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EDUCAÇÃO FORMAL X EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

1. e Entre raz o e emo o como fica o surdo na Educa o Os caminhos da Pesquisa arise SO RENAS ATOR O SIR a Soa e O sujeito que busca O sujeito que aprende O sujeito que sou no percurso de forma o parece que encontrei a minha voca o PARTE 1 FUNDAMENTA O TE RICA CAP TULO 1 IDENTIDADES O QUE S O E COMO SE FORMAM anaa e E AE tosa iaa aa sans Ea na Unico o li afafo seine GR NR q RR e A SR 1 1 Identidades constru o hist rica e social pela l ngua 1 2 As Contribui es de Foucault para pensar o sujeito 1 3 A An lise do Discurso contribui es para entender as constru es d ldenuda dedssi uinie ne o RN RS RR RR RR RNA SN CAP TULO 2 EDUCA O FORMAL E N O FORMAL PONTOS E CONTRAPONTOS 2 1 Educa o formal e n o formal escolar ou n o qual a melhor defini gho citages iorimaeaasa atas ave teten iam asas I EE E EEEE EE AEE A EE TETE 2 2 Um grupo de volunt rios e sua contribui o para a forma o de identidades surdas a partir do ensino e uso de Libras 2 2 1 Requisitos para o trabalho com surdos 2 2 2 Organiza o do trabalho volunt rio com surdos 2 2 3 Materiais dispon veis e pr ticas pedag gicas CAPITULO 3 OS MOVIMENTOS SOCIAIS E SEUS IMPACTOS NA PRODU O DE DOCUMENTOS OFICIAIS E ATUAIS DISCUSS ES
2. 105 4 3 Curr culo de L ngua Gestual Portuguesa O curr culo de L ngua Gestual evidencia uma concep o da l ngua como ferramenta para um ensino uniforme para popula o surda N o se trata apenas de tomar a LGP como apoio mas de conceb la como l ngua primeira para o surdo conforme expresso no Curr culo de LGP 2008 p 22 Est comprovado que al m de um ambiente informal em LGP na escola a introdu o da LGP de forma sistematizada e organizada na aula proporciona uma identidade do aluno surdo com uma melhoria da sua auto estima sic e do seu auto conceito sic Embora n o esteja em discuss o o que entendido por identidade entende se que esta seja compreendida como identifica o de pares ou seja medida que o aluno interage com outros surdos a identifica o acontece pelo compartilhamento de sensa es emo es e express es do grupo estimuladas pelas experi ncias surdas dos professores e int rpretes valorizando aspectos da comunidade surda e demais singularidades Segundo Coelho 2014 em entrevista concedida como contributo a este trabalho a identidade constru da na rela o com o outro A te rica chama de constru o relacional pois para ela a identidade est relacionada at mesmo com a rela o do surdo consigo pr prio Para Coelho importante saber como estes surdos gostam de ser tratados n o basta simplesmente procurar nomear uma identidade Ainda segundo a mesma autora temos u
3. Ser que a B blia est de acordo com a ci ncia PRODU O DE Cem anos de m sica que louva a Deus Como um estudo b blico Escolher dados a partilhar x Testemunhas de Jeov L NGUA DE SINAIS Selecionar l ngua de sinais z Minha l ngua de sinais Selecionar idioma Selecione um idioma da lista Lingua brasileira de sinais L ngua de sinais albanesa Lingua de sinais alem Lingua de sinais americana L ngua de sinais angolana L ngua de sinais argentina L ngua de sinais australiana Lingua de sinais austr aca Lingua de sinais belgo francesa Lingua de sinais boliviana Lingua de sinais brit nica L ngua de sinais b lgara Lingua de sinais cambojana L ngua de sinais chilena Lingua de sinais chinesa L ngua de sinais colombiana Lingua de sinais coreana Lingua de sinais costa riquenha L ngua de sinais croata Lingua de sinais cubana 6 O Firefox envia automaticamente alguns dados para a Mozilla de modo a melhorar a sua experi ncia cB og IDIOMA DO SITE Portugu s Ainda n o foi selecionado nenhum idioma m Fonte Http jw org Acesso em 27 06 2014 63 2 RES A org apps T QrVQFVTIIBBX selLang LSB amp iselPub 52 L NGUA DE SINAIS L ngua brasileira de sinais A B blia Qual a Sua Mensagem Voltar para Arquivos disponiveis Como baixar Clique no link do arquivo no formato que voc deseja baixa
4. es naquele espa o acad mico deu a conhecer quais s o os trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores surdos e ouvintes no Brasil em rela o educa o de surdos atualmente promovendo portanto um interc mbio produtivo entre os pesquisadores 4 1 Do contexto brasileiro necessidade de olhar para outros lugares de onde falamos sobre educa o dos surdos No Brasil as pesquisas apontam para a necessidade de discutir a inclus o que se tem hoje do aluno surdo em sala de aula regular A falta de int rpretes para atuar junto aos alunos surdos um dos problemas enfrentados Al m disso muitos autores brasileiros pontuam que a passagem do surdo pelas escolas acaba se dando por conta da progress o continuada e do estigma da inclus o sem que de fato esses sujeitos tenham passado por um processo de aquisi o da L ngua de Sinais e do portugu s em seu registro escrito 97 Desta forma temos como objetivo agregar atrav s das leituras e entrevistas realizadas o conhecimento de como s o tratadas e discutidas as quest es de identidades surdas em Portugal para debater como a realidade enfrentada pelos surdos hoje nas escolas brasileiras requer mais do que um olhar em que n o apenas se adjetive o sujeito surdo Entendemos que precisamos mais do que pensar na quest o de apontar identidades surdas ou ouvintes pois compreendemos que se faz necess rio pensar nos impactos que essas pr ticas escolares acarretam para a
5. interagir o universo surdo 163 6 3 3 Beg nia flor associada cordialidade A surda que naturalizou sua condi o e vive resignada Um dos sujeitos dessa pesquisa uma mulher atualmente com 33 anos m e de tr s filhos um rapaz de dezoito anos e duas meninas de cinco e oito anos filhos de dois pais diferentes Beg nia separada e vive com os pais e seus filhos N o consegue ficar muito tempo em um trabalho de sa de fr gil sofre com bronquite asm tica que somada a sua surdez n o lhe oportuniza grandes postos de trabalho a n o ser em setores de produ o nas empresas da regi o Esta surda enfrenta uma desigualdade diferente se comparada aos irm os que talvez n o tenha sido mencionado eles s o surdos e negros ela mulher e branca e surda No que tange s desigualdades a mulher surda passa por um duplo isolamento social Justamente por sua fragilidade que o nome Beg nia pareceu representar melhor a entrevistada que at o contato com o grupo de volunt rios n o conhecia a L ngua de Sinais Tamb m em contato com o grupo de surdos Beg nia passou a conhecer outro modelo lingu stico que desconhecia Isto porque est imersa num mundo ouvinte falante pois Beg nia oralizada e faz leitura labial a jovem n o foi exposta L ngua de Sinais Beg nia perdeu a audi o aos seis meses acometida por meningite com perda profunda em um ouvido e perda severa no outro usa AASI desde muito pequena A m
6. 10 098 de 19 de dezembro de 2000 Lei Federal n 10 436 de 24 de abril de 2002 Reconhecimento da L ngua Brasileira de Sinais e da outras providencias Bras lia 2002 BRASIL Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o Especial Decreto N 5 296 de 02 de dezembro de 2004 BRASIL Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o Especial Decreto N 5 626 de 22 de dezembro de 2005 Regulamenta a Lei N 10 436 de 24 de abril de 2002 BRASIL Minist rio da Cultura Invent rio Nacional da Diversidade Lingu stica Decreto N 7 387 de 09 de dezembro de 2010 Minist rio da Educa o Secretaria de educa o Especial Ensino de l ngua portuguesa para surdos caminhos para a pr tica pedag gica Vol I e II Bras lia MEC SEESP 2002 Minist rio da educa o Estrat gias e orienta es pedag gicas para a educa o de crian as com necessidades educacionais especiais dificuldades de comunica o e sinaliza o surdez Secretaria de Educa o Especial Bras lia MEC SEESP 2002a Educa o Infantil 7 Minist rio da Educa o Adapta es curriculares em a o desenvolvendo compet ncias para o atendimento s necessidades educacionais de alunos surdos Secretaria de Educa o Especial Bras lia MEC SEESP 2002b MEC Secretaria de Educa o Especial Programa Nacional de Apoio Educa o de Surdos O tradutor e int rprete de l ngua brasileira de sinais e l ngua portuguesa
7. Hoje a educa o trabalha com a palavra meta n o importa o sujeito mas a rela o estat stica para atingir a meta O Estado olha para o corpo social e s o criados os campos de controle dentro desse corpo social que precisa ser produtivo e consumidor O curr culo no Brasil atravessado pelos discursos da governamentalidade e administrativo A indica o de que esses modelos s o os que d o certo mesmo que os relatos sejam de que as crian as especiais estejam soltas dentro da escola O curr culo pode ser concebido como uma constru o discursiva campo de lutas e tens es que a princ pio Silva 2010 diz que o curr culo posto de forma estrutural mas quando come amos um questionamento pensamos no sujeito Assim o te rico chama curr culo de documento de identidade e forma o do sujeito Estas discuss es nos levaram a pensar de fato que sujeito se quer formar pois o sujeito da educa o que temos hoje sendo formado nos parece ser aquele que domina outros conhecimentos toda a ind stria da educa o que se forma a partir desses novos sujeitos na sociedade fazem do educar nada mais do que uma ferramenta do 93 capitalismo ferramenta esta que se transforma e precisa se adaptar s novas realidades contribuindo para esse a quem Foucault 2010 chamou de sujeito hist rico social Parece mesmo que n o h sa da por mais que se queira pensar uma forma o human stica incentiva se cada vez mais
8. int rprete P Voc j os cadastrou na fila do implante 180 A Eles t fazendo exame j pra isso o sorriso volta ao seu rosto Da cabe a pra faz o implante P J te explicaram tudo sobre o implante A J No caso do Girassol como ele sofreu um acidente vai faz um ano o dele vai demor j conversei com a m dica o dele vai demor por t com problema de vis o A entrevista finalizada com a nfase da m e na quest o do implante para os seus filhos mas com outra informa o a de que o filho mais velho ter que esperar mais tempo O ltimo contato com essa fam lia se deu em abril de 2014 os meninos sa ram do Ensino M dio supostamente como concluintes e aptos a continuarem os estudos Tiveram o apoio de int rprete apenas no segundo semestre de 2013 A vida continua s o ajudantes do pai que pedreiro N o quiseram mais estudar com os volunt rios pois come aram a entender a quest o religiosa e n o se identificaram com os princ pios do grupo Tamb m n o procuram mais interagir com a comunidade surda em Jundia ou em cidades pr ximas E at agora n o conseguiram o implante A m e segue os identificando como deficientes auditivos 6 5 Lavandas da flor decorativa m e que est sempre vigilante Tanto quanto A ucena esta m e tem um hist rico parecido de luta por atendimento a sua filha Beg nia Entretanto seu relato tamb m mostra que o aparentemente foi um p
9. o jeito que eles era antes Porque como foi eu que coloquei eles ao mundo eu via que eles era muito nervoso O Ger nio era nervoso O Girassol era um pouco aceno de cabe a com express o n o interpretada meio revoltado e quando voc s apareceu aqui na minha porta eles se acalmaram O Ger nio ele n o grita porque ele s gritava o dia inteiro que Deus dava tinha vez que eu perdia minha paci ncia Eu mandava ele fic quieto mais que ele gritava porque n o tinha como ele fal A A quando voc s apareceu aqui na minha casa pra ensina eles eu agradeci muito eu agrade o muito mesmo Para Hoffmeister 2009 o que est em jogo na verdade o apoio aos pais ouvintes em hor rio flex vel levar informa es sobre as quest es importantes sobre a condi o do filho surdo e suas caracter sticas em diferentes situa es do cotidiano familiar e escolar produzem modifica es comportamentais n o s no surdo mas tamb m nos pais Embora a m e n o mencione e talvez nem perceba foi a sua forma de lidar com a surdez e os comportamentos do filho que tamb m sofreram altera es O uso da L ngua de Sinais pela m e contribuiu para que o filho se expressasse melhor diminuindo as barreiras na comunica o entre os dois Al m disso a percep o do filho Ger nio em rela o a ele mesmo e a sua surdez pode ter sido influenciada pelo contato com outros surdos falantes de L ngua de Sinais na frequ ncia ao g
10. o p blica Tamb m ao buscar alguns materiais educacionais como aux lio ao professor nos processos de aquisi o da L ngua Portuguesa pelo surdo observei que a metodologia e as sequ ncias did ticas sugeridas colocam os alunos em contato com pequenos textos escritos As estrat gias mais utilizadas pelos professores v o desde palavras descontextualizadas exerc cios estruturais at pequenas narrativas geralmente relacionadas ao cotidiano desses alunos atividades estas que n o contribuem para uma compreens o adequada da l ngua portuguesa em seu registro escrito de maneira satisfat ria Desse modo pelo uso dessas e de outras metodologias que ser o descritos no decorrer deste trabalho ser poss vel mostrar que muitos alunos est o passando por um processo de aparente letramento distanciados dos alunos ouvintes incomunic veis com seus professores e exclu dos dentro do processo de inclus o conforme nos fala Quadros amp Schmiedt 2006 p 25 iletrados em l ngua de sinais e iletrados em portugu s Em contrapartida os professores sentem se constrangidos por n o saberem lidar com a situa o e muitos at por despreparo profissional n o conseguem enxergar que por detr s da dificuldade auditiva existe um ser humano com grande potencial que precisa apenas ser alcan ado evidenciando um olhar patol gico em rela o ao surdo Ensinar um aluno surdo n o tarefa f cil pois preciso estabelecer antes de
11. A De ningu m nunca chegou um vereador nem prefeito ningu m de sa de ningu m veio aqui perguntar pra mim voc precisa de alguma coisa pros seus filho N o Eu sempre se virei sozinha P No sentido de ajudar a ler e escrever tamb m n o A Nunca A nica pessoa que apareceu aqui e parece que foi Deus quem enviou s foi voc P e mais ningu m digno de nota que muitas pessoas se recusam a receber os volunt rios em suas casas muitas vezes por j terem um ju zo formulado a respeito dos mesmos Muitos acreditam tamb m que por ouvi los j ser o identificados com sendo de outra religi o o que n o verdade pois como visto sobre a constru o de identidades inclusive a religiosa passa por um longo processo para que o sujeito se identifique com o grupo religioso Chegar at os meninos surdos s foi poss vel gra as a um levantamento feito pelo grupo que passou de casa em casa perguntando s pessoas se tinham ou conheciam alguma pessoa surda Mas n o foi um trabalho f cil j que para muitos o fato de uma pessoa n o falar n o implica necessariamente a surdez por isso preciso enriquecer a abordagem e questionar os moradores neste tipo de trabalho sobre a import ncia de encontrar pessoas que usam aparelho auditivo ou que s fazem gestos que s falam que ouvem mas n o sabem falar se s o mudas etc Foi desta forma que o grupo chegou casa de A ucena e conheceu seus meninos 173 A
12. B SIM FEZ AJUDOU BASTANTE MINHA VIDA CONHECER OUTRAS PESSOAS SURDAS FOI MUITO BOM aceno de cabe a enfatizando a afirma o positiva B ANTES EU N O TINHA AMIGOS IXk AGORA kTENHO apontamento para a pesquisadora P Voc agora quem B EU SOU SURDA EU SOU lt lt TESTEMUNHA DE JEOV gt gt Embora Beg nia na sua condi o de oralizada estivesse at conhecer o grupo levando uma vida aparentemente tranquila no sentido de estar acomodada situa o familiar social e econ mica em que vivia not rio que o contato com a L ngua de Sinais e o grupo de surdos lhe trouxe uma nova percep o Quando diz que sua vida mudou bastante se refere ao fato de passar a ter uma expans o em c rculo de amigos ou melhor ao participar das reuni es p blicas passou a conversar com outras pessoas pois at ent o estava restrita ao pequeno circulo familiar Tamb m sua filha de oito anos passou a acompanh la e a interessar se pela L ngua de Sinais e pela leitura dos materiais impressos Beg nia n o estava mais t o sozinha na rela o com o outro que o sujeito constr i sua identidade como poss vel perceber a identidade surda de Beg nia aflorou no contato com a comunidade surda Perlin 2013 diria que a rela o entre o trabalho dos volunt rios e a identidade assumida por Beg nia deve se ao posicionamento do grupo ao ouvintismo cr tico neste tipo de ouvintismo presente na narrativa da surda a p
13. Bras lia MEC SEESP 2003 MEC Secretaria de Educa o Especial S rie Saberes e pr ticas da inclus o SEESP MEC Bras lia 2006 116 p 205 CAPOVILLA F C RAPHAEL W D MAUR CIO A C L Dicion rio Enciclop dico Ilustrado Tril ngue da L ngua de Sinais Brasileira Novo Deit Libras S o Paulo EDUSP 2009 Leitura de estudantes surdos desenvolvimento e Peculiaridades em rela o de ouvintes Educa o Tem tica Digital Campinas v 7 n 2 p 218 228 jun 2006 ISSN 1676 2592 CAPOVILLA F C CAPOVILLA A G S VIGGIANO K MAURICIO A BID M Processos logogr ficos alfab ticos e lexicais na leitura silenciosa por surdos e ouvintes Estudos de Psicologia 2005 10 1 15 23 CHAU M O que ideologia S o Paulo Brasiliense 1980 Data da digitaliza o da obra 2004 Dispon vel em WWW SABOTAGEM CJB NET Livre de direitos autorias Reprodu o e distribui o livre CHOMSKY N Linguagem e pensamento Rio de Janeiro Vozes 1971 COELHO O Org Cartografias da Surdez Comunidades L nguas Pr ticas e Pedagogia Porto Livpsic 2013 COSTA M V Poder discurso e pol tica cultural contribui es dos Estudos Culturais ao campo do curr culo IN SILVA Toma Tadeu da Documentos de Identidade uma introdu o s teorias do curr culo Belo Horizonte Aut ntica 2a Ed 2002 COSTA O A BEVILAQUA M C AMANTINI R C B Considera es sobre o implante coclear em crian as IN BEVI
14. Fonte Quadros amp Karnopp 2004 Express es n o manuais movimentos de cabe a rosto rosto e cabe a e tronco marcam constru es sint ticas ou diferencia o de itens lexicais QUADROS amp KARNOPP 2004 p 50 51 124 O Sistema de Transcri o de Sinais acima n o prev os sinais conversacionais verbais daquele que v como os sinais de orienta o ao ouvinte em Marcuschi por isso o trabalho de transcri o demandar uma marca o por parte do que chamarei de ouvinte visual pois na intera o seja ela ouvinte ou surda tamb m existem sinais conversacionais verbais que orientam a sinaliza o ou fala do emissor Na continuidade deste trabalho de an lise ser necess rio elaborar um sistema de transcri o da conversa o para os surdos tomando como base alguns sinais que chamaremos de marcadores conversacionais verbais sinalizados a partir do quadro da Figura 1 postulado por Marcuschi Outro recurso que ser utilizado como aux lio nas transcri es de v deo o software ELAN nome dado ao Eudico Linguistic Annotator desenvolvido na Holanda pelo Instituto de Psicolingu stica Max Planck Encontrado pela professora chefe do grupo de pesquisa de Aquisi o da Lingua Brasileira de Sinais da Universidade Federal de Santa Catarina Ronice Miiller Quadros que em suas pesquisas descobriu o editor ELAN que permite a cria o edi o visualiza o e busca de anota es atrav s de dados de v de
15. Inclusiva no sentido de dar s pessoas com defici ncia o direito de estudar junto com todos os ditos normais Em 1977 fundada a FENAIDA Federa o Nacional de Educa o e Integra o dos Deficientes Auditivos integrada apenas por pessoas ouvintes em 1983 a Comunidade Surda avan a em sua luta por seus direitos e foi criada uma Comiss o de Luta pelos direitos dos Surdos integrada por pessoas surdas e com objetivo de participar nas decis es da FENEIDA direito que at ent o lhes eram negados Finalmente em 1987 a FEINEIDA passou a ser chamada de FENEIS Federa o 37 Termo encontrado em documentos oficiais mas que hoje n o mais utilizado considerado um erro social pois carrega um sentido de exclus o abandono e incapacidade Surdez e mudez s o tamb m patologias diferentes uma n o prev a outra necessariamente Tamb m considerada uma quest o lingu stica por alguns 82 Nacional e Integra o dos Surdos com sede no Rio de Janeiro e regionais espalhadas pelo pa s assim os surdos passam a defender mais intensamente a LS A Lei 10 958 de 27 e novembro de 2001 Projeto de lei n 900 99 do deputado Lobbe Neto PMDB torna oficial a L ngua Brasileira de Sinais LIBRAS e d outras provid ncias O Governo do Estado de S o Paulo Par grafo nico Por recursos de express o associados L ngua Brasileira de Sinais LIBRAS entende se comunica o gestual e visual com estrutura gramat
16. O papel do professor surdo na escola muito importante principalmente quando esse professor o diretor da escola importante citar que a m e reconhece que seus filhos foram muito melhor tratados na escola quando a mesma esteve sob a dire o de uma professora surda para m e este fato fez toda a diferen a Segundo a m e a diretora conseguia entender as dificuldades dos alunos e sabia conversar com os professores que muitas vezes traziam queixas pautadas em seus pr conceitos sobre pessoas surdas Muitos achavam que se os seus filhos n o faziam nada em sala por serem pregui osos argumento que a diretora combatia tentando conscientizar os professores sobre o conjunto de dificuldades no ensino aprendizagem dos meninos A m e atribui presen a de int rprete em sala de aula como sendo o principal meio de fazer com que seus filhos aprendam evidenciando assim seu desconhecimento sobre o papel do int rprete em sala de aula e as demais estrat gias necess rias aprendizagem de seus filhos Como apontado os meninos sa ram da escola M e foram para a escola z nesta escola foi elaborado um trabalho interdisciplinar a partir da disciplina de Ci ncias com alunos do ensino fundamental dois anos antes dessa entrevista E preciso lembrar que nas duas escolas as pr ticas de ensino foram as mesmas mas em rela o ao tratamento mais humano na escola Z pelo menos os meninos n o sofreram bullying como na escola ant
17. Pedagogia Porto Livpsic 2013 LEITE T A A segmenta o da l ngua de sinais brasileira libras Um estudo lingu stico descritivo a partir da conversa o espont nea entre surdos Tese de Doutorado Programa de P s Gradua o em Estudos Lingu sticos e Liter rios em Ingl s do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia Letras e Ci ncias Humanas da Universidade de S o Paulo S o Paulo USP 2008 LIMA E S Discurso e Identidade um olhar cr tico sobre a atua o do a int rprete de Libras na educa o Superior Disserta o de Mestrado Bras lia UNB 2006 LODI A C B M LO A D B amp FERNANDES E Orgs Letramento Bilinguismo e Educa o de Surdos Porto Alegre Media o 2012 LYONS J Linguagem e Ling stica uma introdu o Rio de Janeiro Guanabara 1987 apud QUADROS amp PERLIN G Estudos Surdos II Petr polis Arara azul 2007 209 MAINGUENEAU D Novas Tend ncias em an lise do discurso 3 ed Campinas Pontes Ed da UNICAMP 1997 MANGILI A R P Leitura Labial Texto Publicado 23 Setembro 2014 Ana Raquel P rico Mangili Acesso em 23 de outubro de 2014 http adap org br site index php artigos 150 a tecnica da leitura labial MARCUSCHI L A An lise da Conversa o 3 ed S o Paulo Editora tica 2003 MINIST RIO DA EDUCA ODIREC O GERAL DE INOVA O E DE DESENVOLVIMENTO CURRICULAR PROGRAMA CURRICULAR DE L NGUA GESTUAL PORTUGUESA EDUCA O PR ESCO
18. Por isso importante compreender as identidades produzidas nos espa os em que s o produzidas a exemplo deste trabalho compreender as identidades de pessoas surdas em contextos formais e n o formais justamente para compreender os discursos que permeiam esses contextos Frente a isso tamb m nos parece apropriado olhar para as representa es das m es dos sujeitos surdos desta pesquisa uma vez que s o discursos que tamb m fazem parte da constru o identit ria ora analisada Espera se com isso ajudar o leitor a compreender a proposta desta tese que afinal refletir sobre a import ncia da investiga o das identidades emergentes nos contextos formais e n o formais de sujeitos surdos uma vez que o que se pretende observar s o as pr ticas de ensino e os discursos impl citos nestas metodologias utilizadas por diferentes atores Dorziat 2009 p 18 ao tratar do conceito de desintegra o das identidades diz que o contexto multifacetado e incerto da sociedade contempor nea que coloca os sujeitos ante situa es as mais variadas exigindo deles a incorpora o de diferentes pap is sociais demanda uma organiza o menos r gida Para a autora os diferentes contextos conflitos sociais e agentes sociais s o for as que motivam e impulsionam a constru o de identidades por isso cabe aqui um questionamento a hibrida o de identidades no surdo n o geraria a desintegra o da comunidade surda A L ngua de S
19. Porque as pessoas que eu fico notando s presta pra criticar meus filho A S presta Parecendo que a culpa minha mas n o 2 5 m e j com a voz embargada Esta fala de A ucena ao mesmo tempo em que procura justificar a situa o dos meninos pela cr tica das pessoas ela pr pria carrega a culpa de ter os filhos surdos Embora diga que a culpa n o dela outras conversas em outras visitas fam lia para os estudos b blicos assinalaram que no fundo A ucena carrega as marcas de uma m e que entende que se os filhos n o estivessem sozinhos pr ximos da panela de press o talvez n o tivessem ficados surdos No fundo o que essa m e traz em seu ser a culpa da mutila o dos filhos que embora n o sido explicitado exp e o sofrimento da m e tamb m porque precisa suportar a fam lia atribuindo lhe a responsabilidade pelo acidente Muitas pessoas sem algum conhecimento sobre o universo surdo olham para ele como algu m sem hist ria ou como um pobre infeliz cuja fam lia sempre leva o adjetivo de culpada pela condi o surda Por isso importante ouvir as m es ou respons veis pois n o cabe julgar mas sim entender o contexto familiar e as circunst ncias que envolvem o fato de o surdo parecer como dizem alguns professores e gestores de escolas largados Na fala de A ucena e da m e de Flor as circunst ncias que contribuem para o n o aprendizado da l ngua em seu registro escrit
20. conhecimentos ainda Desde ent o intensifiquei minha busca aprendendo Libras lendo tudo que posso a respeito fui participar dos trabalhos e reuni es em L ngua de Sinais de um grupo religioso e me aproximei dos surdos tamb m atrav s de uma Associa o secular O trabalho como volunt ria em um grupo religioso foi muito enriquecedor Este grupo religioso que a partir de agora passaremos a chamar de volunt rios percorre todos os cantos do mundo em busca de pessoas surdas para oferecer lhes a possibilidade de comunicar se em L ngua de Sinais Embora a inten o prim ria seja a de transmitir conhecimentos b blicos tal abordagem de ensino da B blia a partir da L ngua de Sinais pode ajudar a refletir sobre formas mais eficazes de ensino Em todas as cidades brasileiras poss vel encontrar grupos de volunt rios que se dedicam a esse trabalho o que evidencia que muitos surdos n o tiveram acesso escola ou foram deixados margem da sociedade pela falsa ideia de inclus o constatado pelo contingente de surdos encontrados sem conhecimento da L ngua de Sinais Os n meros publicados pelos representantes jur dicos do grupo mostram quantos estudos de casa em casa com surdos 12 vis fados i Ro Clube dos Surdos de Jundia que existe h mais de 40 anos e consegue reunir surdos da regi o 13 Testemunhas de Jeov 16 s o dirigidos mostrando um alarmante n mero de pessoas que nem mesmo tiveram acesso educa
21. e que foi orientada a procurar o treino de fala para a filha conta que esta foi a nica orienta o que recebeu por isso nem sabia da L ngua de Sinais A jovem senhora conta que nunca teve vergonha de ser surda Entende que tem limita es e diz que at aprendeu a ler entretanto salienta que tem muita dificuldade em entender tudo que l Beg nia cursou at a 5 s rie do Ensino Fundamental e apesar de ter tentado voltar aos estudos cursando a EJA Educa o e Jovens e Adultos acabou desistindo primeiro porque sentiu muita dificuldade na modalidade de ensino oferecida na escola mais pr xima de sua casa Telessala Nas aulas de modalidade conhecida como Telessala os conte dos gravados s o exibidos em cerca de duas horas depois o professor tutor tira as d vidas dos alunos Desta forma no caso do surdo o aprendizado muito mais dif cil pois al m do curto 3l Beg nia significa cordialidade que vem do cora o nome cient fico Begonia Elatior s f Planta origin ria da sia e da Am rica que crescem nas regi es temperadas http www significados com br Acesso em 23 de outubro de 2014 164 espa o de tempo para tirar as d vidas junto ao professor o conte do pode n o ser bem compreendido em fun o n o s da qualidade do udio mas tamb m pelos problemas oriundos da pr pria qualidade de din mica da audi o Beg nia disse que j procurou ajuda na Prefeitura da cidade pois foi informada que tem
22. em seu artigo 3 inciso III estabelecia que atividades de refor o e de recupera o paralelas e cont nuas ao longo do processo e se necess rias ao final de ciclo ou n vel a frequ ncia a essas aulas deveria ser de no m nimo 75 As aulas de refor o e recupera o deveriam portanto acontecer durante o ano letivo para os alunos com dificuldades de aprender o conte do nas aulas regulares por isso esses alunos deveriam frequentar essas aulas em turno diferente cerca de tr s aulas semanais que eram ministradas por professores da rede Na verdade quem ficava com essas aulas eram os conhecidos OFAs Ocupante de Fun o Atividade os tempor rios aqueles em in cio de carreira como eu Em dois de Setembro de 1999 iniciei minha carreira no magist rio aquela que tanto sonhei e com esse in cio vieram s decep es pois a escola que conheci n o era a escola em que estudei por conta de muitas mudan as nova LDB novos materiais e novas formas de tratar os alunos que apresentavam dificuldades Na verdade meu primeiro dia de aula foi com uma turma de Recupera o e Refor o com a disciplina de Hist ria para alunos do Ensino M dio poss vel imaginar o quanto o meu primeiro contato com uma sala de aula foi frustrante e ao mesmo tempo desafiador Os alunos deste projeto eram reunidos em uma turma relativamente pequena para que o professor pudesse dar maior aten o a todos Neste mesmo m s me foram atribu das mai
23. entretanto cada um est livre para pesquisar e estudar cada vez mais a fim de ajudar seus estudantes surdos assim que s o chamados aqueles que passam a estudar semanalmente com os volunt rios Atualmente grande parte dos volunt rios est certificada pelo Prolibras e trabalham como int rpretes em diferentes institui es especialmente nas escolas do pa s Outros que possuem n vel superior fazem cursos em Associa es de Surdos e procuram cursos de P s Gradua o em Libras como forma de aperfei oar cada vez mais a flu ncia em Libras Depois de alguns estudos o estudante convidado a conhecer o Sal o do Reino local de encontros para reuni es semanais onde um estudo tem tico da B blia feito com ajuda de outras publica es em LS Esse local por concentrar outros surdos configura se na oportunidade de muitos surdos interagirem assim por trocarem experi ncias em sua pr pria l ngua aprendem tamb m pela socializa o produzida neste espa o Nesse contato muitos surdos que viviam em casa cercados por ouvintes passam a se perceber parte de uma comunidade falante de outra L ngua que n o a oral Nesse aspecto seu progresso no uso da l ngua e compreens o dos textos sinalizados melhora muito At mesmo c nticos s o produzidos em L ngua de Sinais contribuindo para a aproxima o do surdo a possibilidade de mais do que comunicar mas de literalmente cantar descobrindo que pela L ngua de Sinais e pelo conv
24. licas como tamb m da necessidade de o sujeito se afirmar nos mais diferentes contextos que circula 42 Assim identidade e diferen a l ngua e linguagem s o indispens veis para a discuss o sobre a produ o de identidades pois da l ngua e da linguagem derivam as significa es que produzem a diferen a e a identidade Segundo Silva 2013 p 80 Essa caracter stica da linguagem tem consequ ncias importantes para a quest o da diferen a e da identidade culturais Na medida em que s o definidas em parte por meio da linguagem a identidade e a diferen a n o podem deixar de ser marcadas tamb m pela indetermina o e pela instabilidade Silva enfatiza portanto a ideia de que a identidade e a diferen a s o mut veis Pois est o atreladas aos discursos produzidos em diferentes esferas de comunica o desta forma as significa es produzidas em diferentes contextos s o capazes de produzir diferentes identidades para um mesmo sujeito ou seja o sujeito discurso e sua identidade e sua diferen a pode mudar em rela o ao outro que ele n o Para Silva 2013 identidade e diferen a s o disputadas num campo de hierarquia por isso procurar uma defini o discursiva e lingu stica precisa levar em considera o que identidade e diferen a est o sujeitas rela es de poder s o portanto identidade e diferen a Entre tantas quest es sobre a diferencia o entre identidade e diferen a pode se dize
25. o desses grupos foi o per odo da organiza o com nfase na d cada de 80 finalmente a terceira fase apontada pelo autor aconteceu no in cio da d cada de 90 quando esses movimentos passam a preocupar se com a articula o surgem os di logos o Estado passa a ser ouvido Todos se sentam mesa de negocia es se fortalecem as lideran as que agora precisam ser exercidas por pessoas melhores preparadas Nesse cen rio tamb m surgem algumas parcerias cria es de assembleias conselhos populares e tribunas livres como algumas das conquistas desses movimentos as Organiza es N o governamentais passam a gerir a busca de solu es mais concretas para as reivindica es da sociedade agora organizada Segundo Silva 2002 p 60 um momento em que os movimentos sociais s o mais pluralistas e os partidos pol ticos t m seus interesses mais acentuados aumentando seus conflitos internos Isto indica tamb m que a defesa pol tica dos direitos das pessoas com necessidades especiais est atrelada a uma rela o de governamentalidade isto porque diante dos conflitos instaurados pelos movimentos sociais reconhecer os direitos destas pessoas tamb m forma de controle Se os movimentos sociais se organizam e buscam os direitos dos grupos que representam precisamos nos perguntar o que Direito Para tanto podemos nos apropriar 11 da cr tica de Bobbio em seu livro Teoria da Norma Jur dica que responde o s
26. o do seu modo de comunicar em sociedade e em fam lia uma vez que ouve com ajuda do AASI tem uma fala compreens vel e usa L ngua de Sinais com surdos e pessoas que sabem o idioma Beg nia atribui a sua falta de oportunidades no mercado de trabalho e a falta de condi es de continuar seus estudos sua surdez De fato o lugar social do surdo ainda um territ rio de lutas travadas entre as fronteiras do discurso em prol dos surdos e as pr ticas sociais em favor destes Conforme Perlim 2013 p 71 Para o movimento surdo contam as inst ncias que afirmam a busca do direito do indiv duo surdo ser diferente nas quest es sociais pol ticas e econ micas que envolvem o mundo do trabalho da sa de da educa o do bem estar social um desafio contra todas as formas que tendem a limitar ao inv s de prosseguir aprimorando o projeto de emancipa o humana Nessa perspectiva a pesquisa tamb m aponta que s o reconhecimento do surdo de sua condi o surda necessariamente cria uma identidade que ainda padece sob o Julgo da diferen a Por outro lado discutir diferen a mobiliza outras inst ncias que talvez levassem a pensar que ao assumir se uma identidade esta naturalmente marca uma posi o que nunca neutra e nem dicot mica mas que oscila conforme a conveni ncia de cada situa o ou contexto social em jogo Beg nia se reconheceu surda frente comunidade surda por m deixou de frequentar o grupo dos volunt rios
27. o negros busca afirmar sua identidade negra A identidade tamb m pode ser marcada pelo g nero condi es econ micas e de etnias Por exemplo algu m pode ser surdo negro e pobre assim essas diferen as acentuam ou n o conforme o contexto o conflito na constru o identit ria de acordo com as conven es e classifica es do contexto social ou seja as identidades n o podem ser unificadas pois s o muitas as diferen as e classifica es no interior de discursos produzidos que podem direcionar para esta ou aquela identidade H ainda a quest o da identifica o o sujeito pode sustentar uma identidade conforme as rela es sociais produzidas nas diversas esferas da sociedade em que circula assim por interagir com diferentes grupos como na escola no trabalho na fam lia no grupo religioso pol tico etc a identidade pode tamb m ser considerada mutante WOODWARD 2013 Refletir sobre identidade no mbito discursivo nos leva a outra dimens o a cultura pois esta alimentada por diversos elementos entre eles a produ o de discursos que se materializam uma l ngua Esta por sua vez tem a fun o de transmitir e manter representa es simb licas que se relacionam cultura portanto as identidades se constroem nas rela es de poder que permeiam a cultura Apesar de parecer confuso identidade e diferen a convivem juntas para que a primeira possa se firmar portanto a identifica o depende das pr ticas
28. o surda na escola se isso o preocupava responde mais com gestual e utilizando poucos sinais o esfor o do jovem se concentra em falar por isso a transcri o abaixo tenta aproximar a fala surda ouvinte utilizando se de um misto de transcri o da L ngua de Sinais com An lise da Conversa o As transcri es mostram como o rapaz prefere tentar falar numa tentativa de atingir a frica e Austr lia Relativamente ao significado da flor do ger nio este pode variar dependendo das cores No entanto de um modo geral esta flor est associada supera o pessoal perante dif ceis obst culos Isto porque apesar de ser uma flor delicada apresenta uma alta resist ncia a adversidades como o frio por exemplo 151 normaliza o Sua resposta portanto em rela o preocupa o com sua surdez N O sinal n o manual APARELHO BOM Pode se pensar que porque o surdo aceita sua condi o mas n o bem assim veja a resposta seguinte para sua falta de preocupa o tanto com sua condi o como com a escola FICAR SONO TODA NOITE SONO S RIO mistura de sinais usa o sinal de ESCURO ao inv s de NOITE Parece que os sinais aprendidos se perderam Girassol faz sinal de escuro para representar noite Na nsia de falar mistura gestual caseiro a Libras utilizando se da comunica o total j que procura fazer os prec rios sinais sua fala mal articulada pela falta de treino E
29. os especialistas ali reunidos estabeleceram um plano de a o cujo princ pio norteador mostrava que as escolas deveriam acolher a todas as crian as independentemente de suas condi es f sicas intelectuais sociais emocionais lingu sticas e outras A partir deste enfoque e das discuss es sobre a inclus o poss vel pensar em dois pontos distintos de um lado a lei reconhece o direito educa o para todas as crian as e de outro preciso pensar todas as formas que produzem a exclus o visto que vivemos num mundo povoado pela diversidade a inclus o acaba sendo produzida por diversas situa es e n o s pelas necessidades educativas especiais Enfim surge a necessidade de se pensar o atendimento necess rio a todos os alunos da escola 79 Se a educa o inclusiva passa a ser pensada como uma quest o de direitos humanos tamb m passa a ser considerada uma atitude de representa o de valores e cren as SANCH Z 2005 Tamb m muitos documentos internacionais e nacionais passaram a ser produzidos no sentido de orientar a pol tica inclusiva e reafirmar o compromisso de muitos governos com essa pol tica educacional Em 2003 o MEC produziu um documento orientador Programa de Educa o Inclusiva Direito Diversidade mais tarde em 2005 o documento publicado como Documento Norteador agora com orienta es de como organizar as salas de recursos Em 2009 o Brasil reafirmou esse compromisso por meio do D
30. pois estaria na fila aguardando um implante coclear supostamente o aprendizado de Libras atrapalharia o desenvolvimento de sua fala Portanto a primeira a o foi conversar com a m e da aluna e explicar a ela que eu trabalharia com a alfabetiza o a partir de Libras pois lendo o relat rio da institui o pude argumentar com a m e que o mesmo indicava que a aluna havia sido exposta sim a alguns sinais b sicos E n o havia neste relat rio nenhuma restri o e sim a indica o da necessidade de um trabalho da escola no sentido de alfabetizar a crian a n o especificando qual amp ATEAL Associa o Terap utica de Estimula o auditiva e Linguagem localizada na cidade de Jundia tamb m oferece cursos b sicos de Libras tanto para fam lias de surdos que passam por acompanhamento quanto para pessoas interessadas entre outros atendimentos Aparelho de amplifica o sonora individual Embora haja toda uma legisla o que assegura ao surdo ou deficiente auditivo apoio pedag gico int rprete em sala de aula etc a m e da aluna precisou recorrer ao Minist rio P blico Como p blico e not rio o mesmo tem acontecido com muitos alunos na rede estadual de educa o So implante coclear um dispositivo eletr nico de alta tecnologia tamb m conhecido como ouvido bi nico que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes permitindo a transmiss o do sinal el trico para o nervo auditivo a fim
31. s teorias do curr culo Belo Horizonte Aut ntica 2a Ed 2000 Org O Sujeito da Educa o 7a Ed Petr polis Vozes 2010 Org Hall S amp Woodward Identidade e diferen a 13 ed Petr polis Vozes 2013 SILVA I A da Construindo a Cidadania Uma An lise Introdut ria sobre o direito diferen a DISSERTA O DE MESTRADO Apresentada ao Programa de p s Gradua o em Hist ria na linha Trabalho e Movimentos Sociais da UFU Universidade Federal de Uberl ndia Uberl ndia 2002 116fls SILVA Nilce Universidade Escola P blica institui es totais na modernidade l q da 48 Ano VII N 15 2004 Revista Pensamento e Realidade Dispon vel emhttp revistas pucsp br index php pensamentorealidade article view 8444 6256 Acesso em 12 06 2013 SILVEIRA C H O Curr culo de L ngua de Sinais e os professores surdos poder identidade e cultura surda IN QUADROS R M amp PERLIN G Estudos Surdos II Petr polis Arara azul 2007 SKLIAR C Org Atualidade da Educa o Bil ngue para Surdos V 2 3 ed Porto Alegre Media o 2009 Org A Surdez um olhar sobre as diferen as 6 ed Porto Alegre Media o 2013 Pedagogia Improv vel da diferen a E se o outro n o estivesse a Rio de Janeiro DP amp A 2003 SOARES M Letramento um tema em tr s g neros 2 ed 11 reimpr Belo Horizonte Aut ntica 2006 SOUZA L M T M Para uma ecologia da escrita ind gena a e
32. tudo uma l ngua capaz de unir professor e aluno Essa media o l ngua portuguesa e L ngua de Sinais Brasileira precisa mesclar se para dar lugar a uma l ngua capaz de estabelecer uma rela o de significados entre os sujeitos do discurso professor gt aluno contexto Entre tantas barreiras ainda preciso citar a falta de recursos para o ensino do aluno surdo por exemplo o material do aluno dito normal o livro did tico mas que escasso no caso do surdo A falta de dom nio da l ngua portuguesa tamb m torna muito dif cil a tarefa de estudar em casa sem suporte adequado sem apoio lingu stico e em muitos casos sem apoio da fam lia DALLAN 2012 Outro agravante o comportamento da fam lia especialmente quando os pais s o ouvintes resistentes em rela o ao ensino de Libras pela apresenta o dos profissionais da audiologia de duas abordagens a da audi o como a abordagem 14 Dados e materiais para download http www jw org pt testemunhas de jeova 17 normal que segundo Skliar 2009 no discurso de tais profissionais levam os pais a acreditar que seus filhos podem transformar se em ouvintes Outra abordagem apresentada aquela em que esses profissionais procuram mostrar todas as op es poss veis conforme Skliar 2009 p 115 Refiro me a isso como a abordagem sobrecarregada de informa es Aqui os pais s o inundados com informa es que seriam dif ceis de escolher sob circunst
33. 167 poderiam ter uma vida melhor pois ela procurou ajuda desde de cedo mas n o encontrou Quando questionada sobre o per odo de colocar os filhos na escola revela A Fiquei preocupada porque ningu m aceitava eles A Precis esperar a escola D abrir aqui em Jarinu e da eu conhecia esposa do Dr Carlos que ela que era a diretora a ela aceitou eles Logo a m e j coloca um grande problema enfrentado pelos surdos a recusa dos diretores em aceit los na escola N o dif cil encontrar relatos de gestores de escolas p blicas e privadas que se negam a receber alunos surdos mesmo com a Lei 10 436 2002 e o decreto 5626 2005 muitos parecem ignorar o fato de que esses alunos t m n o s direito a Educa o como tamb m direito ao atendimento de suas especificidades Outro problema pode residir no fato de que quando o aluno aceito pelo gestor pode o professor recusar se a dar aulas para o aluno como pode ser constatado na fala de Ger nio ao contar que o professor n o o entende e o coloca para fora da sala Muitas vezes poss vel ouvir que a culpa dos alunos n o saberem nada das m es estes s o coment rios produzidos no interior da escola que parecem se cristalizar como se fossem verdades absolutas Por isso a import ncia de ouvir tamb m essas m es em rela o a seus posicionamentos que nos atestam que elas mais s o criticadas do que compreendidas P A diretora abriu a escola para seus filho
34. 2005 atuei como diretora de uma escola da rede municipal depois de um convite do prefeito da poca e senti novamente a responsabilidade de zelar pela educa o de muitas crian as com necessidades educativas especiais que faziam parte dos discentes da escola 33 Finalmente em 2007 comecei a fazer um curso de Libras e meu contato com os surdos passou a ser com o grupo de volunt rios assim que adquiri alguns sinais procurei E aquele aluno que tive at 2002 j tendo abandonado a escola e agora com 24 anos trabalhando na ro a tornou se alco latra Comecei a visit lo em companhia de outros volunt rios ensin vamos Libras e o portugu s pela leitura de textos b blicos utiliz vamos material digital todo sinalizado em Libras Infelizmente dois acidentes de autom vel me impediram de continuar o trabalho e perdi o contato com E No entanto meu contato com os surdos se intensificava come vamos agora a procurar por surdos em 4 cidades diferentes para oferecer o ensino de Libras com o prop sito do ensino dos textos b blicos e encontramos muitos de todas as idades Em 2009 e 2010 fiz os cursos oferecidos pela Rede do Saber e CENPEC em um curso produzido pelo DERDIC SP E foi numa dessas aulas que conheci surdos e ouvintes do Clube dos Surdos de Jundia a convite do ent o diretor da poca e filho do surdo fundador do clube h 40 anos atuei como diretora pedag gica por seis meses saindo de l por ter ing
35. 4 O contexto das MIMAS us ta ar apa 5 5 Procedimentos an lise dos dados i 5 6 As ferramentas de Andlise spas an isa dead aa AEE da CAP TULO 6 DES CONSTRU O E RE CONSTRU O QUE IDENTIDADESFLORESCEM i 6 1 Nas representa es surdas que identidades s o produzidas nos dois diferentes CONTEXTOS orre ae RTE liso asa Ulnds es Sl Nas as us UU TUAS as asa id iae 6 2 A busca por um sujeito que in existe sem uma l ngua primeira 6 2 1 Que identidade est emergindo nesse contexto 6 3 Na compara o de um buqu a diversidade das flores que d o 5 541 4 DNS RENO Sp APRE PRE RIR RU E TE 6 3 1 Girassol a flor do caule que gira para encontrar o sol O surdo Que vira em busca de aten o stars pen cssedaa SD UN S e qUda sia anais 90 95 96 99 105 107 110 115 115 117 117 118 119 119 125 125 128 142 146 147 6 3 2 Ger nio a flor delicada e resistente O surdo que v na L ngua de Sinais a supera o para que seja compreendido 6 3 3 Beg nia flor associada cordialidade A surda que naturalizou Sua condi o e vive resighada seres amessuesoseguasasaatos gonqess oro ligas ntsagiada neto 6 4 A ucena a flor da adapta o a m e que ainda deseja 6 5 Lavanda da flor decorativa m e que est sempre vigilante 6 6 Amor perfeito a
36. L ngua Gestual receberem treino de fala e aprender a l ngua oral especialmente no registro escrito e desfrutarem dos materiais e da tecnologia apropriada para a aprendizagem Segundo os PCLGP a LGP ensinada para todas as crian as independente do grau de surdez da idade e da potencialidade de reabilita o como a l ngua de acesso ou materna natural Por isso a escola bil ngue est prevista para crian as surdas desde a pr escola com o objetivo de propiciar o desenvolvimento de uma l ngua natural O documento salienta ainda que os surdos com necessidades especiais incluindo os que n o aprenderam a LGP t m acompanhamento adicional individualizado por um docente de LGP este docente faz a transmiss o dos conte dos para que o aluno atinja as compet ncias adequadas a cada n vel A escola deve ser um espa o sem barreiras e para esses educadores que elaboraram o PCLGP 2008 p 8 a L ngua Gestual unificador na comunidade surda enquanto meio de transmiss o de valores e da heran a cultural das pessoas surdas Neste excerto poss vel perceber que ao mesmo tempo em que h uma preocupa o com a singularidade surda o perigo de isolar o surdo tamb m aparece de maneira sutil pois ao serem agrupados dentro da escola de certa forma s o marcados pelo estigma de serem n o ouvintes e n o falantes de portugu s j que a perspectiva bil ngue deve ser compreendida como a conviv ncia pac fica de duas l ngu
37. LS Nas reuni es n o se 32 Defici ncia auditiva Foi pesquisado se a pessoa tinha dificuldade permanente de ouvir avaliada com o uso de aparelho auditivo no caso de a pessoa utiliz lo de acordo com a seguinte classifica o N o consegue de modo algum para a pessoa que declarou ser permanentemente incapaz de ouvir Grande dificuldade para a pessoa que declarou ter grande dificuldade permanente de ouvir ainda que usando aparelho auditivo Alguma dificuldade para a pessoa que declarou ter alguma dificuldade permanente de ouvir ainda que usando aparelho auditivo ou Nenhuma dificuldade para a pessoa que declarou n o ter qualquer dificuldade permanente de ouvir ainda que precisando usar aparelho auditivo http sulp surdosusuariosdalinguaportuguesa blogspot com br 2012 05 censo do ibge 2010 dados sobre html Acesso em 31 10 2014 artigo 4 da Lei n 12 319 2010 trata da forma o do Tradutor e Int rprete de L ngua de Sinais Brasileira 60 deve usar a l ngua oral considerando se este um espa o exclusivo para o uso da l ngua dos surdos Logo nos primeiros dias de contato com o grupo de volunt rios no trabalho com a L ngua de sinais o aprendiz j levado ao trabalho de casa em casa para contato com surdos Assim o aprendizado a respeito das singularidades surdas e de aspectos culturais importantes vai sendo constru dos para que o trabalho se d biculturalmente ou seja respeitand
38. Negativa ou positivamente marcados s o colocados para fora da escola como se n o fossem mais responsabilidade dela e apenas dos familiares 189 Em resumo a pesquisa buscou mostrar as identidades dos seguintes sujeitos Contexto formal Contexto n o formal Flor Ger nio Ger nio Girassol e e Girassol Beg nia M es Estudos na perspectiva cultural apontam a dificuldade em definir uma identidade mas preciso salientar que a pesquisa baseia se na constru o discursiva das diferentes pr ticas de ensino aprendizagem observando se estas valorizam ou n o a L ngua de Sinais Brasileira como caminho para a aquisi o da L ngua Portuguesa especialmente em seu registro escrito da maneira como estas pr ticas concebem a import ncia da Libras que as pr ticas metodol gicas v o se diferenciando e construindo de maneira subjetiva os sujeitos surdos nos dois contextos o que ficou bem evidente com a an lise das entrevistas Um grande receio de transformar esse trabalho em apenas mais uma discuss o sobre identidades percorreu toda a tessitura desta tese Pois que avan os esta tese poderia proporcionar no sentido de se pensar em como atender os surdos na escola sem submet los s pr ticas que s fazem sentido aos ouvintes Esta parece ser ainda a grande quest o Dos sujeitos surdos entrevistados foi poss vel observar que a identidade que a escola enquanto contexto formal parece produzir num primeiro momento a
39. Regina e Souza Campello Gladis Teresinha Taschetto Perlin Karin Lilian Strobel Marianne Rossi Stumpf Patr cia Luiz Ferreira Rezende e pelos Dr s Rodrigo Rosso Marques e Wilson de Oliveira Miranda a manifesta o de toda uma comunidade Estes doutores s o um exemplo de supera o e compet ncia de uma comunidade e nesta carta ao defenderem as escolas bil ngues tamb m d o um alerta implicitamente de que se a L ngua de Sinais Brasileira n o for difundida em todos os cursos em todos os n veis de escolariza o em todos os rg os p blicos e empresas privadas tomada como l ngua de instru o dos surdos continuaremos a ver surdos estrangeiros em sua pr pria na o Continuar o exclu dos em muitos lugares em que n o h ouvintes que usem a Libras como segunda l ngua e assistindo a precariedade de uma educa o n o bil ngue escolas que se dizem inclusivas mas que estigmatizam e 89 oficializam a exclus o do surdo Temos uma escola que recebe mas n o propicia ao surdo acesso ao conhecimento e sociedade como um todo 3 3 Curr culo e Inclus o como conciliar tantas vari veis dentro de um mesmo curr culo Da redemocratiza o da educa o um novo olhar para a educa o e as pol ticas inclusivas Para discutir o curr culo como conhecemos hoje precisamos nos reportar a uma s rie de mudan as no cen rio educacional por conta de uma discuss o e acordos que aconteciam desde a d cada de 1940 sobre
40. SOBRE A EDUCA O DOS SURDOS NO BRASIL 3 1 Dos movimentos sociais a luta dos surdos por um espa o legitimado por uma el sas paes aaa Epa espada Ta Santana ss 3 2 A legisla o e pol ticas p blicas ainda s o muitas as quest es 3 3 Curr culo e Inclus o como conciliar tantas vari veis dentro de 11 20 25 36 37 36 44 48 52 52 56 59 60 70 14 76 80 um mesmo curr culo Da redemocratiza o da educa o um novo olhar para a educa o e as pol ticas inclusivas i CAP TULO 4 A LEGITIMIDADE DE UMA L NGUA PODE COME AR NA ESCOLA A L NGUA GESTUAL E O ENSINO DO SURDO EM PORTUGAL e 4 1 Do contexto brasileiro necessidade de olhar para outros lugares De onde falamos sobre educa o dos surdos 4 2 Inclus o do surdo em Portugal outra interpreta o 4 3 Curr culo de L ngua Gestual Portuguesa 4 4 Conhecendo uma Escola de Refer ncia em um modelo de inclus o 4 5 O contexto n o formal um trabalho que ningu m v PARTE 2 ORGANIZA O SUJEITOS E AN LISE DOS DISCURSOS CAP TULO 5 METODOLOGIA OS CAMINHOS DA PESQUISA IMTOC O cora i dans Casio Enab ft fora a O ea SUNS Eur peito ESA Es 5 1 O contexto da pesquisa e seus sujeitos 5 2 Instrumentos de Pesquisa aussi asas ques igasden AD ANT Ronin soa dnPana Apa gevd 5 35 08 QUESTLON NIOS se siri ana tera a a a sn ai 5
41. SP SP Programa Curricular para o ensino de L ngua Portuguesa 112 como segunda l ngua Professor instrutor para Professor formador de LGP Condi o estatut ria nos dois surdos pa ses t cnico Int rprete ou professor Int rprete agrupamentos Portugal sala pr pria para interlocutor sala regular escolas de refer ncia surdos Escolas Bil ngue s para Escola Bil ngue salas de Escolas de Refer ncia alunos surdos surdos dentro de escola Alunos surdos em salas ouvinte regulares de ouvintes Material pedag gico para N o h materiais para o alfabetiza o em alguns ensino a partir do 5 ano O munic pios ex SP Capital nico material publicado foi o Projeto Pitangu no Brasil que n o foi muito aproveitado cabendo pesquisa para entender os problemas Forma o de professores Universidades e Escolas Universidades Federais Superiores de Educa o Estaduais e Privadas FENEIS Federa o Nacional de Educa o e Integra o do Surdo Certifica o at 2015 para instrutores e int rpretes sem p s gradua o em Libras PROLIBRAS Prova em duas fases Certifica o pelas Associa es de Surdos do Pa s Prova em 40 minutos Este cap tulo portanto procurou mostrar como olhar para outro pa s pode contribuir para a reflex o das pr ticas de ensino aos surdos no Brasil quer no contexto formal
42. alguns procedimentos metodol gicos foram empreendidos por isso seguiram se os seguintes passos Foram observados e coletados registros de dois espa os de educa o formal e n o formal Foram descritos os materiais e as metodologias adotadas nos contextos de ensino formal e n o formal Levantou se o modo de organiza o das aulas nos dois contextos de educa o do surdo Observou se o envolvimento das fam lias nos dois casos Foi feito o acompanhamento de uma aluna em um contexto formal e levantados os registros o que possibilitou um relato melhor detalhado sobre o desenvolvimento da proposta de ensino j que a pesquisa pode abranger um per odo consider vel de tempo de modo a observar mais de perto o contexto formal 23 e Foram feitas entrevistas com tr s m es de surdos e os seus filhos coletados dados relevantes para a an lise como idade g nero perfil socioecon mico motivos da surdez etc e Relatou se como feito o acompanhamento do surdo na escola p blica e como se d sua inclus o em sala de aula o que tamb m serviu de par metro para a discuss o e problematiza o das metodologias em estudo Uma pesquisa bibliogr fica foi necess ria a fim de construir o aporte te rico que contribuiu para a compreens o da import ncia dos movimentos sociais para ent o compreender o papel da educa o n o formal e sua import ncia no cen rio Educacional compreendendo tamb m o trabalho do grupo de volunt r
43. aproveitando sua primeira mem ria lingu stica Beg nia s refor a sua identidade surda Esta surda tamb m se constitui em um exemplo e constata o atrav s de sua experi ncia de vida que a l ngua de sinais como primeira l ngua para sujeitos surdos permite a transi o para a l ngua oral em seu registro escrito de forma menos traum tica conforme Quadros amp Schmiedt 2006 p 20 nos relata sobre essa passagem de uma l ngua para outra expressa que As crian as com acesso l ngua de sinais desde muito cedo desfrutam da possibilidade de adentrar o mundo da linguagem com todas as suas nuan as A l ngua de sinais vai ser adquirida por crian as surdas que tiverem a experi ncia de interagir com usu rios de l ngua de sinais O portugu s ainda a l ngua significada por meio da escrita nos espa os educacionais que se apresentam crian a surda A sua aquisi o depender de sua representa o enquanto l ngua com fun es relacionadas ao acesso s informa es e comunica o entre seus pares por meio da escrita Tamb m preciso ressaltar que esta afirma o pode ser feita luz do relato da m e de Beg nia pois na entrevista com a pr pria surda v rias informa es n o foram dadas como as ouvidas de sua m e a saber 1 Beg nia come ou seu atendimento em escola especial para surdos a partir dos 9 meses de idade assim imersa no universo surdo aprendeu a sinalizar desde muito ce
44. com imagens diversas que auxiliam na alfabetiza o em Libras como em qualquer curso de l nguas os sinais s o ensinados a partir de categorias gramaticais Gradualmente os sinais espec ficos do grupo s o incorporados ao ensino da L ngua de Sinais Brasileira desta forma o surdo aprende e amplia seu l xico em LS tamb m por assistir os conte dos dos DVDs que abordam uma diversidade de temas importantes para a compreens o do surdo n o s sobre a B blia mas tamb m sobre a sociedade e contexto mundial Outra estrat gia incorporar o uso de desenhos para marcar graficamente um sinal numa cria o pr pria de cada volunt rio este recurso utilizado para ajudar surdos que n o usam a L ngua Portuguesa para dar coment rios em Libras nas reuni es semanais Os volunt rios que conhecem o Signwriting escrita de sinais universal incorporam alguns visemas como forma de auxiliar os surdos a compreender a necessidade de iniciar o processo de registro escrito De forma gradativa o pr ximo passo no ensino iniciar o uso do registro escrito a partir da escrita de nomes de personagens b blicos e livros da B blia Conforme o desenvolvimento de cada um o letramento vai acontecendo lentamente mas neste processo que n o prev provas ou registros de desempenhos formais como na educa o formal o surdo quem faz a Conforme Barros 2008 apud Dallan 2012 p 106 quando na modalidade escrita a l ngua de sinais deve s
45. como professora de L ngua Portuguesa Assim a escola se preparou para receber os alunos Aulas de Libras foram organizadas trabalhos em torno do assunto os alunos foram para as ruas pesquisar a acessibilidade e no encerramento do projeto uma surpresa para todos quando a diretora que tamb m deu todo o apoio ao projeto e a transfer ncia dos alunos fez um depoimento que emocionou a todos Contando da sua trajet ria revelou sua surdez que at ent o era desconhecida Isto porque a professora e diretora at ent o bem oralizada usa aparelho amplificador de ltima gera o pois tem um poder aquisitivo que lhe permite isso o que para muitos seria um luxo Tem uma fala anasalada mas que n o revela a sua surdez Entretanto algumas coisas intrigavam os colegas de trabalho em rela o ao comportamento da gestora Por exemplo como o fato de n o atender telefone Tamb m para alguns parecia ser uma pessoa mal educada visto que quando virava as costas n o dava respostas s perguntas que lhes eram feitas entretanto pelo lugar que ocupava nem a mais leve desconfian a sobre surdez percorria os corredores e as conversas dos professores A diretora ajudou o corpo docente e os alunos a preparem a escola para receber os surdos n o esperou que chegassem para depois resolver o que seria feito al m de resgat los de uma situa o vexat ria pela qual passavam em outra unidade escolar contribuiu para que os jovens se sentissem aco
46. conceber o letramento na surdez como um processo multimodal caracterizado pelo uso de mais de um c digo semi tico atravessado por c digos m ltiplos de significa o Pelo uso de v rios materiais como as videotradu es e metodologias empregadas o processo de aquisi o da L ngua de Sinais e a aquisi o do Portugu s se d o a partir da ideia de que a imagem parte constitutiva do aprendizado por isso o investimento em materiais digitais sinalizados e bem ilustrados Tal investimento em materiais digitais talvez devesse ser pensado pelas pol ticas p blicas para os surdos nas escolas Portanto este outro ponto que se pretende evidenciar como grande diferencial no trabalho dos volunt rios que o atendimento individualizado oferecido Ao contr rio do contexto formal cada um dos estudantes atendido de acordo com suas necessidades lingu sticas e cognitivas inclusive com respeito cultura e s quest es familiares que tamb m s o relevantes para a aquisi o ou n o da L ngua de Sinais As publica es em L ngua de Sinais s o distribu das sem custo aos surdos e aos seus familiares S o mais de 38 t tulos relacionados aos temas b blicos em v deotradu o no Brasil em Portugal por exemplo h atualmente 14 t tulos dispon veis Em alguns pa ses o trabalho de tradu o est em andamento o Brasil privilegiado neste sentido Os materiais podem ser encontrados em 72 L nguas de Sinais diferente
47. condi o surda e aceita suas limita es Antes de encerrar a entrevista na ocasi o foi perguntado ao jovem o que queria para o futuro G lt TRABALHAR gt lt TRABALHAR gt lt ESTUDAR gt 154 G CASA M E lt PEDREIRO SER gt r CASA CONSTRUIR sorrisos No segundo semestre do mesmo ano Girassol recebeu ajuda de int rprete na escola mas j foi muito tarde O jovem saiu da escola iletrado em Portugu s e permanece iletrado em Libras Trabalha com o pai como ajudante de pedreiro n o fez nenhum curso profissionalizante e segue espera de dias melhores n o perde a alegria sua identidade ao mesmo tempo em que emerge como surda segue imersa no mundo ouvinte Girassol disse ter saudades dos amigos do grupo de volunt rios tanto ouvintes quantos surdos e lembrou se de todos pelo sinal identificador na L ngua de Sinais O atendimento ao surdo no contexto n o formal contribuiu para que Girassol encontrasse seus pares pessoas tamb m surdas que se constitu ram em modelos que levam uma vida semelhante a muitos n o surdos Ele teve oportunidade de conhecer surdos que estudam trabalham s o casados pessoas que passeiam expressam opini es e articulam rodas de conversa Pelo contato com o grupo Girassol tamb m tomou pode perceber que se na escola todos pudessem entender suas dificuldades e interagir com ele como os volunt rios ou seja pela L ngua de Sinais ele poderia ter mais chances de aprender Pode se dizer que este fat
48. conforme Fernandes 2006 os alunos surdos sobrevivem buscando estrat gias para I Projeto Pitangu das Editoras Moderna e Arara Azul em parceria com MEC foi o nico material did tico que localizei que tentou colocar disposi o do surdo uma cole o com todas as disciplinas das primeiras s ries do Ensino Fundamental com DVD que sinaliza boa parte dos conte dos e atividades Numa breve explora o da cole o da obra poss vel observar no entanto que se trata de livros para surdos com dom nio da Libras e para professores bem preparados para o uso do material em sala regular 17 A integra o o princ pio de que todos os alunos precisam estar na escola no caso dos alunos com necessidades especiais o PNE 1994 expressa que cabe aos alunos adaptarem se a escola regular J o conceito de Inclus o implica n o s a inser o do aluno mas ao contr rio trabalha com a ideia de que a escola precisa ser preparada para todos alunos especialmente para aqueles com necessidades especiais A exclus o portanto comporta discrimina o e segrega por rotular os alunos com necessidades especiais de forma a n o promover as condi es de ensino aprendizagem respeitando suas diferen as 20 estar na escola muitas vezes tornando se excelentes copistas por m sem entender um mundo preparado para ouvintes Entre raz o e emo o como fica o surdo na Educa o Os caminhos da pesquisa Se eu n o entender a for a da voz
49. da abordagem oralista escolhida para ela pela m e foi poss vel perceber que rapidamente a aluna aprendia os sinais produzia a escrita datilol gica e compreendia o significado de muitas palavras com muito mais facilidade isso s corrobora com o postulado por Quadros amp Schmiedt 2006 P 14 de que as formas de organizar o pensamento e a linguagem transcendem as formas ouvintes s o de outra ordem uma ordem com base visual e por isso tem caracter sticas que podem ser inintelig veis aos ouvintes Fez se essencial o ensino da L ngua de Sinais como primeira l ngua para ent o proceder ao ensino da l ngua oral especialmente em seu registro escrito seria o primeiro passo em dire o a uma educa o bil ngue colocando a aluna em situa o de aprendizado significativo capaz de faz la refletir na import ncia de uma intera o mais eficiente As aulas com a aluna passaram a acontecer em um espa o reservado uma pequena saleta constru da dentro da sala de inform tica exclusivamente para esse fim ou melhor como sala de apoio Nos primeiros dias n o havia material assim os recursos utilizados foram exclusivamente visuais por meio de computador pessoal a partir de slides e ilustra es com sinais come amos a trabalhar uma diversidade de sinais em libras com o objetivo de ampliar o vocabul rio em Libras da aluna Os 66 Grifo nosso 134 recursos adquiridos at o momento foram dois volumes de um dicion
50. de crian as e jovens surdos por constitu rem se em modelos de uma comunidade lingu stica Os PCLGP tamb m se articulam a partir da publica o do Parlamento Europeu A2 302 87 e da Resolu o 48 06 da Organiza o das Na es Unidas ONU e especialmente a partir do disposto na Declara o de Salamanca na Diretriz A par grafo 21 conforme segue Pol ticas educacionais deveriam levar em total considera o as diferen as e situa es individuais A import ncia da linguagem de signos como meio de comunica o entre os surdos por exemplo deveria ser reconhecida e provis o deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso educa o em sua l ngua nacional de signos Devido s necessidades particulares de comunica o dos surdos e das pessoas surdas cegas a educa o deles pode ser mais adequadamente provida em escolas especiais ou classes especiais e unidades em escolas regulares A Declara o de Salamanca est organizada em tr s se es sendo o item 21 parte da se o 2 que se intitula Novo pensar em educa o especial Assim a 47 nr Conforme Original 48 x a xon 2 _ Na tradu o brasileira o artigo em quest o o n mero 19 A vers o portuguesa segue o original em ingl s 100 compreens o de inclus o de alunos surdos em Portugal contempla o expresso de que se os alunos surdos s o agrupados dentro da escola regular t m a possibilidade de aprender a
51. de significa o estas por sua vez produzem rela es de poder que determinam quem pode e quem n o pode ser inclu do A cultura de determinado grupo capaz de levar a produ o de uma identidade que permite acessar os modos de significa o com objetivo de criar um la o de identifica o Por isso n o dif cil encontrarmos por exemplo pessoas que fazem parte de c rculos pol ticos diferentes dos que frequentavam na sua juventude visto que ao longo da vida diferentes encontros com diferentes discursos s o capazes de produzir diferentes identifica es 40 Segundo Woodward 2013 p 20 a globaliza o tem um grande impacto nas identidades produzidas atualmente A globaliza o envolve uma intera o entre fatores econ micos culturais causando mudan as nos padr es de produ o e consumo as quais por sua vez produzem identidades novas e globalizadas A globaliza o entretanto produz diferentes resultados em termos de identidade A homogeneidade cultural promovida pelo mercado global pode levar ao distanciamento da identidade relativamente comunidade e cultura local Refletindo sobre o exposto acima podemos considerar que a globaliza o produz uma nova identidade coletiva e individual constru da pelas rela es de poder que perpassam essas representa es simb licas experimentadas pelo homem atual numa a o de identifica o que pode ser mais bem compreendida pelos estudos da psican li
52. despertado pela representa o de que a LGP ou Libras s o os nicos instrumentos necess rios para lecionar ou interpretar para surdos ou exercer a doc ncia para estes Pode se dizer que numa vis o rom ntica muitos pensam serem int rpretes sem nem mesmo nunca terem tido contato com a comunidade surda Mais uma vez vem tona a quest o que professor este Surdo ou ouvinte Que identidades s o estas Quais os impactos no uso e manuten o da l ngua gestual e na comunidade surda advindos dessa forma o Num pa s de mais de 30 mil surdos falantes de LGP com apenas 150 int rpretes segundo dados as Associa o de Surdos do Porto dispon veis na internet pressuposto que poucos surdos tenham chegado ao ensino superior em especial s licenciaturas Quanto aos professores surdos nas escolas de refer ncia estes s o respons veis pelo ensino da L ngua Gestual ou seja os conte dos ainda s o passados aos alunos por um professor ouvinte mediado por int rprete 5 An lise Contrastiva postulada por Ronice M Quadros como forma de levar o aluno a compreens o da articula o da l ngua oral superando as t cnicas de memoriza o da gram tica Quadros 2006 p 24 l Dispon vel em http www asurdosporto org pt Acesso em 05 de junho de 2014 Dispon vel em http www sapo pt formacao de professores de lingua gestual esta aquem do desejavel lamenta associacao html werbarchivexml Acesso em 05 de junho de 2014
53. deste trabalho Parece nos que mais importante do que apontar as diferen as terminol gicas lembrar que dentro da escola as pr ticas est o atreladas a uma cultura de conte dos que segundo Moura amp Zucchetti 2010 p 636 se autoproclama erudita certa neutra padr o em detrimento das culturas populares que s o consideradas desviantes e por este motivo inferiores Somente nessa perspectiva tendemos a concordar que a educa o desenvolvida nas escolas ocorre fora do mundo da vida Assim se faz necess rio que grupos como os volunt rios tentem fazer algo para ajudar produzindo t cnicas e interven es educativas diversificadas que talvez possam ser adotadas no contexto escolar formal Entretanto compartilhamos do expresso por Trilla 2008 de que a escola hoje tem tantas incumb ncias dadas pelo modelo de sociedade atual que acaba por n o conseguir cumprir com suas atribui es Conforme Trilla 2008 p 54 Enfim a educa o n o formal n o nenhuma panac ia t o manique sta projetar toda a culpa educacional na escola quanto supor que a educa o n o formal seja uma po o m gica e imaculada Apresent la globalmente como rem dio para as desigualdades educacionais e sociais e para os v cios em que a escolariza o formal tem ca do t o simplista e tolo quanto recusar sua colabora o para facilitar o acesso mais amplo e justo a uma educa o da maior qualidade poss vel Por
54. determinada forma de olhar ao redor caminhar n o tanto ir de um lugar a outros mas levar a passear o olhar E olhar n o sen o interpretar o sentido do mundo ler o mundo Como j citado anteriormente n o podemos esquecer que o modelo de fam lia real da aluna um modelo que segundo Hoffmeister 2009 baseia se no d ficit que a aluna apresenta ou seja a vis o de transformar a crian a surda numa crian a com audi o parcialmente funcionante o que n o facilita em nada seu aprendizado da l ngua oral em seu registro escrito Neste modelo a fam lia n o aprende l ngua de sinais porque se baseia na cren a de que se a crian a superar as dificuldades de audi o pela aquisi o da fala n o ter o que preocupar se mais com seu desenvolvimento Estes 136 conceitos se refletem nas pr prias crian as surdas Flor um desses casos Por mais que sinta que est descobrindo novas coisas pelo aprendizado da l ngua de sinais resiste por identificar se como algu m que fala e isso faz toda a diferen a quando estamos em aula Aproveitar os encontros com Flor se constituiu num momento de grande troca entre professora e aluna e evidenciaram o uso de uma Pedagogia que se volta para o sujeito aprendente como algu m que precisa ser guiado conforme Larrosa 2010 p 52 Porque se algu m l ou escuta ou olha com o cora o aberto aquilo que l escuta ou olha ressoa nele ressoa no sil ncio que ele e ass
55. direito a int rprete orofacial No caso de Beg nia o int rprete orofacial poderia ser um excelente apoio pois a mesma foi treinada desde pequena para isso A leitura orofacial informa o que s conhecida pela entrevista da m e mais a frente Este tipo de leitura consiste em um treinamento para que para os surdos que s o treinados para essa leitura baseada no movimento da boca Na verdade existem muitas pessoas que nem sabem ao certo como essa t cnica funciona A leitura orofacial muito utilizada entre os simpatizantes do oralismo implica em uma t cnica que auxilia a pessoa com perda auditiva especialmente na adapta o de aparelhos amplificadores Esse procedimento deve ser acompanhado pelo fonoaudi logo Entretanto segundo Mangili 2014 o limiar de compreens o do melhor leitor labial fica em torno de 50 das palavras articuladas sem som segundo ela pois muitos fonemas unidades m nimas das palavras possuem uma articula o invis vel ou a mesma articula o que outros A pron ncia de sons como p e m d e n e s e z pode ser facilmente confundidas entre si Tamb m uma t cnica que exige muito esfor o cognitivo do surdo pois exige concentra o visual o que pode fatigar a pessoa ao final do dia As mensagens tamb m podem levar mais tempo para serem compreendidas pelos adeptos t cnica al m de outros empecilhos como movimento de cabe a de quem fala barreiras visua
56. do segmento a que se refere Ex ri 10 Silaba o no caso do falante a palavra pronunciada silabicamente e do surdo pela datilologia 122 5 7 11 Sinais de entona o Usa se aspas duplas para uma subida r pida ou menos ao ponto de interroga o para ouvintes e no caso de express es faciais mais acentuadas de forma interrogativa Aspas simples para uma subida leve algo parecido com v rgula ou ponto e v rgula Aspas simples abaixo da linha para descida leve ou brusca 12 Repeti es reduplica o de letra ou sinais reduplica se a parte repetida no caso do sinal se dar pela representa o datilol gica do sinal com a parte reduplicada 13 Pausa preenchida hesita o ou sinais de aten o basicamente embora discutida pode se usar a representa o do som no caso do sinal vale mencionar entre par nteses o sinal Ex Oh eh ah mhm ah etc 14 Indica o de transcri o parcial ou de elimina o ou assim retic ncias indica transcri o de um trecho e duas barras um corte na produ o de algu m Os crit rios acima foram retirados do livro An lise da Conversa o 2003 p 10 e adaptados para a situa o de an lise de turnos de sujeitos surdos No entanto entendemos que isso n o ser o suficiente para dar conta das express es surdas em L ngua de Sinais outros crit rios para transcri o ser o aqui utilizados ou seja para se fazer a An lise da Conversa o
57. dos enunciados em L ngua de Sinais se faz necess rio que primeiro as falas surdas sejam representadas conforme alguns crit rios para tanto o trabalho de Quadros amp Karnopp 2004 que serve de base para esse processo O Sistema de Transcri o de Sinais segundo as autoras muito complexo mas o resultado foi o cuidado com a tradu o para que a transcri o pudesse ser o mais fiel poss vel assim os recursos gr ficos podem ser utilizados por aqueles que precisam como no caso deste trabalho reproduzir as falas surdas representadas no portugu s Portanto s o os seguintes recursos por n s adotados conforme Quadros amp Karnopp 2004 p 38 SISTEMA DE TRANSCRI O DE L NGUA DE SINAIS RECURSO GR FICO APLICA O x Indica senten a ou sinal agramatical n o poss vel de ser gerada na l ngua de sinais em estudo por exemplo JO O MARIA GOSTAR 123 h fen utilizado quando para a forma o de um sinal s o necess rias v rias palavras da l ngua portuguesa ex PASSAR UM PELO OUTRO ou para representar palavras expressar por meio do alfabeto ex C A N C U N ou seja o alfabeto manual representa as letras do alfabeto manual utilizado pelos surdos para nomes pr prios ou palavras da l ngua portuguesa quando necess rio Quando n o h marca o morfol gica de g nero ex EL ele ou ela IX Indica aponta o para um referente n
58. em mais de 72 L nguas de Sinais O cancioneiro tamb m uma publica o muita apreciada pelos surdos que t m a possibilidade de cantar em l ngua de sinais Os volunt rios neste grupo s o em sua maioria jovens sem forma o espec fica na rea apenas uma das integrantes tem licenciatura e forma o para LGP e trabalha como int rprete na escola b sica Todo o treinamento e conhecimento da LGP s o fornecidos pela Associa o Torre de Vigia atrav s de cursos intensivos e de curto prazo com o objetivo de preparar os volunt rios para encontrar e ensinar a LGP para a compreens o das mensagens b blicas Com exce o da falta de materiais todo o trabalho feito com os surdos igual ao do Brasil visto que existe um padr o de ensino tanto dos conceitos b blicos como dos procedimentos de atendimento e ensino das L nguas de Sinais orientados por homens designados para multiplicar as orienta es em todo o mundo QUADRO S NTESE BRASIL X PORTUGAL BRASIL PORTUGAL OBSERVA ES LEI 10 436 2002 Artigo 21 Declara o de Reconhece a Libras como 2 SALAMANCA Edi o l ngua oficial do pa s UNESCO Decreto 5626 2005 disp e sobre a l ngua de sinais e articula a es educacionais atendimento sa de e em geral Quadro Comum Europeu de refer ncias para o ensino de l nguas Facultativo aos estados e munic pios ex SP SP Programa Curricular de L ngua Gestual Ex
59. ensinada ou n o conforme os n veis de surdez porque uma L ngua Ao olharmos para o universo dos surdos podemos encontrar diferentes formas Dispositivo de Aprendizagem Lingu stico Regras de funcionamento da l ngua 6 te F cais 15 E e O termo falante aqui utilizado refere se aquele que sujeito que realiza o ato individual de comunicar se com compet ncia lingu stica comunicativa e metalingii stica de uma determinada l ngua 13 de apropria o de modos ou tentativas de comunica o em fun o das dificuldades imputadas pela surdez em diferentes fases da vida de um surdo Ainda e principalmente pelas escolhas que outros fazem por ele na mais tenra idade passando o sujeito a conviver por muitos anos ou por toda a sua vida com uma nica possibilidade de comunica o Assim os estudos lingu sticos a partir da d cada de 70 nos auxiliam na reflex o sobre as quest es de intera o portanto uma l ngua concebida em um determinado grupo se realiza individualmente a partir de determinadas rela es de comunica o O deslocamento ocasionado pelas mudan as em fun o das discuss es lingu sticas na d cada de 70 permitiu abarcar novos problemas e quest es Desta forma preciso conceber a Libras L ngua de Sinais Brasileira como uma l ngua espa o visual E assim como qualquer outra l ngua s tem sentido dentro de um grupo lingu stico que a tome como forma de identidade Por isso tende a g
60. entender como as identidades dos sujeitos pesquisados s o constru das de acordo com as ideologias que atravessam os diferentes contextos Para tentar entender a quest o das identidades que devem emergir deste trabalho as contribui es de Bakhtin Stuart Hall Tomaz Tadeu da Silva e Katrryn Woodward s o importantes para a compreens o sobre o conceito de identidade e de que forma esses conceitos se articulam dentro das an lises que este trabalho prop e 1 1 Identidade constru o hist rica e social pela l ngua Segundo o dicion rio Aur lio sujeito Do latim subjectu posto debaixo um adjetivo e existem cerca de 17 acep es para explicar a palavra no entanto apropriar nos emos na acep o que traz o seguinte expresso Escravizado cativo A escolha se deve ao fato de entendermos que todos n s sujeitos podemos ser cativos da rede discursiva na qual somos enredados a partir da nossa exist ncia quando conforme 38 Foucault come amos a ser constru dos Todos n s chegamos a um mundo que j est constru do discursivamente portanto ao adquirirmos uma l ngua de acesso passamos a ser produtores e produzidos discursivamente numa rede de enunciados e intera es dentro de uma sociedade que nos enreda verdades e mentiras somos o que as ideologias que perpassam nossas vidas querem de n s Assim n o h escapat ria se ouvintes submetidos s constru es poss veis de acordo com a esfera social a qua
61. es no cen rio lingu stico e educacional a quest o da aceita o de Libras como l ngua que pois caso contr rio continuaremos a assistir ao tratamento dado L ngua de Sinais Brasileira por muitos como apenas um suporte para fazer do surdo um usu rio do portugu s O surdo n o poder se fechar na Libras em todas as suas modalidades pois est inserido em uma sociedade que ainda privilegia e exige o conhecimento e dom nio da l ngua portuguesa oral e escrita Ou seja a Libras apenas meio l ngua oficial J que no dom nio escrito os sujeitos s o obrigados a se adaptar L ngua Portuguesa ainda que hipoteticamente poder amos sim ter uma cultura surda escrita como temos de culturas ind genas o que nos leva a outra quest o Tal cultura seria produtiva ao surdo num mundo de ouvintes Concluindo um sujeito surdo s poder ser denominado sujeito comunicativo dentro de uma comunidade falante que l e fala se conseguir se expressar no mbito espa o visual e escrito unindo consequentemente o uso cont nuo simult neo das duas l nguas 88 Talvez a resposta a essas perguntas possam ser respondidas pelos pr prios surdos quando estes conseguirem verem atendidas suas reivindica es para altera o das emendas no PNE ou quando a resposta carta aberta escrita pelos 7 primeiros doutores surdos enviada ao Ministro da Educa o Alu zio Mercadante Posto isso Senhor Ministro reiteramos as reivindica
62. ideia que esse breve relato possa levar reflex o de que s com mudan as urgentes na educa o do surdos no Brasil deixaremos de ter um contingente de surdos iletrados na L ngua Oral em seu registro escrito 95 4 A LEGITIMIDADE DE UMA L NGUA PODE COME AR NA ESCOLA A L NGUA GESTUAL E O ENSINO DO SURDO EM PORTUGAL Considerando se as lacunas did ticas em rela o s metodologias e materiais did ticos para o ensino aprendizagem na educa o formal do surdo de modo especial na educa o p blica este cap tulo procura lan ar um olhar sobre como t m sido tratadas as quest es de identidade de alunos surdos na educa o em Portugal Espera se atrav s de pesquisa bibliogr fica e da visita escola de refer ncia na cidade de Braga levar ao conhecimento de professores e demais interessados na educa o de surdos como alguns educadores e pesquisadores se debru am sobre as propostas de ensino do portugu s ao surdo e como conduzida a educa o b sica do surdo em Portugal Tamb m se buscou relatar as pr ticas de letramento ao surdo nos contextos formal e n o formal em Portugal com o objetivo de discutir o que pode ser adaptado ao ensino dos surdos no Brasil Durante o est gio cient fico foi poss vel investigar como s o tratadas as identidades surdas que emergem nesses contextos pelos educadores e linguistas em Portugal tentando identificar se existe alguma preocupa o em adjetivar ou subjetivar essas iden
63. identidade surda em constru o Nessa concep o a l ngua materna o gestual caseiro que antecede a aprendizagem de LGP ou Libras muito antes do contato com a escola A educa o de surdos em Portugal leva em conta que o modelo ideal para o ensino destes sujeitos o professor surdo assim como pais surdos que tamb m s o modelos para filhos surdos estes se constituem em modelos lingu sticos e de identifica o com a cultura surda Para Vaz 2013 o formador surdo carrega nas suas costas uma percep o do mundo assente numa modalidade de apreens o visual gestual o que faz muita diferen a nos modos de reconstru o de sentidos no que tange l ngua e ao contexto social e comunicativo Na pr tica o pa s j investe na forma o de professores surdos desde 1981 PCLGP 2008 p 13 sendo este visto como nico capaz de constru o de uma identidade s lida pois a compet ncia lingu stica reflete a organiza o do pensamento O processo de forma o de professores surdos teve in cio em 1981 com dois surdos que foram para Gallaudet em 1989 esses professores deram in cio ao processo de forma o de professores surdos no pa s Em 1997 s o formados int rpretes e formadores pela Associa o de Surdos do Porto Para atuar como docente preciso ter forma o em L ngua Gestual Portuguesa para lecionar a disciplina de LGP e Educa o Bil ngue em LGP e LP para atuar como int rprete no caso de ouvi
64. identificarmos com diferentes grupos em campos sociais diversos que inconscientemente produzimos as diferen as S o essas diferen as que organizam nossa vida e d o sentido a nossa exist ncia novamente a diferen a produz a identidade e a identidade depende da diferen a 41 A diferen a separa os sujeitos e estabelece distin es e por distin es poss vel entender as diferentes formas de classifica o ent o por cultura entende se um conjunto de valores de verdade partilhados por um grupo Esses valores podem ser desde o tipo de vestimenta o modo de falar a culin ria a religi o enfim tudo que pode ser classificado e possa produzir significa o nas rela es sociais Portanto se as rela es sociais s o produzidas a partir da constru o de discursos oriundos das rela es do sujeito dentro dos diversos campos sociais a l ngua a ferramenta de acesso e intera o aos diversos campos sociais N o pode existir identidade sem a l ngua mas a falta de uma produz uma diferen a que exclui e que p e em evid ncia a marca de um corpo do ponto de vista patol gico n o normal Em contrapartida o uso de uma l ngua usada por um grupo menor e sem reconhecimento cultural pode n o excluir de algumas esferas da vida como a escola por exemplo mas pode tamb m assinalar uma diferen a que se marca pela l ngua De qualquer forma as duas situa es marcam a diferen a e contribuem para a constru o da ide
65. ind strias depois da constru o de Bras lia e na d cada seguinte o pa s caminha para o de sair da posi o de subdesenvolvido para pa s em desenvolvimento Segundo a professora Grispino 2000 p 2 referindo se d cada de 70 com rela o Educa o A Escola precisava diversificar as ofertas educacionais adequar se ao trabalho industrial e s caracter sticas desse aluno proveniente neste momento das mais diferentes classes sociais Surgiram mais escolas estaduais industriais com profissionaliza o de n vel m dio passando depois a chamar se Escolas T cnicas Estaduais agora ligadas Funda o Paula Souza E foi no contexto de uma educa o dual que mais privilegiava as elites que eu n o sendo da elite acabei fazendo um curso t cnico de Secretariado e Contabilidade numa escola particular pois o n mero de escolas t cnicas era muito menor do que a demanda assim quem conseguia essas vagas eram aqueles privilegiados que faziam at cursinhos para passar no vestibulinho Terminado o curso t cnico dois anos depois por causa do meu trabalho na rea comercial fiz Comunica o Social Obtive o t tulo de bacharel em Publicidade e Propaganda D cada de 80 tantas coisas acontecendo e para o terror de minha m e fui estudar em S o Bernardo do Campo sim porque era l que aconteciam os conflitos entre o PT e o governo paulista no meio dos estudantes eu tamb m achava que podia mudar o mundo logo des
66. isto que pode conduzi lo a um lugar social menos marginalizado ao mesmo tempo em que poder fortalecer a comunidade surda porque surdos bem formados s o surdos que tendem a desenvolver senso cr tico e consci ncia pol tica Em contrapartida se a comunidade surda se fortalece em torno da L ngua de Sinais e tudo que ela representa culturalmente falando a L ngua de Sinais mesmo n o sendo grafa n o pode substituir o registro escrito da L ngua Portuguesa conforme a Lei 10 436 2002 Par grafo nico esta l ngua se mant m como recurso de express o e representa o de uma comunidade lingu stica Na minha viagem formativa passei por diversos lugares mas o que mais gostei foi o jardim das flores que contemplei tamb m pude cuidar agora est o l como que desidratadas pelo calor do sol persistem em continuar a enfeitar o jardim Pode se dizer que a sociedade o campo as pol ticas p blicas precisam subsidiar os insumos as fam lias produzem as sementes a escola se encarrega da manuten o as flores s o as identidades que enfeitam o jardim metade surdo metade ouvinte Se na verdade n o estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar mas para transform lo se n o poss vel mud lo sem um certo sonho ou projeto de mundo devo usar toda possibilidade que tenha para n o apenas falar de minha utopia mas participar de pr ticas com ela coerentes Paulo Freire 8 A l ngua de sinais uma L ng
67. lises e das futuras leituras que ainda ser o necess rias ser preciso retomar as quest es em torno da constru o de identidades e das diferentes identidades surdas que com certeza florescer o ao logo das narrativas dos sujeitos da pesquisa surdos e m es de surdos Concorda se com Dorziat de que 2009 p 24 necess rio um deslocamento nas formas de se olhar para a comunidade surda concebendo que Assim os Surdos tolhidos nas suas possibilidades de mergulho nas complexas e contradit rias redes discursivas presentes na sociedade passaram a tornar seu um discurso que j est posto e se apoderou deles com efici ncia A te rica se refere ao individualismo como uma das faces desse discurso pronto ou seja at o pr prio surdo assume um distanciamento das associa es de surdos pela falta de conviv ncia com esses grupos Assim por conta de uma educa o que se diz inclusiva mas que n o dialoga com a comunidade surda o que se faz presente uma manobra de governamentalidade Esta por sua vez continua deixando muitos surdos no lugar em que sempre estiveram margem dos processos pol ticos exclu dos dos espa os de lutas A cultura surda fica comprometida pois sem o fortalecimento dessa comunidade n o h troca de experi ncias e discuss es em torno dos conflitos sociais pol ticos e econ micos da sociedade brasileira Portanto ao transitar pelo espa o escolar sem uma l ngua primeira e a compreens o da cultu
68. maioria das pessoas Mas ainda utilizando essa met fora da rota podemos dizer que numa viagem para outro pa s precisamos levar algumas coisas 146 que nos ajudar o no percurso sejam instrumentos ferramentas informa es e at mesmo quem sabe um int rprete Logo poss vel atribuir a esse lugar o curr culo em especial para os surdos a mesma fun o pois se prop e um caminho para a vida do surdo em forma o precisam agregar o ensino da L ngua de Sinais recursos tecnol gicos profissionais bem formados e preparados para dar instru es e guias conhecedores da l ngua e claro int rpretes desde os primeiros momentos na escola O curr culo tamb m deveria preparar as fam lias atrav s da escola buscando ser um espa o de supera o das barreiras lingu sticas entre o aluno surdo e a sociedade Finalizamos a an lise deste sujeito Flor em contexto formal de ensino com a certeza de que a L ngua de Sinais rica din mica e capaz de levar o surdo e ou o deficiente auditivo dentro do processo de escolariza o ao pleno desenvolvimento ajudando o a aprender e dominar a leitura e a escrita da l ngua oral de maneira adequada Tal desenvolvimento pode ser mais bem conduzido se a crian a tiver contato desde a idade mais tenra QUADROS amp SCHIMIEDT 2006 Entretanto terminamos com a ang stia de saber que muito precisa ser feito em prol de crian as como Flor e mais angustiados ainda por saber que tudo que
69. minha disciplina era portugu s e eu devia seguir o material indicado Ensinar e Aprender ficava muito incomodada com o fato de n o ter nenhuma orienta o para trabalhar com o surdo Eu j sabia que precisava saber L ngua de Sinais e que precisava aprender mais mas o momento n o me permitia grandes investimentos na minha forma o desta forma aproveitava todos os cursos de capacita o que eram oferecidos pela pr pria rede estadual Em 2001 terminei a gradua o em Letras neste ano os movimentos em torno da Educa o Especial continuavam e entre os eventos que se destacaram est a Conven o Interamericana para a Elimina o de Todas as Formas de Discrimina o contra as Pessoas Portadoras de Defici ncia o Decreto 3956 de 08 de outubro de 2001 promulgou a Conven o que entrou em vigor no Brasil em 14 de setembro de 2001 Muito embora esse documento tamb m pretendesse mobilizar a sociedade em busca da igualdade no tratamento dado s pessoas com defici ncia o que se via na pr tica e ainda se pode observar uma exclus o oficializada Pois ao darmos um tratamento homog neo a essas pessoas deixamos de levar em conta suas singularidades perdendo a oportunidade de ajud las a desenvolverem outras habilidades desconsiderando seu potencial humano S o considerados PROJETOS DA PASTA http drhunet edunet sp gov br portalnet login aspx acesso em 28 de julho de 2013 Aulas de Recupera o e Refor o estas
70. o Paulo nos ltimos meses a partir das publica es da Secretaria de Educa o Especial MEC Os surdos gostam de diferenciar DA de surdez DA como adquirido e surdez como identidade pr pria de nascen a A op o pelo par surdo x deficiente auditivo nesta cita o deve se pr pria distin o feita por te ricos e pelos pr prios sujeitos diante de suas dificuldades em fun o da perda parcial ou da aus ncia de audi o sendo otermo surdo atribu do queles que fregiientam a comunidade surda e usam a L ngua de Sinais O termo deficiente auditivo atribu do queles que t m perda auditiva perderam ao longo da vida ou est o sujeito surdez n o s o sinalizantes e preferem o uso da fala Como no contexto escolar poss vel encontrar tanto um como outro as pr prias discuss es durante este trabalho procuram problematizar a forma o dessas identidades Finalmente justificamos o uso dos dois termos por tomarmos em conta o que postula Sassaki 2002 p 6 9 Concluindo devemos utilizar criteriosamente cada um dos termos Num contexto formal estat stico falaremos em pessoas com defici ncia auditiva referindo nos ao grupo como um todo 21 p blico uma vez que tal modalidade de ensino formal apresenta uma lacuna did tica em rela o s metodologias e materiais did ticos oferecidos com esse prop sito Esta pesquisa pretende atrav s da observa o descri o e an lise das metodologias e do us
71. org acesso em 31 10 2014 constam 691 idiomas 58 Toda a obra custeada por donativos volunt rios e trabalho volunt rio n o h exig ncia de d zimo ou outro tipo de pagamento estipulado para os seguidores tamb m n o h remunera o para aqueles que t m cargos de responsabilidades dentro da organiza o e gest o Muitos volunt rios se dedicam ao aprendizado de outro idioma para pregar imigrantes e no caso dos deficientes auditivos e ou surdos estes tamb m s o contatados em sua pr pria l ngua de sinais por isso desde de 1992 quando foi lan ada a primeira fita de v deo para deficientes auditivos em ASL L ngua de sinais americana com o t tulo Testemunhas de Jeov Organiza o Que Leva o Nome A Associa o Torre de Vigia iniciou o estudo sobre a prepara o de v deos denominadas videotradua es para os deficientes auditivos de outros pa ses com o conte do sinalizado de grande parte do material impresso entre eles o Brasil Segundo o site www wipedia org acesso em 13 de julho de 2013 Dentre as diversas frentes de trabalho volunt rio destaca se como significativa contribui o social o trabalho realizado com os surdos Em v rios pa ses volunt rios Testemunhas de Jeov ajudam milhares de surdos desde a alfabetiza o na sua primeira l ngua como a LIBRAS no Brasil e a LGPem Portugal passando pelo idioma escrito de sua regi o quando se aplica Atualmente 59 equipes de tradut
72. os alunos ao sucesso transforma o social pelo estudo e para a ascens o econ mica status mas est errado N o somos todos frutos de uma escola que tamb m pregava isso A inclus o como tem sido posta nas escolas p blicas n o estar negando ao surdo essa transforma o social em fun o de um curr culo que n o contempla sua l ngua ainda que dentro de uma escola regular Muitas outras quest es poderiam ser levantadas e discutidas mas por ora gostaria de encerrar com um posicionamento a partir da leitura de Do Governo dos Vivos de Michel Foucault 2011 que nos deixa com as seguintes quest es como encontrar a metodologia ou caminho melhor para inserir o surdo na educa o sem lhe dar oportunidade de acesso atrav s de sua l ngua gestual com registro escrito Talvez fosse poss vel encerrar esse cap tulo retomando a pergunta como transformar ou adequar tecnologia de si postulada por Foucault 2011 no caso do surdo dentro de um curr culo voltado a ele e feito a partir dele Ao surdo cabe aceitar o que lhe foi imposto at que tenha meios de se autogovernar Ainda assim a subjetiva o desse sujeito poder acontecer tardiamente pois embora sem essa percep o o surdo um corpo mutilado humilhado pela falta de compreens o da l ngua oral da sociedade em que vive direcionado por outros despersonificado na escola por ser ignorado no atual sistema inclusivo Em rela o a sua for a de trabalho no mundo cap
73. os filhos especialmente para aprender a l ngua dos surdos segundo ela Girassol imediatamente se mostrou receptivo e quis saber mais sobre o ensino e Eos E A z ATO E y os materiais j o seu irm o que ser chamado de Ger nio foi mais resistente e a T5 Girassol o nome de uma planta o nome cient fico do girassol Helianthus annus cujo significado flor do sol uma planta origin ria da Am rica do Norte e possui a particularidade de ser heliotr pica ou seja gira o caule sempre posicionando a flor na dire o do sol A flor de girassol significa felicidade A cor amarela ou os tons cor de laranja das p talas simbolizam calor lealdade entusiasmo e vitalidade refletindo a energia positiva do sol 79 Ger nio um termo usado para qualificar plantas que pertencem aos g neros Geranium e Pelargonium que fazem parte da fam lia das gerani ceas Estes pequenos arbustos tiveram origem na 150 princ pio n o gostou muito da ideia meio desconfiado apenas observou a conversa com o irm o As visitas domiciliares tiveram in cio com a frequ ncia de um ou dois encontros semanais por cerca de uma hora O ensino da Libras come ou pelos materiais do grupo totalmente sinalizado no come o as aulas eram com os dois irm os mas com o progresso a op o foi dar estudos em hor rios diversos pois parecia que o irm o mais novo n o tinha muita autonomia ou seguran a apoiando no irm o mais velho Assim com o obj
74. ou grupos organizados representadas por um deputado ou senador que prop e a cria o de uma lei Uma proposi o para se tornar lei passa por cerca de quatro fases a saber a proposi o precisa ser redigida com clareza observ ncia da t cnica legislativa e do estilo parlamentar n o deve guardar identidade e O que s o proposi es Segundo o Regimento Interno da C mara dos Deputados proposi o toda mat ria sujeita delibera o da C mara Apesar dessa ampla defini o os tipos de proposi o considerados principais visto que originam as normas descritas no art 59 da Constitui o Federal s o Propostas de Emenda Constitui o PEC Projetos de Lei Complementar PLP Projetos de Lei Ordin ria PL Projetos de Decreto Legislativo PDC Projetos de Resolu o PRC e Medidas Provis rias MPV H ainda mais tipos de proposi o apreciados pela C mara tais como pareceres emendas propostas de fiscaliza o de controle indica es etc Quem pode propor um Projeto de Lei De acordo com o art 61 da Constitui o Federal um projeto de lei pode ser proposto por qualquer parlamentar deputado ou senador de forma individual ou coletiva por qualquer comiss o da C mara dos Deputados do Senado Federal ou do Congresso Nacional pelo Presidente da Rep blica pelo Supremo Tribunal Federal pelos Tribunais Superiores e pelo Procurador Geral da Rep blica A Constitui o ainda prev a iniciativa po
75. outro lado entende se que vale a pena olhar para o modelo de educa o n o formal que ora apresenta se nesta pesquisa em rela o a seus m todos e pr ticas educativas como uma possibilidade de agregar novas ferramentas na educa o do surdo em nosso pa s 2 2 Um grupo de volunt rios e sua contribui o para a forma o de identidades surdas a partir do ensino e uso de Libras Este trabalho de pesquisa pretende dar a conhecer o trabalho de um grupo conhecido mundialmente como Testemunhas de Jeov que procura levar conhecimento b blico ou evangelizar termo preferido por muitas pessoas que n o fazem parte da 57 Associa o Crist das Testemunhas de Jeov Este grupo que procura falar com todas as pessoas em diversas l nguas e dialetos nesta tese de doutorado doravante ser nomeado como grupo de volunt rios A escolha do termo se deve tentativa de manter o foco na a o educativa e n o na quest o religiosa Por desenvolverem um trabalho de ensino uso e difus o das l nguas de sinais no mundo inteiro especialmente aqui no Brasil com a L ngua de Sinais Brasileira despertou nosso interesse em suas pr ticas e formas de organiza o bem como a rela o com a constru o de identidades de sujeitos surdos assistidos pelo grupo Os Estudantes da B blia surgiram como grupo em 1870 em Pittsburgh com Charles Taze Russell que em 1879 edita e publica a primeira edi o da revista Watch Tower com uma edi o d
76. ouvintes o mais importante quando nosso foco deveria ser o surdo ele que precisa tamb m aprender Libras n o importa a idade para acessar o registro escrito do portugu s na comunidade ouvinte Os materiais did ticos precisam ser feitos para eles pois o que parece que tudo est voltado ao ouvinte que quer saber Libras E o surdo Mais uma vez o material utilizado pelos volunt rios que inclui acervo em m dia digital e portal na internet com materiais para download composto de textos em L ngua de Sinais atividades c nticos dramas etc parece rico pois ao oferecer ao surdo um ensino sinalizado torna o trabalho do volunt rio instrutor o de um mediador entre o conceito sinalizado e a significa o no mundo O surdo n o mero expectador ao assistir as explica es em DVD mas interage com o que v e se manifesta pela l ngua de sinais A L ngua Portuguesa vai aos poucos conquistando seu lugar medida que a necessidade de ler e escrever vai surgindo o processo de alfabetiza o acontece pela consci ncia da import ncia da uni o das duas l nguas como que um trip comunicativo Esse processo n o tranquilo pois as duas l nguas coexistem em conflito mas que se ameniza diante das possibilidades de intera o no entremeio das l nguas que se d rela o instrutor volunt rio e surdo estudante Em minha busca por materiais que pudessem ajudar o professor em sala de aula encontrei alguns volumes publica
77. pesquisa e das ag ncias de financiamento fomentar programas destinados gt promo o de pesquisas cient ficas voltadas ao tratamento e preven o de defici ncias gt II ao desenvolvimento tecnol gico orientado produ o de ajudas t cnicas para as pessoas portadoras de defici ncia Os cegos t m material em braile e podem estudar fora do ambiente escolar mas e o surdo onde est o material do surdo em Libras e digitalizado O surdo leva para 86 casa material em Portugu s ent o se Libras reconhecida porque seu aprendizado n o se d em seu territ rio lingu stico digitalizado e representado graficamente atrelado ao portugu s Conforme o art 20 do cap tulo VIII do Decreto 5 296 as barreiras de comunica o precisam ser transpostas mas at aqui o que se tem presenciado a inclus o do ouvinte no mundo de Libras e a partir da a imposi o do portugu s ao surdo Onde est o os materiais especiais para o ensino do surdo na escola em Libras Um surdo n o um ouvinte E sua l ngua materna n o compartilhada por todos na escola s vezes nem mesmo o surdo sabe Libras Sendo assim o que a leitura superficial de documentos nos faz perceber Entende se que dar a conhecer o preconceito lingu stico que est camuflado n o s na lei e nos decretos que a regulamentam mas tamb m em a es que parecem pretender apenas mascarar a grande dist ncia entre duas l nguas se configura como
78. pode ser aproveitado no contexto formal ou seja na escola Busco assim agregar a es que podem ser produtivas dentro da escola sem tentar fazer do surdo o ouvinte que ele n o e sem esquecer que tem direito de escolher sua identidade a partir de tudo que lhe oferecido Mesmo diante do fato de que as identidades s o constru das entendemos o direito de escolha como sendo a possibilidade do surdo escolher como quer ser definido e n o como os outros o definem Por exemplo um surdo que tratado desde a inf ncia como deficiente auditivo passa por muitas dificuldades mas na idade adulta passa a ter contato com a Libras e com a comunidade surda descobrindo um novo mundo lingu stico e interativo passa a identificar se como surdo n o uma identifica o escolhida que s poss vel diante das possibilidades vantagens e desvantagens vivenciadas pelo sujeito surdo O presente trabalho est portanto assim dividido A introdu o que trata de situar o leitor a respeito da motiva o do trabalho bem como sobre o que tem sido proposto para alfabetiza o e letramento dos surdos e deficientes auditivos nos ltimos anos e tamb m apresenta os objetivos as perguntas de pesquisa pressupostos e hip teses pr vias Neste mesmo cap tulo poss vel conhecer quem o sujeito autor da pesquisa pois entendo que dentro da pesquisa da rea de Humanas importante 35 esclarecer de onde s o produzidas as reflex es Ass
79. possibilidade de conceber a l ngua como gt Libras composta de sistema gestual sistema de escrita SW l ngua materna 87 gt Libras composta de sistema gestual representa o gr fica pelos empr stimos do portugu s na estrutura surda gt Por qu Se a Lei reconhece Libras como sistema lingu stico ent o Sistema Lingu stico conforme Saussure 1995 p 84 os significantes ac sticos disp em apenas da linha do tempo seus elementos se apresentam um ap s outro formam uma cadeia Esse car ter aparece imediatamente quando os representamos pela escrita e substitu mos a sucess o do tempo pela linha espacial dos signos gr ficos Portanto existe a difus o da necessidade do ensino de Libras n o s na parte sinalizada mas em sua representa o escrita Perguntamo nos quando essa escrita far parte da vida do surdo At quando a inclus o que assistimos nas escolas p blicas em especial tentar fazer do surdo o ouvinte que ele n o Por que n o aceitar a escrita do surdo ou seja a sua representa o de l ngua que toma emprestado portugu s em outra estrutura O cego tem material para acompanhar as aulas em casa mas e o surdo Para Sassaki 1997 p 150 preciso rever toda a legisla o pertinente defici ncia levando em conta a constante transforma o social e a evolu o dos conhecimentos sobre a pessoa deficiente Este trabalho pretende de alguma forma levar para a pauta de discuss
80. quer no contexto informal Foi poss vel perceber portanto que h muito para avan ar no sentido de proporcionar condi es de escolariza o b sica de forma n o excludente e sem preconceitos de qualquer ordem E preciso entender que 2 todas as a es refletem 113 diretamente na constru o das identidades surdas Assim de todos os contextos decorre o fato de que na rela o do surdo com o mundo com os ouvintes e com ele mesmo que este poder pensar em ocupar lugares na sociedade sem o mal estar de ser tratado como membro de uma minoria mas como membro de uma sociedade que valoriza o potencial humano de cada um A segundo parte desta pesquisa procura dar conhecer os caminhos percorridos no cap tulo das metodologias que se segue para ent o prosseguir com a an lise dos dados obtidos por meio das entrevistas com surdos e suas m es PARTE 2 ORGANIZA O SUJEITOS E AN LISE DOS DISCURSOS 114 115 CAP TULO 5 METODOLOGIA OS CAMINHOS DA PESQUISA Este cap tulo descreve o corpus delimitado para a an lise bem como os crit rios utilizados para sele o dos mesmos O resultado dessa etapa foi o levantamento das expectativas das m es e ou familiares de surdos dos pr prios surdos em rela o ao contexto formal e n o formal de educa o Essas expectativas apontam que tipos de identidades emergem nesses diferentes contextos e a partir destes dados foi poss vel tecer uma reflex o so
81. ria a fim de complementar o quadro abaixo formulado por Marcuschi 2003 p 68 como indicador de alguns marcadores conversacionais QUADRO DOS SINAIS CONVERSACIONAIS VERBAIS A z i x m E SINAIS DO FALANTE ISINAIS DO paniy orientam o ouvinte orientam o falante Ae a ee 2 PE e O pr posicionados II p s posicionados convergentes indagativos divergentes RR e x dis ex ex noiniclo no inicio notinal o final de de turno ex Fn ent o Fcerto n ai f viu n o sabe 7 entendeu certo que e ent o diga l ou n o etc Figura 1 An lise da Conversa o MARCUSCHI 2003 p 68 121 Assim se para proceder An lise do Discurso via de regra precisamos estar atentos aos elementos constitutivos dos enunciados produzidos a AC tamb m considera os marcadores conversacionais n o s como marcas mas como unidades constitutivas de textos com fun es sint ticas e conversacionais Outro argumento que nos parece l gico no momento de que a AC pode constituir se em ferramenta de an lise na tentativa de fazer o pesquisador estar o mais distante poss vel tanto na produ o das entrevistas como na an lise Talvez a caracter stica universal da AC de procurar explicar as inten es de determinados marcadores conversacionais de maneira descritiva contribua para a transcri
82. rias e expectativas em rela o educa o oferecida e a desejada A ajuda de voc s foi essencial para a realiza o desta pesquisa Universidade S o Francisco por ter me aberto tantas portas para o conhecimento que bom que a vida me trouxe para c o e a todos aqueles que de alguma forma estiveram ao meu lado Mesmo dist ncia senti a presen a de todos durante o curso por isso manifesto minha gratid o Fiquem certos que enriqueceram em muito a realiza o desta pesquisa Eu sou um intelectual que n o tem medo de ser amoroso eu amo as gentes e amo o mundo E porque amo as pessoas e amo o mundo que eu brigo para que a justi a social se implante antes da caridade Paulo Freire GAR Ruth Maria Rodrigues Gar EDUCA O FORMAL X EDUCA O N O FORMAL DIFERENTES PR TICAS DE ENSINO E A CONSTRU O DE IDENTIDADES SURDAS f 218 Tese de Doutorado Programa de P s Gradua o Doutorado em Educa o Universidade S o Francisco 2014 RESUMO Considerando se as lacunas pedag gicas para o ensino aprendizagem na educa o formal do surdo de modo especial na educa o p blica este trabalho procurou lan ar um olhar problematizador s quest es de ensino tentando levantar as pr ticas de letramento ao surdo em dois contextos de educa o formal e n o formal Outro aspecto em destaque a discuss o sobre as representa es de m es e de alunos na tentativa de compreender estes alunos e as diferentes
83. rio de Libras Um quadro branco tamb m serve de material pedag gico baco material dourado mapas e livros diversos s o outros recursos utilizados As aulas foram organizadas com base em um diagn stico inicial A partir da perspectiva de que a aluna precisava ser alfabetizada e letrada ou seja com habilidade de uso do c digo lingu stico na continuidade do processo de ensino optou se por uma f bula e organizou se uma sequ ncia did tica O trabalho aconteceu primeiro em Libras para caminhar em dire o ao ensino do portugu s a partir de uma an lise comparativa das duas l nguas pela aluna Isto porque nas primeiras aulas observou se que a menina faz uma leitura das palavras e consegue perceber a combina o das fam lias sil bicas apesar de n o saber o significado de muitas das palavras que l A f bula escolhida foi a de Aladim utilizando recursos como DVD sinalizados entre outros as dificuldades observadas foram muitas nos levando a entender que um trabalho com a mem ria visual de textos sinalizados precisava ser feito com a aluna intensamente A atividade seguinte foi em fun o da curiosidade da aluna pois ao indicar a ela a partir de um calend rio que fica sobre a mesa onde trabalh vamos que ver amos a hist ria outra vez em uma pr xima aula isso fez com que a menina pegasse o calend rio e indicasse o dia do seu anivers rio Como forma de mostrar meu interesse por ela tomei minha agenda para anotar o
84. rio para levantamento de representa es das m es de alunos surdos em rela o educa o oferecida aos seus filhos UNIVERSIDADE S O FRANCISCO PROGRAMA DE P S GRADUA O STRICTO SENSU DOUTORADO EM EDUCA O Question rio para levantamento de representa es das m es de alunos surdos em rela o educa o oferecida aos seus filhos 1 Nome Idade Profiss o Forma o Religi o Estado civil 2 Quando soube da surdez do seu filho ficou preocupada em como seria sua vida na escola sim Jn o 3 A senhora recebeu orienta es sobre como deveria fazer para alfabetizar seu filho sim n o 4 O atendimento necess rio ao desenvolvimento do seu filho a aconteceu logo sim n o 5 O que seu filho precisou fazer depois do atendimento primeiro tentar falar como ouvinte usar a L ngua de Sinais as duas coisas juntas 6 A senhora sabe usar a l ngua de sinais sim Jn o 7 Como seu filho a se comunica em casa l ngua de sinais sinais caseiros d para entender fala bem todos entendem fala dif cil de entender fala e usa sinais 8 Seu filho a sabe ler e escrever Jsim Jn o 9 Se sabe ler consegue entender tudo que l Jsim Jn o 10 Seu filho a escreve de acordo com a norma culta Jsim Jn o 11 Quantos as diversas mat rias ensinadas na escola que nota a senhora daria ao seu filho 12 Na sua opini o que falta na e
85. sem levar em considera o o n vel de dificuldade e adequa o em fun o da sua dificuldade em rela o aquisi o da leitura e escrita de uma l ngua oral A concep o de campo educacional a partir da no o de campo em Bourdier 1998 nos permite comentar que esses procedimentos foram empreendidos como forma de ordenar tanto um mundo natural como o social naturalizando e enfatizando mais a diferen a sob a bandeira da inclus o Conforme Costa 2002 a an lise a partir das mudan as culturais das rela es entre poder discurso e pol tica cultural nos ajuda a construir significa es para os processos sociais bem como toda a teoriza o sobre escola e curr culo Segundo a autora 2002 p 143 a escola o curr culo e o livro did tico s o exemplos de arenas da pol tica cultural onde os embates identit rios se d o segundo rela es assim tricas de poder Em outras palavras enquanto o discurso da inclus o povoa a escolariza o brasileira as a es em torno da escolariza o do surdo ainda caminham a passos lentos de m os dadas com a falta de vontade pol tica A aluna era ent o a t pica surda presa palavra ou seja palavras que est o fora do vocabul rio familiar s o mais dif ceis para entender o significado O que explicado 64 k E Ea Pcs de As y A teoria dos campos de Bourdieu analisa o conjunto das rela es sociais objetivas que constituem um campo social S o
86. sua fala sinalizada mostra que ao tentar comunicar ao professor que n o entende e por isso n o faz nenhuma atividade desperta a ira do professor simplesmente porque diz a verdade P Como ser surdo na escola G F CIL aceno de cabe a como que enfatizando o sinal P F cil Tem certeza Como assim Por qu G F CIL 2 5 DIF CIL FALAR aceno de cabe a indicando sim ou pois Seguindo o racioc nio do jovem poss vel entender que na verdade f cil porque ele passa pela escola sem fazer nenhuma atividade n o h esfor o cognitivo para isso porque tamb m n o h ningu m dando suporte pedag gico ou lingu stico ent o s estar na escola para n o ser reprovado por frequ ncia Dif cil falar porque ningu m sabe a sua l ngua por isso n o pode perguntar ou responder dif cil mesmo Pensar em algu m sentado em uma sala de aula por horas a fio parece at mesmo um castigo Um castigo imposto ao corpo e identidade que est em constru o que manca entre o sentir se deficiente e exclu do P Voc sabe usar a L ngua de Sinais G N O nega o em tom afirmativo A produ o dos sinais pelo aluno significativa precisa de alguns ajustes em rela o s configura es de m o mas articula bem as estruturas da l ngua sem fazer portugu s sinalizado A nega o tamb m pode ser oriunda da conviv ncia com outros modelos surdos no grupo de volunt rios e em outr
87. sua m e aponta a supera o da dificuldade da leitura e da escrita por Flor como sendo o caminho para que a filha tenha uma vida melhor Mas conforme Perlin 2013 p 55 n o bem isso que acontece pois os surdos ainda s o visto como figuras frias desprovidas de defini o cultural ao Finalmente em rela o Flor o contexto formal tem produzido uma surda segundo Perlin 2013 de identidade surda flutuante pois sua identidade tamb m faz parte da comunidade ouvinte e refor ada no interior da escola Pelo apoio que recebeu por apenas um curto per odo de tempo e ainda sem o contato com a comunidade surda Flor desconhece uma comunidade e suas experi ncias singulares o que impede que a menina entenda o que ser surdo Quanto Girassol poss vel apreciar um quadro de constru o identit ria muito semelhante ao de Flor Entretanto em fun o das experi ncias visuais de Girassol junto a alguns surdos sua identidade como postulado por Perlin 2013 surda incompleta Girassol vive imerso num contexto ouvinte tratado como deficiente e sem pr ticas de ensino que respeitem sua condi o e lhe deem uma l ngua de acesso aos conhecimentos escolares Al m disso em casa a hegemonia dos ouvintes continua reinando pois sua m e apesar de dizer que n o se importa e ainda incentive o aprendizado da l ngua de 191 sinais entende esses sinais apenas como ferramenta de comunica o e n o como uma l ngua
88. sua m e ressalta que a partir do contato com o grupo o filho deixou de ser segundo ela revoltado Pode se presumir que at ent o Ger nio se reconhecia como algu m incompleto sem comunica o e duplamente discriminado conforme relato da m e Agora se reconhece surdo capaz de comunicar se e como um estrangeiro espera que os outros aprendam seu idioma assim como os volunt rios Quanto Beg nia apesar de viver sob o regime ouvinte se reconhece surda Sua forma o lingu stica refor a a tese de muitos estudos lingu sticos Quadros amp Schmiedt 2006 ao discorrer sobre quando come ar a ensinar l ngua de sinais crian a surda aponta que crian as expostas desde cedo L ngua de Sinais passam por um processo an logo ao ouvinte construindo seu referencial lingu stico a fim de desenvolver sua linguagem Beg nia que foi assistida por uma institui o de surdos e estudou at os sete anos em escola para surdos prova de que a base lingu stica constr i a identidade 38 Toma se como base lingu stica a ideia de uma l ngua em toda a sua din mica como primeira neste caso uma l ngua sinalizada como possibilidade para facilitar o acesso l ngua oral 192 Por isso seu depoimento em rela o ao modo como se reconhece ou seja surda lhe t o natural Entretanto o fato de se reconhecer surda n o foi o suficiente para que Beg nia depois de adulta procurasse a comunidade surda Apesar da naturaliza
89. virtude das demandas deste novo modelo econ mico em que vivemos Para argumentar em favor do termo formal podemos seguir a mesma linha te rica que concebe o termo formal como sendo o ensino desenvolvido pela escola a partir de conte dos previamente estipulados dentro de uma proposta curricular Este ensino segundo Gohn 1998 marcado por uma intencionalidade No entanto entendemos que a partir das rela es poder saber essa intencionalidade est presente em qualquer contexto pois por um motivo ou outro toda a o educativa esconde uma inten o Neste trabalho adota se o termo contexto formal para diferenciar um lugar de ensino aprendizagem orientado por uma proposta curricular sendo esta por sua vez entendida como lugar de pr ticas pedag gicas Para Ghanem 2008 p 59 60 a educa o de car ter formal muito recente na hist ria da educa o pois tem a ver segundo o te rico com um conjunto de mecanismos de certifica o que formaliza a sele o e a exclus o de pessoas diante de um mercado de profiss es estabelecido que s come ou a se configurar h cerca de 250 anos Para o autor a fun o da escola passou a se coadunar com as necessidades pol ticas e econ micas sendo financiada e reconhecida formalmente pelo Estado Para Gahnem 2008 o Brasil com seus sistemas educacionais buscam contribuir para a integra o cultural e consolida o nacional no sentido de gerir uma edu
90. 012 KLEIMAN A Texto e Leitor Aspectos cognitivos da leitura Campinas Pontes 1989 Leitura ensino e pesquisa da leitura Campinas Pontes 1989b amp MORAES S Leitura e Interdisciplinaridade Tecendo redes nos projetos da escola Campinas Mercado de letras 2 Ed 2001 LACAN J RS1 Texto mimeografado de vers o transcrita n o autorizada do Semin rio do livro 22 1974 75 apud BENHARES L E L nguas e identifica es as crian as surdas entre o sim e o n o IN SKLIAR C Atualidade d Educa o Bil ngue para Surdos 3 Ed Porto Alegre Media o 2009 J 1990 crits a selection Londres Tavistock Apud WOODWARD K Identidade e diferen a uma introdu o te rica e conceitual IN SILVA T T Org Hall S amp Woodward Identidade e diferen a 13 ed Petr polis Vozes 2013 LARROSA Jorge Como se chega a ser o que se In LARROSA Jorge Pedagogia Profana Belo Horizonte Aut ntica 5a Ed 2010 Palavras desde o limbo Notas para outra pesquisa na Educa o ou talvez para outr coisa que n o a pesquisa na Educa o Curr culos Problematiza o em pr ticas pol ticas Revista Telas v 13 n 27 p 287 298 jan abr 2012 LEBEDEFF T B amp ROSA F S Quando eu era crian a sinalizava assim mem rias e registros de um sistema de sinais caseiros na inf ncia de um casal de irm os surdos In COELHO O Org Cartografias da Surdez Comunidades L nguas Pr ticas e
91. 14 Metarrativa um termo liter rio e filos fico que aqui empregado para referir se discursos produzidos no interior da escola 15 do discurso Lendo sobre a import ncia da reconstru o de sentidos do texto pelo aluno dentro do material did tico pude entender a relev ncia do trabalho com os g neros e as sequ ncias did ticas a partir da leitura de autores como Marcuschi Kleiman Rojo Bronckart Dolz Schneuwly e Mangueneau linguistas da linha francesa que concebem os g neros como ferramentas comunicativas nas esferas de comunica o da sociedade Al m disso ao fazer parte da equipe de S o Paulo em 2006 sob a orienta o da professora coordenadora Helena Roxane Rodrigos Rojo no trabalho de an lise de material did tico olhando os g neros da m dia pude aprofundar meus conhecimentos em rela o aos crit rios para a elabora o de materiais did ticos conforme as especifica es do PNLD Plano Nacional do Livro Did tico O PNLD tem como objetivo colocar ao alcance dos alunos e professores materiais de qualidade no ensino da L ngua Portuguesa Por isso mais uma vez me deparei com uma lacuna no curr culo desta vez em especial para os surdos pois n o encontrei nenhum material Quando comentei com uma pesquisadora que queria compreender o universo surdo e pesquisar como poss vel ensinar essas crian as surdas a escreverem e entenderem o que escrevem recebi a resposta de que eu teria que reunir muitos
92. 1999 ao passar pela minha vida direcionou os rumos que a minha pr tica educacional tomaria culminando com esse trabalho A M rcia pela orienta o compreens o e amizade Sua presen a foi e continua sendo muito importante n o s para este trabalho mas para a minha vida AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agrade o a Jeov Deus por ter me conduzido por este caminho Tamb m gostaria de manifestar meus agradecimentos de modo particular minha orientadora Professora Dr M rcia Aparecida Amador Mascia pela dedica o e profissionalismo pela amizade e carinho sem os quais o caminho teria sido muito mais dif cil orientadora na Universidade do Minho em Braga Portugal Professora Doutora Ana Maria Carneiro Costa e Silvia que acolheu o meu projeto para Est gio Cient fico Avan ado e mostrou se sempre atenta s minhas d vidas e necessidades durante esta trajet ria acad mica Obrigada por fazer parte da hist ria da minha vida s professoras do Programa de P s Gradua o Stricto Sensu que souberam conduzir as aulas que fizeram parte da constru o deste texto com orienta es sempre enriquecedoras valorizando meus esfor os e acolhendo minhas impress es de maneira muito respeitosa Com elas aprendi muito e espero que o meu trabalho esteja altura da dedica o de todas aos surdos e suas m es professores e colaboradores pela generosa contribui o por dedicarem tempo e disposi o para relatarem suas hist
93. 2 maior comunidade lingu stica os surdos de LBS poderia erroneamente designar a l ngua de sinais utilizada pela tribo Urubu Kaapo Situada ao sul do estado do Maranh o essa tributo apresenta a propor o de um surdo para cada 75 habitantes por isso todos utilizam a l ngua de sinais dentro da comunidade facilitando a comunica o dos surdos com n o surdos Por isso a l ngua de sinais reconhecida como 2 idioma oficial do Brasil passou a ser chamada de Libras Esta discuss o j foi feita na p gina 10 deste trabalho de pesquisa http pt wikipedia org wiki L C3 ADngua de Sinais Kaapor Brasileira Para maiores detalhes a respeito da discuss o sobre o Signwriting remetemos o leitor Disserta o de Mestrado da professora Maria Salom Soares Dallan intitulada An lise discursiva dos estudos surdos em educa o a quest o da escrita de sinais Universidade S o Francisco Itatiba 2012 136 p 84 l ngua de forma escritappodem ajudar o surdo que por sua vez se sente como estrangeiro no seu pr prio pa s e hoje se v obrigado a utilizar o portugu s para interagir com a comunidade falante ouvinte da l ngua oral e tamb m no registro escrito Este registro que pode variar conforme a defici ncia auditiva e oraliza o de cada surdo afinal cada surdo um sujeito nico com diferentes habilidades e ou limita es Sendo assim se Libras n o pode ser registrada ou melhor representada graficamente pelo uso do S
94. 926 pessoas 2 2 1 Requisitos para trabalhar com surdos Embora haja uma legisla o em vigor com respeito forma o do instrutor e int rprete para pessoas surdas ou deficientes auditivas a pesquisa mostrar que as pessoas envolvidas no trabalho volunt rio com os surdos nem sempre possuem a forma o desejada pela lei o que n o tira os m ritos e a qualidade do servi o prestado como veremos nos depoimentos dos pr prios surdos e suas m es e familiares Para fazer parte do grupo de volunt rios no trabalho com surdos o seguidor precisa ter uma conduta irrepreens vel dentro da organiza o disponibilidade de tempo e recursos pr prios pois esse trabalho exige grande dedica o em todos os sentidos Depois de manifestar seu interesse pelo trabalho a pessoa passa por um curso intensivo dentro da pr pria Congrega o de L ngua de Sinais sob a supervis o de um int rprete mas no contato direto com a comunidade surda que a profici ncia da l ngua vai surgindo Alguns entretanto quando chegam ao grupo j procuraram de alguma forma fazer um curso b sico ou fazer contato com a comunidade surda com objetivo de facilitar o aprendizado da l ngua dentro do campo de trabalho na organiza o Al m disso o estudo das publica es com o estudante e a frequ ncia s reuni es totalmente em l ngua de sinais colaboram para uma imers o na l ngua como se o volunt rio estivesse num outro pa s onde s pudesse utilizar a
95. Espera se com esse cap tulo que aqueles que se interessam por este assunto percebam como apesar de tanto tempo que j se passou desde que esses movimentos se intensificaram ainda h muito a ser feito pela educa o dos surdos no Brasil 75 3 1 Dos movimentos sociais a luta dos surdos por um espa o legitimado por Lei N o pretendo neste cap tulo retomar todo o percurso hist rico das lutas dos surdos pelo direito de se expressarem em L ngua de Sinais mesmo porque s o in meros os trabalhos que procuram trazer esse contexto No entanto quero fazer um pequeno recorte e mostrar como a luta dos surdos ganhou mais espa o a partir dos embates sociais e pol ticos em torno da tem tica da Inclus o Porque nesse cen rio de enfrentamentos que muitos grupos despontam sob a gide dos discursos pelos Direitos Humanos fazendo surgir os movimentos sociais e muitas Organiza es N o Governamentais que engrossaram as filas pelos direitos de todos aqueles que estavam fora n o s do contexto educacional mas tamb m dos par metros postulados para uma vida digna e cidad Antes de seguirmos com um recorte sobre a legisla o que supostamente ampara as a es na dire o da educa o dos surdos precisamos levar em conta que estas mesmas leis surgem por for a de uma proposi o que emana da sociedade Tal proposi o por sua vez parte da mobiliza o de um segmento da sociedade que pode estar reunida em associa es
96. Informa es sobre o grupo est o dispon veis no cap tulo 4 no sub t tulo 4 2 2 Iletrado segundo Quadros 2006 estado daquele que n o consegue ler os sinais pela falta de um trabalho intenso atrav s do relato e conta o de hist rias em Sinais dificultando o aprendizado do registro escrito em portugu s 14 legisla o garanta acesso escola ou a outras institui es Um dado importante e que pode ser considerado preocupante o apontado pelas estat sticas de que apenas 20 dos surdos em idade escolar est o matriculados no Brasil CAPOVILLA 2009 S o quase 10 milh es de surdos e pessoas com defici ncia auditiva Do total cerca de 800 mil tem at 17 anos segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IBGE Desde 1999 quando ingressei como professora na rede estadual foi poss vel observar como tratado um aluno surdo numa sala de aula com alunos ouvintes ou seja como na maioria dos casos sem a menor assist ncia e com professores despreparados Uma grande vontade de pesquisar e buscar subs dios para tentar ajudar alunos como esse que conheci surgiu a partir desta experi ncia inicial E tamb m por Foa 11 i observar a avalia o dos docentes ao produzirem suas metanarrativas no interior da escola em express es como crian a sem futuro ao se referirem aos surdos em suas salas de aula Express es como estas me motivou a buscar conhecimento para promover o aces
97. LAQUA M C amp MORET A L M Conversando com familiares e profissionais de sa de S o Jos dos Campos Pulso 2005 DALLAN Maria Salom Soares An lise discursiva dos estudos surdos em educa o a quest o da escrita de sinais Disserta o de Mestrado Universidade S o Francisco Itatiba 2012 DECLARA O DE SALAMANCA E ENQUADRAMENTO DAS A ES Salamanca UNESCO 1995 Tradu o Portuguesa DIONISIO A P MACHADO A R BEZERRA M A G neros Textuais amp Ensino S o Paulo Lucerna 2002 DORZIAT A O Outro da Educa o Pensando a Surdez com base nos temas Identidade Diferen a Curr culo e Inclus o Petr polis EditoraVozes 2009 DUBAR C A Socializa o Constru o das identidades sociais profissionais Porto Porto Editora 1997 ELAN Linguistic Annotator version 4 6 0 The Language Archive MPI for Psycholinguistics Nijmegen The Netherlands Original Author Birgit Hellwig The 206 latest version can be downloaded from http la mpi nl tools tla tools elan acesso em 01 09 2013 ECKERT HOFF B M amp CORACINI M J R F Orgs Escrit ur a de Si e Alteridade no espa o papel tela Alfabetiza o forma o de professores l ngua materna e estrangeira Campinas Mercado de Letras 2010 ESTADO PORTUGUES Decreto Lei n 3 2008 de 7 de Janeiro Di rio da Rep blica 1 s rie n 104 European Parliament 1988 Resolution on sign languages for deaf people aadopted by the European Pa
98. LAR E ENSINO B SICO Despacho homologado em 18 12 2007 pelo S E E MINIST RIO DA EDUCA O DIREC O GERAL E DESENVOLVIMENTO CURRICULAR PROGRAMA DE PORTUGU S L2 PARA ALUNOS SURDOS Ensinos B sico e Secund rio Homologado em 14 02 2011 MOURA E P G ZUCCHETTI D Educa o al m da Escola acolhida a outros saberes Cadernos de Pesquisa v 40 n 140 p 629 648 maio ago Universidade Feevale Novo Hamburgo 2010 NETO A V amp SARAIVA K Educar como arte de governar Universidade Luterana do Brasil Curr culo sem Fronteiras v 11 n 1 pp 5 13 Jan Jun2011 NUNES R Reabilita o auditiva Um imperativo tico social IN BATTEGAY A COELHO O amp VAZ H Orgs Cuidar tomar parte viver com Quest es e desafios da cidadania profana na rela o sa de sociedade Que Media es Porto Livpsic 2012 ORLANDI E An lise de Discurso 8 ed Campinas Pontes 2009 O que ling stica 1 ed 9 reimpr S o Paulo Editora Brasiliense 1986 PAGURA R J A interpreta o de confer ncia no Brasil hist ria de sua pr tica profissional e a forma o de int rpretes brasileiros Tese de Doutorado S o Paulo USP 2010 P CHEUX Michel O Discurso Estrutura ou Acontecimento 5 ed Campinas Pontes 2008 PEIXOTO R C Algumas Considera es Sobre A Interface Entre a L ngua Brasileira de Sinais Libras e a L ngua Portuguesa na Constru o Inicial da escrita pela crian a surda Cad Cedes Campi
99. Por conta da dificuldade dos volunt rios quanto ao deslocamento para Jarinu em fun o das dificuldades em percorrer cerca de 40 km para busc la para as reuni es em Jundia e depois lev la de volta em casa a identidade de Beg nia ainda que ela pr pria se diga surda pode estar inacabada porque lhe falta acessar os bens culturais da comunidade surda Esta surda pode ser considerada com identidade surda incompleta Perlim 2013 Neste sujeito o contexto formal contribui para sua constru o discursiva enquanto surdo porque se trata de uma escola especial para surdos O restante de sua escolariza o aconteceu em escola ouvinte contribuindo para que Beg nia enquanto surda crescesse sob o dom nio do oralismo 193 A fala da m e de Beg nia importante no sentido de dizer que o trabalho dos volunt rios foi importante por n o s trazer de volta a produ o de sinais que sua filha havia deixado para tr s como tamb m por contribuir para mudan as comportamentais O contexto n o formal marca esta surda e lhe ajuda a se afirmar e reconhecer surda porque depois de tanto tempo a coloca em contato novamente com um grupo de surdos onde a jovem senhora pode conhecer modelos surdos que compartilham de um universo lingu stico e social 7 2 O que aponta a pesquisa e as contribui es poss veis do contexto n o formal para o formal O trabalho dos volunt rios elogiado por muitos e criticado por outros Para alguns o t
100. Quais as contribui es de um contexto n o formal para os contextos formais no que tange s pr ticas pedag gicas para surdos Qual a concep o de curr culo que permeia as tr s pr ticas Desta forma com a descri o das identidades dos sujeitos da pesquisa e que emanam nos contextos formal e n o formal com suas diferentes pr ticas de ensino buscou se levantar a partir dessas estrat gias de ensino e suas implica es na forma o do sujeito surdo novas formas de pensar a educa o do surdo no nosso pa s A pesquisa pretende contribuir para a compreens o do impacto dessas diferentes identidades constru das nestes diferentes contextos em rela o ao uso difus o e manuten o da L ngua de Sinais e consequentemente a comunidade surda Esta tese pretende chamar a aten o para a necessidade de a es pol ticas no sentido de dar ao surdo uma educa o que comporte um curr culo que comporte as dimens es do mesmo curr culo ouvinte por m com todas as adapta es necess rias a fim de garantir as mesmas oportunidades da comunidade oral Palavras Chaves Surdo Discurso Identidade Surda Educa o Formal e Educa o N o Formal Gare Ruth Maria Rodrigues Gar FORMAL EDUCATION X NON FORMAL EDUCATION DIFFERENT EXPERIENCES IN TEACHING AND THE CONSTRUCTION THE DEAF IDENTITY f 218 Doctoral Thesis Program Graduate Doctorate in Education San Francisco University 2014 ABSTRACT Considering the educational gaps for te
101. RECIDO f via EDUCA O FORMAL X EDUCA O NAO FORMAL LETRAMENHTO CURRICULO UMA ANALISE DISCURSIVA DA IDENTIDADE SURDA Eu RG 3 abaixo assinado respons vel legal de dou meu consentimento livre e esclarecido para que ele a participe como volunt rio do projeto de pesquisa supracitado sob a responsabilidade do s pesquisador es Ruth Maria Rodrigues Gar e M rcia Aparecida Amador M scia do Curso de P s Gradua o Doutorado em Educa o da Universidade S o Francisco Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que 1 O Objetivo da pesquisa verificar as identidades emergentes de pessoas surdas em contextos de educa o formal e n o formal 2 Durante o estudo ser o feitas entrevistas question rios e grava es que ser o utilizadas como fonte de an lise discursiva 3 Obtive todas as informa es necess rias para poder decidir conscientemente sobre a minha participa o na referida pesquisa 4 A resposta a este s instrumento s procedimento s n o causam riscos conhecidos minha sa de f sica e mental n o sendo prov vel tamb m que causem desconforto emocional 5 Estou livre para interromper a qualquer momento sua participa o bem como ele estar livre para interromper a sua participa o n o havendo qualquer preju zo decorrente da decis o 6 Seus dados pessoais ser o mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa ser o utilizados apenas para al
102. S L E L nguas e identifica es as crian as surdas entre o sim e o n o IN SKLIAR C Atualidade d Educa o Bil ngue para Surdos 3 Ed Porto Alegre Media o 2009 BEVILAQUA M C amp MORET A L M Conversando com familiares e profissionais de sa de S o Jos dos Campos Pulso 2005 BOBBIO N Teoria da Norma Jur dica Trad BAPTISTA F P SUDATTI A B 1 ed S o Paulo Edipro 2001 BOTELHO P Linguagem e letramento na educa o dos surdos ideologias e pr ticas pedag gicas Belo Horizonte Aut ntica 2002 Surdos oralizados e Identidades Surdas In SKLIAR C Org Atualidade da Educa o Bil ngue para Surdos V 2 3 ed Porto Alegre Media o 2009 p 147 164 BOURDIEU Pierre A economia das trocas lingu sticas S o Paulo Edusp 1998 204 P Distinction a social critique of the judgement of taste Cambrigde ma Havard University Press apud WOODWARD K Identidade e diferen a uma introdu o te rica e conceitual IN SILVA T T Org Hall S amp Woodward Identidade e diferen a 13 ed Petr polis Vozes 2013 BRASIL Constitui o Federal Bras lia 1988 Declara o de Salamanca e linha de a o sobre Necessidades Educativas especiais Bras lia CORDE 1994 Brasil Congresso Nacional 1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Lei n 9 394 Bras lia DF Centro Gr fico BRASIL Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o Especial Lei N
103. SENSU EM EDUCA O Ruth Maria Rodrigues Gar defendeu a tese EDUCA O FORMAL X EDUCA O N O FORMAL DIFERENTES PR TICAS DE ENSINO E A CONSTRU O DE IDENTIDADES SURDAS aprovada no Programa de P s Gradua o Stricto Sensu em Educa o da Universidade S o Francisco em 12 de dezembro de 2014 pela Banca examinadora constitu da pelos professores Profa Dra Milena Moretto Examinadora Profa Dra Ester Cec lia Examinadora NA Bo Profa Dra Zilda Maria Gesueli Examinadora Profa Dra Ra Examinadora el Gon alves Oct vio Campus Bragan a Paulista Av S o Francisco de Assis 218 Jd S o Jos CEP 12916 900 Tel 11 2454 8000 Fax 4034 1825 Campus Campinas Unidade Cambui R Cel Silva Teles 700 pr dio C Cambu CEP 13024 001 Tel 19 3779 3370 Campus Campinas Unidade Swift R Waldemar C sar da Silveira 105 Swift CEP 13045 510 Tel 19 3779 3300 Fax 3779 3321 Campus Itatiba R Alexandre Rodrigues Barbosa 45 Centro CEP 13251 900 Tel 11 4534 8000 Fax 4534 8015 Campus S o Paulo R Antonieta Leit o 129 Freguesia do CEP 02925 160 Tel 11 3411 2950 Fax 3411 2978 A Jeov Deus pela inspira o e presen a na minha vida A meu marido e filhos por entenderem e compartilharem dos meus objetivos e a todos de que de alguma forma ajudaram a construir este texto e tamb m para aqueles que acharam que eu n o fosse capaz Ao surdo Ednaldo da Luz que em
104. UNIVERSIDADE S O FRANCISCO Doutorado em Educa o RUTH MARIA RODRIGUES GAR EDUCA O FORMAL X EDUCA O N O FORMAL DIFERENTES PR TICAS DE ENSINO E A CONSTRU O DE IDENTIDADES SURDAS Itatiba 2014 RUTH MARIA RODRIGUES GAR RA 002201101303 EDUCA O FORMAL X EDUCA O N O FORMAL DIFERENTES PR TICAS DE ENSINO E A CONSTRU O DE IDENTIDADES SURDAS Tese apresentada ao Programa de P s Gradua o Stricto Sensu em Educa o da Universidade S o Francisco como requisito para obten o do t tulo de Doutor em Educa o Area de Concentra o Linguagem Discurso e Pr ticas Educativas Orientadora Prof Dr M rcia Aparecida Amador Mascia Itatiba 2014 Gar Ruth Maria Rodrigues Educa o formal x educa o n o formal diferentes pr ticas de ensino e a constru o de identidades surdas Ruth Maria Rodrigues Gar Itatiba 2014 218 p Tese doutorado Programa de P s Gradua o Stricto Sensu em Educa o da Universidade S o Francisco Orienta o de M rcia Aparecida Amador Mascia 1 Surdos Educa o 2 Educa o formal 3 Surdo 4 Educa o n o formal 5 Identidade surda 6 Discurso I Mascia M rcia Aparecida Amador II T tulo Ficha catalogr fica elaborada pelas Bibliotec rias do Setor de Processamento T cnico da Universidade S o Francisco UNIVERSIDADE S O FRANCISCO UNIVERSIDADE S O FRANCISCO PROGRAMA DE P S GRADUA O STRICTO
105. a localizei poucos materiais did ticos pr ximos do material utilizado por ouvintes destinados ao ensino do aluno surdo em outras s ries ou mesmo para o ensino m dio o que refor a ainda mais a discuss o sobre a possibilidade de criar projetos capazes de pensar o ensino do aluno surdo em outros n veis de forma o na escola p blica O munic pio de S o Paulo elaborou Par metros Curriculares para a Educa o Infantil e Ensino Fundamental de l ngua portuguesa como parte da proposta de escolas bil ngues na cidade no entanto s o apenas par metros ou melhor dizendo sugest es de trabalho relacionadas sequ ncia did tica na perspectiva discursiva dos g neros dos discursos O munic pio tem tamb m material de alfabetiza o apostilado que procura articular o desenho dos sinais e do portugu s em atividades bem pr ximas do ensino ouvinte Depois de treze anos da implanta o das pol ticas p blicas para Educa o Especial preciso pensar nas reais necessidades de cada grupo No caso dos surdos que constituem uma minoria entre os discentes continuam discriminados pois ainda que tenham direito a acessar aos conte dos curriculares pela L ngua de Sinais permanecem exclu dos do processo educacional Isto porque por tatearem em busca da comunica o no mundo dos ouvintes onde os professores fazem de conta que ensinam e os alunos surdos ficam parte do processo na verdade s o integrados e n o inclu dos Ainda
106. a a experi ncia dos indiv duos que passam pela escola Este trabalho faz uma an lise discursiva procurando entender as respostas dadas em a es responsivas pela aluna s pr ticas empreendidas durante certo per odo de tempo 6 2 A busca por um sujeito que in existe sem uma l ngua primeira Diversos trabalhos de pesquisa t m problematizado as dificuldades de aquisi o de uma l ngua de sinais dentro de um contexto cultural ouvinte pelos surdos Como desenvolver estrat gias de ensino aprendizagem capazes de suprirem as lacunas na intera o visto que o surdo possui singularidades comunicativas que s podem ser 129 compartilhadas por outros em igual condi o de usu rios da mesma l ngua sinalizada Em escolas especiais fala se em segrega o e a falta de contato com o modelo ouvinte falante se incluso na escola regular fica o surdo inserido e exclu do pois submetido a um curr culo pensado para ouvintes Estaria essa dificuldade centrada na quest o familiar Pois em muitos casos surdos filhos de pais ouvintes s o os que menos t m contato com as comunidades surdas muitas vezes em fun o da abordagem oralista escolhidas pelas fam lias Conforme Hoffmeister 2009 p 113 Pais ouvintes e que possuem uma crian a com diagn stico de perda de audi o s o completamente controlados pelos profissionais m dicos e audiol gicos porque s o estes que inicialmente diagnosticam identificam e aconselham os pais ouvin
107. a e modificada na hist ria 1998 p 516 nos seguintes termos A educa o de um povo consiste no processo de absor o reelabora o e transforma o da cultura existente gerando a cultura pol tica de uma na o E este seria o objetivo do contexto escolar que portanto formal Do contexto formal ou escola esperam se a es educativas que olhem para as necessidades pedag gicas e metodol gicas e no caso da nossa pesquisa dos alunos surdos inclu dos na escola regular As an lises das identidades constru das neste contexto formal a escola nos permitir o perceber se a cultura ouvinte se sobrep e ou n o respeita ou n o a cultura e ou as singularidades do aluno surdo Quanto ao termo contexto n o formal esse nos pareceu mais adequado n o s para a diferencia o de uma a o educativa para al m da escola mas por tratar se de um termo capaz de nos ajudar a descrever o lugar de atua o dos volunt rios em suas a es educativas especialmente por tratar se do ensino de uma L ngua O termo n o formal pretende trazer a no o de uma a o educativa que espera atender uma demanda social por ajudar o sujeito surdo a compreender o meio social e a natureza que o cerca a partir do uso do aprendizado e uso da L ngua de Sinais e pela participa o em grupo em diversas atividades Nesse contexto o tempo de aprendizagem n o fixado e existe o respeito pelas diferen as em rela o ao processo da apr
108. a entre di rio e agenda A essa altura as atividades e as aulas programadas antes mesmo de conhecer a aluna a meu ver j n o faziam mais sentidos At aqui comecei a observar tamb m que Flor estava cheia de curiosidade e desejosa de saber o nome e a fun o de muitas coisas que n o compreendia bem Conforme Hoffmeister 2009 p 121 Na instru o bil ngue temos duas estrat gias principais em uma usamos uma l ngua para ensinar sobre outra l ngua em outra usamos a l ngua para ensinar informa es conte dos Precisamos separar o aprendizado de conte do do aprendizado da l ngua Ao usarmos uma l ngua para aprender uma segunda uma vez que a segunda l ngua aprendida e operante temos agora a escolha de como acessar as informa es conte do ou podemos usar a segunda l ngua para acessar essas informa es Diante disto ao inv s de nos preocuparmos com uma sequ ncia did tica a partir dos conte dos evidenciando uma nfase no m todo procurou se encontrar a melhor estrat gia de ensino Ensinar a l ngua de sinais como primeira l ngua para ent o acessar os conte dos mostrou ser a melhor abordagem em fun o das respostas observadas na aluna por trazer sempre consigo um desejo de mostrar algum conhecimento do mundo que a rodeia atrelado necessidade de compreender melhor o significado da escrita Handke 1991 apud LARROSA 2010 p 50 atesta que uma determinada forma de caminhar corresponde a uma
109. a estava no est gio sil bico alfab tico com valor sonoro se comparado seu processo de aquisi o da escrita a um aluno ouvinte Ou seja o que faltava aluna era a rela o do escrito com o oral j que a mesma foi exposta ao m todo f nico em sua alfabetiza o o que dificulta a alfabetiza o de crian as surdas e ou deficientes auditivas Al m disso a exposi o tardia l ngua de sinais contribuiu para dificultar a compreens o das palavras pois o fato de articular sons nem sempre carrega consigo a compreens o sem ntica pr pria aos ouvintes conforme explicita Quadros amp Cruz 2011 p 87 A estimula o na rea da linguagem principalmente na l ngua de sinais de surdos filhos de pais ouvintes faz se necess ria pois a maioria das crian as surdas inicia sua aquisi o tardiamente e por falta de input lingu stico na l ngua de sinais h atraso na compreens o e na express o considerando a faixa et ria 7 Segundo Ferreiro 2011 Hip tese pr sil bica Sil bica com ou sem valor Sil bica Alfab tica e Alfab tica 143 A exposi o da aluna a um maior n mero de sinais e palavras correspondentes bem como o valor imag tico e a sua oraliza o contribuiu muito para seu aprendizado n o cabendo aqui julgamento quanto ao melhor m todo o que faltou mesmo aluna foi apoio pedag gico ao longo das s ries iniciais tal qual proposto no Decreto n 5 626 de 22 de Dezembro de 2005 apoio
110. aching and learning in formal education of the deaf especially in public education this study sought to launch a look at problem solving education issues trying to raise the literacy practices of deaf education in two contexts formal and non formal Another aspect is highlighted in the discussion of representations of mothers and students in an attempt to understand these students and the different identities produced in these spaces The research took as theoretical support authors working in Foucault s perspective beyond Foucault himself and the French Discourse Analysis The analysis corpus consisted of filmed interviews and transcribed with the help of the resources of Sign Language Transcription System Charts the Conversation Analysis and contributions of discourse analysis as an aid to interpretation of the collected data The subjects are deaf in formal education context in regular classroom and without an interpreter and visited by a religious group in non formal context Deaf in mainstream school with support in second shift after school activities shift deaf outside the regular school and also attended by the group and finally the mothers of deaf and their expectations for their children In Portugal especially in the city of Braga we sought to know to describe the different deaf education settings in order to compose a separate chapter in order to further intensify the discussions on the literacy practices of the deaf and the iden
111. ados para isso Quando um grupo para o trabalho com surdos formado o primeiro passo mapear a cidade onde haver a atua o A princ pio pares de volunt rios s o enviados pelas ruas e perguntam de casa em casa 61 Z sobre a presen a de surdos nas imedia es E assim que muitos s o encontrados por indica es de vizinhos parentes ou amigos Depois do mapeamento a cidade dividida em territ rios esses territ rios s o visitados duramente o m s s vezes conforme o n mero de volunt rio em cada grupo ou congrega o de L ngua de Sinais s o necess rios v rios meses para que todos os surdos apontados sejam encontrados num territ rio Os endere os de todas as pessoas surdas ou consideradas deficientes auditivas depois de encontradas s o catalogados como forma de organizar as revisitas Assim pessoas de todas as idades que por qualquer motivo tenham comprometimento na capacidade de audi o tamb m surdos oralizados ou n o falantes ou n o de L ngua de Sinais s o contatados conforme cronograma organizado de visitas isso frequentemente Desta forma s o contatadas desde crian as at pessoas mais idosas Para o trabalho no grupo preciso portar um aparelho de DVD port til com tela para que em todos os contatos os folhetos e revistas utilizadas no trabalho com ouvintes letrados e alfabetizados possa ser feito tamb m com os surdos j que estes leem sinais Importante observar que os surdos que n o s
112. ais n o s pelo surdo mas por todos aqueles que t m uma rela o direta com ele como base para superar as dificuldades impostas pelo n o ouvir Portanto Flor ainda n o produz um discurso pois apresenta uma fala com vocabul rio limitado N o tem uma leitura orofacial adequada n o domina a l ngua de sinais e n o deseja isso n o escreve com autonomia mas com ajuda produz frases sint ticas Permanece num est gio interl nguas pelas dificuldades em perceber as diferen as estruturais e funcionais entre a Libras e L ngua Portuguesa j que via de regra as duas est o sendo aprendidas simultaneamente na escola Botelho 2002 apud Fernandes 2006 p 11 com lucidez analisa que na verdade o bimodalismo mant m viva a l ngua do ouvinte Embora pretenda ser politicamente correto e tenha o discurso da valoriza o da diversidade representa o sistema de maior facilidade para o ouvinte em compara o complexidade visual e motora demandada pela l ngua de sinais basta olhar para a denomina o portugu s sinalizado sin nima de bimodalismo o pr prio termo demonstra que n o houve nenhum tipo de negocia o Na tentativa de manter a aluna motivada e receptiva dif cil tarefa de ler e escrever no registro da oral entramos no jogo de sedu o de pr ticas de ensino ao surdo que podem ser adotadas por alguns te ricos que defendem a Comunica o Total e o Bilinguismo e corremos o risco de anga
113. al al m da perda da sensibilidade auditiva ocorrer tamb m uma perda da capacidade de discrimina o Deste modo mesmo que o som seja amplificado e que o indiv duo consiga ouvi lo ainda existir uma dificuldade para entendimento das palavras pois parte da informa o estar perdida Portanto esta informa o tamb m precisa chegar aos professores em sala de aula pois simplesmente achar que o fato de um surdo usar aparelho tem um mundo sonoro auditivo acessado de forma natural como para os ouvintes tamb m contribui para pr ticas metodol gicas e comportamentais equivocadas em sala de aula Outro problema com o tipo de perda destes irm os a redu o da rea din mica de audi o assim como mencionado pelo jovem quando a professora gritava os sons produzidos atinjam o limiar da rea de desconforto do aluno sendo at mesmo segundo especialistas da rea intoler vel Estes aspectos sobre o uso do aparelho s o importantes porque envolvem quest es delicadas com respeito escolha da l ngua de acesso aos conte dos escolares O uso de aparelho com oraliza o n o inviabiliza o uso da L ngua de Sinais j que esta pode servir de base para o acesso compreens o da sintaxe do Portugu s especialmente em seu registro escrito Ger nio ao final da entrevista responde em rela o ao futuro pensa trabalhar como seu pai que pedreiro disse que gosta e que um servi o f cil Na ocasi o da entrevista os menino
114. alozzi em 1970 e a Federa o Brasileira de Institui es de Excepcionais fundada em 1974 Entre essas institui es que surgiram em defesa da educa o de pessoas com necessidades educativas especiais est a Comiss o de Luta pelos direitos dos Surdos em 1983 Atualmente os anos 90 s o lembrados como a d cada de mobiliza es dos surdos que contou essencialmente com universidades para fomentar o debate educacional social cultural e pol tico dos surdos no Brasil 80 Os movimentos surdos sempre procuraram destacar a import ncia da comunica o destes pela L ngua de Sinais alguns estados sa ram na frente com a elabora o de suas resolu es pautados em proposi es representadas por Deputados como Benedita da Silva RJ e Lobbe Neto SP A luta dos surdos n o para Em 2010 na Confer ncia Nacional de Educa o CONAE 2010 a comunidade surda posicionou se com rep dio forma como seus delegados surdos e ouvintes foram tratados na confer ncia ao defenderem a escola bil ngue O ent o Setembro Azul RS foi uma forma de mobilizar todo o Brasil em torno da defesa de uma educa o de qualidade reivindicando como l ngua de instru o do surdo a Libras Esse evento reuniu cerca de 4000 surdos que reivindicaram a aprova o da proposta de emendas substitutivas do Plano Nacional de Educa o PNE e defenderam o Instituto Nacional de Educa o de Surdos INES A cor azul foi escolhida como forma de represe
115. am lia foi poss vel observar os documentos organizados pela m e em uma pasta onde constam todos os encaminhamentos e laudos at ent o O nico e Decreto n 5 626 de 22 de Dezembro de 2005 Art 2 Para os fins deste Decreto considera se pessoa surda aquela que por ter perda auditiva compreende e interage com o mundo por meio de experi ncias visuais manifestando sua cultura principalmente pelo uso da L ngua Brasileira de Sinais Libras Par grafo nico Considera se defici ncia auditiva a perda bilateral parcial ou total de quarenta e um decib is dB ou mais aferida por audiograma nas frequ ncias de 500Hz 1 000Hz 2 000Hz e 3 000Hz Conforme BRASIL SEESP MEC Bras lia MEC Secretaria de Educa o Especial 2006 116 p S rie Saberes e pr ticas da inclus o p 16 17 Audi o normal de 0 15 dB Surdez leve de 16 a 40 dB Nesse caso a pessoa pode apresentar dificuldade para ouvir o som do tic tac do rel gio ou mesmo uma conversa o silenciosa cochicho Surdez moderada de 41 a 55 dB Com esse grau de perda auditiva a pessoa pode apresentar alguma dificuldade para ouvir uma voz fraca ou o canto de um p ssaro Surdez acentuada de 56 a 70 dB Com esse grau de perda auditiva a pessoa poder ter alguma dificuldade para ouvir uma conversa o normal Surdez severa de 71 a 90 dB Nesse caso a pessoa poder ter dificuldades para ouvir o telefone tocando ou ru dos das m quinas de escrev
116. am a fazer o trabalho volunt rio s o excelentes modelos lingu sticos e modelos de vida para outros surdos importante salientar que a L ngua de Sinais respeitada em sua estrutura demonstrando que a l ngua valorizada enquanto patrim nio da comunidade surda Os surdos que aprendem a L ngua de Sinais com os volunt rios conseguem fazer transforma es em suas vidas por conseguirem trabalhar e associar se com outros surdos Em discurso recente da filial de Brooklin nos Estados Unidos por v deo confer ncia para o Brasil o argumento utilizado pelos respons veis pela tradu o organiza o e distribui o de materiais em L nguas de Sinais e impressos para o mundo todo de que ouvir a mensagem no seu idioma que toca o cora o mensagem n o dispon vel para download 2013 De fato a produ o de material em l ngua de sinais disponibiliza ao surdo um modo de apreens o visual gestual que comporta modo de constru o de sentidos numa l ngua e na comunica o 2 2 3 Materiais dispon veis e pr ticas pedag gicas Em mat ria de recursos como j demonstrado a organiza o disponibiliza um vasto material visual para o trabalho com a L ngua de Sinais No entanto materiais para o ensino da Libras enquanto estrutura gramatical e suas especificidades lingu sticas propriamente s o criados pelos pr prios volunt rios por isso o ensino n o pode ser considerado de valor acad mico pois fazem a g
117. anhar real valor comunicativo dentro da comunidade surda onde seus sujeitos possuem suas pr prias rela es de identidade que ser concebida por alguns autores como cultura do surdo Portanto esta pesquisa dever problematizar que parte do sucesso do ensino de um grupo religioso no contexto n o formal deve se ao fato do uso de Libras como l ngua primeira do surdo Sem a imposi o da L ngua Portuguesa o grupo considera esta ltima como segunda l ngua a ser aprendida de forma natural durante o processo de socializa o reconhecendo e valorizando em muito a sua forma escrita j que os textos sagrados precisam ser lidos em portugu s De fato o que motiva essa pesquisa pensar nas quest es envolvidas no ensino da L ngua Portuguesa ao aluno surdo pois como p de ser constatado em muitos casos apenas uma parte dos surdos e com um pouco de sorte consegue aprender a l ngua de sinais muitos se tornam iletrados na L ngua de Sinais Brasileira e iletrados no Portugu s QUADROS 2006 Apesar de a hist ria nos mostrar que a ignor ncia e o preconceito sobre o problema da surdez est o sendo combatidos ainda poss vel ouvir relatos ou encontrar pessoas surdas que vivem margem da sociedade ainda que a 7 A palavra Apropria o foi tomada no sentido de a o de aprender o que implica assimilar mentalmente entender e compreender Nesse processo o sujeito ativo e construtor de seu conhecimento
118. antes de continuar a frequentar as reuni es com seus pr prios recursos para o deslocamento at a cidade de Jundia Isto tamb m n o seria dif cil pois o local bem acess vel e as reuni es acontecem no domingo de manh 5 O fato de n o questionar aos entrevistados sobre o material n o direcionou a entrevista para a resposta positiva a uma das hip teses sustentada no decorrer da pesquisa sobre a import ncia dos materiais Por isso os resultados corroboram ainda mais para as conclus es a que se chega ao final do estudo A tentativa de neutralidade da pesquisadora neste sentido foi um elemento importante que desvincula a constru o das identidades do elemento material Ou seja os resultados apontam para uma constru o identit ria mais centrada no discurso face a face que se estabelece na rela o com outro Trata se de uma pedagogia que extrapola os muros da escola e olha para outro Para Skliar 2003 o outro da educa o foi sempre um outro que devia ser anulado apagado ao contr rio o grupo n o est preocupado com a adjetiva o mas em suas estrat gias e respeito lingu stico faz emergir o outro que estava sem voz Esta experi ncia de levar o outro a compreender o mundo que o rodeia e a conhecer outros com as mesmas caracter sticas pode ser ilustrada com as palavras de 195 Larrosa 2010 p 51 que diz tamb m uma bela imagem para algu m que aprende n o algu m que se converte
119. ara uma compreens o dos prov veis impactos em rela o ao uso e difus o da L ngua de Sinais refletindo na cultura e na comunidade surda O que est em jogo n o a defesa de metodologias de ensino ou ainda de tomar o lado daqueles que defendem ora surdos sinalizantes ou surdos oralizados e ainda os 24 implantados pois s o m ltiplos os sujeitos que podemos encontrar N o se trata de adjetiva o de sujeitos surdos O termo adjetiva o segundo o dicion rio online portugu s 2014 refere se ao termo como s f processo atrav s do qual um substantivo passa a exercer a fun o de adjetivo Ainda conforme Ribeiro 2009 p 65 71 O adjetivo pode do ponto de vista gramatical designar um conjunto de propriedades ou seja um tipo de indiv duo e passa assim a ser usado como n cleo do sintagma nominal Desde ponto de vista a refer ncia surdo sinalizante surdo oralizado reduziria o sujeito s caracter sticas mais ou menos adjetivas e de forma vaga Desta forma a identidade surda n o pode ser discutida dentro de categorias restritas e individualizada Pois o que nos parece que ao reduzirmos a discuss o olhando para os tipos de surdos podemos correr o risco de reduzir ou mesmo apagar a quest o das identidades Tais identidades n o podem ser simplesmente tratadas como algo superficial pois a subjetiva o est intimamente relacionada aos discursos que constroem esses sujeitos e lhes apon
120. as simultaneamente no entanto O modelo parece que tamb m n o d conta dessa abordagem uma vez que os alunos n o est o inseridos em classe ouvinte Segundo o documento 2008 p 11 a primeira l ngua da crian a surda aquela que ela adquire com maior facilidade a l ngua portuguesa sempre ser 2 para o aluno ou seja o seu acesso estrutura dessa segunda l ngua que oral n o pleno nem natural pelo que as dificuldades s o percept veis na produ o escrita do aluno Assim o documento expressa a seguinte compreens o sobre a quest o da aquisi o da l ngua concebe como l ngua materna aquela adquirida no seio familiar que para os surdos a l ngua de sinais A l ngua nativa considerada como sendo aquela que identifica o indiv duo a uma cultura A l ngua natural compreendida como aquela aprendida de forma espont nea e finalmente a 2 l ngua como aquela aprendida de maneira mais sistematizada sobre uma l ngua j adquirida e que n o se domina 101 satisfatoriamente Este ltimo ponto explica inclusive porque o surdo n o acessa plenamente a estrutura gramatical do portugu s em seu registro escrito Coelho 2013 chama a aten o para uma l ngua que surge no seio familiar portanto de um processo relacional do surdo com os pais e outras pessoas pr ximas que apesar de ser muitas vezes considerado um gestual caseiro carrega uma carga cultural e sem ntica que tamb m comp em a
121. as destes contextos tamb m foram narrados como pano de fundo para que se pudesse entender em que contextos as identidades surdas s o constru das e de que forma isso acontece A tese mostrou tamb m que o contexto formal e regular atravessou a vida dos surdos sem uma proposta curricular e se pensarmos no curr culo oculto que permeia o espa o escolar formal poss vel perceber que esse serviu apenas de refor o negativo e excludente especialmente para os irm os surdos No entanto a tese mostra que poss vel ao contexto formal da escola lan ar m o de metodologias aproveitando seus recursos dispon veis ainda que poucos de forma a ajudar o surdo a ler o mundo ao mesmo tempo em que lido pelos outros no espa o escolar aprendendo a ser no entremeio das duas l nguas Olhando para o contexto formal de Portugal a tese aponta a necessidade de se pensar em novas formas de estruturar a educa o dos surdos no Brasil Talvez uma op o fosse surdos com int rpretes e apoio no contraturno ou escolas p lo com salas de surdos com professores ouvintes e surdo int rprete aulas de Libras independente do uso ou n o de recursos de reabilita o de audi o e refor o dos conte dos em contraturno e ainda atendimento individualizado para acompanhar cada surdo em trabalho personalizado especialmente com professor surdo em parceria com professor 201 ouvinte e bil ngue Talvez isso resultasse num maior n mero de surdos que a
122. as situa es com outros surdos de Jundia durante o per odo em que recebeu ajuda do grupo Ger nio deve entender que n o sinaliza como os surdos que conheceu no grupo e no Clube dos Surdos pois estes j t m um dom nio maior da L ngua de Sinais por fazerem parte de uma comunidade surda diferentes portanto do seu irm o que tamb m n o fluente em Libras P Como voc se v Surdo Ouvinte Deficiente auditivo G SURDO POUCO PESSOA FALA EU OUVIR sinal incompreens vel APARELHO estava sem o aparelho irm o comentou que ele n o usa n o gosta ao que Ger nio explicou em seguida G N O TER PROFESSORA N O SABER FALAR GRITAR BARULHO n o sabe que sinal usar a pesquisadora deduz que incomoda pois o aparelho amplifica todos os sons ambientes que se juntam frequ ncia da voz humana 161 Outro ponto importante nesta entrevista o fato de Ger nio se assumir como surdo como ser poss vel observar na fala de sua m e que menciona que n o foi sempre assim Com o aparelho Ger nio afirma ouvir um pouco mas quando diz entender n o h como dizer at quanto ele entende pois sendo sua surdez profunda bem poss vel que mesmo com o AASI e sem um acompanhamento junto ao profissional de Fonoaudiologia sua compreens o auditiva deve estar bem comprometida Segundo Ferrari Blasca e Coube 2005 p 96 no caso de perdas como a de Ger nio quando se tem uma perda auditiva neurossensori
123. bre as contribui es destes contextos formal e n o formal na constru o de identidades de sujeitos surdos Para tal foi importante pensar em uma forma de coleta de dados para composi o do corpus que exigiu procedimentos de grava o de entrevistas em v deo bem como registro escrito a partir de question rios semi estruturados como recurso formal de procedimento investigativo o que permitiu maior flexibiliza o na elabora o das entrevistas e contribuiu na an lise das falas dos entrevistados 5 1 Contexto da pesquisa e seus sujeitos Com base na diferencia o proposta no cap tulo 3 para a compreens o do leitor do que chamamos de contexto formal e n o formal este trabalho se desenvolve a partir das entrevistas com m e de dois sujeitos surdos e com eles pr prios que frequentam um contexto formal de ensino ou seja uma escola estadual na cidade de Jarinu Esses est o no 2 e 3 ano do Ensino M dio Estes surdos somente no ano de 2013 passaram a ter o acompanhamento de um interlocutor em sala Esses dois alunos do contexto formal tamb m s o visitados pelos volunt rios h cerca de 3 anos por isso poss vel fazer a problematiza o pela an lise das a es no contexto formal e n o formal expressas nas entrevistas apontando as identidades hoje que parecem emergir desses dois sujeitos Essas vari veis fornecer o dados para a an lise discursiva que se pretende Outro sujeito da pesquisa uma aluna surda no
124. ca o de qualidade e constru o da cidadania No entanto segundo o autor a educa o formal tem suas limita es pois enquanto a escola tem um trabalho educacional preso a um espa o e tempo e preocupa se com conte dos n o consegue responder aos conflitos dentro do espa o escolar A educa o n o formal segundo Gahnem 2008 p 68 tem como caracter stica principal a possibilidade de organizar se de acordo com as demandas da sociedade ou seja 54 diversificados s o os m todos procedimentos e institui es da educa o n o formal sistemas individualizados e coletivos presenciais e a dist ncia uso de tecnologias sofisticadas e artesanais ou rudimentares programa o detalhada ou de defini o muito gen rica A mesma diversidade caracteriza seus objetivos abrangendo todo tipo de objetivo cognoscitivo afetivo ou psicomotor os tr s famosos tipos da taxonomia de Bloom 1956 Assim a educa o n o formal consegue satisfazer muitas lacunas deixadas pela educa o formal em fun o do seu grande potencial de alcance gra as sua liberdade e mobilidades para gerir suas pr ticas pedag gicas Na perspectiva de Gahnem 2008 o trabalho com os surdos no contexto n o formal justamente o de dar conta de uma lacuna comunicativa que n o tem sido suprida pela escola formal no Brasil J para Gohn 1998 a Educa o est associada ao conceito de cultura sendo esta ltima por sua vez constru d
125. ca geografia hist ria e outros conte dos curriculares foram aos poucos sendo incorporadas s aulas Branca de Neve foi lida de diversas formas com exerc cios escritos de interpreta o O desenvolvimento de diferentes atividades com o objetivo de trabalhar conte dos e informa es fazia com que o progresso da aluna se fizesse manifesto 137 Quando n o entendia alguma palavra Flor perguntava o sinal isto mostrava que ela j percebia a LS como apoio sua compreens o Depois de alguns testes foi poss vel perceber que a aluna encontrava se no est gio logogr fico tinha boa compreens o dos significados e escrita de nome de objetos em geral conseguia perceber quando a grafia estava incorreta conforme Capovilla 2005 proceder apropriado para seu est gio de alfabetiza o Flor j passara do sil bico com valor sonoro e lia um grande n mero de palavras de diferentes combina es fon ticas Apesar das dificuldades quando em d vida na escrita conseguia superar atrav s da transposi o da datilologia feita no espa o para o papel o que segundo Quadros amp Schmiedt 2006 representa que a aluna por fazer essa transposi o estava alfabetizada pois decodifica o c digo escrito do portugu s Neste momento curr culo deixa de ser compreendido como organiza o de conhecimento dentro de uma institui o a escola para tentar ser um lugar de organiza o de conhecimentos vitais ou melhor sociais e integ
126. ca de aparelhos para os meninos por isso a fala da m e em dizer da possibilidade do implante coclear Entretanto apesar da m e entender que este seria rem dio para todos os males de seus filhos desconhece o longo processo de reabilita o envolvido no tratamento Infelizmente os discursos da m dia na televis o e nas redes sociais mascaram o longo processo que envolve principalmente a colabora o dos familiares Al m disso quanto mais velho o surdo menos resultados podem ser obtidos na percep o da fala e na aquisi o da linguagem P Se eles fizerem o implante voc v algum problema em eles continuarem a usar os sinais A Comigo n o tem problema P N o teria preconceito A N o teria preconceito n o Eu n o tenho preconceito pra essas coisas Porque se eles fala e a pessoa n o entender eles usava os sinais Porque tem gente que finge que n o entende meus filho mais entendi porque eu presto muita aten o Neste caso a m e n o v problemas no uso dos sinais porque sua fala deixa escapar que os filhos com o implante n o seriam mais surdos assim o uso dos sinais seriam apenas um apoio e n o a marca principal de um corpo sem audi o e sem voz P E se seus filhos dissessem que n o aceitam implante e que n o querem aparelho voc aceitaria tamb m A N O Nunca que eu ia aceitar nuncA De tudo o que a m e disse at o momento parece ser o dizer de uma m e que passa a defini
127. can ar os objetivos do trabalho expostos acima inclu da sua publica o na literatura cient fica especializada 7 Poderei contatar o Comit de tica em Pesquisa da Universidade S o Francisco para apresentar recursos ou reclama es em rela o pesquisa pelo telefone 11 24548981 8 Poderei entrar em contato com o respons vel pelo estudo Ruth Maria Rodrigues Gar sempre que julgar necess rio pelo telefone 11 4016 5957 ou 11 99764 1403 9 Este Termo de Consentimento feito em duas vias sendo que um permanecer em meu poder e outra com o pesquisador respons vel Local data Assinatura do respons vel legal 217 ANEXO D TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO 1 via EDUCA O FORMAL X EDUCA O NAO FORMAL LETRAMENHTO CURRICULO UMA ANALISE DISCURSIVA DA IDENTIDADE SURDA Eu RG abaixo assinado dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como volunt rio do projeto de pesquisa supra citado sob a responsabilidade do s pesquisador es Ruth Maria Rodrigues Gar e de M rcia Aparecida Amador M scia do curso de P s Gradua o Doutorado em Educa o da Universidade S o Francisco Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que 1 O Objetivo da pesquisa verificar as identidades emergentes de pessoas surdas em contextos de educa o formal e n o formal 2 Durante o estudo ser o feitas entrevistas question rios e grava es que ser o utilizadas como fon
128. ce a condu o das perguntas nunca neutra e pode direcionar as respostas trata se de um processo que pode ser ou n o inconscientemente e o entrevistado pode se deixar levar pelos la os afetivos de amizade ou de simples contato no contexto escolar Por responder ao question rio sozinha a m e pode de certa forma refletir ou n o sobre o que lhe foi perguntado A partir das respostas da m e no question rio sabemos que como qualquer m e ouvinte a mesma preocupou se com a vida da crian a na escola A m e n o recebeu nenhuma orienta o quanto a isso Quando conseguiu atendimento em uma institui o especializada a primeira coisa que a crian a precisou fazer foi tentar falar como ouvinte Atualmente a m e diz saber um pouco de sinais e em casa a filha fala e usa sinais no entanto n o conseguimos identificar pelo question rio que tipo de sinais s o estes Seriam sinais caseiros denominados pela m e como a LSB Pelo conv vio da pesquisadora com aluna foi poss vel identificar que ningu m em sua casa exceto a m e que declara saber um pouco nenhum familiar sabe a L ngua de Sinais A pesquisadora 3 O Amor perfeito s mbolo da glorifica o do trabalho Na mitologia grega dedicada a Atena Minerva deusa da estrat gia militar da sabedoria e das artes O Amor perfeito est associado ao amor de m e Para o Dia das M es a mensagem simb lica de um amor que n o se acaba infinito http www significados
129. cionado pelas condi es de produ o social Segundo Hall 1997 apud WOODWARD 2013 atualmente as mudan as na modernidade apontam para um sujeito multifacetado fragmentado culturalmente por conta da globaliza o que produz um distanciamento das culturas nacionais sendo que tal cen rio corrobora para a desintegra o das identidades no sentido de afastar o sujeito de uma intera o cultural A tecnologia tamb m isola o sujeito que n o v na coletividade de uma rede social por exemplo o individualismo a que se submete que em outras palavras faz parte da l gica dessa modernidade l quida Colonizado refere se a colonizar pelas id ias aqui tomada no sentido de assimila o de elementos de outra l ngua o implica transfer ncia de valores e significados SAVIANI 2008 39 Pode se dizer a partir da perspectiva te rica dos autores citados anteriormente que a identidade se constr i a partir da diferen a com o s outro s pela linguagem e pelos sistemas simb licos que dependem das posi es de seus interlocutores num espa o social historicamente constru do Assim um sujeito o que o outro n o A identidade simb lica e social e se marca pela diferen a seja ela pol tica cultural religiosa f sica e corporal ou ainda por antecedentes hist ricos como no caso de grupos como os negros no Brasil cujo grupo tem sua identidade marcada por um passado social e hist rico que ao gerar tens es com os n
130. cobri que n o era bem assim Naquele curso tive meus 2 DM referia se D bil Mental hoje nomeadamente Deficiente Mental 28 primeiros contatos com as leituras de Foucault a Hist ria da Sexualidade I e II e Vigiar e Punir s depois de muito tempo para falar bem a verdade especialmente agora que me dei conta de que as aulas de Filosofia que n o eram poucas tinham a inten o de ao mesmo tempo em que nos conscientizava do jogo do poder nos instruir a fazer parte do jogo Afinal como produzir publicidade e propaganda sem conhecer as regras de domina o e poder levando as pessoas ao consumo desejado no mundo p s moderno e capitalista Ao final do curso n o quis seguir na carreira de publicit ria Eu queria ser professora Em 1981 a ONU proclamou atrav s da Res 31 123 o Ano Internacional das Pessoas Deficientes International Year for Disabled Person quando ent o a quest o passou a receber mais aten o dos pa ses At 1985 trabalhei no setor administrativo exercitando meus conhecimentos cont beis no ramo de a o Ainda nesse ano veio o t rmino da gradua o o casamento e na segu ncia os filhos foi o per odo do meu cio intelectual dedicada vida dom stica Os cursos que fazia eram sempre com o objetivo de ajudar no or amento como decora es de festas bolos chocolates artesanato etc sempre tive um esp rito empreendedor mas o desejo de continuar os estudos na dire o da pesquisa em Ed
131. cola voc consegue entender tudo o que professor fala G L PROFESSOR FALA EU SABER N O D VIDA ELO BRAVO FALAR PARA FORA IR 2 DIF CIL a express o do jovem de quem se sente punido sem ter culpa de nada Este enunciado revela a necessidade de levar mais informa es aos professores nas escolas respeito dos surdos Como muitos dos relatos surdos j publicados por pesquisadores da rea apontam para este fato conformando se em um dos fatores que dificultam a vida desses alunos na escola Tais atitudes refor am o estigma de que os surdos s o indisciplinados e pregui osos e que n o fazem nada na sala Imerso num ambiente ouvinte o surdo fica perdido e por mais esfor o que fa a para tentar compreender n o consegue O professor por sua vez repele o aluno e manda para fora da sala e sua atitude pode dizer v rias coisas como n o problema meu n o aceito a inclus o n o sei como ensinar a um surdo O professor tamb m pode repelir o aluno pelo fato de sentir se impossibilitado de lidar com a situa o Assim o professor acha mais f cil eliminar o problema colocando o surdo para fora Al m do que acaba por refor ar perante a sala a representa o de algu m que tem autoridade para definir quem pode ou n o pode ficar no recinto bem como as regras que permeiam o espa o da sala de aula que s o na verdade um jogo simb lico pr prio das rela es de poder saber entre professor e aluno 160 O aluno em
132. com br flor amor perfeito Acesso em 27 de outubro de 2014 185 teve oportunidade de conhecer dois dos tr s irm os de Flor e constatou que nenhum sabe utilizar a LS e esperam que Flor fale como ouvinte Para comunicar se com ela procuram falar olhando para ela e ap iam em gestual caseiro e m mica A nica ajuda que a m e diz ter recebido fora da escola foi da ATEAL uma institui o de est mulo auditivo e a fala na cidade de Jundia Para a m e o que faltou para a crian a foi o atendimento e acompanhamento com int rprete desde a primeira s rie A m e que foi orientada a estimular a fala de Flor v a filha como surda e como deficiente auditivo Embora a pesquisadora tenha conhecido a m e no in cio do ano letivo de 2012 e esta tenha manifestado o desejo de que a filha n o utilizasse a Libras e que fosse alfabetizada como ouvinte por ocasi o da pesquisa e depois de ver sua filha usando a Libras e compreendendo melhor o Portugu s a m e por fim declarou que seu desejo ver sua filha comunicar se da maneira que ela venha a sentir se melhor seja em sinais ou falando ou mesmo as duas coisas Esse deslocamento no modo de conceber a comunica o da filha ainda mostra o quanto m e entende a forma de express o da crian a apenas como uma quest o de comunica o Conforme D a m e Desejo ver minha filha se comunicar da maneira que ela se sentir melhor seja ela por sinais ou falando ou os dois A singula
133. conforme 2 LS L ngua de Sinais 2 LP L ngua Portuguesa 22 sujeitos surdos nos dois contextos analisados um n o formal do grupo de volunt rios e nos contextos formais da escola p blica de inclus o e sala de ap io no contraturno Ao defender a ideia de que poss vel que esse modelo de educa o n o formal traga contribui es para o modelo formal recorreremos a um arcabou o te rico que traz para o centro das discuss es um confronto entre o modelo n o formal e as pr ticas atuais de educa o aos surdos em especial no que tange ao ensino do portugu s Ao se tentar fazer emergir as identidades que se formam a partir destas modalidades de educa o de surdos e deficientes auditivos delineiam se os objetivos espec ficos a saber 1 Levantar as pr ticas de letramento voltadas para os surdos em um contexto de educa o n o formal 2 luz de pr ticas de educa o n o formal problematizar duas pr ticas de letramento de educa o formal uma na sala regular e outra no contraturno de escolas inclusivas 3 Discutir o curr culo praticado nas tr s pr ticas levantadas 4 Levantar as representa es discursivas nas falas de m es e alunos surdos da educa o formal e da n o formal por meio da an lise das entrevistas 5 Mostrar como essas representa es e pr ticas de educa o apontam para a des constru o da identidade surda Para que tais objetivos pudessem ser alcan ados
134. contexto formal com apoio no contraturno depois de ter sido reprovada ao final do ciclo II do ensino fundamental O trabalho com a aluna realizado por professor bil ngiie contava com apenas 9 horas por semana Esta aluna foi entrevistada em 2012 e sua fala tamb m ajudar na composi o 116 do quadro de sujeitos da pesquisa Essa aluna n o tem contato com o grupo de volunt rios atualmente conta apenas com a ajuda de interlocutor em sala de aula em escola regular estadual na cidade de Jarinu A m e da crian a expressa suas expectativas atrav s do question rio pois pela falta de oportunidade n o foi poss vel fazer a entrevista com ela por meio de v deo Uma surda da EJA ou seja do contexto formal tamb m d sua contribui o Hoje afastada da sala de aula por falta de int rprete j que esse suporte n o fornecido pela rede municipal da cidade a surda conta apenas com o trabalho dos volunt rios A m e da jovem senhora d um depoimento em v deo de onde tentaremos fazer a interpreta o discursiva de suas ansiedades e expectativas em rela o filha Assim pretende se apresentar as entrevistas e interpreta es discursivas de 4 surdos sendo que 2 deles transitam pelos dois contextos de ensino e 3 m es Surdos Nomes Idade M es Contexto formal Contexto n o formal 2 Girassol e 19e 18 A ucena Ger nio 1 Flor 12 Amor perfeito 1 Beg nia 33 Lavanda A justificativa de
135. contexto ouvinte geraria um problema de comunica o por n o compartilhar da l ngua oral por isso devem ser ensinados e estar com seus pares O documento tamb m assinala a possibilidade de deslocar um docente de LGP para o domic lio da crian a para estimular a comunica o em fam lia desde que estas aceitem importante destacar que o documento chama a aten o para a avalia o que deve ser feita com registro em v deo O aluno tamb m deve ser capaz de se filmar e a outros em situa o comunicativa para sua pr pria corre o lingu stica e autoavalia o importante salientar que a escola de refer ncia disponibiliza condi es para tais registros no entanto tamb m preciso ressaltar que as mesmas condi es est o presentes em toda a escola visitada o que n o retrata com certeza que essa seja a realidade de todas as escolas do pa s O Curr culo de LGP salienta a necessidade de salas bem iluminadas mesas em meia lua para que todos tenham os colegas em seu campo visual As salas n o devem ter ru dos e polui o visual O curr culo prop e ensino por adultos surdos nativos de LGP LGP Comunidade Surda e Cultura Intera o em LGP Professor Formador LGP Literacia em LGP Estudo da L ngua 107 Assim o curr culo elaborado para o ensino de L ngua Portuguesa como segunda l ngua traz em seu bojo um conjunto de propostas para o ensino do surdo de forma a lev lo ao dom nio lingu s
136. cursos outros ecos Podemos retomar as quest es de polifonia conforme Bakhtin 2006 que prop e que o texto enquanto enunciado fruto de v rias vozes A An lise do Discurso n o limitada n o trabalha com a l ngua enquanto sistema abstrato n o desconsidera a hist ria e n o pretende interpretar um discurso como nico real ou verdadeiro pois para a AD os sentidos s o produzidos pelo sujeito que interpreta em fun o da sua forma o social hist rica e cultural O que AD tem em rela o Identidade Tudo Pois dentro das esferas de comunica o existe um corpo social formado por especialistas a quem dado o poder e o controle de interpretar de acordo com sua vontade Ou seja a interpreta o interpretada por exemplo com rela o transposi o did tica de determinado conhecimento pelo professor cabe a ele eleger o que deve ser dito ensinado ou n o aos seus alunos De sua interpreta o e exposi o do conte do que os alunos aprender o ou n o algo que importante ou n o conforme nossa interpreta o At interpretar imagin rio pois ao nos constituirmos como sujeitos que interpretam os modos de interpretar que outros nos indicaram produzem se estas e n o aquelas interpreta es para a AD n o h in cio e nem fim Portanto interpretar as identidades emergentes dentro dos contextos de ensino propostos n o tarefa f cil pois se trata conforme a AD de mera interpreta o qu
137. cuss es a necessidade de parcerias entre a escola e os contextos n o formais de educa o de surdos representados por associa es de surdos e por grupos da sociedade civil que se organizam em prol da causa surda Tudo com objetivo de promover a es pol ticas capazes de direcionar a educa o dos surdos para um modelo mais adequado s suas necessidades Muitas pesquisas t m discutido a necessidade de um trabalho diferenciado com os surdos com curr culos adaptados e professores bil ngues o exemplo do contexto n o formal refor a a tese de que esta forma de atendimento individualizada produtiva e n o excludente desde que devidamente planejada e em parceria com a comunidade surda O diferente necessariamente fazer diferente A redund ncia necess ria Pois ao problematizar a educa o bil ngue para surdos muitas outras quest es surgem especialmente quando pensamos na l ngua de sinais em contexto ouvinte N o se deseja que o surdo sinta se exclu do na sala de aula Mas que se sinta igual quanto s oportunidades de acesso aos bens culturais da humanidade para que possa ao final da escolariza o n o ser apenas adjetivado como este ou aquele 202 Que este trabalho sirva para intensificar as discuss es em torno de metodologias de ensino que propiciem ao aluno surdo a isonomia ou melhor mesmas oportunidades de acesso em rela o aos bens culturais da comunidade lingu stica e dominante Pois ao que parece
138. dade o curr culo encaminha o sujeito surdo para o dom nio da escrita da l ngua oral No contexto brasileiro a L ngua de Sinais tamb m tomada como instrumento para que o aluno surdo tenha compet ncia lingu stica na l ngua portuguesa em seu registro escrito Entretanto se pelo menos a l ngua de sinais fosse tratada com status de l ngua e fizesse parte do curr culo do surdo como no contexto portugu s o surdo teria alternativas lingu sticas que o ajudariam a contrastar as duas l nguas oral no registro escrito e a l ngua de sinais No momento no Brasil temos surdos sem compet ncia lingu stica em Libras e em portugu s mancando entre duas l nguas segue com textos que s o comparados ao de um analfabeto estigmatizados na escola e tomados como deficientes no seio familiar Nos dois contextos brasileiro e portugu s o surdo se v diante do desafio de dominar o c digo escrito da l ngua oral ou seja o surdo se v marcado por uma escrita que n o corresponde ao padr o da l ngua dominante A escrita neste caso marca a surdez Embora o documento expresse que a compet ncia lingu stica em LGP necess ria a todos os profissionais da escola a realidade observada no contexto portugu s n o bem esta Ou seja compreende se que para uma escola ser bil ngue de fato s o necess rios mais investimentos das pol ticas p blicas portuguesas para que o aluno surdo conviva entre ouvintes sendo a l ngua oral e gestual parte d
139. dades poss vel ousar dizer que a identidade presente em Ger nio emerge como surda pois ele d pistas em suas respostas que os n o ouvintes que n o sabem comunicar se com ele A conviv ncia com os surdos no grupo de volunt rios e o contato com outros surdos em outras ocasi es tamb m podem ter contribu do para a constru o de uma identidade surda Ao inv s de serem tratados da mesma forma que os ouvintes desconsiderando a surdez ou como deficientes os volunt rios colocaram ao alcance dos irm os o jeito surdo de uma comunidade lingu stica que embora minorit ria capaz de articular se dentro do mundo dos n o surdos ouvintes e falantes O pr ximo sujeito contribuir para a compreens o da constru o de identidades e de como estas est o em constante movimento o que para muitos pesquisadores indica que podem ser consideradas multifacetadas justamente pela rela o de poder ouvintista que refor a o estere tipo do sujeito surdo como deficiente Perlin 2013 p 55 entende que Nunca a representa o estereotipada vai dar lugar representa o da identidade surda um lugar social O estere tipo sobre o surdo jamais acolhe o ser surdo pois o imobiliza em uma representa o contradit ria em uma representa o que n o conduz a uma pol tica de identidade Esta pode ser a explica o para a identidade surda incompleta de Ger nio limitado pela l ngua mas ciente de que existe outro universo no qual consegue
140. das se n o aprenderem a falar o que exige portanto o ouvir Por isso os profissionais n o s o responsabilizados por aquilo que recomendam HOFFMEINSTER 2009 p 116 cabe aos pais assumir o peso da culpa neste caso A ucena confirma esse comportamento P O que voc deseja para seus filhos no futuro foram dadas as op es do question rio A Por eles se for pra eles faz o implante do aparelho eu assino O implante coclear tem gerado muitas pol micas afinal seria correta a oposi o s interven es m dicas por conta da compreens o da identidade surda como constru o cultural negligenciar os avan os tecnol gicos e os benef cios dos quais os surdos poderiam usufruir Segundo Nunes 2012 p 149 o implante coclear um m todo de tratamento estabelecido em adultos surdo p s locut rios ou em crian as com potencial para reabilita o auditiva A m e entende que o implante pode ser a solu o de todos os problemas dos filhos que se resumem em poder ouvir outra vez P Voc j sabe se eles podem fazer eles t m retorno auditivo com esse tipo de aparelho s um deles A Os dois eles dois pode faz J me falaram 178 Depois que os meninos foram para a escola Z o envolvimento dos professores e da diretora da poca e outras a es inclusive de membros do grupo de volunt rios conduziram a m e ao atendimento dos meninos pelo SUS Sistema nico de Sa de em bus
141. de objetiva o e subjetiva o em nossa sociedade fazem do homem um indiv duo preso a uma identidade que lhe atribu da Se as teorias conforme Foucault servem para buscarmos outras verdades ent o olhar de perto para esses sujeitos que emergem nesses contextos poder nos motivar a fazer um deslocamento pois que vantagem h de se discutir a identidade do sujeito surdo se n o discutirmos as formas de subjetiva o que o comp e entendendo o processo e n o apenas olhando para o sujeito como se este fosse um produto acabado Desta forma a educa o do surdo como est posta por conta do discurso da inclus o sem o devido cuidado com quest es pol micas como a forma o de int rpretes as quest es curriculares e materiais adequados al m do di logo com a comunidade surda pode contribuir para a falta de oportunidades social da pessoa surda ao final da escolariza o Importante salientar que ao utilizarmos os estudos foucaultianos n o queremos tomar as rela es de poder que atravessam as quest es de forma o do sujeito por 48 Foucault como forma de desqualificar a escola Espera se entretanto contribuir para que a forma o de sujeitos surdos seja suficiente para constitu lo como sujeito cr tico e consciente de seu papel na sociedade pelo acesso comunidade oral dominante falante de L ngua Portuguesa Este cap tulo dever ser retomado na escrita final do trabalho pois se acredita que ao longo das an
142. de ser decodificado pelo c rtex cerebral O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de Amplifica o Sonora Individual AASD O AASI amplifica o som e o implante coclear fornece impulsos el tricos para estimula o das fibras neurais remanescentes em diferentes regi es da c clea possibilitando ao usu rio a capacidade de perceber o som Atualmente existem no mundo mais de 60 000 usu rios de implante coclear http www implantecoclear com br acesso em 16 07 2012 132 Ao conhecer a aluna procurou se fazer um diagn stico para saber qual o seu n vel de conhecimento sobre a L ngua Portuguesa j que o relat rio trazia que a aluna passava por um trabalho psicopedag gico envolvendo a leitura e escrita com apoio visual Foi poss vel constatar que a aluna exposta diretamente leitura e escrita da L ngua Portuguesa encontrava se analogamente no caso de alunos ouvintes no n vel sil bico alfab tico com valor sonoro A explica o para este est gio de aquisi o da l ngua portuguesa deve se ao fato de a aluna ter sido submetida ao ensino de uma l ngua oral em ambiente de falantes e ouvintes com metodologia para ouvintes ou seja baseadas no m todo f nico Assim pode se no decorrer dos primeiros atendimentos constatar que a aluna foi levada a um tratamento inclusivo na proposta mas excludente de acordo com suas necessidades ou seja olharam para a diferen a tentando ensin la no padr o de normalidade
143. dia ao ver minha agenda quis conhecer melhor assim folheando a a aluna Flor indicou outro calend rio como pr prio das agendas nas primeiras p ginas Aproveitei e iniciei o trabalho com a alfabetiza o em sinais dos dias meses anos etc ao mesmo tempo em que se utilizou um conhecimento da aluna desenvolveu se o aprendizado de uma s rie de outros sinais em Libras com o objetivo de ampliar seu vocabul rio em Libras e em portugu s No trabalho com a agenda poss vel trabalhar com uma variedade de sinais por exemplo das esta es do ano das datas comemorativas anivers rios dos familiares etc al m de mostrar aluna que poss vel escrever em portugu s anota es importantes do dia a dia evidenciando a import ncia do uso social do registro escrito da l ngua oral dominante Compreendendo alfabetiza o como o processo de decodifica o do c digo da l ngua portuguesa 68 Material da editora Arara Azul parte de nosso acervo pessoal de materiais para o trabalho com a alfabetiza o de alunos surdos 135 z O surdo constantemente alfabetizado durante o percurso escolar e precisa passar por diversas fases at o letramento conforme as concep es de Magda Soares 2006 e Quadros amp Cruz 2011 Na aula seguinte depois de conhecer o funcionamento e o objetivo da agenda a aluna trouxe seu di rio para mostrar isso assinalou que entendeu o que uma agenda aproveitei e expliquei a diferen
144. do A pergunta que surge Por que n o se pensar em Livros did ticos Digitais para o aluno com Defici ncia Auditiva Quem seriam esses professores virtuais Surdos ou ouvintes Temos professores capacitados para tal produ o Um material desse porte n o colocaria o aluno surdo em contato com o curr culo aplicado aos colegas ouvintes N o seria o custo do material muito menor do que os programas in teis de recupera o na escola Se de fato o professor int rprete fosse uma realidade em sala de aula o aluno surdo n o teria se n o as mesmas oportunidades pelo menos mais oportunidades de aprender de fato N o deveriam as Pol ticas P blicas pensar em materiais que de fato inclu ssem os alunos surdos especialmente para o ensino de 6 ao 9 ano e ensino m dio visto que hoje existem muitos materiais por m mais centrados nas s ries iniciais 18 At este momento um grande movimento no sentido de preparar profissionais com conhecimento de Libras tem tomado lugar nas propostas da rede estadual do Estado de S o Paulo fala se em int rprete em sala de aula mas quando Al m disso sabemos que as quest es relativas ao trabalho do int rprete tamb m merecem uma discuss o Seria o int rprete a solu o de todos os problemas Se hoje discutimos a pr pria forma o do professor quem ser esse int rprete Quem oferece forma o para os int rpretes que forma o tem Parece que vivemos um momento em que ensinar Libras aos
145. do sendo a L ngua de Sinais sua primeira l ngua 2 Beg nia ficou em escola especial de surdos at os 7 anos de idade a partir desta idade passou a frequentar a escola regular e a fazer treino de fala Sua identifica o primeira portanto com os surdos Sua experi ncia espa o visual em um ambiente lingu stico que lhe possibilitou a significa o do portugu s na forma escrita 3 Dos 7 aos 30 anos passou a comunicar se atrav s da fala deixando de sinalizar Este um evento que muda a identidade que pode passar de surda ouvinte e ou deficiente auditivo P O que a senhora acha que precisa melhorar na escola 184 L A ESCOLA PRECISA MELHORAR O ESTUDO DOS PROFESSORES ELES PRECISAM ESTUDAR E SE ENVOLVER MAIS COM OS ALUNOS SURDOS PRA ENTENDER ELES MELHOR Esta m e aponta o que muitas pesquisas v m mostrando a respeito da forma o continua dos professores e da necessidade que os mesmo conhe am as quest es envolvidas nas formas de ensino aprendizagem de crian as surdas N o se trata apenas de aprender L ngua de Sinais mas de mobilizar um conhecimento maior sobre a experi ncia visual do surdo valores da l ngua e dificuldades para o aprendizado da l ngua oral 6 6 Amor perfeito a flor delicada m e de Flor onde tudo come ou A m e de Flor preferiu responder ao question rio em sua casa Neste caso n o houve intera o direta com o entrevistador pois no modelo de entrevista face a fa
146. do de l ngua de contacto o nome dado a qualquer l ngua que criada normalmente de forma espont nea de uma mistura de outras l nguas e serve de meio de comunica o entre os falantes de idiomas diferentes Os pidgin t m normalmente gram ticas rudimentares e um vocabul rio restrito servindo como l nguas de contacto auxiliares S o improvisadas e n o s o aprendidas de forma nativa Dispon vel em http pt wikipedia org wiki Pidgin acesso em 10 11 2014 158 Ao iniciar a entrevista Ger nio come ou respondendo as quest es feitas em Libras utilizando poucos sinais da Libras enquanto seu irm o respondeu s perguntas com um misto de sinais caseiros Libras e uma emiss o de sons mal articulados que nos fez pensar nos fonemas da l ngua oral Ger nio foi o primeiro a abandonar os estudos dirigidos da l ngua de sinais com os volunt rios por isso existia a hip tese de que seu conhecimento da l ngua fosse muito menor do que seu irm o Entretanto foi com surpresa que ao rever a entrevista para a formula o desta an lise pode se observar que em fun o talvez da aus ncia de oraliza o o jovem utilizou um n mero muito maior de sinais nas respostas que deu produzindo um rico depoimento em termos de utiliza o da l ngua de sinais Na verdade esse fato tamb m leva a crer que Ger nio n o usava sempre a Libras porque seu irm o e nico modelo lingu stico mais pr ximo prefere mais falar a sinalizar bem como
147. do grupo dos negros A quest o da diferen a dentro da diversidade aparece na fala de A ucena que reflete como a diferen a tem sido entendida pela sociedade ou seja como defici ncia O discurso pelo respeito diversidade na verdade s camufla o preconceito presente na escola Segundo Skliar 2005 pensar a educa o do surdo exige um questionamento acerca de posicionamentos bin rios como a representa o presente nas a es dos gestores citados por A ucena Ger nio e Girassol que eram vistos neste caso como surdos negros A viol ncia simb lica a que foram submetidos na escola traduz um falso discurso educacional que proclama que a escola est aberta ao diferente mas n o entende a diferen a como m ltiplos sujeitos A escola refor a e legitima a posi o de inferioridade dos sujeitos da inclus o mascarando as rela es de poder e governamentalidade P Quando voc olha para eles o que eles s o pra voc Deficientes auditivo surdos ou ouvintes A Eles s o deficientes auditiVO P E como voc definiria isso ser deficiente auditivo A Eu j fiz esse teste aqui em casa P ruim heim aceno de cabe a afirmativo P Por qu A ruim de mais pruma pessoa que A come a a chorar que n o consegue falar Eu fiz o teste aqui em casa a intensidade das l grimas aumenta principalmente mais ele aponta para Ger nio Pessoa chama voc n o escuta voc n o c
148. doado Funda o S o Paulo e incorporado a PUC SP hoje se define atuando em tr s eixos atendimento cl nico forma o educacional e pesquisa e torna se um centro de refer ncia em seus campos de atua o 34 anos tamb m conhecer o contexto excludente no qual os surdos v m sendo expostos nos ltimos anos Em 2011 exonerei meu cargo no estado para me dedicar mais pesquisa e ao trabalho com os surdos concomitante ingressei num curso de P s Gradua o em Libras passei a dar aulas em cursos de P s Gradua o em Libras e portanto estreitando meus la os com surdos de muitas cidades Na Universidade S o Francisco tamb m atuo como respons vel pelo apoio pedag gico de alunos surdos selecionando e acompanhando de perto o trabalho dos int rpretes al m de oferecer cursos orienta es aos professores e proferir palestras sobre as quest es pertinentes surdez como integrante do NAP N cleo de Atendimento Psicopedag gico e apoio ao estudante com necessidades educacionais especiais criado em 2012 para atender todos os campi Esta tese o resultado de muitos encontros felizes com os surdos por isso apesar de n o ter conseguido ajudar mais o aluno E devo a ele o encontro de uma tem tica t o importante N o gostaria que este fosse apenas mais um trabalho de pesquisa mas espero chegar ao seu final acenando com algumas sugest es de como podemos olhar para um contexto n o formal de ensino e extrair o que nele
149. dos e modalidades de aprendizagem que respeitem estas singularidades 99 O Programa Curricular de L ngua Gestual Portuguesa doravante mencionado apenas por PCLGP defende a igualdade de oportunidades no acesso educa o considerando que por direito o surdo deve ser ensinado em L ngua Gestual Portuguesa LGP como sua primeira l ngua com o objetivo de construir sua identidade pr pria Conforme PCLGP 2008 p 5 Em 1954 na Confer ncia Geral da Organiza o das Na es Unidas uma das Resolu es afirma que a l ngua materna natural constitui a forma ideal para ensinar uma crian a Obrigar um grupo a utilizar uma l ngua diferente da sua contribui para que esse grupo v tima de uma proibi o se segregue cada vez mais da vida nacional sic poss vel verificar que a interpreta o para a inclus o do aluno surdo no contexto portugu s parte da leitura do citado acima ou seja a compreens o de que a L ngua Gestual se constitui a l ngua materna natural do sujeito surdo neste pa s Diferente do contexto brasileiro que em fun o da falta de um programa curricular nacional para educa o dos surdos que firme base para uma educa o de qualidade oscila entre discuss es que adjetivam o surdo como oralizado ou sinalizante sem oferecer uma estrutura adequada de educa o na perspectiva inclusiva e sem oportunizar ao professor surdo o lugar que lhe devido Ou seja o status de professor na educa o
150. dos no site do MEC por exemplo sem tirar o m rito e sim destacar a qualidade e a import ncia do trabalho de alguns linguistas e educadores Encontrei trabalhos importantes entre eles destaco o de Ronice Muller de Quadros e Magali L P Schmidt 2006 que trazem em seu livro Ideias para ensinar 15 Para entender o processo de aquisi o da escrita do surdo n o basta saber sinais b sicos demanda dedica o profici ncia da l ngua e outros conhecimentos sobre aquisi o de l nguas e as singularidades surdas Al m disso surdos e ouvintes tem experi ncias diferentes um o primeiro visual e o segundo auditivo visual por isso o trabalho com os surdos carece de informa es que v o al m das categorias gramaticais da Libras 19 portugu s em sala de aula quest es te ricas muito relevantes como o conceito de L ngua e Linguagem Letramento e Bilinguismo As autoras buscam ajudar na compreens o das dificuldades de aprendizagem do aluno surdo defendendo o bilinguismo Essas estudiosas tratam das etapas de aprendizagem de Libras e da l ngua portuguesa apontando as similaridades no desenvolvimento da l ngua de sinais nos surdos em rela o aos ouvintes Na parte final s o dadas sugest es de como fazer um trabalho de alfabetiza o do aluno surdo nas s ries iniciais por meio de atividades l dicas e facilitadoras do aprendizado na educa o infantil e nas s ries iniciais importante destacar que at a presente dat
151. e apesar de desejarmos que se constitua em uma verdade ainda precisam ser analisadas a 50 partir de outras tipologias de an lise Pois conforme Orlandi 2009 p 59 A An lise do Discurso n o procura o sentido verdadeiro mas o real do sentido em sua materialidade lingu stica e hist rica A ideologia n o se aprende e o inconsciente n o se controla com o saber O que a pesquisa tentar apreender a partir da interpreta o das vozes das m es e dos surdos s o mais do que suas identidades quais s o seus desejos e ang stias diante do contexto da pessoa surda Assim a AD enquanto ferramenta pode nos ajudar a entender como a linguagem se relaciona com a exterioridade possibilitando evidenciar nestas falas o que desejado mas que produzido por uma ideologia e se materializa nos enunciados Segundo Orlandi 2006 p 52 A condi o da linguagem a incompletude Nem sujeitos nem sentidos est o completos j feitos constitu dos definitivamente Isto nos faz pensar na condi o do sujeito surdo pois estas proposi es da autora s o feitas a partir de um sujeito que domina uma l ngua Qu o incompletos podem estar sendo formados nossos surdos se muitas formas de confronto da linguagem se perdem entre o abismo do n o dom nio da l ngua de sinais e do portugu s enquanto l nguas de acesso aos bens culturais sociais e hist ricos Portanto linguagem e identidade est o intimamente relacio
152. e 6 mil exemplares hoje conhecida como revista Sentinela O trabalho do grupo tinha e tem at hoje como objetivo principal a divulga o dos ensinos b blicos chamados pelo grupo de Boas Novas do Reino de Jeov O trabalho do grupo desde sua cria o tem como foco principal a prega o de casa em casa seguindo segundo eles o expresso por Jesus no Evangelho de Mateus cap tulo 28 nos vers culos 19 e 20 Ide portanto e fazei disc pulos de pessoas de todas as na es batizando as em nome do Pai e do Filho e do Esp rito Santo 20 ensinando as a observar todas as coisas que vos ordenei E eis que estou convosco todos os dias at a termina o do sistema de coisas Assim tentando cumprir o acima citado o grupo tem tentado alcan ar toda a Terra com sua prega o para tanto desenvolveu um programa de ensino atrav s de diversas publica es que s o publicadas e impressas em gr ficas pelo mundo todo Hoje segundo dados em dom nio p blico no portal do grupo www jw org acesso em 13 de julho de 2013 s o Dados Interessantes Mundo e Prega o em 239 pa ses e B blias e publica es b blicas produzidas em 595 idiomas e 111 719 congrega es e 7 538 994 evangelizadores e 19 milh es de pessoas assistem s nossas reuni es ou congressos e 179 milh es de B blias produzidas at agora em 116 idiomas e 20 bilh es de publica es b blicas produzidas nos ltimos dez anos 3 www wipedia org Jw
153. e 7 de abril s o institu das Exclus o ou Inclus o as pr ticas pedag gicas e os crit rios para o trabalho com alunos com defici ncia e ou mobilidade reduzida pareciam confundirem se tornando o aprendizado desses alunos cada vez mais complexo A partir de 1994 com a Declara o de Salamanca que teve origem nos movimentos pelos direitos humanos nas d cadas de 60 e 70 essa confer ncia mundial promovida pela UNESCO tratou de discutir princ pios pol ticas e pr ticas na rea das necessidades educativas especiais Sua repercuss o foi t o significativa que podemos dizer que foi a partir dela que um conjunto de sugest es passou a ser discutido entre elas a necessidade de um novo olhar para as pessoas com necessidades educacionais especiais com orienta es em n vel nacional e em n veis regionais e internacionais Olhando para a legisla o educacional e para o que se refere aos portadores de o AN ez dA defici ncia podemos destacar CONSTITUI O FEDERAL Art 208 O dever do Estado com a educa o ser efetivado mediante a garantia de II atendimento educacional especializado aos portadores de defici ncia preferencialmente na rede regular de ensino LDB LEI DE DIRETRIZES E BASE DA EDUCA O Termo presente nos documentos j abolido no meio educacional substitu do por pessoas com necessidades especiais 92 CAP TULO V Da Educa o Especial Art 58 Entende se por educa o especial pa
154. e investiga o os Estudos Culturais com Surdos Isolados COELHO 2013 p 502 503 96 adjetiva o identit ria Mas a considera o de que no entremeio da pr pria l ngua de sinais que surgem outras marcas lingu sticas que Coelho 2013 chama de marcadores culturais estando estes tamb m relacionados s identidades surdas portanto constru das segundo ela em um n vel relacional Este texto contribui para a compreens o do impacto dessas diferentes identidades constru das nestes diferentes contextos em rela o ao uso difus o e manuten o da L ngua de Sinais Portuguesa e Brasileira e consequentemente a comunidade surda Pois ao identificar se as l nguas n o s o tomadas exclusivamente para o acesso s comunidades surdas e facilita o ao aprendizado das l nguas orais especialmente em seu registro escrito talvez seja poss vel identificar uma preocupa o com os bens culturais das comunidades surdas nestes contextos que s podem ser acessados e compartilhados pelos surdos dentro do seu campo lingu stico Al m disso a observa o do contexto portugu s pode contribuir para constituir se em possibilidades e estrat gias de ensino dos surdos no contexto brasileiro traduzindo se em benef cios para estes alunos a partir das discuss es e apontamentos empreendidos neste trabalho de pesquisa Em contrapartida o trabalho de investiga o empreendido na Universidade do Minho e por conta das discuss es e participa
155. e o letramento Embora a leitura da aluna se d pela fala pois como j salientado ela prefere falar ainda assim mesmo a cada novo texto apresentado insistimos no procedimento de leitura orientada para surdos conforme proposto por Fernandes 2006 No entanto um desconforto em rela o a nossa pr tica emerge pois ao tentar promover um ensino bil ngue nos parece estar caminhando na dire o de perpetuar a l ngua dominante 141 Neste caso em particular como que numa encruzilhada se insistimos na l ngua de sinais lutar amos contra o que a aluna j internalizou a respeito de si mesma e ainda se cria nela o temor em n o corresponder s expectativas da fam lia que espera que ela fale e n o sinalize Se a l ngua de sinais deixada em segundo plano corre se o risco de perpetuar a l ngua oral e dificultar a compreens o do registro escrito Mas medida que a aluna progride na compreens o dos textos que l poss vel dizer que de fato o sujeito discurso e se constitui por ele pois at o presente momento a aluna ainda n o capaz de produzir textos sem aux lio Por isso enquanto sujeito discursivo Flor ainda precisa compreender as diferen as estruturais entre as duas l nguas compreendendo que ler mais do que saber falar o que est grafado no papel mas extrair sua significa o A constru o sobre a l ngua oral no registro escrito n o se faz se n o houver uma aceita o da l ngua de sin
156. e os valores a ela agregados Por n o propiciar o contato com a comunidade surda vive com ansiedade o dia em que o filho voltar a escutar Desta forma Girassol ainda n o pode decidir por si mesmo pois sua identidade surda negada pela m e Assim se a cultura criada e compartilhada no coletivo a identidade n o pode ser criada e mantida pelas percep es do sujeito mas a partir do olhar externo dos outros que se manifestam e acabam por marcar esse corpo mutilado que assume a fala dos outros como sendo a sua A identidade parece ser o reflexo da representa o que os outros t m e apontam como verdadeiro Ger nio ao contr rio de seu irm o mesmo em face do mesmo discurso ouvintista da m e que tamb m o v como deficiente se define como surdo lutou contra o cativeiro ouvinte da escola nega a possibilidade de fazer implante coclear e ainda compreende que a L ngua de Sinais sua forma de comunica o e express o Ger nio dentro do contexto formal aponta em sua fala que os professores que n o o entendem assim embora tenha nascido ouvinte sua identidade vai ao encontro das identidades surdas como comenta Perlin 2013 Este jovem surdo tem uma identidade surda que pode ter sido assumida no contato com outros surdos e pelo trabalho dos volunt rios Apesar do mesmo trabalho do grupo de volunt rios ter se dado com os dois irm os Ger nio o que foi mais marcado pelo contato com outros surdos N o por acaso que
157. e utilizam da L ngua de Sinais ao observarem o material e a possibilidade de aprender em seu lar sem nenhum custo ainda em seus lares e com hora marcada ficam bem entusiasmados As visitas para o estudo normalmente s o semanais em hor rio marcado pelo estudante os volunt rios se encarregam de providenciar o material para o estudo no caso dos surdos os DVDs em L ngua de Sinais v deotradu es Normalmente os familiares se envolvem com o estudo e para eles al m do material em LS providenciado o material impresso em L ngua Portuguesa Atualmente com os Tablets e demais dispositivos eletr nicos a Associa o Torre de Vigia tem investido no portal online assim aqueles volunt rios que podem recorrer a mais esta ferramenta podem acessar o portal durante as visitas e mostrar as publica es em L ngua de Sinais dispon veis As figuras a seguir ilustram a facilidade do acesso Testemunhas de Jeov site 62 wwwjw org pt JW Testemunhas de Jeov gt Estas boas novas do reino ser o pregadas em toda a terra habitada Mate TRADU O DO NOVO MUNDO DAS ESCRITURAS SAGRADAS Leia a B blia on line A SENTINELA JUNHO DE 2014 Deus condena o fumo JUNHO DE 2014 O que um amigo de verdade O Firefox envia automaticamente alguns dados para a Mozilla de modo a melhorar a sua experi ncia e B Googie PRA tR IDIOMA DO SITE Portugu s Em Destaque
158. ecreto 6949 2009 assegurando tamb m a organiza o das salas de recursos O Decreto 7611 2011 surge como documento que garante o acesso dos estudantes com necessidades educativas especiais em todos os n veis e ainda traz em seu bojo a garantia de matr cula dupla escola regular e institui o de educa o especial A Lei 12 764 12 veio para assegurar aos autistas os benef cios legais de todos os portadores de defici ncia que incluem desde a reserva de vagas em empresas com mais de cem funcion rios at o atendimento preferencial em bancos e reparti es p blicas A Deputada Mara Gabrilli SP apresentou uma emenda sancionada pela presidente que prev puni o para os gestores escolares que recusarem a matr cula dos alunos com autismo ou qualquer outro tipo de defici ncia O respons vel pela recusa est sujeito multa de 3 a 20 sal rios m nimos Em caso de reincid ncia os gestores podem at perder o cargo O que os movimentos sociais t m a ver com tudo isso Tudo Pois por meio da sociedade organizada em associa es assembleias etc que os movimentos em prol das pessoas com defici ncia acontecem O ano de 1981 foi declarado o Ano Internacional da Pessoa com Defici ncia Segundo Silva 2002 p 29 As primeiras entidades organizadas a n vel nacional foram o Conselho Brasileiro para o Bem Estar dos Cegos fundado em 1954 a Federa o Nacional das APAEs criada em 1962 a Federa o Nacional das Sociedades Pest
159. eguinte a respeito de se ter um direito para Bobbio 2001 p 42 Significa como veremos melhor em seguida ter o poder de realizar certa a o Mas de onde deriva este poder N o pode derivar sen o de uma regra a qual no mesmo momento em que me atribui este poder atribui a um outro a todos os outros o dever de n o impedir a minha a o E o que significa dever Significa estar obrigado a comporta se de um certo modo quer esta conduta consista em um fazer quer em um n o fazer Mas de onde deriva esta obriga o N o pode derivar sen o de uma regra a qual ordena ou pro be Em ess ncia o direito n o passa do reflexo subjetivo de uma norma permissiva o dever n o sen o o reflexo subjetivo de uma norma imperativa positiva ou negativa Dito de outra forma a rela o da norma jur dica p e em pr tica um mecanismo de controle Este se por um lado parece entender a necessidade de reconhecer a comunidade surda como usu ria de uma l ngua e de sua cultura por outro lado pela reda o da lei 10 436 2002 como veremos frente pro be que o surdo transite pelo universo escrito da l ngua oral dominante fora de seu padr o culto ou normativo Se volt ssemos a Bobbio ver amos em suas considera es que se trata de uma norma imposta por uma lei mas que n o eficaz por natureza e nem o pretende ser Talvez esse fato j nos d uma pista sobre o tipo de educa o inclusiva que temos hoje e as barreiras comunica
160. el gentil delicada conforme http www dicionarioweb com br flor html acesso em 30 07 2012 Tamb m http www significado origem nom br nomes flor htm sugere que o nome Flor representa pessoas com muito amor divertidas e quer que gostemos dela por isso n o economiza simpatia e gentileza isso que Flor uma menina alegre cheia de vida inteligente e amorosa conquistou todos na escola pela sua simpatia por isso a escolha assim fica mais evidente o qu o valioso e quanta responsabilidade nos imputada nessa tarefa de alfabetiz la 126 Para mobilizar um arcabou o te rico capaz de subsidiar essa discuss o procurou se nos trabalhos de Jorge Larrosa e em Carlos Skliar entre outros o que direcionasse as discuss es para quest es que v o al m dos modos de ensinagem Estas teorias podem contribuir para se pensar a forma o de um sujeito o qual n o fala por si mas antes falado por outros por n o ter dom nio da l ngua majorit ria o Portugu s Para problematizar a forma o de identidades dentro do terreno pedag gico preciso trazer a no o de sujeito tomada de Foucault que olha para este como produto de rela es de poder concebendo o como sujeito do discurso Assim ao pensarmos no discurso precisamos refletir sobre os modos como estes se constituem Ao nos apropriarmos do modo como a An lise do Discurso de linha francesa olha para estes discursos ser poss vel compreender melhor como o discurso p
161. em evidenciar mas nestas an lises E 55 poderemos ouvir corpos que tamb m se sentem mutilados medida que n o conseguem promover as mesmas condi es de igualdade social aos seus filhos surdos Os question rios contribu ram para a elabora o de quadros com dados diversos que podem servir de vari veis importantes na discuss o dos resultados como por exemplo dados como cor sexo idade s rie escolar etc Para tentar interpretar tantos dados e tantas imagens que constituem o nosso objeto de estudo pensamos em utilizar as categorias de Luiz Antonio Marcuschi na sua obra An lise da Conversa o juntamente com as contribui es te ricas da An lise do Discurso de Linha Francesa 5 6 As ferramentas de an lise Como forma de melhor organizar os enunciados produzidos pelos entrevistados promovendo uma an lise interpretativa a metodologia da AC An lise da Conversa o nos ajudar a transcrever de maneira descritiva tais enunciados Diferente da An lise do Discurso DC a AC parte da realiza o estrutural da realiza o do discurso para dar lugar interpreta o sem no entanto desprezar o contexto de intera o onde essas trocas lingu sticas se realizam conforme Marcuschi 2003 p 8 Em outros termos a vincula o contextual da a o e intera o social faz com que toda atividade de fala seja vista ligada realidade local mas de uma forma complexa uma vez que a contextualidade reflexi
162. endizagem Entretanto este espa o n o formal de que falaremos frente organizado e estruturado o que explica a n o oposi o ao espa o formal uma vez que os dois contextos s o atravessados pela organiza o 55 estrutura o e intencionalidade justamente a organiza o do tempo conforme as necessidades dos surdos atendidos Ainda como forma de dirimir qualquer d vida em rela o aos termos escolhidos importante trazer porque o termo informal tamb m n o daria conta do que se pretende abordar O termo informal geralmente utilizado quando queremos definir a aprendizagem que acontece em outras esferas da vida como a fam lia ou seja esse tipo de educa o de car ter permanente conforme Afonso 1992 apud Gohn 1998 p 517 a educa o informal ocorre nos espa os de possibilidades educativas no decurso da vida dos indiv duos como a fam lia tendo portanto car ter permanente Mas o termo informal n o abrange as possibilidades da educa o n o formal Os trabalhos de Gohn apontam para defini o de educa o informal como sendo o que o indiv duo aprende durante a vida em seu processo de socializa o Mas entendemos que a socializa o est presente em todos os contextos de educa o no tocante ao trabalho dos volunt rios isto se acentua ainda mais pelo ensino de uma L ngua capaz de colocar o surdo em situa es de intera o Assim se ous ssemos colocar esse traba
163. endo dito pela professora Nos dias de acompanhamento aluna pode se relatar um bom progresso em atividades de matem tica por exemplo a aluna se desempenhava muito bem A sala que frequentava tinha um grande n mero de alunos com dificuldades de aprendizagem e esse foi outro problema que encontramos Refletindo o preconceito com a capacidade de aprendizagem do aluno surdo em muitas escolas poss vel encontrar o aluno em salas que agregam alunos com baixo rendimento escolar dessa forma o surdo concebido como algu m que n o aprende evidenciando o olhar patol gico que inviabiliza um aprendizado Esse um breve relato de alguns procedimentos adotados com uma aluna surda que na verdade n o tem nenhuma pretens o de se mostrar mais eficiente mas que espera mostrar como um trabalho voltado para um sujeito respeitando e valorizando o que j tem pode contribuir para a forma o de uma identidade seja ela ouvinte ou surda o que se busca fazer desse sujeito algu m capaz de interagir com o mundo que o cerca Apesar do curto espa o de tempo de trabalho com a aluna hoje ela se apresenta como capaz de ler diversos textos o trabalho intenso com a leitura e a preocupa o com seu letramento tem sido o cerne da nossa pr tica Conforme Fernandes 2006 Esses princ pios atestam que as pr ticas de letramento est o intimamente ligadas a contextos de LEITURA Sem leitura n o h escrita significativa e portanto inexist
164. ente porque a Secretaria Municipal de Educa o queria garantir sua conduta irrepreens vel diante da situa o inclusiva da crian a Quanto aos volunt rios estes precisaram de tempo para conversar com as m es e os surdos para nos levar at seus lares assim pudemos obter as entrevistas Os question rios aos volunt rios foram entregues em uma das sa das para o trabalho de rua na cidade de V rzea Paulista e s foi poss vel recolher um m s depois quando do novo encontro nesta cidade Acreditamos que o fato de os volunt rios terem respondido sem a nossa presen a favoreceu a elabora o de respostas pois ficaram mais livres j que pertenci ao grupo at 2012 e ainda mantenho contato e um trabalho com surdos na minha cidade A ideia era manter me o mais distante poss vel apesar de saber que a neutralidade do pesquisador uma ilus o CHAU 1980 119 5 5 Procedimentos an lise dos dados Os v deos foram devidamente registrados e armazenados em um desktop para an lise posterior assim a possibilidade de tentar extrair o m ximo de impress es poss veis se faz importante visto que trabalhar com dados numa perspectiva lingu stica e social pode trazer tona quest es ainda n o discutidas pela comunidade acad mica como por exemplo por podermos ouvir as express es das m es de surdos Normalmente lemos em muitos trabalhos o que os pesquisadores pensam a respeito da fam lia e o que alguns comportamentos surdos pod
165. ente na necessidade de mudan a e adequa o pedag gica a fim de atender s demandas do cen rio pol tico 90 S em 1988 que as pol ticas p blicas frente a um novo paradigma nas concep es de inf ncia e educa o e acompanhadas de amplas discuss es antes iniciadas nos anos 1970 deram mais nfase crian a desta forma que os direitos da inf ncia foram ent o agrupados em tr s dimens es relativos prote o provis o e participa o Conforme Sarmento e Pinto 1997 p 19 a interdepend ncia dos diferentes direitos a condi o de sua pr pria realiza o ou seja reconhecer a inter rela o entre os tr s eixos significa reconhecer a crian a como ator social O ECA Estatuto da Crian a e do Adolescente contribui para um olhar diferenciado e para outra forma de pensar o aprendizado de crian as e jovens com defasagens idade s rie A d cada de 1990 marca o ajustamento econ mico e a ordem mundial globalizada o conceito de governabilidade surge como forma de solucionar os problemas sociais A reforma educativa no Brasil marca uma realidade concreta e parte de um capitalismo com rela es produtivas tem in cio o debate pela qualidade da educa o e a autonomia da escola criado o SAEB sistema de avalia o da Educa o B sica o ENEN o Prov o para o ensino Superior hoje ENADE neste ano tamb m S o Paulo e Minas Gerais criam seus pr prios sistemas de avalia o E a
166. entre elas uma professora que assumiu o cargo de mediadora de conflitos na escola atual e membros do grupo de volunt rios que os filhos conseguiram os aparelhos novos Todavia relata que n o pode arcar com o transporte para os filhos para o devido atendimento em um Instituto na cidade vizinha onde os meninos aprenderiam a ouvir e a usar a Libras Algumas respostas da m e merecem destaque nesta an lise P Voc sabe L ngua de Sinais A Um pouco P Mas aqui na sua casa como voc s se comunicam Eu j percebi que voc s usam gestual caseiro mas voc faz um esfor o para usar a L ngua de Sinais A Eu fa o P Voc fala junto ou faz cada coisa separado sinais caseiros sinais A tudo junto Do ponto de vista da m e ela acha que os filhos at sabem ler um pouco afirma isso porque os v sinalizando entre eles e como ela sabe um pouco consegue entender Na verdade essa afirma o duvidosa porque como j foi relatado apenas o filho mais novo tem um melhor conhecimento dos sinais e como ela sabe pouco como se pode avaliar de fato o que est o dizendo E se a m e n o conhece os conte dos escolares como pode saber que est o falando do que leram A m e refor a que eles n o sabem escrever um estava na ocasi o no primeiro ano do Ensino M dio e o outro no segundo mas segundo ela sem saber nada porque n o tem int rprete A Eu consigo perceber 2 0 eu consigo perceber 169
167. envolvidos na escola Apesar disso foi poss vel perceber no relado da surda que a mesma n o prosseguiu nos estudos o que a m e atribui falta de vontade da filha pois segundo a m e a filha n o tinha problemas com os conte dos escolares 182 simplesmente n o gostava de estudar Por isso em fun o de muitas faltas s aulas acabava sendo reprovada por conta da baixa frequ ncia poss vel que a surda na verdade encontrasse muita dificuldade em compreender os conte dos escolares a partir da 5 s rie No ensino de oito anos que vigorava h mais de vinte anos quando Beg nia estudava na s rie em quest o representava um novo formato para o aluno que sa a da sala que contava com um professor apenas respons vel por todas as disciplinas para ent o entrar num modelo cujos professores especialistas entravam e sa am da sala em aulas mais curtas e mais din micas Para a m e a filha escreve muito bem e a sua fala compreendida por todos os familiares por isso acrescenta L PRO FUTURO GOSTARIA QUE ELA APRENDESSE MAIS SINAIS PRA SE DESENVOLVER MAIS Esta m e v na L ngua de Sinais a possibilidade de sua filha comunicar se melhor e pelo relato da m e at aqui Lavanda foi orientada a desenvolver em sua filha habilidades lingu sticas diferentes ou seja a exposi o L ngua de Sinais como primeira l ngua de Beg nia pode ter feito toda a diferen a Voltando entrevista de Beg nia lemos que ela n o
168. er nomeada de modo diferente daquele de uma l ngua oral uma vez que possui uma modalidade visual Sendo assim segue defini es dessa autora para termos que continuaremos utilizando na pesquisa Visograma o conjunto e s mbolos que representam o recorte do continuumvisual das LS seria o equivalente ao alfabeto das l nguas orais Visema visema passa a ser uma unidade visual de uma LS ou seja um sinal Vis mico seria o equivalente ao fonol gico das l nguas orais viso ao inv s de fono por conceber que visual e n o oral 12 gest o de seu pr prio aprendizado ou seja ele quem decide o quanto de tempo quer dedicar para aprender cada vez mais Est dispon vel uma cartilha para alfabetiza o que embora tenha sido pensada para alfabetiza o de ouvintes pode ser utilizada por conter v rias imagens que auxiliam no trabalho de letramento surdo O estudante surdo submetido n o s aos sinais mas tamb m leitura do texto impresso O objetivo despert lo para a import ncia de saber ler o texto registrado na B blia como forma de provar a autenticidade do que exposto em L ngua de Sinais j que os textos b blicos foram escritos originalmente em grego e hebraico Apesar de o trabalho ser feito pelos volunt rios sem um embasamento te rico explicitado a metodologia demonstra um trabalho centrado na ideia de letramento visual surdo ou seja conforme Gesueli 2008 apud SOUZA 2006 p 120 relevante
169. er num escrit rio Surdez profunda acima de 91 dB Nesse caso a pessoa poder ter dificuldade para ouvir o ru do de caminh o de discoteca de uma m quina de serrar madeira ou ainda o ru do de um avi o decolando A surdez pode ser ainda classificada como unilateral quando se apresenta em apenas um ouvido e bilateral quando acomete ambos ouvidos A ucena uma planta que pode corresponder ao g nero Amaryllis Hippeastrum Worsleya e Zephyranthes da fam lia das amarilid ceas A flor desta planta origin ria da Am rica do Sul tamb m conhecida como Amar lis flor de lis do Jap o e flor de lis de S o Tiago S o conhecidas cerca de 50 esp cies de a ucenas e s o muito populares porque s o f ceis de cultivar e t m uma adapta o muito f cil mesmo em espa os pequenos 149 prec rio aparelho conseguido para um dos meninos quando tinha 10 anos encontrava se nesta feita precisando de manuten o e j obsoleto A m e sabia da exist ncia de uma l ngua para surdos porque uma professora da rede municipal tentou ensinar algumas letras e sinais b sicos para os filhos mas isso foi por pouco tempo pois a professora no ano seguinte foi deslocada para outra escola e os meninos ficaram sem qualquer apoio na escola A escolariza o de seus filhos se deu por inser o na escola regular mas se fato nunca tiveram qualquer apoio muito pelo contr rio foram v timas de preconceito e discrimina o inclusive por gest
170. erior de onde foram como que resgatados depois de um triste epis dio que envolveu Girassol Neste epis dio o jovem que foi separar uma briga no p tio foi dado como agressor e levado de viatura para a delegacia da cidade Por acompanhar o caso pode se dizer que muitas irregularidades foram cometidas inclusive pela conselheira que chegou delegacia e presenciou o jovem assinar sem saber e sem a presen a dos pais um ato infracional Foi s com a interven o de um int rprete do grupo de volunt rios dois dias depois que a situa o foi resolvida Este epis dio s refor a como muitos diretores coordenadores professores e demais funcion rios e at mesmo alguns policiais t m um preconceito formado sobre o surdo Por isso essa m e entende que seus filhos s o estigmatizados porque n o sabem e n o podem se defender diante de falsas acusa es O projeto na escola Z surgiu pela mobiliza o dos pr prios alunos moradores do bairro onde residem os surdos at o momento Os alunos da escola Z ao saberem dos acontecimentos que envolveram o aluno Girassol na escola M que foi levado preso injustamente tiveram a ideia de trabalhar dentro do tema Os sentidos humanos o tema Inclus o motivados pela professora de Ci ncias A proposta da professora 170 transformou se em projeto interdisciplinar e contou com ajuda de muitos professores sensibilizados pela pesquisadora que naquele contexto atuava na escola
171. es da Comunidade Surda entre as quais se inclui o pedido de que as Escolas Bil ngues cuja oferta educacional priorize a instru o em Libras e em Portugu s escrito sejam contempladas no Plano Nacional de Educa o Em favor dessa reivindica o durante todo o ltimo ano milhares de surdos brasileiros politizados e conscientes dos seus direitos v m se mobilizando participando de audi ncias p blicas sobre o PNE e sobre outros temas de interesse da comunidade surda realizadas nos diferentes estados brasileiros Realizamos semin rios estaduais em defesa das Escolas Bil ngues para Surdos no PNE apresentamos propostas aos parlamentares da Comiss o Especial do Plano Nacional de Educa o visitamos a C mara dos Deputados e o Senado e ainda mantivemos um ativo e democr tico di logo com a Ministra da Casa Civil que culminou com a assinatura do Decreto Presidencial 7 611 de 17 de novembro de 2011 Entendemos que assim que funciona a democracia com a participa o da sociedade civil envolvida na luta de suas causas O trecho da carta acima datada de 08 de junho de 2012 refor a a proposta deste trabalho que o de mostrar como a sociedade consegue fazer se presente e reivindicar melhores condi es para uma vida digna incluindo se a educa o como uma dessas bases de forma o Neste caso o excerto acima tamb m evidencia como a Comunidade Surda quer ser escutada e como quer ser tratada a carta assinada pelas Dr s Ana
172. es e procuram colocar o estudante como s o chamados pelo grupo em contato com a comunidade surda tanto nas reuni es p blicas como em 200 outros eventos a fim de que o surdo tenha com quem identificar se pela l ngua e com os valores a ela agregados Embora utilizem recursos digitais com vasto material em L ngua de Sinais em v deo este n o foi destacado nas entrevistas De fato os recursos do grupo s o apreciados por muitos ouvintes que se dedicam a pesquisar materiais para o ensino e interpreta o para surdos No entanto conforme a pesquisa apontou a contribui o do contexto n o formal serviu para elevar a auto estima dos sujeitos surdos que passaram a ter outra percep o de si mesmo e da comunidade no entorno a partir das visitas Entretanto entendo que a diferen a n o est apenas no material O sucesso ou n o do surdo no aprendizado da l ngua oral depende tamb m de muitas outras vari veis das quais o fator humano est em jogo Seria necess rio portanto outro trabalho para tratar dessa quest o que culminaria em discutir as pol ticas p blicas para educa o do surdo a forma o de professores e a pr pria inclus o do surdo na escola que tamb m fazem parte da discuss o do curr culo praticado no contexto formal A pesquisa procurou trazer as vozes de surdos e suas m es descreveu os contextos e problematizou os modos de organiza o de ensino nos dois contextos O envolvimento das fam lias e as marc
173. es n meros conhece a grafia da moeda corrente e faz uso da escrita consegue ler cat logos com pre os e an ncios ou propagandas em jornais Demonstra prefer ncias no caso das leituras n o gostando muito das f bulas j est preferindo ler coisas mais pr ximas dos colegas Trazia muitas perguntas sobre a mat ria ensinada na sala de aula Faz tamb m leitura de mapas e placas diversas J est mais familiarizada com a sequ ncia l gico temporal tanto para se situar na corrente do tempo como para escrever pequenos relatos pois j estabelece rela o em a es presentes e ocorridas e as diferentes formas de escrever no portugu s importante lembrar que sua estrutura de pensamento se realiza na ordem de Libras perfeitamente natural por isso o conceito de erro para sua produ o oral ou escrita precisa ser encarado como a fala de um estrangeiro em seu pr prio pa s O texto 144 de surdos mesmo os mais elitizados e culturais sempre apresentam necessidade de corre o embora alguns consigam alcan ar padr es muito bons de compreens o da L ngua Portuguesa em seu registro escrito Flor n o tem um ambiente bil ngue embora j se tenha feito algumas a es como ensinar o alfabeto e ensinar alguns sinais para os colegas de sala A aluna est imersa na comunidade falante e ouvinte No entanto depoimentos das professoras e de funcion rias da escola atestam que em rela o socializa o Flor melhorou muito Se antes
174. escola Esta como ltima inst ncia do poder p blico come a a passar por grandes constrangimentos em fun o das avalia es oficiais por serem expostas e alocadas em um ranking onde a escola respons vel pelo fracasso Fracasso este muitas vezes atribu do ora forma o dos professores e demais profissionais da escola ora atribu dos aos alunos e entre esses alunos queles com dificuldades de aprendizagem e os alunos da inclus o nessa d cada que os PCN definitivamente s o incorporados s pr ticas ainda que n o muito bem interpretados passam a ocupar as discuss es em torno das quest es de ensino aprendizagem tamb m com os PCN que surge a proposta de estrutura o por ciclos conforme material do PEC m dulo 2 p 86 Assim o primeiro ciclo se refere primeira e segunda s ries o segundo ciclo terceira e quarta s ries e assim subsequentemente para as outras quatro s ries 4l A partir de 1985 com o novo governo social e mais democr tico RAMOS 1991 a educa o come ava a ser vista como meio de diminuir as diferen as sociais nasce o movimento por uma nova Constitui o Federal na qual se harmonizariam logo depois a LDB os PCNs e o ECA entre outras medidas resolu es e leis 2 Grifo do autor do texto PEC Programa Educa o Continuada Forma o Universit ria Munic pios com o objetivo de prover o Magist rio em N vel Superior para os professores em e
175. escolha de sujeitos de ambos os sexos e que cursam diferentes s ries no contexto formal se d por entender que a escolha amplia o campo de compreens o da situa o de aprendizagem dos surdos e das justificativas para as identidades aparentemente produzidas 5 2 Instrumentos de pesquisa Como recurso para a coleta de dados para an lise discursiva a que nos propomos com objetivo de tentar conhecer as identidades emergentes nestes dois contextos de ensino utilizaremos a grava o em v deo de uma entrevista aberta com as 3 m es e com os 4 surdos Acreditamos que de forma mais descontra da esses sujeitos poder o se expressar mais facilmente not rio que a simples presen a da c mera pode causar altera es comportamentais e ou a tentativa por parte dos entrevistados de tomarem mais cuidado com o que dizem inibindo assim express es de pensamentos e emo es que podem fazer muita diferen a j que se trata de uma interpreta o discursiva 117 Utilizaremos tamb m um question rio semi estruturado para as m es Em rela o aos sujeitos surdos apenas um fez quest o de responder tamb m pois apresenta uma boa leitura e compreens o textual este sujeito que especificamente uma surda tem grande dedica o leitura de material impresso pelo desejo de ler e escrever a l ngua portuguesa com desenvoltura No caso das m es os question rios somados aos v deos das entrevistas serviram para ajudar a entender o contex
176. essas rela es que podem auxiliar no avan o da an lise dos g neros do discurso GRILLO 2005 p 15 65 2 4 2 2 dy Pol tica cultural definida pela autora como estrat gias pol ticas implicadas nas rela es entre discurso e o poder Em geral diz respeito a como as identidades e as subjetividades s o produzidas e como elas circulam nas arenas pol ticas daquelas formas sociais nas quais as pessoas se movem 133 por Quadros amp Cruz 2011 que postula que o simples ato de falar n o significa significar em fun o da surdez que lhe impossibilita a imagem mental a partir do som Entretanto alicer ados por esta ideia muitos gestores e professores submetem os surdos memoriza o de palavras isoladas e sem contexto Muitos s o os casos de alunos em salas de aula regulares sem apoio sem sala de recursos ou aux lio de int rprete assim muitos acabam apenas passando pela escola sem de fato se apropriarem da L ngua Portuguesa especialmente no seu registro escrito A garantia de uma educa o de qualidade para esses alunos surdos est expressa no artigo 59 da LDB como segue Os sistemas de ensino assegurar o aos educandos com necessidades especiais I curr culos m todos t cnicas recursos educativos e organiza o espec ficos para atender s suas necessidades Outro fato importante foi perceber que ao come ar a introduzir a aluna ao aprendizado de Libras apesar de sua resist ncia oriunda
177. essidade da m e de minimizar a diferen a de seus filhos surdos em rela o aos demais tamb m na quest o racial Quando come aram a ser visitados e a demonstrar interesse em ir s reuni es p blicas do grupo e a outros eventos envolvendo o conv vio com surdos os volunt rios ficaram sabendo que os mesmo n o tinham uma carteira de identidade e por isso procuraram providenciar os documentos para que os meninos pudessem andar pelas ruas devidamente documentados Assim na hora de preencher o formul rio para tirar o RG Registro Geral ou Carteira de Identidade a m e os declarou como brancos E sua declara o foi enf tica ao dizer meus filhos branco Ao negar a condi o de negros a m e entende que a quest o da cor tamb m se conforma numa desvantagem para os meninos que ent o s o surdos negros analfabetos e pobres Dito de outra forma na sociedade brasileira estes atributos convergem para um maior isolamento social e um confinamento pois estes jovens ficam margem da 176 sociedade por n o acessarem os bens culturais seja pela falta de leitura e escrita seja pelo discurso racistas que ainda impera de maneira disfar ada especialmente no mercado de trabalho ou ainda pela desigualdade produzida entre ouvintes e surdos no interior de diferentes grupos sociais Pensar nas concep es sobre o sujeito surdo segundo Skliar 2005 requer pensar o surdo em outras discuss es neste caso o sujeito surdo dentro
178. est o de seu pr prio aprendizado Ainda em rela o aos materiais para os surdos que n o conhecem nada de Libras o ensino come a como em qualquer curso pelas categorias gramaticais e gradualmente vai sendo complexificado o trabalho prev imagem e sinal no in cio Quando o surdo j tem um bom acervo de sinais inclusive os sinais b blicos do grupo s o iniciados os procedimentos de ensino para o aprendizado do registro escrito e a organiza o de ora es mais complexas em Libras 71 Como todo o material digitalizado trabalha com a narrativa o aprendizado lento mas preocupa se com a compreens o do surdo Por isso existem tamb m exerc cios de interpreta o o que prev que o volunt rio precisa estar em cont nuo processo de aperfei oamento e flu ncia da L ngua de Sinais para conseguir falar com o surdo no idioma dele No caso de surdos oralizados com implante ou dispositivos amplificadores os volunt rios procuram valorizar o retorno auditivo e o treino de fala considerando que tudo importante para o aprendizado Como o estudo organizado conforme as necessidades do surdo os exemplos a seguir ajudam a compreender como se d o processo com um surdo adulto que aprendeu Libras e nem a ler e escrever no registro escrito da L ngua Portuguesa Por exemplo a partir de um Livro de L ngua de Sinais publicado pela Associa o poss vel introduzir os sinais b sicos Cada volunt rio cria seu pr prio caderno
179. estamos fazendo pouco embora tenha sido tudo que foi poss vel por agora diante das condi es que nos foi oferecida A seguir este trabalho traz as falas dos outros sujeitos citados no cap tulo da metodologia e resgata as discuss es te ricas dando continuidade as an lises discursivas 6 3 Na composi o de um buqu a diversidade das flores que d o beleza Parece bem oportuno continuar a descri o e an lise dos discursos produzidos pelos sujeitos surdos e suas m es utilizando a met fora do jardim Isto porque como anunciado anteriormente no subt tulo a pesquisa busca mostrar que as identidades procuradas e at ent o encontradas florescem de acordo com as pr ticas de ensino aprendizagem Desta forma atrav s das falas que se seguem que se procura apontar neste trabalho de pesquisa esta rela o que acontece nos entremeios das seguintes esferas discursivas escola x l ngua x fam lia x contexto n o formal 147 O jardim costuma ser um lugar que s considerado de grande beleza quando do seu desenho paisag stico pode se contemplar a combina o de uma variedade de arbustos e flores variadas Assim tamb m o universo dos surdos pois nesse jardim metaf rico o sujeito surdo plantado sob o terreno da surdez aflora sua beleza ao dar lugar aos diferentes surdos e suas identidades em metamorfose ou melhor em constante movimento produzidas em diferentes contextos e por diferentes discursos que os c
180. este que recebeu na escola municipal embora tardiamente pois ela j estava na mesma escola h 7 anos Depois de aproximadamente 105 horas de trabalho com a aluna distribu dos em 35 encontros de 3 horas sendo 3 encontros por semana a evolu o da aluna foi vis vel Hoje Flor l com mais facilidade apresentando dificuldades nos encontros consonantais e d grafos como pr prio de um ouvinte em fase de alfabetiza o e dom nio do c digo mesmo em s ries avan adas importante observar e valorizar seus conhecimentos sob aspectos da l ngua oral por exemplo como o reconhecimento de nota o lexical til com facilidade Sua articula o de fala lhe proporciona muito ganho em rela o busca de sentido das palavras Associa tudo rapidamente ao cotidiano especialmente ao contexto familiar Escreve ainda com ajuda da datilologia transposi o do espa o visual para o papel faz associa es em rela o proximidade gr fica de palavras e tenta relacionar aos diferentes sons Come ou a apresentar hip teses para a flex o verbal e usa muito bem a acentua o das palavras Consegue fazer uso da letra cursiva e l com facilidade palavras em caixa alta Apresenta hip tese de pontua o mas ainda n o a faz com propriedade J consegue articular pequenos textos por exemplo utilizando o discurso direto ao tentar transpor a fala de personagens das hist rias que l Em rela o matem tica j faz a leitura de diferent
181. este lugar At o momento o que se viu foram alunos surdos separados por ciclos ou conforme necessidades de aprendizagem com professores surdos ou com int rpretes Como ser O ensino de L ngua Portuguesa para os surdos na educa o b sica e secund ria se ap ia no Quadro Comum Europeu de Refer ncia para o ensino de L nguas Aprendizagem ensino e avalia o Edi o Portuguesa 2001 103 bil ngue sem o contato simult neo com os ouvintes no modelo oral e escrito Afinal n o a imers o dentro de uma comunidade lingu stica que facilita o aprendizado da l ngua J que as escolas de refer ncia se constituem em um modelo que procura dar conta da educa o de surdos acredita se que falta o ensino de LGP a todos os alunos ouvintes da escola tamb m Se esta fosse um componente curricular e todos fossem expostos l ngua gestual provavelmente haveria uma conviv ncia harmoniosa entre surdos e ouvintes assim l ngua oral e sinalizada conviveriam simultaneamente dentro do mesmo espa o N o seria esta a perspectiva bil ngue ideal No contexto portugu s assim como no brasileiro muitos surdos s o diagnosticados tardiamente outros s o trazidos pelos pais escola j fora do per odo adequado para sua aquisi o de l ngua Por isso todos os surdos independente do grau de surdez com implante coclear ou sem t m aula de LGP e s depois de aprenderem e terem bom dom nio que passam a ter int rprete em sala de a
182. etivo de tamb m mostrar lhes que h muitos como eles ou seja na condi o surda foram convidados a frequentar as reuni es p blicas em Jundia Por conta de diversos problemas os meninos eram levados por volunt rios at Jundia sendo tamb m conduzidos de volta para sua casa ao final das reuni es Muitas vezes especialmente aos s bados e domingos aconteciam passeios a parques pequenas recrea es reunindo muitos surdos de todas as idades Desta forma os modelos surdos passaram a fazer parte da vida dos meninos Os estudos domiciliares prosseguiam e em 2011 Girassol j estava aprendendo a ler e interpretar textos em portugu s Mas em fun o das dificuldades da fam lia a participa o dos meninos no grupo foi interrompida junto com os estudos pois estudando noite para trabalharem durante o dia n o havia mais tempo para o aprendizado Apesar disso a pesquisa revela o que ficou para essa fam lia atrav s de algumas falas aqui reproduzidas tanto em rela o ao contexto formal a escola quanto ao contexto informal o grupo de volunt rios Girassol passa ent o a ser questionado em entrevista filmada e aqui descrita para an lise discursiva Esta aconteceu em sua casa em julho de 2013 Entretanto ser o destacadas apenas algumas das respostas pela compreens o de que estas contribuem para a an lise de maneira mais rica pois fazem vir tona as identidades destes sujeitos surdos Quando perguntado sobre sua condi
183. etivo delinear uma breve trajet ria dos movimentos sociais no Brasil primeiro mostrando como tais movimentos repercutiram nas discuss es em torno da Inclus o de pessoas com necessidades educativas especiais Pretende se mostrar como a sociedade pode se organizar conformando se em associa es assembleias tribunas livres Organiza es N o Governamentais etc com o objetivo de promover transforma es sociais educacionais culturais e pol ticas enquanto representantes de grupos ou comunidades que professam o mesmo desejo Tentaremos explicar de uma maneira cronol gica como alguns documentos oficiais foram sendo produzidos medida que a pauta de reivindica es dos surdos avan ava apontando tamb m como tais documentos deixam muitas perguntas sem respostas A an lise de alguns excertos dessas leis delineia um preconceito lingu stico em rela o L ngua de Sinais Brasileira camuflado por discursos que afirmam reconhecer os direitos dessa minoria lingu stica mas que em suas a es postergam a efetiva o das propostas para uma educa o de qualidade para as pessoas surdas por continuar a impor a domin ncia da l ngua oral majorit ria A metodologia utilizada para a elabora o desse texto de discuss o sobre quest es que v o da organiza o da sociedade em busca de uma pol tica inclusiva para o surdo baseada no ensino de uma l ngua de sinais constata o de que pouco foi feito foi a pesquisa bibliogr fica
184. falada serei estrangeiro para aquele que fala e aquele que fala ser estrangeiro para mim 1 Cor 14 11 Entre o meu trabalho como educadora e esta tese de doutorado apenas uma certeza a inclus o do surdo na escola regular precisa de investimentos em recursos humanos e materiais H necessidade de um programa de forma o de int rpretes que saibam mais do que os sinais conhe am melhor a cultura surda Ou seja a inclus o do surdo precisa acontecer de verdade Portanto o objetivo desta pesquisa foi empreender um trabalho que pudesse refletir e problematizar sobre as pr ticas de ensino aprendizagem para surdos em dois contextos diferentes formal e n o formal de modo a contribuir para repensar a educa o formal dos surdos a partir de um levantamento e estudo de um contexto n o formal Foram levantados os modos de ensino aprendizagem ou pr ticas pedag gicas de um contexto n o formal olhando para sujeitos individualmente e em grupo Tal levantamento pode apontar se existe na educa o n o formal a utiliza o de metodologias de ensino que podem auxiliar em algumas das dificuldades encontradas ETR 7 sa 1 E para o ensino aprendizagem do aluno surdo ou com defici ncia auditiva no ensino 8 A no o de n o formal que permeia este trabalho a de a o educativa fora da escola tema que ser tratado melhor no capitulo 5 deste texto 9 Deficiente auditivo conforme convencionado na escola p blica no estado de S
185. fato a pseudo inclus o que assistimos do surdo no contexto atual n o seria manobra proposital Entretanto outros te ricos nos ajudam a compreender melhor a identidade e o sujeito de Foucault Hall 2013 p 112 um dos te ricos que ao tratar da forma o de identidade considera que as identidades s o pois pontos de apego tempor rio s posi es de sujeito que as pr ticas discursivas constroem para n s Para Hall o sujeito constr i sua identidade a partir destes posicionamentos que s o ideol gicos e constru dos nas rela es sociais Hall critica Foucault em seu m todo arqueol gico por considerar que o te rico fez uma leitura negativa da psican lise concebendo o sujeito como produto de discursos produzidos no que chamou de forma es discursivas sem demonstrar em seus estudos por que os sujeitos ocupam certas posi es e n o outras Forma o discursiva em Foucault pode ser compreendida como a possibilidade de se poder definir uma regularidade uma ordem posi o de funcionamento de enunciados ou transforma es a partir do lugar em que esse discurso est autorizado FOUCAULT 2010 p 43 ou ainda as forma es discursivas determinam o que pode e deve ser dito a partir de uma posi o dada P CHEUX 2008 Diante da cr tica de Hall 2013 nos parece importante investigar as identidades emergentes dos contextos de educa o formal e n o formal a fim de observar como essas forma es disc
186. ficava sempre num canto observando os colegas agora brinca e interage com todos na escola Flor agora assiste as apresenta es c vicas da escola pois agora conhece os hinos que s o cantados pois em nosso trabalho a m sica foi sinalizada e a aluna j faz a leitura das letras Flor gosta muito de m sica e o trabalho com a l ngua de sinais nesse aspecto o que mais motiva a aluna a usar a Libras Destarte os resultados conseguidos com a aluna demonstram que ela est alfabetizada ou seja capaz de decodificar e usar o c digo escrito da l ngua portuguesa em diferentes situa es com algumas poucas incorre es Quanto ao letramento que compreende mais do que a decodifica o do c digo escrito da l ngua mas o uso competente em situa es de comunica o nas esferas sociais esse deve acontecer ao longo do processo da educa o b sica preciso que a aluna receba sempre um apoio e seja estimulada leitura e escrita em portugu s mas que com a pr tica de ler e escrever se aproprie cada vez da estrutura da l ngua oral Sabemos que h uma falta de apoio e de profissionais para atuar com surdos em sala de aula como j acontece notoriamente com alunos aqui na cidade que s o empurrados de uma s rie a outra sem compreens o do que acontece na sala de aula No segundo semestre como estrat gia de desenvolvimento de leitura e escrita da aluna alternamos mais os dias de encontros com apoio em sala de aula como forma de pre
187. fici ncia e n o colaborou para a constru o de suas rela es sociais de Flor por meio da L ngua de Sinais como segunda l ngua e que deveria permear o espa o escolar O cap tulo 7 que est por vir encerrar a proposta por problematizar as identidades reveladas nas an lises e suas implica es para a manuten o da cultura surda bem como tentar apontar as poss veis contribui es das pr ticas de ensino do contexto n o formal para o formal se assim entendermos como metodologias poss veis de serem utilizadas no contexto formal 187 CAP TULO 7 NAS CONSIDERA ES FINAIS AS IMPLICA ES ADVINDAS E BEM VINDAS DO CONTEXTO N O FORMAL PARA O FORMAL Naquele tempo abrir se o os olhos dos cegos e destapar se o os pr prios ouvidos dos surdos Isa as 35 5 Destas considera es que encerram esta pesquisa mas que n o encerram a pesquisa em rela o produ o das identidades surdas dentro das quest es educacionais baseadas nos estudos s cio culturais e nas posi es do sujeito segundo Foucault espera se com esta tese colaborar de alguma maneira para que as pr ticas de ensino aprendizagem no contexto formal a escola possam ser repensadas Esta tese aponta para a necessidade de levar em considera o todas as implica es negativas ou positivas geradas por essas pr ticas que impactam na forma o identit ria do aluno surdo A hip tese que sustentou todo o andamento deste trabalho a de que talve
188. flor delicada m e de Flor onde tudo come ou CAP TULO 7 NAS CONSIDERA ES FINAIS AS IMPLICA ES ADVINDAS E BEM VINDAS DO CONTEXTO N O FORMAL PARA O FORMAL IMOQUOAD A asas pesa Ui a E a a a a E ASNES 7 1 As identidades produzidas e suas implica es para a manuten o da cultura Sda a Dad Casos a a Bah Pocus aoa 7 2 O que a aponta a pesquisa e as contribui es poss veis do contexto N o formal para o formal siso ssssinadiss fa risGonic als patas aet also julia 8 CONSIDERA ES FINAIS 9 REFER NCIAS cmo iai SR SN nnns 10 ANEXOS 156 163 166 180 184 187 188 193 199 203 213 11 COMO ENTENDER A FOR A DA VOZ FALADA Pode haver muitas esp cies de vozes faladas no mundo contudo nenhuma esp cie sem significado 1 Cor ntios 13 10 Seria muito dif cil come ar a falar de qualquer quest o que envolvesse a L ngua de Sinais Brasileira a Libras sem antes visitar as teorias que explicam como uma L ngua se constitui e passa a ser instrumento de intera o social Considerando que este trabalho pode ser visitado por pessoas interessadas em estudos que tratam das pr ticas pedag gicas que envolvem a educa o dos surdos no Brasil mas que podem ser profissionais de diferentes reas e n o apenas dos estudos lingu sticos parece importante uma retomada te rica Embora n o haja necessidade de provar o status da Libras como l ngua porque isso outros te ricos j o fi
189. foram extintas pelo atual secret rio Herman Jacobus Cornelis Voorwald em janeiro de 2013 Funda o CASA UI Unidade de Interna o e UIP Unidade de Interna o Provis ria Centro de Estudos de L nguas Classes Hospitalares Oficinas Curriculares das Escolas de Tempo Integral ETI CEEJA Centro Estadual de Educa o de Jovens e Adultos Professor Mediador Escolar e Comunit rio Salas de Leitura http drhunet edunet sp gov br portalnet login aspx 7 O nome foi omitido para garantira integridade do sujeito 32 Em 2002 mais uma vez recebi como atribui o na mesma escola uma sala especial na verdade eram os mesmos alunos com que trabalhei em 2000 a sala de acelera o para corre o de fluxo agora 8 D j estigmatizada como a pior sala da escola L estava eu novamente com o surdo Eu teria muitos momentos durante as aulas em que embora eu n o soubesse a Lingua de Sinais sabia que E reconhecia o meu esfor o para ajud lo era o meu aluno mais dedicado gostava de desenhar e adorava a sala de inform tica sempre me ajudava orientando os outros alunos a executar atividades no computador Neste mesmo ano ingressei no Mestrado em Educa o e sendo contemplada com uma bolsa CAPES tamb m na Universidade S o Francisco deixei as aulas em agosto para me dedicar exclusivamente aos estudos De todos os professores apenas o professor de Hist ria e eu n o t nhamos problemas com o
190. gundo Larrosa 2012 seria dotar o homem de palavra Para o autor Colocar o pensamento da educa o no par experi ncia sentido portanto n o outra coisa que tratar de pensar as rela es educativas como rela es vitais N o como rela es t cnicas ou cr ticas mas vitais LARROSA 2012 p 296 Procurar oferecer um ensino que ajude a aluna a prosseguir no seu processo de escolariza o de forma que ela consiga valorizar seu potencial e avan ar em busca da sua aprendizagem foi nosso objetivo maior Conforme Freire 2009 p 29 No caso espec fico da aprendizagem de uma segunda l ngua o aprendiz contribui de maneira decisiva para a tarefa de aprender a partir de seu conhecimento sobre sua primeira l ngua seu pr conhecimento do mundo e dos tipos de texto com os quais est familiarizado Era poss vel perceber todas as segundas feiras que a aluna resistia sinaliza o talvez porque em casa a nfase fosse fala Conforme Botelho 2009 p 151 A interven o familiar tem grande influ ncia na constru o da identidade dos sujeitos surdos Imagina se que tal comportamento deve se ao fato da preocupa o da aluna com a aprova o da fam lia o que segundo as pesquisas algo muito comum de ser observado em surdos oralizados Ainda com o objetivo de tentar ajudar ao m ximo a aluna procurou se atend la como int rprete em sala de aula A aluna precisava necessariamente mobilizar seus conhecimentos e
191. humana e funcional A ideia mostrar como tem se dado o ensino aprendizagem que busca a constru o do conhecimento da aluna evidenciando se numa pr tica transformadora medida que a aluna se constitui pelo uso de duas l nguas a Libras e o Portugu s enquanto crian a em fase de oraliza o Nesse contexto a aluna n o obrigada a falar e nem obrigada a sinalizar o que lhe deixa bem vontade para usar de todos os recursos de que disp e para fazer se entender quando percebe que n o est sendo compreendida ou que n o compreende O papel do educador hoje segundo Larrosa 2010 n o do pedagogo que conduz pela m o mas daquele que desestabiliza e procura fazer com que o educando seja reflexivo Para o autor cabe a esse educador desestruturar desconstruir e ao fazer isso passa a possibilitar um novo olhar para que de fato haja uma transforma o do educando pois nesta transforma o que se d o aprendizado a apropria o de algum conhecimento A partir do momento em que o sujeito se expressa pela escrita o sujeito consegue elaborar o seu pensamento como ent o deve o surdo expressar seu pensamento quando exposto a uma segunda l ngua e dela tem que fazer uso para ser reconhecido no dom nio discursivo de uma sociedade ouvinte O discurso da inclus o na verdade uma forma de trazer para o controle aqueles sujeitos que come aram a 128 2 questionar os seus direitos ou pode se dizer que uma fo
192. ial Em 1997 eu tinha uma pequena confec o fazia lingeries sob medida para mulheres fora do peso como eu disse eu tinha muita criatividade e as habilidades para ser uma boa costureira foram trabalhadas por minha m e que trabalhava dia e noite para cuidar de mim e de um irm o mais novo Nesse per odo eu tinha tamb m um novo emprego ainda no ramo de a o assim trabalhava e gerenciava meu pequeno neg cio tudo ia at que bem com exce o dos estudos que at ent o n o estavam nos meus planos Em 1997 mudamos para a regi o de Jundia A mudan a foi em fun o do trabalho do marido que trabalhava como motorista numa empresa instalada em S o Paulo mas que pertencia a uma fam lia jundiaiense que resolveu trazer a empresa para a regi o Chegando cidade de Campo Limpo Paulista rapidamente consegui um bom emprego tamb m no ramo de a o agora como vendedora interna com o diferencial de que podia desenvolver projetos de materiais junto aos clientes era muito prazeroso Mais uma vez pela necessidade de aprimorar meus conhecimentos para um melhor desempenho na empresa em que atuava desde 1997 ingressei no curso de Letras nesse momento o foco da empresa seria a minha habilita o na L ngua Inglesa para mim finalmente a possibilidade de fazer uma licenciatura surgia Por ironia do destino talvez sai da empresa antes de terminar a gradua o Foi por pouco que n o tive que desistir por conta da nossa condi o finance
193. ical pr pria cuja singularidade possa ser incorporada ao acervo cultural da Na o No Estado de S o Paulo o reconhecimento de Libras se d pelo projeto de lei 900 99 que deu origem lei 10 958 oito anos depois do estado de Minas Gerais pela lei 10 379 de 10 de Janeiro O reconhecimento da estrutura gramatical indica que a Libras de fato entendida pelas entidades que a defendem como uma L ngua representativa da comunidade surda Para Foucault 2010 p 39 Os discursos religiosos judici rios terap uticos e em parte tamb m pol ticos n o podem ser dissociados dessa pr tica de um ritual que determina para os sujeitos que falam ao mesmo tempo propriedades singulares e pap is preestabelecidos Ou seja podemos entender que essas leis traduzem a vontade de uma parte significativa da popula o que consegue ver materializado na legisla o um hist rico de lutas Lei 10 098 de 19 de Dezembro de 2000 Federal gt Art lo Esta Lei estabelece normas gerais e crit rios b sicos para a promo o da acessibilidade das pessoas portadoras de defici ncia ou com mobilidade reduzida mediante a supress o de barreiras e de obst culos nas vias e espa os p blicos no mobili rio urbano na constru o e reforma de edif cios e nos meios de transporte e de comunica o Aqui a palavra em destaque para chamar a aten o para as barreiras que ainda n o foram superadas al m do termo que j n o deveria ser utilizado ne
194. iculdades de empreender uma pesquisa que pudesse olhar de perto e simultaneamente para diversos surdos em contexto formal Neste caso a pesquisadora esteve diretamente envolvida com o sujeito e pode acompanhar de perto seu processo de aquisi o da L ngua de Sinais enquanto progredia tamb m na aquisi o da leitura e escrita do Portugu s Por isso espera se que o relato produzido a seguir consiga retratar n o s o que muitos pesquisadores como Fernandes 2006 j trazem mas tamb m de servir de contexto de constru o discursiva da aluna que tamb m responde entrevista com base em tudo isso que tamb m olhamos para a fala da m e O sujeito aqui apresentado uma menina de 11 anos de idade de uma escola municipal em uma cidade do interior de S o Paulo A rede de ensino municipal n o tinha nenhum servi o de atendimento s crian as com quaisquer tipos de necessidades educacionais especiais at o final de 20125 embora a LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Brasileira traga expresso em seu artigo 58 que Art 58 Entende se por educa o especial para os efeitos desta Lei a modalidade de educa o escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais Esse ano de 2013 foi iniciado um projeto de implanta o de Atendimento Educacional Especializado cuja base foi um trabalho organizado pela professora Ruth Maria Rodrigues Gar contratada p
195. idas como ONGs A educa o ao propor tratar dos diferentes segregava e estigmatizava os n o normais De 1960 a 1970 em meio a mais uma crise democr tica a educa o brasileira precisava de mudan as para se coadunar com o cen rio que permeava o pa s assim a possibilidade de forma o de uma consci ncia Nacional que culminou na reforma e amplia o da Constitui o em 1969 que em seus artigos 168 169 rezava que Art 168 A educa o um direito de todos e ser dada no lar e na escola assegurada a igualdade de oportunidades e deve se inspirar no princ pio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e solidariedade humana Art 169 Cada sistema de ensino ter obrigatoriamente servi os de assist ncia educacional que assegurem aos alunos necessitados condi es de efici ncia escolar A d cada de 70 foi marcada pelos movimentos em defesa dos direitos das minorias em 1971 proclamada pela resolu o 2856 XXVI da Assembleia Geral das Na es Unidas de 20 de Dezembro de 1971 a ONU proclamou o Direito das Pessoas com Retardo Mental Tratava se da conscientiza o de resguardar os direitos destas pessoas A Res XXX 3 447 de 1975 instituiu a Declara o dos Direitos das Pessoas Deficientes Hoje quando me vejo atuando na educa o especial sei que esse desejo foi cultivado l na inf ncia Recordo que n o entendia porque meu amigo negro era chamado de retardado pois brincava comigo no recreio e me
196. identidade ouvinte por m ao analisar a interfer ncia do trabalho do grupo dos volunt rios ou seja 190 o n o formal verifica se um deslocamento que passa de uma identidade ouvinte para uma identidade indefinida Na perspectiva te rica de Perlin 2013 essas identidades passam a ser multifacetadas Mesmo com a interfer ncia dos volunt rios apesar de positiva no sentido de valorizar sua experi ncia visual pelos recursos que oferece para o ensino da L ngua de Sinais e para a leitura do mundo al m do contato com outros surdos esta influ ncia n o consegue acabar com as barreiras que separam o surdo do mundo ouvinte Flor o exemplo de que o contexto formal deixa uma marca que adjetiva a aluna como tal assim identifica o neste caso n o mais do que a mesma coisa que adjetivar Ou seja Flor surda adjetivo discursivamente constru da como deficiente que para ter as mesmas oportunidades dos n o surdos precisa falar Seria necess rio muito mais tempo para discutir as quest es impl citas entre o ato mec nico de ouvir a rela o cognitiva e ideol gica presentes na a o de escutar e a mec nica do falar Flor ref m do estere tipo criado pelo discurso do ouvinte presente na escola e que se refor a no seio da fam lia por isso Flor pelo menos por enquanto tem dificuldades em aceitar sua condi o surda e n o se identifica com ela Nesse jogo Flor diferente a escola a trata como deficiente e a fala de
197. identidades produzidas nestes espa os A pesquisa tomou como aporte te rico autores que trabalham na perspectiva foucaultiana al m do pr prio Foucault e a An lise do Discurso de Linha Francesa O corpus de an lise foi composto por entrevistas filmadas e posteriormente transcritas com ajuda dos recursos do Sistema de Transcri o de L ngua de Sinais Quadros da An lise da Conversa o e das contribui es da An lise do Discurso como subs dio para interpreta o dos dados coletados Os sujeitos da pesquisa s o surdos em contexto de educa o formal em sala de aula regular e sem int rprete e visitados por um grupo religioso em contexto n o formal Surdo em escola regular com apoio no contraturno surdo fora da escola regular e tamb m assistido pelo grupo e finalmente as m es dos surdos e suas expectativas em rela o aos seus filhos Em Portugal em especial na cidade de Braga buscou se conhecer para descrever os diferentes contextos de educa o dos surdos a fim de compor um cap tulo a parte com objetivo de acirrar ainda mais as discuss es em torno das pr ticas de letramento dos surdos e as identidades constru das A presente pesquisa traz resultados perturbadores que apontam para a constru o de identidades ouvintes e ou incompletas ao procurar respostas s perguntas como que tipos de sujeitos surdos e identidades emergem em dois contextos de ensino aprendizagem em dois tipos de educa o formal e em um n o formal
198. ient fico avan ado por quatro meses naquele pa s O texto d a conhecer as pol ticas p blicas e o processo de forma o de professores J o Cap tulo 5 tratar da metodologia escolhida e a descri o do objeto de estudo e o contexto da pesquisa Neste cap tulo as contribui es da An lise da conversa o e da An lise do Discurso de Linha Francesa ser o conhecidas para que o leitor entenda a constru o dos enunciados e os caminhos percorridos para chegarmos ao resultado final das entrevistas aqui narradas Finalmente o cap tulo 6 trar a descri o dos dados coletados por meio de entrevistas e grava es de v deo e do contato com materiais de ensino aprendizagem no contexto formal As vozes das m es de surdos e suas contribui es nas constru es das identidades de seus filhos surdos Portanto ser poss vel conhecer as poss veis identidades de Flor em contexto formal Ger nio e Girassol irm os surdos p s lingu sticos em contexto formal e n o formal Beg nia uma surda que come a seu percurso educacional em escola especial para surdos e n o consegue terminar a escolariza o que tamb m sujeito do ensino n o formal 36 Procura se fazer uma discuss o e problematiza o de dois modelos de ensino levando em considera o as discuss es mais atuais em nosso pa s sobre a alfabetiza o e letramento dos surdos e deficientes auditivos em dois pa ses Brasil e Portugal tecendo algumas compara es E
199. ignwriting e a escrita surda em portugu s tamb m n o substitui a L ngua Portuguesa onde est o reconhecimento dos recursos a ela associados Quais seriam esses recursos estaria o Signwriting entre estes A representa o do pensamento surdo a partir do empr stimo do portugu s ou melhor da l gica de aproxima o das duas l nguas n o pode ser aceita com um olhar diferenciado em respeito estrutura sint tica da escrita surda N o seria Portugu s tamb m Os desvios da norma culta n o poderiam ser relevados em detrimento da singularidade da escrita do surdo no territ rio da l ngua dominante oral N o poder amos considerar uma variedade lingu stica Dentro de seu territ rio lingu stico o surdo n o pode escrever em Libras ou melhor utilizar o Signwriting e n o tem seu texto portugu s surdo aceito como sistema de representa o gestual visual an logo representa o gr fica pela escrita que representa a L ngua Portuguesa A prop sito onde est escrito que n o pode E por que n o h forma o de profissionais para atuar com mais nfase neste campo do ensino aprendizagem do surdo Pois at agora o que temos visto uma preocupa o apenas com o ensino b sico de Libras aos professores que ainda formam um contingente minorit rio diante das necessidades Quanto s propostas de uma educa o bil ngue as discuss es caminham no sentido de potencializar o ensino aprendizagem do portugu s No entanto
200. im Flor a base enquanto os outros comp em um conjunto maior que amplia o olhar da pesquisadora e a sua busca por respostas relacionadas s pr ticas de ensino aprendizagem de sujeitos surdos especialmente no contexto escolar ou melhor formal 6 3 1 Girassol a flor do caule que gira para encontrar o sol O surdo que vira em busca de aten o 148 Girassol e Ger nio s o irm os que ficaram surdos por conta de um acidente dom stico O mais velho aos dois anos e o mais jovem com apenas um ano Os dois sofreram perda bilateral com dano neurossensorial por trauma ac stico irrevers vel O acidente ocorreu em uma casa de apenas um c modo onde vivia a fam lia na zona rural de uma cidade do interior de S o Paulo Uma explos o em consequ ncia do entupimento da v lvula de seguran a de uma panela de press o que estava em um fog o muito pr ximo ao ber o onde dormiam os dois irm os ocasionou o ru do intenso que causou as les es As altera es auditivas quanto ao grau ficaram na ordem de perda Severa perda de 71 a 90dB para o mais velho e Profunda perda auditiva acima de 90dB para o mais jovem A m e que ser chamada de A ucena relata que procurou logo o atendimento para as crian as mas alega que isso s foi acontecer quando os meninos j estavam na escola apresentando dificuldades na aquisi o da escrita desprovidos de fala s utilizavam gestual caseiro compreendidos apenas por ela Em visita f
201. im em conson ncia com a proposta de trabalhar com a An lise do Discurso o sujeito da pesquisa produzido social e historicamente justificando os caminhos percorridos e as escolhas te ricas do trabalho ora apresentado O cap tulo 1 discute a Identidade tratando das quest es de constru o discursiva dos sujeitos segundo Foucault Outros autores como Hall e Dorziat contribuem para a discuss o A partir desta perspectiva te rica pretende se trazer para a pauta das discuss es como o Sujeito se constitui hist rica e socialmente atravessado e constitu do pela l ngua Apontaremos como A An lise do Discurso e suas contribui es podem ajudar nos a entender as constru es de Identidade olhando para as rela es entre l ngua e identidade ao mesmo tempo em que estas s o pensadas dentro dos contextos formais e n o formais O cap tulo 2 versa sobre a Educa o Formal e a Educa o n o formal com o objetivo de auxiliar na compreens o dos modelos no momento da an lise entre os dois contextos O cap tulo 3 d a conhecer aspectos importantes da contribui o dos movimentos sociais e o impacto produzido nas pol ticas p blicas e na legisla o vigente tamb m versar sobre as representa es do sujeito surdo ao longo das ltimas d cadas pela apresenta o de uma legisla o que ainda precisa e que vem sofrendo ajustes Destarte o cap tulo 4 descreve o modelo de educa o dos surdos em Portugal observado durante um est gio c
202. im o sil ncio penetrado pela forma se faz fecundo E assim algu m vai sendo sua pr pria forma E para continuar guiando a aluna em dire o aquisi o da leitura e escrita do Portugu s aproveitei mais uma a o disparada por ela Ap s algumas aulas e a tentativa de ler pequenos textos depois de interpretados em l ngua de sinais Flor trouxe uma cole o de livros de f bulas Do ponto de vista discursivo este ato assinalou que a ideia da aluna deve ter sido a de mostrar de alguma forma que ela mesma sem saber ler tinha acesso a diversos materiais de leitura Ao lev los para a aula me indicou seu desejo de entender o que est expresso em tantas p ginas coloridas das quais at ent o s tinha feito a leitura das imagens Esse ato de colocar livros nas m os da aluna por parte da fam lia pode estar relacionado inconscientemente ideia de normalidade atribu da ao ato mec nico de fala de Flor ainda que a menina n o domine o c digo escrito da l ngua oral Conforme Larrosa 2010 esse pode ser mais um sinal de a menina mostrar como induzida pelas orienta es terap uticas a que submetida por dizer coisas como eu falo L NGUA DE SINAIS N O GOSTO Desta conversa resultou uma s rie de atividades baseadas na escolha de um dos cl ssicos infantis Branca de Neve e os sete an es Assim as atividades de leitura e interpreta o foram acontecendo intercaladas por outras atividades escolares A matem ti
203. imeira letra em mai sculo assim temos L ngua de Sinais Brasileira Minha experi ncia como professora em cursos de P s Gradua o Latu Senso tem contribu do para observar que muitos que se dedicam a aprendizagem da Libras e procuram especializar se como int rpretes ou instrutores de Libras s o profissionais de diversas reas como as Exatas matem ticos engenheiros etc por exemplo trazendo em sua bagagem formativa poucos conhecimentos acerca dos estudos lingu sticos o que dificulta um pouco a compreens o de alguns conceitos b sicos para compreens o dos mecanismos lingu sticos presentes em todas as l nguas Configurando se esta no estudo cient fico da linguagem humana 12 estabelecido pela massa de falantes ou seja os signos produzidos por um homem ligam no a outros homens e ao mundo que o cerca a sua realidade social e natural Assim a partir dos estudos de Saussure a Lingu stica se constituiu como ci ncia sendo seu objeto de estudo espec fico a l ngua Se a arbitrariedade consiste na inexist ncia de uma rela o natural entre realidade fon tica de um signo lingu stico e seu significado podemos tom la como elemento para nos ajudar a refletir sobre a quest o de letramento de surdos j que estes processam a leitura de textos sem a utiliza o da rota fonol gica Os problemas envolvidos no ensino de uma l ngua especialmente quando se trata do ensino aprendizagem de uma l ngua espa o visual nos lemb
204. imento especializado em turno contr rio e os incisos VI e VII que abordam inclusive as estrat gias de avalia o da pessoa surda dos mecanismos did ticos parecem deixar claro que apesar de reconhecida n o a Libras que deve ser a l ngua materna do surdo assim numa incoer ncia este cap tulo do decreto valoriza a L ngua Portuguesa N o ter amos expressado um preconceito lingu stico no sentido de dizer uma coisa e propor outra Como a Legisla o conceitua a Libras Vejamos A Lei 10 958 traz o conceito de Libras como l ngua gestual e visual SP A Lei 10 098 trata da acessibilidade portanto das barreiras comunicativas federal Lei 10 436 traz Libras como visual motora federal e se constitui em sistema lingu stico mas o decreto 5 626 deixa claro que a Libras deve servir apenas de suporte para o dom nio da L ngua Portuguesa Mais uma vez poss vel constatar uma incoer ncia entre o que posto como l ngua e barreira comunicativa O Decreto 5296 de 2 de Dezembro de 2004 trata das disposi es sobre ajuda t cnica e em seu Cap tulo VIII artigo 20 decreta que O Poder P blico promover a supress o de barreiras urban sticas arquitet nicas de transporte e de comunica o mediante ajudas t cnicas Ent o onde est o os professores interlocutores junto aos alunos surdos em todas as cidades especialmente nas s ries iniciais J o Art 21 traz que O Poder P blico por meio dos organismos de apoio
205. inais n o ficaria restrita a um pequeno grupo de usu rios perdendo seu status de l ngua Pois refletindo a partir de Foucault 2003 sobre discurso dos que oprimem neste caso a l ngua oral n o seria assumido como identidade pelo surdo 1 2 As contribui es de Foucault para pensar o sujeito 45 O sujeito foi problematizado por Foucault em seus escritos n o para a constru o de uma teoria mas para a sua compreens o de como somos o que somos Por isso o fil sofo fez outras indaga es por que somos esse e n o outro poss vel ser diferente Em que momento e como o sujeito se constr i Certamente estas quest es nos provocam e nos levam a refletir sobre as teorias que tentam explicar a forma o do homem contempor neo Tarefa que n o f cil Acreditamos que a partir das contribui es de Michael Foucault por meio de seus escritos sobre a forma o do sujeito poderemos nortear nossas reflex es Foucault chamou o sujeito de hist rico pois segundo ele o homem uma constru o hist rica portanto fruto de constru es culturais e das rela es de saberes e poderes das rela es do outro com o eu O tratamento dado por Foucault s rela es de poder e governamento contribui para que se reflita em como as pr ticas pedag gicas referentes educa o do surdo no contexto atual podem mascarar o refinamento de pr ticas de domina o Essas considera es do te rico nos levam a questionar se de
206. inda muito pequeno a recusa ao uso do mesmo foi imediata As possibilidades de falar e ouvir n o foram o bastante para fazer com que usasse o aparelho talvez por ter lhe faltado o acompanhamento necess rio para que pudesse usufruir dos benef cios do dispositivo de amplifica o sonora Estudos mostram que o AASI dispositivo eletr nico para amplificar os sons n o restaura a audi o normal mesmo porque em consequ ncia das diferentes perdas auditivas no caso dos irm os a redu o da rea din mica de audi o necessita de ajustes para que o indiv duo consiga tirar o m ximo de ganho ac stico Assim preciso que os envolvidos no processo de escolariza o do surdo e seus familiares entendam que n o basta simplesmente o uso do aparelho de amplifica o ou at mesmo um implante coclear para que o surdo como que por um milagre passe a ouvir e falar Existe um processo de acompanhamento na rea de fonoaudiologia que envolve a terapia fonoaudiol gica com nfase na habilita o e reabilita o auditiva COSTA BEVILAQUA AMATINI 2005 Este talvez tenha o sido um dos problemas de Ger nio pois o AASI sem o devido acompanhamento al m de colaborar para a rejei o por parte do sujeito contribuiu para a constru o de um olhar sobre si mesmo de algu m deficiente que lhe rendeu um sentimento de revolta por n o compreender sua condi o como ser observado no relato de sua m e A ucena 80 ou Pidgin tamb m chama
207. ios Diante do exposto at aqui algumas perguntas emergiram destes posicionamentos e desta proposta de pesquisa Que tipos de sujeitos surdos e identidades emergem em dois contextos de ensino aprendizagem em dois tipos de educa o formal e em um n o formal Quais as contribui es de um contexto n o formal para os contextos formais no que tange s pr ticas pedag gicas para surdos Qual a concep o de curr culo que permeia as tr s pr ticas Partimos do princ pio de que a L ngua de Sinais Brasileira deve estar no centro das aten es e constituir se no objeto principal deste estudo pois ao problematizarmos as quest es de ensino deveremos sempre fazer tal movimento tomando a Libras como l ngua primeira do surdo posicionamento este que ser discutido no decorrer do texto Uma das hip teses pr vias que sustentam esta discuss o a de que a L ngua Portuguesa importante considerando se que o surdo est inserido em um universo no qual os ouvintes dominam Mas apesar de ser importante aprender a L ngua Portuguesa o surdo precisa aprender a ler o mundo se ler e ser lido pelo mundo e para tanto ele se constitui como um sujeito de entremeio de duas l nguas a Libras e a L ngua Portuguesa no contexto do Brasil e das outras linguagens tecnol gicas que atravessam o momento contempor neo Entender como as pr ticas do cen rio educacional atual constroem as identidades dos sujeitos surdos tamb m pode contribuir p
208. ir com o grupo Neste contexto a int rprete de fato s fazia a media o entre os alunos e a professora n o se sentindo pressionada a ter a obriga o de ensinar apenas facilitar a comunica o visto que todos j estavam com dom nio da l ngua de sinais pareciam partilhar dos mesmos conte dos e aparentemente sem adapta es curriculares preciso ressaltar que a posi o do int rprete neste contexto muito diferente do contexto brasileiro Apesar de existirem metodologias diferenciadas ao ensino da L ngua de Sinais Brasileira aos surdos o problema reside no fato de que os alunos que chegam s escolas muitas vezes sem uma l ngua de sinais O int rprete que no Estado de S o Paulo denominado professor interlocutor tem que ao mesmo tempo em que interpreta para o aluno ensinar a Libras e tentar fazer com que este entenda os conte dos Ainda existe uma resist ncia sua presen a em sala de aula por parte dos professores regulares Outros docentes delegam a tarefa de ensinar aos interlocutores numa falta de compreens o do real papel do int rprete em sala de aula Desta rela o conturbada derivam muitos problemas por exemplo o aluno nem aprende como deveria a Libras e n o consegue entender os conte dos de aula dada grande defasagem em rela o aos conte dos e ao processo cognitivo ou seja h uma grande confus o de pap is e o maior prejudicado o surdo 110 4 5 O contexto n o formal um trabalh
209. ira mesmo ingressando no magist rio como professora eventual era muito dif cil mas meu objetivo de ser uma professora efetiva ofuscava minhas dificuldades consegui chegar ao final da gradua o em Letras Isto gra as ao apoio do meu marido e da ajuda de uma amiga que aceitou ser minha fiadora para que eu pudesse conseguir o FIES Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior A Universidade S o Francisco tamb m foi muito importante neste percurso pois tamb m me ajudou com um pequeno desconto que complementava a mensalidade do curso Apesar de todas as dificuldades enfim graduada com licenciatura em Letras No Estado de S o Paulo a Proposta Curricular de 1997 articulava a implementa o da progress o continuada na rede a partir da Resolu o n 4 98 de 15 01 98 organizando o Ensino Fundamental em Ciclos I da 1 4 s rie II da 5 8 s rie o que restringiu a reprova o ao t rmino de cada ciclo e frequ ncia inferior a 30 75 em qualquer no dos ciclos Junto com a progress o ocorreu a implanta o da Avalia o do Rendimento Escolar do Estado de S o Paulo SARESP Assim surgia a necessidade de criar classes de acelera o e a recupera o inclusive nas f rias como forma de corrigir o fluxo escolar combater a evas o e a repet ncia A Delibera o CEE n 9 97 com fundamento do artigo 32 da Lei Federal 9 394 96 e no artigo 2 da Lei estadual 10 403 71 e na Indica o CEE n 8 97
210. is o semi tica seria a simultaneidade da linguagem e de atributos diferenciais estes ltimos o autor concebe como sendo algo marcado Segundo o autor por isso que a crian a surda filha de pais ouvinte atribut ria de um tra o negado entanto que a crian a surda filha de pais surdos atribut ria de um tra o firmado BEHARES 2009 p 141 Pode se dizer que Flor se encaixa no que Skliar 1998 apud BEHARES 2009 p 141 chamou de ouvintismo trata se de um conjunto de representa es dos ouvintes a partir do qual o surdo est obrigado a olhar se e narrar se como se fosse ouvinte Para finalizar poder amos ainda dizer que se o sujeito discurso o discurso materializa a l ngua em a o logo o sujeito se determina por uma l ngua e se fala por ela Lacan 1974 apud BEHARES 2009 nos ajudaria a entender como as rela es sociais e interacionais no caso de Flor est o mais para valorizar o dizer e desvalorizar o existir Assim esses resultados finais e simb licos do aprendizado da aluna ao final do ano e a falsa ilus o de que tudo foi feito por ela trar segundo a vis o cl ssica citada por Behares a ideia de um indiv duo aut nomo que pode prosseguir em seus estudos como se n o tivesse perdido nada A palavra curr culo de origem latina e significa caminho da vida para que uma pessoa chegue a algum lugar sua rota vai sendo tra ada desde os seus primeiros momentos de vida para a
211. is que se constituem em limita es para quem utiliza desta t cnica Assim embora haja muito a ser dito sobre a leitura labial suas vantagens e limita es importante pensar que a orienta o do surdo para essa abordagem tamb m pode refletir diretamente na constru o identit ria porque ao falar fazer a leitura labial e usar o aparelho amplificador o surdo pode entender se como dentro de um padr o dito normal muito pr ximo ao grupo lingu stico dominante ou seja a comunidade ouvinte falante de L ngua Portuguesa Assim numa esp cie de zona de conforto n o levado e nem v necessidade de achegar se comunidade surda mesmo depois da maioridade Portanto vive imerso na comunidade oral com uma identidade que pode mancar entre ouvinte ou deficiente 82 Site http adap org br site index php artigos 150 a tecnica da leitura labial Texto Publicado 23 Setembro 2014 Ana Raquel P rico Mangili Acesso em 23 de outubro de 2014 165 auditivo ou seja segundo Perlin 2013 uma forma n o natural de negar sua condi o surda pode se dizer que Beg nia a flor colhida no jardim do ouvintismo tradicional neste modelo o surdo n o tem outra op o a n o ser o modelo ouvinte A entrevista com Beg nia n o obteve respostas muito diferentes em rela o s de Girassol e Ger nio no entanto poss vel destacar uma de suas falas como segue P Aprender L ngua de Sinais fez alguma diferen a na sua vida
212. italista ele colocado dentro das empresas pela cota dos deficientes como m o de obra barata e sem necessidade de grandes adapta es n o passando de forma de controle do Estado Como encontrar a metodologia ou caminho melhor para inserir o surdo na educa o sem lhe dar oportunidade de acesso atrav s de sua l ngua gestual com registro escrito Entende se que s atrav s de outras mudan as que ainda n o ocorreram no curr culo ser poss vel N o me refiro a conte dos mas aos materiais e metodologias de ensino bem como forma o de profissionais da educa o e ao uso das tecnologias Essas tecnologias de si no mundo antigo estariam relacionadas s t cnicas mnem nicas e ret ricas o sujeito constituindo se a partir de regimes de verdades mas para Foucault depois do advento do cristianismo importante observar o deslocamento da tecnologia de si para uma tecnologia discursiva discutindo a produ o de regimes de verdade a partir de pr ticas disciplinares e de como os sujeitos se tornam govern veis 94 O pr ximo cap tulo tratar da educa o do surdo olhando para o contexto Portugu s fruto de um Est gio Cient fico Avan ado ou seja de quatro meses de doutorado sandu che na cidade de Braga em Portugal no Instituto de Educa o da Universidade do Minho Olhar para outro pa s pode contribuir para lan ar um novo olhar sobre diferentes pr ticas e modos de conceber a inclus o do surdo naquele pa s A
213. iva o Foucault n o fica preso ao sujeito visto apenas como corpo disciplinado e a partir de uma mudan a nos modos de compreens o do sujeito o autor passa a discutir as tecnologias de si Mesmo sem chamar de identidade na verdade o te rico come a a dar lugar compreens o de que o sujeito n o s um corpo disciplinado mas que um sujeito desejante que funciona conjuntamente com as pr ticas discursivas Segundo Neto amp Saraiva 2011 Foucault tentou mostrar ao longo de seus estudos como o sujeito se torna o que ou melhor por que somos quem somos e n o outro Em seus estudos Foucault observa que o sujeito ao ser pass vel de sujei o e governamento propicia modos de governamentalidade sendo a escola uma institui o que abarca ideologicamente modos de produ o de sujeitos de acordo com os objetivos do governo Conforme Neto amp Saraiva 2011 p 8 A nossa poca mais do que em qualquer outro momento na hist ria humana parece ser cada vez mais regulada pela representa o cultural e pelo imagin rio a espetaculariza o o risco e o controle sociais e mais do que qualquer outro espa o institucional a escola parece ainda ser o locusem que tudo isso se combina em poderosos processos de subjetiva o A partir da governamentalidade e seus deslocamentos 47 recentes para uma racionalidade neoliberal pode se entender por exemplo o crescimento das avalia es governamentais tais como E
214. izadas pela oralidade o que coloca os alunos surdos em extrema desvantagem nas rela es de poderes e saberes instaurados em sala de aula relegando os a ocupar o eterno lugar do desconhecimento do erro da ignor ncia da inefici ncia do eternizado n o saber nas pr ticas lingu sticas Parece que s atrav s de muitas mudan as que ainda n o ocorreram no curr culo ser poss vel melhorar a educa o do surdo no nosso pa s N o se trata apenas de conte dos mas de materiais e metodologias de ensino forma o de profissionais da educa o e o uso das tecnologias e um maior interesse do governo em cumprir a lei afinal 2015 est chegando e em muitos setores da sociedade n o se encontram pessoas para o atendimento aos surdos que precisam comunicar se em Libras Mas essa outra discuss o O pr ximo sujeito poder dar mais pistas de como as identidades se constroem nos contextos formais e n o formais 6 3 2 Ger nio a flor delicada e resistente O surdo que v na L ngua de Sinais a supera o para que seja compreendido Ger nio o irm o mais novo de Girassol e tamb m foi contatado pelo grupo dos volunt rios na mesma ocasi o Muito mais arredio o jovem na poca nem quis conversa mostrou se desconfiado e foi preciso muito mais tempo para ganhar a sua simpatia No princ pio das visitas seu comportamento era praticamente de imita o ou i 5 SORE g 79 seja parecia que procurava fazer todas as atividade
215. jas que conhece visto que o jornal da cidade rico em informa es que s o familiares aluna parecendo a atividade prazerosa para a mesma Ao tentar ler as manchetes de algumas not cias a aluna trouxe suas d vidas com rela o ao uso dos encontros consonantais como gl e qu pois al m da dificuldade de pron ncia pr pria da aluna ela n o conseguia entender o que causava diferen a em rela o ao sentido de palavras como por exemplo gliter globo Observa se rapidamente que a aluna assimilou a diferen a expondo suas constata es no quadro branco dispon vel em sala de aula Essas dificuldades s o naturais tamb m para os ouvintes pois quando pensamos em alfabetiza o o encontro desses fonemas mais complexos em geral causam um estranhamento que no ouvinte amenizado pela audi o das diferentes sons depois de constantes repeti es a partir da escuta e da leitura Aproveitando as propagandas de supermercados nos jornais come amos a apresentar embalagens de produtos diversos aluna pois a ideia foi sair dos an ncios de supermercados no jornal para trabalhar com a leitura e escrita das embalagens A aluna tamb m fez a leitura de poucos an ncios de um dos supermercados identificando os produtos e seus nomes e marcas bem como o nome do Supermercado do seu bairro Na aula seguinte levamos apenas 4 embalagens Nova surpresa que mais uma vez assinalava o interesse da aluna pela atividade de ler mais do que
216. l pertencemos por meio da l ngua oral Se surdos podem ser sujeitos constru dos por outro surdo ou por ouvinte por meio da l ngua de sinais ou pela imposi o do portugu s Se por uma l ngua de sinais que n o tem seu registro escrito o surdo como que colonizado por outra escrita E ainda se oralizado ou n o s o sujeitos marcados por discursos pol ticos claudicantes e ineficientes eu diria no quesito educa o Portanto a melhor forma de pensarmos o sujeito pens lo como Bakhtin 2006 p 112 que expressa Assim a personalidade que se exprime apreendida por assim dizer do interior revela se um produto total da inter rela o social A atividade mental do sujeito constitui da mesma forma que a express o exterior um territ rio social Em consequ ncia todo o itiner rio que leva da atividade mental o conte do a exprimir sua objetiva o externa a enuncia o situa se completamente em territ rio social Quando a atividade mental se realiza sob a forma de uma enuncia o a orienta o social qual ela se submete adquire maior complexidade gra as exig ncia de adapta o ao contexto social imediato do ato de fala e acima de tudo aos interlocutores concretos A partir de Bakhtin podemos pensar o sujeito como constru o do meio social cuja l ngua serve como ferramenta de intera o materializada em enunciados expressa o pensamento do sujeito pensamento este constru do e ou dire
217. lhidos e entre amigos ouvintes e conhecedores das dificuldades dos irm os Por isso num tom de lamento que a m e diz A I na escola agora quando quando tinha aquela diretora que ela era surda meus filho era bem Meus fi eles entendia porque a diretora assim i intervia entre eles porque eles surdo E agora que entro outra diretora a m e acena negativamente a cabe a P Ficou diferente 4 O indiv duo com defici ncia auditiva tem grande possibilidade de apresentar desvios do padr o normal de voz Isso vai ter rela o direta com o grau e tipo da perda auditiva A voz do deficiente auditivo tende a ser mais nasalada com foco de resson ncia no nariz devido a redu o do feedback da percep o da pr pria voz Isso faz com que a voz fique mais grave grossa menos aguda fina A qualidade vocal que pode apresentar caracter sticas como soprosidade a articula o pode ser imprecisa a intensidade ritmo e entona o podem ser inadequados devido dificuldade de controlar tudo isso por n o se ouvir com precis o A voz da pessoa com perda de audi o fica mais grave parece que sai pelo nariz http cronicasdasurdez com sobre a minha voz Acesso em 02 11 2014 171 A Nesta fala a m e parece concordar com o que muitos surdos e ouvintes dizem a respeito do papel do professor surdo na escola Na sua simplicidade e falta de conhecimento lingu stico ou acad mico a m e percebeu que a diretora me
218. lho na perspectiva de um contexto informal apenas por entender que se trata de um modo de construir a socializa o dos surdos correr amos o risco de deixar escapar o que nos parece mais importante quando pensamos na escola e no trabalho dos volunt rios que o que ensinado e como ensinado Para Trilla 2008 definir uma fronteira entre informal e n o formal n o pode partir de crit rios de intencionalidade isto n o seria poss vel optar pelo termo n o formal neste trabalho simplesmente por considerar ingenuamente que tal modo de educa o n o est atrelado a modos de ensino ou seja para o te rico uma das fronteiras entre educa o formal n o formal e informal se d pelo car ter met dico Conforme Trilla 2008 p 37 Para n s o que delimita com razo vel precis o os diversos conte dos que o uso costuma atribuir s express es educa o formal e n o P4 formal por um lado e informal por outro um crit rio de diferencia o e de especificidade sic da fun o ou do processo educacional O autor entende que a educa o informal se d de uma maneira difusa pois pode surgir das necessidades di rias em contextos especiais Portanto o trabalho dos volunt rios n o pode ser considerado informal pois exercido de maneira sistem tica e 56 organizado com m todos e pr ticas embora leve em conta as individualidades e se destaque por isso como ser poss vel observar na segunda parte
219. m torno da leitura orofacial que ainda era muito prec ria e o vocabul rio em Libras adquirido at aquele momento em sua aprendizagem era pequeno importante citar que na primeira vez em que fomos sala de aula a aluna esperava com ansiedade Os outros alunos j haviam sido preparados em aula anterior sem a presen a da aluna que havia faltado para este procedimento de interpreta o assim evitar amos tamb m tumultuar a aula ou interferir no trabalho da professora da sala 71 R 5 P as Eu par Leitura orofacial A Leitura Labial consiste na observa o do posicionamento dos l bios do falante para que junto com os sons ouvidos ou n o a pessoa com defici ncia auditiva consiga ter uma maior facilidade para compreender a mensagem falada pelo outro 140 Conforme Lima 2006 p 47 aqui o termo empregado para o trabalho de media o entre duas l nguas de fato int rprete Saleskovith 1968 apud Pagura 2010 p 10 no desenvolvimento de sua Teoria Interpretativa da Tradu o postula que a tradu o e a interpreta o s o profiss es g meas mas n o s o iguais sendo a interpreta o o trabalho com textos orais e a tradu o com textos escritos A princ pio a aluna achava que a leitura orofacial se faria com aux lio da voz da int rprete o que n o poss vel dentro da sala de aula sendo assim a aluna percebeu que a l ngua de sinais se configurava como aux lio para compreens o do que estava s
220. ma escolar ao sistema educacional In ARANTES V A org GHANEM E TRILLA J Educa o formal e n o formal S o Paulo Summus 2008 GESUELI M Z Linguagem e Surdez quest es de Identidade Revista Horizontes V 26 n 2 p 63 72 Jul dez 2008 Universidade S o Francisco S o Paulo SP 2008 207 amp MOURA L Letramento e visualiza o das palavras QETD Tem tica Digital Campinas v 7 n 2 p 110 122 jun 2006 ISSN 1676 2592 GOES M C R Linguagem Surdez e Educa o 3 Ed Campinas Editora Autores Associados 2002 M amp TARTUCI D 2002 Alunos surdos na escolar regular as experi ncias de letramento e os rituais de sala de aula In A Lodiet al Org Letramento e minorias pp 110 119 Porto Alegre Media o GOHN M da G Educa o n o formal um novo campo de atua o Ensaio aval Pol P bl Educ Rio de Janeiro v 6 n 21 p 511 526 out dez 1998 GRILLO S V A no o de campo nas obras de Bourdieu e do c rculo de Bakhtin suas implica es para a teoriza o dos g neros do discurso Revista da ANPOLL S o Paulo v 19 p 151 184 2005 GRISPINO I S Retrospectiva hist rica a escola p blica na d cada de 60 Dispon vel em http www izabelsadallagrispino com br index php option com content amp view catego ry amp id 103 amp Itemid 69 amp limitstart 300 ltimo acesso em 06 06 2013 GOFFMAN E Notas sobre a manipula o da identidade deteriorada Rio de Ja
221. ma tend ncia a nomear uma identidade no sujeito e n o levar em conta todo o contexto situacional produtor de identidades Por outro lado olhando para a legisla o portuguesa relacionada educa o dos surdos parece que n o h preocupa o constante em como essa identidade constru da pelo menos no que diz respeito aos documentos visitados o que nos reporta a teoria foucaultiana Ou seja os sujeitos s o constru dos por discursos que ao mesmo tempo em que refor am sua identidade surda pelo acesso a um grupo lingu stico menor refor am tamb m a diferen a entre estes e os n o surdos Essa diferen a tende a conservar se em seus lares j que as pesquisas apontam que 95 das crian as surdas s o filhas de pais ouvintes Se a escola passa a ser o local de aquisi o da l ngua de sinais e o espa o de conv vio de v rios alunos surdos dentro do universo lingu sticos da LGP o trabalho 106 mais do que incluir mas demanda estrat gias que garantam perman ncia dos alunos na escola O curr culo de l ngua gestual portuguesa prop e que a disciplina de LGP esteja presente desde a pr escola e sempre de forma muito visual Sugere turmas de 3 a 8 alunos na pr escola de 4 a 10 no 1 ciclo de 6 a 12 alunos no 2 ciclo e de 6 a 15 alunos no 3 ciclo proposto que deve ser evitado que uma crian a surda fique em turma de ouvinte para que n o corra o risco de isolamento comunicativo Segundo Coelho 2014 o surdo em
222. mbora toda a pesquisa empreendida caminhe no sentido de argumentar em favor da difus o e manuten o da L ngua de Sinais em sua estrutura formal como fazemos ao tentar preservar as L nguas Orais em seus registros orais e escritos na sua forma padr o em determinadas esfera de comunica o precisamos considerar que a L ngua de Sinais reconhecida como Patrim nio Imaterial Aqui no Brasil a partir do Decreto 7 387 2010 que valoriza as l nguas como portadoras de refer ncias identit rias as varia es da l ngua de sinais ou os sinais caseiros tamb m ocupam um lugar lingu stico que impacta diretamente na forma o discursiva do sujeito surdo A defini o da UNESCO para as l nguas de sinais enquanto Patrim nio Imaterial aconteceu em 2003 em Paris Assim a L ngua de Sinais Brasileira deve ser considerada como artefato cultural Por consequ ncia pode se entender que os sinais caseiros al m de fazerem parte do princ pio da constru o lingu stica de muitos surdos tamb m contribuem para a forma o de identidades cujas mem rias de inf ncia n o se dispersam conforme Lebedeff amp Rosa 2013 No caso dos sujeitos desta pesquisa a marca dos sinais caseiros s o muito fortes mas isso acontece por conta do input lingu stico recebido de seus pais e familiares ouvintes para Quadros amp Cruz 2011 p 25 Muitas dessas crian as criam um sistema gestual para se comunicarem com seus pais chamado tamb m de sinais casei
223. mo forma de separar os dois contextos em quest o ou seja o escolar e o n o escolar No entanto precisamos salientar que se utiliz ssemos o termo contexto escolar este poderia ser tomado como sendo todos aqueles espa os institucionalizados estruturados e organizados pelas pol ticas p blicas ou por projetos geridos pelo Terceiro Setor pois segundo Gohn 1998 p 515 Neste cen rio as demandas sobre a educa o s o m ltiplas De reciclagem aperfei oamento especializa o etc E muitas das demandas n o se situam na rea da educa o formal na escola regular Elas emergem de m ltiplos campos e situam se mais na rea de atua o das ONGs o novo Terceiro Setor Acrescente se que demandas da escolaridade formal tamb m est o recaindo sobre o Terceiro Setor tendo em vista os ndices de analfabetismo e a necessidade da leitura para as opera es mais elementares tais como na rea da constru o civil 53 Outros poderiam tamb m entender como um paradigma bipolar entendendo escolar como estruturas pr prias da escola e n o escolar como tudo que est fora da escola de qualquer forma causando uma dificuldade na compreens o do que estamos chamando de formal e n o formal Conforme Maria da Gl ria Gohn 1998 o espa o n o formal pode ser aquele ocupado por outras entidades que de alguma forma procuram atender os espa os vazios na forma o dos quais a escola como conhecemos n o consegue mais dar conta em
224. muitas pesquisas apontam que por mais que os discursos se revistam de novo na verdade o que temos vivenciado uma insist ncia em ensinar uma l ngua oral a um sujeito que nunca ser oral Segundo Fernandes 2006 Diante de todas essas evid ncias n o h como negar que a filosofia oralista ainda reina absoluta maquiada de um pseudobilinguismo que O egido Peixoto 2006 p 222 Ocasionalmente muitas das crian as usam dadatilologia antes de ler ou escrever uma palavra mas independente disto ocorrer ou n o existe a compreens o de que 26 das 46 configura es de m o que elas usam n o para soletrar mas para compor o sinal podem ser convertidas em letras e isso considerado quando diante de um sinal ela precisa produzir uma escrita 85 n o oferece resist ncia ao seu reinado e tampouco contribui para a conquista da almejada cidadania bil ngue para os surdos Ainda segundo a pesquisadora o surdo se v obrigado a seguir como usu rio de uma l ngua sem status social na condi o de mancar entre a assimila o da escrita em portugu s ou conforme a Fernandes relegados cidadania de terceira classe Embora o Decreto 5 626 de 22 de Dezembro de 2005 que regulamente a Lei 10 436 02 em seu cap tulo IV artigo 14 1 inciso III decreta que institui es federais deveriam prover s escolas professores para o ensino de L ngua Portuguesa como segunda l ngua para pessoas surdas e o inciso IV garanta o atend
225. mulo fala outra particularidade que os alunos surdos recebem transporte diferenciado podendo assim passar mais tempo com outros colegas surdos durante o trajeto de casa para a escola e vice versa no entanto falta ainda uma forma o bil ngue para o condutor do transporte Quando um aluno chega escola uma equipe t cnica pedag gica produz um diagn stico e apesar de os pais poderem decidir como querem que seu filho seja ensinado ou seja em classe ouvinte ou de surdos todos os pais s o convidados para palestras e tamb m s o oferecidas forma es sempre como objetivo de assinalar aos pais a necessidade de seus filhos aprenderem l ngua de sinais ensinada como citado anteriormente a todos os alunos com dificuldades auditivas seja qual for o grau Esse cuidado deve se ao fato de que assim como no Brasil os pais normalmente n o se envolvem com a educa o de seus filhos resistem ao aprendizado da l ngua de sinais e normalmente optam pela oraliza o entendendo que isto v resolver o problema de comunica o entre eles e seus filhos Em Portugal o implante coclear financiado pelo Sistema de Sa de e as terapias de fala acontecem nas escolas Mesmo em salas regulares aqueles cujos pais optaram pela oraliza o os alunos recebem terapia de fala e suporte especial Outra justificativa para o ensino da LGP deve se ao fato de que s assim o aluno ter espa o de tempo deste trabalho descartou se tal procedimento
226. nadas pois se o uso da l ngua est na base da intera o entre sujeitos e sociedade e a linguagem constitui a base para que o sujeito se signifique ent o como poss vel que o surdo se constitua como sujeito eficiente e n o deficiente Como poss vel que ele se signifique como algu m que precisa participar de uma comunidade estrangeira em seu pr prio pa s acessando outra cultura que o respeite e o valorize Gesueli 2006 p 283 tamb m parte da percep o de que as identidades podem sofrer altera es ao longo da vida pois n o s o fixas Coadunamos com essa vis o porque entendemos que se assim n o fosse bastaria uma adjetiva o ent o tecer todas estas considera es acerca de um sujeito n o teria sentido pois bastaria aprisionar o sujeito dentro de um adjetivo surdo ou deficiente Al m disso o mesmo ficaria preso no tempo e no espa o submetidos a pr ticas de ensino mec nicas e vazias A produ o de sentidos estaria sempre no outro que a partir das rela es do poder saber subjugaria no caso o surdo sempre ao dom nio ouvintista Assim a identidade nem poderia ser constru da e seria a mesma coisa que dizer que os diversos discursos que atravessar o o sujeito n o o modificar o E isto que as an lises poder o nos mostrar se h 51 transforma o desses sujeitos em rela o as suas identidades e em qual contexto isto fica mais destacado O pr ximo cap tulo busca situar o leitor sobre o que se e
227. nas vol 26 n 69 p 205 229 maio ago 2006 Dispon vel em http www cedes unicamp br PERLIN G Identidades Surdas IN SKLIAR C Org A Surdez um olhar sobre as diferen as 6 ed Porto Alegre Media o 2013 210 PEZ Tiaraju Dal Pojo Pequena an lise sobre o sujeito em Foucault a constru o de uma tica poss vel Anais do Semin rio de Pesquisa em Ci ncias Humanas 2008 Dispon vel em lt http www uel br eventos sepech arqtxt resumos anais TiarajuDPPez pdf gt Acesso em 24 jul 2013 POPKEWITZ T S Hist ria do Curr culo Regula o Social e Poder IN SILVA Toma Tadeu da Org O Sujeito da Educa o 7 Ed Petrop lis Vozes 2002 QUADROS R M de SCHMIEDT M L P Ideias para ensinar portugu s para alunos surdos Bras lia MEC SEESP 2006 CRUZ C R L ngua de Sinais Instrumentos de avalia o Porto Alegre Artmed 2011 QUADROS R M KARNOPP L B L ngua de Sinais Brasileira Estudos Lingu sticos Porto Alegre Artes M dicas 2004 amp PERLIN G Estudos Surdos II Petr polis Arara azul 2007 RAMOS L Educa o desigualdade de renda e ciclo econ mico no Brasil IPEA gt Pesq Pan Econ V 2 n 3 Dez 1991 Dispon vel em http ppe ipea gov br index php ppe article viewFile 863 800 acesso em 30 de agosto de 2013 RIBEIRO M do C M R B Um exame da adjetiva o no uso efetivo da l ngua na pr tica social do discurso publicit rio Disserta o de Mestrado Po
228. ncentiva a individualidade Segundo o te rico vivemos um momento em que a quest o da identidade nunca esteve 127 t o presente pois hoje as pessoas buscam formas de identificarem se com essa sociedade globalizada e tecnol gica ou seja enquanto o discurso educacional caminha para uma l gica que se diz do pr prio do ser humano de igualdade e oportunidade para todos n o passa de estrat gias para atingir objetivos tra ados por um pensamento racional e tecnicista que pretende alimentar uma sociedade cada vez mais consumista Refletir sobre a forma o do sujeito surdo ou deficiente auditivo nos p e frente a quest es cruciais que precisam ser colocadas em discuss o que tipo de curr culo deve ser proposto O que privilegiar a oraliza o ou a Libras Existe uma sequ ncia did tica pr definida para esses alunos Os m todos iguais n o estariam acentuando as diferen as e desprezando a individualidade de cada um Afinal o que estamos querendo fazer defender m todos e diferentes abordagens ou ajudar os surdos O curr culo pode ser concebido como uma constru o discursiva e tamb m como um campo de lutas e tens es que a princ pio conforme Silva 2010 posto de forma estrutural mas quando come amos um questionamento pensamos no sujeito Assim o autor chama curr culo de documento de identidade e forma o do sujeito e este documento de identidade que ser posto em quest o quando pensamos numa forma o mais
229. ncias normais Os pais recebem vis es sobre os benef cios s da fala s da audi o da fala mais leitura de l bios pr teses auditivas como por exemplo dispositivos auditivos de grande pot ncia implantes cocleares l ngua de sinais ingl s com sinais ingl s com sinais mais fala etc Nessa confus o esmagadora de informa es os profissionais encorajam os pais a ver que se voc seguir a recomenda o para fala e leitura de l bios e especialmente os implantes cocleares seu filho ter capacidades iguais s das pessoas que ouvem Fica dif cil neste contexto fazer julgamento sobre a atitude da fam lia em rela o ao ensino de Libras como primeira l ngua pois os pais s o levados a tomar a decis o baseados em opini o de outro e nesse jogo o surdo tamb m n o interfere mas levado de acordo com a abordagem escolhida por ouvintes e n o por surdos Al m disso poss vel encontrar tamb m pais surdos de filhos surdos que em virtude das dificuldades enfrentadas no mundo ouvinte tamb m fazem a op o de tentar os benef cios conforme os j citados por Skliar 2009 no excerto acima a fim de oportunizar aos filhos surdos melhores condi es de acesso sociedade oral Neste trabalho muitos outros fatores que dificultam o ensino do surdo na escola regular dever o ser discutidos com o objetivo de articular o resultado dessas a es s identidades que emergem nestes contextos escolares em rela o ao sur
230. neiro Zahar 1978 Manic mios Pris es e Conventos S o Paulo Perspectiva 1974 HALL Stuart A identidade cultural na p s modernidade Trad Tomaz Tadeu da Silva Guarareira Lopes Louro 11 ed Rio de Janeiro DP amp A Editora 2006 104p T tulo original The questionof cultural identity Quem precisa de Identidade IN SILVA T T Org Hall S amp Woodward Identidade e diferen a 13 ed Petr polis Vozes 2013 HANDKE P Lento regreso Madrid Alianza 1985 apud LARROSA Jorge Como se chega a ser o que se In LARROSA Jorge Pedagogia Profana Belo Horizonte Aut ntica 5a Ed 2010 HIDALGO A M Tend ncias contempor neas da privatiza o do ensino p blico o caso do Estado do Paran n HIDALGO A M SILVA L L F Orgs Educa o e Estado as mudan as nos sistemas de ensino do Brasil e do Paran na d cada de 90 Londrina Editora da UEL 2001 HOFFMEISTER R J Fam lia crian as surdas o mundo dos surdos e os profissionais da audiologia IN SKLIAR C Atualidade d Educa o Bil ngue para Surdos 3 Ed Porto Alegre Media o 2009 HOFFNAGEL J C Entrevista uma conversa controlada IN DIONISIO A P MACHADO A R BEZERRA M A G neros Textuais amp Ensino S o Paulo Lucerna 2002 208 KARNOPP L B Pr ticas de leitura e escrita entre os surdos IN LODI A C B MELO A D B amp FERNANDES E Orgs Letramento Bilinguismo e Educa o de Surdos Porto Alegre Media o 2
231. nem e Enade as transforma es das propostas pedag gicas as novas diretrizes para forma o de professores Os estudos foucaultianos nos ajudam a olhar para a Educa o como um processo mais amplo para al m da escola Assim precisamos pensar a escola como um investimento na estrutura p s estruturalista ou seja no curr culo que se configura o sujeito que o Estado deseja Dif cil de entender N o Basta observar os cap tulos que tratamos das pol ticas educacionais e dos movimentos da sociedade para refletir sobre as rela es de poder do Estado que est o por detr s desse contexto hist rico social Portanto podemos entender melhor os movimentos educacionais se refletirmos a partir destas rela es de poder saber que apesar do discurso da Educa o para Todos ser uma constante no cerne das pol ticas p blicas voltadas Educa o na verdade esconde um jogo de atos perfomativos criando uma verdade pela representa o da realidade da inclus o que t o falsa que refor a a margem da sociedade Pois s o as diferen as que o Estado n o quer ou que n o consegue resolver Usar os escritos de Foucault na reflex o sobre as identidades que surgem nos contextos de ensino formal e n o formal do qual j fizemos a nossa distin o em cap tulo a parte nos permite ir al m do que externo ao sujeito que permeia esses espa os e nos faz pensar em como esse sujeito se reconhece Para o te rico os processos
232. nstru o identit ria n o ocorre de forma tranquila Como mulher na condi o surda vive numa sociedade que a discrimina de v rias formas pela comunica o truncada pela falta de oportunidade de prosseguir nos estudos pela falta de trabalho que n o lhe prejudique ainda mais a sa de e pela falta de acesso aos bens culturais da sociedade como um todo As pr ximas vozes s o de tr s m es A ucena m e de Girassol e Ger nio Amor perfeito m e de Flor e Lavanda a m e de Beg nia As m es tamb m s o representadas por nomes de flores pela compreens o de que nestes casos e em muitos dos relatos de surdos em diferentes pesquisas a m e base para comunica o do surdo com o restante da fam lia ent o assim como no jardim a m e aparece como que a vegeta o que brota por entre as flores garantindo a melhor absor o dos nutrientes e da gua no solo que por sua vez far brotar tantas flores Por essas falas ser poss vel conhecer a representa o dessas m es em rela o constru o identit ria de seus filhos surdos e surdas compreendendo como a orienta o e encaminhamento dos filhos para atendimento na sa de e educacional repercutiram nesse processo de constru o de identidades 6 4 A ucena a flor da adapta o a m e que ainda deseja A ucena que tem al m dos surdos mais dois filhos ouvintes relata que se dependesse dela os seus filhos Girassol e Ger nio teriam aprendido a ler e escrever e
233. nt ficia Universidade Cat lica de S o Paulo PUC SP http www sapientia pucsp br tde arquivos 20 TDE 2009 05 28T10 27 072Z 7663 Publico Maria 20do 20Carmo 20M 20R 20Branco 20Ribeiro pdf Acesso em 30 10 2014 SALESKOVITCH D L interprete das l s conferences internationals problems de langage et de communication Paris Minard 1968 apud PAGURA RJ A interpreta o de confer ncia no Brasil hist ria de sua pr tica profissional e a forma o de int rpretes brasileiros Tese de Doutorado S o Paulo USP 2010 S NCHEZ P A A Educa o Inclusiva um meio de construir escolas para todos no s culo XXI ln Inclus o Revista da Educa o Especial Out 2005 Bras lia MEC SEESP 2005 SARMENTO Manuel J amp PINTO Manuel As crian as e a Inf ncia definindo conceitos delimitando o campo In PINTO Manuel amp SARMENTO Manuel J coord As Crian as Contextos e Identidades Braga Portugal Centro de Estudos da Crian a 1997 211 SASSAKI Romeu Kazumi Terminologia sobre defici ncia na era da inclus o In Revista Nacional de Reabilita o ano V n 24 jan fev 2002 pp 6 9 Inclus o Construindo uma sociedade para todos Rio de Janeiro WVA 1997 SAUSSURE F de Curso de Ling stica Geral 2 ed S o Paulo Cultrix 1995 SAVIANI D Hist ria das id ias pedag gicas no Brasil 2 ed Campinas SP Autores associados 2008 SILVA Toma Tadeu da Documentos de Identidade uma introdu o
234. ntar todos os surdos do mundo sendo o la o a representa o de sua surdez O dia 26 de setembro Dia Nacional do Surdo uma data reconhecida pela Lei 11 976 2008 e escolhida em homenagem funda o da primeira escola de surdos no Brasil INES conta tamb m com diversas atividades sociais e pol ticas que s o realizadas em todo o pa s na defesa dos direitos dos surdos 3 2 A legisla o e pol ticas p blicas ainda s o muitas as quest es Embora n o seja nossa inten o fazer um longo relato sobre a educa o dos surdos no Brasil precisamos lembrar que tal preocupa o s aparece no Segundo Imp rio com a chegada do educador franc s Hernest Huet um ex aluno do instituto de Paris que trouxe o alfabeto manual franc s e a L ngua Francesa de Sinais Huet com ajuda do ent o imperador fundou em 26 de setembro de 1887 o Instituto Nacional de Educa o dos Surdos INES outras institui es foram fundadas ao longo das d cadas e em S o Paulo entre elas o Instituto Educacional de S o Paulo IESP em 1954 doado em 1969 para a PUC SP atualmente refer ncia para as pesquisas no campo da defici ncia auditiva 81 At 1970 a filosofia educacional que permeava a educa o dos surdos era voltada ao Oralismo a Comunica o Total passa a ser tamb m difundida a partir da visita da educadora Ivete Vasconcelos da Universidade de Gallaudet Atualmente as filosofias educacionais ainda convivem paralaleme
235. nte no Brasil mas o Bilinguismo tem sido mais utilizado ou seja a L ngua de Sinais Brasileira como l ngua materna do surdo e a L ngua Portuguesa como segunda l ngua luz desses posicionamentos educacionais podemos refletir em que cen rio social e pol tico foi se configurando a legisla o desde 1916 at os nossos dias O C digo Civil Brasileiro de 1 de Janeiro de 1916 na sua lei 3 071 5 II concebe os Surdos Mudos como pessoas incapazes de expressarem suas opini es Pensar nesta lei nos remete reflex o de que apesar de ultrapassada pelos seus 95 anos foi capaz de deixar uma marca preconceituosa e que produziu o estigma de que Surdo Mudo sendo assim at os nossos dias muitos acreditam que sejas incapazes de se expressarem como um ouvinte falante da l ngua oral J a Constitui o de 1988 em seu artigo 208 inciso III determina que o dever do Estado com a educa o ser efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de defici ncia preferencialmente na rede regular de ensino O termo portador que foi t o difundido principalmente entre 1986 e 1995 est sendo aos poucos abandonado sendo prefer vel o termo pessoa com defici ncia SASSAKI 2002 J o termo preferencialmente n o garantiu e nem garante o acesso dos seis milh es de surdos segundo Capovilla et al 2009 p 24 A Declara o de Salamanca foi um marco decisivo em dire o Educa o
236. ntende por contexto formal e n o formal de educa o Visto que a proposta desta tese de fazer emergir as identidades dos sujeitos aqui em an lise compreender como esses contextos diferenciam se em rela o s suas pr ticas de ensino Essa compreens o pode ser muito relevante para percorrer as an lises discursivas e os impactos desses contextos nos sujeitos enredados na tessitura deste trabalho 52 CAP TULO 2 Educa o formal e n o formal pontos e contrapontos Este cap tulo pretende trazer para a pauta das discuss es como se caracterizam dois contextos de educa o o contexto formal e o contexto n o formal ajudando na compreens o de que embora diferentes por for a dos seus aspectos organizacionais assumem a responsabilidade de promover educa o em diferentes esferas da sociedade A partir desta discuss o ser poss vel entender porque a escolha pela terminologia n o formal e a abordagem escolhida como argumento para a justificativa de colocar o grupo de volunt rios numa perspectiva n o formal ao inv s de informal ou n o escolar 2 1 Formal n o formal informal escolar ou n o qual a melhor defini o Para a continuidade deste trabalho se faz necess rio colocar em pauta porque se optou pela terminologia escolhida para designar os espa os de coleta e discuss o de dados desta pesquisa como formal e n o formal N o estamos criando nenhuma tipologia apenas nos servimos destes co
237. ntes Segundo Coelho 2013 os alunos saem preparados para serem professores de LGP mas n o s para isso podem ser professores desde educa o infantil As Universidades e Escolas Superiores de Educa o oferecem cursos de licenciaturas cujo curr culo tem um tronco comum mas permite aos alunos optar pela forma o como int rprete ou como formador de LGP O curso contempla disciplinas pedag gicas e outras espec ficas conforme a op o do aluno Os alunos t m um ensino dist ncia com encontros semanais nas Universidades recebem material de apoio impresso com DVD em LGP 102 A forma o do formador de LGP muito semelhante ao curso de Letras Libras oferecido no Brasil preferencialmente a surdos filhos de surdos e ouvintes Entretanto esse lugar de professor ainda n o ocupado pelos professores surdos em Portugal assim como no Brasil em muitos casos os surdos s o contratados como instrutores ou monitores pelas institui es de ensino Em Portugal os surdos do ponto de vista estatut rio s o considerados formadores de LGP e n o professores O programa curricular portugu s para a educa o b sica e secund ria foi articulado com objetivo de promover nos surdos a mesma compet ncia lingu stica em LGP como a desenvolvida em ouvintes A L ngua Portuguesa para os surdos a segunda l ngua e portanto segue o curr culo pr prio como qualquer l ngua estrangeira No contexto brasileiro e portugu s na ver
238. ntidade Woodward 2013 analisa a constru o das identidades a partir de Saussure e sua teoria lingu stica que ao tratar das oposi es bin rias concebe que esta a forma mais extrema de marcar as diferen a WOODWARD 2013 p 50 Embora o discurso educacional gire em torno da inclus o acentua a oposi o entre o que ouve e o que n o ouve onde as pr ticas acentuam ainda mais as diferen as Pode se entender ent o que a diferen a produzida pode excluir ou contribuir para a compreens o da diferen a como diversidade e quanto a isso preciso muito cuidado para n o tratar a diferen a como poss vel de ser eliminada por uma falsa igualdade que acaba por contribuir para a constru o de uma identidade negativa A oposi o bin ria pode entretanto levar nos ao constante questionamento a fim de buscarmos no desequil brio a identidade que n o nem essa e nem aquela mas as poss veis identidades que emanam de um sujeito constru do por diferentes discursos Como os discursos e os campos sociais v o se modificando ao longo da vida pode se dizer que as identidades tamb m mudam e est o relacionadas aos posicionamentos que v o sendo assumidos pelos sujeitos estes posicionamentos s o assumidos pela experi ncia de vida nas rela es sociais que via de regra s o ideol gicas A identidade pode ser tomada como fruto da intera o com o s outro s e do desejo de compartilhar das mesmas representa es simb
239. ntrolado e se diferencia quanto aos prop sitos para sua realiza o e cuja finalidade das informa es recebidas podem ser usadas para diversos fins Assim existem diferentes modelos de entrevistas como a entrevista m dica entrevista de emprego jornal stica etc Entretanto a estrutura comum a todas segue o 159 modelo de perguntas e respostas A entrevista um evento comunicativo e eminentemente oral Neste trabalho o oral deu lugar l ngua de sinais Como toda entrevista o corpus desta pesquisa buscou obter informa es para uma an lise discursiva das respostas produzidas Segundo Hoffnagel 2002 p 183 Na maioria das entrevistas feitas por cientistas sociais as respostas s o consideradas dados para elucidar um fen meno social em estudo Como j mencionado anteriormente no caso do primeiro irm o as respostas s perguntas foram um misto de oral gestual caseiro e Libras No caso de Ger nio a produ o das respostas aconteceu de forma sinalizada pois o jovem n o oralizado Percebeu se de Ger nio uma postura s ria em rela o s respostas seu corpo e sua forma de sinalizar demonstraram que o momento foi muito importante para ele no sentido de que pode expressar se em rela o s quest es s rias sobre sua surdez e a sua opini o sobre a escola que lhes foram colocadas Quando perguntado se ser surdo na escola era um problema para ele a resposta foi inesperada e muito esclarecedora P Na es
240. num sect rio mas algu m que ao ler com o cora o aberto volta se para si mesmo encontra sua pr pria forma sua maneira pr pria Podemos dizer que da experi ncia oportunizada pelo contexto n o formal que dos quatro sujeitos surdos desta pesquisa tr s sa ram modificados E mais segundo Larrosa 2010 e pelos depoimentos analisados estes n o s o produtos de um ensino que prev imita o mas sim de um movimento que de alguma forma por encontrar cora es abertos produziu outra forma de ser e sentir S o mais de 100 DVDs atualmente todos em L ngua de Sinais associados a v rias estrat gias das quais os volunt rios pesquisam em materiais acad micos e junto s associa es de surdos Assim o resultado deve se especialmente pelo estudo feito nico e exclusivamente com um surdo de cada vez ou seja outro diferencial o atendimento individualizado com planejamento e estrat gias de acordo com a necessidade de cada surdo acompanhado O contexto n o formal tamb m contribui para a constru o de identidades surdas por conseguir reunir v rios surdos em reuni es p blicas donde derivam outros encontros e um la o de amizade entre os surdos Assim a l ngua ajuda na transmiss o de opini es valores e express es surdas muitas vezes sem a interfer ncia ouvinte ou seja a L ngua tomada como elemento socializador de ideias e valores Pode se at dizer que tal postura trata se de um ouvintismo cr tico segund
241. o Perlim 2013 que embora respeite e defenda o uso e difus o da Libras se faz por nico motivo e este quando analisado friamente luz das teorias visitadas nada mais faz do que sustentar uma superioridade ouvinte preciso reconhecer que embora se trate de um trabalho volunt rio o acesso do grupo aos surdos tamb m acontece tardiamente e para muitos surdos nem mesmo acontece por conta do aspecto religioso por tr s das inten es de ensino da Libras Tal como a escola precisaria de reformula es e de recursos humanos a fim de levar a L ngua de Sinais aos surdos e familiares para s depois oferecer o estudo b blico o que n o dever acontecer porque o trabalho atualmente empreendido s existe em fun o da pr pria prega o Mesmo assim a hip tese pr via de que este contexto tem contribui es para o contexto formal se confirma pelo exposto acima pois a escola que agora precisa receber os surdos em nome da inclus o n o est preparada para tal Note o quadro 196 Atendimento individual Cursos de forma o Forma o cont nua Livros em v deo Tecnologia Prec rio acontece quando h salas de recursos Tem visitas agendadas uma ou duas vezes por semana nos lares dos surdos assistidos Tem Libras apenas cursos Tem Libras de Libras de 40 horas que n o s o obrigat rios aos professores Alguns sistemas municipais fazem parcerias com Associa es de S
242. o est o inscritos no terreno da inclus o como est posta ou seja em uma escola despreparada em termos de recursos humanos e materiais Sendo esta quest o apenas uma das vari veis que acabam por assim dizer deixando o surdo de fato largado sendo responsabilizado pelo fracasso educacional Nesse respeito Skliar 2013 p 18 postula que O que fracassou na educa o dos surdos foram as representa es ouvintistas acera do que o sujeito surdo quais s o os seus direitos lingu sticos e de cidadania quais s o as teorias de aprendizagem que refletem condi es cognitivas dos surdos quais as epistemologias do professor ouvinte na sua aproxima o com os alunos surdos quais s o os mecanismos de participa o das comunidades surdas no processo educativo etc Talvez uma das diferen as no trabalho do grupo no contexto n o formal seja essa a preocupa o com o sujeito surdo o que pode mudar em sua vida por melhorar sua comunica o e coloc lo em contato com outros surdos Conhecer a hist ria de cada um acaba por constituir se num processo natural que d lugar a um ensino em L ngua 174 de Sinais que busca fazer com que o surdo entenda que tamb m tem um lugar na sociedade P Ent o posso registrar que foram os volunt rios que ajudaram um pouco os meninos A Foi Pode colocar P E serviu para alguma coisa essa ajuda A Serviu Serviu at demais P Por que voc acha isso A Eu
243. o jogar num tabuleiro cujas cartas j est o marcadas pelas rela es de poder e governamentalidade Pensar em continuar acreditando na possibilidade de mudan as na educa o dos surdos foi o fio condutor que me motivou A motiva o veio de muitas leituras especialmente de vozes surdas e n o seria justo alistar apenas algumas pois foram muitas que fizeram parte dessa tese Al m disso concluir este trabalho conformou se em um desafio Afinal tentar olhar para um grupo religioso com o qual venho me identificando h mais de 20 anos para ent o num movimento de estranhamento procurar analisar de maneira profana como diria Larrosa 2010 seus modos de ensino ao surdo n o s desestabilizou alguns conceitos constru dos como tamb m me re conduziu a uma experi ncia formativa Dessa experi ncia eu n o sou mais aquela sou isto isto que se traduz na tessitura deste texto do eu atravessado por leituras e pela viv ncia com os surdos especialmente em cursos de gradua o e p s gradua o Sentindo suas dificuldades e vibrando com suas vit rias Chegar ao final da tese chegar conclus o de que n o h fim esta viagem formativa est apenas come ando Por isso passo a compartilhar o que pude aprender at aqui nesta fant stica aventura O contexto n o formal deixa como contribui o em rela o ao curr culo que pratica um atendimento planejado de acordo com as necessidades de cada surdo Esses atendimentos s o regular
244. o Jos do Rio Preto e depois que Beg nia ficou doente n o tardou muito seu atendimento na rede de sa de aos nove meses a menina j passou a ser atendida por uma escola de educa o especial para surdos A m e relata que levava a menina de segunda sexta feira e ficava com ela na escola isto durante um ano depois a crian a ainda ficou na escola at os sete anos isto porque os m dicos que a atendiam conclu ram que Beg nia tinha potencial para aprender a falar A partir desta orienta o m dica a menina passou a frequentar a escola regular Importante observar que neste caso Beg nia teve como primeira l ngua de acesso a L ngua de Sinais s ent o passou tamb m a ter acompanhamento fonoaudiol gico para est mulo e treino da fala Isto segundo a m e proporcionou a filha um bom desenvolvimento Com rela o filha na escola a m e disse ter sentido um pouco de receio ao chegar cidade de Jarinu visto que na cidade as condi es de acesso s o muito mais prec rias em fun o da dist ncia dos grandes centros para dar continuidade ao acompanhamento da filha L NA ESCOLA N O FAZIAM DIFEREN A AS ATIVIDADES ERAM IGUAIS AS DAS OUTRAS CRIAN AS A fala da m e revela que n o havia grande preocupa o pois a filha conseguia acompanhar as outras crian as j que praticamente por falar e usar o aparelho era tratada dentro do padr o de normalidade n o necessitando de aten o diferenciada por parte dos
245. o a cultura das duas l nguas especialmente por respeitar o posicionamento familiar em rela o L ngua de Sinais preciso um trabalho progressivo para acabar com os mitos e temores encontrados nos familiares de surdos que n o utilizam a Libras A grande parte de volunt rios que chegam ao grupo sem nenhum conhecimento sobre a Libras ao longo do tempo procura cursos de Libras com objetivo de aprimorar o uso da L ngua j que os sinais mais utilizados acabam sendo aqueles pr prios do contexto b blico Por entenderem que o surdo precisar de ajuda tamb m em outros contextos o volunt rio procura melhorar seu repert rio e uso da l ngua n o raro encontrar elogios quanto ao trabalho do grupo e uso e difus o da L ngua de Sinais Tamb m n o h exig ncia quanto ao n vel de escolaridade a boa leitura na l ngua portuguesa e a facilidade em didatizar os conceitos b blicos o nico crit rio preciso tamb m demonstrar progresso no dom nio da Libras bem como na leitura e compreens o do que sinalizado pelo surdo Quando o volunt rio encontra um surdo que n o sabe Libras cabe a ele ensinar o surdo o idioma e os conte dos b blicos Com o tempo e o progresso do surdo a L ngua Portuguesa vai sendo inserida nos estudos que acontecem semanalmente 2 2 2 Organiza o do trabalho volunt rio com surdos Para o trabalho dos volunt rios existe uma estrutura organizacional o papel de lideran a cabe aos homens design
246. o a escola que n o est preparada para o atendimento ao aluno surdo ao oferecer um per odo de apoio no contraturno de car ter individual por profissional preparado conhecedor das duas l nguas pode contribuir para que esse aluno acesse a l ngua oral Retomo aqui a quest o do material Se percorri toda a tese sustentando que o material era o diferencial do grupo n o formal entretanto o trabalho com Flor mostrou que n o bem assim A escola n o tinha materiais dispon veis Na primeira semana foram comprados 2 exemplares de um dicion rio e 4 livros de contos isso foi tudo Mas como o relato de Flor aponta foi o atendimento individualizado que lhe proporcionou alguns resultados satisfat rios entre eles a aquisi o da leitura e da escrita do portugu s e um melhor conv vio com os ouvintes Contudo o atendimento n o se fez no vazio mesmo a escola n o dispondo de materiais enquanto professora bil ngue tratei de elaborar materiais e a usar de todos os recursos inclusive tecnol gicos que pude encontrar a fim de proporcionar um tempo de qualidade com a aluna 198 Ao valorizar o trabalho de oraliza o da crian a e aproveitar o ganho auditivo conseguido com o AASI o resultado em rela o aquisi o da leitura e escrita muito bom Principalmente porque o trabalho envolveu a parceria com a professora da sala regular os colegas de sala de aula e todos os funcion rios da escola na t mida tentativa de criar um c
247. o aos demais conte dos e intera o em sala de aula Para tanto como este um trabalho que se apresenta de maneira parcial trar parte da an lise que tem como base o contexto formal Trata se de Flor aluna surda que na ocasi o da entrevista cursava o 5 ano do ensino Fundamental em escola p blica da rede municipal Sendo a escola um dos lugares que contribuem para a forma o de identidades espera se atrav s da descri o de algumas pr ticas adotadas em um contexto formal e real problematizar a forma o de identidades dentro do terreno pedag gico Pensar o curr culo como estrutura nos permite compar lo a partir da met fora da cebola ou seja pensar em como as camadas que o formam re nem os discursos em torno da forma o do sujeito muito importante Portanto pensar na forma o do surdo ou deficiente auditivo refletir sobre o curr culo como lugar onde se conforma a forma o desse sujeito de modo a levantar discuss es e problematiza es a partir desta perspectiva quando se fala em inclus o Espera se neste cap tulo a partir destas reflex es apontar as identidades produzidas por este contexto formal de ensino do surdo 6 1 Nas representa es surdas que identidades s o produzidas nos dois diferentes contextos Flor a porque o nome da aluna foi omitido por quest es ticas de pesquisa b Flor o nome escolhido a prop sito pois trata se de uma refer ncia para pessoa am v
248. o contextualizado ex IXk KCOMPRAR CARRO as letras em fonte menor k representam o sujeito do discurso Representa a intensidade do sinal ex BONITO lt BONITO gt lt BONITO gt lt gt do Indica a dire o do olhar associada com sinais em concord ncia comos referentes inseridos no espa o da sinaliza o Ex lt ENTREGAR PARA ALGU M gt do lt gt cl Indica configura es de m os padr o para indicar classificadores Ex lt PINTAR COM ROLO gt cl lt gt qu Interrogativa 1 O QUE COMO ONDE POR QUE QUEM Ex lt QUE gt qu lt gt qu Interrogativa 2 expressam d vida lt gt Ex lt QUE gt qu lt gt qu Interrogativa 3 aparecem em ora es subordinadas com express o facial diferenciada lt gt qu Ex lt QUE gt qu lt gt sn Interrogativa 4 objetiva resposta sim ou n o Ex lt JO AO COMPRAR CARRO gt sn lt gt t Topicaliza es associadas a elementos topicalizados Ex lt FUTEBOL gt t lt JO O GOSTAR gt mc De futebol Jo o gosta lt gt mc Constru es com foco elementos duplos com associa o do lt gt n movimento de cabe a afirmativo negativo ou interrogativo lt gt qu Ex EU PERDER LIVRO lt PERDER gt mc Eu perdi o livro lt gt r Ora es relativas s o ora es encaixadas dentro de uma outra ora o com marca n o manual associada a senten a Ex MULHER lt BICICLETA CAIR gt r ESTAR HOSPITAL A mulher que caiu da bicicleta est no hospital Figura 2
249. o de materiais digitais utilizados por um grupo religioso para o ensino de surdos em um contexto n o formal problematizar o modelo de educa o formal oferecido aos alunos deficientes auditivos e ou surdos nas escolas consideradas p blicas Muito embora esses volunt rios tenham como objetivo o ensino do conte do da B blia aos surdos acabam por contribuir para a socializa o e letramento destes indiv duos pois al m de propiciarem aos surdos o ensino da L ngua de Sinais Brasileira o grupo procura alfabetizar tamb m em L ngua Portuguesa desenvolvendo a leitura e a escrita para a maior parte dos surdos assistidos Pela utiliza o de ferramentas de ensino em suporte digital o grupo ensina Libras ao surdo e a partir da o processo de ensino aprendizagem acontece tomando como base a L ngua de Sinais dentro do territ rio lingu stico do surdo sendo que gradativamente tal ensino vai se expandindo A L ngua Portuguesa no mbito da leitura e da escrita vai sendo aos poucos incorporada pelo surdo o resultado a leitura e a escrita capaz de estabelecer significa o e comunica o com o mundo ouvinte pois al m da intera o pela l ngua o surdo exposto a uma variedade de textos escritos em l ngua portuguesa o que se constitui em um ensino bil ngue que respeita a LS como primeira l ngua sem no entanto deixar de possibilitar ao surdo o acesso LP Assim a pesquisa trouxe como contribui o o olhar para um c
250. o e udio Atualmente este recurso muito utilizado por todos aqueles que se dedicam aos estudos surdos especialmente queles que procuram compreender a estrutura gramatical da Libras Todos os recursos aqui elencados se constituem em ferramentas para a an lise das entrevistas com o objetivo de levantar as representa es de m es e seus filhos surdos interpretando quais s o as identidades surdas que emergem nesses dois contextos formal e n o formal N o se trata portanto de um estudo lingu stico descritivo da L ngua de Sinais como o trabalho de Leite 2008 que fez uma an lise descritiva bastante detalhada da intera o entre surdos em L ngua de Sinais O trabalho do te rico poder amparar nossas an lises agregando subs dios aos demais recursos relacionados anteriormente O pr ximo cap tulo finalmente revela quem s o esses surdos arrolados como personagens principais na composi o deste trabalho bem como as falas de m es que com certeza contribuem para outra forma de pensar a rela o da fam lia com o surdo e com a escola 125 CAP TULO 6 DES CONSTRU O E RE CONSTRU O QUE IDENTIDADES FLORESCEM Este cap tulo tem como objetivo resgatar as discuss es empreendidas at o momento bem como o arcabou o te rico visitado para refletir sobre o ensino aprendizagem de alunos surdos e deficientes auditivos nas escolas p blicas em especial no que tange ao ensino do Portugu s como l ngua de acess
251. o final da escolariza o n o teriam apenas passado pela escola mas que tivessem de fato superado as barreiras comunicativas aptos a viverem num mundo ouvinte com melhores condi es para reivindicar oportunidades de trabalho sa de enfim exercitar sua cidadania Marcados portanto de forma positiva pela escola formal O trabalho mostra que refletir sobre a constru o de identidades est para al m da adjetiva o pois dos processos de subjetiva o do sujeito que as identidades emergem Assim simplesmente discutir o que o surdo precisa a partir do olhar que v o corpo sem audi o aprisionando o dentro de nomenclaturas e brigas entre te ricos que na maioria s o ouvintes decidindo por surdos negar lhes o direito de terem tudo o que puderem para fazer parte do mundo ouvinte Esse mundo ouvinte por sua vez marca o corpo sem escrita pois aquele que n o l e escreve n o constr i uma identidade um lugar social CORACINI 2010 p 25 esta necessidade de se afirmar no mundo como algu m que l e escreve est bem presente na fala de A ucena quando releva sua ang stia pelos filhos que n o aprenderam nada na escola A sensa o de que muito ainda poderia ser explorado nas vozes dos sujeitos apresentados Falar de identidades parece ter sido muito pouco para tentar argumentar em favor de uma pol tica educacional diferenciada para o surdo A ideia ainda que ousada levar para a pauta das dis
252. o mais pr xima poss vel dos enunciados surdos e orais Dito de outra forma a preocupa o maior da investiga o n o influenciar os resultados no sentido de apontar que este ou aquele contexto de ensino produz mas mostrar o que est acontecendo para a partir destes resultados analisarmos luz desta pesquisa e do arcabou o te rico apresentado o que pode ser melhorado ou n o nestes contextos de ensino Portanto para a transcri o dos turnos de fala ou turno em sinais ousaremos tentar fazer uma representa o utilizando os crit rios de transcri o do autor conforme segue 1 Falas ou sinais simult neos os falantes iniciam ao mesmo tempo um turno os colchetes duplos vir o no in cio representa o gr fica 2 Sobreposi o de vozes a concomit ncia das falas se d a partir de certo ponto o colchete simples abre o turno 3 Sobreposi es localizadas sobreposi o num dado ponto colchete abrindo e outro fechando 4 Pausa e sil ncios pausas pequenas para cada 0 5 segundos mais de de 1 5 cronometradas indica se o tempo 1 8 5 D vidas e suposi es ou utilizar a express o incompreens vel ou escrever o que se sup e ter entendido ex incompreens vel 6 Trancamentos bruscos quando o falante corta uma unidade ou quando cortado 7 nfase ou acento forte MAI SCULA 8 Alongamento de vogal no caso do oral ou do sinal 9 Coment rio do analista antes
253. o que ningu m v Em Portugal o trabalho empreendido pelo grupo de volunt rios com objetivo de divulgar os ensinos b blicos o nico que consegue alcan ar os surdos que ficaram fora da escola N o foram encontrados outros grupos ou institui es que fizessem um trabalho de ensino da LGP de forma que pudessem ser considerados n o formais As associa es de surdos do Porto e de Lisboa configuram se em espa os formais uma vez que os cursos oferecidos seguem modelos de ensino previamente articulados e formatados com hor rios pr estabelecidos materiais e avalia es n o s para o ensino de LGP para surdos mas especialmente para o ensino a ouvintes Desta forma tais espa os por conta de seu desenho pedag gico aproximam se mais dos contextos formais de educa o O fato de serem direcionados a surdos e ouvintes tamb m j os excluem do contexto n o formal investigado O grupo de surdos atendidos pelo grupo de volunt rios da cidade de Braga composto de variados sujeitos Dentre estes muitos nem chegaram mesmo a conhecer a LGP e por isso ao serem contatados pelo grupo comunicam se com gestual caseiro Com idades variadas o grupo visitado em algumas das reuni es contava com 9 surdos em processo de aquisi o da LGP Muitos outros s o visitados mas por dificuldades de deslocamento at o sal o de reuni es ou por motivos outros n o frequentam as reuni es p blicas no entanto se beneficiam do ensino da LGP em seu
254. o tamb m uma contribui o do contexto n o formal para o formal Durante o tempo em que manteve contato com o grupo Girassol tamb m conheceu o Clube dos Surdos em Jundia assim o grupo de volunt rios tamb m propiciou ao jovem a oportunidade de conhecer a comunidade surda sem restringir o jovem apenas ao contato com surdos frequentadores das reuni es p blicas O objetivo portanto do grupo inserir o surdo em sua comunidade lingu stica de forma que ele possa viver a l ngua que s pode ser valorizada e compreendida no seio da comunidade Desta forma o caminho para a constru o de uma identidade surda trilhada pelos surdos assistidos pelo grupo por serem conduzidos intera o pela l ngua e s experi ncias visuais pr prias da comunidade surda J o contexto formal a escola apenas promoveu a inser o do aluno n o lhe garantiu isonomia A inclus o atualmente praticada empurrou o jovem para fora do sistema escolar como que cumprindo a tarefa de oportunizar o acesso escola e n o aos seus bens e valores culturais Sem letramento em portugu s e ou em Libras ele mais um que pelas condi es sociais e econ micas ser encarado pela sociedade como um deficiente O conceito de letramento nesta pesquisa o postulado por Soares 2006 155 que embora seja observado pela te rica como dif cil de ser definido poss vel ser pensado a partir da leitura e da escrita da l ngua Se o letramento pode se
255. ompreens o de diferentes g neros textuais conforme a esfera de comunica o e circula o As dificuldades na leitura e escrita passam a ser acentuadas por aqueles que desconhecem o universo surdo como incapacidade do surdo em articular um texto dentro da norma padr o da L ngua Portuguesa Assim gra as ao interc mbio de conhecimento propiciado as pr ximas linhas trazem o contexto de educa o do surdo em Portugal e apontam para uma reflex o sobre a inclus o de surdos a que assistimos nestes pa ses irm os pela L ngua Portuguesa oral mas com l nguas de sinais muito diferentes 98 4 2 Inclus o do surdo em Portugal outra interpreta o A Conven o de Salamanca tem sido o documento mais citado e considerado divisor de guas quando se trata do tema Inclus o Passados 20 anos de sua publica o os educadores e pesquisadores ainda discutem como a inclus o deve acontecer Enquanto alguns prop em uma inclus o radical dos alunos com necessidades educativas especiais no interior da escola regular outros oferecem formas de ensino que acabam por segregar estes sujeitos O problema que surge colocar em xeque as modalidades de educa o a que assistimos e como encontrar a verdadeira forma de incluir Incluir para qu Incluir onde Estas perguntas s o esquadrinhadoras se pensarmos que o sujeito surdo n o ficar por toda a sua vida na escola mas ter que circular por uma sociedade ouvinte oral na qual precisar encon
256. onsegue falar 0 5 eu fiz esse teste ruim demais I tem gente que acha que brincadera Num brincadera A Eu sei que eles n o nasceram assim Eu sei que eles n o nasceram assim P Por isso que voc acha que eles s o deficientes auditivos A Isso acena afirmativamente com a cabe a 177 A Porque uma pessoa escut outro chamando e voc e n o escut uma coisa que n o tem explica o at PA cego pra todas as defici ncias uma vez eu fiz um neg cio de cego tam m eu conhe o um rapaz que cego Qui nem eu ando muito pra Campinas eu vejo tanta coisa P mais tanta coiSA ih um dia eu fui faz de cego tam m fui faz de cego uma sensa o ruim Sensa o de surdo di cego ruim DEMAIS Ent o pelos meus filhos eu luto Mais uma vez a declara o da m e carrega a representa o de que ela apesar de ter gerado filhos normais agora precisa de alguma forma restaurar a uma condi o de vida normal pr xima da que lhes foram tiradas A culpa da m e se faz presente No seu teste como mencionou os filhos s o deficientes incompletos e por isso ela sofre pela audi o perdida Segundo Hoffmeinster 2009 a culpa ou amea a de fracasso dos filhos surdos parece repousar sobre as cabe as dos pais pois estes s o conduzidos por situa es discursos e at mesmo por profissionais da educa o e sa de a pensarem em seus filhos como aqueles que n o ter o sucesso em suas vi
257. onstroem Al m disso um jardim n o se faz sozinho preciso que algu m o cultive e fa a sua manuten o S o necess rios v rios cuidados e produtos de qualidade Assim os sujeitos surdos tal como os n o surdos se constroem por uma infinidade de discursos desde o seu nascimento a manuten o ou a mudan a desses discursos permeados por diferentes pr ticas de ensino aprendizagem do mundo sinalizado e do mundo ouvinte falante o oral s o como os produtos utilizados no jardim Ou seja esses insumos s o respons veis pelas transforma es ou mudan as identit rias que n o ocorrem apenas uma vez mas que est o em constante movimento Conforme Dubar a identidade relacional e muda ao longo da vida aprendemos a ser o que dizem que somos DUBAR 1997 p 113 A seguir reunidos num vaso que a pesquisa foram colhidas algumas flores das quais ser feito um pequeno retrato a fim de se tentar compreender como atingiram seu aspecto atual ou seja a identidade assumida at ent o O leitor pode perguntar ent o por que o nome Flor que gramaticalmente um termo mais gen rico para a surda e nomes de flores para os outros sujeitos e suas m es Ora nos parece importante destacar que Flor foi o primeiro sujeito narrado n o aleatoriamente mas porque Flor significou um longo processo de aprendizagem tamb m para a pesquisadora que culminou com outros deslocamentos te ricos a partir da experi ncia com a aluna Ass
258. ontexto bil ngue Os outros alunos Ger nio e Girassol em rela o ao contexto formal n o acessaram a leitura e a escrita do portugu s porque nenhum trabalho foi realizado sendo que a presen a do int rprete no ltimo semestre do terceiro do ensino m dio de nada adiantou num contexto feito e orientado para ouvintes Beg nia teve mais sorte e conseguiu acessar a leitura e escrita porque foi para uma escola de surdos ainda muito pequena Mais uma vez confirmando que se o ensino n o estiver voltado para o surdo em sua singularidade visual h grande sofrimento e fracasso na aquisi o da leitura e escrita 199 8 Considera es Finais z E agora com clareza que entendo melhor que ao pensar nas mudan as educativas em rela o aos surdos me agarrei ideia de que a mudan a dos materiais de ensino de um modelo ouvinte para uma adapta o na L ngua de Sinais poderia trazer muitos benef cios aos surdos na escola Mas percebi que n o o bastante apesar de assinalar que seria uma ferramenta de grande valia Trilhar os caminhos de produ o desta tese n o foi uma viagem f cil como n o deve ser para nenhum pesquisador No in cio pensei que tinha a chave para resolver muitos problemas na educa o dos surdos mas nesses tr s anos e meio de pesquisa depois de tantas leituras e encontros perturbadores com os escritos de Foucault Tomaz Tadeu Silva e Skliar uma ang stia muito grande tomou conta de mim Afinal com
259. ontexto n o formal e para o contexto formal em duas situa es diferentes Ou melhor contexto formal de inclus o em sala de aula regular com ouvintes e outro em sala de apoio no contraturno em ambiente bil ngue Pela observa o destes contextos pretende se levantar luz das representa es discursivas nas falas dos alunos e m es de surdos a emerg ncia de identidades dos especificando ou n o os graus de perda auditiva e a quantidade de pessoas existentes em cada n vel de surdez E em situa es pessoais informais coloquiais diremos e escreveremos surdos pessoas surdas comunidade surda comunidade dos surdos quantidade de pessoas por n vel de surdez comunica o entre os surdos comunica o com os surdos comunica o dos surdos os sinais que os surdos utilizam Pela proposta de pesquisa em contexto formal e n o formal de educa o dos surdos o uso dos dois termos apesar de apropriado conforme a distin o feita por Sassaki Por sua vez optamos pelo uso do termo surdo como forma de assumir um posicionamento cr tico que toma em conta a L ngua de Sinais como l ngua de uma comunidade surda e n o deficiente 20 O termo alfabetizar utilizado para a refer ncia ao ensino da decodifica o da L ngua Portuguesa ao surdo pois o surdo precisa passar pelo processo de letramento e n o apenas de decodifica o Al m disso a refer ncia ao termo alfabetizar apropriado ao aprendizado oral
260. or 100 horas para impulsionar as a es no sentido de ajudar a rede municipal no atendimento de AEE 131 1 Haver quando necess rio servi os de apoio especializado na escola regular para atender s peculiaridades da clientela de educa o especial Desta forma na administra o de 2012 na tentativa de sanar problemas de aprendizagem de forma geral foi feita a contrata o de uma psicopedagoga para atender a rede A aluna apresentada est no quinto ano e j foi reprovada segundo os relat rios da dire o da escola por n o estar alfabetizada O atendimento recebido pela aluna desde 2003 ou seja a partir dos 4 anos de idade da menina refere se ao est mulo da fala em institui o especializada neste trabalho em outro munic pio no entanto em relat rio apresentado no final de 2011 pela Institui o a informa o de que a aluna s come ou a falar nos ltimos meses Sua perda auditiva neurossensorial profunda causada por meningite aos seis meses de vida e progressiva faz uso de um AASI constantemente o atendimento se faz atrav s de duas sess es de uma hora cada sendo uma para trabalho fonoaudi logo e outra com trabalho psicopedag gico iniciado em outubro do mesmo ano Ao ser contratada no final de fevereiro de 2012 com o objetivo de alfabetizar a aluna em L ngua Portuguesa fui informada pela dire o da escola de que a fam lia da menina n o aceitava que esta fosse alfabetizada em Libras
261. ores ao redor do mundo traduzem produzem e distribuem gratuitamente publica es em v deos DVDs em 43 l nguas de sinais para o benef cio dos surdos fornecendo suporte para mais de 1 200 congrega es em l ngua de sinais de diversos pa ses Diversas publica es em 43 L nguas de sinais incluindo partes da B blia todas em v deos podem ser baixados diretamente do site www jw org Seu trabalho n o raro proporciona muito mais do que ajuda espiritual servindo como int rpretes em l ngua de sinais por acompanh los em escolas m dicos advogados entrevistas de emprego etc Tamb m estendem aos familiares e colegas de trabalho dos surdos a oportunidade de conhecer a l ngua de sinais usando para isso DVDs visuais ou outras publica es produzidas pelas pr prias Testemunhas de Jeov com o objetivo de facilitar o aprendizado e a inclus o social e espiritual dos surdos s suas fam lias e comunidades Atualmente poss vel encontrar a tradu o para a L ngua de Sinais em 68 idiomas diferentes al m de disponibilizados em DVD e publica es impressas no idioma do pa s tamb m est o dispon veis no site acima mencionado O Brasil o pa s com maior n mero de material impresso com interpreta o em L ngua de Sinais Brasileira em fun o do grande n mero de surdos que segundo o 59 214 32 2 ma ltimo censo do IBGE em 2010 este n mero de expressivo aumento em compara o com o ano de 2000 de 19 344
262. ores da escola at 2011 quando foram transferidos para outra escola cujos professores e gestores se preparam para receb los depois dos relatos da pesquisadora sobre o horror que estavam passando Em 2013 terminaram a escolariza o com apoio de int rprete s no segundo semestre e como muitos deixaram a escola sem ler e escrever empurrados pela inclus o sem acesso ao mundo ouvinte que precisa ser lido e compreendido Girassol hoje tem dezenove anos est sempre cercado de amigos muito sorridente aprendeu a viver na condi o surda faz um grande esfor o para aprender a falar ganhou um aparelho auditivo de melhor qualidade s em 2013 Ele tamb m gosta muito de desenhar costuma fazer objetos de decora o utilizando materiais recicl veis e retirados da natureza n o foi por acaso que o estou chamando de Girassol Trabalha como ajudante de pedreiro profiss o de seu pai que tamb m o acompanha Sempre esperando dias melhores Girassol vai levando a vida seu sonho um dia dar uma casa para sua m e Foi nesse contexto que a pesquisadora conheceu os irm os e sua m e A ucena o primeiro contato foi em 2008 quando os volunt rios de V rzea Paulista resolveram procurar surdos na cidade de Jarinu assim batendo de porta em porta e perguntando por surdos em ruas de diversos bairros chegaram a esses meninos No primeiro encontro a m e que atendeu o grupo ficou t o feliz que disse que h muito pedia a Deus por ajuda para
263. os 72 idiomas A experi ncia da pesquisadora no grupo mostrou que grande parte dessas pessoas gosta das visitas que no in cio procuram estabelecer la os de amizade respeito e confian a Entretanto alguns deixam de receber as visitas do volunt rio porque expressam esse desejo s vezes por desinteresse na L ngua de Sinais s vezes por entender que a mensagem divulgada da B blia n o lhe interessa ou mesmo pela influ ncia direta ou indireta da fam lia Em alguns casos mesmo o surdo querendo aprender sobre a L ngua de Sinais e as mensagens da B blia muitas vezes impedido por depender da autoriza o dos familiares O estudo domiciliar s empreendido com autoriza o das pessoas respons veis quando o surdo n o maior e considerado independente para decidir No in cio se o surdo for falante de L ngua de Sinais a mensagem B blica transmitida em seu idioma mas conforme informa es do grupo o maior n mero de pessoas contatadas de surdos que n o tem conhecimento da L ngua de Sinais especialmente os mais idosos Assim quando estas pessoas entendem que podem 65 aprender uma forma de comunica o os volunt rios passam a ensinar a L ngua de Sinais com objetivo de mais tarde ensinar os conceitos da B blia Os volunt rios passam por um curso de forma o r pido no b sico da L ngua de Sinais organizado pela pr pria Associa o e cada novo volunt rio aprende os m todos de ensino com os veteranos
264. os projetos que poderiam melhorar a qualidade da educa o p blica no Brasil Entendemos que s luz do conhecimento sobre o processo hist rico educacional que poss vel entender a inclus o em seu formato em nossos dias Se por um lado o papel do Estado de 1940 a 1970 era o de superar as falhas do mercado e as crises econ micas al m de sustentar o n vel de atividade econ mica do ponto de vista administrativo era preciso tamb m intervir na rea social nos pa ses centrais se consolidava o weffarestate bem estar social que responsabilizava o Estado pelo bem estar de seus cidad os o que inclu a pol ticas como educa o sa de moradia etc com o objetivo de diminuir as desigualdades que no Brasil de 70 s o muito evidentes Nos anos 1980 a sociedade clamava por mudan as no cen rio pol tico a d cada de oitenta marcaria pelo momento de ruptura do modelo militarista e ditatorial para um novo modelo de governo democr tico Todas essas transforma es pol ticas repercutiram dentro da escola p blica e muitas mudan as come aram a surgir e provocar discuss es entre os educadores em geral No in cio da d cada de 80 surge a pedagogia cr tico social dos conte dos com o objetivo de colocar as classes populares em participa o nas lutas sociais ainda a pr tica pedag gica continuou a ser ministrada de maneira sist mica e controlada pelo professor Entretanto o enfoque come a a ser dado gradativam
265. os textos escolares Flor juntou e levou para sala cerca de 6 novas embalagens sendo duas de um produto de marcas diferentes o que do ponto de vista de Bakthin 1992 e do que postula como dialogismo uma atitude responsiva Desta forma novas atividades puderam ser introduzidas pensando nos lugares onde estas embalagens e seus respectivos conte dos s o encontrados foi poss vel trabalhar com valores monet rios assim introduzindo novos conceitos necess rios vida de qualquer pessoa As embalagens tamb m possibilitam um rico trabalho visual extremamente importante para servir de suporte na alfabetiza o do surdo tanto em portugu s como em Matem tica Nesse contexto conhecer os n meros em sinais e em seu registro escrito tanto em algarismo como por extenso se faz necess rio bem como o conhecimento dos lugares sociais em que s o utilizados como mercados feiras bancos etc Propiciar um ensino significativo vai al m da pura e simples decodifica o ou da alfabetiza o em Libras ou Portugu s prev um trabalho em que o aluno encontre 139 utilidade para o que est aprendendo talvez o termo mais adequado n o seja utilidade concordamos com Larrosa 2012 que diz desconfio da palavra utilidade Afinal o que ser til quando pensamos em linguagem Talvez seja pensar na linguagem em uso dentro de contextos diversos com objetivos pr definidos Aprender seria mais do que assimilar conte dos mas se
266. osi o dos ouvintes solid ria por m acentua a diferen a entre surdo e ouvintes a hegemonia cultural da l ngua dominante continua presente Portanto Beg nia tem uma identidade em transi o que em processo de constru o carece da manuten o do contato com a comunidade surda para que esta se firme pois no est gio em que se encontra ainda est incompleta nem ouvinte e nem surda Para Perlin 2013 pode se dizer que o grupo nos primeiros contatos com os surdos se aproxima do ouvintismo natural porque reconhecem a cultura surda e 166 acreditam que os surdos precisam usar a L ngua de Sinais mas chegando ao final da pesquisa poss vel observar que seu posicionamento est mais para um ouvintismo cr tico do que natural Beg nia aprendeu a L ngua de Sinais e fez mudan as comportamentais a partir dos conceitos b blicos aprendidos Mas o que se quer destacar que embora ela n o perten a ao grupo do ponto de vista do modo de vida e das formalidades que precisam ser assumidas dentro do grupo para ent o identificar se publicamente como membro do grupo Beg nia transformada pelo contato com a L ngua de Sinais e com a comunidade surda Diferente da escola que a tratou como ouvinte que n o e da escola atual que lhe nega a oportunidade de completar os estudos pois atualmente n o h no munic pio condi es para que Beg nia prossiga em seus estudos No caso de Beg nia como de tantas mulheres surdas a co
267. osto mas mesmo assim era muito dif cil Na verdade o aluno nem mesmo tem ideia do porqu da rotina escolar a troca de professores pois n o partilha da cultura ouvintista que permeia a escola Quando com os colegas de sala nas aulas vagas ou no intervalo mant m como forma de comunica o sua fala prec ria misturada com sinais caseiros e alguns sinais da Libras O jovem passou pela escola desenvolvendo estrat gias para parecer um bom aluno bom colega de classe como forma de sobreviver aos anos de escolariza o o que comenta Fernandes 2006 p 3 de que suas pesquisas acerca da inclus o na escola regular as situa es excludentes a que s o submetidas crian as e adolescentes surdos simulando o papel de aprendiz e reproduzindo os rituais para ocupar o lugar de aluno em sala de aula copiar da lousa copiar do colega copiar de seu pr prio caderno o aluno surdo aprende e acaba por fortalecer este tipo de estrat gia copiar para se manter vivo no ambiente Finalmente quando perguntado sobre como se declara o jovem Girassol responde G SURDOS sorrisos P VOC VERGONHA TER SURDO SER lt gt qu G EU lt N O gt Sn Diferente de irm o Ger nio que ser descrito mais a frente Girassol n o se envergonha de ser surdo apesar de sua m e o considerar deficiente sua identidade parece ser de um surdo no sentido de que mesmo sem acesso aos valores culturais da comunidade surda Girassol naturaliza sua
268. ouco mais tranquilo para ela em rela o ao servi o de sa de e o acompanhamento da filha ainda na inf ncia trouxe para ela a falsa sensa o de que os problemas de Beg nia estavam resolvidos e que sua vida n o seria t o dif cil Lavanda demora a aceitar a aproxima o das pessoas foi assim tamb m com os volunt rios s aos poucos que foi permitindo que Beg nia os atendesse e passasse a estudar L ngua de Sinais Sempre vigilante sentava se para ver e ouvir o que era falado 8 Lavanda O significado desta formosa flor violeta o da desconfian a Tamb m representa a beleza Origin ria do mediterr neo de nome cient fico Lavandula angustif lia http www floreswiki com lavanda Acesso em 23 de outubro de 2014 181 e sinalizado filha at que passou a olhar suas netas para que Beg nia tamb m fosse s reuni es p blicas para estar perto do grupo de surdos Aos poucos tamb m passou a deixar que Beg nia fosse resolver seus problemas sozinha como tirar documentos comprar passes de nibus reuni es das filhas parece mesmo que as visitas ajudaram a m e a perceber que a condi o da filha n o era um impedimento apenas exigia certo cuidado em fun o da fala prejudicada e s vezes incompreens vel da jovem senhora Destaca se a seguir algumas falas da m e que podem ajudar a compor o quadro das identidades dos sujeitos surdos aqui apresentados Segundo a m e quando Beg nia nasceu a fam lia morava em S
269. para n o comprometer os objetivos e o cronograma propostos no plano de trabalho para este est gio cient fico avan ado desenvolvido Quadro Europeu Comum de Refer ncias para L nguas aprendizagem ensino e avalia o DO Gabinete de Assuntos Europeus e Rela es Internacionais GAERI do Minist rio da Educa o apresenta a edi o portuguesa do Quadro Europeu Comum de Refer ncia QECR elaborado pelo conselho da Europa no mbito do Projecto Pol ticas Lingu sticas para uma Europa Multilingue e Multicultural e adaptado realidade portuguesa pelo Grupo de Trabalho criado para o efeito Edi o Portuguesa 2001 p 7 109 comunica o com os colegas surdos al m de ter uma l ngua de acesso para o aprendizado de l ngua portuguesa Em rela o ao material pedag gico como no contexto brasileiro h pouco material dispon vel muitos materiais s o os professores quem os constroem nesse quesito falta investimento das pol ticas p blicas Ao conversar com alguns alunos surdos em aula foi poss vel observar que os mesmos t m muito mais chances de aprender j que s o ensinados em l ngua de sinais por professores ouvintes t m int rpretes e aprendem e aperfei oam a LG com professores surdos O int rprete em sala de aula mediador entre professores e alunos um para um grupo pequeno por isso em nossa visita observou se que a professora da turma mesmo sendo ouvinte sentia se bem vontade para interag
270. parar a aluna para o apoio do int rprete Sabemos que neste ano de 2013 quando foi transferida para a escola estadual para prosseguimento dos estudos a partir de mar o a aluna passou a contar com a presen a de um interlocutor conhecedor de Libras e apoio orofacial De acordo com a necessidade comunicativa da aluna orientada tamb m em seus atendimentos fonoaudiol gicos visto que a aluna aguarda um implante coclear como forma de superar o d ficit auditivo e transitar melhor pelo mundo ouvinte e oralizado 145 At l as estrat gias utilizadas t m surtido efeito e a aluna inteligent ssima e com muito potencial ao aprendizado dever avan ar muito mais em rela o aquisi o da leitura e escrita da L ngua Portuguesa no entanto com uma grande defasagem de conte dos dentro do que esperado para sua idade e s rie Diante de tudo que foi considerado sobre o sujeito que encontramos e o sujeito que continua emergindo dessas pr ticas e desse ambiente escolar e familiar nos parece ser de fato de um sujeito que se v como deficiente auditivo portanto n o quer sinalizar O modelo a que essa crian a tem acesso e que lhe fornece valores e representa o coletiva lhe passa a no o de que ela o que n o ou seja falante ouvinte como esses outros s o o que a deixa bem a vontade para dizer EU SOU SURD N O EU FALAR T LOUC SINAL N O GOSTO Para Behares 2009 o que forma uma identidade a partir de uma v
271. parecia t o natural mas o 2 FERREIRA 2008 cita os estudos de clea Bosi como muito importantes para a compreens o do fen meno da leitura nas massas Bosi em seus estudos na d cada de 1971 aponta a necessidade de um deslocamento das pesquisas sobre leitura no Brasil mostrando como a massa oper ria e ato de ler apontando uma complexidade e os h bitos de leitura e quanto isso atingia esse grupo de mulheres 27 menino estudava numa sala que levava na porta as letras DM Odair esse era o nome dele morava perto de casa sempre limpo arrumado n o gostava de brigar nem falava palavr es como os outros garotos era v tima de segrega o como nos dias de hoje o discurso era um mas as a es pareciam outras No mundo a luta por uma educa o digna para as pessoas com necessidades especiais se materializava em documentos como Declara o dos direitos das pessoas deficientes Resolu o aprovada pela Assembleia Geral da Organiza o das Na es Unidas em 09 12 75 tamb m nesse ano que inicio minha carreira na rea administrativa em uma editora meus primeiro contatos com o mundo editorial mas bem de longe meu interesse pelo mundo informatizado tamb m come a nessa empresa Segundo Grispino 2000 praticamente nesse processo de mudan as que a educa o brasileira tamb m precisa mudar surge a necessidade de formar os jovens para ocuparem os postos de trabalho nas ind strias um per odo de investimentos nas
272. pecial no espa o escolar entender o surdo com olhar lingu stico ajudar a pensar uma educa o bil ngue nas escolas regulares oportunizando a intera o em duas l nguas no mesmo contexto formal tornando a escola n o s um modelo de educa o bil ngue mas modelo de respeito a toda uma comunidade lingu stica O olhar lingu stico prev olhar para o surdo como pessoas com grande potencial de aprendizagem cuja nica barreira a comunicativa por m no descompasso da educa o brasileira tem sido negado a esses alunos o direito de um trabalho de ensino aprendizagem diferenciado A escola assume a responsabilidade pelo aluno nos discursos pedag gicos e pol ticos mas ainda precisa melhorar em muito na pr tica ISA express o olhar lingu stico foi utilizada como sendo aquele olhar voltado para os aspectos lingu sticos da l ngua Esse olhar leva em conta n o apenas a estrutura da l ngua mas agrega um conjunto de elementos capazes de entender seu uso e funcionamento em diferentes esferas de comunica o social 156 Por causa da inclus o as discuss es sobre a educa o do surdo giram em torno da import ncia das escolas especiais bil ngues e o despreparo da escola regular mas as pesquisas t m apontado que ao final todas est o preocupadas em enfatizar o ensino do portugu s pois ainda segundo Fernandes 2006 p 3 O contexto educacional est organizado de forma que todas as intera es s o real
273. pular de leis permitindo aos cidad os apresentar C mara dos Deputados projeto de lei desde que cumpram as exig ncias estabelecidas no 2 do art 61 Outra forma de participa o popular que a sociedade disp e para propor projetos de lei a apresenta o de sugest es legislativas ONGs Comiss o de Legisla o Participativa CLP 76 nem semelhan a com outra proposi o em tramita o e n o pode se constituir em mat ria prejudicial Diante disto o enfoque que se pretende dar o de que os movimentos sociais que impulsionam a cria o de leis decretos e resolu es podem ser pensados a partir da corrente de reflex o dos cl ssicos sobre estes como o postulado por te ricos como Marx Durkheim e Weber conforme Silva 2002 p 54 Estes tr s pensadores t m em comum nas suas an lises sobre os movimentos sociais a compreens o da exist ncia de tens es na sociedade a identifica o de uma mudan a a comprova o de uma passagem entre est gios de integra o atrav s de transforma es de algum modo induzidas pelos comportamentos coletivos Para Silva 2002 os movimentos sociais no Brasil passaram pelo menos por tr s fases importantes a primeira pode ser considerada como o per odo das grandes manifesta es especialmente na d cada de 70 neste per odo a mobiliza o da sociedade pode ser vista nas ruas e pra as A segunda fase fez com que estes movimentos se preocupassem com a formaliza
274. que a l ngua de sinais desenvolvida e empregada pela comunidade surda brasileira N o existe uma L ngua Brasileira de sinais ou falada Capovilla et al 2010 Procurando nos textos oficiais identificamos algumas express es que precisam ser exploradas para identificar se a Libras de fato tomada como uma l ngua Considero que o problema come a aqui Lei 10 436 artigo 4 em seu Par grafo nico A L ngua Brasileira de Sinais Libras n o poder substituir a modalidade escrita da lingua portuguesa Ent o perguntamos A Libras uma L ngua Que a Libras n o pode substituir a l ngua portuguesa at poss vel entender com facilidade ora a comunidade dominante oral logo a comunica o precisa necessariamente passar pela l ngua oral ou seja a L ngua Portuguesa ent o o surdo precisa ser oralizado Mas se a Libras reconhecida como uma l ngua que comporta estrutura gramatical e capacidade de comunica o e deve ser incorporada ao acervo cultural da Na o ent o n o l gico pensar que o surdo deva dela se utilizar para comunicar se em seu territ rio lingu stico inclusive por representa o gr fica semelhante ao sistema de escrita da l ngua portuguesa A Libras e o Signwriting como formas de express o da 33 LBS L ngua Brasileira de Sinais Tal denomina o mencionada no documento gerou grande pol mica sobre a nomenclatura correta Chamar a L ngua de Sinais Brasileira utilizada pela
275. que um rem dio para todos os males e a inclus o do surdo na sociedade escola regular reside no simples fato de poucos professores saberem o m nimo da L ngua de Sinais Brasileira Nas escolas especiais n o diferente a l ngua de sinais n o a principal l ngua do curr culo o que evidencia que o oralismo negado no discurso mas n o se consolida na pr tica educativa O surdo n o ouvinte repito E somente no conv vio com surdos que poss vel obter depoimentos de como dif cil mesmo para o surdo oralizado compreender muitas palavras no portugu s mesmo que tenha um sinal correspondente a polissemia das palavras da l ngua oral o portugu s dificulta a aplica o na hora de interpretar em Libras N o a toa que existem grupos de pesquisadores como o grupo do professor Fernando Capovilla que busca ampliar os sinais de Libras com objetivo de melhor adequar e facilitar a tradu o e interpreta o de uma l ngua para outra A L ngua de Sinais Brasileira assim como o Portugu s sofre varia es regionais de grupo etc como se deve esperar da din mica das l nguas orais O trabalho do INES tamb m importante pois existe a constante preocupa o de melhorar e adequar cada vez mais os sinais s necessidades comunicativas e de express o dos surdos Os surdos salientam que suas maiores dificuldades se apresentam na hora de usar a l ngua portuguesa em discurso escrito Assim coloco em quest o tamb m a
276. r a identidade surda dos filhos segundo a m e que por sua vez os v como deficientes auditivos e carrega a culpa da mutila o portanto deseja restituir lhes o que foi perdido e n o negocia com isto A ucena nega a possibilidade de rejei o ao poss vel implante por parte dos filhos surdos porque simplesmente quer que tudo possa melhorar para os seus filhos a partir da audi o restaurada P Se no come o do pr ximo ano uma nova diretora chegasse para voc e perguntasse o que a senhora quer para seus filhos se desenvolverem melhor na escola esse ano O que voc pediria 179 A Eu pediria pra volt eles Come a do zero de novo A m e mostra seu ponto de vista em rela o necessidade de seus filhos aprenderem alguma coisa na escola ao mesmo tempo em que mostra sua indigna o ao modo como a educa o deles foi conduzida pela escola ou seja com descaso A escolariza o de qualidade tamb m capaz de identificar um sujeito pelas rela es de poder saber que por ela passam Aquele que n o aprende identificado pela sociedade como algu m incapaz de aprender e n o visto como produto de uma escola que n o foi capaz de ensinar respeitando as necessidades especiais de uma pessoa surda A m e s quer uma Educa o com recursos para aprendizagem dos filhos A ucena d a entender na sua fala que a escola s cumpriu o papel de oportunizar o acesso ao espa o escolar mas n o deu conta do ensino ap
277. r compreendido numa dimens o social ser letrado significa mais do que mobiliza o de habilidades individuais e deve ser entendido como um conjunto de pr ticas sociais ligadas leitura e a escrita em que os indiv duos se envolvem em seu contexto social SOARES 2006 p 72 N o o caso de nossos sujeitos de pesquisa pois estes n o s o capazes de selecionar questionar e produzir tais pr ticas com autonomia Entretanto a experi ncia no ensino superior e os estudos na rea mostram que muitas vezes o surdo se lan a ao ensino superior j que atualmente por for a de lei as institui es t m proporcionado o int rprete em sala de aula ao graduando surdo e nesta etapa ele tenta preencher as lacunas deixadas pela educa o b sica Por m neste n vel o trabalho mais dif cil pois o surdo que chega universidade precisa superar muitos obst culos em rela o ao registro escrito da l ngua portuguesa digno de nota que muitos insistem em n o aceitar a Libras Seja por orienta o desde a inf ncia pela oraliza o por preconceito pela falta de conhecimento da import ncia e status de l ngua da Libras ou ainda pelo pr prio estigma que carrega por ser um surdo carregando de si mesmo a representa o do n o querer ser uma pessoa diferente ou seja a oraliza o passa a ser a nica maneira para o surdo igualar se aos n o surdos preciso olhar para a inclus o do aluno surdo com mais cuidado Em es
278. r e selecione Salvar Ao efetuar E a Minha l ngua de sinais o download voc indica que aceita os Termos de Uso contidos neste site Selecionar idioma Mensagem da Biblia 00 Por que examinar a Biblia LSB 240p 360p Mensagem da Biblia 01 O Criador d ao homem um para so LSB 240p 360p asop Mensagem da B blia 02 O Paraiso perdido LSB 240p 360p 480p Mensagem da B blia 03 A humanidade sobrevive ao Dil vio LSB 240p 360p 480p Mensagem da B blia 04 Deus faz um pacto com Abra o LSB 240p 360p 480p 1 4 ni Mensagem da Biblia 05 Deus aben oa Abra o e sua familia LSB 240p 360p 480p Mensagem da Biblia 06 J mant m a integridade LSB 240p 360p 480p O Firefox envia automaticamente alguns dados para a Mozilla de modo a melhorar a sua experi ncia 64 EB jw org DOWNLOADS L NG Ji wwwjw org apps T_QYQFVTrEBX selLang LSB amp selPub 52 ce B ogie PRB tR Ii 00 18 O 10 39 4 EH Idioma L ngua brasileira de sin 4 O Firefox envia automaticamente alguns dados para a Mozilla de modo a melhorar a sua experi ncia Escolher dados a partilhar x A dr LO 4 Fonte Http jw org Acesso em 27 06 2014 Como poss vel observar nas imagens dispon veis no site os surdos desfrutam de material sinalizado e t m como modelo lingu stico adultos e crian as surdas sinalizando na l ngua de sinais de seu pa s basta selecionar um d
279. r expostas guardam um tra o das identidades originais Pode se dizer que o hibridismo acontece na tentativa de identifica o com diferentes grupos mais uma vez por causa da diferen a e que a identidade se molda conforme o contexto experimentado e vivido Como este trabalho procura uma reflex o sobre a identidade voltando se Lingu stica e Educa o preciso uma visita ao conceito de representa o na perspectiva p s estruturalista visto que esta concebe como relevante a instabilidade da linguagem conforme Silva 2013 p 91 Aqui a representa o n o aloja a presen a do real ou do significado A representa o n o simplesmente um meio transparente de express o de algum suposto referente Em vez disso a representa o como qualquer sistema de significa o uma forma de atribui o de sentido Como tal a representa o um sistema lingu stico e cultural arbitr rio indeterminado e estreitamente ligado a rela es de poder Isto posto investir na discuss o da produ o das identidades em contextos educacionais importante pois no interior desses sistemas que parte da identidade produzida por meio de um curr culo que serve de instrumento e media o de um sistema representativo das formas de domina o Estes sistemas atualmente tendem a tentar fixar identidades tomando diferen a e diversidade como formas de adjetiva o de indiv duos que fogem do padr o desejado de normalidade E nes
280. r que tal discuss o assinala a disputa de grupos sociais em estreita rela o de poder O te rico chama a nossa aten o para um procedimento que acaba se naturalizando nas discuss es sobre identidade e diferen a a normaliza o segundo o autor SILVA 2013 p 83 Normalizar significa eleger arbitrariamente uma identidade espec fica como o par metro em rela o no qual as outras identidades s o avaliadas e hierarquizadas Normalizar significa atribuir a essa identidade todas as caracter sticas positivas poss veis em rela o s quais as outras identidades s podem ser avaliadas de forma negativa Logo refletindo sobre o que foi postulado pelo autor um sujeito de identidade normal um sujeito de identidade natural o que torna todos os outros sujeitos que n o se enquadram no padr o de normalidade desejado e nico o anormal ou n o normal Embora alguns tentem fixar uma identidade para este grupo ou aquele a identidade parece oscilar como a linguagem que sempre deixa escapar ou seja por detr s do dito existe algo intencional consciente ou n o assim a identidade mas pode n o ser bem o que parece Segundo Silva 2013 essa dificuldade em fixar uma identidade discutida na perspectiva da teoria cultural contempor nea que v nas rela es de diferentes grupos 43 nacionais uma hibrida o ou seja as identidades formadas relativas aos grupos e s representa es simb licas a que passam a esta
281. r um sujeito ouvinte deficiente O sistema de ensino da cidade tamb m contribui para que Flor at o momento apresente este perfil de surdo deficiente ademais este o contexto de muitas crian as surdas nas escolas regulares de muitos munic pios e estados brasileiros O atendimento dado Flor durante nove meses no contraturno agradou a m e da aluna no sentido de v la alcan ando a desejada condi o de uma crian a que deixa o 5 ano ou seja alfabetizada A m e que s procurou o Minist rio P blico para requerer o direito da aluna de ter uma int rprete solicitou um profissional na modalidade orofacial Al m disso s fez isto quando a aluna foi reprovada no 5 ano segundo a escola por n o ser alfabetizada Tal atitude indica que a m e deseja que sua filha tenha condi es de aprender por m ao enfatizar a necessidade de uma int rprete orofacial refor a a nega o da L ngua de Sinais e a surdez e inconscientemente p e em evidencia a surdez da filha lhe atribuindo um tra o de identifica o Flor reproduz o que a m e quer que ela seja algu m que com aparelho amplificador pode ouvir e falar aproximando se do padr o de normalidade segundo a m e Deficiente auditiva porque precisa de recursos para aprender como os outros alunos ouvintes Esta an lise de Flor e das falas de sua m e sujeitos de nossa pesquisa revela que o contexto formal neste caso a inclus o da crian a surda contribuiu para acentuar sua de
282. ra a ela agregada o surdo passa pela escolariza o b sica sem uma identidade definida tendo como representa o de sua defici ncia a dificuldade de compreender o mundo a sua volta 1 3 A An lise do Discurso contribui es para entender as constru es de Identidade 49 muito dif cil come ar a explicar a An lise do Discurso t o dif cil como tentar categoriz la dentro de um campo delimitado pois seu maior prest gio est justamente em n o se deixar enla ar por falsas verdades A AD como ser chamada doravante tem como material de an lise o discurso sendo este considerado a materializa o de enunciados orais ou sinalizados Por isso a AD a partir de diversos ngulos busca o entrecruzamento de 3 caminhos a estrutura o acontecimento e a interpreta o desses discursos produzidos pelo sujeito em diferentes contextos P CHEUX 2008 O vi s escolhido a 3 fase da AD quando acontece um deslocamento da tentativa de compreender os discursos a partir da luta de classes para uma compreens o das forma es discursivas contempor neas Para a AD a linguagem n o pode mais ser interpretada com um nico significado al m disso as quest es em torno do sujeito ganham novos elementos e ferramentas de an lise assim o sujeito da an lise do discurso compreendido como aquele que atravessado por outros discursos Portanto o sujeito ao mesmo tempo em que produz um discurso afetado por outros dis
283. ra os efeitos desta Lei a modalidade de educa o escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais 1 Haver quando necess rio servi os de apoio especializado na escola regular para atender s peculiaridades da clientela de educa o especial 8 2 O atendimento educacional ser feito em classes escolas ou servi os especializados sempre que em fun o das condi es espec ficas dos alunos n o for poss vel a sua integra o nas classes comuns de ensino regular 3 A oferta de educa o especial dever constitucional do Estado tem in cio na faixa et ria de zero a seis anos durante a educa o infantil Entretanto a configura o da nossa educa o neste caso pessoas com necessidades especiais n o s o produtivas portanto n o interessam ao Estado Na vis o foucaultiana expressa em Silva 2010 os discursos produzidos na escola embora pare am discursos que se realizam como transformadores e libert rios na verdade fazem parte de um jogo em que se configura o controle do Estado Pode se dizer que o curr culo cumpre s necessidades da sociedade que hoje formar m o de obra a elite intelectual est onde sempre esteve discutindo o que melhor para os outros a partir de dados estat sticos O discurso da inclus o na verdade uma forma de trazer para o controle aqueles sujeitos que come aram a questionar os seus direitos
284. rabalho de ensino da L ngua de Sinais com o objetivo de ensinar o surdo a ler e entender a B blia uma esp cie de colonialismo pela L ngua O argumento para esse investimento em materiais em mais de 691 idiomas incluindo dialetos e as l nguas sinalizadas segundo os n meros divulgados pela Watch Tower em 2014 que quando a pessoa ouve a mensagem no seu idioma essa lhe toca o cora o Em outras palavras poss vel interpretar os sentidos dessa express o como o seguinte o diferencial do trabalho falar com o surdo na sua L ngua Mas como o foco desta pesquisa n o falar da religi o e sim das metodologias de ensino chega se ao final apontando que o que torna o ensino do grupo diferente e mais prazeroso para os surdos o material utilizado importante chamar a aten o para a seguinte quest o uma das hip teses sustentada a de que o material constitui se em um importante instrumento de ensino apesar disso n o h ind cios de sua import ncia nas falas dos sujeitos analisados Talvez pelo fato de uma pergunta espec fica sobre a opini o dos sujeitos n o ter sido colocada no question rio semi estruturado que orientou as entrevistas e nem mesmo durante as conversas na grava o das entrevistas em v deos a refer ncia ao material n o tenha acontecido Esperava se que a import ncia do material viesse tona nestas vozes de maneira espont nea por m isto n o aconteceu Algumas hip teses em rela o a e
285. radores da aluna Segundo o sistema expert da modernidade que para Popkewitz 2002 p 179 uma qualidade recursiva do curr culop s moderno a moderna crian a a pessoa que aprende a ser um cidad o que tem responsabilidades abstratas relacionadas ao governo do Estado que tem potencial como trabalhador que aprende habilidades e sensibilidades culturais para uso futuro e que autonomonitorada em seu desenvolvimento afetivo e cognitivo POPKEWITZ 2002 p 179 Se Flor n o tivesse nenhuma ajuda seria apenas mais um n mero nos ndices de alunos n o alfabetizados O curr culo no Brasil atravessado pelos discursos da governamentalidade e administrativo H indica o de que esses modelos s o os que d o certo enquanto instrumentos de controle N o por acaso que os discursos pela educa o inclusiva ganham for a com a redemocratiza o da educa o assim ao mesmo tempo em que todos t m direito educa o todos est o na escola mesmo que s copiando como tem sido a vida de muitas crian as surdas na escola Como era na maior parte do tempo de Flor no per odo de aula j que ela ainda n o tinha compreens o dos significados de tudo que copiava e lia Sendo assim na sequ ncia a aluna foi exposta leitura de diversos jornais da cidade onde procurava identificar nomes conhecidos logo no in cio identificou nomes 70 7 2 L ngua de Sinais 138 2 de supermercados e lo
286. ram algumas constru es te ricas referentes capacidade humana de se comunicar como por exemplo Lyons 1987 apud QUADROS 2006 p 15 que define linguagem como um sistema de comunica o natural ou artificial humano ou n o Para Chomsky 1986 apud QUADROS 2006 a linguagem uma capacidade inata da esp cie humana ou seja Chomsky considera que o homem j nasce com um sistema biologicamente preparado portanto competente para produzir a partir de um modelo e de um conjunto de regras Para o te rico a crian a nasce com uma gram tica na mente da qual faz uso e seleciona de acordo com o modelo de l ngua que recebe mas pol micas a parte em rela o ao que prop e Chomsky nessa perspectiva podemos inserir nesta discuss o tamb m o sujeito surdo Este ao receber o que Chomsky chamou de DAL por meio do IMPUT poss vel ser falante nativo de Libras tornando se portanto capaz de expressar seu pensamento Portanto a Libras re ne um conjunto de regras articuladas num espa o visual de maneira quirol gica uma l ngua din mica e diacr nica como qualquer outra Permite ao sujeito surdo interagir com uma comunidade falante de Libras e serve de base como ser poss vel constatar nas discuss es que se seguem para o aprendizado da l ngua oral como uma segunda l ngua como entenderemos melhor no decorrer desta pesquisa No entanto o ensino de Libras n o apenas uma das modalidades de comunica o que
287. ram anos mais tarde para a necessidade de mudan as de paradigmas ou seja era preciso pensar formas de escolarizar todos e minimizar ao m ximo as barreiras que dificultassem o aprendizado nas salas regulares Na Espanha te ricos como Garc a Pastor 1993 criticaram a integra o dos alunos com olhar patol gico segundo Sanch z 2005 era preciso rever o curr culo reorganizar a escola rever as estrat gias educacionais dos sistemas de ensino a fim de tentar superar o fracasso escolar desses alunos Este questionamento que deu origem ao movimento em prol da educa o inclusiva e passou a chamar a aten o do mundo inclusive dos pa ses da Am rica Latina Uma s rie de reuni es com essa pauta de discuss es passou a acontecer pode se destacar 1989 Conven o dos Direitos da Crian a Nova York EUA e 1990 Confer ncia Mundial de Educa o para Todos Jomtiem Tail ndia e 1994 A Confer ncia Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais Salamanca Espanha e 2000 F rum Consultivo Internacional para a Educa o para Todos Dakar Senegal Destas a que mais mobilizou o mundo foi a reuni o em Salamanca que reuniu 92 governos e 25 organiza es internacionais conforme Sanch z 2005 p 9 que reconheceram a necessidade e urg ncia de que o ensino chegasse a todas as crian as jovens e adultos com necessidades educacionais especiais no mbito da escola regular Com este fim
288. rendizagem na verdade para a m e a escola fingiu que ensinou depois os certificou como se o problema n o fosse dela P Mas isso n o seria ruim J est o quase no final do Ensino M dio A N o seria ruim Porque ruim uma pessoa t na escola e n o saber a ler e nem saber escrever N o por acaso que a m e compreende que seus filhos precisam voltar para a escola e recome ar do zero pois a leitura e de forma particular a escrita s o s mbolos que representam a es mentais e f sicas que quando se realizam s o simbolicamente associados ao conhecimento cultural Conforme Teske 2012 p 38 A linguagem a estrutura das condi es de possibilidades desse mundo outorgando sua transcendentalidade Ela desenvolvida a partir dos aspectos culturais que armazenam o conhecimento de uma determinada comunidade onde a tradi o uma esp cie de paradigma de interpreta o dos sujeitos de uma determinada organiza o social Portanto a falta de acesso a essa cultura circunscreve seus filhos na atual sociedade movida pelas diversas linguagens que implicam necessariamente o saber escolar que se firma como aquele que tem obriga o de ensinar a ler e escrever Perguntada sobre como poderia ser tal volta escola a m e sugere um curso Supletivo como alternativa P Poderia ser um supletivo uma EJA voc aceitaria A Aceitaria A Eles aceitaria tamb m porque a eles vai t ouvindo com implante com
289. ressado na Universidade para ministrar aulas de Libras Durante esse per odo o contato com os surdos s me fez ter mais certeza de que eu deveria buscar recursos para ajudar no ensino do portugu s a eles queixa mais constante de todos Concomitantemente continuava com meu trabalho volunt rio com os surdos Em 2010 ingressei no curso de doutorado com uma pesquisa que a princ pio buscava discutir a necessidade de buscar novas metodologias de ensino ao surdo Mais uma vez precisei interromper meu percurso acad mico pois n o tive condi es de continuar pagando pelo curso Mas o contato com os professores que sempre me mantinham motivada n o deixou que eu desistisse do meu objetivo Em agosto de 2010 passei a integrar o quadro de docentes da Universidade S o Francisco com a disciplina de Libras no curso de Pedagogia nico curso de licenciatura vigente na institui o Finalmente no segundo semestre de 2011 fui contemplada com a bolsa institucional e pude dar prosseguimento ao doutorado em Educa o Por m no decorrer do curso das disciplinas e das discuss es em torno do meu eixo tem tico acabei me deslocando e buscando entender melhor as identidades produzidas em dois contextos de educa o Uma vez que que pude conhecer tanto o trabalho volunt rio de um grupo organizado para ajudar os surdos em sua l ngua sinalizada bem como ao longo dos 8 Fundado em 1954 por pais e amigos de crian as com defici ncia auditiva foi
290. riar cr ticas daqueles que veem a necessidade de impor a L ngua de Sinais como primeira l ngua E agora o que fazer A quest o que surge teoricamente estamos convencidos de que a primeira l ngua deveria ser a l ngua de sinais para ent o proceder ao ensino da 142 L ngua Portuguesa em seu registro escrito trazendo em seu bojo a possibilidade de transposi o did tica de todos os conte dos pr prios do curr culo escolar Mas como lutar contra um sujeito que se v falante e que de seu ponto de vista n o precisa de sinais e est bem assim Devemos impor uma l ngua da qual o sujeito n o v utilidade pois n o tem com quem trocar por viver num ambiente monol ngue da l ngua oral De que adiantaram apenas nove horas de aula semanais com base na l ngua de sinais que embora tenham feito toda a diferen a no desenvolvimento da aluna nos ltimos dias se lhe falta a conviv ncia com surdos que utilizam a l ngua de sinais Estudos apontam os grandes benef cios conquistados por crian as em fase de aquisi o da l ngua de sinais e da escrita em contato com instrutores surdos 6 2 1 Que identidade est emergindo nesse contexto Em resumo quando se iniciou o atendimento aluna Flor foi poss vel observar que a mesma trazia o conhecimento m nimo da L ngua de Sinais perfeitamente compreens vel dada abordagem e tratamento escolhido pela fam lia da menina No tocante L ngua Portuguesa constatou se que a mesm
291. ridade de uma pessoa surda escapa no dizer da m e que n o entende a surdez como algo que pode ser superado por conduzir a crian a de modo que ela encontre seus pares Flor n o tem contato com outros surdos usu rios da L ngua de Sinais o que indica a ela mesma no contexto escolar ao tomar como modelo os falantes e ouvintes que ela deficiente tentando desta forma interagir por meio da fala e n o dos sinais que aprendeu Assim pensando nas respostas da m e e da postura de Flor relatada anteriormente poss vel identificar uma identidade em constru o que tende a se formar ouvinte pois o c rculo de rela es sociais de Flor formado de pessoas ouvintes Segundo Gesueli 2008 p 64 A intera o com os pais e com a sociedade fica deveras prejudicada e o que se obt m a constitui o de um sujeito deficit rio ou seja um ouvinte deficiente pois a comunidade majorit ria visa constituir a 87 Importante destacar que atualmente a Institui o s consegue oferecer atendimento Flor e outro menino com implante coclear porque a cota de atendimento para surdos da cidade de Jarinu negociada entre as Secretarias de Sa de das duas cidades de apenas 2 pessoas Outros casos s o encaminhados Unicamp pois a cidade de Jarinu n o disp e de recursos f sicos e humanos para atender a popula o surda 186 crian a surda como um sujeito ouvinte A crian a surda n o interage para ser um sujeito surdo mas para se
292. rliament in Plenary Session on 17 June 1988 Doc A2 302 87 FERRARI D V BLASCA W Q COUBE C Z V Conceitos b sicos e caracter sticas de tecnologia dos aparelhos de amplifica o sonora individuais IN BEVILAQUA M C amp MORET A L M Conversando com familiares e profissionais de sa de S o Jos dos Campos Pulso 2005 FERNANDES S Pr ticas de letramento n educa o bil ngiie para surdos Curitiba SED SUED DEE 2006 FERREIRA N S A Contribui es para a escrita da hist ria da produ o acad mica sobre Leitura no Brasil 1965 a 1979 Faculdade de Educa o Grupo de pesquisa ALLE UnicampGT Alfabetiza o Leitura e Escrita FERREIRO E Reflex es sobre Alfabetiza o 20 ed Cortez S o Paulo 2011 FREIRE A M F Aquisi o do portugu s como segunda l ngua uma proposta de curr culo para o Instituto Nacional de Educa o de Surdos IN SKLIAR C Atualidade d Educa o Bil ngue para Surdos 3 Ed Porto Alegre Media o 2009 FOUCAULT Michel A ordem do discurso 9 ed S o Paulo Loyola 2003 A arqueologia do saber 1 ed Petr polis Vozes 1972 7 ed Rio de Janeiro Forense Universit ria 2010 Do Governo dos Vivos Curso no Coll ge de France 1979 1980 excertos 2 ed S o Paulo Achiam 2011 GESSER A Libras que l ngua essa S o Paulo Par bola 2009 GIL A C Como elaborar projetos de pesquisa S o Paulo Atlas 1987 GHANEM E Forma o formal e n o formal do siste
293. rma de governabilidade conforme Foucault 2010 p 31 por menos entendido ou mal decifrado que o suponhamos um enunciado sempre um acontecimento que nem a l ngua nem o sentido podem esgotar inteiramente Mas est aberto repeti o transforma o reativa o finalmente porque est ligado n o apenas a situa es que o provocam e a consequ ncias por ele ocasionadas mas ao mesmo tempo e segundo uma modalidade inteiramente diferente a enunciados que o precedem e o seguem Assim a Lei 10 436 02 quando diz que a Libras n o substitui o portugu s j demonstra uma forma de controle pois subjuga a L ngua mesmo dizendo que a reconhece em seu artigo 4 par grafo nico A L ngua Brasileira de Sinais Libras n o poder substituir a modalidade escrita da l ngua portuguesa Portanto uma L ngua reconhecida e manca que s pode existir na imbrica o de duas L nguas o Portugu s e a Libras Como problematizar o curr culo criar as rachaduras e perceber quais os escapes poss veis que podem contribuir para uma n o legaliza o da exclus o que vivemos Espera se que esse breve relato baseado em uma situa o real de ensino possa trazer algumas respostas a tantas perguntas aqui formuladas E preciso salientar ainda que toda a discuss o foi atravessada pelos ecos das considera es foucaultianas por diversos autores sobre a dimens o pedag gica dos modos como se constr i e se modific
294. rna g meos pela linguagem e separados pelas l nguas das organiza es e das culturas O autor nos leva reflex o da necessidade de nos colocarmos no lugar do surdo no contexto escolar que por vezes encontra se sozinho no meio de tantos por n o ter a mesma compreens o do mundo que o cerca e por n o acessar a comunica o de uma forma que atenda s suas necessidades Por isso a pretens o de que esse trabalho de alguma forma contribua para repensar o desenvolvimento de novas propostas de ensino que sejam de fato relevantes para os estudos voltados Educa o Especial de um grupo minorit rio que ainda discriminado no territ rio escolar sem material adequado e sem o devido acompanhamento esteve presente no decorrer da pesquisa Tamb m se espera que com a problematiza o das pr ticas de ensino ao surdo no cen rio atual sejam repensadas pois estas podem influenciar o uso e difus o da L ngua de Sinais causando algum impacto na cultura e comunidade surda O sujeito que busca O sujeito que aprende O sujeito que sou no percurso de forma o parece que encontrei a minha voca o Assim disse Jeov teu Resgatador o Santo de Israel Eu Jeov sou teu Deus Aquele que te ensina a tirar proveito Aquele que te faz pisar no caminho em que deves andar Isa as 48 17 Desde a inf ncia eu sabia de uma coisa queria ser uma professora Por m durante a minha educa o b sica a vida foi tomando o
295. roduz este e n o aquele sentido uma vez que a compreens o da no o da forma o discursiva ajudar na reflex o sobre a rela o do sujeito com a ideologia Os sentidos produzidos por um sujeito s o determinados por sua rela o com a hist ria e marcados pela l ngua segundo Orlandi 2009 p 47 N o h sujeito sem ideologia Ideologia e inconsciente est o materialmente ligados Pela l ngua pelo processo que acabamos de descrever Entendemos que a escola um territ rio onde as ideologias e a diversidade cultural e social se debatem mas que sustentada pelos discursos pol ticos como lugar de forma o e desenvolvimento do indiv duo A escola conforme Foucault lugar de dire o sendo este dirigido por outros para direcionar outros existem t cnicas de dire o que s o meios de correlacionar uma vontade com outra mas s o vontades que restam inteiras num jogo tal que uma querer sempre aquilo que a outra quiser FOUCAULT 2011 p 99 Portanto o que assistimos uma escola supostamente preparada para enfrentar os desafios de uma modernidade l quida termo cunhado por Zygmunt Bauman fil sofo polon s em seu livro Modernidade L quida 2003 A ideia de modernidade l quida remete ao cen rio tecnol gico ao mundo capitalista e a uma sociedade que acena com milhares de possibilidades e oportunidades para uma vida satisfat ria ao mesmo tempo em que trabalha com a ideia de o homem no coletivo i
296. ros Estudos indicam que esses sistemas apesar de possibilitarem a comunica o entre a crian a e as pessoas que convivem com ela s o bastante limitados pois se restringem a atender s necessidades prim rias das 152 crian as e a t picos diretamente relacionados com a realidade da crian a SPENCER E HARRIS 2006 EMMOREY 2002 Ao prosseguir na entrevista com Girassol a base deste posicionamento sobre a import ncia dos sinais caseiros poss vel ver com mais clareza que Girassol construiu sua identidade lingu stica a partir desses sinais caseiros Portanto o curto per odo de contato com outros surdos no grupo de volunt rios e os estudos em Libras n o foram suficientes para instrumentalizar o jovem ao uso de uma l ngua mais completa Quando perguntado sobre sua prefer ncia para se comunicar o aluno primeiro responde VOC GOSTAR SINAL OU FALAR GOSTAR lt gt qu PREFERE lt gt qu Parece que n o compreende o sinal de escolher com sentido de preferir sua resposta MULHER L JUNTO ESTUDAR lt gt Refa o a pergunta e a resposta lt SINAL gt A resposta do jovem traz em seu bojo a no o de que tudo que ele faz sinalizando faz parte da L ngua de Sinais quando na verdade incorpora sinais caseiros nem mesmo para dar a resposta acima utilizou o sinal corretamente na verdade pronunciou de maneira quase incompreens vel para qualquer pessoa que n o fa a parte de seu conv vio A pergunta sobre se
297. rupo de surdos em diferentes situa es P E voc acha que a L ngua de Sinais deles melhorou desde ent o A Melhorou melhorou P Voc acha que eles come aram ent o a se a E surdos 175 A E P l Ser que era por isso que eles eram revoltados Eles queriam ser como ouvintes normais Para Behares 2009 p 136 isso acontece porque al m de os pais constru rem uma imagem negativa sobre a surdez em rela o ao que o filho era ou deveria ser enfatizada pela escola de forma identificat ria ou seja a escola nega a condi o surda e marca o surdo como deficiente Especialmente porque o surdo da inclus o a que assistimos est em escola regular oral ou melhor pensada para ouvintes falantes de l ngua portuguesa A eles queriam ser ouvintes normais e as gracinhas n Que as escolas quando eles passou do D para M o diretor l come ou com cheio de gra a com eles dois Que pensaram que eles era at bandido Racista Que principalmente com o Ger nio que eu tenho prova at hoje que fizeram a identidade pra ele chamando ele de macaco 2 5 Fizeram uma identidade escolar e colaram a foto de um macaco e deram pro menino e quando eu fui pedi ajuda l pro diretor o diretor veio com cheio de quere ainda briguei com ele ainda Fiz ele pedi desculpa pra mim sen o eu tinha batido nele 2 0 porque que m e que n o defende seus filho Esta informa o refor a a nec
298. s No Brasil s o 1200 grupos de volunt rios que fazem esse trabalho educativo junto aos surdos 13 O cap tulo 4 apresenta o contexto dos volunt rios em Portugal como contribui o para que se conhe a e confirme como o trabalho de ensino de l ngua de sinais aos surdos de fato feito em todo o mundo da mesma forma ou conforme Trilla 1985 p 22 apud Ghanem 2008 p 63 sobre o n o formal o trabalho dos volunt rios em sua s ntese est inscrito no conjunto de meios e institui es que geram efeitos educacionais a partir de processos intencionais met dicos e diferenciados que contam com objetivos pedag gicos pr via e explicitamente definidos desenvolvidos por agentes cujo papel educacional est institucional ou socialmente reconhecido e que n o faz parte do sistema educacional graduado ou que fazendo parte deste n o constitui formas estrita e convencionalmente escolares O pr ximo cap tulo procura discutir as diferen as poss veis entre o contexto formal e n o formal para refletir sobre a contribui o de diferentes contextos no processo de forma o dos sujeitos Conhecer mais sobre o que vem a ser os movimentos sociais acirram as discuss es em torno das formas de organiza o em diferentes esferas da sociedade 74 CAP TULO 3 OS MOVIMENTOS SOCIAIS E SEUS IMPACTOS NA PRODU O DE DOCUMENTOS OFICIAIS E AS ATUAIS DISCUSS ES SOBRE A EDUCA O DOS SURDOS NO BRASIL Este cap tulo tem como obj
299. s quando a l ngua se configura como meio tradutor discute se cidadania IN ICOELHO O Org Cartografias da Surdez Comunidades L nguas Pr ticas e Pedagogia Porto Livpsic 2013 WARREN S I Das mobiliza es s redes de movimentos sociais Vers o preliminar deste trabalho foi apresentada no VII Corredor das Id iasdo Cone Sul Unisinos em agosto de 2005 e no XXV Congresso da Associa o Latino Americana de Sociologia ALAS Porto Alegre em agosto de 2005Revista Sociedade e Estado V 21 n p 109 130 Bras lia jan abr 2006 WOODWARD K Identidade e diferen a uma introdu o te rica e conceitual IN SILVA T T Org Hall S amp Woodward Identidade e diferen a 13 ed Petr polis Vozes 2013 ZOVICO N A Deficiente auditivo ou surdo Dispon vel em http www koller com br diferencas deficientes auditivos e surdos html acesso em 26 07 2012 213 ANEXOS ANEXO A UNIVERSIDADE S O FRANCISCO Question rio para levantamento de representa es das m es de alunos surdos em rela o educa o oferecida aos seus filhos ANEXO B UNIVERSIDADE S O FRANCISCO PROGRAMA DE P S GRADUA O STRICTO SENSU DOUTORADO EM EDUCA O Question rio para levantamento de representa es de alunos surdos em rela o educa o ANEXO C TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO 1 via ANEXO D TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO 1 via 214 ANEXO A U F UNIVERSIDADE S O FRANCISCO Question
300. s 5 turmas 2 de matem tica e 3 de portugu s agora para alunos de 5 s rie em quatro escolas diferentes digamos assim no in cio eu pagava para trabalhar E foi o contato com essas turmas que me colocou frente a alunos dos mais variados tipos poss veis fui descobrindo ao longo dos meses porque ningu m queria pegar essas aulas do projeto da pasta A diversidade da turma podia ser mapeada com 2 S o considerados PROJETOS DA PASTA aqueles que demandam inscri o e credenciamento espec ficos Para se credenciar o candidato deve estar INSCRITO Alguns projetos exigem al m da inscri o que voc ir fazer agora CREDENCIAMENTO posterior no qual podem ser exigidas entregas de propostas de trabalho realiza o de entrevistas dentre outras 31 alunos que apresentavam D ficit Intelectual surdos cegos baixa vis o desvios de comportamento social ou ps quico e at analfabetos mesmo No primeiro semestre de 2000 ao receber uma turma na cidade onde morei at mar o de 2014 Jarinu na escola EE Jer nimo de Camargo tive o prazer de conhecer E conhecido na cidade por mudinho Era uma sala de acelera o para corre o de fluxo a maioria dos alunos tinha em m dia 16 anos e estavam na 6 s rie o surdo era praticamente analfabeto ou seja desconhecia o c digo escrito da l ngua portuguesa Era uma sala dif cil mas aos poucos fui conquistando a turma Tentar ensinar um surdo era muito dif cil como
301. s alunos dos outros posso dizer que tamanho foi o trauma que 4 destes colegas deixaram de lecionar no mesmo ano e n o voltaram mais Este projeto t o criticado por muitos grupos de pesquisa na poca n o preparava os professores para essas situa es n o levava em conta a barreira lingu stica do surdo e colocava os alunos numa situa o constrangedora e humilhante n o era por nada que muitos alunos eram rebeldes Eu conquistei o respeito de todos e at hoje por ser uma cidade pequena continuo encontrando com alguns pelas ruas da cidade at mesmo de vez em quando com E Em 2004 conclui o mestrado em Educa o e com ele aprendi que precisava aprender mais Dar aulas na 8 D foi o ponto de partida para que eu colocasse como meta estudar cada vez mais para ajudar os alunos que n o conseguiam aprender Posso dizer que me especializei em aulas de refor o quando me efetivei como professora no estado em 2005 tive at que fazer um esfor o para me adaptar a essa nova situa o de professora com alunos o ano todo Para falar a verdade acho que nem gostei de ser efetiva pois os desafios apesar de serem outros me amarravam numa nica escola neste ano que o MEC intensificando os trabalhos na dire o de uma educa o inclusiva lan a Educa o Inclusiva direito diversidade documento orientador lan ado tamb m pelo pr prio Minist rio da Educa o um Documento Subsidi rio para a Pol tica da Inclus o Em
302. s e depois disso a senhora foi orientada em rela o alfabetiza o de seus filhos o termo alfabetiza o foi utilizado Julgar se que seria melhor compreendido pela m e A N o em momento algum P Quanto ao acompanhamento em fono uso de aparelho como foi Demorou muito esse encaminhamento e posterior atendimento A Demorou muito tempo tanto que eu tenho os papeis at hoje guardados demorou bastante Demorou P Quando come aram a ir para a escola como eles se comunicavam com voc Eles tentavam falar por L ngua de Sinais gestos 83 O pronome aqui utilizado deve se ao fato de conhecer a m e por ocasi o de visitas do grupo sua casa 168 A Os gestos que eles me ensinou 0 5 caseiro Segundo Lebedeff amp Rosa 2013 os sinais caseiros s o muito importantes na constru o das identidades surdas pois fazem parte da mem ria lingu stica da inf ncia assim no encontro dessa mem ria com a l ngua de sinais que podemos tentar compreender como as identidades s o constru das dist ncia da comunidade surda e imersas num mundo que ouve e fala O aparelho amplificador veio tarde e apenas para o filho mais velho Al m disso os meninos n o receberam acompanhamento para aprender a usar o AASI Com a sua condi o financeira prec ria alega que ao primeiro sinal de manuten o o aparelho j ficou sem uso S agora depois de tantos anos e pela mobiliza o de outras pessoas
303. s lares de forma individual e de acordo com suas necessidades Tal modo de ensino uma das singularidades do grupo pois olha para cada surdo de maneira individualizada procurando aproveitar suas potencialidades e respeitando sua singularidade Embora a l ngua oral que une nossos pa ses seja o Portugu s as l nguas de sinais s o completamente diferentes Entre outros aspectos que comp em as l nguas temos que enquanto a Libras deriva do franc s a LGP tem sua origem na l ngua de sinais sueca por isso um fato surpreendente foi verificar o esfor o dos volunt rios em traduzir os materiais digitais em Libras dispon veis no Brasil para a LGP pois tal qual no contexto formal no tocante aos materiais a Sociedade Torre de Vigia ainda n o tem dispon vel todo o acervo encontrado no Brasil e em outros pa ses do mundo como Estados Unidos Fran a etc 111 Assim os volunt rios precisam al m de ensinar a LGP aos surdos produzir materiais a partir do modelo brasileiro Enquanto os surdos brasileiros desfrutam dos materiais em DVDs e tamb m da possibilidade de download do site em Portugal a situa o diferente No grupo h poucos materiais sinalizados no Portugu s do Brasil e no site s est o dispon veis 6 brochuras 1 convite e 7 folhetos sinalizados enquanto no Brasil apenas no site s o pelo menos 38 publica es sinalizadas entre elas a B blia Sagrada nica publica o em L ngua de Sinais no mundo inteiro e
304. s que o irm o fazia Numa comunica o nica entre os dois irm os o gestual caseiro ainda o elo que permite que os n o surdos entendam o que Ger nio quer dizer por interm dio de Girassol que atua como tradutor do irm o Esse fato relevante porque se 79 Nan 4 Aah a pone 7 N o por acaso que Ger nio vem sempre depois do irm o e as refer ncias a ele aparecem tamb m como o irm o de Girassol trata se de uma estrat gia discursiva para mostrar a rela o de depend ncia deste para com o irm o 157 convencionou chamar de sinais caseiros o sistema lingu stico desenvolvidos por surdos e seus familiares Estes sinais caseiros variam de fam lia para fam lia e normalmente formam um l xico de sinais regulares e suficientes para a comunica o do surdo em suas necessidades b sicas Embora considerados pobres por muitos existem estudos como de Coelho 2013 Rosa amp Lebedeff 2013 que apontam que estes comp em a primeira mem ria lingu stica desses sujeitos e s o muito importantes na constru o cultural de suas identidades surdas quando em contato com a l ngua de sinais que podemos chamar de padr o Nesse aspecto poss vel considerar os sinais caseiros como uma varia o lingu stica da l ngua de sinais tal como as demais varia es pr prias de qualquer l ngua oral ou visual Voltando a Ger nio preciso salientar que este mesmo tendo conseguido seu primeiro aparelho auditivo a
305. s sabiam que teriam int rprete no ano seguinte o que de fato aconteceu mas s no segundo semestre de 2013 Portanto os jovens sa ram da escola mas como frutos de uma inclus o certificadora Ou seja o direito escola foi entendido como ocupar um lugar dentro da escola e o direito educa o como direito ao certificado de conclus o 162 As express es sinalizadas de Ger nio mostram um sujeito surdo que ao mencionar que a professora n o sabe o que ele est comunicando n o entende e o manda para fora na verdade pontua que ele tem uma l ngua pr pria sendo a professora como todos os outros docentes desconhecedores da l ngua Por isso o aluno na verdade est como que dizendo eu sei falar mas eles n o me entendem assim quando o jovem coloca que colocado para fora por n o cumprir as tarefas escolares sofre com o olhar dos professores que al m de refor arem o estigma de aluno indisciplinado o enxergam como deficiente Atitudes como essas refor am ainda o que n o dito claramente aqui n o seu lugar ou talvez o que falado na sala dos professores e nas reuni es de HTPC Hora de Trabalho Pedag gico Coletivo n o me formei pra isso ou n o ganho pra isso Frases desse tipo s o articuladas numa tentativa de deslocamento de culpas e nesse Jogo os maiores respons veis s o as pol ticas p blicas que fomentam a inclus o do surdo sem o devido respeito a um conjunto de singulari
306. scola para seu filho aprender como os outros alunos 13 Seu filho a j recebeu ou recebe alguma ajuda de pessoas fora da escola para aprender a se comunicar ler ou escrever Jsim Jn o 14 De quem essaajuda 15 Se recebe ajuda qual sua opini o 16 Como a senhora v seu filho a surdo ouvinte deficiente auditivo 17 Como deseja v seu filho ouvindo por aparelho e falando Jouvindo por implante e falando sem sinais ouvindo por aparelho falando e sinalizando s sinalizando prefiro aceitar sua escolha 18 Na escola seu filho a tem alguma ajuda qual 19 A senhora acredita que suficiente 20 Acha que a educa o de seu filho a na escola precisa melhorar sim n o Obrigado pela colabora o Prof M a Ruth Maria Rodrigues Gar 215 ANEXO B UNIVERSIDADE S O FRANCISCO UNIVERSIDADE S O FRANCISCO e PROGRAMA DE P S GRADUA O STRICTO SENSU DOUTORADO EM EDUCA O o Question rio para levantamento de representa es de alunos surdos em rela o educa o 21 Nome Idade Profiss o Forma o Religi o Estado civil 22 Sersurdo sempre preocupou voc na escola sim n o 23 Recebeu orienta es sobre o que fazer para sealfabetizar sim n o 24 O atendimento necess rio ao seu desenvolvimento aconteceu logo sim n o 25 O que voc precisou fazer depois do atendimento primeiro ten
307. scrita multimodal Kaxinaw In Signorini I Org Investigando a rela o oral escrito Campinas Mercado de Letras 2001 apud GESUELI amp MOURA L Letramento e visualiza o 212 das palavras OETD Tem tica Digital Campinas v 7 n 2 p 110 122 jun 2006 ISSN 1676 2592 TESKE O Surdos um debate sobre letramento e minorias IN LODI A C B MELO A D B amp FERNANDES E Orgs Letramento Bilinguismo e Educa o de Surdos Porto Alegre Media o 2012 TRAGTENBERSG Mauricio A escola como organiza o complexa Revista Espa o Acad mico Ano II n 12 Maio 2002 mensal ISSN 15196186 Dispon velemhttp espa oacademico com br TRILLA J La educaci n fuera de La escuela ense anza a distancia por correspond ncia por ordenador radio v deo y otros m dios no formales Barcelona Planeta 1985 179 p apud GHANEM E Forma o formal e n o formal do sistema escolar ao sistema educacional In ARANTES V A org GHANEM E TRILLA J Educa o formal e n o formal S o Paulo Summus 2008 UNESCO Declara o de Salamanca sobre princ pios pol tica e pr tica na rea das Necessidades Educativas Especiais Lisboa Instituto de Inova o Educacional 1994 United Nations The standard rules on the equalization of opportunities for persons with disabilities Resolution adopted by the General Assembly on 4March 1994 A RES 48 96 1994 VAZ H As escolas de refer ncia para surdo
308. se Pois embora passemos a nos identificar com determinados sistemas simb licos em um dado momento da nossa vida o processo de identifica o um cont nuo assim os estudos mais abrangentes da Psican lise buscam explicar o homem que deseja ser ou seja segundo Lacan 1990 apud WOODWARD 2013 p 65 o homem em seu eu est sempre dividido entre o que e o que deseja ser Como este trabalho trata da identidade em rela o a duas l nguas distintas oral e espa o visual poss vel acrescentar que a luta daqueles que se utilizam da segunda n o s querem se reafirmar como um grupo lingu stico como tamb m querem dar a conhecer por meio da l ngua uma cultura que emana das pr prias necessidades de um corpo n o ouvinte e n o exatamente de uma cultura de contesta o ou oposi o s representa es da cultura oral dominante A quest o da identidade muito importante pois como j mencionado anteriormente esta se produz por meio de diferentes discursos Bourdieur 1984 apud WOODWARD 2013 chamou os diferentes grupos que frequentamos de campos sociais por isso durante uma breve reflex o sobre n s mesmos podemos vir a descobrir que somos como atores em um filme temos diversos pap is porque frequentamos diferentes lugares E fazemos isso porque precisamos de diferentes identidades de acordo com as diferentes situa es Voltemos quest o da diferen a WOODWARD 2013 pois a partir da necessidade de nos
309. sente e nunca sentiu vergonha de ser surda Para ela tudo parece dentro de um padr o de normalidade e as dificuldades que atravessou na escola s o encaradas como culpa dela pr pria j que a m e ressalta que a menina n o gostava de ir escola e por isso faltava muito o que lhe rendeu muitas reprova es P A senhora acha que sua filha compreende tudo que 18 L ELA ESCREVE BEM MAS LER ACHO QUE L MAS ENTENDER BEM MESMO ACHO QUE N O Nesta fala a m e n o relaciona a surdez ao problema de compreens o leitora dada naturaliza o do processo de escolariza o da filha e o fato de que a mesma sabe escrever embora n o tenha sido poss vel identificar a qualidade de leitura mencionada pela m e P A ajuda dos volunt rios contribuiu de alguma forma para a vida de sua filha L A AJUDA DOS VOLUNT RIOS FOI BOA PORQUE ELA DESENVOLVEU MELHOR OS SINAIS O JEITO DE FALAR DE PENSAR P Como assim em que sentido L NAS ATITUDES NO COMPORTAMENTO FICOU MAIS CALMA TAMB M 183 poss vel refletir que se Beg nia teve a L ngua de Sinais como sua primeira l ngua e depois foi levada ao conv vio dos ouvintes em escola regular passando ent o ao est mulo e aprendizado da fala que aos poucos a l ngua sinalizada foi perdendo lugar para fala que come ava a aparecer Assim durante o per odo que vai dos sete anos de idade aos 30 anos poca em que conheceu os volunt rios e voltou a fazer sinais
310. seus familiares que s utilizam sinais caseiros Essa rica produ o da l ngua de sinais em rela o ao seu irm o pode apontar tamb m que o jovem n o estava alheio ao mundo sua volta observava tudo e mantinha se no sil ncio da sua surdez talvez por n o ter se identificado com nenhum grupo social Vivendo apenas no seio familiar parece ter se identificado com o grupo de volunt rios n o pelos ensinos b blicos mas por encontrar no grupo uma forma de comunicar se com outras pessoas surdas e ouvintes bil ngues Por m dentro do n cleo familiar continuou a sombra do irm o fazendo tudo conforme a orienta o da m e pois a m e parte do princ pio de que Girassol porque fala entende melhor as coisas por isso precisa ajudar o irm o que n o fala Outro ponto observado foi que mesmo com seu irm o e sua m e presentes Ger nio procurou ser aut nomo no sentido de n o buscar ajuda para responder como costumava fazer durante os estudos com os volunt rios Esse fato foi observado pela pesquisadora enquanto participava das visitas e dos estudos Ger nio sempre imitava o irm o Havia mesmo a inquieta o por parte dos volunt rios no sentido de que ele realmente n o fazia esfor o para aprender nem a Libras nem o conte do oferecido Esse comportamento inesperado em rela o s suas respostas sinalizadas pode ser entendido luz de teorias sobre os g neros do discurso Hoffnagel 2002 concebe que a entrevista um g nero co
311. smo sendo oralizada conseguia comunicar se com os jovens tinha paci ncia e cuidado A diretora deixou a escola por chegar por aposentadoria no servi o p blico estadual ainda professora na rede municipal de Itatiba e dona de uma escola particular de ensino fundamental na mesma cidade P Como a senhora v seus filhos surdos ouvintes ou deficiente auditivos A Ah deficientes auditivos meus filhos s o deficientes A resposta da m e j inscreve os filhos numa condi o de quem est fora do padr o de normalidade da sociedade ouvinte falante para ela a condi o de deficiente tamb m acena com a necessidade de que sejam tratados de modo especial Pela falta de conhecimento da m e sobre quest es de ordem lingu stica a mesma ainda refor a P Se voc pensar no desempenho deles na escola voc daria que nota para seus filhos A Olha pelos meus filho que 0 5 como eles meus filhos eu gosto muito deles do jeito que eles pra eles eu do 10 porque eles qu se empenhar na escola A ra escola eu do zero P E para e A m e entende que se seus filhos n o conseguem aprender por m a culpa n o deles e segundo ela cabe a escola viabilizar essa aprendizagem e isto n o acontece P Na sua opini o o que falta na escola para seus filhos aprenderem melhor A ia falta de uma pessoa que entende eles que ensina eles como sinais e como a eles fal Porque no meu caso eu tenho um que surdo q
312. so desses alunos ao mundo ouvinte em especial pelo c digo escrito do portugu s No entanto mesmo com a minha forma o em Letras acabei por perceber que nada podia fazer de imediato e que precisaria reunir muitos conhecimentos para tentar pelo menos discutir esse tipo de intera o em sala de aula Os trabalhos de ngela Kleiman 1989a 1989b 2001 que discutem o processo de intera o em sala de aula como parte importante no letramento tamb m teve um forte impacto na minha pesquisa j que o sujeito surdo passa pela vida escolar praticamente com uma insuficiente intera o tanto com os colegas como com os professores e funcion rios da escola Para que seja poss vel melhorar a qualidade do atendimento ao aluno surdo na rede p blica necess rio pensar em metodologias que busquem auxiliar o professor a conceber o aluno surdo como um aluno capaz de alcan ar bons n veis de letramento A partir de 2002 durante o Mestrado em Educa o a pesquisa para a reda o da disserta o ajudou me a compreender a import ncia de conceitos relacionados s quest es de ensino de L ngua Portuguesa pela abordagem lingu stica sobre os g neros 10 Surdos pedem altera es em meta do PNE que trata do acesso de alunos com defici ncia educa o dispon vel em http memoria ebc com br agenciabrasil noticia 2013 09 19 surdos pedem alteracoes em meta do pne que trata do acesso de alunos com deficiencia educacao Acesso em 10 11 20
313. sperado mas que ao mesmo tempo aponta a necessidade de um aprofundamento nos estudos das quest es metodol gicas para que de fato a educa o do surdo lhe garanta o acesso aos bens culturais produzidos pela sociedade oral Desejar que ele tenha educa o de qualidade suscitaria outros debates visto que no momento atual da educa o b sica em nosso pa s existem muitas controv rsias a respeito do que seja uma educa o de qualidade 7 1 As identidades produzidas e suas implica es para a manuten o da cultura surda Muitos s o os trabalhos produzidos que trazem a transcri o das falas surdas por m trabalhos que trazem a fala da fam lia s o mais escassos Normalmente s o traduzidas por discurso indireto pelos pesquisadores e n o carregam a carga emocional que a an lise discursiva aqui empreendida procurou mostrar T o importante quanto ouvir os surdos ouvir suas fam lias em especial suas m es Isto porque no dia a dia da escola o que predomina o senso comum dos professores funcion rios e gestores onde permeia a representa o de que os familiares tratam seus filhos surdos com descaso Embora isso possa acontecer n o uma regra Considera se que conhecer a luta e os sentimentos dessas m es constitui se em um aspecto important ssimo para compreender a forma o discursiva das identidades aqui desfiladas Afinal o surdo n o chega escola vazio discursivamente e sai dela de alguma forma modificado
314. sse fato podem ser levantadas 194 1 O atendimento individual e a aten o dada a cada um foi mais marcante do que as ferramentas utilizadas 2 O material n o foi citado porque os sujeitos desconhecem se a escola poderia tamb m oferecer algo semelhante para estabelecer alguma compara o 3 O material em si n o ensina L ngua de Sinais Entretanto medida que os volunt rios procuram produzir a intera o com os surdos por interm dio do material sem tentar coloniz lo pela L ngua Portuguesa estabelecem um v nculo lingu stico entre ouvintes e surdos Assim quem ensina s o os volunt rios com os materiais fornecidos pela Watch Tower e tamb m outros recursos que diferem de uma pessoa para outra do grupo conforme a forma o e a did tica de cada um Visto que n o h exig ncia de conhecimento acad mico para participar mas apenas o conhecimento da L ngua de Sinais e especialmente os sinais do grupo Pode se dizer que esse respeito especificidade e singularidade surda que falta n o s ao surdo mas a todos aqueles que precisam de uma educa o especial em contraste ao grupo a escola formal tenta sempre homogeneizar ou seja tudo igual para todos 4 Os materiais s o utilizados para o ensino sobre a B blia o que talvez n o chame tanto aten o pois como foi poss vel observar nenhum dos entrevistados prosseguiu no grupo mesmo por motivos diferentes n o houve empenho por parte dos estud
315. sta reda o portador a lei n o deixa claro que barreiras no caso dos surdos devem ser reduzidas considerando a comunica o como nica barreira Por m ao entendermos que a comunica o pressup e uma troca de enunciados e no caso de Libras l ngua visual gestual preciso considerar que n o basta ensinar Libras a uma minoria de professores mas pensar metodologias e estrat gias diversas bem como fomentar pesquisas na dire o de um ensino de qualidade Pois o surdo precisa se articular com outros setores 83 da sociedade e isso demanda a mobiliza o de uma s rie de habilidades ancoradas na leitura e escrita de uma sociedade oral A Lei 10 436 de 24 de abril de 2002 regulamenta a LBS Art 1o reconhecida como meio legal de comunica o e express o a L ngua Brasileira de Sinais Libras e outros recursos de express o a ela associados Par grafo nico Entende se como L ngua Brasileira de Sinais Libras a forma de comunica o e express o em que o sistema lingu stico de natureza visual motora com estrutura gramatical pr pria constituem um sistema lingu stico de transmiss o de ideias e fatos oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil Finalmente a L ngua de Sinais Brasileira e n o poderia ser chamada de outro modo uma unidade que se refere a uma modalidade lingu stica quiroarticulat ria visual e n o oroarticulat ria auditiva Assim h L ngua de Sinais Brasileira por
316. ste cap tulo o de n mero 77 tamb m tentar retomar as perguntas iniciais com o objetivo de constatar ou n o se as hip teses se sustentam Assim retomaremos a quest o das identidades produzidas e quais podem ser as contribui es das pr ticas do contexto n o formal para o formal O Cap tulo 8 traz as considera es finais Por ltimo as refer ncias encerram o trabalho 37 CAP TULO 1 SUJEITO E IDENTIDADES o que s o e como se formam Entendemos que muitos pesquisadores j trazem em seus trabalhos muitas reflex es e discuss es em torno da constru o de identidades em diversos contextos educativos e a partir de muitas perspectivas te ricas Destarte n o queremos aqui nos deter em longas retomadas destas discuss es mas entendemos que precisamos situar o nosso interlocutor sobre o que entendemos como a constru o de identidades Assim retomamos o conceito de sujeito concebido por Foucault 2010 que nos ajuda a compreender a constru o da identidade a partir dos processos de intera o social que por sua vez acontecem dentro de situa es de comunica o produzidas em forma es discursivas em esferas de comunica o MANGUENEAU 1997 ideologicamente intencionadas conforme Bahktin 2006 e Orlandi 2009 Tentaremos falar desses sujeitos da pesquisa e dos diferentes contextos pesquisados olhando para os poss veis discursos produzidos nos dois contextos com o objetivo de prover subs dios para se tentar
317. ta tentativa de adjetiva o surgem enunciados conforme Austin 1998 apud SILVA 2013 perfomativos ou seja estes atos lingu sticos repetidos e em conjunto podem definir ou refor ar a identidade Entretanto quando essas repeti es s o interrompidas surge a oportunidade de questionar essas identidades tanto em seus modos de produ o como na possibilidade de redefini las mais uma vez acentua se a caracter stica marcante da identidade sua n o fixa o Para Hall 2013 a identidade n o pode ser simplesmente reduzida a um conceito delimitado num espa o e tempo pois segundo ele trata se de um conceito importante sem o qual outras discuss es dentro das teorias culturais n o seriam poss veis Entretanto Hall 2013 discute a identidade a partir do conceito de identifica o concebendo tal conceito como complexo que tende a ser reduzido pelo senso comum de julg lo como a simples partilha de elementos em comum num dado grupo Para o te rico o conceito precisa ser compreendido luz das teorias psicanal ticas desde o postulado por Freud j que a identifica o tem a ver com o 44 desejo de ser e ter o outro por isso a identifica o tamb m pode estar fundada na fantasia e no desejo Este modo de conceber a identifica o nos ajuda a compreender como na modernidade as identidades se mostram fragmentadas isto porque s o constru das em fun o dos discursos e pr ticas sociais portanto em constante muta o
318. tam caminhos para a vida discursos estes que atravessam os contextos formais e n o formais de educa o do surdo Queremos pensar no sujeito enquanto pessoa singular e nico que precisa ser respeitado de fato problematizando o que est para al m dos discursos Espera se que o trabalho possa apontar para pr ticas mais humanizadoras que incluam o sujeito na sociedade e n o somente nas estat sticas da educa o formal A partir dos relatos e da pesquisa bibliogr fica a compreens o das identidades que emergem nestes contextos de educa o foi poss vel avaliar a resposta outra hip tese pr via que percorreu a pesquisa a de que poss vel incluir o aluno surdo a partir da ado o de alguns aspectos da educa o n o formal como os do grupo de volunt rios especialmente no que tange ao uso das v rias ferramentas digitais que facilitam o processo de ensino e intera o entre volunt rios e surdos A pesquisa mostra portanto que a metodologia de ensino e o respeito que os volunt rios mostram pelo uso e valoriza o da Libras como primeira l ngua do surdo e ao bem estar do sujeito por sua pr tica humanizadora contribuiu de alguma forma para a inser o do surdo sociedade oralizada Conforme Morin 2001 p 56 Na esfera da sociedade existe a unidade diversidade das l nguas todas diversas a partir de uma estrutura de dupla articula o comum o que 23 Surdos que usam o recurso do implante coclear 25 nos to
319. tar falar como ouvinte usar a L ngua de Sinais as duas coisas juntas 26 Voc sabe usar a l ngua de sinais sim Jn o 27 Como voc se comunica em casa l ngua de sinais sinais caseiros d para entender fala bem todos entendem fala dif cil de entender fala e usa sinais 28 Voc sabe ler e escrever X sim Jn o Jbem maisoumenos n o 29 Se sabe ler consegue entender tudo que l Jsim Jn o 30 Voc escreve Jsim Jn o bem Jmaisoumenos n o 31 Quantos as diversas mat rias ensinadas na escola que nota voc daria a voc mesmo Por que 32 Na sua opini o que falta na escola para que voc aprenda como os outros alunos 33 Voc j recebeu ou recebe alguma ajuda de pessoas fora da escola para aprender a se comunicar ler ou escrever Jsim n o 34 De quem essa ajuda 35 Se recebe ajuda qual sua opini o 36 Como voc se v surdo ouvinte deficiente auditivo 37 Como deseja para o futuro ouvir por aparelho e falar ouvir por implante e falar sem sinais ouvir por aparelho falar e sinalizar s sinalizar qualquer 38 Na sua escola voc tem alguma ajuda qual 39 Voc acredita que suficiente 40 Acha que a sua educa o na escola precisa melhorar sim n o Obrigado pela colabora o Prof M a Ruth Maria Rodrigues Gar 216 ANEXO C TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLA
320. te de an lise discursiva 3 Obtive todas as informa es necess rias para poder decidir conscientemente sobre a minha participa o na referida pesquisa 4 A resposta a este s instrumento s procedimento s n o causam riscos conhecidos minha sa de f sica e mental n o sendo prov vel tamb m que causem desconforto emocional 5 Estou livre para interromper a qualquer momento minha participa o na pesquisa o que n o me causar nenhum preju zo 6 Meus dados pessoais ser o mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa ser o utilizados apenas para alcan ar os objetivos do trabalho expostos acima inclu da sua publica o na literatura cient fica especializada 7 Poderei contatar o Comit de tica em Pesquisa da Universidade S o Francisco para apresentar recursos ou reclama es em rela o pesquisa pelo telefone 11 24548981 8 Poderei entrar em contato com o respons vel pelo estudo Ruth Maria Rodrigues Gar sempre que julgar necess rio pelo telefone 11 4016 5957 ou 11 99764 1403 9 Este Termo de Consentimento feito em duas vias sendo que uma permanecer em meu poder e outra com o pesquisador respons vel Local data Assinatura do participante usas gu paes cas aniasadn aa AS ess casauBdLP Cb ques Er ao TS
321. tes Por isso os m dicos audiol gicos controlam o julgamento dos pais em rela o ao que significa ter uma perda auditiva esses profissionais tendem a ser a nica fonte de informa es para os pais nos est gios iniciais 24 8 Segundo o m dico Robert J Hoffmeister esse pode ser um dos motivos para que tantas crian as surdas primeiro sejam levadas oraliza o e n o ao aprendizado da l ngua de sinais como primeira l ngua Esse direcionamento tamb m contribui para a forma o de uma identidade ouvinte deficiente quando poderia ser o inverso A crian a poderia ser motivada pela l ngua de sinais a conhecer outro idioma o portugu s como l ngua da classe dominante ouvinte assim como muitos fazem para o aprendizado de uma l ngua estrangeira por entenderem esse segundo idioma como possibilidade de acessar outra cultura que n o a sua Gesueli 2008 p 63 ao tratar da quest o do ensino bil ngue aponta para quest es de mudan a na educa o do surdo por chamar aten o necessidade de colocar o surdo em contato com a comunidade surda Sabemos atrav s de in meros relatos por nossa pr tica como educadores que raros s o os lugares em que isso acontece Na grande maioria dos casos os surdos das escolas n o t m l ngua de sinais cabendo aos int rpretes quando l est o al m de dar conta da interpreta o muitas vezes precisam ensinar a LS ao aluno Conforme a autora e em conson ncia com a perspec
322. tico da l ngua portuguesa em registro escrito Com o objetivo de desenvolver habilidades e compet ncias o PCLG traz um quadro com as adapta es a partir dos conte dos de L ngua Portuguesa para ouvintes as habilidades que dever o ser trabalhadas nos alunos surdos Para tanto prop e a intera o entre em LGP com aten o visual compreens o comunica o interpessoal e em grupo A produ o textual deve acontecer durante todos os momentos os alunos devem ser levados a compreender produzir e analisar os diferentes tipos de discurso em LGP e LP como narrativas an lise liter ria poesia e dramatiza o O estudo da l ngua deve abranger o conhecimento e an lise da l ngua os aspectos gramaticais e suas varia es socioculturais 4 4 Conhecendo uma escola de refer ncia um modelo de inclus o As escolas de refer ncias permitem uma reorganiza o que agrupa os surdos com objetivo de contribuir para o crescimento lingu sticos dos surdos Art 23 ponto 1 do Decreto Lei n 3 2008 assim para Vaz 2013 p 218 conforme o Decreto Lei expresso estas escolas insere se no esp rito de uma reforma na organiza o dos estabelecimentos de ensino portugueses a qual prev pela figura do lt lt agrupamento vertical gt gt a subordina o num contexto geogr fico preciso dos estabelecimentos dos diferentes n veis de ensino a uma dire o comum o que permitiria estabelecer pol ticas tendentes a privilegiar os perc
323. tidades A ideia foi a de apontar preocupa o ou n o com a l ngua gestual portuguesa e a cultura surda Este cap tulo nasce portanto das leituras de autores portugueses que atuam na educa o do surdo Destaca se Orqu dea Coelho entre outros do Programa Curricular de L ngua Gestual Portuguesa e do Programa de Portugu s como L ngua 2 bem como das visitas realizadas em Escolas B sicas de Refer ncia enriquecida com as falas de alunos de surdos professores surdos de L ngua Gestual e da professora Coordenadora de Turma respons vel pela educa o dos alunos surdos nesta escola Uma entrevista com a professora Dr Orqu dea Coelho informa o verbal contribuiu para a percep o de como de fato o que est em jogo muito mais do que a Orqu dea Coelho Mestre e Doutora em Ci ncias da Educa o Professora auxiliar na Universidade do Porto na Faculdade de Psicologia e de Ci ncias da Educa o Membro do Centro de Investiga o e Interven o Educativas Investigadora Principal e Coordenadora de v rios projetos Internacionais nomeadamente PROFACITY e SUPREADTHESIGN Desenvolve estas atividades bem como a orienta o de Doutoramentos Mestrados e P s gradua es no mbito dos Estudos Surdos Colabora com Universidades de diversos pa ses e tem v rios trabalhos publicados em Portugal e no Estrangeiro tendo tamb m organizado quatro publica es em livro Al m do que foi referido atualmente tem como foco d
324. tities constructed This research presents disturbing results that point to build listeners identities and or incomplete when looking for answers to questions like what kind of deaf people and identities emerge in two teaching learning contexts in two types of formal education and a non formal What are the contributions of a non formal context for the formal with respect to pedagogical practices for the deaf What the design of curriculum that permeates the three practices Thus with the description of the identities of the subjects and emanating in the formal and non formal contexts with their different teaching practices we sought to raise from these strategies education and its implications for the formation of the deaf subject new ways of thinking about deaf education in our country The research aims to contribute to the understanding of the impact of these different identities constructed in these different contexts regarding the use dissemination and maintenance of sign language and consequently the deaf community This thesis aims to draw attention to the need for policy actions to give the deaf education that presents a curriculum incorporating the dimensions of the same listener curriculum but with all the necessary adjustments in order to ensure the same opportunities of oral community Key Words Deaf Discourse Deaf Identity Formal Education and Informal Education SUM RIO COMO ENTENDER A FOR A DA VOZ FALADA
325. tiva de que o sujeito se constr i nas rela es e intera es s cio discursivas a autora aponta que Os surdos mediados pela l ngua de sinais constroem suas rela es sociais adquirem conhecimento e se constituem em sua diferen a A 58 3 7 A No texto final pretendemos trazer outras leituras de autores da rea da sa de da educa o e da lingu stica que contribuam com o olhar da fam lia suas ang stias e escolhas na hora de direcionar a educa o de seus filhos surdos 130 quest o da l ngua de sinais portanto est intimamente relacionada cultura surda Gesueli 2006 Esta por sua vez remete identidade do sujeito que com vive quase sempre com as duas comunidades surda e ouvinte GESULEI 2008 p 63 Dito de outro modo hoje o que observamos s o crian as surdas em contextos ouvintes cujas pr ticas pedag gicas n o levam em conta suas necessidades e singularidades menosprezam sua capacidade de aprendizagem e promovem uma exclus o pela barreira lingu stica Se pensarmos que cada sujeito surdo na escola est em constante conflito e tentando se adaptar s circunst ncias que lhe s o impostas por uma inclus o de l gica mercantilista e heg monica podemos refletir sobre a dificuldade da constru o da identidade surda Na inten o de mostrar o que est acontecendo com muitas crian as surdas um dos sujeitos da pesquisa doravante apresentado tem especial import ncia S o muitas as dif
326. tivas impostas aos surdos nas escolas que s o o foco desse trabalho negando lhes o direito de serem falados e falarem pela L ngua de Sinais Ainda com respeito s organiza es que se formam a partir destes movimentos sociais em busca de conquistar direitos para as pessoas com necessidades especiais e no sentido de dar for a causa da inclus o que come a a ser considerada como uma das prioridades da educa o a partir da d cada de 80 que estes trazem em seu meio os movimentos em favor dos surdos aqui no Brasil preciso lembrar que a primeira manifesta o de educa o Inclusiva se deu nos Estados Unidos da Am rica segundo Sanch z 2005 p 7 Cabe destacar a este respeito como passo pr vio inclus o o movimento que aparece nos EUA denominado Regular Education Iniciative REN cujo objetivo era a inclus o na escola comum das crian as com alguma defici ncia Os trabalhos de seus principais expoentes Stainback amp Stainback 1989 amp Reynolds Wang amp Walberg 1987 delineavam a necessidade de unificar a educa o especial e a regular num nico sistema educativo criticando a inefic cia da educa o especial Aparecia assim pela primeira vez uma defesa muito importante preval ncia de um nico sistema educativo para todos 78 No calor destas discuss es sobre a necessidade de promover uma educa o de qualidade para todos surgem outras discuss es que come aram a ganhar espa o e aponta
327. to ou melhor a hist ria de vida dos surdos em quest o Em rela o aos volunt rios cerca de 6 pessoas responderam ao question rio que serviu apenas de coleta de dados como forma o idade etc n o se constituindo como a fonte principal de dados sobre a metodologia visto que o conhecimento sobre o trabalho do grupo est alicer ado na participa o da pesquisadora no grupo por cerca de quatro anos Portanto muito do pesquisador que se prop e a ser neutro se converge para uma an lise que carrega outros significados por se constitu rem a partir de outros discursos que n o s os cient ficos mas da pr pria viv ncia nos dois contextos em quest o 5 3 Os Question rios Question rio pode ser definido como t cnica de investiga o composta por certo n mero de quest es apresentadas por escrito pessoa O question rio tem como objetivo conhecer as opini es cren as sentimentos interesses etc da pessoa Conforme Gil 1996 o question rio se difere da entrevista pela forma de realiza o sendo a ltima de forma oral A op o tamb m pelo question rio deve se necessidade de conseguir dados dos volunt rios em curto espa o de tempo e em maior n mero de participa es com a m e da aluna surda em contexto formal e com apoio no contratrurno o question rio foi adequado pois ela preferiu responder em sua casa O question rio tamb m evita a opini o direta do pesquisador no entanto sabe se que na cons
328. trar formas de comunica o que garantam sua sobreviv ncia em meio a tantos discursos que podem ou n o fazer sentido conforme o processo educacional vivido na escola O Minist rio da Educa o de Portugal Direc o geral de Inova o e de Desenvolvimento Curricular publicou em 2007 um Programa Curricular de L ngua Gestual Portuguesa direcionado educa o pr escolar e ensino b sico Apesar de muitas a es empreendidas em busca de organizar o ensino de pessoas surdas j a partir da pr escola desde 1997 s em 2008 o programa se consolida no pa s todo O ensino de portugu s se organiza da seguinte forma de maneira geral Programa Curricular Portugu s PCP 2001 nas escolas b sicas EB1 o primeiro ciclo do 1 ao 4 ano EB2 segundo ciclo 5 e 6 ano terceiro ciclo do 7 ao 9 ano escola secund ria de 3 anos 10 11 e 12 ano A escola de refer ncia conforme Vaz 2013 p 217 218 designa uma modalidade de escola na qual no caso dos surdos se inscreve o bilinguismo como tra o distintivo Estes estabelecimentos de ensino abrigam alunos surdos e portanto disp em de condi es para um trabalho diferenciado desde a publica o do Decreto Lei n 3 2008 de 7 de Janeiro Para Vaz 2013 p 223 A escola de refer ncia n o no sentido de ter boas refer ncias mas no sentido de referencia o de percursos educativos individuais nas suas singularidades e de seguida da constru o de mo
329. tru o do question rio a escolha das perguntas est condicionada ao objetivo da pesquisa por isso o redator do question rio deve estar atento a poss veis mal entendidos ou deforma es lembrando que os sentidos produzidos por aquele que responde pode ser diferente daquele pretendido pelo redator Na verdade na pesquisa 118 devemos estar abertos n o podemos esperar algum tipo de resposta com base em nossas expectativas De acordo com os crit rios estabelecidos pelo Comit de tica da Universidade e pelo Minist rio da Sa de os entrevistados tamb m assinaram e receberam um termo de consentimento para participarem da pesquisa com garantia de anonimato na divulga o de seus depoimentos Os question rios que comp em essa pesquisa encontram se anexos 5 4 Contexto das filmagens As filmagens aconteceram com o consentimento dos entrevistados em seus lares e s uma das entrevistas foi feita na escola a da aluna surda que recebeu apoio no contraturno Pelo contato com o grupo de volunt rios foi poss vel agendar dia e hora em domic lio para realizar as entrevistas Assim desde o segundo semestre do ano passado esse trabalho para a coleta de dados vem se desenvolvendo Tamb m a dificuldade de fazer as entrevistas com a aluna e sua m e no contexto formal demandou muito tempo e burocracia por parte da rede municipal que nos exigiram declara es al m dos termos de consentimento assinados pela m e da aluna certam
330. u conhecimento de leitura e escrita tamb m recebeu uma resposta que n o condiz com sua condi o real como segue P VOC LER CONSEGUIR lt gt G N O D FICIL P VOC LEITURA ENTENDER lt gt G MAIS OU MENOS DIF CIL Incompreens vel P VOC ESCREVER SABER lt gt G ESCREVER sorrisos G DO QUADRO COPIAR CADERNO faz gesto de escrever sorrisos Os turnos acima mostram que Girassol considera c pia como uma atividade corretamente executada nessa condi o ele se iguala aos ouvintes pois se mostra capaz de executar a mesma tarefa que os outros no entanto a sequ ncia mostra tamb m que o jovem n o fluente em uma l ngua e nem outra Seu sorriso pode assinalar que se sente P pesquisadora 153 deficiente na l ngua dos ouvintes mas se aproxima em determinados momentos pelas tarefas mec nicas impostas a todos os alunos na escola A escola assim constr i no sujeito uma identidade que manca entre a ouvinte e a surda e nesse contexto o sujeito fracassa e se marca como deficiente Ao ser perguntado sobre o que falta na escola o jovem responde que um int rprete ajudaria assim n o dormiria nas aulas porque mesmo tentando prestar aten o a cada troca de professor se dispersa e dorme Segundo ele conseguiria entender o que o professor explica Para ele a troca de professores a cada aula boa porque ajuda a despertar ele mencionou que ia ao banheiro e lavava o r
331. ua grafa Segundo Gesser 2009 as L nguas de Sinais podem ser representadas pela escrita de Sinais Signwriting O sistema no Brasil ainda incipiente e est em fase de experimenta o GESSER 2009 p 42 44 203 9 REFER NCIAS AFONSO A J Sociologia da Educa o n o escolar reactualizar um objeto ou construir uma nova problem tica In ESTEVES AJ A Sociologia na escola professores educa o e desenvolvimento Porto port Afrontamento 1992 apud GOHN M da G Educa o n o formal um novo campo de atua o Ensaio aval Pol P bl Educ Rio de Janeiro v 6 n 21 p 511 526 out dez 1998 ARANTES V A org GHANEM E TRILLA J Educa o formal e n o formal S o Paulo Summus 2008 AUSTIN J L Como hacer cosas com palavras Barcelona Paid s 1998 apud SILVA T T Org Hall S amp Woodward Identidade e diferen a 13 ed Petr polis Vozes 2013 BAKHTIN M Os g neros do discurso In Est tica da cria o verbal Tradu o de Maria Ermantina Galv o Gomes Pereira S o Paulo Martins Fontes 1992 p 217 326 Marxismo e filosofia da linguagem 12 ed S o Paulo Hucitec 2006 BATTEGAY A COELHO O amp VAZ H Orgs Cuidar tomar parte viver com Quest es e desafios da cidadania profana na rela o sa de sociedade Que Media es Porto Livpsic 2012 BAUMAN Zygmunt Modernidade L quida Tradu o Pl nio Dentzien Rio de Janeiro Zahar 2003 258p BEHARE
332. uca o se mantinha contido aguardando uma oportunidade O desejo de aprender L ngua de Sinais surgiu na d cada de 90 como morava em S o Paulo e por conta do grupo religioso com o qual passei a me identificar a partir de 1996 acabei abandonando a igreja cat lica Agora dedicada ao trabalho de prega o passei a ser uma volunt ria tamb m at mesmo o trabalho de alfabetiza o de adultos pude fazer utilizando um folheto da Associa o especialmente confeccionado para esse trabalho Esse servi o que tamb m pude fazer na Igreja Cat lica no chamado Mobral me dava muita alegria de alguma forma eu era a professora Agora como Testemunha de Jeov comecei a acompanhar a movimenta o de alguns grupos de volunt rios em especial jovens que se mobilizavam para ajudar os surdos mas ainda n o era o momento de me dedicar a esse trabalho A d cada de 90 viria a ser uma das mais marcantes na hist ria da educa o especialmente no tocante educa o especial Foram muitos os movimentos em prol de uma educa o agora tomada como educa o de qualidade Na Tail ndia em 1990 em Confer ncia Mundial sobre Educa o para Todos os pa ses assumem a educa o como um direito fundamental para todos em Salamanca na Espanha em 1994 que acontece a Confer ncia Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais Acesso e 29 Qualidade cuja diretriz principal voltava se aos princ pios pol tica e pr tica em educa o espec
333. ue o ensino aprendizagem de uma l ngua sim todo um curr culo escolar centrado no ouvinte com 104 adapta es centradas mais nas experi ncias visuais do que na an lise contrastiva entre as l nguas como forma de ensino bil ngue a partir de uma l ngua primeira neste caso a LGP L ngua Gestual Portuguesa A certifica o tamb m n o pode ser uma garantia de forma o docente pois para consolidar se como tal precisaria discutir com os candidatos muito mais do que apenas a profici ncia da l ngua Enquanto a legisla o brasileira aponta para a forma o de professores surdos e para surdos nas universidades federais o governo portugu s delega este trabalho a tr s Escolas Superiores Coimbra Lisboa e Porto No Brasil o exame de certifica o mobiliza muitos recursos e investimentos com objetivo de conseguir profissionais para suprir as demandas pelo Prolibras Profici ncia em L ngua de Sinais Brasileira Trata se de uma avalia o em duas fases sendo a primeira em m dia de 3 horas e a segunda em torno de 30 minutos para interpreta o e tradu o para candidatos int rprete e prova did tica para instrutores no contexto portugu s conforme Associa o Portuguesa de Surdos a prova de certifica o leva cerca de 40 minutos sendo 15 minutos para simula o de aula Sabe se que muitos ouvintes que procuram cursos de forma o para o trabalho com surdos em sua grande maioria s o motivados por um desejo
334. ue s entende sinais e labial a m e se refere Ger nio o filho mais jovem e o outro surdo que fala e sinais A os dois as tr s coisas P Seria ent o uma pessoa que dominasse toda esga variedade p P Voc acha que com o int rprete na sala haveria fazer diferen a A Vai J tinha feito N Porque um j ta com dezoito ano 1 0 eles t na escola que pro conselho tutelar num vim atr s de mim 172 At aqui a m e expressa o quanto ir a escola para seus filhos converteu se em uma tarefa que serve apenas para cumprir as determina es legais de manter seus filhos na escola expressando tamb m sua indigna o diante da falta de ajuda para seus filhos Enquanto isso expressa tamb m que seu conhecimento sobre o Estatuto da Crian a e do Adolescente nenhum pois na sua compreens o entende que o Conselho Tutelar est apenas para punir pais que n o mandam seus filhos para escola Se de fato a m e conhecesse o poder do ECA e os direitos de seus filhos teria procurado o Minist rio P blico em busca de ajuda o que teria sido providenciada rapidamente pois como no caso de Flor a justi a acionaria o Estado ou Munic pio para providenciar o suporte necess rio aos meninos P Alguma vez algu m prefeitura enfim voc recebeu alguma ajuda A Uh Coitada de mim ah risos e aceno de cabe a Coitadinha de mim quesses menino P Nem mesmo na escola
335. ula ainda assim em sala com outros surdos ou seja aluno x int rprete x professor x int rprete x aluno Outras a es como cursos LGP para os pais tamb m s o oferecidos tal ensino cabe preferencialmente aos formadores surdos segundo as informa es conseguidas na escola de refer ncia em que estivemos O documento PCLGP considera a comunidade surda como mediadora entre surdos e ouvintes por isso cabe s Associa es de Surdos um papel importante na forma o de professores Surdos como a certifica o para o exerc cio da interpreta o Neste sentido o Decreto Lei 3 2007 expressa que 4 A compet ncia em LGP dos docentes surdos e ouvintes deve ser certificada pelas entidades reconhecidas pela comunidade lingu stica surda com compet ncia para o exerc cio da certifica o e da forma o em LGP que s o data da publica o deste decreto lei a Associa o Portuguesa de Surdos ou pela Associa o de Surdos do Porto Ao tratar do tempo de transi o o documento deixa em aberto a possibilidade de n o estar atento s necessidades dos alunos surdos visto que n o h data para rever esse decreto a partir das a es empreendidas o risco n o ter docentes suficientes ou de propiciar uma forma o apenas t cnica e certificadora Outro ponto a destacar o de que pensar em ouvinte para professor de surdos muito diferente de pensar no surdo professor de surdos visto que o que est em jogo muito mais do q
336. urante a semana ocorram todos em L ngua de Sinais desta forma o surdo pode ver o que est sendo sinalizado por qualquer pessoa em qualquer lugar do sal o Segue foto n 1 de um discurso p blico na tribuna um orador e ao fundo no monitor o texto b blico destacado em L ngua de Sinais Na foto n 2 todos surdo e ouvintes olham para o monitor a frente onde est sendo exibido um c ntico em L ngua de Sinais Foto n 1 Foto n 2 69 Tamb m existem ocasi es como as assembleias e congressos que re nem grandes concentra es de surdos nesses eventos que acontecem todos os anos por dois ou tr s dias todo o programa realizado em L ngua de Sinais Surdos de muitas cidades podem encontrar se e interagir em L ngua de Sinais nessas intera es tamb m um conjunto de sinais regionais v o sendo aprendidos pelos surdos ampliando o repert rio do surdo em rela o l ngua Muitos volunt rios se preparam para serem guias int rpretes para surdos cegos a foto n 4 ilustra os volunt rios no trabalho de interpreta o para surdo cego em uma das assembleias anuais Foto n 3 Foto n 4 70 Muitos surdos que estudam com os volunt rios passam a ser seguidores e mais tarde tornam se volunt rios tamb m ajudando outros surdos a aprenderem n o s a LS como tamb m os conte dos B blicos Superam assim suas pr prias limita es e passam a ensinar a L ngua a outros Al m disso estes surdos que pass
337. urdos mas s o muito poucos pelo pa s Prec rio N o existe Tem cursos para oferecimento de p s atualiza o em rela o gradua o ou cursos que abordem as singularidades surdas em continua o s aulas b sicas de Libras L ngua e ao uso dos materiais N o tem livros did ticos Tem livros digitais em embora existam v deo para adultos e paradid ticos crian as para todos os disponibilizados pelo MEC temas ou adquiridos pelos sistemas municipais Tem Computador apenas Todos os membros possuem DVD port til ou Tablet Notebooks e a maioria com acesso internet para acesso ao portal JW Org e a outros 197 sites de Libras para pesquisa inclusive durante as visitas Acesso comunidade Prec rio s vezes se Consegue reunir muitos Surda reduz aos atendimentos em surdos disponibiliza Institui es de Estimulo fala onde o contato com outros surdos em muitos casos n o inclui o uso da materiais s associa es de surdos participa em divulgar e fazer cursos de Libras nestas associa es Libras Atendimento s fam lias Prec rio existe mais Orienta o e ensino de cobran a da frequ ncia do Libras aos familiares aluno na escola do que um interessados trabalho em torno das quest es que envolvem a L ngua x fam lia x aprendizado O caso de Flor o exemplo de que mesm
338. ursivas encaminham os sujeitos dentro da sociedade lhe 46 impingindo a no o do que ele pode ou n o pode reivindicar especialmente quando se trata de Educa o Parece que al m de apontar o que pode ser dito ou n o as forma es discursivas contribuem para que os sujeitos assumam determinadas posi es cuja identifica o tamb m determinada pelo outro que busca na diferen a formas de estabelecer um la o de identifica o usando como moeda de troca a possibilidade de acesso comunidade oral dominante Inconscientemente todos os sujeitos envolvidos est o retroalimentando rela es de poder saber Para Hall 2013 ainda em suas considera es sobre o percurso de Foucault o te rico considera que quando o fil sofo na evolu o de seu trabalho reconceptua o sujeito pelo m todo geneal gico recupera a no o de poder e volta se para o processo de forma o do sujeito que contribui para colocar a quest o do sujeito assujeitado Foucault concebe o sujeito a partir das formas de objetiva o e subjetiva o ou o corpo como lugar de pr ticas disciplinares constantemente vigiado portanto sempre submetido a partir dos regimes de verdade da normaliza o Os regimes de verdade para Foucault relacionam se s formas de governamentalidade e s o produzidos de tr s formas a partir da ignor ncia do outro da arte de enganar e da confiss o a verdade ent o tamb m o conhecimento constituindo se em forma de subjet
339. ursos escolares e educativos das crian as e jovens em detrimento da especializa o destes mesmos n veis A visita a uma escola de refer ncia em Braga EB2 3 ofereceu subs dios para uma discuss o acerca do modelo de inclus o escolhido por Portugal por quest es ticas que envolvem esta pesquisa optamos por n o citar o nome da escola e das pessoas que o a x 5 nos concederam as informa es aqui trazidas pE aM R Citar nomes das escolas e demais colaboradores implicaria um longo processo para conseguir autoriza o dos rg os competentes respons veis pela organiza o das escolas em Portugal Dado o curto 108 Segundo o pr prio programa de Portugu s L ngua 2 as escolas de refer ncia n o s o uma contradi o em rela o escola inclusiva e se amparam no par grafo 21 na se o de Diretrizes para a Ac o Nacional Declara o de Salamanca A proposta curricular tamb m est amparada pela proposta de ensino de l nguas disposta no Quadro Europeu Comum de Refer ncia para as L nguas Atualmente a escola EB2 3 visitada durante o est gio tem 72 alunos surdos matriculados divididos em turmas e em diferentes ciclos Os alunos do 1 ciclo dentro da escola contam com 1 Terapeuta 2 formadores 5 Especialistas em educa o especial e int rpretes de LG 2 Terapeutas de fala 5 int rpretes e 4 Especialistas em educa o especial Desde a educa o infantil os alunos recebem est
340. utros rumos em face das necessidades que surgiram Era preciso ajudar em casa por isso outras ocupa es foram ganhando espa o al m disso era preciso lutar contra o senso comum de minha m e que j trazia na d cada de 60 a representa o do of cio de professor como uma profiss o que n o me daria um bom sal rio Para ela eu deveria ser uma secret ria bil ngue pois segundo ela eu andaria de unhas bem feitas e ganharia bem porque poderia aprender e falar ingl s Talvez tal representa o de minha m e emanasse na cabe a de muitas mulheres de sua poca influenciadas pela leitura das famosas 26 fotonovelas consumidas especialmente por mulheres jovens e oper rias que mostravam as mulheres bem sucedidas como secret rias de grandes empresas Portanto nasci em uma d cada que apesar de marcada por transforma es na educa o a carreira do magist rio j n o tinha tanto prest gio e possibilidade de proporcionar uma vida financeira tranquila como a carreira talvez de secret ria Na d cada de 60 a escola das elites come a a passar por transforma es a educa o especial ou educa o dos excepcionais aparece no texto da Lei 4024 de 20 de Dezembro de 1961 neste ano criada tamb m a Divis o de Ensino Especial da Secretaria da Educa o Em 1963 pelo decreto n 692 o Governo do Estado determinou o funcionamento dos servi os de educa o especial em parceria com a iniciativa privada que hoje s o conhec
341. va e o contexto de agora em princ pio o emulador do contexto seguinte Nesse processo s o os pr prios interlocutores que 55 O termo aqui expresso foi utilizado por uma das m es ao tentar dizer que por faltar a audi o nos filhos sente se como se faltasse nela tamb m um corpo deficiente que n o tem as mesmas oportunidades que seus filhos que ouvem 120 fornecem ao analista as evid ncias das atividades por eles desenvolvidas Como as nossas entrevistas nos fornecer o enunciados produzidos em duas l nguas diferentes ou seja a l ngua portuguesa da comunidade oral e a l ngua de sinais dos surdos foi preciso pensar em como transcrever essas falas para ent o proceder s an lises propostas Entendemos que o conjunto dessas a es que poder dar conta de uma an lise das constru es discursivas pois ser poss vel reunir mais vari veis para a constru o do texto em que esses enunciados produzidos nos dar o uma representa o da dimens o desses sujeitos e suas identidades dentro dos dois contextos onde se formam essas constru es discursivas medida que os recortes das falas dos entrevistados forem sendo apresentadas as categorias elaboradas por Marcuschi 2003 para a transcri o de turno de fala ser o explicitadas como forma de ajudar na compreens o de como estas se deram Embora as transcri es propostas sejam tanto de ouvintes como de surdos acredita se que uma adequa o ser necess
342. vida futura dos alunos surdos Assim se este n o se apropria da L ngua de Sinais temos uma l ngua que pode com o passar do tempo ver sua comunidade falante reduzida sendo essa uma das hip teses pr vias que sustentam a import ncia deste trabalho como um todo A L ngua de Sinais pode tamb m em fun o de abordagens como a da Comunica o Total por exemplo n o ser mais reconhecida em sua estrutura dada a proximidade com a comunidade falante ou seja a abordagem da Comunica o Total significa dizer que os modos de sinalizar seguem o portugu s O que de fato preocupante pois segundo Silveira 2007 apud QUADROS amp PERLIN 2007 p 153 assinalou em seu artigo que o povo surdo precisa saber que existe diferen a entre L ngua de Sinais e outras abordagens comunicativas e uso de gestos Sem conhecimento o surdo n o pode construir uma identidade surda baseada no conhecimento da l ngua de sinais e do patrim nio cultural a ela associado Outra quest o que se coloca o de que a produ o de identidade ouvinte no surdo geralmente imputada por outros carrega um preconceito lingu stico impl cito Ao negar a sua condi o de n o ouvinte e ao preferir o treino de fala o surdo nem mesmo compreende na maioria dos casos que sua estrutura cognitiva n o a mesma de um falante de l ngua oral Portanto s o l nguas com estruturas lingu sticas com singularidades marcantes detalhes que repercutir o na produ o escrita e c
343. vio com outros surdos poss vel acessar outros modos de expressar seus sentimentos 66 jw org DOWNLOADS L NG QVQFVTRVQ jw org 4 Portugu s JW ORG AP Testemunhas de Jeov ff DOWNLOADS CONSULTAS L NGUA DE SINAIS L ngua brasileira de sinais N J Torne se Amigo de Jeov Cante com a gente Voltar para Arquivos disponiveis Como baixar Clique no link do arquivo no formato que voc deseja baixar e selecione Salvar Ao efetuar Minha l ngua de sinais o download voc indica que aceita os Termos de Uso contidos neste site Selecionar idioma Publica o T tulo do cap tulo Baixar Torne se Amigo de Jeov Cante com a gente m pk Cante com a gente 120 LSB Escute obede a e 240p 360p 480p 720p seja aben oado Informa es relacionadas a O que s o arquivos M4V e MP4 O Firefox envia automaticamente alguns dados para a Mozilla de modo a melhorar a sua experi ncia olher dados a partilhar x 67 E ED jw org DOWNLOADS L NG e jw org apps T_QrYQFVTtVQRB selLang LSB amp selPub 957 c B Sogi P RA tR 6 O Firefox envia automaticamente alguns dados para a Mozilla de modo a melhorar a sua experi ncia Escolher dados a partilhar 68 Os Sal es do Reino s o equipados com Data Show tel es e c meras para que o discurso p blico e o estudo das publica es em reuni es p blicas d
344. xerc cio nas escolas de s ries iniciais em conson ncia com a exig ncia da Lei de Diretrizes e Bases devendo estes professores estar graduados para continuarem em exerc cio do magist rio at o ano de 2007 91 At ent o a forma o de forma seriada cujo estigma da repet ncia era arma de tortura utilizada por alguns professores ou tamb m poderia ser encarada como marca de incapacidade passou a ter outro enfoque inclusive pelas mudan as que pareciam cada vez mais inevit veis conforme orienta es das institui es internacionais Muitos nesse momento de transforma es e adequa es entenderam os PCN como metodologia ao inv s de par metros para o ensino aprendizagem N o se tratava de jogar o m todo e as pr ticas mais antigas fora cabia sim uma adapta o destes m todos s necessidades da sociedade que passava a se desenvolver de acordo com o mundo agora globalizado Se por um lado o Curr culo estava na pauta de discuss es com uma tem tica que tratava desde as diferentes concep es de curr culo de outro a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional estava para se firmar As discuss es giravam em torno do curr culo nico ou diversificado a defini o das aprendizagens das grades s redes conte dos e compet ncias e o ponto mais alto das discuss es passava a ser o trabalho com projetos e a Inclus o Finalmente em 1998 as Diretrizes Curriculares Nacionais atrav s da Resolu o n 2 d
345. z o contexto n o formal por utilizar m todos de ensino diferenciados em rela o escola pudesse ser olhado mais de perto para um estudo sobre as identidades surdas que estes m todos tendem a construir Partiu se do pressuposto baseado em um conjunto de pesquisas de que o surdo em escola regular ouvinte tende a construir identidades hibridas que mais se aproximam de identidades ouvintes resultantes de estere tipos produzidos em rela o sua diferen a Portanto desenvolve uma identidade pautada nas experi ncias ouvintistas longe da comunidade surda e das experi ncias que esta pode proporcionar ao surdo em rela o a tudo que envolve a cultura surda e seu modo de viver que precisa ser traduzido em experi ncias visuais por isso a import ncia para olhar essa produ o no contexto n o formal A pesquisa portanto olhou para esses dois contextos formal e n o formal e a partir do relato de surdos e das representa es de suas m es atrav s de depoimentos gravados em v deo foi elaborada a transcri o com aux lio de algumas ferramentas de an lise as categorias da An lise da Conversa o de Mascuschi 2003 o Sistema de Transcri o de L ngua de Sinais de Quadros amp Karnopp 2004 e o software para dados de transcri es multimodais ELAN 188 Depois destes procedimentos transcritos foi elaborada uma an lise discursiva com base na An lise do Discurso de Linha Francesa cujo resultado foi de certa forma e
346. zeram esta pequena s ntese pode contribuir por indicar especialmente para aqueles que iniciam suas leituras nesta linha de pesquisa a import ncia destes estudos nas discuss es sobre as estruturas lingu stica em especial das l nguas de sinais Assim optou se por iniciar este cap tulo pelas considera es de Ferdinand Saussure 1995 Saussure que considerado o fundador da lingu stica moderna inaugura uma genial discuss o acerca das estruturas que organizam uma l ngua e incentiva uma s rie de pesquisas ao lan ar a dicotomia o signo dividido em significado e significante considerando os numa rela o de arbitrariedade Pois para o te rico a imagem ac stica o significante sendo que uma l ngua s existe a partir de um contrato social Adotamos essa forma de nos referirmos Libras por compartilharmos da no o de que Libras um siglema ou seja trata se de conven o especializada de uma redu o de palavras com car ter de voc bulo http www academia org br abl cgi cgilua exe sys start htm sid 22 Quanto grafia Libras mais apropriado que LIBRAS ou seja s al letra mai scula pois cada letra n o corresponde necessariamente a uma palavra essa forma j amplamente aceita pela comunidade surda http www escoladegente org br terminologia php initialLetter L Ainda segundo Romeu KazumiSassaki as l nguas de sinais devem ser adjetivadas portanto cada palavra deve ser grafada com a pr

EDUCAÇÃO FORMAL X EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

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