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Claudio Amorim - RI UFBA - Universidade Federal da Bahia

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1. S o os homens e mulheres da 1A prop sito grande parte dos profissionais que se acreditam pr ticos nada produzem de palp vel pois movimentam se em um espa o simb lico de projetos cifras m todos regulamentos e contratos ancorados em teorias cujo sentido lhes escapa Sem que se d em conta trabalham segundo h bitos e conven es contingentes em oposi o s leis naturais necess rias que fundamentam o processo produtivo na agricultura na ind stria e na constru o civil por exemplo 2Obviamente um bem estar relativo a quem pode pagar por ele na sociedade de consumo 130 que seria uma condi o de base para qualquer esfor o emancipat rio bem sucedido em um mundo onde as rela es de produ o s o cada vez mais complexas e din micas por for a do permanente avan o da tecnologia Termo frequentemente traduzido por arte mas em sentido amplo denotando os conhecimentos e t cnicas das artes e of cios em geral Diz respeito capacidade de construir compor agir sobre o meio material visando um produto O m dico o artes o o analista de sistemas o alfaiate o sapateiro o motorista o advogado s o todos profissionais da t khne No presente texto aproximo t khne do conceito de savoir faire sem preju zo dos significados que n o caibam nessa express o moderna que por ventura ou conhecimento pr prio das artes o of cios Isto consci ncia ing nua em sentido hist rico c
2. Por exemplo alguns circuitos digitais representam o 0 zero por meio de uma tens o entre 0 0 e 0 3 Volts e o 1 um por meio de uma tens o entre 3 0 e 5 0 Volts Dessa forma o circuito se torna bastante est vel 50 circuito anal gico em diferentes situa es de uso e no decorrer de toda a sua vida til porque ele trabalha com sinais variando continuamente dentro de uma faixa de tens o Essa uma das raz es pelas quais muito antes do advento do microprocessador Wiener 1965 p 117 118 j afirmava que os computadores bin rios deveriam ser preferidos face aos anal gicos sempre que uma precis o elevada estivesse em jogo Ten rio 1998 p 38 assinala que O c lculo digital se refere especialmente ao c lculo efetuado a partir da representa o e manipula o simb lica de vari veis a partir de um conjunto de regras ou leis te ricas gerais n o necessariamente leis f sicas Ou seja no c lculo digital as leis f sicas ficam nos bastidores dando suporte ao mecanismo abstrato de c lculo J no c lculo anal gico as leis f sicas entram em cena ostensivamente determinando a precis o e confiabilidade dos resultados obtidos Hoje com a dissemina o dos microprocessadores poderosos fabricados em larga escala a um custo muito baixo a utiliza o de computadores digitais de uso geral tornou se mais econ mica do que a fabrica o de dispositivos anal gicos Os computadores anal gicos me
3. categorias Quadro 3 Tipos de Ind strias Partes Discretas Processo Cont nuo e Montadoras de ve culos e Petroqu mica pl sticos borracha e Autope as lubrificantes fertilizantes defensivos e Ind stria aeroespacial agr colas etc e Eletroeletr nicos e Ind stria farmac utica e Roupas e Cal ados e Papele celulose e Embalagens e Siderurgia e Cimento e Alimentos 140 A automa o est presente nas ind strias de ambos os tipos embora por meios tecnologicamente distintos Na ind stria de partes discretas ela mais vis vel para o leigo devido presen a das m quinas autom ticas tais como tornos de comando num rico e rob s articulados Na ind stria de processos cont nuos por outro lado a automa o materializa se em dispositivos de mensura o e dispositivos atuadores tais como v lvulas acionadas eletricamente termostatos e medidores de vaz o cujo funcionamento invis vel para os olhos n o treinados A automa o industrial pode ser dividida em duas grandes reas a automa o das opera es de produ o Automated Manufacturing Systems e a automa o dos sistemas de apoio produ o Computerized Manufacturing Support Systems Groover 2000 p 9 e seguintes O presente texto enfatiza a automa o da produ o aquela que comanda os processos de transforma o material dos insumos em produtos Nos sistemas de apoio produ o ligados s tarefas administrativas os
4. quanto ao ajuste mundo mente 2 que em ess ncia s o dois p los da voca o para a pr xis De resto apenas em uma sociedade de formigas pode haver total harmonia entre a atividade e os fins em todas as escalas observ veis desde os indiv duos at a popula o total do formigueiro No mbito humano ao contr rio a necessidade de organizar o mundo do trabalho de forma eficiente em torno de pessoas conscientes e de grupos culturais heterog neos um desafio constante que se acentua com a complexidade inerente aos sistemas automatizados Como a combina o entre t khne e epist me n o suficiente para responder a esse desafio no desenvolvimento da phr nesis que devemos procurar os meios de faz lo Fa o aqui uma transposi o dos termos usados por Searle 1995a cap 2 embora em um contexto distinto 114 5 A coopera o humano maquina O presente cap tulo estuda a coopera o homem maquina luz das discuss es precedentes a respeito da automa o e da compet ncia humana S o abordadas quest es t cnicas fundamentais para o aprofundamento da mat ria quest es epistemol gicas que surgem a partir das novas reparti es do conhecimento e quest es s cio econ micas oriundas das formas in ditas de organiza o do trabalho viabilizadas pela automa o Inicialmente na se o 5 1 o problema apresentado com a defini o do que queremos entender como coopera o entre seres huma
5. Portanto a imagem estereotipada do cientista solit rio despenteado e O brasileiro Henrique da Costa Mecking 1952 foi crian a prod gio e chegou s quartas de final na disputa pelo t tulo mundial de xadrez duas vezes em 1974 e 1977 e em ambas as oportunidades perdeu a disputa por margem estreita diante de expoentes russos Durante um breve per odo no in cio dos anos 70 ent o com aproximadamente vinte anos Mequinho como conhecido permaneceu entre os cinco enxadristas mais bem situados no ranking mundial Para uma vis o de como os estudos em sociologia das ci ncias influenciam a vis o recente sobre o desenvolvimento de compet ncias nas reas acad micas e tecnol gicas ver por exemplo Collins 1992a 1992b e MacKenzie 1996 Neste ltimo livro atentar para o cap tulo 10 Tacit Knowledge and the Uninvention 100 com a lingua de fora desbota se cada vez mais dando lugar a um profissional que precisar dominar t cnicas computacionais e ou um aparelhamento experimental altamente complexo operados por grupos numerosos de pessoas trabalhando em conjunto sob a media o de aut matos Da mesma forma o inventor do tipo Professor Pardal inventando dispositivos mirabolantes em meio a eventuais explos es e curto circuitos hoje meramente uma imagem divertida por m sem respaldo na realidade dos centros de desenvolvimento onde as inova es tecnol gicas s o de fato produzidas O folclore da i
6. Segundo um dos meus interlocutores ex trabalhador da ind stria cada vez mais os cursos de capacita o das empresas para trabalhadores em regime de turno s o oferecidos nos dias de folga Observamos tamb m um crescente n mero de treinamentos empresariais ministrados aos s bados e domingos para os trabalhadores em regime administrativo SH que distinguir o consumo excessivo do n vel de consumo desej vel para a garantia do bem estar humano Na atualidade o padr o de acumula o capitalista est fortemente calcado no desenvolvimento produ o e consumo desenfreado de produtos de consumo sup rfluos e tecnologicamente avan ados cf Furtado 2000 pp 14 15 com graves reflexos sociais e ambientais Por outro lado n o se pode negar o lado 147 trabalho em que as pessoas possam exprimir os seus talentos A solu o por m n o est em reduzir o n vel de automa o ou em obrigar contrata o de trabalhadores onde as m quinas produzem melhor e a custo mais baixo Na melhor das hip teses a redu o das jornadas de trabalho por meio de decreto ser o apenas um meio de transi o para uma reorganiza o radical do mundo do trabalho Isso n o significa que a automa o deva servir como pretexto para a livre explora o dos trabalhadores por meio da redu o inconseqiiente dos quadros profissionais visando simplesmente aumentar o lucro das empresas A explora o da mais valia que ontem era feita por meio das jo
7. es de base que as determinam Nesse sentido uma educa o formativa em sentido amplo de import ncia capital Os males da desqualifica o deskilling e do desemprego estrutural que j n o admitem solu es paliativas devem ser prevenidos e atacados na raiz por meio da transforma o efetiva das estruturas de produ o pensada e realizada com o concurso da escola em todos os n veis A consci ncia dessa realidade fundamental no presente momento hist rico em que as formas tradicionais de organiza o popular especialmente os sindicatos defrontam se com desafios in ditos decorrentes das novas formas de que se reveste o poder do capital As propostas de Paulo Freire para uma educa o emancipadora passam pela apropria o por parte do oprimido da linguagem do opressor Ora no mundo contempor neo a linguagem do opressor predominantemente t cnica Em larga medida a cibern tica instrumentaliza o controle do capital sobre os trabalhadores e do estado burocr tico sobre os 185 cidad os Tamb m produz os objetos de fetiche para coopta o do trabalhador especializado aquele de quem o capital necessita para controlar o aparato tecnol gico que lhe d sustenta o Portanto uma educa o emancipadora na atualidade n o pode ser pensada sem que se proporcione ao educando os instrumentos para compreender manipular e criticar a tecnologia em suas mais diversas manifesta es Por isso quando os educadores
8. o Nos dois planos da Vida h muitos outros a quem agrade o de cora o Esses por m n o cabe mencionar nominalmente Obrigado Mais do que de maquinas precisamos de humanidade Mais do que de intelig ncia precisamos de afei o e do ura N o sois m quinas Homens que sois Charlie Chaplin Resumo Apoiando se no instrumental te rico e t cnico da matem tica da eletr nica e da computa o a cibern tica estabeleceu se com uma das for as que modelam o mundo contempor neo Um dos aspectos da nossa heran a cibern tica a automa o ao diversificar substancialmente as formas poss veis das rela es de produ o prop e novos e urgentes desafios na mesma medida em que oferece oportunidades in ditas para a emancipa o da humanidade At o presente a automa o tem servido sobretudo concentra o e abuso do poder pol tico e econ mico Tamb m tem contribu do para o desemprego e para a desqualifica o da dos trabalhadores Favorecendo a produ o em alt ssima escala a automa o contribui ainda para a exacerba o do consumismo e consequentemente da aliena o Nesse contexto o uso dos sistemas automatizados como for a transformadora a servi o do bem estar social requer o reposicionamento das compet ncias humanas ora desafiadas pelos avan os di rios da tecnologia que se materializa por meio de dispositivos e sistemas cada vez mais complexos e aut nomos Apoiado no estudo da automa
9. 192 SANT ANNA Ivan Caixa Preta O relato de tr s desastres a reos brasileiros Rio de Janeiro Objetiva 2001 SCHEPS Ruth org O Imp rio das T cnicas Campinas SP Papirus Editora 1996 SEARLE John The Rediscovery of Mind Massachusetts MIT Press 1994 Intencionalidade Sao Paulo Martins Fontes 1995a 1983 The Construction of Social Reality New York The Free Press 1995b Mente C rebro e Ci ncia Lisboa Edi es 70 1997 O Mist rio da Consci ncia S o Paulo Paz e Terra 1998 Minds Brains and Programs In Cummins Robert Cummins Denise D eds Minds Brains and Computers The Foundations of Cognitive Sciences Malden Massachusetts Blackwell Publishers 2000 p 140 152 SETZER Waldemar Meios Eletr nicos e Educa o Uma vis o alternativa S o Paulo Escrituras Editora 2001 SPARACO Pierre Incident Prompt Airbus to Alter A320 AOA Limits In Aviation Week amp Space Technology New York May 28 2001 Vol 154 Iss 22 p 38 STOLL Clifford High Tech Heretic Reflections of a Computer Contrarian New York Anchor Books 2000 STROOBANTS Marcelle A qualifica o ou como se ver livre dela In DOLZ Joaquim OLLAGNIER Edm e Orgs O Enigma da Compet ncia em Educa o Porto Alegre Artmed 2004 A Visiblidade das Compet ncias In ROP Fran oise TANGUY Lucie Orgs Saberes e Compet ncias O uso de tais no es na escola e na Em
10. Embora haja diferen as importantes entre as situa es de uso das m quinas mais ou menos complexas quero destacar no que concerne coopera o humano maquina as situa es em que se n o se aplica a tradicional hierarquia de controle em que o operador simplesmente comanda e a m quina simplesmente obedece Por exemplo ao dirigir um autom vel comum n s recebemos diretamente os est mulos visuais e auditivos procedentes da rua decidimos para que lado queremos ir ou se devemos reduzir a velocidade parar no sinal vermelho etc acionamos os comandos do Em oposi o aos sistemas simb licos nas ci ncias e na administra o para os quais devemos procurar crit rios distintos 119 ve culo de acordo com as decis es tomadas e somos 100 respons veis por acertar ou errar o caminho assim como por controlar as rea es do ve culo Certo se temos um carro com transmiss o autom tica ele nos isola de um detalhe operacional importante do ato de dirigir mas s isso que muda Por certo nenhum tribunal aceitaria de um motorista o argumento de que a culpa por um atropelamento foi do carro que assumiu a pr pria dire o e dirigiu se rumo ao pedestre Do mesmo modo n o vale dizer namorada ou namorado que voc foi visto a com seu carro na porta da boate porque apesar dos seus comandos em contr rio ele se dirigiu para l sozinho Por tudo isso n s dizemos que usamos o carro e n o que cooperamos co
11. Quest es dessa ordem representam desafios enormes por m muitas vezes ignorados ou 4 Nesse sentido Morgan 1996 p 291 afirma que normalmente espera se lealdade dos trabalhadores do mercado prim rio para com as suas empresas 57 subestimados que n o poder o ser resolvidos sem interven es em profundidade nas atuais formas de organiza o do mundo da produ o 2 4 As raz es da automa o O que se deseja com a implanta o de qualquer sistema automatizado a efic cia entendida como a maximiza o ou minimiza o das vari veis consideradas relevantes em um sistema Ao instalar um elevador inteligente em um edif cio tem se em mente minimizar o tempo de espera o consumo de energia el trica e os gastos com manuten o S o tr s vari veis prontamente mensur veis que contudo acabam se exprimindo por meio de outras vari veis subjetivas tais como a satisfa o e o conforto dos cond minos No caso um tanto mais complexo da automa o de aeronaves o objetivo fundamental minimizar o consumo de combust vel e o desgaste do aparelho assim como maximizar a seguran a e o conforto dos passageiros Embora seguran a e conforto n o sejam prontamente mensur veis s o vari veis que admitem uma redefini o operacional em fun o de outras A seguran a pode ser associada ao n mero de incidentes e acidentes com um certo tipo de avi o e o conforto pode ser associado pontualidade
12. afirma que 22 Cuidando se para evitar aquilo que Collins 1992b p 168 chamou de self imposed stage management isto uma situa o em que os estudantes enviesam os experimentos de modo que seus resultados coincidam com o com os resultados can nicos dos livros texto Por exemplo em um experimento sobre os estados da mat ria os estudantes tender o a anotar que a gua sobre o fogo no recipiente sob sua observa o ferve a 100 C que o valor que est nos livros quando na verdade a temperatura real de fervura depende da altitude umidade do ar pureza da gua e assim por diante 2Nesse sentido vale lembrar que com simples computadores de papel Ten rio 1991 podemos apoiar a pesquisa em torno de t picos fundamentais da computa o apenas para citar um exemplo 174 fundamental para n s hoje mec nicos ou f sicos pedagogos ou pedreiros marceneiros ou bi logos a assun o de uma posi o cr tica vigilante indagadora em face da tecnologia Nem de um lado demonologiz la nem de outro diviniz la Freire 1992 p 133 Portanto conhecer a m quina n o apenas um meio de profissionalizar se embora tamb m o seja mas igualmente uma forma de postar se diante dela como um agente transformador Ignor la ao contr rio um dos caminhos para a passividade diante do poder institu do materializado sob a forma de aut matos a servi o do grande capital A presen a de conte do c
13. lvaro Vieira O Conceito de Tecnologia 2v Rio de Janeiro Contraponto 2005 PINTO L S PINTO Geraldo Souza Piloto de Jato Rio de Janeiro Editora ao Livro T cnico 2003 POORTINGA Ype H VAN DER VIJVER Fons Culture and Cognition Performance Differences and Invariant Structures In STERNBERG Robert J GRIGORENCO Elena Culture and Conpetence contexts of life success Washington American Psychological Association 2004 p 139 162 POSTMAN Neil The End of Education Redefining the Value of School New York Vintage Books 1996 REY Bernard As Compet ncias Transversais em Quest o Porto Alegre ARTMED 2002 RILEY Victor What Avionics Engineers Should Know about Pilots and Automation In IEEE AES Systems Magazine May 1996 p 3 8 RISUKHIN Vladimir Controlling Pilot Error Automation New York McGraw Hill 2001 ROGOFF Barbara Observando a atividade sociocultural em tr s planos apropria o participat ria participa o guiada e aprendizado In WERTSCH James V del RIO Pablo ALVAREZ Am lia Estudos Socioculturais da Mente Porto Alegre ArtMed 1998 ROMERO Daniel Marx e a T cnica Um estudo dos manuscritos de 1861 1863 S o Paulo Express o Popular 2005 ROSZAK Theodore O Culto da Informa o O Folclore dos Computadores e a Verdadeira Arte de Pensar S o Paulo Editora Brasiliense 1988 RYLE Gilbert The Concept of Mind Chicago University of Chicago Press 1984 1949
14. nos oferece 187 Refer ncias AGNEW Andrew et al Deskilling and reskilling within the labour process The case of computer integrated manufacturing In International Journal of Production Economics 52 1997 317 324 AMORIM Cl udio A A Maquina e seus Limites Uma Investiga o sobre o Xadrez Computacional Disserta o de Mestrado Universidade Federal da Bahia 2002 Bits Logic and Wisdom A Radical Approach to Computer Literacy In McComas William F Org The Proceedengs of the Sixth International History Philosophy amp Science Teaching Conference Denver CO 2003 CD ROM Beyond Algorithmic Thinking An Old New Challenge to Science Education In The Proceedengs of the Eighth International History Philosophy amp Science Teaching Conference Leeds UK 2006 Dispon vel em http Awww 1hpst2005 leeds ac uk papers Amorim pdf Acesso em 27 set 2006 ARIST TELES tica a Nic maco S o Paulo Martin Claret 2005 ARISTOTLE The Nichomachean Ethics Oxford World s Classics Oxford UK Oxford University Press 1998 ARMSTRONG Alison CASEMENT Charles A Crian a e a M quina Como os computadores colocam a educa o dos nossos filhos em risco Porto Alegre ARTMED 2001 ASHBY W Ross Introdu o Cibern tica S o Paulo Editora Perspectiva 1970 BASSANI Luiz O mundo do avi o e tudo que voc precisa saber para perder o medo de voar S o Paulo Editora Globo 2005 BERRY John W
15. o justamente porque exige um trabalho intenso e especializado mas de menor dura o Al m disso faz se mister levar em conta que o trabalho t cnico a ser executado na era do lazer exigir t o extenso e profundo trabalho cient fico que grande parte da exist ncia do trabalhador de ent o a bem dizer toda a vida se consumir numa aprendizagem dif cil penosa e ininterrupta por m dignificante e condi o de realiza o da felicidade pessoal Dessa atividade ningu m ser exclu do sob pena n o s das san es sociais da poca mas de tornar irrealiz vel o quadro agora imagin rio que sup e a distribui o equitativa do lazer Logo o desenvolvimento tecnol gico hoje capitaneado pela cibern tica obriga reorganiza o e amplia o dos espa os de ensino aprendizagem a fim de que as pessoas desenvolvam e atualizem compet ncias continuamente em ciclos cada vez mais curtos ou por necessidade para manterem se inclu das no mundo do trabalho ou por livre escolha para ampliarem os seus horizontes existenciais aproveitando o tempo ocioso que a automa o lhes permite desfrutar Talvez nos encontremos sob esse ponto de vista no per odo hist rico de transi o entre dois modelos de escola Um constru do a partir das demandas da Revolu o Industrial com a finalidade prec pua de formar quadros profissionais estratificados segundo os des gnios do grande capital uns poucos profissionais altamente qualifi
16. o dos avi es n o transforma os pilotos em figuras decorativas para fins de rela es p blicas das companhias a reas mesmo porque as aeronaves automatizadas n o toleram um comportamento passivo por parte dos pilotos Ambos t m que estar plenamente envolvidos na coleta e processamento de informa es e na tomada de decis es r pida e precisa Risukhin 2001 p 128 Portanto a rotina em avia o um contra senso uma distor o comportamental individual e coletiva amplificada pela automa o crescente dos avi es Dois v os nunca s o iguais Todos s o nicos Mas h um requisito que tem deve ser atendido em todos os v os toda informa o relevante para o v o tem que ser continuamente coletada cuidadosamente avaliada e adequadamente usada pela tripula o de cabine Uma dose saud vel de alerta sic e de curiosidade durante todo o v o n o faz mal a nenhum piloto independente da sua experi ncia e das capacidades do avi o Risukhin 2001 p 129 grifos meus Ou seja n o h n vel de automa o que sirva de pretexto para o comportamento rotineiro que conduz falta de vigil ncia Tal conclus o vai ao encontro da posi o de Pinto e Pinto 2003 p 17 sobre o trabalho do piloto Quando estamos sentados na nossa cabine de comando n o devemos esquecer que l atr s na cabine de passageiros encontram se centenas de 8 assessed no original 1820 que vai ao encontro da opini o de um do
17. o industrial Essas s o reas em que a automa o aplicada h d cadas dentro dos mais elevados padr es tecnol gicos substituindo as a es humanas em tarefas complexas associadas a demandas psicomotoras e cognitivas muito especiais Consequentemente s o reas fecundas em perguntas e respostas para os problemas da coopera o entre m quinas e seres humanos 1 A palavra coopera o no presente texto assume dois diferentes significados que devem ficar claros de acordo com o contexto em que aparece A coopera o entre o ser humano e uma m quina entendida como co opera o ou seja a opera o conjunta e coordenada de ambos para a execu o de uma tarefa nesse sentido que podemos falar em coopera o entre o piloto e os modernos sistemas avi nicos A coopera o entre 13 A tese central do texto a de que a nossa heran a cibern tica obriga educa o como processo permanente de forma o humana em regime cooperativo integrando epist me saber te rico t khne t cnica e phronesis sabedoria pr tica ou bom senso A perspectiva adotada aqui predominantemente a da filosofia e sociologia do conhecimento e da t cnica sem descuidar do imprescind vel di logo com a sociologia do trabalho e bvio com a pedagogia O presente esfor o ser considerado bem sucedido se puder inspirar 1 uma vis o clara sobre a automa o seus fundamentos limites possibilidades e implica es e 2 uma p
18. o na ind stria e nas aeronaves o presente trabalho tem como objetivo elucidar os principais desafios educacionais rumo coopera o significativa e consequente entre pessoas e aut matos Com base na vis o de Vieira Pinto de tecnologia como instrumento de emancipa o e na vis o de Paulo Freire de educa o como emancipa o prop e se que novas pr ticas educacionais s o necess rias para formar pessoas capazes de compreender conceber e operar sistemas cibern ticos cada vez mais eficazes para o bem da humanidade Embora os seres humanos cooperem com os aut matos tanto no mbito te rico como em tarefas pr ticas apenas os humanos s o seres da pr xis intencionais sociais e comprometidos uns com os outros Sugere se que o desenvolvimento de pessoas plenamente competentes fundamente se na integra o de tr s virtudes intelectuais aristot licas epist me conhecimento te rico t khne savoir faire e phr nesis sabedoria pr tica ou bom senso Palavras chave Automa o Cibern tica Aut mato Compet ncia Computa o Educa o Episteme t khne Phronesis Abstract Drawing on the theoretical and technical tools of mathematics electronics and computer science cybernetics has established itself as one of the driving forces of the modern world Automation which is part of our cybernetic heritage greatly diversifies the forms of production relationships and therefore poses new and urgent challenges as it r
19. o realmente paradoxal a dos 8A aliena o tecn fila de uma classe m dia rodeada de artefatos cibern ticos consumidos muito mais pelo valor simb lico do que pelo valor de uso j na d cada de 1960 foi satirizada de forma brilhante nos desenhos animados dos Jetsons e dos Flintstones Na mesma linha lembro me tamb m de ao menos uma realiza o not vel do cinema o filme Mon Oncle de Jacques Tati 6Embora o car ter alienado dessas revoltas das classes m dias ainda possa ser observado A revista Newsweek da terceira semana de agosto de 2006 traz uma reportagem sobre os protestos de estudantes indianos das castas mais abastadas contra as pol ticas afirmativas para o ingresso nas universidades de estudantes economicamente desfavorecidos No meu dia a dia de educador ou o observa es frequentes contra o sistema de cotas n o fundamentadas em dados emp ricos e reflex es aprofundadas o que seria normal mas em uma percep o preconceituosa da capacidade das camadas sociais desfavorecidas para os estudos superiores 163 trabalhadores aut nomos urbanos que nominalmente livres para escolher m todos e hor rios de trabalho e detentores dos pr prios meios de produ o equipamentos computadores etc permanecem na sua maioria presos a condi es financeiras desfavor veis para a aquisi o desses meios e dependentes das empresas de grande porte que monopolizam em uma ponta o mercado de insumos e na outra
20. poderia se realizar sob uma forma superficial que n o resistiria a um olhar em profundidade Ainda que os rob s cuidassem de todas as etapas da produ o autonomamente as pessoas por tr s da sua concep o constru o e manuten o deveriam ser consideradas com toda propriedade como trabalhadoras da f brica ali presentes por meio das suas criaturas Significa isso dizer que em rela o s m quinas o sistema nervoso do homem aparece por assim dizer como uma pe a nelas embutida para regular lhes o funcionamento Pinto 2004 v 1 p 123 Uma ind stria ainda que atenda prioritariamente aos interesses das classes dominantes representa um rico universo de trocas sociais seja por meio dos seus produtos seja por meio das rela es entre as pessoas diretamente envolvidas na produ o ou ainda por meio de toda a rede de conhecimento e de servi os que se integram para a projet la constru la e mant la em funcionamento Vale portanto para uma planta industrial a id ia de que toda m quina constitui uma media o entre os homens e a natureza com o fim de estabelecer sobre a rela o entre tais extremos uma outra rela o entre um ser humano e os semelhantes Pinto 2004 v 2 p 44 Contudo nem toda media o feita por m quinas tem a mesma natureza No presente texto estamos particularmente interessados em um certo tipo de media o que podemos chamar de coopera o entre humanos e m quinas Conform
21. An Ecocultural Perspective on the Development of Competence In STERNBERG Robert J GRIGORENKO Elena Culture and Conpetence contexts of life success Washington American Psychological Association 2004 p 139 162 BLACKBURN Simon Dicion rio Oxford de Filosofia Rio de Janeiro jorge Zahar Editor 1997 BLEVINS Terrence L et al Advanced Control Unleashed Plant Performance Management for Optimum Benefit Rescarch Triangle Park NC ISA 2003 BOULDING Elise Building a Global Civic Culture Education for an Interdependent World Syracuse New York Syracuse University Press 1990 BOURDIEU Pierre CHAMBOREDON Jean Claude PASSERON Jean Claude Of cio de Soci logo Metodologia da pesquisa em sociologia Petr polis Vozes 2004 BRAVERMAN Harry Trabalho e Capital Monopolista Adegrada o do Trabalho no S culo XX 3 ed Rio de Janeiro 1987 188 CHAU Marilena Introdu o Hist ria da Filosofia Dos Pr Socraticos a Arist teles 2 ed S o Paulo Companhia das Letras 2002 COLLINS Harry M Experts Artificiels Machines intelligentes e savoir social Paris Editions du Seuil 1992a Changing Order Replication and Induction in Science Practice Chicago University of Chicago Press 1992b COLLINS Harry M Kusch Martin The Shape of Actions What Humans and Machines Can Do Cambridge Massachusetts The MIT Press 1998 COLLINS Harry M EVANS Robert Periodic Table of Expertises Dispon
22. assim entendido como a disposi o em investir tempo e energia em prol dos objetivos pessoais e sociais entendidos como mais relevantes Ou seja conceber utopias debat las e empreender as mudan as almejadas no cen rio social tamb m a no mbito da pr pria escola e a partir dela Nesse caso caminhariamos em um c rculo virtuoso a escola ajudaria as pessoas a melhorar de vida e por isso as pessoas acreditariam mais na escola Acreditando mais dariam mais de si mesmas e a escola se tornaria ainda mais efetiva como for a transformadora Movimento bvio em tese dif cil na pr tica pois os obst culos pol ticos e culturais a vencer s o enormes Mas preciso partir de algum ponto ou ent o nos acomodarmos de vez a uma perspectiva fatalista de uma escola elitista e cruel imagem de O Admir vel Mundo Novo Huxley 1965 em que o imobilismo das hierarquias sociais os elementos para o sucesso ou a subordina o cega s o programados nos indiv duos desde antes do nascimento Se almejamos transformar a realidade por meio da educa o devemos ter em mente que o investimento dos jovens na sua pr pria forma o n o vai se intensificar enquanto continuarmos pregando a mudan a social e ao mesmo tempo usando os mais avan ados recursos tecnol gicos dentro e fora da escola para deixarmos tudo como est o mesmo desemprego o mesmo autoritarismo o mesmo desalento o mesmo cen rio de exclus o e de concentra
23. bem diferente Os desafios educacionais a que se refere o t tulo do texto s o pensados sob uma perspectiva emancipadora portanto distante da mera qualifica o de m o de obra ou de alguns programas de inclus o digital que preparam as pessoas para continuar servindo aos interesses do capital com mais efici ncia sem contudo contribuir substancialmente para a mudan a das estruturas econ micas e sociais Na pr tica tais a es paliativas s o necess rias mas a longo prazo n o resolvem as contradi es determinadas pela nossa heran a cibern tica de certo modo resumidas na seguinte passagem de Celso Furtado o particular dinamismo da sociedade capitalista tem sua causa prim ria no fato de que a estrutura de privil gios que lhe inerente ap ia se na inova o t cnica Em outras palavras porque assegura a reprodu o dos privil gios o avan o da t cnica encontra nesse tipo de sociedade todas as facilidades para efetivar se Mas a absor o do progresso t cnico em uma sociedade competitiva implica forte acumula o e esta per se engendra press es sociais no sentido de redu o das desigualdades Assim a a o conjugada da inova o t cnica e da acumula o concilia a reprodu o dos privil gios com a perman ncia das for as sociais que os contestam 2000 p 17 Nesse processo o grande capital prospera por meio da coopta o de trabalhadores altamente qualificados para posi es chave
24. cnicos e luta de classes In GORZ Andr Org Critica da Divis o do Trabalho 3 ed S o Paulo Martins Fontes 1996 p 212 248 GRABOWSKI Martha SANBORN Stephen D Human performance and embedded intelligent technology in safety critical systems International Journal of Human Computer Studies 58 2003 637 670 GROOVER Mikell P Automation Production Systems and Computer Integrated Manufacturing Second Edition Upper Saddle River New Jersey Prentice Hall 2000 HSU Feng hsiung et alli A Grandmaster Chess Machine In Scientific Americam volume 263 no 4 October 1990 p 18 24 HUMPHREYS Paul Extending Ourselves Computational Science Empirism and Scientific Method New York Orford University Press 2004 HUXLEY Aldous Brave New World amp Brave New World Revisited New York Harper amp Row 1965 O Despertar do Mundo Novo S o Paulo Hemus Livraria Editora Ltda s d 1937 ISAMBERT JAMARTI Viviane O Apelo No o de Compet ncia na Revista Orientation Escolaire et Professionnelle da sua Cria o aos Dias de Hoje In ROPE Francoise TANGUY Lucie Orgs Saberes e Compet ncias O uso de tais no es na escola e na Empresa Campinas SP Papirus 1997 190 JACOMY Bruno A Era do Controle Remoto Cr nicas da Inova o T cnica Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2004 JOB Machartur TESCH Matthew Air Disaster Volume 3 Fyshwick Australia Aerospace Publicatio
25. exaustivo O xadrez por se esgotar no plano da abstra o n o permite a an lise de todos os desafios que a coopera o humano maquina determina Para nos depararmos com eles devemos nos dirigir ao campo das profiss es que embora se organizem em ambientes estruturados jamais se exercem sob o imperativo de regras absolutas e s o fortemente condicionadas pelas vari veis pol ticas e institucionais Tenho convivido durante d cadas com engenheiros t cnicos analistas de sistemas e gestores considerados muito competentes em suas reas de atua o Em sua maioria s o pessoas que t m dificuldade em refletir sobre o contexto s cio econ mico em que se desenvolvem as suas pr ticas profissionais porque n o disp em do repert rio conceitual necess rio para faz lo S o alienados mas n o no sentido corriqueiro pejorativo que subentende despreocupa o com o bem estar alheio Simplesmente escapam lhes as quest es de fundo hist rico tico epistemol gico e pol tico que permeiam as suas atividades Outros Variantes no xadrez s o os caminhos que se pode percorrer a partir de uma determinada posi o Na medida em que se deseja aprofundar a vis o do jogo isto prever com maior antecipa o as situa es futuras o n mero de variantes cresce exponencialmente e da a dificuldade cognitiva em calcul las com exatid o 12E por isso que os computadores de xadrez mais poderosos s o incapazes de resolver sati
26. mato o que natural Por m o motor de partida de um autom vel tamb m seria um aut mato conforme exemplo dos autores citados uma vez que no passado a partida do motor tinha que ser dada m o com aux lio de uma manivela Essa caracteriza o por m discut vel pois a simples machine agent no original 36 coloca o de um motor em movimento n o exatamente o tipo de contribui o que se espera de um aut mato moderno Para Parasuraman e Riley contudo o que se considera automa o muda com o tempo Logo Quando a realoca o da fun o do ser humano para a m quina completa e permanente ent o a fun o tender a ser vista simplesmente como uma opera o de m quina n o como automa o A automa o sic de hoje pode bem ser a m quina de amanh Parasuraman e Riley 1997 p 231 y Seria mais exato dizer O aut mato de hoje significando uma das m quinas autom ticas que comp em um sistema Ent o os motores de partida assim como os elevadores dos edif cios estariam justamente na categoria de ex aut matos ora vistos como simples m quinas Contudo esse conceito movedi o de automa o n o serve aos prop sitos do presente trabalho porque oculta justamente as quest es de base que se pretende aprofundar De certa forma ao se chamar hoje de m quina o que ontem se chamava de aut mato procede se uma naturaliza o do objeto dissimulando as suas nuances hist
27. ncia e pesquisa Por isso n o me formei profissionalmente no ambiente acad mico rigoroso na metodologia mas flex vel quanto aos 28 resultados Formei me no mundo da produ o com suas demandas inflexiveis por resultados mesmo que sem metodologia Tenho certeza de que at hoje o meu trabalho reflete esse vi s Por um lado n o me enquadro facilmente aos c nones metodol gicos que nem sempre compreendo Por outro lado tenho sempre a inten o pretens o de realizar algo ver os resultados concretos daquilo que fa o Como s o posso mudar o mundo lecionando e escrevendo desejo mudar mentes para que por esse caminho o mundo se transforme Nesse sentido aproximo me de Flyvbjerg 2001 com sua abordagem fron tica das ci ncias sociais Em linhas gerais a id ia que as ci ncias sociais n o s o propriamente epist micas e se tentam s lo acabam por afastar se de seu melhor papel o de inspirar solu es humanas para os problemas humanos Discute se se essa ou n o uma abordagem adequada Eu a acho muito mais atraente do que o estudo acad mico pretensamente frio dissociado da analise reflexiva de objetivos valores e interesses Flyvbjerg 2001 p 53 pr prios da condi o humana Desisti de fazer um estudo etnogr fico do mundo da avia o N o fiz entrevistas no sentido formal da palavra mas tive di logos frut feros com diversos profissionais j mencionados nos agradecimentos De rest
28. o automatizados conectam se diretamente aos sistemas de cunho administrativo dentro de uma vis o de otimiza o integral do processo produtivo Por meio da automa o as m quinas n o s substituem as pessoas em tarefas para cuja execu o a presen a humana era antes fundamental como tamb m viabilizam a execu o de tarefas que seriam irrealiz veis sob controle exclusivamente humano Os n veis em que a automa o se apresenta variam desde o controle localizado de dispositivos sob a tutela humana como ocorre com a transmiss o autom tica do autom vel completa substitui o de trabalhadores especializados em espa os importantes do processo produtivo e da atividade cient fica Atualmente a automa o t o corriqueira que passa desapercebida e poucos nos lembramos de que at a d cada de 1970 os funcion rios dos bancos ainda atualizavam m o as fichas cadastrais de seus clientes que s depois eram enviadas para o bir de digita o onde se transformavam em registros computadorizados os mais jovens nem sabem disso Da mesma forma n o nos damos conta de que no decorrer do s culo XX os sistemas automatizados passaram a controlar aspectos cr ticos das nossas vidas tais como exames e procedimentos m dicos gera o e distribui o de energia el trica produ o e refino de petr leo fabrica o de bens de consumo e sistemas telef nicos entre outros Usar uma m quina significa predominantemente man
29. o portanto est em orientar o progresso t cnico de modo a beneficiar o conjunto da sociedade invertendo a tend ncia atual de concentra o da riqueza e aprofundamento das desigualdades que se observa em todo o mundo seja dentro de cada pa s seja na rela o entre os chamados pa ses centrais e os pa ses perif ricos No pr ximo cap tulo invocaremos a educa o como uma das for as capazes de contribuir com Recentemente uma amiga psicoterapeuta me disse que perdeu um excelente secret rio que por ser tamb m excelente fot grafo passou a dedicar se fotografia Em um desdobramento semelhante temos um colega professor de f sica competent ssimo que est em vias de transformar se em ilustrador de quadrinhos em tempo parcial porque tamb m um ex mio artista gr fico que vem desenvolvendo t cnicas pr prias de ilustra o computadorizada 149 essa reorienta o da sociedade combinado epist me t khne e phronesis na forma o do ser competente 150 6 Desafios Educacionais A partir de uma perspectiva de educa o como emancipa o o presente cap tulo identifica alguns dos relevantes desafios educacionais colocados pela r pida dissemina o da automa o nos mais variados campos da atividade humana N o ofere o roteiros prontos mas diferentes perspectivas de an lise que espero inspirem a considera o de novos caminhos para a escola em todos os n veis da pr escola
30. o de renda as mesmas institui es desacreditadas 25Gorz fala especificamente dos jovens matriculados nas escolas t cnicas e profissionais superiores no contexto europeu dos anos 1960 1970 onde havia emprego mas dentro de um modelo empresarial opressor Contudo sua fala se aplica aos nossos estudantes universit rios de hoje que na sua maioria pressentem o descompasso entre o investimento pessoal que se lhes pede nos estudos e a falta de recompensa posterior em termos de renda e satisfa o no trabalho 179 Uma perspectiva emancipadora radical em um mundo da automa o requer uma nova vis o dos espa os educacionais mantendo se a id ia de escola como centro formativo compuls rio at uma certa fase da vida ampliando se por m por toda a vida sob a forma de foros educativos permanentes de trabalho e cidadania Tal vis o n o fruto de um devaneio piedoso mas de uma perspectiva realista quanto s condi es de possibilidade de um arranjo social coerente e de uma extrapola o verossimil das mudan as s cio econ micas ocorridas paralelamente aos avan os tecnol gicos no decorrer da hist ria A esse respeito afirma Vieira Pinto 2004 v 2 p 785 que a tend ncia do processo de acelerado desenvolvimento da tecnologia sera fazer se em dire o a dois resultados simult neos e conjugados o incremento do trabalho sem d vida em formas progressivamente mais intelectuais e a libera o do tempo ocupado na produ
31. o entre pilotos e controladores Por m n o est claro porque o comandante persistiu durante tanto tempo na suas tentativas de navegar apenas inserindo dados no FMS Flight Management System ou Sistema de Gerenciamento de V o uma vez que as informa es dispon veis por meio dos instrumentos o teriam permitido navegar a aeronave por outros meios p 112 Podemos supor que a crescente virtualiza o da pilotagem por meio da automa o afasta cada vez mais os pilotos das suas habilidades tradicionais de navega o que n o obstante continuam sendo importantes em circunst ncias especiais Al m disso como em tantas outras cat strofes tecnol gicas faltou o bom senso phr nesis que teria permitido os pilotos comunicarem se melhor e mobilizarem seus conhecimentos de forma efetiva A prop sito da rela o entre pilotagem e phronesis cabe considerar um outro acidente tr gico detalhado por Job 1998 cap 3 e que a princ pio nada tem a ver com a automa o Trata se da queda de um jato Fokker F28 para 65 passageiros logo ap s a decolagem na cidade canadense de Dryden no dia 10 de mar o de 1989 Resumidamente o avi o caiu devido ao ac mulo de neve sobre as asa um problema comum no inverno do hemisf rio norte onde os aeroportos s o equipados com unidades bombeadoras de l quido anti congelante para banhar as asas dos avi es quando necess rio um procedimento caro que as empresas a reas tentam evitar O pr
32. o se caracteriza um controle por retro alimenta o quando a a o corretiva independente da vari vel controlada Em outras palavras para que se caracterize formalmente a retro alimenta o necess rio que a vari vel a ser controlada seja medida Mayr 1970 2 Embora um sistema como esse seja atualmente muito simples e barato a maioria dos autom veis conta com aparelhos de ar condicionado burros ou seja desprovidos de auto regula o de modo que cabe ao motorista ajustar o n vel de funcionamento do aparelho para manter a temperatura confort vel na medida em que as condi es ambientais se alteram como por exemplo ao cair da tarde Essa uma das muitas situa es em que a automa o deveria ser de uso corriqueiro mas ainda apresentada como um diferencial de mercado s os autom veis mais caros possuem condicionadores de ar inteligentes 42 deve ser debitado no valor correspondente ao saque o que consiste em uma opera o simb lica ainda fruto da auto regula o A torradeira a transmiss o autom tica e o elevador s o dotados de auto regula o no plano material o corretor ortogr fico e a m quina de jogar xadrez no plano simb lico o caixa eletr nico em ambos os planos Por outro lado uma batedeira de bolo uma furadeira el trica um autom vel antigo e um avi o da I Guerra Mundial n o possuem auto regula o e portanto n o podem ser caracterizados como aut matos Um elevador
33. p 116 De acordo com a forma como os dados s o processados os computadores se dividem em dois grandes grupos os anal gicos e os digitais No computador anal gico os dados s o representados sob a forma de medidas em uma escala cont nua No computador digital como o pr prio nome indica os n meros s o representados atrav s de d gitos Nos computadores modernos em particular todos os dados s o codificados usando apenas dois d gitos O e 1 Portanto as m quinas que se convencionou chamar simplesmente de computadores s o na verdade computadores eletr nicos bin rios Em acr scimo defini o de Wiener cabe lembrar que os computadores tamb m podem codificar numericamente s mbolos arbitrariamente definidos pelo programador e portanto s o capazes n o s de processamento num rico em sentido estrito mas tamb m de processamento l gico e alg brico Portanto pode se dizer que o termo computador denomina uma m quina capaz de processar ao menos um modelo informacional onde os sinais de entrada e sa da adquirem significado dentro de um contexto definido por seres humanos Isso implica no estabelecimento de uma correspond ncia aproximada entre os dados processados pelo computador e as vari veis do problema a ser resolvido Mais precisamente podemos dizer que um computador uma m quina 33 Computing machines are essentially machines for recording numbers operating with numbers and giving the result in
34. pois ali existe uma grande quantidade de leis f sicas e qu micas codificadas nas mem rias dos computadores e traduzidas em a es autom ticas por meio de algoritmos e heur sticas Em ambos os casos na ind stria e na pilotagem de avi es os sistemas autom ticos nos remetem excorpora o do conhecimento depois reincorporado s m quinas computadorizadas Por isso a desqualifica o profissional no local em que se d a produ o quando ocorre ocorre paralelamente qualifica o de outros profissionais afastados no tempo e no espa o 88Retornando mais uma vez ao termo usado por Debray Scheps 1996 p 219 116 Vale lembrar que a automa o da produ o n o introduz um conceito de produ o realmente novo mas reformula pr ticas antigas em novas bases Especificamente a fun o de regula o das ferramentas e equipamentos que antes era totalmente exercida pelo ser humano agora parcialmente exercida em maior ou menor grau pela m quina Dizemos parcialmente porque por maior que seja o n vel de automa o de uma ind stria o homem continua a exercer a fun o de regulador da m quina inclusive para acion la e par la quando cumpriu a quantidade de servi o ou de produtos que dela desejava obter e ainda quando interv m periodicamente para limp la recondicion la ou consert la Pinto 2004 v l p 123 Portanto a imagem futurista da f brica sem gente trabalhando s
35. tica Por outro lado freqiiente entre os projetistas e gestores de alocar fun es s m quinas sempre que poss vel porque tem se os meios para tal sem considerar se apropriado faz lo Frith 2000 p 227 Provavelmente uma maneira mais adequada de tratar a quest o seria repartir as fun es entre os humanos e as m quinas a fim de se ganhar com as capacidades do seres humanos liberando os das tarefas para as quais eles s o inerentemente fracos Frith 2000 p 227 Contudo nem sempre f cil discernir quais s o as tarefas em o ser humano inerentemente mais fraco do que a m quina Na mesma medida nem sempre f cil estabelecer de antem o e concretamente quais s o as tarefas que est o fora do alcance das m quinas Um sistema automatizado pode se desviar do comportamento esperado por v rias raz es dentre as quais est o falhas nos componentes de hardware fatores ambientais imprevistos comportamento inesperado por parte dos operadores e erros de software Com a complexidade crescente dos sistemas torna se cada vez mais dif cil dot los de todas as salvaguardas necess rias o que poderia ser feito por tr s vias 1 antecipar na fase de projeto cada uma das ocorr ncias at picas que poderiam perturbar o funcionamento do sistema 2 tornar a parte autom tica do sistema inteligente o bastante para identificar por si mesma condi es de funcionamento indesej veis ainda que n o tenham si
36. um b lgaro um indiano dois israelenses um espanhol e um ingl s sendo que o espanhol e os israelenses s o na verdade imigrantes de origem sovi tica Ou seja os jogadores ligados s escolas do Leste Europeu ainda dominam a cena no xadrez mundial dezessete anos ap s a queda do muro de Berlin Alexander Alekhine 1892 1946 campe o mundial de xadrez nos per odos 1927 1935 e 1937 1946 considerados um dos mais criativos jogadores de todos os tempos 8 Robert James Fischer 1943 considerado um dos maiores g nios criativos da hist ria do xadrez De 1948 at os dias de hoje foi o nico jogador n o oriundo do leste europeu a se sagrar campe o mundial t tulo que manteve entre 1972 e 1975 99 Enxadristas como Fischer e o Brasileiro Henrique Mecking Mequinho n o chamaram a aten o do mundo apenas por sua precocidade mas porque se formaram fora das grandes escolas Ambos desde os quinze anos at o auge de suas carreiras n o tiveram advers rios altura em seus pa ses de origem S o exce es apenas at certo ponto porque uma vez identificados os seus talentos fora do comum tiveram o apoio institucional necess rio para disputar torneios de alto n vel pelo mundo afora e trabalhar junto a outros enxadristas de elite para desenvolver a sua cultura e sua t cnica enxadr sticas Se a excel ncia ou seja a compet ncia e alto n vel no jogo de xadrez s se desenvolve dentro de um contexto s cio cultu
37. 1 temos a tend ncia a instrumentalizar a raz o fazendo da tecnologia a medida de todas as realiza es humanas cf Postman 1993 e 2 ao faz lo perdemos a dimens o dos riscos e possibilidades que a tecnologia traz 206Etica a Nic maco Livro VI 12 ed Oxford The work of a man is achieved only in accordance with practical wisdom as well as with moral virtue for moral virtue makes us aim at the right mark and practical wisdom makes us take the right means A tradu o do ingl s para o portugu s minha A tradu o brasileira da Martin Claret inicia se com a fun o de um homem apenas perfeita no que penso n o capta corretamente o sentido da rela o entre phr nesis e virtude ou excel ncia moral 207Etica a Nic maco Livro VI 5 ed Oxford 26 sto a fixa o extrema na dor e no prazer Devemos lembrar que em Arist teles o caminho da virtude o caminho do meio e o v cio a exacerba o das paix es 20 Uma das ltimas passagens do livro seis da tica a Nic maco 157 Na busca por uma posi o soberana diante do sistemas cibern ticos que nos pr prios criamos operamos e aperfei oamos uma vis o de conhecimento que integre a quest o dos valores cada vez mais fundamental 6 2 Desafios pol ticos Em nosso Pa s dedicamos s pol ticas de ci ncia e tecnologia pesquisa e desenvolvimento muito pouco tempo quase nenhum debate e minguados recursos financeiros Na m
38. A capacidade de express o escrita outra compet ncia cuja eros o tem sido associada dissemina o dos computadores Stoll 2000 Armstrong e Casement 2001 Talbott 1995 Setzer 2001 Em um n vel elementar o corretor ortogr fico autom tico t o til durante uma revis o final de texto tem o efeito perverso de nos desobrigar de grafar corretamente as palavras Conseqiientemente se uma crian a se habitua a usar o corretor todo o tempo sente se menos estimulada a aprender ortografia No caso dos adultos s um trabalho emp rico bem conduzido poderia determinar at que ponto o uso do corretor ortogr fico prejudica a capacidade de grafar as palavras corretamente Para a maioria dos professores universit rios com quem converso cotidianamente parece claro que os jovens habituados a s redigir no computador despreocupam se de grafar as palavras corretamente o que torna a sua escrita manual algo desagrad vel para o leitor Os corretores gramaticais mais complexos representam uma tentativa de substituir ou na melhor das hip teses apoiar por meio da automa o outra compet ncia socialmente valorizada que a capacidade de escrever textos estruturalmente corretos Por m o uso indiscriminado de corretores gramaticais evoca pelo menos duas quest es graves um primeiro lugar a gram tica nunca imp e um rigor formal absoluto e por mais que o software seja flex vel em termos das regras gramaticais propostas n o p
39. Bobby Fischer que durante vinte anos foi praticamente o nico enxadrista ocidental capaz de fazer frente aos advers rios da chamada Cortina de Ferro em particular aos sovi ticos Essa uma evid ncia de que o a imers o em um ambiente de cultura enxadr stica bem desenvolvida fundamental para a forma o de um jogador de classe mundial A no o de intera o social como condi o necess ria para o aprendizado em ci ncia e tecnologia amplamente desenvolvida por Collins 1992b e Collins e Kusch 1998 Roszak 1988 enfatiza a asced ncia das id ias sobre os dados e informa es na constitui o de uma cultura Embora originalmente formulada tendo em mente um contexto social amplo a tese de Roszak se aplica reflex o sobre as comunidades cient fica e tecnol gica Quando falamos em escolas de xadrez n o nos referimos s academias para o ensino do jogo mas a uma tradi o cultural onde as academias est o inseridas Assim podemos falar na escola sovi tica de xadrez na escola brit nica e assim por diante A import ncia da tradi o t o grande que at hoje quase toda a elite do xadrez mundial proveniente da R ssia e dos demais pa ses do Leste Europeu onde o xadrez parte integrante da cultura e onde o seu estudo cient fico mais se desenvolveu Dos vinte jogadores mais bem situados no ranking da FIDE 2006 nove s o russos dois ucranianos dois h ngaros um arm nio
40. Essa diferen a fundamental entre humanos e m quinas se reflete na natureza essencialmente intencional dos primeiros de que as ltimas n o compartilham Nas palavras de Vieira Pinto nenhum maquinismo prop e finalidades a si pr prio Pinto 2004 v 2 p 532 o que torna a superioridade dos seres humanos ainda mais evidente Segue se que apenas o ser humano um ser da pr xis ao tempo em que as m quinas s o suas auxiliares nas pr ticas a implicadas Logo a primazia do homem sobre a m quina ser sempre confirmada em qualquer tentativa de s ntese suposto entendida por primazia n o a capacidade de fazer mais r pido exata ou abundantemente A superioridade do homem consiste em ter gerado a m quina enquanto o inverso inconceb vel Pinto 2004 v 1 p 527 Um outro motivo para acreditarmos nessa superioridade a incompet ncia social das m quinas que ao contr rio das pessoas s o incapazes de escolher sensatamente entre os infinitos caminhos de a o que se abrem diante das mais simples atividades cotidianas 142 assim por exemplo que enquanto o jogador humano usa o xadrez como uma forma de superar seus pr prios limites impondo se desafios subjetivos a m quina processa mecanicamente os s mbolos atrav s dos quais os programadores humanos codificam o jogo O computador faz c lculos sem sentido espec fico que n s interpretamos como an lises de xadrez SAgrade o ao Prof Roberto Sidnei p
41. Nos centros universit rios de excel ncia frequentemente trabalham alunos e professores sob o patroc nio dessas mesmas empresas adaptando as suas linhas de pesquisa a interesses quase sempre distantes da realidade nacional e regional Mas como os postos de trabalho condignamente remunerados e intelectualmente desafiadores s o sempre raros ou fazem isso ou saem do pa s para doar ao estrangeiro os anos de investimento que sobre eles realizou o povo brasileiro por meio da subven o ao ensino p blico De resto fica a possibilidade de ser aprovado em um concurso para provimento de cargos federais ou estaduais caso em que com algumas exce es o pragmatismo vencer o idealismo e a acomoda o dissipar as propostas transformadoras da juventude Dessa forma vamos permanecendo no conjunto das na es que habituadas ao estado de rea da explora o alheia s o incapazes de pensar em termos originais novas formas de utiliza o de seus bens naturais e de elaborarem outras t cnicas m quinas e objetos para a satisfa o humana Pinto 2004 v 1 p 46 210Nos ltimos anos a Embraer tem oscilado entre o terceiro e quarto postos no cen rio extremamente elitizado da constru o aeron utica em n vel mundial Contudo as refer ncias Emrpesa na imprensa nacional s o raras Nos dois ltimos anos o lan amento das novas fam lias de jatos EMB170 e EMB190 com centenas de encomendas firmes em todo o mundo praticame
42. Pierre Nas Origens das Ci ncias Cognitivas S o Paulo Editora da UNESP 1996 DVORETSKY Mark YUSUPOV Artur Positional Play London B T Batsford Ltd 1996 EPSTEIN Isaac Cibern tica S o Paulo tica 1986 189 FLYVBJERG Bent Making Social Science Matter Why social inquiry fails and how it can succeed again Cambridge UK Cambridge University Press 2001 FRAZZINI Ron Technology Impact Some Thoughts on Deskilling and Design Responsibility In IEEE Control Systems Magazine Feb 2001 p 8 12 FREIRE Paulo Extens o ou Comunica o 12 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1977 Educa o e Mudan a 28 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1979 Pedagogia da Esperan a um reencontro com a pedagogia do oprimido 13 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 Pedagogia do Oprimido 43 ed Riode Janeiro Paz e Terra 2005 FRITH Ken What piece of this work is man In Engineering Management Journal Oct 2000 p 225 230 FURTADO Celso Introdu o ao Desenvolvimento Enfoque hist rico estrutural Rio de Janeiro Paz e Terra 2000 GADOTTI Moacir Concep o Dial tica da Educa o Um estudo introdut rio 9 ed S o Paulo Cortez 1995 GARDNER Howard Estruturas da Mente A Teoria das Intelig ncias M ltiplas Porto Alegre Artes M dicas 1994 A Multiplicity of Intelligences In Scientific Americam Presents Volume 9 Number 4 Winter 1998 p 18 23 GORZ Andr T cnica t
43. Posteriormente durante a Guerra Fria os laborat rios que produziam armamentos nucleares foram os principais clientes da ind stria nascente de supercomputadores MacKenzie 1998 De forma an loga uma das primeiras aplica es dos servomecanismos eletromecanicos foi o direcionamento das bombas V 2 que devastaram Londres durante a II Guerra Mundial e atualmente os mais avan ados dispositivos de telemetria e navega o s o usados para multiplicar a efic cia dos bombardeios de precis o cir rgica um eufemismo para o massacre de inimigos indefesos porque n o dominam a tecnologia da informa o Amorim 2002 p 2 Portanto s o necess rios cada vez mais estudos no campo tico e no campo pol tico que ajudem a elucidar as raz es pelas quais a barb rie tecnol gica prossegue ainda hoje O presente texto contudo n o cumpre esse papel pois n o aborda a mis ria da automa o como uso intencional dos aut matos com fins de destrui o No contexto da avia o civil por exemplo a automa o uma ind stria da vida que aproxima pessoas antecipa o socorro m dico e que est na base da magia sempre atual do 50O estimado Prof Olival Freire acha improcedente esse racioc nio que n o seria coerente com o papel hist rico dos sindicatos Mantenho contudo o texto original n o como desafio ao querido Professor mas como lembrete do car ter necessariamente din mico do jogo institucional em um mundo de au
44. a investiga o das compet ncias humanas nos seus aspectos cognitivos e culturais Essa vis o das crian as em diferentes situa es s cio econ micas deliberadamente simplista mas serve para um prop sito ilustrativo Cabe lembrar aqui as hist rias do personagem Chico Bento de Maur cio de Souza que comete uma s rie de gafes quando vai cidade grande da mesma forma que seu Primo da cidade as comete quando vai ro a O essencial reconhecer que a compet ncia ling stica n o depende essencialmente da escolaridade e nem do acesso aos modernos meios de comunica o Prova disso s o o alcance e a beleza das narrativas de algumas pessoas idosas do interior calcadas na sua experi ncia e na riqueza do vern culo regional ainda que em desacordo com o purismo da gram tica normativa Cabendo assinalar que a palavra milagrosa n o tem aqui um significado m stico mas nos recorda de qu o impressionante o pendor natural dos seres humanos para a linguagem 78 Antes de prosseguir cabe assinalar que nas discuss es que se seguem a palavra habilidade significa a capacidade de realizar uma a o bem espec fica e em particular realiz la de forma excelente Nessa acep o apropriado falar em habilidades motoras e habilidades cognitivas Portanto podemos falar em um cirurgi o ou um mec nico competente com m os h beis ou em um m sico que embora competente j n o tem habilidade na
45. agem propositalmente como m quinas entidades que n o precisam compreender a sociedade M quinas n o podem realizar a es polim rficas porque elas n o tem uma compreens o da sociedade sobre a qual se basear Collins e Kusch 1999 p 1 Tomasello 1999 p 150 afirma que por causa da natureza perspectiva dos s mbolos ling sticos n o existe procedimento algor tmico para determinar a inten o comunicativa espec fica de uma pessoa em uma situa o espec fica Portanto nenhum dos mais sofisticados aut matos j criados tem essa capacidade porque o funcionamento de todos eles baseia se no processamento de algoritmos por meio de circuitos eletr nicos Nos seres humanos ao contr rio a capacidade de desvendar as inten es comunicativas de outrem de acordo com o contexto um tra o fundamental O desenvolvimento dessa capacidade ao longo da vida decorre segundo Tomasello 1999 de uma adapta o evolutiva que consiste na capacidade e tend ncia dos indiv duos de se identificarem com co espec ficos de uma maneira que lhes permite entender esses co espec ficos Vale recapitular aqui a discuss o conduzida na se o 4 3 sobre as infind veis possibilidades de interpreta es inadequadas para uma frase simples 145 Action morphicity no original 469 olimorphic no original 47 mimeomorphic no original 123 como agentes intencionais iguais a eles mesmos com suas pr p
46. ao comportamento do avi o em situa es de turbul ncia assim como rapidez do embarque e do desembarque Na ind stria a automa o se insere em um contexto amplo de racionaliza o de opera es visando otimizar a rela o entre o volume de produtos o consumo de mat ria prima e gastos com insumos em especial energia e m o de obra entre outras vari veis A prop sito comum se afirmar que a ind stria automatiza suas opera es para demitir empregados reduzir custos e aumentar o lucro Por m esse um quadro parcial porque a automa o tamb m pode melhorar as condi es de trabalho minimizar danos ambientais e estimular o crescimento intelectual do trabalhador 4 O que n o significa necessariamente maximiza o de lucros ou minimiza o de custos A vari vel a minimizar pode ser por exemplo a emiss o de determinado poluente e a vari vel a maximizar poderia ser o n vel de pureza de determinado f rmaco 48 A palavra inteligente frequentemente usada na bibliografia t cnica sem conota o mais profunda apenas para caracterizar m quinas e dispositivos capazes de realizar tarefas complexas autonomamente ou ainda otimizar a realiza o de tarefas sem a interven o de um operador 4 Certos v cios de projeto das aeronaves podem se refletir em problemas operacionais recorrentes que se refletem em atrasos eventuais nas decolagens Por outro lado um sistema de automa o completo pode agilizar
47. ao esfor o do motorista sobre o volante n o tem qualquer mecanismo para impedir que um gesto brusco tire o carro da pista fa a o capotar ou colidir com outros ve culos Na verdade o carro comum n o faz nenhum movimento significativo sem o controle direto do motorista Um elevador comum por outro lado responde de foram limitada s chamadas dos passageiros por meio dos bot es e tamb m capaz de parar e abrir as portas na posi o correta Elevadores mais sofisticados respondem s chamadas de forma 2 E por outro lado n o corrige qualquer tipo de descontrole do motorista Em contrapartida um autom vel com defeito pode se movimentar de forma independente mas n o significativa 43 mais eficaz otimizando seu percurso priorizam o atendimento aos andares em maior espera e s o at mesmo capazes de adaptar a ordem das subidas e descidas ao peso da cabine de modo a n o atenderem chamados quando sua capacidade j estiver esgotada Se os elevadores modernos se comportam de forma mais complexa do que os antigos porque eles respondem a um n mero maior de vari veis e o conjunto de estados internos que seu sistema regulador pode assumir muito maior do que em um elevador comum A cibern tica foi definida por Wiener 1965 como a ci ncia do controle e da comunica o no animal e na m quina O termo vem do grego kybernetes que significa timoneiro ou seja aquele que controla o navio corrigindo ev
48. aprender a jogar melhor com a experi ncia n o h nela nada que se assemelhe ao aprendizado e experi ncia em sentido estrito que conforme j vimos se fundamentam na intencionalidade que falta m quina Al m disso j vimos tamb m que tal forma de aprendizado de m quina na verdade a manifesta o de um la o de retroalimenta o de segunda ordem originalmente concebido por um ser humano Portanto em ltima an lise n o existe conhecimento nem aprendizado na aus ncia de agentes humanos ainda que deslocados no tempo e no espa o porquanto parcialmente incorporados no computador O computador pode ser chamado de ferramenta epistemol gica Amorim 2002 mas n o porque baste a si mesmo no ato de conhecer mas porque abre in meras possibilidades de reorganiza o e explora o dos conhecimentos humanos ou da parcela de conhecimentos que podem ser codificados e processados por meio de arranjos sint ticos sem conte do sem ntico A m quina funcionando autonomamente pode materializar algo da epist me e algo da t khne excorporados de quem a programou ou concebeu Contudo n o pode manifestar a phr nesis uma vez que objeto desprovido de um quadro de refer ncias s cio culturais n o tem bom senso ou delibera o visando o bem estar humano O bom senso ou sabedoria pr tica que pode tamb m ser entendida como um refinamento do senso comum dirige se ao particular ao ju zo e ao racio
49. as fun es socialmente desprestigiadas que n o exigem maior forma o escolar passam ent o a ser assumidas por imigrantes ou s o transferidas para pa ses onde seja vi vel a explora o de m o de obra a pre o vil Esse processo alivia temporariamente as press es por mudan as substantivas nas rela es entre educa o trabalho e equil brio social Com o tempo por m os pa ses explorados tendem a desenvolver sua pr pria tecnologia ou pelo menos a se apropriar em parte da tecnologia dos pa ses exploradores Com isso o ciclo de automa o recome a e com ele as press es por mudan as no sistema Esse fen meno bem exemplificado pela situa o da Cor ia do Sul que passou de pa s perif rico manufatureiro a servi o dos EUA e do Jap o a pa s exportador de tecnologia ora explorando por meio de suas grandes empresas a m o de obra barata da China cf Dupas 1999 p 61 Quando as demandas do pr prio sistema de explora o fizerem com que a automa o se dissemine por todos os pa ses em n veis elevados os espa os para o trabalhador sem escolaridade tender o a ser praticamente eliminados Diante desse quadro e supondo que n o prosperar uma nova forma de colonialismo com o mundo dividido entre metr poles escolarizadas e col nias com baixa escolaridade a recria o da escola fundamental a fim de que se abram espa os para o desenvolvimento 2 Que por sua vez prev se passar em du
50. as t cnicas e a terminologia aprimoraram se as ferramentas e m todos e de modo geral deslocou se o enfoque antes algo te rico e matem tico para um campo mais pragm tico de realiza es na ind stria e em outras reas Todas essas mudan as contudo n o anulam a pretendida abrang ncia da cibern tica enquanto estudo da comunica o e do controle no animal e na m quina Wiener 1965 ao contr rio reafirmam essa abrang ncia Por isso penso que uma das raz es para que o nome cibern tica tenha ca do em desuso justamente o sucesso alcan ado pelos pressupostos e pelas teorias elaboradas sob a sua inspira o que levou r pida subdivis o dos estudos cibern ticos em v rias especialidades cada qual adotando a sua pr pria terminologia e suas pr prias t cnicas adequadas ao seu objeto de estudo Mais ou menos na mesma poca que Wiener publicava a segunda edi o do livro Cybernetics em 1961 a computa o j despontava como rea independente e dentro dela j se instalava o ramo conhecido como intelig ncia artificial No mesmo per odo o behaviorismo se sedimentava dando origem na conflu ncia posterior com a computa o e com a ling istica vasta rea de estudos que se convencionou agrupar sob o r tulo de ci ncias cognitivas A neurofisiologia tamb m seguiu uma via independente embora hoje tamb m se aproxime bastante do cognitivismo inclusive nos projetos sonhados por Wien
51. bastante direto inclusive atrav s do controle manual da inje o de combust vel como ainda ocorre em alguns avi es de porte muito pequeno Ent o fazer o avi o obedecer significava acostumar se s suas rea es mec nicas determinadas pela aerodin mica peso equil brio respostas dos motores e demais caracter sticas f sicas do aparelho Com os sistemas fly by wire completamente computadorizados quem controla a aeronave n o s o somente os pilotos mas os pilotos cooperando com os sistemas cibern ticos baseados em heur sticas e algoritmos estabelecidos pelos projetistas do avi o Agora fazer o avi o obedecer custa menos em termos de p s e m os mas custa mais em termos de reconhecer e conhecer os modos de funcionamento dos sistemas em que modo o avi o est operando e em que circunst ncias determinados subsistemas podem ser acionados que tipo de rea es esperar quando devem ser desativados e assim por diante Nesse ponto deve se compreender que n o existe uma fronteira totalmente definida entre os avi es automatizados e os n o automatizados porque a automa o sob formas mais ou menos avan adas est presente nos avi es comerciais desde a d cada de 1930 quando foram instalados os primeiros pilotos automaticos Em particular as aeronaves A310 e B757 767 citadas anteriormente s o altamente computadorizadas embora usando ainda o acionamento hidr ulico das superf cies m veis e um certo
52. capacidade de generalizar a partir de observa es o aprendizado com a experi ncia e a tomada de decis es com base em dados incompletos As m quinas por sua vez executam tarefas repetitivas de forma consistente recuperam dados da vale notar que todas as atividades industriais s o planejadas de modo a operar 24 horas por dia em regime de turnos de produ o de modo a maximizar a produ o e paralelamente minimizar o tempo ocioso dos equipamentos 144 memoria de forma confi vel realizam v rias tarefas simultaneamente s o fortes fazem c lculos rapidamente e tomam decis es rotineiras rapidamente Ent o ainda segundo Groover 2000 p 13 15 os principais motivos para se automatizar os processos industriais s o 1 aumentar a produtividade 2 reduzir o custo com m o de obra 3 atenuar os efeitos da falta de m o de obra 4 reduzir ou eliminar tarefas rotineiras 4 aumentar a seguran a do trabalhador 5 aumentar a qualidade dos produtos 6 reduzir o tempo de produ o 7 realizar tarefas que n o podem ser realizadas manualmente e 8 evitar o alto custo de n o usar a automa o grifo meu Em contrapartida ele aponta os seguintes fatores para a manuten o dos trabalhadores na f brica 1 baixo custo de m o de obra 2 dificuldade intr nseca da tarefa 3 produto com ciclo de vida curto 4 produto feito sob demanda 5 instabilidade na demanda 6 redu o do risco relativo ao insucess
53. capital vultosos comum a preserva o da m o de obra humana pouco qualificada em tarefas que embora pudessem ser facilmente mecanizadas est o SSA cita o se refere a uma comunica o pessoal do amigo Marco Ant nio Ribeiro datada de 20 mar 2006 8 Naturalmente o que que mat ria prima para uma ind stria pode ser o produto da outra e vice versa 8Ou seja a viabilidade em termos absolutos caraterizada pela exist ncia da tecnologia necess ria para substituir o ser humano O que est em discuss o no presente par grafo justamente a viabilidade relativa que se delineia a partir de fatores t cnicos financeiros mercadol gicos etc 143 sujeitas aos efeitos da sazonalidade ou outras incertezas sobre o volume de produ o requerido Em uma empresa que visitei fabricante de garrafas pl sticas a embalagem do produto final para acondicionamento nas carretas feita por trabalhadores terceirizados que podem ser facilmente contratados e dispensados ao sabor das oscila es da demanda No caso um sistema de embalamento automatizado teria que dar conta dos picos de demanda de modo que em per odos de baixa demanda boa parte da sua capacidade permaneceria ociosa Em termos de gest o financeira isso se refletiria em uma remunera o inadequada do capital empregado na compra do equipamento Situa o similar se observa na ind stria de ovos de p scoa onde o efeito da sazonalidade se une s eventuais nec
54. certo tipo de mat ria mat ria prima em outro tipo produto por meio de uma s rie de opera es agrupadas sob o nome de processo Tal processo se realiza sob a influ ncia de muitos fatores de ordem f sica ambiental cultural legal e econ mica Para alcan ar o m ximo rendimento o trabalho humano na ind stria mediado pela automa o em variantes cada vez mais complexas Nesse contexto o conhecimento f sico detalhado da planta por parte dos seus operadores vai dando lugar a um conhecimento abstrato adquirido no contato com manuais e interfaces gr ficas dos sistemas de controle Por outro lado existem ao redor do mundo plantas industriais em graus muito distintos de automa o Nas ind strias de processo cont nuo o papel dos operadores varia muito indo desde a supervis o de sistemas praticamente aut nomos por meio de dados consolidados e concentrados em telas de computador at o acionamento manual de v lvulas e equipamentos em resposta leitura de instrumentos eletromec nicos em enormes pain is que ocupam muitos metros quadrados de parede Analogamente na ind stria de partes discretas h plantas onde os rob s praticamente dispensam a presen a humana mas h outras onde h uso intensivo de m o de obra Nesse contexto a viabilidade t cnica apenas uma das vari veis que determinam o n vel de automa o dos processos industriais Uma vez que a automa o implica quase sempre em investimentos de
55. culturais s o um aspecto essencial do desenvolvimento das compet ncias em mbitos especializados essas intera es por sua vez s s o poss veis gra as a um amplo conjunto de estados pr intencionais de acordo com a id ia do Background discutido na se o anterior cuja aquisi o se concretiza por meio da participa o ativa no cotidiano de determinada cultura Por exemplo os grupos de pesquisa em f sica de alta energia tendem a adotar pr ticas semelhantes em diferentes partes do mundo Sisto dadas as condi es m nimas de sa de e bem estar social H por exemplo diversas ocupa es insalubres das quais decorrem doen as ocupacionais incapacitantes no mbito cognitivo 102 ou seja desenvolvem um thos comum compartilhado por cientistas dotados de compet ncias especializadas semelhantes independente da sua hist ria cultural fora do mbito da pesquisa Por m esses mesmos cientistas t m Backgrounds em muitos aspectos distintos em fun o dos ambientes culturais diferenciados a que pertencem Collins 1992 p 19 21 desenvolve um exemplo que nos permite esclarecer esse ponto Imaginemos um espi o nativo de Londres dever fingir ter nascido digamos em Semipalatinsk O agente aprendeu a hist ria e a geografia de Semipalatinsk em livros atlas guias tur sticos e tamb m gra as a fotografias e longas conversas com um traidor nascido na cidade Passou por diversas sess es de interrogat rio
56. da m quina 351 15896 Obviamente uma resposta errada pois a resposta certa seria 296 04608 Por m da forma como a opera o foi inserida na calculadora o que o aluno realmente fez foi subtrair 0 84104 de 352 porque o sinal de subtra o se sobrep s ao de multiplica o digitado antes Um tipo de erro que jamais aconteceria se o aluno fosse for ado a efetuar a opera o m o mesmo que com isso fosse necess rio aceitar um valor aproximado O problema grave que se evidencia aqui a suspens o do ju zo sobre o resultado obtido ou por outra via a confian a cega no resultado dado pela m quina Cabe insistir que n o se trata apenas de um problema de desaten o ou um pequeno deslize de c lculo Afinal se um dos operandos era positivo e o outro negativo o resultado da multiplica o deveria ser negativo Esse um princ pio que se aprende na escola fundamental mas que o aluno do exemplo em n vel universit rio desconsiderou De fato as narrativas dos professores universit rios est o atualmente cheias de exemplos de mesma natureza e n o raro ver alunos em cursos de Ci ncia da Computa o e afins que recorrem calculadora para fazer contas tais como 120 4 cento e vinte dividido por quatro ou 2 dois elevado quinta pot ncia Obviamente n o afirmo que melhor trabalhar sem calculadora mas sim que a calculadora ao incentivar um certo descaso epistemol gico tem se constitu do em fator de eros o
57. de revolu o social Em suma a cibern tica liberando for as antes adormecidas da mat ria agora sob controle humano solapa as bases dos sistemas s cio econ micos institu dos na medida em que lhes imp e mudan as amplas em escalas de tempo reduzidas O problema est em dar as essas mudan as rumos consent neos com o bem estar humano Nesse cen rio a mobiliza o das compet ncias humanas j n o pode ser casual nem tampouco se pautar apenas pela melhoria de indicadores econ micos abstratos Necessitamos sim cada vez mais de pessoas competentes tecnicamente e epistemologicamente mas tamb m ricas em phr nesis sabedoria pr tica bom senso a servi o de finalidades nobres Ou seja pessoas capazes de combinar pensamento abstrato savoir faire e sensatez em uma pr xis emancipadora Pessoas educadas para a reflex o sistem tica para o comprometimento no exerc cio das profiss es para a participa o cidad respons vel A conflu ncia entre epist me t khne e phr nesis no processo educativo essencial para formar uma sociedade capaz fazer face ao inexor vel e vertiginoso adensamento cibern tico do 184 mundo que se manifesta por meio da presen a de aut matos cada vez mais numerosos e elaborados em torno de n s Hoje esse processo hist rico evidencia se ostensivamente o mundo do trabalho mas a cada dia que passa mais afetar a nossa vida di ria por meio dos seus efeitos indiretos e tamb m por mei
58. de contexto n o navegaram junto com seus professores pelas m ltiplas articula es te ricas de id ias conceitos e m todos que constituem o verdadeiro conhecimento epist mico O que se aprende na escola via de regra o mero formalismo seja matem tico gramatical geogr fico e assim por diante a manipula o fragment ria de textos e s mbolos que n o se constitui em leg tima teoria Uma defici ncia que se torna ainda mais clara quando se divide os cursos em aulas te ricas e aulas pr ticas frequentemente apresentadas por professores distintos como se na vida do profissional do cientista ou de qualquer cidad o a separa o entre teoria e pr tica fosse assim t o n tida A educa o deve fazer o movimento oposto aproximando ambas a polaridades do conhecimento teoria e pr tica epist me e t khne como alicerces para o exerc cio democr tico em um mundo de automa o Mais ainda deve exercitar a phr nesis ou Presume se portanto que quando ela fala do autoritarismo que prevalece nas salas de aula do mundo industrializado p 83 84 trata se antes do autoritarismo gnosiol gico que acaba por se manifestar como autoritarismo pol tico 153 sabedoria pr tica na delibera o dos caminhos mais apropriados aos fins elevados da vida Paulo Freire afirma que devemos reduzir a dist ncia entre a Universidade e as classes populares 1992 p 193 sem perder o rigor Inspirado nessa frase p
59. desenvolvimento se dividem em duas correntes principais a dos que enfatizam os aspectos biol gicos por um Tal o caso do internacionalmente aclamado pianista brasileiro Jo o Carlos Martins considerado um dos maiores int rpretes de Bach do s culo XX Ao ser golpeado na cabe a por assaltantes em Budapeste uma leve les o cerebral fez com que ele perdesse ao que parece definitivamente a destreza de movimentos em uma das m os embora conservando intactos toda a sua sensibilidade e o seu conhecimento musical Reconhe o por m que essa uma defini o como qualquer outra at certo ponto arbitr ria porque nem sempre poss vel delimitar com total clareza o alcance de uma habilidade PA discuss o da influ ncia cultural sobre o desenvolvimento cognitivo ser retomada na se o 4 4 79 lado e por outro lado a dos que enfatizam a dimens o cultural do desenvolvimento cognitivo humano Na linha dos que enfatizam as bases biol gicas do desenvolvimento cognitivo Poortinga e Van der Vijver afirmam que no campo da cogni o assim como em outras reas da psicologia intercultural as pesquisas frequentemente t m se iniciado com afirma es taxativas sobre diferen as fundamentais nos processos cognitivos que s o posteriormente revistas ao cabo de estudos mais cuidadosamente controlados 2004 p 140 Para esses Autores os resultados emp ricos das suas pesquisas evidenciam a exist ncia de estruturas cogn
60. di logo inteligente e vivaz bem como as divertidissimas partidas de xadrez malgrado a ma qualidade t cnica de ambos Tamb m pelo farto material bibliogr fico e informa es sobre automa o industrial seu orgulho e sua Especialidade com E mai sculo Obrigado ao amigo irm o Luiz Marcelo por ter insistido em permanecer por perto apesar da minha reclus o nos ltimos meses Ao Sr Renildo operador industrial experiente meu muito obrigado por ter compartilhado comigo sua sabedoria adquirida na linha de frente da ind stria petroqu mica Obrigado ao Cel Wagner homem de larga experi ncia na avia o militar e civil por seu interesse no meu trabalho e por sua disponibilidade para me ensinar sobre avia o muito mais do que pude aprender no curto per odo em que me debrucei sobre a mat ria Pelas informa es sobre avia o tamb m agrade o ao Cap Breno ao Cmd Tosta e ao Cmd Lima todos eles pilotos e instrutores de v o profissionais que doaram do seu tempo para conversar comigo A Prof T nia Regina e UNEB meu agradecimento pelo apoio para a apresenta o de trabalho no Congresso do IHPST em Leeds Inglaterra em 2005 Tamb m Equipe da Editora e Gr fica da UNEB pela impress o da Tese na vers o da Banca Obrigado a Faculdade Ruy Barbosa em especial aos colegas da grafica pela impress o do texto final Grato ao amigo e co orientando Marcos Mercuri pela instrutiva visita Engepack Aos a
61. do usado no futebol pois a a o fazer gol executada por diferentes artilheiros de diferentes formas sem que isso implique necessariamente em maior ou menor m rito para um deles o que nos coloca mais pr ximos a uma perspectiva funcionalista Por m os movimentos das ginastas nunca s o desprovidos de sentido e tamb m envolvem criatividade no fundo almejando as melhores notas Por outro lado o drible no futebol n o apenas o resultado do talento e do improviso mas tamb m do treinamento t cnico exaustivo acompanhado de uma O que de fundamental import ncia na coopera o entre pessoas em grupos de trabalho Como todos sabemos h uma grande diferen a entre um drible realizado com a finalidade coletiva de alcan ar o gol e o mesmo drible realizado com a finalidade individual de aparecer na m dia Embora dificilmente improviso Poder amos aqui falar de uma criatividade ensaiada a exemplo do que ocorre nas competi es enxadr sticas em que os jogadores criam antecipadamente variantes de jogo destinadas a surpreender os seus advers rios 75 prepara o fisica indispens vel Podemos concluir portanto que as perspectiva comportamentalista e a perspectiva funcionalista complementam se mais do que se excluem Nao ha de fato como considerar a compet ncia sem o recurso finalidade ou teriamos que considerar competente qualquer m quina ou qualquer animal capaz de realizar um conjunto bem defini
62. dois tripulantes na cabine muitas aeronaves antigas foram modernizadas com a instala o de novos sistemas que permitiram a redu o da sua tripula o dependendo sempre de uma an lise de viabilidade econ mica por parte das empresas a reas Mundo do trabalho o que muito diferente de mercado de trabalho N o tenho em mente a mera satisfa o das necessidades do mercado mas todo um processo de transforma o das rela es entre educa o e trabalho ao longo do qual em que a pr pria id ia de mercado e de reciclagem profissional perder o o sentido 22 Diante dessa diversidade de nuances na coopera o humano m quina em um mundo amplamente automatizado um dos grandes desafios da educa o formar pessoas capazes de cooperar com m quinas complexas de maneira competente e respons vel 1 3 Automa o e compet ncias Se perguntarmos a qualquer pessoa se um piloto de jato poderia ser substitu do por um macaco a resposta ser negativa Mesmo se perguntarmos se o piloto poderia apenas receber a coopera o de um macaco ao inv s de ser substitu do por ele ainda assim a rea o mais natural dos entrevistados ser de ceticismo ou de ironia a pergunta n o ser jamais levada a s rio Contudo se perguntarmos se o piloto poder no futuro ser substitu do por um sistema computadorizado certamente muitas pessoas inclusive engenheiros aeron uticos e especialistas em intelig
63. e das repress es a que est sujeito por parte de agentes das tecnologias de domina o e igualmente a obriga o de empreender a luta nos campos te rico e pr tico da tecnologia para que o pa s subdesenvolvido rejeite a influ ncia opressora e adquira condi es objetivas de produzir sua vis o de si e correlatamente a concep o e o emprego da tecnologia que lhe conv m Pinto 2004 p 321 322 Por m a responsabilidade n o a mesma para todos pois ser tanto maior quanto maior for a sua conscientiza o do trabalhador a respeito do car ter hist rico e social das suas atividades Al m disso o exerc cio da autonomia profissional ser proporcional autonomia econ mica pois mais dif cil falar em escolha para algu m escravizado pelo sistema de produ o institu do a ponto de n o poder optar entre postos de trabalho qualitativamente diferentes em termos ticos n o se pode cobrar a responsabilidade das den ncias justamente aos trabalhadores mais duramente atingidos pelas press es e repress es a que se refere Vieira Pinto no trecho supracitado No modelo capitalista vigente ainda fortemente influenciado pela divis o do trabalho entre os que concebem e os que operam o maquin rio produtivo s o estes ltimos os que est o em condi es mais desfavor veis para a necess ria tomada de consci ncia N o porque n o tenham compet ncia mas porque os ambientes empresariais se organizaram de forma a red
64. e descidas por meio de circuitos eletromec nicos Terceiro aqueles que substituem os circuitos eletromec nicos por circuitos eletr nicos mais compactos e confi veis mantendo por m uma l gica elementar Quarto os elevadores inteligentes dotados de microprocessadores programados para tornar o atendimento s chamadas o mais eficiente poss vel de acordo com os par metros requeridos pelo cliente geralmente oscilando entre o atendimento mais r pido aos usu rios e a maior economia de energia el trica Al m das quest es mais evidentes sobre o funcionamento l gico dos elevadores um assunto 177 bel ssimo para a matem tica e a natureza dos circuitos timo para a f sica e a quimica o estudo dos elevadores inspira v rias outras de cunho econ mico social e at mesmo ambiental Por exemplo para onde vai o ascensorista uma vez que seu trabalho deixa de ser necess rio Quantas s o as empresas que det m a tecnologia de elevadores inteligentes Existem patentes nessa rea Quais Qual seria a economia de energia el trica se todos os elevadores de pr dios comerciais de grande porte se tornassem inteligentes O que isso significaria em termos de investimentos em transmiss o e distribui o de energia el trica E em termos ambientais Aos alunos de finan as podemos sugerir que fa am um estudo de viabilidade sobre a implanta o de um novo sistema de elevadores aos de eletr nica f sica que proj
65. em 23 Embora os computadores sejam constru dos com base em um formalismo que imp e certas necessidades l gicas a forma e as fun es por meio das quais eles se apresentam s o contingentes pois decorrem de um processo hist rico que poderia ser diferente 32 Jma das primeiras aplica es dos sistemas cibern ticos eletro eletr nicos foi o sistema de navega o das bombas V 2 j mencionadas em nota anterior J o computador eletr nico digital teve o seu desenvolvimento acelerado durante a Guerra devido s possibilidades de aplica es no projeto de armamentos c lculos bal sticos planejamento de opera es via pesquisa operacional e decifra o de c digos secretos entre outras 176 virtude do colapso energ tico que se anuncia para os proximos anos A esse respeito vale lembrar que os autom veis capazes de usar lcool e gasolina misturados em qualquer propor o s o fazem devido a um sistema de igni o e inje o de combust vel totalmente computadorizado Na escola v rias quest es pertinentes poderiam ser discutidas tanto em n vel t cnico quanto em n vel s cio econ mico e pol tico Como funciona o sistema e quem det m a tecnologia e as patentes Ela poderia ser diferente Por que mistura entre lcool e gasolina Seria melhor usar apenas com o lcool Qual a pol tica para produ o de combust veis alternativos no Brasil A produ o deve ser descentralizada ou seria melhor centraliz la e
66. em uma situa o definida podem proporcionar Portanto um acidente como o do F28 mencionado poderia ter ocorrido com qualquer modelo de aeronave por mais moderna desde que o ju zo dos tripulantes fosse igualmente afetado pelos contratempos pol ticas empresariais insatisfat rias e treinamento inadequado tal como ocorreu no caso em quest o A situa o n o se resolveria nem por meio de um detector autom tico de neve pois um sistema assim poderia auxiliar mas nunca decidir pela tripula o sobre a conveni ncia de uma decolagem nem tampouco substituir uma boa inspe o visual por parte do piloto de um mec nico ou de um despachante experiente Uma conseqii ncia direta e ainda hoje pol mica dos novos sistemas de automa o foi o desaparecimento do engenheiro de v o ou terceiro piloto como s vezes chamado Indispens vel na cabine de comando de qualquer avi o de grande porte fabricado at o in cio da d cada de 1980 que n o tenha sido reequipado com sistemas avi nicos mais modernos sua fun o prim ria a de monitorar par metros cr ticos dos sistemas das aeronaves como por exemplo temperatura das turbinas vaz o de combust vel press o do leo dos sistemas hidr ulicos entre outros A partir desse monitoramento ele pode decidir sobre ativar e desativar servomecanismos e ainda alertar piloto e co piloto a respeito de procedimentos rotineiros ou de emerg ncia em tempo oportuno Nos modelos de aerona
67. epistemol gico e pedag gico Em outras palavras os males do desemprego e da desqualifica o devem ser prevenidos e atacados na raiz por meio da educa o e da reorganiza o radical do aparato produtivo e das rela es sociais de modo que in til tentar elimin los por meio de a es institucionais e artif cios legais de curto prazo 5 Em analogia ao termo excorpora o usado por Debray Scheps 1996 p 219 60 alienado mas como um imperativo contempor neo A n o ser em um mundo fict cio que n o se pode habitar certas conquistas tecnol gicas s o desej veis irrevers veis e indispens veis independente do contexto pol tico que as tenha sedimentado e fortalecido at o presente Um exemplo dessas conquistas a produ o e distribui o de energia el trica em larga escala assim como a produ o de energia em pequena escala de forma descentralizada A automa o ser cada vez mais importante para que se possa produzir armazenar e usar a energia com o m ximo aproveitamento preservando e meio ambiente e contribuindo para o crescente bem estar das pessoas no cio e no of cio Para Vieira Pinto 2004 v1 p 105 a maquiniza o o resultado normal l gico e benfazejo de um processo original e fundamentalmente biol gico decorrendo agora em condi es sociais por si mesmo irreprim vel O que muda com os sistemas pol ticos e econ micos s o as formas de controle sobre a automa o Muda
68. es cerebrais ligadas atividade da m o Lojkine 2002 p 63 64 um objeto cuja inser o social um tanto quanto problem tica Entretanto o computador cada vez mais naturalizado como equipamento de ensino de trabalho e de lazer Por conseguinte temos uma m quina nica que influencia de modo original e abrangente as rela es sociais relegada banaliza o no curr culo porque tornada lugar comum nem como objeto de curiosidade encontra lugar Mas se desejamos formar pessoas competentes para lidar com m quina necess rio que o desenvolvimento da cibern tica encontre na educa o um olhar de 175 estranheza que opondo se aliena o tica est tica e pr tica permita ao educando compreender que os sistemas computacionais apresentam se sob determinadas faces dentre muitas outras poss veis e que portanto nada t m de acabado ou definitivo A escola um campo apropriado para a discuss o da automa o em sentido amplo contribuindo para desenvolver nas crian as e jovens a autonomia intelectual necess ria para que posteriormente sintam se motivados a criar solu es tecnol gicas originais e contextualizadas Alhures Amorim 2001 p 10 afirmei que Ao t rmino do ensino m dio os estudantes deveriam estar aptos a explorar os horizontes largos abertos pela computa o livres dos antropomorfismos e das expectativas irrealiz veis Em lugar de treinamento a educa o deveria oferecer l gica e entendi
69. f sicos e sociais presentes em determinado contexto moldam perfis cognitivos espec ficos Wang et al 2004 p 233 o desejo de sucesso em um mundo povoado por certos tipo de artefatos faz com que as pessoas queiram domin los operacionalmente como forma de garantir a empregabilidade para si mesmas e para seus filhos na linha do que Berry 204 p 13 chama de metas de desenvolvimento Da adv m o apoio pol tico ao esfor o pedagogicamente ing nuo e socialmente dispendioso em introduzir o computador na vida escolar cada vez mais cedo que na melhor das hip teses pode precipitar o desenvolvimento de certas compet ncias cognitivas talvez irrelevantes no futuro em preju zo de outras fundamentais S A esse respeito importante considerar que a naturaliza o dos artefatos culturais e de um modo mais geral das cria es tecnol gicas uma tend ncia potencialmente desastrosa o que pode ser facilmente exemplificado pela cultura do autom vel que se Um ex aluno meu volunt rio em um desses programas disse me que um dos aspectos da inclus o consistia em ensinar jovens de comunidades economicamente desfavorecidas a usar um editor de textos Ao dar o texto modelo para que um jovem simplesmente o copiasse no editor ele obteve como resultado um texto completamente desfigurado pelos erros de ortografia e concord ncia resultantes da base escolar deficiente do jovem Para uma vis o n o conven
70. grau Decis es alguns dos caminhos a serem seguidos com base na sua l gica interna O usu rio cuida de todos os Os detalhes operacionais s o em detalhes operacionais do trabalho maior ou menor medida tratados A es pela m quina sem interven o humana Todo o savoir faire materializado O savoir faire materializado no Conhecimento no produto do trabalho tem sua produto do trabalho dividido entre origem no usu rio o ser humano e a m quina Na se o seguinte 5 2 argumento que a rela o entre pessoas e m quinas essencialmente assim trica de modo que a co opera o humano m quina n o pode de modo algum ser vista como uma coopera o entre entidades funcionalmente semelhantes como seria pr prio de uma vis o cibern tica extrema Eventualmente olfato Exceto nas fun es de degusta o n o consigo pensar no paladar como um sentido fundamental para o trabalho Ou seja a m quina traduz em sua l gica interna o savoir faire das pessoas que a conceberam 118 Para estudar a coopera o entre humanos e m quinas nos complexos ambientes de produ o contempor neos distinguirei a coopera o humano maquina do simples uso de uma m quina na execu o de uma tarefa porque digamos usar um cortador de grama motorizado ou mesmo dirigir um autom vel comum n o o mesmo que pilotar um moderno avi o de passageiros ou monitorar o funcionamento de uma grande planta industrial Em
71. humanos ressalvados os casos de danos cong nitos ou acidentais ao sistema nervoso ou 2 As bases neurol gicas das compet ncias variam de pessoa para pessoa dentro de certos limites ainda n o totalmente discern veis experimentalmente No primeiro caso deveriamos supor que a partir de est mulos semelhantes quaisquer pessoas seriam igualmente capazes de desenvolver profici ncia em qualquer campo de atividade Conseqiientemente qualquer crian a que ao nascer n o trouxesse alguma limita o f sica ou neurol gica poderia em princ pio se tornar um Pel um Ivo Pitangui uma Nise da Silveira um Ayrton Senna uma Fernanda Montenegro ou um C sar Lattes para mencionar apenas alguns dos homens e mulheres not veis que o Brasil deu ao Mundo Caso contr rio teriamos que admitir que mesmo em condi es sociais e culturais semelhantes certas capacidades cognitivas de pessoas diferentes n o se desenvolveriam na mesma extens o ou no mesmo ritmo impondo por assim dizer um teto para as realiza es de cada um em determinadas reas Sendo assim as diferen as neurol gicas entre indiv duos provavelmente influenciariam as voca es isto a maior ou menor dota o e a maior ou menor atra o que cada pessoa sente por determinadas atividade seja no campo da ci ncia das artes dos esportes ou outro qualquer Esta ltima forma de ver o problema das aptid es cognitivas embora veross mil algo desconfort vel em um co
72. insumos e produtos s o simb licos e n o materiais Atualmente com o barateamento dos computadores e da infra estrutura de redes busca se cada vez mais a integra o de ambos os tipos de sistema o que de certa forma torna mais difusa a fronteira entre o ch o de f brica e o escrit rio Segundo Groover 2000 p 63 os componentes fundamentais de sistema automatizado de manufatura s o 1 a energia para efetivar o processo propriamente dito assim como para operar o sistema de controle 2 um programa de instru es para dirigir o processo e 3 um sistema de controle para realizar as instru es As fontes de energia e suas formas de aplica o variam segundo a natureza dos processos Aqui deve se fazer a distin o entre a energia gasta nos processos de transforma o daquela usada nos sistemas de automa o Na ind stria processo significa transforma o da mat ria prima em produto Na avia o pode se dizer que o processo de transforma o o deslocamento do avi o entre a origem e o destino Nos processos industriais a energia t rmica e a energia mec nica t m papel destacado ao lado da energia el trica Outras formas de energia de menor express o a exemplo dos raios laser ferramentas 88 Embora uma vis o cibern tica radical afirme que a forma material da m quinas n o relevante cf Ashby 1970 cap 1 no mundo real a efici ncia energ tica um aspecto cr tico dos sistemas
73. mudan a ben fica que pode nos dar mais conforto e tranquilidade para cuidarmos dos demais aspectos da dire o Claro pode haver um pneu estourado uma quebra da barra de dire o um freio defeituoso Mas nada disso tem a ver com uma pretensa autonomia do ve culo No ano de 2001 a Airbus foi for ada a modificar um dos componentes de software do modelo A320 avan ado jato bi reator para 150 passageiros ap s um incidente s rio de aterrissagem A altera o teve como objetivo aumentar a autoridade dos pilotos sobre um certo aspecto da atitude do avi o chamado ngulo de ataque Sparaco 2001 p 38 grifo meu 120 piloto usam um avi o mas podemos dizer que co operam com o aparelho a fim de conduzir os passageiros 5 2 Uma rela o assim trica Hoje quatro anos depois de eu ter finalizado minha disserta o de mestrado Amorim 2002 ainda valem os coment rios ali registrados sobre as promessas grandiosas e os sonhos mirabolantes dos defensores da intelig ncia artificial Na medida em que o tempo passa e as promessas n o se realizam livros s o reciclados metas s o revistas e os pesquisadores novamente entrevistados sempre para anunciar sucessos jamais para analisar fracassos em um ciclo que se repete h mais de quarenta anos Dessa forma mant m se o p blico sempre na expectativa de que por um lado a pr xima conquista da IA resolver importantes problemas humanos e por outro lado e
74. muitos desses mostradores permaneciam nos pain is lado a lado com as novas telas caracterizando uma esp cie de sistema avi nico h brido de transi o J a partir dos anos de 1990 os instrumentos tradicionais praticamente desaparecem das cabines dos jatos mais modernos dos quais o Boeing 777 e o Airbus A330 s o os exemplos mais not veis interessante observar como as cabines desses avi es s o muito mais limpas do que as de seus antecessores devido redu o do n mero de mostradores bot es etc Mas esses novos jatos trazem novidades que v o muito al m da forma de apresenta o dos dados Nos avi es mais antigos as a es dos pilotos sobre os controles direcionais pedais e manches transferida diretamente aos sistemas hidr ulicos que ent o movimentam as superf cies m veis das asas e leme Com a introdu o dos sistemas fly by wire as a es dos pilotos s o codificadas por meio de sinais eletr nicos que s o ent o transmitidos aos sistemas de acionamento el trico das superf cies m veis para a realiza o dos movimentos pertinentes Com isso muda completamente a din mica da intera o humano m quina Nos sistemas hidr ulicos convencionais a for a exercida pelos controles sobre p s e m os dos pilotos diretamente proporcional resist ncia das superf cies m veis ao movimento e a for a exercida pelos controles sobre essas superf cies diretamente 158A Boeing dos Estados
75. n mero de instrumentos anal gicos na cabine O que tem ocorrido com o desenvolvimento da avi nica a progressiva digitaliza o dos sistemas de v o com a transfer ncia de um n mero crescente de fun es cr ticas para os computadores decorrente do desejo dos fabricantes e das companhias a reas de substituir com vantagens a maior gama de atividades humanas na pilotagem com 167 um m nimo de supervis o o que se consegue atrav s de modelos com um n mero cada vez maior de vari veis computadores mais poderosos e programas de controle mais complexos 160s sistemas autom ticos de navega o tamb m s o usados h muito em dispositivos n o tripulados como as bombas V 2 alem s que atingiram Londres na Il Guerra Mundial 167A semelhan a do que ocorre em outras reas de aplica o da automa o 130 Em contrapartida tais sistemas tendem a ser mais imprevisiveis podendo surpreender os seus operadores com comportamentos inusitados mesmo ap s anos de uso geralmente porque o software n o responde de forma adequada em alguma situa o espec fica Contudo mesmo nas situa es normais de pilotagem com os sistemas funcionando conforme o esperado um avi o moderno n o faz exatamente o que os pilotos determinas mas em certa medida aquilo que seus sistemas deliberarem fazer de acordo com os comandos dos pilotos Naturalmente deliberar aqui significa submeter os comandos logica dos sistemas que os
76. n o devemos permitir que o deslumbramento com a complexidade e funcionalidade das m quinas nos fa a perder de vista a import ncia do sujeito cognoscente Primeiramente porque as m quinas s o concebidas projetadas constru das e reparadas por pessoas ainda que com a ajuda de outras m quinas que por sua vez s o concebidas projetadas Depois porque apenas uma parcela restrita do conhecimento humano pode ser codificado atrav s dos algoritmos computacionais Finalmente porque o ato de codificar e decodificar inerentemente humano at certo ponto arbitr rio e sempre dependente do contexto cultural em que o conhecimento se manifesta Por exemplo quando digo que uma m quina joga xadrez o que quero dizer na verdade que a m quina capaz de 1 receber como entrada input certos s mbolos 200s sistemas avi nicos e a automa o industrial estudados no presente texto s o apenas dois dos incont veis exemplos de deslocamento das compet ncias pelo computador 154 definidos por seres humanos representando as posi es de um jogo de xadrez 2 processar esses s mbolos de maneira apropriada definida por um programa e 3 organizar os s mbolos sob a forma de dados de sa da output Contudo cabe pessoa que alimentou a maquina ou a outras interpretar a sa da de dados como jogadas de xadrez Ainda que a m quina seja capaz de alterar o seu processamento de acordo com os resultados obtidos parecendo
77. namorada pela primeira vez em Semipalatinski ou ainda como voc se comportaria diante da vi va e dos filhos do seu melhor amigo morto em combate durante os funerais dele Vale pena ressaltar que o Background de uma pessoa bastante independente de suas compet ncias especializadas Enquanto o primeiro de sedimenta espontaneamente em decorr ncia do conv vio social as ltimas se desenvolvem com a frequ ncia a ambientes controlados onde se estabelece uma certa base cognitiva uma certa disciplina intelectual pr prias sob orienta o sistem tica de especialistas mais experientes Hoje em dia tais Para um amplo estudo a respeitos do thos cient fico na f sica de alta energia assim como na biologia molecular ver Knorr Cetina 1999 103 elementos s o proporcionados primeiramente pela escola que em termos curriculares apresenta mais semelhan as do que diferen as nos ambientes urbanos em redor do Mundo a despeito das significativas diferen as s cio culturais entre eles sobre um conhecimento escolar homog neo forjado nos moldes da vis o de mundo euroc ntrica constitu da a partir da revolu o cient fica e industrial que se ergue o edif cio contempor neo das ci ncias e da tecnologia a servi o do poder estatal e privado por isso que os cientistas mu ulmanos do Paquist o os ateus da R ssia os hindus da ndia e os protestantes da Gr Bretanha s o igualmente capazes de conceber ar
78. ncia artificial responder o afirmativamente Isso significa que no que tange imita o da per cia humana atribu mos aos sistemas computadorizados potencialidades maiores do que s que atribu mos aos nossos parentes mais pr ximos no reino animal Essa observa o se torna mais significativa quando nos lembramos que a pilotagem de avi es exige uma coordena o complexa entre habilidades cognitivas habilidades motoras e racioc nio A quest o se torna ainda mais interessante ao perguntarmos se o piloto pode receber a coopera o de um sistema automatizado Nesse caso a nica resposta correta ser a afirmativa porque tal coopera o j vem ocorrendo h d cadas com resultados cada vez melhores para a seguran a e economia dos v os em um cen rio de tr fego a reo crescente Por conseguinte ao menos que provemos a capacidade dos chimpanz s para a pilotagem de avi es somos for ados a admitir que as m quinas est o mais capacitadas do que qualquer ser vivo n o humano a imitar nos ou auxiliar nos em certas atividades E de fato os aut matos espalhados pelo mundo t m cooperado conosco em uma s rie de tarefas nas quais a coopera o dos animais imposs vel Isso s acontece porque de algum modo sabemos como equipar os aut matos com uma parcela do nosso conhecimento e savoir faire Por outro lado que dizer dos pombos correio usados com fins militares at as primeiras d cadas do s culo XX At hoje nenhum dis
79. necessidade de reflex es explicativas nesse sentido que a realiza o hist rica da cibern tica confirma a ess ncia da cibern tica Em seu fundamento n o passa de um caso de retroa o de feedback da cultura de retorno da tecnologia sobre ela mesma Pinto 2005 v 2 p 609 Ou seja a cibern tica surge como quadro te rico explicativo apoiado em um ferramental matem tico pr existente em um per odo fecundo em desenvolvimentos tecnol gicos que demandavam estudo sistem tico para seu melhor aproveitamento Nesse contexto a grande mecaniza o da II Guerra Mundial teve um papel de destaque Wiener 1965 p 43 Cada momento hist rico evidentemente nico pois as as formas de conviv ncia social n o param de se transformar assim como as as formas de media o tecnol gica entre os seres humanos e entre esses e a natureza Por outro lado h aspectos de base na organiza o da sociedade em especial no que tange s estruturas de poder que persistem durante s culos com poucas altera es apesar das transforma es dos mecanismos atrav s dos quais se manifestam No mundo contempor neo as rela es de classe ainda se assemelham bastante quelas existentes na Idade M dia ou mesmo na Antiguidade apesar das mudan as institucionais e dos enormes avan os tecnol gicos ocorridos desde ent o Portanto o destaque dado t cnica como elemento determinante das rela es sociais deve ser visto com reservas
80. o mercado de servi os por exemplo na rea de tecnologia da informa o Para muitos profissionais com quem convivo essa circunst ncia se traduz em per odos de trabalho dilatados para compensar os elevados custos de capital e os honor rios aviltados a que devem se submeter Portanto quer olhemos na dire o doa oper rios na linha de produ o quer na dire o dos t cnicos e gestores a servi o direto das empresas quer na dire o dos profissionais liberais encontraremos pessoas submetidas por diferentes vias aos ditames do grande capital com conseqii ncias mais ou menos s rias sobre o seu bem estar e suas possibilidades de realiza o no trabalho A fim de que esse problema seja enfrentado desej vel que ele seja discutido na escola e nos demais foros educativos a fim de que tanto os professores quanto os estudantes assim como os trabalhadores em geral tomem consci ncia de que 1 as rela es de produ o institu das historicamente hierarquizadas autorit rias centralizadoras n o s o necess rias mas contingentes Na verdade nem sequer s o as mais produtivas nem mesmo em termos puramente materiais cf Gorz 1996 p 231 232 2 a automa o deve ser pensada e usada como instrumento de emancipa o 3 o deslocamento de qualifica es e compet ncias com as reestrutura es sociais da decorrentes um aspecto inevit vel do desenvolvimento hist rico dos sistemas produtivos 4 a luta pela emanci
81. p s gradua o Antes de chegar s reflex es de cunho propriamente pedag gico o presente cap tulo as fundamentar por duas linhas convergentes Na se o 6 1 apresenta se uma concep o de conhecimento como articula o entre teoria e t cnica que se atualizam por meio da atitude deliberativa do sujeito cognoscente Argumenta se que essa concep o importante como fundamento de uma atitude competente capaz e conseqiiente em um mundo de automa o Sugere se ainda com base no Livro VI da tica a Nic maco que n o poss vel tratar o conhecimento em separado dos valores e da virtude moral Os desafios pol ticos internos da educa o s o tratados na se o 6 2 Chamo os internos porque n o trato das pol ticas educacionais propriamente centraliza o x descentraliza o dota o de recursos etc mas do conte do pol tico da pr pria educa o Os atos educativos em sentido estrito pressup em a escolha de conte dos pol ticos ou a sua omiss o Ocorre que um dos aspectos mais importantes e talvez o mais negligenciado da heran a cibern tica a indissociabilidade entre os problemas pol ticos e os problemas tecnol gicos na sociedade Por isso proponho que sob uma perspectiva emancipadora a escola incorpore os sentidos pol ticos da automa o em seu quadro de refer ncias rotineiramente Os desafios pedag gicos da se o 6 3 oscilam entre situa es que est o postas e proposi es diri
82. partir da compreens o da l gica da substitui o de determinados tipos de esfor o humano por opera es autom ticas Na se o 2 5 discute se os insucessos da automa o e as suas causas sob uma perspectiva sist mica A complexidade operacional dos sistemas cibern ticos invocada como motivo de perplexidade e impot ncia das pessoas o que nos remete ao potencial da automa o como instrumento de opress o e desqualifica o do trabalhador 2 1 Fundamentos De acordo com o dicion rio Webster 1979 a palavra aut mato vem do grego automatos que quer dizer dotado de movimento pr prio Nesse sentido a automa o seria o uso de dispositivos dotados de movimento pr prio m quinas mec nicas em substitui o aos movimentos humanos na realiza o de tarefas f sicas Por outro lado se a palavra movimento for entendida em sentido amplo englobando certas opera es mentais al m das opera es manuais a automa o pode ser definida como a execu o por um a m quina normalmente um computador de uma fun o que antes era realizada por um ser humano Parasuraman e Riley 1997 p 231 O termo machine agent usado pelos autores enfatiza o fato de que a m quina em quest o pe a ativa na realiza o de uma tarefa e n o apenas uma ferramenta sob controle direto das m os humanas De acordo com essa defini o o computador de bordo de uma moderna aeronave se caracteriza como aut
83. pilotos n o podem mudar Na pr tica isso quer dizer por exemplo que certos par metros cr ticos do v o como a velocidade do ar o ngulo de ataque e a acelera o vertical ser o mantidos dentro de faixas pr definidas a fim de garantir a integridade estrutural do avi o ainda que os pilotos tentem manobrar o aparelho fora dessas faixas Job 1998 p 13 Em tese o comandante pode desacoplar os sistemas autom ticos de navega o e de propuls o a qualquer momento mas na pr tica a quest o n o t o simples Na realidade os pilotos s o instru dos a delegar a maior carga poss vel de atividades aos sistemas autom ticos de forma que se torna dif cil saber quando assumir o controle sem violar os princ pios estabelecidos pela companhia a rea e pelo fabricante do avi o A l gica interna dos sistemas avi nicos elaborada pelos engenheiros ao cabo de in meras simula es testes e informa es procedentes da opera o das aeronaves ao longo dos anos inclusive informa es oriundas da investiga o de acidentes e incidentes Por um lado isso aumenta a seguran a do v o automatizado mas por outro lado complica a coopera o humano m quina especialmente em situa es cr ticas porque fica dif cil para os pilotos conhecer prever e se adaptar s rea es do aparelho A prop sito o estudo de 168Eu ouvi de duas fontes confi veis e tecnicamente abalizadas o relato de um avi o a jato de grande porte
84. procedimentos importantes pr decolagem tais como o balan o da carga a ser transportada 5 Essa tens o entre promessas e riscos benef cios e danos da automa o permanente Sendo uma das quest es que motivaram o presente trabalho ela aparece sob diversas perspectivas no decorrer do texto 58 Sob uma perspectiva t cnica Frith 2000 p 226 menciona as seguintes raz es para a automa o 1 capacidade capability ligada precis o velocidade de resposta faixa sensorial estendida e capacidade dos sistemas artificiais em tratar v rios inputs simultaneamente com efici ncia em compara o com os seres humanos 2 confiabilidade reliability que se manifesta como opera o cont nua por longos per odos repeti o consistente de tarefas rotineiras e insensibilidade s distra es ambientais psicol gicas 3 replicabilidade repeatability ou seja sistemas oriundos do mesmo projeto funcionam de forma id ntica portanto previs vel 4 seguran a safety cujo incremento consequ ncia dos atributos 1 2 e 3 acima 5 custos costs considerando que os sistemas automatizados geralmente s o mais baratos para operar Contudo Frith afirma que esse argumento s vezes serve de pretexto para a implementa o de sistemas que n o s o totalmente satisfat rios para os usu rios 6 fatores ambientais environmental pois muitos sistemas devem operar em ambientes
85. que tendo sido colocado em manobra de espera sobre um importante aeroporto brasileiro recusou se a retomar o curso da aterrissagem quando os pilotos deram o comando para faz lo Enquanto o avi o voava em c rculos por conta pr pria e o n vel de combust vel descia os contatos em terra chegaram a um engenheiro da empresa fabricante da aeronave que recomendou ao piloto que retirasse uma determinada placa de circuito eletr nico do respectivo conector e a recolocasse de volta em seguida de modo que o piloto autom tico fosse reinicializado como qualquer computador dom stico travado Novamente as quest es econ micas se na investiga o de um acidente entende se que houve falhas provocadas por uma instru o insuficiente dos pilotos por parte da companhia a rea isso pode dificultar o recebimento do seguro SA imprevisibilidade dos sistemas automatizados n o nova para quem est habituado a trabalhar com os processadores de texto que frequentemente arrumam os nossos textos muito mais como eles querem do que como n s os mandamos ou achamos que mandamos fazer A diferen a que enquanto um processador malcomportado pode nos fazer perder algumas horas de trabalho um sistema de pilotagem autom tico 131 acidentes aeron uticos nos da elementos importantes para a an lise da intera o humano computador revelando aspectos dessa intera o que de outra forma permaneceriam ocultos A introdu
86. quinas cibern ticas s o ambos capazes de realizar tarefas complexas com um certo grau de autonomia 3 ambos necessitam para operar de uma certa quantidade de energia 4 os aut matos s o programados e os escravos condicionados por meios violentos pelos detentores dos meios de produ o ou mais precisamente por seus servidores remunerados para a realiza o das tarefas requeridas na produ o 5 o seu propriet rio pode us los da maneira que melhor lhe aprouver ressalvados os respectivos limites f sicos no caso da m quina fisiol gicos no caso do escravo e eventualmente legais e culturais em ambos os casos Mas o escravo n o sendo m quina traz em si um inalien vel desejo de emancipa o que malgrado o aparato repressor da sociedade escravocrata amea a sempre rebelar se ou seja agir de modo incompat vel com as finalidades e expectativas da classe dominante Portanto a substitui o dos escravos pelas m quinas primeiro as simplesmente mec nicas e depois as computadorizadas ao cabo de um prolongado processo hist rico n o se deve tanto s considera es de ordem humanit ria mas sobretudo s conveni ncias do sistema capitalista em constante renova o Segundo Derry e Williams 1993 p 252 o moinho a gua por exemplo n o era comum no Imp rio Romano at o s culo III d C possivelmente porque enquanto os escravos e outras formas de trabalho barato estavam dispon veis havia pouco
87. rcio a t cnica as necessidades humanas e a natureza se unem em um mecanismo racional e conveniente e dentro do qual por conseguinte aquele que seguir as instru es ser mais bem sucedido subordinando sua espontaneidade sabedoria an nima que ordenou tudo para ele No campo da automa o essa sabedoria an nima representada pelo conjunto dos algoritmos que fazem funcionar o sistema automatizado Atrav s deles as concep es conhecimentos e op es dos projetistas an nimos e invis veis do sistema antecedem a interven o de um operador presente no local de trabalho Este por sua vez dificilmente possui as condi es t cnicas pol ticas e epistemol gicas de questionar os fundamentos e o impacto da automa o amp Um t pico que ser discutido em detalhes no Cap tulo 5 ao se tratar da coopera o entre humanos e computadores na automa o industrial e na pilotagem de avi es 6 Que se traduz em algo como Eu dirijo N o voc dirige enquanto eu brinco com o painel de controle 67 sobre o seu proprio trabalho sobre o meio ambiente e sobre os produtos Nesse sentido a automa o uma nova via de concentra o dos meios de produ o que ora se apresentam n o s sob a forma de terra capital financeiro e m quinas mas tamb m como o know how impessoal incorporado ao software 68 3 As Compet ncias em Questao O presente cap tulo explora a no o de compet ncia visando
88. ricas e sociais H m quinas que s o qualitativamente diferentes de outras representando desafios epistemol gicos e pedag gicos especiais E importante que essas diferen as n o se apaguem ao uso ing nuo das palavras Quadro 1 N veis de Automa o 0 A m quina decide tudo e atua autonomamente sem interven o humana A m quina informa ao ser humano sobre suas a es apenas se ela decidir faz lo A m quina informa ao ser humano apenas se solicitada a faz lo Executa as opera es automaticamente e obrigatoriamente informa ao ser humano OS o NO A m quina d ao ser humano um intervalo de tempo para impedir uma opera o autom tica 5 A m quina executa a opera o sugerida se aprovada pelo ser humano A m quina sugere uma alternativa O conjunto de op es oferecido pela m quina reduzido N Ito A maquina oferece um conjunto completo de op es de a es e ou decis es 1 A maquina n o oferece assist ncia O ser humano toma as decis es e age Adaptado de Parasuraman Sheridan e Wickens 2000 p 287 1 Dependendo do n vel de an lise a m quina sozinha ou acompanhada de um ou mais operadores pode ser o pr prio sistema em foco 37 Ainda buscando uma melhor sedimenta o do conceito em um artigo posterior Parasuraman Sheridan e Wickens 2000 p 287 assinalam que a automa o n o um tudo ou nada mas pode varia
89. s o suficientes para compor um quadro de refer ncia que permita definir as compet ncias humanas em um mundo de automa o pois tendo em vista a acelera o das transforma es tecnol gicas e econ micas em escala global com suas consegii ncias ambientais s vezes calamitosas cresce a cada dia a demanda por um conhecimento aplicado em favor do bem estar humano nesse contexto que uma terceira virtude intelectual aristot lica a phr nesis adquire import ncia especial A phronesis sabedoria pr tica ou sensatez a terceira das virtudes intelectuais considerada por Arist teles no livro VI da tica a Nic maco significativo que diferentemente dos termos epist me que deu origem palavra epistemologia e suas correlatas e t khne do qual se originam t cnica e tecnologia entre outras palavras o termo phr nesis n o tenha dado origem nenhuma palavra nos idiomas modernos por isso que ele n o nos soa familiar Para Arist teles a phr nesis tem um car ter pr prio N o epist me porque n o diz respeito ao conhecimento das coisas demonstr veis e tamb m n o t khne porque esta se refere ao conhecimento empregado na produ o material ou simb lica mas a o e produ o s o coisas de esp cies diferentes p 142 Ed Oxford O termo se refere capacidade de agir interven o sobre o mundo por outro lado ela deveria sempre visar a transforma o do mundo por meio do conhe
90. s o estados intencionais porquanto dirigidos a objetos ou estados de coisas conforme a defini o acima Contudo in meros outros estados mentais s o tamb m intencionais sem que envolvam necessariamente qualquer objetivo ou querer fazer Portanto cren as esperan as temores e desejos s o intencionais mas h formas de nervosismo exalta o e ansiedade n o direcionada que n o o s o Searle 1995 p 2 Assim se tenho medo de alguma coisa em particular esse medo caracteriza se como estado intencional mas se experimento um temor indefin vel desvinculado de um objeto espec fico n o h intencionalidade A intencionalidade irredut vel a estados mentais mais elementares Em outras palavras os estados intencionais s o fen menos mentais intr nsecos que n o podem ser reduzidos a outra coisa ou eliminados por algum tipo de redefini o Searle 1995 p 363 e os estados mentais s o t o reais quanto quaisquer outros fen menos biol gicos t o reais quanto a lacta o a fotoss ntese a mitose ou a digest o Searle 1995 p 366 Ancorados na estrutura o sistema nervoso central os estados intencionais n o s o segundo Searle exclusivos dos seres humanos mas certamente est o presentes em muitos animais e obviamente nos primatas Antes de prosseguirmos vale pena explicitar a aparente incompatibilidade entre essa afirmativa de Searle sobre a presen a da intencionalidade em outras esp cies e a
91. sem op es de controle manual seria um entrave ao inv s de um aux lio Analogamente algumas pessoas se tornam motoristas mais capazes quando dirigem um carro com transmiss o autom tica mas essa n o uma op o vi vel para os pilotos de corrida que necessitam de total autonomia na passagem das marchas para realizar manobras adequadas aos seus objetivos na pista No tr fego urbano um bom motorista ainda consegue dirigir mais economicamente usando o c mbio manual embora submetendo se fadiga das centenas de trocas de marcha di rias Mesmo quando representa um aux lio efetivo todo equipamento ou sistema automatizado requer dos seus operadores o aprendizado de novos procedimentos e a sedimenta o de novos h bitos Quando o indiv duo est acostumado a realizar suas tarefas de uma certa maneira a introdu o de aux lios autom ticos pode perturb lo temporariamente no campo cognitivo no campo psicomotor ou em ambos Todos n s que estamos imersos em um modo de vida tecnol gico caracter stico das sociedades industriais contempor neas j experimentamos algum n vel de desconforto ou frustra o ao interagir com equipamentos que de alguma forma n o obedecem aos nossos comandos e cujo comportamento n o corresponde s nossas expectativas Os equipamentos eletr nicos e microcomputadores em particular frequentemente parecem ter vida pr pria funcionando de acordo com uma l gica que n o a do usu rio Isso
92. sensores s o medidores que a partir das varia es no meio f sico produzem sinais el tricos pr prios para serem tratados pelo sistema de controle a que est o ligados No dia a dia um sensor comum o microfone que transforma as vibra es mec nicas do ar em vibra es eletromagn ticas que entrar o no amplificador Na ind stria alguns dos sensores mais comuns s o os medidores de temperatura medidores de vaz o e sensores de posi o Os avi es modernos possuem sensores de velocidade de acelera o e de posi o usados pelo sistema de navega o al m de toda uma gama de outros sensores integrando os sistemas que garantem o conforto e a seguran a dos passageiros e da tripula o sensores de fuma a etc Os atuadores s o dispositivos que interferem de alguma forma nas vari veis do processo Na ind stria petroqu mica por exemplo os atuadores mais comuns s o as v lvulas Blevins 2003 ao passo em que os motores el tricos aparecem em grande n mero nas linhas de montagem inclusive no interior dos rob s industriais Frequentemente os atuadores cumprem o seu papel indiretamente como quando uma v lvula controla uma sa da de g s que por sua vez determina a temperatura de uma caldeira Nesse caso o efeito observ vel a varia o da temperatura mas sua causa reside no movimento mec nico da v lvula As vias de comunica o s o os dispositivos atrav s dos quais as varia es dos sinais ou mensagens na te
93. tempo prenhe em possibilidades emancipadoras Contribuindo para trazer tona essas possibilidades a aproxima o diriamos identifica o entre a escola e o trabalho contribuir para a supera o de um per odo hist rico em que ensino e produ o forma o e trabalho foram separados porque a teoria e o conhecimento estavam separados da pr tica o oper rio separado dos meios de produ o da cultura e da sociedade civil Gorz 1996 p 247 6 3 2 Segundo desafio ensino aprendizagem como pesquisa Na presente sub se o retomo uma proposta anteriormente desenvolvida no artigo Beyond Algorithm Thinking Amorim 2005 a de que a escola em todos os n veis se aproxime daquilo que entendemos como um ambiente de pesquisa Um ambiente onde 20Ainda que em teoria certos cursos de gest o preguem o di logo a participa o a aproxima o entre conhecimento e pr tica etc A verdade que nunca se viu um oper rio em uma turma de MBA ou um executivo da constru o naval em um curso para metal rgicos 22 Todos os trabalhadores inclusive os dirigentes 22Al m de Vieria Pinto a quem nos temos referido constantemente Lojkine 2002 tamb m adota como uma de suas teses centrais a potencial emancipador dos sistemas cibern ticos atrav s da press o que exercem sobre os modos tradicionais de divis o do trabalho 169 haja mais perguntas e menos respostas definitivas mais cria o e menos repeti o
94. uma primeira aproxima o entendendo que a pessoa que simplesmente usa uma m quina mant m o controle direto e total das suas a es caso n o haja nenhum acidente ou falha do equipamento Ou seja a m quina apenas substitui os m sculos humanos em algum esfor o repetitivo ou penoso ou ainda poupa esfor o mental tal como faz uma calculadora simples Por outro lado quando uma pessoa coopera com uma m quina esta reage ativamente a determinados est mulos do meio e atrav s de uma logica interna mais ou menos complexa altera por si mesma seus modos de funcionamento No Quadro 2 proponho crit rios para diferencia o entre uso da m quina e coopera o com a m quina em sistemas que agem diretamente sobre o mundo fisico A princ pio poder amos estabelecer graus de coopera o entre o ser humano e a m quina de forma que a diferen a entre uso e coopera o se estabelecesse em uma escala que teria em um de seus extremos as ferramentas mais rudimentares e no outro os dispositivos cibern ticos mais avan ados Acredito contudo que para os fins do presente texto cabe estabelecer uma diferen a tanto quanto poss vel definida entre uma e outra situa o Portanto daqui por diante considerarei como coopera o com a m quina as situa es que atendam em algum grau a todos os requisitos listados na coluna direita da tabela acima tal como ocorre na opera o das modernas plantas industriais e na pilotagem dos avi es a jato
95. unidos e a Airbus formada por um cons rcio de empresas europ ias s o as duas nicas fabricantes de avi es comerciais de grande porte acima de 120 passageiros Ao p da letra cabine de vidro ou cabine envidra ada 189Cheguei a inserir no texto fotos das cabines desses avi es para maior clareza Contudo dei me conta de que havia problemas relativos a Copyright Pretendo encontrar fotos de livre reprodu o para inser las na vers o final revisada 161Uns poucos instrumentos cr ticos como a b ssola e o horizonte artificial s o preservados para o casso de uma eventual pane el trica cuja possibilidade de ocorr ncia cada vez mais remota Projetos ainda ainda mais recentes j come am a trazer cabines em que os bot es e mostradores tradicionais desaparecem por completo devido introdu o de grandes telas de computador sens veis a toque que servem tanto para a leitura de dados quanto para a introdu o dos comandos 1 2Novos porque o ciclo de desenvolvimento de um jato de m dio ou grande porte dura cerca de dez anos da concep o ao v o inaugural 128 proporcional a aplicada pelos pilotos sobre os pedais e manche mais ou menos como acontece em um sistema de frenagem assistido em um autom vel comum Nos sistemas fly by wire s o os computadores que estabelecem a for a exercida pelos servomecanismos sobre as superf cies m veis a partir das informa es relevantes para o v o combin
96. v nculo preciso entre cada um dos n veis propostos e as condicionantes cognitivas e epistemol gicas do relacionamento entre as pessoas e os sistemas automatizados Outro problema a assinalar que a simples substitui o do esfor o f sico repetitivo n o um crit rio preciso para se definir automa o porque certas tarefas j nasceram automatizadas e n o faz sentido pensar nelas de outra maneira Um exemplo do dia a dia s o os sistemas de inje o eletr nica de combust vel hoje empregados em todos os autom veis Tais sistemas ajustam continuamente o regime de funcionamento do motor s condi es de temperatura press o acelera o e atualmente at mesmo s caracter sticas da mistura entre lcool e gasolina o que algo que o motorista jamais teria como fazer manualmente mesmo se tivesse todos os dados pertinentes dispon veis no painel Existem ainda tarefas que poderiam ser realizadas por seres humanos apenas em princ pio mas n o na pr tica E o caso 38 por exemplo das explora es interplanet rias e submarinas de grande profundidade realizadas por sondas rob s sob condi es extremas de temperatura e press o Portanto em muitos casos a automa o n o substitui propriamente o ser humano mas estende suas capacidades f sicas e cognitivas por diversos meios Na busca por um conceito de automa o que permita a an lise dos aspectos epistemol gicos sociais e cognitivos da coopera o entre os ser
97. 2b p 57 161 167 sugere um modelo de acultura o que para melhor adapta o ao nosso idioma chamarei simplesmente de modelo cultural de ensino aprendizagem O modelo algor tmico baseia se em uma no o de conhecimento como um conjunto de instru es formais ou fragmentos de informa o sobre o que fazer em uma variedade de circunst ncias Esse modelo v o conhecimento como o tipo de informa o que permite a um computador realizar as inten es de seu programador O modelo cultural v o conhecimento como sendo semelhante a um conjunto de habilidades sociais ou pelo menos baseado em um conjunto de habilidades sociais Collins 1992b p 57 No modelo cultural portanto o conhecimento atualiza se em contexto por meio da intera o entre agentes cognoscentes Sedimenta se sobre um conjunto de habilidades e 2SEsta ltima uma id ia levada ao extremo por Postman 1996 p 117 118 Ele prop e que uma parte do conceito atribu do aos alunos seja proporcional ao rigor com que eles forem capazes de assinalar e corrigir os erros do professor E para evitar o torpor que t o comum entre os estudantes ele prop e a inclus o proposital e eventual de absurdos na exposi o da mat ria 224 domestica o e aut mato s o termos usados por Paulo Freire 2005 p 70 225 F nculturational model of learning no original 170 pressupostos que semelhan a do Background em Searl
98. 3 4 Quarto desafio escolas por toda a vida seres 177 7 COnNCUS O a a a a DLL IN e ko 182 12 1 Introdu o O presente estudo motivado pela automa o crescente e generalizada dos processos produtivos que implica em significativos desafios educacionais Esse um problema antigo mas que se torna mais urgente na medida em que o r pido desenvolvimento de dispositivos e sistemas computadorizados a partir da d cada de 1960 permite execu o autom tica de tarefas que quando executadas por seres humanos exigem racioc nio e conhecimento especializado al m de habilidades motoras que h mil nios as m quinas v m substituindo Ou como quer Lojkine 2002 p 62 63 os novos meios inform ticos de trabalho abrem uma nova era na hist ria da humanidade a da objetiva o pela m quina de fun es abstratas reflexivas do c rebro n o mais fun es cerebrais ligadas somente atividade da m o Por conseguinte de se esperar que a educa o se atualize de modo a proporcionar aos cidad os e trabalhadores em forma o o entendimento das determinantes hist ricas e do impacto da automa o na vida corrente assim como o senso cr tico e as compet ncias necess rias para se posicionar face nova realidade nessa linha que este texto se desenvolve A fim de discutir as quest es pertinentes em bases concretas dois dom nios de aplica o da automa o foram selecionados a pilotagem de avi es e a produ
99. 78 e 1981 tendo sido derrotado pelo tamb m russo Anatoly Karpov 1951 nas tr s oportunidades Para um estudo detalhado desse ponto ver Amorim 2002 especialmente a se o 4 5 108 Atualmente tanto os bons enxadristas quanto os estudiosos do xadrez computacional est o convencidos de que a maximiza o da for a competitiva se d por meio da associa o entre jogadores humanos e computadores atuando em conjunto em um arranjo que alguns t m chamado de centauro numa alus o ao ser mitol gico que tem a cabe a humana montada sobre um corpo n o humano Nessa modalidade o jogador humano se preocupa com a concep o estrat gica e com o julgamento posicional mais profundo delegando por assim dizer maquina a aferi o das variantes por meio do c lculo de alt ssima velocidade De forma aproximada o ser humano concebe planeja e monitora enquanto a m quina executa A compet ncia no caso est com o ser humano o nico capaz de idealizar e projetar por meio de uma abstra o intencional Com isso os melhores centauros jogam melhor do que os melhores humanos sem assist ncia cibern tica e tamb m do que os melhores aut matos sem assist ncia humana A partir dessa significativa pista que o xadrez nos oferece podemos passar considera o do ser competente nos dom nios mais amplos do mundo real que diferentemente do xadrez n o se resolvem em uma l gica interna que se desvela ao c lculo
100. De in cio vejamos o que dizia Aldous Huxley s d 1935 p 185 h mais de setenta anos sobre as consequ ncias da fragmenta o entre teoria e pr tica no ensino muitos dos jovens que s o capazes de permanecer no curso de uma educa o acad mica emergem das suas disciplinas divididos em tr s tipos primeiro como papagaios engrolando f rmulas decoradas que n o chegaram realmente a entender segundo se realmente chegaram a entender a educa o recebida como especialistas conhecendo tudo a respeito de um determinado assunto e deixando de se interessar por qualquer outra coisa e em terceiro lugar finalmente como intelectuais teoricamente conhecedores de tudo mas desesperadamente ineptos para as ocupa es da vida comum Huxley s d p 185 De l para c ao que parece quase nada mudou Os tipos humanos caracterizados por Huxley s o mais ou menos os mesmos que ainda hoje vemos sair das universidades 8Talvez falando em causa pr pria possamos ser um pouco mais generosos com os intelectuais que afinal nem sempre s o assim t o ineptos para as preocupa es da vida comum Mas com certeza s o em geral pouco preparados para compreender a l gica e as conting ncias do mundo da produ o material e ainda menos preparados para intervir positivamente nele por meio do di logo com aqueles que o fazem funcionar 152 Carecem de uma forma o educacional que os torne seres competentes c
101. Nesse sentido um erro acreditar que a dissemina o em larga escala das m quinas cibern ticas computadorizadas por si s faz do atual momento hist rico um momento revolucion rio Analisando a quest o Vieira Pinto 2004 v 2 p 88 alerta para o perigo da fascina o com as novidades verbais levando a consci ncia despreparada a esquecer que muito daquilo agora dito por uma nova ci ncia a cibern tica na verdade sempre existiu apenas com outros nomes por m com a mesma fun o essencial em rela o ao homem Sem trair o pensamento do autor pode se precisar que n o exatamente a cibern tica que sempre existiu mas sim muitas das cria es a ela atribu das embora sob roupagem diferente da atual adaptada s conting ncias sociais e tecnol gicas de cada tempo 54 Nesse sentido as classes poderosas sempre tiveram ao seu dispor servomecanismos fossem eles o escravo dos fara s e dos s trapas o cavalo dos bar es feudais e os engenhos mec nicos agora aperfei oados com o car ter eletr nico e automatizados dos industriais modernos 2004 v 2 p 87 88 Em termos ontol gicos n o cabe comparar a m quina com o ser humano rebaixado condi o de escravo Mas economicamente a automa o tem semelhan as com a escravid o como institui o a servi o do status quo porque 1 tanto o escravo quanto o aut mato est o a servi o de uma classe que disp e de capital para sua aquisi o 2 escravos e m
102. Os sistemas computadorizados como cooperadores dos seres humanos na execu o de tarefas complexas Procura se manter nessa apresenta o um balan o adequado entre os aspectos epistemol gicos hist ricos econ micos e tecnol gicos do tema O cap tulo duas ou mais pessoas por outro lado entendida como seu engajamento ativo intencional e coordenado no exerc cio de uma atividade com prop sito definido Nesse sentido falamos de coopera o entre piloto e co piloto Esse t pico ser desenvolvido em detalhes na se o 5 1 2Utilizo ao longo do texto a transcri o das palavras gregas conforme a grafia adotada por Chau 2002 sempre em it lico 14 3 As Compet ncias em Quest o lan a m o das perspectivas filos fica psicol gica e sociol gica buscando situar as compet ncias em um quadro conceitual consistente de modo a subsidiar os cap tulos seguintes No cap tulo 4 Ser Humano Ser Competente busca se compreender a atualiza o das compet ncias na forma o daquele a quem se chamar um ser competente isto aquele em quem ocorre uma sintese de epist me e t khne atualizada na pr xis No cap tulo 5 A Coopera o Humano M quina explorada sob diversos ngulos a partir da perspectiva da pilotagem de avi es e da opera o de processos industriais Os detalhes t cnicos dessas atividades s o apresentados na medida em que esclarecem as formas de intera o entre os seres humano
103. Scheps 1996 p 219 chamou de excorpora o das faculdades humanas que s o depois reincorporadas nas m quinas por meio dos programas de computador Nas palavras de Vieira Pinto 2004 v1 p 92 Toda produ o de artefatos cont m a transfer ncia da id ia de uma a o concebida e dirigida pelo sistema nervoso para um dispositivo material exterior que deve imitar ou realizar com maior rendimento alguma das fun es do sistema pensante vivo Mas os sistemas autom ticos v o al m da reincorpora o de habilidades porque em muitas atividades a exemplo da pilotagem de avi es os sistemas autom ticos recebem in meros dados coletados por dispositivos de mensura o que substituem e amplificam os sentidos humanos integrando dados com velocidade e exatid o sobre humanas Mesmo a simples capacidade de armazenar dados em larga escala que a mais banal das capacidades dos computadores superior s possibilidades do c rebro Enquanto os dados armazenados s o usados sob controle direto de um operador n o se evidencia um problema epistemol gico Contudo na medida em que eles s o processados de modo que o sistema tome decis es autonomamente ou substitua o savoir faire de algu m o lugar das compet ncias humanas colocado em quest o assim com os limites e possibilidades da pr pria m quina Esse ali s um dos aspectos mais cr ticos da crescente presen a do computador nos diversos campos da atividade hum
104. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCA O PROGRAMA DE P S GRADUA O EM EDUCA O CL UDIO ALVES DE AMORIM A HERAN A CIBERN TICA DESAFIOS EDUCACIONAIS EM UM MUNDO DE AUTOMA O Salvador 2007 CLAUDIO ALVES DE AMORIM A HERANGA CIBERNETICA DESAFIOS EDUCACIONAIS EM UM MUNDO DE AUTOMACAO Tese apresentada ao Programa de P s Gradua o em Educa o Faculdade de Educa o Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para a obten o do t tulo de Doutor em Educa o Orientador Prof Dr Robinson Moreira Ten rio Salvador 2007 TERMO DE APROVACAO CLAUDIO ALVES DE AMORIM A HERAN A CIBERNETICA DESAFIOS EDUCACIONAIS EM UM MUNDO DE AUTOMA O Tese aprovada como requisito parcial para a obten o do grau de Doutor em Educa o Universidade Federal da Bahia UFBA pela seguinte banca examinadora Robinson Moreira Ten rio Doutor em Educa o Universidade de S o Paulo USP Universidade Federal da Bahia UFBA Olival Freire Jr Doutor em Hist ria Social Universidade de S o Paulo USP Universidade Federal da Bahia UFBA Roberto Sidney Macedo Doutor em Ci ncias da Educa o Universidade de Paris VIII Universidade Federal da Bahia UFBA Jonei Cerqueira Barbosa Doutor em Educa o Matematica Universidade Estadual Paulista UNESP Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS Paulo Cesar Coelho Abrantes Doutor em Filosofia Universidade
105. a 4 1 Um ser da pr xis Encerramos a se o 3 3 mostrando a rela o dial tica entre intencionalidade e mundo mediada pelo ser intencional A partir de agora veremos quais s o as condi es para que este ser se caracterize tamb m como ser da pr xis para o que n o basta ser intencional defini o de pr xis como atividade humana material e social de transforma o da realidade objetiva da natureza da sociedade e do pr prio homem LOGOS vol 4 p 402 devemos acrescentar que essa atividade quanto mais se humaniza mais se vincula a um esfor o autoconsciente do indiv duo pela constru o de um projeto existencial Projeto que necessariamente envolve a permanente redefini o do seu lugar na sociedade na medida em que a pr pria sociedade se redefine Se como quer Paulo Freire a voca o ontol gica dos dos seres humanos a do ser mais 2005 p 47 ent o a intencionalidade o atributo sobre o qual essa voca o se atualiza Mas esta h de ser uma intencionalidade dirigida a prop sitos definidos primeiro como projeto e depois como esfor o coletivo de reconstru o do mundo Caso contr rio a voca o do ser mais estanca como simples potencial n o realizado O homem deseja realmente dar a si um novo modo de ser mas percebe ser ilus rio faz lo em pensamento tendo que conquista lo pela modifica o impressa realidade a que pertence S o as novas rela es com o mundo especia
106. a linguagem nos seus ambientes de conviv ncia assimilando com muito pouca orienta o expl cita vocabul rio pron ncia flex es de g nero e numero conjuga es verbais e assim sucessivamente Essa capacidade para o aprendizado e uso espont neos da linguagem estudada por Rey 2002 sob o r tulo de compet ncia como pot ncia geradora p 37 que se define como o poder que o homem tem de adaptar seus atos e suas palavras a uma infinidade de situa es in ditas p 47 A compet ncia ling istica em particular se define pela capacidade dos falantes em criar frases sempre novas adaptando as espontaneamente ao T Pinker 1994 quem chama a aten o para esse ponto que pude observar da forma mais divertida uma vez quando minha primeira filha era ainda muito pequenina ela atendeu um telefonema de minha esposa para mim Ao me chamar disse Pai telefone sua marida Ora marida uma palavra que nunca nenhum de n s tinha ouvido embora perfeitamente l gica do ponto de vista gramatical Para Pinker esse seria um belo exemplo da nossa voca o lingu stica inata 76 contexto em que se d a comunica o Conseqiientemente um tipo de compet ncia que se manifesta em infind veis campos de a o diferenciando se portanto das compet ncias fun o restritas cada qual a um dom nio bem definido ou seja uma compet ncia n o especializada Diferencia se tamb m das compet ncias com
107. a constru o de um quadro conceitual coerente que auxilie a compreens o da coopera o humano m quina sobretudo em seus aspectos epistemol gicos econ micos e sociais A se o 4 1 pretende capturar uma imagem razoavelmente est vel e ao mesmo tempo fecunda e inspiradora dos termos compet ncia e compet ncias Inicialmente destaca se a sua origem hist rica bem como o caminho percorrido at a sua difus o nos meio empresarial e nas institui es de ensino Depois a carga ideol gica dos termos avaliada atrav s da contraposi o de diferentes perspectivas Finalmente elabora se ou mais precisamente reelabora se os conceitos de compet ncia e compet ncias a partir de influ ncias oriundas da filosofia da mente das ci ncias cognitivas da sociologia do conhecimento da pedagogia e da sociologia do trabalho O desafio aqui fazer convergir essa pluralidade de vis es n o para forjar defini es r gidas o que seria imposs vel mas estabelecer um campo sem ntico apropriado ao desenvolvimento subsequente do texto A se o 4 2 argumenta que as compet ncias se desenvolvem sobre o alicerce dos processos cognitivos constitu dos e potencializados a partir de uma conforma o biol gica pr pria do ser humano associada ao aprendizado contextualizado culturalmente Com base no trabalho de Tomasello 1999 2000 2003 procura se estabelecer o equil brio entre as abordagens inatistas e culturalistas da c
108. a dar conta dos torneios os Grandes Mestres mais experientes seguem sendo grandes professores o que significa que a sua compet ncia se manifesta por outras vias distintas do sucesso competitivo puro e simples No xadrez a automa o for ou uma revis o do lugar das compet ncias humanas ou mais precisamente a distin o entre a compet ncia humana e a efic cia das m quinas S Com o desenvolvimento acelerado do hardware e do software a for a competitiva dos computadores j rivaliza com a os melhores jogadores profissionais em partidas de longa dura o Nas partidas r pidas os seres humanos praticamente n o t m chances contra as m quinas que n o d o margem s imprecis es humanas t picas dessa modalidade de jogo Hoje as m quinas s o cooperadoras habituais e indispens veis n o s para o armazenamento e recupera o das partidas que se deseja estudar mas tamb m como apoio an lise de posi es que cont m um n mero muito elevado de variantes cr ticas Al m disso o baixo custo dos computadores aliado sofistica o dos programas amplamente dispon veis coloca advers rios cibern ticos fortissimos disposi o de quase todos os interessados o que certamente tem contribu do para aumentar a velocidade com que os jovens aperfei oam a sua t cnica Russo naturalizado su o hoje com 75 anos e participando ativamente de torneios internacionais Foi finalista na disputa do t tulo mundial em 1974 19
109. a manter os motores funcionando Pior ainda a perda do hor rio de partida pode significar uma longa espera para pouso no aeroporto de destino com mais desperd cio de combust vel Metaforicamente podemos dizer que o piloto de linha hoje em dia o gerente de uma pequena empresa que atua em um cen rio Lembrando que estamos nos referendo avia o de carreira que pressup e um contexto gerencial e tecnol gico peculiares Na avia o experimental e na avia o executiva ainda existe alguma margem para o romantismo o que nem sempre beneficia os passageiros 2D se o nome de sistemas avi nicos ao conjunto dos sistemas automatizados embarcados na aeronave a fim de auxiliar os pilotos nas suas tarefas 83 Habilidade de p s e m os termo usado pelos pilotos para se referir destreza no acionamento coordenado do manche e dos pedais que controlam o avi o Que pode ser um simples mal entendido na comunica o com a torre de controle 125 complexo de regulamentos normas procedimentos e politicas sob controle de pelo menos duas hierarquias de comando a sua propria companhia e a autoridade de controle de trafego a reo Juntem se a essas vari veis as quest es cotidianas de relacionamento com a tripula o comunica o com as torres de controle problemas de manuten o dos avi es escalas de trabalho e percebe se que o romantismo da profiss o de piloto comum no imagin rio dos leigos atualmente d luga
110. a profiss o de piloto Embora boas habilidades de controle da aeronave continuem sendo extremamente importantes a profici ncia de p s e maos n o suficiente para um piloto contempor neo A capacidade do piloto em tornar um avi o altamente computadorizado t o compreens vel e obediente quanto o seu primeiro e ainda bem lembrado avi o um outro requisito vital para para um v o seguro lucrativo e confort vel hoje em dia Risukhin 2001 p 33 grifos meus SEmbora um dos pilotos com quem conversei tenha me informado que os avi es podem ainda ser equipados com manches sob demanda para satisfazer aos clientes interessados em dar aos seus pilotos um ambiente mais parecido com os que j se encontram acostumados No original stick and rudder proficiency em alus o capacidade de controlar as superf cies m veis do avi o por meio dos pedais e do manche Sfirst and still well remembered airplane no original 129 Al m do aspecto econ mico do v o aqui expresso na palavra lucrativo o trecho acima chama a aten o pelo uso do termo obediente em refer ncia ao avi o A princ pio poderia parecer apenas mais um jarg o uma express o antropom rfica sem maior significado Mas ao contr rio ela altamente significativa Tradicionalmente como vimos as superf cies m veis do avi o atendiam diretamente ao controle dos pilotos Analogamente o controle de pot ncia dos motores era
111. adas com os movimentos dos controles manuais Risukhin 2001 p 42 Na outra via do respectivo la o cibern tico a for a exercida pelos controles sobre p s e m o dos pilotos s o criadas artificialmente pelo sistema uma vez que n o h liga o mec nica entre as superf cies m veis pedais e manches Grosso modo um sistema que remete aos freios ABS anti travamento dos autom veis cuja a o sobre as rodas n o diretamente controlada pelo motorista mas computada a partir da press o exercida no pedal juntamente com diversas vari veis adicionais curioso que nos novos avi es da Airbus o tradicional manche seja substitu do por um joystick semelhante aos utilizados pelos jogos de computador Esse apenas mais um detalhe que evidencia a progressiva virtualiza o da cabine de comando que vai se transformando em uma esp cie de filtro cognitivo entre o piloto e a realidade f sica da aeronave e do espa o no qual ela se movimenta Ou seja na mesma medida em que o desenvolvimento do hardware e do software proporciona simuladores de v o cada vez mais realistas a pilotagem real ao se afastar da intera o direta com o mundo f sico cada vez mais se aproxima da simula o Evidentemente essa tend ncia modifica bastante as compet ncias cr ticas do piloto ou mais precisamente reposiciona as compet ncias existentes e for a o desenvolvimento de outras novas Portanto A automa o transformou a pr pria ess ncia d
112. ado por computadores eletr nicos digitais Groover 2000 p 67 o que implica em maior versatilidade dos equipamentos maior flexibilidade para mudan a dos processos e maior velocidade para a realiza o dessas mudan as Antes para alterar a l gica de processamento dos dispositivos controladores era necess rio alterar manualmente os contatos el tricos e os ajustes dos potencidmetros e outros dispositivos em um processo dif cil e demorado Groover 2000 p 67 e al m disso propenso a erros Atualmente a reconfigura o dos m dulos de controle feita por meio de linguagens de programa o espec ficas sem interven o sobre o hardware Com isso os efeitos das modifica es podem ser simulados antes que estas sejam efetivamente realizadas o que diminui as possibilidades de erro Em palavras simples os elementos da automa o industrial podem ser assim descritos Em uma ind stria tem se uma pir mide com v rias camadas de tarefas e atividades A base primeira camada a de medi o das vari veis A segunda camada de controle autom tico destas vari veis Enquanto o 184 Importa notar que a difus o da automa o em larga escala s foi poss vel a partir da m quina a vapor e posteriormente dos motores a combust o interna que possibilitaram a aplica o de energia mec nica na manufatura independentemente da exist ncia de uma fonte de energia pr xima tal como um curso d gua Posteriormente o motor e
113. adores mais modernos entram em cena outras vari veis tais como o peso da cabine posi o de outros elevadores do mesmo conjunto al m do tempo de espera dos usu rios em cada andar O que se deseja com esse aumento da complexidade do dispositivo a redu o do consumo de energia el trica o aumento do conforto dos passageiros e a redu o dos custos com manuten o 2 E que s o uma das caracter sticas definidoras do modo de vida nas sociedades industrializadas Atualmente a prosperidade econ mica dos pa ses est intimamente ligada ao n vel de automa o das suas atividades econ micas embora nem todos os grupos sociais se beneficiem igualmente dos incrementos de riqueza da decorrentes 41 A auto regula o a capacidade de uma m quina ou sistema de controlar o seu pr prio funcionamento atrav s da retro alimenta o Quando ao funcionar a m quina ou sistema auto regulada altera os valores de determinadas vari veis essas altera es s o medidas comparadas com valores de refer ncia e conforme os resultados da compara o os par metros de funcionamento s o alterados a fim de que as vari veis medidas permane am dentro de uma faixa especificada Quanto mais numerosos e complexos s o os mecanismos que proporcionam a uma determinada m quina a propriedade de auto regula o maiores s o os desafios por ela representados nos aspectos de engenharia assim como nos de ergonomia e tamb m no campo epist
114. ados Experi ncias bem sucedidas para as empresas exceto em um particular ao tomarem contato com o seu pr prio potencial de auto gest o dentro de um novo modelo de lideran a os trabalhadores se conscientizam de que podem ir al m na demanda por maiores responsabilidades profissionais e por melhores condi es de vida o que entra em choque com as pol ticas empresarias tradicionais E na medida em que as experi ncias bem sucedidas de determinadas empresas se d o ao pre o da fal ncia e desemprego em outras n o se tem ainda o embri o de um sistema econ mico est vel a longo prazo 27 A tens o entre a demanda das empresas por trabalhadores cada vez mais consciente e conseq entes por um lado e por outro lado d ceis explora o n o pode permanecer para sempre Em algum momento a sofistica o intelectual necess ria para lidar com os modernos sistemas automatizados trar consigo as matrizes de uma nova mentalidade O que proponho que a educa o seja uma for a central para a defini o e sedimenta o de novas formas de organiza o do trabalho que maximizem o potencial da automa o como for a emancipadora Mais do que nunca a tecnologia em especial aquela que decorre da nossa heran a cibern tica um mundo de automa o imp e novos rumos educa o na busca primeiro por uma sociedade viva vi vel e depois por uma sociedade mais justa composta por pessoas mais felizes Em suma rumos qu
115. ais das quais devemos participar referem se justamente s rela es entre tecnologia trabalho e meio ambiente Mas dificilmente pode se esperar uma participa o esclarecida de pessoas acostumadas a repetir f rmulas prontas durante toda a vida e que passaram pela forma o escolar mantendo sempre com o conhecimento a mais superficial das rela es O ensino como pesquisa importante tamb m para fundamentar a forma o de profissionais competentes para lidar com a complexidade crescente dos sistemas cibern ticos compreendendo os nos seus princ pios l gicos e t cnicos Profissionais capazes de ir ao 2 Minha interpreta o da palavra trouble no contexto em que foi usada com sentido ligeiramente diferente do nosso problema 28Nesse sentido estarrecedor o despreparo epist mico e t cnico da maior parte dos pol ticos profissionais que a rigor nunca foram profissionais efetivos em nenhum campo da atividade produtiva seja material ou simb lica 173 mago dos problemas e mais de perceber os problemas nos ambientes de coopera o humano m quina antes que seus efeitos se tornem inevit veis justamente o oposto da acomoda o intelectual que muitas vezes como j vimos leva passividade e perplexidade diante das a es e rea es da m quina com efeito s vezes catastr ficos Por fim cabe observar que o ensino como pesquisa aqui proposto n o implica necessariamente em laborat rios sof
116. alizado n o pode haver compet ncia culturalmente descontextualizada Tal afirmativa encontra of Nuclear Weapons no qual se levanta a possibilidade de que a cultura de projeto de armamentos nucleares se perca devido s restri es na intera o das antigas e novas gera es dedicadas ao assunto inclusive por for a da proibi o dos testes de campo A id ias por tr s dessa tese a de que a compet ncia n o pode ser preservada simplesmente por meio do conhecimento codificado sob a forma escrita ou sob qualquer outro suporte midi tico Steve Jobs 1955 e Steve Wozniak 1950 fundaram em 1976 a Apple Computer marcando o in cio de um per odo de progresso acelerado na ind stria de microcomputadores 2culture free no original 101 respaldo em estudos empiricos que mostram o impacto dos fatores culturais sobre habilidades cognitivas de base e at mesmo sobre as bases neuronais sobre as quais se manifestam A esse respeito Tsunoda 1998 p 117 afirma que os exemplos de dominio de hemisf rio cerebral n o s o genericamente determinados mas s o formados pelo ambiente ling stico de idade entre 6 9 anos e que o ambiente lingilistico cessa sua influ ncia ap s os 9 anos de idade sobre o estabelecimento da lateralidade cerebral Afirmativas que v o ao encontro da nossa percep o de senso comum sobre como as crian as pequenas aprendem mais r pido e se adaptam mais facilmente a dife
117. alor cultural muito mais intenso do que anteriormente Pinto v 2 p 619 Da a necessidade urgente de formar pessoas para que trabalhem e prosperem nesse mundo de trabalho cultural intenso onde por um lado o tempo ocioso maior mas onde tamb m se ampliam as responsabilidades e as demandas intelectuais Um mundo onde espera se a cibern tica apare a como elemento de base para a satisfa o das necessidades materiais do ser humano e como coadjuvante na cria o de horizontes est ticos amplos em uma sociedade equ nime Ao proporcionar os meios para a cria o de aut matos cada vez mais sofisticados e a implanta o de sistemas automatizados em larga escala a cibern tica acelera inexoravelmente o ritmo das mudan as no mundo da produ o Isso n o significa por m que a emancipa o das pessoas seja tamb m autom tica com a transforma o para melhor da sociedade conforme o alerta de Weizenbaum mencionado na se o 1 1 do presente texto A converg ncia entre valores e prioridades humanas em projetos sociais relevantes ser sempre uma responsabilidade humana que n o pode ser delegada m quina O legado da cibern tica para o in cio do s culo XXI o de um mundo veloz com pessoas e organiza es concentrando poderes em uma escala in dita na hist ria da humanidade Mas tamb m um legado de transforma es institucionais inevit veis que geram instabilidade paralelamente a significativas oportunidades
118. amb m a nossa capacidade tamb m aparentemente ilimitada de criar e compreender met foras Em aproxima o com aquilo que chamamos de habilidades cognitivas de base Searle adota o termo Background de base que incluiria no m nimo todas aquelas capacidades de Background comuns a todos os seres humanos normais em virtude de sua constitui o biol gica capacidades tais como andar comer pegar perceber reconhecer 1995a p 199 Complementarmente a atitude pr intencional que leva em conta a solidez das coisas e a exist ncia independente de objetos e de outras pessoas seria pr pria do Background local entendido como as pr ticas culturais locais que incluiriam coisas tais como abrir portas beber cerveja em garrafa e a atitude pr intencional que assumimos em rela o a coisas como carros geladeiras dinheiro e reuni es sociais 1995a p 199 Da associa o desses dois aspectos do Background nascem as condi es para o aparecimento dos estados intencionais que incluem os desejos o mpeto as inten es e a delibera o nesse ponto que o terreno para o desenvolvimento das compet ncias come a a se delinear porque n o poss vel pensar qualquer compet ncia que se desenvolva ou que se concretize em ato por outra via que n o seja a de uma atitude deliberada direcionada e por conseguinte intencional A prop sito Rey 2002 p 36 afirma que se n o h uma compet ncia sem objetivo s
119. amb m foi muito bem vinda Ele me alertou para o fato de que a express o fly by wire que constava do t tulo proposto para a tese estava deslocada pois n o tinha centralidade no texto da qualifica o A partir desse alerta ficou claro para mim que eu de fato desejava explorar horizontes mais largos do que a pilotagem de avi es e aprofundar a discuss o te rica de certas id ias ainda que em detrimento da profundidade na discuss o da automa o aeron utica propriamente dita Ent o a estrutura da tese modificou se bastante tornando se mais abrangente e passando a incluir al m da pilotagem de avi es a quest o da automa o industrial Claro que nem a minha inabilidade no trato das quest es pol ticas nem as indisfar veis insufici ncias de uma tese demasiadamente horizontal s o de responsabilidade dos professores Apenas deixo registrado o meu reconhecimento por sua contribui o que me aproximou muito mais do trabalho que eu realmente gostaria fazer Ao fim dessas notas metodol gicas creio ser adequado comparar o presente texto a um mosaico constru do na esperan a de proporcionar ao leitor um quadro razoavelmente coerente de uma rea de investiga o com m ltiplas intercess es Nele est o registrados os meus esfor os de trazer luz e combinar conceitos oriundos de v rias disciplinas visando contribuir de forma relevante para as reflex es sobre a educa o em um mundo cada vez mais automatizado Como t
120. amentalmente o computador moderno eletr nico digital fruto de um prolongado desenvolvimento hist rico uma m quina abstrata de prop sito geral Ten rio 1991 Davis 2000 que assume incont veis encarna es ou seja materializa se como produto sob diversas formas a depender das fun es a que destinado 16 O advento da revolu o computacional e o inicio da era dos computadores t m sido anunciados v rias vezes Mas se o triunfo de uma revolu o deve ser medido em termos da profundidade das revis es que ela gera em torno das quest es sociais ent o n o houve revolu o computacional O computador eletr nico digital n o o nico tipo de computador existente mas na pr tica tornou se hegem nico como suporte para a automa o de m quinas e sistemas no decorrer das ltimas quatro d cadas Sendo uma m quina de programa armazenado o computador eletr nico digital economicamente eficaz por v rios motivos 1 Um nico dispositivo padronizado de hardware digamos um certo microprocessador serve de suporte a uma infinidade de diferentes programas Com isso al m de uma evidente versatilidade obt m se uma grande vantagem em termos de economia de escala pois milh es de componentes de mesmo modelo equipam m quinas que ser o usadas com as mais diversas fun es 2 Dispositivos de hardware mais avan ados podem ser fabricados de modo a manter compatibilidade com o software existente por m roda
121. ana invadidos pela automa o ao nos 24 tornarmos cada vez mais dependentes dos sistemas de automa o at que ponto seremos obrigados a abdicar das nossas percep es e ju zos em favor dos caminhos determinados pela m quina E por outro lado at que ponto esses caminhos s o confi veis Na pilotagem de avi es em especial na medida em que os sistemas automatizados assumem a navega o propriamente dita o papel do piloto se desloca de navegador para gerente de sistemas Paradoxalmente por m nas situa es de emerg ncia o piloto geralmente tem que demonstrar uma per cia que lhe vedado exercitar nas situa es de rotina Por essa raz o os pilotos s o obrigados a reciclagens peri dicas em simuladores de v o para em ltima an lise serem capazes de suprir as limita es dos sistemas autom ticos quando necess rio De fato n o s na avia o como em muitos outros dom nios repete se um intrigante padr o por um lado tornamo nos rotineiramente dependentes da automa o seja por raz es de seguran a economia ou conforto por outro lado n o podemos confiar aos sistemas autom ticos o controle pleno de situa es excepcionais Ser ent o que em variados dom nios de compet ncias o ser humano estaria destinado a se tornar uma esp cie de backup ou sistema sobressalente da m quina A import ncia dessas quest es evidencia se na seguinte passagem do pref cio de um livro destinado a pilotos profis
122. anca que se movia de acordo com a posi o de duas hastes rotativas cada qual com um pequeno peso na extremidade Figura 1 Regulador de Watt Fonte Wikipedia 2006 46 As hastes eram montadas sobre um eixo cuja velocidade de rota o era proporcional velocidade da m quina a ser controlada Assim quando a velocidade de rota o da m quina aumentava a for a centrifuga fazia com que as hastes se aproximassem da horizontal movendo a alavanca que fechava a v lvula deixando passar menos vapor para alimentar o pist o e conseqtientemente reduzindo a velocidade do motor Com a velocidade reduzida a for a centrifuga diminuia as hastes desciam a v lvula se abria mais deixando passar mais vapor o que novamente aumentava a velocidade do motor Gra as a esse mecanismo engenhoso uma vez ajustado a velocidade de rota o mantinha se dentro dos n veis desejados Com isso permitia se um melhor aproveitamento da m o de obra e a opera o est vel das m quinas dentro dos seus limites mec nicos Um sistema automatizado moderno geralmente se caracteriza pela exist ncia de diversos processos de auto regula o cada qual contemplando de forma mais elaborada do que no passado os elementos presentes no regulador de Watt e em seus antecessores Fundamentalmente esses elementos s o os sensores os atuadores os la os de controle e as vias de comunica o operando em conjunto de modo a atingir um determinado prop sito Os
123. andos meus graduandos em Ci ncia da Computa o est o finalizando um trabalho em que simulamos o desempenho de diferentes sistemas de elevadores em um pr dio residencial um sistema autom tico por m burro e outro inteligente baseado em uma t cnica conhecida como l gica nebulosa ou difusa fuzzy logic 2 Quest es que podem ser estendidas a outros aspectos da automa o predial tais como o controle computadorizado dos condicionadores de ar centrais 178 sequer garante a integra o do egresso no mundo do trabalho Sendo assim a falta de compromisso dos estudantes com a escola de que n s professores tanto nos queixamos tem as suas raz es pr ticas At certo ponto n o sem sentido pensar que se o aluno n o enxerga perspectiva naquilo que a escola lhe proporciona ele manda o sistema e a escola merda para tentar outros caminhos Gorz 1996 p 246 Devemos pois responder ao desafio de ajudar os estudantes a sentirem que a escola em todos os n veis uma componente importante do seu futuro e tamb m do seu presente apesar da conjuntura desfavor vel em termos de empregabilidade Podemos mostrar lhes por exemplo que ao debater as formas atuais e as formas poss veis de organiza o social os usos correntes e os usos sonhados da tecnologia a escola pode ajudar a construir dias melhores Dessa forma trazer escola um esp rito emancipador que ser tamb m um esp rito empreendedor
124. antigo daqueles que requerem um ascensorista para atender s chamadas um aut mato primitivo que tem a capacidade de parar sem incidentes quando chega no ltimo e no primeiro andar independente dos comandos recebidos A auto regula o pode ser implementada de in meras formas Atualmente ela normalmente associada computa o eletr nica digital mas essa n o em absoluto uma associa o necess ria nem tampouco suficiente Em tese um sistema computadorizado pode n o ser auto regul vel e executar sempre a mesma sequ ncia de opera es embora na pr tica isso dificilmente ocorra Historicamente os sistemas auto regulados t m sido implementados por meios mec nicos eletr nicos anal gicos ou digitais eletromec nicos pneum ticos e hidr ulicos justamente na relativa independ ncia entre tecnologia e fun o que se encontra o nexo entre automa o e cibern tica Cada aut mato substantivo pertinente apesar de demod incorpora e manifesta a automa o at um certo n vel Podemos dizer que o grau de complexidade do aut mato proporcional ao n mero de est mulos internos e externos aos quais ele responde e diversidade de formas por meio das quais responde a esses est mulos Cabe lembrar contudo que nem toda m quina que responde a est mulos externos um aut mato Assim por exemplo um carro comum tem n vel de automa o zero no que diz respeito dire o porque embora responda
125. apazes de integrar os conhecimentos adquiridos e materializ los sob a forma de a es coerentes e conseqiientes Na sua maioria n o possuem as condi es para articular saber t cnico teoria e bom senso tanto nos atos profissionais como na participa o cidad Poder amos mesmo nos arriscar dizendo que as pessoas mais competentes da nossa sociedade o s o em parte devido educa o escolar e em parte a despeito dela Ou nas palavras de Lins e Gimenez 1997 p 16 o especialista aquele que sobreviveu independente do m todo que foi usado na sua forma o A compartimenta o dos saberes n o come a na universidade onde apenas se consolida um processo que ocorre a partir da escola prim ria e se intensifica sobremaneira na medida em que o estudante avan a nas s ries do ensino fundamental e depois do ensino m dio A esse respeito Boulding 1990 p 83 afirma que a educa o tem privilegiado o pensamento dedutivo axiom tico e sequencial em detrimento de outras formas de apreender a realidade provocando certa rigidez do pensamento e vedando certos tipos de jogos mentais Em outras palavras um sistema educacional que s enfatiza a epist me prejudica na raiz o desenvolvimento intelectual das pessoas Mas a situa o geral do ensino ainda pior pois nem sequer a epist me tratada condignamente na escola Se os alunos engrolam as f rmulas como papagaios porque as aprenderam fora
126. apidly reshapes society On the other hand it opens unprecedented opportunities for human emancipation Until now automation has served mainly the concentration and abuse of economic and political power It has also been a cause of unemployment and deskilling of workers Because of its pivotal role in the mass production of goods automation has contributed to consumerism and the alienation that follows it The unleashing of automated systems revolutionary potential aiming at a state of social well being requires the repositioning of human competences currently challenged by daily technological advances which materialize into increasingly complex and autonomous devices and systems Drawing on the study of automation in industrial plants and in aircraft this work intends to shed some new light on the educational challenges to be met in promoting a more meaningful sensible and responsible cooperation between people and automatons Based on Vieira Pinto s vision of technology as an emancipating tool and on Paulo Freire s vision of education as emancipation it is purposed that new educational practices are needed in order to form people able to understand design and operate increasingly effective cybernetic devices to humankind s advantage Although human beings cooperate with automatons both in theoretical and in practical matters only humans are beings of pr xis and as such intentional social and committed to one another It is suggest
127. ara o funcionamento da televis o lavadora de roupa computador e a lista poderia prosseguir indefinidamente 55 preciso ter em mente que n o h como produzir quantidades expressivas de energia sem alguma interven o ambiental tamb m expressiva embora n o necessariamente nociva 61 dos mineiros do que fazer os investimentos de capital necess rios para um n vel de automa o muito elevado paradoxal que certos sindicatos e os pol ticos que vivem s custas deles trabalhem para que os homens tenham o direito de continuar expondo a vida e degenerando a sa de em po os imundos e calorentos a centenas de metros de profundidade quando de boa consci ncia deveriam lutar para que esses mesmos homens se libertassem por meio da automa o O excedente de sa de de tempo e de produ o assim gerados poderiam ent o ser usados para que os trabalhadores se desenvolvessem socialmente intelectualmente e artisticamente conquistando o direito de lapidar e exprimir o seu potencial criativo por meio do trabalho significativo 2 5 A mis ria da automa o Assim como tem ocorrido com todas as tecnologias no decorrer da hist ria a automa o tem sido usada deliberadamente para provocar medo sofrimento destrui o e morte Basta lembrar que uma das primeiras aplica es dos computadores eletr nicos digitais foi o c lculo de trajet rias bal sticas para melhorar a pontaria dos canh es durante a II Guerra Mundial
128. arece indicar que ela sempre existiu diferentemente do que se imaginava o trabalhador sempre foi um ser competente Tomasi 2004 p 13 Independentemente dos embates ideol gicos que protagoniza a palavra compet ncia assume m ltiplos significados de modo que seu uso com fins argumentativos como ocorre no presente texto requer um certo esfor o elucidativo Contudo n o podemos ter a pretens o de esgotar os sentidos poss veis do termo delimitando o seu campo sem ntico com total precis o Podemos sim tentar estabelecer um espa o de significados coerente e fecundo Nesses termos vamos ao encontro da observa o de Dolz e Ollagnier 2004 p 17 certos pesquisadores acham dificil definir a compet ncia todavia justificam a ado o do conceito a partir de uma perspectiva argumentativa que consiste em estabelecer o interesse heur stico e praxeol gico da no o ainda que por vezes ela assuma car ter metaf rico Tendo em mente que um conceito um construto provis rio seu valor um valor de uso que medido por sua fecundidade te rica e n o por sua verdade absoluta Perrenoud 2004 p 48 grifo no original eu me deterei sobre o conceito de compet ncia naquilo que ele pode nos revelar sobre a coopera o humano m quina e sobre os desafios educacionais da 173 decorrentes Nesses termos Rey 2002 cap 1 nos proporciona um bom ponto de partida ao desenvolver os conceitos de compet nc
129. arecimento de De fato um dos maiores enxadristas de todos os tempos o nico que tem um escore positivo no conjunto das partidas jogadas contra Garry Kasparov antes que este se retirasse das competi es oficiais aos 42 anos de idade e foi o nico a derrot lo em um match pela disputa do campeonato mundial 107 novos m todos e t cnicas que os grandes jogadores devem for osamente dominar Se n o dominam s o superados pelos mais jovens nas competi es Logo o n vel de compet ncia que atribuiremos ao mesmo Kramnik daqui a alguns anos depender at certo ponto de sua vontade e de sua capacidade de se manter em dia com os progressos do jogo arte Sob uma outra perspectiva por m nunca poderemos consider lo incompetente Primeiramente porque em sentido hist rico a compet ncia adquirida nunca perdida ela permanece vinculada ao ser como conquista inalien vel O grande enxadrista de qualquer poca ser sempre lembrado por suas contribui es ao desenvolvimento do jogo tal como acontece com grandes cientistas grandes engenheiros etc Al m disso mesmo a n vel estritamente pessoal os grandes jogadores conservam sua intui o e sua compreens o das sutilezas do xadrez at uma idade bastante avan ada Para alguns como Victor Korchnoi isso se traduz em sucessos competitivos importantes mesmo durante a oitava d cada de vida Por fim mesmo quando a energia f sica j n o suficiente par
130. arte integrante da ci ncia e da tecnologia Mas ainda que consider ssemos apenas a quest o cognitiva ter amos que descartar o modelo algor tmico dada a sua insufici ncia Esse ponto pode ser ilustrado pela an lise de um exerc cio retirado de um livro texto cl ssico da f sica Um avi o a jato de alta performance praticando manobras de desvio de radares encontra se em v o horizontal 35 m acima do n vel do solo plano De repente o avi o encontra um terreno que se eleva suavemente taxa de 4 3 muito dif cil de perceber Quanto tempo o piloto tem para fazer a corre o de modo a evitar que o avi o colida como solo A velocidade do avi o de 1 300 km h Halliday Resnik and Walker 1993 p 36 Pois bem suponhamos que o que se espera do estudante o c lculo da dist ncia da posi o presente do avi o at o ponto em que o terreno inclinado atinge 35m de altura e depois o c lculo do tempo necess rio para o avi o chegar a esse ponto Com um pouco de trigonometria e duas ou tr s opera es aritm ticas chegamos ao resultado de 1 3s Contudo esse um racioc nio imperfeito em v rios aspectos Primeiro 1 3s seria o instante de impacto em que o piloto j n o poderia mudar o curso do aparelho Depois a uma tal velocidade o tempo necess rio para corrigir o curso altamente dependente do modelo do avi o sua manobrabilidade e sua carga incluindo o combust vel restante que obviamente s o detalhes que os a
131. as computadorizados falharem Os computadores s o absolutamente necess rios at mesmo para manter o avi o em equil brio atrav s de altera es cont nuas nas superf cies aerodin micas por meio de servomecanismos apropriados Pode se argumentar que tal decis o de projeto fruto das demandas da atividade militar e que portanto seremos sempre mais conservadores no que diz respeito avia o civil Por m cabe lembrar que praticamente todos os aprimoramentos dos avi es civis foram antes testados nos avi es militares a tecnologia que hoje um fator de desempenho excepcional no campo da guerra amanh pode ser um fator de desempenho trivial no campo da produ o A hist ria da t cnica ali s mostra que nos dispomos na verdade acostumamo nos a nos tornar dependentes de dispositivos tecnol gicos cada vez menos palp veis e mais complexos na medida em que eles se demonstram mais confi veis Jacomy 2004 Outro aspecto da mis ria da automa o a sua crescente complexidade que torna os sistemas cada vez mais imprevis veis de modo que em muitos casos o seu funcionamento Soverride the computer no original 64 diverge do esperado A fim de minimizar esse inconveniente os sistemas automatizados sao testados e ajustados em condi es de laborat rio antes da sua implanta o no mundo real Quanto mais cr tico o sistema em termos econ micos e em termos das suas conseqii ncias potenciais pa
132. as d cadas a pot ncias exploradora primeiro do seu pr prio povo nas regi es remotas do Pa s e paralelamente nos pa ses africanos onde j est investindo com for a 37 Jm fen meno que se observa inclusive na rea rural onde a quantidade de m o de obra requerida para a produ o tem declinado consistentemente bem verdade que a manuten o de regimes de produ o rural semi artesanais essencial em reas espec ficas como a produ o de queijos e vinhos e flores Mas justamente nessas atividades cada vez manos se pode acolher o trabalho de pessoas com escolaridade deficiente tendo em vista a complexidade t cnica dos processos que atualmente se alia ao saber tradicional 181 humano continuado cooperativo em um mundo onde a parcela da popula o ocupada com a produ o material tende a decrescer inexoravelmente 182 7 Conclusao Os sistemas cibern ticos t m passado por um desenvolvimento notavel desde a d cada de 1970 a partir da integra o em larga escala dos componentes eletr nicos e da produ o em massa dos microprocessadores Contudo as limita es desses sistemas ainda s o evidentes inclusive em campos de atua o bastante prosaicos Ainda n o existe por exemplo prot tipo vi vel de rob capaz de auxiliar um cego nas suas atividades cotidianas Entretanto os c es t m h muito se desincumbido dessa tarefa com excelentes resultados e os pequeninos p neis tamb m t m sido treinados
133. as descabidas chuta no nosso gol que o goleiro est distra do O significado mais prov vel ser compreendido em contexto n o s do instante em que a senten a proferida Biologicamente o sistema nervoso humano se destaca em rela o ao dos outros animais devido ao seu maior ndice de encefaliza o ou seja a raz o entre a massa cerebral e a massa corp rea que nos humanos sensivelmente maior do que em qualquer outra esp cie Fonseca 1998 Sagan 1983 Embora dentro da esp cie humana a varia o de alguns pontos percentuais nesse ndice seja irrelevante sua varia o entre as esp cies relaciona se de forma consistente com a variabilidade comportamental e com as habilidades cognitivas da esp cie Contudo n o sabemos ainda de que forma essa caracter stica peculiar contribui para a capacidade humana de entender o mundo de forma intencional Iniciando por mai scula e em ingl s conforme conven es adotadas respectivamente por Searle e por seus tradutores 87 mas em rela o a todo um conjunto de pr ticas sociais subjacentes aqui representadas no jogo de futebol Com exemplos an logos a esse que criei Searle quer mostrar que mesmo em rela o a senten as muito simples o n mero de interpreta es err neas estritamente ilimitado 1994 p 180 E n o apenas a nossa capacidade de interpretar o significado literal das senten as que mostra a import ncia do Background mas t
134. as importantes para a educa o em um mundo de automa o porque uma das distor es da nossa heran a cibern tica agravada com o fetiche do computador a cren a de que podemos arranjar solu es tecnol gicas para os problemas humanos quando na verdade precisamos de solu es humanas mediadas pela tecnologia Ent o precisa ficar claro para os educandos que n o podemos esperar que m quinas inteligentes sa das de algum filme de fic o cient fica venham resolver os nossos problemas Tamb m preciso ficar claro que por maior que seja a intelig ncia aparente da m quina ela fruto de uma certa concep es de t cnicas e de escolhas dos seus construtores e patrocinadores Ou seja por tr s de toda m quina por mais aut noma existem pessoas Portanto a cren a na possibilidade do conhecimento dissociado dos sujeitos cognoscentes perniciosa de por duas raz es primeira porque enganosa levando a expectativas ing nuas em termos do que as m quinas podem fazer Segunda porque alienante levando acomoda o diante de situa es indesej veis aparentemente criadas pelas m quinas mas cuja origem humana em ltima an lise O fasc nio pela m quina assim como a cren a ing nua em suas possibilidades tem ra zes profundas Segundo Dreyfus e Dreyfus 1986 p 132 a partir do momento em que os gregos inventaram a geometria a id ia de que toda a expertise humana poderia ser reduzida a algum ti
135. as nos dois lados do Pac fico mas n o se pode deixar de assinalar essa distin o que ainda que menos relevantes do que a m dia induz a pensar deve ter algo a nos dizer sobre como as compet ncias t citas de uma cultura podem influenciar o seu desenvolvimento cient fico e tecnol gico Os pesquisadores japoneses na rea de rob tica tendem a atribuir uma import ncia especial na capacidade de intera o dos seus rob s com os seres humanos Cultural artifacts no original 10 developmental pathways no original 105 ambiente prop cio ao desenvolvimento das compet ncias de base necess rias para o seu uso produtivo assim como as demais compet ncias necess rias para a cr tica e para a transforma o dos artefatos vigentes Nesse sentido o efeito dos artefatos culturais sobre o desenvolvimento das compet ncias funciona como um processo de retroalimenta o positiva onde os indiv duos mais capacitados para lidar com os artefatos em evid ncia t m maiores chances de ascender aos postos hier rquicos a partir dos quais se concebem os artefatos da pr xima gera o que com isso tendem a se constituir em aprimoramentos tecnol gicos seus antecessores sem contudo estabelecer novos paradigmas Por isso n o chega a surpreender que o computador pessoal de hoje seja essencialmente o mesmo de h vinte anos quando come aram a se popularizar os ambientes operacionais baseados em janelas Se os desafios
136. atos inexoravelmente Al m disso os grupos econ micos transnacionais s o cada vez mais independentes dos Estados e ao maximizar seus lucros propagam por todo o mundo as a es combinadas de opress o e coopta o por meios tecnol gicos aprofundando e ampliando as tens es de classe e entre as na es Claramente parte da quest o est em preparar as pessoas para que se integrem s profiss es de alta tecnologia para as quais existem vagas em oposi o quelas profiss es que desaparecem ou cujos quadros encolhem com a chegada da automa o Mas atribuir educa o essa fun o de treinar m o de obra muito pouco n o s por raz es ticas e mesmo est ticas mas tamb m por raz es pr ticas Da mesma forma pouco atribuir educa o uma fun o adestradora de emo es de modo que as pessoas sejam capazes de produzir em situa es de sobrecarga intelectual e org nica provocadas n o pela automa o propriamente dita mas pelo seu uso como instrumento na busca do lucro sem limites e sem finalidade social Diante do equil brio fr gil da economia mundial claro que a combina o explosiva entre poder tecnol gico descaso ecol gico opress o e exclus o social tem os seus limites Gorz 1996 p 231 235 analisa algumas experi ncias j antigas de se estabelecer nas f bricas um modelos de organiza o visando ao trabalho mais compensador para o empregado em ambientes democr ticos e pouco hierarquiz
137. automa o ci ncias cognitivas intelig ncia artificial rob tica mecatr nica psicologia cognitiva e controle de processos s o em diferentes sentidos express es que herdam da cibern tica algo do seu significado original A automa o na forma abrangente como se apresenta hoje em dia incorpora um pouco das 2 O que n o significa dizer que a cibern tica ou mais precisamente os ciberneticistas n o se preocupem com os aspectos ticos est ticos e pol ticos da automa o e de outras formas de controle social psicol gico Norbert Wiener por exemplo cujo cl ssico Cybernetics publicado em 1948 considerado como livro fundador foi um cientista extrememente atento s quest es do seu tempo e muito preocupado com o mau uso das descobertas cient ficas 44 descobertas e dos instrumentos de todas essas areas que lhe s o afins pelo parentesco comum com a cibern tica 2 2 Automa o e tecnologia A automa o hoje em dia baseia se em um amplo e bem estabelecido corpo te rico desenvolvido ao longo de aproximadamente seis d cadas ou seja desde a Segunda Guerra Mundial Al m disso constru o dos aut matos e sua coordena o em sistemas automatizados requer ainda a integra o de um grande n mero de dispositivos eletr nicos mec nicos e eletromec nicos que tamb m t m evolu do sensivelmente ao longo dos anos Nas ltimas tr s d cadas o software tem desempenhado um papel cada vez mais c
138. automa o provoca a dispensa de uma parte significativa da for a de trabalho mas por outro lado tende a proporcionar aos trabalhadores que ficam melhores condi es de higiene e conforto 2 A atividade sindical se enfraquece s vezes pelo medo do desemprego mas sobretudo porque o n mero de trabalhadores sindicalizados diminui 3 Os t cnicos que det m o know how de programa o e manuten o das m quinas cibern ticas s o relativamente bem remunerados e frequentemente enquadrados sob o r tulo dos cargos de confian a gozando de um status social acima da m dia Por isso em geral tornam se mais d ceis s demandas do sistema Por m com o constante aprimoramento dos sistemas de automa o mesmo a posi o dos trabalhadores do mercado prim rio se torna delicada porque as m quinas incorporam cada vez mais know how e se tornam mais f ceis de programar em alguns casos chegando a dispensar conhecimentos especializados Al m disso as m quinas capazes de aprender contribuir o ainda mais para reduzir o n mero de trabalhadores necess rios para assisti las na medida em que se inserirem rotineiramente no sistema produtivo As empresas por sua vez enfrentam o dilema ainda n o resolvido entre manter um quadro de profissionais altamente qualificados para planejar projetar construir ou integrar os seus sistemas ou confiar prioritariamente nos pacotes tecnol gicos mais fechados sob controle dos seus fornecedores
139. automatizados tais como avi es e plantas industriais Um sistema que consome energia demais ou que converte mal a energia consumida torna se economicamente ou politicamente invi vel em fun o das preocupa es de ordem financeira e ambiental Cabe ressaltar que com o passar do tempo os padr es para avalia o da efici ncia energ tica dos sistemas assim como das m quinas em geral tornam se cada vez mais rigorosos 141 de corte por exemplo e outras formas de radia o esteriliza o de alimentos s o tamb m utilizadas Na avia o a energia t rmica dos combust veis transformada em energia mec nica pelos motores de modo que a aeronave ven a a in rcia o atrito com o ar e ganhe for a suficiente para a sustenta o acima do solo durante a viagem Tanto na ind stria como na aeron utica os sistemas de automa o baseados em computadores eletr nicos digitais trabalham diretamente com a energia el trica exceto algumas linhas de transmiss o de dados baseadas em fibras pticas que utilizam energia luminosa que uma transforma o da eletricidade H tr s d cadas os dispositivos de controle pneum ticos ainda eram comuns na ind stria mas hoje em dia eles praticamente desapareceram devido aos progressos da microeletr nica Nos sistemas de automa o primitivos o programa de instru es era incorporado no hardware temporizadores rel s etc Atualmente o controle feito por software execut
140. c ficas desenvolvem se sobre o arcabou o de capacidades cognitivas prim rias e sobre ao menos uma forma de compet ncia geradora portanto gen rica que a fala Vimos tamb m que a capacidade humana peculiar de entender o mundo por uma perspectiva intencional e causal nos torna aptos aos processo de intera o cultural que realimentam o desenvolvimento cognitivo e por conseguinte viabilizam a sedimenta o das compet ncias Falto nos contudo um quadro unificador para a compreens o dos fundamentos desses processos Tal lacuna nos remete ao trabalho de Searle 1994 1995a 1995b 1997 2000 sobre a intencionalidade Lauand 2006 apresenta um interessante estudo comparativo de tradu es brasileiras de uma hist ria do Tio Patinhas entre os anos de 1958 e 2004 mostrando entre outras coisas como o vocabul rio tem se tornado mais limitado as estruturas gramaticais mais simples e o l xico mais servil aos originais em ingl s 85 Poder amos dizer a t tulo de formula o preliminar que Intencionalidade aquela propriedade de muitos estados e eventos mentais pela qual estes s o dirigidos para ou acerca de objetos e estados de coisas do mundo Searle 1995 p 1 Desde logo cabe alertar que o termo intencionalidade nesse sentido n o se refere necessariamente a um estado mental que se manifesta como inten o objetivo de fazer alguma coisa De fato um objetivo assim como um querer fazer algo
141. c nio das coisas pr ticas da vida e portanto n o pass vel de abstra o nos moldes requeridos para a incorpora o em uma m quina 21De fato o jogo de xadrez se presta bem melhor met fora da sala chinesa de Searle 2000 do que o problema da tradu o de idiomas originalmente usado pelo autor 22H argumentos contr rios que colocam o computador em posi o de destaque no processo gnoseol gico Humphreys 2004 p 8 por exemplo afirma que com a crescente import ncia da m quina para os processos de an lise e coleta de dados na pesquisa emp rica tem se observado um deslocamento da nfase da atividade cient fica para longe dos seres humanos No meu entender uma perspectiva t o ing nua quanto reacion ria 280 contraste entre processamento sint tico e conte do sem ntico um dos argumentos recorrentes em Searle 2000 1980 1994 1995a 1997 De acordo com a farta argumenta o de Dreyfus e Dreyfus 1986 Collins 1992a Dreyfus 1992 e Collins e Kusch 1999 as m quinas n o s o capazes de incorporar a totalidade dos conhecimentos humanos e nem tampouco de atualizar em contexto os conhecimentos que incorporam sob forma codificada 155 preciso combater o mito e o discurso sedutor da intelig ncia artificial pelo menos enquanto com essa express o pretenda se significar a possibilidade de substituir a intelig ncia humana pela m quina Esse ponto tem consequ nci
142. cados para as tarefas de concep o projeto e gest o da produ o outros mais numerosos e com qualifica es restritas para as tarefas de supervis o e controle outros ainda mais numerosos com qualifica es m nimas para as tarefas de opera o do maquin rio e execu o de trabalhos bra ais n o automatizados Tornado obsoleto o modelo anterior abre se espa o para outro o de uma escola ainda compuls ria inicialmente circunscrita atendendo ao desenvolvimento do potencial afetivo e cognitivo da crian a e do jovem e em fases posteriores da vida 180 disseminada no tempo e no espa o uma escola em interc mbio permanente com o mundo do trabalho ou melhor constituindo se ela pr pria parte desse mundo e vice versa Diferentemente da escola do passado a escola do futuro ter in cio mas n o ter fim previsto ter curr culo mas n o ter grades curriculares ter avalia es mas n o ter exclus o planejada Tudo isso por for a de uma din mica social que sob o ritmo da evolu o tecnol gica n o admitir o imobilismo pol tico e gnoseol gico da escola atual Na medida em que a automa o reduz o espa o para o trabalho n o especializado a maioria dos egressos do modelo atual de escola vai gradativamente sendo posta margem do processo produtivo e aumenta a press o para que uma fra o maior da sociedade tenha acesso aos n veis mais elevados de escolaridade Nos pa ses economicamente desenvolvidos
143. caminho inexor vel rumo um reino de m quinas aut nomas ou quase aut nomas operadas por pessoas desqualificadas que a elas se submetem passivamente Ao contr rio permite antever novas formas de organiza o do trabalho protagonizadas por pessoas competentes o bastante para se relacionarem entre si em coopera o com sistemas cada vez mais complexos seguindo a l gica de um distanciamento cada vez maior em rela o ao trato bruto com os corpos e as for as naturais interpondo entre ele e o mundo objetos fabricados para lhe ampliarem a capacidade de percep o e interven o Pinto 2004 v 1 p 104 No mundo automatizado portanto um dos elementos da pr xis o conjunto das compet ncias requeridas para projetar construir operar e manter os aut matos em funcionamento compet ncias essas que se desenvolvem coletivamente sempre no seio de um determinado thos A forma o de um t cnico ou cientista competente um processo que s se integraliza em um contexto cultural que envolve dois aspectos cr ticos 1 uma coletividade ou comunidade que compartilha o interesse por um determinado assunto e 2 Tal como a interpreto essa afirma o de Vieira Pinto n o exprime a nega o das atividades humanas mais diretamente ligadas aos elementos da natureza tais como as formas artesanais de produ o nem o desprezo pelos espa os ecol gicos Ocorre que os aut matos ao aumentarem a efici ncia da produ o em la
144. cia s o explorados sob diversos ngulos Na se o 2 1 s o explicados os princ pios e conceitos da cibern tica e da automa o Embora n o exista um conceito nico de automa o uma defini o estabelecida a partir da converg ncia de diferentes perspectivas de acordo com o campo de an lise do presente trabalho A se o 2 2 analisa a o desenvolvimento da automa o condicionado pela tecnologia dispon vel em cada tempo e tamb m pelo aprimoramento do ferramental te rico pertinente As componentes de hardware e software presentes nos sistemas automatizados s o discutas de forma breve Por fim discutem se as raz es para a hegemonia do computador eletr nico digital como dispositivo de controle nos sistemas de automa o 35 A se o 2 3 elucida os conceitos de cibern tica e de automa o por uma perspectiva hist rico cr tica O momento hist rico em que a cibern tica surge analisado nas suas componentes sociais econ micas ideol gicas e tecnol gicas A passagem da escravid o m o de obra assalariada e a substitui o dessa pelas m quinas em especial as m quinas cibern ticas s o explicados como partes de um mesmo processo de aperfei oamento dos modos de produ o capitalista A se o 2 4 explica as causas da ampla difus o da automa o tomando como ponto de partida a efic cia dos processos produtivos em sentido amplo Os benef cios realizados ou potenciais da automa o s o discutidos a
145. cimento 7Estritamente conhecimento te rico do que logicamente necess rio das coisas demonstr veis No sentido aqui adotado epist me denota o conhecimento te rico abstrato represent vel por meios de signos lingu sticos A ci ncia moderna se assenta sobre a epist me embora seus procedimentos experimentais e anal ticos se apresentem como t khne 128 Flyvbjerg 2001 quem chama a aten o para esse ponto 111 com vistas ao bem do ser humano que se manifesta predominantemente em rela o aos particulares ou seja tendo em vista a harmoniza o das condi es contingentes da exist ncia humana no rumo dos fins almejados Portanto a pessoa dotada de sabedoria pr tica tem o conhecimento sobre como se comportar em cada situa o particular que jamais pode ser comparado ou reduzido ao conhecimento de verdades gerais Flyvbjerg 2001 p 57 Em outras palavras a t khne implica em t cnicas de aplica o at certo ponto geral heur sticas m todos que se traduzem em um certo saber fazer A phr nesis por outro lado reflete uma certa matura o do car ter um certo tato para lidar com o as circunst ncias sempre cambiantes da vida social Ou seja a phr nesis deveria orientar os conhecimentos t cnicos e cient ficos para a sua atualiza o em contexto A phr nesis portanto totalmente dependente da experi ncia e a esse respeito Arist teles chega mesmo a afirmar que as pessoas dotadas de ex
146. cional da inclus o digital ver Amorim 2004 13Outro daqueles termos de conota o degradante e autorit ria pr prios da ret rica globaritalista 4 developmental goals no original SA ltima se o do presente cap tulo discute o efeito potencial da automa o sobre a eros o das compet ncias Para uma discuss o cr tica mais espec fica sobre os abusos dos computadores na escola ver Armstrong e Casement 2001 Stoll 2000 e Setzer 2001 106 desenvolveu nos paises ocidentais a partir da d cada de 1920 e que hoje se materializa como calamidade psicol gica ambiental e sanit ria sob o benepl cito das classes dominantes e a indiferen a da popula o Enquanto se fala tanto em educa o para o tr nsito inclusive nas escolas nada se diz sobre a educa o para pensar um novo tr nsito radicalmente diferente do atual Logo ao analisar a tecnologia em sua rela o com as compet ncias devemos faz lo a partir de um olhar cr tico n o de rejei o tecnologia o que seria impr prio mas de vigil ncia em rela o aos seus usos e modalidades S assim poss vel conceber uma id ia fecunda de um ser competente livre dos limites ideol gicos colocados pelas tecnologias tais como se apresentam hoje e portanto vocacionado para transform las 4 3 T khne epist me e phr nesis Minha caracteriza o do ser competente n o se pretende exaustiva ou definitiva mas se sup e conforme a polissemia do termo
147. co W H Freeman and Company 1976 WIENER Norbert Cybernetics or Control and Communication in the Man and in the Machine Cambridge Massachusetts MIT Press 1965 The Human Use of Human Beings Cybernetics and Society Da Capo Press 1988 1954 The Tempter New York Random House 1964 WIKIPEDIA Dispon vel em http upload wikimedia org wikipedia commons 1 le Centrifugal governor png Acesso em 25 set 2006 WITTORSKI Richard Da Fabrica o das Compet ncias In TOMASI Ant nio org Da Qualifica o Compet ncia Pensando o S culo XXI Campinas SP Papirus 2004
148. com sucesso para esse mister Da mesma forma mesmo nas linhas de produ o mais automatizadas como na ind stria automobil stica o acabamento dos ve culos ainda realizado por trabalhadores qualificados Isso n o acontece somente porque mais barato pagar os trabalhadores para fazer certas tarefas do que investir em sistemas rob ticos suficientemente sofisticados Ocorre que o autom vel composto por milhares de componentes de tamanhos e formas diversificados cuja montagem envolve ajustes finos que nem os melhores rob s da atualidade poderiam realizar com a necess ria destreza e flexibilidade Essa limita o dos rob s fica ainda mais patente na montagem de grandes avi es em que a m o de obra humana preponderante representando o emprego de milhares de pessoas hora em um trabalho prolongado e meticuloso Por outro lado os avan os da automa o com o conseqiiente deslocamento das compet ncias humanas leva muita gente a crer que a m quina est substituindo as pessoas Contudo n o h substitui o mas uma altera o qualitativa nas formas de rela o humano m quina e humano humano que se d o no bojo de sistemas s cio t cnicos cada vez mais amplos e complexos 28Por exemplo um avi o do tipo Jumbo 747 da Boeing tem cerca de 4 5 milh es de pe as 183 Com o progresso das m quinas propiciado pela cibern tica o trabalho humano n o desaparece apenas muda de qualidade tornando se em v
149. da compet ncia aritm tica Conseqiientemente o seu lugar no ensino deve ser pensado com muita cautela Falando sobre os processadores de texto na escola assunto a que 90 retornaremos em breve Crandall e Levich 1998 p 120 nos lembram de que as coisas que nos ajudam quando j sabemos como fazer algo n o s o de modo algum as mesmas coisas que nos ajudam a aprender como fazer Portanto h fortes ind cios de que a tecnologia tem contribu do para a eros o de pelo menos uma compet ncia amplamente valorizada historicamente no caso a compet ncia aritm tica s Ao considerarmos esta quest o em profundidade seremos for ados a admitir que nem as calculadoras de bolso nem as unidades centrais de processamento podem realmente fazer aritm tica mas que elas podem apenas se ocupar de uma pequena parte mec nica que se encontra no centro da aritm tica S o os usu rios humanos de computadores que fazem o resto For osamente s o os homens que executam todos os atos aritm ticos que s o logicamente anteriores e logicamente posteriores parte mec nica Collins 1992a p 80 Paradoxalmente portanto a calculadora por mais sofisticada que seja n o ser capaz de substituir a compet ncia aritm tica que ela ajuda a erodir uma circunst ncia que pode se tornar emblem tica de um mundo crescentemente automatizado onde as pessoas s o sutilmente seduzidas pela tecnologia de modo a delegar uma parte ca
150. da vez mais significativa das suas atividades aos sistemas computadorizados Em contraponto a esse tipo de preocupa o pode se argumentar que se as m quinas forem amplamente dispon veis baratas e eficazes n o h import ncia no fato de algumas compet ncias serem perdidas em favor da automa o Em outras palavras as compet ncias sujeitas a eros o podem n o ser realmente importantes e portanto talvez n o devamos nos Ao cabo de uma an lise ainda mais radical o f sico Clifford Stoll 2000 p 90 conclui que os computadores e por extens o as calculadoras n o t m lugar no ensino de matem tica 88 H um antigo conto de fic o cient fica cuja fonte me escapa em que um indiv duo redescobriu para espanto da comunidade como fazer c lculos aritm ticos sem ajuda das m quinas Um enredo inetressant ssimo que esbarra em uma quest o intrigante se o know how aritm tico tinha sido completamente perdido quem era respons vel pelo projeto das m quinas de calcular A esse respeito cabe observar que projetistas de computadores t m um dom nio profundo dos m todos aritm ticos especialmente para fazer face aos problemas de aproxima o V rias quest es v m mente com essa discuss o Por exemplo hoje em dia de conhecimento amplo que processadores digitais de sinais com enorme poder computacional s o usados para corrigir notas fora do tom em espet culos ao vivo ou seja a compet ncia d
151. de Paris I Universidade de Bras lia UNB Salvador 20 de outubro de 2006 As filhas Vanessa e Ana Claudia herdeiras da cibern tica Agradecimentos Esta tese resultado do apoio direto de v rias pessoas al m da participa o indireta de muitas outras Nenhuma delas respons vel pelos defeitos do texto mas cada uma co respons vel por suas eventuais qualidades O maior agradecimento vai para o amigo e orientador Prof Robinson Foi ele quem com paci ncia otimismo e bom senso trouxe o trabalho a termo Sozinho eu certamente teria ficado no meio do caminho Aos professores Roberto Sidnei Jonei e Osvaldo Pessoa Jr pelas suas interven es na minha Banca de Qualifica o muito obrigado Ao Prof Roberto agrade o ainda por sua gentileza e generosidade na aprecia o das minhas id ias ao longo da nossa conviv ncia no Programa de P s Gradua o em Educa o da UFBa Obrigado tamb m ao Prof Paulo Abrantes por ter aceito o convite para participar da Banca de Doutorado A ele e aos demais Membros da Banca sou grato por terem aceito receber o texto para leitura em prazo menor do que o habitual Agrade o ao amigo Jo o Guimar es pelos longos di logos sobre o trabalho em uma refinaria de petr leo que ele conhece de perto Muito mais do que isso eu devo a ele boas risadas e momentos de descontra o fraterna em meio s atribula es da vida Ao amigo Marco Tek minha gratid o por mais de vinte anos de
152. diante da neve que ca a sobre o aeroporto com intensidade crescente Mas ele n o errou sozinho As orienta es da companhia a rea a respeito do assunto n o eram claras e n o havia um procedimento definido que permitisse aos demais tripulantes compartilhar com o piloto as suas impress es de modo que todos se abstiveram de comentar o ac mulo de neve Al m disso havia bordo como passageiros dois pilotos profissionais experientes que tamb m se preocuparam com o problema mas por raz es distintas omitiram se Por fim a investiga o do acidente indicou que a autoridade canadense reguladora do tr fego a reo n o estava adequadamente preparada para exercer as suas fun es Job 1998 p 64 em particular no que dizia respeito fiscaliza o dos padr es operacionais das linhas a reas regionais Novamente o que gerou a cat strofe n o foi a falta de conhecimento mas a falta de vigil ncia cr tica em sentido amplo dos respons veis pelo v o em rela o s pr prias a es e em rela o s a es de seus pares Devido a uma s rie de deslizes administrativos estruturais e circunstanciais no momento da decolagem o estresse e a frustra o do dia tinham finalmente e fatalmente afetado o ju zo da tripula o Job 1998 p 62 Diante Pinto e Pinto 2003 detalham algumas dessas diferen as de forma clara A prop sito mesmo uma incurs o breve em um simulador de v o dom stico mo
153. dilema ou aferram se ao discurso sindical forjado em momento hist rico ultrapassado ou aderem ao pragmatismo que apenas camufla as tens es de classe Ambos os caminhos s o insatisfat rios A esse respeito Paulo Freire afirma que em lugar da simples acomoda o pragm tica se imp e s lideran as trabalhadoras a cria o de certas qualidades ou virtudes sem as quais cada vez mais se torna dif cil a elas brigar por seus direitos 1992 p 94 Espero n o distorcer a inten o original do Autor ao supor que na forma o das qualidades ou virtudes mencionadas certamente se combinariam em doses equilibradas epist me t khne e phronesis Porque j n o se pode no est gio tecnol gico atual aceitar os discursos inflamados as vezes de voz tr mula Freire 1992 p 94 vindos de pessoas incompetentes para cooperar com as outras pessoas em ambientes complexos e incapazes mesmo de compreender o poder emancipador da tecnologia Precisamos dispensar os l deres insuficientes que interessados na manuten o do status quo pessoal e institucional preocupam se mais com o poder nominal dos sindicatos do que com as possibilidades reais de constru o de uma nova ordem social A pr tica da t cnica conduz modifica o das id ias podendo alterar as existentes anul las ou introduzir outras novas Pinto 2004 321 Logo da mesma forma que n o se pode desconsiderar o quanto a tecnologia moldada pela estru
154. do de tarefas Mas tamb m n o se pode compreender como uma compet ncia se concretizaria sem o concurso de atos efetivos porque sejam quais forem os fins eles s ser o alcan ados por meio das a es corretas no tempo oportuno Se ambos os conceitos o de compet ncia como comportamento e o de compet ncia como fun o s o complementares tamb m se assemelham sob um aspecto importante que o da especificidade De fato a compet ncia definida como fun o ou como comportamento sempre se manifesta em mbitos restritos ou seja o seu campo de a o rigorosamente delimitado Rey 2002 p 36 o que nos remete id ia de especializa o Mas uma vez que a especializa o est sempre associada ao ensino sistem tico podemos nos perguntar se n o existe qualquer compet ncia que se desenvolva por outro caminho E realmente h atividades em que quase todas as pessoas s o competentes mas que n o s o propriamente dominios de especializa o O exemplo mais not vel a fala na qual as pessoas s o em geral bastante competentes comunicando se eficazmente nas mais diversas situa es A compet ncia ling stica ao menos no que tange oralidade desenvolve se predominantemente de modo assistem tico Embora ensinemos as nossas crian as a falar nunca o fazemos da mesma forma que a escola as ensina a fazer contas ou a resolver problemas de ci ncias Ao contr rio as crian as pequeninas apreendem os os usos d
155. do justificadamente descartadas Mas isso n o impede de nos perguntarmos se o potencial cognitivo praticamente id ntico para todos os indiv duos ao nascer ou se h diferen as individuais nesse particular independentes da etnia Essa pergunta decorre naturalmente da observa o dos superdotados isto pessoas que desde cedo desenvolvem habilidades extraordin rias tornando se virtuoses precoces em uma ou mais reas de atua o No campo te rico a tese das intelig ncias m ltiplas de Gardner 1994 1998 abre caminho para a compreens o desse fen meno ao acomodar dois dos seus aspectos principais que s o primeiro as diferen as individuais na aquisi o de certas compet ncias de que os superdotados d o um exemplo not rio e segundo a assimetria no desenvolvimento de diferentes compet ncias no indiv duo Portanto j n o falariamos em indiv duos mais ou menos inteligentes mas sim em indiv duos dotados de maior ou menor potencial em cada uma das reas chave ling stica l gico matem tica musical espacial corporal cinest sica interpessoal intrapessoal natural e possivelmente existencial excepcionais em particular na m sica Ocorre que o expert proficiente mas n o necessariamente excepcional quando comparado com outras pessoas que exercem a mesma atividade 83 Isso nos coloca diante de duas possibilidades 1 As bases neurol gicas das compet ncias s o semelhantes para todos os seres
156. do previstas pelo projetista em detalhes 3 deixar a detec o e identifica o de condi es at picas a cargo dos operadores Por si s nenhuma dessas estrat gias totalmente satisfat ria A primeira porque praticamente imposs vel prever todas as condi es de risco em um sistema muito complexo a segunda porque as t cnicas de intelig ncia artificial n o s o confi veis ou est veis o bastante a terceira porque deixa o sistema a merc dos erros humanos A solu o ent o seria combinar diferentes abordagens distribuindo a atribui o de detec o de falhas entre o pr prio sistema os projetistas e os operadores Na pr tica isso que se procura fazer atualmente embora com sucesso apenas parcial 62 Functions should be split between humans and machines to capitalize on human strengths while relieving them of tasks at which they are inherently weak amp Por exemplo um detector de virus de computador pode ser capaz de reconhecer fragmentos de software potencialmente destrutivos mesmo que esses fragmentos n o se encontrem registrados na base de dados do sistema 66 Parasuraman e Riley 1997 discutem extensivamente os fatores de insucesso da automa o que eles dividem em mau uso misuse no original entendido como excesso de confian a subutiliza o disuse e abuso abuse entendido como a aplica o indevida da automa o por parte dos projetistas e administradores dos
157. do trabalho s o submetidos ao mesmo regime de job evaluation de controle hier rquico e de parcelamento de tarefas tradicionalmente imposto aos trabalhadores manuais Terceiro porque as classes m dias das quais os t cnicos e gerentes fazem parte t m sido dominadas pelo fetiche da tecnologia com o consumo de produtos sup rfluos com alto conte do tecnol gico em ritmo cada vez mais c lere de obsolesc ncia planejada Com isso multiplicam se as suas necessidades o que mais fortalece o seu atrelamento aos postos de trabalho que as sustentam favorecendo os processos de coer o e de domina o do capital Diante desse quadro mesmo as greves s vezes originais na ind strias cient ficas nas firmas de mat ria cinzenta nos grandes laborat rios etc mencionadas por Gorz 1996 p 240 parecem cada vez mais distantes Cabe mencionar ainda a situa o dos profissionais qualificados que trabalham por conta pr pria aparentemente menos submissos ao capital mas na verdade em situa o an loga experimentada por aquela comunidade de pescadores mencionada por Paulo Freire 1992 p 21 que por um lado se sentiam livres e arrojados enfrentando o mar convivendo com seus mist rios mas por outro lado eram malvadamente roubados explorados ora pelos intermedi rios que compravam por nada o produto do seu labor ora por quem lhes financiava a aquisi o dos instrumentos de trabalho Situa
158. dos 4 Na dissemina o do conhecimento j come a a se delinear uma tend ncia an loga com a contrata o de professores para os cursos de educa o dist ncia em que as aulas s o ministradas via sat lite de modo que um s professor atende simultaneamente a centenas de alunos espalhados pelo Pa s aumentando sobremaneira a lucratividade das institui es 56 prolongados de ociosidade Por isso em alguns setores freqiientemente mais rent vel contratar trabalhadores n o qualificados em car ter prec rio do que automatizar as tarefas que eles realizam por isso que ocorrem por exemplo as contrata es de empregados tempor rios pelas ind strias de chocolates meses antes da p scoa dependendo das expectativas de vendas decorrentes do cen rio econ mico Consoante a tese de Morgan 1996 os trabalhadores mais qualificados em especial aqueles que programam as m quinas da linha de produ o s o muito menos vulner veis s flutua es sazonais e s crises econ micas do que os oper rios embaladores por exemplo Logo a automa o n o resolve e possivelmente agrava o problema da exclus o dos trabalhadores menos qualificados mantidas as atuais formas de rela o entre capital e trabalho Dentro das empresas a presen a crescente da automa o na produ o conduz atualmente ao amortecimento ou ao menos ao mascaramento das tens es entre os trabalhadores e a administra o porque 1 A
159. e devidamente educados ingressar o no setor criador da sociedade nos mais diversos campos da cultura da pesquisa do conhecimento da arte e do pr prio desenvolvimento da automa o Pinto v 2 p 620 Ali s posi o semelhante adotada por Braverman quando afirma que a transforma o do processo de trabalho desde a sua base na tradi o at sua base na ci ncia n o s inevit vel como necess ria para o progresso da humanidade e para a emancipa o dela quanto fome e outras necessidades 1987 p 17 De onde se conclui que a reformula o das compet ncias humanas essencial Primeiro porque trabalhadores mais competentes s o os que t m maior poder de barganha em um mundo automatizado em que as formas tradicionais de organiza o por qualifica o enfraquecem se inexoravelmente Segundo porque atrav s do desenvolvimento de novas compet ncias que as pessoas ter o chances de gra as ao tempo ocioso ganho com o progresso tecnol gico realizar se em campos distintos do seu trabalho profissional rotineiro vale dizer aquele onde ganham o p o com o suor do pr prio rosto ou com a agita o do pr prio c rebro O homem onilateral cf Gadotti 1995 p 55 60 capaz de produzir competentemente em diversas reas n o uma quimera mas um desenvolvimento l gico dos avan os da tecnologia que aumentam a produtividade e facilitam o interc mbio de id ias e e de informa es A quest
160. e n o s o redutiveis a heuristicas regras ou procedimentos algoritmicos Sob essa tica ensinar significa sobretudo compartilhar experi ncias falar daquilo que se conhece a fundo exemplificar o que se sabe fazer sugerir caminhos avaliar caminhos criar em conjunto com os aprendizes Aprender ent o significa ouvir ativamente o que significa criticamente seguir exemplos selecionar caminhos realizar comunicar resultados recome ar Em uma palavra o ensino aprendizagem no modelo cultural uma atividade de pesquisa sem que isso signifique a obten o de resultados altamente originais Os resultados ser o importantes como degraus representativos do processo de evolu o intelectual dos aprendizes e espera se tamb m dos professores Sugiro que gradativamente deixemos de pensar em termos de ensino e pesquisa como atividades separadas em momentos separados da vida escolar para pensamos no ensino como pesquisa em um cont nuo de desenvolvimento de compet ncias em regime de co intencionalidade A rela o entre professor e aluno ser portanto uma rela o entre mestre a aprendiz ora apoiada nas conquistas da ci ncia e da tecnologia no que se diferencia do passado renascentista ou medieval mas ainda ancorada na observa o no di logo na coopera o visando um objetivo comum Uma rela o onde o desenvolvimento das compet ncias individuais se fa a em um contexto de realiza o de compet ncias coletivas Em
161. e remetendo nos necessidade de discutir as carater sticas que o identificam como tal Segundo a mesma locu o pode ser lida como a indica o de uma situa o ou um processo em andamento ou seja uma refer ncia ao estado de ser competente dilatado no tempo o que nos remete necessidade de explicar como as compet ncias se desenvolvem e se sedimentam ao longo da vida Finalmente ser humano ser competente tamb m significa que ser humano necessariamente ser competente ou mais precisamente que o processo de humaniza o passa pelo desenvolvimento da compet ncia em sentido amplo inclusive sob a forma de compet ncias profissionais o que nos remete ao problema da pr xis Esse jogo de significados determina o plano expositivo do cap tulo assim delineado A se o 4 1 estabelece o nexo entre a caracteriza o anterior do ser humano como ser intencional e a sua caracteriza o como um ser da pr xis Na se o 4 2 analisa se o desenvolvimento das compet ncias no contexto social compreendendo que as compet ncias individuais s o a face mais vis vel de compet ncias coletivas desenvolvidas por meio da intera o cultural 95 Por fim na se o 4 3 estabelece se uma caracteriza o do ser competente face a um mundo de automa o como aquele em quem se manifesta a s ntese das tr s virtudes intelectuais aristot licas epist me conhecimento te rico t khne savoir faire e phronesis sabedoria pr tic
162. e assinalado no Capitulo 1 a palavra coopera o assume aqui dois diferentes significados que devem ficar claros de acordo com o contexto em que aparece Entendo a coopera o entre o ser humano e uma m quina como co opera o ou seja a opera o conjunta e coordenada de ambos para a execu o de uma tarefa nesse sentido que podemos falar em coopera o entre o piloto e os modernos sistemas de avi nica Diferentemente a coopera o entre duas ou mais pessoas 117 entendida como seu engajamento ativo intencional e coordenado no exercicio de uma atividade com prop sito definido Nesse sentido falamos de coopera o entre piloto e co piloto Os complexos sistemas s cio t cnicos da atualidade normalmente funcionam com base em ambos os tipos de coopera o freqiientemente envolvendo dezenas ou at centenas de pessoas e outros tantos dispositivos cibern ticos operando em conjunto 4 Quadro 2 Uso x Coopera o Aspectos Uso Coopera o Operacionais O usu rio recebe diretamente os O cooperador humano recebe os est mulos do meio atrav s da est mulos filtrados pela m quina Percep o do vis o da audi o e do tato que os reapresenta sob a forma de ambiente imagens digitalizadas gr ficos avisos sonoros mostradores l mpadas de aviso etc O usu rio toma todas as decis es A m quina estabelece por si sobre o processamento das tarefas mesma em maior ou menor
163. e cantar com afina o vai sendo substitu da pela capacidade da m quina em corrigir a desafina o Mas essa a forma de arte que queremos promover Na medida em que temos tantos grandes talentos sem a oportunidade de se profissionalizar a quem serve esse tipo de pr tese musical em socorro aos menos talentosos 91 esfor ar por preserv las Acredito por m que a preserva o de determinadas compet ncias de base continuar sendo importante mesmo quando as m quinas forem capazes de realizas as tarefas a que tais compet ncias normalmente se encontram associadas Devemos eliminar de sa da a id ia de que n o podemos depender das m quinas ou mais precisamente dos sistemas automatizados N s de fato j somos completamente dependentes da automa o e n o parece que essa situa o possa se reverter Ao contr rio a depend ncia tende cada vez mais a se acentuar Por outro lado talvez seja poss vel escolher entre uma depend ncia cega e uma depend ncia vigilante Tal distin o pode ser colocada por meio de uma analogia Um pesquisador experiente coordenador de um grupo de pesquisa normalmente depende dos seus estudantes de doutorado para levantar dados e realizar experimentos Se as pesquisas em andamento s o muitas o pesquisador chefe n o dar conta de todos os procedimentos operacionais e nem mesmo da interpreta o de todos os dados sozinho Contudo ele n o dever em momento algum renunciar ao seu faro t cn
164. e diagn stico e terapia e para o desenvolvimento das artes Acentua se tamb m sua contribui o para a descoberta cient fica como deixa patente 15 a avalanche de reportagens nos ltimos anos sobre a decifra o do genoma humano Seu uso na educa o elogiado s vezes com justific vel entusiasmo s vezes com impressionante ingenuidade Em suma naturaliza se a figura do computador nas suas diversas encarna es alardeando se os benef cios concretos ou presumidos trazidos por ele Contudo a ubiq idade do computador fruto de um processo hist rico complexo com determinantes sociais pol ticas tecnol gicas epistemol gicas que precisam ser discutidas H trinta anos Weizenbaum 1976 p 28 afirmou que a introdu o do computador em algumas atividades humanas complexas pode se constituir em um compromisso irrevers vel Evidentemente esse vaticinio j se realizou pois a infra estrutura econ mica do mundo atual fortemente dependente dos sistemas computadorizados e h muito as for as dominantes do capitalismo promovem uma rela o instrumental com os computadores saber usar saber programar visando t o somente a inser o dos individuos n o todos mas apenas alguns eleitos no mundo do trabalho computadorizado Dessa forma o computador tem se tornado uma ferramenta de trabalho de uso di rio para os profissionais das classes m dias ou seja aqueles que se encontram integrados es
165. e econ micos da profiss o mas com o olhar sobre o cen rio s cio pol tico econ mico institu do considerando os ambientes profissionais tais quais se apresentam hoje Na outra via quando uma psic loga um m dico uma nutricionista um educador v o at a empresa sup e se que eles ali est o para resolver problemas localizados a fim de que as pessoas 166 trabalhem melhor Tanto em um como em outro caso trocas que podem at ser construtivas mas que nao bastam Ha que se sair da acomoda o para se pensar as rela es entre tecnologia e trabalho por vias originais Precisamos sim trazer os profissionais a escola rotineiramente como parte integrante do processo formativo dos novos profissionais Melhor ainda precisamos trazer todo tipo de profissional escola desde o ensino fundamental Mas que as discuss es da decorrentes tenham como objeto n o s conhecimentos t cnicas e procedimentos mas sobretudo as raz es pelas quais as t cnicas e procedimentos se apresentem da forma como se apresentam e por que certas formas de conhecimento t m primazia sobre outras Precisamos de perguntas como Poderia ser diferente Eseas coisas funcionassem de tal ou qual maneira O que fazer para democratizar esse ou aquele procedimento esse ou aquele servi o esse ou aquele produto que hoje s beneficiam o rico Quem manda nas empresas por que manda e de que meios se utiliza para se fazer obedecer Qu
166. e ela a faculdade de organizar os movimentos elementares visando a uma a o socialmente identific vel ela coloca em cena a inten o daquele que a possui Indo um pouco al m eu diria que a compet ncia em suas variadas manifesta es coloca em cena a intencionalidade do sujeito no sentido que Searle atribui ao termo intencionalidade Estabele o assim uma rela o dial tica entre conceitos pois na mesma medida em que o Background fundamenta os estados intencionais e estes condicionam o desenvolvimento das compet ncias estas ao se desenvolverem modificam o ambiente f sico Misinterpretations no original 88 biol gico e cultural do indiv duo e da esp cie Logo o Background n o um terreno s lido por m movedi o alterando se sob o efeito das compet ncias s quais serve de base o ser intencional transformando o mundo 3 4 A eros o das compet ncias O desaparecimento ou eros o de certas compet ncias um fen meno que salta aos olhos de qualquer educador no campo das ci ncias formais e da natureza Nos ltimos anos os estudantes t m se tornado cada vez mais dependentes das m quinas de calcular eletr nicas mesmo para realizar c lculos elementares A esse respeito pode se alegar que com a banaliza o das calculadoras na pr tica n o h nessa tend ncia nenhum mal Entretanto as coisas n o s o assim t o simples pois quando os alunos tornam se dependentes das calculadoras
167. e em uma dizima ao ser convertido para o sistema bin rio 0 1001001001001 Essa quest o comporta uma an lise bem mais elaborada que contudo n o contribuiria significativamente para os prop sitos do presente trabalho 51 um mesmo circuito pode ser adaptado s mais diversas finalidades com altera es no software o que proporciona um enorme ganho de escala 4 estabilidade e previsibilidade os computadores digitais s o em geral mais est veis e previs veis do que os anal gicos de custo e poder de processamento equivalente 5 precis o em qualquer tipo de computador a precis o limitada mas nos computadores digitais e nos bin rios em particular os n veis de precis o obtidos s o mais facilmente controlados De acordo com Groover 2000 p 99 os la os de controle digitais proporcionam mais op es de controle programas complexos melhor integra o e otimiza o de m ltiplos la os e flexibilidade dos programas de controle sem necessitar de altera es do hardware Mais uma raz o para que tanto na automa o industrial quanto no controle de aeronaves a hegemonia dos computadores eletr nicos digitais de uso geral seja crescente Isso significa que grande parte do know how embutido nos sistemas pertinentes assume a forma de software que em termos dos custos finais dos sistemas geralmente supera o hardware de longe 2 3 Perspectiva hist rico cr tica Vieira Pinto alerta para a necessidade i
168. e estabele am a educa o como for a emancipadora real pela via da da intelig ncia e do bom senso Sem propor respostas definitivas a esse desafio o cap tulo 6 do presente texto apresenta algumas sugest es nesse sentido 1 5 Notas metodol gicas As notas que se seguem delineiam as principais op es metodol gicas feitas ao longo da elabora o do presente texto incluindo os referenciais te ricos que o fundamentam com destaque dos autores respectivos Mas n o apresento um percurso livre de impurezas como se o trabalho tivesse se desenvolvido linearmente de um planejamento muito bem feito at sua conclus o Ao contr rio devo ter a honestidade de admitir que a presente tese antes o resultado de esfor os intelectuais dispersos no tempo e nos temas em meio a obriga es profissionais prosaicas s vezes muito distantes dos temas aqui desenvolvidos outras vezes tangenciando os Felizmente o dever acad mico agora me obriga a apresentar esses esfor os sob a forma de um texto mais ou menos coerente H quem critique o meta discurso no trabalho acad mico Eu por m estou do lado daqueles que o consideram natural e at mesmo necess rio Assim optei por tamb m fazer nessas notas o registro das circunst ncias em que o trabalho se desenvolveu at o ponto em que esse registro me pareceu oportuno Trabalhei durante mais de dez anos como programador e analista de sistemas antes de me dedicar em tempo integral doc
169. e filos fico e pol tico os aspectos cognitivos e de efic cia operacional na rela o entre humanos e m quinas ficaram em segundo plano No mbito das refer ncias a obra monumental de lvaro Vieira Pinto O Conceito de Tecnologia 2004 permeia todo o trabalho em particular a id ia recorrente de avan o tecnol gico como for a emancipadora As propostas pedag gicas s o de inspira o paulofreiriana embora inextricavelmente ligadas a influ ncias diversas na filosofia e na sociologia das ci ncias Minha cren a na inamov vel ascend ncia do ser humano sobre a m quina tem ra zes metaf sicas mas est bem fundamentada filos fica e sociologicamente Os principais refer ncias a respeito s o Vieira Pinto 2004 Searle 1994 1995a 1995b 1996 1997 1998 2000 Collins 1992a 1999 e Tomasello 1999 2000 2003 Embora esse ltimo n o discuta especificamente a quest o da intelig ncia artificial seu pensamento em muitos aspectos vai ao encontro do pensamento dos outros autores mencionados Sinto agora ter deixado de fora dessa discuss o Roger Penrose 1994 1995 1997 1999 cujo livro The Emperor s New Mind originamente publicado em 1989 e depois traduzido como A Mente Nova do Rei 1991 despertou me para a profundidade das quest es envolvidas na rela o humano computador Embora Penrose s vezes seja taxado de filosoficamente ing nuo minha intui o me diz que suas posi es a respe
170. e mesma sem a qual o sonho da democracia se esvai 1992 p 133 Mas n o podemos crer que a conscientiza o das pessoas em rela o aos condicionantes e desdobramentos da tecnologia possa ser improvisada por meio de meia d zia de semin rios e mais uma ou duas disciplinas espec ficas nos cursos universit rios de gradua o Em um mundo de automa o essa conscientiza o dever fazer parte do processo educativo ao longo da vida As crian as tomam contato cada vez mais cedo com os objetos t cnicos que se multiplicam em toda parte Portanto natural pensar que elas podem devem tamb m desde cedo ser preparadas para compreender tais objetos e question los em lugar de simplesmente saber us los ou adot los como fetiche Nesse sentido os programas de inclus o digital que privilegiam o uso instrumental do computador n o s o 160 espa os emancipadores mas reprodutores pois constituem mero treinamento de habilidades que por si mesmas nao modificam a realidade existencial dos educandos Para al m da escola no plano da forma o profissional o pragmatismo da reciclagem de trabalhadores para as novas demandas do mercado sem d vida necess rio deveria conviver com uma transforma o em profundidade da nossa vis o tradicional de trabalho No atual cen rio de desenvolvimento tecnol gico cada vez mais r pido levando ao deslocamento de compet ncias e ao desemprego estrutural os trabalhadores enfrentam um
171. ed that the education of fully competent people be achieved through the fostering of three Aristotelian intellectual virtues namely epist me theoretical knowledge t khne know how and phronesis practical wisdom Keywords Automation Cybernetics Competence Computing Education Episteme Tekhne Phronesis Lista de Quadros Quadro 1 N veis de Automa o ea a a a aaa aes 34 OQuadro Uso Coopera o amd ist na dai Cd aed Da E E eden a 109 Quadro3 Tipos Ind strias Sumario ON MATT ONG AG yard nasal ce Sake ee ee wats ena aadauasee nese es 12 Te AF heran a cibemetica suada ii e ie ads 14 1 2 Desafios da autoMmacao ccceccccccccssssssececcescsssseceeceeessseeeeceeesstaeeees 17 1 3 Automa o e COMPClENCIAS 543 5 ola aqua gersiencada qod icone tea denota tensao 22 1 4 Automa o educa o e eMaNcipagao sceescceeeeeesseceeteeeeteeeeeees 25 1 5 Notas metodol gicas essetseniiah si avcesiavsncincsteioncdsahuadiseaceurbeaidacehaeais 27 2 Automa o Heran a CibernetiCa cccccccsecceeeeeeeeeeeaeeeeeeeaees 34 2 SR Lo a DE bn MenO Siren DER ERR RD SR AT OTe 35 2 2 Automa o e tecnologia sseeesseseeseseeessersssesessssresssrresssreesssressseeees 44 2 3 Perspectiva MISTOPICOSCTIMCA parse rent basen sacuen caeedaausd edad Pan 51 2 4 As raz es da AULOMAGAO ceececccccccsssscccececcssnscccecesessscceecesesseaeeees 57 2 5 A mis ria da AUTOMA O ces units ccvesicedssuce iso al
172. eles n o transferem para elas apenas a parte mec nica da aritm tica como seria desej vel Frequentemente a possibilidade de realizar c lculos muito rapidamente faz com que eles suspendam o seu julgamento a respeito dos resultados Uma das mais rotineiras manifesta es dessa tend ncia a perda de no o das ordens de grandeza Quando os c lculos eram feitos m o ou com a ajuda das r guas de c lculo era necess rio a cada passo monitorar o deslocamento posicional das casas decimais para exprimir os valores corretamente por meio da nota o cient fica Al m disso era necess rio desenvolver uma sensibilidade apurada para a oportunidade de aproxima es que facilitassem os c lculos sem perda significativa da precis o Mais ainda as divis es e multiplica es envolvendo grandes n meros tinham que ser feitas atrav s de logaritmos o que tornava uma certa vigil ncia epistemol gica parte essencial do processo de c lculo Portanto a parte mec nica da aritm tica permanecia vinculada ao significado dos n meros Agora como a calculadora realiza os c lculos instantaneamente com um certo n mero algarismos significativos o estudante fica propenso a se despreocupar do significado das opera es Se desejo fazer a opera o 10 020 000 2 500 000 1 001 e n o disponho de calculadora m o desprezo de sa da a unidade 1 do denominador Depois posso simplesmente eliminar tr s zeros de cada membro do numerad
173. elhor das hip teses isso um erro casual consoante o desprezo hist rico das nossas elites pela educa o Na pior das hip teses uma atitude deliberada de governantes empres rios e gestores do capital rendidos a um projeto que visa perpetuar a domina o dos pa ses centrais produtores de tecnologia sobre os pa ses perif ricos fornecedores de mat rias primas e de m o de obra a pre os aviltados Ou talvez seja mais exato dizer hoje um projeto de domina o do capital financeiro sobre os recursos naturais e sobre a for a de trabalho em escala mundial usando os governos como porta vozes e executores de suas pol ticas Nesse contexto continuamos a importar problemas e solu es como alertava Paulo Freire 1979 p 36 Se a discuss o em torno das pol ticas de ci ncia e tecnologia deficiente a discuss o sobre os aspectos pol ticos e ideol gicos inerentes tecnologia quase inexistente entre n s no que fazemos eco situa o internacional favor vel aos raros organismos estatais dos pa ses ricos e dos cada vez menos numerosos grupos transnacionais que centralizam a pesquisa cient fica e o desenvolvimento tecnol gico Nesse contexto a redu o do problema do progresso tecnol gico aos aspectos exclusivamente t cnicos engenheirais exatamente o que conv m aos dirigentes dos centros de poder em cada fase hist rica porque os deixa sozinhos sem concorrentes no campo da cria
174. em obedece e por que obedece Que benef cios a automa o tem trazido profiss o e ao p blico E os preju zos Que compet ncias temos desenvolvido e que compet ncias temos deixado para tr s E outras tantas perguntas do mesmo tipo radicais capazes de despertar a cr tica do ambiente econ mico e pol tico institu do como primeiro passo para se pensar autonomamente naquilo que se deseja para o futuro N o com exerc cio est ril de utopia mas como proposta transformadora das mentalidades daqueles que uma vez sa dos da escola deveriam deliberar sobre os caminhos da produ o e das profiss es e n o somente atender s demandas de um mercado de trabalho orientado pelos interesses de uma minoria Mas h dificuldades nessa proposta que precisamos reconhecer A come ar pela disponibilidade dos profissionais pois s o poucos os que t m autonomia e independ ncia suficientes para discutir abertamente os caminhos da sua profiss o sem sofrer repres lias por parte das empresas em que trabalham 28N o sou dos que defendem a tese de que qualquer tipo de conhecimento vale pena De fato acho que algumas formas de conhecimento devem ter primazia Mas mantendo me coerente com as posi es defendidas no decorrer do texto acredito que devemos ter consci ncia das nossas cren as e pr ticas inclusive no campo profissional Ent o o conhecimento que as orienta deve ser objeto de escrut nio constante 167
175. emol gico Voltando ao exemplo do condicionador de ar um dispositivo chamado termostato compara o ajuste de temperatura feito pelo usu rio com a temperatura aproximada do ambiente Ent o se a temperatura ambiente for mais baixa o compressor ou o ventilador param ou reduzem suas atividades e se a temperatura ambiente for maior do que a desejada acontece o processo inverso isto o compressor ou o ventilador t m o ritmo de trabalho aumentado Na pr tica esse processo mant m a temperatura ambiente oscilando em torno do valor ajustado Nos sistemas de ar condicionado oscila es da ordem de 5 a 10 s o aceit veis mas em sistemas de alta precis o a exemplo de certos processos industriais e da navega o a rea a auto regula o se d dentro de margens muito mais estreitas importante notar que a auto regula o pode se manifestar no plano simb lico no plano f sico ou em ambos em uma mesma m quina Quando o caixa eletr nico cancela uma opera o por falta de saldo ou porque o valor da transa o excede o permitido ocorre uma auto regula o no plano simb lico pois uma transa o banc ria um ente abstrato Por m quando esse mesmo equipamento conta as c dulas para satisfazer a um pedido de saque a auto regula o se realiza tamb m no plano f sico a contagem cessa e as c dulas s o liberadas para o cliente quando atingem o montante requerido Ao mesmo tempo o saldo do cliente 2 Vale ressaltar que n
176. engano com a inser o dos dados errados no piloto autom tico at o desfecho final houve tempo de sobra para que o rumo do avi o fosse corrigido O relato detalhado do acidente contudo baseado em depoimentos e na grava o da caixa preta mostra que os pilotos perderam a no o dos procedimentos a adotar como que desconectados da sua miss o de levar os passageiros ao seu destino com seguran a Piloto e co piloto embora jovens 32 e 29 anos respectivamente n o eram inexperientes conheciam os procedimentos t cnicos e n o podiam ser completamente ignorantes em geografia Faltou aplicar seus conhecimentos para atingir os objetivos profissionais justos naquela ocasi o Em outras palavras n o foi por falta de conhecimento formal coordenadas geogr ficas etc ou por falta de conhecimento t cnico regras de pilotagem que os pilotos se envolveram no acidente Foi por falta de mobiliza o desses conhecimentos de forma consciente e contextualizada um dos aspectos daquilo que escolhemos chamar phr nesis Cabe insistir n o a automa o por si s que causa acidentes Ela apenas redistribui responsabilidades e assim muda as raz es pelas quais os acidentes ocorrem No caso em foco a falta de vigil ncia dos pilotos em rela o rota seria impens vel se o avi o n o tivesse piloto autom tico pois eles teriam que cuidar de todos os detalhes da navega o Por outro lado claro que a falta de piloto autom tic
177. entam essa mesma emancipa o cf Pinto 2004 p 432 Estabelece se assim um c rculo virtuoso no qual a cibern tica se destaca como instrumento que permite ao ser humano criar m quinas capazes de executar fun es at agora privativas da fisiologia cerebral p 433 e portanto mais potentes e capazes de libert lo do imemorial penar f sico e mental p 432 Esse processo por certo gradativo n o se realiza por si mesmo e sim a a Nesse sentido poder amos talvez falar de uma pr xis compuls ria independente da vontade do sujeito mas que ainda n o propriamente pr xis por n o enxergarmos nela os indispens veis elementos de vontade e de a o consciente 97 partir do trabalho de pessoas competentes mobilizadas em projetos coletivos para a constru o das m quinas e sistemas cibern ticos em suas mais variadas encarna es 4 2 Compet ncias cultura coletividade Em um mundo de automa o portanto a pr xis manifesta o historicamente amadurecida da capacidade de abstra o humana mediada pelas m quinas cibern ticas que se caracterizam sob uma tica humanista como meios de avan o e melhoria na comunica o entre indiv duos que se humanizaram e por isso s o capazes de recorrer a formas de transmiss o de informa es independentes da presen a f sica simult nea dos comunicantes Pinto 2004 v 1 p 97 Portanto o desenvolvimento da cibern tica n o anuncia o
178. ente sou fascinado pelo sabonete esse objeto t o singelo do nosso dia a dia antes inacess vel maioria da popula o ou fabricado em casa a um elevad ssimo custo em termos de tempo acidentes e esfor o extenuante hoje amplamente dispon vel a custo baix ssimo gra as produ o em massa automatizada Acho dif cil quantificar mas a contribui o do sabonete barato para a melhoria da sa de p blica evidentemente enorme E mesmo assim o sabonete artesanal continua tendo o seu valor est tico como presente de bom gosto Dois operadores de processos aposentados oriundos de diferentes empresas disseram me que a cada aumento do n vel de automa o das plantas industriais o grupo reduzido dos trabalhadores que permanecem nos postos de opera o t m que dar conta de um n mero cada vez maior de tarefas simultaneamente Isso segundo eles anula os efeitos ben ficos que a automa o traria em termos de seguran a e sa de do trabalhador 148 disseminados atrav s de freios especula o e incentivos aos investimentos na gera o de conhecimentos t cnicos e cient ficos bem como na produ o art stica e filos fica O desemprego e o rebaixamento do valor da m o de obra n o constituem um resultado obrigat rio da automa o em si mesma que igual a qualquer outro progresso t cnico por natureza ben fica Se mais homens deixam de trabalhar nas formas penosas haver maior disponibilidade de indiv duos qu
179. entral na automa o de modo que quando se ouve falar em automa o atualmente deve se pensar em uma ci ncia aplicada que se materializa por meio da associa o entre hardware e software Sem d vida sempre poss vel construir um aut mato ou criar um sistema automatizado em bases puramente emp ricas como fazem alguns diletantes Contudo ningu m imaginaria realizar um projeto de automa o em larga escala em uma planta industrial ou no projeto de uma aeronave sem o indispens vel apoio das teorias de base Entretanto nem sempre foi assim A automa o come ou com dispositivos constru dos e aperfei oados empiricamente muito antes do surgimento de qualquer quadro te rico unificador Segundo Mayr 1970 p 16 o primeiro equipamento dotado de auto regula o de que se tem not cia a l mpada de Philon de Biz ncio constru da na segunda metade do s culo III a C Atrav s de um engenhoso dispositivo hidrost tico esse equipamento era capaz de detectar a baixa do n vel de leo no vasilhame onde se encontrava o pavio na medida em que a combust o se processava e restaurar o n vel desejado fazendo fluir mais leo de um reservat rio Nos s culos subseqiientes outros dispositivos de auto regula o foram constru dos sobretudo na China e no mundo isl mico geralmente ligados mensura o do tempo ou opera o dos reservat rios de gua Ainda segundo Mayr 1970 p 55 e seguintes o primeiro mecanismo de aut
180. entuais desvios para mant lo no curso desejado As palavras chave no estudo da cibern tica s o comando coordena o regula o e controle Ashby 1970 p 1 e os esfor os te ricos e pr ticos no campo da automa o segundo Couffignal apud Epstein 1986 p 10 podem ser resumidos como a arte de tornar a a o eficaz Vale ressaltar que a cibern tica n o diferencia em princ pio o status ontol gico das m quinas dos seres humanos e dos outros animais Na verdade a no o de ontologia at certo ponto se dissolve ao se afirmar que a cibern tica n o aborda coisas mas modos de comportar se N o inquire o que essa coisa mas o que ela faz Portanto para a cibern tica a materialidade irrelevante Ashby 1970 p 1 grifos no original Conseqiientemente tamb m s o irrelevantes em tese os meios tecnol gicos usados para implementar um sistema desde que ele funcione como esperado Conforme assinala Dupuy 1996 p 9 o nome cibern tica saiu de moda para usar um eufemismo O que vale dizer que o termo atualmente n o mais usado pouco conhecido e mesmo entre os que o conhecem soa um tanto quanto anacr nico Por m prossegue Dupuy de 1954 para c o projeto adotado pelo grupo cibern tico n o cessou de voltar ao estaleiro cada vez com um nome diferente 1996 p 9 Dir amos mesmo v rios nomes que coexistem e at mesmo se sobrep em Por exemplo
181. er de pr teses para pessoas que perderam m os bra os ou pernas ou que se tornaram parapl gicas ou hemipl gicas Nesse meio tempo a engenharia de automa o e controle cresceu em import ncia e com o desenvolvimento da microeletr nica da mec nica de precis o da ci ncia dos materiais e dos algoritmos surgiu nos ltimos anos a mecatr nica como conflu ncia de teorias e t cnicas da computa o e das engenharias mec nica el trica e eletr nica reivindicando o status de ci ncia geral da automa o Essa an lise necessariamente sucinta sob pena de fugir ao foco do presente texto permite nos apreciar a for a da heran a cibern tica no mundo contempor neo independentemente das quest es superficiais de nomenclatura Nos sistemas automatizados em particular as id ias e a matem tica da cibern tica est o presentes de modo inalien vel O controle de pr tese atrav s de sinais captados diretamente do sistema nervoso uma rea interdisciplinar de estudos que tem no cientista brasileiro Miguel Nicodelis um dos seus maiores expoentes 53 embora muitas vezes os seus construtores e os seus patrocinadores desconhe am os processos hist ricos os fundamentos conceituais e os pressupostos epistemol gicos que condicionam os seus esfor os A cibern tica enquanto campo cient fico diferenciado surgiu no momento em que se multiplicavam as m quinas dotadas de mecanismos de controle interno e externo despertando a
182. er ncias para os jovens estudantes minando sua capacidade e at o seu desejo de escrever bem Diante dessas considera es sobre o papel da tecnologia na eros o das compet ncias humanas cabe reconhecer que a tecnologia tamb m reformula compet ncias antigas e estimula o desenvolvimento de outras novas Portanto se a an lise e os exemplos acima se concentram no lado negativo da quest o porque por um lado esse o aspecto que se encaixa na estrat gia argumentativa do presente texto e por outro lado porque desej vel apresentar um contraponto apresenta o laudat ria das tecnologias da intelig ncia t o em voga atualmente Em particular o abismo existente entre sintaxe e sem ntica tantas vezes reiterado por Searle 1994 1997a 1997b 94 4 Ser Humano Ser Competente Na presente cap tulo busca se compreender a atualiza o das compet ncias na forma o daquele a quem se chamar um ser competente ou seja a pessoa capaz de traduzir uma certa gama de compet ncias em um processo continuado de a es produtivas socialmente contextualizadas Prop e se que em um mundo de automa o o ser competente aquele cuja pr xis exprime a converg ncia entre epist me t khne e phronesis O t tulo da presente se o comporta propositalmente tr s significados primeiro podemos entender a locu o ser competente como um substantivo adjetivado ou seja uma refer ncia ao indiv duo competent
183. er o manejo mais simples mais mon tono mais f cil de aprender De fato em um mundo de produtos padronizados produzidos em grande escala h pouco espa o para que o trabalhador exercite suas compet ncias dentro da f brica Da a press o que automa o exerce sobre a classe trabalhadora na medida em que ao reduzir a demanda por m o de obra qualificada tamb m enfraquece a luta sindical Os trabalhadores que permanecem nas empresas passam por reciclagens e adquirindo novas compet ncias recebem remunera o melhor Alguns s o al ados aos cargos de confian a nos quais os impositivos de fidelidade s pol ticas organizacionais s o mais r gidos Julgando se prestigiados e qui privilegiados no sistema vigente na verdade s o mais explorados do que eram antes quando se limitavam a realizar tarefas mais elementares mas ao menos mant m se empregados H nesse particular um flagrante antagonismo entre o desejo por bens de consumo baratos produzidos em f bricas altamente eficientes e o ideal humanista de postos de S sso nos leva a pensar sobre a insufici ncia das lutas trabalhistas que n o se fazem acompanhar de um questionamento em profundidade do processo produtivo inclusive nos seus detalhes t cnicos que muitas vezes os l deres sindicais nem sequer compreendem Uma an lise atual embora breve dessa quest o feita em um artigo da Revista Forum de agosto de 2006 p 18 21
184. ere que a evolu o da esp cie humana sedimentou habilidades cognitivas voltadas para as intera es culturais que por sua vez possibilitam as aquisi es cognitivas em campos espec ficos Isso n o significa que o ser humano nasce como tabula rasa Ao contr rio os processos sociais e culturais durante a ontog nese n o criam as habilidades cognitivas b sicas mas transformam habilidades cognitivas b sicas em habilidades extremamente complexas e sofisticadas Tomasello 2003 p 264 A partir de 80 diversos estudos empiricos contrastando os processos de desenvolvimento cognitivo em seres humanos e em outros primatas esse Autor conclui que embora a cogni o de muitas esp cies de mam feros e primatas seja influenciada de forma significativa pelos seus ambientes sociais a cogni o humana ao menos nos seus aspectos espec ficos de fato socialmente constru da 1999 p 509 Ou seja h uma diferen a radical entre os seres humanos e os demais primatas no que tange ao desenvolvimento cognitivo Enquanto nos ltimos esse desenvolvimento influenciado pela intera o social nos humanos ele em grande medida socialmente constru do Essa diferen a fica mais evidente se com Tomasello 1999 p 513 acreditarmos que As representa es cognitivas intersubjetivas e perspectivas do ser humano s o nicas no reino animal e capacitam os seres humanos a lidar som o seus mundos sic por meios particularmen
185. eren a na aprecia o de mundo o grau de sensibilidade dos indiv duos aos aspectos contextuais quando submetidos a determinados testes cognitivos No caso constata se que os japoneses s o mais sens veis ao contexto em que se realizam as opera es requeridas pelo teste e que os estadunidenses ao contr rio t m mais facilidade em abstrair o contexto para se concentrarem exclusivamente na parte essencial da tarefa p 72 Outra diferen a que aparece nos estudos mencionados diz respeito compet ncia t cita ouvir ao que tudo indica os japoneses s o mais sens veis do que os Respectivamente interdependent mode of being e independent mode of being no original 104 estadunidenses ao tom de voz em que determinadas express es s o pronunciadas enquanto estes se concentram mais no conte do verbal do que dito N o se trata aqui de alimentar estere tipos do tipo modo ocidental x modo oriental de pensar de resto demasiadamente ing nuos Contudo a observa o de como as compet ncias t citas se desenvolvem por linhas diferentes em diferentes culturas importante pois contribui para enriquecer o debate em torno das formas poss veis de coopera o humano m quina que em ltima an lise a coopera o humano humano mediada pela m quina Podemos considerar por exemplo at que ponto tais diferen as contribuem para o desenvolvimento da rob tica em que o Jap o est sempre f
186. eres humanos transformam se por meio do trabalho e fazendo o transformam o mundo Por mais que a nossa consci ncia seja uma consci ncia ing nua e o nosso trabalho um trabalho alienado ainda assim seremos pessoas em permanente transforma o perante os dados concretos da realidade que nos obriga a um esfor o ininterrupto de abstra o e de interven o sobre o ambiente no plano f sico e no plano social O salto qualitativo essencial no processo de humaniza o consiste em tomarmos consci ncia da nossa realidade existencial de modo que os nossos projetos n o sejam apenas instrumentos para a solu o dos problemas circunstanciais da vida mas sobretudo constituintes de um esfor o org nico de compreens o e transforma o do mundo por meio do desenvolvimento e do exerc cio das nossas faculdades intelectuais E nesse sentido mais amplo que definimos ser humano como um ser da pr xis tamb m um ser pedag gico capaz de educar e educar se a partir de um esfor o subjetivo mobilizando suas habilidades cognitivas em regime de co intencionalidade com os demais seres humanos que constituem os seus grupos de conviv ncia cf Freire 2005 p 64 Tal tamb m um processo de emancipa o entendido como a progressiva liberta o dos seres humanos das amarras que obstam o desenvolvimento do seu potencial intelectual tico e est tico que por sua vez conduz produ o de conhecimentos e de dispositivos tecnol gicos que alim
187. erspectiva emancipadora do labor educativo em um mundo de automa o Mas mesmo que esse objetivo n o seja plenamente alcan ado ficarei feliz se despertar o interessar do leitor para a obra Conceito de Tecnologia de lvaro Vieira Pinto um marco na filosofia da t cnica que muito honra o pensamento brasileiro Reivindico para o meu trabalho portanto um car ter explorat rio e inspirativo mas de modo algum prescritivo De resto n o acredito que exista uma via nica para a educa o nem tampouco um conjunto de tecnologias de automa o que se possa querer hegem nico adaptado a todas as necessidades humanas e ambientais Na educa o assim como na tecnologia a diversidade uma for a de fundamental import ncia Nesse sentido meu trabalho necessariamente uma contribui o circunscrita ancorada na minha forma o te rica e nas minha pr pria viv ncia como t cnico e como educador Que outros autores tomando como ponto de partida quest es semelhantes s que tomei se aventurem por caminhos diferentes e at mesmo divergentes dos meus algo que n o s espero como tamb m desejo A estrutura do texto a seguinte O presente cap tulo apresenta uma primeira aproxima o s quest es desenvolvidas no decorrer do trabalho assim como as notas metodol gicas e bibliogr ficas O cap tulo 2 Automa o Heran a Cibern tica analisa as origens da cibern tica e seu impacto sobre a id ia de automa o
188. es humanos e as m quinas proponho uma outra dimens o de an lise a partir da considera o sobre os mecanismos internos da m quina que podem ser pensados em quatro n veis No primeiro n vel a m quina constru da de modo a executar uma nica tarefa ou seqii ncia de tarefas sempre da mesma maneira Nessa categoria est o os moinhos movidos a roda d gua os bate estacas que d o martelada ap s martelada repetitivamente e os motores de arranque dos autom veis conforme exemplo supracitado No segundo n vel a m quina pode ser programada para realizar diferentes tarefas sem altera es significativas na disposi o de seus componentes mas para cada programa as tarefas s o ainda executadas sempre da mesma forma caso n o haja interven o humana em sentido contr rio Exemplos desse tipo de m quina s o o tear de Jacquard do in cio do s culo XVII assim como as modernas m quinas de costura capazes de aplicar diferentes pontos ao tecido a partir de um ajuste simples do seu mecanismo No terceiro n vel a m quina executa as tarefas pr definidas mas a seqii ncia das opera es se altera em fun o dos efeitos causados pelo pr prio funcionamento da m quina em um processo de retro alimenta o que consiste na medi o de determinadas vari veis seguida de ajustes no funcionamento da m quina de acordo com os valores medidos Nas palavras de Wiener retro alimenta o o controle da m quina com base n
189. esse comportamento n s temos um processo que pode ser chamado de aprendizado Levando em considera o que Wiener n o estabelece diferen a em princ pio entre os sistemas naturais e artificiais esse uso da palavra aprendizado leg timo por exemplo em refer ncia s organiza es que envolvem pessoas em processo de aprendizado coletivo Por outro lado no que diz respeito aos sistemas artificiais em especial os computadores o uso do termo aprendizado s se sustenta se ficar claro qual o pensamento encoberto pelas express es habituais como quer Vieira Pinto 2004 v 2 p 600 No caso em foco a clareza consiste em reconhecer que quilo que se chama de aprendizado na m quina falta o essencial do aprendizado humano isto sua natureza existencial que determinada pela finalidade representada pela prepara o do homem para o conv vio com os demais nos atos da produ o social de bens materiais ou de id ias Pinto 2004 v 2 p 601 Feito esse esclarecimento cabe observar que as m quinas que aprendem cujo desenvolvimento est no dom nio da intelig ncia artificial ainda n o s o encontradas em larga escala nos sistemas de produ o Para os fins do presente trabalho o conceito de automa o indissoci vel da id ia de auto regula o ou seja dos n veis primeiro e terceiro de funcionamento da m quina ou do sistema explicados acima Portanto s se considera autom tico um disposit
190. essidades de reconfigura o da produ o para fazer face s demandas do marketing A m o de obra tempor ria de baixa qualifica o funciona a como uma esp cie de colch o protetor do capital perante os acidentes do mercado A impossibilidade de imitar certas habilidades humanas por meio das m quinas a outra raz o pela qual a automa o de alguns processos ou tarefas n o completa O canal de televis o The History Channel exibiu no programa M os Obra do dia 29 de abril de 2006 um document rio sobre uma moderna f brica de pneus com elevado n vel de automa o A surpresa do processo de fabrica o fica por conta da inspe o final do produto feita manualmente pneu a pneu por empregados capazes de detectar defeitos de fabrica o nos produtos usando o tato e a vis o al m de uma habilidade toda especial para girar os pneus rapidamente sobre uma base apropriada enquanto os inspecionam Ou seja a destreza manual e a acuidade dos sentidos humanos ainda encontram lugar em postos que as m quinas ainda n o puderam alcan ar A prop sito Groover 2000 p 15 apresenta uma lista de pontos fortes e pontos fracos de seres humanos e m quinas no que diz respeito sua participa o na produ o As pessoas t m em seu favor a capta o de est mulos inesperados a originalidade no desenvolvimento de novas solu es a capacidade de lidar com problemas abstratos adaptabilidade a mudan as a
191. etem e ou implementem os circuitos de controle aos de computa o matem tica que projetem diferentes algoritmos para avaliar qual obt m maior efici ncia aos de geografia um mapeamento aproximado do potencial de automa o em uma dada regi o da cidade e assim por diante De fato as possibilidades de inser o da tecnologia em geral e da cibern tica em particular no curr culo s o atraentes e estimulantes para a imagina o de alunos e professores s o tamb m din micas pois se atualizam com a pr pria atualiza o tecnol gica refletida no dia a dia de todos O que precisamos compreender agora a urg ncia dessa abordagem a fim de que imagem da tecnologia como fetiche de consumo e como substituta do ser humano seja substitu da na consci ncia dos educando pela imagem da tecnologia como cria o humana fundamentada logicamente e materializada de acordo com condicionantes econ micas pol ticas e sociais 6 3 4 Quarto desafio escolas por toda a vida No Brasil at meados da d cada de 1980 cursar uma boa faculdade na rea tecnol gica ou uma boa escola t cnica era sin nimo de um futuro profissional promissor Hoje ao contr rio do que os meios de comunica o insistem em afirmar uma boa escola n o garante o futuro profissional de ningu m J uma m escola ou uma escola med ocre nem 2 Tecnologia que em ess ncia bastante acess vel No momento em que teermino este texto dois orient
192. forme o pr prio Frith reconhece ocorre em princ pio mas n o necessariamente na pr tica pois uma s rie de fatores t cnicos e humanos influenciam o comportamento de dois sistemas com id ntica especifica o de projeto 59 um trem podem desejar saber que existe um condutor bordo mesmo que isso n o fa a nenhuma diferen a em termos da seguran a ou confiabilidade do servi o De in cio chama a aten o a necessidade impens vel h algumas d cadas de se justificar a presen a dos seres humanos nos sistemas Mas de forma sutil por m continua os sistemas automatizados t m modificado radicalmente o lugar do trabalhador em diversos ramos de atividade O n mero de operadores nas plantas industriais tem ca do significativamente mesmo com o aumento da produ o Entre os banc rios boa parte postos de trabalho perdidos pode ser atribu da automa o Na avia o a figura do engenheiro de v o profissional essencial nas grandes aeronaves at a d cada de 1980 desapareceu com a nova gera o de aeronaves fly by wire a partir dos anos noventa Quando trabalhadores qualificados s o deslocados pelas m quinas porque de alguma forma parte do seu know how e de suas habilidades foi apropriado excorporado pelos gestores do capital e reincorporado nas m quinas sob a forma mais antiga de arranjos mec nicos e eletromec nicos ou sob a forma mais recente de programas de computador Da a af
193. gidas mudan a da nossa vis o de escola A id ia chave a de que 151 precisamos romper as fronteiras artificiais entre o saber e o fazer entre aprender e pesquisar entre conhecer e realizar Em certo sentido aproximar a educa o em todos os n veis daquilo que hoje pensamos ser um curso de doutorado a constru o participativa do conhecimento sob a tutela de orientadores competentes Mais do que isso mobilizar meios para que esse processo se estenda por toda a vida das pessoas 6 1 Educa o conhecimento e automa o A forma como o conhecimento tratado na escola dos n veis fundamentais universidade tem sido objeto de cr tica h muito tempo A separa o entre teoria e pr tica assim como a compartimentaliza o s o temas recorrentes entre educadores e cr ticos sociais N o pretendo claro apresentar solu es definitivas para esses problemas e sim uma aprecia o especial da mat ria com o olhar voltado para a forma o de cidad os competentes e respons veis em um mundo de automa o Em particular argumentarei que com a dissemina o dos dispositivos e sistemas cibern ticos precisamos combater a uma linha de pensamento que pretende apresent los como objetos capazes de conhecer e de produzir conhecimento autonomamente Para tanto necess rio que a educa o desenvolva um esfor o de integra o dos tr s aspectos fundamentais do conhecimento humano epist me t khne e phronesis
194. h o de f brica n o uma conting ncia da automa o mas do ponto de vista dos gestores do capital uma parte essencial do processo de acumula o Conforme afirma Marx 1998 v 1 p 427 o objetivo do capital quanto emprega a maquinaria n o aliviar a labuta dos seres humanos Portanto se a automa o aumenta a produtividade poupando o ser humano de tarefas extenuantes repetitivas perigosas ou insalubres ela tamb m proporciona ao empregador um novo mecanismo para produzir mais valia por meio da substitui o parcial do trabalho vivo ou mais precisamente por meio da reorganiza o local das for as produtivas em favor do capitalista Nesse contexto ainda podemos dizer que as m quinas aumentaram certamente o n mero dos abastados ociosos Marx 1998 v 1 p 427 acrescentando que elas aumentaram paralelamente o n mero de desocupados n o abastados ou famintos Por um lado por maior que seja o n vel de automa o da produ o no ch o de f brica h tarefas de suporte produ o que precisam ser executadas por trabalhadores especializados manuten o de equipamentos re programa o dos computadores e rob s projetos de engenharia e administra o da f brica Groover 2000 p 16 17 Por outro lado um aspecto essencial da automa o industrial a subdivis o das tarefas compostas em tarefas simples que possam ser executadas como unidade na linha do que Groover 2000 p 17 chama de princ
195. ia norteiam o desenvolvimento e a manifesta o das nossas compet ncias O problema do car ter um pouco diferente diz respeito dire o que damos aos nossos atos Nesse sentido o car ter n o afeta tanto a capacidade de conhecer ou de realizar mas os rumos e as raz es das realiza es humanas Na busca dos fins elevados da vida sabedoria pr tica phr nesis e virtude moral se complementam pois a obra de um homem apenas se concretiza em conson ncia com a sabedoria pr tica bem como com virtude moral porque a virtude nos faz almejar o que correto e a sabedoria pr tica nos faz escolher os meios adequados Arist teles 1998 p 155 Anteriormente no mesmo texto 1998 p 143 Arist teles deixa claro que o v cio obnubila o ju zo da conduta pois o homem pervertido pelo prazer ou pela dor perde a justa no o das causas que o levam a agir Consegiientemente a pessoa de car ter viciosos pode se tornar competente tecnicamente e cientificamente os exemplos hist ricos s o numerosos mas n o em termos de phr nesis na outra via a phr nesis necess ria para plena realiza o da virtude N o poss vel ser bom em sentido estrito sem sabedoria pr tica ou ter sabedoria pr tica na aus ncia da virtude moral as virtudes morais e intelectuais n o podem existir separadas umas das outras Arist tesles 1998 p 158 Uma conclus o important ssima para um mundo de automa o onde
196. ia como fun o compet ncia como comportamento e compet ncia como pot ncia geradora discutidos a seguir Ao compreender a compet ncia como comportamento estamos interessados em definir inequivocamente e aferir objetivamente um conjunto de compet ncias no plural definidas como atividades bem especificas que algu m deve ser capaz de realizar Conforme observa Rey 2002 p 28 essa uma situa o freq ente no mundo empresarial e tamb m na pedagogia por objetivos Ele nos lembra que nas empresas comum a defini o de uma lista de opera es padronizadas que definir o um determinado posto de trabalho de modo a tornar o treinamento do trabalhador livre de ambig idades No mbito escolar a compreens o da compet ncia como comportamento tamb m est associada ao desejo de se eliminar ambig idades Nesse caso pergunta se o que o aluno dever se capaz de fazer ao final de um determinado ciclo de ensino aprendizagem Assim por exemplo Ser capaz de substituir substantivos comuns em ordem alfab tica uma defini o de compet ncia menos equivoca do que ser capaz de demonstrar um esp rito de c iniciativa Hameline apud Rey p 28 29 Isso porque uma compet ncia que pode ser exemplificada sob a forma de diversas a es poss veis constitui um objetivo equ voco inversamente un voca a compet ncia que n o pode ter como exemplo sen o uma a o Rey 2002 p 29 Essa defini
197. ializado e um refinado ju zo emp rico em um campo de a o bem espec fico tamb m um oper rio que controla um maquin rio complexo em um esfor o combina sensibilidade t til visual e auditiva com uma boa dose de coordena o psicomotora sobretudo em situa es de emerg ncia tais como pousos at picos Sua rela o com os sistemas avi nicos tem ao mesmo tempo semelhan as com a rela o entre os oper rios e os rob s na ind stria e com a rela o entre os trabalhadores de escrit rio e os sistemas de informa o Uma vez que a experi ncia uma qualidade relevante tanto para o oper rio qualificado quanto para o expert natural que as estat sticas apontem a inexperi ncia do piloto como um fator de risco relevante para a ocorr ncia de incidentes e acidentes relacionados a falhas humanas na pilotagem McFadden 1997 Esse um dado significativo uma vez que as demandas f sicas das longas jornadas de trabalho bem como a necessidade atualiza o profissional constante poderiam em princ pio favorecer os pilotos mais jovens embora menos experientes Assim como em outras profiss es a tecnologia tem alterado significativamente a pilotagem no decorrer dos anos Dos primeiros avi es comerciais na d cada de 1920 at o Concorde no in cio dos anos de 1970 o n mero de mostradores displays na cabine de comando multiplicou se rapidamente Em termos cibern ticos isso significa que os pilotos e engenheiros de v
198. ibera o humana Historicamente tal delibera o tem sido exclusiva de elites sem compromisso com o bem estar das massas ou na melhor das hip teses alienadas em uma concep o ing nua de sociedade Para reverter essa situa o a longo prazo insustent vel cabe a n s educadores ajudar os nossos jovens e tamb m os n o t o jovens a construir um novo quadro de refer ncias em que o desenvolvimento tecnol gico seja visto como um campo de possibilidades emancipadoras e n o apenas como tem acontecido como um dado inquestion vel um projeto elitista um conjunto de produ es acabadas que s se constituem sob o benepl cito das mega empresas Para tanto o exame do conceito de civiliza o tecnol gica tem que come ar pela exposi o e desmascaramento dos fatores pol ticos que encobrem consci ncia as possibilidades de as na es privadas do poder se pensarem a si mesmas Pinto 2004 v 1 p 46 No atual momento hist rico n o basta um discurso de justi a social tecnologicamente ing nuo nem tampouco um discurso tecnologicamente informado mas alienado politicamente Como nos alerta Paulo Freire 1992 p 133 em uma vis o progressista n o poss vel dicotomizar o t cnico e o pol tico Acrescentando que nunca talvez a frase quase feita exercer o controle sobre a tecnologia e p la a servi o dos seres humanos teve tanta urg ncia de virar fato quanto hoje em defesa da liberdad
199. icados e com acep es particularizadas grifo no original Isambert Jamarti 1997 tamb m busca as origens do termo na esfera jur dica mais precisamente no fim da Idade M dia poca tal como ocorre ainda hoje os ju zes declaravam que tal tribunal era competente para determinado tipo de julgamento mas n o para outros Da o termo veio a designar de maneira mais geral a capacidade reconhecida de se pronunciar nessa ou naquela mat ria p 103 Para Stroobants 2004 a s bita predile o pela no o de compet ncia nos ambientes de trabalho ou de forma o a partir dos anos de 1980 n o encontra nenhuma justificativa emp rica e dessa forma Dom nio da raz o aqui compreendido como o campo das id ias conceitos infer ncias e dedu es portanto distinto do campo cognitivo que agrega opera es mentais mais elementares 88 A quest o nesse caso estaria em saber quem reconhece essa capacidade de se pronunciar e sob que condi es Por essa tica o termo compet ncia exprime o poder tanto daquele a quem se reconhece certas prerrogativas supostamente decorrentes do conhecimento especializado al m de outras qualidades como daqueles a quem conferido o direito de conceder tais prerrogativas Na realidade brasileira os conselhos profissionais OAB CFM CREA etc s o exemplos de inst ncias onde tais poderes se cristalizam 71 O termo flex vel e amb guo continua sendo objeto de te
200. ico e metodol gico fruto do conhecimento e experi ncia que supostamente o diferenciam de seus pupilos Somente sua vigil ncia epistemol gica poder livr lo do eventual vexame de assinar um artigo escrito pela equipe e que eventualmente contenha falhas metodol gicas que n o escapariam a um olhar cr tico mais apurado Na ci ncia atual boa parte do trabalho de observa o e mensura o vem sendo automatizado Talvez o exemplo mais marcante dessa tend ncia seja a astronomia onde os cientistas praticamente j n o fazem observa es diretas atrav s dos telesc pios Agora dispositivos sens veis luz semelhantes aos existentes nas c meras digitais varrem automaticamente os c us coletando dados que s o armazenados e processados em computador antes mesmo que os astr nomos possam fazer qualquer observa o Por um lado a quantidade e precis o dos dados coletados cresce muito em rela o s observa es e fotografias do passado Por outro lado torna se cada vez mais dif cil separar o joio do trigo isto reconhecer em meio avalanche de dados aqueles que s o de fato significativos N o dif cil imaginar que se os astr nomos perderem o senso cr tico poder o aceitar dados Em casos extremos pesquisadores iniciantes podem at mesmo inventar dados na tentativa de se promover e n o s entre os inexperientes O coordenador da equipe deve ser capaz de analisar criticamente os resultados obtido
201. idade de dispensar tantos trabalhadores mesmo em um per odo de franca ascens o do tr fego a reo anterior aos atentados de 2001 em larga medida provocada pela automa o tanto dos servi os em terra quanto das aeronaves Em terra os modernos sistemas de reservas e vendas de passagens pela Internet eliminaram in meros postos de trabalho No ar as aeronaves mais novas dispensaram a figura do engenheiro de v o Assim as aeronaves de m dio e grande porte que voavam com tr s tripulantes na cabine passaram a voar com apenas dois O desemprego provocado pela automa o tem dois aspectos distintos Primeiro a redu o absoluta do n mero de trabalhadores requeridos para a produ o de bens ou realiza o de servi os mesmo quando se considera as poss veis realoca es ou transfer ncias entre atividades Segundo a dificuldade de transferir trabalhadores de sua atividade original para outras que frequentemente exigem qualifica es muito diferentes que n o podem ser adquiridas sen o com muito tempo esfor o e investimento Portanto outro desafio premente para a educa o em um mundo automatizado formar pessoas capazes de readaptar constantemente as suas capacidades para fazer face s novas demandas do mundo do trabalho O que grosso modo significa a redu o do quadro de pilotagem a 2 3 do anterior Vale ressaltar que al m das aeronaves novas j sa rem de f brica prevendo apenas a presen a de
202. inada rea superam os riscos e inconvenientes que ela traz mas esse balan o muito delicado pois envolve al m de problemas t cnicos complexos problemas ergon micos epistemol gicos ticos econ micos e pol ticos de dif cil solu o Embora dirigir um autom vel seja uma atividade de risco que requer o desenvolvimento de habilidades especiais do ponto de vista do usu rio o carro uma m quina muito mais simples e previs vel do que um telefone celular de ltima gera o como se pode inferir comparando se o tamanho e a complexidade dos respectivos manuais Esse fato corriqueiro nos faz suspeitar de que a introdu o da automa o em reas cr ticas como a pilotagem de avi es n o t o simples e direta como pode parecer primeira vista De fato Risukhin afirma que a introdu o de equipamentos autom ticos na avia o trouxe oportunidades e problemas antes desconhecidos 2001 p 7 grifo meu Mesmo situa es prosaicas da vida urbana tais como o uso de telefones celulares e quiosques de auto atendimento t m se operado transforma es profundas nas demandas cognitivas impostas s pessoas em especial s das camadas economicamente desfavorecidas que at bem pouco n o tinham acesso a dispositivos eletr nicos sofisticados Por um lado essa situa o obriga ao exerc cio de certas modalidades de racioc nio l gico antes adormecidas com consegii ncias possivelmente positivas no plano pedag gico P
203. incentivo para os investimentos de capital necess rios Quando a for a humana n o estava dispon vel era mais f cil usar burros ou cavalos do que construir moinhos a gua No caso da m quina energia el trica t rmica qu mica ou nuclear oriunda de fontes definidas e no caso do escravo energia qu mica por meio da ra o di ria de alimento 4 Os capatazes dizem aos escravos o que fazer e os programadores dizem s m quinas o que fazer 55 Para o industrial assim como para o agricultor em larga escala da atualidade geralmente mais recompensador manter uma estrutura complexa de m quinas cibern ticas sob o comando de t cnicos especializados do que uma estrutura servil de seres humanos degradados fisicamente e intelectualmente que nada produzir o al m daquilo que lhes possa ser tirado atrav s do uso ostensivo da for a Hoje em dia os trabalhadores que se destacam no mundo da produ o s o os que projetam operam programam e consertam as m quinas pois deles se pode extrair mais valia com maior efici ncia e sutileza devido enorme produtividade que alcan am indiretamente por meio dos aut matos que dominam Contudo se historicamente a automa o traz tantas vantagens para o capital preciso explicar porque nem sempre as m quinas substituem as pessoas mesmo quando a tecnologia necess ria est madura Morgan 1996 divide o chamado mercado de trabalho em dois estratos o mercado de
204. indispens vel vigil ncia sobre os aut matos e ainda sobre a sua pr pria general truths no original Em oposi o quela pr xis compuls ria logicamente decorrente da condi o humana 112 rela o com eles habilitando se a transformar realidade por meios tecnol gicos visando fins socialmente teis e ecologicamente aceit veis Sob essa perspectiva a compet ncia passa pela compreens o e apreens o dos fatores que condicionam a pr tica Portanto pode se questionar a compet ncia do profissional que desconhece tais fatores ou conhecendo os n o os atualiza na sua pr tica Na mesma linha de racioc nio parece razo vel supor que 1 a compet ncia plena em um determinado dom nio depende de um meta conhecimento a respeito do dom nio e tende a crescer com ele e 2 o profissional cresce em compet ncia na medida em que se mant m em dia com esse meta conhecimento n o tanto como receptor passivo mas como agente co criador Ou seja o profissional cresce na medida em que reflete sobre sua pr pria pr tica e ainda mais quando tem a chance de se relacionar com as pessoas que estudam o seu campo de trabalho sistematicamente sob diferentes perspectivas Essa evidentemente n o uma tese nova pois h d cadas os atletas do mundo todo t m sido acompanhados por equipes multidisciplinares respons veis por orient los sobre suas pr ticas No xadrez por exemplo um dos principais pap is do treinado
205. individual do trabalhador em detrimento dos espa os coletivos de classe normalmente definidos de acordo com qualifica es reconhecidas socialmente Nesse sentido Stroobants 2004 p 73 afirma que a compet ncia distancia se da denomina o controlada para se aproximar da interpreta o arbitr ria Desvia se de refer ncias coletivas como a dura o implicada na qualifica o e objetiv veis sob a forma da antiguidade e do diploma Diferentemente da qualifica o a compet ncia evita as distin es entre categorias para optar pelas particularidades pessoais tais como desempenho m rito e lealdade entre outras caracter sticas submetidas a avalia es subjetivas Em sintonia com essa perspectiva Dugu 2004 p 25 refere se a o do modelo de compet ncia no trabalho como um tipo de solapamento do sistema de qualifica o cujas conseqii ncias seriam ainda dif ceis de prever Um operador aposentado de um grande grupo petroqu mico relatou me espontaneamente que a empresa onde trabalhava n o distribui de forma equ nime a participa o nos lucros obtidos levando em conta as classes de trabalhadores Ao inv s disso a distribui o feita com base em avalia es individuais de modo que dois colegas que realizam as mesmas tarefas no mesmo turno de opera o podem receber pr mios bem diferentes 72 De fato as lideran as capitalistas s o h beis em manipular conceitos em c
206. intoler veis para os seres humanos Ao lado dessas raz es para a automa o temos as raz es para incluir seres humanos nos sistemas Frith 2000 p 227 1 intelig ncia intelligence naquilo em que os humanos superam as m quinas detec o de padr es e tend ncias racioc nio indutivo mem ria associativa originalidade na defini o de objetivos e na resolu o de problemas 2 flexibilidade flexibility que se expressa como capacidade de aprender com a experi ncias diversidade dos sentidos coordenados trabalhando em conjunto capacidade de improvisar 3 disponibilidade availability se humanos j est o no sistema trabalhando a contento por que automatizar em oposi o ao dito na d vida automatize 4 requisitos de dom nio domain requirements ou seja a presen a de operadores humanos pode ser obrigat ria devido s leis ou costumes 5 seguran a safety como consegii ncia dos itens 1 e 2 acima 6 custos costs pois os investimento de capital necess rio para implantar um sistema costuma crescer com o aumento do n vel de automa o Em outras palavras a curto prazo mais barato implantar um sistema baseado em humanos 7 percep o dos fatores humanos human perception sic que diz respeito forma como os operadores e usu rios v em o sistema e os seus pr prios pap is diante dele Por exemplo os usu rios de 51 O que con
207. irma o de Frazzini 2001 p 10 Historicamente automa o tem aumentado o poder do engenheiros gestores e de outros que controlam uma tecnologia em preju zo de trabalhadores que n o mais necessitam de habilidades especiais Seria mais exato dizer em preju zo dos trabalhadores cujas habilidades s o simuladas satisfatoriamente pelos aut matos A quest o por m e um pouco mais complexa porque os trabalhadores que permanecem no sistema podem de fato ter a sua qualifica o aumentada Agnew et al 1997 O capitalismo portanto encontra algumas de suas raz es na automa o e vice versa Contudo poss vel enfrentar o desafio de considerar as raz es da automa o para al m dos sistemas econ micos vigentes o que n o se configura como esfor o ing nuo nem tampouco 52 Lembrando uma express o popular da lingua portuguesa pode se dizer que o aut mato a servi o do capital est constantemente dando um chega pr l no trabalhador sem que o juiz apite falta quem o juiz e onde ele est Na dividida geralmente a m quina mais forte ou seja mais atraente para o grande capital e o trabalhador perde o seu lugar no time Historicamente a discuss o dessa quest o tem sido conduzida por um vi s pol tico sindical que sem d vida tem a sua l gica e o seu lugar Contudo a quest o s poder ser equacionada quando o debate e as a es pertinentes se estenderem aos terrenos tico est tico
208. isa lr edema ends 61 3 As Compet ncias em Quest o terem 68 3 1 Um termo EMCONSILU O sia eee eis sede Da 69 3 2 Compet ncias e cogni o ssusosisesanias Eni inp cient iodo aito and alisa nadas did 78 3 3 Compet ncias e antencionalidades a psisecierae spa sds tiara aan 84 3 4 A eros o das COMIPELENCIAS ses aus ars sa OS aa 88 4 Ser Humano Ser Competente eee 94 AW Umser da praxis spa era r Ee E tanned ene a s 95 4 2 Compet ncias cultura coletividade 97 4 3 T khne epist me e PHrOmesiSs c0cissecsisassacdassisuebaalacdaossadeedssantseansds 106 5 A coopera o humano m quina im 114 5 1 Situando o Problemas aul cote is irl onc UCA UA a Rn a ects 115 5 2 Uma rela o assimetrica is css sscisesbasoosdeccacicess ide taddiapaatans iria datado 120 5 3 Coopera o na pilotagem de AVIOES c cc eeeececesecesteceeteeeeteeeeeaees 123 5 4 Coopera o na Industria asd sa a TSE a 139 6 Desafios Educacionais seen 150 6 1 Educa o conhecimento e automa o 151 62 DESATIOS policos nai sand abri BA aa ets 157 6 3 Desafios pedas BICcos que cas ceavtaileanecsiaadseansaiacduns Liar dida ts diabi eng 164 6 3 1 Primeiro desafio aproximar escola e trabalho t istiii 165 6 3 2 Segundo desafio ensino aprendizagem como pesquisa 168 6 3 3 Terceiro desafio a tecnologia no curr culo iiiiiii 173 6
209. isticados com equipamentos e insumos caros Na verdade o modelo tradicional de separa o entre sala de aula e laborat rio j por si s comprometedor porque perpetua a separa o entre epist me e t khne A id ia portanto a de que a sala de aula seja sempre um ambiente de experimenta o anota o de resultados discuss o cr tica cotejamento entre a teoria e os dados da experi ncia Experimentos simples com material barato podem ser realizadas em diferentes n veis de sofistica o Naturalmente desejamos escolas bem equipadas e n o seria razo vel fazer a apologia da precariedade Por outro lado tamb m devemos evitar a tenta o de nos escorar na falta de recursos materiais como justificativa para a manuten o de m todos de ensino intelectualmente castradores e comprovadamente ineficientes Al m disso preciso ter em mente que o fetiche da tecnologia muitas vezes acaba sendo um empecilho para o desenvolvimento do trabalho educacional porque alunos e professores s vezes acabam se concentrando mais nos meios do que nos objetivos pedag gicos Penso que realmente precisamos de muito mais tecnologia e em especial de muito mais cibern tica na escola mas como objeto de estudo e n o tanto como instrumentos educativos Na pr xima sub se o detalharemos esse assunto 6 3 3 Terceiro desafio a tecnologia no curr culo Consoante a sua perspectiva de educa o como caminho de emancipa o Freire
210. itivas invariantes em diversas culturas Portanto embora certas habilidades como o racioc nio silog stico pare am ser totalmente determinadas por um dado modelo educacional as diferen as ocorreriam de fato na express o dos racioc nios mas n o na sua forma essencial pp 141 142 Na via oposta Wang et al 2004 p 225 enfatizam os aspectos culturais da cogni o e afirmam que na teoria cognitiva tradicional a compet ncia est ligada solu o de problemas ou avalia o de teorias em situa es circunscritas de realiza o de tarefas O grosso desse trabalho tem sido descontextualizado desconectado das circunst ncias em que os processos cognitivos s o usualmente apreendidos e postos em a o Consegiientemente os aspectos culturais do desenvolvimento cognitivo seriam relegados a um plano inferior originando insufici ncias e lacunas te ricas a serem resolvidas Para al m dessa dicotomia entre aspectos biol gicos e aspectos culturais da cogni o Tomasello 2000 p 37 prop e a busca por uma teoria abrangente por meio de a uma abordagem evolucion ria da capacidade do ser humano para a cultura e b uma abordagem ontogen tica do desenvolvimento cognitivo humano em um dado contexto cultural Ou seja diferentemente dos pesquisadores que prop em a exist ncia de bases biol gicas para a aquisi o de certos conhecimentos em campos espec ficos em especial o ling stico e o matem tico Tomasello sug
211. ito da rela o humano m quina merecem mais cr dito do que lhes tem sido dado Suspeito que a ingenuidade filos fica de Penrose ronda o meu trabalho por caminhos sutis A elucida o de conceitos ocupa uma parte substancial do texto No caso da automa o filha da cibern tica trata se sobretudo de buscar sua g nese e seu significado Por um lado um t pico a respeito do qual os especialistas na matem tica e engenharias normalmente abordam ingenuamente em termos filos ficos pol ticos e sociol gicos no que ali s n o rendem homenagem a Norbert Wiener cujos estudos pioneiros extremamente t cnicos est o sempre entremeados de preocupa es de ordem human stica tratadas cuidadosamente No caso das compet ncias no plural ou compet ncia no singular s o termos poliss micos semanticamente carregados hoje usados abusivamente no quadro de Sem levar em conta o cr dito que se lhe d como f sico te rico e matem tico de primeira linha 31 refer ncias de uma mundo empresarial rendido aos lucros de curto prazo Nesse contexto competente aquele que da resultados financeiros rapidamente e ponto final A isso se junta a confus o conceitual entre compet ncias e qualifica es que precisa ser desfeita Estabelecer um campo sem ntico f rtil para o conceito de compet ncia ou compet ncias no contexto da tese o objetivo do cap tulo 3 No cap tulo 4 estabelece se o conceito de ser competente de
212. ivo capaz de monitorar e alterar o seu pr prio funcionamento em fun o de altera es das condi es ambientais das suas condi es internas ou de ambas Sob esse ponto de vista um caixa eletr nico de banco um dispositivo autom tico porque capaz de realizar transa es que implicam no monitoramento de diversos fatores tais como o saldo do cliente a operacionalidade das linhas de comunica o e a quantidade de c dulas existentes no dep sito interno Assim a m quina avisa quando n o h saldo suficiente para uma transa o indica ao 40 cliente que tipos de c dulas est o dispon veis e desfaz por completo as transa es iniciadas mas n o completadas devido a alguma falha na comunica o Por outro lado uma roda d gua que aciona um pil o n o um dispositivo autom tico de acordo com o conceito adotado aqui porque n o responde de maneira significativa s altera es do meio Portanto se o fluxo de gua diminui a roda simplesmente deixa de funcionar direito ou p ra sem qualquer aviso Da mesma forma se o fluxo de gua aumenta muito o mecanismo responde com o aumento indesejado do ritmo do pil o podendo at se quebrar devido aus ncia de um dispositivo que mantenha a rota o em n veis razo veis Em outras palavras a roda d gua n o possui um sistema de monitoramento e nem um sistema de controle Nessa mesma linha de an lise outros exemplos de dispositivos autom ticos s o a transmiss
213. l trico deu um novo impulso automa o tornando as m quinas menores e mais vers teis porque o movimento passou a ser gerado nos lugares em que se faz necess rio em vez de ser transferido por meio de engrenagens polias e correias a partir de um nico rotor Nas aeronaves e plantas industriais os motores el tricos contam se s dezenas cumprindo as mais variadas fun es 8Potenci metro um resistor vari vel usado para ajustar par metros de funcionamento em equipamentos eletro eletr nico atrav s da limita o da passagem de corrente el trica por um dado circuito 142 controle estiver em automatico e tudo funcionando como esperado a planta esta segura Por m quando o controle falhar pode se perder produtos e colocar em risco a vida dos operadores os equipamentos da planta e o meio ambiente Para tratar disso coloca se uma terceira camada a de alarme e intertravamento O alarme chama a aten o do operador para condi es anormais e inseguras e o intertravamento desliga a planta caso a atua o manual do operador n o restaure a condi o segura da planta Se esta camada falhar e houver inc ndio e fogo h ainda uma quarta camada a de detec o de fogo e g s Para interligar integrar e harmonizar estas quatro camadas tem se a automa o da planta Finalizando o controle autom tico uma das v rias camadas da automa o Em s ntese o que se faz em uma planta industrial a transforma o de um
214. liberadamente amb guo significando ao mesmo tempo um adjetivo e um processo em constante evolu o Esse esfor o te rico parece ser uma decis o metodol gica adequada porque ao tratar da rela o entre pessoas e m quinas sob uma perspectiva pouco ortodoxa a tese proposta n o pode se fundamentar em categorias consolidadas necessitando em larga medida que se limpe o terreno e se estabele am os alicerces conceituais sobre os quais os argumentos se desenvolver o A interlocu o com o o amigo e orientador Prof Robinson Ten rio foi intensa e proveitosa Nossa sintonia constru da ao longo de oito anos de di logo nos permitiu realizar muito em pouco tempo mormente nas idas e vindas ao Aeroporto de Salvador O telefone e o e mail foram nossos aliados Claro a n o se incluem as horas de leitura meticulosa que ele dedicou ao meu trabalho Quero agradecer especialmente ao Prof Robinson pela sugest o de que Paulo Freire fosse convidado a participar do trabalho de modo que a perspectiva da automa o como instrumento de liberta o em Vieira Pinto encontrasse seu complemento na educa o como pr xis libertadora do estimado Educador pernambucano Com o correr do trabalho descobri que esses dois nomes que honram o nosso Pa s dialogaram entre si ainda em vida Minha apropria o e entrela amento de seus discursos n o faz jus sua contribui o filos fica e pedag gica mas exprimem os ensaios honestos de um aprendiz e admirad
215. lmente as condi es de trabalho para os indiv duos e para os povos que concretizar o o verdadeiro projeto humano Pinto 2004 v 1 p 58 No caso Vieira Pinto destaca a id ia do projeto como sustent culo da pr xis ou seja como fundamento para transforma o da realidade em oposi o vis o idealista de projeto como um movimento interior do esp rito que deseja ser diferente do que s aspira a modificar o sentimento do ser interior do homem Pinto 2004 v 1 p 57 58 Conforme a transcri o alfab tica do grego adotada por Chau 2002 Minha apropria o das virtudes aristot licas baseia se nas tradu es da tica a Nic maco da Oxford 1998 e da Editora Martin Claret 2005 bem como nas interpreta es de Chau 2002 Blackburn 1997 e LOGOS 1987 96 Ao passo em que na rela o dos animais com a natureza n o existe ainda um projeto no ser humano a faculdade de abstra o obriga expans o dos horizontes existenciais pera al m do espa o e tempo imediatos Nesse sentido o projeto na vida humana n o uma op o mas uma imposi o existencial A alternativa seria a degrada o do indiv duo a uma condi o de mero consumidor que n o trabalha n o cria n o resolve nenhuma situa o vital aut ntica em geral Pinto 2004 vol 1 p 61 Mas excetuado esse caso de degenera o que mais uma conjectura do que uma possibilidade real todos os s
216. lo XX por m com o r pido avan o da tecnologia el trica a teoria do controle iniciou um desenvolvimento mais r pido e acentuado com aplica o rotineira nos projetos de engenharia Com o advento da II Guerra Mundial a engenharia de controle ganhou um impulso enorme na medida em que as pot ncias envolvidas no conflito investiram recursos vultosos na cria o e aperfei oamento de pilotos autom ticos para avi es e m sseis radares e mira de artilharia semi autom tica Mayr 1970 Wiener 1988 2 H um not vel paralelismo entre o desenvolvimento da teoria cibern tica e o desenvolvimento da teoria da computa o Analogamente aos dispositivos auto regul veis as m quinas de calcular mec nicas tamb m evolu ram de modo contingente durante s culos Foi somente na terceira d cada do s culo XX que se estabeleceu um quadro te rico unificador que juntamente com os avan os da eletr nica estabeleceu as condi es para o aparecimento do moderno computador eletr nico digital Para um estudo detalhado do assunto ver por exemplo Davis 2000 3 Regulador em franc s 31 Ao p da letra governador em ingl s A palavra era usada para identificar os dispositivos de auto regula o como o regulador de Watt Watt s governor 32 O romance The Tempter de Norbert Wiener 1964 monta uma trama fascinante em torno dos prim rdios da teoria do controle contrapondo as quest es econ micas e ticas q
217. m 5 3 Coopera o na pilotagem de avi es Na presente se o nossa an lise se prender chamada avia o civil de linha ou de carreira que opera rotas regulares em hor rios programados utilizando com raras exce es aeronaves de m dio a grande porte em aeroportos minimamente equipados a que encontraremos a maior abund ncia de dados relevantes para analisar a coopera o humano m quina Inicialmente batizado Deep Thought Pensamento Profundo 149 the result will not reveal whether the machine can think but rather whether collective human effort can outshine the best achievements of the ablest human beings Que ainda mais rica na avia o militar campo em que por raz es bvias os dados n o est o dispon veis abertamente Al m disso opto por trabalhar com a avia o civil por consider la um modelo do poder emancipador da tecnologia e uma das mais belas conquistas da humanidade no s culo XX 124 Ainda hoje para a maioria das pessoas a profiss o de piloto esta associada a um certo romantismo decorrente dos prim rdios da avia o nas primeiras d cadas do s culo XX quando voar era uma atividade quase artesanal reservada a uns poucos homens e mulheres audaciosos e com habilidades psicomotoras muito especiais Por m nas ltimas quatro d cadas mudan as tecnol gicas e conjunturais t m cada vez mais distanciado a profiss o de piloto dessa fase roma
218. m as prioridades os interesses as vari veis que se julga relevantes Mas o car ter intr nseco f sico matem tico dos sistemas n o muda desde que tomemos como pressuposto que h leis f sicas que o homem n o tem o poder de alterar ao seu bel prazer Consegiientemente um sistema que apaga as luzes e desliga o condicionador de ar automaticamente quando as pessoas saem da sala inerentemente bom pois reduz o estresse ambiental Em termos concretos os recursos que uns deixam de desperdi ar pode ser usado em benef cio de outros ou conservados Por outro lado h certas tarefas atualmente feitas por seres humanos onde a automa o seria evidentemente bem vinda como o caso da minera o de carv o Obviamente muitas pessoas ganham a vida trabalhando em minas de carv o mas para a maioria delas essa uma forma terrivelmente sofrida de ganhar a vida Milhares de trabalhadores morrem todos os anos nas minas o que seria evitado caso a atividade de minera o fosse mais automatizada por meio de rob s semi aut nomos comandados por controle remoto Por enquanto tal situa o n o interessa s empresas menos por raz es tecnol gicas e mais poque ainda bem mais barato para os empres rios explorar a mais valia 54 No dia a dia dificilmente apercebemo nos o quanto o nosso bem estar consome energia para a ilumina o para os transportes para o banho dos adeptos do banho quente para o preparo dos alimentos p
219. m ele Bem diversa como veremos em detalhes na se o 5 3 a situa o do piloto co piloto de um moderno avi o de passageiros que s est o no controle da m quina at certo ponto mesmo porque cognitivamente imposs vel que uma ou duas pessoas em uma cabine de comando d em conta de todos os detalhes operacionais de um grande avi o Em um dia muito nublado seus olhos s o os instrumentos do painel em circunst ncias normais os computadores tomam uma s rie de decis es autonomamente tais como a distribui o do combust vel nos tanques para aumentar a estabilidade do avi o sem falar no piloto autom tico que de dia ou noite conduz a avi o durante horas sem interven o humana Ao contr rio do que acontece no carro os pilotos s o quase totalmente isolados de detalhes operacionais cruciais tais como o controle de pot ncia das turbinas Por fim embora o savoir faire dos pilotos seja fundamental ele constantemente repartido com savoir faire embutido nos computadores de bordo e nos sistemas externos de navega o Um exemplo extremo dessa reparti o o procedimento de aterrissagem com visibilidade zero que j poss vel nos grandes aeroportos dos pa ses ricos Portanto ningu m consideraria absurda a alega o de um piloto de que o avi o n o obedeceu aos seus comandos e fez uma manobra inesperada no momento da aterrissagem Por tudo isso n o dizemos que o piloto e o co Ali s uma
220. m plantas industriais de grande porte Em um momento em que se fala tanto de problemas ambientais e de crise energ tica por que n o estudar na escola a contribui o potencial da automa o para o uso racional dos recursos naturais Afinal um dos principais indicadores do desenvolvimento tecnol gico real a possibilidade de se alcan ar maior bem estar humano com um m nimo de press o sobre a biosfera aspectos da vida entrela ados por assim dizer nos planos tico e est tico Sob essa perspectiva a inser o da tecnologia da automa o humaniza o curr culo por diversos caminhos 1 mostrando que n o h atividade tecnol gica sem impacto social e ambiental 2 apresentando a tecnologia como instrumento a servi o do desenvolvimento sustent vel 3 situando a automa o no plano das op es pol ticas fundamentadas inconscientemente ou deliberadamente em uma certa vis o de natureza e de sociedade H mesmo quest es prosaicas envolvendo a automa o que podem se tornar profundamente atraentes para as discuss es na escola Por exemplo os elevadores prediais que em linhas gerais se apresentam em quatro n veis tecnol gicos distintos Primeiro aqueles que s o completamente manuais e requerem a presen a de um operador humano para determinar todos os seus movimentos e paradas Segundo os que dispensam o operador humano atendendo automaticamente s chamadas de dentro e de fora da cabine determinando as subidas
221. mais os que levam a preocupa o metodol gica at a obsess o nos fazem pensar nesse doente mencionado por Freud que passava seu tempo a limpar os culos sem nunca coloc los Bourdieu Chamboredon e Passeron 2004 p 14 Eu limpei os culos o quanto pude Chegou enfim o momento imposterg vel de coloc los 34 2 Automa o Heran a Cibern tica O presente cap tulo tem como objetivo subsidiar o debate em torno das implica es epistemol gicas cognitivas e sociais da automa o Para tanto s o explorados alguns dos seus aspectos fundamentais nos campos conceitual hist rico e tecnol gico Em particular o v nculo entre automa o e cibern tica explicitado estabelecendo se o conceito de automa o que servir como base para as discuss es posteriores A automa o surgiu como t cnica h pelo menos dezessete s culos e durante a maior parte desse tempo se desenvolveu de forma totalmente emp rica Por m no seu atual est gio ela herdeira direta dos estudos em comunica o e controle definidores da cibern tica desde o seu nascimento como campo de estudos independente que ocorreu durante a II Guerra Mundial Hoje em dia o nome cibern tica est praticamente fora de uso mas o olhar cibern tico enraizado nas ci ncias na computa o e nas engenharias influencia fortemente a organiza o dos sistemas de produ o Nas se es seguintes as determinantes e as consequ ncias dessa influ n
222. mais envolvimento e menor distanciamento mais motiva o e menos t dio Um ambiente onde se tolere e at mesmo se estimule a discuss o das prov veis incoer ncias falhas lacunas e 23 Ou seja o oposto imprecis es nas informa es e racioc nios do professor e dos livros texto da educa o banc ria Freire 2005 na qual se espera que os alunos uma vez convenientemente programados executem automaticamente in meros exerc cios repetitivos e puramente abstratos pois essa a senha para o seu sucesso nas avalia es No texto mencionado acima discuti longamente como a escola tem enfatizado o ensino baseado regras e procedimentos que se assemelha programa o de computadores com os alunos no lugar das m quinas os livros texto no lugar dos manuais e os professores no papel de programadores Essencialmente praticamos ainda a educa o banc ria embora nas escolas mais ricas com o requinte tecnol gico dos computadores lousas eletr nicas e s tios de pesquisa na Internet Assim gradativamente vamos dilapidando o potencial intelectual das crian as e jovens domesticando os transformando os em aut matos incapazes de pensar com originalidade de produzir conhecimento e de usar o conhecimento de forma contextualizada A educa o banc ria enquanto op o pol tica consciente ou inconsciente se traduz em um modelo de ensino aprendizagem algor tmico Em oposi o a esse modelo Collins 199
223. mas nucleares ou proceder manipula es gen ticas segundo os m todos mais avan ados malgrado seus diferentes Backgrounds Em ltima an lise as diverg ncias hist ricas entre os povos no plano cultural caminham lado a lado com a converg ncia pragm tica das compet ncias especializadas na ci ncia no mundo da produ o Assim na mesma medida em que culturas diferentes imp em o desenvolvimento de diferentes Backgrounds o consenso em torno da ci ncia e da tecnologia obriga ao estabelecimento de espa os formativos e laborais semelhantes para cientistas engenheiros e t cnicos nos mais diversos pa ses A ressalva necess ria aqui a de que o Background pode interferir em aspectos relevantes da organiza o do trabalho como as hierarquias e formas de comunica o Para pilotar um avi o a jato por exemplo s o necess rias certas compet ncias invari veis independentes portanto do Background dos pilotos Este contudo podem influenciar a mobiliza o das compet ncias especializadas particularmente em situa es de crise A partir da an lise de diversos estudos emp ricos Kytayama e 2004 assinalam diferen as importantes entre as compet ncias t citas de estadunidenses e japoneses De modo geral fica estabelecido que estes exercem os seus ju zos cognitivos com base em um modo de ser interdependente enquanto os estadunidenses o fazem com base em um modo de ser independente p 68 Um dos aspectos dessa dif
224. mencionada no in cio da presente se o N o se trata importante deixar claro da descri o de um ser humano ideal um super homem ou super mulher detentor de todos os saberes tecnol gicos e epistemol gicos O que pretendo delinear um quadro conceitual inspirador embora provis rio e evidentemente imperfeito para que possamos pensar objetivos educacionais de longo prazo visando a forma o de pessoas capazes de viver produtivamente em um mundo de automa o o que acredito n o estamos fazendo atualmente Cabe acrescentar que n o imagino que todas as pessoas ser o igualmente vocacionadas para trabalhar na concep o e cria o de aut matos mas pretendo que todos sejamos capazes no futuro de v los como cria es hist ricas cujos usos e caracter sticas devem ser objeto de permanente vigil ncia porque a um s tempo refletem e condicionam a natureza das rela es sociais mais opressivas ou mais emancipadoras conforme o contexto No mundo do xadrez com seus par metros de sucesso bem estabelecidos encontraremos um campo adequado para a iniciar aprecia o do que chamaremos ser competente Atualmente por exemplo podemos dizer que o russo Victor Kramnik um enxadrista competente tecnicamente virtuoso eficaz nas competi es dotado de extraordin ria intui o e de uma profundidade anal tica incomum Por m na medida em que o xadrez evolui os crit rios de compet ncia se deslocam em fun o do ap
225. mento ajudando os estudantes a desenvolver a compet ncia a vontade e a delibera o de dominar o computador para benef cio da humanidade No mesmo texto sugeri que o computador seja estudado na escola sob seus aspectos epistemol gico tecnol gico human stico Hoje com um olhar mais abrangente sobre a quest o amplio a sugest o anterior observando que cabe estudar os sistemas cibern ticos em geral dos quais as diversas modalidades de computador s o as componentes centrais Precisamos explorar a articula o entre a tecnologia e os outros aspectos da cultura nas diversas disciplinas escolares incluindo hist ria geografia filosofia e sociologia Consideremos por exemplo o tremendo papel que as novas tecnologias desempenharam na II Grande Guerra e ao qual os livros texto n o costumam dar mais do que uma aten o marginal Uma lacuna grave sobretudo se lembrarmos que foi a partir dos desenvolvimentos tecnol gicos impulsionados pelo conflito que se acelerou a afirma o de determinado padr o de domina o capitalista que at a d cada de 1930 vinha se impondo mais lentamente Com rela o hist ria recente do Brasil um dos t picos candentes seria o j mencionado desenvolvimento da ind stria aeron utica outro os caminhos e descaminhos dos projetos de combust veis alternativos que permaneceram em suspenso at que se tornassem suficientemente atraentes para as grandes transnacionais do petr leo e dos autom veis
226. migos e ex alunos M rcio rico e Roque Jorge obrigado por me fazerem acreditar cada vez mais na intelig ncia e no car ter dos jovens Aos amigos e ainda alunos Newton e L vio pela sua cortesia e presteza em suprir minhas necessidades inform ticas e pelo uso do simulador de elevadores na apresenta o p blica da tese Aos colegas e alunos da UNEB e da Faculdade Ruy Barbosa que se interessaram pelos meus progressos e pelas minhas dificuldades durante a elabora o da tese muito obrigado Aos Colegas da Escola T cnica Federal da Bahia minha gratid o permanente por suas li es de companheirismo Agrade o nossa auxiliar dom stica titular Concei o e reserva Luciene por nos proporcionarem o tempo ocioso que dedicamos ao dever e ao prazer do estudo s amigas Ruth M nica e Simone terapeutas do corpo e da alma sou grato por terem me sustentado a sa de nos dias em que ela amea ou me deixar na m o Ao Pai Paulo agrade o por ter me mostrado a beleza e o valor do conhecimento desde muito cedo M e Maria agrade o pelo carinho constante A ambos meu muito obrigado pelos sacrif cios feitos ao longo dos anos em nome do meu bem estar A irm Rejani e ao irm o Paulinho um agradecimento especial por me incentivarem incondicionalmente durante toda a jornada Minha gratid o a Nelma e s nossas menininhas Vanessa e Ana Cl udia por terem me aturado durante seis anos quase ininterruptos de p s gradua
227. mperiosa de ao se estudar a m quina levar se em conta o processo hist rico cultural do qual representa termo sem o que se recai na falta de perspectiva sobre o passado defeito que n o s empobrece qualquer compreens o do presente como limita obscurece e deforma a vis o do futuro Pinto 2004 v 2 p 30 31 O mesmo alerta se aplica por extens o ao estudo das teorias de base que permitem o aperfei oamento da m quina no caso as teorias cibern ticas cujo desenvolvimento propiciou as condi es para o maior aprimoramento das m quinas auto reguladas antes realizado de forma lenta predominantemente emp rica O que se busca nos par grafos seguintes compreender a cibern tica e seus produtos sob uma perspectiva hist rica na medida em que essa compreens o importante para elucidar o seu sentido epistemol gico e o seu sentido social contribuindo para o posterior levantamento de quest es pedag gicas pertinentes Como j foi dito o destaque dado cibern tica no presente trabalho tem a sua raz o de ser na Naturalmente o fil sofo n o se refere a uma m quina em particular enquanto objeto material individual mas da m quina enquanto classe de artefatos criados pelo homem 52 influ ncia duradoura desse campo de estudos sobre os sistemas de produ o e conseqiientemente sobre toda a sociedade No que concerne identidade da cibern tica de meados do s culo XX para c mudaram os atores
228. n mico dos sistemas que ele pr prio implanta a servi o das multinacionais da automa o industrial 168 coletivas Al m disso obsta o exerc cio da sabedoria pr tica phr nesis que s se atualiza atrav s do di logo que resulta no entendimento entre as pessoas engajadas em um procedimento ou uma realiza o qualquer Para mudar essa situa o precisamos trazer os trabalhadores escola e lev la at eles independentemente de hierarquia ou fun o para que desenvolvam em colabora o com os estudantes e professores a capacidade de ver falar e ouvir Nesse sentido os cursos de aperfei oamento profissional tradicionais n o ajudam muito pois refor am a divis o de trabalho tradicional ao agrupar os alunos de acordo com os estratos profissionais vigentes Dai a import ncia de fazer da escola em todos os n veis deve se enfatizar um campo de di logo continuado e aberto entre professores alunos e trabalhadores de um modo geral Com Paulo Freire precisamos compreender que a capacita o t cnica mais do que o treinamento porque busca de conhecimento apropria o de procedimentos 1977 p 88 Uma proposi o que se torna tanto mais atual quanto mais os sistemas produtivos incorporam a evolu o da cibern tica requerendo dos trabalhadores a compreens o sist mica das suas a es tanto no mbito propriamente t cnico como no mbito pol tico Uma demanda algo desafiadora mas ao mesmo
229. na concep o e opera o dos meios tecnol gicos Ao mesmo tempo mant m os menos qualificados para a periferia do sistema produtivo em tarefas penosas e parcamente remuneradas Al m dos velhos mecanismos de opress o e de outros novos os atuais gestores do capital se valem do avan o tecnol gico como instrumento de sedu o atrav s do qual as chamadas classes m dias s o cooptadas para um modo de vida consumista que lhes rouba a energia o tempo e o capital que poderia ser investido na pr pria emancipa o e tamb m na emancipa o das camadas sociais desprestigiadas Por outro lado um contingente cada vez maior de jovens desempregados com educa o superior convive lado a lado com profissionais que trabalham obsessivamente pois tiveram sua carga cognitiva multiplicada pela utiliza o dos meios eletr nicos de comunica o e de processamento de dados 26 Os chamados paises ricos t m conseguido camuflar em parte as tensdes dai decorrentes exportando as ind strias poluentes e as tarefas intensivas em m o de obra pouco qualificada para os pa ses subdesenvolvidos enquanto mant m sob seu controle territorial as tarefas intensivas em conhecimento e as ind strias de mais alta tecnologia que n o lhes conv m compartilhar Os limites dessa estrat gia contudo aparecem na medida em que mesmo na atividade agr cola e nas ind strias de base os trabalhadores diretamente alocados na produ o perdem espa o para os aut m
230. na pr tica apenas os que s o servidores p blicos e poucos al m desses Outros embora n o temam as repres lias est o eles pr prios a servi o dos poderes institu dos portanto n o t m interesse em question lo Por fim h os profissionais que de t o reconhecidos nas suas reas de atua o e de t o convencidos dos seus saberes e pr ticas n o dialogam apenas monologam Por mais competentes que sejam n o s o os tipos ideais para debates cr ticos Diante dessas possibilidades ao adotar a o di logo entre estudantes e profissionais como rotina precisaremos 1 Despertar previamente o interesse dos alunos para quest es que n o s o pr ticas por n o tratar de t cnicas e dicas imediatamente aplic veis 2 convidar profissionais suficientemente aut nomos e independentes e interessados em debater a fundo as condicionantes e os resultados do seu trabalho 3 estimul los ao di logo evitando que assumam em rela o aos estudantes uma posi o unilateral 4 impedir que a sua fala se transforme em mera propaganda das empresas em que trabalham ou dos produtos que representam O aprendizado que se pode obter com a aproxima o dos profissionais para o di logo cr tico na escola radicalmente diferente do que se espera com a forma tradicional de interc mbio que se caracteriza pelos est gios e visitas dos estudantes aos locais de produ o O ambiente da escola deve ou deveria ser um espa o excelente pa
231. ndo o com mais efici ncia Especificamente a unidade de processamento de um computador pode ser atualizada de modo a executar com mais efici ncia um mesmo programa executado anteriormente o que implica na redu o de custos com o desenvolvimento de novos programas e 3 Com a miniaturiza o dos componentes os computadores eletr nicos digitais tornam se cada vez mais baratos leves e compactos de modo que podem ser usados em uma gama crescente de aplica es Gra as a uma combina o de l gica tecnologia e marketing passamos de um mundo praticamente sem computadores a um mundo amplamente computadorizado em apenas cinco d cadas Juntamente com a descoberta do DNA e com o dom nio da energia nuclear o poder computacional em larga escala uma das grandes for as transformadoras da sociedade e da nossa vis o de mundo ap s a II Guerra Mundial Entretanto embora as discuss es ticas e pol ticas sobre a energia nuclear e as manipula es gen ticas encontrem um razo vel espa o nos meios de comunica o ainda que envoltas em desinforma o e sensacionalismo o impacto s cio econ mico e cultural dos computadores discutido de forma um tanto superficial e enviesada Por isso a exemplo do autom vel eles invadem as nossas vidas como fetiche antes que possam ser entendidos na sua real dimens o Atualmente por for a de um acanhamento conceitual generalizado alimentado pela m dia em simbiose com as transnacionais do
232. ngl s mas normalmente usada no nosso idioma com refer ncia s pessoas capazes de performances 82 alicerce de capacidades cognitivas favor veis em um contexto social pr prio no qual o indiv duo adquire uma experi ncia extensa em sua rea de atua o quase sempre sob o orienta o de outros tamb m competentes Um cirurgi o competente precisa ter um controle motor muito fino nas m os Esse um fator psicomotor derivado de um potencial inato aprimorado pelo exerc cio mas que possivelmente fundamenta se em uma estrutura nervosa que n o igual para todo ser humano De maneira an loga os grandes enxadristas s o dotados de uma mem ria espacial espec fica que at certo ponto pode ser desenvolvida por meio de treino mas que tamb m depende de uma base cerebral que parece n o ser comum para todos O v nculo hist rico entre os testes de intelig ncia em particular o QI e as teses racistas e eugenistas provocou em muitos c rculos acad micos a rejei o de que as possibilidades cognitivas sejam biologicamente condicionadas Ali s n o id ia de que sejam condicionadas porque obviamente o s o mas id ia de que haja diferen as substantivas biologicamente fundadas entre as pessoas no que tange ao seu potencial de desenvolvimento cognitivo De fato as teses em favor das supostas diferen as de intelig ncia entre grupos tnicos n o encontram respaldo te rico nem emp rico e t m si
233. nos e m quinas precedida por uma an lise cr tica da id ia de que a m quina substitui o trabalho humano Depois buscam se pistas sobre o que as m quinas podem ou n o podem fazer com base em uma an lise das diferen as entre estas e os seres humanos se o 5 2 mas nenhuma prescri o sobre o que elas devem fazer oferecida o que n o harmonizaria com os prop sitos do texto Os aspectos epistemol gicos da coopera o humano m quina s o enfatizados na se o 5 3 com um olhar sobre a articula o de compet ncias humanas distribu das no tempo e no espa o na pilotagem de avi es modernos em contraste hist rico com as compet ncias concentradas sobre um ou mais homens em uma cabine de comando A coopera o humano m quina na ind stria estudada na se o 5 4 com a preocupa o de fazer emergir as tens es entre os problemas de curto prazo do mundo do trabalho e o papel potencial da automa o como instrumento de bem estar social insistindo se na tese de que a rigor a automa o s o substitui trabalho humano 115 5 1 Situando o problema A an lise da coopera o entre os seres humanos e as m quinas exige de in cio o entendimento de que as m quinas n o substituem em sentido estrito o trabalho humano mas permutam certas formas de trabalho por outras em geral com maior rendimento Ou seja quando o homem p e as m quinas a funcionar quem est efetivamente trabalhando ele Acontece apenas o desdob
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235. ntativas de esclarecimento de tateios m ltiplos e contradit rios e seu principal modo de exist ncia parece ser v tima de uma intensa atividade de redefini o Por outro lado a propaga o da no o parece ter sido mais favorecida do que travada por sua inconsist ncia p 65 Dolz e Ollagnier 2004 contudo al m de situarem a ascens o do termo em um momento anterior a partir dos anos 1970 acreditam que a emerg ncia da no o de compet ncia na rea de educa o evidencia mudan as epistemol gicas remetendo no o de constru o interna ao poder e ao desejo de que o indiv duo disp e para desenvolver o que 299 lhe pertence como ator diferente e aut nomo p 10 Entretanto assinalam que por ser exageradamente utilizado o termo compet ncia passou a provocar numerosas confus es p 11 Um dos motivos de desconfian a em rela o ao conceito de compet ncia a sua apropria o por parte das empresas empenhadas em destacar o papel do empregado como agente eficaz a servi o de uma estrutura voltada para o lucro Essa desconfian a se agrava na medida em que usado como suced neo para o conceito de qualifica o o conceito de compet ncia aparece como elemento de uma estrat gia que visa enfraquecer as categorias de trabalhadores organizados A op o pela compet ncia seria sob esse ponto de vista um pretexto para supostamente privilegiar os espa os de negocia o
236. nte n o encontrou espa o na m dia Em contrapartida todas as not cias a respeito do jato gigante A380 do cons rcio europeu EADS propriet rio da Airbus aparecem com grande destaque Nessa mesma linha a toda hora somos bombardeados com informa es sobre o estrondoso sucesso do agroneg cio onde existe uma defasagem cada vez maior entre o custo dos insumos tecnol gicos e o pre o de venda do produto bruto mas sequer somos informados de que a Embraer tem sido h anos uma das grandes respons veis pelo sucesso da balan a comercial brasileira 24Sugiro mesmo que se fa am pesquisas de campo levantando nas gradua es e ou p s gradua es das nossas universidades p blicas quais s o as expectativas dos alunos quanto ao seu futuro profissional e mais amplamente qual o seu norte pol tico e qual o papel dos conhecimentos adquiridos nas sua perspectiva existencial 22Mas h um projeto impl cito das elites nacionais e internacionais transformar o Pais em um grande celeiro agr cola fornecedor de minerais baratos e para so tropical para deleite dos turistas e aposentados estadunidenses e europeus 159 Em outras palavras ao renunciarmos a possibilidade de desenvolver tecnologia em bases originais automaticamente nos submetemos ao jogo de interesses que nos s o estranhos Ainda que as t cnicas usadas na automa o sejam at certo ponto universais as finalidades propostas para a automa o ser o sempre o objeto de del
237. ntes ou aut nomas em sentido estrito Portanto a delibera o sobre valores metas prioridades sociais compete sempre ao ser humano responsabilidade qual n o nos podemos furtar sob qualquer pretexto Ainda que extrapolando os limites tem ticos do presente trabalho sugiro que como forma de potencializar a longo prazo os efeitos ben ficos da automa o ser o necess rias leis supranacionais intervindo diretamente nas pr ticas dos grandes grupos que operam as finan as globais Enquanto o mundo concreto da produ o continuar subordinado especula o com moeda abstrata ser sempre muito f cil ocultar as responsabilidades das pessoas de carne e osso por detr s de substantivos vagos como mercado e investidores 2 computerworld no original 186 99 66 associados na m dia a adjetivos imprecisos como nervosos apreensivos ou tranquilos que a rigor n o dizem nada Um engenheiro amigo muito querido solid rio e afetuoso disse me que n o entende o que tanto se tem para estudar na rea de educa o Ele tem suas raz es afinal como algu m escreve uma tese de cento e tantas p ginas e no fim n o resolve nenhum problema do mundo e ao contr rio procura problemas onde eles aparentemente n o existiam Como n s educadores podemos escrever tanto discutir tanto criticar tanto e no fim realizar t o pouco Outro grande amigo tamb m engenheiro me diz com fre
238. ntexto s cio econ mico no qual a maioria das crian as e jovens n o desfruta sequer das condi es sanit rias nutricionais e educacionais para o desenvolvimento mediano do seu potencial intelectual O problema que fica dif cil nos determos em poss veis diferen as biol gicas entre sujeitos que seriam pr prias da esp cie quando o quadro de discrimina o e de exclus o vigente no plano nacional e internacional estampa em determinadas grupos sociais a marca do subdesenvolvimento intelectual Digo deliberadamente grupos e n o classes n o porque desconhe a as diferen as de classe mas porque dentro de uma mesma classe encontramos crian as e jovens sujeitos a ambientes formativos muito heterog neos Penso por exemplo nas escolas particulares brasileiras onde transitam alunos supostamente pertencentes a uma mesma classe social e que portanto desfrutariam todos de oportunidades educacionais igualmente boas Na pr tica tal suposi o n o se confirma porque muitas das crian as e jovens das classes economicamente privilegiadas formam se no seio de ambientes cognitivamente paup rrimos Fen meno que n o chega a surpreender considerando que a aliena o consumista extrema um dos 84 fen menos hoje agrupados sob o apelido de globaliza o faz se acompanhar pela redu o das variantes intelectuais l dicas e est ticas bem como pela fragmenta o e esvaziamento do discurso nos n veis mais diversos Tais ocorr ncia
239. ntica O aprimoramento dos sistemas avi nicos t m redefinido os modos de controle dos avi es que em condi es normais conduzem se a si pr prios da origem ao destino com um m nimo de interven o motora dos pilotos Paralelamente os aspecto econ micos do v o t m se tornado cada vez mais cr ticos demandando a decis o dos pilotos sobre quest es desvinculadas das t cnicas de pilotagem propriamente ditas Como tantas outras atividades econ micas a avia o comercial tem se tornado cada vez mais intensiva em capital em um cen rio de gest o financeira complexa e margens de lucro reduzidas Al m disso o pre o do querosene de avia o tem subido vertiginosamente tornando se um item de impacto crescente sobre a atividade aeron utica Essa realidade se reflete na nfase que os autores especializados por exemplo Risukhin 2001 Pinto e Pinto 2003 Bassani 2005 e os pilotos com quem conversei d o quest o da lucratividade ou da viabilidade econ mica do v o Em grande medida pode se dizer que a habilidade de p s e m os tem sido colocada em segundo plano diante da capacidade do piloto para administrar detalhes t cnicos de fundo econ mico Por exemplo em um aeroporto de grande movimento se o piloto perde a sua janela de decolagem por alguma raz o talvez tenha que esperar v rios outros avi es decolarem na sua frente o que implica na queima de centenas de quilos de combust vel ainda em terra par
240. numerical form 49 atrav s da qual dados s o coletados armazenados e transformados com prop sitos definidos Amorim 2002 p 19 Na automa o o modelo informacional pertinente estabelecido com base na defini o de rela es funcionais entre as vari veis medidas e as a es a serem efetuadas para manter o sistema operando dentro dos padr es desejados Atualmente quase todos os computadores s o constru dos com base na tecnologia eletr nica digital que atualmente a forma mais r pida e econ mica de se processar sinais com alto desempenho E justamente na tecnologia dos circuitos eletr nicos que se encontra uma das causas da hegemonia dos computadores digitais conforme explicado a seguir O funcionamento de qualquer circuitos eletr nico se altera com as mudan as de temperatura sejam as do meio seja as causadas pela gera o de calor no pr prio circuito Ele tamb m pode ser influenciado por interfer ncias eletromagn ticas provenientes de fontes externas Por isso no projeto de um circuito geralmente s o adicionados componentes que n o contribuem diretamente para o fim almejado mas que s o necess rios para compensar a instabilidade intr nseca dos demais componentes assim como as interfer ncias do meio Al m disso o tempo de uso dos componentes eletr nicos tamb m altera suas propriedades o que eventualmente pode causar instabilidade nos circuitos Por fim n o h dois circuitos com pro
241. nven o do microcomputador em uma garagem por Steve Jobs e Steve Woszniak em meados da d cada de 1970 uma perspectiva muito parcial sobre o progresso da computa o Na verdade a id ia de computador pessoal surgiu anos antes nos laborat rios da Xerox em Palo Alto Calif rnia mas foi rejeitada por executivos a quem anacronicamente podemos acusar de conservadores e desprovidos de vis o empresarial Al m disso os microprocessadores que viabilizaram a constru o dos primeiros microcomputadores foram criados a partir de pesquisas de longa dura o das quais participaram centenas de cientistas e t cnicos nos laborat rios de grandes empresas Motorola Fairchild e Intel entre outras visando atender as necessidades do mundo da automa o a inclu da a moderniza o dos armamentos Nesse sentido o microcomputador a s mula das compet ncias coletivas de in meros grupos de trabalho que encontrou terreno f rtil para se transformar em icone cultural e de consumo em fun o do barateamento dos componentes produzidos em alt ssima escala Ainda aqui falha por completo a imagem dos empreendedores idealistas revolucionando o mundo apenas por for a do seu entusiasmo e criatividade As compet ncias de um modo geral n o s nos campos especializados desenvolvem se desde de muito cedo sob forte condicionamento cultural Nas palavras de Berry 2004 p 12 uma vez que n o h comportamento culturalmente descontextu
242. o regula o genuinamente europeu e do mundo ocidental foi o regulador de temperatura de Drebbel 1572 1633 Embora seja poss vel que esse s bio tenha tido contato com textos que 2 Lembrando que neste trabalho reserva se o nome aut matos para as m quinas dotadas de auto regula o por meio de um ou mais la os de controle 45 mencionavam os mecanismos auto reguladores da antiguidade aparentemente o controle autom tico de temperatura nunca tinha sido realizado de modo que o o trabalho de Drebbel foi realmente original Seu dispositivo baseava se na expans o e contra o do lcool de acordo com o aumento ou redu o da temperatura em um ponto de medida Quando a temperatura aumentava e o lcool se expandia o mecanismo movia uma alavanca que por sua vez acionava uma portinhola que reduzia a entrada de ar para o forno de modo a desacelerar a combust o Quando a temperatura baixava e o lcool se contraia acontecia o efeito inverso Al m dos controladores de n vel de fluidos e dos controladores de temperatura outra classe de antigos mecanismos dignos de nota s o os reguladores de velocidade e reguladores de dire o dos moinhos de vento largamente usados j no s culo XVIII Entretanto o mais famoso dispositivo autom tico de que se tem not cia o regulador de Watt figura 1 criado em fins do s culo XVIII Epstein 1986 p 40 Mayr 1970 p 2 que consistia em uma v lvula de vapor conectada a uma alav
243. o as reflex es contidas no texto s o fruto de di logos mantidos com tantas outras pessoas no decorrer de anos dos quais obviamente n o tenho registro sistem tico O trabalho acabou se transformando de forma muito espont nea em um estudo te rico e explorat rio que visa muito mais estimular outras investiga es por meio da coloca o de quest es pertinentes do que fornecer respostas para as quest es levantadas Frequentemente meu m todo o seguinte em busca de inspira o fa o um tour por bibliotecas e livrarias virtuais e reais assim como pelas minhas pr prias prateleiras Quando encontro um livro que me atrai incorporo o ao trabalho em andamento Depois tento encontrar as conex es que justifiquem a inclus o Ent o considero me um paleont logo ou arque logo das id ias trabalhando sobre ind cios e fragmentos esparsos dos saberes humanos s vezes funciona s vezes n o A respeito desta tese devo registrar que pelos menos cinco autores essenciais especificamente Vieira Pinto Flyvbjerg e atrav s dele Arist teles Tomasello e Wiener chegaram ao texto como resultado dessas excurs es Ali s Wiener chegou porque vi um livro de sua autoria em m os de um colega Agora est o todos juntos phronetic no original em alus o phr nesis aristot lica conceito que ser explorado ao longo do presente texto 29 aqui Mas tamb m poss vel ver o processo por um outro ngulo n
244. o relevantes O importante nos firmarmos em um terreno razoavelmente s lido concernente ao potencial cognitivo humano que o estudo de outras esp cies s vezes nos ajuda a compreender Feita essa ressalva devemos completar a no o de intencionalidade com a no o de Background que segundo Searle subjacente primeira Background o conjunto de capacidades habilidades e know how geral que permite o funcionamento dos nossos estados mentais Searle 1994 p 175 Uma das formas de compreender o Background como um conjunto de faculdades n o representacionais que se colocam como condi o de possibilidade do uso da linguagem ao proporcionar a base sobre a qual a compreens o das senten as poss vel Assim o mesmo significado literal determinar diferentes condi es de satisfa o por exemplo diferentes condi es de verdade relativamente a diferentes pressupostos de Background e alguns significados literais n o determinar o A condi es de verdade devido aus ncia de pressupostos de Background apropriados Searle 1994 p 178 Por exemplo se no meio de um jogo de futebol um amigo diz ao outro vai chuta o que o ouvinte deve entender Qual o desejo do falante Provavelmente o de que o ouvinte d um bom chute no rumo do gol advers rio Mas a rigor h outras possibilidades de entendimento algumas veross meis chuta para fora que v m chegando dois advers rios outr
245. o seu comportamento real em vez do comportamento esperado 1965 p 24 grifos do autor Nesse caso falamos de m quina cibern tica Esse o tipo de m quina dominante nas aplica es atuais da automa o e que interessa de perto ao presente trabalho Um exemplo corriqueiro de m quina cibern tica o condicionador de ar que mant m a temperatura ambiente dentro de um limite definido automaticamente No quarto n vel o processo de retro alimenta o n o altera apenas a seqii ncia de opera es da m quina mas os par metros definidores do funcionamento da m quina e do pr prio tratamento da retroalimenta o Pode se falar aqui de uma 2 Considerado talvez a primeira m quina program vel Ver Ifrah 1997 v 2 39 retro alimenta o de segunda ordem Em outras palavras a maquina n o ajusta apenas o seu funcionamento mas tamb m a forma de ajustar o pr prio funcionamento Aos sistemas dotados dessa propriedade auto transformadora s vezes d se o nome de sistemas capazes de aprender como faz Wiener 1988 p 61 A retro alimenta o um m todo de se controlar um sistema reinserindo nele os resultados da sua opera o pregressa Se esses resultados s o usados apenas para a cr tica do sistema e sua regula o n s temos a retro alimenta o simples dos engenheiros de controle Se no entanto a informa o procedente do comportamento do sistema capaz de mudar o m todo e os padr es gerais d
246. o autom tica que engrena a marcha mais adequada conforme a rota o e torque do motor a velocidade do ve culo e a press o sobre o acelerador a m quina de jogar xadrez que calcula lances originais de acordo com as jogadas do advers rio as torradeiras el tricas que controlam o n vel de aquecimento do p o e desligam sozinhas quando atingem uma temperatura previamente definida os sistemas de admiss o dos reservat rios que interrompem o fluxo de gua quando o reservat rio enche os telefones celulares que se adaptam sozinhos s mudan as nas condi es de recep o do sinal das antenas em sua rea de abrang ncia as l mpadas de ilumina o p blica que acendem e apagam sozinhas com a chegada da noite e do dia as m quinas fotogr ficas de foco autom tico os r dios que sintonizam sozinhos as esta es os elevadores prediais que determinam o pr prio roteiro de subidas e descidas de acordo com os comandos recebidos Os exemplos poderiam se suceder indefinidamente De fato vivemos em um mundo t o permeado pela automa o que seria praticamente imposs vel mencionar todos os dispositivos autom ticos que nos cercam 21 A alimenta o de uma caixa d gua comum aparentemente um sistema simples demais para ser caracterizado como autom tico mas na verdade a auto regula o do n vel de fluido em um reservat rio uma das primeiras aplica es conhecidas dos princ pios da automa o 22 Nos elev
247. o de compet ncia como conjunto de comportamentos observ veis tem a vantagem de nos permitir avaliar objetivamente em que medida certos objetivos pedag gicos foram alcan ados na escola ou em que medida um empregado se adapta a um posto de trabalho na empresa Por outro lado permanece a quest o de saber se os atos vis veis praticados foram efetuados tendo realmente em vista o fim almejado Rey 2002 p 29 Assim a no o de compet ncia como comportamento se levada a extremos fragiliza se uma vez que os atos humanos sup em se sempre providos de sentido tanto para quem ensina como para quem aprende ou ainda para quem age por dever do oficio E da que surge o conceito de compet ncia como fun o Esse um ponto cr tico de grande interesse pr tico porque ao ensinar gram tica e lgebra aos nossos alunos sem que eles tenham a no o de finalidade no seu aprendizado estamos contribuindo para que eles assimilem os procedimentos aprendidos n o como ferramentas estruturantes do pensamento para toda a vida mas como mecanismos de interesse ef mero visando t o somente a aprova o nos exames 74 Retomando a figura do trabalhador e do aprendiz como agentes atuando em contexto movidos por determinados fins a no o de compet ncia como fun o afrouxa as amarras da simples observa o comportamental e de repente a proibi o behaviorista sobre as opera es mentais cede Rey 2002 p 35 Conse
248. o de novos n veis de automa o nas aeronaves caracteristicamente um risco potencial para a seguran a dos v os porque os pilotos levam tempo para se adaptar multiplicidade de fun es e modos de opera o dos sistemas Ap s a an lise de tr s acidentes com avi es A320 entre 1988 e 1990 Job 1998 p 29 conclui que todos eles se relacionam com fatores humanos na opera o do sistema de controle tecnologicamente avan ado desse modelo mas n o com qualquer problema de integridade do sistema de controle propriamente dito Em dois dos acidentes um na ndia e outro na fran a provavelmente ocorreu por parte dos pilotos a sele o indevida do modo do piloto autom tico para o procedimento de aterrissagem e consequentemente um comportamento inadequado por parte do avi o sob o olhar complacente dos pilotos que at momentos antes dos acidentes em ambos os casos n o se deram conta de que a aproxima o do solo n o seguia padr es razo veis No caso franc s h o agravante de que com o modo errado selecionado FCU Unidade de Controle de V6o possivelmente os pilotos inseriram no sistema um dado que precipitou a queda do avi o Pensaram que estavam determinando um ngulo de 3 3 para a aproxima o via radiofrequ ncia quando na verdade estavam determinando uma raz o de descida de 3300 p s por minuto elevad ssima e que s poderia ser usada em situa es de emerg ncia muito acima d
249. o de objetos prosaicos como aparelhos de comunica o autom veis e eletrodom sticos As obras de Paulo Freire e de Vieira Pinto a que nos temos referido mostram que a consci ncia ing nua n o disp e dos recursos necess rios para lutar por sua pr pria emancipa o ou melhor disp e de recursos em estado latente que precisam ser atualizados em contexto Ora nos dias de hoje o contexto em que se travam as batalhas pela emancipa o todo ele permeado pela tecnologia e muito particularmente pela automa o que reflete simultaneamente um momento hist rico da engenhosidade humana e as demandas dos sistemas de produ o e troca ora vigentes Portanto essencial que o processo dial gico de conscientiza o dos diversos grupos sociais inclua o conhecimento e a discuss o da cibern tica seja nos seus usos presentes seja nas suas possibilidades futuras Pode se dizer em linguagem popular que o aut mato a servi o do capital est sempre dando um chega pr l no trabalhador sem que o juiz apite falta quem e onde est o juiz Na bola dividida geralmente a m quina ou seus patrocinadores s o mais fortes e o trabalhador sai de campo machucado Esse problema s ser equacionado quando o debate e as a es pertinentes se sedimentarem a um s tempo nos terrenos filos fico t cnico e pedag gico deixando de lado a ilus o de que as mudan as pol ticas s o poss veis sem a transforma o das condi
250. o de um produto Logo a automa o nem sempre a resposta certa para uma dada situa o da produ o e uma dose de cautela e respeito tem que ser observada ao se aplicar as tecnologias de automa o Groover 2000 p 17 Entretanto n o fica claro no contexto do livro em rela o a que ou a quem o referido respeito deve ser observado Por outro lado fica bastante claro que a cautela se refere sobretudo cuidadosa pondera o entre os benef cios potenciais custos e riscos implicados em qualquer projeto de automa o Nenhuma refer ncia expl cita s demandas sociais ao impacto da automa o sobre a vida das comunidades no entorno da ind stria demiss o de trabalhadores problemas ambientais ou pol ticas Ao contr rio Groover diz que al m do custo da m o de obra os demais fatores que tornam fact vel o uso do trabalho manual s o em ltima an lise econ micos 2000 p 15 grifos meus Essa linha argumentativa em um livro de engenharia bem escrito e substancioso rico de epist me e t khne nos d uma pista do quanto a phronesis est ausente da forma o dos futuros profissionais o que se refletir mais tarde sobre a natureza das suas decis es Considerando que o custo relativo da m o de obra na ind stria muito baixo cabe compreender porque a possibilidade de dispensar trabalhadores continua sendo um dos Conservo o termo decis es originalmente usado por Gro
251. o foram propriamente os autores mencionados que chegaram ao texto mas o texto foi quem chegou a eles ou seja construiu se na medida em que tais autores eram consultados No que concerne a automa o parto de tr s premissas primeiro a de que a base material da vida somada capacidade humana para a abstra o e a inven o faz com que o desenvolvimento tecnol gico seja um processo hist rico inevit vel segundo a de que a automa o o coroamento de um largo processo de desenvolvimento do pensamento em si mesma desej vel devido ao seu potencial emancipador terceira a de que o desenvolvimento futuro da automa o a partir dos n veis atuais inexor vel ou seja s razo vel pensar em um mundo cada vez mais automatizado daqui para a frente No que concerne percep o social da automa o penso que ela fundamentalmente ing nua tanto entre a popula o em geral quanto entre os especialistas t cnicos e tamb m entre aqueles que lidam com as humanidades O fetiche da m quina n o nos deixa ver a m quina ent o precisamos nos socorrer da filosofia para enxerg la diante dos nossos olhos Da o meu interesse em estudar nossa heran a cibern tica em um esfor o para desvendar o que h por tr s das incont veis encarna es da m quina A op o pelo estudo da coopera o humano m quina na ind stria e na pilotagem de avi es n o foi casual Em primeiro lugar s o duas reas que me atraem es
252. o intelectual podendo al m do mais utilizar se dos recursos em mat rias primas estrangeiras e at mesmo em talentos nativos importados a pre o vil Pinto 2004 p 46 Nas ltimas duas d cadas na medida em que a mundializa o da economia ganha for a empres rios meios de comunica o e pol ticos de diferentes partidos t m nos bombardeado explicita ou implicitamente com a id ia de que o principal papel da educa o no Brasil estabelecer no Pa s condi es atraentes para os investidores estrangeiros atrav s da oferta de uma for a de trabalho suficientemente escolarizada para atender s atividades de baixo valor agregado na ind stria e no setor de servi os Assim o discurso das 158 elites antigas ou novas n o contempla os xitos e as possibilidades do desenvolvimento tecnol gico nacional apoiado no desenvolvimento de compet ncias compar veis e em certos campos superiores existentes nos pa ses tecnologicamente mais avan ados Em todos os n veis escolares do ensino fundamental gradua o e s vezes nas p s esse esvaziamento ideol gico se manifesta como um lament vel esvaziamento de perspectivas e expectativas Uma vez que n o h projeto nacional no mbito tecnol gico os alunos cuidam de seus projetos individuais na melhor das hip teses acalentando o sonho de que ser o empreg veis nos poucos postos relativamente bem pagos das empresas transnacionais aqui instaladas
253. o participavam na condi o de monitores e atuadores de la os de retroa o cada vez complexos necess rios ao controle das aeronaves A sua carga cognitiva portanto era cada vez maior Em outras palavras cada avan o tecnol gico das aeronaves refletia se 180 que ali s nos leva a pensar que talvez viv ssemos em um mundo mais seguro e saud vel se outros profissionais como m dicos enfermeiros odont logos policiais e motoristas fossem obrigados a procedimentos semelhantes usando os m ltiplos recursos de simula o atualmente dispon veis Por exemplo na rea de sa de os m dicos det m o dom nio epistemol gico enquanto os cuidados com os pacientes ficam a cargo das enfermeiras No Brasil essa divis o do trabalho tem um forte impacto sobre o status social de ambas as profiss es que se reflete em um exerc cio de poder profissional dos m dicos sobre as enfermeiras 127 diretamente sobre a quantidade de dados que os tripulantes deveriam monitorar a fim de tomar as decis es pertinentes em tempo h bil A partir dos anos de 1980 com a introdu o dos jatos B757 B767 Boeing e A310 Airbus esse panorama come a a se modificar Essas aeronaves muito mais automatizadas do que as anteriores introduzem o conceito de t que se caracteriza pela apresenta o de dados consolidados em telas de glass cockpi computador e n o somente nos mostradores instrumentos eletromec nicos tradicionais Contudo
254. o solo Obviamente um tipo de situa o impens vel caso o avi o fosse menos automatizado porque os pilotos teriam que cuidar de todos os detalhes da aproxima o monitorando atentamente os par metros de v o por meio dos instrumentos no painel Para compreender melhor essa situa o preciso saber que na avia o de linha os pilotos s o instru dos a pilotar o avi o usando p s e m os o m nimo poss vel inserindo todos os dados de navega o pertinentes no piloto autom tico apenas para balizar os rumos do aparelho Isso n o significa por m que os pilotos devam relaxar diante da automa o Ao contr rio em tese eles deveriam monitorar atentamente os par metros do v o mas na pr tica isso nem sempre acontece por diferente raz es malcomportado pode eliminar mais de quinhentas vidas humanas rapidamente Para o Airbus A300 Job 1998 p 143 lista nada menos do que 11 modos diferentes de opera o da FCU Unidade de Controle de V o cada um dos quais implica em rea es diferentes por parte da aeronave com o agravante de que alguns desses modos podem ser usados em conjunto uns com os outros 132 Uma delas pode ser simplesmente o cansaco outra a comunica o deficiente entre piloto e co piloto na sua divis o de tarefas habitual A esse respeito importante salientar que diferentemente do que ocorre em outras profiss es os tripulantes dos avi es n o formam equipes est veis ao longo do tem
255. o submeteria os pilotos a uma fadiga f sica e cognitiva que tamb m poderia causar acidentes O acidente com o B737 da Varig em alguns aspectos semelhante ao acidente com o A310 da Thai Airways que em 31 de julho de 1992 chocou se contra uma montanha no Nepal Job 1998 cap 6 Tamb m nesse caso os pilotos perderam a orienta o embora j bem pr ximos do destino devido a um procedimento de pouso frustrado Depois tentaram reconduzir o avi o rota normal de aproxima o perto do aeroporto de Katmandu mas Satualmente praticamente imposs vel ocorrer um acidente como o do v o RG 254 devido sofistica o dos sistemas de navega o tanto os inerciais quanto os baseados em GPS que permitem localizar a aeronave com enorme precis o 135 enquanto ocupavam se em tentar balizar os sinais direcionais das antenas de radio terrestres e alimentar o computador de bordo com os dados que achavam pertinentes chocaram se contra um pared o rochoso ao norte do aeroporto quando deveriam estar ao sul Ao que tudo indica piloto e co piloto ficaram de tal forma absorvidos na intera o com os sistemas automatizados que simplesmente esqueceram se de consultar os instrumentos de navega o tradicionais do painel o que lhes teria permitido antecipar o perigo V rios fatores contribu ram para esse acidente incluindo a aus ncia de radar na torre de controle do aeroporto e uma larga sequ ncia de mal entendidos na comunica
256. obedecer plenamente aos comandos os computadores enviaram aos sistemas direcionais outros comandos contr rios aos dos humanos Nessa disputa pelo controle do avi o sucederam se eleva es e perdas de altitude Finalmente o avi o perdeu sua sustenta o aerodin mica e bateu violentamente contra o solo bem pr ximo ao aeroporto O mais impressionante que outro acidente quase id ntico ocorreu com um avi o do mesmo modelo e da mesma companhia a rea em 1998 Antes em 1991 um incidente s rio com um avi o da mesma fam lia mas de outra companhia seguira o mesmo padr o de 2Porque tamb m na avia o a finalidade da automa o n o tem sido aliviar a fadiga do trabalhador mas incrementar a extra o de mais valia 3A palavra desentendimento aqui tem uma conota o provocadora N o a m quina que se desentende com as pessoas mas indiretamente as pessoas que conceberam e constru ram a m quina se desentendem com as que as utilizam 133 desentendimento entre m quinas e humanos Job 1998 p 154 155 Tais acontecimentos s o um alerta dos riscos dos sistemas automatizados que no caso superaram at mesmo a capacidade de entendimento de profissionais altamente qualificados Os pilotos profissionais s o instru dos a confiar na automa o acostumam se a ela e dependem dela totalmente para suas atividades rotineiras Gradativamente eles automatizam seus pr prios procedimentos no contato com os sis
257. oblema da neve n o o peso como se pode pensar mas a deforma o do perfil aerodin mico das asas que deixam de proporcionar a sustenta o esperada ao avi o Foi o que aconteceu com o Fokker que naquele in cio de tarde caiu em uma floresta de pinheiros ap s atingir o final da pista de decolagem sem ganhar altitude Por qu O comandante do F28 tinha 35 anos de experi ncia mas apenas dois meses no camando daquele tipo de aeronave em que somava apenas 80 das suas 28 000 horas de v o Al m disso o Fokker era o maior jato que ele j havia comandado e o nico que ele havia 136 operado em rotas regulares O co piloto em situa o an loga tinha experi ncia de apenas um m s com o referido modelo de avi o apesar de suas 10 000 horas de v o Isso significa que para ambos as rea es da aeronave n o eram totalmente familiares Al m disso h grandes diferen as na pilotagem de avi es a jato comparados aos avi es tubo h lice a que o pilotos estava acostumados e que parece habituaram se a operar com certa neglig ncia em rela o quantidade de neve nas asas Embora o comandante do v o fosse tido como um profissional preocupado com o bem estar dos passageiros e seguidor de elevados padr es operacionais ele participou da sequ ncia de erros que causaram o acidente porque n o realizou a inspe o externa da aeronave nem ordenou ao co piloto que a fizesse o que seria indispens vel especialmente
258. ocorre porque as m quinas mais modernas de modo geral t m mais fun es e embutem mais know how do que as mais antigas e por isso s o geralmente mais complexas e menos previs veis Na terminologia da cibern tica podemos dizer que as m quinas computadorizadas trabalham com um conjunto de entradas inputs sa das outputs e estados internos muito mais amplo do que suas predecessoras hidr ulicas pneum ticas mec nicas e eletromec nicas N o obstante pouqu ssimos estudantes universit rios na rea de inform tica t m consci ncia de que ao projetar e implantar um novo sistema de informa o estar o intervindo no modo de vida das pessoas obrigadas a trabalhar com o sistema com reflexos no seu mundo cultural e cognitivo e s vezes at mesmo nos campos f sico e emocional Via de regra os professores da rea tamb m n o t m essa consci ncia Naturalmente nesta passagem n o estou usando a palavra l gica no sentido t cnico mas em uma acep o coloquial l gica como modo de pensar proceder encadear racioc nios 20 Com a introdu o de novas tecnologias de automa o imperfei es e imprevistos sempre aparecem pois em sentido estrito ha limites para o que poss vel modelar prever e controlar por meios computacionais conseqtientemente ao mesmo tempo que certos problemas s o resolvidos atrav s da automa o surgem outros novos Portanto importa saber se os benef cios da automa o em determ
259. ode sequer se aproximar das possibilidades gerativas quase infind veis da linguagem natural que s o habilmente exploradas pelos escritores competentes Em segundo lugar gram tica e estilo s o 93 indissoci veis de modo que uma padroniza o mec nica da gram tica cria um engessamento estil stico intoler vel como pode constatar qualquer escritor medianamente capaz que tenha tentado usar um corretor gramatical S o quest es que tem a ver com aspectos constitutivos dos computadores eletr nicos digitais e que provavelmente n o ser o resolvidas atrav s de qualquer avan o tecnol gico Ainda no mbito da linguagem os tradutores autom ticos embora imperfeitos t m se difundido bastante A consegii ncia disso que textos mal traduzidos cheios de problemas gramaticais e estil sticos s o usados por estudantes de diversos n veis como material de consulta o que aos poucos vai minando a sua capacidade de discernir entre um texto bem escrito e um texto mau escrito Claro pode se argumentar que os softwares de tradu o tornaram acess veis a muitas pessoas textos aos quais elas antes n o teriam acesso Nas ci ncias formais e da natureza talvez embora nas ci ncias humanas a utilidade de qualquer texto substancioso traduzido por meios autom ticos seja um tanto duvidosa Persiste contudo o problema gerado pela polui o estil stica e gramatical causada pelas tradu es de p ssimo n vel que podem a se tornar ref
260. odo mosaico um texto cheio de interst cios lacunas e arestas que em conjunto ostentam imperfei es que n o pretendo esconder Mas tamb m maneira dos mosaicos um texto que aproveita fragmentos de diversos tamanhos formatos e cores que de outro modo continuariam esparramados sem chamar a aten o Agora justapostos espero que n o passem desapercebidos Um mosaico sempre uma obra inacabada o que constitui a um s tempo o seu maior inconveniente e a sua maior virtude Se por um lado o aspecto de obra incompleta e imperfeita s vezes incomoda ao observador por outro lado o convida a ensaiar as suas 33 pr prias contribui es Muda se um fragmento aqui cola se outro ali substitui se mais um acol e o resultado uma imagem melhor que aprimora a original sem descaracteriza la A produ o do texto foi algo acidentada Algumas vezes simplesmente n o pude encontrar um fragmento faltante outras vezes os fragmentos n o se encaixaram a contento frequentemente os espa os entre pe as vizinhas me pareceram demasiadamente largos Angustiei me com a dimens o da tarefa e me impacientei com a meticulosidade requerida para lev la a termo Certamente a contamina o dessas emo es se revelar ao leitor cuidadoso Se o resultado dos meus esfor os uma tese acad mica stricto senso francamente n o sei N o obstante espero que o quadro formado seja instigante e quem sabe at mesmo inspirador No
261. olhar parcial Nas engenharias h interc mbio mas visando primordialmente a aquisi o de know how por parte dos estudantes ou a implementa o de tecnologias novas na empresa orientada a ganhos de produtividade Na ess ncia n o mudam as estruturas de um e de outro mundo que n o interagem de verdade no plano da cr tica Enquanto os departamentos das ci ncias humanas e sociais vivem quase sempre m ngua os departamentos tecnol gicos de engenharia computa o e administra o v o gradativamente se convertendo em extens es dos centros de pesquisa e desenvolvimento das grandes transnacionais a servi o do capital A aproxima o entre universidade e empresa estimulada apenas com a finalidade de melhorar o caixa da primeira enquanto se engordam os lucros da outra n o um modelo novo e tem gerado mais atrelamento financeiro da primeira em rela o segunda do que renova o em ambas Cada vez mais mede se o sucesso de um departamento de engenharia n o pelo benef cio social ou pela qualidade do conhecimento gerado mas pela quantidade de patentes registradas Quando trazemos um engenheiro sala de aula em um curso de engenharia esperamos que ele instrua os alunos e que estes fa am perguntas relativas execu o de procedimentos t cnicos Assim tamb m se trazemos uma m dica classe de medicina ou um analista de sistemas classe de inform tica Eventualmente ser o discutidos os aspectos legais
262. ompet ncia invocando se a compreens o intencional do mundo como caracter stica filogen tica essencial para o desenvolvimento das fun es cognitivas superiores A se o 4 3 desenvolve o nexo entre compet ncias e intencionalidade A partir das id ias de Searle 1992 1995a 1995b 1997 argumenta se que a intencionalidade um 69 atributo de base sobre o qual se fundamentam os processos de ensino aprendizagem espont neos ou sistem ticos essenciais para a sedimenta o das compet ncias Na se o 4 4 estuda se a eros o de certas compet ncias na hist ria recente tanto sob o aspecto cognitivo quanto no que diz respeito sua valora o social Embora reconhecendo a import ncia dos aportes tecnol gicos que potencializam certas compet ncias embora quase sempre em detrimento de outras aponta se uma poss vel tend ncia eros o de compet ncias essenciais que aparentemente deixam de ser importantes mas cuja falta pode se fazer sentir de forma cr tica Revela se assim uma contradi o enquanto a tecnologia torna o mundo cada vez mais complexo corre se o risco de que a conviv ncia cotidiana com essa tecnologia torne as pessoas em geral menos competentes para lidar com a complexidade de forma consequente 3 1 Um termo em constru o A palavra compet ncia associa se a um campo sem ntico vasto e por isso resiste a defini es simples No seu uso corriqueiro o termo se refere predominantemente
263. onformidade com seus interesses de modo que a cr tica aos abusos da palavra compet ncia s o legitimas e fundamentadas Mesmo assim n o parece suficiente afirmar que o prest gio da no o de compet ncia se deve apenas preval ncia dos interesses empresariais pois devemos reconhecer que as mudan as concretas das rela es de produ o inclusive a automa o em larga escala imprimem ao cen rio profissional uma nova din mica da qual talvez o conceito de qualifica o somente n o possa dar conta por isso que embora atento s apropria es ideol gicas da no o de compet ncia Tomasi lembra que as primeiras reflex es sobre a compet ncia procuram apontar o seu car ter ideol gico e a sua intimidade comprometida com o modelo econ mico neoliberal e sua face mais perversa e excludente o que n o deixa de ser verdade Reduzi la entretanto a apenas essa dimens o pode ser um grave equ voco e nesse sentido pode contribuir pouco para o debate acad mico 2004 p 10 O solapamento do sistema de qualifica o a que se refere Dugu realmente existe mas n o somente por for a de uma a o orquestrada dos gestores do grande capital mas predominantemente por for a das ja mencionadas mudan as nos sistemas produtivos associadas a uma compreens o renovada do mundo do trabalho Portanto a compet ncia n o uma inven o a servi o de alguns interesses por mais que a isso ela possa se prestar tudo p
264. or Na minha entrevista para admiss o no Doutorado da FACED um dos professores presentes colocou em quest o dois aspectos da minha proposta de trabalho poca Primeiro a falta de referenciais propriamente pedag gicos e segundo a id ia de tratar do t pico compet ncia que segundo o referido Professor um termo por demais carimbado Em meu favor reconheci a insufici ncia do referencial pedag gico mas aleguei que estaria disposto assimil lo durante o Doutorado ao passo em que poderia dar alguma contribui o ao Programa com o aporte das minhas reflex es filos ficas sobre a tecnologia Sobre o outro ponto uma Professora presente veio em meu socorro afirmando que o talvez estivesse na hora de retirar do conceito de compet ncia um certo estigma com o que concordei de 32 imediato Espero que a tese reflita o meu empenho em cumprir o compromisso assumido com a FACED que generosamente acolheu um outsider t cnico por forma o e aprendiz de educador Duas observa es da minha Banca de Qualifica o foram de fundamental import ncia para que a tese tomasse os rumos que tomou no decorrer do ltimo ano Primeiro a recomenda o do Prof Dr Roberto Sidnei Mac do de que o trabalho se tornasse mais pol tico que acatei volontiers O trabalho se tornou pol tico seguramente mas n o sei se com a compet ncia esperada pelo querido Mestre Outra recomenda o esta do Prof Dr Jonei Cerqueira Barbosa t
265. or e depois som loas obtendo o resultado 12 520 em poucos segundos Contudo um aluno de gradua o t pico hoje em 8350 que n o significa que n o ocorra tamb m em outras reas Express o usada por Collins 1992a para falar daquilo que as calculadoras podem fazer 89 dia digitaria os algarismos e operadores na calculadora diretamente tal como aparecem na express o Fazendo isso na calculadora do Windows com maior demora em compara o com o c lculo de cabe a obtenho o resultado 12487 512487512487 que apenas cerca de 0 1 menor do que o obtido anteriormente Naturalmente essa diferen a desprez vel na maioria dos c lculos em engenharia e ci ncias ao menos como uma primeira aproxima o O problema que tendo perdido a vigil ncia sobre as ordens de grandeza eu poderia por exemplo esquecer de digitar um zero no segundo operando do numerador Ent o o resultado da opera o seria 10 020 000 250 000 1 001 10259 7402597402597 portanto cerca de 18 menor do que deveria ser o que certamente comprometeria os c lculos Um exemplo dado por Collins 1992 esclarecedor Trata se de um aluno que precisava calcular a posi o de um ponto em uma reta bastando para isso multiplicar a coordenada x igual a 352 pela inclina o da reta igual a 0 84104 Seguindo seu bom senso o aluno pouco versado em n meros digitou 352 x 0 84104 e aceitou prontamente a resposta
266. or me chamar a aten o para o inacabamento pr prio da condi o humana Creio n o ter desvirtuado o seu pensamento ao fazer a tranposi o do termo para o presente contexto 122 Nesse sentido podemos dizer que s maquinas falta o Background indispens vel para uma pr tica social coerente A incompet ncia cultural das m quinas analisada detalhadamente por Collins e Kusch 1999 que desenvolveram a teoria das a es ou teoria da morficidade das a es p 1 a partir da sua investiga o sobre o que pessoas e as m quinas respectivamente s o capazes de fazer Eles afirmam que H a es mimeom rficas e a es polim rficas A es mimeom rficas s o a es que n s tentamos ou ficamos satisfeitos em realizar sempre da mesma maneira em termos de comportamento em diferentes ocasi es A es polim rficas s o todas as outras p 31 grifo no original Cabe esclarecer que poli aqui n o o prefixo que significa de v rios mas uma corruptela de polis do grego cidade Por isso a es polim rficas n o s o simplesmente aquelas que s o realizadas de diferentes maneiras mas aquelas que s o realizadas de diferentes maneiras porque obedecem a um imperativo de contextualiza o s cio cultural Em outras palavras quando os humanos realizam a es polim rficas eles se baseiam na sua compreens o da sociedade quando eles realizam a es mimeom rficas eles
267. or outro lado imp e um stress adicional s pessoas sobretudo as mais idosas que se consideram incapazes de lidar com as novas tecnologias e por isso se sentem exclu das do mundo moderno Outra dimens o a ser considerada no que tange aos desafios da automa o Se por um lado a automa o liberta as pessoas de tarefas perigosas insalubres ou extenuantes por outro lado exp e milh es de trabalhadores ao desemprego estrutural ou seja aquele que ocorre mesmo na presen a do crescimento econ mico Pode se alegar que os detalhes de funcionamento do carro est o ocultos o que correto Contudo os detalhes de funcionamento do aparelho telef nico tamb m est o e os muitos comandos que o usu rio tem que dominar s o apenas a face vis vel de um sistema altamente complexo 21 Muito se tem falado no desemprego no setor da avia o civil por for a da crise decorrente do ataque s torres g meas de Nova York no ano de 2001 e posteriormente agravada pelo substancial aumento dos pre os dos combust veis especialmente ap s a invas o do Iraque em 2003 Contudo muito antes desses fatos a avia o j era uma das reas com os piores n veis de desemprego nos Estados Unidos De acordo com os dados compilados por Dupas 2001 p 140 esse setor demitiu entre janeiro de 1990 e julho de 1995 cerca de 251 000 trabalhadores Mesmo levando em conta as demiss es decorrentes da terceiriza o de m o de obra a possibil
268. ordenado mas n o poderia saber para onde tinha de ir Al m disso o v o se realizava com c u limpo sem dist rbios clim ticos em hor rio pr ximo ao por do sol Ora tivessem os pilotos exercitado os mais elementares conhecimentos de geografia veriam que estavam no rumo errado Alguns passageiros habituados rota de fato observaram o desvio em rela o ao sol poente al m dos acidentes geogr ficos n o familiares que podiam ver pelas janelas Cada qual entretanto confiando mais na compet ncia dos pilotos do que no seu pr prio bom senso parece ter guardado para si mesmo as suas d vidas Na poca n o havia GPS mas mesmo em uma rea remota como a Amaz nia algumas esta es de r dio em terra permitiam aos pilotos estimar a posi o do avi o por meio de um exerc cio simples de trigonometria b b da navega o a rea Sant Anna 2001 p 213 134 at que fosse tarde demais Por fim j no escuro e n o tendo avistado o aeroporto de destino na hora prevista o comandante ao consultar o radar meteorol gico e n o observar os acidentes geogr ficos caracter sticos da regi o de Bel m julgou que as imagens estivessem sendo mascaradas por algum tipo de interfer ncia Sant Anna 2001 p 213 Por um lado podemos dizer que esse tr gico acidente se deu por falhas t cnicas uma vez que os pilotos n o executaram os procedimentos recomendados de navega o Por outro lado desde o primeiro
269. os maior a cada dia saber o que abstrair quando abstrair e por que um fator cr tico para o pleno exerc cio das responsabilidades profissionais Collins 1992b p 161 assinala que a preval ncia de curr culos cheios de certezas e vazios em problemas faz com que os alunos ingressos na pesquisa real fiquem traumatizados ao perceber o quanto lhes falta em termos das habilidades essenciais ao pesquisador particularmente a de lidar com complicadores Ele acrescenta ainda que para o cidad o em forma o o modelo de ci ncia ensinado na escola atrelado a certezas r gidas perigoso para a democracia e tamb m para o futuro da ci ncia a longo prazo pois coloca o cidad o em uma posi o ou de aceita o passiva da ci ncia tal como se apresenta ou de rejei o sem bases racionais Problemas que poderiam ser minimizados se por meio do ensino pesquisa ao longo dos anos os alunos aprendessem que a ci ncia um empreendimento humano da maior relev ncia n o obstante fal vel e incompleto que nos d resultados importantes n o obstante provis rios Na constru o da cidadania o ensino como pesquisa ser importante por habituar os estudantes a pensar em termos sist micos e ao mesmo tempo integrar pensamento e a o em contexto de forma que a sua participa o pol tica e social seja mais consciente e consequente N o nos podemos esquecer de que algumas das decis es pol ticas mais cruci
270. ov capacidade que se atribui a algu m para realizar alguma coisa Dizemos por exemplo que competente o m dico capaz de tratar doen as com sucesso ou o ginasta capaz de realizar uma determinada s rie de movimentos com precis o Analogamente dizemos que um administrador competente se ele traz bons resultados para a empresa e que um cozinheiro competente se ele faz uma comida saborosa e possivelmente saud vel s vezes entendemos a palavra compet ncia como sin nimo potencial de algu m para fazer algo ainda que esse potencial n o tenha sido plenamente efetivado ou seja realizado em ato Nesse sentido posso afirmar que tenho um aluno competente que contudo ainda n o encontrou os meios ou as oportunidades para realizar o seu potencial ou que n o consegue demonstrar a sua capacidade por meio de notas altas porque fica muito nervoso nos dias de prova Normalmente portanto vemos como competente a pessoa que tem capacidade de realizar alguma tarefa ou um conjunto de tarefas seja no campo psicomotor no campo amp Naturalmente o que se chama de bom resultado varia em fun o da perspectiva adotada Dentro do modelo hegem nico de administra o bons resultados s o sin nimo de lucro Sob uma perspectiva cr tica a id ia de bom resultado associa se a um conjunto de fatores tais como desenvolvimento sustent vel bem estar profissional e bem estar social Contudo o nexo entre compet ncia e resultados ob
271. over embora eu mesmo evite aplic lo quando me refiro s m quinas Essa n o uma generaliza o precipitada fruto da an lise superficial de apenas um excelente livro J tive a oportunidade de mencionar a minha larga conviv ncia com engenheiros e t cnicos cuja forma o e pr ticas profissionais conhe o bem Al m disso considerando que a computa o tamb m uma forma de engenharia minha experi ncia docente de treze anos na rea me permite constatar que tamb m a a phr nesis est praticamente ausente tanto do curr culo formal quanto das pr ticas cotidianas 145 principais fatores da automa o Trabalhadores com quem conversei t m a no o de que o patr o quer aumentar o lucro por pouco que seja Portanto se for poss vel produzir com um n mero menor de trabalhadores mantendo os n veis m nimos de seguran a ele o far De in cio devemos considerar que a m o de obra diretamente ligada produ o provavelmente a vari vel mais facilmente manipul vel na composi o dos custos de uma ind stria pois os custos com mat ria prima energia e distribui o dos produtos por exemplo s o mais dif ceis de controlar Por sua vez os trabalhadores ligados alta administra o ou pesquisa e desenvolvimento s o menos descart veis porque carregam consigo conhecimentos cr ticos diretamente ligados vantagem competitiva da empresa Portanto que a demiss o de trabalhadores do c
272. pa o significar cada vez mais a luta pelas oportunidades de educa o continuada e pela possibilidade de participa o na produ o dos objetos simb licos que nos humanizam Cabe ressaltar que em um mundo de automa o a emancipa o econ mica pol tica e tecnol gica ser o tr s aspectos de um mesmo processo no qual a educa o contribuir estabelecendo condi es de base nos planos cient fico t cnico e de valores No cerne do desafio pol tico a que se refere o t tulo da presente se o est a compreens o de que as tais 27No mundo da inform tica os movimentos em prol do software livre apontam para a relativa liberta o dos profissionais liberais e das pequenas empresas em rela o aos grandes fornecedores de software mas fundamentalmente as condi es t cnicas e mercadol gicas para produ o e implanta o dos sistemas de informa o especialmente a sua base f sica o hardware s o ainda estabelecidas pelos grandes grupos transnacionais que dominam o setor 164 condi es n o se improvisam precisam ser fomentadas persistentemente ao longo do tempo como esfor o de propor aos indiv duos dimens es significativas de sua realidade cuja an lise cr tica lhes possibilite reconhecer a intera o de suas partes Freire 2005 p 111 Uma educa o cr tica portanto n o apenas uma educa o que questiona os modos correntes de organiza o da produ o mas tamb m aquela que propo
273. peri ncia por m desprovidas de conhecimento te rico s o frequentemente mais eficazes nas suas a es do que outras que possuem apenas o conhecimento te rico Contudo na sua plena manifesta o a phr nesis requer a intera o entre o abstrato e o concreto o geral e o particular como ali s pode se observar na arte de desenvolver projetos de interesse social onde os conhecimentos cient ficos conhecimentos tecnol gicos e a sabedoria pr tica da governan a precisam se combinar para a obten o dos melhores resultados Por fim preciso distinguir a phr nesis da habilidade pol tica vulgar que combina artimanhas barganhas amea as e sedu es no encal o de fins t o contingentes quanto os meios Ao contr rio a phr nesis pressup e a reflex o o debru ar se sobre a compreens o de valores tend ncias e necessidades humanas a fim de que a a o embora contingente seja o tanto quanto poss vel orientada por princ pios est veis Feita essa ressalva proponho que o ser competente em um mundo de automa o ser aquele em quem se realiza a s ntese entre epist me conhecimento te rico t khne savoir faire e phr nesis sabedoria pr tica Mais do que isso aquele que integra e exprimir essa s ntese como pr xis ou seja a pr tica na qual o agente o ato ou a a o e o resultado s o 130 insepar veis Chau 2002 p 510 Por meio da pr xis consciente o ser competente sera capaz de manter a
274. pio USA sigla em ingl s para understand simplify automate ou seja entender simplificar e ent o automatizar o processo de produ o Essa reformula o do processo produtivo a partir de uma compreens o abstrata do mesmo em parte ditada por necessidades decorrentes das leis f sicas da conforma o biol gica do trabalhador humano 12Um racioc nio correto em um mundo onde os indicadores financeiros de curto prazo para enriquecimento de executivos e acionistas t m primazia sobre o bem estar humano 146 do tipo de mat ria prima das vari veis ambientais e assim por diante Mas tamb m ditada em grande medida por conting ncias econ micas administrativas e pol ticas Portanto a aceita o acr tica dos processos automatizados tais quais se apresentam equivale acomoda o diante de uma certa vis o de mundo constitu da historicamente e portanto pass vel de transforma es Isso ocorre paralelamente ao processo de desqualifica o quando o trabalhador deixa de ter o dom nio do processo para acompanhar apenas partes dele Para algumas linhas de montagem como as encontradas em f bricas de produtos eletr nicos de consumo vale ainda a observa o de Marx e Engels 1998 p 46 O crescente emprego de m quinas e a divis o do trabalho despojaram a atividade do oper rio do seu car ter aut nomo tirando lhe todo o atrativo O oper rio torna se um simples ap ndice da m quina e dele s se requ
275. po Ao contr rio muitas vezes s o colegas de empresa que mal se conhecem colocados para trabalhar juntos em fun o das conting ncias de suas respectivas escalas Assim enquanto um cirurgi o t m a sua equipe habitual s vezes durante anos os pilotos de uma grande empresa a rea t m que se acostumar a trabalhar com diferentes cooperadores confiando para comunicar se efetivamente com eles no conhecimento t cito e na capacidade t cnica de cada um al m da obedi ncia comum s normas e procedimentos da empresa e do fabricante do avi o Incidentes s rios e acidentes de graves propor es j foram causados pelo desentendimento entre pilotos e sistemas automatizados Job 1998 cap 8 analisa um acidente com um Airbus A300 minutos antes do previsto para a aterrissagem em Nagoya no Jap o causado por uma esp cie de briga entre os pilotos e os computadores pelo controle do avi o Tendo inadvertidamente selecionado um modo incorreto no computador de bordo o co piloto fez com que a aeronave alterasse seu curso vertical estabilizando a altitude ao contr rio do que se esperava durante o pouso Ao perceber o problema nem ele nem o capit o foram capazes de desconectar o piloto autom tico completamente e assumir o controle da aeronave e n o entenderam que isso estava acontecendo Consegiientemente seus movimentos sobre os manches foram recebidos pelos sistemas autom ticos como desvios no comportamento da aeronave Al m de n o
276. po de racioc nio algor tmico fascinou a maioria dos pensadores rigorosos do Ocidente Nesse percurso esquecemo nos em larga medida de que o caminho para o conhecimento passa sempre pela intencionalidade que as m quinas n o t m pelo ato de projetar do qual elas s o incapazes pelo di logo que elas n o podem entreter e pela experi ncia que elas n o acumulam Ou seja conhecer um ato humano que nenhum sistema cibern tico pode imitar Al m disso colocar em pr tica os conhecimentos efetivamente exige bom senso esse artibuto refrat rio ao tratamento computacional Ao finalizar esta sub se o n o podemos fugir considera o dos valores e do car ter como elementos de base na constitui o e na atualiza o dos conhecimentos humanos em contexto Se a a o consegiiente pr xis e se toda pr xis pressup e o ato de projetar ent o toda pr xis pressup e a tentativa de tornar palp veis os valores que nortearam o projeto 204 express o seductive language of Al foi me sugerida pelo Prof Harry Collins em comunica o pessoal 205 calculative reasoning no original 156 em primeiro lugar Porque quem projeta o faz por alguma raz o motiva o e para alguma finalidade objetivo condiconados por valores Logo ainda que inconscientemente a escolha de um assunto para pesquisar assim como a escolha de um campo profissional s o ambas condicionadas pelos nossos valores que por essa v
277. portamento uma vez que a fala humana n o condicionada por est mulos p 38 Pode se objetar que mesmo a comunica o oral efetiva est intimamente associada forma o escolar ou a um ambiente culto Devemos entretanto resguardar nos contra o etnocentrismo e evocar a riqueza das muitas falas distantes do mbito escolar das sociedades industrializadas A escolaridade e o ambiente cultural est o associados ao dom nio da gram tica normativa e de um certo vocabul rio padr o mas essencialmente a capacidade de comunica o para a resolu o dos fatos corriqueiros da vida bem como para a express o criativa amplamente compartilhada por pessoas de todas as camadas sociais e em todos os n veis de escolariza o Nesse sentido uma crian a analfabeta e trabalhadora do sert o baiano tem tanta compet ncia ling istica quanto uma crian a escolarizada de classe m dia urbana porque precisa comunicar se eficazmente n o s para a resolver os problemas do cotidiano mas tamb m para divertir se Ela conhece o nome das plantas p ssaros lugares pessoas e casas comerciais que comp em o seu mundo imediato Sabe a quem se dirigir e como se dirigir a algu m quando tem algo a oferecer e tamb m quando precisa de algo pois em geral aprende desde muito cedo a jogar o jogo das trocas econ micas Em suma a crian a trabalhadora da zona rural traduz na sua fala um dom nio amplo do seu habitat f sico e cultural A outra c
278. positivo re ne autonomia e a Tendo em vista a perspectiva emancipadora adotada neste trabalho tenho em mente muito mais do que o simples uso instrumental do computador que normalmente o objetivo dos programas de treinamento e capacita o 23 intelig ncia dos pombos correio para voar longas dist ncias e chegar ao destino com tamanha exatid o sem controle externo E os c es que auxiliam os cegos ou os deficientes auditivos Tamb m n o podem ser substitu dos por aut matos pelo menos no n vel atual da tecnologia Ent o vemo nos diante do seguinte quadro no que se refere s atividades que requerem sofistica o psicomotora associada ao racioc nio quando realizadas por seres humanos algumas podem ser simuladas s vezes com vantagens por sistemas computadorizados mas n o podem ser realizadas por animais treinados enquanto outras ao contr rio podem ser realizadas ou assistidas por animais treinados mas n o pelas m quinas H uma diferen a por m nenhum de n s nunca pensou que pudesse ser superado ou substitu do por um animal no exerc cio da sua profiss o ao passo em que no caso das m quinas essa tem sido uma preocupa o constante pelo menos desde a inven o dos primeiros teares autom ticos h cerca de dois s culos e meio O problema que ao contr rio do que se d com o uso dos animais como instrumentos de trabalho na automa o ocorre aquilo que R gis Debray em entrevista a
279. prazo dos nossos produtos E acrescenta logo em seguida que ap s se aposentar teve tempo para refletir sobre o processo profissional em que esteve envolvido durante toda a carreira Ou seja O engenheiro de automa o trabalha para atender aos crit rios t cnicos de efici ncia fixados em termos estritamente formais sem refletir sobre o impacto cultural e por extens o pode se inferir social do seu trabalho N o se trata como pode parecer de um problema apenas tico ou pol tico fruto da aliena o o que por si s j seria grave O problema tamb m t cnico porque sob uma tica ciberneticista radical ao se intervir sobre um sistema complexo devemos levar em considera o o maior n mero poss vel de vari veis afetadas pela interven o A consequ ncia desse estado de coisas que as implica es cognitivas sociais e culturais dos sistemas automatizados s o ofuscadas pelas determinantes t cnicas e econ micas expressas no objetivo central de efic cia Mesmo quando funcionam corretamente os sistemas automatizados desafiam a capacidade de adapta o dos seres humanos Na avia o em particular os sistemas de ltima 5 Most of us under the day to day pressures of technical programs that are usually on the edge of a schedule slip or cost overrun or both have little time to consider any far reaching cultural implications of our products 63 gera o alteram significativamente o compo
280. presa Campinas SP Papirus 1997 TALBOTT Stephen The Future does not Compute Transcending the Machines in our Midst Sebastopol CA O Reilly amp Associates Inc 1995 TEN RIO Robinson Moreira Computadores de Papel m quinas abstratas para um ensino concreto S o Paulo Cortez Autores Associados 1991 C rebros e Computadores A complementaridade anal gico digital na inform tica e na educa o S o Paulo Ecrituras 1998 TOMASELLO Michael Origens Culturais da Aquisi o do Conhecimento Humano S o Paulo Martins Fontes 2003 The Human Adaptation for Culture In Annual Review of Anthropology 1999 28 509 29 TSUNODA Tadanobu Uma abordagem sobre um sistema sens rio motor integrado no c rebro central humano e um computador subconsciente In WERTSCH James V del RIO Pablo ALVAREZ Am lia Estudos Socioculturais da Mente Porto Alegre ArtMed 1998 193 VICENTE Kim The Human Factor Revolutionizing the way people live with technology New York Routledge 2004 WANG Qi et al Culturally Situated Cognitive Competence A Functional Framework In STERNBERG Robert J GRIGORENCO Elena Orgs Culture and Conpetence contexts of life success Washington American Psychological Association 2004 WEBSTER Webster s new Twentieth Century Dictionary 2ed New York Simon amp Schuster 1979 WEIZENBAUM Joseph Computer Power and Human Reason From Judgment to Calculation San Francis
281. prevista pelos projetistas da automa o Essa possivelmente uma das raz es pelas quais s o tantos os casos de incidentes e acidentes graves relacionados intera o entre as pessoas e os sistemas automatizados Risukhin 2001 e Job 1998 analisam alguns desses casos no contexto da avia o civil 5 No jarg o internacional da rea de inform tica bugs s o erros nos programas em particular aqueles que passam desapercebidos nos testes manisfestando se por meio de falhas em situa es de uso imprevistas O termo vem do ingl s significando inseto ou besouro Sua origem remonta aos anos pioneiros dos grandes computadores baseados em v lvulas cujo funcionamento era s vezes prejudicado pela presen a de insetos nos circuitos Frequentemente as empresas reconhecem a exist ncia de falhas no seu software mas colocam o produto no mercado mesmo assim por raz es financeiras e de marketing amp Em larga medida o atual modelo de neg cios da Microsoft se ap ia nas corre es que s o feitas com o apoio gratuito dos usu rios diligentes que enviam as empresas de software relat rios sobre as falhas encontradas assim como sugest es para aprimoramento dos produtos Esse t pico ser explorado em maiores detalhes adiante na se o 5 3 65 Por um lado a id ia de que a automa o sempre reduz a carga de trabalho dos operadores humanos tornando os menos propensos a erros nem sempre se confirma na pr
282. priedades estritamente iguais que responder o de modo id ntico aos mesmos est mulos uma vez que mesmo os melhores componentes eletr nicos t m uma toler ncia de desvio em rela o s especifica es nominais Por isso eles devem ser projetados de modo que a precis o das opera es se mantenha apesar de todas essas condicionantes Esse objetivo mais facilmente alcan ado nos circuitos digitais que trabalham com sinais discretos isto dentro de faixas de tens o bem definidas Por outro lado dif cil garantir a precis o de um 34 Nem sempre por m tais rela es s o definidas priori pelos projetistas do sistema Em alguns casos t cnicas de intelig ncia artificial tas como as redes neurais e os algoritmos gen ticos permitem que os sistemas computacionais estabele am as rela es funcionais de maneira tima de acordo com os crit rios de efici ncia determinados pelos projetistas Em outras palavras as rela es funcionais que definem um sistema de controle moderno nem sempre refletem um modelo matem tico expl cito pois esse modelo s vezes fica oculto nos par metros auto configur veis do sistema caracterizando assim uma auto regula o de segunda ordem Essa uma das raz es pelas quais certos defeitos em aparelhos eletrodom sticos s aparecem depois de algumas horas de uso cont nuo 3 por isso que n o se deve usar celulares perto de bombas de gasolina nem tampouco dentro de avi es
283. qiientemente os atos j n o s o vistos apenas como opera es simples univocamente definidas mas como opera es decorrentes de um aprendizado complexo que se realizam com vistas a um fim til Ou nas palavras de Rey 2002 p 34 o comportamento n o mais um conjunto de movimentos objetivamente constat veis ele uma a o sobre o mundo e como tal definido pela sua utilidade t cnica ou social grifo no original Como veremos no pr ximo cap tulo esse v nculo entre compet ncia e finalidade de import ncia crucial nos processos de coopera o humano m quina Ao analisar a compet ncia como comportamento estamos atentos aos atos do indiv duo enquanto ao analisarmos a compet ncia como fun o estamos interessados nas fun es que o indiv duo executa abstraindo at certo ponto os atos que levam performance Em outras palavras na perspectiva funcionalista qualificaremos como competentes duas pessoas capazes de executar uma fun o em contexto visando determinado fim mesmo que por meio de comportamentos distintos Mas na perspectiva comportamentalista qualificaremos como competentes apenas pessoas capazes de reproduzir determinados comportamentos dentro de padr es rigorosos Essa a perspectiva usada pelos Ju zes nas competi es de gin stica r tmica onde se espera que as participantes sejam capazes de reproduzir com perfei o movimentos pr definidos um padr o de julgamento diferente
284. qu ncia que sou muito te rico Ele tamb m tem raz o Como pode algu m teorizar tanto ensinar tanto e n o construir nada de palp vel s m os e vis vel aos olhos O primeiro amigo mencionado constr i unidades processadoras de petr leo e g s para o nosso conforto O segundo as automatiza para maior produtividade e seguran a Nem eles nem outros com responsabilidades semelhantes t m sido chamados para conversar conosco na filosofia e na educa o Espero que esse trabalho nos estimule ao di logo necess rio A esses amigos eu diria que em um mundo de automa o o trabalho fren tico monolateral prisioneiro de um modelo econ mico retr grado um contrasenso que se torna mais aberrante na vida daqueles a quem supostamente tal sistema deveria beneficiar Que o oper rio permane a alienado entregando a vida pela produ o n o se aceita mas se compreende tendo em vista as artimanhas hist ricas do capitalismo expressas na crueza da explora o do homem pelo homem Mas realmente pat tico que trabalhadores t cnicos altamente qualificados se matem pela acumula o desmesurada de bens a benef cio da opul ncia e da frivolidade de uns poucos Para que essas e outras distor es sociais um dia tenham fim compete nos assumir desde j um dos nossos maiores desafios contruir por meio da pr xis educativa novas vias para a emancipa o humana em sintonia com o que de melhor a nossa heran a cibern tica
285. r tico Essa observa o n o necessariamente desabonadora do car ter ou das atitudes dessas pessoas nos seus respectivos pap is sociais pois ocorre muito frequentemente que uma uma pessoa honesta inteligente afetuosa e bem intencionada seja portadora de uma consci ncia ing nua 1280 que n o ocorre somente no mbito das chamas ci ncias exatas tradicionalmente tidas como distantes dos problemas humanos Paradoxalmente nas ci ncias humanas tamb m se observa o indesej vel alheamento dos cientistas em rela o frutos do seu trabalho Se por um lado a ci ncia n o tem como finalidade prec pua a 110 epist me que elucidam e interpretam o funcionamento do mundo sem o correspondente esfor o de transforma o do real Comumente colocam se no p lo oposto dos pr ticos distanciando se quando n o desdenhando os aspectos urgentes da transforma o do mundo para os quais a bem da verdade s vezes n o s o muito bem aparelhados no mbito intelectual e psicomotor A s ntese entre epist me e t khne conhecimento te rico e savoir faire essencial para a compreens o dos limites e possibilidades das m quinas que nos cercam assim como para o desenvolvimento de outras mais avan adas Nessa linha de pensamento ao esmiu ar os pressupostos conquistas e fracassos da Intelig ncia Artificial Collins 1992 p 10 afirma que o saber e o fazer s o insepar veis Entretanto epist me e t khne ainda n o
286. r tico nos curr culos das ci ncias exatas muito t mida e precisa ser ampliada Na via oposta o conte do tecnol gico nos curr culos das ci ncias humanas tamb m deixa a desejar necess rio que se encontrem meios urgentes para que a interdisciplinaridade deixe de ser apenas um discurso e um objetivo difuso para se transformar em for a emancipadora concreta Que deixe de ser apenas mais um recurso dos grandes laborat rios de pesquisa para se tornar um h bito em todos os n veis institucionais de ensino aprendizagem A cada dia que passa mais se fala na necessidade de se introduzir a tecnologia na escola como ferramenta pedag gica Entretanto nada se diz sobre a necessidade de se introduzir a tecnologia como um campo de estudo interdisciplinar Por exemplo n o se estuda o autom vel enquanto objeto historicamente constitu do o que surpreendente tendo em vista o impacto exercido por ele na sociedade Analogamente considerando o impacto social da inform tica na atualidade impressionante que a inser o social dos computadores aut matos e sistemas cibern ticos em geral n o seja um assunto curricular tanto no ensino m dio como no ensino fundamental Antes de aparecer na escola como instrumento de ensino aprendizagem o computador deveria aparecer como enigma a ser desvendado uma cria o humana recente e revolucion ria uma m quina que objetiva fun es abstratas reflexivas do c rebro e n o apenas fun
287. r a um cen rio um tanto quanto austero Segundo Pinto e Pinto 2003 p 17 o objetivo primordial da avia o civil de transporte de passageiros pode ser resumido em duas palavras seguran a e efici ncia grifo dos autores Ou seja transportar os passageiros aos seus destinos minimizando o n mero de acidentes e incidentes assim como o consumo de combust vel e custos de manuten o A fim de que esse objetivo se traduza na conquista de metas cada vez mais ambiciosas a automa o fundamental e nas modernas aeronaves realiza se de forma not vel a substitui o da for a humana por for as naturais e da rotina emp rica pela aplica o consciente da ci ncia Marx 1998 1 1 p 442 Como discutiremos em mais detalhes na pr xima se o a automa o em alto n vel conduz ao paradoxo do aumento da qualifica o em certas reas de trabalho Esse tamb m certamente o caso da avia o A forma o de um piloto profissional atualmente longa e passa por diversas etapas Para chegar a comandar um avi o a jato de grande porte em uma empresa a rea de classe internacional ele precisa acumular milhares de horas de v o durante dez anos ou mais Al m disso durante toda a carreira os pilotos precisam se reciclar profissionalmente por duas raz es primeiro devido atualiza o tecnol gica das aeronaves e dos procedimentos de navega o segundo devido eventual necessidade de aprender a pilotar dive
288. r ao longo de um continuum do n vel mais baixo de uma performance totalmente manual ao n vel mais elevado de automa o plena Eles caracterizam ent o oito n veis intermedi rios de automa o entre esses dois extremos de acordo com o relativo grau de autonomia da m quina que se manifesta na distribui o das fun es entre ela e os seres humanos Quadro 1 O motor de arranque portanto que funciona no n vel 1 nem chega propriamente a constituir um sistema autom tico porque nesse n vel essencialmente n o h automa o Resta por m um problema conceitual a ser resolvido j que uma m quina pode substituir os seres humanos por diversas vias em circunst ncias distintas de modo que qualquer um dos n veis propostos na tabela pode na verdade fazer refer ncia a modalidades diferentes de automa o Por exemplo uma m quina de lavar roupas convencional substitui o ser humano por meio da execu o de um programa extremamente simples que n o leva em considera o nenhuma vari vel externa No outro extremo o piloto autom tico substitui o piloto humano durante a maior parte de um v o normal por meio de um programa altamente complexo que recebe permanentemente os inputs oriundos de diversos sensores instalados no avi o De acordo com a tabela ambos os sistemas atuam no n vel 10 embora se relacionem com os seus usu rios e operadores em n veis totalmente distintos Por conseguinte n o poss vel estabelecer um
289. r de alto n vel orientar os pupilos a respeito dos seus h bitos mentais promovendo mudan as na perspectiva a partir da qual eles enxergam o pr prio jogo Esse tipo de orienta o pode levar em conta os h bitos mentais carater sticos dos enxadristas em geral ou especificamente os h bitos mentais mais marcantes do pr prio pupilo Da mesma forma o nadador ol mpico recebe uma s rie de informa es sobre a fisiologia que afetar o seu desempenho nas raias embora o fisiologista que o orienta talvez nem saiba nadar Analogamente seria saud vel se os profissionais qualificados em geral tivessem a oportunidade de dialogar permanentemente com soci logos antrop logos pedagogos e fil sofos a fim de compreender melhor as condicionantes extra t cnicas das suas pr ticas O amadurecimento intelectual proporcionado por esse di logo que se prop e inspirador refletir se ia suponho em uma atividade cotidiana mais consciente e consequente orientada pela phr nesis Proponho pois que a gera o e o compartilhamento de meta conhecimento sejam rotineiros tanto na ci ncia quanto no mundo da produ o como forma de ampliar os limites da compet ncia humana em um mundo de automa o Por essa via as pessoas compreender o a si mesmas e ao seu trabalho como integrantes de sistemas s cio t cnicos e StAs quest es concernentes ao meta conhecimento psicol gico no treinamento de enxadristas s o discutidas por exemplo por Dvo
290. ra a vida humana mais cuidadosos e exaustivos devem ser os testes Ainda assim em se tratando de sistemas complexos s o comuns os processos de aperfei oamento a partir dos dados colhidos depois que eles s o colocados em opera o principalmente quando ocorrem incidentes Em muitos casos as falhas n o colocam em risco vidas humanas e o meio ambiente Por isso a Microsoft e outras empresas do ramo de software se d o o direito de lan ar no mercado seus sistemas cheios de bugs que v o sendo gradativamente corrigidos depois de causar um preju zo significativo mas dif cil de avaliar relativo a milh es de horas de trabalho perdidas Por outro lado imposs vel prever e simular em laborat rio todas as condi es a que os sistemas s o submetidos no mundo real Uma prova eloquente dessa impossibilidade o processo de certifica o de um novo modelo de avi o que implica em pelo menos um ano de testes de campo exaustivos a partir do momento em que o primeiro exemplar sai da f brica Segundo Frazzini 2001 p 10 a m quina pode ter uma atua o que extrapola os limites do seu projeto original e conseqtientemente pode tomar uma decis o diferente daquela que o seu projetista programador teria tomado nas mesmas circunst ncias Parasuraman 1997 p 231 coloca o problema em outros termos ao afirmar que a automa o altera a natureza do trabalho que as pessoas fazem frequentemente de maneira n o intencional e n o
291. ra o di logo dentro de um projeto pedag gico bem definido As f bricas escrit rios hospitais e canteiros de obras por outro lado t m o seu pr prio ritmo e suas pr prias prioridades dif ceis de alterar sem perturbar Al m disso o profissional imerso no seu local de trabalho cotidiano estar provavelmente inibido e certamente absorvido pela rotina e portanto mais dispon vel para falar e mostrar as coisas como s o do que para discutir como elas poderiam ser Francamente nunca vi um estudante sair de um est gio com uma vis o profissional ou social renovadora Nas empresas os chamados trabalhadores intelectuais mandam e os trabalhadores operacionais obedecem Estabelece se dessa forma o que Lojkine 2002 chamou de di logo imposs vel entre mudos e cegos o trabalhador na linha de frente enxerga mas n o tem voz O executivo tem voz mas n o enxerga Um estado de coisas contraproducente que congela as compet ncias individuais em preju zo do desenvolvimento das compet ncias 29Na medicina por exemplo n o s o poucos os profissionais atrelados s empresas fornecedores de equipamentos e insumos para procedimentos diagn sticos e terap uticos Por certo n o s o os mais indicados para questionar os rumos de uma pr tica m dica crescentemente automatizada cara por m ineficaz em termos de sa de p blica Da mesma forma qual o engenheiro de processos disposto a questionar o impacto social e eco
292. ral em um quadro de engajamento coletivo o mesmo vale com mais raz o para sedimenta o de compet ncias artesanais em atividades como realizar cirurgias dirigir autom veis fazer trabalhos de carpintaria e pilotar avi es que s podem ser aprendidas sob a tutela de art fices experientes Interessante aqui reconhecer que mesmo o desenvolvimento de compet ncias fundamentais na ci ncia e na tecnologia depende fortemente da intera o cultural Ao contr rio do que s vezes se pensa a transmiss o do conhecimento por meio de f rmulas algoritmos heur sticas esquemas e outras formas de codifica o apenas uma parcela daquilo que constitui a forma o de um t cnico ou de um cientista Ali s a distin o mesma entre ci ncia e tecnologia constantemente desafiada no processo educativo porque a tecnologia cada vez mais se insere nos aparatos emp ricos e tamb m no desenvolvimento das teorias e modelos onde os computadores assumem atualmente um papel de destaque Por outro lado a tecnologia depende cada vez mais das descobertas cient ficas de modo que a forma o t cnica sem o conveniente respaldo te rico insuficiente Sob o olhar da sociologia das ci ncias portanto podemos atualmente falar em cientistas t cnicos e t cnicos cientistas e ainda em ambientes onde a cria o tecnol gica e a produ o cient fica se concretizam a partir da reuni o de cientistas e t cnicos trabalhando por objetivos comuns
293. ramento do seu trabalho em outras formas mais produtivas cuja exist ncia se deve ao trabalho inicial de pensar os engenhos e fabric los com os materiais adequados e o emprego das for as naturais que descobriu numa f rmula concisa as m quinas representam o trabalho do trabalho Pinto 2004 v 2 p 98 Existe sim o deslocamento geogr fico e epistemol gico do trabalho a m quina cibern tica ao encarnar saberes historicamente constru dos coloca um coletivo de pessoas separadas no tempo e no espa o a servi o de determinado fim Nesse sentido quem pilota um avi o moderno um grupo de engenheiros matem ticos f sicos etc respons veis diretos e indiretos pela implementa o dos sistemas autom ticos embarcados J n o apenas o conhecimento do piloto que atrav s das suas habilidades motoras conduz o avi o ao destino A navega o agora decorre do conhecimento coletivo dos fatos geogr ficos e das leis termodin micas e aerodin micas codificados nos computadores e usados para o acionamento autom tico das superf cies m veis do avi o bem como de suas turbinas Ao piloto cabe a tarefa de supervisionar os sistemas de v o e por meio das suas compet ncias espec ficas intervir para que operem adequadamente sobretudo diante de situa es imprevistas De modo an logo em uma moderna planta industrial o conhecimento dos operadores locais apenas uma parcela do conhecimento total subjacente opera o
294. rciona aos educandos instrumentos conceituais para conceber e reivindicar em bases s lidas novos modelos sociais dentro de um contexto em que a media o da tecnologia essencial 6 3 Desafios pedag gicos Sob o t tulo Desafios pedag gicos apresento algumas id ias sobre o papel da escola na forma o do ser competente em um mundo de automa o N o fa o recomenda es detalhadas que estariam em distonia com o car ter explorat rio do texto mas ofere o pontos de vista aponto pistas e sugiro atitudes na expectativa de contribuir para o debate inadi vel sobre a renova o da atividade escolar Tendo em vista o escopo da Tese n o me aventuro no mbito das quest es or ament rias salariais e de planejamento dentre tantas outras que t m impacto direto sobre o mbito pedag gico Por outro lado fa o considera es metodol gicas que acredito se adaptam convenientemente a cen rios sociais bastante diversificados Conhe o as discuss es em torno do correto dimensionamento do papel da escola a fim de que n o se atribuam a ela poderes que n o possui Tamb m tenho ci ncia da pen ria material e organizacional da nossa escola p blica que dificulta sobremaneira a evolu o das pr ticas pedag gicas Ainda assim insisto em pensar a escola em um novo patamar al m dos muros habituais tanto os metaf ricos como os de tijolos Pensar a escola como um conjunto de n cleos sociais de ensino aprendizagem solid
295. rente particularmente no que concerne aos rob s que tentam imitar os seres humanos enquanto os Estados Unidos se concentram mais na fun o do que na forma dos aut matos Outro aspecto da influ ncia da cultura sobre o desenvolvimento das compet ncias o impacto dos artefatos culturais que funcionam em cada momento lugar e aspecto da vida humana Eles definem percursos de desenvolvimento proporcionam oportunidades e obst culos para o crescimento cognitivo e t m um impacto direto e imediato sobre a compet ncia cognitiva das crian as Wang Williams e Kopko 2004 p 231 E podemos acrescentar n o s sobre as compet ncias das crian as pois os adultos tamb m s o chamados o tempo todo a ajustar suas compet ncias para serem capazes de operar aparelhos cada vez mais automatizados seja na vida profissional seja nas atividades cotidianas Ocorre que os artefatos culturais e em especial os computadores em suas diversas encarna es s o criados ou para atender s classes dominantes ou para criar novas necessidades que se transformar o em oportunidades de mercado Por isso a t o propalada inclus o digital dos discursos pol ticos uma fal cia na medida em que pretende equacionar a falta de acesso aos meios eletr nicos de informa o sem estabelecer um 98yocal tone no original 7 yerbal meaning no original 18Certamente ambas as abordagens s o amplamente desenvolvid
296. rentes realidades culturais do que as crian as mais velhas os jovens e os adultos Tal capacidade sup e se viabilizada por uma maior plasticidade do sistema nervoso nesse per odo da vida Muito al m da inf ncia contudo a capacidade humana para o desenvolvimento de novas compet ncias mant m se em excelente estado na verdade ampliando se na medida em que compet ncias anteriormente adquiridas ap iam o desenvolvimento de outras novas Nesse processo n o h predomin ncia do meio ou do indiv duo isoladamente mas uma rela o entre o indiv duo e os ambientes sociais e culturais nos quais cada um est inerentemente envolvido na defini o de outros Rogoff 1998 p 124 Ou seja embora possamos focalizar como procedimento metodol gico ora o indiv duo ora o meio em ltima an lise no encontro entre ambos que encontraremos a chave para o desenvolvimento das compet ncias Por analogia os rg os em um organismo trabalham juntos com uma interdepend ncia inerente mas se estamos interessados em colocar em primeiro plano o funcionamento do cora o ou da pele podemos descrever suas estruturas e funcionamentos lembrando que por si s s os rg o n o teriam essas estruturas ou funcionamentos Similarmente podemos considerar uma nica pessoa pensando ou o funcionamento de toda uma comunidade em primeiro plano sem afirmarmos que na verdade sejam elementos separados Rogoff 1998 p 124 Se a intera es
297. retsky e Yusupov 1996 e Krogius 1974 113 as m quinas como artefatos historicamente constitu dos o que lhes ampliar a capacidade para a a o produtiva e respons vel Um aspecto central da compet ncia ou mais propriamente do ser competente a sua capacidade de contribuir criativamente para a mudan a das estruturas estabelecidas Se por um lado a criatividade constantemente associada a um certo espontaneismo fruto de um talento natural indecifr vel por outro lado a capacidade de pensar criativamente no contexto de sistemas s cio t cnicos complexos indissoci vel do conhecimento e da reflex o cr tica a respeito dos elementos que comp em tais sistemas Portanto a fim de que esse aspecto da compet ncia se desenvolva permitindo a constante renova o dos modos de produ o essencial para a prosperidade social o meta conhecimento sobre os sistemas s cio t cnicos precisa ser promovido Para o profissional que rompe com a mentalidade ing nua e se projeta na pr xis a tens o entre uma certa compreens o de mundo e as conting ncias cotidianas da profiss o ser frequentemente inevit vel na raz o direta da opress o a que se sinta submetido e na medida em que os resultados esperados pelos patrocinadores do seu labor v de encontro s necessidades prementes da vida social No campo do trabalho o ser intencional constantemente colocado perante a necessidade de proceder tanto ao ajuste mente mundo
298. rga escala necess ria ao bem estar humano podem contribuir com o uso mais racional dos recursos naturais assim como proporcionar a uma parcela significativa da popula o o tempo ocioso necess rio para o seu crescimento intelectual e est tico importante a esse respeito ter em mente que n o se pode acusar a m quina pelo seu uso desvirtuado nas sociedades baseadas no consumismo e no fetiche da tecnologia 98 id ias e vis es relativas a esse assunto que se apresentam sob a forma de hip teses planos de trabalho m todos e dispositivos concorrendo para a consecu o de certos fins O jogo de xadrez um dos exemplos mais significativos de que o desenvolvimento das compet ncias um processo coletivo mesmo quando elas se materializam nas realiza es de pessoas extraordinariamente talentosas em um determinado campo de a o a partir da d cada de 1940 quando o xadrez come ou a se desenvolver predominantemente como ci ncia todos os grandes jogadores t m se originado de grandes escolas onde tiveram o acompanhamento pr ximo de tutores altamente competentes A prop sito desde 1948 ap s a morte do grande Alekhine todos os campe es do mundo foram gestados nas academias do Leste Europeu onde as condi es pol ticas e culturais tornaram o xadrez um esporte de massas apoiado pelo Estado e estudado cientificamente com vistas ao sucesso competitivo A nica exce o no per odo 1972 1974 o norte americano
299. rian a que cresce imersa em um mundo de filmes estadunidenses na grande maioria jogos eletr nicos e Internet em um espa o social delimitado pelas barreiras de classe e pelas barreiras materiais dos muros que cercam os condom nios e escolas desenvolve as suas habilidades ling sticas em um terreno totalmente distinto Comunica se bem com os seus pares em um campo que flutua constantemente entre o real e o virtual um campo povoado de imagens ef meras v deo clipes cen rios de games not cias estilo CNN cones do consumo Nike Nintendo Windows iPod e met foras improv veis mem ria de computador deletar uma id ia detonar um jogo Por outro lado sua compet ncia geralmente insuficiente para jogar o jogo da sobreviv ncia visando a garantia do pr prio sustento no qual normalmente s ingressar ap s os vinte anos de idade Nesse sentido podemos dizer que a compet ncia ling istica da crian a de classe m dia urbana 77 reflete uma elaborada representa o de mundo no campo simb lico que n o se traduz necessariamente no dom nio das rela es concretas do seu pr prio mundo Assim a compet ncia como pot ncia geradora da qual a linguagem pode ser considerada um modelo cf Rey 2002 p37 permeia tanto as atividades ordin rias da vida quanto as tarefas mais especializadas revelando se por vias distintas de acordo com o contexto Mais uma vez encontramos aqui uma rela o de complementa
300. rias inten es e aten o e por fim entend los como agentes mentais iguais a eles mesmos com seus pr prios desejos e cren as p 282 Uma capacidade ausente dos aut matos e que continuar ausente pelo menos no horizonte de qualquer especula o sensata A alternativa acreditarmos nas promessas sempre postergadas de excelentes cientistas tais como como Kurzweil 2000 e Moravec 1988 travestidos em maus gurus da evolu o planet ria que promovem creio inconscientemente nas suas falas ideol gicas justamente a valoriza o das conquistas dos pa ses tecnologicamente avan ados ou lembrando Vieira Pinto alardeiam os feitos e valores das grandes na es metropolitanas Pinto v 1 p 36 Vem bem a prop sito a lembran a da vit ria do computador Deep Blue sobre o ent o campe o mundial de xadrez Garry Kasparov em 1997 por muitos interpretada como a supera o do homem pela m quina Mas considerando a quest o anos antes daquela disputa decisiva a equipe que deu inicio ao projeto do Deep Blue j esclarecia o resultado de um futuro match n o vai revelar se a m quina pode pensar mas se um esfor o humano coletivo pode suplantar os maiores feitos dos seres humanos mais capazes Hsu et al 1990 p 24 Isto a m quina mesmo em suas formas mais avan adas n o um ser aut nomo dotado de id ias pr prias mas instrumento de media o entre seres humanos engajados em um objetivo comu
301. riedade e n o de exclus o pois a id ia de compet ncia como pot ncia geradora n o invalida as id ias de compet ncia como comportamento e de compet ncia como fun o mas amplia nossas possibilidades de an lise em torno do assunto A especializa o apenas um dos aspectos da forma o humana logicamente e cronologicamente antecedido pela manifesta o de compet ncias diversas tanto no aspecto ontogen tico quanto no aspecto filogen tico No que tange l ngua falada comunicamo nos oralmente de forma t o corriqueira e eficaz que tendemos a esquecer de qu o milagrosa a capacidade de faz lo Pinker 1994 p 15 Particularmente intrigante a nossa capacidade de produzirmos uma infinidade de novos enunciados Rey 2002 p 38 n o apenas de acordo com as demandas da cada situa o mas tamb m de acordo com os rumos que desejamos imprimir aos nossos di logos e s nossas atividades Portanto o conceito de compet ncia como pot ncia geradora relevante n o apenas porque nos remete s compet ncias de base que lastreiam o desenvolvimento de outras compet ncias mas tamb m porque destaca o aspecto criativo das compet ncias que n o se sobressai nos conceitos funcionalista e comportamentalista Esse tr plice conceito de compet ncia como compet ncia comportamento compet ncia fun o e compet ncia geradora um ponto de partida para o di logo que se trava nas pr ximas se es em que se prop e
302. rios no prop sito de proporcionar s pessoas a forma o continuada cada vez mais importante em um mundo de automa o Portanto uma escola com in cio definido mas sem fim previsto que come a nas salas e Jardins da educa o infantil e chega aos laborat rios e aos campos de pesquisa do ensino m dio e superior e depois prossegue fomentando a busca pelo ser humano onilateral cf Gadotti 1995 p 55 60 ver se o 5 4 do presente texto 165 6 3 1 Primeiro desafio aproximar escola e trabalho Conhe o pessoas muito capazes nas reas de engenharia e de inform tica Constantemente quando tento debater suas pr ticas profissionais ou o frases como assim mesmo ou n o tem outro jeito Foram educados para dar resultados e hoje s o pressionados para que os resultados apare am cada vez mais rapidamente Por isso t m pressa e encerram o di logo antes mesmo de come ar pois o di logo inimigo da pressa Mas se por um lado os profissionais t cnicos n o se disp em ao di logo cr tico devemos reconhecer que as nossas universidades tamb m n o estimulam o di logo franco com o mundo da produ o Em larga medida s o dois espa os estranhos um ao outro s vezes at mesmo antag nicos Nas ci ncias humanas estudiosos respeit veis se dedicam cr tica do mundo da produ o na maioria das vezes sem jamais terem passado por ele a n o ser como pesquisadores o que lhes proporciona um
303. rline pilots using logistic regression Applied Ergonomics Vol 28 No 3 p 209 212 1997 MORAVEC Hans Mind Chirldren The Future of Robot and Human Intelligence Cambridge Massachusetts Harvard University Press 1988 MORGAN Gareth Imagens da Organiza o S o Paulo Atlas 1996 PARASURAMAN Raja RILEY Victor Humans and Automation Use Misuse Disuse Abuse Human Factors 1997 39 2 230 253 SHERIDAN Thomas B WICKENS Christopher D A Model for Types and Levels of Human Interaction With Automation In IEEE Transactions on Systems Man and Cybernetics vol 30 no 3 May 2000 p 286 297 191 PENROSE Roger A Mente Nova do Rei Computadores Mentes e as Leis da Fisica Rio de Janeiro Campus 1991 Shadows of the Mind A Search for the Missing Science of Consciousness Oxford Oxford University Press 1994 Intelig ncia Matematica In KHALFA Jean Org A Natureza da Intelig ncia S o Paulo Editora da UNESP 1995 O Pequeno o Grande e a Mente Humana S o Paulo Editora da UNESP 1998 The Emperor s New Mind Oxford Orford University Press 1999 PERRENOUD Philippe De uma Met fora a Outra Transferir ou Mobilizar Conhecimentos In DOLZ Joaquim OLLAGNIER Edm e Orgs O Enigma da Compet ncia em Educa o Porto Alegre Artmed 2004 PINKER Steven The Language Instinct How the Mind Creates Language New York William Morrow and Company Inc 1994 PINTO
304. rminologia da teoria da informa o fluem entre os sensores la os de 47 controle e atuadores Nos sistemas atuais as vias de comunica o s o quase sempre el tricas ou pticas No entanto ainda h vias de comunica o puramente mec nicas ou ainda pneum ticas ou hidr ulicas adequadas a situa es especiais em particular em sistemas simples Um la o de controle ou la o causal fechado uma rela o l gica funcional que se estabelece entre os dados colhidos pelos sensores e as a es executadas pelos atuadores Trata se de um conceito abstrato um produto do s culo XX Mayr 1970 p 129 que antes disso s existia em associa o concreta com os mecanismos da m quina Ou seja em vez de serem concebidos matematicamente tal como ocorre hoje em dia os la os de controle eram definidos e refinados de modo emp rico e contingente de acordo com as possibilidades de aprimoramento dos componentes que os materializavam No s culo XVII os termos regulateur gorvenor e correlatos eram usados com refer ncia fun o dos dispositivos auto reguladores n o aos princ pios subjacentes ao seu funcionamento Mayr 1970 p 130 131 Ainda segundo Mayr 1970 p 131 as primeiras formula es matem ticas do controle autom tico surgiram na ltima metade do s culo XIX desenvolvendo se at o final daquele s culo em especial visando o controle de velocidade dos motores S a partir do s cu
305. rnadas de trabalho prolongadas em tarefas fisicamente extenuantes hoje se processa nas plantas industriais por meio da sobrecarga cognitiva dos trabalhadores que permanecem em seus postos ap s as sucessivas ondas de demiss es Em uma economia organizada em torno da maximiza o dos lucros de curto prazo para a satisfa o dos investidores essa a tend ncia dominante Temos aqui duas possibilidades n o mutuamente excludentes Primeira a redu o do n mero de trabalhadores nas empresas devido automa o tem reflexos mensur veis na sa de ocupacional nos riscos operacionais ou nos danos ambientais Ent o as exig ncias do estado e da sociedade sobre esses indicadores poderiam se tornar rigorosas a ponto de fazer com que sa sse mais barato para as empresas manter um quadro profissional qualificado do que arcar com o custo legal e social das demiss es Segunda a automa o faz com que as empresas fabriquem produtos melhores com menos polui o mais sa de para o trabalhador e mais seguran a e ainda assim reduzam seu quadro profissional Nesse caso ali s consoante a id ia de progresso tecnol gico aconteceria um ganho real de produtividade com o conseqiiente aumento do tempo ocioso total na sociedade cujos frutos precisariam agora ser ben fico da produ o em larga escala a custos reduzidos de itens como medicamentos para verminoses infec es etc roupas e artigos b sicos de higiene Pessoalm
306. roponho que devemos reduzir a dist ncia entre o conhecimento e as pessoas Por um lado diminuindo a dist ncia entre o conhecimento acad mico e as pessoas que a ele n o tem acesso em raz o das barreiras de classe por outro lado estimulando as cr tica dos conhecimentos que elas j t m muitas vezes em estado latente desorganizados e permeados de concep es ing nuas isto n o questionadas Em um mundo de automa o a escola precisa mais do que nunca de uma perspectiva gnoseol gica que valorize o contexto assim como o processo consciente de teorizar para melhor agir e agir com um olhar cr tico sobre os pr prios atos e suas consequ ncias a fim de enriquecer a teoria que os fundamenta Aos educandos desde cedo deve ser dado entender que qualquer processo de abstra o arbitr rio na medida em que n o existem regras definidas para a sele o dos elementos significativos e n o significativos na passagem do real ao abstrato Dessa forma a precariedade do conhecimento humano tornar se familiar prevenindo a cren a cega nos conhecimentos materializados sob a forma de sistemas e dispositivos tecnol gicos A crescente dissemina o dos sistemas cibern ticos altera radicalmente a posi o do ser humano perante o conhecimento porque o computador sob diversas formas desloca parte do conhecimento humano excorporado e depois reincorporado na m quina sob a forma de procedimentos algoritmicos Por m
307. rsos tipos de aeronaves de diferentes fabricantes De fato o piloto de avi o o nico profissional obrigado por lei a um per odo de reciclagem e avalia o de aptid es a cada seis meses processo que realizado em simuladores de v o sob a supervis o de instrutores acreditados Nessas Refiro me o piloto no g nero masculino porque a profiss o ainda tem uma grande maioria de homens embora haja mulheres pilotando avi es em todos os n veis tanto na avia o civil como na militar N o adoto a forma politicamente correta ele ela ou ele ou ela porque as considero estilisticamente insuport veis Ademais na l ngua portuguesa a flex o de g nero afeta quase todos os substantivos e adjetivos de modo que n o adianta importar do ingl s contempor neo o h bito de usar os pronomes tanto no masculino como no feminino 126 reciclagens s o testados n o s o conhecimento sobre procedimentos de rotina mas especialmente as rea es do piloto em situa es de emerg ncia diversas O piloto toma parte tanto no planejamento quanto na execu o do v o gerente mas ao mesmo tempo oper rio Desafia portanto a divis o do trabalho caracter stica da sociedade industrial que normalmente separa planejamento e execu o conhecimento te rico e savoir faire O piloto profissional um expert ou seja um profissional que re ne elevada capacita o t cnica um vasto cabedal de conhecimento espec
308. rtamento das aeronaves diante de certas manobras o que requer por parte dos pilotos altera es profundas na sua conduta profissional A partir de um certo n vel a automa o se integra de tal forma ao funcionamento dos avi es que j n o existe uma fronteira bem definida entre os dispositivos computadorizados e os dispositivos mec nicos e eletromec nicos propriamente ditos No pref cio a Risukin 2001 Kem afirma que o piloto capacitado do futuro usar a tecnologia naturalmente mas dever estar sempre preparado para exercer o julgamento e a habilidade necess rios para tomar o lugar do computador e assumir o controle manual da situa o quando necess rio p xxii xxiii Por m a op o de assumir o controle override the computer est deixando de ser realista na medida em que a participa o dos sistemas computadorizados no correto funcionamento da aeronave est se tornando t o cr tica quanto a de qualquer sistema mec nico tradicional O que se pode definir em termos de engenharia at que ponto o piloto pode agir independente dos computadores o que supostamente seria desej vel em situa es em que a automa o falha quando ent o o piloto deveria assumir o controle No caso do bombardeiro B 117 Stealth a op o dos projetistas interessados em dar ao avi o um formato que o tornasse invis vel aos radares foi bastante clara o piloto n o tem meios para controlar o avi o se os sistem
309. s assim como os procedimentos metodol gicos estat sticos computacionais usados para consolid los Por isso quando eu era aluno do curso de eletr nica na Escola T cnica Federal da Bahia os nossos professores de laborat rio sempre avaliavam com especial rigor os relat rios de experi ncias cujos resultados se aproximavam demais daqueles esperados pela teoria 92 inconsistentes como se fossem consistentes em fun o de alguma falha de hardware ou software Logo a vigil ncia epistemol gica do pesquisador nesses tempos de automa o parece ser ainda mais importante e exigir mais qualifica o do que no passado Em um n vel mais prosaico se um engenheiro se utiliza de um software especializado para realizar os c lculos estruturais de determinada obra ele deve pelo menos em tese ter a capacidade de julgar a qualidade das respostas fornecidas pelo software a fim de perceber eventuais desvios que possam colocar o sucesso do empreendimento em perigo Mas se o engenheiro tiver sido um desses estudantes que se formaram sem a no o de ordens de grandeza inseguro quanto s suas pr prias capacidades ele estar propenso a confiar cegamente na m quina podendo mesmo se habituar a faz lo Ent o se o software falhar e apresentar um resultado absurdo nosso engenheiro talvez n o esteja apto a perceber e corrigir a aberra o antes que ela se materialize sob a forma de um dano econ mico ambiental ou vida humana
310. s n o determinam os contornos do desenvolvimento cognitivo nos seres humanos A mem ria em sentido amplo assim como a articula o vocal necess ria fala provavelmente est o nesse mesmo n vel porque dificilmente ter amos sobrevivido como esp cie por tantos milhares de nos sem uma probabilidade segura de que ser amos todos capazes de falar perceber e lembrar de muitos tipos de informa o de maneiras relativamente similares Gardner 1994 p 43 Por outro lado a plasticidade do sistema nervoso permite que capacidades espec ficas se desenvolvam de acordo com as necessidades experimentadas pelo indiv duo e de acordo com os est mulos por ele recebidos seja espontaneamente seja por for a da orienta o de um outro indiv duo Esse imbricamento entre capacidades inatas e influ ncias do meio no desenvolvimento cognitivo tem impacto direto sobre a quest o das compet ncias o que se torna evidente nos estudos sobre a expertise A compet ncia do expert desenvolve se sobre o 7 Uso o termo expertise da l ngua inglesa por ser dif cil traduzi lo sem perda do seu significado Expert aquele que adquiriu grande profici ncia em uma determinada rea de atividade o que n o coincide exatamente com o termo especialista em l ngua portuguesa A rigor um profissional rec m formado poder ser um especialista sem que com isso seja ainda um expert Por outro lado a palavra virtuose captura algo do termo in i
311. s observ veis em mbitos t o distintos como os jogos de computador o cinema de Hollywood e a ind stria carnavalesca da Bahia ao promoverem a hegemonia das manifesta es culturais prontamente consum veis em detrimento das demais estreitam o horizonte cognitivo de uma parcela expressiva da sociedade Nesse sentido podemos falar de grupos economicamente inclu dos mas exclu dos cognitivamente por falta de acesso a uma variedade salutar de express es art sticas e cient ficas de qualidade Diante desse quadro a discuss o sobre as diferen as inatas de potencial cognitivo torna se sup rflua no contexto do presente trabalho Nas discuss es que se seguem sobre o desenvolvimento das compet ncias humanas partiremos do pressuposto de que excetuados os casos patol gicos graves o potencial cognitivo das pessoas ao nascer sempre suficiente para que elas se tornem muito competentes em um ou mais campos de especializa o e plenamente aptas para uma vida respons vel e produtiva Em particular estaremos interessados em identificar obst culos e possibilidades para o desenvolvimento das compet ncias humanas diante da crescente vulgariza o dos sistemas cibern ticos visando a forma o daquele a quem chamaremos ser competente Antes por m discutiremos o papel da intencionalidade na sedimenta o e na express o das compet ncias 3 3 Compet ncias e intencionalidade At o momento vimos que as compet ncias humanas espe
312. s afirmativas j mencionadas de Tomasello sobre a capacidade peculiar dos seres humanos para a compreens o causal e intencional do mundo Na verdade ambas as posi es n o se excluem necessariamente desde que compreendamos a intencionalidade como atributo necess rio por m n o suficiente para a compreens o intencional e causal do mundo embora provavelmente suficiente para o comportamento causal e intencional que de fato se observa 81 livro citado originalmente publicado em 1983 o primeiro em que Searle desenvolve amplamente a teoria da Intencionalidade Nele o termo aparece com inicial mai scula para distingu la da intencionalidade com min scula entendida meramente como estado em que h inten o de se fazer algo Em obras posteriores Searle 1994 1995 abandona essa pr tica e a palavra sempre gravada em min sculas A partir de agora no presente texto essa op o mais recente ser adotada 86 em muitos animais prov vel portanto que a filog nese humana tenha em algum ponto nos equipado de maneira diferenciada para a compreens o de mundo a partir de uma base comportamental comum com outros mam feros superiores embora por vias que ainda n o compreendemos integralmente Esse um ponto sobre o qual n o nos aprofundaremos porque para os prop sitos do presente texto eventuais discord ncias dos estudiosos no que concerne ao potencial cognitivo dos animais n o s o a princ pi
313. s e os sistemas autom ticos O cap tulo 6 Desafios Educacionais aponta algumas das quest es relevantes e sugest es para a forma o de pessoas cr ticas e capacitadas para viver produtivamente em um mundo de automa o No cap tulo 7 Conclus o procede se a s ntese dos principais argumentos apresentados no texto 1 1 A heran a cibern tica Independente das nossas escolhas atuais as gera es passadas nos deixaram uma heran a cibern tica um mundo onde cada vez mais a atividade econ mica depende da automa o nos mais variados setores A palavra cibern tica cuja origem e significado ser o explorados no cap tulo seguinte remete id ia de m quinas aut nomas portanto capazes de executar por si mesmas tarefas nas quais a interven o humana era antes indispens vel Na atualidade por raz es que tamb m discutiremos mais frente os computadores eletr nicos digitais est o no n cleo controlador de cada uma dessas m quinas Contudo a visibilidade social das m quinas computadorizadas esconde aspectos t cnicos epistemol gicos hist ricos pol ticos e s cio econ micos que precisam ser trazidos luz A m dia em geral assim como os ve culos de divulga o cient fica costumam ressaltar os benef cios da crescente presen a do computador na sociedade Destaca se por exemplo a sua contribui o para a produtividade na ind stria e na agricultura para o aperfei oamento das t cnicas m dicas d
314. s eletroeletr nicos apenas os computer revolution no original 17 microcomputadores computadores de mao palmtops e telefones celulares costumam ser lembrados quando se discute o impacto social e econ mico da computa o Contudo esses produtos de consumo vendidos como ferramentas de trabalho e instrumentos de lazer em regime de obsolesc ncia planejada s o apenas a face mais vis vel do poder computacional instalado no Planeta Figurativamente s o a ponta de um iceberg cujo bojo representado pelos grandes computadores em rede e pelos sistemas de automa o em larga escala se encontra submerso longe dos olhos da sociedade nos setores de processamento de informa es laborat rios de pesquisa linhas de produ o e complexos militares servindo aos interesses das mega empresas privadas e dos governos mais ricos do mundo Contraditoriamente na mesma medida em que abre campo para novas modalidades de abuso de poder o computador tamb m amplia potencialmente as possibilidades criativas produtivas e de participa o pol tica na sociedade Um dos desafios que se coloca educa o em um mundo inexoravelmente computadorizado justamente o de promover os meios para que o potencial emancipador da m quina predomine sobre o seu potencial como instrumento de opress o Muito mais do que o uso do computador como uma nova m dia ou como ferramenta pedag gica o que est em jogo a compreens o da m q
315. s fict cios conduzidos pelo traidor at que suas respostas verbais a todas as quest es fossem perfeitas uma vez infiltrado na Uni o Sovi tica ele capturado pela KGB e interrogado o valor de todas as horas de treinamento se revela O momento cr tico chega para o nosso her i com a chegada de um interrogador origin rio da cidade de Semipalatinsk A partir de ent o nada mais pode salvar o nosso her i Por maior que tenha sido a excel ncia de seu treinamento o espi o n s sabemos s o sobreviver s perguntas de controle de um habitante origin rio de Semipalatink Ou seja por melhor que tivesse sido o seu treinamento o espi o ocidental jamais poderia saber sobre a cidade em quest o o mesmo que um habitante cujo conhecimento veio da experi ncia de vida no local Embora ele compartilhasse com os seus captores sovi ticos as compet ncias de espi o ele n o poderia compartilhar o Background espec fico de um nativo da cidade em quest o Embora o espi o certamente compartilhasse com seus interrogadores tecnologias procedimentos e m todos de espionagem ele n o compartilhava suas compet ncias t citas no plano cultural que n o poderiam ter sido aprendidas por meio de instru o apenas mas teriam que ter sido assimiladas atrav s da experi ncia Conseqiientemente ele poderia se embara ar diante de uma infinidade de quest es triviais tais como qual seria a sua conduta mesa ao jantar na casa da sua
316. s m os para tocar piano devido a uma les o em rea espec fica do c rebro Podemos ainda falar em um jogador de futebol que um h bil driblador embora n o muito competente profissionalmente ou ao contr rio em um jogador que sendo pouco h bil nos dribles um excelente zagueiro Da forma como a compreendo por conseguinte a habilidade um dos componentes da compet ncia sem ser a pr pria compet ncia 3 2 Compet ncias e cogni o As compet ncias se desenvolvem e se sedimentam em um cen rio complexo onde fatores biol gicos e culturais se alternam e se superp em dinamicamente Nesse contexto o potencial cognitivo e as habilidades cognitivas elementares t m um lugar de destaque pois s o a base para o aprendizado Isso n o significa por m que todas as habilidades cognitivas s o inatas e que a partir delas se desenvolve o que chamar amos de intelig ncia entendida como um conjunto de capacidades mais gerais fundadas no poder da abstra o Ao contr rio o desenvolvimento cognitivo ele pr prio amplamente condicionado por fatores culturais De fato o imbricamento entre biologia e cultura no processo de desenvolvimento cognitivo humano t o complexo que n o h consenso entre os pesquisadores sobre o relev ncia de cada um desses fatores As interpreta es discordantes e at mesmo antag nicas do fen meno s o explicitadas por Tomasello 2000 p 37 ao assinalar que os psic logos do
317. s pilotos com quem conversei militar reformado agora na avia o de carga e com mais de 35 anos de experi ncia 139 pessoas que entregam as suas vidas em nossas m os confiando que sabemos o que estamos fazendo e que somos capacitados para resolver com seguran a qualquer situa o que possa vir a acontecer as duas coisas atitude profissional e capacidade t cnica est o muito ligadas na opera o de um avi o em servi o de transporte a reo Grifos dos autores Essa fala ressalta a import ncia pr tica da combina o entre epist me t khne e phronesis na forma o do piloto Se ele se lembra dos passageiros porque em primeiro lugar acredita em no valor essencial de suas vidas Al m disso est disposto a promover esse valor por meio da a o contextualizada apoiada nos saberes espec ficos da profiss o tanto formais quanto artesanais e na experi ncia que lhe permite lidar adequadamente com as conting ncias de cada v o 5 4 Coopera o na ind stria A atividade industrial est dividida em duas grandes reas a ind stria de partes discretas e a ind stria de processo cont nuo No primeiro grupo est o as ind strias que fabricam e ou montam componentes e equipamentos No segundo grupo est o aquelas que processam l quidos gases e granulados com nfase nas rea es qu micas que transformam a mat ria prima O Quadro 3 apresenta uma s rie de exemplos de ind strias em ambas as
318. se deixam cooptar pelo fetiche da t cnica contribuem para a manuten o do status quo Ao se pretenderem revolucion rios da t cnica tornam se conservadores pol ticos mesmo sem querer Inspirado em Postman 1993 fiz em um texto anterior uma observa o que me parece pertinente recapitular Um aspecto embara oso do mundo computadorizado a nega o da responsabilidade humana Na medida em que os sistemas de informa o computadorizados assumem o controle das nossas atividades cotidianas n s repetidamente ignoramos as pessoas que est o por tr s e para al m das m quinas N s culpamos os sistemas de reservas de passagens pelo overbooking que atrapalha nossas viagens mas nos esquecemos das pessoas que definem os crit rios de overbooking Analogamente quando um hotel n o pode lidar com altera es na nossa agenda n s acusamos o sistema e perdoamos os atendentes e gerentes que se agarram a a regras inflex veis do software Nessas circunst ncias o sistema se transforma em uma abstra o enganadora desviando a nossa aten o das pessoas e dos interesses tang veis que orientam as organiza es Amorim 2001 p 4 A fim de corrigir esse desvio do pensamento devemos nos lembrar de que apenas o ser humano um ser intencional potencialmente da pr xis engajado na realiza o de projetos As m quinas n o t m projetos Por mais sofisticadas s o eficazes apenas como instrumentos de trabalho mas n o s o compete
319. serv veis continua v lido 70 cognitivo ou no dominio da raz o Em geral as tarefas ou fun es associadas id ia de compet ncia s o pensadas dentro de um quadro pr prio da divis o de trabalho vigente na sociedade Ao explorar a no o de compet ncia deve se de in cio reconhecer com Wittorski que ela se situa no centro de discursos e de usos sociais diversos portanto extremamente delicado abord la de frente 2004 p 76 Por m necess rio e poss vel faz lo de forma construtiva tendo como ponto de partida a constata o de que tal no o est antes de tudo em vias de fabrica o n o existindo um discurso te rico estabilizado que permita definir de forma precisa seus atributos Wittorski 2004 p 77 Pode se acrescentar ainda que esse discurso estabilizado talvez nunca venha a existir o que seria natural porque compet ncia um termo poliss mico em permanente processo de ressignifica o Tamb m importante ter consci ncia de que se trata de um substantivo semanticamente carregado que seguiu um largo percurso hist rico at a sua atual difus o nos meios organizacionais e pedag gicos Segundo Dadoy 2004 p 106 O mundo do trabalho atual tomou a no o de compet ncia da ergonomia e da sociologia ap s uma longa evolu o desde a esfera do direito at a da ling stica ao longo da qual a no o se aplicou a objetos diferentes em contextos muito diversif
320. sfatoriamente certos problemas posicionais f ceis at mesmo para jogadores humanos fracos A esse respeito ver por exemplo Penrose 1994 p 45 47 109 cientes dessas quest es e intelectualmente equipados para enfrenta las n o o fazem Alguns alegam que as discuss es te ricas n o t m lugar no mundo da produ o com suas demandas urgentes caracterizando assim a costumeira distonia entre os acad micos que tentam compreender as pr ticas sociais e as criticam e os pr ticos que produzem bens ou servi os 2 Essas pessoas sem d vida competentes sob um certo ponto de vista atuam profissionalmente em um n vel de chamarei de compet ncia de resultados dominam o aparato t cnico e simb lico que nos proporciona os elementos do bem estar material 2 mas se abst m do esfor o de elucidar seu lugar no mundo do trabalho especialmente no que diz respeito s rela es entre conhecimento te rico experi ncia e pr ticas do cotidiano S o os homens e mulheres da t khne que atrav s das suas a es transformam o mundo material e o mundo simb lico com velocidade cada vez maior mas sem o correspondente esfor o de transforma o da pr pria consci ncia que permanece ing nua Fen meno an logo ocorre com aqueles cientistas que trabalham na constru o de um conhecimento te rico cada vez mais elaborado sem contudo atinarem para as condicionantes ou para as consegii ncias sociais e econ micas do seu labor
321. sionais Risukhin 2001 p Com muita frequ ncia ouvimos falar sobre a automa o que inibe o desempenho humano Isso ocorre de v rias maneiras seja em fun o do excesso de confian a na automa o que provoca a eros o das habilidades do piloto ou ainda devido s mudan as na carga de trabalho do piloto o mascaramento de dados cr ticos ou simples mau funcionamento dos sistemas Justamente esse apassivamento e essa submiss o do ser humano diante da m quina precisam ser urgentemente colocados em quest o mesmo porque correspondem na pr tica submiss o de pessoas a outras pessoas que atuam indiretamente atrav s dos sistemas autom ticos inevit vel e at mesmo desej vel que certas compet ncias humanas sejam deslocadas pelo progresso tecnol gico Por outro lado imprescind vel que sejam asseguradas no processo educacional as compet ncias necess rias para que as pessoas Esse termo um tanto revelador foi me sugerido por um piloto de jato comercial com mais de trinta anos de experi ncia na avia o civil overreliance no original 25 possam agir em contexto mantendo o ju zo cr tico e epistemol gico sobre os pr prios atos em particular na coopera o com as m quinas 1 4 Automa o educa o e emancipa o O presente trabalho n o se det m sobre os meios eletr nicos na educa o mas sobre o papel da educa o em um mundo crescentemente automatizado o que
322. sistemas Riley 1996 Frith 2000 Grabowski e Sanborn 2003 e Vicente 2004 partindo de diferentes linhas de an lise chegam conclus o de que os pressupostos aceitos como ponto de partida para o projeto e implementa o de sistemas automatizados s o muitas vezes falhos porque n o levam em considera o de modo pleno os fatores ergon micos A esse respeito Vicente 2004 p 35 toma como exemplo um autom vel da afamada marca BMW o s rie 7 ano 2003 cujo painel de controle oferece ao motorista entre setecentas e oitocentas fun es diferentes E um dispositivo t o complexo que um editor s nior de uma revista automobil stica teria levado dez minutos apenas para aprender como come ar a usar o carro Um sistema que segundo os aficionados do automobilismo em nada contribui para a experi ncia de dirigir um grande carro mas ao contr rio a prejudica Da a conclus o ir nica de uma outra revista que avaliou o carro a Road amp Track fazendo um trocadilho com o nome do dispositivo que o fabricante chama de iDrive i de Intelligent mas que em ingl s soa como T ou seja eu iDrive No you drive while I fiddle with the controller apud Vicente 2004 p 35 Em termos sociais mis ria da automa o a mis ria de um sistema s cio econ mico e pol tico que encontra na racionaliza o a medida e a justificativa de todas as coisas Um sistema em que nas palavras de Marcuse 1998 p 80 o com
323. smo que modulares devem ser calibrados e interconectados de forma a resolver o problema desejado caso a caso Os computadores digitais precisam apenas ser programados e o programa que resolve o problema uma vez ser usado se altera es em diversos computadores da mesma fam lia sem a necessidade de adapta es Em resumo pode se afirmar que a atual hegemonia dos computadores eletr nicos digitais se deve a um conjunto de fatores a saber 1 miniaturiza o os computadores eletr nicos s o diminutos e consomem muito pouco energia em rela o a qualquer outro tipo de computador artificial pneum tico eletromec nico 2 velocidade de processamento o chaveamento dos circuitos se d raz o de milh es ou bilh es de vezes por segundo permitindo c lculos extremamente r pidos 3 flexibilidade diante de poss veis ru dos ou flutua es nas propriedades dos componentes 38 Por exemplo em determinado circuito a tens o de 2 0 Volts poderia representar o valor 50 e a tens o de 2 1 Volts o valor 52 5 em uma escala linear Assim uma flutua o de apenas 5 na tens o de trabalho provocaria uma altera o equivalente no resultado calculado 3 Sem d vida a aritm tica bin ria apresenta os seus pr prios problemas de precis o cuja considera o contudo extrapola os limites do presente texto Basta dizer a t tulo de exemplo elementar que o n mero 0 6 ou 6 10 no sistema decimal transforma s
324. stabelece se a id ia de que apenas pessoas com qualidades excepcionais segundo os crit rios das classes dominantes ter o oportunidades de trabalho em um mundo completamente automatizado Creio que o mito de uma poss vel simetria nas rela es entre seres humanos e m quinas sem fundamento e al m disso nocivo Por isso na presente se o argumento que devemos compreender a coopera o humano m quina como co opera o uma vez que entre ambos se estabelece uma rela o assim trica que coloca lado a lado entidades completamente distintas em ato e em potencial Ryle 1984 p 55 afirma que o executor inteligente de uma tarefa opera de forma cr tica e o expectador inteligente acompanha de forma critica Se substituirmos a palavra inteligente por competente na fala de Ryle o que parece razo vel a capacidade cr tica aparecer com condi o necess ria para o reconhecimento da compet ncia em determinado dom nio Reitera se por essa via de racioc nio a import ncia capital do di logo do dialogismo da intera o humana no contexto cultural como condi es para o desenvolvimento das compet ncias Se por um lado preciso dialogar criticamente para demonstrar se competente por outro lado apenas sob condi es dial gicas adequadas que a compet ncia pode ser desenvolvida e reconhecida Conforme discutimos no cap tulo anterior todo ser competente um ser da pr xis seja porque a pr
325. stra como os avi es a jato reagem aos comandos a s condi es ambientais de forma peculiar Evito deliberadamente nomear os pilotos envolvidos nos acidentes De resto seus nomes aparecem na bibliografia indicada 178 Ap s todos os cheques estarem completos e a cabina pronta o co piloto desce para a inspe o visual no avi o Fa a chuva fa a sol ou mesmo que esteja nevando esse procedimento tem que ser feito por algu m Bassani 2005 pp 28 29 crew s judgement no original 137 dessa conclus o semelhante a tantas outras conclus es de investiga es de desastres a reos sugiro que a phr nesis n o apenas uma virtude intelectual individual mas tamb m uma virtude coletiva que se expressa na capacidade de cooperadores humanos dispersos no tempo e no espa o trabalharem em contexto efetivamente engajados na consecu o de determinados fins Ao iniciar a narrativa acima eu disse que o acidente em princ pio n o tinha nada a ver com automa o O coment rio a fazer aqui justamente o de que determinadas decis es como a de decolar ou n o diante de anomalias mec nicas el tricas clim ticas ou de outra natureza n o podem ser transferidas aos sistemas automatizados N o s o decis es que possam ser tomadas com base em regras heur sticas t cnicas espec ficas ou conhecimentos abstratos porque requerem aquele feeling aquele esprit de finesse que s a experi ncia aliada ao engajamento
326. te flex veis e poderosos Consegiientemente os seres humanos t m uma capacidade especial para apropriar se dos artefatos e pr ticas culturais constru dos e aperfei oados no decorrer de m ltiplas gera es Essa apropria o envolve aprendizado imitativo um processo mais complexo do que o nome pode sugerir porque significa reproduzir um ato instrumental compreendido intencionalmente ou seja reproduzindo n o apenas os meios comportamentais mas tamb m os fins intencionais rumo aos quais os meios comportamentais foram formulados Tomasello 1999 p 512 Em suma afirma Tomasello 2003 p 25 embora os primatas n o humanos sejam seres intencionais e causais apenas os humanos entendem o mundo em termos intencionais e causais justamente essa compreens o intencional e causal do mundo que permite s gera es sucessivas desenvolver se nos nichos ontogen ticos caracter sticos de suas respectivas culturas Tomasello 1999 p 512 em um processo que envolve ao mesmo tempo aprendizado espont neo e aprendizado mediatizado Um problema aqui reside em saber quais s o e em que n vel est o as habilidades cognitivas b sicas Evidentemente em condi es normais uma crian a nasce com a capacidade de ver de forma que podemos considerar a vis o uma capacidade cognitiva elementar Contudo se ver ou seja t o somente perceber os est mulos luminosos relativamente simples enxergar um processo algo complexo q
327. temas autom ticos Ent o fica cada vez mais dif cil confiar desconfiando o que seria atitude mais s bia e coerente uma esp cie de vigil ncia epistemol gica e tecnol gica aplicada Mas ao contr rio a vigil ncia sobre os par metros de v o uma das compet ncias que tende a ser corrompida pela automa o das aeronaves Mesmo em aeronaves pouco automatizadas para os padr es atuais a invigil ncia dos pilotos j provocou cat strofes No dia 3 de setembro de 1989 um Boeing 737 200 da Varig fabricado em 1974 caiu em plena selva amaz nica no Par ap s vagar sem rumo na escurid o da noite por horas at que seu combust vel se esgotasse O motivo do acidente o comandante leu no plano de v o o n mero 0270 e ajustou o piloto autom tico para uma proa de 270 quando deveria t la ajustado para 27 0 Aparentemente o co piloto n o fez a sua parte que consistiria em verificar a coer ncia do ajuste Decolando com um desvio de 247 em rela o ao esperado o avi o seguiu no rumo oeste ao inv s de nordeste como deveria ter feito na etapa Marab Bel m Ainda assim se os pilotos tivessem balizado lateralmente a navega o como prescrevem as normas de pilotagem Sant Anna 2001 p 213 teriam verificado o desvio de curso e tomado as provid ncias para sua corre o Entretanto prosseguiram rotineiramente confiando cegamente no piloto autom tico que na verdade estava conduzindo o avi o para onde foi
328. teticamente principalmente a avia o Depois trabalhei na ind stria durante anos e tenho por l alguns amigos Al m disso um amigo e ex aluno da Gradua o controlador de v o no Aeroporto de Salvador fez um trabalho de conclus o de curso sob minha orienta o a respeito do apoio de decis o no controle de tr fego a reo usando uma t cnica computacional chamada l gica nebulosa ou l gica difusa ou fuzzy logic A partir da a aproxima o com as reas mencionadas foi natural Do ponto de vista propriamente metodol gico ambas s o reas em que a coopera o humano computador levada ao limite tanto em fun o da complexidade t cnica dos sistemas s cio t cnicos quanto em fun o das enormes responsabilidades envolvidas O quadro te rico da tese est constru do em torno dos conceitos de compet ncia objeto dos cap tulos 3 e 4 e de automa o objeto do cap tulo 2 Com essa finalidade exploram se as id ias de intencionalidade em Searle 1994 1995a 1995b a cibern tica e suas aplica es em Wiener 1964 1965 1988 e a teoria das a es em Collins e Kusch 1999 Nas intercess es e conflu ncias entre essas id ias e conceitos buscam se elementos 30 para a melhor compreendermos as rela es entre seres humanos e aut matos Inicialmente Planejava trabalhar com a ergonomia ou mais propriamente com a bibliografia ligada ao fator humano Contudo conforme o trabalho se tornou mais densament
329. toma o 62 correio expresso de longa dist ncia tamb m uma ind stria que movimenta executivos e outros profissionais acad micos e pesquisadores alguns a servi o de interesses mesquinhos outros mission rios do conhecimento e da t cnica a servi o de melhores condi es de vida para as pessoas A avia o civil est a servi o da vida embora no mundo atual tal servi o s possa ser prestado em um contexto que demanda das empresas a reas a manuten o da sa de financeira necess ria para que continuem operando Onde est ent o a mis ria da automa o quando n o aplicada deliberadamente contra a vida Em parte nos acidentes e incidentes causados pelas modifica es sist micas que ela acarreta em diversos campos da atividade humana Em parte na desqualifica o dos profissionais E ainda na instrumentaliza o do abuso de poder econ mico que embora de forma menos deliberada que a guerra tamb m atenta contra a vida cotidianamente Todos esses problemas relacionados ao paradoxo apontado por Frazzini 2001 p 8 que ap s trabalhar quarenta anos como projetista de sistemas automatizados para controle de ve culos afirma em um artigo dirigido predominantemente a engenheiros no campo da automa o A maior parte de n s sob as press es cotidianas de programas tecnol gicos no limite do cronograma ou do or amento ou de ambos tem pouco tempo para considerar quaisquer implica es culturais de longo
330. trabalho prim rio onde transitam os trabalhadores de carreira dotados de conhecimentos espec ficos cuja forma o profissional exige investimentos de capital mais ou menos significativos e o mercado de trabalho secund rio onde se posicionam os trabalhadores n o especializados f ceis de contratar e de demitir porque sua forma o n o requer investimentos significativos Nesse contexto o mercado de trabalho funciona como um amortecedor que permite organiza o se adaptar flutua o da demanda por seus bens ou servi os por meio da contrata o e da dispensa dos trabalhadores menos qualificados Dessa forma preserva se a posi o dos trabalhadores do mercado prim rio e das elites dirigentes contra as incertezas do ciclo de neg cios Da decorre que a exist ncia da tecnologia por si s n o elimina as tarefas arriscadas insalubres repetitivas ou pouco significativas que continuar o sendo realizadas por seres humanos enquanto isso for conveniente para os donos do capital Cabe observar que ao substituir as pessoas por m quinas o empres rio espera obter ganhos ou com o aumento da produ o ou com a melhoria da qualidade do produto ou com a economia de energia ou de mat ria prima Por outro lado ele se compromete com um certo modo de produ o que al m de demandar um vultoso investimento de capital implica em um custo fixo elevado com a manuten o e deprecia o dos equipamentos mesmo em perio
331. trutura hegem nica de produ o e troca trabalhando como gestores do capital como oper rios especializados ou como agentes de cria o e marketing no setor industrial no setor de servi os e nos agroneg cios A fabrica o de nexos causais entre a dissemina o dos computadores e o progresso social parte de uma ideologia que anuncia sempre um admir vel mundo novo que n o chega como de fato n o pode chegar apenas por for a das transforma es tecnol gicas Atento a essa realidade j h trinta anos Weizenbaum 1976 p 32 observava que 3Que por si s uma express o ideologicamente carregada Os verbos cifrar e decifrar h muito utilizados na linguagem militar s o usados tamb m na computa o com o sentido de codificar e decodificar mensagens de modo que s pessoas autorizadas possam l las v las ou ouvi las Em sentido mais amplo decifrar desmontar um enigma quebrando o em suas componentes atrav s do racioc nio l gico Ent o decifrar o genoma em certa medida quebrar ou seja ter acesso ao que estava oculto no c digo da vida Em que sentido podemos dizer que o o genoma um c digo ou um programa como querem alguns algo que os meios de divulga o cient fica n o costumam discutir em profundidade Esse apenas um exemplo de como a linguagem da inform tica entra na nossa vida di ria e condiciona aspectos importantes da nossa vis o de mundo Fund
332. tura de classes n o se pode ignorar que impondo se por meio das mudan as irrevers veis que opera na sociedade a tecnologia e em particular a automa o um dos aspectos fundantes de qualquer proposta pol tica progressista Nesse sentido a pergunta urgente j n o mais como garantir aos trabalhadores a perman ncia nos postos que ocupam mas como fazer com que o tempo livre oriundo dos ganhos de produtividade seja revertido em benef cios para todos Em outros termos n o se trata de se opor ao poder da tecnologia mas de se estabelecer 161 mecanismos para democratiza lo de modo que se oriente pela satisfa o das necessidades sociais Sob essa tica grande a responsabilidade individual dos profissionais que concebem constroem e operam o aparato tecnol gico da sociedade porque o exerc cio social da t cnica estabelece o fundamento do inevit vel car ter ideol gico da tecnologia Sendo assim o t cnico desde que advertido sobre o assunto est obrigado a proceder ao exame de suas condi es existenciais para submeter a rigorosa an lise l gica os condicionamentos que sobre ele incidem a fim de separar quantos por serem nocivos aos interesses do povo estejam sendo cumpridos por ele inadvertidamente ou aceit los com a correspondente moral se n o quiser repeli los Como segunda tarefa imp e se lhe a den ncia das sugest es te ricas mal intencionadas das press es econ micas escravizadoras
333. ue requer o funcionamento coordenado de uma grande parte do sistema nervoso central 81 Podemos perguntar ent o se dadas mil crian as com o sistema ocular e cerebral em perfeito estado todas enxergam o mundo da mesma maneira ao nascer E ap s um m s de vida E ap s um ano Em que ponto da ontog nese as diferen as ambientais e os est mulos culturais come ar o a impor uma diferen a definida sobre as formas de enxergar o mundo Em algum ponto certamente pois em algum momento da vida pessoas educadas em ambientes distintos enxergar o coisas distintas ao ver a mesma cena Por exemplo a crian a da ro a pode enxergar pousados em uma rvore dezenas de p ssaros onde uma crian a da cidade talvez enxergue apenas a rvore Na mesma medida um artista treinado pode enxergar m ltiplos tons de verde onde talvez eu veja apenas tr s ou quatro Podemos ent o dizer que esses atores t m todos a mesma capacidade cognitiva no campo visual Ou dir amos que eles t m o mesmo potencial cognitivo mas que esse potencial desde muito cedo influenciado pelos est mulos do meio Obviamente quest es an logas podem ser levantadas a respeito da rela o entre escutar e ouvir poque a grande maioria das pessoas escuta bem desde o nascimento mas nem todas desenvolvem as sutilezas da audi o aos mesmos n veis Logo sabemos que existem habilidades cognitivas b sicas evidentes como ver e ouvir que estabelecem limites mas por si s
334. ue se multiplicam na medida em que a ci ncia encontra uma tecnologia em fase de matura o transformando se em ci ncia aplicada A trama central do livro gira em torno da luta por patentes que ali s um t pico bastante atual 48 A partir da d cada de 1940 os mecanismos de auto regula o se difundiram enormemente a princ pio implementados por meios eletro mec nicos pneum ticos ou atrav s de circuitos eletr nicos anal gicos A partir da d cada de 1960 com a miniaturiza o dos circuitos eletr nicos digitais e com sua fabrica o em massa os computadores come am a baixar de pre o tornam se mais confi veis e f ceis de manter tend ncia que se consolidou na d cada de 1980 com o advento dos microcomputadores Nesse meio tempo o estudo dos algoritmos tamb m evoluiu bastante Conseqiientemente os la os de controle passaram a ser cada vez mais implementados sob a forma de programas de controle rodando em computadores eletr nicos digitais Atualmente esse um procedimento hegem nico em todos os campos onde a automa o aplicada em larga escala e mesmo em situa es t o corriqueiras quanto o controle de elevadores em pr dios residenciais um fato tecnol gico com profundas implica es epistemol gicas e que portanto vale pena ser bem compreendido Essencialmente os computadores s o m quinas para armazenar n meros operar com n meros e dar o resultado sic em forma num rica Wiener 1965
335. uina em suas determinantes hist ricas econ micas tecnol gicas e epistemol gicas a fim de que a sociedade possa discutir e decidir como e quando utiliz la em seu benef cio David Gelernter apud Stoll 2000 p 82 afirma que os educadores profissionais est o nos conduzindo toda velocidade a um mundo de m quinas inteligentes e pessoas tolas Discordo em parte pois n o penso que isso esteja acontecendo por a o dos educadores Mas por omiss o pode acontecer Precisamos pensar e trabalhar para que n o aconte a 1 2 Desafios da automa o No presente trabalho a automa o discutida predominantemente no mbito das m quinas e sistemas que fazem a media o entre o ser humano e o mundo f sico tais como aeronaves e plantas industriais Subsidiariamente ser o discutidos os sistemas automatizados de cunho simb lico ou seja aqueles que lidam apenas com s mbolos abstratos a exemplo dos sistemas de informa o administrativos e os programas de computador usados para a solu o smart machines and dumb people no original A frase deve ser entendida em seu prop sito ret rico de chamar a aten o para a eros o de compet ncias humanas fundamentais devido ao uso indiscriminado dos computadores em particular nas escolas 18 de problemas matem ticos Tal segmenta o nada tem de absoluta e serve apenas aos prop sitos de circunscri o do trabalho mesmo porque cada vez mais os sistemas produ
336. um mundo de automa o como j vimos o trabalho cooperativo se nos imp e atrav s de instrumentos mediadores cada vez mais sofisticados como s o os aut matos Por isso a vigil ncia epistemol gica o entendimento das rela es de causa e efeito a co intencionalidade a aten o ao contexto o gosto dos detalhes s o h bitos que crescem em import ncia a cada dia particularmente no mundo da produ o mas tamb m nas nossas rela es cotidianas com os aut matos em mbitos diversos H bitos que se desenvolvem no ensino como pesquisa em um modelo cultural de ensino aprendizagem n o no modelo algoritmico No fundo todo aprendizado que serve humaniza o aprendizado em contexto e a pesquisa importante justamente por propiciar as condi es para que esse aprendizado aconte a sistematicamente a partir das conquistas anteriores do engenho humano Analogamente comunica o com o mundo do trabalho o ensino como pesquisa uma forma de aproximar a sala de aula do mundo real ou seja dos espa os concretos onde os conhecimentos s o produzidos as id ias s o concebidas as prioridades s o determinadas O 171 oposto a sala de aula voltada somente para abstra es nos afasta de tudo isso e ao faz lo nos despolitiza porque em um mundo de conhecimentos codificados fora de contexto n o existem as dificuldades pr ticas os dilemas ticos os jogos de interesses ou as disputas ideol gicas que s o p
337. use la para que ela execute as opera es esperadas de forma predominantemente passiva Cooperar com uma m quina por m significa interagir com ela em um sistema din mico de entradas de sa das de dados que se alternam e se realimentam na execu o de uma tarefa Nesse sentido podemos dizer que um telespectador usa a sua televis o para ter acesso s imagens transmitidas pela emissora e que um motorista usa o seu carro para ir ao trabalho Por outro lado o piloto de um avi o moderno coopera com a aeronave para viajar entre a sua origem e o seu destino Incorporando se ao nosso cotidiano atrav s de objetos e procedimentos ordin rios a automa o se torna at certo ponto invis vel e tendemos simplesmente a aceit la como natural e indispens vel Contudo a hist ria mostra que a introdu o da automa o na sociedade sempre traz problemas novos embora nem sempre resolva problemas antigos Em alguns casos a automa o nos faz imediatamente mais capazes mas em outros ela restringe a manifesta o das nossas habilidades Quando uso a minha c mara fotogr fica digital TA distin o entre usar a m quina e cooperar com ela ser desenvolvida no cap tulo 5 19 automatica eu tiro fotos muito melhores do que as que tiraria usando uma camara de opera o manual Por outro lado um fot grafo profissional necessita dos controles manuais para extrair o m ximo do equipamento Para ele uma m quina totalmente autom tica
338. utores do livro desejam abstrair mas a rigor n o poderiam Al m disso a pergunta feita amb gua O que devemos entender por tempo que o piloto tem para fazer a corre o O tempo que ele tem para perceber o problema o tempo que ele tem para come ar a reagir ou o tempo em que ele deveria completar todas as opera es necess rias O exerc cio da forma como est posto poderia ser resolvido substituindo se o avi o por um ponto sem massa o terreno e o ar por um fundo bidimensional e a quest o original por esta Em quanto tempo o ponto colidir com a linha inclinada abaixo Isso mostra que n o temos propriamente um problema mas um cen rio completamente artificial fruto da tentativa de aproximar a teoria do mundo real sem contudo aceitar o nus do esfor o did tico essencial a essa aproxima o Mas justamente n o existem regras definidas para a abstra o esse um dos talentos humanos essenciais que as m quinas n o podem imitar Um talento que se desenvolve na 226A an lise que se segue adaptada de Amorim 2005 p 8 172 pr tica analisando a fundo os problemas e n o por meio dos gabaritos mentais a que os alunos desde muito cedo s o for ados a se adaptar sob pena de serem punidos com notas baixas Que a capacidade de abstrair uma compet ncia essencial n o resta d vida Mas em um mundo de automa o onde o n mero de pessoas que projetam constroem e trabalham com aut mat
339. uzir ao m nimo a sua liberdade de express o e de escolha Em termos pr ticos os trabalhadores que operam as f bricas cada vez mais deslocados pela automa o correm o risco de ver desaparecer as suas possibilidades de 2 H dez anos atr s em um curso de p s gradua o tive uma professora auto proclamada marxista que nos disse n o saber nada de matem tica e nem querer saber subentendendo se nas circunst ncias da fala o seu total desinteresse pelas ci ncias formais e da natureza J na poca lembro me de ter pensado o quanto aquela postura a distanciava de um pensamento efetivamente emancipador 2 Obviamente pela satisfa o das necessidades b sicas de todos mas tamb m pela apoio satisfa o das necessidades est ticas e emocionais indissoci veis da condi o humana 162 sustento digno t o logo manifestem quaisquer discord ncias em rela o s pol ticas m todos ou metas de suas empresas Contudo no que diz respeito tomada de consci ncia sobre o s processos sociais de explora o n o muito melhor a situa o dos gestores do capital e dos t cnicos empregados pelas empresas Primeiro porque a automa o do processamento de informa es fez com que desaparecessem muitos empregos nos n veis intermedi rios de administra o Segundo porque conforme alertava Gorz h trinta e cinco anos 1996 p 240 os trabalhadores t cnicos e cient ficos sujeitos divis o capitalista
340. vel em www cf ac uk socsi expert Acesso em 20 mar 2005 CRANDALL R LEVICH Marvin A Network Orange Logic and Responsibility in the Computer Age New York Springer Verlag 1998 DADOY Mireille As No es de Compet ncia e Compet ncias Luz das Transforma es na Gest o da M o de Obra In TOMASI Ant nio org Da Qualifica o Compet ncia Pensando o S culo XXI Campinas SP Papirus 2004 DAVIS M The Universal Computer The road from Leibniz to Turing New York Norton 2000 DERRY T K WILLIAMS T I A Short Story of Technology From the Earliest Times to A D 1900 Toronto Dover 1993 DOLZ Joaquim OLLAGNIER Edm e A no o de compet ncia necessidade ou moda pedag gica In DOLZ Joaquim OLLAGNIER Edm e Orgs O Enigma da Compet ncia em Educa o Porto Alegre Artmed 2004 DREYFUS Hubert L What Computers Still Can t Do A Critique of Artificial Reason Cambridge Massachusetts The MIT Press 1992 DREYFUS Hubert L DREYFUS Stuart E Mind Over Machine The Power of Human Intuition and Expertise in the Era of the Computer New York The Free Press 1986 DUGU Elisabeth A L gica da Compet ncia O Retorno do Passado In TOMASI Ant nio org Da Qualifica o Compet ncia Pensando o S culo XXI Campinas SP Papirus 2004 DUPAS Gilberto Economia Global e Exclus o Social Pobreza Emprego e o Futuro do Capitalismo 3 ed S o Paulo Paz e Terra 1999 DUPUY Jean
341. ves glass cockpit esse profissional simplesmente desaparece pois as suas fun es passam aos sistemas autom ticos sob supervis o do piloto e do co piloto Na pr tica continua existindo o mesmo 180Na mesma medida em que podemos falar de intelig ncia coletiva 138 conjunto de la os de retroa o b sicos de antes para o controle dos avi es mas a interven o direta de uma pessoa nesses la os d lugar a opera es computadorizadas A exclus o do engenheiro de v o dos novos avi es atinge em cheio o mito de que apenas os profissionais pouco qualificados perdem os seus postos de trabalho devido automa o Ao contr rio trata se de um profissional altamente qualificado geralmente oriundo de muitos anos de servi o na rea de manuten o onde havia galgado posi es de crescente responsabilidade Portanto algu m que conhece a fundo cada sistema da aeronave o que muito interessante nas situa es de rotina e crucial em algumas situa es de emerg ncia Se por um lado os sistemas autom ticos hoje d o conta dos la os de retroa o rotineiros pelos quais o engenheiro de v o se responsabilizava por outro lado quando a rotina quebrada em fun o de situa es ambientais imprevistas ou de falhas do equipamento o terceiro piloto pode fazer falta uma vez que a sobrecarga cognitiva do piloto e do co piloto em situa es cr ticas sempre enorme Ao contr rio do que possa parecer a automa
342. xis uma heran a inerente sua condi o humana seja porque ele a 141 The intelligent performer operates critically the intelligent expectator follows critically 121 compreende e a exercita deliberadamente Por outro lado a maquina n o uma criatura da pr xis pois n o possui exig ncias portanto ignora a necessidade Vieira Pinto 2004 p 527 O ser humano como todo ser vivo ao contr rio traz em sua constitui o o impulso prim rio a permanecer vivo Por isso procura o meios de se opor entropia que tend ncia dos sistemas f sicos de evolu rem rumo a um estado de completo equil brio energ tico no qual a vida n o poss vel Por m ao contr rio do ser humano a m quina n o existe em antagonismo com a tend ncia natural entropia Nesse sentido podemos dizer que ela em si mesma acabada Se for al m do que reproduzindo se por meio de la os cibern ticos em formas id nticas atual ou outras melhoradas ser apenas porque seus criadores humanos a dotaram dessa capacidade mas n o porque tenha alguma necessidade aut ntica de faz lo O ser humano ao contr rio precisa continuamente se projetar em novas realiza es primeiramente por simples necessidade vital depois em fun o do seu desejo inexor vel de bem estar e mais ainda pelo desafio da descoberta Inacabado como obra da natureza est portanto condenado ao trabalho que o projeta rumo a novos horizontes

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