textos no per odo de 2005 a 2008 Seus trabalhos s o sobretudo a respeito do andamento do cronograma da transposi o abordando quest es como licenciamentos ambientais licita es para obra de engenharia tr mites das construtoras processos jur dicos no STF e TCU or amentos destinados transposi o e revitaliza o Ela ainda abordou em dois artigos a resist ncia de Dom Cappio A jornalista discreta sobre sua posi o pessoal a respeito da obra Aparentemente n o contra a transposi o mas maneira como essa est sendo gerida Percebe no PAC uma grande oportunidade de desvio de verbas N o o diz exatamente assim mas diante de suas mat rias nota se esta cr tica a ao relacionar a transposi o ao esc ndalo da construtora Gautama b ao apontar falhas de articula o entre minist rios rg os federais e estados c ao qualificar a transposi o como o projeto que mais consome dinheiro dos impostos no PAC SALOMON 8 maio 2007 d ao n o deixar de noticiar que a gua n o ser para as popula es sertanejas vizinhas a esses canais e que quem tentar acesso a ela ser criminalizado Ela se ref
54. que um projeto de transposi o viesse a ser colocado em discuss o perante o Comit esse adiantou a seguinte delibera o no Plano da BHSF Entendendo que o Comit n o pode ficar insens vel ao problema da seca no Nordeste referenda a Transposi o exclusivamente para abastecimento humano e dessedenta o animal desde que atenda crit rios espec ficos para este uso n o excedendo o limite m ximo de vaz o de 12 m s que equivale ao valor previsto para consumo na bacia do rio S o Francisco em 2013 CBHSF p 239 E mais adiante no documento essa decis o corroborada da seguinte forma Relativamente aos projetos de transposi o de guas para uso de popula es externas Bacia a C mara reafirma sua 101 concord ncia em outorgar gua para abastecimento humano e dessedenta o de animais mas estabelece como condicionantes para outorga desses usos que sejam efetivamente avaliadas a As reais demandas das popula es das bacias receptoras e a indisponibilidade h drica nestas bacias b Que seja observado o limite m ximo para uso externo das guas do rio S o Francisco a ser estabelecido pelo Comit de forma que n o ultrapasse o total atualmente consumido pelas popula es do semi rido da Bacia do S o Francisco c Que as transposi es para abastecimento humano sejam compatibilizadas com sistemas alternativos de acumula o de gua de chuva e explota o de gua subterr nea CBHSF p 24
55. reas urbanas do Nordeste j est na ordem de R 9 bilh es seu c lculo parece estar acompanhando o do Pisf atualmente em R 8 8 bilh es Todavia o Atlas Nordeste especificava que seu pr prio estudo considerava a disponibilidade h drica dentro do cen rio da constru o dos eixos do Pisf e de futuras adutoras como as que est o planejadas em Pernambuco a Adutora do Paje e pelo Sistema Adutor do Agreste o c lculo dessas obras n o entram na contabilidade do Atlas O que os movimentos fizeram foi obter uma leitura de que a ANA visibilizou a exist ncia de solu es independentes do Pisf Contudo n o resta d vida quanto posi o da ANA favor vel tanto transposi o quanto privatiza o dos recursos h dricos A implementa o do PISF permitir grandes ganhos de efici ncia na utiliza o dos reservat rios localizados nos rios receptores e poder viabilizar a oportunidade de interliga o de alguns sistemas adutores constru dos e previstos aos Eixos Norte e Leste tendo em vista por exemplo a redu o dos custos de energia el trica necess ria ao bombeamento BRASIL ANA 2006 p 57 A caracteriza o sobre o chamado di logo de surdos pauta se no fato de que n o foi cumprida a demanda da rede de resist ncia sobre a execu o de um di logo intenso Para alguns integrantes o governo publicizou o discurso de que estava aberto e escutando atentamente as organiza es contudo n o oferecera nenhum
56. tulo outro o antagonista o m quinas inimigo interno Ao inauguravam a so tampouco infrut fera e cuja Mar de controv rsia mesmo tempo ao se obra civil or ada necessita ser qualquer para no 4 editorial a reificar o processo em R 3 3 dicot mica possibilidade de express o reiniciar a autorit rio do governo bilh es Por m entende feito pr tico condu o da narrativa desviando a aten o da se que aqui a terminara de ser como sujeito soterrado a o autorit ria do controv rsia enterrada h duas a controv rsia e a governo intimidando as alude sobretudo ao lado contr rio obra e especialmente aos integrantes da resist ncia popular devido a ao contexto social pois no momento ocorria a Ocupa o do Canteiro de Obras e b pela proximidade dos par grafos o da controv rsia antecede o que surge a palavra manifestantes semanas em Cabrob PE por escavadeiras do Ex rcito a o de atores sociais ocultados nessa Nesse momento jparticular surge pela jprimeira vez nos editoriais refer ncia resist ncia popular Quando a resist ncia isurge na narrativa a controv rsia j estava enterrada h duas semanas As escavadeiras do Ex rcito e as m quinas arecem ser o ator po tico mais ativo ao se em elas os principais Sujeitos que enterra a controv rsia e inaugura a obra H portanto uma reifica o em que Aspectos sociais e hist r
57. veis surge para os argumentos de quem contra a transposi o contrabalan ados pelos argumentos de quem tamb m a favor Padroniza o em que se simplifica e reduz o debate Os diversos grupos de interesse favor vel e os diversos grupos contr rios s o reduz veis a um nico discurso Ao expressar que existe um conflito o editorial segue a linha narrativa de deslegitimar quem sustenta o conflito por parte da sociedade civil como poder ser verificado nos pr ximos trechos de express es analisadas estudos para a obra privilegiaram a quest o da quantidade de gua a ser desviada do rio mas teriam negligenciado a avalia o do impacto s cio econ mico da transposi o sobre a regi o O que fazer por exemplo com comunidades que vivem da sazonalidade das guas quando essa sazonalidade acabar Especialistas Redu o da dizem que os enorme quantidade de atores cr ticos ao projeto citados apenas na forma de especialistas N o s o atores das pr prias tomunidades ou dos diversos movimentos Sociais que falam sobre seus problemas como b da poss vel perda da sazonalidade das guas O editorial indica ser essa uma preocupa o de especialistas S o eles que falam pelas tomunidades Dessa forma o problema de um outro e de um outro subalternizado que se remete s comunidades que vivem da sazonalidade Al m disso a
58. 11 ago 2011 BALDUINO Dom Tom s Lula o bispo e o f rum Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias debates Opini o S o Paulo 13 jan 2006 BAPTISTA Renata Manifestantes contra transposi o ter o de desocupar fazenda Justi a Federal concede liminar para que contr rios obra do rio S o Francisco deixem a propriedade usada pelo Ex rcito Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 30 jun 2007 p A10 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 06 30 2 gt Acesso em 11 ago 2011 BARROS E SILVA Fernando de guas republicanas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 21 dez 2007 BATISTA J NIOR Paulo Nogueira Dom Luiz e o S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 15 mar 2007 Dom Luiz n o pode morrer Folha de S Paulo Caderno Mercado Se o Opini o S o Paulo 06 dez 2007 Opini o Econ mica O Bispo e o Presidente Folha de S Paulo Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 15 dez 2005 BEGUOCI Leandro GUIBU F bio Vaticano pede a bispo que encerre greve D Lorenzo Baldisseri representante de Bento 16 enviou carta a d Luiz Cappio na BA e no DF grupos anunciam jejuns solid rios Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 15 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 15 2 gt Acesso em 15 ago 2011
59. 2005 46 COELHO Marco Ant nio Tavares Contra Projeto beneficia privilegiados Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo 09 out 2005 47 BONI Ana Paula Sociedade Governo quer levar gua a 12 milh es de pessoas Para especialistas disputa pela gua pode gerar conflitos pol tico econ micos Autoriza o deixa brecha para uso que n o s o para consumo dom stico Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo 09 out 2005 272 48 SALOMON Marta Economia Custo de opera o ser repassado para tarifas Os quatro Estados beneficiados v o ratear conta de R 127 milh es por ano CE PE PBe RN j se comprometeram a cobrar pelo uso da gua vinda do rio Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo Bras lia 09 out 2005 49 RR MP 2006 no horizonte Projeto busca manter eleitorado fiel a Lula Obra pode funcionar como trunfo eleitoral para Lula Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo 09 out 2005 50 BONALUME NETO Ricardo Sucesso depende de saneamento b sico Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo 09 out 2005 MARREIRO Fl via Soci logo v novidade no discurso do bispo Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo 09 out 2005 53 LEITE Marcelo Religi o Pol tica revive projeto de tempos em tempos Inten o de transposi o das guas do rio S o Francisco aparece desde o Imp rio Projeto n o saiu do papel por diversos governos e foi abra ado por Lula em 20083 54 CA
60. 2007 apud VIAN 2008 p 61 Sobre o assunto o Jornal apresentou o seguinte t tulo de mat ria Governo prop e a bispo parar obras Chefe de gabinete de Lula e CNBB tentam acordo com religioso transposi o seria suspensa por dois meses GUIBU SCOLESE 19 dez 2007 p A10 O texto da mat ria diz que Gilberto Carvalho ent o chefe de gabinete da Presid ncia da Rep blica apresentou uma proposta ampliada para negociar o encerramento da greve al m de ampliar o programa das cisternas o governo aceleraria a revitaliza o do rio Em troca o bispo encerraria o jejum Hoje Carvalho deve voltar CNBB com t cnicos do governo para concretizar a proposta GUIBU SCOLESE 19 dez 2007 p A10 Nesse caso a Folha de S Paulo em diversas das mat rias sobre as a es da resist ncia popular fez desaparecer os sujeitos dos movimentos populares Nesse sentido mostra todo o jogo de bastidores como se fosse de decis o apenas entre o bispo CNBB CPT e o presidente assessoria Esporadicamente no interior dos textos surge uma ou outra pessoa ligada aos movimentos como Roberto Malvezzi representante da CPT e como representante da Presid ncia Gilberto Carvalho 194 No momento em que Cappio aceitou negociar sua principal demanda ele perdeu imediatamente Para concretizar o xeque mate ao contr rio em que o rei derruba o bispo s faltava o STF liberar as obras Essa exatamente a manchete da pr
61. Cat lica como a Comiss o Pastoral da Terra CPT e o Conselho Pastoral dos Pescadores CPP movimentos sociais populares como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST e o Movimento dos Pequenos Agricultores MPA organiza es n o governamentais ambientalistas e de direitos humanos al m de jornalistas O F rum ampliou os debates e as a es coletivas em outros estados da bacia do S o Francisco e mesmo fora dessa 2 2 2 RELEMBRANDO A POL TICA LULA ANTES DA PRESID NCIA O momento em que Luiz In cio Lula da Silva tornou se favor vel transposi o das guas do rio S o Francisco uma tem tica pol mica em si mesma porque a se imbricam discursos curiosamente controversos Nesse rol surgem diversos sujeitos dos movimentos populares que se posicionam contra a transposi o declarando que foram pegos de surpresa ou propriamente tra dos pois houve o rompimento de confian as pol ticas constru das entre eles e o Lula anterior conquista do poder presidencial e que se romperam ao longo do seu governo no comando do pa s Rememora se que Lula foi um ator pol tico importante tanto para a funda o do Partido dos Trabalhadores PT em 1980 quanto para a funda o da Central nica dos Trabalhadores CUT em 1983 Em seu percurso pol tico paulatinamente ele ampliou suas bases de apoio junto aos movimentos sociais aos sindicatos de trabalhadores e aos intelectuais de esquerda que se identificavam com a possibili
62. DE DOM CAPPIO E DOS MOVIMENTOS POPULARES CARTA DE DOM CAPPIO ANTES DA PRIMEIRA GREVE DE FOME Dom Cappio enviou carta ao Presidente Lula e uma declara o registrada em cart rio expondo as suas raz es Uma Vida pela Vida Declara o Em nome de Jesus Ressuscitado que vence a morte pela Vida plena fa o saber a todos 1 De livre e espont nea vontade assumo o prop sito de entregar minha vida pela vida do Rio S o Francisco e de seu povo contra o Projeto de Transposi o a favor do Projeto de Revitaliza o 2 Permanecerei em greve de fome at a morte caso n o haja uma revers o da decis o do Projeto de Transposi o 3 A greve de fome s ser suspensa mediante documento assinado pelo Exmo Sr Presidente da Rep blica revogando e arquivando o Projeto de Transposi o 4 Caso o documento de revoga o devidamente assinado pelo Exmo Sr Presidente chegue quando j n o for mais senhor dos meus atos e decis es pe o por caridade que me prestem socorro pois n o desejo morrer 5 Caso venha a falecer gostaria que meus restos mortais descansassem junto ao Bom Jesus dos Navegantes meu eterno irm o e amigo a quem com muito amor doei toda minha vida em Barra minha querida diocese 6 Pe o encarecidamente que haja um profundo respeito por essa decis o e que ela seja observada at o fim Barra Bahia domingo de P scoa de 2005 Dom Frei Luiz Fl vio Cappio OFM R G 3 609 650 C P F
63. Decenal de Recursos H dricos da Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco diante de um processo participativo com mais de 1 200 usu rios posicionando se sobre a transposi o O Plano definiu que se a transposi o viesse ocorrer que isso dependeria de um estudo pr vio e criterioso comprovando escassez h drica das regi es receptoras Nesse mbito o Comit poderia aprovar a vaz o m xima de 12 m s e t o somente para usos voltados ao abastecimento humano e dessedenta o animal Julho O Minist rio da Integra o Nacional MI apresenta o Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional Pisf especificando 285 que o uso da gua tamb m serviria al m do abastecimento humano ao consumo industrial as irriga es e a projetos de carcinicultura Outubro Ocorre no Encontro da SBPC em Recife PE o Workshop sobre a Transposi o de Aguas do rio S o Francisco vinculado ao Encontro Internacional sobre Transfer ncia de Aguas entre Grandes Bacias Hidrogr ficas As conclus es finais se posicionaram contra o Pisf 30 de novembro Em regime de urg ncia o governo federal convoca o Conselho Nacional de Recursos H dricos CNRH para aprecia o e delibera o sobre o Pisf sem a devida convoca o das C maras T cnicas A inten o do governo federal era a de reverter a decis o do CBHSF que decidira pela exclusividade do uso externo da gua do rio S o Fra
64. Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 14 2 gt Acesso em 15 ago 2011 MACHADO Cristiano Sem terra invadem mais 3 fazendas em S o Paulo O n mero de propriedades invadidas sobe para 67 Folha de S Paulo Presidente Prudente S o Paulo 29 jun 2007 p A10 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 06 29 2 gt Acesso em 11 ago 2011 MALVEZZI Roberto Margens opostas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 15 jan 2008 MATAIS Andreza Sess o sobre transposi o no Senado acaba em bate boca Folha de S Paulo S o Paulo Bras lia Primeiro Caderno Se o Brasil 15 fev 2008 p A8 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2008 02 15 2 gt Acesso em 11 ago 2011 NASSIF Lu s A transposi o do S o Francisco Folha de S Paulo Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 11 out 2005 A transposi o segundo Ciro Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 14 out 2005 O Bird e a transposi o Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 13 out 2005 Os contras da transposi o Folha de S Paulo Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 12 out 2005 Um projeto temer rio Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 26 out 2005 Um roteiro para a transposi o Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 04 nov 2005 NOTA da reda o Folha de S Paulo Primeiro Caderno se o Painel do Leitor S o Paulo 2
65. Dom Luiz Fl vio Cappio nesse per odo ainda n o era bispo e que o assessorou em suas duas greves de fome Como parte da hist ria da Associa o encontra se a iniciativa de pessoas que viajaram por dezessete dias de barco pelo M dio S o Francisco indo de Pirapora em Minas Gerais a Xique Xique na Bahia com o intuito de conhecer os aspectos 96 socioambientais do rio Esse grupo tamb m foi composto por membros do Centro de Assessoria do Assuru CAA com trabalhos em diversos munic pios baianos que inclusive j recebiam nessa poca o apoio de Dom Luiz Fl vio Cappio esse mais tarde contou com o conhecimento dessa experi ncia em sua futura peregrina o A Associa o pra Barca Andar durou at 1994 contribuindo para o conhecimento e para a solidariedade entre as organiza es da bacia que viriam posteriormente a formar outras redes de mobiliza o Na fala de alguns militantes a Associa o representou uma articula o ambientalista pioneira no rio S o Francisco e tamb m um marco nas atividades de comunica o popular voltada s quest es de defesa do rio chegando a ser produzido por ela um jornal educativo Era uma atua o limitada da Associa o pra Barca Andar mas que j transcendia id ia de regi o do S o Francisco em Alto M dio Sub m dio e Baixo J se pretendia uma organiza o integrada em toda a bacia do S o Francisco Ent o a rede Rede de Educomunicadores do Rio S o Francisco
66. Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Barra BA 24 dez 2007 CONTE DO JORNAL STICO DEPOIS DA EFERVESC NCIA MIDI TICA DA SEGUNDA GREVE DEZEMBRO DE 2007 1 REB LO Paulo Projeto de transposi o das guas remonta ao Imp rio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 26 dez 2007 2 REBELO Paulo S o Francisco se transforma no rio da disc rdia com obras Projeto de transpor as guas coloca em lados opostos ribeirinhos e sertanejos Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 26 dez 2007 3 CONY Carlos Heitor A tese e a pr tica Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Rio de Janeiro 27 dez 2007 4 SALOMON Marta Transposi o gasta 3 vezes o aplicado em revitaliza o Obra para transpor S o Francisco leva R 186 mi recupera o tem R 60 mi Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 30 jan 2008 CONTE DO JORNAL STICO SOBRE A TRANSPOSI O 2008 REFLUXO DA RESISTENCIA A OBRA 1 GUIBU F bio Seca Ex rcito retoma as obras de transposi o do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 08 jan 2008 2 MALVEZZI Roberto Margens opostas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 15 jan 2008 3 EM ATO de desagravo d Luiz diz que Lula cospe no prato em que comeu Bispo de Barra afirma que pres
67. Francisco Ciro Gomes PSB e a atriz Let cia Sabatella conversam ante o ator Carlos Vereza Escolhi meter a a AER cito m o na massa s vezes suja de coc mas minha Elsinats id rm RA cabe a n o afirmou Ciro no debate p A8 Pratarestio de Akisi tatin yer a gt e a E Fonte Folha 15 fev 2008 Capa Foto Lula Marques Folha Imagem Organizado pela autora Ao observar essa que foi a ltima capa com fotografia sobre a transposi o veiculada pela Folha de S Paulo percebe se que o Jornal conseguiu reduzir a sua pr pria possibilidade de esclarecer aos seus leitores as diversas propostas debatidas entre parlamentares e representantes de movimentos sociais ao que nominou NOVEL O Figura 18 Fez de um importante debate a respeito das alternativas sobre o desenvolvimento do semi rido motivo de chacota ao representar os sujeitos como se fossem parte de uma fotonovela confundindo jornalismo pol tico com entretenimento Novamente o impresso aproveitou a imagem da atriz Let cia Sabatella para apresentar o debate sobre a transposi o de forma satirizada e justificar o termo novel o com que qualificou o debate Dessa vez contrap e se de forma ridicularizada a imagem da atriz a do pol tico Ciro Gomes Esse ltimo n o raro tem muitas de suas frases no foco da m dia quando ele utiliza discursos de baixo cal o para denegrir advers rios como o real ado na capa do Jornal Escolhi mete
68. Invers o Acusar parte do judici rio de criar obst culos justamente retirar dele sua fun o prec pua de zelar pelas leis No caso a Constitui o Federal A Justi a Federal da Bahia suspendeu em liminar a licen a para o in cio das obras devido a defici ncias no diagn stico da flora e da fauna da rea e na precariedade do levantamento dos S tios arqueol gicos que podem ser afetados Al m disso teria havido irregularidades nas audi ncias p blicas que deveriam informar e consultar a popula o local a respeito do empreendimento ambiental necess ria A Justi a Federal da Bahia aqui est protagonizada isolada de segmentos da sociedade civil que pressionaram para impetrar as a es civis p blicas Dissimula o por inver s o dos objetivos o obst culo jur dico o grafado enquanto n o se valoriza o papel da Justi a Federal da Ba hia na tarefa de res guardar o cumprimento de direitos para fazer valer de fato a defesa ambiental de patrim nio cultural e o direito das popula es de se rem informadas consul tadas com respeito a suas autonomias para concederem ou n o mento CF art 48 e 231 A obra n o pode ria come ar sem que essas condicionantes fossem cumpridas com especial nfase nos direitos humanos das popula es afetadas anu ncia ao empreendi Invers o dos objetivos deslegitima o do judici rio Ao o
69. Licen a Pr via obra Figura 1 Capa e fotografia sobre a primeira greve 1 de outubro de 2005 esta FOLHA DE S PAULO o ta quo pm Troca troca devolve maior bancada ao PT e emo 1d 154 A o TEY i ROMARIA Cem pessoas v o capela em Cabrob PE onde est o bispo Luiz Cappio destaque em greve de fome contra a transposi o do S Francisco Lula enviou carta a ele P g A20 Leis cobuna de d Luciano Mendes de Almeida na p g AZ Texto legenda Romaria Cem pessoas v o capela em Cabrob PE onde est o bispo Luiz Cappio destaque em greve de fome contra a transposi o do S o Francisco Lula enviou carta a ele P g A20 Leia a coluna de d Luciano Mendes de Almeida na p g A2 Fonte Folha 01 out 2005 capa Fotos imagem 2 Xando P Ag ncia A Tarde Organizado pela autora 13 Muitas das fotografias publicadas sobre a resist ncia popular contra a transposi o n o foram acompanhadas de uma pequena mat ria de forma a compor um t tulo ou chamada de capa junto a um texto no modelo texto lead respondendo s perguntas o que quem quando onde por que mormente tratam se de fotos legendas isto um texto que mais se assemelha propriamente ao formato de uma legenda 161 Figura 2 Destaques de p gina sobre a greve de fome 1 de outubro de 2005 1 Cams DAS AGUAS we somos ds sus ds comia 6 inss sos dos Labs Poucas co Amada Bispo em sd de fome r
70. Luta Camponesa 1 de maio Dia do Trabalhador 10 13 de junho Jornada das Organiza es do Campo e da Cidade 4 de outubro Dia do Rio S o Francisco e Igrejas introduzir os temas nas preocupa es e atividades pastorais das Igrejas em especial na Assembl ia da CNBB Confer ncia Nacional dos Bispos do Brasil 2 11 de abril divulgando os subs dios 305 O pr ximo 1 de Abril n s o transformamos em Dia da mentira do governo e da verdade do povo marco central em nossa agenda de lutas com atividades de protesto e de proposi o em todos os cantos do pa s Na beira do S o Francisco contemplando suas belezas e mazelas ao fundo a barragem de Sobradinho demos um gole d gua ao rio e nos despedimos selando o compromisso de defender a Vida M stica Estudo e A o propostos por Dom Luiz Cappio foram as express es pr ticas deste compromisso Caba as enfeitadas de fitas coloridas prenhes de sementes eram os s mbolos que cada delega o levou Sobradinho 27 de fevereiro de 2008 Movimento dos Pequenos Agricultores MPA Movimento dos Atingidos por Barragens MAB Movimento das Mulheres Camponesas MMC Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST Movimento Sa de Pirituba SP Perupi Marcha Mundial das Mulheres Apoinme Conselho Pastoral dos Pescadores CPP Comiss o Pastoral da Terra CPT Caritas Conselho Indigenista Mission rio CIMI Pastoral da Juventude do Meio Popular P
71. Movimento Um processo que tem se agudizado a cada dia A partir de ent o apesar do movimento ter crescido em conquistas e organiza o em espa os da grande m dia nacional cada vez mais retrata se o MST de forma a depreci lo e a criminaliz lo prejudicando sua imagem frente opini o p blica Contribuindo para que parcela consider vel da popula o brasileira antes simp tica s pr ticas do movimento passasse a perceb lo de modo diferente devido aos escritos e imagens midiatizados que vem retratando o como grupos resumido a invasores e a arruaceiros Gohn comenta Nunca as conquistas e os bons resultados dos assentamentos agr colas j consolidados foram divulgados como manchetes Todos os destaques passaram a ser para os acampados rec m invasores 2000 p 141 55 CAP TULO II O PARTIR DAS GUAS DA CANALIZA O TRANSPOSI O A CONSTRU O HIST RICO DISCURSIVA 2 1 A DISCURSIVA HIST RICA A CANALIZA O DO S FRANCISCO NO S C XIX 2 1 1 A RET RICA DA TRANSPOSI O COMO SECULARIZA O DE UMA PROMESSA O levantamento de dados sobre as primeiras ideias e planos de desenvolvimento de obras de engenharia para transpor o rio S o Francisco oferece elementos para o delineamento de um cen rio sociohist rico sobre o atual Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional Pisf considerado o maior projeto infraestrutural em termos de estrat gias
72. Paulo Bras lia 07 out 2005 32 LEIA as cartas do governo e do bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 07 out 2005 33 GUIBU F bio Caminho das guas Governo convence bispo a encerrar protesto Religioso decide acabar com greve de fome ap s receber ministro mas volta a cobrar suspens o da transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 07 out 2005 34 FREIRE S lvia Caminho das guas Justi a suspende licen a para transposi o Liminar da Justi a Federal da Bahia impede in cio das obras procuradora aponta irregularidades Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 07 out 2005 35 GABEIRA Fernando Viver ou morrer pelo S o Francisco Folha de S Paulo Caderno Folha Ilustrada Opini o S o Paulo 08 out 2005 36 ALMEIDA Luciano Mendes de Revitalizar o rio S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 08 out 2005 37 CONY Carlos Heitor A mulher do padeiro Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Rio de Janeiro 08 out 2005 38 FOLHA DE S PAULO Mar de controv rsia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Editorial S o Paulo 08 out 2005 39 FREIRE S lvia Ibama e AGU v o recorrer de decis o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 08 out 2005 40 SALOMON Marta Caminho das guas Cronograma de obra n o ter preju zo
73. R 12 Aus ncia de fotografia MANCHETE continuidad wA Tea EN 2 milh es Valor seis vezes o que Publica o de Caderno Especial eda obra Ra E A g j foi gasto na revitaliza o do rio S o Francisco obra que divide g opini es teve in cio marcado para S novembro 9 4 ETAPA 14 10 Relat rio do BM questiona obra Aus ncia de fotografia E BM n o no S Francisco Banco Mundial expressa n o apoiar gt apoia obra financeiramente a obra Fonte Elaborado pela autora 158 Quadro 2 S ntese de representa es na capa da Folha tema transposi o 2007 fotos na capa passado morreu Te O conflito na Data Chamada ou Legenda Observa es diversas e ma capa etapas 2007 literal sobre as representa es 1 ETAPA 16 03 Quebra quebra Manifestante Presen a de fotografia sendo a a Movimentos deixa o pr dio do Minist rio da principal da capa S empreendem Integra o Nacional em Bras lia H desqualifica o da 9 manifesta es invadido na r a E organiza o do movimento violentas movimentos contra a obra de Q onae transposi o do rio S o Destaque para bandeira do MST E a colocando o como sin nimo da transposic o rancisco o clima ficou tenso E posI i TA manifesta o E em Bras lia quando a portaria do pr dio foi 2 quebrada e um homem detido p 2 ETAPA 29 06 Daqui n o saio Cerim nia ind
74. SCOLESE Eduardo Caminho das guas Bispo critica Lula e amea a retomar protesto Dom Luiz Cappio afirma que acordo com governo n o est sendo cumprido e sinaliza nova greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 27 out 2005 18 NASSIF Lu s Um roteiro para a transposi o Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 04 nov 2005 19 LEITE Marcelo Ci ncia em dia Y Ikatu Xingu Folha de S Paulo Caderno Ci ncia Opini o S o Paulo 06 nov 2005 OPINIAO CONTRA A TRANSPOSI O 20 SCOLESE Eduardo Caminho das guas Na CNBB Ciro ironiza bispo e discute com promotores Ministro rebate cr ticas ao projeto e ataca governadores Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 09 nov 2005 21 SCOLESE Eduardo Rio S o Francisco Lula receber dom Luiz Cappio e quer encerrar o debate sobre transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 12 dez 2005 22 BATISTA J NIOR Paulo Nogueira Opini o Econ mica O Bispo e o Presidente Folha de S Paulo Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 15 dez 2005 23 SCOLESE Eduardo CONSTANTINO Luciana Caminho das guas Bispo se re ne com Lula e ataca transposi o Governo n o aceita mudar projeto apesar das press es de dom Luiz Cappio que fez greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 16 dez 2005 24 BORGE
75. SECAS DNOCS Plano Simplificado de Reassentamento da Popula o Rural Impactada pela Implanta o do A ude do Castanh o Relat rio Final Fortaleza Dnocs 2002 BRASIL DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS DNOCS SIRAC Relat rio de Impacto Ambiental do a ude p blico Castanh o Fortaleza Dnocs 1990 BRASIL MINIST RIO DA INTEGRA O NACIONAL Ml Boletim eletr nico do Minist rio da Integra o Nacional Bras lia MI 2008 Dispon vel em http www integracao gov br gt Acesso 12 jan 2008 BRASIL MINIST RIO DA INTEGRA O NACIONAL Ml et al Estudo de Impacto Ambiental do Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional Bras lia MI jul 2004b Relat rio de Impacto Ambiental RIMA Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional Bras lia MI jul 2004a BRASIL MINIST RIO DA INTEGRA O NACIONAL MI FUNDA O DE CI NCIA APLICA ES E TECNOLOGIA ESPACIAIS FUNCATE Estudo de avalia o preliminar da transposi o do rio Tocantins para o rio S o Francisco Tomo e Tomo Il Bras lia S o Jos dos Campos Minist rio da Integra o Nacional Funda o de Ci ncias Aplica es e Tecnologias Espaciais e VBA Consultores Funcate 2000 Projeto de transposi o de guas do rio S o Francisco para o Nordeste Setentrional Projeto b sico Trecho Ill Eixo Norte R4 Siste
76. a an lise dos estudos produzidos no governo FHC quando especialmente acumularam se conhecimentos t cnicos voltados para obra de transposi o do rio S o Francisco e do rio Tocantins Alguns desses estudos foram desenvolvidos pela Funda o de Ci ncia Aplica es e Tecnologia Espaciais Funcate e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Inpe rg o do Minist rio da Ci ncia e Tecnologia ao qual essa funda o estreita ambos com sede em S o Jos dos Campos 82 BRASIL FUNCATE 2000 2003 Sobre a transposi o do rio Tocantins tamb m existiram estudos realizados pela Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente de Tocantins TOCANTINS SEPLAN 2000 Origina se desse processo a pr pria elabora o de novos argumentos de persuas o como por exemplo a transposi o n o ser mais referida pelos atores institucionais como um projeto de transposi o e sim como um projeto de integra o de bacias Outro argumento a partir de ent o sempre grafado o de que a transposi o tamb m se justificaria pela alta soma de gastos da Uni o com obras de combate s secas no Nordeste Come ou se a divulgar que somente entre o per odo de 1997 a 1999 os gastos p blicos com o combate seca consumiram cerca de US 4 bilh es Agregaram se a discursivas para legitimar o projeto como essas citadas outras discursivas relacionadas ao perfil carism tico do presidente nas quais a transposi o passou a ser tamb m retratada
77. a despertar uma valora o positiva H muitos exemplos a supress o violenta do protesto descrita como a restaura o da ordem a pris o ou campo de concentra o descrito como um centro de reabilita o muitas vezes mais sutil do que sugerem esses exemplos bastante conhecidos Existe um espa o vago aberto e indeterminado em muitas das palavras de que n s usamos de tal modo que a eufemiza o pode se dar atrav s de uma mudan a de sentido pequena ou mesmo impercept vel p 84 Figuras de linguagem Sin doque jun o sem ntica da parte e do todo algu m usa um termo que est no lugar de uma parte a fim de se referir ao todo ou usa um termo que se refere ao todo a fim de se referir a uma parte Essa t cnica pode dissimular rela es sociais atrav s da confus o ou da invers o das rela es entre coletividades e suas partes entre grupos particulares e forma es sociais e pol ticas mais amplas Meton mia um termo que toma o lugar de um atributo de um adjunto ou de uma caracter stica relacionada algo para se referir pr pria coisa Met fora implica a aplica o de um termo ou frase a um objeto ou a o qual ele literalmente n o pode ser aplicado se bem sucedida gera um sentido novo e duradouro p 84 85 3 Unifica o atrav s da constru o no n vel simb lico de uma forma de unidade que int
78. a pobreza e defender o interesse nacional Em especial quero destacar o apoio dos ex presidentes Jos Sarney ex inimigo pol tico de Lula e Itamar Franco e no segundo turno o precioso apoio que recebi de Anthony Garotinho e Ciro Gomes Como disse ao lan ar meu Programa de Governo gerar empregos ser minha obsess o Para tanto vamos mobilizar imediatamente os recursos p blicos dispon veis nos bancos oficiais e nas parcerias com a iniciativa privada para a ativa o do setor da constru o civil e das obras de saneamento Al m de gerar empregos tal medida ajudar retomada gradual do crescimento sustentado Exigir tamb m uma invers o de prioridades no financiamento e no gasto p blico valorizando a agricultura familiar o cooperativismo as micro e pequenas empresas e as diversas formas de economia solid ria LULA DA SILVA 28 out 2002 p 1 No que diz respeito transposi o logo no primeiro semestre do governo Lula foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial GTI em junho de 2003 para estudos e articula es pol ticas dentro do cen rio da cria o viabilidade e articula o do projeto de integra o de guas do rio S o Francisco com outras bacias hidrogr ficas Uniram se esfor os entre a Casa Civil o Minist rio da Fazenda o Minist rio do Planejamento Or amento e Gest o o Minist rio do Meio Ambiente e o Minist rio da Integra o Nacional Uma das tarefas do GTI foi
79. a ponto de Lula emitir declara es como a publicada pela ag ncia de not cias Reuters em julho de 2006 afirmando que politicamente nunca havia sido de esquerda Voc pode melhorar porque voc j tem quatro anos de experi ncia quatro anos de matura o porque tem muitos projetos em andamento no Brasil Ent o n o h por que mudar h o que aperfei oar afirmou Lula Eu nunca fui um esquerdista declarou Lula LULA SE DIZ LONGE DA ESQUERDA 14 jul 2006 p 1 Lula admitia que as pol ticas a privilegiar os grupos econ micos dominantes continuariam em um segundo mandato O presidente foi reeleito e o seu ndice de aceita o popular avaliado por 52 dos entrevistados pelo Datafolha foi considerado como timo ou bom bastante acima do quadro da avalia o de ruim ou p ssimo de 14 dos entrevistados 86 Com a elei o ganha a rede de resist ncia popular contra a transposi o passa a ser explicitamente ignorada pelo governo enquanto esse levava a p bico seu planejamento cada vez mais alinhado l gica capitalista Em janeiro de 2007 ap s o glamour das posses de governos federal e estaduais o PAC foi apresentado com o principal objetivo de elevar o PIB brasileiro em 5 Para tanto os investimentos previstos foram da monta de R 500 bilh es a serem sacadados do Or amento Geral da Uni o e estados para custear sobretudo mega obras infraestruturais hidrel tricas termoel tricas gasodutos
80. a rede de resist ncia popular contra a transposi o aqui vista como rede antissist mica tenta esclarecer em suas palavras como na Carta de Sobradinho O modelo concentrador de gua fez constru rem muitos e suficientes reservat rios e poucas adutoras e ainda mant m quase metade da popula o do Semi rido sem acesso a gua MPA MAB MMC et al 27 fev 2008 p 2 As respostas n o est o prontas mas existe em curso um processo de conhecimento popular coletivo atento a quest es como essas 243 Diante das an lises desta pesquisa concebe se que o hist rico de a es coletivas empreendidas pela rede de resist ncia n o deixa d vidas quanto a essa ter se destacado como uma luta socioambiental com uma serie de avan os em rela o defesa socioambiental O conflito socioambiental ativado pela transposi o do rio S o Francisco trata se de uma disputa de classes em torno dos interesses socioecon micos relativos ao uso dos recursos naturais sendo a os usos da gua e da terra estrat gicos ao desenvolvimento das estruturas de produ o um dos mais evidenciados A partir dos debates efetivados pela rede popular sobre o desenvolvimento do Nordeste essa decidiu como prioridade central envolver o maior n mero poss vel de pessoas de forma participativa nos di logos sobre as alternativas sobre a transposi o Assim a rede de resist ncia foi desafiada a lidar com a grande m dia Ou seja a lidar com a mesma ins
81. a se juntarem a n s A prioridade comum deste momento a Campanha Opar www saofranciscovivo com br que os povos ind genas do S o Francisco lan aram para pressionar o Supremo Tribunal Federal a julgar a es contra a transposi o em defesa de sua soberania e a de seus territ rios agredidos pela obra Das caatingas de Carna ba do Sert o das ribeiras dos pescadores e lavadeiras do Angaris em Juazeiro da Bahia vislumbramos um longo e rduo caminho pela frente tal qual o Velho Chico Opar Rio Mar enfrenta e nos ensina e convoca a enfrentar Melhor morrer do que perder a vida dizia Frei Tito Alencar Melhor mesmo a alegria de ser mar canta Ben Fontelles S o Francisco Vivo Terra e gua Rio e Povo Rio S o Francisco 23 de agosto de 2009 310
82. an lise A partir dessa tabela organizaram se os materiais para an lise do discurso elaborado pela Folha de S Paulo sobre a resist ncia popular transposi o Na oportunidade desta introdu o cabe esclarecer sobre o que aqui se considera resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco explicitando a diferen a entre a resist ncia popular e a forma o de outros grupos de oposi o transposi o Nesta tese o termo movimento social ser utilizado como refer ncia direta aos movimentos sociais populares Afinal pondera se a exist ncia da diversidade de 31 movimentos sociais que n o t m como propostas de a o coletiva as causas dos trabalhadores e ou dos grupos marginalizados como por exemplo parte dos movimentos feministas dos movimentos ecologistas e dos movimentos relacionados a quest es homossexuais Diversos outros grupos de oposi o transposi o ocorreram no cen rio geral das disputas pol ticas centradas na transposi o Esses grupos foram diversificados em seus segmentos de classe como pol ticos funcion rios p blicos empres rios institui es de interesse industrial e at o Banco Mundial Eles n o s o considerados part cipes da resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco casos especiais como alguns pol ticos e funcion rios p blicos desse grupo podem ser considerados como seus apoiadores A resist ncia popular contra a transposi o foi ca
83. audi ncias p blicas que deveriam informar e consultar a popula o local a respeito do empreendimento grifo nosso A express o suspeita dessas lacunas usada para se referir a neglig ncias na avalia o do impacto socioecon mico reitera a eufemiza o presente na argumenta o do texto N o se questiona de forma direta os graves problemas socioambientais existentes bem como os que a transposi o cria preferindo se represent los como apenas suspeita de lacunas Essa express o justamente a que abre o mesmo par grafo em que h a descri o sobre a Justi a Federal da Bahia por sua vez introduzida como obst culo jur dico 222 Portanto parte se para uma deslegitima o dessa institui o jur dica que seria fonte de obst culos a impedir ou atrapalhar o andamento do projeto de transposi o Desvaloriza se a Justi a Federal da Bahia por uma invers o Acusar parte do judici rio de criar obst culos justamente retirar dele sua fun o prec pua de defender os preceitos legais Assim ainda que seja apropriada a men o sobre parte dos motivos pelos quais a Justi a Federal da Bahia movimentou se como a quest o de que teria havido irregularidades nas audi ncias p blicas isso se coloca como uma barreira a se galgar oportuno discriminar que antes mesmo da convoca o dessas audi ncias necess rias como etapa obrigat ria a libera o da Licen a Pr via consoante Resolu o d
84. bebe muito dessa experi ncia da Associa o pra Barca Andar inclusive dada a seriedade de pessoas que foram da Associa o e continuam com trabalhos e resistindo na luta popular Integrante da Rede de Educomunicadores do Rio S o Francisco jul 2010 dados de entrevista de campo em Juazeiro Bahia 3 3 CAPPIO E A PEREGRINA O AMBIENTAL PELO S O FRANCISCO 1992 1993 Outro marco hist rico da luta ambiental em favor da bacia do rio S o Francisco a peregrina o ecol gica do frei Luiz Fl vio Cappio e de seus tr s companheiros a freira franciscana Concei o Tanajura Menezes o soci logo Adriano dos Santos Martins que coordenava a Associa o pra Barca Andar e mantinha trabalhos volunt rios na par quia de Gentio do Ouro e Orlando Rosa de Ara jo lavrador e sindicalista do munic pio de Brotas de Maca ba Todos tinham forte atua o social no estado da Bahia A peregrina o percorreu o rio S o Francisco da sua nascente foz O objetivo era dialogar com as popula es ribeirinhas aprendendo tanto sobre suas belezas e riquezas naturais e humanas quanto sobre seus principais problemas sociais e ambientais A experi ncia foi registrada em diversas cartas reunidas no livro Rio S o Francisco uma caminhada entre a vida e a morte CAPPIO MARTINS KIRCHNER 1995 A escolha das datas para in cio e fim da peregrina o entre 4 de outubro de 1992 e 4 de outubro de 1993 reflete parte do simbolismo m stico permeado de iden
85. cadas subsequentes foram vendo a queda um a um da maioria de ditos regimes que haviam conseguido conquistar o poder no momento do auge e no cl max dos movimentos antissist micos O colapso da Uni o Sovi tica de 1991 foi simplesmente a conclus o simb lica desse recha o dos regimes da velha esquerda O problema depois de 1968 para todas as for as antisssist micas mundiais era como reconstruir a si mesmas mais especificamente como voltar a revisar novamente suas estrat gias pol ticas desenvolvidas historicamente 2008 p 166 tradu o e grifo nosso Para Wallerstein o per odo das revolu es ocorridas em diversas partes do globo entre 1968 1970 coincide com o in cio da derrocada e do caos sist mico das for as capitalistas com o que concorda M sz ros 2004 ao afirmar ser esse o marco emblem tico do momento de erup o da crise estrutural do sistema do capital Ele cnama a aten o para o fato de que mesmo em pa ses de economias do centro capitalista surge o fen meno do desemprego estrutural o que at os defensores neoliberais keynesiamos tiveram de admitir ser esse um problema que se aprofunda sem solu o dentro das possibilidades da l gica do capital Ao explicitar parte das fei es perversas do metabolismo da sociedade capitalista M sz ros 2004 alerta sobre a import ncia de as for as sociopol ticas de transi o 46 situarem se contra a ideologia das classes dominantes Essa dissemina a seu favo
86. com greve de fome governo procura CNBB para conversar com bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 10 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 10 2 gt Acesso em 15 ago 2011 ALMEIDA Luciano Mendes de Revitalizar o rio S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 08 out 2005 Rio S o Francisco e a vida pela vida Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 01 out 2005 ALVES FILHO Jo o Alves Volta o risco da transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 14 mar 2007 D Cappio e o mito da falta d gua Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 07 dez 2007 Transposi o insensata Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 18 set 2005 ANTENORE Armando Despedida FHC diz que novo governo n o deve inventar a roda Presidente diz que reforma da previd ncia social e transposi o do rio S o Francisco s o 257 medidas inevit veis Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Alto Santo CE S o Paulo 24 dez 2002 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp brasil fc2412200237 htm gt Acesso em 22 set 2010 ARRAIAL do Lula Folha de S Paulo S o Paulo 01 jul 2007 p A17 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 07 01 2 gt Acesso em
87. contra um pretenso fato consumado A legitimidade e os argumentos s o reduzidos a alega es de forma que se induz a imagem de os advers rios a um cen rio que os retratam como incapazes de se tornarem protagonistas importantes na disputa pol tica Sob o discurso do fato consumado e das medidas extremas desaparecem as diversas formas de protesto e resist ncia dos diversos grupos contr rios inclusive silencia se sobre a tentativa de di logo mantida durante todo ano de 2006 5 Editorial Afirmam ainda que a gua servir de modo preferencial aos grandes projetos de irriga o o agroneg cio demonizado por movimentos sociais com apoio da Igreja Cat lica Uma express o como rede de resist ncia de movimentos sociais luta social n o aparece em nenhum dos editoriais Mas pela primeira vez os movimentos sociais aparecem na discuss o mas como se fossem tutelados pela Igreja e demonizando o agroneg cio Clara invers o da rela o opressor oprimido em que se criminaliza a v tima O agroneg cio beneficia se da hist rica estrutura agr ria Os projetos de irriga o no Nordeste deveriam servir ao interesse social com grandes reas desapropriadas para fins de reforma agr ria e n o para consolidar a estrutura agr ria existente como defendia Celso Furtado e t m defendido os movimentos sociais do campo Furtado 1998 O agroneg cio por seu impacto social um forte fator de expuls o das popula es do camp
88. da gua em que se tem discutido a quest o da transposi o ver Cap tulo III Assim a interpreta o uma jun o do contexto cultural intr nseco ao significante mediado pela rela o dial gica com o arcabou o epist mico de quem interpreta da pesquisadora demais sujeitos interpretadores Nesse momento torna se preciosa a reflex o de Barthes diante de uma fotografia o sentimento de denota o ou se preferir de plenitude anal gica t o forte que a descri o de uma fotografia literalmente imposs vel porque descrever consiste exatamente em juntar mensagem denotada um rel ou uma mensagem segunda mergulhada num c digo que a l ngua langue e que constitui fatalmente por mais cuidado que se tome para ser exato uma conota o relativamente ao an logo fotogr fico descrever n o portanto apenas ser inexato ou incompleto mudar de estrutura significar outra coisa al m do que se mostra 2005 p 328 Cada significado tamb m est relacionado com o que o pr prio emissor quis provocar de sentido Essa intencionalidade n o sempre exitosa tamb m se pode provocar outros significados que fogem inten o deliberada do autor No caso da fotografia jornal stica a intencionalidade pode partir de quem fotografou com suas inten es e t cnicas do editor chefe de quem escolheu a fotografia de como essa foi localizada na p gina de como os t tulos legendas foram escritos etc A
89. da Folha de S Paulo entre os anos 2005 e 2007 relativos resist ncia contra a transposi o do rio S o Francisco Tabela 1 S ntese da an lise quali quantitativa sobre o desempenho de not cias na FSP sobre a transposi o 2005 e 2007 Quest es 2005 2007 Observa es Quantidade de dias 11 dias 23 dias Em 2007 Cappio empreendeu mais que o dobro de greve de fome de dias de greve em rela o a 2005 Quantidade de dias A primeira greve recebeu 2 dias a mais de em que houve 13dias 23 dias veicula o de mat rias que o n mero de dias not cias durante a de de empreendido na greve A segunda greve obteve o EM GF not cias not cias mesmo n mero de dias empreendido na greve Caso o Jornal mantivesse quantitativamente a mesma aten o entre primeira e segunda greve em termos de n mero de dias a segunda greve deveria ter recebido aten o em 27 dias Quantidade de 58 51 Apesar do n mero de dias empreendido na mat rias durante as mat rias mat rias primeira greve ter sido menos da metade 11 que duas EM GF da segunda greve 23 essa recebeu 7 mat rias a menos que a segunda M dia entre o 98 11 51 23 Caso a m dia oferecida na primeira greve se n mero de M dia de M dia de mantivesse na segunda implicaria dizer que o mat rias e de dias 5 27 2 21 Jornal teria oferecido segunda greve 121 44 empreendidos na mat dia mat dia mat rias e n o 51 Ou seja uma diminui o de
90. da barragem se encontrou paralisado J as terras Kambiw e Pipip ser o atingidas pelo Eixo Leste da transposi o Outros povos como os Anac do litoral cearense tamb m foram afetados pelas obras do Complexo Industrial e Portu rio do Pec m CIPP interligado ao macro plano econ mico do Nordeste vinculado transposi o 108 Esses ind genas est o integrados Articula o dos Povos Ind genas do Nordeste Minas Gerais e Esp rito Santo Apoinme que contabilizou 34 etnias como afetadas pela transposi o A Apoinme assessora os ind genas em a es jur dicas frente ao Estado No Nordeste a capilaridade dos movimentos populares e das pastorais sociais permitida pela organiza o de base de seus militantes foi decisiva para que a resist ncia contra a transposi o fosse multiplicando se apesar de todas as barreiras impostas pelo Estado Nos momentos em que realizam trabalhos de conscientiza o militantes do MAB e de outros movimentos populares s o elucidativos em seus exemplos quanto aos malef cios que os projetos capitalistas em rios causam popula o pobre Nesse processo explicam que um dos objetivos entre suas pautas reivindicat rias o exerc cio pleno de seus direitos gua bem como se confere na Carta Aberta do Encontro do atingidos e atingidas pela transposi o do rio S o Francisco ocorrido em Campina Grande PB em 2010 Queria esta gua mas n o esperava que fosse desse jeito
91. da causa do povo para que o senhor seja verdadeiramente aquilo a que se prop s o de ser o presidente de todo o povo brasileiro especialmente dos pobres deste pa s por serem os que mais necessitam de sua aten o Receba nossa sauda o amiga e fraterna com os votos de uma Feliz e Santa P scoa de Nosso Senhor Jesus Cristo Dom Frei Luiz Fl vio Cappio OFM Bispo Diocesano de Barra Bahia 298 CARTA NO IN CIO DA SEGUNDA GREVE DE FOME 29 de novembro de 2007 Carta de Dom Cappio ao Povo do Nordeste Queridos Irm os e Irm s Nordestinos do Cear do Rio Grande do Norte da Para ba e do Pernambuco Paz e Bem Quando encerrei o jejum de 11 dias em Cabrob h dois anos atr s acreditei sinceramente que o governo federal cumpriria sua palavra empenhada no acordo que assinamos Este acordo estabelecia um amplo transparente e participativo debate nacional sobre o desenvolvimento do Semi rido e da Bacia do S o Francisco Acredit vamos piamente que se esse debate fosse verdadeiro seriam esclarecidas as reais necessidades e potencialidades do Semi rido e ficaria evidente que a transposi o n o era necess ria nem conveniente ao povo nem ao rio As guas abundantes do semi rido falariam por si E os projetos alternativos existentes se imporiam como as obras do Atlas Nordeste para o meio urbano e as experi ncias da ASA Articula o do Semi rido para o meio rural O governo n o cumpriu o prometido abortou o
92. da massa s derrubadas N o podemos ser reduzidos c s vezes mas minha cabe a ri condi o de mera mercadoria RO Gras ETIGA SASATELLA O diputado Ciro Games PSE CE 64 sares Crsrmar Prada Carioti Vertra e Leticia Sabatella discutam as obeas no Sio francisco m Senado Legenda O deputado Ciro Gomes PSB CE e os atores Osmar Prado e Carlos Vereza e Let cia Sabatella discutem as obras do S o Francisco no Senado Fonte Matais 15 fev 2008 p A8 Foto Lula Marques Folha Imagem Organizado pela autora As reflex es de Adorno e Horkheimer sobre os meandros da mensagem como espet culo ao que submete toda informa o naturaliza o das rela es de domina o mostram se elucidativas do processo de fabrica o dessas reportagens sobre o debate da 199 transposi o no Senado Federal Elas s o reduzidas ao apelo sensacionalista como libi o leitor consumidor sob a sarc stica representa o de desprezo pelo centro do debate que os atores dos movimentos sociais protagonizaram ent o ocultado O discurso que apenas busca a verdade logo suscita a impaci ncia de que chegue com rapidez ao fim comercial que se sup e perseguir na a o pr tica A ideologia cinde se entre a fotografia da realidade bruta e a pura mentira do seu significado que n o formulada explicitamente mas sugerida e inculcada Pela demonstra o de sua divindade o real sempre e apenas cinicamente repetido Essa pr
93. da outra vez fosse a transposi o solu o real para as dificuldades de gua de voc s eu estaria na linha de frente da luta de voc s por ela O que precisamos n o s no Nordeste construir uma nova mentalidade a respeito da gua combater o desperd cio valorizar cada gota dispon vel para que n o ela n o falte a reprodu o da vida n o s a humana Precisamos repensar o que estamos fazendo dos bens da terra repensar os rumos do Brasil e do mundo Ou estaremos condenados destrui o de nossa casa e nossa pr pria extin o contra o Projeto de Deus Senhor Deus da Vida ajude nos Para que todos tenham vida Jo o 10 10 Recebam meu abra o e minha ben o Dom Luiz Fl vio Cappio OFM 300 CARTA DURANTE A SEGUNDA GREVE DE FOME Sobradinho 18 de dezembro 2007 CONTRA PROPOSTA DE DOM LUIZ CAPPIO E DOS MOVIMENTOS SOCIAIS Face proposta feita pelo Governo Federal atrav s do Chefe de Gabinete da Presid ncia da Rep blica Sr Gilberto Carvalho para suspens o do jejum de Dom Luiz Cappio Tendo em vista a solu o real para o d ficit h drico e o desafio do desenvolvimento socioambiental sustent vel do Semi rido e da Bacia do Rio S o Francisco Baseados na proposta feita pela Caravana em Defesa do Rio S o Francisco e do Semi rido Contra a Transposi o 27 07 2007 Para alimentar o di logo e o entendimento Dom Luiz Cappio e os Movimentos Sociais que o acompanham e assessora
94. da rede popular assim como se p de conferir nas a es de 2007 sendo as Manifesta es em Bras lia a Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o em Cabrob e os mutir es de visita s comunidades ent o amea adas pela transposi o Com o avan o da obra imposta f sica e simbolicamente pela for a de intimida o do Ex rcito a resist ncia contra a transposi o sofreu um refluxo na sua agenda de atividades em 2008 Ao mesmo tempo novas frentes de a es coletivas relacionadas obra de transposi o continuaram se organizando como o Encontro dos Atingidos e Atingidas pela Transposi o do Rio S o Francisco ocorrido em junho de 2010 em luta pelo cumprimento dos direitos humanos desses grupos 33 A seguir apresenta se uma breve explica o sobre as estruturas dos cap tulos dessa tese O Cap tulo configurado por uma discuss o te rica sobre an lise de discurso ideologia m dia e movimentos sociais Nele h uma explana o sobre a an lise de discurso como produ o simb lica e de sentidos como o lugar dos sujeitos na cria o portanto no protagonismo da Hist ria Assim o debate a respeito da compreens o sobre movimentos antissist micos um campo te rico e pr tico ao qual se pode identificar muitos dos movimentos populares atuantes na rede de resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco a partir do ac mulo de poder popular alguns de seus dilemas e limites que t m se
95. da revista Especial S o Paulo 09 out 2005 N o aparece essa Estudos Avan a mat ria no sistema de busca de artigos da Folha com dos da USP 13 CAPPIO Luiz Fl vio Vida para todos por isso fiz a x Bispo da Igreja greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Cat lica Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 10 out 2005 14 NASSIF Lu s A transposi o do S o Francisco Folha x Colunista da FSP de S Paulo Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 11 out at 2006 2005 15 NASSIF Lu s Os contras da transposi o Folha de x Colunista da FSP S Paulo Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 12 out at 2006 2005 16 NASSIF Lu s O Bird e a transposi o Folha de x Colunista da FSP S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 13 out 2005 at 2006 17 NASSIF Lu s A transposi o segundo Ciro Folha de x Colunista da FSP S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 14 out 2005 at 2006 18 NASSIF Lu s Um projeto temer rio Folha de S Paulo x Colunista da FSP Caderno Dinheiro S o Paulo 26 out 2005 at 2006 19 NASSIF Lu s Um roteiro para a transposi o Folha de x Editor da FSP S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 04 nov 2005 20 BATISTA J NIOR Paulo Nogueira Opini o x Colunista da FSP Econ mica O Bispo e o Presidente Folha de S Paulo at 2010 Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 15 dez 2005 21 BORGES C sar A transposi o da trucul ncia Folha x Senador ba
96. dali outros que vieram foram colocando pedras at que constru ram a Muralha da China BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 15 out 2009 p 25 Importou sempre estar grafando a imagem do empreendimento na sua caracter stica de gigantismo infraestrutural ali s as imagens da transposi o foram intensivamente ostentadas nas propagandas presidenciais de 2006 e 2010 como sin nimo de pol tica a realizar justi a social aos problemas da seca no Nordeste Tem tica que sensibiliza a opini o p blica refor a a pol tica da realiza o de grandes obras como solu o aos problemas sociais e agrada s corpora es de engenharia que como de not rio conhecimento financiam grande parte das campanhas eleitorais Em outubro de 2009 no ensejo de uma esp cie de reedi o da Caravana da Cidadania pelo S o Francisco de 1994 Lula concedeu uma entrevista coletiva a diversas r dios localizadas em estados do Nordeste considerados benefici rios da transposi o em que respondeu sobre o fato da obra ter sido ou n o promessa de campanha O presidente negou a promessa sob o argumento de que fazer moeda de campanha com a transposi o que seria postura anti tica Afirmou que fez pronunciamento na Assembleia Legislativa do Cear estado mais aguerrido na defesa da transposi o esclarecendo que n o se comprometeria com a realiza o da transposi o durante a campanha eleitoral Por m a transposi o tornou se um projeto para o qual conver
97. das popula es ribeirinhas o quanto esse imagin rio pode ter influenciado no poder de Dom Cappio de chamar a mobiliza o de diversos grupos N o obstante nota se que os grupos de romeiros atuais n o s o os mesmos da poca de Ant nio Conselheiro e que tamb m h que se desmitificar que esses eram grupos de fan ticos religiosos e que tampouco se constitu am em movimentos messi nicos ainda aqui se resgata que o grupo de Ant nio Conselheiro era anti republicano e em prol da monarquia GALV O 2001 NOGUEIRA 1974 QUEIROZ 1965 e que as romarias atuais v m cada vez mais se politizando coletivamente n o no sentido de movimentos antissist micos mas de toda forma cr ticos ao modo de produ o capitalista desde as perspectivas da religiosidade cat lica n o hegem nica Ressaltando se nessa esfera das realidades das organiza es sociais que n o existe tipo ideal de organiza o Cabe registrar o grande conhecimento que o grupo de frei Cappio obteve sobre as diversas entidades religiosas e sociais atuantes na bacia sanfranciscana Fato que se verifica com as mais de trezentas cartas enviadas s entidades populares assim como a 16 dioceses e a 97 par quias ribeirinhas Todas enviadas pelo grupo de peregrinos antes de partirem viagem pelo rio O grupo percebeu um campo social pendente de comunica o e de articula o entre as lutas sociais da bacia sanfranciscana Ser discutido adiante que para determinados g
98. de dias not cias ap s a greve greve noticiados p s greve greve Quantidade de ca 8 capas 11 capas A considerar o n mero de dias de dura o da pas abordando a greve o n mero de capas de 2007 relativamente transposi o de menor em 2007 forma geral Quantidade de 8 capas 9 capas O n mero de capas um dos poucos quesitos em capas abordado as 4 com 3com que a greve de 2007 ganhou relativo maior greves e quantas fotos fotos destaque Se a base comparativa fosse a com fotografia proporcionalidade entre dias de greve por n mero de capas 2007 deveria ter apresentado 14 capas e 8 delas com fotografias e n o 3 Quantidade de 13 8 Nesse quesito 2005 tamb m obteve um n mero mat rias no dia de mat rias mat rias maior de mat rias em um nico dia Ressaltando maior destaque ao se que o segundo dia mais noticiado de 2005 assunto ganhou 10 mat rias Sendo assim ainda maior que 2007 com seu m ximo de 8 mat rias Porcentagem de De todas De todas As greves foram tema impulsionador de uma quan mat rias na EM GF mat rias mat rias tidade expressiva de mat rias Ampliou o leque de em rela o ao total sobre a sobrea discuss o sobre as vantagens e desvantagens da de mat rias sobre a transposi transposi transposi o Bem como desencadeou um proces transposi o em o o so que tornou p blica a resist ncia contra a obra e cada ano 55 76 60 a favor da revitaliza o Antes p
99. de fundo pol tico econ mico expandido No jogo de oculta o dos especialistas talvez se insira o ge grafo Ab S ber professor em rito da USP portanto n o se trata de um especialista gen rico O professor que por muitas vezes se pronunciou contra a transposi o teve um artigo veiculado na pr pria Folha de S Paulo no mesmo dia da publica o do primeiro editorial aqui analisado e abordou com propriedade essa tem tica AB S BER 20 fev 2005 A cultura de vazante possui import ncia central no modus vivendi de ribeirinhos como os que habitam o vale do S o Francisco e do Jaguaribe Nela costuma se plantar feij o arroz batata milho entre outros v veres Com isso coopera se para abastecer como 221 menciona Ab S ber em outro trabalho um dos sistemas socioecon micos mais eficientes j registrados na vida das vilas e cidades do sert o nordestino que o das feiras livres t o fundamental que ultrapassa em import ncia toda a soma de a es governamentais dirigidas ao Nordeste em diferentes tempos 1998 p 43 O editorial inicia uma argumenta o em dire o defesa socioambiental denunciando que os estudos da transposi o negligenciaram os impactos socioambientais por m o faz a partir de um erro conceitual e de um processo de expurgo do outro em que se desconsideram os impactos sociais em comunidades ribeirinhas Essa imprecis o em um texto t o elaborado como o editorial d mostras da falt
100. de opera o gerais da ideologia elencados pelo autor os quais servem para o exame cr tico dos editoriais Outros ser o apresentados durante a an lise Sobre esses modos de operar da ideologia nem todos se viram presentes nos editoriais analisados alguns surgem pelo seu inverso por exemplo legitima o deslegitima o bem como outras formas n o elencadas pelo autor tamb m s o assinaladas Para Thompson 2002 um dos modos de operar da ideologia pela legitima o em que rela es de domina o s o geradas estabelecidas e sustentadas a partir de processos que tornam os interesses dominantes percebidos como indiscutivelmente aceitos e dignos de apoio Portanto um processo impulsado pela exig ncia de legitima o que sup e se faz a pr pria sociedade Para tanto s o criados e apresentados discursos com efic cia argumentativa objetivando produzir sentimentos de empatia para com certos valores e causas sociais Nessa esfera a legitima o pode estar fundamentada entre outros processos a na estrat gia de racionaliza o quando s o elaboradas e propagadas justificativas l gicas com uso de linguagem t cnica para convencer um p blico de que determinada ideia deve ser causa defendida por todos b na estrat gia da universaliza o quando interesses de um grupo restrito s o apresentados a servi o do interesse amplo da sociedade por meio de acordos institucionais como certos programas e projetos de governo
101. de p gina jornal stica aqui comentado sobretudo devido a sua repeti o influencia a forma o de significados em um processo de acumula o que associam movimentos sociais populares s a es negativas Adiante ser o verificados outros exemplos em que se repetem dois tipos similares de composi o de p gina do Jornal ao surgir a resist ncia popular contra a transposi o As mat rias nessa tem tica s o exibidas na contiguidade 1 de not cias e imagens de cunho violento e ou que s o ou se remetem a assunto de pol cia e 2 de outras reportagens denegrindo a imagem de movimentos camponeses e ind genas em geral relacionando os diretamente criminalidade ou com posi es simb licas que aludem os sujeitos militantes como se eles devessem ser vigiados de perto pela pol cia 164 Figura 3 Capa detalhe de capa e fotografia da reportagem 3 de outubro de 2005 1 2 FOLHA DE S PAULO PT podeter fonte de caixa 2 fora do Brasil diz Delc dio Wes EE Texto legenda NOVENA Reuni o de fi is em capela no sert o pernambucano onde bispo de Barra BA o frei Luiz Fl vio Cappio faz greve de fome contra a transposi o do rio S o Francisco Legenda Sob sol forte fi is aguardam em fila para entrar na capela onde o bispo de Barra BA o frei Luiz Fl vio Cappio cumpre greve de fome Fonte Imagem 1 e 2 Folha 03 out 2005 capa Fonte Imagem 3 Guibu 03 out 2005 p A9 Foto
102. de seus donos e editores tamb m um instrumento pelo qual o Jornal procura moldar o olhar do leitor oferecendo a ele uma esp cie de lente cultural pela qual seu p blico deve visualizar as mat rias jornal sticas conforme pr via prescri o defendida como a mais t cnica e imparcial A seguir utilizam se algumas das abordagens epistemol gicas sobre o modus operandi da ideologia para auxiliar o exame cr tico da an lise de discurso sobre como os argumentos presentes nas publica es da Folha de S Paulo foram constru dos e ou reproduzidos ao abordar ou ocultar a resist ncia popular contra a transposi o Nesse sentido buscou se subs dio no trabalho realizado por Thompson 2002 sobre ideologia e midia o da cultura moderna particularmente sua reflex o sobre as formas de 201 operar da ideologia as quais o autor apresenta cinco modos principais 1 legitima o 2 dissimula o 3 unifica o 4 fragmenta o e 5 reifica o Ap ndice C Para detalhar esses modos de operar da ideologia Thompson desenvolveu uma segunda classifica o que ele nominou estrat gias t picas de constru o simb lica vinculadas queles cinco modos gerais de opera o da ideologia Como ressalta o pr prio autor esses modos e estrat gias n o s o os nicos para estabelecer e sustentar rela es domina o frequentemente se concretizam sobrepostos e refor am se uns aos outros Em seguida descrevem se alguns desses modos
103. de uma boa causa Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 06 out 2005 25 FERNANDES Kamila FREIRE S lvia Cidade tem atos pr transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 06 out 2005 26 CORSALETTE Conrado SALOMON Marta Caminho das guas Lula promete verba para revitaliza o de rio Presidente adota discurso de concilia o com bispo e anuncia que apoiar aprova o de emenda constitucional Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 06 out 2005 27 GUIBU F bio Bispo s dialoga com documento Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 06 out 2005 28 ALENCAR Kennedy SCOLESE Eduardo RODRIGUES Fernando CEOLIN Adriano Caminho das guas Lula faz acordo para encerrar greve de fome Para convencer bispo a terminar hoje seu protesto Planalto admite fazer concess es e 271 receber religioso em Bras lia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 06 out 2005 29 CANTANHEDE Eliane O bispo amea a o rei Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Bras lia 06 out 2005 30 SA Nelson de Toda M dia Dois Nordestes Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 07 out 2005 31 SCOLESE Eduardo CNBB espera que moda de greve de fome n o pegue Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o
104. denominar formas peculiares de consci ncias dominadas postas em rela o dial tica a uma cultura dominante 52 Explica que se forma um forte imagin rio por meio dos processos ideol gicos incutindo em todos que o Primeiro Mundo tem em si seu Terceiro Mundo suas classes dominadas com sua cultura do sil ncio No entanto essas formam uma totalidade dominante repercutindo o mito de sua superioridade natural Um sentimento de que podem fazer prevalecer suas vontades sobre todos do Terceiro Mundo Da mesma forma incute se que o considerado Terceiro Mundo tem seu Primeiro Mundo com suas classes dominantes n o obstante subordinadas ao Primeiro Mundo como ventr loquos da voz imperial Essas classes dominantes do Terceiro Mundo possuem suas classes ainda mais subalternas que em conjunto formam uma totalidade dependente repercutindo o mito de sua inferioridade natural A supera o da cultura do sil ncio para as classes dominadas do Terceiro Mundo est na a o revolucion ria capaz de transformar suas estruturas Assim como em diversos pa ses da Am rica Latina no Brasil h uma situa o de colonialismo interno Evidencia se uma metr pole interna espacialmente localizada no Sul no Sudeste e na capital do pa s e uma col nia interna no Norte no Nordeste e em parte do Centro Oeste mediadas por uma sempre m vel fronteira interna subjugadas ao capital transnacional No que diz respeito ao Nordeste essa rela o
105. dias em rela o segunda greve 23 dias Caso a m dia de publica es oferecida na primeira greve se mantivesse igual na segunda implicaria dizer que o Jornal deveria ter oferecido segunda greve cerca de 121 mat rias e n o 51 mat rias representando uma diminui o de 60 47 Para al m das explica es relacionadas ao valor not cia da greve de fome ter sido mais atraente devido a seu ineditismo no caso da primeira greve h que se considerar as 244 diferen as pol ticas entre a correla o de for as governo rede de resist ncia nesses per odos e que influencia a cobertura das not cias Durante 2005 pode se dizer que os atores sociais e individuais ainda estavam em processo preliminar de consolida o da forma o da rede de resist ncia A rede nasceu a partir de uma demanda j reativa e na premente necessidade de opor se ao projeto de transposi o anunciado em julho de 2004 A entrada no processo de licenciamento ambiental do projeto e sua r pida movimenta o em dire o execu o de audi ncias p blicas ainda em 2004 e em janeiro de 2005 foram o cen rio inicial da rede de resist ncia na defesa socioambiental Nesse cen rio cabe resgatar o fato do CBHSF ter sido desrespeitado em suas leg timas delibera es que atribuiu o uso da gua do rio S o Francisco apenas em caso de comprovada escassez h drica e t o somente para abastecimento humano e dessedenta o animal A rede conseguiu avan ar na a
106. do Canteiro de Obras 29 de junho de A OTLET ERA E E O D E A A 180 Figura 10 Fotografias relativas s mat rias sobre a Ocupa o do Canteiro de Obras 27 de junho e 4 de julho de 2007 181 Figura 11 Fotografias presentes no banco de dados da FSP mas n o publicadas no jornal impresso 28 de junho e 01 de julho de 2007 183 Figura 12 Imagens no interior do Primeiro Caderno em duas p ginas que abordam a Ocupa o do Canteiro de Obras 30 de junho e 1 de julho de 2007 185 Figura 13 Destaque aos Truk s 6 de julho de 2007 187 Figura 14 Capa e fotografia sobre a segunda greve 18 de dezembro de Figura 15 Capa e fotografia sobre a Manifesta o em frente ao STF 19 de dezembro de 200 dubai a a E E a T a T Ea 192 Figura 16 Capa e fotografias sobre a segunda greve 20 de dezembro de Figura 17 Fotografias alusivas decis o do STF sobre a transposi o 20 de d zembro d 2007 saia ig e E E A E 196 Figura 18 Capa e fotografia alusivas audi ncia no Senado 15 de fevereiro de 200g a Ra a a a OaE 198 Figura 19 Fotomontagem alusiva audi ncia no Senado sobre a transposi o 15 de fevereiro de 2008 serena 199 Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 Quadro 4 Quadro 5 Quadro 6 Quadro 7 LISTA DE QUADROS S ntese de representa es na capa da Folha tema transposi o 2005 158 S ntese de representa es na capa da Folha tema transposi
107. do Jaguaribe No Leste o desafio de engenharia maior desn vel de 300 m Ser o beneficiados Pernambuco Cear Para ba e Rio Grande do Norte O plano ter os primeiros canais e a udes em dois anos a tempo para a elei o de 2010 Advers rios da transposi o diante do fato consumado recorrem a medidas extremas como a retomada da greve de fome de dom Luiz Fl vio Cappio bispo de Barra BA Alegam com apoio de v rios especialistas que o projeto n o equaciona os verdadeiros problemas do rio e da popula o que dele depende como a polui o da gua Afirmam ainda que ela n o chegar s pessoas que mais precisam mas servir de modo preferencial aos grandes projetos de irriga o o agroneg cio demonizado por movimentos sociais com apoio da Igreja Cat lica Com efeito a pr pria Ag ncia Nacional de Aguas ANA alertou em seu Atlas Nordeste um ano atr s que 41 milh es de nordestinos poder o enfrentar inseguran a h drica se n o forem realizadas obras adicionais ao custo de R 3 6 bilh es para distribuir de fato a gua Parece tamb m exagero a cifra de 12 milh es de benefici rios em realidade toda a popula o urbana na rea das bacias receptoras Mesmo onde j existe infra estrutura para irriga o no Nordeste metade do potencial deixa de ser aproveitado por agricultores por falta de capital e cr dito Por fim diante do descaso tradicional com saneamento b sico parece pouco prov vel que se
108. do Som de Campinas permanecendo at 31 de janeiro de 2008 Entre as imagens h cen rios da luta contra a transposi o 288 17 de dezembro promovido o Dia Nacional de Vig lia e Jejum Solid rio articulado pela C ritas com atividades em diversos lugares do pa s 18 de dezembro Caravanas de v rios estados chegam a Bras lia para protestar contra a transposi o e para apoiar o STF a julgar a favor do pedido de agravo do procurador geral da Rep blica Antonio Fernando Souza 19 de dezembro O STF julga o projeto de transposi o como v lido Em Sobradinho BA Dom Cappio desmaia e hospitalizado em Petrolina PE 20 de dezembro Dom Cappio recebe alta do hospital e decreta a finaliza o do segundo jejum mas n o da luta contra a transposi o 2008 14 de fevereiro Ocorre audi ncia p blica sobre a transposi o do rio S o Francisco no Senado Federal 25 a 27 de fevereiro realizada a Confer ncia dos Povos do S o Francisco e do Semi Arido na qual elaborada a Carta de Sobradinho assinada por 93 movimentos e organiza es populares 28 de mar o promovido o encontro Modelo de desenvolvimento e a transposi o do rio S o Francisco organizado pela Frente Cearense por uma Nova Cultura da Agua e Contra a Transposi o das Aguas do Rio S o Francisco na Universidade Federal do Cear UFC Na ocasi o lan ado o document rio Transposi o do rio S o Francisco e as
109. dos Estudantes Unesco Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UOL Universo Online USBR United States Bureau of Reclamation USP Universidade de S o Paulo WWC Conselho Mundial de gua LISTA DE ILUSTRA ES Ilustra o 1 Detalhe do mapa de Halfeld 1860 indicando o ponto de partida para a canaliza o do rio S o Francisco ao rio Jaguaribe conforme apontou Marcos Antonio de Macedo asanpasas ana res sie dinner seua gd pad id Ilustra o 2 Detalhe de mapa sobre a localiza o do Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional Ilustra o 3 Detalhe do mapa indicando os trechos do Eixo Norte e do Eixo Leste do PIS suar are asas assa eg oia TADEU eds DEE Eras pa GTA Adr a Ilustra o 4 Precipita o m dia anual conforme Atlas Nordeste ANA 2006 Ilustra o 5 S mbolo da resist ncia popular contra a transposi o Ilustra o 6 Tipologia peirceana da estrutura comum do signo exemplificado na imagem como Signa a RA SRD RR 65 71 72 103 107 LISTA DE GR FICOS Gr fico 1 Quantidade de reportagens por ano sobre a transposi o na FSP de 2000420 aaa ria rir EaD A qa AS Gi 137 Gr fico 2 Quantidade de mat rias sobre a transposi o com marco na efervesc ncia midi tica em torno da greve de fome EM GF 2005 e Gr fico 3 Compara o da evol
110. drica preventiva para a transposi o Dessa forma o CNRH desconsiderou o Plano da BHSF positivado e referendado na participa o popular e em in meros estudos t cnicos preferindo aprovar o Pisf com base em apenas uma reuni o e em uma s Nota T cnica da ANA n 492 23 set 2004 A ANA discorreu apenas que o rio S o Francisco possu a disponibilidade h drica suficiente A Nota T cnica foi posteriormente motivo de interpela es jur dicas devido suspeitas de fraudes CBHSF 2005 No decorrer das atividades do CBHSF percebe se que o per odo entre 2004 e meados de 2005 foi um momento de esperan a por parte dos opositores transposi o Esses estavam confiantes respaldados no poder legalmente institu do do CBHSF por sua fun o como espa o deliberativo a partir da participa o de atores situados na esfera p blica e na sociedade civil organizada pois a princ pio as decis es a tomadas sobre o uso da gua do rio deveriam ser acatadas pelo Poder P blico Dado o crescente avan o das for as favor veis transposi o dentro e fora do governo federal bem como devido inefici ncia de frear o projeto via CBHSF e por pleitos jur dicos come ou se a tentar tamb m outras estrat gias na tentativa de ampliar a discuss o para al m das organiza es existentes na pr pria bacia sanfranciscana Algo 105 desafiador visto a dimens o geogr fica e heterogeneidade de movimentos sindicatos e ONGs em quest o
111. e ao destinar as suas guas para fins essencialmente econ micos uma obra desumana que viola o princ pio de que a gua um direito humano fundamental Esta a mesma raz o pela qual rejeitamos os grandes projetos de irriga o que apenas favorecem o agroneg cio exportador 4 Conviv ncia Sustent vel com o Semi rido Os povos do S o Francisco e do Semi rido reafirmam que compreendem a Conviv ncia com o Semi rido como fundamento de desenvolvimento nos termos 304 contempor neos mais avan ados um novo paradigma civilizat rio Como tal dos mais relevantes grandes temas nacionais da atualidade que interessa e deve ser compreendido por toda a sociedade brasileira Rejeitamos o atual modelo de desenvolvimento que h s culos perpetua a concentra o de terra gua e renda excluindo quase metade da popula o da regi o Propomos um modelo de desenvolvimento que seja essencialmente justo garantindo acesso a terra e a gua baseado na l gica da Conviv ncia com no Semi rido com in meros programas j testados e comprovadamente eficazes NOSSAS A ES a Trabalho de base intensificar em todas as regi es em especial no Semi rido Setentrional mas tamb m em todo o pa s em mutir es que congreguem militantes dos v rios movimentos e organiza es utilizem novos subs dios acess veis ao povo esclare am a verdade sobre a transposi o e as quest es mais amplas da gua do hidro neg cio da revitali
112. e fechos de pasto estudantes educadoras artistas e oper rios lutadores e lutadoras do povo Conosco se somam a Frente Cearense e a Frente Paraibana no enfrentamento da malfadada transposi o al m de companheiros de Bras lia Recife Aracaju Mossor Alemanha e Holanda e o presidente do Comit da Bacia Trouxemos as marcas da degrada o ambiental social e humana que se abate sobre a Bacia do S o Francisco nestes ltimos 50 anos de avan o avassalador do capital Com alegria e nimo partilhamos nossas experi ncias e conquistas na defesa da vida de nossos direitos das terras e guas das plantas animais e gentes do S o Francisco Neste Il Encontro Popular da Bacia do S o Francisco fizemos o balan o de quatro anos da Articula o Popular do S o Francisco que congrega em torno de 300 entidades Tra amos nossos planos de continuidade e avan o nos pr ximos dois anos Indignados denunciamos os crimes sociais e ambientais que se multiplicam atualmente num reciclado e retr gado surto de desenvolvimentismo caso do PAC Plano de Acelera o do Crescimento do governo federal E partilhamos as esperan as e vontades renovadas em barrar a expans o desta engenharia e desta cultura de morte ao mesmo tempo construindo um projeto popular de vida abundante e paz em harmonia com o cosmos V rios relatos durante o encontro constatam que a explora o e a degrada o aumentam O agroneg cio se alastra na onda dos agrocomb
113. e jur dica o governo revisse sua disposi o de levar a cabo este projeto que carece de verdade e de transpar ncia Quando cessa o entendimento e a raz o a loucura fala mais alto Em meu gesto n o existe nenhuma atitude anti Lula neste momento delicado da vida nacional Pelo contr rio Quem sabe seja uma maneira extrema de ajud lo a entender pelo cora o aquilo que a raz o n o alcan a Tenha certeza um profundo testemunho de amor vida Minha vida est em suas m os Receba minha sauda o fraterna e amiga Dom Frei Luiz Fl vio Cappio OFM 294 CARTAS DEPOIS DA PRIMEIRA GREVE DE FOME NO ENSEJO DA AUDI NCIA NA PRESID NCIA DA REP BLICA 15 12 2005 Carta ao presidente da Rep blica IMPORTANTE reconhecer e destacar que esta audi ncia d in cio participa o da sociedade na discuss o de um modelo de desenvolvimento baseado na conviv ncia com o semi rido que priorize os direitos dos pequenos Os movimentos sociais e seus coletivos h muito fazem a reflex o das alternativas origem da pauta inicial para este processo de discuss o N o mudamos nossa compreens o da transposi o de guas do Rio S o Francisco conforme j expressa em Cabrob A transposi o recebe severas cr ticas dos movimentos sociais dos coletivos populares amparados em estudos de t cnicos e especialistas em recursos h dricos O Brasil possui uma das mais injustas concentra es no acesso gua A transposi
114. ela motivou a publica o de mat rias n o centradas nas a es da rede que mesmo na voz impl cita e expl cita de outros bem como de apoiadores da rede contribu ram para ampliar o leque de discuss o sobre as vantagens e desvantagens da transposi o e sobre fatores relacionados revitaliza o do rio S o Francisco ainda que v rias delas destaquem ideias antag nicas aos dos movimentos Essa abertura um pouco mais plural sobre outros pontos de vista fica evidenciada na Folha de S Paulo por meio da publica o de 34 textos de opini o dedicados ao tema transposi o entre fevereiro de 2005 a janeiro de 2008 Desse total 20 se posicionam contra a obra 10 a favor e 4 n o explicitam posi o a favor ou contra a obra Tabela 3 Em 246 geral o espa o reservado para os artigos de opini o possui a caracter stica de ser aberto a distintas posi es internas e externas ao jornal mas isso por si s n o caracteriza a democratiza o e o pluralismo de vozes dentro de um ve culo impresso Entre esses artigos de opini o o do editor da se o Brasil na qual est publicada a maioria das reportagens sobre a transposi o Fernando Barros e Silva foi um dos mais agressivos a Dom Cappio e aos artistas militantes engajados na resist ncia contra a transposi o a verificar por seu artigo do dia 21 de dezembro de 2007 dois dias ap s a decis o do STF em que ele escreve N o consigo ter simpatia pela greve de fome de
115. em torno dessa l gica um processo em que h complexa articula o de for as de vozes esquecidas ou apagadas de mem rias compactadas ou fraturadas de hist rias contadas de um s lado que suprimiram outras mem rias p 63 Essa tem sido a regra global mas ela n o significa o total apagamento dos rastros dessas vozes silenciadas A resist ncia pode permanecer latente por muitos anos ao aguardo da sua eclos o Os discursos s o manifesta es de interesse Assim podem estar integralizados como menciona Istv n M sz ros 2004 na pr tica que cria e reproduz condi es ideol gicas materialmente ancoradas e sustentadas Tais pr ticas mant m a atual ordem dominante mas n o devem ser encaradas como prerrogativas para a manuten o ad aeternum do modo de produ o capitalista Sobre os meandros da an lise de discurso Eni Orlandi 2007a destaca que na investiga o da produ o da linguagem que se pode perceber a rela o dos chamados sujeitos com os sentidos as l gicas os valores e com a hist ria uma esfera complexa que n o retrata apenas um repasse de dados S o rela es que evidenciam o lugar dos sujeitos na hist ria indicando como se delineiam suas argumenta es suas subjetiva es e 36 como por meio dessas rela es os sujeitos constroem a realidade produzindo o efeito de historicizar o sentido A autora acrescenta A entrada no simb lico irremedi vel e permanente es
116. emergencial de sustenta o Setas negocia o e contrata o de cr dito Seagri assist ncia t cnica Seagri licen a ambiental Seagri e implanta o do Projeto Seagri Dnocs Plena 2002 Conforme observado em pesquisas de campo o MAB n o consegue estabelecer um di logo integrado com todos esses rg os de uma s vez Quando ocorrem audi ncias em que est o presentes diversos representantes governamentais em geral isso se deve ao calor das press es de marchas de ocupa es de pr dios p blicos e de rodovias O Movimento busca realizar as audi ncias da forma mais participativa poss vel com membros de diversas comunidades atingidas inclusive com aten o quanto s quest es de g nero e de modo que n o sejam em salas fechadas com poucos atingidos As audi ncias s o mediadas pelos pr prios militantes para que n o se ocupe o tempo com assuntos fora das demandas previamente pautadas Assim se busca evitar manobras discursivas daqueles que n o t m interesse em resolver os problemas e tentam diminuir a autonomia do atingido o que pode ocasionar audi ncias infrut feras e sem encaminhamentos pr ticos Ainda cabe mencionar que os dados quantitativos sobre o n mero de atingidos tanto por barragens quanto por canais de adu o h drica e pelos projetos de irriga o no S o Francisco e no semi rido como um todo s o informa es dif ceis de precisar H falta de transpar ncia quanto aos n meros oficiais d
117. especialmente no Cear como os de Capanema 1878 e de Raja Gabaglia 1861 Esses se colocaram claramente contra a pol tica de a udagem e contra procedimentos em mat ria de pol ticas p blicas relacionados a grandes projetos h dricos no Nordeste seco Entre os seus debates inclui se a canaliza o do rio S o Francisco Nota se que atualmente tamb m incorrem afirma es que imputam Comiss o a responsabilidade pelos primeiros estudos e ideias sobre a canaliza o do rio S o Francisco Isso um fato equivocado por meio do qual em geral promove se a figura do Bar o de Capanema Guilherme Sch ch Capanema como uma esp cie de porta voz dessas ideias como se confere no Estudo de Impacto Ambiental do Pisf Em 1859 atrav s do Instituto Hist rico e Geogr fico Brasileiro foi realizada miss o de sua Comiss o Cient fica Explorat ria deveria ser escrito Comiss o Cient fica de Explora o Prov ncia do Cear chefiada pelo Bar o de Capanema n o foi Capanema quem chefiou e sim Francisco Freire Alem o e composta de uma equipe t cnica multidisciplinar que recomendou a necessidade de melhoria dos meios de transporte e armazenamento de gua na regi o incluindo a constru o de 30 a udes e a abertura de um canal ligando o rio S o Francisco ao rio Jaguaribe este referido como o maior rio seco do mundo BRASIL MI et al 2004b p 2 19 N o constam registros a partir dos quais se possa inferir que Capanema
118. essa secar fontes financeiras H uma usurpa o atores da rede de resist ncia n o tem voz Os protestos s o de pol ticos em conflito por verbas do governo federal Mas tamb m s o desqualificados pela express o motiva o rec ndita A cr tica sobre a possibilidade de desvio de verbas que poderiam servir para atender demandas regionais importante por m um argumento fraco na persuas o para convencer a sociedade de que um projeto n o de interesse p blico devido pr pria naturaliza o da pr tica de desvio de verbas por uma sociedade Oculta o H outra parcela de advers rios n o nominada que tem outros motivos Fonte Organizado pela autora 219 5 10 2 D vidas na transposi o 2 Editorial 05 10 2005 O segundo editorial intitulado D vidas na transposi o 05 out 2005 veiculado na semana prevista para emiss o da Licen a de Instala o pelo Ibama e durante a greve de fome de 2005 n o menciona essa ltima O mote do editorial a licen a do Ibama Em nenhum momento a resist ncia popular aparece embora seja claro que o editorial foi motivado pela greve de fome que j durava dez dias N o se pode dizer que houve um silenciamento do Jornal a esse respeito afinal ele publicou dezenas de mat rias sobre o tema No entanto no espa o editorial sim o silenciamento se faz Nada mencionado sobre a resist ncia contra transposi o n
119. estiveram bastante vis veis nos momentos dos jejuns de Dom Cappio encontram se os grupos de romeiros Em geral eles t m suas falas suprimidas e s o destitu dos de raz o pol tica sobre a realidade do S o Francisco pela grande m dia Em muitas das narrativas jornal sticas eles foram mostrados apenas como grupos levados pela f crist que atendiam a um apelo messi nico como se repetindo as imagens do filme Deus e o Diabo na A constru o dessas duas barragens implicar a expuls o de mais 20 mil pessoas de munic pios localizados nos estados da Bahia Cura Abar e Juazeiro e Pernambuco Petrolina Santa Maria da Boa Vista Lagoa Grande Oroc e Cabrob 110 Terra do Sol de Glauber Rocha marcadas pelo fanatismo pelo banditismo social e pela terra crestada pelo sol Esses grupos de romeiros n o s o alheios organiza o pol tica muitos s o os mesmos sujeitos que conformam as Comunidades Eclesiais de Base CEBs e que preparam seus encontros nacionais interclesiais Fazem parte das 14 pastorais sociais vinculadas CNBB como a CPT e a CPP e organizam os encontros regionais das Romarias da Terra e da gua Em 2010 fez se o 33 encontro da regi o Nordeste reunindo dez mil pessoas em Bom Jesus da Lapa BA N o se tratam de massas conduzidas por sua condi o alienada Boa parte est h muito refletindo sobre suas realidades como sujeitos explorados e sobre como podem intervir para melhorar a quali
120. eventos como na Manifesta o em Bras lia na Ocupa o do Canteiro de Obras e nos apoios s greves de fome de Dom Cappio entre outras atividades O fato desses atores se localizarem em Juazeiro da Bahia privilegiou o fortalecimento de la os anteriormente constru dos entre eles e os ind genas Truk entre outras etnias A proximidade espacial de cerca de 200 quil metros entre Juazeiro e Cabrob PE facilitou a comunica o entre esses elos da rede de resist ncia a integrar movimentos camponeses quilombolas e ind genas da regi o Cabrob em termos de levantes de enfrentamento pol tico contra a transposi o tornou se uma das localidades mais conhecidas A onde habitam e resistem cerca de 4 200 truk s na ilha Assun o onde foi local da greve de fome de Dom Cappio de 2005 e de onde parte o Eixo Norte da transposi o palco da Ocupa o do Canteiro de Obras da transposi o em 2007 Os Truk juntamente com parte de outras etnias que habitam o vale do S o Francisco como os Tux os Tumbalal os Kambiw e os Pipip observam que eles j haviam sido desterritorializados atingidos por barragens Sobradinho Itaparica e Moxot A etnia Tumbalal em processo avan ado de luta pela demarca o de suas terras junto Funda o Nacional do ndio Funai est prevista para ser atingida pela hidrel trica Pedra Branca a ser constru da no rio S o Francisco Motivo pelo qual o processo de licenciamento
121. exclusiva de o governo que surge de forma gen rica e amorfa assim repetido seis vezes ao longo do texto em que se compreende que se trata de uma refer ncia ao governo federal O termo o governo surge tamb m no terceiro editorial Subjacente utiliza o totalizadora de algo bastante complexo o governo silencia se a aus ncia de pacto federativo em torno da transposi o e ainda a anu ncia das comunidades ind genas passando tamb m pelo jugo do Congresso Nacional como versa a Constitui o Federal art 48 e 231 Na produ o desse efeito de oculta o quando mencionado o governo de Minas Gerais e da Bahia n o exatamente eles surgem como opositores obra mas de modo simplista levantando uma quest o t cnica sobre a piscosidade e a diminui o de vaz o do rio j deteriorado 1 Editorial H ainda uma quest o t cnica levantada sobretudo pelos governos de Minas Gerais e da Bahia Mesmo com uma capta o m nima de 26 m3 por segundo a transposi o afetaria a piscosidade e a vaz o de um rio que j est a exigir antes de mais nada investimentos para melhorar suas condi es Embora seja de not rio conhecimento que os governos desses dois estados assim como o de Sergipe e de Alagoas posicionaram se contra o projeto nesse per odo veementemente necess rio relativizar que a oposi o hegem nica dentro desses governos formada menos por uma quest o t cnica ou por defesa socioambientalista e mais
122. exibido em t tulo e texto de mat rias 6 o modo como as reportagens sobre a Ocupa o nos dias 30 de junho e 1 de julho foram apresentadas na diagrama o de p gina vem retratar a resist ncia de forma ridicularizada Parece que o Jornal quis minimizar a import ncia pol tica da luta frente ao interesse e preocupa o de Lula e de sua esposa em divers o em festa junina particular 7 h uso generalizado do termo invas o e seus derivados assim fortalecendo o processo de representa o e de inculca o no imagin rio social brasileiro da imagem dos movimentos populares como se fossem promotores de a es criminosas 5 6 A IMAGEM DA SEGUNDA GREVE DE FOME 2007 A segunda greve somente recebeu destaque de capa com fotografia j quase em seu t rmino no dia 18 de dezembro de 2007 a greve havia come ado em 27 de novembro e terminou em 19 de dezembro de 2007 Nos dias seguintes surgiram outras duas capas com fotografias sendo que a do dia 20 de dezembro ofereceu manchete ao tema A an lise que se segue a respeito do conte do discursivo imag tico e escrito dessas capas e dos demais contextos no desenvolvimento do Primeiro Caderno Por fim analisa se a ltima capa voltada tem tica da transposi o com fotografia que foi veiculada em fevereiro de 2008 Observa se que at in cio de 2012 n o foi encontrada outra capa com fotografia sobre a transposi o Antes faz se um breve resgate do contexto jornal
123. fam lias atingidas pela transposi o Percebe se a continuidade do discurso por parte do governo de que o uso da terra e da gua relacionadas ao projeto de transposi o dever o passar pelas decis es participativas da popula o nordestina E n s vamos garantir Eduardo Eduardo Campos governador do estado de Pernambuco pelo PSB porque n s transformamos n s desapropriamos por interesse p blico dois quil metros de cada lado do canal E n s vamos discutir quem que vai utilizar essa terra Uma coisa a gente n o vai permitir mais que apenas os grandes latifundi rios se apoderem da gua como j se apoderaram da gua do rio S o Francisco e de tantas outras guas neste pa s O que n s queremos que essa gua possa favorecer os pequenos agricultores as cooperativas para que a gente no s culo XXI d chance a quem n o teve chance no s culo XX que foi a maioria do povo pobre deste pa s BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 14 dez 2010a p 3 A conclus o do final do mandato de Lula a contar a partir de 2009 ano de forte crise econ mica internacional que a popularidade do presidente continuou elevando se at que em dezembro de 2010 chegou a alcan ar 81 seu recorde de popularidade Isso reflete tamb m na avalia o concernente performance do governo Lula em rela o ao in cio do mandato quando 76 esperavam um bom ou timo governo superando as expectativas de 83 dos brasileiros em de
124. favor e Paulo Nogueira Batista J nior saiu do Jornal em 2010 que 145 escreveu 3 artigos contra a transposi o e a favor de Dom Cappio O colunista Elio Gaspari defendeu a atriz Let cia Sabatella depois de ela ter sido diminu da nas reportagens do jornal em seu valor de militante nas causas em defesa dos direitos humanos Registra se que o Jornal ofereceu espa o tanto a atores governistas defensores do projeto quanto aqueles contr rios Do lado dos defensores foram publicados cinco artigos 3 artigos assinados pelos ent o ministros da Integra o Nacional Ciro Gomes bem com 1 de Geddel Vieira al m outro pelo chefe de gabinete desse minist rio depois ministro Pedro Britto Outro artigo redigido por Fernando Gabeira deputado federal pelo PV posicionando se contra o ato de greve de Dom Cappio Sobre a posi o desse deputado ele j foi a favor n o somente da transposi o do S o Francisco como tamb m da transposi o do rio Tocantins cf GABEIRA 11 dez 2000 Contra o projeto foram publicados quatro artigos Tr s deles foram assinados por Jo o Alves Filho governador de Sergipe e 1 por C sar Borges senador pelo estado da Bahia Os artigos dos pol ticos contra e a favor da transposi o caracterizando bem a cis o entre for as governistas nos estados envolvidos no conflito Sobre os 6 artigos de atores integrantes da rede de resist ncia contra a transposi o foram assinados basicamente por aqueles que
125. fazem enterro simb lico da transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 28 jun 2007 Dispon vel em lt http www folha uol com br fsp brasil fc2806200723 htm gt Acesso em 12 nov 2011 S o Francisco Geddel critica greve de fome fundamentalista de bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA Petrolina PE 30 261 nov 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 11 29 2 gt Acesso em 14 ago 2011 GUIBU F bio SCOLESE Eduardo Governo prop e a bispo parar obras Chefe de gabinete de Lula e CNBB tentam acordo com religioso transposi o seria suspensa por dois meses Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 19 dez 2007 p A10 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 19 2 gt Acesso em 19 mar 2012 IBAMA pretende fazer consultas antes de decidir Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 17 fev 2005 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp brasil gt Acesso em 22 set 2010 LIMA Geddel Vieira O inimigo n mero 1 da democracia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 10 dez 2007 LULA recebe CNBB para discutir caso do bispo em greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia Rio de Janeiro Sobradinho BA 11 dez 2007
126. ferrovias portos entre outros das quais o Pisf correspondia a um dos empreendimentos mais caros Frente ao avan o das pol ticas desenvolvimentistas os movimentos sociais quiseram relembrar ao governo federal a import ncia de se reiniciar o processo de debate amplamente participativo sobre a melhoria das condi es socioambientais do rio S o Francisco e do semi rido como acordado em 2005 Nesse intuito em fevereiro de 2007 Dom Cappio enviou outra carta ao presidente no mesmo tom de confian a da carta de 2005 de cren a na abertura do di logo de n o colocar se em colis o com a Presid ncia transmitindo a perspectiva de que os movimentos estariam dispostos a colaborar para a discuss o coletiva e popular Senhor presidente sempre vestimos sua camisa Ainda estamos vestidos nela Nossa contribui o de fiel militante da causa do povo para que o senhor seja verdadeiramente aquilo a que se prop s o de ser o presidente de todo o povo brasileiro especialmente dos pobres deste pa s por serem os que mais necessitam de sua aten o CAPPIO 21 fev 2007 p 2 Nessa etapa de anuncia o do PAC e avan o da transposi o no in cio de 2007 diversos militantes dos movimentos sociais ainda tinham esperan a de persuadir o governo a um arrependimento sobre a transposi o Para tanto o Acampamento em Bras lia aqui tamb m chamado de Manifesta o em Bras lia foi levantado em mar o de 2007 com mais de 600 militantes pa
127. grandes empreendi mentos em rios Um processo em que se naturaliza a legitimida de desde o ponto de vista da classe domi nante para a expuls o e rompimento do tecido social familiar e de la os de vizinhan a da quebra abrupta da cul tura das comunidades que devem ceder pas sivamente seus modos ide vida ao passo dos grandes projetos ao qual se quer demonstrar inelut vel Surge o problema de ribeirinhos de forma minimizada e descontextualizada de car ter pol tico e hist rico 225 Express es Elementos a analisar Atores da resist ncia A es e protestos Legitimidade de reivindica es argumenta es Tipo de descri o Valora o dos atores a es suspeita dessas lacunas neglig ncias na avalia o do impacto socioecon mico Eufemiza o N o se questiona de forma direta los graves problemas socioambientais existentes e os que o projeto criaria Coloca se apenas que existem suspeitas de lacunas o projeto enfrenta inda um obst culo A r dico A Justi a Federal da Bahia suspendeu em liminar a licen a ambiental Uso de meton mia que ajuda no efeito de redu o a Jus ti a Federal da Ba hia est no lugar dos diversos gru pos da sociedade civil organizada que aquela acatou Deslegitima o de parte ldo judici rio que seria fonte de obst culos a impedir ou atrapalhar o andamento do projeto de transposi o
128. guas do Cear os cursos da privatiza o 1 de abril Levantam se diversos protestos no Brasil em torno do Dia da Mentira do Governo Federal e do Dia da Verdade do Povo Entre as atividades desses protestos s o debatidos criticamente os argumentos do governo e dos movimentos sobre a transposi o 9 de maio Dom Cappio recebe o Pr mio Kant de Cidad o do Mundo da Funda o Kant em Freiburg Esse pr mio tem contempla o bianual e um reconhecimento do trabalho de lutadores sociais em prol da defesa dos direitos humanos 10 de junho Movimentos populares ocupam a barragem de Sobradinho BA e instala es do Complexo Industrial e Portu rio do Pec m CE Entre as demandas est a paraliza o das obras da transposi o e a diminui o do pre o da energia pago pelas fam lias brasileiras 18 de outubro A Pax Christi Internacional com sede em Bruxelas concede a Dom Luiz Fl vio Cappio o pr mio Paz 2008 reconhecendo a import ncia de sua defesa pelas popula es que vivem no vale do S o Francisco e no semi rido O pr mio entregue na V Romaria das Aguas em Sobradinho 22 de outubro Dom Cappio recebe o Trof u Jo o Canuto do Movimento Humanos Direitos por sua dedica o a favor dos direitos humanos das popula es do Nordeste brasileiro 2009 9 de abril Ocorre o encontro da Articula o dos Povos e Organiza es Ind genas do Nordeste Minas Gerais e Esp rito Santo Apoinme em O
129. integram for as dentro da Igreja Cat lica 1 de Dom Cappio 1 de Dom Tom s Baldu no fundador da CPT 2 de Dom Luciano de Almeida tamb m colunista do Jornal e 1 de Roberto Malvezzi um dos coordenadores da CPT Ainda se inclui nesse bloco o artigo do ge grafo Aziz Ab S ber professor em rito da USP devido a seu vis vel apoio aos movimentos de resist ncia contra a obra Tabela 3 Quantidade e tend ncia das mat rias de opini o sobre a transposi o de fevereiro de 2005 a janeiro de 2008 MAT RIAS DE OPINI O FAVOR CONTRA FUN O DOS AUTORES 1 VILLA Marco Antonio Transposi o uma id ia Historiador ultrapassada Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o X Tend ncias Debates Opini o S o Paulo Bras lia 16 fev 2005 2 BRITO Pedro A favor gua para todos Folha de Chefe de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o X gabinete do MI Paulo Bras lia 20 fev 2005 depois ministro 3 AB S BER Aziz Debate A transposi o do rio S o x Prof Em rito da Francisco Contra A quem serve a transposi o Folha de USP apoiador do S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o movimento contra Paulo 20 fev 2005 a transposi o 4 ALVES FILHO Jo o Transposi o insensata Folha de x Governador de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Sergipe Opini o S o Paulo 18 set 2005 146
130. lan ada a nica manchete sobre a segunda greve 8 a cobertura da segunda greve obteve ngulo mais favor vel transposi o que a cobertura da primeira greve 9 no dia seguinte manchete Lula pronuncia frase emblem tica expressando como encarou a resist ncia Se o Estado cede o Estado acaba nessa frase h confus o entre Estado governo e o pr prio medo do presidente de que se multipliquem protestos participativos populares em outros contextos 10 na capa de fevereiro Figura 18 em vez de noticiar a riqueza do debate a Folha nomeou o caso de novel o Fez se de um importante debate sobre as alternativas de desenvolvimento sustent vel no semi rido motivo para satirizar o debate utilizando t cnicas comuns aos formatos de fotonovela em que se inserem sobre as fotografias bal es de di logo 5 8 IDEOLOGIA E FABRICA O DO DISCURSO MARCO TE RICO ANAL TICO Relembra se que a esta pesquisa importa investigar de que forma os argumentos midiatizados sobre a resist ncia popular transposi o do rio S o Francisco foram apresentados Para tanto tomou se como locus discursivo de an lise as publica es da Folha de S Paulo sobretudo seus editoriais por ser uma posi o mais pr xima oficial da empresa jornal stica a respeito do tema Entende se que esse espa o midi tico reflete parte da forma o do processo ideol gico dominante O espa o editorial n o apenas a demonstra o do ponto de vista
131. leis e decis es judiciais a favor do capital prioritariamente c na estrat gia da narrativiza o quando se reporta ao passado para se refor ar ou enla ar sentimento de perten a conectando os sujeitos a realidades para al m do contexto pol tico imediato apelando se para tradi es e fatos hist ricos Sobre essa ltima pondera se aqui que a narrativiza o pode ser de id ntico modo desenvolvida com elementos que levam o p blico a uma perspectiva futura Constr i se um cen rio de d divas sociais s quais se atribui serem concretizadas apenas sob o modo de produ o capitalista apelando se para sentimentos de esperan a e f Pela tica dominante isso instrumentalizado desviando se a aten o da sociedade para a necessidade de organiza o coletiva de a es antissist micas 202 A seguir as an lises indicam parte do modo de operar da ideologia via legitima o dialeticamente em que o ator social movimentos populares grupos dominados s o posicionados pela ideologia dominante como atores antagonistas Assim essa ideologia processa sobre esses uma deslegitima o de suas a es e propostas Outro modo em que a ideologia opera pela dissimula o a fim de ocultar disfar ar ou n o esclarecer determinados fatos que interessam sociedade desviando sua aten o sobre o porqu das assimetrias sociais provocadas pelas rela es de domina o Nessa esfera uma das estrat gias de constru o simb li
132. mat rias sobre o tema transposi o publicadas de 2004 foram publicadas no segundo semestre desse ano representativos face ao total de mat rias Por esses e outros motivos salutar ponderar uma margem de erro de at 3 nessa contabilidade geral 137 O ano de 2005 foi o que apresentou o maior n mero de publica es sobre a transposi o em rela o aos demais Foram 104 mat rias que podem ser situadas em tr s momentos antes durante e depois da efervesc ncia midi tica em torno da primeira greve de fome de Cappio O que se objetiva ao mencionar a express o efervesc ncia midi tica em torno da greve de fome que ser bastante utilizada ressaltar que o intervalo de dias dedicado ao assunto no Jornal distinto do n mero de dias em que o bispo empreendeu sua greve A efervesc ncia midi tica n o come a e nem termina com o pr prio in cio e fim da greve e durante essa h dias em que houve um silenciamento a respeito do fato no Jornal No caso da primeira greve essa foi iniciada em 26 de setembro e encerrada em 06 de outubro totalizando 11 dias Todavia o intervalo de dias dedicado ao tema a respeito da greve ou incentivadas em torno dessa ocorreu em um per odo de 13 dias Apenas no sexto dia do protesto que o Jornal come ou a noticiar o fato Observa se que antes da primeira greve j tinham sido publicadas 22 mat rias sobre a transposi o em 2005 Entre essas apenas 3 abordaram a resist ncia ao proje
133. n o executou a transposi o devido aos aspectos t cnicos Como se a ele dev ssemos o Real legado do projeto ao passo que se transmite um sentimento de que devemos toda a na o honrar essa d vida hist rica Ainda que a an lise dos dados hist ricos comprove que D Pedro Il n o tinha v nculos pessoais ou interesse em construir uma canaliza o de guas do rio S o Francisco ao rio Jaguaribe no Cear sua imagem usada para reiterar que se deve de todas as formas levar a cabo a promessa da transposi o assim secularizada Narrativas como a seguinte poca em que no governo FHC a obra havia sido adiada e depois no primeiro mandato do governo Lula foram por diversas vezes repetidas em ve culos como a Folha de S Paulo 60 Planejado e adiado desde o reinado de d Pedro 2 o projeto de transposi o previa a constru o de uma esp cie de rio artificial A Folha apurou que para evitar choque com as bancadas dos Estados beneficiados o governo poder manter a obra em suas previs es para o ano que vem Mas ser jogo de cena TRAUMANN 29 jul 2001 p 1 Ainda exemplificando como na abertura do primeiro editorial da Folha de S o Paulo sobre a transposi o 1 editorial analisado no Cap tulo 5 em que repete a cria o do ano de 1847 poca na qual Dom Pedro Il tinha apenas 20 anos como uma data fundacional da primeira ideia pol tica sobre a transposi o assim como verifica se nos discursos
134. no hospital como o ltimo dia de greve Dom Cappio tenha declarado o encerramento da greve no dia seguinte 139 Gr fico 2 Quantidade de mat rias sobre a transposi o com marco na efervesc ncia midi tica em tono da greve de fome EM GF 2005 e 2007 2005 11 dias de greve 2007 23 dias de greve ANTES DA EM GF W EFERVESC NCIA MIDI TICA GREVE DE FOME DEPOIS DA EM GF Fonte Organizado pela autora Em 2007 as primeiras not cias a respeito da segunda greve foram publicadas logo nos tr s dias seguintes ao in cio dessa Depois disso entre 1 e 4 de dezembro houve aus ncia de mat rias sobre esse epis dio por 4 dias seguidos exce o de pequenas notas jornal sticas aqui n o contabilizadas Posteriormente n o houve dias de aus ncia de mat rias sobre a greve at 24 de dezembro dia de encerramento da EM GF O Gr fico 3 permite um tipo de visualiza o comparativa entre a quantidade de mat rias publicadas nos dois per odos de greve Para analisar o Gr fico 3 importante considerar que os dias descritos n o representam os dias do m s em que a greve se desenvolveu e sim a ocorr ncia dia a dia noticiada pela Folha de S Paulo O ponto de partida o primeiro dia das duas greves de fome e o ponto de encerramento o ltimo dia em que mat rias foram publicadas sobre o assunto em cada ano 140 Gr fico 3 Compara o da evolu o da efervesc ncia midi tica das duas greves de fome na Folh
135. o Brasil S o Paulo Bras lia 20 dez 2006 12 VASCONCELOS Frederico S o Francisco Entidades v o intensificar atos contra projeto Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 21 dez 2006 CONTE DO JORNAL STICO SOBRE A TRANSPOSI O 2007 CONTE DO JORNAL STICO ANTES DA OCUPA O DO CANTEIRO DE OBRAS JANEIRO A MAIO DE 2007 1 OBRAS no rio S o Francisco ter o in cio Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 23 jan 2007 2 S O FRANCISCO ONGs recorrem ao STF contra obras para a transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 09 fev 2007 3 FREITAS Silvana de Procurador quer barrar transposi o Antonio Fernando pede ao STF que suspenda a libera o para as obras do governo no rio S o Francisco Procurador geral considera que licen a do Ibama est eivada de v cios e que projeto deve ser analisado por Congresso Nacional Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 16 fev 2007 4 BEGUOCI Leandro Bispo retoma protesto contra obras e entrega carta a Lula Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 fev 2007 5 ABBATE Vinicius Foco Bispo volta a condenar transposi o de rio mas descarta greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 23 fev 2007 275 6 RIO S o Francisco Manifestantes fecham ponte em protesto contra transposi o Folha d
136. o inutilizados Percebe ainda que assentamentos conquistados tornam se de uma hora para outra territ rios atingidos por barragens transposi es irriga es seguindo uma l gica da contra reforma agr ria do Estado desfazendo o pouco do promovido em favor da reforma agr ria Assim o debate sobre uso e acesso aos recursos h dricos central tanto a um movimento como o MST quanto ao MAB aos ind genas e aos quilombolas Dessa forma notam se as identidades dos sujeitos oprimidos sendo imbricadas sobrepostas em cada um desses movimentos o ind gena atingido por barragem os camponeses do MST lidando com a quest o da identidade negra o estado da Bahia um nos quais o Movimento mais possui fam lias organizadas em assentamentos e acampamentos o MAB com seus quilombolas amea ados por represamentos como ocorre com as futuras usinas hidrel tricas Pedra Branca e Riacho Seco no rio S o Francisco Todos concomitantemente s o identificados com a opress o patente representada pela transposi o imposta e com uma ampla luta massiva em defesa dos direitos humanos e de justi a ambiental quando exigem n o somente a revitaliza o urgente do rio S o Francisco como tamb m a dos rios Parna ba Jaguaribe Piranhas A u Apodi Para ba Capiberibe Moxot e Br gida e outros t o vitais aos povos sertanejos e das grandes cidades do Nordeste Na heterogeneidade de sujeitos que apoiaram a resist ncia contra a transposi o e que
137. o problema A regi o atingida pela seca abrange 750 000 quil metros quadrados infinitamente mais do que as obras ser o capazes de contemplar O que o projeto pretende perenizar alguns rios manter o estoque de a udes e permitir que as popula es da regi o disponham de gua para consumo Tamb m n o est claro como ser feita a gest o de um sistema que requer n veis alt ssimos de organiza o e capacita o de pessoal s o nove esta es para o bombeamento por eletricidade da gua a uma altura de 160 metros num dos canais e de 500 metros no outro Os problemas de log stica se agravam quando se tem em conta que at o fim do atual governo no m ximo 30 das obras estar o conclu das Faltam por fim esclarecimentos a respeito do impacto sobre a produ o de energia A altera o no n vel das guas pode afetar a produ o nas hidrel tricas da regi o o que seria um evidente contrasenso Ningu m deseja que se perpetuem as priva es causadas pela seca no Nordeste Mas uma obra fara nica inconclusa ou in cua com preju zo de bilh es de reais para o pa s tamb m um perigo a evitar 238 3 EDITORIAL 8 DE OUTUBRO DE 2005 MAR DE CONTROV RSIA O projeto de transposi o de guas do rio S o Francisco suscita cada vez mais controv rsia H argumentos defens veis apresentados pelas duas partes em conflito A julgar pelos estudos realizados pelo governo federal o processo de transposi o seria forma
138. orientanda privilegiada Obrigada por toda leitura cr tica passo a passo por ter me animado nos momentos de dificuldades por todo incentivo a uma escolha investigativa aut noma por me lembrar que o t rmino desta tese s uma etapa de um curso investigativo que se seguir Quero manifestar enorme gratid o a minha querida co orientadora Professora Mar a Luisa Tarr s pela acolhida em El Colegio de M xico por seu incentivo a minhas pesquisas de campo sobre a realidade de mobiliza o popular contra grandes empreendimentos em rios no M xico pesquisa de meu mais alto apre o e que t o logo desencadear uma s rie de novos artigos por me receber nas preciosas classes sobre teorias da a o coletiva Estendo esse agradecimento ao Professor Francisco Zapata que tamb m se colocou sempre aberto a ajudar Agrade o ao acompanhamento leitura e s observa es cuidadosas passando pela qualifica o de tese pr defesa e agora defesa de tese da Professora Lais Mour o S Sei o quanto ela se preocupou comigo al m das atribui es de membro de banca Obrigada por sua torcida e por me dar a m o nesta jornada por ter sido t o delicada ao expor seus pontos de vista em todas essas minhas bancas Sou bastante grata ao Professor Fernando Paulino pelo olhar atento minha escrita por me encorajar a adentrar nos trabalhos de autores importantes para esta tese e para minha forma o profissional por me auxiliar a perceber as limit
139. passo al m de ouvir Houve a cria o de uma agenda de reuni es para a constru o de propostas alternativas mas sem surtir resultado O governo argumentou n o haver recursos financeiros para tanto e que o momento pr eleitoral n o era prop cio para remanejamentos de recursos para possibilitar ampliar esse di logo Assim foi surgindo cada vez mais empecilhos para que o calend rio de reuni es junto aos movimentos aos poucos fosse arquivado Os movimentos passaram de uma media o iniciada com o ministro das Rela es Institucionais Jaques Wagner depois governador da Bahia a at recebidos pelo pr prio presidente Lula a um enrolar de tr mites para se fechar por completo as portas do governo portanto do di logo com esse Diante dessa situa o a rede de resist ncia contra a transposi o em 2007 empreendeu diversas a es coletivas como as Manifesta es em Bras lia em mar o as Ocupa es no Canteiro de Obras da transposi o em junho e diversas a es judiciais Ainda persistindo a falta de di logo por parte do governo Dom Cappio empreendeu sua segunda greve de fome com dura o de 23 dias entre novembro a dezembro As descri es sobre o contexto dessas atividades est o contempladas no Cap tulo 5 115 3 9 A RESIST NCIA DEPOIS DE 2007 Entre as organiza es coletivas que tentaram articular as lutas sociais em torno do S o Francisco surgiu o F rum de Articula o Popular em Defesa do Rio S o Fr
140. pela transposi o tamb m sofreriam com as injun es compensat rias do Pisf Os movimentos populares no Brasil ainda n o conquistaram espa o pol tico suficiente para que possam participar a agregar o ac mulo de seus conhecimentos junto aos processos de planejamento dos grandes projetos infraestruturais Assim as atitudes dos movimentos em rela o aos megaprojetos caracterizam se por um desempenho de a es coletivas reativas a esses megaprojetos Sobremaneira isso reflexo de uma longa trajet ria hist rica em que essas for as s o simbolicamente apresentadas pelo poder dominante e cada vez mais como os inimigos internos da na o Em grande medida os sujeitos dos movimentos sociais recebem as noticias sobre os megaprojetos como os demais indiv duos da sociedade isto por meio da m dia aqui considerando inclusive a m dia aliada ou dos pr prios movimentos Ressalta se que quando tais projetos s o anunciados ao grande p blico isso se faz em um momento em que eles j possuem uma larga jornada de trabalhos pr vios estudos articula es pol ticas e econ micas por m toda a pr tica do planejamento dos projetos invisibilizada da sociedade quando esses s o fabricados em tomadas de decis es de cima para baixo Quando um projeto desses anunciado faz se a partir do momento em que a orquestra o para a sua execu o j esteja t o adiantada de modo que dificulte a din mica das rea es contr rias a e
141. pleno da participa o das popula es diretamente impactadas de forma a instrumentaliz las juridicamente diante de uma n o concord ncia com os projetos Para a an lise que se segue entende se que os valores sociais defendidos pelos movimentos sociais e seus argumentos para conformar as alternativas contra nhegem nicas em geral s o exibidos na grande m dia aqui parcialmente representada pelas mat rias da Folha de S Paulo da seguinte maneira a velados nas suas constru es simb licas mais estrat gicas b descritos superficialmente c diminu dos reduzidos e ou menosprezados quanto import ncia pol tica em quest o d ridicularizados e em uma invers o quanto rela o oprimido opressor f denegridos a ponto de imputar lhes criminaliza o A Folha de S Paulo publicou cinco editoriais centrados exclusivamente na tem tica transposi o do rio S o Francisco tr s deles em 2005 e dois em 2007 Buscou se compreender como a resist ncia popular contra a transposi o foi retratada a partir do 205 subs dio desse material e de cerca de mais de duzentas mat rias publicadas pela Folha de S Paulo e que foram catalogadas pela pesquisadora Ap ndice A Ressalta se que alguns dos coment rios aqui realizados talvez pare am uma cobran a excessiva daquilo que n o foi dito em um espa o textual t o ex guo como o de um editorial portanto parecendo exagero uma an lise dos temas apontados como silenciados
142. por quest es de correla o de for as pol tico partid rias e econ micas como as relacionadas aos projetos de irriga o 211 O termo o governo foi verificado como o mais escorregadio e de cuidadoso uso dentro dos editoriais e portanto um dos mais dif ceis para a an lise um termo sempre til em estrat gias de legitima o e al m disso tem efeito universalizante Esconde acordos institucionais que s o do interesse de alguns indiv duos e os apresenta como se fossem de todos Desloca a aten o do leitor fazendo confundir o Estado com os grupos dominantes dentro desse Faz desaparecer os v rios agentes individuais e os conflitos internos gest o para desembocar na cria o de uma simboliza o da unidade 1 Editorial O governo pretende iniciar em breve o projeto de transposi o O governo afirma ter entregue a quest o Chesf O governo responde acenando com um plano de revitaliza o no qual j estaria investindo R 127 milh es O governo publicou editais de concorr ncia para os 14 lotes Ela centraliza recursos que o governo poderia pulverizar para atender outras demandas regionais resta ao governo dissipar as d vidas 3 Editorial seria desej vel que o governo adiasse o in cio da obra O termo governo tamb m surgiu de diversas outras formas mas n o exatamente como sujeito operador de uma a o seguida na frase a representantes do governo maior obra do governo fim do atual governo subs
143. pouvoir populaire travers l laboration et la diffusion d id ologies mancipatrices en recherchant des constructions n cessaires d une transition d ordre socio m tabolique Ces r seaux luttent pour un nouveau mod le de soci t dans plusieurs domaines y compris dans celui des m dias contr l s de mani re h g monique par le pouvoir dominant Un cas particulier dans ce contexte est celui du transfert d une partie des eaux du fleuve Sao Francisco situ dans le nord est du Br sil les grandes travaux d infrastructure ont t commenc s par le gouvernement Lula et sont l objet d une intense couverture m diatique En opposition ce projet plusieurs actions collectives ont converg en repr sentant le r sultat de I union entre les mouvements sociaux tels que le Mouvement des Affect s par les Barrages MAB le Mouvement des Travailleurs Ruraux Sans Terre MST des organisations religieuses des groupes autochtones et des communaut s de marrons Ces forces sociales ont mis en place un r seau de r sistance populaire contre le transfert partiel des eaux du fleuve Sao Francisco en formant une articulation sans pr c dent en termes de diversit sociale allant l encontre d un chantier d tat au Br sil Son cycle de mobilisations a atteint un pic d effervescence entre 2005 et 2007 avant de connaitre un reflux en 2008 avec l avancement de l entreprise alors dirig e par l arm e Dans ce contexte cette th se a t motiv e p
144. que a ordem sociopol tica de transi o se fortalece Quero muito especialmente manifestar minha gratid o Professora Irene Lage de Britto mais que ao empenho e profissionalismo pela revis o cuidadosa desta tese pela sorte de t la encontrado neste meu itiner rio de escrita Muito muito obrigada por seu precioso cuidado para com a minha tese e para comigo Obrigada querida amiga Gabriela Antunes e ao querido Arthur pela amizade verdadeira e pelo est mulo decisivo para a conclus o desta tese s minhas grandes amigas Clesley Tavares Marcinha Mocellin Rosana Magalh es Alice Zahi Nilda Rosa Toinha Soares Jose Josane e Cl o Sousa por me acompanharem como verdadeiras irm s por tantas palavras de for a e nimo por nossas alegrias de sempre por eu saber que sempre terei um porto seguro de felicidade por tantos ensinamentos e por horas e horas de conversas sobre o processo de doutorado Agrade o ao querido amigo Bruno Baronnet por nossos di logos sobre os movimentos antissist micos Brasil M xico Fran a por toda gentileza e disposi o em me ajudar e por me auxiliar com o r sum Agrade o querida Simoni Frangella S S pela amizade pelos cuidados especiais com a minha fam lia por me ajudar com o meu abstract s am veis Ana Fl via e Tina obrigada por toda a torcida por toda alegria pela imensa for a com as passagens a reas necess rias a alguns tr mites desta pesquisa pelo acolhedor espa o
145. que parecem prolongar se indefinidamente em dire o ao passado de tal forma que todo tra o sobre sua origem fica perdido e todo questionamento sobre sua finalidade inimagin vel Eles se cristalizam na vida social e seu car ter reafirmado tamb m na sua pura repeti o eternizam o contingente p 88 Nominaliza o descri es da a o e dos participantes nelas envolvidos s o transformadas em nomes como quando n s falamos em o banimento das importa es ao inv s de o Primeiro Ministro decidiu banir as importa es esse tamb m um tipo de meton mia Passiviza o verbos s o colocados na voz passiva como quando dizemos que o suspeito est sendo investigado ao inv s de os policiais est o investigando o suspeito A nominaliza o e a passiviza o concentram a aten o do ouvinte ou leitor em certos temas com preju zos de outros Elas apagam os atores e a a o e tendem a representar processos como coisas ou acontecimentos que ocorrem na aus ncia de um sujeito que produza essas coisas p 88 Fonte Organizada pela autora com base na tabela Modos de opera o da ideologia elaborada por Thompson 2002 Sua tabela cont m somente os t picos negritados acima A essa tabela inicial de Thompson aqui se complementou com trechos explicativos do pr prio autor sobre cada um dos t picos 2002 p 81 88 292 ANEXO A CARTAS
146. refletiu na cria o da representa o simb lica sobre a resist ncia popular e nas demandas pol ticas dessa Nota se que a escolha das imagens repercute um sistema de signos portanto valora es simb licas e dissemina o de ideologia 8 elabora o de an lise de discurso dos editoriais por ser uma posi o mais pr xima defendida pela pol tica da empresa jornal stica Foram utilizadas algumas das abordagens epistemol gicas sobre o modus operandi da ideologia para auxiliar o exame cr tico da an lise de discurso sobre como os argumentos foram constru dos e ou reproduzidos ao abordar ou ocultar a resist ncia popular transposi o Para tanto buscou se subs dio no trabalho realizado por Thompson 2002 sobre ideologia e midia o da cultura moderna Particularmente considerou se sua reflex o sobre os modos de operar da ideologia em que o autor apresenta cinco modos legitima o dissimula o unifica o fragmenta o e reifica o a compreens o te rica destes conceitos est contida no cap tulo da an lise Foram elaboradas quatro tabelas anal ticas com todos os fragmentos dos textos editoriais alusivos s resist ncias populares As colunas de an lise foram divididas para que se observassem os atores da resist ncia as a es e protestos a legitimidade de reivindica es e os argumentos o tipo de descri o a valora o dos atores a es O modus operandi da ideologia foi contemplado dentro dessa
147. reportajes del peri dico sobre el transvase fue elaborado de forma a informar centralmente acerca de acciones de la red de resistencia Sin embargo en las portadas fotograf as reportajes y editoriales se observa que en gran medida las publicaciones ocultaron la diversidad de actores sociales involucrados en la red de resistencia as como sus propuestas socioambientales y alternativas al transvase Otra estrategia utilizada fue la de ridiculizar y o minimizar la importancia pol tica de los liderazgos y de la organizaci n de la resistencia Com nmente las movilizaciones fueron simbolizadas como actos violentos de vandalismos de invasiones o representadas en oposici n a las fuerzas militares Se comprueba que la b squeda por estos actores de una participaci n pol tica emancipadora fue muy deslegitimada por el peri dico y sus argumentos orientados hacia la defensa ambiental y de los derechos humanos fueron silenciados o minimizaron sus propuestas originales Adem s se nota diferencias en el interior del peri dico pues se constata que la mayor parte de los autores de los art culos de opini n se posicionaron en oposici n a la obra y o fueron favorables a la red de resistencia Palabras claves red de resistencia popular transvase del r o S o Francisco media e ideolog a LISTA DE SIGLAS AATR Associa o de Advogados dos Trabalhadores Rurais da Bahia Abrampa Associa o Brasileira do Minist rio P blico do Meio Amb
148. resist ncia contra a transposi o e de forma polarizada com o presidente Lula 2 o Jornal divulgou parte do apoio massivo em imagens 3 na mesma p gina de mat ria relacionada transposi o foi exibida reportagem com fotografia que mostra o movimento ind gena do Esp rito Santo vigiado por policiais de modo a representar esse movimento como de car ter criminoso reincidente frente maior multinacional produtora de celulose invertendo a rela o oprimido opressor 4 em continuidade em mat ria sobre a greve ind genas surgem cercando o ministro de Estado como se estivessem coagindo o mais uma vez invertendo a rela o oprimido opressor 5 5 A IMAGEM DA RESIST NCIA CONTRA A TRANSPOSI O 2007 5 5 1 A Manifesta o em Bras lia mar o de 2007 Depois da primeira greve de fome quando os movimentos sociais deliberaram pela organiza o de uma ampla jornada de lutas contra a transposi o foi acordado com a Presid ncia da Rep blica a realiza o de um debate p blico amplo e participativo a respeito da revitaliza o do rio S o Francisco e sobre as alternativas obra da transposi o Uma das atividades que surgiu a partir desse acordo foi a Oficina de Desenvolvimento do Semi rido e S o Francisco ocorrida nos dias 6 e 7 de julho de 2006 promovida por um Grupo de Trabalho Misto que contou com apoio e participa o da Casa Civil Secretaria da Presid ncia MI MMA movimentos sociais ONGs e entidades religio
149. rias vezes no Minist rio nunca com ele o MAB tinha se reunido Ele veio na mesma linha Olha antes de tudo vai se discutir todo e qualquer projeto com a sociedade antes de encaminhar agora o social garanto pra voc s que barragem n o ser o mais feitas 121 Perguntamos sobre a quest o da transposi o e ele disse N o s tem uma discuss o inicial ningu m tem nada n o existe uma proposta concreta n o existe uma coisa pronta nem como proposta Integrante da coordena o nacional do MAB atingido pelo Castanh o abr 2004 entrevista de campo em Jaguaribara Cear Acrescentar s responsabilidades de v rios movimentos sociais uma nova pauta ou seja a luta contra a transposi o implicou criar novas l gicas de organiza o junto s bases militantes existentes naquele momento as quais se encontravam ocupadas por suas demandas espec ficas e complexas N o se tratava de criar algo totalmente novo pois muitas organiza es sociais j discutiam a transposi o mas de levantar uma larga trajet ria de luta dos movimentos com outras for as sociais heterog neas em suas posi es pol ticas e modos de empreender lutas sociais para se construir uma rede de resist ncia org nica contra a transposi o O modo de processar mobiliza es de movimentos como o MAB e o MST n o o mesmo das pastorais como a CPT embora a essa como veio a advertir alguns integrantes dos movimentos da CPT
150. rio a promover audi ncia para receber os atores que se articulavam contra a transposi o A postura da Presid ncia foi a de tentar neutralizar a resist ncia reiterando o encerramento do di logo que se iniciara como promessa devido primeira greve de fome com os movimentos sociais e que a decis o de levar adiante a transposi o seria levada adiante com todo empenho do governo federal Como se nada estivesse acontecendo o MI publicou no dia 13 de mar o o aviso de licita o p blica para in cio das obras da transposi o antes mesmo da autoriza o de licenciamento ambiental que s ocorreu no dia 23 de mar o quando o Ibama concedeu a Licen a de Instala o obra Em 16 de mar o dia seguinte manifesta o no MI Geddel Vieira foi empossado no cargo de ministro digno de men o o fato de que nessa capa o Jornal publicou a chamada Senado cria CPI Comiss o Parlamentar de Inqu rito para apurar suspeitas de desvio por ONGs Na mat ria a cria o da CPI das ONGs investigaria favorecimentos e usos indevidos no repasse de verbas p blicas a organiza es n o governamentais Houve refer ncia espec fica ONG Comunidade Solid ria liderada pela ex primeira dama Ruth Cardoso N o obstante sabe se que no seu desenvolvimento a CPI centrou se em ONGs relacionadas aos movimentos sociais em particular ao MST a partir de demanda da bancada ruralista no Congresso Destaca se na imagem a bandeira do MST s
151. rito Santo Rio Grande do Sul Minas Gerais No mbito internacional h um engajamento desses movimentos sociais em lutas populares de semelhan a pol tica principalmente na Am rica Latina A luta popular contra a transposi o protagonizou debates sobre o agroneg cio e o hidroneg cio desenvolvidos no vale do rio S o Francisco e no Nordeste como uma estrat gia de reflex o coletiva que objetivou a partir desses debates materializar a es contra os interesses do capital na regi o Entre as atividades da rede de resist ncia esteve a tarefa nada simples de compreender a complexidade de empreendimentos implementados em constru o e em planejamento no vale do S o Francisco e de outros interligados transposi o de forma expl cita ou impl cita Do mesmo modo a rede enfrentou o desafio de compreender a transposi o e seu impacto nas comunidades locais sertanejas e de identificar em que pontos a transposi o se encontra estreitamente vinculada a outros mega empreendimentos capitalistas como os complexos porto industriais em Pernambuco e no Cear Tais projetos s o levados a cabo na esteira de grandes interesses pol tico econ micos que tamb m disputam essa gua 38 1 2 IDEOLOGIA E AN LISE DISCURSIVA V rios autores t m se debru ado sobre a categoria ideologia desde que Destutt de Tracy cunhou o termo em 1776 sinalizando o como Ci ncia das Ideias Para ele essa deveria ser a primeira das ci ncias a funci
152. s culo XIX sob os ausp cios mon rquicos e depois rec m republicanos interliga se pr tica ideol gica do in cio do s culo XXI Entende se que as classes sociais n o s o un vocas mas heterodoxas seja dominantes ou dominadas e que existem interlocutores dessas classes que s o incumbidos de salvaguard las diante de seus interesses Embora n o sejam nem representem totalidades existem recria es e representa es sociais que fazem com que grupos dominantes permane am materialmente privilegiados A inten o observar a ideologia como fruto de um sistema de valores que se consolida atrelado a fatos a enredos a narrativas e a simbologias a partir dos quais poss vel compreender parte das argumenta es b sicas criadas pela classe hegem nica para legitimar a transposi o como uma pol tica defens vel A metodologia da an lise de discurso ent o aplicada neste cap tulo conecta a base de dados hist ricos obtidos em documentos oficiais e em an lises de historiadores com parte da atual narrativa sobre a hist ria da transposi o encontrada nos documentos do Pisf nos discursos oficiais do governo e em jornais escritos da grande m dia As primeiras ideias sobre a possibilidade de canaliza o do rio S o Francisco foram criadas por uma elite provincial cearense relacionada corte imperial que inicialmente n o 2 As cita es referentes aos conte dos jornal sticos s o aqui referenciadas com data completa
153. s o as leis que as ag ncias estatais deveriam zelar n o obstante as desconsideram Trata se de um eufemismo para a ilegalidade do processo de licenciamento em que por defini o legal deveria estar presente em caso de d vida quanto ao impacto socioambiental a pondera o pelo princ pio da precau o Quadro 7 Sede de votos 15 de dezembro de 2007 5 Editorial Cabrob PE inicializa o da obra ainda que tardiamente e sob cr ticas da oposi o Refor o do fato consumado ideia com algo expl cito e outro impl cito de que o Ex rcito estava ali n o somente para iniciar as obras Torna se expl cito que o Ex r cito cumpria a fun o naquele momento de garantir a dissemina o midiatizada da obra como fato concreto consumado sem inimagin vel retorno Impl cito estava a quest o de garantir a seguran a da obra contra inimigos internos atores da rede Ide resist ncia contra a lobra H uso sutil da estrat gia a refor ar a constru o simb lica do expurgo do outro Express es Atores da A es e protestos Legitimidade de Tipo de Valora o dos Elementos a resist ncia reivindica es descri o atores a es analisar argumenta es As obras ao A partir da Pelo fato do Ex rcito Contribui se para o menos j co express o As ter sido apresentado expurgo do outro e me aram Em obras ao menos um par grafo antes do para a imagem da junho bata j c
154. salvo raras exce es Esses aspectos s o importantes de se considerar quando a es coletivas se conformam contra grandes empreendimentos infraestruturais pois dizem respeito sobre a velocidade e intensidade com que os sujeitos empreendem respostas s a es coletivas Ao 122 contr rio da ideia da a o coletiva pela escolha racional de Macur Olson 1965 de que os indiv duos se mobilizam por interesses particulares no intuito de serem beneficiados diretamente por vantagens materiais ou por ascens o a status sociais o que se percebe no caso forma o da rede de resist ncia contra a transposi o que os indiv duos que a se mobilizaram o fizeram a partir de um outro patamar de interesses que se expressou mais pela disputa de modelos culturais ambientais pol ticos econ micos enfim de sociedade Grande parte das comunidades atingidas diretamente pela transposi o porque est o em processo de expuls o de seus territ rios entrou na resist ncia ao projeto sobretudo quando a obra j havia se iniciado exce o dos grupos ind genas e quilombolas previamente organizados em outras lutas sociais Ou seja aquelas comunidades que n o estavam previamente organizadas e que seriam atingidas ao longo de todo o canal da transposi o ainda que tivessem outros interesses a elas como a defesa do territ rio a sim se poderia aproximar melhor da ideia de escolha racional foram as que mais demoraram a participar da res
155. se em outras narrativas sobre o Ibama e sobre o Estado como gerencial servi o do capital Nessa esfera recorrentemente o Ibama surge representado na ordem de palavras como problema obst culo empecilho barreira 1 Editorial O governo publicou editais de concorr ncia para os 14 lotes em que os canais foram divididos antes de um aval preliminar do Ibama 2 Editorial O Ibama deve conceder nesta semana a licen a que autoriza o in cio das obras trata se da nica pend ncia 5 Editorial o governo de Lula tem sido bem sucedido na supera o das barreiras institucionais que poderiam se contrapor obra obtendo do Ibama em mar o deste ano a licen a de instala o do empreendimento grifo nosso Lula e Cappio formam o outro par estrutural Um como chefe da administra o quem atropela regras que ela mesmo estabeleceu enquanto o outro em suas medidas 214 extremas tenta preservar as regras que a primeira cria Um ilegal seu privil gio o outro legal por isso extremado 1 Editorial Lula diz encarar a obra como um legado pessoal regi o 5 Editorial o desvio de verbas e o risco usual de que a obra bilion ria termine abandonada quando Lula deixar o cargo Advers rios da transposi o diante do fato consumado recorrem a medidas extremas como a retomada da greve de fome de dom Luiz Fl vio Cappio No terceiro editorial surge a Justi a Feder
156. segura de garantir recursos h dricos maior parte da regi o do semi rido A id ia desviar gua do S o Francisco redistribu la por canais e dessa forma transformar os rios sazonais da regi o em rios perenes O sistema seria mais eficiente que o armazenamento de gua e evitaria o desperd cio desse bem decorrente de processos como a evapora o que durante o per odo de seca levam quase 80 do que foi estocado Al m disso para sua implanta o seria necess rio desviar apenas 1 4 do volume h drico do rio para benef cio de cerca de 12 milh es de pessoas Por melhores que sejam esses argumentos cr ticas feitas ao projeto s o inquietantes Especialistas dizem que os estudos para a obra privilegiaram a quest o da quantidade de gua a ser desviada do rio mas teriam negligenciado a avalia o do impacto socioecon mico da transposi o sobre a regi o O que fazer por exemplo com comunidades que vivem da sazonalidade das guas quando essa sazonalidade acabar Como se n o bastasse a suspeita dessas lacunas o projeto enfrenta ainda um obst culo jur dico A Justi a Federal da Bahia suspendeu em liminar a licen a ambiental necess ria para o in cio das obras devido a defici ncias no diagn stico da flora e da fauna da rea e na precariedade do levantamento dos s tios arqueol gicos que podem ser afetados Al m disso teria havido irregularidades nas audi ncias p blicas que deveriam informar e consultar a popula
157. seus aparelhos de repress o imp s se de modo autorit rio e arbitrariamente sobre a decis o de in meros cidad os e de movimentos populares Esses decidiram em di logos coletivos ent o j cientes de que o per odo do di logo de surdos n o resultara em avan os democr ticos e diante do momento do in cio das obras em Cabrob PE que lhes caberia um ato de Ocupa o do Canteiro de Obras mesmo face assimetria de for as frente presen a do Ex rcito O ato de ocupa o foi parte das atividade do chamado Acampamento de Cabrob 179 A Folha de S Paulo ofereceu destaque na capa ao epis dio da Ocupa o com fotografia Figura 8 No primeiro plano da imagem est um grupo ind gena em uma cerim nia circular representando um pouco da diversidade de sujeitos coletivos envolvidos na resist ncia Contudo a pr pria legenda retoma a estrat gia do Jornal de promover um personalismo resist ncia dom Luiz Fl vio Cappio pediu aos participantes que mantenham o protesto Salienta se que o Acampamento foi um dos atos mais democr ticos em termos de organiza o e de tomadas de decis o Dom Cappio nesse momento foi uma voz entre v rias e n o a principal O Acampamento foi constitu do por ndios sem terra sindicalistas quilombolas e pescadores de seis Estados Dom Cappio chegou a como um integrante entre v rios outros para refor ar as posi es contra a obra Lembrando que um dos intuitos da primei
158. sociedade que a Folha de S Paulo durante o regime ditatorial a n o sofreu censura como ocorreu aos outros ve culos b publicou a execu o de presos pol ticos antes do fato ocorrido denotando sua intimidade a repress o c publicava manchetes sobre execu es da ditadura como se devessem a situa es de fuga de terroristas da pol cia Essa conjuntura parte do processo em que corpora es midi ticas apoiam for as reacion rias e depois por n o haver sustenta o social expressiva se autointitula vanguardista de uma contracorrente progressista A Folha de S Paulo revela na constru o de sua narrativa hist rica sua interfer ncia no poder pol tico intitulando se precursora da chamada nacional a favor do impeachment do presidente Collor C RCULO 2011 Outra face da sua pol tica foi uma not ria defesa das elei es e do governo FHC PSDB n o explicitando as inten es de privatiza o de diversos setores estatais Tamb m conhecida a postura do Jornal contra o governo de Lula quando foram lan adas diversas not cias para fomentar a possibilidade de impeachment presidencial em 2005 poca dos diversos esc ndalos pol ticos Na mesma Sobre a manifesta o do Movimento dos Sem M dia pode ser conferida uma s rie de v deos e depoimentos FON FILHO 2009 GUIMAR ES 2009 LANCELOTTI 2009 Desse ato participaram entidades como o Sindicato dos Jornalistas do Estado de S o Paulo a Uni o Nacional dos Es
159. strategy that was used was to ridicule or to minimize the political importance of leaderships and organization of the resistance set The mobilizations were portrayed generally as violent acts connected to vandalism invasions or represented in opposition to military forces One notices that the search of these actors to emancipating political participation was discredited by the Newspaper and the arguments about environmental and human rights defence were silent or misrepresented from the original proposals However it is important to consider differences within the newspaper for the majority of the authors of opinion sections were positioned against the work and or supporting the resistance network Keywords popular resistance network transposition of S o Francisco river media and ideology R SUM De grands projets d infrastructure sur les rivi res tels que des transferts des eaux des barrages pour la production d lectricit et I approvisionnement en eau ont t les moteurs de conflits environnementaux dans diff rentes r alit s mondiales du syst me capitaliste Face ces entreprises plusieurs r seaux anti syst miques se sont articul s pour r sister ceux ci Fond s sur l exercice de la participation populaire ils pr tendent d velopper des plaidoyers socio environnementaux de mani re indissociable la mise en uvre de solutions alternatives au mod le capitaliste Ces plaidoyers contribuent l accumulation du
160. t m poder de decis o Devem lidar com as modifica es constantes em cargos de diretoria dentro de um mesmo governo bem como com as mudan as de cunho partid rio notando se at que rg os podem ser extintos Nessa esfera exigir direitos 94 tamb m manejar informa es que demandam longo tempo de aprendizagem e determina o consciente de quem est do lado popular de uma luta de classes Para um panorama breve do caso do Castanh o MAB aqui se elenca parte da complexidade institucional envolvida e que reflete em a es de responsabilidades da milit ncia conforme cada demanda espec fica A seguir apresentam se dados gerais relacionados a demandas de um nico reassentamento rural desapropria o SRH titula o SRH sele o das fam lias Seagri capacita o dos produtores Seagri organiza o dos produtores Seagri infraestrutura h drica de uso comum SRH infraestrutura el trica de uso comum SRH projeto de explora o Modelo Caminhos de Israel Seagri projeto do n cleo habitacional 120 casas e 1 escola Idace implanta o do n cleo habitacional Dert constru o das 4 casas dos t cnicos Seagri projeto da sede de administra o Seagri constru o da sede da administra o Seagri projeto da unidade de sele o e embalagens de produtos Seagri constru o da unidade de sele o e embalagem de produtos Seagri desmatamento SRH transfer ncia das fam lias Idace programa
161. transpostas Verifica se em um dos mapas elaborados por Halfeld 1860 mapa 22 o apontamento sobre o local que Macedo lhe indicou como o ponto de onde supostamente partiria a canaliza o do S o Francisco Ilustra o 1 Halfed ressaltava que a proje o necessitava de comprova es de estudos futuros Assim l se Baixada pela qual conv m examinar se a dire o do Canal que se projecta abrir do Rio de S o Francisco pela provincia do Cear e valle do Rio Jaguaribe 1860 p 36 64 Ilustra o 1 Detalhe do mapa de Halfeld 1860 indicando o ponto de partida para a canaliza o do rio S o Francisco ao rio Jaguaribe conforme apontou Marcos Antonio de Macedo N EE E d o Mar Provincia do wen examinar se pelal upuearihe co 1 Sacc Morro da Boa Vista ou dos Dous Irmaos pela qual w gv dolanal que de S Francis tar e ralle do Rio J Baixada Pedra Branca do Cachoeira da Velha Vieira Pp ERA DES a E E Peas se E der e Que do Fazil Villa da Boa Visla nN ta antes lares Nova Lagos da 47 PF pluripos Po Fonte Halfeld 1860 mapa 22 Obs O mapa de 1860 aponta o local estudado para uma poss vel sa da da canaliza o do rio S o Francisco em Villa da Boa Vista atual Cabrob PE coincidindo com o mesmo local de onde atualmente parte o Eixo Norte da transposi o do S o Francisco em dire o ao rio Jaguaribe no Ce
162. trechos da carta do Polo Sindical ao Banco Mundial Quase dez anos depois do deslocamento compuls rio da popula o apenas 35 dos projetos de irriga o 6 800 ha est o implantados 34 est o em constru o 6 600 ha e 31 6 000 ha encontram se ainda em fase de estudos Dos 35 dos sistemas de irriga o em funcionamento grande parte apresenta problemas t cnicos de opera o e manuten o POLO SINDICAL DO SUBM DIO S O FRANCISCO 1997 p 2 Na pol tica do Banco Mundial uma vez completados os desembolsos relativos aos empreendimentos financiados esses se tornam oficialmente encerrados e finda se a responsabilidade do banco sobre qualquer aspecto problem tico oriundo da obra Conforme Viana J nior 2005 isso foi o que aconteceu em 1999 com os atingidos de Itaparica que se viram sem ter a quem questionar por seus direitos Aos conflitos do vale do S o Francisco como essas barragens citadas e o caso da transposi o se somam ainda outros conflitos surgidos em barragens j erguidas no chamado Nordeste Setentrional Essas foram constru das sem que se tivesse tornado p blico que a principal fun o desses reservat rios seria armazenar a gua da transposi o Nesse processo a barragem do Castanh o no vale do Jaguaribe CE veio aforgar a cidade de Jaguaribara em 2004 deslocando cerca de vinte mil pessoas situadas em quatro munic pios Jaguaribara Jaguaretama Alto Santo e S o Jo o do Jaguaribe O Castanh o
163. valor econ mico 230 Quadro 6 guas turvas 1 de julho de 2007 4 Editorial Express es Surgimento ou Legitimidade de Valora o dos elementos a analisar n o deatores A es e protestos reivindica es Tipo de descri o atores a es argumenta es A N o se indica As a es antes do Os editoriais seguem H uma proximidade na CONTROV RSIA diretamente quemin cio da obra no uma narrativa que pela apresenta o dos sobre a s o os sujeitos editorial refor ada epeti o de dados e manifestantes promotores da como fato termos os alinhavam apresenta o do ator transposi o do ap a controv rsia konsumado foram em uma trama Ex rcito Reincide uma rio S o Francisco podendo caber a reduzidas pr pria Lembra se que o 2 narrativa que pode SOMme ou a Ser pol ticos controv rsia A editorial praticamente conceder uma leitura enterrada h duas funcion rios la o dos c pia do primeiro que criminalizadora da semanas em governamentais movimentos assim no primeiro editorial resist ncia popular Cabrob PE por ONGs e pela primeira vez Surge o termo ruidosas obra Refor a se a escavadeiras do movimentos mostrada em controv rsias no 3 imagem dos atores da Ex rcito As sociais Uma editorial quando editorial o termo surge resist ncia como o controv rsia n o tem um s lado surge j apresentada como em express o metaf rica no t
164. vio Cappio na Pra a dos Tr s Poderes com foto 20 de dezembro STF libera obras no S o Francisco manchete foto grande 21 de dezembro Ap s 23 dias de greve bispo encerra jejum contra transposi o sem foto 22 de dezembro Bispo diz que Lula foi insens vel e STF subserviente sem foto 23 de dezembro Lula quer tornar irrevers vel obra de transposi o do S o Francisco Elio Gaspari Let cia Sabatella um exemplo que faz bem alma sem foto 24 de dezembro Bispo do jejum diz que o Lula do passado morreu sem foto 2008 15 de fevereiro NOVEL O Ap s discutirem no Senado sobre a transposi o do rio S o Francisco Ciro Gomes PSB e a atriz Let cia Sabatella conversam ante do ator Carlos Vereza Escolhi meter a m o na massa s vezes suja de c co mas minha cabe a n o afirmou Ciro no debate RELA O DAS NOT CIAS DO JORNAL NACIONAL SOBRE A TRANSPOSI O ESSAS NOT CIAS TAMB M EST O CONTEMPLADAS EM EDI ES DA FOLHA DE S PAULO 2005 1 OBRAS de transposi o do Rio S o Francisco devem come ar em abril Jornal Nacional 13 jan 2005 2 PRIMEIRA vit ria Jornal Nacional 17 jan 2005 3 PUBLICADO aviso de licita o para obras da transposi o do S o Francisco Jornal Nacional 10 maio 2005 Per odo da primeira greve de fome set out 2005 1 CNBB pede adiamento das obras de transposi o do Rio S o Francisco Jornal Nacional 28 set 2005 2 CIRO Gomes responde
165. xima capa Figura 16 Capa e fotografias sobre a segunda greve 20 de dezembro de 2007 1 FOLHA DE S PAULO D Eeron E goem leil o de celular em SP fica mais baiso Gafisa wss sutprefenura para meninas Esvelados Manchete STF libera obras no S o Francisco de maca da igreja de S o Francisco em Sobradinho 450 km de Salvador onde mantinha seu jejum havia 22 dias para ser internado em Petrolina 3 Legenda O bispo de Barra BA d Luiz Cappio levado semi consciente em ambul ncia a hospital de Petrolina PE ap s desmaiar durante a greve de fome contra as obras no S o Francisco Fonte imagem 1 e 2 Folha 20 dez 2007 capa Foto imagem 2 Ricardo Marques Folha Imagem Fonte imagem 3 Freitas e Scolese 20 dez 2007 p A4 Foto imagem 3 Foto Fernando Donasci Folha Imagem Organizado pela autora Como em 2005 em 2007 a nica manchete com fotografia volta se para o encerramento da greve de fome de Dom Cappio Figura 16 A imagem mostra o bispo com sa de debilitada desmaiado sendo carregado em uma maca no mesmo enquadramento e surge uma grade de isolamento entre o bispo e os manifestantes que o aplaudem No 195 interior do Jornal as mat rias continuam a destacar o estado de sa de de Dom Cappio Imagem 3 da Figura 16 Essa capa destacando o conflito seria a ltima do ano com fotografia sobre o assunto que parece ter recebido um desfecho final na nar
166. 0 dez 2007 mulher do padeiro Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Rio de Janeiro 08 out 2005 A tese e a pr tica Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Rio de Janeiro 27 dez 2007 EDITORIAL Sede de votos Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Editoriais S o Paulo 15 dez 2007 p A2 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp opiniao fz1512200701 htm gt Acesso em 04 jun 2011 EDITORIAL guas do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Editoriais S o Paulo 20 fev 2005 p A2 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp opiniao fz2002200502 htm gt Acesso em 04 jun 2011 EDITORIAL guas turvas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Editoriais S o Paulo 15 dez 2007 p A2 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp opiniao fz0107200701 htm gt Acesso em 04 jun 2011 EDITORIAL D vidas na transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Editoriais S o Paulo 05 out 2005 p A2 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp opiniao fz0510200502 htm gt Acesso em 04 jun 2011 EDITORIAL Geografia da sede Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Editoriais S o Paulo 25 dez 2007 p A2 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp opiniao fz2512200602 htm gt Acesso em 05 dez 2011 EDITORIAL Limites a Ch vez Folha de S Paulo Primeiro Caderno
167. 0 fev 2009 Dispon vel em lt http Ayvww1 folha uol com br fsp opiniao fZ2002200902 htm gt Acesso em 18 ago 2011 NOVA Invas o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 06 jul 2007 p A10 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 07 06 2 gt Acesso em 14 ago 2011 OLIVEIRA Eduardo ndios invadem empresa do ES de novo Folha de S Paulo 07 out 2005 p A14 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 07 2 gt Acesso em 13 ago 2011 262 PLANALTO quer pol tica fora da festa junina de Lula e Marisa que ocorre hoje Folha de S Paulo S o Paulo Bras lia Primeiro Caderno Se o Brasil 30 jun 2007 p A10 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 06 30 2 gt Acesso em 11 ago 2011 POL CIA deve retirar hoje grupo que tenta impedir obra no S Francisco Assessor da CPT diz que manifestantes v o resistir desocupa o de fazenda Folha de S Paulo Caderno Brasil S o Paulo Bras lia Recife 04 jul 2007 p A11 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 07 04 2 gt Acesso em 11 ago 2011 RIO S O FRANCISCO Ministro e governador divergem sobre transposi o Folha de S Paulo Caderno Brasil S o Paulo Bras lia 12 ago 2005 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp brasil fc1208200539 htm gt Acesso em 22 set 2010 ROBUSTI Jo o Claudio A guerra equivocada O Ex rcito n o deveria mobilizar 380 de seus co
168. 007 abordando assuntos seguinte forma 2 mat rias 9 e 16 02 2007 sobre o fato de ONGs e do Procurador Geral da Rep blica Ant nio Fernando Souza terem recorrido ao STF no intuito de paralisar a obra 2 mat rias 20 e 23 02 2007 sobre o recha o de Dom Cappio falta de compromisso do Executivo 1 mat ria sobre manifesta o em forma de marcha e bloqueio da ponte entre Juazeiro e Petrolina 27 02 2007 2 mat rias sobre as manifesta es em Bras lia exigindo a retomada do di logo prometido pelo Executivo durante a primeira greve de fome 13 e 16 03 2007 e ainda houve 1 artigo de opini o defendendo as a es de Dom Cappio escrito por Paulo Nogueira Batista J nior ent o colunista do Jornal 14 03 2007 Outras 9 mat rias noticiaram centralmente a Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o em Cabrob PE Considera se que houve uma pequena efervesc ncia midi tica em torno da Ocupa o englobando ao todo 14 mat rias A primeira mat ria inicia se anunciando a possibilidade da ocorr ncia de protestos 10 06 2007 e a ltima noticia uma nova invas o realizada pelos Truk Essas mat rias sobre a Ocupa o denigrem aos movimentos que comp em a rede resist ncia contr ria transposi o especificamente aos movimentos ind genas e camponeses Somente as 48 mat rias do per odo da efervesc ncia midi tica englobam 70 58 do total de mat rias sobre a transposi o em 2007 Dessas mat rias apena
169. 2 Merton e Lazarsfeld 2005 ao estudarem a pr tica dos mass media perceberam que nessa esfera emergiam muitas cifras surpreendentes sobre oferta e consumo midi tico um pouco do que aqui tamb m se projeta a t tulo de contextualiza o Contudo observaram que essas cifras pouco revelavam sobre o modo como o mass media contribui 127 para modelar os valores sociais os comportamentos e a atribui o de status O dado que se segue ilustra a rela o produ o consumo da Folha de S Paulo ao mesmo passo que oferce uma ideia sobre como esse ve culo captura ao seu territ rio o leitor consumidor como um forte componente da sua pr pria representa o simb lica O editor da Folha de S Paulo Otavio Frias Filho vangloria se que o Jornal tenha conquistado o establishment brasileiro na composi o de seus leitores Para ele isso sempre foi um grande sonho A designa o establishment uma das que mais simboliza cis o classista e que carrega consigo a pseudo ideia de que existe uma elite cultural naturalmente mais apta a ocupar fun es de tomadas de decis o nos setores p blicos e privados Seguem os dados parte significativa dos leitores da Folha de S Paulo 47 deles considerada de classe m dia alta com renda familiar acima de R 2 999 00 e apresentando padr o de escolaridade em que cerca de 17 dos leitores cursou algum tipo de p s gradua o PERFIL 2011 A Folha de S Paulo subsidiada a partir de d
170. 2002 FHC esteve no Cear no munic pio de Alto Santo para inaugurar simbolicamente a barragem do Castanh o cujo reservat rio somente encheu com as chuvas do inverno de fevereiro de 2004 Em discurso de despedida no Castanh o FHC considerou inevit vel a transposi o para o desenvolvimento do Nordeste e justificou que no seu governo ele teve dificuldades para executar a obra devido a barreiras pol tico partid rias entre os estados da federa o Segundo mat ria da Folha de S Paulo entre outras declara es o presidente afirmou Empenhei me bastante nesse assunto mas h muitas oposi es pol ticas algumas irracionais outras com certa dose de raz o ANTENORE 24 dez 2002 p 1 Da cerim nia veio a participar o ent o senador Tasso Jereissati ex governador do Cear e defensor da transposi o FHC sentenciou que ao novo governo eleito n o se deveria ficar inventando a roda a transposi o era dever a ser cumprido p 1 74 Segundo informa es colhidas em entrevistas de campo para alguns dos moradores atingidos pela constru o da barragem do Castanh o em 2004 e para integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens somente ent o foi poss vel perceber em um discurso oficial dirigido diretamente popula o que a barragem do Castanh o tinha sido constru da para receber as guas da transposi o Antes disso nunca essa fun o da barragem havia sido esclarecida publicamente Foram in mera
171. 291 828 835 72 293 CARTA DE DOM CAPPIO NO IN CIO DA PRIMEIRA GREVE DE FOME Quando a raz o se extingue a loucura o caminho Barra 26 de setembro de 2005 Senhor Presidente Paz e Bem Quem lhe escreve Dom Frei Luiz Fl vio Cappio OFM bispo diocesano de Barra na Bahia Tive a oportunidade de conhec lo por ocasi o da passagem do senhor por Bom Jesus da Lapa na Caravana da Cidadania pelo S o Francisco em 1994 Isto aconteceu pouco tempo depois que fizemos uma Peregrina o pelo Rio S o Francisco da nascente foz com objetivo de conscientizar o povo ribeirinho sobre a import ncia do rio para a vida de todos e a necessidade de preserv lo Fui lhe apresentado por meu professor de teologia Frei Leonardo Boff Sempre fui seu admirador Participei ativamente em todas as campanhas eleitorais do PT alimentando o sonho de ver o povo no poder Desde que o Governo Fernando Henrique apresentou a proposta de transposi o do Rio S o Francisco fomos cr ticos acirrados deste projeto Desde ent o acentuamos a necessidade urgente de revitaliza o do rio e de a es que garantam o verdadeiro desenvolvimento para as popula es pobres do nordeste uma pol tica de conviv ncia com o semi rido para todos pr ximos e distantes do rio Esper vamos do senhor um apoio maior em favor da vida do rio e do seu povo Esper vamos que diante de tantos e consistentes questionamentos de ordem pol tica ambiental econ mica
172. 3 S ntese de representa es na capa da Folha tema transposi o 2008 PSB e a atriz Let cia Sabatella conversam ante o ator Carlos Vereza Escolhi meter a m o na massa s vezes suja de coc mas Tema Etapa do conflito Data Chamada Observa es princ na capa da FSP 2008 literal Sess o Debate no Senado 15 02 NOVEL O Ap s Com fotografia O debate no espetacularizado discutirem no Senado sobre a transposi o no Senado como se fosse sobre a transposi o do rio Senado ridicularizado Federal novela televisiva S o Francisco Ciro Gomes Perde se totalmente o foco para as principais quest es socioambientais e de solu o h drica ao Nordeste relacionadas transposi o minha cabe a n o afirmou Ciro no debate Fonte Elaborado pela autora 5 4 AIMAGEM DA PRIMEIRA GREVE DE FOME 2005 5 4 1 Primeira etapa da greve de 2005 foco na religiosidade At a emerg ncia do fato pol tico gerado com a greve de fome de Dom Cappio a Folha de S Paulo n o havia publicado nenhuma capa com imagens relativas ao tema da transposi o do rio S o Francisco no per odo verificado a partir de 2003 No que diz respeito ao papel da m dia e pelo peso pol tico nacional da Folha de S Paulo esse aspecto chama aten o devido amplitude social de uma obra como a transposi o do rio S o Francisco no debate sobre o desenvolvimento do Nordeste e sobre o impacto socioambiental
173. 3 244 Logo ap s ter sido aprovado o Plano da BHSF o MI lan ou em julho de 2004 o Estudo de Impacto Ambiental EIA do Pisf aprecia o do Ibama No EIA as indica es para o uso das guas do S o Francisco s o conflitantes com o que determina o Comit Entre o que o Comit havia estipulado e o que o projeto de transposi o pretendia tem se alguns aspectos conflitantes Para o Comit a taxa de outorga de uso da gua fora da bacia poderia ser no m ximo de 12 m s enquanto para o Pisf a vaz o h drica m xima da transposi o poderia alcan ar at 127 m s Para o Comit o consumo dessa gua seria de exclusividade para uso humano e dessedenta o animal enquanto o Pisf extrapolava esse uso para os setores de produ o agr cola irrigada para produ o de camar o e pesca e para o uso industrial cf BRASIL MI et al 2004b p 2 14 Para o Comit uma transposi o apenas ocorreria com a comprova o inequ voca de escassez h drica No entanto o EIA n o estava alicer ado pelos dados compat veis com a realidade de disponibilidade h drica conforme diversos documentos seguidamente vieram comprovar cf SBPC 2004 Ipea 2011 Sobre esse ltimo crit rio relativo necessidade de comprova o de escassez h drica para as regi es receptoras de gua da transposi o o CBHSF exigiu pareceres formais da ANA contudo sem receb los Todavia o Atlas Nordeste documento t cnico da pr pria ANA indica que
174. 5 8 VILLA Marco Antonio Transposi o uma id ia ultrapassada Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo Bras lia 16 fev 2005 9 IBAMA pretende fazer consultas antes de decidir Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 17 fev 2005 10 SALOMON Marta Ciro inicia licita o antes de licen a ambiental Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 17 fev 2005 11 FOLHA DE S PAULO Aguas do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Editorial S o Paulo 20 fev 2005 12 BRITO Pedro A favor Agua para todos Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo Bras lia 20 fev 2005 269 13 AB S BER Aziz Debate A transposi o do rio S o Francisco Contra A quem serve a transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 20 fev 2005 14 FERNANDES kamila Transposi o Popula o descr de obra no S o Francisco Minist rio cadastra mas n o convence moradores de reas que devem ser afetadas por desvio do curso do rio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Fortaleza 13 mar 2005 15 MULTIM DIA The New York Times de Nova York Jornal americano v ceticismo em rela o obra no rio S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 29 mar 2005 16 SALOMON Marta S o Fra
175. 5 out 2009 p 11 Assim como FHC esteve na barragem do Castanh o em uma de suas cerim nias de encerramento de governo indicando que a transposi o seria dever a ser cumprido em que n o se deveria inventar a roda Lula tamb m esteve em lugares de grandes obras no encerramento do seu governo Frente s obras da transposi o reafirmou que ela dever ter toda continuidade no governo Dilma O seguinte trecho discursivo foi proferido no sert o da Para ba junto constru o de um aquat nel inconcluso ainda em 2012 que bem resume os conflitos internos no pr prio Estado Nesse discurso tamb m poss vel perceber a constru o da ideia de que o rio S o Francisco n o possui propriet rio revelia das comunidades ribeirinhas que habitam em todo seu curso bem como a ret rica que tanto o uso da gua quanto da terra em torno do canal de transposi o que dever o favorecer aos pequenos agricultores e agricultura familiar Eu vim fazer minha ltima viagem aqui at o final do meu mandato porque esta obra do S o Francisco para mim uma coisa que me d muito orgulho porque n s enfrentamos muitos obst culos para fazer esta obra Diziam que o governo da Bahia n o ia deixar o Jaques Wagner foi um parceiro extraordin rio diziam que o Piau era Sergipe era contra n o teve contra que Alagoas era contra n o teve contra porque ningu m era dono do rio O rio do Brasil porque um rio nacional e q
176. 8 V DEOS DA INTERNET FON FILHO Aton Depoimento em v deo sobre a Ditabranda proferida Folha de S Paulo 7 mar 2009 Dispon vel em lt http www youtube com watch v D61i5xyPQcc gt Acesso em 16 ago 2011 GUIMAR ES Eduardo Depoimento em v deo sobre a Ditabranda proferida Folha de S Paulo 7 mar 2009 Dispon vel em lt http www youtube com watch v E556FUoC 1Q amp feature related gt Acesso em 16 ago 2011 KHOURY Luciana Transposi o do rio S o Francisco audi ncia p blica Bras lia Senado Federal 14 fev 2008 Dispon vel em lt http www youtube com watch v 7Bj3zangOrU amp noredirect 1 gt Acesso em 22 mar 2011 LANCELOTTI J lio Depoimento em v deo sobre a Ditabranda proferida Folha de S Paulo 7 mar 2009 Discurso em v deo Dispon vel em lt http www youtube com watch v 4zlooxyzjos gt Acesso em 16 ago 2011 266 DOCUMENTOS OFICIAIS BRASIL AG NCIA NACIONAL DE GUAS ANA et al Atlas Nordeste abastecimento urbano de gua alternativas de oferta de gua s sedes municipais da regi o Nordeste do Brasil e do norte de Minas Gerais Bras lia ANA SPR 2006 BRASIL C MARA DOS DEPUTADOS Transcri o de Reuni o Ordin ria n 0160 07 Audi ncia p blica para debater a transposi o das guas do rio S o Francisco Bras lia Comiss o de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent vel da C mara dos Deputados 15 mar 2007 p 27 BRASIL DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS
177. 91 para notar que uma das caracter sticas emergentes dos movimentos populares estabelecer tomadas de decis es cada vez mais participativas As dire es das a es coletivas adotam uma identidade polic fala desconcentram poderes individualizados diante da voz de lideran as personalizadas ou de uma leadership de refer ncia Essa foi uma contradi o interna uma quest o de identidade na uni o das for as populares Por m em nenhum momento coletivamente deixaram de reconhecer que a greve de fome tendo sido sim uma estrat gia de decis o individual foi merecedora de apoio justamente por Dom 245 Cappio conclamar a sociedade a uni o e o debate participativo E a greve de fome deixava de ser um gesto individual de Dom Cappio e se tornava uma a o coletiva com participa o popular e com maior visibilidade Essa contradi o a partir da centralidade da pessoa de Dom Cappio foi acentuada pela Folha de S Paulo extraindo o bispo de seu contexto de apoio m tuo na diversidade e riqueza de for as populares que vieram fortalecer o debate O material utilizado para a an lise das not cias da Folha de S Paulo centrado nas capas fotografias e editoriais material sobre o qual a pol tica editorial do Jornal busca monitorar foi privilegiado para a percep o de como a ideologia dominante abordou uma for a popular de ideologia emancipadora Ao mesmo tempo a forma como foram utilizadas as reportagens jornal sticas e as ma
178. Alencar e criticam transposi o de rio e etanol Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 20 out 2008 11 CONSTRUTORA cita impossibilidade de fazer obra Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo Bras lia 27 nov 2008 12 D AMORIM Sheila CRUZ Valdo Camargo Corr a desiste de obra no rio S o Francisco Construtora de trecho de uma das maiores obras do PAC pedia mais dinheiro governo considerou haver quebra de contrato Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo Bras lia 27 nov 2008 CAPAS 2005 01 de outubro Romaria Cem pessoas v o capela em Cabrob PE onde est o bispo Luiz Cappio destaque em greve de fome contra a transposi o do S o Francisco Lula enviou carta a ele duas fotos 03 de outubro NOVENA Reuni o de fi is em capela no sert o pernambucano onde bispo de Barra BA o frei Luiz Fl vio Cappio faz greve de fome contra a transposi o do rio S o Francisco com foto 05 de outubro Bispo faz governo adiar obras com foto grande segunda mais importante 06 de outubro Governo diz que bispo j aceita encerrar greve de fome sem foto 07 de outubro Governo abre debate e bispo p ra greve Segundo religioso Planalto prometeu suspender obras de transposi o do S o Francisco durante discuss o Jaques Wagner nega Manchete 08 de outubro Cronograma da transposi o est mantido diz Ciro sem foto Leia amanh Caderno sobre a trans
179. CANALIZAR O S FRANCISCO NEM HALFELD NEM D PEDRO II 61 2 1 3 DA COMISS O CIENT FICA MIDIATIZA O DA NARRATIVA HIST RICA 67 2 1 4 O INVESTIMENTO IDEOL GICO NA TRANSPOSI O E O CEAR 69 2 2 A TRANSPOSI O DO RIO S O FRANCISCO E O GOVERNO LULA 74 2 2 1 A TRANSPOSI O COMO LEGADO DO GOVERNO FHC 74 2 2 2 RELEMBRANDO A POL TICA LULA ANTES DA PRESID NCIA 76 2 2 3 DAS CARAVANAS DA CIDADANIA TRAI O AOS MOVIMENTOS 78 2 2 4 DAS ELEI ES 2002 MODELAGEM DA TRANSPOSI O 2003 2004 79 2 2 5 MOBILIZA ES SOCIAIS E A RELA O COM O GOVERNO LULA 2005 2007 84 2 2 6 O GOVERNO PERSONIFICADO DE LULA E A TRANSPOSI O 87 CAP TULO Il A TRAMA DA REDE NO MOVIMENTO DO RIO E RESISTENCIA POPULAR CONTRA A TRANSPOSI O EM DEFESA DOS POVOS E DO RIO S O FRANCISCO 92 3 1 CONFLITOS SOCIAIS E BARRAGENS aci assine teor equessa cais soenssst ads ai ss adeus auneadians al dns sand 92 3 2 A ASSOCIA O PRA BARCA ANDAR iereneeeereerereresesereeeterrerenenats 96 3 3 CAPPIO E A PEREGRINA O AMBIENTAL PELO S O FRANCISCO 1992 1993 97 3 4 O COMIT DA BACIA HIDROGR FICA DO RIO S O FRANCISCO CBHSF 101 3 5 A REDE DE RESIST NCIA POPULAR CONTRA A TRANSPOSI O 106 3 6 A ARTICULA O POPULAR DO S O FRANCISCO APSF 111 SA OR V
180. CNBB para conversar com bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 10 dez 2007 11 GUIBU F bio Ex rcito limita ato com 4 000 que ap iam greve de bispo Bloqueio foi perto de usina padre n o come h 13 dias Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 10 dez 2007 12 LIMA Geddel Vieira O inimigo n mero 1 da democracia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 10 dez 2007 13 BEGUOCI Leandro CPT lan a pesquisa para ajudar d Luiz Fl vio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 11 dez 2007 14 LULA recebe CNBB para discutir caso do bispo em greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia Rio de Janeiro Sobradinho BA 11 dez 2007 15 CAPPIO Luiz Fl vio Jejuo tamb m por democracia real Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Sobradinho BA 12 dez 2007 16 GUIBU F bio Mesmo com a liminar da Justi a bispo n o suspende greve de fome Dom Luiz Fl vio Cappio diz que come a a se sentir fisicamente debilitado Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 12 dez 2007 17 SCOLESE Eduardo Justi a manda suspender obras do rio S o Francisco Decis o do TRF da 1 Regi o provis ria Advocacia Geral da Uni o recorrer Folha de S Paulo Primeiro Cade
181. Canteiro de Obras vinculadas ou n o s capas do jornal em que a resist ncia popular esteve protagonizada por movimentos sociais povos quilombolas e etnias ind genas Esse epis dio fez com que a midiatiza o sobre a resist ncia n o se resumisse tanto s greves de fome As imagens foram agrupadas em Figuras 1 2 3 Diante desse conjunto analisado se apresentou uma quantidade numericamente representativa de situa es imag tico textuais das quais se p de examinar os significados 155 das imagens textos ao longo de uma temporalidade particularmente relevante sobre as atividades da resist ncia popular transposi o do S o Francisco O ciclo analisado acompanha paralelamente o processo de mobiliza es caracterizado pela efervesc ncia e refluxo da resist ncia popular obra em si da transposi o Cabe ressaltar que a resist ncia popular ao projeto da transposi o em andamento continua mas com nfase maior em outros aspectos os quais j estavam presentes na luta social pela defesa das fam lias atingidas pela den ncia de um modelo de desenvolvimento excludente maioria da popula o pela revitaliza o dos rios Quis se perceber o efeito do conjunto sequenciado de imagens para a compreens o do processo por meio de uma mobilidade narrativa sobre a resist ncia pelo jornal Para tanto fez se necess rio junto s an lises das imagens concomitante contextualiza es s cio pol ticas sobre os fatos n
182. Cat lica no Brasil Antes de iniciar a peregrina o 1992 1993 frei Cappio contava com quase vinte anos de devo o s popula es pobres do vale do S o Francisco e j tinha conhecimento pr tico sobre as riquezas e mazelas sociais e ambientais do rio dos ecossistemas do semi rido e do cerrado A notar que o ano de 1992 tamb m fora marcado pela Eco 92 pela amplia o do n mero de movimentos e de protestos relacionados s quest es ambientais aumentando as possibilidades do di logo ambientalista religioso como o foi tamb m para o te logo franciscano Leonardo Boff Os lemas desenvolvidos durante a peregrina o marcam bem o quanto a degrada o do rio representa para eles a degrada o concomitante das popula es que vivem em suas barrancas Tais lemas tamb m se tornaram palavras de ordem na luta contra a transposi o e a favor da revitaliza o do S o Francisco como rio vivo povo vivo rio morto povo morto rio amea ado povo amea ado rio doente povo doente rio agredido povo agredido rio explorado povo explorado A peregrina o marca um ponto de inflex o um rito de passagem do Cappio frei da localidade de Barra para o Cappio conhecido por seu engajamento pol tico nacional que leva consigo o apoio expl cito dos outros tr s peregrinos que tamb m estiveram a seu lado durante suas duas greves de fome que vieram posteriormente 5 Aparentemente a maior parte das popula es do Baixo S o Francisco p
183. DA FOLHA DE S PAULO eme 156 5 4 A IMAGEM DA PRIMEIRA GREVE DE FOME 2005 160 5 4 1 Primeira etapa da greve de 2005 foco na religiosidade 160 5 4 2 Segunda etapa da greve de 2005 legitimidade pol tica 166 5 5 A IMAGEM DA RESIST NCIA CONTRA A TRANSPOSI O 2007 172 5 5 1 A Manifesta o em Bras lia mar o de 2007 aan 172 5 5 2 A Ocupa o do Canteiro de Obras em Cabrob junho julho de 2007 178 5 6 A IMAGEM DA SEGUNDA GREVE DE FOME 2007 189 5 7 A IMAGEM DO DEBATE NO SENADO FEVEREIRO DE 2008 198 5 8 IDEOLOGIA E FABRICA O DO DISCURSO MARCO TE RICO ANAL TICO 201 5 9 NA NARRATIVA DOS EDITORIAIS OS PARTICIPANTES DO CONFLITO DA TRANSPOSI O eean erare a e Duo ad bas Rad a OL ri E a da 206 5 9 1 A resist ncia segundo os editoriais ss iaseeeeararaaana 209 5 9 2 QUIros atores nos editoriais reniei i ii ani mesdaga p lea ltda 211 5 10 AN LISE DE DISCURSO SOBRE A RESIST NCIA NOS EDITORIAIS 216 5 10 1 guas do S o Francisco 1 Editorial 20 02 05 216 5 10 2 D vidas na transposi o 2 Editorial 05 10 05 220 5 10 3 Mar de controv rsia 3 Editorial 08 10 05 aa 220 5 10 4 guas turvas 4 Editorial 01 07 07 eeeteeeeeeeeremeneeeeeeerrereereerenereens 227 5 10 5 Sede de votos 5 Editorial
184. Desenvolvimento Agr rio do Estado do Cear lfocs Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas IHGB Instituto Hist rico e Geogr fico Brasileiro IIRSA Iniciativa para a Integra o da Infraestrutura da Am rica do Sul Incra Instituto Nacional de Coloniza o e Reforma Agr ria Inpe Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais locs Instituto de Obras Contra as Secas Ipea Instituto de Pesquisa Econ mica Aplicada IRN International Rivers Network Irpaa Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada IVC Instituto de Verifica o de Circula o LI Licen a de Instala o LO Licen a de Opera o LP Licen a Pr via MAB Movimento dos Atingidos por Barragens MDA Minist rio do Desenvolvimento Agr rio MEC Minist rio da Educa o MI Minist rio da Integra o Nacional MiniCom Minist rio das Comunica es MLST Movimento de Liberta o dos Sem Terra MMA Minist rio do Meio Ambiente MME Minist rio de Minas e Energia MPA Movimento dos Pequenos Agricultores MPF Minist rio P blico Federal MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra OAB Ordem dos Advogados do Brasil OFM Ordem dos Frades Menores OMC Organiza o Mundial do Com rcio ONG Organiza o N o Governamental ONU Organiza o das Na es Unidas P1MC Programa de Forma o e Mobiliza o Social para a Conviv ncia com o Semi rid
185. E DE ROME A A A ETE A iaaa Ra aoa a AELE 112 3 8 O DI LOGO DE SURDOS DE 2006 sss sssiessisssitseriterinsrinnritoritsrtsntssrrsrrssnrenrrnns 113 3 9 A RESIST NCIA DEPOIS DE 2007 ses sssieesieesiiseriisrrissritsritsntssnttsnttsritsrrenrnennrenn 116 3 10 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA RESIST NCIA POPULAR 116 CAP TULO IV A TRAVESSIA DA NOT CIA DA CORPORA O FOLHA AO RECORTE DO OBJETO A TRAJET RIA DA NOTICIA SOBRE A TRANSPOSI O 125 4 1 NOT CIA PRODUTO E PODER CORPORATIVO MIDI TICO DO GRUPO FOLHA 125 4 2 POL TICA DE COMUNICA O BRASILEIRA E MONOP LIO DA INFORMA O 130 4 3 O GRUPO FOLHA E A LEGITIMA O POL TICA titres 133 4 4 A COLETA DE MAT RIAS DA FOLHA DE S PAULO retro 135 4 5 AS MAT RIAS ENTRE 2000 E 2011 ABORDANDO A TRANSPOSI O 136 4 6 O DESEMPENHO JORNAL STICO EM 2007 E A COMPARA O COM 2005 139 4 7 S NTESE DO DESEMPENHO DAS MAT RIAS DE 2005 E 2007 143 4 8 OS ARTIGOS DE OPINI O DA FOLHA SOBRE A TRANSPOSI O 145 4 9 O ENFOQUE DOS JORNALISTAS QUE MAIS NOTICIARAM A TRANSPOSI O 148 CAP TULO V MARGEM DA IMAGEM AN LISE A PARTIR DE CONTEXTOS IMAG TICOS E ESCRITOS eee 150 5 1 MARCO TE RICO PARA AN LISE DO CONTEXTO IMAG TICO s 150 5 2 OBJETO E OBJETIVO DA AN LISE A PARTIR DO CONTEXTO IMAG TICO 155 5 3 A TRANSPOSI O NA CAPA
186. Em meados de 2005 os agentes governamentais estavam entusiasmados com o andamento do cronograma do Pisf Para eles os maiores limites j haviam sido superados diante da forjada concretiza o do pacto federativo e das solu es jurisdicionais para contornar os limites de outorga deliberados pelo Comit de Bacia Hidrogr fica do S o Francisco fortes opositores que at ent o haviam impedido o andamento do Pisf Nesse per odo os gestores do Pisf ocupavam se do cronograma do projeto junto aos rg os federativos ambientais e realizando atividades referentes ao sistema financeiro frente ao Tesouro Nacional um momento de fulcral import ncia ao avan o do projeto prestes a sua divulga o como fato consumado como o de costume quando os respons veis pelas grandes obras estruturantes obt m as licen as ambientais Ent o por outro lado as alian as de resist ncia popular davam organicidade a uma rede de mobiliza o coletiva formada por in meros atores sociais em defesa do rio S o Francisco em que muitos operavam participa o dentro do pr prio CBHSF O momento hist rico pelo qual a rede passava obrigava a a desafiar o governo federal diante de uma severa assimetria de for as 3 5 A REDE DE RESIST NCIA POPULAR CONTRA A TRANSPOSI O As a es coletivas de resist ncia contra a transposi o do rio S o Francisco foram executadas por uma complexa rede de atores sociais individualmente e na forma de organiza es A rede
187. F 2004 2013 CBHSF 2004 indica que a vaz o m dia regularizada do rio S o Francisco de 1 850 m s Sobre o uso desse aporte h drico h a exig ncia do Ibama que assegura a vaz o m nima de 1 300 m s de chegada de gua foz do rio Para a seguran a de funcionamento das hidrel tricas do S o Francisco est outorgada ao setor el trico uma vaz o m dia de 185 m s Portanto restando o m ximo de 365 m s para usos consuntivos isto para usos fora da calha fluvial do rio Essas quantias balizaram o Plano da BHSF para permitir que fossem outorgados para usos consuntivos at no m ximo 360 m s Notando se que as outorgas preexistentes j alocavam 335 m s da vaz o outorgada assim restando o m ximo de 25 m s de vaz o h drica outorg vel para os futuros usos consuntivos O Pisf 2004b indica que a transposi o de guas baseia se em uma vaz o m nima de 26 m s vaz o m dia de 65 m s e vaz o m xima de 127 m s Em que pesem o preestabelecido pelo Plano da BHSF para o saldo dispon vel para futuras outorgas 25 m s e pelo o que o Pisf requer de vaz o m nima 26 m s percebe se que o Pisf atuar sobre o 104 d ficit de 1 4 m s notadamente dificultando o uso da disponibilidade outorg vel de vaz o h drica na pr pria bacia o que deveria de ser o uso de prioridade como recomenda o Plano Sobre a disponibilidade h drica conjunta dos estados do Cear e do Rio Grande do Norte o Plano da BHSF CBHSF 2004 aponta s
188. Francisco e a vida pela vida Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 01 out 2005 2 GUIBU F bio Caminho das Aguas Bispo em greve de fome recebe carta de Lula Sem comer h seis dias contra a transposi o do S o Francisco religioso reza missa em Pernambuco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 01 out 2005 3 GUIBU F bio Presidente diz estar disposto a abrir di logo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 02 out 2005 4 GUIBU F bio Caminho das guas Bispo diz que entrega a vida se Lula n o recuar de projeto entrevista ao Dom Cappio Religioso faz greve de fome contra projeto do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 02 out 2005 5 GUIBU F bio Caminho das guas Em jejum bispo recebe visitas da oposi o Religioso que faz greve de fome em PE contra projeto do rio S o Francisco j recebeu ACM e Helo sa Helena Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 03 out 2005 6 S Nelson de TODA M DIA O Suicida Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 04 out 2005 7 SCOLESE Eduardo Para CPT Lula ser culpado por futuro do bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 04 out 2005 8 ALENCAR Kennedy Greve amea a encontro entre Lula e Bento 16 Folha de S Paulo Pr
189. Franco Rubens Ricupero escreve carta reconhecendo a frei Cappio e seus companheiros de peregrina o como atores importantes na mobiliza o popular a favor do rio S o Francisco 1994 elaborado o Projeto B sico de Engenharia da transposi o para o trecho de Cabrob PE a Jat CE 3 de mar o de 1994 Adriano Martins viaja a sete pa ses da Europa para divulgar a problem tica social e as belezas do rio S o Francisco 1997 a 2000 H amplia o do Projeto B sico de Engenharia de 1994 contendo novos trechos al m da execu o do Estudo de Impacto Ambiental da transposi o 5 de junho de 2001 aprovado Decreto de cria o do Comit da Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco CBHSF 2002 No segundo turno das elei es presidenciais Lula ent o candidato presidencial recebe o apoio do ex candidato presidencial Ciro Gomes considerado um dos maiores defensores da transposi o 2003 Setembro O vice presidente da Rep blica Jos Alencar apresenta no Senado Federal um projeto de transposi o or ado em US 6 5 bilh es no formato proposto pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econ mico e Social BNDES contemplando conjuntamente a transposi o do rio Tocantins 2004 Maio realizada a Marcha guas Pela Vida do Movimento dos Atingidos por Barragens MAB com cerca de mil participantes entre o trecho Goi nia Bras lia 230km 29 de junho O CBHSF aprova o Plano
190. Grupo Folha e a corpora o Globo foram um dos maiores incentivadores da aprova o da Lei de TV a Cabo BRASIL Lei 8977 95 que veio permitir at 49 de poder acion rio estrangeiro nas empresas desse setor 131 A partir de ent o sob salvaguardas jur dicas h uma fus o econ mica entre telecomunica es e audiovisual dividindo o mercado preponderantemente em um duop lio entre o cons rcio Embratel Telmex Globo e o cons rcio Telef nica TVA BOLANO 2007 Tais fus es est o inseridas no contrato global de converg ncia tecnol gica da informa o e da comunica o possibilitada pelas recentes tecnologias transmiss es via sat lite via cabo e potentes tecnologias eletr nicas para processamento e armazenamento da informa o Nesse contexto poderosos conglomerados transnacionais e empresas locais da ind stria da m dia da ind stria de equipamentos inform tica e da ind stria de telecomunica es estabelecem fus es acion rias para dinamizar seus neg cios no mercado global N stor Canclini e Piedras Feria 2006 ressaltam a import ncia de se compreender que as atividades econ mico culturais baseadas na criatividade como um propulsor importante do crescimento e do desenvolvimento econ mico como tal compartem caracter sticas semelhantes s de outros setores da economia Eles explicam que o Produto Interno Bruto relativo ao setor da economia baseada na criatividade de pa ses como Brasil M xico e Argentin
191. ISTAS QUE MAIS NOTICIARAM A TRANSPOSI O Dos jornalistas que mais escreveram sobre a transposi o Fabio Guibu foi o que mais publicou mat rias sobre a resist ncia contra a transposi o O jornalista escreveu desde a primeira greve de fome de Dom Cappio cobriu o evento da Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o e realizou reportagens tamb m sobre a segunda greve de fome 148 Considerando o total de mat rias escritas sobre a resist ncia contra a transposi o 131 no per odo de 2005 a 2008 Tabela 2 esse jornalista foi respons vel por 31 29 41 mat rias delas Das seis mat rias assinadas por ele sobre a Ocupa o quatro trazem logo no t tulo termos que colocam o grupo resistente como invasores Um dos t tulos desqualifica especificamente a autonomia da organiza o popular criticando a divis o de tarefas taxando as de administra o empresarial lembrando as not cias que denunciam a pr tica de crime organizado GUIBU 01 jul 2007 Observando se as coberturas jornal sticas de Guibu sobre as duas greves percebe se que sobre a primeira greve ele manifestou um tom mais respeitoso para com Dom Cappio ainda que algumas dessas mat rias tenham obtido um ngulo mais sensacionalista focado na tens o entre a vida e morte do religioso a despeito das quest es pol ticas em jogo Sobre a segunda greve parece que o Jornal visto os escritos de Guibu e de outros pautou as suas mat rias com base na pr
192. JMP PJR Confer ncia dos Religiosos do Brasil CRB CEBs Sefras Servi o Franciscano de Solidariedade Servi o Justi a Paz e Ecologia da Prov ncia Franciscana de SP Servi o Justi a Paz e Ecologia da Prov ncia Franciscana de Imaculada Concei o Igreja do Carmo MG Congrega o Filhas de Jesus Sobradinho BA 1 Igreja Batista Santa Maria da Vit ria BA Romaria do Grito dos Exclu dos Misereor Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada IRPAA Centro Nordestino de Medicina Popular Consea PE Diaconia PACS Articula o do Semi rido ASA ASPTA CAIS Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativa Social Rede Ambiental do Piau ABAI Servi o Paz e Justi a Instituo Palmas Museu Ambiental Casa do Velho Chico Associa o dos Ge grafos Brasileiros Se o Aracaju Associa o Pequenos Agricultores Cidadania APAC AAPMS CAA Centro de Assessoria do Assuru SASOP Associa o dos Advogados dos Trabalhadores Rurais EFAs Centro Terra Mar Comit da Bacia do rio Salitre Ecodebate Sindicatos de Trabalhadores Rurais Sindicato dos Trabalhadores em gua e Esgoto no Estado da Bahia SINDAE P lo Sindical Subm dio S o Francisco SINTECT PE Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Tel grafos Sintagro BA Sindprev RJ APLB Sindicato de Santa Maria da Vit ria F rum Permanente da Bahia em Defesa do S o Francisco Frente Cearense por uma Nova Cultura de gua Contra a Tran
193. No entanto essas observa es tratam de indicar grande parte das vezes reincid ncias que acabam por anunciar uma modelagem discursiva espec fica do Jornal Os editoriais est o numericamente classificados conforme cronologia de surgimento O editorial 1 de 20 de fevereiro de 2005 ocorre depois de uma s rie de manifesta es que alcan aram o cancelamento de audi ncias p blicas em Belo Horizonte Salvador e Aracaju O editorial 2 e 3 datados respectivamente de 5 e 8 de outubro de 2005 situam se no per odo da primeira greve de fome O editorial 4 de 1 de julho de 2007 foi publicado no momento em que ocorria a Ocupa o do Canteiro de Obras da transposi o e o editorial 5 de 15 de dezembro de 2007 tem como pano de fundo a segunda greve de fome de Dom Cappio Assim sendo alguns desses editoriais n o citam esses momentos hist ricos de embate entre for as populares e grupos pol tico dominantes em torno do projeto obra da transposi o por m situam se exatamente nesses momentos portanto fortemente motivados pelas a es da rede de resist ncia contra a transposi o Al m desses editoriais n o se registra nenhum outro no per odo 2005 a 2008 publicado exclusivamente sobre a transposi o Cabe considerar que no final de 2006 houve um editorial intitulado Geografia da sede cf EDITORIAL 25 dez 2011 que deu nfase publica o do Atlas Nordeste elaborado pela ANA cujo assunto transversal e n o exclusivamente so
194. P devido a seu vis vel apoio aos movimentos de resist ncia contra a obra A Folha de S Paulo publicou 20 capas contemplando a transposi o do rio S o Francisco 10 delas com fotografias Essas 20 capas estiveram situadas da seguinte forma 8 capas em 2005 11 capas em 2007 e uma capa em 2008 Dessas 14 estiveram centradas na greve de fome e as 6 demais em outros temas an lise dos contextos das imagens da capa foram acrescidas outras fotografias do interior do jornal Ao todo fizeram parte do contexto da an lise 29 fotografias Para analisar essas imagens foram considerados os contextos visuais gerais das capas e p ginas em que se encontram legendas t tulos e outros conte dos jornal sticos 247 Sem se poder generalizar em nenhum dos coment rios que se seguir o compreende se que a resist ncia popular a partir do contexto das imagens e legendas foram retratadas nas imagens da Folha de S Paulo em momentos distintos da seguinte forma diminu da de import ncia pol tica ridicularizada e relacionada a atos de viol ncia Imagens com sentido de diminui o da import ncia pol tica da resist ncia Percebeu se que Dom Cappio foi retratado praticamente isolado em sua a o contra a transposi o O grupo de apoio solid rio ao bispo foi reduzido romaria e novena bem como uma das imagens com uma mulher ajoelhada frente a ele possivelmente recebendo ora o e ben o vem a desqualificar seu prop sito pol tico
195. PPIO Luiz Fl vio Vida para todos por isso fiz a greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 10 out 2005 55 GUIBU F bio Caminho das guas Bispo insinua que Lula perdeu dignidade Em fala pela revitaliza o do rio S o Francisco frade critica falta de compromisso com povo humilde Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Juazeiro BA 10 out 2005 56 NASSIF Lu s A transposi o do S o Francisco Folha de S Paulo Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 11 out 2005 57 VASCONCELOS Frederico Caminho das guas Carta n o influenciou bispo diz fam lia Vaticano determinou fim do jejum que acabou 2 dias depois Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 12 out 2005 58 NASSIF Lu s Os contras da transposi o Folha de S Paulo Caderno Dinheiro Opini o S o Paulo 12 out 2005 59 VASCONCELOS Frederico Caminho das guas Quis resgatar Lula do capital afirma bispo Cappio diz que sua greve de fome teve como objetivo devolver Lula s origens de homem dos pobres Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 13 out 2005 MAT RIAS DEPOIS DA EFERVESC NCIA MIDI TICA DA PRIMEIRA GREVE DE FOME OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2005 1 NASSIF Lu s O Bird e a transposi o Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 13 out 2005 2 MARREIRO Fl via Outro lado Obra priorit ria e red
196. Presen a de fotografia S Movimentos gena no acampamento de ma A mat ria foi colocada ao lado de a reafirmam nifestantes em Cabrob PE outra cujo t tulo dizia Sem terra 8 resist ncia contra a transposi o do rio S o invadem mais 3 fazendas em S o invadindo Francisco d Luiz Fl vio Cappio Paulo O n mero de propriedades canteiro de pediu aos participantes que invadidas sobe para 67 obras mantenham o protesto o 92 ETAPA 14 12 CNBB pede apoio greve de Aus ncia de fotografia Surge 5 fome de bispo apoio da Igreja a Cappio S Apresenta o 15 12 Editoriais Leia Sede de votos Aus ncia de fotografia Tema o do conflito sobre transposi o do S o cresce em relev ncia pol tica por motivados pela Francisco publica o de EDITORIAL segunda greve 18 12 Oito quilos a menos O bispo de Presen a de fotografia E de fome Barra BA d Luiz Cappio em Sensacionalismo sobre a sa de pl greve de fome contra do bispo parecendo ridicularizar E transposi o do S o Francisco a greve com foto do bispo rindo E 4 ETAPA 19 12 Planalto prop e a bispo parar Presen a de fotografia Governo aberto obra em rio em troca de fim de Desvia se a aten o das Q e Sabatella no JEjumi propostas do Movimento para a foco do debate imagem da atriz Sabatella 5 ETAPA 20 12 STF libera obras no S o MANCHETE Presen a de Com o fim da Francisco fotografia Retrata o governo grev
197. Rosa quando em estada no Cariri entre 1818 1820 Logo depois o ouvidor Jos Raimundo de Passos Porbem Barbosa viajou para a comarca do Crato onde foi convencido da empresa mandando realizar c lculos Depois de uma viagem Europa Macedo empreendeu estudos in loco no S o Francisco em 1939 para verificar de onde partiria as guas do rio S o Francisco a serem canalizadas 62 Foi a respeito desse estudo de Macedo que Halfeld 1860 emitiu coment rio concordando e colocando se confiante ante a possibilidade da obra 268 L GUA Contin a a seguir o canal melhor proximo ao barranco da margem direita ao encontro de muitas pedras das quaes p de se desobstruir a sua linha com o disp ndio de 2 000 000 esquerda desta fica a ilha da Quix ba do Imbuzeiro a ilha Grande a das Gar as da Lontra e a do Ic neste ponto onde as pessoas ilustradas particularmente o Dr Marcos Antonio de Macedo julg o que ser possivel tirar e conduzir se do Rio de S o Francisco um canal em dire o para o riacho dos Porcos e canalizar se este at a sua confluencia com o riacho Salgado e este at a sua embocadura no rio Jaguaribe e finalmente deste rio at a sua foz no mar O projeto gigantesco por m se f r possivel conseguir se a sua execu o ter o benefico resultado de incalculavel trancendencia para a prov ncia do Cear Pernambuco Piauhy Goyaz e particularmente para a prov ncia do Cear que de primeira m o recebe
198. S C sar A transposi o da trucul ncia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 21 dez 2005 CONTE DO JORNAL STICO SOBRE A TRANSPOSI O 2006 GERENCIAMENTO DO DIALOGO DE SURDOS 1 BALDUINO Dom Tom s Lula o bispo e o f rum Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias debates Opini o S o Paulo 13 jan 2006 2 BONI Ana Paula Caminho das guas Governo ignora cr ticas e n o muda projeto Inten o esbarra por m em a es contr rias transposi o do rio S o Francisco que ainda correm no Supremo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 05 fev 2006 274 3 FERNANDES Kamila Folia Sem Fronteiras Governo destinou R 500 mil Mangueira enquanto Carnaval local ficou com R 325 mil Cear gastar mais no Rio do que em casa Folha de S Paulo Caderno Cotidiano S o Paulo Fortaleza 08 fev 2006 4 TRANSPOSI O de rio tira Elba do Carnaval da PB Folha de S Paulo Caderno Cotidiano S o Paulo Fortaleza 16 fev 2006 5 SALOMON Marta Elei es 2006 Presid ncia Governo quer usar obra suspensa em publicidade na TV Propaganda oficial dir que administra o Lula fez investimento pesado na transposi o do rio S o Francisco suspensa em 2005 Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 15 maio 2006 6 FERRO Rosa Helo sa diz ser contr ria a obra no rio S o Francisco Folha de S Paulo
199. S o Francisco Ap ndice A N o foram levadas an lise discursiva e de contabilidade geral mat rias que apenas trouxeram de forma pontual a quest o da transposi o do rio S o Francisco bem como reda es jornal sticas pequenas de at dois par grafos 7 a an lise de discurso imag tico centrou se no contexto jornal stico de composi o de capas t tulos legendas e outros elementos textuais correlatos buscando se 30 identificar o comportamento organiza o das imagens para se apreender os sentidos que transmitem significam Conjuntamente foram indicadas as repeti es nas formas imag ticas e textuais ausentes e presentes expl cita e implicitamente nas mensagens Buscou se perceber as imagens dentro de um pano de fundo a ideologia Ao todo foram contempladas 29 fotografias 10 delas situadas na capa do peri dico e quase todas as demais contidas na mesma edi o da Folha de S Paulo que reservou espa o de capa transposi o A escolha da amostra foi pensada para que fosse possibilitada uma sequ ncia representativa de dados verific veis O ciclo de imagens analisado acompanha o processo de mobiliza es caracterizado pela efervesc ncia e refluxo da resist ncia popular contra a obra da transposi o Fizeram se necess rias s an lises das imagens diversas contextualiza es sociopol ticas sobre os fatos noticiados Intencionou se verificar o tipo de modelagem do discurso criado pela Folha de S Paulo e que
200. S Paulo S o Paulo Bras lia Primeiro Caderno Se o Painel do Leitor 06 out 2005 GUIBU F bio S o Francisco Arcebispo de Salvador pede a d Luiz fim de greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA Petrolina PE 05 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 05 2 gt Acesso em 14 ago 2011 Ministro Patrus n o tem qualifica o para falar da transposi o diz bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 18 dez 2007 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp brasil fc1812200710 htm gt Acesso em 12 jan 2011 Bispo critica Lula e pede resist ncia transposi o Dom Luiz Cappio retoma os protestos contra obras no rio S o Francisco Folha de S Paulo Caderno Brasil S o Paulo Cabrob PE 29 jun 2007 p A10 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 06 29 2 gt Acesso em 11 ago 2011 260 Bispo inicia nova greve de fome contra transposi o D Luiz Cappio protesta contra obra no S o Francisco e diz que Lula n o cumpriu palavra Presidente diz que bispo o obriga a escolher entre ele e 12 milh es que precisam de gua E n o tenha d vida que eu ficarei com os pobres Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 28 nov 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 11 28 2 gt Acesso em 14 ago 2011 Camin
201. Universidade de Bras lia UnB Centro de Desenvolvimento Sustent vel CDS A partir das guas argumenta es midiatizadas resist ncia popular e a transposi o do rio S o Francisco Christianne Evaristo de Ara jo M nica Castagna Molina Orientadora Tese Bras lia DF junho 2012 Ara jo Christianne Evaristo de A partir das guas argumenta es midiatizadas resist ncia popular e a transposi o do rio S o Francisco Christianne Evaristo de Ara jo Bras lia 2012 268 p il Tese de Doutorado Centro de Desenvolvimento Sustent vel Universidade de Bras lia Bras lia 1 Rede de resist ncia popular 2 Transposi o do rio S o Francisco 3 M dia e ideologia Universidade de Bras lia CDS Il T tulo concedida Universidade de Bras lia permiss o para reproduzir c pias desta tese e emprestar ou vender tais c pias somente para prop sitos acad micos e cient ficos A autora reserva outros direitos de publica o e nenhuma parte desta tese de doutorado pode ser reproduzida sem a autoriza o por escrito da autora Christianne Evaristo de Ara jo UNIVERSIDADE DE BRAS LIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL A PARTIR DAS GUAS ARGUMENTA ES MIDIATIZADAS RESIST NCIA POPULAR E A TRANSPOSI O DO RIO S O FRANCISCO Christianne Evaristo de Ara jo Tese de doutorado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustent vel da Universidade de Bras lia como pa
202. University 1965 ORLANDI Eni Puccinelli An lise de discurso princ pios e procedimentos Campinas Pontes 2007a As formas do sil ncio no movimento dos sentidos Campinas Unicamp 2007b PROCESSO DE ARTICULA O E DI LOGO PAD O impacto dos grandes projetos e a viola o dos Dhesca estudo de caso PAD Brasil Rio de Janeiro PAD 2009 PALOCCI FILHO Ant nio Programa de Governo Coliga o Lula Presidente Partido dos Trabalhadores PT Partido Comunista do Brasil PCdoB Partido Liberal PL Partido da Mobiliza o Nacional PMN Partido Comunista Brasileiro PCB Um Brasil para todos crescimento emprego e inclus o social S o Paulo Comit Lula Presidente 2002 PARTIDO DOS TRABALHADORES PT Resolu o aprovada no 7 Encontro Nacional entre 31 de maio e 3 junho de 1990 no Pal cio de Conven es do Anhembi em S o Paulo e reafirmada no 2 Congresso realizado em Belo Horizonte entre 24 28 nov 1999 Belo Horizonte PT 1999 Dispon vel em lt www pt org br gt Acesso em 12 abr 2011 PEIRCE Charles Sanders Escritos Coligidos Sele o de Armando Mora D Oliveira Tradu o de Armando Mora D Oliveira e S rgio Pomerangblum 2 ed S o Paulo Abril Cultural 1980 POLO SINDICAL DO SUBM DIO S O FRANCISCO Solicita o de painel de inspe o do Banco Internacional para Reconstru o e Desenvolvimento Banco Mundial para o projeto de reassentamento dos atingidos pela hidrel trica de It
203. a es pr prias do universo da labuta cotidiana do jornalista Suas considera es desde a qualifica o pr defesa e defesa de tese alimentaram em muito a escrita desta pesquisa Agrade o generosidade da Professora Irene Alves Paiva que teve todo cuidado de me ajudar a elucidar problemas te ricos que surgiram Suas contribui es ser o utilizadas para aperfei oar minha escrita e certamente as levarei comigo ao longo de minha futura vida de pesquisadora Sou bastante grata s contribui es do Professor Perci Coelho de Souza tamb m por sua pr tica acad mica orientada para considerar o espa o universit rio como um espa o de est mulo pesquisa voltada aos movimentos populares m dia e compreens o das contradi es do modo de produ o capitalista Agrade o ao Professor Rafael Villas B as por me ajudar a perceber tanto alguns dos aportes que esta tese pode revelar quanto algumas de suas lacunas Obrigada por me alertar que isso pode ser realizado quando forem preparados os artigos ou um livro baseado na tese Obrigada por esse grande presente e pelo incentivo publica o Nesses momentos em que uma s palavra de elogio de um professor a quem tanto respeitamos faz tranquilizar o cora o de um doutorando em uma defesa de tese gostaria de compartilhar minha alegria com aqueles que se preocupam comigo dizendo que meu cora o esteve o mais confortado poss vel diante da generosidade de todos os profess
204. a o pois suportada por duas estruturas diferentes das quais uma lingu stica essas duas estruturas s o convergentes mas como suas unidades s o heterog neas n o podem se misturar aqui no texto a subst ncia da mensagem constitu da por palavras ali na fotografia por linhas superf cies tonalidades Al m disso as duas estruturas da mensagem ocupam espa os reservados cont guos mas n o homogeneizados como por exemplo num enigma figurado que funde numa s linha a leitura de palavras e figuras p 326 grifos no original Por meio da organiza o e consequente publica o desses elementos jornal sticos muitas das representa es ideol gicas produzidas pela grande m dia dissemina se Am lia Dellamea 1995 discorre sobre a rela o fotografia ideologia como elemento indissoci vel da pol tica editorial dos jornais Compreende se ent o que a fotografia assim como todos os demais recursos gr ficos utilizados no jornalismo n o constituem mero ornamento sen o reais estrat gias da ilustra o entendidas como fun o ret rica profunda da produ o jornal stica por esse motivo que grande parte da pol tica editorial e das marcas ideol gicas dos meios se manifestam na sele o de determinadas fotografias ou na omiss o da imagem de algum ator social cuja ideologia n o compartilhada pelo meio em quest o grifo no original tradu o nossa 474 Complementando o aporte de Dellame
205. a In MORAES D nis de Org Por uma outra comunica o m dia mundializa o cultural e poder Rio de Janeiro S o Paulo Record 2005 p 385 400 ASHCROFT Bill GRIFFITHS Gareth TIFFIN Helen Key concepts in post colonial studies Londres Nova York Routledge 1998 ASSOCIA O DE ADVOGADOS DE TRABALHADORES RURAIS NO ESTADO DA BAHIA AATR BA A transposi o do S o Francisco e os descaminhos do STF In VIAN Itamar Org Uma vida pela vida Porto Alegre Estef 2008 pp 91 94 BARTHES Roland A c mara clara S o Paulo Nova Fronteira 1980 mensagem fotogr fica In LIMA Luiz Costa Org Teoria da cultura de massa 7 ed S S o Paulo Paz e Terra 2005 pp 323 340 BIROLI Fl via Representa es do golpe de 1964 e da ditadura na m dia Historia Belo Horizonte vol 25 n 41 jan jun 2009 pp 269 291 BOCAYUVA Pedro Claudio Cunca VEIGA Sandra Mayrink Novo vocabul rio pol tico Rio de Janeiro Vozes Fase 1992 BOLANO C sar Ricardo Siqueira Qual a l gica das pol ticas de comunica o no Brasil Col quest es fundamentais de comunica o S o Paulo Paulus 2007 BOURDIEU Pierre Sobre a televis o Rio de Janeiro Jorge Zahar 1997 BRAGA Renato Hist ria da Comiss o Cient fica de Explora o Edi o especial para o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria Rio Grande do Norte Funda o Vingt un Rosado Banco do Nordeste 1962 Dispon vel em lt www colecaomossoroen
206. a nica sob controle do capital minando as possibilidades de di logo efetivo para a corre o das desigualdades sociais estruturalmente arraigadas Assim a necessidade de um exame cr tico dos estratagemas da ideologia dominante em geral desenvolvidos nos produtos aparentemente impenetr veis de geradores de fuma a institucionalmente bem lubrificados nunca foi t o grande quanto em nossos dias As apostas est o se tornando cada vez mais altas pois os antigos instrumentos para tratar algumas de nossas dificuldades ainda que fossem limitados mesmo no passado est o hoje sistematicamente abalados e destru dos pela for a inexor vel do Estado em nome do interesse na perpetua o do dom nio do capital com ajuda da conformidade ideol gica e pol tica duramente imposta Os sinais dessa tend ncia para a garantia da uniformidade exigida pela necessidade do capital impor o Estado de ideologia nica s o muito perigosos A desejada uniformidade deve ser imposta por todos os meios at mesmo pelos potencialmente e dadas as novas guerras 204 imperialistas j n o s potencialmente mais violentos p 13 14 No processo do conflito em torno da transposi o aqui analisado parte do discurso que emerge se situa na conflu ncia entre Estado e instrumentos jur dico ambientais de poder Nessa esfera levantam se defesas que colidem frontalmente Percebe se o interesse do capital privado representado como p blic
207. a MLST A capa sugere que essas armas pertencem a 163 integrantes do MST e do MLST que teriam de acordo com o Jornal entrado em confronto por disputar a invas o de uma fazenda A forma como se d o relatado parece n o se tratar de movimentos sociais mas de rivalidades entre fac es criminosas lembrando a diagrama o da capa alusiva ao tr fico na Rocinha O leitor numa passada de olhos r pida poderia associar essas armas resist ncia popular Nesse momento oportuno ponderar que mesmo uma leitura r pida de imagens pode cooperar para o fortalecimento de representa es simb licas sobre determinados fen menos sociais O estudo de Dellamea 1995 faz men o ao processo de veeduria de leitores n o leitores s o os que costumam percorrer um jornal sem adentrar aos textos pousam em t tulos legendas de fotos sum rios fotografias algum an ncio e outros poucos elementos gr ficos e de maior tamanho que a medida dos elementos tipogr fico textuais de leitura do peri dico tradu o nossa grifo nosso p 483 A passada de olhos r pida sobre as p ginas do jornal n o m rito apenas do chamado leitor de imagens aquele que apenas fixa aten o nas imagens e n o aos textos At mesmo diversos leitores compulsivos podem fazer primeiramente uma passada de olhos r pida uma leitura escaneada varrendo se o jornal em busca das mat rias que lhes parecem mais atraentes O tipo de composi o
208. a Many collective actions against the work emerged uniting social movements such as the such as the Movement of the People hit by Dams MAB the Landiess Movements MST religious entities indigenous ethnic groups and quilombola communities They built the resistance network against the transposition of the river with a pioneer diversity against a State construction in Brazil This mobilization cycle had its effervescence between 2005 and 2007 retreating in 2008 due to the progress of the work leaded by the Army In this context this thesis was motivated by the following question in what way did discourses propagated by Folha de S Paulo portrait the popular resistance network against the transposition of the river S o Francisco in the period of 2005 to 2007 The methodology used was the analysis of discourse based on image and textual references of Folha de S Paulo seeking to understand through which ideological mechanisms that is through which strategies of symbolic constructions popular resistance was portrayed by the newspaper The research verified that 61 5 of the news on the transposition in the newspaper were formulated in order to present centrally actions of the resistance network However it was observed that in the covers pictures articles and editorials these publications concealed the diversity of the social actors within the network as well as their socio environmental proposals and alternatives to the transposition Another
209. a O Imp rio do Belo Monte S o Paulo Funda o Perseu Abramo 2001 253 GOHN Maria da Gl ria Cidadania Meios de Comunica o de Massas Associativismo e Movimentos Sociais In PERUZZO Cec lia ALMEIDA Fernando Comunica o para a Cidadania S o Paulo INTERCOM Salvador UNEB 2008 M dia Terceiro Setor e MST Petr polis Vozes 2000 JOLY Martine Introdu o an lise da imagem Tradu o Marina Appenzeller 32 ed Campinas Papirus 2000 KHOURY Luciana Projeto de transposi o do rio S o Francisco situa o atual e balan o do envolvimento do CBHSF In IX e X Plen rias do Comit da Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco Salvador CBHSF 2005 KHOURY Jorge Contexto para uma transposi o In ALVES FILHO Jo o Toda a verdade sobre a transposi o do rio S o Francisco Rio de Janeiro Mauad X 2008 LIMA Luiz Cruz Al m das guas a discuss o no Nordeste do Rio S o Francisco Revista do Departamento de Geografia n 17 2005 p 94 100 Dispon vel em lt www geografia fflch usp br publicacoes rdg RDG 17 Luiz Cruz Lima pdf gt Acesso em 22 jan 2011 LIMA Ven cio A de M dia crise pol tica e poder no Brasil S o Paulo Funda o Perseu Abramo 2006 LISBOA Apolo Heringer Entrevista Transposi o do rio S o Francisco das contradi es as solu es In In cio Neutzling Ed A transposi o do rio S o Francisco em debate Cadernos IHU em forma o Ano 4 n
210. a Planalto prop e a bispo parar obra em rio em troca de fim de jejum Fonte imagem 1 e 2 Folha 19 dez 2007 capa Foto 2 Ricardo Marques Folha Imagem Organizado pela autora 192 A segunda capa com fotografia sobre a segunda greve de fome volta sua aten o manifesta o da rede de resist ncia contra a transposi o ocorrida na Pra a dos Tr s Poderes em frente ao STF em Bras lia O objetivo da manifesta o n o declarado no texto da capa foi o de apoiar o STF em sua miss o de velar pela Constitui o Federal e considerar positivamente as liminares judiciais anteriormente expedidas contra a transposi o Figura 15 Na capa o principal personagem n o Dom Cappio Em primeiro plano est a atriz Let cia Sabatella acompanhada de duas pessoas uma delas uma mulher usando bon do MST e com camiseta da articula o popular No fundo da imagem outros manifestantes aparecem com faixas reivindicat rias aparecem de forma desfocada Em uma das faixas poss vel ler o d stico de ordem S o Francisco Vivo Terra gua Rio e Povo Let cia Sabatella retratada como algu m que se misturou aos movimentos sociais contra a transposi o como se tivesse ca do de paraquedas na resist ncia O jornal n o revela que a atriz possui uma larga milit ncia pol tica no Movimento Humanos Direitos que entre outras causas luta contra o trabalho escravo cf ELEITORA 19 dez 2007 p A11 O uso da ima
211. a das consequ ncias do aquecimento global com impacto em todo o planeta particularmente na vida de bilh es de seres humanos inclusive na j historicamente oprimida e humilhada popula o nordestina Retomo o di logo quando o Rio S o Francisco mais assoreado sofre uma grande cheia e sua popula o ribeirinha a quinhentos metros do rio passa sede como mostrou nessa semana o Jornal Nacional Retomo o di logo quando uma menina morreu afogada em um dos canais que supre os per metros irrigados de Petrolina PE por ter ido roubar gua para matar sua sede e de sua fam lia Retomo o di logo quando o senhor fala em iniciar as obras de transposi o que ir consumir inicialmente 6 6 bilh es de reais mais de 50 de todo o or amento destinado a recursos h dricos no Programa de Acelera o de Crescimento PAC 297 Retomo o di logo quando o Tribunal de Contas da Uni o TCU afirma publicamente em seu relat rio que o Projeto de Transposi o de guas do S o Francisco n o beneficia o n mero de munic pios e de pessoas que afirma atingir Retomo o di logo quando o mesmo Tribunal atrav s do ac rd o 2020 2006 determinou ao Minist rio da Integra o e ao Minist rio da Defesa que n o utilizem recursos p blicos para execu o de obra de transposi o enquanto n o houver decis o definitiva sobre a validade de licen a pr via concedida pelo IBAMA Retomo o di logo quando a Ag ncia Nacional de guas ANA o
212. a quando se abordam os fatos sociais espetacularizados diante da ideologia da grande m dia quando transformados em objeto mercantilizado da produ o midiatizada faz se mister lembrar as reflex es de Guy Debord 1997 Para o autor o espet culo imbui se de sentido porque o conjunto de imagens disseminadas pelos diversos meios de comunica o representa rela es sociais O espet culo por excel ncia um campo em que o sistema ideol gico dominante se manifesta Ao faz lo as imagens conformam se por um empobrecimento e nega o das 154 realidades sociais Compreende Debord que o triunfo da produ o do espet culo a pr pria dissemina o da ideologia dominante O autor enfatiza A ideologia a base do pensamento de uma sociedade no curso conflitante da hist ria Os fatos ideol gicos nunca foram simples quimeras tanto mais que a materializa o da ideologia provocada pelo xito concreto da produ o econ mica autonomizada na forma do espet culo praticamente confunde com a realidade social uma ideologia que conseguiu recortar todo o real de acordo com seu modelo 1997 par grafo 212 p 137 grifos do autor Nota se que a quest o da resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco tornou se motivo de produ o de espet culo midiatizado o quanto poss vel sobretudo na cobertura das duas greves de fome empreendidas por Dom Cappio Em 2005 o fato da greve foi mais noticiado q
213. a respectivamente alcan am 6 7 6 e 4 de forma que se pode encarar tais pa ses como pot ncias econ mico culturais inclusive em termos de vantagens competitivas de sua intera o comercial com o resto do mundo por m importante perceber comentam que nesse bojo criam se componentes simb licos diferente por exemplo de bens como um sapato ou um sab o No bojo desse processo h o fen meno da hiper concentra o da informa o e da redu o em larga escala de institui es midi ticas locais com implica es imediatas na imposi o de valores culturais controlados por pequenas elites e caracterizados em grande medida por interesses de pa ses da economia central Merton e Lazarsfeld 2005 compreendem que a monopoliza o dos meios de comunica o em que somente as corpora es multinacionais organizadas controlam acompanha inexoravelmente o que denominam ser controle do monop lio psicol gico processo que imp e o modo como a sociedade estabelece suas normas sociais vem atribuir poder e prest gio aos grupos hegem nicos Ela a monopoliza o dos meios de comunica o de massa sem d vida inerente sociedade autorit ria onde o acesso aos meios de comunica o de massa est totalmente fechado queles que se op em ideologia oficial p 127 A monopoliza o dos meios de comunica o um processo bem caracterizado na pol tica de m dia do Brasil onde por muito tempo as concess es d
214. a Articula o Popular em Defesa do Rio S o Francisco Ride de Petrolina Juazeiro Regi o Integrada de Desenvolvimento de Petrolina Juazeiro Rima Relat rio de Impacto Ambiental RL Reserva Legal SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci ncia Seagri Secretaria de Agricultura Irrigada e Pecu ria do Cear Semace Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Cear Seplan Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente de Tocantins Setas Secretaria do Trabalho e A o Social Cear Sirac Servi os Integrados de Assessoria e Consultoria Ltda Sisnama Sistema Nacional de Meio Ambiente Snuc Sistema Nacional de Unidades de Conserva o SRH Secretaria de Recursos H dricos Cear STF Supremo Tribunal Federal Sudene Superintend ncia de Desenvolvimento do Nordeste TAC Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta TCU Tribunal de Contas da Uni o Telebr s Embratel Empresa Brasileira de Telecomunica es S A e sistemas de TVs educativas Termocear Usina Termel trica Senador Carlos Jereissati TRF Tribunal Regional Federal TSE Tribunal Superior Eleitoral UC Unidade de Conserva o UDR Uni o Democr tica Ruralista UFBA Universidade Federal da Bahia UFC Universidade Federal do Cear UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UHE Usina Hidrel trica UnB Universidade de Bras lia UNE Uni o Nacional
215. a atacar duramente a Dom Cappio Bispo tem sido intransigente diz Patrus Entrevista a ministro do Desenvolvimento Social SCOLESE 17 dez 2007 O narrado anteriormente ocorreu antes da Folha de S Paulo publicar a primeira capa com fotografia a respeito da segunda greve de fome Figura 14 Capa e fotografia sobre a segunda greve 18 de dezembro de 2007 FOLHA DE S PAU LO E GovernoquermaisR 12bi a o com aumento de impostos Pessimismo externo faz Bovespa cair 4 Texto legenda OITO QUILOS A MENOS O bispo de Barra BA d Luiz Cappio em greve de fome contra transposi o do S o Francisco que completa hoje 21 dias o governo negocia com ele para convenc lo a encerrar o jejum P g A8 Fonte Folha 18 dez 2007 capa Foto Fernando Donasci Folha Imagem Organizado pela autora ULLS TESS A fotografia de Dom Cappio rindo talvez possa sugerir uma contradi o de sua parte A essa altura a greve desenvolvia se no seu 21 dia assim seria mais coerente esperar se a imagem do bispo enfraquecida e n o uma imagem dele rindo Como relata a legenda o bispo emagrecera oito quilos Por outro lado depois da leitura de toda 191 reportagem pode se imaginar que talvez Dom Cappio estivesse esperan oso sobre uma decis o do STF contra as obras da transposi o Contudo isso n o foi assunto de capa Nesse momento em que se retrata o dia 17 de dezembro h a reabertura
216. a da canaliza o das guas do S o Francisco para o riacho dos Porcos afluente do rio Jaguaribe CE 1854 O engenheiro Henrique Halfeld realiza um estudo detalhado sobre a navegabilidade do rio S o Francisco Nesse estudo cita a carta de Ant nio de Macedo defendendo que conv m estudar a ideia da canaliza o do rio S o Francisco 1885 Em 22 de setembro o engenheiro Trist o Franklin de Lima manda cravar a chamada estaca OK para o lan amento dos estudos sobre o Canal de S o Francisco cuja localiza o a mesma assinalada por Macedo no atual munic pio de Cabrob 1886 iniciada a constru o do a ude do Cedro em Quixad CE um marco das pol ticas relacionadas s obras de solu o hidr ulica do Nordeste S CULO XX 1906 inaugurado o a ude do Cedro pelo presidente Afonso Pena que exclama muito lindo mas uma inutilidade 1908 Euclides da Cunha publica Contrastes e confrontos citando a possibilidade da transposi o do rio S o Francisco 1909 criado o Instituto de Obras Contra as Secas locs vinculado ao Minist rio de Via o e Obras P blicas no governo Nilo Pe anha 1913 Estudos do locs indicam a possibilidade t cnica de execu o da transposi o o mapa foi realizado por Robert Miler indicando um canal com cerca de 300 km entre o rio S o Francisco e o rio Jaguaribe 1919 criada a Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas lfocs substitui
217. a de interesse de perceber ou ocupar se com a enorme quantidade de situa es diferentes que as diversas comunidades na calha principal em afluentes perenes e na regi o cortada pelos canais e rios que ser o perenizados sofrer o E n o somente devido perda das culturas de vazante o que uma eufemiza o para todo o conjunto de problemas sociais que se recrudesce com a constru o dos grandes empreendimentos em rios um processo que legitima do ponto de vista da classe dominante a expuls o de comunidades tradicionais Para tanto menosprezando se ou invisibilizando se o processo de rompimento do tecido social familiar e de la os de vizinhan a de quebra abrupta da cultura das comunidades Como se apenas restasse a elas ceder passivamente resignarem se diante do largo passo dos grandes projetos o qual se quer demonstrar inelut vel O pr ximo par grafo analisado dentro desse editorial o que mais realiza uma aproxima o em dire o resist ncia composta pela sociedade civil organizada 3 Editorial Como se n o bastasse a suspeita dessas lacunas O projeto enfrenta ainda um obst culo jur dico A Justi a Federal da Bahia suspendeu em liminar a licen a ambiental necess ria para o in cio das obras Licen a Pr via devido a defici ncias no diagn stico da flora e da fauna da rea e na precariedade do levantamento dos s tios arqueol gicos que podem ser afetados Al m disso teria havido irregularidades nas
218. a de S Paulo Distribui o dia a dia das mat rias veiculadas nas duas greves de fome s rie 1 2005 e s rie 2 2007 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 em S rjie1 S rie2 Fonte Elaborado pela autora Obs In cio e t rmino da 1 greve 26 09 a 06 10 05 11 dias Pico de mat rias da 1 greve 6 10 05 In cio e t rmino da 2 greve 27 11 a 19 12 07 23 dias Pico de mat rias da 2 greve 20 12 07 A quantidade de dias de efervesc ncia midi tica da greve de fome EM GF foi computada pela quantidade total de dias em que realmente existiram mat rias publicadas sobre a greve O que surge indicado no Gr fico 3 como n mero de dias pode parecer que o ano de 2005 obteve 18 dias de efervesc ncia midi tica e o que o ano de 2007 obteve 28 dias Por m os dias com aus ncia de not cias foram considerados no c mputo geral Dessa forma contabilizando se os dias de aus ncia de not cias o ano de 2005 apresentou 13 dias de efervesc ncia midi tica e o de 2007 apresentou 23 dias Um dos aspectos que chama aten o na visualiza o do Gr fico 3 o contraste do n mero de mat rias entre a primeira e a segunda greve cujo balizamento no 11 dia bastante elucidativo respectivamente os dias 6 de outubro de 2005 e 7 de dezembro de 2007 Nesse marco temporal coincidem e contrastam a o pico de mat rias sobre a primeira greve e b uma nica not cia sobre a segunda gre
219. a do Rio S o Francisco em 1995 A transposi o esteve contemplada no mais importante programa econ mico de governo desse per odo o Avan a Brasil do qual foi reservado a ela cerca de R 3 bilh es por m n o gastos nessa finalidade Em julho de 2001 FHC divulgou que n o havia possibilidade de o empreendimento ocorrer devido ao recorde de insufici ncia h drica no rio S o Francisco comparando se aos trinta anos anteriores Concomitantemente os estudos de viabilidade indicavam que a transposi o poderia reduzir em 10 a capacidade energ tica das usinas hidrel tricas situadas no rio S o Francisco em um momento em que o pa s vivenciava o caso de colapso de energia que ficou conhecido como apag o Al m disso o projeto sofria forte oposi o nos estados da Bahia de Sergipe de Alagoas e de Minas Gerais Por tais motivos a partir da a transposi o passou a ser considerada um projeto para o futuro governo federal Soma se a essa conjuntura o fato de que a FHC n o cabia mais nenhuma possibilidade de inaugurar a obra portanto os esfor os para a implementa o do empreendimento contariam poucos pontos na divulga o das imagens de marketing pol tico vinculadas a obras p blicas a qual toda campanha de presidencial utiliza A promessa da transposi o tanto do rio S o Francisco quanto do rio Tocantins foi transferida para a elei o presidencial de Jos Serra PSDB em 2002 Ao final de seu mandato em dezembro de
220. a feira de Cinzas Barra BA 21 fev 2007 CARTA de Contraproposta de Dom Luiz Cappio e dos movimentos sociais lida em reuni o na sede da CNBB Bras lia 18 dez 2007 In VIAN Itamar Org Uma vida pela vida Porto Alegre Estef 2008 p 61 F RUM PERMANENTE DE DEFESA DA BACIA DO S O FRANCISCO FPDSF Carta ao Comit de Bacia Hidrogr fica do S o Francisco Conflito de uso das guas da Bacia do Rio S o Francisco Juazeiro BA 29 jul 2004 Resultados das audi ncias em Bras lia Salvador 19 mar 2007 Dispon vel em lt http forumsaofrancisco blogs sapo pt 2567 html gt Acesso em 18 set 2010 FRENTE PARAIBANA EM DEFESA DAS TERRAS DAS GUAS E DOS POVOS DO NORDESTE FRENTE CEARENSE POR UMA NOVA CULTURA DA AGUA E CONTRA A TRANSPOSI O DO RIO S O FRANCISCO ARTICULA O POPULAR PELA REVITALIZA O DO RIO S O FRANCISCO et al Carta aberta do Encontro do Atingidos e Atingidas pela Transposi o do rio S o Francisco Campina Grande 19 jun 2010 MARTINS Adriano KHOURY Luciana MENEZES Marcela et al Carta ao presidente Luiz In cio Lula da Silva para retomada do di logo Bras lia 05 fev 2007 Dispon vel em lt www direitos org br gt Acesso em 15 set 2010 MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES MPA MOVIMENTOS DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS MAB MOVIMENTO DAS MULHERES CAMPONESAS MMC et al Carta de Sobradinho povos do S o Francisco e do semi rido se unem pela vida Sobradinho 27 fev 200
221. a pol mica Motivou a greve 228 de fome do bispo de Barra BA dom Luiz Fl vio Cappio que em 2005 conteve por 11 dias a mar governamental pr transposi o Exibe se o nome de Dom Luiz Fl vio Cappio pela primeira vez em Editorial Entende se que nesse momento o religioso reconhecido como parte do levante de debates a favor da revitaliza o por m de forma contida Ao dizer que o bispo conteve a mar governamental pr transposi o por 11 dias h duas representa es o bispo isolado com for a pol tica frente mar conjunto unificado e o efeito desse poder limitado aos 11 dias Isola se o bispo do contexto posterior em que por determina o judicial a obra esteve paralisada at dezembro de 2006 No seguinte trecho Um dia antes o jornal Valor Econ mico mostrara que a revitaliza o prometida ao bispo n o passa de fic o or ament ria Surge Dom Cappio pela segunda vez mas quem surge revelando as contradi es sobre o projeto de revitaliza o o jornal Valor Econ mico pertencente ao Grupo Folha e Infoglobo Comunica es Percebe se diante dessa uni o ter ocorrido uma sobreposi o de informa es de mbito econ mico que se reflete na grande similaridade entre as pautas jornal sticas do Jornal Nacional e da Folha de S Paulo ao que se refere tem tica da transposi o ver final do Ap ndice A H uma invers o de pap is O ator a que se sugere indignado recha ando o gove
222. a resist ncia popular transposi o Esse material foi colocado em quatro quadros que entrela am as quest es antes apresentadas para ent o se subsidiar esta an lise de discurso 5 10 1 guas do S o Francisco 1 Editorial 20 05 2005 Esse editorial do in cio de 2005 portanto anterior s greves de fome Basicamente preocupa se com o debate pol tico 216 Para compreender o primeiro editorial 20 fev 2005 como reflexo e parte integrante de uma conjuntura jornal stica trabalhada pela Folha de S Paulo aqui se resgatam algumas das mat rias publicadas nesse per odo pelo impresso e um pouco da similaridade ideol gica tamb m operada pelo Jornal Nacional no per odo correlato Em janeiro de 2005 uma mat ria do Jornal intitulada Infra estrutura Obra no rio S o Francisco atrasa e s come a em abril ressaltava um tom de indigna o quanto ao atraso e diminui o de recursos p blicos para ela Al m de representar um atraso de tr s meses o Or amento destinou um recurso 36 5 menor que o divulgado em 2004 totalizando R 635 milh es STRAUSS 14 jan 2005 Assim a Folha de S Paulo iniciava o ano de 2005 explicitando a posi o do ve culo quanto execu o da obra a transposi o deveria ocorrer o mais r pido poss vel Essa mat ria parece ser chave ao entendimento de como a FSP retratou a defesa do projeto pelo MI e pelo MMA na conflu ncia desses com as for as populares Nessa reportag
223. a sobre a Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o 29 de junho de 2007 FOLHA DE S PAULO Presidente do Conselho de tica investigado ig ER y n nr Da ae Texto Legenda Cerim nia ind gena no acampamento de manifestantes em Cabrob PE contra transposi o do rio S o Francisco dom Luiz Fl vio Cappio pediu aos participantes que mantenham o protesto p A10 Fonte imagem 1 e 2 Folha 29 jun 2007 capa Fotos Tuca Vieira Folha Imagem Organizado pela autora O conflito acirrou se em junho quando o pr prio Batalh o de Engenharia do Ex rcito deu in cio s obras da transposi o a mando do governo federal Para o Ex rcito uma tarefa sem precedentes visto a complexidade e magnitude do empreendimento da transposi o Ao mesmo tempo o Ex rcito tamb m cumpria uma fun o de intimidar aos movimentos populares Com isso estrategicamente o governo ganhou tempo e fortaleceu seus argumentos face aos grupos contr rios Disseminou perante a opini o p blica o discurso de que a obra era fato consumado como se fosse imposs vel retroceder dessa decis o seja pela ret rica de que a obra j estaria em andamento seja por ela j ter sido estudada seja porque milh es de reais j teriam sido investidos Al m disso como pano de fundo do discurso do fato consumado a recorrente e emotiva narrativa da seguran a h drica no Nordeste De forma f sica e simb lica o governo federal por meio de
224. ada pelo pr prio fato de o editorial n o revelar as demandas do movimento social e pela redu o do ato a levantaram poeira seguida de uma frase que entoa significado ao Velho Chico seguir como um continuar de sempre mais morto que vivo O uso da met fora encaminha a ideia de naturaliza o tanto da degrada o ambiental quanto de um pretenso agir inofensivo dos manifestantes ao organizarem com uma a o direta contra a obra No tipo de descri o em que se ampara o editorial h uma compara o intr nseca entre instrumentos de trabalho e poder na disputa social as escavadeiras do Ex rcito e o trator empreiteiro do governo Lula de um lado e p s e picateras de outro Uma imagem da assimetria de for as entre Estado governo e oprimidos Toma se quase ao p da letra aquilo que comum ouvir de militantes sociais no uso do neologismo tratora ou quando ressaltam o termo rolo compressor para se remeter a o opressora do governo por cima dos oprimidos eclipsado o car ter organizativo da rede de resist ncia assim invisibilizado pelo editorial qualquer possibilidade de se compreender o grupo como leg timo em seu exerc cio pol tico Compreende se tamb m que a utiliza o da express o Levantaram alguma poeira uma forma de ridiculariza o da luta social Tamb m se destaca a express o seguinte 4 Editorial A dicotomia revitaliza o contra transposi o consagrou se como divisor de guas d
225. ados quantitativos como esses que ela mesma produz dissemina a sua imagem como o jornal da intelectualidade brasileira esteira da aceita o cultural de que a legitimidade do Jornal eleva se quanto mais escolarizados sejam seus leitores Ao mesmo tempo divulga que lhe importa prioritariamente como p blico leitor esse establishment ocultando se a a pr pria produ o do Outro distante e long nquo os marginalizados n o consumidores De fato esse efeito de cria o da imagem do Jornal tem sido exitoso comercialmente a notar que Folha de S Paulo esteve por 25 anos cotada como o jornal pago de maior tiragem do Brasil sendo seu pice em 1996 quando alcan ou a circula o de mais de 1 milh o de exemplares aos domingos ALMANAQUE 2008 Por uma pr pria tend ncia no comportamento do mercado nacional de jornais em 2010 o Jornal perdeu a sua primeira coloca o para o jornal popular mineiro chamado Super Not cia da Sempre Editora S A vendido a R 0 25 por m por uma margem pequena de cerca de mil exemplares A tiragem da Folha de S Paulo na m dia de 2010 foi de 294 498 exemplares conforme o Instituto de Verifica o de Circula o IVC ANJ 2011 A grande queda de desempenho do Jornal em rela o tiragem atribui se entre outros fatores ao aumento de acessos a jornais online bem como ao crescimento atualmente estabilizado de jornais considerados populares e que o pr prio Grupo Folha tamb m tem s
226. agem de capa dedicada segunda greve de fome foi publicada j quase ao seu t rmino dois dias de seu encerramento Nela foi exibida a imagem de Dom Cappio rindo e n o sorrindo simbolizando uma situa o antag nica pois para o p blico em geral a pergunta imediata n o deveria estar o bispo fraco e debilitado O que faz ele rindo Assim satiriza se com a sua sa de vida em seu avan ado 21 dia de greve de fome quando parte da sociedade estava comovida ante o suspense de uma iminente morte influenciada pela espetaculariza o produzida pela m dia cf Figura 14 O debate sobre a transposi o no Senado Federal envolvendo parlamentares e militantes sociais foi nominado na capa e p gina interna do Jornal de novel o Foi criada uma met fora em que a diversidade de atores sociais e a riqueza do debate se reifica por se ocultar o car ter hist rico em quest o sobre a defesa por justi a ambiental a defesa pelos direitos humanos ent o discutidas diante das propostas para o desenvolvimento sustent vel no semi rido cf Figura 18 e 19 Nesse processo houve a desqualifica o da atriz Let cia Sabatella desviando se do foco a sua milit ncia social ao retrat la de forma desrespeitosa diante do cen rio de argumenta es ofensivas proferidas por Ciro Gomes Escolhi meter a m o na massa s vezes suja de coc mas minha cabe a n o afirmou Ciro no debate Folha 15 fev 2008 p A8 Imagens com sentid
227. aiores quanto ao manejo dos equipamentos de irriga o como no caso Castanh o Ali s a esses equipamentos conforme prometido pelo governo ainda n o chegaram aos reassentamentos por completo e outros se deterioram pela falta de uso e manuten o sic em entrevistas de 2010 Isto os projetos de irriga o em si ainda n o funcionam O que se torna uma grande preocupa o ao MAB a de como realizar a produ o irrigada sem comprometer os pequenos agricultores com d vidas que findariam por de todo modo a expuls los do campo e por causar mais transtornos psicol gicos pessoais e familiares aos atingidos No Castanh o atualmente al m de n o existir um s projeto de irriga o em funcionamento muitos dos reassentamentos rurais n o t m sequer gua encanada e energia nas resid ncias assim como muitas das casas j est o com suas estruturas condenadas devido a grandes rachaduras Face s demandas sociais locais os militantes do MAB se deparam com grandes desafios entre eles o de aprender a enfrentar na pr tica o pr prio Estado Continuando com o caso Castanh o para seguir exemplo percebe se que os di logos e as negocia es n o envolvem o atingido com apenas um rg o a o principal o Dnocs entretanto al m dele h in meros outros Os militantes acabam por ter de compreender sobre atividades de diversas institui es suas limita es sobre quais funcion rios est o nas respectivas dire es e quais
228. ais modesto pautado apenas no Eixo Norte e no Eixo Leste Ilustra o 2 e 3 Assim a nova modelagem n o causaria tantas complica es pol ticas como se caso a transposi o do rio Tocantins estivesse a tamb m contemplada pois assim o projeto poderia incorrer tanto em maiores conflitos entre os pol ticos por verbas p blicas quanto em outras rea es adversas por parte da sociedade civil organizada Nesse processo de constru o de argumentos a favor da transposi o os pol ticos favor veis obra passaram a falar na convicta exist ncia de uma unidade pol tica um consenso de que a transposi o seria um empreendimento priorit rio que beneficiaria a 83 todos Por m permaneceram diverg ncias na esfera das pol ticas estaduais e mais fortemente na esfera da sociedade civil organizada como bem ilustram os in meros pleitos legais contra o projeto manifesta es greves de fome etc Nesse per odo ainda se formatava o plano de revitaliza o do rio S o Francisco e n o da bacia do rio S o Francisco O plano de revitaliza o foi or ado em R 2 9 bilh es independente da efetiva o da transposi o e contempla a recupera o de matas ciliares do S o Francisco e afluentes drenagem conten o e estabiliza o das margens Esse plano foi compreendido pelos atores dos movimentos populares como uma esp cie de moeda de troca frente a eles e aos pol ticos dos estados opositores transposi o Enquanto
229. al objetivo a usina precisar do fornecimento m dio de 4 m s de gua Isso est relacionado com a transposi o A Companhia de Gest o de Recursos H dricos Cogerh e a Companhia de gua e Esgoto do Cear Cagece est o em avan ado contrato para o fornecimento CIPP 2010 Integrando a constitui o do CIPP e como chamariz de investidores internacionais h instalado o Gasoduto da Petrobr s Guamar Pec m Gasfor inaugurado em 2002 Esse gasoduto transporta do Rio Grande do Norte ao Cear 2 8 milh es de metros c bicos de g s natural para abastecer a TermoFortaleza 310 7 MW e a Termocear 270 MW na gera o de energia el trica Isso representa cerca de 50 do atual consumo do Cear BRASIL MI 2008 Estima se que os investimentos da Uni o e do governo do Cear com o CIPP com o canal adutor Eixo de Integra o e com a barragem do Castanh o atinjam cerca de 1 8 bilh o de reais ARA JO 2006 73 2 2 A TRANSPOSI O DO RIO S O FRANCISCO E O GOVERNO LULA 2 2 1 A TRANSPOSI O COMO LEGADO DO GOVERNO FHC A transposi o do rio S o Francisco foi promessa de campanha de Fernando Henrique Cardoso FHC em 1994 e em 1998 Era um per odo de in cio de arranjos pol ticos para possibilitar o mega empreendimento Durante seu governo 1995 2002 houve bastante investimento financeiro para a realiza o de estudos de viabilidade do projeto de transposi o e j em 1995 foi criado o programa Compromisso pela vid
230. al da Bahia o primeiro ind cio seguro de que novos atores estavam entrando no espa o do editorial o judici rio s se move se instigado O judici rio estava substituindo outro ator a rede de resist ncia e pol ticos contra a obra A Justi a Federal da Bahia acatou uma demanda da sociedade civil que impetrou a o civil p blica contra a realiza o da obra 3 Editorial A Justi a Federal da Bahia suspendeu em liminar a licen a ambiental necess ria para o inicio das obras devido a defici ncias no diagn stico da flora e da fauna da rea e na precariedade do levantamento dos s tios arqueol gicos que podem ser afetados Al m disso teria havido irregularidades nas audi ncias p blicas que deveriam informar e consultar a popula o local a respeito do empreendimento Os significados associados e atores subsumidos em Advers rios da obra transposi o tamb m indicam uma clara mudan a entre o primeiro e ltimo editoriais No 1 editorial s o citadas fra es de o governo partes de a administra o e pol ticos que viam seus interesses afetados No ltimo tem se Cappio especialistas que se compreende como t cnicos independentes a diferen a do 1 editorial e ainda surgem os movimentos sociais e a Igreja Cat lica em que aqui se entente como a ala vinculada Teologia da Liberta o 1 Editorial a motiva o rec ndita de uma parcela significativa de advers rios da obra Ela centraliza recursos que o governo
231. alidade as demarca es das terras ind genas e quilombolas entre outros Essas antigas demandas se reatualizam e se somam nova frente de a es coletivas contra a transposi o oficialmente Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional Pisf A hidrel trica de Sobradinho inaugurada em 1979 possui uma das hist rias mais catastr ficas em termos de tratamento s popula es atingidas ela deslocou compulsoriamente a cerca de 70 mil pessoas Os conflitos ocasionados pela constru o de Sobradinho poca considerado o maior espelho d gua artificial do planeta fizeram com que o Banco Mundial solicitasse Eletrobr s um estudo de avalia o de impactos ambientais A partir desse momento o Banco Mundial passa a elaborar suas primeiras pol ticas de reassentamento de fam lias atingidas tamb m em outros lugares do mundo Em 1984 uma parte dos atingidos por Sobradinho ainda n o havia sido reassentada Quando a barragem foi inaugurada muitos dos atingidos foram deslocados para a Serra do Ramalho no estado da Bahia a 700 km do local de origem de onde moravam Ainda cidades inteiras foram suprimidas pela paisagem da represa como Remanso Casa Nova Sento S Sobradinho e grande parte da cidade de Pil o Arcado foi demolida sem que ocorresse sua submers o restando apenas ru nas na localidade Em 1986 devido constru o da hidrel trica de Itaparica o povo ind gena Tux
232. alismo online Bras lia 28 dez 2010 Dispon vel em lt http www anj org br a industria jornalistica comentarios sobre o meio jornal gt Acesso em 15 ago 2011 Maiores jornais do Brasil Bras lia Associa o Nacional de Jornais ANJ 2011 Dispon vel em lt http Awww anj org br a industria jornalistica jornais no brasil maiores jornais do brasil gt Acesso em 15 jun 2011 BORGES Altamiro Folha de S Paulo a verdadeira hist ria S L CMI 2006 Dispon vel em lt http prod midiaindependente org pt red 2006 09 361479 shtml gt Acesso em 22 ago 2011 264 BRASILINO Lu s Entrevista frei Luiz governo Lula foi uma decep o Brasil de Fato Caderno Especial S o Francisco S o Paulo 29 nov 2007 C RCULO HIST RIA C rculo Folha Folha Uol S o Paulo 2011 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br folha circulo historia 60 htm gt Acesso em 15 jun 2011 COMPARATO F bio Konder E agora Brasil Conversa Afiada S o Paulo 16 dez 2010 Dispon vel em lt http Avww viomundo com br voce escreve fabio comparato e agora brasil html gt Acesso em 15 ago 2011 DATAFOLHA Opini o P blica Acima das expectativas Lula encerra mandato com melhor avalia o da hist ria S o Paulo Datafolha Instituto de Pesquisa 20 dez 2010 Dispon vel em lt http datafolha folha uol com br po ver po php session 1122 gt Acesso em 4 ago 2011 LULA N O CEDER ao bispo Jornal Nacional S o Pau
233. alizar tarefas de engenharia assim ganhando tempo para a conclus o das licita es p blicas querendo elevar a obra ao status de fato 227 consumado Ao mesmo tempo ofusca se a intransig ncia dos defensores governamentais do projeto de conceder qualquer espa o de di logo com grupos resistentes O pr ximo par grafo cita a a o dos manifestantes 4 Editorial Na esteira do trator empreiteiro do governo Lula uma semana depois manifestantes fechavam parte da vala com p s e picaretas Levantaram alguma poeira Perto dali o Velho Chico seguia seu curso mais morto que vivo Surge uma primeira aproxima o alusiva rede de resist ncia popular contra a transposi o reduzida a manifestantes Por m n o se nomina nenhum dos movimentos sociais ou organiza es presentes Na Ocupa o houve a presen a de cerca de duas mil pessoas oriundas de diversos estados segundo a contabilidade dos movimentos No editorial a organiza o da Ocupa o do Canteiro de Obras tornou se sin nimo de fechar parte da vala com p s e picaretas e como se resultasse in cua quanto a qualquer dos seus objetivos de paralisar a obras Limita se o alcance do protesto a Levantaram alguma poeira o que vai sendo realizado na esteira dos modernos tratores de Lula Ex rcito A imagem que resta a partir dessa constru o meton mica que se deprecia a organiza o e a efetividade de insurg ncia social A legitimidade da a o surge menosprez
234. amento b sico Dois dias ap s o encerramento da primeira greve no dia 9 de outubro de 2005 foi publicado o Caderno Especial exclusivamente voltado transposi o do rio S o Francisco 138 exibindo 10 mat rias de assuntos variados deixando de lado o monocentrismo tem tico sobre a greve apenas duas mat rias abordaram o tema O dia recordista em n mero de mat rias foi 6 de outubro de 2005 com 13 mat rias Entre outros assuntos discorreu se sobre o fato do presidente Lula ter acenado para uma concilia o com Dom Cappio No mesmo dia o ministro Ciro Gomes teve sua opini o publicada no Jornal sem tocar no assunto da greve de fome Depois da efervesc ncia midi tica da primeira greve de fome surgiram 24 mat rias jornal sticas sobre a transposi o em 2005 Em 2006 as disputas eleitorais para presidente da Rep blica e para governadores redirecionaram a agenda da grande m dia Esse um dos motivos mas n o o nico que contribuiu para diminuir consideravelmente o n mero de publica es sobre a transposi o Nesse ano somam se apenas 12 mat rias n mero que contrasta com as 104 mat rias do ano anterior Esse foi o que caracterizou para os movimentos sociais o j referido di logo de surdos entre eles e o governo federal Como j discutido polemizar sobre a transposi o em tempos de disputas pol tico partid rias poderia significar para a campanha presidencial de Lula diminuir o n mero de votos ori
235. ancisco que reuniu 93 entidades na Confer ncia dos Povos do S o Francisco e do Semi rido ocorrida em fevereiro de 2008 na qual foi elaborada a Carta de Sobradinho Em um de seus pontos a carta advoga pela recupera o das condi es hidro e socioambientais do rio e a sobreviv ncia de milh es de pessoas e demais esp cies que habitam a sua bacia MPA MAB MMC et al 27 fev 2008 p 1 A resist ncia popular contra a transposi o agrega se a outras redes de luta social contra grandes empreendimentos privados e estatais em rios brasileiros Em 2008 800 lideran as ind genas reuniram se em Bras lia e um dos pontos afirmados em documento final foi Destacamos as graves amea as contidas no Programa de Acelera o do Crescimento PAC do governo federal principalmente atrav s de projetos de infraestrutura como a transposi o das guas do rio S o Francisco que atinge cerca de 26 territ rios ind genas da regi o Nordeste ABRIL IND GENA 17 abr 2008 p 1 Ao unir pautas reivindicat rias em defesa de diversos rios o documento evidencia que esses movimentos est o cada vez mais cientes de que o modelo de desenvolvimento hegem nico socialmente excludente afetando a maioria de maneira bastante similar Sobre outros atuais marcos de lutas sociais frente a empreendimentos em rios no Brasil vale citar as lutas sociais no rio Madeira frente aos projetos das hidrel tricas de Santo Ant nio e Jirau no estad
236. anto face midiatiza o do caso muitas vezes com ngulo favor vel transposi o e portanto devido aos olhares da sociedade brasileira grande parte religiosa e cat lica o governo federal foi pressionado a conceder aten o ao protesto de Dom Cappio A greve de fome fez com que o ministro das Rela es Institucionais Jaques Wagner se dirigisse a Cabrob para negociar o fim do protesto com Dom Cappio No processo de di logo o ministro assina uma carta que gera controv rsias pois nessa n o h nenhum indicativo de algo que possa se dizer sin nimo de suspens o ou adiamento do Pisf o Governo Federal assegura que ser prolongado o debate em torno do processo de transposi o das guas do rio S o Francisco ainda na fase anterior ao in cio das obras para o esclarecimento amplo de quest es que ainda suscitem d vidas e diverg ncias BRASIL SECRETARIA DE RELA ES INSTITUCIONAIS WAGNER 05 out 2005 p 1 Por um lado h a vers o de Dom Cappio e de algumas lideran as dos movimentos sociais afirmando que o ministro assegurara na reuni o que o governo federal n o continuaria com os processos para a concretiza o do Pisf at que todo um amplo di logo com a sociedade fosse efetivado Por outro lado o ministro j na sa da da reuni o desdiz essa vers o e responde aos rep rteres sobre o adiamento das obras do projeto de transposi o Voc ouviu em algum momento eu citar a palavra adiamento
237. apa que veio a concorrer com a imagem pouco expressiva sobre a greve A segunda mat ria apresenta a Ocupa o de maneira bastante ofensiva O t tulo Invas o contra obra de transposi o tem ger ncia de empresa mais uma vez retrata os lutadores populares como invasores acrescentando o qualificativo de que teriam ger ncia de empresa como se tratasse de invasores profissionais como a express o organiza o criminosa Adiante na reportagem um manifestante foi at qualificado de coordenador pol tico da invas o grifo no original Na fotografia em sua quadrilha junina Lula carrega estandarte com a imagem de S o Jo o Imagem 5 da Figura 12 Essa fotografia lembra a primeira imagem sobre a greve de fome veiculada em 2005 em que surge uma prociss o pol tica no seu sentido aqui j ressignificado com uma mulher frente carregando um crucifixo Figura 1 Novamente a ro a artificial metaf rica quer sobrepor se ao sert o insurgente A ro a artificial em sua simula o estereotipada do rural brasileiro sobrep e se silenciando as manifesta es que v m do sert o Ao observar a imagem verifica se que n o h uma mat ria ampla sobre essa foto somente um texto legenda No conjunto das duas p ginas que retratam a Ocupa o do Canteiro de Obras e a festa junina presidencial o significado que se mostra o Executivo menosprezando a manifesta o da rede de resist ncia contra transposi
238. aparica Bird 2883 1 Petrol ndia PE P lo Sindical do Subm dio S o Francisco Area do Projeto de Reassentamento e Irriga o de Itaparica 12 mar 1997 HERINGER Apolo Coord Informativo da Caravana S o Francisco Transposi o guas da ilus o Belo Horizonte Projeto Manuelz o Faculdade de Medicina da UFMG 2007 QUEIROZ Maria Isaura Pereira de O messianismo no Brasil e no mundo S o Paulo Dominus USP 1965 QUIJANO An bal Colonialidad del poder eurocentrismo y Am rica Latina In LANDER Edgardo Org La colonialidad del saber eurocentrismo y ciencias sociales Perspectivas latinoamericanas Bueno Aires Clasco 2003 pp 201 248 255 Colonialidade poder globaliza o e democracia Novos Rumos ano 17 n 37 2002 RAJA GABAGLIA Giacomo A quest o das secas na Prov ncia do Cear Rio de Janeiro Tipografia do Correio Mercantil 1861 RAJAGOPALAN Kanavillil Por uma ling stica cr tica linguagem identidade e a quest o tica S o Paulo Par bola 2003 ROJAS Carlos Aguirre Los movimientos antisist micos de America Latina y su lucha por la tierra en el siglo XXI Encrucijada Americana Ano 3 n 2 Santiago primavera verano 2010 SANTILLI Juliana Socioambientalismo e novos direitos S o Paulo Peir polis 2005 SAUER S rgio Relator Relatoria do direito humano terra territ rio e alimenta o Relat rio da miss o Petrolina e regi o do rio S o Francisco PE Viola
239. apas quanto centralidade do objeto transposi o Em seguida ser o discutidas as quest es relativas s estrat gias de apresenta o das imagens no contexto da capa pela Folha de S Paulo Em rela o tem tica da transposi o do rio S o Francisco a Folha de S Paulo publicou 20 capas 10 delas com fotografias situadas da seguinte forma 8 capas em 2005 156 11 capas em 2007 e uma capa em 2008 Dessas 14 estiveram centradas na greve de fome e as 6 demais em outros temas Nota se que entre essas 6 capas de temas variados n o centrados na greve a duas capas de 2005 focaram quest es de cronograma e de gasto p blico com chamada para o Caderno Especial sobre a transposi o e uma delas chamou aten o para um relat rio do Banco Mundial sobre a transposi o b em 2007 foram 2 capas uma abordando a manifesta o no Minist rio da Integra o Nacional em mar o e a outra abordando a Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o em junho julho e c a de 2008 abordou a audi ncia no Senado Federal que especialmente discutiu a transposi o com a presen a de membros de movimentos sociais estiveram presentes Isso quer dizer que apenas 3 capas do total das 20 n o destacam diretamente as resist ncias sociais contra a transposi o No ano de 2005 as 8 capas publicadas com destaques transposi o localizam se na primeira quinzena de outubro nos dias 1 3 5 6 7 8 9 e 14 Cabe considerar que 3 ca
240. ar Cabe mencionar que a localiza o do roteiro da antiga transposi o baseava se em uma acertada planimetria uma vez que o antigo tra ado permanece muito pr ximo ao atual do Pisf visto o percurso do Eixo Norte que parte de Cabrob e vai em dire o aos rios Salgado e Jaguaribe ao que foram acrescidas ramifica es em Pernambuco e no Rio Grande do Norte No s culo XIX a d vida sobre a engenharia da canaliza o pairava sobre como seria poss vel a adu o sobre um obst culo natural a serra do Araripe Hoje isso 65 somente poss vel gra as s tecnologias hidr ulicas de bombeamento de gua e que demandam grande quantidade de energia el trica Essa era uma efetiva limita o t cnica para o s culo XIX Conv m esclarecer conforme j afirmado que comum em atuais discursos pol ticos e t cnicos sobre a transposi o deparar se com atribui es a respeito das aspira es pessoais de D Pedro Il de levar a cabo as obras da canaliza o do rio S o Francisco ao rio Jaguaribe por m n o existem documenta es para comprovar esse fato O que possivelmente tenha causado a confus o que o trabalho de Halfeld foi financiado pelo imperador Contudo cabe esclarecer que al m de Halfeld n o ter estudos sobre canaliza o do rio ainda que seja essa uma ideia disseminada em documentos ao longo de todo governo republicano e nos meios de comunica o tampouco h registros de que D Pedro Il tenha soli
241. ar la question suivante comment les discours v hicul s par le journal Folha de S o Paulo d peignent ils le r seau de r sistance populaire contre le transfert partiel des eaux du fleuve Sao Francisco au cours de la p riode de 2005 2007 La m thodologie utilis e a t celle de l analyse du discours bas sur les r f rences pictographiques et textuelles de Folha de S o Paulo en s int ressant la compr hension de m canismes id ologiques c est dire aux strat gies de construction symbolique de la r sistance populaire d crite par le journal La recherche a r v l que 61 5 des reportages journalistiques sur ce grand chantier de transfert des eaux ont surtout t labor s pour rendre compte des actions du r seau de r sistance Toutefois sur les couvertures et les photographies dans les articles de presse et ditoriaux on remarque qu en grande partie ces publications ont dissimul la diversit des acteurs sociaux du r seau de r sistance ainsi que leurs propositions sociales environnementales et alternatives au transfert des eaux vers des canaux Une autre strat gie a t celle de ridiculiser et ou de minimiser l importance du leadership politique et de l organisation de la r sistance R guli rement les manifestations ont t symbolis es par des actes de violence li s au vandalisme aux invasions ou ceux repr sent s l encontre de l arm e On note que la qu te de participation politique mancipatrice
242. ara agradecer o amor da minha fam lia a mim e meu a ela Obrigada ao meu irm o Elias por me acolher em sua casa por me explicar alguns aspectos sobre Direito por seu sempre abra o estendido a mim Obrigada ao meu irm o Henrique pelos cuidados especiais com nossa m ezinha por sempre ter me acompanhado em cada momento de mudan as com tanta satisfa o e boa vontade Aos meus dois pequenos pr ncipes Gabriel e Guilherme agrade o pelas risadas sorrisos e brincadeiras juntos por trazerem minha vida um horizonte muito mais valioso Obrigada tia Christina por ser minha amada segunda m e por todas as li es de vida sobre o que a bondade pelos meses de acolhimento em sua casa tendo me ajudado imensamente durante a produ o desta tese com tanto carinho Ao meu esposo Beto agrade o por todo amor e ao apoio a minhas pesquisas pela paci ncia em dialogar comigo incont veis vezes sobre a tese seu amor ao rio S o Francisco e as comunidades sertanejas certamente me foi de grande sorte Estendo agradecimento querida Maria por ter sido uma companheirinha linda em trabalhos de campo por ter sido mesmo com sua pouca idade incentivadora desta pesquisa minha querida m ezinha para mim a pessoa mais genial do mundo am vel linda e generosa dedico esta tese por todo amor m tuo e incondicional que nos une infinitamente RESUMO Grandes projetos infraestruturais em rios como transposi es barragens para gera
243. aram com a promo o de diversas a es judiciais que envolveram entre outras institui es O Minist rio P blico Federal os Minist rios P blicos da Bahia de Sergipe e de Minas Gerais Essas a es jur dicas somaram se a outras j existentes n o restando d vidas de que a judicializa o do conflito foi um dos fortes motivos para que durante quase dois anos diversos dos tr mites necess rios para o projeto de transposi o estivessem paralisados A resposta do governo federal sobre o seu compromisso de assegurar a abertura de amplo debate nacional foi marcada por um expressivo e claro sinal contr rio aos movimentos sociais No dia 18 de dezembro de 2006 na v spera de o Supremo Tribunal Federal STF entrar em recesso o ministro Sep lveda Pertence suspendeu quatorze liminares que questionavam a Licen a Pr via da transposi o do rio S o Francisco Ent o os atores da rede de resist ncia foram obrigados a aguardar por quase dois meses para protocolar pedido de nova reconsidera o ocorrido em 7 fevereiro de 2007 Desde ent o o STF expressa que as todas as entidades da sociedade civil envolvidas com os pedidos liminares s o ileg timas para questionar juridicamente a transposi o Esse mesmo argumento foi utilizado no julgamento de 19 de dezembro de 2007 como adiante se discute Ainda assim organiza es da sociedade civil entraram com pedido de agravo regimental defendendo a legitimidade da participa o da socieda
244. as Dnocs que historicamente est vinculado constru o do projeto de transposi o O Dnocs reproduz narrativas como essas e cria outras com base nos problemas da seca e de suas popula es incapacitadas de solu es pr prias para implantar in meros a udes p blicos 53 po os artesianos e projetos de irriga o Os grupos dominantes recriam a seus modos e interesses concep es do que a maneira como as popula es do semi rido vivem e como querem viver Para tornar o Nordeste objeto sempre explorado h uma elite que a projeta se como leg tima para pensar pela popula o sertaneja como se essa sempre estivesse concordando com ela e fosse passiva para receber seus projetos b supostamente onisciente dos desejos e necessidades da vida na regi o c menospreza e ridiculariza a possibilidade de di logo com os movimentos sociais populares Pensadores que se identificam com espa os situados na borda ou fora do Ocidente cada vez mais tratam a modernidade como sin nimo de situa o colonial Algo que Mignolo 2003 deixa claro ao sempre grafar mundo moderno colonial lembrando que a constitui o do sujeito soberano europeu foi poss vel gra as constitui o da mercantiliza o no circuito Atl ntico Em que pese toda consci ncia ser cindida e fragmentada essa ideia de Mignolo esclarecedora por marcar posi es diferenciadas dentro da Am rica Latina Os sujeitos nacionais t m suas identidades
245. as pol ticas e particularmente devido conjuntura pol tica da poca dos grandes esc ndalos desfavor veis ao governo petista foram fatores determinantes que fizeram com que as obras da transposi o fossem freadas e com que houvesse uma abertura inicial da Presid ncia ao di logo ainda que aos moldes do que os movimentos chamaram de di logo de surdos como se comenta adiante A Presid ncia tamb m se comportou conforme interesses eleitorais Assim se o ela resolveu ceder um pouco e declarar uma abertura ao di logo isso tamb m tem a ver com o fato de que ao final de 2005 a gest o federal foi avaliada pelos brasileiros da seguinte maneira a gest o foi considerada boa ou tima por 28 dos brasileiros ruim ou p ssima por 29 e regular por 41 DATAFOLHA 2011 De modo que esses ndices de popularidade s o os piores entre os oito anos de governo Lula Em 2006 o governo federal justificou seu nfimo espa o para promover como acordado o debate participativo sobre a problem tica socioambiental do S o Francisco devido s fases de campanha pol tica portanto para n o incorrer em anti tica eleitoral Uma justificativa dentro do processo que deflagrou no fechamento completo do di logo logo porque algo mais preocupante para os movimentos populares estava em gesta o o Programa de Acelera o do Crescimento PAC Ao que se pesem as campanhas de 2006 a gest o federal reergueu seu ndice de popularidade
246. atol gicos geol gicos alguns dados sobre a vegeta o e a ictiofauna e n o faltaram observa es sobre os h bitos das comunidades ribeirinhas como os tipos de barcos utilizados em atividades de pesca e transporte limita es mercadol gicas cultivos e produtos em geral comercializados no S o Francisco Todo o estudo estava orientado para o desenvolvimento mercantil da Coroa Sup e se que devido proximidade de Halfeld com o governo imperial que ele costumava ser procurado por pol ticos provinciais vidos por executar grandes obras como o fez Marcos Antonio de Macedo na ocasi o deputado provincial do Cear Macedo escreveu sobre aspectos geol gicos e sobre a seca no Nordeste bem como sobre a navegabilidade do S o Francisco Resultam de seus escritos as primeiras ideias mais pr ximas sistematiza o de um projeto sobre a canaliza o do rio S o Francisco bacia hidrogr fica do rio Jaguaribe Sendo exatamente sobre isso o que Halfeld 1860 comenta em seu famoso relat rio Isso faz com que muitas vezes o coment rio de Halfeld sobre as ideias de Macedo seja transformado equivocadamente por alguns autores como se tivesse sido o pr prio Halfeld o autor dos primeiros estudos sobre a transposi o Estudando as origens da canaliza o do rio S o Francisco Eduardo Campos 1981 concorda que Macedo foi um dos maiores entusiastas da obra Para Campos originalmente a ideia partiu do padre carmelita Jo o de Santa
247. azenda Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia Recife 06 jul 2007 CONTE DO JORNAL STICO SOBRE A TRANSPOSI O NO INTERVALO ENTRE MANIFESTA O EM CABROBO E SEGUNDA GREVE DE FOME JULHO E SETEMBRO DE 2007 1 FREITAS Silvana de Procurador tenta de novo deter obras do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 jul 2007 2 SALOMON Marta Sob suspeita TCU manda parar transposi o do S Francisco e mais 76 obras Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 set 2007 CONTE DO JORNAL STICO NA EFERVESC NCIA MIDI TICA DA SEGUNDA GREVE DE FOME NOVEMBRO A DEZEMBRO DE 2007 1 GUIBU F bio Bispo inicia nova greve de fome contra transposi o D Luiz Cappio protesta contra obra no S o Francisco e diz que Lula n o cumpriu palavra Presidente diz que bispo o obriga a escolher entre ele e 12 milh es que precisam de gua E n o tenha d vida que eu ficarei com os pobres Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 28 nov 2007 2 GUIBU F bio Ministro critica nova greve de fome de religioso Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 28 nov 2007 3 GUIBU F bio Religioso encontra fi is curiosos e autoridades Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 29 nov 2007 4 GUIBU F bio S o Francisco Geddel critica greve de fome
248. b m a import ncia das for as contra negem nicas ao conceber que h outros tipos de ideologia em disputa as ideologias emancipat rias Elas s o de suma import ncia para o alcance de solu es para al m do capital em que se institui uma ordem sociometab lica de transi o visando a um novo modo de produ o o socialista Essa ideologia emancipat ria questiona a viabilidade hist rica da pr pria sociedade de classe propondo como objetivo de sua interven o pr tica consciente a supera o de todas as formas de antagonismo de classe 2004 p 68 Para esta pesquisa que lida com a constru o de representa es simb licas sobre movimentos populares torna se coerente concordar com a elabora o conceitual de ideologia desenvolvida por M sz ros 2002 2004 Sua teoria busca evidenciar a cis o de classes como fator estruturante das desigualdades sociais e como fortes impeditivos para que grande parte da humanidade seja possibilitada de satisfazer suas necessidades b sicas elementares Isso n o exclui de modo algum as considera es sobre as desigualdades de g nero tnicas e raciais por exemplo como formas de domina o ideol gica afinal por 42 todas elas perpassam o poder e a pol tica a produ o de representa es s mbolos e sentidos S o constituintes inextrinc veis do mesmo macro processo hist rico ideol gico de domina o S o processos aparentemente aut nomos entre si Por m na forma
249. bela 4 se organizam a em negrito est o os nove atores que poderiam ser lidos como contr rios transposi o b em it lico s o os tr s personagens considerados passivos e c os que n o levam grifo s o os 24 atores vistos como a favor da transposi o A institui o Ibama est sublinhada por n o se ter identificado exatamente sua posi o frente ao projeto nos editoriais comenta se adiante Obs 3 A ordem de surgimento dos atores na Tabela foi colocada em primeiro lugar em ordem cronol gica de publica o dos editoriais e em segundo lugar conforme o n mero de repeti es total 208 No marco dessa transfer ncia cr tica tamb m se passa a visibilizar Dom Cappio e h uma refer ncia aos manifestantes editorial 4 e aos movimentos sociais editorial 5 Esses foram depreciados como atores em disputa de ideias pol ticas na sociedade O momento hist rico da Ocupa o do Canteiro de Obras foi resumido a alguma poeira A princ pio no editorial 4 o bispo foi retratado de uma forma mais respeitosa n o era a poca de sua greve Por m quando Dom Cappio enseja a segunda greve muda se o tom sobre ele ficando pejorativo Quanto aos movimentos sociais esse tom negativo se repercute ainda mais Os editoriais intermedi rios 2 e 3 mostram exatamente isso transi es Eles marcam grande diferen a para os editoriais 4 e 5 Somente a partir do editorial 4 inicia se men o a atores que podem ser identificados com
250. bos sobre o que dialogaram na Caravana Tamb m foi uma forma de explicitar a exist ncia de for as sociais de press o para a abertura do di logo com a Presid ncia e de chamar a aten o da m dia Al m de ter sido assessor de Lula durante as caravanas Leonardo Boff possui um bom di logo com atores de movimentos sociais com religiosos aderentes filosofia da Teologia da Liberta o tem a admira o de v rios grupos ambientalistas sendo uma personalidade internacional importante Foi um dos relatores da Carta da Terra aprovada pela Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura Unesco em 14 de mar o de 2002 envolvendo esfor os de 42 pa ses Portanto a men o a sua pessoa ajudou a chamar a aten o da m dia para a greve de fome de Cappio 85 A primeira greve de fome objetivava paralisar as a es do governo em prol de levar adiante a transposi o e estabelecer com o governo o compromisso de promover um amplo debate p blico sobre as alternativas obra e que visassem melhoria das condi es h dricas e socioambientais do S o Francisco e do semi rido brasileiro O bispo apoiando as for as sociais contra a transposi o optou pela estrat gia de confiar em uma inflex o do governo federal com base no seu di logo e dos movimentos e entidades populares com a Presid ncia da Rep blica O protesto de Dom Cappio somado press o dos movimentos populares decepcionados tamb m com outr
251. bre a transposi o Portanto tematicamente diferente dos demais editorias aqui classificados para a an lise Ainda cabe men o o fato de que parte das subtem ticas abordadas nesse editorial foi tamb m registrada nos editoriais 4 e 5 adiante caber discuss o 5 9 NA NARRATIVA DOS EDITORIAIS OS PARTICIPANTES DO CONFLITO DA TRANSPOSI O Neste trabalho uma an lise preliminar foi realizada para se perceber quais foram os indiv duos grupos coletivos e institui es governamentais mais citados nos editorias atentando se para a const ncia e recorr ncia de seus nomes e para o conjunto de suas descri es Tabela 4 A partir disso obteve se uma ideia sobre que sujeitos e grupos foram considerados de maior relev ncia pol tica Folha de S Paulo ao realizar seu relato sobre o 206 conflito em torno da transposi o das guas do rio S o Francisco nos editoriais e que um reflexo do que ocorre em demais textos do Jornal Um ator n o foi colocado na Tabela 4 por sua ubiquidade que a pr pria transposi o obra H uma maior quantidade de atores presentes no primeiro e nos dois ltimos editoriais Pela Tabela 4 os atores surgem como se estivessem puxados por dois polos H um interessante jogo visual apresentando esses polos quase como opostos estruturais o que pode ser percebido no equil brio demarcado pelas linhas diagonais Essas diferen as na escolha dos atores para compor a descri o do conflito pas
252. bservar o conte do do obst culo verifica se a fragilidade do sistema de preserva o de direitos frente aos interesses pol ticos Fonte Organizado pela autora 226 5 10 4 guas turvas 4 Editorial 01 07 07 O quarto editorial 01 jul 2007 foi publicado poca da Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o que ocorreu no per odo de 26 de junho a 4 de julho de 2007 Dele participaram milhares de pessoas cerca de trinta organiza es sociais al m de quilombolas e etnias ind genas O texto editorial inicia com a seguinte descri o 4 Editorial A CONTROV RSIA sobre a transposi o do rio S o Francisco come ou a ser enterrada h duas semanas em Cabrob PE por escavadeiras do Ex rcito As m quinas inauguravam a obra civil or ada em R 3 3 bilh es grifo nosso N o se indica diretamente quem s o os sujeitos promotores da controv rsia podendo caber a pol ticos funcion rios p blicos ONGs movimentos sociais entre outros Entende se que a controv rsia quer se referir sobretudo ao lado contr rio obra e especialmente aos integrantes da resist ncia popular devido a ao contexto social pois no momento ocorria a Ocupa o do Canteiro de Obras e b pela proximidade dos par grafos o da controv rsia antecede ao que surge a palavra manifestantes Quando pela primeira vez a a o da resist ncia popular foi mostrada em editorial ela j surge sob a t nica de infr
253. ca A legenda explicita uma imagem negativa da resist ncia popular por meio de palavras como quebra quebra clima tenso portaria do pr dio quebrada e um homem detido Pela primeira vez na capa do Jornal os movimentos de resist ncia contra a transposi o s o taxados de invasores Minist rio da Integra o Nacional em Bras lia invadido por membros de movimentos contra a obra de transposi o do rio S o Francisco Essa estrat gia narrativa tamb m utilizada no interior da mat ria interna cujo t tulo expressa Manifestantes contra obra em rio tentam invadir o Minist rio A fotografia do interior da reportagem retirada de seu contexto inicial manifesta o organizada para chamar aten o da sociedade problem tica configurada a uma situa o que pelo formato do Jornal sugere baderna A reportagem associada capa n o foi assinada por nenhum jornalista espec fico A not cia sobre essa manifesta o no MI apresentada isolada do conjunto de atividades em andamento na ocasi o quando diferentes manifesta es contra a obra ocorriam em v rios estados brasileiros como parte do conjunto de uma extensa jornada de lutas populares em mbito nacional organizada pelos mais diversos movimentos e 175 organiza es sociais Foram implantadas vig lias nos locais previstos para in cio das obras em Cabrob e em Petrol ndia pr ximo barragem de Itaparica Outras a
254. ca o deslocamento quando se utilizam express es conhecidas para determinado assunto aplicando as a outro contexto e transferindo no mesmo passo valores positivos ou negativos por exemplo as figuras ret ricas de pol ticos que costumam usar nos contextos de programas e projetos de governo exemplos sobre pr ticas familiares futebol sticas de agricultores Uma segunda estrat gia pela eufemiza o de ideias quando se valoram positivamente ou se amenizam a es e situa es de injusti a social como por exemplo a supress o violenta do protesto descrita com a restaura o da ordem a pris o no campo de concentra o vista como a centro de recupera o p 84 Outra estrat gia t pica da ideologia operar pelo uso de figuras de linguagem com o intuito de ocultar um fato ou criar uma express o de efeito duradouro Resumidamente pode surgir uma sin doque troca do todo pela parte ou vice versa por exemplo utiliza se express es generalistas como governo pol ticos brasileiros em lugar de grupos espec ficos dentro de cada uma para provocar efeito de unidade consenso ou desacordo sobre algo uma meton mia um termo posto no lugar de um atributo adjunto caracter stica para se referir a pr pria coisa uma met fora uma express o utilizada para se referir a algo em que literalmente n o poderia ser usada por exemplo dama de ferro O uso dessas figuras pode estar associado a diversos ou
255. capa Fonte Imagem 3 Alencar Folha 05 out 2005 Fotos L o Caldas Titular Folha Imagem Organizado pela autora Observa se no t tulo da mat ria no interior do caderno Lula atrasa obra para negociar com bispo um discurso diferente daquele da chamada de capa Nesse t tulo indica se que o atraso da obra seria algo circunstancial para iniciar a negocia o com Dom Cappio De todo modo nesse momento evidencia se a polariza o entre Dom Cappio e o presidente da Rep blica O bispo apresentado como uma personalidade p blica forte um importante ator pol tico e n o somente religioso Ele volta a ser chamado de bispo Todavia 167 h uma personifica o de toda a resist ncia contra a transposi o na figura de Dom Cappio Trata se de um tipo de estrat gia recorrente na apresenta o dos conflitos pela m dia e percebe se adiante que foi bastante eficaz Dessa maneira essa estrat gia est relacionada com a referida polariza o de um lado Dom Cappio representando a sociedade civil e seu direito de discutir democraticamente os efeitos da transposi o de outro o presidente da Rep blica representado os interesses do Estado quanto solu o parcial da suposta inexist ncia de gua para a popula o nordestina Ficou de fora agora o cerne da quest o proposta por Dom Cappio trazer a pr pria sociedade civil para a discuss o sobre o uso social da gua no Nordeste O cen rio de romar
256. cas alusivas ao interesse da na o t m se mostrado corol rio de poder do Estado em que na constru o social tem se dogmaticamente mantido como elementos de legitimidade na hierarquia simb lica das culturas modernas Como ponto peculiar a ser observado na hist ria da transposi o quanto a caracter sticas envolvendo as rela es sociais entre indiv duos das classes privilegiadas nota se o Cear como um ocus protagonista especial A partir do Cear tamb m em sua poca de prov ncia diversos atores criam e recriam argumentos de defesa da obra A rela o de atores pol ticos locais com atores pol ticos como da corte ou da presid ncia estabelece uma din mica de doa o ou repasse das ideias origin rias do empreendimento a indiv duos representantes do poder pol tico central Esses ltimos adotam a obra e submetem na a suas redes de interesses econ micos locais nacional e transnacional As elites pol ticas locais s o privilegiadas de diversas formas pela possibilidade concretiza o de financiamento da obra com o estreitamento de la os sociais com grupos mais poderosos com a coopera o m tua entre indiv duos para a manuten o e o fortalecimento de determinados grupos no poder pol tico com a facilidade de legitimar institucionalmente o megaprojeto por ele estar vinculado seja ao governo imperial seja ao governo federal e s respectivas personalidades carism ticas o imperador o presidente e outr
257. ciais ainda hoje em luta por fazer valer a promessa lhes feita de que aconteceriam projetos econ micos para a melhoria da qualidade de vida da popula o poca sobreviviam do benef cio de cestas b sicas conquistado gra as as mobiliza es sociais At ent o os militantes do MAB ainda n o possufam o entendimento da dimens o pol tica do Castanh o como estreitamente relacionado com o projeto de transposi o do rio S o Francisco Aqui na regi o do Castanh o n s ainda n o temos um debate a respeito da transposi o n s temos nossa posi o dentro da coordena o do MAB temos a consci ncia de que a transposi o altamente destruidora do ponto de vista ambiental social e cultural e que de fato n o tem um debate aqui nessa regi o sabe n o existe Na bacia do S o Francisco tem um trabalho de resist ncia muito forte sabe No Baixo S o Francisco existe um debate muito forte o que eu acho que n s devemos tentar criar as condi es pra ampliar esse debate porque eles t m a inten o de fato de fazer a transposi o E o Minist rio da Integra o Nacional logo dirigido por quem n Por Ciro Gomes com interesses grupais Ent o n o coisa f cil Outro dia recentemente dia 22 mar o de 2004 n s tivemos uma audi ncia com Ciro Gomes depois da ocupa o E quem n o conhece Ciro Gomes Ciro Gomes aquela figura metido a populista ele recebe n E n s j t nhamos se reunido v
258. citado pesquisas para subsidiar futuras obras de canaliza o Ao fim e ao cabo a canaliza o do S o Francisco nunca obteve cr dito oficial como projeto do governo imperial Dessa forma verifica se a cria o de fatos hist ricos que n o ocorreram que s o repetidos em artigos oficiais e nos meios de comunica o Nota se que a ideia esbo ada pelo deputado provincial Marcos Antonio de Macedo sobre uma poss vel canaliza o do rio S o Francisco comentado e apoiado em relat rio pelo engenheiro Guilherme Halfeld passa a ser em algumas das atuais narrativas pol ticas um projeto deliberado pela vontade do governo imperial ou pelo pr prio D Pedro II O objetivo desta pesquisa n o alcan ar o quando e por quem essas transforma es narrativas distorcendo os pap is dos sujeitos e da hist ria foram exatamente criadas e posteriormente apropriadas pelos diversos meios oficiais e pela m dia Interessa salientar que as narrativas legitimadoras de um grande empreendimento infraestrutural s o criadas com a intencionalidade de transparecer ao p blico geral o sentido de que a obra defens vel de que n o h melhor sa da para os problemas sociais que o projeto a ser materializado 66 2 1 3 DA COMISS O CIENT FICA MIDIATIZA O DA NARRATIVA HIST RICA Um dos motivos pelos quais se aborda aqui a Comiss o Cient fica de Explora o que a partir dela surgem alguns importantes escritos sobre as secas no Nordeste
259. co com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional Pisf pelo Conselho Nacional de Recursos H dricos CNRH torna se necess ria a discuss o sobre alguns m ritos da Lei 9433 97 Seu art 1 inciso VI disp e que a gest o dos recursos h dricos deve ser descentralizada e contar com a participa o do Poder P blico dos usu rios e das comunidades Para fortalecer a participa o da sociedade civil decidindo junto ao Poder P blico nos processos decis rios a Lei atribui aos Comit s de Bacia Hidrogr fica CBH a ag ncia de espa o de legitimidade para discuss es e delibera es de modo participativo com a coletividade de usu rios da bacia Cabendo aos CBH a aprova o do Plano de Recursos H dricos de cada bacia seu acompanhamento e execu o de suas metas com o apoio das inst ncias p blicas cab veis art 38 incisos Ill e IV assim Os Planos de Recursos H dricos s o planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementa o da Pol tica Nacional de Recursos H dricos e o gerenciamento dos recursos h dricos Art 6 Eles s o instrumentos importantes para a gest o do uso das guas de modo a considerar os aspectos de sustentabilidade ambiental O Comit da Bacia Hidrogr fica do S o Francisco no uso das suas atribui es legais aprovou o Plano Decenal de Recursos H dricos da Bacia Hidrogr fica do Rio do S o Francisco 2004 2013 Plano da BHSF em 17 de junho de 2004 Sobre a possibilidade de
260. como o grande sonho do presidente Lula e como uma das obras de seu maior orgulho O GTI atuou rapidamente e em setembro de 2008 o vice presidente da Rep blica Jos Alencar apresentou o Plano S o Francisco indicando que os gastos com os projetos de integra o de bacias seriam na ordem de US 6 5 bilh es A mega obra envolveria diretamente treze estados brasileiros Previa se a constru o de v rias barragens e a transposi o do rio Tocantins integradas ao conjunto da transposi o do rio S o Francisco em uma segunda etapa do empreendimento Da mesma forma previam se v rias obras nos estados considerados contr rios transposi o do S o Francisco O estado da Bahia por exemplo seria contemplado com o chamado Eixo Sul com adutoras que engrossariam o caudal do rio Vaza Barris e do rio Itapicuru O estado de Pernambuco receberia o benef cio dos Eixos Norte com o ramal do Entremonte a oeste do estado e Leste Alagoas seria comtemplada com o Canal Sert o Alagoano e Sergipe receberia o Canal Xing O estado do Piau receberia o Eixo Oeste da transposi o partindo da barragem de Sobradinho O estado de Minas Gerais tamb m estaria contemplado com a constru o de grandes barragens no norte do estado caracterizado por regi es semi ridas Todavia o Plano S o Francisco transformou se em julho de 2004 no Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional Pisf Um plano m
261. corre a libera o do Certificado de Avalia o da Sustentabilidade da Obra H drica Certoh ao Pisf pela ANA Resolu o 412 da ANA 26 de setembro Inicia a primeira greve de fome de Dom Luiz Fl vio Cappio 28 de setembro O presidente da CNBB Dom Geraldo Majella Agnelo envia carta Presid ncia solicitando o cancelamento do projeto de transposi o 4 de outubro Quatro militantes do Movimento dos Pequenos Agricultores MPA tamb m aderem ao gesto de realizar greve de fome junto a Dom Cappio 6 de outubro Termina a greve de fome de Dom Cappio 18 de outubro O Supremo Tribunal Federal STF recebe duas a es pedindo suspens o da transposi o uma delas foi movida pelo Minist rio P blico Federal e pelo Minist rio P blico Estadual da Bahia e a outra se tratou de uma a o cautelar movida pela Associa o de Advogados de Trabalhadores Rurais da Bahia AATR BA e por entidades ambientalistas 24 de outubro Ciro Gomes ministro do MI declara que as obras da transposi o come am imediatamente apesar do compromisso do governo federal com Dom Cappio e com a sociedade civil de que antes de ser tomada qualquer decis o sobre o Pisf que haveria um grande debate transparente e participativo com toda a sociedade 286 26 de outubro Ocorre o encontro da Assembleia Popular Mutir o por um Novo Brasil com a participa o de Dom Cappio 8 de novembro Ocorre na sede da CNBB em Bras lia reuni
262. cumpram as promessas de expandir a rede de coleta de esgotos ao longo do Velho Chico O governo de Lula que s se converteu transposi o depois de se tornar presidente e ent o a incluiu no programa para a reelei o n o conseguiu ainda responder de modo satisfat rio a todas essas obje es Por outro lado tem sido bem sucedido na supera o das barreiras institucionais que poderiam se contrapor a obra aprovando no Congresso recursos or ament rios para toc la e obtendo do Ibama em mar o deste ano a licen a de instala o do empreendimento Diante do fato a consumar se parece mais pragm tico agora vigiar de perto a empreitada para que n o enseje dois outros resultados delet rios mais que previs veis no Brasil o desvio de verbas e o risco usual de que a obra bilion ria termine abandonada quando Lula deixar o cargo 241 CONCLUS O Entre outros autores encontrou se em M sz ros 2002 2004 um importante aporte a respeito do conceito de ideologia O autor concebe a ideologia como uma forma de consci ncia social materialmente ancorada e sustentada Para ele seu estudo deve atentar para a disputa pelas estruturas de produ o que configura o conflito fundamental ao qual a luta de classes decorre O presente sociometabolismo do capitalismo busca em si uma incessante autoexpans o Seu motor a ideologia funciona de modo a impossibilitar que a maioria da popula o satisfa a suas necessidades mais elementares e ao m
263. cupam o Ml Nesse per odo os movimentos t m audi ncia p blica com a Comiss o de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent vel 16 de mar o H a sa da de Pedro Britto e entrada de Geddel Vieira Lima como ministro da Integra o Nacional 23 de mar o O Ibama concede a Licen a de Instala o do Pisf 10 de junho O Ex rcito finca marco de in cio da transposi o do rio S o Francisco em Cabrob PE 11 a 15 de junho O 5 Congresso Nacional do MST celebrado reunindo 17 500 militantes A Carta do 5 Congresso aponta como um dos objetivos do Movimento lutar contra a transposi o do rio S o Francisco 15 de junho O ministro Geddel Vieira oficializa o in cio da primeira etapa das obras da transposi o do rio S o Francisco no canteiro de obras constru do pelo Ex rcito em Cabrob PE 26 de junho a 4 de julho Cerca de 1 200 militantes de movimentos populares entre esses ind genas de 15 etnias ent o amea adas pela transposi o ocupam o canteiro de obras da transposi o constru do pelo Ex rcito em Cabrob 4 de julho Os movimentos populares encerram a Ocupa o do Canteiro de Obras depois de nove dias de resist ncia frente ao Ex rcito 5 de julho O Procurador Geral da Rep blica Antonio Fernando Souza solicita ao STF suspens o imediata das obras de transposi o 19 de agosto Inicia a Caravana em Defesa do S o Francisco e do Semi rido Contra a Transposi
264. d Luiz Cappio Associado sorte dos pobres em nome de quem sempre falou o sofrimento que o bispo se auto infligiu O engajamento de artistas na luta em defesa do rio acabou por converter a transposi o num drama mexicano Est fora de d vida que sejam pessoas de boa f ou movidas por bons sentimentos Mas emo o e desinforma o andam de m os dadas e neste caso certamente n o s o boas companhias A obra do S o Francisco consta do programa de governo de Lula Foi discutida em audi ncias p blicas Obteve a licen a ambiental e removeu todos os entraves legais controvertida N o h d vida Barros e Silva 21 dez 2007 p A2 A julgar por essas considera es do editor da se o Brasil atual Poder a escolha pelas imagens fotogr ficas publicadas sobre a resist ncia na Folha e S Paulo pode ter sido influenciada por sua vis o contr ria a esses militantes No espa o para artigos de opini o da Folha de S Paulo h no per odo analisado seis artigos de integrantes da rede de resist ncia contra a transposi o Com exce o de um deles todos foram assinados por pessoas vinculadas Igreja Cat lica quatro deles s o de bispos um de Dom Cappio um de Dom Tom s Baldu no fundador da CPT e 2 de Dom Luciano tamb m colunista do jornal e um deles de Roberto Malvezzi coordenador da CPT Ainda se inclui nesse bloco o artigo do ge grafo Aziz Ab S ber ex professor em rito da US
265. da negocia o entre representantes de Dom Cappio e do presidente Lula Planalto negocia com bispo fim de jejum Proposta envolve construir cisternas e acelerar revitaliza o do rio S o Francisco d Luiz diz que oferta indecorosa GUIBU 18 dez 2007 Na mat ria interna reporta se postura de incredulidade do bispo frente proposta do Executivo Dom Cappio relembrou que o governo j tinha aprovado em 2005 a Proposta de Emenda Constitucional PEC destinando 250 milh es de reais anuais revitaliza o do rio S o Francisco mas sem cumprir as a es Relembrou ainda que o Projeto 1 Milh o de Cisternas P1MC em andamento h mais de sete anos apenas construiu 200 mil cisternas no semi rido cf SELIGMAN GUIBU 18 dez 2007 Dom Cappio portanto surge como fiel sua proposta de paralisar a transposi o mantendo se cr tico ao Executivo como discorre a mat ria Ministro Patrus n o tem qualifica o para falar da transposi o diz bispo GUIBU 18 dez 2007 Figura 15 Capa e fotografia sobre a Manifesta o em frente ao STF 19 de dezembro de 2007 FOLHA DE S PAULO Leil o de celular tem gio de at 274 end mera v Governo descarta pacote nesie anoe aumento de tributos a MET AR pe o a Texto Legenda A atriz Let cia Sabatella participa de 20 ses manifesta o em solidariedade a d Luiz Fl vio Cappio na Pra a dos Tr s Poderes Bras lia Chamad
266. da Ecosturismo Muito obrigada amigas minhas linda amiga Cristine Viana muito obrigada por ter sido excepcionalmente prestativa al m do companheirismo de colegas de doutorado obrigada por muitos ensinamentos sobre pol tica de recursos h dricos e em particular sobre a transposi o Estendo agradecimento a todos meus colegas de turma pelos in meros momentos de apoio m tuo minha fam lia de amigos agrade o por toda considera o a mim ao Fred e Dani pelo carinho e pelo col rio de manzanilla sem isso esta tese dificilmente sairia ao Cris Crisler e ao Rodolfinho pelos camons Marcelinha obrigada pelas transcri es querida Adriana por me advogar ao Fernandinho obrigada pelas transcri es Obrigada ao Gabriel Lorena e ao Jovem por todo momento de apoio e s leituras cr ticas booop Agrade o ao grande amigo Sandro Vit rio por todo companheirismo por toda alegria compartilhada e for a pr tica ao final da tese Agrade o ao amigo Francisco Lima pelas transcri es presentes e pelas hist rias da arte mexicana Querido Jean Paul Eddy por ter sido um grande vecino amigo compartilhando di logos sobre o mundo acad mico Com muito amor quero agradecer a meus anjos amigos Daniel Rojo e Horte Rojita Devo dizer que defendi esta tese com a minha pulseirinha da sorte presente querido assim fiquei um pouco mais calma Se minha tese falasse acho que ela se faria em uma outra tese s p
267. da Igreja Cat lica pela Igreja e demonizando o agroneg cio Clara invers o em que se criminaliza a v tima Uma express o como rede de resist ncia de movimentos sociais luta social n o aparece em nenhum dos editoriais movimentos sociais com apoio da Igreja Cat lica Enfim o agroneg cio e grandes projetos de irriga o um importante fator de expuls o das popula es do campo concentrador de terra le n o o contr rio No bojo a Igreja Cat lica tamb m se torna alvo Ide desprest gio por apoiar movimentos sociais butras constru es narrativas da FSP n o d vida alega o suposi o Pela primeira vez surge gue o uso da gua ser preferencialmente para grandes projetos de irriga o demonizado e n o apenas para servir aos sempre fafirmados 12 milh es de benefici rios e transferindo o ao mbito da religi o Desta forma o Jornal reafirma sua defesa ao agroneg cio O governo de Lula tem sido bem sucedido na supera o das barreiras institucionais que poderiam se contrapor obra IAs barreiras ins titucionais s o as leis que as ag n cias estatais deveri am zelar n o obs tante as descon sideram Trata se de um eufemismo para a ilegalidade do processo de li cenciamento em que por defini o legal deveria estar pre sente a ponde ra o em caso de d vida quanto ao impacto socioam
268. da da fazenda transposi o do rio S o Francisco em rea invadida por manifestantes contr rios invadida em Cabrob PE transposi o Fonte imagem 1 Acayaba e Guibu 27 jun 2007 p A9 Foto imagem 1 Juarez Matias A Tarde Folha Imagem Fonte Imagem 2 Folha 04 jul 2007 p A11 Foto imagem 2 Xando P Agencia A Tarde Organizado pela autora 181 As imagens das reportagens sobre a Ocupa o do Canteiro de Obras publicadas nos dias 27 de junho e 4 de julho de 2007 Figura 10 s o muito semelhantes entre si O modo como as fotografias s o apresentadas indicam grupos nitidamente opostos entre si os integrantes do movimento contra a transposi o de um lado e a pol cia de outro As imagens n o representam situa es de embate direto entre os oponentes na imagem vistos diametralmente divididos por uma cerca A apar ncia dos lados de tranquilidade apesar do armamento ostentado pelos policiais Na reportagem do dia 27 afirma se que a pol cia estaria ali apenas para auxiliar o Ex rcito os militares do Ex rcito s apareceram no local para retirar dois tratores e a PM apenas acompanhou o ato ACAYABA GUIBU 27 jun 2007 p A9 A imagem do dia 4 de julho acompanha a reportagem publicada no dia da desocupa o Nas entrevistas realizadas pela pesquisadora com membros de entidades e movimentos populares que estiveram presentes na Ocupa o foi declarado que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos mi
269. dade de um presidente que se declarava representante da classe trabalhadora e dos marginalizados Desde sua campanha para deputado federal pelo estado de S o Paulo em 1989 quando foi recordista entre os candidatos a deputado com 650 mil votos e em todas as suas candidaturas a presidente Lula obteve apoio declarado dos setores populares Seria uma inadequada estrat gia do ponto de vista eleitoral se em 2002 o ent o candidato Lula manifestasse em seu programa de governo que empreenderia obras como a transposi o do rio S o Francisco como as barragens no rio Madeira as UHE Santo Ant nio e Jirau e no rio Xingu a UHE Belo Monte pois diversos movimentos sociais ambientalistas ind genas negro o MAB o MST entre tantos outros e pastorais da Igreja Cat lica como a CPT e a CPP h muito recnha avam megaprojetos calcados no modelo do agroneg cio e do hidroneg cio 76 Com o decorrer do governo Lula diversos atores dos movimentos populares e at mesmo muitos sujeitos da base petista passaram a discutir que havia um crescente distanciamento entre a realidade da gest o Lula com aquilo que o pr prio PT tinha por compromisso assumido em suas plen rias Para se dimensionar um pouco sobre quais eram algumas das diretrizes em que se afirmava o PT a seguir se discorre duas dessas que foram elaboradas no 7 Encontro Nacional do PT de 1990 e que vieram a ser reafirmadas em 1999 no 2 Congresso Nacional do partido como sendo no
270. dade de vida no semi rido Portanto reside a uma parcela consider vel da resist ncia popular Por ltimo vale considerar que as discuss es da rede de resist ncia se encontraram presentes em in meros espa os de uni o e interc mbios entre lutas sociais como na Assembleia Popular no Grito dos Exclu dos nos encontros nacionais e internacionais dos povos ind genas e afrodescendentes no F rum Social Mundial nos Encontros da Via Campesina Internacional nos Encontros Internacionais dos Povos Atingidos por Barragens Momentos nos quais os sujeitos militantes podem perceber s o atingidos por um mesmo sistema mundo capitalista com seu modelo e l gicas padronizados aquele que imp e aos povos oprimidos dos pa ses da Am rica Latina da frica e sia as mesmas cenas de explora o dos seres humanos e da natureza 3 6 A ARTICULA O POPULAR DO S O FRANCISCO APSF Um importante passo para o fortalecimento da articula o popular em torno do rio S o Francisco quando em 2005 diversos movimentos unem se para realizar um diagn stico socioambiental da bacia e do ponto de vista dos povos do S o Francisco Para tanto foram programados quatro mutir es de visitas um em cada sub bacia do S o Francisco Esses mutir es foram caracterizados por um posicionamento muito claro os movimentos e entidades populares deveriam urgentemente se fortalecerem de modo org nico Os mutir es convergiram para um grande encontro com representa
271. de com p s e picaretas resultando se in cua quanto a qualquer dos seus objetivos de paralisar a obras O m ximo alcan ado foi limitado a poeira A imagem que resta dessa constru o meton mica que se deprecia a brganiza o e a efetividade da insurg ncia A legitimidade da a o surge menos prezada O editorial fechar parte da valan o revela as de mandas da rede O texto reduz a a o la levantaram algu de uma frase que lentoa significado ao Velho Chico para que continue seguindo seu fluxo Levantaram algumamais morto que vi vo O uso da met fora encaminha a ideia de naturaliza o tanto degra da o ambiental quanto a um pre tenso agir inofen sivo dos manifes tantes H uma compara o ntr nseca entre nstrumentos de trabalho e poder na disputa social as escavadeiras do Ex rcito e o trator ma poeira seguidalempreiteiro do governo Lula de um lado e p s e picateras de outro Uma imagem da assimetria de for as entre Estado governo e bprimidos Na narrativa eva se quase ao p da etra aquilo que komum ouvir de militantes sociais no luso do neologismo tratorar para se remeterem a o bpressora do governo por cima dos oprimidos E eclipsado o car ter organizativo da rede de resist ncia Por meio do editorial n o h qualquer possibilidade de compreender o grupo como agente leg timo de exerc cio pol tico Compre
272. de suas not cias cr ticas ao projeto mas de um ngulo que findam por refor ar a estrat gia tamb m pretendida pelas empreiteiras a de que as obras sejam aceleradas a predile o desmesurada do Estado por grandes obras do que com a popula o pobre nordestina que lhe serve de libi A popula o pobre nordestina n o identificada como parte do grupo insurgente E nada mais ornamento de discurso de promessa pol tica H um eufemismo em predile o desmesurada do Estado por grandes obras ao colocar a popula o como libi Dificilmente o oral dar nfase laos mais de um milh o de pessoas expulsas de suas terras Naturaliza se que a prefer ncia pe las grandes obras perpetuar Afinal desde o ponto de vista do jornal os grupos revoltosos n o alcan am legitimidade para exercer disputa de poder Assim as obras n o t m porque n o continuarem Os sujeitos manifes tantes surgem apenas levantando poeira a lideran a pol tica per sonificada de Dom Cappio cont m o go verno por apenas 11 dias e a popula o pobre surge como um libi ao projeto Todos esses atores sociais est o apresentados de forma fragmentada Fonte Organizado pela autora 232 5 10 5 Sede de votos 5 Editorial 15 12 2007 Esse editorial foi publicado poca da segunda greve de fome o nico em que se menciona o termo movimentos sociais Res
273. de Lula citados anteriormente O governo pretende iniciar em breve o projeto de transposi o das guas do rio S o Francisco que idealizado pela primeira vez em 1847 ganhou desde ent o v rias vers es A atual prev que uma fra o segundo o Minist rio da Integra o Nacional correspondente a 1 do volume da gua que o rio despeja no mar GUAS DO S O FRANCISCO 20 fev 2005 p A2 2 1 2 A IDEIA DE CANALIZAR O S FRANCISCO NEM HALFELD NEM D PEDRO II Segundo Luiz Cruz Lima 2005 teria sido o padre carmelita Jo o de Santa Rosa o respons vel por enviar carta documento a D Jo o VI solicitando a canaliza o do rio S o Francisco ao rio Jaguaribe Assim D Jo o VI teria encarregado D Pedro para dispensar aten o ao assunto Esse por sua vez teria ordenado ao presidente da prov ncia do Cear Costa Barros que verificasse as reais possibilidades de empreender a canaliza o Todavia frente ao movimento emancipacionista da Confedera o do Equador de 1824 em diversas prov ncias do Nordeste Pernambuco Cear Para ba e Rio Grande do Norte essas atividades teriam ca do no esquecimento Como documento hist rico seguramente um dos primeiros a citar a tem tica da canaliza o do S o Francisco e ainda como inser o de um coment rio foi a pesquisa desenvolvida entre 1852 e 1854 pelo engenheiro alem o radicado no Brasil Heinrich Wilhelm Ferdinand Halfeld mais conhecido por Henrique Guilherme Ferna
274. de civil na condu o do pa s como um Estado Democr tico de Direito como define a Constitui o Federal 173 Figura 7 Capa detalhe de capa e fotografia sobre a resist ncia contra a transposi o 16 de mar o de 2007 1 Texto legenda Quebra quebra Manifestante deixa o pr dio do Minist rio da Integra o Nacional em Bras lia invadido por membros de movimentos contra a obra de transposi o do rio S o Francisco o clima ficou tenso quando a portaria do pr dio foi quebrada e um homem detido Legenda Integrantes de movimentos contra a transposi o durante protesto na Integra o Nacional Fonte Imagem 1 e 2 Folha 16 mar 2007 capa Fonte Imagem 3 Folha 16 mar 2007 p A6 Fotos Sergio Lima Folha Imagem Organizado pela autora As decis es do STF abriram processo para que a Licen a de Instala o LI da obra fosse concedida pelo Ibama mas ainda condicionada realiza o de audi ncias p blicas em todos os estados envolvidos nesse conflito de ordem federativa Com o passar do tempo essa exig ncia tornou se apenas mais uma condicionante n o cumprida 174 Em 10 de fevereiro de 2007 a ent o ministra da Casa Civil Dilma Rousseff declarou que o debate sobre a transposi o havia se esgotado A transposi o do rio S o Francisco j tinha sido declarada como uma das obras mais importantes do PAC lan ado em 22 de janeiro de 2007 O ministro da Integra o Nacional pass
275. de conclamar a participa o da sociedade para um debate horizontalizado popular emancipat rio sobre as alternativas de desenvolvimento do Nordeste cf Figura 1 2 e 3 A imagem de capa analisada sobre a Manifesta o em Bras lia retrata a a o coletiva com se tivesse sido realizada por poucos participantes Surge na imagem um manifestante correndo sozinho entre a portaria quebrada quando se sabe que cerca de 700 militantes estiveram a presentes cf Figura 7 No mesmo sentido a Ocupa o do Canteiro de Obras retratada em grande parte delas surge em imagens pouco representativas do contingente de participantes cerca de dois mil militantes de movimentos e organiza es diversas H Dom Cappio discursando como se fosse o principal protagonista apenas duas mulheres frente aos policiais um homem com duas crian as em uma carro a cf Figuras 10 11 12 Conjuntamente na estrat gia de retratar a resist ncia como for a isolada de modo individualizado seja na personaliza o da luta social na imagem de Dom Cappio seja em imagens de manifestantes an nimos o Jornal n o divulga mas oculta e silencia a respeito das propostas desses atores sociais Finda por desvalorizar o protagonismo ativo da rede de resist ncia que tamb m busca legitimidade social para ser reconhecida como sujeito coletivo de direito Aqui o sil ncio entendido como efeito de discurso a partir do qual a linguagem tamb m serve para n o comunicar a
276. debate apenas iniciado ganhou as elei es e colocou o Ex rcito para come ar as obras da transposi o Movimentos e entidades da sociedade organizada intensificaram as mobiliza es e os protestos mas o governo se fez de surdo Diante disso n o me restou outra alternativa sen o retomar o jejum e ora o como havia dito que faria se o acordo n o fosse cumprido Para isso escolhi a capela de S o Francisco em Sobradinho BA bem pr ximo da barragem de Sobradinho que h 30 anos passou a ser o cora o artificial do Rio S o Francisco um doente em estado terminal Sei que meu gesto causar estranheza e incompreens es em muitos de voc s N o os culpo por isso H gera es vem sido dito a voc s que s a grande obra da transposi o resolve a seca Entre os maiores interessados nela est o pessoas que voc s bem conhecem pois s o as mesmas que h muitos anos dominam e exploram a regi o usando o discurso da seca para desviar dinheiro p blico e ganhar elei es A seca n o um problema que se resolve com grandes obras Foram constru dos 70 mil a udes no Semi rido com capacidade para 36 bilh es de metros c bicos de gua Faltam as adutoras e canais que levem essa gua a quem precisa Muitas dessas obras est o paradas como a reforma agr ria que n o anda Levar maiores ou menores por es 299 do S o Francisco vai tornar cara toda essa gua existente e estabelecer a cobran a pela gua bruta em todo o No
277. dita de uma parcela significativa de advers rios da obra Ela centraliza recursos que o governo poderia pulverizar para atender outras demandas regionais A transposi o secar fontes financeiras o que evidentemente gera e gerar protestos N o h d vida de que o objetivo de levar gua ao semi rido louv vel Por m ainda resta ao governo dissipar as d vidas e demonstrar que n o h riscos de o pa s receber mais um elefante branco semelhante queles que h algumas d cadas herdou do regime militar sob a forma de obras fara nicas inconclusas 237 2 EDITORIAL 5 DE OUTUBRO DE 2005 D VIDAS NA TRANSPOSI O O Ibama deve conceder nesta semana a licen a que autoriza o in cio das obras de transposi o do rio S o Francisco Segundo o Minist rio da Integra o Nacional trata se da nica pend ncia para que possa ter in cio a maior obra do governo de custo estimado em R 4 5 bilh es A vers o oficial sustenta que a transposi o beneficiar 12 milh es de pessoas Por meio de um sistema de 700 km de canais as guas chegariam a quatro Estados atingidos pelas secas Para ba Pernambuco Cear e Rio Grande do Norte O objetivo de levar gua ao semi rido louv vel Mas diante do alto custo e da car ncia de recursos para outros setores priorit rios preciso que n o haja d vidas sobre a relev ncia do projeto E muitos pontos continuam na obscuridade Em primeiro lugar a proposta n o visa resolver
278. diz Ciro Meta iniciar projeto no S o Francisco em novembro apesar de liminar que impede Ibama de conceder licen a Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 08 out 2005 41 AMATO F bio Fam lia de frade tentou impedir greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Guaratinguet 08 out 2005 42 GUIBU F bio Caminho das guas Bispo exige que governo cumpra promessas Um dia ap s encerrar greve de fome frei Luiz diz n o ter motivos para se sentir enganado por ministro Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 08 out 2005 43 PINHEIRO Marcio ROTZSCH Rodrigo Estados Entre doadores e receptores Nordeste se divide Sergipe e Bahia criticam transposi o por causa de custos e destina o da gua Para ba Cear e RN v em em projeto possibilidade de levar gua popula o Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo 09 out 2005 44 SALOMON Marta Obra no S o Francisco j consome R 12 mi e abre pol mica no pa s Nem greve de fome de bispo faz governo cessar libera o de recursos para o projeto de transposi o Primeira fase do empreendimento deve acabar em 2006 analistas temem impacto socioecon mico Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo Bras lia 09 out 2005 45 TG FD Barqueiros s o a favor mas pedem revitaliza o Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo Juazeiro BA 09 out
279. do recorrem a medidas extremas como a retomada da greve de fome de dom Luiz Fl vio Cappio bispo de Barra BA Alegam com apoio de v rios especialistas que o projeto n o equaciona os verdadeiros problemas do rio e da popula o que dele depende como a polui o da gua Afirmam ainda que ela n o chegar s pessoas que mais precisam mas servir de modo preferencial aos grandes projetos de irriga o o agroneg cio 210 demonizado por movimentos sociais com apoio da Igreja Cat lica grifo nosso digno de men o que essa entrada da resist ncia popular no espa o narrativo do editorial tamb m responde mais a aspectos pr prios da conjuntura do que talvez boa vontade dos editores O gesto de Cappio e o grande apoio popular que ele recebeu mas tamb m de classe m dia intelectualizada podem ter refletido no fato do Jornal ter modificado sua estrat gia Do silenciamento oculta o na narrativa da transposi o muda se para uma nomina o precavida por estrat gias textuais de conten o expurgo do outro com invers es e substitui es de car ter marginalizante e de deslegitima o de suas a es e objetivos Isso d respaldo dire o textual a uma imagem que criminaliza a resist ncia popular verificada em outras partes do Jornal 5 9 2 Outros atores nos editoriais No primeiro editorial intitulado guas do S o Francisco EDITORIAL 20 fev 2005 o assunto transposi o de ag ncia quase
280. do aquilo que D Pedro queria fazer em 1847 BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 15 out 2009 p 3 Eu lembro esse projeto n o novo Voc est lembrado que esse projeto de 1847 ou seja dom Pedro era imperador e n o conseguiu fazer porque as for as ocultas eram muito fortes E n s fomos com jeito primeiro mandamos o Z Alencar ent o vice 56 presidente da Rep blica fazer um trabalho de campo BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 15 out 2009 p 10 Hoje 14 de dezembro de 2010 Eu a dezesseis dias de deixar a Presid ncia da Rep blica venho aqui quase me despedir de voc s porque a gente poderia ter feito um grande com cio mas eu n o queria fazer com cio eu queria s vir aqui visitar a obra porque esta obra uma das paix es da minha vida Esta obra importante voc s lembrarem que D Pedro imperador deste pa s tentou fazer e n o conseguiu Eu digo sempre que o Lula de dona Lindu conseguiu fazer a obra que o Imperador filho do rei Dom Jo o VI n o p de fazer Ent o porque isso demonstra que vontade pol tica Quando voc decide fazer voc faz e acontece BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 14 dez 2010b p 3 N s estamos fazendo uma obra aqui companheiros e toda a vez que voc olhar este canal cada vez que voc s olharem este canal voc s ir o lembrar que em 1847 Dom Pedro tentou fazer este canal Ele era imperador do Brasil e n o deixaram ele fazer
281. do pelo Jornal e a multinacional Aracruz Celulose no Esp rito Santo Figura 6 Na fotografia os ind genas surgem sob a vigil ncia de um corpo policial e como invasores reincidentes ndios invadem empresa do ES de novo Inverte se a rela o conflitiva Foi a multinacional que expulsou a comunidade ind gena que j tinha sua terra delimitada Por outro lado observa se que na mat ria sobre a greve de fome pr xima a essa reportagem o que fica em destaque no subt tulo s o os ind genas Truk que cercam o ministro Ap s cercarem Jaques Wagner ndios dan am em volta do ministro na porta da capela de Cabrob De igual modo aqui se verifica a invers o opressor governo e oprimidos ind genas a serem expulsos pela transposi o parecendo que o governo a v tima Assim esse tipo de composi o antes mencionado de apresentar a resist ncia popular contra a transposi o em contiguidade de outra mat ria com imagens e textos 171 denegrindo a outras mobiliza es populares aqui tamb m se faz presente A exemplo da imagem do carro policial cheio de armamento supostamente apreendido de movimentos camponeses Figura 2 Em todos os casos os movimentos s o nominados como invasores de terras ou de pr dios p blicos A an lise a partir das Figuras 4 5 e 6 verifica que 1 Dom Cappio passou a aparecer como ator pol tico e n o somente como religioso sendo ele apresentado como a personifica o da luta de
282. do que n o negoci vel importante uma an lise dos conflitos pesando a equa o de poder entre os grupos suas assimetrias e antagonismos evidenciando interesses ideologias e s mbolos utilizados Para tanto faz se necess rio o entendimento dos impactos ambientais ocorridos e potenciais LITTLE 2006 49 Os conflitos socioambientais podem ser considerados um arranjo de disputas entre grupos sociais de distintos interesses e cosmologias Esses processos influenciam os modos de inter relacionamento ecol gico portanto a pr tica de uso dos recursos naturais A tem tica conflito socioambiental tanto um campo de estudos quanto de a o pol tica As teias de rela es dos conflitos podem ocupar escalas espaciais locais regionais nacionais e planet rias compondo redes espec ficas de atores Deve se observar quais atores surgem de forma expl cita no conflito mas tamb m h os que aparecem de forma fantasmag rica sem que se possa alcan los primeira vista por m que s o pe as chave nas disputas pelos recursos naturais LITTLE 2006 O conceito socioambiental engloba as seguintes dimens es a biof sica e seus ciclos naturais as rela es humanas e suas estruturas sociais e o relacionamento entre essas dimens es Para se buscar entend los importante ter clareza de como ocorrem as mudan as no funcionamento do Estado no setor privado no capital especulativo na ideologia neoliberal e nas privatiza
283. dos pois possui como caracter stica relacional a instantaneidade da percep o visual Sua rela o anal gica analogon quanto ao que representa diretamente situa es eventos temporalidades para os indiv duos H uma ader ncia tautol gica entre significante e referente oferecendo automaticamente um aparente efeito denotativo do real do qual se vale a pesudo ret rica da objetividade jornal stica propagada pela grande m dia Salienta se que o significado de cada interpreta o relaciona se indissociavelmente aos contextos da linguagem e do arcabou o sociocultural de cada sujeito receptor que 151 interpreta Por exemplo aqui se elaborou o significado de uma manifesta o religiosa devido fotografia apresentar como referente uma cruz suspendida frente do conjunto de pessoas algo que se expressa diante da conven o universalizante da simbologia cat lica relacionada cruz Como explicita Barthes 2005 a partir de um significado pode se estabelecer um novo significante ent o poss vel perceber outros significados expl citos impl citos ou silenciados A manifesta o cat lica n o se trata de uma romaria supostamente convencional como parece sugerir o conjunto da foto com o texto da legenda mas se trata de uma romaria pol tica em apoio solid rio contra a causa da transposi o em que possivelmente os romeiros podem ser os mesmos sujeitos que organizam a Romaria da Terra e
284. e a pr pria ideologia do ve culo e de seu leitor importante notar que quando um fato pol tico alcan a destaque como uma das not cias mais importantes do dia ocupando espa o na capa do jornal significa dizer que essa not cia foi eleita dentre diversas possibilidades A capa de um jornal montada com criteriosa an lise e delibera o promovidas diretamente por seus editores Esses opinam sobre o designe da capa mudan as na diagrama o escolha da ordem de import ncia das mat rias fotografias e conte do da manchete chamadas e legendas Atividades que implicam debates internos nas empresas jornal sticas e que s o demarcadas portanto por quem tem forte poder de decis o sobre elas 153 Na composi o de um jornal a fotografia junto com os t tulos das mat rias elemento convite leitura das mat rias publicadas Tamb m pode ser entendida como geradora de expectativa sobre o que ser noticiado ou mesmo por exemplo para a vista da pr xima fotografia sobre o assunto A disposi o das fotografias nas capas a diagrama o o conte do das chamadas e manchetes as legendas e os textos relativos bem como a organiza o de outros aspectos que acompanham as fotografias s o importantes objetos para essa an lise pois t m rela o de complementaridade m tua no contexto jornal stico Sobre a composi o da fotografia jornal stica e sua correspondente an lise Barthes 2005 discute A totalidade da inform
285. e Ele mais complexo que os anteriores em termos argumentativos Nele ainda se observa a aus ncia de refer ncias aos movimentos sociais e a sociedade civil Na passagem a transposi o suscita cada vez mais controv rsia H argumentos defens veis apresentados pelas duas partes em conflito percebe se que um grande n mero de posi es apresentado como apenas duas partes em conflito Mais adiante o editorial enumera os especialistas e a Justi a Federal da Bahia como atores da controv rsia A palavra defens veis surge para dar um tom de imparcialidade ao editorial tanto aos argumentos de quem contra quanto a favor da transposi o 220 Presencia se no tipo de descri o do editorial a sequ ncia da padroniza o que simplifica e reduz o debate Os diversos grupos de interesse favor veis e os diversos grupos contr rios s o reduz veis a um nico discurso Quanto valora o dos atores a es o editorial ao expressar que existe um conflito segue a linha narrativa de deslegitimar quem sustenta o conflito por parte da sociedade civil como poder ser verificado nos pr ximos trechos analisados Destaca se a seguinte passagem 3 Editorial Especialistas dizem que os estudos para a obra privilegiaram a quest o da quantidade de gua a ser desviada do rio mas teriam negligenciado a avalia o do impacto s cio econ mico da transposi o sobre a regi o O que fazer por exemplo com comunidades que v
286. e Lula e o insens vel greve eao STF tornam Movimento H espetaculariza o e mais expl cito sobre a sa de do bispo e quea obra 21 12 Ap s 23 dias de greve bispo Aus ncia de fotografia 8 continuaria a encerra jejum contra o qualquer pre o transposi o Ej 6 ETAPA 22 12 Bispo diz que Lula foi Aus ncia de fotografia Atriz chama insens vel e STF subserviente Cappio deslegitima a decis o do aten o nas STF e de Lula Torna se clara a 8 not cias posi o do bispo Mas depois da decis o do STF 2 Cr ticas de 23 12 Lula quer tornar irrevers vel obra Aus ncia de fotografia Reafirma Cappio de transposi o do S o a posi o de Lula a favor da decis o de Lula Francisco Elio Gaspari Let cia transposi o Estabelece e do STF s o Sabatella um exemplo que faz contrapeso discursivo ao elogiar a foco de not cias bem alma atriz mas n o levam 24 12 Bispo do jejum diz que o Lula do Aus ncia de fotografia Explicita se a insatisfa o do bispo sobre Lula Fonte Elaborado pela autora 159 Cabe mencionar que h uma capa relacionada ao tema em 2008 no dia 15 de fevereiro com uma foto da discuss o entre Ciro Gomes e a atriz Let cia Sabatella na audi ncia ocorrida no Senado Federal A audi ncia foi o ltimo di logo midiatizado entre atores do governo e da rede de resist ncia contr ria transposi o do rio S o Francisco Quadro
287. e tamb m de tudo o que ele permite p 171 172 Merton e Lazarsfeld 2005 concordam que toda a pol tica de comunica o bem como toda a vertiginosa materializa o dos meios de produ o respons veis pela efic cia da grande m dia age do mesmo modo a favor da manuten o da estrutura social e cultural dominante que para a sua modifica o 4 4 A COLETA DE MAT RIAS DA FOLHA DE S PAULO As mat rias jornal sticas da Folha de S Paulo foram coletadas para esta pesquisa por meio do sistema de busca eletr nica do pr prio Jornal Dispon vel em lt http search folha com br search gt com base nas palavras chaves transposi o do rio S o Francisco Tamb m se recorreu a outro banco de dados eletr nico do jornal o Acervo Folha Dispon vel em lt http acervo folha com br gt pelo qual foi poss vel a visualiza o digitalizada de edi es impressas da Folha de S Paulo na ntegra com ilustra es e fotografias N o foram levadas para a an lise discursiva nem de contabilidade geral as mat rias que apenas trouxeram de forma pontual a transposi o do rio S o Francisco bem como reda es jornal sticas pequenas de at dois par grafos Ressalta se que primeiramente foi realizado um quadro de desempenho geral da tem tica transposi o como foco de mat rias publicadas na Folha de S Paulo no intervalo entre os anos de 2000 a 2011 Esse quadro geral evidencia a partir de aspectos 135 cronol gicos e quantitati
288. e S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Salvador Recife Fortaleza 27 fev 2007 p A9 7 MOVIMENTOS protestam contra transposi o do rio S o Francisco Cerca de 400 pessoas acampam em Bras lia e pedem ao governo novo di logo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 13 mar 2007 8 ALVES FILHO Jo o Alves Volta o risco da transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 14 mar 2007 9 SALOMON Marta S empreiteiras brasileiras podem participar de edital do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 14 mar 2007 10 BATISTA JUNIOR Paulo Nogueira Dom Luiz e o S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 15 mar 2007 11 SAO Francisco Manifestantes contra obra em rio tentam invadir minist rio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 16 mar 2007 12 SALOMON Marta S o Francisco Uni o tem aval do Ibama mas obra em rio depende de verbas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 24 mar 2007 13 SALOMON Marta S o Francisco Minist rio adia a transposi o mesmo com R 15 mi dispon veis Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 19 abr 2007 14 SALOMON Marta Ministro assina ordem para in cio da transposi o do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 8 mai
289. e distinguem cada agente A movimenta o dos processos dos conflitos pode intensificar a constru o da identidade de cada grupo bem como a cria o de novas identidades Assim as transforma es identit rias dentro de cada grupo social em conflito devem ser situadas em seus tempos hist ricos 51 Angela Alonso e Valeriano Costa 2000 apontam que somente o cen rio presente da a o coletiva n o suficiente para compreender a configura o de um determinado conflito O modo como os atores constroem as rela es de alian as com militantes com o Estado e com a Igreja como divulgam seus valores e como ressignificam suas identidades processual Para esses autores na an lise da configura o dos conflitos fundamental o foco na compreens o do processo pol tico n o exatamente nos atores e grupos sociais em choque perceber como se estabelece a estrutura de oportunidades pol ticas as mudan as no ambiente pol tico institucional interno e externo ao Estado que interferem nas a es coletivas dos sujeitos e ainda referir se ao poder de mobiliza o dos sujeitos sem perder de vista as estruturas de mobiliza o que possuem Situa es em que comunidades s o postas de surpresa frente s mega obras de infraestrutura e t m consequentemente que se colocar como agentes ativos em conflitos ambientais s o um tra o caracter stico da realidade contempor nea mundial Mart nez Alier 2007 explica que se tratam de confli
290. e do peso que a alian a pol tica entre Lula e Ciro ainda durante a campanha pol tica veio representar para o futuro encampamento do projeto da transposi o pelo governo Lula no qual Ciro Gomes seria o seu ministro da Integra o Nacional 2003 2006 Ent o quando Ciro Gomes defendia j como ministro da Integra o Nacional o projeto de transposi o por vezes tornava seus argumentos sobre a obra um tanto confusos dado o tom emotivo de seus discursos Em entrevista no programa televisivo Roda Viva chegou a pedir a compreens o dos entrevistadores usando express es como Por m pelo amor de Deus pelo amor de Deus eu falo isso para voc e falo para opini o p blica brasileira e pelo amor de Deus mesmo porque eu j vi isso na carne os problemas da seca o que significa RODA VIVA 14 fev 2005 Tamb m para defender o projeto usava de narrativas apelando para sua experi ncia pessoal sofrida com as auguras da seca Algo amb guo devido ao fato de Ciro ter nascido em fam lia da elite pol tica de Sobral uma das cidades mais industrializadas do Cear onde seu pai foi prefeito Ainda falando do Lula presidenci vel verifica se no seu Programa de Governo para candidatura Presid ncia em 2002 a inexist ncia de men o ao projeto de transposi o assim como a qualquer outro grande empreendimento em cursos h dricos embora tantos desses projetos tenham surgido imediatamente ap s o xito eleitoral O Programa de
291. e frequ ncias de canais em sistemas de audiovisual foram mantidas sob o comando direto do Poder Executivo que recorria a esse controle como moeda de troca pol tica 132 Bola o 2007 explica que no governo de transi o democr tica de Jos Sarney 1985 1990 ele pr prio j concession rio de filiada da Rede Globo no estado do Maranh o as concess es foram negociadas em favor da extens o do mandato do presidente para cinco anos Novas 418 concess es de r dio e televis o foram efetivadas nesse intuito no total outorgaram se 1 028 concess es Ao final desse governo 40 de todas as concess es estavam nas m os de governadores parlamentares e prefeitos e ou de seus familiares Essa concentra o de poder no setor de difus o audiovisual revela que a pol tica midi tica brasileira reserva se particularmente ao oligop lio de empresas vinculadas a pequenos grupos familiares e a de parlamentares sobretudo do PMDB e do PFL um legado do regime autorit rio consolidado no governo Jos Sarney PMDB e fortalecido nos seguintes Lima 2006 descreve que em 2005 51 deputados federais eram concession rios de audiovisual conforme o pr prio cadastro do MiniCom Nesse per odo o pa s possu a o total 513 deputados federais Ou seja aproximadamente a cada dez deputados um era concession rio de audiovisual Se fossem considerados os parentes pr ximos pai m e mulher marido e filhos esse n mero poderia au
292. e janeiro de 1995 que disp e sobre o Servi o de TV a Cabo e d outras provid ncias Dispon vel em lt www legis senado gov br gt Acesso em 12 jun 2012 Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 que institui a Pol tica Nacional de Recursos H dricos cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos H dricos Resolu o do Conama 001 de 23 de janeiro de 1986 que institui a obrigatoriedade legal de estudos pr vios de impacto ambiental ORGANIZA O DAS NA ES UNIDAS ONU Conven o 169 da Organiza o Internacional do Trabalho OIT Ratificado pelo Brasil em 2004 268 AP NDICE A REFER NCIA DA FOLHA DE S O PAULO SOBRE A TRANSPOSI O POR CRONOLOGIA E DESTAQUE TEM TICO RESIST NCIA OPINI O E JUSTI A Todo o conte do jornal stico apresentado a seguir da Folha de S Paulo foram coletados no sistema de busca da Folha com com base na palavra chave transposi o do ro S o Francisco lt http search folha com br search q transposi E7 E30 20d0 20ri0 20S8 E30 20Francisco gt A hemerografia abaixo foi organizada cronologicamente compreendendo o per odo entre 2005 e 2008 Est o distintamente grafadas por algumas subtem ticas os conte dos jornal sticos sobre as resist ncias sociais est o negritados e na cor vermelha exce o dos artigos de opini o editoriais e entrevistas esses est o em azul e todos os que surgem sublinhados se relacionam esfera jur dica Os demais temas permanecem n o g
293. e outros aspectos sobre como as marchas do MST de 1997 e 1998 foram retratadas pela grande m dia As mat rias jornal sticas e as reportagens televisivas sobre a Marcha a Bras lia organizada pelo MST de fevereiro a abril 54 de 1997 obtiveram importantes espa os nos ve culos de comunica o massivos Esses cobriram todos os dias da Marcha de forma a retratar o Movimento e seus militantes de forma positiva e respeit vel Ainda que as coberturas jornal sticas desse per odo tenham situado o MST como uma for a social isolada tachando outros movimentos participantes da Marcha de surfistas na mobiliza o dos sem terra a grande m dia contribuiu para divulgar uma imagem a favor de suas reivindica es Acredita se que a opini o p blica brasileira tenha sido influenciada por esses eventos midiatizados contribuindo dentre outros motivos para que o MST avan asse em apoio e em simpatia por parte da popula o brasileira Ap s o per odo da Marcha a Bras lia e com a posi o do governo FHC em defesa da privatiza o da Companhia Vale do Rio Doce era necess rio ao setor pol tico dominante brasileiro neutralizar as a es coletivas contra a privatiza o Nesse contexto e dentre outros motivos a pr xima marcha do MST a de 1998 decresceu muito em termos de espa o midi tico em rela o Marcha de 1997 Coberta somente a partir do dia anterior de sua chegada a Bras lia e grande parte do tom promovido foi o de desqualificar o
294. e per odo do in cio da d cada de 1990 em que houve forte avan o dos grandes projetos de irriga o e barragens sob o paradigma do hidroneg cio e do agroneg cio no rio S o Francisco poca da peregrina o o Brasil estava sob transi o pol tica devido ao impeachment presidencial de Fernando Collor de Mello que renunciou em 2 de outubro de 1992 quando Itamar Franco assumiu o governo Nesse per odo a transposi o do S o Francisco n o foi publicizada como projeto de governo embora houvessem planos sendo costurados por rg os p blicos de a es no Nordeste brasileiro como o Dnocs As preocupa es das organiza es do vale do S o Francisco se voltavam para sua conserva o ambiental a transposi o n o estava em pauta At mesmo um projeto da envergadura de uma revitaliza o ampla n o era assim mencionado Falava se em reflorestamento das margens do rio como a es em pol ticas p blicas para o cuidado ambiental do rio Durante e depois da peregrina o o grupo de Cappio tamb m se direcionou s autarquias p blicas municipais estaduais e do governo federal enviando cartas Presid ncia da Rep blica com cobran a e alerta sobre os cuidados necess rios para com o rio e para com suas popula es O grupo chegou a receber a visita do ent o ministro do Meio Ambiente Rubens Ricupero que posteriormente escreveu carta endere ada ao Grupo de Ambientalistas da Bahia Gamba Conversei pessoalmente com Frei L
295. e que se preocupa com a cria o de um debate sobre como a sociedade civil e em particular os movimentos sociais s o representados foram selecionados os dois trechos abaixo por serem os nicos que permitem alguma an lise alusiva sociedade civil afinal todo silenciamento deixa rastros Sobre o trecho a transposi o tem gerado ruidosas controv rsias entre t cnicos pol ticos e representantes do governo percebe se que a sociedade civil resist ncia popular 217 que motiva o debate contra a transposi o substitu da por t cnicos pol ticos e representantes do governo N o se trata apenas da sin doque pois no encadeamento discursivo n o se sabe quem representa a sociedade civil Talvez entre os t cnicos haja a possibilidade de alguns n o concordarem com o projeto e que n o sejam do governo Segue se uma estandardiza o como tamb m ser percebida em outros editoriais a de oculta o do protagonismo dos movimentos sociais e ou de suas demandas por eles mesmos A express o ruidosas controv rsias reduz o debate a ru do ser ruidoso uma qualidade associada a quem n o sabe se expressar e que assim n o pode exercer poder Um segundo trecho destacado desse editorial foi 1 Editorial a motiva o rec ndita de uma parcela significativa de advers rios da obra Ela centraliza recursos que o governo poderia pulverizar para atender outras demandas regionais A transposi o secar fonte
296. e racioc nio que procura defender ou justificar um conjunto de rela es ou institui es sociais e com isso persuadir uma audi ncia de que isso digno de apoio p 82 Universaliza o acordos institucionais que servem aos interesses de alguns indiv duos s o apresentados como servindo aos interesses de todos e esses acordos s o vistos como estando abertos em princ pio a qualquer um que tenha a habilidade e a tend ncia de ser neles bem sucedido p 82 Narrativiza o essas exig ncias est o inseridas em hist rias que contam o passado e tratam o presente como parte de uma tradi o eterna e aceit vel De fato as tradi es s o muitas vezes inventadas a fim de criar um sentido de perten a a uma comunidade e a uma hist ria que transcende a experi ncia do conflito da diferen a e da divis o p 83 2 Dissimula o a es de domina o podem ser ocultadas negadas ou obscurecidas ou pelo fato de serem representadas de uma maneira que desvia nossa aten o ou passa por cima das rela es e processos existentes p 84 Deslocamento um termo costumeiramente usado para se referir a um determinado objeto ou pessoa usado para se referir a um outro e com isso as conota es positivas ou negativas do termo s o transferidas para outro objeto ou pessoa p 84 Eufemiza o a es institui es ou rela es sociais s o descritas ou redescritas de modo
297. e respeitado por qualquer governo Com ela deve ser fomentada uma nova cultura de gua que evite o desperd cio garanta a reprodu o de todas as formas de vida e promova a atitude hidro ecol gica 2 Revitaliza o do rio S o Francisco Os povos do S o Francisco e do Semi rido reafirmam a posi o de que a revitaliza o verdadeira do S o Francisco urgente e priorit ria visando recuperar as condi es hidro e s cio ambientais do rio e a sobreviv ncia de milh es de pessoas e demais esp cies que habitam a sua bacia Para isso condi o essencial cessar o avan o e o descontrole da explora o dos Cerrados e Caatingas Reafirmamos que a revitaliza o n o pode ser tratada como um mero projeto fragmentado e paliativo muito menos propagand stico mas como um amplo e coordenado programa exaustivamente discutido com a sociedade e a ci ncia e submetido a rigoroso controle social disso que o S o Francisco precisa n o de mais um uso abusivo 3 Transposi o do rio S o Francisco Os povos do S o Francisco e do Semi rido rejeitam incondicionalmente a transposi o de guas do rio Esta obra apenas reproduz o modelo centen rio de concentra o de gua que manter milh es de pessoas exclu das do acesso democr tico a gua e a um padr o de vida minimamente digno Ao levar mais gua para onde j existe uma obra in til ao excluir milh es de pessoas mais uma obra h drica injusta desde a sua concep o
298. e vai disputar aquela gua com cavalo com cabra com vaca metade fezes metade gua e tem que colocar num pote para assentar para a gente tirar com canequinha para beber BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 14 dez 20104 p 6 Relatos como este foram repetidos durante os oito anos do mandato de Lula e surtiram efeito identit rio para sensibilizar a opini o p blica a favor da transposi o Todavia esse tipo de discurso de Lula relacionado a um pertencimento pessoal ao Nordeste bastante questionado por outros nordestinos integrantes de movimento populares contr rios transposi o A constru o discursiva do presidente denota mais um imagin rio elaborado pela cinegrafia da seca ou pelo discurso sobre o fen meno clim tico constru do no Sudeste do que de fato ocorre demonstrando desconhecimento N o se caminha tantos quil metros com uma lata na cabe a quando a dist ncia de tal tamanho ocorre uma migra o que pode ser transit ria bem como comum a utiliza o do transporte animal Lula saiu do sert o pernambucano atual munic pio de Inhamuns para morar em S o Paulo quando tinha cerca de sete anos e exagera em afirma es como esta fazendo com que venha a ser deslegitimado do seu pertencimento quanto a ser nordestino por alguns lutadores populares nordestinos Ele n o nordestino n o Ele fica l em S o Paulo ele n o tem mais nada a ver com o Nordeste n o nordestinos somos n s que nascem
299. ealiza o de an lises de discursos de representantes do Estado sobretudo do ex presidente Lula e midiatizados sobre o hist rico da transposi o notando se a fabrica o narrativa de um mito de origem ou ideia g nese sobre a transposi o 29 Concomitante fez se an lise de documentos hist ricos e de artigos alusivos canaliza o do rio S o Francisco no s culo XIX Buscou se entender o processo de apropria o de imagens alusivas ao Brasil Imp rio como argumentos ret ricos para promover a transposi o como representa o social de promessa secularizada ao se relacionar Dom Pedro Il pr pria cria o da transposi o por ele representar um personagem heroico um s mbolo patri tico no imagin rio nacional 3 realiza o de levantamento da trajet ria hist rica do projeto de transposi o no governo Lula bem como do pol tico Lula em rela o aos movimentos sociais de forma geral e resist ncia popular contra a transposi o Para tanto foram utilizados documentos oficiais registros jornal sticos transcri es de entrevistas entre outros materiais 4 realiza o de pesquisa de campo para entrevistar atores de organiza es e movimentos sociais populares sobre a resist ncia popular Dialogou se com militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens MAB no contexto da barragem Castanh o no estado Cear considerada reservat rio pulm o da transposi o Houve tamb m trabalho de campo e
300. ecebe carta de Lula x samra amet Dorsa veses vos h PM encontra armas pr ximas a sem terra Legenda Em Cabrob PE dom Luiz Fl vio Cappio recebe romeiros em seu quinto dia de greve de fome contra a transposi o do rio S o Francisco Legenda As armas que foram achadas em canavial em Joaquim Gomes AL Fonte das imagens 1 e 2 Guibu 01 out 2005 p A20 Foto imagem 2 Xando P Agencia A Tarde Fonte da imagem 3 Freire 01 out 2005 p A20 Foto imagem 3 Ricardo L do Gazeta de Alagoas Organizado pela autora Essa capa e a seguinte Figura 1 e 3 fazem parte da apresenta o do Jornal sobre a primeira greve de fome de Dom Luiz Fl vio Cappio no momento em que ele se coloca publicamente como interlocutor pol tico de demandas dos movimentos populares e de outras organiza es contr rias obra Sua inten o foi a de conquistar a aten o da sociedade brasileira do governo federal e da grande m dia com a finalidade de tornar os assuntos da transposi o da revitaliza o do S o Francisco e dos problemas sociais relacionados gua no Nordeste amplamente debatidos Todavia o que se percebe diante da publica o das imagens e t tulos de capa e do interior da reportagem Figura 2 Dom Cappio sendo retratado quase t o somente por seu 162 lado religioso seguido por uma massa de romeiros o que se nota por sua fotografia com pessoas ajoelhadas ante sua pessoa e ele benzend
301. efetivo s rela es existentes ou um participante efetivo no exerc cio do poder p 87 Expurgo do outro constru o de um inimigo seja ele interno ou externo que retratado como mau perigoso e amea ador e contra o qual os indiv duos s o chamados a resistir coletivamente ou a expurg lo Essa estrat gia muitas vezes sobrep e se com estrat gias que t m como fim a unifica o pois o inimigo tratado como desafio ou amea a diante do qual as pessoas devem se unir p 87 291 5 Reifica o Processos s o retratados como coisas ou como acontecimentos de um tipo quase natural de tal modo que o seu car ter social e hist rico eclipsado A ideologia como reifica o envolve pois a elimina o ou a ofusca o do car ter s cio hist rico dos fen menos p 87 Naturaliza o um estado de coisas que da cria o social e hist rica pode ser tratado como um acontecimento natural ou como um resultado inevit vel de caracter sticas naturais do mesmo modo como por exemplo a divis o socialmente institu da do trabalho entre homens e mulheres pode ser retratada como um resultado de caracter sticas fisiol gicas nos sexos ou de diferen as entre sexos Eternaliza o fen menos s cio hist ricos s o esvaziados de seu car cter hist rico ao serem apresentados como permanentes imut veis e recorrentes Costumes tradi es e institui es
302. eitos por estarem escondidos em denomina es gen ricas exce o da Justi a Federal da Bahia No primeiro editorial surgem os termos opositores obra t cnicos advers rios da obra transposi o Entende se que esses atores se remetem a funcion rios do governo e aos grupos de pol ticos contra a obra At esse per odo algumas das a es da rede de resist ncia popular contra a transposi o j tinham alcan ado alguma publiciza o na Folha de S Paulo mas nem tanto quanto depois da primeira greve 209 No segundo editorial nada mencionado sobre advers rios ao projeto Fala se em d vidas e falta de esclarecimentos No terceiro surgem como opositores obra os especialistas sem mencionar se a quais institui es ou movimentos sociais possam pertencer e ou apoiar e a Justi a Federal da Bahia mas sem a men o sobre que grupos estavam envolvidos para que essa tivesse se manifestado contra a obra Chama aten o o total silenciamento sobre a es da sociedade civil uma vez que o segundo e o terceiro editoriais foram motivados pela greve de fome de Dom Cappio e que nem mesmo essa tenha sido mencionada O quarto editorial publicado na poca da Ocupa o do Canteiro de Obras marca uma mudan a de discurso em que a resist ncia popular sai da esfera do anonimato para a de sujeito contudo representada pejorativamente Surge a palavra manifestantes N o dito que houve uma ocupa o que o n mero de manifesta
303. eligiosas da Igreja Cat lica com a relevante participa o da Comiss o Pastoral da Terra CPT Essas organiza es t m atua es bem diferentes mas possuem enormes afinidades pol ticas entre si pretendem aumentar o ac mulo de for as sociais para a 107 constru o do socialismo sem que se almeje o poder de Estado como objetivo Entre outros motivos a identidade pol tica dessas organiza es permite um fluxo comunicacional de confian a m tua o que tamb m fortalecido devido ao fato delas tamb m conformarem a Via Campesina brasileira Elas t m forte trabalho de base em mbito nacional e com largas trajet rias A CPT atua desde 1975 o MST desde 1985 e o MAB desde 1991 No semi rido criam pr ticas alternativas com muitos ganhos na busca de solu es pautadas na valoriza o da sustentabilidade ambiental e econ mica dos sertanejos via de regra resultantes de suas pr prias viv ncias coletivas Tanto o MAB como o MST e a CPT t m bases regionais em Juazeiro da Bahia Essa regi o tida como o cora o do sert o por ser o maior centro urbano Juazeiro e Petrolina localizado no centro do semi rido Nessa mesma localidade atuam o Movimento dos Pequenos Agricultores MPA o Conselho Pastoral da Pesca CPP e o Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada lrpaa Essa ltima uma ONG pr xima aos movimentos sociais Essas organiza es atuaram ativamente na rede resist ncia estando presentes nos
304. em exibem se mostras do jogo pol tico envolto na transposi o a a revitaliza o surge como uma moeda de troca para responder s contesta es de ambientalistas e para compor a ret rica de legitima o do projeto b mostra se os trabalhadores de forma gen rica ainda que em um ponto se ilustre a Contag preocupados em participar da gest o das guas depois da obra realizada em uma invers o dos objetivos posicionados pelos movimentos sociais sobre o projeto que deveria ser cancelado de vez portanto n o havia perspectiva da obra como fato consumado tornando absurda a pondera o sobre a participa o desse segmento depois da obra realizada c surge a ministra Marina Silva conhecida por sua rela o estreita e de confian a com movimentos sociais desculpando se sobre o atraso no licenciamento ambiental e ainda justificando o sob o argumento de terrem sido canceladas algumas audi ncias p blicas leia se cancelamentos realizados com o apoio da organiza o popular Na maior parte do texto s o repetidos os conhecidos chav es utilizados pelos defensores da transposi o j analisados acima Em nenhum momento a resist ncia popular ou a sociedade civil organizada aparecem claramente A estrat gia geral une a dissimula o deslocando o debate combinada com uma racionaliza o narrativa pela repeti o de ideias prontas Tabela 2 e uma afirma o narrativa do poder de o governo como antes comentado Para essa an lis
305. em que ela necess ria e que rio n o ser afetado cr ticos reclamam dos custos do projeto Transposi o divide opini o de especialistas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 05 out 2005 17 GOMES Ciro Rio S o Francisco Folha de S Paulo S o Paulo Bras lia Primeiro Caderno Se o Painel do Leitor 06 out 2005 18 FREITAS Janio de Aguas turvas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 06 out 2005 19 BONI Ana Paula Governo diz que projeto auto sustent vel Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 06 out 2005 20 ANGELO Cl udio Transposi o afeta fauna indica pesquisa Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 06 out 2005 21 ANGELO Claudio Caminho das guas Especialistas questionam benef cios de obra Para economistas transposi o do S o Francisco vai favorecer apenas projetos agr colas de grande porte Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 06 out 2005 22 CNBB do Nordeste critica Cappio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 06 out 2005 23 BASSETTE Fernanda Jejum longo favorece infec es Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 06 out 2005 24 MARREIRO Fl via Caminho das guas Greve at a morte inaceit vel diz CNBB Entidade defende que frei Luiz Fl vio Cappio interrompa jejum mesmo em nome
306. emas simb licos dos valores das leis teologias permanecerem parecendo apartadas da constru o da infraestrutura isto das rela es econ micas de produ o dominantes Na ideologia interesses particulares e coletivos oposi o entre propriet rios e n o propriet rios sociedade civil e suas lutas de classe confundem se como se fossem a pr pria sociedade dada acabada intranspon vel Nessa cabe toda chave de hierarquia social de classe a sustentar o poder dominante como se fosse parte de um processo natural Dessa forma a ideologia o processo pelo qual as ideias de interesse das classes dominantes tornam se as ideias dominantes de todas as classes sociais Para Marx e Engels a ideologia claramente associada quest o da falsa consci ncia e s ideias dominantes por esconderem as rela es materiais de domina o Compreende M sz ros 2004 que a ideologia dominante do sistema social estabelecido se afirma fortemente em todos os n veis do mais baixo ao mais refinado p 59 Discute que a ideologia n o se trata de confundir o falso com o verdadeiro Tampouco tem rela o intr nseca com supersti o religiosa de pessoas supostamente desinformadas 39 mas reflexo de uma forma espec fica de consci ncia social materialmente ancorada e sustentada p 65 Embora hegemonia e ideologia possam aproximar se nessa formula o de M sz ros deve se indicar que se est utilizando o termo hegemo
307. ende se tamb m que a utiliza o da express o Levantaram alguma poeira uma forma de ridiculariza o da luta social 231 Express es elementos a analisar Surgimento ou n o de atores A es e protestos Legitimidade de reivindica es argumenta es Tipo de descri o Valora o dos atores a es A dicotomia revi taliza o contra transposi o consagrou se como divisor de guas da pol mi ca Motivou a gre ve de fome do bis po de Barra BA dom Luiz Fl vio Cappio que em 2005 conteve por 11 dias a mar governamental pr transposi o Exibe se o nome de Dom Luiz Fl vio Cappio pela primeira vez em Editorial Entende se que nesse momento se reconhece o religioso como parte do levante de debates a favor da revitaliza o por m de forma contida E dizer que o ispo conteve a mar governamental pr transposi o por 11 dias h duas representa es o bispo isolado com for a pol tica frente mar conjunto unificado mas limita se o efeito de seu poder de aos 11 dias de sua greve Isola se o bispo do contexto posterior em que por determina o judicial a obra esteve paralisada at dezembro de 2006 Um dia antes o jornal Valor Econ mico mostrara que a revitaliza o prometida ao bispo n o passa de fic o or ament ria Surge Dom Cappio pela segunda vez Surge o jornal Valor Econ mic
308. eneficiados Ator mudo pelo qual todos os que comp em o governo falam Entretanto como na c lebre frase de Marx Eles n o s o capazes de representar a si mesmos necessitando portanto ser representados O seu representante precisa entrar em cena ao mesmo tempo como o seu senhor como uma autoridade acima deles como um poder governamental irrestrito que os proteja das demais classes e lhes mande chuva e sol l de cima 2011 p 143 Esse ator tem a fun o de elemento legitimador do projeto Ningu m sabe exatamente sua fei o mas h uma disputa por ele 12 milh es de beneficiados o oposto estrutural de o governo enquanto um hiperpassivo o outro superatua Chama aten o que os 12 milh es estejam sempre ressaltados como beneficiados por todos os editoriais Apenas o ltimo editorial faz uma aproxima o de cr tica a esse n mero na express o parece exagero 1 Editorial um sistema de 700 km de canais para beneficiar 12 milh es de pessoas no semi rido do Nordeste 2 Editorial A vers o oficial sustenta que a transposi o beneficiar 12 milh es de pessoas Por meio de um sistema de 700 km de canais as guas chegariam a quatro Estados 3 Editorial para sua implanta o seria necess rio desviar apenas 1 4 do volume h drico do rio para benef cio de cerca de 12 milh es de pessoas 5 Editorial A PROPAGANDA do governo Lula quer fazer crer que o projeto de transposi o do rio S o Franci
309. entos jornal sticos referentes ao contexto indicado das Figuras 14 a 19 sintetiza se que a Folha de S Paulo retratou a segunda greve de fome da seguinte forma 1 a primeira capa com fotografia dedicada ao fato pol tico engendrado por Dom Cappio foi realizada j quase ao t rmino de sua greve a dois dias de seu encerramento 2 nessa capa foi exibida a imagem de Dom Cappio rindo e n o sorrindo podendo parecer talvez uma inten o do Jornal de mostrar uma contradi o satirizando se com a situa o delicada de sa de de Dom Cappio em seu avan ado 21 dia de greve de fome que comovera parte da sociedade ante o suspense de uma iminente morte sua 3 a segunda capa mostra algo in dito na primeira p gina do Jornal exibe se um grupo de representantes de entidades e movimentos sociais ent o em apoio miss o do STF de zelar pelos preceitos da Constitui o 4 por m o assunto do STF n o foi levado capa cuja imagem deu maior 200 destaque atriz Let cia Sabatella que teve seu trabalho de militante pol tica de direitos humanos invisibilizado 5 no mesmo dia que se veicula a segunda capa o Jornal publica proposta do governo de parar a obra em troca do fim da greve de fome e quando a resist ncia popular abre m o de demandas inegoci veis o arquivamento definitivo da obra 6 a Folha de S Paulo invisibiliza nas suas mat rias o protagonismo dos sujeitos dos movimentos sociais 7 na terceira capa Figura 17
310. eocupa es especialmente com os grupos humanos marginalizados No cen rio brasileiro principalmente p s Eco 92 emerge um rol de a es coletivas que podem ser inclu das no socioambientalismo cuja abordagem almeja a sustentabilidade social planet ria Santilli 2005 afirma que a luta no mbito do socioambientalismo pretende entre outras estrat gias for ar as pol ticas p blicas n o somente as ambientais a valorizar as comunidades locais compartilhando com elas os processos de tomada de decis o por serem detentoras aut nticas de conhecimentos e pr ticas de manejo ambiental espec ficas de seu ambiente No rol dos movimentos socioambientalistas h aqueles que n o se autointitulam necessariamente como tal mas que por suas articula es podem ser assim considerados Nesse quadro um dos apontados o Movimento dos Atingidos por Barragens por incorporar o componente ambiental a suas lutas aliando a defesa dos povos atingidos defesa dos rios e dos ecossistemas Ao Movimento coube a tarefa de estudar coletivamente alternativas pol tica energ tica e utiliza o de recursos h dricos Assim sendo poss vel afirmar que s o muitos os movimentos como os camponeses e os feministas que est o se ambientalizando e contribuindo para dar maior visibilidade p blica aos conflitos socioambientais Os conflitos sociais envolvem processos pol ticos e trajet rias com interesses e valores expl citos e impl citos qu
311. er essa de 285 m s Portanto sendo uma incongru ncia a necessidade de se ocupar mais que o aporte outorg vel de 25 m s da bacia Causando maior discrep ncia ainda os c lculos de uso de vaz o m xima de 127 m s a ser utilizado pelo Pisf Assim torna se indagativo o fato do Pisf defender que esses estados n o t m alternativas para a demanda de seus consumos h dricos internos A despeito dessas contradi es em regime de urg ncia atores do governo federal defensores do Pisf solicitaram para o dia 30 de novembro de 2004 uma audi ncia do Conselho Nacional de Recursos H dricos composto por mais de 50 de seus membros oriundos do pr prio governo federal para deliberar em vota o sobre o Pisf Um Mandado de Seguran a foi impetrado pelo Minist rio P blico Federal e pelo Minist rio P blico do Distrito Federal contra a presidente do CNRH a ent o ministra do MMA Marina Silva impedindo que o Pisf fosse vota o Apesar da liminar judicial em 17 de janeiro de 2005 o CNRH se reuniu sem mesmo conclamar a participa o das C maras T cnicas aprovando o projeto Na ocasi o n o foi realizada nenhuma men o ao Plano Decenal de Recursos H dricos da Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco 2004 2013 principal instrumento de gest o da bacia resguardado sob a legitimidade da Lei 9433 97 e pela Resolu o n 5 do CNRH de 2000 e suas atualiza es CBHSF 2005 No dia seguinte aprova o do Pisf a ANA realizou a outorga h
312. ere delimita o de uma faixa de cem metros nas margens direita e esquerda dos canais Essa faixa ser cercada e vigiada para evitar roubo de gua SALOMON 10 jun 2007 grifo nosso 149 CAP TULO V MARGEM DA IMAGEM AN LISE A PARTIR DE CONTEXTOS IMAGETICOS E ESCRITOS 5 1 MARCO TE RICO PARA AN LISE DO CONTEXTO IMAG TICO A an lise que segue examina o repert rio iconogr fico centrado nas fotografias e de forma conjunta atenta se para o contexto jornal stico de composi o de capas t tulos legendas e outros elementos textuais correlatos publicados pela Folha de S Paulo a respeito da resist ncia popular contra a transposi o das guas do rio S o Francisco A fotografia aqui entendida como um tipo de discurso bem como um tipo de texto imag tico sendo o termo texto aqui utilizado para remeter sem ntica do discurso escrito Como parte da an lise foram realizadas diversas interpreta es para evidenciar primeiramente parte dos mecanismos de produ o de sentido por meio not cias sobre a resist ncia popular midiatizadas pelo jornal Toma se emprestado das teorias da semi tica ci ncia dos signos ou da cr tica algumas explica es sobre o modo de produ o de sentido Discute Martine Joly a maneira como provocam significa es isto interpreta es De fato um signo s signo se exprimir id ias e se provocar na mente daquele ou daqueles que o percebem uma atitude interpretati
313. erliga os indiv duos numa identidade coletiva independente das diferen as e das divis es que possam separ los p 86 Padroniza o Formas simb licas s o adaptadas a um referencial padr o que proposto como um fundamento partilhado e aceit vel de troca simb lica Essa uma estrat gia seguida por exemplo pelas autoridades de Estado que procuram desenvolver uma linguagem nacional em contextos de grupos diversos e linguisticamente diferenciados p 86 Simboliza o da unidade constru o de s mbolos de unidade de identidade e de identifica o coletivas que s o difundidas atrav s de um grupo ou de uma pluralidade de grupos bandeiras hinos nacionais emblemas e inscri es de v rios tipos s o exemplos pode estar interligada com o processo de narrativiza o por um processo cont nuo de unifica o simb lica atrav s do qual uma identidade coletiva criada e continuamente reafirmada p 86 4 Fragmenta o segmentando aqueles indiv duos e grupos que possam ser capazes de se transformar num desafio real aos grupos dominan tes ou dirigindo for as de oposi o a um alvo que projetado como mau perigoso ou amea ador p 87 Diferencia o isto a nfase que dada s distin es diferen as e divis es entre pessoas e grupos apoiando as caracter sticas que os desunem e os impedem de constituir um desafio
314. ertencia ao tronco Macro J MELLATI 1976 Isso indica que Opar tamb m uma designa o posterior visto ser um voc bulo Tupi l ngua utilizada pelos portugueses como l ngua franca N o se pode inferir quantos foram os nomes dados ao curso do rio Sabe se que ao longo de todo o rio habitavam in meros grupos ind genas que foram v timas de etnoc dio Os grupos sobreviventes aldeados pelos mission rios foram for ados ao esquecimento das suas l nguas origin rias Assim que no Nordeste brasileiro apenas o grupo ind gena Fulni localizados no estado de Pernambuco t m mantido l ngua particular 98 Ressalte se que a peregrina o foi importante para que Dom Cappio mais tarde na poca da greve de fome fosse reconhecido com mais facilidade pela comunidade religiosa do S o Francisco como uma lideran a com leg timas preocupa es voltadas para as popula es ribeirinhas que prontamente responderam a seu chamado de mobiliza o A cultura no vale do S o Francisco permeada por fortes resist ncias populares muitas delas marcadas por figuras de peregrinos como Ant nio Conselheiro Assim n o se sabe exatamente se isso representa uma heran a de resist ncia que se ressignifica se h uma releitura dessas resist ncias at que ponto essas hist rias s o lembradas no imagin rio de moradores da regi o e t m contribu do para que os eles reconhe am o bispo como agente leg timo para representar a luta em defesa
315. es Nela estrategicamente Lula n o debateu em p blico temas considerados pol micos para que assim n o viesse a fragmentar a simpatia da sociedade em geral dos movimentos sociais e dos sindicatos trabalhistas bem como das alian as pol tico partid rias e de suas negocia es com os setores empresariais Por isso entre os diversos temas pol micos o da transposi o estava claramente proibido assim como as cr ticas exacerbadas aos advers rios candidatos presidenci veis estrat gia que lhe foi de grande valia 80 No segundo turno das elei es de 2002 Lula disputou contra Jos Serra PSDB e venceu com cerca de 60 dos votos v lidos Para tanto sua coliga o partid ria obteve um importante aliado o candidato derrotado no primeiro turno por m bem votado o cearense Ciro Gomes PSB Ciro Gomes foi prefeito de Fortaleza entre 1989 e 1990 e seguidamente governador do Cear entre 1991 e 1994 Como comentado sua gest o foi marcada pelo autoritarismo na realiza o de grandes obras p blicas entre elas a constru o do Canal do Trabalhador midiatizada como ato heroico Para salvar Fortaleza de um colapso h drico a obra ficou pronta em tr s meses custando US 48 milh es sem licita o p blica Ciro Gomes tamb m ficou conhecido como o mais fervoroso pol tico em favor da transposi o o pr prio pai da transposi o pois em suas campanhas presidenciais sempre defendeu intensamente o projeto Sabe s
316. es contra transposi o ter o de desocupar fazenda S 4 a y Ap NA Legenda Em Cabrob PE acampamento de fam lias contr rias transposi o Legenda Lula e Marisa na festa Arrai do Torto do ano passado 17 jul 2006 4 FOLIA DE SPAULO wmon brasil A17 Invas o contra obra de transposi o tem Noacampamento dos manifestantes de C s o divididas por setor e adminis Cabrob PE tarefas as por grupos diferentes ARRAIAL DO LULA te o apemeira tama Marisa Let cia ao lado de seu vice Jos Alencar d esa edo os Rea es institucionais Walfrido Mares Guia dir emm festa na Granja do Torto nega que protesto siga admirostra o empresarial Hino cunmy Subt tulo No acampamento dos manifestan tes de Cabrob PE tarefas s o divididas por setor e administradas por grupos diferen tes Receitas e despesas s o registradas em planilhas de computador coordenador nega que protesto siga administra o empresarial Texto legenda Arraial do Lula O presidente e a primeira dama Marisa Let cia ao lado de seu vice Jos Alencar esq e do ministro das Rela es Institucionais Walfrido Mares Guia dir em festa na Granja do Torto Fonte imagem 1 e 2 Baptista 30 jun 2007 p A10 Foto imagem 2 Tuca Vieira Folha Imagem Fonte imagem 3 Folha 30 jun 2007 p A10 Foto imagem 3 Ricardo Stukert 17 jul 06 Presid ncia Fonte imagem 4
317. es de difus o pol ticas editoriais legisla o espec fica entre outros evidente nos escritos de Thompson 1998 2002 a ideologia concebida como forma de mobiliza o de sentidos a servi o do poder em que formas simb licas s o produzidas transmitidas e recebidas de modo a criar a estabelecer a sustentar a apoiar e a reproduzir rela es de domina o sistematicamente assim tricas Esses modos perceptivos sobre a ideologia mostram se constantemente nessas obras citadas de Thompson Para M sz ros 2002 2004 deve se atentar para o seguinte a disputa pelas estruturas sociais na qual se regulam as pr ticas produtivas e distributivas configura o conflito mais fundamental do qual a luta de classes decorre uma disputa que n o se resolve no mbito legislativo isoladamente As classes hegem nicas utilizam se de todos estratagemas poss veis para sempre estar elevando como verdade m xima e indiscut vel a representa o social do capital como poder econ mico onipotente E esse um fundamental alicerce ideol gico por meio do qual se pretende naturalizar o modo de produ o capitalista como determinante inevit vel Nesse sistema imp e se a auto expans o da economia de mercado como prerrogativa de liberdade de consumo para todos ocultando se censurando massacrando qualquer irrup o concreta das classes dominadas de proporem alternativas vi veis para o fim da explora o perversa de uma classe social sobre out
318. es de domina o de classe mas devemos tamb m interessar nos por outros tipos de domina o tais como as rela es estruturadas entre homens e mulheres entre um grupo tnico e outro ou entre estados na es hegem nicos e outros estados na o localizados margem do sistema global 1998 grifo nosso p 77 78 Diferentemente M sz ros 2002 2004 possui uma concep o de ideologia que emana centralmente de um exerc cio cr tico das rela es estruturais de classe como um poderio destrutivo institu do historicamente Por serem t o letais essas rela es n o podem ser desconsideradas fundamentais e ao sabor da rota disseminadora de seus prop sitos por isso que o estruturalmente mais importante conflito cujo objetivo manter ou ao contr rio negar o modo dominante de controle sobre o metabolismo social dentro dos limites das rela es de produ o estabelecidas encontra suas manifesta es necess rias nas formas ideol gicas orientadas para a pr tica em que os homens se tornam conscientes desse conflito e o resolvem pela luta apud Marx Pref cio a Contribui o cr tica da economia pol tica 2004 p 65 Se para Thompson a ideologia sentido a servi o do poder como estrat gia exclusiva dos grupos hegem nicos para M sz ros apesar dele ter se debru ado largamente sobre os modos de disseminar ideologia pelas for as produtivas do capital vem reconhecer tam
319. es feitas e informa es obtidas tenho a persuas o de que n o haver outros que por sua natureza poss o impedir a sua execu o para mais alguns esclarecimentos relativos a esse projecto apresento junto a essas linhas o original de uma carta e a planta que a meu pedido o Dr Marcos Antonio de Macedo me fez obzequio de communicar p 36 63 A partir dessa cita o pode se perceber algumas das caracter sticas t cnicas e simb licas do projeto que se seguem atualmente a dimens o do projeto esbo ado j ostentava um gigantismo em engenharia a ideia do projeto alardeava uma pol tica heroica de combate ao flagello da secca e justificava se a obra devido a um importante impulso organiza o da produ o agr cola irrigada e ao progresso da ind stria que como comentado encontrava se em profundo lethargo na prov ncia do Cear Al m disso as ideias voltavam se para beneficiar particularmente o Cear n o se notando com igual import ncia outros estados que de id ntico modo fazem parte do dom nio morfoclim tico da caatinga A narrativa b sica criada no s culo XIX para enaltecer e justificar um projeto de transposi o do rio S o Francisco em grande medida persiste at hoje Dessa forma observa se que se tinha na ocasi o uma hip tese indicando a localiza o geogr fica dos pontos de sa da do canal do rio S o Francisco e dos subsequentes caminhos fluviais considerados mais adequados para receber as guas
320. esmo tempo mantenha se resignada aos des gnios dessa ordem M sz ros compreende que o fortalecimento da consci ncia social em busca de pr ticas para a emancipa o e para a autonomia dos povos assenta se indissociavelmente tanto na cr tica da ideologia dominante quanto na organiza o de pr ticas para a constru o da ideologia emancipat ria Nota essas pr ticas como um processo em rota ao que o autor inscreve como sendo a ordem sociometab lica de transi o Tomando essas e outras considera es como aportes te ricos cabe aqui resgat las para descrever os resultados em rela o ao cen rio da rede de resist ncia popular contra a transposi o Sobre a constru o do cen rio sociohist rico e das narrativas legitimadoras do projeto de transposi o realizada nesta tese verificou se que muitos discursos de pol ticos carism ticos como do Lula e de ministros de Estado sobre a transposi o do rio S o Francisco remontam s primeiras ideias sobre a obra como tendo sido uma proposta defendida por Dom Pedro Il De id ntico modo essa mesma narrativa repetida em escritos de documentos governamentais e em mat rias jornal sticas da grande m dia A busca documental desta pesquisa verificou que a cria o dessa narrativa serviu para construir uma simbologia pr pria transposi o conferindo a um sentido de promessa secularizada de projeto hist rico e necess rio de ser concretizado para resolver os problema
321. essa chamada n o aconteceu Integrantes de movimentos e de entidades populares entrevistados pela pesquisadora apontaram que um dos m todos utilizados pelo governo federal para diminuir a for a dos protestos foi o de disseminar informa es na grande m dia que causassem a impress o de que o presidente Lula atenderia reivindica o de Dom Cappio para se poder com isso facilitar a suspen o da greve e melhorar ainda mais a imagem do governo junto ao grande p blico sobretudo parte do p blico nordestino que tamb m aumentaria a sua cren a de que o presidente seria pessoa aberta ao di logo com os movimentos populares 166 Figura 4 Capa detalhe de capa e fotografia no interior do Primeiro Caderno alusivos primeira greve 5 de outubro de 2005 1 FOLHA DE S PAULO P oao Tka do te sd go p a i E faz governo adiar obra do S Francisco Chamada Bispo faz governo adiar obra do S Francisco T tulo de mat ria no interior do caderno Lula atrasa obra para negociar com bispo Subt tulo Projeto no rio S o Francisco ser adiado para que o governo negocie com religioso em greve de fome Legenda O bispo Cappio 2 esq celebra missa em que reiterou a manuten o da greve de fome ja BS Legenda Missa pelo anivers rio do descobrimento do rio S o Francisco e pelos 59 anos do bispo Luiz Fl vio Cappio que protesta contra obra no local Fonte Imagens 1 e 2 Folha 05 out 2005
322. eus interesses O seguinte trecho foi retirado do Relat rio de Impacto Ambiental do Pisf A seca de 1877 a 1879 dizimou a economia da regi o afetando mais de 1 5 milh o de pessoas e matando centena de milhares de brasileiros O Governo Imperial embora sens vel trag dia n o teve meios de minimiz la BRASIL MI et al 2004b p 2 19 Interessa salientar que toda narrativa nesse caso espec fico no que se refere s narrativas para ilustrar os grandes empreendimentos produzida com a intencionalidade de transparecer ao p blico geral uma racionalidade de que o projeto defens vel como se n o houvesse melhor sa da para os problemas sociais que o empreendimento materializado As argumenta es que introduzem o projeto de transposi o do rio S o Francisco na hist ria do pa s s o carregadas de valores simb licos pautados em uma vis o elitista Por vezes incorporam uma imagem simb lica como se o governo imperial tivesse sido sens vel aos problemas sociais relacionados ao fen meno das secas no Nordeste Parte do reflexo do discurso praticado nos livros did ticos de hist ria que retratam o Imp rio envolto de uma aura heroica e bondosa Seus personagens proclamam a independ ncia do Brasil libertam os escravos S o representados como s mbolos patri ticos a zelar H uma conflu ncia de qualidades atribu das ao Imp rio notavelmente bondoso com a constru o da no o de que ele somente
323. evite entrar no m rito da transposi o E a pr pria similaridade de cifras sugere que subsistem no governo vis es conflitantes para alguns t cnicos mais fundamental que aumentar a disponibilidade de gua capilarizar a distribui o Sendo o pa s como basta atentar para os esc ndalos de promiscuidade entre pol ticos e empreiteiras h raz es l quidas e certas para temer que a op o pela transposi o tenha mais a ver com a predile o desmesurada do Estado por grandes obras do que com a popula o pobre nordestina que lhe serve de libi 240 5 EDITORIAL 15 DE DEZEMBRO DE 2007 SEDE DE VOTOS Bispo em greve de fome rep e a transposi o do S o Francisco em pauta interesse eleitoral parece vencer as fortes obje es A PROPAGANDA do governo Lula quer fazer crer que o projeto de transposi o do rio S o Francisco vai transformar o sert o semi rido num mar de gua doce encanada Uma popula o de 12 milh es de pessoas seria beneficiada ao custo total de R 4 5 bilh es Apesar das d vidas perenes sobre sua real necessidade o programa de bvio apelo eleitoral parece mesmo fadado a sair das pranchetas As obras ao menos j come aram Em junho batalh es do Ex rcito iniciaram escava es preliminares em Cabrob PE Ali ser feita a capta o de gua para os canais de um de seus dois eixos o Norte no qual bombas poderosas ter o de vencer 180 m de altitude para alcan ar as bacias alvo como a
324. fala mais em socialismo s capitalismo mesmo nesse governo Lutamos por um socialismo verdadeiro em que os meios de produ o sejam dos e para benef cio dos trabalhadores A mudan a vai ser feita com o povo organizado e n o com os pol ticos organizados esses j est o a h muito tempo e as condi es opressoras encima do pobre n o muda Vamos ter que lutar muito mais organizar e trabalhar e nos qualificar muito porque o embate com o governo tem sido muito duro Integrante da coordena o do MAB 08 out 2004 entrevista de campo em Bras lia Se por um lado parte dos atores dos movimentos sociais n o esperava que acontecesse um governo totalmente aberto aos movimentos por outro tamb m n o se acreditava que seria um governo de t o dif cil acesso ao di logo Afinal em 2003 o presidente Lula prontamente comp s seu grupo de assessores para interlocu o com os movimentos sociais entre os quais Gilberto Carvalho que j tinha atuado na Pastoral 117 Oper ria e Silvino Heck que logo veio a coordenar a Rede de Educa o Cidad Recid Talher essa tem abrang ncia nacional e protagonizada por atores dos mais importantes movimentos populares do pa s e est vinculada diretamente Presid ncia da Rep blica No que tange quest o da transposi o Silvino Heck esteve presente em 2005 em Cabrob para facilitar a negocia o com Dom Cappio Por sua vez Gilberto Carvalho atual Secret rio Geral da Presid
325. falta de vontade pol tica e que depende das solu es hidr ulicas 2 1 4 O INVESTIMENTO IDEOL GICO NA TRANSPOSI O E O CEAR Como salienta Lopes 1996 o caso dos dromed rios popularmente tamb m chamado caso dos camelos tornou se at mesmo nota de samba enredo de escola de samba no Rio de Janeiro a Imperatriz Leopoldinense em 1995 Essa escola venceu o carnaval carioca com o tema Mais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube l no Cear Eis um trecho do samba Ecoam pelo ar Hist rias de tesouros escondidos Sou poeta da can o E embarco nesse sonho encantado Vou com destino ao Cear Em busca de um novo eldorado p 50 Parece sintom tico que essa poca de dissemina o do novo eldorado alusivo ao Cear que tivesse seu governo investido massivamente na imagem desse estado como 69 sendo moderno industrializado e de turismo desenvolvido enquanto o governo federal investia em mais estudos para a obra de transposi o O governo do Cear nesse per odo chegou a apoiar a exibi o da novela Tropicaliente da Rede Globo para divulgar imagem de sua modernidade Era uma das pol ticas do governo Ciro Gomes no Cear como a constru o do Canal do Trabalhador 115 km inaugurado em 1993 para adu o da gua do rio Jaguaribe a Fortaleza consagrando se o feito na m dia como um ato heroico do pol tico por ter salvo Fortaleza de um colapso h drico Esse tema segue se repeti
326. fazenda M e Rosa 251 REFER NCIAS AB S BER Aziz Nacib Bases conceptuais e papel do conhecimento na previs o de impactos In MULLER PLANTENBERG Clarita AB S BER Aziz Nacib Org Previs o de Impactos O Estudo de Impacto Ambiental no Leste Oeste e Sul Experi ncias no Brasil R ssia e Alemanha 2 ed S o Paulo Edusp 1998 p 27 49 ADORNO Theodor HORKHEIMER Max A ind stria cultural o iluminismo como mistifica o de massas In LIMA Luiz Costa Org Teoria da cultura de massa S o Paulo Paz e Terra 2005 pp 169 216 ALONSO Angela COSTA Valeriano Por uma Sociologia dos conflitos ambientais no Brasil Ecolog a Pol tica Naturaleza sociedad y utopia Encontro do Grupo Meio Ambiente e Desenvolvimento da Clacso Rio de Janeiro 22 23 nov 2000 Dispon vel em lt http bibliotecavirtual clacso org ar ar libros ecologia alonso pdf gt Acesso em 22 set 2010 ALVES Joaquim Hist ria das Secas s culo XVII a XIX Ed Especial para o Acervo Virtual Lamartine de Farias S I Banco do Nordeste s d Dispon vel em Dispon vel em lt www colecaomossoroense org br gt Acesso em 25 set 2010 ARA JO Christianne Evaristo de Movimento dos Atingidos por Barragens MAB a quest o ambiental e a participa o pol tica Fortaleza Disserta o de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Cear 2006 ARBEX JR Jos Uma outra comunica o poss vel e necess ri
327. foi formada por in meros integrantes que indagaram e se colocaram em oposi o ao modo de produ o capitalista A rede uniu for as em favor do rio S o Francisco e dos povos do Nordeste Assim ser contra a transposi o tem v rios sentidos para esses agentes O tipo de resist ncia contra a transposi o agregou movimentos situados nas diversas categorias de luta como a oper ria a camponesa e mesmo a ambientalista em defesa do S o Francisco e dos povos que nele se espelham bem como nos nordestinos rios Jaguaribe Para ba e Apodi A rede retrata a diversidade de popula es que habitam o sert o n o apenas no sentido de oposi o ao litoral no sentido euclidiano mas como lugar onde os sertanejos moram os ind genas os sem terra os atingidos por barragens os fundos de pasto os ribeirinhos os urbanos de capitais os pescadores de rios e a udes os vazanteiros os barranqueiros os quilombolas e outros 106 Ilustra o 5 S mbolo da resist ncia popular contra a transposi o E CENT NS N O TRANSPOSI O CONVIVER COM O SEMI RIDO A SOLU O Fonte ARTICULA O POPULAR DO S O FRANCISCO 2007 Pela profundidade pol tica que a rede de resist ncia engendrou e pelas articula es que surgem no caminho por ela tra ado pode se vislumbr la como representando uma classe de oprimidos considerando se esses na forma que Marx os define em Dezoito de Brum rio de Lu s Bonaparte e co
328. frase tem um problema conceitual e que se confundem as pr ticas de trabalho de ribeirinhos portanto pr ticas de distintas culturas e de comunidades que se relacionam com a sazonalidade da cheia e vazante em rios perenes e intermitentes Sazonal relativo esta o do ano Isso n o pode acabar E uma usurpa o mal feita do discurso dos especialistas que faz parecer que se trata de um problema ecol gico quando socioambiental e de fundo politico econ mico expandido Poderia ter se explicado assim como o professor Ab S ber quem n o se trata de um especialista gen rico o fez em artigo publicado na pr pria Folha de S Paulo no dia da publica o do primeiro editorial aqui analisado Embora o texto inicie uma argumenta o em dire o defesa s cio ambiental denunciando que os estudos do pro jeto negligenciaram os impactos isso se faz a partir de um erro con ceitual e do que se trata de um processo de expurgo do outro Essa imprecis o em um texto t o elaborado d mostras da falta de interesse de perceber lou ocupar se com a enorme quantidade de situa es diferentes que as diversas omunidades na calha principal em afluentes perenes e na regi o ortada pelos canais e rios que ser o perenizados sofrer o n o somente devido perda das culturas de azante o que uma eufemiza o para todo lo conjunto de problemas sociais que de detona a partir da constru o dos
329. g Confedera o Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CPP Conselho Pastoral dos Pescadores CPT Comiss o Pastoral da Terra CUT Central nica dos Trabalhadores Dert Departamento de Estradas e Obras P blicas Cear Dnocs Departamento Nacional de Obras Contra as Secas Dnos Departamento Nacional de Obras de Saneamento DOlI Codi Destacamento de Opera es de Informa es do Centro de Opera es de Defesa Interna DOU Di rio Oficial da Uni o Eco 92 ou Rio 92 Confer ncia Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento EIA Estudo de Impacto Ambiental Eletrobras Centrais El tricas Brasileiras S A Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu ria Embratel Empresa Brasileira de Telecomunica es S A EMGF Efervesc ncia midi tica da greve de fome FHC Fernando Henrique Cardoso FMI Fundo Monet rio Internacional FPDSF F rum Permanente de Defesa do S o Francisco Bahia FSM F rum Social Mundial FSP Folha de S Paulo Funai Funda o Nacional do ndio Funcate Funda o de Ci ncia Aplica es e Tecnologia Espaciais Gamba Grupo de Ambientalista da Bahia Gasfor Gasoduto da Petrobras Guamar Pec m GT Grupo de Trabalho GTI Grupo de Trabalho Interministerial Ibama Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renov veis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica Idace Instituto de
330. gem da atriz na capa preferida imagem de Dom Cappio que foi mais usada durante a primeira greve de fome ou a de outros representantes de movimentos camponeses e ind genas Atores desses movimentos nunca tiveram seus nomes pessoais indicados nas legendas ou t tulos das mat rias Let cia Sabatella aparece com grande destaque em outras p ginas inclusive na ltima capa da Folha de S Paulo em que veiculado o conflito social em torno da transposi o Figura 18 Esse processo aumentou a espetaculariza o do conflito chamando a aten o dos leitores para a mat ria ao se exibir artistas famosos O modo como a atriz foi retratada esvaziou o foco pol tico da quest o invisibilizando se as propostas alternativas constru das pelos movimentos sociais para colocar mais destaque em uma celebridade conhecida pelas novelas da TV Globo Na chamada de capa apresenta se a informa o de que a Presid ncia da Rep blica estaria disposta a paralisar a obra para que Dom Cappio encerrasse sua greve Planalto prop e a bispo parar obra em rio em troca de fim de jejum Conforme visto no decorrer do conflito noticiado isso apenas representou um jogo de cena importante notar que esse o dia em que a imprensa registrou a reuni o ocorrida na sede da Confer ncia Nacional dos Bispos do Brasil CNBB quando se apresentou uma inflex o no discurso de Dom Cappio e dos movimentos e entidades populares na v spera do julgamento no STF
331. giram alian as assim funcionando como inevit vel pe a de campanha por sua import ncia aos interesses de diversos partidos aos quais Lula se coligou no segundo turno das elei es Eu acho veja engra ado veja o que coincid ncia eu nunca prometi a transposi o Eu conhe o a hist ria pol tica deste pa s eu disputei tr s elei es Em 89 94 e 98 tinha candidato a presidente que chegava no Cear ele era totalmente favor vel Chegava Bahia era totalmente contra Ele chegava Para ba era totalmente favor vel Chegava em Sergipe era totalmente contra Ele chegava ao Rio Grande do Norte era totalmente favor vel Chegava em Alagoas era contra Ou seja aquela coisa do pol tico de duas caras Eu como nunca prometi eu fui eu tenho na Assembl ia Legislativa do Cear um ato de protesto l aprovado porque eu n o assumi o compromisso de 89 fazer a transposi o Porque eu achava que era uma obra t o importante que a gente n o deveria utiliz la como pe a de campanha Ent o eu nunca prometi como eu nunca prometi a Santar m Cuiab e n s estamos fazendo Eu n o vou fazer promessa de campanha com essas coisas eu quando ganhar as elei es vou estudar se tiver viabilidade eu vou fazer Ganhei as elei es e estamos fazendo Com o rio S o Francisco a mesma coisa Agora eu acho que uma obra muito muito importante para o Brasil BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 1
332. go frut fero com o governo federal para avan ar em rela o aos direitos das popula es atingidas Do universo de cerca de um milh o de pessoas atingidas por barragens existentes no pa s apenas 30 foi de alguma forma indenizada o que tamb m n o implica afirmar que foram compensa es justas A demanda do Movimento pelo cancelamento das barragens programadas n o surtia nenhum efeito apesar das in meras ocupa es de canteiros de obras e de pr dios p blicos Projetos e a concretiza o de obras de grandes empreendimentos desenvolvimentistas e excludentes socialmente caminharam a passos largos no primeiro governo Lula a citar as obras da eclusa de Tucuru no Par as usinas hidrel tricas de Santo Ant nio e de Jirau no estado de Rond nia e o avan o do projeto da hidrel trica de Belo Monte entre os estados de Mato Grosso e Par Ou seja os sujeitos militantes dos movimentos sociais realizavam atividades de dif cil opera o em que um dos pontos de pauta mais desafiadores encontrava se a rdua tarefa de pensar estrat gias para efetivar uma alternativa ao desenvolvimento agr rio e energ tico do pa s E imbricado a toda essa mir ade de tarefas emergia a urgente concentra o de esfor os populares para combater o projeto de transposi o do rio S o Francisco que se reativara rapidamente no governo Lula Isso implicou agregar s atividades j programadas de cada movimento social o ent o novo debate sobre a trans
333. governo Lula Uma das ret ricas era a de que o governo Lula possu a pouco tempo no comando do Estado para empreender as mudan as estruturais regidas por toda uma larga hist ria de exclus o um reflexo do mesmo discurso invariavelmente repetido pelo pr prio presidente Lula Frente urg ncia das a es que deveriam ser empreendidas contra a transposi o emergiram d vidas sobre como realizar a forma o da resist ncia popular propriamente sobre os limites das condi es a respeito do ac mulo de for as sociais com quem contar quais atores sociais estariam interessados e dispon veis como compatibilizar as diferen as e semelhan as pol ticas na diversidade de grupos sociais populares conte do legitimador quais os argumentos mais importantes a construir com qual orienta o pol tica quais estudos e com quem bases materiais como financiar os materiais a movimenta o de militantes e organiza es de encontros e manifesta es 124 CAP TULO IV A TRAVESSIA DA NOT CIA DA CORPORA O FOLHA AO RECORTE DO OBJETO A TRAJET RIA DA NOTICIA SOBRE A TRANSPOSI O 4 1 NOT CIA PRODUTO E PODER CORPORATIVO MIDI TICO DO GRUPO FOLHA O fato desta pesquisa apresentar an lises de discursos publicados na Folha de S Paulo sobre a resist ncia contra a transposi o do S o Francisco demanda alguns esclarecimentos pr vios Ao exame cr tico do discurso jornal stico cabe contextualizar a reportagem como produto de se
334. greve 60 47 em termos de n mero de mat rias 143 Quest es 2005 2007 Observa es Quantidade de 12 18 Embora no ano de 2007 tenha ocorrido uma mat rias que n o mat rias mat rias quantidade maior de eventos relacionados a estiveram dentro da sobre sobre manifesta es dos movimentos sociais e ONGs EM GF abordando sociedad sociedad v rios pautados pela FSP a diferen a entre a eventos de ONGs e e civil ecivil quantidade de mat rias sobre atividades de ONGs movimentos 4 antes ai e movimentos sociais comparando se os anos Ear greve nima sociais depois m nima Quantidade de dias A demora para noticiar o fato da primeira greve 6 em que demorou diasde 1 diade dias denota o n o interesse do Jornal para com a para noticiar a demora demora resist ncia manifestada ainda que o fato fosse de greve para para alta noticiabilidade Na segunda greve esse noticiar o noticiar o desinteresse n o foi exatamente manifestado pela fato fato demora em noticiar o fato da greve de fome mas fez se diante da lacuna de 4 dias sem mat rias jornal sticas aqui est se contabilizando produ es acima de dois par grafos Quantidade de dias 7 dias de 4 dias de Nota se que a diminui o de espa o jornal stico em que o Jornal not cia not cias reservado ao tema na segunda greve de tal continuou a dar ap s ap s ordem que se revela mesmo na diferen a
335. ho das guas Bispo em greve de fome recebe carta de Lula Sem comer h seis dias contra a transposi o do S o Francisco religioso reza missa em Pernambuco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 01 out 2005 p A20 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 01 2 gt Acesso em 11 ago 2011 Caminho das guas Em jejum bispo recebe visitas da oposi o Religioso que faz greve de fome em PE contra projeto do rio S o Francisco j recebeu ACM e Helo sa Helena Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 03 out 2005 p A9 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 03 2 gt Acesso em 11 ago 2011 Caminho das guas Governo convence bispo a encerrar protesto Religioso decide acabar com greve de fome ap s receber ministro mas volta a cobrar suspens o da transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 07 out 2005 p A15 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 07 2 gt Acesso em 11 ago 2011 Depois de serem retirados da obra do S o Francisco ndios invadem fazenda Folha de de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia Recife 06 jul 2007 Dispon vel em lt http www folha uol com br fsp brasil fc0607200727 htm gt Acesso em 12 nov 2011 Governo uma ditadura afirma bispo Luiz Cappio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se
336. i o cf BRASIL MI 2004b buscou se esclarecer que a gua aduzida pelo Eixo Norte alcan aria por meio da integra o com outros canais no caso por meio do Eixo da Integra o atualmente em fase final de conclus o o Complexo Portu rio e Industrial do Pec m CIPP onde se consumir mais gua que Fortaleza Ilustra o 2 Detalhe de mapa sobre a localiza o do Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional Pisf romeza ab q CUM RIO GRANDE DO NORTE PERNAMBUCO g AA J osrabino BAHIA BARRAGEM Fonte BRASIL MI et al 2004a p 5 71 Ilustra o 3 Detalhe do mapa indicando os trechos do Eixo Norte e do Eixo Leste do Pisf FORTALEZA 2 F a RIO GRANDE DO NORTE Tai LE RN 7 N A SEN a j O Serra Negra do None ouso A aguari Z S Siso A E A u sa H E Pombal Us EN i td PARA BA wad Jar PR recnonkf AVIDOS Campi SEM rd a f Acude Campina Grande La G L T Boqueir o ps f p mm Ouricuri ia ERE PERNAMBUCO Na STE at 4 SA Barreiros GRANCISCONIA nom nf OR dig S O BARRAGEM DE NS x ALAGOAS E o ITAPARICA S SAR ra Perglina QN BARRAGEM DE jo See ia Fonte BRASIL MI et al 2004a p 39 72 Atualmente no Complexo Industrial e Portu rio do Pec m CIPP est o instaladas siderurgias j com d
337. ia e novena contido na primeira e na segunda capa muda para o de missa com tom pol tico contra a transposi o Nas imagens revela se o apoio solid rio de outros representantes da Igreja Cat lica ao lado de Dom Cappio possivelmente outros bispos Forma se uma comovente cena carregada de s mbolos comemorando se na ocasi o o dia do anivers rio de Dom Cappio e o dia do rio S o Francisco o 4 de outubro H a produ o de um sentido patri tico religioso captado por meio da fotografia que destaca a imagem de Dom Cappio e de simpatizantes sua causa e surgem a est tua de S o Francisco e a bandeira do Brasil Mostra se o apoio massivo em que se exibem bandeiras do MST e faixas de protesto bem como nota se o bispo recebendo aten o de profissionais provavelmente da m dia filmando e fotografando o evento A partir do tema desse evento o Jornal dedicou duas p ginas inteiras 168 Figura 5 Capa detalhe de capa e fotografias sobre a greve 7 de outubro de 2005 FOLHA DE S PAULO Governo abre debate e bispo p ra greve Legenda O ministro Jaques Wagner esq recebido pelo bispo Luiz Fl vio Cappio em Cabrob PE para discutir obra no S o Francisco MANCHETE Governo abre debate e bispo p ra greve Trecho do texto de capa O acordo por m gerou d vidas logo depois do an ncio Para Cappio o governo prometeu n o s reabrir o debate sobre a transposi o como suspender o in ci
338. ia que a democratiza o do acesso gua seja o tema central do modelo de desenvolvimento a ser discutido A gua um direito humano fundamental secularmente negado popula o do Nordeste brasileiro porque as obras h dricas sempre reproduziram o modelo concentrador e excludente Para o desenvolvimento de um sistema integrado de gerenciamento dos recursos h dricos existentes no semi rido brasileiro ser essencial que a gua democratizada esteja realmente dispon vel para o atendimento das demandas da popula o Mas a gua por si mesma n o suficiente para garantir um desenvolvimento socialmente justo e economicamente inclusivo essencial a concep o de uma reforma agr ria que seja desenvolvida a partir das reais caracter sticas do semi rido Existem in meras iniciativas da sociedade organizada que demonstram as potencialidades da conviv ncia com o semi rido As cisternas de placas para consumo dom stico as cisternas de produ o as barragens subterr neas as microbarragens dentre outras precisam do apoio de pol ticas p blicas que integrem e sistematizem as a es atualmente isoladas O modelo de desenvolvimento sustent vel no semi rido um tema complexo que demandar amplas discuss es entre a sociedade especialmente no semi rido e o governo Mas quaisquer que sejam as dificuldades operacionais deste debate importante reafirmar a necessidade de um modelo nascido de forma democr
339. iais da P s Gradua o do Instituto de Psicologia da PUCRS 6 ed Petr polis Vozes 2002 TOLEDO Caio Navarro de Cr nica pol tica sobre um documento contra a ditabranda Sociologia e Pol tica Curitiba v 17 n 34 out 2009 p 209 217 VIANA J NIOR Aur lio Presentaciones ante el panel de inspecci n por proyectos en Brasil In CLARK Dana FOX Jonathan TREAKLE Kay Org Derecho a exigir respuestas Buenos Aires Siglo XXI 2005 VIANA Cristine Ferreira Gomes Conflitos socioambientais do projeto de integra o do rio S o Francisco Disserta o de mestrado defendida no Centro de Desenvolvimento Sustent vel CDS Universidade de Bras lia UnB Bras lia 2005 VILLA Marco Antonio Vida e morte no sert o hist ria das secas no Nordeste nos s culos XIX e XX S o Paulo tica 2000 WALLERSTEIN Immanuel Historia y dilemas de los movimientos antisist micos Ciudad de M xico Contrahistorias 2008 256 WALLERSTEIN Immanuel New revolts against the system A Movement of Movements New Left Review vol 18 nov dez 2002 P 29 39 WILLIANS Raymond Palavras chave um vocabul rio de cultura e sociedade S o Paulo Boitempo 2007 p 200 WORLD COMMISSION ON DAMS WCD Dams and development a new framewok for decision making Report London and Sterling Earthscan 2000 ZIBECHI Ra l Autonom as y emancipaciones Am rica Latina en movimiento Lima Programa Democracia y Transformaci n G
340. iando se aos art 231 e art 49 inciso XVI da CF art 13 a 18 da OIT 169 Todas essas observa es tratam de viola es s normas legais do pa s e de supress o de etapas que deveriam ter sido cumpridas antes mesmo da convoca o das audi ncias p blicas eivadas de irregularidades em si mesmas Essas foram convocadas de modo a n o permitir a participa o popular tanto por terem sido anunciadas com apenas oito dias de anteced ncia e como por situarem se somente nas capitais dos estados impossibilitando enorme diversidade tnica e cultural aos indiv duos e organiza es interessados grande maioria que n o vive nas capitais a acudirem a essas reuni es Lembra se que o Estado n o paga as expensas dos participantes mais uma vez agudizando esse processo que se nomeia expurgo do outro 224 Quadro 5 Mar de controv rsia 8 de outubro de 2005 3 Editorial Express es Elementos a analisar Atores da resist ncia A es e protestos Legitimidade de reivindica es argumenta es Tipo de descri o Valora o dos atores a es suscita cada vez mais controv rsia H argumentos defens veis apresentados pelas duas partes em conflito Um grande n mero Ide posi es apresentada como apenas duas partes em conflito Mais adiante o editorial enumera os especialistas e a Justi a Federal da Bahia como atores importantes da controv rsia A palavra defens
341. iano de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 21 dez 2005 22 BALDUINO Dom Tom s Lula o bispo e o f rum Folha x Bispo da Igreja de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias debates Opini o S o Paulo 13 jan 2006 Cat lica 147 MAT RIAS DE OPINI O FAVOR CONTRA FUN O DOS ASSINANTES 23 ALVES FILHO Jo o Alves Volta o risco da x Governador de transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Sergipe Opini o S o Paulo 14 mar 2007 24 BATISTA J NIOR Paulo Nogueira Dom Luiz e o S o x Colunista da FSP Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o at 2010 Opini o S o Paulo 15 mar 2007 25 BATISTA J NIOR Paulo Nogueira Dom Luiz n o pode x Colunista da FSP morrer Folha de S Paulo Caderno Mercado Se o at 2010 Opini o S o Paulo 06 dez 2007 26 ALVES FILHO Jo o D Cappio e o mito da falta x Governador de d gua Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Sergipe Opini o S o Paulo 07 dez 2007 27 LIMA Geddel Vieira O inimigo n mero 1 da x Ministro da democracia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Integra o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 10 dez 2007 Nacional 28 CONY Carlos Heitor A fome da greve Folha de x Integrante do S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o Rio de Janeiro Conselho editorial 20 dez 2007 da FSP 29 FREITAS Ja
342. ica e da Scipione entre outros O Grupo Folha tamb m possui outro provedor de acesso internet o Brasil Online o BOL Dessa forma se em termos de tiragem a Folha de S Paulo teve uma abrupta redu o n o significa que suas not cias estejam sendo menos contempladas pelo p blico A Folha de S Paulo pode ser lida na ntegra via internet H tamb m a Folha com cujas not cias s o similares s da Folha de S Paulo com a diferen a de que lan a muito de suas not cias s o lan adas previamente ao jornal impresso necess rio considerar que a internet nem sempre vista como m dia devido a suas diversas finalidades entre as quais a de meio de comunica o devido s redes sociais eletr nicas e envios de emails por exemplo Todavia em escala crescente de relev ncia seu papel como m dia virtual que vem deslocando espa os aparentemente estabilizados das m dias televisivas e dos jornais impressos Com isso m dias consolidadas sofrem grande queda de audi ncia e de leitores reproduzindo uma tend ncia global Para Thompson os meios t cnicos de comunica o de massa transformaram e s o capazes de transformar a natureza da intera o social nas sociedades modernas O desenvolvimento dos meios t cnicos n o deve ser visto como um mero suplemento das rela es sociais preexistentes ao contr rio devemos ver esse desenvolvimento como servindo para criar novas rela es sociais novas maneiras de agir e interagi
343. icado N o apenas por esse fato o ministro Jaques Wagner ficou mais conhecido dos eleitores mas essa entrada do pol tico na media o cooperou para isso Sua imagem foi associada a Lula cujo apoio n o um aspecto determinante para alavancar o sucesso de v rios pol ticos mas que tamb m pode cooperar nesse sentido Houve uma grande vantagem aos defensores da transposi o com a entrada de Jaques Wagner no governo da Bahia pois se retirou da const ncia do poder no estado da Bahia um dos grupos pol ticos mais aguerridos contra a obra vinculados figura de Ant nio Carlos Magalh es Claro por raz es totalmente distintas a dos movimentos sociais no caso O interesse desse grupo em ser contra a transposi o relaciona se ao objetivo de expans o do agroneg cio vinculado irriga o nesse estado A manchete aborda a negocia o um dos momentos mais importantes do per odo da greve de fome o mais esperado e o mais controverso O governo narrado como o que buscou ouvir e dialogar e como o que convenceu Dom Cappio a cessar a greve Na reportagem Dom Cappio garante que Jaques Wagner comprometeu se a paralisar as obras Imediatamente o fato foi negado pelo ministro como se confere na transcri o literal de sua fala Voc ouviu algu m falar em suspens o ou adiamento FOLHA 07 out 2005 capa A partir desse fato inicia se um disse me disse que abriu a etapa chamada pelos movimentos sociais de di
344. ico Federal e Minist rio P blico do Estado da Bahia Bras lia maio 2005 CHOMSKY Noam Secretos mentiras y democracia Entrevista por David Barsamian Cidade do M xico Siglo XXI 1997 CIPP COMPLEXO INDUSTRIAL E PORTU RIO DO PEC M Boletim eletr nico do CIPP Cear 2010 Dispon vel em lt http www cearaportos ce gov br complexo asp gt Acesso 12 jan 2011 CRONOLOGIA e documentos do acampamento em Cabrob PE In ZELLHUBER Andrea SIQUEIRA Ruben et al Rio S o Francisco transposi o degrada o ambiental alternativas Cadernos do Centro de Estudos de A o Social CEAS Salvador n 227 jul set 2007 pp 77 85 CUNHA Euclides da Contrastes e confrontos Col Cultura Brasileira S o Paulo Cultura Brasil 1907 Dispon vel em lt http Avww culturabrasil pro br zip contrastes pdf gt Acesso em 24 jan 2012 DEBORD Guy A sociedade do espet culo Rio de Janeiro Contraponto 1997 DELLAMEA Am lia El discurso informativo g neros period sticos Buenos Aires Docencia 1995 p 474 ESTA O PRIMEIRA DE MANGUEIRA Das guas do Velho Chico nasce um rio de esperan a samba enredo Rio de Janeiro fev 2006 Dispon vel em lt www mangueira com br gt Acesso em 23 out 2011 FREIRE Paulo A o cultural para a liberdade e outros escritos 9 ed S o Paulo Paz e Terra 2001 1969 FURTADO Celso Seca e poder S o Paulo Funda o Perseu Abramo 1998 GALV O Walnice Nogueir
345. icos s o fbcultados manifesta es ganhan do tempo para a conclu s o das licita es p bli cas lembrando se que em 2005 dois ind ge nas Jorge e Adilson Truk foram executados na pr pria Tl Truk por militares paisana crimes continuados pelo assassinato de Mozeni Ara jo outra lideran a Truk em 2008 pois s o as escavadeiras do Ex r cito que enterram a controv rsia e s o as m quinas que inaugu ram a obra provoca se um efeito que eufemiza a imagem da imposi o truculenta com uso de for a pelos apa relhos de repress o do Estado Express es elementos a analisar Surgimento ou n o de atores A es e protestos Legitimidade de reivindica es argumenta es Tipo de descri o Valora o dos atores a es Na esteira do trator empreiteiro do governo Lula uma semana de pois manifestan tes fechavam par te da vala com p s e picaretas Levantaram algu ma poeira Perto dali o Velho Chi co seguia seu cur so mais morto que vivo Surge a primeira aproxima o alu siva rede de resist ncia popular contra a transposi o reduzida a manifestantes Por m n o se nomina a nenhum dos movimentos sociais ou organiza es presentes Na Ocupa o houve a presen a de cerca de duas mil pessoas oriundas de diversos estados segundo a contabilidade dos movimentos A organiza o da Ocupa o tornou se sin nimo
346. idente virou as costas para os movimentos sociais Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 21 jan 2008 4 ROBUSTI Jo o Claudio A guerra equivocada O Ex rcito n o deveria mobilizar 380 de seus combatentes para realizar as obras de transposi o do rio S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 24 jan 2008 5 MATAIS Andreza Sess o sobre transposi o no Senado acaba em bate boca Ex ministro Ciro Gomes favor vel obra e Let cia Sabatella contr ria discutem Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 15 fev 2008 6 FERNANDES Kamila S o Francisco Geddel desqualifica artistas contr rios transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Fortaleza 16 fev 2008 7 FERNANDES Kamila Casos aumentam s margens do S o Francisco Folha de S Paulo Caderno Cotidiano S o Paulo Fortaleza 18 maio 2008 8 FERNANDES Kamila REIS Thiago PAC pode agravar explora o sexual infantil Constata o do problema partiu das entidades de defesa dos direitos humanos dos conselhos tutelares e das ONGs Folha de S Paulo Caderno Cotidiano S o Paulo Fortaleza 18 maio 2008 280 9 SALOMON Marta Ibama multa governo federal em R 374 mil Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 22 maio 2008 10 GUERREIRO Gabriela Foco 500 religiosos se encontram com Jos
347. ideologia dominante naturalizando a obra como fato consumado e ao mesmo tempo surtiu efeito para neutralizar parte dos efeitos das a es coletivas contr rias a obra Nota se que o Estudo de Impacto Ambiental do Pisf n o esclareceu que parte da gua da transposi o ser aduzida ao Complexo Industrial e Portu rio do Pec m no estado do Cear onde se encontram implantadas grandes sider rgicas conhecidas por apresentarem um processo de produ o intensivo no consumo de gua e energia Assim ideologicamente s o ocultados os interesses macroecon micos por desviar a aten o da sociedade sobre a magnitude e complexidade dos objetivos da transposi o sobretudo quanto disputa pelas estruturas de produ o que organizam o sociometabolismo do capitalismo Desse modo a transposi o reflexo do processo em que seu projeto defendido pela classe dominante reifica os processos socioecon micos ao sustentar ideologicamente uma disrup o entre as condi es das rela es do campo simb lico da pol tica das ideias da superestrutura e as condi es das rela es econ micas de produ o da infraestrutura Sobre essas ocultam se os interesses do hidroneg cio como sobre quem usar a gua a que pre o e para qu Quem controlar a gest o da cobran a pela distribui o e uso da gua Perguntas pr ximas s que Little 2006 exp e como pr prias ao entendimento do campo dos conflitos socioambientais Perguntas que
348. iente ANA Ag ncia Nacional de guas ANJ Associa o Nacional de Jornais Apoinme Articula o dos Povos Ind genas do Nordeste Minas Gerais e Esp rito Santo APP rea de Preserva o Permanente APSF Articula o Popular do S o Francisco ASA Articula o do Semi rido Brasileiro BID Banco Interamericano do Desenvolvimento Bird Banco Internacional para Reconstru o e Desenvolvimento Banco Mundial BNB Banco do Nordeste do Brasil S A BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econ mico e Social CAA Centro de Assessoria do Assuru Cagece Companhia de gua e Esgoto do Estado do Cear CBH Comit de Bacia Hidrogr fica CBHSF Comit da Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco CCTCI Comiss o de Ci ncia Tecnologia Comunica o e Inform tica CDS Centro de Desenvolvimento Sustent vel CEBs Comunidades Eclesiais de Base Certoh Certificado de Avalia o da Sustentabilidade da Obra H drica Chesf Companhia Hidro El trica do S o Francisco CIPP Complexo Industrial e Portu rio do Pec m CMB Comiss o Mundial de Barragens ou CWD World Commission on Dams CNBB Confer ncia Nacional dos Bispos do Brasil CNRH Conselho Nacional de Recursos H dricos Codevasf Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S o Francisco e do Parna ba Cogerh Companhia de Gest o de Recursos H dricos Conama Conselho Nacional de Meio Ambiente Conta
349. ificar sua doutrina de guerra preventiva Observa se que nessa etapa da greve o Jornal retrata por meio das vozes do presidente do ministro e do arcebispo de Salvador que o ato de Dom Cappio representava uma a o descabida isolando o bispo dos apoios solid rios e da constru o coletiva da resist ncia cf GUIBU 28 nov 2007 Logo o Jornal noticiou a greve sob novo ngulo devido ao crescimento do apoio ao religioso como se nota pelos t tulos Ato de apoio a Cappio deve reunir cerca de 10 mil pessoas GUIBU 08 dez 2007 Let cia Sabatella visita bispo em greve de fome e critica Lula GUIBU 09 dez 2007 Aos 14 dias de greve de repente o Executivo come a a mudar seu discurso Surge n o como cr tico de Dom Cappio mas ansiando escut lo como se estivesse preocupado com a vida do bispo Lula recebe CNBB para discutir caso do bispo em greve de fome LULA 11 dez 2007 Preocupado com greve de fome governo procura CNBB para conversar com bispo ALENCAR 10 dez 2007 No dia 10 de dezembro surgiu um novo fato que a imprensa registrou como na Folha de S Paulo Justi a manda suspender obras do rio S o Francisco Decis o do TRF da 1 Regi o provis ria Advocacia Geral da Uni o recorrer SCOLESE 12 dez 2007 Isso fez com que a grande m dia deixasse escapar demonstra es de que a resist ncia alcan ava for a pol tica em diversas inst ncias A partir de processos jur dico
350. imeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 04 out 2005 270 9 GUIBU F bio Bispo em jejum responsabiliza Lula Planalto se declara aberto ao di logo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 04 out 2005 10 SALOMON Marta Caminho das guas Licen a para transposi o sai nesta semana Autoriza o do Ibama nica pend ncia para in cio das obras no S o Francisco que ter o apoio do Ex rcito Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 04 out 2005 11 FOLHA DE S PAULO D vidas na transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Editorial S o Paulo 05 out 2005 12 SCOLESE Eduardo Entidades se unem em favor de bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 05 out 2005 13 GUIBU F bio Quatro pessoas imitam gesto e aderem a jejum Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob 05 out 2005 14 ALENCAR Kennedy Caminho das Aguas Lula atrasa obra para negociar com bispo Projeto no rio S o Francisco ser adiado para que o governo negocie com religioso em greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 05 out 2005 15 SA Nelson de Toda M dia Canudos 2 Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 05 out 2005 16 PINHEIRO Marcio ROTZSCH Rodrigo BONI Ana Paula Caminho das Aguas Defensores diz
351. inclusive contradiz o tom negativo expresso no t tulo de seu texto jornal stico bastante negativo rede de resist ncia Invas o contra obra de transposi o tem ger ncia de empresa GUIBU 01 jul 2007 Por sua vez a Imagem 2 tamb m delineia uma express o positiva do movimento ao exibir diversidade cultural e atitude de nimo militante registrando militantes sociais tocando instrumentos musicais e um microfone o que demonstra que o di logo se realizava entre muitas pessoas Percebendo se o contraste entre as fotografias das Figuras 10 e 11 e a import ncia para a rede de resist ncia de que naquele momento hist rico que suas a es obtivessem uma cobertura positiva da grande m dia que fosse enfocado o contingente massivo e representativo de diversas identidades que ent o cabe o esclarecimento de Dellamea 1995 Ainda tratando se de fotos leg timas isto n o trucadas se sabe que uma tomada particular o ngulo de enfoque escolhido entre outros fatores mostram que de uma mesma realidade se pode originar vers es fotogr ficas diferentes e at opostas Um exemplo t pico a cobertura fotogr fica de manifesta es em que a depender do ngulo utilizado pode parecer haver muita ou pouca gente p 475 tradu o nossa 184 Figura 12 Imagens no interior do Primeiro Caderno em duas p ginas que abordam a Ocupa o do Canteiro de Obras 30 de junho e 1 de julho de 2007 1 Manifestant
352. inente aos desafios globais da crise ecol gica e econ mica e resposta contundente ao desatino do desenvolvimentismo neoliberal Nosso projeto abrangente plural e inclusivo e se faz na pr tica com protagonismo popular di logo com os saberes tradicionais dos povos e o conhecimento da ci ncia interc mbio de experi ncias no campo e na cidade defesa e conquista de territ rios reforma agr ria e regulariza o das terras p blicas em favor das comunidades fortalecimento da agricultura familiar camponesa agroecol gica soberania alimentar e energ tica recomposi o de matas ciliares prote o 309 de nascentes morat ria para o cerrado conviv ncia com o semi rido vaz o ecol gica defesa da agrobiodiversidade despolui o impedimento de projetos degradantes emprego decente seguran a p blica educa o contextualizada comunica o livre afirma o cultural Utopia e isso que tem faltado em nosso pa s e no mundo a retomada do rumo que s alternativa real se for socialista com preocupa o ecol gica e n o arremedos de um capitalismo verde Aos pr candidatos pr xima elei o presidencial desde j cobramos clareza de posi es a respeito destas quest es o que vai nortear nosso voto Mas o verdadeiro poder popular constru mos na luta organizada que ocupa os espa os pol ticos da sociedade e os livra dos corruptos e corruptores Apelamos a todas as pessoas de boa vontade
353. invadida em Cabrob PE ACAYABA GUIBU 27 jun 2007 p A9 E da legenda alusiva Imagem 2 Figura 10 Policiais vigiam a entrada da fazenda invadida por manifestantes contr rios transposi o FOLHA 04 jul 2007 p A11 182 Figura 11 Fotografias presentes no banco de dados da Folha mas n o publicadas no Jornal impresso 28 de junho e 1 de julho de 2007 P n E o 4 Legenda da foto acima Manifestantes fazem ritual de dan a e m sica em rea onde protestam contra a transposi o Legenda Agricultores e ndios contr rios s obras no S o Francisco Fonte Imagem 1 Guibu 01 jul 2007 Foto Imagem 1 Xando P Ag A Tarde Folha Imagem Fonte Imagem 2 Guibu 28 jun 2007 Foto Imagem 2 Tuca Vieira Folha Imagem Organizado pela autora As fotografias acima expressam um simbolismo bastante positivo sobre a rede de resist ncia Por m essas imagens n o foram as publicadas na vers o impressa da Folha de S Paulo Isso ilustra que s vezes o leitor pode imaginar que a publica o de algumas imagens negativas sobre a rede de resist ncia assim como as registradas na se o anterior Figura 10 s o realizadas por falta de outras Cabe ponderar aqui se essa infer ncia faz sentido pois percebe se que a situa o do Acampamento proporcionou momentos que poderiam assim como as fotografias acima ter gerado outras alternativas nas quais a rede de resist ncia receberia um tom ma
354. ios entre os quais os agrocombust veis uma grande fazendona mundial tal com ocorre desde o per odo colonial Este modelo combina subservi ncia aos grandes interesses econ micos internacionais com aus ncia de reais pol ticas p blicas para o Nordeste em especial o Semi rido impondo lhe mega obras equivocadas e desnecess rias tal como a transposi o do Rio S o Francisco O s cio desenvolvimentismo do governo Lula n o disfar a seu car ter retr grado evidente nas obras do PAC Plano de Acelera o do Crescimento flexibiliza o de restri es ao capital assistencialismo social e coopta o de organiza es e movimentos 303 sociais Diante deste quadro definimos os seguintes princ pios gerais e as a es que faremos 1 Acesso gua Os movimentos sociais e populares do S o Francisco e do Semi rido reafirmam que a gua em si mesma um bem e um valor universais e que o acesso a gua direito humano fundamental secularmente negado popula o pobre do Semi rido a do S o Francisco inclusive O modelo concentrador de gua fez constru rem muitos e suficientes reservat rios e poucas adutoras e ainda mant m quase metade da popula o do Semi rido sem acesso a gua A democratiza o do acesso a gua deve ser uma pol tica p blica priorit ria em todo o Semi rido baseada no princ pio de que o respeito aos direitos humanos deve ser central em qualquer sociedade e rigorosament
355. is surge apenas um pequeno grupo de pessoas de costas em um ambiente escuro frente uma capelinha Assim aos leitores cat licos provavelmente eles seriam mais atra dos pela foto do Papa evidente em sua representa o que pela foto da greve de fome A partir da an lise das imagens e legendas anteriormente apresentadas percebe se as seguintes representa es 1 o bispo praticamente isolado em sua a o contra a transposi o 2 os movimentos de apoio apoiados reduzidos romaria e novena 3 a quest o pol tica n o foi o foco 4 a apresenta o de not cias foi dada em continuidade a outras not cias com imagens alusivas viol ncia de tr fico na capa 5 em p gina interna sobre a greve outra mat ria exibe imagem alusiva repress o do Estado contra movimentos camponeses bem como descreve se os militantes como praticantes de crimes 6 na segunda capa o bispo foi apresentado como frei e n o foi exibida fotografia dele 5 4 2 Segunda etapa da greve de 2005 a legitimidade pol tica Com a chamada na capa Bispo faz governo adiar obra do S Francisco a Folha de S Paulo afirma antecipadamente ao t rmino da greve de fome que o bispo j teria alcan ado seu objetivo como se ele tivesse persuadido o governo a paralisar suas atividades para dar in cio obra da transposi o N o se sabe o quanto a Folha de S Paulo foi equivocadamente informada e por quem mas diante dos fatos not rio que o indicado por
356. is positivo na mat ria jornal stica Estas imagens da Figura 11 ilustrando mat rias sobre a Ocupa o do Canteiro de Obras foram encontradas no pr prio banco de dados eletr nico do Jornal que exibe mat rias em apartados textuais sem o contexto geral da p gina impressa em que foram publicadas mais comum que essas unidades de not cias do banco de dados virtual sejam observadas por pessoas interessadas em encontrar informa es espec ficas enquanto que a not cia do Jornal impresso alcan a um espectro maior de leitores e com interesses diversos Nota se que as fotografias desta se o apenas virtual s o distintas em seu significado simb lico daquelas anteriores Figura 10 em que os manifestantes surgem em 183 n mero reduzido e em oposi o aos policiais retratando a resist ncia de modo a negativo e tendendo criminaliza o da manifesta o popular contra a obra Na Imagem 1 aparece um n mero expressivo de manifestantes sobretudo os ind genas em primeiro plano surgem uma bandeira do MST e uma faixa em que se pode ler a seguinte frase Lula respeite o povo que te elegeu Cancele esse famigerado projeto A imagem exibe uma s rie de componentes a partir dos quais se pode caracterizar a representa o de uni o entre uma diversidade de for as populares A imagem transmite significados positivos que remetem ao esfor o de organiza o e demonstra o de express es culturais de dan as e m sicas A imagem
357. isco ubicado en el Nordeste brasile o es la obra de mayor alcance en t rminos de infraestructura iniciada por el gobierno de Lula y es objeto de una intensa mediatizaci n Contra la obra convergieron acciones colectivas que son el fruto de la uni n entre movimientos sociales como el Movimiento de los Afectados por Presas MAB el Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Tierra MST grupos religiosos pueblos originarios y comunidades de cimarrones Estas fuerzas sociales conformaron la red de resistencia popular contra el transvase del r o S o Francisco constituyendo una articulaci n sin precedentes en t rminos de diversidad social en oposici n a una obra p blica en Brasil Su ciclo de movilizaciones marc un pico de efervescencia entre 2005 y 2007 sufriendo luego un reflujo en 2008 con el avance de la obra entonces liderado por el Ej rcito En este contexto la presente tesis fue motivada por la siguiente pregunta bajo qu forma los discursos vehiculados por el peri dico Folha de S o Paulo retrataron la red de resistencia popular contra el transvase del r o S o Francisco entre 2005 y 2007 La metodolog a utilizada fue el an lisis del discurso basado en referencias iconogr ficas y textuales de la Folha de S o Paulo con el inter s de comprender por cu les mecanismos ideol gicos es decir por cu les estrategias de construcci n simb lica la resistencia popular fue retratada La investigaci n muestra que el 61 5 de los
358. ises que seguem digna a men o que retoma a teoria de Peirce sobre a din mica tripolar de intera o do signo A forma o do signo inscreve se sob as seguintes tipologias relacionais 1 a face percept vel do signo o representamen ou significante 2 o que ele representa o objeto ou referente 3 e o que significa o interpretante ou significado Ilustra o 6 Abaixo apresenta se a Ilustra o 6 para elucidar essa tipologia comum ao signo Aqui exemplifica se com base na fotografia como significante por ser um eixo central das an lises desse cap tulo O exemplo remete Figura 1 alusiva primeira capa com fotografia sobre a resist ncia popular contra a transposi o publicada pela Folha de S Paulo Salienta se que a exemplifica o poderia ser realizada a partir de in meros significantes por exemplo som gesto cheiro outras imagens Ilustra o 6 Tipologia peirceana da estrutura comum do signo exemplificado na imagem como signo SIGNIFICADO SIGNIFICA O INTERPRETANTE o que significa p ex manifesta o cat lica REPRESENTAMEN SIGNIFICANTE OBJETO REFERENTE face percept vel do signo p ex o que ela representa apresenta Figura 1 na capa da Folha de S Paulo p ex conjunto de pessoas com uma cruz Fonte Organizado pela autora com base no esquema apresentado por Joly 2000 A fotografia como elemento significante potencialmente catalizadora da produ o de senti
359. isso ainda no in cio do governo Lula os movimentos populares encampavam com entusiasmo novos espa os criados para discuss o p blica e participa o popular na rea de pol ticas p blicas Esses espa os posteriormente foram analisados como instrumentos de coopta o e de manobra dos militantes para processos institucionalizados e que espelharam pouco resultado pr tico aos anseios dos movimentos Nesse mbito as chamadas Confer ncias Nacionais do Meio Ambiente convocadas pelo governo federal tinham o objetivo de construir decis es coletivas que se tornassem diretrizes deliberativas ao Estado O F rum Permanente de Defesa da Bacia do S o Francisco da Bahia FPDSF participou ativamente da primeira confer ncia entre 27 e 30 de novembro de 20083 Por isso o F rum lamentou que o governo federal desrespeitasse as Delibera es de Recursos H dricos da Confer ncia que se posicionavam claramente contra a transposi o do rio S o Francisco e do rio Tocantins ainda que estudos de viabilidade t cnica fossem favor veis obra conforme consta o registro no Caderno de Delibera es da Confer ncia Nacional de Meio Ambiente FPDSF 2004 2 2 5 MOBILIZA ES SOCIAIS E A RELA O COM O GOVERNO LULA 2005 2007 A Caravana da Cidadania pelo S o Francisco foi relembrada por Dom Cappio em dois momentos na carta enviada por ele ao presidente datada do dia que iniciou sua primeira greve de fome em 2005 e na sua audi ncia que teve com
360. ist ncia Essas comunidades poderiam ter oferecido luta uma visibilidade ainda mais expl cita sobre as contradi es do projeto Dessa forma construir uma eficiente interlocu o com as camadas sociais populares n o organizadas pela rede de resist ncia implicou em ter de esclarecer a essas que o projeto de transposi o do governo Lula n o estaria comprometido com a resolu o dos problemas de escassez de gua Uma verdadeira barreira simb lica devido ao sucesso de popularidade do presidente Lula no Nordeste O discurso disseminado pela propaganda do governo federal e pelos principais ve culos de comunica o mesmo por muitos daqueles contr rios ao governo federal de que o projeto levaria gua aos nordestinos historicamente sofridos com o fen meno da seca foi bastante eficiente em sua constru o simb lica Inclusive tornando se um dos fatores que contribu ram para grande credibilidade popular do presidente como discutido no Cap tulo II A organiza o dentro da bacia sanfranciscana apesar do largo hist rico de resist ncias relacionadas s barragens aos projetos de irriga o ao monocultivo de eucalipto e cana de a car s mineradoras bem como s lutas das comunidades ind genas e quilombolas dos grupos organizados de pescadores e referente forma o de f runs em defesa do rio ainda estava fr gil quanto a uma articula o integrada entre as for as populares Para enfrentar e frear o projeto de transp
361. istem no governo vis es conflitantes como acima se confere Essas formas surgiram principalmente entre o primeiro e o terceiro editorial Nessas substitui es se escondem v rios atores que buscam legitimar e alavancar o projeto Alguns deles aparecem nos textos s vezes tamb m como meton mias em que se substitui o rg o institui o por seu dirigente ou colegiado confundindo novamente Estado e governo como Minist rio da Integra o Nacional Lula a Chesf estados da federa o ou seja o executivo e parte do legislativo dos estados do CE PB RN PE e no primeiro editorial AL por engano parte dos munic pios como os prefeitos desses munic pios a administra o aparentemente o primeiro escal o de partes do executivo pol ticos provavelmente parte da bancada governista t cnicos t cnicos do Estado aparentemente representantes do Governo o Ex rcito e a ANA Citado seis vezes somente no primeiro editorial o ator o governo transformado assim em ser monol tico perde for a narrativa medida que as a es de resist ncia ao projeto efetuadas pela resist ncia popular ao projeto impelem a uma narrativa que explicite d vidas ou em outros termos as clivagens internas e substitui es que opera No ltimo editorial no lugar do impulsor principal do projeto surge um sujeito bem mais restrito o governo de Lula 212 O segundo ator mais citado que aparece em quatro editoriais 12 milh es de b
362. ivem da sazonalidade das guas quando essa sazonalidade acabar Os atores da resist ncia s o citados diante de uma redu o da enorme quantidade de atores cr ticos ao projeto descritos apenas como especialistas As a es e protestos aludidos n o s o de atores das pr prias comunidades ou dos diversos movimentos sociais elucidando seus problemas como o da poss vel perda da sazonalidade das guas O editorial indica ser essa uma preocupa o de especialistas S o eles que falam pelas comunidades Descrevem se as argumenta es dos especialistas de tal forma que o problema social parece ser de um outro e de um outro subalternizado remetendo se s comunidades que vivem da sazonalidade Todavia n o h um cuidado ao descrever essa argumenta o que n o diz respeito somente ao que a transposi o poderia impactar mas inclusive se refere a uma problem tica atual devido ao fluxo artificializado dos rios regido pela operacionalidade das barragens como no vale do rio S o Francisco e do rio Jaguaribe A descri o confunde as pr ticas de trabalho de ribeirinhos portanto pr ticas de distintas culturas de comunidades que se relacionam com a sazonalidade da cheia e vazante em rios perenes e intermitentes Sazonal relativo esta o do ano e isso n o se acabar uma usurpa o mal feita do discurso dos especialistas que faz parecer tratar se de um problema apenas ecol gico quando ele socioambiental e
363. iversas amplia es programadas e h um porto moderno inaugurado em mar o de 2002 cuja implanta o deslocou for osamente centenas de pessoas de uma comunidade tradicional de pescadores bem como veio impactar ind genas da etnia Anac Como parte do projeto de transposi o do rio S o Francisco revelam se outras inten es econ micas mediadas pela elite pol tica do Cear Um dos eixos da transposi o dever ser interligado barragem do Castanh o A partir dela surge o canal adutor chamado Eixo de Integra o com 270 km em t rmino de constru o Esse Eixo conecta se em uma de suas pontas finais Regi o Metropolitana de Fortaleza Isso bem divulgado pelo EIA Rima contudo n o se esclarece que o Eixo de Integra o tamb m aduzir gua para o CIPP no litoral oeste do Cear At dezembro de 2007 o Plano Piloto do CIPP apontava o uso e a ocupa o de uma rea de 320 km Os planos sobre o tamanho desse terreno mudaram e foram oficializados em decreto de concess o de rea para utilidade p blica sua amplia o em mais 700 ha onde se pretende a concretiza o da Usina Sider rgica do Pec m da companhia coreana Dongkuk e da Companhia Vale do Rio Doce A receita anual prevista do empreendimento de US 340 milh es CIPP 2010 A usina produzir na primeira fase entre 2 5 e 3 milh es de toneladas de placas de a o produ o que pode ser expandida no futuro para at 5 milh es de toneladas Para t
364. la es de domina o tornou se um dos balizamentos te ricos desta pesquisa Dessa forma pretende se entender a not cia tamb m a partir da posi o do poder de produ o e de dissemina o de informa es no contexto de um forte conglomerado midi tico exemplifica o do Grupo Folha O material foco desta an lise imagens e editoriais parece ser especial para a percep o da ideologia dominante pois de sua fabrica o depreende se em grande medida o alto grau de controle por parte dos propriet rios do Jornal e ou de seu staff de 125 confian a m xima Na produ o de montagem de capas escolha de imagens e escrita de editoriais existe um tanto da consagra o do exerc cio de diretores de consci ncia para usar um termo elaborado por Bourdieu 1997 ao observar o comportamento por exemplo do apresentador de telejornais quando esse pretensamente postula que seu dever a enuncia o daquilo que acredita ser o mais importante para toda a sociedade e que essa deve perceber os fen menos sociais tornaram se pequenos diretores de consci ncia que se fazem sem ter de for ar muito os porta vozes de uma moral que dizem o que se deve pensar sobre o que chamam de os problemas da sociedade p 65 grifos do autor Para Guy Debord 1997 faz parte da elabora o do espet culo midiatizado ser erigido pela coniv ncia de um grupo de profissionais com o falseamento da realidade em uma rela o bin
365. le Em entrevistas de campo militantes do MAB da regi o Nordeste comentaram que no in cio de 2004 eles obtiveram uma audi ncia com Ciro Gomes ent o ministro da 120 Integra o Nacional que negou a exist ncia de um planejamento avan ado em rela o transposi o do rio S o Francisco ainda que diversos ve culos de comunica o j anunciassem que a pr pria Presid ncia da Rep blica coordenava estudos para tal O ministro tamb m negou que o governo Lula planejava a constru o de grandes barragens no Nordeste Outra contradi o pois tamb m se encontrava em est gio avan ado os projetos das barragens de Riacho Seco e Pedra Branca situadas no trecho entre as barragens de Sobradinho e Itaparica no rio S o Francisco mesmo sendo projetos liderados pelo MME especificamente pela Chesf esses projetos t m responsabilidades interministeriais compartilhadas Nessa reuni o uma das exig ncias dizia respeito melhoria da pol tica de compensa o aos atingidos pela barragem do Castanh o de responsabilidade do Dnocs rg o do MI esses sujeitos ao mesmo tempo s o atingidos pela transposi o devido ao Castanh o ser considerado um reservat rio pulm o para receber as guas da transposi o O seguinte relato colhido pela pesquisadora em 2004 elucida o quanto os atingidos pela barragem do Castanh o no in cio do governo Lula 2003 2004 estavam imersos nas tentativas de resolu o das compensa es so
366. lgo O sil ncio n o escapa esfera da produ o de sentidos de modo que ele n o sem sentido mas poliss mico Orlandi 2007b Quando se esclarece que h um silenciamento sobre as principais argumenta es de militantes de movimentos sociais em defesa de justi a ambiental encontradas na grande m dia ao mesmo tempo esse silenciamento expressa rela es de poder Ilustra inten es no poder da grande m dia em construir estrat gias de ocultamento dos argumentos quando as informa es s o escolhidas pela pr pria lente de quem produz a not cia O silenciamento sobre as propostas da rede tamb m usado como mecanismo ideol gico em que se representa a rede de resist ncia diminu da em sua import ncia 248 Imagens com sentido de ridiculariza o da resist ncia O impresso polarizou distintas reportagens na mesma p gina mas de modo a possibilitar que na visualiza o geral essas reportagens encontrassem sentidos estreitos e comunicantes entre si De um lado da p gina se visualiza o contexto da Ocupa o os sujeitos insurgentes e reivindicantes e do outro lado o contexto festivo do presidente Lula em sua festa junina os sujeitos a quem se reivindica O efeito de sentido sugere menosprezo da Presid ncia da Rep blica como se n o passassem por sua preocupa o as exig ncias populares para o cancelamento da obra A mesma constru o simb lica foi acionada em dois dias diferentes cf Figura 12 A primeira im
367. lidariedade de todos e todas Escolhemos Sobradinho como sede da Confer ncia pelo seu valor simb lico de resist ncia nestes 30 anos da barragem revivido nos 24 dias de jejum de Dom Luiz Cappio ao final de 2007 A experi ncia vivida por n s pr ximos ou distantes em torno dele naquela ocasi o sintetizou m stica e pol tica solidariedade e f economia e ecologia reinventou nossas formas de a o e nos colocou em mais alto patamar de luta pela Vida Na capela do jejum fizemos a abertura ao redor de potes e plantas do Semi rido juntando terras e guas trazidas pelas delega es entre as quais gua turva do Rio Tiet e terra do Cemit rio de Perus onde eram enterrados ativistas desaparecidos durante a ditadura militar e indigentes do Povo de Rua de S o Paulo A Confer ncia foi organizada e realizada pelos movimentos e organiza es sociais representando os mais diversos segmentos das regi es implicadas e de outras do pa s e do Exterior com os objetivos de fazer um balan o destas lutas e suas implica es consolidar a unidade entre entidades e pessoas nelas envolvidas e definir pr ximos passos Ao analisar a situa o atual mais uma vez rejeitamos este modelo de desenvolvimento predat rio e excludente que cada vez mais amea a o Planeta No Brasil parte essencial das pol ticas do governo federal que mant m o pa s na condi o de exportador de produtos prim rios como min rios e produtos agropecu r
368. liminar para que contr rios obra do rio S o Francisco deixem a propriedade usada pelo Ex rcito Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 30 jun 2007 9 GUIBU F bio Invas o contra obra de transposi o tem ger ncia de empresa No acampamento dos manifestantes de Cabrob PE tarefas s o divididas por setor e administradas por grupos diferentes Receitas e despesas s o registradas em planilhas de computador coordenador nega que protesto siga administra o empresarial Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 01 jul 2007 10 FOLHA DE S PAULO Aguas turvas Folha de S Paulo Primeiro Caderno Editorial S o Paulo 01 jul 2007 276 11 GUIBU F bio S o Francisco Quatro governadores lan am frente a favor da transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 03 jul 2007 12 POL CIA deve retirar hoje grupo que tenta impedir obra no S Francisco Assessor da CPT diz que manifestantes v o resistir desocupa o de fazenda Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia Recife 04 jul 2007 13 GUIBU F bio Sem resist ncia invasores desocupam canteiro de obras do rio S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia Recife 05 jul 2007 14 GUIBU F bio Depois de serem retirados da obra do S o Francisco ndios invadem f
369. linda PE para denunciar a viola o dos direitos tnicos e territoriais dos povos ind genas atingidos pela transposi o do rio S o Francisco 21 a 23 agosto celebrado o Il Encontro Popular da Bacia do rio S o Francisco em Juazeiro BA 289 2010 17 de mar o 800 militantes do MAB ocupam a Chesf em Sobradinho BA reivindicando a paralisa o imediata dos projetos de constru o das barragens de Riacho Seco e Pedra Branca no rio S o Francisco e a suspens o das obras da transposi o 17 a 19 de junho Ocorre o Encontro dos Atingidos e Atingidas pela Transposi o em Campina Grande PB com representantes de diversos movimentos e entidades populares para discutir a problem tica socioambiental das fam lias com seus direitos humanos violados pela constru o da obra 290 AP NDICE C MODOS DE OPERAR DA IDEOLOGIA Ap ndice C Modos de operar da ideologia em que rela es de domina o s o estabelecidas e sustentadas Recortes ipsis litteris como se encontra em Thompson 2002 p 81 88 Modos Gerais de Ideologia Algumas estrat gias t picas de constru o simb lica 1 Legitima o A representa o das rela es de domina o como leg tima pode ser vista como uma exig ncia de legitima o que est baseada em certos fundamentos expressa em certas formas simb licas e que pode em circunst ncias dadas ser mais ou menos efetiva p 82 Racionaliza o cadeia d
370. linguagens de valora o Trad Maur cio Waldman S o Paulo Contexto 2007 MARX Karl O 18 de brum rio de Lu s Bonaparte S o Paulo Boitempo 2011 pp 142 e 148 MARX Karl ENGELS Friedrich A ideologia alem S o Paulo Hucitec 1997 MELATTI Julio Cezar ndios do Brasil Bras lia S o Paulo Hucitec UnB 1987 1970 254 MELUCCI Alberto A Inven o do Presente movimentos sociais nas sociedades complexas Petr polis Vozes 1991 MERTON Robert LAZARSFELD Paul Comunica o de massa gosto popular e a organiza o da a o social Tradu o Carmem Dora Guimar es In LIMA Luiz Costa Org Teoria da cultura de massa S o Paulo Paz e Terra 2005 M SZ ROS Istv n O poder da ideologia Trad Paulo C zar Castanheira S o Paulo Boitempo 2004 Para al m do capital S o Paulo Boitempo 2002 M DIA E POL TICA M dia e pol tica 2012 h bitos de informa o e monitoramento pol tico Ano 5 Bras lia FSB Comunica es 2012 MIGNOLO Walter La colonialidad a lo largo y a lo ancho el hemisferio occidental en el horizonte colonial de la modernidad In LANDER Edgardo Org La colonialidad del saber eurocentrismo y ciencias sociales Perpectivas latinoamericanas Bueno Aires Clasco 2008 pp 55 86 NOGUEIRA Ataliba Ant nio Conselheiro e Canudos S o Paulo Companhia Editora nacional Brasiliana 1974 OLSON Mancur The logic of collective action Cambridge Harvard
371. litantes foi a de tornar poss vel a passagem de mais militantes e de mantimentos para o acampamento devido s in meras barreiras policiais que impediam o acesso Informaram que havia uma enorme tens o e medo entre os manifestantes coagidos pela presen a de in meros policiais armados v rios deles sem identifica o e outros paisana Houve tentativas de infiltra o no Acampamento e ainda helic pteros militares sobrevoavam o local Relato diferente do texto que acompanha a fotografia e pela pr pria fotografia aparentando se que no local havia a presen a que poucos policiais Na primeira fotografia aparece um nico policial com um papel em m os depreendendo se que ele est conversando com um senhor vestido com a camiseta da rede de articula o popular de resist ncia acompanhado de um grupo de pessoas Na segunda fotografia que ilustra a reportagem publicada na data da desocupa o os policiais aparecem mais armados e equipados em rela o primeira foto todos est o em oposi o a apenas duas mulheres que n o portam objetos que as identifiquem explicitamente ao movimento Como ocorreu na reportagem sobre a Manifesta o em Bras lia os integrantes da rede de resist ncia continuam sendo nominados invasores A notar pelo t tulo da mat ria e legenda alusivos Imagem 1 Figura 10 Manifestantes contra a transposi o invadem obra Manifestantes contr rios transposi o do rio S o Francisco em rea
372. lo 10 dez 2007 Transcri o do Banco de Not cias da Radiobr s Dispon vel em lt clipping radiobras gov br gt Acesso em 14 abr 2008 LULA SE DIZ longe da esquerda e quer manter pol tica econ mica S L Reuters 14 jul 2006 Dispon vel em lt http noticias terra com br eleicoes2006 interna 0 011070437 E16652 00 html gt Acesso em 14 set 2010 MALVEZZI Roberto Transposi o do Rio S o Francisco Realidade e Mito S L Am rica Latina en Movimiento ALAI 12 ago 2004 Dispon vel em lt http alainet org active show text php37key 6589 gt Acesso em 12 maio 2010 OPINI O P blica Acima das expectativas Lula encerra mandato com melhor avalia o da hist ria S o Paulo Datafolha Instituto de Pesquisa 20 dez 2010 Dispon vel em lt http datafolha folha uol com br po ver po php session 1122 gt Acesso em 4 ago 2011 PERFIL do leitor S o Paulo Folha de S Paulo 2010 Dispon vel em lt http www publicidade folha com br web consultarPerfilLeitor jsp p1 FSP amp p2 x gt Acesso em 15 jun 2011 PORTELA F bio O pecado do franciscano O bispo Cappio chantageia o governo para sustar a transposi o do Rio S o Francisco Mas sua greve de fome n o problema do estado Veja Religi o Edi o 2039 19 de dezembro de 2007 Dispon vel em lt http veja abril com br 191207 p 138 shtml gt Acesso em 22 jun 2008 p 138 RODA VIVA Entrevista Ciro Gomes Em defesa da transposi o do S o Francisc
373. lobal Universidad Nacional Mayor de San Marcos UNMSM 2007 ZIZEK Slavoj Um Mapa da Ideologia Rio de Janeiro Contraponto 1996 CONTE DO JORNAL STICO DA FSP CITADO NA TESE OUTRA PARTE DO MATERIAL COMPLEMENTA SE COM O APENDICE A AB S BER Aziz Nacib Debate A transposi o do rio S o Francisco Contra A quem serve a transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 20 fev 2005 Dispon vel em lt http wwwi folha uol com br fsp brasil gt Acesso em 22 set 2010 ACAYABA C ntia GUIBU F bio Manifestantes contra a transposi o invadem obra Governo diz que j pediu reintegra o de posse Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 27 jun 2007 p A9 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 06 27 2 gt Acesso em 11 ago 2011 ALENCAR Kennedy Caminho das guas Lula atrasa obra para negociar com bispo Projeto no rio S o Francisco ser adiado para que o governo negocie com religioso em greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 05 out 2005 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 05 2 gt Acesso em 11 ago 2011 Carta da CNBB a religioso critica jejum Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 17 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 17 2 gt Acesso em 15 ago 2011 Preocupado
374. logo de surdos 14 Tampouco o apoio de Lula fez ser determinante que um governador do PT fosse favor vel ao projeto como Marcelo D da PT governador empossado em 2007 com posi o contr ria obra O governador de Alagoas Teot nio Vilela PSDB tamb m permaneceu contr rio obra bem como A cio Neves PSDB governador de Minas Gerais que se reelegia no per odo Ou seja n o havia nem no segundo turno o consenso para o proclamado pacto federativo Ainda recorda se que a for a pol tica de Jaques Wagner n o foi capaz de fazer com que a Justi a Federal da Bahia se tornasse passiva aos seus fins pol ticos Essa foi a que mais criou demandas ao STF e a nica que dentre as 14 a es impetradas contra a transposi o teve seu m rito ao menos julgado embora rejeitado em ju zo do Supremo 170 Figura 6 Fotografia de ind genas vigiados por militares 7 de outubro de 2005 Legenda Indios ocupam departamento da empresa Aracruz Celulose Fonte imagem 1 Oliveira 07 out 2005 p A14 Foto Gildo Loyola A Gazeta de Vit ria Organizado pela autora Na mesma edi o de manchete sobre a greve de fome na mat ria interna Justi a suspende licen a para transposi o FREIRE 7 out 2005 p A14 foi veiculada uma mat ria sobre outro conflito de modo a denegrir os protestos de etnias ind genas O conflito trata se de disputa de interesses ind genas dos Guaranis cujo nome da etnia n o foi revela
375. m MPA MAB MST APOINME CPT CIMI CPP PJMP e FEAB apresentam a seguinte contraproposta 1 Manter a suspens o das obras iniciadas da transposi o com a retirada imediata das tropas do Ex rcito 2 Adu o de 9m3 s para as reas de maior d ficit h drico dos Estados de Pernambuco e da Para ba redimensionando o projeto atual de 28m3 s atrav s de termo de ajustamento entre o empreendedor e o Minist rio P blico Federal com interveni ncia dos Estados da Bacia do Estado da Para ba e do Comit de Bacia Hidrogr fica do S o Francisco 3 Implementa o das obras previstas no Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano de gua da Ag ncia Nacional de guas al m das j referidas acima no item 2 4 Apoio da Uni o introdu o amplia o e difus o de tecnologias apropriadas de capta o armazenamento e manejo de gua para o abastecimento h drico humano e produ o agropecu ria das comunidades camponesas do Semi rido sob controle da ASA Articula o do Semi rido Brasileiro e dos movimentos sociais 5 Elabora o e implementa o de um programa de revitaliza o da Bacia Hidrogr fica do S o Francisco que comporte a es amplas e diversificadas a curto m dio 301 e longo prazo e contemple a preserva o dos Cerrados e das Caatingas tornados Biomas Nacionais tendo como suporte or ament rio o Fundo de Revitaliza o do Rio S o Francisco conforme a PEC a ser aprovada imediatamente
376. m cada vez mais centradas em necessidades materiais imediatistas e agiam como se a consci ncia deles fosse a tradu o justa dos anseios da classe oper ria implicando no problema da falsa consci ncia Por outro lado os partidos socialistas cada vez mais passavam a ser representados por intelectuais de origem burguesa com boas condi es profissionais melhor qualificados que os oper rios no mbito da tarefa da organiza o necess ria ao partido pol tico e ocupando postos de responsabilidade Esses come aram a se sentir uma vanguarda intelectual sobrepondo se arrogantemente ao comando incorreto da aristocracia oper ria Em resumo a estava presente o debate que se referia ao tipo de conquista do poder do Estado se pela via parlamentar gradual por meio do voto ou pela insurrei o revolucion ria a antiga mas atual cr tica de Rosa Luxemburgo Reforma ou Revolu o De fato o sufr gio foi uma expl cita demanda da classe trabalhadora sobre a qual as for as conservadoras passaram a perceber que podiam obter vantagens a partir da concess o dessa exig ncia para coopta o dos movimentos tornando atual mais uma vez o antigo questionamento os movimentos populares socialistas devem ou n o se envolver em atividades de elei es e em disputas parlamentares Para alguns a disputa vantajosa J4 pois a grande maioria dos votantes a popula o com eles identificada Dessa forma 45 paulatinamente
377. m Luiz Fl vio Cappio Bras lia 05 out 2005 COMIT DA BACIA HIDROGR FICA DO RIO S O FRANCISCO CBHSF Plano Decenal de Recursos H dricos da Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco PBHSF 2004 2013 Texto aprovado pelo CBHSF em 17 jun 2004 Resumo Executivo Bras lia Agencia Nacional de Aguas ANA Fundo Mundial para o Meio Ambiente GEF Programa das Na es Unidas para o Meio Ambiente Pnuma Organiza o dos Estados Americanos OEA 2004 TOCANTINS SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E MEIO AMBIENTE DO TOCANTINS SEPLAN Projeto Doador guas do Tocantins para o semi rido transcender seus limites Palmas TO Seplan 2000 LEGISLA O BRASIL ANA Resolu o n 412 de 22 de setembro de 2005 resolve emitir em favor do Minist rio da Integra o Nacional CNPJ n 03 353 358 0001 96 o Certificado de Avalia o da Sustentabilidade da Obra H drica CERTOH para o Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional BRASIL Constitui o Federal 1988 Dispon vel em lt https Avww planalto gov br gt Acesso em 12 jun 2012 Resolu o n 5 do Conselho Nacional de Recursos H dricos CNRH de 10 de abril de 2000 e modificada pela Resolu o n 18 de 20 de dezembro de 2001 e pela Resolu o n 24 de 24 de maio de 2002 Decreto Presidencial de 5 de junho de 2001 que institui o Comit de Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco Lei 8977 de 6 d
378. ma Adutor S o Jos dos Campos Minist rio da Integra o Nacional Secretaria de Infraestrutura H drica Inpe e Funcate 2008 BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA Entrevista coletiva concedida pelo Presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva s r dios dos estados beneficiados pelo projeto S o Francisco R dio Jornal do Com rcio PE R dio Sociedade BA R dio Verdes Mares CE R dio Mirante MA R dio Itatiaia MG R dio 101 FM PB R dio Sert nia FM PE R dio Itapuama FM PE R dio Verdes Mares Pl R dio Ilha FM SE Pernambuco Presid ncia da Rep blica Secretaria de Imprensa 15 out 2009 Dispon vel em lt http Avww imprensafno planalto gov br gt Acesso em 23 set 2010 ntegra do discurso do Presidente Lula na Vila Produtiva Rural do Projeto S o Francisco Salgueiro PE Presid ncia da Rep blica Secretaria de Imprensa 14 dez 2010a Dispon vel em lt www mi gov br noticias gt Acesso em 06 jan 2011 Palavras do Presidente da Rep blica Luiz In cio Lula da Silva durante visita s obras do t nel Cuncas no lote 14 do Projeto S o Francisco na Para ba S o Jos de Piranhas Para ba Presid ncia da Rep blica Secretaria de Imprensa 14 dez 2010b Dispon vel em lt http Avww mi gov br noticias gt Acesso em 06 jan 2011 267 BRASIL SECRETARIA DE RELA ES INSTITUCIONAIS WAGNER Jaques Carta de reitera o de proposta de di logo do Presidente da Rep blica a Do
379. ma arma Tratava se de uma opera o da pol cia no morro da Rocinha RJ em busca de um chefe de tr fico como menciona a legenda Esse mesmo efeito de diagrama o de capa posicionando imagens sobre a resist ncia contra a transposi o junto a imagens de cunho violento ocorreu na capa de outra edi o do jornal a de 16 de mar o de 2007 Figura 7 not rio que na capa da Folha de S Paulo seja recorrente o uso de imagens relativas viol ncia Nas capas do Jornal nesse mesmo m s de outubro de 2005 surgiram fotografias da seguinte forma em duas edi es imagens de rebeli es em penitenci rias 18 e 29 10 tr s edi es com imagens alusivas ao referendo sobre o uso de armas duas edi es com imagens de tumultos em est dios e edi es com imagens alusivas a desastres naturais No entanto justo o que vem a ser um uso recorrente da imagem de conota o negativa o que pode ser utilizado para fortalecer a imagem de pessoas organiza es e casos como negativos passando facilmente despercebida essa intencionalidade se manipulada pelo Jornal Efeito semelhante foi verificado na apresenta o da reportagem interna sobre a greve relacionada a essa mesma primeira capa A not cia veiculada na p gina A20 Figura 2 e junto fotografia de um carro policial repleto de armamento apreendido que segundo a mat ria teria sido encontrado em um canavial pr ximo a um acampamento do Movimento de Liberta o dos Sem Terr
380. ma cultura elitista da corte imperial n o criticando por exemplo as pr ticas escravagistas e a concentra o de terras por outro parece ter se deixado surpreender com os conhecimentos e com as belezas naturais da caatinga e da cultura sertaneja Em geral vistas com lentes cobertas por estigmas sociais que se conectam descren a das pr ticas populares e de suas bases epistemol gicas para impulsionar pol ticas p blicas para a qualidade de vida no semi rido Assim cabe rememorar os seguintes trechos em Capanema Ao cearense nos per odos normais de inverno de fartura os meses de janeiro e abril bastam para lhe proporcionar os meios de subsist ncia durante o ano inteiro com isso desenvolve uma atividade e uma ostenta o de for a admir veis passa o dia inteiro s vezes durante semanas a correr gado coisa que exige muita habilidade destreza e sangue frio 1886 p 109 Em 1877 Capanema escreveu ao Instituto Polit cnico levando luz p blica suas recomenda es para o governo imperial logo depois republicano auxiliar a popula o sertaneja Indicava procedimentos como a constru o de cisternas o incentivo produ o de gr os em per odos chuvosos a implanta o de armaz ns adequados para os gr os e para o feno dos animais arboriza o constru o de estradas Ainda percebia nas culturas de vazante excelentes pr ticas a serem incentivadas CAPANEMA 1886 pois condi es climatol
381. ma os protestos contra obras no rio S o Francisco N o deixa de chamar aten o que um destaque como personagem crist o representado na reportagem venha a ser o ministro da Integra o Nacional Geddel Vieira que declarou Ainda que d Cappio dirija a mim alguma agress o vou p r em pr tica o ensinamento que aprendi na minha igreja Cat lica oferecer a outra face O efeito mencionado de posicionar mat ria que desqualifica os movimentos sociais pr xima mat ria sobre a resist ncia aqui se fez novamente presente Abaixo da reportagem sobre o acampamento em Cabrob Figura 9 h uma mat ria sem fotografia na qual o t tulo e o subt tulo informam Sem terra invadem mais 3 fazendas em S o Paulo O n mero de propriedades invadidas sobe para 67 Especificamente a reportagem inicia se vinculando categoricamente o MST lideran a de Jos Rainha os sem terra j totalizam 18 fazendas invadidas em uma semana pelo MST de Jos Rainha Jr com apoio de sindicatos da CUT e outros grupos MACHADO 29 jun 2007 p A10 grifo nosso Todavia o MST tem declarado in meras vezes que Jos Rainha n o pertence aos seus quadros em nenhuma de suas inst ncias seja nacional estadual ou local Figura 10 Fotografias relativas s mat rias sobre a Ocupa o do Canteiro de Obras 27 de junho e 4 de julho de 2007 F RE w a E 3 Legenda Manifestantes contr rios Legenda Policiais vigiam a entra
382. mbatentes para realizar as obras de transposi o do rio S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil Opini o S o Paulo 24 jan 2008 RR MP Projeto busca manter eleitorado fiel a Lula Obra pode funcionar como trunfo eleitoral para Lula 2006 Folha de S Paulo Caderno Especial S o Paulo 09 out 2005 Dispon vel em lt http Ayvwwi folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 SALOMON Marta Caminho das guas Cronograma de obra n o ter preju zo diz Ciro Meta iniciar projeto no S o Francisco em novembro apesar de liminar que impede Ibama de conceder licen a Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 08 out 2005 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 SALOMON Marta Ciro inicia licita o antes de licen a ambiental Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 17 fev 2005 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 SALOMON Marta Ministro assina ordem para in cio da transposi o do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 8 maio 2007 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 SALOMON Marta Obra no S o Francisco come a com 50 homens e R 5 bilh es de gasto Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 10 jun 2007 SALOMON Marta S o Francisco Ibama libe
383. mentar consideravelmente importante considerar que esses deputados e senadores concession rios participavam diretamente da Comiss o de Ci ncia Tecnologia Comunica o e Inform tica CCTCI da C mara dos Deputados Diante da composi o dessa Comiss o a representa o desses deputados concession rios garantia por si quorum m nimo para aprovar as concess es em audiovisual Trata se de um eficiente estratagema para os interesses politico econ micos da classe dominante um processo ciclicamente viciado da m dia corporativa no qual se legisla em causa pr pria e desvirtua se o que deveria estar reservado ao interesse p blico 4 3 O GRUPO FOLHA E A LEGITIMA O POL TICA A hist ria do desenvolvimento inicial da Folha de S Paulo e de sua consolida o est vinculada hist ria da imprensa nacional que fomentou a produ o simb lica voltada para a legitima o do golpe de Estado brasileiro de 1964 e sustenta o desse poder no comando da pol tica no Brasil BIROLI 2009 TOLEDO 2009 COMPARATO 2010 Cabe lembrar que na d cada de 1960 o Jornal n o tinha o alcance corporativo que depois veio apresentar No entanto h que se lembrar que nesse per odo a m dia impressa e o r dio ocupavam importante papel como institui o de legitima o na pol tica do pa s pois a televis o brasileira ainda estava a caminho de consolidar se como m dia massiva nacional A t tulo de demonstrar o reflexo dessa pol tica do Gr
384. mente a ajuda dos esp ritos do passado tomam emprestados os seus nomes as suas palavras de ordem o seu figurino a fim de representar com essa vener vel roupagem tradicional e essa linguagem tomada de empr stimo as novas cenas da hist ria mundial 2011 p 26 27 57 Dessas enuncia es destaca se a for a do uso das imagens que aludem ao Brasil Imp rio Em primeiro lugar o discurso de que o honrado D Pedro Il o mesmo sobre quem frequentemente lemos e ouvimos teria dito que se fosse preciso venderia at a ltima joia da coroa para sanar os problemas da seca no Nordeste Muitas vezes isso repassado automaticamente para acabar n o exatamente com a problem tica da seca mas para levar a cabo a pr pria constru o da transposi o como nesta declara o do ex ministro da Integra o Nacional no per odo do governo FHC Fernando Bezerra que em 2003 estava como senador do Rio Grande do Norte estado considerado receptor das guas a serem transpostas Esse projeto t o antigo quanto as secas no Nordeste e vem sendo adiado h mais de 150 anos Deix lo para mais tarde conden lo ao fracasso mais uma vez desde que D Pedro Il determinou os primeiros estudos em 1852 afirmando que a obra era t o importante que se necess rio venderia as joias da pr pria Coroa para financi la BEZERRA 06 out 2008 p 1 Percebe se que a pr tica ideol gica da classe pol tica dominante brasileira do
385. miss o permaneceu por mais de dois anos 1859 1861 Os principais motivos que moveram os cientistas do Imp rio a escolher o Cear como um locus primordial de pesquisa n o se justificavam pela pr pria sensibilidade dos cient ficos ou mesmo pela de D Pedro Il nem pela necessidade de se estudar os efeitos das secas sobre a popula o sertaneja As atas do IHGB demonstram que a raz o das pesquisas pautava se na premissa de que a prov ncia cearense guardava jazidas de ouro prata diamantes carv o mineral entre outros minerais portanto urgia a averigua o Moveram se dentro do ide rio da conquista de um novo eldorado para aquilatar fortunas para o Imp rio uma vez que as mais ricas e conhecidas jazidas minguavam se BRAGA 1962 Por fim os cientistas conclu ram que o Cear n o seria a nova Minas Gerais mais um solo rico a ser explorado Esse fato ocasionou ferrenhas cr ticas de seus opositores que alegaram que tamanho disp ndio de nada tinha valido os cientistas eram tratados como incompetentes e perdul rios s expensas do governo Entre uma das v rias atividades desenvolvidas pela Comiss o est o caso da introdu o dos quatorze dromed rios com seus quatro tratadores oriundos da Arg lia para o Cear Essa hist ria sempre utilizada como exemplo de pol tica inoperante para resolver dificuldades do Nordeste Ela tamb m adentra como uma base legitimadora de subterf gio de que o problema da seca no Nordeste a
386. mo retomado por Spivak 1994 em que a partir do momento em que uma quantidade de pessoas vive em uma certa condi o de exist ncia e que se re nem para derrubar um tipo de poder aqui o sentido de poder n o est reduzido tomada de poder de Estado essas podem ser nominadas de classe Spivak menciona a passagem em que Marx discute classe A conten o de Marx aqui que a defini o descritiva de uma classe pode ser um diferencial um corte e uma diferen a de todas as demais classes na medida que milh es de fam lias vivem sob condi es econ micas de exist ncia que separam o seu modo de vida seus interesses e suas forma es daqueles de outras classes e colocam nos confrontados como inimigos feindlich gegen berstellen eles formam uma classe 1994 p 70 1 tradu o nossa Uma vers o brasileira da passagem de Marx a seguinte Milh es de fam lias existindo sob as mesmas condi es econ micas que separam o seu modo de vida os seus interesses e a sua cultura do modo de vida dos interesses e da cultura das demais classes contrapondo se a elas como inimigas formam uma classe 2011 p 142 143 Entre os elos mais fortes e ativos que comp em a rede de resist ncia ao que se pode conceb la como classe oprimida est o os movimentos sociais populares sobretudo os camponeses que possuem abrang ncia nacional e t m atua o massiva o caso do MAB e do MST Ao lado desses est o as pastorais r
387. mostrado em um longo percurso de antagonismos de classe O Cap tulo Il discorre sobre a narrativa da g nese da transposi o do rio S o Francisco alusiva ao Brasil Imp rio Neste cap tulo busca se dialogar entre fatos hist ricos fragmentos de falas de pol ticos e publica es da imprensa jornal stica objetivando compreender parte da estrat gia simb lica de narrativiza o como uma das formas em que a ideologia opera Nesse percurso anal tico percebe se a elite pol tica cearense como incentivadora do projeto de transposi o desde o s culo XIX e mais recentemente no s culo XXI liderando e realizando investimentos para promover ideologias a favor da obra No Cap tulo Il h a an lise da transposi o de forma relacionada trajet ria pol tica do presidente Lula antes da Presid ncia da Rep blica sua ret rica de promessa de um governo democr tico popular e as contradi es na condu o de seu governo frente classe trabalhadora e movimentos populares O Cap tulo Ill traz uma caracteriza o da rede de resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco Para entendimento de sua forma o a an lise buscou compreender como se constituiu parte da organiza o da popular na bacia antes da enuncia o do projeto de transposi o no governo Lula compreendendo se as lutas sociais em torno dos impactos sociais das grandes barragens sobre a popula o ribeirinha desde a d cada de 1970 a organiza o
388. nca a menciona em letra mai scula Nesse caso em especial troca se o k por c Nota se que esse n o um caso isolado ao mencionar os Truk s pois o Jornal tem o costume de exibir o nome de todas as na es ind genas com letra min scula Esse modo de nominar as etnias ind genas vem sendo criticada h d cadas inclusive no cen rio internacional O que foi ocultado que se tratava de uma ocupa o de retomada de terras na fazenda M e Rosa expropriada para obras da transposi o H mais de dez anos a Funai indicou essas terras como territ rio de pertencimento leg timo da etnia Truk todavia o Estado n o as demarcara at ent o cf RIO 2007 Ponderando se as dificuldades de implanta o da resist ncia de modo fixo nos canteiros de obras e visto a assimetria de poder entre as for as do Estado sobretudo militares e judiciais e ainda dada a contrapartida da m dia corporativa a rede de resist ncia veio fortalecer se sob novas estrat gias de luta optando pela realiza o do que chamaram de Mutir es Foram atividades de conscientiza o e alerta sobre os diretos das popula es atingidas pela obra em diversos munic pios ao longo do tra ado programado para a transposi o Ao analisar as representa es e contextos jornal sticos concernentes das Figuras 7 a 13 isto as que abordaram a Manifesta o em Bras lia e a Ocupa o Acampamento em Cabrob apresenta se a seguinte s ntese 1 as duas manifesta es s
389. ncisco Ibama libera transposi o mas sob condi es Instituto imp s condi es para que a principal obra da gest o Lula seja realizada editais ser o lan ados Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 30 abr 2005 17 S O FRANCISCO Projeto o mais seguro do mundo afirma ministro Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 05 maio 2005 18 FERNANDES Kamila Transposi o preocupa a PF Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 15 maio 2005 19 FERNANDES Kamila Ciro defende que apura o queime no rabo de quem tiver de queimar Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Fortaleza 19 jul 2005 20 RIO S O FRANCISCO Ministro e governador divergem sobre transposi o Ciro Gomes defendeu o projeto em semin rio do TCU j Jo o Alves Filho fez duras cr ticas s obras Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 12 ago 2005 21 ALVES FILHO Jo o Transposi o insensata Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo 18 set 2005 22 GOMES Ciro A integra o do bom senso Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo Bras lia 20 set 2005 MAT RIAS DURANTE A EFERVESC NCIA MIDI TICA DA PRIMEIRA GREVE DE FOME SETEMBRO A OUTUBRO DE 2005 1 ALMEIDA Luciano Mendes de Rio S o
390. ncisco ao consumo humano e animal na vaz o m xima de 12 m s Em reuni o pr via procuradores da Rep blica e promotores de Justi a dos estados banhados pelo rio S o Francisco celebrada na Procuradoria de Rep blica em Bras lia deliberaram pela propositura de Mandado de Seguran a contra a ministra do MMA Marina Silva ent o presidente do CNRH A reuni o do CNRH foi impedida por liminar concedida pelo Minist rio P blico Federal e pelo Minist rio P blico do Distrito Federal 2005 17 de janeiro Convocada reuni o do CNRH mesmo diante de liminar judicial contr ria Na ocasi o o Pisf foi aprovado levando em considera o uma Nota T cnica da ANA 492 23 set 2004 afirmando haver disponibilidade h drica no rio S o Francisco O documento de aprova o n o faz nenhuma men o ao Plano de Recursos H dricos da Bacia do Rio S o Francisco documento legalmente formalizado diante de ampla participa o dos usu rios da bacia em consultas p blicas como lhe assegura a Lei 9433 97 18 de janeiro A ANA concede a outorga preventiva de gua ao Pisf Abril liberada a Licen a Pr via LP pelo Ibama sem que ocorressem as audi ncias p blicas nos estados doadores como em Minas Gerais Bahia Alagoas Sergipe Goi s e no Distrito Federal Maio Ocorre a Marcha Nacional pela Reforma Agr ria do MST com 17 mil participantes entre o trecho Goi nia Bras lia 230km percorrendo o em 17 dias 22 de setembro O
391. ndo Halfeld Os estudos de Halfeld 1860 se voltavam para a an lise sobre o potencial de navegabilidade do rio S o Francisco e de seus afluentes resultando no livro Atlas e relatorio concernente a explora o do Rio de S Francisco desde a Cachoeira da Pirapora at ao Oceano Atlantico levantado por Ordem do Governo de S M I O Senhor Dom Pedro IlI Segundo vers es atuais o imperador teria se sensibilizado diante das fortes secas no Nordeste encomendando a Halfeld estudos para a realiza o ou a pr pria obra de engenharia da canaliza o S o Francisco Jaguaribe O que Halfeld pretendia com o seu 61 estudo era tornar a calha do rio S o Francisco e de seus afluentes objeto de lucratividade para o governo imperial por meio da cobran a pela navega o no rio S o Francisco e pela abertura de uma via de transporte fluvial para otimizar o escoamento de mat rias primas com vistas ao convencional mercado europeu Para tanto o relat rio de Halfeld indicava a necessidade de realiza o de centenas de obras no rio S o Francisco prevendo se a constru o de eclusas como nas cachoeiras de Pirapora de Sobradinho e de Paulo Afonso e a dinamita o de rochedos ao longo de todo o curso do rio Foram calculados os gastos para financiar cada obra bem como para manuten o das eclusas e sal rios dos trabalhadores al m de recomenda es para uso de embarca es a vapor Coube entre o conjunto do relat rio apontar aspectos clim
392. ndo nos discursos do pol tico a ressaltar o termo colapso h drico para dar legitimidade discursiva a mais uma obra de salvacionista neste caso a transposi o A pr tica de patrocinar a divulga o midi tica foi bem incorporada por pol ticos do Cear Em 2006 o governo liberou cerca de meio milh o de reais do Fundo Estadual da Cultura Cear para a escola de samba do Rio de Janeiro a Esta o Primeira de Mangueira que adotou como t tulo de seu samba enredo Das guas do Velho Chico nasce um rio de esperan a defendendo a transposi o do rio S o Francisco e a irriga o para exporta o Era uma aposta alta visto que essa escola de samba uma das mais conhecidas no Brasil A seguir um trecho do referido samba enredo da Mangueira com destaque para a defesa da pol tica de integra o e de irriga o visando exporta es para o mercado externo Vou navegar Com a minha Esta o Primeira Nas guas da integra o chegou Mangueira Gra as irriga o o ch o virou pomar E tem frutas de primeira pra saborear Um brinde exporta o um vinho pra comemorar O velho Chico pra se orgulhar A esperan a do sert o ESTA O PRIMEIRA DE MANGUEIRA 2006 Essas hist rias Vou com destino ao Cear Em busca de um novo eldorado Imperatriz Um brinde exporta o Mangueira se tornam alegorias de carnaval mas n o casuisticamente S o alguns dos mecanismos de di
393. ndo o IOCS O lfocs cria esbo os t cnicos sobre o canal S o Francisco Jaguaribe concluindo pela viabilidade t cnica da transposi o 1945 institu do o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas Dnocs 1972 O deputado cearense Wilson Roriz retoma o debate sobre a transposi o cogitando a tecnologia de bombeamento da gua para sua viabilidade t cnica 1978 1979 O Dnocs prepara editais de licita o para realiza o de estudos sobre a transposi o de guas do rio Tocantins e do rio S o Francisco 1980 O Plano de Irriga o do Semi rido realizado pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento DNOS trata as guas do rio S o Francisco como fonte h drica complementar 284 para os rios do Nordeste setentrional indicando a possibilidade de futura capta o de 42 4 m s de sua vaz o 1981 O Dnocs elabora projeto de engenharia da transposi o do rio S o Francisco cuja vaz o h drica de capta o de 300 m s para suprir as bacias dos rios Jaguaribe Piranhas e Apodi 1990 2002 1990 No in cio da d cada de 1990 o projeto de transposi o apresentado pelo ex ministro Alu zio Alves por m o projeto indeferido pelo TCU 4 de outubro de 1992 a 4 de outubro de 1993 Ocorre a peregrina o de Dom Cappio ent o ainda frei Cappio com mais tr s religiosos pelo vale do rio S o Francisco 22 de dezembro de 1993 O ministro do Meio Ambiente no governo Itamar
394. nia no sentido ampliado de domina o pelo consentimento tal como se tornou conhecida atrav s da teoria marxista de Antonio Gramsci O autor dedicou se a compreender porque a classe dominante foi t o bem sucedida em promover seus pr prios interesses na sociedade Fundamentalmente hegemonia o poder da classe dominante de convencer outras classes de que seu interesse o interesse de todos Domina o dessa forma exercida n o necessariamente pela for a tampouco pela persuas o ativa mas por um poder mais sutil e dissipado por sobre a economia e por sobre os aparelhos de Estado tais como a educa o e a m dia Por meio desses o interesse da classe dominante apresentado como interesse comum e dessa forma tornado indiscut vel ASHCROFT et al 1998 BOCAYUVA 1992 Para Gramsci uma hegemonia deve ser trocada por uma outra hegemonia sendo essa a contra hegemonia Uma revolu o implica a derrocada de uma hegemonia espec fica e a cria o de uma hegemonia alternativa WILLIANS 2007 Complementando essa ideia M sz ros 2004 explica que a ideologia n o pode ser superestimada Ela pode se tornar socialmente ultrapassada caso haja a constru o de uma consci ncia pol tica coletiva dos grupos explorados capaz de disseminar um conjunto de valores e de estrat gias para evidenciar como a classe dominante tem exercido hegem nica influ ncia sobre os processos materiais do metabolismo social Slavoj Zizek 1996 afirma que
395. nio de Nas guas do rio Folha de x x Integrante do S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 Conselho editorial dez 2007 da FSP 30 BARROS E SILVA Fernando de guas republicanas x Editor Caderno Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Poder da FSP Paulo 21 dez 2007 31 GASPARI Elio Let cia Sabatella fez bem ao Natal x x Colunista da FSP Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Sobradinho BA 23 dez 2007 32 CONY Carlos Heitor A tese e a pr tica Folha de x Integrante do S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo Rio Conselho editorial de Janeiro 27 dez 2007 da FSP 33 MALVEZZI Roberto Margens opostas Folha de x Coordenador da S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o S o Paulo 15 Comiss o jan 2008 Pastoral da Terra 34 ROBUSTI Jo o Claudio A guerra equivocada O x Presidente do Sin Ex rcito n o deveria mobilizar 380 de seus combatentes dicato da Ind stria para realizar as obras de transposi o do rio S o da Constru o Ci Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o vil do Estado de Brasil Opini o S o Paulo 24 jan 2008 S o Paulo C mputo geral 04 10 a favor da transposi o 20 sem posi o expl cita contra a transposi o Fonte Elaborado pela autora Obs Os seis artigos destacados s o de atores aliados resist ncia popular contra a transposi o 4 9 O ENFOQUE DOS JORNAL
396. no Congresso Nacional 6 Elabora o e implementa o de Programas de Revitaliza o das Bacias Hidrogr ficas dos Rios Jaquaribe no Cear Piranhas A u na Para ba e Rio Grande do Norte e Parna ba no Piau e Maranh o e rios tempor rios do Semi rido 7 Apoio t cnico pol tico ao Comit de Bacia Hidrogr fica do S o Francisco para elabora o do Pacto de Gest o das guas do S o Francisco com inclus o imediata do atendimento s demandas para abastecimento humano do estado da Para ba e do Pernambuco e considera o dos pleitos dos estados do Cear e Rio Grande do Norte para abastecimento humano e dessedenta o de animais 8 Coordena o pela Uni o da elabora o e implementa o de um Plano de Desenvolvimento Socioambiental Sustent vel para todo o Semi rido Brasileiro conforme o paradigma da Conviv ncia com o Semi rido Sobradinho 18 de dezembro de 2007 302 CARTA P S SEGUNDA GREVE DE FOME CARTA DE SOBRADINHO POVOS DO S O FRANCISCO E DO SEMI RIDO SE UNEM PELA VIDA N s os 93 movimentos populares e organiza es sociais e 213 pessoas participantes da Confer ncia dos Povos do S o Francisco e do Semi rido realizada em Sobradinho BA entre 25 e 27 de fevereiro de 2008 tornamos p blicas as discuss es e as decis es de continuidade de nossas lutas pela vida do Rio S o Francisco e do Semi rido brasileiro contra o Projeto de Transposi o ao mesmo tempo em que conclamamos a ades o e a so
397. no rio S o Francisco atrasa e s come a em abril Governo inicia licita es que n o precisam de libera o ambiental Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 14 jan 2005 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 Semi rido Conselho aprova explora o da gua do rio S o Francisco Uso tinha sido vetado em outubro grupo promete recorrer Justi a Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 18 jan 2005 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 TRAUMANN Thomas FHC desiste de transpor o rio S o Francisco Projeto adiado pela primeira vez por d Pedro 2 foi uma das promessas das campanhas de 1994 e 1998 Folha de S Paulo Caderno Brasil S o Paulo 29 jul 2001 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 VILLA Marco Antonio Transposi o uma id ia ultrapassada Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Tend ncias Debates Opini o S o Paulo Bras lia 16 fev 2005 OUTRAS FONTES JORNAL STICAS A CIRCULA O de jornais aumentou 2 no pa s em 2010 Rio de Janeiro O Globo 29 jan 2011 Dispon vel em lt http oglobo globo com economia mat 2011 01 29 circulacao de jornais aumentou 2 no pais em 2010 923638077 asp gt Acesso 15 ago 2011 ALMANAQUE FOLHA A Hist ria da Folha de S Paulo Porto Alegre UFGRS 2008 ANJ Internet e jorn
398. nstant nea de difus o encurtando a dist ncia entre o fato ocorrido e sua divulga o a milhares de seres humanos em sociedades com culturas as mais diversas entre si influenciando o cotidiano pessoal e coletivo Sobre os modos de opera o da ideologia Thompson 1998 tra a um enorme e variado campo de possibilidades de forma geral expressos como legitima o dissimula o unifica o fragmenta o e reifica o discuss o desenvolvida no Cap tulo 5 Nesse campo as formas simb licas s o constru das e utilizadas para estabelecer e para sustentar rela es de domina o diante de processos que se tornam recorrentes nos meios de comunica o de massa na fala de parlamentares e de representantes de alto escal o do Estado e ou do capital privado entre outros M sz ros 2004 acrescenta que se tratam de estratagemas muito bem definidos e estruturalmente resguardados de manipula o do poder pol tico e econ mico Para melhor elucidar as tend ncias argumentativas que surgir o no contexto das mat rias jornal sticas analisadas um corpo de sugest es elencadas tanto por M sz ros quanto por Thompson indicam diversas possibilidades de investigar e n o nicas como a 43 ideologia se manifesta diante da concretiza o da produ o de bens simb licos Algumas dessas indica es de modus operandi da ideologia s o utilizadas ao longo da pesquisa como ferramenta te rica til an lise dos argumentos midiatizado
399. nte deslegitimada pelo Jornal e seus argumentos voltados defesa ambiental e dos direitos humanos foram silenciados ou descaracterizados das propostas originais Todavia cabe considerar diferen as no interior do Jornal visto que a maioria dos autores dos artigos de opini o se posicionou contra a obra e ou favor vel rede de resist ncia Palavras chaves rede de resist ncia popular transposi o do rio S o Francisco m dia e ideologia ABSTRACT Big infrastructural projects on rivers such as transposition dams for energy generation and water supply have been propellers of conflicts in diverse realities of the capitalist world Many anti systemic resistance networks are articulated against these enterprises Based on popular participation they intend to create socio environmental defences in an inseparable way from the implementation of alternatives to the capitalist model Such defences contribute for the accumulation of popular power through the elaboration and dissemination of emancipating ideologies seeking the necessary construction of the socio metabolic order of transition These networks fight for a new model of society in many spaces among which the media one controlled in a hegemonic way by dominant power The transposition of the river S o Francisco located in the Northeast of Brazil is a specific case of this context the biggest infrastructural work that began in Lula s government and strongly highlighted by the medi
400. ntes era grande e diversificado Toda a o foi resumida a fechavam parte da vala com p s e picaretas Levantaram alguma poeira E Dom Cappio foi citado duas vezes como tendo paralisado a mar governamental pr transposi o mas limitando isso aos 11 dias da greve Tamb m aparece como agente a quem a revitaliza o foi prometida mas n o se relembra nesse editorial o descumprimento quanto ao amplo di logo com a sociedade como acordado com a Presid ncia O quinto editorial foi publicado durante a segunda greve de fome de Dom Cappio Nele nomina se um pouco melhor a resist ncia sai o nome de teor gen rico manifestantes para entrar o nome um pouco menos gen rico movimentos sociais E tanto Dom Cappio quanto os movimentos sociais s o descritos com uma imagem mais negativa que a apresentada no quarto editorial O termo advers rios da transposi o que no primeiro editorial remeteu a fra es do Estado e a representantes pol ticos dessa vez postulado para os movimentos sociais e para Dom Cappio Da mesma forma os especialistas surgem como apoiadores dos advers rios da obra e n o como os pr prios advers rios Os advers rios da obra surgem apelando para medidas extremas que se exemplificam com a retomada da greve de Dom Cappio Os movimentos sociais surgem sob tutela da Igreja Cat lica e conjuntamente demonizam o agroneg cio 5 Editorial Advers rios da transposi o diante do fato consuma
401. ntre os munic pios de Juazeiro e Sobradinho na Bahia em que foram entrevistados militantes do MAB do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST da Comiss o Pastoral da Terra CPT do Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada lrpaa e da Rede de Educomunicadores do S o Francisco Grande parte desse material encontra se transcrito Essas entrevistas subsidiaram as an lises que se seguir o sobretudo em pontos que destacam a rela o entre o governo federal e a rede de resist ncia popular contra a transposi o e a respeito da forma o pol tica dessa demandas a es coletivas protestos acampamentos mutir es Cabe esclarecer que por quest es ticas os nomes dos entrevistados n o ser o revelados nesta pesquisa Antes de iniciar de cada entrevista a autora desta tese se comprometeu a n o divulgar a autoria dos discursos transcritos 5 realiza o de levantamento hist rico sobre a corpora o midi tica do Grupo Folha e do jornal Folha de S Paulo por meio de artigos publicados a respeito da corpora o e do ve culo bem como por meio de material do pr prio Jornal para retratar a si pr prio 6 levantamento e classifica o das mat rias e capas da Folha de S Paulo por meio dos sistemas de busca eletr nica do Jornal dispon vel em lt http search folha com br search gt bem como dispon vel em lt http acervo folha com br gt com base no referencial de palavras chaves transposi o do rio
402. nula o judicial de diversas dessas audi ncias no caso as ocorrida em Minas Gerais Bahia Alagoas e Sergipe Todavia em abril de 2005 o Ibama aprova a Licen a Pr via mesmo sem a ocorr ncia de audi ncias no DF e no Goi s Demonstrando se claramente rede que se organizava o urgente desafio de ampliar suas for as de modo participativo e de promover visibilidade p blica s suas propostas Ainda em 2005 a resist ncia popular contava com a relut ncia pol tico partid ria contra a transposi o de grupos pol ticos importantes em Alagoas na Bahia e em Minas Gerais muito embora os interesses desses grupos assentam se de modo distinto aos dela Um cen rio pol tico bastante diferente ao de 2007 Essa conforma o de interesses pol tico estaduais pode ser relevante na forma de constru o da cobertura das not cias na grande m dia e no espec fico das not cias da Folha de S Paulo Assim as greves de fome de Dom Cappio foram geradas face urg ncia de maior organiza o e visibilidade das propostas populares ao mesmo tempo em que a rede de resist ncia n o conseguia imprimir a devida velocidade e efetividade de a es coletivas diante das pr prias contradi es sociais e instrumentos de dissemina o simb lica disposi o dos defensores da obra Por m o gesto solid rio de Dom Cappio as greves rompeu com a forma de organiza o de movimentos como o MAB e o MST Cabe aqui retomar a reflex o de Melucci 19
403. o caracterizado por concentrar de terra e ter baixo ndice de empregabilidade No bojo a Igreja Cat lica exposta de forma generalizada tamb m se torna alvo de desprest gio por apoiar um novo modelo de sociedade antissist mico O uso do verbo afirmar para iniciar a descri o de argumento dos advers rios da obra algo que foge regra pois percebe se em outras constru es narrativas da Folha de S Paulo que em geral as argumenta es de grupos considerados de movimentos sociais populares ou pr ximos a esses s o descritas como d vidas alega es suposi es raramente surgem em forma direta de assertivas Pela primeira vez surge que o uso da gua ser preferencialmente aos grandes projetos de irriga o demonizado e n o apenas para servir aos sempre afirmados 12 milh es de benefici rios O termo demonizado evidencia ridiculariza o do argumento dos movimentos sociais retirando o contexto pol tico e transferindo o para o mbito da religi o Dessa forma 234 o Jornal reafirma sua defesa ao agroneg cio como se dissesse ser estapaf rdio declarar se contra esse Sob a express o O governo de Lula tem sido bem sucedido na supera o das barreiras institucionais que poderiam se contrapor obra persiste um tipo de elogio intr nseco ao governo Lula ainda que sua governabilidade apele quebra de princ pios legais e de direito As barreiras institucionais
404. o Essa composi o do conflito federativo praticamente manteve se durante o Governo Lula 2003 2010 Alguns estados mudaram suas composi es pol tico partid rias como a Bahia onde diminuiu o poder do grupo relacionado a Ant nio Carlos Magalh es ACM sobretudo porque em 2007 assumiu o posto de governador pelo PT o ex ministro das Rela es Institucionais da primeira fase do governo Lula o pol tico Jaques Wagner que ent o j havia mediado o di logo com Dom Cappio para encerramento da primeira greve de fome Quanto s rea es da sociedade civil em rela o transposi o ainda no per odo FHC uma das mais fortes posi es contr rias surgiu a partir das delibera es do Comit de Bacia Hidrogr fica do rio S o Francisco criado em 2001 observando que sua composi o 3 Essa pol mica est documentada em Viana 2005 que realizou uma pesquisa de an lise de discurso de narrativas de atores governamentais com base no conflito federativo da transposi o 75 tamb m formada por funcion rios p blicos e tamb m por membros de setores econ micos usu rios da gua da bacia Nota se que o debate contra a transposi o e a favor da revitaliza o foi fomentado em diversos espa os acad micos e por v rios F runs de mobiliza o popular Entre eles o F rum Permanente de Defesa do S o Francisco criado em 1999 no estado da Bahia Esse F rum re ne diversas entidades da sociedade civil pastorais da Igreja
405. o 2007 159 S ntese de representa es na capa da Folha tema transposi o 2008 160 guas do S o Francisco 20 de fevereiro de 2005 1 Editorial 219 Mar de controv rsia 8 de outubro de 2005 3 Editorial 225 guas turvas 1 de julho de 2007 4 Editorial ts 231 Sede de votos 15 de dezembro de 2007 5 Editorial 235 SUM RIO LISTA DE SIGLAS LISTA DE ILUSTRA ES LISTA DE GR FICOS LISTA DE TABELA LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS INTRODU O co co rd ES ag O ae aa 28 CAP TULO O CURSO DO DISCURSO IDEOLOGIA M DIA E MOVIMENTOS SOCIAIS 36 1 1 ASPECTOS PARA A AN LISE DOS ARGUMENTOS DISCURSIVOS e 36 1 2 IDEOLOGIA E AN LISE DISCURSIVA csitrnieeremmenaereseserenrersesererererrereneattera 39 1 3 FORMA O DE MOVIMENTOS SOCIAIS ANTISSIST MICOS emmes 44 1 4 MOVIMENTOS SOCIAIS E A QUEST O AMBIENTAL 49 1 5 SILENCIAMENTO DOS SUJEITOS E AS RELA ES NORTE SUL NORDESTE SUL SUDESTE SERT O LITORAL si eereereeeeereneaerereeeerrereneaererereeerenecenerenta 52 1 6 GRANDE M DIA E MOVIMENTOS SOCIAIS POPULARES 54 CAP TULO II O PARTIR DAS GUAS i DA CANALIZA O TRANSPOSI O A CONSTRU O HIST RICO DISCURSIVA 56 2 1 A DISCURSIVA HIST RICA A CANALIZA O DO S FRANCISCO NO S C XIX 56 2 1 2 A IDEIA DE
406. o Conama 001 86 iniciou se uma batalha de liminares em torno da transposi o ao que decorre at o presente momento operando se a permanente judicializa o do conflito Ainda existem 12 a es estacionadas no STF e que por ele j deveriam ter sido levadas a m rito Legalmente o projeto de transposi o tem consagrado seu andamento com base em uma liminar concedida pelo STF no final de 2007 Na poca desse editorial do lado contra o estavam o Minist rio P blico Federal e Minist rio P blico Estadual Bahia Sergipe e Minas Gerais conjuntamente interpondo demandas de diversas organiza es da sociedade civil Inclusive desde 2002 j atuava a Coordenadoria Interestadual das Promotorias de Justi a do S o Francisco estudando e auxiliando nas argumenta es jur dicas em torno da transposi o Dessa forma a Justi a Federal da Bahia surge de forma meton mica por estar no lugar de quem estava representando de quem demandou a realiza o de a es civis p blicas Esse efeito mais uma vez oblitera a diversidade de grupos da sociedade civil organizada contra a obra No dia 5 de outubro de 2005 um dia antes do t rmino da greve de fome houve concess o de liminar pela Justi a Federal da Bahia suspendendo os efeitos da Licen a Pr via e das licita es que j transcorriam Nesse caso devido a uma a o civil p blica impetrada conjuntamente por inst ncias jur dicas da Bahia MPE MPF pelo F rum Permanente de Defe
407. o Testes verificam altera es nas fun es renais do bispo em jejum M dico faz d Luiz assinar termo em que se responsabiliza pela greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 19 dez 2007 33 GUIBU F bio SCOLESE Eduardo Perfil Religioso j quis estudar engenharia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 19 dez 2007 34 GUIBU F bio SCOLESE Eduardo Governo prop e a bispo parar obras Chefe de gabinete de Lula e CNBB tentam acordo com religioso transposi o seria suspensa por dois meses Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 19 dez p A10 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 19 2 gt Acesso em 19 mar 2012 35 ELEITORA de Lula atriz apoia bispo e critica governo Entrevista a Let cia Sabatella Folha de S Paulo S o Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil 19 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 19 2 gt Acesso em 11 ago 2011 p A11 36 CONY Carlos Heitor A fome da greve Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Opini o Rio de Janeiro 20 dez 2007 37 FREITAS Janio de Nas guas do rio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 20 dez 2007 38 SALOMON Marta Cons rcio vence licita o de 1 lote do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia
408. o Um Milh o de Cisternas Rurais PAC Programa de Acelera o do Crescimento PAE Programa de A es Estrat gicas para o Gerenciamento Integrado da Bacia do Rio S o Francisco e da sua Zona Costeira ou Projeto GEF S o Francisco PCB Partido Comunista Brasileiro PEC Proposta de Emenda Constitucional Plano da BHSF ou PBHSF Plano Decenal de Recursos H dricos da Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco PFL Partido da Frente Liberal desde 2007 Democratas DEM PIB Produto Interno Bruto Pisf Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional PMDB Partido do Movimento Democr tico Brasileiro PNAD Pesquisa Nacional de Amostra por Domic lio PNB Produto Nacional Bruto PNMA Programa Nacional de Meio Ambiente Pnud Programa das Na es Unidas para o Desenvolvimento Pnuma Programa das Na es Unidas para Meio Ambiente PPA Plano Plurianual de A o PPP Parceria P blico Privada PPS Partido Popular Socialista Pro gua Programa de Desenvolvimento Sustent vel do Semi rido Brasileiro Pronaf Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PSB Partido Socialista Brasileiro PSDB Partido da Social Democracia Brasileira PT Partido dos Trabalhadores PTB Partido Trabalhista Brasileiro Rede de Educomunicadores Rede de Educomunicadores em Defesa dos Povos do Rio S o Francisco e d
409. o o ent o ministro da Integra o Nacional explica o projeto do governo federal S o Paulo Mem ria Roda Viva 14 fev 2005 Dispon vel em lt http wnww rodaviva fapesp br materia 165 entrevistados ciro gomes 2005 htm gt Acesso em 02 fev 2009 RODRIGUES Marcelo Netto A primeira greve de fome uma vida pelo S o Francisco Depois de permanecer 11 dias ingerindo apenas gua do rio frei prometia voltar ao jejum se acordo fosse descumprido Brasil de Fato Caderno Nacional S o Paulo 29 nov 2007 WEISSHEIMER Marco Aur lio A l gica por tr s da ditabranda Carta Maior Se o Pol tica S o Paulo 31 mar 2011 Dispon vel em lt http Avww viomundo com br politica weissheimer a logica por tras da ditabranda html gt Acesso em 14 ago 2011 265 CARTAS E MANIFESTOS DE RESIT NCIA ABRIL Ind gena 2008 documento final Bras lia 17 abr 2008 Dispon vel em lt http rcabrasil blogspot com 2008 05 documento final do abril indgena 2008 html gt Acesso em 30 jul 2008 ARTICULA O DOS POVOS E ORGANIZA ES IND GENAS DO NORDESTE MINAS GERAIS E ESP RITO SANTO APOINME Den ncia de viola o de direitos tnicos e territoriais dos povos ind genas atingidos pelo projeto de transposi o do rio S o Francisco Olinda 09 abr 2009 CAPPIO Luiz Fl vio Carta ao Presidente Lula Quando a raz o se extingue a loucura o caminho Barra BA 26 set 2005 Carta ao presidente Lula retomo o di logo Quart
410. o percorrendo em treze dias onze capitais do pa s e quatro cidades do interior do Nordeste realizando debates em diversos espa os em universidades em entrevistas m dia jornal stica e com visitas aos governadores dos estados A Caravana foi composta por especialistas e militantes de movimentos populares 27 de novembro D se o in cio do segundo jejum pol tico de Dom Cappio em Sobradinho BA 29 de novembro Dom Cappio escreve a Carta ao Povo do Nordeste 10 de dezembro O desembargador Souza Prudente junto ao Tribunal Regional Federal 1 Regi o determinou a paraliza o das obras da transposi o suspendendo os efeitos do CNRH que havia tomado decis o contr ria do CBHSF 11 de dezembro A Justi a Federal da Bahia ordena suspens o das obras da transposi o A liminar foi divulgada pelo TRF da 1 Regi o Reuni o entre membros da Confer ncia Nacional dos Bispos do Brasil CNBB e o presidente Lula para discutir a transposi o e a greve de fome de Dom Cappio 12 de dezembro Ocorre o Acampamento pela Vida do S o Francisco e do Nordeste e contra a Transposi o em Bras lia contando com a participa o de 600 pessoas em Bras lia 13 de dezembro A CNBB convida a todos os crist os para se unirem em jejum e ora o em apoio a Dom Cappio 14 de dezembro H o lan amento do projeto fotogr fico de Jo o Zinclar O outro lado do rio S o Francisco sendo exposto no Museu da Imagem e
411. o pertencente ao Grupo Folha e Infoglobo Comunica es que tamb m publica O Globo Quem revela contradi es sobre o projeto de revitaliza o n o o bispo Ele surge como sujeito a quem se promete a mesma Quem Surge recha ando b governo o jornal indicando que n o passa de fic o or ament ria H uma invers o o ator a que se sugere indignado o Valor Econ mico o bispo passivo de promessa ainda que ele os movimentos sociais tenham afirmado e reafirmado muitas vezes sobre a inoper ncia do projeto de revitaliza o A invers o continua na reportagem ao ser a Folha quem revela as Sa das ao abastecimento h drico da popula o como ndica o Atlas Nordeste da ANA Esse trabalho da ANA bastante utilizado pela rede de resist ncia por m isso n o comentado pelo Jornal H uma invers o o Grupo Folha o jornal Valor Econ mico sur gem como a voz de defesa da revitaliza o Sabe se que suas pautas sobre a transposi o s o praticamente as mesmas Assim como h afinidade de pauta com os telejornais da Globo especialmente o Jornal Nacional em que informa es contidas nas suas reportagens muitas vezes surgem igualmente nas publica es da Folha de S Paulo sobretudo no que diz respeito a ressaltar que o projeto fato consumado Esses grupos regidos como bem lembra o nome daquele jornal pelo valor econ mico podem trazer no bojo
412. o 2007 CONTE DO JORNAL STICO SOBRE A OCUPA O DE CABROB JUNHO JULHO DE 2007 1 SALOMON Marta Bispo de Barra se junta a ndios na oposi o obra Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 10 jun 2007 2 SALOMON Marta Obra no S o Francisco come a com 50 homens e R 5 bilh es de gasto Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 10 jun 2007 3 SALOMON Marta Obra custou R 443 mi antes mesmo de come ar Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 10 jun 2007 4 MEMORIA Id ia surgiu em 1818 na gest o de dom Jo o 6 Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 10 jun 2007 5 ACAYABA C ntia GUIBU F bio Manifestantes contra a transposi o invadem obra Governo diz que j pediu reintegra o de posse Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 27 jun 2007 p A9 6 GUIBU F bio S o Francisco Manifestantes fazem enterro simb lico da transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 28 jun 2007 7 GUIBU F bio Bispo critica Lula e pede resist ncia transposi o Dom Luiz Cappio retoma os protestos contra obras no rio S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cabrob PE 29 jun 2007 8 BAPTISTA Renata Manifestantes contra transposi o ter o de desocupar fazenda Justi a Federal concede
413. o Estado por n o divulg los a contento Quando divulgados incorrem em grande distanciamento em rela o aos n meros As siglas significam Secretaria de Agricultura Irrigada e Pecu ria do Cear Seagri Instituto de Desenvolvimento Agr rio do Estado do Cear Idace Departamento de Estradas e Obras P blicas Dert Secretaria de Recursos H dricos SRH Cear Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Cear Semace Secretaria do Trabalho e A o Social Setas 95 levantados pelos movimentos sociais portanto dificultando as argumenta es em favor dos grupos atingidos e at de constru es de pol ticas p blicas e legisla es especiais para proteger os direitos dessas popula es Em meio a essa caracteriza o de popula es socialmente fragmentadas pela viola o expl cita de seus direitos humanos percebe se que s o hist rias que correspondem a uma din mica pr pria para a exist ncia e manuten o da economia mundo vida por lucro Entre as v rias contradi es essa economia provoca o efeito de di sporas compuls rias devido aos grandes empreendimentos h dricos cujo maior financiador isolado vem a ser o Banco Mundial No Brasil cerca de um milh o de pessoas j foi deslocada for adamente por barragens integrando o quadro de cerca de oitenta milh es de pessoas em todo o planeta O relat rio da Comiss o Mundial de Barragens World Commission on Dams 2006 reconhece que as pol ticas de compensa
414. o Estado se inclinou a algumas das demandas da classe oper ria realizando grandes reformas Para outros estava claro que a burguesia n o se dobraria facilmente apenas por resultados eleitorais Sendo assim o operariado deveria preparar se para a revolu o Wallerstein 2008 bem lembra que entre 1945 e 1968 pelo menos um ter o dos Estados na es encontrava se sob a lideran a pol tica de partidos comunistas Outro ter o no mbito pan europeu era governado por partidos socialdemocratas ainda que com altern ncia de poder A oposi o conservadora j havia aceito claro que n o integralmente as ideias b sicas socialistas como o sufr gio e a diminui o das horas de trabalho e outras concess es sob a gide ret rica do Estado de bem estar Em outro ter o nos pa ses do Sul sia frica e Am rica Latina grande parte dos movimentos de liberta o nacional tamb m havia chegado ao poder Apesar das diversas conquistas dos trabalhadores todos ainda tinham um grande desafio mudar o mundo o dif cil segundo passo Esse um dos motivos pelos quais se irrompe a revolu o mundial de 1968 com os revoltosos queixando se da incapacidade da velha esquerda de caminhar em dire o ao segundo passo ou seja transformar o mundo depois da conquista do poder Expressa Wallerstein As revolu es de 1968 melhor dito entre 1966 1970 foram todas derrotadas Mas a desilus o expressada n o p de jamais ser apagada As tr s d
415. o Programa de Acelera o do Crescimento PAC estando nele contemplado com destaque o Pisf 10 de fevereiro Dilma Roussef ent o secret ria da Casa Civil declara que o di logo sobre a transposi o chegou ao limite dos debates 15 de fevereiro O procurador geral da Rep blica Antonio Fernando de Souza entra com peti o junto ao STF para cassa o da Licen a Pr via da transposi o 21 de fevereiro Dom Cappio escreve outra carta ao presidente Lula requerendo a retomada do di logo A carta anexado o projeto alternativo para melhoria da qualidade de vida da popula o do semi rido nordestino formulado pelos movimentos e entidades populares 26 de fevereiro Movimentos populares interditam a ponte entre Juazeiro e Petrolina e realizam ocupa o da Superintend ncia Regional da Codevasf em Petrolina exigindo cancelamento do projeto de transposi o 12 de mar o Mais de 600 militantes dos movimentos populares realizam acampamento ao lado da Torre de Televis o em Bras lia reivindicando a retomada de di logo com o governo federal as principais demandas s o o arquivamento do projeto de transposi o e a revitaliza o do rio S o Francisco Concomitante ocorrem manifesta es no Cear e em S o Paulo contra a transposi o 287 13 de mar o H o lan amento de edital no Di rio Oficial da Uni o para licita es das obras da transposi o 15 de mar o Movimentos populares o
416. o as Figura 2 No m rito particular dessa imagem ela finda por reduzir a amplitude pol tica das resist ncias populares dos diversos movimentos e organiza es sociais apoiados e apoiadores de Dom Cappio a um pequeno e corriqueiro ato religioso Destaca se junto fotografia a palavra Romaria e o indicativo de que dela participa um n mero limitado de cem romeiros sertanejos um p blico que o leitor sabe bem ser o suficiente para acudir a uma s missa paroquial Na imagem dos romeiros nada indica uma manifesta o pol tica bandeiras faixas cartazes com palavras de ordem contra a transposi o Ao lado dessa imagem uma pequena fotografia destaca isoladamente Dom Cappio A partir da legenda da imagem noticia se que o presidente da Rep blica enviara uma carta em resposta ao bispo Figura 1 Esse um dos primeiros indicativos de que o conflito seria bastante midiatizado de forma polarizada entre Dom Cappio e Lula Ao se colocar o discurso polarizado enfocando ora a Dom Cappio ora ao presidente Lula em perguntas respostas r plicas ou tr plicas exclui se do discurso o objeto e o objetivo da greve de fome que era o debate democr tico e transparente pela sociedade Com isso esvaziou se o prop sito do bispo sendo a sociedade automaticamente banida da discuss o No conjunto da primeira capa h uma sequ ncia de imagens de uma crian a brincando na traseira de um carro blindado gesticulando como se portasse u
417. o atuantes na resist ncia obra Surgem ent o os manifestantes e dom Cappio e por fim no editorial 5 surge a men o aos movimentos sociais Todos retratados de uma forma muito distante da que possibilitasse ao leitor perceber a caracteriza o de a es protagonizadas por atores dentro do contexto de uma rede de resist ncia popular express o jamais mencionada Deve se destacar que os atores s o diferentes entre si e quase todos dialogam com a transposi o obra Pode parecer estranha essa escolha em que se apresentam institui es parcelas da popula o grupos de profissionais m quinas trator empreiteiro movimentos sociais o presidente da Rep blica e um bispo entre outros enumerados juntos ou seja com exce o de Dom Cappio e de Lula trata se no mais das vezes de reifica es e fetichiza es mas ao se ler os editoriais v se claramente que s o eles que atuam na narrativa criada pela Folha de S Paulo O grande marcador a diminui o do peso do Estado e do governo registrado no editorial 1 e a entrada da resist ncia popular contra a transposi o nos dois ltimos 5 9 1 A resist ncia popular segundo os editoriais A resist ncia popular n o mencionada nos tr s primeiros editoriais Nesses h sim indica o de controv rsias d vidas desacordos e conflitos em torno da transposi o Por m os atores discordantes s o citados de forma a n o permitir identificar quem s o exatamente esses suj
418. o completamente a m scara objetiva da denota o 2005 p 330 Arbex J nior 2005 menciona um emblem tico caso de trucagem em que Jo o Pedro St dile um dos coordenadores do MST ganhou uma causa na Justi a contra a revista Veja condenada a pagar 200 sal rios m nimos por ter publicado na capa do impresso a imagem de St dile acoplada ao corpo do personagem James Bond A mat ria publicada em 10 de maio de 2000 intitula se A t tica da baderna e aponta a St dile como o chef o da quadrilha Arbex J nior 2005 relata que no mesmo m s de maio de 2000 p s capa da Veja a Folha de S Paulo publicou uma mat ria depreciativa ao MST denunciando que o Movimento extorquia os assentados Mais tarde o jornalista Josias de Souza foi obrigado a admitir que utilizara carro oficial do Incra para percorrer os assentamentos e que teria recebido orienta o direta de t cnicos do governo p 398 5 5 2 A Ocupa o do Canteiro de Obras em Cabrob junho julho de 2007 Para a an lise que se segue sobre a Ocupa o em Cabrob apresenta se uma pequena contextualiza o O acampamento da Ocupa o do Canteiro de Obras da transposi o em junho de 2007 foi organizado por in meras pessoas de movimentos sociais e entidades contra a obra em que dele participou cerca de duas mil pessoas Ampliando os significados da luta popular para al m da conhecida resist ncia de Dom Cappio 178 Figura 8 Capa e fotografi
419. o da resist ncia relacionada viol ncia Imagens que d o sentido de viol ncia e de agressividade para representar os movimentos sociais foram verificadas tanto nas imagens relacionadas greve de fome quanto nas imagens que representam a rede de resist ncia nas a es coletivas relacionadas s manifesta es em Bras lia e Ocupa o do Canteiro de Obras Na capa do Jornal foi publicada uma fotografia para retratar a manifesta o realizada no Minist rio da Integra o Nacional pela rede de resist ncia Essa a o era apenas uma entre as diversas a es coletivas organizadas pela rede de resist ncia entretanto n o mencionadas eclipsadas por um acontecimento isolado de um vidro de portaria quebrado e n o promovido pelos militantes da rede mas que na representa o da fotografia confere resist ncia significado de agress o 249 A imagem retrata apenas um militante com a camisa da rede de resist ncia saindo correndo do pr dio ministerial entre a portaria com vidro quebrado Os objetos referentes da imagem podem ser interpretados pelos leitores significando que os manifestantes da rede estavam mal intencionados portanto desqualificando se toda a legitimidade da demanda de reivindica es Na mesma imagem chama aten o o enquadramento de um dos s mbolos mais representativos da resist ncia popular que a bandeira do MST Concomitante o texto legenda exibe uma sequ ncia de forma es discursivas quebra q
420. o das obras durante a discuss o Wagner negou Voc ouviu algu m falar em suspens o ou adiamento perguntou a jornalistas Legenda Ap s cercarem Jaques Wagner ndios dan am em volta do ministro na porta da capela de Cabrob Fonte Imagens 1 e 2 Folha 07 out 2005 capa Fonte Imagem 3 Guibu 07 out 2005 p A15 Foto L o Caldas Titular Folha Imagem Organizado pela autora A edi o do dia 7 de outubro apresenta a nica capa com manchete seguida de fotografia relacionada resist ncia contra a transposi o no ano de 2005 Figura 5 Em primeiro plano surge o ex ministro das Rela es Institucionais Jaques Wagner apontando para Dom Cappio Nota se a invers o operada pela Folha de S Paulo o governo surgindo como o principal sujeito do conflito na manchete Governo abre debate e bispo p ra greve 169 Assim o governo apresentado como agente aberto ao di logo e que considera os argumentos das lideran as populares A midiatiza o da primeira greve de fome pode ter servido para divulgar de forma estrat gica a imagem de atores do governo federal Nesse momento da negocia o para interrup o da greve paraliza o do projeto Jaques Wagner emerge na m dia como pessoa de confian a do presidente Lula para dialogar com o bispo consequentemente aumentando tamb m a popularidade do ministro que no ano seguinte ganhou as elei es para governador da Bahia cujo mandato foi dupl
421. o de Rond nia rio transfronteiri o com a Bol via no rio Tocantins face constru o da hidrel trica de Estreito entre os estados do Tocantins e do Maranh o e as lutas sociais no rio Xingu que em 1989 lograram desmontar o projeto da ent o hidrel trica Carara agora modificado sob o projeto da hidrel trica Belo Monte obra iniciada em 2012 Esse projeto permaneceu a passos lentos at o t rmino do mandato do governo Lula devido s press es de resist ncias ind genas 3 10 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA RESIST NCIA POPULAR A organiza o popular contra a transposi o enfrentou dificuldades determinadas pela conjuntura pol tica espec fica aos dois per odos do governo Lula de 2003 a 2006 e de 2007 a 2010 tamb m vinculadas ao cronograma governamental relativo ao projeto de transposi o A promessa de Lula feita em todas as suas campanhas eleitorais de que ele empreenderia um governo participativo junto aos movimentos sociais populares atendendo 116 as demandas com o m ximo de seu esfor o gerou muitas expectativas nesses atores sociais Nesse sentido inicialmente em 2003 para algumas das lideran as de movimentos sociais do campo como o MAB e o MST havia esperan a de abertura de di logo direto com a Presid ncia Todavia pouco a pouco tornava se cada vez mais claro sobretudo a partir de 2004 que essas interlocu es eram evasivas e in cuas utilizadas como subterf gio de di logo participativo
422. o discurso do fato consumado e das medidas extremas desaparecem as diversas formas de protesto e resist ncia dos diversos grupos contr rios Inclusive silencia se sobre a tentativa gem de os adversa de di logo mantida durante todo ano de 2006 O on ries no poder A utiliza o do termo medidas extremas remete ao ide rio que sustenta as ideologias de seguran a nacional e inimigo interno expurgo do outro em dire o aos movimentos sociais 235 Express es Atores da A es e protestos Legitimidade de Tipo de Valora o dos Elementos a resist ncia reivindica es descri o atores a es analisar argumenta es Afirmam ainda Pela primeira H uma invers o da O uso do verbo Padroniza o da O termo que a gua vez os rela o E Afirmar para iniciar redu o distintos demonizado servir de modo Movimentos bpressor oprimido ao fa descri o de movimentos sociais evidencia sociais se mencionar argumento dos se envolveram na ridiculariza o do preferencial aos E j aan RS aparecem na grandes projetos de advers rios da resist ncia argumento dos grandes discuss o irriga o o bobra algo que movimentos sociais projetos de contudo como agroneg cio foge regra pois retirando seu Irriga o O se tutelados demonizado por percebe se em componente pol tico agroneg cio demonizado por movimentos sociais com apoio
423. o e como um bem de toda na o sem que se permita a participa o popular nas tomadas de decis es pol ticas estrat gicas soberania do pa s Nesse mbito Quijano 2002 menciona que na Am rica Latina o que h de institu do s o Estados nacional dependentes que n o podem ser considerados Estados na es modernos por haver naqueles a eros o cont nua do espa o nacional democr tico p 11 um avan ado processo de desdemocratiza o e desnacionaliza o que os converte em ag ncias pol tico administrativas do capital financeiro dominante e do bloco imperial mundial Em outras palavras ampliam se as formas institucionais de domina o de coer o programada e autoridade pol tica nesses Estados conforme atribui es para servir hegemonia do capital Para Quijano 2003 os signos nos quais o Estado se apoia s o a a representatividade pol tica base legitimadora do Estado frente ao conjunto de cidad os e n o obstante de certo interesse social particular ou setorial b a cidadania ou presun o formal de igualdade jur dico pol tica de sujeitos que s o diferenciados em outras reas A velocidade com que as elites pol tico econ micas forjam corpo jur dico para viabilizar todo e qualquer grande empreendimento em que as novas tecnologias em engenharia permitem erguer obras compatibilizando pressa ao lucro algo a ser ainda melhor discutido e visa a encaminhamentos formais de garantia do exerc cio
424. o estoque de oito a udes e permitir que as popula es da regi o disponham de gua para consumo pr prio e para o uso de rebanhos H pontos ainda um tanto obscuros na proposta O principal deles est na gest o do sistema que complexo e custoso S o nove esta es para o bombeamento por eletricidade da gua a uma altura de 160 metros num dos canais e de 500 metros no outro O governo afirma ter entregue a quest o Chesf Companhia Hidrel trica do S o Francisco mas o fez ao que se sabe sem a assinatura pr via de contratos para a partilha dos gastos entre os Estados munic pios ou particulares beneficiados correndo o risco de que a conta fique mesmo com a Uni o H ainda uma quest o t cnica levantada sobretudo pelos governos de Minas Gerais e da Bahia Mesmo com uma capta o m nima de 26 m3 por segundo a transposi o afetaria a piscosidade e a vaz o de um rio que j est a exigir antes de mais nada investimentos para melhorar suas condi es O governo responde acenando com um plano de revitaliza o no qual j estaria investindo R 127 milh es Existe al m disso a quest o do impacto ambiental O governo publicou editais de concorr ncia para os 14 lotes em que os canais foram divididos antes de um aval preliminar do Ibama E uma pr tica duvidosa pela qual a administra o na tentativa de criar fatos consumados atropela regras que ela pr pria estabeleceu Cabe lembrar por fim a motiva o rec n
425. o no futuro desses perigos sob uma ou outra forma necess rio identificar as determina es centrais do sistema atual que causaram nossas dificuldades perigosamente incontrol veis necess rio a retifica o radical para superar n o somente a injusti a assustadora Insepar vel dessa dimens o moral uma retifica o radical tamb m uma quest o de preocupa o social reprodutiva resultante do imperativo absoluto de assegurar a sustentabilidade de uma ordem social alternativa vi vel 2004 p 39 grifo nosso Visto a necessidade de identificar os fatores causais da pr pria possibilidade de autodestrui o como prerrogativa b sica de se assegurar uma ordem social alternativa vi vel como apontou M sz ros faz se indispens vel compreender os conflitos socioambientais como espa o de a o pol tica Uma das op es aqui em perspectiva valer se das ferramentas epistemol gicas da ecologia pol tica que combina an lises da ecologia humana e da economia pol tica para investigar as rela es estruturais de poder na sociedade colocando vis veis os choques entre sistemas produtivos e as mudan as econ micas a eles interligadas Para tanto algumas perguntas podem orientar o corpo anal tico deste trabalho como por exemplo quem usa os recursos em disputa quando como por quais raz es A que pre o e com quais impactos Que estrat gias utilizam para alcan ar seus objetivos Como distinguem aquilo que
426. o presidente no Pal cio do Planalto em 8 de outubro de 2005 no per odo p s greve Anexo A A carta iniciada rememorando o encontro do pr prio bispo com Lula na Caravana ver cita o abaixo O tom utilizado parece remeter se a uma boa lembran a em que Dom Cappio recorda ter sido esse momento da Caravana intermediado pelo religioso Leonardo Boff A narrativa da carta transmite a disposi o de Dom Cappio para um exerc cio de reciprocidade fraterna e exp e sua confian a no presidente Dessa forma a lembran a da Caravana vem como uma das chaves para facilitar a abertura do di logo com a Presid ncia deixando expl cito que o bispo n o seria pessoa estranha ou avessa ao Presidente A carta postula se sob um estilo bastante delicado de cobrar o compromisso de cuidar do rio 84 realizado outrora pelo presidente de imaginar se que nenhuma carta sob a linha t nue entre a vida e a morte do bispo faria Lula ficar tranquilo nesse per odo pois o protesto da greve de fome causou um motim midi tico constrangedor Presid ncia da Rep blica Al m disso nessa poca os esc ndalos pol ticos se amontoavam e se inter relacionavam na m dia a quase todos os processos pol ticos mais importantes do pa s Relembra se que a partir de maio de 2005 diversos esc ndalos vieram tona como o do mensal o o dos bingos o dos Correios e o do ministro chefe da Casa Civil Jos Dirceu PT Tais esc ndalos refletiram diretamente na sa
427. o segundo editorial ou algo que se possa inferir nessa dire o Por isso esse o nico editorial sem quadro anal tico dada a aus ncia de subs dio sem ntico O editorial centra se em d vidas sobre a relev ncia do projeto as quais n o haviam sido esclarecidas a contento Mas n o fica claro quem s o os sujeitos das d vidas Tais d vidas elencadas no editorial gerenciamento do sistema o impacto na produ o de energia hidroel trica e a continuidade da obra ap s o governo de Lula tamb m s o temas debatidos pela resist ncia embora a partir de pontos de vista diferentes O tom do editorial n o indica discord ncia quanto ao m rito da realiza o da obra que beneficiar a 12 milh es e que O objetivo de levar gua ao semi rido louv vel Repetiram se chav es de modo similar ao primeiro editorial como esse pr prio N o h d vida de que o objetivo de levar gua ao semi rido louv vel Cumpre comentar que no dia do segundo editorial tamb m foi publicada a terceira capa com fotografia sobre a greve de fome ocasi o em que se destacou em capa pela primeira vez Dom Cappio n o somente como for a religiosa mas tamb m pol tica Ao mesmo tempo ele apoiado e movimenta uma diversidade de for as populares resistentes 5 10 3 Mar de controv rsia 3 Editorial 08 10 05 O terceiro editorial intitulado Mar de controv rsia 08 out 2005 tamb m foi motivado pela greve de fom
428. o vale do rio S o Francisco possui uma extensa rea com o menor ndice pluviom trico do Nordeste e que as regi es receptoras das guas da transposi o s o em grande parte aquelas com maior ndice pluviom trico dentro da regi o semi rida brasileira Ilustra o 4 102 Ilustra o 4 Precipita o m dia anual conforme Atlas Nordeste ANA 2006 Belo Horizonte gB E 800 a 700 EB 792800 ED 0290 ED 2 a 1000 ED 1900 a 100 E 11004 1200 E 1200 a 1300 C 1300 a 1400 TD 1400 a 1500 Capitais Precipita o Total Anual mm E isoa 1600 E 1990 a 1700 E 1700 a 1800 E 1900 a 1900 E 1900 a 2000 E 20 a 2100 210 a 2200 6 200 a 2200 E 220 a 2400 B 2 00 Conven es Cartogr ficas Limite Estadual Rio de Janeiro e Fonte BRASIL ANA 2006 Dessa forma o mapa indica que a rea de precipita o pluviom trica mais baixa do Nordeste menor que 600 mm est localizada no pr prio vale do rio S o Francisco e cont gua a ele Mostra tamb m reas do Cear Cariri vale do Jaguaribe e regi es pr ximas a Fortaleza divulgadas genericamente como de escassez h drica pelo Pisf na 103 realidade como sendo regi es de maior ndice de precipita o pluviom trica do Nordeste entre 1 500 a 2000 mm Discute Jorge Khoury 2008 que o processo de aprova o do Plano Decenal de Recursos H dricos da Bacia do Rio S o Francisco implicou um amplo processo de par
429. odas as mat rias sobre a transposi o foram publicadas no Primeiro Caderno sobretudo na Se o Brasil atual Poder Nesse caderno tamb m s o publicados os editoriais artigos de opini o de colunistas editores e leitores Na especificidade do recorte tem tico temporal foi organizada a refer ncia hemerogr fica da Folha de S Paulo conforme as fases do conflito em torno da transposi o 2005 antes da primeira greve na primeira greve depois da primeira greve 2006 gerenciamento do di logo de surdos 2007 antes da Ocupa o do Canteiro de Obras sobre a Ocupa o entre a Ocupa o e a segunda greve sobre a segunda greve e depois dessa Tamb m se estendeu essa listagem ao ano de 2008 Ap ndice A Gr fico 1 Quantidade de reportagens por ano sobre a transposi o na FSP de 2000 a 2011 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 E REPORTAGENS POR ANO Fonte Elaborado pela autora Entre 2000 e 2003 isto nos tr s ltimos anos do per odo FHC e no ano de abertura do governo Lula a tem tica foi pouco noticiada pela Folha de S Paulo apesar de o projeto de transposi o ter representado uma agenda pol tica importante no que diz respeito aos estudos e planejamentos da obra de transposi o nos dois governos O ano 2000 apresentou 9 mat rias em 2001 surgiram 7 mat rias e em 2002 e em 20083 foram 3 mat rias em cada ano totalizando se 22 mat rias no intervalo 2000 2008 Todas as 13
430. oi retratado por um dos mais importantes jornais impressos e em suas extens es virtuais do pa s 35 CAP TULO O CURSO DO DISCURSO IDEOLOGIA M DIA E MOVIMENTOS SOCIAIS 1 1 ASPECTOS PARA A AN LISE DOS ARGUMENTOS DISCURSIVOS A produ o da informa o midi tica muitas vezes fabrica efeitos de sentidos simplificadores Diante desse aspecto Kanavillil Rajagopalan 2003 alerta que a grande m dia dissemina interesses quando escolhe a pauta e os nomes que s o usados nas not cias Comumente simplifica os conflitos em dois lados o bom e o mau por meio das palavras que usa e dos modos como comunica designa e nomeia no uso pol tico de nomes e apelidos que consiste o primeiro passo que a m dia d no sentido de influenciar a opini o p blica a favor ou contra personalidades e acontecimentos noticiados p 82 Nesse sentido percebe se que os discursos podem no decorrer de suas produ es antagonizar atores velando uma poss vel riqueza de argumentos pol ticos as tomadas de decis es a eles vinculadas as rela es de poder e as ideologias isto invisibilizando se os aspectos chaves ao entendimento dos processos sociais Silenciar a voz do oprimido tem sido a principal estrat gia do poder hegem nico em todo o mundo Para o pesquisador Walter Mignolo 2003 essa estrat gia de silenciamento do dominado faz parte da constru o do imagin rio do mundo moderno colonial no qual esse sistema nasce e permanece
431. ome aram lque se apresenta Dom criminaliza o dos lh d parece mesmo Cappio e os movimen movimentos sociais Des Aa fadado a sair tos sociais algo re O fato de ser o Ex rcito ini das pranchetas corrente na FSP essa Ex rcito quem est ciaram esca pode haver a confec o de antago fazendo as obras j va es preli leitura de que se nismo frente a for as leva a pensar que minares em comemora a militares refor a se a quem contra a obra um inimigo do Estado da na o Entende se que a fun o do Ex rcito deveria ser de proteger o pa s de amea as externas Advers rios da transposi o diante do fato consumado re correm a medi das extremas como a retoma da da greve de fome de dom Luiz Fl vio Ca ppio bispo de Barra BA Ale gam com apoio de v rios espe cialistas Padroniza o a sociedade civil aparece subsumida sob o adjetivo substantivado advers rios Usa se uma meton mia nomina se a Ca ppio parece res ponder por todos los que o apoiam Pela primeira vez los especialistas n o s o o foco s o apoio aos argumentos da resist ncia H Desqualifica o lao descrever a a o dos adversa rios da transposi o como medidas extremas contra um pretenso fato con sumado A legitimi dade e argumentos s o reduzidos a a lega es De forma que se induz a ima rios serem incapa zes de se tornarem rotagonistas im Sob
432. onar como alicerce da produ o de todo conhecimento THOMPSON 2002 A partir de A ideologia alem de Marx e Engels 1997 essa categoria ganha outra no o adquirindo uma dimens o pejorativa Seria a ideologia o tapete da consci ncia social a esconder os meandros dos modos de produ o capitalista respons veis pela domina o de classe Para os autores o estudo da sociedade deve compreender que todo pensamento historicamente determinado n o havendo separa o entre a condi o das ideias e as condi es sociais e materiais nas quais elas s o produzidas A separa o entre essas condi es o que determina a ideologia Da mesma forma n o se separam a hist ria da natureza e a hist ria do ser humano uma vez que s o determinantes m tuos Nessa esfera o surgimento da ideologia relaciona se com a separa o entre trabalho material ou manual e trabalho intelectual A partir da tamb m se formam as divis es sociais do trabalho privilegiando o segundo em rela o ao primeiro Esse distanciamento entre produ o material e produ o intelectual oferece lugar para que as ideias surjam como entidades aut nomas independentes dos seres humanos permanecendo ocultadas as contradi es sociais Esclarecem os autores que para a classe dominante capitalista por meio da dissemina o da sua ideologia h a vantagem de as rela es a respeito da superestrutura como da forma o da pol tica da constru o dos sist
433. or o rio n ele fez um discurso aqui na beira do rio em Juazeiro Integrante do Projeto S o Francisco da CPT jul 2010 dados de entrevista de campo Lula Fez duas caravanas Passou aqui em Juazeiro que ele era contra a transposi o que a transposi o n o valia nada que ia acabar com o rio e coisa e tal Ele fez essa caravana em v rias cidades beira do rio dizendo que era contra a transposi o e que o projeto de transposi o n o de Lula o projeto de Fernando Henrique Cardoso Ele ressuscitou o projeto Lula era contra enquanto candidato depois que ele foi presidente que ele fez essa loucura porque eu acho que loucura ou vaidade do Presidente abra ar um projeto desse Ent o ele quer deixar um projeto e nem vai deixar porque ele n o vai conseguir fazer vai deixar pra outros governos mas nem outros governos v o terminar t o cedo tamb m Ent o um megaprojeto que ele viu como assim uma marca pra deixar que uma coisa doida Integrante do MST BA jul 2010 dados de entrevista de campo Tamb m sobre a mudan a de planos de Lula em rela o transposi o outro integrante da CPT cita a Caravana de 1994 relembrando que ele chegou a participar de um di logo com Lula momento em que o pol tico foi esclarecido sobre as condi es de degrada o socioambiental do rio Naquele per odo estava claro para os movimentos populares que a realiza o do projeto de transposi o n o fazia
434. ores que compuseram minha banca de defesa Eles permitiram um di logo prof cuo com as coloca es cr ticas todas t o bem expostas sem que houvesse uma s rudeza caracter stica de tantas bancas de doutorado Agrade o pela riqueza de di logo que me foi proporcionado por eles durante a defesa e mais uma vez reconhe o a sensibilidade e dedica o da minha orientadora para que esse momento fosse poss vel Aproveito a oportunidade para considerar todo o incentivo e carinho a mim dirigido por todos os meus professores do CDS Especialmente agrade o coordenadora de meu curso de Doutorado em Desenvolvimento Sustent vel PPG CDS Professora Doris Aleida Villamizar Sayago que mesmo em momentos de conversas dif ceis de aconselhamentos das diversas press es a que somos submetidos professores e doutorandos sempre dela foi ressaltado seu carinho equipe de secretariado do CDS Maur cio Dianah Ana Paula Brito e Ant nio Mota agrade o pelo profissionalismo pela presteza e aten o com que sempre me trataram desde minha entrada no doutorado Obrigada por me ajudarem com tantos telefonemas e pap is burocr ticos al m da torcida Reconhe o o precioso apoio da Coordena o de Aperfei oamento de Pessoal de N vel Superior Capes custeando minhas pesquisas no Brasil e no M xico pelo Programa de Doutorado no Pa s com Est gio no Exterior PDEE agrade o aos funcion rios que sempre me atenderam com presteza Especialmente gos
435. os com a garantia de barreiras que se parecem praticamente intranspon veis contesta o pol tica de grupos opositores devido s contradi es materiais jur dicas e militares As primeiras ideias a respeito do que atualmente nomina se de transposi o integra o do rio S o Francisco emergiram no in cio do s culo XIX quando o assunto era designado de canaliza o do rio de S o Francisco A partir de ent o surgiram idealismos de grupos pol ticos de engenheiros e de pessoas da comunidade cient fica movidos menos pela vontade pol tica em atender as necessidades b sicas da popula o e mais pelo interesse de serem privilegiados com o processo na aceita o deles e de suas 59 ideias por grupos sociais politicamente dominantes Desse modo tampouco tem a ver o surgimento dessas ideias com a vontade pol tica e pessoal de D Pedro Il Se existem documentos em que se pode averiguar uma clara argumenta o desde o ponto de vista da ordem dominante naquilo em que defendido e silenciado esses documentos s o os de estudos de impacto ambiental Eles moldam e distorcem hist rias para a persuas o da opini o p blica Seus conte dos expressam a ideologia do poder hegem nico Reflete parte pois n o un voco do pensamento do corpo de funcion rios e pol ticos que defendem o projeto Esse pensamento se refletir em informa es disseminadas por numerosos meios de comunica o de massa que compartilham s
436. os ind genas dos movimentos ligados Igreja dos ambientalistas como eu que acreditaram que o PT era contra a transposi o Quando voc vai construir a democracia se as pessoas prometem uma coisa na elei o e depois mudam de opini o mudam o projeto prometido significa que voc votou numa coisa e colhe outra Isso um estelionato eleitoral Eu falo isso em rela o transposi o do S o Francisco Tem coisas que no governo do Fernando Henrique Cardoso foram muito piores do que no governo Lula mas h coisas que o Lula est fazendo mais para agradar o grande capital do que o FHC fez LISBOA 2008 p 22 23 2 2 3 DAS CARAVANAS DA CIDADANIA TRAI O AOS MOVIMENTOS Lula objetivando ampliar as bases de apoio e a simpatia do eleitorado em meio ao seu processo de candidato a presidente da Rep blica realizou uma jornada de atividades entre as quais surgiram as famosas Caravanas da Cidadania em 1989 e entre 1993 a 1994 Essas caravanas consistiam em visitas a pontos estrat gicos do pa s com reuni es partid rias encontros de di logos com entidades da sociedade civil e reuni es partid rias O pol tico defendia ser necess rio conhecer de perto os problemas sociais de cada rinc o do Brasil Reiteradamente afirmava terem sido as caravanas a sua pr pria universidade em um verdadeiro aprendizado olho no olho com os mais necessitados e utilizava essas experi ncias para combater cr ticas de opo
437. os aqui se criamos aqui e estamos aqui n ele n o ele n o tem nada com o Nordeste n o Lula n o Integrante do MST Bahia 2010 dados de entrevista Fato que Lula cada vez mais foi declarando a sua satisfa o para com a obra de modo aberto demonstrando estar totalmente vontade e vaidoso dela Como de costume os presidentes s o orgulhosos das obras erguidas em seus governos quando anseiam ser imortalizados diante de suas monumentais imagens Lula n o fugiu regra Quanto transposi o n o existe outra obra do PAC que tenha maior amplitude espacial Seu gigantismo estar erguido em 622 km de extens o onde dever o estar acoplados diversos aquat neis cerca de 30 km deles e reservat rios h dricos Lula chegou a comentar sobre o esfor o da constru o da transposi o comparando o ao da constru o 88 da Muralha da China com oito metros de largura e mais de oito mil quil metros de extens o obviamente uma compara o inadequada pelo exagero L gico que ainda falta muita coisa para fazer mas muita mas falta muita coisa n s estamos apenas come ando Voc n o desfaz o desmazelo de um s culo em quatro anos cinco anos ou seis anos um processo isso como construir uma escada a gente vai construindo Voc est lembrado quando come ou a fazer a Muralha da China aquilo n o foi terminada em um ano ou em dois anos aquilo algu m teve a coragem de come ar a colocar a primeira pedra e
438. os org nicos com as classes populares trabalhadoras a curto m dio e longo prazo e pretendem tornar o socialismo uma realidade planet ria A larga discuss o que o autor realiza imbui se de sentido para atualizar diversos dos aprendizados e dos dilemas deixados pela pr tica dos movimentos sociais ao longo da forma o de suas hist rias Wallerstein 2008 discute que ap s a Revolu o Francesa de 1789 concretizam se as a es coletivas nas quais se inspiram os primeiros passos dos movimentos sociais antissist micos dada a propaga o laica do ide rio da tr ade Liberdade Igualdade Fraternidade em todo o sistema mundo Diversos movimentos de liberta o nacional se valeram desse ide rio multiplicando o nascimento de Estados na es por toda Europa a primavera das na es e as lutas de independ ncia das col nias A partir da surgiram conceitos ressignificados como o de soberania que at ent o estava interligado figura do rei soberano Ressignificado ele passa no o de povo soberano ideia importante para a superestrutura do Estado e para a nacionalidade Por m nessa acep o h contradi es pois ao mesmo tempo o conceito serve ao poder 44 revolucion rio popular e ret rica das for as de opress o dos Estados tornando se mesmo uma barreira ideol gica para a fraternidade no amplo sentido do termo entre todas as classes oprimidas de todas as nacionalidades Nessa perspectiva cabe distingui
439. os que ya sabemos no conducen a ninguna parte 2007 p 27 Essa nova forma mais flex vel participa o e express o autodeterminada dos militantes torna prop cio um campo para a multiplica o das redes de movimentos sociais cada vez mais articuladas s perspectivas da cria o do que se configuram por rede de redes ou por movimento de movimentos A nova forma de agir das redes de movimentos populares e organiza es sociais representa tamb m formas complexas de redes de comunica o e de interc mbios entre os atores sociais Ao que compreende Alberto Melucci 1991 tratam se das caracter sticas das redes de movimentos sociais conectadas a circuitos de solidariedade lideradas n o por uma leadership concentrada mas difusa com estrutura polic fala reticulada segmentada Cada vez mais se coloca em evid ncia o dinamismo provocado pelas novas estruturas de comunica o e o surgimento de m ltiplas redes de movimentos sociais com tra os de funcionamento semelhantes aos de circuitos de solidariedade que mant m sujeitos individuais e organizacionais em inter relacionamento Na pr tica as redes de movimentos sociais utilizam estrat gias para assegurar coes o e consenso enfrentar momentos de descren a e repress o pol tica Scherer Warren 2006 considera ser necess rio ao estudo de movimentos sob forma de redes compreender como se formam as rela es sociais e suas estruturas de poder como s o democrati
440. os sobre a materializa o dos meios de produ o do Grupo Folha como corpora o midi tica bem como compreender o comportamento de conte dos jornal sticos como reportagens contextos gerais de capas e p ginas internas do Jornal fotografias artigos de opini o e editoriais da Folha de S Paulo que contemplaram a rede de resist ncia popular contra a transposi o 3 realizar an lise do discurso importando notar as estrat gias de constru o simb lica compreendendo se a perspectiva ideol gica utilizada para retratar a resist ncia popular e suas a es coletivas entre 2005 e 2007 A metodologia como forma de dire o geral desta pesquisa qualitativa baseia se na an lise de discurso e nos marcos te ricos sobre ideologia Os m todos de pesquisa realizados foram 1 elabora o de estudos te ricos para fins heur sticos da pesquisa com base em refer ncias reconhecidas academicamente no mbito das macro tem ticas vinculadas aos objetivos desta investiga o Segue se a indica o de alguns dos trabalhos utilizados conforme os assuntos espec ficos Sobre an lise de discurso e aportes a ela Orlandi 2007 Joly 2000 Barthes 1980 2005 Sobre movimentos sociais Wallerstein 2008 Zibechi 2007 e Rojas 2010 Sobre ideologia e ou m dia M sz ros 2004 2002 Thompson 2002 1998 Dellamea 1995 Debord 1997 Sobre conflitos socioambientais Little 2006 2001 Mart nez Alier 2007 Santilli 2005 2 r
441. osi o a rede de resist ncia teve de costurar a uni o das for as sociais encontradas na bacia sanfranciscana e em diversas outras localidades do Nordeste e de Minas Gerais Coletivamente as for as da resist ncia come aram a compreender a transposi o em sua complexidade espacial temporal pol tica econ mica e ambiental que teve de ser 123 esmiu ada para melhor qualifica o dos argumentos nos debates populares e nos trabalhos de persuas o para que o governo federal cancelasse o projeto Outra empreitada que se mostrou dif cil rede de resist ncia foi o desafio de elevar escala nacional o debate contra a transposi o do ponto de vista da resist ncia embora muitos dos movimentos j possu ssem organiza o nacional Ainda houve a dificuldade discutir o tema por organiza es como a Articula o do Semi rido ASA com mais de 700 entidades distintas em suas forma es bem como devido sobreposi o das atividades dessa a projetos financiados pelo governo Ainda fato que ocorreram diversos tipos de coopta o da milit ncia dos movimentos sociais centrifugados pela estrutura do governo federal Muitos desses sujeitos acreditavam que deste modo estariam contribuindo para a mudan a nas institui es internas do Estado Para parte desses sujeitos alterados da posi o de apenas grupos de press o para aqueles a quem se reivindica por se tornarem governo era preciso oferecer um voto de confian a ao
442. otagonismos Por isso participam de in meros encontros e de grupos de estudos no interior do movimento ou nos espa os que se abrem de escolas populares de forma o pol tica Nesse processo cada ator tem pontos de vista pr prios e at distintos considerando o universo de seu movimento 50 Em contraposi o ao vi s utilitarista levantado por Olson 1965 outros autores apontam os esfor os dos movimentos sociais para a constru o de pautas de demandas nas quais os ganhos t m car ter de benef cios amplamente coletivos como nos movimentos ambientalistas que cada vez mais ramificam se em suas especificidades MELUCCI 1991 SCHERER WARREN 1993 Nesse sentido h uma tend ncia de a es ambientalistas que ampliam as reivindica es de ativistas estritamente voltados ao preservacionismo ecol gico Na pr tica por seu termo o movimento ambientalista deveria abarcar conjuntamente as rela es sociais e as biof sicas Contudo em geral uma maior aten o dada aos aspectos biof sicos como a prote o a determinadas esp cies da fauna e da flora e a cen rios de rara beleza c nica natural Entretanto desconsideram se implica es sociais como por exemplo as rela es com comunidades locais tradicionais e ou urbanas Por isso veio a necessidade de alguns movimentos sociais e organiza es n o governamentais ONGs sublinharem em seu ambientalismo o radical lingu stico s cio como forma de explicitar suas pr
443. oticiados A escolha da amostra tamb m foi pensada de para que ela possibilitasse uma sequ ncia representativa de dados verific veis o quanto houve de presen a e aus ncia de repeti es quais significados tornaram se expl citos impl citos e ocultados tendo como refer ncia o pr prio limite do que foi poss vel significar na an lise caso a caso alguns desses aspectos foram mais desenvolvidos que outros Por meio dessas constata es pode se verificar uma modelagem do discurso criado pela Folha de S Paulo que reflete sua representa o simb lica midiatizada sobre a resist ncia popular e suas demandas pol ticas Como anteriormente discutido as imagens repercutem um sistema de signos portanto valora es simb licas e dissemina o de ideologia Cabe mencionar que todas as fotografias das capas foram examinadas na perspectiva de que elas mant m rela o de complementaridade com outros elementos da composi o da p gina do jornal t tulos legendas demais fotografias e imagens da p gina bem como com os textos leads correlativos Considera se que essas composi es elaboradas pelo impresso foram eleitas e organizadas com a intencionalidade de gerar significados espec ficos compreens o sobretudo dos leitores alvo consumidores potenciais do jornal 5 3 A TRANSPOSI O NA CAPA DA FOLHA DE S PAULO Antes de iniciar a an lise propriamente dita tornou se importante fazer uma primeira classifica o das c
444. ou a declarar que as obras seriam iniciadas o mais breve poss vel pelo Batalh o de Engenharia do Ex rcito logo ap s a aprova o pelo Ibama da LI que de fato logo veio a ser publicada em 23 de mar o de 2007 Em mar o a capa com destaque para a Manifesta o em Bras lia ocorrida contra a transposi o foi marcada por uma fotografia sugerindo atos de vandalismo Na parte de cima da capa h uma sequ ncia de fotos com destaque para uma v tima de bala perdida em S o Paulo Em seguida uma manchete com o texto Qualidade do emprego piora no Brasil e uma fotografia que pode induzir o leitor a concluir que a Manifesta o foi realizada de modo violento na qual ocorreu at a deten o de um homem Na foto aparece um nico manifestante correndo dando a impress o de estar fugindo devido portaria quebrada ele estava vestido com uma camiseta com o s mbolo da articula o popular contra a transposi o A partir da imagem e da legenda de capa parece que a Manifesta o foi organizada por um grupo pequeno de pessoas mal intencionadas Como a bandeira do MST apresentada em primeiro plano a imagem agregada ao subt tulo pode sugerir que tenha sido um militante desse Movimento o respons vel por quebrar a portaria do Minist rio da Integra o Nacional No texto da mat ria integrantes de movimentos populares explicam ter sido a a o provocada por algu m que se infiltrara para tumultuar a manifesta o pac fi
445. ova fotol gica n o precisa mas esmagadora 2005 p 195 Diante do percurso das not cias sobre a segunda greve e que ocorreram antes do surgimento da primeira capa com fotografia no tema seguem as conclus es 1 as primeiras not cias dessa etapa denegriram a imagem de Dom Cappio utilizando como subs dio confec o das mat rias jornal sticas ofensas e desaprova es p blicas ao bispo por pessoas com cargos considerados de alta hierarquia social pelo presidente pelo ministro e pelo arcebispo de Salvador 2 com o crescimento do apoio de segmentos importantes da sociedade e com a a o jur dica impetrada por um Procurador da Rep blica no dia 10 de dezembro ordenando paralisa o imediata da obra as reportagens come aram a indicar que o Executivo estaria preocupado com a vida do bispo e aberto ao di logo 3 n o obstante o governo mantinha posi o cada vez mais clara de levar adiante a obra sem um amplo di logo nacional sobre a revitaliza o e as alternativas ao desenvolvimento do semi rido 4 Dom Cappio passou a uma posi o mais contundente frente a Lula e ao Executivo declarando que a pol tica do governo n o abria espa o legitima participa o popular sendo portanto um governo de ditadura 5 ao mesmo tempo surgem not cias sobre cis es internas na CNBB em suas posi es pol tico religiosas sobre a greve de fome Diante da an lise que contempla as capas as imagens os t tulos e outros elem
446. p blica de Bras lia resolveu a celeuma a seu modo agora chama transposi o de revitaliza o como fez ter a feira em discurso no Planalto ao renovar o pacto Um Mundo para a Crian a e o Adolescente do Semi rido Brasileiro patrocinado pela Unicef Um dia antes o jornal Valor Econ mico mostrara que a revitaliza o prometida ao bispo n o passa de fic o or ament ria Programas com tal objetivo foram contemplados com R 1 3 bilh o no Programa de Acelera o do Crescimento PAC Em 2007 seriam R 124 milh es mas s 1 57 R 1 9 milh o havia sido empenhado nos primeiros cinco meses do ano N o foi a primeira demonstra o de que promessa e a o se contradizem No dia 10 reportagem desta Folha j tinha comprovado a disparidade de gastos com transposi o e revitaliza o Na primeira rubrica desde 2005 contavam se R 443 milh es antes mesmo de iniciar se a empreitada Na segunda menos da metade R 200 milh es Mesmo que se suspenda o ju zo sobre a obra a seguran a h drica da popula o do semi rido permanece incerta Em dezembro a Ag ncia Nacional de Aguas ANA divulgou previs es sombrias em seu Atlas Nordeste 41 milh es de pessoas em 53 dos munic pios do Nordeste correm risco de ficar sem gua suficiente at 2025 A condi o para evitar tal desastre seria deslanchar 546 obras em reservat rios e adutoras ao custo de R 3 6 bilh es N o deixa de ser sintom tico que o Atlas
447. para o desenvolvimento da economia do Nordeste Ao ser contemplado na primeira edi o do Programa de Acelera o do Crescimento PAC no governo Lula a transposi o estava or ada em R 4 5 bilh es No PAC 2 no governo Dilma Rousseff a obra j possui or amento previsto em R 8 8 bilh es interessante perceber que na tentativa de concretizar o projeto os arautos mais destacados na defesa da transposi o como o presidente da Rep blica e ministros frente da Integra o Nacional utilizaram ret ricas que simbolizam a transposi o dentro da representa o de uma promessa secularizada portanto de um projeto n o cumprido desde o Brasil Imp rio e ao mesmo tempo enobrecendo figuras hist ricas Dessa forma percebe se que o projeto constru do dentro de uma narrativa que o identifica entre outros referenciais como de cria o do governo imperial e mais que isso forjado como se tivesse sido concep o do pr prio imperador D Pedro Il Qual a vantagem do uso imag tico da nobreza imperial ao reportar se atual transposi o Essas s o algumas das quest es que inicialmente surgem e que se projetam em entrela o com o uso social da gua no Nordeste Para exemplificar a seguir destacam se trechos de alguns discursos do presidente Lula N o tem estado doador e estado receptor A gua criada pela natureza o rio federal o rio portanto um rio de integra o nacional N s estamos apenas fazen
448. parte dos planos de Lula contudo poca de fato havia uma press o da m dia para que o presidente se posicionasse sobre o projeto Ent o num gesto de mpeto afirmou Se eu ganhar essa elei o formo uma comiss o de alto n vel e se esse projeto disse outra express o for vi vel eu gasto n o um mas dois mas tr s bilh es se forem necess rio Integrante da CPT jul 2010 dados de entrevista de campo 79 Para al m do personalismo presente na poss vel afirma o de Lula Se eu ganhar formo eu gasto deve se observar que a Comiss o para estudar a transposi o foi formada menos por um grupo de alto n vel t cnico e mais por um grupo de alto n vel pol tico ent o coordenada pelo pr prio vice presidente Jos Alencar dif cil precisar Talvez Lula j estivesse particularmente convencido sobre ser a transposi o uma sa da vi vel para amenizar os problemas de escassez h drica do semi rido nordestino O ge grafo Aziz Ab S ber contr rio ideia da transposi o tamb m foi assessor de Lula e esteve presente na Caravana da Cidadania pelo rio S o Francisco apoiando o PT em 1994 Ab S ber declarou que foi o bispo Dom Cappio durante a Caravana que persuadiu Lula de que a transposi o n o resolvia o problema da pobreza regional RR MP 09 out 2005 p 1 2 2 4 DAS ELEI ES 2002 MODELAGEM DA TRANSPOSI O 2003 2004 Muitos jornalistas afirmam que a transposi
449. pas desse ano n o estiveram centradas totalmente na greve de fome Mas de certo modo surgem em consequ ncia do levante de debates e a es governamentais pressionadas pelo fato pol tico oriundo da greve de fome e s o publicadas em datas pr ximas a esse acontecimento nos dias 8 9 e 14 de outubro Entre os destaques de capa 4 fotos se referem greve de fome Dessas capas 2 s o manchetes A capa do dia 7 de outubro foi manchete com foto para o encerramento da greve de fome a do dia 9 de outubro foi manchete mas curiosamente sem foto Nas edi es dos dias 6 e 8 de outubro foram capas s quais se seguem editoriais a respeito da transposi o Em 2007 apesar de o n mero de mat rias ter sido menor em rela o ao ano de 2005 a Folha de S Paulo destaca mais o assunto transposi o no espa o de capa em 11 de suas edi es No dia 16 de mar o a fotografia principal refere se manifesta o ocorrida no Minist rio da Integra o Nacional organizada pelo movimento contra a transposi o No dia 29 de junho reservou se capa ao acampamento do movimento no canteiro de obras da transposi o com destaque para a fotografia de ind genas Praticamente todas as demais capas foram publicadas na segunda quinzena de dezembro nos dias 14 15 18 19 20 21 22 23 e 24 Dessas apenas 3 apresentam fotografias dias 18 19 e 20 Nessa ltima o tema manchete e apenas a do dia 15 de dezembro seguida de editorial Os Quadros 1 2
450. popular articulada por sujeitos vinculados Igreja Cat lica na d cada de 1990 as delibera es do Comit de Bacia Hidrogr fica do rio S o Francisco em 2004 posicionando se contrariamente transposi o caso essa fosse constru da para outros usos que n o ao abastecimento populacional e dessedenta o animal A partir de ent o a an lise adentra o entendimento da forma o da propriamente aqui nominada rede de resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco como a conjuntura e diversas de suas atividades sua capacidade e limita es para enfrentar o projeto entre o despertar e o se organizar O Cap tulo IV discute parte da trajet ria do Grupo Folha uma das corpora es midi ticas mais poderosas do pa s para subsidiar a compreens o da not cia como um 34 produto vinculado ao seu meio institucional e aos interesses de classe aos quais o Grupo vincula se Objetivando compreender como o tema da transposi o do rio S o Francisco se manifestou na Folha de S Paulo foi elaborado um gr fico apontando a evolu o da tem tica entre os anos de 2000 a 2011 Nele verifica se a maior concentra o das not cias nos anos de 2005 e 2007 e grande parte dessas centrada em atividades relacionadas rede de resist ncia Um segundo gr fico foi elaborado para se perceber a diferen a das coberturas entre 2005 e 2007 a partir dos epis dios da greve de fome de Dom Cappio verificando se uma redu o dr s
451. posi o portanto implicou em qualificar quadros da milit ncia de diversos movimentos 119 para essa demanda espec fica at haver a configura o de uma rede de resist ncia popular em oposi o obra o que ocorreu de forma mais clara depois da primeira greve de fome de Dom Cappio At ent o existiam muitos esfor os populares contra a obra mas que de modo desconexo Ainda n o havia o conhecimento sobre quais eram as for as coletivas e de intelectuais org nicos sobre o entendimento que cada um acumulava para efetivar os concretos esfor os em oposi o obra Entre os movimentos sociais o MAB veio contribuir com as an lises sobre as implica es da transposi o como uma obra que expulsaria diversas comunidades de forma direta e indireta Os sujeitos do MAB historicamente t m ac mulo sobre a compreens o sobre o que significa ser um sujeito individual e coletivo atingido pelo gigantismo das megaobras infraestruturais e o que significa lutar contra as injun es advindas das pol ticas compensat rias dos projetos desenvolvimentistas A hist ria do tratamento do Estado brasileiro dispensado s popula es impactadas muito similar tanto no caso do empreendimento ser uma barragem para gera o de hidreletricidade ou para abastecimento h drico como em grande parte das barragens no Nordeste semi rido o quadro de viola o aos direito humanos o mesmo Assim tamb m se compreendia que as popula es atingidas
452. posi o do rio S o Francisco 09 de outubro Transposi o j consumiu R 12 milh es Valor seis vezes o que j foi gasto na revitaliza o do rio S o Francisco obra que divide opini es teve in cio marcado para novembro Sem foto mas chamada principal 14 de outubro Relat rio do BM questiona obra no S Francisco sem foto 2007 16 de mar o Quebra quebra Manifestante deixa o pr dio do Minist rio da Integra o Nacional em Bras lia invadido por membros de movimentos contra a obra de transposi o do rio S o Francisco o clima ficou tenso quando a portaria do pr dio foi quebrada e um homem detido foto grande e principal 29 de junho Daqui n o saio Cerim nia ind gena no acampamento de manifestantes em Cabrob PE contra a transposi o do rio S o Francisco d Luiz Fl vio Cappio pediu aos participantes que mantenham o protesto 14 de dezembro CNBB pede apoio greve de fome de bispo sem foto 15 de dezembro Editoriais Leia Sede de votos sobre transposi o do S o Francisco e O Itamaraty reincide acerca de direitos humanos sem foto 281 18 de dezembro Oito quilos a menos O bispo de Barra BA d Luiz Cappio em greve de fome contra transposi o do S o Francisco foto principal 19 de dezembro Planalto prop e a bispo parar obra em rio em troca de fim de jejum foto principal a atriz Let cia Sabatella participa de manifesta o em solidariedade a Dom Luiz Fl
453. r o benef cio da facil comunica o comercial do mar para o interior do imperio e vive versa e aproveitaria as guas do Rio de S Francisco para a irriga o de suas terras como meio mais certo e efficaz de providenciar contra o horrivel flagello das grandes seccas que l casi annualmente poem em consterna o grande parte dos habitantes daquella provincia mas tamb m a communica o directa do mar para o Valle do Rio de S o Francisco e dos seus tribut rios seria o maior impulso afim de acordar a ind stria que em profundo lethargo jaz naquelas regi es e de promover a felicidade dos seus habitantes A certeza sobre a probabilidade de poder se executar aquelle projecto depende em primeiro lugar de um exact ssimo nivelamento da linha que tem de seguir o futuro curso do canal tirado do Rio de S Francisco e que convem come ar no bra o do dito Rio que passa entre a sua margem esquerda e a ilha do Ic meia l gua acima da villa da Boa Vista atual localiza o de onde parte o eixo Norte da transposi o em Cabrob PE e dirigi lo com constante aproveitamento do terreno que melhor se oferecer para a execu o da intencionada empreza para a baixada da Serra do Araripe e desta para as vertentes do riacho dos Porcos riacho Salgado e rio Jaguaribe abaixo at ao mar Se a serra do Araripe n o p ser obst culos invenc veis exiquibilidade deste gigantesco projecto neste caso apoiando a minha convic o sobre observa
454. r as benesses do ac mulo de riquezas como solu o adequada para sanar todos os problemas do desemprego estrutural uma situa o que se agrava face ao desperd cio de investimentos vultosos para fortalecimento de complexos militar industriais revelia do atendimento das necessidades b sicas dos seres humanos Sobre os modos de empreender a luta socialista para uma nova e radical reestrutura o do metabolismo da sociedade M sz ros explica que o pr prio levantar desse curso revolucion rio representa em si in ditas maneiras na dire o de uma integra o verdadeiramente autodeterminada dos indiv duos dentro da estrutura da a o coletiva consciente e assim sua emancipa o em rela o s cegas determina es de classe como previa a perspectiva marxiana da nova consci ncia de massa comunista 2004 p 338 Na forma o dessa nova consci ncia de massa comunista Aguirre Rojas 2010 tamb m concorda ser um ponto de mudan as paradigm ticas a Revolu o de 1968 pois os movimentos antissist micos que surgiram ap s esse per odo come aram a adotar novas formas de agir em suas rela es interpessoais para organizar as a es coletivas abandonaram criticamente o antigo car ter hier rquico e quase militar que marcou o comportamento dos movimentos antissist micos anteriores de 1848 a 1968 Da em diante os movimentos buscam novas formas horizontalizadas e descentralizadas recusando o mando de indiv duos s
455. r novas maneiras de expressarmo nos e de respondermos s express es de outros 1998 p 26 27 Vale ressaltar que para que se tenha internet com conex o banda larga na maioria das vezes as pessoas precisam pagar um provedor o qual se escolhe julgando entre 129 outros crit rios o que as empresas oferecem conjuntamente como acesso virtual a revistas e jornais Esse um dos motivos que faz o UOL mediar a maior quantidade de acessos pagos por internet da Am rica Latina contribuindo para que a Folha com seja um dos portais jornal sticos mais visitados do pa s Conforme a Pesquisa Nacional de Amostra por Domic lio Pnad de forma geral em 2009 o Brasil j possu a cerca de 13 5 milh es de resid ncias com conex o banda larga LIMA 2006 No bojo dessa realidade cresceu o n mero de jornais com edi es online contemplados por 15 6 milh es de acessos nicos por m s em 2010 O enorme crescimento da internet transformou a na quinta maior m dia em termos publicit rios com faturamente de cerca de R 1 bilh o no ano de 2009 praticamente ultrapassando o r dio ANJ 2010 importante perceber que cada vez mais os conglomerados consolidados de m dia da Am rica Latina articulam neg cios com grupos da ind stria de comunica o de pa ses de economia de centro uma estrat gia de homogeneiza o da produ o do conte do jornal stico que finda em um tipo de controle do fluxo internacional da informa o Isso oco
456. r a m o na massa s vezes suja de coc mas minha cabe a n o afirmou Ciro no debate MATAIS 15 fev 2008 p A8 198 Ao colocar no mesmo patamar Ciro Gomes e Let cia Sabatella pessoas que t m propostas pol ticas totalmente distintas apresenta se uma desqualifica o a ambos os lados No caso n o se reconheceu a pessoa Let cia Sabatella como lutadora social engajada na dif cil defesa dos direitos humanos e ambientais A Folha de S Paulo n o registrou o debate pol tico na pluralidade de suas vozes como ocorreu no Senado tornando o foco mais importante da not cia o di logo bate boca entre duas pessoas e n o o da ampla plen ria O que n o se verifica diante das imagens da mesma audi ncia dispon veis na internet cf KHOURY 14 fev 2008 Sim houve insultos da parte de Ciro Gomes direcionados ao bispo por m n o se pode concluir por bate boca rec proco Figura 19 Fotomontagem alusiva audi ncia no Senado sobre a transposi o 15 de fevereiro de 2008 N s nos conhecemos desde Porque n o temos intimidade Li no jornal que o senhor um dos que mais faltam ao Congresso LETICIA SABA TELS EO Ed neem a tu sou o deputadi seu primeiro trabalho por que essa Tormaitidade mais votado do pais Hoje levei falta ni Camara e estou aqu N o se estu esmi ZRI st na N o estamos vivendo o Estado democr tico parecido O TIM oii op que esper vamos Liminares t m sido le meter a m o
457. r o tipo de luta pela forma o de novos Estados na es ou pela independ ncia como movimento nacional uma vez que seus objetivos s o bem diferentes das lutas de movimentos sociais que surgiram na segunda metade do s culo XIX na esteira da insurrei o francesa de 1848 Nessa um planejamento estrat gico e formas de comunica o foram elaborados para se obter xito junto popula o Apesar da derrota dos rebeldes se iniciou um forte ac mulo de for as que permitiu a forma o da Primeira Internacional Comunista e depois suas diversas reedi es Entre o final do s culo XIX e o in cio do s culo XX os sindicatos atuaram tentando ampliar os direitos dos trabalhadores em negocia es com os industriais por vezes mediadas por autoridades relacionadas ao Estado Para tanto suas t ticas foram as greves e as interrup es da produ o Enquanto isso os partidos socialistas exerciam press es sobre as estruturas de dom nio pol tico do Estado para consequentes negocia es de supor se que seria f cil uma simbiose entre sindicatos e partidos socialistas Por m rapidamente surgiram problemas de hierarquia entre os dois tipos de organiza es de um lado emergiu a aristocracia oper ria composta por oper rios mais qualificados e remunerados em geral conservadores nas reivindica es trabalhistas devido a suas posi es de classe relativamente pr ximas ao patronato Com isso as demandas ficara
458. r que n o se pode reduzir a magnitude de uma rede como a da Articula o Popular do S o Francisco a manifesta es contra o projeto obra da transposi o H uma s rie de outras atividades a ela relacionadas que a posicionam 1 Grande parte dos atores da rede de resist ncia popular contra a transposi o chama a Dom Luiz Fl vio Cappio de Dom Luiz A Folha de S Paulo nomina o em geral de d Cappio sempre com d min sculo assim como o faz para designar os demais bispos ainda que a regra gramatical prescreva o D mai sculo Nesta tese optou se por nominar ao bispo por Dom Cappio assim como parte do grande p blico o identifica 32 contribuindo para a constru o de um novo modelo de sociedade Entre suas a es est o a defesa socioambiental das popula es da bacia do S o Francisco a revitaliza o dos rios os posicionamentos contra as barragens na bacia contra a a o de carvoarias mineradoras produtores de cana de a car monocultivos de eucalipto soja entre outros N o houve nomina o de um movimento social popular contra a transposi o Isso dependeria de os pr prios atores coletivos enunciarem essa forma o O que se levantou neste trabalho foi a uni o de diversas redes populares como f runs comit s articula es ind genas quilombolas movimentos e entidades de mbito local nacional e internacional a notar pelos participantes das diversas a es coletivas pelas firmas em car
459. ra M sz ros ressalta al m do car ter simb lico discursivo tamb m o car ter da materialidade tang vel como aspectos que sustentam a ideologia dominante Com consequ ncias diretas na forma o de uma consci ncia pr tica como se fosse dada naturalmente desde o sempre como se fosse inevit vel Uma materializa o que se processa inclusive pelo uso violento dos aparelhos de repress o Para Thompson esse uso encarado como outro mecanismo de domina o e n o uma produ o simb lica ideol gica importante frisar que Thompson difere de M sz ros em sua forma de considerar a domina o de classe como contingencial como apenas uma das possibilidades pela qual o estudo da ideologia pode transcorrer Essa diferen a te rica pode ser claramente percebida nas duas seguintes cita es transcritas Primeiramente destaca se a de Thompson importante enfatizar que rela es de classe s o apenas uma forma de domina o e subordina o constituem apenas um eixo da desigualdade e da explora o as rela es de classe n o s o de modo algum a nica forma de domina o e subordina o Se devemos elogiar as preocupa es de Marx com as rela es de classe devemos tamb m cortar o elo entre o conceito de ideologia 41 e o de domina o de classe Esse elo deve ser visto como contingente ao inv s de necess rio Ao estudar ideologia devemos nos interessar pelas maneiras como o sentido mant m rela
460. ra greve foi justamente que outras vozes viessem se somar resist ncia O que se quer destacar que quando se personaliza uma luta social retira se dela o seu car ter de constru o coletiva Figura 9 Imagem sobre a Ocupa o do Canteiro de Obras 29 de junho de 2007 1 2 AlO brasil cssecuos mus muua smi BispocriticaLulaepede 199 Midia resist ncia transposi o Diaspregui osos Chare Lasz Cappio retoma os prutestis contra d ns no no S o Frans Sem terra invadem mais coerededa anerid acis 3 fazendas em S o Paulo PASS aro betado teimam do prq dadas eai sido pay que invadiram obra da transposi o do S o Francisco Abaixo da reportagem sobre o acampamento em Cabrob h mat ria sem fotografia cujo t tulo diz Sem terra invadem mais 3 fazendas em S o Paulo O subt tulo diz O n mero de propriedades invadidas sobe para 67 OURO NEGRO OU VENDE Fonte texto acima Guibu 29 jun 2007 p A10 Foto Imagem 2 Tuca Vieira Folha Imagem Fonte texto abaixo Machado 29 jun 2007 p A10 Organizado pela autora 180 Esse personalismo se reproduz no destaque da fotografia em mat ria interna em que Dom Cappio discursa enquanto a imagem dos demais participantes apresentada totalmente desfocada Figura 9 Tamb m o subt tulo da reportagem n o se foca no protagonismo dos movimentos repassando ao convidado uma lideran a ao afirmar Dom Luiz Cappio reto
461. ra protestar contra o projeto Contudo a abertura ao di logo n o ocorria ao contr rio a Licen a de Instala o foi liberada pelo Ibama ainda nesse mesmo m s Em junho de 2007 as obras se iniciaram em Cabrob chefiadas pelo pr prio Ex rcito Em resposta os movimentos sociais realizaram o acampamento para a Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o com a participa o de cerca de dois mil militantes no local Todavia o governo n o quis escutar no Cap tulo V h mais detalhes tanto sobre a Manifesta o em Bras lia quanto sobre a Ocupa o 2 2 6 O GOVERNO PERSONIFICADO DE LULA E A TRANSPOSI O O governo Lula foi marcado por uma pol tica extremamente personificada na representa o individual do presidente que caracterizava seus discursos por meio do uso 87 combinado de suas m ltiplas identidades como nordestino oper rio sindicalista pobre e depois como presidente das grandes obras do sucesso do PAC Esses usos narrativos foram um dos motivos pelos quais Lula alcan ou extraordin ria popularidade No que diz respeito defesa da transposi o Lula utilizou v rios argumentos para enaltec la recorrendo a sua pr pria trajet ria pessoal como membro de fam lia pobre sertaneja tal como na seguinte fala ao final do seu mandato em 2010 As pessoas n o sabem como que vive o sertanejo s vezes andando sete oito nove dez onze quil metros para pegar um balde d gua numa cacimba suja
462. ra transposi o mas sob condi es Instituto imp s condi es para que a principal obra da gest o Lula seja realizada editais ser o lan ados Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 30 abr 2005 Dispon vel em lt http www folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 SANDER Let cia Se o Estado cede o Estado acaba diz Lula sobre bispo Em caf com jornalistas presidente critica a greve de fome de d Luiz Cappio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 21 dez 2007 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 S O FRANCISCO Manifesta o cancela ltima audi ncia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 04 fev 2005 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 S O FRANCISCO Manifestantes contra obra em rio tentam invadir minist rio Folha de S Paulo Caderno Brasil S o Paulo Bras lia 16 mar 2007 p A6 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 03 16 2 gt Acesso em 11 ago 2011 SCOLESE Eduardo Bispo tem sido intransigente diz Patrus Entrevista Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 17 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 17 2 gt Acesso em 15 ago 2011 CNBB convoca jejum de apoio a bispo Em nota divulgada ontem a entidade conclama os cri
463. racterizada por organiza es e movimentos sociais populares que t m trabalhos e projetos pol ticos de base popular A esse grupo somam se segmentos de comunidades ind genas quilombolas fundo de pasto ribeirinhas sertanejas entre outras sobretudo do semi rido nordestino e de regi es de cerrado relacionadas bacia do rio S o Francisco Diversos desses atores sociais conformaram a Articula o Popular do S o Francisco APSF com cerca de 300 entidades englobando conjuntamente diversos f runs de debates e demais articula es Intelectuais org nicos dos movimentos sociais populares e religiosos que t m rela o com as Comunidades Eclesiais de Base CEBs com a Comiss o Pastoral da Terra CPT com o Conselho Pastoral dos Pescadores CPP s o considerados como parte da resist ncia popular incluindo se nesse rol Dom Luiz Fl vio Cappio A esta pesquisa interessou a conforma o da rede de resist ncia popular como organizadora de a es coletivas contr rias ao projeto obra da transposi o do rio S o Francisco Isso implica dizer que n o foi analisado todo o contexto de diversas lutas existentes na bacia do rio S o Francisco atuantes por diversos outros motivos e ainda no contexto do semi rido brasileiro apesar de haver aqui o resgate em algumas an lises sobre essa complexidade de lutas sociais Ocorre que essas realidades s o extremamente amplas e pesquisa demanda um recorte tem tico e temporal Cumpre salienta
464. rafados CONTE DOS JORNAL STICOS ANTES DA PRIMEIRA GREVE DE FOME JANEIRO A SETEMBRO 2005 1 STRAUSS Luis Renato Infra estrutura Obra no rio S o Francisco atrasa e s come a em abril Governo inicia licita es que n o precisam de libera o ambiental Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 14 jan 2005 2 STRAUSS Luis Renato Governo blinda terras para transposi o no NE Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 18 jan 2005 3 STRAUSS Luis Renato An lise do Ibama pode atrasar in cio de obras Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 18 jan 2005 4 STRAUSS Luis Renato Semi Arido Conselho aprova explora o da gua do rio S o Francisco Uso tinha sido vetado em outubro grupo promete recorrer Justi a Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 18 jan 2005 5 FREIRE S lvia Protesto amea a ltima audi ncia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 02 fev 2005 6 SALOMON Marta S o Francisco Batalha jur dica vai atrasar transposi o afirma lbama Licen a ambiental depende dos Estados que divergem sobre obra Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 02 fev 2005 7 SAO FRANCISCO Manifesta o cancela ltima audi ncia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 04 fev 200
465. ragem que assegura que unicamente ascendam ao cargo de gerente ou editores aqueles que tenham assimilado os valores dos propriet rios Nesse sentido podem afirmar que t m muita liberdade 1997 p 60 tradu o nossa O expresso anteriormente refor a o porqu de o foco desta pesquisa estar n o exatamente sobre a empresa Folha de S Paulo mas no recorte de suas not cias como 126 significativas de um sistema de produ o de representa es bastante influenciado pela tica do poder dominante Essa tica vem sendo assentada a exemplo de outras corpora es midi ticas no percurso de um longo ciclo que se sustenta pela apropria o dos meios de produ o midi ticos e pelo estreitamento de rela es sociais entre a corpora o e o poder pol tico econ mico O jornal Folha de S Paulo pertence empresa Folha da Manh S A agregada corpora o midi tica do Grupo Folha Relata o material C rculo de Hist ria 2011 produzido pelo jornal que o marco de nascimento do Grupo Folha a cria o do impresso Folha da Noite em 1921 Por sua vez a Folha de S Paulo surgiu em 1 de janeiro de 1960 quando ent o tr s jornais da empresa Folha da Noite Folha da Manh e Folha da Tarde deixam de ser produzidos nesse momento Conforme relata o Almanaque Folha 2008 em 1962 a dire o da empresa foi assumida por Carlos Caldeira Filho e por Octavio Frias de Oliveira Esse ltimo foi intitulado pelo grupo empresarial i
466. rancisco gt 05 10 Bispo faz governo adiar obras Presen a de fotografia grande o 2 ETAPA Mostra que o governo aceitava a demanda do S bispo Retrata novo patamar da sua for a q pol tica polarizando o com o governo que o atende como ator pol tico mas persiste sua E representa o como int rprete de fi is a RR OM 6 10 Governo diz que bispo j aceita Aus ncia de fotografia Nessa edi o h E a ava encerrar greve de fome EDITORIAL em favor da obra O principal O lo BN sujeito passa do bispo ao pr prio governo da greve que continua representado como o paralisar a R Governo fala por Cappio sobre obra g 07 10 Governo abre debate e bispo MANCHETE Presen a de fotografia p ra greve Segundo religioso Governo continua aberto ao dialogo Surgem 3a ETAPA Planalto prometeu suspender duas vers es o bispo assegura que o obras de transposi o do S o Planalto contratuou cessar a transposi o e Francisco durante discuss o o ministro nega imediatamente Jaques Wagner nega o Depoisde 08 10 Cronograma da transposi o Aus ncia de fotografia Publicado EDITORIAL O greve est mantido diz Ciro Leia a favor da transposi o D z E encerrada amanh Caderno sobre a Ciro Gomes surge como porta voz da D governo transposi o do rio S o transposi o reiterando que continua em a explicita Francisco andamento O decis o por E es E Fa 09 10 Transposi o j consumiu
467. ras partes do Brasil e do sistema mundo e b sobre como essa rede foi projetada por um importante ve culo da grande m dia brasileira sendo esse tamb m um espa o de disputa das representa es simb lico ideol gicas Dessa forma a presente tese tem como objeto de an lise argumenta es publicadas pela Folha de S Paulo Esse Jornal considerado o impresso de maior prest gio entre parlamentares e por boa parte da elite e de grupos intelectualizados nacionais Trata se do jornal com o maior n mero de assinantes do pa s cerca de 300 mil Sua maior capilaridade adv m de sua inser o em p ginas da internet por meio da Folha com o jornal virtual mais acessado do pa s e por reprodu es de suas not cias no Universo Online UOL de modo geral Assim sendo tem grande poder de produzir e de disseminar formas simb licas de legitima o social sobretudo voltando se para a elite com forte controle da economia e da pol tica Esta pesquisa retrata parte de um processo sobretudo entre 2005 e 2007 em que imagens foram criadas e disseminadas no momento em que organiza es e movimentos sociais populares reclamavam o direito de participa o na tomada de decis o n o apenas do projeto de transposi o para evitar a concretiza o mas tamb m do desenvolvimento do Nordeste em temas como reforma agr ria distribui o e acesso p blico gua de qualidade irriga o economia de exporta o meio ambiente e rios revitalizado
468. raticamente todas foram foram as cr ticas ao projeto eram registradas no Jornal durante a durante como oriundas de pol ticos advers rios No ano de EM GF a EM GF 2007 quando houve um n mero total de mat rias sobre a transposi o menor que o ano de 2005 a EM GF obteve um peso maior em termos num ricos em rela o ao total de mat rias Fonte Organizado pela autora Observa o na contabilidade dessa tabela tamb m se incluem os artigos de opini o 144 Tabela 2 Quantidade de mat rias sobre a transposi o e a resist ncia na FSP Ano Quantidade de mat rias Quantidade de mat rias sobre a transposi o Sobre a resist ncia 2005 104 54 51 92 2006 12 3 40 2007 85 61 71 76 2008 12 4 30 total 213 131 61 50 Fonte Elaborado pela autora Essa contabilidade das mat rias jornal sticas sobre a resist ncia n o inclui mat rias de opini o e entrevistas 4 8 OS ARTIGOS DE OPINI O DA FOLHA SOBRE A TRANSPOSI O Aqui se faz uma s ntese sobre a opini o contida na Folha de S Paulo por meio da publica o e de artigos de opini o e ao final apresenta se um resumo sobre a posi o dos jornalistas que mais escreveram sobre a transposi o A Folha de S Paulo publicou 34 textos de opini o dedicados ao tema transposi o entre fevereiro de 2005 a janeiro de 2008 Desse total 20 se posicionam contra a obra 10 a favor e 4 n o explicitam posi
469. rativa jornal stica Declara o t tulo da manchete STF libera obras no S o Francisco Essa informa o completa e inverte a not cia publicada no dia anterior que informava a disposi o do Planalto de paralisar por dois meses a obra para que Dom Cappio encerrasse a greve As entrevistas de campo com atores da resist ncia indicam que nesse momento acabou de forma absoluta a negocia o por parte do governo Figura 17 Fotografias alusivas decis o do STF sobre a transposi o 20 de dezembro de 2007 Legenda O ministro Carlos Alberto Direito em sess o do Supremo a atriz Let cia Sabatella chora ao saber que as obras v o continuar Fonte Freitas Scolese 20 dez 2007 p A4 Foto Sergio Lima Folha Imagem Na mat ria sobre a decis o do STF surgem duas fotografias que se colocam uma em oposi o outra Figura 17 Em uma delas est o ministro Carlos Alberto Direito ent o relator do processo julgado retratado em posi o que lembra uma pessoa rezando com m os unidas Na outra direita est a atriz Let cia Sabatella como representante da rede contra a transposi o em momento de tristeza chorando ao conversar por telefone Essa decis o judicial foi considerada pela Folha de S Paulo uma importante vit ria do presidente Lula O Jornal n o mencionou que o STF sequer considerou o outro recurso impetrado por entidades da sociedade civil tendo sido negado o seu direito de ser julgado
470. rdeste O povo principalmente das cidades quem vai subsidiar os usos econ micos como a irriga o de frutas nobres cria o de camar o e produ o de a o destinadas exporta o Assim j acontece com a energia que mais barata para as empresas e bem mais cara para n s Essa a verdadeira finalidade da transposi o escondida de voc s Os canais passariam longe dos sert es mais secos em dire o de onde j tem gua Portanto n o estou contra o sagrado direito de voc s gua Muito pelo contr rio estou colocando minha vida em risco para que esse direito n o seja mais uma vez manipulado chantageado e desrespeitado como sempre foi Luto por solu es verdadeiras para a vida plena do povo sertanejo isso tem sido minha vida de 33 anos como padre e bispo do sert o pois um gesto de amor vida justi a e igualdade que nunca reinaram no Semi rido seja a seja aqui no S o Francisco longe ou perto do rio Agora mesmo grande o sofrimento do povo n o muito distante do rio e do lago de Sobradinho que em fun o da energia para um desenvolvimento contra o povo est com apenas 14 Um projeto de R 13 milh es que resolveria o abastecimento dos quatro munic pios da borda do lago espera desde 2001 pelo interesse dos governantes O S o Francisco precisa urgentemente de cuidados n o de mais um uso ganancioso que se soma aos muitos que lhe foram impostos e o est o destruindo Como lhes disse
471. re 26 de setembro e 6 de outubro de 2005 O lugar escolhido para o protesto foi Cabrob em Pernambuco Em apoio ao bispo convergiram para o local cerca de 1 200 pessoas de 60 organiza es Pastorais religiosas e movimentos interligados Via Campesina se solidarizaram de imediato com Dom Cappio devido tanto s demandas por ele apresentadas quanto pela pr pria vida do religioso Os debates desses atores concordavam que a oportunidade deveria ser direcionada para que a greve deixasse de ser apenas um ato individual para se tornasse um protesto popular coletivo contra a transposi o O ato da greve acabou sendo realizado tamb m por outros religiosos e militantes sociais a exemplo de quatro integrantes do MPA 112 Cabe registrar como parte da conjuntura pol tica da greve de fome que quatro dias antes do seu come o no dia 22 de setembro de 2005 que a ANA concedera o Certificado de Avalia o da Sustentabilidade da Obra H drica Certoh ao Pisf BRASIL ANA 22 set 2005 Esse certificado uma licen a formal necess ria s obras de infraestrutura h drica a partir de R 10 milh es implantadas ou financiadas pela Uni o At ent o para o governo federal o projeto caminhava sem muitos atropelos e em seu tempo regular As cr ticas do governo federal greve de fome de Dom Cappio centraram se na afirmativa de que o protesto representava uma a o individual do bispo n o refletindo a posi o da maioria da popula o Entret
472. relacionado a empreendimentos em rios brasileiros Antes da greve de fome a Folha de S Paulo havia publicado apenas tr s mat rias abordando a resist ncia ao projeto de transposi o Em uma delas relatava se sobre a decis o do Comit Nacional de Recursos H dricos CNRH ter aprovado o uso da gua do S o Francisco para uso externo bacia e n o restrito somente ao consumo humano e dessedenta o animal como o Comit de Bacia Hidrogr fica do S o Francisco CBHSF havia aprovado Nessa mat ria STRAUSS 18 jan 2005 comenta se que um grupo relacionado ao CBHSF iria recorrer na Justi a para impedir essa decis o As outras duas mat rias FREIRE 2 fev 2005 S O FRANCISCO 4 fev 2005 foram alusivas aos protestos contra as audi ncias p blicas O CBHSF de fato aprovou a possibilidade de execu o da transposi o contudo prescindiu o fato desde que o uso da gua fosse direcionado exclusivamente para o 160 consumo humano e a dessedenta o animal em caso de comprovada escassez h drica Decis o que deveria ser acatada em todas as inst ncias Assim como a Pol tica Nacional de Recursos H dricos atribui direito de decis o sobre o uso das guas dos rios aos Comit s BRASIL Lei 9 433 97 art 36 a 40 Todavia o Conselho Nacional de Recursos H dricos n o considerou a decis o do Comit Da o motivo de ser das manifesta es a impedir as audi ncias p blicas que dariam favorecimento il cito aprova o de
473. representa a maior obra de engenharia do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas Dnocs rg o vinculado ao Minist rio da Integra o Nacional 93 Um dos objetivos divulgados pelo Dnocs no que se refere finalidade da barragem do Castanh o foi o de proporcionar a irriga o de 43 mil hectares cf BRASIL DNOCS SIRAC 1990 Entretanto para atingir esse objetivo no semi rido seriam necess rios no m nimo 60 m s de gua cinco vezes mais que a vaz o m xima da pr pria barragem de 12 35 m s Para o rg o esta irriga o estaria vinculada a empresas consolidadas e n o a uma gest o participativa que beneficiaria aos pequenos agricultores atingidos em geral estigmatizados pelos rg os p blicos como se fossem incapazes de gerir tais empreendimentos devido complexidade t cnica dos projetos de irriga o Por m diante de reivindica es do MAB em uma longa batalha por direitos humanos no que diz respeito a uma compensa o mais honesta aos atingidos irrompendo se inclusive contra estigmas sociais sobre os grupos sertanejos e aos atingidos esse movimento popular conquistou tornar tr s dos reassentamentos rurais entre os vinte do Castanh o como vinculados a projetos de irriga o Na pr tica um dos grandes gargalos do MAB em rela o aos projetos de irriga o o de realmente transform los em refer ncias de produ o agroecol gica e de agricultura familiar N o h preocupa es m
474. rganismo de Estado criado para a gest o estrat gica do uso da gua no Brasil prop e 530 obras para solucionar os problemas de abastecimento h drico at 2015 em todos os n cleos urbanos acima de 5 000 cinco mil habitantes do semi rido brasileiro at 2015 Essas obras beneficiaram as popula es mais necessitadas e custaria 3 6 bilh es de reais portanto mais baratas mais abrangentes mais eficientes que qualquer obra de transposi o h drica Em nosso encontro acima referido o senhor me disse que n o seria louco de levar essa obra frente se apresent ssemos uma alternativa melhor Agora somando as obras propostas pela ANA juntamente com as iniciativas de capta o armazenamento e manejo de gua de chuva desenvolvidos pela Articula o do Semi rido ASA o senhor tem uma chance de escolha muito melhor pela qual seu governo ficar marcado para sempre na hist ria do Nordeste brasileiro sua terra natal N o faltam alternativas Falta uma decis o pol tica mais l cida Nosso pedido senhor presidente que se retome o di logo e que se garanta que seja amplo transparente verdadeiro e participativo incluindo toda a sociedade do S o Francisco e do Semi rido conforme foi pactuado em Cabrob em outubro de 2005 e renovado atrav s de pedido formal por carta protocolada em 6 de fevereiro ltimo Senhor presidente sempre vestimos sua camisa Ainda estamos vestidos nela Nossa contribui o de fiel militante
475. ria reproduzida continuamente entre serventia consentida e a autoridade dos donos do mundo existe a solidariedade de profiss o e de alma com a autoridade geral do espet culo e com a sociedade que ele expressa que torna para essa gente um dever e tamb m um prazer o fato de nunca se afastar da autoridade sua majestade n o deve ser lesada Conv m n o esquecer que toda pessoa da m dia por sal rio ou por outras recompensas sempre tem um patr o sen o v rios toda pessoa da m dia sabe que pode ser substitu da p 179 Comenta Noam Chomsky 1997 que o conte do disseminado pelos ve culos midi ticos conformado em grande medida pela ideologia dos propriet rios dos meios de comunica o O controle sobre a modelagem das informa es em geral n o se faz por meio de uma censura expl cita a cercear a liberdade de express o dos profissionais que atuam nas corpora es jornal sticas Para o autor os mecanismos de controle se expressam de modo a se observar se o conte do ultrapassa os limites tolerados pelos propriet rios sem d vida tomar o medidas para restringi los Contudo h um certo grau de flexibilidade Os investidores n o chegam ao est dio de televis o para verificar se um rep rter ou um apresentador de um determinado programa de entrevistas fa a o que eles querem Existem outros mecanismos mais sutis e complexos para conseguir isso Trata se de um longo processo de filt
476. rno o Valor Econ mico sob o coment rio de que a revitaliza o n o passa de fic o or ament ria O bispo passivo de promessa ainda que ele e os movimentos sociais tenham afirmado e reafirmado muitas vezes sobre a inoper ncia do projeto de revitaliza o Essa invers o continua na reportagem ao ser a pr pria Folha de S Paulo que revela as sa das ao abastecimento h drico da popula o utilizando se como base argumentativa o que indica o Atlas Nordeste da ANA N o seria motivo de invers o n o fosse essa argumenta o uma das mais enfatizados pela rede de resist ncia ou se o editorial tivesse comentado que esse tamb m um dos argumentos das resist ncias transposi o Esses grupos s o regidos como bem lembra o nome daquele jornal pelo interesse mercantil Suas not cias podem levantar cr ticas ao projeto mas de um ngulo que findam por refor ar a estrat gia tamb m pretendida pelas empreiteiras a de que as obras sejam realizadas aceleradamente Nesse editorial a Folha de S Paulo e o jornal Valor Econ mico surgem como vozes em defesa da revitaliza o Sabe se que suas pautas sobre a transposi o s o bem parecidas Assim como sintom tico o encontro de pautas no que se refere aquelas noticias que pontuam o dia a dia do andamento do projeto ou da obra S o essas not cias que transparecem ao p blico que a transposi o j seria um fato consumado Not cias como as 229 que contemplam por exemplo
477. rno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 12 dez 2007 18 BERGAMO M nica Ningu m engole isso Entrevista a Let cia Sabatella Entrevista Folha de S Paulo Caderno Folha Ilustrada S o Paulo 13 dez 2007 19 GUIBU F bio Governo uma ditadura afirma bispo Luiz Cappio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 13 dez 2007 20 SCOLESE Eduardo Greve de fome de bispo n o vai parar obras avisa Lula Presidente rejeita interromper transposi o por causa de protesto de religioso Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 13 dez 2007 21 GUIBU F bio Irm o afirma que n o vai pedir a bispo que pare greve de fome Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 14 dez 2007 22 SCOLESE Eduardo CNBB convoca jejum de apoio a bispo Em nota divulgada ontem a entidade conclama os crist os a se unirem em jejum e ora o a dom Luiz Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 14 dez 2007 23 SEDE de votos Bispo em greve de fome rep e a transposi o do S o Francisco em pauta interesse eleitoral parece vencer as fortes obje es Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Editorial S o Paulo 15 dez 2007 24 PRO Transposi o necess ria para o Brasil Entrevista a Nilson Campos Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 15 dez 2007 25 CONTRA Especialis
478. rre sobretudo por meio de ag ncias de not cias respons veis pela provis o e distribui o de not cias consideradas umbilicalmente por elas mesmas como do macro interesse pol tico e econ mico global Tamb m se inter relaciona a uma ampla cadeia do mercado de entretenimento hegem nico como cinema e mercado sonoro Causas diretas da massifica o de ideologias ocidentalizadas em escala mundial Nessa esfera cabe notar que o surgimento da Ag ncia Folha em 1994 centralizou se a produ o de not cias do Grupo Folha quando se alcan ou maior poder de dissemina o de informa es e de produtos de seu banco de imagens digitais Essa produ o passou a ser mercantilizada para uma enorme rede de ve culos jornal sticos do pa s como bens simb licos em sua forma de reproduzir not cias de forma homog nea sob a mesma tica ideol gica No caso do Grupo Folha o UOL possui contratos com a Turner Broadcasting System International para aportar sites da Cable News Network CNN Cartoon Network e Filmes TNT entre outros Ao mesmo tempo o Grupo Folha torna se para grupos relacionados CNN base de refer ncia de produ o jornal sticas brasileira Desde 2000 a Folha de S Paulo vem destacando mat rias produzidas pelo estadunidense The New York Times e pelo brit nico Financial Times 4 2 POL TICA DE COMUNICA O BRASILEIRA E MONOP LIO DA INFORMA O Dado o teor tem tico da pesquisa torna se importante esclarecer que o compo
479. rtamento adotado pelo Grupo Folha em rela o a sua pol tica editorial n o um exerc cio isolado desse ve culo Ao contr rio um reflexo do contexto sociopol tico em que se ergueram os grandes conglomerados midi ticos do pa s 130 No que concerne aos meios de comunica o de massa a Constitui o Federal de 1998 em seu Art 222 5 estabelece que os meios de comunica o n o podem ser direta ou indiretamente objeto de monop lio ou oligop lio Todavia persiste no pa s a aus ncia de regulamenta o inscrita sob a forma de leis complementares para impedir a propriedade cruzada multim dia Resguarda se dessa forma a concentra o de poder dos oligop lios midi ticos No Brasil a grande m dia liderada sobretudo pelas empresas propriet rias de canais televisivos abertos e fechados As concess es de frequ ncia para televis o devem ser reavaliadas a cada 15 anos Por m na pr tica trata se apenas de um consentimento subjugado s principais corpora es uma vez que n o h hist rico de outorga negado a elas O sistema brasileiro de concess es de audiovisuais tamb m possibilita s emissoras centrais serem s cias das regionais ampliando se as redes de neg cios em todos os estados brasileiros e por conseguinte uma homogeneiza o das informa es que se repercute em todos os ve culos dessas corpora es televis o jornais e revistas impressos r dio internet Todavia a Constit
480. rte dos requisitos necess rios para a obten o do Grau de Doutor em Desenvolvimento Sustent vel rea de concentra o em Pol tica e Gest o Ambiental Aprovado por M nica Castagna Molina CDS UnB Doutora em Desenvolvimento Sustent vel UnB Orientadora Lais Maria Borges de Mour o S Faculdade de Educa o UnB Doutora em Antropologia UnB Examinadora Interna Fernando Oliveira Paulino Jornalismo UnB Doutor em Comunica o Social UnB Examinador Interno Perci Coelho de Souza Servi o Social UnB Doutor em Servi o Social UFRJ Examinador Interno Irene Alves Paiva Ci ncias Sociais UFRN Doutora em Educa o USP Examinador Externo Bras lia DF 26 de junho de 2012 A minha amada m ezinha Gleydes por me fazer sentir tamb m amada a cada momento por todo ensinamento de paz de resist ncia e otimismo frente s dificuldades da vida pelo irrestrito incentivo s minhas escolhas AGRADECIMENTOS Esta tese fruto de uma enorme rede de solidariedade de muitas pessoas que me incentivaram e compartilharam comigo seu apoio fazendo do percurso para cumprir esta pesquisa momentos amparados em muito amor amizade e afeto querida Professora M nica Castagna Molina agrade o de todo cora o pela frut fera oportunidade de ser sua orientanda Sua dedica o e amor educa o popular educa o do campo aos ensinamentos freireanos me fizeram ser uma
481. rteadoras do que deveria ser o Socialismo Petista PT 1999 10 O PT n o concebe o socialismo como um futuro inevit vel a ser produzido necessariamente pelas leis econ micas do capitalismo Para n s o socialismo um projeto humano cuja realiza o impens vel sem a luta consciente dos explorados e oprimidos Um projeto que por essa raz o s ser de fato emancipador na medida em que o concebemos como tal ou seja como necessidade e ideal das massas oprimidas capaz de desenvolver uma consci ncia e um movimento efetivamente libert rios Da porque recuperar a dimens o tica da pol tica condi o essencial para o restabelecimento da unidade entre o socialismo e humanismo PT 1990 p 5 11 A nova sociedade que lutamos para construir inspira se concretamente na rica tradi o de lutas populares da hist ria brasileira Dever fundar se no princ pio da solidariedade humana e da soma das aptid es particulares para a solu o dos problemas comuns Buscar constituir se como um sujeito democr tico coletivo sem com isso negar a fecunda e desej vel singularidade individual Assegurando a igualdade fundamental entre cidad os n o ser menos ciosa do direito diferen a seja esta pol tica cultural comportamental etc Lutar pela liberta o das mulheres contra o racismo e todas as formas de opress o favorecendo uma democracia integradora e universalista PT 1990 p 6 O distanciamento das proposta
482. rupos como os de pol ticos os de empres rios e os que representam a m dia brasileira foi o modo de protestar e n o os motivos do protesto o que mais se usou meticulosamente para deslegitimar o protesto do bispo Com isso a visibilidade das justificativas ficou opaca esvaziando as greves de fome de seu teor pol tico O movimento foi vinculado a imagens estereotipadas calcadas no fanatismo religioso na ignor ncia popular Parte de um discurso ideol gico que foi constru do para oprimir qualquer forma de insurrei o popular relacionada religi o como se verifica desde Canudos e Contestado A crueza da realidade social do S o Francisco testemunhada antes durante e depois da peregrina o marca e modela a vis o que Dom Cappio tem dos problemas do 99 vale sanfranciscano Compreender a vis o de Cappio e a de seu grupo de peregrinos a respeito das necessidades das popula es do S o Francisco entender parte dos motivos que sublinharam a chamada radicalidade presente nas greves de fome de 2005 e 2007 e que foram silenciados pela grande m dia Para buscar um pouco dessa compreens o recorre se aqui a parte dos relatos registrados pelo grupo durante o percurso pelo S o Francisco e que foram publicados em Cappio Martins e Kirchner 1995 Entende se esse livro como subs dio a outras an lises por tratar se de relevante diagn stico sobre as vulnerabilidades socioambientais em que viviam as popula es ribeirinhas ness
483. s Em termos pr ticos para a an lise dos argumentos midiatizados v m facilitar pesquisa algumas das abordagens epistemol gicas que entre outras contribui es sistematizam os modos de se operar a ideologia na sociedade moderna caracterizada entre outros fatores pela crescente midia o da cultura 1 3 FORMA O DE MOVIMENTOS SOCIAIS ANTISSIST MICOS Marx evidencia que a Hist ria e com ela seu motor a luta de classes sempre foi caracterizada pela rebeldia dos sujeitos oprimidos escravos os servos feudais os prolet rios como uma marca constante Com o surgimento do mercantilismo durante os processos de expans o territorial da Europa Ocidental e sua pol tica colonizadora ao custo de infind veis genoc dios as estrat gias de resist ncia dos povos aut ctones foram se multiplicando sem lhes garantir as reais condi es de paz e dignidade ou como diriam os zapatistas de Chiapas sem lhes garantir a concretiza o do sonho de un mundo donde quepan muchos mundos Entre os grupos que se rebelam e que mais t m promovido demandas organizativas notam se os movimentos sociais populares a exemplo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST e do Movimento dos Atingidos por Barragens MAB Esses s o considerados movimentos antissist micos para usar os termos de Immanuel Wallerstein 2008 isto manifestam se na luta das classes oprimidas orientam se por seus projetos pol ticos por planejamentos coletiv
484. s conscientes da viola o aos direitos humanos imposta por grandes empreendimentos capitalistas situados nos cursos dos rios e s suas margens Transposi es hidrel tricas monocultivos mineradoras sider rgicas provocam enorme expuls o das comunidades de seu lugar de origem inclusive muitas que outrora j haviam sido assentadas e ou reassentadas Tais empreendimentos resultam na precariza o da for a de trabalho do sujeito do campo que n o raro submetido a condi es an logas escravid o Dessa forma a quest o do uso social da gua e da terra n o se desvincula do entendimento sobre os modos de produ o capitalista e da degrada o socioambiental Tudo isso tem sido um desafio para os apoiadores e militantes de movimentos sociais na tentativa de exercer uma pr xis contra o agroneg cio e o hidroneg cio conjuntamente pr xis da defesa socioambiental As bandeiras do MST n o se encerram na luta pela Reforma Agr ria bem como as demandas do MAB n o se encerram na luta contra as barragens apresentam como objetivo maior a supera o do modo de produ o capitalista Por isso organizam uma diversidade de lutas sociais como o n o transposi o do rio S o Francisco e as a es contra a privatiza o das empresas p blicas a citar as campanhas relacionadas Companhia Vale do Rio Doce e Petrobr s Surgem as a es de enfrentamento direto aos monocultivos de eucaliptos sobretudo nos estados do Esp
485. s entre outros O cen rio pol tico em que se insere essa resist ncia popular propriamente o de um conflito socioambiental cuja confronta o pol tica mais relevante diz respeito disputa por modelos distintos de sociedade 28 Esta pesquisa examinou como parte da ideologia dominante operou na constru o da imagem da resist ncia popular pela Folha de S Paulo Mais precisamente interessou compreender as estrat gias de constru o simb lica que o Jornal disseminou sobre a resist ncia popular em seus discursos imag ticos e textuais Para tanto esta tese orientou se pela seguinte pergunta De que forma discursos veiculados pela Folha de S Paulo retrataram a rede de resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco no per odo de 2005 a 2007 Como objetivo geral da pesquisa formulou se a seguinte tarefa investigativa caracterizar a forma o da rede de resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco e analisar discursos divulgados pela Folha de S Paulo sobre essa tem tica para apreender diferentes representa es sobre essa mesma rede de resist ncia Quanto aos objetivos espec ficos esses se inscrevem da seguinte forma 1 descrever na perspectiva hist rica sobre a forma o de ret ricas justificadoras da obra de transposi o do rio S o Francisco por seus defensores e sobre como ocorreu o di logo de atores da rede de resist ncia com representantes do Estado 2 descrever aspect
486. s muito do roteiro pol tico da segunda greve foi desenvolvido pois entrou em cena novamente o STF que um ano antes sob a presid ncia de Sep lveda Pertence avocara para si todas as liminares contra a transposi o Juntaram se a essas as demais liminares surgidas em 2007 at que em 19 de dezembro de 2007 o STF emitiu parecer favor vel ao andamento da obra em um julgamento de apenas uma das a es Com isso se terminou com grande parte das esperan as das resist ncias populares de paralisar a obra adiante se discute Voltando ao percurso da greve nota se que Dom Cappio passou a publicizar claramente sua insatisfa o em rela o ao Executivo direcionando o as cr ticas mais acirradas at ent o Governo uma ditadura afirma bispo Luiz Cappio GUIBU 13 dez 2007 Por outro lado o governo n o acenava que iria ceder demanda do bispo Greve de fome de bispo n o vai parar obras avisa Lula SCOLESE 13 dez 2007 Ao mesmo tempo surgiu uma n tida cis o dentro de segmentos da Igreja Cat lica a respeito da greve de fome CNBB convoca jejum de apoio a bispo SCOLESE 14 dez 190 2007 Vaticano pede a bispo que encerre greve D Lorenzo Baldisseri representante de Bento 16 enviou carta a d Luiz Cappio na BA e no DF grupos anunciam jejuns solid rios BEGUOCI 15 dez 2007 Carta da CNBB a religioso critica jejum ALENCAR 17 dez 2007 em um momento em que o Executivo volta
487. s 1 e 2 L o Caldas Organizado pela autora A segunda capa Figura 3 prossegue com a fabrica o da representa o da resist ncia contra a transposi o de forma reduzida a ato cat lico Lembrando se que na primeira capa entende se que a resist ncia foi reduzida romaria j nesta capa entende se ter sido reduzida NOVENA como demonstra a apari o desse substantivo em caixa alta na legenda Anteriormente o bispo havia sido apresentado em uma pequena fotografia dessa vez n o surge imagem sua nem na capa nem na mat ria interna Figura 3 Nessa capa a polariza o Cappio Lula n o realizada Observa se que o status de Cappio como bispo passado a frei Nota se que na mesma capa aparece a imagem do Papa Bento XVI posicionada como se ele estivesse olhando a foto da romaria o assunto de sua fotografia n o se 165 relaciona greve Ao se verificar a mat ria alusiva ao Papa no interior do caderno percebe se que o tamanho dessa mat ria destoa do destaque reservado na capa do Jornal com fotografia pois se trata t o somente de uma pequena nota de um s par grafo sobre a primeira reuni o de bispos no seu pontificado A imagem do Papa na capa concorre em aten o com a imagem da greve de fome principalmente porque ambas est o relacionadas ao catolicismo A fotografia para retratar a greve de fome de Dom Cappio possui um foco difuso e confuso a foto pouco atraente como recurso visual po
488. s 5 n o tiveram centralidade na greve de fome mas em outros subtemas sobre a transposi o 142 Foram 14 mat rias de 2007 relacionadas a a es da sociedade civil antes da ocorr ncia da greve de fome Essas mat rias representam 20 58 do total das mat rias desse ano Somando as com as do per odo da greve de fome chega se a um total de 91 16 das mat rias com tema na transposi o do rio S o Francisco de 2007 Considerando a quantidade de dias das greves de fome de Dom Cappio verifica se que a segunda greve foi muito menos noticiada em rela o primeira Por qu Um dos motivos mais evidentes seria a coniv ncia entre a grande m dia e o poder pol tico institu do em n o ter interesse em chamar aten o ao caso Integrantes da rede de resist ncia perceberam que a grande m dia conseguiu blindar o fato pouco noticiando o informa es colhidas em entrevistas de campo Outro motivo pode ser devido primeira greve ter se vinculado ao ineditismo do fato pois n o h precedentes de bispos em greve de fome Todavia a segunda greve tamb m j contava com o atrativo notici vel de que Dom Cappio j estar mais conhecido do p blico para n o citar a pr pria import ncia social do assunto transposi o estar mais conhecido como um programa marca do governo Lula 4 7 S NTESE DO DESEMPENHO DAS MAT RIAS DE 2005 E 2007 A Tabela 1 apresenta um resumo comparativo quali quantitativo sobre o desempenho das not cias
489. s adicionais ao custo de R 3 6 bilh es grifo nosso L E oportuno esclarecer que o Atlas Nordeste como estudo realizado pelo governo federal especificamente pela ANA tem servido de subs dio argumentativo tanto aos defensores da transposi o sobretudo representantes de alto escal o da ANA e do MI quanto queles que s o contr rios obra Para os primeiros as obras recomendadas no Atlas seriam complementares integradas transposi o e n o uma pr pria alternativa ao empreendimento J para parte dos integrantes da rede de articula o popular contra a transposi o as a es previstas no Atlas seriam uma concreta possibilidade de alternativa obra em que se acresceriam outros projetos gestados e geridos pelas comunidades do semi rido fortalecidas com o apoio do Estado Essa ltima posi o silenciada nos editoriais da Folha de S Paulo Eles n o explicitam que as obras recomendadas no Atlas poderiam ser uma alternativa transposi o embora defendam a import ncia da realiza o dessas obras Outro ator o Ibama tem uma atua o peculiar por ser descrito como um artefato onde se guarda o poder de cria o ou destrui o de que todos os outros atores tentam apoderar se as licen as ambientais Essa redu o e substitui o em que a fun o de licenciar se sobrep e a todas as outras como fiscalizar elaborar estrat gias de preserva o selecionar reas estrat gicas de conserva o reflete
490. s as rea es ao projeto de transposi o que surgiram a partir da explicita o das inten es do governo de FHC 1995 2002 de executar a obra O fato causou enorme conflito entre diversas personalidades dos setores p blicos contra e a favor do projeto Foram diversos os deputados senadores governadores e demais funcion rios do alto escal o do governo federal e dos governos estaduais que estiveram envolvidos no conflito federativo em torno das guas do rio S o Francisco Em resumo esses atores ficaram divididos exatamente entre os contra transposi o representantes dos estados chamados doadores da gua para a transposi o como Minas Gerais Bahia Sergipe e Alagoas exce o de Goi s e do Distrito Federal nos quais os pol ticos praticamente ausentaram se da discuss o e os pr transposi o representantes dos estados chamados benefici rios da transposi o como Cear Para ba Rio Grande do Norte e Pernambuco Cabe considerar que no governo FHC Pernambuco tinha como um de seus representantes Marco Maciel como o vice presidente de FHC VIANA 2005 Embora seja esse um estado doador isto pertencente bacia hidrogr fica do rio S o Francisco ele tamb m est previsto para receber as guas da transposi o por meio da constru o do Ramal do Entremontes que partir do Eixo Norte na altura da cidade de Salgueiro em dire o ao oeste de Pernambuco uma regi o realmente com baixo ndice pluviom tric
491. s como sujeitos coletivos por estarem sendo reiteradamente violados em seus direitos Nos seus di logos evidenciam que a transposi o nasceu com um grande passivo socioambiental gerado antes mesmo de ser iniciada a sua constru o basta ouvir os relatos de atingidos por barragens e por canais de adu o h drica que ser o conectadas transposi o como a barragem do Castanh o e o Eixo de Integra o no Cear as barragens Coremas M e d gua e Acau o Canal da 109 Reden o na Para ba a barragem Armando Ribeiro Gon alves e Santa Cruz no Rio Grande do Norte entre outros Esses empreendimentos tamb m parte do projeto de transposi o for osamente implicaram o deslocamento compuls rio de grande n mero de fam lias atingidas e a degrada o de ecossistemas que ficaram submersos Sobre a atua o do MST no Nordeste cabe notar que esse diante da tarefa de apresentar demandas espec ficas direcionadas possibilidade de criar novos assentamentos e melhorar a infraestrutura dos existentes muitas vezes se viu obrigado a pressionar n o somente o Incra mas tamb m o Dnocs mesmo rg o com que o MAB no Nordeste acostumado a lidar O intuito que sejam destinadas reas com possibilidades de cultivo irrigado aos trabalhadores rurais O MST compreende portanto parte das estruturas tradicionais de Estado que privilegiam as elites com terra e gua e percebe que a maioria dos canais irriga o existentes est
492. s do Nordeste relativos seca De fato a ideia da transposi o do rio S o Francisco foi levantada durante o Brasil Imp rio mas n o foi encontrado nenhum documento que se possa atestar sua defesa por Dom Pedro Il ent o usado como alegoria ret rica Com isso foram utilizadas as estrat gias de narrativiza o e de simboliza o da unidade como modos de fazer operar a ideologia apelando se para hist rias que remontam ao passado e hist ria nacional a fim de criar 242 um sentido de perten a uma hist ria que transcende a experi ncia do conflito da diferen a da divis o Thompsom 2002 p 83 No esfor o de inculcar no imagin rio nacional legitima o para a transposi o m ltiplas estrat gias de constru o simb lica foram acionadas ancoradas no gasto do er rio p blico investimento em estudos t cnicos sobretudo a partir da d cada de 1990 esfor os discursivos de pol ticos privilegiados pela aten o da grande m dia fabrica o de v deos e material impresso de divulga o publicit ria E at investimentos do governo do estado do Cear cuja elite pol tica esteve desde o s culo XIX vinculada com a articula o da proposta da transposi o na escola de samba Esta o Primeira de Mangueira que desfilou defendendo o projeto de integra o em 2006 per odo p s primeira greve de fome Esses mecanismos contribu ram para que parte da sociedade brasileira fosse influenciada pela
493. s financeiras o que evidentemente gera e gerar protestos Nota se que a sociedade civil pode estar subsumida em uma parcela significativa de advers rios da obra Essa express o quer simbolizar uma unidade mas no contexto do editorial mostra se uma express o usurpadora Pode conter tanto movimentos sociais como governadores contr rios transposi o e ao fato de que essa secar fontes financeiras Como parte dessa usurpa o verifica se que os atores da rede de resist ncia n o tem voz Os protestos s o de pol ticos em conflito por verbas do governo federal Mas tamb m s o desqualificados pela express o motiva o rec ndita Sobre a apresenta o dos argumentos aqui se nota que a cr tica levantada pela Folha de S Paulo sobre a transposi o na probabilidade de gerar desvio de verbas muito importante mas n o um tipo de argumento forte para persuadir que o projeto n o de interesse p blico devido pr pria banaliza o da pr tica de desvio de verbas no pa s Como parte do desvio do foco da resist ncia est a outra parcela de advers rios n o nominada e que tem outros motivos igualmente silenciados 218 Quadro 4 guas do S o Francisco 20 de fevereiro de 2005 1 Editorial controv rsias entre t cnicos pol ticos e representantes do governo contra a transposi o substitu da por t cnicos pol ticos e representantes do governo N o se trata apenas da sin
494. s originais foi de fato claramente notado ainda que para alguns militantes de movimentos sociais j estivesse claro qual seria a postura de um governo do PT Desde 1994 o partido j se declarava inclinado a um socialismo com empres rios O ambientalista Apolo Heringer Lisboa contr rio transposi o e representante do Comit da Bacia Hidrogr fica do Rio das Velhas explicita sua opini o sobre o descompasso entre o discurso e a pr tica petista visto as implica es pol ticas do governo Lula a citar o caso da transposi o Lisboa chega a externar que as a es do PT na condu o do Poder pol tico do Brasil podem ser comparadas a um caso de estelionato eleitoral e de quebra de princ pios 77 eles est o na l gica dos acordos pol ticos Em troca de acordos eleitorais em troca de poder e em troca de apoio financeiro s campanhas eleitorais os pol ticos acabam todos ficando iguais uns aos outros No caso especial do Partido dos Trabalhadores PT que era contra a transposi o eu acho que ele cometeu um erro muito grande porque a quest o do S o Francisco n o implica apenas mudar de posi o para uma coisa que n o teria import ncia antes de tudo uma quest o de princ pios Ent o eu penso que o PT acabou fazendo uma mudan a de posi o estrat gica ferindo interesses de pessoas que acreditavam no que defendiam e se sentiram de uma hora para outra tra dos o caso do bispo dom Cappio das trib
495. s pastorais e de movimentos populares conseguiram audi ncias com pol ticos e com funcion rios de v rios rg os p blicos sobretudo relacionados com a Casa Civil e com o Ml Tamb m conseguiram reuni es na ANA em per odo pr ximo ao lan amento do Atlas Nordeste documento t cnico utilizado nas argumenta es dos movimentos em rela o s alternativas transposi o Para alguns militantes na poca o documento significou um avan o em rela o posi o do governo pois apresentava um quadro amplo de solu es t cnicas para o abastecimento de toda a popula o urbana do 8 A Presid ncia da Rep blica formada entre outras institui es pela Casa Civil pela Secretaria Geral e pela Secretaria de Rela es Institucionais No que cabe especificamente Secretaria de Rela es Institucionais da Presid ncia da Rep blica presente nas media es nos per odos de greve de fome de Cappio essa possui trabalhos vinculados ao presidente da Rep blica para a coordena o pol tica do governo para a comunica o com o Congresso Nacional e com os partidos pol ticos com os estados e com a sociedade civil organizada 114 Nordeste e norte de Minas Gerais O documento contemplava a avalia o para capta o adu o e tratamento em 1 892 sedes urbanas ao custo de R 3 5 bilh es ou seja menos do que o custo calculado para a transposi o 4 5 bilh es de reais Atualmente o or amento de obras para servir s
496. sa do S o Francisco e outras entidades KHOURY 2005 Essa foi a liminar que impediu o andamento das obras at dezembro de 2006 quando o STF em decis o monocr tica liberou as obras Entre as a es interpostas interpelava se aos seguintes fatos quanto ao Conselho Nacional de Recursos H dricos ter se sobreposto s decis es do Plano de Bacia do S o Francisco aprovado no cumprimento das responsabilidades do Comit de Bacia Hidrogr fica do S o Francisco conforme determina o art 38 da Lei 9433 97 quanto ao EIA ter sido mal elaborado em in meros de seus pontos tendo por exemplo omitido seis etnias ind genas a serem impactas diretamente bem como s o desconsiderados os 34 povos ind genas 153 comunidades quilombolas que habitam a Bacia KHOURY 2005 portanto invalidando sua 223 seriedade para uma aprecia o em audi ncias p blicas que deveria ser regida pela defesa de direitos humanos e ambientais quanto a caber ao Congresso Nacional proceder san o sobre o projeto de modo geral verificando consenso de pacto federativo e a relev ncia social do empreendimento por tratar se de interesse da Uni o especialmente no que diz respeito a IV planos e programas nacionais regionais e setoriais de desenvolvimento art 48 corroborado pelos art 58 e 165 da CF quanto s comunidades ind genas n o terem sido informadas e consultadas e quanto ao Congresso Nacional n o ter julgado esse caso em espec fico contrar
497. sam igualmente por inflex es na elabora o da discursiva editorial Os primeiros editoriais 1 2 e 3 focalizavam as a es do governo de modo generalizado Paralelamente os atores resistentes foram invisibilizados justamente no momento em 2005 em que se dava um intenso processo de fabrica o da imagem da transposi o como leg tima e como fato consumado pelo governo Esse processo foi corroborado pela narrativa da Folha de S Paulo ainda que ela tenha apresentado severas cr ticas como por exemplo apontando no processo do projeto a cria o de fatos consumados passando por cima de aspectos legais a possibilidade de o projeto desviar recursos p blicos de outros projetos importantes e a possibilidade de que a obra se tornasse um elefante branco Posteriormente em 2007 nos editoriais 4 e 5 as cr ticas mais acentuadas ao projeto referiam se a uma subjacente cr tica ao governo adijetivado de Lula e figura do presidente em seu segundo mandato O presidente estava ent o com alto ndice de popularidade j apontando a chance de continuidade de governo em pr ximas elei es Essas cr ticas tanto s o produzidas que o ltimo editorial se nominou Sede de votos 207 Tabela 4 Quem ou o qu atua nos editoriais da transposi o Sujeitos coletivos indiv duos personagens Ed 1 Ed 2 Ed 3 Ed 4 Ed 5 personificados institui es 20 02 05 05 10 05 08 10 05 01 07 07 15 12 07 1 O governo XXXXXXX X X 2 12 milh
498. sas Era alguma resposta do Executivo ao apelo de Dom Cappio e da rede de articula o de lutas sociais contra a transposi o para a promo o do di logo amplo com a sociedade poca parte das for as da resist ncia contra a transposi o considerou esse evento como um importante avan o em dire o ao in cio do di logo pois a partir dele foram criados tr s Grupos de Trabalho de acordo com as tem ticas a desenvolvimento do semi rido b projeto de transposi o do rio S o Francisco e c a es de revitaliza o da bacia hidrogr fica do S o Francisco MARTINS et al 2007 Por m foi um avan o ef mero 172 Nessa conjuntura havia um calend rio com in meros encontros previstos para ocorrer em 2006 em diversos estados brasileiros N o obstante essa oficina concentrou em si mesma o in cio e o fim do di logo esperado ou seja n o se pode dizer nem mesmo que houve um in cio mas um jogo de cena pol tico Pois logo ap s essa oficina representantes da Casa Civil justificavam que o di logo seria momentaneamente interrompido devido ao per odo de elei es presidenciais em aten o s normas do Tribunal Superior Eleitoral TSE Mas fora firmado o compromisso com as lideran as sociais de que findando o per odo eleitoral no in cio de outubro as atividades do Grupo de Trabalho seriam devidamente retomadas O que de modo algum ocorreu Os movimentos sociais cientes da legitimidade de seus argumentos colabor
499. sco vai transformar o sert o semi rido num mar de gua doce encanada Uma popula o de 12 milh es de pessoas seria beneficiada ao custo total de R 4 5 bilh es Parece tamb m exagero a cifra de 12 milh es de benefici rios em realidade toda a popula o urbana na rea das bacias receptoras Se os 12 milh es surgem sempre ressaltados como os benefici rios outro n mero semelhante por sua fun o legitimadora os 41 milh es do Atlas Nordeste BRASIL ANA 2006 descrito pela sua ant tese amparado n o exatamente pelo benef cio mas pelo temor ao cen rio catastr fico caso uma s rie de projetos capilarizados por todo Nordeste n o se realize a tempo A representa o surge em rela o s pessoas que correm risco de ficar sem gua suficiente at 2025 e ao que os 41 milh es de nordestinos poder o enfrentar inseguran a h drica Em termos de marketing dizer que as comunidades ser o beneficiadas bem melhor que anunci las como alvo de cat strofe 4 Editorial Em dezembro 2006 a Ag ncia Nacional de guas ANA divulgou previs es sombrias em seu Atlas Nordeste 41 213 milh es de pessoas em 53 dos munic pios do Nordeste correm risco de ficar sem gua suficiente at 2025 5 Editorial a pr pria Ag ncia Nacional de guas ANA alertou em seu Atlas Nordeste um ano atr s que 41 milh es de nordestinos poder o enfrentar inseguran a h drica se n o forem realizadas obra
500. se o Editoriais Opini o S o Paulo 17 fev 2009 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp opiniao fz1 702200901 htm gt Acesso em 18 ago 2011 EDITORIAL Mar de controv rsia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Editoriais S o Paulo 08 out 2005 p A2 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br fsp opiniao fz0810200502 htm gt Acesso em 04 jun 2011 259 ELEITORA de Lula atriz apoia bispo e critica governo Entrevista a Let cia Sabatella Folha de S Paulo S o Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil 19 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 19 2 gt Acesso em 11 ago 2011 p A11 FREIRE Silva Campo minado PM encontra armas pr ximas a sem terra Folha de S Paulo S o Paulo Macei 01 out 2005 p A20 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2005 10 01 2 gt Acesso em 11 ago 2011 Caminho das guas Justi a suspende licen a para transposi o Liminar da Justi a Federal da Bahia impede in cio das obras procuradora aponta irregularidades Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 07 out 2005 p A14 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp gt Acesso em 22 set 2010 Protesto amea a ltima audi ncia Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 02 fev 2005 Dispon vel em lt http Awww folha uol com br fsp brasil gt Acesso em 22 set 2010 FREITAS Janio de Aguas turvas
501. se org br gt Acesso em 25 set 2010 252 CAMPOS Eduardo Legisla o provincial do ec meno rural e urbano do Cear Fortaleza Revista da Academia Cearense 1981 Dispon vel em lt www eduardocampos jor br livros e26 pdf gt Acesso em 22 out 2009 CANCLINI N stor Garcia FERIA Ernesto Piedras Las industrias culturales y el desarollo de M xico M xico Siglo XXI Flacso 2006 CAPANEMA Guilherme Schuch A seca do Norte pelo Bar o de Capanema Jornal do Comercio Rio de Janeiro 1886 Dispon vel em lt www colecaomossoroense org br gt Acesso em 25 set 2010 Apontamento sobre a seca do Cear Rio de Janeiro 1886 In ROSADO Vingt un ROSADO Am rica Org S timo livro das secas Edi o especial para o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria Rio Grande do Norte Funda o Vingt un Rosado Banco do Nordeste 1980 Dispon vel em lt www colecaomossoroense org br gt Acesso em 25 set 2010 Apontamentos sobre as secas do Cear Rio de Janeiro Tipografia Nacional 1878 CAPPIO Luiz Fl vio MARTINS Adriano KIRCHNER Renato Rio S o Francisco uma caminhada entre a vida e a morte Petr polis Vozes 1995 COMIT DE BACIA HIDROGR FICA DO RIO S O FRANCISCO CBHSF Conselho Executivo Texto baseado nos documentos da Secretaria Executiva do CBHSF e na a o civil publica movida pelas entidades que comp em o F rum Permanente em Defesa do Rio S o Francisco OAB Bahia Minist rio P bl
502. sitores pol ticos sobre sua baixa escolaridade Uma dessas caravanas ficou conhecida como a Caravana da Cidadania pelo S o Francisco Ela ocorreu em 1994 em um ano de campanha eleitoral As atividades dessa caravana tornaram se bastante relembradas pelos atores da rede de resist ncia popular contra a transposi o surgindo como um marco divisor da linha pol tica do Lula antes e depois de 20083 em rela o a sua prefer ncia ao projeto de transposi o Em entrevistas realizadas para esta pesquisa integrantes de movimentos e entidades populares mencionaram as passagens das caravanas de Lula pela bacia do rio 78 S o Francisco em 1989 e em 1994 em que ele frisava a import ncia de novas pol ticas p blicas para uma efetiva revitaliza o do S o Francisco e para a melhoria da qualidade de vida de suas popula es Ao mesmo tempo esses atores enfatizaram que nunca um projeto de transposi o fora apontado por Lula como um plano para um governo futuro seu Por isso esses sujeitos se declaram terem sido surpreendidos com a mudan a do pensamento do presidente interessante resgatar isso a Caravana do S o Francisco Aqui em Juazeiro ele fez um discurso que era um grande absurdo se pensar em transposi o do S o Francisco que o rio estava era morrendo precisava era de cuidado precisava era de ser revitalizado e n o de transposi o ele falou isso publicamente aqui nessa Caravana do S o Francisco quando ele conheceu melh
503. situadas dentro das respectivas realidades mas sempre curvando se ao olhar da elite branca europeia formando se uma dupla consci ncia branca Esse processo gerou no per odo p s independ ncia o colonialismo interno a diferen a nacional exercida pelos l deres da constru o nacional 2003 p 68 pela dupla consci ncia americana e europeia desses l deres fazendo desaparecer os sujeitos o Outro que criam um discurso ventr loquo conforme interesse do Centro aos quais est o a espelhar se 1 6 A GRANDE M DIA E OS MOVIMENTOS SOCIAIS POPULARES Antes e durante o per odo de ditadura militar era comum ver os movimentos sociais retratados em p ginas policiais jornal sticas Com o movimento Diretas J pela abertura pol tica no Brasil e com o desenvolvimento de fortes movimentos sociais camponeses em meados da d cada de 1980 houve um deslocamento no modo como os movimentos estavam sendo representados na grande m dia Isso pode ser considerado uma conquista na disputa de espa o midi tico ao come arem a receber status diferenciado e uma melhor visibilidade surgindo em p ginas consideradas nobres dos jornais impressos em cadernos voltados a assuntos pol ticos Ainda que o vi s apresentado sobre os movimentos camponeses muitas vezes viesse a denegri los isso era concebido sob uma forma menos pejorativa e desrespeitosa que os formatos publicados a partir do final da d cada de 1990 Gohn 2000 faz uma an lise dentr
504. smo dos movimentos frente a for as militares refor a se a ideia de que o Ex rcito estava ali n o somente para iniciar as obras Torna se expl cito que o Ex rcito cumpria a fun o naquele momento de garantir a dissemina o midiatizada da obra como fato sem inimagin vel retorno Impl cito estava a quest o de garantir a seguran a da obra contra inimigos internos atores da rede de resist ncia contra a obra Portanto h o uso sutil da estrat gia da constru o simb lica de expurgo do outro apresenta se um inimigo interno e da criminaliza o dos movimentos sociais 5 Editorial Advers rios da transposi o diante do fato consumado recorrem a medidas extremas como a retomada da greve de fome de dom Luiz Fl vio Cappio bispo de Barra BA Alegam com apoio de v rios especialistas A utiliza o do termo medidas extremas remete ao ide rio que sustenta as ideologias de seguran a nacional e a cria o de um inimigo interno expurgo do outro em dire o aos movimentos sociais 233 Reincide a padroniza o a sociedade civil aparece subsumida sob o adjetivo substantivado advers rios Usa se uma meton mia em que se nomina a Dom Cappio que parece responder por todos os que o apoiam E pela primeira vez os especialistas n o s o o foco s o apoio aos argumentos da resist ncia H uma desqualifica o ao se descrever a a o dos advers rios da transposi o como medidas extremas
505. sposi o Frente Paraibana em Defesa da Terra das guas e dos Povos do Nordeste Comit Paulistano Contra a Transposi o CESE KOINONIA ABCMAC P1 2 ACIDES AMIDES gua Viva Par quias Campo Alegre de Lurdes BA Sobradinho BA S o Francisco de Assis BA Paulo Afonso BA Nossa Senhora das Dores SECON Rede Social Jornal Brasil de Fato 306 Conlutas Diret rio Central dos Estudantes de Minas Gerais Consulta Popular PSOL PSTU PUC Minas DCE UFMG Universidade de Innsbruck Instituto de Geografia UNB Federa o Argentina de Estudantes de Agronomia Executiva Nacional dos Estudantes de Veterin ria Grupo Nascer UFMG Li es da Terra PUC Minas FEAB Geografar UFBA UFS Campus Itabaiana SE UNEB Povos ind genas Pipip Truk e Tup Comunidades Quilombolas Vazanteiros Geraiseiras Catingueiras e pescadores Col nia de Pescadores Z 20 Ibia MG Juazeiro Z 07 Ne polis SE Federa o dos pescadores de Alagoas Reserva Extrativista S o Francisco Serra do Ramalho 307 CARTA DE CARNA BA DO SERT O AO POVO DO S O FRANCISCO DO NORDESTE E DO BRASIL Rio S o Francisco 23 de agosto de 2009 De todos os cantos da Bacia do Rio S o Francisco vimos nos encontrar em Carna ba do Sert o munic pio de Juazeiro BA Somos 108 pessoas de 43 organiza es sociais e movimentos populares ind genas e quilombolas pescadores e vazanteiros lavadeiras e agricultoras camponeses de fundos
506. ssemina o ideol gica As mensagens das can es das escolas de samba se capilarizam atrav s das redes de comunica o em todo o pa s afinal elas possuem alta visibilidade midi tica por se propagarem no cotidiano por meio de in meras repeti es Dessa forma o ide rio que representam possui o poder de influenciar o imagin rio coletivo nacional Sobre a hist ria da transposi o como constru o de um discurso legitimador pouco dito sobre outros per odos por exemplo sobre o governo Itamar em que a transposi o tamb m foi defendida tanto quanto a narrativa com base no Brasil Imp rio A cria o da imagem da transposi o como ideia de promessa secularizada parece possuir uma esp cie de portal hist rico narrativo com representa es simb licas desse per odo Como descrito a constru o e a dissemina o ideol gica no caso voltada para a legitima o do empreendimento possui os mais variados mecanismos a constru o de 70 uma narrativa hist rica amparada pela distor o de fatos hist ricos a apropria o dessa ret rica hist rica por representantes pol ticos carism ticos e bastante midiatizados a capilariza o da ideia da transposi o por meio da cultura popular midiatizada entre outros Uma outra forma de se construir a imagem de um projeto pela constru o de mapas e croquis explicativos Observa se que em nenhum mapa bem como em forma textual do Estudo de Impacto Ambiental da transpos
507. ssim s o diversos os fatores que confluem no ato de significar At conforme comenta Barthes o nome do jornal pode fazer infletir fortemente a leitura da mensagem propriamente dita uma foto pode mudar de sentido ao passar de Aurore para l Humanit 2005 p 325 Dessa forma a fotografia implica diferentes leituras se publicada na Folha de S Paulo ou no Brasil de Fato dado que a fotografia jornal stica n o se dissocia das nuances da pol tica editorial de cada impresso como por exemplo se a favor ou contra dos movimentos sociais de um governo ou de governantes Todavia os conceitos levantados sobre as pol ticas editoriais n o devem ser t buas determinantes quando se trata de 152 compreender os significados das publica es sob pena de tornar a an lise rasa e previamente conclu da Ao mesmo tempo ignor los pode conduzir an lise ing nua das mensagens que s o inerentemente manifestos de valores s cio pol ticos Sobre o problema da a o interpretativa da imagem Joly 2000 observa que existe o discurso da recusa da an lise de imagens aqui se recorta ao mbito fotogr fico Ele se justifica com base em argumentos indagativos que desvalorizam a import ncia dessa an lise colocando a um manto de suspeita a por n o haver como expressar sobre algo naturalmente leg vel isso bem remete ao dito uma imagem vale mais do que mil palavras b por trata se de infer ncias emotivas sem valor
508. st os a se unirem em jejum e ora o a dom Luiz Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 14 dez 2007 263 Greve de fome de bispo n o vai parar obras avisa Lula Presidente rejeita interromper transposi o por causa de protesto de religioso Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 13 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 13 2 gt Acesso em 15 ago 2011 Justi a manda suspender obras do rio S o Francisco Decis o do TRF da 1 Regi o provis ria Advocacia Geral da Uni o recorrer Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 12 dez 2007 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 12 2 gt Acesso em 15 ago 2011 SELIGMAN Felipe GUIBU F bio Planalto negocia com bispo fim de jejum Proposta envolve construir cisternas e acelerar revitaliza o do rio S o Francisco d Luiz diz que oferta indecorosa Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia Sobradinho BA 18 dez 2007 p A8 Dispon vel em lt http acervo folha com br fsp 2007 12 18 2 gt Acesso em 19 mar 2012 STRAUSS Luis Renato An lise do Ibama pode atrasar in cio de obras Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 18 jan 2005 Dispon vel em lt http www1 folha uol com br gt Acesso em 12 jan 2011 Infra estrutura Obra
509. stico da segunda greve de fome por meio dos pr prios t tulos das mat rias publicadas para um entendimento sobre o contexto social do que foi retratado Nas primeiras mat rias da Folha de S Paulo sobre a segunda greve percebe se que diversas not cias n o apenas registraram posi es contr rias a Dom Cappio o que uma tarefa importante do of cio jornal stico mas acentuaram mais as informa es que denigrem a sua imagem Confere se no subt tulo Presidente diz que bispo o obriga a escolher entre ele e 12 milh es que precisam de gua E n o tenha d vida que eu ficarei com os pobres GUIBU 28 nov 2007 Nessa constru o discursiva pode se entender por simples infer ncia que ent o o bispo estaria politicamente do lado contr rio ao de 12 milh es de nordestinos Ministro critica nova greve de fome de religioso GUIBU 28 nov 2007 Geddel ministro do MI critica greve de fome fundamentalista de bispo GUIBU 29 189 nov 2007 Arcebispo de Salvador pede a d Luiz fim de greve de fome GUIBU 5 dez 2007 O inimigo n mero 1 da democracia LIMA 10 dez 2007 Esse ltimo t tulo se refere a um artigo de opini o assinado pelo pr prio ministro Geddel Vieira no qual acusa o religioso de realizar terrorismo simb lico com a popula o Cabe lembrar que terrorismo e fundamentalismo s o palavras que se tornaram famosas nos discursos de George Bush para just
510. sto por sua pr pria fam lia patrono da Folha de S Paulo Sob a condu o do empres rio o Grupo elevou seu parque gr fico a um dos maiores da Am rica Latina cuja importante base instrumental foi alicer ada durante o governo ditatorial brasileiro 1964 1985 Em 2008 o empres rio faleceu deixando o controle acion rio para seus filhos Luis Frias e Ot vio Frias Filho atuais presidente e editor chefe da Folha de S Paulo O Grupo Folha na jun o de seus neg cios com empresas transnacionais de comunica o de massa um dos maiores conglomerados da ind stria cultural brasileira seguindo o padr o da m dia oligopolista do pa s representada por pequenos grupos familiares Esses t m o privil gio de produzir e de disseminar formas simb licas de legitima o do poder acumulando para si mesmos e para seus aliados poder pol tico e econ mico A Folha de S Paulo pertence ao Grupo Folha que representa o terceiro maior conglomerado brasileiro de m dia possuindo destaque no mercado de not cias por ser o peri dico com o maior n mero de assinantes no Brasil e ainda por possuir prest gio como fonte de informa o entre grupos da intelectualidade Cabe registrar que a Folha de S Paulo vem se mantendo como o jornal impresso predileto de parlamentares brasileiros cerca de 78 como fonte de informa o Assim como o portal de not cias virtual mais consultado por eles cerca de 66 tem sido o UOL Folha com M DIA E POL TICA 201
511. surge a greve de fome de Cappio dessa vez como medida extrema e deslegitimada como in cua pelo fato de haver uma constru o simb lica sistem tica ao longo do texto que expressa a obra como fato consumado at chegar senten a final indicando que seria mais pragm tico vigiar o andamento da obra Apesar de come ar repetindo os velhos bord es da transposi o no uso de dados como 12 milh es de benefici rios custo da obra de R 4 5 bilh es execu o de 700 km de canais percebe se que houve uma preocupa o em cercar os argumentos contr rios e diminuir lhes a import ncia O primeiro trecho discursivo aqui analisado 5 Editorial Apesar das d vidas perenes sobre sua real necessidade o programa de bvio apelo eleitoral parece mesmo fadado a sair das pranchetas As obras ao menos j come aram Em junho batalh es do Ex rcito iniciaram escava es preliminares em Cabrob PE A partir das express es o programa parece mesmo fadado a sair das pranchetas e As obras ao menos j come aram pode haver a leitura de que se comemora a inicializa o da obra ainda que sob cr ticas de um in cio tardio e de interesses eleitorais na sua execu o o in cio no texto da constru o simb lica a exibir obra como fato consumado Pelo fato do Ex rcito ser apresentado um par grafo antes ao que apresenta a Dom Cappio e aos movimentos sociais algo recorrente na FSP essa confec o de antagoni
512. t rias de opini o como subs dio s an lises revelaram consider veis diferen as entre os g neros jornal sticos do Jornal na sua forma de constru o simb lica em suas posi es pol ticas tanto sobre a transposi o quanto s a es da rede que se mostraram reveladores sobre as cis es internas do pr prio Jornal a respeito desses temas Em rela o ao perfil das reportagens sobre a resist ncia popular nota se que o jornalista Fabio Guibu escreveu sobre a primeira e segunda greve de fome bem como cobriu a Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o No per odo de 2005 a 2008 o jornalista veio responder por 31 29 41 mat rias das reportagens sobre a resist ncia A forma como retrata as resist ncias populares diminuindo a import ncia de seus sujeitos como leg timos no exerc cio da disputa por ideias e poder fica mais expl cita nas suas mat rias sobre a Ocupa o Das seis mat rias que assina quatro delas trazem logo no t tulo termos que colocam o grupo resistente como invasores Um dos t tulos desqualifica especificamente a autonomia da organiza o popular negativiza a divis o de tarefas rotulando as de administra o empresarial Guibu 01 jul 2007 Antes da greve de fome praticamente todas as cr ticas ao projeto eram registradas no Jornal a partir de vozes de pol ticos advers rios ao projeto Uma das import ncias conquistadas em meio ao processo de a es da rede de resist ncia foi que
513. ta desaprova o projeto Entrevista a Thomaz da Mata Machado Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 15 dez 2007 26 BEGUOCI Leandro GUIBU F bio Vaticano pede a bispo que encerre greve D Lorenzo Baldisseri representante de Bento 16 enviou carta a d Luiz Cappio na BA e no DF grupos anunciam jejuns solid rios Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 15 dez 2007 27 GUIBU F bio S o Francisco Paraliza o de obras n o acaba com jejum Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 16 dez 2007 28 ALENCAR Kennedy Carta da CNBB a religioso critica jejum Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 17 dez 2007 29 SCOLESE Eduardo Bispo tem sido intransigente diz Patrus Entrevista Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 17 dez 2007 278 30 GUIBU F bio Ministro Patrus n o tem qualifica o para falar da transposi o diz bispo Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Sobradinho BA 18 dez 2007 31 SELIGMAN Felipe GUIBU F bio Planalto negocia com bispo fim de jejum Proposta envolve construir cisternas e acelerar revitaliza o do rio S o Francisco d Luiz diz que oferta indecorosa Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia Sobradinho BA 18 dez 2007 32 GUIBU F bi
514. tamos comprometidos com os sentidos e o pol tico N o temos como n o interpretar Isso que a contribui o da an lise de discurso coloca nos em estado de reflex o e sem cairmos na ilus o de sermos conscientes de tudo permite nos ao menos sermos capazes de uma rela o menos ing nua com a linguagem 2007a p 9 Para Orlandi a comunica o n o percept vel por si mesma mas compreendida no contexto sociocultural A linguagem tamb m serve para n o comunicar Os processos de linguagem possuem efeitos opacos e com l gicas m ltiplas e variadas Da a defini o de discurso o discurso efeito de sentidos entre locutores 2007a p 21 O silenciamento sobre as principais argumenta es de militantes de movimentos sociais em defesa de justi a ambiental encontradas na grande m dia bem ilustram o poder desta em construir estrat gias de ocultamento desses argumentos quando as informa es s o modificadas pela pr pria lente de quem produz a not cia A partir dos discursos assim constru dos contextualizam se a seguir por fazer parte indissoci vel da metodologia da an lise de discurso como classes sociais antag nicas em seus grupos de representa es pol ticas para nada un vocos defendem distintos interesses sob suas espec ficas circunst ncias sociohist ricas Com esta pesquisa o que se busca apresentar uma an lise sobre como a posi o ideol gica de classes identificada nos discursos midia
515. taria de agradecer t cnica Rosilene que me acompanhou entre mil e umas burocracias desde 2009 at o t rmino desta tese Agrade o ao apoio e companheirismo nas minhas pesquisas de campo aos militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens MAB do Consejo de Ejidos y Comunidades Opositores a La Parota Cecop do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST da Comiss o Pastoral da Terra CPT e do Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada lrpaa Considero ter recebido um amparo excepcional de diversos lutadores sociais Meu desejo o de agradecer nominalmente a cada um com letras garrafais Por m sei que compreendem meu comprometimento de n o revelar seus nomes por tica de pesquisa Agrade o ao apoio do ilustre Professor Rodolfo Stavenhagen a quem reservo especial apre o por seu engajamento pol tico na agenda internacional em defesa dos direitos humanos dos povos ind genas Sou lhe grata por seu incentivo para que eu realizasse parte dos estudos em El Colegio de M xico e assim tamb m pela oportunidade de presenciar seu ciclo de palestras Confesiones de un relator especial de la ONU Estendo meu agradecimento querida Elia Aguilar por seus abra os e por me ajudar com as transcri es de entrevistas Tamb m registro meu enorme respeito e carinho ao ilustre Professor Gilberto L pez y Ribas incans vel lutador pelos direitos humanos cuja pr tica de investigador militante anima nossas cren as de
516. tas e manifestos Anexo A Demonstrou se uma not vel din mica de uni o e diversidade de for as populares no Brasil conformando a rede de resist ncia popular mobilizada pelo desafio de exercer uma luta social laboriosa devido s pr prias caracter sticas do gigantismo da transposi o como a a dimens o do vale do S o Francisco b a extens o da obra de transposi o com 622 km de canais c a quantidade de estados da federa o envolvidos no conflito englobando todos os nove do Nordeste mais Minas Gerais Goi s Distrito Federal Quando aqui se utilizam os termos resist ncia popular rede popular ou articula o popular contra a transposi o do rio S o Francisco quer se representar o conjunto de a es coletivas empreendidas por entidades e movimentos sociais populares contra a execu o do Projeto de Integra o do Rio S o Francisco com as Bacias Hidrogr ficas do Nordeste Setentrional Pisf pelo governo Lula As a es coletivas da resist ncia popular tornaram se mais vis veis a partir de junho de 2004 quando o Estudo de Impacto Ambiental do projeto foi lan ado Antes desse per odo j havia hist rico de a es coletivas contra a obra isto a es geradas em torno da previs o de que o projeto da obra seria lan ado A rede de resist ncia foi influenciada pelas duas greves de fome de Dom Cappio Apesar do amplo apoio solid rio ao bispo e sua causa esses momentos n o representam o m ximo do protagonismo
517. te a Folha de S Paulo publicou mat ria cujo t tulo bem resume o desfecho sobre o conflito social em torno da transposi o no ano de 2007 ent o nas palavras do presidente Lula Se o Estado cede o Estado acaba diz Lula sobre bispo SANDER 21 dez 2007 A despeito de sua hist rica rela o com cerca de 30 anos de milit ncia junto aos sindicatos de trabalhadores e aos movimentos sociais populares h nessa express o uma meton mia usada pelo presidente de modo que ele se refugia na representa o do Estado para afirmar sua posi o autorit ria Aqui ele n o faz uso daquilo que recorrentemente era seu costume de presidente da Rep blica a promo o de um Estado personificado na sua imagem O di logo participativo de toda a popula o na condu o das decis es p blicas sempre havia sido o discurso de Lula antes de ser presidente eleito de alguma forma a mesma demanda que Dom Cappio exigia de modo restrito ao caso da transposi o da revitaliza o e do cuidado para com as popula es marginalizadas do vale sanfranciscano e de todo o Nordeste 197 5 7 IMAGEM DO DEBATE NO SENADO FEVEREIRO DE 2008 Figura 18 Capa e fotografia alusivas audi ncia no Senado 15 de fevereiro de 2008 Dpat 77 wrists ia ebeir equita BAD pF investiga furtode dados pen bio tie 4 ee lta arenitos w mpirapeto unaenea Texto legenda NOVEL O Ap s discutirem no Senado sobre a transposi o do rio S o
518. te da pesquisa Nesse per odo surgiram importantes eventos vinculados s resist ncias populares contra a transposi o situados da seguinte forma 1 a primeira greve de fome de Dom Cappio entre setembro e outubro de 2005 2 as manifesta es massivas contra a transposi o do rio S o Francisco em Bras lia em mar o de 2007 3 o acampamento no canteiro de obras da transposi o em Cabrob PE em junho de 2007 4 o jejum pol tico do bispo Dom Luiz Fl vio Cappio na cidade de Sobradinho BA entre novembro e dezembro de 2007 4 5 AS MAT RIAS ENTRE 2000 E 2011 ABORDANDO A TRANSPOSI O Como mencionado para fins de contextualiza o geral e relativiza o do desempenho das mat rias analisadas sobretudo em 2005 e 2007 foi realizado um levantamento ampliado das mat rias produzidas entre os anos 2000 a 2011 Ao longo desse per odo a Folha de S Paulo publicou 282 mat rias jornal sticas com tem tica central na transposi o do rio S o Francisco inclui se nesse conjunto editoriais e artigos opinativos gerais Para compor essa listagem Ap ndice A e a contabilidade geral das mat rias consideraram se as mat rias acima de par grafos As capas foram tratadas separadamente Ainda cabe esclarecer que devido ao volume de mat rias h possibilidades de incompatibilidade entre o publicado e o inserido na listagem da pr pria p gina virtual e vice versa como verificado mas esses casos foram pouco 136 Quase t
519. tenha defendido a canaliza o do rio S o Francisco como proposta para o desenvolvimento do Nordeste Tudo leva a crer que n o era seu costume propor mega obras ao governo ao contr rio seus aconselhamentos eram em torno de medidas baseadas na experi ncia pr tica apreendidas junto s popula es sertanejas ou em suas viagens a diversos pa ses Nessa passagem ele mesmo explica sobre seus conselhos ao governo imperial n o procuro arrast lo a sacrif cios de resultados d bios ofere o s a evid ncia de dados pr ticos mantendo me no terreno da realidade CAPANEMA 1886 p 104 Ele sustentava a posi o sobre a necessidade de pol ticas previdentes em rela o s secas com uma sazonalidade aguardada Assim como em pa ses onde neva deve se esperar o inverno rigoroso com determinados cuidados providenciando se o armazenamento de todos os mantimentos necess rios para enfrentar o per odo De modo que para Capanema era necess rio adotar medidas compat veis com a realidade local Criticava ainda o modo de fazer pol tica local que para ele mais se incorria em nocivas cis es internas nas pequenas localidades do que se permitia o avan o de alternativas 67 ben ficas Capanema referia se s classes pol ticas das prov ncias como indiferentes aos problemas da popula o acometida pelas secas por tratarem na com desleixo e zombaria oferecendo lhe punhados de farinha Se por um lado Capanema pertencia a u
520. tica da aten o ao tema por parte do Jornal sobretudo se compara se a quantidade de dias empreendidos na greve de fome Ainda uma an lise foi realizada para se perceber o comportamento e posi es no Jornal em seus espa os reservados aos artigos de opini o notando se que o enfoque predominante dos artigos de opini o foram distintos sobretudo das coberturas a respeito das resist ncias populares em que frequentemente as mobiliza es foram descritas de forma pejorativa O Cap tulo V traz duas s ries te ricas uma delas mais voltada para subsidiar as an lises sobre as fotografias e seus contextos jornal sticos diagrama es de p gina t tulos subt tulos demais fotografias lan ando se m o tamb m de aportes da semi tica Outra s rie te rica veio subsidiar a metodologia utilizada para a an lise do discurso contido nos editoriais da Folha de S Paulo sendo que essa buscou muitos dos seus referentes nos aportes de Thompson 2002 sobre o modus operandi da ideologia legitima o dissimula o fragmenta o unifica o e reifica o As duas an lises tanto a imag tica quanto a dos editoriais puderam percorrer a temporalidade do ciclo de efervesc ncia das atividades da rede de resist ncia Assim a an lise p de contemplar a contento o processo de rea o dos movimentos populares ao projeto algumas de suas principais mobiliza es e a entrada de refluxo das atividades da rede e ao mesmo tempo como esse processo f
521. tica e participativa Um modelo de desenvolvimento sustent vel no semi rido um importante componente de um projeto de pa s que seja realmente democr tico justo e inclusivo a toda popula o historicamente marginalizada Esperamos que a abertura deste grande processo de discuss es receba as b n os de Deus e que seja um marco hist rico na transforma o de nosso pa s Bras lia 15 de dezembro de 2005 296 CARTA DEPOIS DA DECIS O DO STF A FAVOR DA TRANSPOSI O E P S LAN AMENTO DO PAC INCLUINDO A OBRA Barra 21 de fevereiro de 2007 Quarta feira de Cinzas Caro Presidente Lula Paz e Bem Escrevo lhe hoje dia em que a Igreja do Brasil lan a a Campanha da Fraternidade 2007 sobre a Vida da Amaz nia e toda a sua riqueza humana e natural O objetivo desta carta amiga e fraterna retomar o di logo que assumimos juntos por ocasi o de nosso encontro no dia 15 de dezembro de 2005 em sua sala de trabalho no Planalto Agrade o pelas oportunidades que os representantes da sociedade brasileira e os representantes do governo tivemos de iniciar o debate sobre assuntos t o importantes como Projeto de Revitaliza o do Rio S o Francisco Projeto de Transposi o de guas do Rio S o Francisco Projeto de Desenvolvimento Alternativo para o semi rido brasileiro na busca de um consenso que soe em acontecer numa sociedade democr tica Retomo o di logo justamente quando a humanidade estarrecida toma consci nci
522. ticipa o por meio de atividades que envolveram cerca de 1 200 pessoas Ocorreram consultas p blicas nas diferentes regi es fisiogr ficas da bacia discuss es em F runs reuni es das C maras T cnicas e do Grupo de Trabalho bem como duas reuni es plen rias com a finalidade de julgar o Plano Dada a discord ncia de membros do governo federal a respeito das delibera es sobre os usos externos bacia da gua do S o Francisco foi realizada uma plen ria exclusivamente para discutir esses aspectos Na ocasi o o resultado final da vota o sobre o tema decidiu mediante 42 votos contra 4 os quatro votos foram todos de membros do governo federal pela prioridade de outorga da gua do rio S o Francisco para uso interno sua pr pria bacia e para o uso externo como antes mencionado apenas para uso humano e dessedenta o animal No entanto a transposi o est orientada para que se utilize cerca de 70 dos recursos h dricos desse projeto para atividades de irriga o e carcinicultura 24 para uso industrial e apenas 4 para o consumo humano e dessedenta o animal PAD 2009 HERINGER 2007 Cabe ainda notar que a Lei 9433 97 clara quanto convalida o da outorga de gua pela ANA em conformidade com o aprovado e preceituado pelo Plano de Recursos H dricos por meio do seu CBH Toda outorga estar condicionada s prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos H dricos art 13 O Plano da BHS
523. tifica es simult neas entre os peregrinos a hist ria a religi o e o rio em que h uma s rie de coincid ncias com o 4 de outubro O rio S o Francisco por ter sido pela primeira vez invadido pelos portugueses no dia de comemora o de S o Francisco de Assis em 4 de outubro de 1501 recebeu um 97 nome de batismo cat lico em homenagem ao santo que se comemorava no dia Com isso encobre se seu nome tup Opar como era aparentemente mais conhecido por diversas na es aut ctones da sua foz Outra coincid ncia a de que Dom Cappio tem anivers rio em 4 de outubro dia de comemora o de seu rio e santo de rever ncia pois nasceu em 4 de outubro de 1946 em Guaratinguet SP Dom Cappio graduado em Filosofia e Teologia e em Ci ncias Econ micas Cont beis e Administrativas Ele pertence Ordem dos Frades Menores OFM e irmandade franciscana da Imaculada Concei o Atuou durante tr s anos em periferias urbanas de S o Paulo pela Pastoral do Mundo do Trabalho per odo em que Dom Paulo Evaristo Arms assumiu a arquidiocese de S o Paulo Desde 1974 atua no vale do S o Francisco Essa foi uma poca em muitos padres franciscanos iniciavam importantes trabalhos de cunho popular sob a vertente da Teologia da Liberta o na sua corrente latino americana como o caso da inser o de Cappio Essa pastoral tamb m reflete a influ ncia de Dom H lder C mara em um dos setores considerados progressistas da Igreja
524. tirados NOVA INVAS O tri A ndios truc acampam em uma fazenda a 15 km das obras de Amon tem pela porcia apos dias dea transposi o do rio S o Francisco em Cabrob PE de onde Invas o foram retirados anteontem pela pol cia ap s 9 dias de invas o Foto Xando P Folha Imagem Ag ncia A Tarde Fonte NOVA 6 jul 2007 p A10 Organizado pela autora No dia 6 de julho de 2007 a nica alus o resist ncia se refere a uma fotografia mostrando ind genas deitados em redes Figura 13 o que parece reiterar os recorrentes estere tipos preconceituosos sobre a imagem do ndio como sujeito indolente Agora tamb m reduzindo seu estado de etnia expulsa de suas terras de luta por direitos humanos a invasores O texto legenda que acompanha a fotografa expressa NOVA INVAS O 187 ndios truc acampam em uma fazenda a 15 km das obras de transposi o do rio S o Francisco em Cabrob PE de onde foram retirados anteontem pela pol cia ap s nove dias de invas o NOVA 6 jul 2007 Verifica se que foi elaborada uma mat ria com texto maior relacionada a essa fotografia apenas seguida de texto legenda na vers o impressa Essa foi encontrada no conjunto das demais mat rias que esta pesquisa levantou a partir do pr prio sistema de busca da Folha de S Paulo por meio de palavras chaves cf GUIBU 06 jul 2007 Atenta se ao fato de que o nome da etnia Truk ser escrito pelo Jornal de forma incorreta nu
525. tisfa o popular para com o governo Lula tornando a a mais baixa entre seus oito anos de governo Nessa carta o bispo n o direciona acusa o ao presidente no sentido de sugerir trai o pol tica Ao contr rio Dom Cappio se dizia confiar no di logo com o Presidente Tive a oportunidade de conhec lo por ocasi o da passagem do senhor por Bom Jesus da Lapa BA na Caravana da Cidadania pelo S o Francisco em 1994 Isto aconteceu pouco tempo depois que fizemos Cappio Adriano Martins Orlando Ara jo Irm Concei o Menezes uma Peregrina o pelo rio S o Francisco da nascente foz com objetivo de conscientizar o povo ribeirinho sobre a import ncia do rio para a vida de todos e a necessidade de preserv lo Fui lhe apresentado por meu professor de teologia Frei Leonardo Boff Sempre fui seu admirador Participei ativamente em todas as campanhas eleitorais do PT alimentando o sonho de ver o povo no poder Quando cessa o entendimento e a raz o a loucura fala mais alto Em meu gesto n o existe nenhuma atitude anti Lula neste momento delicado da vida nacional Pelo contr rio Quem sabe seja uma maneira extrema de ajud lo a entender pelo cora o aquilo que a raz o n o alcan a Tenha certeza um profundo testemunho de amor vida CAPPIO 26 set 2005 p 1 A refer ncia ao ex frei franciscano Leonardo Boff pode ser lida como uma maneira de dizer ao presidente que houve uma testemunha respeitada por am
526. titui o disseminadora da ideologia dominante de sentido a servi o do poder como esclarece Thompson 2002 Afinal os espa os constru dos pelas for as populares ainda n o alcan am o grande p blico sobretudo o n o organizado em movimentos populares Na an lise sobre como a Folha de S Paulo retratou a rede de resist ncia popular verificou se que no per odo de 2005 a 2008 o Jornal publicou grande n mero de reportagens motivadas pelo tema da transposi o do rio S o Francisco 213 reportagens jornal sticas Entre o universo delas 61 50 concentraram foco jornal stico nas a es coletivas realizadas pelos sujeitos da rede popular Nesse mesmo per odo foram publicadas 35 mat rias de opini o e 5 editoriais 3 em 2005 e 2 em 2007 a respeito da transposi o e ou da resist ncia popular Entre as a es relativas resist ncia as duas greves de fome empreendidas por Dom Cappio geraram um fato pol tico com significativa repercuss o midi tica No caso da Folha de S Paulo o reflexo desses protestos de tal ordem que em 2005 55 76 do total do material publicado sobre o tema transposi o ocorreu durante a efervesc ncia midi tica da primeira greve de fome E no per odo da efervesc ncia midi tica da segunda greve de fome em 2007 60 das mat rias publicadas A primeira greve de fome foi mais noticiada pela Folha de S Paulo que a segunda visto que o n mero de dias empreendidos na primeira greve foi menos da metade 11
527. tizados molda os interesses sobre o uso social da gua especificamente no conflito pela disputa da gua do rio S o Francisco Diante do objeto da pesquisa cabe observar de modo mais detalhado os argumentos midiatizados sobre os movimentos populares em resist ncia contra a transposi o do rio S o Francisco Nessas argumenta es apresentam se discursos sobre meio ambiente enunciados por atores que se posicionam tanto a favor quanto contra o empreendimento refletindo a tend ncia de crescente capilaridade no cotidiano das sociedades contempor neas que a tem tica ambiental vem adquirindo Nota se que quando o assunto gira em torno de um megaempreendimento infraestrutural essa tend ncia torna se uma marca patente na produ o de discurso legitimador de ideologias Vale lembrar que as argumenta es declaradas pelos sujeitos militantes e apoiadores atuantes em movimentos sociais populares tamb m revelam o chamado efeito de ambientaliza o na pr tica de movimentos sociais que n o se autodesignam puramente ambientalistas por exemplo os movimentos camponeses ind genas e feministas Emana dessa pr tica um corpo de a es coletivas direcionadas promo o de justi a ambiental 37 Alguns dos maiores movimentos sociais brasileiros como por exemplo o MST fundado em 1984 e o MAB fundado em 1991 contribuem para a constru o de um debate ambiental do ponto de vista popular Esses sujeitos do campo est o cada vez mai
528. to de transposi o Durante a efervesc ncia midi tica de 13 dias surgiu o maior n mero de mat rias dentro da macrotem tica transposi o Foram 58 mat rias distribu das no intervalo ininterrupto de 1 a 13 de outubro Conforme j observado o Jornal tardou seis dias para come ar a noticiar primeira greve Depois do encerramento dessa o Jornal manteve se ainda por 7 dias produzindo not cias a respeito Percebe se que a greve gerou um fato pol tico com significativa repercuss o p blica e que no caso da Folha de S Paulo fez se a tal ponto que representou 55 76 do total publicado em 2005 sobre o tema transposi o Dessas 58 mat rias 41 abordaram centralmente a greve de fome espetacularizando a e criando suspense sobre a sa de e a vida do bispo deixando de lado o foco pol tico do projeto de transposi o Apenas o restante 17 mat rias discutiu a transposi o al m do fato da greve em si De qualquer forma representou um n mero de mat rias maior que a soma total dos demais anos a exce o de 2009 com 17 mat rias e de 2007 ver Gr fico 1 de notar se que essas mat rias foram produzidas sob o calor e influ ncia do epis dio da greve Essas not cias abordaram outros subtemas relacionados transposi o como impacto ambiental e questionamentos sobre os benef cios da obra cronogramas e licenciamentos ambientais a cis o pol tica entre estados doadores e receptores custo da gua da transposi o e sane
529. tos desenvolvimentistas Nesses processos o sofrimento por qual passam frequentemente descrito com indiferen a e de modo banalizado para justificar a naturaliza o do que lhes imposto Um ltimo modo de operar da ideologia que foi discutido por Thompson 2002 pela reifica o Trata se de quando se ocultam aspectos sobre as rela es sociais pol ticas e econ micas que s o determinadas historicamente Apagam se as causas dos fen menos sociais de modo a represent los como acontecimentos naturais e imut veis como se sempre tivessem sido de tal maneira e como se sempre fossem se perpetuar Esses modos de operar da ideologia dominante s o aqui considerados parte de uma din mica materialmente ancorada e sustentada como frisa M sz ros 2004 Uma dessas engrenagens materiais s o as corpora es de comunica o de massa vertiginosamente apropriadas pelo grande capital para dissemina o da ideologia dominante cuja caracter stica a uniformiza o na divulga o de valores simb licos para manter a assimetria estrutural de classes o m ximo poss vel Entre outros instrumentos discutidos por M sz ros 2004 voltados para a conforma o da ideologia dominante tamb m apoiada e ancorada pela materialidade institucional do Estado trata se da for a impositiva f sica e simb lica dos aparelhos de repress o do Estado para defender a continuidade dos dom nios do capital Para tanto imp e se o Estado de ideologi
530. tos estruturais planet rios oriundos de projetos desenvolvimentistas e de desigualdades relacionadas ao direito de acesso e de propriedade terra gua e aos demais recursos naturais dos quais as comunidades locais t m sido exclu das um conjunto de enredos de conflitos dos quais emergem for as reivindicat rias s quais ele designa de ecologismo popular ecologismo dos pobres ou movimentos por justi a ambiental S o em geral grupos que defendem a natureza de maneira indissoci vel da luta pela exist ncia de seus modus vivendi e de suas cosmologias LITTLE 2006 A partir do tecido reivindicat rio desses movimentos Mart nez Alier suscita quest es desafiadoras para as novas investiga es e que nesta pesquisa se pretende inseri las de modo transversal que linguagens s o poss veis de perceber se entre os efeitos de convencimento Que sistemas de valores est o em jogo Como os direitos humanos s o defendidos nessas lutas 1 5 SILENCIAMENTO DOS SUJEITOS E AS RELA ES NORTE SUL NORDESTE SUL SUDESTE SERTAO LITORAL A conflu ncia de for as sociais que resistem transposi o do S o Francisco possui um car ter que pode ser esclarecido quando em seus discursos observado frente ao silenciamento do dominado que analisa Paulo Freire interligando se aos diferentes n veis de consci ncia na realidade latino americana Freire 2001 desenvolve uma linha te rica baseada na cr tica cultura do sil ncio para
531. tra a multinacional Aracruz cf Figura 6 Na mat ria no interior do caderno que se interliga manchete de capa sobre o t rmino da greve de fome a imagem e texto indicam que Dom Cappio estava recebendo apoio no caso de ind genas que por sua vez s o retratados cercando o ministro de Estado como se estivessem coagindo o invertendo se a rela o oprimido opressor na constru o simb lica cf Figura 5 nessa mesma mat ria que surge o caso anterior dos ind genas contra a Aracruz A rede de resist ncia identificou como um dos avan os mais importantes da Ocupa o o fato de dos ind genas Tumbalal do estado da Bahia e dos ind genas Truk terem reocupado parte de seus territ rios de leg timo direito A Folha de S o Paulo publicou a esse respeito apenas uma fotografia em que surgem ind genas Truk deitados em redes refor ando se o estere tipo do ind gena indolente e com o texto legenda indicando os 250 como invasores e ao mesmo tempo ainda persiste a oposi o com os militares NOVA INVAS O ndios truc acampam em uma fazenda a 15 km das obras de transposi o do rio S o Francisco em Cabrob PE de onde foram retirados anteontem pela pol cia ap s 9 dias de invas o NOVA 6 jul 2007 p A10 cf Figura 13 Nesse caso e o ocultado que trata se de um processo de reivindica o de mais de 10 anos em que os ind genas aguardavam a demarca o dessa terra por isso a retomada de terras da
532. tros modos da ideologia operar No modo de operar da ideologia pela unifica o tem se a cria o e a reafirma o de simbologias a fim de entrela ar indiv duos em uma identidade coletiva por maiores que sejam suas diferen as sociais e pol ticas Pode haver o uso de uma padroniza o da linguagem como por exemplo a fala de certas autoridades de Estado utilizada em distintas regi es de um pa s Tamb m h o uso da simboliza o da unidade na qual s mbolos s o criados e reafirmados para manter uma identidade coletiva por exemplo o uso de hinos bandeiras emblemas e distintivos nacionais No modo de operar da ideologia pela fragmenta o representam se indiv duos e grupos que desafiam e se op em classe dominante ffagmentando suas identidades a fim de que sejam vistos como politicamente cindidos em suas ideias e para que n o obtenham apoio da sociedade assim dificultando suas participa es leg timas no exerc cio do poder s vezes essas cria es simb licas s o realizadas de forma sutil e de dif cil identifica o 203 se observadas em contextos isolados Esses indiv duos podem ser apresentados como inimigos internos ou externos de uma na o sendo a sociedade chamada diretamente para realizar o expurgo do outro oportuno acrescentar que essa estrat gia tamb m tem sido utilizada para desvalorizar comunidades tradicionais compulsoriamente expulsas de seus territ rios devido aos grandes empreendimen
533. tudantes UNE trabalhadores da revista Caros Amigos e do jornal Brasil de Fato o F rum Permanente de Ex Presos Pol ticos de S o Paulo e diversas organiza es de defesa dos direitos humanos e dos movimentos sociais populares 134 linha foram publicadas informa es durante a campanha presidencial de 2010 quanto veracidade aparente da ficha policial de Dilma Rousseff durante o regime autorit rio A rigor um processo de fabrica o de discursos ideol gicos para a manipula o da opini o p blica Dessa forma inventa se uma crise sociopol tica disseminando a sub repticiamente nos meios de comunica o de massa por meio de enfoques narrativos espec ficos para que se torne uma crise de fato muitas vezes obtendo se sucesso outras n o Chomsky 1997 explica que as ideias noticiadas s o trabalhadas gradativamente ou de uma vez exaustivamente conduzindo os indiv duos a se acostumarem e a aceitarem as decis es pol ticas passivamente Ainda fica a cren a de que as decis es foram deliberadas democraticamente como a pr pria voz da na o Sobre a continuidade do espet culo Debord 1997 defende que se processo n o decorre exatamente da tecnologia avan ada mas do fato de a domina o espetacular ter podido educar uma gera o submissa a suas leis As condi es extraordinariamente novas em que viveu essa gera o constituem um resumo exato e suficiente de tudo o que doravante o espet culo impede
534. u o da efervesc ncia midi tica das duas greves de fome na Folha de S Paulo nana 141 LISTA DE TABELAS Tabela 1 S ntese da an lise quali quantitativa sobre o desempenho de not cias na FSP sobre a transposi o 2005 e 2007 ea 143 Tabela 2 Quantidade de mat rias sobre a transposi o e a resist ncia na Tabela 3 Quantidade e tend ncia das mat rias de opini o sobre a transposi o de fevereiro de 2005 a janeiro de 2008 nnn 146 Tabela 4 Quem ou o qu atua nos editoriais da transposi o sera ande a E gear DES SR giga O 208 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Capa e fotografia sobre a primeira greve 1 de outubro de Figura 4 Capa detalhe de capa e fotografia no interior do Primeiro Caderno alusivos primeira greve 5 de outubro de 2005 167 Figura 5 Capa detalhe de capa e fotografia sobre a greve 7 de outubro de A 615 ME ORE RR NI ER E PR E EE A VR AE A 169 Figura 6 Fotografia de ind genas vigiados por militares 7 de outubro de Pes OLS E RD RR an o ES RED A RR RI DSR DRC A AEE SR A 171 Figura 7 Capa detalhe de capa e fotografia sobre a resist ncia contra a transposi o 16 de mar o de 2007 sin saia els logenfosa sara ni S Josh ss Rida nitnad a ma vugian do 174 Figura 8 Capa e fotografia sobre a Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o 29 de junho de 2007 rrenan 179 Figura 9 Imagem sobre a Ocupa o
535. u meio institucional das rela es mercadol gicas e pol ticas em que se insere pois entende se que a not cia quando transformada em produto objeto de venda reflete a orienta o da pol tica editorial de sua empresa neste caso do Grupo Folha que como qualquer outra empresa da grande m dia tem como fim o sucesso dos seus neg cios Inicialmente salienta se que a grande m dia n o se restringe ind stria da comunica o de massa apenas ao aspecto jornal stico vinculado s publica es de jornais revistas programas de televis o e radio todavia aqui ser abordada nesse mbito bem como realizado no trabalho de Lima 2006 A grande m dia pertence ao contexto de empresas midi ticas caracterizadas pela fidelidade de um extenso p blico pela estabilidade organizativa infraestrutural e econ mica integrada a fus es corporativas pr prias do sistema de padroniza o globalizada da informa o Pretende se contextualizar a confec o da not cia entendendo se por quem esse discurso produzido o eixo aqui n o se centra nos jornalistas mas na empresa entendida no seu grupo corporativo midi tico direcionado a quem que tipo de leitor lhe interessa com quais interesses pol ticos em rela o a sua interven o no poder pol tico O desafio lan ado por M zs ros 2004 sobre a necessidade de se compreender como historicamente a ideologia cria procedimentos que cooperam para estabelecer e ancorar materialmente re
536. u segundo mandato Depois da primeira greve de fome iniciou se um t mido di logo entre o governo federal e a rede de resist ncia popular contra a transposi o chamado pelos movimentos sociais de di logo de surdos Um quadro emblem tico da disputa de interesses sociais em torno da obra A Presid ncia da Rep blica agiu com paci ncia considerando ser 2006 um ano eleitoral No Brasil as elei es s o marcadas muitas vezes por margens de votos muito estreitas entre os candidatos Assim a um governo federal propagandeado como sendo popular n o caberia uma imagem contradit ria o de ser fechado ao di logo com as for as populares No processo de disputa pol tica sabe se que h grande movimenta o objetivando a conquista da simpatia do eleitor um momento em que diferentes alian as e concess es s o realizadas em nome de maior margem eleitoral Em 2006 diversos militantes de organiza es populares dirigiram se a Bras lia para discutir com o governo federal uma nova proposta para resolu o dos problemas relacionados escassez h drica no Nordeste Discutiram a quest o da escassez h drica baseando se em argumentos de que os estados considerados benefici rios da transposi o possuem quantidade de gua armazenada nas suas diversas barragens suficiente para suprir as necessidades de toda a popula o do semi rido tornando se o cerne da problem tica resolver a distribui o do recurso h drico Integrantes da
537. ua consider vel fatia a exemplo do Agora S o Paulo O Grupo Folha possui tamb m outros peri dicos como o Al Neg cios e o Valor Econ mico Esse ltimo produzido desde 2000 em associa o Infoglobo Comunica es a qual por sua vez publica O Globo e tamb m o seu jornal popular o Extra 128 Em termos gerais sobre o comportamento de jornais impressos no Brasil em 2010 foram vendidos cerca de 4 3 milh es de exemplares de jornais por dia significando um crescimento de 2 em rela o a 2009 A CIRCULA O 2011 Para compara o os jornais com o maior n mero de exemplares pagos do Brasil em ordem decrescente s o 1 Super Not cia MG com 295 701 2 Folha de S Paulo SP com 294 498 3 O Globo RJ com 262 435 4 Extra RJ com 238 236 5 O Estado de S o Paulo com 236 369 Vale mencionar que surge em 12 coloca o o Agora S o Paulo do Grupo Folha com 92 863 ANJ 2011 Na esteira das inova es tecnol gicas de telecomunica es e internet o Grupo Folha tem como ano marco 1996 quando entrou no mercado de not cias virtual com o lan amento do Universo Online com o seu provedor de internet e portal virtual o UOL que tamb m possui mercado na Col mbia na Venezuela e na Espanha O Universo Online representa mais uma associa o do Grupo Folha com outro poderoso conglomerado de m dia o Abril de Victor Civita por sua vez controlador da revista Veja do canal MTV Brasil das editoras t
538. ua vez o Projeto S o Francisco que se trata de uma articula o conjunta em apoio s lutas em defesa do rio S o Francisco Esse projeto tamb m faz parte da Articula o Popular do S o Francisco 3 7 A GREVE DE FOME Diante do aceleramento dos processos para a concretiza o do Pisf e do fato das a es das resist ncias n o estarem conseguindo frear o projeto que Dom Cappio decide insurgir se radicalmente contra a transposi o e a favor da revitaliza o do rio S o Francisco Fato cabal stico ou n o o mesmo dia em que Dom Cappio inicia sua greve de fome foi dia de comemora o do nascimento de S o Francisco 26 de setembro A partir desse dia o bispo promove a greve de fome com a promessa de que a faria por tempo indeterminado at que o pr prio presidente da Rep blica se comprometesse com a suspens o do Pisf nesse momento Dom Cappio ainda n o exige cancelamento definitivo da transposi o Tamb m reivindica um amplo e transparente debate nacional sobre a revitaliza o e as alternativas transposi o com o intuito de se efetivar o acesso gua de qualidade para toda popula o nordestina Para tanto Dom Cappio obteve o apoio de outros bispos da CNBB que entregam uma carta do religioso Presid ncia da Rep blica A carta ressalta que Dom Cappio estaria disposto a sacrificar sua pr pria vida pela vida do rio S o Francisco Anexo A A primeira greve de fome de Dom Cappio totalizou onze dias a contar ent
539. ualquer cidad o brasileiro tem direito a beber a gua do rio Amazonas do rio S o Francisco do rio Tiet e de qualquer rio deste pa s Ningu m dono quem dono o povo brasileiro Eu estou com muito orgulho porque eu estou percebendo que a obra vai ser inaugurada definitivamente em 2012 em agosto de 2011 a nova previs o para dezembro e 2015 a n o ser que aconte a um dil vio ou qualquer coisa mas est previsto a gente inaugurar definitivamente a obra at 2012 o que ser a reden o da regi o mais sofrida do Nordeste brasileiro e o povo do Nordeste vai poder decidir como disse o Jo o Santana ministro da Integra o Nacional poca a utiliza o dessa gua Eu posso dizer aqui se depender de mim essa gua se tiver que utilizar para a produ o ela tem que prioritariamente atender os interesses da pequena agricultura brasileira da agricultura familiar das cooperativas porque sen o a gente vai ter um s tomando a gua 90 do S o Francisco e vai continuar o resto a maioria de fora morrendo de sede porque o grand o n o deixa o pobre encostar na gua do S o Francisco BRASIL PRESID NCIA DA REP BLICA 14 dez 2010b p 4 grifo nosso O pr ximo discurso tamb m parte do mesmo evento de inaugura o das obras Dessa vez em Pernambuco em um dos 18 reassentamentos do Pisf a serem constru dos chamados de Vila Produtiva Rural VPR cuja promessa atender a cerca de 800
540. ue em 2007 No entanto em 2007 percebe se que houve um uso mais pejorativo e moldado a um consumo de imagens mercantilizadas de forma mais acentuada at chegar se ao ponto de em 2008 o debate tamb m protagonizado por sujeitos da resist ncia contra a transposi o ter sido transmutado novel o pela Folha de S Paulo Essas imagens de 2008 tornaram se especialmente emblem ticas da crescente espetaculariza o em torno do debate sobre a transposi o pelo ve culo Por esse motivo essas imagens s o aqui conjuntamente analisadas apesar do foco desta pesquisa centrar se entre os anos de 2005 a 2007 5 2 OBJETO E OBJETIVO DA AN LISE A PARTIR DO CONTEXTO IMAG TICO O marco temporal desta an lise estende se entre a primeira e a ltima capa com fotografia voltada tem tica resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco respectivamente as edi es de 1 de outubro de 2005 e de 15 de fevereiro de 2008 Ao todo foram contempladas 29 fotografias 10 delas situadas na capa do peri dico e as 19 demais s o integrantes de mat rias internas ao jornal A partir desse conjunto t m se a seguinte sele o para a an lise do contexto das imagens 1 todas as 10 capas da Folha de S Paulo que exibiram fotografias no tema da transposi o 2 diversas fotografias presentes nas mat rias internas ao jornal relacionadas a essas capas e 3 outras foram escolhidas por se situarem no contexto do epis dio da Ocupa o do
541. ue se percebeu foi o fechamento do governo Lula aos sujeitos militantes Por outro lado essas marchas foram muito pouco exibidas pela grande m dia minando um dos objetivos dos movimentos populares que era o da visibilidade p blica Os telejornais da grande m dia em geral somente ofereceram pequenas mat rias sobre a chegada da Marcha do MST em Bras lia embora essa tenha levado 17 dias N o exibindo o contingente massivo negligenciando a demanda pol tica reduzindo a organiza o a uma pequena confus o Durante a primeira etapa do governo Lula 2003 2006 os movimentos sociais viram se em um processo no qual suas pautas de negocia o seguiam se cada vez menos atendida nas suas principais demandas O MST assistia ao avan o do amplo apoio do governo federal ao agroneg cio e a legaliza o do uso da soja transg nica Enquanto isso muito lentamente avan ava se nas pol ticas de assentamento das popula es organizadas nos acampamentos e no apoio t cnico e financeiro produ o familiar daqueles j assentados No entanto nessa etapa ainda se acreditava que caso n o se concretizassem alguns benef cios em prol dos grupos marginalizados durante um governo petista em outro que pudesse se eleger defendendo pol ticas mais conservadoras a ent o que pouco seria efetivado assim foi que os movimentos sociais agrupados na Via Campesina brasileira apoiaram a reelei o de Lula Por sua vez o MAB tamb m n o conseguia um di lo
542. uebra clima tenso um homem detido que simbolicamente desmerecem a resist ncia contra a transposi o cf Figura 7 Surgem duas imagens muito parecidas mas de dias diferentes para retratar a Ocupa o do Canteiro de Obras da Transposi o pelos integrantes da resist ncia Em ambas os manifestantes est o em oposi o a policiais militares divididos por uma cerca Nas imagens todos surgem com apar ncia serena e tanto o n mero de policiais quanto de manifestantes representado por poucas pessoas Entretanto as entrevistas de campo dessa pesquisa indicaram que nesse momento houve um enorme deslocamento de aparto militar n o somente do Ex rcito que ali j estava e que helic pteros militares sobrevoavam o acampamento constantemente cf Figura 10 Essas imagens e o ngulo dos textos escritos diante do uso generalizado do termo invas o e de seus derivados para descrever aos manifestantes fortalecem o processo de constru o simb lica na tentativa de inculcar no imagin rio coletivo a ideia de que os movimentos populares s o agentes promotores de criminalidade Constatou se ter sido exibido na mesma p gina com mat ria sobre a resist ncia contra a transposi o outra reportagem denegrindo aos movimentos camponeses cf Figura 2 taxando os de invasores de terra e em oposi o a corpos militares a movimentos ind genas relacionando os em oposi o s for as militares caso dos ind genas con
543. ui o versa contra a concentra o midi tica expressando o dever do Estado e de suas institui es de comunica o de garantir a produ o regional educativa cultural e o est mulo produ o independente O modelo de regula o da comunica o no Brasil entre a d cada de 1960 e a de 1980 era concentracionista o que permanece e nacionalista o que se modifica O pr prio Minist rio das Comunica es MiniCom criado em 1967 coordenava o sistema Telebr s Embratel Empresa Brasileira de Telecomunica es S A e os sistemas de TVs educativas frequentemente vinculados aos governos estaduais e s universidades Todavia na d cada de 1990 principalmente no per odo FHC h uma inflex o no modelo de regula o da comunica o que passa a refletir as ecomenda es do Banco Mundial para a abertura do mercado ao capital estrangeiro e privatiza o de diversos setores produtivos do Estado Nesse per odo inicia se a reforma das telecomunica es momento em que a Embratel foi privatizada tornando se neg cio do mexicano Carlos Slim considerado um dos maiores bilion rios do mundo pela revista Forbes Slim propriet rio das telef nicas Telmex Am rica M bil Telcel France Telecom entre diversos outros neg cios No Brasil ele possui o controle acion rio da telefonia m vel Claro presente em 14 pa ses da Embratel e 49 das a es da empresa de TV por assinatura NetBrasil associada TV Globo O
544. uiz e alguns de seus companheiros na peregrina o pelo S o Francisco e tenciono encontr los brevemente em um ponto s margens do rio para discutir o assunto e estudar formas de ampliar o esfor o de mobiliza o popular em favor da prote o ambiental na rea da bacia no pr prio rio e em seus afluentes Por instru es minhas o Minist rio do Meio Ambiente e da Amaz nia Legal dever em breve assinar conv nios com as prefeituras dos munic pios pr ximos s cabeceiras do Rio S o Francisco com o objetivo de promover de imediato o reflorestamento da regi o RICUPERO 22 dez 1993 Carta n 109 MMA Gabin p 1 100 3 4 O COMIT DA BACIA HIDROGR FICA DO RIO S O FRANCISCO CBHSF O Comit da Bacia Hidrogr fica do Rio S o Francisco CBHSF foi criado com a aprova o do Decreto Presidencial de 5 de junho de 2001 O pa s passava por um momento de elabora o aprova o e consolida o de legisla es ambientais Especificamente ao que se refere aos recursos h dricos importante mencionar a Lei 9433 97 instituindo a Pol tica Nacional de Recursos H dricos e criando o Sistema Nacional de Gerenciamento H drico A Lei foi fortalecida pela Resolu o n 5 do CNRH por essa determinar os aspectos para a condu o e atribui es dos Comit s de Bacia Hidrogr fica BRASIL 2000 Para se compreender os motivos pelos quais o CBHSF defende ter sido ilegal a aprova o do Projeto de Integra o do Rio S o Francis
545. uma ideologia n o necessariamente falsa Seu conte do pode ser extremamente preciso quanto mais assim for melhor para o efeito ideol gico afinal o que se coloca em jogo n o o conte do em si Importa a maneira como o conte do interfere na postura subjetiva de sua pr pria enuncia o importa se esse conte do capaz de impor a rela o de domina o social de poder e de explora o Ela surge intr nseca e implicitamente n o transparente cuidando se para que a l gica de legitima o da rela o de domina o permane a oculta A cr tica do autor sobre ideologia entre outros aspectos assenta se no pleno reconhecimento do fato de que muito f cil mentir sob o disfarce da verdade p 14 Thompson 1998 2002 e M sz ros 2002 2004 aportam reflex es cr ticas que se mostram esclarecedoras a esta pesquisa como por exemplo sobre as formas simb licas a constru o de representa es sociais e como o dom nio de meios t cnicos que servem para estabelecer e sustentar rela es de domina o e que ent o se colocam sob o foco do estudo da m dia Thompson 2002 chama aten o para a import ncia da contextualiza o quando se trata de investigar formas simb licas midiatizadas Para a compreens o do aparato 40 institucional em que o meio t cnico desenvolvido pois como tal integrante de um amplo contexto no qual complexos sistemas s o coordenados entre si Incluem se nesse contexto red
546. undos de simpatizantes ao projeto do p blico em geral e fragilizar o apoio de grupos da constru o civil que s o os maiores financiadores das campanhas pol tico partid rias Por outro lado poderia acarretar o rompimento dr stico de apoio pol tico vinculado rede de rela es com os movimentos sociais que j vinha h muito fragilizada Esses podem ser alguns dos principais motivos para o sumi o do tema da pauta jornal stica da grande m dia como na Folha de S Paulo Em 2008 foram publicadas 12 mat rias em 2009 surgiram 17 A partir dos anos posteriores o n mero continuou se reduzindo Em 2010 presencia se somente 6 mat rias e em 2011 11 mat rias Essas t m foco no cronograma da 4 6 O DESEMPENHO JORNAL STICO EM 2007 E A COMPARA O COM 2005 Em 2007 totalizaram se 85 mat rias sobre a transposi o 19 mat rias a menos em rela o a 2005 Desse total 30 foram editadas antes da segunda greve de fome iniciada em 27 de novembro e encerrada em 19 de dezembro 23 dias Durante a efervesc ncia midi tica foram publicadas 51 mat rias Depois desse per odo foram 4 mat rias publicadas fora da efervesc ncia midi tica A diferen a na quantidade de mat rias jornal sticas entre 2005 e 2007 est representada no Gr fico 2 12 Algumas contabilidades consideram que a segunda greve foi de 24 dias e n o de 23 dias Nesta pesquisa considera se o dia 19 de dezembro dia do desmaio do bispo e quando ele foi internado
547. uperiores As tomadas de decis o s o discutidas em Coletivos para ent o poderem ser levadas nas vozes de todos os militantes e daqueles que s o nomeados diante de um reconhecimento comum aos militantes dos movimentos como mediadores externos coordenadores de coletivos ou como existem em diversos pa ses da Am rica Latina os voceros Como resume Ra l Zibechi Se trata de mirar el pasado para no repetirlo Pero sobre todo se trata de mirar hacia adentro hacia el interior de los movimientos El panorama que surge cada d a con mayor intensidad es que el ansiado mundo nuevo est naciendo en sus propios espacios y territorios incrustado en las brechas que abrieron en el capitalismo Es el mundo nuevo real y posible construido por los ind genas los campesinos y los pobres de las ciudades sobre las tierras conquistadas tejido en base a nuevas relaciones sociales entre los seres humanos inspirado en los suefios de sus antepasados y recreado gracias a las luchas de los ltimos veinte a os Ese mundo nuevo existe ya no es un proyecto ni un programa sino m ltiples realidades fr giles Defenderlo para permitir que crezca y se expanda es una de las tareas m s importantes que tienen por delante los activistas durante las pr ximas d cadas Para ello deberemos desarrollar ingenio y 47 creatividad ante poderosos enemigos que buscar n destruirlo paciencia y perseverancia ante las propias tentaciones de buscar ataj
548. upo Folha na atualidade pode se perceber o costume do Jornal ao nominar esse per odo pol tico como Regime Militar 133 ditabranda e n o como regime per odo governo autorit rio repressor ou ditatorial Na t nica desse aspecto sem ntico aqui se aborda o caso ditabranda Trata se do neologismo enunciado em editorial do Jornal em que no centro do assunto realizava se uma esp ria compara o entre o governo de Hugo Ch vez e a ditadura vivida no Brasil Mas se as chamadas ditabrandas caso do Brasil entre 1964 e 1985 partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou institu am formas controladas de disputa pol tica e acesso Justi a o novo autoritarismo latino americano faz o caminho inverso O l der eleito Hugo Ch vez mina as institui es e os controles democr ticos por dentro paulatinamente FOLHA 17 fev 2009 Esse editorial causou pol mica p blica Em recha o ao teor do editorial houve manifesta o em frente sede da Folha organizada pelo Movimento dos Sem M dia em 7 de mar o de 2009 O Movimento alertou que a sociedade deve ficar atenta ao que pode ser em potencial mais um embri o com base no poder de manipula o da opini o p blica pela m dia corporativa para a cria o de regime de exce o pol tica Caio Navarro Toledo 2009 publicou um artigo na revista Sociologia e Pol tica explicitando que o Movimento e uma s rie de relatos p blicos relembram
549. urgida em primeiro plano na capa do dia 16 de mar o A imagem oferece margem impress o de que o rep rter fotogr fico foi h bil ao colaborar com a fabrica o de uma imagem negativa dos movimentos sociais No mesmo enquadramento est o tanto a bandeira em primeiro plano quanto o manifestante saindo correndo pela porta quebrada A originalidade da fotografia n o aqui a quest o mas sim abrir o horizonte anal tico e de reflex es cr ticas sobre as situa es outras em que a trucagem ferramenta para a constru o de signos bem como alerta Barthes 2005 Mais vale aqui alertar que as trucagens podem ser tanto muito evidentes quanto sutis e que recorrentemente tem se instrumentalizado as t cnicas da m dia impressa para construir referentes que contribuem repercuss o negativa da imagem dos movimentos sociais Sobre isso sim h casos comprovados e com ganho de causa Sobre a t cnica da trucagem na fotografia jornal stica e sua rela o com a constru o de signos que transitam entre sentidos denotados e conotados explica Barthes O interesse met dico da trucagem que ela interv m no pr prio interior do plano de denota o sem avisar ela utiliza a credibilidade particular da fotografia que n o conforme se viu 177 mais que seu poder excepcional de denota o para fazer passar como simplesmente denotada uma mensagem que na verdade fortemente conotada em nenhum outro tratamento a conota o toma t
550. ust veis mesmo com a extin o de mananciais perda de solo e assoreamento A minera o antes concentrada na regi o do Alto S o Francisco agora se generaliza em toda a Bacia Novas barragens est o sendo constru das e muitas mais planejadas nos afluentes e na calha principal agravando o quadro de um rio ref m do setor el trico O capital globalizado se faz surdo aos cada vez mais evidentes sinais da natureza e apelos da ci ncia de que urgente rever o modelo de civiliza o O S o Francisco perdeu 25 de suas guas nos ltimos 50 anos e poder 308 perder o mesmo tanto nos pr ximos Porque se insiste em export las em forma de energia frutas gr os etanol min rios Isto tem que parar As v timas imediatas deste processo s o as popula es impactadas em especial os pobres as comunidades tradicionais da ribeira do cerrado da caatinga e da mata atl ntica da Bacia ind genas quilombolas pescadores vazanteiros moradores de fundos e fechos de pasto e das periferias urbanas Ainda e sempre prec rios em suas terras e territ rios est o merc do modo autorit rio e desrespeitoso das empresas e governos que pouco difere do tempo da Ditadura Militar Assim est acontecendo tamb m o desalojamento de popula es nos eixos da transposi o no CE PB e PE Muitos sem condi es de permanecer migram para as cidades e tentam sobreviver no subemprego e viol ncia crescente como nas regi es de Jua
551. ut 2005 10 SALOMON Marta FERNANDES Kamila Caminho das guas Fortaleza maior benefici ria da transposi o Primeiras indeniza es por desapropria es j foram pagas pelo governo federal em dois munic pios do Cear Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Cariri CE 23 out 2005 11 SCOLESE Eduardo Movimentos de esquerda se re nem por mudan as Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 23 out 2005 12 GUIBU F bio Caminho das guas Obra ser iniciada imediatamente diz Ciro Ministro ignora acordo feito entre bispo e governo sobre adiamento do projeto de transposi o do S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 25 out 2005 13 NASSIF Lu s Um projeto temer rio Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 26 out 2005 14 FRANCISCO Luiz Para bispo acordo foi com presidente n o com ministro Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Salvador 26 out 2005 15 SCOLESE Eduardo Caminho das guas Ciro desagrada Planalto ao falar sobre rio S o Francisco CNBB critica ministro por citar in cio imediato de transposi o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Bras lia 26 out 2005 16 GUIBU F bio Decis o sobre obra em rio ser pol tica afirma ministro Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Recife 27 out 2005 17
552. ut fera pois qualquer possibilidade de efeito pr tico da resist ncia sob a nomina o de controv rsia j tinha acabado de ser enterrada h duas semanas em Cabrob PE por escavadeiras do Ex rcito As escavadeiras do Ex rcito e as m quinas parecem ser os indiv duos pol ticos mais ativos na medida em que enterram a controv rsia e a inauguram a obra H portanto uma esp cie reifica o em que aspectos sociais e hist ricos s o coisificados e assim ocultados H uma proximidade na apresenta o dos manifestantes apresenta o do ator Ex rcito Assim como j se fez notar em diversas mat rias da Folha de S Paulo a resist ncia popular numa proximidade fabricada entre essa e a a o de aparelhos de repress o do Estado em que se manejam a elementos internos ao texto e imagens da pr pria reportagem c pela diagrama o de p gina junto a outras reportagens com aspectos criminalizadores imagem de movimentos sociais 3 pr xima a imagens carregadas de teor simb lico violento entre outros Reincide uma narrativa que pode conceder uma leitura criminalizadora da resist ncia popular obra Refor a se a imagem dos atores da resist ncia como o outro o antagonista o inimigo interno Ao mesmo tempo reifica se o processo autorit rio do governo desviando a aten o do leitor sobre a a o repressora desse ao intimidar as for as contr rias obra quando incumbiu o pr prio Ex rcito de re
553. uz pobreza afirma minist rio Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 14 out 2005 3 ANGELO Claudio Caminho das guas Bird v lacunas em projeto de transposi o Estudo do Banco Mundial lan a d vidas sobre viabilidade econ mica de plano para rio S o Francisco Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 14 out 2005 4 NASSIF Lu s A transposi o segundo Ciro Folha de S Paulo Caderno Dinheiro S o Paulo 14 out 2005 5 FERNANDES Kamila Transposi o Seca atinge 54 cidades que est o fora do projeto Carros pipa s o op o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Fortaleza 15 out 2005 6 FERNANDES Kamila Caminho das guas Para opositores projeto vai apenas chover no molhado Governo rebate cr ticas dizendo que transposi o do S o Francisco nica sa da para futura falta de gua Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 17 out 2005 7 GUIMARAES Thiago DONASCI Fernando Pescadores s o a favor de projeto com revitaliza o Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo Juazeiro BA 17 out 2005 273 8 D VILA S rgio Sem transposi o de gua Los Angeles n o existiria Folha de S Paulo Primeiro Caderno Se o Brasil S o Paulo 17 out 2005 9 BATISTA JUNIOR Paulo Nogueira Dom Luiz Fl vio Cappio Folha de S Paulo Caderno Dinheiro Opini o Econ mica S o Paulo 20 o
554. va 2000 p 29 A esta pesquisa interessou analisar as fotografias dentro de um contexto jornal stico espec fico o da Folha de S Paulo ao abordar as resist ncias populares buscando identificar o comportamento organiza o das imagens para se apreender os sentidos que transmitem significam Para tanto foram indicados o que h de repeti es nas formas imag ticas e textuais essas no mbito do contexto ausentes e presentes no conjunto das publica es eleitas para an lise Nesse processo tamb m se buscou perceber o que havia de expl cito e impl cito nas mensagens para ent o diante de um corpus interpretativo compreender alguns dos modus operandi da ideologia como produ o de formas simb licas que constroem sentido a servi o do poder como a menciona Thompson 2002 Como parte desse empr stimo que recorre ao arcabou o te rico da semi tica apresenta se oportuno o conceito de Charles Sanders Peirce 1980 a respeito da modelagem do signo como algo que sempre est no lugar de outra coisa um objeto n o ele pr prio Ele se apresenta para designar nominar significar outra coisa algo que pode ser estar material imaterial ou ausente No caso da fotografia como elemento significante representamen motriz de um signo diz Roland Barthes Seja o que for o que 150 ela a foto d a ver e qualquer que seja a maneira uma foto sempre invis vel n o ela que vemos 1980 p 16 Preliminarmente s an l
555. ve entrega de memorial apontando todas as irregularidades jur dicas do projeto da transposi o F rum Permanente de Defesa do S o Francisco da Bahia 2007 Ainda houve no dia 15 de mar o audi ncia de mais de quatro horas na C mara dos Deputados para discutir a transposi o da qual participaram como convidados os professores Jo o Suassuna Jo o Abner e a promotora Luciana Khoury para debater o assunto com parlamentares Na transcri o dessa audi ncia h um coment rio a respeito da manifesta o no MI em que a Folha de S Paulo publicou a capa aqui mencionada Assim vocalizou o deputado lran Barbosa sobre o epis dio da manifesta o portaria quebrada que acabava de ocorrer lamentavelmente em um dos atos leg timos promovidos pelos acampados o movimento social mais uma vez foi v tima de um tipo de infiltra o que prejudica sua a o Houve a pris o de um companheiro n o sei se j foi liberado porque foi acusado de quebrar uma porta do Minist rio da Integra o Nacional No entanto h testemunhas de que havia 2 pessoas infiltradas no movimento As pessoas abordadas n o quiseram identificar se Ficaram com medo e fugiram num Fiat Palio cuja placa foi anotada BRASIL C MARA DOS DEPUTADOS 15 mar 2007 p 27 176 A realiza o do acampamento em Bras lia tinha como objetivo priorit rio a conquista da retomada de di logo com a Presid ncia da Rep blica a qual se recusou de modo perempt
556. ve apresentada na continuidade de da aus ncia de 4 dias sem mat rias No caso da primeira greve at o 11 dia data de encerramento da greve noticiada no dia seguinte a metade das mat rias no intervalo da 141 efervesc ncia j havia sido publicada Foram 29 mat rias publicadas no per odo de 6 dias Na segunda greve nesse mesmo intervalo de 11 dias foram publicadas apenas 8 mat rias O Gr fico 3 explicita a quantidade de dias que a Folha de S Paulo n o publicou not cias sobre as duas greves A primeira greve foi noticiada apenas no seu 6 dia de ocorr ncia J a segunda greve embora noticiada em 2 mat rias logo no seu in cio depois apresentou uma sequ ncia baixa de mat rias por dia entre nenhuma e uma mat ria por 12 dias consecutivos Em 2007 os dias que apresentaram o maior n mero de publica es no per odo de efervesc ncia midi tica foram 20 de dezembro 8 mat rias e 21 de dezembro 5 mat rias Ambas chamando aten o ao encerramento da greve Primeiramente devido ao desmaio e interna o do bispo e depois pela declara o do pr prio religioso de fim do jejum As publica es desses dias destacaram a decis o do STF em favor da libera o da obra Do c mputo geral de 2007 especificamente abordando as resist ncias populares foram publicadas 17 mat rias sobre a es relacionadas rede de resist ncia contra a transposi o Dessas 8 foram publicadas entre 9 fevereiro e 16 de mar o de 2
557. vos de mat rias o quanto a resist ncia popular contra a transposi o do rio S o Francisco provocou aten o da Folha de S Paulo Esse quadro tamb m ajuda a contextualizar e a relativizar o desempenho da Folha de S Paulo dentro do recorte temporal e tem tico espec fico a essa pesquisa O recorte temporal para a an lise dos argumentos escritos e imag ticos centra se sobretudo nos anos de 2005 e 2007 devido a ter sido encontrado nesses dois anos uma maior quantidade de mat rias jornal sticas motivadas como reflexo direto da quantidade de a es da resist ncia popular transposi o Nota se que em 2006 n o surgiu nenhuma capa na Folha de S Paulo contemplando essa tem tica bem como a quantidade de mat rias a publicadas foi muito menor em rela o a 2005 e 2007 mas o contexto desse per odo fundamental para a compreens o dos demais fatos e mat rias que se seguir o Ainda ressalta se que em fevereiro de 2008 surgiu a ltima capa na tem tica transposi o isso p de ser verificado diante da coleta de mat rias at 2011 apenas para atestar a ocorr ncia ou n o de not cias na tem tica Assim essa capa e seu contexto tamb m ser o contemplados no conjunto analisado por ter se mostrado bastante elucidativa quanto ao momento em que se inicia um forte refluxo das a es coletivas contra a transposi o e consequente midiatiza o sobre a tem tica Pelo exposto que se confere a 2005 e a 2007 o principal recor
558. za o do S o Francisco e da quest o energ tica divulguem as alternativas e fortale am a consci ncia militante e a organiza o popular b Organiza o e articula o realizar Confer ncias Regionais Estaduais criar novos Comit s contra a transposi o ampliar as articula es regionais e da bacia manter a articula o e a luta conjunta entre o S o Francisco e o Semi rido tendo como instrumento a Coordena o desta Confer ncia trabalhar a partir das demandas e alternativas Atlas Nordeste da ANA Ag ncia Nacional de guas e iniciativas da ASA Articula o do Semi rido tamb m no S o Francisco programa de revitaliza o c Comunica o massificar a discuss o sobre os temas S o Francisco Semi rido e transposi o considerando os tr s p blicos diferentes urbano rural e base dos movimentos empreender uma contra ofensiva nova campanha de propaganda do governo federal envolver as assessorias de comunica o das diversas entidades envolvidas comiss o e rede de assessoria de imprensa e de comunicadores populares trabalhar mais as r dios e a internet monitorando e divulgado o que sai na m dia d Enfrentamento realizar marchas e outros atos criativos em Bras lia e outros locais aproveitando as datas do Calend rio Nacional de Lutas nas quais inserir os temas S o Francisco Semi rido e transposi o 8 de mar o Dia da Mulher Abril Vermelho 17 de abril Dia Internacional da
559. zados ou concentrados os poderes as tarefas as diretrizes e como s o alicer adas as rela es de reciprocidade e de compartilhamento preciso assim ter claro que uma rede cont m elos mais fortes como por exemplo lideran as militantes pesquisadores organiza es de refer ncia tamb m necess rio analisar como constitu da a autonomia dos mais exclu dos por vezes escondidos sob o t tulo gen rico de povo no discurso de mediadores 48 1 4 MOVIMENTOS SOCIAIS E A QUEST O AMBIENTAL A irreversibilidade do processo de destrui o ambiental em curso quest o das mais preocupantes n o por forjar um determinismo hist rico e sim pela constata o do estado degrada o atual Uma das grandes perguntas que se faz presente nesse contexto se um xito da constru o da nova ordem socialista alcan ar na Hist ria algo de natureza saud vel Ainda indaga se se seria poss vel promover o socialismo diante da natureza em alto processo de degrada o ambiental A voracidade da economia capitalista do sistema mundo deixar possibilidade de boa qualidade de vida s gera es subsequentes Sobretudo visto os processos b licos que transcorrem nas produ es de bombas nucleares Para M sz ros Se quisermos transformar a ordem estabelecida em outra da qual ser o removidos os perigos de autodestrui o da humanidade uma ordem que seja ao mesmo tempo positivamente sustent vel de modo a prevenir a destrui
560. zeiro e Petrolina Isto tem que parar S o elas tamb m as que resistem e nos animam a lutar Territ rios t m sido defendidos Barra da Parateca BA e retomados Truk s PE Tumbalal BA e Xakriab s MG as comunidades recuperando suas culturas antigas e mais adequadas ao conv vio fraterno e harmonia com o meio ambiente Projetos t m sido impedidos barragens Gatos e Sacos Pedra Branca e Riacho Seco BA incinera o de lixo Camargos MG minera o Serra da Piedade MG irriga o de cana Areia Grande BA turismo Brejo Grande SE piscicultura MOPEBA BA Afluentes t m sido revitalizados como o dos Cochos MG S o elas tamb m as que em parceria com os movimentos sociais e ambientalistas da Bacia e do Nordeste Setentrional t m feito a luta contra a transposi o do rio S o Francisco Este projeto em obra pelo ex rcito h um ano e meio n o avan ou mais que 4 9 eixo norte e 6 9 eixo leste e tem contratos superfaturados como denuncia agora o Tribunal de Contas da Uni o A revitaliza o sem vis o de conjunto focada no esgotamento sanit rio n o leva em conta a queda da quantidade da gua E ignora a devasta o pelo agroneg cio nas regi es das nascentes no Cerrado O cerne de toda a nossa luta o Projeto Popular para o S o Francisco Vivo Terra e gua Rio e Povo tema do nosso Il Encontro constru o que se perde no tempo mas se acha hoje mais que nunca pert
561. zembro de 2010 Para uma compara o essa avalia o no in cio do governo FHC em 1995 era de 70 representando aqueles que acreditavam na futura gest o de seu governo como bom ou timo opini o que foi declinando at que apenas 26 dos entrevistados no final do seu mandato presidencial em 2002 avaliaram sua gest o como tima ou boa OPINI O 2010 91 CAP TULO III A TRAMA DA REDE NO MOVIMENTO DO RIO RESIST NCIA POPULAR CONTRA A TRANSPOSI O EM DEFESA DOS POVOS E DO RIO SAO FRANCISCO 3 1 CONFLITOS SOCIAIS E BARRAGENS reconhecido que h um longo hist rico de a es coletivas de resist ncia popular no vale do rio S o Francisco ou seja h um ac mulo de for as sociais resistentes aos grandes projetos do Estado e via de regra do grande capital Casos emblem ticos s o as mobiliza es geradas com as constru es das barragens de Sobradinho e de Itaparica discutidos por Sigaud 1992 Esses conflitos n o cessaram at o presente momento visto a persist ncia da aus ncia de respostas concretas problem tica dos grupos atingidos Antigas pautas reivindicat rias dessas lutas sociais continuam atuais tais como a implanta o de reassentamentos para as popula es indeniza es justas projetos econ micos voltados aos atingidos de irriga o ou de plantio de sequeiro de cria o de animais revitaliza o do rio S o Francisco aten o sa de e educa o acesso energia e gua de qu

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