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joão duarte. entre monumento, troféu e medalha, 1980

1. Assim o talhe directo e indirecto surge como m todo prim rio da tipologia do Monumento e em praticamente todas as pocas hist ricas sempre com uma certa consist ncia enquanto tecnologia da Escultura Embora desenvolvida a t cnica do talhe dentro das tipologias da Escultura n o h rela o frequente com os m todos de translado ou mesmo m todos directos na elabora o de medalhas ou trof us A sua pequena escala soluciona se melhor com t cnicas de cunhagem e fundi o como poderemos constatar nos cap tulos seguintes 52 C Fundi o Existem v rios processos relacionados com a fundi o que se determinam consoante a forma pretendida e a sua complexidade Resultado da necessidade de criar objectos com uma resist ncia superior madeira e pedra os metais e os processos relacionados com a sua fus o tornaram se uma mat ria muito til pr tica da Escultura Ao longo da hist ria a evolu o dos processos de fundi o tem vindo a ser gradual o que vai determinar tamb m diferentes maneiras de conceber a escultura Por tradi o a fundi o de esculturas feita em bronze pela sua resist ncia estrutural a n o corros o atmosf rica a facilidade de fundi o e pela capacidade de acabamento que permite excelente polimento ou o uso de diversas patines para colorir o metal Por m outras ligas ferrosas e n o ferrosas s o admitidas como o a o alum nio lat o cobre prata ouro e chumbo Qualquer pr
2. B Trof u O Trof u dista j dos tempos antigos e na sua g nese concebe se desde a hist ria eg pcia como um marco tridimensional num sinal de vit ria O termo Trof u foi se desenvolvendo desde a Gr cia antiga com o termo Tr paion que significava Monumento vit ria Posteriormente fundido noutras culturas toma designa es similares como tropaeum um termo latino que significa viragem mudan a transforma o O Trof u durante toda a hist ria mant m um cariz de pr mio recompensa ou vit ria mas mais do que isso uma tipologia que transporta atrav s do tempo uma mem ria como o Monumento ou a Medalha Como o povo eg pcio outros povos mediterr nicos e do m dio oriente usavam o Trof u com morfologias completamente diferentes do que estamos a habituados a atribuir ao pr prio conceito e forma de Trof u Na hist ria antiga particularmente no Imp rio Eg pcio este surge na forma de um memorial feito com os restos mortais do inimigo derrotados no campo de batalha Exemplo disso s o os trof us de cabe a em que a cabe a do inimigo era cortada e mumificada para al m de servir como um objecto de mem ria do acontecimento conferia tamb m ao seu portador for a e grande influ ncia dentro das comunidades Na Gr cia e Roma antigas esta tipologia tornou se muito popular e aparece paralela hist ria eg pcia como uma necessidade de marcar determinada vit ria ou batalha Estes povos quer eg pcio
3. es e convers o entre a escala ntima e monumental s o poss veis desde que se 2 DUBY Georges DA VAL Jean Luc Sculpture p 1102 253 Enaltecendo mais uma vez esta caracter stica formal pr pria e constante no seu trabalho em ue define a forma volum trica maci a pela intersec o de planos 4 Constru o esta que tem a particularidade de se permitir aquele que fru a medalha poder desconstru da e constru la continuamente como um brinquedo reflectindo o aspecto l dico sempre almejado por Jo o Duarte na sua cria o de Medalh stica e alguns trof us 255 semelhan a de outros escultores que procuraram desmistificar por completo a ideia da escultura tradicional com obras de grande formato baseadas em objectos do quotidiano In REGATAO Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano p 91 2 135 tenha em aten o as implica es de uma e outra tipologia Contudo a medalha e o monumento aqui descritos concorrem numa similaridade formal nica e exclusivamente pela rela o da tem tica simbolizada representada pela chave A repeti o de elementos embora n o se reveja na rela o entre Medalha Chave de Honra da Cidade de Montemor o Novo JD 63 e o Monumento Chave de Honra Ill JD 188 torna se evidente na rela o entre o Monumento Chave de Honra JD 186 e o Monumento Chave de Honra II JD 187 constru das a partir de motivos repetitivo
4. 57 A t cnica de ceramic shell tem os mesmos princ pios da fundi o de cera perdida O modelo feito em cera e pincelado com um desmoldante para ser posteriormente mergulhado numa pasta refract ria feita base de resinas e de seguida passado por p de s lica Estas duas camadas unem se e v o endurecendo Este processo repetido diversas vezes at que a espessura do molde permita criar uma esp cie de casca relativamente fina mas muito resistente Fig 22 Caso as formas das pe as sejam demasiadamente complexas e fr geis o molde deve ser refor ado por barra de a o inox dando lhe uma estrutura adicional Depois de o molde ficar polimerizado est pronto para ser derretida a cera de dentro do molde Recorrendo a uma esp cie de autoclave a cera derretida por meio de vapor expelindo a de forma r pida e uniforme Seguidamente o molde colocado num forno para remover qualquer tipo de res duo que possa influenciar a forma da pe a a ser fundida Para o vazamento da liga derretida neste tipo de molde ceramic shell n o necess ria a coloca o do molde dentro de areia devido a sua elevada resist ncia s altas temperaturas O processo de rectifica o e acabamento igual aos descritos anteriormente Fig 23 O processo de fundi o em areia tamb m foi adaptado s novas possibilidades das tecnologias dos pl sticos com a cria o de um molde qu mico N o alterando o processo de fundi o o molde em
5. Ed ADAPT JD 147 e a Escultura p blica Um mundo aberto Comunica o JD 183 em que o plano surge como construtor de volume de vulto perfeito O relevo essencialmente uma simula o de tridimensionalidade a sugest o que o material modelado ou talhado foi desenvolvido a partir de um s 9 plano Apesar de ser claramente uma t cnica que trabalha a 229 O termo relevo vem do verbo latino levo significa levantar A mat ria sobre a qual o escultor trabalha centra se num levantamento acima do plano de fundo No caso de uma superf cie talhada em pedra ou madeira este levantamento obt m se pelo desbaste deixando as partes talhadas aparentemente elevadas em rela o ao plano Noutros materiais como argila gesso cera ou plasticina o relevo feito a partir da adi o transferindo as representa es do fundo para fora Podem ser classificados entre relevo stacciato relevo muito baixo e finamente talhado ou modelado vertente do baixo relevo baixo relevo onde a figura n o ultrapassa metade do 123 tridimensionalidade o relevo limitado a um plano tendo essencialmente um nico ponto de vista principal onde podemos percepcionar as formas sem distor es por isso que o relevo est fortemente imbu do de um car cter de simula o ao representar a profundidade e n o saindo para l de um plano modelado ou talhado O relevo do Monumento Liberdade JD 175 e da Medalha comemorativa dos 1
6. Na sua g nese o trabalho do Medalhista enquanto criador pl stico deve ter em conta ao mesmo tempo os limites da Medalha e a necessidade de adequar as mem rias a determinado suporte utilizando qualquer processo que lhe permita enaltecer a comemora o ou homenagem expl cita na tridimensionalidade da Medalha Assim nas suas mais variadas formas a Medalha continua a ser uma pr tica da Escultura exercida por todo o mundo de um objecto ntimo de pequena escala tendo como fun o principal relatar determinada hist ria ou acontecimento que passa atrav s de poca em poca como um documento intemporal Y Ibid p 7 38 Ibid p 8 38 T cnicas e Mat rias As tradi es pl sticas e est ticas das Artes Pl sticas entram em confronto com o aparecimento de novas tend ncias e linguagens escult ricas que se v o definindo como contempor neas no nosso tempo s o os principias temas abordados no seio da comunidade art stica de hoje em dia Tanto te ricos cr ticos e at artistas tomam a vertente te rica dos conceitos e das tipologias art sticas como objecto de estudo prefer vel deixando de parte algumas das reas que t o enganosamente se julgam como perif ricas da Arte falo das tecnologias art sticas As Artes Pl sticas a Pintura ou a Escultura baseiam se num processo assente num conjunto de ac es e procedimentos t cnicos que s o pesquisados pensados e desenvolvidos para chegar a um produto
7. homenageante ou de recompensa deve sintetizar um acontecimento de forma que a sua presen a em qualquer poca seja simultaneamente um documento e Obra de Arte Valor documental implica toda uma problem tica que envolve v rios princ pios art sticos est ticos e t cnicos na sua cria o A Medalha tem limita es f sicas e princ pios formais que nunca eram transgredidos Estas limita es surgem da tradi o das moedas que tamb m seguem regras precisas de execu o do modelo da Moeda Embora vejamos mais frente que o mesmo n o acontece com a Medalha durante o s culo XX De modo superficial podemos definir a Medalha dita Tradicional como um objecto tridimensional de forma circular com as dimens es da m o em bronze com duas faces anverso e reverso que comemora homenageia determinado acontecimento ou figura atrav s de relevos e inscri es Partindo deste pressuposto podemos inventariar mais profundamente alguns destes factores que definem a Medalha Tradicional escala ntima da m o bidimensionalidade anverso e reverso imagem relevos inscri es materiais nobres e reprodu o A escala da Medalha Tradicional remete sempre para as dimens es comuns da m o particularmente a palma da m o que ao ser relacional com as propor es do corpo portanto manipul vel e port til torna se um objecto intimista e ao mesmo tempo de circula o Apesar da Medalha Tradicional ser um objecto tridimensional desenvolve se s
8. Para al m da import ncia do espectador o espa o envolvente n o se altera na medida em que tem um lugar privilegiado dentro do projecto de um qualquer monumento tradicional ou Escultura P blica para que haja harmonia entre o espa o urbano ou paisag stico e a alegoria ou forma criada Site specific Mas consequ ncia das novas cria es pl sticas do s culo XX os monumentos esculturas p blicas n o s o apenas projectados para espa o urbano mas para outros locais n o convencionais como a natureza Ao n vel tem tico ocorre uma das maiores transforma es na tipologia de Monumento a substitui o do triunfalismo exacerbado do monumento pelos assuntos que afectam o nosso quotidiano O Monumento j n o se presta exclusivamente pr tica homenageante de figuras her icas tamb m a um comum indiv duo da sociedade E a linguagens pl sticas tamb m sofrem grandes altera es as formas mais tradicionais de monumentos com est tuas sobre pedestais bustos relevos etc passam a coexistir com linguagens do mais puro abstraccionismo escult rico e mesmo arquitect nico onde linguagens abstractas e figurativas se misturam nas recentes composi es dos monumentos esculturas p blicas actuais O Monumento continua a transformar o espa o p blico urbano ou natural Torna os espa os p blicos refer ncia de mem ria e identidade como a m xima express o factual do passado transposto para o presente 18 Ibid p 158 21
9. blicas expostas a condi es climat ricas por vezes adversas passando por processos de eros o constantes e pass veis de ser vandalizados ou at destru dos por estarem colocados no espa o p blico tornam a pedra num material fr gil pela sua falta de flexibilidade e elevada rigidez o que n o acontece com o bronze pela sua elevada resist ncia estrutural atribu da pela sua flexibilidade mat rica Como j foi explicitado anteriormente cada processo de fundi o est vocacionado para uma forma e dimens o espec fica as tipologias de Monumento Trof u e Medalha tamb m s o mais vocacionadas para determinada t cnica de fundi o A t cnica em molde de areia seja ele pelo m todo mais tradicional com areia de fundi o ou com a inclus o de resinas e outros materiais refract rios s o mais recorrentes na execu o de medalhas tradicionais pelas suas caracter sticas bidimensionais ao serem trabalhadas por relevos em duas faces distintas Tamb m os monumentos tornaram se mais fi veis de fundir por este processo porque utilizando a divis o do modelo por sec es e unidos posteriormente recorrendo a maquinaria de soldadura possibilitou que os monumentos fossem fundidos de maneira mais r pida eficiente e barata A fundi o por cera perdida corresponde melhor tanto s necessidades t cnicas do Trof u como s da escultura ntima porque os moldes s o vocacionados para pe as de vulto perfeito de escalas pequenas ou m di
10. cio Oliveira Nuno Carvalho Davina de Brito e Olga Neves No ano de 2001 foi pedida a cria o do Centro de Estudos Volte Face Medalha Contempor nea na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa mas os Estatutos da Faculdade n o o permitiam Em Outubro de 20083 com a altera o aos Estatutos da Faculdade foi decido criar Centro de Estudos Volte Face Medalha Contempor nea In Estatutos Volte Face Medalha Contempor nea 112 Esta perspectiva do projecto hoje Sec o de Investiga o Volte Face Medalha Contempor nea inserida no Centro de Investiga o e de Estudos em Belas Artes CIEBA tornou se indissoci vel do ensino da Medalha na FBAUL e da figura de Jo o Duarte Os programas pedag gicos da Tecnologia de Medalh stica podiam ser interligado com as actividades do Volte Face na medida em que o que os exerc cios finais para al m de servirem de objecto de classifica o do aluno pudessem ser transitados para exposi es ou concursos integrados no Volte Face Desse modo o projecto pode ser visto como um centro de investiga o e de divulga o daquilo que tinha vindo a ser feito pelos alunos dentro da institui o Esta aproxima o com a rotatividade de alunos que tinham ideias novas e diferentes personalidades tornou se numa inspira o ao podermos trocar impress es dos meus trabalhos com os deles e assim melhorarmos os nossos projectos em conjunto A proximidade entre aluno e pr
11. ncia dos materiais para proteger contra a corros o e na fabrica o de matrizes para impress o ou outras t cnicas de reprodu o 67 cunho executado em a o era temperado para adquirir uma dureza prop cia cunhagem de diversas ligas met licas A desvantagem do processo de redu o a possibilidade de uma desadequa o dos relevos quando reduzidos as linhas n tidas do modelo podem tornar se confusas e n o obter o resultado desejado Depois de cunhada a moeda estava pronta Pelo contr rio a medalha tinha de ser terminada rectificando o bordo em excesso causado pelo impacto do balanc Esta rectifica o era feita com o aux lio de um torno mec nico que trabalhava num eixo rotativo e fazia a pe a rodar sobre uma l mina que conferia uma circularidade perfeita medalha a este processo pode se designar de torneamento A medalha pode ser patinada ou polida e protegida com lacas vernizes para finaliza o Este processo de cunhagem mecanizado para al m atribuir uma fidelidade entre cunho e modelo tamb m permite uma perfei o entre todas as etapas do processo proporcionando medalhas e moedas coerentes em tamanho forma e relevos A cunhagem surge na hist ria da humanidade como um dos primeiros processos t cnicos mec nicos que criam reprodu es em s rie A cunhagem sendo uma especificidade t cnica para as pr ticas de moeda e medalha tanto pela necessidade de reprodu o em s rie como pela sua pequena escal
12. o entre est mulos e respostas daquilo que se capta da realidade e se interpreta 117 coer ncialharmonia equil brio de modo a percebermos como involuntariamente percepcionamos as formas ou imagens em conjunto e ou na sua individualidade Tamb m nas tr s tipologias aqui abordadas Monumento Trof u e Medalha estas bases da percep o e composi o t m a sua aplica o igualit ria ainda que o Monumento Trof u e Medalha se distanciem primeiramente pela escala No Monumento uma escala urbana relacional entre forma da escultura e espa o envolvente no Trof u uma escala humana relacional com o corpo mas em que o espa o envolvente se torna indispens vel a sua exist ncia e por fim na Medalha pelas caracter sticas de objecto ntimo e pessoal relacional com a escala da m o fechado ao espa o envolvente A escala enquanto elemento diferenciador entre as tr s tipologias tem tamb m um papel preponderante na obra de Jo o Duarte nas rela es formais que estabelece com a apropria o de formas representa o de tem ticas e os jogos composicionais de car cter construtivo Pode conceber se a iconografia de diversas maneiras quer seja como a varia o das formas de um mesmo significado ou como a varia o de significados pela mesma forma Partindo deste pressuposto tomemos como refer ncia os mecanismos formais de linhas planos volumes ou m dulos e categorias da composi o e percep o en
13. que se expande no espa o relativo pr pria tens o entre o cheio e o vazio neste movimento de continuidade do volume cheio e vazio que se desenvolve a gram tica da mensagem que Jo o Duarte pretende transmitir Atrav s da simbologia da continuidade de algo que se desenvolve para al m do presente e do material a refer ncia subtil ao futuro como aquilo que ainda n o material Esta ideia de continuidade e futuro adapta se na medalha como defini o de uma caracter stica psicol gica do homenageado Jo o Afra um tra o da sua personalidade enquanto escultor reflectido na sua obra que segundo Jo o Duarte esteve sempre para al m do seu tempo No monumento a simbologia da continuidade assinala se com uma comemora o mais directa relativa passagem do mil nio Uma transi o temporal e por isso tamb m ela uma comemora o mais abstracta como elemento de continuidade que almeja aquilo que precede o futuro Assim esta oposi o aparente entre cheio e vazio como efeito composicional afirmativamente construtivo na materialidade das formas redefine as rela es entre espa o e escultura O verdadeiro material da Escultura n o s o apenas as mat rias f sicas e cheias do a o ou da pedra mas tamb m o vazio composto do espa o que n o convida a ser visto como aus ncia de massa mas como origin rio de estruturas e de formas nesse espa o da multidisciplinaridade da composi o que escultores como Jo o
14. ria tamb m ela iniciada na Antiguidade com um cariz de pr mio recompensa ou vit ria mas que pode transportar atrav s do tempo a mem ria de uma comemora o como o Monumento ou como a Medalha Apesar de ser uma tipologia menos explorada e determinada como pr tica da Escultura com pouca relev ncia define se como objecto de utilidade espec fica e constantemente desenvolvida no seio da sociedade A pr tica da Medalha mais recente que estas tipologias j focadas come a a dar os seus primeiros passos apenas no Renascimento Por m a Medalha n o surge como pr tica totalmente nova estando inevitavelmente relacionada formal e tecnicamente com a pr tica da Moeda Prospera como tipologia dentro da grande fam lia das reas da Escultura com especial relev ncia em Portugal pela tradi o e interesse pela numism tica e medalh stica Todavia tanto a encomenda p blica como a po tica de autor s o intr nsecas e igualmente importantes para o percurso art stico de Jo o Duarte Desenvolvendo linguagens pl sticas d spares mas que muitas vezes se complementam entre especificidades tipol gicas da Escultura como Monumento ou Escultura P blica Escultura ntima e Trof u Medalha e Moeda Ao expandirmos o universo das tecnologias como objecto de estudo aplicados s tipologias da Escultura observ mos a necessidade de tecer uma investiga o para um aprofundamento de conte dos entre escultura e t cnica A Escultura pelas sua
15. ricas e a possibilidade de vandalismo serem contrariadas pelas caracter sticas estruturais do a o O resultado dos seus monumentos constru dos em a o s o dotados de grande expressividade geom trica pelos volumes lineares muito influenciados 9 para al m da tem tica pelo material e consequente t cnica refor ando a concep o do pr prio escultor Jo o Duarte 187 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 188 No entanto Jo o Duarte utiliza outros materiais como bronze Escultura Banho de S bado JD 174 m rmore Painel A Mulher e a J ia JD 167 e cimento Monumento do homem do Mar JD 169 ou com a conjun o de materiais Monumento a D Payo Peres Corr a JD 173 na formaliza o de alguns monumentos Exemplos destes Monumentos constru dos s o Monumento Antigualia JD 177 Monumento aos 30 anos do 25 de Abril JD 197 Monumento ao Sporting Clube de Portugal JD 198 Monumento ao Mar JD 205 100 Tanto materiais como t cnicas podem influenciam a forma pois para cada um destes materiais ou t cnicas h uma forma espec fica A qualidade f sica t cnica e pl stica dos materiais fascinaram o escultor desde cedo e a constante procura que faz sobre a utiliza o de mat rias e t cnicas em conson ncia com as formas que pretende construir ganham uma import ncia evidente no desenvolvimento do seu trabalho de encomenda p blica A
16. rico pr tico proporcionam um conjunto de conhecimentos e saberes transmitidos ao longo da hist ria em tratados ou textos de natureza cient fica ou pr tica Definindo a verdadeira natureza das reas art sticas assentes na natureza pr tica dos materiais e t cnicas complementada na fundamenta o de conceitos est ticos e pl sticos o ensino art stico estabelece uma forma sistem tica na transmiss o desses mesmos conhecimentos Em Portugal o ensino da Escultura remonta ao tempo hist rico da Idade M dia em que a aprendizagem era realizada nos ateli s ou estaleiros durante a realiza o implanta o das obras Estabelecido no modelo do saber oficinal isento de erudi o aponta para uma certa manuten o dos modelos antigos de cria o e sem reflex o te rica transcrita e geracionalmente transmitida por via oral 18 O corte com este pensamento muitas vezes retardat rio que colocou o ensino da Escultura numa nomenclatura que se limitava ao art fice que tentava 181 SILVA Jo o Castro O corpo humano no ensino da escultura em Portugal mim se e representa o p 285 182 PEREIRA Jos Fernandes Ensino In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 217 106 manter a tradi o veio do estrangeiro embora sem grandes repercuss es ao 184 que Francisco de Holanda afirma n o conseguir indicar um nico escultor adepto da est tica cl ssica A Escultura
17. simples cada movimento da guia colocada no modelo faz uma mudan a similar ampliada com um instrumento de corte que pressionado sobre um suporte a ampliar Este material a ampliar pode ser macio gesso argila ou poliuretano expandido ou duro pedra ou madeira sendo que neste ltimo caso o instrumento de corte substitu do por um sistema el ctrico ou pneum tico de fresagem Se os modelos tiverem pris es e locais de dif cil acesso devem ser feitas divis es e essas sec es ampliadas separadamente e por fim unidas A opera o de amplia o pode ser feita de uma s vez desde que n o ultrapasse a amplia o 1 3 Caso haja necessidade de ampliar seis vezes por exemplo faz se a amplia o duas vezes sendo que a ltima feita a partir da primeira amplia o Esta repeti o tem uma caracter stica pr tica para reduzir a remo o de detalhes do original O corte no suporte feito por passagens repetidas a cada uma delas uma pequena por o de material removida at atingir a forma pretendida Quando a forma estiver finalizada nos seus volumes gerais procede se ao trabalho de acabamento com a inclus o de detalhes e polimentos para ser posteriormente moldado num material mais r gido Estes processos de amplia o s o na verdade m todos de transi o entre os modelos e a escultura em material definitivo Servem tecnologias como o talhe e a fundi o na formaliza o de escultura ntima e monumental ao
18. t cnicas de constru o desde a soldadura o encaixe montagem por parafusos Como os pl sticos desde o acr lico resinas ep xi e poli ster termopl sticos espumas sint ticas com novas aplica es do laser abrem novas linguagens pl sticas para a Escultura BALDWIN John Contemporary sculpture techniques welded metal and fiberglass p 25 70 empregue na Antiguidade Os processos de transforma o de metais passam muitas vezes pelas t cnicas de fundi o no entanto algumas formas e volumes s o apenas conseguidos por processos de montagem constru o ou seja de soldadura Existindo v rios m todos para o fazer seleccionam se aqui aqueles que t m uma utiliza o mais activa na pr tica tecnol gica da Escultura As t cnicas de soldadura dividem se em tr s classes A soldadura por fus o ou directa que se baseia em gerar calor e consequente fus o parcial das partes a serem unidas A soldadura no estado s lido ou indirecta que utiliza uma temperatura mais baixa que o ponto de fus o mas suficiente para criar uma deforma o no material base capaz de unir metais E a brasagem ou soldobrasagem onde a uni o do metal se faz a partir da fus o de um material de adi o numa temperatura mais baixa que o material base Dentro das t cnicas de fus o temos a soldadura com Ma arico a oxi acetileno e ma arico el ctrico soldadura a arco el ctrico com el ctrodo revestido MMA soldadura a arco el ctrico MIG
19. 69 130 tridimensionalidade na Escultura bvia e necess ria uma vez que a Escultura n o um campo determinado e totalmente preenchido mas tamb m a partir do vazio que podemos enaltecer destacar a mat ria enquanto cambiante das formas escult ricas Assim o vazio n o passa a ser mat ria mas espa o livre e definidor de mat ria 2 Esta rela o entre espa o e mat ria que se sintetiza na dicotomia entre o conceito de cheio e de vazio torna se evidente na obra de Jo o Duarte Para aprofundar as rela es de escala e significados das forma envolvidas nestas rela es perceptivas da mat ria e da n o mat ria tomemos como exemplo a Medalha de homenagem ao Professor Jo o Afra JD 42 e o Monumento ao Montijo JD 189 Contrastados entre a escala da m o conferida medalha e a escala monumental relacionada com a paisagem envolvente do monumento discernimos morfologias an logas s duas pe as Entre um volume maci o e centralizado na composi o por planos perpendiculares que definem um espa o assim trico capaz de estabelecer correla es entre cheio e vazio mat ria e n o mat ria forma e espa o Na medalha a materializa o da mais perfeita forma tridimensional esfera como elemento central contrasta com a assimetria conseguida atrav s de planos numa circularidade n o geom trica ainda que a composi o seja percepcionada coerentemente coexistindo num todo equilibrado 26 A tridimensiona
20. Ibid p 112 Esculturas que n o s o integradas com um fundo mas projectadas de modo a ser percepcionada de todos os pontos de vista Ainda assim s o enaltecidos alguns pontos de vista principais especialmente quando se trata de escultura conferida arquitectura como as est tuas em nichos 125 O gesto de constru o de Jo o Duarte na composi o deste elemento esf rico refugia se numa l gica geom trica e afirmativamente volum trica que participa de uma coer ncia planificada e bidimensional Tanto no trof u como no monumento a intersec o de planos s o descritos como refer ncias espaciais e deles nasce a forma e a densidade do elemento esf rico No entanto os vazios s o criados pela intersec o de planos recortados que n o pretendem definir a superf cie de uma esfera mas uma sugest o perceptiva atribuindo uma leveza c rpea obra Assim a intersec o geom trica dos planos imposta no elemento esf rico n o est ligada representa o directa do objecto tridimensional tamb m ele geom trico mas prop e uma sugest o formal e expressivamente pict rica da esfera Paralelamente s quatro pe as h para al m de similaridade concreta das suas estruturas geom tricas espa os abertos proporcionados pelos recortes dos planos em chapa que permitem produzir formas em relevo de car cter tanto bidimensional como volumes tridimensionais de vulto mediante o deslocamento e a re articula o do el
21. Ibid p 218 189 Id Ibid 19 SILVA Jo o Castro O corpo humano no ensino da escultura em Portugal mim se e representa o p 308 As academias foram criadas em 1836 por um governo de esquerda o chamado Setembrismo sendo decretado por Passos Manuel 192 PEREIRA Jos Fernandes Ensino In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 219 A orienta o gen rica consiste numa instru o te rica elementar no estudo da natureza e da Antiguidade na pr tica de Belas Artes e na sua aplica o s artes fabris 108 anatomia e composi o como atesta os pensamentos j enunciados por Machado Castro Depois de ser instalada Academia no antigo convento de S Francisco actual Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa surgem problemas log sticos e estruturais com uma falta de condi es e de material did ctico que limitou em grande escala o ensino da Escultura mesmo com a boa vontade dos mestres professores As reformas do s culo XX de 1932 1957 e depois da revolu o de 1974 separam em definitivo a Academia do ensino art stico Passam a confluir no mesmo espa o f sico Academia de Belas Artes e Escola Superior de Belas Artes de Lisboa ESBAL Todavia n o se alteram os fundamentos do ensino de Academia mantendo se as pr ticas e conte dos cl ssicos pautando se apenas por uma maior exig ncia de habilita es do Ensino Secund rio para o ingresso nas Belas Artes
22. a abrir portas a um mercado que resultou at ao in cio de 2011 na execu o de cerca de 140 medalhas editadas produto da encomenda de institui es funda es e associa es privadas como tamb m entidades p blicas como a Imprensa Nacional Casa da Moeda de Lisboa e c maras municipais O inicio da encomenda publica de Monumentos viria a ser mais tardia na carreira de Jo o Duarte apesar de ter tido contacto com encomendas p blicas nos ateli s dos escultores Ant nio Duarte e Euclides Vaz A primeira oportunidade de encomenda proporcionou se com Jo o Afra ao participarem em conjunto na elabora o do Monumento ao Poeta Soeiro Pereira Gomes em 1983 JD 164 Seguindo se uma segunda encomenda relativa ao Mausol u ao Bombeiro Volunt rio de Alverca em 1986 JD 165 Com a implanta o ate 2011 de quarenta monumentos p blicos Os Trof us como media o entre a escala reduzida da Medalha e a escala urbana do Monumento surgem com menor relevo na carreira de Jo o Duarte Tendo a sua primeira proposta de encomenda s em 1990 com o Trof u comemorativo do 55 Anivers rio da Presen a da Marinha em Vila Franca de Xira JD 137 Ainda assim parte integrante e de relev ncia na sua obra resultando em cerca de trinta propostas distintas 161 SANTA MARIA DA FEIRA Comiss o Instaladora do Museu Municipal de Exposi o Pr mio Nacional de Escultura Acerca das Tend ncias da Escultura Portuguesa Actual p 117 Medal
23. a for a humana ou a for a de animais necess ria para elevar os pesos que criam a energia para fazer o impacto dos cunhos sobre o disco No entanto os mecanismos movidos a vapor el ctricos ou hidr ulicos com a chegada da revolu o industrial contribu ram definitivamente para uma autonomia da cunhagem em rela o interven o da for a humana o balanc ao ser autoalimentado tinha apenas a necessidade um operador para efectuar a cunhagem Outras m quinas de cariz industrial viriam a integrar o processo de fabrico tanto de medalhas como moedas na prepara o dos discos a cunhar Na fabrica o de moedas uma prensa rolante substituiu o trabalhador que chapeava as placas de metal para serem cortadas e uma m quina de perfura o similar ao balanc substituiu o trabalho extenuante do cortador de discos tanto em precis o como em qualidade As medalhas careciam tamb m de outros mecanismos ligados a processos de fundi o com uma m quina que trabalha atrav s de processos de extrus o onde se concebem lingotes cil ndricos perfeitos para serem depois cortados na espessura desejada A raz o pela qual a prepara o dos discos para as medalhas e moedas se tornou distinta centra se numa quest o de economia de material e de adequa o entre m todos t cnicos Enquanto as moedas pelas suas caracter sticas f sicas de pequeno formato e finas espessuras eram mais facilmente perfuradas a partir de chapas as medalhas ainda que obj
24. acabamento podem ser refor ados pela aplica o de vernizes ou lacas transparentes que n o alteram o tratamento da superf cie 109 M todo de conforma o de chapas met licas dentro de formas assim tricas sem costura atrav s de press o Analisando a t cnica usada as aplica es e os resultados obtidos pode se dividir o repuxamento em duas categorias repuxamento manual feito atrav s de bigorna e martelo ou repuxamento for ado realizado com o uso de uma m quina que pressiona placas matriz com uma forma predeterminada conformando o metal principio do balanc O metal pode ser moldado a frio ou a quente para aumentar a ductilidade da conforma o 76 F Pl sticos e Recursos virtuais novos meios da Escultura Uma nova mudan a revolucion ria nas t cnicas da Escultura tornou se vis vel com a introdu o de pl sticos Assumidamente de car cter industrial mais do que uma ferramenta os pl sticos v o oferecer um novo meio totalmente novo um material que pode ser para al m de constru do moldado modelado talhado ou fundido e com novas caracter sticas f sicas e pl sticas Os pl sticos desempenham hoje um papel fundamental dentro da sociedade sendo cada vez mais explorados pelos escultores como substituto de outras mat rias tradicionais Pertencentes fam lia dos pol meros os pl sticos s o feitos a partir de subst ncias org nicas que cont m qualidades estruturais extraordin rias comparando com ma
25. autorit ria do pedestal cl ssico criando uma rela o da frui o mais humanizada A desvaloriza o do polimento e a modela o cuidada cl ssica substitu da pelo pragmatismo do gesto que Rodin faz na superf cie do barro construindo a figura como um todo numa coes o formal em que a modela o um efeito e n o uma mera representa o fiel realidade Ao deixar as suas marcas fossem dos teques ou das pr prias m os cria uma leveza e dinamismo na figura contrariado a concep o cl ssica da representa o detalhada da figura humana e das superf cies polidas dos panejamentos REGAT O Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano p 55 16 E por ltimo Rodin considerou O pensador como s mbolo de todos os trabalhadores alterando as tem ticas de homenagem a figuras centrais de pol ticos e l ricos como se definia o Monumento cl ssico encerrando definitivamente o elitismo do monumento enquanto tipologia escult rica das ideologias e poderes pol ticos ou religiosos Demonstrou que o monumento pode servir tamb m para a den ncia da situa o pol tica e social e n o apenas para a enaltecer representando muitas vezes figuras do povo oper rios pescadores varinas em posi es de esfor o contrariando as poses solenes dos her is Assim qualquer figura de uma comunidade fosse um erudito local um bombeiro ou trabalhador fabril podia ser inspira o para um monum
26. cies da pe a fundida por necessitarem de ser unidos por outros meios ligados soldadura Comecemos por referir dois dos processos b sicos para a fundi o de Escultura a areia ou a cera perdida Estes dois m todos apresentam diversas variantes desde o tipo de molde e modelo bem como os materiais utilizados para os executar Ainda que hajam estas varia es o princ pio t cnico da fundi o sempre igual modelo molde vazamento rectifica o e acabamento patina No entanto esta op o de fundir a pe a oca feita quando a escultura a ser fundida j tem dimens es de m dia ou grande escala um monumento deve ser fundido oco pe a de pequena escala como uma medalha ou trof u podem ser fundidas s lidas A quantidade de bronze utilizado para uma pe a oca de pequenas dimens es seria absurda para n o falar nos esfor os envolvidos para a tornar oca em vez disso funde se s lida e para evitar as contrac es exageradas utiliza se uma estrutura tubular designada por gitos e respiradores Os gitos respiradores s o sempre colocados em pontos chave da pe a criando uma esp cie de canaliza o volta da pe a a ser fundida Fig 17 Esta rede permite que o material derretido ocupe o interior do molde com um fluxo relativamente r pido ao mesmo tempo que evita a cria o bolsas de ar ao expelir os gases e possibilita um arrefecimento gradual da pe a fundida evitando distor es Ao ser menor que o pr prio v
27. com formas infladas seria tratada por Henry Moore Jonk Nic Gaston Lachaise ou Fernando Botero entre outros 143 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 130 As estatuetas com representa es de V nus s o uma s rie de estatuetas pr hist ricas de mulheres que compartilham certas caracter sticas com formas exacerbadas das zonas ligadas reprodu o vulva seios barriga Encontradas da Europa Oriental at a Sib ria s o talhadas em pedras moles como esteatite calcita ou calc rio ossos ou marfim ou ainda em argila 1 PEREIRA Jos Fernandes Duarte Jo o In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 216 92 Elas aconteceram de um modo espont neo pretendendo exprimir a poesia dos prazeres simples da vida Partindo da figura humana estilizo a pelo arredondamento das formas encho as de ironia originada pela despropor o das cabe as de alfinete encimando corpos bojudos de bilha de membros atarracados 2 Formalmente as figuras femininas de Jo o Duarte s o simplifica es do corpo feminino resultantes da jun o de formas e volumes insistentemente redondos e polidos com grande contraste e despropor o entre as v rias partes do corpo Curiosamente estes volumes org nicos s o organizados atrav s de formas geom tricas compostas que n o a esfera Mais ou menos expl citas os bra os pernas e pesco os s o constru
28. como um jogo um objecto l dico atrav s de encaixes montagens constru es movimentos sons e cheiros Apesar desta tridimensionalidade que se expande para al m do anverso e reverso a Medalh stica est longe de ser um espa o inexoravelmente escult rico praticado apenas por escultores tamb m pintores ou desenhadores e at por designers tiram partido desta forma de express o pl stica A Medalha do s culo XX e XXI constitui de facto esta metamorfose e esta experimenta o que chega a atingir a sua fronteira de identidade isto os limites do que podemos designar de Medalha que continua a ter uma linguagem e fundamentos tipol gicos concretos Em Arte liberdade criadora tem tend ncia a ser bloqueada porque se estabelece frequentemente o equ voco de que a experimenta o assenta numa ruptura radical sem limites que legitima a destrui o do pr prio g nero No entanto a Medalha continua a ser um objecto m ltiplo com um sentido particular de uso tal como todas as formas de cria o humana podendo expandir se para novos assuntos Uma nova conceptualidade na fun o da Medalha surge com o aparecimento das po ticas de autor A Medalha n o tem 38 INCM H lder Batista Forma Emergente entre Escultura e Medalha p 6 36 necessariamente de responder apenas a encomendas p blicas e privadas para comemorar homenagear determinado acontecimento ou feito como at ent o ao s culo XX Pode ser criada com base unic
29. contraste de claro escuro ampliando a forma da escultura para l da sua configura o de contorno escultura pict rica a verdade que escultores como Jo o Duarte desenvolvem as suas ideias e formas assentes em processos claramente geom tricos e construtivos n o tentando esconder as defini es de contorno pelas linhas mas sim enaltece las A linha assim traduzida fisicamente nestas obras por materiais pr fabricados que Jo o Duarte transfere em tubos de a o para o monumento e vergas de bronze para o trof u e medalha S o composi es lineares e simplificadas por formas dispostas verticalmente e horizontalmente no espa o num jogo de direc es e intercep es de converg ncia do centro Ligada ainda ideia de n cleo como energia pulsante do seu centro da escultura na linha que reside a representa o simb lica da tem tica Os elementos construtivos destas formas paralelepip dicas compostas verticalmente e horizontalmente em intercep o perpendicular n o s o assim vistas como mero artif cio de representa o pelo contr rio estabelecem rela es simb licas com a pr pria forma que apresentam A defini o simb lica 2 O conceito de linhas de for a foi introduzido pelo f sico ingl s M Faraday com a finalidade de representar o campo el ctrico atrav s de diagramas da mesma forma tanto a teoria de gestalt como as conven es da percep o visual definem as linhas de for a como direc es
30. contribui definitivamente para o fim da concep o cl ssica do pedestal Desde o renascimento a concep o cl ssica do pedestal torna se uma das marcas incontest veis da tipologia de Monumento desempenhando um papel predominante durante os s culos anteriores A fun o do pedestal centra se sobretudo em elevar as esculturas do solo conferindo lhes um car cter monumental para uma maior glorifica o da homenagem ou comemora o E por outro lado utilizado como mecanismo de enaltecimento tornando mais vis vel a escultura ou est tua no ru do urbano das pra as p blicas Mais do que este car cter de glorifica o e visibilidade na morfologia urbana a dist ncia entre Monumento e p blico tem tamb m um certo poder autorit rio que perfaz os quesitos ideol gicos dos regimes autocr ticos Apesar de reconhecermos os monumentos concebidos para o espectador estes apresentam uma carga impositiva ou seja representam mecanismos autorit rios de domina o e imposi o do povo e sobre o povo utilizando a escala como meio conferida pelo conjunto de est tua e pedestal No entanto a fun o do pedestal n o se resume apenas a aspectos de ordem espacial de destaque urbano e de imposi o e domina o por mecanismos de escala j que o pedestal possui uma grande diversidade de Um tratamento spero torna o material tosco e pesado enquanto um polimento traduz leveza e suavidade forma 15 refer ncias hist ria do a
31. criar as formas em escala real 1 1 para serem transladadas ou fundidas 93 Processo mec nico que consiste em desbastar ou cortar pe as em diversos materiais por meio de um instrumento de l mina que actua em movimento rotativo 46 B Talhe directo e Talhe indirecto O trabalho em pedra de uma antiguidade incalcul vel e uma das pr ticas da Escultura mais antigas Fala se em talhe da pedra mas tende se simplesmente a tomar como exemplo este material para descrever os processos envolvidos numa das pr ticas mais primitivas de criar formas o talhe Como material mais frequente e importante na cria o da Escultura ntima e Monumental os processos de talhe da pedra foram utilizados por v rias civiliza es desde dos tempos antigos Com a multiplica o de monumentos e esculturas ntimas tamb m as t cnicas e ferramentas envolvidas no processo do talhe foram aperfei oadas A t cnica do talhe inicia se com a descoberta e utiliza o de ferramentas que pudessem trabalhar a pedra para a atingir determinada forma No per odo neol tico e no Antigo Egipto usavam se ferramentas em cobre bronze e at outras em pedra normalmente para processos abrasivos Dos diversos utens lios inventados nem todos foram utilizados ao mesmo tempo cada per odo hist rico deu prefer ncia a determinados instrumentos o que resulta na altera o da linguagem empregue na pedra Todavia podem se definir as ferramentas principais e b sicas recorre
32. de mem rias identit rias no entanto estas tentativas resultaram numa reac o por parte do p blico oposta ao esperado A figura o apesar de representada constantemente ao longo dos tempos por diferentes pocas e tempos hist ricos seria a morfologia mais directa e entend vel pela sociedade Pelo contr rio as linguagens abstractas ou construtivas ainda s o demasiado jovens para terem uma aceita o e uma percep o correcta pelo p blico na medida em que n o se definiam rela es identit rias entre obra e p blico ainda que a sua exist ncia j tenha ultrapassado um s culo Em Portugal ap s o 25 de Abril de 1974 as linguagens da Escultura democratizam se na sua forma e conte do de tal forma que se propiciou o desenvolvimento de novos conceitos linguagens materiais e t cnicas 97 envolvendo e delineando os novos par metros nas tipologias de encomenda p blica entre Monumento Trof u e Medalha Jo o Duarte inserido j como escultor numa sociedade democr tica e onde a experimenta o e a inova o eram as palavras chave na Escultura Portuguesa desenvolve a sua carreira maioritariamente em obras resultantes da encomenda p blica A primeira encomenda publica de Jo o Duarte surge na Medalh stica entre os anos de 1981 e 1985 com uma s rie de quatro medalhas cunhadas pedidas pela empresa de grava o e cunhagem Med glis Em 1985 uma encomenda de maior relev ncia feita pela Casa da Imprensa come ou
33. de dinamismo Por outro lado no trof u o acr lico como mat ria da forma principal permite a transpar ncia e consequente visualiza o dos elementos circulares em a o inox e as listras coloridas enquanto que o monumento se assume por uma massa compacta e monocromada em a o apesar da configura o da fam lia oper ria em bronze no topo Assim n o s o apenas as linhas e direc es que a composi o toma como tamb m a explora o pl stica e os efeitos visuais e perceptivos que as mat rias incidem nas formas No contexto das tipologias de Jo o Duarte contrariamente s representa es de movimento real e simulado ou s composi es aparentemente mais est ticas baseadas em linhas ortogonais adquirindo formas mais sim tricas entre si este princ pio perceptivo est impl cito em qualquer estrutura equilibrada A introdu o do movimento e din mica desenvolve se pela aplica o de v rios mecanismos formais e mat ricos propiciando novas orienta es espaciais e mudan as constantes de direc o mantendo o equil brio composi o de escultura mesmo que assim trica 1 Monumento Fam lia Oper ria JD 204 e Trof u 40 Anos da OPEL em Portugal JD 154 141 V Conclus o Ainda que esta disserta o n o pretenda ser uma retrospectiva completa da vida e obra de Jo o Duarte um estudo conclusivo e fechado a pr ximas investiga es sobre o tema tecemos algumas considera es finais Na con
34. de medalha que utilizava a cunhagem progressivamente como a sua t cnica predilecta A introdu o de uma m quina designada de Balanc Fig 31 foi uma das primeiras inven es realizadas para acelerar e fiabilizar o processo da cunhagem Esta m quina viria a mudar definitivamente todo o processo de cunhagem n o s permitindo a acelera o do processo de reprodu o como 833 Enunciando as cincos principais ferramentas para grava o pun o curvo para letras cinzel pontiagudo para pontos um cinzel de corte para linhas uma goiva para ampliar linhas e outro cinzel para desbaste de volumes em bruto criavam uma gama capaz de gerar in meros resultados e volumes nas superf cies dos cunhos com tamb m inscri es BECKER Thomas W The Coin Makers p 111 3 PINTO A Marques Prontu rio de Medalh stica p 17 8 Por m este mecanismo j tinha sido antecipado por Leonardo Da Vinci ao criar um projecto de uma m quina que servia para cortar chapas de metal de forma circular In BECKER Thomas W The Coin Makers pp 115 118 65 tamb m da qualidade de acabamento e a fidelidade dos cunhos para com a s rie reproduzida O princ pio da m quina simples e n o difere da utilizada com cunhos bigorna e martelo por m j n o o homem que exerce essa for a com pancadas violentas dos cunhos sobre o metal mas sim a m quina atrav s de um sistema de pesos Os primeiros tipos de balanc usavam ainda
35. deixando uma impress o precisa em negativo na areia O pr ximo passo centra se novamente semelhan a do processo de cera perdida na cria o da rede de gitos e respiradores abrindo rasgos directamente na areia Embora este processo seja normalmente utilizado para pe as maci as pode tamb m ser criado um macho num molde em areia caso seja necess rio Este tem de ter uma composi o similar areia de fundi o mas uma resist ncia maior constitu da por uma mistura de areia cnamote s lica e leo de linha a O macho deve ser feito independente do molde em areia Por fim o macho tem de ser fixo entre as sec es de areia abrindo tamb m rasgos Depois de fechado o molde deve ser seco num forno para se proceder ao vazamento da liga met lica Depois de fundida a pe a procede se rectifica o e acabamentos procedimentos iguais aos descritos na fundi o em cera perdida Fig 21 Os m todos de fundi o em areia ou cera perdida tornaram se pr ticas recorrentes para fundi o de esculturas fossem de pequeno ou grande formato Por m surgem algumas inova es no desenvolvimento da fundi o de metais com o desenvolvimento tecnol gico nas reas industriais O processo de cera perdida modificado para propiciar fundi es de alta precis o e que se designa por ceramic shell concha cer mica tecnologia que hoje tamb m amplamente utilizada quer na ind stria quer na fundi o art stica 7 Ibid p 114
36. entre cheio e vazio A dial ctica do cheio e do vazio e a pulsa o virtual do volume est o assim bem presentes nestas duas pe as como principais mecanismos formais 48 O car cter de uma esfera reside na sua simetria conc ntrica e na curvatura constante da sua superf cie que tomou na obra de Jo o Duarte um artif cio formal muito significativo principalmente na composi o das suas medalhas Estas inspira nos a uma intimidade um apontamento mas ao mesmo tempo elemento de destaque na composi o que muitas vezes se torna confusa Para elucidar esta rela o compreende se medalhas 111 Anos do Concelho de Loures JD 39 M e d Agua JD 43 Rio Invis vel JD 44 Pr mio de Pintura e Escultura D Fernando II CM Sintra JD 91 O Lugar do desejo JD 92 XI Anivers rio MAC JD 93 JD 93 Pr mio de Pintura e Escultura D Fernando Il CM Sintra JD 97 icharus JD 119 2a Organicidade associada pr tica tradicional da Escultura enaltecida pelo material nobre do classicismo pedra Ortogonalidade associada a modernidade contemporaneidade e aos seu materiais e t cnicos de cariz industrial assimilados em processos construtivos 132 O espa o vazio das pe as solicita uma presen a que se refere ao volume compacto sem que esteja realmente representado pela mat ria A forma opera ent o sobre a percep o visual que nos sugere uma continuidade entre a obra e o espa o que a envolve Uma obra que aspira infinitude
37. es in loco comemorativas de uma vit ria e por isso tiveram como consequ ncia a sua quase inexist ncia f sica at aos nossos dias Ou seja os trof us n o eram pensados previamente para um espa o como os monumentos eram apenas executados como um memorial ef mero que ir a ser destru do pelo pr prio tempo A tipologia do Trof u rapidamente se tornou popular a outras culturas nomeadamente ao Imp rio Romano Os primeiros trof us executados pelos romanos datam do s culo Il a C e tamb m eles eram trof us erigidos nos campos de batalha Por m na Roma Imperial e para n o se perder o registo desses objectos ou dessas comemora es os trof us eram esculpidos e talhados em frisos e m topas de edif cios colunas e arcos triunfais Sempre com uma ndole ilustrativa e explicativa de uma hist ria ou acontecimento militar ou naval tornaram se documentados descritivos ao mesmo tempo que decoravam monumentos e edif cios Ou seja tomaram uma forma que se prestava a representar os trof us comemorativos de determinada vit ria ou acontecimento num suporte definitivo Assim mais em Roma do que na Gr cia os trof us materializam se em representa o escult ricas das cenas de guerra Define se um car cter fortemente decorativo nas representa es dos trof us em detrimento dos objectos armas e armaduras que tinham um car cter ef mero eram erigidos fora dos centros urbanos longe do povo Estas representa es ao servirem de
38. et al Fundi o com Modelo Perdido Lisboa FBAUL 2002 ISBN 972 98505 5 0 DUBY Georges DA VAL Jean Luc Sculpture K ln Taschen 2006 ISBN 978 3 8228 5080 0 FERREIRA Maria Jo o Novas atitudes na medalha contempor nea portuguesa desvios e converg ncias Lisboa Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa 2008 169 f FRAN A Jos Augusto A Arte em Portugal no s culo XX Lisboa Bertrand 1974 INCM H lder Batista Forma Emergente entre Escultura e Medalha Texto Rocha de Sousa Lisboa Nova Lisboa Gr fica 1986 IVAM Chilida Medallas Coord Maria Casanova Val ncia La imprenta comunicaci n gr fica S L 2004 ISBN 84 482 3703 X Jon Radoff s Internet Wonderland Modelling 3D Dispon vel em http radoff com blog 2008 08 22 anatomy of an mmorpg KRAUSS Rosalind E Caminhos da Escultura Moderna Trad Julio Fischer S o Paulo Martins Fontes 1998 ISBN 85 336 0958 2 146 LAMAS Artur Medalhas Portuguesas e Estrangeiras referentes a Portugal Vol 1 parte 1 Lisboa Adolpho de Mendona a 1916 MARTIN Mauro Prototipagem Conceitos M todos e Aplica es Porto Alegre Centro Universit rio Rittter Dos Reis 2006 100 p Trabalho de s ntese da disciplina de Design MAT A Paris et al Conceptos Fundamentales Del Lenguaje Escult rico Madrid AKAL 2006 ISBN 84 460 1804 7 MATOS L cia Almeida SILVA Raquel Henriques da ALVELO
39. experimenta o entre materiais e t cnicas tradicionais e a conjun o de novas tecnologias e materiais de outras reas que n o as da Escultura reflectem se tanto nos monumentos mas ainda na realiza o de trof us e medalhas O entrosamento entre t cnicas da Escultura e outras reas t cnicas da pintura ou da ind stria tornam se ben ficas e pass veis de serem fundidas na materializa o de algumas medalhas e trof us possibilitando novas formas e novas composi es mas fundamentalmente novos conte dos A redefini o dos conte dos conceitos fundamentais da Escultura sempre sofreu altera es no entanto nem sempre esta inova o e jun o compreendida e aceite mesmo num contexto de Escultura Contempor neo e de constante metamorfose Os limites est o sempre presentes Os trof us e medalhas s o pertinentes nesta quest o dos limites das tipologias pela sua qualidade port til e de serem objectos de pequenas dimens es Ainda pela faculta o que propiciaram a Jo o Duarte em ter uma liberdade de an lise e de reformula o das pr ticas tradicionais Medalha e ao Trof u podendo at rejeitar algumas caracter sticas tradicionais A verdade que o escultor Jo o Duarte tornou se um dos inovadores que procurou redefinir esses fundamentos das tipologias da Escultura tendo particular distin o na Medalha 170 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 171 ver anexo Entr
40. final Se o seu material definitivo pedra a maqueta deve ser esculpida em gesso poliuretano expandido etc Que t m caracter sticas de talhe similares mas que permitem uma maior facilidade de execu o e menor esfor o do escultor Procuram se sempre os meios materiais e t cnicos que melhor se adaptem s necessidades tanto do modelo como da escultura final Desta forma atinge se uma unidade em todo o processo criativo e de execu o propiciando uma agilidade na resolu o de problemas t cnicos e pl sticos Sendo a maqueta executado em pequeno formato deve se dar prefer ncia a uma propor o simples para poder ser multiplicado e ampliado Normalmente as maquetas s o ampliadas recorrendo a m todos mec nicos para facilitar o processo entre escala reduzida e escala real embora n o seja uma regra no processo t cnico da Escultura Os escultores preferem por vezes uma amplia o atrav s da observa o visual e t ctil de modo a tornar o processo tamb m ele criativo e n o meramente mec nico MILLS John The techniques of Sculpture p 26 uma forma tridimensional mais despreocupada que a maqueta de formaliza o de ideias podendo afirmar se enquanto pensamento feito mat ria 42 Ampliar a partir de uma maqueta modelo uma opera o ao mesmo tempo dif cil e importante Inerentes a qualquer maqueta modelo existem qualidades como a liberdade formal que a escala reduzida possibilita at simplific
41. forma estrutural e continuada e assumia maioritariamente um car cter mais pr tico que te rico e de resposta imediata s exig ncias da encomendas de obras p blicas No s culo XIX a cria o das academias de Lisboa e Porto tratando se de institui es estatais possibilitar uma maior seguran a profissional e remunerat ria aos jovens escultores que nelas se formavam De influ ncias francesas das beaux arts as Academias de Belas Artes cortavam em definitivo com o ensino de ateli estaleiro resultando numa aprendizagem da Escultura feita em local fixo com um corpo de docentes em constante renova o e a forma o obtida consoante classifica o final 2 A Academia de Belas Artes era ser dotada de todos os meios necess rios para a harmoniza o e adapta o entre pr ticas mais recentes e os modelos antigos 2 mas em vez disso causou um clima de d vidas e equ vocos Desde o Romantismo at ao Estado novo o ensino entra em diverg ncia encimado por um paradigma entre a cria o de g nios pelo ensino de ateli e a ministra o do ensino em academia a estudantes que na sua maioria n o se evidenciavam dentro do panorama art stico A Academia contava entre o seu grupo de docente Francisco de Assis Rodrigues com a sua diminuta obra esculpida sobretudo como te rico que reafirma da apologia da Antiguidade a pr tica essencial do desenho e a observa o da natureza com import ncia no estudo da propor o 18
42. havia t cnicos especializados nem ferramentas pr prias que permitissem eficazmente fazer reprodu o em s rie com qualidade Este processo de cunhagem apesar de rudimentar e manual assentava em tr s etapas que ainda hoje s o seguidas fabrica o do cunho prepara o da pe a a cunhar e cunhagem de pe a A fabrica o do cunho delegada a um gravador que atrav s de cinz is buris e pun es trabalha e talha na superf cie do cunho os motivos que se pretendem cunharem em negativo e baixo relevo O cunho feito em bronze temperado para lhe conferir uma maior dureza depois de finalizados os relevos A segunda etapa prende se com a prepara o da pe a a cunhar normalmente de uma liga met lica mais mole ouro prata e outras ligas 7 PINTO A Marques Prontu rio de Medalh stica p 50 Gi Pe a de a o sobre a qual se gravam em negativo os motivos mas durante o per odo grego era feito em bronze In PINTO A Marques Prontu rio de Medalh stica p 50 Pe a met lica com uma ponta trabalhada geralmente c nica numa das suas extremidades e outra superf cie plana e s o usados para perfurar ou fazer uma impress o numa pe a em que se deseja perfurar ou marcar Fabricados com materiais resistentes como a o a sua utiliza o feita com o aux lio de um martelo 62 met licas com estanho ou chumbo eram fundidos em lingotes cil ndricos sendo depois cortados criando discos circulares Estes d
43. humana para definir propor es entre modelo vivo e esboceto modelado Este compasso constitu do por duas varas de madeira com um parafuso mov vel que deslocado consoante a escala pretendida fazendo uma esp cie de X Numa das extremidades temos a medida do esboceto modelado e da outra a medida ampliada do modelo vivo por exemplo Na segunda metade do s culo XIX um novo processo de amplia o criado por Achille Collas combinou o princ pio do pant grafo usado no desenho moeda e medalha mas que permite criar amplia es de pe as de vulto Apesar de proporcionar uma rapidez de execu o a desvantagem deste processo reside na falta de precis o dos detalhes Pensado inicialmente para reduzir as mais c lebres obras de estatu ria da Antiguidade e Renascimento e ser poss vel mostr las ao mundo o pant grafo de Escultor Fig 12 um instrumento constitu do por barras articuladas e que por ac o mec nica amplia ou reduz sobre material a ampliar a partir de um modelo r gido TEIXEIRA Pedro Anjos Tecnologias da Escultura pp 91 96 51 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 240 BAUDRY Marie Th r se Sculpture M thode et Vocabulaire p 81 45 Os modelos que s o ampliados mecanicamente com este pant grafo devem ser executados num material r gido normalmente em gesso ou pl stico para evitarem ser danificados pela ponta guia que l os volumes O princ pio do mecanismo
44. interpreta em categorias perceptuais forma cor densidade tamanho luz etc Ou seja para a organiza o da nossa percep o atribu mos caracter sticas formais a todas as imagens ou formas que captamos analisando as pela sua apar ncia e estrutura 208 Trata se de uma actividade que come a com os sentidos como receptores de est mulos passando por uma agilidade mental de reorganiza o da informa o terminando numa resposta A nossa vis o incide sobre as formas e organiza as mediante um complexo processo que passa pela capta o do est mulo pela retina e flui em direc o ao c rtex cerebral onde ocorre o processo de consciencializa o e interpreta o da imagem formas ou fen meno ARNHEIM Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora p 69 115 No entanto a Escultura tem a particularidade de estabelecer a percep o visual para l da observa o podendo ser feita com o tacto ao fruirmos as formas e volumes com as nossas m os Nas tipologias de Trof u e Medalha de Jo o Duarte sendo estes objectos de pequena escala e tendo uma voca o ligada frui o manual h um apelo experienciar o da percep o t ctil que o autor faz quest o de explorar repetidamente atrav s da inclus o de mecanismos que apelam manipula o ao manuseamento Todavia nem toda a informa o que se recolhe da realidade feita pelo tacto ao contr rio da percep o visual que nos define g
45. manipula es e modifica es pretendidas Estes processos s o bons substitutos dos desenhos e de montagens manuais com recorte de fotografia tendo como vantagem uma maior exactid o e rapidez dos processos de estudo de enquadramento espacial e lum nico ou formal e crom tico da pe a idealizada A modela o 3D um processo desenvolvido para executar representa es de uma qualquer superf cie volume tridimensional atrav s de 4 e conta com uma variedade de ferramentas programas computorizados gen ricas tal como a t cnica de pol gonos a t cnica por v rtices e a t cnica por arestas Atrav s de malhas complexas de segmentos permite se criar qualquer tipo de superf cies modeladas A modela o pode ser feita consoante os resultados que se pretendem sejam formas minimais e geom tricas muito utilizadas nas constru es de monumentos durante a segunda metade do s culo XX como formas org nicas que podem substituir a modela o em argila gesso ou cera Estes programas podem ainda simular cores texturas luzes transpar ncias e reflexos simulando realidades com a fiabilidade que nenhum m todo tradicional da modela o poderia atingir Fig 49 Todavia se a modela o org nica limitada pela utiliza o de interfaces como o rato e o teclado a introdu o de um sistema que se baseia no uso de sensores instalados nos dedos da m o e num objecto como refer ncia do modelo virtual a ser manipulado pos
46. marc los correctamente e na profundidade desejada na pedra O desbaste da pedra feito medida que s o passados os pontos do modelo at obter a profundidade da superf cie desejada O processo de desbaste n o se diferencia do m todo do 1 Outros processos de amplia o foram pensados e alguns deles executados no entanto a sua complexidade e falta de resultados n o os tornaram populares entre os escultores dentro destes processos de amplia o podemos referir o m todo do tanque de gua de Miguel Angelo ou m todo da caixa de Leonardo Da Vinci que n o importam especificar neste estudo TEIXEIRA Pedro Anjos Tecnologias da Escultura pp 84 86 51 talhe directo empregando as mesmas ferramentas de corte e desbaste cinz is ou rebarbadoras el ctricas pneum ticas bem como os mesmos processos de finaliza o de abras o pedras lixas ou polidoras el ctricas pneum ticas Estes processos de reprodu o foram exaustivamente utilizados durante a segunda metade do s culo XIX e in cio do s culo XX na maioria da escultura em pedra principalmente escultura monumental que carecia de t cnicos que auxiliassem o escultor na materializa o dos seus monumentos Por m o retorno aos m todos directos do talhe foi necess rio para reduziu o uso desadequado dos m todos de translado mec nico por parte de empresas de com rcio de cantaria que reproduziam modelos de forma serial em detrimento da cria o art stica original
47. materiais r gidos como gesso resina ou poli ster ou poliuretano etc Este modelo pode ser utilizado na sua forma original ou cortado em sec es caso haja essa necessidade Para a fabrica o do molde a pe a colocada dentro de uma caixa de areia feita em madeira ou numa liga met lica resistente uma esp cie de rect ngulo separado em duas sec es como dois tasselos Fig 20 Outra forma de fazer este tipo de molde em vez de se pincelar as camadas de material refract rio sobre a pe a em cera mergulha se na pasta e deixa se endurecer repetindo se este processo at obter se uma espessura que estruture o molde convenientemente MILLS John The techniques of Sculpture p 110 56 Dentro da primeira caixa o modelo pressionado com areia de fundi o que tem uma goma e uma certa humedecidade criando uma mat ria firme e compacta Por vezes colocam se dois tipos de areia uma mais fina para os detalhes do modelo e uma mais grossa para dar estrutura ao molde Depois desse tasselo do molde estar terminado e compactado ao modelo pulveriza se com um agente desmoldante normalmente p de giz ou p de talco para que a segunda sec o da caixa com areia n o se cole primeira Repete se na segunda sec o da caixa o mesmo procedimento de compacta o da areia Quando ambos os lados estiverem devidamente compactados as duas sec es s o novamente divididas e o modelo retirado cuidadosamente do seu interior
48. material definem se com precis o todas as arestas e todos os pontos s o removidos posteriormente permanecendo apenas quest es de pormenor no tratamento BAUDRY Marie Th r se Sculpture M thode et Vocabulaire pp 171 174 Descrita no cap tulo sobre o talhe directo e indirecto 44 das superf cies Este processo prosperou durante mais tempo e com grande fiabilidade tendo sempre como desvantagem a demora na sua execu o bem como o engenho daquele que faz este tipo de processo de amplia o Contudo um outro sistema mais simples e intuitivo tornou se o mais vers til e ainda utilizado por formadores e escultores o sistema de r guas graduadas Fig 10 Esse sistema consiste em criar duas estruturas paralelepip dicas id nticas com escalas diferentes uma para o modelo e outra para a mat ria a ampliar Estas estruturas s o constitu das por quatro r guas graduadas verticais sobre cavaletes imobilizados Para a pontea o fixam se outras quatro r guas graduadas horizontais e com o aux lio de um engenho tamb m ele graduado s o marcados os pontos do modelo em altura largura e profundidade e posteriormente ampliados no material definitivo Existe ainda uma varia o do m todo de compassos o compasso de propor es Fig 11 muito mais simples mas menos preciso Este m todo utilizado n o tanto para fazer amplia es totais mas sendo um m todo de apoio utilizado nas disciplinas de modelos de figura
49. medalhas 193 Ver Cat logo Jo o Duarte Escultura Texto lvaro Lobato Faria 93 A fonte de inspira o tudo o que me rodeia o que me sensibiliza o mundo que passa por mim a todo o momento e que me toca a fim de esses momentos eu os poder transformar Para al m dos seus professores serem uma forte refer ncia para a linguagem pl stica de Jo o Duarte h na maioria das suas pe as ntimas uma lembran a estil stica e nalguns casos uma forte influ ncia de escultores no tratamento inflado dos volumes na despropor o da anatomia dos corpos e no polimento das superf cies Por m estas liga es s o meras refer ncias uma vez que Jo o Duarte desenvolveu uma postura pr pria no modo como comp e e resolve as suas pe as formal e tecnicamente Jo o Duarte prefere a verticalidade pela horizontalidade de corpos maci os e pouco din micos conferindo lhes leveza e monumentalidade contrariando a tend ncia de massa ser significado de peso O Escultor liberta a obra da massa monol tica de Henry Moore que j mais se desligam do contacto com o solo atribuindo lhe leveza atrav s de posi es que simulam 7 ou libertando a do ch o atrav s da suspens o e movimentos de esfor o coloca o de outros objectos na composi o nunca descorando o equil brio e harmonia da forma A refer ncia a Virg lio Domingues nas pe as de Jo o Duarte podem ser definidas pelo tratamento similar dos volumes inflado
50. modelo marcam se os pontos necess rios para se poder definir o volume total e s depois atrav s de um instrumento estes pontos eram transladados sobre a superf cie do material Existem dois tipos de m todos instrumentos para executar um translado um j referido anteriormente o m todo dos tr s compassos Fig 9 que permite tamb m ampliar ou reduzir a partir do mesmo princ pio e a m quina de pontear ou cruzeta desenvolvido unicamente para reproduzir escala de 1 1 A m quina de pontear permitiu uma maior rapidez do translado do gesso para a pedra a par de uma fiabilidade com a mesma qualidade do m todo dos tr s compassos Os gregos foram os primeiros a utilizar uma m quina com o mesmo princ pio da pontea o que utilizava tamb m a marca o de pontos no modelo para transferi los na pedra Fig 14 Este m todo foi alterando a sua forma e mecanismo de modo a melhorar a sua fun o com maior rigor Actualmente tornou se num objecto mais pequeno simples e de f cil utiliza o definindo se de cruzeta Fig 15 Essencialmente a m quina de pontear ou cruzeta utilizada da seguinte maneira A partir da marca o de tr s pontos essenciais no gesso transferidos para a pedra A cruzeta fixa nesses pontos essenciais de modo a marcar todos os outros pontos que definem as formas Estes pontos que v o sendo marcados em fun o das v rias volumetrias s o ent o assinalados com uma pua embutida na cruzeta para puder
51. na concep o de Medalha Tradicional que era at ent o a nica poss vel de criar A criatividade dos artistas aliada a uma abertura de conceitos est ticos e sociais possibilitou que a Medalha ressurgi se no seguimento das vanguardas europeias com inova es nunca antes pensadas no contexto desta tipologia art stica A Medalha durante a segunda metade do s culo XX e s culo XXI renova se pela transgress o da mem ria hist rica e normas est ticas e formais que a fundamentavam at ent o Embora fi is s bases e princ pios da Medalha Tradicional assistimos a uma amplia o das possibilidades art sticas t cnicas e est ticas da Medalha de hoje Mantendo se ligada tradi o a Medalha n o bloqueou nem vedou a descoberta e o ensaio sistem tico noutros processos e materiais que permitissem concretizar a comemora o homenagem que uma medalha prop e 33 BOSTR M Ant nia The Encyclopedia of Sculpture Vol 2 p 1034 34 A S B L Promotion de la M daille A Medalha Portuguesa no s culo XX p 17 34 Nascem assim novas vertentes da Medalha que ainda hoje s o discutidas e experimentadas a que designamos como Medalha Contempor nea O caminho que se come ou a percorrer surge de uma multidisciplinaridade de reas que resultam das rela es da sociedade a que a Arte n o est isenta No contexto da Medalha de s culo XX e XXI esta multidisciplinaridade abarca elementos est ticos e pl sticos formais e t cnic
52. ncia de obras monumentos trof us e medalhas assentes numa similaridade da linguagem formal importando definir nesta investiga o em que bases se fundam essas rela es ao n vel pl stico formal est tico e de significa o Muito embora a clara diferencia o entre as escalas das tr s tipologias e as suas caracter sticas espec ficas a obra de Jo o Duarte unifica se pela utiliza o de processos construtivos a par de uma simplifica o estiliza o das representa es ainda que figurativas Estas rela es s o assim analisadas neste estudo a partir da linha do plano volume ou m dulo e liga es visuais t cteis da percep o fixas em jogos entre cheios e vazios repeti o de elementos ou movimento e din mica assentes nos valores da composi o de Escultura Metodologicamente houve a necessidade de come ar por elaborar uma inventaria o completa e exaustiva da obra de Jo o Duarte particularmente de monumentos trof us e medalhas recorrendo a registos fotogr ficos acompanhados de uma an lise t cnica e temporal Esta cataloga o permitiu nos sedimentar uma base s lida para o estudo das rela es tem ticas formais e t cnicas entre elas definindo se um conjunto de obras que pudessem sintetizar essas mesmas rela es linha e forma plano e volume cheio e vazio m dulo e repeti o movimento e din mica Complementarmente centr mo nos em definir e apresentar numa primeira abordagem as tipologi
53. o Godinho Lisboa Edi es 70 1986 SILVA Jorge Henrique Pais da CALADO Margarida Dicion rio de Termos de Arte e Arquitectura Lisboa Editorial Presen a 2004 TURNER Jane The Dictionary of Art Vol 31 Texto Luca Leoncini Nova lorque Groves Dictionaries 1996 ISBN 1 884446 00 0 WOLFFLIN Heinrich Conceitos Fundamentais da Hist ria da Arte o Problema da evolu o dos Estilos na Arte Mais Recente Trad Jo o Azenha Jr S o Paulo Martins Fontes 1984 152 C Cat logos A S B L Promotion de la M daille A Medalha Portuguesa no s culo XX Texto Rocha de Sousa Lisboa IAG Anes gr ficas 1991 ALMEIDA Charters de Retrospectiva Medalha Objecto Desenvolvimentos do Escultor 1964 1982 Lisboa Edi es Estoril Sol 1982 Anverso Reverso Medalha Contempor nea Barreiro C mara Municipal 1999 Anverso Reverso Medalha Contempor nea Lisboa Galeria Municipal Gymn sio 1999 Anverso Reverso Medalha Contempor nea Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moeda 1999 Anverso Reverso Medalha Contempor nea Loures C mara Municipal 1996 Exposi o de Escultura Jo o Duarte Seixal C mara Municipal 1994 ISBN 972 9149 18 6 I mostra de escultura de ar livre C mara Municipal da Amadora 1988 Il mostra de Escultura de ar livre C mara Municipal da Amadora 1989 Il Simp sio Internacional de Escultura em ferro da Amadora C mara Municipal da Amadora 19
54. o em s rie e materiais duradouros para que n o se torne um objecto ef mero mas sim um documento de mem ria que preserve a sua mensagem de poca em poca Embora a mem ria comemora o seja a base de todo o processo criativo da Medalha esta est intimamente ligada t cnica que se utiliza A t cnica da Medalha paralelo a outras reas tecnol gicas da Escultura define o passo final para a materializa o da obra onde a transposi o da ideia se torna forma Remetendo novamente para o panorama portugu s a Medalha Tradicional at ao s culo XIX tem forte influ ncia como j referido anteriormente da Medalha Francesa e Italiana tanto em termos pl sticos como t cnicos O gosto pelo neoclassicismo e romantismo paralelo a uma forte influ ncia acad mica e uma falta de g nios nacionais que pudessem desenvolver a pr tica da Medalha em Portugal limitaram ou at destru ram a capacidade de evoluir em termos pl sticos inovadores esta tipologia escult rica S com o mestre Jo o da Silva dado como pai da Medalha Portuguesa Moderna pela sua capacidade t cnica e composicional permitiram reconhecer a sua obra como identidade e coer ncia da Medalha Portuguesa do s culo XX At praticamente ao final dos anos cinquenta manteve se uma linha est tica constante e serena no mbito da chamada Arte Oficial resultado das encomendas p blicas e algumas privadas Salvo raras excep es n o transpareceram quaisquer ind cios de nov
55. ornamento arquitectura eram secundarizadas porque necessitavam dela para subsistir Os trof us eram assim representados em relevos de m rmore ou bronze constitu dos por um conjunto de armas escudos e armaduras no caso das batalhas por terra ou ncoras e lemes no caso das guerras navais colocados posteriormente sobre o suporte das paredes frisos m topas ou colunas Para al m das representa es na arquitectura o registo destes trof us foi transposto para outros suportes como por exemplo nas moedas e algumas medalhas antigas Mas nem s de comemora es de batalhas subsistiu a tipologia de Trof u Os Jogos Ol mpicos tamb m eram motivo de entrega de determinado 2 TURNER Jane The Dictionary of Art p 369 24 tipo de objectos que enaltecessem e gratificassem os vencedores das competi es Assim o Trof u transforma e rompe com o seu car cter militar ou religioso para dar lugar a uma fun o de pr mio e particularmente de recompensa pelo m rito alcan ado pelos vencedores O Trof u come a ent o a formalizar se para l de um relevo e come a a tomar forma de vulto enquanto corpo aut nomo traduzido em objectos comuns a que se atribu a um valor m stico do culto Os atletas ol mpicos recebiam trof us que adquiriam as mais variad ssimas formas como uma nfora com azeite sagrado um vaso um escudo em bronze ou uma ta a em prata ou seja pequenos objectos individuais longe dos memoriais nos campos d
56. que essa n o seja uma premissa que invalide uma liga o entre as ideias que Jo o Duarte pretende exprimir a tem tica de cada um deles tamb m n o est directamente relacionada o emprego que se premeia no trof u e a comunica o que se comemora no monumento Mas na realidade os conceitos de emprego e comunica o s o compreendidos pelo autor como meios cambiantes e fundamentais no desenvolvimento de uma sociedade Nestes dois exemplos o escultor procurou n o representar os conceitos atrav s da inclus o de imagens convencionadas 20 j que tanto emprego como comunica o s o conceitos pela sociedade demasiadamente abstractos para serem compreendidos numa forma ilustrada Assim partindo da representa o do mundo sociedade globalidade atrav s da sintetiza o do globo estera armilar estes conceitos de emprego e comunica o surgem como novos designat rios da expans o e desenvolvimento da sociedade Sumariamente podemos dizer que estas quatro obras para al m de aglutinarem resultado de composi es de planos t m na sua ess ncia uma manifesta o evidente de sintetiza o das formas a partir de uma desconstru o selectiva da imagem original Este um principio que Jo o Duarte aplica em quase todas as suas obras quando n o limitado pelas encomendas que d o prefer ncia a composi es figurativas e muitas vezes se tornam redutoras da cria o art stica Poder amos ainda referenciar outras obras em
57. repeti o e m dulo Os processos de repeti o e m dulos seguem outros objectivos em Jo o Duarte que se relevam nas pe as Medalha Chave de Honra da Cidade de Montemor o Novo JD 63 Monumento Chave de Honra JD 186 Monumento Chave de Honra II JD 187 Monumento Chave de Honra III JD 188 A modularidade 2 destas pe as directa quando as percepcionamos simultaneamente contudo est o longe de se afirmar como elementos padronizados e similares na medida em que qualquer uma delas constitu da por tr s ou quatro elementos de formato diferente Na Medalha Jo o Duarte apropria se de um objecto comum neste caso concreto uma chave e desconstr ia em elementos planos sugerindo a volumetria de vulto Na materialidade f sica estes planos s o constitu dos em m dulos recortados em chapa de bronze e constru dos a partir de encaixes num geometrismo coeso e unificado A aproxima o formal entre Medalha Chave de Honra da Cidade de Montemor o Novo JD 63 e o Monumento Chave de Honra III JD 188 bvia na medida em que resulta de uma amplia o proporcional como meio de transmuta o entre a pequena escala da medalha e a escala urbana paisag stica do Monumento Esta caracter stica de ampliar medalhas e trof us para monumentos tornou se confusa e at pouco clara nas rela es entre as medalhas e trof us que tendem por vezes a ser vistas como meras maquetas para monumentos Por m Jo o Duarte afirma que as adapta
58. ser assim a ltima das Artes a beneficiar de um ensino erudito 8 colocando tanto o ensino numa estagna o de linguagens pl sticas e conceitos est ticos como os escultores reduzidos condi o de imagin rios de meros fazedores de imagens ou seja a criatividade e conhecimento da pr tica da Escultura eram sobrepostos pela condi o de trabalhador bra al O nascimento do ensino erudito da Escultura em Portugal viria a nascer em Mafra quando D Jos manda retirar da igreja as telas pintadas e substitui las por relevos esculpidos em pedra Permite se com tal obra cumprir uma fun o pedag gica em Portugal tendo car ncia de escultores de tend ncias cl ssicas convida o italiano Alessandro Giusti a chefiar este projecto Giusti encarregava se de ensinar as v rias fases do m todo escult rico a uma equipa de canteiros e disc pulos na escolha do material passando pelo desenho modelos em gesso e terminando na t cnica de execu o transposi o da obra final Este modelo hier rquico de organiza o distinguindo as fun es dentro da equipa permanece como uma norma para uma boa organiza o de m todos de trabalho e contribui para uma eleva o do estatuto do escultor retraindo a redutora no o de oper rio que muitas vezes se impunha Joaquim Machado Castro surge como o escultor mais proeminente desta obra mafrense e aquele que dar seguimento aos ensinamentos de Giusti vinculando se no panorama do e
59. tamb m aqui o pr prio trof u era a cabe a empalhada do animal que o ca ador capturara que posteriormente era colocada num espa o expositivo num sal o ou recinto de modo a atribuir grandiosidade e engenho ao ca ador Mas se os trof us de cabe a foram considerados ofensas pr pria integridade humana e da tornaram se obsoletos ao longo do tempo o mesmo 25 n o aconteceu com os trof us de ca a ainda hoje em dia as cabe as de animais embalsamadas s o muito comuns e a sua pr tica n o se alterou com o passar do tempo Tendo consci ncia do desenvolvimento formal e conceptual desta tipologia que se foi metamorfoseando ao longo dos s culos podemos perceber que at ao s culo XVIII o Trof u nunca foi visto como uma pr tica art stica espec fica nem t o pouco escult rica Os trof us eram simplesmente objectos com uma grande carga simb lica e com uma ndole de vit ria tributo ou recompensa mas alheios composi o escult rica ou s t cnicas tradicionais da Escultura salvo as representa es ornamentais em relevo dos pr prios trof us da Gr cia e Roma S nos s culos posteriores ao s culo XVIII se come a a estandardizar formal e conceptualmente a tipologia do Trof u Uma das suas vertentes b sicas e que se perpetuou desde a Gr cia antiga at aos nossos dias foi a ta a Estas ta as t m ainda hoje um legado e uma hist ria bem enraizada nas culturas quer ocidental como oriental E mesmo que n o s
60. vantagem desenvolveu se muito as t cnicas do talhe do gravador sobre os cunhos e principalmente as ferramentas utilizadas para os gravar amp Fig 29 Este processo de cunhagem viria a prosperar at ao s culo XVI com poucas altera es Mas como em todas as reas tecnol gicas da Escultura tamb m com o Renascimento as t cnicas da cunhagem ganharam uma nova perspectiva Com a passagem da moeda a meio permanente de troca e com a subsequente intensifica o da produ o e pelas novas aberturas art sticas atrav s do nascimento da tipologia da Medalha Ao contr rio da moeda a medalha surge como objecto afirmativamente art stico alterando profundamente os processos da cunhagem A primeira altera o no processo da cunhagem centra se na quest o dos modelos At ent o as moedas sempre foram gravadas directamente no cunho em negativo sem recorrer a um modelo A medalha criada por Pisanello executada a partir de modelos cuidadosamente esculpidos em positivo e numa escala maior que a real para clarificar os volumes e efeitos Em vez serem talhados directamente no metal do cunho em negativo e numa escala reduzida Fig 30 Apesar de algumas melhoras e aperfei oamentos em todo o processo da cunhagem a ltima etapa do processo a cunhagem do disco continuava rudimentar e muito primitiva Paralelamente a necessidade dos mercados comerciais carecerem cada vez mais de maiores quantidades de moeda a circular como tamb m a tipologia
61. 0 Tipologias da Escultura A Monumento O Monumento uma das tipologias centrais da Escultura e a sua hist ria estende se desde a antiguidade O car cter de Monumento esteve sempre imbu do de uma fun o de representa o com um significado ideol gico para exprimir alguns valores ideias dentro de uma sociedade Em arquitectura a monumentalidade obt m se recorrendo a certos elementos estruturais cl ssicos colunas c pulas front es etc enquanto em Escultura a monumentalidade inspira se na defini o humanista da est tua ou seja o Monumento em Escultura define se sumariamente como um objecto que recorda e designa um passado hist rico um modelo para o presente e futuro O Monumento acompanhou a centraliza o do poder implantado em pra as p blicas e centrais dominadas por uma est tua ligada ao poder pol tico marca do per odo absolutista na Europa do XVII e XVIII Por m a antiguidade releva tamb m a tipologia do Monumento ainda que n o definido como tal em grandes representa es espalhadas pelas cidades espelhando o poder e a grandeza dessa civiliza o como tamb m alegorias religiosas ligadas mitologia dos Deuses como elemento primordial dos valores da sociedade Grega e Romana Durante o s culo XIX e XX os Monumentos p blicos continuaram a marcar a paisagem urbana por toda a Europa Em Portugal os monumentos tornam se uma das principais tipologias escult ricas resultado da necessidade de represent
62. 22 B Plano e Volume Se a linha em Jo o Duarte se torna caracter stica como elemento modelador de espa o mesmo que na sua ess ncia consiga apenas atribuir direc es ou limitar formas por contorno o plano surge naturalmente como sucess o dessas linhas espalhadas pelo espa o e a sua capacidade pl stica na Escultura tem igual intensidade expressiva na obra de Jo o Duarte Podemos encontrar defini o de forma atrav s de plano em duas vertentes em relevo ou vulto perfeito e perceber de que maneira as apreende comp e e significa Por conceito geom trico o plano afirma se como traject ria de uma linha em movimento numa outra direc o que n o a sua intr nseca No entanto no espa o tridimensional e relativo Escultura o plano desenvolve se para al m de um apontamento virtual sendo imposs vel determin lo sem espessura Surgindo como algo material e f sico o plano gerador de forma e pode valer se no espa o a si pr prio como factor suscept vel na pr tica da Escultura Nas obras de Jo o Duarte que analisamos sobre a constru o da forma a partir do plano temos afirmativamente uma duplicidade de manipula o do volume Por um lado temos relevos como o Monumento Liberdade JD 175 e Medalha comemorativa dos 150 Anos do Tribunal da Boa Hora JD 20 em que o plano assumido com a capacidade de criar e por outro lado temos o Trof u para o 1 Pr mio do J ri do Concurso de Produtos Mostra Emprego e ADAPT
63. 5 151 153 157 Introdu o A inexist ncia de um apontamento monogr fico sobre Jo o Duarte e a inventaria o da sua obra enquanto escultor e medalhista a par da aus ncia de refer ncias te ricas e cient ficas entre a sua linguagem pl stica e as tipologias da Escultura entre Monumento Trof u e Medalha que desenvolve parece nos justificar o presente estudo Nesta disserta o pretendemos analisar a vida e a obra de Jo o Duarte reflectindo nas rela es entre Monumento Trof u e Medalha resultantes da encomenda p blica bem como nas mat rias e t cnicas intr nsecas sua obra Faremos tamb m uma abordagem sua po tica de autor e sua actividade enquanto docente inserido no panorama art stico portugu s entre 1980 e 2010 Jo o Duarte faz parte da gera o da viragem revolucion ria do 25 de Abril de 1974 Este per odo de mudan a e ruptura pol tica social econ mica e cultural em Portugal ser particularmente relevante no desenvolvimento da sua carreira que se continua at aos dias de hoje Estabelecendo uma linguagem de cr tica e reflex o da sociedade Jo o Duarte encontra a sua primeira express o escult rica em obras de po tica de autor logo ap s a conclus o da forma o acad mica em Escultura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa ESBAL Esta po tica de materializa o de esculturas ntimas que define de Gordas esculturas femininas com uma figura o exacerbada de formas re
64. 50 Anos do Tribunal da Boa Hora JD 20 distancia se por m da concep o tradicional ao nascer por sobreposi o de planos tridimensionais no espa o e n o por uma simula o modelada ou talhada de planos de profundidade sobre uma mat ria Os planos existem no espa o e s o eles que v o modelar a forma pela sobreposi o de planos distintos Enaltecida mais uma vez a tend ncia construtiva e dos materiais pr fabricados que Jo o Duarte utiliza na materializa o das suas pe as procura se criar uma composi o com vazios dos recortes contrastados com a opacidade das chapas atrav s de planos sobrepostos formalizados a partir de chapas de ferro e de bronze Estes planos de chapa ao contr rio das obras anteriores geradas a partir de linhas desenvolvem se sobre uma composi o bidimensional Apesar de participarem de uma tridimensionalidade o seu car cter bidimensional que importa diferenciar e portanto o seu efeito visual de silhueta Este efeito percepcionado atrav s dois planos essenciais frontais e perpendiculares linha de vis o do observador tanto na medalha como no monumento 2 Na medalha digamos que permanece uma tend ncia tradicional de captar um anverso e um reverso pela sobreposi o e quinagem de chapas Pelo contr rio o monumento apesar de se fomentar esta bidimensionalidade n o exclusivamente limitado a esses pontos de vista Jo o Duarte obriga o observador a percepcionar a forma
65. 6 0 5 O sonho do guerreiro escultura Jos Co lho Texto Jo o Duarte Fernando de Azevedo S 1 Hugin Editores 2000 ISBN 972 8534 78 7 REITORIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA Um Percurso na Medalha em Portugal Lisboa Universidade de Lisboa 2005 SILVA Carlos Batista da A Medalha em Portugal de 1960 at aos nosso dias vis o retrospectiva e antol gica Lisboa Design 98 1999 V Mostra de Escultura de Ar Livre Amadora 97 Texto Serafim Ferreira Cristina de Azevedo Tavares C mara Municipal da Amadora 1997 Virg lio Domingues os Antimonumentos Org C mara Municipal da Amadora e Galeria Municipal Artur Bual Amadora GIRP 2010 156 D Peri dicos A Medalha Revista de Medalh stica vol 1 35 Dir A Marques Pinto Porto O primeiro de Janeiro 1972 75 Arte e Teoria n 11 Dir Jos Fernandes pereira Lisboa Facsimile 2008 ISSN 1646 396X Clube do Coleccionador Dir Correios e Telecomunica es de Portugal Lisboa Grafidec Moeda Revista portuguesa de numism tica e medalh stica Dir Filipe Correia Lisboa Publinummus ISSN 0872 8305 PINTO A Marques Notas de Medalh stica Vol 1 Porto O Primeiro de Janeiro 1972 157
66. 67 Escultura O Mar a seus p s JD 168 Escultura Cintilante Sono JD 172 Escultura Banho de S bado JD 174 223 Quando vemos um carro em movimento este descreve uma linha horizontal e n o por isso que se esteja a criar uma linha f sica no espa o mas sim a direc o que toma define uma linha virtual 224 Medalha comemorativa do 25 Anivers rio da Socobre Constru es JD 84 Trof u comemorativo ao 25 Anivers rio da Socobre Constru es JD 153 Monumento Solidariedade da ABEI JD 196 S ARNHEIM Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora p 271 120 Entendidas como linhas de clarifica o perceptual descrevem se como linhas de for a da forma 2 O nosso campo perceptivo est pois organizado em representa es de linhas de for a de maneira a darmos significado espacial quilo que se percepciona em tridimensionalidade Estas linhas est o sempre determinadas e impl citas em qualquer forma desde um relevo com representa es figurativas ou explicitas em pe as de vulto perfeito de car cter construtivo e geom trico Desse modo a linha surge como origin ria de formas mas tamb m como elemento de percep o que nos facilita a interpreta o dos volumes colocados no espa o Todavia as linhas n o s o meros apontamentos espaciais imateriais s o tamb m definidoras do contorno das formas Se o barroco se pautou pela aboli o de formas criando efeito de
67. 93 III mostra de Escultura de ar livre C mara Municipal da Amadora 1991 153 IV mostra de Escultura de ar livre C mara Municipal da Amadora 1993 Jo o Duarte Escultura Desenho Lisboa SNBA Galeria de Arte Moderna 1983 Jo o Duarte Medalha Contempor nea Beja Museu Jorge Vieira Casa das Artes 1999 Jo o Duarte Anverso Reverso 5 Medalha Contempor nea Texto lvaro Lobato Faria Maria Rosa Figueiredo Lisboa MAC 2009 Jo o Duarte Escultura Texto lvaro Lobato Faria Lisboa MAC 200 Jo o Duarte Medalha Contempor nea Textos Carlos Batista da Silva H lder Batista Lisboa J amp L Designers 1997 ISBN 972 44 1246 6 Jo o Duarte Medalhas Texto lvaro Lobato Faria Lisboa Lisboa MAC 200 ISBN 989 20 0061 7 Jo o Duarte Alpiar a Casa Museu dos Patudos 1989 Jo o Duarte Escultura Lisboa Atrium da Imprensa 1984 Jo o Duarte Escultura Lisboa Galeria Tempo 1987 Jo o Duarte Escultura Texto Eurico Gon alves Lisboa Galeria Santa Justa 1992 Jo o Duarte Escultura Texto Jos Ant nio Carmo Vila Frana de Xira Galeria Municipal 1989 154 Jo o Duarte escultura Texto Manuel Augusto Ara jo Loures C mara Municipal 1990 New ideas in Medallic Sculpture 1998 1999 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 1998 New ideas in Medallic Sculpture 1999 2000 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and
68. Abstract The base of this research is to create an inventory and monographic note about the life and work of Jo o Duarte from the analysis of monuments trophies and medals that result as a public ordering making a reflection about the typological possibilities languages and technical and matters In addition it s made an approach concerning the poetic and activity as teacher which are essential to the understanding of this entire study Jo o Duarte is a contemporary sculptor placed in the Portuguese artistic context in the 80 s Being recognized nationally and internationally in the area of medals as his main sculptural work as well as his author s poetic he approaches the treatment of the female figure with round shapes and quotidian irony The sculpture of Monument and Trophies are also fundamental parts to the development of his career Palavras chave Jo o Duarte Escultura Monumento Trof u Medalha Key words Jo o Duarte Sculpture Monument Trophy Medal Agradecimentos Agrade o profundamente ao Professor Jo o Castro Silva por todo o apoio e prontid o prestada ao longo da orienta o deste estudo Agrade o ao Professor Jo o Duarte pela disponibilidade na recolha e inventaria o fotogr fica e iconogr fica da sua obra bem como as informa es monogr ficas que forneceu Agrade o ao Professor Jos Carlos Pereira e ao Professor Eduardo Duarte pelo aux lio na defini o inicial e escolha do tema da diss
69. Duarte tiram partido das melhores qualidades visuais e formais de um qualquer mecanismo pl stico da Escultura ou elemento perceptivo daquilo que nos proposto 133 D M dulo e Repeti o Enquadrado nas correntes art sticas ligadas segunda metade do s culo XX o m dulo e a repeti o surgiram como elementos composicionais Escultura amplamente utilizados pelo construtivismo e minimalismo Em Portugal seguindo se as ideias europeias estes mecanismos formais tornaram se recorrentes onde s o as mat rias e t cnicas de cariz industrial que melhor se vocacionam para materializa es modulares e repetitivas Jo o Duarte inserido num per odo hist rico em que cada vez mais as tend ncias industriais se encontram enraizadas na cultura art stica parte das possibilidades pl sticas dadas pela industrialidade s o transferidas para a sua linguagem pl stica assumidamente geom trica Ligada s mat rias e t cnicas dos processos construtivos Jo o Duarte tem uma rela o vincada com alguns dos processos compositivos do Minimalismo e do Construtivismo Podemos definir alguns pontos de contacto entre a obra de Jo o Duarte e estes movimentos que se que centram acima de tudo na apreens o e composi o de m dulos para criar conjuntos de elementos e portanto uma forma unificada o uso de mat rias como o ferro em formatos pr fabricados e as t cnicas subservientes para as trabalhar como ponto de partida para com
70. Escultura Portuguesa Actual p 106 138 Ibid p 117 85 delineamento um novo rumo na Escultura Portuguesa Ainda enquanto aluno faz a revolu o de Abril de 74 num momento decisivo de constru o da sua pr pria identidade como escultor Tem a oportunidade de quebrar e libertar as limita es que ainda tentavam resistir fundamentadas da Arte Oficial do Estado Novo Dois anos depois de ingressar na Escola Superior de Belas Artes Jo o Duarte destacado para o servi o militar em Angola e v se obrigado a deixar para tr s a sua forma o em Escultura Vindo da Guerra um ano mais tarde 1975 retoma os estudos vindo a concluir a licenciatura em Escultura no ano lectivo de 1977 1978 Durante a sua forma o o contacto com alguns dos seus professores foi fundamental para um contacto profundo com a realidade art stica que se desenvolve durante a segunda metade da d cada de 70 O pr prio escultor Jo o Duarte afirma que muitos dos ensinamentos de professores como Jo o Afra Ant nio Duarte e Euclides Vaz pedagogos irrepreens veis no ensino da Escultura se tornaram basilares para o seu desenvolvimento como escultor e medalhista preservando e aplicando esses ensinamentos enquanto escultor e tamb m professor ainda hoje Ant nio Duarte e Euclides Vaz que se firmaram enquanto escultores na d cada de 40 e por isso escultores que acompanharam em pleno e fizeram parte do grupo de escultores intervenientes da Escultura Monumental
71. Esta dicotomia entre cheio e vazio tornou se bastante expl cita no enquadramento da obra de Henry Moore A determina o e uso de buracos vazios nas pe as de car cter org nico em que muitas vezes utiliza a figura humana e a paisagem tentando fundi la numa s proporcionou uma nova forma de capta o visual e espacial em jogos formais entre o maci o e o oco na express o de outras possibilidades de representa o Estas aberturas na massa compacta do mon lito talhado n o s o meros intervalos inertes e vazios entre a mat ria mas detentores de uma subst ncia particular ao conterem o espa o A forma apresentada como presen a e mat ria f sica no espa o apenas se define com o vazio em redor que viabiliza a sua materialidade espacial O vazio n o deve ser encarado como mera inexist ncia porque o espa o n o se faz unicamente de mat ria palp vel ultrapassa a no o de f sico e implica valores que n o s o contabilizados em termos de mat ria Esta rela o entre a mat ria e a n o mat ria como elemento modelador de 243 FRANCASTEL Piere Arte e T cnica nos s culos XIX e XX p 266 24 GON ALVES Carla Psicologia da Arte p 69 Este pensamento permitiu reequacionar a quest o do estudo da gestalt da organiza o figura fundo em que a imagem ou forma percepcionada pelas suas partes cheias e n o aos espa os vazios que existem neles ou entre eles In GON ALVES Carla Psicologia da Arte p
72. Hamper Gallery 1999 New ideas in Medallic Sculpture 2000 2001 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2000 New ideas in Medallic Sculpture 2001 2002 Nova Iorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2001 New ideas in Medallic Sculpture 2002 2003 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2002 New ideas in Medallic Sculpture 2003 2004 Nova Iorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2008 New ideas in Medallic Sculpture 2004 2005 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2004 New ideas in Medallic Sculpture 2005 2006 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2005 New ideas in Medallic Sculpture 2006 2007 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2006 New ideas in Medallic Sculpture 2007 2008 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2007 155 New ideas in Medallic Sculpture 2008 2009 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2008 New ideas in Medallic Sculpture 2009 2010 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2009 New ideas in Medallic Sculpture 2010 2011 Nova lorque Medialia Gallery in the mail Rack and Hamper Gallery 2010 NOBRE Jos Ant nio M ltiplos Texto Carlos Marques Porto Greca Artes Gr ficas 2004 ISBN 972 9937
73. M Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora Trad Ivone Faria S o Paulo Pioneira 2000 ISBN 8522101485 BENJAMIN Walter Sobre arte t cnica linguagem e pol tica Trad Maria Luz Moita Maria Am lia Cruz e Manuel Alberto Lisboa Rel gio D gua Editores 1992 ISBN 972 708 177 0 CAIAZZO Cinzia Dicion rio de Termos Art sticos e Arquitect nicos Lisboa P blico 2006 ISBN 84 9819 477 6 CARCHIA Gianni D ANGELO Paolo Dicion rio de Est tica Lisboa Edi es 70 2009 ISBN 9789724415291 ECO Umberto A Defini o da Arte Trad Jos Mendes Ferreira Lisboa Edi es 70 2008 ISBN 978 972 44 1266 5 ECO Umberto Os Limites da Interpreta o Trad Jos Cola o Barreiros Lisboa D fel 1992 ISBN 972 29 0225 3 FOCILLON Henri A Vida das Formas seguido de Elogio da M o Trad Ruy Oliveira Lisboa Edi es 70 2001 ISBN 972 44 1061 7 FRANCASTEL Piere Arte e T cnica nos s culos XIX e XX Trad Humberto de vila Adriano de Gusm o Lisboa Livros do Brasil s d 151 GON ALVES Caral Alexandra Psicologia da Arte Lisboa Universidade Aberta 2000 JOLY Martine A Imagem e os Signos Trad Laura Carmo Costa Lisboa Edi es 70 2005 ISBN 972 44 1246 6 LEROI GOUHRAN Andr Evolu o e T cnicas o Homem e a Mat ria Vol Lisboa Edi es 70 1971 MUNFORD Lewis Arte e T cnica Trad F tima Louren
74. S Heitor A figura humana na escultura portuguesa do S c XX Porto Universidade do Porto 1998 MATOS M rio Manipula o da Fotografia T cnicas Vantagens e Limites Covilh Faculdade da Beira Interior 2007 30 p Trabalho de s ntese da disciplina de Fotografia MELO Alexandre Arte e Artistas em Portugal Lisboa Bertrand 2007 ISBN 978 972 25 1601 8 MILLS John The techniques of Sculpture Londres B T Batsford 1976 MOTA Arlindo Formas de Abril Monumentos comemorativos do distrito de Set bal Set bal Associa o de Munic pios da regi o de Set bal 2009 ISBN 978 972 9908 73 3 MOTA Arlindo Formas de Liberdade o 25 de Abril na Arte P blica Portuguesa Lisboa Montepio Geral 1999 MULLANEY Sean Talking Up Sculpture Londres Arhur Barker limited 1971 ISBN 0 213 00367 8 147 MUSEU CALOUSTE GULBENKIAN Medalhas e plaquetes colec o Calouste Gulbenkian Dir Jo o Castel Branco Texto Maria Rosa Figueiredo Lisboa Guide Artes Gr ficas 2004 ISBN 972 8848 10 2 PADOVANO Anthony The process of sculpture Nova lorque Doubleday 1981 ISBN 0 306 80273 2 PEREIRA Jos Fernandes Duarte Jo o In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa Lisboa Editorial Caminho 2005 ISBN 972 32 1723 8 PEREIRA Jos Fernandes Ensino In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa Lisboa Editor
75. Sucede se na doc ncia da Escultura os professores Sim es de Almeida sobrinho e Leopoldo de Almeida A revolu o de Abril de 1974 trouxe um novo impulso no desenvolvimento do Ensino Superior na ent o Escola Superior de Belas Artes de Lisboa ESBAL Pretende se a liberta o da escola do restritivo conceito cl ssico e exige se um posicionamento de aceita o para com as vanguardas no contexto pol tico e social que o pa s vivia na altura E procura se tamb m redefinir o estatuto do artista sendo um elemento fundamental na procura de novos conte dos e tecnologias para uma abordagem contempor nea da cria o e do ensino art stico O ensino da Escultura alberga ao mesmo tempo forma o art stica te rica e pr tica como tamb m uma qualifica o pedag gica permitindo o exerc cio da doc ncia Em contrapartida as altera es no plano art stico afectando consequentemente o ensino colocam no sujeito individual o fundamento de criatividade ilimitada 1 PEREIRA Jos Fernandes Ensino In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 219 19 Ibid p 220 Designa o da reforma de 1957 7 SILVA Jo o Castro O corpo humano no ensino da escultura em Portugal mim se e representa o p 352 1 Ibid p 354 19 109 Este o ambiente pedag gico em que se Jo o Duarte contextualizado como aluno num momento de constante metamorfose dos fundamentos da Escultura e
76. UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS ARTES JO O DUARTE ENTRE MONUMENTO TROF U E MEDALHA 1980 2010 HUGO JORGE AFONSO PAIVA MACIEL MESTRADO EM ESCULTURA P BLICA 2011 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS ARTES JO O DUARTE ENTRE MONUMENTO TROF U E MEDALHA 1980 2010 HUGO JORGE AFONSO PAIVA MACIEL MESTRADO EM ESCULTURA P BLICA Disserta o Orientada pelo PROF DOUTOR JOAO CASTRO SILVA 2011 Resumo O fundamento desta investiga o criar um apontamento monogr fico e de inventaria o de vida e obra de Jo o Duarte a partir da an lise de monumentos trof us e medalhas resultantes da encomenda p blica fazendo uma reflex o sobre as possibilidades tipol gicas de linguagem como tamb m de t cnicas e mat rias Complementarmente define se uma abordagem respeitante s refer ncias po tica de autor e a actividade docente de Jo o Duarte como fundamentais para a compreens o conjunta deste estudo Jo o Duarte um escultor contempor neo inserido no contexto art stico portugu s na d cada de 80 Reconhecido nacional e internacionalmente pela rea da Medalh stica como a sua principal actividade escult rica e por uma caracter stica po tica de autor em que o tratamento da figura feminina dotado de formas redondas e de uma ironia quotidiana S o tamb m as reas da Escultura de Monumento e Trof u partes integrantes e fundamentais para o desenvolvimento da sua carreira
77. a ainda hoje amplamente utilizada e pode tamb m agregar se com outras t cnicas que decorrem de processos de constru o como veremos de seguida 68 E Constru o Com o aparecimento de novas correntes art sticas no in cio do s culo XX resultantes de uma necessidade de repensar as tradi es t cnicas e conceptuais cl ssicas e modernas no panorama contempor neo os escultores prop em se criar formas cada vez mais abstractas e minimais provindas muitas vezes de uma experimenta o t cnica e mat rica Experimenta o esta relacionada com o aparecimento novas tecnologias e materiais particularmente m todos construtivos ligados ind stria A constru o fundamentalmente usada para descrever a cria o de uma forma tridimensional a partir de v rios objectos m dulos ou pe as e que viria a tornar se numa t cnica espec fica da Escultura no decorrer do s culo XX a par da amplia o talhe directo indirecto e fundi o No entanto a constru o de esculturas por diferentes materiais e t cnicas n o era pr tica desconhecida j no Antigo Egipto os materiais eram unidos por processos rudimentares para criar esculturas A incrusta o era uma das t cnicas mais utilizadas para que se pudessem unir metais pedras ou madeiras com outros elementos penas marfim conchas pedra preciosas ou tecidos O princ pio do processo era gravar o material base para serem embutidos os outros materiais de modo a que fic
78. a o de novas compet ncias e a experimenta o de novas realidades fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem dos jovens escultores Embora haja um desaceleramento da forma o de grupos de artistas pl sticos que deram lugar individualiza o das carreiras Jo o Duarte afirma em mais do que um grupo Formados por rela es de amizade ou frequ ncia escolar estes grupos n o significavam unidades program ticas e est ticas da situa o da Escultura em Portugal mas actuavam no sentido de apresentar e divulgar as novas gera es e as novas linguagens pl sticas Jo o Duarte com Lu sa Nogueira e Carmo P lvora criam o grupo Grupumus em parceria com duas pintoras afirmando se como um movimento de divulga o da Arte Portuguesa na Europa uma vontade expl cita em desmontar os sistemas tradicionais da representa o reordena los com novas ideias e expandi los al m das iniciativas que realizavam em Portugal Assim a vontade de Jo o Duarte em criar e pensar a Escultura levou o a desenvolver o seu trabalho tanto dentro como fora do pa s percorrendo tanto a escultura intimista ligada s po ticas de 14 Ibid p 617 14 Estes ateli s eram atribu das aos alunos finalistas das licenciaturas da ESBAL FBAUL tendo por objectivo permitir que iniciem a sua carreira com um espa o f sico correspondente pr tica da Escultura 14 Modelada em barro maior que a escala real no ateli pelos membros do grupo 42 fo
79. a o dos detalhes que podem ser perdidos quando ampliados sem recursos mec nicos mais exactos que a mera observa o visual e t ctil Desse modo os m todos mec nicos de altera o de escala tornaram se uma das t cnicas usuais das pr ticas da Escultura como parte integrante do processo de materializa o de esculturas monumentais como ntimas desde os tempos antigos Sendo um processo de transi o de escala possibilita ampliar ou reduzir um volume sem perder fidelidade do original Convencionalmente estes m todos s o utilizados para amplia o de modelos ou esculturas de pequeno formato A quadratura Fig 8 m todo arcaico muito utilizado para amplia o de monumentos desde a Era Eg pcia consistia em criar grelhas que circundassem o modelo a ser copiado e conceber outras grelhas numa escala superior em redor do suporte de modo a transferir as faces do modelo ampliadas Este m todo embora facilitasse a semelhan a entre o modelo e a escultura final n o era totalmente fiel A amplia o ao ser trabalhada por imagens bidimensionais tornava a tarefa enganadora e pouco exacta na reprodu o dessas mesmas imagens em formas tridimensionais Durante o per odo helen stico a inven o de processos mec nicos de amplia o por pontos permitiu uma maior fidelidade do modelo em rela o escultura final Sendo seja um processo mais moroso e complexo e por isso este m todo essencialmente t cnico mec nico ausente
80. a o f sica dos per odos conturbados da hist ria nacional ou de difus o ideol gica dos regimes pol ticos As guerras e revolu es que assolam as comunidades tornam se marcos temporais na mem ria colectiva da sociedade e para que esta n o se perca e se perpetue para al m de uma mem ria mental os Monumentos permitiram a materializa o dessas situa es conturbadas com representa es aleg ricas nos centros urbanos A Escultura 1 PEREIRA Jos Fernandes Monumento In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 400 REGAT O Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano p 7 11 Monumental tornou se assim a principal pr tica dentro da tradi o da cultura ocidental at ao inicio do s culo XX Desde o s culo XVIII encontramos as primeiras defini es daquilo que entendido como Monumento Hoje define se Monumento com base na defini o de Assis Rodrigues que entende o Monumento como toda a obra que serve para comemorar ou conservar a lembran a dos homens ilustres ou dos grandes acontecimentos em que estes participam principalmente as obras de Arquitectura e Escultura Portanto tinham a sua funcionalidade prim ria na comemora o de personalidades pol ticas figuras e acontecimentos hist ricos figuras da literatura e regimes pol ticos como a Rep blica ou o Estado Novo Estas representa es s o transmitidas atrav s de um conju
81. a entre outras Embora a situa o dos escultores em Portugal se paute por uma certa autonomia no modo como foram recebidas as influ ncias e resolvidas nas tend ncias pl sticas j existentes a d cada de 60 veio cimentar a d cada seguinte naquilo que viria a ser o in cio das novas tend ncias escult ricas livres daquilo que podemos chamar Arte Oficial A d cada de 70 servir ent o de charneira entre a primeira e a segunda metade do s culo XX entre a Escultura Moderna e Contempor nea vanguardas que viriam a fomentar a estrutura o de uma nova identidade cultural e art stica no seio da Escultura Portuguesa O aparecimento de alguns grupos de artistas tornou se pertinente para esta defini o de identidade cultural e art stica a Alternativa Zero um desses casos criando uma consciencializa o comum nas ideias projectos e obras finais Projecto da autoria de Ernesto de Sousa contou com o envolvimento de artistas da d cada de 70 e pretendeu conciliar v rias reas art sticas desde a Escultura Pintura passando pelo Cinema o Teatro e Literatura Jo o Duarte apesar de n o ter feito parte desse grupo n o seria alheio a estas convic es de ruptura e de 133 Em Lisboa a Galeria 111 e a sua extens o portuense Zen 134 Sociedade Nacional de Belas Artes 1860 1951 135 SANTA MARIA DA FEIRA Comiss o Instaladora do Museu Municipal de Exposi o Pr mio Nacional de Escultura Acerca das Tend ncias da
82. a medida em que o escultor tem de perceber o resultado obtido de cada gesto se o volume mais redondo ou mais facetado O processo de cria o desenvolve assim desde a ideia a execu o f sica da mesma Anteriormente as tecnologias art sticas estavam confinadas as especificidades t cnicas e s linguagens pl sticas pr prias das pocas o mesmo n o acontece com as correntes modernistas do princ pio do s culo XX O esbater entre procedimentos t cnicos conduz a um nivelamento gradual das t cnicas art sticas s t cnicas n o art sticas Conv m perceber que os procedimentos art sticos tamb m n o s o inventados pelas disciplinas da Arte mas sim resultado do sistema t cnico j existente na sociedade utilizado para satisfazer outras necessidades quotidianas artesanais que n o as art sticas Falando das t cnicas da Escultura para a execu o de monumentos medalhas ou trof us estas tipologias comemorativas recorrem a t cnicas n o proveniente necessariamente da disciplina art stica Esta apoderou se como j referido no cap tulo anterior das tecnologias artesanais do oleiro carpinteiro canteiro e fundidor e que foram posteriormente adaptadas para as tecnologias espec ficas da Escultura At que ponto e que crit rio se pode tomar quando se divide tecnologias art sticas e n o art sticas O tempo torna se o crit rio mais favor vel para uma defini o concreta e global destas t cnicas Tendo como base a linha
83. acto de n o existir um modelo que se possa reproduzir mecanicamente impossibilita que os gestos do escultor sejam mec nicos estes t m de ser pensados como se de uma modela o directa em argila se tratasse Para al m disso a forma do bloco deve ser levada em conta podendo at influenciar a forma final da escultura A mat ria n o apenas um suporte tem tamb m caracter sticas f sicas que podem estabelecer determinado gesto ou forma Como desvantagem o talhe directo n o admite erros o que removido n o pode ser reposto contudo a cria o de modelos em argila ou cera permite uma vis o clara e tridimensional da composi o que a escultura ir tomar e evita esses poss veis erros facilitando o talhe na pedra como refer ncia Assim o talhe directo como processo de cria o de formas e volumes retoma o paradigma de que o fazer tamb m pensar n o reduzindo a t cnica a um mero processo mec nico Da a necessidade do escultor estar a cargo de todo o processo de execu o da escultura A t cnica do talhe depende do material utilizado antes de escolher a pedra devem ser estudadas as suas qualidade f sicas estruturais dureza textura cor e resist ncia para se garantir um bom ajuste na finalidade para que o material foi escolhido O m rmore o material mais utilizado dentro das variedades de pedra na pr tica da Escultura Pela sua elevada resist ncia s condi es clim ticas e resultado polivalente das superf
84. alking Up Sculpture p 60 99 Escultura enquanto objecto puramente art stico mas sim da Escultura com ve culo para uma tem tica comemora o transmitida tridimensionalmente de modo eficaz e percept vel a unidade da pe a imprescind vel para uma leitura l gica Para atingir essa unidade tento sempre simplificar ao m ximo as pe as sem que perda o significado atrav s da geometria utilizo planos e linhas para encontrar o equil brio 8 As condicionantes f sicas relacionadas com a escala equil brio harmonia e estrutura em rela o ao espa o que ocupa seja ele monumental ou ntimo e as condicionantes ps quicas do p blico em rela o simbologia e tem tica comemorativa n o s o de forma alguma postas de parte por Jo o Duarte s o unicamente linguagens mais afastadas da figura o formas elementares da geometria que podemos observar nas obras de encomenda Esta linguagem de simplifica o das formas tem uma tend ncia t cnica explicitamente construtiva que Jo o Duarte transferida de modos distintos nas tr s tipologias comemorativas Monumento Trof u e Medalha Os monumentos mais geom tricos encontram a sua melhor materializa o no a o carbono ou inoxid vel pela conformidade entre a linguagem geom trica e as caracter sticas f sicas do material que podem estabelecer determinado gesto ou forma pela necessidade de uma escala humana mas tamb m em exposi o s condi es climat
85. almente em dois modelos O primeiro e mais comum era constitu do pelas armas escudos e armaduras capturadas que eram suspensas em rvores dispostos para se assemelharem a um guerreiro Simulavam a antropomorfia humana particularmente numa representa o elementar de um general ou um deus O segundo modelo tamb m constitu do por objectos militares era ao contr rio do anterior eram disposto sobre uma pilha de pedras como um memorial Mais importante do que a forma que o Trof u tomava era a inscri o que o acompanhava como uma mem ria descritiva relatando a batalha o acontecimento ou mesmo a dedica o a um deus J no Per odo Helen stico os trof us navais definiam se tamb m em duas vertentes Por um lado eram os pr prios restos dos navios que serviam de Trof u ao vencedor da batalha por outro eram pequenos objectos c nicos em bronze colocados nas proas dos navios derrotados constituindo este o primeiro sinal da execu o de um objecto espec fico para a comemora o de um feito similar ao Monumento ou Medalha Esta efemeridade dos trof us antigos est ligado pureza alheia a linguagens e composi es pl sticas e aos materiais pr prio da Escultura do acto de conceber o Trof u que n o era pensado para perdurar Eram 2 Ibid p 368 2 Ibid p 368 3 Esta formaliza o simples sup e se ser a forma mais primitiva de apresentar um Trof u um simples cone de pedras empilhadas 23 manifesta
86. amente na composi o ou na conjuga o de materiais processos e efeitos que se produzem neste objecto de pequena escala Na verdade a Medalha Contempor nea n o vem destruir a tipologia tradicional mas sim acrescentar lhe caracter sticas que at ent o n o eram pensados enquanto Medalha Din mica esta que se espalhou com grande fluidez durante todo o s culo XX prosperando at aos nossos dias definindo uma tipologia com passado presente e futuro A Medalha contempor nea mant m os princ pios tradicionais da Medalha na maioria dos casos a fun o de comemorar homenagear a reprodu o em s rie o objecto ntimo port til e de circula o como um documento hist rico Mas confere lhe outras formas outras linguagens outras dimens es de fruirmos a Medalha continuando esta tipologia numa constante metamorfose Da mesma forma que os poderes pol ticos recusaram a renova o da tipologia de Monumento a Medalha tamb m sofreu bloqueios que n o permitiam o seu desenvolvimento muito por culpa da consci ncia regressiva dos artistas e cr ticos que definiam um c none predefinido para a Medalha A evolu o da Medalha obviamente leg tima e necess ria e n o se deve manter os mesmos dogmas tradicionais para n o destruir as novas formas e ideias mantendo uma certa renova o nas linguagens pl sticas que a Medalha apresenta A conquista intensa de partir da origem dos princ pios b sicos da Medalha da comemora o homena
87. art stica espec fica cient fica e tecnol gica Depois da aposenta o dos professores Jos Miranda e de H lder Batista assume a reg ncia das duas cadeiras de Medalh stica e Gessos sendo 19 Escola Preparat ria da Damaia 1978 79 Escola Preparat ria Francisco Arruda 1979 81 Escola Preparat ria da Bobadela 1981 82 Escola Preparat ria da Damaia 1978 79 Escola Preparat ria da Chamusca 1982 83 Escola Preparat ria do Montijo 1983 84 Escola Preparat ria de Santa Ant nio dos Cavaleiros 1984 86 Escola Preparat ria da Fernando Pessoa 1986 88 Escola Preparat ria Dami o de G is 1988 89 20 SILVA Jo o Castro O corpo humano no ensino da escultura em Portugal mim se e representa o p 355 110 que ainda no ano lectivo de 1995 1996 ainda assistente de Clara Men res na Medalh stica Na continuidade de actividade docente acumula quase todas as disciplinas de Tecnologias Pedra Pl sticos Madeiras Metais e naturalmente os Gessos e a Medalh stica como a disciplina de Escultura e Composi o Acumulou ainda alguns cargos dentro dos concelhos constituintes da Faculdade Concelho Directivo Pedag gico Cient fico Leitura Erasmus Como professor Jo o Duarte desenvolve um trabalho em duas vertentes fundamentais o ensino das pr ticas tradicionais e inovadoras da Escultura e o ensino entre fundamentos te ricos pl sticos est ticos e t cnicos e outra na divulga o e acompanhamento
88. artir de determinado fen meno ou ac o Em escultura a possibilidade dos meios pl sticos e t cnicos como modeladores de forma s o v lidos na medida em que desenvolva uma materialidade coerente e unificada A linha como umas das formas mais elementares da realidade tomou um lugar fundamental na rela o como percepcionamos as formas e no caso do escultor como pode compor e transformar volumes As vanguardas do s culo XX desde o Abstraccionismo Cubismo Construtivismo ou Minimalismo entendem a linha como objecto de modela o e constru o da forma A linha tem de facto uma voca o formal nas mat rias ligadas ind stria que complementam de maneira mais directa ou indirecta as ideias que o escultor tenta representar ou as tem ticas que lhe s o propostas Jo o Duarte com uma forte influ ncia pelas mat rias e m todos construtivos industriais desenvolve em algumas das suas pe as 20 GON ALVES Carla Psicologia da Arte p 73 21 MULLANEY Sean Talking Up Sculpture p 59 119 materializa es de formas pela composi o de linhas maioritariamente a recta No entanto tamb m a linha curva para Jo o Duarte elemento compositivo nas suas Gordas como condi o prim ria e ntima do seu trabalho como escultor Remete nos ao sentimento suavidade e ao territ rio do feminino Em oposi o linha recta que n o tem come o nem fim a linha curva tem a possibilidade de encontrar no c rc
89. as da Escultura Monumento Trof u e Medalha de acordo com o contexto hist rico pol tico social econ mico e principalmente cultural art stico definindo a sua origem funcionalidade e evolu o Com base na recolha de documenta o impressa e digital monografias retrospectivas cat logos revistas artigos entrevistas etc centr mo nos para al m da defini o das tipologias em relacionar as t cnicas e mat rias que tamb m elas sofreram altera es decorrentes da temporalidade hist rica de modo a contextualizar e estabelecer rela es entre as tipologias e as t cnicas Para a compreens o do conjunto dos blocos constituintes deste estudo elaborou se uma apresenta o monogr fica de Jo o Duarte incidindo nas refer ncias influ ncias e forma o acad mica na inicia o e desenvolvimento da carreira como escultor medalhista no contexto art stico nacional e internacional assim como a sua actividade de doc ncia Uma vez que a bibliografia sobre Jo o Duarte escassa e aquela que existe perfaz se apenas em alguns textos de apresenta o de cat logos revistas ou jornais sem aprofundamento cient fico de an lise monogr fica e art stica foi necess ria e bvia a elabora o de entrevistas e algumas conversas informais com o escultor que nos pudessem aproximar mais pormenorizadamente das suas linhas de pensamento e para clarificar algumas quest es conceptuais pl sticas e t cnicas presentes na sua obra 1
90. as e n o relevos ou pe as de grande formato Todavia para a fundi o de Escultura os processos t cnicos de areia ou cera perdida permaneceram quase inalterados at ao in cio do s culo XX Hoje em dia esses processos poder o ter sofrido altera es e aperfei oamentos t cnicos no entanto os seus princ pios continuam iguais 61 D Cunhagem Apesar de ter melhores resultados na fundi o pela liberdade de experimenta o de linguagens e n o estar limitadas aos quesitos da cunhagem a verdade que os escultores viriam a ter a cunhagem como processo predilecto para executar medalhas at aos dias de hoje Fundamentalmente a cunhagem um processo de prensagem sobre superf cies de pe as que s o limitadas por matrizes de modo a transferir fielmente formas e relevos A cunhagem surge como uma solu o pr tica da fundi o mas apenas satisfaz a tipologia de Medalha dentre as tr s estudadas at aqui Os monumentos ou trof us n o entram neste contexto tecnol gico da Escultura j que a necessidade de reprodu o em s rie imp e se maioritariamente Medalha e a t cnica de cunhagem surge como solu o para acelerar eficazmente os processos de materializar medalhas em series Os gregos Gr cia Antiga foram os primeiros a tornar a cunhagem um processo que responde se aos quesitos das trocas comerciais utilizando como meio de permuta a Moeda Inicialmente a cunhagem das moedas era feita de forma artesanal n o
91. as express es t cnicas ou materiais no mbito da Medalha 32 A S B L Promotion de la M daille A Medalha Portuguesa no s culo XX p 16 33 Embora no mbito internacional desde a segunda guerra mundial as medalhas tenham sido desenvolvidas atrav s da experimenta o ao n vel do conceito da t cnica do formato e dos materiais E que permitiu paralelamente o aumento significativo do interesse da Medalha por todo o Mundo Em Portugal depois da queda da ditadura a pr tica da Medalha entrou num desequil brio pelos compromissos ideol gicos do regime da encomenda p blica e pela defici ncia tecnol gica e art stica que ainda n o se podia equiparar ao desenvolvimento da Medalha em pa ses como a It lia ou Fran a S nos anos oitenta foi encontrado um saud vel equil brio e uma maturidade que podia subsistir sem depend ncia de outros Os artistas definindo j um rumo para a Medalh stica Portuguesa atrav s dos conhecimentos apreendidos no estrangeiro e a possibilidade de parcerias com entidades p blicas como a Imprensa Nacional Casa da Moeda e privadas fizeram um esfor o no sentido de desenvolver esta tipologia durante o s culo XX e XXI A Medalha Contempor nea Portuguesa neste sentido de ruptura e inova o caracter stico do s culo XX e XXI procura como nos outros pa ses novos discursos pl sticos Com o decorrer do s culo XX com o aparecimento de novas gera es assiste se a uma grande viragem
92. ase proporcionando maior resist ncia oxida o O bronzeamento um processo qu mico que possibilita materiais como o a o tomem a apar ncia do bronze e maior resist ncia as condi es clim ticas aplicado um p de bronze sobre a superf cie da pe a e aquecido com um queimador ou ma arico A oxida o feita atrav s da ac o qu mica de cidos para criar colora es nas superf cies dos metais Normalmente mais utilizada para metais n o ferrosos como o bronze o lat o e o 75 Concluindo esta vis o geral sobre as t cnicas de soldadura podemos dizer que h uma predilec o pela ampla aplica o destas t cnicas na manipula o do a o O a o aplicado s pr ticas da Escultura mais particularmente aos monumentos desde o in cio do s culo XX deu origem a novas linguagens pl sticas cada vez mais ousadas e desafiantes pl stica e tecnicamente livre das restri es de materiais tradicionais como a pedra ou a madeira Enquanto a pedra ou madeira s o dependentes da massa e a forma primordial muitas vezes definida pelo mon lito O a o pelas suas caracter sticas estruturais possibilita uma liberdade de gravidade facultando a materializa o de grandes volumes com pouco peso e bases de pequeno apoio O a o possibilita ainda a cria o de esculturas com uma grande diversidade de estruturas e superf cies As linguagens pl sticas das esculturas soldadas passam inevitavelmente por pe as const
93. assem fixos por press o ou colagem Na realidade a incrusta o servia para enfatizar ou real ar certos detalhes numa escultura ou seja n o era um processo inteiramente de constru o mas um processo de jun o de materiais com fins decorativos Na antiguidade era recorrente utilizar pedras coloridas para destacar as pupilas e ris dos olhos e em outros momentos da hist ria a busca do realismo da figura humana tanto ao n vel formal como crom tico levou a que em certas esculturas fossem integradas perucas e roupas reais A constru o como a definimos actualmente divergiu se em duas vertentes Uma delas que se define por Assemblage constru o a partir de todos os tipos de objectos quotidianos sucatas ou lixo e transform los de modo a MILLS John The techniques of Sculpture p 131 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 367 69 adquirirem uma nova dimens o Obra de Arte Exemplo de algumas obras de Arte Pop executadas com tecido papel o peda os de madeira brinquedos pe as de carros e ferramentas velhas A outra configura o de constru o e aquela que aqui importa aprofundar a constru o de esculturas n o por sucatas ou lixo mas por mat rias primas pr fabricadas como o a o aglomerados ou pl sticos manipulados com tecnologias que nada t m a ver com o talhe ou a fundi o mas sim com encaixes ou colagens Dentro das t cnicas para constru o temos a mo
94. ativamente pol tica enaltecendo os valores da revolu o o novo rumo pol tico para o pa s e uma liberdade da opress o sentida at ao 25 de Abril 238 O termo justi a do latim justitia de maneira simples diz respeito igualdade de todos os cidad os E o princ pio b sico de um acordo que objectiva manter a ordem social atrav s da preserva o dos direitos em sua forma legal constitucionalidade das leis ou na sua aplica o a casos espec ficos da sociedade Normalmente representada mediante imagens aleg ricas aos quais a sociedade lhe atribuiu significados pr prios e Espada simboliza a for a coragem ordem regra e aquilo que a raz o dita e a coer o para alcan ar tais determina es Balan a simboliza a equidade o equil brio a pondera o a igualdade das decis es aplicadas pela lei Deusa Usualmente uma imagem da deusa romana lustitia que corresponde grega Dik significa o desejo de nivelar o tratamento jur dico de todos por igual sem nenhuma distin o fundada na imparcialidade e na objectividade 127 Da mesma forma o Trof u para o 1 Pr mio do J ri do Concurso de Produtos Mostra Emprego e ADAPT Ed ADAPT JD 147 e a Escultura p blica Um mundo aberto Comunica o JD 183 relacionam se tamb m eles formal e composicionalmente nas mesmas directrizes espaciais Por m a componente comemorativa do monumento n o est directamente relacionada com o m rito do trof u Ainda
95. aux lio de uma escala de propor es para transferi los sobre a mat ria a proceder a amplia o A marca o de pontos feita consoante o tipo de ponto existindo quatro categorias pontos de suporte pontos principais pontos secund rios e pontos de finaliza o Os pontos de suporte s o tr s pontos essenciais seleccionados nas zonas mais salientes do modelo S o materializados por pequenas pir mides e dispostos de modo a criar um tri ngulo no espa o Um ponto localizado sempre no topo da escultura e os outros dois colocados ao mesmo n vel nas zonas mais salientes A partir destes pontos s o marcados os pontos principais e secund rios Os tr s pontos de suporte servem apenas para definir o espa o ocupado pelo modelo ao que s o os pontos principais e secund rios que definem a forma Os pontos principais s o tamb m marcados de modo a criar tri ngulos a cada dois cent metros revelando a forma em bruto E por sua vez os pontos secund rios localizam se dentro desses tri ngulos definindo sali ncias e profundidades mais concretas Quando a forma est definida falta apenas uma abordagem nas formas espec ficas detalhes tomando pontos de finaliza o Estes s o apenas marcados quando a forma do suporte est muito pr xima da forma do modelo sendo que a nica diferen a em rela o aos pontos principais e secund rio a dist ncia entre eles que por vezes n o excede o quatro mil metros Removendo as ltimas camadas de
96. cies speras ou polidas torna se o melhor tipo de pedra e ainda hoje amplamente empregue tanto na Escultura ntima como Monumental Em geral as pedras de cor uniforme s o mais adequadas para a pr tica da Escultura enquanto as pedras com veios ou matizadas est o reservadas para fins decorativos Para superf cies polidas as rochas porosas como calc rio ou arenito n o s o aconselhadas e al m disso para exterior as suas caracter sticas estruturais s o fracas por serem facilmente destru das pelas condi es 48 clim ticas Como vantagem estas pedras s o de f cil manipula o e recomend veis para iniciantes nos processos do talhe sobre pedra Pedras constitu das por camadas com varia o da dureza s o tamb m indesej veis para o talhe tornando o mais complicado sob pena de n o se conseguir obter a forma desejada A t cnica do talhe em si simples e n o exige processos complexos Depois de escolhido o tipo de pedra esta deve ser fixa para ser trabalhada e tanto quando poss vel nivelada As formas gerais s o as primeiras a ser definidas projectando a forma final em bruto Este desbaste grosseiro pode ser feito de v rias formas desde a Antiguidade aos finais de s culos XIX o desbaste mais grosseiro era feito com utens lios rudimentares Uma das t cnicas mais rudimentar consistia em aplicar um martelo de bico ou desbaste directamente sobre a rea a remover Mas o esfor o e tempo implicado neste m todo solucio
97. contecimento ou homenageado incluindo esculturas baixos relevos e ou inscri es que completam a forma e mensagem Desenvolvido numa estrutura piramidal projectada por um arquitecto que em parceria com um escultor definiam o enquadramento e o local onde seriam implantadas as esculturas relevos e inscri es Percebemos assim que a tipologia de pedestal tem sido um elemento central e obrigat rio na concep o dos monumentos cl ssicos mas tradi o esta que viria a ser deposta No s culo XX desponta a necessidade de romper definitivamente com as concep es classicistas da Escultura influenciando por sua vez a tipologia de Monumento traduzidas em obras de grande modernidade A rela o entre espectador e Monumento torna se uma quest o fulcral para o entendimento da transforma o da pr pria tipologia de Monumento que se reformulou com esta perda de escala ao reduzir o pedestal a uma mera base de suporte da est tua Mas tamb m tomando Rodin novamente como exemplo particularmente a escultura O pensador Fig 3 podemos observar que esta est repleta de factores subversivos tipologia de Monumento Tradicional A redu o do pedestal j referida e a aus ncia dos ornamentos do Monumento Tradicional permite estabelecer uma rela o mais pr xima entre espectador e obra A simplicidade e diminui o da escala do pedestal reordena a rela o entre o monumento e o espectador torna os mais pr ximo contrariando a pol tica
98. da forma em si num manuseamento como objecto numa fun o l dica A Medalha de Jo o Duarte mant m os princ pios tradicionais na maioria dos casos de comemorar homenagear a reprodu o em s rie o objecto ntimo e port til de circula o como um documento hist rico Acima de tudo prop e criar uma subtil s ntese das formas em rela o tem tica de comemora o ou homenagem que se presta podendo ser formalizada com figuras modeladas Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte Ibid 178 In Cat logo Jo o Duarte Anverso Reverso 5 Medalha Contempor nea Texto lvaro Lobato Faria 103 recorrentes de uma tradi o das pr ticas da Escultura ou com atribui o de novas linguagens mais abstractas com a inclus o e composi o de materiais e t cnicas de car cter industrial S o novas linguagens e novas dimens es de frui o da Medalha continuando numa constante metamorfose ao longo dos trinta anos de carreira A linguagem e a formaliza o do Trof u que Jo o Duarte efectiva n o sofre as mesmas rupturas que a Medalha sofre do campo tradicional para o contempor neo pela sua liberdade tipol gica e pl stica Ainda que seja um objecto estabelecido com regras concretas na sua ess ncia dotado de um passado dentro das pr ticas da Escultura s o objectos comemorativos e muito pouco encomendados pela nossa sociedade a maior parte das vezes leva o ob
99. dando e acabam por se impor por elas pr prias no mundo da Medalh stica O pr prio conceito de Medalha tem evolu do atrav s dos tempos assim como o da Pintura da Escultura entre outras Artes 3176 No entanto a componente l dica e de movimento que o escultor Jo o Duarte aplica na maioria das suas medalhas e ser um dos primeiros a criar uma Medalha L dica uma medalha que pretende criar jogos formais e crom ticos com a inclus o de cores movimento e at sons de modo a que a medalha para al m de fru da visualmente possa ser manipulada como um brinquedo num jogo constante da descoberta do objecto Exemplos desta vertente de Medalha L dica s o a Medalha ao 25 de Abril de 1986 Associa o 25 de Abril JD 6 16 Anos da Associa o de Bem Estar Infantil de Vila Franca de Xira JD 14 III Festival de Bandas Amadoras C mara Municipal de Loures JD 17 150 Anivers rio do Banco de Portugal E P JD 33 25 Anivers rio da ABEI Vila Franca de Xira JD 68 Centen rio do Elevador de Santa Justa JD 77 Inaugura o da Academia do Sporting Clube de Portugal JD 79 30 Anivers rio do Instituto Polit cnico de Set bal JD 129 Esta vertente da Medalh stica progride a par da po tica de autor ao conferir lhes tamb m um sentido t ctil Aquilo que nas gordas proporcionado pelas formas redondas e macias na Medalha pelos jogos de movimentos e mecanismos aproximando se mais do que num sentido t ctil
100. de ac o criativa e normalmente confiado a um especialista t cnico O seu fundamento reproduzir fielmente um modelo num material definitivo atrav s de um conjunto de pontos ampliados da a designa o de m todo de pontea o A Idade M dia n o conta com as grandes refer ncias a m todos de amplia o pelo contr rio h uma regress o nas t cnicas que ser o apenas acentuadas no s culo XVII durante o Renascimento acabando por se tornar um processo t cnico comum da Escultura at aos dias de hoje BAUDRY Marie Th r se Sculpture M thode et Vocabulaire p 170 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 240 TEIXEIRA Pedro Anjos Tecnologias da Escultura p 84 43 O m todo mais antigo de amplia o por pontos define se como m todo dos tr s compassos Fig 9 um m todo de extrema complexidade ao que utilizado por poucos e em grande parte apenas por t cnicos especializados A sua aplica o feita tanto para a amplia o como a redu o ou a translada o em relevos e na escultura de vulto Este processo de amplia o executado como pr prio o nome indica por pontos transferidos do modelo atrav s de tr s compassos dois deles rectos ou ligeiramente curvos e outro designado de compasso de pin as em arco O princ pio do processo a medi o entre os pontos retirados do modelo com compasso e que posteriormente duplicada ou triplicada com o
101. dividuais se concentram num padr o unificado uma forma nica ao criarem uma coes o composicional nestas interfer ncias e sobreposi es que se alternam entre cheios e vazios Contrariamente o Trof u para o 1 Pr mio do J ri do Concurso de Produtos Mostra Emprego e ADAPT Ed ADAPT JD 147 e a Escultura p blica Um mundo aberto Comunica o JD 183 t m o seu fundamento pl stico afirmadamente no plano mas afasta se da composi o bidimensional das pe as anteriores Com mat rias ligadas metalurgia e aos m todos construtivos Jo o Duarte utiliza o plano numa tridimensionalidade que concerne escultura de vulto perfeito ao volume verdadeiramente tridimensional O volume como algo que se expressa por projec es nas tr s dimens es do espa o pode ser materializado em duas vertentes particulares o volume f sico compacto como o mon lito por exemplo ou como efeito visual volum trico criado por meio de mecanismos composicionais que sugerem uma solidez tridimensional Jo o Duarte tanto neste trof u como neste monumento n o resolve a forma pelo volume compacto mas pela sugest o desse mesmo volume presente nas duas obras na representa o do elemento esf rico Ee Refor ando a ideia de organiza o perceptiva que temos quando percepcionamos as formas como um todo e n o por parte individualizadas s ARNHEIM Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora p 115
102. do Estado Novo contribu ram profundamente para o desenvolvimento da carreira de Jo o Duarte com estes professores que Jo o Duarte experiencia profundamente a aprendizagem tradicional da estatu ria relacionada com o estudo anat micos da figura humana dos modelos e das tecnologias tradicionais da Escultura Para al m do ensino da Escultura Euclides Vaz foi ainda o professor determinante para o desenvolvimento da especialidade de Medalh stica em que o escultor 1 Na sequ ncia do derrube da ditadura em Portugal 25 de Abril de 1974 abriram se perspectivas imediatas para a independ ncia das col nias Portuguesas em Africa entre elas Angola O novo governo revolucion rio portugu s abriu negocia es com os tr s principais movimentos de liberta o MPLA Movimento Popular de Liberta o de Angola FNLA Frente Nacional de Liberta o de Angola e UNITA Uni o Nacional para a Independ ncia Total de Angola o per odo de transi o e o processo de implanta o de um regime democr tico em Angola Janeiro de 1975 A independ ncia de Angola n o foi o in cio da paz mas o in cio de uma nova guerra aberta Muito antes do Dia da Independ ncia a 11 de Novembro de 1975 j os tr s grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo portugu s lutavam entre si pelo controlo do pa s e em particular da capital Luanda Cada um deles era na altura apoiado por pot ncias estrangeiras dando ao conflito uma dimens o inte
103. dondas povoadas de car cter ir nico e quotidiano lhe bastante caracter stica e pr pria Esta singularidade do percurso pessoal serve lhe essencialmente como meio de experimenta o e explora o pl sticas e express o das suas inquieta es No entanto enquadrado nas tipologias de Monumento Trof u e Medalha abordadas neste estudo e referentes encomenda p blica que Jo o Duarte desenvolve grande parte da sua obra de Escultura como principal motor de cria o e divulga o O prop sito concreto da Escultura de encomenda p blica centra se ao longo dos s culos na liga o entre p blico e obra cultivado maioritariamente atrav s da tipologia de Monumento mas tamb m do Trof u e da Medalha enquanto mecanismo de difus o pol tica e social Com o in cio do s culo XX os pressupostos da encomenda p blica e consequentemente estas tipologias s o transfiguradas em forma e conte do desde os conceitos s linguagens pl sticas passando pelas t cnicas e os materiais O Monumento como uma das pr ticas centrais da Escultura amplamente desenvolvido ao longo da hist ria da humanidade tem as suas origens na Antiguidade Ainda que o car cter de Monumento esteja profundamente imbu do de uma fun o de representa o na express o de valores e ideias a sua evolu o foi constantemente sentida em diversos per odos hist ricos A tipologia de Trof u contrariamente ao Monumento define se durante toda a hist
104. dos a partir de cones bem como s o definidas arestas subtis nas volumetrias mais arredondadas As extremidades s o copiosamente simplificadas e reduzidas em rela o ao resto do corpo validam se enquanto mecanismos de acentua o e equil brio do conjunto das pe as A cabe a pequena necess ria para acentuar os aspectos maci os bem como as extremidades n o s o excessivamente tratadas em detalhe para que as formas redondas sejam real adas A abordagem pl stica de Jo o Duarte n o incide unicamente no corpo feminino mas tamb m nas express es intuitivas e espont neas da Mulher Os rostos remetem nos para uma profunda contempla o e alguns gestos e posturas s o universalmente intu dos pela personalidade feminina As gordas s o assim representa es tridimensionais de momentos quotidianos das pessoas sendo a mulher a protagonista de todas as cenas Em s rie ou individual Jo o Duarte conta uma hist ria um ritual um momento rotineiro de todos n s e d a aceita o t o positiva por parte do p blico a identifica o com estas cenas simuladas da realidade Um exemplo a s rie de esculturas intitulada 2 minutos antes de imobilizar a espera reflecte uma situa o comum de uma pessoa que aguarda por algo ou algu m transmitindo uma sequ ncia de estados esp rito entre a espera despreocupada frustra o daquilo que se demora 152 Ver anexo Entrevista Escultor Jo o Duarte 20 anos a criar
105. dos alunos j enquanto jovens escultores Digamos que Jo o Duarte mant m uma pr tica similar dos velhos h bitos dos mestres que conduziam os alunos em in cio de carreira colocando os em contacto com as grandes obras de Escultura e a trabalhar nos seus ateli s como assistentes disc pulos definindo um ensino extra academia parte deste revivalismo Jo o Duarte seguiu outros meios de ac o decorrentes dos novos objectivos da pr pria FBAUL como garantir a investiga o e cria o art stica com a realiza o de exposi es e semin rios e o estabelecimento de protocolos Fomentava a produ o e divulga o da Escultura para l das paredes do convento de S Francisco A primeira coisa que tentava despoletar no aluno era criar a paix o pela disciplina e acompanh los individualmente nos seus trabalhos para que tivessem os melhores resultados poss veis como gosto pelo que estivessem a fazer 02 Mas se na obra de Jo o Duarte a Medalh stica a vertente mais significativa de entre as tipologias que aborda na Escultura esta Medalh stica tem tamb m um papel fundamental na sua carreira como docente na ESBAL e 201 a do UE 5 Esta rela o mestre disc pulo foi se reduzindo por dois motivos decorrentes da evolu o da sociedade portuguesa primeiro a destrui o do regime do Estado Novo implicando a redu o da encomenda p blica e por consequ ncia a redu o de parecerias entre mestres e assis
106. e MAG e soldadura a arco el ctrico TIG O princ pio de soldadura igual para todos estes m todos de fus o aqui descritos o cord o soldadura que faz a jun o das pe as feito atrav s do aquecimento da junta dos metais e um material de enchimento Esta junta deve ser espa ada para que o metal de enchimento fundido penetre com efic cia os metais a soldar As juntas soldadas podem assumir diferentes posi es entre as pe as a soldar topo a topo sobreposta em T de ngulo e rebordada Ou quando as pe as se apresentam demasiadamente grossas em espessura impossibilitando que a soldadura seja feita por um s cord o define se outra configura o s arestas das pe as chanfros Fig 38 O processo com Ma arico de oxi acetileno Fig 36 como o nome indica utiliza um ma arico que mistura dois gases acetileno e o oxig nio criando uma chama que propicia a fus o de metais produzindo temperaturas entre os 2500 e os 3000 C 9 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 316 Ibid p 316 PADOVANO Anthony The process of sculpture p 143 8 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 318 71 Nem sempre utilizando um material de enchimento independente do ma arico normalmente em forma de varetas de metal fino com composi es similares ao material base este adicionado fundido durante o trabalho de soldagem utilizado para preencher eventuais rupturas durante
107. e batalha as ta as est tuas de pequeno formato representa es de animais objectos quotidianos e arquitectura De modo a que transcrevessem da melhor maneira a homenagem pr mio ou tributo que seria atribu do S durante o s culo XX o Trof u define se por um conjunto de normas concretas dentro das reas art sticas Entre elas a fun o de comemorar homenagear ou premiar ser um objecto de pequena escala fru vel manipul vel e reprodut vel e imbu do de uma mensagem adicional da comemora o atrav s de palavras imagens como um documento hist rico Um objecto de m rito para quem o possua Mesmo assim tanto no panorama internacional como nacional esta tipologia continuou secundarizada dentro das pr ticas art sticas Consequentemente o Trof u enquanto objecto de estudo das reas art sticas n o se desenvolveu profundamente Poucos estudos e investiga es foram feitas em torno do Trof u enquanto tipologia art stica mesmo que as sociedades tenham dado grande import ncia ao m rito que estes representam Nomeadamente o Trof u torna se numa dos objectos de consagra o mais importantes e com maior visibilidade dentro da sociedade 29 C Medalha A pr tica da Medalha que come a a dar os seus primeiros passos durante o s culo XV e at hoje prospera como tipologia dentro da grande fam lia das reas da Escultura Por m a Medalha n o surge como pr tica totalmente nova estando inevitavelmente relacionada co
108. e batalha mas mais pr ximos dos objectos c nicos navais feitos em bronze Ao contr rio da tipologia do Monumento o Trof u n o estava cingido a uma determinada forma pr definida podia formalizar se em qualquer objecto tivesse ele um car cter militar religioso ou quotidiano Era Trof u aquilo que tivesse um valor de m rito para quem o recebia Esta tradi o grega da entrega de trof us em eventos desportivos n o substituiu em Roma j que o pr mio dos vencedores passou a ser quase exclusivamente monet rio Durante a Idade M dia pouco se sabe da atribui o de trof us quer tivessem eles um cariz religioso e ou de tributo ou de recompensa ligado vertente desportiva como o caso dos Jogos Ol mpicos na Gr cia Por extens o continuamos a assistira cria o de Trof us com a formaliza o de grupos de ornamentos diversos nas igrejas catedrais ou conventos isto cria o de objectos ornamentais sacros que se definiam em emblemas ou instrumentos A cria o de um objecto que estivesse imbu do deste valor de recompensa pr mio ou culto passa posteriormente a ser designado por Trof u e n o como escultura de pequeno formato porque na maioria dos casos este n o tinha nenhuma rela o com os princ pios pl sticos ou das tecnologias relacionadas com a Escultura Exemplo disso uma outra vertente dos trof us que envolvia as competi es de ca a Aproximados da tradi o dos trof us de cabe a da era eg pcia
109. e car cter assumidamente construtivo Exemplo desta ideia o Monumento do 100 Anivers rio dos Bombeiros Volunt rios de Sesimbra JD 195 em que o escultor traduz o bombeiro sem lhe materializar a figura humana substituindo o corpo pela representa o sintetizada de um conjunto de objectos caracter sticos sua condi o profissional Com a representa o da chama a escada ou o machado de car cter formal pela simplifica o do volume consegue traduzir o elemento humano da composi o a unidade da pe a imprescind vel para uma leitura l gica Para atingir essa unidade tento sempre simplificar ao m ximo as pe as sem que perda o significado atrav s da geometria utilizo planos e linhas para encontrar o equil brio 2 8 A nossa percep o n o se reflecte apenas nas caracter sticas mais definidoras da forma mas tamb m se organiza numa ideia de conjunto a integra o das partes num todo unificado O estudo da forma no processo de percep o impulsiona se com a cria o da psicologia da forma gestalt definindo bases fixas e elementares organiza o relev ncia 215 DUBY Georges DA VAL Jean Luc Sculpture pp 1099 1101 26 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 217 Sistema que teve origem na Alemanha por volta de 1912 sob a al ada de Wertheimer K hler e Kofka tr s entidades que procuraram estabelecer os princ pios da percep o da forma na rela
110. e mais artistas e mais locais onde a divulga o e comercializa o da Escultura fosse feita Para al m disso intensificou se a urg ncia de tecer um estudo sobre a situa o da Arte em Portugal que se enquadrou na promo o de col quios semin rios confer ncias e debates Muito embora continuasse a n o existir uma pol tica cultural coerente de exporta o de exposi es e o esfor o pela internacionaliza o dos artistas fosse uma tarefa eminentemente pessoal A Escultura foi se autonomizando tanto pelo artista como pelo p blico e pela intercep o entre as realidades dos artistas de v rios pa ses em mostras colectivas A base mais consistente para a divulga o da Escultura Portuguesa no estrangeiro centrou se nas Feiras de Arte que permitiram uma maior e regular visibilidade dos escultores e das suas obras fazendo refer ncia importante feira ARCO como o primeiro percurso colectivo de internacionaliza o dos artistas portugueses Internamente Jo o Duarte e outros escultores ainda jovens conseguiam alcan ar sucesso com uma certa facilidade relativamente ao elitismo dos grupos de escultores da Arte Oficial do regime devido ac o de rg os da comunica o social desejosos de servir o p blico com os novos temas Por m persistia uma aus ncia de imprensa especializada com consci ncia plena das novas mudan a na Escultura Contempor nea Portuguesa A realiza o de novas mostras colectivas nacionais ser
111. ectos port teis tinham uma estrutura superior em dimens o e espessura que se socorreu da fundi o e corte de lingotes cil ndricos O nico procedimento que ainda n o estava mecanizado era a execu o dos cunhos feita m o pelos gravadores Fig 32 Por m a necessidade de 87 Processo de produ o de componentes em diversos materiais for ados atrav s de uma matriz adquirindo assim a forma pr determinada A extrus o a quente semelhante ao processo de injec o onde o produto injectado a alta press o e temperatura numa forma vazada e seguidamente atrav s de um molde toma a forma de pe a s lida vergalh o para ser cortado no comprimento desejado 66 acelerar e tornar cada vez mais eficaz o processo da cunhagem solucionou se com a transposi o mec nica dos modelos feitos pelos escultores para os cunhos atrav s de uma m quina de redu o o pant grafo Esta m quina segue os mesmos princ pios das m quinas de amplia o mais particularmente o pant grafo de escultor que atrav s de um modelo feito num material r gido reduz a mesma imagem para o cunho O escultor preparava e modelava os relevos e inscri es numa escala superior 3 ou 4 vezes maior escala real em cera argila ou directamente em gesso que depois eram passados a um material r gido atrav s de moldes e contra moldes Os modelos foram transpostos em cobre atrav s de processos de galvanoplastia Fig 33 Este processo consis
112. efini o do conceito de Medalha era bem explicito em termos te ricos e est ticos com uma base regida por um c none pr definido e portanto dif cil de quebrar os seus princ pios t cnicos formais ou e a sua pr pria designa o de tipologia A Medalha tornou se uma alternativa s obras comemorativas e homenageantes particularmente tipologia de Monumento A sua fun o prim ria envolve se com a comemora o e mem ria da hist ria da sociedade em diferentes pocas servindo para assinalar a solenidade de imperadores reis ou o g nio de liter rios como acontecimentos hist ricos pol ticos e ou tamb m recompensa pr mio a determinado feito institui o ou pessoa singular Em parte a Medalha n o se afasta dos princ pios fundamentais do Monumento Comemora e homenageia mas sempre como objecto elitista sem visibilidade para as massas j que tinha sempre uma edi o restrita e distribui o limitada As medalhas n o poderiam ser vistas e fru das por todos como os monumentos tornando se um meio pouco eficaz de difus o ideol gica 29 Ibid p 13 2 A S B L Promotion de la M daille A Medalha Portuguesa no s culo XX p 13 31 dos poderes pol ticos dando esta prefer ncia aos Monumentos p blicos em pra as para a imposi o de certo poder sobre as comunidades A Medalha vista como um objecto intimista com grande valor e essencialmente como um testemunho de tempo que passou Qualquer Medalha comemorativa
113. ejam reconhecidas como objectos com grande valor art stico e cultural desenvolveram se na sua tridimensionalidade em formas cada vez mais arrojadas inovadora criando a primeira forma pr definida dos trof us As ta as est o ainda hoje intimamente ligadas atribui o de pr mios atrav s competi es desportivas Passando de objectos comuns recorrentes e preter veis pelas sociedades mas j fixados por um valor homenageante Com o desenvolvimento e acelera o das sociedades o Trof u em forma de ta a adquire as mais diversas formas e dimens es e s o constru das em materiais que passam desde o ouro a prata o bronze ou mesmo o vidro Inicialmente fundidas ou soldadas e s mais tarde constru das por m dulos pe as as ta as eram sempre pensadas de modo a ter uma dimens o reduzida que pudesse ser envergada por qualquer pessoa Esta torna se uma das caracter sticas b sicas do Trof u a escala da m o Da mesma forma que a Medalha dever ser fru da por quem a possui tamb m o Trof u passa a ter esta componente antropom rfica de rela o com a pr pria pessoa O Trof u surge assim como uma media o entre a grande escala do Monumento e a dimens o reduzida da Medalha 26 A partir do s culo XVIII o Trof u desprende se da sua fun o de tributo com a utiliza o quase exclusiva de pr mio relativo ao desporto e acontecimentos sociais perdendo o seu car cter sagrado religioso e passa a ser visto como um object
114. em que a individualidade dos artistas e a expressividade das obras se sobreponha aos modelos pr ticos e te ricos Tendo como professores perfilam se Ant nio Duarte Euclides Vaz Jo o Afra Ant nio Vidigal Clara Men res ou Ant nio Trindade Jo o Duarte depois de terminar a sua forma o em Escultura afasta se da realidade do ensino da ESBAL e inicia a sua actividade de docente em escolas preparat rias leccionando as disciplinas Educa o Visual entre 78 e 89 Durante esse per odo para al m do contacto com os jovens que se revelaram um forte contributo para cria o de uma base s lido na doc ncia Jo o Duarte complementa a sua forma o com um est gio pedag gico tornando se professor profissionalizado No ano lectivo de 1989 1990 inicia a actividade docente na ainda ESBAL como assistente do professor Jos Miranda na Tecnologia dos Gessos e assistente do professor H lder Batista na Tecnologia de Medalh stica acumulando tamb m a Tecnologia dos Pl sticos com o professor Ant nio Trindade Em 1992 a ESBAL integrada na universidade de Lisboa toma a actual designa o de Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa FBAUL Esta integra o obrigou a uma consciencialza o entre os princ pios acad micos e art sticos aos par metros gerais da UL o ensino da Escultura surge com uma duplicidade de pap is constitu do por uma educa o geral ligada comunidade universit ria que se insere e a educa o
115. emento estrutural o plano Em Jo o Duarte observamos uma vontade constante de mediante linguagens construtivas e minimais sintetizar a raz o e a ordem natural desenvolvendo s mbolos mais ou menos expl citos das mensagens ou tem ticas circunscritas nos seus monumentos medalhas e trof us Estas quatro obras de Jo o Duarte concorrem tamb m numa atribui o de significado de objectos comuns e ou alguns deles imagens estereotipadas transpostas para os volumes para que o p blico perceba as tem ticas ainda que n o tenham um car cter directamente figurativo ou ilustrativo Vejamos o Monumento Liberdade JD 175 referente ao 25 Abril de 1974 e a Medalha comemorativa dos 150 Anos do Tribunal da Boa Hora JD 20 qual ser a liga o para que as formas de um e de outro se tornem t o similares na sua configura o ainda que tenham aparentemente uma tem tica t o distante Na verdade depois de analisarmos mais profundamente o tipo de 237 Monumento Liberdade JD 175 Medalha comemorativa dos 150 Anos do Tribunal da Boa Hora JD 20 Trof u para o 1 Pr mio do J ri do Concurso de Produtos Mostra Emprego ADAPT Ed ADAPT JD 147 Escultura p blica Um mundo aberto Comunica o JD 183 126 mensagem que as duas pe as pretendem transmitir percebemos que a sua tem tica ou a interpreta o que o autor faz das duas comemora es se centra num nico conceito geral a justi a Este conceito ma
116. empre a partir de uma dupla bidimensionalidade o anverso e reverso O anverso e o reverso s o duas faces estruturalmente sim tricas e paralelas onde o discurso da medalha se desenvolve normalmente atrav s de imagens feitas em relevo e acompanhadas com uma inscri o O anverso por norma constitu do por um retrato ou acontecimento modelado em relevo circundado por uma inscri o que lhe atribu a o assunto da comemora o enquanto o reverso tinha algum tipo de narrativa alegoria ou bras o que complementava o retrato acompanhado tamb m com uma inscri o Assim como o Monumento tamb m a Medalha est 31 PINTO A Marques Notas de Medalh stica p 111 32 destinada pela sua pr pria tradi o a determinado tipo de materiais ditos nobres para se perpetuarem na hist ria e serem dotados de alguma resist ncia ao tempo Por isso as Medalhas Tradicionais s o sempre executadas numa liga met lica que varia entre bronze ou lat o prata e ouro e algumas vezes em chumbo Por fim a Medalha Tradicional tem ao contr rio da grande parte das Obras de Arte obrigatoriamente de ser reprodut vel Condicionada pelas encomendas p blicas e privadas por motivo de qualquer comemora o homenagem sempre vista como um m ltiplo em s rie j que as suas tiragens podem variar entre as dez e as mil por exemplo Mais do que qualquer outra rea da Escultura a Medalha procura estabelecer rela es entre tecnologias de reprodu
117. enquanto composi o de amplia o da forma numa continuidade para l da mat ria que tende a crescer pelo espa o que ocupa Como forma relacional com um vazio que n o se desenvolve em massa compacta mas sugest o de volume esf rico do mesmo modo que o Monumento Um mundo aberto Comunica o ou o Trof u do 1 Pr mio do J ri do Concurso de Produtos Mostra Emprego e ADAPT nos sugere o globo mundo representado esquematicamente por planos interseccionados definindo espa os vazios com parte integrante do conjunto da forma O Monumento ao Montijo refor a tamb m os contrastes entre volume maci o e vazado Prescrevendo se como forma no espa o afirmativamente ligada ao ch o peso constru do atrav s de um elemento monol tico com a crueza dos cortes de extrac o e aspereza textural atribuindo um certo ritmo e vigor superf cie contrasta com a frieza do metal soldado definindo quatro elementos curvos inscritos em massas planas A sua composi o projecta se na transi o entre organicidade e ortogonalidade numa acep o entre antigo e recente natural e constru do A leitura do monumento faz se assim integrada entre o cheio da pedra e o vazio da forma em a o entre o espa o que descrito pelos elementos esculpidos e o espa o vazado que os delimita semelhan a da medalha criando essa ideia de continuidade em que a pe a sugere a defini o de um espa o maior que se concretiza em jogos perceptivos
118. ente interessante pela sua op o de utilizar processos de fundi o para os seus monumentos contrariando a tradi o da Escultura Monumental feita em pedra A raz o para esta aproxima o com a tecnologia de fus o relaciona se com a actividade de Cellini como ourives sendo parte integrante da sua obra tornou se um mestre da fundi o art sticas materializando pequenos objectos fundidos de car cter decorativo com uma execu o irrepreens vel Ao conseguir transpor as suas ideias e formas materializadas de melhor maneira atrav s do processos de fundi o em areia ou cera perdida que os processos de talhe Na autobiografia de Cellini este refere ainda de forma detalhada os processos de fundi o de areia e cera perdida para a tipologia de Medalha e pequenos objectos decorativos com caracter sticas similares ao Trof u Muito influenciado pelos m todos de fundi o utilizados na Antiguidade Cl ssica com as primitivas medalhas e trof us fundidos similarmente a esculturas e ou objectos de pequeno formato Cellini refere que estes objectos port teis s o fundidos em bronze para puderem resistir s condi es de manuseamento e frui o os monumentos sofrem em espa o p blico Rodin o arqu tipo do modelador na hist ria da Escultura Moderna muito influenciado pelos desenvolvimentos t cnicos da fundi o durante o s culo XIX opta pela fundi o dos seus monumentos pelos resultados que o bronze facultava plasticamente nas
119. ento Os escultores modernos para al m da destrui o do pedestal e a ruptura da representa o come am tamb m a apropriar se de espa os n o convencionais da Arte fossem eles a paisagem urbana ou natural ou seguindo a tend ncia de Rodin de afastar se do car cter figurativo da Escultura Cl ssica criando formas cada vez mais abstractas No que concerne ao panorama portugu s esta altera o de eliminar o pedestal ou pelo menos reduzi lo para aproximar a rela o entre espectador e obra relativos aos padr es cl ssicos do Monumento viriam a acontecer lentamente O escultor Costa Mota nos anos vinte interviu no cora o do Chiado criando um monumento ao poeta Ant nio Ribeiro de alcunha o Chiado Fig 4 Representado com um rosto jocoso de um homem velho com um manto largo sentado sobre um pequeno banco inclinado a sua principal qualidade pl stica reside no largo gesto do bra o que sa da quem por ali passa e a inclina o do corpo para a frente aproximando se do p blico fazendo com que o Monumento interaja com os espectadores afirmativamente alterando em definitivo com as poses her icas da tradi o cl ssica do Monumento podemos dizer at que o Chiado representa efectivamente a figura do anti her i desmistificando o c none cl ssico do Monumento Todavia o facto curioso desta obra reside n o defini o de anti her i mas a forma como o escultor ultrapassa a barreira do pedestal que distancia obra e espectado
120. ento l dico como objecto utilit rio brinquedo 25 Com a simula o de movimento de uma figura humana a caminhar ou um cavalo a correr materializadas em pedra talhada ou fundi o por exemplo Relacionado com a escultura cin tica com a cria o m biles que se movimentam consoante as condi es externas como o vento ou a ac o da pessoa ao tocar lhe permitindo gerar movimento 281 MAT A Paris et al Conceptos Fundamentales Del Lenguaje Escult rico p 124 138 O movimento por outro lado quando simulado n o mais do que inferir mediante determinada representa o a no o perceptiva de mobilidade Ou seja em Escultura quando olhamos para uma representa o de uma figura humana em movimento estamos a percepcionar a ilus o de um movimento real Atribu mos movimento a um determinado objecto atrav s de ten es dirigidas que nos d o a ideia de que aquela representa o se inscreve num movimento real ainda que a forma seja est tica As esculturas surgem nos como composi es inertes ao mesmo tempo que nos desejam transmitir movimento proposto como maior ou menor efic cia consoante a mestria do escultor que o executa Estruturando a forma num todo coeso e congelando esse momento agilizado que se pretende transmitir mesmo que se tenha de exagerar algumas caracter sticas da composi o No entanto o Monumento Fam lia Oper ria e o Trof u 40 Anos da OPEL em Portugal n o procuram nem um
121. eriais industriais como pelo recurso aos novos mecanismos pl sticos como a inser o de movimento Temos como exemplos de trof us com uma diversidade de resultados pl sticos elucidam se com trof us ao Festival de Teatro Amador de Loures JD 138 Melhor Document rio Portugu s V Encontros Internacionais de Cinema Documental JD 139 Melhor V deo V Encontros Internacionais de cinema Documental JD 141 INFOR JOVEM Funda o para a Divulga o das Tecnologias da Informa o JD 144 Jos Ant nio da Silva Festival de Teatro de Almada JD 146 Pr mio Salvaguarda do Patrim nio C mara Municipal de Abrantes JD 162 Desse modo o Trof u define se como um objecto onde todas as formas materiais e t cnicas s o permitidos mas tendo sempre em aten o a comemora o ou pr mio que se atribui e n o excedendo a escala humana relacionada com a m o Embora tenha menor relevo tanto no panorama da Escultura como na carreira de Jo o Duarte torna se uma pr tica fundamental e uma media o entre da escala monumental em espa o p blico e escala ntima ligada portabilidade da Medalha Assim as tipologias da Escultura Monumento Trof u e Medalha por terem a especificidade comemorativa e homenageante e ligada encomenda p blica torna se no principal recurso que proporciona aos escultores a defini o de uma carreira art stica Em Jo o Duarte a encomenda p blica traduz se em mais de quarenta monumentos espalhados pelo
122. erpetue no tempo os materiais utilizados t m de ter uma grande resist ncia exemplo do bronze ou da pedra De cariz nobre e de caracter sticas ricas estes materiais marcam a imagem dos monumentos at ao s culo XX onde se desconstr i a imagem do Monumento Tradicional Estes materiais asseguravam a perman ncia das obras pelas suas caracter sticas f sicas muito dur veis s condi es atmosf ricas e por outro lado enalteciam por serem materiais nobres e dignos de suporte uma homenagem ou comemora o Cada um destes materiais era utilizado tendo em conta a sua plasticidade o peso o contraste etc A plasticidade de um bronze permite uma din mica e movimento nas formas que n o alcan ada t o facilmente no m rmore que se presta pelas suas caracter sticas f sicas ao talhe de esculturas mais est veis e remetendo sempre para o bloco Assim compete ao escultor aproveitar os valores t cnicos e pl sticos que cada material oferecia para melhor transmitir a mensagem e enaltecer a forma do Monumento No panorama nacional a tradi o da fundi o era muito reduzida em rela o tradi o em pedra que estava bem enraizada no seio da Escultura Consequentemente como a oferta de t cnicos era superior no talhe da pedra em rela o ao vazamento do bronze este tornava se demasiado dispendioso para a pr tica escult rica por implicar grandes custos e bons meios t cnicos Hoje em dia esta rela o entre bronze e m rmore inve
123. erta o Agrade o particularmente ao Professor Jos Viriato Bernardo pela ajuda que me proporcionou na pesquisa e clarifica o de alguns temas proeminentes nesta investiga o Um agradecimento especial aos professores que fizeram parte na minha forma o acad mica Professor Ant nio Matos Professor Jos Rev s Professora Sandra Tapadas e demais nomes j mencionados Agrade o ainda a colabora o de todos os que fizeram parte desta investiga o directa ou indirectamente Fam lia amigos e em particular de T nia Dias por se disponibilizar em acompanhar me durante o processo de desenvolvimento e conclus o desta disserta o O meu sincero bem haja Tudo me apareceu no tempo certo da minha carreira Jo o Duarte 2011 NDICE I INTRODU O Il TIPOLOGIAS DA ESCULTURA A MONUMENTO B TROF U C MEDALHA Ill T CNICAS E MAT RIAS AMPLIA O E REDU O TALHE DIRECTO E TALHE INDIRECTO FUNDI O CUNHAGEM CONSTRU O PL STICOS E RECURSOS VIRTUAIS NOVOS MEIOS DA ESCULTURA EA 6 e IV OBRA DE JO O DUARTE A REFER NCIAS B PO TICA DE AUTOR C ENCOMENDA P BLICA D ENSINO V RELA O ENTRE MONUMENTO TROF U E MEDALHA LINHA E FORMA PLANO E VOLUME CHEIO E VAZIO M DULO E REPETI O MOVIMENTO E DIN MICA Em CD po VI CONCLUS O VII BIBLIOGRAFIA ESPEC FICA GERAL CAT LOGOS PERI DICOS DO D gt 115 119 128 130 134 138 142 145 14
124. evista Escultor Jo o Duarte 1985 2005 20 anos a criar medalhas 172 A atitude do inovador que ao reconhecer que uma linguagem se alheou de uma determinada situa o hist rica nega as suas bases com a intui o de que atrav s desta ac o escolhe tamb m de facto uma outra situa o humana In ECO Umberto A Defini o da Arte p 232 101 A Medalha que se tornou numa alternativa s obras comemorativas e homenageantes Monumentais em espa o p blico e tem na obra de Jo o Duarte uma import ncia diferente que o Trof u ou Monumento sendo a sua principal actividade enquanto escultor Sei que tendo eu um mundo volta para poder transformar um mundo quase infinito d me muito prazer e paix o transform lo numa s ntese num pequeno objecto port til At ruptura do regime do Estado Novo a Medalha estava confinada s actividades pol ticas que se pretendiam comemorar e materializadas sempre numa forma pr definida bidimensional com anverso e reverso modelados em relevos e inscri es cunhadas ou fundidas em materiais nobres ouro prata lat o cobre ou bronze Por outro lado na p s revolu o a medalha concebe se atrav s de inova es nunca antes pensadas no contexto desta tipologia Assiste se a uma transgress o das normas est ticas e formais que a fundamentavam at ent o Embora fiel s bases e princ pios da Medalha Tradicional Jo o Duarte como outros escultores a part
125. final com especificidade pr pria a que chamamos Obra de Arte Ao expandirmos o universo das tecnologias como objecto de estudo aplicados s tipologias da Escultura anteriormente explicitadas observamos que este mbito necessita de um estudo e um aprofundamento de conte dos A Escultura pelas suas caracter sticas espec ficas t cnicas de execu o produ o e materializa o t m toda uma s rie de processos e princ pios a considerar que tamb m eles resultam de um desenvolvimento temporal da Escultura e da sociedade adictos a metamorfoses rupturas e experimenta es Independentemente do tempo hist rico e das tend ncias que classificam as Esculturas toda a obra constru se primeiramente no pensamento a partir de uma ideia mas s atinge visibilidade atrav s da materializa o f sica por processos t cnicos que manipulam mat rias A Escultura enquanto Obra de Arte no seu car cter mais te rico do mundo da ideia e do projecto indissoci vel da materializa o f sica e do mundo das tecnologias Por esta raz o n o se pode conceber a tecnologia como subalterna dos conceitos ou das ideias pois estas s o reas que se complementam O pr prio processo do fazer n o um mero processo mec nico fazer tamb m pensar Cada impacto feito pelo escultor com um escopro e 39 ARGAN Giulio Carlo Arte e Cr tica de Arte p 91 39 maceta numa pedra ou outro qualquer processo t cnico esse gesto pensar pensar n
126. formas Ou seja a raz o pela qual Rodin preferiu este material e consequente t cnica reside numa adequa o de ordem formal o vigor das superf cies das esculturas n o encontravam no translado da pedra ou mesmo no talhe directo a melhor materializa o que a encontrava no bronze fundido O bronze a linguagem que se imprime transitoriamente no barro passada a um material definitivo Deixando para tr s as limita es formais da tecnologia da pedra a t cnica de fundi o em bronze permitiu uma maior liberdade tridimensional por ser um material mais flex vel em termos de resultados e formas ousadas podendo criar se figuras de contornos ziguezagueantes e extremidades salientes que poderiam n o ser concretiz veis na pedra 74 CELLINI Benvenuto Tratados de Orfebrer a Escultura Dibujo y Arquitectura p 113 116 75 WITTKOWER Rudolf Escultura p 256 60 Contudo a t cnica de fundi o em bronze coloca uma s rie de problemas diferentes daqueles impostos na pedra mas igualmente complicados O escultor apesar de n o necessitar de pensar um monumento em termos do bloco tem de ter em contrapartida um estudo minucioso nos modelos preparat rios e no modelo final que ser vazado para se determinar qual a melhor t cnica de fundi o para o fazer para obter o resultado desejado Para al m disso a fundi o de monumentos em bronze possibilitou uma outra vantagem perante os monumentos em pedra As esculturas p
127. gem feitos por formas complementadas por palavras a rela o ntima entre objecto e indiv duo que a manipula a pequena escala de um objecto port til de circula o e a especificidade nica de ser um objecto obrigatoriamente reprodut vel permitem desenvolver se para um dom nio de novas significa es A possibilidade de utilizar processos reas parte das tecnologias tradicionais da Escultura como a Pintura e o Design ou materiais inovadores para a pr tica da Medalha os pl sticos de cariz industrial ou a gravura permitiram criar linguagens pl sticas que tendem para uma experimenta o e 37 descoberta tanto da formalidade intr nseca da Medalha como da sua pr pria designa o Este entrosamento de tend ncias ou tipologias levou por sua vez reformula o do conceito de Medalha baseado na tradi o antiga paralela s aberturas tecnol gicas e est ticas do presente Suscitando novas formas e linguagens da Medalha como a Medalha Constru da Medalha Objecto ou a Medalha L dica Em suma a Medalha reflecte uma tipologia concreta mas que nada tem a ver com um c none r gido como era defendido por artistas e cr ticos at ao in cio do s culo XX Prop e se uma subtil s ntese da cria o gr fica pict rica e escult rica que pode ser formalizada com figuras modeladas acompanhadas de legendas ou encaixes e rasgos simb licos que contam um determinado acontecimento ou hist ria como um cartaz de bolso
128. ha Comemorativa aos Forcados Amadores de Santar m JD 1 Medalha Comemorativa do 4 de Setembro de 1939 Forcados Amadores de Montemor JD 2 Medalha Comemorativa a Diamantino Viseu JD 3 medalha Comemorativa a Joaquim Batista Pereira JD 4 183 Medalha Comemorativa dos 80 Anos da Casa da Imprensa JD 5 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 98 Com um conjunto de obras reunidas entre as tipologias de Monumento Trof u e Medalha desenvolve linguagens pl sticas que variam entre a forma inflada do corpo humano e a geometriza o e simplifica o atrav s de formas estilizadas Estas duas vertentes figurativa forma inflada e abstracta formas geom tricas relacionadas com o entendimento da forma na obra de Jo o Duarte n o s o necessariamente opostas na maneira como se constroem Todas elas contam com um car cter de s ntese da forma mesmo nas pe as com a representa o figurativa inflada No entanto esta tend ncia de simplifica o atrav s de formas que se aproximam cada vez mais de obras abstractas resulta em duas quest es fundamentais a primeira relacionada com a altera o das linguagens da representa o para a n o representa o levando a uma reformula o dos fundamentos est ticos e pl sticos e a segunda resultante da adapta o entre pr ticas da escultura com as inova es feitas pelos avan os da ci ncia tecnologia e comunica o Jo o Duarte utiliza a simpl
129. hist rica e t cnica da descri o e evolu o de alguns dos processos tecnol gicos das pr ticas tradicionais da Escultura do talhe directo e indirecto da fundi o da cunhagem e da constru o complementados por processos de modela o moldagem amplia o e redu o tenta se definir de que maneira as pr ticas t cnicas influenciaram as tipologias de Monumento Trof u e Medalha nas suas caracter sticas formais de textura volume estrutura e equil brio Ibid p 91 S definimos a t cnica do talhe directo ou da fundi o como t cnicas assumidamente da Escultura por serem adoptadas desde muitos s culos atr s O mesmo n o acontece a t cnicas como o laser ou a prototipagem r pida por serem t cnicas com outros fins nomeadamente para a cria o de objectos utilit rios e comuns no dia dia e a sua utiliza o como t cnica da Escultura ainda experimental e por isso n o enraizada na pr tica tecnol gica da Escultura 40 Com as grandes civiliza es permitiu se as descobertas de v rias mat rias barro gesso cimento e outros minerais embora se tenham utilizado sempre a pedra madeira e mais tarde com a aprendizagem das t cnicas de fundi o o bronze definidos como mat rias de qualidade por excel ncia da pr tica da Escultura Esta predilec o por materiais ditos nobres tem a ver directamente com quest es de conserva o e da pr pria tradi o art stica ao apoderarem se de materia
130. hos Estudos e Provas de Ensaio Texto Banco de Portugal Charters de Almeida Lisboa Madeira amp Madeira Artes Gr ficas 2010 ISBN 978 989 8061 65 2 BALDWIN John Contemporary sculpture techniques welded metal and fiberglass Nova lorque Van Nostrand Reinhold 1967 BAUDRY Marie Th r se Sculpture M thode et Vocabulaire Paris Monum ditions du Patrimoine 2005 ISBN 2 85822 459 5 BECKER Thomas W The Coin Makers Nova lorque Doubleday 1969 BIBLIOTECA NACIONAL Seis escultores seis interven es na Biblioteca Nacional Lisboa Funda o Calouste Gulbenkian 1994 BOSTR M Antonia The Encyclopedia of Sculpture Vol 2 Londres Fitzroy Dearborn 2004 ISBN 1 57958 430 6 CAM da FCG A Medalha Portuguesa no s culo XX Dir Fernando Lib rio Lisboa CAM 1991 CASTRO Joaquim Machado de Descri o anal tica da execu o da Real Est tua Equestre do Senhor Fidelissimo D Jos Lisboa Academia Nacional de Belas Artes 1975 145 CASTRO Joaquim Machado de Pontos de Vista e de Dist ncia In CASTRO Joaquim Machado de Dicion rio de Escultura Texto F A Garcez Teixeira Lisboa Livraria Coelho 1975 CELLINI Benvenuto Tratados de Orfebrer a Escultura Dibujo y Arquitectura Madrid AKAL 1989 ISBN 84 7600 392 7 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques Paris Dessain et Tolra 1988 ISBN 2 249 27759 1 CRUZ Antonio Sorroche
131. i posteriormente moldada em negativo em gesso e transportada para vila nova de Cerveira onde se ira fazer o enchimento da pe a tamb m em gesso A escultura tornou se uma das pe as de apresenta o da Bienal que ainda hoje realizada 33 anos 89 autor como as distintas vertentes tipol gicas monumento Trof u Medalha decorrentes da encomenda p blica a par de uma sempre consciente aplica o dos fundamentos pl sticos mat ricas e t cnicas das mais tradicionais aos mais recentes da Escultura 90 B Po tica de autor Para mim todas as linguagens s o importantes todas elas v o se construindo dentro de n s evoluindo medida que o trabalho vai caminhando fazendo com que o escultor v resolvendo os problemas medida que nos v o aparecendo Todos os trabalhos nos trazem problemas diferentes que o escultor tende a ultrapassar muitas vezes havendo uma grande luta entre o trabalho e o escultor Com o advento de um novo pensamento fruto da p s revolu o do 25 de Abril de 1974 tamb m a Escultura vai renovar os seus conte dos dando lugar singularidade dos percursos art sticos A grande aflu ncia de novas cria es e de novos artistas a par da falta de refer ncia do colectivo leva a Escultura a reflectir se num car cter social quotidiano opondo se os quesitos tem ticos e aleg ricos da propaganda pol tica do regime Estado novo Com consequ ncia a fun o da Escultura torna se ext
132. ia ou acontecimento e que passa atrav s de poca em poca como um documento intemporal A evolu o e desenvolvimento entre Escultura Cl ssica Moderna e Contempor nea est intimamente ligada com as tecnologias que proporcionam resultados pl sticos diversos atrav s dos materiais e das t cnicas empregues que se expandem desde os procedimentos mais elementares de talhar madeira ou pedra materializa o de formas atrav s de processos rob ticos e mec nicos 142 Encar mos o estudo do desenvolvimento das tipologias escult ricas Monumento Trof u e Medalha como resultado de uma componente tecnol gica e mat rica tamb m ela em constante metamorfose surgindo como um dos objectos primordiais no entendimento da rela o entre ideia e obra final Tamb m neste cap tulo analis mos as rela es entre os monumentos os trof us e as medalhas da obra de Jo o Duarte e a maneira como as formas se consolidam em mat rias e t cnicas Jo o Duarte vale se de todos os recursos poss veis sejam eles t cnicas cl ssicas de translado e amplia o e materiais como pedra e bronze ou tecnologias de soldadura aplicadas em a o como s ferramentas virtuais que definem formas quase que instantaneamente Esta multidisciplinariedade entre reas t cnicas tradicionais da Escultura que apesar de pouco ou nada se relacionarem com as novas t cnicas ligadas produ o industrial complementam se e proporcionam evolu es gradativas n
133. ial Caminho 2005 ISBN 972 32 1723 8 PEREIRA Jos Fernandes Escultura Contempor nea In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa Lisboa Editorial Caminho 2005 ISBN 972 32 1723 8 PEREIRA Jos Fernandes Mota tio Ant nio Augusto da Costa In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa Lisboa Editorial Caminho 2005 ISBN 972 32 1723 8 PEREIRA Jos Fernandes Vieira Jorge In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa Lisboa Editorial Caminho 2005 ISBN 972 32 1723 8 PEREIRA Paulo Hist ria da Arte Portuguesa Vol III Lisboa Circulo de Leitores 1995 ISBN 972 42 1225 4 PINTO A Marques Prontu rio de Medalh stica Porto O primeiro de Janeiro 1971 148 REGAT O Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano Lisboa Bicho Do Mato 2010 ISBN 978 989 8060 09 9 REMESAR Antoni Estatu ria e Escultura de Lisboa roteiro Lisboa C mara Municipal de Lisboa 2005 ISBN 978 972 8543 03 7 RODRIGUES Francisco de Assis Diccionario Technico e Historico de Pintura Escultura Architectura e Gravura Lisboa Imprensa Nacional 1875 SAIAL Joaquim Seixal Arte P blica Seixal C mara Municipal de Seixal 2009 ISBN 978 972 8740 49 8 SANTA MARIA DA FEIRA Comiss o Instaladora do Museu Municipal de Exposi o Pr mio Nacional de E
134. ienais congressos mostras e concursos de Artes Pl sticas Jo o Duarte levou longe esta paix o pelas formas infladas e pela mulher E uma express o individual que transita como marco da sua carreira de po tica de autor para as tipologias ligadas ao Monumento Trof u e Medalha 96 C Encomenda p blica Esta singularidade dos percursos pessoais serviu essencialmente como um ref gio para experimenta es e mais do que isso um meio para que os escultores explorassem a qualidade e originalidade na tridimensionalidade Ao contr rio da encomenda p blica como principal motor que fazia mover as pr ticas da Escultura no seio da sociedade com representa es tridimensionais das suas tem ticas e inquieta es do colectivo O prop sito concreto da Escultura de encomenda p blica centra se na liga o entre p blico e obra cultivado atrav s da tipologia de Monumento mas tamb m Trof u e Medalha enquanto mecanismo de difus o pol tica transfigurado com o in cio do s culo XX O aparecimento de linguagens cada vez mais afastadas do car cter figurativo resultantes do cansa o das tradi es cl ssicas da representa o definem se pela utiliza o de formas de cariz abstracto e ou de mat rias e t cnicas ligadas industria pouco convencionais s pr ticas tradicionais da Escultura Estas novas linguagens do s culo XX caracterizam se pela tentativa de proporcionar ao espectador uma viv ncia que desencadea se uma s rie
135. ifica o menos expl cita nas representa es das suas pe as atrav s de formas elementares revelando um car cter geom trico minimal e abstracto das formas Atrav s de planos e linhas volumes geom tricos e minimais representa por meio de uma s ntese as tem ticas Ou seja representa sinteticamente as imagens principais do tema reduzindo a sobrecarga de elementos para que a mensagem seja facilmente entend vel por elementos directos e concretos com uma evid ncia visual do elemento original ou situa o em que se baseiam Contudo Jo o Duarte n o aspira s obras da pura abstrac o como Brancusi que levou o grau de s ntese ao extremo para revelar a verdadeira 166 l natureza escultura e n o tem a ver necessariamente com a vis o da 16 MULLANEY Sean Talking Up Sculpture p 59 16 Os Artistas na primeira metade do s culo XX trabalham sobre um conceito da verdade do material traduzidas normalmente na adop o de formas estilizadas e afastadas da figura o Ou seja o desenvolvimento da abstrac o elucida se com um aspecto meramente material os materiais da Escultura s o radicalmente distintos do material da natureza ou imagem retractada logo n o se deve procurar estabelecer rela es entre material e forma que n o t m semelhante como mat ria mas sim gerar formas absolutamente relacionadas com as caracter sticas f sicas do material e os volumes que ele pode suscitar no artista In MULLANEY Sean T
136. imento desta nova pr tica da Medalha que ainda hoje desenvolve Outros artistas foram mais longe e criaram na Medalha uma componente l dica e de movimento atrav s da cria o de jogos brinquedos com cor 3 ALMEIDA Charters de Charters de Almeida Medalha Medalha Objecto Cunhos Estudos e Provas de Ensaio p 16 35 movimento cin tico e at som de modo a que a medalha para al m de fru da possa ser manipulada e n o um objecto est tico A Medalha Contempor nea n o tem de ser obrigatoriamente redonda quadrada ou rectangular nem limitada a duas faces Pode ser convexa c ncava com cortes articulada gravada constru da pode utilizar materiais inovadores muitos deles de cariz industrial desde o acr lico madeira cer mica vidro que por sua vez se agregam a novas tecnologias o laser ou a prototipagem r pida Pode assumir uma tridimensionalidade e ser fru da de todos os ngulos ou manipulada de forma din mica aproximando se de uma fun o utilit ria comum como um brinquedo A defini o tradicional de Medalha de ser um objecto ntimo que permite a medalha ser manipulada e fru da atrav s da vis o e ser um objecto pessoal e port til Contrasta no que confere Medalha Contempor nea que pode ser experimentada e fru da para al m de uma modela o de relevos e da sua forma bidimensional gra as possibilidade de ter uma tridimensionalidade como uma escultura de vulto Podendo ser vista tamb m
137. iques pp 348 249 13 A soldadura TIG Tungsten Inert Gas GTAW Gas Tungsten Arc Welding Fig 41 tamb m um processo de soldadura por arco el ctrico que utiliza uma atmosfera de g s inerte No entanto a descarga el ctrica feita entre um el ctrodo n o consum vel base de tungst nio e a pe a a ser soldada sendo necess rio um material de enchimento varas de metal como aquele utilizado no processo de ma arico a oxi acetileno Este processo adequado para pe as de pequena espessura ou materiais de dif cil soldabilidade um m todo est vel e suave produzindo soldaduras com bons acabamentos e com aus ncia de pingos As limita es centram se na impossibilidade de soldar pe as com espessuras mais grossas bem como a baixa produtividade e custo elevado do equipamento e manuten o Estes s o os processos de soldadura por fus o mais utilizados na pr tica da Escultura Por m a ind stria conta com muitos outros m todos mais complexos com caracter sticas espec ficas para determinados trabalhos de soldadura soldadura a arco submerso a laser a plasma por fio fluxado por electro esc ria ou por eletro gas etc A classe das t cnicas de soldadura em estado s lido ou indirecto s o processos pouco aplicados t cnica da Escultura pela sua limita o de resultados em rela o aos m todos de soldadura por fus o que permitem diversos tipos de acabamento de cord es e a explora o de formas e volumes o
138. ir da d cada de 80 amplia as possibilidades t cnicas e est ticas da Medalha de hoje O ensaio sistem tico da formaliza o da Medalha com outros processos tradicionais ou ligados ind stria e a liga o entre v rios materiais com diferentes caracter sticas estruturais e consequentes t cnicas surgem como os principais mecanismo pl sticos que Jo o Duarte desenvolve no que designamos entre Medalha Constru da Medalha Objecto ou Medalha L dica 173 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte o corpo da Medalha pode ser esf rico c bico circular maci o vazado contrariando a bidimensionalidade da Medalha Tradicional e atribuindo lhe uma tridimensionalidade mais expl cita Estas formas activam se nas novas tecnologias e novas materiais propiciados pela ind stria podendo ser tamb m fundidas com as pr ticas tradicionais da Escultura Fundi o e cunhagem sobre bronze podem ser complementadas pela inclus o de pl sticos como acr lico manipulado a laser podendo tamb m incluir outros materiais como terracota gr s poliuretano vidro resinas entre outros 15 Esta din mica da Medalha espalhou se com grande fluidez durante todo o s culo XX prosperando at aos nossos dias definindo uma tipologia com passado presente e futuro definida de Medalha Contempor nea 102 As v rias vertentes da Medalha v o evoluindo medida que os autores v o apostando nelas V o se consoli
139. irec o e velocidade na percep o da forma A forma dotada de din mica e movimento n o por se tratar de uma 267 mas de um efeito visual e formal representa o em ou de um movimento que nestas pe as resulta de um equil brio assim trico dos volumes atribu do pelas linhas e planos que se contrap em em direc es Este equil brio assim trico capaz de expressar movimento torna se mais flex vel para ser adaptado a qualquer escala tipol gica ou espa o em que se insere S encontramos dinamismo interno quando as formas est o quietas de modo a que possamos sentir a sua din mica interna N o podemos encontrar dinamismo interno em representa es cin ticas porque o nosso olhar se fixa no efeito e n o capta o interior da tens o Mas tamb m algumas pe as inertes de movimento real s o parcas em defini o de dinamismo a pobreza da composi o ou a excessividade de elementos formais que desequilibram o conjunto n o permitem percepcionar as linhas de for as que atribuem o movimento que se espera em qualquer forma de escultura O dinamismo da forma e especialmente nestas duas pe as de Jo o Duarte que se projecta no monumento por uma linha de for a central mais vertical embora marcado por linhas obl quas de menor valor visual e no trof u numa nica linha obl qua entre instabilidade e equil brio desempenham a fun o de representar a no o de movimento e din mica como verdadeiro esp rit
140. is como a pedra e o bronze que tinham grande durabilidade ao tempo para a execu o de monumentos p blicos expostos a condi es climat ricas como ao manuseamento de medalhas e trof us como objectos port teis que s o Para que estes materiais pudessem ser trabalhados de forma fiel aos modelos originais da Escultura careciam de tecnologias correspondentes como a fundi o a cunhagem ou talhe directo 42 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 12 41 A Amplia o e Redu o Como etapa essencial no processo criativo do Escultor a maqueta torna se um procedimento b sico intimamente ligada s tecnologias da Escultura tendo caracter sticas espec ficas de escala e acabamento para com a pe a final um estudo em tr s dimens es que permite pensar uma ideia na sua forma f sica Pode ser modelada esculpida ou constru da apresenta normalmente uma escala reduzida para facilitar o processo de cria o Atrav s da experimenta o dos volumes da explora o do gesto e do tratamento das superf cies num corpo mais reduzido como o modelo ou esbo o possibilita se uma clarivid ncia do equil brio estrutura e linguagem pl stica que a escultura ir tomar evitando se a ilus o do desenho Os materiais empregues nas maquetas devem tamb m ter as mesmas caracter sticas f sicas ou similares ao material escolhido na escultura para uma aproxima o e adequa o entre estruturas e efeitos na forma inicial e
141. is expl cito na medalha com a sua rela o ntima entre tem tica e fun o da institui o onde a justi a se aplica Formalmente a mensagem da medalha n o directa pelo seu car cter geom trico e esquematicamente ilustrativo No entanto o escultor tenta transmitir a representa o de dois s mbolos ligados justi a a espada conferida pelos dois elementos verticais que cruzam o centro da composi o e a balan a representada entre as duas circunfer ncias equilibradas esquematicamente pelo plano em chapa composto tamb m ele no centro Neste caso Jo o Duarte optou por n o adaptar ou transcrever na medalha os tr s s mbolos da Justi a sob pena de se perder a simplicidade formal obtida pela planifica o do objecto e consequentemente a mensagem n o se tornar de f cil an lise para aquele que a observa No caso do monumento Liberdade JD 175 este evoca claramente e com destaque o s mbolo da liberdade e da paz atrav s da representa o planificada de uma pomba imagem e forma que ao longo da hist ria sempre esteve ligada a uma simbologia positiva Neste caso concreto a representa o da pomba dita o fim do regime do Estado Novo Como s mbolo de ruptura a representa o da pomba substituiu o s mbolo da espada na medalha atribu do liberdade a verdadeira forma de fazer prosperar a justi a Este monumento como muitos daqueles que se espalharam durante os ltimos 30 anos pelo pa s tem uma carga afirm
142. iscos eram posteriormente aquecidos no forno para reduzir a sua dureza e tornarem se mais d cteis para facilitar a cunhagem O momento da cunhagem sinteticamente a ac o em que o cunho comprime o disco de modo a passar os relevos para positivo Com o aux lio de uma bigorna coloca se o disco met lico previamente aquecido sobre este o cunho e com o impacto de um martelo o relevo do cunho transferido para o disco met lico Depois de terminada a cunhagem o disco e mergulhado num banho para arrefecimento e o processo est finalizado sem ser necess rio proceder se a qualquer tipo de acabamento ou rectifica o Fig 24 Este procedimento embora simples e rudimentar requeria grande precis o por parte do cunhador Se o impacto do martelo fosse maior que o necess rio podia danificar se o cunho e o disco ficar deformado ou inversamente se o impacto fosse menor corria se o risco da impress o no disco n o ser suficientemente profunda para se definirem os relevos Este processo por m produzia apenas moedas gravadas numa das faces S mais tarde se substituiu a bigorna por um segundo cunho por baixo do disco o que permitiu moeda ter anverso e reverso Fig 25 A desvantagem deste processo baseava se na necessidade de for a humana o que tornava a produ o de moedas uma actividade lenta e que tamb m n o permitia uma precis o formal entre a s rie pela vulnerabilidade dos cunhos aquando do impacto da cunhagem que formava os rele
143. istem dois processos similares designados de MIG utilizando um g s inerte Metal Inert Gas ou MAG utilizando um g s activo Metal Ative Gas Fig 40 A fus o obt m se entre a pe a a soldar e um consum vel na forma de arame el ctrodo n o revestido que fornecido por um alimentador cont nuo Estes processos em que n o h necessidade de remo o de esc ria permitem bons acabamentos das soldaduras e trabalhar em juntas muito espa adas sendo uma boa soldadura de enchimento Para al m disso a velocidade de soldadura menor distor o causada pelo calor e facilidade de opera o tornam o processo MIG extremamente fi vel Por outro lado a produ o de pingos de soldadura e a manuten o e custo do equipamento tornam desvantajoso este processo 101 62 102 BALDWIN John Contemporary sculpture techniques welded metal and fiberglass p O el ctrodo constitu do por um n cleo met lico e revestido por uma camada de minerais argila fluoretos e carbonatos e outros compostos celulose e ligas met licas e consumido medida que se vai formando um cord o de solda Este el ctrodo protegido por uma atmosfera gasosa proveniente da fus o do revestimento que durante o processo preserva a soldadura durante contra as contamina es do ar atmosf rico tendo como fun o estabilizar o arco el ctrico permitindo uma melhor qualidade e efici ncia na soldadura 103 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techn
144. jecto a n o ter valor pl stico e torna se por vezes pouco estimulante criar trof us apenas pelo prazer da forma Jo o Duarte reafirma os trof us enquanto tipologia da Escultura numa media o entre Escultura de pequena escala e portabilidade da Medalha imbu da de um sentido de recompensa ou comemora o respondendo aos quesitos da encomenda p blica Como objecto de pequena escala viabiliza as potencialidades e experimentalidade das formas como a conjun o de materiais e t cnicas que numa escala superior monumento seriam abortados ou inconceb veis A liberdade formal que a tipologia do Trof u pode tomar surge como uma caracter stica espec fica bem vincada tanto na obra de Jo o Duarte como da pr pria hist ria da Escultura A tridimensionalidade que cada trof u pode tomar varia ao longo da hist ria entre os memoriais no campo de batalha as ta as as est tuas de pequeno formato as representa es de animais de objectos quotidianos e representa es em relevo na arquitectura Actualmente nos trof us de Jo o Duarte desenvolvem se novas linguagens construtivas 179 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 180 SANTA MARIA DA FEIRA Comiss o Instaladora do Museu Municipal de Exposi o Pr mio Nacional de Escultura Acerca das Tend ncias da Escultura Portuguesa Actual p 158 104 revelando grande tend ncia geom trica atribu das tanto pelas t cnicas e mat
145. l minas LOM sintetiza o selectiva a laser SLS modela o por deposi o de material fundido FDM impress o por jacto de tinta MJT 82 Ill Obra de Jo o Duarte A Refer ncias Jo o Duarte nascido a 29 de Novembro de 1952 em Lisboa onde ainda hoje reside um escultor pertencente segunda metade dos anos 70 mas que ganha um lugar dentro o panorama art stico em Portugal s na gera o de 80 Para al m de escultor Jo o Duarte partilhar o gosto pela medalh stica sendo uma das tipologias que mais o notabilizam dentro da comunidade artista e p blica A encomenda p blica e a po tica de autor s o lhes intr nsecas desenvolvendo linguagens pl sticas d spares mas que muitas vezes se complementam entre especificidades tipol gicas da Escultura Monumento Escultura P blica Escultura ntima Trof u Medalha Moeda Paralelamente a sua profiss o como professor de Escultura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa t m se pautado por disciplinas de cariz mais t cnico desde a Medalh stica os Pl sticos os Metais as Madeiras os Gessos e as disciplinas projectuais de Escultura antecedidas pelo seu curriculo como professor do preparat rio O contacto de Jo o Duarte com as artes deu se prematuramente ainda durante a sua inf ncia na escola prim ria Um professor incentivou o a seguir o ensino das artes depois de ver uma figura modelada em barro por Jo o Duarte para o pres pio da escola surgindo o primeir
146. lidade como sendo o atributo fundamental da escultura que vista como a exist ncia no espa o real pode tamb m ela tomar tr s formas de coexistir na realidade a escultura que ocupa espa o como massa intranspon vel ligada escultura de massa compacta e a vertente mais tradicional de se apresentarem as esculturas que pode conter espa o mais relacional com a oposi o entre cheio e vazio e que a leitura pode ser um continuar entre massa vazia que contem o espa o e assim sucessivamente e ainda definir um espa o como uma moldura aproximado s tend ncias da escultura linear e minimal que perfazem apenas um apontamento no espa o n o querendo definir enquanto elemento principal Uma caixa serviria para ilustrar essa possibilidade Se as faces fossem todas fechadas ocupava o espa o como massa intranspon vel se um dos lados fosse aberto dir a se que contem espa o ao permitir um vazio na forma mas se fosse constru do apenas por uma forma linear das suas arestas tendo todos os lados abertos seria apenas um apontamento no espa o In MULLANEY Sean Talking Up Sculpture pp 62 63 27 ARNHEIM Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora p 23 131 A esfera em bronze polido de superf cie dourada e brilhante como elemento cheio e maci o presen a de forma e peso em ant tese com os dois elementos prism ticos em chapa de bronze patinado a negro encaixados perpendicularmente sugerem se
147. lidade e sem grande esfor o f sico e polidoras el ctricas pneum ticas substituem os materiais mais rudimentares para alisar as superf cies Por m estas ferramentas n o permitem os mesmos resultados pl sticos que o cinzel e a maceta s com a inser o de ferramentas pneum ticas de percuss o se conseguem substituir estes dois instrumentos e uni los num s de modo a acelerar o processo manual do talhe tendo os mesmos efeitos texturais nas superf cies A abordagem indirecta do talhe est relacionada com um m todo mec nico de transposi o de um modelo preliminar escala real 1 1 e segue os mesmos princ pios dos m todos de amplia o e redu o por pontos A 58 Martelo bujarda com dentes nas extremidades amplamente usado na cantaria e Escultura Choque resultante da ac o brusca de um corpo sobre outro CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 238 50 desvantagem deste processo para al m de uma perda a espontaneidade do modelo feito pelo escultor e pelo translado executado pelo t cnico quando da execu o do modelo obtido por modelagem n o s o na maioria levadas em conta as exig ncias e caracter sticas do material em forma e textura pedra O primeiro pa o do m todo indirecto translado ou pontea o ent o a modela o do modelo a transladar A modela o geralmente executada em argila passada posteriormente a gesso ou directamente em gesso Depois de materializado o
148. liza o perfeita do disco em rela o aos cunhos e uma maior fidelidade ao conjunto da s rie Fig 26 Os romanos tentaram ainda no sentido de uma maior fidelidade aos cunhos unir os dois cunhos por meio de uma dobradi a mas esta poderia ser danificada com facilidade e n o foi amplamente utilizada Fig 27 A poca medieval n o seria excep o regra e utilizou os mesmos procedimentos t cnicos de cunhagem usados pelos gregos e pelos romanos com a utiliza o de for a humana e de um martelo para transferir os relevos dos cunhos para os discos Mas altera es relativas aos materiais e alguns procedimentos na prepara o da cunhagem foram poss veis Os materiais utilizados para executar os cunhos passaram do bronze para a o o que atribu a mais resist ncia matriz e exclu a a necessidade da t cnica de Hubbing Os cunhos passaram a ser fundidos em a o em cilindros de dois di metros diferente O cunho inferior tem um di metro maior para permitir que o cunho superior de di metro inferior encaixe Os materiais dos discos a cunhar foram tamb m alterados podendo se criar moedas em bronze assim como nas ligas n o ferrosas ouro prata cobre cnumbo alum nio estanho etc anteriormente usadas Outra altera o envolveu a prepara o dos discos agora executados a partir de tiras ou chapas batidas e cortadas manualmente em forma circular Fig 28 2 Ibid pp 62 63 1 Ibid p 65 Ibid p 95 64 Como
149. m da pr tica da Moeda Sendo este um objecto utilizado como meio de permuta como resposta das trocas comerciais veremos que tanto formal t cnica e materialmente as tipologias de Medalha e Moeda s o similares A primeira Medalha propriamente dita foi criada em It lia no Renascimento pelo pintor Ant nio Pisano vulgarmente conhecido pelo seu nome art stico Pisanello em meados o s culo XV especificamente entre 1438 e 1439 Ap s a primeira materializa o de Medalha por Pisanello esta come a a ser desenvolvida como obra de Arte em It lia por disc pulos e continuadores de Pisanello durante os s culos XV e XVI De It lia a disciplina da pr tica da Medalha expandiu se para Fran a e Alemanha onde floresceu com um not vel esplendor e originalidade atrav s da express o individual alguns artistas iminentes da poca Por fim generalizou se em todas as na es cultas mas foi em Fran a que se deveu a grande glorifica o e desenvolvimento desta pr tica nos s culos posteriores Se nos remetermos para o contexto nacional muitas das nossas medalhas referentes a Portugal foram executadas em Fran a por estrangeiros Primeiro porque em Fran a possu am tecnologia superior Segundo porque o ensino e tradi o da Medalha estavam j enraizados na cultura da poca e o interesse pelo ensino da tecnologia da Medalha em Portugal era praticamente nulo salvo raras excep es de alguns gravadores portugueses como o caso de M
150. m martelo 49 Dentro da fam lia dos cinz is temos o ponteiro utilizado para retirar camadas maiores de pedra e os escopros para fazer o alisamento das superf cies entre planos Existem ainda varia es de escopros o escopro plano de ponta redonda e dentado que servem para definir formas suavizar as superf cies e efectuar detalhes Todos os cinz is s o utilizados com o recurso a uma maceta ou ma o H ainda um outro tipo de martelo que pode por tamb m ser utilizado directamente na pedra designado de boucharde Fig 13 e que permite reduzir uniformemente a superf cie da pedra deixando fileiras de marcas de dentes no material Por fim para o acabamento da pedra utilizam se abrasivos para retirar eventuais irregularidades ou fazer polimentos Estes abrasivos podem ser pedras com uma dureza inferior que amaciam a superf cie da pe a talhada ou com lixas industriais Todas estas ferramentas manuais apesar de fazerem parte activa na pr tica do talhe s o usadas paralelamente a outras inova es no in cio do s culo XX que desenvolvimento da t cnica e pl stica da disciplina do talhe A introdu o de m quinas el ctricas e pneum ticas possibilitaram para al m de uma maior rapidez de execu o uma multiplicidade de resultados nas superf cies dos suportes rebarbadoras el ctricas pneum ticas equipadas com discos de diamante de corte e desbaste conseguem fazer cortes precisos e desbastes profundos com relativa faci
151. mava distanciava se da simplicidade formal e objectiva que procurada para um equil brio do conjunto do Monumento O Monumento ao Marqu s do Pombal Fig 1 implantado em Lisboa reflecte e descreve com exactid o esta sobrecarga a figura do Marqu s representada contrastam com as alegorias de grupos escult ricos na base do pedestal e os relevos que se modelam pelas faces do pedestal Tamb m a n vel iconogr fico o Monumento bastante rico obedecendo a um c none pr definido que determina aquilo que apropriado e obrigat rio introduzir em cada tema representado Tomamos como exemplo as Justi as esculturas monumentais espalhadas por Portugal nas fachadas dos tribunais Caracterizam se por serem representadas como uma mulher e um conjunto de imagens que definem simbolicamente a justi a s o eles os olhos vendados a PEREIRA Jos Fernandes Monumento In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 401 REGAT O Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano p 37 13 balan a e a espada Que noutro campo de interpreta o estes s mbolos est o apenas acess vel aos que procedem e conseguem fazer a sua descodifica o A tradi o dos materiais usados nos monumentos vai alterar a ess ncia e desenvolvimento que esta tipologia escult rica perfaz ao longo da hist ria Para que o Monumento cumpra a fun o de comemora o e se p
152. mento da Escultura P blica Moderna e Contempor nea Reivindicaram uma nova fun o para o Monumento subvertendo a tradi o da mim sis e estabelecendo uma nova rela o entre espa o e p blico relacionando a tipologia de Monumento com as novas pr ticas das correntes art sticas modernas Alguns escultores come aram a intervir no espa o p blico recorrendo a amplia es de pe as realizadas nos seus ateli s criando obras de Escultura independentes do espa o seguindo o preceito modernista que defendia a autonomia da arte A autonomia da Arte que se entende como a cria o livre sem os quesitos da encomenda e da tem tica imposta estende se durante o s culo XX para a tipologia de Monumento numa tentativa de reformular o discurso pl stico dos monumentos O objectivo deste tipo de interven es escult ricas serviu tamb m para trazer pe as de escultura para fora dos museus 13 REGAT O Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano p 58 14 Ibid p 61 18 e galerias e fomentar o contacto do p blico em geral com as concep es est ticas vanguardas e os ismos Infelizmente a inova o das novas interven es escult ricas geraram forte contesta o por parte do p blico j que este se por um lado n o entendiam as alegorias figurativas cl ssicas por terem s mbolos complexos de descodifica o dificilmente conseguiriam tamb m perceber que um monumento de car cter ab
153. movimento real cin tico nem um movimento simulado da realidade mas sim um efeito visual e perceptivo relacionado com o movimento e din mica das formas Estas pe as s o mais uma vez formalizadas sobre a mesma similaridade de formas resultantes da rela o da mensagem tem tica que se comemora A representa o da f brica surge como marco tanto fam lia oper ria do Barreiro e a Institui o Opel em Portugal A f brica simbolicamente representada atrav s de placas de a o policromadas no monumento e de a o inox e acr lico no trof u em direc es verticais horizontais e obl quas Definem se tra os configurativos atrav s da sintetiza o dos mecanismos e componentes de cariz industrial que representam formalmente uma f brica Mas mais do que uma composi o que reflicta uma tem tica a express o pl stica destas obras centram se em formas plenas de movimento e din mica Constru das numa escala de valores din micos relacionam se 282 GON ALVES Carla Psicologia da Arte p 79 2 MAT A Paris et al Conceptos Fundamentales Del Lenguaje Escult rico p 107 284 O escultor representar com clareza a realidade tem de se refugiar por vezes em distor es formais conferir realmente o efeito de movimento como veracidade dependendo do espa o e da pr pria forma que se tenta atingir 139 tens es criadas entre linhas de for a verticais horizontais e obl quas que atribuem novos factores de d
154. nicas caracter sticas que prosperam na defini o de Trof u actual s o a dimens o reduzida relacional com o corpo humano m o e as inscri es obrigat rias nos trof us que complementavam a comemora o tributo ou pr mio Uma outra caracter stica do Trof u a coloca o de inscri es que dista j da Gr cia Antiga com as dedica es gravadas nos memoriais O acompanhamento do Trof u com imagens palavras ou n meros que criavam uma mensageminscri o permitia uma liga o mais pr xima entre a forma e a comemora o homenagem ou pr mio Por norma no que toca aos trof us 27 actuais estas inscri es aparecem ou na base caso a possuam ou no pr prio trof u A liberdade formal de que o Trof u n o tinha formas predefinidas possibilitou a que v rias reas se apoderassem desta tipologia agora art stica enquanto objecto comemorativo homenageante e por isso tanto escultores pintores designers e at arquitectos passaram a formalizar trof us O Trof u apropriou se com o in cio do s culo XX das t cnicas da Escultura e Pintura e dos processos industriais relacionados com o Design que permitiram por sua vez uma nova compreens o deste objecto art stico Utiliza materiais desde os mais cl ssicos bronze e pedra passando pela madeira at aos mais inovadores de cariz industrial como o acr lico cer mica e vidro que por sua vez se agregam a novas tecnologias como o laser CNC etc Curioso ser apontar q
155. nio de um amplo conjunto de linguagens d spares que se tentavam refundir nas tend ncias de d cadas anteriores adaptam se os novos valores pl sticos simplifica o de formas materiais e t cnicas respeitando as limita es tipol gicas de modo a salvaguardar algumas das caracter sticas fundamentais da Escultura tradicional materiais t cnicas e conte dos est ticos e pl sticos A estabiliza o pol tica e econ mica de Portugal que viria a atingir se na d cada de 80 e a abertura democr tica s realidades econ micas sociais e culturais da Europa n o s permitiu o surgimento de apresenta es nacionais em mostras internacionais com maior frequ ncia como o aparecimento de uma 138 Como assistente no ateli de Ant nio Duarte executou algumas figuras humanas e retratos comemorativos expostos em pra as e jardins p blicos e com Euclides Vaz realizou a amplia o de algumas das figuras femininas das Justi as que comp em as fachadas dos tribunais portugueses 87 nova classe m dia alta que garantiu um mercado crescente e que se complementou pela afirma o social dos escultores 3 A actividade das galerias tamb m se articulou pol tica cultural das institui es j presentes no seio da sociedade desde museus funda es e centros de arte conseguindo promover n o s a produ o como a imagem dos artistas A abertura de novas galerias foi necess ria pela maior procura permitindo o aparecimento d
156. nou se com a introdu o de uma t cnica mais complexa Perfurando ao longo da linha de corte uma s rie de orif cios com o recurso a um arco de pua ou broca de arco Fig 13 onde eram posteriormente colocadas cunhas met licas nos orif cios de modo a que a pedra rachasse removendo grandes quantidade de material de uma s vez Com a introdu o de maquinaria el ctrica estes processos ficaram mais facilitados com o aparecimento de serras circulares el ctricas e rebarbadoras capazes de retirar grandes blocos de pedra ou com a substitui o da broca de arco ou arco de pua por berbequins el ctricos que permitiam uma maior fiabilidade de fura o aliada a uma maior velocidade de todo o processo Uma vez que as formas est o executadas na generalidade n o poss vel fazer altera es relevantes durante o processo do talhe As camadas de pedra s o desbastadas at forma pretendida o que torna este processo um m todo lento e exigente fisicamente O desbaste mais detalhado feito com o recurso cinz is e abrasivos Uma vasta gama destas ferramentas necess ria porque cada uma deles apresenta um resultado diferente sobre a superf cie e escolhida consoante o material a ser talhado WITTKOWER Rudolf Escultura p 6 Instrumento manual que possui numa extremidade uma l mina resistente agu ada usado para entalhar ou cortar diversos materiais r gidos como pedra madeira ou metal geralmente com aux lio de u
157. nsino da Escultura entre a segunda metade do s culo XVIII e o in cio do s culo XIX Como escultor Machado de Castro tornou se respons vel pelas maiores obras escult ricas do seu tempo como a Est tua Equestre D Jos o conjunto escult rico da Bas lica da Estrela ou do Pal cio 183 As oficinas satisfaziam essencialmente as encomendas de obras devocionais nos mais variados materiais e aos seus autores v o ser apelidados de santeiros para os distinguir do escultor que dotado de uma cultura e de um fazer pr tico e essencialmente composicional diferenciado 184 O conhecimento sistem tico e ordenado das artes pl sticas passa inevitavelmente pelo pensamento de Francisco de Holanda unificador das artes atrav s do desenho e defensor de uma forma o te rica human stica cient fica e t cnica para os artistas In SILVA Jo o Castro O corpo humano no ensino da escultura em Portugal mim se e representa o p 285 13 PEREIRA Jos Fernandes Ensino In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 218 107 da Ajuda Machado Castro dotou ainda a Escultura Portuguesa de uma s lida base atrav s da fixa o de conceitos e m todos te ricos Esta tarefa permitiu tamb m a promo o dos escultores no mbito s cio cultural demonstrando as especificidades te ricas e pr ticas da Escultura 8 No entanto o contexto e os par metros do ensino em Portugal n o era pensados de
158. ntagem mec nica que permite unir diversos materiais recorrendo a parafusos porcas rebites agrafos ou pregos a colagem a partir de adesivos ou colas ep xi poli ster contacto etc ou montagens por soldadura Todos estes processos de constru o s o teis desde que sejam usados consoante as caracter sticas f sicas e estruturais do material a unir Obviamente seria irreflectido ditar os processos b sicos para fazer escultura para constru o j que os processos de montagem colagem e soldadura dependem inteiramente dos materiais e formas que se pretendem Por m algumas t cnicas relacionadas com os metais e os pl sticos tornaram se eficazes enquanto meio tecnol gico da Escultura do s culo XX sendo cada vez mais exploradas pelos escultores e tendo uma consequ ncia directa na forma como a Escultura pensada criada e fru da A soldadura uma t cnica usada para o trabalho em metal e que permite a uni o de v rias pe as atrav s da sua fus o tornando se numa s Embora seja uma t cnica que s se expandiu amplamente a partir do s culo XIX e XX j durante o per odo sum rio 2550 a C havia o conhecimento de processos de soldadura assim como tamb m gregos e romanos faziam soldaduras em ouro prata chumbo e estanho Todavia os processos de soldadura como os conhecemos hoje em dia est o longe da tecnologia 33 As mat rias pr fabricadas do a o em l minas tubos vigas e chapas com a aplica o de
159. ntes a toda a hist ria do talhe o ponteiro o cinzel plano e o dentado usados paralelamente com o aux lio de um martelo ma o ou maceta Fig 13 Estes instrumentos v o sendo alterados e aperfei oados substituindo se os materiais de cobre e bronze por a o o que permitiu n o s uma inova o na t cnica do talhe como a inven o de uma ferramenta a pua intimamente relacionada com a t cnica de translado que desenvolveremos mais adiante Fig 14 Existem basicamente duas t cnicas de talhe o m todo directo e o m todo indirecto O m todo directo ou talhe directo o processo mais antigo iniciado temporalmente na pr hist ria ganhando uma matura o t cnica na Antiguidade A pua permitia n o s um grande aprofundamento no m rmore mas tamb m que fizesse abertura e recortes extremamente ousados tornou se um importante recurso durante os per odos realistas In WITTKOWER Rudolf Escultura p 18 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 229 47 e brilhantemente desenvolvido por Miguel ngelo no Renascimento O talhe directo essencialmente um processo criativo que o escultor utiliza para materializar as suas ideias sem se limitar a m todos mec nicos marcado por uma maior liberdade em rela o ao talhe indirecto que utiliza mecanismos de reprodu o a partir de um modelo O talhe directo requer uma destreza t cnica e intelectual por parte do escultor porque o f
160. nto a uma escultura este pode ser a partir da representa o do movimento em configura es que s o fisicamente est ticas do movimento real relacionado com a escultura cin tica e movimento e din mica como elementos abstracto relacionado com as tens es que percepcionamos das formas A partir do Monumento Fam lia Oper ria JD 204 e o Trof u 40 Anos da OPEL em Portugal JD 154 de Jo o Duarte iremos estabelecer em que par metros se relacionam o movimento e a din mica relativamente s estruturas internas das formas em oposi o s rela es entre movimento real e movimento simulado representado Na escultura volume e peso massa c rpea e inanimada os mecanismos reais de cria o de movimento deram os seus primeiros passos no s culo XX a partir de efeitos visuais por meio de movimentos f sicos balanceantes e irregulares Particularmente explorada por escultores como Alexander Calder as esculturas cin ticas participam num movimento real com uma instabilidade m vel atribu da por pesos e contrapesos Poder amos dizer que da mesma forma Jo o Duarte explora tamb m o movimento cin tico nas suas medalhas e trof us Tal afirma o poderia ser demasiadamente arriscada e redutora da pr pria procura do escultor verdade que as suas pe as t m claramente movimentos f sicos no entanto estes s o apenas propostos n o para criar o efeito visual da escultura cin tica mas para apelar ao manuseam
161. nto de valores que possibilitam a cria o de uma mem ria e uma identidade nacional percept vel ao p blico Apresentam as formas mais diversas desde simples pedras amontoadas at as formas mais complexas como pir mides obeliscos arcos do triunfo est tua pedestres e equestres para conservar a mem ria de algum acontecimento not vel O Monumento tradicional era caracterizado por uma tipologia r gida pr estabelecida combinando o pedestal ou coluna com uma est tua ou grupo escult rico Quando implantado em espa os p blicos projecta a imagem que ser vista pelo p blico e que criar inevitavelmente uma mem ria colectiva Esta mem ria colectiva uma supress o ideol gica dos povos na maioria dos casos que se torna evidente quando observamos a destrui o que os monumentos sofrem aquando da deposi o de determinados regimes autocr ticos O Monumento ent o n o somente a reprodu o de uma personagem ou acto mas acima de tudo o s mbolo mais vis vel do contorno sociopol tico que representa A est tua um elemento de presen a e poder pelo que deve ser abatida Deste modo o poder pol tico est permanentemente envolvido na encomenda realiza o de monumentos e em grande parte dos casos utiliza esta tipologia escult rica para fins ideol gicos de propaganda e difus o de valores ideias para a sociedade 3 PEREIRA Jos Fernandes Monumento In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escult
162. o ficariam aut nomas do regime sendo maioritariamente manifesta es evidentes da enfatiza o dos quesitos formais e est ticos a que a Escultura se pautava A manifesta inten o do Estado vir a intervir no meio art stico resultou como contrapartida numa crise da Arte com a falta de compradores ao negar os avan os das vanguardas europeias no panorama art stico portugu s O culminar desta pol tica foi a Grande Exposi o do Mundo Portugu s de 1940 2 Os fen menos do Neo realismo Surrealismo e Abstraccionismo que tinham emergido de uma cultura europeia desenvolvida s tiveram oportunidade de ter um lugar ainda que marginal dentro das tend ncias da Escultura Portuguesa nas d cadas de 40 e 50 com nomes como Ant nio Duarte Euclides Vaz Arlindo Rocha e Jorge Vieira Podemos dizer que havia duas fac es art sticas em Portugal uma vertente clandestina constitu da pelos escultores que recusavam seguir exclusivamente os caminhos da estatu ria p blica figurativa para uma aproxima o com o contexto internacional das tend ncias vanguardistas e um outro grupo parcialmente envolvido no regime 12 PEREIRA Jos Fernandes Escultura Contempor nea In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 263 13 Ibid p 258 131 SANTA MARIA DA FEIRA Comiss o Instaladora do Museu Municipal de Exposi o Pr mio Nacional de Escultura Acerca das Tend ncias da Escultura Portuguesa Actual
163. o comemorativo homenageante aproximado da fun o da Medalha Se o Renascimento resulta na Escultura como um regresso s origens cl ssicas o Trof u n o foi adicto a esta tend ncia mantendo o seu car cter de comemora o e de homenagem n o remonta s representa es antigas dos objectos de guerra em relevo mas continua a definir se como um objecto de pequenas dimens es como sinal de pr mio ou recompensa Com o in cio do s culo XX o aparecimento das vanguardas e at pelo desenvolvimento industrial das sociedades a pr tica do Trof u estende se definitivamente para as pr ticas da Escultura e para uma nova rea o Design Aproximado das pr ticas art sticas do Design da fun o comemorativa ou homenageante e apesar de perder a sua fun o sagrada e de tributo aos deuses o Trof u ganha caracter sticas pl sticas que lhe permite ganhar o estatuto de objecto art stico A defini o de Trof u actual altera se na rela o formal e at conceptual passando a ser visto como uma cria o de um objecto art stico com referencias art sticas pl sticas e t cnicas e n o como um objecto comum quotidiano descontextualizado da sua fun o prim ria como uma ta a nem uma apropria o de objectos militares como as armas e escudos colocados no campo de batalha A falta de refer ncias formais desta tipologia enquanto pr tica da Escultura mant m hoje em dia j que n o h uma norma ou um modo de fazer espec fico As
164. o da obra No entanto o fen meno do dinamismo das formas aleat rio e subjectivo bem como dependente de uma s rie de vari veis como sejam a obra em si o tempo e o espa o em que existe mas tamb m a leitura que se faz da 2 Sendo esta uma media o entre vertical e horizontal torna se a direc o mais concisa com uma infinidade de possibilidades dos movimentos 26 ARNHEIM Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora p 72 287 GON ALVES Carla Psicologia da Arte p 81 28 O equil brio ptico e formal de uma composi o assim trica definido pela din mica ao tornar os elementos que a comp em mais atraentes e fortes formas incomuns cores fortes direc es distintas Ao serem percepcionados s o contrabalan ados por elementos de menor for a permitindo uma harmonia de conjunto entre as partes contrariando a ideia de que o equil brio apenas se atinge a partir da simetria e por elementos ortogonais 2 GON ALVES Carla Psicologia da Arte p 82 270 Monumento Fam lia Oper ria JD 204 e Trof u 40 Anos da OPEL em Portugal JD 154 140 1 colocamos o trof u com maior valor din mico em forma Nestes dois casos rela o ao monumento porque por um lado as linhas din micas que no trof u est o em constante instabilidade gravitacional no monumento define se uma linha vertical principal mais est vel e r gida tornando a forma mais estacion ria e inerte
165. o de estudante na antiga Escola Superior de Belas Artes de Lisboa tornando se uma refer ncia consolidada e ainda hoje reconhecida na sua carreira como escultor e nico tema de escultura ntima Ao longo da Hist ria o tema Mulher tem inspirado muitos artistas representando a na sua ess ncia f sica e ps quica definida entre sensualidade gra a e delicadeza Tratada em formas diversas e composi es distintas dotadas de um figurativismo hiperrealista uma abordagem minimal e estilizada ou aquela em que tamb m Jo o Duarte se inspira a figura o do corpo feminino com numa simplifica o geom trica Tema abordado tamb m ao longo da cronologia temporal da Arte por v rios escultores a figura feminina inflada tem as suas origens na pr hist ria com as representa es tridimensionais das V nus tamb m elas figuras femininas de pequeno formato com uma anatomia excessivamente redonda estas V nus inferem um culto fertilidade pela representa o exacerbada das zonas reprodutivas em rela o s extremidades cabe a m os e p s desproporcionais ao resto do corpo extremamente voluptuoso As V nus surgem como as primeiras representa es da forma inflada que foi perdendo relev ncia enquanto tem tica da Escultura com as grandes civiliza es eg pcia grega e romana que davam primazia representa o do corpo ideal e da propor o urea Mais tarde a tem tica e linguagem de exprimir o corpo feminino
166. o desenvolvimento das linguagens pl sticas da Escultura Tal como as tipologias da Escultura tratadas neste estudo tamb m as tecnologias n o se resumem a processos meramente operativos nelas est o impl citos ou expl citos valores tradi es e ideias Para o aprofundamento e consolida o da imag tica de autor definiu se o percurso acad mico de Jo o Duarte as refer ncias e influ ncias no contexto art stico como tamb m fora dele A reflex o sobre a sua linguagem de po tica de autor afirmativamente figurativa contrastada com a linguagem geometrizada e de s ntese das formas predominante nos monumentos trof us e medalhas resultante da encomenda p blica Abordamos ainda a sua actividade enquanto docente na Escola Superior de Belas Artes que passaria a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa com outras exig ncias e outros quesitos Jo o Duarte com um curr culo art stico vasto resultante da vontade em criar e pensar a Escultura desenvolve o seu trabalho tanto dentro como fora do pa s recorrente nele a paix o pelas formas infladas e pela mulher como express o individual de po tica de autor mas na pr tica de tipologias ligadas ao Monumento Trof u e Medalha que o escultor se firma como marco a par de uma sempre consciente aplica o dos fundamentos pl sticos mat ricos e t cnicos dos mais tradicionais aos mais recentes da Escultura 143 S o as tipologias da Escultura do Monumento do Trof
167. o ind cio de que a capacidade espacial de entender as formas lhe era intuitiva Continuando os seus estudos na ambi o de alcan ar o ensino em Belas Artes entra para o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1973 com uma prova de ingresso de Desenho de Est tua e de Modelo onde come a por dar os primeiros passos na aprendizagem da Escultura O contexto temporal em que Jo o Duarte surge enquanto aluno e escultor define se por uma poca especialmente de ruptura na sociedade portuguesa o 25 de Abril de 1974 um momento que determina o rompimento do Estado Novo dando lugar democracia e que imp e profundas transforma es pol ticas sociais e culturais que possibilitaram definitivamente uma liberdade de 83 criar e de pensar sem limita es can nicas e politicas a que a Arte anteriormente estava sujeita A partir da d cada de 30 o regime ditatorial do Estado Novo imp e se definitivamente alterando e dominando as directrizes formais e tem ticas da Arte marcando a produ o escult rica por encomendas p blicas marcadamente nacionalistas e figurativas poss vel discernir os c nones tardo naturalistas nos trabalhos de Diogo de Macedo Canto da Maya Francisco Franco ou Leopoldo de Almeida que se tornavam escultores oficiais do estado A realiza o de exposi es e de mostras entre elas a realiza o do Sal o dos Independentes que n o a encomenda p blica tamb m n
168. o no uso de novos materiais e de t cnicas como de novas formas que marcam o rompimento com a medalha tradicional Outro objectivo promover a qualidade e apresenta o da arte da medalha como obra de arte considerando o espa o importante e espec fico que esta disciplina ocupa nas artes contempor neas In Estatutos Volte Face Medalha Contempor nea 20 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 113 Jo o Duarte sendo um escultor e medalhista reconhecido dentro do tecido art stico nacional e internacional pelo desenvolvimento da sua obra em diferentes vertentes tipol gicas tamb m tem uma forte corrente de doc ncia De modo mais directo ou indirecto contribui tamb m esta vertente pedag gica para a divulga o e desenvolvimento das pr ticas t cnicas e est ticas da Escultura Medalh stica Desde os ensinamentos transmitidos aos alunos como a organiza o de exposi es confer ncias workshops simp sios e semin rios promo o de protocolos e contratos com institui es p blicas e privadas fazem de Jo o Duarte um impulsionador das novas gera es e as novas modalidades que perfazem a Escultura Contempor nea 114 IV Rela o entre Monumento Trof u e Medalha Ao longo da uma carreira com mais de tr s d cadas Jo o Duarte tem uma clara sequ ncia de obras assentes numa linguagem geom trica construtiva e estilizada dos volumes aplicados para representar descrever a tem tica a
169. o por gases do ma arico e a descarga el ctrica do arco el ctrico A fonte de calor conseguida entre dois el ctrodos de grafite e utilizado para soldar materiais ferrosos e n o ferrosos a partir de material de enchimento com ou sem revestimento de fluxo no entanto carece da mesma problem tica de baixa produtividade Ibid p 341 1 Ibid p 348 12 A soldadura com el ctrodo revestido MMA Manual Metal Arc Shielded Metal Arc Welding SMAW Fig 37 o processo mais comum dentro das especificidades de arco el ctrico Processo pelo qual a uni o dos metais obtida pelo aquecimento destes atrav s da descarga el ctrica estabelecida entre um el ctrodo revestido e a pe a a unir As desvantagens deste m todo s o a necessidade de remo o da esc ria a produ o de fumos e pingos de solda e as distor es causadas pelo aquecimento das pe as soldadas A qualidade do cord o tamb m normalmente inferior aos processos MIG MAG e TIG A vantagem centra se no baixo custo do equipamento e a versatilidade em locais de dif cil acesso Existem outros m todos que utilizam o arco com uma atmosfera inerte activa Gas Metal Arc Welding GMAW isto utilizam um g s normalmente arg nio h lio ou CO2 que protege o momento da fus o dos materiais das contamina es do ar Similar ao revestimento do el ctrodo do m todo MMA esta atmosfera proporciona uma qualidade de solda consideravelmente melhor Ex
170. o processo de soldagem e para refor ar o cord o de soldadura conferindo lhe maior resist ncia e qualidade Por vezes utilizam se tamb m p s l quidos ou pastas fluxadas aplicadas sobre a jun o a unir e cuja fun o remover os xidos durante a soldagem Existem tamb m v rias materiais de enchimento que cont m um revestimento de fluxo o que facilita o processo de soldagem O ma arico ao contr rio dos outros processos de soldadura pode tamb m ser aplicado como ferramenta de corte Utilizando um ma arico espec fico a chama permite derreter o metal at ao estado l quido sendo especialmente utilizado para fazer cortes sobre metais de grande espessura Este actualmente o processo mais rudimentar da soldadura por fus o por m tem uma grande versatilidade de resultados obtidos e permite soldar todos os tipos de metais desde a o carbono a o inox ferro fundido cobre lat o bronze alum nio n quel ouro prata etc em diversas formas e espessuras tendo como desvantagem ser pouco produtivo em termos de execu o e de tempo Para colmatar este problema de efici ncia e rapidez foram criados m todos que utilizam o princ pio do arco el ctrico O arco el ctrico cria a partir de uma descarga el ctrica mantida atrav s de um meio condutor gasoso que gera uma grande quantidade de calor que permite a fus o entre metais O ma arico el ctrico Fig 39 surge como uma media o entre o princ pio da combust
171. ocesso t cnico de fus o deve resultar numa pe a oca por diversas raz es a economia de metal a ser fundido o peso de uma pe a oca menor que uma pe a s lida uma estrutura oca mais resistente e as fundi es s lidas s o prop cias a contrair muito com o arrefecimento da liga o que pode provocar fracturas levando a uma distor o consequente na forma Para a fundi o ser sempre necess ria a cria o de um modelo a reproduzir Este modelo pode ser executado em diversos materiais gesso cera resina ou um outro material r gido como o poliuretano ou poliestireno s o boas mat rias pela sua facilidade de transposi o para moldes e pela flexibilidade e resist ncia que apresentam Depois do modelo executado e os acabamentos terminados este deve ser analisado tanto pelo artista como pelo fundidor para se perceber que tipo de molde ser utilizado para a fundi o Dependendo da volumetria do original a fundir assim os modeles ter o especificidades diversas No caso espec fico de uma pe a de grandes dimens es a parti o do modelo pode ser necess ria por 53 dois motivos a capacidade do cadinho Fig 16 e as caracter sticas volum tricas do modelo Se for necess rio dividir o modelo este deve ser pensado anteriormente durante a sua materializa o de maneira a fazerem se as adapta es e cortes adequados A desvantagem deste processo reside nas divis es que podem colocar problemas no volume e nas superf
172. ofessor fazia se em di logo constante com a discuss o sobre os projectos dos alunos que tinham novas ideias e novas propostas pl sticas mat rias e t cnicas da Medalha aliadas s tradi es acad micas leccionadas pelo professor na disciplina No entanto esta possibilidade de contacto com novas gera es teve um efeito construtivo no desenvolvimento da sua linguagem enquanto escultor e medalhista 6 Tem por objectivos principais a aprendizagem e estudos t cnicos e pr ticos envolvendo os problemas de Medalh stica e da Numism tica quando perfilados no plano e no espa o a tr s dimens es e procurando propor m todos e diversifica o fundamentada das formula es conhecidas Desenvolvimento dos meios de pesquisa desde das t cnicas ditas tradicionais e outros meios operativos num processo independente e pedagogicamente org nico Dentro desta perspectiva tem se em vista tamb m e sem desvirtuar as explora es livres abrir um campo de experi ncias que estabele a o sentido de poss veis aplica es na comunidade colaborando com entidades e atrav s da celebra o de conv nios de ac es de investiga o e desenvolvimento pedag gico publica es e presta o de servi os decorrentes da forma o profissional especializada inerente referida cadeira integrando o seu papel educativo e cultural A liberdade reivindicada por estes artistas resultou numa grande diversidade de medalhas experimentais tant
173. olarinho 2 A Medalha cont m no seu anverso o Retrato do Imperador do Oriente Jo o VII Pale logo a uem foi dedicado 8 LAMAS Artur Medalhas Portuguesas e Estrangeiras referentes a Portugal Vol 1 parte p 13 Ibid p 13 8 Ibid p 13 30 Pode dizer se que a pr tica da Medalha foi iniciada em Portugal com um certo desleixo e desorienta o A falta de tecnologia e sabedoria da pr tica da Medalha e sobretudo a falta do ensino de Belas Artes fez com que as primeiras tentativas para execu o de medalhas se tornassem autodidactas Estas primeiras tentativas resultaram infelizmente em objectos de pequena escala sem fundamentos est ticos nem formais e por essa mesma raz o n o teriam seguimento no panorama da Medalh stica Portuguesa Somente no reinado de D Jo o V no s culo XVII se come ou verdadeiramente a fazer Medalha em Portugal A primeira de Medalha Portuguesa datada de 1646 foi uma moeda comemorativa especial denominada Concei o marcando o in cio da Medalha Portuguesa enquanto pr tica da Escultura Refor ando as proximidades entre tipologias de Medalha e Moeda que para al m da sua similar morfologia podem ser fundidos os conte dos As moedas gregas e romanas foram vulgarmente designadas por medalhas antigas uma vez que eram analisadas como verdadeiras medalhas essencialmente comemorativas ao contr rio da sua verdadeira fun o de valor de troca At ao s culo XX a d
174. olume de material necess rio para fazer o enchimento do molde torna se in til fundir um modelo com um segundo vazamento por estes n o se unirem e poder destruir o molde com um segundo sobreaquecimento t Se este de grandes dimens es e muito pesado v o ocorrer maiores dificuldades para criar um molde correspondente e os custos envolvidos ser o tamb m muitos dispendiosos por isso faz se a divis o do modelo em sec es de modo a facilita todo o processo de fundi o MILLS John The techniques of Sculpture p 102 54 No processo de fundi o por cera perdida o modelo feito em cera seja por reprodu o em cera do original a ser fundido Depois de todos os acabamentos estarem terminados retoque limpeza assinatura numero de edi o etc deve ser analisado o tipo de molde utilizado em rela o pe a a ser fundida Se a pe a for s lida ou oca se de grandes ou pequenas dimens es t m necessidades t cnicas diferentes e por isso diferentes tipos de moldes Os moldes do processo de cera perdida podem ser executados com tr s tipos de composi o uma pasta refract ria constitu da por tr s partes de chamote uma de s lica e uma de gesso gesso refract rio pr prio para fundi o ou uma t cnica mais recente ceramic shell concha cer mica que cobrir toda a pe a a ser fundida Antes de ser iniciada a coloca o desta pasta criar se uma rede de gitos para entrada do bronze derretido e re
175. ome indica refere se a obras de Arte concebidas especificamente para um local levando em considera o o espa o 15 Ibid p 61 1 Os artistas minimalista ao rejeitarem modela o das pe as principio b sico do Monumento tradicional defendem a redu o da esculturas a formas geom tricas fabricadas industrialmente sem interven o da m o do artista e privilegiando os jogos de cor luz e sombra destes materiais inovadores 1 REGAT O Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano p 71 19 f sico e hist rico e consequentemente o espectador que se torna parte integrante e fundamental para a exist ncia da obra Assim o conceito de arte p blica que aqui irei referencia lo como Escultura P blica n o se op e categoricamente tipologia de Monumento Tradicional apenas diferem na quest o da comemora o Enquanto o Monumento tem obrigatoriamente de ter uma tem tica comemorativa a alguma figura ou acontecimento tendo um car cter mais figurativo ou abstracto A Escultura p blica pode tamb m se materializada figurativa ou abstracta mas n o afecto a nenhuma comemora o uma composi o livre de quesitos homenageantes pr ximo da Escultura ntima Em suma o Monumento sofreu altera es desde a sua forma configura o que projectado implanta o do espa o p blico e que de modo nenhum entrou em confronto com as novas conven es da arte p blica Escult
176. ora tenha algumas caracter sticas similares as conven es tipol gicas da medalha uma vez que n o h no report rio de Jo o Duarte uma forma igual ou similar que servisse de modelo 27 DUBY Georges DA VAL Jean Luc Sculpture p 1099 monumento Chave de Honra III JD 188 Monumento Chave de Honra JD 186 Monumento Chave de Honra II JD 187 136 m dulos e repeti es dos mesmos incorporando lhes uma no o de ritmo como recurso fundamental na organiza o e percep o das formas e dos espa os Este pensamento modular e de repeti o de formas compostas nesta sequ ncia de monumentos relacionados com a medalha apresentam se como recursos positivos ao possibilitarem uma clara sistematiza o na concep o e constru o da forma constituintes do discurso pl stico de Jo o Duarte O m dulo e a repeti o surgem assim como outros mecanismos composicionais pass veis de serem aplicados no processo de cria o por constru o onde se podem estabelecer e discutir quest es de ritmo no o de ordem princ pios de harmonia e equil brio na procura de novas linguagens e inova es para a pr tica da Escultura 137 E Movimento e Din mica Os conceitos de movimento e din mica s o amplamente definidos quando analisamos uma obra de escultura muito embora estes n o tenham o mesmo significado quando fixados em par metros composicionais e rela es representativas distintas Quando se atribui movime
177. os para uma renova o da tipologia de Medalha A Medalha contempor nea caracterizada por uma procura e uma fuga ao conceito de Medalha Tradicional aos dogmas obrigat rios de comemora o ou homenagem ou forma redonda e executada em materiais nobres Formalmente a pr tica da Medalha vai apoderar se das mais diversas reas como outrora fez a Escultura com as tecnologias do carpinteiro canteiro fundidor ou serralheiro Utiliza processos da Escultura mas tamb m do Design ou da Pintura que permitiram a altera o do conceito forma Uma nova vis o que se define por outras conceitos como a Medalha Constru da Medalha Objecto ou a Medalha L dica Entende se por Medalha Constru da uma medalha que utiliza para definir uma comemora o ou homenagem o recurso a v rios materiais e tecnologias utilizando m dulos encaixes e articula es Dentro desta possibilidade de manipular os materiais e criar novas formas surgem a Medalha Objecto e a Medalha L dica A Medalha Objecto tornou se no panorama actual um conceito controverso no seio da comunidade medalhista Define se basicamente como uma abordagem em tr s dimens es que se projecta para al m de uma dupla bidimensionalidade Ou seja visto como um objecto est tico pass vel de ser manipulado e que ocupa um espa o como uma Escultura mais intimista Charters de Almeida um dos pioneiros da Medalha Objecto depositou uma parte da sua carreira na procura e no desenvolv
178. os e cheios T m uma delicadeza et rea flutuando no vazio num equil brio surpreendente As figuras femininas proporcionaram o convite para a sugest o de acariciar cada uma delas ou seja as formas delicadas e arredondadas das figuras femininas em contextos entre realidade e fantasia estabelecem uma empatia entre o observador e a pe a de escultura A raz o reside na pr pria forma inflada que tem na sua ess ncia uma predisposi o frui o Pelas suas caracter sticas f sicas atribu das pelas superf cies redondas polidas e suaves apelam ao experienciar da forma pelo tacto e transcender aquilo que n o se atinge com a simples observa o visual Estas formas s o realizadas segundo um processo bem definido que se inicia na ideia e se expande da modela o at transposi o em material definitivo Jo o Duarte tendo um bom entendimento entre linguagens materiais e t cnicas encontra a melhor materialidade das suas gordas no bronze que transp e com fidelidade o percurso claro entre as linhas de for a e os volumes arrendados Todavia Jo o Duarte leva a materialidade das suas pe as para al m de um nico material ou t cnica bronze e fundi o recorrendo tamb m as t cnicas do talhe em pedra ao enchimento com cimento ou mesmo a constru o atrav s do a o e da soldadura Algumas destas experi ncias t cnicas e mat ricas a par da linguagem da forma inflada s o transpostas para as tipologias aq
179. p 70 132 A sua realiza o concentrou artistas nacionais de todos os ramos das artes pl sticas sob uma orienta o comum nacionalista Sendo a escultura monumental a principal arama de difus o de idealismo do Estado Novo que chamam os portugueses a clamar a import ncia e o esplendor do pa s de antigamente com a poca gloriosa das descobertas o Padr o dos descobrimentos de Cottineli Telmo e Leopoldo de Almeida realizado entre 1940 e 1960 foi o culminar desta exposi o ao Mundo Portugu s 84 com a estatu ria pol tica com o sentido nacionalista patri tico assistindo assim a uma separa o entre o gosto oficial e a vanguarda art stica A escultura portuguesa firmada num ecletismo ainda enraizado nos pressupostos cl ssicos e a deficiente apresenta o qualidade das obras apresentadas em exposi es e mostras nacionais levou muitos artistas a emigrarem para a Europa Por m o rumo da d cada de 60 propiciou a abertura de novas galerias de cariz comercial e a SNBA que tamb m se tornou uma institui o que apostou na exposi o e divulga o de artistas alguns deles que ainda estavam marginalmente colocados no panorama art stico e escult rico portugu s Os escultores puderam ent o desenvolver em pleno uma produ o de transforma es est ticas pl sticas e tecnol gicas nas linguagens da Escultura paralelo situa o internacional desde a escultura cin tica minimal povera conceptual constru d
180. pa s cento e quarenta medalhas editadas e mais de duas dezenas de Trof us repostas de institui es p blicas e privadas como uma base s lida ao longo de trinta anos de carreira Podendo concluir que a encomenda p blica na obra de Jo o Duarte tem sido uma pe a basilar para o desenvolvimento da sua carreira como escultor e medalhista mas principalmente dando um contributo para as inova es e redefini es dos conceitos da Escultura particularmente nas Tipologia aqui tratadas Monumento Medalha Trof u dentro do panorama da Escultura Nacional 105 D Ensino Se a carreira de Jo o Duarte enquanto escultor e medalhista ocupou grande parte da sua carreira profissional o mesmo aconteceu com a sua actividade como professor Come ando pelo Ensino Preparat rio em diversas institui es escolares e transitando para o Ensino Superior na ent o Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa onde fez a sua forma o acad mica Jo o Duarte dedicou trinta e tr s anos ao ensino art stico E como veremos tamb m o ensino ter sido um impulsionador no desenvolvimento e inova o da sua obra de Escultura Monumento Escultura P blica Po tica de Autor Escultura ntima Trof u Medalha e Moeda O ensino art stico e particularmente o ensino da Escultura pode se balizar entre pr tica e teoria tendo o seu fundamento na transmiss o de capacidades de cria o art stica Desenvolvidas numa manualidade e num pensar fazer te
181. posi es distintas No entanto tanto a modularidade como a repeti o em Jo o Duarte n o se aplicam no mesmo sentido que aquele que podemos observar nos movimentos minimal ou construtivista As obras minimalistas e construtivistas t m na sua ess ncia n o apenas os processos de repeti o de elementos mas processos sistem ticos de repeti o atrav s de m dulos Isto quer dizer que se caracterizam por disposi es simples de unidades iguais de fundamento modular compostas em permuta es e repeti es geom tricas que se podem 250 Movimentos surgidos durante a d cada de 60 como reac o extrema subjectividade e emotividade do expressionismo abstracto dos anos 50 O minimalismo tal como o construtivismo privilegia o racionalismo e o pensamento matem tico A arte deixa de ser express o do sujeito para ser a for a atrav s da qual a mente impunha ordem e racionalidade s coisas desenvolvendo se pela composi o de m dulos ou mat rias pr fabricadas estruturadas na elabora o de padr es de repeti o 21 KRAUSS Rosalind E Caminhos da Escultura Moderna p 239 134 prolongar infinitamente Paralelamente e refor ando o conceito minimal da forma pela forma com a simplifica o extrema das estruturas e aus ncia de reflexo pessoal entre obra e autor e a recusa da ideia de tem tica impl cita nas obras contrastam as ideias de Jo o Duarte ainda que se relacionem e partam dos mesmos princ pios formais
182. preponderantes na percep o de imagens e formas de modo tamb m a interpret las e descreve las 227 WOLFFLIN Heinrich Conceitos Fundamentais da Hist ria da Arte o Problema da evolu o dos Estilos na Arte Mais Recente pp 58 63 Medalha comemorativa do 25 Anivers rio da Socobre Constru es JD 84 Trof u comemorativo ao 25 Anivers rio da Socobre Constru es JD 153 Monumento Solidariedade da ABEI JD 196 121 da intercep o no monumento entende se pelas principais caracter sticas e objectivos da institui o que se comemora assentes na solidariedade e converg ncia de esfor os para o apoio das crian as e comunidade em geral Ou seja a converg ncia transposta pela concentra o dos elementos formais para o centro da composi o e a solidariedade definida do centro para fora como retorno representativo da ac o que a institui o faz diante da comunidade envolvente Por outro lado a medalha e o trof u que comemoram uma institui o distinta em conte dos e objectivos traduz se pela constru o de elementos agrupados enaltecendo a actividade da empresa enquanto simbologia da constru o metalomec nica Assim a linha como elemento construtivo da forma na obra de Jo o Duarte viabiliza se enquanto elemento compositivo de direccionamento dos volumes mas tamb m origin rio de formas geom tricas constru es lineares e com um car cter minimal transcritas por materiais industriais 1
183. que se refere os seus monumentos trof us e medalhas Importa aqui definir em que bases se fundam essas rela es ao n vel pl stico formal e est tico significa o Para al m da clara diferencia o entre as escalas das tr s tipologias a utiliza o de formas geom tricas e processos construtivos para atingir uma simplifica o das formas atrav s de significa es simb licas sint ticas Jo o Duarte revolve e materializa tais concep es tipol gicas assentes nos conceitos da composi o de Escultura escala propor o equil brio harmonia unidade atrav s de mecanismos formais como a linha o plano volume relevo ou m dulo e liga es visuais t cteis da percep o fixas entre jogos entre cheios de vazios repeti o de elementos ou ao movimento e din mica 208 na generalidade o modo como organizamos as formas A percep o exteriores a n s e que nos fazem reagir por est mulos Estes est mulos podem ser visuais t cteis auditivos ou ligadas ao palato ou olfacto No entanto iremos abordar principalmente os est mulos visuais e t cteis que correspondem an lise e interpreta o das esculturas A percep o visual na Escultura prende se primeiramente com a capta o da realidade com os olhos Assente num processo complexo de interpreta o do nosso c rebro o olho regista as imagens bidimensionalmente ainda que sejam na realidade tridimensionais e transmite essa informa o ao c rebro que as
184. que Jo o Duarte parte do plano e comp e com novas rela es de escala equil brio e harmonia Todavia o plano materializado em chapas com recortes encaixes e intersec es 20 Como faz na rela o da pomba com a liberdade ou na espada balan a com justi a 21 S mbolo de expans o mar tima dos portugueses do reinado de D Manuel l 22 MULLANEY Sean Talking Up Sculpture p 59 128 desenvolve outros resultados pl sticos desde ritmos movimento din mica ou jogos entre material e imaterial cheio e o vazio que proporcionam novas ideias onde o volume e peso s o uma afirma o pl stica da Escultura compreendida e desenvolvida por Jo o Duarte real ando que nunca se limita cria o de escultura por linha ou plano 129 C Cheio e Vazio As rela es entre o material e o imaterial sempre estiveram presentes no campo de ac o da Escultura como elementos de express o e questionamento do espa o da forma Longe de se querer tra ar um padr o evolutivo podemos pensar a hist ria da Escultura dentro desses extremos o da aus ncia e o da presen a da mat ria No caso da aus ncia da mat ria n o no sentido da sua anula o mas como algo tamb m pertencente ao campo do material como a fun o do vazio nos volumes em oposi o massa concreta das mat rias da Escultura Neste contexto perceptivo pretende se estabelecer um di logo entre estas rela es visuais e composicionais na obra de Jo o Duarte
185. r utilizando a representa o de um simples gesto de cumprimento PEREIRA Jos Fernandes Monumento In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 405 1 Ibid p 419 17 Brancusi tamb m ele um dos escultores que alterou o conceito da Escultura Moderna no contexto internacional vai mais longe na concep o do monumento que dedicou aos soldados mortos durante a Primeira Guerra Mundial em Tirgu Jiu Rom nia ao conceber um dos projectos de escultura p blica mais importantes do s culo XX constitu do por tr s obras A Mesa do Sil ncio Fig 5 A Porta do Beijo Fig 6 e A Coluna Sem Fim Fig 7 Este conjunto de esculturas de grande pureza formal afasta se definitivamente da figura o remetendo nos para formas abstractas mas que representam simbolicamente e homenageando os soldados mortos na primeira guerra mundial atrav s da tr ade ciclo da vida humana nascimento casamento e morte Este ciclo do nascimento como A Mesa do Sil ncio o casamento como A Porta do Beijo e a morte como A Coluna Intermin vel s o representados simbolicamente com elementos e m dulos de linguagem geom trica e minimal sem recorrer representa o humana tradicional antecipando a multidisciplinaridade e ruptura que a tipologia tradicional do Monumento vai sofrer Tanto Rodin como Brancusi iniciaram na primeira metade do s culo XX o caminho para o desenvolvi
186. rande parte das nossas imagens di rias e mem rias Por tradi o tanto da sociedade como das conven es da Arte damos sempre especial interesse percep o visual em detrimento dos outros sentidos A percep o longe de ser um mero registo e agrupamento de formas e imagens um acto criativo e uma actividade racional Como processo de apreens o e interpreta o de informa o da realidade n o captamos todos os pormenores das formas imagens para onde olhamos mas sim algumas caracter sticas proeminentes dos objectos Captamos o essencial da forma para a reconhecer com mais facilidade Em Escultura a percep o n o tem no seu fundamento a reprodu o fiel da realidade daquilo que se pretende representar mas antes a cria o de uma forma global e concreta daquilo que se tenta traduzir em tridimensionalidade Para atingir esse prop sito os escultores usaram v rios subterf gios de representa o em determinados per odos hist ricos Durante o s culo XX a profus o de tend ncias art sticas compreenderam e resolveram a Escultura atrav s de linguagens ligadas a uma simplifica o das formas libertando as dos excessos de formais O Minimalismo uma das correntes art sticas da segunda metade do s culo XX pautou se pela liberta o da forma das suas significa es mais figurativas e ilustrativas suprimindo na maioria das vezes qualquer refer ncia tem tica que se pretenda representar Resolvidas atrav s do
187. randes dimens es e suscept veis de serem expostas s condi es clim ticas a t cnica de estratifica o tem como vantagem o baixo custo e o peso reduzido em rela o aos metais fundidos ou constru dos e pedra ou madeira talhada A constru o tamb m se torna funcional para os pl sticos e amplamente empregue para a composi o de medalhas e trof us com a jun o de materiais como metais madeiras ou pedra com pl sticos normalmente termopl sticos acr lico A constru o pode ser executada por montagem mec nica colagem por solvente cola ou adesivo e tamb m por soldadura 115 Exemplos de termopl sticos s o o poliestireno o acr lico o PVC poliuretano etc encontrados normalmente em formas pr fabricadas ou como compostos de tintas e colas Os termor gidos s o normalmente comercializados em estado l quido como a resina de poli ster resina ep xi e silicones E toda e qualquer subst ncia que acelera uma reac o neste caso activa a acelera o da reac o qu mica de polimeriza o dos pl sticos 78 A montagem mec nica Fig 47 utilizada para unir diversos materiais de pl stico ou n o metais madeiras e pedra atrav s de parafusos porcas rebites etc A colagem feita com solvente utilizada apenas para os termopl sticos nomeadamente metacrilato de metilo que ao dissolver as superf cies estas unem se quando o solvente seca A colagem pode tamb m ser feita com colas de base re
188. remamente amb gua com estas singularidades transferidas para as po ticas de autor que sintacticamente s o a express o de uma dimens o concreta e ntima do criador em que o tema determinado pelo sujeito que cria e n o por aquele que encomenda Ou seja o escultor expressa livremente os seus pensamentos e as suas problem ticas criando escultura atrav s da experimenta o observa o e frui o de formas materiais e t cnicas retiradas da experi ncia ntima e ou as tem ticas conceitos que o estimulam Jo o Duarte ao fazer parte da gera o da viragem revolucion ria do 25 de Abril reordena tamb m os valores pl sticos da Escultura do antes e depois do regime estabelecendo uma linguagem de cr tica e reflex o da sociedade que encontra ref gio na obra de po tica de autor Em Jo o Duarte esta po tica lhe bastante caracter stica na materializa o de esculturas ntimas que ele 147 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 148 SANTA MARIA DA FEIRA Comiss o Instaladora do Museu Municipal de Exposi o Pr mio Nacional de Escultura Acerca das Tend ncias da Escultura Portuguesa Actual p 117 91 define de Gordas esculturas femininas figurativas de pequeno formato com exacerbamento de formas redondas povoadas de car cter ir nico e quotidiano A descoberta e o desenvolvimento desta linguagem a mulher e a forma inflada decorre ainda durante a sua forma
189. rial refract rio tem de ser cozido para se obter a resist ncia final para o vazamento do metal fundido e para se retirar a cera que se derrete durante o cozimento O cozimento do refract rio pode ser feito num forno el ctrico de gas leo e g s mas para um molde de pequenas dimens es e com um fio de resist ncia el ctrica volta do molde Depois de cozido e de n o haver qualquer tipo de vest gio de cera dentro do molde este enterrado numa cova com areia se poss vel areia de fundi o para atribuir ao molde uma resist ncia extra O molde colocado com a entrada de vazamento e sa da de ar gitos respiradores para cima Depois de a liga ser vazada dentro do molde e de arrefecer at solidificar o molde pode ser vibrado ou partido manualmente com a ajuda de um escopro e um martelo para se retirar a pe a fundida Fig 19 Por fim a pe a depois de ser retirada do molde limpa s o cortados os gitos com ferramentas de corte e rectifica o removidas as imperfei es e feitos alguns polimentos para enaltecer certos detalhes da pe a Finalmente a pe a fundida patinada consoante as escolhas do escultor e protegida com lacas vernizes Utilizado primeiramente pelos povos gregos a fundi o em areia um processo mais econ mico do que o de cera perdida e muito mais antigo O princ pio deste processo come a tamb m com um modelo que ao contr rio de ser fabricado em cera pode ser ainda feito com quaisquer outros
190. rnacional 86 Jo o Duarte mundialmente reconhecido e ainda hoje a tem como tipologia da Escultura primordial Jo o Afra apesar de surgir numa gera o anterior ao 25 de Abril um dos escultores mais controversos da sua poca ao ultrapassar as barreiras mais limitativas da Escultura Figurativa Desenvolvendo linguagens n o abordadas em Portugal como a conceptual e a abstracta torna se fulcral na transmiss o desta busca pela experimenta o de novas formas mat rias e tecnologias numa constante mudan a e inova o muito caracter stica no trabalho e na personalidade de Jo o Duarte O in cio do anos 80 em que Jo o Duarte vai surgir como escultor depois de terminar o curso de Escultura em 78 permitiram uma projec o mais ampla e em maior n mero da Escultura Portuguesa para o p blico nacional e internacional Consequ ncia da falta de dimens o e projec o internacional da Alternativa Zero dos escultores da gera o de 80 pelas perspectivas revolucion rias e das galerias escolas e cr ticos que ainda estavam baseadas em crit rios n o actualizados dos anos anteriores desencadeou se uma reac o violenta por parte dos jovens escultores e dos escultores exclu dos da d cada de 70 Instaurou se uma euforia criativa os escultores desejando uma autonomia art stica e o anseio pelo aumento de visibilidade p blica enquanto individualidades definem para a d cada de 80 uma forte interven o art stica Com o predom
191. rteu se Com os avan os tecnol gicos a fundi o tornou se menos dispendiosa e o m rmore tornou se um material em que tecnologia e t cnicos foram desaparecendo j que n o era vi vel o uso de m rmore pela dificuldade e tempo de execu o que uma escultura de grandes dimens es abarcava 7 Os olhos vendados definem simbolicamente a isen o e imparcialidade a balan a o discernimento para avaliar as provas e a espada o poder de decis o REGAT O Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano p 39 14 A verdade que os escultores tinham um leque muito reduzido de op es no que concerne aos materiais determinados pela tradi o que n o tolerava grandes inova es Por isso tiravam partido de um conjunto de valores escult ricos como a luz e a textura para criar novos efeitos na forma que o Monumento pode tomar A luz como um dos elementos primordiais na compreens o da escultura apreende se pelo jogo entre claros e escuros entre luz e sombra essencial para uma boa percep o visual Como a textura e portanto a superf cie das figuras podem ser trabalhadas para produzir determinados efeitos e enobrecer determinados detalhes A transforma o do modelo de Monumento Tradicional foi feita lentamente iniciada por Rodin com os seus Bourgeois de Calais Fig 2 com a perda anula o do pedestal um dos seus princ pios b sicos e caracter sticos da tipologia de Monumento
192. ru das e muitas vezes com um car cter extremamente geom trico No entanto as constru es podem ser empregues para a cria o de formas org nicas em dois m todos distintos estabelecendo os volumes por pequenos m dulos soldados que geram uma superf cie modelada ou por 109 repuxamento em que o metal martelado manual ou mecanicamente criando formas assim tricas c ncavas e convexas cobre Os cidos s o aplicados directamente no metal deixados a oxidar pela ac o do ar por vaporiza o ou recorrendo ao aquecimento do metal com queimador ou ma arico A metaliza o Fig 45 tamb m um processo de acabamento que protege a superf cie do metal e amplamente utilizado tanto na ind stria como na escultura monumental O princ pio do m todo consiste na pulveriza o de material fundido zinco projectado com um jacto de ar comprimido sobre o metal base a metalizar a o Este processo possibilita uma homogeneiza o da superf cie na textura e na cor das superf cies soldadas como tamb m se torna extremamente resistente para esculturas expostas a condi es clim ticas adversas 108 A pintura com tintas de base resinosa ep xi poli ster e poliuretano tamb m surge como um processo de protec o bastante eficaz e utilizado particularmente para pe as em a o A sua fraca resist ncia oxida o revertida por pel culas de tinta que tornam o material imperme vel Caso seja necess rio estes processos de
193. s gregos ou romanos tornaram se grandes civiliza es pela guerra e era necess rio ao homem marc la enquanto acontecimento hist rico O Trof u permitiu enquanto tipologia crua de quesitos acad micos ou art sticos uma instantaneidade na forma que tomava enquanto mem ria f sica ou marco desse acontecimento Ao contr rio dos monumentos que se erigiam nos centros urbanos das cidades e que tamb m eles comemoravam batalhas os trof us eram erigidos no pr prio local e n o tinham um car cter assumidamente art stico Ao inv s eram composi es sem crit rio povoados de 19 TURNER Jane The Dictionary of Art p 368 2 Ibid p 368 22 imagin rios militares sem jogos de luz cor contraste ou peso conscientemente assumidos um mero marco simb lico feito por um soldado Definido e documentado o Trof u inegavelmente grego e surge como as primeiras formas oficiais deste tipo de comemora o Este primeiro Trof u colocado no Templo de Aphaia foi datado do ano de quinhentos e vinte a C e ter sido o primeiro entre muitos outros que come aram a figurar com frequ ncia durante o s culo V a C Os gregos usavam o Trof u para demonstrar os feitos nas batalhas vitoriosas por m estes eram tamb m dedica es aos deuses que lhes atribu am a vit ria e n o uma dedica o aos mortos como os eg pcios Este s mbolo de vit ria e de comemora o e at objecto dissuasor do inimigo na Gr cia desenvolvia se form
194. s no entanto as duas linguagens n o se confundem Jo o Duarte executa mulheres gordas despidas enquanto Virg lio Domingues opta por representar homens e em vez de nudez modela voluptuosas fatiotas ou at expandindo se para linguagem em que desconstr i o corpo e comp e os fragmentos deste em formas abstractas Em Jorge Vieira Jo o Duarte afirma que aprecia a subtil ironia das pe as atrav s do seu besti rio fant stico e das suas figuras h bridas entre o 154 Ver anexo Entrevista Escultor Jo o Duarte 20 anos a criar medalhas 155 Como Henry Moore Jorge Vieira ou Virg lio Domingues 198 3 Reinventaram s monumentalidade optando por m pela horizontalidade das figuras humanas deitadas ou reclinadas In cat logo Virg lio Domingues os Antimonumentos 197 Revertendo as posi es fundamentais das figuras de Henry Moore de p sentada e deitada In cat logo Virg lio Domingues os Antimonumentos 15 PEREIRA Jos Fernandes Vieira Jorge In PEREIRA Jos Fernandes Dir de Dicion rio de Escultura Portuguesa p 609 94 masculino o feminino e animal Tamb m Jo o Duarte utiliza a ironia nas suas pe as ao transmitir mensagens de momentos caricatos do dia a dia ou dos estere tipos da sociedade Elas despertam um sentido t ctil atraindo as m os num percurso de altos e baixos pelas superf cies de homog neo brilho descoberta da suavidade das curvas desses corpos invertebrad
195. s caracter sticas espec ficas t cnicas de execu o 8 produ o e materializa o s o acompanhados por uma s rie de processos e princ pios a considerar que tamb m eles resultam de um desenvolvimento temporal da sociedade adictos a metamorfoses rupturas e experimenta es Tendo como base a linha hist rica e t cnica da descri o e evolu o de alguns dos processos tecnol gicos das pr ticas tradicionais da Escultura do talhe directo e talhe indirecto da fundi o da cunhagem e da constru o complementados por processos de modela o moldagem amplia o e redu o como tamb m os novos recursos virtuais ligados computa o tenta se definir de que maneira as pr ticas t cnicas influenciaram as tipologias de Monumento Trof u e Medalha nas suas caracter sticas formais e composicionais Paralelamente a carreira de Jo o Duarte enquanto escultor e medalhista ocupou grande parte da sua carreira profissional o mesmo aconteceu com a sua actividade na doc ncia Come ando pelo Ensino Preparat rio em diversas institui es escolares e transitando para o Ensino Superior na ent o Escola Superior de Belas Artes da Universidade de Lisboa Iremos abordar o ensino como impulsionador no desenvolvimento e inova o da sua obra de Escultura em Monumento Escultura P blica Po tica de Autor Escultura ntima Trof u Medalha e Moeda Centralmente s tipologias referentes a Jo o Duarte constatamos uma clara sequ
196. s e modulares da medalha materializadas em volumes planos de chapa de a o soldada e monocromada a negro Jo o Duarte para a composi o destes dois monumentos parte da repeti o dos quatro elementos da medalha e pratica um jogo composicional de encaixe dos elementos atingindo organiza es distintas nas formas dos monumentos Dotados de uma sensa o de repeti o r tmica e uma elegante linearidade espacial s o compostos com um outro elemento linear em forma de L que n o est presente na medalha A raz o para a inclus o deste elemento clara e refor a uma ideia de que adapta es de escalas s o necess rias uma vez que as tipologias t m implica es formais e espaciais distintas De facto sem este elemento linear os m dulos da medalha apropriados e transferidos para os monumentos correriam o risco de n o terem na sua materialidade urbana qualquer tipo de monumentalidade podendo at ser definidos como desequilibrados Ainda assim se compararmos os tr s monumentos perfazem uma sequ ncia volum trica de crescimento constru o em que as composi es se desenvolvem a partir do estudo intenso das possibilidades combinat rias de 6 Para desmistifica o dessa incoer ncia ao tratar medalha e trof u como maqueta de monumento tomemos como exemplo o Monumento do X Anivers rio da Passagem de Vialonga a Vila JD 176 que n o pode ser referenciado como amplia o de uma medalha tratada como maqueta emb
197. s membros n o s o distinguidos por classes hier rquicas definidas por habilita es acad micas Os membros podem variar entre alunos ex alunos e ou professores da cadeira de Medalh stica da qual tamb m eles fizeram parte como alunos Este projecto surge como um dos principais meios cambiantes para a promulga o divulga o e desenvolvimento da Medalha Portuguesa no mbito nacional e internacional P O programa compreendia v rias fases de aprendizagem desde a caracteriza o das diversas formas e t cnicas da disciplina apreens o de diversos processos matrizes em madeira argila gesso e plasticina fundi o e cunhagem Passagem pela execu o de matrizes como aplica es t cnicas estudadas para medalhas fundidas e cunhadas e a realiza o de fundi es em ligas de chumbo e ou estanho In FERREIRA Maria Jo o Novas atitudes na medalha contempor nea portuguesa desvios e converg ncias p 95 In Jo o Duarte Anverso Reverso 5 Medalha Contempor nea Texto Alvaro Lobato Faria 205 A hist ria do Projecto Volte Face Medalha Contempor nea recente pois fundado no ano lectivo de 1997 1998 na Cadeira de Medalh stica da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa S o membros fundadores do Projecto o Professor Auxiliar Jo o Duarte regente da cadeira o Professor Assistente Rui Vasquez e os alunos Amilcar Soares Maria Jo o Ferreira Patr cia Bil Jos Viriato Bernardo Jorge Batista Patr
198. s os passos da execu o j que est o limitados parcialmente na realiza o t cnica da pe a A oportunidade de idealizar as formas e volumes em campos virtuais com o recurso a programas 3D e ou manipula es fotogr ficas permitem uma melhor prepara o execu o do projecto paralelamente a resultados pl sticos bastante diversificados obtidos atrav s de desenhos e esbocetos realizados de modo tradicional Actualmente o trabalho computorizado para as pr ticas da escultura define se em duas vertentes principais a manipula o fotogr fica a partir de programa de edi o de imagem bidimensional e a modela o virtual com o recurso a programas tridimensionais N o se pretendendo de modo algum referi los exaustivamente enquanto processo remete se a exemplifica o destes meios enquanto princ pio e aplicabilidade A manipula o fotogr fica designa toda e qualquer interfer ncia efectuada sobre uma imagem fotografada com finalidades de estudo e experimenta o uma ferramenta til para o escultor que pretenda clarificar formas volumes cores e enquadramentos nos espa os das esculturas que idealiza relacionado espa o real e espa o simulado A partir de uma vasta 12 MATOS M rio Manipula o da Fotografia T cnicas Vantagens e Limites pp 13 14 80 1 faculta se um conjunto de gama de programas de edi o de imagem procedimentos que podem ser adoptados de modo independente ou conjugado consoante as
199. scultura Acerca das Tend ncias da Escultura Portuguesa Actual Texto F tima Lambert Santa Maria da Feira Rainho amp Neves 1996 SAURAS Javier La Escultura y el Oficio de Escultor Barcelona Ediciones del Serbal 2003 ISBN 84 7628 413 6 SILVA Jo o Castro O corpo humano no ensino da escultura em Portugal mim se e representa o Lisboa Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa 2010 408 f SYNEK Manuela QUEIROZ Br s As Esperan as Pl sticas Portuguesas Lisboa Estar Editora 199 ISBN 972 8095 48 1 SYNEK Manuela QUEIROZ Br s Escultores Contempor neos em Portugal Lisboa Vega 1992 ISBN 972 699 300 8 TEIXEIRA Pedro Anjos Tecnologias da Escultura Dir C mara Municipal de Sintra Sintra Europress 1994 ISBN 972 8875 22 8 149 TRINDADE Ant nio CUST DIO Ant nio Costa Mota Escultor 1862 1930 Lisboa Comiss o Municipal de Topon mia 1996 TRUSTED Marjorie The Making of Sculpture Londres V amp A Publications 2007 ISBN 978 1 85177 507 1 WITTKOWER Rudolf Escultura Trad Jefferson Camargo S o Paulo Martins Fontes 1989 150 B Geral ARGAN Giulio Carlo Arte e Cr tica de Arte Trad Helena Gubernatis Lisboa Editorial Estampa 1988 ISBN 972 33 0899 1 ARGAN Giulio Carlo FAGIOLO Maurizio Guia de Hist ria de Arte Trad M F Gon alves de Azevedo Lisboa Editorial Estampa 1992 ISBN 972 33 0970 X ARNHEI
200. scultura utiliza os moldes em areia para fabricar pe as em sec es num processo estandardizado O modelo criado na sua forma completa mas para ser fundido dividido em sec es Ap s essa divis o estas sec es s o reproduzidas e s depois montadas entre si formando o conjunto Os processos para ligar as sec es podem ser feitos de diversas maneiras por processos de soldadura com m quinas de arco el ctrico MMA TIG MIG e MAG ou podem ser ligados com encaixes aparafusados que s o posteriormente disfar ados por resinas misturadas com p s met licos ou mesmo com pequenos retoques de soldadura com postos de ma arico de oxi acetileno Hoje em dia tanto especialistas t cnicos de fundi o como os pr prios escultores que come aram a interessar se por fazerem as suas pr prias fundi es tornaram a pr tica da fundi o numa das t cnicas mais recorrentes das disciplinas t cnicas da Escultura Relacionado com as tipologias tratadas nesta disserta o os processos de fundi o foram extremamente importantes para algumas pocas hist ricas e linguagens de alguns escultores de monumentos trof us e medalhas Tomadas como exemplo dois escultores Cellini e Rodin que muda a pr tica t cnica da fundi o como mat ria predilecta para a sua obra escult rica Apesar de n o serem os materiais mais adequados por serem mais dif ceis para soldar 59 Cellini escultor renascentista de Floren a particularm
201. seu volume real m dio relevo a figura ultrapassa a metade do seu volume e alto relevo em que o volume ultrapassa quase em totalidade o plano em que se insere 20 PONTOS DE VISTA e DE DISTANCIA Ainda que estas defini es perten o rigorosamente Perspectiva e n o Escultura contudo quando o Escultor se v em ocasi o de executar algum Baixo ou Meio relevo n o o poder fazer sem ter soffriveis no es de Perspectiva por isso remettemos o curioso Applicado a instruir se nellas visto que no methodo que adoptei n o cabe tanta diffus o In CASTRO Joaquim Machado de PONTOS DE VISTA e DE DISTANCIA 2 ARNHEIM Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora p 229 22 Ibid p 247 124 rodando sobre ela atrav s da inclus o de um elemento tamb m ele planificado colocado horizontalmente na composi o Esta ordem composicional de cariz pict rico al m de simples ordena o de unidades organizadas por planos constitui uma configura o particularmente simples dada pelas formas geom tricas e a tend ncia ver os planos como uma e a mesma coisa As formas planas que Jo o Duarte comp e s o percepcionadas n o por planos individualizados mas em conjunto ainda que alguns se destaquem dentro da sobreposi o que estabelece uma hierarquia visual entre formas dominantes e subservientes Assim o efeito de harmonia equil brio conseguido quando a sobreposi o destes planos in
202. sibilitou a realiza o de formas org nicas modeladas virtualmente baseadas na modela o tradicional tang vel e intuitiva Al m da modela o virtual existem programas com a tecnologia NURBS que permitem a prototipagem dos modelos ou seja estes recursos virtuais 121 o Entre eles adobe photoshop e illustrator corel paint e draw ou gimp Atrav s do uso de filtros de efeitos colora o recorte fus o sobreposi o e distor o de imagens 123 Jon Radoff s Internet Wonderland Modeling 3D Dispon vel em http radoff com blog 2008 08 22 anatomy of an mmorpg Entre os programas mais utilizados sketchup 3D Studio Max Cinema 4D Blender Maya Zbrush Solidworks etc Abordagem baseada numa vis o evolutiva do desenvolvimento de software afectando o processo como um todo Esta abordagem envolve a produ o de vers es iniciais prot tipos 81 para al m de proporcionarem uma simula o da realidade s o tamb m vitais para execu o das esculturas A cargo de t cnicos programas e maquinaria especializada poss vel materializar pe as de escultura com o mesmo rigor das t cnicas de amplia o ou translado em duas especialidades a prototipagem parcial e a prototipagem r pida integral A prototipagem parcial especialmente utilizada para pe as constru das consiste na planifica o da pe a a ser constru da por sess es num qualquer material normalmente em chapas que cortado por tecnologias comp
203. sinosa ep xi ou poli ster utilizada para colagens de termor gidos e mesmo termopl sticos ou materiais com diferentes propriedades a o ou pedra por exemplo A soldadura em pl stico apenas executada para termopl sticos a partir de pistolas de ar quente e materiais de enchimento normalmente varetas com as mesmas caracter sticas do pl stico base ou m quinas de alta frequ ncia ou aparelhos por atrito que geram calor de modo a fundir as pe as de pl sticos Fig 48 tendo assim os mesmos princ pios t cnicos que os mecanismos de soldadura de metais Podendo tamb m empregar os mesmos mecanismos de corte rectifica o e acabamento utilizados nas t cnicas de trabalho com metais os pl sticos na sua grande maioria s o tamb m manuseados com outras tecnologias industriais e maquinarias especializadas pouco vers teis em ateli s de escultores dentro desta maquinaria damos com exemplos o corte e perfura o a laser e as m quinas de fresagem tecnologia CNC Controlo Num rico Computadorizado que permitem uma melhor exactid o efici ncia e rapidez de resultados do que a maquinaria manual Assim a tecnologia dos pl sticos tornou se um importante meio da pr tica da Escultura ao permitir novos avan os nas t cnicas de constru o ao propiciar a jun o entre mat rias com caracter sticas f sicas estruturais e qu micas diferenciadas Bem como a possibilidade de tornar materiais fr geis e pobres a pr tica da Escul
204. spiradores para a sa da dos gases para que o fluxo da liga derretida flua com facilidade e percorra todo o molde sem a cria o de bolsas de ar Estes elementos s o tamb m executados em cera e colados pe a em pontos chave Se uma pe a tiver um espa o oco interior exemplo um busto escala real ser necess rio criar um macho Que permite pe a final ficar oca e leve Este macho fixo ao restante molde atrav s de pregos met licos para que quando a cera for derretida do interior do molde o macho permane a na mesma posi o A pr xima etapa a cobertura da pe a e sistema de gitos e respiradores com material refract rio A primeira camada deve ser fina e pincelada cuidadosamente para n o se perder quaisquer detalhes impressos na cera Posteriormente colocam se camadas sucessivas de material refract rio com mais consist ncia at o molde ter uma estrutura s lida que permite o Ibid p 103 Podendo ser reproduzido atrav s de um molde em gesso embora normalmente sejam utilizados moldes de silicone que atingem maior fiabilidade e detalhes do original a reproduzir O macho um elemento em material refract rio similar ao que ser utilizado no molde que define uma cavidade ou espa o vazio na pe a fundida 55 vazamento do material fundido Pode se ainda colocar uma malha de arame com pasta para dar maior resist ncia ao molde Fig 18 Depois do molde estar terminado e seco o mate
205. stante procura e desenvolvimento desta investiga o sobre Jo o Duarte incidimos em definir num primeiro est gio as tr s tipologias de Monumento Trof u e Medalha num contexto abrangente a todos os per odos hist ricos e n o nos restringindo a qualquer sociedade mas fazendo sempre uma refer ncia particular do contexto nacional portugu s Descrevendo a evolu o das tipologias na sua origem evolu o e actualidade percebemos que estas se tornaram pr ticas evolutivas e em constante transforma o mas que no fundo n o se distanciam da sua ess ncia entre tradi o e inova o entre passado e presente Tanto no panorama internacional como nacional o Monumento continua a transformar o espa o p blico urbano ou natural tornando os espa os p blicos refer ncia de mem ria e identidade como a m xima express o factual do passado transposto para o presente Tal como o Trof u que apesar de continuar secundarizado dentro das pr ticas art sticas com a consequente falta de refer ncias te ricas e cientificas enquanto tipologia da Escultura se firma como um dos objectos de consagra o mais importantes e com uma funcionalidade espec fica entre comemora o e m rito de maior visibilidade dentro da sociedade Paralelamente a Medalha nas suas mais variadas formas continua a ser uma das pr ticas da Escultura exercida por todo o mundo Um objecto ntimo de pequena escala tendo como fun o principal relatar determinada hist r
206. stracto ou minimal corresponde se a uma comemora o de um acontecimento politico ou social o que originou um clima de oposi o s correntes art sticas do s culo XX Ou seja criou se um paralelismo entre o Monumento Tradicional Comemorativo da est tua figurativa sobre um pedestal e as novas interven es escult ricas de car cter abstracto em espa o p blico que desencadearam a necessidade de definir um novo conceito para a arte feita no espa o p blico a arte p blica O conceito de arte p blica surgiu nos anos 60 para distinguir as novas interven es art sticas realizadas no espa o urbano A arte p blica em termos latos interven es em espa os p blicos de livre acesso ao ar livre em pra as ou jardins no interior de institui es em trios de entrada e fachadas de edif cios ou mesmo na natureza paisagem sem os quesitos da comemora o homenagem Os artistas tomam como ponto central da cria o art stica o p blico S existe arte p blica quando os artistas a concebem para criar rela es entre arte e comunidade contestando a ideia da autonomia da arte As interven es escult ricas p blicas s o criadas especificamente para um lugar e para um p blico mas n o s o copiosamente refor adas por uma tem tica comemorativa O Minimalismo que surge tamb m nos anos 60 teve um forte contributo para estas rela es entre obra com o espa o criando o conceito de Site specific Como o pr prio n
207. te em depositar por electr lise uma camada de metal sobre um molde cuja reprodu o em relevo se quer obter Com o aparecimento dos pol meros resinas poli ster ep xi ou poliuretano compacto com as mesmas caracter sticas estruturais de resist ncia fidelidade do modelo e propiciando uma economia de tempo e de custos este processo da galvanoplastia Depois de terminado o modelo era colocado no pant grafo para ser reduzido e transposto para o cunho No processo de cunhagem existem dois tipos de pant grafo o horizontal e o vertical s o apenas s o utilizadas para reduzir em relevo O pant grafo vertical Fig 34 muito similar ao pant grafo de escultor tendo a diferen a da leitura do modelo ser feito por um processo mec nico em espiral O pant grafo horizontal Fig 35 constitu do por quatro barras articuladas com uma ponta guia que percorre a superf cie do modelo pela ac o manual do operador O princ pio da redu o feito a partir da leitura do modelo em negativo que atrav s de um sistema mec nico de fresagem executa o mesmo volume do relevo no cunho criando uma c pia exacta reduzida matematicamente do original sem perder qualquer detalhe Posteriormente o 88 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques pp 311 313 8 Processo que separa os elementos qu micos de um composto neste caso cobre atrav s do uso da electricidade Esse processo usado entre outros fins para melhorar a apar
208. temporary sculpture techniques welded metal and fiberglass p 74 T11 revers veis de forma por calor ou press o estes aplicados permitem ao pl stico tornar se flex vel para serem manipulados e quando arrefecido converte se novamente em material r gidos podendo ser manuseado repetidamente Os 6 podem ser submetidos a calor press o ou catalisa o termor gidos formando uma estrutura r gida irrevers vel uma vez polimerizado n o retorna a um estado flex vel Alguns destes materiais s o pass veis de serem talhados moldados modelados e fundidos utilizando os mesmos princ pios do talhe em pedra ou a fundi o de metais com ferramentas similares adaptadas aos pl sticos como tamb m podem ser manipulados a partir de t cnicas pr prias com a estratifica o e a constru o A estratifica o Fig 46 uma t cnica utilizada para a aplica o dos pl sticos termoendurec veis e a sua fun o refor ar esses pl sticos por meio de materiais fibrosos normalmente fibra tapete ou feltro de vidro podendo tamb m utilizar se fibras org nicas linho ou algod o ou malha de arame As camadas de resina s o aplicadas dentro de um molde ou sobre uma superf cie a ser coberta e a resina introduzidas sucessivamente nas fibras em estado l quido ou pastoso Depois da resina polimerizada esta proporciona estruturas mais finas e ocas com grande resist ncia mec nica Especialmente utilizadas para esculturas de g
209. tentes na execu o de obras p blicas E por outro lado ligada pr pria conven o do ensino art stico em Portugal que se transforma de um espa o de forma o de elites para um espa o de forma o das massas 202 Ver anexo Entrevista 30 anos de carreira do Escultor Jo o Duarte 111 FBAUL Tendo sido ministrada pela primeira vez em 1957 por Martins Correia e substitu do por Euclides Vaz fomentaram as pr ticas tradicionais tendo pouca abordagem nas mat rias e t cnicas mais inovadores No entanto o ensino da Medalha na segunda metade da d cada de 70 entrou num per odo entre ordem e desordem e do emaranhado de experimenta es e da movimenta o de novas linguagens resultam as primeiras propostas coesas daquilo a que designamos de Medalha Contempor nea Jo o Duarte depois de assumir a coordena o da Medalh stica em 1996 pode ser considerado com uma dos primeiros a tentar balizar e estabelecer uma norma na Medalha Contempor nea dentro do ensino sendo o nico a leccionar esta disciplina no pa s Tra ando um rumo entre as gera es de alunos que lhe chegavam iniciou uma profunda investiga o e estudo da Medalha no enquadramento das novas possibilidades conceptuais e t cnicas atribu das pelo pensamento e avan o tecnol gico da sociedade Com a cria o do projecto Volte Face o ide rio de Jo o Duarte torna se realidade podendo fazer confluir v rias gera es num s n cleo coeso em que o
210. teriais mais nobres como a pedra Estes materiais s o extra dos e derivados do carv o e petr leo misturados outros compostos gua sal enxofre oxig nio cloro nitrog nio etc e desenvolvidos em diferentes tipos para proporcionar determinados resultados cada um com as suas especificidades e comercializados em diferentes formas formatos pr fabricados ou em estado l quido A maioria da ind stria dos pl sticos n o criada para satisfazer as necessidades t cnicas dos escultores grande parte dos pl sticos s o manipulado exigindo altas temperaturas e press es somente poss veis de serem alcan adas nas condi es controladas de uma f brica Desse modo descrevem se aqui apenas as categorias de pl sticos que s o prop cios pr tica da Escultura Os pl sticos est o agrupados em duas grandes categorias os termopl sticos e termoendurec veis Os termopl sticos s o materiais 110 BALDWIN John Contemporary sculpture techniques welded metal and fiberglass p 11 111 Compostos qu micos de elevada massa molecular resultantes de reac es qu micas de polimeriza o A polimeriza o designada a reac o qu mica que permite aos pl sticos obterem resist ncia e portanto estrutura esta pode ser revers vel ou n o e pode ser espont nea ou provocada 112 Folhas placas tubos var es ou blocos 113 CL RIN Philippe La Sculpture Toutes Les Techniques p 149 114 BALDWIN John Con
211. tre movimento e din mica repeti o de elementos e jogos de cheios e vazios numa an lise formal e est tica das rela es entre alguns monumentos trof us e medalhas que Jo o Duarte resolve tridimensionalmente entre tem ticas escalas e tipologias distintas contrastadas por semelhan as e diferen as formais composicionais das pe as 218 GON ALVES Carla Psicologia da Arte p 68 9 FOCILLON Henri A Vida das Formas seguido de Elogio da M o p 15 118 A Linha e Forma A linha como meio cambiante e pass vel de ser empregue na cria o e composi o de formas de uma liberdade e diversidade constante nas pr ticas da Escultura A linha gera a forma pela sua capacidade quase infinita de descrever direc es m ltiplas e ainda que tenha estado sempre presente na escultura mesmo figurativa como meio defini o e delimita o de formas Podemos dizer que est explicitamente relacionada com as tend ncias art sticas como o Minimalismo ou o Cubismo A forma oposto da insignific ncia a presen a f sica em si tudo o que se v possui forma A sua percep o interpreta o ou materializa o desenvolve se por um tipo de contorno ou superf cie direc o ou volumetria criada sobre uma mat ria f sica A forma significa a representa o de algo f sico feito pelo homem ou pela natureza podendo at definir se forma como resultado entre volume e efeitos de luz Na verdade a forma materializa se e nasce a p
212. tura papel cart o e tecidos em materiais r gidos ou refor ando caracter sticas de alguns materiais oxida o nos metais ferrosos como o a o ao torn los imperme veis e mais dur veis no tempo mesmo quando expostos as condi es climat ricas 8 Este solvente vulgarmente de nome clorof rmio tem uma base de metacrilato de metilo que dissolvem as superf cies dos termopl sticos Para o corte serras manuais e el ctricas rebarbadoras el ctricas pneum ticas perfura o berbequins e engenhos el ctricos com brocas e rectifica o lixas e outros abrasivos 79 Os novos meios propiciados pela ci ncia e tecnologia da computa o redefinem todo o processo de cria o da Escultura a partir do s culo XX e que ainda hoje continuamente Os escultores t m se adaptado a estas novas tecnologias com relativa rapidez e muitos deles substituindo as ferramentas e t cnicas tradicionais por eficientes processos industriais controlados computorizadamente Por tradi o o escultor tinha a cargo todo o processo criativo e t cnico at forma final da escultura participando nas manualidades do talhe modela o ou fundi o No entanto o mesmo n o acontece como regra actualmente o trabalho do escultor centra se na defini o do projecto e n o na execu o da pe a propriamente dita Dessa forma os escultores desenvolvem estudos mais met dicos e detalhados atrav s de recursos virtuais computorizados para clarificar todo
213. u e da Medalha com a especificidade comemorativa e homenageante e ligada encomenda p blica que proporcionam a Jo o Duarte a defini o de uma carreira art stica uma base s lida constru da ao longo de trinta anos de carreira traduzida em mais de quarenta monumentos espalhados pelo pa s cento e quarenta medalhas editadas e mais de duas dezenas de Trof us repostas de institui es p blicas e privadas Podemos concluir que a encomenda p blica na obra de Jo o Duarte tem sido uma pe a basilar para o desenvolvimento da sua carreira como escultor e medalhista e que deu tamb m um contributo para as inova es e redefini es dos conceitos da Escultura particularmente nas Tipologia aqui tratadas Monumento Medalha Trof u dentro do panorama da Escultura Nacional Para al m da sua actividade art stica Jo o Duarte contribui na sua carreira docente para a divulga o e desenvolvimento das pr ticas t cnicas e est ticas da Escultura Medalh stica Desde os ensinamentos transmitidos aos alunos em aula passando pela organiza o de exposi es confer ncias workshops simp sios e semin rios promo o de protocolos e contratos com institui es p blicas e privadas fazendo de Jo o Duarte um impulsionador das novas gera es e das novas modalidades de que se faz a Escultura Contempor nea 144 VI Bibliografia A Espec fica ALMEIDA Charters de Charters de Almeida Medalha Medalha Objecto Cun
214. ue em oposi o aut noma tend ncia da Escultura do s culo XX o Trof u nunca necessitou de se desenvolver sem referente consequ ncia talvez da sua pr pria tend ncia liberal no que toca a normas conceptuais formais e t cnicas Tendeu sempre a responder exclusivamente a encomendas p blicas e privadas para comemorar homenagear determinado acontecimento ou feito durante o s culo XIX e XX quando perdeu o seu car cter sagrado e m stico Com o aparecimento das po ticas de autor a tipologia de Trof u n o altera a sua fun o comemorativa em detrimento de uma composi o e linguagem pl stica livre sem referente Em termos t cnicos e pela pr pria populariza o desta tipologia durante o s culo XX h uma necessidade do Trof u ser multiplicado para responder a grandes massas e por isso conforme a Medalha torna se tamb m ele um objecto de reprodu o em s rie A populariza o do Trof u durante o s culo XX tornou o tal como a Medalha um objecto de reprodu o ou s rie como resposta s necessidades do mercado Como consequ ncia o Trof u come a a perder o seu car cter de objecto quase exclusivamente nico como a Escultura seja ela ntima ou monumental para dar lugar a um m ltiplo A liberdade formal que a tipologia do Trof u podia tomar surge como uma caracter stica espec fica bem vincada A tridimensionalidade que cada trof u 28 podia tomar variou ao longo da hist ria entre os memoriais no campo d
215. ui abordadas do Monumento e da Medalha Entre eles Medalha comemorativa a Joaquim Batista Pereira JD 4 Medalha Mulher lua JD 9 Monumento ao Poeta Soeiro Pereira Gomes JD 164 Painel A Mulher e a J ia JD 167 Escultura O Mar a seus p s JD 168 Monumento ao Homem do Mar JD 169 Escultura Cintilante Sono JD 172 180 Ver anexo Entrevista Escultor Jo o Duarte 1985 2005 20 anos a criar medalhas 95 Escultura Banho de S bado JD 174 Pain is ao Mar JD 202 Baixo relevo As artes JD 203 Monumento Fam lia Oper ria JD 204 Percebendo que esta linguagem figurativa est patente ao longo de toda a carreira do Escultor Jo o Duarte esta surgiu como a sua primeira abordagem pl stica como refugio e express o das suas inquieta es pessoais Em 1978 come a por expor estas pe as Gordas em institui es como a Sociedade Nacional de Belas Artes em mostras colectivas como na bienal de Vila Nova de Cerveira e na Bienal de Artes Pl sticas da Festa do Avante Exp e tamb m em v rias galerias e museus pelo pa s Estremoz Estoril Loures Set bal Cascais Lagoa Lisboa Aveiro Caldas da Rainha A ores e no ano 1985 faz a sua primeira exposi o internacional de Escultura na Galeria La Forge Bruxelas com o Grupumus Continuando at hoje a realizar exposi es colectivas e individuais em Portugal e no estrangeiro como a participar em diversas b
216. ulo a representa o da forma fechada e redonda das figuras femininas Gordas Contrastando esta cria o da forma redonda pela linha curva temos como exemplo quatro pe as em que a composi o se gera pela linha recta a Medalha comemorativa do 25 Anivers rio da Socobre Constru es JD 84 o Trof u comemorativo ao 25 Anivers rio da Socobre Constru es JD 153 e o Monumento Solidariedade da ABEI JD 196 Sendo estas pe as compostas por linhas de que modo podemos entende las como cria o da forma visto que a linha n o tem um corpo mas apenas uma representa o sucessiva de pontos tamb m eles sem espessura ou textura f sica no espa o A linha fundamentalmente um conceito perceptivo de posi o e direc o utilizado em in meras reas da sociedade e claramente pela Escultura Possuindo posi o e direc o a linha tem a sua pr pria natureza perceptiva e composicional podendo ser definida em tr s movimentos b sicos vertical horizontal e diagonal Tanto na medalha no trof u ou no monumento Jo o Duarte cria linhas que definem a configura o espacial da forma compondo verticalidades e horizontalidades em conjunto As verticais conferindo monumentalidade e uma tend ncia de percep o de infinito obrigar nos a percepciona las em altura contrastando com as horizontais mais elementar por nos definir uma direc o terrena e estacion ria 2 painel A Mulher e a J ia JD 1
217. ura P blica Vejamos o poder pol tico ou at religioso foram os principais obst culos para a recusa da renova o da tipologia de Monumento Tradicional uma vez que esta tipologia estipulava numa serie de mecanismo formais e espaciais que integravam os quesitos de difus o e propaganda que os regimes pretendiam desde a escala do pedestal e carga impositiva sobre o espectador ou as alegorias figurativas tratadas como documentos hist ricos dos feitos acontecimentos e her is No entanto o interesse pela ruptura do c none de Monumento Tradicional e a progressiva democratiza o da esfera p blica permitiu aos artistas experimentar novas potencialidades de interven o pl stica em espa o p blico com a introdu o da Arte P blica Escultura p blica O espa o p blico permite criar um campo de interac o muito mais vasto com os espectadores em rela o aos museus e galerias limitados pelos espa os e para al m disso as interven es p blicas est o livres das imposi es autocr ticas dos regimes Como consequ ncia a experimenta o surge como um jogo de hip tese do que pode ou n o executado nos espa os urbanos e que consequ ncias t m perante os espectadores O Monumento Tradicional Comemorativo d lugar a interven es de Escultura P blica insistentemente pr ximas ao espectador que deixa de ser um 20 sujeito passivo da obra para ter um papel de interveniente activo sendo por vezes o centro da pr pria obra
218. ura Portuguesa p 400 REGAT O Jos Pedro Arte P blica e os Novos Desafios das Interven es no Espa o Urbano p 8 12 Existe um complexo conjunto de factores que caracterizam a imagem do Monumento Para al m da sua concep o de pedestal e est tua o Monumento tem uma simbologia intr nseca que lhe pr pria A fun o p blica ditou o destino da Tipologia de Monumento pela Europa oitocentista para exprimir os mais elevados pensamentos humanistas e confirmar os nobres valores da sociedade atrav s de um car cter pedag gico na apresenta o dos her is dos feitos e virtudes Esta simbologia era ent o representada pelo car cter figurativo do homem porque a figura humana torna se o elemento representativo mais directo e simples para a compreens o por parte do p blico de modo a homenagear a heroicidade humana O Monumento caracterizou se at ao fim do s culo XIX maioritariamente por uma linguagem naturalista representando fielmente a realidade quer as caracter sticas f sicas das figuras como dos objectos representados Este naturalismo das formas permitia que a mensagem do Monumento fosse acess vel para todos desempenhando a sua fun o com maior efic cia fosse no mbito social pol tico ou art stico Mas por outro lado a representa o naturalista era por vezes sobrecarregada de elementos ilustrativos que acabavam por dificultar a pr pria apreens o da mensagem homenagem A complexidade que a forma to
219. usados A soldadura por resist ncia RW Resistance Welding Fig 42 compreende um grupo de processos de soldadura atrav s dos quais o calor necess rio para a forma o de uma junta soldada obtido por uma compress o aplicada nas pe as a soldar e pela passagem de uma corrente el ctrica que as une Este processo possibilita soldar chapas muito finas de forma bastante r pida sem a necessidade de utilizar materiais de enchimento e pode ser obtido por v rios m todos pontos pe as s o prensadas por um dispositivo de compress o ligando a corrente el ctrica pelos dois p los por atrito a fus o obtida pela fric o das pe as por projec o o fluxo de corrente passa apenas 1 Ibid p 348 14 nos pontos de contacto das pe as por costura sequ ncia de pulsos que se sobrep em formando uma solda linear Fig 43 Como vantagens teremos a facilidade de opera o a velocidade do processo a n o deforma o obtendo maior rendimento uma maior resist ncia ruptura e o acabamento de alta qualidade que por sua vez s se contrap e limita o de n o permitir soldaduras em formatos complexos ou pe as pesadas e limitando a escultura a formas elementares e r gidas Como processo de soldadura temos por fim a brasagem ou soldobrasagem Fig 44 que um processo geralmente usado para metais n o ferrosos como o bronze o cobre o lat o e outros metais de dif cil soldabilidade A brasagem faz se utili
220. uso de figuras geom tricas e repeti es sim tricas as esculturas minimalistas alteram os fundamentos da percep o formal e est tica que se faz da forma A 21 GON ALVES Carla Psicologia da Arte p 63 212 ARNHEIM Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora p 36 213 O nosso sistema perceptivo selecciona informa o para n o nos fatigar ou confundir na compreens o da informa o que estamos a percepcionar 4 ARNHEIM Rudolf Arte e Percep o Visual uma psicologia da vis o criadora p 244 116 experi ncia visual da forma minimalista o seu aspecto mais significativo e n o uma tem tica como finalidade da forma Este desprendimento da tem tica pela superioriza o da forma na sua apar ncia f sica n o define em Jo o Duarte que emprega estes meios formais simplifica o e geom trica da forma em m todos construtivos de modo sistem tico nos seus monumentos trof us e medalhas Em Jo o Duarte as formas elementares da geometria em composi es constru das e a redu o da forma sua apar ncia f sica volume geral ou tratamento de superf cies pretendem sim a representa o de uma tem tica essencialmente comemorativa Esta simplifica o constru o das formas feita por Jo o Duarte atrav s da apropria o de objectos comuns imagens concretas prim rias maioria do p blico reinterpreta em formas sintetizadas com composi es de linhas e planos d
221. utorizadas CNC e unidas posteriormente atrav s de processos de colagem montagem mec nica ou soldadura A prototipagem r pida integral tanto permite a materializa o da pe a integral a partir de mecanismos de corte e fresagem de tecnologia CNC como por processos de adi o de material com m quinas de impress o 3D Fig 50 Estes processos virtuais tiveram uma consequ ncia directa na forma como a escultura era apreendida tanto pelo p blico como pelos escultores tendo uma aplica o activa na cria o tanto de monumentos trof us ou medalhas predominantemente com caracter sticas construtivas e geom tricas Situados como processos tecnol gicos inovadores e ainda experimentais da Escultura a sua aplica o tem crescido em larga escala com resultados bastante diferenciados das t cnicas tradicionais mas tamb m complementares an logo a maquetas para a arquitectura de um sistema futuro com o qual pode se realizar verifica es e experimenta es para se avaliar algumas de suas qualidades antes que o sistema venha realmente a ser constru do MARTIN Mauro Prototipagem Conceitos M todos e Aplica es pp 14 21 127A partir de blocos que s o trabalhados por t cnica de remo o de material similares s t cnicas do talhe Normalmente resinas ou metais que s o aplicados por sobreposi o de camadas ou deposi o de part culas como a estereol grafia SLA Manufactura de objectos em
222. vez de ser feito com areia de fundi o realizado com uma composi o de resina de poli ster e s lica que formam um molde r gido sem a necessidade de utilizar as caixas para suportar a areia durante o vazamento O processo do molde qu mico similar ao m todo de fundi o em areia Pressionado com a s lica aglutinada pela resina na primeira caixa depois de o tasselo estar polimerizado pulveriza se com p de talco e inicia se o mesmo processo para o segundo tasselo do molde Quando as duas partes estiverem polimerizadas retiram se as caixas e procede se cria o dos gitos e da entrada de vazamento 7 CRUZ Antonio Sorroche et al Fundi o com Modelo Perdido p 26 58 Por fim o molde fixo e pressionado para receber a liga met lica derretida Depois do arrefecimento procede se desmoldagem rectifica o e acabamento da pe a fundida A possibilidade de inclus o de novos materiais e tecnologias nos processos de fundi o ceramic shell molde qu mico e a inclus o de resinas permitiu uma maior resist ncia dos moldes e uma maior rapidez na sua execu o Por m estes m todos tornaram se tamb m eles demasiado dispendiosos pela utiliza o desses mesmos pl sticos Se reflectirmos a pr tica de fundi o actual entre s culo XX e XXI o m todo convencional em areia de fundi o surge como o processo mais vi vel A grande parte das fundi es de precis o da ind stria e algumas fundi es de E
223. vira de complemento para a defini o das novas gera es A primeira edi o da Bienal de Artes Pl sticas de Vila Nova 13 PEREIRA Paulo Hist ria da Arte Portuguesa Vol III p 614 1 Ibid p 616 14 SANTA MARIA DA FEIRA Comiss o Instaladora do Museu Municipal de Exposi o Pr mio Nacional de Escultura Acerca das Tend ncias da Escultura Portuguesa Actual p 119 142 Feira Internacional de Arte Contempor nea de Madrid 183 PEREIRA Paulo Hist ria da Arte Portuguesa Vol IIl p 618 88 de Cerveira em 1978 uma das iniciativas que muito contribuiu para que grupos de jovens escultores iniciassem alguns projectos e tivessem contacto com alguns dos escultores das d cadas anteriores num interc mbio de consolida o e reavalia o da condi o da Escultura em Portugal Jo o Duarte finalista do quinto ano do curso em Escultura e alguns colegas t m a possibilidade de dispor de um dos ateli s dos Corucheus e criam o Grupo 42 Este grupo tinha como fundamento a promo o dos pr prios escultores em in cio de carreira como tamb m a divulga o as novas linguagens pl sticas que proliferam pela Escultura dos anos 80 Uma das oportunidades concedida ao grupo ter sido a realiza o de uma escultura figurativa de homenagem a Almada Negreiros no mbito da primeira edi o da Bienal de Vila Nova de Cerveira Este primeiro contacto com processos de maior escala e responsabilidade propiciaram a cri
224. vos Uma t cnica designada de Hubbing introduzida pelos gregos nos s culos V IV a C para reverter este problema da deforma o dos cunhos uma vez que eram todos produzidos m o e por isso pe as nicas Se os cunhos fossem danificados perderia se o original e ou a sua c pia n o seria exacta A t cnica de Hubbing baseava se em criar uma matriz em baixo relevo em positivo num material resistente e a partir dela poderia se criar com facilidade uma s rie de cunhos em negativos caos algum se danificasse Assim os erros nos cunhos e as varia es entre cunhos que se danificavam desapareciam propiciando uma s rie de moedas mais coerente 7 BECKER Thomas W The Coin Makers p 42 63 Os romanos seriam tamb m influenciados por esta t cnica de reprodu o mas no entanto as diferen as entre m todos gregos e romanos tornou se evidente j que enquanto os gregos estavam interessados em criar objectos de arte os romanos viram a moeda como um mero objecto de metal que servia de troca de bens Como resultado os processos de cunhagem tornaram se mais desqualificados havendo um mestre que executava os cunhos e os cunhadores tornaram se em meros trabalhadores sem qualquer qualifica o espec fica Todavia os romanos fizeram uma melhoria t cnica no m todo grego da cunhagem criando um melhor alinhamento dos cunhos Estes passaram a encaixar um no outro imobilizando o disco no seu interior o que permitiu uma centra
225. zando um ma arico de oxi acetileno para derreter o material de enchimento que tem um ponto de fus o inferior ao metal base que servir para soldar as pe as As juntas n o devem ser espa adas ao contr rio dos outros m todos de fus o para que metal derretido flua dentro desses espa os apertados para os unirem A brasagem pode tamb m ser utilizada como t cnica de modela o cobrindo com material de enchimento a superf cie da pe a conseguindo se determinadas varia es de textura no tratamento das superf cies Os m todos de soldadura s o no entanto empregues em paralelo com outras ferramentas necess rias para trabalhar as pe as at forma pretendida Entre elas podemos referir ferramentas de fixa o e de corte de perfura o e quinagem de calandragem e rectifica o Para al m destes processos s o ainda poss veis acabamentos qu micos ou electroqu micos que protegem os metais atribuindo lhe caracter sticas anti corrosivas tal como a galvanoplastia Fig 33 o bronzeamento a oxida o e a metaliza o Paralelamente aplica o de tintas vernizes e lacas S 1 PADOVANO Anthony The process of sculpture pp 143 146 10 Tamb m se admite material de enchimento com revestimento fluxado ou adicionado nas varetas uma pasta fluxada 107 o processo de galvanoplastia implica processos electroqu micos feitos por electr lise Neste caso uma espessura de metal fina adere superf cie do material b

joão duarte. entre monumento, troféu e medalha, 1980

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