Home

Água em meio urbano, favelas nas cabeceiras

Contents

1. peo Jorge II J Nova Gameleira II q Sa DIRA T ha Morro do Querosene piltura Saia 8 e Imba bas a ss MEC j E o Jorge III N gt E F Bar o N Estrela A SS A Cab na do Pai Tom s Ho Conj Sta Maria 15 Naa a Qui Sta Rita de C ssia A J no AFONSO PS 1 e o acabo Mundo MENDON A Pa r a BACIAS HIDROGR FICAS Belo Horizonte Estada Isidoro Bacia do Piteiras Bacia do Arrudas BACIAS HIDROGR FICAS TO ca e o LD as e E ur o rve 5 gt P gt w E a an i E a AO o AN E h MICROBACIAS E FAVELAS NA BACIA DO RIBEIRAO ARRUDAS 2007 SOBRE MAPA CADASTRAL 1936 Servico de Estat stica Geral Secretaria da Agricultura Gabinete Fotocartogr fico do Estado Maior do Ex rcito Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Vilas e Favelas mm Limite Microbacias Poligonal Zona Urban E pra De Nova Capital 4 Cursos D gua 0 Marcos Nova Capital FONTE URBEL DRENURBS PRODABEL Elaborado por Felipe Rodrigues Escala 1 25 000 aa 025 0 025 05 0 75m Agua em meio urbano rese de Doutorado erga na li Silva TA m L rientadora Silke Kapp favelas nas cabeceiras NPGAU UFMG 2013 13 PROJE O UNIVERSAL TRANSVERSA mi gua em meio urbano tese de Doutora
2. E e E PR e e A e O de 1 500 pessoas sieg q e sa Caps e e i e eds e e e O mais de 2 500 pessoas s ia emo PER O e e f ee CACHOEIRINHA N oo e i se e e o A E A En E annSnea Centro ne 4 IAEA Cidade Industrial A E WERNECK amp 4 e e 1 Sub rbio E ct dra LAGOINHA OE LR P A ido 200 a BURACO A 5721 Casebres dispersos a BOMFIM QUENTE 2 i ve e 00 e e e os g 0 9 PRADO L PES 4 A eg co N PROGRESSO Et ita a A STA TEREZA ca R Y y o E 2 A FONTE a sm TIT Adaptado de Teuli res 1957 p 14 j ba e EFIG NCIA Re e o qm E o K E eN gt hoo e AU A e e ee 4 eo o les COMEU m o O A 4 le y e e Fi P nn se Pa ef e AS o e H E Qs e 017 E N tono 13 E A e o k o ao 26 SN e e e Cla o o ya BACIAS HIDROGR FICAS Lo o t OS Belo Horizonte Bacia do me s CRUZEIRO dls O di Re e 2 Mo e E A N v o ee A gt re hi y je i Bacia do pi N e o i Piteiras e CIDADE INDUSTRIAL e BURACO K o o o to z Ae AFONSO s O o 1 j GRE 9 e e ANA MENDON A aq di dead Ia Pd Arrudas AS PRINCIPAIS MIGRA ES DAS FONTE Adaptado de Teuli res 1957 p 14 CIDADE INDUSTRIAL FAVELAS AO REDOR DE BELO HORIZONTE N NAS o L e AS a S e es A 1920 45 sen 1942 x L
3. O resultado mais uma vez imprevis vel Os detalhamentos que se seguem tratar o dessas duas ltimas situa es 4 2 O espa o produzido pela ral evidente que favelas se distinguem da cidade formal por estarem margem de seus sistemas jur dicos urban sticos e t cnicos No entanto reconhecer isso n o suficiente para compreender a conforma o socioespacial de uma favela ou de um assentamento prec rio Quais s o afinal os fatores determinantes dessa conforma o Tentarei em seguida elucidar essa quest o baseando me em relatos colhidos a partir de contatos e visitas ao longo v rios anos em distintas favelas de Belo Horizonte 2 Dado inexist ncia de planejamento ou projeto pr vios com defini o r gida de lotes individuais e limites claramente definidos entre reas p blicas e privadas o espa o das favelas configura se a partir da produc o individual das unidades enquanto que o espaco de uso comum o que resulta dos acessos a elas Em alguns casos h a figura de um loteador ou respons vel pela destina o de lotes defini o de limites etc Mas mais comuns s o os registros e relatos que atestam a ocupa o paulatina margem de algum caminho ou percurso trilhas de animais acomodadas meia encosta acessos a equipamentos isolados do n cleo urbano fazendas 71 Dispon vel em www revistatechne com br engenharia civil 43 artigo32227 1 asp Acesso em 10 de setembro de 2
4. Prancha 5 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1953 Administra o Americo Ren Giannetti Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Prancha 6 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1989 Aerodata S A Engenharia de Aerolevantamentos Abrang ncia Bacia do Ribeir o Arrudas Prancha 7 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1989 Aerodata S A Engenharia de Aerolevantamentos Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Prancha 8 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 2008 ESTEIO Engenharia de Aerolevantamentos S A Abrang ncia Bacia do Ribeir o Arrudas Prancha 9 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 2008 ESTEIO Engenharia de Aerolevantamentos S A Abrang ncia Bacia do Ribeir o Arrudas Prancha 10 O lugar das favelas na bacia do ribeir o Arrudas Prancha 11 Cronologia de pol ticas p blicas e favelas em Belo Horizonte Prancha 12 Imagens do Aglomerado da Serra em tr s tempos Prancha 13 Imagens do Aglomerado da Serra em tr s tempos 243 PRINCIPAIS FAVELAS DE BELO HORIZONTE 1957 To a a 7 e a n a NAS O at 500 pessoas en Y E qe d 9 L e e e Bs es e e P a e h 1 e o s O de 500 a 1 500 pessoas tas a etes eo S
5. 204 HARVEY David O enigma do capital e as crises do capitalismo S o Paulo Boitempo 2011 HORKHEIMER Max 1946 Eclipse da Raz o S o Paulo Centauro 2002 JESUS Hor cius LIRA Mateus Vou me acabar aqui Belo Horizonte Vila das Antenas 2011 1417 document rio JORNAL DA UNICAMP Pesquisa detecta a presen a de metais t xicos em guas de chuva Universidade Estadual de Campinas 3 a 9 de setembro de 2007 Dispon vel em www unicamp br unicamp unicamphoje jornalPDF u370pag08 pdf Acesso em 13 de junho de 2012 KAPP Silke Autonomia Heteronomia Arquitetura Cadernos de Arquitetura e Urbanismo Belo Horizonte v 10 n 11 p 95 105 2004 KAPP Silke A outra produc o arquitet nica In Est ticas do Deslocamento Belo Horizonte Associac o Brasileira de Est tica 2008 KAPP Silke Produ o capitalista e a quest o da moradia Belo Horizonte 2009a Material did tico da disciplina Teoria Cr tica Programa de P s Gradua o em Arquitetura e Urbanismo KAPP Silke Quem tombar a favela Congresso Internacional Deslocamentos na arte Ouro Preto 20 a 23 de outubro de 2009b pp 529 536 Deslocamentos est ticos no espa o p blico Dispon vel em http abrestetica org br deslocamentos deslocamentos html KAPP Silke et al Vida cotidiana habita o e qualidade de vida HVQ In Proposta de estudos referenciais e de estrat gias de a o para o planejamento do desenvolvimento integrado da Regi o
6. mais valia em qualquer outro ramo da atividade capitalista A dificuldade estava em demonstrar 61 donde prov m o suplemento de mais valia pago pelo capital empregado na terra ao propriet rio desta sob a forma de renda depois de aparentemente consumada a distribuic o de toda a mais valia a repartir entre os diferentes capitais regulada pelo lucro m dio Marx 1974 1894 p 898 Como explicar a mais valia suplementar desse ramo sobre os demais ramos industriais Embora tenha constru do seu conceito de renda da terra partindo das proposi es de Ricardo Marx contrapunha se a ele afirmando a exist ncia da Renda Absoluta Esse interesse levou o a questionar a identidade entre valor e pre o de custo e a descobrir suas diferen as conceituais e a exist ncia da Taxa de Lucro M dia Para Marx o pre o dos produtos agr colas determinado como nas demais mercadorias pelo tempo de trabalho exigido para produzi los nas condi es sociais m dias de produ o a renda fundi ria proveniente do lucro suplementar gerado em condi es excepcionais de grande fertilidade dos solos ou de tima localiza o de modo que a produtividade seja superior s condi es m dias do ramo considerado e n o s o as condi es naturais que geram a renda diferencial e sim a produtividade excepcionalmente acrescida de trabalho humano sobre essa base natural comparativamente mais favor vel Lenz 1981 p 47 a propriedade fund
7. o do reservat rio natural de guas pluviais Q v relato de experi ncia em Contagem MG em http geolurb blogspot com 152 vizinhos os caminhos que iam at cada casa Eu me sinto como se tivesse voltado no tempo Entrevista autora em maio de 2012 Em outro contexto convivendo com as demoli es deixadas em igual situa o em rea destinada a implanta o da Via de Liga o no Morro das Pedras M nica Francisca Guimar es qualifica seu entorno como terra devastada degradante a nossa situa o Antes quando eu abria o port o da minha casa eu via casas e fam lias Agora parece que caiu uma bomba nesse local A gente s v um grande buraco e muita sujeira e perigo Isso causa uma depress o profunda na gente Bragon 2009 online 1 S o tamb m frequentes os relatos sobre os transtornos e desgastes sofridos pelos moradores especialmente aqueles que apresentaram resist ncia remo o ou aos valores das indeniza es Floriscena relata que foram comuns as situa es em que o morador ao retornar para a casa ficava impossibilitado de entrar devido ao dep sito de entulhos na sua porta ou situa es corriqueiras que afetaram indiscriminadamente os moradores como a impossibilidade de deixar roupas no varal ou as janelas abertas por conta da poeira O j citado Manifesto Vila Morta 2008 afirma que do modo como se deram os processos de demoli o demoviam eventuais resist ncias dos moradores As
8. racionalismo estreito e egoista daqueles que usam nossos impostos para destruir as tradi es dos contribuintes para arruinar sua mente violentar seu meio ambiente e de um modo geral transformar os seres humanos viventes em escravos bem treinados de sua pr pria e rida vis o de vida Feyerabend 2011 1978 p 15 Para os pr ximos itens duas ressalvas devem ser feitas A primeira diz respeito minha pr pria condi o ao proceder s an lises das rela es estabelecidas entre as cidades capitalistas brasileiras e seus cursos d gua e mais especificamente dessas rela es em Belo Horizonte Naturalmente o ferramental de que disponho minha forma o t cnica e as refer ncias te ricas a que recorro s o desdobramentos da tradi o cient fica a nica reconhecida e praticada nas escolas brasileiras e mesmo na sociedade em geral Embora se pretenda uma vis o cr tica for oso admitir que ela foi conformada dentro dessa mesma tradi o que instaurou o tribunal da raz o frente ao qual todas as demais tradi es sucumbiram e cuja supremacia aqui questionada pela compreens o de seus efeitos perniciosos sociedade e natureza O esfor o da cr tica parte 25 portanto do interior da tradi o cient fica com vistas transforma o de sua condi o hegem nica conferindo ao saber cient fico condi o igualit ria de acesso aos centros de poder social tanto quanto outros saberes forjados
9. realidade constitu da e n o provis ria A postura pr concebida era de que a favela apesar de tudo era uma ocupa o transit ria que deveria se transformar pelo desenho convencional da cidade legal e n o um lugar j urbano produzido por padr es diferentes dos convencionais onde 139 T cnico Drenurbs em trecho de entrevista a Silmara Machado Teixeira em novembro de 2003 O artigo consultado Participa o Popular na Gest o de Pol ticas P blicas Ambientais o caso do COMAM Conselho Municipal do Meio Ambiente de Belo Horizonte Teixeira 2007 p 692 178 a estrutura urbana tinha sido vagarosamente autoarranjada e que tinha qualidade Bueno 2000 p 148 S rgio Martins 1999 tamb m contundente na cr tica s abordagens que consideram os processos de urbanizac o e metropolizac o como express o da desordem do caos da irracionalidade a exigirem portanto uma a o cient fica lastreada na no o de plano enquanto express o de um modelo ideal flagrante a presen a de um entendimento no qual subjaz a suposi o de que a expans o do tecido urbano por se fazer precariamente se faz de um modo err tico irracional e no fundo amea ador a requerer por conseguinte uma a o ordenadora racionalizadora numa palavra cient fica que de fora e do alto controle e conduza essa atividade essencial e nada simples que a re produc o social de espa os Mar
10. Dessa forma o envolvimento e dom nio conceitual do processo pelos integrantes do GE ficam comprometidos dado s not rias 95 Tradu o minha The community cannot hire or fire the planning team but is just presented to it by Urbel officials at a first public assembly which also serves to explain the role of the reference group and to define its members Kapp e Baltazar 2012 p 166 Na Vila Novo Ouro Preto o PGE foi desenvolvido pelo Instituto Cidade Conclu do o PGE e instaurado o processo de licita o dos projetos executivos essa empresa foi desclassificada por apresentar pre os julgados pela Urbel incompat veis com o objeto licitado inferiores aos demais concorrentes Conforme depoimento da l der comunit ria dina Barbosa em mar o de 2008 o amplo conhecimento da rea e das demandas da comunidade incluindo a autoria dos projetos b sicos pela empresa asseguravam a exequibilidade da proposta justificativa n o acatada pela Urbel 97 Na elabora o do PGE da Vila Novo Ouro Preto OP 2000 o Instituto Cidade empresa vencedora da licita o contratou moradores da Vila para execu o dos trabalhos de levantamento de campo contornando os entraves legais que impedem a remunera o desses servi os de modo a favorecer o envolvimento efetivo da comunidade no desenvolvimento do plano 132 dificuldades de engajamento cont nuo e n o remunerado em um processo que como estimado pela ger ncia respons vel dura
11. es no seu processo de produ o Nos assentamentos informais a aus ncia de sujei es a legisla es urban sticas confere aos indiv duos uma liberdade relativa e um maior potencial de autonomia de decis o e a o sobre o espa o da moradia e o espa o urbano microlocal Essa realidade no entanto n o deve mascarar como bem alerta Kapp 2008 as condi es que a engendraram N o se trata de romantizar tal produ o como se ela ainda fosse efetivamente livre Pelo contr rio evidente que ela se faz menos por op o do que por necessidade que ela envolve valores de troca e certa l gica de mercado que muitos de seus materiais t cnicas e padr es n o representam alternativas s pr ticas formais vigentes mas apenas as imitam e que o ramo arquitet nico da ind stria cultural com seus automatismos perceptivos e comportamentais alcan a tamb m essas reas Mas por outro lado h na favela um tipo de autonomia de indiv duos e pequenos grupos com rela o ao espa o que simplesmente inexiste na cidade formal Kapp 2008 p 8 Interessa nos refletir sobre a produ o social do espa o nas favelas das cidades capitalistas em suas diversas dimens es e em est gios sociais distintos o espa o autoproduzido anterior e marginalmente a o do Estado o espa o em transforma o pelos processos de urbaniza o conduzidos pelo Estado e o espa o sob a a o dos novos processos de produ o posteriores a
12. o seguida do bloqueio infiltra o das guas pela impermeabiliza o do solo sem nenhuma medida compensat ria por exemplo o armazenamento ou a infiltra o for ada O escoamento superficial promove a eros o de reas de solo exposto deixando disposi o da gua e da for a gravitacional sedimentos que ser o carreados at depositarem se em reas de baixa declividade nas plan cies fundos de vales leitos dos rios e no fundo do mar assoreando os e favorecendo as inunda es O solo perdido n o reposto por processos naturais ou antr picos e as guas das chuvas da temporada seguinte retroalimentar o o ciclo e ainda que chova menos todos os processos tendem a intensificar porque as guas ter o menos espa os porosos para se abrigarem Nas cidades brasileiras independente do porte o modelo de gest o compartimentada da gua se reproduz e os resultados s o conhecidos por um lado a necessidade de capta o de guas para abastecimento aduzidas a partir de reas cada vez mais distantes dos locais de utiliza o impondo lhes impactos ambientais frequentemente de longo alcance Por outro lado investimentos sempre crescentes em solu es de drenagem e escoamento das guas pluviais que frequentemente se revelam in cuos por n o considerarem o ciclo acima descrito A gest o n o compartimentada da gua que poder amos denominar integrada ou compartilhada trataria de conciliar excesso e escassez em estrita obs
13. o das favelas e da cidade formal no territ rio e suas imbrica es e interdepend ncias Busca se compreender as contradi es que primeiro criaram as favelas e agora engendram vultuosas obras p blicas nas favelas alardeadas como medidas de recupera o social e ambiental Finalmente discutem se pol ticas p blicas em curso que embora tenham metas distintas v m ambas atingindo as favelas de Belo Horizonte os programas municipais Vila Viva e Drenurbs Em contraposi o a esses programas prop e se um processo de recupera o socioambiental urbana a partir de microunidades territoriais aut nomas Esse processo designado pela express o urbaniza o reversa deixa entrever alguma possibilidade de reconcilia o do homem com a natureza nas cidades mesmo que elas ainda sejam parte de uma ordem social heter noma ABSTRACT The current environmental crisis of Brazilian cities includes two historically neglected factors which recently are gaining priority in public policy favelas and urban waters This doctoral thesis discusses the dialectical relationship between these factors in the political economy of the cities drawing on the empirical context of the city of Belo Horizonte and more specifically of the Arrudas River watershed The mapping of the dynamics of favelas on that territory shows their relationship with the waterways at first they settle in valley floors and then gradually move toward the headwaters always drive
14. o social do espa o e n o apenas da unidade residencial observam se outros processos que variam conforme o contexto hist rico e social de cada assentamento e o grau de interveni ncia de rg os p blicos ou concession rias de servi o p blico Alguns aspectos que marcam os processos de consolida o das favelas existentes na bacia do ribeir o Arrudas est o sinteticamente apresentados nos mapas que integram o Ap ndice prancha 11 Cronologia de pol ticas p blicas e favelas em Belo Horizonte e ilustram o item 3 4 a seguir tais como denomina es ao longo do tempo data e hist rico da ocupa o movimentos de expans o ou redu o dos n cleos iniciais interven es p blicas e provimento de servi os b sicos dentre outros A ocorr ncia desses processos e as transforma es resultantes no interior das favelas s o conforme prop e Abramo 2003 fatores de diferencia o ativa no mercado imobili rio interfavelas Quando associados aos fatores de diferencia o passiva decorrentes da absor o de benef cios urbanos externos pela proximidade a reas bem atendidas determinar o as prefer ncias locacionais das fam lias faveladas Esses fatores definem tamb m o capital locacional de cada fam lia no mercado imobili rio informal permitindo que os moradores em favela entrem no jogo especular de ganhos e perdas fundi rio imobili rio promovido pelas transforma es da estrutura intra urbana Abramo 20
15. observa o dos fen menos urbanos nas emergentes cidades industriais do s culo XIX Suas descri es das condi es de vida do proletariado e suas perspectivas sobre as cidades aparecem inicialmente em A situa o da classe trabalhadora na Inglaterra de 1845 que n o apenas uma de suas primeiras obras como tamb m uma das primeiras an lises concretas dos problemas urbanos com o modo de produ o capitalista j dominante Forti 1979 p 7 Lefebvre nota que as prospec es de Engels nesse texto se mostraram t o pertinentes que poderiam ser chamadas de vis es prof ticas se esse termo n o estivesse t o habitualmente em oposi o a teoria cient fica Lefebvre 2001 1975 p 18 Engels volta a discutir a cidade numa s rie de artigos escritos entre junho de 1872 e fevereiro de 1873 publicados no Der Volksstaat a revista do partido social democrata alem o e mais tarde reunidos sob o t tulo A quest o da habita o As abordagens de Marx e Engels sobretudo no que diz respeito s rela es entre capital e propriedade privada da terra serviram como ponto de partida a diversos pesquisadores da realidade urbana na segunda metade do s culo XX tais como o pr prio Lefebvre Paul Singer Jean Lojkine e Christian Topalov Lojkine explora o duplo car ter concentrador das cidades capitalistas dos meios de consumo coletivos e dos meios de reprodu o e questiona a pr pria exist ncia de uma renda fundi ria u
16. Cidade da informalidade Rio de Janeiro Livraria Sette Letras FAPERJ 2003 p 189 224 ABRAMO Pedro Favela e mercado informal a nova porta de entrada dos pobres nas cidades brasileiras Org Pedro Abramo Porto Alegre ANTAC 2009 Cole o Habitare v 10 ADORNO Theodor HORKHEIMER Max 1944 Dial tica do esclarecimento fragmentos filos ficos 2 ed Rio de Janeiro J Zahar Editor 1985 ALEXANDRE Agripa Faria A perda da radicalidade do movimento ambientalista brasileiro uma contribui o cr tica do movimento Blumenau Florian polis Edifurb Editora da UFSC 2000 ALFONSIN Jacques T vora Do enriquecimento sem causa ao empobrecimento sem causa Inconstitucionalidade da indeniza o paga pela desapropria o de latif ndio descumpre sua fun o social violando o direito moradia dos pobres In Revisitando o instituto da desapropriac o Coordenadores Ed sio Fernandes Bet nia Alfons n Belo Horizonte F rum 2009 pp 317 340 ALMEIDA Luiz Felype Gomes de Forma o e recupera o de mais valias fundi rias urbanas Belo Horizonte Departamento de Ci ncias Econ micas UFMG 2009 Monografia para obten o de t tulo de Bacharel em Ci ncias Econ micas orientador Prof Dr Roberto Lu s de Melo Monte M r ARA JO Rog rio Palhares Zschaber de Contradi es e possibilidades da regula o ambiental no espa o urbano Belo Horizonte Instituto de Geoci ncias UFMG 2009 Tese doutorado
17. Metropolitana de Belo Horizonte Marco Te rico Metodol gico e Plano de Trabalho VOLUME ll Belo Horizonte 2009 Dispon vel em htto www rmbh org br Acesso em 20 de setembro de 2012 KAPP Silke et al Arquitetos nas favelas tr s cr ticas e uma proposta de atua o In IV Congresso 235 Brasileiro e Ill Congresso Ibero Americano Habita o Social ci ncia e tecnologia Inova o e Responsabilidade CTHab 2012 12 a 15 de novembro de 2012 Florian polis KAPP Silke BALTAZAR DOS SANTOS Ana Paula VELLOSO Rita de C ssia Lucena Morar de Outras Maneiras Pontos de Partida para uma Investiga o da Produ o Habitacional Topos Revista de Arquitetura e Urbanismo Belo Horizonte v 4 p 34 42 2005 KAPP Silke BALTAZAR Ana Paula Por uma Arquitetura n o planejada o arquiteto como designer de interfaces e o usu rio como produtor de espa os Impulso Piracicaba v 17 p 93 103 2006 KAPP Silke BALTAZAR Ana Paula Retrying autonomy a perspective of development beyond participation Apresentado no congresso Latin American Studies 58th Annual Conference The Urban Divide in Latin America Challenges and Strategies for Social Inclusion Gainsville EUA 2009 KAPP Silke BALTAZAR Ana Paula The paradox of participation a case study on urban planning in favelas and a plea for autonomy Bulletin of Latin American Research April 2012 KAPP Silke SILVA Margarete Maria de Ara jo Quem mora nas favelas In
18. Subsecretaria de Edi es T cnicas 2003 BRITO Saturnino de Mem rias diversas In Obras Completas de Saturnino de Brito volume XVIII Minist rio da Educa o e Sa de Instituto Nacional do Livro Org Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1944 BUENO Laura Machado de Mello Projeto e favela metodologia para projetos de urbaniza o 2000 Tese doutorado Universidade de S o Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo CALDAS Maria Fernandes MENDON A Jupira Gomes de CARMO Lelio Nogueira do Estudos urbanos Belo Horizonte 2008 transforma es recentes na estrutura urbana Belo Horizonte Prefeitura de Belo Horizonte 2008 513 p CAMPOS Paulo Eduardo Fonseca de Tecnologia para que e para quem Revista Techn n 43 novembro S o Paulo Pini 1999 Dispon vel em www revistatechne com br engenharia civil 43 artigo32227 1 asp Acesso em 10 de setembro de 2010 CARONE FILHO Jorge Relat rio dos Prefeitos Belo Horizonte 1963 Dispon vel em http www pbh gov br arquivopublico relatoriosdosprefeitos 1963 Jorge Carone Filho pdf CARVALHO Ed zio Teixeira de As cidades e seus rios In Jornal O TEMPO Contagem MG edi o de 10 de mar o de 2010 p 19 CARVALHO Ed zio Teixeira de Geologia Urbana para Todos Uma Vis o de Belo Horizonte Belo Horizonte 1999 CARVALHO Ed zio Teixeira de Manifesto sobre a fundamenta o geol gica de sistemas de drenagem urbanos 2009 Dispon vel em http escr
19. a Flor de Maio n o fizeram nada na Nossa Senhora de F tima somente um pedacinho perto da Cardoso o restante o caos tamb m Ent o o Vila Viva n o uma obra para a comunidade n o a comunidade da Serra pode ser para a comunidade de Belo Horizonte no geral pode ser para o bairro Serra Essa obra facilitou o acesso dos moradores da regi o leste para a regi o sul P los de Cidadania 2011 p 69 70 No PGE a Via do Cardoso aparece sempre associada Via 276 prevista no Plano Diretor de Belo Horizonte mas com reiteradas recomenda es em considera o s caracter sticas do s tio especialmente s elevadas declividades e necess ria inclus o da popula o no debate Nessa altura do trabalho fundamental que se aproveite a oportunidade da elabora o do Plano Global para incluir a popula o do Aglomerado no debate sobre a implementa o da Via 276 prevista no Plano Diretor de Belo Horizonte ligando a Avenida Bandeirantes Avenida Mem de S Dessa forma estas comunidades t m a chance de passar de coadjuvantes a agentes proativos e 167 poss veis benefici rios de um projeto que tem o interesse de toda a cidade PGE 2000 p 7 O percurso proposto no PGE foi substancialmente alterado na implantac o deixando de contemplar a t o solicitada interven o dos moradores na chamada rua da Volta um dos pontos de circulac o mais intensa no interior do aglomerado Outro aspecto not vel que caso res
20. constru o de chafarizes e caixas d gua redes de gua esgoto e luz melhorias para acesso vi rio com a abertura e cal amento de vias constru o de muros de arrimo servi os de drenagem pluvial e ilumina o p blica canaliza o de riachos e transposi es de cursos d gua a constru o de equipamentos coletivos tais como pra as posto policial creche escola biblioteca lavanderias coletivas ou reas de servi os comunit rios e a implanta o de hortas e pomares coletivos Governo do Estado de Minas Gerais 1981 pp 48 90 Os processos de 79 A Companhia de Saneamento de Minas Gerais COPASA sucedeu a COMAG Companhia Municipal de guas e Esgoto que por sua vez sucedeu o DEMAE Departamento Municipal de guas e Esgotos implantado em 1965 A COPASA assumiu a gest o dos servi os de gua e esgoto em 1973 em conv nio firmado por 27 anos com t rmino previsto para o ano 2000 ap s in meras prorroga es e concess es tempor rias dos servi os estabeleceu se um conv nio de Gest o Compartilhada dos Servi os de gua e Esgoto da cidade em novembro de 2002 por um prazo de trinta anos Mello 2005 p 125 8ohttp portalpbh pbh gov br pbh ecp comunidade do evento portlet amp pldPlc ecp TaxonomiaMenuPortal amp app urbel amp tax 8172 amp lang pt br amp pg 5580 amp taxp 0 amp Acesso em 19 de outubro de 2012 81 Como explorado no item 3 4 o in cio de uma pol tica de urbaniza o de fave
21. dificuldade de recomposi o de toda a rea compreendida pela bacia do ribeir o Arrudas ou pela indisponibilidade de mapeamento integral da rea apresentam as microbacias abrangidas pela rea delimitada topograficamente para a implanta o da Nova Capital apresentada pela figura 06 pelos marcos topogr ficos mais externos Os mapas de 1989 e 2007 est o apresentados em duas escalas 1 25 000 correspondente mesma rea abrangida pelos mapas supracitados e na escala 1 50 000 abrangendo toda a bacia do ribeir o Arrudas Pretende se dessa forma fundamentar a condi o atual de ocupa o por favelas de in meras cabeceiras de drenagem dos c rregos urbanos Acrescentou se s informa es mapeadas a Cronologia de pol ticas p blicas e favelas em Belo Horizonte Na prancha 11 do Ap ndice est o dispostos os marcos temporais destacados a 97 seguir al m de informa es sobre os principais processos de consolida o das favelas na bacia do ribeir o Arrudas rica A a e s q a 4 a En Figura 06 Projecto da rede de triangulac o tracada sobre a planta primitiva da Comiss o D Estudo Fonte Comiss o Construtora da Nova Capital s d Arquivo P blico Mineiro 98 3 5 Cronologia de pol ticas p blicas e favelas em Belo Horizonte 1894 1895 1897 1902 1910 1955 1958 1963 Inicia se a construc o da Nova Capital Registram se os dois primeiros
22. es Eletr nicas 2004 SANTOS Jos Alcides Figueiredo Os n meros dos destitu das no Brasil In SOUZA Jess GRILLO Andr Colaborador et al A ral brasileira quem e como vive Belo Horizonte Ed UFMG 2009 Anexo II pp 479 480 SANTOS Jos Alcides Figueiredo Posi es de classe destitu das no Brasil In SOUZA Jess GRILLO Andr Colaborador et al A ral brasileira quem e como vive Belo Horizonte Ed UFMG 2009 Anexo pp463 478 SANTOS Milton A natureza do espaco t cnica e tempo raz o e emoc o S o Paulo EDUSP 2002 SANTOS Milton 2000 Por uma outra globaliza o do pensamento nico consci ncia universal Rio de Janeiro Record 2008 SEABRA Odette Pref cio In BOTELHO Adriano Urbano em fragmento a produ o do espa o e da moradia pelas pr ticas do setor imobili rio S o Paulo Annablume Fapesp 2007 SECRETARIA de Estado de Meio Ambiente e Recursos H dricos SEMA PR Edital de Chamamento Ne 01 2012 Convoca os setores empresariais a apresentar propostas de LOGISTICA REVERSA conforme Lei 12 305 e Decreto 7404 10 Curitiba Paran 2012 SENADO FEDERAL C digo Civil Quadro Comparativo 1916 2002 Bras lia 2003 Dispon vel em http www2 senado gov br bdsf bitstream id 70309 2 704509 pdf Acesso em 07 de mar o de 2011 SILVA Floriscena Estevam Carneiro da Construindo muros e derrubando barreiras a des constru o das representa es do g nero femi
23. es aqui pretendidas vale destacar o papel do Estado na promulga o da Lei do Inquilinato e seus efeitos de m dio prazo sobre o mercado de alugu is a crise habitacional dos anos 1940 e a expans o do autoempreendimento como forma quase exclusiva de provis o das necessidades das classes trabalhadoras Bonduki 1998 pp 247 279 A Lei do Inquilinato costumava ser interpretada como mais uma demonstra o protecionista do Estado classe trabalhadora a que Francisco de Oliveira se contrapunha afirmando ser mais um instrumento de submiss o do trabalho ao capital Institu da em 1942 por Get lio Vargas dentre outras medidas congelou o valor dos alugu is No entanto o efeito do congelamento dos alugu is logo se fez sentir demonstrar a que veio e a quem beneficiaria Por um lado o desestimulo ao mercado de alugu is e a consequente car ncia de moradias impuseram aos n o alojados sobretudo aos rec m chegados s cidades a autoprodu o em favelas ou loteamentos perif ricos como nica alternativa habitacional Mesmo aos trabalhadores alojados por ocasi o do congelamento dos alugu is a suposta prote o n o estava garantida porque a lei restringia mas n o proibia a retomada do im vel pelos propriet rios Por outro lado os reajustes salariais passaram a se referenciar nos valores locativos deprimidos pelas restri es legais Bonduki 53 Bonduki emprega o termo autoempreendimento em lugar do termo autocon
24. es do Capital na terra surgir em virtude do valor da mercadoria ultrapassar o pre o de produ o um lucro suplementar que pode se converter em renda e nessa qualidade possuir autonomia em rela o ao lucro Marx 1974 1894 p 875 Em s ntese na sociedade capitalista abstra das eventuais oscila es a mais valia ou produto excedente se reparte entre os capitalistas como dividendos na propor o da cota de cada um do capital social a mais valia representada pelo lucro m dio se fraciona em lucro do empres rio e juro quando aparece a for a estranha corporificada na propriedade fundi ria o dono da terra tira do capitalista parte dessa mais valia ou trabalho excedente na forma de renda Retomando a F rmula Trinit ria temos as tr s partes do valor capital terra e trabalho que na an lise de Marx s o como rvores perenes o capital para o capitalista a perene m quina 46 O lucro do empres rio e o juro podem destinar se a diferentes esp cies de capitalistas ou mesma se o capitalista ativo emprega capital emprestado parte do lucro se transforma em juro a ser pago ao dono do capital ou seja o capitalista financeiro o que n o ocorre quando ele emprega capital pr prio Marx 1974 1894 p 428 63 de sugar trabalho excedente a terra para o propriet rio o eterno im que atrai parte da mais valia sugada pelo capital e o trabalho condi o e meio que deve
25. m n o contassem com a anu ncia t cita do Estado n o teriam recebido benef cios p blicos em programas anteriores de abertura ou pavimenta o de vias saneamento eletrifica o e mesmo de titula o dos 12 Dispon vel em http noticias uol com br especiais pac ultnot 2009 11 25 defensoria acusa prefeitura de bh de discriminar favelas alvo de obras do pac jhtm Acesso em 17 de setembro de 2010 158 posseiros como ocorreu na Vila das Antenas ou no bairro Vista Alegre em 1985 N o decorre de outro entendimento sen o do reconhecimento do leg timo exerc cio do direito moradia e posse os atualmente t o propalados programas de regulariza o fundi ria Ainda que n o sejam possuidores de t tulo de propriedade a posse deve ser entendida como um direito anterior regulariza o fundi ria O que impede os moradores atingidos pelas remo es de se contraporem aos procedimentos adotados nos programas Vila Viva e Drenurbs desconhecerem esses preceitos ou conhecendo n o disporem de acesso s inst ncias jur dicas que poderiam assegurar lhes seus direitos civis Basta verificar as incont veis requisi es de intermedia o Defensoria P blica e ao Minist rio P blico rg os hoje reconhecidos pela popula o afetada como os nicos canais de reclama o de direitos n o observados Entretanto em que pese a dedica o de profissionais atuantes nessas institui es a demanda tem superado em muito s
26. modas e onerosas opera es de reconstitui o do pavimento asf ltico deteriorado ou perfurado para manuten o substitui o ou instala o de novas redes subterr neas Da mesma maneira espa os p blicos que poderiam abrigar outras atividades ou cumprir fun es vitais din mica ambiental urbana como as reas de v rzeas em fundos de vales s o ocupados por ve culos automotores e com eles os conhecidos impactos ambientais e sociais polui o sonora e atmosf rica polui o difusa do solo e das guas congestionamentos e acidentes di rios N o cabe aqui discutir as raz es que conduziram as cidades a tal condi o de submiss o l gica rodoviarista ou as possibilidades de revers o da depend ncia urbana ao autom vel mas interessa nos compreender como essa cultura nacional transforma o ambiente tecnog nico das cidades e mais especialmente as implica es para o sistema ambiental urbano da transfer ncia desse modelo para encostas de altas declividades nos programas de urbaniza o de favelas que discutiremos no Cap tulo 4 Mais uma vez o que poderia ser uma op o cultural tecnol gica ambiental ou econ mica de mobilidade urbana ao lado de outras se imp e de forma totalit ria seja pela ocupa o das v rzeas dos rios ou pelo desmonte das encostas em seu alto curso S o Paulo o exemplo nacional mais contundente quanto insustentabilidade desse modelo guiado pela circula o de ve culos
27. ndice Evidentemente os mesmos fatores sociais pol ticos culturais e econ micos que compelem parte significativa da popula o forma o das favelas continuam atuando nos processos de produ o do espa o ou mais propriamente nos processos de autoprodu o dos espa os precariedade das condi es que determinam esses processos somam se a natureza do s tio e o car ter das intera es homem natureza Conformam se assim espa os e tempos notadamente distintos da cidade formal Essa a evid ncia que precisa ser apreendida O pressuposto de que a melhoria da qualidade de vida urbana nessas reas depende do mesmo padr o de urbaniza o da cidade formal pernicioso Como 226 j alertado por Adorno e Horkheimer desde os anos 1940 toda tentativa de romper as imposi es da natureza rompendo a natureza resulta numa submiss o ainda mais profunda s imposi es da natureza Transpor de forma acr tica esse padr o s favelas sob o argumento da melhoria da qualidade de vida da erradica o do risco ou da preserva o ambiental faz sucumbir estruturas sociais e espaciais historicamente produzidas pela popula o Faz sucumbir rela es que permitiram a preserva o de valores socioambientais qualitativamente diferentes do padr o hegem nico porque n o se ad quam s representa es dominantes do bem morar bem circular bem divertir se e trabalhar N o por acaso como reiteradamente dest
28. no entanto permanece com os integrantes das categorias privilegiadas que frequentemente alocam a maior parte do valor produzido para si perpetuando as desigualdades sociais Santos 2009 p 464 Al m disso ao exercer esse controle com a autoridade da ci ncia desqualificam conhecimentos culturalmente constru dos sob outras tradi es ou sob rela es sociais de produ o que de algum modo preservaram rela es de apropria o da natureza mas n o de domina o N o poderia encerrar esse item sem uma men o sociedade livre postulada por Paul Feyerabend A supremacia do saber cient fico que ao fim e ao cabo a garantia de manuten o dos privil gios de classe est t o naturalizada e cristalizada na sociedade contempor nea que faltam nos elementos para conceber um mundo qualitativamente diferente Numa sociedade livre cientistas e intelectuais s o apenas uma das tradi es a que livremente o indiv duo recorre n o t m quaisquer direitos especiais e suas ideias n o t m nenhum interesse especial a n o ser claro para eles pr prios Feyerabend 2011 1978 p 14 As decis es s o tomadas exclusivamente pelas pessoas envolvidas e refletem aquilo que elas s o e n o o que projetam sobre elas as mentes intelectuais por melhores que sejam as suas inten es assim que os esfor os de grupos especiais que combinam flexibilidade e respeito por todas as tradi es ir o gradativamente erodir o
29. o da for a de trabalho necess ria reprodu o e acumula o capitalista ou nas palavras de Glaucia Gomes permanecem como surgiram como uma necessidade estrutural da urbaniza o 2011 p 213 restando nos apenas realocar nessa exposi o os mesmos termos da velha equa o Sob o modo de produ o capitalista h processos de produ o que n o refletem exatamente o est gio das for as produtivas que o caracterizam t cnicas conhecimento e tecnologia e que persistem numa condi o aparentemente marginal mas efetivamente de suporte No entanto a coexist ncia de setores atrasados e setores modernos numa dada forma o hist rico econ mica n o como afirma Francisco de Oliveira 2003 1972 uma singularidade sen o uma condi o Esse tipo de dualidade encontr vel n o apenas em quase todos os sistemas como em quase todos os per odos a oposi o na maioria dos casos t o somente formal de fato o processo real mostra uma simbiose e uma organicidade uma unidade de contr rios em que o chamado moderno cresce e se alimenta da exist ncia do atrasado Oliveira 2003 1972 p 32 As favelas traduzem nas cidades capitalistas essa unidade de contr rios o atrasado imprescind vel ao florescimento e manuten o do moderno No contexto de expans o do capitalismo industrial a sobreviv ncia ou o renascimento no urbano moderno de pr ticas consideradas
30. o depois que desocupam o im vel Esse flagrante desrespeito aos direitos civis foi assim expresso pelo defensor p blico Marcelo Nicoliello Chega a ser absurda a hip tese do cidad o ser compelido a sair de sua casa com sua fam lia e seus pertences para somente ent o ter direito a receber um cheque que lhe permitir procurar um im vel Vale ressaltar que em se tratando de cidad o que carrega o estigma de favelado dificilmente haver algum vendedor disposto a entregar lhe um im vel sem qualquer garantia ou quantia de entrada dando lhe cr dito ou seja acreditando numa promessa de pagamento futuro Defensoria 2009b p 16 O argumento subjacente ao n o pagamento de justas indeniza es refere se inviabilidade econ mica do empreendimento caso as desapropria es ocorram ap s a regulariza o fundi ria Subjaz tamb m perversamente a convic o de que os expropriados por desconhecerem seus direitos n o v o interpor maiores resist ncias Quando ocorre e de forma isolada a resist ncia frequentemente se prende ao valor da indeniza o e n o propriamente expropria o indevida da posse justamente a que o conhecimento t cnico torna se imprescind vel consuma o da expropria o Apoiados nos tr s pilares t cnicos j mencionados erradica o das condi es de risco preserva o ambiental e destina o das reas para implanta o das melhorias os processos de remo o
31. o pelo Estado da valoriza o monet ria do solo induzida por a es do poder p blico Essa discuss o urgente e tardia pode equalizar as not rias desigualdades na apropria o privada de investimentos p blicos No entanto creio haver outra discuss o urgente no que se refere s interven es p blicas nas favelas a ocorr ncia de uma apropria o de mais valia fundi ria urbana ao contr rio ou seja o Estado recupera para o mercado formal de terras os valores agregados aos territ rios favelados inclusive os ambientais melhoria gen rica da qualidade de vida urbana contrap e se o comprometimento espec fico da qualidade de vida do sujeito expropriado Esse aspecto destacado por Adriana Nogueira Vieira Lima e Edson Macedo Filho 2009 ao tratarem da aplica o do instituto da desapropria o em reas de assentamentos informais e a pertin ncia de estabelecerem se tratamentos distintos a situa es que envolvem diferentes categorias de propriet rios importante verificar luz do princ pio da igualdade na sua dimens o material e n o meramente formal em que medida o bem despojado representar ao desapossado pela interven o estatal um significativo desfalque em seu patrim nio a fim de que se lhe possa determinar um valor de recompensa proporcional aos danos efetivamente sofridos Lima Macedo Filho 2009 p 226 Essa quest o ser retomada no Cap tulo 4 com destaque para o tratamento diferenci
32. o urbanizadora do Estado Em s ntese busca se caracterizar os espa os produzidos pela ral em oposi o aos espa os produzidos para a ral O recorte de classe social justifica se porque a meu ver os espa os produzidos pela ral s o reflexo das desigualdades dur veis que lhe interditaram o acesso a outras reas da cidade e que lhe imp e cotidianamente a condi o 105 de precariedade na qual precisa se mover para assegurar sua condic o de sobreviv ncia e perman ncia nas cidades Por outro lado os espacos produzidos para a ral traduzem a representac o social dominante n o apenas da favela e dos favelados mas sobretudo das rela es entre produ o uso e significados da moradia nas cidades das rela es entre espa os cotidianos e espacos especializados e da pr pria relac o entre homem urbano e socionatureza Essa an lise pretende explicitar em que medida a ac o do Estado capaz de transformar as rela es de produ o e de controle do espa o nas favelas e eliminar pela a o urbanizadora as especificidades de seu processo de produc o Importa sobretudo apontar o potencial de autonomia resguardado nas favelas afetadas ou dito de outra maneira em que medida a produ o heter noma do espa o se sobrep e s possibilidades da produ o aut noma Para as favelas afetadas pelo programa Drenurbs a discuss o centrar se na avalia o da pertin ncia de reinser o e manuten o dos c rregos revit
33. p 25 202 maneira abrangente a forma como as organiza es movimentos e comunidades resistem hegemonia do capitalismo e aderem a alternativas econ micas baseadas em princ pios n o capitalistas Sousa Santos 2002 p 26 De fato a viabilidade de tais alternativas pelo menos de curto a m dio prazos depende em boa medida de sua capacidade de sobreviver no contexto do dom nio do capitalismo Sousa Santos 2002 p 24 Antes de passarmos discuss o de algumas das teses elaboradas pelos autores cabe destacar o questionamento feito por eles quanto conveni ncia pol tica e te rica de emprego do adjetivo alternativo globaliza o economias e desenvolvimento alternativos uma vez que reafirma o car ter hegem nico daquilo a que se op e Da a necessidade de se explicitar alternativo em rela o a qu Sousa Santos 2002 p 27 Para as experi ncias selecionadas o car ter alternativo que as unifica refere se ao combate a tr s caracter sticas das economias capitalistas indesej veis sob a tica socioambiental a produ o sistem tica de desigualdades no acesso aos recursos e ao poder entre classes sociais e suas nuances espec ficas de g nero ou ra a o empobrecimento das formas de sociabilidade pela monetariza o das rela es sociais e a preval ncia dos interesses pessoais em lugar da solidariedade ou reciprocidade e os perigos impostos s condi es f sicas da terra decorrentes da f
34. perfeitamente integradoras totalizantes e racionais a realidade concreta e cotidiana que tentam definir n o um objeto Nascimento 2011 p 63 A transposi o dessas inten es para a escala real e em respeito s especificidades socioambientais dos s tios cabeceiras de drenagem e encostas de altas declividades densamente ocupadas por processos cont nuos de autoprodu o demandaria dos projetistas amplo dom nio das caracter sticas exaustivamente documentadas para integr las satisfatoriamente inclusive investigando solu es t cnicas ajustadas s especificidades explicitadas pelos PGEs Remetendo s quatro situa es de intera o antr pica apresentadas anteriormente as interven es norteadas pelos PGESs teriam a partir dos diagn sticos setoriais e do diagn stico Integrado as condi es ideais de implementa o conhecimento pleno dos elementos e comportamentos do ambiente tecnog nico existente e disponibilidade de recursos financeiros e tecnol gicos para a mobiliza o coerente e adequada desses conhecimentos de modo a restabelecer um equil brio sist mico No entanto as solu es implementadas sugerem seu enquadramento na quarta situa o h um conhecimento bastante consistente do ambiente tecnog nico h dom nio das tecnologias dispon veis mas as duas coisas n o s o coerentemente relacionadas entre si Simplesmente s o a reproduzidas solu es convencionalmente aplicadas na cidade
35. rcito Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Prancha 04 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1942 Administra o Juscelino Kubitschek Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Prancha 05 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1953 Administra o Americo Ren Giannetti Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Prancha 06 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1989 Aerodata S A Engenharia de Aerolevantamentos Abrang ncia Bacia do Ribeir o Arrudas Prancha 07 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1989 Aerodata S A Engenharia de Aerolevantamentos Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Prancha 08 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 2008 ESTEIO Engenharia de Aerolevantamentos S A Abrang ncia Bacia do Ribeir o Arrudas Prancha 09 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 2008 ESTEIO Engenharia de Aerolevantamentos S A Abrang ncia rea delimitada para a Nova Capital Prancha 10 O lugar das favelas na bacia do ribeir o Arrudas Prancha 11 Cronologia de pol ticas p blicas e favelas em Belo Horizonte Prancha 12 Imagens do Aglomerado da Serra em tr s tempos Prancha 13 Imagens do Aglomerado d
36. territ rios e a autoprodu o continua respons vel pela maior parte do provimento de moradias nas reas urbanas da Am rica Latina sobretudo nas faixas mais pobres da popula o Kapp et al 2005 p 38 Interessa perceber que nossas maneiras de morar s o parte da forma o econ mico social capitalista seja positivamente em acordo com ela ou negativamente como obst culo resist ncia ou exclus o e que a discuss o precisa extrapolar os estreitos limites a que se reduziu sob a hegemonia capitalista As maneiras de morar que sobreviveram e se estabeleceram na nossa sociedade n o constituem o que ela poderia oferecer de melhor para a totalidade de seus 69 membros as moradias n o s o dessa ou daquela maneira por se tratar do que h de mais confort vel belo imaginativo pr tico significante ou f cil para seus habitantes mas principalmente porque cabem a certo modo de produc o e reprodug o da sociedade com seu regime de propriedade suas relac es de trabalho seu ide rio e seus mecanismos de aquiesc ncia e controle Kapp et al 2005 p 36 Para encerrar esse cap tulo retomo brevemente a quest o da solvabilidade da demanda habitacional que abarca o universo de consumidores capazes de pagar pelo produto demandado no mercado de produc o capitalista Habitar como vimos um consumo improdutivo do espa o urbano o que significa disp ndio de dinheiro apenas mas o valor da terra determinado pela di
37. tr nsito nas duas dire es geralmente dispondo de pequenas baias ao longo do percurso para permitir o cruzamento de ve culos em dire es contr rias em observ ncia a acordos t citos 125 locais 8 Nas vias veiculares de altas declividades comum a incid ncia de pontos de concord ncia brusca entre duas ou mais vias quase sempre resultantes de obras p blicas N o obstante as altas declividades a exigir maior rugosidade das superf cies de escoamento das guas de chuva a pavimenta o dessas vias asf ltica Enfim espa os nobres ou vulgares pontos de atra o ou centralidades espa os de produ o ou de consumo de lazer ou religiosidade tendem a se conformar espontaneamente pelos usos sem as determina es funcionais da cidade formal ditadas pela legisla o de uso e ocupa o do solo e por c digos de postura 4 3 A transi o da favela para o mundo administrado Tratarei aqui de discutir a incorpora o ou a tentativa de incorpora o das favelas ao mundo administrado que se traduz pela reprodu o dos modelos hegem nicos de vida urbana pela redu o ao uno mediante a destrui o das distin es tornando o heterog neo compar vel e reduzindo o a grandezas abstratas Adorno Horkheimer 1985 1944 p 23 Ser o aqui abordadas as condi es para a transforma o do espa o produzido pela ral em espa o produzido para a ral O foco s o as rela es entre poder p blic
38. 16 Grifos do autor Em publica o posterior Bonduki reafirma n o considerar como trabalho n o pago aquele despendido pelo morador que autoproduz sua casa porque ao contr rio do que ocorre quando o trabalhador vende sua for a de trabalho ao patr o talvez o nico momento em que se apropria integralmente do valor do seu trabalho Contudo reconhece que a baix ssima produtividade da autoconstru o individual desvaloriza o trabalho incorporado e tamb m admite o processo como potencial redutor do custo de reprodu o da for a de trabalho beneficiando o capital Bonduki 2006 p 237 Subjacente a essa interpreta o estava a hip tese de que a atua o profissional junto s classes trabalhadoras sem a interveni ncia do Estado s poderia ocorrer pelo engajamento dos pr prios benefici rios nos processos de produ o Essa contesta o pode ser entendida como uma tentativa de relativizar os argumentos de Francisco de Oliveira de modo a n o interditar possibilidades de atua o junto s popula es mais pobres contando apenas com os pr prios recursos de que essas dispunham al m da for a de trabalho as experi ncias informais de coopera o e ajuda m tua Uma interpreta o inflex vel da tese de Francisco de Oliveira liquidaria as escassas alternativas vislumbradas por profissionais cr ticos ou descrentes da a o do Estado ou de empresas capitalistas para melhoria das condi es 207 habitacionais nas
39. 1972 uma grande rea foi desapropriada para a instala o de antenas de transmiss o que foram novamente ocupadas VILA ESTRELA Os primeiros moradores vieram do interior de Minas ou de ouros estados em busca de trabalho ou tratamento m dico para algum membro da fam lia As melhorias se deram de forma gradativa advinda de esfor o individual ou de pequenos grupos Mais tarde a CHISBEL Coordena o de Habita o e Interesse Social de Belo Horizonte rg o da Prefeitura extinto em 1983 realiza obras na rea para constru o de escadaria abertura e cal amento de vias Para isso v rias fam lias foram removidas e reassentadas no local ou em outros bairros Na Vila existem reas com risco geol gico de desabamento Em 1992 e 1993 por causa das chuvas foram removidas duas fam lias que tiveram as casas destru das m MORRO DO QUEROSENE A ocupa o do Morro do Querosene tem in cio na d cada de 30 do s culo XX Os primeiros moradores eram jovens casais sem lugar para morar e pessoas desalojadas de outras favelas principalmente a da Barroca onde hoje fica o bairro Gutierrez A gua era buscada pelos moradores em duas bicas pr ximo ao c rrego onde hoje fica a avenida Prudente de Morais onde tamb m eram lavadas as roupas No come o dos anos 70 aproximadamente 70 da vila desapropriada para a constru o da avenida Raja Gabaglia e do quartel Na d cada 70 foram instaladas rede de energia el t
40. 2005 p 9 DUARTE Rodrigo A de Paiva 1985 Marx e a natureza em O Capital S o Paulo Edi es Loyola 1995 ENGELS Friedrich 1872 1873 Como a burguesia resolve a quest o do alojamento In A quest o da habita o Belo Horizonte Aldeia Global Editora 1979 ENGELS Friedrich 1872 1873 Como Proudhon resolve a quest o do alojamento In A quest o da habita o Belo Horizonte Aldeia Global Editora 1979 ENGELS Friedrich 1872 1873 Observa es complementares sobre Proudhon e o problema da habita o In A quest o da habita o Belo Horizonte Aldeia Global Editora 1979 ENGELS Friedrich 1872 1873 Pref cio In A quest o da habita o Belo Horizonte Aldeia Global Editora 1979 233 ENGELS Friedrich 1875 A dial tica da natureza Rio de Janeiro Paz e Terra 1976 ENGELS Friedrich 1892 Do socialismo ut pico ao socialismo cientifico Lisboa Editorial Estampa 1974 ENGELS Friedrich 1886 Pref cio da Edi o Inglesa In MARX Karl 1867 O Capital Livro 1 Vol l Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2008 FEITOSA Charles Explicando a filosofia com arte Rio de Janeiro Ediouro 2004 FERNANDES Ed sio Legaliza o de favelas em Belo Horizonte um novo capitulo na hist ria In Fernandes Ed sio e Alfons n Betania orgs A lei e a ilegalidade na produ o do espa o urbano Belo Horizonte Editora Del Rey 2003 FERNANDES Ed sio Regulariza o de favelas o
41. 2006 192 interesses individuais e os coletivos quanto em a es de coopera o ou reivindicat rias para promo o de melhorias urbanas praticamente extintas na cidade formal Assim que microprocessos instalados para a recupera o e potencializa o das qualidades espec ficas das reas de cabeceiras poderiam fortalecer as estruturas sociais e pol ticas que autoproduziram e consolidaram as favelas nos seus entornos protegendo as mutuamente cabeceiras e favelas de serem subsumidas pelos esquemas tradicionais de gest o urbana Por fim se a alienac o do homem na moderna sociedade capitalista reflete um processo econ mico no qual a natureza transformada pelo homem tamb m o transforma a natureza restaurada pelo trabalho humano pode tamb m restaurar o humano A revers o dos processos de degradac o da natureza ou melhor da socionatureza s me parece poss vel pela instaurac o de processos coletivos de trabalho que se proponham a uma apropriac o social da natureza qualitativamente diferente para reconcilia o primeira do homem urbano com a natureza externa e a necess ria reconcilia o consigo mesmo e com sua esp cie para a constru o de novas categorias produtivas fundadas na tica N o se trata aqui de apresentar ou defender uma teoria sobre processos de urbaniza o reversa em contraposi o aos processos convencionais de urbaniza o predominantes nas cidades brasileiras No entanto cabe registrar alguns
42. 2008 online 34 132 Como admitido pelo PGE 2004 p 82 a CEMIG tem sido permissiva com a ocupa o dessa faixa por pelo menos tr s d cadas levando os moradores a questionarem por que as alegadas condi es de seguran a n o motivaram a es de remo o anteriormente Al m disso os moradores questionam se o tratamento dispensado a eles foi ou ser estendido a outras edifica es em situa o similar fora da favela especialmente no bairro Buritis Nascimento 2011 p 105 et seg 133 Sup e se que a ocupa o da rea iniciou se por volta dos anos 1920 especialmente associada extra o de pedras gran ticas para a constru o civil Os primeiros moradores vieram da favela da Barroca de onde foram expulsos para dar lugar aos bairros Santo Agostinho e Barro Preto Q v no portal da PBH http portalpbh pbh gov br pbh ecp contents do evento conteudo amp idConteudo 26341 amp chPlc 26341 amp amp pldPlc amp app salanoticias Acesso em 23 de abril de 2012 134 http www midiaindependente org pt red 2008 10 429697 shtml Acesso em 20 de janeiro de 2009 166 Essa a caracter stica marcante em todas as favelas submetidas ao Vila Viva o elemento definidor das interven es e da nova configura o espacial do assentamento uma grande avenida que intercepta a vila para integrar por es da cidade formal at ent o desarticuladas e que responde pela maioria das remoc es e por pelo menos 50 do custo das o
43. 74 Segundo extensamente divulgado pela Urbel o programa incentiva e favorece a inclus o produtiva mediante um Programa de Qualifica o e Capacita o Profissional oferecendo para 144 os trabalhadores da constru o civil a Educa o Profissional no Canteiro de Obras com cursos de pedreiro em alvenaria estrutural carpinteiro e armador t3 No entanto as entrevistadas por Floriscena Silva n o tiveram acesso uma forma o nos moldes divulgados Quando questionadas sobre a capacita o para o trabalho o treinamento segundo as entrevistadas restringiu se a instru es b sicas a qualquer trabalhador contratado no momento da admiss o quanto seguran a do trabalho e adicionalmente s mulheres posturas recomend veis como evitar certos decotes trabalhar com a camisa fechada evitar conversinha fiada entre pi o Maria Luiza servente de pedreiro informa o verbal colhida por Floriscena Silva 2011 p 92 Por fim conclui Floriscena se a entrada da mulher no mercado da constru o foi um imperativo frente s necessidades do mercado para o capitalista constituiu a amplia o de op es por m o de obra Para isso n o precisou diminuir sua margem de lucro bem ao contr rio pode aument la Silva 2011 p 78 O supracitado programa de qualificac o promoveu outras atividades segundo exposto aos visitantes jardinagem e forma o de viveiro de mudas 90 alunos auxiliar de cozinha e gar om e
44. Atendida a essa condi o b sica de instala o de um n cleo populacional os demais sistemas de mesoestrutura s o equacionados individual ou coletivamente Para o esgotamento sanit rio e das guas servidas as solu es envolvem desde a constru o de fossas redes prec rias de esgoto para lan amentos in natura nos cursos d gua ou liga es clandestinas rede p blica at em est gios mais consolidados de uma ocupa o os sistemas condominiais de esgoto ou individuais conectados rede p blica as fontes de energia para ilumina o e atividades dom sticas abrangem a lenha natural ou madeira descartada de obras da constru o civil o lcool ou leo para lamparinas e fogareiros g s as liga es el tricas clandestinas conhecidos como gatos ou bicos ou as liga es oficiais na rede p blica e tamb m redes improvisadas ou oficiais para a ilumina o p blica A moradia a fun o preponderante que associada ao sistema de acessos a unidades dispersas definir a configura o espacial do assentamento medida que o assentamento se expande e adensa os acessos de maior aflu ncia v o se alargando pelo uso somado a a es deliberadas de amplia o pelos moradores em conjunto envolvendo pequenas movimenta es de terra implanta o de elementos pontuais de conten o dispersores ou condutores de guas 73 O hist rico das ocupa es e fatos marcantes na consolida o das favelas na bacia d
45. Bragon 2009 online tt Esse 116 Declara o do procurador do munic pio imprensa a respeito das den ncias da Defensoria P blica de viola o de direitos e discrimina o nos processos de remo o no Morro das Pedras Dispon vel em http noticias uol com br especiais pac ultnot 2009 11 25 defensoria acusa prefeitura de bh de discriminar favelas alvo de obras do pac jhtm Acesso em 31 de mar o de 2010 Declara o de igual teor est registrada no j citado Relat rio de Encerramento PADI p gina 14 Defensoria 2009 150 entendimento explica em parte a postura impositiva dos agentes p blicos frente a sujeitos que n o teriam direito a indenizac o e ainda assim o Estado vai indeniz los N o se trataria portanto de uma situac o de reconhecimento e respeito a direitos constitucionais mas sim de uma ac o benevolente do Estado Esse entendimento e as pr ticas dele decorrentes demonstram a dist ncia e a urg ncia de se estabelecer politicamente como defende Jacques T vora Alfons n 2009 um patamar no qual a correla o de for as sociais esteja equilibrada a ponto de anular a capacidade que o exerc cio de um certo tipo de poder ideologicamente impregnado tem para criar conservar e reproduzir injusti a social 2009 p 318 H ainda o grupo dos reassentados ou seja aquelas fam lias removidas e reassentadas nos apartamentos constru dos no pr prio Aglomerado da Serra cuja t nica das entrevista
46. LENZ M H A Categoria Econ mica Renda da Terra Porto Alegre Funda o de Economia e Estat stica 1981 s rie Teses n 1 LIMA Adriana Nogueira Vieira MACEDO FILHO Edson Desapropria o em reas urbanas de assentamentos informais limites e alternativas a sua aplica o In Revisitando o instituto da desapropriac o Coordenadores Ed sio Fernandes Bet nia Alfons n Belo Horizonte F rum 2009 LIMA Junia Maria Ferrari de Bairro Conc rdia em Belo Horizonte entrave ou oportunidade cidade neg cio Belo Horizonte Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais 2009 Disserta o mestrado LOJKINE Jean Existe uma renda fundi ria urbana In FORTI Reginaldo Org Marxismo e Urbanismo Capitalista Livraria Editora Ci ncias Humanas S o Paulo 1979 LOJKINE Jean O papel do Estado na urbaniza o In FORTI Reginaldo Org Marxismo e Urbanismo Capitalista Livraria Editora Ci ncias Humanas S o Paulo 1979 MARTINS S rgio Manuel Mer ncio SEABRA Odette Carvalho de Lima UNIVERSIDADE DE S O PAULO Nos confins da metr pole o urbano as margens da represa Guarapiranga em S o Paulo 1999 Tese Universidade de S o Paulo Faculdade de Filosofia Letras e Ci ncias Humanas MARX Karl 1844 Manuscritos econ mico filos ficos S o Paulo Boitempo Editorial 2004 MARX Karl 1867 O Capital Livro 1 Vol l Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2008 MARX Karl 1867 O Capital
47. M Porto Rubem La Laina Barros M rio T de Barros Org Drenagem Urbana In Porto Alegre ABRH e Editora da UFRGS 1995 p 387 414 cole o ABRH de recursos h dricos V 5 174 conserva o Espa os simb licos e marcos da ocupa o urbana as Tr s guas do Cardoso rua da gua Pocinho Biquinha Mina essas guas corporificam hoje a indigna o e impot ncia da popula o frente s a es negligentes e autorit rias do Estado cujo car ter utilit rio n o passa desapercebido aos moradores essas reas n o s o parques ecol gicos s o na verdade reas que foram criadas para capta o de chuvas que causavam estragos nos bairros circunvizinhos Silva 2011 p 23 O t tulo do artigo de Rose Compans 2007 A cidade contra a favela a nova amea a ambiental expl cito ao denunciar os modernos mecanismos engendrados para justificar a remoc o de favelas no Rio de Janeiro dos quais participam a grande m dia e o Minist rio P blico Estadual que moveu a o Prefeitura solicitando a remo o de quatorze reas favelizadas Diz a autora Depois da favela como foco de epidemias e antro de marginais a mais nova representa o social que vem sendo constru da apresenta a como fator de degrada o ambiental Auxiliada por um saber t cnico cient fico que demonstra empiricamente a perda progressiva da cobertura vegetal a fragilidade geol gica das encostas e a polui o dos corpos h
48. Microbacias E Zona Urbana mem Leito Natural Poligonal Zora Nova Capital Canal Aberto Subaena cd o Marcos Nova Capital Canal Fechado FONTE URBEL DRENURBS PRODABEL aa P Elaborado por 4 e y Qu EA Felipe Rodrigues 4 pr E Sa z Escala 1 25 000 e g 7 025 O 025 05 075m gt 4 a y PE JU s PROJEC O UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR a a 2 Datum SAD 69 Zona 23 Sul kd O LUGAR DAS FAVELAS NA BACIA DO RIBEIRAO ARRUDAS Alta Tens o BACIAS HIDROGR FICAS Belo Horizonte adado Isidoro Bacia d Piteiras D cada de 1920 D cada de 1970 D cada de 1930 D cada de 1980 MM D cada de 1940 D cada de 1990 gt D cada de 1950 N o datadas D cada de 1960 Curso D gua em 3 leito natural Canal Revestido aberto Canal Revestido Areas Verdes fechado La Limite do Munic pio Rede Tubular Limite da Av Do Contorno FONTE Adaptado URBEL 2007 10 13 PEDREIRA PRADO LOPES O local onde hoje se encontra a Pedreira Prado Lopes teve as suas primeiras povoa es entre 1900 a 1920 A Pedreira abriga um jornal mensal 2 centros de trabalhos com artes pl sticas 5 de artesanato 5 de dan a e m sica 1 grupo de teatro amador 1 centro comunit rio e v rios artistas que trabalham individualmente MORRO DAS PEDRAS Em 1922 aparecem as primeiras not cias
49. Os becos existentes ser o aproveitados como caminhos naturais e nas interse es destes com o talvegue pequenas pontes e lagos completam o paisagismo Hap Engenharia A amp M Arquitetura 2008 grifos meus 199 As remo es foram efetuadas o entulho das demoli es n o foi retirado os cilindros multiusos a lojinha escolinha e pequenas pontes n o foram implantadas tampouco nascente e talvegue receberam tratamento especial A rea como as demais no Aglomerado da Serra est abandonada cheia de entulho lixo e ratos Muitos ratos Em que pese a n o consecu o dos prop sitos do projeto muito se discutiu quanto s alternativas manuten o da rea ap s as interven es Os moradores n o consideravam essa quest o problem tica pois como afirmavam j haviam cuidado do Pastinho antes quando tamb m eram cuidados por ele No entanto creio serem necess rios mecanismos que atribuam remunera o formal aos zeladores de reas que possuam valores de uso coletivo como garantia de sua conserva o Discutirei brevemente uma experi ncia que vem sendo implementada no munic pio de Extrema Minas Gerais que estimula a pensar na sua aplicabilidade para recupera o de c rregos urbanos cujas cabeceiras estejam em processo de degrada o pela press o da ocupa o urbana O projeto denominado Conservador das guas foi implantado atrav s da Lei Municipal 2 100 de 21 de dezembro de 2005 primeira lei municipal no Bra
50. P blica de que o caso da Vila das Antenas onde parte dos moradores possu a titula o do im vel em processo de regulariza o fundi ria por meio do PROFAVELA em 1985 a prova cabal do reconhecimento do direito dos moradores das favelas perman ncia ou indeniza o justa 2009b p 28 4 4 O espa o produzido para a ral Devemos estar cientes do fato bvio por m frequentemente esquecido de que os moradores de uma favela t m as mesmas capacidades intelectuais e criativas de qualquer outro ser humano e que eles conhecem seus problemas e situa es muito melhor do que qualquer grupo externo O conhecimento desse princ pio b sico leva conclus o de que a tradu o deve ser feita pelo caminho inverso em vez de traduzir a situa o dos moradores em categorias t cnicas e supor que n s profissionais v o resolver os problemas seria muito mais consistente traduzir o conhecimento t cnico para uma linguagem comum ou para ferramentas vi veis disponibilizando esse conhecimento para as comunidades para que elas possam mais facilmente gerar respostas para suas demandas Kapp e Baltazar 2009 p 21 tradu o Tamiris Nascimento A inobserv ncia do princ pio b sico acima expresso qual seja os moradores de uma favela t m as mesmas capacidades intelectuais e criativas de qualquer outro ser humano tem conduzido 163 a meu ver a intervenc es equivocadas na medida que desconsideram o ambiente tecnog nic
51. a pessoas no aglomerado Morro das Pedras Bragon 2009 online Campanhas como essas tamb m ocorreram no Aglomerado da Serra onde faixas afixadas pelo cons rcio respons vel pela obra orientavam a popula o com os seguintes dizeres Srs Pais n o deixem seus filhos brincarem na obra Eles podem se machucar As indeniza es dos removidos e a promessa da regulariza o fundi ria Em Diretrizes para urbaniza o dos aglomerados e sub habita es 2 de 1982 a primeira a o apontada pelos autores para revers o da condi o de marginalizados dentro da estrutura 121 O que de fato n o ocorreu conforme registrado no Relat rio de Encerramento ap s notifica o da DPE para reparar as picha es a PBH enviou of cio em 24 de mar o de 2009 com fotos de homens retirando as marcas numeradas das paredes contudo em visita Vila das Antenas realizada no dia 02 de maio de 2009 foram constatadas dezenas de casas com muros numerados com tinta vermelha Defensoria 2009b p 18 122 Fruto de conv nio de coopera o firmado entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico CNPq e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba IPPUC atrav s do Instituto de Tecnologias Apropriadas ao Homem ITAH CNPq IPPUC processo no 170 0202 81 154 urbana desses aglomerados a regulariza o da posse da terra As outras a es referem se implanta o da infraes
52. ao outro e de certo modo intercambi veis Kapp e Silva 2012 p 32 Disciplina autocontrole e pensamento prospectivo s o disposi es arroladas por Jess Souza como naturalmente assimiladas pelas crian as das classes m dias e altas no processo de socializa o seja no ambiente familiar na escola ou no mbito mais abrangente de suas rela es de classe Sua trajet ria posterior no mundo do trabalho decorre em princ pio desses fatores e n o especialmente de m ritos pessoais Ao contr rio s crian as das classes destitu das se impor para al m de aptid es individuais a capacidade de superar as desvantagens sociais sistem ticas a que toda sua classe est exposta Capital econ mico e capital cultural s o diferencialmente apropriados e definem a hierarquia social que caracteriza a 86 moderna sociedade brasileira n o apenas pela constitui o de novas classes sociais mas pela polarizac o entre classes positiva ou negativamente privilegiadas O processo de moderniza o brasileiro constitui tamb m uma classe inteira de indiv duos n o s sem capital cultural nem econ mico em qualquer medida significativa mas desprovida esse o aspecto fundamental das precondic es sociais morais e culturais que permitem essa apropriac o essa classe social que designamos de ral estrutural n o para ofender essas pessoas j t o sofridas e humilhadas mas para chamar a aten o provocativame
53. automotores o urbanismo rodoviarista termo empregado por Alexandre Delijaicov em depoimento registrado no document rio Entre Rios Ferraz Abreu Scarpelini 2009 ao narrar o embate que ele qualifica como ideol gico entre o j citado Saturnino de Brito que presidia a 25 O termo rodoviarismo tem sido empregado para designar a op o de circula o urbana baseada no uso preponderante de ve culos automotores conforme Nobre 2012 online Dispon vel em http www usp br fau docentes depprojeto e nobre rodoviarismo sp pdf Acesso em julho de 2012 26 Dispon vel em http vimeo com 14770270 acesso em junho de 2010 34 Comiss o de Melhoramentos do Rio Tiet e outro engenheiro integrante da comiss o Francisco Prestes Maia Saturnino de Brito defendia a revers o do processo de ocupac o das v rzeas do Rio Tiet pelo resgate da orla fluvial urbana do primordial logradouro p blico da futura metr pole prevendo ainda a implanta o de lagos na conflu ncia de todos os rios que cruzavam a cidade resguardando a integridade das v rzeas dos rios Prestes Maia ao contr rio inclu a a v rzea do Rio Tiet ap s retifica o como o anel mais externo do seu Plano de Avenidas da Cidade de S o Paulo cujo discurso e as pr prias imagens que o ilustravam remetiam modernidade de cidades europ ias que adotaram a solu o de circula o em sistemas radioconc ntricos como Moscou Lion Viena e Paris Para De
54. autora pressup e como prop e Paulo Freire 1977 o dom nio e express o dos sujeitos em um mesmo sistema de signos ling sticos ou seja uma compreens o rec proca da comunica o Nascimento 2011 p 63 112 http www mom arq ufmg br 02_eventos coloquio2006 palestras monte mor htm gt Acesso em mar 2010 142 O discurso da inclus o produtiva da forma o profissional e da gera o de renda que na fase de obras incorporado aos demais discursos Vila Viva constitui se sob essa tica em estrat gia para o enfrentamento da crise de reprodu o capitalista A investiga o de Floriscena Silva 2011 sobre o recrutamento de mulheres como oper rias das obras de constru o pesada no Aglomerado da Serra bastante elucidativa dessa atribui o da constru o civil As mulheres entrevistadas eram moradoras da vila e oriundas do mercado informal trabalhavam como diaristas ou como empregadas dom sticas entre outros sem maiores garantias trabalhistas contratadas na constru o pesada viam a uma oportunidade de trabalho que parecia muito mais vantajosa e promissora Silva 2011 p 74 O avan o tecnol gico poderia ser considerado um fator de melhoria das condi es de trabalho na constru o civil e da abrir possibilidades de incorpora o de mulheres em fun es do ethos masculino especialmente pela demanda de for a f sica No entanto n o foi isso o constatado Contrariamente ao discurso vei
55. capitalista e a quest o da moradia da disciplina de Teoria Cr tica do Programa de P s Gradua o em Arquitetura e Urbanismo NPGAU cursada em 2009 Em s ntese interessa nos refletir sobre a produ o social do espa o nas favelas das cidades capitalistas em suas diversas dimens es e em est gios sociais distintos o espa o autoproduzido anterior ou marginal a o do Estado o espa o transformado pelos processos de urbaniza o conduzidos pelo Estado e o espa o sob a a o dos novos processos de produ o posteriores a o urbanizadora no programa Vila Viva Essa an lise pretende explicitar em que medida a a o do Estado capaz de transformar as rela es de produ o e de controle do espa o nas favelas e eliminar pela a o urbanizadora especificidades de seu processo social de produ o Importa sobretudo apontar o potencial de autonomia resguardado nas favelas afetadas ou dito de outra maneira em que medida a produ o heter noma do espa o se sobrep e s possibilidades de produ o aut noma Para as favelas afetadas pelo programa Drenurbs a abordagem centra se na avalia o das possibilidades de reinser o e manuten o dos c rregos revitalizados na vida cotidiana da cidade conservando ou mesmo otimizando suas fun es de equil brio no sistema hidrol gico urbano O cap tulo 5 intitulado Urbaniza o reversa discute as possibilidades de transcend ncia da aliena o caracter stica
56. casas s o demolidas gradualmente poucas por beco rua nunca todas de uma vez Os entulhos permanecem nos lotes agora vagos e sombrios O A vizinho a de d cadas de conviv ncia e amizade cedeu lugar a um amontoado de entulhos proliferando lixo escorpi es e afetando a paisagem local No processo de remo o tamb m muito comum as primeiras casas atingidas serem parcialmente destru das aquele espa o se torna ponto para a pr tica de crimes e delitos Japrofunda o medo dos vizinhos que j n o questionam o valor da indeniza o e nem colocam obst culos a sua futura remo o BH Programa Vila Viva ou Vila Morta 2008 online 120 O descaso com os moradores ainda residentes nos locais em obra e a press o psicol gica para a desocupa o dos im veis tamb m mereceram o registro do defensor p blico Marcelo Nicoliello neste ponto a Sra Wanderl ia ap s recusar o acordo ouviu da funcion ria da PBH a seguinte frase ent o fica a tomando poeira Defensoria P blica 2009b p 21 119 Dispon vel em http noticias uol com br especiais pac ultnot 2009 11 25 defensoria acusa prefeitura de bh de discriminar favelas alvo de obras do pac jhtm Acesso em 31 de mar o de 2010 120 http www midiaindependente org pt red 2008 10 429697 shtml Acesso em 20 de janeiro de 2009 153 Por fim a Defensoria P blica tamb m registra o risco a que os moradores sobretudo as crian as estavam expostos
57. cia se o movimento de resist ncia n o auferir poder suficiente para interpor ao modelo propostas alternativas Claro est que as vias n o s o para atender necessidades das favelas e sim da cidade No Morro das Pedras como vimos a prefeitura se disp s a negociar alguns elementos do projeto com os moradores exceto pela Via de Liga o que nunca esteve sujeita a qualquer negocia o Mas justamente essa Via de Liga o a grande respons vel pelo infort nio dos moradores Sua implanta o responde pela maior parte das remo es1 1 e especificamente na Vila das Antenas a previs o de remo es para dar lugar via era de 20 do total de moradias existentes da a incredulidade manifesta pela Comiss o de moradores frente ao posicionamento da Urbel O diagn stico feito pelo PGE atesta a boa condi o de estabilidade e o grau de consolida o das 131 O ndice de remo o no Morro das Pedras foi de 28 da popula o segundo Nascimento 2011 p 69 165 moradias da Vila das Antenas sem ocorr ncia de situa es cr ticas de risco geol gico tamb m n o constitui rea destinada prote o ambiental eliminando assim outros dois fatores que t m justificado as remo es nas interven es Vila Viva As remo es a se explicam apenas pela implanta o da Via de Liga o pelo alargamento de vias existentes e pela ocupa o da faixa de dom nio sob a linha de transmiss o da CEMIG outro aspecto contestado pelos
58. cidades entre os quais me incluo Ao repensar a experi ncia mais de duas d cadas ap s Bonduki reconhece que por fidelidade te rica e ideol gica critic vamos e n o admitiamos qualquer iniciativa p blica que propusesse apoiar a autoconstru o o mutir o ou outros processos produtivos considerados convenientes acumula o capitalista Bonduki 2006 p 231 Essa interpreta o veio a se refletir em meados da d cada de 1980 nas experi ncias dos movimentos de moradia em S o Paulo que terminaram por desembocar nas proposi es dos denominados mutir es autogestion rios como forma de produ o institu da pelo Estado Bonduki admite que a essa proposi o apresentou se naquele momento como uma luz no fim do t nel para aqueles que como ele se reconheciam disc pulos de S rgio Ferro e de Rodrigo Lef vre e esperavam h mais de 20 anos por alternativas que permitissem a inser o do trabalhador da constru o civil nos processos de elabora o de projetos e tomadas de decis o sobre os processos de produ o nos canteiros Em sua an lise no entanto o autor aponta como paradoxal as reivindica es dos autodenominados sem terra convergirem precisamente para o modelo que a esquerda criticava acidamente nos anos 70 Bonduki 2006 p 236 O que eles queriam Recolocar as condi es que nas d cadas anteriores tinham permitido transformar grande parte dos trabalhadores migrantes em f
59. com a de outros autores que prop em al m do valor de uso da terra como instrumento de produ o ou como suporte de meios de produ o de circula o e de consumo um terceiro valor de uso determinado pela capacidade aglomerativa Essa capacidade derivada do trabalho social humano e n o um atributo da natureza combina socialmente meios de produ o e meios de reprodu o Lojkine 1979 47 Para David Harvey apud Moraes e Costa 1993 p 126 a renda absoluta explicitada na institui o do aluguel enquanto que a renda diferencial remete s qualidades espec ficas do lugar sejam elas naturais ou agregadas pelo trabalho humano al m das vantagens locacionais fruto da incorpora o de trabalho ao espa o numa escala maior Localiza es diferenciadas geram lugares mais ou menos valorizados cuja express o pode ser ilustrada pela institui o da cobran a de luva para pontos comerciais h ainda a renda de monop lio relativa singularidade do local sua raridade ou ao dom nio privado da totalidade de im veis numa dada regi o 65 A cidade assim o elemento exacerbador dos efeitos de massa e de justaposi o de agentes e de fatores socioecon micos produzidos pela aglomera o urbana explorar os efeitos teis da aglomera o significa para Luiz C sar Ribeiro beneficiar se de condi es excepcionais de rentabilidade auferindo os sobrelucros de localiza o 1997 p 41 Importante ressalta
60. da 8 9 e da 12 sec es urbanas Barroca e Barro Preto nunca dever o ser concedidos definitivamente para taes habita es Santos 1922 p 51 Nesse mesmo relat rio em contraponto discute se a cess o gratuita de lotes a funcion rios federais Santos 1922 p 52 57 Investigando as raz es de manuten o das caracter sticas de ocupa o no bairro Conc rdia Belo Horizonte ao longo de oito d cadas Junia Ferrari de Lima 2011 identifica o instituto jur dico da enfiteuse ou aforamento como um importante garantidor do dom nio til aos oper rios ali instalados como enfiteutas ou aforados permitindo sua fixa o Entretanto conclui ela e talvez justamente por isso este instituto sofreu manifesta es contr rias por diversas vezes em 1950 em 1965 e em 1969 at finalmente ser eliminado no C digo Civil de 2002 Lima 2011 p 46 58 Segundo os relatos coletados pela autora em 1936 Belo Horizonte seria a sede do Congresso Eucar stico Nacional evento que demandaria uma rea de grandes propor es e baixa declividade sendo a Pra a Raul Soares indicada No entanto seria necess ria a r pida remo o da popula o prolet ria ali instalada que teria sido transferida para a Vila Conc rdia com a garantia de expedi o dos t tulos de aforamento Lima 2009 p 101 59 Relat rio emitido por Jo o B Gomes em 20 9 922 Santos 1922 pp 51 52 Dispon vel em http www pbh gov br arquivopu
61. da rela o homem natureza se condensa pois atuando assim sobre a natureza externa e modificando a ao mesmo tempo o homem modifica sua pr pria natureza Marx 1867 2008 p 211 Duarte 1995 1985 p 68 observa a respeito dessa concep o de Marx que ele faz da natureza o pressuposto para o pr prio desenrolar da hist ria Isso porque se a produ o sempre um processo social no qual a natureza transformada pelo homem e tamb m o transforma seria imposs vel abstrair a hist ria do est gio espec fico em que se encontra o interc mbio material com a natureza Dito de outro modo a forma como se desenrola o processo de trabalho determina a natureza de que uma sociedade disp e e essa por sua vez determina o processo de trabalho e a pr pria forma o social N o existe nenhuma natureza a hist rica Por que isso nos interessa Porque o processo de trabalho na moderna sociedade capitalista perde as evid ncias de sua rela o direta com a natureza O capital n o apenas consome sistematicamente os recursos naturais objetos do trabalho e transforma a propriedade da terra meio de trabalho mas tamb m organiza o processo de trabalho de maneira a alien lo da natureza Os trabalhadores que n o s o donos de seus pr prios produtos e n o determinam a atividade que exercem tamb m n o costumam ter consci ncia da proveni ncia primeira dos seus objetos e meios do trabalho ou consci ncia do processo
62. dado o prop sito de constru o de processos de trabalho fundados na tica ou como diria Leff no encontro do Ser com a Alteridade 2004 p 320 Possivelmente o grupo estar submetido a 193 determina es ou limita es externas especialmente numa condi o de opera o com recursos p blicos mas excetuadas essas condi es as decis es devem ser tomadas exclusivamente pelas pessoas que trabalham A manuten o dos cursos d gua em leito natural o princ pio norteador da a o como forma de revers o do afastamento f sico e cultural da sociedade dos rios e c rregos e exigir a estabiliza o e revegeta o das margens vertentes e cabeceiras al m da consolida o de acessos que favore am o contato cotidiano das pessoas com a gua limpa partilhando o entendimento de Moretti de que Ser dif cil uma efetiva recupera o da qualidade das guas se n o se conseguir retomar a identidade do cidad o com os vales e cursos d gua A valoriza o paisag stica destes espa os urbanos passa a ser assim parte de um processo de retomada do respeito que se perdeu ao longo do tempo Constitui verdadeiro desafio para os pr ximos anos que se consiga retomar a alegria de conviver com os nossos cursos d gua meta de resgatar lhes a vida soma se a de integr los novamente s cidades como patrim nio paisag stico e ambiental um lugar bom para se ver bom para estar Moretti 2001 s p Ao entendimento
63. de N o Preserva o Ambiental ANPASs Do mesmo modo que as grandes avenidas cruzando as favelas atendem prioritariamente necessidades mais amplas da cidade formal tamb m a implanta o de parques t m cumprido unicamente a fun o de equil brio no sistema de drenagem urbano minimizando ou anulando 172 como ocorreu na avenida Mem de S efeitos indesej veis jusante o assoreamento da calha do c rrego canalizado seguido de inundac es A considerar se no entanto a aus ncia de manutenc o teriam sido planejadas nas reas montante dos aterros diques implantados arrisco me a assegurar que esses eventos podem se manifestar novamente Os processos de autoproduc o no Aglomerado da Serra continuam ocorrendo e essas reas t m se prestado ao bota fora de terra e entulho das constru es al m do lixo dom stico O princ pio de funcionamento dos aterros dique o assoreamento induzido de sedimentos em locais determinados para facilita o das opera es de desassoreamento e destina o do material retirado que n o tem ocorrido Outro aspecto marcante que as reas destinadas a parques tanto no Morro das Pedras quanto no Aglomerado da Serra est o abandonadas A Funda o Municipal de Parques FMP a quem coube a responsabiliza o pela opera o e manuten o alega que os mantem fechados porque n o recebeu qualquer aporte financeiro ou operacional para cuidar dessas reas A previs o de cercamento tota
64. de ocupa o no local e a primeira vila que se tem registro S o Jorge do Morro das Pedras Em 1935 come a o adensamento decorrente da subdivis o dos loteamentos originais A gua era obtida de cisternas de uso coletivo feitas pelos moradores Na d cada de 50 instalado um chafariz Em 1977 com m o de obra dos pr prios moradores foi instalada a rede de esgoto desaguando no c rrego do Cardoso Em 1981 foram instalados cavaletes de gua para todos os moradores al m de VILA SENHOR DOS PASSOS Buraco Quente A Vila Senhor dos Passos est localizada pr xima ao centro da cidade A rea foi doada no in cio do s culo XX para que a Igreja pudesse repass la s fam lias pobres At a d cada de 50 suas ruas eram sem cal amento o esgoto a c u aberto e rede de abastecimento de gua era inexistente A gua que era extra da de po os pelos moradores Em 1960 foi instalado o primeiro chafariz na vila Na d cada de 70 expandiram na vila as redes el trica e de abastecimento de gua O esgotamento e saneamento da rea ocorreram na d cada de 90 NOSSA SENHORA DA CONCEI O Surgiu na d cada de 20 Em 1968 criada a Associa o de Moradores Dois anos mais tarde chega a luz el trica de maneira clandestina Na mesma poca implementada a rede de distribui o de gua com a instala o de tr s caixas d gua e uma bomba nove rel gios de luz Em 1985 foi fundada a Associa o dos moradore
65. desestimulado pela inexist ncia de transporte coletivo que utilizem as vias rec m implantadas Como bem afirma Singer o consumo capitalista do espa o traz em seu bojo todas as contradi es do modo capitalista de produ o sendo as metr poles contempor neas mais do que qualquer outro espa o urbanizado palcos privilegiados para as chamadas lutas sociais urbanas que nada mais s o do que a express o circunscrita espacialmente da luta de classe 1978 p 23 na categoria do consumo produtivo corporificado por empresas capitalistas que Singer ir explorar exemplos num ricos analogamente ao que fez Marx para evidenciar o conceito de renda diferencial pela qualidade da localiza o Assim como Marx demonstra a exist ncia da renda diferencial pela compara o da produ o agr cola nos piores terrenos e nos mais f rteis Singer o faz explorando as vantagens locacionais Se houver concorr ncia entre empresas pelas localiza es conforme suas vantagens espec ficas o mais prov vel que o aluguel ou o pre o dos im veis se fixe em n vel bastante pr ximo do lucro adicional que pode se auferido em cada um deles 4 J na an lise da demanda de solo urbano para fins habitacionais a disputa pelas vantagens locacionais se estabelece pela condi o de acesso a servi os urbanos transporte gua esgoto telefonia com rcio etc Singer 1978 p 25 Neste sentido a abordagem de Singer confunde se
66. do abastecimento previsto para o ano de 2005 faz se a 70 Km da cidade Al m dos altos custos de manuten o e transporte da gua a constru o desses lagos artificiais de capta o e reserva apresenta o inconveniente da elimina o de terras produtivas e habitats naturais n o obstante o crescente esfor o por parte da companhia estatal de produzir em troca uma natureza segunda esp cie de simulacro do habitat natural da Mata Amaz nica ao redor das reas de capta o e barragens como nos sistemas Serra Azul Manso e outros Mas se tais trabalhos de preserva o ambiental e controle ecol gico conseguem proteger a rea imediata at reintroduzindo elementos centrais do ecossistema original da regi o n o conseguem salvar a rea inundada e nem mesmo garantir prote o ambiental a toda a microbacia de forma a evitar ou retardar em muito o assoreamento das barragens Landre e Monte M r 1994 p 86 87 Em s ntese os problemas associados m gest o da gua consideradas suas tr s dimens es como suprimento agente din mico ou ve culo de poluentes e contaminantes n o s o distintos em Belo Horizonte daqueles enfrentados em outras grandes cidades brasileiras Em que pesem as not rias diferen as infraestruturais entre cidades litor neas interioranas montanhosas ou de plan cies seguimos aplicando indistintamente as mesmas solu es mesoestruturais e padecendo dos mesmos infort nios Retomemos a cris
67. do Munic pio para obras nas bacias hidrogr ficas dos c rregos 1 de Maio Nossa Senhora da Piedade Baleares Engenho Nogueira e Bonsucesso PBH PROGRAMAS E PROJETOS 2011 da valorizac o de terras no mercado capitalista urbano Essa abordagem est alinhada com a proposic o apresentada pelo pesquisador Ricardo Moretti em artigo intitulado Terrenos de fundo de vale conflitos e propostas 2001 Embora possa ser considerada usual a ado o da bacia hidrogr fica como unidade m nima de planejamento a aplica o do conceito pouco percept vel em interven es urbanas exceto quando estritamente relacionadas engenharia hidr ulica obras de drenagem pluvial esgotamento sanit rio etc Ainda assim podemos observar a es que contrariam esse conceito como interven es de combate a enchentes realizadas no local onde se manifesta a inefici ncia do sistema ou seja nos fundos de vale e n o nas reas contribuintes montante A din mica das favelas em Belo Horizonte surgimento remo o deslocamento ou perman ncia e expans o comp e um quadro bastante ilustrativo do poder de a o do Estado e dos agentes capitalistas na determina o das reas de interesse num dado momento hist rico ao segmento capitalista da produ o de moradias e em consequ ncia daquelas apropriadas pelo segmento n o capitalista Os mapas apresentados no Ap ndice pretendem ilustrar essa din mica N o ser no entanto a vis
68. do autor acrescento a necessidade de resgatar para essas reas de cabeceiras ocupadas por favelas o inestim vel valor de uso sempre explorado pelos seus ocupantes gua para suprimento e terra para plantio e cria o de animais para consumo dom stico ou comercializa o de pequena escala As a es de recupera o do curso d gua definidor da microunidade e de seus contribuintes podem ser definidas a partir da limpeza inicial da rea para mapeamento e quantifica o das fontes poluidoras inclusive polui o difusa e de situa es de risco em substitui o aos procedimentos formais de levantamento e elabora o de diagn sticos que por sua natureza tecnicista impor uma desnecess ria e indesej vel divis o social do trabalho Todas as a es devem ser atribu das coletivamente ainda que por afinidade alguns integrantes dediquem se preferencialmente a determinado tipo de atividade desde a retirada do lixo e resolu o de eventuais efeitos colaterais migra o de ratos e outras pragas urbanas para moradias at s decis es quanto a promover ou n o a descanaliza o integral ou parcial dos cursos d gua Os processos de desconstru o de quaisquer componentes devem levar em conta a parcim nia termodin mica no sistema quanto ao uso ou descarte de mat ria e energia inclusive humana considerando que o objetivo n o o retorno a uma natureza intocada ou desabitada mas o restabelecimento do equil brio do ambiente tecn
69. do homem moderno pela sua reconcilia o com a natureza Prop e se discuss o a pertin ncia do desencadeamento de microprocessos de recupera o socioambiental por unidades aut nomas orientados pelo conceito de urbaniza o reversa termo que escolhi para designar medidas que me parecem plaus veis reconcilia o do homem com a natureza em reas urbanas mesmo ainda no interior de uma ordem social heter noma determinada Introduzi nesse cap tulo alguns relatos de experi ncias pessoais de assessoramento t cnico produ o autogestion ria de habita es e de recupera o ambiental urbana em Minas Gerais A inten o colocar em quest o a atua o pretensamente revestida de objetividade de institui es e t cnicos frente a iniciativas contra negem nicas Essas experi ncias embora fr geis e incipientes Sousa Santos 2002 demonstram o potencial de emancipa o pol tica e social de cidad os desatendidos em seus direitos constitucionais mas t m sido frequentemente interditadas por expedientes formais 1 DOMINA O DA NATUREZA A perspectiva da presente tese como j indicado na Introdu o n o de recupera o de uma natureza apartada da sociedade tal qual tem sido preconizada por muitos defensores de reas de preserva o permanentes e institui es semelhantes sempre pressupondo que para al m dessas por es de terra intocada poder o persistir as pr ticas em curso Inversamente signifi
70. do lixo e esgotamento sanit rio al m da capacita o da equipe e moradores para dota o de condi es de seguran a s edifica es conten es e transposi es do c rrego Objetivava se a melhoria da qualidade de vida urbana sem a transfer ncia de preju zos jusante buscando acomodar os impactos negativos da urbaniza o no interior da microunidade hidrogr fica Ap s sele o da por o superior da microbacia do C rrego do Pastinho trecho do c rrego em leito natural iniciaram se os procedimentos para transfer ncia dos recursos financeiros s duas associa es de moradores existentes na microbacia ASMOVIP e ASCOBA que conduziram o processo em sistema de autogest o Realizou se o 1 Mutir o para 148 Contrato assumido pelo Escrit rio de Integra o do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas junto Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais para execu o do projeto ESPA OS URBANOS SEGUROS adequa o e aplica o da metodologia CPTED Crime Prevention Through the Environmental Design Banco Mundial 149 O document rio intitulado Terra da exclus o Botelho Almeida amp Equipe EUS 2006 foi produzido visando a etapa de divulga o do projeto para capta o de recursos e parceiros 197 limpeza do C rrego do Pastinho que objetivou simultaneamente o contato e divulga o da proposta de atua o aos moradores o mapeamento das fontes poluidoras e situa es de risco geol
71. domina o como j apontado por Lefebvre 2008 1972 O desenho n o somente uma habilidade uma t cnica um modo de representa o um saber fazer estipulado codificado Portanto um filtro seletivo em rela o a conte dos eliminando esta ou aquela parte do real preenchendo as lacunas do texto sua maneira Circunst ncia agravante essa filtragem vai mais longe que uma especializa o ideol gica ou que a ideologia de uma especialidade Ela corre o risco de ocultar a demanda social Lefebvre 2008 1972 p 26 110http www solucoesparacidades com br habitacao vila viva e exemplo de inclusao social e urbanizacao em 141 Inversamente permitir que as demandas sociais aflorem exigiria do agente p blico colocar se a servico da coletividade e antes de mais nada como bem aponta Nascimento 2011 decodificar o conhecimento t cnico eliminar essa barreira instala o de rela es equ nimes de dom nio que favore am a rela o dial gica No entanto a problematiza o ponto central para uma discuss o efetivamente dial gica tende a ser constantemente tratada pelos processos participativos como algo secund rio se n o irrelevante e perverso Certamente aqueles que presenciaram processos participativos j ouviram a frase n o o momento para isso ou isso n o est em pauta Nesse ponto aqueles que nadam contra a corrente e prop em um contraponto s o taxados como atores ma
72. e em particular aos moradores das reas afetadas Ap s essa decis o o desenvolvimento dos projetos executivos concomitante s obras Licitadas as obras instalam se os canteiros de obras iniciam se as remo es demoli es e movimenta es de terra orientadas apenas pelos projetos b sicos porque afinal as empresas construtoras est o orientadas pela l gica da produ o capitalista precisam de servi os executados para gerar medi es Os projetos executivos quando prontos podem estar cumprindo apenas a formalidade necess ria medi o e ao pagamento desse servi o executado Ilustra essa possibilidade a recente demanda apresentada pelos moradores da Vila Cafezal e Nossa Senhora de F tima Aglomerado da Serra ao Minist rio 9 Em 2009 fui convidada ao desenvolvimento dos projetos executivos de alvenaria para edifica es destinadas ao reassentamento de fam lias no Morro das Pedras PAC Vila Viva Para minha surpresa ao visitar o local destinado s implanta es os edif cios j estavam em constru o em rea j terraplenada e com portentosas estruturas de conten o j implantadas Tratava se na verdade de um as built a ser apresentado em cumprimento etapa de execu o dos projetos executivos licitados no pacote de obras 134 P blico Federal A primeira etapa das obras foi implantada entre 2005 e 2008 e atualmente j s o percept veis as provid ncias para a segunda etapa de obras inclu das
73. e que justificariam pol ticas p blicas especiais Por outro lado negam se suas especificidades f sico ambientais pr prias a qualquer por o do planeta definindo as como alvo homog neo para as pol ticas p blicas al m de associ las indevidamente ao lugar exclusivo da pobreza urbana deixando na sombra os outros setores da cidade t o carentes quanto ou at mais e grandemente necessitados de investimentos p blicos como os in meros loteamentos irregulares periferias pobres e reas centrais decadentes nos grandes centros urbanos brasileiros Valladares 2004 p 131 Tais dogmas obscurecem elementos essenciais compreens o da g nese e da perman ncia das favelas como o fato de sempre terem sido importantes produtores e mercados consumidores de bens e servi os Em ltima an lise a vis o dogm tica obscurece a funcionalidade das favelas na economia pol tica das cidades impelindo nos tamb m a naturalizar as contradi es sociais que primeiro criam a favela e depois criam a interven o na favela alardeadas como inclus o social e recupera o ambiental Como j dito as favelas nunca estiveram fora da cidade capitalista elas s o antes o seu n o id ntico Francisco de Oliveira evidenciou essa rela o j em 1972 tanto no que diz respeito ao crescimento desordenado das cidades que favorece processos de acumula o urbana quanto no que concerne autoconstru o habitacional propriamente dita O sob
74. e amea as que se apresentam em analogia condi o dos moradores de uma casa que aos poucos vai sendo tomada por uma amea a t o inapreens vel quanto inevit vel em um conto de J lio Cortazar de 1945 A cada por o tomada os moradores se recolhem a espa os cada vez mais restritos sobressaltados com a pr xima investida que certamente vir A cidade n o mais pertence aos seus moradores nem aos mais abonados que tentam fugir dos crescentes perigos que a cidade passa a representar para eles nem aos mais pobres que por sua vez n o possuem acesso s positividades do urbano sendo depositados nas periferias distantes do consumo do trabalho e do lazer ou separados dos ricos por muros e outras barreiras cada vez mais vis veis na paisagem urbana Cabe a seus habitantes a escolha entre retomar a casa ou seja apropriarem se da cidade em que 189 vivem ou se conformarem com o fato de que esta foi tomada pelo capital e seus agentes Botelho 2007 p 14 Destaques do autor E o que fazemos Ao inv s de nos concentrarmos em retomar a casa estendemos a condi o de casa tomada s favelas dando lhes e aos seus moradores as boas vindas ao mundo administrado pela racionalidade cient fica e pelo capital n o sem antes nos ocuparmos em admoest los para sua nova condi o de cidad o mediante acompanhamento t cnico p s ocupac o programas de inclus o produtiva de gera o de renda regras
75. e passaram a uma condi o de trabalhadores alienados Uma segunda caracter stica marcante das transforma es produzidas nas favelas pelo Vila Viva como j mencionado a homogeneiza o e padroniza o do espa o urbano Para compreend la importa compreender antes a l gica do reassentamento de fam lias em conjuntos habitacionais Como j dito as fam lias removidas tanto pelo Vila Viva quanto pelas interven es do Drenurbs podem escolher entre a indeniza o e o reassentamento No Aglomerado da Serra foram removidas 2 269 fam lias e constru dos 846 apartamentos o que representa 37 de reassentamentos P los de Cidadania 2011 p 30 Na Vila S o Jos onde registra se o maior ndice relativo entre demoli es e remo es previa se a remo o integral das 2 200 moradias existentes e a constru o de 1 400 apartamentos que atenderiam a 63 das fam lias Gomes 2012 p 263 Especialmente nos primeiros anos das remo es do Vila Viva e do Drenurbs a op o pelo reassentamento era apresentada como uma grande vantagem social e econ mica T cnicos e administradores partindo de seus pr prios crit rios pessoais e pressupondo os id nticos para a popula o em geral coisa que ali s t pica das classes m dias se esfor avam em mitigar a resist ncia das fam lias aos apartamentos O trecho abaixo extra do da palestra do coordenador do Drenurbs no Il Semin rio Internacional de Renaturalizac o de Rios e
76. edifica es em rea remanescente da ocupa o para abrigo da Creche Nova Conquista e do Bar Amarra Bode projetadas conjuntamente com os integrantes dos mutir es e utilizados como programa de forma o da m o de obra especializada em alvenarias estruturais n o armadas para implanta o em rea cont gua de 201 sobrados do Mutir o 1 de Maio tamb m em processo de autogest o conduzido pela AHI O grande legado do Mutir o Nova Conquista foi o aprendizado das caracter sticas e comportamento do sistema ambiental frente a interven es antr picas fator determinante para se instaurar no Mutir o 1 de Maio o entendimento de que o tratamento das reas remanescentes implanta o das edifica es embora n o previsto no or amento era indispens vel183 A r pida degrada o do s tio vizinho era uma 163 Os recursos dispon veis referiam se apenas aos custos de edifica o das 200 UHs calculados segundo metodologia usual para produ o habitacional pela iniciativa privada incluindo se no BDI Benef cios e Despesas Indiretas apenas os custos de topografia e sondagem 1 19 instala es provis rias 3 76 m quinas e equipamentos 0 91 e assessoria t cnica projeto planejamento e acompanhamento de obras 4 96 O restante 89 18 do valor total do contrato foi destinado aquisi o de materiais e contrata o de m o de obra para edifica o das UHs n o havendo qualquer previs o or ament ria para
77. eletricista de instala es prediais junto com a CEMIG ambos sem divulga o de n mero de alunos corte e costura 60 pessoas e o Programa de Educa o Sanit ria e Ambiental com 1 083 participantes Esse ltimo visava garantir a sustentabilidade das interven es realizadas no Aglomerado da Serra baseando se numa proposta de intersetorialidade a partir de um processo de forma o s cio educativa em rede envolvendo diversos rg os COPASA SLU Servi o de Limpeza Urbana Meio Ambiente Sa de Educa o Funda o de Parques Municipais e Funda o Zoobot nica Cabe aqui um breve registro a ser retomado quando analisarmos o ambiente tecnog nico resultante das interven es Vila Viva o programa de educa o sanit ria e ambiental visava prioritariamente as novas reas institu das como preserva o ambiental e a considerar se sua atual condi o de abandono e descuido fica patente que medidas pretensamente educadoras e conscientizadoras n o s o suficientes para a manuten o e preserva o objetivas dessas reas nem nas favelas nem na cidade formal 113 Nas obras do Aglomerado da Serra o curso resultou de uma parceria entre o cons rcio construtor da obra Santa B rbara Engenharia e Camargo Corr a e o CEFET MG com cerca de 60 formandos Conforme apresenta o PowerPoint aos alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCMinas em visita s obras o arquivo digital foi franqueado aos aluno
78. em tradi es distintas A segunda ressalva diz respeito pr pria condi o das cidades capitalistas brasileiras frente a outras cidades capitalistas do mundo sobretudo da Europa e Estados Unidos tamb m produzidas sob a gide da racionalidade t cnica e cient fica mas que exibem um entrela amento aparentemente mais harm nico entre cidade e natureza sobretudo pela presen a marcante de in meras e extensas reas verdes e parques p blicos bem cuidados rios despolu dos etc na vida cotidiana Esses cones ambientais e de qualidade de vida urbana podem fazer supor a inexist ncia de processos predat rios da natureza ou do homem no desenrolar de suas hist rias Sabemos no entanto que a condi o de vida urbana mais salutar percept vel em v rias cidades do chamado primeiro mundo notadamente nos quais instalou se o Estado de Bem Estar Social s o resultado da capacidade de organiza o e protesto da sociedade civil em oposi o continuidade dos processos de degrada o social e ambiental e em favor da reconstru o das cidades sob outros pressupostos incluindo os esfor os de despolui o e renaturaliza o de rios e c rregos e recupera o das reas de cabeceiras e v rzeas Sabemos tamb m que atividades consideradas degradadoras seja do ponto de vista social ou ambiental e a impedidas de instala o por for a de mobiliza es sociais s o exportadas para a resto do mundo tal como a transfer ncia das atividades d
79. em um dado contexto hist rico aos agentes da produ o capitalista que se instalar o as favelas abrigando uma parcela daqueles incapazes de acesso terra pela l gica de mercado mediada predominantemente por trocas monet rias incluindo o mercado rentista Para essa parcela o acesso se dar segundo a abordagem de Pedro Abramo 2009 principalmente pela l gica da necessidade A l gica da necessidade simultaneamente a motiva o e a instrumentaliza o social que permite a coordena o de a es individuais e ou coletivas dos processos de ocupac o do solo urbano O acesso ao solo urbano a partir da l gica da necessidade n o exige um capital pol tico institucional ou pecuni rio acumulado em principio a necessidade absoluta de dispor de um lugar para instalar se na cidade seria o elemento suficiente para acionar essa l gica de acesso terra urbana Abramo 2009 p 6 Podemos tamb m reconhecer pelo menos para os est gios iniciais de forma o de uma favela parte das caracter sticas dos terrenos prop cios sua instala o condi es naturais adversas ou em reas desprovidas de equipamentos e servi os urbanos coletivos saneamento energia 48 Segundo Abramo a l gica social de acesso terra inclui a l gica de Estado a l gica de mercado formal ou informal e a l gica da necessidade com ou sem o uso de rela es de mercado informais 2009 72 sa de educa o trans
80. faltando ponto de lan amento em rede oficial o que resulta ao final em lan amento em talvegues naturais cursos d gua ou redes de drenagem Mello 2005 p 133 O abastecimento de gua cobre praticamente todo o universo das favelas em Belo Horizonte desde os anos 19908 Tamb m estariam equacionadas na maioria delas situa es caracter sticas tais como a exist ncia de hidr metros coletivos nas entradas dos becos com ramais de alimenta o extensos percorrendo becos e reas internas de moradias sujeitas a vazamentos rompimentos e contamina o por esgoto Mello 2005 p 136 Em rela o ao universo atendido pelos servi os de esgotamento sanit rio no entanto a situa o mais cr tica conforme afirma Ricardo Aroeira em entrevista a Mello 2005 S o cerca de 200 mil pessoas sem atendimento por coleta de esgotos sendo estes os n meros oficiais da COPASA que d o conta de um ndice de atendimento de 91 H ainda o problema da n o ades o s redes existentes problema que muito comum nas vilas devido s condi es de car ncia socioecon mica As familias convivem com o esgoto nas favelas se sujeitando a um alto grau de insalubridade Por m a car ncia de esgoto no territ rio do munic pio n o se 8 Segundo Mello 2005 o termo conquista designa toda a o realizada atrav s do Or amento Participativo por significar que se trata de uma interven o definida por mobiliza o e o
81. favelas de Belo Horizonte que sob o argumento da melhoria da qualidade de vida da erradica o do risco ou da preserva o ambiental fazem sucumbir estruturas sociais e espaciais produzidas pela popula o Kapp 2009 p 529 N o seria pela elimina o do diferente com a erradica o de toda forma de ocupa o julgada inadequada aos padr es e representa es dominantes do bem morar bem circular bem divertir se e trabalhar pois que essas t m nos conduzido por um modelo de desenvolvimento ecologicamente depredador socialmente perverso politicamente injusto culturalmente alienado e eticamente repulsivo como sintetiza Guimar es 2001 p 42 Por que transformar as favelas imagem e semelhan a da cidade legal 12 Quais as implica es sociais e ambientais dessa transforma o Embora os efeitos das a es empreendidas pelos dois programas j referidos estejam aparentemente circunscritos s favelas ou aos c rregos afetados sob a tica socioambiental as condi es de equil brio desses microssistemas todo o sistema urbano afetado como parte desse organismo urbano sobretudo sob a tica de localiza o e espacializa o das favelas na cidade que proponho discutir como hip tese te rica a possibilidade de transforma o social e ambiental do urbano a partir da transforma o das nossas favelas e do tratamento dispensado s pequenas cabeceiras de drenagem dos nossos c rregos Para isso a t
82. formal ainda que inadequadas Como defende Paulo Eduardo Fonseca de Campos 1999 103 vultosos investimentos p blicos 4 seguem sendo aplicados em benef cio de interesses privados que frequentemente governam as a es do poder p blico enquanto que solu es ajustadas s necessidades sociais e ambientais n o s o desenvolvidas 103 Dispon vel em www revistatechne com br engenharia civil 43 artigo32227 1 asp Acesso em 10 de setembro de 2010 104 Para a consecu o do programa Vila Viva al m dos recursos aprovados pelas comunidades demandantes mediante as disputas nos OPs foram obtidos R 1 15 bilh es junto ao PAC Plano de Acelera o do Crescimento do governo federal Banco Nacional de Desenvolvimento Social BNDES e Caixa Econ mica Federal destinados aos aglomerados da Serra Morro das Pedras e Santa L cia das vilas Calif rnia S o Jos Pedreira Prado Lopes Taquaril S o Tom s Aeroporto Cemig Alto das Antenas al m dos moradores do entorno da avenida Bel m e do c rrego Santa Terezinha e do Complexo V rzea da Palma o que representa 38 do total da popula o de vilas e favelas Dispon vel em http portalpbh pbh gov br pbh ecp comunidade do evento portlet amp pldPlc ecpTaxonomiaMenuPortal amp app ur bel amp tax 8178 amp lang pt br amp pg 5580 amp taxp 0 amp Acesso em 14 de junho de 2011 136 A integra o da cidade ilegal ao tecido urbanizado da cidade formal pressup e um novo modelo de desenv
83. gamelas canecas N o h evidentemente talher nem pratos Nas paredes um calend rio folhinha uma gravura de revista e quase sempre uma estampa de santo com uma palma ou ex voto As paredes nem sempre chegam ao telhado Ouvem se as conversas distintamente os ru dos familiares dos vizinhos quando suas acomoda es est o perto Frequentemente os moradores disp em diante de sua porta sobre uma janela ou em latas presas com arame flores que cultivam Algumas vezes duas ou tr s rvores alguns legumes flores crescem em desordem perto da casa O ch o mal nivelado algumas vezes perigosamente esbarrancado em redor O caminho cheio de buracos e no tempo das chuvas cheios de po as d gua escorregadio lamacento Na seca s o cobertos por espesso len ol de poeira que penetra nos cal ados Teuli res 1955 1957 p 12 13 66 O autor esclarece em nota de p de p gina que o termo vila refere se a um Grupo de casas modestas com um labirinto de ruas constru das pela municipalidade ou uma organiza o industrial para a alojar trabalhadores geralmente nos sub rbios afastados Teuli res 1957 1955 p 12 95 Essas favelas do primeiro tipo s o na vis o do autor confort veis se comparadas com as do segundo tipo Formadas por uma aglomerac o de miser veis caf as esp cie de cabana de terra e t buas e cujos habitantes s o comumente pobres diabos vivendo de mendic ncia ou
84. instalara dois anos antes o Mutir o Nova Conquista tratado anteriormente O empreendimento estendeu se por um per odo superior ao inicialmente previsto de 16 para 28 meses consoante capacidade de libera o mensal dos recursos financeiros pela Prefeitura de Ipatinga aproximadamente 60 dos valores or ados no cronograma f sico financeiro Este fator favoreceu a adequa o do cronograma de obras natureza autogestion ria do empreendimento especialmente quanto compreens o por parte das fam lias mutirantes dos princ pios da gest o coletiva dos recursos e do poder de interfer ncia dos participantes nos processos de produ o e de decis o Ou seja houve tempo para se instalar entre as fam lias e progressivamente a vontade de se autogovernar e pudemos comprovar que uma vez aflorada a vontade se sobrep e capacidade que como sup e Castoriadis 1981 p 29 n o constitui verdadeiramente um problema T nhamos tempo um lugar para cuidar e nele construir as casas de 200 fam lias tinhamos recursos financeiros assegurados apenas ir amos acess lo em um per odo mais longo do que previsto inicialmente Tinhamos 200 fam lias sem casa cujos integrantes eram tamb m em sua maioria destitu dos de forma o ou oportunidades profissionais ou educacionais caracter stica frequentemente constat vel em movimentos sociais que se organizam por direitos constitucionais b sicos Somados esses fatores 164 Per
85. j havia 40 fam lias instaladas Em 1979 foi constru da a Capela Nossa Senhora Aparecida e come ou a luta por gua luz esgoto e nibus Em 80 a vila foi inclu da no PRODECOM sendo constru das as redes de gua e esgoto e a sede da Associa o Comunit ria Em 1984 ap s manifesta o dos moradores foram entregues 692 t tulos de propriedade PONTA POR A Vila Ponta Por est localizada em local privilegiado e valorizado Faz limite com o Shopping Boulevard com a rea de estacionamento da C mara Municipal e com o Instituto Raul Soares A ocupa o da vila teve in cio em meados dos anos 1950 e inicialmente era composto por imigrantes do interior do Estado e funcion rios do Instituto Raul Soares Na d cada de 80 as fam lias desabrigadas pela enchente no Ribeir o Arrudas passam a ocupar tamb m a rea Inicialmente os moradores furaram algumas cisternas e colocaram postes de luz para instalar gatos com a finalidade de obter energia para suas casas Atrav s do Or amento Participativo diversas obras ocorreram no local as fam lias removidas foram reassentadas em pr dios de apartamentos constru dos na pr pria vila gt Nm x Wi O lt O I 5 va LU W Q a zZ gt O o z nr os ul gt E 2 N uo D U lt ES lt MIO IL a 3 Z Q p lt O 5 O 2 O Q lt lt D TL 19 co o LO WO o o o So q A es Contradit rias Pol
86. loga e um ge logo 212 gestora eram eles os benefici rios dos recursos conquistados e como prestadores de servicos em ltima an lise remuneravam se a si pr prios dispensando processos formais de contratac o e os custos correspondentes que para a constru o civil chegam a representar 112 de encargos sobre os sal rios O conv nio previa basicamente a reabilita o f sico ambiental da rea recomposi o de uma grande rea vocorocada devido a um vazamento na rede de esgotamento sanit rio implanta o e consolida o dos acessos s moradias com revegeta o da rea e elimina o dos focos erosivos As obras iniciaram se com a implanta o de viveiro de mudas e plantio de leguminosas para incorpora o de nutrientes nas reas lixiviadas de solo exposto e recomposi o da cobertura vegetal Nas encostas foram instalados de montante para jusante cord es de drenagem e canaletas para infiltra o ou para a condu o de guas pluviais at escadas dissipadoras de energia para viabiliza o dos acessos s moradias as encostas foram reconfiguradas geometricamente e a rea vo orocada foi recomposta com emprego de gabi es do tipo caixa e preenchimento com entulho e terra de bota fora Para a elabora o da planilha or ament ria hav amos utilizado composi es de servi os e pre os praticados pela PBH nas licita es p blicas No entanto a gest o dos recursos permitiu ainda a constru o de duas
87. modo de produ o e reprodu o social estrutura o espa o de uma determinada maneira e de acordo com sua pr pria l gica Trata se portanto de investigar como a l gica capitalista altera a l gica de espa os produzidos de forma marginal a ela O cap tulo intitulado Autoprodu o e produ o heter noma do espa o conduzido pela an lise das rela es estabelecidas nesses espa os entre os elementos que encerram segundo Marx todos os mist rios do processo social de produ o capitalista a terra o trabalho e o capital Marx 1894 1974 p 935 Nesses estudos buscou se identificar as transforma es operadas nos territ rios afetados sob dois enfoques substanciais para o urbano poss vel seu potencial emancipat rio para a sociedade urbana em seu conjunto e seu potencial conciliat rio entre a cidade e suas guas Contrapondo se o ambiente tecnog nico anterior s interven es ao ambiente delas decorrente buscou se compreender as transforma es na vida cotidiana da cidade sob a tica da economia pol tica e da produ o social do espa o Se os ambientes assim configurados n o se ad quam como resgat los ao urbano poss vel 13 Sobre os movimentos sociais ver Lutas urbanas em Belo Horizonte de Maria das Merc s Somarriba 1984 e Classes sociais e poder pol tico na forma o espacial de Belo Horizonte de Michel Le Ven 1977 14 Material did tico da Profa Silke Kapp Produ o
88. moradores das favelas bem o sabem Aprenderam na vida cotidiana Observa se pela din mica espacial das favelas em Belo Horizonte que elas sempre se instalaram junto aos cursos d gua a princ pio nos fundos de vales e paulatinamente no entorno das cabeceiras Essa din mica n o fortuita Os motivos que permitiram a ocupa o pret rita dessas reas por favelas tamb m se relacionam com o tratamento pouco respeitoso e impositivo dispensado aos c rregos urbanos Enquanto reas n o urbanizadas ou n o urbaniz veis n o s o disputadas pelo mercado capitalista de terras ficando assim dispon veis para a ocupa o pelas classes destitu das Mas o que torna determinadas reas desinteressantes aos agentes capitalistas quase sempre a presen a de cursos d gua ainda n o submetidos a o urbanizadora moderna como a retifica o canaliza o e implanta o de vias de fundos de vales ou o fato de estarem interditadas legalmente a essas a es pretensamente protegidas por estatutos especiais como as reas de cabeceiras Na bacia do ribeir o Arrudas excetuando pequenos n cleos margem de vias sob viadutos ou outras pequenas reas residuais os n cleos mais populosos est o nas cabeceiras caso das ocupa es mais antigas ou nas mais recentes ao longo de vales ainda n o urbanizados como na por o mais ao sul do munic pio como explicitado no mapa d O lugar das favelas na bacia do ribeir o Arrudas inclu do no Ap
89. n cleos favelados Favella ou Alto da Esta o Santa Teresa e c rrego do Leit o Barro Preto ambos extintos em 1902 inaugurada a Nova Capital Registra se a favela da Barroca Barro Preto oriunda da extinc o das favelas Alto da Estac o e c rrego do Leit o Registra se a favela Pra a Raul Soares S o criados o Departamento Municipal de Habita o e Bairros Populares DBP e a chamada Comiss o de Desfavelamento que elaboram o primeiro Cadastro das Favelas de Belo Horizonte O DBP nasce com a promessa do mais alto sentido social na tarefa do desfavelamento de Belo Horizonte DBP 1957 p 3 de modo que n o se fariam mais remo es sem constru o pr via de conjuntos habitacionais para alojar a popula o Numa publica o de 1957 o DPB declara ter conclu do o planejamento de um primeiro conjunto no Morro das Pedras rea considerada pr xima ao centro 5km e j atendida por bonde el trico e lota es Seguindo uma matriz modernista o conjunto inclui 180 apartamentos padr o de 45m2 centros m dico e social igreja mercado escolas e outros servicos A inten o constru lo mediante concorr ncia p blica e vender os apartamentos aos favelados pelo pre o de custo a juros de 5 ao ano de modo que em m dio prazo as presta es financiariam novos empreendimentos do DBP O empreendimento depois batizado Conjunto Santa Maria foi de fato o nico constru do pelo Departamento e nem sequer integralment
90. na qual o sujeito ou mesmo o conjunto dos sujeitos a sociedade n o se confunde com a natureza tal como se sup e para as concep es m ticas No entanto ele tamb m n o adere a nenhuma vis o mecanicista Descartes ou positivista Comte que tome a natureza simplesmente por objeto externo apropri vel em vez disso a v resistente apropria o cf Duarte 1995 1985 p 105 106 A rela o portanto dial tica a a o do homem sobre a natureza refletida na a o da natureza e reflexo dessa sobre ele O interc mbio material do homem com a natureza envolve cada um dos tr s momentos do processo de trabalho tal como Marx os concebe o objeto o meio e a pr pria atividade Marx 1867 2008 p 211 et seg O objeto do trabalho a mat ria sobre a qual se aplica a atividade humana em primeiro lugar a terra de um modo geral n o h objeto de trabalho que n o tenha existido antes como objeto natural Os meios de trabalho s o aquilo que se interp e entre o trabalhador e seu objeto tais como as ferramentas o pr prio corpo do trabalhador e todas as condi es materiais para que o processo possa se desenvolver Isso inclui a terra como locus standi do trabalhador ou meio universal de trabalho Marx 1867 2008 p 214 seja ela terra natural ou terra urbana Finalmente a atividade do trabalhador que transforma os objetos do trabalho em produtos providos de valor de uso o processo em que a dial tica
91. ncia p blicas etc Tamb m parecem ignorar o disp ndio de tempo e de energia das fam lias envolvidas quase sempre compulsoriamente nesses processos e o valor das estruturas sociais que sucumbem junto com as estruturas f sicas suprimidas Certamente ignoram a possibilidade de transforma o das cidades se os mesmos recursos consumidos fossem investidos em arranjos produtivos guiados pela obten o de valores de uso coletivos e n o pelas necessidades de reprodu o ampliada do capital como flagrantemente observ vel pela hegemonia dos arranjos produtivos de larga escala nas obras publicas Essa postura resulta da aliena o do outro e de sua atividade produtiva N o no entanto destituida de consequ ncias sociais e ambientais indesej veis Contribui para perpetrar as desigualdades dur veis entre as categorias sociais impingindo s classes destitu das e sociedade em sua totalidade danos muitas frequentemente irrecuper veis pois acirra o desequilibrio socioambiental que caracteriza a sociedade capitalista Esse o principal aspecto a destacar ainda que de forma inconsciente ou ing nua os t cnicos desempenhamos papel crucial ao produzirmos Laura Bueno 2000 p 148 de sua intensa viv ncia profissional em favelas e assentamentos prec rios de S o Paulo aponta como entrave aos projetos de urbaniza o o despreparo profissional percept vel em todas as inst ncias envolvidas para compreens o das favelas como
92. no denominado PAC 2 com a instala o de barrac es de obra em reas remanescentes do Vila Vivaldo Os moradores e comerciantes pensam tratar se do alargamento da rua Nossa Senhora de F tima mas desconhecem os efeitos pr ticos rea afetada moradias a serem removidas indeniza es etc O Minist rio P blico solicitou Urbel informa es precisas projetos executivos edifica es a serem removidas previs o de reassentamento valores de indeniza es cronograma f sico financeiro das obras etc Em resposta a Urbel enviou o PGE do Aglomerado conclu do em 2001 projetos b sicos da interven o na via em verdade estudos preliminares cadastro de remo es e planilhas or ament rias utilizadas no processo de licita o das obras De posse desse material a comunidade e o Minist rio P blico se veem impossibilitados de proceder an lise pr via da adequa o das solu es t cnicas s premissas do PGE e aos anseios da comunidade para eventuais proposi es alternativas de menor impacto social e ambiental por seu lado a empresa construtora n o tem raz es para n o aplicar nessas reas as mesmas solu es e expedientes gerenciais que comp e seu repert rio hegem nico uma vez que tamb m os projetos est o a seu encargo lan ando m o obviamente das solu es que lhe possibilitem a maior produtividade Al m disso fazer desfazer e refazer servi os por aus ncia de defini es mais precisas ou mesmo remo es
93. nossas galerias e a implanta o de um sistema georeferenciado para a drenagem urbana em Belo Horizonte Aroeira 2010 p 227 O programa encampou em sua pauta de a es a revitaliza o dos cursos d gua ainda em leito natural no munic pio tendo por objetivo geral a propalada melhoria da qualidade de vida da popula o da cidade e a valoriza o do meio ambiente urbano Nos objetivos espec ficos transparece a inten o de integra o das a es relativas ao esgotamento sanit rio coleta de res duos s lidos controle de inunda es e da produ o de sedimentos Aroeira 2010 228 Figuram ainda nas diretrizes gerais o conceito da n o transfer ncia de preju zos garantia da viabilidade do servi o e organiza o da gest o no mbito da prefeitura Na bacia do ribeir o Arrudas excetuados os cursos d gua no interior de parques ou de reas de prote o de mananciais para abastecimento os raros c rregos em leito natural ainda que polu dos por aportes consider veis de esgoto e lixo encontram se no interior das maiores e mais antigas favelas da cidade S o sobreviventes de programas de urbaniza o de favelas anteriores ao Programa Drenurbs a partir do qual as costumeiras canaliza es de cursos d gua foram interrompidas sob a diretriz de manuten o dos cursos d gua ainda n o canalizados nas condi es mais naturais poss veis evitando interven es que imprimam velocidade ao escoamento das g
94. num estado est vel dentro das capacidades de regenera o e assimila o do ecossistema Daly 1996 apud Santos e Rodr guez 2002 p 54 Vamos nos deter nesse ltimo conceito operar dentro das capacidades de regenera o e assimila o do ecossistema Se aplicado s cidades implicaria no primeiro momento aliviar o ecossistema urbano em seus pontos de satura o facilmente identific veis nos problemas que comumente n o conseguimos absorver e exportamos parcial ou integralmente de forma deliberada ou pretensamente involunt ria guas de chuvas lixo entulho esgoto solo polui o do ar dos solos e das guas etc Considerando a socionatureza desse ecossistema conformado sob a l gica de acumula o capitalista teremos ainda como pontos claramente saturados do sistema a generaliza o da pobreza da viol ncia e da criminalidade urbanas 188 H ainda os carros Em s ntese a se considerar por um lado a magnitude dos problemas urbanos que superam em muito a capacidade de assimila o do sistema e por outro a inocuidade das medidas aplicadas n o h sa da As medidas individuais dependentes de disponibilidade financeira se reduzem a tentativas mais ou menos eficazes de se colocar a uma dist ncia segura dos problemas instalando se em reas pretensamente mais saud veis ou seguras no interior de condom nios fechados dos shoppings ou de carros blindados ao mundo exterior As medidas governa
95. o 1 lt a S 3 5 Lu o O A lt o Es E g D e a Elaborado o Plano Global Espec fico PGE da Vila Senhor dos Passos pelo Programa Alvorada O PGE torna se obrigat rio para disputa de recursos do OP para interven es em vilas e favelas 1992 foi criada a associa o de bairro que conseguiu no mesmo ano a instala o de postes de energia TIROL Em 20 de dezembro de 1999 conjunto Tirol foi entregue J possu a gua luz e esgoto A associa o de moradores foi fundada em 1999 CRONOLOGIA DAS FAVELAS NA y BACIA DO RIBEIR O ARRUDAS 13 http bairrosdebelohorizonte webnode com br aglomerados vilas e favelas Favela isso a vol Banco da Mem ria PGE da vila referente URBEL be ur ds sd b Ig o A bas 4 46 0 Es y D Fe e O AGLOMERADO DA SERRA EM TRES TEMPOS vta Naa
96. o ativa de sua atividade vital ele estranha do homem o g nero Marx 2004 1844 p 84 Analogamente desalienar se tamb m uma rela o dial tica Exige portanto que todas as rela es transformem a si e s outras dialeticamente E por onde come ar Retomemos a percep o tamb m dial tica de socionatureza em Swyngedouw 2001 As rela es sociais operam metabolizando o meio ambiente natural atrav s do qual tanto a sociedade quanto a natureza s o transformados e novas formas socionaturais s o 142 Cf Barreira 2009 p 70 a Critica da vida cotidiana foi redigida no final de 1945 sendo publicada dois anos depois 184 produzidas Enquanto a natureza fornece o fundamento as rela es sociais produzem a hist ria da natureza e da sociedade Swyngedouw 2001 p 86 Essa abordagem encontra se no liminar das denominadas Ecologia Urbana e Ecologia Pol tica Urbana que v m se configurando como uma rea do conhecimento que aproxima o pensamento ecol gico a economia pol tica os estudos urbanos e teoria cr tica social e cultural principalmente a partir do final da d cada de 1990 A delimita o de uma nova rea do conhecimento seria para Swyngedouw uma resposta ou mesmo uma den ncia parcialidade do discurso deste per odo que reflete a atua o e pensamento de movimentos sociais urbanos mas n o dos movimentos ecol gicos decorrendo da a necessidade de uma nova linguagem capaz de t
97. o dos cl ssicos para se questionar o monop lio de por es de terras por alguns em detrimento de outros tamb m n o haveria raz es para remeter a an lise do modo de produ o capitalista a um momento anterior como o fez Marx A distin o entre a abordagem cl ssica e a de Marx tamb m sublinhada por Engels no pref cio da edi o inglesa d O Capital de 1886 ao destacar as express es criadas por Marx para que fizessem jus aos conceitos que de fato expressam Uma teoria que considera a moderna produ o capitalista mero est gio transit rio da hist ria econ mica da humanidade tem naturalmente de utilizar express es diferentes daquelas empregadas por autores que encaram esse modo de produ o como imperec vel e final Engels 2008 1886 p 40 O exemplo mais not rio da assertiva acima a express o mais valia criada por Marx para designar inequivocamente as fra es da parte n o paga sa da do produto que o trabalhador tem de fornecer ao patr o Engels 2008 1886 p 40 41 A descri o dos processos de acumula o primitiva por Marx e sobretudo a desmistifica o desses processos t m a meu ver a for a de desvanecer um certo estado de inconsci ncia que parece acometer a sociedade que a faz ignorar volunt ria ou involuntariamente a g nese hist ria dos processos sociais e econ micos Marx demonstra qu o eficiente e til essa inconsci ncia pode ser s classes dominantes para que
98. objetivamente o Residencial Serra Verde RSV ou Mar Vermelho l no qual coordenei a equipe de assessoria t cnica at ao esfacelamento das estruturas autogestion rias e a contrata o via licita o p blica pela PBH de empresas construtoras para a finaliza o de quase todas das obras Segundo o discurso oficial as entidades organizadoras n o conseguiram gerir os empreendimentos e obriga es Esses relatos ilustrar o a m f institucional ou a m f da sociedade Souza 2009 e a desmoraliza o dos processos autogestion rios e do PCS Como j dito considero que o fortalecimento das associa es participantes das experi ncias em n vel municipal em v rios pontos do pa s conduziu conquista do programa em n vel federal mas o resultado dessa conquista foi o esfacelamento das estruturas organizativas e o desprest gio e decrepitude da produ o autogestion ria como alternativa de gest o para al vio da iniciativa privada no segmento de produ o habitacional de baixa renda O Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV passou a operar em atendimento s demandas habitacionais embora deixando a descoberto o segmento de zero a tr s sal rios m nimos O programa foi posteriormente estendido aos movimentos de moradias criando se o PMCMV Entidades a t tulo de compensa o pela desativa o do PCS A 12 experi ncia de produ o habitacional conduzida pela Associa o Habitacional de Ipatinga AHI 1989 90 fo
99. objeto de trabalho estar submetida ao mesmo processo de deteriora o sofrido pelo trabalhador sob as determina es econ micas capitalistas Essa reflex o est presente na investiga o conduzida por Rodrigo Duarte 1995 1985 em Marx e a natureza em O Capital e auxiliar na elucida o do processo no qual o homem se aliena da natureza Na Dial tica do Esclarecimento vemos como o movimento de desmitologiza o das for as da natureza deu lugar mitologiza o da ci ncia positiva e ao ideal do mundo administrado que transparece tanto na configura o urban stica da cidade planejada em fins do s culo XIX quanto nos programas de urbaniza o das favelas Frequentemente classificadas como ca ticas as favelas precisariam de um tratamento ordenador daquele caos que as distingue da cidade formal Tal tratamento buscar eliminar o incomensur vel dissolvendo a identidade do que n o igual mediante prescri es t cnicas que anulam a especificidade da coisa reduzindo a ao denominador comum da urbaniza o contempor nea Evidentemente a natureza em quest o em ambos os casos na cria o da Nova Capital de Minas e nas interven es em favelas n o uma primeira natureza supostamente intacta mas uma segunda natureza j provida de modifica es pelos seres humanos Associarei a essas duas abordagens a indispens vel leitura de Lefebvre 1999 1970 da intera o sociedade natureza sob a tica da pro
100. ordem heter noma explorando brechas em estruturas sociais e de Estado que como defende Marcelo Lopes de Souza 2003 n o s o monol ticas Embora a l gica da a o do Estado em uma sociedade capitalista tenda a ser a da reprodu o da ordem vigente isso n o precisa ser sempre uma verdade aquilo que verdade no atacado ou estruturalmente n o necessariamente sempre verdade no varejo ou conjunturalmente Contradi es e conflitos se bem explorados podem conduzir a situa es bem diferentes de um simples refor o da domina o perpetuamente renovado por parte do Estado SOUZA 2003 p 29 Destaques do autor Penso que as ocupa es de favelas nas pequenas cabeceiras de drenagem dos c rregos urbanos poderiam se adequar bem a esses prop sitos sob v rios aspectos a come ar pela conforma o evidente das microunidades hidrogr ficas como unidades aut nomas de atua o e porque de fato a hip tese de revers o dos processos de urbaniza o impositivos sobre os s tios pressup e a consolida o do territ rio de montante para jusante Outro aspecto extremamente favor vel subsistir no imagin rio coletivo refer ncias hist ricas ou simb licas que remetem ao conv vio cotidiano dos moradores com os c rregos e suas guas ainda n o polu das quando a gua era clarinha era boa mesmo a gua H tamb m o ac mulo de experi ncias de autoprodu o tanto coletivas quanto individuais que apesar
101. para a ral 163 D Urbaniza o REVEIS a a aa oras a Car EA aa e pena Papas Poa AAAA A aE EE panpipe 182 5 1 Prestadores de Servi os Ambientais 196 5 2 Participa o autogest o e autonomia 201 Experi ncias autogestion rias em Minas Gerais recorte 210 Atuar dentro ou fora do Estado 223 CONCIUS ES sra ca ea es a Dea apa es ea na enc aaa Refer ncias Bibliogr ficas mn aa AR De ana ssa Apendi Ceiau E dor DS RGE ata INTRODU O Em Belo Horizonte parcela significativa da popula o vive em favelas e loteamentos prec rios centrais ou perif ricos baixios de viadutos edifica es inacabadas ou abandonadas reas que de algum modo n o foram encampadas pelo mercado imobili rio formal se oferecem a estas popula es cujas a es individuais ou coletivas de suporte vida cotidiana tendem a potencializar a fragilidade ambiental ou precariedade urbana que as desqualificaram para o mercado urbano de terras N o obstante a omiss o do Estado nos processos de produ o social destes assentamentos o ambiente tecnog nico desses territ rios autoproduzidos ser significativamente alterado se e quando a a o reguladora do poder p blico os alcan ar o que se observa nos territ rios afetados pelas interven es de dois programas municipais o Programa Vila Viva e o Programa de Recupera o Ambiental e Saneamento de Fundos de Vale e dos C rregos em Leito Natural de Belo Horizonte Drenurbs que persegu
102. partir dessa an lise foram agregadas informa es que ilustram os argumentos de Francisco de Oliveira para as cidades de S o Paulo Nabil Bonduki 1998 Rio de Janeiro Luiz C sar de Queiroz Ribeiro 1997 e Belo Horizonte Berenice Guimar es 1991 e Junia Ferrari de Lima 2009 A estrutura argumentativa de Francisco de Oliveira me particularmente oportuna porque ao desconstruir dialeticamente a pretensa dualidade entre um setor moderno da economia e um setor arcaico produz elementos que perpassam ainda hoje mais de tr s d cadas passadas discuss es importantes para a compreens o dos processos de produ o das cidades e das 51 Refer ncia Comiss o Econ mica para a Am rica Latina e o Caribe Cepal comiss o regional da ONU presente no Brasil desde 1952 mediante acordo de colabora o entre a Cepal e o BNDES www onu org br onu no brasil cepal Francisco de Oliveira 2003 1972 faz in meras refer ncias s teorias do grupo misto de estudos CEPAL BNDES nas quais emprega adjetivos derivados do substantivo cepal tais como estilo cepalino de an lise avalanche cepalina modelo dual estruturalista cepalino etc denotando sua discord ncia s teses difundidas pelo modelo Cepal tanto para o Brasil quanto para a Am rica Latina 74 favelas como uma unidade inequ voca As favelas e outras formas prec rias de habitar as cidades cumprem afinal o papel que sempre lhes coube na reprodu
103. poder p blico em a es que possam determinar preju zos coletividade Em tese essa a fun o dos Minist rios e Defensorias P blicos N o por acaso essas institui es t m sido cada vez mais acionadas pelo cidad o comum na tentativa de refrear o Estado em a es julgadas lesivas aos direitos individuais e coletivos como veremos no cap tulo 4 No entanto e isso n o causa surpresa a capacidade de atendimento dessas institui es est muit ssimo aqu m da demanda constitu da basicamente por cidad os destitu dos de recursos para instituir por conta pr pria a defesa de seus direitos Em que pese 29 estarem a servico do cidad o a ordem social que as instituiu a mesma que engendrou condi es sociais pol ticas e econ micas extremamente desiguais de acesso justi a Retomemos a quest o das guas urbanas Em seu Manifesto sobre a fundamenta o geol gica de sistemas de drenagem urbanos Ed zio Teixeira de Carvalho 2009 insiste que os problemas das cidades brasileiras residem na n o observ ncia da natureza da gua na sua gest o compartimentada em inst ncias e agentes distintos e como resultado no eterno enfrentamento dos efeitos negativos da urbaniza o convencional corporificados no trin mio eros o assoreamento inunda o sinteticamente descrito a seguir Os processos de urbaniza o tendem a intensificar os caudais superficiais das guas pluviais basicamente pela retirada da vegeta
104. popula es benefici rias ou diretamente afetadas pelo empreendimento a autogest o possibilita o controle das a es e especialmente a tomada de decis es econ micas em escala fact vel ao cidad o As experi ncias autogestion rias na produ o habitacional disseminaram se por v rias cidades brasileiras passando a disputar com empresas construtoras uma parcela do mercado da produ o habitacional o que determinou em minha opini o seu quase completo abandono como alternativa institucional produ o de moradias O Programa de Cr dito Solid rio PCS1S3 foi celebrado em 2004 como uma conquista importante na luta dos movimentos organizados pelo direito constitucional habita o mas na pr tica os recursos foram geridos pela Caixa Econ mica Federal agente operador de todos os programas com recursos da Uni o e agente financeiro da grande maioria por meio da Ger ncia Institucional de Desenvolvimento Urbano GIDUR nas ag ncias locais da CAIXA A GIDUR 153 O PCS foi destinado a fam lias de zero a tr s sal rios m nimos organizados de forma associativa em reas urbanas ou rurais Sua regulamenta o gest o acompanhamento e avalia o ficaram a cargo do Minist rio das Cidades sendo a CEF o agente operador do Fundo de Desenvolvimento Social FDS Criado pela Lei n 8 677 93 204 constituiu se em Belo Horizonte no canal direto de interlocu o com as fam lias desde a habilita o ao financiamen
105. portentosas estruturas temos que computar os impactos do transporte cotidiano desses subprodutos de nossa atividade na circula o urbana na qualidade do ar e sonora etc desde os pontos onde s o gerados at os pontos onde ser o supostamente equacionados Esses s o reflexos da depend ncia urbana de sistemas centralizados e estanques entre si para o tratamento de cada modalidade de problema H ainda os carros Muitos carros S o por demais conhecidos os efeitos delet rios sobre a qualidade de vida urbana advindos da elei o do autom vel como solu o central de mobilidade com todas as demais possibilidades inclusive ou principalmente os deslocamentos a p submetidas e adaptadas l gica dos ve culos automotores seja para o transporte de passageiros seja para o transporte de cargas Tamb m a cidade em sua base material tem que se ajustar ao conforto e exig ncias do 33 autom vel Pavimentac es poli dricas por exemplo foram e continuam sendo recapeadas em in meras cidades por pavimenta o asf ltica por imposi o do autom vel Avaliadas sob a tica da drenagem pluvial as primeiras s o muito ben ficas quebra de energia das guas pluviais escoadas em superf cie sob a tica dos custos e praticidade de manuten o tamb m seriam prefer veis s pavimenta es monol ticas dado simplicidade e rapidez de reposi o de componentes danificados Contudo convivemos permanentemente com as inc
106. pretenderam ocorrer em escala pouco significativa para por em cheque a ordem social pol tica e econ mica vigente mobilizaram a rea o determinada dos setores que se julgaram lesados notadamente empresas construtoras de obras p blicas Experi ncias autogestion rias em Minas Gerais recorte As primeiras experi ncias tiveram lugar no munic pio de Ipatinga na primeira administra o petista per odo 1989 1992158 estenderam se pelas gest es seguinte vindo a repercutir em Belo Horizonte na tamb m primeira administra o petista no per odo de 1992 1996159 O recorte se refere a experi ncias nas quais me envolvi diretamente como assessora t cnica nas quais procedo a novo recorte para destacar aspectos que me parecem teis discuss o proposta Duas experi ncias Mutir o Nova Conquista e Mutir o 1 de Maio ambos em Ipatinga servir o de contraponto s demais porque nelas pudemos experimentar um certo grau de liberdade de a o que redundou claramente em benef cios n o previstos na proposta inicial As primeiras experi ncias autogestion rias em BH na administra o Patrus embora mais burocratizadas que em Ipatinga n o chegaram a inviabilizar as experi ncias como o Programa de Cr dito Solid rio o fez 158 Prefeito Francisco Delfino Chico Ferramenta 159 Prefeito Patrus Ananias 210 No Mutir o Nova Conquista o destaque ser o aprendizado advindo da recuperac o de reas urbanas degradad
107. processos de urbaniza o No entanto ao se considerar o questionamento lan ado por profissionais do direito urban stico expresso em Legaliza o das favelas qual o problema de Belo Horizonte 128 percebe se n o ser a aus ncia desses instrumentos o impeditivo A partir das recentes inova es na ordem jur dico urban stica nacional e da significativa amplia o dos recursos p blicos dispon veis por meio do Plano de Acelera o do Crescimento PAC foi criada uma gama de novas oportunidades para a gest o da pol tica municipal de urbaniza o e legaliza o fundi ria de assentamentos informais No entanto a julgar pelos atuais embates s ciopol ticos e jur dicos a ordem jur dica municipal de Belo Horizonte parece ter se perdido do 127 Ilustrativo desta heran a espacial um dos maiores aglomerados centrais de Belo Horizonte o Morro das Pedras Instalado originalmente em rea de minera o que fornecia mat ria prima para a constru o da capital nos anos de 1920 As cavas exauridas e abandonadas foram apropriadas para deposi o de lixo pela Superintend ncia de Limpeza Urbana por v rios anos at acidente de deslizamento da massa depositada com in meras mortes na d cada de 1970 80 O Morro das Pedras expandiu se pelas encostas e fundos de vale no entorno da minera o ocupando atualmente territ rio significativo entre as importantes avenidas Raja Gabaglia Bar o Homem de Melo e Silva Lobo sendo um
108. produ o alternativa devem ser impulsionadas dentro e fora do Estado Sousa Santos 2002 p 68 remetendo nos a outra quest o levantada por Marcelo Lopes de Souza 2003 ao avaliar as possibilidades de a o no cen rio pol tico econ mico vigente Trata se antes partindo se da premissa de que as sociedades capitalistas s o contradit rias e n o monol ticas negar isso equivaleria abdicar do pensamento dial tico e mesmo a negar a possibilidade de uma mudan a substancial a partir do interior da pr pria sociedade de indagar por que dever se ia excluir a priori a possibilidade de um planejamento que mesmo operando nos marcos de uma sociedade injusta contribua material e pol tico pedagogicamente para a supera o da injusti a social Afinal nem mesmo o aparelho de Estado como salientaram j te ricos marxistas mais sutis um monolito ou como queria L nin um simples bra o repressivo da classe dominante como bem resumiu Poulantzas 1985 ele na realidade a condensa o de uma rela o de for as Embora a l gica da a o do Estado em uma sociedade capitalista tenda a ser a da reprodu o da ordem vigente isso n o precisa ser sempre uma verdade aquilo que verdade no atacado ou estruturalmente n o necessariamente sempre verdade no varejo ou conjunturalmente Contradi es e conflitos se bem explorados podem conduzir a situa es bem diferentes de um simples refor o da domina o perpe
109. que possibilite uma grande quantidade de a es aut nomas conexas do que a uma forma para a qual a produtividade 179 diretamente proporcional quantidade de casos particulares subsumidos num mesmo processo padr o Grupo de Pesquisa MOM 2009 6 7 140 Caber lembrar as considera es de Adorno e Horkheimer 1985 1944 p 11 quanto funcionalidade de d ceis especialistas da humanidade que ingenuamente levam a cabo projetos pretensamente revestidos de neutralidade t cnico cient fica Certamente n o retornam aos locais transformados por for a de seus projetos a confrontar suas inten es e os resultados e avaliarem criticamente seu trabalho Como j observado prevalecem verdades constru das a partir de pr conceitos que precisam ser desconstru dos tais como a suposta domina o de grupos locais justificando o inconveniente da configura o de p tios nas reas residenciais que seriam fatalmente apropriados por grupos traficantes de drogas Sob esse argumento sacrificam se reas que poderiam abrigar saud vel e generosamente o conv vio social e l dico da popula o sobretudo crian as idosos e adolescentes confinados em apartamentos ou disputando com carros e motos o espa o das ruas Para assinalar a urg ncia de um debate amplo e consequente acerca das representa es sociais e mecanismos t cnicos de imposi o de verdades constru das mediante representa es perversas do que sejam os exc
110. reas sejam elas denominadas favelas ou n o sofrem desvantagens sistem ticas e relevantes decorrentes tamb m de sua situa o espacial ainda que tenham conseguido mitigar parte dessas desvantagens ao longo do tempo Kapp e Silva 2012 p 33 Por fim cabe destacar a contribui o por vezes irrefletida dos t cnicos que atuam nos processos de urbaniza o de favelas a servi o do Estado na consuma o dos processos de despossess o na medida em que tendem a projetar sobre tais espa os sua pr pria perspectiva ou pr conceitos de classe m dia sitiando os de procedimentos heter nomos e fazendo dos seus antigos auto produtores meros usu rios benefici rios ou consumidores A urbaniza o das favelas sob a tica de sua inclus o na cidade formal pode significar apenas uma maior 87 submiss o de seus moradores a novas rela es compuls rias de consumo e nenhum acr scimo substancial de poder pol tico No extremo pode torn los ainda mais vulner veis porque destitu dos das possibilidades que os espa os autoproduzidos ainda oferecem e mais uma vez expondo os a disputas direta por espa o com classes sociais efetivamente muito melhor providas de capitais econ mico cultural e social Kapp e Silva 2012 p 35 3 4 O Lugar das Favelas em Belo Horizonte Em Belo Horizonte tanto quanto em qualquer cidade capitalista s popula es impossibilitadas de acesso ao mercado formal de terras resta busc
111. se instala nas cidades a cada temporada de chuvas o caos cotidiano na circula o vi ria ou pelo crescente temor do cidad o frente t o propalada viol ncia urbana A transposi o acr tica dessas solu es para os territ rios das favelas tem por agravante a fragilidade socioambiental que os caracteriza cujos efeitos sist micos dessa imposi o n o ficam circunscritos s reas afetadas Repercutem de forma inexor vel para toda a sociedade urbana Os espa os produzidos para a ral pelas interven es aqui em an lise evidenciam a um s tempo o contraste entre formas heter nomas e formas aut nomas na produ o f sica e social do espa o urbano o car ter autorit rio e impositivo das interven es formais sobre o ambiente tecnog nico e a inadequa o tecnol gica dos m todos construtivos e de gest o empregados em s ntese evidencia qu o distantes estamos da tarefa de produzir um espa o protegendo o do poder e tornando o prop cio a rela es livres de constrangimentos conforme sugere Lefebvre citado por Kapp e Baltazar 2006 p 94 164 A an lise das transforma es produzidas nas favelas submetidas ao Vila Viva evidencia pelo menos tr s caracter sticas o urbanismo rodoviarista a homogeneiza o e padroniza o do espa o urbano e a oposi o entre espa os cotidianos e espa os especializados Quanto ao urbanismo rodoviarista transparece imediatamente a inadequa o entre a escala das
112. tais como a divis o e destina o de terrenos a desapropria o de todos os terrenos particulares existentes na rea de projeto o estabelecimento de regulamentos planos e de exig ncias higi nicas e arquitet nicas para as edifica es etc Dentre as provid ncias figurava ainda a concess o gratuita de um lote para a construc o de casa ou chacara para todos os funcion rios estaduais e egualmente promover 88 a construc o de casas em condi es hygienicas e de aluguel barato para operarios Barreto 1928 p 403 Decorre tamb m dessa lei algumas particularidades na espacializa o das classes sociais em Belo Horizonte especialmente devido ao fato de que TODOS os terrenos terem se tornado dom nio p blico pela desapropria o de toda a rea destinada implanta o da nova capital Desde o momento de sua funda o a nova capital contou com o papel fundamental do Estado que logo se configurou como o indutor b sico de sua expans o n o s pela responsabilidade de planejar seu espa o mas tamb m pelo fato de ser o maior detentor das terras do munic pio e o respons vel por sua distribui o A nova capital foi concebida para o poder que nela se exerceria e assim os lotes foram distribu dos para os segmentos da popula o diretamente ligados ao aparato estatal e aos propriet rios de terra em Ouro Preto como forma de estimular a elite ouropretana ainda reticente a essa transfer ncia Lim
113. tenha acometido em um dado momento hist rico como um desvio acidental 19 Weber usa a express o numa prele o de 1917 intitulada Ci ncia como voca o Weber 1985 1967 p 51 21 A enfermidade est instalada em suas origens condenando a raz o a um estado permanente de frustra o em sua inten o de descobrir a verdade 2002 1946 p 176 Se considerarmos com Marx que a universalidade do homem imanente ao seu corpo inorg nico evidencia se a impropriedade do prop sito racionalista O homem vive da natureza significa a natureza o seu corpo com o qual ele tem de ficar num processo cont nuo para n o morrer Que a vida f sica e mental do homem est interconectada com a natureza n o tem outro sentido sen o que a natureza est interconectada consigo mesma pois o homem uma parte da natureza Marx 2004 1844 p 84 Segundo Horkheimer recuperar a raz o da enfermidade que a acometeu desde suas origens dependeria da compreens o interna da natureza da doen a original e n o de uma cura de sintomas posteriores 2002 1946 p 176 No entanto em se tratando das quest es urbanas aqui em foco percebe se a preval ncia do impulso causador da doen a original sobre uma eventual manifesta o de desejo de cura ou mesmo sobre a percep o da enfermidade No que tange s quest es ambientais poder amos considerar um relativo aquecimento das discuss es No entanto como bem observa Rog rio Palhares Zs
114. ter pseudo formal como o caso de funcion rios de concession rias que reproduzem ali oficiosamente procedimentos t cnicos e administrativos com tabela de pre os garantias contas mensais e servi os de manuten o A autoprodu o da moradia com autoconstru o tal como descrita acima hoje encontrada sobretudo para implanta o do n cleo b sico de abrigo emergencial e em reformas e amplia es Nos demais casos tem predominado a situa o de autoprodu o com contrata o de m o de obra formal ou informal ficando a cargo do morador apenas a gest o de recursos e as tomadas de decis o Essa mudan a se observa em todos os espa os da ral tanto favelas quanto loteamentos perif ricos e ocupa es organizadas As moradias autoproduzidas com ou sem autoconstru o comparecem na literatura especializada sobretudo por seus aspectos t cnicos mais problem ticos estrutura portante interface entre edifica o e terreno instala es hidr ulicas e el tricas coberturas e acabamentos Quanto estrutura em geral de concreto armado constata se superdimensionamento baixa qualidade construtiva caracter sticas geom tricas irregulares falta de prumo n vel esquadro e alinhamento ou pouco eficientes vigas de se o quadrada tra os inadequados com cimento e gua em excesso etc Nas interfaces com o terreno h os cortes e taludes inst veis os arrimos mal constru dos a falta de isolamento da u
115. tica de Remo es Apoio Prefeitura no fortalecimento das Associa es de favelas Novas invas es com apoio da Igreja e Partidos de esquerda Mi RP populac o desalojada Foi constru do um nico conjunto Conjunto Santa Maria e o processo DBP 1 Cadastro das Favelas em Mapeamento Belo Horizonte definindo se que as esquem tico remo es s ocorreriam mediante a de Teuli res constru o de conjuntos de casas das principais para onde seria transferida a favelas e migra o das favelas entre 1895 e 1942 de remo es continuou como antes MAR OLA MARIETA lell 1960 STA MARIA ETE 1958 1964 1965 1970 Cria o do DEMAE favelada de Belo Horizonte pelo DHP O IBGE inclui no Censo informa es Concluido o Levantamento da popula o Atualiza o doCadastro das Favelas de 1955 Semin rio Nacional de Habita o e Reforma Urbana Cria o do Departamento de Habita o Popular DHP subordinado Secretaria de Trabalho e Cultura do Estado sobre assentamentos prec rios FAZENDINHA A ocupa o da rea pertencente ao munic pio se d de maneira lenta Em 1992 s o instalados cavaletes de gua para as fam lias e em 1993 os padr es de luz Em 1991 a Prefeitura transferiu para a rea fam lias sem casa que lideradas pela Uni o dos Movimentos Populares exigia por moradia Em 1993 a comunidade conquistou diversas obras no Or amento Particip
116. toda a Europa Ocidental a partir do S culo XV uma legisla o sanguin ria contra a vadiagem que tratava os expropriados como pessoas que escolheram propositalmente o caminho do crime como se dependesse deles o prosseguimento trabalhando nas velhas condi es que n o mais existiam Marx 1971 1867 p 851 O trabalhador era compelido a submeter se ao regime de trabalho imposto a enquadrar se na disciplina exigida pelo sistema de trabalho legalizado por meio de um grotesco terrorismo legalizado ou ser enquadrado como vadio e sofrer as penas da lei A a o do Estado foi portanto determinante na chamada acumula o primitiva A nova burguesia contava com a for a do Estado para regular os sal rios comprimindo o em limites convenientes extra o de mais valia A produ o cont nua de uma superpopula o relativa mant m a lei da oferta e da procura de trabalho o que assegura o sal rio em harmonia com as necessidades de expans o do capital Esta condi o associada coa o surda das rela es econ micas consolida o dom nio do capital sobre o trabalho Marx 1971 1867 p 854 Das terras agr colas s terras urbanas Para Marx a dificuldade da an lise da renda fundi ria no contexto da economia pol tica de seu tempo n o estava em explicar como o capital agr cola gera o produto excedente e a corresponde mais valia 1974 1894 p 897 pois essa mais valia n o difere da gera o de
117. tratamento das reas comuns externas s moradias 213 demonstrac o not vel e inquestion vel dos processos indesej veis que se instalariam caso n o fossem respeitadas as condi es de suporte oferecidas pela infraestrutura local Da mesma forma possibilitou uma intera o mais harm nica e respeitosa com o s tio inclusive com a apropria o produtiva das reas n o edificantes com a instala o de horta pomar criat rio de peixes cabras e frangos al m de f brica de produ o de componentes pr moldados para laje escada pavimenta o etc A constru o da Creche Nova Conquista e do Bar Amarra Bode deixou nos outro importante legado experimentamos ali a instala o de um canteiro escola para a forma o profissional mediante o resgate da tradi o de transmiss o de conhecimentos no pr prio canteiro de obras Essa pr tica se repetiu nos demais mutir es conduzidos pela AHI e posteriormente tamb m nos mutir es conduzidos pela Associa o dos Sem Casa do bairro Bet nia e Regi es de Belo Horizonte ASCA nos quais os novos mutirantes tiveram como formadores os profissionais formados pela AHI O pr ximo conv nio celebrado entre a AHI e a PMI previa a constru o do pavimento t rreo 36m2 de 200 Unidades Habitacionais UHs com previs o de expans o vertical pelos pr prios moradores ap s a conclus o das obras 4 O Mutir o 1 de Maio foi implantado na mesma microunidade hidrogr fica na qual j se
118. um dos seguintes mecanismos financiamentos de longo prazo atendimento pelo mercado rentista atendimento por interm dio de pol ticas habitacionais do Estado coabita o ou moradia de favor aquisi o ou ocupa o de lotes em reas desvalorizadas da cidade seguida de autoprodu o da moradia ou para grupos organizados ocupa es coletivas de reas valorizadas ou de im veis ociosos cuja perman ncia depender do n vel de organiza o pol tica desses grupos frente ao poder dos propriet rios de influenciar decis es jur dicas pol ticas e de pol cia 70 3 O LUGAR DAS FAVELAS NAS CIDADES CAPITALISTAS Dado din mica de estrutura o das cidades capitalistas a localiza o e configura o espaciais das favelas num dado momento hist rico refletem as disputas travadas pelos distintos agentes capitalistas pelo mercado de terras que como bem demonstra Ribeiro o principal mecanismo gerador dos problemas urbanos 1997 p 37 Observe se nessa afirmativa que a origem principal dos problemas urbanos atribu da demanda capitalista por solo e n o propriedade privada do solo o que como explicitado no cap tulo anterior seria uma simplifica o equivocada do mecanismo econ mico respons vel pela constitui o do espa o urbano e pela segrega o social na cidade Ribeiro 1997 p 49 Ribeiro explora de forma mais dirigida o segmento capitalista da produ o de moradias 1997 p 123 Ain
119. vale destacar a conserva o de v rias vias pavimenta o da cidade obras de amplia o das avenidas sanit rias esgotos pluviais e sanit rios conclus o da canaliza o na zona urbana dos c rregos Acaba Mundo e Leit o e a canaliza o do c rrego do Jardim Zool gico 37 Em 1963 o abastecimento dos lagos passou a ser por guas subterr neas devido ao elevado n vel de polui o do c rrego do Acaba Mundo por esgoto e lixo Borsagli 2011 p12 47 Branco atual rodovi ria montante at a foz do c rrego do Leit o Ap s in meros eventos de inunda es nas d cadas seguintes comentados adiante a canaliza o foi estendida jusante do parque municipal no in cio dos anos 1980 Baptista et al 1998 p 43 A partir dos anos 1950 a popula o passou a crescer em ritmo acelerado passando de 352 000 para 1 250 000 habitantes em 1970 Borsagli 2011 p 10 Esses c rregos tornaram se ent o redes de esgotos pois os emiss rios existentes n o suportavam o volume de contribui es Al m disso seus leitos estavam assoreados pela crescente deposi o de lixo dom stico e sedimentos Decidiu se ent o pelo fechamento dos cursos d gua como medida de combate simult neo ao mau cheiro e s inunda es frequentes ao longo do percurso dos dois c rregos Tamb m se esperava amenizar o problema do tr fego de ve culos na regi o central pela cess o do espa o dos c rregos s vias veiculares cuja amplia o
120. valia gerada pelo capital se transforma em mais capital que produzir mais valia etc sem que admitamos uma acumula o primitiva anterior acumula o capitalista que n o decorre do modo capitalista de produ o mas seu ponto de partida Marx 1974 1894 p 828 O segredo da acumula o primitiva ser desvendado pela explicita o do importante papel desempenhado na hist ria pela viol ncia atrav s da conquista da escravid o da rapina e do assassinato no processo de dissocia o do trabalhador dos seus meios de produ o e de reprodu o dessa dissocia o em escala cada vez maior Em s ntese da decomposi o da estrutura econ mica da sociedade feudal foram liberados os elementos necess rios forma o da estrutura econ mica da sociedade capitalista Para Marx a acumula o primitiva est para a economia pol tica assim como o pecado original est para a teologia a lenda teol gica conta nos que o homem foi condenado a comer o p o com o suor de seu rosto Mas a lenda econ mica explica nos o motivo por que existem pessoas que escapam a este mandamento divino Marx 1971 1867 p 829 Segundo a historiografia burguesa contrapunham se de um lado uma elite laboriosa inteligente e sobretudo econ mica e de outro uma popula o constitu da de vadios trapalh es que gastavam mais do que tinham De um lado a elite acumulando riquezas e de outro uma po
121. vel em http www arq ufmg br praxis textos morado_silva UK paf Acesso em 07 de janeiro de 2011 MORETTI Ricardo de Sousa Terrenos de fundo de vale conflitos e propostas Revista Techn n 48 mar o S o Paulo Pini 2001 Dispon vel em www revistatechne com br engenharia civil 48 imprime32332 asp Acesso em 10 de setembro de 2010 MOVIMENTOS POPULARES BH Programa Vila Viva ou Vila Morta 2008 Dispon vel em http www midiaindependente org pt blue 2008 10 429697 shtml Acesso em 23 de abril de 2009 NASCIMENTO Tamiris Participa o institucionalizada e resist ncia popular na interven o em favelas o caso Vila Antena Belo Horizonte N cleo de P s Gradua o em Arquitetura e Urbanismo da UFMG 2011 Disserta o mestrado NERI Marcelo Cort s Org Nova classe m dia o lado brilhante dos pobres Rio de Janeiro FGVICPS 2010 NEGR O DE LIMA Otac lio Relat rio de Prefeitos 1936 http www pbh gov br arquivopublico relatoriosdosprefeitos 1936 Octacilio Negrao de Lima pdf NOBRE Eduardo Alberto Cusce A Atua o do Poder P blico na Constru o da Cidade de S o Paulo a Influ ncia do Rodoviarismo no Urbanismo Paulistano 2012 Dispon vel em http www usp br fau docentes depprojeto e_nobre rodoviarismo_sp pdf Acesso em 02 de julho de 2011 NOTAS Taquigr ficas Ger ncia Geral de Taquigrafia e Publica o 10 Reuni o Extraordin ria da Comiss o de Direitos Humanos da 3 Sess o Legislativa Or
122. viva html Acesso em 10 de outubro de 2011 COMPANS Rose A cidade contra a favela a nova amea a ambiental Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais v 9 n 1 2007 COSTA Helo sa Soares de Moura Habita o e produ o do espa o em Belo Horizonte In Belo Horizonte espa os e tempos em construc o Coord por Roberto Lu s de Melo Monte M r Belo Horizonte CEDEPLAR PBH 1994 COSTA Heloisa 2006 Mercado imobili rio estado e natureza na produ o do espa o metropolitano In COSTA Heloisa et al org Novas periferias metropolitanas Belo Horizonte Editora C Arte p 101 125 DEBORD Guy Perspectivas da transforma o consciente da vida quotidiana 1961 Dispon vel em http antivalor atspace com is transforma htm Acesso em 13 de agosto de 2011 DEFENSORIA P BLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS COORDENADORIA DE INTEGRA O DOS N CLEOS ESPECIALIZADOS Relat rio de encerramento Procedimento Administrativo de Instru o PADI n 01 09 PBH Programa Vila Viva Morro das Pedras Belo Horizonte 2009 Defensor P blico Marcelo Ribeiro Nicoliello Madesp n 225 Departamento de Habita o Popular Levantamento da popula o favelada de Belo Horizonte dados preliminares Departamento de Habita o Popular da Secretaria de Estado do Trabalho e Cultura Popular de Minas Gerais 1966 DUARTE Maria Am lia Bracks Pelo direito cidade In Jornal Estado de Minas Caderno Opini o S bado 21 de maio de
123. www pbh gov br arquivopublico relatoriosdosprefeitos 1919 Affonso Vaz de Mello paf Acesso em 05 de outubro de 2012 90 morais e de boa conduta e os instrumentos que regulamentavam a cess o gratuita de lotes a Lei n 33 de 11 de fevereiro de 1909 e Decreto n 2 486 de 30 de mar o de mesmo ano Quanto ao instituto jur dico do aforamento ou enfiteuse n o poderiam ser expedidos por falta de condi es previstas em lei Mello 1918 p 14 Conforme esclarece Lima 2009 o aforamento ou enfiteuse previsto no C digo Civil Brasileiro de 1916 s foi institu do em Belo Horizonte pela Lei Municipal 335 de 04 de abril de 1928 Lima 2009 p 56 tendo beneficiado coletivamente apenas os moradores removidos de outras reas e transferidos para a Vila Conc rdia A preocupa o explicitada pelo prefeito Vaz de Mello bem como a cria o de vilas prolet rias como solu o para a fixa o das classes trabalhadoras s o recorrentes nos relat rios dos prefeitos L se no Relat rio da Sec o de Tombamento integrante do relat rio do prefeito Fl vio Fernandes dos Santos 1922 A prefeitura tem se sentido impotente para impedir que seus terrenos de v rios pontos da cidade sejam occupados por caf as e barrac es constru dos clandestinamente pela pobreza da cidade Torna se pois indispens vel a crea o de Villas Proletarias onde ser o definitivamente localisados esses occupantes atuaes de lotes dos quaes muitos os
124. 010 72 Esses relatos est o formalmente registrados em arquivos de v deos sem transcri es ou em relat rios de trabalhos de campo no Morro das Pedras Vila Acaba Mundo e Aglomerado da Serra decorrentes de projetos de pesquisa e extens o ou de disciplinas curriculares dos cursos de Arquitetura e Urbanismo da PUCMinas e da UFMG Embora se constituam em fontes de acesso e circula o restrita porque n o publicadas optei por utiliz las sempre que o conte do citado envolver relatos corriqueiros de dom nio coletivo para cita es literais ou conte dos controversos as fontes ser o devidamente indicadas 112 hospitais cemit rios mineradoras clubes de veraneio etc caminhos de liga o entre n cleos favelados mais antigos ou entre esses e a cidade formal Soma se a essa determina o por percursos e caminhos a condi o primordial do acesso gua A instala o e a perman ncia de um assentamento s o invariavelmente condicionadas pela exist ncia de um curso d gua n o polu do de um terreno prop cio abertura de cisternas pela possibilidade de adu o de gua a curtas dist ncias a coleta em vazamentos ou liga es clandestinas em redes p blicas ou particulares fornecimento por caminh es pipa chafarizes coletivos do tipo concess es prec rias para coleta transporte manual e armazenagem dom stica de gua ou pelo abastecimento coletivo ou individual pela concession ria de servi os p blicos
125. 03 p 202 Ainda que tenham sido constru das predominantemente como valores de uso as moradias nas favelas configuram um mercado din mico explorado por diversos pesquisadores referenciados na bibliografia como Licia Valladares Luiz C sar de Queiroz Ribeiro Pedro Abramo Suzana Taschner Pasternak e Laura Bueno Tamb m em Belo Horizonte estudos coordenados por Berenice Guimar es 2000 no per odo de 1991 a 1998 demonstram o dinamismo desse mercado imobili rio para as favelas nas quais 54 3 das casas pr prias foram adquiridas e n o autoconstru das o que revela um alto ndice de repasse de casas 5 Apontam tamb m a tend ncia de expans o das favelas dentro de seus pr prios limites pela verticaliza o das edifica es com 30 de casas com mais de um pavimento e a exist ncia de duas ou mais constru es em um mesmo terreno 33 al m de 55 Estudos envolvendo nove regi es administrativas desenvolvidos pelo Centro de Estudos Urbanos da Universidade Federal de Minas Gerais CEURB UFMG e pela Escola de Governo da Funda o Jo o Pinheiro Guimar es 2000 p 351 352 83 domic lios multifamiliares ou seja que s o habitados por mais de uma fam lia 11 5 Guimar es 2000 p 360 3 3 Din mica das favelas mobilidade residencial e mobilidade social Uma an lise superficial pode induzir suposi o de que a busca por uma moradia na favela decorre de oportunidades financeiras mais favor vei
126. 1867 p 211 Distingue se portanto dos dois p los de compara o na cidade formal e na favela urbanizada o sujeito que transforma a mat ria a natureza n o o mesmo que ser afetado pela mat ria natureza transformada No af de prover essas reas das t o propaladas condi es dignas de moradia t cnicos muitas vezes bem intencionados projetam sobre elas sua pr pria condi o de aliena o transformando por meio de ordens de servi o 1 o espa o segundo suas cren as preconceitos e valores socioculturais Em suma projetam sobre o espa o sua pr pria condi o de classe social Nessa representa o n o h brechas para a percep o de eventuais atributos ambientais pol ticos econ micos simb licos culturais etc eventualmente remanescentes de pr ticas sociais n o totalit rias ou de rela es menos agressivas e mesmo mais harmoniosas com a natureza indispens veis transcend ncia da aliena o Sem d vida essa postura t cnica adv m de uma forma o social e acad mica que confortavelmente desconsidera a g nese hist rica dos 17 Para usar a denomina o que S rgio Ferro emprega aos projetos de arquitetura e documentos t cnicos em geral que comandam a produ o heter noma na Ind stria da Constru o Civil 1976 1982 p 69 processos econ micos mecanismo esse muito eficiente de naturalizac o e perpetuac o de rela es sociais injustas Por outro lado revela a compartimenta o
127. 2001 p 205 Considero pois que sem desconsiderar os desvios decorrentes do enrijecimento institucional dos programas autogestion rios no Brasil as experi ncias consumadas na produ o habitacional cumpriram o importante papel de evidenciar o inequ voco divisor de guas entre processos participativos ou pseudo participativos claramente definido pela participa o ou n o na gest o dos recursos financeiros Ainda que a atribui o formal de gest o dos recursos financeiros n o seja condi o suficiente para assegurar a participa o efetiva dos benefici rios em um processo de produ o instaurar a gest o dos recursos financeiros em uma esfera ex gena aos diretamente envolvidos seguramente condi o suficiente para anular as possibilidades qualitativas de que a participa o se efetive entendimento esse condensado pela Tese 5 acima transcrita Retomemos agora a abordagem sobre as formas de produ o da casa e do espa o urbano pela ral brasileira Como vimos a solu o qualificada por Francisco de Oliveira 2003 1972 como atrasada ainda hoje responde pela quase totalidade da demanda habitacional das camadas populares Cabe 154 A modalidade Minha Casa Minha Vida Entidades PMCMV E foi institu da pela Resolu o N 183 de 10 de novembro de 2011 pelo Conselho Curador do Fundo de Desenvolvimento Social 205 portanto registrar aqui aspectos da pol mica em torno da autoprodu o habitacional inicia
128. 7 Na autogest o os recursos financeiros s o destinados s familias organizadas em associac es Intervenc o p blica e assist ncia t cnica est o presentes e ao menos na maioria das experi ncias concretas acabam dominando o processo tornando o heter nomo Kapp et al 2009 p 242 243 grifo meu Subjaz a essa interpreta o como explicitado no destaque a constata o bastante pertinente a meu ver de que os processos autogestion rios para a produ o habitacional institu dos no Brasil a partir dos anos 1980 1990 tiveram suas estruturas operacionais progressivamente enrijecidas a ponto de anular a participa o efetiva das fam lias benefici rias na gest o dos recursos e tomadas de decis o do empreendimento que deveriam autogerir A especializa o burocr tica alcan ada tem sua melhor express o no extinto Programa de Cr dito Solid rio no qual se multiplicaram as inst ncias de poder do Estado que reservaram a si e n o aos supostos autogestores as decis es de quanto poder a ser transferido quando e como transferi lo Contudo deixo aqui registrado um aspecto a ser retomado quando discutirmos a tr ade participa o popular autogest o e autonomia Marcelo Lopes de Souza considera que o fato de enquadrar se a autogest o nas formas de gest o heter noma n o elimina a possibilidade de experi ncias autogestion rias marginais terem lugar menos ou mais efemeramente e com menor ou maior impacto pol tico pe
129. 92 p 48 Aqui Engels nos fornece a chave para a compreens o dos efeitos das luzes sobre a sociedade de sua poca Sabemos hoje que este reino da raz o n o era mais que o reino idealizado pela burguesia que a justi a eterna tomou corpo na justi a burguesa que a igualdade se reduziu igualdade burguesa em face da lei que se proclamou como um dos direitos fundamentais do homem a propriedade burguesa e que o Estado da raz o n o veio ao mundo nem poderia vir sen o sob a forma da Rep blica democr tica burguesa Engels 1974 1892 p 48 Meio s culo depois escrita num momento hist rico no qual o combate ao fascismo poderia justificadamente angariar todas as aten es da cr tica social a Dial tica n o se subordinou a isso Centrou seu foco na desumaniza o no processo de degrada o do homem pelo pr prio homem desencadeado dialeticamente pela redu o da natureza a mera objetividade Adorno Horkheimer 1985 1944 p 22 A ci ncia e a tecnologia como a representa o da raz o libertadora e do progresso social j foram colocadas em quest o em outros momentos hist ricos como na d cada de 1970 pelos movimentos de contracultura que conseguiram mobilizar uma forte desconfian a contra a l gica perversa de um sistema tecnol gico opressor Oliveira 2002 p 14 Entretanto ainda que a ci ncia tenha perdido aquela aura de pretensa neutralidade sob a argumenta o t cnico cient fica e
130. A DE MERCATOR Datum SAD 69 Zona 23 Sul gua em meio urbano Margarete Maria de Ara jo Silva 8 Fe g Tese de Doutorado Orientadora Ska Kan 13 favelas nas cabeceiras NPGAU UFMG 2013 MICROBACIAS E FAVELAS NA BACIA DO RIBEIR O ARRUDAS 2007 SOBRE MAPA CADASTRAL 2008 ESTEIO Engenharia de Aerolevantamentos S A Abrang ncia Bacia do Ribeir o Arrudas m cito Natural Vilas e Favelas i sa Canal Aberto la Canal Fechado o pa NTE URBEL DRENURBS PRODABEL Elaborado por Felipe Rodrigues Escala 1 50 000 0 05 0 05 1 15m PROJE O UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR Datum SAD 69 Zona 23 Sul ve ss AA DAA LAA LILA FT PRETAS LT ur a ve O id f diodo do diodo do et O o eee it o e AnS o lili o cio tt do a dot co co mec to cito Mc MO mito eo o cio a o to Mi io em m ii dp a Me cc ce e o cao AS BACIAS HIDROGR FICAS Betim Sub urbana sa Sabar gua em meio urbano Tese de Doutorado Margarete Maria de Ara jo Silva 09 f b Orientadora Silke Kapp 1 3 avelas nas Cabecelras NPGAU UFMG 2013 a a Le E De gt Qe E b p o gt MICROBACIAS E FAVELAS NA BACIA DO RIBEIR O ARRUDAS 2007 SOBRE MAPA CADASTRAL 2008 ESTEIO Engenharia de Aerolevantamentos S A Abrang ncia Area delimitada para Nova Capital 4 4 BACIAS HIDROGR FICAS TX Vilas e Favelas Limite
131. AROEIRA Ricardo de Medeiros Recupera o ambiental de bacias hidrogr ficas Belo Horizonte Brasil In MACHADO Ant nio Gonzaga da Matta PROJETO MANUELZAO Revitaliza o de rios no mundo Am rica Europa e Asia Belo Horizonte Instituto Guaicuy SOS Rio das Velhas 2010 ARRAIS Cristiano Alencar Belo Horizonte La Plata Brasileira entre a pol tica e o urbanismo moderno In Revista UFG Ano XI n 6 Goi s Junho 2009 BACON Francis 1620 Novum Organum ou Verdadeiras Indica es acerca da Interpreta o da Natureza S o Paulo Nova Cultural 2005 Cole o Os Pensadores BAPTISTA M B NASCIMENTO N O RAMOS M H CHAMPS J R B Aspectos da evolu o da urbaniza o e dos problemas de inunda o em Belo Horizonte In Braga B Tucci C Tozzi M Org Drenagem urbana gerenciamento simula o controle Porto Alegre RS ABRH e Editora da Universidade 1998 v p 39 50 230 BARRETO Ab lio Bello Horizonte mem ria hist rica e descriptiva Belo Horizonte Imprensa Oficial 1928 Tomo Primeiro BELO HORIZONTE PREFEITURA MUNICIPAL PROGRAMAS E PROJETOS SANEAMENTO DRENURBS 2001 Programa de despolui o ambiental ir beneficiar milhares de fam lias Dispon vel em http portalpbh pbh gov br pbh ecp comunidade do evento portlet amp pldPlc ecp TaxonomiaMenuPortal amp app programaseproj etos amp tax 120658lang pt BR amp pg 60808taxp 0 amp Acesso em 13 de setembro de 2011 BELO HORIZONT
132. AU UFMG 2013 Y MICROBACIAS E FAVELAS NA BACIA DO RIBEIR O ARRUDAS 2007 SOBRE MAPA CADASTRAL 1989 Aerodata S A Engenharia de Aerolevantamentos Abrang ncia Bacia do Ribeir o Arrudas Vilas e Favelas mm Limite Microbacias E ona Brana ld Cursos D gua Marcos j Nova Capital FONTE URBEL DRENURBS PRODABEL Elaborado por Felipe Rodrigues Escala 1 50 000 0 05 0 05 1 15m PROJE O UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR Datum SAD 69 Zona 23 Sul ll a dm io Do mio cet o Dome eis det Alto dio ie tm Meet e meto Do meio eim im o e do o meio mito lil Lo mo Limit Mato do eo Do do atom meio ie teem eim Mp io Do Le Lot CAI DAS DA A A A A A TVS A E E RR E E Ice su BACIAS HIDROGR FICAS gua em meio urbano Tese de Doutorado Margarete Maria de Ara jo Siva PA Orientadora Silke Kal favelas nas cabeceiras NPGAU UFMG 2015 ERE y MICROBACIAS E FAVELAS NA BACIA DO RIBEIR O P ARRUDAS 2007 SOBRE MAPA CADASTRAL 1989 Aerodata S A Engenharia de Aerolevantamentos Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital poe i 0 BACIAS HIDROGR FICAS Vilas e Favelas mm Limite Microbacias i Poligonal d a Nova Capital Sub urbana ea m Cursos D gua Marcos 4 O Nova Capital F A FON DEBE DRENURBS PRODABEL Elaborado por i Felipe Rodrigues f Escala 1 25 000 0 0 25 0 0 25 0 5 0 75m PROJE O UNIVERSAL TRANSVERS
133. CO QUENTE 1941 CABANA PAI TOMAZ BOA VISTA IN SRA APARECIDA IN S DO ROS RIO 1944 POMBAL 1942 MARMITEIROS 1940 VILA NOSSA SENHORA DO ROS RIO Na d cada de 1940 o propriet rio da rea a dividiu em lotes e os vendeu Em parte do bairro havia uma pedreira conhecida como Pedreira da Pomp ia Em 1956 e 1957 a rea foi e ocupada por pessoas vindas de outras regi es e cidades N o havia saneamento b sico at o Or amento Participativo BOA VISTA A ocupa o da Vila Boa Vista tamb m conhecida como Parque Horto come ou por volta de 1940 O saneamento da rea ocorreu por obras da URBEL por meio do Or amento Participativo Tamb m existiam algumas reas de risco de deslizamento V rias fam lias foram retiradas e reassentadas no Conjunto Habitacional Mariano de Abreu mas a rea voltou a ser ocupada PERU ALTO VERA CRUZ Em 1950 com o fim da minera o do local a rea come ou a ser ocupada Em 60 intensificou a ocupa o no local por oper rios principalmente da constru o civil Existiam dois c rregos que at 1958 eram utilizados para abastecimento e lazer dos moradores Em 50 chega a gua canalizada para alguns moradores CEMIG Seu nome devido a substa o CEMIG pr xima a rea que pertencia fazenda Bom Sucesso As primeiras ocupa es ocorreram no in cio dos anos 50 Conflitos entre policiais e comunidade existiram at 72 quando
134. E URBEL Vila Viva uma hist ria de transforma o Dispon vel em http fr pbh gov br g pt br content vila viva uma hist C3 B3ria de transforma C3 A7 C3 A30 Acesso em 09 de setembro de 2011 BELO HORIZONTE URBEL Vila Viva Integra o das vilas cidade Dispon vel em http portalpbh pbh gov br pbh ecp comunidade do evento portlet amp pldPlc ecpTaxonomiaMenuPortal amp app urbel amp tax 8178 amp lang pt br amp pg 55808taxp 0 amp Acesso em 09 de setembro de 2011 BELO HORIZONTE SUDECAP Canaliza o do Ribeir o Arrudas indica o de obras m nimas necess rias Junho de 1982 Mimeo Beiguelman Paula Problemas hidrol gicos da Grande S o Paulo Cienc Cult vol 56 no 3 S o Paulo July Sept 2004 Dispon vel em http cienciaecultura bvs br scielo php pid s0009 67252004000300002 amp script sci arttext Acesso em 04 de setembro de 2011 BH Programa Vila Viva ou Vila Morta 2008 Dispon vel em http www midiaindependente org pt red 2008 10 429697 shtml Acesso em 20 de janeiro de 2009 BONDUKI Nabil Autoconstru o e habita o mem ria e reflex es sobre a contribui o de Chico de Oliveira In Francisco de Oliveira a tarefa da cr tica Cibele Saliba Rizek e Wagner de Melo Rom o Organizadores Belo Horizonte Editora UFMG 2006 BONDUKI Nabil ROLNIK Raquel 1979 Periferias ocupa o do espa o e reprodu o da for a de trabalho In A produ o capitalista da casa e da cidade no Brasil I
135. EIT O n ALTO ESTA O 02 ain 4 t Ed e 4 PA pa me IA BACIAS HIDROGR FICAS Belo Horizonte Bacia do Isidoro Bacia do Piteiras Bacia do Arrudas FAVELAS DE BELO HORIZONTE Bacia do Arrudas 2007 Favelas de Teulieres Curso D gua em leito natural Canal Revestido aberto Canal Revestido fechado Rede Tubular FONTE URBEL 2007 Teuli res 1957 Maravilha II III Para OND TT T lot pa a Vargas Lona 1 do E P o O WO N 5 9 Da Conj Jatob Indeperfd ncia Iv uma R lso As a Vera Cruz 1 Uni o C nego C nego smen r A iq MARMITRIROS Pi elo Pinheiro A Y A o Calafate UNIVERSIDAD gt que i 2 Oeste Nova Gameleira e Maravilha Vila Tereza Cristina as LG Cabana Pai 7 e P Camponesa S o ai e z Dad Camponesa S Y r il Rock in Rio a Pa Camponesa III onj Matjano PE E em Pai de Abreu NS o RN Prados qe gt FAZ QUEM amp es 1 i x e Pd Lopes Mur Esplanada y Caktano Furquim Pote BURACO r H X Senhor QUENTE 2 C gt AE A N Sra d Vila Passos e LOPES Jo o Alfredo EA Sra do da rea r di N N P Ros rio d A o A x ato Peru e a J Pd E URUBUS i e Lorena S o Vicente S o Rafael Buraco Quente II ak Marmiteiros A z Tom s Guaral g N Om DA LEN
136. Livro 1 Vol Il Rio de Janeiro Editora Civiliza o Brasileira 1971 MARX Karl 1894 O Capital Livro 3 Vol VI Rio de Janeiro Editora Civiliza o Brasileira 1974 MATTOS Virg lio de A quem interessa aprisionar os pobres e miser veis In Revista Bandung V1 Ed Estr ia Belo Horizonte set 2011 pp 95 105 MAZZONI Gui Tarc sio MAZZONI Marcos de Carvalho Favelas Belo Horizonte Servi o Gr fico da Escola de Arquitetura da Universidade de Minas Gerais 1961 MELO Izabel Dias de Oliveira O espa o da pol tica e as pol ticas do espa o Tens es entre o programa de urbaniza o de favelas Vila Viva e as pr ticas cotidianas no Aglomerado da Serra em Belo Horizonte Belo Horizonte Instituto de Geoci ncias UFMG 2009 Disserta o mestrado MELLO Afonso Vaz de Relat rio dos Prefeitos 1918 Dispon vel em http www pbh gov br arquivopublico relatoriosdosprefeitos 1919 Affonso Vaz de Mello pdf MELLO Fl via Caldeira Gest o Urbana como processo integrado o alcance sanit rio da urbaniza o em Belo Horizonte Programa de P s Gradua o em Geografia UFMG 2005 Disserta o mestrado MESZ ROS Istv n 1970 A teoria da aliena o em Marx S o Paulo Boitempo 2006 MILAGRE Ligia Entre o quintal e o parque Possibilidades de produ o do espa o p blico cotidiano Belo Horizonte N cleo de P s Gradua o em Arquitetura e Urbanismo UFMG 2011 Disserta o mestrado 237 MINIST
137. MG a disserta o de mestrado na mesma institui o intitulada O espa o da pol tica e as pol ticas do espa o Tens es entre o programa de urbaniza o de favelas Vila Viva e as pr ticas cotidianas no Aglomerado da Serra em Belo Horizonte de Izabel Dias de Oliveira Melo 2009 a disserta o Participa o institucionalizada e resist ncia popular na interven o em favelas o caso Vila Antena de Tamiris Joana do Nascimento 2011 apresentada ao N cleo de P s Gradua o em Arquitetura e Urbanismo da UFMG e a disserta o de mestrado apresentada por Floriscena Estevam Carneiro da Silva 2011 ao Programa de P s gradua o em Educa o da UEMG intitulada Construindo muros e derrubando barreiras a des constru o das representa es do g nero feminino no trabalho das oper rias do Programa Vila Viva Esse guarda a condi o singular de uma trabalho acad mico que tamb m explicita a vis o dos moradores afetados pelas interven es corporificados na autora que reside no Aglomerado da Serra h 35 anos Alem disso tive oportunidade de acompanhamento continuado nessas duas reas mediante trabalhos de campo e entrevistas popula o e acesso a parte da documenta o t cnica que orientou as obras A convite da Defensoria P blica do Estado de Minas Gerais tamb m participei de vistorias t cnicas em ambas as reas Eis porque ap s uma vis o geral dos processos de defini o e execu o de obras em Belo Hor
138. Margarete Maria de Ara jo Silva gua em meio urbano favelas nas cabeceiras Belo Horizonte 2013 Margarete Maria de Ara jo Silva gua em meio urbano favelas nas cabeceiras Belo Horizonte 2013 Margarete Maria de Ara jo Silva gua em meio urbano favelas nas cabeceiras Tese apresentada ao Programa de P s gradua o em Arquitetura e Urbanismo NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial obten o do t tulo de Doutora em Arquitetura e Urbanismo rea de Concentra o Teoria Produ o e Experi ncia do Espa o Orientadora Profe Dra Silke Kapp Belo Horizonte 2013 FICHA CATALOGR FICA S586a Silva Margarete Maria de Ara jo Agua em meio urbano favelas nas cabeceiras manuscrito Margarete Maria de Ara jo Silva 2013 270f il Orientadora Silke Kapp Tese doutorado Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura 1 Favelas Urbaniza o 2 Espa o urbano 3 Arqueologia ambiental 4 Bacias hidrogr ficas Pesquisa Minas Gerais 5 Estratificac o social Kapp Silke Il Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura III T tulo CDD 363 7 FOLHA DE APROVA O ral brasileira minha m e minha filha Norminha em mem ria AGRADECIMENTOS Sei que praxe iniciar os agradecimentos ao final de uma tese pelo orientador Sei tamb m que alguns agradecimentos s o
139. Municipal de Pol ticas Urbanas s d s n Essa nova concep o n o considera como veremos a hip tese de manuten o dos c rregos revitalizados na vida cotidiana da cidade que como prop e Henri Lefebvre o que subsiste quando se subtrai do vivido todas as atividades especializadas Debord 1961 4 As popula es assentadas na rea de influ ncia do projeto s o removidas e as reas subtra das vida cotidiana para integrarem agora como parques espa os especializados da cidade Melhoria da qualidade de vida da popula o e transforma o radical de favelas al m do significativo aporte de recursos p blicos para sua consecu o s o aspectos recorrentes desses dois programas e orientaram a presente investiga o basicamente sob duas vertentes 4 Guy Debord faz a refer ncia a Lefebvre em exposi o apresentada em 17 de maio de 1961 em fita magn tica ao Grupo de Investiga es sobre a vida quotidiana reunido por H Lefebvre no Centre d tudes sociologiques del C N R S Debord 1961 5 Segundo dados da Prefeitura de Belo Horizonte PBH URBEL 2011 para o Vila Viva o montante de recursos de R 1 15 bilh es obtido junto ao PAC Programa de Acelera o do Crescimento do governo federal e por meio de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social BNDES e Caixa Econ mica Federal destinados a obras nos aglomerados da Serra Morro das Pedras e Santa L cia das vilas Ca
140. Municipal de Regulariza o de Favelas PROFAVELA criado em janeiro de 1983 marca a progressiva substitui o do papel assumido pelo Estado at ent o pelo Munic pio na condu o da pol tica habitacional Trataremos de analisar seus efeitos sobre a produ o social das favelas no item 4 3 dado sua intr nseca rela o com a regulariza o fundi ria desses assentamentos 124 Somando se pois os processos de autoproduc o de moradias e espacos p blicos com as interven es espor dicas do Estado nos programas acima delineados temos a situa o da cl ssica favela consolidada isto o est gio mais avan ado do espa o produzido pela ral Caracteriza o espa o produzido pelos destitu dos o uso indistinto para as diversas fun es de trabalho moradia lazer transporte produ o e consumo sendo a moradia valor de uso preponderante na conforma o espacial do assentamento na medida em que se antecipa pela urg ncia aos demais usos H nas favelas uma mistura funcional que produz uma paisagem homog nea mas conformada na escala micro por espa os heterog neos Ou seja a favela observada dist ncia deixa transparecer uma homogeneidade decorrente especialmente de um padr o construtivo mat rias e t cnicas empregados indistintamente aplicado s moradias com rcio ou servi os que como vimos podem coexistir em uma mesma edifica o Tamb m contribui decisivamente para a forma o de
141. O termo infraestrutura designa o sistema geol gico aquilo que ao menos teoricamente existe antes de qualquer a o humana J o conjunto de sistemas que proporcionam as condi es de funcionamento da cidade ser denominado mesoestrutura Este termo refere se portanto quilo que usualmente chamado de infraestrutura urbana abrangendo os sistemas de suprimento e de esgotamento o sistema de circula o e acessos escoamento pluvial e conten es ou seja os sistemas que proporcionam a interface do edif cio e o ambiente Superestrutura por sua vez s o as edifica es em geral As condi es de absor o e atenua o de impactos ambientais ser o portanto determinadas pela conjun o entre infraestrutura e mesoestrutura Para o cumprimento de suas fun es a mesoestrutura deve adaptar se s necessidades e ao porte da superestrutura e tamb m s condi es de suporte da infraestrutura Do resultado dessa intera o harm nica ou n o depende o desempenho dos assentamentos humanos Podemos considerar que em tese a primeira ocupa o humana de uma por o de terra virgem equivale intera o entre ambiente geol gico e a o humana que resultar num 110 ambiente tecnog nico de primeiro n vel ou ambiente tecnog nico 1 Qualquer a o subsequente se faz j sobre esse ambiente tecnog nico 1 e n o sobre o ambiente geol gico virgem tendo por resultado um ambiente tecnog nico 2 e assim suce
142. Para as cita es de Lefebvre referentes a La production de l espace foi utilizada a tradu o n o publicada do Grupo de Estudos As im possibilidades do urbano na metr pole contempor nea do N cleo de Geografia Urbana da UFMG A refer ncia p gina da cita o foi extra da da publica o original Lefebvre Henri La production de l espace 4e dition Paris Anthropos 2000 104 motor da a o Se alcan aram algum n vel de organiza o social e pol tica foi apenas o suficiente para se instalarem e n o serem expulsos das reas ocupadas n o se configurando portanto ac es deliberadas no sentido de desafiar ou mesmo de propor alternativas ao status quo da cidade formal Esse car ter deliberado de reac o pode ser em alguma medida identificado em ocupa es urbanas mais recentes em Belo Horizonte chegando mesmo a proposi es constru das coletivamente para o parcelamento uso e ocupa o do solo Em ambos os casos na favela ou na ocupa o organizada o que se evidencia que o ambiente tecnog nico gerado sem constrangimentos legais c digos de conduta ou observ ncia de normas e determina es ex genas em muitos aspectos e n o apenas na precariedade mais evidente se distingue daquele gerado na cidade formal isto gerado sob regras de alcance mais geral que regulamentam a es individuais de apropria o do espa o que a princ pio dispensam o compartilhamento de decis es e a
143. RIO P blico Federal Procuradoria da Rep blica em Minas Gerais Ata de Audi ncia P blica 26 de maio de 2011 Dispon vel em http portalpbh pbh gov br pbh ecp comunidade do evento portlet amp p IdPlc ecp TaxonomiaMenuPortal amp app urbel amp tax 8178 amp lang pt BR amp pg 55808taxp 08idConteudo 46930 amp chPlc 46930 Acesso em 14 de junho de 2011 MONTE M R Roberto L M 1994 Urbaniza o extensiva e l gicas de povoamento um olhar ambiental In SANTOS Milton SOUZA Maria Ad lia SILVEIRA Maria Laura org Territ rio globaliza o e fragmenta o S o Paulo Hucitec ANPUR p 169 181 MONTE M R Roberto Lu s de Melo Belo Horizonte A cidade planejada e a metr pole em constru o In Belo Horizonte espa os e tempos em constru o Coord por Roberto Lu s de Melo Monte M r Belo Horizonte CEDEPLAR PBH 1994 MONTE M R Roberto Luiz de Melo O cotidiano e a produ o do espa o In II Col quio Pesquisas em Habita o 2006 Belo Horizonte Transcri o de Felipe Gontijo e revis o de Silke Kapp Dispon vel em http www mom ara ufmg br 02_eventos coloquio2006 palestras monte mor htm Acesso em 07 de mar o de 2010 MORADO NASCIMENTO Denise SILVA Margarete Maria de Araujo The organization of space and its social environmental and informational specificities In CIB World Congress 2010 Building a better future 2010 Salford CIB World Congress 2010 Building a better future 2010 p 1 12 Dispon
144. RODECOM reativado atuando em favelas atrav s de conv nios com entidades internacionais Criado o PROFAVELA e a URBEL para sua implementa o O PROFAVELA regulamentado pela Lei n 3 995 In cio do Programa de Erradica o de reas de Risco PEAR da URBEL a ocupa o mais recente no Aglomerado da Serra data de 1990 Sofreu forte repress o policial Mas com o apoio da Federa o das Associa es de Vilas e Favelas de BH conseguiu se instalar no local Em l O oc E o o O oO O co o OO OQ S o Oo oso Oo O O S O oso q N N N AN EE OOo O ES N 0 qo Dn q un gt 382 3 o 5 l IS 5 MARIANO DE ABREU Z lt E 2 DID O a e SS ID lt Ig Dio o Sua ocupa o teve in cio em 1987 com a o P A es 182 3 2 o S lols constru o de um conjunto habitacional e 5 a a ve s a 5 S e Silo Vieram fam lias de v rios bairros 3 2 E E 3 E 2 2 provenientes de reas com risco geol gico lt 0313 3 A S is fee Em 19888 89 ocorreu uma grande 25 f 8 5 2 sls enchente na rea 25 IN T lelS Em 2005 foram realizadas pela URBEL 5 o 2 T o zg obras para conter o risco de desabamento SIN a P sz do conjunto Fam lias foram removidas e e2 ls a 2 gt A a 55 3 e 8 nas reas desocupadas foram instalados o e fal 5 e 12 3 a equipamentos de lazer gt o z S O ori 2 E m O 2 NOVO SAO LUCAS
145. Revista Eletr nica e metropolis n 09 junho de 2012 Dispon vel em www emetropolis net Acesso em 30 de junho de 2012 KURZ Robert At ltima gota Jornal Folha de S o Paulo Caderno Mais 24 de agosto de 1997 Dispon vel em www nossacasa net dire texto asp texto 70am Acesso em 23 de dezembro de 2009 LANDRE Yara MONTE M R Roberto Lu s de Melo Metropoliza o meio ambiente e qualidade de vida In Belo Horizonte espa os e tempos em construg o Coord Por Roberto Lu s de Melo Monte M r Belo Horizonte CEDEPLAR PBH 1994 LE VEN Michel Classes sociais e poder pol tico na forma o espacial de Belo Horizonte Belo Horizonte 1977 LEFEBVRE Henri 1975 A Cidade do Capital Rio de Janeiro DP amp A 2001 LEFEBVRE Henri 1970 A Revolu o Urbana Belo Horizonte Ed UFMG 2008 LEFEBVRE Henri 1972 Espa o e Pol tica Belo Horizonte Editora da UFMG 2008 LEFEBVRE Henri 1974 La production de l espace Paris Anthropos 2000 LEFF E Ecologia y capital racionalidad ambiental democracia participativa y desarrollo sustentable Mexico Siglo Veintiuno Editores 1994 LEFF E La Ecologia Pol tica en Am rica Latina Un campo en construcci n Mimeo 2003 LEFF E Racionalidad Ambiental La reapropiaci n social de la naturaleza Buenos Aires Siglo XXI editores 2004 LEFF E Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder M xico Siglo Veintiuno Editores 1998 236
146. a aquela destinada produ o de trigo abrangendo tamb m as guas e demais recursos naturais embora refer ncias a propriedades de outros tipos como aquelas destinadas constru o ou explora o mineral pesca etc recebam refer ncias ocasionais e sejam tratadas em cap tulo espec fico conforme Cap tulo XLVI do Livro 3 Renda dos terrenos para constru o Renda das minas Pre o do solo Marx 1974 1894 p 887 896 4 A cita o foi extra da por Marx da Philosophie des Rechts de Hegel p gina 79 da edi o de 1840 59 O instituto da propriedade privada pela eliminac o dos entraves feudais n o passou na vis o de Engels da liberdade que pequenos burgueses e pequenos camponeses passaram a desfrutar para vender a sua pequena propriedade esmagada pela concorr ncia do grande capital e da grande propriedade latifundi ria aos mesmos ex senhores feudais mas igualmente poderosos Assim libertados de toda a propriedade pequenos burgueses e pequenos camponeses passam a vender livremente o que lhes resta sua for a de trabalho Engels 1974 1892 p 51 Para compreens o do valor econ mico da propriedade fundi ria em bases capitalistas Marx remete nos ao cap tulo XXIV do Livro 1 A chamada acumula o primitiva 1971 1867 pp 828 882 N o h como escapar ao aparente c rculo vicioso da acumula o de capital o dinheiro se transforma em capital o capital produz mais valia e a mais
147. a o Primitiva O prop sito de Marx contrapor a forma espec fica de propriedade fundi ria engendrada pelo modo de produ o capitalista s formas de propriedade anteriores ao capitalismo Em que e como se transformaram a antiga propriedade fundi ria feudal ou a pequena economia de subsist ncia Para o produtor direto a posse da terra constitu a se em condi o de produ o e a sua propriedade a condi o mais vantajosa No modo capitalista de produ o o trabalhador desapropriado das condi es de produ o o que corresponde na agricultura subtra o da propriedade ao trabalhador agr cola subordinando o a um capitalista que investe nesse setor buscando lucro Ao afirmar que a propriedade fundi ria sup e que certas pessoas t m o monop lio de dispor de determinadas por es do globo terrestre como esferas privativas de sua vontade particular com exclus o de todas as demais vontades Marx 1974 1894 p 707 est se contrapondo explicitamente a Hegel que via na propriedade privada um direito absoluto que tem o ser humano de apropriar se de todas as coisas Marx considera c mica esta argumenta o e questiona qual a magnitude desse direito Um pa s inteiro V rios pa ses N o h como se autoproclamar propriet rio apenas pela vontade individual sem se contrapor a vontades alheias que eventualmente queiram se apoderar daquela mesma por o do planeta 43 A propriedade fundi ria considerad
148. a 2009 p 55 Os lotes distribu dos aos cidad os ouro pretanos situavam se na zona urbana e dado o desinteresse desses propriet rios em ocup los e mesmo a descren a de que tivessem valor comercial permaneceram vazios e foram progressivamente ocupados por popula es pobres procedentes em sua quase totalidade de cidades mineiras incluindo elevado percentual de trabalhadores contribuintes da Previd ncia Social Departamento de Habita o Popular 1966 Desde ent o as favelas sempre integraram a cidade e embora ocupem pouco mais de 5 do munic pio abrigam aproximadamente 22 da popula o Caldas et al 2008 Numericamente colocado o percentual de 5 do territ rio pode parecer irrelevante no contexto da cidade No entanto sob a tica da inser o hidrogr fica as transforma es dessas reas repercutem em toda a bacia porque como ilustrado nos mapas apresentados no Ap ndice das ocupa es na bacia do ribeir o Arrudas grande parte se localiza em reas de cabeceiras ou seja montante das ocupa es formais N o s os efeitos dos eventos a ocorridos se transferem para jusante como tamb m e esse o aspecto mais relevante dessa tese poderiam se transferir como efeitos ben ficos contribuindo para o equil brio de todo o ecossistema urbano definido pela bacia hidrogr fica De 1894 a 1897 durante a constru o da cidade a popula o do arraial passou de 600 para 12 000 pessoas numa regi o onde
149. a 2012 p 33 Certamente n o s o aptid es ou esfor os individuais que definem o pertencimento de um sujeito a posi es de classes dominantes ou subordinadas como faz transparecer a ideologia do mundo moderno que constr i indiv duos fadados ao sucesso ou ao fracasso ou seja a meritocracia Jess Souza 2009 p 43 O primeiro passo descartar uma defini o de classes meramente econ mica como prop e Jess Souza 2009 N o a renda que define o pertencimento a uma classe como pensa o senso comum e as concep es cient ficas baseadas nos preconceitos do senso comum Ao contr rio a renda mero efeito de fatores n o econ micos ainda que condicionados por uma condi o socioecon mica particular aprendidos em tenra idade O que sempre escondido e nunca percebido nessa quest o o fato de que as classes sociais se produzem e se reproduzem antes de tudo afetivamente por heran a familiar Souza 2009 p 404 Afastamo nos pois de uma matriz meramente economicista para uma matriz muito semelhante de Pierre Bourdieu na qual um conjunto mais complexo de recursos capitais e disposi es incorporadas habitus se refor am e se mant m mutuamente sobretudo por meio de um contexto afetivo e disciplinar favor vel Assim se definem socialmente rela es de domina o ou subordina o mediante um conjunto de capitais de diferentes tipos econ mico cultural e social que sustentam um
150. a Serra em tr s tempos LISTA DE ABREVIATURAS DE SIGLAS AHI Associa o Habitacional de Ipatinga ASCA Associa o dos Sem Casa do Bairro Bet nia e Regi es de Belo Horizonte AVSI Associazione Volontari per il Servizio Internazionale BDMG Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais BH Belo Horizonte BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional para Reconstrug o e Desenvolvimento BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econ mico e Social CEF Caixa Econ mica Federal CEMIG Companhia Energ tica de Minas Gerais CHISBEL Coordenac o de Habitac o de Interesse Social de Belo Horizonte CMH Conselho Municipal de Habitac o COMAG Companhia Mineira de gua e Esgotos COMAM Conselho Municipal de Meio Ambiente COMFOR A Comiss o de Acompanhamento e Fiscaliza o do Or amento COMPUR Conselho Municipal de Pol tica Urbana Cont beis de Minas Gerais COMUSA Conselho Municipal de Saneamento COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais DBP Departamento de Bairros Populares DEMAE Departamento Municipal de guas e Esgoto DHP Departamento Municipal de Habita o e Bairros Populares DRENURBS Programa de Recupera o Ambiental e Saneamento de Fundos de Vale e dos C rregos em Leito Natural de Belo Horizonte ETE Esta o de Tratamento de Esgoto FERROBEL Ferro de Belo Horizonte S A FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Servi o FINEP Financiadora de Estudos
151. a administra o p blica e amplia o efetiva da participa o dos cidad os nas inst ncias de decis o Essa condi o me parece indispens vel ao estabelecimento de padr es mais elevados de justi a social e formula o de pol ticas p blicas altura da crise socioambiental instalada nas principais cidades brasileiras Contudo os processos ditos participativos v m sendo crescentemente reconhecidos como in cuos meras representa es para legitima o de decis es tomadas dist ncia e segundo interesses externos Marcelo Lopes de Souza18 n o deixa d vidas quanto sua posi o que partilho N o sei o que o leitor pensa disso mas confesso faz algum tempo que quando eu topo com a express o participa o popular j me preparo para me irritar j levanto a guarda Sou tomado quase que por uma crise de urtic ria N o que eu seja contra participa o popular muito pelo contr rio Mas preciso admitir poucas foram as express es das quais se tenha utilizado mais abusivamente mais hipocritamente nas ltimas d cadas no campo da administra o p blica local e da pol tica urbana Souza 2006 9 Ao posicionamento de Marcelo Lopes de Souza associarei as abordagens de Gl ucia Gomes 2009 e Jess Souza 2009 Essa associa o decorre da necessidade de compreendermos os processos de legitima o da a o do Estado nos territ rios ocupados por favelas sem a observ ncia dos direitos de cidadania e sem
152. a coisa ainda reclamam Mariane relatou que todos prontos para te detonar e desafiavam todos a ir para a justi a afirmando que os moradores iam perder 2011 p 92 No caso da Serra a supress o de unidades n o repostas foi da ordem de 63 o que resultou na transfer ncia de v rias fam lias indenizadas para fora do aglomerado inclu das nos relatos anteriores que transferiram se para outras favelas e para munic pios vizinhos na RMBH Marcante nesse grupo indenizados n o Serra s o as considera es quanto ao acesso reduzido a benef cios urbanos a partir da mudan a desde atendimentos de emerg ncia sa de educa o transporte lazer etc at oportunidades de trabalho Em s ntese a maioria se transferiu para localidades em piores situa es do que a Serra antes das interven es Os relatos selecionados d o conta da desigual rela o de poder estabelecida entre a classe de servi os atuante no Estado e os moradores das favelas O pressuposto do Estado para subjugar esses moradores s suas determina es em lugar de constru las sob bases mais equilibradas parece bem explicitado na voz do procurador geral do munic pio Marco Ant nio de Rezende que entende que por defini o do C digo Civil Brasileiro o possuidor de reas p blicas um possuidor de m f ou seja ele n o tem direito a indeniza o Mas como isso envolve uma quest o social n o podemos colocar a pessoa na rua
153. a das Vilas afetadas pelo Programa Vila Viva da PBH com recursos financeiros do PAC 128 Texto n o publicado de Ed sio Fernandes e Helena Dolabela Pereira 160 processo mais amplo de constru o de uma nova ordem jur dico urban stica nacional que tem sido calcada na no o das fun es sociais da propriedade privada e p blica e da cidade do direito social de moradia adequada e do direito regulariza o fundi ria de assentamentos informais consolidados Fernandes e Dolabela s d s p Por fim as discuss es acerca regulariza o fundi ria envolvem tamb m a chamada expuls o branca que consiste na substitui o integral ou parcial dos moradores originais de uma rea valorizada por outros de maior poder aquisitivo pela via de ofertas irrecus veis ou seja a expuls o pelo mercado Smolka 2003 p 132 Esse seria em tese um dos efeitos da regulariza o fundi ria nos moldes em que vem sendo praticada nos programas de urbaniza o de favelas ap s finalizadas as obras Analisando o day after da regulariza o Smolka 2003 132 considera a hip tese da expuls o branca para programas de regulariza o bem sucedidos combinada perman ncia de outros ocupantes darwinianamente selecionados Ora in meros estudos j aqui considerados demonstram a exist ncia de um mercado imobili rio din mico nas favelas brasileiras praticando por vezes pre os considerados elevados em rela o a
154. a efetiva determina o do usu rio preciso compreender como e porque esta a o legitimada socialmente conferindo ao Estado poder de dispor autoritariamente sobre a vida e o espa o socialmente produzidos por milhares de pessoas Gl ucia Gomes assim considera a quest o 169 Trecho inicial do guisa de pref cio de novo essa hist ria de participa o popular em A pris o e a gora reflex es em torno da democratiza o do planejamento e da gest o das cidades SOUZA 2006 9 224 Embora a favela seja um dos fundamentos e necessidade da urbanizac o contradit ria brasileira a condi o em que a Favela da Serra se insere revela o sentido hist rico atribu do pelo estado e sociedade s favelas considerando as como um problema a ser revolvido cuja resolu o passava pela extirpa o Assim pode se dizer que muito cedo reconheceu se a favela como lugar de viol ncia Contudo este reconhecimento n o veio da viol ncia presente em seu fundamento pela nega o dos atributos materiais do espa o urbano e pelo seu n o reconhecimento como espa o integrante da cidade Este reconhecimento estabelecido sobre o efeito foi derivado da atribui o favela e seu morador de lugar de perigoso violento marginal O lugar j violentado e marginalizado foi alvo de uma segunda viol ncia pela naturaliza o de um processo que social e ainda como se a favela natural e essencialmente viol
155. a no pensamento econ mico Ricardo Malthus Adam Smith e Marx 1981 62 As mercadorias s o vendidas ao valor social e n o ao seu valor individual determinado pelas condig es m dias de produc o isto faz com que alguns ramos vendam suas mercadorias a precos inferiores ao valor criado quando se encontram em situa o de produtividade inferior m dia e outros a pre os superiores quando est o em situa es mais favor veis h portanto um movimento de equaliza o da massa da mais valia entre os ramos este movimento de distribui o determinado pela Composi o Org nica do Capital COC na medida em que ela indica maior ou menor produtividade do trabalho Ribeiro 1997 p 62 A Perequa o pressup e a livre mobilidade do capital entre os diversos ramos da atividade capitalista busca das melhores condi es de rentabilidade O vaiv m do capital ou seja sua capacidade de deslocar se de um ramo a outro da produ o assegura o nivelamento da mais valia com o lucro m dio exceto na presen a de uma for a estranha Marx 1974 1894 p 875 Se em algum ramo colocam se barreiras entrada de Capitais este ramo ter condi es de excluir a mais valia nele criada do movimento de reparti o segundo a quantidade de trabalho social utilizado a propriedade privada da terra um desses obst culos Ribeiro 1997 p 63 Do choque entre o Capital e essa for a estranha que se op e s aplica
156. a ordem social desejada para a realidade f sica e o instrumental capaz de concretiz lo o desenho mais do que representa o era o portador dos ide rios pol ticos transpostos para a malha urbana Arrais 2009 p 64 O princ pio da t bula rasa bem se adequava ao sentido de ruptura com o passado e constru o do futuro que permeava o 28 A denomina o de Bello Horizonte de 12 de abril de 1890 conforme Ab lio Barreto 1928 p 171 29 Atual bairro Floresta e Cemit rio do Bonfim 30 Avenida 17 de Dezembro atual avenida do Contorno 31 O termo t bula rasa refere se a um estado de indetermina o completa de vazio total enquanto que t bua rasa designa uma superf cie plana preparada para receber uma inscri o por m onde nada ainda se gravou H ainda a express o fazer t bua rasa de que significa suprimir inteiramente o que existe para substitu lo por coisas novas n o fazer caso de n o levar em conta em considera o desprezar ignorar Todos esses sentidos encontrados no Novo Dicion rio da Lingua Portuguesa Ferreira 1975 podem ser aplicados concep o e implanta o da Nova Capital de Minas como tamb m me parece pertinente aplic los total ou parcialmente s a es dos Programas Vila Viva e Drenurbs nas favelas afetadas como discutido no cap tulo 4 39 simbolismo da constru o da nova capital determinando a destrui o integral do Cu
157. a para realiza o do Programa Vila Viva Por que quais e como seriam as obras realizadas O que aconteceria com a populac o remanescente se que ficaria algum morador ao final da obra Silva 2011 p 25 Na vertente oposta est a explicac o da assessora da Urbel Jordana Fl via quanto ao zelo do programa para justamente minimizar impactos sociais decorrentes das transforma es substanciais a que a popula o estaria exposta na fase de execu o das obras 110 neste contexto que a Urbel promove o trabalho social em todas as vilas onde o programa est sendo executado Isso envolve desde o acompanhamento das familias que passam pelo processo de remo o e reassentamento seja em fun o de risco geol gico ou por estar em trecho de obra at as a es de educa o ambiental e gera o de renda ajudando os moradores a se adaptar nova realidade Urbel online Registra se mais uma vez que embora seja not rio o car ter herm tico das informa es contidas nos projetos de urbaniza o ou arquitet nicos para leigos todo o processo governado por desenhos t cnicos como se fosse irrelevante a uma participa o qualificada o conhecimento preciso de suas determina es ditadas pelos projetos sobre o lugar e sobre a vida das pessoas que o habitam Na verdade a dist ncia instalada entre o conhecimento t cnico sistematizado e o conhecimento vivencial dos moradores se revela extremamente funcional s rela es de
158. a pol tica habitacional em seu Art 31 Inciso IV elaborar planos urban sticos globais de integra o malha urbana das reas sujeitas a programas habitacionais destinados popula o de baixa renda a Lei 8 137 2000 revoga o Art 31 e institui no Art 139 a figura dos Planos Globais Espec ficos a serem elaborados para cada ZEIS 1 e ZEIS 3 sob a coordena o do Executivo com aprova o do Conselho Municipal de Habita o e ouvido o Conselho Municipal de Pol tica Urbana 129 discutido os PGEs definem um programa de interven o estrutural que como previsto pela Resolu o n Il do Conselho Municipal de Habita o promove transforma es profundas num determinado n cleo habitacional consistindo na implanta o do sistema vi rio das redes de abastecimento de gua de esgotamento sanit rio de drenagem de eletrifica o melhorias habitacionais reparcelamento do solo e consolida es geot cnicas al m da regulariza o fundi ria at o n vel da titula o Belo Horizonte 1994 p 1 Recapitulando as comunidades organizam se para disputar recursos no OP para elabora o do PGE de sua vila ou favela os PGEs s o contratados via licita o p blica pela Urbel e desenvolvidos segundo as etapas de levantamento diagn stico setorial diagn stico integrado e propostas de interven o conclu do o PGE as comunidades recorrem novamente aos OPs para disputar recursos para elabora o de pr
159. a reconhecendo as absolutamente relevantes compreens o da g nese das favelas e de outros assentamentos prec rios nas cidades capitalistas brasileiras como decorr ncia direta da aus ncia de mecanismos eficientes para o atendimento s demandas habitacionais urbanas Apoiarei me na abordagem de autores que se debru aram sobre essas quest es Cristian Topalov 1979 Nabil Bonduki 1997 Luiz C sar de Queiroz Ribeiro 1993 1997 e Adriano Botelho 2007 dentre outros buscando cobrir as lacunas que possam se interpor ao entendimento da abordagem aqui pretendida no cap tulo que se segue contextualizando a forma o expans o e adensamento das favelas nas cidades brasileiras e mais especificamente em Belo Horizonte Cabe no entanto algumas 68 considera es sobre a configura o do mercador produtor de moradias e suas formas predominantes historicamente como base da compreens o da in solvabilidade da demanda habitacional brasileira O sistema de produ o de moradias denominado por Ribeiro 1983 n o mercantil prevaleceu nas cidades brasileiras pr industriais tanto para as classes abastadas quanto para m dias e baixas sendo o pr prio morador o agente dominante do processo tanto no acesso terra quanto na constru o da moradia O sistema rentista passa a dominar sobretudo para as classes m dias e baixas a partir da intensifica o dos processos de urbaniza o crescimento populacional nas cidades q
160. ada e organizada Em 1981 pelo PRODECOM foram instalados chafarizes calgamento e abertura de ruas muros de arrimo Foi tamb m fundada a associac o de moradores Em 1985 55 da vila era atendida por rede de gua e esgoto NOSSA SENHORA DE F TIMA Os primeiros assentamentos ocorreram por volta de 1976 na rea da Primeira Agua na divisa com a Segunda Agua e as vilas Mar ola e Fazendinha As primeiras ruas e becos foram abertas por volta de 1980 A luz el trica chegou ao local por volta de 1975 antes disso alguns moradores puxavam luz de bicos localizados na Vila Mar ola A gua consumida era apanhada no c rrego Cardoso e transportada em latas As primeiras obras de urbaniza o feitas pelo PRODECOM ocorreram com a abertura da rua Flor de Maio enquanto as primeiras liga es de rede de gua tiveram in cio em meados da d cada de 80 BEL M Localiza se s margens do c rrego Baleia Sua ocupa o ocorreu lentamente no final dos anos 70 Em 1988 a Associa o de Bairro consegue a instala o do sistema de gua Atrav s do Or amento Participativo o c rrego foi parcialmente encanado e foi implementada a av Bel m Todas as fam lias da Vila foram removidas e indenizadas ou reassentadas em pr dios do Programa Vila Viva Em 1981 foram instalados cavaletes de gua para todos os moradores al m de nove rel gios de luz Em 1985 foi fundada a Associa o dos Moradores M TAQUARIL A ocu
161. ade formal al m de not vel desconsidera o e desrespeito natureza dos espa os hist rica e socialmente produzidos reduz de forma consider vel as chances de reabilitarmos o equil brio sist mico de nossas cidades Retomo a quest o por que transformar as favelas imagem e semelhan a da cidade legal Por que enquadra las nesse modelo hegem nico de urbaniza o que evidencia cotidianamente sua incapacidade de promo o de equil brio social e ambiental A quem interessa a expuls o dos pobres ou o seu enquadramento ao mundo administrado A quem interessa a exclus o dos nossos c rregos da vida cotidiana 221 Da an lise das pol ticas p blicas que t m afetado os territ rios ocupados por favelas em Belo Horizonte for oso admitir a consuma o de processos de despossess o pelo Estado e legitimados bom que se frise pelas representa es sociais da favela As representa es sociais s o obviamente constru es sociais Refletem a estrutura de classes sociais e os valores prevalecentes em seu meio Responsabilizar apenas o Estado ou as elites econ micas pela produ o e manuten o das desigualdades sociais ou dos privil gios de classe uma postura c moda embora recorrentemente assumida por muitos de n s incluindo cidad os de boa f que veem a si pr prios como defensores de uma sociedade mais justa e igualit ria Essa postura naturaliza a desigualdade e privil gios de classe ao mesmo tempo em qu
162. ado centraliza o e controle dos sistemas operacionais pelo Estado concession rias de servi os p blicos ou empresas da constru o civil e pesada sendo a gest o dos sistemas atribu da a inst ncias distintas estanques entre si Passemos agora em um r pido paralelo cidade dita informal designa o usual para os assentamentos urbanos produzidos margem do Estado e do mercado de produ o imobili ria formal Embora essa designa o compreenda diversas configura es e localiza es espaciais resultantes de ocupa es prec rias promovidas por popula es de baixa renda interessam nos aqui destacar as rela es de intera o entre o homem e o s tio natural nas ocupa es de favelas situadas nas cabeceiras de drenagem dos c rregos urbanos Como pretendemos discutir nos pr ximos cap tulos o continuo movimento espacial das favelas nas cidades brasileiras reflexo das disputas capitalistas por terra urbana medida que reas ocupadas informalmente por favelas adquirem valor para o mercado imobili rio formal elas tendem a se deslocar total ou parcialmente para reas at ent o desvalorizadas quer sob a tica econ mica quer sob as ticas ambiental cultural ou simb lica ou seja as favelas sempre se formaram nas reas menosprezadas pela totalidade social Ocorre que frente s evid ncias da crise ambiental esses territ rios s o justamente aqueles que exibem hoje qualidades que crescentemente s o ape
163. ado dispensado pela Prefeitura de Belo Horizonte em ambos os programas em estudo aos propriet rios de terrenos e aos que n o conseguem comprovar a propriedade mas apenas a posse do terreno Aroeira 2010 p 236 Nos processos indenizat rios das fam lias removidas 41 Os autores citados por ele s o Lipietz 1974 Lojkine 1971 1997 Alquier 1971 Fine 1988 Harvey 1980 1990 Seabra 1978 1988 e Topalov 1984 42 Utilizou se como refer ncia central a monografia Forma o e recupera o de mais valias fundi rias urbanas apresentada ao Departamento de Ci ncias Econ micas da UFMG por Luiz Felype Gomes de Almeida e orientada pelo Prof Dr Roberto Lu s de melo Monte M r em 2009 como requisito parcial obrigat rio para obten o do t tulo de bacharel em Ci ncias Econ micas 58 a dimens o material e n o meramente formal do bem despojado desconsiderada mesmo nas situa es em que as condi es para o reconhecimento do direito de posse j se cumpriram Finalmente de Luiz C sar Queiroz Ribeiro 1997 destacaremos sua percep o do papel desempenhado pelo Estado e pelo capital de incorpora o imobili ria residencial e demais agentes envolvidos na produ o e regula o do espa o urbano e portanto na determina o do mercado informal de terras e de Pedro Abramo 2009 os estudos continuados para a caracteriza o desse mercado e compreens o de sua din mica Marx e a Acumul
164. ado pelo prefeito com base no parecer emitido pela Urbel por contrariar os princ pios da Pol tica Municipal de Habita o que prev a retro alimenta o do Fundo Municipal de Habita o Popular pela apropria o de recursos para novos atendimentos Quanto aplica o da o em pagamento diz o parecer Por tal modalidade nos casos de remo o por necessidade de obra ou risco com reassentamento em unidades constru das pelo Munic pio ficaria o mesmo impedido de aplicar financiamento diferen a entre o valor do im vel de origem da fam lia e o valor daquela unidade constru da para seu reassentamento Apesar de tal pr tica ainda n o se encontrar em vigor a discuss o desta possibilidade se faz cada vez mais necess ria considerando o volume de remo es a serem realizadas em fun o de empreendimentos j aprovados no Or amento Participativo bem como em interven es estruturantes em andamento ou em fase de capta o de recursos Prefeitura de Belo Horizonte 2007 129 A Da o em Pagamento regulada pelo Artigo 356 e seguintes do C digo Civil de 2002 130 A vereadora Silvia Helena BH apresentou em 2005 o Projeto de Lei Ne 177 05 reapresentado em 2007 como Proposi o de Lei N 367 07 dando nova reda o ao art 170 da Lei Ne 8 137 00 nas reas classificadas como ZEIS 1 e ZEIS 3 o documento de regulariza o ou transfer ncia de dom nio ser conferido preferencialmente por instrumento particular em
165. ados seus territ rios em Belo Horizonte s o quest es que nortearam esse trabalho mais do que simplesmente como fatos consumados mas como tend ncia como possibilidade de transforma o da sociedade urbana ou do urbano tal como definido por Lefebvre 1999 1970 7 n o como realidade acabada situada em rela o realidade atual de maneira recuada no tempo mas ao contr rio como horizonte como virtualidade iluminadora O urbano o poss vel definido por uma dire o no fim do percurso que vai em dire o a ele Para atingi lo isto para realiz lo preciso em princ pio contornar ou romper os obst culos que atualmente o tornam imposs vel Lefebvre 1999 1970 p 28 Como bem esclarece Roberto Luis de Melo Monte M r 2006 o urbano derivado da pr tica coletiva centrada no valor de uso e no cotidiano que contraposta l gica da acumula o t pica do capitalismo d lugar l gica da reprodu o coletiva nascida do espa o vivenciado de forma reflexiva e n o alienada Paralelamente busquei identificar em trabalhos nos quais me envolvi nas ltimas tr s d cadas os obst culos que se antepuseram sua realiza o conforme idealizados Frequentemente interpretados como contingenciais interessa me desvelar as raz es estruturais subjacentes aos obst culos luz das abordagens de Marx Lefebvre e outros estudiosos contempor neos da economia pol tica e da produ o social do espa o na
166. al reinser o do reservat rio no sistema sob pena de uma nova interven o pela terceira vez no curso d gua Baptista et al 1998 p 43 45 49 Todos os autores pesquisados referem se enfaticamente s enchentes de 02 de janeiro de 1983 como uma trag dia de grandes proporc es que atingiu as favelas ribeirinhas ao Arrudas jusante da avenida do Contorno A arquiteta Laudelina Garcia entrevista 2011 poca assessora do Gabinete do Prefeito referiu se a essa enchente como uma trag dia anunciada ao rememorar as s rias consequ ncias das chuvas de ver o nos trechos em que as obras de amplia o do canal do rio estavam em ritmo lento e mesmo paralisadas jusante do parque municipal entre o viaduto da avenida Francisco Sales e avenida do Contorno Seis meses antes da trag dia o relat rio Canaliza o do ribeir o Arrudas Indica o de obras m nimas necess rias alertava para os riscos advindos da paralisa o enfatizando que n o h mesmo como n o dar prosseguimento s obras uma vez que sob o aspecto de seguran a das propriedades lindeiras e sobretudo das vidas das pessoas que moram ao longo do Arrudas especialmente no trecho a jusante o problema nos parece muito grave BELO HORIZONTE SUDECAP 1982 No entanto mesmo ap s a conclus o das obras nesse trecho novas enchentes assolaram a regi o em 1987 Embora vultosos investimentos p blicos tenham sido feitos buscando resolver sem
167. alizados na vida cotidiana da cidade conservando e otimizando suas fun es de equil brio no sistema hidrol gico urbano e resgatando o inestim vel valor de uso e potencial produtivo que sempre representaram para as popula es de seus entornos Ressalva de ordem terminol gica Para discutir a conjuga o dos tr s componentes da f rmula trinit ria de Marx terra trabalho e capital nos processos de produ o social do espa o nas favelas em contraposi o aos processos heter nomos de produ o caracter sticos da cidade formal faz se necess ria uma ressalva de ordem terminol gica dado s distintas conota es atribu das aos termos autoconstru o autoempreendimento autoprodu o e autogest o quando referenciados a formas de produ o da moradia ou do espa o urbano O termo autoempreendimento pouco usual na literatura consultada empregado por Nabil Bonduki 2006 em lugar do termo autoconstru o comumente empregado para a designa o de produ o da moradia pelo propriet rio por entender que o processo ao qual se refere envolve um conjunto de procedimentos que est o muito al m da constru o Bonduki 2006 p 239 De fato pertinente a considera o de Bonduki quanto restrita abrang ncia do termo autoconstrug o e seu emprego generalizado quase como um sin nimo de produ o habitacional conduzida pelo morador com ou sem contrata o mes
168. am a representar menos 33 Ou seja embora a obra fisicamente executada correspondesse a 40 ter amos j recebido 7 a mais de recursos indevidamente Somados aos encargos contratuais que n o cessaram de serem computados durante o per odo de avalia o da CAIXA e a diferen a entre presta es individuais anteriores gerada com a suplementa o nossa d vida era da ordem de R 160 mil reais Essa condi o ocorreu de forma mais ou menos sim trica nos demais empreendimentos Retomadas as obras nessas condi es ainda mais desfavor veis do que antes medida que as obras paralisam novamente a prefeitura repassava o contrato para a iniciativa privada por via de licita es p blicas No RSV foram feitas duas licita es A 222 primeira no valor aproximado de R 3 400 000 00 foi suspensa ap s liberados R 1 733 000 00 por fal ncia da construtora e a obra ficou paralisada por mais um ano A segunda licitac o foi de R 1 485 000 00 com aporte posterior de R 487 000 00 para finalizac o das obras em fins de 2012 O valor final do RSV foi portanto de aproximadamente seis milh es de reais 156 superior ao valor estimado quando fizemos o pedido de suplementa o de verbas Os apartamentos que n o nos permitiram construir por R 31 000 00 custaram ao final R 79 000 00 Atuar dentro ou fora do Estado Retomando as teses formuladas por Boaventura Sousa Santos e C sar Rodrigues 2002 destaco a tese 3 as lutas pela
169. am essa tese Danilo Botelho obrigada pela leitura e revis o cuidadosas do texto e discuss es sempre proveitosas Dudu Beggiato obrigada por assumir o papel de advogado do diabo Felipe Rodrigues obrigada pelas pesquisas e mapas hist ricos Lauda Garcia e Luiz Carlos C o obrigada por partilharem comigo suas valiosas experi ncias profissionais Olinda Leonardo R Liana e Marly que seria de mim sem voc s s amizades constru das nas experi ncias de autogest o e aos amigos do Pastinho mais que agradecer o j partilhado reafirmo a disposi o de reinventarmos caminhos para uma sociedade mais justa e igualit ria Aqueles alunos que percorrendo comigo os caminhos das guas e das favelas o fizeram com zelo e convic o meu sincero agradecimento Sete Ecos uma honra t los por parceiros Agrade o por fim aos queridos de casa seja por rela es familiares ou de amizade sempre pr ximos e solid rios Perseu tinha um capacete que o tornava invis vel para perseguir os monstros N s de nossa parte nos embu amos com nosso capuz m gico tapando nossos olhos e nossos ouvidos para poder negar as monstruosidades existentes Karl Marx Londres 25 de julho de 1867 RESUMO A atual crise socioambiental das cidades brasileiras inclui dois fatores historicamente negligenciados que apenas recentemente ganharam alguma prioridade nas pol ticas p blicas as favelas e as guas urbanas Esta tese di
170. andam a passos largos como observou Marcelo Nicoliello 2009 O processo de desapropria o dos im veis anda a passos largos o que atende ao prop sito do PAC que pretende exatamente a ACELERA O do crescimento que tem significado acordos injustos ou indeniza es depositadas em ju zo sem direito de levantamento em raz o de ainda haver pend ncias cartor rias no processo de regulariza o fundi ria e dos tr mites burocr ticos do processo Defensoria 2009 p 28 destaque do autor Quanto aos mencionados abusos dos argumentos utilizados pelos t cnicos envolvidos nos processos de urbaniza o das favelas em Belo Horizonte cabe observar junto com Martins 1999 que essa postura n o deveria surpreender nos O que deles se cobra e espera sen o que sejam agentes de um processo comumente denominado de racionaliza o ou cientifizac o da sociedade comandado sob a gide da a o institucionalizadora cuja centralidade se encontra no Estado Martins 1999 5 156 O que est claro em s ntese a n o observ ncia dos preceitos b sicos inscritos na pol tica de urbaniza o de justa distribui o dos benef cios e nus decorrentes do processo de urbaniza o Estatuto da Cidade artigo IX inciso IX Importa compreender que se a observ ncia dos direitos adquiridos pela posse pac fica e de boa f impede a implementa o econ mica de projetos de urbaniza o esse deveria ser o precei
171. antes da metr pole para confinar pobres e em hip tese alguma associar a mis ria criminalidade ou sugerir um apartheid social Trata se de respeito cidadania e a preceitos democr ticos que est o sendo violados O Minas Brasil um pequeno bairro de gente simples fincado entre o Padre Eust quio e o Cora o Eucar stico A maioria de seus habitantes de mesmas fam lias que l criaram seus filhos e investiram em im veis para que casados os filhos permanecessem perto Um bairro como um pa s a sua op o de futuro tem a cara de quem o escolhe a marca da sua identidade e a sua ideologia E num governo que se diz democr tico as fam lias do bairro n o foram ouvidas para saber que destina o teria o terreno que fica pr ximo s suas casas E para um bairro com esse perfil que o munic pio pretende migrar pessoas do Vale do Jatob que l tamb m t m suas ra zes seus empregos seus filhos estudando nos grupos locais seus campinhos de futebol a sinuca do bar do amigo seus vizinhos sua vida N o se trata de preconceito nem de conservadorismo de burgueses Trata se de denunciar lei populista eleitoreira e sem fundamentos democr ticos Trata se de respeitar o cidad o que paga impostos vota escolhe seus governantes Duarte 2005 p 9 Al m desses argumentos de car ter ideol gico a procuradora apela quest o ambiental que j havia comparecido em reuni es promovidas pela prefeitura A alega
172. aquei que justamente a e n o na cidade formal se preservaram valores hoje t o caros sociedade N o por acaso que Drenurbs e Vila Viva visem os mesmos territ rios No entanto a institui o de reas de Prote o Ambiental APAs n o tem o poder de reverter os processos de degrada o ambiental em curso Pelo contr rio como limpidamente expresso pelo prof Ed zio a institui o de uma APA resulta necessariamente em uma ANPA uma rea de N o Prote o Ambiental envolvente que receber os impactos poupados primeira Qualquer por o territorial do planeta tem fun es nobres a cumprir se relegadas aqui instalam se acol processos de degrada o comprometedores de todo o sistema urbano A submiss o das reas de cabeceiras a estatutos especiais como prop em e t m executado o Drenurbs e o Vila Viva apenas transfere os encargos ambientais e sociais para as reas de favelas envolventes j pressionadas pelas condi es prec rias caracter sticas das ocupa es informais Essas reas embora representativas da precariedade e defici ncias urbanas caracter sticas dos espa os da ral oferecem possibilidades j extirpadas na cidade formal a possibilidade de investiga o de outro padr o de urbaniza o baseado na rela o harmoniosa entre gente e gua entre a cidade e seus atributos naturais valorizando os e incorporando os ao cotidiano urbano Urbanizar as favelas imagem e semelhan a da cid
173. ar para se instalarem terrenos n o encampados pelo mercado imobili rio e que atendam em alguma medida suas necessidades cotidianas de abrigo acesso gua acesso ao mercado de trabalho transporte e outros benef cios urbanos medida que se consolidam os assentamentos assim conformados passam eles pr prios a integrarem o mercado de moradias e disputar a prefer ncia locacional dos pobres mesmo quando apresentam pre os de im veis compar veis ou at mais elevados que im veis comercializados no mercado formal Como j visto no cap tulo 1 Belo Horizonte conformou se a partir da ocupa o de duas bacias hidrogr ficas contribuintes no alto curso do Rio das Velhas sobre o n cleo j existente do arraial de Bello Horizonte antigo Curral d EL Rey margem direita do ribeir o Arrudas no sop da Serra do Curral As primeiras favelas surgiram junto com a nova capital sobretudo para abrigo da for a de trabalho que iria constru la que mesmo intr nseca ao seu processo de produ o n o tinha espa o previsto para seu assentamento no plano do engenheiro Aar o Reis Em verdade trata se de uma medida de responsabilidade do Estado jamais cumprida nem poca da constru o da cidade nem posteriormente A j citada Lei n 3 adicional Constitui o mineira que designou Belo Horizonte para a instala o da nova capital do Estado deliberava tamb m sobre outras provid ncias para a viabiliza o do empreendimento
174. ar as raz es do atraso da constru o civil em rela o a outros setores mantendo a Composi o Org nica do Capital COC na linguagem dos economistas em n veis muito inferiores aos outros setores industriais com maior uso da for a de trabalho e consequente gera o de mais valia superior ao pre o de produ o que pela chamada Lei da Perequa o n o permanece no setor distribu da para equaliza o da massa da mais valia entre os demais ramos da atividade capitalista Ribeiro 1997 p 62 Essa abordagem essencial para desfazer os argumentos que atribuem o d ficit habitacional ao atraso tecnol gico da ind stria da constru o civil e portanto apontam como solu o a introdu o de inova es tecnol gicas no setor Sem d vida inova es seriam muito bem vindas e mais que necess rias para redu o dos impactos sociais e ambientais da atividade e melhoria efetiva da qualidade do produto em ltima an lise a cidade Ou seja poderiam ser muito ben ficas coletividade e ao meio ambiente mas n o o s o para o Capital porque a constru o civil justamente o setor urbano que cumpre o papel de extra o ampliada de mais valia para equaliza o do lucro m dio entre os setores que apresentam elevada composi o org nica do capital ou seja mais capital investido em capital constante m quinas e equipamentos do que capital vari vel m o de obra N o me aprofundarei em nenhuma dessas quest es embor
175. ara atender a creche Foram estabilizados os focos j existentes de eros o nas encostas implantado pomar e medida que os taludes iam sendo conformados pela movimenta o de terra procedia se o plantio de grama obtida em fazendas pr ximas cidade Ao t rmino da edifica o das 201 UH a impossibilidade da PMI de implanta o imediata dos sistemas de mesoestrutura conduziu a um novo contrato com a Associa o para consecu o dos servi os complementares abastecimento de gua esgotamento sanit rio redes de microdrenagem com consolida o das canelas de drenagem j esculpidas nas encostas com plantio de grama em toda sua extens o e a implanta o e pavimenta o de acessos e caminhos para pedestres com bloquetes produzidos na f brica Para a constru o do reservat rio de gua foi empregada a tecnologia do ferrocimento que al m de se revelar eficiente e econ mica possibilitou a diversifica o na forma o profissional de integrantes do empreendimento Contudo o car ter fr gil e incipiente de experi ncias como essa fica evidente se analisadas em m dio e longo prazos As estruturas coletivas implantadas durante as obras incluindo as cooperativas de produ o horta granja f brica de pr moldados etc continuaram operando apenas por um curto per odo ap s a desmobiliza o da estrutura administrativa da obra Durante o per odo de obras essas pequenas empreiteiras tinham uma demanda certa de trabalho c
176. arcaicas associadas ao ambiente rural n o constitu ram uma condi o paradoxal sen o indispens vel acumula o industrial Essa economia natural termo cunhado por Francisco de Oliveira 2003 1972 p 59 atuava reduzindo o custo de reprodu o urbano da for a de trabalho basicamente representado pelos custos de alimenta o e dos bens e servi os propriamente urbanos Nessa estrutura o baixo custo da alimenta o da classe trabalhadora urbana estava assegurado pela manuten o de uma agricultura considerada primitiva tamb m de padr o primitivo dado s altas taxas de explora o da for a de trabalho que abastecia as cidades Por outro lado a desconsidera o dos custos de bens e servi os urbanos que envolvem em grande medida o custo de habita o na fixa o do sal rio m nimo pela legisla o trabalhista de 1943 transferia esse significativo custo de reprodu o da sua for a de trabalho ao pr prio trabalhador Nessas condi es se incapaz de arcar com despesas de aluguel ele mobilizar uma estranha forma de economia de subsist ncia urbana 2003 1972 p 46 mediante expedientes extras de trabalho que podem envolver toda a fam lia e outras 15 formas de cooperac o como os mutir es para a construc o da pr pria casa Embora n o mencionado explicitamente pelo autor mediante esses mesmos mecanismos s o produzidos e mantidos os espa os de uso comum e equacionadas necessidade
177. ariedade e urg ncia que dominaram o processo de produ o as moradias expressam tamb m prefer ncias cren as preconceitos habilidades car ncias e pr ticas cotidianas dos moradores E al m disso tudo a descri o meramente t cnica passa ao largo de pontos essenciais nossa abordagem o sobretrabalho realizado na autoprodu o e na autoconstru o e a eventual transforma o do valor de uso da moradia autoproduzida em valor ou seja em mercadoria Evidentemente as circunst ncias que compelem um indiv duo a empreender por conta pr pria sua moradia podem ser contingenciais express o de um desejo ou at de uma excentricidade e essa moradia pode estar em qualquer lugar do planeta na favela ou na cidade formal Mas como explorado no cap tulo 3 n o s o contingenciais as circunst ncias que reservam a uma classe inteira de indiv duos apenas a autoprodu o como solu o de moradia especialmente a 77 Isso pode ser verificado pelo diagn stico do Programa de Erradica o de reas de Risco PEAR para o ano de 2011 As situa es de risco classificadas como m dio alto e muito alto somam para as regionais Centro Sul 638 Leste 354 e Oeste 312 1 304 situa es de risco Se considerarmos apenas o n mero de domic lios nos maiores aglomerados pertencentes a essas regionais Serra 13 485 Santa Lucia 3 848 Taquaril 8160 Alto Vera Cruz 8 362 e Morro das Pedras 5 117 teremos u
178. articulados de hidrocarbonetos restos de vegeta o derramamentos eros o fuligem poeira enxofre metais pesticidas nitritos e nitratos cloretos fluoretos silicatos cinzas compostos qu micos e res duos s lidos entre outros Dispon vel em http www revistaea org artigo php idartigo 724 amp class 02 Acesso em 12 de jun de 12 173 nos conceitos de mobilidade urbana centrada na percepc o dos reais efeitos da opc o rodoviarista para mobilidade urbana como o principal fator de poluig o do ar das guas e do solo nas cidades brasileiras136 Mas se a quest o integrasse a pauta de condicionantes para a preserva o ambiental de qualquer rea incluindo os parques DRENURBS poder se ia optar por solu es que buscassem amortecer esses efeitos em lugar de intensific los Porto 1995 explica que a poluig o difusa intensificada com a velocidade do escoamento das guas pluviais gerando uma capacidade de arraste maior e consequentemente uma maior carga de poluentes arrastada para os corpos h dricos137 Essa evid ncia poderia condicionar as solu es de pavimenta o optando se por exemplo por superf cies mais rugosas e o sistema de drenagem dotando o de sistemas de filtros granulares reduzindo a velocidade de arraste retendo sedimentos e filtrando a gua em seu percurso at os fundos de vales Ilustrando com a condi o dos parques implantados tanto pelo Vila Viva quanto pelo Drenurbs as chuvas lavam as ruas
179. as associa es um planejamento m nimo e a es gerenciais como a organiza o das frentes de trabalho ou a aquisi o de insumos ferramentas e equipamentos para viabiliza o da execu o Os t cnicos do programa davam apoio s associa es sobretudo quanto aos tr mites burocr ticos adequando as propostas as solicita es diversas ou presta es de conta das entidades ao formato institucional faziam tamb m a intermedia o com as concession rias para extens o de redes at os locais de implanta o de equipamentos e forneciam projetos 120 arquitet nicos b sicos ou complementares quando solicitados Contudo a condu o das obras e as decis es o qu e como cabiam aos autoprodutores Pelo volume de empreendimentos executados simultaneamente em distintas localidades durante sua exist ncia e a relativamente enxuta equipe t cnica de que o programa dispunha evidencia se o envolvimento dos autoprodutores como condi o indispens vel no processo 32 Al m das j mencionadas cr ticas de cunho pol tico dirigidas ao programa de paternalismo e clientelismo somam se outras de cunho t cnico executivo quanto baixa qualidade ou durabilidade dos servi os assim executados nesse caso devido falta de manuten o No entanto a curta exist ncia do programa n o permitiu que eventuais aperfei oamentos fossem incorporados a partir das experi ncias pioneiras A se julgar pelo entendimento de que o enfrentamento
180. as como j vimos A consequ ncia bvia s o volumosas movimenta es de terra e portentosas estruturas de conten o montante e jusante dos plat s conformados para implanta o dos edif cios Como a planta desses edif cios retangular eles s o implantados com sua dimens o menor paralela dire o de maior declividade e sua dimens o maior paralela s curvas de n vel e portanto s estruturas de conten o Contudo as aberturas tamb m est o nas duas fachadas maiores De um dos lados o resultado bom tem se frequentemente uma bela vista da cidade Do outro lado no entanto tem se apenas a vista de um talude quase sempre sombreado ou o que pior de um muro de arrimo Os apartamentos dos dois primeiros pavimentos que est o nessa situa o s o os mais prejudicados A rigidez na concep o tanta que se negligencia a possibilidade de aberturas nas fachadas laterais as de menor dimens o mesmo quando haveria ali excelente orienta o solar e vista bem mais ampla Ademais o espa o entre edif cio e muro de arrimo conforma extensos corredores por vezes com apenas 1 5m de largura Tais corredores somente s o um pouco mais generosos quando servem de acesso a pequenas reas de estacionamento No Aglomerado da Serra foi inteiramente desprezada a recomenda o do PGE de utiliza o da estrutura dos edif cios para conten o de encostas j que obras de maior porte residenciais e vi rias estabi
181. as tamb m possibilitava a aflu ncia de parte dela s cidades e a forma o do chamado ex rcito de reserva do mercado capitalista Oliveira 2003 1972 p 38 Em contrapartida nenhum investimento feito em sistemas eficientes de transporte coletivo urbano Em Belo Horizonte s o ilustrativos os incentivos instala o de ind strias na cidade especialmente pelo Decreto no 1 516 de 02 de maio de 1902 na administra o do prefeito Bernardo Monteiro que regulava a concess o de terrenos e outros incentivos como o fornecimento gratuito de energia el trica para as ind strias enquanto que ao proletariado 52 A atua o do Estado na viabiliza o da acumula o industrial explorada por Francisco de Oliveira em diversos aspectos fixa o de pre os distribui o dos ganhos e perdas entre os diversos estratos ou grupos das classes capitalistas gasto fiscal com fins direta ou indiretamente reprodutivos subs dio cambial para importa es de equipamento para ind stria e cr dito a taxas de juros negativas etc 2003 1972 p 37 et seq 17 concedia t tulos prec rios para permanecerem nas reas que ocupavam t o prec rias quanto os t tulos Nabil Bonduki 1994 1998 fornece nos outros importantes elementos compreens o da quest o habitacional no contexto de forma o das cidades capitalistas brasileiras desde os prim rdios da urbaniza o at transforma o do problema habitacio
182. as e no Mutir o 1 de Maio explorarei por um lado as condi es favor veis realiza o do empreendimento que viabilizaram a constru o do 22 pavimento previsto para expans o posterior de todas as 200 Unidades Habitacionais UHs previstas al m de uma unidade extra apropriada como creche e de in meras atividades n o previstas nas reas n o edificantes do conjunto como a recupera o da nascente curso d gua e encostas degradadas plantio de horta e pomar cria o de frangos e cabritos barragem para criat rio de peixes e implanta o de f brica de pr moldados de concreto e por outo lado destacarei as dificuldades de gest o coletiva e manuten o das estruturas implantadas ap s a desmobiliza o da estrutura gerencial de obras Ambos os empreendimentos foram reflexos de experi ncias anteriores em Ipatinga e repercutiram nas experi ncias seguintes tanto l quanto nas primeiras experi ncias autogestion rias de Belo Horizonte que se constitu ram tamb m na ltima safra de unidades unifamiliares assobradadas em sua maioria pequenos conjuntos dispersos na malha urbana ocupando pequenas glebas em reas j urbanizadas Ap s essas experi ncias o padr o para a produ o habitacional de interesse social passou a ser o que hoje predomina unidades multifamiliares verticais Fecharei os relatos com os empreendimentos aprovados no primeiro edital do Programa de Cr dito Solid rio em Belo Horizonte e mais
183. atem outras articula es e media es poss veis e novas combina es espa o constru do espa o natural Monte M r 1994 p 178 V rios dos autores estudados situam os movimentos sociais como potenciais agentes da transforma o e propositores de um novo paradigma socioambiental A perspectiva de uma Ecologia da Liberta o frequentemente fortalecida com exemplos de alternativas de desenvolvimento vindas do terceiro mundo e veiculadas por intelectuais e ativistas como Vandana Shiva Arturo Escobar e Victor Toledo Peet amp Watts 1996 Tamb m Harvey 1996 que define a problem tica ambiental como 186 um impasse entre a luta contra a opress o social e a luta pela emancipac o do ser humano de uma rela o puramente experimental com a natureza apresenta o ecossocialismo como uma perspectiva de transformac o mesmo admitindo sua origem e desenvolvimento no interior do sistema capitalista Em todas essas abordagens os alertas quanto insustentabilidade social e ambiental da explorac o inconsequente dos recursos naturais seguida de disposi o sob a forma de res duos poluentes s o recorrentes No entanto os processos de degrada o ambiental e social continuam em curso Do ponto de vista das popula es mais pobres dos pa ses mais pobres do mundo certamente os princ pios da equidade a justi a ambiental como uma perspectiva de desenvolvimento sustent vel ou da tica n o passam de ret rica se como cons
184. ativo SANTA MARIA Primeiro conjunto habitacional popular constru do em Belo Horizonte Tinha o objetivo de abrigar as fam lias atingidas periodicamente pelas enchentes na Barragem Sta Lucia Teve sua constru o iniciada por volta de 1952 e finalizada em torno de 1963 Os blocos dispunham de gua retirada de uma mina esgoto e luz As unidades constru das de maneira aut noma eram abastecidas por um chafariz e o curso d gua pr ximo onde eram lavadas as roupas A pavimenta o das ruas come a na d cada de 60 MAR OLA As primeiras ocupa es ocorreram na d cada de 60 Tamb m foi conhecida como Cabe a de Porco A gua era buscada nas nascentes localizadas no parque A luz chegou por volta de 1973 por gato puxados da rua Cara a A gua somente 10 anos mais tarde de maneira clandestina Em 1968 come am a ser pavimentadas algumas vias Somente em 1980 com a cria o da Associa o de Moradores s o instalados gua tratada esgoto e luz m MARIETA E IX Surgiram no in cio da d cada de 60 Funcion rios de uma f brica de cer mica se instalaram em um terreno abandonado pr ximo A energia el trica e a gua foram conseguidas pelo Sr Francisco na d cada de 70 Em 85 foi fundada a Associa o Comunit ria das Vilas que conseguiu o asfaltamento da vila CAFEZAL Sua ocupac o se deu a partir de 1975 com aexpans o da Vila Nossa Senhora da Conceic o A ocupac o ocorreu de forma planej
185. ativo volume de obras em reas distintas mas tamb m o pressuposto que fundamentou o programa de que os assentamentos autoproduzidos produzem tamb m tradi es Subjaz a esse entendimento uma vis o n o absoluta do papel dos t cnicos e do Estado ainda que se reservassem o papel de interpretes daquilo que estaria latente nas experi ncias comunit rias e mantivessem certo n vel de controle sobre os processos sobretudo pelas atribui es de aprova o e libera o de despesas financeiras No entanto distintamente dos atuais processos de urbaniza o o programa propunha se a detectar inventariar e avaliar o acervo de experi ncias das popula es locais de seus recursos naturais pouco explorados e de seus modos de fazer tanto no tocante aos aspectos de tecnologia quanto nos de vida associativa Governo do Estado de Minas Gerais 1981 p 12 Al m disso como catalisador do grande potencial de realiza o das pr prias comunidades o Estado se colocava a exig ncia de desburocratizar procedimentos sobretudo mediante uma estrutura financeira din mica que lhe permitisse liberar recursos financeiros em curto prazo para evitar que comunidades motivadas se desmobilizassem Governo do Estado de Minas Gerais 1981 p 6 Nesse sentido pode se considerar que a atua o do PRODECOM nas favelas alterou substancialmente os processos de produ o quanto amplia o da escala e do ritmo das interven es o que exigiu d
186. atos e banqueiros de doen a de veicula o h drica e especula o acerca do futuro e das op es da ind stria da gua de rea es e transforma es qu micas f sicas e biol gicas do ciclo hidrol gico e do aquecimento global do capital das maquina es e estrat gias das construtoras de barragens de incorporadores do solo urbano dos conhecimentos dos engenheiros da passagem do rio para os reservat rios urbanos Swyngedouw 2001 p 84 85 comest vel os res duos da ind stria automobil stica cigarros os res duos da constru o civil e de demoli es SEMA 2012 183 Seguindo o fio de Ariadne observo que os moradores mais antigos das favelas sempre t m hist rias particulares em rela o gua como d diva ou castigo como problema ou solu o como elemento de uni o ou de disc rdia elemento de disputa de conquistas simbolo do atraso e do progresso de pobreza ou de riqueza exemplos da generosidade ou da avareza dos seus detentores boas e divertidas lembran as ao lado de amargas e sofridas Essas hist rias ainda que corriqueiras revelam sempre a singularidade do lugar e do sujeito mas o fazem tamb m revelando os processos sociol gicos tanto ao n vel da ordem pr xima a da vizinhan a quanto da ordem distante a do Estado consideradas por Lefebvre 2000 1974 p 266 Tanto a perversidade da desigualdade no acesso riqueza social quanto a sua possibilidade de supera o pela tran
187. aulo Eduardo Fonseca de Campos 1999 1 8 a ado o de t cnicas convencionais responde prioritariamente aos mecanismos convencionais de mercado No processo de decis o do o que e para quem raramente s o tomadas em conta as reais necessidades da popula o a ser atendida optando se pelo convencional ainda que inadequado muitas vezes por conveni ncia das construtoras que atuam em obras p blicas Assim a natureza do produto tecnol gico e sua qualidade tendem a perpetuar se em decorr ncia do h bito Campos 1999 online 138 Ex secret rio Municipal e coordenador do Programa de Habita o da cidade de Santos 1994 96 coordenador Internacional do Projeto Mejorhab Tecnologias para mejoramiento y reordenamiento de asentamientos urbanos precarios do Programa Iberoamericano Cyted Ci ncia y Tecnologia para el Desarrollo Revista T chne 43 nov dez 99 Dispon vel em www revistatechne com br engenharia civil 43 artigo32227 1 asp Acesso em 10 de setembro de 2010 176 Al m de evidentes preju zos econ micos a pr tica inibe o desenvolvimento e aplica o de solu es f sicas inovadoras mais ajustadas s especificidades locais Como vimos essas interven es tem por fundamento estudos detalhados e onerosos que envolvem diagn sticos urban stico ambientais socioecon micos organizativos e jur dico legais denominados Planos Globais Espec ficos PGEs No entanto o car ter das interven es em nada
188. ava apenas uma favela e segundo o DHP mais marcado por uma abordagem de natureza mais demogr fica do que s cio econ mica foi publicado em 1961 pelo Diret rio Acad mico da Faculdade de Filosofia da U M G e o terceiro publicado em 1961 pela Escola de Arquitetura da U M G no 3 da s rie Document rio Arquitet nico registra algumas solu es construtivas adotadas pelos favelados que segundo a apresentadora a arquiteta Suzy de Melo pelo seu pitoresco engenho e mesmo pureza justificariam uma publica o como aquela idem p 6 7 Al m desses citado o trabalho produzido pelo SAGMACS Aspectos Humanos da Favela Carioca publicado em 1960 como um dos poucos realizados de modo met dico e objetivo DHP 1966 p 6 O estudo do DHP ressalta especialmente a precariedade de informa es acerca da realidade socioecon mica dos assentamentos favelados e em decorr ncia o deficiente conhecimento a urg ncia e utilidade do levantamento realizado indispens vel ao cumprimento das atribui es t cnicas que lhes competia 4 Interessante destacar a vis o da equipe quanto import ncia dos levantamentos de campo uma vez que elaborar projetos em gabinete desconhecendo se a realidade que se pretende modificar n o planejar pode constituir valioso trabalho de especula o intelectual mas jamais de planejamento DHP 1966 p 7 Comparada popula o das cidades mineiras naquele momento a pop
189. blico relatoriosdosprefeitos 1922 1922 Flavio Fernandes dos Santos pdf Acesso em 05 de outubro de 2012 91 Segundo Guimar es 1991 as ocupa es de reas na Zona Urbana com ou sem t tulos prec rios concedidos pela prefeitura ocorreram at final dos anos 1930 Na administra o do prefeito Luiz Barbosa Gon alves Penna 1930 1932 foram emitidas 1 867 intima es para demoli o de cafuas na Barroca nica rea ainda ocupada por favela na Zona Urbana cujo processo de remo o estendeu se de 1929 a 194560 Percebe se a urg ncia da administra o p blica em desocupar a rea pela emiss o do Decreto 96 de 15 de janeiro de 1931 liberando cr dito especial para acorrer despesas de demoli o de cafuas da Barroca at ent o de responsabilidade dos pr prios moradores e o registro de 2002 viagens de caminh es para transfer ncia dos desalojados com seus pertences e materiais de constru o aproveit veis para lotes oferecidos na Vila Conc rdia e na Vila S o Jorge Morro das Pedras Na an lise de Guimar es o per odo de 1930 a 1945 marcado por grandes transforma es na economia nacional decorrentes da crise de 1929 o momento de emerg ncia das classes sociais urbanas e da acelera o do processo de urbaniza o e crescimento do operariado redesenhando a estrutura socioecon mica ao lado das oligarquias rurais as emergentes classes m dias e os trabalhadores urbanos Guimar es 2001
190. bras No Aglomerado da Serra a Via do Cardoso que conecta a regi o centro sul da cidade regi o leste foi constru da com quatro pistas de rolamento onerosas estruturas de contenc o e um viaduto Para o caso do Aglomerado da Serra 60 dos recursos investidos atrav s do Vila Viva cerca de 140 milh es foram utilizados diretamente na constru o da Avenida do Cardoso ou Via 276 nos termos do Plano Diretor de 1996 ou nos termos dos empreendedores imobili rios de 2001 uma etapa do supostamente esquecido Anel da Serra Ou seja o equipamento para o qual foram direcionados cerca de 60 dos recursos embora esteja no Aglomerado e em alguma medida possa ser apropriado por ele est nele mas n o para ele Gomes 2011 p 205 Esse assunto recorrente nas entrevistas efetuadas pelo Programa P los de Cidadania 2011 Um das entrevistadas embora n o fa a refer ncia Via 276 que talvez desconhecesse afirma o maior percentual gasto no Vila Viva foi para a constru o da avenida do Cardoso A Avenida n o foi feita para a comunidade Tiraram uma migalha desse percentual para a reforma dos becos Uma reforma na maioria das vezes incompleta uma reforma que n o facilitou o acesso das pessoas e que n o foi o prometido nem o esperado A comunidade queria o alargamento das vias de acesso da comunidade das ruas que a comunidade usa A Bandoneon continua estreita a rua da Volta continua o caos o inferno ou pior
191. ca abordar a natureza como parte do processo de produ o da totalidade social e da vida cotidiana Embora muitos autores modernos tenham se ocupado da rela o homem natureza particularmente a partir do s culo XVIII o primeiro a dissecar a interdepend ncia de natureza e produ o material nas diferentes forma es sociais foi Marx a natureza que fornece todos os meios e objetos de qualquer processo produtivo podendo inclusive prover valores de uso sem a interfer ncia humana No entanto s gera valor pela incorpora o de trabalho social nica subst ncia criadora de valor A abordagem de Marx crucial para compreens o do car ter social historicamente determinado do interc mbio do homem com a natureza Os indiv duos interagem com a natureza desde sempre como condi o de sobreviv ncia como condi o para toda e qualquer produ o material A cada per odo hist rico o car ter dessa intera o tem rela o direta com o conjunto de cren as dominantes claramente alicer ado nas rela es de poder entre a filosofia religi o ci ncia economia pol tica etc instaladas em uma dada sociedade Sem pretender uma an lise exaustiva dessas rela es na hist ria da humanidade o enfoque desse cap tulo o ideal de domina o da natureza pelo homem explicitado a partir do per odo comumente conhecido como Esclarecimento ou Idade da Raz o Sob o modo de produ o capitalista a racionalidade t cnica e cientifica que
192. ca reversa Instrumento de desenvolvimento econ mico e social caracterizado por um conjunto de a es procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restitui o dos res duos s lidos ao setor empresarial para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos ou outra destina o final ambientalmente adequada Presid ncia da Rep blica 2010 Esse entendimento decorre da incorpora o no ciclo de vida de um produto dos impactos nocivos ao meio ambiente e coletividade ap s o consumo Do ponto de vista financeiro al m dos custos ordin rios de produ o mat ria prima m o de obra armazenagem estocagem etc devem ser acrescidos os custos de gerenciamento do fluxo reverso dos res duos gerados desde o consumidor ao comerciante importador e fabricante Para alguns produtos a log stica reversa constitui se j procedimento obrigat rio cuja estrutura o e implementa o de sistemas devem ser independentes do setor p blico exceto quando s o efetuados acordos com o setor empresarial respons vel pelo fluxo reverso de determinado produto para o compartilhamento de atribui es e remunera o dos servi os de destina o final de res duos assumidos pelo poder p blico 141 A LEI FEDERAL N 12 305 DE 2 DE AGOSTO DE 2010 se aplica aos seguintes produtos agrot xicos e leos lubrificantes res duos e embalagens pilhas e baterias pneus l mpadas fluorescentes de vapor de s dio e m
193. capital Carone Filho 1964 p 58 Algumas obras de canaliza o iniciadas em sua gest o foram conclu das na gest o seguinte do prefeito Oswaldo Pieruccetti que registra a canaliza o do c rrego dos Pintos avenida Francisco S desde as nascentes no bairro Gutierrez at a avenida do Contorno c rrego do 48 Gentios afluente do Acaba Mundo para abertura das avenidas Francisco Deslandes e Vit rio Marcola c rrego do Acaba Mundo entre BR 3 atual avenida Nossa Senhora do Carmo e avenida do Contorno c rrego da Serra e Mangabeiras rua Estev o Pinto c rrego Zool gico rua Antonio de Albuquerque c rrego Piteiras avenida Silva Lobo entre avenida Amazonas e rua Platina 1966 c rrego do Cardoso avenida Mem de S c rrego do Navio avenida Bel m o trecho final do c rrego do Leit o da rua S o Paulo at a foz passando pela rua Padre Belchior rua que n o existia no plano de Aar o Reis e pela rua Mato Grosso Al m disso o relat rio registra a substitui o de manilhas em v rios trechos no interior de quadras devido vaz o insuficiente Pieruccetti 1967 pp 78 90 Baptista Nascimento Ramos e Champs 1998 investigaram a evolu o dos problemas de inunda o em Belo Horizonte nos arquivos do Jornal Estado de Minas no per odo de 1928 a 1997 al m de dados coletados na SUDECAP constatando o problema cr nico das inunda es que causam mortes e deixam desabrigadas as popula es r
194. caso de Belo Horizonte in Fernandes Ed sio org Direito Urban stico Belo Horizonte Editora Del Rey 1998 FERNANDES Marlene Diretrizes para a urbaniza o dos aglomerados de sub habita es s l 1982 FERRAZ Caio Silva ABREU Luana de SCARPELINI Joana Entre Rios Curso de Bacharelado em Audiovisual do SENAC SP 2009 Trabalho de conclus o de curso Dispon vel em htto vimeo com 14770270 Acesso em 14 de junho 2010 FERRO Sergio Arquitetura e trabalho livre Organiza o e apresenta o de Pedro Fiori Arantes Posf cio de Roberto Schwarz S o Paulo Cosac Naify 2006 FEYERABEND Paul 1978 A ci ncia em uma sociedade livre S o Paulo Editora Unesp 2011 FORTI Reginaldo Apresenta o In FORTI Reginaldo Org Marxismo e Urbanismo Capitalista Livraria Editora Ci ncias Humanas S o Paulo 1979 FUNDA O JO O PINHEIRO Panorama de Belo Horizonte atlas hist rico Belo Horizonte Funda o Jo o Pinheiro Centro de Estudos Hist ricos e Culturais 1997 GEST O das guas pluviais Material de Palestra Dispon vel em htto www2 camara gov br comissoes temporarias especial pl114403 apresentacoes ctucci pdf Acesso em 13 de junho de 2012 GOMES Gl ucia A inscri o do espa o na valoriza o do valor Belo Horizonte Instituto de Geoci ncias da UFMG 2012 Tese doutorado GOMES Gl ucia O projeto de urbaniza o Vila Viva e a valoriza o do valor na reprodu o social do espa o d
195. chaber de Ara jo 2010 p 152 flagrante a utiliza o do discurso ambiental para instrumentar inst ncias de poder em garantia de interesses hegem nicos sempre em detrimento das popula es exclu das ou politicamente menos articuladas e que n o raro resultam em processos que observados sistemicamente acentuam o desequil brio ambiental e social urbano Mas por que retomar a dial tica do esclarecimento e com ela a cr tica da racionalidade moderna Desencantar o mundo traz lo para a esfera do conhecimento supostamente acess vel a todo e qualquer indiv duo apenas pelo uso de suas pr prias faculdades n o seria desej vel e mesmo indispens vel constru o de uma sociedade igualit ria A partir da denominada revolu o cient fica dos s culos XVI e XVII uma maior autonomia na investiga o dos fen menos naturais livre dos dogmas religiosos ou de supersti es m ticas deu origem a um novo modelo de ci ncia e com ela uma nova vis o de mundo destitu do da autoridade suprema da B blia ou do rganon Feitosa 2004 p 68 N o por acaso Bacon intitulou sua obra contestat ria supremacia da filosofia aristot lica de Novum Organum ou Verdadeiras indica es acerca da interpreta o da natureza 2005 1620 contrapondo lhe a l gica 20 Conjunto das escrituras sagradas e conjunto dos textos aristot licos respectivamente 22 cient fica como a condi o fundamental de liberta o do homem dos
196. cionatureza para sintetizar a ideia de indissociabilidade de sociedade e natureza N o h nada puramente social ou natural na cidade e ainda menos anti social ou antinatural a cidade ao mesmo tempo natural e social real e fict cia Na cidade sociedade e natureza representa o e ser s o insepar veis mutuamente integradas infinitamente ligadas e simult neas essa coisa hibrida socionatural chamada cidade cheia de contradi es tens es e conflitos Se pensarmos a cidade como essa socionatureza e a ela aplicarmos os princ pios reguladores dos processos naturais de montante para jusante que devemos recuper la e consolidar seu territ rio Assegurar se ia assim a integridade independ ncia e interdepend ncia dos microssistemas integrantes do sistema socionatural urbano tomados como microbacias hidrogr ficas Sendo assim t o bvia por que n o a op o prevalecente nas administra es p blicas No rastro dessa pergunta que encontraremos a cidade e suas contradi es tens es e conflitos Entendendo a cidade como um grande sistema o princ pio da entropia orientar nos ia a buscar equalizar em seu pr prio interior as energias de cada microssistema constituinte Essa postura pode conduzir nos compreens o imprescind vel da intera o entre pessoas objetos e uma segunda natureza derivada de intera es anteriores aquela denominada por C cero de alteram naturam uma segunda natu
197. consumo pouco ou nenhum empenho se observa quanto divulga o dessas responsabilidades ambientais e menos ainda dos procedimentos e meios operacionais para viabilizar a coleta e a restitui o dos res duos s lidos desde os consumidores aos respons veis pelo fluxo reverso A medida portanto assumiria um car ter de fiscaliza o e de press o popular ao cumprimento legal pelo setor empresarial das responsabilidades institu das Em s ntese trata se de favorecer a n o exclus o dos cursos d gua despolu dos e do seu entorno da vida cotidiana e produtiva da cidade mediante a instala o de microssistemas de gest o local para o manejo e manuten o dos recursos ambientais geradores de valor de uso coletivos Se o conv vio de popula es urbanas com cursos d gua degradados uma realidade facilmente identific vel nas metr poles brasileiras a condi o para que esse conv vio seja harmonioso est para ser constru da 5 1 Prestadores de Servi os Ambientais Durante os anos de 2006 e 2007 intentamos uma experi ncia de recupera o ambiental da microbacia do c rrego do Pastinho envolvendo a Vila Pantanal e parte da Vila Leonina no Aglomerado Morro das Pedras BH Pequeno tribut rio do c rrego Piteiras afluente do ribeir o Arrudas a microbacia do 196 Pastinho abrigava cerca de 300 fam lias quase integralmente removidas em 2008 por for a do Programa Vila Viva Morro das Pedras 148 A equipe foi constitu da p
198. cter sticas comuns s favelas de S o Paulo Desde logo se percebe que se trata de interferir em espa os de muito valor para o processo ambiental urbano encostas fundos de vale baixadas reas de nascente Nesse sentido a melhor unidade de planejamento e projeto e que melhor responde a esse prop sito de complementar a urbaniza o de bairros e comunidades cont guas a sub bacia hidrogr fica Bueno 2000 p 323 171 O car ter singular dessas reas abre a possibilidade de investigac o de um novo padr o de urbaniza o baseado na rela o harmoniosa entre gente e gua entre a cidade e seus atributos naturais valorizando os e incorporando os ao cotidiano urbano A subtrac o dessas reas da vida cotidiana n o assegura a preservac o de sua integridade pois estar o pressionadas pelas atividades do entorno ainda que a vigil ncia consiga impedir sua reocupac o formal Ademais se j temos dificuldade de manutenc o de espacos especializados na cidade formal como ser o mantidos os quinze novos parques previstos pelo Vila Viva em apenas tr s das in meras favelas da cidade situadas em cabeceiras de drenagem de c rregos urbanos Se minhas observac es est o corretas a cada nova intervenc o pelo menos uma rea mudar do status de espa o cotidiano para especializado a ser mantido pelo poder p blico sem previs o de apropria o de seu ineg vel valor econ mico comprovado pela utiliza o hist rica como
199. culado pelos donos do capital o que verificamos em nossa pesquisa emp rica foi a inser o de mulheres em um mercado de trabalho masculinizado em fun es com pouca ou nenhuma melhoria pelo uso das novas tecnologias e no qual h demanda por utiliza o de muita for a f sica Silva 2011 p 50 Em lugar da incorpora o tecnol gica para aliviar o trabalho bra al pesado inclusive dos homens exigia se das mulheres demonstra es de capacidade de equipararem se a eles submetendo as a testes f sicos notadamente seus encarregados Silva 2011 p 88 como ilustram esses dois depoimentos Punha n s ela e a outra carpinteira rec m contratada pra carregar aquelas placonas pra baixo e pra cima com aquelas placonas Nossa minha filha eles pegaram pesado com n s mesmo nessa obra J umas placa como que eu explico umas placa pra por concreto entendeu Umas placa que tinha vermelha aqui Tinha as placa de f rma que eu mais a Eliana tinha que carregar pra baixo e pra cima As placas pesavam cada uma setenta oitenta quilos Era fun o do servente mas eles colocavam n s Como eu mais a outra carpinteira era novata a eles colocavam n s pra carregar placa Maria Lu za servente de pedreiro informa o verbal colhida por Floriscena Silva 2011 p 87 Me colocou pra trabalhar atr s de um pr dio assim com quase no teto de terra disse que eu tinha o prazo de quinze dias pra limpar l es
200. cusava a fazer medi es independentes da CAIXA Ao fim de 2008 obra paralisada h seis meses sujeita a in meras ocorr ncias como roubos vandalismos tiroteios entre pol cia e bandido etc fomos convidados CAIXA para o parecer final da avalia o O pedido de suplementa o foi julgado procedente mas para nossa surpresa n o tinhamos nada a receber Ao contr rio est vamos devendo Como Simples l gica cont bil As medi es eram efetuadas a partir do cronograma f sico financeiro antecipando se a libera o da primeira parcela para viabiliza o do in cio das obras executavam se os servi os previstos media se e antecipava se a pr xima etapa e assim subsequente A autogest o distintamente dos contratos efetuados com iniciativa privada n o tem recursos pr prios para fazer despesas necess rias execu o para posteriormente receber A libera o antecipada das parcelas portanto intr nseca ao programa No entanto essa condi o nos colocava sempre como devedores justificativa recorrente da CAIXA para n o estender autogest o procedimentos usuais para os financiamentos liberados para a iniciativa privada O financiamento original foi de R 1 540 000 00 Ao serem paralisadas as obras hav amos executado 40 dos servi os e recebido o valor correspondente R 606 144 77 Aprovada a suplementa o o valor do financiamento elevou se para R 1 843 200 00 e sobre esse novo valor os servi os executados passar
201. d gua sen o de montante para jusante O Projeto Manuelz o criado em 1997 por iniciativa de professores da Escola de Medicina da UFMG ligados Sa de coletiva considera acertadamente que necess rio que o modelo de gest o das guas de Belo Horizonte seja revisto proibindo se novas canaliza es fazendo descanaliza es para que os cursos d gua possam correr livres no seu leito natural aumentar a permeabilidade do solo rever a lei de uso e ocupa o do solo para garantir a preserva o das cabeceiras dos cursos do d gua aumentar as reas verdes em pontos estrat gicos na cidade descimentar fundos de quintais de reas p blicas dentre outras N o podemos dominar a natureza mas podemos aprender como conviver com ela e evitar os danos e trag dias N o obstante a condi o recorrente dos cursos d gua nas cidades brasileiras como meros receptores de esgoto lixo e guas de chuva nas favelas eles se encontram frequentemente ainda em leito natural Precisamos alcan los antes que sejam confinados no interior de parques pela extin o integral da favela como a o do Drenurbs ou subtra dos ao cotidiano das popula es afetadas pelo programa Vila Viva que remove as fam lias demole suas casas mantem o entulho e restos das estruturas das edifica es As reas agora despovoadas est o abandonadas e descuidadas recebendo o aporte di rio de lixo entulho e terra florescendo o capim col
202. da Serra observam se ind cios de algum n vel de planejamento com a destina o do entulho nessas reas foram constru das algumas estruturas esparsas com emprego de componentes premoldados de concreto Por m a se considerar a capacidade de acomoda o 151 de entulho de cada estrutura assim conformada seria necess rio produzir se tantas estruturas quanto casas demolidas Recentemente frente s reclamac es dos moradores que permaneceram no entorno dessas reas t cnicos da prefeitura tem utilizado o argumento procedente sem d vida de que o entulho ben fico recupera o dessas reas dado a sua porosidade e capacidade de armazenagem de gua e que por essa raz o teria sido deixado propositalmente Esse argumento parece tratar se de uma apropria o oportun stica da proposi o reiteradas vezes feita pelo ge logo Ed zio de Carvalho e tamb m reiteradas vezes descartada pela prefeitura de Belo Horizonte de recupera o de reas ambientalmente degradadas com a utiliza o de entulho RCC Res duos da Constru o Civil 18 Como dito a nica refer ncia ao entulho de demoli es encontrada no PGE da Serra prev sua retirada Ademais a demoli o apenas parcial de in meras casas desconstr i o argumento em uso pelos t cnicos paredes e estruturas parcialmente em p n o cumprem essa fun o e exp em os transeuntes ao risco O entulho deixado de forma desordenada e negligente dificilmente ser inter
203. da antes pela Comiss o de Desfavelamento da Prefeitura de Belo Horizonte em colabora o com a Inspetoria Regional do IBGE DHP 1966 p 7 Constatou a equipe t cnica do DHP que em Belo Horizonte o tema encontrava se praticamente virgem de an lises mais amplas e profundas dando conta de apenas tr s publica es anteriores Bidonvilles du Br sil Les Favelles de Belo Horizonte do Professor Roger Teuli res Morro do Querosene Alguns Aspectos da Forma o de uma Favela dos professores Welber da Silva Braga e Hiroshi Watanabe e Favelas dos arquitetos Gui Tarc sio Mazzoni e Marcos de Carvalho Mazzoni O primeiro relacionado um estudo hist rico descritivo 62 Levantamento de car ter censit rio realizado no Governo Magalh es Pinto tendo como diretor do Departamento de Habita o Popular o arquiteto Ney Pereira Furquim Werneck e o soci logo Hiroshi Watanabe como respons vel pelo relat rio publicado e pela orienta o dos trabalhos de manipula o an lise e interpreta o dos dados coletados nos ltimos meses do ano de 1964 e primeiros de 1965 63 Segundo o Censo Escolar de 1964 Belo Horizonte possu a cerca de 812 000 habitantes DHP 1966 p 11 93 foi publicado em 1955 em Les Cahiers d Outre Mer e transcrito no Boletim Mineiro de Geografia no 1 julho de 1957 e mostrou se me fundamental ao prop sito de mapeamento do movimento espacial das favelas em Belo Horizonte o segundo enfoc
204. da assim fornece elementos importantes caracteriza o do segmento por ele denominado n o capitalista no qual poder amos enquadrar a produ o formal sustentada pelo Estado e a produ o informal uma vez que o agente que investe na produ o o faz para obter um valor de uso e n o para obter um suporte de mais valia Kapp et al 2005 p 38 A distin o entre os segmentos capitalista e n o capitalista da produ o de moradias e das cidades situa se portanto na forma de circula o que distingue dinheiro que apenas dinheiro de dinheiro que capital Marx 2008 1867 p 177 O circuito M D M mercadoria dinheiro mercadoria tem por ponto de partida uma mercadoria e por ponto final outra mercadoria que sai da circula o e entra na esfera do consumo Seu objetivo final portanto consumo satisfa o de necessidades em uma palavra valor de uso O circuito D M D dinheiro mercadoria dinheiro ao contr rio tem por ponto de partida o dinheiro e retorna ao mesmo ponto Por isso o pr prio valor de troca o motivo que o impulsiona o objetivo que o determina Marx 2008 1867 p 180 Ao discorrer sobre a pr tica dos incorporadores imobili rios no mercado de produ o capitalista de moradias Ribeiro distingue os dois grandes segmentos sendo obviamente o segmento capitalista o de atua o desses agentes Ao outro segmento n o capitalista corresponderiam outras fo
205. da em 1972 que desembocou nas primeiras experi ncias brasileiras de produc o autogestion ria e que ainda hoje comparecem nos circuitos afeitos quest o Destaco a seguir os principais pontos de converg ncia ou diverg ncia nas abordagens de Francisco de Oliveira 2003 1972 e 1982 1979 e Nabil Bonduki 1982 1979 1998 e 2006 Essa discuss o muito me interessa porque tendo me envolvido intensamente na produ o autogestion ria de habita o em Minas Gerais desde 1992 reconhe o na autogest o uma etapa prop cia constru o de novos arranjos sociais e econ micos em dire o a uma sociedade basicamente aut noma Al m disso considero a a forma mais indicada para investimentos p blicos em processos de interven o em reas de ocupa o consolidada especialmente autoproduzidas como nas favelas Dificilmente agentes externos poder o intervir nessas reas com mais propriedade do que seus moradores dispondo de recursos materiais humanos t cnicos e financeiros em processos genuinamente autogestion rios Francisco de Oliveira entende a produ o da moradia pelo pr prio trabalhador como trabalho n o pago isto supertrabalho apropriado indiretamente pelas empresas capitalistas ao expurgarem do custo de reprodu o da for a de trabalho o custo da habita o aumentando portanto a taxa de explora o do capital sobre o trabalho Oliveira 2003 1973 p 59 Entende tamb m que esse mecanismo se pr
206. da pobreza e da escassez de recursos em pa ses subdesenvolvidos exigia descartar os modelos tradicionais pelos quais se tem pensado o problema Governo do Estado 1981 p 11 o programa se propunha constru o de alternativas de desenvolvimento sem desconsiderar possibilidades de insucesso ou necessidades de ajustes mas mantendo como fundamento incorporar as aspira es da popula o em lugar de impor lhes modelo pronto e acabado Governo do Estado 1981 p 11 Conforme registrado nos mapas Prancha 11 do Ap ndice o atendimento s favelas da bacia do ribeir o Arrudas pela concession ria dos servi os de gua se d a partir de fins da d cada de 1970 Segundo Fl via Caldeira Mello 2005 as reivindica es comunit rias para dota o de redes de esgotamento sanit rio costumam se dar com a interveni ncia da prefeitura dado resist ncia da COPASA de implanta o desses servi os nas favelas as justificativas s o de que h impedimentos t cnicos o que em diversas circunst ncias real Mello 2005 p 7 O 82 No per odo entre setembro de 1979 e outubro de 1980 a equipe t cnica contava com 26 profissionais e 06 estagi rios de diferentes forma es atuando nas 4 linhas de projetos do programa melhoria nutricional projetos de servi os urbaniza o de reas perif ricas e financiamentos para habita o popular Nesse per odo registram se 57 projetos conclu dos ou em execu o em 31
207. da por favelas at in cio da d cada de 1980 quando a canaliza o do Arrudas estendeu se al m dos limites da avenida do Contorno Segundo Borsagli 2011 online na execu o das obras diversas favelas ribeirinhas foram removidas e seus moradores relocados para diversas reas da regi o metropolitana principalmente ap s a grande enchente de 02 de janeiro de 1983 46 b sicas em rela o capta o e abastecimento de gua s modifica es no regime dos cursos d gua e drenagem pluvial e ao sistema de esgotamento sanit rio Saneamento B sico 1997 p 54 et seq Por ocasi o da inaugura o da cidade o canal do ribeir o Arrudas havia sido rebaixado no trecho entre a Pra a do Mercado atual esta o rodovi ria e a esplanada da Esta o Central e apenas iniciado o revestimento dos taludes tamb m estava inconclusa a mudan a de curso e constru o do canal do c rrego do Acaba Mundo e as obras de urbaniza o abarcavam efetivamente apenas o bairro dos Funcion rios a avenida Afonso Pena a avenida do Com rcio atual avenida Santos Dumont e o entorno da Esta o da Central do Brasil Saneamento B sico 1997 p 66 Segundo Alessandro Borsagli 2011 online na d cada de 1920 o c rrego da Serra foi retificado canalizado e coberto no pequeno trecho que cruza a Zona Urbana J os outros dois c rregos que a atravessam Leit o e Acaba Mundo foram tamb m retificados e canalizados mas manti
208. da precariedade que as reveste estimulam em alguma medida a liberdade de cria o experimenta o e compartilhamento de decis es tanto para resolu o dos conflitos entre 145 Por exemplo no Aglomerado da Serra v rias ruas foram rebatizadas oficialmente mas continuam conhecidas pelos nomes anteriores como a rua Nossa Senhora de F tima que at hoje conhecida e dividida pelos moradores como Primeira gua Segunda gua e Terceira gua Assim como outras regi es da Comunidade s o denominadas por rua da gua Pocinho Biquinha e Mina fazendo refer ncia gua ali existente Silva Floriscena 2011 p 24 5 146 Depoimento de Dona Carmem P de Oliveira moradora h cerca de 40 anos da Vila Pantanal na microbacia do c rrego do Pastinho Morro das Pedras BH no v deo document rio Terra da Exclus o o c rrego do Pastinho representou muita coisa boa pr mim porque n s panhava gua l lavava muita roupa L tinha uma bica muito bonita d gua gua tinha rvore l tinha muita rvore tinha uma grama bonita ali embaixo L era bom Do c rrego Ah eu gostava Eu gostava de l muito A gua era clarinha tamb m era boa mesmo a gua n o tinha n o tinha mesmo n o tinha lixo n o Era clarinha corria aquela gua bonita E eles fizeram uma uma bica enorme uma calha A gua ca a aqui na rua e n s usava dela N o tinha nada de porcaria n o Botelho amp Equipe EUS
209. dades dois anos depois novas acirradas disputas se instalaram no congresso at que promulgou se a 17 de dezembro de 1893 a Lei n 3 adicional Constitui o designando Belo Horizonte para a se construir a capital do Estado n o obstante a indica o da localidade segundo parecer da Comiss oS2 recair sobre V rzea do Mar al sendo Belo Horizonte a segunda indica o Barreto 1928 pp 401 403 Aar o Reis designado chefe da Comiss o Construtora da Nova Capital CCNC e de sua autoria ser o projeto da nova cidade Oz rio 32 Ab lio Barreto 1928 transcreve o resumo do relat rio de Aar o Reis de 16 de junho de 1893 contendo as considera es comparativas da Comiss o entre as 5 localidades condi es naturais de salubridade posi o geogr fica altitude configura o topogr fica forma o geral e constitui o geol gica do solo e do sub solo regime das guas superficiais e subterr neas e condi es atmosf ricas e nosol gicas abastecimento de gua esgoto geral de imundices materiais fecais e guas servidas e pluviais edifica o da nova capital e constru es em geral recursos de vida ilumina o p blica e particular via o em geral e por fim uma avalia o geral das despesas m nimas para a edifica o da nova capital em cada localidade 1928 pp 294 354 40 1981 apud Guimar es 1991 considera que a concepc o da nova capital j estaria definida para Aar o Reis ante
210. dag gico por assim dizer nas bordas do sistema heter nomo Na escala de participa o proposta por ele a autogest o ocupa o n vel mais elevado que se pode alcan ar nos marcos do bin mio capitalismo democracia representativa constituindo se num divisor de guas entre a condi o atual e um macrocontexto social diferente que pressup e uma sociedade basicamente aut noma Souza 2001 p 205 69 Programa regido pela Lei n 8 677 93 Resolu o N 93 04 do Conselho Curador do Fundo de Desenvolvimento Social CCFDS e Instru o Normativa n 11 04 A regulamenta o gest o acompanhamento e avalia o do Programa de Cr dito Solid rio estiveram a cargo do Minist rio das Cidades cujos procedimentos de habilita o classifica o e sele o de propostas encontram se suspensos O Fundo de Desenvolvimento Social destina se ao atendimento de necessidades habitacionais da popula o de baixa renda organizada por cooperativas ou por associa es com fins habitacionais mediante concess o de financiamento diretamente ao benefici rio pessoa f sica S o benefici rias finais do programa fam lias organizadas de forma associativa com renda bruta mensal de at tr s sal rios m nimos residente em reas urbanas ou rurais 108 4 1 Cidade formal favelas espont neas e favelas urbanizadas tr s categorias As altera es f sico ambientais nos territ rios configuram um novo ambie
211. de conv vio social etc N o posso me furtar ao registro de mais uma analogia Paul Feyerabend quando professor de Filosofia na Universidade da Calif rnia era tamb m o respons vel por colocar em pr tica as pol ticas educacionais da universidade fun o que desempenhava bem at se dar conta de seu papel de capataz de escravos muito requintado muito sofisticado Ele conta que lecionava ali desde 1958 e que a partir de 1964 passou a receber entre seus alunos brancos estudantes mexicanos negros e ndios em decorr ncia das pol ticas educacionais de inclus o Que oportunidade meus amigos racionalistas me diziam de contribuir para a divulga o da Raz o e a melhora da humanidade Que oportunidade maravilhosa para uma nova onda de Iluminismo O que eu sentia era muito diferente Quem era eu para dizer a essas pessoas o qu e como pensar Seriam as sofistica es ridas que os fil sofos tinham conseguido acumular atrav s dos tempos e que os liberais tinham rodeado de frases sentimentalizadas para faz las palp veis a coisa certa para oferecer a pessoas cujas terras cultura e dignidade tinham sido roubadas e agora supostamente deveriam absorver com paci ncia e depois repetir as ideias an micas dos porta vozes de seus captores ah t o humanos A igualdade significava que os membros de ra as e culturas diferentes agora tinham a chance de participar de sua Ci ncia Tecnologia Medicina Pol
212. de fam lias e demoli es injustificadas n o constitui problema para a construtora que remunerada para fazer ou desfazer servi os para as fam lias para o territ rio e para os cofres p blicos ou seja para a totalidade social os efeitos podem ser relevantes e duradouros 102 Os PGEs s o planos que abarcam a realidade idealmente e fornecem diretrizes de interven o que em tese resguardariam caracter sticas espec ficas dos assentamentos estudados em atendimento s proposi es constru das de forma participativa Embora tenham a pretens o de 100 Refer ncia ao 2 contrato de financiamento no mbito do Programa de Acelera o do Crescimento junto ao governo federal para interven es em favelas de Belo Horizonte Mais informa es em http portalpbh pbh gov br pbh ecp contents do evento conteudo amp idConteudo 15985 amp chPlc 15985 amp termos PGE acesso em 14 de junho de 2011 101 As solicita es de informa es do Minist rio P blico Federal Urbel bem como os documentos enviados em resposta foram se fornecidos pelo N cleo de Media o e Cidadania do Programa P los de Cidadania em novembro de 2012 102 Cf relatos de moradores atingidos no Morro das Pedras apresentados por Defensoria P blica do Estado 2009 e no Aglomerado da Serra pelo Programa P los de Cidadania 2011 discutidos adiante 135 integrar conhecimentos dos distintos campos e propor solu es que parecem se encaixar
213. dentre as in meras tentativas de resolu o dos problemas hidrol gicos da Grande S o Paulo porque al m da resolu o das enchentes e do suprimento de gua pot vel n o imporia preju zos h dricos a outras regi es Beiguelman 2004 online Em in meros outros epis dios registrados pelo pr prio Saturnino de Brito e publicados sob o t tulo de Mem rias diversas 1944 a t nica se repete proposi es voltadas ao equacionamento de demandas coletivas preteridas a interesses econ micos e pol ticos privados em detrimento de interesses p blicos Destaquei anteriormente a instala o da ci ncia moderna em condi es de superioridade relativamente a outras tradi es que a ela deveriam se adaptar A pretensa objetividade da qual se revestiu confere desde ent o aos especialistas forjados sob sua chancela presumida autoridade e neutralidade O problema como bem aponta Feyerabend que a Ci ncia j n o uma institui o particular ela agora parte do tecido b sico da democracia exatamente como a Igreja foi O Estado e a Ci ncia trabalham rigorosamente juntos 2011 1978 p 92 Os relatos acima mencionados ilustram essa assertiva destacando uma nuance por vezes obscura proposi es t cnicas envolvendo interesses p blicos est o submetidas aos interesses do Estado que por sua vez podem estar a servi o de interesses distintos daqueles pelos quais deveria zelar justificando o controle sobre o
214. des capitalistas no Brasil e de forma mais dirigida da cidade de Belo Horizonte com foco nas rela es estabelecidas entre o homem urbano e os cursos d gua que ofereceram as condi es de suporte para a instala o e desenvolvimento de suas cidades 1 1 A natureza como objeto e meio do trabalho humano Ao atrelar sua an lise da produ o dos indiv duos s determina es sociais Marx contrap e se frontalmente economia pol tica cl ssica de Adam Smith Jean Baptiste Say e David Ricardo que dissocia a produ o de seu car ter social partindo sempre da intera o fict cia de um sujeito individual com o seu meio ou seja de empreendimentos de sobreviv ncia que Marx chama jocosamente de robinsonadas remetendo s aventuras do cavalheiro ingl s n ufrago Robinson Cruso Em vez dessas imagens dissimuladoras da g nese hist rica dos processos econ micos Marx pressup e que toda produ o apropria o da natureza pelo indiv duo no interior e por meio de uma determinada forma de sociedade Marx 1974 1857 p 112 15 A Dial tica do Esclarecimento foi redigida entre 1942 e 1944 quando os autores estavam exilados na Calif rnia Sua primeira publica o data de 1947 em Amsterd 16 Para a Cr tica da Economia Pol tica foi escrito em 1857 sua primeira publica o foi em 1903 por Kaustsky na revista Die Neue Zeit Marx 1974 p 109 N dos T Marx evidentemente adota uma posic o moderna
215. diante medidas autorit rias de reten o de recursos de contratos j assinados por parte da Ger ncia Institucional de Desenvolvimento Urbano GIDUR da Caixa Econ mica Federal Em Belo Horizonte como abordarei adiante v rios empreendimentos tiveram suas obras paralisadas por falta de recursos durante quase todo o ano de 2008 enquanto t cnicos da GIDUR analisavam a pertin ncia da solicita o de suplementa o de verbas em verdade simples corre o monet ria dos valores aprovados em maio de 2004 para maio de 2008 por parte das entidades gestoras 7 156 O Sindicato da Industria da Constru o Civil de S o Paulo SINDUSCON SP um dos primeiros a se manifestar ap s a publica o do edital em maio de 2004 Em 12 05 2004 a Folha Online noticiava A ind stria da constru o civil foi deixada de lado pelo governo federal na cria o do Programa de Cr dito Solid rio O alerta do Sinduscon SP sindicato das construtoras para quem o programa s dever beneficiar a economia informal De acordo com o sindicato a medida equivocada e n o gera empregos nem arrecada o de impostos Folha Online 12 05 2004 157 No Residencial Serra Verde RSV oficialmente denominado na CAIXA e na PBH como Mar Vermelho 1 ficamos com aproximadamente 60 dos recursos j contratados retidos de abril a dezembro de 2008 enquanto a solicita o estava em an lise pela GIDUR dados apresentados adiante no Conjun
216. din ria da 16 Legislatura de Belo Horizonte 19 de maio de 2009 OBRAS e Infraestrutura PAC 2 Belo Horizonte recebe recursos para interven es em vilas e favelas Dispon vel em 238 s amp tax 216588lang pt br pg 55628taxp 08 Acesso em 02 de janeiro de 2012 OFICINA de audiovisual Olhares sobre a Pedreira Belo Horizonte Pedreira Prado Lopes 2010 15 document rio OLIVEIRA Bernardo Jefferson de Francis Bacon e a fundamentac o da ci ncia como tecnologia Belo Horizonte Editora UFMG 2002 OLIVEIRA Francisco de A economia brasileira cr tica raz o dualista S o Paulo Cebrap 1972 Dispon vel em http www cebrap org br v2 files upload biblioteca virtual a economia brasileira pdf Acesso em 14 de julho de 2012 OLIVEIRA Francisco de O espa o e o urbano no Brasil Revista Espa o e Debate n 6 1982 OLIVEIRA Francisco de Pref cio In MARICATO Erm nia 1979 A produ o capitalista da casa e da cidade no Brasil Industrial S o Paulo Alfa Omega 1982 PEET Richard WATTS Michael Liberation ecologies Environment development social movements London amp New York Routledge 1996 PEREIRA Paulo Henrique CORTEZ Benedito Arlindo TRINDADE Thais MAZOCHI Maria Natalina Conservados das Aguas 5 Anos Dep Meio Ambiente Extrema MG 2010 PIERUCCETTI Oswaldo Relat rio dos Prefeitos Belo Horizonte 1967 Dispon vel em http www pbh gov br arquivopublico relatoriosdosprefeito
217. do Margarete Mar de ro Siva 04 ni SIIKe favelas nas cabeceiras NPGAU UFG i poeta 13 TEN ES ps wa i MICROBACIAS E FAVELAS NA BACIA DO RIBEIR O ARRUDAS 2007 SOBRE MAPA CADASTRAL 1942 Administra o Jucelino Kubitschek Abrang ncia Area delimitada para Nova Capital BACIAS HIDROGR FICAS Vilas e Favelas mmm Limite Microbacias Betim Sabar a bana E sia Cursos D gua Marcos a Nova Capital TE URBEL DRENURBS PRODABEL Elaborado por Felipe Rodrigues Escala 1 25 000 0 0 25 0 0 25 0 5 0 75 m PROJE O UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR Datum SAD 69 Zona 23 Sul gua em meio urbano Tese de Doutorado Margarete Maria de Ara jo Silva 05 favel b Orientadora Silke Kapp avelas nas capecelras NPGAU UFMG 2013 13 MICROBACIAS E FAVELAS NA BACIA DO RIBEIR O ARRUDAS 2007 SOBRE MAPA CADASTRAL 1953 Administra o Americo Ren Giannetti Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Vilas e Favelas mm Limite Microbacias Zona Urbana cd meme Cursos D gua Marcos g O Nova Capital TE URBEL DRENURBS PRODABEL Elaborado por Felipe Rodrigues Escala 1 25 000 0 0 25 0 0 25 0 5 0 75 m PROJE O UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR Datum SAD 69 Zona 23 Sul gua em meio urbano Tese de Doutorado Margarete Maria de Ara jo Silva favelas nas cabeceiras Orientadora Silke Kapp NPG
218. do conhecimento acad mico e a forma o de especialistas incapazes de apreender a complexidade da realidade que transformam e os efeitos sist micos dessa transforma o Transformam na como se essas transforma es n o os afetassem 1 2 O mundo administrado A concep o de Marx prov m de um per odo em que a apropria o da natureza pelo capitalismo industrial era evidente em suas consequ ncias devastadoras mas ainda permitia algum otimismo em rela o s possibilidades das novas tecnologias e sua apropria o social mais igualit ria A pr pria no o de natureza como o corpo inorg nico do homem denota a universalidade da qual formam parte Marx 2004 1844 p 84 Uma vis o calcada no aparato conceitual de Marx mas bem menos otimista formulada cerca de um s culo depois por Adorno e Horkheimer na Dial tica do Esclarecimento Conclu do ainda durante a Segunda Guerra Mundial esse texto prop e descobrir por que o processo do esclarecimento ou do desenvolvimento da racionalidade moderna em vez de livrar os homens do medo e investi los na posi o de senhores resultou numa calamidade triunfal Adorno Horkheimer 1985 1944 p 19 Est o no centro das considera es de Adorno e Horkheimer justamente a domina o da natureza e aquelas modernas tecnologias que Marx ainda via como ben ficas e que levam essa domina o ao extremo Eles consideram que o primeiro e indispens vel passo para qu
219. do em 12 campos o que todos querem pondo m o e mente em apenas 3 pretender uma impossibilidade f sica Carvalho 2010 p 19 O aspecto mais evidente que n o obstante a ntima rela o entre os campos nas cidades brasileiras apenas dois deles destacados em negrito campos 11 e 23 s o comumente tratados e ainda assim em inst ncias operacionais distintas Em Belo Horizonte por exemplo guas para suprimento s o de compet ncia da Companhia de Saneamento de Minas Gerais COPASA e quase integralmente proveniente da capta o superficial em rios c rregos lagos etc guas pluviais s o da compet ncia da Superintend ncia de Desenvolvimento da Capital SUDECAP comumente tratada sob a tica da drenagem urbana Tamb m assim funciona o abastecimento da Regi o Metropolitana de S o Paulo guas para suprimento s o captadas de fontes superficiais a dist ncias cada vez maiores j extrapolando as fronteiras do Estado No entanto a simples conjuga o das fontes de suprimento superficial campo 11 e pluvial campo 13 aumentaria a oferta para suprimento al m de repercutir positivamente sobre a a o delet ria das guas pluviais campo 23 Consideradas as precipita es m dias cada paulistano tem por dia cerca de 750 litros de gua que se fossem parcialmente inclu dos na matriz suprimento em nada prejudicariam qualquer gera o futura e isto ainda contribuiria para a redu o das inunda es qu
220. dolos que bloqueiam a mente humana ao verdadeiro conhecimento Bacon 2005 1620 p 40 De fato n o h mesmo porque negar as contribui es da ci ncia para a nossa compreens o do mundo e as maravilhosas conquistas pr ticas decorrentes dessa compreens o como admite o fil sofo austr aco Paul Feyerabend Mas essas maravilhas evidencia o autor decorrem de competi es injustas pelo car ter hegem nico outorgado ci ncia e ao racionalismo ocidental frente a outras tradi es 2011 1978 p 125 Dito de outra maneira n o sabemos do que seriam capazes as demais tradi es em uma sociedade livre na qual todas as tradi es t m os mesmos direitos e acesso igual aos centros de poder distinto da condi o instalada em que indiv duos t m direitos iguais de acesso s posi es definidas por uma tradi o especial a tradi o da Ci ncia e do Racionalismo ocidental Numa sociedade livre intelectuais ou especialistas s o apenas uma das tradi es N o s o eles que solucionam problemas mas sim as pessoas envolvidas consultando os se assim lhes parecer oportuno ou lan ando m o de outras tradi es Feyerabend 2011 1978 p 14 Refletir sobre a Dial tica do Esclarecimento reconhecermo nos herdeiros de uma nica tradi o cujo car ter totalit rio est bem explicitado em Adorno e Horkheimer e cuja l gica de desumaniza o se perpetua nas democracias liberais do ocidente como totalitarismo d
221. dominam a produ o social do espa o nas cidades capitalistas conforme j demonstrou Lefebvre 2000 1974 Ao discurso oficial da inclus o social e urbana dos moradores das favelas atingidas buscarei contrapor as evid ncias dos processos de despossess o efetivamente em curso apoiando me na an lise da estrutura de classes sociais brasileira proposta por Jess Souza e Jos Alcides Figueiredo Santos Souza 2009 Essa an lise parece me fundamental compreens o dos mecanismos de perpetua o das desigualdades sociais brasileiras das consequ ncias sistem ticas e relevantes sobre a vida das fam lias destitu das e dos efeitos indesej veis desses processos sobre a sociedade urbana como um todo Entendo que n o haver revers o 102 poss vel da condi o miser vel na qual social e ambientalmente nos afundamos se n o entendermos com Diderot que enquanto o trabalhador cotidiano miser vel a na o miser vel M sz ros 2006 1970 p 44 Pretendo explicitar mais uma vez qu o relevante consuma o dos processos de despossess o que atingem as classes destitu das a contribui o dos t cnicos administradores p blicos acad micos legisladores ju zes etc integrantes da denominada classe de servi o Essa categoria adotada por Jos Alcides Figueiredo Santos 2004 para designar posi es sociais que incorporam certo grau de autonomia e autoridade em inst ncias de decis o e de co
222. dos abertos e marcantes na paisagem registrando se a conclus o das obras na Zona Urbana na administra o do prefeito Luiz Barbosa Gon alves Penna entre 1930 e 1932 tamb m nesse per odo fora da Zona Urbana foi canalizado trecho do c rrego do Zool gico cujas cabeceiras localizam se na eleva o ocupada atualmente pelo clube Minas T nis O c rrego do Acaba Mundo foi desviado a partir da avenida do Contorno pelas avenidas Professor Morais e Afonso Pena at a regi o do Parque Municipal onde alimentou os lagos a existentes at os anos 196037 Seu antigo leito foi aterrado com material do Morro do Cruzeiro atual Pra a Milton Campos possibilitando a urbaniza o de extensa rea e dando origem a treze novos quarteir es O c rrego do Leit o teve seu leito retificado inicialmente para as ruas Tupis e Padre Belchior n o prevista no plano de Aar o Reis e rua S o Paulo at seu cruzamento com rua Alvarenga Peixoto sendo implantados emiss rios de esgoto em sua margem direita Borsagli 2011 p 9 Em 1928 mais um trecho do ribeir o Arrudas foi retificado e mantido em canal aberto entre a Pra a da Esta o at a regi o do Parque Municipal e mais tarde em 1963 da Pra a Rio 38 Segundo o s tio eletr nico da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte Luiz Barbosa Gon alves Penna foi nomeado prefeito em setembro de 1930 pelo ent o presidente do Estado de Minas Gerais Oleg rio Maciel dentre suas a es frente PBH
223. dricos observa se a constitui o de um movimento conservador que busca pressionar os poderes p blicos a reprimir ocupa es irregulares sobretudo nas reas mais valorizadas da cidade Depois de um longo per odo ignorando e subjugando seus c rregos as cidades incorporaram o discurso tardio da preserva o ambiental agora ignorando e subjugando justamente as popula es e os territ rios que os resguardaram Eis a a nova funcionalidade das favelas Al m de manter sua antiga fun o de abrigar a for a de trabalho necess ria ao funcionamento das cidades capitalistas s o agora uma importante fonte de capta o de recursos e cess o do territ rio para resolu o de problemas vi rios e de drenagem pluvial urbanos Poderiam no entanto cumprir essas fun es fundamentais ao equil brio do sistema urbano sem impor s popula es das cabeceiras criminosamente a condi o que restou estabelecida Podemos pois considerar o espa o produzido para os destitu dos como a s ntese das representa es dominantes sobre favelas e favelados e uma garantia das desigualdades dur veis Isso inclui os tanto espa os submetidos a interven es urbanizadoras em favelas e outros assentamentos prec rios quanto os loteamentos e conjuntos habitacionais populares produzidos pelo Estado ou pela iniciativa privada 175 Visto sob essa tica os efeitos dos processos de interven o do Estado nas favelas n o s o f
224. du o social do espa o nas cidades capitalistas abrindo a discuss o para os dois itens que integram o cap tulo A cidade e suas guas sobre as rela es contempor neas do homem urbano e os cursos d gua sobre os quais se instalaram as cidades e Belo Horizonte e suas guas que particulariza essa rela o na conforma o do ambiente tecnog nico atual O pensamento de Marx ser tamb m essencial ao aprofundamento do tema central do cap tulo 2 Economia Pol tica da Urbaniza o estabelecendo as bases da acumula o capitalista e fundamentando as abordagens contempor neas sobre a economia pol tica das cidades capitalistas Foram in meros os estudos consultados desde os considerados pioneiros na transposi o do pensamento de Marx para as cidades contempor neas como Lefebvre 2001 1975 Lojkine 1971 1997 e Topalov 1984 aos pesquisadores que me forneceram elementos mais ajustados ao contexto investigado sobretudo Luiz C sar de Queiroz Ribeiro 1997 e Pedro Abramo 2009 No cap tulo 3 O lugar das favelas nas cidades capitalistas s o abordadas as condi es gerais de forma o e expans o das favelas nas cidades brasileiras adotando se como marco temporal a transi o da base da economia brasileira do rural para o urbano que Francisco de Oliveira situa nos anos 1930 1972 2003 O contexto hist rico o pretenso dualismo entre o moderno florescente e o arcaico desmontado diale
225. durante as obras frente aos obst culos perigosos como pontas de ferro e escombros indevidamente deixados nos espa os de uso comum considerando ainda que os restos de demoli o n o retirados servem de abrigo para animais e vetores de doen as al m de gerar polui o visual na medida em que cria um aspecto desolador Defensoria P blica 2009a p 23 A defensoria apontou imprensa outras irregularidades o termo de desapropria o apresentado ao morador de favelas d bio e enseja condi o favor vel apenas para o poder p blico a marca o com tinta spray nas fachadas de casas que ser o demolidas constitui viola o sistem tica de direitos humanos e o c digo de posturas do munic pio tem sido infringido pela pr pria prefeitura com a manuten o de entulho em via p blica a falta de sinaliza o da obra e a aus ncia de barreiras f sicas separando as obras das reas de tr nsito das pessoas Bragon 2009 online Em nota reportagem a Urbel comunicou que foram retiradas todas as inscri es em tinta spray nas fachadas das moradias a serem demolidas 21 e que a Urbel desenvolve campanhas sistem ticas de seguran a para evitar acidentes nos canteiros de obras principalmente para as crian as apontando ainda o vandalismo como respons vel pela retirada de material de prote o do local que s vezes n o reposto imediatamente Al m disso 3 000 cartilhas educativas teriam sido distribu das
226. e tentativa de reconstituic o dessa din mica at a situac o atual buscando representar cartograficamente a din mica do mercado de terras em Belo Horizonte Os dois mapeamentos elaborados por Teuli res foram adaptados e est o apresentados na prancha 01 do Ap ndice Partindo dos registros de Teuli res observamos por exemplo que a favela Pindura Saia ocupando pequena rea ainda sobrevive em rea nobre da cidade na avenida Afonso Pena pr ximo FUMEC que parte da favela Urubus que em alguns registros figura como llha dos Urubus e tamb m como Uni o foi removida em 1967 com uma dr stica retifica o do Arrudas no trecho jusante da avenida do 67 No Cruzeiro a abertura da avenida Afonso Pena depois da Praga Milton Campos no final dos anos 1960 representou um impulso na sua ocupa o Ali havia surgido d cadas antes uma favela chamada Pindura Saia Com a constru o da avenida e depois com a edifica o do Mercado Distrital do Cruzeiro o Pindura Saia praticamente desapareceu restando apenas umas poucas casas Arreguy Ribeiro 2008 p 23 96 Contorno no bairro de Santa Efig nia ou que a parte remanescente da Urubus agregou se Vila Ponta Por ainda existente ao ocupar emergencialmente durante a tr gica enchente de 1983 parte do Campo do Am rica Futebol Clube cont guo a ela O mapeamento elaborado apresentado no Ap ndice pretende ilustrar pelo sur
227. e Sociedade civil lideran a comunit ria Ara jo 2009 p 169 Embora os integrantes dos movimentos de sem casas e de favelas n o considerem a necessidade de participa o no COMAM as recentes ocupa es urbanas em Belo Horizonte 4 se deram em reas decretadas de preserva o ou no seu entorno e as primeiras manifesta es em contr rio 143 Enquadram se nessa condi o a ocupa o Dandara no bairro C u Azul e as ocupa es Irm Doroty e Eliana Silva no Barreiro 185 perman ncia dos ocupantes nessas reas partiram dos rg os p blicos de prote o ao meio ambiente e de entidades civis que n o se posicionavam exatamente em oposi o a aos sem casas mas em defesa de do meio ambiente Encontramos tamb m em Monte M r 1994 a percep o dessa dicotomia a impedir ou protelar a conjuga o de esfor os para reflex o sobre os processos urbanos Lan ando um olhar ambiental sobre os processos de urbaniza o extensiva nas periferias capitalistas o autor destaca a dificuldade de se pensar a ecologia e a biodiversidade quando se trata do ambiente constru do como se os espa os urbanos fossem espa os mortos ao n vel das ci ncias ambientais e ecol gicas Monte M r 1994 p 175 O autor sugere que a incompreens o da ntima rela o entre ecologia urbana e a quest o ambiental prevalecente na d cada de 1990 seria o fator limitador identifica o de uma novidade ainda n o ap
228. e 160827 gt gt Acesso em 13 de junho de 2012 PROJETO MANUELZ O Belo Horizonte n o est se preparando para prevenir enchentes Nov 2009 239 Dispon vel em http www manuelzao ufmg br sobre_o_projeto posicionamento enchentes Acesso em 10 de janeiro de 2010 PROJETO SOCIAL EDUCAFRONILA S O JOS GUIMAR ES Cristina Vila S o Jos 2011 15 document rio RIBEIRO Luiz C sar de Queiroz Dos Corti os aos Condom nios Fechados as formas de produ o da moradia na cidade do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira IPPUR UFRJ FASE 1997 SANEAMENTO b sico em Belo Horizonte trajet ria em 100 anos os servi os de gua e esgoto Funda o Jo o Pinheiro Centro de Estudos Hist ricos e Culturais Belo Horizonte 1997 SANTOS F bio Alves dos Vila Viva no Aglomerado Barragem Santa L cia Audi ncia P blica na C mara Municipal 29 de abril de 2011 SANTOS Fl vio Fernandes dos Relat rio dos Prefeitos 1992 Relat rio emitido por Jo o B Gomes em 20 9 922 Santos 1922 pp 51 52 Dispon vel em http www pbh gov br arquivopublico relatoriosdosprefeitos 1922 1922 Flavio Fernandes dos Santos pdf SANTOS Jos Alcides Figueiredo Uma classifica o socioecon mica para o Brasil Revista Brasileira de Ci ncias Sociais v 20 n 58 p 27 45 2005 SANTOS Jos Alcides Figueiredo Quest o de Classe teorias e debates acerca das classes sociais nos dias de hoje Juiz de Fora Clio Edi
229. e Guimar es 1992 p 13 As remo es continuaram O Cadastro das Favelas de 1955 atualizado com a rela o de todos os n cleos favelados ent o existentes criado o Departamento de Habita o Popular DHP subordinado Secretaria de Trabalho e Cultura do Estado que inicia o Levantamento da popula o favelada de Belo Horizonte Nesse ano realiza se tamb m Semin rio Nacional de Habita o e Reforma Urbana 99 1964 1971 1973 1974 1976 1978 1979 1983 1984 1970 O Levantamento da popula o favelada de Belo Horizonte conclu do registrando 199 799 pessoas faveladas equivalentes a 14 75 da popula o de Belo Horizonte assinado um Decreto Estadual de desapropria o de reas para urbaniza o de quatro favelas e constru o de conjuntos habitacionais O Decreto revogado depois do golpe militar as favelas se tornam casos de pol cia e todas as associa es de favelados s o declaradas subversivas Sob o regime de repress o a Prefeitura cria a Coordena o de Habita o de Interesse Social CHISBEL rg o oficialmente encarregado da promover remo es mediante indeniza es em dinheiro o que apenas desloca as fam lias faveladas para novos n cleos ou adensamento dos existentes criada a Regi o Metropolitana de Belo Horizonte RMBH com 14 munic pios criada a Superintend ncia de Desenvolvimento da Regi o Metropolitana de Belo Horizonte P
230. e mercado global e onipresente que faz dos homens marionetes de seu princ pio econ mico executado pelas coa es da concorr ncia global conforme sintetizado por Kurz 1997 online Para esse autor o grande m rito de Adorno e Horkheimer est em estender a cr tica social sob o conceito de domina o da natureza a ideologias movimentos ou sistemas sociais que se pretendiam distintos e em oposi o como o fascismo o stalinismo e a pr pria democracia ocidental A vis o positiva do esclarecimento no entanto costumava ser compartilhada naquele momento por quase todas as ideologias e parecia uma salva o da modernidade Engels j explicitara esse car ter ufanista que acometeu a sociedade moderna para a qual toda a exist ncia deveria se justificar perante o tribunal da raz o ou desaparecer A aurora radiante anunciara com o fim de todas as formas anteriores de Estado e de sociedade tamb m o fim das supersti es injusti as privil gios e opress o dando lugar verdade eterna justi a eterna e 21 Bacon classificou em quatro g neros os dolos que se interpunham ao conhecimento da natureza das coisas e das rela es existentes entre elas dolos da tribo Idola Tribus dolos da caverna Idola Specus dolos do foro Idola Fori e os dolos do teatro Idola Theatri conforme Aforismo XXXIX 2005 1620 p 40 23 igualdade baseada na natureza e direitos inalien veis do homem 1974 18
231. e 14 de junho de 2011 Of cio ne 04 2012 de 10 de janeiro de 2012 e Of cio n 255 2012 de 10 de janeiro de 2012 159 O direito de posse e o direito regulariza o fundi ria t m sido convenientemente ignorados nas a es p blicas que relegam o processo de titula o a um momento posterior interven o f sica Os m todos de indeniza o baseiam se no c lculo do valor das benfeitorias desconsiderando o inestim vel valor de localiza o das favelas centrais Desconsideram ainda aquilo que Milton Santos 2006 p 140 denomina de formas herdadas uma certa heran a espacial uma acumula o promovida por apropria es anteriores impregnada de trabalho humano Estamos diante da disputa pelo valor estrat gico ou de valoriza o pol tica do territ rio n o apenas uma disputa econ mica do espa o propriamente mas de seu dom nio e do controle de posi es privilegiadas no contexto da cidade Nesse sentido as discuss es em tomo das denominadas mais valias fundi rias urbanas apontam para a cria o ou aplica o de instrumentos jur dicos que possam equalizar as evidentes desigualdades na apropria o dos benef cios advindos da a o do Estado com aplica o de recursos p blicos e evitar que ocorram como me parece estar ocorrendo mais uma vez em preju zo dos pobres retirando das favelas para o mercado capitalista o valor gerado pelo trabalho humano incorporado aos espa os submetidos aos
232. e Belo Horizonte In 12 Encuentro de Ge grafos da Am rica Latina 2009 Montevideo GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Programa de Desenvolvimento de Comunidades PRODECOM 1981 GRUPO DE PESQUISA MOM MORAR DE OUTRAS MANEIRAS Produ o aut noma uma via de recupera o socioambiental do espa o cotidiano Belo Horizonte 2009 Manuscrito Projeto de Pesquisa apresentado Funda o de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG para 234 submiss o ao EDITAL FAPEMIG 07 2009 PROGRAMA DE APOIO A GRUPOS EMERGENTES DE PESQUISA GUARAPIRANGA Recupera o urbana e ambiental no munic pio de S o Paulo Coordena o de Elisabete Fran a S o Paulo M Carrilho Arquitetos 2000 GUIMAR ES Berenice Martins Cafuas barracos e barrac es Belo Horizonte cidade planejada Rio de Janeiro 1991 Tese doutorado em Sociologia Instituto Universit rio de Pesquisas do Rio de Janeiro IUPERJ GUIMAR ES Berenice Martins Minas Gerais a constru o da nova ordem e a nova capital In An lise amp Conjuntura Belo Horizonte v 8 n 2 3 maio dez 1993 PP 17 31 GUIMAR ES Berenice Martins As vilas favelas em Belo Horizonte o desafio dos n meros In Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro org O futuro das metr poles desigualdade e governabilidade Rio de Janeiro Revan FASE 2000 pp 351 374 HARVEY David 1996 Justice nature and the geography of difference Blackwell Publishers parte II p 117
233. e Projetos FNHP Fundo Municipal de Habita o Popular GTZ Sociedade Alem de Coopera o T cnica HBB Programa Habitar Brasil BID IAPI Instituto de Aposentadoria e Pens es dos Industri rios IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica IPEAD Instituto de Pesquisas Econ micas Administrativas e de Planejamento IPPUR Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional IPTU Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana LPOUS Lei de Parcelamento Ocupa o e Uso do Solo MOM Morar de Outras Maneiras grupo de pesquisa MST Movimento dos Sem Terra ONG Organiza o n o governamental ONU Organiza o das Na es Unidas OP Or amento Participativo OPH Or amento Participativo da Habita o PAC Programa de Acelera o do Crescimento PADI Processo Administrativo de Instru o PBH Prefeitura de Belo Horizonte PCS Programa de Cr dito Solid rio PEAR Programa Estrutural em reas de Risco PGE Planos Globais Espec ficos PIU RMBH Programa de Integra o Urbana da Regi o Metropolitana de Belo Horizonte PLAMBEL Planejamento da Regi o Metropolitana de Belo Horizonte PLANASA Plano Nacional de Saneamento PMBH Prefeitura Municipal de Belo Horizonte PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV E Programa Minha Casa Minha Vida Entidades PMI Prefeitura Municipal de Ipatinga PMS Plano Municipal de Saneamento PND Plano Nacional de Des
234. e das intera es mais prim rias do homem com o s tio natural Os ambientes assim caracterizados ser o confrontados com o ambiente tecnog nico caracter stico da cidade formal produzido segundo processos sociais heter nomos e hegem nicos nas cidades capitalistas Considerou se nesse primeiro est gio tamb m os efeitos de interven es promovidas por outros programas p blicos anteriores ou interven es setoriais efetuadas por concession rias de servi os p blicos para implanta o de redes de abastecimento e esgotamento bem como abertura de vias de circula o estabiliza o de encostas e medidas de preven o ao risco geol gico ou programas de regulariza o fundi ria com reflexos diretos na produ o no uso e nas rela es socionaturais nas reas afetadas Essas a es pontuais perpassam toda a hist ria das favelas aqui enfocadas Comp em se desse modo um quadro bastante ilustrativo da trajet ria do poder p blico nas favelas de Belo Horizonte A inten o n o inventariar de modo sistem tico essas pol ticas trabalho esse j levado a cabo por outros pesquisadores tampouco descrever condi es espec ficas de uma dada favela mas caracterizar o espa o social como prop e Lefebvre quanto ao grau de homogeneiza o fragmenta o e hierarquiza o que apresenta Lefebvre 2000 1974 p 36 Adotaremos a terminologia de Carvalho 1999 distinguindo entre infraestrutura mesoestrutura e superestrutura
235. e de articula o com outros grupos para acordos rec procos de apoio e aprova o das propostas A segunda etapa execu o de obras desencadeada ap s aprova o da demanda e indica v rios momentos de participa o popular que de fato inexistem As fases que envolvem licita es p blicas ou seja licita o dos projetos ou dos planos globais e licita o de obras ficam inteiramente a cargo da Urbel desde a prepara o do edital ao julgamento das propostas Depois de conquistados os recursos para elabora o do PGE em uma vila ou favela a comunidade n o tem nenhum poder de interfer ncia no processo de sele o da empresa que o desenvolver n o pode contratar ou demitir a equipe de planejamento mas apenas apresentada a ela por funcion rios da Urbel em uma primeira assembleia p blica que tamb m serve para explicar o papel do grupo de refer ncia e definir seus membros Kapp e Baltazar 2012 p 166 Da mesma forma nas etapas sequenciais conclus o do PGE ou seja na contrata o e elabora o dos projetos executivos e nas obras a comunidade ser convidada a participar em eventos pontuais imprescind veis legitima o do processo participativo Durante as etapas de elabora o do PGE a comunidade se far representar pelo Grupo de Refer ncia GR cuja participa o nos trabalhos volunt ria sendo vedada a remunera o de seus membros pelo Art 175 da Lei 8 137 2000
236. e do sistema tradicional de drenagem urbana Roberto Champs Silvana Trigueiro e Carla Fr es 2011 online consideram legitima por m equivocada a aspira o canaliza o de c rregos comumente expressa pela popula o da cidade leg tima por refletir a defici ncia dos sistemas de esgotamento sanit rio e de gest o de res duos s lidos e equivocada por que a canaliza o n o resolve os problemas apenas os esconde As solu es acenadas pelos autores consideram os sistemas de infraestrutura idealmente integrados e a participa o popular segundo um novo modelo de gest o para a drenagem no qual h que se aplicar o conceito de gest o solid ria compartilhando se as responsabilidades com as comunidades envolvidas expresso no Plano Diretor de Drenagem Urbana de Belo Horizonte PDD conclu do em janeiro de 2001 sendo o Programa Drenurbs um de seus produtos Champs Perez e Fr es 2011 p 8 39 A utiliza o do termo infraestrutura pelos autores refere se ao seu emprego usual ou seja a designa o dos sistemas de intermedia o das superestruturas urbanas e o s tio sistemas de drenagem urbana o esgotamento sanit rio pavimenta es etc Na primeira fase do PDD conclu da em 2001 elaborou se uma caracteriza o diagn stica das bacias hidrogr ficas da cidade um cadastro completo do sistema de macro e microdrenagem uma avalia o com a identifica o de patologias estruturais em
237. e ela se instale a domina o da natureza interna isto o controle de impulsos e desejos tal como paradigmaticamente demonstrado pelas ast cias de Ulisses Em epis dios como a passagem pela ilha das sereias a cujo canto at ent o todos teriam sucumbido Ulisses demonstra como dominar a si mesmo ficando amarrado ao mastro e aos seus homens tapando lhes os ouvidos com cera 18 18 Cf Ulisses ou Mito e Esclarecimento Adorno Horkheimer 1985 1944 p 53 et seg 20 Esse dom nio para o qual Ulisses figura como modelo tamb m o pressuposto para as modalidades modernas de dominac o da natureza a comecar pela sua concepc o em Francis Bacon considerado o pai da filosofia experimental Adorno Horkheimer 1985 1944 p 19 Bacon embora ainda n o considerasse que as ci ncias matem ticas pudessem ter qualquer papel relevante no desenvolvimento da t cnica j recha a os mitos e a imagina o como obst culos compreens o humana da natureza Ao apenas prometido dom nio que eles oferecem Bacon op e a possibilidade de comandar a natureza na pr tica Bastaria para isso que os homens se deixassem guiar por ela na inven o Adorno Horkheimer 1985 1944 p 19 apreendendo sua ess ncia objetiva e eliminando o desconhecido Adorno e Horkheimer v em em Bacon o primeiro arauto de uma redu o de todas as coisas mera objetividade isto a objetos manej veis pela t cnica O processo de de
238. e fato o envolvimento da popula o no processo Tudo de concreto definido a partir da e veremos como a cada momento s o mobilizados os diferentes discursos t cnicos na medida da conveni ncia para romper as resist ncias da popula o e enaltecer as qualidades e benef cios da interven o para a favela e para os favelados A suposta participa o da comunidade nas etapas que antecederam as obras sobretudo a participa o do Grupo de Refer ncia nas propostas do PGE sempre destacada para legitimar as interven es como uma resposta aos anseios manifestos pela popula o naquele momento pret rito Ou seja na fase de execu o das obras n o cabem mais reivindica es o processo participativo j estaria 139 consolidado e os moradores que n o o acompanharam perderam o bonde 0 No entanto esse o momento em que afloram os conflitos porque s a as propostas contidas nos planos e desenhos t cnicos ganham materialidade e os moradores s o capazes de aferir seus efeitos pr ticos tamb m nessa etapa que o discurso da participac o assume claramente sua func o comunicar popula o e n o abrir ao debate as resolu es acordadas nas inst ncias de decis o do poder p blico Uma via de m o nica o processo sup e que os interlocutores precisam ser moldados ao entendimento mediante palestras cartazes ou panfletos informativos cartilhas ou mesmo audi ncias p blicas quando inevit veis com pouca ou n
239. e nos exime de qualquer responsabilidade pela dor e sofrimento cotidianos das fam lias que integram as classes destitu das no Brasil e pouco difere daquela outra representa o que responsabiliza os pr prios miser veis pela sua condi o de mis ria t o propalada pelo neoliberalismo Subjacente a essa postura est a cegueira volunt ria ou n o aos fatores que verdadeiramente determinam a estrutura de classes e condi es diferenciadas de acesso aos recursos produtores de valores desde os meios de coer o pol cia at informa o e formas de conhecimento socialmente reconhecidas e respeitadas e especialmente o controle sobre o espa o urbano Assim se preservam privil gios Assim se perpetuam as desigualdades sociais dur veis imprescind veis reprodu o ampliada do capital A oculta o da realidade ou seja a cegueira aos fatores que verdadeiramente determinam a produ o e reprodu o social das desigualdades a garantia da manuten o da estrutura de classes brasileira Os processos de urbaniza o das favelas em Belo horizonte imp em de forma acr tica padr es urban sticos e edil cios determinados pela ordem capitalista de produ o social do espa o interditando possibilidades de rela es socionaturais mais harm nicas em observ ncia infraestrutura que lhe d suporte N o h cr tica ao modelo de cidade formal que est sendo imposto n o obstante as evid ncias cotidianas de sua c
240. e o conv vio cotidiano de sujeitos conhecedores e benefici rios das estruturas autogestion rias facilitou os processos iniciais de assimila o por parte das novas fam lias mutirantes das possibilidades efetivas de interfer ncia no 217 processo de profissionalizac o e ingresso nas frentes de trabalho Em 1998 a Associac o dos Sem Casa do bairro Bet nia e Regi es de Belo Horizonte ASCA autogestora do Residencial Villar gia aprovou um segundo empreendimento denominado Residencial ASCA no qual toda a experi ncia de gest o e a m o de obra formada anteriormente foram incorporadas Como reflexo da popularizac o das FTRs como oportunidade de trabalho e de profissionalizac o diversas fam lias desse novo empreendimento 202 unidades mudaram se para as proximidades do empreendimento durante a fase de obras intensificando a produ o e reduzindo o per odo de execu o de 18 para 16 meses Tamb m a foram montadas estruturas de produ o de componentes como as estruturas met licas para cobertura Os cursos de forma o profissional ministrados na obra contaram com a ades o massiva de mulheres uma delas Cenir Aparecida da Silva assumindo mais tarde no Residencial Serra Verde RSV a fun o de mestre de obras Tamb m atua at hoje como instrutora dos cursos de forma o do Escrit rio de Integra o da PUC Minas 185 Ap s esse per odo de intensa produ o habitacional autogestion ria em Belo Horizonte ho
241. e produ o da agricultura industrial moderna dessas reas para pa ses como a ndia Sud o Haiti e outros impondo a eles a produ o extensiva rompendo com as tradi es seculares de rela o do homem com a terra e instalando processos impiedosos de degrada o social e ambiental Ou seja preciso n o perder de vista que a qualidade socioambiental dessas cidades est intimamente relacionada a processos de degrada o em outras por es do planeta habitadas por cidad os menos aparelhados para a defesa de seus direitos individuais e coletivos e mesmo de suas tradi es de produ o frente aos interesses do modo de produ o capitalista As an lises que faremos dos processos de produ o social das cidades capitalistas ser o portanto sempre sob a tica do poder que a alian a entre o Capital e o Estado capaz de exercer sobre uma dada sociedade e sobre a natureza com maior ou menor influ ncia da tradi o cient fica como legitimadora desses processos 26 1 3 As cidades e suas guas A relac o da cidade com os cursos d gua t o antiga quanto a pr pria cidade A depend ncia do homem com rela o gua e a utiliza o dos rios para a alimenta o e transporte fizeram com que quase todas as cidades fossem fundadas junto a um curso d gua Tamb m antigo o tratamento pouco respeitoso com os rios e c rregos Moretti 2001 online No contexto urbano brasileiro observa se que a racionalidade t cnica de
242. e quatro anos o produtor rural se compromete manuten o das a es executadas em sua propriedade e atendimento aos procedimentos t cnicos acordados para a recupera o da rea tendo se celebrado conv nio com a Universidade Federal de Lavras para apoio t cnico execu o dessas a es 200 O conceito que rege a experi ncia da cidade de Extrema o de manejo dos recursos naturais de modo a permitir a explorac o dos valores econ micos sem dilapidac o e comprometimento do ambiente Como est lastreado na estrita observ ncia das condi es ambientais que visa restaurar considera a complexidade das intera es nos ecossistemas naturais bem como os efeitos da a o antr pica em cada sistema N o pode portanto ser implementado atrav s de f rmulas universais estimulando o desenvolvimento de modelos alternativos de manejo se tornam cruciais para frear o processo de degrada o ambiental Conservador das guas 2010 p 64 Uma alternativa consensual que ganhou mpeto em anos recentes consiste no manejo sist mico ou integrado que permita a produ o de bens e servi os demandados pela sociedade mas ao mesmo tempo garanta a manuten o dos processos ecol gicos no contexto de paisagem em termos de biodiversidade sa de da microbacia e recursos h dricos Conservador das guas 2010 p 64 Seria pertinente pensarmos a hip tese de recupera o e manuten o dos c rregos urbanos pela presta o de
243. e tanto infernizam a vida do paulistano atual Carvalho 2009 s p Percorrendo os doze campos da matriz de gest o da gua evidenciam se outros v cios da gest o p blica nas cidades brasileiras como a associa o dos cursos d gua s fun es de esgotamento sanit rio 31 e disposi o de lixo e entulho tanto quanto canaliz los em canais abertos ou fechados e ocupar suas v rzeas para implanta o de vias de circula o Tamb m recorrente o bloqueio infiltra o das guas pluviais tanto nas reas p blicas quanto nas privadas sem ado o de medidas compensat rias para sua reincorpora o ao ciclo hidrol gico As guas impedidas de infiltrar s o concentradas e conduzidas at os fundos de vale por escoamento superficial ou em galerias sempre por redes implantadas segundo a ordem racionalista de reduzir dist ncias e aumentar a velocidade de percurso p r as guas a correr sintetiza bem esse modelo de urbaniza o Al m disso a participa o das guas pluviais e tamb m das guas subterr neas na matriz de suprimento urbano ainda desprez vel FONTES DE SUPRIMENTO Dimens es de Gest o sUpERFICIAL SUBTERR NEA PLUVIAL SERVIDA 11 12 13 14 o S B sico ou Complementar ou Complementar Uso Complementar uso E Complementar em b sico e em geral conforme o coletor sequencial ou reuso S geral com tratamento sem tratamento telhado p tio interno com ou se
244. ejado para implanta o em etapas ao longo de 15 anos envolvendo obras de drenagem e saneamento integradas implanta o de reas verdes de uso social e reassentamento de ocupa es informais existentes nas reas eleitas para interven o O Vila Viva constitui se segundo discurso oficial da administra o no maior programa de urbaniza o do Brasil transformando vilas e aglomerados em bairros que valorizam a qualidade de vida dos moradores BELO HORIZONTE URBEL 2011 o contraponto desse discurso no entanto classifica o como um programa de desfaveliza o for ada orientado n o por nobres valores dos gestores p blicos preocupados com a qualidade de vida das pessoas que se aglomeram nas favelas mas pelos interesses do capital imobili rio BH Programa Vila Viva ou Vila Morta 2008 online O Drenurbs objetiva a melhoria da qualidade de vida da popula o da cidade e a valoriza o do meio ambiente urbano mediante a despolui o dos cursos d gua ainda em leito natural melhoria da coleta de res duos s lidos redu o dos riscos de inunda o e controle da produ o de sedimentos e processos de assoreamento de regi es de fundos de vale O Programa assume pragmaticamente a inten o de reverter essa tend ncia hist rica de se canalizar os cursos d gua naturais erigir e consolidar uma nova concep o de interven o para as guas circulantes no meio urbano Secretaria
245. ela es cotidianas constru das ao longo de muitos anos Sem discutir ainda o valor das indeniza es oferecidas fator sem d vida relevante destaco os aspectos sistematizados pelos pesquisadores do Programa P los de Cidadania 2011 que caracterizam bem o processo sob a tica das fam lias indenizadas no Aglomerado da Serra ou seja aqueles que tiveram que procurar nova moradia por conta pr pria 1 Prazo considerado muito curto para encontrar nova casa Magali afirma que recebeu da URBEL tr s meses para procurar uma nova casa com o valor da indeniza o e n o achou o tempo suficiente para fazer a mudan a Valmir 148 tamb m reclamou do pequeno prazo que recebeu para procurar uma nova moradia Sua fam lia teve apenas 60 dias O prazo demasiadamente curto associado principalmente ao aumento da especula o imobili ria dificultou a procura de muitos indenizados por uma nova resid ncia com pelo menos os mesmos padr es da resid ncia de origem 2011 p 93 2 Press o exercida pela URBEL para desocupar as resid ncias Segundo Tatiana ficam pressionando todo dia pra voc sair mandam pessoas caminh o at que voc perde a paci ncia De acordo com Madalena certo dia foi comprar p o e quando voltou encontrou funcion rios da URBEL fazendo um buraco em sua casa Ot via colocou que a URBEL ficou perturbando as fam lias para sa rem de casa o mais r pido poss vel 2011 p 93 3 Defici ncia na fo
246. elizes propriet rios de uma casinha constru da em etapas pelas pr prias m os Ou seja acesso a um lote pr prio cada vez mais escasso e dif cil de obter no mercado de loteamentos em S o Paulo e se poss vel financiamento a baixo custo para material de constru o Bonduki 2006 p 235 O dilema de assessorar os movimentos sociais sem desconsiderar as cr ticas at ent o formuladas resultou na proposi o de alternativas de mutir o com a participa o do morador mas em processo coletivo de modo a superar as defici ncias percebidas nos processos individuais pela incorpora o de vantagens que pudessem fazer numa linguagem marxista a casa assim edificada valer seu valor ou seja o trabalho socialmente necess rio para sua constru o Bonduki 2006 p 236 Em sua avalia o otimista A autogest o na promo o de empreendimentos habitacionais possibilitou um alto grau de autonomia das organiza es populares abrindo uma perspectiva de superar a aliena o do trabalhador em rela o ao produto do seu trabalho tanto do ponto de vista material quanto no que se refere ao projeto e processo de produ o Bonduki 2006 p 236 Considerando se as experi ncias autogestion rias para a produ o habitacional em Minas Gerais de fato podemos computar ganhos em organiza o aprendizado representa o pol tica e qualidade das unidades e conjuntos habitacionais produzidos No entanto as experi ncias tinham abra
247. elo Horizonte e suas guas Belo Horizonte nasceu planejada de acordo com a ordem positivista filha dos desdobramentos do Iluminismo em suas manifesta es do final do s culo passado A ideologia da ordem e progresso foi expressa na sua configura o urbana nas linhas e esquinas retas rigidamente delimitadas mais adaptadas aos c nones barrocos da tradi o ib rica e do modismo franc s do que s condi es espec ficas da natureza e do terreno onde se implantava Monte M r 1994 p 14 A inten o desse item evidenciar os efeitos do modus operandi do homem sobre a natureza na configura o das cidades brasileiras a partir do s culo XX in cio da industrializa o e intensifica o dos processos de urbaniza o A concep o e implanta o da cidade de Belo Horizonte explicitam bem os prop sitos de submiss o da natureza racionalidade t cnica sendo poss vel pontuar ao longo de sua hist ria e em sua conforma o atual as consequ ncias concretas desse modo de produ o Belo Horizonte conformou se a partir da ocupa o de duas bacias hidrogr ficas contribuintes no alto curso do Rio das Velhas Construiu se a cidade planejada sobre o n cleo j existente do 38 arraial de Bello Horizonte antigo Curral D El Rey 8 margem direita do ribeir o Arrudas no sop da Serra do Curral Apenas pequena por o da cidade a se o XIV transpunha o ribeir o Arrudas no entorno da Esta o Ferrovi ria e fo
248. em dezembro de 2008 convocada pela Defensoria P blica e envolvendo os moradores e t cnicos da prefeitura j na fase de execu o das obras no Morro das Pedras cuja pauta passa por temas recorrentes formas de indenizac o reconhecimento de titularidade do terreno extens o do t tulo de propriedade a todas as fam lias antes das remo es informa es e acesso ao projeto antes da execu o e participa o ativa na tomada de decis es Redundante o contra argumento dos t cnicos para a quest o da participa o que os moradores perderam o bonde se eles n o estavam presentes no momento da elabora o e defini o do projeto n o podem exigir agora interrup es ou modifica es pois isso prejudica o processo participativo j instaurado anos antes 2011 p 89 109 Entrevista concedida por Mary Francisca Guimaraes a Tamiris Nascimento em 05 12 2009 a ntegra da entrevista constitui o Anexo B disserta o de Nascimento 2011 140 Com o in cio das obras do Programa Vila Viva criou se entre a popula o da Comunidade da Serra um clima misto de euforia e incerteza Euforia por acreditar que a vida local melhoraria e incerteza devido ao desconhecimento do que seria feito j que em momento algum a populac o foi consultada ou informada do que realmente se tratava o Programa Com o passar do tempo ficou a incerteza e somaram se a ela in meras d vidas tais como por que a Comunidade da Serra foi escolhid
249. em m dia 3 anos Mello 2005 p 74 A equipe t cnica normalmente composta por arquitetos urbanistas assistentes sociais soci logos advogados ge logos e bi logos que proceder o aos levantamentos seguidos de diagn sticos setoriais urban stico ambiental s cio organizativo e jur dico legal que dever o fornecer elementos para um diagn stico integrado e por fim propostas ou diretrizes de intervenc o Esse produto final deve apresentar ainda estimativas de custos das intervenc es hierarquizadas segundo prioridades de execuc o para orientar as pr ximas disputas de verbas nos Orcamentos Participativos Esclareco que a exaustiva exposic o acima envolve apenas e esquematicamente uma das etapas do processo que desembocar em obras de interven o em uma favela A inten o evidenciar o n vel de engajamento exigido do cidad o determinado a participar desse processo e qu o distante o esfor o individual de lideran as comunit rias que persistam nessa batalha est de uma efetiva participa o daqueles que ser o afetados no momento da interven o No entanto esse ainda n o o aspecto crucial pois mesmo aqueles que acompanharam todas as etapas desse processo frequentemente afirmam desconhecer as transforma es substanciais que viriam a ocorrer e admitem sua impot ncia frente a efeitos indesej veis ou inesperados das interven es em suas favelas especialmente sobre as remo es e reassentamentos involun
250. emplo o transporte de materiais leves e gua para a constru o assumido pelas mulheres e crian as maiores Nos relatos sobre constru es mais antigas comum a refer ncia a mutir es envolvendo familiares e amigos para servi os como a concretagem de lajes ou muros de arrimo Nos relatos referentes a constru es mais recentes essa pr tica j n o mencionada espontaneamente e quando questionados a respeito os moradores dizem que ela deixou de ser comum pelo menos como a o solid ria gratuita ningu m mais trabalha graciosamente por mais amigo que seja tamb m n o dispensa a comida e a bebida porque faz parte da celebrac o 6 Como j mencionado a constru o e a aquisi o de materiais estoc veis se d por etapas na medida da disponibilidade financeira e de tempo dos moradores estendendo normalmente a 75 Essa condi o pode ser atestada visualmente mas tamb m pelos diagn sticos efetuados pelo Programa de Erradica o de reas de Risco PEAR para essas reas que atestam um relativamente baixo percentual de situa es classificadas como risco m dio alto e muito alto menos de 5 para os maiores aglomerados das regionais Centro Sul Leste e Oeste que exploraremos no item 4 3 Informa es sobre o PEAR em http portalpbh pbh gov br pbh ecp comunidade do evento portiet amp pldPlc ecpTaxonomiaMenuPortal amp app ur bel amp tax 8172 amp lang pt br amp pg 5580 amp taxp 0 amp Acesso em 31 de
251. empresas construtoras a in meras empresas de arquitetura ou engenharia os projetos abarcam apenas a rea imediata implanta o e s o frequentemente distribu dos segundo categorias funcionais edif cios residenciais edif cios institucionais reas de lazer ativo pra as etc H ainda uma distin o pelo status simb lico das obras para as contrata es projetos para objetos arquitet nicos considerados nobres s o contratados a arquitetos ou escrit rios de renome enquanto que os objetos vulgares notadamente os edif cios destinados moradia s o contratados aos pequenos escrit rios e frequentemente trata se apenas do arranjo espacial de tipologias j convencionadas Entre esses h um discurso recorrente quanto a exiguidade dos prazos e inadequa o da remunera o para execu o dos projetos como impeditivos ao conhecimento suficiente do ambiente socionatural no qual se dar o as interven es Tamb m recorrente a alega o de que a contrata o dos projetos arquitet nicos e urban sticos vem acompanhada por r gidos programas arquitet nicos e urban sticos nos quais propostas inovadoras s o recha adas sob o argumento de inadequa o econ mica cultural ou mesmo refer ncias vagas gen ricas a rela es de poder local como por exemplo o inconveniente da configura o de p tios que seriam indevidamente apropriados por grupos traficantes de drogas Execu o das obras O in cio das obras marca d
252. encadeando reac es que podem aniquilar processos potencialmente transformadores da socionatureza degradada Nesse sentido julgo pertinente a discuss o das experi ncias denominadas contra hegem nicas apresentadas por Boaventura Sousa Santos e C sar Rodr guez Sousa Santos 2002 no livro Produzir para viveri mais especificamente a discuss o das teses formuladas pelos autores a partir dos temas comuns a tais experi ncias Sousa Santos 2002 pp 64 74 Sousa Santos e Rodr guez asseveram que a aceitac o sem precedentes da id ia de que n o h alternativas ao capitalismo tanto pelas elites conservadoras quanto pelos c rculos pol ticos e intelectuais considerados progressistas evidencia a urg ncia na identifica o sistematiza o e divulga o de alternativas econ micas e sociais concretas ao capitalismo que demonstrem ao mesmo tempo seu car ter emancipat rio e sua facticidade econ mica social e ambiental A exist ncia de movimentos e organiza es sociais em todo o mundo em defesa de uma globaliza o contra hegem nica em oposi o globaliza o neoliberal demonstra para os autores que os v rios s culos de predom nio do capitalismo n o conseguiram diminuir a indigna o e a resist ncia efetiva aos valores e s pr ticas que constituem o n cleo central do capitalismo enquanto sistema econ mico e forma de civiliza o Sousa Santos 2002 p 23 O F rum Social Mundial de Por
253. enciam e se dispersam tanto pelo fracionamento de suas reivindica es como pela compreens o e uso de conceitos que definem suas estrat gias pol ticas Vista por esta tica a compreens o do mundo atual ressente de um pensamento que possa reintegrar as partes fragmentadas e constituir um saber hol stico que contemple a complexidade Esse novo saber n o renunciaria aos princ pios de objetividade prescritos pela ci ncia mas tamb m n o seria dominado por eles j que a crise ambiental aponta justamente o limite da racionalidade fundada em uma cren a insustent vel a da constru o e compreens o do mundo pela id ia da totalidade universalidade e objetividade do conhecimento Trata se portanto da desconstru o desse saber totalizante e promo o do di logo de saberes fundado no encontro do ser com o outro para a 187 construc o do saber ambiental Leff 2004 p 320 A posic o defendida por Leff reconduz nos s proposi es de Feyerabend 2011 1978 a ci ncia deve ser uma tradi o dentre outras a que se recorre se e quando conveniente e n o como a nica alternativa n o como uma tradig o que s existe pela elimina o e desqualifica o de todas as outras Al m disso nas diversas abordagens a natureza vista como um bem a ser explorado e a servico da sociedade polarizada pela vis o da natureza como um bem a ser apropriado sem necessariamente ser dilapidado primeira vis o est o frequ
254. endimento demanda de gua pela COPASA sem a correspondente implanta o de redes de esgoto Quando a gua foi instalada nas casas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais COPASA n o veio junto a infraestrutura da rede de esgoto A popula o instalou em suas casas chuveiros pias tanques descargas parou de usar as fossas e fez redes comunit rias de esgoto Essas redes foram canalizadas para as regi es de c rregos que possuiam uma ca da natural de vale principalmente na regi o conhecida como Primeira gua onde existe o c rrego Cardoso que fica ao lado da avenida de mesmo nome Essa canaliza o dos esgotos para os c rregos foi iniciada pela COPASA que canalizou para eles os esgotos das ruas e escolas da regi o poluindo as guas at ent o pot veis Silva 2011 p 26 Esse aspecto marcante quanto s altera es nas rela es entre os moradores de reas de cabeceiras e os cursos d gua que supriram as necessidades cotidianas de v rias gera es H uma not vel distin o entre as gera es que dependiam dessas guas e portanto cuidava delas e as gera es mais novas que sequer se d o conta da exist ncia dos c rregos frequentemente associando os aos demais dispositivos de escoamento de esgoto existentes nas favelas ou a reas de descarte de lixo entulho e outros res duos julgados imprest veis Retomaremos esse tema ao discutir as recentes transforma es dessas reas em parques nas favelas j a
255. endimento enquanto n o sejam atendidas as recomenda es Minist rio P blico Federal 2011a Cabe tamb m ressaltar o posicionamento da moradora Patr cia Fonseca de Alencar na referida audi ncia em nome da Vila Barragem a comunidade deve melhorar com a gente aqui dentro e n o fora dela Essa manifesta o reflete a percep o dos moradores de favelas ainda n o afetadas do que lhes reserva o futuro Tanto quanto nas favelas j afetadas o somat rio de motivos que conduzem remo o de fam lias desvela tamb m o paradoxal discurso da inclus o social aqueles que reclamam legitimamente melhorias urbanas nas reas que habitam n o poder o deles usufruir ser o novamente exclu dos para que os benef cios possam alcan ar as reas Nas reas j afetadas as obras iniciam se pelas demoli es liberando espa os para movimenta es de terra necess rias implanta o das vias e gera o de reas planas para edifica es p tios para estocagem de materiais e instala o dos canteiros de obras Iniciam se tamb m os transtornos e conflitos em torno das remo es os processos de negocia o para a indeniza o das familias n o ocorrem previamente s obras contradit rio que as obras iniciem se concomitantemente s negocia es de se supor que uma fam lia especialmente numa situa o de mudan a compuls ria precise de tempo de preparo objetivo e subjetivo para abandonar sua casa e suas r
256. endimentos anteriores Embora a AHI tivesse acumulado boa experi ncia na condu o dos empreendimentos anteriores para as fam lias integrantes desse novo empreendimento a entidade n o passava de um gestor externo descaracterizando pois o processo autogestion rio Ademais as fam lias n o tinham hist ria anterior de organiza o tendo se constitu do em um grupo circunstancialmente em torno de uma oportunidade comum N o obstante o empreendimento contou com grande disponibilidade de m o de obra especializada em alvenarias estruturais formada nos empreendimentos anteriores viabilizando o Dentre os legados das experi ncias autogestion rias de Ipatinga s experi ncias que se iniciavam em Belo Horizonte destaca se a racionaliza o dos processos de produ o das alvenarias estruturais associado ao programa de forma o e treinamento da m o de obra contratada preferencialmente mutirantes e o ingresso de profissionais j formados em Ipatinga nas Frentes de Trabalho Remuneradas nos dois primeiros empreendimentos de Belo Horizonte Villar gia e Hava em 1997 Essa contrata es refletiam o entendimento de que em ltima an lise os associados de distintas entidades por moradia integram solidariamente uma mesma frente de luta pelo direito constitucional moradia independente do local ou momento em que pleitos individuais sejam alcan ados Al m da contribui o direta na forma o de novos profissionais a presen a
257. enhuma margem para negocia o elucidativo o depoimento de Mary registrado por Nascimento 2011 109 A Defensoria P blica ao ser acionada pelos moradores do Morro das Pedras buscou canais de comunica o entre esses e a prefeitura Mary que integrou a comiss o constitu da para representa o dos moradores resume o primeiro encontro com o presidente da Urbel Claudius Vinicius e o defensor p blico Marcelo Nicollielo Nesse primeiro encontro foi garantido que se abriria pra que houvesse de fato uma participa o da popula o com acompanhamento do projeto e participa o nele E que todas as obras poderiam ser discutidas com exce o da via de Liga o que abriria m o de tudo com exce o da Via de Liga o A n s pergunt vamos qual que esse tudo se n s n o sabemos quais v o ser as interven es Por favor nomine Pr mim parece de novo uma fal cia de quem diz deixa a gente fazer o que n s queremos porque n s n o queremos mais do que isso Porque a a gente perguntava sobre essas outras interven es e eles falavam que iam apresentar esse projeto Esse projeto quando apareceu depois de muito tempo apareceu de novo s falando de novo da Via de Liga o Nascimento 2011 p 89 Floriscena Silva 2011 que acompanhou toda a interven o Vila Viva no Aglomerado da Serra em sua dupla condi o de moradora e pesquisadora registra 108 Nascimento 2011 relata uma audi ncia ocorrida
258. enta fosse geradora de seres violentos perigosos amea adores do espa o urbano E assim concebida deveria ent o ser removida extirpada como se faz com uma doen a que amea a o corpo s o Gomes 2009 p 6 Essa vis o complementada por Jess Souza 2009 apenas porque n s brasileiros permitimos a reprodu o continuada de uma classe condenada a ser corpo sem alma ou mente ou seja uma forma de indiv duo racional aproveit vel econ mica e politicamente que podemos tamb m tem la e persegui la cotidianamente como delinquentes ou delingilentes potenciais apenas por serem percebidos como meros corpos numa sociedade que valoriza a disciplina e o autocontrole acima de tudo que essa classe desprezada vista como tendencialmente perigosa e como assunto da pol cia e n o da pol tica Souza 2009 p 122 225 CONCLUS ES Propus me a analisar os efeitos combinados das atuais pol ticas p blicas dirigidas s favelas e s guas da cidade sobre a totalidade social Os dois temas sempre estiveram a meu ver imbricados embora sejam usualmente tratados em inst ncias distintas das administra es p blicas Tamb m ao senso comum n o transparece uma rela o clara e direta entre eles e na academia somos moldados segmenta o A sociedade urbana produz na verdade as condi es ideais a essa aliena o coletiva da socionatureza A realidade no entanto contundente e os
259. entabilidade de um assentamento humano s o oferecidos pela infraestrutura tanto no que ela disp e para o interc mbio material com o homem quanto no que ela capaz de absorver dessa atividade Portanto sempre que a Cidade deixa de lan ar m o de fatores de sustentabilidade incidentes em seu territ rio ela gera a necessidade de faz lo alhures Carvalho 1999 p 33 a esse conjunto de a es que estou denominando urbaniza o reversa Implica admitir como considerado na introdu o a esse cap tulo a cidade como um produto para o qual deveriamos estabelecer os princ pios de um programa de responsabiliza o compartilhada entre seus produtores ou seja o conjunto da sociedade visando minimizar ou anular a curto m dio e longo prazos os impactos indesej veis ao meio ambiente e coletividade decorrentes dos processos de produ o 144 http geolurb blogspot com 2010 10 01 archive html 191 social uso e manuten o do produto cidade Tal proposi o implicaria uma gest o descentralizada da coisa p blica e como seguramente alertaria Marcelo Lopes de Souza s seria poss vel num macrocontexto social diferente o que pressup e uma sociedade basicamente aut noma Souza 2001 p 205 Poder amos pensar no entanto numa constelac o de forcas sociais e pol ticas que possibilitasse o desencadeamento de microprocessos de urbanizac o reversa aut nomos ou autogestion rios no interior mesmo de uma
260. entemente no entanto ser o as administra es p blicas municipais o agente promotor dado ao seu natural interesse no ordenamento de seu munic pio e benef cios decorrentes da regulariza o fundi ria e sobretudo pela autonomia municipal garantida na Constitui o Federal refor ada pela edi o da LEI FEDERAL 11977 09 no que se refere ao modelo de regulariza o determina o da natureza social dos assentamentos e utiliza o do princ pio da urbaniza o espec fica O Estado tem mais uma vez se omitido em sua importante fun o de promo o da justi a social pelo simples reconhecimento dos direitos civis dos moradores Entretanto como vimos n o esse o entendimento do Procurador Geral do Munic pio Marco Ant nio de Resende para quem nas remo es de fam lias decorrentes do Programa Vila Viva a prefeitura sequer teria obriga o de indenizar pessoas que ocupam reas p blicas 24 Como afirma Erm nia Maricato 2000 as invas es de terras termo empregado juridicamente ou a ocupa es termo empregado pelos movimentos sociais apesar de periodicamente amea adas s o de fato toleradas desde o in cio do processo de industrializa o por abrigarem parte significativa da for a de trabalho a um custo de reprodu o muito baixo N o fossem toleradas n o teriam chegado a constituirem se em assentamentos que abrigam 21 dos cidad os em Belo Horizonte Caldas et al 2008 p 281 Tamb
261. entemente associados seus efeitos pr ticos especialmente relacionados conforma o do atual cen rio de crise ambiental facilmente identific vel nas sociedades contempor neas notadamente ocidentais A segunda vis o comparece sempre como uma possibilidade a ser constru da j que o repert rio de alternativas de desenvolvimento que possa espelh la escasso e n o raro circunscrito a experi ncias de cunho local claramente amea adas pela globaliza o e seu modelo econ mico hegem nico de produ o Swyngedouw 2001 Neil Smith 1994 Costa 2006 Acselrad 1999 Peet amp Watts 1996 e Harvey 1996 Relatos de experi ncias contra hegem nicas ao modo de produ o capitalista foram sistematizados em Produzir para viver que apresentam como princ pios comuns a igualdade a solidariedade e a prote o ao meio ambiente e como contraponto a polariza o em duas linhas de pensamento e a o desenvolvimento alternativo versus alternativas ao desenvolvimento Sousa Santos 2002 p 29 31 As distin es entre elas evidenciam se no confronto de suas teses ecol gicas com a rejei o radical dos movimentos associados segunda linha ao conceito e pr ticas do desenvolvimento sustent vel Para esses o desenvolvimento sem crescimento a nica alternativa de manuten o das condi es de vida no planeta ou seja os esfor os devem ser concentrar na melhoria qualitativa da base f sica econ mica que se mant m
262. ento de Carvalho 1999 que n o apenas compartilho como se constitui no fundamento da minha proposi o de manuten o das guas limpas recuperadas no cotidiano das cidades e n o apenas no interior de parques e espa os especializados O argumento parte de uma analogia entre o corpo humano e o corpo social que integra a civiliza o atual Embora reconhe amos que bra os e pernas n o constituam rg os vitais ao organismo humano alteram lhe o desempenho se permitirmos sua degrada o Analogamente partes aparentemente imprest veis do territ rio urbano t m fun es nobres a cumprir e se tais partes s o relegadas nelas se instalam os processos de degrada o que determinam o mau desempenho do aparelho urbano Carvalho 1999 p 135 Assim que a defini o de uma rea de prote o ambiental transfere seus encargos para outras reas que supostamente n o precisam de prote o ou seja define tamb m no seu entorno reas de n o prote o ambiental Se pretendermos que uma APA seja de fato rea de prote o ambiental sua exist ncia n o pode ensejar que certas atividades sejam nelas proibidas a tal t tulo de preserva o ambiental porque isto implicaria a implanta o da referida atividade em outro local onde supostamente provocaria danos ambientais o que descaracterizaria a APA porque ela estaria determinando a falta de prote o ambiental na rea envolvente que seria ent o uma ANPA Ca
263. envolvimento PREZEIS Planos de Regulariza o das Zonas Especiais de Interesse Social PROAS Programa de assentamento de fam lias removidas em fun o de risco calamidades ou obras p blicas PRODABEL Empresa de Inform tica e Informa o do Munic pio de Belo Horizonte PRODECOM Programa de Desenvolvimento de Comunidades PROFAVELA Programa Municipal de Regulariza o de Favelas PROSAM Programa de Saneamento Ambiental das Bacias do Arrudas e do On a PT Partido dos Trabalhadores PUC Minas Pontif cia Universidade Cat lica de Minas Gerais RMBH Regi o Metropolitana de Belo Horizonte SAGMACS Sociedade de An lises Gr ficas e Mecanogr ficas Aplicadas SAJ PUC Servico de Assist ncia Judici ria da PUC SAJ PUC SE 4 Setor Especial 4 SEPLAN Secretaria de Planejamento da Presid ncia da Rep blica SEPLAN MG Secretaria de Planejamento do Estado de Minas Gerais SETAS Secretaria de Trabalho e A o Social SFH Sistema Financeiro da Habita o SINDUSCON Sindicato da Ind stria da Constru o SMAHAB Secretaria Municipal Adjunta de Habitac o Sociais SUDECAP Superintend ncia do Desenvolvimento da Capital UMEI Unidades Municipal de Educa o Infantil URBEL Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte UTP Uni o dos Trabalhadores de Periferia ZEIS Zona de Especial Interesse Social SUM RIO O c 3 1 Domina o da nalureza aa kain a ii anseia din 16 1 1 A natureza como obje
264. era tamb m perseguida com outras medidas tais como o estreitamento de jardins canteiros centrais e supress o de rvores Carone Filho 1964 p 41 As administra es municipais do prefeito Jorge Carone Filho 1963 1965 e de seu sucessor Oswaldo Pieruccetti 1965 1967 foram pr digas na canaliza o de c rregos inclusive em reas externas avenida do Contorno No relat rio do Prefeito Jorge Carone referente ao exerc cio de 1963 l se Obra de grande vulto est sendo conclu da na rua Professor Morais com o alargamento e aprofundamento do canal e lajeamento do mesmo Tamb m a canaliza o do c rrego da Avenida Uruguai no Carmo foi feita conseguindo se o disciplinamento dos cursos de guas para evitar os constantes transbordamentos que prejudicavam grande parte do Bairro dos Funcion rios m rmente as ruas Para ba Bernardo Guimar es e Pernambuco Estas obras permitiram ainda a urbaniza o de apreci vel rea do Bairro Sion e do Bairro do Carmo Carone Filho 1964 p 58 O mesmo relat rio registra a canaliza o do c rrego do Zool gico que passa nas proximidades do Minas T nis Clube com benef cios sanit rios e est ticos a intensifica o dos servi os de perfura o de po os artesianos a fim de atenuar o eterno e grave problema de falta d gua al m de comunicar o apressamento das obras de capta o de gua do Rio das Velhas que deveria responder parcialmente pela demanda de gua na
265. erc rio e de luz mista produtos eletroeletr nicos e seus componentes para as embalagens pl sticas met licas e de vidro de outros produtos prev se a celebra o de acordos e termos de responsabilidade considerando prioritariamente o grau e a extens o do impacto sa de p blica e ao meio ambiente dos res duos gerados Presid ncia da Rep blica 2010 a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos H dricos do Paran acrescenta a esses produtos o leo 182 De modo an logo a urbanizac o reversa consistiria em admitirmos a cidade como um produto cujos impactos indesej veis de seu processo social de produ o deveriam ser equacionados por seus produtores ou seja o conjunto da sociedade visando minimizar ou anular a curto m dio e longo prazos os danos ao meio ambiente e coletividade decorrentes do uso e manuten o desse produto cidade Essa analogia aos processos de log stica reversa apresenta como inconveniente o fato desses processos estarem impregnados pela l gica de produ o capitalista o que em ltima an lise significa que os custos adicionais para implementa o do fluxo reverso de determinado processo ser o repassados ao consumidor final do produto ou que a destina o final de res duos indesej veis seja em localidades cujas popula es apresentam baixa capacidade de mobiliza o ou de representa o pol tica No entanto o inc modo que o termo pode causar tem a vantagem de lembrar
266. erv ncia ao regime hidrol gico 24 Documento depositado no Cart rio do 1 Of cio de T tulos e Documentos de Belo Horizonte rua Guajajaras 329 Lj 01 sob o Registro No 1251164 em 26 10 2009 30 A t tulo de ilustra o reproduzo a seguir a sistematiza o proposta por Carvalho 2009 no supracitado manifesto relacionando as dimens es de gest o da gua e as fontes de suprimento para as necessidades urbanas A inten o da matriz demonstrar que a gest o combinada dos doze campos gerados poderia solucionar in meros problemas urbanos especialmente os problemas de excesso nas temporadas de chuva e a pretensa escassez de gua para consumo assim explicado por Carvalho 2010 As cidades t m 4 poss veis fontes de gua superficial subterr nea pluvial e servida Se temos 3 dimens es de gest o da gua como objetos de planejamento as dimens es suprimento agente geodin mico e ve culo de poluentes e contaminantes temos por consequ ncia 4x3 campos de planejamento ou seja 12 campos O que vemos as cidades fazerem em rela o ao planejamento Planejam o suprimento mas s da fonte eleita para o fim planejam a dimens o agente geodin mico apenas da fonte pluvial finalmente planejam a dimens o ve culo de poluentes e contaminantes apenas das guas da fonte eleita para suprimento O resultado que a rigor de 12 campos de planejamento as cidades deitam m os e mentes sobre apenas 3 Conseguir bom resulta
267. es de diversas reas visando elaborar um modelo em escala piloto de produ o habitacional autogestion ria incorporando princ pios da economia solid ria da inclus o digital e da sustentabilidade ambiental Os recursos para a viabiliza o do empreendimento constitu do por 77 Unidades Habitacionais um telecentro e espa os destinados instala o de unidades comerciais ou de servi os foram obtidos junto ao PCS R 1 540 000 00 sendo R 20 000 00 por fam lia e PBH com aporte de R 7 000 00 por fam lia totalizando R 539 000 00 A aprova o no edital do PCS deu se em maio de 2004 mas o contrato s foi concretizado em dezembro de 2006 No processo de contrata o embora o PCS se destinasse a fam lias de zero a tr s sal rios in meras familias foram exclu das dado aos crit rios de avalia o da capacidade de pagamento adotados pela CAIXA 168 As obras iniciaram se em abril de 2007 Durante todo este per odo as fam lias integrantes do programa e suas entidades representativas enfrentaram in meras dificuldades para supera o dos entraves burocr ticos impostos ao processo especialmente junto ao agente operador do Fundo de Desenvolvimento Social FDS a CAIXA matriz Bras lia que atuava tamb m como agente financiador sob a responsabilidade da Ger ncia Institucional de Desenvolvimento Urbano GIDUR BH Embora os dois anos de defasagem entre a aprova o do cr dito e o in cio efetivo das obras j j
268. ese foi estruturada pela associa o dos dois temas favelas e c rregos em leito natural tendo por substrato a cidade de Belo Horizonte Segundo dados do Drenurbs em n meros aproximados s o 700 km de cursos d gua cruzando o munic pio 300 km est o em reas ambientalmente protegidas parques e reas de capta o para abastecimento dos 400 km inseridos na malha urbana metade dos cursos d gua encontra se canalizada e metade em leito natural Aroeira 2010 p 224 de dois paradigmas quanto atitude que o homem estabelece com a natureza os ndios da Amaz nia e os estadunidenses Cavalcanti 1994 p 93 12 Utilizarei as express es cidade legal ou cidade formal em oposi o ilegalidade jur dica relativa propriedade da terra e informalidade frente aos c digos urban sticos que caracterizam as favelas A bacia de um rio constitu da por diversos pequenos cursos d gua que definem por sua vez in meras microbacias hidrogr ficas Ainda que parte do curso principal de uma bacia ou alguns de seus afluentes tenham sido canalizados comum encontrar nas por es mais altas das bacias esses pequenos cursos d gua em leito natural Sempre que os encontrei em Belo Horizonte fora de parques ou de reas de capta o estavam ocupados por favelas Essa constata o pode ser ilustrada pelo mapeamento do movimento das favelas e a posi o atual que ocupam no munic pio nas sub bacia hidrogr ficas na
269. etc ainda que representem maiores dificuldades ou riscos ocupa o frequentemente s o transpostas se a elas n o se somarem a es efetivas de fiscaliza o e preven o ocupa o As vias de tr nsito r pido ferrovias linhas de metr ou grandes equipamentos tamb m funcionam como eficientes barreiras expans o cuja implanta o est quase sempre associada remo o integral ou parti o de n cleos favelados instalados anteriormente At ao esgotamento das fronteiras de expans o de uma favela quando o acesso passa a ser preponderantemente pela via do mercado imobili rio informal Abramo 2003 p 210 o acesso terra pode resultar de a es individuais ou de pequenos grupos familiares que passam a atrair novos contingentes ocupa es coletivas por grupos despejados de outras reas pelo Estado ou por particulares ou ocupa es coletivas decorrentes da a o pol tica de movimentos sociais organizados Pedro Abramo 2003 p 209 sistematiza o que considera ser a forma cl ssica de acesso moradia em uma favela na seguinte sequ ncia ocupa o individual ou coletiva de uma gleba ou lote r pida constru o prec ria tanto para assegurar abrigo imediato quanto para consolidar a ocupa o longo investimento familiar para consolida o da moradia e desmembramento do lote ou da edifica o para familiares ou para loca o 82 Sob a tica mais abrangente aqui priorizada da produ
270. eto ocasionalmente quem utiliza os espa os desconhece os processos de concep o e de execu o Mas qual o problema Esse o modus operandi da gest o urbana Por que deveria ser diferente nas favelas Nenhum conflito transparece aos olhos e aos sentidos do cidad o comum habitante da cidade formal habituado que est aos processos heter nomos conduzidos pelo Estado e empresas da constru o civil por toda a cidade Sob essa tica tudo est no seu lugar Habitantes da cidade formal tamb m n o fomos chamados a opinar sobre os processos de transforma o urbana decorrentes da implanta o da Linha Verde ou do Boulevard Arrudas da revitaliza o da Pra a Sete ou da Pra a da Savassi Tamb m a os espa os s o transformados com emprego de recursos p blicos afetam o cotidiano da cidade com efeitos mais ou menos duradouros no ambiente tecnog nico mais ou menos ben ficos coletividade Opini es favor veis ou contr rias podem ser veiculadas pela m dia especialistas em mobilidade 105 Moradores contratados pelas empreiteiras 106 Interven es recentes resultantes de obras p blicas em Belo Horizonte 137 urbana juristas ambientalistas economistas ou urbanistas podem ser convidados a debates e pareceres moradores e comerciantes das reas diretamente afetadas podem se manifestar Contudo os interesses combinados da tecnocracia do Estado e de setores privados da produ o de obras p blicas t m prevalecid
271. fetadas pelo Vila Viva pela decreta o dessas reas como prote o com a remo o das fam lias ocupantes e o cercamento ou seja a transforma o das reas em espa os especializados subtra dos ao cotidiano da cidade A partir de meados dos anos 1990 o Or amento Participativo OP tem sido o caminho para reivindica es de melhorias urbanas nas favelas como vimos no cap tulo 3 A partir de 1998 tendo se institu do a obrigatoriedade de elabora o dos Planos Globais Espec ficos PGESs para 122 aprova o de qualquer obra exceto as emergenciais nas favelas a mobiliza o comunit ria tem que se dar primeiro para a conquista do PGE ap s o que a comunidade precisa se mobilizar novamente para conquistar os recursos para elabora o dos projetos executivos e por fim mais mobiliza o para a execu o das obras As obras aprovadas s o licitadas e executadas por empresas privadas e atualmente quando h interfer ncias com sistemas de gua ou esgoto os servi os necess rios s o executados e posteriormente ressarcidos pela COPASA Esse procedimento foi acordado no j referido conv nio de Gest o Compartilhada entre o munic pio e a concession ria reduzindo a depend ncia das obras em rela o COPASA o que frequentemente resultava em atrasos mas outros graves problemas permanecem existe muita descontinuidade ou seja a rede de esgoto no caso executada apenas no trecho em urbaniza o
272. futuras sofrer o mais cruamente do crime que cometem aquelas Brito 1944 1892 p 118 Tamb m a defini o do sistema de esgotamento sanit rio foi pol mica tendo se optado em detrimento do sistema separador absoluto pelo sistema unit rio tout l egout com a proposta de depura o das guas residu rias atrav s de infiltra o no solo Saneamento B sico 1997 p 44 Esse tratamento no entanto n o foi implantado devido principalmente demanda por reas agricult veis e condi es topogr ficas desfavor veis Saneamento B sico 1997 p 67 Os esgotos in natura lan ados diretamente no ribeir o Arrudas comprometeram o uso das guas tanto para irriga o quanto para uso dom stico Na figura 05 na planta da cidade observa se que o local destinado s desinfec es dos esgotos situava se junto ao ribeir o Arrudas nordeste da zona urbana no bairro de Santa Efig nia Cont guo a esse local estavam as reas destinadas a oficinas e tamb m ao matadouro municipal Aar o Reis a seu pedido exonerado da CCNC em maio de 1895 e substitu do pelo engenheiro Francisco Bicalho que efetivamente conduzir as obras de implanta o da nova capital com algumas modifica es nos projetos anteriores mas mantendo as proposi es 35 Como se pode observar no mapas inclu dos no Ap ndice toda a extensa rea a partir desse ponto para al m dos limites da zona suburbana esteve ocupa
273. gico da disponibilidade de m o de obra local e de solu es f sicas j implementadas pelos pr prios moradores Os contatos efetuados nesse per odo tanto com moradores quanto com entidades externas para capta o de recursos e apoio indicavam j algumas dificuldades que enfrentar amos com manifesta es de resist ncia de dois grupos pelo menos De um os moradores das proximidades dos c rregos que embora reconhecessem qualidades anteriores e nostalgicamente os prazeres e benesses experimentados quando a gua era clarinha era boa mesmo a gua 1 desejavam legitimamente se livrarem do desconforto e riscos associados ao c rrego agora polu do por esgotos dom sticos e lixo atraindo ratos baratas cobras e outras pragas urbanas E para isso a solu o conhecida e desejada por eles obviamente era aquela dominante na cidade canalizar o c rrego e fazer uma rua por cima Por outro lado os ambientalistas consideravam incompat vel a proposta de manuten o das fam lias e a preserva o dos atributos naturais da rea Manifestavam na verdade uma concep o corriqueira da preserva o ambiental como natureza imaculada e n o uma socionatureza interditando possibilidades de trocas materiais e sobretudo a possibilidade de uma rela o harmoniosa distinta da condi o atual O resgate das refer ncias hist ricas e simb licas do lugar foi fundamental ao in cio da constru o desse novo parad
274. gimento remo o deslocamento ou perman ncia e expans o dos n cleos favelados a din mica do mercado capitalista de terras ora desprezando reas que n o possuem atributos suficientes como mercadoria ora buscando incorpor las ao seu estoque A simples consulta cartografia oficial no entanto n o foi suficiente ao mapeamento desejado Segundo registram os executores do Atlas Hist rico de Belo Horizonte Funda o Jo o Pinheiro 1997 p 47 as reas n o ocupadas permaneceram por longo tempo sendo desenhadas nas plantas muitas vezes sem a necess ria defini o entre a cidade real e a cidade virtual e mais especialmente como no caso das favelas a ocupa o desordenada e n o oficial de grandes reas eram simplesmente ignoradas nos mapeamentos oficiais Buscou se cobrir essas lacunas a partir da literatura sempre que a descri o das favelas existentes produzisse elementos para sua localiza o espacial Adotei como extremos temporais o mapeamento de Teuli res de 1955 e o mapeamento das vilas e favelas em Belo Horizonte de 2007 constru do sobre a base hidrogr fica do munic pio Entre os extremos foram trabalhados os mapas cadastrais de 1936 de 1942 1953 e 1989 Sobre o mapeamento original foram sobrepostas as manchas correspondentes localiza o atual das favelas e a delimita o de microbacias adotada pelo Drenurbs de 2007 na bacia do ribeir o Arrudas Os mapas de 1936 1942 e 1953 dado
275. gressiva aliena o do homem urbano e a natureza Sem pretender um retrospecto exaustivo das rela es entre o homem e a natureza ao longo da hist ria fundamento minha abordagem na acep o de natureza em Marx primeiro dos modernos a explicitar o car ter historicamente determinado desse intercambio Recorro tamb m Dial tica do Esclarecimento Adorno Horkheimer 1985 1944 porque ela elege como conduto da an lise o processo de desencantamento do mundo pelo qual os homens se libertariam do poder m tico da natureza dissolvendo os mitos e substituindo a imagina o pelo saber apreendido pr pria natureza Na acep o de Marx a natureza a subst ncia tanto quanto o homem do trabalho e ambos natureza e homem s o transformados por ele O trabalho um processo de que participam o homem e a natureza processo em que o ser humano com sua pr pria ac o impulsiona regula e controla seu interc mbio material com a natureza Defronta se com a natureza como uma de suas for as P e em movimento as for as naturais de seu corpo bra os pernas cabe a e m os a fim de apropriar se dos recursos da natureza imprimindo lhes forma til vida humana Atuando assim sobre a natureza externa e modificando a ao mesmo tempo modifica sua pr pria natureza Marx 2008 1867 p 211 A natureza vista por Marx como uma extens o do corpo do trabalhador Nesse processo de intera o ambos se alteram Como meio e
276. gressivamente novos usos se instalavam segundo os est mulos oferecidos pela administra o p blica ora como incentivos instala o de ind strias ora estimulando o uso residencial de classes mais abastadas classe trabalhadora ao contr rio eram concedidos t tulos prec rios ou ordens de despejo e remo o Segundo o prefeito Affonso Vaz de Mello os terrenos da zona central nos quais se instalara o proletariado na sua quasi totalidade n o seriam cedidos pela prefeitura para construc o de casinhas de valor m nimo aventando como solu o a cria o de Vilas Prolet rias Segundo o mesmo relat rio a prefeitura ainda deveria preparar se para opportunamente remover grande n mero de oper rios installados provisoriamente na rea oper ria Barro Preto que por for a da Lei n 138 de 16 de outubro de 1917 poderiam conseguir o dom nio dos lotes ocupados nem por compra nem por cess o gratuita e nem por aforamento Mello 1918 p 14 5 Ou seja a Lei n 138 havia revogado todas as disposi es anteriores que abriam alguma brecha para que o trabalhador se instalasse em condi es menos prec rias na cidade o Decreto n 1 516 de 2 de maio de 1902 que concedera t tulos provis rios aos oper rios instalados no Barro Preto facultando lhes o dom nio definitivo dos lotes mediante a compra a constru o da casa segundo padr es determinados e o cumprimento de requisitos 56 Dispon vel http
277. gue zagues com evidente inten o de suavizar os deslocamentos Os processos de produ o das favelas espont neas determinam sua expans o paulatina tanto nos espa os de uso comum quanto nos espa os privados As casas raramente s o constru das integralmente assim como os acessos as redes de abastecimento e as movimenta es nos terrenos As caracter sticas dos s tios ocupados em encostas ngremes imp em limita es sua transforma o radical que exijam uso de equipamentos pesados frequentemente s o os elementos naturais que determinam o desenho urbano Outro fator que limita a es deliberadas e onerosas de altera es da base material infraestrutura a inseguran a da posse Nos primeiros anos de uma ocupa o paira sempre a possibilidade de uma ordem de desocupa o ou mesmo de atos truculentos envolvendo policiais a servi o de interesses privados N o h constrangimentos legais que exijam a observ ncia de par metros urban sticos como na cidade formal mas h constrangimentos de outra ordem O cont nuo parcelamento dos lotes para a implanta o de mais moradias ou c modos de com rcio ou servi os nem sempre preserva acessos individualizados s novas unidades O adensamento construtivo e populacional permanente e a press o conjunta sobre o territ rio em a es muitas vezes individuais e desconexas pode acentuar a precariedade e insalubridade de uma determinada rea e mesmo desencadea
278. hip South America Associaci n mundial del agua 2005 Dispon vel em http www vitalis net Manual20Gestion 20de 20Inundaciones 20 Urbanas pdf Acesso em 01 de junho de 2012 VALLADARES Licia do Prado A inven o da favela do mito de origem a favela com Rio de Janeiro RJ FCV 2005 WEBER Max 1967 A ci ncia como voca o In WEBER Max Ci ncia e pol tica Duas voca es S o Paulo Cultrix 1985 ZALUAR Alba ALVITO Marcos Um s culo de favela Rio de Janeiro FGV 2006 ENTREVISTAS PELA AUTORA Floriscena Estevam Carneiro da Silva moradora do Aglomerado da Serra em 08 de julho de 2012 Laudelina Garcia arquiteta em 13 de novembro de 2011 Jos Lima morador do Aglomerado da Serra em 13 21 e 30 de maio de 2012 242 AP NDICE Prancha 1 Principais favelas de Belo Horizonte 1957 e As principais migra es das favelas ao redor de Belo Horizonte adaptado de Teuli res Prancha 2 Favelas de Belo Horizonte Bacia do Arrudas 2007 Favelas de Teuli res Prancha 3 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1936 Servi o de Estat stica Geral Secretaria da Agricultura Gabinete Fotocartogr fico do Estado Maior do Ex rcito Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital Prancha 4 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1942 Administra o Juscelino Kubitschek Abrang ncia rea delimitada para Nova Capital
279. i ria que transforma o lucro suplementar essa parte da mais valia em renda fundi ria o detentor do direito de propriedade concede ou n o a sua utiliza o e caso n o existisse a propriedade privada a renda fundi ria se constituiria em lucro para o capitalista A peculiaridade existente na agricultura e que lhe permite reter dentro de sua esfera de produ o uma parte adicional do valor gerado portanto a exist ncia da propriedade privada da terra o lucro suplementar prov m da aplica o do capital em condi es mais favor veis monopolizadas e n o do pr prio capital Lenz 1981 p 47 53 Ribeiro considera indispens vel compreens o do conceito de Renda Absoluta em Marx rever a Lei da Perequa o da Taxa de Lucro cujo significado ele assim sintetiza 45 Na teoria de David Ricardo a renda da terra era a remunera o paga ao propriet rio uma dedu o do produto total determinada pela fertilidade da terra os sal rios n o se constitu am no pagamento do disp ndio de trabalho produtivo mas sim eram fixados pelas necessidades fisiol gicas de reprodu o do trabalhador e sua fam lia o lucro assumia assim um car ter de res duo do processo Silva 2011 p 114 para a evolu o do conceito de renda da terra no pensamento econ mico incluindo Malthus e Adam Smith ver os artigos de Lenz A teoria da renda da terra Ricardo e Malthus 1985 e A evolu o do conceito de renda da terr
280. i r pida e popularmente rebatizada de Mutir o Velho por duas raz es a primeira devido 211 ao in cio de dois outros mutir es o Bom Jardim e o S o Francisco pela AHI imediatamente ap s a autoproduc o e ocupac o prec rias das 107 moradias do Mutir o Nova Conquista a segunda mais sintom tica devido rapidez e intensidade da degrada o f sico ambiental desencadeada pelo processo de ocupa o tanto nas encostas ngremes quanto nas reas de fundo de vale na microbacia do c rrego Bom Jardim Embora a Prefeitura Municipal de Ipatinga PMI tenha disponibilizado os terrenos e monitorado a ocupa o n o houve repasse de recursos financeiros AHI a exemplo dos mutir es autogestion rios j iniciados em S o Paulo inspiradores do processo O apoio da PMI restringiu se cess o de m quinas e caminh es para execu o de terraplanagem para abertura das ruas e implanta o dos lotes A interven o resultou em cortes significativos e instabiliza o das encostas al m do aterramento das reas de fundos de vale em cota insuficiente para assegurar lhes salubridade Tamb m desencadeou processos erosivos na rea utilizada para empr stimo de material para aterro montante de parte da ocupa o Dado magnitude e rapidez dos processos de degrada o f sico ambiental a instalados fez se necess ria uma nova interven o para recupera o ambiental da rea processo que se revelou altamente ben fic
281. ia de mecanismos de repasse dos recursos destinados autogest o pelas associa es de moradores e foi por fim totalmente inviabilizada pelo in cio das obras do Programa Vila Viva Morro das Pedras em 2008 No projeto de urbaniza o a microbacia do C rrego do Pastinho figurava como rea de preserva o com a previs o de implanta o de um parque e de remo o de toda a popula o residente na rea assim delimitada O Projeto do Parque 1 C rrego do Pastinho PAC Morro das Pedras foi terceirizado pela empresa respons vel pelas obras a uma empresa de arquitetura e demonstra a hegemonia das pr ticas usuais de interven o em reas de preserva o com a retirada dos moradores e cria o de parques urbanos O projeto foi assim descrito Como nos demais parques sugerimos tr s cilindros multiuso com terra o que acolher o a estrutura de apoio do parque e al m disso sugerimos tamb m uma lojinha de paisagismo para vender as plantas produzidas no local uma escolinha de jardinagem dep sito de materiais e ferramentas Descendo pela encosta ao longo das curvas de n vel caminhos levariam aos canteiros de cultivo e viveiros de plantas Toda a produ o local poderia atender aos parques do aglomerado e o excedente seria vendido na lojinha A escolinha formaria profissionais para a demanda local e para o mercado de trabalho A nascente e talvegue poder o receber tratamento especial como recupera o do leito e da mata ciliar
282. ibeirinhas desde sua funda o A origem dos problemas certamente encontra uma explica o nas op es relativas hidrografia adotadas na concep o da cidade Baptista et al 1998 p 43 Os autores destacam como not veis as enchentes de 1908 e 1916 que for aram a canaliza o do Arrudas em 1928 e os transbordamentos do Arrudas do Leit o e do Acaba Mundo nas grandes cheias de janeiro de 1949 Novos eventos de inunda o nas d cadas de 1960 e 1970 nesses dois tribut rios levaram amplia o e capeamento dos canais na rea central e instala o de barragens de amortecimento das cheias montante da rea urbanizada Baptista et al 1998 p 43 45 As obras de execu o de barragens nos c rregos do Leit o e do Acaba Mundo arrastaram se desde os anos 1930 e foram finalmente conclu das na administra o de Oswaldo Pieruccetti 1971 1975 A barragem do c rrego do Acaba Mundo rompeu se 48 horas ap s sua inaugura o Saneamento B sico 1997 p 232 e teve de ser refeita Tanto no Acaba Mundo quanto no Leit o os lagos implantados para amortecimento de cheias foram progressivamente assoreados em decorr ncia da urbaniza o crescente montante e tamb m de sua utiliza o como bota fora de entulho lixo e terra Em 1995 os lagos foram retirados do sistema mas na bacia do c rrego do Leit o novo evento de inunda o em 1996 atingindo reas intensamente ocupadas e valorizadas for ou a tot
283. igma de urbaniza o e reabilita o de reas urbanas degradadas Por outro o padr o de urbaniza o hegem nico na cidade mostrou se de tal modo arraigado enquanto padr o de qualidade de vida urbana que mesmo havendo cr ticas a ele instalou se no grupo a desconfian a quanto possibilidade de concep o de algo distinto mais apropriado s condi es socioambientais evidenciadas Silva e Botelho Almeida 2008 Percebe se n o ser portanto tarefa simples a experimenta o de tal proposi o 150 Depoimento de Dona Carmem P de Oliveira moradora h cerca de 40 anos da Vila Pantanal na microbacia do C rrego do Pastinho Morro das Pedras BH no document rio Terra da Exclus o o C rrego do Pastinho representou muita coisa boa pr mim porque n s panhava gua l lavava muita roupa L tinha uma bica muito bonita d gua gua tinha rvore l tinha muita rvore tinha uma grama bonita ali embaixo L era bom Do C rrego Ah eu gostava Eu gostava de l muito A gua era clarinha tamb m era boa mesmo a gua N o tinha lixo n o tinha n o tinha mesmo n o tinha lixo n o Era clarinha corria aquela gua bonita E eles fizeram uma at ele ajudava a mexer l fizeram seu pai mesmo que p s uma bica enorme uma calha A gua ca a aqui na rua e n s usava dela N o tinha nada de porcaria n o Botelho amp Equipe EUS 2006 198 Pretendia se explorar o potencial
284. iguelman 2004 online a solu o de Saturnino de Brito contemplava de forma conjugada o controle de enchentes no Rio Tiet e o provimento de gua para abastecimento Tratava se em ess ncia de construir uma barragem logo acima de Mogi das Cruzes e de pequenas barragens em degraus no curso dos formadores do Tiet na altura desse mesmo munic pio Acresce que as cabeceiras do Tiet se situam em regi es sujeitas a uma das mais altas pluviosidades do mundo Portanto se 28 concretizado o projeto apresentado por Saturnino de Brito n o apenas a vaz o do rio seria regularizada e tornada uniforme evitando a inundac o das v rzeas como se conseguiria um armazenamento h drico substancial que serviria ao abastecimento de gua pot vel capital Beiguelman 2004 online A Light mediante uma contraposta qualificada pela autora de astuciosa oferta n o apenas frustrou o intento de represamento do Tiet montante de S o Paulo como o represou jusante da cidade promovendo inunda es incomuns que atingiram at seu afluente o rio Tamanduate O enfrentamento da crise seguinte de suprimento de gua al m dos altos custos de adu o a partir das cabeceiras do Rio Piracicaba repercutiu negativamente sobre o rio e cidades abastecidas por ele sem solucionar o problema Oito d cadas depois e incont veis preju zos coletividade Paula Beiguelman aponta a tese de Saturnino de Brito como a nica solu o correta
285. igurariam situa es mais produtivas ao Capital pela possibilidade de produ o em maior escala Ribeiro 1983 p 34 et seq Essas duas situa es limitam a atua o dos agentes imobili rios que s se viabilizaria pelo ass dio e convencimento individual de cada propriet rio Obras urbanas de grande porte no entanto tais como obras de recupera o ou renova o urbanas obras vi rias ou de implanta o das denominadas infraestruturas urbanas etc teriam o poder de livr las desses entraves especialmente quando n o s o estabelecidas garantias de retorno aos seus ex ocupantes ap s conclus o das obras Deixemos aqui esse registro a ser retomado no Cap tulo 4 confrontando o com o entendimento de que a produ o realizada pelo 67 Estado em princ pio n o capitalista o agente que investe na produ o o faz para obter um valor de uso e n o para obter um suporte de mais valia Kapp et al 2005 p 38 Abordamos at aqui quest es relativas ao acesso terra urbana para a produ o gen rica de objetos imobili rios Se o objeto a moradia outras quest es devem ser enfocadas especialmente a solvabilidade da demanda habitacional o mercado rentista de moradias al m das particularidades da ind stria da constru o civil comparativamente a outras ind strias no que se refere ao ciclo de reprodu o do capital e a rela o do capital financeiro com o setor imobili rio Essa discuss o pretende desvel
286. il Lei n 10 406 de 2002 O direito de posse tratado nos artigos 485 a 492 do Livro Il Do Direito Das Coisas no C digo Civil Brasileiro de 1916 com correspond ncia nos artigos 1 192 a 1 203 do Novo C digo Civil Brasileiro de 2002 L se no Art 1 196 2002 Considera se possuidor todo aquele que tem de fato o exerc cio pleno ou n o de algum dos poderes inerentes propriedade no Art 1 201 de boa f a posse se o possuidor ignora o v cio ou o obst culo que impede a aquisi o da coisa e finalmente no Art 1 202 A posse de boa f s perde este car ter no caso e desde o momento em que as circunst ncias fa am presumir que o possuidor n o ignora que possui indevidamente Senado Federal 2003 Esse direito civil tem sido convenientemente ignorado nas a es p blicas que relegam o processo de regulariza o fundi ria a um momento posterior interven o f sica Os m todos de indeniza o baseiam se no c lculo do valor das benfeitorias desconsiderando o valor de localiza o das favelas e sobretudo o trabalho social que lhe atribui valor Ignoram inclusive o valor de atividades comerciais e de presta o de servi os n o incluindo nas indeniza es o pagamento por lucros cessantes notoriamente reconhecido no Direito Civil Al m disso os 155 moradores removidos n o t m usufru do a garantia constitucional de indeniza o pr via s recebendo o valor da indenizac
287. im veis regularizados de mesmo porte na mesma regi o ou mais amplos em reas perif ricas Abramo 2003 As prefer ncias locacionais dos pobres incluem como fatores a acessibilidade vizinhan a e o estilo de vida Entre a seguran a da propriedade e o maior grau de liberdade de constru o v rios fatores podem determinar a escolha de uma fam lia Um certo trade off entre a garantia do t tulo de propriedade do conjunto habitacional uma relativa visibilidade e perenidade de sua caracter stica f sica por m r gida e a relativa liberdade de direito de constru o dos im veis na favela que n o est o subordinados s leis de controle urban stico da cidade formal Assim ter amos uma rela o de troca compensat ria entre a garantia de t tulo legal no conjunto habitacional e a liberdade de constru o na favela Esse direito de constru o nos permite sugerir que os pre os do mercado imobili rio nas favelas incorporam essa vari vel de liberdade urban stica Assim o paradoxo dos pre os elevados nas favelas teria uma das suas explica es poss veis na monetiza o da liberdade do direito de constru o via forma o dos pre os imobili rios Abramo 2003 p 216 A decis o de transfer ncia de uma fam lia sempre figurou como uma possibilidade mediada pelo capital locacional acumulado e que lhe permite participar do jogo especular de ganhos e perdas fundi rio imobili rio promovido
288. indo metas distintas v m igualmente atingindo vilas e favelas de Belo Horizonte Dados da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte PBH de 2007 atestam a concentra o de 21 da popula o em favelas e vilas classificadas como ZEIS Zonas de Especial Interesse Social ocupando rea correspondente a 5 da rea total do munic pio CALDAS et al 2008 p 281 2 Ambiente Tecnog nico compreendido como aquele resultante das sucessivas intera es antr picas com o ambiente geol gico original segundo prop e a abordagem da Geologia Urbana CARVALHO 2001 e adotei a acep o proposta por Marcelo Lopes de Souza 1995 p 78 que entende o territ rio como um espa o definido por e a partir de rela es de poder 3 O Vila Viva um programa de melhorias urbanas em vilas e favelas de Belo Horizonte que j disponham de um Plano Global Espec fico PGE instrumento de planejamento e de regulariza o fundi ria em assentamentos informais que define as interven es urban sticas em cada rea ap s conclu do o PGE s o contratados os projetos executivos que orientar o as obras de execu o as primeiras obras tiveram in cio em 2005 no Aglomerado da Serra Urbel 2011a O Programa de Saneamento Ambiental do Munic pio de Belo Horizonte Drenurbs iniciado pela Prefeitura Municipal em 2001 destina se ao tratamento de fundos de vales de c rregos em leito natural com solu es alternativas canaliza o Foi plan
289. interven es e as caracter sticas do s tio Em reas de altas declividades a implanta o de vias largas ou de equipamentos e conjuntos habitacionais que exijam grandes plat s geram necessariamente conten es de propor es excepcionais desfigurando a paisagem segmentando espacialmente a rea e interferindo na pr pria din mica da vida na comunidade A segrega o socioespacial das vilas pela implanta o de avenidas patente especialmente no Aglomerado da Serra e no Morro das Pedras A prioriza o da circula o de ve culos sobre a de pedestres reproduz o padr o que de resto prevalente em toda a cidade H no entanto o agravante das altas declividades que somam s barreiras horizontais conformadas pelas pistas de rolamento e cal adas barreiras verticais conformadas pelas conten es not rio que a solu o de abrir ruas em encostas de altas declividades acima de 30 implica al m de vultuosos investimentos para movimenta es de terra a instala o de conten es de porte proporcional Basta uma visita s reas para se constatar o efeito segregador dessas estruturas E quem as tenha conhecido antes das interven es constatar tamb m sem nenhuma dificuldade a altera o dr stica das rela es cotidianas que tudo isso acarretou meninos que deixaram de ir escola sozinhos idosos que n o visitam amigos do outro lado do muro e coisas semelhantes Tamb m assim ocorrer no Aglomerado Santa L
290. io s institui es diretamente envolvidas no processo prefeitura empresa respons vel pelos projetos executivos Conselho Municipal de Meio Ambiente e Caixa Econ mica Federal Minist rio P blico Federal 2011a No Aglomerado Santa L cia dos cerca de 3 150 domic lios 1 038 seriam removidos por for a das diversas motiva es j comentadas A procuradora considerou dentre outras quest es que o PGE n o apontava clara e detalhadamente as raz es para o deslocamento compuls rio de aproximadamente um ter o da popula o tampouco comprovava sua necessidade e que o COMAM inexplicavelmente omitiu se no seu dever de fixar o detalhamento das remo es e reassentamento das fam lias de baixa renda impactadas com as obras Solicitou portanto prefeitura e empresa contratada estudos ou projetos alternativos para a redu o for ada de 114 Integrante do Servi o de Assist ncia Jur dica SAJ da PUCMinas 115 Ainda n o iniciado 147 t o expressivo n mero de fam lias responsabilizando as por assim dizer pelo nus da prova ou seja a comprova o da inevitabilidade da remo o inclusive no que se refere ao risco geol gico CAIXA recomendou a cria o de requisitos e salvaguardas sociais como condi o a contrata o do empr stimo lastreado com recursos do FGTS da ordem de 120 milh es de reais e ao COMAM recomendou a n o concess o da licen a de implanta o do empre
291. ir dos Campos 12 subterr nea 13 pluvial e 14 guas servidas Mas al m disso a capta o de guas superficiais tende tamb m a concentrar se em mananciais de elevada capacidade desconsiderando contribui es de fontes dispersas mais pr ximas por exemplo aos locais de consumo Consideremos agora a dimens o de gest o da gua como agente din mico J vimos que as guas pluviais s s o consideradas nessa dimens o de gest o mas a o manejo se dar segundo um mesmo conjunto de a es concentrar e conduzir para cotas inferiores concentrar novos fluxos e conduzir mais abaixo concentrar novamente etc at que estejam irremediavelmente concentradas nas reas potencialmente alag veis Tamb m assim s o os sistemas de gest o do lixo do esgoto das guas servidas e dos res duos s lidos Cada um manejado em inst ncia distinta frequentemente acarretando conflitos In meras cidades brasileiras conhecem bem os problemas decorrentes da deposi o de lixo s margens de c rregos disposi o de esgoto e guas servidas in natura escorregamentos em encostas pela deposi o de entulhos etc Ou num est gio pretensamente superior da gest o e tecnol gico todo o lixo urbano concentrado em enormes aterros sanit rios todo entulho direcionado a usinas de reciclagem de entulho ou todo o esgoto conduzido a mega esta es de tratamento Al m dos evidentes impactos sociais e ambientais aos territ rios no entorno dessas
292. is como a abertura de uma cisterna ou sua coleta e transporte a partir de determinados pontos como registrado por Floriscena Silva 2011 p 26 at a d cada de 1980 a maioria das casas da Comunidade da Serra n o possu a gua encanada e a popula o servia se da gua das minas nascentes e c rregos para lavar roupa tomar banho e para uso dom stico Essa resolu o individual no entanto revestia se de um car ter coletivo as pessoas n o iam sujar as guas das quais dependiam e a disposi o final de gua era proporcional ao consumo comedido 8 geralmente em fossas negras Os caminhos de acesso a adequa o desses pontos aos usos instala o de bicas ou o represamento das guas por exemplo e sua manuten o eram atividades coletivas assim como outras atividades usualmente dom sticas transferidas para o espa o comum especialmente lavar roupas e utens lios no c rrego jusante da ocupa o para n o comprometer a qualidade das guas para o consumo Os relatos desses processos cotidianos fornecem nos tanto a medida das rela es cooperativas e de reciprocidade quanto dos conflitos de interesses privados e coletivos e dos acordos e regras que precisavam se instituir para assegurar o conv vio social e a progressiva consolida o desses assentamentos autoproduzidos O espa o que aqui chamo de produzido pela ral n o exclui interven es espor dicas do poder p blico que respondem mobiliza o comuni
293. itir que os gestores leg timos desses territ rios s o seus ocupantes e colocar se a seu servi o despojando se despojando nos dos instrumentos de domina o que lhes nos foram confiados para garantia de manuten o das desigualdades dur veis em nossa sociedade T cnicos eventualmente bem intencionados mas reproduzindo irrefletidamente a ordem social heter noma ao se defrontarem com realidades desconhecidas e at mesmo chocantes aos seus padr es e conceitos de dignidade humana ou cidad concluem apressada e erroneamente que frente tal precariedade qualquer coisa melhor como ilustra a opini o emitida por um t cnico do Drenurbs as pessoas s o t o carentes de tudo que vamos dizer assim qualquer 177 melhoria 139 Teixeira 2011 p 709 Subjaz s retic ncias do t cnico entrevistado a um s tempo a incapacidade de percep o da qualidade valores fora dos padr es que o programa oferece escapa lhe o aprendizado que poderia advir dessa percep o e sobretudo transparece a cren a de que proposi es acad mico cient ficas s o dotadas de qualidade de per si Al m disso os t cnicos envolvidos parecem desconhecer o volume de recursos financeiros p blicos investidos tanto na produ o material da coisa em si quanto na log stica necess ria sua legitima o e neutraliza o de rea es contr rias capazes de impedi la reuni es peri dicas reuni es t cnicas audi
294. itoriointegracao blogspot com br 2009 10 manifesto sobre fundamentacao geologica html Acesso em 03 de janeiro de 2010 CARVALHO Ed zio Teixeira de Palavras de agradecimento Reuni o comemorativa dos 42 anos da Associa o Brasileira de Geologia da Engenharia e Ambiental ABGE em 26 de outubro de 2010 a Dispon vel em http www geolurb blogspot com br 2010 10 associacao brasileira de geologia de html Acesso em 03 de janeiro de 2010 CAVALCANTI Cl vis Org Desenvolvimento e Natureza Estudos para uma sociedade sustent vel INPSO FUNDAJ Instituto de Pesquisas Sociais Funda o Joaquim Nabuco Minist rio de Educa o Governo Federal Recife Brasil Outubro 1994 Dispon vel em http 168 96 200 17 arllibros brasil pesqui cavalcanti rtf Acesso em 14 de junho de 2011 CHAMPS Roberto PEREZ Silvana FR ES Carla Maria O planejamento do sistema de drenagem urbana na cidade de Belo Horizonte 21 Congresso Brasileiro de Engenharia Sanit ria e Ambiental 232 htto www bvsde paho org bvsaidis saneab brasil ix 011 paf Acesso em 14 de novembro de 2011 CICERO De natura deorum ll par grafos 151 152 Dispon vel em http www thelatinlibrary com cicero nd2 shtml Acesso em 23 de abril de 2011 COMUNIDADE DO SANTA L CIA DIZ QUE FALTA INFORMA O SOBRE O VILA VIVA 2010 Dispon vel em http www defensoriapublica mg gov br index php noticias 44 dpmg 843 comunidade do santa lucia diz que falta informacao sonre o vila
295. iza o uma posi o absoluta sob pena de impedir a rela o dial tica Tiburi 1995 p 82 A hist ria de Belo Horizonte planejada e constru da para sediar a capital do Estado de Minas em fins do s culo XIX bem demonstra essa condi o as primeiras favelas surgiram junto com a nova capital sobretudo para abrigo da for a de trabalho que iria constru la j que mesmo intr nseca ao seu processo de produ o n o tinha espa o previsto para seu assentamento no plano do engenheiro respons vel pelo projeto e primeiro chefe da Comiss o Construtora da Nova Capital de Minas Aar o Reis Esse um dos aspectos destacados por Berenice Martins Guimar es refer ncia sempre recorrente quando o assunto s o as favelas de Belo Horizonte A aus ncia de um lugar definido no projeto de Aar o Reis cedo provoca a emerg ncia do problema de moradia O fen meno da favela surge concomitantemente ao da constru o da cidade cujo desenvolvimento ao contr rio do que foi planejado vai se dar da periferia para o centro gerando vazios urbanos e trazendo problemas administra o p blica Guimar es 1991 p Il A outra vertente norteadora da investiga o orientada pelas guas da cidade com especial aten o s microbacias constitu das pelas pequenas cabeceiras de drenagem dos c rregos urbanos presentes no munic pio em dire o s quais foram se deslocando as favelas por for a financeiro BID e 40 de contrapartida
296. izonte instaurados com os Or amentos Participativos OPs centrarei as an lises basicamente nos processos de interven o do Vila 89 Atividades de ensino e extens o nos cursos de arquitetura e urbanismo da PUC Minas e da UFMG No Morro das Pedras foram efetuadas vistorias com moradores e o defensor p blico Marcelo Ribeiro Nicoliello em contribui o formula o do Procedimento Administrativo de Instru o PADI no 01 09 PBH Programa Vila Viva Morro das Pedras Relat rio de Encerramento datado de 04 de maio de 2009 No Aglomerado da Serra por solicita o da defensora p blica Cleide Aparecida Nepomuceno fiz vistorias pontuais para verifica o das condi es de estabilidade de moradias consideradas em situa o de risco associado ao escorregamento de encostas em 2012 al m do acompanhamento do Caso do Sr Jos Lima explorado adiante 128 Viva no Aglomerado da Serra entre 2005 e 2009 e no Aglomerado Morro das Pedras a partir de 2008 Sempre que oportuno remeterei a discuss o aos processos de urbaniza o Vila Viva j desencadeados ou previstos para outras favelas em Belo Horizonte Planos e projetos No programa Vila Viva as intervenc es formais em favelas conduzidas pelo poder p blico s o derivadas de Planos Globais Espec ficos PGEs assim descritos pelo rg o municipal respons vel por sua contratac o fiscalizac o e implementac o a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte Urbe
297. ja em opera o A ocupa o inicial de terras mobiliza outros recursos sobretudo organizacionais e pol ticos As ocupa es pioneiras nem sempre foram pac ficas mas em geral toleradas pela sociedade e pelo Estado quando n o induzidas ou diretamente promovidas por esse pois afinal a favela a pol tica habitacional mais barata para o poder p blico Lib nio 2007 p 11 al m de apresentar se extremamente funcional sociedade por arregimentar m o de obra pr ximo aos locais de demanda sobretudo para servi os dom sticos e da constru o civil Em est gios posteriores as favelas consolidadas em reas bem atendidas por servi os e equipamentos p blicos passam a constituir um atrativo mercado imobili rio informal e a disputar a prefer ncia locacional dos pobres mesmo que o preco dos im veis em determinadas favelas sejam excessivamente elevados em rela o aos pre os do mercado formal de im veis condi o aparentemente paradoxal mas que revela segundo Abramo estrat gias de investimento familiar dos favelados 2003 p 189 223 discutidas a seguir A inserc o das favelas na malha urbana determina limites a sua expans o sejam impostos por ocupac es formais por reas protegidas pelo Estado ou empresas privadas ou por adversidades f sico ambientais As barreiras f sicas cursos d gua encostas de alt ssimas declividades cavas de minera o grandes reas insalubres lix es por exemplo
298. l O Plano Global Espec fico PGE um instrumento de planejamento que norteia as interven es de reestrutura o urban stica ambiental e de desenvolvimento social nas vilas favelas e conjuntos habitacionais populares Ele consiste em um estudo aprofundado da realidade destas reas considerando os aspectos urban stico s cio econ mico e a situa o jur dica do terreno O objetivo principal do PGE apontar os caminhos para a melhoria da qualidade de vida nestes locais e integr los ao conjunto da cidade Prefeitura de Belo Horizonte online Como visto no cap tulo 3 as interven es urban sticas em favelas passaram a objeto de disputa de recursos financeiros nos Or amentos Participativos OPs desde 1993 quando esses foram institu dos como instrumento de pol tica p blica em Belo Horizonte Desde essa primeira edi o foram progressivamente estabelecidos crit rios de planejamento dentre os quais a obrigatoriedade de inclus o de recursos para elabora o de um plano global para cada vila que demandar recursos para interven es de urbaniza o a partir do OP 1998 al m da restri o de aprova o de mais de uma obra por bairro ou vila Mello 2005 p 88 Tamb m como j 9 http portalpbh pbh gov br pbh ecp contents do evento conteudo amp idConteudo 15985 amp chPlc 15985 amp termos PGE acesso em 14 de junho de 2011 92 O Plano Diretor de Belo Horizonte Lei 7 165 1996 j previa como diretriz d
299. l das reas no Aglomerado da Serra n o ocorreu e mesmo onde o cercamento foi executado h in meros pontos onde a cerca foi deliberadamente rompida pelos moradores para travessia resgatando antigos caminhos de uso cotidiano ou para descarte de entulho terra ou lixo Tamb m as crian as fazem uso de pequenas reas especialmente onde possivel o contato com as guas agora limpas Ainda que a FMP conseguisse exercer certo controle e cuidados sobre os parques situados nas reas como o faz nos parques implantados pelo DRENURBS n o foram tomadas medidas que protegesse os cursos d gua da polui o difusa assim denominada justamente porque sua origem n o pode ser atribu da pontualmente pois provem de diversas fontes mas muito especialmente no meio urbano da circula o de ve culos automotores res duos de pastilha de freios e pneus leos e graxas carreados para os cursos d gua Evidentemente que pela sua natureza n o poss vel tamb m solu es pontuais Os estudiosos do assunto asseveram que o combate polui o difusa em meio urbano s seria eficiente por meio de uma mudan a radical 135 Porto 1995 e Tomaz 2006 2007 argumentam que a polui o difusa complexa e prov m de diversas fontes tais como freios de autom veis res duos de pneus res duos de pinturas em geral fezes de animais res duos de ferro zinco cobre e alum nio de materiais de constru o deposi o seca e mida de p
300. l intencionados que desejam atrapalhar a din mica consensual e minar a democracia Nascimento 2011 p 177 e 178 Inclus o produtiva e forma o profissional ou crise de reprodu o capitalista A ind stria da constru o civil vem apresentando crescentemente dificuldades para contrata o de m o de obra interpretadas de v rias maneiras mas que sob a tica dos trabalhadores resume se basicamente em atividade bra al bruta mal remunerada A constru o civil por excel ncia o setor urbano de extra o de mais valia para acumula o e reprodu o capitalista como j consideramos um setor econ mico de baix ssima Composi o Org nica do Capital COC ou seja pouco investimento em tecnologia e uso intensivo de m o de obra Em ltima an lise reflete se a a crise capitalista que como entende Monte M r 2006 n o de acumula o e sim de reprodu o N o h crise de acumula o a gente faz mil coisas invade pa ses destr i avan a com tecnologia e consegue manter o grau de acumula o mas a reprodu o das rela es de produ o est em crise A proposta inclusiva que no in cio alimentou a burguesia e depois o pr prio capitalismo deixou de existir n o mais inclusiva As rela es sociais de produ o n o est o sendo mais reproduzidas de forma abrangente de forma a incluir todo mundo de forma a se viabilizar Monte M r 2006 online 12 111 O conceito utilizado pela
301. la decreta o de reas de preserva o ambiental e pela substitui o de parte do estoque de moradias autoproduzidas por edifica es multifamiliares verticais para o reassentamento habitacional ou predinhos como denominados pelos moradores Se a perman ncia desses n cleos em reas centrais valorizadas foi assegurada in meras vezes pela resposta dos movimentos sociais s tentativas de diversas administra es p blicas de erradic los as a es de resist ncia aos programas p blicos s o hoje praticamente invis veis popula o da cidade Para al m do p blico diretamente afetado a resist ncia encontra alguma repercuss o e visibilidade apenas na m dia independente ou pela a o do Minist rio P blico ou da Defensoria P blica na den ncia de direitos individuais lesados danos morais coletivos impactos socioambientais psicossociais e econ micos n o mitigados pelo Poder P blico Ribeiro 1997 observa a exist ncia de dois segmentos no mercado de produ o de moradias o capitalista e o n o capitalista Abramo 2009 faz seu recorte no mercado imobili rio classificando o como formal ou informal segundo as l gicas de acesso ao solo Enquadradas as favelas no segmento n o capitalista e no mercado informal do solo buscou se compreender no cap tulo 4 a l gica estruturante dos espa os nas favelas antes e depois da a o do poder p blico Como bem explicitado por Kapp 2009a 4 todo
302. lambel uma autarquia estadual aprovada a Lei de Uso e Ocupa o do Solo de Belo Horizonte que inclui uma categoria de zoneamento para as favelas o chamado Setor Especial 4 No auge de sua atua o a CHISBEL remove 2 270 barrac es ou 10 564 pessoas conforme levantado por Guimar es 1992 p 14 nos relat rios anuais do rg o Depois de uma das mais graves enchentes da cidade e no contexto de uma rearticula o dos movimentos de favelados que haviam se juntado Uni o dos Trabalhadores de Periferia UTP o governo estadual cria o Programa de Desenvolvimento de Comunidades PRODECOM que fica inicialmente a cargo da Secretaria de Planejamento do Estado de Minas Gerais SEPLAN MG e depois transferido para Secretaria de Trabalho e A o Social SETAS A Lei Federal 6766 introduz o conceito de urbaniza o espec fica reconhecendo as peculiaridades das favelas e a impropriedade A CHISBEL extinta Seu balan o desde 1971 de10 mil barrac es 44 mil pessoas removidos em 423 reas Guimar es 1992 p 14 O PRODECOM foi desativado O IBGE inclui pela 1 vez no Censo informa es sobre assentamentos prec rios 100 1983 1985 1988 1993 1996 1997 1998 2000 2004 2005 2008 2013 criado o PROFAVELA e a URBEL para sua implementac o O PROFAVELA regulamentado pela Lei n 3 995 de 16 de janeiro de 1985 O PRODECOM reativado atuando em favelas atrav s de conv nios c
303. las em contraposi o s usuais remo es foi precocemente abortado em Belo Horizonte Em 1963 a inten o do governo do Estado de Minas era de urbaniza o de 4 favelas e constru o de conjuntos habitacionais para a popula o favelada calculada poca em 120 mil pessoas Guimar es 1992 p 14 No entanto com o golpe militar em 1964 e as mudan as pol ticas e administrativas al m da revoga o do decreto de desapropria o das reas necess rias aos empreendimentos favelas e favelados passaram a assunto da repress o e da pol cia 119 produc o refletiam as pr ticas construtivas locais tanto quanto as pr ticas colaborativas entre os autoprodutores mas em escala e ritmos pouco usuais devido ao suporte financeiro oferecido pelo programa Ou seja de se supor que o n vel de organizac o exigido para viabilizar os produtos contratados entre as associac es e o Estado fosse a novidade e o desafio do processo N o se tratava de autogest o as associa es n o geriam recursos financeiros mas dispunham dos insumos necess rios mediante expedientes pouco burocratizados normalmente uma autoriza o para retirada dos itens aprovados no projeto em dep sitos de materiais instalados na favela ou pr ximos a elas Em pouco mais de tr s anos de atividade o PRODECOM atendeu a onze reas de favelas em Belo Horizonte ressaltando se aqui n o apenas seu car ter pioneiro como pol tica de urbaniza o de favelas e o signific
304. lif rnia S o Jos Pedreira Prado Lopes Taquaril S o Tom s Aeroporto Cemig Alto das Antenas al m dos moradores do entorno da avenida Bel m e do c rrego Santa Terezinha e do Complexo V rzea da Palma O or amento do Drenurbs para a primeira etapa do Programa de US 77 500 000 00 setenta e sete milh es e quinhentos mil d lares americanos sendo 60 de recursos provenientes do agente A primeira vertente compreender a funcionalidade das favelas na economia pol tica das cidades e a estrutura social que primeiro cria a favela como um subproduto e depois cria a intervenc o na favela como forma de promoc o de sua suposta inclus o na cidade formal Essa suposta inclus o ignora o fato de que a favela nunca esteve fora da produc o capitalista do espaco que n o existiria sem ela As favelas n o ser o aqui consideradas como um modo de vida singular tampouco como enclaves ou degeneresc ncias do organismo urbano parte dele podendo se mesmo considerar que foi sempre seu n o id ntico Em termos da relac o id ntico e n o id ntico considera se que de fato ambos n o existem por si mesmos mas atrav s da m tua relac o Um participa do outro um n o mais verdadeiro que outro mas o ndice de sua verdade ou falsidade estabeler se na rela o de ambos O n o id ntico n o uma afronta ao mesmo ao id ntico ele conting ncia trazida presen a deste e vice versa Nenhum pode tentar uma hierarqu
305. lijaicov Prestes Maia ao defender sua proposta omitia de modo maroto o fato de que nessas cidades os an is de avenidas formavam parte de um sistema de circula o que j contava com o anel hidrovi rio que as envolvia e que por sua vez era envolvido por um anel ferrovi rio A proposta de Saturnino de Brito foi preterida proposta defendida por Prestes Maia e Ulh a Cintra que na opini o de Delijaicov eram os t cnicos que falavam o que os empreendedores queriam ouvir Ferraz Abreu Scarpelini 2009 Segundo Helena Maria Menna Barreto Silva 1997 a implanta o do plano de avenidas iniciou se em 1929 estendendo se por quatro d cadas A autora destaca os problemas ambientais constatados em 1991 no diagn stico do Plano Diretor de Drenagem da cidade de S o Paulo como decorr ncia da constru o de avenidas sobre os leitos canalizados dos c rregos afluentes dos rios Tiet Pinheiros e Tamanduate que por sua vez tiveram seus leitos aprofundados para a libera o de reas de v rzea para a implanta o das avenidas marginais cujo hist rico de enchentes e custos de manuten o s o not rios Embora as v rzeas dos rios da cidade de S o Paulo tenham sido ocupadas pelas marginais que conectam pontos extremos da cidade elas se tornam intransit veis nos per odos chuvosos pelo extravasamento cada vez mais frequente dos rios pela sobrecarga das guas pluviais O congestionamento nessas reas rapidamente repe
306. lizada como creche durante o per odo de obras acabando por constituir se na 2012 unidade Posteriormente 215 foi encampada pela PMI para custeio e manuten o de uma creche municipal O fator econ mico decisivo para a viabiliza o do pavimento superior das UHs foi o remanejamento dos recursos or ament rios destinados aquisi o no mercado formal dos componentes de laje para a montagem de uma f brica para produ o de pr moldados de concreto no pr prio canteiro de obras Ap s produzidas todas as vigotas necess rias passou se produ o dos degraus para as escadas de acesso ao pavimento superior Do ponto de vista ambiental e de reequil brio sist mico da rea concomitante s obras de edifica o iniciamos pela recupera o da nascente existente na rea e capta o de gua para abastecimento de in cio das instala es provis rias Contudo o fornecimento de gua pela COPASA n o se deu como previsto e essa capta o alimentou toda a fase de obras No curso d gua recuperado e ap s estabilizadas as margens construiu se duas pequenas barragens para piscicultura A grande rea non aedificandi de prote o da nascente foi ocupada por horta que al m de abastecer a obra inclusive nos fins de semana quando se reuniam todas as 200 fam lias para o trabalho abasteceu as escolas municipais vizinhas ao empreendimento A alimenta o foi tamb m refor ada com a montagem de uma pequena granja especialmente p
307. lizam a encosta sem nus significativos nas funda es e estruturas PGE 2000 p 26 Em observ ncia s elevadas declividades que caracterizam a rea dever se ia utilizar sempre que poss vel acesso em n veis diferenciados com aproveitamento das vias de pedestres paralelas ao sistema vi rio principal no fundo dos edif cios possibilitando menor esfor o de acesso dos pavimentos superiores PGE 2000 p 26 Tamb m n o foi observada a recomenda o para a minimiza o desses impactos de acoplamento das edifica es a serem instaladas ao longo da Via do Cardoso s estruturas de conten o que poderiam gerar no primeiro n vel espa os para garagens ou com rcio e servi os Uma nica edifica o foi projetada em observ ncia a parte desses preceitos uma Unidade Municipal de Educa o Infantil 170 UMEI implantada no trecho em que a Via do Cardoso d continuidade rua Capivari no bairro Serra A concentra o dos edif cios residenciais determina uma segrega o funcional do espa o inexistente nas por es de favela n o afetadas pelas interven es constituindo tamb m uma paisagem homog nea mas totalmente distinta da favela em seu entorno e que dela se destaca pela not vel inadequa o ao relevo em contraste com o usual escalonamento das constru es nas encostas A oposi o entre espa os cotidianos e espa os especializados constitui uma terceira caracter stica marcante das favelas que fo
308. lu es t cnicas e ambiente existente com resultados imprevis veis A terceira situa o caracteriza as interven es mais comuns da autoprodu o nas favelas e em outros assentamentos informais conhecimento parcial dos elementos e comportamentos do ambiente tecnog nico existente nesse caso derivado da experi ncia emp rica do cotidiano microlocal dom nio parcial das tecnologias empregadas tamb m aprendidas apenas empiricamente por imita o e de novo inadequa o entre solu es t cnicas e ambiente existente com resultados imprevis veis Muitas vezes as superestruturas at se antecipam mesoestrutura que resolvida por improvisa es como os gatos para energia el trica e gua a disposi o de res duos em corpos d gua ou no solo prec rias conten es emergenciais etc A quarta situa o a mais paradoxal de todas caracteriza as a es de urbaniza o formal tanto dentro quanto fora das favelas h um conhecimento bastante consistente do ambiente tecnog nico por vezes com levantamentos detalhados de sua condi o existente h dom nio 111 das tecnologias dispon veis por m as duas coisas n o s o coerentemente relacionadas entre si porque isso poderia comprometer interesses concretos como o caso de a es especulativas em neg cios imobili rios e o de venda de solu es convencionais dispendiosas mas do interesse de grupos econ micos Carvalho 1999 online
309. lu dos e suas t ticas de sobreviv ncia ou resist ncia social recorro a Marcelo Lopes de Souza 2006 que tem se dedicado persistentemente compreens o da desigualdade brasileira e constru o da cidade pris o que de resto aprisiona uns e outros quer nos seus custosamente protegidos con dom nios ou no interior de carros blindados quer nos dom nios das favelas Rid culo e ing nuo querer pintar esses bandidos que operam no varejo a ponta menos rica e mais exposta viol ncia de um neg cio que na outra ponta faz milion rios e bilion rios an nimos e que quase nunca v o presos ou arriscam a pele como se fossem grandes criminosos No interior do sistema capitalista que vem mesclando com grande complexidade o legal e o ilegal em escalas que v o da local planet ria tais tiranetes s o no fundo oprimidos que oprimem outros oprimidos no caso os moradores das favelas que eles dominam Nem Robin Hoods nem simples v timas nem fac noras fadados ao crime por sua carga gen tica nem grandes traficantes buchas de canh o pe as descart veis e de 140 Grupo de Pesquisa MOM Morar de Outras Maneiras Produ o aut noma uma via de recupera o socioambiental do espa o cotidiano Belo Horizonte 2009 Manuscrito Projeto de Pesquisa apresentado Funda o de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG para submiss o ao Edital FAPEMIG 07 2009 Programa de Apoio a Grupos Emerge
310. m cobrindo todos os cobrindo todos os via p blica tratamento USOS USOS 9 21 22 23 24 E his me e A e 3 Ac o direta Ac o indireta Ac o direta 8 Eros o inunda es Aqu feros superficiais Eros o inunda es A infiltra o e o reuso assoreamento ao n o explotados s o assoreamento com reduzem a a o e longo do tempo pouco receptivos grandes perdas e geodin mica O reuso geol gico infiltra o custos de controle reduz outros custos A 31 32 33 34 2 5 B Presen a potencial de Presen a potencial de Polui o adquirida do Com cargas 3 contamina o natural contamina o natural ar inclus o de biodegrad veis ou SiE ou adquirida ou adquirida res duos conforme o inertes a infiltra o E Tratamento de custo Gravidade dada pela coletor Nos telhados protege na seca a ER vari vel natureza do aqu fero e decresce com chuva vaz o de base e 2 qualidade da cont nua purifica a gua prote o Figura 01 Esquema das dimens es de gest o da gua Fonte Adaptado de Carvalho 2009 s p 32 Se por um lado a gest o da gua compartimentada em inst ncias distintas por outro em cada uma das inst ncias o manejo da gua tende a reduzir se a um conjunto hegem nico de solu es Para ilustrar voltemos matriz de gest o da gua A gest o de suprimento est concentrada no Campo 11 guas superficiais desconsiderando o provimento que poderia v
311. m se renovar sempre para o trabalhador adquirir sob o t tulo de sal rio parte do valor criado Marx 1974 1894 p 944 Na analogia de Marx os frutos de cada rvore se renovam ano a ano Para terras urbanas teremos que considerar esse ciclo mais longo continuando v lida no entanto a afirmativa de que o valor total do produto apenas trabalho social que se materializou Marx 1974 1894 p 944 que ser substancial an lise do processo de produ o social das cidades e compreens o da mercadoria terra urbana Paul Singer atrav s de analogias aos exemplos ilustrativos de Marx sobretudo para a renda diferencial explicita sua aplica o ao contexto das cidades ou mais propriamente como se d a disputa de capitais em torno desta mercadoria sui generis que o acesso utiliza o do espa o 1978 p 23 Para ele a determina o da renda da terra urbana depende inicialmente da disputa com as rendas auferidas pelas atividades agr colas uma vez que a produ o do espa o urbano se d em geral pela incorpora o cidade de glebas que antes tinham uso agr cola Essa rela o no entanto n o se reflete de forma linear no pre o que as terras adquirem no mercado imobili rio Outros fatores interferem na forma o do pre o de acordo com a din mica caracter stica de ocupa o do espa o e que imprime movimentos de oscila o violentos impondo ao mercado imobili rio um car ter eminentemen
312. m total de 38 985 domicilios o que significa menos de 5 do universo em situa es consideradas de risco Dispon vel em http portalpbh pbh gov br pbh ecp comunidade do evento portlet amp pldPlc ecp TaxonomiaMenuPortal amp app ur bel amp tax 8172 amp lang pt br amp pg 5580 amp taxp 0 amp Acesso em 31 de mar o de 2012 117 autoconstru o empreendida por um indiv duo n o afeito ao of cio mas coagido a faz lo por incapacidade de arcar com custos de m o de obra Tamb m n o s o contingenciais as circunst ncias que os compelem a autoproduzirem al m da sua pr pria moradia os sistemas de conex o das edifica es com o meio ambiente para o provimento de gua e energia ou disposi o de efluentes e res duos S o tamb m promovidas sem a interven o do Estado as conex es internas ao assentamento e desse cidade dotando os de condi es m nimas de conforto e seguran a pela abertura de ruas becos e escadarias e a instala o de postes e redes prec rias para ilumina o p blica bem como as conten es ou pavimenta es pontuais e os sistemas de disciplinamento de guas pluviais Tem se assim al m do trabalho incorporado moradia o trabalho coletivo incorporado aos espa os de uso comum Tomemos a gua como ilustra o Nos prim rdios de uma ocupa o em rea n o provida de servi os p blicos as solu es para o provimento cotidiano de gua s o em grande medida resultantes de a es individua
313. m valor de uso apropriado totalmente por ele e que potencialmente uma mercadoria pois pode ser comercializada a qualquer momento Portanto n o se trata de trabalho n o pago ao n vel da produ o da casa mas sim de um trabalho realizado como se o trabalhador fosse nesse momento um produtor individual de mercadorias e n o vendedor de sua for a de trabalho para o capitalista Se numa primeira inst ncia a habita o resultante dessa opera o produzida como valor de uso passa a ter valor de troca quando mercantilizada atrav s da venda e da loca o muito frequentes Bonduki e Rolnik 1979 p 129 Francisco de Oliveira convidado a prefaciar a publica o no entanto n o deixava margens a ilus o a autoconstru o tem a apar ncia de um reencontro entre o trabalhador e o produto o fruto do seu trabalho esse um fetiche que recobre um processo altamente alienante sendo o contr rio da desaliena o pois fecha as classes trabalhadoras num c rculo de giz onde atuam como criadores de uma riqueza social que volta a ser posta a servi o do capital na medida em que a for a de trabalho continua a ser uma mercadoria para o capital N o se est pois frente a nenhum processo de desaliena o como pensa um certo populismo que perigosamente pretende encaminhar proposi es para o conjunto das classes trabalhadoras a partir de experi ncias que s o um refor o aliena o Oliveira 1979 1982 p
314. mar o de 2012 76 R morador do Aglomerado da Serra em depoimento autora em junho de 2011 R relatava um mutir o para a concretagem de uma laje ocorrido na semana anterior no qual os colaboradores incluindo ele eram remunerados pelo dia de trabalho 115 construc o por muitos anos protelando se os acabamentos externos reboco e pintura e prevendo se as possibilidades de amplia o claramente identific veis pelas esperas pontas de a o deixadas nas lajes para continuidade da estrutura Para os autoconstrutores assalariados al m do emprego de todo o tempo de folga e da remunera o extra comum a utiliza o do acerto de demiss es para acelerar o ritmo da constru o condi o considerada excepcional pela disponibilidade simult nea de tempo e dinheiro especialmente quando o acerto inclui o seguro desemprego Mesmo quando predomina a m o de obra do pr prio autoconstrutor alguns servi os considerados especializados ou perigosos costumam ser contratados informalmente na pr pria favela especialmente aberturas de fossas ou cisternas e a instala o das entradas hidr ulicas e el tricas padr es Os trabalhadores que prestam esses servi os essencias amplamente demandados e de dom nio t cnico restrito se tornam verdadeiras refer ncias dentro das favelas sendo conhecidos por todo o mundo e conhecendo detalhadamente cada por o do assentamento Por vezes seus servi os adquirem um car
315. mentais tem sido a amplia o ou as promessas de dos sistemas urbanos que est o sempre desafiando a vida til projetada pelos m todos cient ficos e demandando novas constru es novas amplia es tecnologias mais modernas etc Amplia se a escala mas conservam se as mesmas matrizes cuja evid ncia de exaust o e fal ncia a t o propalada crise socioambiental urbana piscin es para amortecimento de cheias mega aterros sanit rios ou unidades de tratamento de lixo e entulho mega esta es de tratamento de esgoto ou de capta o e tratamento de guas transforma es profundas em favelas ou enormes conjuntos habitacionais nas periferias distantes mega complexos penitenci rios ou complexos vi rios Entretanto os significativos investimentos p blicos j feitos n o equacionaram os problemas urbanos frequentemente os acentuam geram novos ou ainda s o simplesmente transferidos para longe de nossos olhos Em s ntese a riqueza produzida socialmente tem sido aplicada sempre e cada vez mais em escala inacess vel inoper vel e menos ainda fiscaliz vel pelo cidad o comum Contudo enquanto a centraliza o e o controle das a es sobre a cidade imobilizam o cidad o mostram se extremamente funcionais reprodu o ampliada do capital Casa tomada a met fora utilizada por Adriano Botelho 2007 para sintetizar a condi o de impot ncia dos habitantes nas metr poles brasileiras frente aos crescentes problemas
316. mentos No entanto a fuma a espalhou se rapidamente pela circula o vertical e os ocupantes sairam do pr dio ou se refugiaram na cobertura do pr dio resgatadas depois pelo Corpo de Bombeiros O inc ndio n o teria maiores consequ ncias se a prefeitura n o tivesse r pida e prontamente convocado a Tropa de Choque para impedir que as pessoas voltassem s suas casas sob o argumento de que as estruturas do pr dio estariam comprometidas colocando as fam lias em risco Hoje ambas as torres est o desocupadas Tendo ocupado as manchetes de jornais por um bom per odo ap s o inc ndio e ocupa o pela tropa de choque a rea s voltou a p blico sem os pr dios em imagens futuristas de um empreendimento privado que dever consagrar as opera es urbanas do Vale do Arrudas Duas reas ocupadas por vilas remanescentes das hist ricas ocupa es ao longo do Arrudas a Vila Dias e a Vila S o Vicente tamb m desaparecem nas imagens O Residencial Paineiras ilustra a a o combinada da m f da sociedade e a m f institucional O terreno conquistado no Or amento Participativo foi destinado implanta o do empreendimento pela Lei Municipal n 9 075 de 18 de janeiro de 2005 Situado em bairro de classe m dia na por o noroeste da cidade abrigaria 40 fam lias que aprovaram o cr dito de R 20 mil reais por unidade no PCS Assim que as fam lias iniciaram as visitas rea para o desenvolvimento do projeto os morado
317. mericanas Pertencer ao grupo daqueles que disp em de um peda o de terra urbana uma primeira distin o social seguida de outras qual o tipo de acesso terra urbana A terra terra terreno ou terra casa Onde se localiza esta terra casa na escala socioespacial da cidade Ela est longe ou perto do centro Disp e dos servi os de gua e esgoto Quais os equipamentos urbanos dispon veis na sua proximidade E por fim a indaga o que nos cabe como essas familias latino americanas conseguiram ter acesso a esse peda o de terra terreno ou terra casa Abramo 2003 p 7 As condi es gerais de forma o das favelas nas cidades capitalistas podem ser sintetizadas segundo as l gicas de acesso terra conforme descrito por Abramo 2002 p 103 134 a parcela da popula o que n o disp e das condi es de acesso pela l gica de mercado capital monet rio ou pela l gica de Estado capital pol tico institucional compelida ao acesso segundo a l gica da necessidade em ac es individuais ou coletivas de ocupac o de glebas ou lotes im veis abandonados reas residuais urbanas como baixios de viadutos reas lindeiras a rodovias ou ferrovias c rregos etc O acesso terra normalmente se d sem disp ndio monet rio nos processos iniciais de uma ocupa o urbana ou com algum disp ndio proporcional ao grau de consolida o das ocupa es nas quais o mercado informal de terras j este
318. midade Instala es hidr ulicas s o caracterizadas por vazamentos que comprometem a estabilidade dos terrenos e instala es el tricas por riscos de choques e curtos circuitos Coberturas de laje 116 plana sem impermeabilizac o se deterioram com o tempo e precisam se recobertas com telhas lonas e outros improvisos Acabamentos internos bem cuidados duram pouco quando as faces externas das paredes n o revestidas ficam expostas s intemp ries e assim por diante Tudo isso s o defici ncias reais e que podem ser constatadas numa r pida visita a qualquer espa o da ral No entanto essa constata o sobretudo quando posta em termos estritamente t cnicos est muito longe de uma compreens o do processo de autoprodu o Em primeiro lugar ela oblitera o fato de que muitas moradias autoproduzidas existem h d cadas e tiveram suas precariedades paulatinamente sanadas at se constitu rem em ambientes bastante confort veis seguros e adequados s necessidades de seus habitantes Em segundo lugar ela ignora que como observa Bonduki a viabiliza o dos autoempreendimentos envolve diversas atividades e habilidades muito al m da constru o propriamente dita Em terceiro lugar a generaliza o pelo senso comum t cnico das caracter sticas das moradias autoproduzidas denota uma falsa homogeneidade dos produtos ignorando suas singularidades Ainda que em v rias situa es sejam claramente a express o da prec
319. mo que informal de m o de obra No entanto mesmo essa distin o se mostra insuficiente para assinalar os aspectos 106 fundamentais abordagem aqui proposta da produ o social do espa o quais sejam a gest o de recursos as tomadas de decis es o acesso a informa es e suporte t cnico e a observ ncia a normas Nesse sentido a distin o capaz de abarcar esses aspectos se d conforme prop e Kapp et al 2009 entre as formas de produ o autoprodu o produ o heter noma e produ o aut noma tanto aplic veis ao ambiente urbano quanto s edifica es Autoprodu o designa uma produ o pr pria auto sem normas nomos Na autoprodu o os moradores gerem os recursos e tomam as decis es sobre os espa os sem interven o do poder p blico mas tamb m sem acesso a informa es suporte t cnico e financiamento Ela prevalece em favelas loteamentos irregulares mas tamb m comum em outras partes das cidades e no meio rural Estima se que seja respons vel por cerca de 70 de todas as habita es no Brasil Produ o heter noma uma produ o de outros heteros com normas nomos Na produ o heter noma a gest o dos recursos e a tomada de decis es sobre os espa os s o feitas por terceiros que n o os moradores H acesso a informa es suporte t cnico e financiamento seguindo diretrizes e normas gerais bem como normas decorrentes de necessidades e interesses do respecti
320. montante do parque carreando para o curso d gua teoricamente saneado e preservado todos os res duos dessa lavagem Os sistemas de drenagem e pavimenta o no seu entorno n o evidenciam nenhum ajuste para a condi o particular de circundarem uma rea de preserva o N o foram instalados filtros ou sistemas de gradeamento para reten o de res duos s lidos carreados exceto junto aos aterros diques implantados no Aglomerado da Serra Fato que os cursos d gua s o recept culos da polui o difusa sedimentos finos leos e graxas provenientes dos ve culos o cheiro a turbidez e a oleosidade das gua s o not veis Do mesmo modo no entorno dos parques ao longo de suas divisas extensas reas desertas ao longo dos muros do Drenurbs ou das cercas e caminhos de pedestres do Vila Viva ilustram a condi o de reas subtra das vida cotidiana S o reas despovoadas sem atividades urbanas geram inseguran a especialmente noite Terra de ningu m Caminhos interrompidos que obrigam a percursos maiores nas vias de entorno disputando espa o com carros e motos ou incitam a a es deliberadas de romper as barreiras e resgatar os atalhos De espa o produtivo gerador de subsist ncia passam a espa os geradores de nus p blicos para sua manuten o e 136 Q v www ruaviva org br Acesso em 02 de fevereiro de 2010 137 Porto M nica F Aspectos qualitativos do escoamento superficial em reas urbanas Tucci C E
321. moradia espaco de produc o com rcio e demais atividades produtivas que sempre acompanharam as fun es de habitar das fam lias mais pobres Esse ineg vel valor econ mico n o passa desapercebido ao mercado imobili rio e certamente ser alvo de disputas futuras Nas recentes discuss es para vota o do Novo C digo Florestal Brasileiro est em quest o dentre outras a defini o das atribui es legislativas sobre as APPs urbanas se de mbito federal ou municipal Se podemos arrolar como ben fica a atribui o municipal de legislar sobre seus territ rios ajustando a regulamenta o s peculiaridades locais podemos tamb m vislumbrar as disputas desiguais dessas reas tendo por um lado os interesses recursos econ micos e poder de influ ncia local do mercado imobili rio e por outro as classes destitu das eventualmente associadas a ambientalistas No entanto as reas visadas pelo Drenurbs viram parques ou reas destinadas a fun es especiais amortecimento de cheias no sistema de drenagem da bacia hidrogr fica a que pertence No programa Drenurbs entretanto a favela deixa de existir naquele local De qualquer modo constituem se em ambos os casos em reas de Prote o Ambiental espa os especializados em oposi o a espa os cotidianos ou segundo a pertinente classifica o de Carvalho 1999 j explicitada anteriormente ser o reas de Preserva o Ambiental APAs confinadas em meio a reas
322. moradores 2 A Vila das Antenas uma das mais antigas ocupa es do Morro das Pedras instalou se na por o superior da encosta e na superf cie de topo que configura o divisor de guas entre as sub bacias dos c rregos Piteiras e Leit o 133 A cidade formal se expandiu at o limite do Morro das Pedras nos anos 1950 com a urbaniza o dos bairros Gutierrez e Cidade Jardim Na d cada de 1970 implantaram se a avenida Raja Gabaglia na linha de cumeada entre as duas bacias e a avenida Bar o Homem de Mello sobre o talvegue principal do c rrego do Piteiras Ambas as avenidas configuram acessos importantes das regi es central pra a da Assembl ia e noroeste da cidade ao BH Shopping e BR 262 em dire o ao Rio de Janeiro A Via de Liga o prevista no PGE conecta diretamente o topo ao fundo de vale seccionando a encosta ocupada pela favela A avenida Raja Gabaglia abriga atualmente al m de in meras institui es Tribunal de Justi a Pol cia Federal r dio difusoras etc o high tech da produ o arquitet nico imobili ria dirigida a grandes empresas N o sem motivos o Manifesto Vila Morta enfatiza que quando se iniciaram as remo es no Morro das Pedras o custo por metro quadrado de rea constru da para efeito de indeniza o era de R 107 00 cento e sete reais enquanto que o custo m dio de terrenos na avenida Raja Gabaglia era de R 2 000 00 dois mil reais por metro quadrado BH Programa Vila Viva ou Vila Morta
323. mover a inserc o produtiva de seus benefici rios atrav s de sua profissionalizac o em um leque amplo de atividades imprescind veis concretiza o de cada empreendimento gerenciais administrativas cont beis de execu o e controle tecnol gico dentre outras No entanto o aspecto crucial da autogest o seu potencial de transforma o nas rela es de produ o e de uso dos espa os constru dos Como avalia Singer 2002 p 21 a autogest o tem como m rito principal n o a efici ncia econ mica necess ria em si mas o desenvolvimento humano que proporciona aos praticantes Obviamente que como inst ncia pol tica e ademais dispondo de recursos econ micos os processos autogestion rios est o sujeitos a v cios e pr ticas de favorecimento n o sendo raro a coopta o de lideran as ou imposi es de decis es dessas sobre os liderados especialmente nos processos institucionalizados pelas administra es p blicas que acabaram por gerar uma distor o b sica uma esp cie de profissionaliza o de gestores da autogest o ou seja alguns dos gestores n o s o benefici rios do empreendimento em quest o mas integram o quadro como representantes das entidades organizadoras qualificadas junto aos agentes financeiros Significa basicamente que esses gestores n o ser o afetados pelas decis es que tomam descaracterizando o processo No entanto se conduzida por seus leg timos gestores ou seja as
324. mples visita s favelas mesmo aquelas historicamente mais atendidas em suas demandas como as favelas mais consolidadas da bacia do ribeir o Arrudas O segundo de car ter mais geral a constata o de que mesmo que a disputa de verbas para execu o de obras nos OPs Regionais obede a em tese crit rios iguais para todas as demandas a consecu o dos empreendimentos aprovados em favelas e fora delas revela que o ritmo de conclus o dos primeiros vem decaindo chegando a apenas 34 da conclus o no OP 1999 2000 em contraponto aos 89 de conclus o de outros tipos de empreendimento Embora existam raz es de ordem operacional que possam justificar em parte esse descompasso Mello 2005 considera o uma evidente ruptura com os prop sitos conceituais dos or amentos participativos como instrumentos de controle da sociedade civil sobre a atua o da administra o p blica lan ando d vidas sobre o comprometimento dos recursos e evidenciando uma poss vel descaracteriza o da pe a or ament ria elaborada de forma participativa 2005 p 342 Ou seja mesmo em um cen rio de disputas pretensamente democr ticas favelas e favelados t m suas conquistas preteridas por a o ou ina o das classes de servi o que integram as inst ncias de decis o e de controle urbano nas esferas governamentais seguramente favorecendo demandas de grupos sociais de maior poder de representa o e press o pol ticas O Programa
325. munic pios Governo do Estado 1981 p 22 83 Mello aponta a falta de previs o de manuten o dos servi os de esgotamento sanit rio muitas redes foram implantadas e rapidamente inviabilizadas pela falta de manuten o Ap s o Conv nio de Gest o Compartilhada entre PBH e COPASA em 2002 a manuten o das redes executadas pela PBH de responsabilidade da concession ria mas o problema persiste Segundo o Gerente do N cleo de Empreendimentos da Urbel Alu sio Rocha Moreira entrevistado por ela h v rias reclama es da comunidade Os vazamentos perduram n o havendo o mesmo tratamento dado cidade formal Mello 2005 p 134 121 esgotamento sanit rio e a drenagem pluvial mant m grande relac o de interdepend ncia especialmente no momento da implantac o devido necessidade de dividir apropriadamente o espa o dispon vel para a coexist ncia dos diversos elementos constituintes do sistema redes de tubula es dispositivos de manobra po os de visita dissipadores entre outros Mello 2005 p 129 No entanto o provimento de gua encanada diretamente ao consumidor final envolve procedimentos mais simples e de menor rela o de depend ncia com outros sistemas urbanos mesmo em reas onde o acesso de m quinas e equipamentos dificultado pela configura o resultante da ocupa o espont nea conjugada a adversidades naturais do relevo Assim que a maior parte dos relatos d o conta do at
326. n by the opportunities for survival that the transit between urbanized and non urbanized areas offers From a critical theory framework the first chapter discusses the ideal of domination of nature characteristic of modern instrumental rationality which has increasingly stressed the alienation of men from each other from their productive activities and from inner and outer nature lt then analyzes some consequences of this logic for urban water management in Belo Horizonte over the twentieth century also addressing its omissions i e spaces that had not been affected by such management and that usually coincide with favelas The following chapters aim to understand the development of favelas in Belo Horizonte drawing from Marx s critique and its corollary in the political economy of urbanization From the perspective of the social production of urban space under capitalism this thesis analyzes the processes that had shaped favelas and the formal city on the territory as well as their overlaps and interdependencies lt seeks to understand the contradictions that had first created favelas and now create colossal public works in them advertised as measures of social and environmental recovery Finally the last chapters discuss ongoing public policies that despite having different aims are both having an impact on Belo Horizonte s favelas the municipal programs Vila Viva and Drenurbs In opposition to these programs this thesis propo
327. nal em quest o social momento no qual o Estado passa a intervir numa quest o at ent o situada na esfera privada Bonduki 1994 p 12 At ent o o mercado rentista respondia pela quase totalidade da demanda de moradias para os trabalhadores nas cidades industriais emergentes cujo investimento se mostrava altamente rent vel j que o aproveitamento dos terrenos as densidades e qualidade construtivas das edifica es ou das instala es hidr ulico sanit rias n o eram regulados ou fiscalizados por nenhuma inst ncia p blica Bonduki 1998 p 25 A extensa pesquisa empreendida por Bonduki registrou apenas algumas iniciativas do Estado em empreendimentos habitacionais No Rio de Janeiro em 1906 os milhares de despejos promovidos pelo governo de Pereira Passos para a abertura de avenida Central geraram uma onda de protestos que precisavam ser amainados e a constru o de um conjunto habitacional com 105 unidades habitacionais rua Salvador de S pretendia demonstrar o compromisso do Estado com as fam lias desalojadas Mas foi uma iniciativa totalmente desvinculada de qualquer pol tica habitacional num per odo em que o Estado tratava a quest o social como assuntos a serem tratados pela pol cia Da mesma forma no Recife a constru o de 40 casas populares pela Funda o A Casa Oper ria em 1926 foi registrada por Bonduki como uma dessas iniciativas isoladas do poder p blico para provis o habitacional j que o estad
328. nas 166 Trata se de dois pr dios de dezessete andares quatro apartamentos por andar localizados na rua Clorita n 64 e n 100 no bairro Santa Tereza BH cuja constru o foi abandonada pela Construtora Jet e a ICC Incorporada que decretaram fal ncia ap s vendidas todas as unidades inclusive algumas delas a mais de um comprador 218 compra junto massa falida em um arranjo tripartite envolvendo al m da associac o de moradores a prefeitura com a fun o de desapropria o dos im veis j avaliados por ela em R 1 700 000 00 um milh o e setecentos mil reais e a Caixa que repassaria diretamente prefeitura o valor da desapropria o constante da proposta aprovada no PCS Foram incont veis as gest es da Associa o dos Moradores e assessoria t cnica junto ao Minist rio das Cidades agentes operador e financeiro do PCS e prefeitura para que se desencadeasse o processo com cada institui o assumindo sua compet ncia na viabiliza o do empreendimento Embora n o tenham sido contestados os argumentos e caminhos propostos tampouco apontados impedimentos legais implementa o da proposta tal financiamento jamais se concretizou A CAIXA n o emitiu nenhum documento desabilitando a Associa o ao financiamento que fazia jus e possivelmente os registros internos d em conta do n o cumprimento pela associa o das exig ncias do PCS Em 2010 ocorreu um inc ndio de pequenas propor es em um dos aparta
329. ndustrial Erm nia Maricato org S o Paulo Editora Alfa Omega 1982 BORSAGLI Alessandro O Vale do C rrego do Leit o em Belo Horizonte Contribui es da cartografia para a compreens o da sua ocupa o 1 Simp sio Brasileiro de Cartografia Hist rica Paraty maio de 2011 Dispon vel em http www ufmg br rededemuseus crch simposio BORSAGLI ALESSANDRO pdf Acesso em 18 de abril de 2011 BOTELHO Adriano Urbano em fragmento a produ o do espa o e da moradia pelas pr ticas do setor imobili rio S o Paulo Annablume Fapesp 2007 BOTELHO ALMEIDA Danilo de Carvalho Escrit rio de Integra o Terra da Exclus o Belo Horizonte 2006 V deo document rio Dispon vel em http youtu be 8CiUsorYm74 BOURDIEU Pierre The Forms of Capital In J Richardson Ed Handbook of Theory and Research for the Sociology of Education New York Greenwood 1986 p 241 25 BRAGA Welber da Silva WATANABE Hiroshi Morro do Querosene Alguns Aspectos da Forma o 231 de uma Favela Belo Horizonte 1960 BRAGON Rayder Defensoria acusa prefeitura de BH de discriminar favelas alvo de obras do PAC Especial para UOL Not cias em 25 11 2009 Dispon vel em http noticias uol com br especiais pac ultnot 2009 11 25 defensoria acusa prefeitura de bh de discriminar favelas alvo de obras do pac jntm Acesso em 31 de marco de 2010 BRASIL C digo Civil C digo civil quadro comparativo 1916 202 Bras lia Senado Federal
330. ng ncia localizada em alguns poucos munic pios dependentes da disposi o das administra es municipais 208 em investir recursos p blicos para gest o direta dos movimentos organizados e obviamente enfrentando a reac o dos setores empresariais locais e da pr pria sociedade llustram perfeitamente o car ter de propostas fr geis e incipientes apontado por Sousa Santos 2002 ao caracterizar as experi ncias contra hegem nicas que investigou estando em quest o justamente sua capacidade de sobreviver sob o dom nio capitalista Ao extrapolar as fronteiras municipais e conquistar o Programa de Cr dito Solid rio assistimos ao aniquilamento da autogest o Pudemos sentir a a for a dos interesses hegem nicos incluindo o indispens vel apoio das classes de servi o das institui es intervenientes para eliminar de vez a inc moda concorr ncia dos pr prios destinat rios das casas agora instrumentados com par metros pr prios de custo e qualidade da habita o para contrapor aos par metros at ent o inquestion veis da iniciativa privada1 Essas experi ncias n o alcan aram em minha opini o um alto grau de autonomia como na avalia o otimista de Bonduki Ainda que experiment ssemos alguma liberdade de a o est vamos atrelados a regras e controles t cnicos que em ltima an lise exerciam seu poder de liberar ou n o servi os medi es e libera o de pagamentos como ficaria patente no PCS me
331. nino de Brito do cargo de chefe da 1 sec o da 5 Divis o da Comiss o Construtora da Nova Capital por Aar o Reis3 Inconformado com as altera es impostas execu o dos servi os de abastecimento em desacordo com a base de c lculo previamente fixada de 300 34 Pouco tempo depois o pr prio Aar o Reis pediria sua exonera o da CCNC dado o aumento da inger ncia do Executivo estadual no processo de ocupa o urbana e a tentativa de reduzir o papel da CCNC Saneamento B sico 1997 p 54 45 litros por habitante e popula o de 200 000 habitantes Brito trouxe a p blico em maio de 1895 minucioso relato dos fatos e afirma O erro patente e o Estado de Minas sem colher no Presente economia alguma com a execuc o do plano projetado vai sacar imprevidentemente para n o empregar outro adv rbio contra um Futuro para o qual cumpre gerac o atual trabalhar com mais crit rio com mais amor Brito 1944 1895 p 36 S o recorrentes seus alertas progn sticos depaupera o de nosso patrim nio comum inclusive contrariando interesses de propriedade por considerar os propriet rios meros deposit rios do que lhes confiaram gera es passadas Segundo Brito os propriet rios s o deposit rios da terra tanto quanto do capital e tendo ambos origem social devem ter aplica es sociais as gera es presentes pagam duramente a atroz devasta o realizada pelas gera es passadas as gera es
332. nino no trabalho das oper rias do Programa Vila Viva Programa de 240 P s gradua o em Educa o PPGE da Faculdade de Educa o da Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG Belo Horizonte 2011 Disserta o mestrado SILVA Helena Maria Menna Barreto Terra e moradia que papel para o munic pio S o Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de S o Paulo Curso de P s gradua o em Estruturas Ambientais Urbanas 1997 Tese doutorado SILVA Margarete Maria de Ara jo Renda fundi ria urbana In Revista Bandung V1 Ed Estr ia Belo Horizonte set 2011 pp 107 126 SILVA Margarete Maria de Ara jo BOTELHO ALMEIDA Danilo de Carvalho Recupera o socioambiental urbana o Morro das Pedras e o C rrego do Pastinho In Cadernos de Arquitetura e Urbanismo V 15 N 17 2 sem 2008 Belo Horizonte Ed PUC Minas 2008 SILVA Margarete LIB NIO Mauricio MELO Tatiana SANTOS Braulio Regulariza o Fundi ria Guia para capacita o em servi o de agentes p blicos municipais e comunit rios Belo Horizonte PUCMinas Ag ncia Metropolitana Fluxograma dispon vel http www caneta arq br fluxogramas desenvolvimento visualiza visualiza php SINGER P Introdu o economia solid ria S o Paulo Editora Funda o Perseu Abramo 2002 SINGER Paul Economia pol tica da urbaniza o S o Paulo Contexto 2002 SINGER Paul O uso do solo urbano na economia capitalista In A p
333. nizado segundo as exig ncias do Estado nos processos de urbaniza o de favelas no mbito do Programa Vila Viva e no caso das favelas afetadas pelo Programa Drenurbs a transforma o do espa o cotidano em espa o especializado Como destacado anteriormente compreendo a a o do Estado como reflexo das representa es sociais dominantes que legitimam ou n o o poder que ele exerce S o os consensos sociais vigentes que consolidam ou debilitam posi es assumidas pelas administra es p blicas entendimento que reserva totalidade social em ltima an lise eleger os temas e o tratamento dispensado a eles relevantes ao debate pol tico Nos cap tulos anteriores busquei evidenciar os efeitos da progressiva aliena o do homem urbano com rela o natureza nas cidades capitalistas e o lugar reservado s favelas nessa din mica como reflexo da dimens o espacial da correla o de for as sociais e interesses econ micos pol ticos e culturais envolvidos nos processos de produ o da cidade Como bem sintetiza Odette Seabra nas cidades os processos econ micos e pol ticos espacializam se podendo ser compreendidos nas formas de morar porque a habita o modula o quadro de vida Seabra 2007 p 9 Trata se agora de evidenciar a a o primordial do Estado no enquadramento das favelas no mundo administrado e na ordem capitalista mediante processos de fragmenta o homogeneiza o e hierarquiza o que
334. nstrutora da Nova Capital s d Arquivo P blico Mineiro 42 LAR E Ni AA IS PATI AOS PU TSE INANGO EX VA LAN PU PAS VA DAL AY A Z A am 2 Za L ET AMA Ti SS VAU ISA MN i CTA ATEAN SD MaS Figura 04 Plantas de Belo Horizonte Aar o Reis x Saturnino de Brito Contraposi o do tra ado geom trico de Aar o Reis e do tra ado sanit rio proposto por Saturnino de Brito Fonte Funda o Jo o Pinheiro 1977 p 44 43 Figura 05 Planta Geral da Cidade de Minas organisada sobre Planta Geodesica Topographica e Cadastral do Bello Horisonte Aprovada pelo Decreto N2 80 de 15 de abril de 1895 Fonte Comiss o Construtora da Nova Capital Arquivo P blico Mineiro 44 Observa se figura 02 que o Curral Del Rei desenvolveu se ao longo dos cursos d gua organicamente ajustado ao s tio Ao contr rio a malha urbana da nova capital imp e a mesma rigidez retil nea para todo o per metro definido para a cidade aplic vel indistintamente a qualquer s tio A figura 03 ilustrativa do contraste entre o ambiente tecnog nico resultante da intera o humana na produ o do antigo arraial e a proposi o de Aar o Reis A natureza sumariamente ignorada exceto como provedora de insumos para a constru o da cidade para o abastecimento de gua ou para o escoamento de dejetos A hidrografia foi absolutamente desconsiderada mesmo para o atendimento s necessidades sanit rias a despeito da proposi
335. nte para o abandono social e pol tico consentido por toda a sociedade de toda uma classe de indiv duos precarizados que se reproduz h gera es enquanto tal Jesse 2009 p 21 Destaca se a um aspecto fundamental abordagem aqui proposta a perpetua o da desigualdade brasileira legitimada pela totalidade social e n o apenas pelas elites ou pelo Estado As a es do Estado nas favelas sejam elas para a remo o truculenta ou para a suposta extens o dos benef cios urbanos a esses territ rios precisam se legitimar socialmente Como vimos no cap tulo 2 o espa o um dos mais importantes recursos produtores de valor da moderna sociedade urbana e os constantes movimentos espaciais das favelas na hist ria das cidades capitalistas refletem a disputa desigual pelo seu controle e a interdi o do acesso e usufruto dos benef cios produzidos pela totalidade social parcela da popula o mais fragilmente aparelhada Favelas e outras reas ambiental jur dica ou socialmente fr geis tais como os loteamentos perif ricos ou conjuntos habitacionais n o surgiram porque seus moradores tenham se retirado deliberadamente da cidade formal e bem provida de infraestrutura urbana eles surgiram e continuam surgindo por processos de despossess o Harvey 2011 renovados a cada novo ciclo pol tico sendo o ltimo deles paradoxalmente caracterizado pela participa o popular As pessoas que ocupam essas
336. nte tecnog nico no qual as rela es cotidianas s o tamb m reconfiguradas Mais ainda o modo de produ o organiza produz ao mesmo tempo que certas rela es sociais seu espa o e seu tempo Lefebvre 2000 1974 p XXV Refletindo esse entendimento a pretens o deste cap tulo comparar as rela es entre terra trabalho e capital nas favelas e na cidade formal Essa ltima serve a de contraponto a tr s configura es distintas nas favelas as favelas espont neas as favelas em processo de urbaniza o pelo Estado e as favelas depois de conclu do esse processo Em suma trata se das favelas antes durante e depois da urbaniza o formal A quest o central compreender em que medida os processos de urbaniza o enquadram as favelas no mundo administrado ou inversamente em que medida as rela es pr existentes a o do Estado se reinstalam e voltam a prevalecer depois de conclu da a interven o urbanizadora 0 Buscou se compreender o espa o social produzido na cidade formal nas favelas espont neas e nas favelas urbanizadas pela caracteriza o do ambiente tecnog nico resultante da intera o do homem com o ambiente geol gico original conformando a partir da um novo ambiente uma segunda natureza suporte para as novas intera es definidoras do espa o pelas rela es de poder estabelecidas e a partir delas A intera o do homem com um ambiente geol gico estritamente o
337. ntes de Pesquisa 180 custo de reposi o baixo para um neg cio riqu ssimo E diferentemente dos verdadeiros grandes traficantes operando no atacado na exporta o e na importa o n o viajam pelo mundo como empres rios de alto coturno n o usam ternos bem cortados n o se divertem em cassinos luxuosos Souza 2006 p 18 19 Ou como destacado pelo professor de criminologia Virg lio de Mattos 2011 somos quase 500 mil presos hoje no pa s esmagadora maioria de pobres e miser veis A pol tica social de habita o sa de e educa o o encarceramento notadamente em Minas Gerais respons vel por quase 50 mil presos Mattos 2011 p 99 181 5 URBANIZA O REVERSA Urbaniza o reversa o termo que escolhi para designar medidas que me parecem plaus veis reconcilia o do homem com a natureza em reas urbanas pelo desencadeamento de processos de recupera o socioambiental em microunidades aut nomas mesmo ainda no interior de uma ordem heter noma determinada pelos interesses dos grupos sociais dominantes O termo uma refer ncia ao instrumento conhecido como log stica reversa institu do na Pol tica Nacional de Res duos S lidos que atribui a responsabilidade compartilhada entre os geradores de res duos fabricantes importadores distribuidores e comerciantes de produtos pela sua destina o Segundo a defini o apresentada no Cap tulo II Art 3 XII log sti
338. ntrole urbano Como j havia alertado Lefebvre 1999 1970 p 139 os t cnicos afeitos a quest es urbanas n o percebem que todo espa o produto e que esse produto n o resulta do pensamento conceitual mas das rela es de produ o a cargo de um grupo atuante O destaque que o autor faz postura dos urbanistas exemplificando a assertiva pode ser estendido sem muitas ressalvas aos integrantes da classe de servi o das pol ticas p blicas em an lise que parecem ignorar ou desconhecer que eles pr prios figuram nas rela es de produ o que cumprem ordens Executam quando acreditam comandar o espa o Obedecem a uma commande encomenda social que n o concerne a este ou aquele objeto nem a este ou quele produto mercadoria mas a um objeto global esse produto supremo esse ltimo objeto de troca o espa o Lefebvre 1999 1970 p 139 140 Contudo para al m de evidenciar os processos de despossess o e seus efeitos sobre os cidad os e sobre os territ rios direta e imediatamente afetados favelados e favelas interessa me demonstrar como e por que a a o do poder p blico no mbito dos dois programas enfocados Vila Viva e Drenurbs repercute negativamente sobre a sociedade urbana como um todo desviando nos do urbano poss vel e da superac o dos obst culos que se interp em construc o de uma sociedade urbana justa e equilibrada como e por que em lugar de atenuar esses
339. o Sempre que necess rio legitima o dessas a es f runs p blicos s o instalados para a livre manifesta o dos interessados nos quais as vozes dissonantes s o neutralizadas pelos consensos constru dos nessas inst ncias supostamente democr ticas do exerc cio cidad o O habitante das grandes cidades brasileiras j est devidamente admoestado impassibilidade e neutralidade O processo de aliena o est consolidado e o ciclo se alimenta dialeticamente Nenhuma perspectiva de transforma o ou de a es aut nomas se tudo est no seu lugar A seu ver n o h nada de errado a a realidade para ser compreendida e n o para ser transformada Ele n o s desconhece sua atividade como produtor social do espa o como incapaz de conceber que nos assentamentos autoproduzidos seja essa a pr tica prevalecente at que o poder p blico os alcance e os submeta mesma ordem heter noma que produz a cidade formal ou os extinga 9 Ademais na cidade formal direitos individuais especialmente patrimoniais costumam ser respeitados pelo poder p blico e se n o o s o o cidad o lesado tem acesso aos recursos sociais que geram valor educa o sa de justi a e sobretudo informa o Pode reagir e acionar se preciso uma rede mais ampla de contatos desfrutando de algum n vel de prote o de sua rede de pertencimento Ocorre que frequentemente ser o esses mesmos cidad os que imbu dos da autoridade
340. o inver dica era de que seriam subtra das as paineiras existentes na rea e que por suas caracter sticas intentava se decretar a rea como parque As fam lias ao conhecerem o terreno imediatamente batizaram o empreendimento de Residencial Paineiras A manuten o das quatro paineiras n o s era desejada como seria injustificada sua remo o j que localizavam se na faixa de afastamento frontal obrigat rio Diz a procuradora Ademais est se ignorando a voca o ambiental da rea a ser ocupada pelo assentamento h tr s paineiras que ser o derrubadas A topografia do lote tem inclina o acentuada que vai exigir um custo alt ssimo para as edifica es com muros de arrimo que 220 suportem eventual eros o do terreno sob pena de desbarrancamento O Estatuto da Cidade garante a todo indiv duo viver com dignidade num espa o de alegria e boa conviv ncia Os moradores do bairro Minas Brasil esperam e confiam que o prefeito de Belo Horizonte honre a sua trajet ria pol tica e respeite esses princ pios Duarte 2005 p 9 Ap s a interdi o do terreno ao empreendimento ele permanece como estava ocioso e descuidado Por ltimo relato a experi ncia do denominado Residencial Serra Verde RSV ou Mar Vermelho I nos contratos de financiamento do PCS Fruto de projeto de pesquisa contratado pela FINEP RSV Residencial Serra Verde Modelo de Autogest o Habitacional de Interesse Social envolveu pesquisador
341. o resultante das intera es antr picas valores humanos sociais t cnicos econ micos anteriores Arquitetos e urbanistas condi o legitimada pela forma o universit ria parecem desconhecer que o desenho pressuposto para que todo o processo ocorra cumprindo a fun o central de mediador entre interven es f sicas e as inten es pol tico administrativas definidas em esferas superiores de decis o Al m disso julgam saber o que melhor para todos projetando sobre a popula o sua pr pria perspectiva de classe social Como bem expressou Floriscena Silva entrevista 2012 o discurso n o muda o que bom para mim o que vai me fazer feliz o que vai me dar dignidade por que eu n o sou digna o que vai me tornar cidad por que eu n o sou cidad Como explicitado na introdu o a este cap tulo considero que o recorte de classe social justifica se na medida em que os espa os produzidos para a ral traduzem a representa o social dominante da favela e dos favelados dos significados de morar e circular produzir e consumir de espa os cotidianos e espa os especializados e da pr pria rela o entre homem urbano e socionatureza A favela urbanizada no Programa Vila Viva n o passa da extens o de um modelo cuja inadequa o j patente na cidade formal a reas at ent o resguardadas de seu dom nio exclusivo insustentabilidade do modelo se evidencia por exemplo com o caos que
342. o acesso ao sistema espacial de objetos imobili rios que complementam o valor de uso da moradia Ribeiro 1997 p 86 tais como equipamentos coletivos servi os p blicos sistemas de circula o e acesso etc al m da dimens o simb lica do espa o urbano muito determinante quanto mais socialmente segregada estiver a sociedade Os fatores apontados acima apesar de configurarem se em entraves livre atua o do Capital s o super veis no interior mesmo do mercado capitalista pela caracteriza o do produto imobili rio como condi o de monop lio na qual cada incorporador se movimenta buscando auferir a maior margem de lucro H no entanto dois outros fatores apontados por Ribeiro que cabe nos destacar porque configuram entraves atua o desses investidores dificilmente super veis sem a a o do Estado O primeiro refere se aos terrenos que embora sejam construt veis por desfrutarem dos efeitos teis da aglomera o por exemplo n o est o dispon veis para o mercado porque servem de suporte a atividades enquadradas como n o capitalistas artes os pequenos agricultores profissionais de of cio etc cuja propriedade constitui se em meio de produ o independente das regras capitalistas O segundo o reflexo da propriedade privada na excessiva fragmenta o do espa o em parcelas com usos diferenciados dificultando o acesso do capital imobili rio a grandes extens es cont nuas de terra que conf
343. o ao aprendizado coletivo da geodin mica local e observa o cuidadosa da natureza do s tio e da sua capacidade de suporte a atividades humanas O conv nio entre a AHI e a PMI para a reabilita o da rea previu o repasse de recursos para contrata o de consultoria elabora o de projeto e execu o das obras de recupera o em regime autogestion rio 61 As interven es f sicas foram orientadas por diagn sticos ambientais expeditos elaborados em campo junto com os moradores e consultores t cnicos a seguir sistematizados sob a forma de recomenda es t cnicas para o projeto e execu o 12 Toda a m o de obra foi arregimentada entre as pr prias fam lias associadas AHI instituindo se as Frentes de Trabalho Remuneradas FTRs para formaliza o das rela es de trabalho entre os executantes dos servi os e a Associa o gestora dos recursos financeiros repassados pela PMI O entendimento da dupla condi o dos integrantes das FTRs foi fundamental desburocratiza o dos processos de contrata o de servi os e institui o do modelo em outros empreendimentos autogestion rios como associados da entidade 160 O Mutir o Bom Jardim e o Mutir o S o Francisco contaram com assessoria t cnica da A o Direta AD Arquitetura equipe que atuou nos mutir es autogestion rios iniciados em S o Paulo na administra o da prefeita Luiza Erundina 161 Per odo entre fevereiro e agosto de 1993 162 Uma bi
344. o car ter parcial e paliativo das proposi es que apresentarei discuss o ap s breve exposi o das linhas te ricas que as fundamentaram Comecemos por uma abordagem de Swyngedouw 2001 particularmente adequada aos meus prop sitos de harmoniza o entre o humano e a natureza no interior mesmo das cidades Invocando a imagem da gua esguichando de hidrantes e crian as do Bronx se refrescando nos ver es quentes de Nova York o autor prop e nos seguir o fio de Ariadne atrav s da gua para apreens o do car ter h brido das cidades A cita o que se segue propositalmente longa pela for a da exaustiva enumera o dos elementos que comp em a met fora do copo d gua em analogia aos processos socioecol gicos corporificados na vida urbana A celebra o l dica da vida das ruas pela qual as crian as contestam provocam e excitam os poderes urbanos a toda hora que fazem esguichar a gua dos hidrantes sobre as cal adas e dan am ao som do rap a sua exorta o alegre da vida cotidiana da grande cidade um testemunho da produ o socionatural da cidade e da vida urbana Se eu fosse captar um pouco daquela gua em um copo expor as redes que a trouxeram at ali esses fluxos poderiam narrar muitas est rias inter relacionadas da cidade a est ria do seu povo e dos poderosos processos socioecol gicos que produzem o urbano e seus espa os de privil gio e exclus o de participa o e marginalidade de r
345. o caracteriza tem acentuado o processo de aliena o do homem n o apenas em rela o natureza externa como tamb m sua atividade produtiva aos outros homens e sua pr pria natureza interna Ou seja a partir de Marx que esse processo de aliena o explicitado como um processo econ mico no qual o homem subtra do do fruto de sua produ o torna se estranho a si mesmo e ao ambiente que habita Admite se com Adorno e Horkheimer 1985 1944 3 que o fundamento desse processo de aliena o o ideal de dom nio da natureza externa pela raz o humana que redundou dialeticamente no dom nio da natureza interna do homem Essa assim subjugada frequentemente manifestar se em rela es destrutivas entre sujeito dominante e objeto dominado Elegeu se esse enfoque porque a via para a recupera o socioambiental urbana aqui defendida pressup e a transcend ncia dessa aliena o que s ser poss vel mediante a reconcilia o primeira do homem urbano com a natureza externa para da reconciliar se consigo mesmo com seu trabalho e com sua esp cie Se como afirma Marx todo o auto estranhamento do homem de si e da natureza aparece na rela o que ele outorga a si e natureza para com os outros homens Marx 2004 1844 p 87 inversamente rela es de empatia tamb m poderiam ser outorgadas em lugar de aliena o Buscarei aproximar essa abordagem conceitual da an lise cr tica da produ o social das cida
346. o de Saturnino de Brito que admitia dimens es e sinuosidades nas vias compat veis com os percursos naturais dos c rregos e ribeires existentes na rea do projeto sem desmerecer o tra ado geom trico inicial visando a instala o dos sistemas de esgotamento sanit rio e pluvial Champs Perez e Fr es 2011 p 1 como evidenciado na figura 04 A mesma rede hidrogr fica que ao lado do clima ameno influenciou na escolha do s tio da nova capital n o comparece no desenho de Aar o Reis sen o como t nue representa o figura 05 Ela irrelevante para a malha hipod mica de 120m x 120m incrementada por avenidas em 45 graus e simbolicamente enaltecida por uma grande avenida no sentido norte sul atual avenida Afonso Pena Desde a proposi o inicial de Aar o Reis a submiss o dos cursos d gua rigidez do tra ado geom trico gerou in meros inconvenientes Ainda que seus leitos fossem desviados e retificados para coincidirem com o tra ado das ruas os talvegues e depress es remanescentes no interior das quadras moldados pelo relevo frequentemente eram retomados pelas guas pluviais O tra ado alternativo de Saturnino de Brito visava n o apenas dispensar vultosas movimenta es de terra para evitar inunda es nessas reas como tamb m facilitar a implanta o futura de sistemas coletores de esgoto O abastecimento de gua foi tamb m objeto de controv rsias tendo resultado na exonera o de Satur
347. o dicot mica cidade favela que conduzir essa investiga o Sem ignor la ou na vertente oposta exacerb la buscar se desvelar o papel das favelas na produ o social das cidades capitalistas compreender sua g nese e reprodu o e sobretudo a funcionalidade dos atuais processos de interven o do Estado para transformar favelas em bairros e favelados em cidad os Antecipo aqui parte das conclus es a que chegou Berenice Martins Guimar es 1991 acerca do papel do Estado como mediador da quest o entre 1897 e 1945 per odo estudado em Cafuas barracos e barrac es Belo Horizonte cidade planejada As invas es representavam uma estrat gia de sobreviv ncia para os trabalhadores que atendia em alguns momentos aos interesses do poder p blico Estabelece se assim uma din mica entre poder p blico e trabalhadores em torno da ocupa o do espa o onde se mesclam imposi o negocia o e paternalismo reflexo de um processo mais amplo que era a emerg ncia e forma o da classe trabalhadora urbana e a defini o de seu lugar na sociedade Guimar es 1991 p 288 6 Segmento capitalista e segmento n o capitalista no qual poder amos enquadrar as favelas s o designa es utilizadas por Luiz C sar de Queiroz Ribeiro 1997 para distinguir as formas de produ o de moradias Como se formaram as favelas e por qu como se transformaram e mais especialmente por qu e como v m sendo transform
348. o e comunidades no mbito do Programa Vila Viva pautados pelos discursos da participa o da inclus o produtiva do risco geol gico da preserva o ambiental e da regulariza o fundi ria Os processos analisados incluem a elabora o dos Planos Globais Espec ficos PGEs que definem as interven es em cada vila os procedimentos para contrata o dos projetos executivos e da execu o das obras as etapas iniciais de instala o dos canteiros o in cio das obras e as transforma es cotidianas nisso implicadas os processos de remo o das fam lias e de demoli o das edifica es desocupadas as indeniza es das fam lias removidas e a promessa da regulariza o fundi ria para as fam lias que permaneceram na favela ou foram 88 No Aglomerado da Serra por exemplo em trechos de baixa a m dia declividade da via o ve culo mais pr ximo aos recuos o que se desloca para dar passagem em altas declividades evita se o deslocamento de r etc as baias costumam ser usadas tamb m como estacionamento noturno ou dep sito tempor rio de materiais de constru o 126 reassentamentas nas edifica es multifamilares verticais constru das para tal popularmente conhecidas como predinhos Cabe registrar que o Programa Vila Viva faz parte da hist ria recente da cidade e das favelas estando ainda em execu o em v rias vilas inclusive com a retomada de obras na primeira rea de intervenc o no Aglomerado da Ser
349. o liberal relutava ao m ximo em intervir na esfera privada na qual estava inscrita a quest o Bonduki 1998 p 71 Antes da d cada de 1920 excetuando o Rio de Janeiro que apresentava maior grau de urbaniza o inclusive pela presen a j marcante de v rias favelas as cidades brasileiras incluindo S o Paulo n o passavam de acanhados burgos Oliveira 2003 1972 p 55 comparativamente ao que se transformariam nas d cadas seguintes sob os efeitos da industrializa o r pida e intensa Mesmo em Belo Horizonte constru da sob o signo da modernidade urbano industrial o desenvolvimento industrial ocorria em ritmo lento bastante dependente dos incentivos do Estado As primeiras ind strias instaladas eram empresas de pequeno porte empregando entre 20 e 50 oper rios excetuando a Companhia Industrial Belo 78 Horizonte de fia o e tecelagem tamb m beneficiada pelo j citado Decreto 1 516 que se instalou entre os anos 1906 e 1908 empregando 220 oper rios FIEMG 2012 O perfil de produ o bastante similar aquele que Francisco de Oliveira descreve como caracter stico da nascente ind stria nacional produ o voltada para o mercado local utiliza o de mat rias primas provenientes do setor prim rio e baixo grau de mecaniza o estando portanto mais pr ximas da manufatura do que propriamente da ind stria que conhecemos hoje com uma ampla gama de produtos que iam da cer mica s bebidas e cart e
350. o respostas quest o formulada por Silke Kapp e que no momento me parece a nica possibilidade palp vel h uma forma de dar voz a o dos fracos no f rum dos fortes Essa procura condensa a constata o de que dificilmente conseguiremos sequer experimentar alternativas contra hegem nicas s solu es oferecidas pelos fortes se n o descobrirmos brechas inclusive ao n vel das representa es sociais e pol ticas para que a voz dos fracos determine a es mais respeitosas aos seus direitos cidad os e s suas pr ticas cotidianas legitimamente constru das Em s ntese busquei registrar parte da hist ria dos despossu dos para quem sabe alertar despossessores que nem se percebem como tal e ingenuamente levam a cabo projetos pretensamente revestidos de neutralidade t cnica ou simplesmente refor am de modo irrefletido representa es sociais perversas Qui sirva para patentear interesses nada ing nuos que muito bem se valem da mesma pretensa neutralidade Margarete Leta Belo Horizonte 7 de fevereiro de 2013 229 REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS ACSELRAD Henri 1999 Sentidos da sustentabilidade urbana In ACSELRAD Henri A durac o das cidades sustentabilidade e risco nas pol ticas urbanas Rio de Janeiro DP amp A p 27 56 ABRAMO Pedro A teoria econ mica da favela quatro notas sobre a localiza o residencial dos pobres e o mercado imobili rio informal In ABRAMO Pedro
351. o ribeir o Arrudas est sinteticamente apresentado no mapa O lugar das favelas em Belo Horizonte bacia do ribeir o Arrudas 74 Segundo informa es sistematizadas por Fl via Caldeira Mello 2005 para a cidade de Belo Horizonte em 1929 menos da metade das moradias tinham acesso ao abastecimento de gua FUNDA O JO O PINHEIRO 1997 p 102 Esta falta acentuada nas reas de favelas onde n o havia rede A municipalidade n o cogitava sequer a implanta o delas avaliando que os ocupantes s poderiam ser atendidos por meio de concess o prec ria que era a instala o de chafarizes FUNDA O JO O PINHEIRO 1997 p 138 Mello 2005 p 82 113 pluviais e escadas esculpidas no terreno de modo a conferir condi es mais confort veis e seguras para a circula o de pedestres carro as carrinhos de m o ou bicicletas A hierarquia que se estabelece a partir dos acessos principais em continuidade s vias existentes na cidade formal normalmente se desvanece em in meras ramifica es que tanto podem dar acesso a estreitos becos quanto podem se abrir em pequenos largos que novamente se ramificam ou ali terminam sem conex o com outros becos e caminhos As vias principais consolidadas sobre os caminhos e trilhas de pedestres tendem a acompanhar a meia encosta Nas por es de terrenos de declividades m dias a altas os becos e escadarias que conectam vias em n veis distintos descrevem percursos irregulares zi
352. ocessa pela a o do Estado especialmente regulamentando as rela es entre o trabalho e o capital Oliveira 2003 1973 p 40 Por seu lado Nabil Bonduki admite em artigo escrito em 200615 a forte influ ncia exercida por Francisco de Oliveira sobre in meros estudiosos da cidade e da habita o nos anos 1970 e 1980 entre os quais se inclui atribuindo a essa influ ncia a defini o de linhas de investiga o em trabalhos nos quais se envolveu nas periferias de S o Paulo como que comprovando a tese de Francisco de Oliveira processos informais de ocupa o do espa o urbano a manuten o de formas de economia de subsist ncia consideradas arcaicas eram utilizados para garantir o funcionamento da moderna economia capitalista industrial Bonduki 2006 p 239 155 O texto de Nabil Bonduki integra uma colet nea em torno da obra de Francisco Oliveira organizada por Cibele Saliba Rizek e Wagner de Melo Rom o por ocasi o da outorga do t tulo de Cidad o Paulistano ao soci logo pernambucano Francisco de Oliveira Francisco de Oliveira a tarefa da cr tica 2006 206 Entretanto na publica o originada dessas investiga es intitulada Periferias ocupa o do espa o e reprodu o da for a de trabalho Bonduki e Rolnik 1982 1979 contestam Francisco de Oliveira quanto ao entendimento da autoconstru o como trabalho n o pago ou sobretrabalho ao produzir sozinho sua casa o trabalhador cria u
353. odo de execu o entre maio de 1993 a setembro de 1995 214 conduziram nos ao reconhecimento e valorizac o dos recursos e car ncias humanos e ambientais e formac o profissional dos mutirantes interessados em ingressar nas Frentes de Trabalho Remuneradas FTRs tanto para os servicos de administra o e gerenciamento quanto os de produ o e manejo ambiental da rea Nessa nova configura o a const ncia na libera o dos recursos financeiros mostrou se mais determinante do que exatamente o montante de recursos liberados Os profissionais formados na experi ncia anterior Mutir o Nova Conquista especialmente para a produ o de alvenarias estruturais tamb m integraram as FTRs funcionando como transmissores do conhecimento e formadores de novos profissionais Tamb m foram constitu das as primeiras cooperativas de produ o trabalhando sob o regime de empreitadas O acompanhamento fiscaliza o das obras e libera o das parcelas pela PMI ocorreram de forma desburocratizada e na resolu o de problemas t cnicos ou sociais prevaleceu o respeito s decis es da AHI e seus associados Privilegiaram se procedimentos que favorecessem a profissionaliza o das fam lias mutirantes tanto para atividades de produ o quanto para a gest o do empreendimento integradas s Frentes de Trabalho Remuneradas que contavam aspecto not vel no processo autogestion rio com a presen a significativa de mulheres nas diversas forma
354. og nico conforme encontrado e com o menor consumo de energia alcan vel 194 As a es devem visar prioritariamente a resolu o dos problemas ambientais ligados torrencialidade anulando ou minimizando os efeitos combinados do j citado trin mio eros o assoreamento inunda o Carvalho 2009 mediante a es conjuntas de desbloqueio infiltra o infiltra o for ada coleta e armazenagem dispers o ou reten o tempor ria das guas pluviais prote o de solos expostos reten o de sedimentos por processos de assoreamento induzido tais como muretas de p de talude caixas de reten o de sedimentos aterros diques e sabodams dentre outros estabiliza o de encostas e recomposi o do reservat rio natural de guas pluviais pelo preenchimento de reas erodidas ou vocorocadas com material poroso sendo especialmente indicados os res duos s lidos da constru o civil RSCC 1 dado a sua disponibilidade excessiva por toda a cidade e em todas as cidades brasileiras constituindo eles pr prios outro problema urbano de grande impacto e dif cil equacionamento Al m disso as a es devem favorecer a redu o de depend ncia de sistemas centralizados especialmente externos unidade de gest o priorizando o emprego de recursos materiais humanos e energ ticos dispon veis localmente bem como a acomoda o dos impactos negativos da atividade humana na pr pria microbacia neutralizando ou minimizando impact
355. ojetos executivos que s o licitados contratados e recebidos pela Urbel nova investida das comunidades no OP para obten o de recursos para a implanta o das obras Nessa fase dado o significativo volume de recursos para execu o global das interven es previstas nos PGEs elas s o aprovadas por etapas em observ ncia ao crit rio de aprova o de no m ximo uma obra por comunidade demandante A cada edi o do OP a comunidade deve se mobilizar novamente para novas conquistas Todo esse processo obviamente longo e exige grande esfor o de mobiliza o e persist ncia por parte das comunidades A Figura 01 a seguir ilustra as etapas e as atribui es da prefeitura e das comunidades no macro processo do Or amento Participativo por regionais administrativas 93 Segundo a Resolu o n Il na linha de atua o em assentamentos existentes h tamb m o Programa de Interven o Parcial Pontual ou em reas Remanescentes Belo Horizonte 1994 94 Os OPs em Belo horizonte foram anuais desde 1993 at 1997 e a partir da bianuais 130 Figura 07 Como funciona o OP Fonte Mello 2005 p 91 131 O fluxograma indica duas etapas a serem cumpridas A primeira nomeada defini o das obras mede a capacidade de mobiliza o interna da comunidade para se fazer representar na 1 Rodada que define proporcionalmente o n mero de delegados de cada vila ou bairro para a 2 Rodada e tamb m a capacidad
356. olvimento urbano o qual tamb m corresponde a um modelo tecnol gico inovador para as obras de interven o mais pr ximo das necessidades da popula o t o inovador e flex vel quanto o dos produtos que v o regulamentar Ou seja a rigidez das normas caso isso signifique seguir modelos convencionais e conservadores em nada contribui para a inven o seja na arquitetura ou no urbanismo nem d a certeza de solu es adequadas aos programas propostos Campos 1999 online Embora os PGEs ofere am condi es de explorar as especificidades do ambiente tecnog nico dos distintos assentamentos as solu es projetuais e construtivas refletem apenas o car ter hegem nico das interven es e o pressuposto de que o bem estar possui formas espacializadas tecnologias construtivas e de gest o inquestion veis tais como predinhos grandes avenidas asfaltadas conten es em concreto armado cortinas atirantadas c rregos canalizados ou confinados em parques e reas de lazer ativo pistas de skate parkour etc Esses projetos s o a representa o da ordem heter noma e da divis o social do trabalho Elaborados em inst ncias externas s favelas instauram uma l gica de transforma o do espa o autoproduzido oposta quela que o engendrou quem concebe os espa os n o os executa tampouco os utiliza quem executa desconhece a concep o ou a conhece apenas de forma fragment ria e tamb m n o utiliza os espa os exc
357. om condi es j negociadas para os diversos servi os e um certo apoio para tramites burocr ticos e cont beis de suas exist ncias jur dicas 216 A continuidade das demais estruturas produtivas demandariam um modelo autogestion rio independente da prefeitura e mesmo da associa o e as regras para funcionamento distribui o de encargos e fun es retribui o por produ o administra o e gerenciamento etc jamais chegaram a ser constru das A experi ncia autogestion ria do Mutir o 1 de Maio atraiu a aten o de t cnicos do Banco Mundial que recomendaram a reprodu o do modelo no Projeto Novo Centro para o reassentamento das fam lias removidas ao longo do ribeir o Ipanema gerando o Mutir o Planalto Il em 1995 Executado com recursos do conv nio de coopera o t cnica entre a PMI o BDMG e o Banco Mundial destinou se ao reassentamento de 300 fam lias removidas das margens do ribeir o Ipanema para a requalifica o da rea central de Ipatinga em projeto denominado Novo Centro Caracterizados como inquilinos ou moradores de favor nas reas em que habitavam estas fam lias n o teriam direito indeniza o destinada apenas aos propriet rios Como proposta do programa criou se a possibilidade de acesso s unidades habitacionais no Planalto II para fam lias dispostas a ingressar no programa de produ o autogestion ria sob a coordena o da AHI segundo modelo experimentado nos tr s empre
358. om entidades internacionais criado o Programa de Erradica o de reas de Risco PEAR da URBEL implantado o Or amento Participativo OP com edi es anuais at 1997 Consolida se a metodologia de urbaniza o em favelas baseada em Planos Globais Espec ficos a partir do Programa Alvorada PBH em conv nio com entidade italiana AVSI conclu do o Plano Global Espec fico PGE da Vila Senhor dos Passos pelo Programa Alvorada A Pedreira Prado Lopes conquista recursos para elabora o do PGE no OP 97 Instituiu se a obrigatoriedade de elabora o do PGE para disputa de recursos do OP para interven es em vilas e favelas O OP passa a ser realizado bianualmente conclu do o PGE do Aglomerado da Serra conclu do o PGE do Aglomerado Morro das Pedras Iniciam se as interven es do Vila Viva no Aglomerado da Serra Iniciam se as interven es do Vila Viva no Morro das Pedras conclu da a primeira etapa de obras do Vila Viva no Aglomerado da Serra Iniciam se as instala es de obras para mais uma interven o no Aglomerado da Serra com recursos do Programa de Acelera o do Crescimento PAC 101 4 AUTOPRODU O E PRODU O HETER NOMA DO ESPA O A inten o deste cap tulo compreender a transforma o do espa o da favela sob a a o do poder p blico Mais propriamente compreender as transforma es nas rela es sociais de produ o do espa o tornado mercadoria e orga
359. ondi o de insustentabilidade a cidade dominada pelo carro a inefici ncia do sistema de drenagem pluvial o afastamento f sico do homem urbano e atributos naturais a exporta o ou a transfer ncia dos impactos negativos da urbaniza o para outras reas a viol ncia e a criminalidade urbana a segrega o em guetos e a ind stria do medo Favelas problemas vi rios inunda es medo e inseguran a cotidianos s o determinados pelo modo de produ o social das cidades capitalistas e extremamente funcionais ao capital Ao capital n o interessa cidades justas e saud veis o produto interno bruto cresce com o crescimento de acidentes automobil sticos com o aumento das doen as com os investimentos para recupera o 228 de trag dias urbanas com a constru o de complexos penitenci rios e com o aumento da popula o carcer ria Na mais sofisticada penitenci ria rec m inaugurada em Minas Gerais cada cidad o encarcerado custar aos contribuintes R 2 700 00 m s dois mil e setecentos reais por m s conforme alardeado pela m dia que tamb m destaca a inovadora forma de gest o do complexo pela iniciativa privada Bem se v a pertin ncia da assertiva de Virg lio de Mattos de que no Brasil a pol tica p blica de habita o educa o e sa de para o subproletariado o c rcere N o sei em que dire o aponta esse trabalho Reformista Revolucion rio In til Continuarei no entanto buscand
360. oni o e a mamona e habitadas por ratos Muitos ratos Enormes ratos Em s ntese considero inconsequente e in cuo determinarem se algumas reas preserva o as APAs enquanto outras s o condenadas n o preservac o as ANPAs como medida de recupera o ambiental urbana partilhando o entendimento de Carvalho 1999 supracitado Decorrem da essencialmente as raz es pelas quais considero n o ser desej vel a submiss o das reas de cabeceiras a estatutos especiais como prop em e t m executado o Drenurbs e o Vila Viva especialmente quando a transfer ncia dos encargos ambientais e sociais ocorre como tem ocorrido para as rea de favelas envolventes sabidamente degradadas pelas condi es prec rias de ocupa o 53 2 ECONOMIA POL TICA DA URBANIZA O Em 1998 Alba Zaluar e Marcos Alvito reuniram no livro Um s culo de Favela doze contribui es de pesquisadores oriundos de diferentes campos do conhecimento L cia Valladares 2004 p 125 observa o quanto sintom tico de uma certa vis o entre os estudiosos que apenas tr s dessas contribui es se dediquem a transforma es na pol tica e na estrutura social enquanto todas as outras abordam o tema da favela com nfase na cultura popular ou ent o no crime e na viol ncia O alerta da autora contra um dogmatismo simplista e idealizador Por um lado atribuem se s favelas condi es peculiares que as contrap e em conjunto cidade formal
361. onstru o pesada viaduto Maria Eduarda carpinteira informa o verbal colhida por Floriscena Silva 2011 p 74 L Eu acho que porque n o tinha m o de obra masculina Porque eles tavam entrando no servi o num dia e pedindo pra sair no outro L quando eu fui fazer inscri o eu cheguei a ouvir isso l que eles tavam contratando mulher pra ver se parava algu m no servi o porque n o tava tendo jeito Ficou sem m o de obra Na poca tava contratando s servente n o tinha servente na obra porque os meninos n o queria trabalhar ent o colocaram mulher pra ver se o servi o ia pra frente Maria Lu za servente de pedreiro informa o verbal colhida por Floriscena Silva 2011 p 73 74 Como constatado por Floriscena Silva 2011 os dois sindicatos da Constru o Civil e da Constru o Pesada praticam sal rios distintos e poca do Vila Viva na Serra o mercado da constru o civil estava aquecido pela eleva o dos valores e amplia o das linhas de financiamento pela Caixa Econ mica seguida por outros bancos Assim aos homens estava aberta a op o pelo mercado mais favor vel possibilidade inexistente para as mulheres que pela inexperi ncia e desconhecimento do ramo da constru o e at mesmo do trabalho para empresas se sujeitavam ao que lhes era proposto e n o se sentiam seguras para procurar melhores condi es de trabalho e sal rios nesse mercado espec fico Silva 2011 p
362. or 07 moradores do Morro das Pedras arquitetos e estagi rios de arquitetura da PUCMinas alternando se o desenvolvimento dos trabalhos entre o Escrit rio de Integra o e o Morro das Pedras com o claro objetivo de equilibrar se o conhecimento t cnico acad mico o conhecimento emp rico e viv ncia dos moradores integrantes da equipe Fez se o levantamento mapeamento e an lise de 32 reas p blicas chegando se por fim indicac o da microbacia do c rrego do Pastinho como rea para a intervenc o piloto Essa rea al m de representativa da precariedade e defici ncias urbanas identificadas nas demais reas levantadas destacava se pela presenca do c rrego em leito natural que n o obstante o aporte cotidiano de lixo e esgoto possibilitaria a investiga o de um novo padr o de urbaniza o baseado na rela o harmoniosa entre gente e gua entre a cidade e seus cursos d gua naturais valorizando os e incorporando os ao cotidiano urbano Essa singularidade ficou evidenciada em depoimentos colhidos para a produ o de um document rio especialmente entre os moradores mais antigos da regi o quando a presen a da gua limpa foi uma imagem recorrente 4 As interven es para a recupera o seguiriam diretrizes de interven o m nima valoriza o hist rica da ocupa o e dos atributos naturais Por se tratar de rea de alta declividade seriam necess rias interven es estruturantes de pequeno porte tais como retirada
363. orma de explora o dos recursos naturais Sousa Santos 2002 pp 27 29 Quanto s nove teses formuladas destacarei inicialmente a tese 5 e a tese 1 porque ensejam a discuss o quanto possibilidade de novos arranjos sociais e econ micos de gest o mais especialmente a possibilidade da autogest o dos recursos p blicos destinados a programas de produ o ou melhorias habitacionais ou recupera o de reas degradadas pelo uso habitacional Tese 5 A radicaliza o da democracia participativa e da democracia econ mica s o duas faces da mesma moeda Significa estender o campo de a o da democracia do campo pol tico ao econ mico eliminando a separa o artificialmente estabelecida entre eles pelo capitalismo e economia liberal mais que uma altera o quantitativa a cria o de oportunidades de transforma o qualitativa em dire o democracia participativa Sousa Santos 2002 p 69 Tese 1 As alternativas de produ o n o s o apenas econ micas o seu potencial emancipat rio e as suas perspectivas de xito dependem em boa medida da integra o que consigam entre processos de transforma o econ mica e processos culturais sociais e pol ticos Sousa Santos 2002 p 64 203 Segundo minha experi ncia de assessoramento t cnico aos movimentos urbanos organizados para al m da consecuc o dos produtos pretendidos os processos de produc o habitacional autogestion rios demonstraram capacidade de pro
364. orr ncia de x anos Curiosamente essas mesmas explica es foram veiculadas em jornais do in cio do s culo passado e j ent o contestadas pelo engenheiro sanitarista Francisco Saturnino Rodrigues de Brito estudei em tese os fen menos das inunda es em Petr polis Juiz de 22 Dispon vel em http vimeo com 14770270 acesso em junho de 2010 23 Tais como as manchetes veiculadas em jornais de circula o di ria em Belo Horizonte Estado de Minas e Hoje em Dia edi es de 09 de outubro de 2009 Um temporal de arrasar Destrui o e preju zo Caos se prolonga sob temor de mais chuva 27 Fora Campos Rio de Janeiro e outras cidades desfazendo a c moda lenda das trombas de gua onde apenas subsiste a imprevid ncia dos homens Brito 1944 1908 p 142 Inversamente a escassez de gua alardeada como uma fatalidade de propor es planet rias frente a qual caberia ao indiv duo redimir se de h bitos perniciosos como escovar os dentes com a torneira aberta Tamb m aqui o sujeito alienado da natureza torna se presa f cil de alertas sobre a escassez irremedi vel da gua mas que se revelam inconsistentes se atentarmos para a imensid o do mar para a inexorabilidade do ciclo hidrol gico ou se compreendermos excesso e escassez como faces de uma mesma moeda Por que a escassez se h desastres cada vez maiores por excesso de gua Porque medidas eficazes de combate ao excesso de g
365. ortuitos s o estruturais na produ o das desigualdades dur veis entre categorias conceito que incorpora o sentido de produ o e reprodu o das desigualdades sociais As interven es nas favelas t m sido uma das formas pelas quais os membros de categorias privilegiadas asseguram o controle de recursos produtores de valor e alocam a maior parte do valor produzido para si Santos 2009 p 464 Vimos como resultado dessa din mica que na bacia do ribeir o Arrudas adotada para ilustrar nosso argumento as por es de favelas centrais que resistiram s press es do mercado imobili rio formal est o concentradas nas reas de cabeceiras ou por vezes se estendendo pelo m dio e baixo cursos dos c rregos urbanos quando ainda em leito natural Embora fr geis do ponto de vista ambiental as favelas ocupam reas de localiza o privilegiada se considerado o contexto hidrogr fico no qual a cidade est inserida Embora prec rias s o ricas ambientalmente pela presen a de cabeceiras vegeta o e altera es de pequena monta como por exemplo altera es no relevo cortes e aterros normalmente limitadas capacidade do trabalho bra al Paradoxalmente as altera es mais dr sticas observ veis nessas reas s o decorrentes das a es da administra o p blica com interven es impositivas sobre o ambiente tecnog nico configurado pelos processos sociais anteriores Na interpreta o do arquiteto P
366. os de atividades poluidoras inclusive ru do Esse prop sito poderia ser condensado no lema de n o exportar problemas lixo org nico papel entulho ou efluentes dom sticos in natura para reas externas a microbacia Reverter a l gica de um sistema que despende muito e absorve quase nada exportando todo o subproduto de sua atividade No entanto o conhecimento de sistemas alternativos de pequena escala em substitui o aos grandes complexos de processamento de res duos sobretudo do esgotamento sanit rio pode se revelar insuficiente num primeiro momento j que a caracter stica marcante do nosso modelo hegem nico de gest o urbana inibir a investiga o experimenta o e aperfei oamento de solu es baseadas em pressupostos contra hegem nicos por exemplo de acomoda o de impactos negativos na pr pria unidade geradora Prop e se assim que a meta de n o exporta o de problemas seja sempre aplicada em escala experimental de modo a dissipar incertezas quanto efic cia e condi es de aplicabilidade de sistemas alternativos llustrando not ria a impropriedade na destina o comum de guas cinzas e guas negras de uso dom stico que pela sua 147 A esse respeito ver proposi es em Carvalho 2001 de aplica o do Princ pio das solu es compartilhadas aplic vel a reas urbanas pela associa o de dois problemas no caso reas vo orocadas e gera o excessiva de res duos s lido
367. os os n veis do governo e regi es do pa s os est mulos iniciativa privada foram sempre muito bem aceitos por todos higienistas poder p blico e empreendedores Para estes a vantagem era bvia pois aumentariam seus lucros para o poder p blico mesmo que os resultados fossem p fios era uma forma de mostrar uma iniciativa em favor da melhoria da habitac o dos pobres por fim para os higienistas era a oportunidade de difundir o padr o de habitac o recomend vel Bonduki 1998 p 41 79 Essa mudanca marcou o in cio da intervenc o estatal para o provimento habitacional mas n o o fim da produ o autoempreendida como solu o de atendimento s necessidades de moradia da classe trabalhadora Com caracter sticas mais ou menos marcantes proliferam se a partir dos anos 1940 as favelas loteamentos clandestinos mocambos etc que se transformar o eles pr prios mais cedo ou mais tarde em objeto de interven es estatais nos programas de urbaniza o que passam a integrar as pol ticas p blicas da maioria das cidades brasileiras Bonduki 1998 p 13 N o cabe aqui refazer a trajet ria de Bonduki desde a considera o da quest o habitacional urbana como problema passando pela produ o do mercado rentista pelos prim rdios da interven o estatal aos primeiros conjuntos habitacionais produzidos no pa s via Institutos de Aposentadoria e Pens o Desse rico material sem d vida essencial s formula
368. p 167 A crise de 1929 dentre outros efeitos afetou diretamente os setores da economia ligados exporta o e impulsionou ao final dos anos 1930 em Minas Gerais o deslocamento do excedente financeiro do setor pecu rio sobretudo para o mercado imobili rio de Belo Horizonte e mais especialmente para o atrativo mercado rentista Guimar es 2001 p 168 De um lado o trabalhador pressionado entre submeter se ao mercado de alugu is que no entanto era ainda incipiente ou ocupa o ilegal de reas na zona urbana ou entorno mesmo sabendo se sujeito a despejos quando conveniente administra o p blica para libera o da rea para outros usos como bem ilustra os sucessivos deslocamentos da maior aglomera o favelada que ent o se formou a Favela da Barroca de outro o Estado liberal que relutava em intervir numa esfera que julgava ser privada mas pressionado pelo incontrol vel crescimento das ocupa es faveladas na zona central que precisava ser liberada para fins mais nobres e rent veis aos cofres p blicos Criou se assim uma pol tica de facilita o aos investidores privados para cobrir as lacunas das t o almejadas vilas prolet rias Seus efeitos no entanto 60 Parte dela estava no interior da avenida do Contorno pr ximo rea atualmente ocupada pela Pra a da Assembleia 61 Ver Prancha 01 no Ap ndice 92 logo se fizeram sentir Em 1935 o Prefeito Otac lio Negr o de Lima alerta o Gove
369. pa o deu se a partir de 1981 em terreno pertencente CODERURB em s tios parcelados Em 1984 atendendo a pedidos dos moradores a rea foi novamente parcelada aumentando sua capacidade de abrigar fam lias para 2 mil Essas tiveram um prazo de tr s meses para ocupar os terrenos doados ROCK IN RIO A favela Rock in Rio foi constru da em 1985 sobre um morro onde funcionavam tr s pedreiras O Conjunto Mariano de Abreu mais conhecido como Rock in Rio foi levantado por meio de mutir o em fevereiro de 1985 para o assentamento de dezenas de fam lias vindas de reas de risco localizadas nos bairros Nova Granada Alto Vera Cruz e Favela do Rio Arrudas 1976 N S DE F TIMA BEL M 1971 1973 1974 1975 CAFEZAL 1978 1979 LEI 6766 PLAMBEL ko governo estadual cria o PRODECOM RMBH com 14 munic pios Inclus o do Setor Especial 4 SE 4 para zoneamento de favelas na LUOS criada a Regi o Metropolitana de Belo Horizonte Coordena o de Habita o de Interesse Social CHISBEL CHISBEL remove 2 270 barrac es ou 10 564 pessoas Enchente 1981 TAQUARIL E gt 2 2 Om O 2 Z gt x Hom os S Zu 32 Y X Iza Zo co O o o 22 co 00 00 co o o0 O o ojo o O O O ys jam aa oo fas LO co um ACHISBEL extinta Decreto n 4 762 10 08 1984 que zonea favelas como SE 4 O PRODECOM desativado O P
370. peitadas as orienta es do PGE a Via do Cardoso seria uma via habitada inserida no cotidiano da popula o mediante a implanta o de conjuntos lineares associados s estruturas de conten o destinando se o primeiro pavimento para garagens ou lojas PGE 2000 p 24 Ao contr rio a Via do Cardoso implantada especialmente ao longo trecho n o previsto nos estudos mais se assemelha a um t nel a c u aberto desconsiderando solenemente outras fun es que as vias p blicas deveriam cumprir N o h nada al m de pistas de rolamento guard rails conten es cercas e exiguas cal adas confinadas entre esses elementos prancha 13 A via destina se exclusivamente ao uso de ve culos para transporte individual e tr nsito de passagem entre a regi o leste e a regi o centro sul da cidade Embora a via pudesse ser um importante elemento de mobilidade para os moradores porque desemboca diretamente no vale do Arrudas entre duas esta es do metr cinco anos depois da inaugura o ainda n o existe nenhuma linha de transporte coletivo ali Tamb m n o h ciclovias Ciclistas t m que competir com carros ou pedestres e obviamente preferem a competi o com esses ltimos Al m disso as cal adas s o temidas por favorecem emboscadas Quem abordado ali n o tem para onde correr A equipe de pesquisadores do P los de Cidadania considera a hip tese de desvio de finalidade dos recursos captados junto s ag ncias de financiamen
371. pelas transforma es da estrutura intra urbana Esse mecanismo s deixa de funcionar se fam lia lhe interditada a decis o pela transfer ncia ou n o do im vel que ocupa A meu ver essa interdi o tem ocorrido em dois momentos primeiro 161 quando as fam lias indenizadas n o participam das decis es que determinam o valor de seu im vel e a indeniza o que lhe corresponde segundo para as fam lias reassentadas em apartamentos cuja titula o quando vier ser restritiva o morador s pode vender com intermedia o da URBEL para pretensamente preservar o car ter social da moradia e do promitente comprador Ora aqueles que foram reassentados em apartamentos o foram em ressarcimento ao bem despojado Ao reassentamento involunt rio deveria ser aplicada a modalidade jur dica denominada Da o em Pagamento 2 O contra argumento poderia se dar pela alega o de que as fam lias reassentadas nos apartamentos seriam preferencialmente aquelas cujo c lculo da indeniza o era muito baixo e que portanto teriam sido aconselhadas a optarem pelo apartamento como garantia de condi o digna de moradia Esse entendimento est expresso no parecer emitido pela Urbel que embasou o veto do prefeito ao Projeto de Lei N 177 05 incluindo a possibilidade de utiliza o das outras modalidades de aliena o previstas no C digo Civil Brasil a doa o de im veis e a da o em pagamento 130 O projeto foi vet
372. pelo qual transformam a natureza e s o transformados por ela Tampouco se d o conta da sua atividade como nica fonte geradora de valor Essa alienac o se espelha em toda a vida cotidiana incluindo o comportamento de consumo e uso das cidades especialmente se considerado o consumo decorrente de necessidades ou desejos incutidos no sujeito como condi o b sica de sua exist ncia e felicidade N o se pode portanto esperar nenhuma transformac o substancial em resposta crise ambiental se essa transformac o n o incluir como elemento mais b sico a transcend ncia da aliena o no mbito dos processos de trabalho de forma a conduzir nos a uma condi o socioambiental qualitativamente diferente M sz ros 2006 1970 p 40 Veremos no Cap tulo 4 por que nos processos de produc o social das favelas e outros assentamentos autoproduzidos subsistem condi es favor veis a um processo progressivo de desalienac o em relac o natureza atividade produtiva aos outros homens e ao pr prio sujeito N o obstante a precariedade e adversidades f sicas econ micas e sociais que permeiam as hist rias dessas ocupa es o intercambio material com a natureza para imprimir lhe forma til abrigo espa o de trocas lazer trabalho etc frequentemente regulado e impulsionado pelo movimento das for as naturais bra os pernas cabe a e m os do pr prio sujeito que produz e ocupa o espa o Marx 2008
373. pensado pelo Estado s favelas decorre fundamentalmente da correla o de for as no cen rio pol tico nacional especialmente o processo de redemocratiza o brasileira e a Constituinte em 1988 e seus reflexos nas pol ticas locais No entanto ainda que a es deliberadas de remo o das favelas n o mais compare am na pauta das pol ticas p blicas os processos de urbaniza o cumprem papel relevante na economia pol tica urbana na constitui o de um campo f rtil atua o de agentes capitalistas que n o conseguem prover individualmente os valores de uso complexo presentes nas reas das favelas mais antigas e consolidadas da cidade 49 As reas de cabeceiras de c rregos visadas nessa investiga o condensam v rias dessas condi es quase todos tribut rios da margem direita do ribeir o Arrudas t m suas cabeceiras na Serra do Curral em terrenos com declividades acima de 30 as favelas ainda existentes receberam os primeiros servi os de abastecimento p blico gua e energia el trica a partir da d cada de 1970 50 Depoimentos dos moradores mais antigos das favelas belorizontinas revelam claramente essa condi o de desbravadores Q v document rios Terra da exclus o Botelho amp Equipe EUS 2006 e Uma avenida em meu quintal P los de Cidadania 2011 Esses relatos ajudam a compor junto com outros relatos colhidos na literatura o quadro da produ o social do espa o nas favelas espont neas e na
374. pequenos trabalhos e provisoriamente ali instalados sob a amea a de brusca expuls o Tais s o as favelas do Pindura Saia e dos Urub s O alojamento incrivelmente ex guo muitas vezes sem janela A porta um pano que se coloca de noite na abertura de entrada Cozinha se na soleira da porta e dorme se em esteiras estiradas no ch o N o h ruas mas caminhos tortuosos ziguezagueantes subindo e descendo Seguindo os tem se a impress o de penetrar nas moradias Teuli res 1957 1955 p 13 Encontramos ainda em Roger Teuli res o registro do movimento espacial das favelas medida que os moradores eram obrigados a evacuar as zonas ocupadas a desagrega o ou reparti o de uma favela em uma s rie de pequenas favelas a transfer ncia for ada para longe do centro urbano ou a expuls o pela chegada de possantes buldozers retificadores do terreno encarregados de tra ar as ruas aplainar as imperfei es do terreno encher buracos Teuli res 1957 1955 p 13 15 Essa din mica das favelas foi esquematicamente representada pelo autor indicando as principais migra es das favelas ao redor de Belo Horizonte a partir de marcos temporais associados s datas de forma o dos n cleos favelados 1895 1925 1930 e 1942 Teuli res 1957 1955 p 17 Esse mapa e o mapa anteriormente citado com a localiza o das Principais favelas de Belo Horizonte Teuli res 1957 1955 p 14 ensejaram m
375. pital para os lados do Arrudas da Lagoinha e Carlos Prates mas em geral as favelas aqui nasceram do aproveitamento de terrenos vagos dos quais o propriet rio ausente ou negligente n o exigiu evacuac o imediata Sobre as condi es encontradas nas favelas Teuli res classifica as em dois tipos A riqueza de detalhes descritivos revela al m de acurada observac o do autor parte do cotidiano de seus moradores valendo sua transcri o literal As primeiras s o formadas de casinhas do tipo barrac o habitadas por gente pobre mas vivendo geralmente de seu sal rio e algumas vezes propriet rios de seu lote elas teriam quase o aspecto de vilas n o fosse certa desordem na disposi o das casas mal alinhadas em rela o s ruas embora sejam estas bem largas os muros de tijolo cru a s o muitas vezes acimentados e embranquecidos os telhados cobertos de telha colonial e as janelas fechadas com uma tranca no interior n o h vidra as o ch o de terra batida s vezes pavimento com tijolos vermelhos Algumas casinhas t m dois c modos um quarto uma cozinha que serve de copa e que serve tamb m de dormit rio O fog o constru do com tijolos s vezes h um fogareiro de carv o vegetal N o h gua corrente e muito raramente luz el trica Algumas cadeiras sobretudo tamboretes em volta de uma mesa r stica Perto do fog o arm rio com latas de conservas transformadas em ca arolas
376. porte etc al m das reas com restri es legais ocupa o como por exemplo reas de preserva o de mananciais e ao longo de rios e c rregos Por outro lado em est gios posteriores ocupa o na medida em que a favela vai se consolidando vai tamb m superando mediante benfeitorias promovidas por seus pr prios ocupantes ou por circunstanciais a es do Estado dentro ou fora dela alguns dos fatores que desqualificavam a rea no mercado de terras num momento pret rito Esse processo de desbravamento de reas despovoadas relativamente isoladas das ocupa es formais que lhes confere valor pois implica trabalho social capaz de alterar as condi es de fertilidade dos terrenos ocupados por favelas Simultaneamente a expans o do mercado formal do solo decorr ncia natural da demanda capitalista por esse bem n o reprodut vel n o raro tangencia as fronteiras desses territ rios n o s reduzindo as dist ncias entre eles como tamb m agregando favela os efeitos teis da aglomera o e valorizando seus terrenos Re nem se assim os atributos necess rios inser o das favelas no mercado formal de terras configurando se um momento prop cio sua retomada como mercadoria a ser disputada pelos agentes capitalistas no qual o papel do Estado pode ser determinante no sentido de corrigir ou de acentuar a apropria o desigual do espa o urbano A mudan a aparente no tratamento dis
377. preceitos apreendidos das experi ncias profissionais nas quais me envolvi e que associadas a proposi es e reflex es de outros profissionais conduziram tal formula o Sem tentar oferecer respostas penso que a unidade em torno das quest es levantadas no bojo da Ecologia Urbana e especialmente a constru o dos saberes ambientais como prop e Leff 1994 necess rios transforma o urbana precisam se dar em torno de situa es reais pessoas reais problemas e possibilidades reais ou seja ao n vel da vida cotidiana O aspecto primordial que os processos estejam circunscritos a unidades de gest o aut nomas microbacias hidrogr ficas visando a recupera o do territ rio de montante para jusante de modo que as interven es f sicas e ambientais n o sejam afetadas por eventos n o controlados montante e tamb m n o repercutam negativamente jusante prop sito que deve estar expl cito e bem assimilado por todos os integrantes da a o A escala territorial da interven o deve ser compat vel com a capacidade operacional e de experimenta o instaladas considerando se os recursos financeiros materiais e humanos envolvidos bem como o conhecimento do ambiente tecnog nico que se quer recuperar Os moradores comerciantes ou prestadores de servi o al m de institui es p blicas ou privadas instalados na microunidade s o os agentes preferenciais na composi o do grupo cuja ades o deve ser volunt ria
378. pretado pelos moradores como uma medida de prote o Ao contr rio eles veem ali a desconsidera o e desrespeito da prefeitura com a rea e com os moradores ilustrado pelo caso do Sr Jos Lima Afetado pela decreta o da rea de prote o ambiental e constitui o do denominado Parque da 1 gua do c rrego do Cardoso v rias investidas foram feitas buscando solucionar a situa o de desconforto inseguran a e insalubridade que restou configurada para os moradores que permaneceram no entorno do parque Sua casa n o foi removida por estar no limite da rea tecnicamente delimitada No entanto com a remo o de todos os seus vizinhos e demoli o das moradias existentes na rea destinada ao parque o Sr Jos Lima e sua fam lia ficaram ilhados em meio a montanhas de entulhos que crescem a cada dia com as contribui es cotidianas de lixo e o bota fora de entulho e terra de escava es dos processos de autoprodu o que n o cessaram com as interven es Diz o Sr Jos Lima Nunca imaginei que eu voltaria a percorrer no escuro atrav s de trilhas no meio do mato o caminho de volta a minha casa Moro aqui h 28 anos constru com meus 117 Segundo depoimento do Sr Jos Lima por ocasi o de visita de campo em novembro de 2012 118 Fora do munic pio de Belo Horizonte a proposi o foi testada demonstrando sua pertin ncia quanto recomposi o do relevo em reas vocorocadas e especialmente quanto recomposi
379. prioriz las na destina o de recursos p blicos Nessas reas os c rregos nascem limpos e embora em seu percurso se apresentem degradados pelo aporte cotidiano de esgoto lixo ou sedimentos mais ou menos como no restante da cidade n o raro ainda se encontram em leito natural 8 Comp em as posi es de classes destitu das segundo dados coletados por Jos Alcides de Figueiredo Santos em 2006 o trabalhador elementar 9 39 exerce atividades produtivas predominantemente bra ais com pouca ou nenhuma exig ncia de habilidades comportamentais e cognitivas mais valorizadas o empregado dom stico 6 77 emprega suas habilidades b sicas de cuidado do lar para prover a reprodu o social de fam lias de estratos mais vantajosos o aut nomo prec rio 7 55 trabalha por conta pr pria mas n o disp e de recursos de capital qualifica o estabelecimento pr prio para o exerc cio da atividade atuando nos interst cios dos mercados de produtos e servi os o produtor agr cola prec rio 1 47 caracterizado pelo acesso prec rio terra ou ao mercado de produtos agr colas o trabalhador de subsist ncia 4 03 sem nenhuma renda e altamente desconectado do sistema econ mico agr cola por fim o trabalhador excedente 11 12 totalizando 40 33 Santos 2009 p 466 469 Swyngedouw 2001 p 86 87 apoiado em Marx e Lefebvre prop e o emprego do termo so
380. produtivo da rea conciliando gente e gua limpa no meio urbano mediante a recupera o e consolida o das reas de montante para jusante obedecendo aos princ pios reguladores dos processos naturais cerzindo o tecido urbano esgar ado recompondo o e fortalecendo o pela compreens o de sua natureza propriedades e capacidade de suporte a atividades humanas Esta compreens o respeitosa da natureza e dos benef cios que poderiam advir das rela es nela fundadas parecia nos imprescind vel produ o de novas categorias e estrat gias conceituais e de novas pr ticas que precisam ser constru das coletivamente O princ pio era a autogest o e a ades o espont nea dos moradores poluidores s frentes de trabalho remuneradas buscando a acomoda o na pr pria rea dos impactos ali gerados pela ocupa o lixo esgoto guas de chuva movimentos de terra entulhos etc A motiva o era pensar a recupera o socioambiental urbana a partir de escalas apreens veis ao cidad o microunidades pequenos cursos d gua e cabeceiras que possibilitem a es aut nomas e de curto prazo capazes de transformar a rela o do homem urbano e as guas que cruzam a cidade Silva e Botelho Almeida 2008 partilhando a convic o expressa por Moretti 2001 de que a recupera o dos cursos d gua A implementa o do projeto tal como concebido foi interditada inicialmente pela assessoria jur dica da PUC Minas que alegou inexist nc
381. programa DRENURBS para toda a rede hidrogr fica da cidade nas quais os cursos d gua devem ser mantidos em leito natural reas no entorno de cabeceiras e cursos d gua n o canalizados Os aspectos concernentes remo o de fam lias a instaladas ser o tratados nesse item e seu novo estatuto como espa o especializado em oposi o a espa o cotidiano ser abordado no item 4 4 H ainda as remo es justificadas pela exposi o das fam lias a situa es de risco geol gico ou pela ocupa o de reas de prote o de linhas de transmiss o da CEMIG ou adutoras de gua da COPASA nas quais transparece a meu ver a mais flagrante utiliza o do discurso supostamente cient fico como forma de coer o o convencimento mediante uma argumenta o inquestion vel ou seja de domina o al m de vir revestido da autoridade da especialidade t cnica o argumento joga com fatores emotivos ou afetivos Afinal quem colocaria em risco a vida de familiares e a sua pr pria As remo es conduzidas para a erradica o das condi es de risco est o de tal modo vulgarizadas nos processos de urbaniza o que comum obter se dos pr prios moradores 146 removidos a justificativa para tal a o eu era risco Obviamente que mesmo habita es que demonstraram condi es de estabilidade por longos per odos morei l a vida inteira e nunca tive problemas podem perder essa condi o por fatores e
382. programas p blicos v m acirrando os j cr ticos processos de segregac o e de degrada o social e ambiental em Belo Horizonte como e por que o Estado em lugar de garantidor do direito moradia e cidade tem privado cidad os dessa condi o frequentemente compelindo os por for a de indeniza es injustas nos processos de remo o a instalarem se nas periferias da Regi o Metropolitana de Belo Horizonte bem distantes dos benef cios urbanos e das vantagens locacionais de que antes dispunham 103 A abordagem da produ o social do espa o incorpora como prop e Kapp 2009a o sentido hegeliano de produ o os seres humanos produzem linguagem hist ria conhecimento ou consci ncia ou seja a produ o social n o se restringe materialidade no sentido da fabrica o dos produtos ou mercadorias que o constituem Envolve sem d vida materiais t cnicas e transforma es da base material infraestrutura geol gica pela supress o ou incorpora o de elementos ou pela utiliza o exaust o ou contamina o de recursos naturais etc No entanto toda transforma o material est condicionada ao modo de produ o socialmente constitu do seja ele o capitalismo o socialismo ou mesmo como sugere Lefebvre novos modos de produ o n o encontrados nas categorias cl ssicas do pensamento marxista como a gest o coletiva do espa o a gest o social da natureza a supera o da contradi o natureza anti na
383. pula o vadia sem ter mais o que vender al m da pr pria pele Para Marx omitir o papel da viol ncia na hist ria equivale a considerar como nicos meios de enriquecimento o direito e o trabalho Significa tamb m ignorar o car ter ufanista da abordagem hist rica onde a t nica a liberta o dos servos da escravid o ou a liberta o da coer o e dos regulamentos 60 impostos pelas corporac es de of cio aos seus associados que a pretensa emancipac o desses trabalhadores s tenha ocorrido depois de destitu dos de seus meios de produ o aspecto desconsiderado nessa abordagem O processo de transforma o da explora o feudal em explora o capitalista na verdade a metamorfose da sujei o do trabalhador com a expropria o do produtor rural do campon s privado de suas terras provocando o deslocamento de grandes massas humanas s bita e violentamente privadas de seus meios de subsist ncia e lan adas no mercado como levas de prolet rios destitu dos de direitos Marx 1971 1867 p 831 A populac o rural ap s este processo de expropriac o e de expuls o de suas terras viu se compelida vagabundagem j que a manufatura nascente n o foi capaz de absorv la na mesma rapidez com que era disponibilizada Tamb m aqui o papel do Estado na manuten o da tranquilidade e bem estar da elite produtora marcante Em resposta crescente massa de mendigos ladr es vagabundos e indigentes surge em
384. r novamente que se trata de condi es excepcionais por n o serem reprodut veis por um capitalista isoladamente uma vez que resultam da articula o entre v rios processos de produ o e de circula o de mercadorias qualitativa quantitativa e espacialmente e sua configura o espacial Ribeiro 1997 p 44 2 2 O mercado de terras e o provimento da demanda habitacional urbana Como explicitado anteriormente a terra um bem n o produzido muito menos reprodut vel e s adquire pre o porque os v rios agentes capitalistas estabelecem uma concorr ncia para controlar as condi es urbanas que permitem o surgimento de lucros extraordin rios que possam remunerar o propriet rio da terra Ribeiro 1997 p 49 Essa compreens o b sica que escaparia segundo Ribeiro an lise de in meros estudiosos da quest o urbana ao colocar a propriedade privada como a causa principal dos males vividos pelas cidades capitalistas Dito de outro modo a utiliza o capitalista do espa o urbano que confere propriedade privada da terra um conte do econ mico um valor de mercado que ser determinado pela sua localiza o ou mais precisamente pelos efeitos teis da aglomera o Ribeiro advoga que a cidade um valor de uso complexo resultante da combina o de diversos valores de uso simples cuja articula o espacial determinar o pre o dessa mercadoria A combina o das duas particularidades acima regi
385. r ncia uma sobreviv ncia de pr ticas de economia natural dentro das cidades casa se admiravelmente bem com um processo de expans o capitalista que tem uma de suas bases e seu dinamismo na intensa explora o da for a de trabalho Oliveira 2003 1972 p 59 Da mesma forma as novas necessidades de consumo das popula es urbanizadas incluindo os produtos industriais que passaram a compor a cesta b sica do trabalhador s o tamb m atendidas pela integra o dial tica de estruturas arcaicas e modernas junto aos assentamentos informais que proliferam surge um setor terci rio prec rio que atende popula o ao mesmo tempo em que prestam servi o ind stria configurando se uma esp cie de divis o do trabalho que extrapola os muros da f brica Criou se uma vasta gama de servi os espalhados pelas cidades destinados ao abastecimento das popula es dispersas pequenas mercearias bazares lojas oficinas de reparos e ateliers de servi os pessoais Estes s o setores que funcionam como sat lites das popula es nucleadas nos sub rbios e portanto atendem a popula es de baixo poder aquisitivo por esta forma os baixos sal rios dessas popula es determinam o n vel de ganho desses pseudo pequenos 76 propriet rios na verdade o baixo n vel desses ganhos representam custos de comercializa o dos produtos industrializados e de produtos agropecu rios que s o postos fora dos custos inte
386. r processos geol gicos que a comprometam e ameacem seus ocupantes Entretanto pode se observar especialmente nas por es de ocupa o mais antigas das favelas aqui enfocadas ou seja situadas em encostas de altas declividades na bacia do ribeir o Arrudas o satisfat rio equacionamento da interface da 114 edifica o com o s tio quanto estabilidade da edifica o e entorno a denotar o senso de observa o e respeito do construtor s condi es de suporte oferecidas pela infraestrutura 5 Frequentemente trabalho e produ o ocorrem juntos com a moradia pequenos pontos de com rcio bares oficinas de servi os e reparos agricultura de subsist ncia ou para venda cria o de animais para a alimenta o galinhas porcos peixes cabritos ou para o trabalho cavalos burros de carga Ao uso habitacional a princ pio improdutivo agregam se usos produtivos que tendem a se tornar independentes da moradia medida que se consolidam pela amplia o vertical ou horizontal da edifica o ou mesmo com a transfer ncia de um dos usos para outra rea Nos processos de autoprodu o das moradias com autoconstru o n o h a divis o social entre trabalho intelectual e trabalho manual caracter stica do modo de produ o capitalista Frequentemente h atribui es de fun es que envolvem toda a fam lia caracterizando uma divis o por habilidades Na aus ncia de liga o rede vi ria e rede de gua por ex
387. ra S o poucas as pesquisas sistematizadas sobre os processos mas al m de tr s disserta es de mestrado e uma tese de doutorado dois trabalhos fornecem nos v rios elementos para reflex o e an lise dos processos sob a tica dos moradores atingidos O primeiro composto de A o Cautelar Defensoria P blica 2009a do relat rio de encerramento do Procedimento Administrativo de Instru o PADI no 01 09 PBH Programa Vila Viva Morro das Pedras originados da solicita o dos moradores do Morro das Pedras Defensoria P blica do Estado de Minas Gerais de interveni ncia do rg o nos processos desencadeados pelo Viva Vila julgados lesivos aos seus direitos individuais e coletivos 2009b e das Notas Taquigr ficas da audi ncia p blica solicitada pela defensoria para discuss o do Programa Vila Viva 2009 O segundo o Relat rio Final de Pesquisa intitulado Os efeitos do Vila Viva Serra na condi o socioecon mica dos moradores afetados elaborado pelo Programa P los de Cidadania 2011 como resultado do Projeto de Pesquisa n 480 154 financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico CNPq no escopo do edital de n 14 2008 de 2008 288 A equipe executora assim explicita as motiva es para a pesquisa Trata se de um programa de amplitudes f sica e financeira not veis tornando de suma import ncia analisar os efeitos e consequ ncias decorrentes de sua implementa o e
388. ra da rea Central j na Zona Suburbana e ocupando o topo de uma colina localizava se o cemit rio figura 05 Se o arraial havia se instalado ao longo dos c rregos que definiam o s tio a cidade planejada ignorou os submetendo os ao r gido tra ado do plano do engenheiro Aar o Reis respons vel pelo projeto e primeiro chefe da Comiss o Construtora da Nova Capital CCNC do Estado de Minas Gerais figura 03 Sua expans o n o exatamente como planejada estendeu se nas primeiras d cadas do s culo XX para al m da rea Central tamb m denominada Zona Urbana delimitada por uma avenida de contorno inicialmente ao longo do vale do ribeir o Arrudas e da linha f rrea no sentido leste oeste e nas duas vertentes e logo ocupando as vertentes margem esquerda em dire o ao norte e cruzando o divisor de guas com a bacia do ribeir o da On a Arrais 2009 compara o processo de constru o da cidade de Belo Horizonte a outras experi ncias de reformula o urban stica e de constru o de cidades novas de meados do s culo XIX especialmente La Plata capital da prov ncia de Buenos Aires Para ele a aplica o do princ pio da t bula rasa implica que tais centros urbanos deveriam permitir a representa o espacial do corpo social e para tal a linguagem da geometria anal tica cartesiana n o era utilizada apenas como m todo mas tamb m como modelo de organiza o social Transpunha se dessa maneira
389. ram objetos de interven es Entre tais espa os especializados est o al m de vias e raros equipamentos de lazer as chamadas reas de prote o ambiental ou parques ecol gicos cuja concep o deriva diretamente do Drenurbs No Aglomerado da Serra s o cinco parques que correspondem aos afluentes do c rrego do Cardoso A Urbel os descreve como grandes benef cios mas o pr prio discurso proselitista revela a interdi o de uso dessas reas e sua consequente segrega o da vida cotidiana Parque do Cardoso Parque da Terceira gua Parque da Segunda gua Parque da Primeira gua e Parque do Pocinho Em todos os parques os c rregos est o sendo saneados e mantidos em seu leito natural j que o esgoto ser retirado Os parques est o sendo cercados iluminados e a popula o est ganhando equipamentos de lazer com pista de skate e parkour fora das reas dos parques PBH URBEL 2011 Seguindo a mesma l gica prev m se sete parques ecol gicos no Morro das Pedras e tr s no Aglomerado Santa L cia N o por acaso como j recorrentemente afirmado aqui que parte significativa dos recursos naturais conservados com alguma integridade e possibilidade de revitaliza o encontram se nos territ rios ocupados por favelas e n o apenas em Belo Horizonte A mesma l gica capitalista que aqui determinou os processos socioespaciais atua no mesmo sentido nas demais cidades brasileiras Laura Bueno 2000 reconhece essas cara
390. ranscender as forma es bin rias de sociedade e natureza Swyngedouw 2001 p 2 A meu ver as forma es bin rias est o representadas no cen rio urbano brasileiro por um certo antagonismo pouco expl cito ou at mesmo impercept vel aos protagonistas entre ambientalistas e os movimentos por moradia Trata se de uma disputa latente pelos territ rios que escaparam l gica do mercado capitalista e urbaniza o convencional Essa disputa obscurece a percep o de que juntos poderiam se fortalecer e em car ter de urg ncia resguardar esses territ rios das disputas capitalistas para a constru o de novas rela es de intera o do homem urbano e natureza Ara jo 2009 buscando compreender o papel da regula o ambiental como instrumento de gest o dos conflitos s cio ambientais no espa o urbano entrevistou v rios agentes p blicos e privados representantes dos diversos grupos de interesse no Conselho Municipal de Meio Ambiente COMAM dos quais destaco o seguinte depoimento Nem todos os segmentos dos movimentos sociais se interessam pelas quest es ambientais O movimento de luta pela moradia nem disputa assento no COMAM nem entende que tem rela o entre o Conselho de Habita o e o Conselho de Meio Ambiente entendeu N o tem isso claro na cabe a das lideran as Ent o o COMAM n o importante no movimento de sem casas e muito menos no movimento de favelas que deixou de ser organizado em Belo Horizont
391. rbana isto a possibilidade de aplicar ao urbano os conceitos de renda diferencial e renda absoluta concebidos por Marx no contexto das terras agr colas Paul Singer 1978 responde a essa quest o transpondo a abordagem da renda da terra agr cola para a renda da terra urbana e explicitando os conceitos de renda absoluta renda diferencial e renda de monop lio com emprego de exemplos qualitativos e quantitativos bastante pr ximos daqueles utilizados por Marx Topalov 1979 analisa o ciclo de reprodu o do capital na ind stria da constru o civil especialmente em rela o produ o habitacional Tamb m S rgio Ferro 1979 faz essa an lise sobretudo explorando as rela es de domina o reproduzidas nos canteiros de obra instrumentalizadas pelo desenho t cnico dos projetos de arquitetura e engenharia Essa an lise recebeu tamb m a aten o de Adriano Botelho 2007 com foco na ind stria da constru o civil 57 da cidade de S o Paulo O autor observa que embora na d cada de 1970 e no in cio da d cada seguinte v rios autores tenham retomado a quest o fundi ria para sua aplica o ao contexto urbano a maioria abandonou a posteriormente exce o feita a Odette Seabra 2007 p 68 Destaco ainda os recentes estudos relativos ao que se convencionou denominar mais valias fundi rias urbanas 2 com enfoque para os mecanismos jur dicos pol ticos e socioecon micos para a recupera o e distribui
392. rcebidas pela sociedade como imprescind veis melhoria do ambiente urbano Como n o foram radicalmente alterados e desfigurados de seus tra os originais como na cidade formal preservaram se a atributos naturais que marcam a paisagem e a vida cotidiana local sobretudo os cursos d gua em leito natural ainda que polu dos Outro aspecto not vel em reas de declividades m dias e altas a menor incid ncia dos impactos sociais e ambientais provocados por ve culos automotores 36 Essas ressalvas visam colocar em foco as recentes tend ncias urban sticas de preservac o ambiental das reduzidas reas urbanas n o assoladas integralmente por um modo de produ o fundamentado na domina o da natureza devidamente aparelhado tecnologicamente para submet la a transforma es radicais e inconsequentes porque n o compensadas de forma sist mica como a retifica o dos cursos d gua aprofundamento e canaliza o ou tamponamento de seus leitos ocupa es das v rzeas desmontes de encostas e topos de morros rebaixamento de len is fre ticos etc Como um despertar coletivo tardio apressamo nos a legislar sobre os territ rios que conservaram parte de seus atributos naturais submetendo os a estatutos especiais e subtraindo os da vida cotidiana pela decreta o de reas de Preserva o Ambiental APAs Urbanas ou outros institutos em resposta aos processos de degrada o em curso Cabe aqui registrar o posicionam
393. rcute para todo o sistema radial jusante imobilizando o Mesmo nos per odos secos os pontos de transposi o dos rios funcionam como gargalos retentores da massa de ve culos que se propaga montante Esse car ter impositivo da urbaniza o sobre o s tio natural est bem explicitado no depoimento de Odette Seabra a 27 Conforme Nobre 2012 o relat rio t cnico Melhoramentos do Rio Tiet em S o Paulo elaborado por Saturnino de Brito data de 1926 35 urbanizac o de S o Paulo foi uma coisa t o violenta que ocupou o lugar do rio Ent o enchente coisa que n s inventamos Ela produto da urbaniza o Ferraz Abreu Scarpelini 2009 Vimos at aqui efeitos cr ticos da intera o do homem e o s tio nos processos de produ o social da cidade dita formal Significa a produ o regulamentada por normas c digos ou regras urban sticas jur dicas ambientais a que supostamente todos os produtores da cidade devem se submeter Significa tamb m a disponibilidade de recursos p blicos impostos taxas de manuten o contribui es de melhorias etc e tecnol gicos para provimento das necessidades coletivas mediante implanta o de sistemas e equipamentos p blicos Nesse modelo o cidad o comum embora participe da produ o social da cidade por meio das representa es dominantes pol ticas culturais ambientais sociais etc est objetivamente alijado de sua produ o material d
394. reendida pelo discurso mas evidente ao cotidiano das cidades contempor neas e manifesta especialmente pela forma o de um certo consenso em torno da consci ncia ambiental como indutora de transforma es profundas na compreens o do processo de produ o e na organiza o econ mica e espacial da sociedade contempor nea Monte M r 1994 p 174 N o obstante prevalece a dicotomia do per odo moderno explicitada pela postura de profissionais afinados com cada lado da quest o Para os cientistas sociais a l gica da reprodu o repousa na din mica social ou na din mica natural a partir da interven o de processos sociais J os ec logos pensam apenas os espa os naturais aqueles cuja reprodu o e regenera o se centram nos processos biol gicos A dissolu o dessa dicotomia antevista atrav s da indaga o poder se ia pensar em uma outra ecologia metropolitana e urbana um novo ambiente urbano a ser pensado inventado produzido a partir da fragmenta o da involu o da segmenta o e da extens o Monte M r 1994 p 175 Tal ecologia urbana deveria ser capaz de integrar linhas de pensamento oriundas de campos espec ficos do conhecimento para a compreens o de novas formas de ocupa o do espa o e novas l gicas de povoamento derivadas da superposi o espacial de l gicas diversas de produ o e consumo para abrigar novos arranjos territoriais ambientais e sociais que resg
395. reflete as in meras especificidades identificadas para cada assentamento O repert rio de solu es t cnicas empregadas n o passa de reprodu o mon tona burocr tica e padronizada daquelas adotadas na cidade formal Isso compreens vel sob a l gica da reprodu o e acumula o capitalista utiliza se de solu es hegem nicas Nessas reas no entanto sua viabilidade exigir ao projetista fazer t bua rasa eliminar o incomensur vel ignorar rela es estabelecidas entre os habitantes e o lugar suprimir toda ocupa o inadequada aos novos padr es de morar circular divertir se e trabalhar Em s ntese dissolver a identidade daquilo que n o igual Cerzir o tecido urbano esgar ado recompondo o e fortalecendo o mediante a compreens o de sua natureza essa segunda natureza criada e recriada social e cotidianamente o aprendizado que esses territ rios nos oferecem e que temos desprezado Abarc los sob a tica de micro unidades hidrogr ficas permitiria reconhecer as particularidades imprimidas no territ rio ao longo de d cadas em vez de sacrific las rigidez do desenho t cnico e s limita es do repert rio de solu es e programas arquitet nicos e urban sticos hegem nicos For aria o projetista a serpentear caprichosamente por entre edifica es e rvores a perceber as nuances dos cursos d gua a compreender a complexidade org nica das concavidades e convexidades do relevo e por fim adm
396. regimentados e remunerados informalmente como em servi os por empreitada por produ o ou comissionados Santos 2009 p 466 O designativo ral foi adotado provocativamente pelo autor na tentativa de dar visibilidade ao que n o queremos ver ou seja 40 da sociedade brasileira nunca percebida como possuindo uma g nese social e um destino comum sempre invis vel entre n s e percebida apenas como um conjunto de indiv duos carentes ou perigosos Souza 2009 p 25 Com esse mesmo intuito adotei por vezes o mesmo designativo sobretudo para destacar que os espa os da ral as favelas e outros assentamentos prec rios s o a materializa o da estrutura de classes brasileiras A tese est estruturada a partir da associa o dos dois temas norteadores do urbano poss vel idealizado as favelas e os cursos d gua urbanos sob a tica do tratamento a eles dispensado sobretudo pela condi o compartilhada primeiro como protagonistas dos processos de degrada o social e ambiental do urbano e mais recentemente como alvo de pol ticas p blicas anunciadas como inclusivas e reabilitadoras A const ncia com que tenho me deparado com esses dois temas quase sempre estreitamente relacionados conduziu me hip tese de que o processo de reabilita o social e ambiental urbana deve iniciar se pelas pequenas cabeceiras de drenagem dos c rregos urbanos e pelas favelas que as abrigam devendo se portanto
397. rela es sociais injustas sejam naturalizadas e perpetuadas A segunda afirmativa a terra por n o ser produto do trabalho n o tem valor algum explicita a real rela o de produ o oculta pela aparente irracionalidade da categoria econ mica da renda da terra que quando capitalizada configura se no pre o ou valor da terra Marx 1974 1894 p 716 e torna a terra pass vel de compra e venda como qualquer outra mercadoria Para Marx no entanto o pre o de compra n o o do solo e sim da renda fundi ria que ele pode proporcionar calculado pela taxa corrente de juros Marx 1974 1894 p 715 A renda da terra constitui se t o somente na parcela da mais valia produzida pelo capital e destinada ao propriet rio da terra que nessa condi o comp e o cen rio onde figuram as tr s grandes classes constituintes da sociedade baseada no modo capitalista de produ o a dos propriet rios de terra a dos propriet rios de capital e a dos propriet rios de mera for a de trabalho Marx 56 1974 1894 p 1012 Essa quest o retomada em in meros trechos d O Capital destacando se o cap tulo XLVIII intitulado A f rmula trinit ria capital terra e trabalho em que se encerram todos os mist rios do processo social de produ o 1974 1894 p 935 a ser explorada no Cap tulo 4 para an lise dos processos de produ o social nas cidades capitalistas Mais do que Marx foi Engels quem se dedicou
398. res do bairro se alarmaram mobilizando duas associa es de bairro a igreja e v rios pol ticos para impedir a transfer ncia para ali de in meras fam lias de rea de risco do Vale do Jatob que se 167 Q V http www youtube com watch v _ccw1d8jud8 219 efetivada se tornaria um grande desastre da administra o petista Fernando Pimentel Duarte 2005 Caderno Opini o p 9 Seis meses ap s o in cio do processo in meras reuni es pareceres t cnicos etc a prefeitura emitiu um laudo atestando a inviabilidade financeira do empreendimento a partir da an lise do anteprojeto arquitet nico Acompanhava o laudo t cnico uma planilha or ament ria que atribu a o custo de R 460 00 m2 de rea constru da valor este indiscut vel segundo o ent o secret rio adjunto da SMAHAB Sr Carlos Medeiros Esse custo se aplicado a qualquer um dos 17 dezessete empreendimentos financiados pelo PCS em Belo Horizonte torn los ia tamb m invi veis N o obstante a resist ncia e manifesta es dos Sem Casa a disputa se resolveu pela n o realiza o do empreendimento Vale destacar um trecho da resenha publicada no jornal Estado de Minas em 21 de maio de 2005 intitulada Pelo direito cidade de autoria da procuradora do trabalho Maria Am lia Bracks Duarte moradora do bairro Minas Brasil O direito cidade de todos independentemente de renda ou de posi o social E n o se trata aqui de defender guetos dist
399. restre como esferas privativas de sua vontade particular com exclus o de todas as demais vontades Marx 1974 1894 p 707 e a renda fundi ria uma categoria que primeira vista se revela irracional pois a terra n o produto do trabalho n o tendo portanto valor algum Marx 1974 1894 p 715 A primeira considera o remete nos chamada acumula o primitiva Marx 1971 1867 p 828 882 que abordarei mais detalhadamente no pr ximo item deste cap tulo porque ao descrever os processos de acumula o Marx desvela os aspectos obscuros da abordagem econ mica at ent o vigente que convenientemente omite os processos de despossess o necess rios acumula o O trabalho a nica fonte de valor mas paradoxalmente a riqueza produzida n o est concentrada nas m os do trabalhador Ao omitir a g nese dos processos de acumula o econ mica os economistas cl ssicos naturalizam os violentos processos de usurpa o e expropria o que determinar o a riqueza ou a pobreza de um indiv duo e de uma classe os possuidores e os destitu dos Segundo Lenz 1981 p 82 somente a partir da 40 Cap tulos XXXVII a LII Marx 1974 1894 pp 705 1013 55 introduziu se na ci ncia econ mica seu car ter hist rico e social distinto das abordagens cl ssicas sobretudo de Smith e Ricardo que concebiam as forma es sociais da sociedade capitalista como imut veis N o havendo raz es na vis
400. retrabalho realizado na autoconstru o contribui para aumentar a taxa de explora o da for a de trabalho pois o seu resultado a casa reflete se numa baixa aparente do custo de reprodu o da for a de trabalho de modo a deprimir os sal rios reais pagos pelas empresas Oliveira 1972 2003 p 59 54 Passamos ao estudo da renda fundi ria urbana n o sem antes registrar um dado do IPEA Economia brasileira indicadores de performance macroecon micas e perspectivas 2009 a um s tempo estarrecedor e esclarecedor a demonstrar a submiss o do trabalho ao capital 70 do PIB brasileiro referem se aos ganhos de capital lucro e juro que beneficiam antes de tudo meia d zia de grandes banqueiros e grandes industriais reservando pouco mais de 30 para a massa salarial do restante dos outros quase 200 milh es de brasileiros Souza 2010 p 312 2 1 Renda Fundi ria Urbana As reflex es de Marx e Engels s o o ponto de partida para a compreens o da categoria econ mica da renda da terra e suas implica es na conforma o socioespacial das cidades brasileiras Marx dedica todo o volume iv do Livro 3 d O Capital an lise da propriedade fundi ria em suas diversas formas hist ricas Destacarei preliminarmente duas afirmativas fundamentais compreens o desta categoria econ mica a propriedade fundi ria sup e que certas pessoas t m o monop lio de dispor de determinadas por es do globo ter
401. reza j provida de modifica es pelos seres humanos 1 Trata se como prop e Cl vis Cavalcanti 1994 p 93 de privilegiar a parcim nia termodin mica no combate s desigualdades socioambientais conhecendo os limites da capacidade de sustenta o de cada territ rio e a acomodando os impactos decorrentes da intera o homem natureza 9 Entropia designa grau de caos ou perturbac o num sistema Em termodin mica se relaciona com a parte da energia contida num sistema que pode ser convertida em trabalho utiliz vel Dicion rio de Ecologia e Ci ncias Ambientais 2001 p 190 10 Cicero De natura deorum Il par grafos 151 152 Dispon vel em http www thelatinlibrary com cicero nd2 shtml 11 O princ pio ou lei da parcim nia foi desenvolvido pelo fil sofo ingl s Guilherme de Occam no s culo XIV sendo tamb m conhecido como Navalha de Occam o princ pio segundo o qual nas avalia es cient ficas dentre teorias alternativas deve ser usada a teoria mais simples coerente com os fatos Dicion rio de Ecologia e Ci ncias Ambientais 2001 p 365 Cl vis Cavalcanti utiliza se desse conceito para contraposi o A inten o identificar os obst culos que se interp em ado o desses princ pios na resolu o das graves quest es urbanas Mas se contornados em que moldes se dariam tais interven es Seguramente n o seriam aos moldes das atuais interven es realizadas pelos poderes p blicos nas
402. rganiza o das comunidades e n o por identifica o e delibera o meramente t cnica ou pol tica do governo e defendido pelas pr prias comunidades que rejeitam refer ncias s obras como benef cios concedidos pelo poder p blico ou mais veementemente doados por pol ticos 2005 p 73 85 Segundo avalia o de Ricardo Aroeira ent o coordenador do Grupo Gerencial de Saneamento GGSAN em entrevista a Mello 2005 p 128 os dados levantados pela pesquisadora para o per odo de 1991 a 2000 endossam essa avalia o idem p 214 123 restringe apenas s favelas Outro componente do mesmo problema a grande car ncia de interceptores especialmente nas regi es Norte e Venda Nova e Barreiro Mello 2005 p 136 Embora como afirma o entrevistado a car ncia n o se restrinja s favelas a mais acentuada e agravada como j destacado pelo tratamento ainda diferenciado s solicita es de manuten o quando provenientes das favelas ou da cidade formal Dois outros aspectos destacados por Mello 2005 merecem registro pois ajudam a compor nosso quadro comparativo entre a produ o do espa o nas favelas e nas cidades formais O primeiro que frente a situa es at picas a COPASA n o executa nenhuma estrutura especial n o realiza remanejamento pois o caminho mais f cil segundo a cultura da Companhia lan ar o esgoto na rede de drenagem 2005 p 133 situa o facilmente identific vel em si
403. rica de gua encanada e esgoto e pavimenta o de vias 9 lt Z O uy Q Z a E o o al E 2 lt Z y a a o JH E olg Z ISEL ul Om IE os gS AJE io E ale YN O lt o OIL IL O mr 2 wW O E 3 lt u ra la jo QZ ma al gt pa a E L as o lt O E lt L N o o co V co o o ieii Belo Horizoni Lal S O RAFAEL GOG DA EMA Surgiu em 1938 e foi ocupada por pessoas que trabalhavam em uma pedreira J foi conhecida como Gog da Ema Na d cada de 80 o Ribeir o Arrudas passava ainda dentro da Vila NOSSA SENHORA APARECIDA E a ocupa o mais antiga do Aglomerado da Serra Data da d cada de 40 com a instala o do Batalh o da Pol cia Militar do bairro Santa Efig nia No in cio da d cada de 70 a gua advinha de dois chafarizes e uma mina localizada na rua Monte Alegre A gua tratada e a luz chegaram Vila em 1983 Muitas foram as amea as de expuls o Em 1980 diante de uma dessas foi criada a Associa o O terreno foi conquistado pelos moradores da vila ACABA MUNDO Existe desde a d cada de 40 e tem surgimento atrelado a implantac o da Mineradora Lagoa Seca Com chuvas de 1979 a ocupac o estendeu se pois parte dos moradores das reas afetadas se mudaram para a regi o A funda o da associa o de bairro data da d cada de 70 Na d cada de 80 foi instalada ilumina o p blica e redes de gua e esgoto BURA
404. riginal de fato inexiste na nossa an lise uma vez que ao construirmos a Cidade ou na Cidade devemos considerar que outras a es humanas j se empreenderam no local de modo que n o temos mais um ambiente geol gico em sua configura o natural Carvalho 70 Cabe aqui uma ressalva referente pr pria adjetiva o das favelas como espont neas a designar a preval ncia dos processos autoproduzidos sobre a produ o heter noma mesmo quando o Estado ou concession rias de servi o p blico tenham atuado em interven es setorizadas A adjetivac o espont nea apresenta o inconveniente de induzir abstra o dos complexos processos sociais envolvidos na produ o de uma favela que justamente nos interessa ressaltar As favelas espont neas n o se fizeram por si pr prias sem constrangimentos irrefletidamente ou sem interven o da vontade para ilustrar com alguns dos sentidos usualmente atribu dos ao termo Inversamente podemos admitir que as favelas espont neas se fazem a si pr prias sem o Estado sem os t cnicos sem observ ncia de regulamenta es urban stico legal ou jur dicas em oposi o cidade legal O emprego da adjetivac o autoproduzidas foi cogitado mas descartado favelas autoproduzidas constitui um pleonasmo 109 1999 p 24 Consideraremos como se ver adiante as favelas espont neas como o Ambiente Tecnog nico 1 para a an lis
405. rigorosamente em cumprimento a formalidades que tentam dissimular um desabafo do tipo n o obstante meu orientador eis aqui o resultado N o o meu caso Minha orientadora extremamente rigorosa e em igual medida generosa me conduziu at esse ponto no qual tenho a clareza de que o trabalho poderia estar melhor mais claro mais enxuto mais palat vel leitura mais direto e objetivo Foi no entanto o melhor que pude fazer tendo despertado for oso confessar somente agora para a filosofia e para a economia pol tica que me obrigaram a passar em revista todas as minhas poucas felizmente convic es arraigadas ao longo do exerc cio profissional de tr s d cadas Obrigada Silke por partilhar comigo esses caminhos Professor Ed zio mais uma vez muito obrigada pelo aprendizado que nos tem propiciado com tanta determina o e zelo profissionais Maur cio Lib nio obrigada pelas consultorias jur dico sociol gicas Helo sa Costa e Ricardo Moretti devo a voc s as reflex es primeiras que me instigaram a essa tese L cia Serrano e La s Grossi obrigada por cuidarem t o bem do registro d O lugar das favelas em Belo Horizonte de mim e das minhas mem rias Laura e Virgilio voc s s o o grande legado que essa tese me propiciou Flor Cida e Vav obrigada por me ensinarem o caminho das guas Al cia e Rog rio Junia Eduardo e Denise obrigada pelo irrestrito apoio e cumplicidade nas reflex es que acompanhar
406. risco nas pol ticas urbanas Rio de Janeiro DP amp A p 83 104 TASCHNER Suzana Pasternak Espa o e popula o nas favelas de S o Paulo In FERNANDES Ana GORDILHO SOUZA ngela orgs Habita o popular no Brasil reflex es avalia es e propostas Salvador FAUBA PPGAU 2004 pp 137 164 TEIXEIRA Silmara Machado Participa o Popular na Gest o de Pol ticas P blicas Ambientais o caso do COMAM Conselho Municipal do Meio Ambiente de Belo Horizonte In Anais do Il Semin rio Nacional Movimentos Sociais Participa o e Democracia 25 a 27 de abril de 2007 UFSC Florian polis Brasil TEULI RES Roger Favelas de Belo Horizonte In Boletim Mineiro de Geografia Belo Horizonte n 1 p 7 37 jul 1957 TIBURI M rcia Cr tica da raz o e m mesis no pensamento de Theodor W Adorno Porto Alegre EDIPUCRS 1995 TOMAZ Pl nio Polui o Difusa S o Paulo Navegar Editora 2006 TOPALOV Cristian An lise do ciclo de reprodu o do capital investido na produ o da ind stria da constru o civil In FORTI Reginaldo Org Marxismo e Urbanismo Capitalista Livraria Editora Ci ncias Humanas S o Paulo 1979 TRIANI Frederico MOTTA Samira Uma avenida em meu quintal Belo Horizonte 2011 57 document rio Dispon vel em http Amww youtube com watch v r xKVtikzPw Acesso em 01 de novembro de 2011 TUCCI C E M Curso de Gest o das inunda es urbanas Porto Alegre UNESCO Global Water Partners
407. rma de pagamento da indeniza o Valmir mencionou que a URBEL demora a liberar o pagamento da indeniza o e s entrega o dinheiro quando a fam lia sai da casa no dia que o caminh o de mudan a vem perdemos duas casas fora daqui porque n o t nhamos o cheque para dar perdemos a compra Pilar relata que primeiro falaram que n s ser amos indenizados isso foi em maio de 2010 da eu juntei caixas e o prazo para sairmos era de 45 dias S mudei em dezembro de 2010 porque eu briguei fui na Prefeitura perguntei fui na C mara Municipal e eles disseram que o dinheiro da gente j estava aqui na URBEL Minhas coisas mofaram eu perdi cerca de quatro barracos esperando a indeniza o para mudar Quando eu comecei a pression los pela indeniza o eles queriam me empurrar para o predinho No dia 14 de dezembro ap s ser destratada pela B rbara eu anunciei que se ela n o mudasse at o dia 16 de dezembro n o sairia mais de minha casa 2011 p 94 4 Demora no pagamento da indeniza o A maior parte dos indenizados relatou experi ncias semelhantes de Valmir denunciando a dificuldade de encontrar um propriet rio que aceitasse vender o im vel recebendo o pagamento somente no momento da mudan a Por outro lado uma quantidade consider vel de indenizados denunciou a incapacidade da URBEL de efetuar o pagamento da indeniza o no prazo estabelecido pela pr pria ocasionando de um lado preju zo ma
408. rmas de produ o que t m como tra o comum o fato de n o ser a acumula o de capital que orienta a produ o mas a produ o de valores de uso Se colocadas no mercado 71 seus pre os ser o fixados por condi es totalmente alheias sua produ o ser o moradias mercadorias mas n o capital Ribeiro 1997 p 123 A inser o urbana das favelas e outros assentamentos prec rios conduz nos justamente identifica o dos mecanismos e causas da exclus o de determinadas parcelas do territ rio do estoque de terras comercializ veis no mercado capitalista poss vel perceber que as mesmas raz es que desestimulam o construtor ou o incorporador capitalista a produzir em determinadas reas as tornam dispon veis para a instala o das favelas Os agentes capitalistas buscam terrenos f rteis reas que apresentem condi es f sicas favor veis de construtibilidade por permitirem o acesso ao uso do sistema urbano espacial dotado de elementos que completam o valor de uso da moradia tais como equipamentos coletivos sistemas de abastecimento esgotamento e energia sistema de transporte e acessos etc Se nem o incorporador nem o construtor podem prover individualmente esse conjunto de valores precisam de terrenos em locais onde preexistam essas condi es ou que possam existir num futuro pr ximo Ribeiro 1997 p 88 Fazendo o racioc nio inverso justamente nesses terrenos desinteressantes
409. rnador de Minas Benedito Valladares quanto necessidade de p r um dique s aprova es constru o das denominadas vilas pela iniciativa privada na zona suburbana da cidade destinadas ao provimento habitacional das fam lias pobres O n mero excessivo de vilas aprovadas sem onus algum para os propriet rios extendeu de tal forma a rea povoada de Belo Horizonte que criou para a administra o p blica os mais graves e s rios problemas Muitas fortunas particulares em Belo Horizonte fizeram se custa das vilas enriqueceram se os seus propriet rios criando para os cofres p blicos problemas de saneamento conf rto pol cia e assist ncia que custar o dezenas e dezenas de milhares de contos de r is Negr o de Lima 1935 p 26 27 Embora o fen meno de favelamento remonte constru o da cidade os primeiros estudos t cnicos dirigidos especificamente ao fen meno do favelamento em Belo Horizonte situam se apenas no final dos anos 50 e d cada de 60 como atesta o Levantamento da popula o favelada de Belo Horizonte dados preliminares publicado em 1966 pelo Departamento de Habita o Popular DHP da Secretaria de Estado do Trabalho e Cultura Popular 62 Nesse momento a popula o favelada constitu a se de 119 799 pessoas e representava 14 75 da popula o total da nova Capital com uma taxa de incremento de 229 em rela o ao Cadastro de Favelas de 1955 efetuado apenas uma d ca
410. rnos de produ o e refor am a acumula o nas unidades centrais do sistema Oliveira 2003 1972 p 68 O que para os seguidores da tradi o cepalina era interpretado como um incha o descontrolado do Terci rio exprimia para Francisco de Oliveira t o somente a op o bem calculada na distribui o dos recursos dispon veis para acumula o entre a ind stria e os servi os de um lado incentivos estatais para a moderniza o tais como as concess es de cr dito isen es para importa o etc do outro baix ssimas capitaliza es para um setor cujas atividades tal como a provis o habitacional n o apenas podiam mas deviam ser implantados apoiando se na oferta de for a de trabalho barata Oliveira 2003 1972 p 68 O Estado como definidor das regras do jogo n o somente vai regulamentar a rela o capital trabalho estabelecendo como m nimo um sal rio rigorosamente de subsist ncia baseado apenas em necessidades alimentares como tamb m outras rela es fundamentais para que a acumula o capitalista industrial ao n vel das empresas possa se reproduzir Oliveira 2003 1972 p 37 Vale destacar os investimentos na chamada infraestrutura de transportes sobretudo a rede rodovi ria que ao mesmo tempo em que favorecia a expans o das fronteiras agr colas promovendo o encontro de m o de obra rural excedente de processos de moderniza o agr cola e a nova oferta de terr
411. rodu o capitalista da casa e da cidade no Brasil Industrial 1979 Erm nia Maricato org S o Paulo Editora Alfa Omega 1982 SMOLKA Martin Regulariza o da ocupa o do solo urbano a solu o que parte do problema o problema que parte da solu o In ABRAMO Pedro Cidade da informalidade Rio de Janeiro Livraria Sette Letras FAPERJ 2003 p 119 138 SOMARRIBA Maria das Merc s Lutas urbanas em Belo Horizonte Belo Horizonte 1984 SOUSA SANTOS Boaventura RODR GUEZ C sar Produzir para viver Rio de janeiro Civiliza o Brasileira 2002 SOUZA Jess Org A invisibilidade da desigualdade brasileira Belo Horizonte Ed UFMG 2006 SOUZA Jess GRILLO Andr Colaborador et al A ral brasileira quem e como vive Belo Horizonte Ed UFMG 2009 SOUZA Marcelo Lopes de A pris o e a gora Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2006 SOUZA Marcelo Lopes de O desafio metropolitano um estudo sobre a problem tica socioespacial nas metr poles brasileiras Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2000 SOUZA Marcelo Jos Lopes de O territ rio sobre espa o e poder Autonomia e desenvolvimento In CASTRO E de GOMES P C da C CORREA R L Orgs Geografia conceitos e temas Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2001 p 77 116 SWYNGEDOUW Eric 2001 A cidade como um h brido natureza sociedade e urbaniza o cyborg In 241 ACSELRAD Henri A dura o das cidades sustentabilidade e
412. rral Del Rei para a inscrig o material dos novos conceitos Monte M r 1994 p 14 Em Minas Gerais como bem demonstra Berenice Martins Guimar es 1991 e 2001 a constru o simb lica da nova ordem social foi corporificada pela constru o da nova capital Refletindo os antigos interesses de uni o das elites mineiras em torno de um centro pol tico administrativo a transfer ncia da capital de Ouro Preto cogitada desde 1789 concretizou se apenas ap s o advento da Rep blica A constru o da nova ordem e sua manuten o impunham se naquele momento como o objetivo principal do governo e dentro dela tr s elementos foram vistos como necess rios ao desenvolvimento de Minas a constru o de estradas para possibilitar o escoamento da produ o a imigra o de m o de obra estrangeira em substitui o embora tardia ao escravo e a constru o da nova capital Guimar es 2001 p 38 Depois de acirradas disputas entre os autodenominados mudancistas e os defensores da perman ncia da capital em Ouro Preto o Congresso Legislativo mineiro promulga em 28 de outubro de 1891 a Lei n 1 adicional Constitui o que autoriza a designa o da comiss o de estudos das localidades indicadas para sediar a Nova Capital Bello Horizonte Para na Barbacena V rzea do Mar al e Juiz de Fora Barreto 1928 p 283 Constitu da a comiss o chefiada pelo engenheiro Aar o Reis e apresentados os estudos comparativos entre as locali
413. rvalho 1999 p 136 Apoiarmo nos em institutos que preservam algumas reas em detrimento de outras significa relegar imensos territ rios press o continuada dos mesmos processos de produ o instalados a partir da rela o utilit ria e pouco respeitosa com a natureza Acima de tudo descartarmos as possibilidades de transforma o substancial das rela es de interc mbio com a socionatureza pela observ ncia cuidadosa das caracter sticas constitutivas e comportamentais 37 de cada porc o do territ rio nas quais qualquer processo instalado deve ser ambientalmente justificado A se considerar os processos generalizados de degrada o ambiental nas cidades brasileiras uma APA deveria abranger pelo menos a extens o do pa s onde impera a nossa soberania N o h justifica o moral para uma APA menor que o pa s inteiro Carvalho 1999 p 136 Do entendimento acima exposto decorrem essencialmente as raz es pelas quais considero n o ser desej vel a submiss o das reas de cabeceiras dos c rregos urbanos a estatutos especiais como prop em e t m executado os programas municipais Drenurbs e Vila Viva em Belo Horizonte especialmente quando a transfer ncia dos encargos ambientais e sociais ocorre como tem ocorrido para as reas de favelas envolventes sabidamente degradadas pelas condi es prec rias de ocupa o e pelo adensamento populacional e construtivo como exploraremos adiante 1 4 B
414. s Abrigou as fam lias removidas das Q Favelas da Esta o e do Leit o Em ar 1942 foi removida w lt S o E mn lt Lu ca lt lt a a lt lt E E lt lt EL EM 1 gt a S ES S o v uo Ss 3 CIO amp D o A SO oO oa 72v Go E o 5 LO Dn o o KA o 0 Do Sw E on qo co a oo S LU os S 2 ss ri 5 c n 0 N ciQ 8 S qo a O iS O Quiz D gt v a z A O o z 853 a lt x Q lt wW S lt ju O X u i o lt L O gt 0 ly na Ui Lis lt a O Wa lt L O ul u oc lt e LL o o N N N o o o Belo Horizonte em 1910 Pintura da favela existente na Rua Sapucay Abrigavam os oper rios que construiram a cidade e seus familiares Duraram at 1902 quando foram removidas SANTA RITA DE C SSIA MORRO DO PAPAGAIO barragem Santa L cia A ocupa o da rea ocorreu no final dos anos 20 e inicio dos anos 30 Em 1953 a ocupa o aumentou com a vinda dos moradores da favela da cer mica que foram removidos para a constru o da barragem Santa L cia A gua era buscada com lata onde hoje fica a pra a da Savassi ou em locais como a Biquinha onde hoje se encontra o col gio Santa Doroteia Em 1962 foram instalados tr s chafarizes Somente em 1979 a Copasa inicia a implementa o de rede de gua no local Em 1961 foram instalados 12 postes do qual os moradores puxavam a energia Em
415. s a pedido desses 145 O processo de remo o das fam lias Como mencionado anteriormente as remo es no Vila Viva s o justificadas por necessidade das obras pela decreta o de reas de prote o ambiental ou para erradica o de situa es de risco geol gico ou de ocupa es nas faixas de servid o das concession rias CEMIG e Copasa As obras podem ser de abertura ou alargamento de vias instala o de redes de esgoto e interceptores implanta o de conjuntos habitacionais ou de equipamentos p blicos como pra as Unidades Municipais de Educa o Infantil UMEI Centros de Refer ncia BH Cidadania dentre outros a fam lia removida poder em tese optar por indeniza o ou reassentamento O valor das indeniza es n o considera a valor da terra se as fam lias n o apresentarem t tulo de propriedade e as benfeitorias s o avaliadas segundo a qualidade construtiva e dimens es das edifica es Essas s o informa es veiculadas em todos os contatos com a popula o mas de forma gen rica As implica es objetivas dessas proposi es especialmente em que medida as fam lias ser o afetadas quem ser removido quando qual o valor das indeniza es s o postergadas e quando ocorrerem ser o negocia es individuais caso a caso Outra motiva o para as remo es a destina o de reas preserva o ambiental Nas favelas afetadas essas reas s o coincidentes com aquelas mapeadas pelo
416. s 1965 1967 Oswaldo Pieruccetti pdf PIERUCCETTI Oswaldo Relat rio dos Prefeitos Belo Horizonte 1967 Dispon vel em http www pbh gov br arquivopublico relatoriosdosprefeitos 1971 1975 Oswaldo Pieruccetti pdf P LOS DE CIDADANIA Os efeitos do Vila Viva Serra na condi o socioecon mica dos moradores afetados Projeto de Pesquisa n 480 154 financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico CNPq no escopo do edital de n 14 2008 de 2008 2 2011 PORTO M nica F Aspectos qualitativos do escoamento superficial em reas urbanas TUCCI C E M PORTO Rubem La Laina BARROS M rio T de Barros Org Drenagem Urbana In Porto Alegre ABRH e Editora da UFRGS 1995 p 387 414 cole o ABRH de recursos h dricos V 5 PRESID NCIA da Rep blica Casa Civil Subchefia para Assuntos Jur dicos LEI N 12 305 DE 2 DE AGOSTO DE 2010 Institui a Pol tica Nacional de Res duos S lidos PRETECEILLE Edmond VALLADARES Licia Favela favelas unidade ou diversidade da favela carioca In Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro org O futuro das metr poles desigualdade e governabilidade Rio de Janeiro Revan FASE 2000 p 375 403 PRODANOFF Jorge Henrique Alves Avalia o da polui o difusa gerada por enxurradas em meio urbano Tese de doutorado em Engenharia Civil Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2005 Dispon vel em lt http www cipedya com web File Details aspx IDFil
417. s cidades capitalistas al m de apoiar me na an lise da estrutura de classes sociais no Brasil adotada por Jess Souza e Jos Alcides de Figueiredo Santos em A Ral Brasileira Souza 2009 Distintamente da representa o neoliberal de sociedade democr tica na qual o acesso educa o sa de justi a trabalho ou habita o estaria franqueado a todo cidad o os autores buscam explicitar as consequ ncias sistem ticas e relevantes da divis o social na vida dos indiv duos e na din mica das institui es De um lado as classes destitu das do acesso e do controle sobre os recursos geradores de valor e de outro as classes privilegiadas que n o apenas exercem esse controle como historicamente alocam a maior parte do valor produzido para si Santos 2009 p 464 Essa abordagem d visibilidade ao que a ideologia neoliberal dissimula um conjunto de posi es de classe destitu das que totaliza mais de 40 dos indiv duos no Brasil constitu do por 7 Para Lefebvre sociedade urbana aquela que nasce da industrializa o ou seja das rela es sociais e rela es de produ o qual solid ria 1999 1970 p 17 trabalhadores elementares empregados dom sticos aut nomos prec rios produtores agr colas prec rios trabalhadores de subsist ncia e trabalhadores excedentes Al m dos trabalhadores assalariados de baixa remunera o comp e o conjunto das classes destitu das os trabalhadores ar
418. s coletivas por servi os b sicos de abastecimento de gua energia etc nas favelas e loteamentos irregulares desprovidos da usualmente denominada infraestrutura urbana Francisco de Oliveira reconhece essa economia de subsist ncia como express o do desequil brio entre o sal rio real e o custo de reprodu o da for a de trabalho medida que avan a a urbaniza o a reprodu o da for a de trabalho passa a incorporar custos tipicamente urbanos como transporte sa de educa o etc que n o comportariam solu es primitivas tanto quanto a provis o da casa pelo pr prio trabalhador demonstrava comportar mediante trabalho n o pago ou como por ele denominado supertrabalho Uma n o insignificante porcentagem das resid ncias das classes trabalhadoras foi constru da pelos pr prios propriet rios utilizando dias de folga fins de semana e formas de coopera o como o mutir o Ora a habita o bem resultante dessa opera o se produz por trabalho n o pago isto supertrabalho Embora aparentemente esse bem n o seja desapropriado pelo setor privado da produ o ele contribui para aumentar a taxa de explora o da for a de trabalho pois o seu resultado a casa reflete se numa baixa aparente do custo de reprodu o da for a de trabalho de que os gastos com habita o s o um componente importante e para deprimir os sal rios reais pagos pelas empresas Assim uma opera o que na apa
419. s da constru o civil RSCC de dif cil e onerosa destina o relato de experi ncia bem sucedida de recupera o de rea vocorocada em Contagem na RMBH pelo preenchimento da fei o com entulhos dispon vel em http geolurb blogspot com 195 natureza constitutiva exigem tratamentos distintos para neutraliza o dos elementos nocivos ao ambiente ou sa de p blica Destin las e trat las em um nico sistema em tese amplia o problema e sua complexidade antes de buscar respostas que possam resolver satisfatoriamente um ou outro problema Nesse caso a individualiza o dos sistemas dom sticos e o tratamento independente dos efluentes poderiam ser testados para um pequeno agrupamento de unidades avaliando se as implica es e comparando as aos sistemas tradicionais Outra medida importante a viabiliza o do fluxo reverso de produtos e embalagens nocivos ao meio ambiente ou sa de p blica Embora a Lei Federal N 12 305 de 2 de agosto de 2010 regulamente a responsabilidade dos fabricantes importadores e comerciantes pela destina o ambientalmente segura de v rios produtos ap s o uso essa obriga o praticamente desconhecida pelos consumidores brasileiros que continuam destinando os res duos aos servi os de coleta e limpeza p blica ou ao ambiente Ou seja os custos envolvidos na log stica reversa est o sendo socialmente absorvidos Ao contr rio do empenho midi tico do setor empresarial para induzir ao
420. s de educa o como os muitos cursos universit rios e at mesmo como produtores de cultura popular do Carnaval a programas de TV n o s o bem vindos como agentes pol ticos de peso como transformadores da cultura dominante ou como part cipes das prestigiosas redes de pertencimento pessoal Kapp e Silva 2012 p 31 Esse o aspecto primordial a uma efetiva mobilidade social acesso aos centros de poder e decis o acesso e controle aos recursos produtores de valor da sociedade Ou seja o simples aumento no n vel de renda ou do consumo n o move o indiv duo de sua posi o de dominado condi o que se evidencia quando o Estado resolve agir sobre os territ rios ocupados por favelas determinando unilateralmente as regras do jogo Mas o que distingue a a o do Estado 85 em reas de ocupac es formais e nas favelas Por que o morador das favelas seria mais vulner vel a processos de despossess o que o morador da cidade formal A compreens o dessas distin es implica necessariamente compreender os efeitos da estrutura de classes na produ o do espa o e inversamente os efeitos da produ o do espa o na estrutura de classes e o papel das favelas nessas rela es Trata se portanto de compreender desigualdades e privil gios a partir de um racioc nio que n o somente registra quem ocupa os territ rios das favelas mas tamb m quem produz esses territ rios e quem produz as condi es de sua produ o Kapp e Silv
421. s de inser o no cotidiano das obras atrav s da execu o de tarefas ajustadas s suas condi es e habilidades apontadoria e almoxarifado cuidados com crian as plantio e manejo ambiental manejo da betoneira produ o de pr moldados produ o de alvenarias etc In meras atividades n o cogitadas no cronograma original foram incorporadas ao processo incluindo os cuidados necess rios ao reequil brio ambiental da rea concomitante edifica o das unidades habitacionais Sem que isso significasse acr scimo nos recursos financeiros conveniados foi poss vel construir a escada de acesso ao 2 pavimento e as paredes externas das 200 unidades habitacionais para ocupa o imediata pelas fam lias Dado s limita es econ micas priorizou se a constru o dos elementos considerados complexos ou muito trabalhosos para resolu o posterior e isoladamente por cada fam lia escada de acesso ao 2 pavimento e instala o da caixa d gua e do telhado nas posi es definitivas N o foram edificadas as divis rias internas dos pavimentos superiores o que tamb m se revelou muito favor vel a parti es internas adequadas a cada estrutura familiar Tamb m n o foram instaladas as esquadrias das janelas do 2 pavimento A casa modelo constru da integralmente 72m2 com o objetivo de tornar mais palp vel a proposta de projeto permitiu ajustes no projeto a forma o de pedreiros para alvenaria estrutural e foi uti
422. s do que as ofertadas no mercado imobili rio formal No entanto a teoria econ mica da favela formulada por Pedro Abramo fornece diversos outros elementos que contrariam a hip tese de que o pre o o elemento determinante das prefer ncias locacionais dos pobres Abramo 2003 p 189 217 Outros fatores identificados nos diversos estudos coordenados pelo autor podem explicar o aparente paradoxo de um mercado imobili rio informal praticando pre os por vezes mais elevados que o mercado formal em uma mesma regi o e ainda assim atraindo a prefer ncia de fam lias pobres Dentre os fatores analisados os que mais fortemente interferem na mobilidade residencial das fam lias s o as fontes de rendimento do trabalho e as redes de relacionamentos sociais incluindo por exemplo as igrejas evang licas e o narcotr fico A proximidade a eventuais fontes de rendimento que determinou historicamente o surgimento de in meras favelas ainda identificada como fator de prefer ncia locacional mas aparece associado aos fatores de vizinhan a e de pertencimento a redes sociais Frequentemente a inser o do morador da favela no mercado de trabalho tamb m informal o que determina local condi es de trabalho e rendimentos flutuantes dificultando seu acesso ao mercado formal de im veis A proximidade a eventuais fontes de rendimento n o portanto relacionada nica ou precisamente proximidade f sica a um local de trabalho mas
423. s est mais dirigida adapta o nova moradia que trataremos em outro item E por fim discutiremos os efeitos das remo es e das demoli es sobre o cotidiano das pessoas que permaneceram nas reas Remo es e demoli es Removida uma fam lia inicia se o processo de demoli o da moradia imediatamente ap s a desocupa o para evitar sua eventual reocupa o Embora seja previs vel o volume de entulho gerado pelas demoli es n o se observa em campo planejamento eficiente da sua destina o tampouco h considera es particulares a esse respeito nos textos de diretrizes e propostas dos PGEs do Aglomerado da Serra e do Morro das Pedras No primeiro h a recomenda o para remo o do lixo e entulho no item referente a limpeza do talvegue PGE Aglomerado da Serra 2000 p 26 e no segundo consultando se as planilhas de custos das interven es propostas observa se que o custo unit rio para demoli o de edifica o inclui a carga e transporte do entulho PGE Morro das Pedras 2004 Anexo IX Nas reas destinadas a edifica es e sistema vi rio o entulho foi removido para viabiliza o das obras No entanto nas reas destinadas preserva o ambiental em ambas as reas todas as fam lias foram removidas e suas casas demolidas sem a retirada do entulho e com frequ ncia a demoli o foi parcial apenas o julgado suficiente para impedir sua reocupa o Em algumas reas do Aglomerado
424. s favelas urbanizadas 73 O mapeamento dos sucessivos movimentos das favelas nas cidades capitalistas surgimento remo o deslocamento perman ncia ou expans o tamb m o mapa das disputas capitalistas no mercado de terras e da segrega o socioespacial nas metr poles brasileiras a s ntese socialmente produzida das representa es e a es que reservam a uma parcela da popula o determinados pap is e lhe interdita por viol ncia econ mica moral ou mesmo f sica o acesso a determinados espa os Kapp e Silva 2012 p 33 3 1 Forma o ou expans o das favelas nas cidades capitalistas brasileiras Enfoquemos a princ pio o contexto hist rico da transi o da economia brasileira da base marcadamente agroexportadora at os anos 1930 para a base industrial dado intr nseca rela o entre os efeitos socioecon micos dessa transi o para a forma o adensamento ou expans o das favelas e de outros tipos de assentamentos prec rios nas principais cidades capitalistas brasileiras Valho me das an lises do soci logo Francisco de Oliveira 2003 1972 acerca das transforma es estruturantes da moderna sociedade urbano industrial contrapondo se s interpreta es econ micas e sociais vigentes de tradi o cepalina baseadas na pretensa oposi o entre uma sociedade moderna e uma sociedade tradicional ou de um setor moderno da economia e um setor atrasado ap s a Revolu o de 1930 A
425. s mesmo da escolha do lugar para a cidade desenhada em sua imagina o seria suficiente um setor geogr fico relativamente grande al m de recursos e amplos poderes delegados pelo Estado Oz rio 1981 p 136 apud Guimar es 1991 p 45 A suposi o de Oz rio revelaria a cren a irrestrita de Aar o Reis na capacidade t cnica e pol tica de moldar em qualquer s tio a cidade s mbolo da rep blica em parte constat vel no projeto proposto para a nova capital no qual a suposta racionalidade diz respeito apenas ao desenho sequer transparece a inten o de dominar racionalmente a natureza apreendendo a ela sua ess ncia como propugnava Bacon O contraste entre o arraial existente e a proposi o de Aar o Reis est o ilustrados abaixo figuras 02 e 03 Figura 02 Planta cadastral do arraial de Belo Horizonte Fonte Comiss o Construtora da Nova Capital s d Arquivo P blico Mineiro 33 Guimar es 1996 considera que embora n o seja evidente a filia o de Aar o Reis a qualquer das correntes pol ticas e filos ficas que dominavam o cen rio de sua poca o positivismo o atra a devido prioridade dada ci ncia como instrumento capaz de transformar a realidade e promover a evolu o da humanidade 1996 p 126 41 Figura 03 Planta cadastral do extinto arraial de Belo Horizonte antigo Curral del Rei comparada com a planta da nova capital no espa o abrangido por aquele arraial Fonte Comiss o Co
426. s postais do processamento de fumos fabrica o de balas e bombons FIEMG 2012 Embora existentes nas cidades que se industrializavam os problemas habitacionais n o eram considerados responsabilidade do Estado mas assunto concernente esfera privada e como tal deviam se resolver nas rela es entre locadores e locat rios no mercado rentista ou pela autoprodu o da moradia no mercado imobili rio informal pela compra ou ocupa o de terras em loteamentos irregulares periferias ou favelas Tampouco a historiografia oficial se ocupou de documentar as condi es de vida das classes prolet rias sobretudo as condi es de moradia No entanto segundo Bonduki pode se aferir a amplitude do problema no Rio de Janeiro e em S o Paulo pelo registro nos boletins sanit rios da frequ ncia e natureza dos atendimentos s reas ocupadas pelas popula es mais pobres e pela press o da sociedade sobre as administra es municipais alarmada pela possibilidade de surtos epid micos Todavia ainda que privadas de sua pretendida isen o as administra es municipais restringiram sua atua o basicamente a medidas saneadoras como a demoli o de in meros corti os campanhas de desinfec o etc e a es de regula o de cunho claramente higienista Bonduki 1998 p 39 et seq O provimento habitacional para as classes trabalhadoras continuou a cargo de investidores privados agora com incentivos do Estado Adotados por tod
427. s quais est o inseridas ver Ap ndice prancha 10 Na bacia do ribeir o do On a na por o norte do munic pio localizam se as favelas mais recentes comparativamente s que se desenvolveram diretamente associadas implanta o da cidade de Belo Horizonte na bacia do ribeir o Arrudas Na bacia do ribeir o Arrudas encontramos as mais antigas ou as por es dessas que sobreviveram ao movimento cont nuo de incorpora o de seus territ rios ao segmento capitalista do mercado de terras e tamb m as mais populosas Como a abordagem proposta est radicalmente atrelada percep o do territ rio sob a tica de unidades hidrogr ficas a bacia do ribeir o Arrudas foi adotada em sua integridade para fundamentar os argumentos da tese Considerei esse universo n o se configurando como estudos de casos suficiente s discuss es propostas Esclarecendo n o se trata de um recorte no munic pio que exclui a por o norte e as favelas ali localizadas Elegeu se a bacia do ribeir o Arrudas e nela alguns subsistemas considerados em sua integridade hidrogr fica para ilustrar o todo refor ando a hip tese de que preciso tomar o territ rio assim delimitado como unidade m nima de planejamento e gest o e especialmente de a o No cap tulo 1 A domina o da natureza busca se compreender as origens do afastamento f sico e simb lico entre as cidades e seus atributos naturais e a condi o de pro
428. scute a rela o dial tica entre tais fatores na economia pol tica das cidades tomando por contexto emp rico a cidade de Belo Horizonte e mais especificamente a bacia hidrogr fica do ribeir o Arrudas O mapeamento da din mica das favelas nesse territ rio evidencia sua rela o com os cursos d gua elas se instalam a princ pio nos fundos de vales e paulatinamente se deslocam em dire o s cabeceiras sempre conduzidas pelas oportunidades de sobreviv ncia que o tr nsito entre espa os urbanizados e n o urbanizados oferece Partindo de uma matriz te rico cr tica o cap tulo inicial discute o ideal de domina o da natureza caracter stico da racionalidade tecnocient fica moderna que tem acentuado cada vez mais a aliena o dos homens entre si em rela o s suas atividades produtivas e em rela o natureza interna e externa Analisam se ent o algumas consequ ncias dessa l gica na gest o das guas urbana em Belo Horizonte ao longo do s culo XX abordando tamb m suas omiss es isto espa os que at ent o n o haviam sido diretamente afetados por essa gest o e que quase sempre coincidem com as favelas Os cap tulos seguintes t m por objetivo compreender o desenvolvimento das favelas de Belo Horizonte a partir da cr tica formulada por Marx e de seu corol rio na economia pol tica da urbaniza o Sob a tica da produ o social do espa o urbano no capitalismo analisam se os processos de conforma
429. se contabilizavam n o mais do que 430 casas conforme constatado por Junia Ferrari de Lima nos levantamentos efetuados nos arquivos p blicos sobretudo nos relat rios de prefeitos e da Comiss o Construtora da Nova Capital CCNC Lima 2009 p 93 Os efeitos desse desequil brio foram evidenciados por Berenice Guimar es 1991 89 em Cafuas barracos e barrac es BH cidade planejada minuciosa reconstitui o dos processos de expans o da cidade e das favelas no per odo de 1897 a 1945 v spera da cria o da Funda o da Casa Popular quando se tem pela primeira vez no Brasil uma pol tica nacional de habita o popular Guimar es 1991 p Il O problema da moradia para as classes trabalhadoras surge antes mesmo da cidade em 1895 dois anos antes de se inaugurar a cidade j existiam duas reas de invas o com aproximadamente 3 000 pessoas na regi o do c rrego do Leit o bairro Barro Preto e a denominada Favella ou Alto da Esta o Guimar es 1991 p 70 e p 286 Entre o per odo da implanta o da cidade 1894 e 1930 a a o do Estado em Belo Horizonte frente s quest es habitacionais limitou se a controlar as ocupa es de reas pelas classes trabalhadoras de modo a permanecerem em car ter provis rio pr ximas aos locais de demanda por m o de obra para a consolida o da zona urbana da cidade Sempre que necess rio promovia se a remo o dos n cleos favelados e nas reas liberadas pro
430. se era o tempo de experi ncia que eu tinha com ele que pra trabalhar com ele tinha que trabalhar mesmo Colocou eu e mais uma eu e uma outra mo a pra limpar atr s do pr dio servi o que dois homens tinha pegado e pediu pra sair porque n o aguentou com dez dias eu e ela 143 deixou limpinho entregou pra ele limpo e ele falou Bom n o vou mandar pra outra turma o prazo era quinze dias j que limpou com dez ent o vai ficar Maria Laura carpinteira informa o verbal colhida por Floriscena Silva 2011 p 87 O aspecto primordial a alimentar a hip tese de crise de reprodu o capitalista transparece quando questionadas sobre as poss veis raz es da empresa construtora para contrat las A escassez de m o de obra masculina e a diferencia o de sal rios na constru o pesada e na constru o civil de edifica es foram os fatores apontados pelas entrevistadas Eles os oper rios homens j pensa Ah vou ficar no sol rachando pra poder ganhar mixaria aguentar desaforo dos outros eu vou embora A maioria dos homens tudo reclamava ficava tudo reclamando sempre falava do sal rio Comparando com outras obras Tipo igual agora n s t o fichado nessa obra o sal rio R 694 00 e n outras obras o sal rio t R 830 00 R 900 00 um sal rio mais acima Acho que vai da obra Da empresa Tem o neg cio da constru o civil e da constru o pesada Constru o civil pr dio casa e c
431. sencantamento do mundo termo que os autores tomam emprestado de Max Weber oblitera as distin es especificidades e qualidades ocultas tornando cada particular pass vel de generaliza o diante da pretensa imparcialidade da ci ncia com seus c lculos regras e probabilidades Ou nas palavras de Adorno e Horkheimer o ideal do esclarecimento o sistema do qual se pode deduzir toda e cada coisa e tudo aquilo que n o se reduz a n meros e por fim ao uno passa a ser ilus o Adorno Horkheimer 1985 1944 p 22 24 A dial tica desse processo est no enovelamento com o mito em que o pr prio esclarecimento desemboca A raz o torna se ela mesma m tica n o por um acidente de percurso mas por suas estruturas mais essenciais por estar fundada no mito embora se acreditando a salvo dele Tamb m paradoxalmente a raz o conduz aliena o do sujeito dominante frente ao objeto dominado impedindo que o ideal de domina o da natureza e a promessa de liberta o do homem do medo e do sofrimento se concretizassem porque toda tentativa de romper as imposi es da natureza rompendo a natureza resulta numa submiss o ainda mais profunda s imposi es da natureza Adorno e Horkheimer 1985 1944 p 27 Em estudo posterior Horkheimer discorrer sobre a enfermidade da raz o identificando a com o pr prio impulso de domina o da natureza humana e extra humana N o se trata portanto de uma doen a que a
432. servi os ambientais pelos moradores nas reas de cabeceiras Isso poderia beneficiar diretamente as popula es moradoras das favelas que se formaram no entorno dessas reas possibilitando lhes o resgate de experi ncias anteriores de conv vio cotidiano e depend ncia reciproca com os seus c rregos Asseguraria tamb m cidade a constru o de um outro paradigma de intera o antr pica entre homem urbano e socionatureza orientando nos no dif cil processo de transcend ncia da aliena o do trabalho da natureza externa da nossa pr pria natureza interna e da nossa esp cie 5 2 Participa o autogest o e autonomia Claro est que a urbaniza o reversa ou quaisquer outras proposi es que possam fortalecer a es aut nomas e descentralizadas implicam tamb m a revers o dos arranjos produtivos de grande escala que dominam a produ o capitalista das cidades Kapp et al 2012 s p em novos arranjos produtivos que possam contemplar a escala do indiv duo Cabe portanto discutir as perspectivas de transforma o do urbano ainda no interior de uma ordem hegem nica guiada pela l gica da acumula o capitalista na qual os interesses privados s o prevalentes sobre interesses coletivos frequentemente custa de direitos individuais ou coletivos usurpados A instaura o de novos arranjos sociais e econ micos de gest o urbana contraria os 201 interesses dos grupos envolvidos nos arranjos estabelecidos des
433. ses a processes of social and environmental recovery starting with autonomous territorial micro units This process named reverse urbanization affords a glimpse of reconciliation between men and nature in the cities even if they are still part of a heteronomous social order LISTA DE ILUSTRA ES Figura 01 Esquema das dimens es de gest o da gua een 32 Figura 02 Planta cadastral do arraial de Belo Horizonte erra 41 Figura 03 Planta cadastral do extinto arraial de Belo Horizonte antigo Curral del Rei comparada com a planta da nova capital no espa o abrangido por aquele arraial 42 Figura 04 Plantas de Belo Horizonte Aar o Reis x Saturnino de Brito 43 Figura 05 Planta Geral da Cidade de Minas organisada sobre Planta Geodesica Topographica e Cadastral do Bello Horisonte o DO 44 Figura 06 Projecto da rede de triangula o tra ada sobre a planta primitiva da Comiss o DESTINA da 98 Figura 07 C mo tunciona 0 QP estatal 131 No Ap ndice Prancha 01 Principais favelas de Belo Horizonte 1957 e As principais migrac es das favelas ao redor de Belo Horizonte adaptado de Teuli res Prancha 02 Favelas de Belo Horizonte Bacia do Arrudas 2007 Favelas de Teuli res Prancha 03 Microbacias e favelas na bacia do ribeir o Arrudas 2007 sobre mapa cadastral de 1936 Servi o de Estat stica Geral Secretaria da Agricultura Gabinete Fotocartogr fico do Estado Maior do Ex
434. sforma o cotidiana ao n vel do imediato do dia a dia da coisa pequena como sintetizado por Monte M r 2006 online contestando a censura muitas vezes dirigida Cr tica da vida cotidiana 2 de Lefebvre como uma fragiliza o da grande luta transformadora socialista da emancipa o socialista Mas o termo cr tica da vida cotidiana poderia ser entendido tamb m de uma maneira inversa a cr tica da vida cotidiana se exerce basicamente sobre tudo o que exterior a ela Ent o na verdade passa a ser a cr tica do mundo no qual ela est inserida E essa a grande quest o que remete novamente da aliena o Por que a cr tica da vida cotidiana Porque a gente vai se alienando de si vai se alienando da vida em fun o das demandas do mundo especializado E isso articula com a quest o do capitalismo na medida em que o capital um modo de rela es sociais impessoalizado com uma l gica que n o est presa na dimens o humana nas necessidades nos acontecimentos ou no acaso Monte M r 2006 online O que transparece nas hist rias corriqueiras e que poderia ser resgatado a partir delas a dimens o humana do sujeito substancial transcend ncia da aliena o e ao projeto de autonomia Vimos em Marx que a aliena o do homem de si de sua atividade da natureza e da esp cie humana uma rela o dial tica o trabalho estranhado estranha do homem a natureza de si mesmo de sua pr pria fun
435. sil a regulamentar o Pagamento por Servi os Ambientais relacionados com a gua Paulo Henrique Pereira Benedito Arlindo Cortez Thais Trindade Maria Natalina Mazochi 2010 Segundo os autores o projeto tem se mostrado capaz de reverter o quadro de degrada o ambiental das bacias hidrogr ficas envolvidas sendo implementado em propriedades rurais localizadas em suas cabeceiras Sua concep o baseia se na ades o volunt ria dos participantes no livre compromisso de cada um no cumprimento de metas e na flexibilidade das pr ticas admitidas al m da justa remunera o dos trabalhos Conservador das guas 2010 p 7 A novidade da lei est no Artigo 2 que autoriza o Executivo a prestar apoio financeiro aos propriet rios rurais que aderirem ao Projeto Conservador das guas mediante cumprimento das metas estabelecidas e concess o a partir do in cio da implanta o das a es estendendo se por um per odo m nimo de quatro anos implantado por sub bacias e nos crit rios de escolha estabeleceu se que o in cio deve se dar pela sub bacia com menor cobertura vegetal As a es s o implementadas seguindo a ordem das propriedades de montante para jusante do curso d gua O Pagamento por Servi os Ambientais realizado mensalmente em doze parcelas iguais ap s a expedi o do relat rio atestando o cumprimento das metas O n o cumprimento das metas acarreta a interrup o do apoio financeiro No Termo de Compromisso com validade d
436. sim a uma rede de rela es sociais que possa oferecer oportunidades de rendimentos Abramo 2003 p 190 As an lises de Abramo s o importantes especialmente por demonstrarem a ntima rela o entre a dificuldade de acesso aos mercados formais tanto o imobili rio quanto o de trabalho pelas popula es faveladas A dificuldade de acesso ao mercado de trabalho formal por exemplo parcialmente compensada por um mercado interno pr pria favela baseado em fatores de confian a e reciprocidade Segundo constatado pelas pesquisas nas favelas cariocas parcelas significativas dos rendimentos familiares s o auferidos na proximidade da moradia refletindo rela es de confian a e reciprocidade como a presta o de servi os o com rcio cuidados com 84 crian as idosos ou doentes ou o recrutamento pelo narcotr fico Abramo 2003 p 191 No entanto o que transparece nas entrevistas a preval ncia dos fatores que mant m o favelado e mesmo o ex favelado transferido para conjuntos habitacionais por for a de remo es nas posi es de classes destitu das na estrutura de classes brasileiras aqui adotada Por exemplo nas entrevistas envolvendo diferentes gera es de uma fam lia predominam as situa es familiares em que os descendentes mais qualificados exercem hoje profiss es bastante similares s dos seus pais no final dos anos sessenta ou se encontram em situa o de desemprego Muito embora e
437. sistema se regenere e se ajuste sua capacidade de assimila o significa a princ pio aliviar seus pontos de saturac o identificar e desconstruir gargalos desconcentrar fluxos de modo que as conex es fundamentais sejam restabelecidas e o sistema possa se estabilizar especialmente pela reconfigura o dos processos naturais b sicos entre terra e gua ou seja desbloquear o caminho das guas at seu reservat rio natural a terra Como prop e Carvalho 2010 online permitir o fluxo vertical da gua sua preserva o e controle de suas fun es geoambientais retardando seu retorno ao mar porque as cidades precisam dela e n o haver crise de escassez ou excesso se n o nos arrogarmos a determinar altera es no ciclo hidrol gico Em s ntese contribuir para o equil brio do sistema depende do reconhecimento da capacidade de suporte oferecida pela plataforma geol gica a verdadeira infraestrutura de qualquer assentamento humano bem como da sua capacidade de absor o e atenua o de impactos da atividade humana importante compreender a gua como um componente do sistema geol gico com caracter sticas distintas da dos componentes s lidos Ela um componente itinerante do sistema geol gico porque entra e sai do sistema Irrefletida ou arrogantemente a humanidade n o tem feito outra coisa sen o fechar a porta gua Cardoso 2004 Por fim precisamos reconhecer que os reais fatores de sust
438. sob a l gica do pensamento ordenador que continuam se perpetrando nas cidades contempor neas processos que violentam a natureza e os homens A despeito de uma proclamada globaliza o e do mito da aldeia global Milton Santos 2008 2000 observa que a prolifera o de condi es espaciais ou de grupos de pessoas ilegais irregulares e informais demonstra que uma boa parcela da humanidade por desinteresse ou incapacidade n o mais capaz de obedecer a leis normas regras mandamentos costumes derivados dessa racionalidade hegem nica Santos 2008 2000 p 120 colocando em quest o as teses que querem se legitimar com base na afirma o de um pensamento nico Para Adorno e Horkheimer os avan os tecnol gicos e em decorr ncia o aumento da produtividade econ mica produziram as condi es para a constru o de sociedades mais justas mas produziram tamb m a supremacia dos grupos sociais controladores do aparelho te rico sobre o resto da popula o e sobre a natureza 1985 1944 p 14 Mais de seis d cadas passadas a partir d A dial tica do Esclarecimento ou um s culo a partir das considera es de Engels n o sa mos desse lugar Tamb m experimentamos uma hipot tica universaliza o do 24 acesso seja informa o ao conhecimento ou aos benef cios advindos dos avan os tecnol gicos e cient ficos O controle sobre os recursos que geram valor econ mico sociocultural ou pol tico
439. specialmente sobre a vida daqueles moradores de vilas e favelas que foram diretamente contemplados e ou afetados pelo Vila Viva A percept vel falta de cr ticas e questionamentos sobre o Vila Viva tanto pela sociedade civil quanto pela comunidade acad mica refor am a necessidade e import ncia de tal an lise tornando este um relevante problema a ser pesquisado Considera se que um programa abrangente como este que afeta incisivamente a vida de uma 87 Notas Taquigr ficas da 10 Reuni o Extraordin ria da Comiss o de Direitos Humanos na 3 Sess o Legislativa Ordin ria da 16 Legislatura de audi ncias realizada em 19 05 2009 88 Foram entrevistas 60 pessoas compondo quatro grupos os reassentados em apartamentos Vila Viva os indenizados Serra que permaneceram no aglomerado e os indenizados n o Serra que se deslocaram para outras reas e os outros moradores n o removidos 127 quantidade significativa de indiv duos a Prefeitura de Belo Horizonte estima que at o fim do programa devam ser afetadas 11 829 familias em 11 comunidades deve ser analisado profundamente sob v rios ngulos concernentes s suas tr s dimens es urban stica jur dica e socioecon mica P los de Cidadania 2011 p 9 Tamb m foram consultados os seguintes trabalhos acad micos a tese de doutorado de Gl ucia Gomes 2012 intitulada A inscri o do espa o na valoriza o do valor apresentada ao Departamento de Geografia da UF
440. sputa com outros capitais que tamb m a consomem mas de forma produtiva resultando da custos sempre mais elevados pelo acirramento das disputas medida que se esgotam as reservas de terrenos construt veis em reas urbanas Acrescidos ao custo da terra os custos da produ o e incorpora o imobili rias e eventuais sobrelucros configura se o valor pelo qual o consumidor deve pagar pela moradia f cil perceber que a demanda solv vel por esse bem tende a ser reduzida em uma economia na qual como registrado na introdu o desse cap tulo reserva se pouco mais de 30 do PIB para a massa salarial de quase 200 milh es de brasileiros Souza 2010 p 312 Ora como bem sabemos a remunera o por uma determinada jornada de trabalho assalariado considera em tese os custos de reprodu o da for a de trabalho por uma jornada equivalente S o contabilizados os custos para a renova o imediata dos seus meios de subsist ncia alimenta o sa de educa o vestu rio etc incluindo a moradia at que sua for a de trabalho seja novamente vendida ao mercado no per odo seguinte ou seja a for a de trabalho assalariada n o sendo paga antecipadamente por sua reprodu o em algum momento futuro n o pode antecipar o pagamento de seu consumo futuro Kapp et al 2005 p 38 Em s ntese o provimento habitacional urbano para as camadas sociais que n o integram a chamada demanda solv vel se dar mediante
441. ssa paisagem a implanta o das edifica es em conformidade com o relevo mais pelo ajuste dessas s caracter sticas do s tio do que pela domestica o do s tio s exig ncias das superestruturas como frequente na cidade formal A diversidade espont nea das favelas portanto determinada pelo atendimento a necessidades individuais e coletivas da vida cotidiana e pela multiplicidade de agentes produtores do espa o sem imposi o de padr es Distintamente a cidade formal tende repeti o mon tona de elementos cuja pretensa individualidade circunscreve se na oferta mercadol gica das empresas construtoras Tamb m n o h nas favelas assim produzidas uma hierarquiza o r gida do espa o urbano nem uma distin o absoluta entre espa os e usos p blicos e privados com limites t nues nem sempre fisicamente marcados por muros grades ou outras barreiras Mesmo as vias de circula o que poderiam sugerir uma posi o hier rquica de destaque pelas caracter sticas espaciais e sobretudo pelo porte da via ruas vielas becos perdem esse car ter quando analisadas sob a tica dos usos Ve culos e pedestres partilham a rua sem distin o hier rquica tanto os pedestres podem abrir passagem para ve culos quanto esses podem se deslocar vagarosamente no ritmo de pedestres condi o inimagin vel na cidade formal As vias com capacidade para tr nsito de ve culos automotores independente da largura comportam o
442. sses pais tenham investido na educa o dos filhos buscando credenci los para o acesso a melhores condi es de vida o resultado desses investimentos basicamente representado pelo maior tempo de perman ncia dos filhos no sistema educacional constitui o que o Abramo qualifica de pseudo sobre educa o ou sobre educa o truncada e tem pouca repercuss o na mobilidade socioespacial da pobreza Abramo 2003 p 198 9 As considera es de Abramo remetem nos a outra importante discuss o que associa diretamente mobilidade social e consumo de bens e servi os representa o segundo a qual estar amos testemunhando uma mobilidade social significativa das classes pobres rumo classe m dia como bem expressa o t tulo de uma publica o recente da FGV A Nova Classe M dia O Lado Brilhante dos Pobres Neri 2010 A nosso ver Kapp e Silva 2012 o eufemismo dessa matriz economicista contribui para acobertar as desigualdades sociais brasileiras que ao contr rio pretendemos explicitar O nexo direto entre consumo e mobilidade social p e o crit rio dos recursos econ micos como principal definidor da estrutura de classes deixando em segundo plano recursos ou capitais no sentido de Bourdieu culturais sociais e pol ticos Mas se na ordem do crescimento econ mico brasileiro recente os pobres s o bem vindos como m o de obra de prefer ncia qualificada nos moldes do capitalismo flex vel como consumidores inclusive de servi o
443. ssivamente Para cada ambiente tecnog nico resultante teremos al m da superestrutura casas ind strias escolas etc os efeitos positivos e negativos desencadeados por todo o conjunto de intera es antr picas anteriores Construir deve resultar portanto de decis es referenciadas n o apenas no produto vis vel a superestrutura nem apenas na infraestrutura geol gica original mas na infraestrutura geol gica j transformada e na mesoestrutura j instalada Idealmente uma nova interven o deveria redimir a es degeneradoras anteriores em vez de ignor las Tendo em vista esse car ter cumulativo das a es sobre o ambiente surgem quatro situa es de solu es mesoestruturais cf Carvalho 1999 Uma primeira situa o seria a da interven o ideal refletindo o conceito de assentamentos geossuportados conhecimento pleno dos elementos e comportamentos do ambiente tecnog nico existente dom nio pleno das tecnologias empregadas e principalmente mobiliza o coerente e adequada desses conhecimentos de modo a manter ou reestabelecer um equil brio sist mico A segunda situa o a das interven es pontuais na cidade formal conhecimento parcial n o sist mico dos elementos e comportamentos do ambiente tecnog nico existente faz se por exemplo a sondagem de um terreno mas ignora se sua inser o na bacia hidrogr fica dom nio das tecnologias empregadas e consequentemente inadequa o entre so
444. stradas n o ser pass vel de reprodu o e valorizar se diferentemente pela maior ou menor apropria o dos efeitos teis da aglomera o conferem terra urbana um valor de monop lio que no entanto subordina se como s leis que regem a produ o e distribui o de mais valia como demonstrado na teoria da renda fundi ria Ribeiro 1983 p 32 Significa dizer que esse valor de monop lio s se realizar se o uso do solo permitir a gera o de lucros extraordin rios Os terrenos onde for poss vel a instala o de uma atividade econ mica que gere um lucro superior ao lucro m dio propiciar o aos seus propriet rios um rendimento seja na forma de aluguel ou de venda Outros onde n o for poss vel o surgimento deste 66 fen meno ser o terrenos desvalorizados pois os capitalistas n o poder o pagar pelo seu uso uma vez que neles n o poss vel obter um lucro adicional Ribeiro 1983 p 34 Para a produ o imobili ria o acesso terra condi o de produ o Diferentemente de outros ramos da atividade capitalista que uma vez instaladas podem renovar continuamente seu ciclo produtivo naquela atividade um novo terreno necess rio a cada ciclo de produ o Al m disso os terrenos devem apresentar condi es de construtibilidade condi es f sico ambientais e de localiza o favor veis s atividades a que se destinam Para o uso habitacional a qualidade locacional traduz se pel
445. stru o mais usualmente empregado para designar a produ o da moradia pelo propriet rio por entender que o processo implica num conjunto de procedimentos que est o muito al m da constru o Bonduki 2006 p 239 q v a ressalva de ordem terminol gica no cap tulo 4 54 Assuntos abordados nos cap tulos 1 a 6 das Origens da habita o social no Brasil 1998 80 2006 p 239 240 Eis a os verdadeiros benefici rios da Lei do Inquilinato Mais uma vez a ac o do Estado favorece o capital em detrimento do trabalho de modo eficaz e duradouro Assim se gerou uma situa o em que o custo da habita o foi sendo exclu do dos sal rios for ando a busca de alternativas habitacionais com baix ssimo custo monet rio a solu o atrasada ou que requeresse subs dio e pol ticas p blicas de moradia a solu o moderna o que somente poderia ocorrer se o direito por habita o estivesse atendido pelo Estado o que nunca ocorreu no Brasil Bonduki 2006 p 240 3 2 Condi es de acesso favela O acesso terra urbana visto por milh es de latino americanos como a porta de entrada da sua morada definitiva como o lugar terminal depois de muitas peregrina es rurais e urbanas Mas essa porta de entrada ch o de uma futura resid ncia onde imaginam que os seus pr ximos os de hoje e os de amanh poder o deitar ra zes transformou se em uma verdadeira barreira social nas grandes cidades latino a
446. sucesso as frequentes inunda es h ainda o comprometimento da qualidade das guas na Regi o Metropolitana de Belo Horizonte j apontado como cr tico em 1994 por Yara Landre e Monte M r A Bacia do Arrudas cujas nascentes est o no munic pio de Contagem est totalmente comprometida assim como a Bacia do Onca Pampulha As duas bacias contribuintes do Rio das Velhas recebem esgotos dom sticos e industriais in natura constituindo alguns dos maiores poluidores do Rio das Velhas e posteriormente da Bacia do S o Francisco Todo o sistema de vida animal e vegetal da Bacia do Arrudas e do On a est descaracterizado e suas guas apresentam elevados ndices de turbidez e DBO Landre e Monte M r 1994 p 86 Os autores explicitam tamb m a condi o paradoxal do nosso modelo que enquanto importa gua a dist ncias sempre crescentes exporta os dejetos impactando munic pios vizinhos montante e jusante 38 Pequenas reas remanescentes das favelas testemunham a hist ria Vila Ponta Por Vila do Caixote Uni o Vila Dias Vila da Praia Buraco Quente e II Curral das guas Vila S o Rafael Gog da Ema e Vila C nego Pinheiro Beco da Pedreira os nomes apresentados entre par nteses s o antigas denomina es das favelas encontradas na literatura e que foram fundamentais reconstitui o cartogr fica apresentada no Ap ndice 50 A captac o no Sistema Manso respons vel por parte consider vel
447. t cnica determinar o as transforma es nos espa os da ral Arquitetos urbanistas e engenheiros diretamente vinculados aos rg os p blicos ou prestando servi os sob o comando desses costumam se colocar margem dos processos pol ticos e econ micos que justificam seus contratos profissionais ignorando a funcionalidade do seu desenho que como j alertou S rgio Ferro 2006 1970 de mansinho l do seu sil ncio do seu canto de sua situa o dita modesta de sua inodora banalidade disp e dos que se agitam N o entra no jogo fica de fora 107 Esse o caso da Vila S o Jos na bacia do ribeir o do On a zona norte da cidade Segundo informa es da Urbel todas as 2 200 fam lias ser o retiradas do local sendo que destas aproximadamente 1 400 ser o reassentadas nas unidades habitacionais verticalizadas erguidas pelas construtoras privadas no bairro Manac s nas imedia es da antiga favela J as outras fam lias indenizadas com recursos m dios em torno de R 17 000 00 foram deslocadas para outras favelas existentes na capital ou para outros munic pios da RMBH como ocorrido em outras favelas do programa Vila Viva Gomes 2012 p 263 138 Ferro 2006 1970 p 162 Toda a pretensa integrac o objetivada pela metodologia de elabora o dos PGEs se esfacela na fase de execu o dos projetos arquitet nicos e urban sticos Contratados diretamente pela Urbel ou mais recentemente pelas
448. t ria mediante programas mais ou menos 78 Depoimento de Floriscena Estevam Carneiro Silva em entrevista gravada concedia autora em 29 de junho de 2012 118 intermitentes muito diferentes das pol ticas recentes de produ o formal do espa o para a ral que ser o tratadas nos itens 4 3 e 4 4 Essas interven es espor dicas em Belo Horizonte referem se sobretudo implantac o de vias com capacidade para o tr nsito de ve culos automotores que por sua vez s o condic es necess rias ao fornecimento de gua esgotamento sanit rio e energia el trica pelas concession rias demandas que figuram sempre como mote das primeiras reivindica es coletivas Somam se a essas as a es preventivas aos riscos geol gicos ou a es emergenciais em eventos geodin micos associados ocupa o de encostas ou de fundos de vale especialmente pela atua o do Programa Estrutural em rea de Risco PEAR em atividade desde 1993 realizando vistorias remo es preventivas obras de manuten o e campanhas de esclarecimento e treinamento dos moradores de vilas e favelas Em Belo Horizonte como visto no cap tulo 3 a presen a do Estado para atendimento a reivindica es de melhorias urbanas e n o para remo o nas favelas se deu primeiro atrav s do Programa de Desenvolvimento de Comunidades PRODECOM a partir de 197981 Figuram entre as a es conduzidas em regime de mutir es pelas associa es de moradores a
449. t rios ou indeniza es julgadas injustas que discutiremos adiante A burocratiza o dos processos de defini o e execu o de obras em vilas e favelas e a aprova o continua de PGEs nos OPs resultaram no represamento da demanda e atrasos no fluxograma No per odo de 1997 a 2004 apenas 48 3 dos PGEs terceirizados a empresas de consultoria foram conclu dos evidenciando segundo registrou Mello 2005 alguns problemas Uma avalia o da Ger ncia respons vel por esse programa aponta que a op o por licitar os planos n o previa que o setor de consultoria n o estava devidamente estruturado para corresponder s exig ncias dos contratos em qualidade e quantidade de produtos exigidos o que levou a alguns embates com as empresas resultando em desist ncia ou quebra de alguns contratos Algumas licita es n o tiveram concorrentes o que demonstrou o desinteresse ou falta de capacidade do mercado em absorver a demanda gerada pelo programa o atraso gerado pelos 98 Os Planos Globais Espec ficos s s o obrigat rios para essas reas o fluxo de obras solicitadas em bairros inseridos na cidade formal conduz diretamente licita o dos projetos executivos 133 Planos Globais criou problemas para a execuc o das obras do Orcamento Participativo em favelas pois havia a premissa de que o Plano indicasse qual a etapa seria iniciada e esta indica o uma das ltimas etapas da elabora o Por esse motivo houve
450. te especulativo A valoriza o da gleba est intrinsecamente ligada a oportunidades consecu o de condi es prop cias realiza o das expectativas do investidor podendo se aqui ressaltar a dupla forma que assume o consumo capitalista do espa o enquanto meio de produ o e enquanto condi o de produ o Enquanto meio consumido produtivamente Seu consumo improdutivo reconhecido como condi o da produ o enquanto respons vel pela realiza o da condi o de reprodu o da for a de trabalho incluindo se a habita o espa os de lazer etc Embora n o esteja associado diretamente produ o imediata constitui se num pressuposto dessa J os sistemas de circula o comparecem nas duas categorias produtivos enquanto fator de realiza o dos pre os e dos lucros e improdutivos sob a forma de capital social global Analisando sob essa tica veremos que nas atuais interven es conduzidas pelos programas Vila Viva e Drenurbs o consumo improdutivo do espa o preterido ao consumo produtivo especialmente representado por largas e extensas vias de circula o que cortam os 64 aglomerados como vias de liga o entre regi es da cidade sem contudo se configurarem em capital social para seus moradores Dado morfologia dos s tios ocupados encostas de altas declividades enormes barreiras se interp em ao seu uso cotidiano mais ainda
451. terial como por exemplo no caso de Pilar e de outro lado dano moral como por exemplo para Magali 2011 p 94 Magali nos informou que encontrou uma casa negociou com o dono e mudou se para ela sem ter recebido o cheque da indeniza o no ato da mudan a No entanto no momento da URBEL entregar o cheque referente indeniza o foi demorado e repleto de desculpas A entrevistada afirmou ter sido amea ada pela funcion ria da URBEL pois necessitava do cheque da URBEL para pagar a casa e eles a enrolavam Ela tamb m disse que foi acusada pelo dono da casa de querer roub la e ele ainda amea ou sua fam lia dizendo que iria coloc los na rua pois a 149 entrevistada j estava morando na casa e ainda n o havia efetuado o pagamento Ela acrescentou que passou por diversas humilhac es por causa da indenizac o 2011 p 94 5 Tratamento intolerante dos agentes da URBEL como fator determinante da falta de di logo entre os envolvidos Pilar afirmou que se sentiu imensamente incomodada com os funcion rios da URBEL pois eles s o extremamente autorit rios no trato com os moradores Segundo a entrevistada o mais humilhante foi o jeito com o qual ela B rbara me tratou l dentro da URBEL como se a gente fosse um qualquer saindo do jeito que eles queriam A entrevistada tamb m relatou que a funcion ria da Companhia afirmou Voc s est o pegando o boi voc s moram em cima da bosta e quando ganham algum
452. terminou padr es de urbaniza o impositivos sobre o s tio natural que alienam seus habitantes das condi es naturais e sociais que produzem as cidades Desconhecer os caminhos dos c rregos e mesmo a sua exist ncia ou a natureza dos solos sobre os quais circulamos cotidianamente ignorar as dire es dos ventos ou a tipicidade da vegeta o local e do clima s o sintomas dessa aliena o moderna O sintoma mais evidente dessa aliena o o desconhecimento quase generalizado da origem ou o destino das guas que utilizamos cotidianamente muito bem explicitado no document rio Entre Rios ao sintetizar a rela o do cidad o paulistano e as guas circulantes na cidade gua pelo cano vem gua pelo cano sai Ningu m sabe de onde veio muito menos para onde vai Ferraz Abreu Scarpelini 2009 N o de estranhar portanto que o alheamento das popula es urbanas brasileiras frente s condi es de suporte oferecidas pelo s tio natural seja rompido apenas nas temporadas de chuvas sempre tratadas como cat strofes naturais A cada per odo de chuvas manchetes bomb sticas corriqueiras na imprensa di ria brasileira exploram intensamente o rastro de destrui o deixado ano ap s ano nas cidades Pouco questionam e menos ainda buscam esclarecer as origens dessas trag dias urbanas atribuindo as com aux lio de especialistas a fatalidades que extrapolam a al ada humana como trombas d gua ou chuvas com rec
453. tica Feyerabend 2011 1978 p 147 8 Tamb m assim tem funcionado a inclus o social dos favelados a condi o para o usufruto de seus direitos constitucionais a cess o de seus territ rios aos esquemas tradicionais de produ o e gest o da cidade formal e a supress o de suas estruturas sociais e espaciais que n o passem pelo crivo regulador das normas institu das para a produ o heter noma do espa o Parafraseando Paul Feyerabend a inclus o significa que os moradores das favelas agora t m a chance maravilhosa de participar das manias v cios desconfian a inseguran a aridez ru do e polui o da cidade formal e tamb m da impessoalidade nas rela es sociais do alijamento e da impot ncia cidad s espera de uma a o redentora do Estado que nos coloque a salvo dos crescentes perigos e problemas funcionais da cidade Ademais transformar as favelas imagem da cidade formal que mais e mais imp e constrangimentos de toda ordem a seus habitantes aniquila as chances de retomarmos a casa de 190 n o mais nos submetermos ou pelo menos n o ing nua ou inconscientemente concep o de cidade na qual valores de uso est o terminantemente subordinados l gica de reprodu o ampliada do capital Voltemos ao comeco reconhecer as evid ncias de que o ecossistema urbano est operando acima de suas capacidades de regenera o e assimila o e n o mais sobrecarregar o sistema Permitir que o
454. ticamente pelo autor pela demonstra o da unidade necess ria que de fato constitu am A sobreviv ncia ou o renascimento de pr ticas consideradas arcaicas caracter sticas do ambiente rural no moderno urbano na verdade pressuposto da acumula o industrial que dentre outros efeitos compele o trabalhador produ o de sua pr pria moradia sobretudo em favelas e outros assentamentos prec rios Tamb m na abordagem de Nabil Bonduki 1994 os anos 1930 representam um marco o grande ponto de inflex o na forma como o Estado passou a tratar a quest o social como um todo e em que a habita o passou a ser pensada como um problema do governo Bonduki 1994 p 14 Para compreens o do processo de forma o das favelas em Belo Horizonte enfocaremos o contexto nacional e as particularidades decorrentes da constru o da cidade para sede da capital do Estado de Minas a partir de 1894 Ilustra se nesse cap tulo os sucessivos movimentos espaciais das favelas surgimento remo o deslocamento perman ncia e expans o como reflexo das disputas travadas entre os agentes capitalistas no mercado de terras de Belo Horizonte reas relegadas nessa disputa mas hoje valorizadas no mercado de terras urbanas constituiram se em territ rios para a fixa o de de n cleos favelados No entanto sob a a o do Estado parcelas de seus territ rios v m sendo subtra das especialmente pela implanta o de vias veiculares pe
455. tins 1999 p 4 Observemos que essa a o cient fica se dar pelo somat rio de conhecimentos parciais desconexos e conflituosos entre si e sobretudo com a realidade a ser ordenada apressadamente apreendida e mais rapidamente ainda descartada por inadequa o aos modelos ideais Al m disso essa precariedade frequentemente apresentada nos programas governamentais em escala tal territorial e populacional que induz precisamente err nea percep o de que a escala de interven o compat vel tamb m macro Essa escala entretanto intang vel ao cidad o e mesmo ao t cnico arquitetos engenheiros soci logos etc se isolado no seu campo de conhecimento e de a o Todos os nossos grandes problemas s o tratados assim em escala mega aterros sanit rios esta es de tratamento de esgotos esta es de capta o e tratamento de gua piscines para amortecimento de cheias megacomplexos penitenci rios para dar conta da amplitude dos problemas socialmente produzidos Elimina se assim a possibilidade de interven es de pequeno porte com solu es cuidadosamente ajustadas s peculiaridades dos ambientes produzidos pelo ac mulo de a es individuais mais ou menos conexas em s tios de reconhecida fragilidade ambiental Tais interven es embora n o se mostrem atraentes s empresas construtoras de obras p blicas poderiam melhor se adequar a uma forma social e econ mica
456. to contratos libera o ou reten o de recursos etc Foram incont veis creio mesmo que inesgot veis os mecanismos interpostos autogest o efetiva pelos integrantes das classes de servi o at ao esfacelamento total das estruturas organizativas das entidades autogestoras inclusive pelo seu endividamento e comprometimento jur dico como gestores nome sujo na pra a Creio que de forma mais ou menos deliberada para cada inst ncia interveniente colocou se em quest o o prest gio e a credibilidade da produ o autogestion ria como alternativa de gest o para al vio da iniciativa privada no segmento de produ o habitacional de baixa renda que rapidamente colocou em opera o o Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV Como pr mio de consola o pelo seu aniquilamento os movimentos sociais receberam em lugar do Cr dito Solid rio o PMCMV Entidades 154 Como tratado anteriormente a autogest o enquadra se nas formas de gest o heter noma mas essa condi o n o elimina a possibilidade de experi ncias autogestion rias marginais terem lugar mais ou menos ef meras de menor ou maior impacto pol tico pedag gico por assim dizer nas bordas do sistema heter nomo conforme defende Marcelo Lopes de Souza que situa a autogest o no n vel mais elevado que se pode alcan ar nos marcos do bin mio capitalismo democracia representativa como um marco entre a condi o atual e uma sociedade aut noma
457. to Alegre em 2001 considerado ilustrativo do renascimento do ativismo em torno dessa vis o contribuindo para ampliar o espectro do poss vel atrav s da experimenta o e reflex o acerca de alternativas para formas de sociedade mais justas suficientemente ut picas para implicarem um desafio ao status quo e suficientemente reais 2 para n o serem facilmente descartadas por serem invi veis Sousa Santos 2002 p 25 No entanto por serem experi ncias de car ter anti sist mico configuram se quase sempre como propostas fr geis e incipientes raz o pela qual os autores prop em se a analis las sob uma perspectiva denominada hermen utica das emerg ncias ou seja uma perspectiva que interpreta de 151 O livro re ne as contribui es de v rios estudiosos sobre iniciativas de produ o n o capitalistas empreendidas por movimentos e organiza es sociais em seis pa ses frica do Sul Brasil Col mbia ndia Mo ambique e Portugal e integra uma s rie de sete livros que apresentam os resultados de um projeto de pesquisa internacional coordenado por Boaventura Sousa Santos intitulado Reinventar a Emancipa o Social Para Novos Manifestos Sousa Santos 2002 152 De uma perspectiva cr tica a realidade n o se reduz ao que existe A realidade um campo de possibilidades em que t m cabimento alternativas que foram marginalizadas ou que nem sequer foram tentadas Sousa Santos 2002
458. to Castelo primeiro contrato do PCS assinado em BH ao entrarmos com a solicita o faltava apenas a libera o da ltima parcela para a conclus o e entrega da obra Em todas as obras paralisadas registraram se ocorr ncias de depreda o vandalismo assaltos e confrontos entre a pol cia e gangues ou entre elas al m dos efeitos naturais de exposi o s intemp ries ao serem retomadas v rios servi os tiveram que ser refeitos 209 Ademais devemos entender autonomia como uma condic o social impratic vel em um contexto de determina es ex genas que fere em ess ncia o conceito de auto institui o de normas A a o coletiva aut noma exige necessariamente indiv duos aut nomos condi o dificilmente alcan vel em uma sociedade basicamente massificada em seus valores opini es h bitos e desejos Em s ntese como prop e Kapp autonomia n o apenas o direito mas principalmente a capacidade de dar a si mesmo suas pr prias normas 2004 p 02 Os relatos a seguir pretendem colocar em quest o por um lado o potencial emancipat rio das pr ticas autogestion rias e as dificuldades objetivas da gest o coletiva de recursos e por outro a atua o institucional favorecendo ou inviabilizando os empreendimentos mediante expedientes pretensamente revestidos de objetividade neutralidade e zelo pela coisa p blica de institui es e t cnicos frente a iniciativas contra negem nicas Embora tenham ocorrido ou
459. to b sico na defini o de tais projetos conciliando se as necessidades reais de melhorias urban sticas e habitacionais aos recursos efetivamente dispon veis e n o usurp los ao sujeito expropriado Creio que o efeito altamente ben fico dessa medida al m obviamente da observ ncia dos direitos constitucionais seria a condu o dos projetos escala real da necessidade com a cuidadosa manuten o e recupera o do patrim nio social e ambiental instalados custa da riqueza acumulada mediante os processos sociais que a produziram Descumprem portanto o preceito de que a indeniza o deve ser exata no sentido de que ao expropriado h de se dar precisamente o equivalente ao que lhe foi tomado pelo expropriante Salles 2006 p 511 apud Adriana Lima Edson Filho 2009 p 230 Ainda que em hip tese os valores indenizat rios para as edifica es removidas cumprissem a condi o de justa e pr via indeniza o n o estariam remunerando o trabalho social incorporado aos espa os coletivos autoproduzidos ou produzidos em interven es anteriores do poder p blico e de concession rias de servi os p blicos frequentemente obtidos mediante organiza o pol tica e social dos interessados Poder se ia argumentar que essa produ o confere aos espa os valor de uso apenas para os moradores n o adquirindo valor de troca no mercado imobili rio No entanto foi essa produ o que permitiu a preserva o de atrib
460. to e meio do trabalho humano 17 1 2 O mundo administrado 20 1 3 As cidades e suas guas 21 1 4 Belo Horizonte e suas guas 38 2 Economia Pol tica da Urbanizac o ccccconononnonnnemmnnererererrrr cerro rene creer 54 2 1 Renda Fundi ria Urbana 55 Marx e a Acumula o Primitiva 59 Das terras agr colas s terras urbanas 61 2 2 O mercado de terras e o provimento da demanda habitacional urbana 66 3 O Lugar das Favelas nas Cidades CapitaliStaS cmonoinnmmommmmes 71 3 1 Formac o ou expans o das favelas nas cidades capitalistas brasileiras 74 3 2 Condi es de acesso favela 81 3 3 Din mica das favelas mobilidade residencial e mobilidade social 84 3 4 O Lugar das Favelas em Belo Horizonte 88 3 5 Cronologia de pol ticas p blicas e favelas em Belo Horizonte 99 4 Autoprodu o e produ o heter noma do eSpa o ccocnccacocnnicinacocnonennanecnanennonennanennanennaneranerranerenenass 102 Ressalva de ordem terminol gica 106 4 1 Cidade formal favelas espont neas e favelas urbanizadas tr s categorias 109 4 2 O espa o produzido pela ral 112 4 3 A transi o da favela para o mundo administrado 126 Planos e projetos 129 Execu o das obras 139 Inclus o produtiva e forma o profissional ou crise de reprodu o capitalista 142 O processo de remo o das fam lias 146 Remo es e demoli es 151 As indeniza es dos removidos e a promessa da regulariza o fundi ria 154 4 4 O espa o produzido
461. to que deveriam ser destinados implementa o de obras e interven es para a melhoria da qualidade de vida dos moradores da comunidade e n o para uma obra prioritariamente de mobilidade urbana P los 2011 p 70 Outro aspecto n o evidente numa visita ao Aglomerado da Serra hoje depois de conclu das as interven es a funcionalidade das vias para a execu o das obras Al m de elemento central da concep o urban stica as vias foram imprescind veis para o acesso de ve culos de carga caminh es betoneira etc Os projetistas estamos de tal modo alienados das condi es materiais de produ o que assumimos como pressuposto de projeto e planejamento a exist ncia pr via de vias com tais caracter sticas fechando o c rculo vicioso dos padr es hegem nicos de produ o das cidades Ou seja onde elas inexistem t m que adquirir exist ncia para viabiliza o das propostas de projeto 168 Um ltimo aspecto registrado por Floriscena entrevista 2012 o fato de que os trabalhadores que constru ram a Via do Cardoso n o percebiam a totalidade da qual o seu pr prio trabalho fazia parte ora estavam demolindo uma casa ora removendo entulhos de outra rea ora deslocavam f rmas de um ponto a outro construindo aqui e desconstruindo acol N o havia ali trabalho concreto no sentido que Marx atribui a esse termo Os trabalhadores em sua grande maioria moradores perderam sua condi o de conhecedores do s tio
462. trutura e servi os urbanos e dos acessos e esquema vi rio Importa destacar esse aspecto porque embora integre frequentemente a pauta das interven es em favelas a regulariza o fundi ria sempre uma a o posterior regulariza o urban stica Os argumentos ap iam se basicamente em tr s pilares assegurar a erradica o das situa es de risco assegurar a integridade de reas de preserva o ambiental e assegurar a implanta o das obras de interesse coletivo removendo as edifica es que as impe am para s ent o promover a regulariza o fundi ria do que passou pelo crivo t cnico da adequa o A interven o do Estado para a urbaniza o de favelas e outros assentamentos considerados juridicamente ilegais bem poderia representar uma etapa importante na promo o da justi a social pelo simples reconhecimento dos direitos civis dos moradores direitos que de acordo com o C digo Civil eles t m como possuidores de boa f com o curso do tempo Azuela 1989 p 105 apud Fernandes 1998 p 159 Ainda que n o sejam possuidores de t tulo de propriedade a posse em todos os seus atributos uso gozo disposi o e valora o social e econ mica precede o direito regulariza o fundi ria opon vel a terceiros n o podendo ser simplesmente confiscada Silva et al 2010 em conformidade s prescri es do C digo Civil Brasileiro de 1916 Lei n 3 071 1916 e do Novo C digo Civ
463. tuamente renovado por parte do Estado Souza 2003 p 29 Como potencializar as qualidades espec ficas dos ambientes ocupados por favelas legitimamente conformados protegendo os de serem subsumidos pelos esquemas tradicionais de gest o urbana Sabemos que nas circunst ncias atuais preciso achar brechas para atua es comprometidas com o humano e o ambiental A centraliza o e o controle das a es sobre a cidade parecem fazer parte de uma estrat gia dos que t m o poder de Estado e a inadequa o dos planos s necessidades dos cidad os n o parte de uma a o ing nua mas de uma estrat gia de desviar o foco dos problemas e de tornar as a es sobre a cidade interessantes ao capital 223 Profissionalmente compartilho no plano te rico da abordagem de diversos pesquisadores citados anteriormente que situam os movimentos sociais como os potenciais agentes da transforma o urbana e da proposi o de um novo paradigma s cio ambiental e posso testemunhar no plano pr tico o inequ voco potencial transformador da autogest o na condi o social econ mica e pol tica dos cidad os envolvidos No entanto embora percept veis alguns avan os em dire o a uma gest o mais participativa e democr tica das cidades for oso admitir o alcance limitado das iniciativas p blicas como por exemplo os or amentos participativos municipais ou o Programa de Cr dito Solid rio na democratiza o d
464. tureza Lefebvre 2000 1974 88 Como j considerado anteriormente a coexist ncia de setores atrasados e setores modernos numa dada forma o hist rico econ mica como afirma Francisco de Oliveira 2003 1972 p 32 uma condi o de equil brio socioecon mico sendo que nas cidades capitalistas as favelas traduzem a unidade de contr rios o atrasado como condi o de instala o e manuten o do moderno Pr ticas sociais consideradas arcaicas ou anacr nicas pouco percept veis na cidade formal determinam a conforma o do espa o e do tempo nas favelas desde o aspecto crucial minha abordagem a presen a de cursos d gua em leito natural pass veis de recupera o e reinser o no cotidiano da cidade at rela es inimagin veis na cidade formal como o deslocamento de carros condicionado ao de pedestres rela o corriqueiramente observ vel nas por es de favelas ainda n o enquadradas no mundo administrado Certamente essa disson ncia n o representa necessariamente uma resist ncia contra hegem nica uma rea o coletiva aos padr es dominantes de configura o espacial social ou ambiental da cidade formal Ainda que a ocupa o de terras e a configura o inicial do espa o de algumas favelas tenham resultado de a es orquestradas coletivamente pode se depreender dos relatos de moradores a prem ncia em escapar das condi es miser veis de vida como o 68
465. ua capacidade de a o Al m disso as solicita es oficiais de informa es imprescind veis instaura o e condu o de processos jur dicos t m sido recorrentemente ignoradas como bem ilustra o j mencionado caso do Sr Jos Lima no Aglomerado da Serra Dois anos ap s o t rmino das obras de interven o do Vila Viva no Aglomerado da Serra e ap s in meras tentativas infrut feras de solu o dos problemas cotidianos junto Urbel o Sr Jos Lima recorreu ao N cleo de Media o e Cidadania do Programa P los de Cidadania125 que encaminhou o Defensoria P blica do Estado de Minas Gerais mais especificamente Defensoria Especializada em Direitos Humanos Coletivos e Socioambientais DPDH O primeiro of cio encaminhado Urbel pela defensora p blica solicitando informa es e esclarecimentos sobre a situa o da rea data de 14 de junho de 2011 n o obtendo resposta o segundo of cio foi enviado em janeiro de 2012 tamb m n o respondido e o terceiro reiterando as solicita es anteriores sob pena de interposi o de Mandado de Seguran a de maio de 201212 Percebe se assim o grau de vulnerabilidade e fragilidade a que est o expostas as popula es supostamente beneficiadas pelo programa 125 Programa de Extens o da Faculdade de Direito da UFMG 128 C pia dos referidos documentos foram me fornecidas pela Defensora P blica Dra Cleide Aparecida Nepomuceno sendo Of cio n 230 2011 d
466. ua s o as mesmas para o combate escassez e elas n o s o tomadas tantas e tantas vezes por impedimento da lei A humanidade bloqueou a entrada da gua no arcabou o mineral do sistema geol gico e ela precisa ser reaberta por outro lado drenamos profundamente a terra e deslocamos os reservat rios superficiais para altitudes cada vez menores A gua vai atr s porque lhe falta autonomia ambiental Carvalho 2010a online A imprevid ncia dos homens apontada por Saturnino de Brito consiste justamente em promover interven es modificadoras na infraestrutura sem a devida compensa o Sem a percep o de que a gua que promove inunda es a mesma que poderia servir ao abastecimento O alerta para a devasta o descuidada sem a incorpora o dos corretivos necess rios para que o sistema se estabilize e possa prover as necessidades do homem tais como a revegeta o das margens e cabeceiras barragens endiqueamentos marginais ou com rasgo de canais apropriados deriva o das guas Brito 1944 1908 p 142 O falso dilema entre a escassez e o excesso de gua fica bem ilustrado na proposi o feita por Saturnino de Brito em 1926 para a cidade de S o Paulo que certamente poderia experimentar hoje rela es menos catastr ficas com seus rios caso a proposta n o tivesse sido preterida aos interesses da Light empresa que controlava o abastecimento energ tico da cidade Segundo o relato de Paula Be
467. uas ou seja evitando se as solu es cl ssicas da drenagem pluvial urbana As reas visadas pelo Drenurbs s o justamente as reas ocupadas por favelas e outros assentamentos prec rios que escaparam urbaniza o convencional a submeter a natureza aos des gnios da t cnica da ci ncia e do capital Na bacia do ribeir o Arrudas as maiores e mais antigas favelas e aglomerados ocupam reas nas cabeceiras de importantes c rregos urbanos estendendo se ao longo de seus leitos em reas hoje valorizadas no mercado de terras Embora ocupem reduzida rea pouco mais de 5 do munic pio URBEL 2004 est o estrategicamente localizadas sob a tica aqui perseguida Em conjunto a soma destas pequenas bacias de drenagem constitui uma parcela significativa de nossa rea urbana e como pretendem explicitar os mapas apresentados no encarte o ambiente tecnog nico a constitu do repercute por todo o territ rio jusante 52 Transformar as favelas imagem e semelhan a da cidade formal compromete essa possibilidade de ainda nos reabilitarmos social e ambientalmente A bacia hidrogr fica de um rio constitu da por diversos pequenos cursos d gua que por sua vez definem microbacias hidrogr ficas nas cabeceiras dessas microbacias que o c rrego nasce limpo e vai recebendo esgotos e outros res duos no trajeto por a devem iniciar se os processos de recupera o Moretti 2001 N o poss vel recuperar um curso
468. ue rapidamente se industrializaram e crises de escassez de moradias O agente dominante nesse sistema era o propriet rio de terras associado ou n o a outros agentes como os construtores No terceiro sistema apontado pelo autor o incorporador imobili rio quem domina todo o processo articulando o propriet rio original do terreno os futuros compradores o construtor e o financiador Ribeiro 1983 p 41 Esse sistema marca a entrada incisiva do capital de circula o no mercado de produ o de moradias urbanas que sofisticou se a partir da pela associa o ao capital financeiro at reestrutura o do financiamento habitacional brasileiro nos anos 1990 assumindo novas formas capazes de reduzir o tempo de imobiliza o do capital investido para a produ o tais como os Fundos de Investimentos Imobili rios Flls e Certificados de Receb veis Imobili rios CRIs Botelho 2007 p 10 Evidentemente essa excessiva simplifica o acima n o pretende denotar processos estanques sucedendo se temporalmente Mas justamente dar destaque s formas aqui denominadas n o capitalistas subsumidas s formas dominantes nas cidades formais mas bem evidentes na produ o social do espa o urbano e n o apenas das moradias das favelas loteamentos perif ricos e de outros assentamentos urbanos prec rios Em verdade as constru es em desconformidade aos padr es construtivos urban sticos e legais extrapolam os limites desses
469. ula o residente nas favelas em Belo Horizonte constituiria o 4 munic pio do estado em n mero de habitantes 8 sendo observado pela equipe t cnica que Os barrac es das nossas favelas diferentemente do que ocorre em outras cidades como Rio de Janeiro e Recife s o geralmente de tijolos e cobertos de telhas Fossem eles constru dos em terrenos pr prios com condi es satisfat rias de saneamento e providos de servi os p blicos o problema praticamente n o existiria DHP 1966 p 54 55 64 a elaborar planos de urbanismo com a localiza o de parques prolet rios e conjuntos de habita o popular ou contribuir para a elaborac o desses planos b promover estudos e pesquisas sobre problemas de urbanismo e habita o popular considerados os seus aspectos urbano e rural tendo se em vista fundamentalmente as necessidades da classe trabalhadora DHP 1966 p 5 65 sendo superado apenas pelos de Belo Horizonte Juiz de Fora e Governador Valadares DHP 1966 p 57 94 Roger Teuli res 1957 p 12 registra outra distinc o entre as favelas de Belo Horizonte e as do Rio de Janeiro pelo local que se instalam Nessas uma favela se ergue perto de uma usina de um centro de trabalho onde os homens se possam empregar Nessa condi o estariam algumas favelas de Belo Horizonte como as de Prado Lopes de Buraco Quente dos Marmiteiros que se avizinham da zona industrial da Ca
470. um represamento da execu o de obras gerando muito desgaste para o programa Por decis o da administra o motivada pela press o das comunidades em 2000 determinou se que n o mais seriam aguardadas as conclus es dos Planos Globais para licita o de obras Al m disso em 2002 tomou se a decis o de licitar as obras apenas com os projetos b sicos inserindo no escopo das licita es a elabora o dos projetos executivos Mello 2005 p 74 Destaques meus Os destaques acima pretendem evidenciar duas quest es A primeira que as decis es tomadas pela administra o se motivadas pela press o das comunidades parecem indicar a reduzida import ncia atribu da aos PGEs a ponto de suas conclus es tornarem se irrelevantes para defini o das etapas seguintes Creio que se a elabora o dos PGEs fosse reconhecida como um processo efetivo de participa o nas decis es cruciais s transforma es profundas das favelas e n o apenas uma etapa burocr tica a protelar as urgentes necessidades de interven o as lideran as atuariam no sentido inverso exigindo que nenhuma obra pudesse ser licitada sem a observ ncia estrita s conclus es democraticamente acordadas A segunda quest o diz respeito incorpora o dos projetos executivos no escopo das licita es para a execu o de obras Eis a uma decis o extremamente ben fica s empresas construtoras e inversamente e em igual medida temer ria aos contribuintes em geral
471. uma das modalidades previstas no Direito Civil brasileiro ou seja al m da escritura particular de compra e venda forma utilizada at ent o estariam inclu das a doa o de im veis e a da o em pagamento Dispon vel em http cmbhweb cmbh mg gov br images stories secpro marco0 7 pl17 7vt pdf Acesso em 12 de outubro de 2011 162 Explicitam se a as tend ncias em intervenc es futuras ao sujeito expropriado seria concedido um financiamento em unidades residenciais produzidas pelo munic pio Bem se v qu o urgente o estabelecimento do equil brio de for as sociais para fazer frente aos processos de despossess o cada vez mais naturalizados Vimos que dado ao car ter unilateral dos crit rios utilizados para c lculo do valor das indeniza es pode se considerar que todos os indenizados perceberam valores insuficientes recomposi o dos danos patrimoniais sofridos excetuando aqueles que resistiram s ofertas consideradas aqu m e nesse caso podem nos dar uma medida do que seria uma justa indeniza o Uma moradora antiga ap s intensa e l cida resist ncia oferta de um apartamento em substitui o sua moradia recebeu quatro apartamentos no local que escolheu no Aglomerado da Serra P los 2011 No Morro das Pedras im veis cujos moradores recorreram justi a tiveram acr scimos de 30 a 126 na avalia o Defensoria 2009b p 15 Por fim vale registrar o entendimento da Defensoria
472. umidoras no sistema capitalista s o marginais ser o preferenciais quanto a receber os preju zos ambientais decorrentes deste sistema e neste sentido o mapeamento da segrega o socioambiental urbana contundente As perspectivas de mudan as apontadas pelos autores quase sempre remetem a modelos em constru o que colocam no centro das a es as popula es exclu das para constru rem na escala local um futuro em bases sustent veis Percebe se a o discurso da auto sufici ncia como princ pio Acselrad 2001 Mas como alcan ar este modelo que contraria os princ pios hegem nicos do capital Seria o discurso da Ecologia Urbana suficientemente poderoso para sobrepor aos interesses econ micos os princ pios da tica Seria poss vel superar a partir dele as dicotomias e antagonismos entre movimentos sociais urbanos mais mobilizados em torno de necessidades pragm ticas como os movimentos de moradia e movimentos ambientalistas para constru o de novos processos de produ o social Leff 2004 p 320 sugere que as transforma es necess rias para alcan armos a sustentabilidade n o podem ser conseguidas a partir de uma consci ncia gen rica da esp cie humana A consci ncia ecol gica n o um conceito que possa ser partilhado com a humanidade em seu conjunto sem que sejam explicitadas as diferen as dos diversos grupos sociais que antes de solidarizarem se por um objetivo comum muitas vezes se confrontam se difer
473. ustificassem a corre o monet ria dos valores somente no in cio de 2008 abriram se canais para negocia o da corre o dos valores indevidamente classificada como suplementa o de verbas A maioria dos empreendimentos havia j esgotado sua capacidade de execu o dos servi os dado ao comprometimento dos recursos defasados j em 20 da data de contrata o No caso do RSV 168 No primeiro contrato concretizado em Belo Horizonte denominado Castelo apenas dezenove das oitenta fam lias originais passaram pelo crivo da CAIXA 221 tinhamos j executado 40 dos servi os previstos e j hav amos conseguido reverter a obje o interposta pela CAIXA s medi es e libera es parciais das parcelas constantes no cronograma f sico financeiro Pretend amos manter um ritmo lento de execu o com libera es parciais de recursos que mantivessem a obra ativa Contudo t o logo derrubada a barreira s medi es parciais normativos internos de uso restrito da CAIXA impediriam essa t tica de sobreviv ncia sob a alega o de que a flexibiliza o das medi es n o poderia ser aplicada a duas medi es sequenciais Assim embora dispus ssemos ainda de recursos da ordem de R 930 mil reais 60 do contrato durante todo o processo de avalia o da solicita o que durou todo o ano de 2008 foi interrompido o repasse de verbas T nhamos ainda tamb m bloqueados pela PBH aproximadamente R 320 mil reais que se re
474. utos naturais hoje reclamados pela totalidade social como valor de uso coletivo Fundamentando me em Haddad 2001 12 a determina o dos valores indenizat rios deveria considerar tamb m a influ ncia de outros fatores de ordem ambiental social e ecol gica segundo o princ pio constitucional da justa indenizac o ou seja a incorporac o destes fatores ao procedimento de determina o do pre o e n o o da busca de expedientes para disfar los Lima e Filho 2009 p 230 123 wwyw usp br fau depprojeto labhab biblioteca produtos relatorio preco desaprop pdf 157 Como bem sintetiza Jacques Alfons n 2009 do ponto de vista jur dico reafirma se a preval ncia de direitos patrimoniais a pr ponder ncia e o pr dom nio do direito de propriedade privada sobre direitos humanos fundamentais 2009 p 329 Essa discuss o ilustrativa da m f institucional a princ pio por omiss o de informa es fundamentais cujo desconhecimento por parte dos desapossados os coloca em condi o francamente desfavor vel o direito posse anterior ao direito regulariza o fundi ria E mais o agente promotor da regulariza o fundi ria n o necessariamente a administra o municipal Podem ser agentes promotores da regulariza o fundi ria a popula o moradora e suas entidades associativas as defensorias p blicas e as entidades civis sem fins lucrativos a Uni o os Estados e Munic pios Frequ
475. uve um arrefecimento na aprova o de novos empreendimentos pela administra o municipal e a desativa o quase integral do programa que s voltou ao cen rio com a aprova o do Programa de Cr dito Solid rio em 2004 Dos empreendimentos aprovados em Belo Horizonte destacarei inicialmente dois para ilustrar os efeitos da m f institucional e da m f da sociedade sobre as classes destitu das o Cond mino Saint Martin e o Residencial Paineiras O primeiro mais popularmente conhecido como Torres G meas ou Predinhos de Santa Teresa foi selecionado no edital do PCS mas n o conseguiu acessar o financiamento Os dois pr dios foram progressivamente ocupados a partir de 1997 ap s o abandono da obra por moradores de rua e grupos de fam lias exclu das do mercado imobili rio formal transformando as em espa o de moradia implementando altera es m nimas e progressivas em raz o das possibilidades individuais A proposta aprovada para o PCS totalizava R 2 856 000 00 dois milh es e oitocentos e cinquenta e seis mil reais para a aquisi o e regulariza o dos im veis reestrutura o e consolida o dos espa os comuns e das unidades habitacionais O valor do financiamento para cada uma das 170 fam lias seria de R 16 800 00 dezesseis mil e oitocentos reais A aquisi o dos im veis se daria atrav s da 165 O Escrit rio de Integra o um programa de extens o do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCMi
476. vo agente Esse agente da produ o heter noma pode ser uma empresa privada produ o heter noma privada ou o poder p blico produ o heter noma p blica muito frequente a combina o de ambos j que o poder p blico contrata as empresas para executar os empreendimentos por ele geridos Produ o aut noma uma produ o pr pria auto com normas nomos O conceito designa a situa o em que os moradores tomam as decis es e gerem os recursos e ao mesmo tempo t m acesso a informa es suporte t cnico e financiamento obedecendo a normas urban sticas e ambientais bem como a normas definidas coletivamente para um empreendimento espec fico ou para uma vizinhan a N o existe nenhuma rela o direta ou necess ria entre a produ o aut noma e a autoconstru o Kapp et al 2009 p 241 242 Observe se que nessa proposi o terminol gica estruturada a partir das atribui es de cada agente nos processos a autoconstru o e a autogest o n o se configuram como formas de produ o Nessa acep o o conceito de autoconstru o indica apenas e precisamente que quem mora tamb m constr i podendo estar presente tanto em processos de autoprodu o quanto de produ o heter noma Tamb m a autogest o n o se constitui em uma forma distinta figurando ao lado da gest o p blica e da co gest o como mais uma modalidade institu da de gest o da forma de produ o heter noma 10
477. xemplifica bem essa vis o Busca se sensibilizar a popula o informando s fam lias que elas ser o indenizadas pela op o melhor ou seja pela aquisi o do apartamento uma mudan a de estilo de vida sem d vida mas as condi es de moradia ser o muito melhores Melhor solu o do que por exemplo receber uma indeniza o de R 17mil virar dono de um apartamento cujo valor de mercado gira em torno de 70 mil reais em condi es dignas adequadas se bem que o objetivo n o que isso se transforme em dinheiro n o a venda desse bem Aroeira 2010 p 235 s fam lias que de fato optam pelo reassentamento em vez da indeniza o s o oferecidos apartamentos em edif cios padr o de quatro pavimentos sem elevador e pilotis com quatro 169 unidades por andar Tanto no Morro das Pedras quanto na Serra esses edif cios n o est o pulverizados no tecido urbano da favela mas formam por es apartadas sempre cont guas s novas vias e sempre monofuncionais N o h previs o de espa o para com rcio ou servi os nem tampouco a disposi o dos edif cios configura p tios ou outros espa os que pudessem ser apropriados livremente pela popula o Pelo contr rio todas as reas vazias entre as edifica es incluindo taludes e baias de estacionamento s o sistematicamente cercadas As edifica es seguem um projeto concebido para terrenos de baixa declividade n o caracter sticos dessas re
478. xternos altera es no seu entorno por exemplo n o raro promovidas pelas pr prias a es ordenadoras No entanto da an lise de in meras situa es em campo posso assegurar o uso abusivo do argumento Para n o nos mantermos nos limites de mais uma avalia o t cnica reporto me ao relato do advogado e professor F bio Alves dos Santos 1 2011 sobre o resultado da Audi ncia P blica ocorrida na C mara Municipal de Belo Horizonte em 29 de mar o de 2011 especificamente quanto recomenda o aos rg os p blicos municipais e federais relativamente ao Vila Viva no Aglomerado Barragem Santa L cia S emitida pela procuradora da rep blica Silmara Goulart dentre as recomenda es est o as que imp em ao Poder P blico provar se realmente as fam lias est o em rea de risco se imprescind vel a remo o de t o expressivo n mero de fam lias Alves dos Santos 2011 Essas recomenda es est o registradas na Ata de Audi ncia P blica de 26 de maio de 2011 As remo es for adas somente poder o ocorrer caso fique comprovada mediante pr vio estudo sua inevitabilidade Al m disso foram reiteradas as requisi es encaminhadas Prefeitura no sentido de apresentar os estudos pareceres t cnicos que comprovem a inevitabilidade das remoc es Minist rio P blico Federal 2011b As requisi es anteriores est o contidas na Recomenda o N 05 de 29 de mar o de 2011 encaminhada pelo Minist r

Download Pdf Manuals

Related Search

Related Contents

USER MANUAL TBRS(H)8  YRC Series DeviceNet User´s Manual  User Manual  

Copyright © All rights reserved. Failed to retrieve file