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Dalva - Programa de Pós-Graduação em Educação

1. cada indiv duo aprende a ser um homem O que a natureza lhe d quando nasce n o lhe basta para viver em sociedade LEONTIEV 1978a p 267 grifo do autor Sforni 2012 propondo se a esclarecer o papel da escola e dos conte dos das diferentes reas do conhecimento afirma que o papel decisivo atribu do pela Teoria Hist rico Cultural escolariza o n o se limita a uma defesa politicamente correta da institui o escolar e sim que a valoriza o da educa o escolar uma decorr ncia da compreens o de que a apropria o de conhecimentos te ricos concorre de modo significativo para o desenvolvimento das fun es ps quicas superiores SFORNI 2012 p 471 Assim podemos perceber que apenas nascer numa sociedade com desenvolvimento cient fico e tecnol gico n o instrumentaliza o ser o humano a compreend la pois os seres humanos podem apenas existir nela conviver e at utilizar os objetos tecnol gicos e de comunica o como vemos hoje a ampla utiliza o de telefones celulares e de computadores como meio de comunica o e acesso s redes sociais entretanto podem ser simples usu rios e continuarem a representar o percentual de sujeitos exclu dos da apropria o de conhecimentos te ricos com capacidade de compreens o e atua o cr ticas Facci 2004 explica que filogeneticamente o ser humano j nasce hominizado mas o conv vio com outros homens a intera o e a apropria
2. O que os indiv duos s o portanto depende das condi es materiais de sua produ o MARX 2007 p 87 Em seus Manuscritos Econ mico Filos ficos Marx 1987 p 178 alerta que a forma o dos cinco sentidos humanos e os chamados sentidos espirituais um trabalho de toda hist ria universal at nossos dias constitu do mediante o modo de exist ncia da natureza humanizada Percebemos que o trabalhador ao subsumir se a um tipo de atividade mec nica que compromete suas capacidades cognitivas de planejar e de produzir ainda tem absorvido pelo tempo dedicado ao trabalho seu tempo de lazer de leitura de educa o enfim de acesso aos bens culturais Ao longo da d cada de 1760 Adam Smith 2003 um dos fundadores da economia moderna representante do pensamento liberal cl ssico escreve sua obra mais famosa A Riqueza das Na es na qual busca evidenciar as vantagens da divis o do trabalho Toma como exemplo a produ o de alfinetes expondo que um oper rio conseguiria fazer por dia 20 alfinetes trabalhando sozinho mas se a tarefa de produzir os alfinetes fosse dividida em diversas opera es simples 10 oper rios conseguiriam produzir coletivamente 48 000 alfinetes por dia ou seja a produ o aumentaria em 240 vezes se comparada com o trabalho realizado individualmente O demonstrativo de Smith 2003 nos faz compreender os benef cios da divis o de trabalho no aumento da produ o o que passa a ser
3. ind stria e s empresas de modo geral oferecerem um treinamento r pido aos seus funcion rios para que eles se tornassem aptos a desempenhar suas fun es escola cabia oferecer a forma o b sica m nima pois as demais habilidades eram desenvolvidas facilmente via treinamento no pr prio local de trabalho ou por meio de cursos r pidos Mas o novo tipo de forma o requerido traz implica es diretas para o trabalho escolar levando o reconfigura o do conte do e dos modos de ensinar A forma o b sica m nima certamente era consoante com os interesses desse novo paradigma produtivo que tem as seguintes caracter sticas 73 O modelo de explora o anterior que exigia um trabalhador fragmentado rotativo para executar tarefas repetitivas e treinado rapidamente pela empresa cedeu lugar a um modelo de explora o que requer um trabalhador com habilidades de comunica o de abstra o de vis o de conjunto de integra o e de flexibilidade para acompanhar o pr prio avan o cient fico e tecnol gico da empresa o qual se d por for a dos padr es de competitividade seletivos exigidos no mercado Essas novas compet ncias e habilidades n o podem ser desenvolvidas a curto prazo e nem pela empresa Por isso a educa o b sica ou melhor a educa o fundamental ganha centralidade nas pol ticas educacionais sobretudo nos pa ses subdesenvolvidos Ela tem como fun o primordial desenvolver as nova
4. E o que t m de diferente GIL FANIZZI 2008b p 102 4 ano Unidade Classifica o dos Vertebrados e Invertebrados Os animais s o muito diversificados Observe as fotos Que diferen a marcante entre os animais GIL FANIZZI 2008c p 70 5 ano Unidade Os Seres Vivos e as suas rela es com o ambiente Por que os animais apresentados nas fotos t m o h bito de viver em diferentes ambientes GIL FANIZZI 2008d p 78 Procedimento semelhante ocorre no estudo dos Seres Vivos e Vegetais 2 ano Unidade O mundo Vegetal Observe as fotos e responda de que maneira as plantas est o presentes na vida do ser humano GIL FANIZZI 2008a p 77 3 ano O que os seres vivos representados na foto t m de semelhante E o que t m de diferente GIL FANIZZI 2008b p 102 4 ano Unidade Fun es vitais das plantas Observe as fotos das plantas Que caracter sticas voc observa nos diferentes vegetais GIL FANIZZI 2008c p 89 5 ano n o h uma pergunta espec fica para vegetais Observamos que para essa fase inicial de cada unidade solicita se do estudante que observe identifique as caracter sticas visualmente percept veis permitindo destacar as semelhan as e diferen as das plantas ou animais dos seres vivos e n o vivos Na continuidade da Unidade Estudando os seres vivos do 3 ano prop e se a atividade de classifica o dos seres vivos e a s
5. HARVEY 2009 p 140 Se nos dois modelos anteriores as exig ncias de desenvolvimento intelectual dos trabalhadores eram m nimas reduzindo se s a es mec nicas e imediatas devido automa o e ao autocontrole do processo produtivo no modelo flex vel n o faz mais sentido o modelo r gido de atividades mecanizadas que n o exigem iniciativa e criatividade do trabalhador e sim disciplina e acatamento de regras As capacidades exigidas do trabalhador agora envolvem especialmente o dom nio de linguagens l ngua p tria e l nguas estrangeiras linguagem informacional e outras para que possa contribuir e se inserir no processo de globaliza o da economia Isso porque existem v rios mercados a serem explorados v rias culturas a serem conhecidas um sistema de comunica o instant neo que ocorre por meio de computadores internet telefones e similares que necessitam uma compreens o m nima de suas linguagens de comando Esse novo processo possui algumas pr ticas distintas dos sistemas que o antecederam Para Galuch e Sforni 2011 a produ o tayloristafordista necessitava de sujeitos disciplinados com capacidades para a execu o de tarefas repetitivas todavia a produ o de base toyotista em vigor na atualidade requer sujeitos que executem m ltiplas tarefas e encontrem solu es para diferentes problemas Tendo em vista o tipo de trabalho realizado pelos trabalhadores no modelo fordista de produ o era poss vel
6. 1988 bem como por autores que se dedicam ao estudo da l gica dial tica Kopnin 1978 Andr iev 1984 Gorski e Tavants 1960 Para esses autores o sujeito n o pode construir um conhecimento cient fico somente em contato com objetos ou fen menos como se esses fossem independentes das descobertas da hist ria da humanidade e que suas caracter sticas externas pudessem expressar sua ess ncia Os estudos de Dav dov 1988 indicam o pensamento dial tico como capaz de superar o pensamento emp rico e o pensamento emp rico discursivo estabelecidos com base na l gica formal Ele defende o pensamento dial tico porque compreende que o mesmo possibilita a unidade entre o concreto e o abstrato na medida em que permite a generaliza o para outras situa es e forma a capacidade de estabelecer rela es com elementos hist rico sociais da realidade O autor admite que o caminho do emp rico para o abstrato utilizado pela l gica formal capaz de atingir abstra es e generaliza es entretanto essa via de aprendizagem v lida para a aprendizagem de conceitos cotidianos J na escola as abstra es realizadas pelos educandos que tomam por base o aspectos externos dos objetos e fen menos e que ap s observar separar nomear classificar conseguem encontrar o que geral ou est vel e sintetiz lo em uma defini o verbal nem sempre podem ser consideradas como suficientes para se obter realmente um conceito sobre o objet
7. 2005 2009 Leontiev 1978a 1978b Luria 2001 Dav dov 1982 1988 defende a ideia de que a entrada na escola e a aprendizagem de conceitos cient ficos propiciam crian a novas possibilidades de desenvolvimento do pensamento Vigotski 2005 p 41 explica que as investiga es de natureza experimental realizadas por ele sobre a aprendizagem da aritm tica da escrita das ci ncias naturais e outras mat rias demonstraram que se produzem novas forma es no sistema nervoso central na idade escolar afirma ele que A aprendizagem escolar orienta e estimula processos internos de desenvolvimento Na compreens o desse autor a aprendizagem n o desenvolvimento mas corretamente organizada conduz o desenvolvimento mental da crian a suscita para a vida uma s rie de processos que fora da aprendizagem se tornariam inteiramente invi veis VIGOTSKI 2004a p 484 Pensada dessa forma a aprendizagem uma atividade universal e necess ria para que cada sujeito possa desenvolver as caracter sticas humanas que n o s o naturais e sim formadas historicamente VIGOTSKI 2005 Assim o ingresso na escola para a crian a significa um caminho novo para a forma o de conceitos que s o objetos da matem tica das ci ncias naturais humanas e sociais Esses conceitos s o apreendidos de modo distinto e at opostos aos conceitos espont neos eles requerem a defini o verbal e a orienta o do professor o que
8. S chenov 1953 apud Gorski e Tavants 1960 confirmando ser esse um procedimento leg timo para a aprendizagem de conceitos usam como exemplo a aprendizagem do conceito de montanha altura cor e laranja Esses s o conceitos que podem ser formados pelos sujeitos mesmo que nunca frequentem escolas S o conceitos aprendidos no cotidiano e muito v lidos para o sujeito orientar se no mundo Isso significa que a observa o compara o e defini o verbal s o consideradas v lidas 110 e pertinentes para a aprendizagem desse tipo de conceitos ou seja os conceitos cotidianos Mas poss vel a apreens o de conceitos cient ficos por meio dessas mesmas a es mentais Se fosse poss vel o que a sua aprendizagem significaria de novo para os processos ps quicos se esses j s o formados na aprendizagem cotidiana Vigotski 2004a 2009 afirma que o ensino de conceitos cient ficos n o deve seguir o mesmo procedimento utilizado na aprendizagem de conceitos cotidianos justamente porque est na aprendizagem de outros processos ps quicos que n o formados pelas pr prias demandas da vida cotidiana a riqueza da aprendizagem de conceitos para o desenvolvimento do psiquismo Assim sendo o que est em jogo n o apenas o conte do novo adquirido na escola por exemplo saber o que vegetal mas tamb m o novo procedimento cognitivo realizado para se chegar a esse conceito O que conferiria aprendizagem conceitual seu potencial de
9. condi es objetivas de uma sociedade de classes que reserva para diferentes indiv duos condi es diferentes de humaniza o dentre elas podemos considerar a forma e o conte do do material escolar dispon vel aos estudantes O livro did tico no Brasil n o reservado somente classe dominada aos trabalhadores e filhos dos trabalhadores tamb m ao lado dos materiais apostilados adotado em todo pa s tamb m por escolas privadas Por m os filhos da classe dominante t m acesso a outros livros sem serem os did ticos acesso aos conhecimentos cient ficos por meio das novas tecnologias educacionais ampliam seu universo cultural por meio de viagens passeios teatro cinema espet culos de m sica e de dan a enquanto os filhos da classe trabalhadora t m a escola e o livro did tico como acesso principal ao conhecimento cient fico e sistematizado Fato que justifica analisar a organiza o did tica do livro did tico destinado s escolas p blicas n o para que doravante as cole es sejam estruturadas de acordo com os pressupostos da Teria Hist rico Cultural mas para que se possa ter subs dios para 8 lo que es m s substancial al indicar la estructura de los conocimientos asimilables y el m todo de su coordinaci n el programa proyecta ese tipo de pensamiento que se forma en los alumnos al asimilar stos el material de estudio propuesto DAVYDOV 1982 p 6 Grifo do autor 50 compreender e posteriormente
10. determinada de uma ou outra montanha mas tem a particularidade geral das montanhas caracterizada ainda que essa particularidade em cada caso seja distinta Portanto a qualidade que se separa se faz objeto de generaliza o Seguindo por esse caminho se chega aos conceitos abstratos como altura n o somente das montanhas ou de um grupo qualquer de objetos mas tamb m de qualquer objeto cor n o do a car nem das folhas do carvalho mas sim como qualidade geral de todos os objetos e muitos outros SMIRNOV et al 1969 p 240 grifos dos autores Nesse exemplo percept vel tamb m a fixa o do que comum ou geral a todas as montanhas Al m disso os autores exploram outras possibilidades de generaliza es como compreender o conceito de altura atribuindo o a outros objetos compreender os conceitos das cores branco e verde generalizando as para todos os objetos e n o somente para um objeto particular Gorski e Tavants 1960 explicam que as sensa es e percep es por si n o s o suficientes para que o ser humano possa diferenciar nos objetos e fen menos o que geral do que particular o que essencial do que acess rio pois para tal se faz necess rio descobrir rela es que est o sujeitas a determinadas leis Esclarecem que para atingir um novo grau de conhecimento imperativo o uso da L gica No processo da cogni o deixamos de refletir a realidade de maneira imediata e por imagens e passamos a
11. gica aristot lica Um dos grandes nomes associado escol stica o de Santo Tom s de Aquino 1225 1274 MENEZES EbenezerTakunode SANTOS Thais Helena dos 129 Luria 2001 levando em considera o as explica es de Vigotski sobre como a palavra conservando a mesma refer ncia objetal significado imediato fun o designativa com o passar do tempo e com a aprendizagem assume novas fun es sem nticas modifica e transforma o sistema de v nculos e generaliza es nos oferece um exemplo de como o significado da palavra se desenvolve Para tanto utiliza a palavra loja ou armaz m como sin nimos e explica que num primeiro momento ela tem um significado objetal um local onde se compra algo Num segundo momento podem apresentar um significado afetivo local de onde se traz p o fresco doces bolachas No in cio da vida escolar loja deixa de ter um significado afetivo e passa a ser compreendida pela sua fun o evocando um sentido mais generalizado lugar em que se compram coisas produtos Luria 2001 aclara que para um adulto a mesma palavra tem sentido completamente diferente Ele explica Um significado completamente distinto essa palavra tem para um adulto por exemplo para um economista A refer ncia objetal a mesma por m na palavra armaz m se encontra agora um sistema de conceitos por exemplo o sistema econ mico de troca ou a f rmula dinheiro mercadoria dinheiro ou ainda uma d
12. informa es sobre a qualidade do aprendizado em cada escola munic pio e estado do Brasil disponibiliza dados coletados sobre a Prova Brasil e o Censo Escolar O Question rio do Professor da Prova Brasil 2011 foi respondido por 233 971 professores uma das perguntas questionava se o professor utilizava como recurso para o ensino o livro did tico Responderam que sim 98 dos professores responderam que n o porque o considerava desnecess rio 1 dos professores e 1 respondeu que n o utilizava o livro did tico porque n o possu a esse recurso QEdu org br Dispon vel em http www qgedu org br brasil pessoas professor 19 A an lise da organiza o de ensino proposta pelo livro did tico n o visa que as cole es sejam estruturadas de acordo com os pressupostos da Teoria Hist rico Cultural mas para obter subs dios que ajudem a compreender e posteriormente intervir nas condi es estruturais de acesso ao conhecimento pelos estudantes e na qualidade dos materiais utilizados pelos professores pois alguns ritos da cultura escolar express o usada por Sforni 2004 passam a ser considerados como algo natural e perpetu vel no tempo e no espa o sem que seja analisado seu impacto sobre o desenvolvimento dos estudantes Como crit rio de escolha da cole o a ser analisada buscamos aquela que mais valoriza o ensino de conceitos Tomamos como princ pio o fato de que a aprendizagem dos conceitos cient ficos produz
13. o dos bens culturais no desenvolvimento ontogen tico que permitir o que haja o desenvolvimento do complexo psiquismo humano FACCI 2004 p 204 A escola E por meio de seus conte dos hist ricos cient ficos filos ficos art sticos atua como o mediador n o natural mas historicamente necess rio entre os objetos e fen menos O e os sujeitos da nova gera o S Podemos representar esquematicamente essa rela o por meio de um tri ngulo conforme Figura 2 a seguir 32 Figura 2 Esquema de representa o da media o entre o sujeito e o conhecimento realizada pela escola Fonte Elaborada pela autora 2014 Se compreendemos que as aptid es e caracter sticas humanas n o s o dadas apenas biologicamente ou hereditariamente percebemos que para a apropria o dos resultados objetivos da cultura material e espiritual necess ria a rela o com os outros homens ou seja um processo de educa o Faz se necess rio o processo de transmiss o do desenvolvimento s cio hist rico s novas gera es Estamos no S culo XXI e diante das exig ncias da Terceira Revolu o Cient fica e Tecnol gica como poderemos compreender melhor no cap tulo 2 a classe dominante n o questiona mais o valor da educa o escolar at mesmo para a classe trabalhadora porque entende que o acesso educa o formal atende aos interesses de desenvolvimento socioecon mico e de reestrutura o do capitalismo Podemos
14. palavras gloss rio ao lado do texto Sua vez atividades individuais Em dupla atividades desenvolvidas em dupla Em grupo atividades coletivas M os obra trabalhos ou projetos individuais para desenvolver as habilidades motoras e a criatividade Fique sabendo leitura de textos complementares sobre o mundo da Ci ncia Para se divertir se o l dica com passatempos e desafios Ler para textos informativos divididos em ler para recordar para refletir para saber mais e para se atualizar finalizando com quest es para desenvolver v rias atividades Dicas de sa de orienta es para a sa de corporal e higiene Avan os da Ci ncia textos sobre os avan os da Ci ncia cientistas e processos do fazer Ci ncia Investigando e experimentando experimentos simples e indu o ao processo de observa o formula o de hip teses manipula o reda o de relat rios e conclus es Recordando ideias s ntese da unidade que pode ser utilizada no processo de avalia o Voc j leu sugest es de leituras 94 adicionais de livros paradid ticos com dados das obras BRASIL 2009 p 69 A distribui o dos conte dos est de acordo com as orienta es dos PCNs de Ci ncias volume 4 e contempla os seguintes eixos Ambiente Ser Humano e Sa de Materiais e Energia Visando acatar as orienta es propostas pelos PCNs a cole o contempla os seguintes temas transversais tica Meio Ambien
15. tica em um mesmo ano mas a estrutura o de um conte do ao longo de todos os Anos Iniciais do Ensino Fundamental Para isso escolhemos o tema gua e observamos se a composi o e distribui o dos conte dos sobre esse tema proposto pela Cole o Porta Aberta Ci ncias do 2 ao 5 ano propicia a amplia o da compreens o sobre os conceitos envolvidos no tema conforme se avan am nos anos escolares iniciais do Ensino Fundamental O conceito de gua n o totalmente estranho crian a em idade escolar pois um elemento indispens vel vida utilizado em todos os lares para 120 beber para preparar alimentos realizar a higiene pessoal e da resid ncia aguar plantas entre outros usos Dessa forma ao chegar escola a crian a j tem no es sobre o assunto e considerando a fun o da escola de transmiss o de conhecimentos cient ficos essas no es devem ser ampliadas a cada ano de escolariza o de forma a compor um sistema cada vez mais complexo Portanto trata se de um conte do que permite verificar se est previsto avan os qualitativos na forma de operar mentalmente com esse conceito N o nos ateremos no momento forma de organiza o das atividades de ensino e sim distribui o dos conte dos e forma como s o apresentados textos gr ficos esquemas desenhos imagens O Percurso do Ensino de conceitos ao longo da escolariza o est representado na Figura 6 a seguir VIGOTS
16. 85 Em uma se o intitulada Meios de Ensino o Relat rio tamb m explica que meios de ensino de qualidade podem ajudar os professores com forma o deficiente a melhorar tanto a sua compet ncia pedag gica como o n vel dos pr prios conhecimentos UNESCO 1998 p 161 No mesmo t pico destaca se a import ncia dos manuais reportando se ao documento Priorities and Strategies for Education elaborado pelo Banco Mundial em 1995 que traz algumas estrat gias para compensar os baixos n veis de forma o docente dentre elas a produ o do manual do professor como parte do livro did tico Os desdobramentos das pol ticas educacionais oriundas dos anos de 1990 incluindo o Relat rio Delors s o analisados por Lib neo 2010 Para esse autor essas pol ticas promovem um dualismo perverso na sociedade brasileira uma escola do conhecimento para os ricos e uma escola do acolhimento social para os pobres Esta ltima se faz presente principalmente na Educa o Infantil e Ensino Fundamental visando o desenvolvimento de conhecimentos procedimentais e atitudinais descritos nos PCNSs Al m de formar o cidad o produtivo para o desenvolvimento econ mico educa o cabe atuar como agente de coes o social desenvolvimento da solidariedade aprender a viver juntos respeito s diferentes culturas isto quer dizer administra o da pobreza gerenciamento dos conflitos provocados pelo contato entre diferentes povos na produ o g
17. Delors para a educa o no S c XXI Educa o um Tesouro a Descobrir Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre Educa o para o s culo XXI conhecido popularmente como Relat rio Jacques Delors UNESCO 1998 um documento internacional produzido e divulgado em meados de 1996 no qual a educa o preconizada como uma forma de luta contra exclus es um fator de coes o social A educa o b sica deve ampliar se no mundo aos 900 milh es de adultos analfabetos aos 130 milh es de crian as n o escolarizadas aos mais de 100 milh es de crian as que abandonam prematuramente a escola E um vasto leque de pessoas a constituir prioridade para as a es de assist ncia t cnica e de parceria a levar a cabo sob a gide da coopera o internacional A educa o b sica 79 um problema que se p e naturalmente a todos os pa ses at mesmo s na es industrializadas DELORS 1998 p 22 Fundamentalmente a UNESCO estar servindo a paz e a compreens o entre os homens ao valorizar a educa o como esp rito de conc rdia de emerg ncia de um querer viver juntos como militantes da nossa aldeia global que h que pensar e organizar para bem das gera es futuras Deste modo estar contribuindo para uma cultura da paz DELORS 1998 p 31 Esses trechos do documento revelam que ele apresenta um discurso bastante sedutor voltado para a classe social menos favorecida como evidenciado em todos os
18. Gen tica Sabedoria e Ilus es da Filosofia Problemas de Psicologia Gen tica Trads Nathanael C Caixeiro Zilda Abujamra Daier C lia E A Di Piero S o Paulo Abril Cultural 1978 Epistemologia Gen tica Trad lvaro Cabral Ver Da Trad Wilson Roberto Vaccari 2 ed S o Paulo Marins Fontes 2002 RAMOZZI CHIAROTTINO Z Em busca do sentido da obra de Piaget S o Paulo tica 1984 PONCE A Educa o e luta de classes Trad Jos Severo de Camargo Pereira 21 Ed S o Paulo Cortez 2005 SAVIANI D A nova lei da educa o trajet ria limites e perspectivas S o Paulo Autores Associados 1997 158 Escola e Democracia Edi o Comemorativa Campinas S o Paulo Autores Associados 2008 SAVIANI Nereide Saber escolar curr culo e did tica problemas da unidade conte do m todo no processo pedag gico Campinas SP Autores Associados 1994 SECO A P AMARAL T C do Marqu s de Pombal e a Reforma Educacional Brasileira Dispon vel em http www histedbr fae unicamp br navegando periodo pombalino intro html In Navegando pela Hist ria da Educa o Brasileira LOMBARDI Jos C SAVIANI D e NASCIMENTO M M do Orgs Campinas S o Paulo Graf FE HISTEDBR 2006 SFORNI M S de F Aprendizagem conceitual e organiza o do ensino contribui es da Teoria da Atividade Araraquara JM Editora 2004 Forma o de Professores e os conhecimentos te ricos sobre a doc
19. Livro Did tico hist rico e perspectivas Minist rio da Educa o Secretaria do Ensino Fundamental Bras lia janeiro de 2000 BRASIL Portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An sio Teixeira Inep Programa Internacional de Avalia o de Estudantes 2011 Dispon vel em http portal inep gov br pisa programa internacional de avaliacao de alunos Acessado em 12 01 2014 21 horas BRASIL Guia de livros did ticos PNLD 2010 Ci ncias Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o B sica 2009 Dispon vel em 146 ftp ftp fnde gov br web livro didatico guia pnld 2010 ciencias pdf Acesso em 12 01 2014 23 horas BOGOYAVLENSKY D N MENCHINSKAYA N A Rela o entre Aprendizagem e Desenvolvimento Psico intelectual da Crian a em Idade Escolar In LEONTIEY A et al Trad Rubens Eduardo Frias Psicologia e Pedagogia bases psicol gicas da aprendizagem e do desenvolvimento S o Paulo Centauro 2005 BOTTOMORE T ed Dicion rio do Pensamento Marxista Trad Waltensir Dutra Rio de Janeiro Jorge Zahar 2001 CALLONI H Dial tica Revista Did tica Sist mica Funda o Universidade Federal do Rio Grande Trimestral ISSN 1809 3108 Dispon vel em http www seer furg br redsis article viewFile 1224 520 Acesso em 05 01 2014 CARVALHO E J G Educa o e Diversidade Cultural In Educa o e Diversidade Cultural CARVALHO Elma J G e FAUSTINO Rosangela C
20. Orgs Maring Eduem 2010 Pol ticas P blicas e Gest o da Educa o no Brasil Maring Eduem 2012 CASCONE O B Organiza o do Ensino e Aprendizagem Conceitual possibilidades formativas no livro did tico Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Estadual de Maring Orientadora Marta Sueli de Faria Sforni Maring 2009 CASCONE O B SFORNI M S de F Organiza o do ensino e aprendizagem conceitual possibilidades formativas no livro did tico Semin rio de Pesquisa do PPE Universidade Estadual de Maring 2009 http Anww ppe uem br publicacoes seminario ppe 2009 2010 pdf 2009 11 pdf CHAKUR C R de S L O construtivismo e seus desvios da pol tica educacional ao professor Anais de Trabalhos completos da 29 Reuni o da Anped GT 20 Psicologia 2006 http 29reuniao anped org br trabalhos trabalho GT20 1689 Int pdf CHUNG F Educa o na frica atual In UNESCO Educa o um Tesouro a Descobrir Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre Educa o para o s culo XXI T tulo original LEARNING THE TREASURE 147 WITHIN Report to Unesco of the International Commission on Education for the Twenty first Century Tradu o Jos Carlos Eufr zio Prepara o da edi o brasileira Maria Alves Muller Edi o Brasileira S o Paulo UNESCO Edi es ASA Cortez 1997 Impresso no Brasil janeiro de 1998 COM NIO J A Novo princ pio da did tica a m quina como
21. a meta capitalista Todavia Leontiev 1978a que estudou o desenvolvimento hist rico da consci ncia 58 revela que a divis o do trabalho em intelectual e manual na sociedade de classes influencia a forma o da consci ncia do trabalhador limitando o seu desenvolvimento A Psicologia Sovi tica compreende que as a es intelectuais n o s o processos aut nomos elas est o diretamente ligadas s a es exteriores os processos interiores te ricos se destacam inicialmente do seio da atividade exterior e s depois s o transformados num tipo particular de atividade LEONTIEV 1978a p 118 Leontiev 1978a tamb m sustenta a concep o de que o homem que exerce diversos tipos de atividades que n o se limita ao trabalho manual ou ao trabalho intelectual tem as condi es objetivas de um pensamento com aspectos diversos Dessa forma afirma o autor que a divis o do trabalho em manual e intelectual fez com que a grande massa de trabalhadores assalariados coagidos a vender sua for a de trabalho para satisfazer suas necessidades alienasse al m do seu trabalho o conte do da sua pr pria vida As mudan as nos aspectos de organiza o do trabalho a partir do s culo XVII tamb m s o acompanhadas de mudan as de concep es sociais e religiosas que nos interessam de modo especial por exercerem influ ncia no campo educacional A Reforma seguindo o princ pio liberal de liberdade de acordo com Alves 200
22. al m dos limites da atividade escolar precisam ser entendidas considerando o contexto social econ mico e pol tico em que foram produzidas ou seja como fen menos historicamente constru dos segundo as necessidades materiais surgidas socialmente No Brasil historicamente as pol ticas educacionais e a legisla o educacional sofrem interfer ncias de organismos internacionais desde os anos de 1960 e 1970 com a Lei 5 540 68 que reformou a estrutura do Ensino Superior e com a Lei 5 692 71 que fixava as bases para o Ensino de 1 e 2 graus explicitando em sua concep o os acordos MEC USAID SAVIANI 1997 Entretanto ap s as proposi es emanadas da Confer ncia Mundial sobre Educa o para Todos realizada em 1990 em Jomtien Tail ndia essas influenciaram as pol ticas p blicas para a educa o b sica brasileira mais fortemente nos ltimos 20 anos LIB NEO 2010 As orienta es internacionais nos anos de 1990 expressam nas capacidades requeridas para a forma o das crian as e jovens as transforma es econ micas pol ticas e culturais da contemporaneidade Galuch e Sforni explicitam as capacidades requeridas hoje para a forma o das crian as e jovens expostas nos PCNs do Ensino Fundamental e M dio 52 forma o voltada dentre outros para o desenvolvimento do pensamento cr tico da criatividade da capacidade de analisar e interferir na realidade da capacidade de participar das decis es pol tico soci
23. apropriados pela Teoria Hist rico Cultural somos obrigados a refletir sobre a necessidade de alterar o modo de organizar o ensino para que a escolariza o tenha maior impacto sobre a forma o do pensamento te rico dos estudantes pois o estudo realizado ofereceu subs dios para compreender que nem todo o ensino de conceitos cient ficos organizado de indistintas maneiras pode levar ao desenvolvimento das crian as em idade escolar De modo especial as investiga es de Davidov 1982 1988 demonstram as limita es formativas de um ensino organizado segundo os preceitos da l gica formal Pesquisadores como Bogoyavlensky e Menchynskaya 2005 Natadze 1991 Hedegaard 1996 Sforni 2004 Cascone e Sforni 2009 por meio de 143 experimentos ou an lise de experimentos nos apresentam proposi es que nos ajudam a pensar outras maneiras de organiza o did tico pedag gica que propiciem a apropria o dos conceitos cient ficos e o desenvolvimento do pensamento te rico defendido por Dav dov Dessa forma ao finalizarmos essa investiga o percebemos que o livro did tico como partitura proposto por Comenius para universalizar a educa o deve ser analisado n o como um instrumento neutro mas que traz subjacente uma perspectiva de forma o que precisa ficar expl cita para quem dele faz uso Enfim preciso que o professor n o seja apenas um mero executor mas que tenha elementos para analisar se a partitura que te
24. coisas que dever o ser ensinadas e o modo de faz las COM NIO 2010 p 92 Tal como a m quina que traz objetivado um conhecimento que dispensa o conhecimento do trabalhador que dever somente oper la o novo instrumento de trabalho criado por Comenius o livro did tico poderia passar a ser somente operado pelo novo professor sem que ele dominasse o conhecimento tanto do conte do a ser ensinado como dos processos did ticos para a transmiss o desse conte do tornando se apenas o executor de uma tarefa 62 Come ava nesse momento uma mudan a de foco a nfase desloca se do dom nio do conhecimento pelo professor para a mera utiliza o do manual did tico por parte dele como ocorre na execu o de uma partitura composta por outra pessoa Dessa forma evidencia se que a forma o profissional do professor n o um fator essencial para se ensinar bem bastaria que desenvolvesse o que j estava prescrito no livro did tico O entendimento de que os livros did ticos deveriam ser adequados quanto ao conte do e t cnica did tica atendendo s caracter sticas do desenvolvimento e do comportamento infantil leva ao surgimento de uma nova profiss o especializada o escritor de manuais did ticos ou seja o compendiador Esse profissional deveria dominar os conhecimentos do conte do de ensino e da psicologia da educa o articulando os a uma metodologia pr pria para o processo de aprendizagem Podemo
25. com esses instrumentos Vigotski 2009 afirma que um conceito em termos psicol gicos sempre um ato de generaliza o mas n o aprendido de maneira fixa imut vel o conceito evolui com o significado da palavra Ele afirma que a crian a aprende uma palavra nova e no in cio ela s uma generaliza o elementar com o passar 128 do tempo medida que a crian a se desenvolve as generaliza es v o sendo substitu das por significados cada vez mais abrangentes culminando com a forma o dos verdadeiros conceitos Por isso em mais de um texto de Vigotski podemos encontrar claro posicionamento contra os m todos escol sticos de memoriza o e repeti o como forma de se ensinar conceitos A crian a n o se apropria do conceito de forma pronta e acabada e tamb m n o o constr i sozinha ao apropriar se de palavras novas defini es novas conceitos novos a estrutura do pensamento vai se modificando A modifica o do pensamento ocorre porque a palavra medida que passa a ser inserida em um sistema de rela es apesar de externamente ser a mesma ou seja manter o mesmo aspecto f nico tem modificado seu aspecto sem ntico Ou seja a palavra passa a ter outro significado Esse significado cada vez mais ampliado mantendo v nculo tanto com o objeto representado singular como com o campo sem ntico em que se insere geral Vigotski 2009 com o intuito de demonstrar como um conceito entra num sistema de
26. conecta em um mesmo todo Da mesma forma dois objetos que compartilham a mesma caracter stica podem em verdade ser constituintes de diferentes totalidades Assim caracter sticas comuns encontram se no plano do fen tipo aspecto exterior enquanto tra os essenciais pertencem ao plano do gen tipo aspecto interior Interessa conforme lIlienkov 1975 compreender quais s o os objetos conectados e derivados de um mesmo genus Para tanto a an lise dever prescindir momentaneamente das especificidades e singularidades PASQUALINI 2010 p 31 O conhecimento que se adquire via essa forma de aprendizagem expressa pela l gica formal conduz ao pensamento emp rico Assim como Davidov 1988 tamb m Kopnin 1978 afirma que no pensamento emp rico o objeto representado no aspecto das suas rela es e manifesta es exteriores acess veis contempla o viva KOPNIN 1978 p 152 Procedimento que pode ser identificado no livro did tico analisado que procura apresentar os conceitos via fotos ou outras imagens que permitam essa contempla o Dav dov 2008 apud Pasqualini 2010 por m considera que tal como a l gica formal tem o seu valor tamb m o pensamento emp rico o tem para resolver muitos problemas utilit rios claro suficiente conhecer os atributos externos identificadores dos objetos DAVIDOV 2008 apud PASQUALINI 2010 p 43 Nesse sentido cabe observar que mesmo Smirnov et al 1969
27. da hist ria da humanidade com o objetivo de sistematizar os conhecimentos produzidos Esses signos representa es n o possuem em nossa psique o mesmo papel de um conhecimento espont neo empiricamente observ vel e propiciam o estabelecimento de rela es e generaliza es cada vez mais complexas Nesse sentido cabe destacar que a cole o preocupa se em inserir essas outras linguagens para ensinar os conte dos utilizado o gr fico para apresentar as porcentagens de gua salgada gua doce congelada e gua doce que pode ser utilizada pelos seres humanos Para explicar o processo de tratamento de gua e o ciclo da gua na natureza para demonstrar as etapas de purifica o da gua e para significar a evapora o a forma o das nuvens a precipita o em forma de chuva neve ou granizo e a infiltra o no solo retornando aos len is fre ticos rios e mares s o utilizados esquemas Os esquemas ou gr ficos s o acompanhados de pequenos textos explicativos que auxiliam a compreens o do assunto tratado conforme Figura 7 e Figura 8 124 Photodisc Getty Images conhecido como planeta azul por causa das _ grandes massas de gua que cobrem a mai parte de sua superf cie Existe bastante gua em nosso planeta mi apenas parte dela pode ser utilizada por n s Veja o gr fico 97 gua salgada Editoria de arte 1 gua doce 2 gua doce congelada Figura 7 A gua
28. das possibilidades de desenvolver aptid es novas fun es ps quicas novas enfim apodera se das opera es intelectuais incorporadas neles Ao observamos os instrumentos simb licos referidos por Leontiev 1978a ou os instrumentos psicol gicos e seus sistemas complexos como os denomina Vigotski 2009 observamos que a maior parte deles comp e o conte do que objeto de estudo na escola Isso significa que a apropria o desses conte dos deve possibilitar aos estudantes apoderar se das opera es intelectuais que est o incorporadas neles Isso favorecido no ensino desses conte dos 2 2 A Educa o escolar como promotora de desenvolvimento Leontiev 1978a alerta que a apropria o dos objetos e fen menos do mundo z circundante n o realizada diretamente pelo indiv duo existe entre os objetos e fen menos sempre um intermedi rio ou seja uma rela o mediada por outros seres humanos O psic logo se refere especialmente crian a explicando que seria um equ voco supor que ela seja capaz de sozinha ou na intera o direta com os objetos e fen menos apropriar se deles E afirma que somente mediante a comunica o entre os homens acerca dos fen menos e objetos a crian a pode se apoderar das aquisi es do desenvolvimento j alcan ado pela humanidade As aquisi es do desenvolvimento hist rico das aptid es humanas n o s o simplesmente dadas ao homem nos fen menos e objetos da cultura materi
29. de escolariza o em todos os n veis e seu sistema educacional foi adequado s exig ncias de desenvolvimento absorvendo os conhecimentos de ci ncia e tecnologia ocidentais e depois at os ultrapassando Contudo preservou suas l nguas seus costumes e sua cultura Diferentemente do Jap o na frica com a chegada dos europeus criou se um modelo de sistema educacional marcadamente elitista Segundo Chung 1998 foram impostos a l ngua e os costumes europeus e banidas as l nguas africanas do curr culo formal O sistema educacional ainda hoje expressa no curr culo uma prefer ncia pelas ci ncias humanas teologia hist ria literatura e cultura sobrepondo esses conhecimentos ci ncia e tecnologia Chung 1998 defende a necessidade de mudan a na frica para uma educa o que respeite as diferen as culturais e que ensine conhecimentos que possam impulsionar o desenvolvimento econ mico Ao comparar os modelos de desenvolvimento do Jap o e da frica Chung 1998 visa demonstrar que a educa o em um pa s foi um fator de desenvolvimento econ mico cient fico e tecnol gico e no outro serviu apenas a uma elite ilustrada enquanto a maioria da popula o n o tem acesso educa o Todavia para ele n o basta nesse caso somente a amplia o da oferta necess rio que o conhecimento transmitido pela escola seja outro De acordo com o 81 autor o conhecimento escolar necessita ter cunho cient fico tecnol
30. de r pida adapta o ao modelo toyotista de acumula o flex vel de aprendizagens ao longo de toda a vida de toler ncia de saber conviver s o premissas b sicas para a s ntese criada pelo Relat rio Delors apresentada na forma de quatro pilares sob os quais devem estar assentadas as propostas educacionais dos pa ses em desenvolvimento J4 aprender a conhecer isto adquirir os instrumentos da compreens o aprender a fazer para poder agir sobre o meio envolvente aprender a viver juntos a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas finalmente aprender a ser via essencial que integra as tr s precedentes UNESCO 1998 p 90 grifos do autor An lises realizadas por Shiroma Moraes e Evangelista 2007 Lib neo 2010 Galuch e Sforni 2011 Carvalho 2010 a respeito dessa e de outras orienta es emanadas pelos organismos internacionais demonstram que al m da desvaloriza o do princ pio de universalidade que seria a educa o de qualidade igual para todos em termos de conte do as orienta es tamb m corroboram no processo de ressignifica o do sentido da express o igualdade de acesso 85 educa o para equidade de acesso educa o Na Constitui o Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes Bases da Educa o LDB 9 394 96 temos o termo igualdade de acesso e perman ncia tomado como princ pio de que todo os seres humanos teriam direito de acesso mesma e
31. depreender a proje o dada educa o pela classe dominante por meio do esclarecimento de Kuenzer No contexto das novas formas de organiza o e gest o do trabalho influenciadas pelo toyotismo em maior ou menor escala o conceito de compet ncia passa a supor dom nio do conhecimento cient fico tecnol gico e s cio hist rico em face da complexifica o dos processos de trabalho com impactos nas formas de vida social Embora a tend ncia dos processos mediados pela microeletr nica exatamente em face de sua complexidade suponham uma rela o do trabalhador com o conhecimento materializado nas m quinas e equipamentos como usu rio demandam o desenvolvimento de capacidades cognitivas complexas em particular as relativas a todas 33 as formas de comunica o ao dom nio de diferentes linguagens e ao desenvolvimento do racioc nio l gico formal compet ncias estas desenvolvidas atrav s de rela es sistematizadas com o conhecimento atrav s de processos especificamente pedag gicos disponibilizados por escolas ou por cursos de educa o profissional KUENZER 2002 p 2 3 A argumenta o desenvolvida at o momento vai delineando a fun o da escola e a transmiss o do conhecimento sistematizado para al m dos interesses de desenvolvimento socioecon mico e de reestrutura o do capitalismo rumo a uma defesa do acesso ao conhecimento te rico como meio de humaniza o distinguindo a forma o humana apoiad
32. desenvolver as fun es ps quicas superiores como afirmado por Vigotski 2004a 2009 No entanto dando continuidade ao nosso exemplo se o ensino de conceito de vegetal segue a mesma l gica usada na aprendizagem de conceitos cotidianos observa o compara o defini o ou percep o representa o conceito o que j se constitui em uma forma de intera o com a realidade aprendida em contextos n o escolares podemos concluir que pouco impacto tem esse ensino sobre o desenvolvimento pensamento conceitual te rico dos estudantes Nesse sentido retomando a explica o de S chenov 1953 sobre a aprendizagem do conceito de laranja segundo Gorski e Tavants 1960 a maior contribui o de S chenov 1953 para a compreens o da delimita o das propriedades dos objetos pela mente n o foi a de falar da import ncia da observa o e compara o porque outros l gicos e matem ticos como Hobbes e Locke j o haviam feito muito antes A contribui o inovadora de S chenov foi demonstrar que a compara o n o constitui nenhum privil gio do pensamento cient fico Ocorre tamb m e de frequent ssima aplica o no pensar das pessoas adultas e inclusive das crian as GORSKI e TAVANTS 1960 p 53 O fisi logo russo S chenov 1953 esclareceu que compara es realizadas pelas crian as entre objetos que s o muito pr ximos entre si com propriedades muito simples que saltam vista ocorrem de maneira involunt r
33. e abstra dos 104 Ao analisar esse modo de organiza o do ensino Dav dov 1982 1988 identifica que o percurso percep o representa o conceito tem sua origem na l gica formal Esse fato em si desqualifica esse tipo de percurso para a aprendizagem De modo algum muitos conceitos que formamos ao longo da vida seguem exatamente esse processo Smirnov et al 1969 afirmam ainda que o pensamento v al m da percep o sensorial est ligado inseparavelmente do conhecimento sensorial porque ele a fonte principal dos conhecimentos sobre o mundo exterior Esses autores valorizam o conhecimento sensorial como promotor da generaliza o e como capacidade de compreender o que h de geral considerando o como ponto de apoio atividade racional Explicam que Para pensar o homem parte sempre do conhecimento do particular Quando generalizamos descobrimos o que h de geral nos objetos e fen menos reais isolados Fora da percep o do particular n o pode haver generaliza o Lenin indicava que o geral existe somente no particular e atrav s dele todo particular de uma ou outra maneira o geral e todo geral parte manifesta o ou ess ncia do particular 32 SMIRNOV et al 1969 p 234 grifo do autor Gorski e Tavants 1960 explicitam que o conhecimento um processo por meio do qual o mundo circundante se reflete na consci ncia do ser humano O processo ocorre por meio da atividade pr tica do ser humano
34. embrion rias de organiza o do trabalho Nesse est gio ainda predominavam as leis da natureza e as caracter sticas humanas eram transmitidas hereditariamente a cada gera o Entretanto nesse momento come am a aparecer simultaneamente elementos novos influenciados pelo trabalho e pelo surgimento da linguagem ocorrem modifica es na anatomia no c rebro nos rg os dos sentidos nas m os e nos rg os da linguagem do ser humano Vygotsky e Luria 1996 esclarecem como o trabalho e a linguagem interferiram no desenvolvimento do psiquismo humano e fazem um paralelo com o que ocorre na ontog nese quando a crian a come a a se apropriar do comportamento e pensamento culturais O trabalho e ligado a ele o desenvolvimento da fala humana e outros signos psicol gicos utilizados pelo homem primitivo para obter o controle sobre o comportamento significam o come o do comportamento cultural ou hist rico no sentido pr prio da palavra Finalmente no desenvolvimento da crian a vemos claramente uma segunda linha de desenvolvimento que acompanha os processos de crescimento e matura o org nicos ou seja vemos o desenvolvimento cultural do comportamento baseado na aquisi o de habilidades e em modos de comportamento e pensamento culturais VYGOTSKY LURIA 1996 p 52 25 O desenvolvimento do trabalho atividade produtiva e da linguagem sistema simb lico permitiu ao homem segundo Leontiev 1978a as condi es prop
35. foi sendo desenvolvido em outros contextos de forma o eles ainda n o conseguem pensar os fen menos teoricamente sozinhos mas o podem fazer com ajuda Considerando se que o desenvolvimento ps quico n o acontece por matura o biol gica mas resultado de situa es sociais de desenvolvimento n o se pode esperar que na juventude ou na idade adulta os estudantes cheguem ao pensamento te rico se as situa es sociais n o colocarem em movimento essa forma de pensar no exerc cio desse tipo de pensamento que ele se desenvolve preciso que o estudante esteja inserido em atividades que exijam e possibilitem o exerc cio desse tipo de pensamento Mas certamente fica a pergunta como ensinar os conceitos que aqui foram apresentados nos excertos do livro did tico como ensinar os conceitos de vegetais gua ov paros etc de modo que formem o pensamento te rico Entendemos que a resposta a essa pergunta demandaria uma nova pesquisa de car ter experimental voltada apenas a essa finalidade Mas alguns estudos j apontaram caminhos promissores para isso Em primeiro lugar o ensino para a forma o do pensamento te rico n o est assentado no esquema percep o representa o conceito Como expressos no livro did tico analisado O pensamento te rico assenta se em procedimentos de reflex o an lise planejamento ou plano interior de a es Para efeito de ilustra o apresentaremos uma proposta de ensino na rea
36. homem interagir com o mundo em toda a sua complexidade entende se ser necess rio que os sujeitos desenvolvam o pensamento te rico Espera se que a educa o escolar via aprendizagem de conceitos cient ficos seja a promotora do desenvolvimento desse tipo de pensamento Obviamente n o se espera que a crian a j nos primeiros anos de escolariza o forme o pensamento te rico essa forma o acontece ao longo de muitos anos de estudo Mas somente pode ser formado ao longo da escolariza o se o ensino for aos poucos inserindo os estudantes numa nova l gica de intera o com os objetos e fen menos No entanto um ensino de conceitos cient ficos que segue a mesma l gica da aprendizagem de conceitos comuns mant m nos sujeitos o pensamento emp rico 4 3 A atividade experimental na aprendizagem dos conceitos cient ficos Como afirmamos anteriormente a Cole o Porta Aberta Ci ncias tem uma estrutura que se repete em cada unidade h em todas elas uma se o denominada Investigando e Experimentando Essa atividade bastante privilegiada pelas autoras do livro de modo que reservam um espa o espec fico para tratar da relev ncia dos experimentos no processo de ensino No ambiente escolar os experimentos t m como objetivos principais despertar a curiosidade dos alunos para o entendimento dos 114 fen menos cient ficos desenvolver habilidades de observa o e da realiza o de procedimentos pr ticos necess rio
37. importante influ ncia em meios pol ticos mesmo n o cat licos O objetivo maior da educa o jesu tica segundo a pr pria Companhia n o era o de inovar mas sim de cumprir as palavras de Cristo Docete omnes gentes ensinai instrui mostrai a todos a verdade Esse foi um dos motivos pelos quais os jesu tas desempenharam na Europa e tamb m no chamado Novo Mundo o papel de educadores unido veia mission ria da Ordem TOLEDO RUCKSTADTER RUCKSTADTER 64 predominavam na forma o e fecundavam o trabalho did tico dos professores propiciando consist ncia forma o dos estudantes o Semin rio de Olinda idealizado e implantado pelo bispo Azeredo Coutinho a mais arrojada experi ncia pedag gica levada a cabo no Brasil na passagem do s culo XVIII para o s culo XIX poss vel verificar que os cl ssicos fecundavam o trabalho did tico e davam consist ncia forma o dos estudantes Com as reformas pombalinas da instru o p blica passou a ter livre tr nsito dentro das escolas a ntegra dos escritos originais de Arist teles C cero Quintiliano Dem stenes Tito L vio Sal stio Santo Agostinho Ter ncio Plauto Her doto Virg lio Hor cio Cam es e Verney entre outros ALVES 2006 p 158 159 Para fazer essas afirma es Alves 2006 fundamenta se na obra A Reforma Pombalina dos estudos secund rios no Brasil elaborada por Antonio Alberto Banha de Andrade Por sua vez Andr
38. institui o que objetivava universalizar conhecimentos principalmente o dom nio da leitura e da escrita gerou a necessidade de se criar instrumentos de trabalho e condi es para tal Para se tornar a institui o que ensina tudo a todos a escola necessitava de mudan as entre elas a organiza o did tica visando simplifica o do trabalho do professor Diferentemente da Idade M dia na qual o ensino era individualizado ou para poucos a escola passa a ser de acordo com o ide rio defendido por Comenius o lugar no qual se reuniam v rios alunos Para poder ensinar todos ao mesmo tempo surge a necessidade de seria o de organiza o por idade nasce o imperativo de um professor que a atenda v rios alunos no mesmo tempo e espa o diferentemente do que ocorria quando a instru o era oferecida individualmente apenas aos filhos daqueles que detinham alto poder aquisitivo e contavam com professores particulares para a forma o b sica inicial Nesse modelo em que se ensina uma mesma li o para todos exige se do professor portanto uma altera o no espa o f sico no m todo e nos recursos materiais no sentido de reduzir custos tempo e aumentar quantitativamente o produto assim como ocorreu com a produ o no modelo manufatureiro Na obra Did tica Magna fica expl cito o v nculo estabelecido por Comenius entre a sua proposta de organiza o do ensino e o modelo fabril Um de seus cap tulos recebe inclusive o t
39. intervir nas condi es estruturais de acesso ao conhecimento pelas crian as Em algumas escolas mesmo nas redes de ensino p blicas j s o utilizadas tamb m novas tecnologias como tablets notebooks computadores acesso internet Contudo o modo de abordagem dos conte dos tende a reproduzir a mesma forma de organiza o did tica presente nos livros did ticos apenas permitindo maior riqueza gr fica e interatividade Trata se ent o de ferramentas atualizadas mas pautadas na mesma l gica de ensino Dessa forma a an lise sobre a organiza o dos conte dos e dos meios de transmitilo pode ser generalizada para outros instrumentos de ensino O que permite dizer que nosso objeto particular de an lise o livro did tico tem em si a marca do geral como express o das orienta es curriculares emanadas dos organismos internacionais que se manifesta em outros materiais de ensino bem como em outras inst ncias da educa o Em outras palavras para compreender a forma como est organizado o ensino no Brasil hoje n o basta recorrer ao que acontece no interior da sala de aula ao livro did tico adotado s atividades realizadas etc Pois esse espa o particular a sala de aula expressa orienta es educacionais de um universo mais amplo em n vel nacional e at internacional N o h portanto como fazer a an lise desse objeto particular sem estabelecer sua rela o com o geral ou seja a perspectiva de form
40. mais importante o aprender a fazer Nesse sentido nessa pedagogia o marginalizado o incompetente ineficiente improdutivo Os resultados dessa pedagogia na forma o do trabalhador na an lise de Saviani 2008 n o foram positivos pois o problema da marginalidade o qual pretendia resolver somente se agravou o conte do de ensino tornou se mais superficial Nesse mesmo per odo no Brasil anos de 1960 e 1970 de acordo com Batista 2001 v rios estudos apontam o surgimento do livro did tico como estruturador das pr ticas docentes devido ao intenso aumento do sistema de ensino o que exigiu amplos e menos seletivos processos de recrutamento de docentes O manual escolar nesse contexto surge com a seguinte concep o Segundo a C mara Brasileira do Livro o livro novo se caracteriza por altas tiragens e pre os baixos grada o de dificuldades em atendimento ao novo tipo de professor emprego dominante de atividades em atendimento tend ncia do uso de t cnicas din micas do ensino o uso generalizado de ilustra es em atendimento s modernas t cnicas pedag gicas a possibilidade de agiliza o e melhoria no processo de corre o dos exerc cios escolares muito dificultado pela grande sobrecarga de trabalho do professor OLIVEIRA e outros 1984 apud BATISTA 2001 p 21 grifo acrescentado por Batista Nos estudos de Batista 2001 o livro did tico em sua concep o inicial deveria supr
41. modelo Textos Selecionados In PIAGET Jean Jan Amos Com nio Tradu o Martha Aparecida Santana Marcondes Pedro Marcondes Gino Marzio Ciriello Mazzetto Org Martha Aparecida Santana Marcondes Recife Funda o Joaquim Nabuco Editora Massangana 2010 Cole o Educadores CORIAT B O Taylorismo e a Expropria o do Saber Oper rio In PIMENTEL Duarte et al Orgs Sociologia do Trabalho Lisboa A regra do jogo 1985 DAV DOV V La ensefianza escolar y el desarrollo ps quico investigaci n psicol gica te rica y experimental Trad del ruso por Marta Shuare Mosc Editorial Progresso 1988 DAVYDOV V Tipos de generalizaci n en la ense anza Trad de la ed En ruso Editorial Pedag gica Mosc 1972 Habana Cuba Editorial Pueblo y Educaci n 1982 DAVIS C e OLIVEIRA Z Psicologia na educa o S o Paulo Cortez 1991 DELORS Jacques A Educa o ou a utopia necess ria In UNESCO Educa o um Tesouro a Descobrir Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre Educa o para o s culo XXI T tulo original LEARNING THE TREASURE WITHIN Report to Unesco of the International Commission on Education for the Twenty first Century Tradu o Jos Carlos Eufr zio Prepara o da edi o brasileira Maria Alves Muller Edi o Brasileira S o Paulo UNESCO Edi es ASA Cortez 1997 Impresso no Brasil janeiro de 1998 DUARTE N Vigotski e o aprender a aprender cr
42. norteador que a escola tem a fun o de transmitir o conhecimento cient fico e que a apropria o desse conhecimento cient fico gera desenvolvimento imprescind vel que ponderemos se a atividade sugerida est coerente com o conte do proposto e se os procedimentos 117 que desejamos formar tamb m contribuem para o desenvolvimento das fun es ps quicas tais como aten o volunt ria mem ria l gica e se esses procedimentos podem ser generalizados para outras situa es Ou seja se a situa o experimental oferece instrumentos mentais para distinguir os elementos essenciais e se esses elementos essenciais servem como procedimentos mentais de reconhecimento de um novo objeto semelhante mas com caracter sticas externas diferentes No manual destinado ao professor as autoras dizem que os experimentos t m a finalidade tamb m de desenvolver conte dos procedimentais como desenvolver habilidades e destrezas manuais observar coletar dados manipular materiais experimentar No entanto se esses procedimentos n o tiverem um direcionamento para um fim claro se n o estiverem vinculados ao conte do conceitual acabam tornando a atividade destitu da de elementos formativos Pode se solicitar ao estudante que fique atento e que observe elementos que n o s o essenciais para o aprendizado do conceito mas dessa forma a atividade acaba n o tendo uma finalidade de estudo de aprendizagem Al m disso chama nossa aten o o f
43. o em outros momentos facilite a compreens o acerca das exig ncias educacionais contempor neas 2 1 A Primeira Revolu o Industrial e a Educa o Uma an lise hist rica indispens vel para a compreens o da estrutura o e reestrutura o do sistema capitalista e do desvelamento da rela o entre os modelos de organiza o econ mica de administra o produtiva e a educa o Dessa forma faremos uma breve retomada desses modelos objetivando esclarecer essa rela o n o somente com o intuito de entender a escola como um elemento determinado mas contraditoriamente tamb m como um espa o de possibilidade de transforma o intencional das condi es sociais herdadas FRANCO 1991 LIB NEO OLIVEIRA TOSCHI 2012 CARVALHO 2012 Essa an lise fornece subs dios para compreender que em cada per odo hist rico as demandas do setor produtivo interferem na organiza o do curr culo no que concerne ao conte do e suas formas de ensino visando forma o de um ser humano adapt vel que atenda as necessidades do mundo do trabalho colaborando para a sua melhoria sem questionar ou contrapor se concep o geral de organiza o do modelo capitalista Para entender de que forma o modelo de produ o atual flex vel demanda a forma o de um estilo de trabalhador e quais estrat gias s o criadas para que categorias como interpretar e agir no mundo se constituam retomaremos as fases 54 de desenvolvimento d
44. o definidos com base nos Par metros Curriculares Nacionais PCNs O pr prio hist rico do documento no volume introdut rio esclarece que o Brasil participou da Confer ncia Mundial de Educa o para todos em Jomtien Tail ndia e os compromissos assumidos pelo pa s expressos no Plano Decenal de Educa o para Todos 1993 2003 foram refer ncias para a defini o das pol ticas educacionais brasileiras O Plano Decenal de Educa o por sua vez foi elaborado em conson ncia com as obriga es do Estado especificadas na Constitui o de 1988 Por essa raz o para compreendermos o modo como o ensino se organiza foi preciso buscar informa es tamb m nas pol ticas educacionais 21 Carvalho 2012 explica que a partir dos anos de 1990 com o intuito de enfrentar os problemas de desenvolvimento socioecon mico dos pa ses pobres e ao tentar articular a educa o pol tica econ mica e aos objetivos de moderniza o e inclus o desses pa ses no novo paradigma de produtividade ag ncias internacionais como a Organiza o das Na es Unidas ONU o Programa das Na es Unidas para o Desenvolvimento PNUD a Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura UNESCO o Fundo das Na es Unidas para a Inf ncia UNICEF Fundo Monet rio Internacional FMI a Organiza o para a Coopera o e Desenvolvimento Econ mico OCDE entre outros se uniram para definir pol ticas educacionais
45. o desemprego e advogado que a educa o poder contribuir sen o para solucion lo pelo menos para minimiz lo diminuindo a dist ncia entre o trabalho qualificado e n o qualificado como fonte das desigualdades No documento valorizado o pilar do aprender a aprender ou aprender ao longo de toda vida como modo de diminuir as desigualdades e incluir os pobres do mundo no mundo globalizado Referindo se ao desemprego exclus o social intoler ncia como males afirma se no Relat rio A experi ncia dos ltimos dec nios deste s culo prova que o nico rem dio para estes males o desenvolvimento econ mico e conhecido o papel fundamental que a educa o desempenha neste dom nio GEREMEK 1998 p 226 O per odo de desenvolvimento em que se encontra o capitalismo tem alargado um grande fosso entre os pa ses ricos e os pobres os pa ses desenvolvidos e os em desenvolvimento ou subdesenvolvidos As condi es de vida 82 dos exclu dos causam preocupa o quanto manuten o do modelo econ mico predominante no planeta Os organismos internacionais como ONU OCDE UNESCO t m ocupado suas pautas com a busca de maneiras para aliviar a pobreza pois os povos muito pobres exclu dos do setor produtivo n o produzem e portanto n o consomem Os pa ses que tem a maioria da popula o com esse perfil s o um barril de p lvora pois esse perfil tende a aumentar os ndices de conflitos e viol ncia colocando em
46. o desenvolvimento integral de todos os sujeitos Da a raz o de em conjunto com as tentativas de melhoria do trabalho pedag gico j no atual contexto n o se perder de vista uma perspectiva de transforma o social num sentido macro 145 REFER NCIAS ALVES G L A produ o da escola p blica contempor nea Campo Grande Ed da UFMS Campinas SP Autores Associados 2006 O Liberalismo e a produ o da Escola P blica moderna In Liberalismo e educa o em debate LOMBARDI Jos C e SANFELICE Jos L Org Campinas SP Autores Associados Histedbr 2007 Cole o educa o Contempor nea AMARAL A Os fundamentos do ensino de Ci ncias e o livro did tico In FRACALANZA H MEGID NETO H Orgs O livro did tico de Ci ncias no Brasil Campinas Editora Komedi 2006 ANDR IEV Problemas l gicos do conhecimento cient fico Trad del ruso por F Ceberio Mosc Editorial Progresso 1984 BATISTA A A G Recomenda es para uma pol tica p blica de livros did ticos Bras lia Minist rio da Educa o Secretaria de Educa o Fundamental 2001 BRASIL Secretaria de Educa o Fundamental Par metros Curriculares Nacionais 1 a 4 s ries Volume 1 Introdut rio Bras lia MEC SEF 1997a BRASIL Secretaria de Educa o Fundamental Par metros Curriculares Nacionais 1 a 4 s ries Volume 4 Ci ncias Naturais Bras lia MEC SEF 1997b BRASIL Programa Nacional do
47. objetos cuando se efect an actividades pr cticas con ellos cuando se dividen en partes o cuando se conjugan en un todo el ni o utiliza el an lisis y la s ntesis como operaciones del pensamiento SMIRNOV et al 1969 p 238 grifos dos autores Si todas las cosas del mundo observa S chenov se transformasen en naranjas es posible que el hombre no llegara nunca a distinguir todas las propiedades de esta fruta Pero el hombre se encuentra con formas esf ricas de los colores tama os y pesos m s diversos lo mismo que con el olor de objetos de forma y color distintos y como en los arcanos de la memoria las impresiones por heterog neas que sean siempre se comparan por orden de semejanza de tales comparaciones emerge la diferenciaci n entre s de formas colores tama os olores etc SECHENOV 1953 apud GORSKI TAVANTS 1960 p 53 109 conhecimento Ela n o negada mas considerada insuficiente para a forma o de um pensamento que possa estabelecer rela es que ligam o essencial dos fen menos e sua express o singular Pois a busca do universal feita com base no que h de similar entre os objetos e fen menos leva a um conhecimento aparente da realidade Pasqualini 2010 parafraseando Ilienkov afirma N o se deve buscar o universal afirma o autor nas similaridades entre um e outro fen meno N o raro a presen a de uma determinada caracter stica em um objeto e sua aus ncia em outro que os
48. por medio del pensamiento pasamos al grado l gico del conocimiento El pensamiento es ante todo un proceso de cognici n generalizada de la realidad La formaci n del concepto est vinculada a la extracci n de lo general a la separaci n de los rasgos esenciales del objeto de entre el conjunto de las propiedades generales GORSKI TAVANTS 1960 p 11 grifo dos autores 7 la divisi n mental del todo en sus partes o la disgregaci n mental de algunas de sus cualidades o aspectos aislados SMIRNOV et al 1969 p 236 grifo dos autores Ja s ntesis es la unificaci n la reuni n de las partes de objetos mentales o la combinaci n de sus s ntomas cualidades mentales y aspectos SMIRNOV et al 1969 p 237 grifo dos autores 108 efetuam atividades pr ticas com eles quando se dividem em partes ou quando se conjugam em um todo a crian a utiliza a an lise e a s ntese como opera es do pensamento SMIRNOV et al 1969 p 238 grifo dos autores A compara o de objetos e fen menos considerada relevante tanto por Smirnov et al 1969 como por Gorski e Tavants 1960 j que para se realizar os processos de an lise e s ntese indispens vel a compara o Gorski e Tavants 1960 esclarecem que a presen a das propriedades do objeto e a exist ncia de rg os sensoriais n o bastam para que se forme um conceito Para que se possa formar um conceito segundo os autores necess rio que exista
49. preparados para agir com criatividade e lidar com as mudan as advindas dessa flexibilidade pois estar o preparados pela apropria o do conhecimento para serem flex veis portanto adapt veis al m de terem grande capacidade de consumo A ideia de se preparar para esse mercado flex vel por sua vez tamb m alimentada pelos professores como forma de incentivo e interesse pela aprendizagem A ci ncia e tecnologia t m influenciado as transforma es no setor produtivo criando solu es diferentes daquelas adotadas nos s culos anteriores passando de m quinas simples f ceis de operar para m quinas cada vez mais complexas mas que facilitam o trabalho humano Contudo o mesmo n o se poderia afirmar hoje sobre o setor educacional apesar de algumas pesquisas e iniciativas procurarem investigar e demonstrar o valor das novas tecnologias na educa o o instrumento de trabalho pedag gico mais popular continua sendo o manual did tico criado por Comenius no s culo XVII na Primeira Revolu o Cient fica e Tecnol gica Como vimos no texto de Batista 2011 Programa Nacional do Livro Did tico hist rico e perspectivas uma das justificativas para o uso do livro did tico no Brasil o fato de ele suprir a baixa qualifica o do professor isso tamb m foi um dos fatores que mobilizou Comenius a buscar a solu o para atender a demanda de ensinar tudo a todos propondo para tanto criar um manual no qual estivessem j planejad
50. procedimento para analisar e resolver novos problemas A partir dos temas propostos e das perguntas gerais explorou os seguintes contrastes 1 As explica es e descri es conflitantes das origens e desenvolvimento dos animais e seres humanos 2 O contraste entre animais no deserto Kalahari Africa e os animais na Groenl ndia al m dos problemas que surgiriam se o habitat dos animais fosse trocado 3 O contraste entre a vida animal na Dinamarca na Groenl ndia e no deserto Kahalari 4 O problema de sobreviv ncia que surgiu quando a lebre polar foi levada para as Ilhas Faro 5 Os problemas que ocorreriam se os r pteis fossem levados do deserto para a Groenl ndia 6 Os problemas que ocorreram quando um grupo de chimpanz s foi removido para uma ilha na Est nia 7 O contraste nas condi es de vida do lobo no inverno e no ver o e os problemas que ocorreriam se qualquer uma dessas esta es desaparecesse HEDEGAARD 1996 p 353 A pesquisadora se disp s a trabalhar com a aprendizagem de conceitos te ricos partindo de conceitos gerais sobre a evolu o das esp cies e empenhou se em desenvolver a zona de desenvolvimento proximal aquilo que as crian as ainda n o dominam mas que s o capazes de realizar com o aux lio do professor As crian as puderam ampliar os conceitos sobre o desenvolvimento hist rico dos animais tempo tempo hist rico o porqu de algumas esp cies terem desaparecido diferentes form
51. produtivo influenciando os modelos de gest o e organiza o do trabalho a organiza o e qualifica o dos trabalhadores As pr ticas flex veis foram introduzidas em diversas esferas objetivando o desenvolvimento de produtos novas t cnicas de produ o novos ambientes de trabalho e de gest o O novo modelo de gest o envolve os empregados nas decis es nas cria es e no marketing Utiliza como estrat gias a produ o em grupo o trabalho em equipe para a solu o de alguns problemas e a atribui o de tarefas m ltiplas ao funcion rio Al m disso 39 Experi ncias em empresas da Europa ocidental dos Estados Unidos e do Jap o para superar os sistemas de baixa confian a Fordismo e Taylorismo caracterizados por pr ticas limitantes padroniza o rotiniza o passagem dos mercados de massa com mercadorias padronizadas linha de produ o para mercados de nicho com exig ncia de mercadorias inovadoras de alta qualidade e de acordo com demandas espec ficas 72 A acumula o flex vel marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo Ela se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho dos mercados de trabalho dos produtos e padr es de consumo Caracteriza se pelo surgimento de setores de produ o inteiramente novos novas maneiras de fornecimento de servi os financeiros novos mercados e sobretudo taxas altamente intensificadas de inova o comercial tecnol gica e organizacional
52. prop em que al m dos conte dos conceituais sejam trabalhados na escola os conte dos atitudinais e procedimentais Referente a essa quest o notamos que na cole o Porta Aberta h um fio condutor em todos os anos de escolaridade voltado ao z desenvolvimento de atitudes como economia e preserva o da gua j que um bem necess rio vida Al m disso constantemente destacada a necessidade de atitudes de cuidados com o meio ambiente no que diz respeito compreens o da gua como elemento necess rio sa de como alimento e os 131 cuidados que devemos ter em rela o a ela j que a gua tamb m pode ser um meio de transmiss o de doen as caso n o sejam tomados os devidos cuidados Todas essas quest es envolvem mudan as de atitudes e procedimentos Podemos exemplificar algumas atitudes e procedimentos propostos nos livros tais como preven o da dengue encher pratos dos vasos com areia guardar garrafas vazias manter caixas d gua tampadas eliminar gua acumulada em pneus e plantas entre outras preven o da c lera tomar gua clorada ou fervida lavar bem e cozinhar os alimentos economia de gua varrer as cal adas com vassoura e n o com gua usar a gua da m quina de lavar para limpar terra os e cal adas tomar banhos curtos deixar a torneira fechada enquanto se escova os dentes entre outros Vigotski 2004a 2009 e Luria 2001 esclareceram que a palavra modifica se ao longo da
53. ps quicos humanos 28 Como exemplo de instrumentos psicol gicos e de seus complexos sistemas podem servir a linguagem as diferentes formas de numera o e c lculos os dispositivos mnemot cnicos o simbolismo alg brico as obras de arte a escrita os diagramas os mapas os desenhos todo tipo de signos convencionais etc VIGOTSKI 2004b b p 94 Assim simultaneamente aos progressos materiais os homens produzem os bens culturais medida que se avan am os bens materiais e culturais essa cultura passa a ser codificada em diferentes campos do conhecimento ci ncia leis arte filosofia etc Mas assim como as primeiras formas de linguagem essas conservam a mesma fun o Sforni 2012 explana que os instrumentos culturais t m como objetivo tanto apreender como comunicar o real A linguagem a ci ncia e as obras de arte s o instrumentos culturais que cont m em si certos caminhos da atividade humana em busca da apreens o representa o e comunica o do real Em outras palavras elas representam a fun o e o significado das coisas como acordadas na pr tica cultural SFORNI 2012 p 474 O instrumento simb lico ao ser inserido no processo de comportamento modifica a forma global de evolu o humana e os processos ps quicos Esses instrumentos atuam de maneira semelhante s ferramentas t cnicas que alteraram as opera es laborais ao longo da hist ria da humanidade Como j afirmamos ao desenvolver
54. qualidades repetidas considerada na literatura did tica e psicol gica tradicional como um meio para que se realize a generaliza o De acordo com essa concep o o geral compreendido como algo que se repete o que invariante considerado essencial sua identifica o permite aos alunos realizar uma opera o que tem grande import ncia 108 em toda sua atividade de estudo a sistematiza o ou classifica o DAV DOV 1988 p 102 Tomando como refer ncia essa compreens o do processo de generaliza o Dav dov 1988 considera esse percurso como express o do ensino na perspectiva tradicional Por meio desse procedimento procura se levar os alunos a conhecer os esquemas de classifica o no curso de Biologia classificar os animais e plantas permitir o estabelecimento de rela es de g nero e esp cie Considera se que as atividades de observar comparar e separar por diferen as e semelhan as possibilitar o ao aluno generalizar ou seja encontrar aquilo que geral est vel e assim utilizar esses crit rios para identificar outro objeto desconhecido pelas caracter sticas abstra das Esse encaminhamento comum na organiza o do ensino corresponde ao que Davidov 1982 1988 identificou tamb m como orienta o did tica para os professores russos Como exposto no primeiro cap tulo Dav dov 1982 identificou que as orienta es para a organiza o do conte do nas escolas russas pautavam
55. recomendado aos professores que recorram permanentemente inclus o de objetos de imagens para que a crian a possa a partir de casos e exemplos particulares atingir um pensamento abstrato 2 3 1 O pensamento dos professores brasileiros sobre o concreto nos processos de ensino e aprendizagem Chakur 2006 procurou investigar como professores dos dois ciclos do Ensino Fundamental 12 a 4 s ries e 52 a 8 s ries haviam interpretado as diretrizes te ricas da pol tica educacional oficial Par metros Curriculares Nacionais PCNSs e como os professores as veicularam s situa es de ensino aprendizagem na escola Foram entrevistados 60 professores de escolas p blicas paulistas do Ensino Fundamental divididos em dois grupos 1 a 4 s ries e 5 a 8 s ries com 30 professores de cada grupo Uma das quest es apresentadas aos professores era se a aula deveria sempre partir do concreto o resultado encontrado foi o seguinte A maioria dos professores dos dois grupos concorda que a aula deve partir do concreto e alguns argumentos predominam fica mais simples mais f cil palp vel a crian a visualiza manuseia parte se do conhecido do cotidiano da realidade do aluno pr ximo do 40 aluno melhora a compreens o CHAKUR 2006 p 7 grifo da autora Para corroborar com o resultado da sua investiga o de que os professores acreditam na necessidade de concre o com objetos f sicos ou represen
56. refletila por meio do pensamento passamos ao grau l gico do conhecimento O pensamento antes de tudo um processo de cogni o generalizada Es imposible unificar mentalmente todos los rboles si no nos abstraemos de las diferencias que existen entre ellos SMIRNOV et al 1969 p 240 Cuando el sujeto unifica mentalmente las monta as seg n su altura sobre el nivel del mar no piensa en la altura concreta o determinada en monta a de uno u otra sino tiene en cuenta la particularidad general de las monta as caracterizada en este sentido aunque esta particularidad en cada caso sea distinta Por tanto la cualidad que separa si hace objeto de generalizaci n Siguiendo este camino se llega a los conceptos abstractos como altura no solamente de las monta as o de un grupo de objetos sino tambi n de cualquier objeto color no del az car o las hojas del roble pero como la calidad general de todos los objetos y muchos otros SMIRNOV et al 1969 p 240 grifo dos autores 107 da realidade A forma o do conceito est vinculada extra o do geral separa o dos tra os essenciais do objeto dentre o conjunto das propriedades gerais GORSKI TAVANTS 1960 p 11 grifo dos autores Smirnov et al 1969 explicam que a an lise e a s ntese s o opera es racionais fundamentais que est o ligadas entre si e insepar veis Eles definem an lise como a divis o mental do todo em suas partes ou a sepa
57. rela es e isso implica mudan a no pensamento do sujeito apresenta como exemplo o conceito flor Explana que uma crian a aprende primeiramente a palavra flor antes da palavra rosa entretanto no in cio da vida da crian a dentro de um repert rio vocabular a palavra flo ainda n o expressa um conceito mais gen rico que rosa apenas mais amplo E assim continuar por muito tempo porque n o existe ainda uma subordina o uma hierarquia de conceitos particulares e gen ricos a crian a usa a palavra flor e a palavra rosa lado a lado em situa es corriqueiras Quando surge a generaliza o do conceito flor modifica se tamb m a rela o entre flor e rosa assim como entre outros conceitos subordinados Nos conceitos surge um sistema VIGOTSKI 2009 p 294 grifos nossos Escol stica verbete Refere se ao conjunto de saberes das escolas clericais ou mon sticas Por m o termo tamb m pode ser utilizado para designar o conhecimento fundamentado na Filosofia e na Teologia Al m disso escol stica pode indicar um pensamento da Idade M dia que por meio de um m todo l gico procurava conciliar raz o e f Ou seja uma atividade intelectual que procurava fundamentar a f na raz o Nesse contexto a educa o escol stica se definia por ensinar a f por um argumento l gico de dedu o Outra forma de conceber o termo de uma associa o entre cren as crist s e uma l
58. risco o livre tr nsito do capital A mis ria e a injusti a social cnegam a tal ponto que para os exclu dos n o h mais nada a perder os direitos humanos ess ncias de alimenta o moradia sa de educa o preconizados pela Declara o Internacional de Direitos Humanos e refletido nas Constitui es dos pa ses passam a serem letras mortas Nesse momento de barb rie da humanidade os pr prios pa ses denominados ricos e desenvolvidos se v m amea ados As crises reincidentes que atingem a economia dos pa ses mais avan ados t m demonstrado claramente isso Podemos afirmar dessa forma que o uso do termo desenvolvimento humano no Relat rio Delors significa desenvolvimento do cidad o produtivo um ser que n o necessita ter necessariamente acesso cultura universal e nem aos bens universais precisa ter acesso apenas aos conhecimentos que o tornam um ser inserido no mercado de trabalho que consuma alguns produtos lan ados por esse mesmo mercado e n o ameace a ordem existente Ou seja o desenvolvimento dos sujeitos tem como horizonte torn los uma engrenagem da m quina capitalista produzindo e consumindo para esse modelo de desenvolvimento sem querer question lo ou modific lo e sim contribuir para sua perpetua o Duarte 2001 explica que o discurso ideol gico tem um papel importante no convencimento dos trabalhadores de que devido s mudan as constantes no mundo do trabalho se apropriar de conte dos conhec
59. se no m todo intuitivo ou no m todo direto o autor usa esses dois termos como sin nimos O m todo intuitivo parte do princ pio que a base sensorial ou a percep o sens vel o ponto de partida para a aquisi o dos conceitos da a necessidade de contato direto do estudante com objetos ou suas imagens Esse m todo direto contribuiria para a forma o de imagens claras e exatas da percep o e representa o auxiliaria no tr nsito entre o perceptivo de objetos concretos ao abstrato O autor esclarece que o m todo intuitivo ou direto contrap e se ao verbalismo o ensino puramente oral realizado por meio de racioc nios abstratos Dav dov 1982 elucida que o denominado m todo intuitivo ou direto se subdivide em objetivo coisas reais ou suas imagens realistas simb lico gr ficos desenhos etc e discursivo descri es vivas e pormenorizadas de exemplos e situa es no manual do aluno e manual do professor H ainda segundo ele outra subdivis o no ensino intuitivo natural objetos da natureza e coisas variadas e artificial qualquer imagem das coisas e seus substitutos De acordo com essa perspectiva considera se que o emprego adequado do m todo pelo professor oferecendo diversidade de objetos reais simb licos ou artificiais pode garantir que os alunos destaquem os tra os do objeto ou grupos de objetos por meio da identifica o da repetibilidade semelhan a e diferencia o externas que ser o generalizados
60. sobre a realidade material Por meio dessa atua o ele entra em contato com diversos objetos e fen menos que comp em essa realidade possibilitando a descoberta das leis da natureza e da sociedade Esses autores corroboram a afirma o de que as sensa es s o importantes para captar as propriedades existentes nos objetos e fen menos do mundo material O processo de cogni o come a com as sensa es As sensa es constituem o reflexo de distintas propriedades dos objetos e dos fen menos do mundo material cores sons odores etc que atuam diretamente sobre nossos rg os dos sentidos Na percep o os 32 Para pensar el hombre parte siempre del conocimiento de lo particular Cuando generalizamos descubrimos lo que hay de general en los objetos y fen menos reales aislados Fuera de la percepci n de lo particular no puede haber generalizaci n Lenin indicaba que lo general existe solamente en lo particular y a trav s de ello todo lo particular es de una u otra manera lo general y todo lo general es parte manifestaci n o esencia de lo particular SMIRNOV et al 1969 p 234 Grifos do autor 105 objetos e os fen menos se refletem em conjunto A percep o do objeto assim como a sensa o de suas distintas propriedades se efetua no momento em que o objeto atua sobre os rg os de nossos sentidos GORSKI e TAVANTS 1960 p 11 grifo dos autores Os autores elucidam ainda como as imagens surgem na nossa m
61. tamb m indica os caminhos da l gica formal para a aquisi o do conhecimento ou seja o percurso percep o representa o conceito Orienta se ainda aos professores que ajudem a desenvolver a capacidade de ver de observar dos educandos e que seja solicitado um registro das caracter sticas dos objetos de estudo por meio de listas ou desenhos acreditando se que por meio desses procedimentos poder ocorrer a sistematiza o dos conhecimentos adquiridos Ao se repetir v rias vezes esse processo segundo as orienta es do PCNs de Ci ncias os educandos desenvolver o as capacidades de identifica o e compara o necess rias para a classifica o dos seres e dos ambientes Um conhecimento com essas caracter sticas permite ao homem apenas descrever o mundo n o interpret lo analis lo e muito menos transform lo A organiza o did tico metodol gica do ensino presente hoje nas escolas oferecida via livros did ticos fundamenta se na valoriza o dos conhecimentos cotidianos dos conhecimentos emp ricos como se o conhecimento pudesse ser apropriado pelos sentidos do pr prio indiv duo Dessa forma podemos concluir que se tomarmos os princ pios da l gica formal de acordo pelo exposto em Gorski e Tavants 1960 a proposta metodol gica da cole o est adequada s exig ncias de apropria o dos conceitos cient ficos segundo essa l gica No entanto se tomamos por base os princ pios da l gica dial tica
62. variadas imagens at se chegar abstra o entendida como a representa o verbal das caracter sticas que incluem um determinado objeto ou fen meno como representantes de um determinado conceito o que evidenciado na sequ ncia did tica presente no livro did tico analisado Considerando que a aprendizagem ocorre por aproxima es sucessivas quanto maior a diversidade de atividades apresentadas aos alunos para que observem comparem associem busquem informa es notem regularidades e generaliza es mais elementos eles teriam para realizar an lises e chegar s ntese No PCNs de Ci ncias Naturais no conte do Ambiente h a orienta o para que o professor organize atividades para que os alunos comparem via observa o direta ou indireta distintos ambientes como floresta rio represa lago planta o campo cidade horta entre outros para que desse modo possam identificar suas regularidades ou seja os componentes comuns bem como as suas particularidades O conjunto de dados coletados por meio das observa es deve ser organizado por meio de desenhos e listas como uma forma de registro como meio de os estudantes sistematizarem os conhecimentos que adquiriram 101 Podemos encontrar no livro do 2 ano na unidade 5 O Mundo Vegetal uma divis o bem tradicional do estudo das partes da planta em raiz caule folha flor fruto semente Na unidade o conte do apresentado por meio de imagens de rv
63. 4 p 361 fe la problem tica de la estructura l gica del pensamiento cient fico actual y de los m todos para su descripci n y estudio DAVYDOV 1982 p 5 35 Para solu o dessa problem tica Davidov 1982 clarifica que os aspectos psicol gico e pedag gico s o insepar veis no momento de elabora o de uma proposta curricular Raz o pela qual considera relevante analisar a estrutura o l gico psicol gica das disciplinas escolares e de seu programa porque representam a descri o sistem tica e hier rquica dos conhecimentos e procedimentos que requere assimilar Idem ibidem p 6 Apesar de falarmos em conhecimento cient fico importante destacar que na escola ele sofre altera es para se adequar ao que se denomina como conhecimento escolar Sforni 2004 afirma que o conhecimento cient fico escolar se diferencia do conhecimento cient fico tal como produzido porque ele passa a ser regulado tamb m por outras dimens es culturais que formam o que chamado de cultura escolar Sua abordagem passa a ser marcada pela sele o do que socialmente considerado relevante ser conhecido por uma seria o na grade curricular pela possibilidade de intera o com os conhecimentos pr vios dos alunos e pelo enquadramento a ritos e rotinas pr prios da escola SFORNI 2004 p 48 Enfim a aprendizagem do conhecimento cient fico relevante para o desenvolvimento ps quico val
64. 54 apud PASQUALINI 2010 p 33 Dav dov 1982 afirma que o programa de uma disciplina como uma coluna vertebral se caracteriza como uma descri o sistem tica e hier rquica dos conhecimentos e procedimentos que necessitam ser apropriados pelos escolares Ele esclarece tamb m que o programa estabelece os m todos de ensino o car ter do material did tico entre outros elementos do processo de doc ncia Para ele o programa da disciplina capaz de projetar o tipo de pensamento que se deseja formar nos alunos ao assimilar o material proposto Acrescenta ainda o autor que a disciplina escolar constitui uma singular proje o do conhecimento cient fico no plano da assimila o e tem suas regularidades determin veis pelos fins do ensino as peculiaridades assimilativas o car ter e as possibilidades da atividade ps quica dos alunos e outros fatores DAVYDOV 1982 p 6 constituye una singular proyecci n del conocimiento cient fico en el plano asimilaci n y tiene sus regularidades determinables por los fines de la ensefianza las peculiaridades asimilativas el car cter y posibilidades de la actividad ps quica de los alumnos y otros factores 18 Nereide Saviani 1994 estudiosa do curr culo e da sua organiza o em forma de disciplinas escolares fundamenta se nos autores da THC para realizar suas an lises Dentre eles alude Talizina 1984 que investiga a rela o entre a l gica das disciplinas e
65. 7 reivindica aos fi is o direito de livre interpreta o dos textos da B blia Sagrada como fonte de salva o Ao reclamar o direito dos fi is o acesso fonte da salva o a religi o reformada reconhece a prerrogativa de todos ao dom nio da leitura e da escrita Surge nesse momento segundo Alves 2007 a necessidade de ensinar tudo a todos e Comenius um bispo protestante nesse momento de transi o da Reforma movimento de reformas da Igreja Cat lica Apost lica Romana iniciado no s c XIV posicionava se contra a excessiva acumula o de bens pela igreja a grande preocupa o material desta e a lux ria de seus sacerdotes desvios de dogmas como o desrespeito ao celibato e o descaso com os cultos e ritos religiosos Somava se s quest es internas da Igreja Cat lica o processo de forma o da burguesia comercial que era condenada pelos padres por usura e o lucro os reis insatisfeitos com a interfer ncia dos papas nas quest es pol ticas condizentes com a realeza o pensamento renascentista e o processo de urbaniza o propiciam o surgimento de um pensamento que vai dire o do humanismo e do antropocentrismo que op e o teocentrismo medieval e o aparecimento de um pensamento racional e cient fico que busca explicar as coisas atrav s de m todos e teorias opondo se as explica es espirituais e teol gicas da igreja Comenius era um seguidor das ideias de Lutero Lutero compreendeu a estreita r
66. Fonte GIL Angela Bernardes de Andrade e FANIZZI Sueli Porta Aberta Ci ncias 2 ano S o Paulo FTD 2008a p 94 Cole o Porta Aberta Ci ncias 125 CICLO DA GUA Observe as ilustra es e acompanhe os textos a seguir 1 O calor do Sol aquece a gua Parte da gua aquecida transforma se em vapor e sobe para o ar sem que seja vista Na respira o de animais e plantas h vapor de gua que tamb m liberado para o ar Na transpira o na urina e nos excrementos dos animais h gua l quida que se transforma em vapor no ambiente umira em Artur Kanji O 2 Assim que o vapor d gua encontra temperaturas mais baixas ele se torna gua l quida formando pequenas gotas Essas gotas se juntam dando origem s nuvens 3 medida que as gotas de uma nuvem aumentam de tamanho n o conseguem mais se manter no ar e voltam superf cie da Terra em forma de chuva neve ou granizo dependendo da temperatura 4 Ocorre ent o a infiltra o da gua no solo e o retorno aos len is subterr neos rios e mares 5 E assim come a tudo de novo E wi do Sd Excremento fezes Granizo chuva que cai em forma de pedras de gelo Figura 8 O ciclo da gua Fonte GIL Angela Bernardes de Andrade e FANIZZI Sueli Porta Aberta Ci ncias 2 ano S o Paulo FTD 2008a p 60 Cole o Porta Aberta Ci ncias 126 As defini es esquemas informa es
67. KI Conceitos cient ficos Conhecimentos te ricos Local de aquisi o Escola Institui es Formais de Educa o Conceitos cotidianos conhecimentos espont neos Figura 6 Representa o do percurso do ensino de conceitos ao longo da escolariza o 121 Consequ ncias da polui o da gua para os seres humanos doen as causadas pela ingest o ou contato com gua contaminada doen as transmitidas por insetos que se proliferam na gua gua como solvente universal agrot xicos polui o industrial polui o causada pelo lixo Contamina o da gua gua como recurso natural indispens vel vida n o desperd cio Quantidade de gua pot vel no planeta Estados f sicos da gua Propriedades da gua Composi o da gua F rmula qu mica da gua H2O Necessidade de preserva o da gua economia de gua n o polui o Ciclo da gua Porcentagem de gua pot vel no planeta Import ncia da gua para os seres vivos Evapora o Reciclagem da gua Ciclo da gua na natureza desenhos e esquemas Usos da gua nas atividades Local de aprendizado cotidianas higiene pessoal higiene da casa higiene das das institui es para beber para a EE de Ed E sobreviv ncia das plantas e Rr ei REA O animais economia de gua 122 Dav dov 1982 explana que o programa de uma disciplina anuncia a descri o sistem tica e hier rquica dos conhecimentos e proced
68. Pedag gico PPP da escola que nos fundamentamos em uma teoria que tem um tipo de perspectiva de forma o mas de fato na pr tica a organizarmos o ensino colocamos em a o outra forma o Como apresentamos no primeiro cap tulo desta tese na THC a aprendizagem escolar considerada uma atividade fundamental para o desenvolvimento dos estudantes por ser respons vel pela forma o do pensamento te rico dos sujeitos Existe a possibilidade de o ensino desenvolver o pensamento te rico mas esse resultado pode ser alcan ado por um ensino organizado de acordo com as orienta es nacionais e internacionais materializadas na organiza o did tico pedag gica presente no livro did tico 92 4 ORGANIZA O DO ENSINO NO LIVRO DID TICO Conforme anunciado na introdu o deste trabalho essa se o objetiva analisar como est o organizados os conte dos e encaminhamentos did tico pedag gicos a fim de investigar se o ensino como est organizado no livro did tico favor vel aprendizagem e capaz de levar ao desenvolvimento do pensamento conceitual te rico dos estudantes Optamos por tomar como objeto de an lise o livro did tico como express o de um modo geral de organiza o do ensino que influencia e em alguns casos determina o trabalho docente Definimos como material de an lise o livro did tico de Ci ncias da cole o Porta Aberta devido ao fato de o livro ser um material amplamente distribu do em todo terri
69. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES PROGRAMA DE POS GRADUA O EM EDUCA O AREA DE CONCENTRA O EDUCA O APRENDIZAGEM CONCEITUAL E DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO TEORICO IM POSSIBILIDADES DA ORGANIZA O DO ENSINO DALVA HELENA DE MEDEIROS MARING 2014 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING CENTRO DE CI NCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES PROGRAMA DE P S GRADUA O EM EDUCA O REA DE CONCENTRA O EDUCA O APRENDIZAGEM CONCEITUAL E DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO TE RICO IM POSSIBILIDADES DA ORGANIZA O DO ENSINO Tese apresentada por DALVA HELENA DE MEDEIROS ao Programa de P s Gradua o em Educa o da Universidade Estadual de Maring como um dos requisitos para a obten o do t tulo de Doutora em Educa o Area de Concentra o EDUCA O Orientadora Prof Dr MARTA SUELI DE FARIA SFORNI MARING 2014 Ficha de identifica o da obra elaborada pela Biblioteca M488a UNESPAR Campus de Campo Mour o MEDEIROS Dalva Helena de Aprendizagem conceitual e desenvolvimento do pensamento te rico impossibilidade da organiza o do ensino Dalva Helena de Medeiros Orientadora Marta Sueli de Faria Sforni Maring PR 2014 153p Tese Doutorado em Educa o Universidade Estadual de Maring Programa de P s Gradua o em Educa o da Universidade Estadual de Maring Inclui refer ncias 1 Educa o 2 Ensino de Ci ncias 3 A
70. VIEIRA F R Estruturalismo e Intelig ncia segundo Piaget Caderno de Licenciatura em Matem tica da UFF Universidade Federal Fluminense N mero 1 ano 1 Mar o 1998 Dispon vel em http www uff br dalicenca images stories caderno volume1 estruturalismo e intel igncia pdf Acesso em 02 02 2014 VIGOTSKI L S Psicologia Pedag gica Tradu o do russo e introdu o Paulo Bezerra 2 ed S o Paulo Martins Fontes 2004a VIGOTSKI L S Teoria e M todo em Psicologia Trad Cl udia Berliner 3 ed S o Paulo Martin Fontes 2004b VIGOTSKI L S Aprendizagem e Desenvolvimento intelectual na idade escolar In LEONTIEV Alexis e outros Trad Rubens Eduardo Frias Psicologia e Pedagogia bases psicol gicas da aprendizagem e do desenvolvimento S o Paulo Centauro 2005 VIGOTSKI L S A constru o do pensamento e da linguagem Trad Paulo Bezerra 2 ed S o Paulo Editora WMF Martins Fontes 2009 Biblioteca Pedag gica VYGOTSKY L S e LURIA A R Estudos Sobre a Hist ria do Comportamento o macaco o primitivo e a crian a Trad L lio Louren o de Oliveira Porto Alegre Artes M dicas 1996
71. ZA O DO ENSINO Gar a RR RSR E ERE EAR E R ER 51 2 1 A Primeira Revolu o Industrial e a Educa o seeeeeesessesererrrenseerrrrrnnnreeeeee 53 3 2 A educa o no contexto da Segunda Revolu o Industrial 65 3 2 1 A Pedagogia Tecnicista parcelamento do trabalho pedag gico e o livro did tico no Br s saias za banda area Nord Naa Bi Ra Ea do Sia A nd Na Ma Da a a Si da Sa a 68 3 3 A Terceira Revolu o Cient fica e Tecnol gica modelo flex vel de produ o e suas consequ ncias na forma o humana eras 70 3 4 As recomenda es do Relat rio Delors para a educa o no S c XXI 78 3 4 1 Os conte dos nos Par metros Curriculares Nacionais PCNS 87 4 ORGANIZA O DO ENSINO NO LIVRO DID TICO 92 4 1 A Cole o Porta Aberta Ci ncias aires 92 4 2 O percurso do ensino dos conceitos em uma unidade de ensino 94 4 3 A atividade experimental na aprendizagem dos conceitos cient ficos 113 4 4 O percurso do ensino de conceitos ao longo da escolariza o 119 4 4 1 Algumas considera es lnn erre aa aaaaaaarreeaanaa 134 5 CONSIDERA ES FINAIS in eererernerenenenerereeeecesesesesesesesesesestresto 139 REFER NCIAS 1 INTRODU O A Teoria Hist rico Cultural por meio de seus estudiosos Vigotski 2000 2004a 2004b
72. a o ao todo busca na mem ria de experi ncias significativas e correlatas estabelecimento de rela es com situa es do dia a dia GIL FANIZZI 2008b p 10 grifo nosso Consideramos que os exemplos apresentados at o momento j sejam suficientes para que o leitor perceba a estrutura existente no livro did tico para o ensino de conceitos Pode se pensar que como os v rios exemplos repetem um mesmo padr o parte desses exemplos poderia ser dispensada No entanto nossa inten o de expor seguidamente os mesmos tipos de atividades foi justamente de evidenciar a regularidade existente no modo de se ensinar os conceitos j que 102 essa regularidade que podemos qualificar como um modo de organiza o do ensino que se constitui no foco da nossa unidade de an lise Ao observamos o percurso para o ensino de conceitos assumido pelo livro did tico verificamos que nele se expressa uma forma de o sujeito ir se apropriando do conhecimento um modo de conhecer de estabelecer rela o com o mundo Ent o pensamos de onde vem esse tipo de orienta o para o ensino de conceitos Sob qual base l gica ela est assentada Ser esse o percurso padr o para aprender todos os tipos de conceitos sejam eles cotidianos ou cient ficos E ainda o que mais nos interessa qual o potencial formativo de um ensino de conceitos assim estruturado A regularidade existente est no fato de o ensino sempre partir de imagens
73. a o assumida pelas pol ticas p blicas nacionais que desde a ltima d cada do s culo XX t m sido orientadas pelo modelo de educa o proposto pelos organismos internacionais A an lise dessa rela o entre o geral economia e pol ticas internacionais e o particular a forma de organiza o de ensino expressa nos livros did ticos brasileiros apresentada no pr ximo cap tulo deste trabalho 51 3 O SISTEMA PRODUTIVO E SUAS INFLU NCIAS NA ORGANIZA O DO ENSINO Neste cap tulo destacamos brevemente as principais fases do desenvolvimento do capitalismo e explicitamos como as mudan as ocorridas na base material implicaram transforma es sociais pol ticas econ micas e educacionais De modo especial evidenciamos a rela o entre a tessitura do processo produtivo e a organiza o do ensino tendo em vista os diferentes objetivos de forma o humana presente em cada momento hist rico Esses aspectos nos auxiliam a compreender a perspectiva de forma o humana assumida na contemporaneidade expressas nos documentos oficiais e por conseguinte nos livros did ticos Comungamos do ponto de vista de Lib neo Oliveira e Toschi 2012 e Carvalho 2012 de que as pol ticas educacionais devem ser compreendidas pelos educadores no conjunto mais amplo das transforma es econ micas pol ticas e culturais que caracterizam o mundo contempor neo Do mesmo modo as a es educativas percebidas como fen menos para
74. a Sua import ncia aumenta ainda mais em pa ses como o Brasil onde uma precar ssima situa o educacional faz com que ele acabe determinando conte dos e condicionando estrat gias de ensino marcando pois de forma decisiva o que se ensina e como se ensina o que se ensina Como sugere o adjetivo did tico que qualifica e define um certo tipo de obra o livro did tico instrumento espec fico e important ssimo de ensino e de aprendizagem formal Muito embora n o seja o nico material de que professores e alunos v o valer se no processo de ensino e aprendizagem ele pode ser decisivo para a qualidade do aprendizado resultante das atividades escolares LAJOLO 1996 p 4 grifo da autora Amaral 2006 explicita que pesquisas realizadas entre professores de Ci ncias associadas a um programa de forma o continuada revelaram o que j se sabia por meio de observa es informais O LD n o o nico recurso utilizado mas continua sendo o mais importante para a grande maioria dos professores Nessa condi o comunmente ainda usado como manual completo ou seja como fonte de textos ilustra es e atividades desenvolvidas quase na ntegra e na sequ ncia original AMARAL 2006 p 85 grifos nossos O site de not cias Terra publicou recentemente um levantamento resultado de question rio socioecon mico da Prova Brasil 2011 aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An sio Teixeira In
75. a a o impulsiona regula e controla seu interc mbio material com a natureza Defronta se com a natureza como uma de suas for as P e em movimento as for as naturais de seus corpo bra os pernas cabe a e m os a fim de apropriar se dos recursos da natureza externa modificando a ao mesmo tempo modifica sua pr pria natureza Pressupomos o trabalho sob forma exclusivamente humana Uma aranha executa opera es semelhantes s do tecel o e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colmeia Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha que ele figura na mente sua constru o antes de transform la em realidade MARX 2011 p 211 212 Nessa compara o feita por Marx 2011 podemos perceber a refer ncia tanto aos aspectos f sicos quanto aos psicol gicos envolvidos na atividade laboral O uso de signos e s mbolos ou seja a linguagem em todas as suas formas de express o permite ao homem projetar em sua mente o objeto antes de executar a a o para elabor lo Se as mudan as nos seres humanos n o s o mais fixadas geneticamente como ent o podem ser transmitidas para as pr ximas gera es Como j explanamos os seres humanos n o somente se adaptam natureza eles a modificam de acordo com suas necessidades Para satisfazer suas necessidades criam objetos instrumentos m quinas complexas constroem suas habita es vestimentas o que podemos denominar de cultura material Nela e
76. a de aula as autoras Gil e Fanizzi 2008b sugerem no manual do professor as seguintes a es pelos alunos observar realizar pesquisas planejar coletar dados e organiz los manipular materiais confeccionar representar experimentar simular entre outras Os conte dos atitudinais s o entendidos na perspectiva dos PCNs como valores e sentimentos que os alunos atribuem aos conhecimentos constru dos na escola dentre eles respeito s pessoas idosas ajuda ao pr ximo preserva o da natureza S o desenvolvidos mediante as seguintes atitudes aprender a ouvir a argumentar a posicionar se a conviver em grupo a respeitar as diferen as 89 individuais e opini es dos outros Atividades que visem forma o dessas atitudes devem fazer parte do planejamento do professor Os conte dos referentes a conceitos procedimentos normas e valores est o contidos nos documentos de cada rea e nos volumes espec ficos destinados aos Temas Transversais Podemos observar que os PCNs adotam as orienta es e princ pios do Relat rio Delors para a organiza o curricular Isso significa que desde os anos de 1990 no Brasil as pol ticas educacionais sofrem influ ncia dos organismos internacionais N o houve iniciativas em n vel nacional de mudan a dessa orienta o curricular apenas alguns Estados da Federa o apresentam propostas distintas Mas principalmente nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental n vel de ensino de respons
77. a dentre as demais profiss es Al m de que a educa o pautada no livro did tico permite maior controle estatal sobre o ensino efetivado nas 78 escolas do que se fosse pensado e executado por professores com dom nio te rico metodol gico e pol tico da sua atividade educativa O Programa Nacional do Livro Did tico PNLD tem fundamento legal na Constitui o de 1988 interpretando se que o car ter de obrigatoriedade da educa o precisa prever o subs dio do Estado com materiais did ticos para que o acesso e a perman ncia do estudante possam ser garantidos na forma da lei Art 208 O dever do Estado com a educa o ser efetivado mediante a garantia de VII atendimento ao educando no ensino fundamental atrav s de programas suplementares de material did tico escolar transporte alimenta o e assist ncia sa de As orienta es internacionais para a educa o brasileira n o ficam restritas ao suprimento de materiais e de condi es objetivas para o acesso e a perman ncia na escola elas interferem al m disso no curr culo visto como express o operacional dos conte dos e metodologias utilizadas pelos professores As orienta es de car ter pol tico e pedag gico que afetam conte do e forma do ensino est o expressas de modo mais acentuado no Relat rio feito por uma comiss o institu da pela UNESCO sobre a Educa o para o S culo XXI como veremos a seguir 3 4 As recomenda es do Relat rio
78. a na compreens o e atua o do sujeito no mundo O papel decisivo que a escolariza o tem sobre o desenvolvimento do psiquismo humano nos faz olhar com preocupa o o desempenho dos escolares Ao entendermos que o desenvolvimento ps quico n o resultado da matura o mas que promovido socialmente consideramos necess rio analisar em que medida o baixo desempenho dos estudantes est associado dentre outros fatores ao pr prio contexto social escolar de modo especial ao modo de organiza o do ensino presente nas escolas Essa quest o nos instigou a investigar se a organiza o do ensino no Brasil tem possibilidade para promover o desenvolvimento dos estudantes via apropria o dos conceitos sistematizados Consideramos que uma pesquisa envolvendo essa quest o pode trazer contribui es relevantes para se compreender a rela o entre organiza o did tico pedag gica aprendizagem e desenvolvimento do pensamento te rico Temos a inten o de responder a seguinte pergunta a forma de organiza o do ensino tem potencial para promover o desenvolvimento das fun es ps quicas superiores Para investigar essa quest o recorremos al m de obras dos cl ssicos da Teoria Hist rico Cultural THC Vigotski Luria e Leontiev tamb m aos estudos de Dav dov 1982 1988 que analisou a organiza o do ensino na R ssia no final do s c XX e concluiu que ela n o condizia com as novas exig ncias de forma o humana do mode
79. a o ensino de conceitos n o se manteve nas descri es emp ricas das formas de vida dos animais A condi o para realizar reflex o e an lise envolve outro tipo de abordagem do objeto se mant m nas formas emp ricas resta fazer a descri o e defini o do objeto mas inserido em uma situa o problema que inter relaciona diferentes fen menos pode exigir a es de reflex o e an lise das vincula es entre os fen menos no caso desse experimento as rela es entre diferentes formas de vida as rela es entre forma de vida e mudan as no habitat e adapta o Com base nas reflex es e an lise procura se conduzir o pensamento dos estudantes para a formula o de leis gerais sobre o assunto Com base nessa lei geral ela pode retornar a outros casos que envolvem os conceitos trabalhados compreendendo os de um modo te rico Ou seja ela passa a pensar com os conceitos ter os conceitos como elementos do planejamento mental ou plano interior de a es como afirma Dav dov Trata se de uma estrutura o do ensino que envolve outros processos ps quicos portanto diferencia se no tipo de atividades realizadas Da a raz o de n o ser poss vel sugerir ajustes s atividades apresentadas no livro did tico analisado indicar uma mudan a em uma ou outra atividade Trata se de uma mudan a na orienta o geral do ensino uma mudan a de l gica na abordagem do conceito 139 5 CONSIDERA ES FINAIS Vigotski Leontiev Lur
80. a o estudo detalhado dos processos industriais a fim de dividi los em opera es simples que pudessem ser cronometradas e organizadas com precis o O taylorismo como gerenciamento cient fico da produ o passa a exercer prodigioso impacto sobre a organiza o da produ o e da tecnologia industriais Muitas f bricas passaram a adotar as t cnicas tayloristas a fim de maximizar a produtividade dos trabalhadores No modelo de efici ncia proposto por Taylor a ger ncia deveria exercer monitoria sobre os trabalhadores para assegurar a conclus o r pida e precisa do trabalho 7 O individualismo burgu s que j havia apontado na arte italiana e exigia no campo religioso o livre coment rio das sagradas escrituras no campo educacional estava a exigir uma disciplina menos rude uma maior considera o pela personalidade do educando um ambiente mais claro e mais alegre demonstrando que o per odo de supera o do feudalismo e consolida o da burguesia reivindica um novo tipo de escola que se radica no movimento escolanovista PONCE 2005 p 116 66 O industrialista Henry Ford percebeu que o modelo criado por Taylor de produ o em massa exigia mercados em massa Ford projetou sua primeira f brica em 1908 para fabricar apenas um produto o Ford modelo T Foram criados para a produ o desse autom vel ferramentas e maquin rios especializados projetados de forma que possu ssem velocidade precis o e simplifica o da
81. a pela THC daquela demandada pelo capital Visando superar as concep es de conhecimento cient fico e de ci ncia e tecnologia predominantes na sociedade capitalista se tomarmos como refer ncia a hist ria da ci ncia podemos observar que a partir do s culo XVI quando a ci ncia passa a se desenvolver em alguns pa ses da Europa e expandir se nos s culos seguintes torna se generalizada a sua import ncia em todo o planeta Podemos afirmar que tem ela exercido grande influ ncia na concep o de mundo que a sociedade possui hoje mesmo levando se em conta as vari veis culturais religiosas de classe e de acesso educa o A concep o de mundo hoje influenciada pelos avan os das ci ncias naturais e sociais A compreens o da realidade fundada em conhecimentos cient ficos ou acient ficos pode definir a tomada de decis es desde os fatos mais simples do cotidiano at o planejamento familiar o planejamento de uma vida porque as convic es que os seres humanos possuem sobre a natureza sobre os homens sobre a sociedade contribuem para que se conformem com situa es considerando as como imut veis determinadas ou que as compreendam como fatos hist rico sociais portanto mut veis Nesse sentido compreendermos que o valor da educa o n o est no seu car ter utilit rio frente s demandas cotidianas ou seu papel na forma o do cidad o para o desenvolvimento socioecon mico mas na forma o de um novo modo de i
82. a pela organiza o feudal Para a realiza o da atividade comercial a liberdade era uma premissa b sica tanto no que se refere ao direito de produzir e comercializar livremente os produtos do trabalho como tamb m na liberdade de comercializar o pr prio trabalho e vender a for a de trabalho Para o per odo vender a for a de trabalho significava a liberdade de ir e vir de decidir porque anteriormente o servo estava sempre vinculado ao feudo durante toda a vida e aos seus deveres de maneira tal que seus dias de exist ncia eram dedicados a servir o feudo com um retorno para si e para sua fam lia somente para a sua subsist ncia No feudo o servo trabalhava tr s dias da semana de gra a para o seu senhor no sistema de vassalagem A necessidade de maior produ o de bens e mercadorias numa sociedade que come ava a se transformar de rural para urbana gera as condi es para o surgimento da produ o manufatureira O trabalho antes somente manual passou a ser realizado tamb m por m quinas o que originou a divis o de tarefas A divis o de tarefas e a especializa o inviabilizam ao trabalhador a compreens o da atividade laboral na sua totalidade j que cada pessoa passa a executar uma parte da elabora o de um produto ou respons vel pela execu o de uma etapa da produ o Essa mudan a na organiza o do trabalho segundo Alves 2006 afeta tamb m as capacidades intelectuais do trabalhador pois seu fazer antes p
83. a uma ingenuidade considerar a ci ncia como um conhecimento neutro e isento de subjetividade ou num outro extremo considerar que o olhar da crian a sobre o objeto observar realizar experi ncias coletar resultados possa fornecer uma compreens o da ci ncia mesmo a ideia de observa o ing nua ou n o intencional que v esse procedimento como um primeiro momento do processo pode ser contundentemente questionada ao se considerar que imposs vel separar o olhar do sujeito da perspectiva te rica com base na qual se d esse olhar O que vemos com um microsc pio A resposta clara depende daquilo que se sabe e do que se busca Muitos podem identificar manchas coloridas labirintos de formas irregulares e tamanhos diferentes ou estruturas diferenciadas que se repetem c lulas pertencentes a determinado tecido ou rg o um leque enorme de possibilidades que t m rela o n o s com o material obervado mas tamb m com o olhar do pesquisador ESPINOZA 2010 p 44 A autora completa ainda aclarando que os dados de observa o precisam estar unidos teoria de modo intrincado que os resultados das pesquisas cient ficas s o expressos por meio de teorias de modelos e ao lev los para a sala de aula n o basta explicar ou descrever o caminho utilizado pela ci ncia para chegar aquela s ntese preciso criar situa es de ensino nas quais as crian as tenham necessidade de encontrar um procedimento que permi
84. abilidade dos munic pios de acordo com a LDB 9 394 96 Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional as propostas alternativas s o raras Al m disso mesmo que alguns munic pios tenham elaborado suas pr prias propostas ao utilizarem os livros did ticos recomendados pelo MEC acabam incorporando parte do encaminhamento pedag gico exposto nos PCNs Mais recentemente tamb m as avalia es nacionais possivelmente exer am press o na ado o do referencial A cole o Porta Aberta de Ci ncias no manual do professor reproduz trechos inteiros dos PCNSs e informa que a cole o adota a abordagem sugerida pelo referencial nacional no tratamento dos conte dos bem como na ado o dos Temas Transversais como conte do escolar Na concep o de Ci ncia adotada pela cole o podemos identificar o ide rio presente no Relat rio Delors e em outros documentos publicados pelo Banco Mundial e pela UNESCO Nessa concep o de ci ncia a natureza compreendida como um recurso natural indispens vel sobreviv ncia humana e imprescind vel ao desenvolvimento econ mico por fornecer lhe mat rias primas b sicas como a gua o solo as plantas entre outros Assim sendo a sociedade precisa preservar e utilizar com parcim nia os recursos naturais caracterizando um desenvolvimento sustent vel Vejamos o trecho escolhido dos PCNs de Ci ncias citado pela cole o Mostrar Ci ncia como um conhecimento que colabora para a compree
85. acentes a eles assim podem ser assimilados pelo aluno sem necessariamente manter sua qualidade potencialmente promotora do desenvolvimento ps quico SFORNI 2004 p 49 Nesse sentido compreender o papel dos conceitos cient ficos no desenvolvimento dos estudantes importante para se pensar em formas de ensino que garantam esse potencial formativo presente nele 2 3 Conceitos cient ficos e sua apropria o Para Lenin 1947 apud Smirnov et al 1969 p 241 242 Os conceitos s o o produto superior do c rebro que por sua vez produto superior da mat ria O conceito produto do reflexo no c rebro das qualidades gerais e essenciais dos objetos e fen menos da realidade Gorski e Tavants 1960 p 38 definem conceito como ideias particulares que t m origem num ju zo n o isolado mas sim em encadeamento l gico que s 11 podem separar se dele mediante um ato discursivo Eles explicam que o conceito al m disso um pensamento acerca das propriedades do objeto Idem ibidem p 41 Apenas observam que nem todo pensamento a respeito de um objeto um conceito pode ser apenas uma representa o Aclaram que a diferen a entre a representa o e o conceito o fato de que a primeira refere se s caracter sticas particulares de um objeto enquanto o segundo alude s caracter sticas gerais do objeto Por exemplo a primeira pode referir se s ideas particul
86. ada como conhecimento e habilidade desenvolvida para resolver problemas mas ela pr pria tamb m conhecimento e habilidade da qual a humanidade necessita se apropriar para por meio dela ter acesso a outros conhecimentos e habilidades que foram acumulados na hist ria da humanidade Raz o pela qual o dom nio limitado da linguagem escrita e da l ngua materna pelos estudantes brasileiros como revelam os dados da avalia o externa Programa Internacional de Avalia o de Estudantes PISA motivo de preocupa o quando se tem como norte uma educa o promotora do desenvolvimento humano Apoiando se em Dav dov Hedegaard 1996 tamb m diferencia dois tipos de conhecimento para se viver na sociedade o emp rico e o te rico e igualmente afirma que eles est o assentados em procedimentos epistemol gicos distintos O emp rico pode lidar com as semelhan as e diferen as no fen meno emergir de observa es e compara es pode ser ordenado por suas caracter sticas formais O Programa Internacional de Avalia o de Estudantes PISA segundo informa es do INEP uma iniciativa internacional de avalia o comparada aplicada a estudantes na faixa dos 15 anos idade em que se pressup e o t rmino da escolaridade b sica obrigat ria na maioria dos pa ses As avalia es do Pisa acontecem a cada tr s anos e abrangem tr s reas do conhecimento Leitura Matem tica e Ci ncias havendo a cada edi o do programa m
87. ade realiza o estudo dos documentos Instruc oens para os professores de Grammatica Latina Grega Hebraica e de Rhetorica ordenadas e mandadas publicar por El Rey Nosso Senhor ANDRADE 1978 p 165 168 de 1759 e a Mem ria dos livros aconselh veis e permitidos para o Novo M todo idem p 185 186 que demonstram que os professores deveriam obter o plano de estudos primordialmente assentado em obras cl ssicas A Reforma Pombalina no contexto da Contra Reforma possibilitou o livre tr nsito das obras cl ssicas da filosofia e da literatura nas escolas Constavam ainda do plano de estudos conte dos das ci ncias modernas em especial os de f sica de qu mica e de hist ria natural O fato de incluir as ci ncias demonstra de acordo com Alves 2006 que o Semin rio se apropria do ide rio pombalino incluindo ferramentas cient ficas para a burguesia caracterizando a valoriza o do Humanismo Quanto aos livros did ticos constitu dos de obras cl ssicas ou antologias afirma Alves 2006 que esses materiais eram utilizados somente como recursos auxiliares pelo Semin rio de Olinda no in cio do s culo XIX Plano de rea o da Igreja Cat lica contra os avan os do protestantismo MANACORDA 2001 FERNANDES LIMANSKI 2007 O humanismo foi um movimento intelectual iniciado na It lia no s culo XIV com o Renascimento e difundido pela Europa rompendo com a forte influ ncia da Igreja e do pensamento religio
88. afirma Vigotski 2004a Compreendemos nesse sentido a raz o pela qual a institui o escolar torna se indispens vel para o desenvolvimento dos sujeitos Nela as crian as ingressam e devem permanecer para se apropriarem dos conceitos sistematizados Contudo somente o ingresso e a perman ncia no espa o A grafia do nome de Vigotski encontrada sob v rias formas Vigotsky Vygotsky Vigotski No presente estudo usaremos a grafia VIGOTSKI mas nas cita es diretas e refer ncias manteremos a original das obras usadas A grafia do nome de Dav dov encontrada sob as formas Dav dov e Dav dov No presente estudo usaremos a grafia DAVIDOV mas nas cita es e refer ncias manteremos a original das obras usadas 16 escolar n o garantem a apropria o e a internaliza o dos meios necess rios para compreenderem o mundo e transform lo pois segundo Martins 2013 p 53 grifos da autora o psiquismo humano se institui como imagem subjetiva da realidade objetiva constru da hist rico socialmente A autora afirma ainda baseada no materialismo dial tico que a apropria o cultural assume centralidade no estudo da forma o dos atributos humanos e da compreens o de como se engendra a forma o dessa imagem porque ela retroage na exist ncia concreta do sujeito orientando sua rela o consigo pr prio e com o mundo MARTINS 2013 p 53 Por isso podemos afirmar que a escolariza o exerce influ nci
89. aior nfase em cada uma dessas reas BRASIL 2011 46 No momento nos interessa de modo mais espec fico tratar das caracter sticas do conhecimento te rico j que ele o principal objeto do ensino escolar nesse sentido trazemos sua afirma o na ntegra o conhecimento te rico lida com um sistema integrado de fen menos e n o com o fen meno individual isolado Emerge pelo desenvolvimento de m todos para solu o das contradi es surgidas societariamente no mbito de uma situa o problema desenvolvendo um entendimento das origens das rela es e das din micas do fen meno este conhecimento comunicado por meio de modelos Atrav s do procedimento epistemol gico te rico o J4 objeto observado enquanto se transforma Essas rela es se revelam na recria o do objeto em sua rela o com outros objetos o conhecimento te rico n o pode ser adquirido somente na sua forma verbal ou liter ria muito embora ele de fato surja inicialmente no n vel cient fico em formas verbais e liter rias HEDEGAARD 1996 p 345 Hedegaard 1996 afirma que as crian as em idade escolar adquirem o conhecimento por meio de procedimento epistemol gico emp rico nas suas atividades cotidianas e a escola deve ser o espa o para a aquisi o do procedimento metodol gico te rico Como afirmamos anteriormente h consenso sobre o valor da educa o escolar nos v rios discursos apresentados pela m dia
90. ais da capacidade de o aluno permanecer em constante processo de aprendizado e da sua compet ncia de encontrar solu es para problemas de diferentes naturezas conseguindo transpor esse aprendizado para situa es sociais e do trabalho Ao mesmo tempo h claras orienta es para que a escola se empenhe em garantir uma Educa o que tenha como objetivo desenvolver nos alunos o esp rito de solidariedade o saber viver juntos o respeito e a toler ncia aos diferentes e sobretudo possibilite uma forma o voltada para a cidadania GALUCH SFORNI 2011 p 56 Segundo as autoras embora pare a contradit rio formar capacidades tais como ser competitivo e solid rio ao mesmo tempo para a fase de manuten o e desenvolvimento do capitalismo contempor neo s o consideradas aptid es essenciais pois visam incluir o sujeito num mercado de trabalho inst vel e competitivo e simultaneamente instrumentaliz lo a lidar com conflitos e torn lo tolerante diante das diversidades de um mundo globalizado A globaliza o da economia traz em si a controv rsia pois necessita ampliar mercados em pa ses com culturas e desenvolvimento econ mico diferentes portanto entender e absorver novos elementos que suscitem nos sujeitos interesse em consumir novos produtos e simultaneamente passa a ser considerado necess rio ter capacidade para gerir conflitos advindos das diferen as culturais e econ micas Nesse contexto conforme Galuch e Sforni a es
91. al e espiritual que os encarnam mas s o a apenas postas Para se apropriar desses resultados para fazer deles as suas aptid es os rg os da sua individualidade a crian a o ser humano deve entrar em rela o com os fen menos do mundo circundante atrav s doutros homens isto num processo de comunica o com eles Assim a crian a aprende a atividade 30 adequada Pela sua fun o este processo portanto um processo de educa o LEONTIEV 1978a p 272 grifo do autor Ele esclarece ainda que nas primeiras etapas de desenvolvimento da sociedade humana a educa o da crian a ocorria apenas por meio da imita o dos atos realizados pelos adultos do meio em que ela estava inserida por m com a diversifica o e especializa o dos conhecimentos cria se a necessidade da educa o escolar do ensino formal para que ocorra a transmiss o dos resultados do desenvolvimento s cio hist rico Manacorda 2007 argumenta que quanto mais a sociedade se distancia de suas origens naturais ao tornar se cada vez mais hist rica e tecnol gica mais necessita da institui o escolar como o lugar de transmiss o da cultura historicamente acumulada uma coisa certa quanto mais a sociedade se distancia de suas origens naturais e se torna hist rica tanto mais se torna imprescind vel nela o momento educativo quanto mais a sociedade J4 se torna din mica e assim ao m ximo grau uma socie
92. amente os animais na categoria ap s exaustiva explica o do experimentador mas o conhecimento era ainda inst vel ao utilizar o conceito em uma opera o intelectual as crian as voltavam a insistir no aspecto fenot pico As crian as de nove a dez anos classificavam tamb m pela forma externa mas quando eram solicitadas a justificarem a atribui o tentavam atribuir as caracter sticas essenciais aprendidas ao animal cr tico guiavam se ainda pelos tra os exteriores Mam feros cujos dedos dos membros anteriores s o unidos entre si por uma membrana maneira de asa que lhes permite voar Defini o do Dicion rio da L ngua Portuguesa Michaelis 1998 118 Natadze 1991 relata que com a corre o adequada dos erros acompanhada de explica es as crian as conseguiram prestar aten o aos aspectos essenciais do conceito e prescindiram dos aspectos externos do animal para classific lo observa ainda que a faixa et ria de dez onze anos apresenta uma mudan a na assimila o dos conceitos e acredita ser devido s no es aprendidas na escola Essa experi ncia demonstra como somente o aspecto externo n o suficiente para apreens o dos aspectos essenciais e principalmente aclara o papel da aquisi o dos conceitos como possibilidade de amplia o da capacidade de classificar pelos aspectos essenciais prescindindo dos aspetos externos visuais Considerando que o pensamento emp rico insuficiente para o
93. an as e diferen as e a habilidade de classificar formando diferentes agrupamentos Para os professores orienta se que eles devem ensinar os alunos a trabalhar com a classifica o e o agrupamento de acordo com o formato a utilidade a cor ou outras caracter sticas levantadas pelos alunos Podemos ainda observar na atividade a seguir Figura 3 que para os estudantes exercitarem as capacidades de observa o e classifica o o livro did tico sugere a observa o de mais fotos de diferentes tipos de vegetais e a montagem de uma tabela na qual se expressem as diferen as e semelhan as 98 TE Em dupla errrorE Siri DONOAAAAAOONANNOAADEONOAAUANNOOUUOUOAAUANAAAAARODDINOODOODANOUOONOA DAENNA AMDANI 1 Observe as fotos a seguir e monte no caderno uma tabela com duas colunas como a sugerida a seguir Na primeira coluna escreva o que os vegetais representados na foto t m de semelhante na segunda o que eles t m de diferente P 4 44 x f z 3 Arauc ria Roseira Samambaia Orquidea branca nos se expressem mesmo que ndo utilizem os termos corretos me lhan as e diferen as descritas por elos Semelhan as Diferen as AS SAE SA A A AA CAPAS ASAS SA A AA oprio alimento respiram amanho presen a de flor a arauc ria e a samambaia parte des clorofila 4 vt apresentar n o apresentam flor formato das folhas formato dos idadas na Unidade 5 do volume do aules folhas caule ra
94. ao desenvolvimento humano expressos nos quatro pilares educacionais Essa educa o permeada por valores pode unir v rios dos Temas Transversais e temas espec ficos de Ci ncias O tema gua por exemplo tradicional conte do das Ci ncias Naturais permeado pelos temas tica meio ambiente pluralidade cultural sa de consumo respons vel abrangendo conte dos conceituais procedimentais e atitudinais ao longo dos anos do ensino fundamental Ao finalizarmos esse cap tulo cabe retomar a afirma o realizada no in cio e que balizou o presente estudo as pol ticas educacionais devem ser compreendidas pelos educadores no conjunto mais amplo das transforma es econ micas pol ticas e culturais que caracterizam o mundo contempor neo Do mesmo modo as a es educativas percebidas como fen menos para al m dos limites da atividade escolar precisam ser entendidas considerando o contexto social econ mico e pol tico em que foram produzidas ou seja como fen menos historicamente constru dos segundo as necessidades materiais surgidas socialmente Se olharmos t o somente para cada objeto separadamente Relat rio Delors PCNS livro did tico organiza o did tico pedag gica podemos adotar determinados princ pios ou orienta es did ticas sem compreendermos a servi o de que forma o estamos direcionando nossos esfor os como educadores 91 Assim como podemos anunciar nas propostas curriculares e Projeto Pol tico
95. ar uma instala o laboratorial come o a estender fios a parafusar a serrar soldar etc ao montar esta instala o efectuou opera es que se bem que pr ticas n o entram menos no conte do da minha atividade te rica e que fora dela estariam desligados de sentido E psicologicamente essencial que uma e a outra formas de atividade sejam mediatizadas pelo reflexo ps quico da realidade que sejam a t tulo igual processos dotados de sentido e formadores de sentido LEONTIEV 1978a p 119 O exemplo de Leontiev 1978a refor a a compreens o de que os procedimentos utilizados n o s o algo separado do te rico mas s o pr ticas relacionadas com a atividade te rica Desenvolver atividades pr ticas atividades experimentais fora de uma atividade te rica fazem com que elas sejam destitu das de sentido e se transformem numa pr tica pela pr tica ou ainda que representem uma aula com movimento com ludicidade mas s o experimentos que n o contribuem para a forma o do conceito te rico desejado 119 4 4 O percurso do ensino de conceitos ao longo da escolariza o Vigotski 2004a esclarece que o pr prio desenvolvimento dos conceitos cient ficos s se torna poss vel para a crian a quando os conceitos espont neos j atingiram um determinado n vel Na escola os conceitos cient ficos se desenvolver o apoiados nos conceitos espont neos Assim fundamentado em suas pesquisas ele afirma Nos termos
96. ares que entran en el juicio no aisladamente sino en concatenaci n l gica que s lo pueden separarse de l mediante un acto discursivo GORSKI TAVANTS 1960 p 38 12 es un pensamiento acerca de las propiedades del objeto GORSKI TAVANTS 1960 p 41 37 caracter sticas de uma determinada ave enquanto o segundo menciona as caracter sticas gerais ou essenciais para que um animal seja considerado uma ave Gorski e Tavants 1960 p 39 esclarecem que na ci ncia o conceito desempenha outra fun o de suma import ncia se apresenta como ideia que expressa o resultado a soma do conhecimento cient fico e da investiga o em uma dada etapa do saber por exemplo tomos e mol culas na F sica esp cie e variedade na Biologia Eles s o resultados de estudos s nteses de conhecimentos obtidos Sforni 2004 define conceitos cient ficos como representa es da realidade sistemas simb licos que medeiam a a o dos seres humanos com os objetos e fen menos Martins 2013 fundamentada em Marx e lIli nkov afirma que a imagem fenom nica n o a proje o linear do objeto na consci ncia mas que o pensamento pressup e a busca dos nexos internos dos fen menos da realidade portanto pensamento uma express o te rica do real uma convers o do real em conceito Vigotski 2004b menciona os signos convencionais como instrumentos psicol gicos que o homem utiliza como dispositivos artificiais que
97. articuladas aos objetivos de desenvolvimento econ mico Essas ag ncias internacionais tamb m conhecidas como organismos internacionais ou organismos multilaterais elencam determinados fatores para a melhoria da educa o dos pa ses em desenvolvimento dentre os quais de acordo com Torres 2000 est a distribui o de livros did ticos como express o operativa do curr culo Assim no livro did tico est objetivado o curr culo conte dos e objetivos de forma o e uma proposta de se efetivar a correspondente forma o no cotidiano da sala de aula Desse modo definimos como objeto de estudo a organiza o did tico pedag gica delimitada aos anos Iniciais do Ensino Fundamental Como material de an lise escolhemos o livro did tico de Ci ncias da cole o Porta Aberta que traz expresso o conhecimento conceitual Este tipo de conhecimento na perspectiva da Teoria Hist rico Cultural o que possibilita o desenvolvimento das fun es ps quicas superiores Assim sendo nossa inten o inicial foi aos poucos assumindo um car ter mais pontual e definimos como objetivo geral da pesquisa analisar se o ensino como est organizado no livro did tico favor vel aprendizagem e capaz de levar ao desenvolvimento do pensamento conceitual te rico dos estudantes Para tanto estruturamos esse trabalho da seguinte forma Na se o 2 apresentamos as contribui es da Teoria Hist rico cultural para a compreens o de como se
98. as de adapta o e sobreviv ncia limites da adapta o funcional evolu o de novas esp cies entre outros As atividades de ensino envolveram a formula o de metas de m todo an lises de textos quadros filmes visita a museus formula o do que sabemos formula o do que n o sabemos levantamento de hip teses entre outros Dessa forma as crian as puderam ao mesmo tempo se apropriar de conhecimentos e de procedimentos para a aquisi o dos conhecimentos que poder o ser generalizados para outras situa es Hedegaard 1996 tamb m chegou a uma importante conclus o sobre o uso de materiais concretos verificando os di logos das crian as o uso dos 138 modelos e as solu es encontradas para as tarefas e os resultados escritos durante o experimento observou que nas aulas sobre hereditariedade quando as crian as foram orientadas a utilizarem a si mesmas e as suas fam lias como exemplos tiveram problemas de compreens o contradizendo a concep o de que os pensamentos das crian as precisam ser concretizados e autocentrados As crian as foram constantemente compelidas a agir durante a aquisi o do conhecimento mas esse agir foi distinto de uma atividade ou experimento com finalidade l dica pois elas agiam de modo a encontrar a solu o para as quest es propostas e as respostas n o lhes foram dadas prontas como uma s ntese final expressa em palavras conceito a qual s deviam memorizar O percurso par
99. ato de as orienta es serem um passo a passo por meio de ilustra es semelhante ao das receitas encontradas no verso de produtos aliment cios Os passos sugeridos podem ser seguidos por qualquer leigo n o sendo necess rio qualquer conhecimento sobre o conte do ou sobre o significado pedag gico da realiza o de experimentos em sala de aula Atividades como essa partem do princ pio de que o professor n o tem capacidade de planejar e executar coerentemente um experimento Proposta que nem mesmo pode ser comparada a uma partitura no sentido exposto por Comenius 2010 ao se referir s aulas j planejadas que deveriam compor o manual do professor porque uma execu o de uma partitura exige a compreens o de uma determinada linguagem que ser de alguma forma interpretada pelo m sico Uma atividade de ensino assim estruturada demonstra a grande dist ncia entre o que se efetiva em sala de aula e as caracter sticas necess rias a um ensino promotor do desenvolvimento do pensamento te rico Hedegaard 1996 indica como deve ser um ensino que promove a apropria o dos conceitos te ricos O ensino que promove a aprendizagem de conceitos te ricos pelas crian as deve ocorrer fundado em um profundo conhecimento do professor a respeito dos conceitos centrais da mat ria em estudo O conhecimento de leis gerais pode guiar o planejamento dos passos 118 atrav s dos quais a instru o deve prosseguir O professor deve guiar a apren
100. ca amenizar as opress es e os conflitos quer globais quer internos a uma sociedade enfim atingir a coes o social e a paz internacional entre sociedades diversificadas CARVALHO 2010 p 18 84 Carvalho 2010 elucida que a valoriza o da diversidade cultural insere se na nova l gica produtiva de modo a buscar produtos diferenciados ampliando a oferta mercadol gica e sobretudo a explora o de novos nichos de mercado Em outras palavras a diversidade subsidia a reorganiza o e expans o do mercado Retomando a discuss o realizada no in cio do cap tulo buscamos demonstrar que no modelo toyotista de acumula o flex vel que representa o momento atual do capitalismo e as mudan as ocorridas devido Terceira Revolu o Industrial exige se hoje um trabalhador que possua compet ncias psicof sicas complexas para ser eficiente para o capital e n o para question lo Essa demanda de forma o assumida como norteadora das pol ticas educacionais o que nos revela Delors ao criticar a aquisi o do conhecimento abstrato como preocupa o central dos sistemas educativos sugerindo a substitui o dele pelo desenvolvimento de compet ncias e habilidades tais como o trabalho em equipe a comunica o o desenvolvimento da imagina o de habilidades manuais e da dimens o espiritual Sua concep o de ser humano vincula se a ser produtivo e consumidor Os argumentos criados para demonstrar as necessidades
101. cias para o est gio em que ele denomina como a viragem isto o per odo em que o desenvolvimento do homem liberta se da lenta evolu o biol gica transmitida por hereditariedade e passa a ser regido pelas leis s cio hist ricas A atividade humana passa a ser considerada como preponderante no desenvolvimento ps quico primeiramente da esp cie depois de cada indiv duo dessa mesma esp cie O conceito de atividade deriva da dial tica materialista compreendendo a atividade humana trabalho como respons vel pelo desenvolvimento do homem pela cria o do mundo humano Dav dov 1988 estudioso da Teoria da Atividade assumida por n s como um desdobramento da Teoria Hist rico cultural explica a rela o entre a atividade laboral e a atividade espiritual humana A forma inicial e universal desta rela o s o as transforma es e mudan as instrumentais dirigidas a uma finalidade realizadas pelo sujeito social sobre a realidade sensorial e corporal ou seja a pr tica humana material produtiva Ela constitui a atividade laboral criativa realizada pelos seres humanos que atrav s da hist ria da sociedade tem propiciado a base sobre a qual surgem e se desenvolvem as diferentes formas da atividade espiritual humana cognitiva art stica religiosa etc DAV DOV 1988 p 11 O ser humano ao relacionar se com a natureza produz as ferramentas materiais para as suas atividades produtivas e ao mesmo tempo produz o
102. cola conclamada a oferecer um novo modelo de educa o s crian as e jovens Al m de responder pela forma o de compet ncias para adapta o do sujeito ao mercado de trabalho a Educa o chamada para responder aos problemas gerados por esse mesmo desenvolvimento ou seja preciso lidar com a outra face da moeda na qual est o impressas as marcas da exclus o gerada pela manuten o das rela es sociais de produ o GALUCH SFORNI 2011 p 58 As capacidades requeridas do trabalhador em um mercado de trabalho planetarizado s o de outra ordem e n o h como o sujeito se adaptar aos seus novos mecanismos desenvolvendo tarefas simples Kuenzer 2002 faz um estudo sobre as compet ncias exigidas do trabalhador nesse novo momento de reorganiza o do capital no modelo denominado flex vel e conclui 53 Ao inv s de habilidades psicof sicas fala se em desenvolvimento de compet ncias cognitivas complexas mas sempre com o objetivo de atender s exig ncias do processo de valoriza o do capital KUENZER 2002 p 80 As capacidades hoje exigidas s o decorrentes do atual est gio de desenvolvimento do processo produtivo denominado Terceira Revolu o Industrial Para compreendermos as peculiaridades dessa forma de produ o e a respectiva forma o que ela exige retomaremos desde a primeira revolu o industrial para que a compara o da rela o entre a forma de organiza o do trabalho e a educa
103. colares e sabemos das dificuldades da escola b sica como um todo na forma o dos conceitos abstratos ao recebermos os estudantes de Ensino Superior futuros educadores quais as possibilidades e por quais meios podemos em quatro anos 144 de forma o desenvolver neles um pensamento te rico capaz de possibilitar lhes dom nio te rico dos conceitos que dever o transmitir e a compreens o dos procedimentos que levam ao desenvolvimento das fun es ps quicas Al m disso como focar nessa forma o num mundo no qual a ideologia neoliberal e p s moderna predominam inclusive fortemente no campo educacional Dentro dessas limita es colocadas pela pr tica social h tamb m espa os para apostar em possibilidades de mudan a assim mesmo que os cursos que formam professores n o tenham as condi es objetivas para promover a forma o de professores adequada vis o aqui defendida ainda que as condi es de trabalho n o sejam as necess rias e com isso os professores no momento n o tenham condi es de serem autores da pr pria aula que pelo menos tenham crit rios para fazer sele es de conte dos e atividades dentro do que existe dispon vel que sejam mais adequadas forma o que desejam possibilitar via seu trabalho Todavia sabemos que a plena efetiva o de uma forma o de professores de uma escola e de forma o aqui assumidas como necess rias n o ocorre dentro de um sistema que n o tem como foco
104. como antes por est mulos que v m do exterior mas as influ ncias acrescenta recaem agora em um terreno diferente SECHENOV s d apud BOGOYAVLENSKY MENCHINSKAYA 2005 p 65 grifo dos autores Smirnov et al 1969 esclarecem que os processos de abstra o e generaliza o est o estreitamente interligados Eles ainda explicam que quando o 33 E proceso de la cognici n empieza con las sensaciones Las sensaciones constituyen el reflejo de las distintas propiedades de los objetos y de los fen menos del mundo material colores sonidos olores etc que act an directamente sobre nuestros rganos de los sentidos En la percepci n los objetos y fen menos se reflejan en conjunto La percepci n del objeto as como la sensaci n de sus distintas propiedades se efect a en el momento en que el objeto act a sobre los cuerpos de nuestros sentidos GORSKI TAVANTS 1960 p 11 grifo dos autores 106 ser humano generaliza objetos ou fen menos separa o que geral e omite outras qualidades que os diferenciam entre si Nesse sentido imposs vel unificar mentalmente todas as rvores se n o abstra mos as diferen as que existem entre elas SMIRNOV et al 1969 p 240 Para exemplificar como ocorrem a abstra o e a generaliza o usam como exemplo a compreens o do que seja uma montanha Quando um sujeito unifica mentalmente as montanhas segundo sua altura sobre o n vel do mar n o pensa na altura concreta ou
105. como concep o te rica dominante Articulava se naquele momento uma nova teoria educacional o tecnicismo A Pedagogia Tecnicista inspirada nos princ pios da racionalidade efici ncia e produtividade visava parcelar o trabalho pedag gico de forma semelhante ao que ocorreu no sistema fabril Acreditava se que o produto final era decorrente da forma como era organizado o processo tomando se como refer ncia linha de montagem SAVIANI 2008 Surgiram no per odo propostas de microensino tele ensino instru o programada m quinas de ensinar entre outros Concorria ainda para a efici ncia do processo a especializa o de fun es introduzindo se no ensino t cnicos das mais variadas matizes No ensino tecnicista o elemento principal passa a ser a organiza o racional dos meios mas essa organiza o n o planejada pelo professor n o ele quem 69 decide o que quando e como ensinar ele apenas executa um processo no qual o planejamento a coordena o e o controle ficam a cargo de especialistas considerados habilitados neutros e imparciais Assim quanto mais organizado fosse o processo de ensino maior efici ncia ele teria pois minimizaria as interfer ncias do professor na sua condu o Reconhecendo as defici ncias de forma o do profissional professor a instru o programada nesse contexto permitiria atingir os objetivos de ensino j que n o estaria sujeita aos limites do professor Nela o
106. constitui o psiquismo humano e de como a aprendizagem de conceitos te ricos propicia o desenvolvimento das fun es ps quicas superiores Acreditamos que nessa teoria existe uma orienta o para uma pr tica educativa que fornece subs dios para o desenvolvimento do conhecimento te rico que possibilita o desenvolvimento de fun es ps quicas superiores Concentramo 22 nos principalmente em estudos de Vigotski Leontiev Luria e Dav dov e seus colaboradores Servimo nos ainda das contribui es de autores contempor neos do Brasil e do exterior que se utilizam dos pressupostos dessa teoria em alguns casos os aplicam em experimentos formativos com intuito de investigar o processo de forma o do pensamento te rico Em especial buscamos nesse referencial te rico contribui es acerca da forma o dos processos de abstra o e generaliza o fundamentais na aprendizagem de conceitos A se o 3 dedicada an lise das principais fases do desenvolvimento do capitalismo para compreender como as mudan as ocorridas na base material influenciaram e influenciam as transforma es sociais pol ticas econ micas e educacionais Visamos esclarecer como em cada momento hist rico a organiza o do processo produtivo determina a sele o de conte dos considerados relevantes para a forma o humana bem como as decis es did tico pedag gicas referentes aos aspectos metodol gicos de transmiss o do conhecimento Esses aspect
107. da a cognitiva e deixa seu vest gio impresso na forma o dos conhecimentos cient ficos A cosmovis o cient fica de capital import ncia na conforma o das teorias sociais e sociopol ticas ANDR IEV 1984 p 361 Dav dov exp e que o modo de produ o atual carregado de ci ncia e tecnologia expressa os ltimos avan os da ci ncia Esse progresso exige qualifica o das pessoas no que se refere ao dom nio de conhecimentos cient ficos gerando uma nova demanda para a escola b sica Mas os conte dos e m todos estabelecidos antes dessa ltima revolu o cient fica e tecnol gica n o satisfazem mais as necessidades de aprendizagem Logo se apresenta para a educa o a problem tica da estrutura l gica do pensamento cient fico atual e dos m todos para sua descri o e estudo DAVYDOV 1982 p 5 Las verdaderas teor as cient ficas y principios filos ficos influyen de manera activa en la formaci n de la visi n del mundo y por el contrario las teor as y concepciones filos ficas acient ficas o anticient ficas forman una cosmovisi n opuesta a la cient fica Por otro lado la visi n del mundo ejerce un efecto activo en todos los dominios de la actividad del hombre comprendida la cognoscitiva y imprime su impronta en la formaci n de los conocimientos cient ficos La cosmovisi n del cient fico es de capital importancia en la conformaci n de las teor as sociales y socio pol tica ANDR IEV 198
108. dad 124 Figura 8 O ciclo da AQUA co menafa apare apra Ana dai carga 125 ANPEd FMI INEP OCDE ONU PCNs PISA PNLD PNUD THC UNESCO UNICEF LISTA DE ABREVIATURAS Associa o Nacional de P s Gradua o e Pesquisa em Educa o Fundo Monet rio Internacional Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An sio Teixeira Organiza o para a Coopera o e Desenvolvimento Econ mico Organiza o das Na es Unidas Par metro Curriculares Nacionais Programa Internacional de Avalia o de Estudantes Programa Nacional do Livro Did tico Programa das Na es Unidas para o Desenvolvimento Teoria Hist rico Cultural Organiza o das Na es Unidas para a Educa o a Ci ncia e a Cultura Funda o das Na es Unidas para a Inf ncia SUM RIO TINTROD CA Oranan ina AHA ANNA Eds as areas 15 2 ENSINO APRENDIZAGEM CONCEITUAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO 23 2 1 O desenvolvimento do psiquismo e os instrumentos simb licos 23 2 2 A Educa o Escolar como promotora de desenvolvimento cc 29 2 3 Conceitos cient ficos e sua apropria o ira 36 2 3 1 O pensamento dos professores brasileiros sobre o concreto nos processos de ensino e aprendizage Mi eea sanada aos ensaia ADS ASS lada VE E EAEN EEE 39 2 4 Pensamento emp rico e pensamento te rico e a educa o escolar 41 3 O SISTEMA PRODUTIVO E SUAS INFLU NCIAS NA ORGANI
109. dade tecnol gica que rapidamente muda os processos produtivos e aumenta os pr prios conte dos cient ficos tanto mais se torna necess ria uma estrutura educativa que gradativamente adapte a este processo n o apenas as novas gera es mas tamb m as gera es futuras MANACORDA 2007 p 25 Logo as afirma es de Manacorda 2007 que as mudan as nos processos produtivos de uma sociedade tecnol gica aumentam os pr prios conte dos cient ficos e essas mudan as passam a exigir transforma es na estrutura educativa das novas gera es em conjunto com as afirma es de Leontiev 1978a que as crian as n o desenvolvem aptid es somente pelo contato com os fen menos e objetos da cultura material e espiritual nos levam a refletir que as crian as precisam da educa o escolar para compreender esses fen menos e objetos Manacorda 2007 ao realizar um estudo aprofundado dos textos marxianos para deles extrair o pensamento sobre a educa o e a escola afirma O homem n o nasce homem isto o sabem hoje tanto a fisiologia quanto a psicologia Grande parte do que transforma o homem em homem forma se durante a sua vida MANACORDA 2007 p 22 O autor desenvolve sua argumenta o analisando que talvez o homem nas a homem mas apenas como possibilidade e que para desenvolver se requer aprendizagens em um contexto social 31 Afirma o an loga faz Leontiev sobre a apropria o dos caracteres humanos
110. de objetos ou fen menos buscar se a compara o entre essas imagens e definir os tra os comuns existentes entre elas Os tra os comuns comp em o conte do do conceito que posteriormente recebe a defini o verbal Podemos traduzir esse percurso com outra linguagem Trata se de um ensino centrado no processo percep o representa o conceito No primeiro momento percep o os alunos s o levados a observar a diversidade sensorial concreta de objetos e fen menos e a explicar de forma oral os resultados da observa o posteriormente na representa o o aluno passa a fazer uso da palavra por meio da designa o discursiva realizando a generaliza o e a abstra o Diante da palavra o aluno forma uma imagem palp vel e esquem tica do objeto Quando descreve suas representa es destaca apenas os tra os substanciais abstraindo os de v rios outros irrelevantes Nesse momento ainda conserva a forma sensorialmente percebida do objeto mas j eliminados certos tra os secund rios at aqui a s ntese e a abstra o s o efetuadas sem suficiente nitidez podendo entrela ar tra os dos objetos que s o indispens veis queles espec ficos do objeto Mediante a palavra os tra os gerais desprendem se de qualquer forma particular de sua exist ncia tornando se abstratos SFORNI 2004 p 54 Segundo Dav dov 1988 a atividade empreendida pela crian a de compara o separa o de algumas propriedades
111. de ci ncias que foi desenvolvida por Hedegaard 1996 fundamentada na Teoria Hist rico Cultural Considerando a compreens o de Leontiev de que a atividade pr tica exterior e a atividade te rica interior devem estar interligadas realizou um experimento did tico que visou coletar dados para formular uma teoria de ensino O experimento foi realizado em uma escola dinamarquesa durante 3 anos de acompanhamento da mesma turma da terceira a quinta s rie Ela escolheu como problema de estudo a evolu o das esp cies a origem do homem e a mudan a hist rica das sociedades relacionando as disciplinas de Biologia Hist ria e Geografia O experimento did tico se caracterizou pelos seguintes procedimentos 136 1 Desenvolvimento de um plano geral para todo o ano escolar Planejamento detalhado e cont nuo de cada aula Este continha OS Objetivos da instru o O conceito de instru o materiais de ensino usados planos para as atividades do professor planos para as atividades dos alunos HEDEGAARD 1996 p 352 N DOO TO Ela prop s s crian as que agissem exploratoriamente como cientistas para isso criou um problema cuja fonte foi a an lise por parte dela do movimento l gico e hist rico KOPNIN 1978 do conceito de evolu o das esp cies Hedegaard busca na hist ria da ci ncia a necessidade e o motivo de estudo do tema de modo a criar nos alunos uma situa o semelhante vivida pelos ci
112. defesa pela leitura do trabalho e orienta es Aos amigos e familiares que incentivaram e que de alguma forma acabaram participando direta ou indiretamente da caminhada de produ o cient fica Dentre eles destaco meu filho FERNANDO RTHUR DE MEDEIROS MACHADO meu companheiro GERSON COLUCCI JR minha fiel amiga MARIA JOS PEREIRA pois com eles pude contar em todas as horas Aos amigos do Grupo de Estudos Ensino Aprendizagem e Conte do Escolar por compartilharem as d vidas e os estudos Universidade Estadual do Paran Unespar C mpus de Campo Mour o pelo apoio concedido no per odo de estudos e aos companheiros as de trabalho que direta ou indiretamente contribuiram para o xito da minha titula o se o caminho do desenvolvimento dos conceitos cient ficos repetisse no essencial o caminho do desenvolvimento dos espont neos que trariam de novo a aquisi o e o sistema de conceitos cient ficos ao desenvolvimento intelectual da crian a VIGOTSKI MEDEIROS Dalva Helena de APRENDIZAGEM CONCEITUAL E DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO TE RICO IM POSSIBILIDADES DA ORGANIZA O DO ENSINO 154 f Tese Doutorado em Educa o Universidade Estadual de Maring Orientadora Prof Dra Marta Sueli de Faria Sforni Maring 2014 RESUMO O pressuposto da Teoria Hist rico Cultural de que a aprendizagem de conceitos adequadamente organizada tem forte impacto sobre o desenvolvimento do psi
113. desenvolvimento Para isso consultamos o Guia do Livro Did tico 2010 elaborado pelo PNLD para verificar qual cole o recebeu melhor avalia o no quesito conhecimentos conte dos e constatamos ser a cole o Porta Aberta de Ci ncias da Editora FTD Essa Cole o conforme indica a Figura 1 consta no Guia de Livros Did ticos PNLD 2010 e tem a melhor avalia o de acordo com os sete crit rios definidos em edital pr prio pelo PNLD A intensidade da cor roxa mostra o n vel de qualifica o da cole o A Cole o Porta Aberta identificada com o c digo 15886COLO4 a antepen ltima na figura 1 20 o E E E Cole Proposta Conhecimentos Pesquisa Cidadania Ilustra es Uso de Manual do ga Pedag gica Conte dos Experimenta o Etica Figuras Recursos Professor 83 mom O N veis de qualifica o H Figura 1 Cole o Porta Aberta Fonte Guia de livros did ticos PNLD 2010 2009 p 17 Podemos observar que al m da Cole o Porta Aberta somente a pen ltima 15907COLO4 possui quatro qualifica es m ximas nos quesitos avaliados Ainda chama aten o o fato de que a intensidade m xima em termos do Crit rio Conhecimentos Conte dos foi atribu da somente a essa cole o As investiga es preliminares sobre os crit rios definidos para a avalia o e sele o das cole es did ticas para compor o Guia dos Livros Did ticos nos permitiram identificar que esses crit rios s
114. desenvolvimento do pensamento divergente e cr tico a forma o n o pode se limitar a compet ncias restritas ou aos desempenhos previstos nos antigos objetivos comportamentais LOPES 2002 394 O trabalho no modelo r gido restringia se a atividade repetitiva pelo trabalhador que desenvolvia somente a parte da tarefa que lhe dizia respeito numa 74 linha de montagem por exemplo Dessa forma n o havia muitas exig ncias intelectuais porque n o cabia a ele a resolu o de problemas que exigissem algum grau de complexidade conhecimento de linguagens e conhecimentos cient ficos Contudo para resolver quest es relativas a uma transa o comercial financeira com outros pa ses preciso dominar as linguagens descritas acima e os conhecimentos advindos de outras reas como Matem tica B sica Matem tica Financeira Gest o Comercializa o Hist ria Geografia Artes Infere se da quest o acima que essa exig ncia de forma o necess ria apenas ao alto escal o de uma grande empresa No entanto n o isso que se verifica Mesmo os micro ou pequenos empres rios precisam unir se trabalhar em sistemas de cooperativas de associativismos de v rias naturezas para que o seu produto seja ele do setor prim rio secund rio ou terci rio de produ o atinja toda a cadeia produtiva e seja conhecido e aceito no mercado competitivo Nesse sentido at o vendedor de lojas de varejo precisa ter a capacidade de aprender rapidame
115. dizagem a partir do envolvimento dos estudantes com as leis gerais t o claramente quanto poss vel Evidentemente atividades pr ticas s o uma parte importante do ensino entretanto tais atividades devem como j foi mencionado deixar transparecer tanto quanto poss vel as leis gerais HEDEGAARD 1996 p 357 359 Essa exposi o de Hedegaard 1996 traz v rios elementos importantes para an lise Queremos destacar o papel do professor como aquele que organiza o ensino promotor da aprendizagem e que para tal deve dominar os conceitos centrais da mat ria Al m disso a import ncia da atividade pr tica na aprendizagem mas n o como algo para ensinar conceitos procedimentais ou mesmo para realizar uma atividade diferente em sala de aula mas como meio de envolver ativamente os estudantes em problematiza es em que os conceitos cient ficos sejam utilizados como ferramenta durante a an lise e s ntese elaboradas Leontiev 1978a explica que a atividade pr tica exterior e a atividade te rica interior devem estar interligadas Ele explica essa rela o tomando como exemplo o trabalho de um pesquisador ao efetuar um trabalho cient fico Quando efetuo um trabalho cient fico a minha atividade evidentemente mental te rica Todavia no decurso do meu trabalho apresenta se me uma s rie de fins cuja realiza o necessita de a es exteriores pr ticas Suponhamos que tenho que montar montar e n o imaginar ou projet
116. do que seria uma forma de desrespeito pela diversidade cultural existente no planeta Critica os sistemas educativos que privilegiam o conhecimento abstrato em detrimento da imagina o Aponta como fun o da escola desenvolver aptid o para se comunicar o gosto pelo trabalho em equipe o sentido do belo a dimens o espiritual e a habilidade manual O 80 documento aponta tamb m outros focos de forma o al m das cl ssicas ligadas ao ensino da abstra o e dos conceitos Entre as diferentes vias oferecidas aos jovens devem constar as cl ssicas mais voltadas para a abstra o e conceitualiza o mas tamb m outras que enriquecidas pelas vantagens da altern ncia entre vida escolar e vida profissional ou social permitam a revela o de outros talentos e gostos DELORS 1998 p 23 Membros da Comiss o Internacional sobre Educa o para o S c XXI contribu ram com suas ideias com base nas problem ticas vivenciadas em seus pa ses estabelecendo a cr tica ao modelo de desenvolvimento econ mico e educacional existente e ao mesmo tempo propondo outro modelo Nos textos intitulados Educa o na frica Atual de autoria de Fay Chung 1998 e Coes o Solidariedade e Exclus o de autoria Bronislaw Geremek 1998 que fazem parte do relat rio a educa o exposta como fator de desenvolvimento econ mico de coes o social e inclus o de minorias No primeiro texto de Chung h o exemplo de como o Jap o expandiu a oferta
117. dos desenhos de animais t picos Posteriormente o pesquisador utilizou algumas caracter sticas essenciais de cada animal para que as crian as tivessem par metros para compara o mam fero viv paro amamenta as crias respira por meio de pulm es peixe n o parem suas crias n o amamentam respiram gua por meio das br nquias ave possui o corpo coberto por penas algumas voam e outras n o inseto s o animais de seis patas Depois da classifica o organizou se a oportunidade para compara o dos conceitos por contraste entre mam fero e peixe mam fero e ave por exemplo Somente passava se para outra etapa depois que os alunos j tivessem um conceito est vel das caracter sticas mencionadas Todos os indiv duos at mesmo os mais jovens conseguiram atingir o que o investigador havia proposto Na segunda etapa foram apresentados desenhos de mam feros peixes aves e insetos solicitou se que identificassem os animais e os separassem em grupos e cada aluno tinha que justificar porque havia realizado a classifica o de modo que fosse instigado a indicar as caracter sticas essenciais 112 Para finalizar a segunda etapa foram apresentados desenhos de animais incomuns entretanto pertencentes aos conceitos anteriormente trabalhados Na terceira fase da experi ncia considerada cr tica pelo investigador foram apresentados animais tais como delfim baleia e outros animais que o aspecto externo do corpo era constit
118. duca o entretanto os documentos internacionais excluem o termo igualdade de acesso e o substituem por equidade de acesso Esses termos n o s o sin nimos mas t m significados distintos o acesso educa o n o compreendido mais como igualit rio e sim equitativo a distintos povos distintos tipos de acesso educa o Leia se para a maioria basta o acesso a conhecimentos para a inclus o no mercado de trabalho e para poucos o acesso aos conhecimentos te ricos produzidos historicamente Elucida se n o h necessidade de que todos os seres humanos independentemente de cultura etnia classe social tenham acesso aos mesmos conhecimentos A cada ser humano educa es diferentes para postos de trabalho diferentes para consumos diferentes e com nfase ao saber vivido e ao saber fazer No interior do ide rio defendido por Delors como uma forma de respeito diversidade e cultura local na verdade engendra uma reorganiza o estrutural do capital Uma inclus o social de produtores e consumidores flex veis e felizes com o que lhes cabe equitativamente no planeta Para a inclus o dos pa ses em desenvolvimento num mundo de ci ncia e tecnologia avan adas o documento prop e que se garanta pelo menos a educa o b sica para todos Para uma eventual possibilidade de acesso a outros n veis de forma o o documento sugere o ensino das ci ncias L se no Relat rio A este prop sito conv m insistir no papel formador d
119. e GIL Angela Bernardes de Andrade e FANIZZI Sueli Porta Aberta Ci ncias 2 ano S o Paulo FTD 2008a p 60 Cole o Porta Aberta Ci ncias O experimento encontra se numa unidade que pretende iniciar o aluno na classifica o dos animais tendo como crit rio seu tipo de reprodu o Segundo o que j foi explanado de acordo com Dav dov 1982 necess rio destacar na organiza o da atividade os tra os essenciais para a aquisi o do conceito No caso do experimento a sequ ncia das a es que devem ser desenvolvidas conduzem a percep o e a aten o do aluno para tra os n o essenciais em rela o ao conceito 116 ov paro tais como cor do ovo consist ncia temperatura e requerem que o educando nomeie a clara e a gema A experi ncia oferece a oportunidade de realiza o de a es por m estas n o est o coerentes com o conte do tratado As quest es orientadoras direcionam a percep o e a aten o dos estudantes para tra os secund rios e que j fazem parte do seu cotidiano n o oferecendo a ela a amplia o de seus conhecimentos pois o ovo utilizado como um alimento comum em grande parte dos lares e provavelmente a crian a j conhe a os elementos tratados tais como gema clara cor da gema cor da clara que o ovo fr gil e quebra se facilmente N o h uma rela o direta do objeto observado que pode ser captado de modo imediato pelos rg os sensoriais e as suas fun es na
120. e per odo As influ ncias da Reforma e a introdu o do manual did tico ainda ficaram restritas a algumas regi es da Europa n o se generalizando at o s culo XVII 63 No Brasil uma vez que tivemos a coloniza o portuguesa e os primeiros educadores foram os jesu tas at a Reforma Pombalina o pa s esteve sob o dom nio do ide rio da Igreja Cat lica e n o participou como parte da Europa de dom nio protestante desse movimento de discuss es da Reforma A educa o existente era ministrada em escolas religiosas com o predom nio das orienta es do Ratio Studiorum A expuls o dos jesu tas por Marqu s de Pombal em meados do s culo XVIII de acordo com Seco e Amaral 2006 consubstancia se como uma estrat gia de desenvolvimento para Portugal e suas col nias nos mbitos econ mico administrativo e educacional que objetivava recuperar a economia e modernizar a cultura portuguesa visto que o pa s estava decadente e governado por um rei absoluto As ideias iluministas na Reforma Pombalina segundo as autoras s o for adas pela circunst ncia hist rica assim a abertura de Portugal para a Ci ncia e a Filosofia n o trazem em seu bojo o esp rito libertador e igualit rio caracter stico do lluminismo Pombal empreende ent o a reforma educacional por meio de mestres seculares com o objetivo de formar homens preparados para assumir postos de comando num Estado absolutista No Brasil a passagem do s cu
121. e a chave para o entendimento dessa rela o est na organiza o did tico pedag gica dos conte dos de ensino Sem condi es de analisar essa forma de organiza o do ensino dos conte dos em todas as escolas consideramos que o livro did tico poderia ser a express o de um modo geral do ensino que de forma mais intensa ou menos intensa se faz presente na maioria das salas de aula das escolas brasileiras No percurso da investiga o fez se necess rio aprofundar estudos acerca dos processos de aprendizagem e desenvolvimento sobre as diferen as e inter rela es entre conceitos cient ficos e cotidianos sobre a aprendizagem conceitual e tamb m sobre o pensamento emp rico e te rico Esses estudos nos levaram a compreender os diferentes processos ps quicos envolvidos na aprendizagem de 140 conceitos cotidianos e cient ficos bem como a diferen a entre as diferentes formas de se conceber a aprendizagem conceitual pela l gica formal e l gica dial tica bem como os limites da aprendizagem de conceitos cient ficos por meio do processo baseado nos preceitos da l gica formal Esse processo segue o percurso percep o representa o conceito Ou seja parte de dados emp ricos da realidade captados pelos sentidos identifica por meio da exposi o verbal os tra os comuns do fen meno ou objeto e formaliza a s ntese via express o verbal que assume a forma de uma defini o abstrata Esse percurso criticado por Dav dov
122. e eles propiciaram a compreens o de que a gua um recurso escasso e de quantidade limitada que exige todo um processo de tratamento at que chegue s casas para consumo Assim a economia de gua poderia n o ser apenas uma regra a ser seguida por influ ncia ou imposi o dos adultos e sim compreendida pela valoriza o como um bem essencial vida Ao analisar a estrutura e hierarquia do conte do gua ao longo dos anos escolares observamos que se prev um processo gradativo de inclus o de novos conceitos em cada livro No entanto grande parte dos conte dos est voltada para a forma o de atitudes 4 4 1 Desenvolvimento do pensamento te rico im possibilidades da organiza o do ensino Ao analisarmos o livro did tico nos aspectos do percurso do ensino dos conceitos em uma unidade de ensino o uso de experimentos percurso do ensino de conceitos ao longo da escolariza o apontamos alguns limites desse modo de organiza o do ensino para o desenvolvimento do pensamento te rico por parte dos estudantes Pode se pensar que nos anos iniciais do ensino fundamental os alunos n o t m condi es de ter um pensamento te rico sobre a realidade e que eles t m um pensamento emp rico da a raz o de o livro did tico ser organizado dessa forma De fato isso real No entanto o pensamento te rico o que 135 poder amos esperar como o pr ximo desenvolvimento dos estudantes j que o pensamento emp rico j
123. e o vinculo com os fen menos concretos mediado pelo abstrato e que essa rela o considerada fundamental por Vigotski Assim estabelecer rela es com o cotidiano n o seria uma outra aprendizagem um outro conte do chamado atitudinal mas parte do processo de aprendizagem conceitual Quando os conceitos n o ficam restritos a defini es e memoriza es mas s o tratados nas condi es de um sistema organizado descende ao concreto ao fen meno ao passo que a tend ncia do desenvolvimento dos conceitos espont neos se verifica fora do sistema ascendendo para as generaliza es VIGOTSKI 2009 p 244 essa rela o com os fen menos e com os comportamentos e atitudes tornam se inerentes ao conceito Concluem Cascone e Sforni Quando a aprendizagem de conceitos n o completa esse movimento de descender ao concreto aparecem atividades isoladas que buscam fazer esse movimento como podemos observar nos livros analisados Entretanto elas perdem a dimens o cient fica conceitual e se aproximam de li es de 133 moral de admoesta es e de repeti o de um discurso politicamente correto que n o elaborado com base na compreens o dos fen menos portanto apesar de ser veiculado pela escola pouco se diferencia de outras campanhas de conscientiza o realizadas por institui es n o escolares CASCONE SFORNI 2009 p 10 Ainda nos reportando atividade pr tica social como necess ria
124. e pela produ o acad mica No entanto nem todas as defesas da escola partem da mesma perspectiva de forma o assumida pelos autores apresentados neste cap tulo De modo geral a forma o pretendida pelo capital pelos seus representantes e defensores visa atender s novas exig ncias do mercado de trabalho e adapta o ao mundo que o rodeia Para essa expectativa de forma o imediatista e utilit ria Oo desenvolvimento do pensamento emp rico pode ser suficiente SFORNI 2004 p 75 Contrapondo essa concep o de forma o utilitarista e para adapta o social os autores da THC prop em uma escolariza o cuja apropria o dos conhecimentos seja promotora de desenvolvimento Dav dov 1982 dedica se tarefa de pensar como levar pr tica educacional a ideia de generaliza o te rica como uma forma de assentar a educa o p blica em conson ncia com a revolu o t cnico cient fica e aperfei oar tanto o conte do como as metodologias de ensino em substitui o aos vigentes Ou seja ele faz men o s exig ncias sociais 47 contempor neas mas n o se at m busca de uma forma o nos limites da adapta o do sujeito ao mundo do trabalho A educa o precisa incorporar os avan os cient ficos e tecnol gicos conforme defendido pelos organismos internacionais contudo h que se analisar que tipo de forma o propiciada pela escola ao seguir a estrutura o did tico pedag gica que ace
125. eguinte pergunta dirigida aos estudantes Que crit rio voc usaria para agrupar os seres vivos Para os professores h a seguinte orienta o Pe a aos alunos que justifiquem os crit rios utilizados para formar os grupos e mostre lhes que poss vel agrupar diferentes seres vivos Dependendo do crit rio empregado o mesmo ser vivo pode ser classificado em grupos diferentes Um cachorro por exemplo pode pertencer a um grupo onde exista um coelho O crit rio utilizado foi a cobertura do corpo pelos Ele tamb m pode estar no grupo de 97 jacar s Nesse caso o crit rio utilizado foi o n mero de pernas quatro GIL FANIZZI 2008b p 103 grifo das autoras Nesta mesma unidade Estudando os seres vivos do 3 ano h um pequeno texto explicando que existem seres de todos os tamanhos formas e cores terrestres e aqu ticos com h bitos diferentes e parecidos entre si Depois outro pequeno texto que explica a divis o em reinos animal e vegetal Na sequ ncia prop e se uma atividade em dupla na qual os alunos devem pegar cinco objetos do seu material escolar reunir os objetos por duplas de alunos e depois observar as caracter sticas de cada objeto e agrup los de acordo com as semelhan as e dividi los de acordo com as diferen as A atividade de classifica o do material escolar em dupla pode ser considerada pelos alunos apenas como um momento l dico entretanto busca suscitar as capacidades de observar semelh
126. eitos cient ficos e as suas primeiras germina es est o apesar de tudo relacionados ao contato imediato da crian a com esses ou aqueles objetos Atrav s de um longo desenvolvimento a crian a se torna capaz de dar alguma defini o a esses conceitos de discriminar de certo modo as rela es l gicas que se estabelece entre eles J a explica o verbal come a pela defini o geral do conceito Nas aulas a crian a aprende a estabelecer rela es l gicas entre os conceitos mas como se o movimento germinasse para dentro ou seja vincula se a experi ncia que neste sentido existe na crian a VIGOTSKI 2004a p 227 A compreens o das defini es verbais permite crian a estabelecer rela es l gicas entre os conceitos Nesse aspecto percebemos que o desenvolvimento da linguagem e a compreens o dos signos permitem a ela operar mentalmente na aus ncia de objetos reais A defini o conceitual concorre para a aprendizagem do conceito no entanto ela n o pode ser considerada como sin nimo de compreens o do conceito Como afirmam Cascone e Sforni 2009 aprender um conceito n o significa apenas saber a sua defini o mas dominar a atividade mental que est presente nele As autoras fazem essa afirma o tendo como refer ncia o pressuposto de que se os conceitos s o instrumentos simb licos como explica Leontiev 1978a domin los significa n o dizer o que eles s o mas atuar mentalmente
127. ela o que existia entre a difus o da rede escolar e a prosperidade econ mica PONCE 2005 p 120 59 sociedade feudal para a sociedade capitalista concebe pioneiramente a escola moderna Pela primeira vez na hist ria a alfabetiza o assumida como uma necessidade geral dos homens Nesse momento ainda n o se falava em escola p blica como fun o do Estado e nem se defendia a escola laica entretanto Comenius movido pela necessidade hist rica do seu tempo concebeu uma institui o social especializada em assegurar educa o a todos Esse momento na an lise de Alves 2007 representou um passo significativo para a instaura o da escola p blica posteriormente A grande contribui o de Comenius para a compreens o da necessidade de uma escola para todos explicada por Alves 2007 ao afirmar que a organiza o did tica plasmada no modelo de produ o manufatureira foi a sua maior contribui o para a escola moderna pois por meio dela a escola moderna instaurou a divis o de trabalho que consistiu na seria o escolar na separa o em reas do conhecimento e na especializa o dos instrumentos de trabalho dos professores a exemplo do que ocorrera no processo produtivo Para Alves 2007 o empreendimento de Comenius foi diferente de todas as experi ncias educacionais anteriores porque contribuiu para a simplifica o do trabalho did tico e para a redu o de custos Um dos meios utilizados para isso fo
128. em ria quando recordamos algum objeto ou fen meno v m nossa mem ria as imagens anteriormente captadas essas imagens s o denominadas representa es Tanto a l gica formal como a l gica dial tica valoriza a utiliza o da imagem como um recurso para apreens o dos tra os gerais do objeto entretanto a l gica dial tica admite o uso de objetos ou imagens apenas como uma etapa de percep o emp rica Como a humanidade j possui um conhecimento historicamente acumulado e sistematizado esse conhecimento representa uma s ntese um resultado que se expressa num conceito verbal universal porque nem sempre as caracter sticas visualmente percept veis podem nos disponibilizar as informa es necess rias para a forma o do pensamento te rico Bogoyavlensky e Menchinskaya 2005 fundamentados em Sechenov s d afirmam que os rg os dos sentidos da crian a continuam a apreender o mundo exterior posteriormente ao seu desenvolvimento superior ou seja mesmo depois que deixa de compreender o mundo pelas experi ncias pessoais e passa a compreend lo por meio das experi ncias adquiridas hist rico sociais Quanto ao desenvolvimento mental da crian a afirma Sechenov s d apud Bogoyavlensky Menchinskaya 2005 nas etapas superiores do desenvolvimento o mundo exterior continua atuando do mesmo modo como atuou anteriormente ou seja atrav s dos rg os dos sentidos portanto as a es psicol gicas est o ativadas
129. em outras situa es E nesse sentido os livros n o evidenciam esta preocupa o O material objetivo perceptivo bastante limitado n o havendo varia o suficiente para que o aluno extrapole o exemplo apresentado e caminhe em dire o reflex o sobre o conte do em formas n o padronizadas O uso da imagem de uma rvore e de uma folha padr o para apresentar o processo suscita a ideia de que n o se trata de um fen meno comum ao reino dos vegetais a v rios tipos de organismo de diferentes grupos e filos desde as algas at as plantas superiores mas basicamente um processo realizado pelas rvores CASCONE 2009 p 86 inser o nossa A situa o destacada por Cascone 2009 pode ser observada tamb m no esquema utilizado pela Cole o Porta Aberta para ilustrar o ciclo da gua Figura 8 127 Nos textos presentes nos livros did ticos analisados normalmente s o apresentadas defini es conceituais Sobre a defini o do conceito no processo de sua aprendizagem Vigotski 2004a 2009 esclarece que a crian a encontra dificuldade em expressar verbalmente um conceito aprendido de forma espont nea Todavia o conceito cient fico aprendido na escola por meio de uma defini o verbal a crian a geralmente consegue explicar verbalmente Segundo ele muitas vezes uma crian a j conhece alguma coisa j tem um conceito sobre ela entretanto n o consegue representar esse conceito verbalmente os conc
130. ensado e refletido passa a ser mec nico desmotivador e ma ante isso porque ele realiza tarefas isoladas e repetitivas Marx 2011 ao tratar do impacto da mudan a da produ o artesanal para manufatureira sobre as capacidades humanas destaca que para elaborar uma mercadoria no per odo artesanal diferentes opera es executadas sucessivamente se entrela avam cada uma exigindo qualidades diversas em uma deveria se imprimir mais for a em outra mais agilidade e numa terceira mais aten o Todavia como um s indiv duo n o possui no mesmo grau todas essas qualidades essas diversas opera es foram ent o isoladas na produ o manufatureira e os 2 A produ o manufatureira ou manufatura foi respons vel por uma maior divis o de tarefas devido ao uso da m quina A princ pio as m quinas funcionavam com o aux lio dos homens m quinas simples que auxiliavam o trabalho manual mas que j permitiam uma produ o em maior escala Somente aos poucos a m quina de fato substitui o ser humano e funciona a vapor e depois com eletricidade 56 trabalhadores foram agrupados segundo suas habilidades dominantes O que poderia ser considerado no per odo artesanal como estreiteza e limita o dos trabalhadores no trabalho coletivo sob a forma manufatureira do qual passam a ser integrantes tornava se perfei o repetir com destreza uma mesma opera o A manufatura cria uma classe de trabalhadores sem qualquer destreza
131. entistas ao produzir conhecimentos Pois como afirma Leontiev Para se apropriar dos objetos ou dos fen menos que s o produto do desenvolvimento hist rico necess rio desenvolver em rela o a eles uma atividade que se reproduza pela sua forma os tra os essenciais da atividade encarnada acumulada no objeto LEONTIEV 1978 p 286 Esses tra os essenciais Hedegaard buscou no conflito hist rico da pr pria rea do conhecimento O fen meno da evolu o das esp cies encerra um conflito fundamental que tem estimulado o desenvolvimento cient fico como pode uma popula o animal adaptar se a mudan as em seu habitat enquanto muitos animais n o podem manejar individualmente essa adapta o e morrem HEDEGAARD 1996 p 346 Com base nesse problema que ela identificou como nuclear nas discuss es sobre a evolu o das esp cies organizou situa es de discuss o que gerassem reflex o em torno de situa es espec ficas com as seguintes perguntas o que sabemos e o que n o sabemos sobre a sobreviv ncia do urso polar na Groenl ndia Como podemos modelar o que sabemos Essas perguntas foram transformadas em quest es mais detalhadas ap s o estudo de livros e filmes sobre a vida do urso polar 137 A pesquisadora visou criar um modelo que funcionasse inicialmente como um instrumento externo para o estudo das crian as e posteriormente se tornasse uma ferramenta ps quica ou seja que a crian a pudesse utilizar o
132. envolvimento cultural e educativo NANZHAO 1998 p 266 No documento a cultura universal compreendida como fator de imposi o cultural como desrespeito diversidade Uma escola que se atem s abstra es e conceitualiza es considerada restrita limitada Assim novos conte dos s o considerados t o ou mais essenciais do que os conte dos conceituais Para entender o objetivo desse enfoque aparentemente contradit rio dentro de um ide rio de universaliza o da educa o a explica o de Carvalho 2010 oportuna Ela busca estabelecer a rela o entre educa o e a diversidade cultural proclamada em documentos tais como Declara o de Princ pios sobre a toler ncia 1995 Nossa diversidade criadora 1997 Declara o universal sobre a diversidade cultural 2002 Relat rio de desenvolvimento humano liberdade cultural num mundo diversificado 2004 al m obviamente do Relat rio Delors 1996 e explica que a educa o intercultural na perspectiva desses documentos o instrumento mais eficaz para promover a compreens o e a solidariedade entre os povos no atual momento da globaliza o Nas palavras da autora Valorizar e reconhecer as diferen as tem sido a forma encontrada pela UNESCO para combater o racismo a intoler ncia e o preconceito O prop sito criar condi es para um desenvolvimento humano mais harmoniosamente equitativo de modo a aliviar a pobreza enfrentar a exclus o socioecon mi
133. ep As respostas revelaram que quase todos os professores de escolas p blicas no Brasil 98 17 Livro Did tico ocupa segundo lugar dentre os mais lidos do Brasil Dispon vel em http noticias terra com br educacao livro didatico ocupa segundo lugar dentre os mais lidos no brasil 4f53d298f041d310VanCLD2000000ec6eb0aRCRD html Acesso em 20 jan 2014 49 usam livros did ticos Do restante 1 acredita que o livro n o necess rio e 1 n o usa porque a escola n o tem Levantamento semelhante realizado pelo Instituto Pr Livro indicou que os livros did ticos ocupam o segundo lugar dentre os mais lidos pelos brasileiros logo depois da B blia Podemos perceber que o livro did tico um material de uso generalizado em todo territ rio nacional e ainda que existam cr ticas em rela o ao seu uso ele faz parte da organiza o did tico pedag gica das escolas e da vida das crian as em idade escolar A relev ncia da an lise do programa e material did tico destacada por Davidov o que mais substancial ao indicar a estrutura dos conhecimentos assimil veis e o m todo de sua coordena o o programa projeta esse tipo de pensamento que se forma nos alunos ao assimilar estes no material de estudo proposto DAVYDOV 1982 p 6 grifo do autor Martins 2013 considera que a psicologia hist rico cultural e a pedagogia hist rico cr tica por sua fundamenta o marxista n o podem ser indiferentes s
134. esenvolvimento do psiquismo e a educa o escolar contribui es luz da psicologia hist rico cultural e da pedagogia hist rico cr tica Campinas SP Autores Associados 2013 Pedagogia Hist rico Cr tica e Psicologia Hist rico Cultural s d Dispon vel em www faficp br dirposgrad gepem texts gepem070 003 doc MARX K Manuscritos econ mico filos ficos e outros textos escolhidos Trad Jos Carlos Bruni et al Vol 4 ed S o Paulo Nova Cultural 1987 MARX K O Capital cr tica da economia pol tica livro Cap tulo XII A divis o do Trabalho e Manufatura Tradu o de Reginaldo Sant Anna 28 ed Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 2011 MARX K ENGELS F Cultura arte e literatura textos escolhidos trad Paulo Netto e Miguel Makoto Cavalcanti Yoshida 1 ed S o Paulo Express o Popular 2010 MEDEIROS C S ntese Existencial poemas Londrina PR Tra o Publica es 1985 MENEZES E T SANTOS T H dos Dicion rio Interativo da Educa o Brasileira EducaBrasil S o Paulo Midiamix Editora 2002 Dispon vel em http Avww educabrasil com br eb dic dicionario asp id 271 visitado em 24 1 2014 MICHAELIS Moderno Dicion rio da L ngua Portuguesa S o Paulo Companhia Melhoramentos 1998 Dicion rios Michaelis NANZHAO Z Intera es entre educa o e cultura na ptica do desenvolvimento econ mico e humano uma perspectiva asi tica In UNESCO Educa o um Tesouro a Descobr
135. esmo a percep o sensorial tida como semelhante dos animais alterada pela cultura ou seja ao perceber sensorialmente um objeto ou fen meno o ser humano atual j possui as informa es espont neas ou formais que atuam como media o entre a coisa e os rg os dos sentidos O ser humano ao perceber um objeto de forma cil ndrica triangular azul vermelha por exemplo j possui as informa es fornecidas pela cultura sobre as formas e as cores Ao se deparar com o fen meno natural chuva compreende por exemplo que precisamos da gua para sobreviver as plantas e animais precisam de gua para sobreviver precisamos da chuva para que as plantas cres am a chuva refresca o calor a m e reza para pedir prote o durante um temporal em tempos de estiagem h missas e prociss es pedindo chuva a Deus e aos Santos na igreja h gua benta usamos gua para beber para fazer higiene os pais chamam aten o quando h desperd cio de gua porque o valor da conta aumenta entre tantos eventos que poder amos citar Logo os objetos e fen menos j s o permeados pela compreens o pela interpreta o que se tem deles variando um pouco em cada cultura A humanidade vai complexificando cada vez mais seu sistema de signos al m da linguagem falada cria outros instrumentos simb licos Vigotski 2004b exemplifica alguns desses instrumentos tamb m denominados de instrumentos psicol gicos que passam a dominar os processos
136. especial os quais o artesanato punha totalmente de lado Depois de desenvolver at atingir a virtuosidade uma nica especialidade limitada sacrificando a capacidade total de trabalho do ser humano p e se a manufatura a transformar numa especialidade a aus ncia de qualquer forma o Ao lado da gradua o hier rquica surge a classifica o dos trabalhadores em h beis e in beis MARX 2011 p 405 Ainda que Marx tenha experimentado apenas o princ pio da Primeira Revolu o j prognosticava que a atividade mec nica derivada da divis o de trabalho teria efeitos negativos sobre a consci ncia do trabalhador A introdu o da manufatura de fato n o alterou somente a configura o do trabalho modificou tamb m as fun es ps quicas do trabalhador porque transformou a sua forma de intera o com o objeto de trabalho e com os outros seres humanos A atividade do artes o era mais ampla do que a simples produ o de mercadorias Huberman assim a descreve O mestre artes o fora mais do que um simples fabricante de produtos Tinha tamb m quatro outras fun es Eram cinco pessoas numa s Quando procurava e negociava a mat ria prima que utilizava era negociante ou mercador tendo jornaleiros e aprendizes sob o seu mando era um empregador ao supervisionar o trabalho deles era capataz e como vendia ao consumidor no balc o o produto acabado era tamb m um comerciante lojista HUBERMAN 1986 p 109 110 Huber
137. eterminada forma de troca troca socialista troca cooperativa troca capitalista etc Isto implica em que a estrutura sem ntica da palavra armaz m n o permanece imut vel muda seu significado e se desenvolve Nesta mudan a do significado da palavra muda n o somente sua estrutura sem ntica mas tamb m os sistemas de processos ps quicos que est o por tr s desta palavra LURIA 2001 52 Assim um conte do ao longo dos anos escolares mesmo que aparentemente se repita n o significa uma mera recorr ncia pois a cada vez que ele objeto de ensino implica que ser tratado num novo n vel de generalidade com esse olhar que analisaremos o tema gua no livro did tico Podemos entender que ainda que a palavra seja a mesma gua o seu significado at o 5 ano deve ser modificado e ampliado Num primeiro momento a crian a conhece a gua como um elemento de uso cotidiano de car ter objetal ou generaliza es elementares relacionadas ao uso da gua na casa e na escola Posteriormente a conhece como um elemento que propicia condi es de vida no planeta aprende que pode ser reciclada compreende que pode ser um meio de 130 propaga o de doen as entende que a gua um dissolvente universal apreende a composi o qu mica compreende as propriedades e estados f sicos diferentes estabelecendo dessa forma um sistema de v nculos e generaliza es mais amplas Ainda que alguns desses conheciment
138. ferramentas e ou apropriar se delas os seres humanos dominam e modificam a natureza e modificam e ampliam a sua pr pria natureza Da mesma forma as gera es ao produzirem os instrumentos psicol gicos e seus complexos sistemas referenciados por Vigotski desenvolvem processos intelectuais pr prios A apropria o desses instrumentos pelas gera es posteriores alteram as opera es intelectuais de cada sujeito modificando sua pr pria natureza ps quica Essa analogia entre o processo de apropria o dos instrumentos simb licos ci ncia arte lei filosofia e a apropria o de um instrumento f sico foi feita por Leontiev 1978a Segundo ele o instrumento o produto da cultura material no qual est o objetivadas as opera es laborais historicamente elaboradas pelo homem Logo no instrumento f sico existem ao mesmo tempo conte dos social e ideal cristalizados Ao apropriar se do instrumento o homem reorganiza os movimentos naturais instintivos e forma faculdades motoras superiores ele se 29 apropria das opera es motoras nele incorporadas e ao mesmo tempo cria fun es psicomotoras Com rela o linguagem falada e escrita aos n meros s obras de arte aos conceitos aos esquemas s f rmulas ou seja aos instrumentos simb licos o processo de apropria o das suas significa es semelhante Ao se apropriar ativamente da cultura intelectual objetivada nos instrumentos simb licos o sujeito apodera se
139. gico para gerar um desenvolvimento econ mico capaz de incluir a frica entre os pa ses desenvolvidos Al m disso um dos motes principais de sua argumenta o o de que essa possibilidade de globalizar se economicamente n o significa uma perca de identidade uma padroniza o de l nguas gostos e culturas da popula o africana j t o invadida pela imposi o cultural e religiosa europeia No segundo texto de Bronislaw Geremek h uma exposi o de como historicamente se constitui a exclus o social e a intoler ncia desde Caim e Abel na qual destaca n o ser essa uma problem tica somente do final do s c XX Geremek 1998 argumenta que a educa o deve ser um fator de coes o social de harmonia de solidariedade em oposi o aos regimes ditatoriais e totalit rios e tamb m ao comunismo O autor procura defender a necessidade do pilar aprender a ser expresso no documento como um meio de formar atitudes diferentes em rela o aos pobres do mundo Mas sobretudo o problema das atitudes sociais perante a pobreza que preocupante em vez de compaix o e solidariedade observa se apenas indiferen a medo e dio GEREMEK 1998 p 226 Percebe se no enfoque dado pelo documento uma preocupa o com o setor produtivo e seus desdobramentos econ mico sociais quando apresenta a educa o como fator de coes o social e luta contra exclus es pois na sequ ncia argumentativa do texto destaca se a preocupa o com
140. i a cria o de um novo instrumento de trabalho para o professor o manual did tico um recurso que atendia a condi o econ mica fundamental para universaliza o posterior da instru o p blica Antes de Comenius os educadores recorriam sistematicamente a antologias e at mesmo a livros cl ssicos para o desenvolvimento das atividades did ticas As antologias eram elaboradas sobretudo para servir como instrumentos de apoio s atividades realizadas por mestres e disc pulos Ao educador como se deduz era necess rio um conhecimento que ia al m das antologias pois ele decidia soberanamente sobre todo o conte do did tico ministrado por meio da atividade de ensino Dele exigia se inclusive o dom nio das fontes cl ssicas inscritas nas antologias J o processo de simplifica o do trabalho did tico tal como preconizou Comenius implicava a exclus o tanto das obras cl ssicas quanto dessas antologias expressava categoricamente a necessidade emergente de um novo instrumento de trabalho o manual did tico distinto quanto ao conte do e fun o escolar das antigas antologias ALVES 2006 p 87 grifo do autor A descri o de Alves 2006 nos ajuda a compreender que a cria o de um novo instrumento de trabalho para o professor durante a Primeira Revolu o 60 Industrial resulta de condi es socioecon micas e ao mesmo tempo das mudan as de mentalidades da poca A consolida o da escola como
141. ia e Dav dov explicitam que o desenvolvimento do psiquismo humano n o natural e depende das condi es de acesso cultura evidenciando a materialidade do desenvolvimento humano Dentre as situa es sociais de desenvolvimento esses autores d o destaque escolariza o Vigotski 2005 p 41 explica que A aprendizagem escolar orienta e estimula processos internos de desenvolvimento Pensada dessa forma a aprendizagem um momento necess rio e universal para que se desenvolvam na crian a as caracter sticas humanas VIGOTSKI 2005 Dav dov 1988 afirma que um dos problemas fundamentais da psicologia geral e pedag gica desvendar as rela es existentes entre o desenvolvimento da psique e a escolariza o tomando como princ pio que a escolariza o signifique apropria o de conhecimentos sistematizados j que essa aprendizagem tem o potencial de levar ao desenvolvimento do pensamento te rico dos estudantes Esse tipo de pensamento diferentemente do pensamento emp rico n o formado nas situa es sociais vivenciadas pelo sujeito no cotidiano mas por meio do ensino formal Assumimos ent o o problema de desvelar as rela es existentes entre o desenvolvimento e a escolariza o como o desencadeador de nossa investiga o Gostar amos de saber se o ensino escolar tal como prop em os livros did ticos pode promover o desenvolvimento do pensamento te rico dos estudantes Davidov 1982 1988 aponta qu
142. ia e por isso trazem uma contribui o insignificante cogni o Quando s o comparados objetos 111 diferenciados entre si no espa o e tempo que n o podem ser situados de imediato no campo de a o dos sentidos que s o alcan ados resultados muito mais importantes ao desenvolvimento do pensamento Enfim um ensino que se organiza com base nesse procedimento l gico pode ter uma contribui o insignificante cogni o dos estudantes Natadze 1991 realizou estudos sobre a evolu o do pensamento conceitual na idade escolar e identificou que a descoberta dos tra os essenciais de um conceito e a sua import ncia s o as maiores dificuldades encontradas pelas crian as Afirma o professor de psicologia As nossas investiga es demonstraram que para uma crian a particularmente dif cil assimilar caracter sticas essenciais de um conceito quando as imagens visuais correspondentes n o coincidem com o conte do do conceito mas est o em contradi o com ele em contrapartida muito mais f cil assimilar tra os caracter sticos quando estes se apresentam desde o in cio com imagens visuais correspondentes NATADZE 1991 p 27 Na experi ncia de Natadze 1991 ele definiu o ensino de quatros conceitos para crian as do 1 ao 8 ano mam fero peixe ave e inseto Na primeira parte da investiga o levantou se o grau de conhecimento dos conceitos pelas crian as posteriormente foi dada uma defini o e utiliza
143. ias no Brasil Campinas Editora Komedi 2006 LEONTIEV A O Desenvolvimento do Psiquismo Lisboa Livros Horizonte 1978a Actividad Conciencia y Personalidad Ciencias del Hombre Buenos Aires 1978 b LIB NEO J C Democratiza o da Escola P blica a pedagogia cr tico social dos conte dos S o Paulo Loyola 1985 A escola brasileira em face de um dualismo perverso escola do conhecimento para os ricos escola do acolhimento social para os pobres X Encontro de Pesquisa em Educa o da Anped Centro Oeste julho 2010 LIB NEO J C OLIVEIRA J F de e TOSCHI M S Educa o Escolar pol ticas estrutura e organiza o 10 ed rev e ampl S o Paulo Cortez 2012 Cole o Doc ncia em Forma o saberes pedag gicos coord Selma Garrido Pimenta LOPES A C Os Par metros Curriculares Nacionais para o ensino m dio e a submiss o ao mundo produtivo o caso do conceito de contextualiza o Educ Soc Campinas vol 23 n 80 setembro 2002 p 386 400 Dispon vel em http www cedes unicamp br LURIA A R Pensamento e Linguagem as ltimas confer ncias de Luria Trad Diana Myriam Lichtenstein e M rio Corso Sup De Trad S rgio Spritzer Porto Alegre Artes M dicas 2001 MANACORDA M A Hist ria da Educa o da Antiguidade aos Nossos Dias S o Paulo Cortez 2001 151 Marx e a Pedagogia Moderna Trad Newton Ramos de Oliveira Campinas SP Editora Al nea 2007 MARTINS L M O d
144. icamente ativa que tem um trabalho tem um emprego Para fazer parte do mundo do trabalho expusemos algumas exig ncias do modo flex vel de produ o utiliza o do conhecimento cient fico para resolu o de problemas interpreta o e uso de v rias linguagens dom nio de metodologias capacidade de trabalhar em grupo compromisso pol tico com a qualidade de vida social e produtiva Essas compet ncias e habilidades podem de acordo com as orienta es dos rg os multilaterais contribuir para que o sujeito seja criativo e flex vel num mundo em constantes mudan as de modo que possa se adaptar e readaptar se rapidamente a elas sem comprometer a capacidade de consumo e a ordem social Galuch e Sforni 2011 esclarecem que com as transforma es do setor produtivo do modelo r gido para o modelo flex vel exige se al m da produ o um consumidor flex vel e cidad os educados desde a inf ncia para serem consumidores Nesse contexto cria se em cada cidad o a necessidade de ter 76 mais do que precisa e a certeza de que felicidade e compras s o sin nimos GALUCH SFORNI 2011 p 5 Esse modelo flex vel do setor produtivo tamb m est presente nas pr ticas pedag gicas De modo direto ou indireto professores e alunos demonstram estar envolvidos com esse processo Muitos alunos frequentam a escola alimentados pela ideia de que ap s conclu rem os estudos ir o ingressar no mundo do trabalho e estar o
145. icar que os cursos de psicologia pedag gica oferecidos aos professores recomendavam o uso da experi ncia emp rica cotidiana para familiariza o dos estudantes com as coisas e fen menos e ao mesmo tempo criticavam e desencorajavam os professores a organizar o ensino sem apoiar se em imagens concretas assinalando as consequ ncias negativas desse procedimento para as crian as 14 la generalidad formal de los objetos examinados Su principal funci n consiste en la clasificaci n de objetos en la construcci n de un firme esquema de determinantes DAVIDOV 1988 p 107 39 Dav dov 1988 faz ent o uma ressalva afirmando que alguma experi ncia de vida das crian as deve sim ser utilizada mas devem passar por uma reestrutura o qualitativa para que cheguem ao conhecimento cient fico te rico A did tica adotada para forma o do pensamento emp rico segundo Dav dov 1982 1988 avan a do particular para o geral ou seja para se chegar ao geral parte da compara o dos objetos singulares Nessa perspectiva o caminho para se alcan ar a generaliza o ou conceito vai do sensorial ao abstrato Nesse caso o conceito aparece como a ascens o do sensorial concreto para o mental abstrato expresso nas palavras Para essa concep o did tica quanto maior o conjunto de objetos que a crian a visualizar comparar e manusear para efetivar a compara o mais condi es ter de compreender o conceito Por isso
146. ico metodol gicos do livro did tico da disciplina de Ci ncias 3 4 1 Os conte dos nos Par metros Curriculares Nacionais PCNs No Brasil foram publicados os PCNs em 1997 a fim de expressar um conjunto de proposi es para o sistema educacional de todo o pa s n o se impondo como modelo mas servindo de referencial curricular respeitando as diversidades culturais regionais tnicas religiosas e pol ticas como anunciado no pr prio texto de apresenta o do documento As orienta es presentes no documento foram apresentadas inicialmente como uma proposta flex vel Com o passar dos anos conjugadas a outras pol ticas como as de avalia o nacional Provinha Brasil Prova Brasil Exame Nacional do Ensino M dio ENEM pol ticas de sele o aquisi o e distribui o de livros did ticos pelo PNLD entre outras foram deixando de ser meras orienta es transformando se em normas Ou seja as orienta es atuam cada vez mais como 88 um modelo ou padr o a ser seguido Esse modelo acaba sendo acatado pelas escolas editoras e estudantes As escolas movidas pelo interesse de melhoria dos ndices de avalia o as editoras pelos interesses financeiros de terem seus livros aceitos e recomendados pelo Minist rio da Educa o os estudantes pelo interesse em ingressar no ensino superior como o caso da nota no ENEM No volume introdut rio dos PCNs na se o destinada a expor a concep o de conte do o
147. il na escola demonstram como a cren a nos meios de ensino se sobrep s concep o da Escola Tradicional na qual caberia ao professor o dom nio dos conte dos e das metodologias de ensino Na especializa o de tarefas o planejamento a coordena o e o controle ficaram a cargo de especialistas nesse caso professores contratados pelas editoras para elabora o dos livros did ticos Nesse momento de predomin ncia do modelo r gido de divis o de tarefas caberia tanto aos professores como aos estudantes serem seus meros executores no final do processo visando a efici ncia e a economia ou seja abrindo m o da atividade intelectual de ambos 3 3 A Terceira Revolu o Cient fica e Tecnol gica modelo flex vel de produ o e suas consequ ncias na forma o humana O modelo r gido de divis o de tarefas com as modifica es pr prias das exig ncias de produ o e lucro predomina at a segunda metade do s culo XX a partir do qual passa a ser substitu do pelo modelo flex vel Estudos de Coriat 1985 e Harvey 2009 sobre os modelos taylorista fordista de produ o demonstram que o modelo r gido de produ o come a a demonstrar ind cios de esgotamento a partir da d cada de 1960 Giddens 2003 afirma que empresas da Europa Ocidental dos Estados Unidos e do Jap o no in cio da d cada de 1970 come aram a considerar que as 11 pr ticas fordistas de produ o de mercadorias padronizadas em grande e
148. imentos n o t o importante na atualidade porque tudo transforma se rapidamente ent o sugere se uma mudan a no papel da escola voltando se para a prepara o para o setor produtivo Ao mesmo tempo h necessidade no plano ideol gico de limitar as expectativas dos trabalhadores em termos de socializa o do conhecimento pela escola difundindo a ideia de que o mais importante a ser adquirido por meio da educa o n o o conhecimento mas sim a capacidade de constante adapta o s mudan as no sistema produtivo DUARTE 2001 p 47 83 Nanzhao 1998 busca argumentos para demonstrar a rela o entre desenvolvimento econ mico educa o e cultura visando ades es proposta de educa o para o s culo XXI do Relat rio Delors O autor assim se posiciona Fundamento material de todas as atividades dependentes da superestrutura atrav s das quais o ser humano tenta garantir a sua sobreviv ncia e crescimento o desenvolvimento econ mico reveste se de uma import ncia primordial para a educa o e para a cultura Nunca demais insistir na vantagem que representa para a educa o e para a cultura a moderniza o da economia nacional sobretudo nos pa ses em desenvolvimento Quando apenas na regi o da Asia e Pac fico mais de 830 milh es de pessoas vivem na mis ria absoluta o crescimento econ mico surge como um ingrediente essencial de qualquer esfor o para eliminar a pobreza e uma condi o pr via do des
149. imentos que se deseja que sejam assimilados pelos escolares O autor considera que O eixo da mat ria escolar seu programa isto a descri o sistem tica e hier rquica dos conhecimentos e habilidades a serem assimilados O programa que determina o conte do da mat ria determina tamb m os m todos de ensino a natureza do material did tico o per odo do ensino e outros elementos do processo Por isso a elabora o do programa e a determina o do conte do de determinada mat ria escolar n o s o quest es estritamente metodol gicas mas problemas radicais e complexos concernentes a todo o sistema de educa o e forma o das futuras gera es A constru o dos curr culos escolares n o pressup e somente a sele o do conte do das correspondentes esferas da consci ncia social os produtos culturais historicamente criados pela humanidade mas tamb m uma compreens o das particularidades de sua estrutura como formas de reflexo da realidade a compreens o da natureza da rela o entre o desenvolvimento mental dos alunos e o conte do de conhecimentos e habilidades assimilados DAVIDOV 1982 p 6 grifo nosso Optamos por analisar a estrutura e hierarquia do conte do gua ao longo dos anos escolares mas sabemos que os outros conceitos cient ficos que o aluno adquire no decurso do Ensino Fundamental influenciam tamb m a forma o de um sistema organizado sobre esse conte do Por exemplo um dos prime
150. io liberal de igualdade e liberdade de forma que se criasse uma conjuntura prop cia ao desenvolvimento do com rcio Cidadania e trabalho advieram a ser compreendidos como o direito de participar livremente da economia de mercado Comprar e vender livremente as mercadorias passou a ser reconhecido como trabalho superando se dessa forma o trabalho para uso pr prio do per odo feudal e consolidando se o trabalho para troca 19 A transi o do trabalho servil ao assalariado se opera pela dissolu o das rela es feudais a servid o numa sequ ncia renda trabalho renda em esp cie renda em dinheiro gt e os cercamentos que privam o trabalhador de seu meio de sustento obrigando o a se assalariar Marx Parte VI Enquanto na produ o feudal pelo trabalho servil a produ o para subsist ncia meios de sustento do servo e do excedente renda3 apropriado pelo senhor constituem momentos e processos separados sendo que apenas o excedente ser trocado por mercadorias dos artes os da cidade no capitalismo os dois momentos se confundem na produ o de mercadorias por meio do trabalho assalariado Dispon vel em G nese do Capitalismo verbetes http www usp br fau docentes depprojeto c deak CD 4verb capitalism gen index html 55 A atividade comercial na transi o do feudalismo para o capitalismo caracterizou se como um fator que propiciou transforma es na atividade humana antes basicamente ligada agricultura e normatizad
151. ir Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre Educa o para o s culo XXI T tulo original LEARNING THE TREASURE WITHIN Report to Unesco of the International Commission on Education for the Twenty first Century Tradu o Jos Carlos Eufr zio 152 Prepara o da edi o brasileira Maria Alves Muller Edi o Brasileira S o Paulo UNESCO Edi es ASA Cortez 1997 Impresso no Brasil janeiro de 1998 NATADZE R G A aprendizagem dos conceitos cient ficos na escola In Psicologia e Pedagogia investiga es experimentais sobre problemas did ticos espec ficos Trad Maria Flor Marques Sim es 2 Ed Lisboa Editorial Estampa 1977 OLIVEIRA G E de Defini o de ovo e suas partes Disserta o UFMG 2006 Dispon vel em paraiso ifto edu br docente admin upload material a2b715af26 doc PALANGANA C Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vigotsky a relev ncia do social Ed S O Paulo Summus 2001 PASQUALINI J C Princ pios para a organiza o do ensino na Educa o Infantil na perspectiva Hist rico Cultural um estudo a partir da an lise da pr tica do professor Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P s gradua o em Educa o Escolar da Faculdade de Ci ncias e Letras da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquista Filho campus Araraquara S o Paulo 2010 PIAGET J Seis Estudos de Psicologia Rio de Janeiro Forense 1970 A Epistemologia
152. ir ainda a falta de condi es do professor geralmente mal formados a Instru o Programada baseia se na Teoria Behaviorista proposta pelo comportamentalista B F Skinner Constitui se de um software educativo com etapas sequenciais programadas nas quais o aluno interage individualmente com a m quina sem necessitar da media o do professor Recomenda es para uma Pol tica P blica de Livros Did ticos Este documento apresenta conclus es e recomenda es para subsidiar reformula es no Programa Nacional do Livro Did tico PNLD e para discutir e estabelecer elementos para o aprimoramento das pol ticas p blicas do livro did tico no Brasil BATISTA 2001 70 para preparar corrigir exerc cios e desempenhar as demais atividades pedag gicas O autor tece cr ticas a essa concep o de livro cristalizada at os dias atuais pelo PNLD ilustra ele os editais do PNLD e seus crit rios de avalia o mostram que o Programa tribut rio deste modelo cristalizado de manual escolar j que essa concep o de livro did tico que o PNLD pressup e pressupondo a tende a contribuir para sua perman ncia inibindo o surgimento de outros padr es de manuais escolares e limitando assim sua participa o na promo o da melhoria da qualidade do ensino BATISTA 2001 p 30 As informa es desse estudo somadas s considera es de Saviani 2008 sobre a utiliza o dos princ pios da racionalidade do sistema fabr
153. irma isso Pergunta Dav dov 1982 Porque o fato de descrever a popula o de um pa s pouco ou nada poderia contribuir para a sua an lise econ mica se n o fossem compreendidos outros elementos mais simples como trabalho assalariado capital divis o do trabalho pre os O pr prio Marx esclarece que ap s realizar as decomposi es sucessivas em categorias cada vez mais simples at chegar em abstra es cada vez mais t nues n o se pode encerrar a o processo necess rio fazer o caminho inverso da abstra o mais simples complexidade do conjunto por meio de observa es compara es an lises para se chegar ao concreto Com base nesse m todo Marx afirma que o concreto aparece no pensamento como o processo da s ntese como resultado n o como ponto de partida MARX 1987 p 16 Do ponto de vista da l gica dial tica n o h como se chegar a uma compreens o do todo apenas seguindo a listagem de dados emp ricos porque ap s realizar as decomposi es sucessivas em categorias cada vez mais simples n o se pode encerrar a o processo necess rio fazer o caminho inverso da abstra o mais simples complexidade do conjunto por meio de observa es compara es e an lises para se chegar ao concreto Assim como Marx n o teria conseguido chegar ao conceito do que mercadoria do que capital utilizando se do caminho previsto pela l gica formal 43 tamb m o estudante n o conseguir te
154. iros conte dos de ci ncias a classifica o dos seres vivos e n o vivos e a interdepend ncia entre elementos bi ticos e abi ticos ou seja a compreens o de que os seres vivos dependem dos seres n o vivos tais como ar gua solo Sol revelam que esses elementos apresentam vincula o sist mica entre si poss vel observar no esquema apresentado na figura 8 que a partir do 2 ano e na sequencia o dos anos escolares a quantidade de gua pot vel existente no planeta um dos conte dos abordados Explica se e ilustra se que o planeta visto do espa o parece azul pela grande quantidade de gua dos oceanos e mares Essa gua n o pr pria para o consumo humano e que a porcentagem de gua que pode ser aproveitada para o uso dos seres vivos apenas de 1 do total Essa informa o fornecida aos alunos por meio de gr ficos que se repetem nos volumes do 2 4 e 5 anos e ainda sugerido um experimento para demonstrar o que representa 1 uma colher de sobremesa de 128 um total de um litro de gua simbolizando toda a gua do planeta simbolizando a quantidade de gua pot vel e pr pria para consumo Vigotski 2004b explana que o ser humano emprega dispositivos artificiais para o dom nio dos processos ps quicos esses s o tamb m denominados instrumentos psicol gicos e s o os signos convencionais entre eles os desenhos gr ficos esquemas modelos que s o linguagens desenvolvidas no decorrer
155. izes Figura 3 Tipos de Vegetais Fonte GIL ngela Bernardes de Andrade e FANIZZI Sueli Porta Aberta Ci ncias 2 ano S o Paulo FTD 2008a p 105 Cole o Porta Aberta Ci ncias 99 Al m desse h outro texto informativo com o t tulo Os vegetais tamb m se alimentam Figura 4 ao lado do desenho esquem tico da fotoss ntese OS VEGETAIS TAMB M SE ALIMENTAM a RR a Ji 1 q A Assim como os animais os vegetais tamb m se o o o s2 alimentam De que modo voc imagina que isso acontece D 00 Aoc oaga 0 00000 ga 200000020000e00 Po Aga eo gomos Walter Caldeira Os vegetais tamb m precisam se alimentar para se desenvolver Isso acontece de um jeito diferente pois as plantas n o saem em busca de alimento Elas produzem o pr prio alimento Para fabric lo os vegetais precisam de luz gua e sais minerais al m de outros de escala de tamanho As cores n o correspondem y e eme ntos a aos tons reais Figura 4 Os vegetais tamb m se alimentam Fonte GIL Angela Bernardes de Andrade e FANIZZI Sueli Porta Aberta Ci ncias 2 ano S o Paulo FTD 2008 a p 88 Cole o Porta Aberta Ci ncias Na unidade do terceiro ano n o h informa es adicionais sobre o assunto O encaminhamento did tico metodol gico proposto pelo livro did tico para que os escolares abstraiam o conceito de vegetal parte de imagens de vegetais muito diferentes e
156. l nacional e a exist ncia de livros did ticos padronizados Mais do que as orienta es curriculares em si os livros did ticos exercem um papel decisivo sobre o trabalho em sala de aula No entanto eles n o s o elementos distintos mas interligados j que neles est o materializados conte dos e atividades que est o em sintonia com a perspectiva de forma o assumida nas orienta es curriculares O livro did tico escolar material popular entre professores e estudantes do Brasil monitorado pelo governo Federal por meio do Programa Nacional do Livro Did tico PNLD possui como principal objetivo subsidiar o trabalho pedag gico dos 48 professores O PNLD oferece orienta es gerais a serem sugeridas na avalia o e sele o dos livros did ticos nesse sentido define um modo de organiza o do ensino que pode ser qualificado como a organiza o did tico pedag gica assumida conscientemente ou n o pela maioria dos professores brasileiros para o ensino dos conte dos escolares Raz o pela qual podemos eleg lo como representante do modo geral de organiza o do ensino presente na maior parte das escolas tornando o assim objeto de nossa an lise Lajolo 1996 busca definir o livro did tico e o papel dele no ensino brasileiro Did tico o livro que vai ser utilizado em aulas e cursos que provavelmente foi escrito editado vendido e comprado tendo em vista essa utiliza o escolar e sistem tic
157. lculos de rea e per metro montagem de s lidos geom tricos desconexos de uma atividade que simule uma situa o na qual os conhecimentos sejam necess rios isso significar manter o conhecimento apenas no n vel concreto ou da defini o verbal e por decorr ncia formar um pensamento emp rico discursivo 2 4 Pensamento emp rico e pensamento te rico e a educa o escolar Dav dov 1988 esclarece que para a Teoria Hist rico cultural e para a Teoria da Atividade o pensamento te rico n o significa pensamento abstrato no modo como usualmente compreendido ou seja como aquele que se apoia em defini es verbais e distante de sua base material mas sim aquele que compreende os objetos e os fen menos por meio da an lise da sua origem e desenvolvimento Esse caminho proposto por Dav dov toma como base a l gica dial tica e valoriza o movimento do abstrato ao concreto n o como momentos isolados mas que se interpenetram e formam uma unidade porque o concreto permeado pelo abstrato ou te rico Para explicar o enfoque dial tico do pensamento Dav dov 1982 vale se das ideias de Marx Engels e Lenin e esclarece que Marx n o escreveu um tratado sobre a l gica dial tica mas que suas obras destacando se O Capital seguem rigorosamente a l gica dial tica para explicar os fen menos Dav dov 1982 afirma que no posf cio dessa importante obra Marx utilizando se de uma an lise do seu m todo realizada pelo Profess
158. lecimento da sua rela o com a realidade inerente a esse processo de ensino aprendizagem Diversos estudos citados por Dav dov 1982 chegam id ntica conclus o sobre a import ncia de que a estrutura o das disciplinas escolares e a organiza o do ensino sigam o caminho de ascen o do abstrato ao concreto o qual requer que as crian as antes de entrarem em contato com variadas quest es particulares aprendam os princ pios gerais Dav dov 1982 sugere ainda que as crian as ao apropriarem se do conte do n o conseguem realiz lo somente pela sua defini o verbal elas necessitam tamb m assimilar o procedimento que o cientista utilizou para chegar aquele determinado resultado ou s ntese dessa forma o professor ao elaborar suas aulas deve propiciar momentos investigativos tanto hist ricos como metodol gicos para 44 que se desenvolva no estudante uma maneira de se pensar o objeto ou fen meno de modo a ser generalizados para outras situa es semelhantes Espinoza 2010 estudiosa da rea de Ci ncias Naturais ao posicionar se como se constr i o conhecimento cient fico explica que n o se pode adotar nem uma posi o somente de exposi o do conte do pelo professor concep o enciclop dica ou tampouco adotar uma convic o de mera participa o ativa da crian a na constru o do conhecimento Ela explica que na sociedade que vivemos com grande quantidade de conhecimentos cient ficos e tecnol gicos seri
159. lo XVIII para o XIX de acordo com Alves 2006 foi marcada por uma experi ncia ocorrida no Semin rio de Olinda idealizada e implantada pelo bispo Azeredo Coutinho representando a difus o dos ideais iluministas da Reforma Pombalina da Educa o P blica Nele os autores cl ssicos Reforma Educacional promovida por Marques de Pombal implanta o de um novo sistema educacional que deveria substituir o sistema jesu tico tanto em Portugal quanto em suas col nias A pol tica educacional pombalina era l gica pr tica e centrada nas rela es econ micas anglo portuguesa SECO AMARAL 2006 2 Ratio Studiorum Conjunto de normas criado para regulamentar o ensino nos col gios jesu ticos Sua primeira edi o de 1599 al m de sustentar a educa o jesu tica ganhou status de norma para toda a Companhia de Jesus Tinha por finalidade ordenar as atividades fun es e os m todos de avalia o nas escolas jesu ticas N o estava expl cito no texto o desejo de que ela se tornasse um m todo inovador que influenciasse a educa o moderna mesmo assim foi ponte entre o ensino medieval e o moderno Antes do documento em quest o ser elaborado a ordem tinha suas normas para o regimento interno dos col gios os chamados Ordenamentos de Estudos que serviram de inspira o e ponto de partida para a elabora o da Ratio Studiorum A Ratio Studiorum se transformou de apenas uma raz o de estudos em uma raz o pol tica uma vez que exerceu
160. lo de produ o contempor neo Devido dimens o do tema e na impossibilidade de abarcarmos todos os n veis de ensino e reas do conhecimento delimitamos para esse estudo a organiza o do ensino nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental em uma disciplina espec fica Ci ncias 17 Consideramos que para al m das especificidades pr prias de cada rea do conhecimento h orienta es gerais sobre a forma de organiza o do ensino que se materializa em todas as reas Entendemos que a forma de organiza o do ensino de uma disciplina expressa a rela o entre o particular e o geral Em outras palavras h certa universalidade na organiza o did tico pedag gica que se manifesta nas particularidades de cada rea de ensino Nesse sentido a organiza o do ensino da disciplina de Ci ncias n o nos interessa pelo seu car ter em si mas como mediadora da rela o entre o particular e o geral com vistas apreens o do geral que nesta investiga o a organiza o do ensino de conceitos no espa o escolar Como afirmam Politzer Besse e Caveing apud Pasqualini Uma boa an lise dial tica assenhora se pois do car ter espec fico de determinado processo mas isso s ser poss vel se ela n o isolar esse processo do movimento de conjunto que condiciona sua exist ncia O espec fico n o tem valor sen o em rela o ao universal O espec fico e o universal s o insepar veis POLITZER BESSE E CAVEING 19
161. lobalizada facilitando o livre tr nsito do capital O trabalho da escola como agente de coes o social tem mais nfase nas escolas p blicas j que muitos dos alunos e seus pais j vivem margem do setor 87 produtivo onde as marcas da exclus o social est o mais evidentes e prop cias a gerar conflitos Lib neo 2010 cunha esse termo escola de acolhimento social para diferenciar a escola que destinada aos pobres um lugar de tempo integral para acolher as crian as e adolescentes cuid los oferecer lhes alimento lazer esporte palestras dan ar m sica ter acesso internet passar o dia todo e dessa forma n o impactar tanto a baixa renda dos pais com necessidades como alimenta o vestu rio lazer e tamb m para n o terem oportunidade de se envolver com atividades il citas ou violentas A escola se transforma assim num condom nio fechado para os pobres um lugar para abrig los do abandono da viol ncia e mant los ocupados enquanto crescem depois ter o direito a outros benef cios como bolsas e cart es para continuarem reproduzindo a sua exist ncia Como j anunciado por Lib neo 2010 o Relat rio Delors tem seus desdobramentos nos pa ses em desenvolvimento fazendo se presente nos documentos que definem par metros curriculares nacionais Nesse sentido nos perguntamos Como essas orienta es s o absorvidas pelas pol ticas educacionais brasileiras Que impacto provocam nos encaminhamentos did t
162. m em m os expressa a melhor m sica para todos Como explicitou Alves 2006 Comenius no seu tempo diante dos desafios de pensar uma escola para todos buscou solu es que Ihe pareceram condizentes para aquele momento mas hoje vemos repetidas as justificativas para o uso do livro did tico feitas pelos organismos internacionais e na concep o do PNLD num cen rio muito distinto Se no tempo de Comenius n o havia professores preparados para a r pida expans o da escola para todos atualmente a escola p blica como direito de todos j garantida por lei h tempo suficiente para ter formado muitas gera es de professores com maior dom nio te rico e metodol gica da a o docente e garantir condi es de trabalho que poderiam j ter permitido dispensar a nova instru o programada que se tornou os livros did ticos na atualidade fato que para ensinar algu m a pensar teoricamente preciso tamb m ter esse tipo de pensamento Nesse sentido ao concluir essa tese um problema nos inquieta ao refletir sobre as respostas poss veis aos desafios contempor neos questionamos ser que o curr culo e a organiza o did tico pedag gica proposta para os cursos de Ensino M dio e Ensino Superior que formam os docentes para atuar nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental n o utilizam predominantemente tamb m da l gica formal Se desde os anos iniciais de escolariza o j projetamos um pensamento emp rico nos es
163. m objetos distintos e propriedades distintas para que se possa compar los Eles apresentam como exemplo desse processo a forma o do conceito de laranja Contudo para formarmos esse conceito n o basta conhecermos sua forma esf rica sua cor certo tamanho e peso e seu cheiro De acordo com S chenov 1953 citado por Gorski e Tavants 1960 preciso comparar a laranja com outros objetos para que suas propriedades possam ser captadas Por essa raz o ele explica Se todas as coisas do mundo se transformassem em laranjas poss vel que o homem n o chegasse nunca a distinguir todas as propriedades desta fruta Por m o homem se depara com formas esf ricas de cores tamanhos e pesos mais diversos o mesmo ocorre com o cheiro de objetos de formas e cores distintas e como nos mist rios da mem ria as impress es por heterog neas que sejam sempre se comparam por ordem de semelhan a de tais compara es emergem a diferencia o entre si de formas cores tamanhos odores etc S CHENOV 1953 apud GORSKI TAVANTS 1960 p 53 Enfim te ricos que t m seus estudos fundamentados na l gica dial tica reconhecem o valor da l gica formal como um caminho para a aquisi o de 3 El an lisis y la s ntesis comienzan en los ni os tambi n de una manera pr ctica o sea con la divisi n real de las cosas en sus partes o con la unificaci n de objetos aislados en un todo Solamente despu s pensando lo que tiene lugar con los
164. m suas apar ncias tais como um pinheiro Arauc ria que muito alto apresenta folhas duras pontiagudas copa em forma de ta a uma roseira que um vegetal de pequeno porte com muitas flores e com caules espinhosos orqu deas e samambaias que s o folhagens poss veis de serem cultivadas em vasos e pequenos espa os 100 Espera se que o aluno separe o que geral a todos os vegetais folhas ra zes caule produz seu pr prio alimento e omita o que os diferencia altura porte exist ncia ou n o de flores diferentes formatos das folhas Essa forma de organiza o do ensino de conceitos segue a orienta o presente nos Par metros Curriculares Nacionais segundo o qual a aprendizagem dos conte dos conceituais se d por aproxima es sucessivas Para aprender sobre digest o subtra o ou qualquer objeto de conhecimento o aluno precisa adquirir informa es vivenciar situa es em que esses conceitos estejam em jogo para poder construir generaliza es parciais que ao longo de suas experi ncias possibilitar o atingir conceitualiza es mais abrangentes estas o levar o compreens o de princ pios ou seja conceitos de maior n vel de abstra o BRASIL 1997a p 74 grifo nosso Acredita se que sucessivamente os estudantes v o se aproximando de conceitos em n veis cada vez mais abstratos Essa compreens o da forma de aprendizagem conceitual justifica a op o metodol gica de partir de
165. mais gerais pode se dizer que o conceito espont neo se transforma em uma nova parte do seu desenvolvimento A crian a o conscientiza ele se modifica na estrutura ou seja passa generaliza o de um tipo mais elevado no aspecto funcional e revela a possibilidade das opera es dos signos que caracterizam a atividade do conceito cient fico Noutros termos ele adquire uma qualidade essencial que distingue a estrutura e o c rculo de atividade do conceito cient fico Ambos podem existir separadamente na crian a nela pode haver o conceito de gua tanto como conceito formado na vida quanto obtido nas aulas de ci ncias naturais VIGOTSKI 2004 p 539 540 Pelo exposto poss vel compreender que a aquisi o de novos significados implica mudan a do conceito na estrutura de generaliza o em que ele est inserido Est se falando de um movimento gradativo de passagem de generaliza es mais simples para mais complexas Esse movimento n o abrupto mas ocorre ao longo da escolariza o Portanto analisar como um conte do abordado ao longo de v rios anos verificando se esse processo pressup e a passagem generaliza o de um tipo mais elevado e contempla a possibilidade das opera es com os signos adquiridos nos permite identificar se esse ensino orientado para o desenvolvimento ps quico dos estudantes Nesse sentido ampliamos nossa an lise contemplando nesse momento n o apenas a an lise de uma sequ ncia did
166. man 1986 tamb m explica que ap s a implanta o do sistema fabril a produ o realizada fora de casa nos edif cios do empregador e sob rigorosa supervis o Os trabalhadores nessa nova condi o perdem sua independ ncia n o possuem nem a mat ria prima nem os instrumentos de trabalho As habilidades de pensar e produzir determinado produto deixam de ser importantes medida que s o substitu das pelo trabalho da m quina 57 Das novas condi es criadas pela manufatura segundo Alves 2006 originaram se trabalhadores incompletos sem o dom nio do processo de trabalho como um todo tanto do ponto de vista pr tico quanto te rico Al m da pr pria estrutura do trabalho fabril afastar a possibilidade da experi ncia formativa para o trabalhador a carga hor ria excessiva dedicada a essa atividade e os baixos sal rios s o tamb m um agravante pois impossibilitam sua participa o em outras atividades que poderiam oferecer elementos para o desenvolvimento humano Marx 2007 por meio do conceito de mais valia explica que o sobretrabalho que gera o lucro para o capitalista retira do trabalhador o tempo livre ou tempo de cio de forma que os oper rios comportam se como puras m quinas e que isso os leva ao embrutecimento Marx 2007 esclarece ainda que os homens ao produzirem seus meios de vida produzem sua pr pria vida material assim coincide o modo do o que produzem com o modo como produzem em suas palavras
167. matem ticas expressas em forma de gr ficos passam a fazer parte do pensamento e n o preciso exatamente ver o tratamento da gua ou a evapora o a condensa o e a precipita o para entender os assuntos abordados Todos os seres humanos de alguma forma desde o nascimento t m contato com a chuva a maioria tem acesso gua tratada mas n o significa que entendam como essa gua sai suja do rio e chega tratada at as torneiras ou que compreendam o ciclo da gua na natureza Dessa forma a oportunidade de aprender o conte do de maneira sistematizada na escola amplia as perspectivas de compreens o da realidade Apesar da import ncia do uso de imagens gr ficos e modelos para a explica o preciso certo cuidado ao utiliz los Cascone 2009 alerta que o uso de um mesmo tipo de imagem ao longo de todo o processo de escolariza o pode levar os alunos a fixarem aspectos n o essenciais dos conceitos comum por exemplo que os livros did ticos apresentem o processo de fotoss ntese com uma imagem padr o de uma rvore e um sol incidindo diretamente sobre ela Segundo Cascone 2009 esse tipo de imagem acaba levando a uma interpreta o presa aos objetos presentes na imagem e n o ao fen meno fotoss ntese A assimila o das defini es segundo a autora refere se a Menchinskaia torna se importante quando percebemos que o aluno a partir dela ao sair do objeto de estudo atual consegue pensar este conte do
168. nada como avan o para a educa o escolar no rompimento com um suposto modelo tradicional de ensino e a incorpora o das necessidades do mundo contempor neo Nesse sentido consideramos relevante analisar a organiza o did tico pedag gica com que os conte dos escolares s o ensinados nas escolas Mas como ter acesso a essa organiza o Onde buscar esses dados Pode se dizer que h a forma de organiza o did tico pedag gica ou v rias formas j que cada professor tem autonomia para preparar suas aulas Se assim for para podermos fazer essa an lise ter amos de observar situa es de ensino cadernos de alunos planejamentos de professores e planos anuais de ensino de muitas salas de aula e em v rias regi es brasileiras para podermos identificar se h uma regularidade nos modos de ensino que possa qualific los como um modo geral de organiza o did tico pedag gica mas n o nos parece que esse seja um procedimento necess rio Realmente h singularidade na forma com que cada professor realiza a atividade de ensino o que imprime certa especificidade ao que acontece em cada sala de aula H tamb m diferen as no ensino decorrentes da particularidade do contexto social em que a escola est inserida No entanto h elementos que acabam configurando um modo geral de a o docente que vai para al m das diferen as decorrentes da singularidade e particularidade dessa atividade s o eles as orienta es curriculares em n ve
169. nceitos presente no livro did tico h forte influ ncia da l gica formal que se revela no caminho padr o de ensino percep o representa o conceito Esse tipo de estrutura o do ensino tem potencial para desenvolver predominantemente o pensamento emp rico Identificamos tamb m que a inclus o de conte dos e atividades que visam exclusivamente as aprendizagens procedimentais e atitudinais retirou o foco da aprendizagem conceitual como o nuclear no ensino Conclu mos que essa forma de organiza o do ensino de conceitos reduz a possibilidade de desenvolvimento do pensamento te rico pelos estudantes via educa o escolar Fato que aponta como necess rio rever o modo de organiza o do ensino de conceitos cient ficos caso se tenha como meta uma escolariza o voltada para o desenvolvimento do pensamento te rico dos estudantes Palavras chave Teoria Hist rico Cultural pensamento te rico organiza o do ensino livro did tico Ensino de Ci ncias MEDEIROS Dalva Helena de CONCEPTUAL LEARNING AND DEVELOPMENT OF THEORETICAL THINKING IM PPOSSIBILITIES OF THE TEACHING ORGANIZATION 154 f Doctoral Thesis in Education Universidade Estadual de Maring Supervisor Prof Dr Marta Sueli de Faria Sforni Maring PR Brazil 2014 ABSTRACT The Historical and Cultural Theory s presupposition that learning of concepts properly organized has strong impact on the development of the human psychism especially in the formati
170. ncia Temas de pedagogia di logos entre did tica e curr culo LIB NEO Jos C e ALVES Nilda orgs S o Paulo Cortez 2012 SHIROMA E O MORAES M C M EVANGELISTA O Pol tica Educacional 4 ed Rio de Janeiro Lamparina 2007 SMIRNOV A A et al Psicolog a Trad del ruso Florencio Villa Landa 3 ed en espa ol Academia de Ciencias Pedag gicas de la R S S F R Instituto de Investigac n Cient fica M xico Editorial Grijalbo 1969 SMITH A A Riqueza das Na es Vol 1 Trad Alexandre Amaral Rodrigues e Eunice Ostrensky S o Paulo Martins Fontes 2003 Paid ia T tulo original The Wealth of Nations TOLEDO C A A RUCKSTADTER F M M RUCKSTADTER V C M Ratio Studiorum Verbete Dispon vel em http www histedbr fae unicamp br navegando glossario verb c ratio studiorum h tm TOMMASI L D WARDE J M HADDAD S Orgs O Banco Mundial e as pol ticas educacionais S o Paulo Cortez A o Educativa PUC SP 1996 154 UNESCO Educa o um Tesouro a Descobrir Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre Educa o para o s culo XXI T tulo original LEARNING THE TREASURE WITHIN Report to Unesco of the International Commission on Education for the Twenty first Century Tradu o Jos Carlos Eufr zio Prepara o da edi o brasileira Maria Alves Muller Edi o Brasileira S o Paulo UNESCO Edi es ASA Cortez 1997 Impresso no Brasil janeiro de 1998
171. nformativo complementando o momento anterior de levantamento dos conhecimentos pr vios dos alunos Foram elaborados em linguagem acess vel s diferentes faixas et rias de modo que os alunos durante a leitura sejam capazes de apreender significativamente novas informa es e de 95 estabelecer conex es entre elas e aquilo que j conhecem GIL e FANIZZI 2008b p 9 grifo nosso O fato de apresentar atividades espec ficas para o levantamento dos conhecimentos pr vios dos alunos constitui uma caracter stica apontada como positiva na s ntese avaliativa da Cole o Porta Aberta pelo Guia de Livros Did ticos PNLD 2010 conforme descrito abaixo A proposta pedag gica est organizada em conson ncia com as teorias atuais da educa o em ci ncias Assim ela se pauta na interdisciplinaridade procura levantar os conhecimentos pr vios dos alunos promove situa es que suscitam troca de opini es estimula debates trabalhos cooperativos e o respeito ao outro Os textos e atividades s o adequados ao desenvolvimento cognitivo dos alunos e est o organizados de forma progressiva nos quatro livros da cole o BRASIL 2009 p 70 grifo nosso A estrat gia metodol gica de uso de imagens objetiva ainda estabelecer rela o com o cotidiano do aluno para que ele possa atribuir significado s imagens O papel das imagens no ensino destacado nas Orienta es para o Professor segundo as autoras as imagens fotografias ilus
172. ns o do mundo e suas transforma es para reconhecer o homem como parte do universo e como indiv duo a meta que se prop e para o ensino da rea na escola fundamental A apropria o dos seus conceitos e procedimentos pode contribuir para o questionamento do que se v e ouve para a amplia o das 90 explica es acerca dos fen menos da natureza para a compreens o e valora o dos modos de intervir e de utilizar seus recursos para a compreens o dos recursos tecnol gicos que realizam essas media es para reflex o sobre quest es ticas impl citas nas rela es entre Ci ncia Sociedade e Tecnologia PCNs de 1 a 4 s ries Ci ncias Naturais 2000 p 23 24 apud GIL FANIZZI 2008b p 4 A cole o Porta Aberta de Ci ncias contempla ainda o trabalho com os temas transversais tica meio ambiente pluralidade cultural sa de orienta o sexual trabalho consumo e cidadania como forma de educar para a cidadania cultivar o respeito ao outro independente de etnia ou posi o social desenvolver a consci ncia para o consumo respons vel GIL FANIZZI 2008 p 4 entre outros objetivos Por conseguinte podemos asseverar que mais uma vez h uma inter rela o entre as orienta es internacionais os PCNs e a organiza o de objetivos conte dos e metodologias do livro did tico H expl cito interesse em desenvolver a cidadania e os valores julgados no Relat rio Delors como imprescind veis
173. nte para poder acompanhar o r pido ciclo das mercadorias com compet ncia para explicar e convencer o cliente das vantagens do novo produto As mudan as desej veis no campo educacional para atender s demandas de reorganiza o do capital precisam de fundamentos pedag gicos e psicol gicos que lhes deem a sustenta o cient fica Assim sendo s o buscadas em te ricos cl ssicos e em outros da p s modernidade categorias que justifiquem seu modus operandi Ao retomarmos desde a primeira revolu o industrial at o atual momento pudemos compreender que a defini o dos conte dos program ticos bem como a organiza o did tica deles n o algo desinteressado ou que parte unicamente de posi es de um ou outro pesquisador ou didata por mais relevante que tenham sido suas contribui es ao campo educacional A defini o dos conte dos possui rela o com o desenvolvimento do setor produtivo e com as demandas de forma o exigidas para a forma o do trabalhador O modo de organizar a escola em classes hor rios distribui o por faixas et rias de modo a atender o direito de acesso educa o a escolha do material did tico e sua organiza o apresentam rela o com as habilidades e compet ncias desejadas para aqueles que assumem ou ir o assumir determinados postos de trabalho Espera se que eles possam assumi los com capacidades que gerem lucro produtividade sem no entanto mudar a base do modelo de produ o capi
174. nte primeiro da explos o colossal de trilh es de toneladas de massa de bilh es de graus de temperatura e grande contradi o naquela ocasi o seria imposs vel a vida mas sem aquele momento a vida n o existiria S o Espa o cont m a potencialidade do um Do ser primeiro Do ser ou n o Do ser antes de ser e depois que era MEDEIROS 1985 p 15 quando nasceu a possibilidade potencial de existir um ser inteligente num aglomerado de p Idem ibidem p 32 Aos homens e mulheres que no pequeno e restrito tempo da hist ria da hominiza o e da humaniza o produziram os instrumentos materiais e intelectuais de atua o no mundo e de explica o do mundo Em especial queles e quelas que dedicaram seus dias sua vidas pesquisa busca de respostas cient ficas E agora Nos ombros desses grandes pensadores tentamos Ver mais longe Ver algo mais Pelo menos possibilitar a dissemina o do conhecimento historicamente acumulado AGRADE O TAMB M Em especial dentre os v rios mestres minha orientadora MARTA SUELI DE FARIA SFORNI pelo rigor cient fico e pela exig ncia que nos obrigam a pensar e escrever de modo sistematizado Pela caminhada em conjunto tentando ampliar o olhar o pensar e o sentir Agradecendo a ela agrade o simbolicamente a todos os professores do Programa de P s Gradua o em Educa o da Universidade Estadual de Maring PPE s bancas de qualifica o e de
175. ntera o do sujeito com a realidade possibilitada pelo conhecimento cient fico por ela oferecido como afirma Martins 2013 ao referir se compreens o de educa o escolar adotada pela psicologia hist rico cultural e pela pedagogia hist rico cr tica afirma 34 a servi o do desenvolvimento equ nime dos indiv duos que a educa o escolar desponta como um processo ao qual compete oportunizar a apropria o do conhecimento historicamente sistematizado o enriquecimento do universo de significa es tendo em vista a eleva o para al m das significa es mais imediatas e aparentes disponibilizadas pelas dimens es meramente emp ricas dos fen menos MARTINS 2013 p 272 Assim o ingresso na escola para a crian a significa um caminho novo para a forma o de conceitos de objetos como os das ci ncias naturais da aritm tica das ci ncias sociais Tamb m Andr iev 1984 explica a import ncia de teorias cient ficas e filos ficas nas esferas da atividade humana incluindo a cognitiva para a forma o de uma cosmovis o cient fica de mundo As verdadeiras teorias cient ficas e princ pios filos ficos influem de maneira ativa na forma o da vis o do mundo e pelo contr rio as teorias e concep es filos ficas acient ficas e anticient ficas formam uma cosmovis o oposta cient fica Por outro lado a vis o de mundo exerce um efeito ativo em todos os dom nios da atividade humana compreendi
176. o condutora na organiza o da educa o formal no Brasil e pa ses em desenvolvimento mas esses estudos efetivaram a an lise por meio de documentos da pr pria pol tica Ao identificarmos o v nculo entre o livro did tico o PNLD os PCNs e destes com o Relat rio Jacques Delors percebemos como na singularidade da sala de aula se faz presente as orienta es gerais sobre a educa o como as pol ticas nacional e internacional chegam sala de aula definindo conte dos e metodologias de ensino A rela o entre o particular livro did tico e o geral demandas de forma o nos permitiu ir al m da an lise meramente formal do livro did tico Por meio da an lise da organiza o de ensino presente na cole o did tica escolhida para aprecia o identificamos que o ensino organizado tomando por base as orienta es presentes nos PCNs tem potencial para desenvolver predominantemente o pensamento emp rico ou emp rico discursivo os quais utilizam a l gica formal como um caminho para classificar os objetos pelos tra os externos por meio da compara o e separa o Ao assumir esse tipo de percurso para ensinar os conceitos tem se reduzida a possibilidade de desenvolvimento do pensamento te rico via educa o escolar 142 Os Par metros Curriculares de Ci ncias PCNs Ci ncias documento referencial curricular nacional em v rios momentos valoriza o conhecimento emp rico por meio da investiga o como
177. o capitalismo relacionando as s quest es educacionais at o presente momento No per odo predominantemente artesanal antes da primeira Revolu o Industrial segundo Marx 2011 o artes o detinha o conhecimento de todo o processo laboral e do uso de suas ferramentas a rela o do trabalhador com o objeto de trabalho era mediada pelo conhecimento Todavia essas condi es de trabalho se modificaram com a consolida o do modo de produ o capitalista De acordo com Alves 2007 fatos sociais pol ticos e econ micos que ocorreram nos s culos XVII e XVIII desencadearam o movimento de ascens o da sociedade capitalista Dentre eles destaca se a Revolu o Francesa Pensadores e pol ticos ligados a ela se envolveram na formula o de propostas de educa o e na defesa de princ pios que qualificam a exist ncia da escola p blica como p blica universal laica obrigat ria gratuita Esses pensadores paralelamente revelam as limitadas condi es materiais da na o para universalizar a escola naquele momento hist rico Lib neo 1985 afirma que com a Revolu o Francesa fica facultado ao cidad o a possibilidade de enriquecer e adquirir prest gio por seu pr prio m rito j que com ela surge a vis o de homem assentada sobre o indiv duo e seus direitos naturais caindo por terra a ideia de poder e posi o social adquiridos por hereditariedade Para o desenvolvimento do capitalismo exigia se a dissemina o do ide r
178. o de estudo Com base nesses estudos adquirimos mais instrumentos para analisar o livro did tico e vimos que a perspectiva de forma o que se assume como meta da escola o tipo de pensamento que deseja formar faz diferen a na forma de ensinar os conceitos e portanto no modo como ele abordado no livro did tico 141 Essa compreens o nos levou a busca subs dios que revelassem essa perspectiva de forma o assumida pela educa o brasileira Com esse objetivo realizamos estudos acerca das pol ticas educacionais que permeiam direta ou indiretamente a organiza o do ensino de modo geral e o livro did tico em especial Esses estudos foram relevantes para compreender que a escolariza o como uma dos principais meios sociais de desenvolvimento como afirmado pela Teoria Hist rico Cultural tem essa possibilidade comprometida j que na organiza o do ensino n o se tem como horizonte o ensino de conceitos sistematizado de modo que forme o pensamento te rico nos estudantes Outra perspectiva de forma o assumida essa voltada para a forma o de compet ncias e habilidades bem como atitudes e valores voltados coes o social A defesa desse tipo de forma o ganha for a a partir do momento em que alian as s o feitas com os organismos internacionais que se voltam ao atendimento das demandas do capital em seu atual est gio de desenvolvimento Outros estudos j apontaram a perspectiva das pol ticas p blicas com
179. o ensino das ci ncias e nesta perspectiva definir uma educa o que saiba desde a mais tenra idade por meios por vezes muito simples como a tradicional li o das coisas despertar a curiosidade das crian as desenvolver o seu sentido de observa o e inici las na atitude de tipo experimental UNESCO 1998 p 83 destaques do autor Em outra parte do documento na qual s o anunciadas as recomenda es de Dacar o ensino de ci ncias novamente enfatizado e s o sugeridos os encaminhamentos para ensinar essa rea de conhecimento com as seguintes inten es Refere se ao Relat rio da segunda sess o da Comiss o Dacar 18 21 de setembro de 1993 86 Criar capacidades de pesquisa e peritos em n vel regional ensinar ci ncias segundo uma problem tica sist mica recorrendo li o das coisas o que permite retirar conhecimentos da observa o do meio envolvente natural ou artificial mobilizar os conhecimentos t citos de todos incluindo os das gera es mais velhas processos de rod zio dos campos problemas de eros o dos solos riscos naturais etc UNESCO 1998 p 84 destaques do autor O Relat rio Delors apresenta ainda preocupa es com o meio ambiente expressas nos conte dos tratados na disciplina de Ci ncias Sobre esse tema sugere Prosseguir a reflex o sobre a ideia de um novo modelo de desenvolvimento mais respeitador da natureza e dos ritmos da pessoa UNESCO 1998 p
180. ois dos seus artigos evidenciam o valor econ mico da gua e expressam a necessidade de atitudes de iniciativa pessoal e n o social ou governamental para prote o desse bem natural vital Art 6 A gua n o uma doa o gratuita da natureza ela tem um valor econ mico precisa se saber que ela algumas vezes rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer regi o do mundo Art 7 A gua n o deve ser desperdi ada nem polu da nem envenenada De maneira geral sua utiliza o deve ser feita com consci ncia e discernimento para que n o se chegue a uma 134 situa o de esgotamento ou deteriora o da qualidade das reservas atualmente dispon veis Dispon vel em lt http www ibge gov br ibgeteen datas agua declaracao html gt apud GIL e FANIZZI 2008d p 40 Esses princ pios definem bem as atitudes e procedimentos que devem ser tomados em rela o gua e deixam claro seu valor econ mico Esses mesmos princ pios podem ser notados em todos os livros da cole o Se trabalhados os conte dos adequadamente poder se ia hipoteticamente imaginar que ao final do 5 ano a compreens o sobre o elemento gua teria se ampliado em rela o aos conhecimentos espont neos adquiridos na fam lia com os amigos e nas institui es de Educa o Infantil Mesmo os h bitos comuns como tomar banho escovar os dentes lavar cal adas deveriam ser influenciados pelos conhecimentos cient ficos s
181. ompensador de baixo n vel de forma o docente n o se pode justificar mais j que existe a possibilidade de oferecer s lida forma o te rico metodol gica aos professores O uso do livro did tico generalizado em todo territ rio nacional e investido grande parte dos recursos destinados educa o na sua sele o aquisi o e distribui o Os dados do Centro de Estudos de Consultoria do Senado expostos por Britto 2011 revelam os valores investidos pelo Governo Federal na aquisi o e distribui o de livros did ticos Em 2009 o montante de obras adquiridas para o ano letivo de 2010 ultrapassou a marca dos 110 milh es de volumes Segundo o FNDE naquele ano o Governo Federal investiu R 577 6 milh es na compra de livros did ticos para a educa o b sica e R 112 8 milh es na distribui o dessas obras para todo o Pa s por meio de pagamento Empresa Brasileira de Correios e Tel grafos ECT A magnitude das estimativas referentes ao custo dos programas de material did tico para 2011 cuja aquisi o ocorreu em 2010 ainda mais impressionante O valor total chegaria a R 1 bilh o beneficiando cerca de 37 milh es de alunos matriculados em mais de 148 mil escolas de ensino fundamental e m dio BRITTO 2011 p 7 Apesar de ser um custo alto certamente ainda muito inferior ao que seria necess rio para enfrentar de fato a fragilidade da forma o de professores tornando a carreira docente atrativ
182. on of the theoretical thinking instigated us by the current author to investigate whether teaching organization in Brazilian schools has such a formative potential Since the program of a discipline is the expression of a scientific knowledge projection in its assimilation by students the didactic pedagogical organization of a determined area of knowledge namely Science has been selected as the object of study Moreover the textbook has been chosen as the material of analysis We defined as current research aims at analyzing whether teaching as organized in the textbook favors learning and leads students towards the development of theoretical thought This investigation was conducted by a bibliographical and documental research Studies were first undertaken to understand the foregrounding of the Historical and Cultural Theory linked to the relationship between learning and development scientific and common sense concepts and empirical and theoretical thought An investigation later ensued on the relationship between the organization of learning in the textbook and the Brazilian Curricular Guidelines or rather the study of international educational policies and their links with the compliance to the demands of the production segment The above studies provided tools for the analysis of the textbook beyond its technical specificity Results showed that there is a strong influence of formal logic in the didactic organization for the teaching of concept
183. onhecimento que ia muito al m da m dia que apresentava grande erudi o Entretanto para a expans o da educa o e universaliza o do ensino era necess rio um grande n mero de professores Como n o havia naquele per odo profissionais com vasto repert rio de conhecimentos a proposta foi a de libertar se do mestre s bio de modo que qualquer pessoa com conhecimento mediano pudesse ensinar Assim podemos compreender o percurso ocorrido na profiss o professor que foi semelhante ao processo ocorrido com o artes o quando ocorre a divis o do trabalho por exemplo o artes o reunia na mesma pessoa a unidade de planejamento e execu o de uma tarefa fato que lhe possibilitava maior desenvolvimento No modelo fabril o trabalhador em nome da produ o em s rie passa a assumir somente uma parte do trabalho normalmente ligada execu o e n o ao planejamento como vimos em Adam Smith 2003 e em Marx 2007 o que reduz quantitativa e qualitativamente suas experi ncias formativas No modelo de professor inspirado pelo modelo fabril ocorre tamb m a cis o de tarefas do trabalhador que executa e do trabalhador que planeja a a o O professor passa a ser expropriado do papel de intelectual criador planejador e torna se apenas executor de uma tarefa que j estava pensada e planejada Nas palavras do pr prio Comenius qualquer pessoa poder ensinar porque j encontrar prontas como se impressas numa partitura as
184. or Sieber esclarece como destacou diversos componentes simples do sistema econ mico e buscou correlacion los entre si e coorden los para demonstrar o movimento do real por meio do m todo dial tico 42 Dav dov 1982 aclara que o trabalho desenvolvido por Marx de destacar uma classe de objetos e efetuar sua classifica o consiste na descri o emp rica da realidade e que esse processo inteiramente necess rio para realizar a abstra o Entretanto enfatiza que o abstrato na l gica dial tica diferente da limitada interpreta o feita pela l gica formal para a qual o concreto um objeto solto sensorialmente percept vel ou sua imagem gr fica Segundo ele a l gica formal compreende por abstrato as propriedades destacadas mentalmente desse objeto e a inclus o em uma classe de objetos similares considerados independentemente Dav dov 1982 afirma que dessa forma o conte do da abstra o n o existe na realidade e que o pensamento pode operar somente com as propriedades abstra das sem a representa o plena do objeto em sua integridade Dav dov 1982 apresenta como exemplo o texto de Marx 1987 Para a Cr tica da Economia Pol tica na se o em que explica O M todo da Economia Pol tica ao explicar que o objeto popula o do pa s n o algo concreto e sim uma abstra o A popula o uma abstra o se desprezarmos por exemplo as classes que a comp em MARX 1987 p 16 Por que Marx af
185. ores ou flores solicitando se aos estudantes que escrevam os nomes das partes da planta Por meio de pequenos textos s o oferecidas defini es e fun es de cada parte da planta Seguindo o mesmo padr o de ensino de outros conte dos s o oferecidas diversas imagens de ra zes como por exemplo cenoura f cus mandioca beterraba para que os escolares possam extrair os aspectos essenciais das ra zes bem como conhecer a sua utiliza o como alimento para os seres humanos Esse modelo usado tamb m para a abstra o das caracter sticas das flores e folhas alface br colis camomila r cula erva mate erva cidreira de modo que os escolares possam captar tanto as semelhan as como as diferen as e utilidades das partes da planta para os seres humanos Toda a cole o enfatiza o aspecto utilit rio dos objetos de an lise no caso das plantas sua utilidade como alimento bebida cn medicinal etc O uso de imagens como uma das linguagens para o ensino dos conte dos algo altamente valorizado pelas autoras do livro did tico Para tanto um t pico espec fico foi constru do para expor a proposta metodol gica da cole o Nele destaca se que A an lise de imagens permite acionar as dimens es afetiva cognitiva e est tica relacionadas aquisi o do conhecimento Partindo dessa estrat gia os alunos utilizam alguns procedimentos para dar significado s imagens como an lise dos elementos constituintes em rel
186. oroso para forma o de uma concep o cient ficate rica do mundo entretanto ao ser transformado em conhecimento escolar passa por adapta es reguladas pelo que considerado valor social e pela situa o particular em que ocorre essa forma de transmiss o cultural tempo espa o idade e condi o de aprendizagem dos estudantes etc Reside a um problema Conforme afirmado anteriormente os conte dos na condi o de instrumentos simb licos possibilitam aos sujeitos apoderar se das opera es intelectuais que est o incorporadas neles Perguntamos ent o se essa possiblidade formativa garantida no ensino desses conte dos na escola Aqui temos um aspecto fundamental a ser analisado para podermos responder a nossa pergunta o modo como o conhecimento cient fico transformado em conte do escolar Pois a maneira como definido o conte do escolar e sua organiza o did tico pedag gica pode n o ser favor vel ao alcance das contribui es 8 la descripci n sistem tica y jer rquica de los conocimientos y artes que procede asimilar DAVYDOV 1982 p 6 36 esperadas Raz o pela qual Dav dov 1982 aponta como necess rio analisar a estrutura o l gico psicol gica das disciplinas escolares e de seu programa Nessa passagem do conhecimento cient fico para o conte do a ser ensinado na escola os conhecimentos podem assumir caracter sticas que se distanciam das opera es intelectuais que est o subj
187. os PCNs e adotadas pela cole o n o teria sentido se o trabalho com conceitos n o se limitasse descri o dos fen menos 132 mantendo se no universo emp rico Como os conceitos cient ficos s o trabalhados conforme exposto pela l gica formal eles n o se transformam em instrumentos cognitivos para os sujeitos de modo que possam estabelecer rela es explicativas para diferentes fen menos Assim para falar de situa es e comportamentos que incluem a gua cria se um outro conte do denominado de atitudinal que procura aliar o tema mudan a de comportamento No entanto isso torna se necess rio justamente porque a aprendizagem conceitual mantem se nos limites da forma o do pensamento emp rico J no ensino de conceitos voltados para a forma o do pensamento te rico essa cis o n o se justifica j que como afirma Martins s d O pensamento te rico se expressa no estabelecimento de conex es entre os fen menos da realidade e entre suas propriedades e caracter sticas Operando por meio de ideias extrai dimens es do fen meno que n o se revelam sensorial e imediatamente Ao apreender aquilo que ele apreende tamb m como chegou a s lo e como poder tornar se diferente Assim apenas pelo pensamento te rico o homem pode captar a realidade em seu movimento e transforma o isto em sua historicidade MARTINS s d p 07 Cascone e Sforni 2009 afirmam que a aprendizagem de conceitos pressup
188. os e organizados os conte dos e os encaminhamentos did tico metodol gicos Vemos hoje anacronicamente proposi es semelhantes s de Comenius pensadas para solucionar problemas da contemporaneidade Le o e Megid Neto 2006 esclarecem que o uso do livro did tico sugerido pelo Banco Mundial e que as orienta es dessa institui o financeira internacional norteiam o trabalho desenvolvido pelo PNLD Torres 1996 esclarece que o uso do livro did tico sugerido pelo Banco Mundial como um dos insumos priorit rios o qual deve ser priorizado pelas pol ticas 77 p blicas de educa o e definida a aloca o de recursos p blicos para sua operacionaliza o Entre os tr s insumos priorit rios que interv m na qualidade educativa de acordo com o organismo internacional encontra se a recomenda o de produ o e distribui o de livros did ticos b proporcionar livros did ticos vistos como a express o operativa do curr culo e contando com eles como compensadores dos baixos n veis de forma o docente Recomenda aos pa ses que deixem a produ o e distribui o dos livros did ticos em m os do setor privado que capacitem os professores na sua utiliza o al m de elaborar guias did ticos para estes ltimos TORRES 1996 p 135 grifo do autor Estamos no s culo XXI na Terceira Revolu o Cient fica e Tecnol gica dessa forma o uso do livro did tico como recurso nico ou principal como c
189. os nos auxiliam a compreender a vis o de forma o humana defendida na contemporaneidade assumida pelas pol ticas educacionais brasileiras divulgada nos documentos oficiais e por decorr ncia assumida pelos livros did ticos bem como nos subsidiam distinguir a forma o humana defendida pelos documentos oficiais daquela sustentada pela THC visto que a organiza o did tico pedag gica adota princ pios direcionados a uma determinada forma o humana para uma definida sociedade A se o 4 destinada an lise da cole o Porta Aberta de Ci ncias Dedicamo nos a compreender como est o organizados os conte dos e encaminhamentos did tico pedag gicos a fim de examinar se o ensino como est organizado no livro did tico favor vel aprendizagem e capaz de levar ao desenvolvimento do pensamento conceitual te rico dos estudantes Procuramos investigar sob qual l gica realizada a organiza o do ensino e qual tipo de atividade ps quica requerida por essa l gica no processo de aprendizagem dos conceitos Esperamos com esse percurso avan ar nos estudos sobre aprendizagem conceitual bem como oferecer aos professores elementos te rico metodol gicos que se constituam em crit rios para avalia o das atividades escolares e sele o daquelas que tenham maior potencial para o desenvolvimento dos estudantes 23 2 ENSINO APRENDIZAGEM CONCEITUAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO Nesse cap tulo pretendemos explicitar alg
190. os possam ser apreendidos pelos rg os dos sentidos se mantidos nesse n vel de apropria o sensorial n o sairiam do que j conhecido de forma cotidiana Para compreender teoricamente esses fen menos preciso recorrer ao seu conhecimento l gico hist rico o que envolve abstra es e generaliza es cada vez mais complexas imposs veis de serem realizadas apenas observando e vivenciando esses fen menos O conceito gua passa a fazer parte de um conjunto de conceitos inter relacionados ou seja de um sistema Os conceitos cient ficos s o os port es por meio dos quais a tomada de consci ncia penetra no reino dos conceitos infantis VIGOTSKI 2009 p 295 Para compreender como se processa a tomada de consci ncia pela crian a Vigotski esclarece que preciso entender a relev ncia do sistema da sistematicidade necess ria para o desenvolvimento do pensamento infantil A apreens o dos conceitos cient ficos n o acontece portanto de forma a ssistem tica por isso Vigotski 2004a 2009 defende a concep o de que o ensino propicia o desenvolvimento e o surgimento desse desenvolvimento acontece com base nessa aprendizagem No cap tulo 2 no qual tratamos da rela o entre o modelo de produ o e a educa o escolar destacamos que os conte dos curriculares acompanham as exig ncias e demandas do setor produtivo Quanto ao Brasil no atual momento temos a influ ncia das pol ticas internacionais via PCNs estes
191. para conhecer um objeto e destacar suas propriedades essenciais entendemos que os aspectos atitudinais e procedimentais valorizados pelos PCNs em rela o gua s o resultado das situa es concretas e seus nexos vivenciados pelos seres humanos que nascem e se desenvolvem numa sociedade capitalista Por outras palavras dentre tantas utilidades e propriedades da gua ela compreendida nos documentos educacionais como um bem essencial vida e economia de um pa s e se faz necess rio ensinar s novas gera es o valor desse bem precioso bem como a imperiosa obriga o de preserv la Por isso que h a extrema valoriza o dos elementos procedimentais e atitudinais porque permitem no decorrer dos anos de escolaridade propiciar a assimila o de valores e procedimentos relevantes conserva o da gua sem entretanto questionar e tentar modificar elementos relacionados direta ou indiretamente ao modelo de produ o capitalista que leva escassez polui o m distribui o da gua e n o protestar quanto s condi es de pobreza que levam ao consumo ou contato com guas contaminadas que s o vetores de prolifera o de doen as Enfim o assunto tratado como se fosse um assunto cuja solu o est na mudan a do indiv duo e n o uma mudan a social pol tica e econ mica Isso pode ser evidenciado nos princ pios expressos na Declara o Universal dos Direitos da gua conte dos ensinados no 5 ano D
192. pon vel em http www revistas2 uepg br index php praxiseducativa article view 1862 1999 Acesso em 01 Sep 2013 GEREMEK B Coes o Solidariedade e Exclus o In UNESCO Educa o um Tesouro a Descobrir Relat rio para a UNESCO da Comiss o Internacional sobre Educa o para o s culo XXI T tulo original LEARNING THE TREASURE WITHIN Report to Unesco of the International Commission on Education for the Twenty first Century Tradu o Jos Carlos Eufr zio Prepara o da edi o brasileira Maria Alves Muller Edi o Brasileira S o Paulo UNESCO Edi es ASA Cortez 1997 Impresso no Brasil janeiro de 1998 GIDDENS A A Constitui o da Sociedade Trad lvaro Cabral 2 ed S o Paulo Martins Fontes 2003 149 Sociologia Ed Artmed Porto Alegre 2004 GIL ngela Bernardes de Andrade e FANIZZI Sueli Porta Aberta Ci ncias 2 ano S o Paulo FTD 2008a Cole o Porta Aberta Ci ncias Porta Aberta Ci ncias 3 ano S o Paulo FTD 2008b Cole o Porta Aberta Ci ncias Porta Aberta Ci ncias 4 ano S o Paulo FTD 2008c Cole o Porta Aberta Ci ncias Porta Aberta Ci ncias 5 ano S o Paulo FTD 2008d Cole o Porta Aberta Ci ncias GORSKI D P TAVANTS P V L gica Trad del ruso Augusto Vidal Roget Academia de Ci ncias de la U R S S Instituto de Filosofia M xico Editorial Grijalbo S A 1960 HARVEY D Condi o P s Moderna uma pes
193. possibilitam o desenvolvimento das fun es ps quicas As defini es de conceito e de conceito cient fico nos permitem afirmar que o conhecimento que precisa ser apropriado pelos escolares n o est diretamente expl cito nos objetos ou nos fen menos em si mas s o resultados s nteses conhecimentos sistematizados e expressos nos signos convencionais e que essas representa es da realidade devem realizar a media o entre o sujeito e os objetos e fen menos Por considerar o potencial que essa aprendizagem tem para o desenvolvimento ps quico Vigotski faz uma afirma o que merece nossa aten o a aprendizagem n o desenvolvimento mas corretamente organizada conduz o desenvolvimento mental da crian a suscita para vida uma s rie de processos que fora da aprendizagem se tornariam inteiramente invi veis VIGOTSKI 2004a p 484 13 se presenta como idea que expresa el resultado la del conocimiento cient fico y de la investigaci n en una etapa dada del saber GORSKI TAVANTS 1960 p 39 38 A quest o da aprendizagem corretamente organizada provavelmente tamb m tenha chamado aten o de Dav dov 1988 j que ele se ocupou de analisar os manuais utilizados em cursos de forma o de professores na R ssia para verificar o tipo de forma o recebida pelos professores no que se refere a organiza o do ensino Ele identificou que o ensino prim rio que se orienta pelos princ pios apresentados ao
194. prendizagem 4 Organiza o ensino I SFORNI Marta Sueli de Faria Il Universidade Estadual de Maring Programa de P s Gradua o em Educa o Ill T tulo CDD 21 ed 370 DALVA HELENA DE MEDEIROS APRENDIZAGEM CONCEITUAL E DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO TE RICO IM POSSIBILIDADES DA ORGANIZA O DO ENSINO BANCA EXAMINADORA Prof Dr Marta Sueli de Faria Sforni Orientadora UEM Prof Dr Fernando Jos Martins IES UNIOESTE Foz do Igua u Prof Dr Carlos Toscano UEL Londrina Prof2 Dre urea Maria Paes Lemes Goulart UEM Prof Dr Maria Terezinha Bellanda Galuch UEM Data de Aprova o 26 de mar o de 2014 Dedico este trabalho Aos meus pais Constantino Lisboa de Medeiros in memoriam e Dalva Araci Lopes de Medeiros pelos ensinamentos incentivo e exemplo de vida Aos meus filhos Em lio Constantino de Medeiros Machado e Fernando Arthur de Medeiros Machado express o da continuidade da vida e da potencialidade encarnada do ser e do vir a ser homens A todos os meus professores desde a escolariza o b sica pela sua media o e dedica o AGRADECIMENTOS Fiquei a refletir quem eu gostaria ou deveria agradecer ao final de um trabalho de doutorado Fui olhando para tr s na hist ria humana na hist ria do Universo na hist ria da Ci ncia que tenta explicar o surgimento desse Universo e nele o ser humano AP S A REFLEX O AGRADE O Ao insta
195. quisa sobre as origens da mudan a cultural 18 ed S o Paulo Loyola 2009 HEDEGAARD M A zona de desenvolvimento proximal como base para a instru o In MOLL Luis C Trad Fani A Tesseler Vygotsky e a educa o implica es pedag gicas da psicologia s cio hist rica Porto Alegre Artes M dicas 1996 HUBERMAN L Hist ria da riqueza do Homem Trad Waltensir Dutra 21 ed Rio de Janeiro LTC Livros T cnicos e Cient ficos Editora S A 1986 KOPNIN P V A dial tica como teoria do conhecimento Trad Paulo Bezzerra Rio de Janeiro Civiliza o Brasileira 1978 KUENZER A Z Exclus o Includente e Inclus o Excludente a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas rela es entre educa o e trabalho In Capitalismo Trabalho e Educa o LOMBARDI Claudinei SAVIANI Dermeval e SANFELICE J Lu s orgs 3 ed Campinas SP Autores Associados HISTEDBR 2002 Conhecimento e compet ncias no trabalho e na escola Boletim t cnico do SENAC v 28 n 2 2002 Dispon vel em 150 http www educacao rs gov br dados seminariointernacional acacia kuenzer con hec compet trab esc pdf Acesso em 03 01 2014 LAJOLO M Livro Did tico um quase manual de usu rio Em Aberto Bras lia ano 16 n 69 jan mar 1996 LE O F de B F e MEGIDI NETO J Avalia es Oficiais sobre o livro did tico de Ci ncias In FRACALANZA Hil rio e MEGID NETO Hil rio Orgs O livro did tico de Ci nc
196. quismo humano de modo especial na forma o do pensamento te rico nos instigou a investigar se a organiza o do ensino nas escolas brasileiras tem esse potencial formativo Tendo em vista que o programa de uma disciplina expressa a proje o do conhecimento cient fico no plano de sua assimila o pelos estudantes elegemos como objeto de estudo a organiza o did tico pedag gica de uma determinada rea do conhecimento Ci ncias e como material de an lise o livro did tico Definimos como objetivo geral da pesquisa analisar se o ensino como est organizado no livro did tico favor vel aprendizagem e capaz de levar ao desenvolvimento do pensamento te rico dos estudantes A investiga o foi realizada mediante pesquisa bibliogr fica e documental Inicialmente realizamos estudos a fim de compreender os aportes da Teoria Hist rico Cultural vinculados rela o entre aprendizagem e desenvolvimento conceitos cient ficos e cotidianos e pensamento emp rico e te rico Posteriormente investigamos a rela o entre a organiza o do ensino presente no livro did tico e os Par metros Curriculares Nacionais o que nos remeteu aos estudos das pol ticas educacionais internacionais e seus v nculos com o atendimento s demandas do setor produtivo Esses estudos nos ofereceram elementos para an lise do livro did tico para al m da sua especificidade t cnica Identificamos que na organiza o did tica para o ensino de co
197. r uma compreens o dos conceitos te ricos seguindo esse caminho Fundamentados em Dav dov 1982 1988 podemos compreender at o momento que a organiza o did tico pedag gica que toma como base as impress es sensoriais para ensinar conceitos permite o desenvolvimento do pensamento emp rico restrito s informa es que podem ser captadas das caracter sticas externas dos objetos Percebemos tamb m que o conhecimento te rico n o pode ser considerado como abstrato denotando separado da vida da realidade e da pr tica ou seja vazio de significado Como fomos tamb m educados a pensar pelo procedimento da l gica formal temos a tend ncia de pensar isso ou isso n o se isto A n o pode ser B se concreto n o abstrato se abstrato n o concreto Entretanto quando passamos a compreender no objeto a materialidade do conceito em seu car ter de mediador simb lico percebemos que para compreender o concreto precisamos da media o do abstrato do que n o imediatamente dado mas que depende do estabelecimento de rela es concreto abstratas para que se capte o que essencial Dav dov 1982 retoma os estudos de Leontiev afirmando que se todo conceito fruto da atividade humana cabe ao professor estruturar para o aluno uma atividade adequada ao conceito que deseja que seja apropriado Ser adequada significa ser aquela atividade que revele o conceito como mediador das a es humanas portanto o estabe
198. ra o mental de algumas de suas qualidades ou aspectos isolados SMIRNOV et al 1969 p 236 grifo dos autores Os autores explanam ainda que a an lise pode ser dividida em dois tipos diferentes a divis o mental do todo em partes e a separa o mental de signos isolados qualidades ou aspetos do todo Smirnov et al 1969 citam como um dos exemplos da divis o em partes a divis o da planta em caule raiz flores e folhas Sobre a divis o em signos exemplificam com base na cor no tamanho e na forma das coisas Smirnov et al 1969 esclarecem que o processo de s ntese a contraposi o do processo de an lise a s ntese a unifica o a reuni o mental das partes dos objetos ou a combina o mental de seus sintomas qualidades e aspectos SMIRNOV et al 1969 p 237 grifo dos autores Alertam que ainda que os processos de an lise e s ntese sejam antag nicos s o insepar veis Os autores explicam como ocorre o processo de an lise e s ntese no pensamento das crian as e como esse processo passa a fazer parte de suas opera es mentais A an lise e a s ntese se iniciam nas crian as tamb m de uma maneira pr tica ou seja com a divis o real das coisas em suas partes ou com a unifica o de objetos isolados em um todo Somente depois pensando o que tem lugar com os objetos quando se 38 En el proceso de cognici n pasamos de reflejar la realidad de manera inmediata y por im genes a reflejarla
199. reprodu o animal O desenho solicitado desenhar o ovo por dentro e nomear suas partes sobre o bvio e portanto n o exercer o papel de tr nsito entre o concreto e o abstrato n o oportuniza uma representa o em que reflita a compreens o de ov paro como um animal que se reproduz por meio de ovos O desenho solicitado poderia ser de um animal ov paro chocando os ovos ou dos filhotes saindo do ovo ou at mesmo do ovo se al m de simplesmente solicitar ao escolar a nomea o das partes gema clara e casca os alunos fossem inseridos em problematiza es que os levassem a reconhecer a rela o entre cada parte do ovo e o desenvolvimento do embri o Problematiza es que os levassem a reflex o e an lise para al m da empiria Na atividade proposta n o se observa a presen a de algum conte do abstrato permeando o concreto para propiciar o desenvolvimento do pensamento te rico dos estudantes N o h na proposta de experimento momentos que propiciem a verbaliza o sobre o conceito tratado nem por parte da professora nem por parte dos alunos Existe apenas uma sequ ncia de a es que devem ser realizadas por ambos marcada pela aus ncia de qualquer elemento te rico que justifique a raz o dessas a es de conhecimento geral que as atividades pr ticas s o muito valorizadas na escola contempor nea como forma de tornar a aula mais interessante mais atrativa e l dica entretanto se tomamos como princ pio
200. s Cada um dos quatro volumes da cole o est dividido em nove unidades previstas para um m s de estudo A proposta metodol gica de apresenta o dos conte dos e atividades da cole o est assim disposta em todas as unidades sugerida a realiza o inicial do levantamento do conhecimento pr vio dos alunos por meio de leitura e z interpreta o de imagens Na sequ ncia apresentado um Texto Inicial que introduz o assunto tratado naquela unidade Para amplia o dos conceitos cient ficos a cole o apresenta Textos Complementares na se o Ler para No manual do professor as autoras Gil e Fanizzi orientam que para possibilitar que os alunos lidem com os conte dos procedimentais e atitudinais os professores z devem adotar a metodologia dos experimentos Essa metodologia tamb m apontada pelas autoras como possibilitadora de aprendizagem significativa dos conceitos cient ficos uma maneira de despertar a curiosidade favorecer a atividade em grupo promover o levantamento de hip teses a fim de que os alunos n o concebam a Ci ncia como um conjunto de respostas incontest veis e sim como uma atividade que envolve questionamentos e elabora o e comprova o de hip teses H uma padroniza o da estrutura de cada unidade e se es que s o adotadas por todos os livros da cole o conforme descreve o Guia do Livro Did tico do PNLD J4 Cada unidade subdividida nas seguintes se es Descobrindo
201. s conhecimentos sobre essa realidade A linguagem verbal apontada por Leontiev 1978a como um marco referencial no desenvolvimento ps quico humano devido ao fato de propiciar ao homem ferramentas mnem nicas e a possibilidade de planejamento de novas a es ou seja por permitir ao homem agir com o objeto no 5 CALONNI H Dial tica Para maior aprofundamento ler A teoria da atividade como uma abordagem para a pesquisa em educa o DUARTE 2002 7 La forma inicial y universal de tal relaci n son las transformaciones y los cambios instrumentales dirigidos a una finalidad realizados por el sujeto social de la realidad sensorial objetal o sea la pr ctica material productiva de las personas Ella constituye la actividad laboral creativa de los hombres sobre cuya base surgen y se desarrollan en la historia de la sociedad las diferentes formas de la actividad espiritual de las personas cognoscitiva art stica religiosa etc DAVIDOV 1988 p 11 26 plano simb lico e n o apenas mediante a rela o direta e f sica com ele Isso significa uma transforma o no homem o que corresponde afirma o de Marx 2011 de que o trabalho nos caracteriza como humanos porque os seres humanos ao transformarem a natureza em vez de simplesmente adaptarem se a ela transformam a ela e a si mesmos Antes de tudo o trabalho um processo de que participam o homem e a natureza processo em que o ser humano com sua pr pri
202. s Par metros anunciam uma mudan a na qual o conte do deixa de se constituir como um fim em si mesmo e passa a ser visto como meio para o desenvolvimento de capacidades que permitam aos alunos produzir e usufruir dos bens culturais sociais e econ micos BRASIL 1997a p 73 O documento descreve um projeto educacional que demanda reflex o sobre a sele o de conte dos e exige ressignifica o da no o de conte do escolar de modo a ampli la para al m de fatos e conceitos e inclua procedimentos valores normas e atitudes Apresentam se tr s grandes categorias de abordagem dos conte dos conte dos conceituais conte dos procedimentais e conte dos atitudinais Os conte dos conceituais s o compreendidos como o corpo de conhecimentos produzido pela humanidade nessa categoria se incluem fatos e conceitos Fatos s o considerados conhecimentos espec ficos e restritos como dados nomes s mbolos e datas importantes que s o acionados principalmente pela mem ria Conceitos s o entendidos como um conjunto de fatos que se relacionam entre si expressos por palavras Quanto aos conte dos procedimentais s o definidos como aqueles que propiciam o desenvolvimento de habilidades e destrezas manuais emprego de estrat gias que estimulem o racioc nio e facilitem a comunica o utiliza o de t cnicas e pesquisas estabelecimento de conex es entre os conceitos Para que ocorra o desenvolvimento dos conte dos procedimentais em sal
203. s ao trabalho investigativo promover o levantamento de hip teses favorecer a atividade em grupo reconhecendo a natureza coletiva da constru o do conhecimento cient fico e enfatizar a import ncia da produ o de relat rios conclusivos para o registro e a comunica o das etapas realizadas GIL e FANIZZI 2008b p 10 O experimento escolhido para an lise do livro destinado ao 2 ano Unidade 4 Animais de Todo Tipo subse o Animais Ov paros A unidade inicia se com um pequeno texto que define o que s o animais ov paros h a imagem de uma galinha chocando ovos de uma tartaruga adulta e de uma tartaruga filhote saindo do ovo Na p gina seguinte apresentada a proposta de experimenta o sobre o ovo Figura 5 115 i Investi ando e experimentando Um ovo 1 A professora trar um ovo de galinha e um prato Ilustra es Avelino Guedes 2 Todos os alunos dever o segurar O ovo e responder s perguntas no caderno e Qual a cor do ovo por fora e duro Macio Frio Quente 3 Um aluno vai quebrar o ovo no prato e responder oralmente e Ele se quebrou com facilidade LL Todos devem observar e responder no caderno e Qual o nome da parte amarela e E da parte transparente que envolve a amarela e Agora fa a um desenho no caderno mostrando como o ovo por dentro Depois escreva o nome de cada parte Figura 5 Investigando e experimentando Font
204. s habilidades cognitivas intelig ncia instrumentalizadora e as compet ncias sociais necess rias adapta o do indiv duo ao novo paradigma produtivo al m de formar o consumidor competente exigente sofisticado LIB NEO OLIVEIRA TOSCHI 2012 p 115 116 A passagem dos processos r gidos para os flex veis exige que a escola desenvolva nos sujeitos novas habilidades cognitivas tais como utiliza o do conhecimento cient fico para resolu o de problemas interpreta o e uso de v rias linguagens dom nio de metodologias capacidade de trabalhar em grupo e ainda o compromisso pol tico com a qualidade de vida social e produtiva Essas propostas educacionais no Brasil s o disseminadas pelos Par metros Curriculares Nacionais PCNs e pelas Diretrizes Educacionais emanadas pelo Minist rio da Educa o MEC e abrangeram da Educa o Infantil ao Ensino Superior Lopes 2002 em seu estudo sobre os Par metros Curriculares para o Ensino M dio corrobora a afirma o feita por Lib neo Oliveira e Toschi 2012 sobre as compet ncias exigidas no modelo flex vel identificando que elas se expressam no documento de refer ncia nacional para esse n vel de ensino Como a esfera da produ o passa a exigir compet ncias superiores associadas ao pensamento mais abstrato realiza o simult nea de tarefas m ltiplas capacidade de tomar decis es e de solucionar problemas capacidade de trabalhar em equipe ao
205. s in the textbook which reveals itself in the standard teaching pathway namely perception representation concept Such teaching structures enhance development especially empirical thought It has also been identified that the inclusion of contents and activities that aim exclusively towards procedure and attitude learning has taken away the limelight from conceptual learning as the core of teaching We can conclude that this organization form of concept teaching diminishes the possibility of developing theoretical thought by students in formal school education It is thus highly necessary to rethink the organization of scientific concepts teaching if the aim of schooling is really directed towards students theoretical thought development Keywords Historical and Cultural Theory theoretical thought organization of learning textbook teaching of Sciences LISTA DE FIGURAS Figura 1 Cole o Porta Aberta rir aaaaaaaan 20 Figura 2 Esquema de representa o da media o entre o sujeito e o Conhecimento zeis rd ea es ri ra ae rien sed 32 Figura 3 Tipos de VegstalS ssa ju ne icons iai dadsisca Qubida ad allisad dO di and dela aU sutis 98 Figura 4 Os vegetais tamb m se alimentam nn 99 Figura 5 Investigando e experimentando nn 115 Figura 6 Representa o do percurso do ensino de conceitos 121 Fig r AQUA ns iara a da SANN nata
206. s notar que assim como ocorreu a divis o de trabalho na manufatura ocorreu tamb m na atividade de ensino Tal como ocorreu com os trabalhadores do setor produtivo estreitou se tamb m o saber exigido do professor que passou a utilizar o manual did tico sendo expropriado igualmente do controle do processo de trabalho como um todo justificando se inclusive seu baixo sal rio Alves 2006 chama aten o para a necessidade da an lise hist rica da situa o j que tomada abstratamente n o poderia ser compreendido como a simplifica o do trabalho e desqualifica o do professor foram consideradas necess rias e desej veis num momento hist rico no qual houve conflu ncia dos interesses religiosos e dos interesses da burguesia em ascens o Ainda que Comenius no seu tempo tenha desejado buscar meios para a universaliza o da escola e do ensino e tenha sido atento aos condicionantes econ micos da sua expans o inserindo o livro did tico na sua did tica para ensinar tudo a todos percebemos que os vest gios desse ide rio se perpetuam at a atualidade e encontram se presentes nas pol ticas do livro did tico como elemento compensat rio da prec ria forma o dos professores Podemos pensar ainda que Comenius naquele tempo e com os recursos que possu a deixou sua contribui o para a universaliza o da educa o mas agora estamos no s culo XXI e continuamos a dispor dos mesmos instrumentos de trabalho propostos para aquel
207. s opera es Dessa forma economistas consideram que Ford deu um passo frente de Taylor unindo tarefas isoladas dentro de um sistema de produ o industrial atribu da Ford a cria o da linha de montagem com esteira rolante a partir da qual cada empregado se especializou numa tarefa como por exemplo colocar a ma aneta do lado esquerdo enquanto a carroceria deslizasse ao longo da linha de montagem At 1929 quando cessou a produ o desse modelo mais de 15 milh es de exemplares desse carro foram produzidos GIDDENS 2004 No s culo XX com a consolida o cada vez maior do modo de produ o capitalista no ocidente com a utiliza o da ci ncia e tecnologia para o aumento da produ o em larga escala e com a solidifica o do modo de vida urbano aliado ao desenvolvimento do com rcio e da ind stria a escolariza o formal torna se cada vez mais uma exig ncia bem como a sua universaliza o popula o em geral Conforme Lib neo Oliveira e Toschi 2012 com o paradigma taylorista fordista durante a Segunda Revolu o Cient fica e Tecnol gica da Modernidade teve in cio a administra o cient fica do trabalho ou seja a racionaliza o do trabalho para o aumento da produ o O modelo passou a exigir capacidades simples de disciplina e concentra o dos trabalhadores na linha de montagem individualiza o e especializa o de tarefas A organiza o do trabalho nessa segunda fase do capitalismo pa
208. s professores nesses manuais leva predominantemente a forma o do pensamento discursivo emp rico Trata se de uma forma de pensamento que tem como um de seus princ pios a generalidade formal dos objetos examinados Sua principal fun o consiste na classifica o de objetos na constru o de um firme esquema de determinantes DAV DOV 1988 p 107 O desenvolvimento desse pensamento ocorre pela via que vai das manifesta es emp ricas ao abstrato poss vel gra as s imagens visuais que s o classificadas pela linguagem permitindo tamb m seu movimento do abstrato ao concreto Davidov 1988 reconhece que em parte esse tipo de pensamento pode ser um caminho importante na forma o da consci ncia mas n o o suficiente para o desenvolvimento ps quico dos sujeitos na atualidade Para ele o verdadeiro ensino escolar levando se em conta as exig ncias atuais tratadas mais pontualmente na se o 3 deve desenvolver o pensamento te rico Dav dov 1988 afirma que a forma o predominante do pensamento discursivo emp rico destina se a formar nos escolares conhecimentos de natureza predominantemente emp rica e utilit ria e explica que o ingresso das crian as na escola deveria significar a aquisi o de conceitos cient ficos que favorecessem o desenvolvimento do pensamento te rico diferentemente dos conhecimentos que tiveram acesso na idade pr escolar Mediante sua pesquisa ele conseguiu identif
209. scala eram mais apropriadas a alguns setores da grande ind stria mas que n o atendiam as demandas de v rios setores por isso fizeram experi ncias alternativas aos sistemas de baixa confian a As pr ticas fordistas passaram a ser vistas como ultrapassadas num mercado com r pida varia o atendimento a segmentos espec ficos diversifica o da linha de produtos dessa forma as empresas experimentaram modificar seus padr es r gidos de produ o adaptando se aos novos padr es de consumo e intentando conquistar novos nichos de mercado globais A nova forma de reorganiza o do trabalho unindo tarefas faz com que o ide rio taylorista fordista de divis o de tarefas seja superado embora subsistam simultaneamente algumas pr ticas de divis o de tarefas e produ o em alta escala em alguns setores da ind stria e em algumas partes do planeta Lib neo Oliveira e Toschi 2012 esclarecem que os avan os da Terceira Revolu o Cient fica e Tecnol gica subsidiam o surgimento do modelo intitulado acumula o flex vel toyotista delineado especialmente a partir dos anos de 1970 Esse novo paradigma produtivo tem como base a microeletr nica a cibern tica a microbiologia a biotecnologia as novas formas de energia as fibras ticas e os chips Essa transforma o produtiva tem a ci ncia e a tecnologia como mat rias primas e permite a utiliza o da informatiza o para maior automatiza o e autocontrole do processo
210. scolares e a l gica a ser desenvolvida no pensamento dos alunos TALIZINA relaciona o conte do do ensino ao conte do do objeto mencionando o plano de estudos e os programas das disciplinas escolares como documentos que na pr tica habitual regulamentam o conte do o saber n o pode materializar se sen o atrav s das habilidades espec ficas relativas ao objeto o que exige estrat gias l gicas Por conseguinte estruturar o conte do do ensino exige um trabalho especial que passa por delimitar uma l gica dentro da pr pria l gica ou seja definir a ordem consecutiva necess ria para ensinar as estrat gias l gicas concretas SAVIANI 1996 p 168 grifo da autora Nossa inten o portanto compreender a universalidade da forma de organiza o do ensino ou seja a l gica materializada no ensino pela media o da disciplina de Ci ncias Entre os v rios instrumentos de trabalho que expressam uma determinada organiza o did tico pedag gica utilizados por professores e alunos tais como planejamentos cadernos materiais impressos e multim dias selecionamos para analisar nesta pesquisa o livro did tico A escolha se deve ao fato de o livro ser um material amplamente distribu do em todo territ rio nacional e dessa forma afian a uma an lise de organiza o de ensino de amplitude generalizada e n o somente local QEdu um portal aberto e gratuito criado com o intuito de fornecer
211. so da Idade M dia 65 No decorrer do s culo XIX entretanto influenciado pela Reforma Protestante a tend ncia de utiliza o dos manuais did ticos revela se mais apropriada ao processo de universaliza o da escola burguesa e difunde se por todo o mundo fazendo mudar o quadro de refer ncia tamb m no Brasil O pensamento de Comenius ressurge revigorado devido influ ncia escolanovista na organiza o escolar e aprofunda a divis o de trabalho na instru o p blica Os manuais did ticos passam a ser os instrumentos de trabalho dominantes na fase de universaliza o da escola burguesa e revelam na pr tica a divis o de trabalho no campo do ensino 3 2 A educa o no contexto da Segunda Revolu o Industrial A despeito das cr ticas sobre os efeitos negativos na consci ncia do trabalhador a divis o do trabalho passa a ser considerada uma das marcas distintivas do sistema econ mico das sociedades modernas possibilitando a produ o em massa de mercadorias a educa o em massa e a produ o de livros did ticos em massa Na organiza o do ensino escolar como vimos em Alves 2006 a divis o de tarefas tamb m vai se aprofundando na passagem do s culo XIX para o s culo XX Mais de um s culo depois a vis o sobre o grande valor da divis o de trabalho propalada por Smith alcan a express o na obra de Taylor Segundo Giddens 2004 a abordagem denominada por Taylor como gerenciamento cient fico envolvi
212. ssa a comprometer cada vez mais o desenvolvimento ps quico do trabalhador afetando sua capacidade de pensar de imaginar de buscar transforma es na sua condi o de trabalho As capacidades cognitivas como a aten o e a percep o s o desenvolvidas mas somente para oferecer ao indiv duo as possibilidades de adapta o fun o ocupada elas s o pertinentes s sensa es imediatas O curr culo escolar procurar adequar se a essas demandas de forma o Notamos que h um movimento de mudan a no conte do curricular que acompanha as capacidades apreciadas pela produ o capitalista valorizadas para ocupar fun es no com rcio e na ind stria Desse modo os conte dos considerados 67 cl ssicos j n o interessam para a forma o humana e principalmente n o interessam em si mesmos para a forma o da classe trabalhadora Cada trabalhador se responsabiliza somente pela sua parte da produ o seu relacionamento passa a ser com a m quina com o objeto da produ o Nesse paradigma capacidades como ser criativo imaginar diferentes formas de trabalho e resolver problemas n o s o necess rias produ o e o trabalhador n o tem espa o para desenvolver essas compet ncias no interior das rela es capitalistas nesse est gio de desenvolvimento As capacidades valorizadas num trabalho no qual predomina o individualismo e a responsabiliza o por tarefas espec ficas predominam as atitudes de est mulo respos
213. ssidade de controle das propriedades do espa o tais como medida de propriedades rurais para a cobran a de impostos melhor forma de constru o de moradias c lculo do movimento dos astros etc levou os homens a produzirem conhecimento sobre reta linha ngulo rea etc Esses conhecimentos permitiram aos homens atuarem com o c lculo e 1 El divorcio entre la ense anza de los conceptos y el examen de las condiciones en las que se originan se deriva leg timamente de la teor a de la generalizaci n emp rica seg n la cual el contenido de los conceptos es id ntico a lo que inicialmente se da en la percepci n En ella se examina s lo el cambio de la forma subjetiva de este contenido el pasaje de su percepci n inmediata a lo sobreentendido en las descripciones verbales DAVIDOV 1988 p 113 114 41 forma do espa o sem a presen a material do objeto medido essa capacidade potencializada por esses conhecimentos que deve ser desenvolvida nos estudantes Na atividade de ensino a inser o dos alunos em situa es semelhantes s vividas pelos homens ao produzirem esse conhecimento favorecer a apropria o dele como um instrumento simb lico orientador desse tipo de atividade humana Todavia se o professor apresentar apenas o nome das formas geom tricas o conhecimento se fixar apenas nas caracter sticas que definem ou diferenciam uma figura de outra o n mero de lados de ngulos o mesmo ocorre com os c
214. st o objetivados conhecimentos A necessidade de compartilhar e transmitir esses conhecimentos de um ser humano a outro de uma gera o a outra gera a necessidade de cria o dos signos representa es que tornem poss vel essa comunica o Assim como no decurso da atividade dos homens seus conhecimentos e seu saber fazer se cristalizaram nos produtos materiais e intelectuais cada gera o come a sua vida de acordo com Leontiev 1978a num mundo de objetos e conhecimentos criados pela gera o anterior Os seres humanos j nascem num 27 mundo permeado pela cultura intelectual e dessa forma ao entrar em contato com a cultura material objetos e fen menos estes ltimos j n o se encontram mais em estado puro e sim permeados pela compreens o das gera es anteriores A rela o homem natureza passa a ser mediada por signos Se no in cio da humanidade o ser humano era motivado por necessidades apenas de ordem biol gica como fome sede sexo a partir da produ o da linguagem come a a criar significados e esses realizam a fun o de mediadores entre a necessidade imediata e o que se deseja alcan ar A pessoa n o come e bebe somente para matar a fome e a sede n o faz sexo somente porque est no cio por exemplo Seu comportamento mediado por significa es que conferem motivos culturais as suas a es que modificam ou regulam os comportamentos primariamente instintivos Vigotski 1993 2009 esclarece que m
215. stava vinculada escolariza o Al m de sua superficializa o em rela o aos cl ssicos Alves denuncia ainda que os manuais did ticos contribu ram por meio dos seus textos e imagens para difundir uma concep o de sociedade harmoniosa n o contradit ria 68 comprometendo portanto a forma o de uma compreens o mais clara sobre a realidade social 3 2 1 A Pedagogia Tecnicista parcelamento do trabalho pedag gico e o livro did tico no Brasil No Brasil o per odo de transi o entre o s culo XIX e o s culo XX predominam segundo Saviani 2008 as teorias educacionais n o cr ticas Tradicional Escola Nova e Tecnicista Essas teorias visavam consolidar os ideais da burguesia de educa o para todos per odo no qual n o se questiona a sociedade de classes e a marginalidade compreendida como um fen meno incidental causado pela ignor ncia para a qual a escola pode ser um instrumento auxiliador na corre o dessas distor es A educa o concebida como uma for a homogeneizadora elemento de coes o social N o nos deteremos nesse estudo a descrever as caracter sticas de todas as teorias pedag gicas do per odo daremos enfoque somente Pedagogia Tecnicista acreditando que a sua an lise se coaduna mais aos interesses do cap tulo dado ao seu papel na estrutura o de um modo de organiza o do ensino Ao findar a primeira metade do s culo XX o escolanovismo apresentava sinais de exaust o
216. t rio nacional e dessa forma se examina uma forma de organiza o de ensino de amplitude generalizada e n o somente local Como crit rio de escolha da cole o a ser analisada investigamos aquela que majorasse o ensino de conceitos Para isso consultamos o Guia do Livro Did tico 2010 elaborado pelo PNLD para verificar qual cole o era considerada a melhor no componente conhecimentos conte dos e constatamos ser a cole o Porta Aberta de Ci ncias da Editora FTD Essa Cole o conforme consulta realizada no Guia de Livros Did ticos PNLD 2010 tem a melhor avalia o no quesito conte do Inicialmente apresentamos alguns dados da Cole o Em seguida reproduzimos alguns textos e atividades presentes nos livros para compartilharmos com o leitor os aspectos aos quais nos referimos na an lise 4 1 A Cole o Porta Aberta Ci ncias Buscamos informa es sobre os livros de Ci ncias da Cole o Porta Aberta no texto elaborado pelas pr prias autoras disposto no manual do professor intitulado Orienta es para o Professor e nas explica es sobre a cole o descritas no Guia de Livros Did ticos PNLD 2010 de Ci ncias publicado pelo Minist rio da Educa o e Secretaria de Educa o B sica 93 A cole o Porta Aberta publica o da editora FTD de autoria de ngela Gil e Sueli Fanizzi Possui quatro volumes que foram elaborados para o per odo escolar do 2 ao 5 ano do Ensino Fundamental de Nove Ano
217. ta es a pesquisadora apontou ainda o resultado de outras pesquisas que chegaram a resultados semelhantes o professor sempre pensa no concreto como algo material como aquilo que palp vel vis vel e que portanto o aluno pode manusear CHAKUR 2006 p 7 grifo da autora No entanto Dav dov 1988 alerta que essa did tica da generaliza o emp rica n o possibilita ao educando realmente abstrair os tra os essenciais do objeto ou fen meno o que realmente o escolar faz separar os objetos uns dos outros pelos seus tra os identificat rios externos O div rcio entre o ensino dos conceitos e o exame das condi es sob as quais se originam legitimamente derivada da teoria da generaliza o emp rica segundo a qual o conte do dos conceitos id ntico ao que ocorre inicialmente na percep o Nela analisam se apenas a forma subjetiva desta mudan a de conte do a passagem de sua percep o imediata impl cita em descri es verbais DAV DOV 1988 p 113 114 Completando a cr tica que faz a esse tipo de ensino Davidov 1988 afirma que ele apresenta ao educando apenas um resultado da ci ncia e n o possibilita compreender o processo de sua produ o o contexto hist rico de forma o do conceito que permitira a compreens o do conceito e n o apenas a sua defini o verbal Para deixar mais claro apresentamos exemplos relacionados hist ria e ao ensino de formas geom tricas e medidas A nece
218. ta Nesse contexto passam a serem valorizadas as linhas da psicologia conhecidas como comportamentalistas derivadas do Behavorismo Essas linhas comportamentalistas s o adotadas tamb m na organiza o do ensino porque conforme Davis e Oliveira 1991 para haver aprendizagem segundo essa concep o preciso treinar usar est mulos positivos e negativos para refor ar padr es de comportamento ou para reduzir a frequ ncia de um comportamento n o desejado Essa forma de conceber a aprendizagem tem impacto na orienta o curricular da educa o b sica e nas propostas de atividades nos livros did ticos que passam a apresentar enunciados com se es breves com respostas de verdadeiro ou falso certo ou errado complete com palavras ou complete a coluna da esquerda de acordo com as informa es presente na coluna da direita e atividades que incentivam a memoriza o Alves 2006 afirma que esse processo de mudan a no papel do professor na organiza o do ensino e no uso dos manuais did ticos revela uma face inesperada aos trabalhadores que reivindicaram a escola Pois os trabalhadores esperavam que o acesso institui o escolar representasse automaticamente um caminho aberto apropria o do saber Contudo explica Alves 2006 quando a escola p blica chegou aos trabalhadores com o qualificativo de universal com seu conte do expresso nos livros did ticos esse fato os privou da vitalidade cient fica e cultural que e
219. ta solucionar um problema sugerido Por meio da aplica o dos princ pios da l gica dial tica ao ensino Dav dov 1982 acredita que se pode superar o enfoque estritamente emp rico e tamb m o sistema tradicional de ensino baseado na psicologia e did tica tradicionais que ficam geralmente num n vel de generaliza es descritivas e formais mesmo quando realizam pr ticas experimentais 45 Davydov 1982 citando tanto Leontiev quanto Galperin orienta que o dom nio das opera es mentais pelos escolares deve seguir caminho semelhante ao percorrido pela humanidade ao elaborar os conceitos e conhecimentos ou seja primeiramente o indiv duo realiza a es externas depois a es no plano verbal e por ltimo por meio de uma interioriza o gradual chega a a es e opera es mentais Hedegaard 1996 fundamentada em autores da Teoria Hist rico cultural afirma que a crian a nasce em uma sociedade em que o conhecimento est dispon vel como procedimento padr o para lidar com pessoas e coisas Assim procedimentos padr es s o habilidades desenvolvidas por uma gera o e que precisam ser adquiridas por meio da aprendizagem pelas gera es subsequentes Esse conhecimento segundo ela disponibilizado por meio de diferentes m dias como por exemplo a linguagem e as figuras e resultado de procedimentos que foram desenvolvidos para resolver problemas societ rios Esclarecemos a linguagem falada e escrita consider
220. talista Assim cada revolu o representa etapas significativas de acumula o do capital que propiciam o desenvolvimento de ci ncia e tecnologias que impulsionam maior produ o para saciar necessidades prim rias anseios e cobi as Ao saciar tais necessidades de consumo simultaneamente geram se outras que exigem a produ o de novos conhecimentos e tecnologias para que o mercado global continue aquecido Se h produ o de conhecimentos e tecnologias que impulsionam a produ o e criam novos desejos de consumo existem seres humanos que t m acesso educa o aos conhecimentos historicamente acumulados advindos da matem tica da qu mica da f sica da mec nica da inform tica da comunica o entre outros conhecimentos necess rios para criar esse universo de produtos desej veis como autom veis eletrodom sticos eletr nicos celulares computadores roupas cal ados e tantos mais certo que existe uma quantidade muito maior de seres humanos que s o apenas consumidores de produtos em rela o ao n mero de pessoas que os idealizam planejam e produzem Enifetanto mesmo para vender consumir utilizar ou interagir com diversos produtos preciso ter um m nimo de conhecimentos da l ngua materna de uma l ngua estrangeira da linguagem inform tica o que garante a possibilidade de consumi los Para ter possibilidade de consumo um requisito relevante ser produtivo fazer parte da popula o econom
221. te Pluralidade Cultural Sa de Orienta o Sexual Trabalho Consumo e Cidadania Como recurso did tico para o desenvolvimento dos conte dos conceituais atitudinais e procedimentais a cole o utiliza imagens fotografias ilustra es tabelas e gr ficos As autoras Gil e Fanizzi 2009 esclarecem que as imagens n o possuem apenas um car ter ilustrativo que consistem numa estrat gia metodol gica que serve para descri o compara o e an lise de elementos dos conte dos A cole o oferece o recurso did tico denominado atividades segundo as autoras elaboradas com o intuito de possibilitar a amplia o e generaliza o dos temas explorados em cada unidade Os alunos s o instados a executar as seguintes atividades relacionar informa es complementar ideias identificar elementos em um texto ou imagem pesquisar interpretar pequenos textos comparar respostas 4 2 O percurso do ensino dos conceitos em uma unidade de ensino Na cole o Porta Aberta Ci ncias identificamos em todas as unidades certa riqueza de imagens e exemplos do cotidiano no momento de introdu o de um novo conte do As unidades se iniciam com quatro imagens normalmente s o fotos procurando expor uma representa o expl cita do real Nas Orienta es para o Professor as autoras apresentam os objetivos dos textos iniciais e das imagens Os textos iniciais introduzem os assuntos explorados em cada uma das unidades e t m um car ter i
222. textos que o comp em Esse fato levou os educadores a compreenderem num primeiro momento de sua publica o que as pol ticas emanadas por organismos internacionais como a UNESCO realmente visavam a universaliza o da educa o ou a educa o de qualidade para todos O Relat rio Delors por m preconiza uma educa o que simultaneamente sirva aos interesses do desenvolvimento econ mico e como um meio de valoriza o e respeito s diversas culturas Vejamos como foram tecendo novos significados para cl ssicas demandas O respeito pela diversidade e pela especificidade dos indiv duos constitui de fato um princ pio fundamental que deve levar proscri o de qualquer forma de ensino estandardizado Os sistemas educativos formais s o muitas vezes acusados e com raz o de limitar a realiza o pessoal impondo a todas as crian as o mesmo modelo cultural e intelectual sem ter em conta a diversidade dos talentos individuais Tendem cada vez mais por exemplo a privilegiar o desenvolvimento do conhecimento abstrato em detrimento de outras qualidades humanas como a imagina o a aptid o para comunicar o gosto pela anima o do trabalho em equipe o sentido do belo a dimens o espiritual ou a habilidade manual UNESCO 1998 p 54 Delors 1998 defende a ideia de que todos tenham acesso educa o Contudo os sistemas educativos n o devem impor a todas as crian as o mesmo modelo cultural e intelectual consideran
223. ticas s apropria es neoliberais e p s modernas da teoria vigotskiana Campinas SP Autores Associados 2001 teoria da atividade como uma abordagem para a pesquisa em educa o Revista Perspectiva Florian polis v 20 n 02 p 279 301 jul dez 148 2002 Dispon vel em journal ufsc br index php perspectiva article download 9646 888 1 ESPINOZA A M Ci ncias na escola novas perspectivas para a forma o dos alunos S o Paulo tica 2010 FACCI M G D O trabalho do professor na perspectiva da psicologia vigotskiana In Valoriza o ou esvaziamento do trabalho do professor Um estudo cr tico comparativo da teoria do professor reflexivo do construtivismo e da psicologia vigotskiana Campinas SP Autores Associados 2004 FERNANDES H C LIMANSKI T As Influ ncias do Renascimento da Reforma Protestante e da Contra Reforma na consolida o da escola enquanto institui o da Idade Moderna Dispon vel em http Anww unioeste br cursos cascavel pedagogia eventos 2007 Simp C3 B3si 0 20Academico 202007 Trabalhos 20Completos Trabalhos PDF 26 20H C3 Y A9lio 20C 20Fernandes paf FRANCO L A de C A Escola do Trabalho e o Trabalho da Escola S o Paulo Cortez Autores Associados 1991 GALUCH M T B SFORNI M S Interfaces entre pol ticas educacionais pr tica pedag gica e forma o humana DOI http dx doi org 10 5212 PraxEduc v 6i1 0005 Pr xis Educativa Ponta Grossa 6 jul 2011 Dis
224. tra es tabelas e gr ficos s o utilizadas para o desenvolvimento de conte dos conceituais procedimentais e atitudinais A abordagem das imagens como estrat gia metodol gica presente na cole o destaca as seguintes possibilidades de trabalho pedag gico e Descri o dos elementos de imagens que representam aspectos cotidianos do contexto geogr fico cultural dos alunos e Descri o dos elementos de imagens que n o possuem representatividade no universo pr ximo dos alunos e que contribuem para amplia o do conhecimento e Compara o entre elementos de duas ou mais imagens e Compara o de imagens com textos escritos GIL FANIZZI 2008b p 10 grifo nosso As fotos no in cio de cada se o referem se ao conte do que ser iniciado na unidade abaixo da foto ao lado esquerdo est escrito na maioria das fotos a identifica o do objeto representado Logo abaixo das imagens h duas ou tr s frases que solicitam ao estudante que as observe H pelo menos uma quest o que direciona a sua aten o para a tem tica que ser desenvolvida Demonstramos abaixo algumas unidades que tratam dos seres vivos e dos animais 2 ano Unidade Animais de todo tipo 96 Voc j viu algum dos animais da foto Onde Converse sobre isso com seus colegas e professor GIL FANIZZI 2008a p 57 3 ano Unidade Estudando os Seres Vivos O que os seres vivos representados na foto t m de semelhante
225. tros animais o homem deixa de estar submetido s leis naturais e passa a ser submetido s leis s cio hist ricas Fundamentado em Marx de modo especial na obra O Capital e em Engels na obra Dial tica da Natureza Leontiev 1978a parte da premissa que a passagem da submiss o s leis biol gicas de desenvolvimento para subordina o s leis s cio hist ricas ocorre a partir do momento em que o ser humano passa a 24 transformar a natureza e simultaneamente a si mesmo por meio da media o do trabalho Leontiev esclarece que o ser humano n o foi subtra do totalmente das influ ncias biol gicas a partir do Homo Sapiens mas que doravante as modifica es biol gicas n o determinaram o desenvolvimento s cio hist rico do homem e da humanidade A hominiza o enquanto mudan as essenciais na organiza o f sica do homem termina com o surgimento da hist ria social da humanidade LEONTIEV 1978a p 264 Vygotsky e Luria 1996 descreveram a evolu o psicol gica desde o macaco at o homem cultural subdividida em tr s linhas principais de desenvolvimento do comportamento evolutiva hist rica e ontogen tica Eles afirmam como Leontiev 1978a que o uso e inven o de ferramentas pelos antropoides sinalizam o fim da etapa evolutiva do desenvolvimento humano e abrem um novo caminho para o desenvolvimento hist rico do comportamento Esse est gio marcado pelo in cio da fabrica o de instrumentos e as fases
226. tulo de Novo princ pio da did tica a m quina como modelo Nesse cap tulo Comenius especifica v rios crit rios que devem ser seguidos para a organiza o universal e perfeita das escolas em um dos crit rios ressalta o trabalho do professor e a utiliza o dos manuais did ticos Descreve tamb m as habilidades que considera importante para o desenvolvimento do trabalho do professor com as seguintes palavras e sejam capazes de ensinar com habilidade mesmo aqueles que a natureza n o fez propensos ao ensino visto que ningu m dever tirar apenas da pr pria cabe a o que vai ensinar e como ensinar mas principalmente instilar e infundir nos jovens uma instru o j preparada com meios que encontrar prontos ao seu alcance E se qualquer organista executa habilmente qualquer m sica escrita na partitura apesar de n o ser capaz de comp la nem de execut la de cor com a voz ou com o rg o por que n o poder o mestre ensinar qualquer coisa se j encontrar prontas como se impressas numa 61 partitura as coisas que dever o ser ensinadas e o modo de faz las COMENIO 2010 p 94 grifos nossos O trecho da obra de Comenius nos faz perceber que o livro did tico desde a sua concep o prop e que a sua utiliza o dispensaria em grande parte o dom nio do conhecimento conceitual e did tico pedag gico do professor Segundo Alves 2006 o mestre at aquele momento hist rico era uma pessoa que possu a um c
227. uns pressupostos da THC que justificam a perspectiva de forma o assumida nesta tese Buscamos uma pr tica educativa que forne a subs dios para o desenvolvimento do pensamento te rico possibilitando a supera o do pensamento emp rico ou emp rico discursivo Nesse sentido os estudos de Vigotski Leontiev Dav dov e seus colaboradores oferecem elementos te ricos que subsidiam nosso pensamento acerca da efetiva o de uma educa o na perspectiva que almejamos Na primeira parte do texto apresentamos os pressupostos considerados essenciais para a compreens o do desenvolvimento s cio hist rico do ser humano em seguida tratamos da apropria o dos conceitos cient ficos e por fim buscamos entender o papel da educa o escolar na forma o do pensamento emp rico e do pensamento te rico 2 1 O desenvolvimento do psiquismo e os instrumentos simb licos Leontiev 1978a realizou estudos sobre o desenvolvimento do psiquismo e sobre o aparecimento da consci ncia humana Ao realizar esses estudos principiou pela filog nese estudo da evolu o da esp cie e depois empreendeu seus esfor os na compreens o do desenvolvimento ontog nico do psiquismo estudo do desenvolvimento ps quico de cada indiv duo Para caracterizar o primeiro per odo da hist ria do homem usou o termo hominiza o e para designar o segundo utilizou o termo humaniza o referindo se ao per odo de desenvolvimento humano no qual diferentemente dos ou
228. utivo dos peixes mas as caracter sticas essenciais eram dos mam feros receberam tamb m imagens de animais alados que n o eram aves como morcego e alguns quir pteros f e imagens de insetos em voo A tarefa dessa fase cr tica era contrapor o conte do dos conceitos conhecidos pelo indiv duo atrav s da defini o com a forma visual externa do objeto NATADZE 1991 p 30 O objetivo dessa fase consistia em verificar a capacidade das crian as de identificar as caracter sticas essenciais do conceito em rela o forma que era observada Durante essa fase a crian a foi auxiliada pelo pesquisador com perguntas guias e explica es O resultado dessa etapa variou conforme o grupo et rio As crian as de sete anos eram capazes de corresponder facilmente os tra os essenciais aos animais comuns como por exemplo esse animal amamenta este animal respira ar Entretanto quando se tratava de animais at picos incomuns todas as crian as de sete anos sem exce o e sem a menor vacila o atribuem alguns animais a um ou outro conceito baseando se exclusivamente no seu aspecto externo NATADZE 1991 p 31 As perguntas guias e as explica es do pesquisador n o conseguiam persuadir a crian a a mudar o seu ponto de vista Natadze 1991 conclui que a for a da imagem era determinante para a crian a em detrimento das defini es anteriormente aprendidas No n vel de oito anos as crian as s inseriam corret
229. vida e da escolaridade no seu significado na estrutura sem ntica e nos processos ps quicos at na vida adulta Retomando do cap tulo 2 as exig ncias de forma o de um trabalhador com compet ncias e habilidades mas ao mesmo tempo adapt vel que n o questione o sistema capitalista e sim se disponha a mobilizar suas potencialidades e conhecimentos para colaborar na sua manuten o e desenvolvimento pensamos que o tema gua comum todos os anos escolares e que envolve os conte dos conceituais atitudinais e procedimentais tamb m relevante para analisarmos qual o conceito de gua que o homem adulto trabalhador deve possuir e o porqu Dav dov 1988 esclareceu que as decis es tomadas em rela o aos curr culos n o s o quest es estritamente metodol gicas mas problemas radicais e complexos que visam a forma o das futuras gera es Ele salientou que a constru o dos curr culos escolares n o pressup e somente a sele o do conte do das correspondentes esferas da consci ncia social mas tamb m uma compreens o das particularidades de sua estrutura DAV DOV 1988 p 6 Ao retomarmos a explica o de Smirnov et al 1969 de que a pr tica a origem da atividade racional e tamb m o crit rio de veracidade do pensamento podemos compreender que h uma unidade poss vel entre o racional e a pr tica por conseguinte a separa o em conte dos conceitual atitudinal e procedimental sugeridas pel

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