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Amanda B. C Martinez - RI UFBA

1. SMITH 1999 p 150 De acordo com Nida apud SILVA 1981 p 66 a leitura fundamentalmente um sistema de s mbolos visuais n o totalmente dependentes dos sons correspondentes Para a crian a cega podemos afirmar que a leitura fundamentalmente um sistema t til Silva 1981 p 5 afirma ainda que a leitura e a percep o dos sons da fala s o atividades paralelas ambas processo de decodifica o Contudo uma difere da outra pelos s mbolos a decodificar O ouvinte decodifica s mbolos do sistema fonol gico o leitor s mbolos do sistema ortogr fico A ideia de alfabetizar as crian as cegas somente atrav s do uso de sintetizadores de voz pode portanto dificultar a compreens o acerca das rela es grafema fonema j que apenas ouvindo o som das letras ao digit las no computador a crian a possivelmente pensar que as correspond ncias entre letras sons s o biun vocas 94 Uma solu o para o problema do uso cada vez mais frequente dos textos digitais seria a utiliza o do Display Braille mas esse recurso tecnol gico ainda possui elevado custo de produ o inclusive para os pa ses mais ricos O estudo realizado por Ryles 1996 apud NICOLAIEWSKY 2008 apresenta um dado interessante acerca da import ncia da leitura em braille Tal pesquisa investigou o impacto da frequ ncia de leitura em braille na empregabilidade de cegos adultos e verificou que dos 43 participantes que haviam
2. 2 3 O fato de o aluno cego estar na classe regular ocasionou alguma altera o na sua pr tica pedag gica para ensinar conte dos de ortografia Qual Por qu 2 4 Como voc planeja as aulas de ortografia Como estrutura os conte dos de ortografia a serem ensinados 2 5 Quais metodologias de ensino voc utiliza para ensinar conte dos de ortografia 2 6 Na sua opini o o aluno cego encontra dificuldades para acompanhar suas aulas de ortografia Quais 2 7 E voc encontra alguma dificuldade para desenvolver suas aulas de ortografia tendo em sua sala um aluno cego Quais 2 8 Como voc identifica que o aluno cego est compreendendo os conte dos de ortografia que foram trabalhados em sala de aula 2 9 Voc considera importante o ensino de ortografia para crian as cegas 2 10 Descreva resumidamente como a sua rela o com o aluno cego 2 11 O que voc gostaria de colocar mais sobre essa experi ncia 171
3. CERQUEIRA 2009 Al m do alfabeto Braille criou sinais em relevo para representar os sinais matem ticos para as ci ncias criou sinais de pontua o sinais para os algarismos 13 Apresentava dois graves inconvenientes rapidamente detectados pelo jovem Louis os sinais se mostraram muito grandes com o qual n o se podiam perceber em sua totalidade de uma vez com a polpa dos dedos e por outro lado n o constitu a um alfabeto mas uma sonografia Quer dizer representava os sons mas n o a ortografia de cada palavra tradu o nossa 70 desenvolveu um sistema de abreviaturas e adequou o sistema tamb m m sica A denominada musicografia braille transformou a escrita musical de vertical em horizontal e consecutiva At esse momento as pessoas cegas deviam aprender as partituras de mem ria e exclusivamente de ouvido pois as tentativas de Hauy de coloc las em relevo n o obtiveram xito Embora o Sistema Braille tenha sido publicado em 1827 foi aceito oficialmente somente em 1840 Joseph Guadet chefe de ensino de 1840 a 1868 contribui positivamente para a propaga o do Sistema Braille Convencido do valor do invento de Louis Braille Guadet afirmou num documento intitulado Relat rio sobre o Estado da Educa o e Instru o no Instituto dirigido a Monsieur Dufau diretor em 1853 O Instituto est em d vida com Louis Braille professor cego pela inven o da escrita com pontos saliente
4. CONSIDERA ES FINAIS eres 158 REFERENCIAS usas gaitas Sn 163 AP NDICE A Roteiro de observa o 169 APENDICE B Roteiro de entrevista ts 170 12 1 INTRODU O O ensino de ortografia um tema que ainda gera controv rsias entre os pesquisadores e educadores brasileiros pois h diferentes posicionamentos quanto forma de ensin la aos alunos que enxergam Entretanto no Brasil pouco se discute a esse respeito no que se refere s crian as que utilizam o Sistema Braille O interesse pelo tema surgiu em decorr ncia de um est gio realizado numa classe do 3 ano do Ensino Fundamental numa escola particular da rede regular de ensino durante o curso de gradua o em Pedagogia Nessa classe havia uma crian a surdocega que utilizava o Sistema Braille A nossa fun o era transcrever as produ es escritas desse aluno para o sistema de escrita convencional e possibilitar sua comunica o com o ambiente atrav s de descri es visuais e auditivas sobre o que ocorria nos diversos espa os da escola O trabalho de transcri o despertou nos o interesse para a presen a frequente dos erros de ortografia nas produ es escritas em braille Devido defici ncia auditiva severa pois a crian a em quest o era surdocega buscamos naquela ocasi o informa es com quatro adultos cegos acerca das dificuldades em rela o escrita ortogr fica Dois dos quatro adultos cegos que
5. SOUSA 2001 Esse assunto tem sido tema de discuss es e estudos em muitos pa ses Em 2009 o problema da desbrailliza o foi discutido na conven o anual realizada pela Federa o Nacional dos Cegos dos Estados Unidos No evento foram espalhados pain is com o slogan ouvir n o alfabetiza com o objetivo de chamar a aten o para o dado alarmante que 90 das crian as americanas com defici ncia visual est o crescendo sem aprender a ler e a escrever de acordo com o vice presidente da organiza o Fredric Shroeder que afirma que essas tecnologias promovem um tipo passivo de leitura S por meio do braile o c rebro do deficiente visual absorve letras pontua o e estrutura de textos CARDOSO 2010 As pr ticas desbraillizantes surgiram no cotidiano das pessoas cegas antes da inform tica Oliva 2000 apud SOUSA 2004 relata que tal fen meno iniciou se a partir dos anos trinta nos Estados Unidos com a grava o dos livros Sousa 2001 acrescenta que pesquisas rigorosas ainda n o foram realizadas mas come a a 92 crescer entre os educadores administradores de escolas e servi os especializados rumores com respeito a essa situa o desfavor vel Para Sousa 2004 no futuro poderemos ter crian as e adolescentes extremamente ex mios na utiliza o de computadores pessoais mas que privados da leitura e da escrita braille se converter o em analfabetos nesse sistema e estar o afasta
6. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCA O PROGRAMA DE PESQUISA E P S GRADUA O EM EDUCA O AMANDA BOTELHO CORBACHO MARTINEZ Ensino de ortografia e Sistema Braille Um estudo de caso Salvador 2011 AMANDA BOTELHO CORBACHO MARTINEZ Ensino de ortografia e Sistema Braille Um estudo de caso Disserta o de Mestrado apresentada ao Programa de Pesquisa e P s Gradua o em Educa o da Faculdade de Educa o da Universidade Federal da Bahia como requisito para obten o do grau de mestre Orientadora Profa Dra Theresinha Guimar es Miranda Salvador 2011 SIBI UFBA Faculdade de Educa o Biblioteca An sio Teixeira Martinez Amanda Botelho Corbacho Ensino de ortografia e Sistema Braille um estudo de caso Amanda Botelho Corbacho 2011 171 f il Orientadora Profa Dra Theresinha Guimar es Miranda Disserta o Mestrado Universidade Federal da Bahia Faculdade de Educa o Salvador 2011 1 Crian as cegas Educa o 2 L ngua portuguesa Ortografia e soletra o Estudo e ensino 3 Braile Sistema de escrita Miranda Theresinha Guimar es Il Universidade Federal da Bahia Faculdade de Educa o Ill T tulo CDD 371 911 22 ed AMANDA BOTELHO CORBACHO MARTINEZ Ensino de ortografia e Sistema Braille Um estudo de caso Disserta o apresentada ao Programa de Pesquisa e P s Gradua o em Educa o da Faculdade de Educa o
7. n o suficiente que a pessoa cega saiba ler atualmente podemos afirmar que n o suficiente que a pessoa cega saiba escrever Estamos vivenciando a situa o contr ria a pessoa cega est escrevendo mas n o est lendo e por esse motivo a qualidade da produ o escrita de muitas crian as e jovens cegos t m preocupado professores e pesquisadores em todo o mundo 98 Para complementar as reflex es anteriores acerca da desbrailliza o consideramos relevante trazer as contribui es de Auroux 1998 a respeito das tr s revolu es tecnolingu sticas e relacion las com a realiza o da leitura e da escrita por pessoas cegas De acordo com Auroux 1998 a linguagem humana um fen meno profundamente ligado evolu o corporal dos homin deos Trata se de uma manifesta o social mas sobretudo uma manifesta o individual que coloca em jogo o corpo e o dom nio de um grande n mero de controles psicomotores A linguagem humana n o parece irredutivelmente ligada especificidade do canal udio oral O autor exemplificou esse fato com a exist ncia de suportes transpostos Auroux 1998 p 63 escreve que Compreende se por suporte transposto qualquer substitui o do suporte udio oral em proveito de um outro enquanto permanece a identidade da linguagem Temos conhecimento de suportes transpostos que utilizam o corpo humano por exemplo a transposi o de uma dada linguagem para uma linguagem de ge
8. Duarte 2010 em sua revis o de literatura discutiu as quest es do uso do braille e das tecnologias para a leitura e sua influ ncia na escrita do cego No entanto acreditamos que para fazer uma an lise mais aprofundada a esse respeito seria necess rio que a pesquisadora identificasse com que frequ ncia os participantes leem e a maneira de leitura ledor braille ou computador que geralmente utilizam al m de citar informa es como a idade e a escolaridade No que se refere leitura embora muitos sintetizadores de voz apresentem uma fala mais semelhante fala humana em nossa experi ncia observamos sintetizadores pronunciando algumas palavras incorretamente Para citar alguns exemplos j vimos um sintetizador de voz pronunciar a palavra assexuada sem o som de sc mas sim com som de ch na palavra holandeses o primeiro e foi pronunciado com o som aberto isto holand ses entretanto no portugu s brasileiro pronunciamos essa palavra com o som do e fechado A voz sint tica baseia se nos seguintes princ pios a fala composta por elementos fon ticos de curta dura o como os fonemas os difonemas fonemas duplos e outros que se agrupam para formar a fala cont nua FELLBAUM 1994 p 28 apud CUNHA 2009 p 36 Possivelmente os elementos fon ticos que se agruparam no sintetizador de voz citado para formar o som de x e o som de e fechado nas palavras assexuada e holandeses n o coincidem com nen
9. Em 1821 o capit o de artilharia Charles Barbier de La Serre desenvolveu uma sonografia para que pessoas videntes seus soldados pudessem se comunicar por meio de uma escrita secreta atrav s de pontos feitos com l pis Contudo Barbier pensou posteriormente na possibilidade de comunica o dos oficiais durante a noite na escurid o Por isso introduziu os pontos em relevo para atender a essa necessidade Para isso Barbier desenvolveu um instrumento que possibilitasse a realiza o dessa escrita Os s mbolos do sistema criados pelo capit o passaram a ser gravados no papel com o aux lio de um estilete O sistema de Barbier denominado sonografia ou escrita noturna consistia em um conjunto de sinais formados pela combina o de doze pontos distribu dos em duas filas verticais de seis pontos cada Esse sistema de escrita por m 69 Presentaba dos graves inconvenientes r pidamente detectados por el joven Louis los signos resultaban demasiado grandes con lo cual no se pod an percibir en su totalidad de una vez con la yema de los dedos y por otra parte no constitu a un alfabeto sino una sonografia Es decir representaba los sonidos pero no la ortograf a de cada palabra ORGANIZACI N NACIONAL DE CIEGOS ESPANOLES 2010 A sonografia n o permitia soletrar as palavras Al m disso por se tratar de um sistema fon tico um grande n mero de sinais era necess rio para o registro de uma nic
10. J meio dia Vou b Os policiais v o o bandido c N o devem os animais d Ele escorregou na hora de e caiu sentado e Vou o menino pois ele est irritado 2 Complete as frases com as palavras do quadro 127 saudade aumento autom vel pausa autor a Os trabalhadores querem de sal rio b Pedro Bandeira o dessa poesia c Estou cansado vou fazer uma para descanso d Estou com do meu av e Fui de at a fazenda do meu tio Enquanto os alunos faziam a atividade Alan ficou sentado com a cabe a sobre a mesa Em momento nenhum questionou a professora o fato de n o estar fazendo o exerc cio Ap s o tempo estabelecido para responder s quest es Elisa fez a corre o da atividade por m sem refletir sobre a escrita das palavras Perguntava a resposta de cada item alguns alunos respondiam e ela colocava a resposta no quadro Aula 2 Elisa A professora Elisa informou aos alunos que eles iam fazer uma atividade de treino ortogr fico sobre o uso de m antes de pe be sobre o uso de s ou ss Pediu que pegassem o caderno para copiarem o exerc cio Ortografia Antes de be p s se escreve m Antes das outras consoantes usa se n ba co te po sa ba pe te bo ba pa deiro la terna da a la bada bo beiro 2 Separe as s labas das palavras abaixo tromba dan arina empada 3 Ordene as s labas e escreva as palavras bi um go quen brin d
11. Oliveira 2009 ressalta que n o contr ria educa o inclusiva e acredita nesse modelo de educa o desde que respeitadas as necessidades de cada defici ncia No entanto a pesquisadora aponta que a educa o inclusiva vem se distanciando na pr tica dos princ pios te ricos que a inspiraram Para Oliveira 2009 p 175 O primeiro e mais s rio problema dessa modalidade de educa o o despreparo dos professores no que diz respeito import ncia do Sistema Braille para a verdadeira inclus o educacional dos alunos cegos Isso os leva muitas vezes a n o incentivar o uso desse sistema e o que ainda mais grave em alguns casos chegam a desestimul los nessa utiliza o privilegiando o uso desses recursos que n o lhes trazem as mesmas vantagens especialmente no estudo de Matem tica Qu mica F sica L ngua Portuguesa e l nguas estrangeiras Na pesquisa realizada por Caiado 2006 acerca da inclus o do aluno com defici ncia visual na escola regular um adulto cego cong nito mencionou sua dificuldade com a escrita eu tenho muita dificuldade para escrever Eu troco muito as letras escrevo com dois s e com um s s coloco x e dois s Eu n o leio muito e ent o tenho muita dificuldade Eu falo que ainda vou fazer um curso para aprender a escrever direito Para fazer uma reda o al m de ter erro de portugu s eu n o tenho id ias Eu gostaria de fazer uma reda o melhor e aprender a es
12. Portfolium Laborat rio de Imagens 2007 32 min Apoio UNEB LUDKE M ANDR M E D A Pesquisa em educa o abordagens qualitativas S o Paulo EPU 1986 LURIA A R O desenvolvimento da escrita na crian a In VIGOTSKI L S LEONTIEV A N LURIA A R Linguagem desenvolvimento e aprendizagem 10 ed S o Paulo Icone 2006 MACHADO M C Programa amplia inclus o de pessoas com defici ncia ao converter texto em udio 2009 Dispon vel em lt http portal mec gov br index php option com content amp view article amp id 13786 pro grama amplia inclusao de pessoas com deficiencia ao converter texto em audio amp catid 205 amp ltemid 86 gt Acesso em 22 jan 2011 MORAIS A G Escrever como deve ser In TEBEROSKY A TOLCHINSKY Al m da alfabetiza o a aprendizagem fonol gica ortogr fica textual e matem tica 4 ed S o Paulo tica 2008 Ortografia ensinar e aprender 4 ed S o Paulo tica 2003 pesquisa psicolingu stica de tipo construtivista e a forma o de alfabetizadores no Brasil contribui es e quest es atuais In FRADE C A da S Org Converg ncias e tens es no campo da forma o e do trabalho docente Belo Horizonte Aut ntica 2010 p 21 38 Dispon vel em lt http pt scribd com doc 62614840 Livro 1 ENDIPE gt Acesso em 9 jun 2011 NICOLAIEWSKY C de A O desenvolvimento de compet ncias metaling sticas e o aprendizado da escrita atrav s do sist
13. SISTEMA DE ESCRITA OU SISTEMA DE CODIGO ain da A are na ai aa as A ESCRITA E A LEITURA EM BRAILLE AS OUTRAS MANEIRAS DE LEITURA UTILIZADAS PELAS PESSOAS CEGAS un io find E e n A ESCRITA E AS TR S REVOLU ES TECNOLINGU STICAS AINDA H LUGAR PARA O SISTEMA BRAILLE O ENSINO DE ORTOGRAFIA NAS CLASSES PESQUISADAS PARTICIPANTES sedes tenis catia breed bin e ne Ed Dial ia du PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS DESCRI O E AN LISE DOS DADOS Classe regular da escola particular 3 ano do Ensino RUNdamental canis so a EA DS a DD LA REL aa Classe regular da escola estadual 4 ano de Ensino Fundamental sara DEDE ra na a GU aaa t Classe regular da escola municipal 5 ano do Ensino Fundamental crer METODOLOGIAS PARA ENSINAR ORTOGRAFIA A MEDIA O DAS PROFESSORAS ASPECTOS QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA ORTOGRAFIA ie Adapta o do material did tico eeen aeeeee eneee Desconhecimento das professoras sobre o Sistema Braille srta DL ici ia Planejamento das aulas eneee e ener rrrreennrnnn neern Atendimento Educacional Especializado Forma o de professores inicial e continuada 16 33 48 56 64 65 73 77 84 91 109 110 111 113 113 121 131 138 146
14. coopera o e a media o secund ria meios did ticos Para planejar atividades intencionalmente mediadoras o professor precisa saber o que o aluno capaz de fazer sozinho e ter amplo conhecimento acerca dos 147 conte dos a serem trabalhados para que possa interagir com o aluno Na entrevista buscamos investigar se as professoras achavam necess rio o ensino de ortografia para as crian as cegas Sim Rosa professora de Sara Por que pesquisadora claro que no nosso pa s a norma culta exige que voc escreva e leia corretamente n At porque voc vai enfrentar na vida os desafios e eles v o exigir que voc escreva correto que voc fale corretamente que voc tenha uma boa express o Ent o se voc n o aprender a ortografia como voc vai se virar na vida Rosa professora de Sara Sim Jaciete professora de Bruna Por que pesquisadora importante pra todo mundo n Jaciete professora de Bruna Embora considerem necess rio ensinar ortografia para as crian as cegas as professoras n o demonstraram clareza sobre a real import ncia dessa aprendizagem Acerca dos conhecimentos dos alunos sobre ortografia a professora da escola municipal n o tinha essa informa o porque as atividades da crian a cega n o eram transcritas de braille para tinta Esse fato tornou se ainda mais evidente para n s no dia em que entregamos para essa professora uma atividade transcrita e ela percebeu
15. cujos pais ou irm os s o envolvidos com drogas ou est o presos ou foram assassinados Muitas crian as segundo as professoras n o t m est mulos para estudar e possuem baixa auto estima devido esses hist ricos nas fam lias A primeira experi ncia com a cegueira vivenciada nessa escola foi com Bruna que estuda na institui o desde o 2 ano do Ensino Fundamental antiga 1 s rie Em 2010 al m de Bruna a escola recebeu mais um aluno cego matriculado no 1 ano Por ter um reduzido n mero de alunos com defici ncia essa escola n o possui sala de recursos Bruna cursava o 5 ano e a sala destinada para essa turma apresentava um tamanho m dio A sala era equipada com trinta e cinco cadeiras universit rias para os alunos sendo que a carteira destinada aluna cega era uma mesa com cadeira devido m quina de braille um arm rio um ventilador um quadro e a mesa com cadeira para a professora Jaciete professora de Bruna possui magist rio completo est cursando a gradua o em Hist ria dist ncia e leciona h 29 anos Bruna foi a sua primeira experi ncia com a defici ncia visual No entanto 2010 n o foi seu primeiro ano com a aluna Jaciete professora de Bruna h 3 anos 2 4 e 5 anos porque as professoras da escola ficavam inseguras para trabalhar com uma aluna cega e como ela tinha experi ncia continuou ensinando na s rie que Bruna se matriculava Jaciete afirmou que pediu dir
16. da Universidade Federal da Bahia como requisito para obten o do grau de mestre Salvador 5 de abril de 2011 Banca Examinadora Katia Regina Moreno Caiado Doutora em Educa o pela Universidade de S o Paulo USP Universidade Federal de S o Carlos UFSCar L cia Maria Freire Beltr o Doutora em Educa o pela Universidade Federal da Bahia UFBA Universidade Federal da Bahia Theresinha Guimar es Miranda orientadora Doutora em Educa o pela Universidade de S o Paulo USP Universidade Federal da Bahia UFBA Aos meus pais minha irm e meu marido meus modelos reais de perseveran a companheirismo e dedica o AGRADECIMENTOS A Deus por estar sempre presente na minha vida por iluminar meu caminho e ter me concedido mais uma vit ria minha orientadora Theresinha Guimar es Miranda pelo acolhimento e pelas orienta es durante o percurso acad mico Ao corpo docente da P s Gradua o da FACED UFBA em particular s professoras L cia Beltr o e Mary Arapiraca pelas contribui es fornecidas na qualifica o Aos colegas da P s Gradua o especialmente Daiane Santil e lida Silva pelo apoio aten o e companheirismo nesta trajet ria Aos colegas e aos professores do GEINE pelo acolhimento e pelas contribui es durante os dois anos de mestrado A Clarissa Nicolaiewsky parceira de tema de estudo por partilhar seus conhecimentos e pela aten o A Marcelo Moita pelas oportunidades
17. es orais n o desenvolveram t cnicas de c lculo ainda que elementares como as nossas opera es de adi o ou subtra o A maioria das l nguas unicamente orais e sem contato com as civiliza es grafematizadas disp e apenas de um sistema de numera o muito restrito De modo geral a escrita parece ser a condi o do desenvolvimento do c lculo e isso facilmente percebido ao observarmos o papel desempenhado pela posi o em nosso sistema de numera o ou a disposi o gr fica que nos permite efetuar nossas opera es Um algoritmo de c lculo uma f rmula escrita ele permite enumerar resultados ao infinito reiterando a opera o Os algoritmos e o infinito matem tico s o inconceb veis sem a escrita AUROUX 1998 p 74 O aparecimento da escrita no desenvolvimento intelectual da humanidade uma etapa t o importante quanto o aparecimento da linguagem articulada Goody 1977 apud AUROUX 1998 prop s que preciso compreender isso como o acesso a uma nova forma de tecnologia intelectual e consequentemente a uma nova forma de racionalidade denominada raz o gr fica Auroux 1998 afirma que a raz o gr fica distingue se atrav s de possibilidades que s o interditadas linguagem simplesmente oral A raz o gr fica permite a fixa o objetiva o e conserva o Para o autor o tra o mais marcante da raz o gr fica a bidimensionalidade isto a utiliza o do espa o plano
18. gicos que trouxeram tantos benef cios para suas vidas Como solu o para a dificuldade de acesso ao braille e aos textos digitais as pessoas com defici ncia visual recorrem aos ledores denomina o utilizada para as pessoas que enxergam e leem em voz alta para quem n o enxerga A pesquisa realizada por Luciene Maria Silva LENDO 2007 investigou entre outras quest es como se d o as prefer ncias de leituras pelos leitores cegos A autora identificou que as opini es s o diversas no que se refere ao meio mais satisfat rio para suas necessidades a leitura com ledores a leitura por computador ou a leitura em braille o encanto da leitura Braille n o tem igual voc tocar voc mesmo perceber o que voc est lendo voc entrar naqueles pontos braille a gente entra a ponto de a gente imaginar uma palavra mesmo a gente que j conhece como a escrita em tinta mas a gente acaba imaginando a palavra na forma daqueles pontinhos Rosane leitora A diferen a est em que a leitura pelo computador ou pelo ledor ela mais r pida porque ler um texto em braille cansativo Eu leio muito braille Mas ao meu ver a quest o da leitura o b sico a quest o b sica a quest o da velocidade da rapidez que o pr prio mundo nos imp e Robenilson leitor 9 Um dicion rio de bolso por exemplo ocupa muitos volumes ao ser transcrito para braille e os dicion rios mais completos por esse motivo geralme
19. m um gram tico n o havia diferen a entre o fil sofo e o professor de filosofia e entre o f sico e o professor de f sica No princ pio do mercantilismo encontra se uma divis o radical uma divis o social do trabalho respons vel pelo surgimento de uma nova identidade O mestre se constitui por saber um saber produzido que ele transmite isto n o se constitui pelo saber que produz passando de produtores a transmissores Nesse per odo h urg ncia de instru o e consequentemente de instrutores e emerge na hist ria o professor Comenius 1627 apud GERALDI 1997 p 87 defende seu m todo perfeito de ensinar Ser o h beis para ensinar mesmo aqueles a quem a natureza n o dotou de muita habilidade para ensinar pois a miss o de cada um tanto tirar da pr pria mente o que deve ensinar como sobretudo comunicar e infundir na juventude uma erudi o j preparada e com instrumentos j preparados colocados nas suas m os Com efeito assim como qualquer organista executa qualquer sinfonia olhando para a partitura a qual ele n o fosse capaz de compor nem de executar de cor s com a voz ou com o rg o assim tamb m por que que n o h o professor de ensinar na escola todas as coisas se tudo aquilo que dever ensinar e bem assim os modos como o h de ensinar o tem escrito como que em partituras 32 Para o professor ser transmissor precisa estar sempre a par das ltimas descobertas da ci ncia em su
20. o na segunda feira No decorrer da pesquisa sentimos a necessidade de observar as aulas tamb m na quarta feira mas a professora n o concordou Na escola estadual as aulas de Portugu s ocorriam nas segundas e quartas feiras e a professora permitiu as observa es nesses dois dias Devido ao fato de n o termos revelado que o objetivo principal era identificar as pr ticas pedag gicas para trabalhar com conte dos de ortografia ressaltamos que apesar de termos realizado 10 observa es em cada classe poucas aulas foram destinadas ao trabalho com as quest es ortogr ficas Atrav s da consulta ao planejamento das professoras s atividades xerocadas e feitas no caderno e por is Explicaremos mais adiante a necessidade de observa o em outros hor rios al m da segunda feira 113 meio das entrevistas semi estruturadas verificamos que a n o ser na escola particular pouco tempo era disponibilizado para o trabalho com a ortografia Salientamos por m que ainda que as professoras participantes da pesquisa sejam as respons veis diretas pelo trabalho pedag gico em sala de aula n o pretendemos responsabiliz las pela pr tica desenvolvida visto que tamb m s o v timas de um sistema educacional que n o garantiu uma forma o te rica e pr tica que permitisse atender de forma adequada diversidade presente na sala de aula 5 3 DESCRI O E AN LISE DOS DADOS A an lise apresentada a seguir foi realizada com bas
21. produzir a forma adaptativa que corresponde lhe a cada uma 58 A zona de desenvolvimento proximal caracteriza as mesmas fun es e capacidades ainda em forma o mas em est gio mais avan ado Embora ainda n o apresente maturidade necess ria est o num n vel de desenvolvimento potencial no entanto mais pr ximo do n vel superior faltando pouco para alcan ar sua maturidade e cumprir seu papel adaptativo Di az Rodr guez 2011 afirma que na zona de desenvolvimento proximal as crian as conseguem solucionar os problemas sob a orienta o de um adulto ou em colabora o com companheiros mais capazes VIGOTSKI apud D AZ RODR GUEZ 2011 p 47 A zona de desenvolvimento real refere se s fun es e capacidades que a pessoa j tem isto que j completaram seu processo de matura o Desse modo a crian a j pode utiliz las em suas rela es com o meio externo ou interno O autor exemplifica essas tr s zonas de desenvolvimento Se o aluno n o responde imediatamente e ou erra sucessivamente sem chegar ao resultado por si mesmo um indicativo de que tal conhecimento ainda est incompleto ou seja n o est na zona real Deve sim estar em n vel proximal ou potencial Ent o damos as ajudas correspondentes a tal capacidade e se o aluno as compreende as assimila e aplica para pelo menos chegar perto da resposta tal aprendizado est na zona proximal Se apesar de tais ajudas o aluno n o
22. que a pessoa cega carregava consigo o pecado cometido por ela ou por algum parente ou at mesmo por algum membro da tribo Na Idade M dia a cegueira era utilizada como forma de vingan a como pena judicial ou ainda como o castigo para crimes que ocorreram com a participa o dos olhos como faltas graves s leis do matrim nio A situa o das pessoas com defici ncia come ou a mudar com o fortalecimento do Cristianismo De acordo com o contexto religioso da poca todas as pessoas passaram a ser consideradas criaturas de Deus sem exce o No entanto ocorreram rea es religiosas paradoxais acerca da raz o de sua exist ncia relacionando concep o que se tinha em outrora Passaram a ser muito frequentes questionamentos como esta pessoa era uma eleita de Deus ou uma esp cie de expiadora de culpas alheias Era uma aplacadora da c lera divina a receber em lugar da aldeia a vingan a celeste como um p ra raios Tinha uma alma mas n o tinha virtudes como podia ser salva do inferno Ela era mesmo uma crist FRANCO DIAS 2005 Essas indaga es refletiam em atitudes como caridade e castigo A diminui o do castigo consistia em confinamento Dessa forma pensavam estar exercendo a caridade j que o asilo oferecia um teto e alimenta o Acreditavam ser essa uma forma de salvar a alma do crist o das garras do dem nio e livrar a sociedade de condutas indecorosas ou anti sociais da pessoa
23. rio a partir da identifica o e discuss o de seus erros com os alunos Em outro texto de sua autoria Lajolo 1996 p 8 afirma que n o h livro que seja prova de professor o pior livro pode ficar bom na sala de um bom professor e o melhor livro desanda na sala de um mau professor Pois o melhor livro repita se mais uma vez 31 apenas um livro instrumento auxiliar da aprendizagem Nenhum livro did tico por melhor que seja pode ser utilizado sem adapta es Por isso destacamos que a forma o do professor mais importante que a qualidade do material did tico Um professor preparado ter a possibilidade de analisar os livros did ticos adotados pela institui o escolar e elaborar as adapta es necess rias no planejamento de suas aulas Geraldi 1997 tamb m traz importantes reflex es acerca dos livros did ticos e demonstra como a produ o destes modificou a identidade do professor Para explicar essa rela o o autor inicialmente estabeleceu uma diferencia o entre conte do de ensino e produto da pesquisa cient fica Diferentes identidades historicamente em fun o dessa rela o foram construindo a a o de ensinar e por consequ ncia foram definindo tamb m as diferentes identidades do professor de l ngua portuguesa Entre os s culos XIV e XV o mestre se caracteriza ou se identifica por ser um produtor de conhecimentos produtor de um saber Ou seja quem ensinava gram tica era tamb
24. sala regular todos os dias mas os di logos estabelecidos entre ela e a professora regente se restringiam ao que havia para transcrever de braille para tinta e de tinta para braille Algumas vezes perguntava para Alan se estava tudo bem e ele fazia que sim com a cabe a Como afirmamos anteriormente a professora regente sempre iniciava as aulas com uma ora o e com a escrita de um vers culo da b blia no quadro Os tr s estagi rios reproduziam o que era feito pela professora 126 A seguir descrevemos as atividades desenvolvidas por Elisa e por Maiana e Viviane para ensinarem ortografia na turma de Alan Nas aulas que observamos de Saulo n o foram trabalhados conte dos de ortografia Aula 1 Elisa A professora iniciou a aula com a ora o Posteriormente copiou no quadro a explica o abaixo sobre palavras com lou u Falta apenas um obst culo A emo o aumenta O cavalo salta e vence a competi o salta aumenta Em muitas palavras a letra tem som de u Depois de ler para os alunos o que havia escrito no quadro frisando a regra que o som u pode ser representado pela letra ou pela letra u pediu que os alunos pegassem os cadernos para copiar a explica o acima e os exerc cios de classe abaixo No entanto n o ditou a atividade para que Alan pudesse copiar e responder Exerc cios 1 Complete as frases com as palavras do quadro saltar maltratar algemar almo ar acalmar a
25. tico que deveria ser considerado um mediador secund rio torna se o mediador prim rio uma vez que parece ser ele quem determina os conte dos de ortografia a serem trabalhados e planeja as a es do professor 151 5 6 ASPECTOS QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA ORTOGRAFIA Al m das estrat gias utilizadas para o ensino de ortografia e da media o realizada pelo professor poss vel citar outros aspectos que podem favorecer o processo de aprendizagem da ortografia por parte dos alunos cegos mas que por n o terem ocorrido dificultaram o desenvolvimento tanto do ensino quanto da aprendizagem desse conte do de l ngua portuguesa A partir da coleta de dados identificamos os aspectos analisados a seguir 5 6 1 Adapta o do material did tico Nas tr s classes observadas os alunos n o possu am os livros did ticos transcritos para braille A professora da rede municipal nos mostrou que os livros que foram encaminhados para a escola eram diferentes dos livros adotados pela institui o Ela nos informou que deixava esses materiais com a aluna cega para que a menina pudesse ter algo em braille para ler A aluna da escola particular tamb m n o recebeu material em braille e s tinha acesso leitura pelo Sistema Braille quando a institui o especializada imprimia algum livro de literatura infantil para as crian as cegas Na escola estadual tamb m n o foram entregues os livros em braille Entretanto pelo
26. um pouco mais complicado Agora no dia dos professores mesmo eu mandei que fizesse uma reda o sobre os professores e tamb m teve as cartas e eu tive que fazer uma que veio de casa todo errado n o tinha cabe alho n o tinha destinat rio n o tinha nada n Tinha o recadinho mas ela n o botou pra quem era e n o se despediu n o teve texto nada A eu refiz n dando um exemplo foi pra casa e fez outro do jeito que eu queria Rosa professora de Sara Mais uma vez percebemos que a professora pretendia ocultar a informa o sobre a realiza o dos ditados Pedimos mais um esclarecimento E a corre o do ditado de texto voc faz com todos os alunos pesquisadora 53 A cola ou colinha a que se refere uma tabela com os sinais em braille 143 O dela n o O dela eu fa o separado professora de Sara Entretanto Rosa n o elucidou se faz junto com a aluna ou na aus ncia dela Al m disso nos pareceu que a menina cega n o participa dos ditados de palavras e textos pois a professora n o respondia claramente as perguntas que fizemos a respeito de como se d a participa o da aluna cega nessas atividades A partir dessas informa es poss vel concluir que a professora n o aceitou a presen a da pesquisadora nas sextas feiras porque a aluna cega era exclu da dos ditados ou ao menos da corre o destes prov vel tamb m que os ditados realizados nessa classe ocorram do
27. Embora a escrita n o seja o nico suporte transposto da fala humana o nico que de natureza espacial e que disp e de fixidade A t cnica intelectual oferecida pela escrita permite ent o novas performances cognitivas ligadas raz o gr fica Com a escrita e a raz o gr fica o espa o tornou se a dimens o mais aut ntica do pensamento humano AUROUX 1998 Goody 1977 apud AUROUX 1998 argumenta que nas culturas orais jamais encontramos a utiliza o de um procedimento an logo de agrupamento e de composi o de tabelas No entanto uma tabela pode ser traduzida por uma sequ ncia linear podendo ser realizada pela linearidade temporal da fala AUROUX 1998 O problema encontrado nessa situa o ser a quest o da 100 dimens o j que uma tabela utiliza duas dimens es A bidimensionalidade naturalmente encontrada no espa o plano Auroux 1998 p 82 explica que As sequ ncias lineares espacializadas pela escrita permitem lhe construir a bidimensionalidade de um ou outro modo a lista est diante de seus olhos voc pode percorr la saltar seus elementos cont los numer los etc Isso se tornou poss vel porque voc n o est dentro da linearidade da lista situado em um de seus pontos como o est quando voc recita A gram tica depende da raz o gr fica que possui como caracter sticas indispens veis a objetiva o e a bidimensionalidade No entanto para construir um saber elaborado acerca
28. Para enriquecer a aula a professora tamb m poderia ter mostrado para a aluna cega a representa o dos acentos agudo e circunflexo em tinta Para isso poderia utilizar tinta relevo Atividade do livro sobre acentua o 1 Complete as palavras acrescentando as vogais abaixo o baob copa ba cabre va bano tasm nia 2 Leia estas palavras hist ria esp cies Calif rnia tr s Amaz nia rvores tamb m imba ba a Escreva essas palavras na linha correta acento agudo acento circunflexo Aula 2 Essa aula n o foi especificamente a respeito da ortografia no entanto consideramos relevante descrev la uma vez que a aluna cega sentiu d vidas quanto ortografia de uma palavra e solicitou o aux lio da professora No in cio da aula a professora Rosa corrigiu os cadernos com a atividade de casa Sara estava de cabe a baixa Rosa leu para a turma um breve relato sobre a hist ria de Carlos Drummond de Andrade Leu tamb m o poema Cidadezinha qualquer Sara continuou de cabe a baixa durante a leitura e a professora n o 117 chamou a sua aten o A professora pediu que os alunos abrissem os cadernos para copiarem o poema pois ele iria registrar o in cio da segunda unidade Depois de escrev lo no quadro Rosa sentou se ao lado de Sara e ditou o poema para que a aluna pudesse copi lo Sara sentiu d vidas quanto ortografia do zi de cidadezinha e perguntou p
29. a crian a cega isso pode representar em m dia a leitura de cinco p ginas Um texto em braille portanto ocupa muito espa o Livros com mais de cem p ginas tinta podem ter at mais de trezentas p ginas quando transcritos para braille Isso dificulta o transporte dos livros em braille por ocuparem muito espa o e por serem mais pesados Al m disso preciso pessoas capacitadas para realizar a transcri o dos materiais para o Sistema Braille A impressora braille ainda muito cara e pouqu ssimas institui es t m esse equipamento n o sendo poss vel atender a toda popula o de deficientes visuais Quando o material em braille transcrito manualmente leva se muito tempo para que a adapta o seja conclu da Ocorre tamb m que muitas vezes os transcritores n o recebem com anteced ncia o material que precisa ser adaptado Por essas raz es muitas vezes os cegos encontram barreiras que o impedem de ler com frequ ncia livros em braille no decorrer da educa o b sica do ensino superior em cursos de l nguas em aulas de m sica etc 4 4 AS OUTRAS MANEIRAS DE LEITURA UTILIZADAS PELAS PESSOAS CEGAS ineg vel os aspectos positivos que a leitura em braille proporciona para a pessoa cega As crian as que nascem com a defici ncia ou perdem a vis o antes de se alfabetizarem encontram nesse sistema o melhor meio de alfabetiza o uma vez que o livro em braille o nico formato que permite o contato dir
30. ao Ocidente um meio de conhecimento domina o sobre outras culturas do planeta O autor considera tal processo t o importante para a hist ria da 101 humanidade quanto a revolu o agr ria do Neol tico ou a Revolu o Industrial do s culo XIX Duas causas foram explicitadas por Auroux para a gramatiza o A primeira delas fundamenta se na necessidade de aprendizagem de uma l ngua estrangeira em um contexto onde j existe uma tradi o lingu stica Esta necessidade suscet vel de responder a diversos interesses pr ticos tais como o acesso a uma l ngua de administra o a um corpus de textos sagrados a uma l ngua de cultura por exemplo a l ngua de cultura em quest o o latim em oposi o s l nguas vulgares rela es comerciais e pol ticas viagens expedi es militares explora es implanta o exporta o de uma doutrina religiosa coloniza o A segunda diz respeito pol tica de uma l ngua dada e pode se reduzir a dois interesses o de organizar e regular uma l ngua liter ria desenvolver uma pol tica de expans o lingu stica do uso interno ou externo AUROUX 1992 apud SURDI 2010 A gramatiza o massiva das l nguas ocorreu a partir do Renascimento europeu e foi contempor nea da explora o da frica Am rica e sia e da progressiva coloniza o de territ rios do ocidente Isto explica a gramatiza o simult nea das l nguas do mundo AUROUX 1992 p 52 apud SURDI
31. aqui com a gente Pra ela bom mas para o professor fica um pouco a desejar Um pouco n o muito a desejar n porque eu mesma n o tenho conhecimento Fa o o poss vel nesses tr s anos eu tenho feito o poss vel E muito dif cil trabalhar E muito f cil falar na inclus o mas o pr prio sistema n o d apoio Nem a prefeitura nem o estado A institui o especializada foi quem deu um m nimo de apoio O professor n o preparado pra receber Jaciete professora de Bruna O problema que eu n o fui preparada O estado n o me ofereceu nenhum curso para eu incluir Alan Elisa professora de Alan As professoras ressaltaram como dificuldade para incluir as crian as a aus ncia de preparo para esse trabalho e o pouco apoio oferecido pelas escolas regulares e pela institui o especializada onde as crian as eram atendidas Por fim destacamos que ao intencionar ver sobre ortografia terminamos por ver quest es da rela o professor aluno ainda que n o fosse o foco Relatamos na descri o dos dados que em diversos momentos o aluno cego da escola estadual ficava sem fazer nada de cabe a baixa durante as aulas enquanto a professora escrevia no quadro e os demais alunos respondiam as atividades Apesar de a professora responder na entrevista que concordava com a inclus o das pessoas com defici ncia na escola regular entendemos que permitir que uma crian a cega permanecesse quase todo o tempo da aula de ca
32. carta para ser realmente entregue s av s estaria recuperando o uso social da escrita atrav s da pr tica escolar Entretanto necess rio escrever cartas que sejam enviadas para que isto n o se torne transforme na li o de escrever cartas Como afirma Ferreiro 2001 p 33 Submeter a pr pria escrita prova da comunica o algo completamente diferente da tarefa de escrever uma carta 5 3 2 Classe regular da escola estadual 4 ano de Ensino Fundamental A escola estadual frequentada por Alan considerada de grande porte Atende apenas alunos do Ensino Fundamental e localiza se pr xima ao Centro de Salvador Em 2010 atendeu dezenove alunos com defici ncia visual O nico 122 estudante que apresentava cegueira nas s ries iniciais era Alan A escola ocupava dois pr dios sendo que um deles possu a dois pavimentos O espa o destinado para o funcionamento da sala de recursos se localizava no pavimento superior no final de um corredor pr xima aos banheiros A sala n o tinha uma estrutura adequada por ser muito pequena para a quantidade de alunos que atendia Al m disso a professora da sala de recursos reclamou de sua localiza o pois ficava ao lado dos banheiros e como estes geralmente n o eram higienizados com a frequ ncia necess ria o cheiro muitas vezes incomodava as pessoas que estavam no local Ela informou que havia pedido para mudarem a sala de recursos de lugar j que tinham al
33. com que se brinca e o objeto denotado n o importante O mais importante o uso de alguns objetos como brinquedos e a possibilidade de com eles realizar um gesto representativo Segundo Vigotski essa a chave para toda a fun o simb lico do brinquedo das crian as O pr prio movimento da crian a seus pr prios gestos que atribuem a fun o de signo ao objeto e lhe d o significado Toda atividade representativa simb lica plena desses gestos indicativos por exemplo para a crian a um cabo de vassoura transforma se num cavalo de pau porque ele pode ser colocado entre as pernas podendo a crian a empregar um gesto que comunica o fato de neste exemplo o cabo de vassoura designar um cavalo VIGOTSKI 2007 p 130 Desse modo o brinquedo simb lico das crian as pode ser compreendido como um sistema muito complexo de fala por meio de gestos que comunicam e indicam os significados dos objetos usados para brincar somente na base desses gestos indicativos que esses objetos adquirem gradativamente seu significado assim como o desenho que inicialmente apoiado por gestos transforma se em signo independente 52 Nos seus experimentos Vigotski buscou estabelecer o est gio de escrita com objetos Atrav s de brinquedos experimentos foram representadas coisas e pessoas envolvidas por objetos familiares O objeto adquire uma fun o de signo com uma hist ria pr pria ao longo do desenvolvimento tornan
34. com a escrita desde cedo Para que tomem consci ncia de que a l ngua 83 escrita existe dependem da interven o de uma pessoa para tornar o braille presente em suas vidas atrav s de a es intencionais como por exemplo colar etiquetas em braille nos objetos existentes em sua casa com seus respectivos nomes por meio de a es como essa que a crian a cega perceber a exist ncia do braille e que usado para representar a linguagem oral em linguagem escrita possibilitando ler e escrever o nome dos objetos animais lugares e pessoas Horton 1988 sugere que igualmente til que transcreva para braille um livro de hist rias para a crian a Escreva os caracteres braille por cima das letras a negro Assim a crian a poder seguir linha por linha a hist ria que o pai ou a m e lhe vai lendo A princ pio ser porventura necess rio que o adulto coloque as m os da crian a sobre o braille e as fa a deslizar ao longo das linhas medida que vai lendo o texto Essas duas atividades ajudar o a crian a a familiarizar se com o braille e contribuir o para que tome consci ncia da exist ncia de uma linguagem escrita A crian a vidente incidentalmente aprende que os livros cont m p ginas que para serem lidas precisam ser viradas da direita para a esquerda e que os textos contidos em tais p ginas s o lidos de cima para baixo e da esquerda para a direita ARNOLD 2004 apud NICOLAIEWSKY 2008 A crian a cega tam
35. com as professoras regentes das classes foi uma estrat gia complementar para a obten o de informa es principalmente para identificarmos a forma como planejavam as aulas de ortografia Ao fazer o contato com as diretoras e as professoras das escolas fizemos a op o por n o ocultar totalmente os objetivos deste estudo mas revelar apenas parte do que pretend amos Para Junker 1971 apud LUDKE ANDR 1986 o z pesquisador que decide fazer esse tipo de observa o um participante como observador O autor explicitou que ao explicar os objetivos do seu trabalho para o pessoal de uma escola o pesquisador pode enfatizar que centrar a observa o nos comportamentos dos alunos embora pretenda tamb m focalizar o grupo de t cnicos ou os pr prios professores A preocupa o n o deixar totalmente claro o que pretende para n o provocar muitas altera es no comportamento do grupo observado Esta posi o tamb m envolve quest es ticas bvias LUDKE ANDRE 1986 p 29 A presente pesquisa teve como objetivo geral identificar como o professor ensina os conte dos de ortografia para crian as cegas em classes regulares Nas institui es selecionadas para a realiza o da pesquisa explicamos que o 112 objetivo era identificar as contribui es das aulas de L ngua Portuguesa para o desenvolvimento da escrita em braille inclusive para a aprendizagem da ortografia Fizemos a op o por revelar a
36. comunica o come ou a ser criticada nos anos 80 Alguns fatores foram destacados pela autora como a den ncia dos problemas de leitura e de escrita que os alunos revelavam eram numerosas as mat rias de jornais dessa poca sobre os erros de reda es de vestibular atribu dos a pouca efic cia do ensino da l ngua e a insatisfa o dos professores com os resultados que obtinham Para Soares 1998 uma evid ncia da rejei o concep o de linguagem como instrumento de comunica o foi a elimina o das denomina es Comunica o e Express o e Comunica o em L ngua Portuguesa Al m disso a referida autora acrescenta que essa concep o de linguagem tamb m n o encontrava mais apoio no contexto pol tico e ideol gico pois a poca da redemocratiza o do pa s possu a objetivos mais amplos para o ensino da l ngua materna bem como os avan os cient ficos na rea da lingu stica e da psicologia da aprendizagem que apresentavam novas teorias culminando no surgimento da concep o de linguagem como processo de intera o humana Geraldi 2006a explica que mais que possibilitar a transmiss o de informa es de um emissor a um receptor atrav s da linguagem o sujeito que fala pratica a es que n o conseguiria realizar a n o ser falando O falante age sobre o ouvinte constituindo compromissos e v nculos que n o preexistiam fala Sendo assim esta concep o de linguagem implica uma postura educacional d
37. condi o de ficar parando mandando a pessoa soletrar ou no computador ou no gravador N o tem Gerusa leitora Eu prefiro hoje utilizar a inform tica e o ledor justamente por causa do acesso mais r pido informa o M rcio leitor A necessidade de obter informa o mais rapidamente um dos fatores citados por pessoas cegas ao destacarem a prefer ncia pela leitura atrav s do uso do computador ou do ledor No que se refere aos textos cient ficos de fato essa maneira de leitura se torna predominante devido car ncia de material impresso em braille Entretanto a relev ncia da leitura em braille para se ater s quest es da escrita e o prazer e o encanto causado por esse tipo de leitura tamb m foram relatados Apesar das dificuldades para a aquisi o de livros e outros materiais em braille o diferencial desse sistema a possibilidade da leitura e da escrita serem realizadas diretamente pelas pessoas cegas dito de outro modo esse sistema foi o primeiro a instaurar verdadeiramente os cegos como leitores escritores O braille como vimos n o o nico meio de aquisi o de conhecimentos e informa es pelos cegos Devido dificuldade para a obten o de materiais em braille associada ao avan o da tecnologia atualmente h uma tend ncia para que ele divida o espa o com outras maneiras de leitura Com isso algumas pessoas acreditam que o braille est perdendo o seu espa o e poder entrar em desus
38. dados e das abordagens espec ficas an lise dos mesmos Nesse sentido o estudo de caso n o nem uma t tica para a coleta de dados nem meramente uma caracter stica do planejamento em si Stoecker 1991 mas uma estrat gia de pesquisa abrangente O Estudo de Caso representa o m todo preferido quando s o colocadas as quest es como e por que quando o pesquisador tiver pouco controle sobre os acontecimentos e tamb m quando o foco se encontrar em fen menos contempor neos inseridos em contextos da vida real YIN 2005 Desse modo consideramos que esse m todo seria o mais adequado para o que pretend amos investigar devido natureza do fen meno pesquisado Na classifica o proposta por Stake 1995 apud GIL 2009 o Estudo de Caso pode ser intr nseco ou instrumental No primeiro tipo o caso investigado pelo interesse em conhec lo melhor No estudo de caso instrumental o pesquisador n o tem interesse no caso em si A sele o ocorre por se admitir que sua investiga o possa contribuir na amplia o do conhecimento de um determinado assunto ou na contesta o de uma generaliza o j aceita amplamente Ademais o autor afirma que estudos de caso coletivo podem ser reconhecidos como um estudo instrumental estendido a v rios casos Dessa forma o pesquisador estuda conjuntamente diversos casos para investigar um determinado fen meno Fizemos a op o pelo estudo de caso instrumental uma vez que nosso
39. desenvolvimento iminente j que a sua caracter stica essencial a das possibilidades de desenvolvimento mais do que imediatismo ou obrigatoriedade de ocorr ncia uma vez que se a crian a n o tiver a oportunidade de contar com a colabora o de outra pessoa em certos momentos de sua vida poder n o amadurecer determinadas fun es intelectuais e ainda que tenha essa pessoa isso n o garante o seu amadurecimento PRESTES 2010 Prestes 2010 ressalta que apesar de alguns estudiosos igualarem os conceitos de zona blijaichego razvitia e possibilidades potenciais Vigotski n o se referiu em nenhum dos trabalhos que teve acesso ao n vel de desenvolvimento potencial De acordo com a pesquisadora Vigotski n o fala em n vel potencial por entender que nada est pr determinado na crian a as atividades realizadas pelas crian as sob orienta o ou colabora o criam possibilidades para o desenvolvimento Consultando um dicion rio poss vel verificar que a palavra proximal aplicada na descri o anat mica para indicar que uma determinada parte do corpo se localiza mais pr xima de um centro articula o tronco ou linha mediana J a palavra iminente quer dizer muito pr ximo que est para vir que est em via de efetiva o imediata Por um lado a palavra iminente talvez seja mais adequada devido ao fato de n o estar ligada a um conceito anat mico em contrapartida se a palavra iminente tamb m signi
40. dessas atividades n o demanda interromper a progress o do assunto de que se est tratando 27 As atividades epilingu sticas independente da consci ncia ou n o s o aquelas que resultam de uma reflex o que toma os pr prios recursos expressivos como seu objeto Tamb m est o presentes nos processos interacionais e neles s o detect veis J as atividades metaling sticas tomam a linguagem como objeto n o mais enquanto reflex o vinculada ao pr prio processo interativo mas constroem conscientemente uma metalinguagem sistem tica com a qual falam sobre a l ngua A an lise lingu stica em s ntese apresenta n veis distintos de reflex o Entretanto para que as atividades metalingu sticas tenham alguma signific ncia no processo de reflex o que toma a l ngua como objeto necess rio segundo Geraldi 1997 p 191 que as atividades epilingu sticas as tenham antecedido Se quisermos inverter a flecha do ensino propugnando por um processo de produ o de conhecimento e n o de reconhecimento problem tica a pr tica comum da escola de partir de uma no o j pronta exemplific la e atrav s de exerc cios fixar uma reflex o Na verdade o que se fixa a metalinguagem utilizada E da a sensa o do aluno de que saber sua l ngua saber utilizar se da metalinguagem aprendida na escola para analisar esta l ngua Esta percep o fruto do trabalho escolar o aluno falando em portugu s di
41. desse modo medida que a pessoa escreve poss vel realizar a leitura sem precisar ir ao verso do papel como na escrita com a reglete A escrita na m quina de braille tamb m realizada da esquerda para a direita que o mesmo sentido em que se l e tamb m o mesmo sentido em que os videntes realizam a escrita tinta Segundo Corbacho Pi ero Oliva Quero Rodr guez D az 2003 a m quina de braille facilita a associa o da leitura e da escrita Al m disso os autores afirmam que uma das vantagens da m quina possibilitar que uma frase ou palavra que n o havia sido terminada possa ser conclu da sem dificuldades pois os pontos gravados pela m quina localizam se na frente do papel e n o no verso como na reglete A m quina de braille por m apresenta alguns inconvenientes em rela o reglete A m quina pesada entre 3 0 a 6 0 Kg o que dificulta o transporte da mesma pelos cegos e principalmente por uma crian a Al m disso esse instrumento de escrita faz muito barulho no momento em que est sendo utilizado Segundo Corbacho Pi ero Oliva Quero e Rodr guez D az 2003 j existem alternativas Perkins baseadas em suportes inform ticos que anulam esses inconvenientes 81 O papel para a escrita em braille diferenciado do papel usado para a escrita a tinta Para que os pontos gravados pela m quina ou pela reglete permane am fixados na folha de papel necess ria a utiliza
42. dos m todos de leitura e escrita para cegos com o objetivo de unifica o centrada num sistema de aplica o universal Foram feitas as seguintes considera es o sistema Moon ingl s n o se enquadrava nos crit rios estabelecidos por n o permitir a escrita manual al m de n o corresponder s necessidades de transcri o de m sica os sistemas que particularizavam a aplica o de sinais como o Braille Americano n o atendiam ao objetivo de unifica o bem como apresentavam outros inconvenientes os sistemas lineares j estavam sendo substitu dos pelos processos de pontos em relevo em muitos pa ses al m disso n o atendiam a todas as necessidades de transcri o como considera es e proposta final o relator da comiss o de especialistas afirmou Estudamos minuciosamente os diversos documentos que nos enviaram examinando um ap s outro todos os sistemas sopesando seus respectivos m ritos Considerando se que o Sistema Braille foi adotado pela Alemanha Austria Fran a B lgica Holanda parte da 72 Inglaterra It lia e inclusive o Egito devemos reconhecer que a tend ncia mundial se mostra favor vel ao Braille A Comiss o prop e que se adote o Braille tal como por atender tanto leitura como escrita e satisfazer as duas principais necessidades da intelig ncia humana N o suficiente que a pessoa cega saiba ler E necess rio que possa escrever manifestar seus pensamentos atrav s da escrita
43. e cr tica atentando s dificuldades que um poss vel leitor encontraria na compreens o de seu texto se realizasse uma ou outra escolha ling stica NICOLAIEWSKY 2004 NICOLAIEWSKY CORREA 2008 A atividade de revis o entretanto n o acontece espontaneamente e requer incentivo e pr tica Todavia a corre o de textos alheios ou de pr pria autoria n o frequente na escola MORAIS 2008 Crian as e adolescentes n o costumam reler seus textos e percebem essa atividade apenas como uma presta o de contas impostas pelo professor O h bito de revisar a escrita deve ter como objetivo a preocupa o em possibilitar ao leitor a compreens o do texto isto a revis o n o deve centralizar apenas nas quest es ortogr ficas mas tamb m em rela o sua formata o e coer ncia MORAIS 2003 A pr tica de revisar os textos portanto tem grande import ncia para o dom nio da escrita e se realizada com esse objetivo propicia ao aluno a sua inser o nas pr ticas sociais da leitura e escrita contextualizando seu aprendizado e dando lhe sentido NICOLAIEWSKY 2004 Cagliari 2009 tamb m alerta sobre a import ncia da revis o textual mas afirma que nos primeiros textos o objetivo simplesmente fazer com que o aluno passe da habilidade de produzir textos orais para a habilidade de produzir textos escritos O professor n o deve mencionar no in cio da alfabetiza o o fato de que o aluno precisa corrigir o que escreve
44. e isto s pode ser feito pela escrita braille Quero dizer que me refiro ao primitivo Sistema Braille ao Braille Franc s e a nenhum outro CERQUEIRA 2009 grifos nossos De acordo com Cerqueira 2009 a proposta foi aprovada pela maioria dos presentes Em s ntese poss vel afirmar que as estrat gias para a leitura e para a escrita das pessoas cegas fundaram se a partir de tr s eixos b sicos O primeiro deles foi o m todo do relevo linear criado por Valentin Hauy numa reprodu o em relevo da escrita convencional o segundo foi a escrita fon tica de Charles Barbier c digo sonoro da linguagem verbal representada por meio de pontos e por fim o Sistema Braille um alfabeto aut nomo translitera o da escrita convencional favorecendo a tradu o desta em base completamente nova j que substituiu os tra os e as curvas dessa escrita pelos pontos perfeitamente reconhec veis pelos milhares de receptores localizados na polpa do dedo o que nos permite dizer que se inaugurou a partir desse c digo a chamada escrita pontogr fica SOUSA 2004 Para concluir a contextualiza o hist rica cabe nos uma ltima reflex o Que motivos levaram as tentativas anteriores cria o do Sistema Braille a fracassarem na busca pela inser o dos cegos na cultura escrita Corroboramos com Sousa 2004 que o ensa sta portugu s V tor Reino apresenta uma resposta poss vel Desde tempos imemoriais e mais a
45. e ling stica S o Paulo Scipione 1997 164 CAGLIARI L C Alfabetizando sem o b b bi b bu S o Paulo Scipione 2009 CAIADO K R M Aluno deficiente visual na escola lembran as e depoimentos Campinas SP Autores Associados PUC 2006 CARDOSO Rodrigo o fim do braile Isto S o Paulo n 2137 22 out 2010 Dispon vel em lt http Anww istoe com br reportagens 107318 E O FIM DO BRAILE gt Acesso em 27 jun 2011 CAVALCANTE T C F Argumenta o e apropria o ortogr fica em crian as com dist rbio de leitura escrita Linguagem amp Ensino Pelotas RS v 10 n 2 p 503 525 jul dez 2007 CERQUEIRA J B O legado de Louis Braille Benjamin Constant Rio de Janeiro n esp out 2009 Dispon vel em lt http Anww ibc gov br catid 4 amp itemid 10196 gt Acesso em 4 jul 2012 CORBACHO PI ERO D M OLIVA QUERO F RODR GUEZ D AZ F O Sistema Braille In BUENO MART N Manuel TORO BUENO S Coord Defici ncia visual aspectos psicoevoluitvos e educativos S o Paulo Santos 2008 CUNHA M da D S Import ncia da fam lia e da escola na inclus o de alunos cegos dos 2 e 3 ciclos do ensino b sico 2009 Disserta o Mestrado Universidade Portucalense Infante D Henrique Porto 2009 D AZ RODR GUEZ F A inter rela o entre as zonas de desenvolvimento na concep o s cio hist rico cultural de Vygotsky e continuadores In O processo de aprendizagem e seu
46. encontrados entretanto a revis o de literatura e a pesquisa de campo realizadas demonstraram as dificuldades vivenciadas pelas pessoas cegas para aprenderem os aspectos ortogr ficos da l ngua escrita e os obst culos encontrados pelos professores para ensinarem esses conte dos para os alunos com a defici ncia visual Ainda assim acreditamos que novos estudos devem ser feitos para que possamos discutir o ensino de ortografia em contextos de inclus o de alunos cegos Embora n o tenha sido o objetivo da pesquisa analisar a natureza e a frequ ncia dos erros de ortografia dos alunos cegos observamos que a escrita de Bruna aluna do 5 ano apresentava muitos erros de ortografia conforme demonstramos nas transcri es de suas produ es textuais folha 135 N o podemos afirmar a causa para essa situa o entretanto acreditamos que quatro aspectos exercem grande influ ncia a media o inadequada da professora nas aulas de ditado a n o solicita o das transcri es de braille para tinta a pouca leitura em braille e o fato de os pais da menina n o saberem ler em braille Pensamos que a fam lia tem um importante papel na aprendizagem da escrita por crian as cegas pois nas outras duas classes observadas identificamos que os alunos cegos apresentavam erros de ortografia semelhantes aos erros das crian as videntes Embora as professoras tamb m n o soubessem ler por meio do Sistema Braille as m es dessas crian as sabiam ler a
47. erros de ortografia palavras acentuadas incorretamente erros gramaticais e problemas de pontua o podem deixar a pessoa que ler o texto com dificuldades para compreend lo principalmente se for um leitor cego que tamb m utilize sintetizador de voz uma vez que os sintetizadores reproduzem exatamente o que lido pelo leitor de tela At mesmo a pr pria pessoa cega quando for ler o texto que produziu com o objetivo de revis lo certamente ter dificuldade para entend lo e precisar interromper a leitura corrente para retornar aos trechos n o entendidos Ainda que os editores de texto possuam a verifica o de ortografia e gram tica a crian a cega ou vidente precisa ter conhecimento sobre ortografia gram tica e uso dos sinais de pontua o para que possa realizar a autocorre o do texto Por exemplo se a pessoa escrever A se o de filme hoje foi tima o editor n o identificar erro nessa frase porque todas essas palavras existem no portugu s mas nesse caso deve se escrever sess o com ss e n o se o com Se a crian a escrever ce o e o corretor ortogr fico do programa que utilizar para editar o texto estiver conectado emitir um som e a crian a saber que escreveu uma palavra com erro de ortografia O verificador ortogr fico apresentar sugest es de grafias para a palavra j que a grafia ce o n o existe em portugu s Em nossa experi ncia j observamos uma crian a com d vi
48. escola particular se referiu s oficinas desenvolvidas que acontecem uma vez por m s na institui o especializada No entanto a escola onde leciona n o permitia que ela faltasse o trabalho para participar dessa atividade No per odo de observa o a professora informou pesquisadora que a escola havia encaminhado outra funcion ria para participar da oficina e aprender braille para que posteriormente pudesse ensinar para ela A professora disse que n o conseguiu aprender o braille apenas com os conhecimentos transmitidos pela funcion ria Desse modo insistiu para que pudesse ir oficina e esclarecer outras d vidas al m do Sistema Braille e a escola autorizou que participasse de apenas um encontro A professora da escola municipal que lecionou para Bruna em anos anteriores relatou que o apoio da institui o especializada foi frequente at que a aluna se alfabetizasse Esse dado revela que a quest o do ensino de ortografia para as crian as cegas precisa ser repensada inclusive pelos professores de apoio especializado necess rio que os professores de apoio dialoguem mais com os professores das escolas regulares e com as fam lias acerca da import ncia de aprenderem o Sistema Braille para auxiliarem as crian as cegas na aprendizagem da escrita n o apenas alfab tica mas tamb m ortogr fica A professora da escola estadual pontua que a professora da sala de recursos apoiava apenas na produ o de material em br
49. fato de ter uma sala de recursos o aluno cego dessa escola lia em braille com mais frequ ncia porque a professora da sala de apoio transcrevia os materiais livros e xerocados sempre que a regente da classe solicitava com anteced ncia As professoras no entanto n o sabiam explicar o motivo de os alunos cegos n o possu rem seus livros em braille Podemos atestar que nas escolas observadas est ocorrendo um processo que podemos denominar de desbrailliza o involunt ria j que tanto as professoras como as alunas gostariam de receber os livros em braille Bruna aluna da escola municipal em um momento de intera o com a pesquisadora afirmou 152 Eu tava conversando com meu pai que eu queria ler mais em braille Eu perguntei para ele se quando eu crescer quando eu tiver 18 anos vai ser mais f cil encontrar livros em braille Bruna aluna da escola municipal 5 6 2 Desconhecimento das professoras sobre o Sistema Braille Na descri o dos dados citamos as dificuldades ocasionadas no decorrer das aulas pelo fato de as professoras n o conhecerem o Sistema Braille e desse modo n o poderem ler as produ es escritas dos alunos cegos Ter acesso ao que o aluno escreve de fundamental import ncia para o desenvolvimento das aulas principalmente para as aulas de ortografia 5 6 3 Planejamento das aulas A n o ser a professora da escola particular as demais professoras n o faziam os planos de aula Com
50. forma acreditamos que a discuss o nos cursos de forma o de professores pedagogia e nas demais licenciaturas n o devem se restringir simplesmente aos pressupostos da Educa o Inclusiva e ao estudo das defici ncias mas tamb m urgente a necessidade de 156 reflex o acerca das formas de ensino mais adequadas para cada defici ncia Em pedagogia por exemplo seria o caso de se come ar a introduzir nas disciplinas de Metodologias do ensino portugu s matem tica ci ncias etc por exemplo uma reflex o sistem tica a respeito de como ensinar os diversos conte dos tamb m para as pessoas com necessidades especiais sempre que for preciso alguma especificidade no ensino Pensar sobre a inclus o dos alunos com defici ncia n o deve ser papel apenas da disciplina Educa o Especial at porque tal disciplina geralmente oferecida em um nico semestre para tratar de todas as defici ncias e demais necessidades especiais Obviamente esse tempo n o permite um aprofundamento no estudo de um tema t o amplo e complexo como esse Em nossa pesquisa foi poss vel constatar um grave problema em rela o forma o docente a escola estadual que inclu a dezenove alunos com defici ncia visual recebeu estagi rios do curso de Pedagogia de uma universidade estadual Essa situa o deveria proporcionar um momento enriquecedor para os futuros professores j que estavam tendo a oportunidade de aprenderem mais sobre
51. interesse contribuir para ampliar 110 o conhecimento acerca de como os professores est o ensinando ortografia em classes com crian as cegas inclu das Al m disso estudamos mais de um caso para investigar esse fen meno pois de acordo com Gil 2009 p 52 as evid ncias obtidas com estudos de caso m ltiplos s o consideradas mais convincentes as chances de se fazer um bom estudo de caso s o melhores com casos m ltiplos Mesmo que seja com apenas dois casos pois estes s o interessantes para o estabelecimento de contrastes Antes da investiga o emp rica realizamos a pesquisa bibliogr fica que resultou na revis o de literatura registrada nos cap tulos anteriores 5 1 PARTICIPANTES Para a escolha das professoras participantes foram tomados como base dois crit rios de sele o O primeiro deles se refere s rie em que lecionavam que deveria ser entre o 3 e 5 anos do Ensino Fundamental pelo fato de ser nesse per odo que o ensino de ortografia acontece de forma mais sistem tica Como segundo crit rio a crian a cega precisaria estar alfabetizada e possuir dom nio do Sistema Braille j que nosso objetivo era analisar a pr tica do professor para ensinar ortografia e n o a pr tica para alfabetizar ou ensinar o Sistema Braille Para localizar as escolas que tivessem inclu das crian as com esse perfil entramos em contato com uma institui o especializada de Salvador que nos indicou q
52. leitura mec nica sem compreens o BRASIL 2001 p 52 n o podemos esquecer que a crian a cega n o tem pistas visuais como desenhos para ajud la a reconhecer uma palavra e nem pode reconhecer de imediato uma palavra espec fica inclu da numa ora o A ponta do dedo n o substitui o olho pois seu alcance muito limitado em compara o com o campo visual O aluno cego pode reconhecer apenas um s mbolo de cada vez BRASIL 2001 p 45 46 Diante da caracter stica da leitura em braille acima citada torna se mais dif cil conseguir velocidade compat vel com a leitura realizada pelos videntes Corbacho 82 Pi ero Oliva Quero e Rodr guez D az 2008 p 234 afirmam que conseguir maior velocidade n o apenas quest o de esfor o mas tamb m de t cnica e pr tica Esses autores ainda afirmam que parece existir um limite absoluto de leitura t til pois a velocidade m xima de leitura dos cegos adultos em geral inferior leitura que os universit rios videntes atingem Para o aprendizado do braille necess rio considerar v rios fatores que interv m nesse processo O est mulo pessoal pela aprendizagem da leitura muito importante No caso de crian as cegas a atividade de leitura pode parecer lhes estranha principalmente se a fam lia n o possibilitar crian a o acesso ao braille antes do processo de escolariza o J a crian a vidente come a a tomar consci ncia da l ngua e
53. m todos que possibilitem a reflex o sobre a escrita levando o aluno a desenvolver diferentes n veis de an lise da l ngua em vez de apenas avaliar e verificar o conhecimento ortogr fico das crian as MORAIS 2003 Para isso o professor deve compreender como a crian a aprende a ortografia quais os principais obst culos vividos por elas e viabilizar m todos de ensino eficazes que possibilitem por parte da crian a a plena aquisi o da escrita ortogr fica Conhecer a natureza da ortografia do portugu s torna se fundamental para que o professor realize uma media o adequada com seus alunos Acerca da natureza da ortografia do portugu s Kato 2000 afirma que embora a primeira inten o tenha sido a de fazer um alfabeto de natureza fon tica o fato de toda l ngua mudar e ter varia es dialetais e estil sticas impediu que a escrita alfab tica tivesse uma natureza estritamente fon tica De acordo com a autora a natureza da ortografia na verdade essencialmente fon mica uma vez que a escrita procura representar aquilo que funcionalmente significativo Kato 2000 explica que nossa escrita apresenta diferentes motiva es fon mica fon mica e fon tica fon tica lexical e diacr nica A motiva o fon mica ocorre quando uma mesma letra apresenta mais de uma realiza o fon tica de um mesmo fonema Por exemplo a letra a na palavra casa A motiva o fon mica e fon tica pode ser observada quando um f
54. mas procure ir mais a fundo desvelando mensagens impl citas dimens es contradit rias e temas sistematicamente silenciados Depois de um tempo dissemos para a professora que lembramos que no seu plano de aula estavam programados ditados de palavras ou textos para as sextas feiras Perguntamos como eram feitos Com o grupo todo Rosa professora de Sara e com Sara tamb m pesquisadora Ah Com Sara agora eu j consigo porque eu fa o em braille mesmo n Me testo e testo ela tamb m E s vezes muitas vezes ela senta comigo pra fazer alguma atividade e eu vou perguntado a ela Sara e aquela letra como S o quantos pontinhos Porque cada pontinho Cada n mero referente a um pontinho n E 2 e 3 1 3 e 4 Pra ver se ela realmente A ela me diz N o pr t errado Essa letra a A eu digo ah Ent o voc tamb m t t ligada no que eu estou falando A geralmente assim Rosa professora de Sara Percebemos que a professora n o respondeu de fato a pergunta que fizemos O que nos pareceu foi um relato sobre um di logo da professora com a aluna acerca das conven es das letras em braille e n o sobre a realiza o do ditado como questionamos Insistimos pela explica o de como era desenvolvido o ditado com a aluna cega 142 Primeiro voc dita todas as palavra pesquisadora Sim Rosa professora de Sara E como voc faz depois pra corrigir pesquisadora
55. modo como tradicionalmente costumam ser feitos nas escolas inclusive nas outras duas escolas pesquisadas isto ditam se listas de palavras ou textos faz se a corre o coletiva escrevendo o modelo correto no quadro negro sem desencadear a reflex o sobre a escrita das palavras e solicita se aos alunos que corrijam o que erraram Numa atividade de ditado tradicional se tornaria cansativo enfadonho para professora e aluna e invi vel para a din mica da sala de aula soletrar para a crian a cega cada palavra do texto ditado de modo que ela pudesse verificar o que errou O ideal seria que a professora Rosa entregasse para Sara o modelo correto que foi copiado no quadro em braille para que a aluna pudesse comparar com o que escreveu No entanto para corrigir os erros a menina teria que copiar novamente todo o texto As caracter sticas do Sistema Braille padroniza o do tamanho das celas por exemplo n o permitem que a crian a fa a as corre es diretamente no texto j escrito como em alguns casos pode acontecer na escrita tinta Consideramos que seria muito mais produtivo tanto para as crian as videntes como para as crian as cegas se a professora realizasse ditados interativos como prop e Morais 2003 Nesse tipo de atividade a professora estaria mediando o debate entre os alunos acerca das possibilidades de grafias para as palavras favorecendo que cada crian a explicitasse suas hip teses e constru ss
56. n o ter conhecimento que os cegos aprendiam a assinar o pr prio nome Aula 5 Enquanto os alunos videntes fizeram o exerc cio abaixo Bruna ficou fazendo a prova de matem tica N o realizou na data marcada junto com os demais alunos porque ainda n o estava transcrita para braille Atividade no caderno O grau diminutivo exprime o tamanho diminuindo o ser Ex palmeira palmeirinha O grau aumentativo exprime o aumento de tamanho Ex palmeira palmeir o 137 1 Reescreve as frases colocando no aumentativo as palavras destacadas a O rapaz comprou um chap u b O c o fugiu e se escondeu atr s do muro c O nariz do palha o era vermelho 2 Escreva os substantivos no aumentativo e no diminutivo a borracha b corpo c jogo d homem e animal 3 Leia as frases completando com g ou j a A p inadocaderno est su a b A mo a foi entilcomo rapaz c ilberto viu a __ib ia entre as folhas 4 Complete com g ou j estran eiro lete an inho dispe ar al ema li eiro _ irafa enipapo 138 Chamamos a aten o para as atividades de l ngua portuguesa realizadas pelas tr s professoras participantes da pesquisa que n o contribu ram para que os alunos cegos e videntes desenvolvessem a compet ncia comunicativa Conforme refletimos no primeiro cap tulo a concep o de linguagem que atende aos objetivos do ensino de l ngua portuguesa o entendimento da l
57. o da leitura mas nunca como substitutos do braille Alguns estudiosos acreditam que no futuro os livros em suporte de papel estar o quase em desuso Entretanto importante lembrar que embora as crian as videntes possam futuramente virem a ser alfabetizadas diretamente pelo computador sem utilizar o suporte do papel ainda assim n o seria o mesmo que alfabetizar as crian as cegas somente pelo suporte inform tico porque as crian as videntes continuar o a ter o contato direto com a escrita e far o elas mesmas a leitura do texto apresentado na tela do computador Ou seja as crian as videntes 93 continuar o tendo o contato direto com a linguagem escrita e as crian as cegas apenas estar o ouvindo Cabe nos questionar Uma crian a cega cong nita pode ser convenientemente alfabetizada somente atrav s do uso da leitura com sintetizador de voz Possibilitar esse modo de leitura a apreens o de aspectos da escrita tais como a segmenta o lexical a ortografia a estrutura dos diversos g neros textuais etc Smith 1999 afirma que o conhecimento de fonologia n o ajuda muito na ortografia pois al m das correspond ncias ortografia som serem pouco confi veis para decodificar as palavras escritas em sons tamb m provocam confus es para grafar os sons da linguagem oral de acordo com a ortografia correta O autor acrescenta que as crian as que escrevem de ouvido s o as piores em ortografia
58. o do papel especial para braille que possui gramatura mais elevada Geralmente utiliza se a gramatura 120 cento e vinte gramas Um papel muito fino n o consegue manter os pontos do braille fixados por muito tempo impedindo que a pessoa cega realize a leitura posteriormente Os elementos b sicos para o processo de aquisi o da leitura s o os mesmos para os cegos e videntes j que a crian a encontrar s mbolos gr ficos que inicialmente n o possuem conte do Entre cegos e videntes o que varia para a aprendizagem da leitura basicamente s o as vias sensoriais que ser o utilizadas Por m algumas especificidades do Sistema Braille levam necessidade de uma aprendizagem distinta CORBACHO PINERO OLIVA QUERO RODR GUEZ D AZ 2008 Ler por meio do tato implica em realizar a leitura letra por letra e n o A mediante o reconhecimento das palavras completas como ocorre na leitura tinta Essa uma das principais caracter sticas da leitura em braille Esse tipo de leitura impossibilita uma vis o globalizada do texto escrito em uma folha de papel tornando a princ pio essa tarefa muito lenta A leitura mediante o tato traz como requisito b sico mais concentra o por parte do leitor principalmente as crian as para que o texto possa ser de fato compreendido e n o simplesmente decodificado uma vez que se a crian a n o for estimulada adequadamente ser comum o desenvolvimento de uma
59. o na idade adulta e para quem nasceu com a defici ncia mas j domina o sistema de escrita em relevo demonstrando compreens o sobre o uso dos sinais de pontua o dos sinais matem ticos sobre a estrutura dos diferentes tipos de texto das palavras e das frases enfim que apreendeu e usa convenientemente os sinais usados na linguagem escrita as tecnologias inform ticas podem suprir as necessidades de leitura devido ao fato de terem tido o contato com a escrita tinta e ou escrita braille por um determinado per odo Ainda que o vocabul rio utilizado pelas pessoas se amplie com o passar do tempo e desse modo precisem escrever palavras que nunca tenham lido ou escrito anteriormente j ter o compreendido a ortografia da l ngua e ir o dispor das habilidades metalingu sticas necess rias para grafar corretamente as palavras Consideramos entretanto que pesquisas comparativas precisam ser realizadas sobre o desenvolvimento da leitura e escrita em braille e da leitura e escrita pelo computador para verificar em que medida cada maneira de leitura influencia na produ o escrita das pessoas com defici ncia visual Assim como Sousa 2001 2004 e Oliveira 2009 acreditamos que os sintetizadores de voz e os recursos de grava o s o estrat gias complementares e ampliadoras do rol das necessidades das pessoas cegas e nunca substitutas do braille como muitos apregoam No congresso de 1878 citado anteriormente afirmaram que
60. os recursos tecnol gicos podem e devem conviver harmonicamente Essas duas possibilidades aliadas ao ensino sistem tico de ortografia certamente s o importantes mediadores no processo de aprendizagem da crian a cega contribuindo para que avance cada vez mais em seus conhecimentos acerca da l ngua escrita A breve reflex o que realizamos acerca do fen meno da desbrailliza o n o teve a pretens o de esgotar o debate Salientamos que o tema merece aten o por parte da comunidade escolar e acad mica pois como vimos a aus ncia de leitura em braille para os cegos principalmente para os que nasceram com a defici ncia pode trazer preju zos comunica o estabelecida por essas pessoas atrav s da escrita Al m disso a pessoa cega tem o direito de escolher a maneira de leitura que melhor atende s suas necessidades Conforme citamos anteriormente a pesquisa de Luciene M Silva LENDO 2007 demonstrou por meio de relatos que alguns cegos adultos atribuem ao braille a import ncia para a forma o da imagem mental das palavras mesmo queles que perderam a vis o ap s a alfabetiza o Essas imagens com certeza favorecem a produ o da escrita de acordo com a ortografia oficial Ademais para pessoas com surdocegueira total o braille o nico formato acess vel para a realiza o da leitura e da escrita Para a surdocega Helen Keller Louis Braille representa para os cegos o mesmo que Gutenberg representa
61. porque Bruna n o possui os livros transcritos para o sistema Al m disso Jaciete n o solicita as transcri es braille para tinta das atividades feitas por Bruna e como os pais da menina tamb m n o conhecem o sistema para fazer a transcri o a pr pria Bruna a nica leitora de suas produ es escritas Durante tr s anos Jaciete foi professora de Bruna 2 4 e 5 anos e certamente desenvolveu durante esse tempo a pr tica pedag gica dessa maneira Esse fato certamente prejudicou a escrita de Bruna que apresenta muitos erros de ortografia e aus ncia de pontua o A partir da revis o de literatura realizada nos cap tulos anteriores parece nos um paradoxo o ensino de ortografia meramente oral uma vez que a ortografia n o representa direta e invariavelmente os sons das palavras A escrita de Bruna demonstrou que ela escreve baseada apenas nos sons das palavras Consequentemente os textos que produziu apresentaram muitos erros de ortografia al m da aus ncia de pontua o dificuldade para segmentar as palavras e estruturar o texto Identificamos que a ortografia nas tr s classes pesquisadas foi mais um objeto de verifica o e avalia o que de ensino Morais 2008 p 53 alerta que Em lugar de criar situa es de ensino sistem tico a atitude de muitos educadores parece revelar mais uma preocupa o em verificar se o aluno est escrevendo corretamente Nessas classes isso aconteceu com os a
62. que imut vel e matematicamente muito bem constru do neste c digo s o as vinte e cinco letras do alfabeto franc s ou em outras palavras do alfabeto romano a letra w uma exce o s regras de constru o pois n o existia na l ngua francesa em 1850 Todo o restante as letras com acentos os s mbolos de pontua o n meros e usos particulares como Qu mica e Matem tica variam completamente de pa s para pa s e em alguns casos com discrep ncias conceituais com a simplicidade da codifica o original das letras Atualmente sobretudo a partir s culo XX foram criadas em diversos pa ses as denominadas Comiss es Braille com o objetivo de fixar as modifica es e os novos usos do sistema Figura 2 Representa o de na Espanha Figura 3 Representa o de no Brasil UC 0 AO 00 00 00 Ferreiro em sua palestra acrescentou ainda que os c digos s o cria es individuais e n o coletivas Atrav s da hist ria percebemos que embora Louis Braille tenha criado o sistema ainda assim utilizou a contribui o de outros dentre eles o capit o Barbier que criou uma pontografia para representar 36 s labas francesas e os alunos do Instituto Real para Jovens Cegos que sugeriram mudan as e auxiliaram na legitima o do sistema como o melhor meio de acesso leitura e escrita para os cegos A escrita pontogr fica foi criada para que as pessoas cegas pudessem t
63. quest es sobre esse conte do Maiana se dirigiu pesquisadora e falou que a atividade em braille n o foi entregue e por isso ela ia ler para Alan responder Perguntamos quando solicitou a transcri o para a professora de apoio e afirmou que foi naquela manh pouco antes do in cio da aula Informamos s estagi rias que era necess rio pedir as adapta es com anteced ncia para que a professora da sala de recursos tivesse tempo para transcrever uma vez que al m de Alan atendia mais 18 alunos com defici ncia visual na escola e o volume de 131 transcri es era grande As estudantes de pedagogia disseram que o xerocado foi elaborado pela professora do 4 ano de outra turma e que o material foi entregue para elas naquele dia Ou seja a escola ou a professora que j inclui alunos com defici ncia visual h muitos anos ainda n o se programa antecipadamente para atender de forma adequada esses alunos Observamos diversas vezes as atividades xerocadas serem entregues professora minutos antes de serem utilizadas ou eram entregues com atraso Enfim a estagi ria leu a atividade para Alan responder No final da aula Maiana comentou com a pesquisadora que achou a experi ncia dif cil pois n o sabia o que Alan estava escrevendo por n o saber braille e se sentiu limitada para ajud lo Aula 5 Maiana Nessa aula Maiana pediu que Alan se levantasse no momento da ora o e o aluno se recusou Como afirmamos anteriorm
64. s culo XIX com a moderniza o do modo de produ o cultural passa se de um modo artesanal para um modo mais planificado de produzir os livros did ticos Em meados do s culo XX o livro did tico brasileiro assume a dimens o de mercadoria para a qual se vocacionava desde que nasceu e que ainda hoje vivemos de maneira plena O livro did tico representa fatia consider vel dentre os livros produzidos e consumidos no pa s Existem muitas cr ticas acerca dos livros did ticos apontando que muitos cont m erros graves de conte do que refor am ideologias conservadoras que subestimam a intelig ncia de seu leitor usu rio que alienam o professor de sua tarefa docente que barateiam a no o de compreens o e de interpreta o etc Em s ntese Lajolo 2008 traz para seus leitores um breve hist rico sobre o livro did tico no Brasil e reflete acerca de sua inadequada e mal resolvida parceria com o ensino de l ngua portuguesa por m nesse artigo a autora n o apontou caminhos para a solu o desse problema Apesar dessa parceria se mostrar inadequada a nosso ver o grande problema que o livro did tico n o tem sido compreendido por muitos professores como mais um dos diversos recursos dispon veis na sala de aula para o processo de ensino e aprendizagem transformando o em nico recurso para o desenvolvimento da pr tica pedag gica A m qualidade do livro pode se transformar em um material did tico satisfat
65. s informa es presentes nos livros 5 Os alunos receberam tamb m os laptops para utilizarem o programa 2 Confira informa es dispon veis na mat ria publicada no Jornal da Manh de Uberaba MG dispon vel em lt http saci org br index php modulo akemi amp parametro 30173 gt 88 adquirir necess rio import lo elevando o seu custo No entanto uma empresa brasileira est desenvolvendo o com tecnologia pr pria para lan lo em breve Figura 4 Linha ou Display Braille Fonte Cunha 2009 p 37 No Brasil um dos principais sistemas de computa o para cegos utilizados o DOSVOX que pode ser adquirido gratuitamente e instalado em computadores pessoais Para ser executado apenas necess ria uma placa de som ou a disponibilidade de som on board e a utiliza o de Microsoft Windows 95 ou superior O programa composto por s ntese de fala editor leitor e impressor formatador de textos impressor formatador para braille diversos programas de uso geral para o cego como jogos de car ter did tico e l dico ampliador de telas para pessoas com vis o reduzida programas sonoros para acesso internet como correio eletr nico acesso a homepages etc O DOSVOX possui mais de 80 programas e tem sido aperfei oado a cada nova vers o A partir dessa breve trajet ria da utiliza o das tecnologias pelas pessoas com defici ncia visual ratificamos que proporcionaram mais independ ncia e ampliaram as
66. se alfabetizado em braille os que se reportaram ao uso frequente e cotidiano do sistema apresentaram um ndice de desemprego menor do que o ndice da amostra total Al m disso dos 24 participantes que estavam empregados durante a pesquisa 22 utilizavam o braille na vida profissional e pessoal Na palestra proferida por Sousa 2001 por ocasi o do Il Semin rio Nacional de Bibliotecas Braille a pesquisadora afirmou que se forem realizadas pesquisas nos estados brasileiros verificaremos que setenta a oitenta por cento das pessoas cegas que ocupam hoje boas posi es no mercado de trabalho foram convenientemente alfabetizadas atrav s do sistema braille Al m do uso das tecnologias de forma n o complementar mas substituta do Sistema Braille outro aspecto tem sido discutido pelos pesquisadores em todo o mundo uma vez que tem contribu do para afastar os cegos da escrita pontogr fica a maneira como o braille est sendo ensinado para as pessoas cegas n o favorece o real aprendizado desse tipo de escrita No final da d cada de 1970 a educa o das crian as cegas cedeu lugar aos projetos integracionistas em classes especiais na rede regular de ensino Mais recentemente a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educa o Nacional Lei 9394 1996 as crian as cegas s o educadas nas classes regulares com os alunos videntes Com raras exce es os professores est o mal apetrechados para ensinar o sistema em relevo
67. sito preciso compreender as regras e irregularidades da ortografia Al m de metodologias de ensino que desencadeiam a reflex o sobre a escrita e que propiciam aos alunos a explicita o de suas hip teses sobre a escrita os estudos sobre ortografia CAGLIARI 1997 KATO 2000 MORAIS 2003 2008 2009 t m salientado a import ncia de realiza o da leitura como auxiliar no processo de aquisi o da escrita ortogr fica principalmente para os casos de irregularidades da ortografia De acordo com Morais 2008 p 35 grifos nossos importante ressaltar que a memoriza o da forma correta de palavras irregulares corresponde a conservar na mente as imagens visuais dessas palavras suas imagens fotogr ficas Nesse sentido a exposi o do aprendiz aos modelos de escrita correta das palavras que cont m irregularidades fundamental para que ele memorize sua imagem visual Por isso ressaltamos a necessidade de realiza o da leitura atrav s do Sistema Braille apesar das dificuldades para a obten o de livros transcritos para o sistema uma vez que essa maneira de leitura a nica que oportuniza o contato direto e permanente com a grafia das palavras A diminui o de leituras em braille pode causar preju zos e atrasos no processo de aquisi o da ortografia de palavras irregulares da l ngua Por fim o ensino de ortografia deve ser organizado de forma sistem tica importante tamb m que os professores estab
68. t picos ou disquetes com textos e exerc cios Em rela o ao trabalho do professor a profecia de Comenius se concretiza tudo aquilo que dever ensinar e bem assim os modos como o h de ensinar o tem escrito como que em partituras GERALDI 1997 p 93 Geraldi 1997 compara o professor a um capataz de uma f brica uma vez que ter como fun o controlar o tempo de contato do aluno com o material selecionado definir o tempo de exerc cio e sua quantidade comparar as respostas do estudante com as respostas dadas no manual do professor e marcar o dia da verifica o da aprendizagem 33 Al m disso a tecnologia que permite a produ o dos livros did ticos cada vez mais sofisticados e em s rie modificou as condi es de trabalho do professor que teve sua tarefa facilitada j que diminuiu a responsabilidade pela defini o do conte do de ensino preparou tudo inclusive as respostas para o livro do professor favoreceu a eleva o do n mero de horas aula uma vez que o trabalho foi diminu do reduziu a remunera o o trabalho do professor se aproximou do trabalho manual e este sempre foi mal remunerado em nossa sociedade e tornou poss vel a contrata o de professores independente de sua forma o ou capacidade Todos esses aspectos certamente contribu ram para o desprest gio social da profiss o GERALDI 1997 As considera es at aqui desenvolvidas est o relacionadas com o tema de nossa
69. texto alheio do que quando preciso reconhecer os erros nos pr prios escritos A pesquisa interven o de Nicolaiewsky 2004 demonstrou a import ncia de se trabalhar com a revis o de textos alheios Esse estudo teve como objetivo intervir nas dificuldades ortogr ficas e de segmenta o lexical de uma jovem cega A participante demonstrava dificuldades para lidar com os pr prios erros 43 impossibilitando a revis o de seus escritos e impedindo a reflex o sobre suas hip teses de escrita Com o objetivo de possibilitar tal reflex o a pesquisadora utilizou frases com erros escritas por uma crian a imagin ria a quem a participante deu o nome de Rodrig o Os erros trazidos nessas interven es foram as hipossegmenta es e erros de concord ncia verbal e nominal visto que ocorriam com frequ ncia nas produ es textuais da jovem cega No primeiro momento foi proposta a descoberta dos erros realizados por Rodrig o e aos poucos em colabora o com a pesquisadora foram criadas estrat gias de corre o dos erros Al m disso tamb m foi proposta a escrita com transgress o intencional atividade onde o aluno convidado a errar de prop sito Atrav s dessas interven es a jovem modificou a maneira como lidava com seus pr prios erros al m de ter se capacitado para revisar seus textos com autonomia e interesse Ademais foi observado que a participante passou a realizar suas produ es textuais de forma mais reflexiva
70. 1 15 servia E tiveram que inventar a sim um c digo chamado alfabeto fon tico internacional que n o uma escrita que circula entre grupos amplos da popula o mas apenas entre os especialistas Um c digo que mant m o princ pio b sico da univocidade ou seja para cada som uma nica letra e para cada letra um nico som Nas escritas desenvolvidas historicamente isso n o acontece Insisto Um c digo tem a regra de correspond ncias mas n o tem ortografia Porque suas regras s o un vocas Por outro lado todas as l nguas escritas naturais t m ortografia porque suas regras de correspond ncia n o s o un vocas Ou seja um mesmo som pode ser escrito de v rias maneiras e uma mesma letra pode corresponder a mais de um som Ent o falar de alfabetiza o como a aprendizagem da decodifica o ao mesmo tempo falar da escrita de um c digo E isso n o correto Em lia Ferreiro cometeu um grande equ voco ao afirmar que o Sistema Braille um c digo e que por isso n o tem ortografia Como afirmamos anteriormente o Sistema Braille um sistema de representa o de letras n meros etc por meio de sinais formados por pontos em relevo Por isso uma crian a cega pode apresentar as mesmas d vidas que uma crian a vidente apresenta para escrever uma palavra de acordo com a ortografia Do mesmo modo que poss vel escrever casa com Z A na escrita convencional tinta tamb m poss vel na
71. 2010 p 28 Para Auroux 1992 apud SURDI 2010 por m o processo de gramatiza o nunca termina pois se de um lado as l nguas evoluem de outro dif cil definir at onde se pode levar o processo de gramatiza o at porque a extens o da gramatiza o foi muito vari vel entre as l nguas Para Auroux 1998 parece incontest vel que sejamos contempor neos da terceira revolu o tecnolingu stica a revolu o do tratamento eletr nico da informa o apresentada em linguagem natural Trata se de uma mecaniza o das formas privilegiadas da comunica o humana Essa ltima revolu o se apoia amplamente nas duas primeiras e vem de certa maneira arremat las AUROUX 1998 p 289 Para percebermos isso o autor argumenta que conv m compreender duas coisas De um lado o computador digital no princ pio de base de seu funcionamento estende ao seu extremo limite a explora o de uma 102 propriedade fundamental da linguagem o car ter discreto de suas unidades constitutivas propriedade justamente separada e sistematizada pela grafematiza o De outro lado as tecnologias inform ticas da linguagem utilizam tudo o que nos produtos da gramatiza o presta se a um tratamento automatizado notadamente as gram ticas e os dicion rios e n o nada dif cil prever que sob sua press o a forma e o conte do desses instrumentos tender o cada vez mais a se conformar com as exig ncias do trat
72. Com a minha cola Eu sempre tenho uma colinha risos que foi a institui o especializada que me deu A eu tenho aquela colinha ali e transcrevo pra corrigir Rosa professora de Sara E quando voc identifica o erro como voc faz pesquisadora Na letrinha eu boto dois tracinhos pra mim n Boto dois tracinhos escrevo volto e fa o com ela fa o outra vez Rosa professora de Sara Voc faz uma reflex o com ela sobre a escrita da palavra Como voc faz pesquisadora N o eu fa o com ela Digo Sara essa palavra est errada Ela Ela Foram tr s palavras que eu marquei bem que nessa unidade ela escreveu muito errado Tr s palavrinhas que eu disse a ela N o vou lembrar agora n o porque est l em cima mas foram tr s palavras que eu disse Poxa voc errou demais essas palavras e a gente vai ter que refazer E a eu criei frases com aquelas palavras Digamos que ela tivesse escrito errado comer sem o r no final ou ent o a palavra comeu colocou com e n o com u ent o eu criei frases pra ela escrever essas palavras novamente e corrigir Rosa professora de Sara Morais 2003 aponta que os alunos tendem a fazer a c pia sem se deter para pensar a respeito das palavras que est o reescrevendo A atividade de c pia mec nica e sem reflex o portanto n o contribui para a apreens o da ortografia das palavras E o ditado de textos pesquisadora O ditado de textos
73. III em 1784 surge em Paris a primeira escola para cegos criada por Valentin Hauy denominada Instituto Real dos Jovens Cegos Nessa escola a leitura era ensinada atrav s do m todo Hauy que consistia em imprimir em alto relevo sobre um papel resistente as letras utilizadas pelas pessoas videntes Foi atrav s desse procedimento utilizando as mesmas letras da escrita tinta que os primeiros livros que permitiram a leitura para pessoas cegas foram editados O processo de leitura criado experimentado e desenvolvido por Valentin Hauy consistia na impress o em relevo das letras comuns valendo se de tipos met licos especialmente produzidos de tamanho bem superior ao normalmente usado nas tipografias Em folhas espessas de papel umedecido era poss vel obterem se letras capazes de serem reconhecidas pelo tato A leitura era lenta e os livros tinham dimens es exageradas a p gina era de cerca de 25 cm de largura e 45 cm de altura o livro pesava 4 5 kg aproximadamente Comprovava se contudo a possibilidade de serem os cegos educados e de se tornarem cidad os produtivos N o havia condi es de praticarem a escrita individual pois dependeriam de usar todos os equipamentos de uma tipografia CERQUEIRA 2009 12 Borges 2009 cita que Girolamo Cardano e n o Girol nia era um matem tico 68 Louis Braille 1809 1952 criador do sistema que obteve seu nome e que possibilitou aos cegos a leitura e a escrita individ
74. Na obra A forma o social da mente Vigotski 2007 aponta tr s posi es te ricas que explicam a rela o entre aprendizagem e desenvolvimento opondo se as tr s O primeiro posicionamento criticado pelo autor pressup e que os processos de desenvolvimento da crian a s o independentes do aprendizado Esse posicionamento considera que o aprendizado n o exerce nenhuma influ ncia sobre o desenvolvimento O aprendizado considerado um processo externo que se utiliza dos avan os do desenvolvimento mas n o fornece um impulso para alterar seu curso De acordo com essa abordagem o desenvolvimento sempre um pr requisito para o aprendizado e nunca compreendido como resultado dele ou seja necess rio ter determinado n vel de maturidade para que seja poss vel aprender um conte do A segunda posi o te rica postula que aprendizado desenvolvimento O grupo de te ricos que concebem o aprendizado e o desenvolvimento como sin nimos acredita que esses dois processos ocorrem simultaneamente coincidindo em todos os pontos da mesma maneira que duas figuras geom tricas id nticas coincidem quando superpostas VIGOTSKI 2007 p 90 A terceira posi o te rica tamb m criticada por Vigotski busca superar os extremos das duas posi es apresentadas anteriormente conciliando as Na teoria de Koffka citada pelo autor para exemplificar a terceira abordagem o desenvolvimento se baseia em dois processos que embora sej
75. S A defici ncia visual classificada em baixa vis o e cegueira De acordo com a concep o m dica a pessoa tem baixa vis o se possuir acuidade visual entre 0 3 e 0 05 no melhor olho com a melhor corre o ptica s o consideradas cegas as pessoas que apresentarem acuidade visual igual ou menor que 0 05 no melhor olho com a melhor corre o ptica BRASIL 2002 No entanto a comprova o de que pessoas com a mesma acuidade visual apresentavam diferentes n veis de desempenho visual e a necessidade de relacionar a m xima utiliza o da vis o residual com o potencial de aprendizagem da crian a tornou necess ria uma avalia o funcional atrav s de uma criteriosa observa o da capacidade e desempenho visual da crian a Na concep o educacional portanto as crian as cegas n o t m vis o suficiente para aprender a ler em tinta e necessitam portanto utilizar outros sentidos t til auditivo olfativo gustativo e cinest sico no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem O acesso leitura e escrita dar se pelo sistema braile BRASIL 2002 p 13 Entre as crian as cegas algumas podem ter percep o de luz outras podem perceber claro escuro e delinear formas A percep o de luz ou de vulto ainda que seja m nima pode ser til para a orienta o no espa o movimenta o e habilidades de independ ncia Apresentam baixa vis o os alunos que utilizam seu pequeno potencial vis
76. a consultamos autores como Almeida 1997 Amiralian 1997 Sousa 2001 2004 Corbacho Pi ero Oliva Quero e Rodr guez D az 2003 Franco e Dias 2005 Caiado 2006 Cerqueira 2009 dentre outros A teoria de Vigotski contribuiu para o nosso trabalho atrav s das concep es de linguagem escrita desenvolvimento aprendizagem e media o al m das considera es acerca dos estudos sobre defectologia Para definirmos a metodologia de nosso trabalho consultamos autores como L dke e Andr 1986 Yin 2005 e Gil 2009 Este trabalho est estruturado em quatro cap tulos al m da introdu o e das considera es finais Nesta se o explicitamos a pergunta de investiga o os objetivos a fundamenta o te rica a metodologia utilizada nesta pesquisa e os resultados obtidos No cap tulo 2 antes de trazermos as considera es acerca dos princ pios para o ensino de ortografia abordamos inicialmente as diferentes concep es de linguagem por meio de um breve relato hist rico discutimos sobre o ensino de l ngua portuguesa para os falantes do portugu s fizemos uma an lise cr tica a respeito do uso do livro did tico e por fim discutimos sobre o ensino e a aprendizagem da ortografia Esse percurso foi realizado porque as reflex es anteriores iluminam toda a a o do professor ao trabalhar com os conte dos de portugu s em sala de aula 15 No cap tulo 3 abordamos as concep es de Vigotski so
77. a rea de especialidade A compet ncia ser medida pelo seu acompanhamento e atualiza o Entretanto n o convivendo com a pesquisa e com os pesquisadores e n o sendo o respons vel pela produ o do que tem de ensinar o professor fica sempre um passo aqu m da atualidade Dessa maneira o professor j emerge como categoria sob o signo da desatualiza o GERALDI 1997 Do mercantilismo ao capitalismo contempor neo as condi es de produ o de bens foram profundamente alteradas gerando novas divis es do trabalho Mudam se as rela es tamb m na produ o cient fica Segundo Geraldi 1997 as express es lingu sticas trazem sempre um pouco do murm rio da hist ria e alerta nos para o fato de que atualmente n o se fala mais em s bios ou cientistas mas em pesquisadores Para o autor essa mudan a de denomina o pode refletir tamb m uma mudan a qualitativa nas rela es de produ o emprego exig ncia de produtividade sal rios gratifica es etc A produ o de conhecimentos e a atividade de ensino ficam subordinadas s rela es de interesse e infraestrutura introduzindo nova configura o realidade atrav s da produ o de material did tico colocado disposi o do trabalho de transmiss o Trata se de uma parafern lia did tica que vai do livro did tico para o professor com respostas dadas at recursos de inform tica com v deos destinados ao ensino de determinados
78. a como uma mudan a na situa o social da crian a Pais parentes e colegas iriam trat la de uma maneira muito diferente das demais seja de um modo positivo ou negativo VAN DER VEER VALSINER 1999 Vigotski 1997 afirmou reiteradamente que o principal problema resultante de uma defici ncia o problema social Um aspecto importante acerca da defici ncia tratado por Vigotski o conceito de compensa o Em Fundamentos de defectologia o autor aponta a necessidade de abandonar a ideia deixada h muito tempo pela ci ncia mas que se mant m viva no imagin rio popular sobre a compensa o biol gica autom tica dos defeitos O autor defende que h uma compensa o social Para Vigotski 1997 o tato excepcional dos cegos e a vis o nos surdos se explicam como resultado da utiliza o por longo tempo desses sentidos para fins distintos do modo como geralmente s o usados nas pessoas normais O fato de uma pessoa cega por exemplo conseguir ler com o tato e de uma pessoa surda ouvir com os olhos atrav s de leitura labial s o resultados das circunst ncias A compensa o do defeito portanto n o ocorre de forma autom tica mas sim atrav s do treinamento de vias alternativas para o alcance dos objetivos As pessoas cegas s o levadas pela necessidade a desenvolver o tato para que possam realizar a leitura j que n o disp em da vis o Com treinamento os videntes tamb m podem aprender a ler com o tato
79. a defici ncia visual e colocarem em pr tica os conhecimentos adquiridos no decorrer da forma o Entretanto conforme descrevemos anteriormente isso n o ocorreu de modo adequado porque a professora da universidade orientadora do est gio n o sabia que a escola inclu a crian as com defici ncia e desse modo como tamb m n o tinha conhecimento a respeito da defici ncia visual orientou que as estudantes de Pedagogia interagissem com o aluno cego da mesma maneira que a professora regente da classe interagia sugerindo inclusive que n o interagissem com o aluno j que era essa a atua o da regente da classe Al m da necessidade de se repensar a forma o inicial a necessidade de forma o continuada foi outro dado que surgiu em nossa pesquisa Ao questionarmos o que as professoras pensavam sobre a inclus o das crian as cegas nas escolas regulares as professoras afirmaram Olhe Se as escolas preparar os professores pra receber esses alunos eu acho que n o tem problema nenhum Mas necess rio que a escola tenha mecanismo e prepare os professores Pra mim foi um grande desafio porque eu n o tinha nada nas m os pra trabalhar com ela n o sabia por onde come ar Eu tive que buscar Se eu fosse esperar pela escola n o ia fazer nada ia ficar pela metade Rosa professora de Sara 157 tima viu Agora precisa ter mais apoio Precisa ter mais apoio o pessoal da institui o especializada precisa estar mais
80. a consoante de liga o z Observamos que a professora retirou essa ideia de um livro did tico que n o era o mesmo adotado pela escola 118 Informou para Sara que ela ia participar no segundo momento que seria a c pia das palavras Depois que os alunos fizeram o desenho da cartela a professora escreveu 25 palavras no quadro dentre elas adjetivos e substantivos As crian as deveriam descobrir quais eram os adjetivos para copiar na cartela Nesse momento a professora sentou se ao lado de Sara para ditar as palavras para ela Ditava uma palavra e aguardava que a aluna decidisse se ia copiar ou n o ou seja uma vez que era para copiar somente os adjetivos Sara escreveu uma palavra embaixo da outra e n o tr s palavras em cada linha como no quadro A aluna n o recebeu essa informa o da professora Quando todos terminaram de copiar Rosa explicou aos alunos que para fazer bingo seria necess rio preencher uma linha ou uma coluna completa Sara perguntou Pr e eu Rosa respondeu mesmo Sara a pr n o pensou em voc Quando eu for ditando as palavras voc procura se copiou me diz onde ela est que eu marco com uma bolinha do lado da palavra No final do bingo a professora havia marcado as bolinhas ao lado de todas as palavras que Sara copiou inclusive ao lado das palavras que n o eram adjetivos Palavras copiadas por Sara para o bingo de adjetivos carinho descomfiada desconfiada ba
81. a esperava que eu tivesse muitos erros CAIADO 2006 p 64 Atrav s desse depoimento poss vel observar que a expectativa da professora em rela o s pessoas cegas a produ o de textos com erros ortogr ficos Apesar de os dois adultos terem se alfabetizado atrav s do Sistema Braille o segundo apontou que n o tem dificuldade com a ortografia porque realizou muitas leituras em braille ou recebia aux lio de uma pessoa da fam lia para fazer as leituras e esta sempre informava a ortografia das palavras provavelmente ainda desconhecidas pelo aluno Ou seja n o utilizou os recursos de grava o at concluir o Ensino M dio Essa afirma o destacou a import ncia da realiza o de leituras em braille para a apreens o da ortografia das palavras Al m disso atribuiu o fato de ter pleno conhecimento sobre a ortografia da l ngua portuguesa fam lia e n o escola Diante disso podemos afirmar que os dois relatos ilustraram o 97 despreparo e o desconhecimento dos professores sobre a import ncia do Sistema Braille para as pessoas que n o enxergam Uma diferencia o tamb m deve ser feita no que se refere incid ncia da cegueira pois algumas pessoas que adquiriram a defici ncia visual ap s a alfabetiza o atrav s da escrita convencional afirmam sentir dificuldade para aprenderem a ler pelo Sistema Braille e por isso n o utilizam o sistema Por isso acreditamos que para as pessoas que perderam a vis
82. a ortografia da l ngua portuguesa Os alunos se sentir o menos frustrados quando souberem que antigamente as pessoas escreviam em documentos e livros como eles fazem atualmente porque a ortografia da poca permitia Por exemplo era poss vel escrever onrras honras deru deram cinquo cinco nomes homens filia filha do es doces Cagliari 2009 afirma ser igualmente importante ao explicar a ortografia que os dicionaristas ficam em d vida quanto ortografia de determinadas palavras e 33 i admitem mais de uma maneira de graf las assobiar e assoviar louro e loiro 33 Ak 33 AA aluguel e aluguer caminh o e cami o frecha ou flecha etc Para as crian as cegas explica es dessa natureza tornam se ainda mais relevantes uma vez que elas dificilmente t m a possibilidade de presenciar uma 42 pessoa que enxerga errando Al m disso as pessoas n o costumam dizer para as crian as cegas como quando e o quanto erram e desse modo elas podem pensar que os videntes raramente cometem erros Consequentemente a crian a cega pode se tornar muito exigente consigo mesma e intolerante com seus pr prios erros GUTI RREZ RODR GUEZ TORO BUENO DELGADO COBO 2003 preciso lembrar que texto n o s ortografia A compet ncia textual do aluno n o deve ser confundida com o conhecimento que a crian a tem sobre a fo
83. a palavra causando lentid o na leitura devido complexidade das combina es Apesar disso preciso reconhecer que O grande m rito do processo Barbier foi o de utilizar o ponto saliente mais significativo para o tato e o de romper com a id ia j consagrada de sempre representar o formato das letras comuns com linhas cont nuas CERQUEIRA 2009 Sousa 2004 p 40 considera que a experi ncia levada a cabo pelo capit o Charles Barbier foi um marco na hist ria da alfabetiza o dos cegos por ter rompido com o tra o e com a curva instituindo o ponto como estrat gia b sica para a leitura e para a escrita Louis Braille estudou a sonografia e contribuiu com esse sistema de escrita sugerindo duas modifica es essenciais A primeira delas foi a redu o do tamanho de cada sinal que deveria ter no m ximo seis pontos e n o doze colocados em duas fileiras verticais de tr s pontos cada A segunda mudan a proposta por Braille foi a transforma o dos sinais sonoros para a cria o de sinais que registrassem as letras do alfabeto Enfim Braille criou uma conven o gr fica atribuindo a cada s mbolo valor ortogr fico e n o fon tico em perfeita equival ncia com os caracteres a tinta Finalmente eles podiam escrever representar seus pensamentos pela escrita em pontos na reglete que o inventor tamb m tinha produzido A leitura por pontos salientes era mais simples do que pelas linhas lisas
84. a partir do 6 ano do Ensino Fundamental atrav s dos livros did ticos das disciplinas portugu s hist ria geografia ci ncias e l nguas estrangeiras As disciplinas matem tica f sica e qu mica ser o ensinadas apenas atrav s do Sistema Braille devido presen a dos s mbolos gr ficos espec ficos dessas reas do conhecimento que dificultam a leitura pelo sintetizador de voz Esse projeto do Minist rio da Educa o por m n o foi pacificamente aceito por alguns professores que trabalham com alunos cegos por acreditarem que desse modo ser o ouvintes e n o leitores do livro Conhecida no Brasil como Display Braille a Linha Braille um mecanismo de software e hardware composto de uma superf cie retangular acopl vel ao teclado Sobre a superf cie retangular pequenas agulhas se movem para cima e para baixo reproduzindo desse modo a escrita braille Essa tecnologia portanto permite que a pessoa cega leia o livro digital atrav s da escrita pontogr fica Esse instrumento agrega os benef cios do braille entre eles o contato permanente com a ortografia das palavras aos benef cios do livro digital Esse produto ainda caro e para 2 Confira informa es dispon veis no endere o http portal mec gov br ag Independente do formato utilizado livro gravado digital ou braille todos os gr ficos tabelas e imagens devem ser descritos adaptados adequadamente para que a pessoa com defici ncia visual tenha acesso
85. adas privilegiadas da popula o j que eram as nicas que possu am o acesso a escolariza o assegurado Esses alunos tinham um razo vel dom nio do dialeto de prest gio conhecido tamb m como norma padr o culta utilizado pela escola O ensino de l ngua portuguesa tinha como objetivo levar ao conhecimento ou ao reconhecimento das normas e regras de funcionamento da norma padr o culta atrav s do ensino da gram tica do contato com textos liter rios desenvolvendo por meio destes as habilidades de leitura e escrita uma modalidade de l ngua de certa forma j dominada por esses alunos Essa fun o do ensino de l ngua portuguesa era exercida desde os tempos de col nia At meados do s culo XVIII no sistema 17 de ensino do Brasil como no de Portugal o ensino de portugu s restringia se alfabetiza o Depois disso poucos alunos tinham acesso a uma escolariza o mais prolongada onde aprenderiam a gram tica da l ngua latina a ret rica e a po tica Soares 1998 afirma que com a Reforma Pombalina em 1759 o ensino de L ngua Portuguesa se tornou obrigat rio em Portugal e no Brasil No entanto o ensino de portugu s segue a tradi o do ensino do latim e a l ngua era estudada sob a forma das disciplinas Gram tica Ret rica e Po tica A disciplina escolar Portugu s ou L ngua Portuguesa recebeu tal denomina o nas ltimas d cadas do s culo XIX At os anos 60 do s culo XX a
86. ade Federal de Santa Maria 2010 168 TEIXEIRA C M D Decifra me ou te devoro o que pode o professor frente ao manual escolar 2001 Tese Doutorado Faculdade de Educa o Universidade Federal da Bahia 2001 TRAVAGLIA L C Gram tica e intera o uma proposta para o ensino de gram tica 12 ed S o Paulo Cortez 2008 VAN DER VEER R VALSINER J Vygotsky uma s ntese S o Paulo Unimarco Loyola 1999 VIGOTSKI L S A forma o social da mente 7 ed S o Paulo Martins Fontes 2007 Fundamentos de defectologia La Habana Pueblo y Educaci n 1997 Psicologia pedag gica Porto Alegre Artmed 2008 YIN R Estudo de caso planejamento e m todos 2 ed Porto Alegre Bookman 2005 169 AP NDICE A Roteiro de observa o Descrever as metodologias utilizadas para o ensino de ortografia Descrever a media o das professoras com os alunos cegos Descrever os recursos did tico pedag gicos utilizados em sala de aula Identificar a utiliza o do braille na sala de aula 170 AP NDICE B Roteiro de entrevista 1 IDENTIFICA O Nome Forma o ano de conclus o Tempo de Servi o Experi ncia com defici ncia visual 2 INFORMA ES GERAIS 2 1 O que voc pensa sobre a inclus o da pessoa cega nas escolas regulares 2 2 Voc precisou de algum tipo de apoio para o trabalho que vem desenvolvendo com o aluno cego na classe regular Em caso afirmativo que tipo de apoio
87. adores quanto melhor forma de agir no ensino diante das diferen as dialetais Com a democratiza o da escola os professores t m recebido uma clientela com diferen as dialetais acentuadas isto representantes de diversos grupos sociais que falam de maneira diferente ocupam os bancos escolares Geraldi 2006a alerta que a forma de falar que foi elevada categoria de l ngua padr o est relacionada com a qualidade intr nseca dessa forma Segundo o autor fatos hist ricos pol ticos e econ micos determinaram a elei o de uma forma como a l ngua portuguesa As formas de falar que n o correspondem forma eleita s o consideradas err neas deselegantes e inadequadas Gnerre 1978 apud GERALDI 2006 salienta que uma variedade ling stica vale o que valem na sociedade os seus falantes isto vale como reflexo do poder e da autoridade que eles t m nas rela es econ micas e sociais Essa afirma o valida evidentemente em termos internos quando confrontamos variedades de uma mesma l ngua e em termos externos pelo prest gio da l ngua no plano internacional GNERRE 1978 apud GERALDI 2006a p 43 Sendo clara a separa o entre a forma de falar dos alunos e a variedade lingu stica estabelecida como padr o que posicionamento o professor de l ngua portuguesa deve adotar Geraldi 2006a alerta que simplesmente valorizar as forma dialetais consideradas n o cultas embora l
88. aille Entretanto o professor do atendimento educacional especializado al m de produzir materiais did ticos e pedag gicos acess veis deve tamb m estabelecer a articula o com os professores da sala de aula comum e com os demais profissionais da escola visando desenvolver atividades para a participa o e aprendizagem dos alunos nas atividades escolares BRASIL 2010 5 6 5 Forma o de professores inicial e continuada A forma o de professores tem sido um tema bastante discutido nas pesquisas em educa o De fato embora n o tenha sido o foco de nosso estudo a fragilidade na forma o docente tamb m foi evidenciada As tr s professoras participantes da pesquisa tinham mais de 20 anos de experi ncia todas cursaram 155 magist rio sendo que a professora da escola municipal estava cursando a gradua o em Hist ria em uma faculdade a dist ncia e apenas a professora da escola particular havia conclu do em 2007 o ensino superior Pedagogia O fato de ser graduada em Pedagogia n o garantiu professora da escola particular uma pr tica pedag gica que favorecesse a aprendizagem da ortografia por parte dos alunos principalmente no caso da crian a cega Dois aspectos devem ser considerados acerca dos cursos de forma o de professores ainda que o futuro professor estude teorias que descrevam o percurso de aprendizagem dos alunos at alcan arem a escrita alfab tica e ortogr fica isso n o garantir que o
89. alcan a a resposta certa podemos assegurar que ainda est muito longe de construir esse conhecimento ou seja sua possibilidade de aprendizagem desse conte do esta na zona potencial DIAZ RODRIGUEZ 2011 p 54 A tese de doutorado de Prestes 2010 analisou as tradu es de Vigotski no Brasil e suas repercuss es no campo educacional Para isso a pesquisadora estudou as obras Vigotski atrav s das tradu es brasileiras estrangeiras e de textos originais em russo Al m disso para aprofundar conceitos apresentados pelo te rico a autora realizou entrevistas com seus familiares e com alguns estudiosos russos da teoria hist rico cultural Prestes 2010 apresenta a seguinte defini o para zona blijaochego razvitia 59 A zona blijaichego razvitia a dist ncia entre o n vel do desenvolvimento atual da crian a que definido com ajuda de quest es que a crian a resolve sozinha e o n vel do desenvolvimento poss vel da crian a que definido com a ajuda de problemas que a crian a resolve sob a orienta o dos adultos e em colabora o com companheiros mais inteligentes A zona blijaichego razvitia define as fun es ainda n o amadurecidas mas que encontram se em processo de amadurecimento as fun es que amadurecer o amanh que est o hoje em estado embrion rio VIGOTSKI apud PRESTES 2010 p 173 A autora defende que a tradu o que mais se aproxima do termo zona bliaichego razvitia zona de
90. almente simula o de uma aptid o puramente humana mas a transforma o dessa aptid o com a ajuda 34 Podemos considerar como um exemplo disso a cria o da enciclop dia virtual Wikip dia um fen meno editorial Criada em janeiro de 2001 a pr pria Wikip dia se define como uma enciclop dia livre cujo conte do qualquer um pode editar O nome vem de wiki wiki termo havaiano que significa veloz c lebre Escrita apenas por volunt rios na internet a Wikip dia cria o dos americanos Jimmy Wales e Larry Sanger j re ne mais de 3 1 milh es de artigos em 205 l nguas e dialetos Dois e mil e trezentos anos depois do sonho de reunir todo o conhecimento humano na Biblioteca de Alexandria o s culo XXI parece estar perto de chegar l Criou no meio digital o maior fen meno editorial dos tempos modernos a maior refer ncia do mundo e o reposit rio de informa es que mais se aproxima da vis o grandiosa dos fil sofos enciclopedistas franceses de 250 anos atr s Dispon vel em lt hitp revistaepoca globo com Epoca 0 6993 EPT1113132 1653 00 html gt 103 z de instrumentos externos cuja origem muito long nqua r guas compassos bouliers e outros contadores Auroux 1998 salienta que possivelmente sem a cria o de tais instrumentos a intelig ncia n o seria o que ela assim como na aus ncia de nossos instrumentos lingu sticos habituais sistemas de escrita gram ticas dicion rios etc as f
91. am diferentes matura o e aprendizado se relacionam e um exerce influ ncia sobre o outro Desse modo a matura o torna poss vel o aprendizado e este estimula a matura o Para Koffka desenvolvimento sempre um conjunto maior que o aprendizado Al m disso essa posi o te rica acredita que ao dar um passo no aprendizado a crian a d dois no desenvolvimento ou seja o aprendizado e o desenvolvimento n o coincidem VIGOTSKI 2007 p 94 De acordo com Vigotski essa concep o o aspecto essencial desse grupo de teorias No que se refere rela o entre aprendizagem e desenvolvimento Vigotski apresenta um novo posicionamento Para o autor de fato aprendizagem e desenvolvimento est o interrelacionados desde o primeiro dia de vida crian a 57 Vigotski retoma esse aspecto positivo da ltima corrente no entanto critica Koffka por concentrar a aten o aos processos mais simples de aprendizado os que ocorrem nos anos pr escolares Koffka nota similaridade entre aprendizado pr escolar e escolar percebendo como diferen a apenas a sistematiza o do segundo Para Vigotski a diferen a n o apenas a sistematiza o e afirma que o aprendizado escolar produz algo novo no desenvolvimento da crian a Para elucidar esse algo novo o autor apresenta o conceito de zona de desenvolvimento proximal ZDP Na obra A forma o social da mente escrita por Vigotski 2007 e traduzida para o p
92. amento autom tico AUROUX 1998 p 289 290 O autor escreve que a partir do tratamento eletr nico da informa o muitos pesquisadores tentaram e ainda tentam atribuir s m quinas atividades humanas como por exemplo a tradu o e a documenta o com o objetivo de substituir o homem em muitos de seus trabalhos Para isso efetuou uma r pida passagem pelas principais realiza es t cnicas no dom nio do Tratamento Autom tico das L nguas Naturais TALN citando os limites e as possibilidades da Intelig ncia Artificial Entretanto at o momento a complexidade das l nguas naturais parece demonstrar as dificuldades da m quina em competir com a mente humana Ainda que exista na exterioridade nenhum instrumento uma calculadora eletr nica ou um computador por defini o aut nomo embora formalizem e externalizem uma capacidade humana Uma gram tica ou um dicion rio exigem para que se possa servir deles uma compet ncia de segundo grau Um sistema de instrumentos lingu sticos pode em certas circunst ncias evitar que se recorra a um intermedi rio ou int rprete mas n o o substitui verdadeiramente Na verdade prolonga e transforma a compet ncia humana mais do que a substitui Para Auroux 1998 se quisermos pensar os instrumentos lingu sticos nos termos modernos da Intelig ncia Artificial ent o devemos conceb los como extens es artificiais da intelig ncia humana A Intelig ncia Artificial n o essenci
93. an as escreviam em braille Destacamos como aspectos que interferiram no processo de aprendizagem da ortografia pelo aluno cego a n o adapta o do material did tico o desconhecimento das professoras sobre o Sistema Braille a aus ncia de planejamento das aulas o pouco di logo estabelecido entre escola regular e atendimento educacional especializado e a forma o das professoras A partir dos dados obtidos e analisados apresentamos propostas para que o ensino de ortografia de fato favore a a aprendizagem da ortografia e o dom nio da escrita por crian as cegas Palavras chave Crian a cega Ensino e aprendizagem Ortografia Sistema Braille MARTINEZ Amanda Botelho Corbacho Orthography teaching and Braille System a case study 2011 171 f Dissertation Master s Degree Faculdade de Educa o Universidade Federal da Bahia 2011 ABSTRACT Orthography is a social convention which allows writing stability as it neutralizes accents and entonations thus making reading easier Therefore knowing words orthography make people able to establish communication through writing Teaching and learning of this subject to blind children are however still little discussed This work analyses orthographic teaching for blind children who use Braille System to read and write The main general goal was to identify how teachers teach orthographic contents to blind children in regular classes while specific ones were to describe and analyse
94. apresentando um desconhecimento do complexo t til e de suas especificidades Tais fatos acarretam em um aprendizado ineficiente da escrita 32 Os estudos KENDRICK 2009 parecem provar que um dos principais factores para que o braille em suporte electr nico ainda n o tenha vingado est relacionado com o factor pre o das linhas braille Desde meados de 1980 que o pre o por c lula braille ronda os 100 a 150 d lares o que significa pre os na ordem dos 4000 a 6000 d lares para uma linha de 40 caracteres e de 8000 a 12000 para uma linha de 80 caracteres FERNANDES 2010 95 pontogr fica O mesmo fen meno parece estar acontecendo em outros pa ses como Portugal pois de acordo com Reino apud SOUSA 2004 p 157 Perfila se uma segunda gera o de professores formados pelas novas Escolas Superiores de Educa o lan ados no ensino de deficientes visuais sem terem por vezes aprendido uma letra de Braille ou que contaram nos seus curr culos algumas escassas e ociosas horas a ele dedicadas n o conhecendo o sistema ignorando por completo quaisquer aspectos de ordem pedag gica com ele relacionados e o que se nos afigura ainda mais dramaticamente inaceit vel colhendo dos correspondentes cursos de especializa o a ideia subliminar quando n o absolutamente expl cita de que o Braille pouco ou nada interessa aos alunos cegos ou deve porventura ser reduzido condi o de mera curiosidade hist rica
95. aquela na qual se coloca um espa o no meio de uma palavra hipersegmenta o ou se junta uma palavra a outra indevidamente hipossegmenta o NICOLAIEWSKY 2008 S o os erros caracterizados por uma representa o foneticamente correta 47 Na busca por uma rela o entre o dom nio da escrita ortogr fica e o desenvolvimento da segmenta o lexical Nicolaiewsky 2008 examinou se os aprendizes que realizaram maior frequ ncia de hipossegmenta es em seus textos tamb m haviam realizado algum tipo espec fico de erro ortogr fico Foi encontrada em sua an lise uma correla o significativa entre a ocorr ncia de hipossegmenta es e de erros fonologicamente inaceit veis Segundo Nicolaiewsky 2008 a pesquisa de Correa e Dockrell 2007 encontrou a mesma correla o em crian as videntes brasileiras tanto em rela o s hipossegmenta es quanto em rela o s hipersegmenta es Tais resultados sugerem assim uma influ ncia da an lise fonol gica no desenvolvimento da habilidade de segmentar convencionalmente o texto Os erros identificados na pesquisa de Nicolaiewsky 2008 revelam que as d vidas quanto ortografia das palavras s o similares em crian as cegas e videntes Entretanto acreditamos que por n o terem facilidade de acesso aos materiais impressos em braille e pelo fato de os professores das escolas regulares geralmente n o conhecerem esse sistema de leitura e escrita as dificuldades das crian a
96. ara a professora como deveria ser escrita Rosa pediu que Sara falasse a palavra primeiro observasse a pron ncia para ver se descobria como escrev la Acrescentou que se ela n o acertasse a sim tiraria sua d vida Sara falou para a professora que achava que essa palavra era escrita com s Rosa ent o disse para ela que era com z Ressaltamos que no caso da palavra cidadezinha se segu ssemos apenas o som da s laba zi esta poderia ser escrita com s ou z uma vez que a letra s entre vogais tem som de z A media o feita pela professora n o auxiliou a crian a a compreender a ortografia da palavra j que ela simplesmente informou a escrita correta sem refletir com a aluna a regra que gera tal ortografia Como h regras para a escrita dos diminutivos nessa oportunidade a professora poderia ter aproveitado para realizar uma reflex o com a crian a Aula 3 No primeiro momento a professora Rosa contou aos alunos que a aula ia ser diferente pois iam aprender brincando atrav s de um bingo de adjetivos Pediu que copiassem no caderno o modelo da cartela que desenhou no quadro 45 Nos diminutivos de palavras como m s franc s princesa e framboesa isto palavras que terminam com s no radical acrescenta se o sufixo inho em palavras como p pai anel ou seja que n o terminam com s anexa se zinho Na verdade o sufixo inho que se liga ao radical por meio d
97. as das ci ncias lingu sticas s o significativas para a disciplina Portugu s que obteve nova concep o de gram tica resultando em nova concep o do papel e da fun o dela no ensino de portugu s a natureza e o conte do de uma gram tica para fins did ticos foram redimensionados valorizando a gram tica da l ngua escrita e da l ngua falada Trouxe novas orienta es para o ensino da leitura e da produ o de textos Nas palavras de Soares 1998 p 59 essa nova concep o de linguagem v a l ngua como enuncia o discurso n o apenas como comunica o que portanto inclui as rela es da l ngua como aqueles que a utilizam com o contexto em que utilizada com as condi es sociais e hist ricas de sua utiliza o Essa nova concep o vem ela tamb m alterando em sua ess ncia o ensino da leitura e da escrita agora vistas como processo de intera o autor leitor texto em determinadas circunst ncias de enuncia o e no quadro das pr ticas socioculturais contempor neas de uso da escrita e vem ainda alterando as atividades de desenvolvimento da linguagem oral considerada esta sempre como intera o em que sentidos s o produzidos por e para uma situa o discursiva espec fica A teoria associacionista quadro te rico quase exclusivo no ensino da l ngua at ent o passou a ser questionado em meados dos anos 80 pelas novas teorias da Psicologia da Aprendizagem pela nova teoria trazida pela Psi
98. as letras formadas pelos pontos em relevo Como afirma Vigotski ara 49 conquistar uma posici n en la vida social la persona ciega se v forzada a desarrollar todas sus funciones compensat rias VIGOTSKI 1997 p 80 Vigotski compreende os obst culos colocados pelo defeito como uma fonte de for a para buscar a supera o Para o autor os princ pios fundamentais do desenvolvimento s o os mesmos para todas as crian as com ou sem defici ncia mas as limita es da defici ncia tornam se um est mulo uma motiva o uma busca para a compensa o principalmente atrav s da cria o de vias alternativas mas equivalentes ao desenvolvimento cultural para superar os obst culos colocados pela defici ncia Para Vigotski o desenvolvimento de uma crian a cega surda n o est dirigido cegueira surdez mas sim ao vencimento da cegueira surdez Para o cego vencer a defici ncia Vigotski destaca a import ncia da compensa o social do conhecimento da experi ncia dos videntes e da linguagem Para ele a linguagem possibilita a validade social La palabra vence la ceguera VIGOTSKI 1997 p 82 Nesse sentido percebendo a defici ncia antes de tudo como um problema social Vigotski defendia que a crian a cega deveria ser educada na escola comum A escola especial na concep o de Vigotski isola o cego e cria a separa o sistem tica do meio social fixando o cego em sua defici ncia A cegu
99. avras Para isso Vigotski afirma que a crian a precisa fazer uma descoberta b sica a de que se pode desenhar al m de coisas tamb m a fala Essa descoberta levou a humanidade ao m todo da escrita por letras palavras frases e textos Do ponto de vista pedag gico Vigotski aponta que essa transi o deve ser proporcionada pelo deslocamento da atividade da crian a do desenhar coisas para o desenhar a fala Para o autor o segredo do ensino da linguagem escrita preparar e organizar adequadamente essa transi o Uma vez atingida a crian a passa a dominar o princ pio da linguagem escrita restando aperfei oar esse m todo A brincadeira do faz de conta o desenho e a escrita devem ser compreendidos segundo Vigotski 2007 como momentos diferentes de um processo essencialmente unificado de desenvolvimento da linguagem escrita O autor aponta que o melhor m todo de ensino da escrita aquele em que a crian a n o aprende a ler a escrever mas sim descobre essas habilidades durante as situa es de brinquedo Vigotski 2007 acrescenta que o ensino deve ser organizado de modo que a leitura e a escrita tornem se necess rias crian a e salientou que a escrita n o deve ser ensinada meramente como uma atividade motora mas sim como uma atividade cultural complexa Concluindo a apresenta o das ideias de Vigotski acerca do tema o autor considerou que uma das importantes demandas do ensino tornar a escrita relevant
100. avras atrav s do sistema ortogr fico tal correspond ncia n o conseguiria ser feita com perfei o O ideal de uniformidade de um sistema ortogr fico e a realidade oral da l ngua caracterizada pela varia o regional e social um conflito insuper vel Por exemplo uma mesma palavra pode ser pronunciada de maneira diferente por uma mesma pessoa a depender da situa o de comunica o palestra ou conversa 37 informal Essa mesma diferen a ser notada principalmente quando a mesma palavra for pronunciada por pessoas de regi es distintas ou pertencentes a n veis socioculturais diversificados Al m disso uma palavra pode apresentar diferentes realiza es fon ticas ao ser pronunciada sozinha fez ou seguida de outra fez isso Tais raz es n o permitem que a ortografia seja exclusivamente fon tica AZEREDO 2008 Para esclarecer ainda mais esse aspecto para as crian as deve ser explicado que embora o som das palavras possa ajudar em alguns momentos a escrever corretamente determinadas palavras n o fun o da ortografia a mera representa o do som mas sim do significado SMITH 1999 Por exemplo para grafar algumas palavras no plural acrescentamos apenas a letra s voc s no entanto ao serem pronunciadas em certas regi es do pa s s o acrescidos o som is voc is e n o apenas s O s adicionado escrita portanto para indicar o significado a pluralidade e n o o som da palavra Smit
101. b m precisa aprender esses conceitos mas para isso precisar que um adulto desenvolva a es intencionais com o objetivo de auxili la nesse sentido Se interven es dessa natureza n o acontecerem poss vel que a crian a cega n o desenvolva o conceito de que aquilo que falado pode ser representado graficamente SWENSON 1991 apud NICOLAIEWSKY 2008 Um fator importante para o processo de aprendizagem do braille portanto o apoio dos demais O professor e a fam lia ou at mesmo um amigo ou colega devem aprender o sistema O grau de desenvolvimento do tato tamb m exerce bastante influ ncia no aprendizado da leitura Algumas causas da defici ncia visual como a diabete por exemplo podem levar a uma perda da sensibilidade do tato E o fato de ser cego n o necessariamente leva a pessoa a ter um tato mais sens vel 84 como ordinariamente pensado CORBACHO PI ERO OLIVA QUERO RODR GUEZ D AZ 2003 Outra caracter stica do Sistema Braille o fato de n o permitir aumentar e diminuir o tamanho das letras pois a cela braille possui um tamanho padronizado J na escrita tinta podemos escrever com letras de diversos tamanhos Por isso quando uma p gina tinta transcrita para braille ela pode se tornar nesse sistema duas tr s ou mais p ginas dependendo do tamanho da fonte utilizada impress o tinta Ent o quando um professor solicita a leitura de um texto de duas p ginas para
102. be a baixa demonstrava a resist ncia em rela o sua presen a na escola A educa o inclusiva fundamentada em princ pios filos ficos pol ticos e legais dos direitos humanos entretanto para que a inclus o efetivamente aconte a preciso que gestores e professores de fato estabele am uma nova concep o pedag gica baseada em tais princ pios 158 6 CONSIDERA ES FINAIS Retomando a quest o norteadora da pesquisa podemos afirmar que foi poss vel refletir sobre o modo como as professoras est o ensinando ortografia em classes com crian as cegas inclu das A partir dos dados obtidos foi evidenciado que o ensino de ortografia ainda se pauta numa abordagem mnem nica apesar das pesquisas recentes revelarem que tal abordagem n o contribui para a aprendizagem desse conte do Para os alunos cegos a situa o era ainda mais delicada pois al m das metodologias n o favorecerem a aprendizagem da ortografia eles mesmos eram os nicos leitores de suas produ es escritas na sala de aula Desmotivada para escrever a aluna cega da escola particular pontuou essa situa o para a professora Professora para que vou escrever se voc n o sabe ler o que eu escrevo Sem um real interlocutor uma das fun es da escrita n o se cumpre Nas situa es de ensino observamos que nenhuma media o escola estadual ou poucas e inadequadas media es escolas particular e municipal foram estabelecidas pe
103. bre a compensa o a linguagem escrita o desenvolvimento a aprendizagem e a media o No cap tulo 4 fizemos um breve relato sobre a hist ria da defici ncia visual e o surgimento do Sistema Braille caracterizamos a escrita e a leitura em braille refletimos sobre as outras maneiras de leitura utilizadas pelas pessoas cegas e discutimos sobre o uso do braille desde o seu surgimento at a atualidade ap s o advento das tecnologias inform ticas No cap tulo 5 trouxemos as considera es acerca da escolha da metodologia da pesquisa apresentamos os participantes e caracterizamos o l cus de pesquisa Na sequ ncia analisamos e discutimos os resultados com base no referencial te rico estudado Os dados revelaram que o ensino de ortografia ainda se pautava numa abordagem mnem nica ou seja os professores trabalhavam com os conte dos de ortografia por meio de atividades que buscavam desenvolver a habilidade de memoriza o dos alunos sem lev los reflex o acerca da ortografia das palavras Al m disso as crian as cegas n o foram adequadamente inclu das nas aulas de ortografia sobretudo porque as professoras n o sabiam ler o que as crian as escreviam em braille Por fim s o feitas as considera es finais acerca desta pesquisa onde apresentamos tamb m sugest es para a pr tica inclusiva nas aulas de ortografia 16 2 A L NGUA PORTUGUESA E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA ORTOGRAFIA Antes de qualq
104. ca que surge tendo por base a linguagem verbal Nesse sentido os esquemas que caracterizam os primeiros desenhos infantis lembram conceitos verbais que comunicam somente os aspectos essenciais dos objetos Esses fatos nos fornecem elementos para interpretar os desenhos das crian as como um est gio preliminar no desenvolvimento da linguagem escrita 53 Luria 2006 realizou experimentos para recriar o processo de simboliza o na escrita Crian as ainda incapazes de escrever foram solicitadas a elaborar formas simples de nota o gr fica Pedia se que n o esquecessem um mero de frases que excediam sua capacidade natural de memoriza o Quando as crian as percebiam que n o conseguiriam lembrar de todas as frases ofereciam lhes uma folha de papel para que grafassem ou representassem de algum modo as palavras apresentadas Frequentemente as crian as ficavam perplexas diante dessa sugest o afirmando que n o sabiam escrever O experimentador ent o ensinava lhes algum procedimento para que realizassem o que foi pedido Era examinado portanto at que ponto as crian as conseguiam dominar esse procedimento e em que momento os rabiscos deixavam de ser simples brincadeiras para se tornarem auxiliares na lembran a das frases Foi observado que dos tr s aos quatro anos as nota es escritas n o auxiliavam as crian as no processo de lembran a Para lembrar as frases as crian as nem olhavam o papel No entanto alguns casos d
105. cabia arm rio na sala uma mesa e cadeira para a professora e um pequeno quadro Sara utilizava reglete e pun o para escrever e por ter que utilizar a cadeira universit ria sentava se com a postura inadequada Rosa a professora do 3 ano possui magist rio e formou se em Pedagogia em 2007 Leciona h quase 20 anos Sara foi sua primeira experi ncia com a defici ncia visual Aula 1 No primeiro momento s 13h 30min a professora Rosa copiou a atividade de casa no quadro que solicitava a observa o da acentua o de algumas palavras para classific las quanto tonicidade e ao n mero de s labas Durante a c pia do exerc cio a aluna cega n o fez nada A professora disse para a pesquisadora que depois ia ditar para Sara copiar s 14h iniciou a aula de ingl s com outra professora s 14h 50 minutos a professora da classe retornou Iniciou uma revis o sobre acentua o Escreveu no quadro o acento circunflexo e o acento agudo Nesse momento a professora deveria ter dito para Sara o que estava fazendo uma vez que a aluna cega n o podia obter a informa o por meio da vis o Perguntou para a turma o nome dos acentos Depois explicou aos alunos O acento agudo aberto O acento circunflexo fechado Vamos observar essas duas palavras que escreve do mesmo jeito Rosa escreveu no quadro as palavras vov e vov Pediu que todos os alunos observassem os acentos nas palavras e as pronunciassem para per
106. ceberem a diferen a no som de cada uma Sara por m n o pronunciou as O hor rio das aulas havia mudado naquele dia e continuamos na classe aguardando o in cio da aula de Portugu s Embora n o seja objeto de estudo deste trabalho gostar amos de registrar o comportamento da professora de Ingl s que ao chegar sala passou uma atividade no caderno Escreveu no quadro e em momento algum se dirigiu aluna cega Na verdade a professora de ingl s n o se lembrou da presen a de Sara e a menina permaneceu durante toda a aula sem fazer a atividade Perguntamos se Sara n o participava da aula e a professora disse Ah E mesmo Falou ent o com Sara mas a menina disse que n o queria fazer o exerc cio A professora perguntou se queria desenhar e a aluna disse que n o A professora avisou Voc vai ouvir e aprender um pouco ouvindo t 115 palavras j que n o tinha acesso informa o que estava no quadro Rosa repetiu as palavras para Sara e pediu que ela tamb m as pronunciasse e dissesse qual delas tinha acento agudo e qual tinha acento circunflexo Sara fez o que a professora pediu Em seguida Rosa passou uma atividade tamb m sobre acentua o no livro did tico Rosa disse Sara voc j sabe fazer as letras com acento A menina respondeu que a professora da institui o especializada ainda n o havia ensinado Rosa complementou Pe a para sua professora ensinar viu Hoje voc n o vai po
107. centuadamente na cultura ocidental a vis o tem vindo a exercer um dom nio cada vez mais absoluto sobre os restantes sentidos dom nio que assume atualmente uma tal express o que quase poder amos falar de uma ditadura da vis o ou de uma sociedade visuoc ntrica em que tudo tende a passar pelos olhos e concebido em fun o deles N o nos dever pois surpreender que as primeiras tentativas para proporcionar as pessoas cegas ao mundo da escrita tenham consistido fundamentalmente em procurar transpor para o plano do tacto os meios e procedimentos consagrados ao longo da hist ria 14 Embora a autora tenha se referido ao Sistema Braille como um c digo apresentaremos mais adiante raz es pelas quais preferimos n o utilizar essa denomina o para o sistema 13 para o uso exclusivo da vis o Estes louv veis e pioneiros esfor os estavam naturalmente condenados ao fracasso uma vez que persistiam na ignor ncia das caracter sticas essenciais e espec ficas da percep o t til que ao contr rio da vis o fragmentada anal tica e sequencial por natureza Como assinalou Albuquerque e Castro numa confer ncia proferida em 1948 enquanto se procurou adaptar ao tacto um sistema gr fico que havia sido criado para a vista baseado na linha cont nua de contornos mais ou menos caprichosos sempre as dificuldades foram insuper veis O que foi criado para os olhos raramente conv m aos dedos Por isso falharam atrav
108. clu do a produ o escrita a professora pediu que lesse mas n o para a turma toda apenas para ela Bruna fez a leitura e a professora perguntou Foi isso o que voc entendeu Bruna e a menina respondeu Foi Jaciete arquivou o texto em braille junto com as outras atividades feitas pela aluna Em seguida iniciou a corre o da atividade de interpreta o de texto com os demais alunos e Bruna ficou apenas ouvindo sem participar Aula 3 Enquanto os alunos videntes faziam uma atividade do livro did tico Jaciete pediu que Bruna lesse um texto que havia produzido em uma aula anterior contando o que entendeu sobre a leitura do livro A menina que queria ser bruxa transcrito para braille pela institui o especializada A aluna produziu o texto abaixo Ametina qui queria ser bruxa Aline falo com sua Mai eu queru se bruxa amai de aline qlandu vo e grese eupegu iliboto na Escola de Bruxas dis amai eu n o queru glandu eu grese n o ta amanha eu vou limatricula na escola de bruxa laline foi commemora seus irm us perontaron ugi estava aconteseidu laline dis m i vai mim matricula na escola das bruxas amenha Durante a leitura sem ter acesso escrita da aluna n o foi poss vel perceber os erros ortogr ficos presentes em sua escrita Uma vez que Jaciete n o solicitava as transcri es de braille para a escrita tinta para a institui o especializada 136 decidimos fazer as transcri es de
109. cologia Gen tica e uma Psicolingu stica nela fundamentada que se articulam de maneira coerente com a nova concep o de l ngua como enuncia o e discurso 21 A nova teoria do processo de aquisi o e de desenvolvimento da l ngua materna tanto oral como escrita somada s novas concep es de l ngua gram tica e texto alteram radicalmente o ensino da l ngua Enquanto na teoria associacionista o aluno era compreendido como um sujeito dependente de est mulos externos para ser conduzido aquisi o de habilidades e conhecimentos lingu sticos na nova teoria o aluno passa a ser concebido como um sujeito ativo que constr i suas habilidades e conhecimentos de linguagem oral e escrita em intera o com os outros e com a pr pria l ngua objeto do conhecimento em circunst ncias de enuncia o e no contexto das pr ticas discursivas do tempo e espa o em que vive SOARES 1998 Nos atuais Par metros curriculares nacionais para o ensino de l ngua portuguesa poss vel identificar a concep o de linguagem como processo de intera o humana a linguagem uma forma de a o interindividual orientada por uma finalidade espec fica um processo de interlocu o que se realiza nas pr ticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade nos distintos momentos de sua hist ria BRASIL 2000 p 23 24 Al m disso o documento acrescenta que por se realizar atrav s da intera o verbal dos interlocu
110. com defici ncia FRANCO DIAS 2005 Pessoas com defici ncia tamb m foram sacrificadas como hereges ou como possu das pelo dem nio na Inquisi o Mesmo com a ascens o do Cristianismo percebe se que a situa o dos deficientes mudou mas mudou pouco pois essas pessoas continuaram afastadas e n o aceitas no conv vio com a sociedade com o mercantilismo e com o capitalismo comercial no lugar do feudalismo que a situa o de menosprezo e desaten o com os deficientes come ou a modificar Preconceitos cren as e 67 pr ticas sociais s o revistas e a maneira de se relacionar com a defici ncia deixou de ser explicada apenas como obra de Deus ou do dem nio A vis o supersticiosa foi deixando de ser adotada e a partir do s culo XVIII come ou a existir um entendimento maior e mais aprofundado acerca da defici ncia visual Nesse per odo inicia se a busca por um conhecimento cient fico para compreender como funciona o olho e o c rebro Come aram a existir alguns avan os na medicina proporcionando subs dios para tentativas de atendimento s pessoas cegas FRANCO DIAS 2005 A preocupa o com a educa o dos cegos surgiu no s culo XVI com Girol nia Cardono m dico italiano que testou a possibilidade de algum aprendizado de leitura atrav s do tato Peter Pontamus Fleming cego e o padre Lara Terzi escreveram os primeiros livros sobre a educa o das pessoas cegas BRASIL 2001 No s culo XV
111. constru o social ocorre de forma planejada e intencional denominada de media o e quando acontece a partir da intera o com os pares pode ser denominada de coopera o PIMENTEL 2009 De acordo com Pimentel 2009 para que um professor possa planejar atividades intencionalmente mediadoras preciso em primeiro lugar saber o que o claro que uma discuss o complexa como essa n o pode ser reduzida somente quest o de g nero das palavras mas a gram tica pode fornecer algumas pistas acerca das inten es do escritor 62 aluno capaz de fazer sozinho Al m disso a autora acrescenta que necess rio ter um amplo conhecimento acerca dos conte dos a serem trabalhados para que possa interagir com o aluno de diferentes formas at que este se aproprie do conceito trabalhado Pimentel 2009 aponta ainda que independente de ser criada por media o ou coopera o a ZDP gera uma s rie de processos que oferecem condi es prop cias para a internaliza o de conhecimentos para a aprendizagem e consequentemente para o desenvolvimento Entretanto tais mecanismos de media o e coopera o devem ocorrer de diferentes maneiras para tornar poss vel a capta o a apropria o do que se pretende ensinar Esses modos diferentes de fornecer suporte para a aprendizagem s o necess rios porque nem toda situa o de intera o social gera desenvolvimento Para que isto aconte a necess rio que proces
112. contre para que alcance progresso em todas as suas potencialidades Nesse processo s o importantes a intera o a apreens o a explora o e o dom nio do meio f sico Experi ncias significativas com as demais vias sensoriais devem ser incentivadas uma vez que aus ncia dessas experi ncias pode prejudicar a compreens o das rela es espaciais temporais e a aquisi o de conceitos necess rios ao processo de alfabetiza o Portanto desde a Educa o Infantil a crian a cega necessita desenvolver um conjunto de habilidades que s o fundamentos b sicos para a leitura e a escrita do Sistema Braille O desenvolvimento e refinamento da percep o t til e o dom nio de habilidades psicomotoras s o essenciais para essa aprendizagem Entretanto o desenvolvimento de tais habilidades deve ocorrer por meio de atividades l dicas do brinquedo e da brincadeira para que a crian a cega n o perceba a leitura e a escrita como um exerc cio meramente mec nico importante salientar que apropria o de um conhecimento se d principalmente quando o indiv duo sente necessidade ou prazer em utiliz lo Por isso a a o do professor deve ocorrer no sentido de possibilitar que os alunos cegos compreendam a escrita como algo relevante vida e para isso o que se deve fazer ensinar s crian as videntes ou cegas a linguagem escrita e n o apenas a escrita de letras 56 3 2 A IMPORT NCIA DA MEDIA O PARA A APRENDIZAGEM
113. crever melhor As professoras de portugu s a n o ser uma que me exigia muito a 96 maioria delas nunca ligou para os meus erros de portugu s para eu aprender a escrever direito A professora que cobrava pedia leitura de jornal toda semana Ela estava certa em fazer isso Eu perguntava para ela como eu leria jornal se n o enxergo mas ela respondia que pedisse para algu m ler o jornal para mim para que eu pudesse escolher uma not cia E tinha que levar a not cia copiada toda semana Era muito chato Mas valeu CAIADO 2006 p 79 80 Esse depoimento demonstra que a maior parte dos professores de portugu s n o solicitavam da aluna cega a escrita correta das palavras A nica professora que exigia a ortografia correta das palavras utilizava como estrat gia de ensino a c pia de not cias de jornal Para a c pia das not cias era necess rio que outra pessoa fizesse a leitura para a aluna pois o material n o era transcrito para braille ou seja n o ocorria o contato direto com esse sistema de escrita Outro adulto tamb m com cegueira cong nita informou a raz o pela qual n o tem dificuldade com a ortografia Meus pais n o quiseram e eu n o tive nada gravado at o 3 colegial Eles falavam que eu tinha que ler para saber escrever quando minha m e lia para mim ela explicava como a palavra era escrita Dias atr s a professora de portugu s jur dico se surpreendeu porque eu n o tenho erros de ortografia e el
114. cri es para o Sistema Braille possam ser conclu das a tempo pensando tamb m se a atividade poder ser realizada pelo aluno com a limita o visual Estabelecer metas que pretendam que os alunos cegos e videntes alcancem Os conte dos a serem trabalhados devem ser selecionados a partir das necessidades dos alunos e n o somente pelo que o livro did tico determina Utilizar o livro did tico de forma mais cr tica Propor atividades que favore am a reflex o sobre a escrita tornando se nessas situa es um mediador da aprendizagem dos alunos Entender o erro como est gio de aprendizagem sobre a ortografia e n o como fracasso Contribuir para que as crian as aprendam o quanto antes as palavras mais frequentes na escrita Incentivar a coopera o entre os alunos Incentivar a frequente leitura em braille Aprender o Sistema Braille principalmente os professores das s ries iniciais do Ensino Fundamental pois tanto auxiliar na pr tica pedag gica quanto aumentar a auto estima do aluno cego E caso n o saiba ler em braille numa atividade de ditado interativo de palavras por exemplo o professor pode solicitar que a crian a cega soletre as palavras que escreveu para que possa de fato ter acesso escrita do aluno Ao final de um ditado de texto o 161 professor pode entregar ao aluno cego o texto escrito em braille solicitado com anteced ncia ao professor especializado permitindo o contato direto com a
115. cursos ou da institui o especializada Ao questionarmos se receberam apoio para o trabalho que estavam desenvolvendo as professoras informaram Sim mas foi dif cil porque a institui o onde trabalho n o me liberou pra fazer o curso foi preciso muita insist ncia ainda falta a segunda parte que eu n o fiz Na verdade era pra ser seis meses ou cinco meses e eu s estive na institui o especializada uma vez s fiquei o dia inteiro l Na verdade foi um intensiv o que eu acabei fazendo n Porque a escola n o me liberou A escola que eu digo a escola que eu trabalho Sen o creio que o trabalho com Sara teria sido bem melhor Rosa professora da escola particular Primeiro ano que eu trabalhei com Bruna era C uma professora da institui o especializada No primeiro ano C vinha ensinava explicava eu mandava escrito pra l pra institui o especializada C vinha mais aqui bem mais Depois Esse apoio foi s na alfabetiza o de Bruna mesmo Jaciete professora da escola municipal N o recebi apoio nenhum Quer dizer quase nenhum A institui o especializada faz um encontro uma vez no m s E muito pouco E pra mim n o ajudou em nada A professora da sala de recursos tamb m n o me ajuda s vem aqui perguntar se tem atividade pra transcrever mas n o oferece outro tipo de ajuda n o d nenhuma sugest o para eu trabalhar com Alan Elisa professora da escola estadual 154 A professora da
116. da linguagem oral n o necess rio que esta seja representada pela escrita mas esse saber torna vis veis as regularidades n o manifestas no imediatismo da fala A constru o de gram ticas por m s poss vel para as l nguas escritas Dito sob outra forma as l nguas orais possuem regras e leis e portanto uma gram tica entretanto instrumentaliz las escrevendo gram ticas modifica de forma incontest vel as condi es de funcionamento da comunica o humana AUROUX 1998 Al m disso a escrita permite ultrapassar a linearidade em proveito da bidimensionalidade e de outro lado essa bidimensionalidade essencial ao nascimento das ci ncias da linguagem AUROUX 1998 p 90 Depois do advento da escrita a gramatiza o das diferentes l nguas do mundo constitui para Auroux 1998 a segunda revolu o tecnolingu stica O autor conceitua a gramatiza o como o processo que conduz a descrever e a instrumentar uma l ngua na base de duas tecnologias que s o ainda hoje os pilares de nosso saber metalingu stico a gram tica e o dicion rio AUROUX 1992 p 65 apud SURDI 2010 p 27 A gram tica e o dicion rio monol ngue tornam se importantes instrumentos para a aprendizagem das l nguas e uma forma de descrev las Auroux 1992 p 8 9 apud SURDI 2010 p 27 afirma ainda que o processo de gramatiza o mudou profundamente a ecologia da comunica o humana e deu
117. das na escolha da ortografia 3 Confira informa es no site dispon vel em lt www acessibilidadelegal com gt 38 Assim como acontece no editor de texto Word que sublinha de vermelho a palavra escrita errada 105 correta da palavra Nesse caso necess rio recorrer ao dicion rio Entretanto se o verificador ortogr fico estivesse desligado a crian a n o perceberia o erro de ortografia porque o sintetizador iria ler a palavra da mesma maneira como leria sess o cess o ou se o Situa es como essa podem ocorrer com outras palavras que na linguagem oral apresentam o mesmo som mas as diferen as de significado s o expressas atrav s de ortografias diferenciadas conserto concerto mau mal censo senso etc Para que o computador identificasse o erro de ortografia nas frases com hom nimos hom fonos precisaria reconhecer o contexto em que a palavra est inserida Na frase Os caderno esta na estante h corretores ortogr ficos que ainda n o distinguem a discord ncia de n mero entre os e caderno assim como podem n o identificar a distin o entre esta est para analisar se a frase nominal ou verbal Situa es como essas demonstram algumas das lacunas de uma an lise gramatical e da verifica o ortogr fica realizada pelas m quinas H erros que podem ser corrigidos com mais facilidade atrav s do verificador ortogr fico Entretanto a pesquisa de Duarte 2010 evidenciou que muitos inte
118. de aprendizagem s professoras que participaram da pesquisa pela colabora o A CAPES pelo apoio financeiro concedido E a todos que de alguma forma direta ou indiretamente acompanharam e colaboraram para a realiza o deste trabalho Muito obrigada nas circunst ncias atuais que parecem ser de um deliberado esvaziamento de todo esfor o educacional aut ntico deve se ter em mente que n o estamos diante de uma discuss o te rica mas sim de uma quest o pr tica qual preciso responder tamb m com solu es pr ticas Pode se tratar a queda de uma telha como um problema din mico formulando hip teses te ricas alternativas e debatendo a adequa o destas ltimas E uma abordagem leg tima mas n o a melhor do ponto de vista de quem est embaixo Rodolfo llari MARTINEZ Amanda Botelho Corbacho Ensino de ortografia e Sistema Braille um estudo de caso 2011 171 f Il Disserta o Mestrado Faculdade de Educa o Universidade Federal da Bahia 2011 RESUMO A ortografia uma conven o social que permite a estabilidade das escritas uma vez que neutraliza sotaques e entona es favorecendo a leitura Conhecer a ortografia das palavras portanto possibilita que as pessoas possam estabelecer a comunica o por meio da escrita O ensino e aprendizagem desse conte do por m ainda pouco debatido no que se refere s crian as cegas A presente pesquisa discute sobre o ensino de o
119. de modo que possam expandir as possibilidades de uso da linguagem bem como a capacidade de an lise cr tica conhecer e analisar os usos da l ngua como ve culo de valores e preconceitos de classe credo g nero e etnia BRASIL 2000 A respeito do ensino de l ngua materna assim como Geraldi 2006a Travaglia 2008 p 17 tamb m alerta que sempre preciso perguntar Para que se d aulas de Portugu s para falantes nativos de Portugu s De acordo com o autor poss vel dar quatro respostas para essa pergunta Na primeira resposta o ensino de l ngua materna justificado pelo objetivo de desenvolver a compet ncia comunicativa dos usu rios da l ngua falante escritor ouvinte leitor portanto a capacidade do usu rio de empregar a l ngua de forma adequada nas diversas situa es de comunica o Essa compet ncia engloba as compet ncias gramatical ou lingu stica e a textual A primeira se refere capacidade que todo usu rio da l ngua tem de gerar um n mero infinito de frases gramaticais e a segunda a capacidade de produ o e compreens o de textos considerados bem formados nas diversas situa es de comunica o Para alcan ar o objetivo proposto pela primeira resposta necess rio proporcionar amplamente aos alunos o contato com as diversas situa es de intera o comunicativa atrav s da an lise e produ o de textos relacionados aos variados tipos de situa es de comunica o Na
120. der fazer a atividade porque precisa saber as letras com acento Enquanto os demais alunos fizeram o exerc cio Sara ficou sem fazer nada e a professora ficou corrigindo os di rios Numa aula sobre acentua o era necess ria a explica o acerca das representa es do acento na escrita convencional e na escrita em braille uma vez que nesse sistema de escrita cada vogal acentuada possui uma combina o de pontos diferenciada em rela o vogal n o acentuada enquanto que na escrita convencional s o usados sempre os mesmos sinais para representar os acentos Em braille a letra a por exemplo representada pelo ponto 1 representada pelos pontos 1 2 3 5 6 representada pelos pontos 1 6 Ainda que n o soubesse escrever pelo sistema em relevo a professora poderia ter utilizado a tabela com os sinais das letras em braille entregue pela institui o especializada para ela no in cio do ano letivo para esclarecer essas diferen as Explica es dessa natureza tornam se interessantes inclusive para os alunos videntes Figura 5 Representa o de a Figura 6 Representa o de Figura 7 Representa o de Al m disso se Rosa tivesse informado os pontos usados para representar cada letra acentuada a aluna poderia ter feito o exerc cio j que n o tinha 116 dificuldades para usar reglete apenas n o conhecia as combina es de pontos para cada vogal acentuada em braille
121. disciplina Portugu s foi compreendida como estudo da gram tica da l ngua e leitura At o per odo acima citado a concep o de l ngua utilizada no ensino de portugu s era a concep o de l ngua como sistema Nas palavras de Soares 1998 p 55 ensinar portugu s era ensinar a conhecer reconhecer o sistema lingu stico ou apresentando e fazendo aprender a gram tica da l ngua ou usando textos para buscar neles estruturas lingu sticas que eram submetidas an lise gramatical A concep o de linguagem que pautava o ensino de portugu s era a linguagem como express o do pensamento e leva compreens o de que as pessoas que n o conseguem se expressar n o pensam Essa concep o ilumina os estudos tradicionais GERALDI 2006a Habilidades de leitura atrav s de atividades de compreens o e interpreta o de texto estavam presentes nos livros did ticos dos anos 60 mas ainda eram atividades secund rias em rela o ao estudo gramatical Nesse per odo a escola atendia alunos das camadas privilegiadas Como afirmamos anteriormente era uma clientela j familiarizada com os padr es culturais e lingu sticos valorizados e ensinados pela escola e portanto o ensino do portugu s como um sistema n o era incoerente nem inadequado A partir dos anos 60 por m a democratiza o da escola iniciada na d cada anterior se afirma plenamente e as camadas populares conquistaram seu direito 18 esco
122. do se nessa fase independente dos gestos das crian as Conforme Vigotski 2007 a brincadeira do faz de conta uma das grandes contribuidoras para o desenvolvimento da linguagem escrita que um sistema de simbolismo de segunda ordem No brinquedo e tamb m no desenho o significado aparece de in cio como um simbolismo de primeira ordem Os primeiros desenhos aparecem como resultados de gestos manuais e os gestos constituem a primeira representa o do significado Posteriormente a representa o gr fica come a a designar algum objeto Vigotski 2007 afirma que a conclus o mais relevante desse estudo do desenvolvimento que na atividade do brinquedo a diferen a entre uma crian a de tr s e outra de seis anos de idade n o est na percep o do s mbolo mas sim na maneira como s o utilizadas as diversas formas de representa o Segundo o autor essa uma conclus o muito importante pois indica que a representa o simb lica no brinquedo uma forma particular de linguagem num est gio precoce atividade essa que leva diretamente linguagem escrita De acordo com Buhler apud VIGOTSKI 2007 o desenho come a quando a linguagem falada j alcan ou grande progresso e j se tornou habitual na crian a Posteriormente a fala predomina no geral e modela a maior parte da vida interior submetendo a a suas leis incluindo o desenho Para Vigotski 2007 p 136 o desenho uma linguagem gr fi
123. dois a menina escrevia 1002 mil e dois Tivemos a oportunidade de ver a sequ ncia de numerais de 100 a 200 escrita por Bruna e verificamos que os representou incorretamente exceto o numeral 100 cem 100 1001 101 1002 102 1003 103 10010 110 10011 111 etc Depois de escrev los Bruna leu para a professora que n o identificou o erro por n o saber braille O registro 1001 a menina leu cento e um 1002 leu cento e dois etc 134 Depois de ditar Jaciete escreveu no quadro as palavras para que os alunos corrigissem e pediu que n o apagassem a palavra escrita errada mas que escrevessem ao lado a palavra com a escrita correta Para Bruna a professora solicitou que lesse para ela as palavras que escreveu em braille porque Jaciete n o consegue ler atrav s desse sistema Bruna leu cada palavra escrita acima para a professora pronunciou cada uma corretamente a n o ser a palavra conquistar que pronunciou gongistar conforme seu registro e Jaciete n o percebeu que todas as palavras foram grafadas com erros de ortografia uma vez que n o pediu aluna para soletrar cada palavra escrita Baseada somente na pron ncia sem ter contato com a ortografia produzida por Bruna a professora disse que estava certo exceto a palavra gongistar que a professora esclareceu a pron ncia correta e pediu que a menina escrevesse todas as palavras novamente ao lado do que j havia escrito Jaciete nos inf
124. dos de informa es diretas sobre ortografia gram tica e tantas outras ferramentas que somente a leitura e a escrita diretas podem assegurar Baptista 2000 tamb m acredita que a tend ncia para a menor utiliza o do braille ou seja a falta de leitura direta reflete naturalmente na escrita que deficiente quanto ao braille e desconcertante quanto ortografia O autor afirma ainda que uma escrita perfeita est relacionada quantidade de leituras em braille realizadas pelos n o videntes j que somente atrav s desta poss vel ter contato com a estrutura do texto com a ortografia das palavras e com a pontua o Baptista 2000 acrescenta que quanto mais leitura em braille a pessoa fizer menos trabalho ter para reconhecer os caracteres facilitando o pensamento e as reflex es acerca do que est sendo lido Podemos de fato considerar que a crian a cega estar realizando uma leitura se o acesso escrita acontecer somente por meio da audi o ou seja de forma indireta atrav s de uma leitura passiva O que colocamos em quest o n o a import ncia do computador para as crian as cegas sabemos da import ncia deste para qualquer pessoa com ou sem defici ncia mas a substitui o total da leitura em braille pela leitura em udio Concordamos com Sousa 2001 que preciso compreender os recursos de grava o e digitaliza o de livros como estrat gias complementares para a realiza
125. du o de texto observamos que os alunos videntes iam mostrar para a professora o que haviam escrito e ela sinalizava as palavras grafadas erradas pedindo que as consertassem Na escrita de Sara tamb m apareceram erros de ortografia muto muito felis feliz mas a professora n o sinalizou nenhum deles visto que n o os identificava pelo fato de n o saber ler textos em braille Em cap tulo anterior citamos a import ncia do professor e dos pais da crian a aprenderem o Sistema Braille para que possam auxiliar a crian a no processo de aprendizagem da escrita e tamb m para que esta se sinta valorizada A escrita pontogr fica ainda pouco conhecida na sociedade e se ao menos as pessoas mais pr ximas n o aprenderem o Sistema Braille o aluno cego poder se sentir 120 desmotivado para utiliz lo Al m disso o fato de o professor n o conhecer o braille dificulta a media o durante as aulas principalmente para trabalhar os aspectos da escrita como pontua o ortografia segmenta o lexical etc Abaixo transcrevemos o texto produzido por Sara Vovo muto felis Vovo bonita Vovo inteligente felis bonita inteligente Sara na verdade produziu tr s frases mas n o conseguiu estruturar uma reda o A produ o de frases soltas n o apresentando a estrutura de um texto aconteceu com outros alunos tamb m Um deles por exemplo escreveu uma nica frase contendo mais de cinco adjetivos Acreditam
126. e o da escola a transfer ncia de alguns alunos para o turno da manh uma vez que a turma de Bruna era muito cheia e barulhenta tornando ainda mais dif cil a inclus o da aluna cega A professora considera Bruna uma tima aluna pois j sabe ler e escrever enquanto alguns alunos que enxergam ainda n o se alfabetizaram apenas conseguem copiar o que est escrito no quadro mas n o leem nada nem mesmo o que copiaram A seguir descrevemos a pr tica para ensinar ortografia desenvolvida por Jaciete na classe com a aluna cega inclu da 133 Aula 1 A professora pediu que os alunos pegassem o caderno para fazerem um ditado Solicitou que Bruna colocasse o papel de braille na m quina e escrevesse o cabe alho Jaciete selecionou algumas palavras do hino nacional para ditar para a turma Abaixo segue o ditado de Bruna transcrito pela pesquisadora Nome da escola escrito com erros de ortografia Professora Gasete 31 de masu de 20010 Detado Ditado imagen imagen imagem rizonho rizonho risonho resplandesen resplandesen resplandecem propia propia pr pria dezafia dezafia desafia linpidu linpidu l mpido esperansa esperansa esperan a formozo formozo formoso gomgistar comgistar conquistar grozeiro grozeiro cruzeiro 4 Embora n o seja o foco de nossa pesquisa identificamos que Bruna possu a dificuldade para registrar numerais com tr s algarismos ou mais Por exemplo para registrar 102 cento e
127. e ortografia Para Ferreiro 2007 um equ voco compreender a ortografia a partir da pron ncia das palavras pois h diversas variantes de falas e isso al m de dificultar a aprendizagem serve tamb m como forma de desprezo e marginaliza o dos sujeitos que n o usam a variante considerada como padr o z Ortografia n o gram tica uma conven o social criada para facilitar a comunica o atrav s da escrita preciso ficar claro para os professores que a defini o de uma nica forma autorizada para grafar as palavras ocorreu para permitir a estabilidade das escritas ou seja a ortografia existe para neutralizar sotaques e entona es e dessa forma favorecer a leitura FEREEIRO 2001 Assim os textos escritos em portugu s por exemplo podem circular por todos os pa ses que falam o idioma e cada pessoa poder ler em voz alta sua maneira isto utilizando a sua variante de fala Se n o houvesse a conven o ortogr fica a l ngua escrita apareceria fragmentada dentro de um mesmo pa s pela oralidade de cada regi o e pela forma que cada falante pronuncia as palavras Com o decorrer do tempo as pessoas teriam dificuldade para se entenderem Respondendo pergunta Para que ensinamos ortografia afirmamos portanto que a ortografia deve ser ensinada para que as pessoas possam estabelecer a interativa comunica o por meio da escrita Al m disso por mais que se buscasse retratar a pron ncia das pal
128. e vida e o que se deve fazer ensinar s crian as a linguagem escrita e n o apenas a escrita de letras VIGOTSKI 2007 p 145 As contribui es de Vigotski sugerem que a escrita precisa ocupar um espa o maior na escola assim como ocupa na sociedade e no desenvolvimento social e cultural das pessoas O ensino deve permitir que o aluno use efetivamente a escrita nas diversas situa es em que ela se apresenta na sociedade Para isso a escrita deve ocupar um lugar de destaque na escola favorecendo por parte da crian a a compreens o do seu significado social As considera es de Vigotski acerca do ensino e aprendizagem da linguagem escrita para crian as videntes s o igualmente relevantes para as crian as cegas 55 Como afirmou Vigotski a hist ria da crian a vidente com a linguagem escrita se inicia com surgimento do gesto como um signo visual para a crian a O autor citou a import ncia dos rabiscos e dos jogos para as crian as que enxergam A crian a cega entretanto n o disp e de pistas visuais e por isso desde o nascimento at a etapa escolar se n o houver uma aten o espec fica a crian a poder apresentar atraso em seu desenvolvimento Suas descobertas e constru es mentais ir o depender da forma como ser estimulada e levada a conhecer o mundo que a rodeia BRASIL 2001 A crian a cega precisa de estimula o permanente dentro das possibilidades da faixa et ria em que se en
129. e aceit veis Foram encontrados casos relativos irregularidade da l ngua portuguesa em a ombrada assombrada bem como casos referentes s regularidades contextuais como na nasaliza o seguida de consoante com o uso inadequado das letras m e n por exemplo nas palavras vemsendo vencendo senpre sempre e conprei comprei e como no uso inadequado do r simples em cachorinho cachorrinho moreu morreu e coridas corridas Tamb m foram encontrados erros fonologicamente inaceit veis tais como a ocorr ncia de grafias como comesou come ou asim assim e paresendo parecendo demonstrando um desconhecimento de que a letra s quando est entre vogais representa o som z A ocorr ncia desse tipo de erro nos tr s grupos investigados evidencia a escrita parcialmente alfab tica de alguns aprendizes e portanto suas dificuldades de an lise fonol gica A maioria dos erros de an lise morfol gica demonstrou o uso da an lise fonol gica em detrimento de uma an lise morfol gica das palavras como nos casos de falo falou come comer se ser brinca brincar morav o moravam ouvir o ouviram encotrar o encontraram e viver o viveram Esses exemplos apontam para o desconhecimento acerca das termina es de determinados tempos verbais NICOLAIEWSKY 2008 A segmenta o lexical na escrita marcada essencialmente pelo emprego de espa os em branco entre as palavras Assim segmenta o n o convencional
130. e conhecimento acerca da ortografia e n o simplesmente registrando o modelo correto no quadro para que todos copiassem e a aluna cega ficasse exclu da desse momento da aula 144 Al m disso conforme explicitamos no cap tulo sobre ortografia a posi o que se defende atualmente a de que independente de serem regulares ou irregulares isto definidas por regras ou n o as formas ortogr ficas que mais aparecem na escrita devem ser aprendidas o quanto antes BRASIL 2000 MORAIS 2003 No entanto demonstramos na aula 1 da professora da escola municipal que as palavras selecionadas para o ditado foram do hino nacional e as palavras do hino n o s o frequentemente utilizadas na escrita preciso que se diferencie o que deve ser automatizado o mais cedo poss vel para liberar a aten o do aluno para outros aspectos da escrita e o que pode ser objeto de consulta ao dicion rio BRASIL 2000 p 86 Ou seja al m do ditado tradicional realizado pela professora da escola municipal n o possibilitar a reflex o por parte dos alunos verificamos que as palavras escolhidas por ela para serem ditadas n o s o as mais usualmente utilizadas na escrita A segunda atividade que mais apareceu nas tr s escolas foi o treino ortogr fico exemplos aula 1 escola particular aulas 2 e 3 escola estadual aula 5 escola municipal O livro did tico de portugu s da escola particular apresentava inclusive um Caderno de
131. e Visual criada em 1991 e localizada na cidade S o Paulo firmou um acordo com a Perkins e inaugurou na Am rica Latina a primeira f brica de m quinas de datilografia braille A Laramara buscou firmar esse acordo porque as m quinas chegavam ao Brasil com um valor incompat vel com a realidade dos brasileiros tornando se inacess vel a popula o Diante da import ncia da m quina braille para a vida dos cegos a Laramara come ou a fabric la e em 1999 a primeira m quina de escrever em braille foi entregue e hoje j existem muitas pessoas cegas que foram beneficiadas com essa iniciativa A m quina de datilografia braille constitu da de seis teclas Cada tecla corresponde a um ponto da cela braille Ao centro da m quina encontra se uma tecla para o avan o de espa o Al m destas a m quina possui uma tecla para retrocesso e um dispositivo na lateral para a mudan a de linha O papel preso em um dispositivo da m quina e em seguida enrolado para escrever desde a parte superior da folha Na m quina tamb m poss vel definir as margens do papel 80 Foto 3 M quina braille Fot grafa Amanda Martinez A escrita na m quina permite muitas vantagens em rela o escrita na reglete Na m quina os pontos podem ser pressionados simultaneamente facilitando a rapidez na escrita diferente do que ocorre na reglete onde os pontos precisam ser gravados um a um A m quina perfura o papel de baixo para cima e
132. e e produz enunciados e percebe as diferen as entre uma forma de express o e outra No segundo caso a pessoa sabe analisar a l ngua dominando conceitos e metalinguagens a partir dos quais se fala sobre a l ngua apresentando suas caracter sticas estruturais e de uso GERALDI 2006a Auroux 1998 ao explicar o nascimento das ci ncias da linguagem tamb m discute sobre essa quest o diferenciando o conhecimento lingu stico de saber lingu stico Para o autor conhecer uma l ngua saber fal la e exemplifica que se uma pessoa sabe falar franc s de certa maneira sabe necessariamente o que um 26 nome ou um adjetivo mas isso n o significa que saber explic lo O autor acrescenta que em um estado de aprendizado que ainda n o disponha das palavras nomes e adjetivos ou outros equivalentes poss vel fazer frases francesas utilizando os Desse modo conhecimento e saber lingu stico apresentam dois sentidos muito diferentes Em conhecimento lingu stico o saber inconsciente e n o representado Auroux 1998 utiliza a terminologia representada pelo linguista franc s Culioli 1990 e afirma que nesse caso o sujeito possui um saber epilingu stico saber este que permite uma certa consci ncia lingu stica No entanto s existe ci ncia da linguagem quando existe um saber metalingu stico isto quando se disp e de uma linguagem metalinguagem para representar uma out
133. e na coleta de dados por meio dos instrumentos aplicados e dos referenciais estudados As categorias analisadas foram as metodologias utilizadas pelos professores para ensinarem ortografia exposi o oral treino ortogr fico ditado tradicional e c pia a media o do professor e os aspectos que interferem no processo de aprendizagem da ortografia pelo aluno cego adapta o do material did tico n o conhecimento do Sistema Braille por parte dos professores planejamento das aulas atendimento educacional especializado forma o de professores 5 3 1 Classe regular da escola particular 3 ano do Ensino Fundamental A escola particular frequentada por Sara uma escola de pequeno porte localizada em um bairro popular e atende alunos da Educa o Infantil ao 8 ano do Ensino Fundamental Sara foi a primeira aluna com defici ncia visual a estudar na institui o A escola possui dois pequenos pr dios sendo que um deles possui dois pavimentos Sara cursava o 3 ano do Ensino Fundamental A sala de aula onde estudava a aluna cega localizava se no pavimento superior do segundo pr dio Uma parte da escada por m n o possui corrim o al m dos degraus n o terem os tamanhos 8 Os nomes das professoras e dos alunos aqui citados s o fict cios para preservar a identidade dos participantes 114 padronizados O espa o f sico da sala era bastante apertado possu a 26 cadeiras universit rias duas prateleiras n o
134. e ser relacionado ao fracasso pelo contr rio eles s o indicadores de como a crian a pensa sobre a escrita e revelam suas hip teses ainda n o coincidentes com a escrita convencional Desse modo os erros de ortografia precisam ser considerados como erros construtivos assim como o estudo de Ferreiro e Teberosky 1985 os concebem no processo de aquisi o da escrita alfab tica Al m disso atrav s dos erros os professores podem compreender a natureza das dificuldades enfrentadas pelos alunos no momento de grafar as palavras e a partir da elaborar formas de interven o que enfoquem tais dificuldades Para ensinar ortografia as metodologias frequentemente utilizadas ainda s o a apresenta o e repeti o verbal de regras a realiza o de ditados de treinos ortogr ficos e a solicita o de c pias das palavras escritas erradas Apesar disso os alunos continuam a escrever errado embora muitas vezes repitam corretamente as regras apresentadas pelo professor Essas pr ticas tradicionalmente usadas para ensinar ortografia pecam por n o ajudarem os educandos a refletirem sobre os aspectos ortogr ficos de sua l ngua levando os a assumir uma atitude mec nica e passiva como se para aprender ortografia precisassem repetir as regras e imitar o modelo certo Al m disso essas atividades geralmente s o conduzidas com o intuito de verificar e avaliar se os alunos est o escrevendo corretamente ou n o No entanto a aprendizage
135. e tal modo que uma crian a de sexta s rie passa a pensar que s se escreve sobre essas coisas O autor comenta ainda que muitas vezes a proposta de textos na escola foge totalmente ao sentido de uso da l ngua uma vez que os alunos escrevem para o professor o nico leitor Desse modo a situa o de emprego da l ngua escrita torna se artificial Afinal qual a gra a em escrever um texto que n o ser lido por ningu m ou que ser lido apenas por uma pessoa que por sinal corrigir o texto e dar nota para ele GERALDI 2006b p 65 No caso da aluna Sara o texto de fato s lido por sua m e que a pessoa quem transcreve suas produ es escritas de braille para tinta j que que nem a professora sabe ler o que Sara escreve como bem sinalizou a aluna Professora para que vou escrever se voc n o sabe ler o que eu escrevo Ferreiro 2001 tamb m reflete sobre o fato de a escrita ter sido transformada de objeto social em objeto escolar Segundo a autora essa transforma o da escrita em um objeto de propriedade escolar provocou a perda de algumas das fun es que a justificam como objeto de import ncia social e se tornou um instrumento para passar de ano preciso sermos enf ticos a escrita importante na escola pelo fato de que importante fora da escola n o o contr rio FERREIRO 2001 p 33 grifos nossos Se a professora Rosa tivesse solicitado que a turma escrevesse uma
136. eira n o se vence nessa escola mas se intensifica Em seu livro Psicologia pedag gica Vigotski afirmou que Do ponto de vista psicol gico preciso propor uma poss vel redu o do ensino especial dos cegos para incorpor los a partir da mais tenra idade s escolas comuns m dia e superior O isolamento dos cegos em escolas especiais n o pode dar bons resultados pois com esse tipo de educa o toda aten o dos alunos vai se centrar na cegueira VIGOTSKI 2008 p 260 O cego tem que desenvolver se junto com os videntes por isso necess rio que estudem na escola comum No entanto o autor n o desconsidera alguns aspectos do ensino especial No in cio do s culo XX Vigotski j postulava que certos elementos do ensino e da educa o especial s o necess rios reserv los para a escola especial ou introduzilos na escola comum j que requerem t cnicas 8 Para conquistar uma posi o na vida social a pessoa cega v se for ada a desenvolver todas as suas fun es compensat rias 2A palavra vence a cegueira 50 procedimentos e m todos peculiares O autor acrescenta tamb m que a tarefa n o tanto de educa o dos cegos como de reeduca o dos videntes necess rio mudar a atitude dos videntes acerca da cegueira e do cego Para ele a reeduca o dos videntes constitui uma tarefa social e pedag gica de uma enorme import ncia VIGOTSKI 1997 Desse modo a inclus o da crian a cega na escola regu
137. ele am metas que definam os avan os que esperam promover nos conhecimentos ortogr ficos dos alunos a cada s rie do Ensino Fundamental No que se refere s crian as cegas h ainda uma escassez de pesquisas brasileiras que investiguem a aprendizagem da ortografia pelo Sistema Braille Exce o pouca produ o cient fica na rea poss vel citar os estudos de Nicolaiewsky 2008 46 A pesquisa de Nicolaiewsky 2008 investigou a natureza e a frequ ncia da ocorr ncia de segmenta es lexicais n o convencionais na escrita espont nea em braille examinando o papel da escolaridade nas s ries do Ensino Fundamental sobre as segmenta es n o convencionais de aprendizes cegos analisou as poss veis rela es entre o dom nio da escrita ortogr fica e a segmenta o lexical investigando a ocorr ncia de diferentes tipos de erros ortogr ficos e sua rela o com a ocorr ncia de segmenta es n o convencionais por aprendizes cegos e examinou as poss veis rela es entre diversas habilidades cognitivas e lingu sticas e a ocorr ncia de segmenta es lexicais n o convencionais por alunos cegos Acerca da investiga o da ocorr ncia de diferentes tipos de erros ortogr ficos e sua rela o com a ocorr ncia de segmenta es n o convencionais por aprendizes cegos Nicolaiewsky 2008 verificou que o tipo predominante de erro ortogr fico encontrado nos tr s anos escolares investigados foi o de erros fonologicament
138. elocidade A regularidade em tais casos s se torna evidente atrav s de uma compara o interfam lias A motiva o diacr nica por fim acontece quando s poss vel explicar a ortografia da palavra se recorremos hist ria da l ngua A palavra homem tem h porque a palavra em latim que lhe deu origem tamb m tinha h e nibus n o tem h porque a palavra original tamb m n o tinha Nas palavras de Kato 2000 p 19 A l ngua oral muda e a escrita conservadora o que acarreta um afastamento gradativo entre as duas Quando a motiva o vai deixando de existir o que resulta um misto de rela es motivadas e arbitr rias Morais 2003 aponta dois tipos de ortografia regulares e irregulares No caso das rela es letra som regulares existem tr s tipos regulares diretas regulares contextuais e regulares morfol gico gramaticais As rela es regulares diretas se referem s grafias P B T D Fe V Nas palavras bola ou faca por exemplo n o existe outra letra que possa representar o som de B ou F respectivamente J nas rela es regulares contextuais poss vel identificar qual a grafia correta em fun o do contexto ou seja depender da posi o que a letra que imp e a dificuldade ortogr fica ocupa na palavra e tamb m das letras anteriores e subsequentes a ela A 41 disputa entre a letra R e o d grafo RR um exemplo de regularidade contextual Nos casos de regularidades m
139. ema braille 2004 Monografia Gradua o em Psicologia Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ 2004 Segmenta o lexical na produ o textual infantil em Braille 2008 Disserta o Mestrado Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro 2008 CORREA J Escrita ortogr fica e revis o de texto em Braille uma hist ria de reconstru o de paradigmas sobre o aprender Cadernos CEDES Campinas SP v 28 n 75 p 229 244 2008 OLIVEIRA R F C de Desbrailiza o realidade e perspectivas In AMIRALIAN M L T M Org Defici ncia visual perspectivas na contemporaneidade S o Paulo Vetor 2009 167 ORGANIZACI N NACIONAL DE CIEGOS ESPANOLES Curso b sico de autoaprendizaje del Braille 200 N o paginado Dispon vel em lt www once es gt Acesso em 21 out 2010 PAIM C M C Integra o escolar do aluno com cegueira da inten o a o 2002 Disserta o Mestrado em Educa o Universidade Estadual de Feira de Santana 2002 PIMENTEL S Con Viver Com a s ndrome de down em escola inclusiva media o pedag gica e forma o de conceitos 2009 Tese Doutorado Faculdade de Educa o Universidade Federal da Bahia 2009 PRESTES Z R Quando n o quase a mesma coisa an lise de tradu es de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil repercuss es no campo educacional 2010 Tese Doutorado Faculdade de Educa
140. ente a partir desse momento a estagi ria n o se dirigiu mais ao aluno cego Ap s a ora o perguntou se a turma havia feito a atividade de casa que solicitou o recorte de frases com as palavras sobre e sob retiradas de jornais ou revistas A estagi ria come ou a explicar quando utilizar essas palavras antes de pedir que as crian as lessem os exemplos que trouxeram Depois que ela escreveu os exemplos de frases com sobre e sob e copiou as regras para o uso dessas palavras no quadro pediu que cada um lesse os exemplos que encontraram e em seguida passou uma atividade do livro did tico sobre o uso dessas palavras Desse modo embora a proposta de solicitar a pesquisa em jornais e revistas tenha sido interessante a oportunidade de proporcionar uma reflex o mais aprofundada foi perdida uma vez que a estagi ria informou e registrou as regras para a utiliza o dessas palavras antes de desencadear a reflex o por parte dos alunos Durante toda a aula o aluno cego ficou de cabe a baixa e em nenhum momento as estagi rias pediram a sua aten o 5 3 3 Classe regular da escola municipal 5 ano do Ensino Fundamental A escola municipal frequentada por Bruna considerada de pequeno porte e atende apenas alunos das s ries iniciais do Ensino Fundamental A escola possui 132 somente um pr dio pequeno com dois pavimentos e localiza se no sub rbio de Salvador Segundo as professoras da escola a institui o atende alguns alunos
141. ento proximal Essa cita o demonstra que Vigotski ou as tradu es fala falam de zonas e n veis indistintamente como bem observou D az Rodr guez 2011 em seu artigo Di az Rodr guez 2011 afirma que sua considera o coincide com a defini o utilizada por Gonz lez Rey 1995 que traduziu a defini o de ZDP dada por Vigotski no original russo a diferen a entre o n vel de desenvolvimento real atual e o n vel de desenvolvimento potencial determinado atrav s da solu o de problemas com a orienta o ou a colabora o de adultos ou colegas mais capazes REY 1995 apud DIAZ RODR GUEZ 2011 p 49 Diaz Rodr guez 2011 p 49 ressalta Observe se que nesta vers o o que est determinado atrav s da solu o de problemas com ajuda de outrem a diferen a entre o real atual e o potencial e tal diferen a o proximal Isto o autor acredita que determinado atrav s da solu o est se referindo diferen a entre o n vel de desenvolvimento Cabe nos questionar se determinado atrav s da Entretanto no conceito de ZDP traduzido por Prestes 2010 do russo para o portugu s a autora utilizou o termo n vel do desenvolvimento poss vel da crian a 61 solu o estivesse se referindo diferen a entre o n vel de desenvolvimento O correto portanto n o seria afirmar determinada atrav s da solu o N o temos a pr
142. er contato com uma das mais importantes cria es da humanidade que a escrita Para a pessoa vidente talvez o braille possa ser considerado um c digo mas n o para os cegos que encontram no sistema a possibilidade de ler e escrever Segundo Reily 2004 p 150 77 O cego l o braille Quem decodifica o braille o vidente especialista o professor da sala de recursos por exemplo ou o familiar que verte o texto branco para tinta e vice versa Nesse servi o o transcritor pouco interpreta ou cria pois se trabalha com c digo n o h polissemia nem duplos sentidos O que est escrito igual em braille e em tinta diferentemente das rela es entre portugu s e LIBRAS que n o s o paralelas nem equivalentes Ferreiro e Teberosky 1985 demonstraram de maneira muito clara que o alfabeto um sistema notacional e n o um c digo Sendo o braille a representa o t til do alfabeto para os cegos neste trabalho preferimos n o utilizar a denomina o de c digo para esse sistema 4 3 A ESCRITA E A LEITURA EM BRAILLE A escrita em braille tamb m conhecida como escrita branco pode ser realizada atualmente com a reglete e o pun o ou com a m quina de datilografia braille Inicialmente por m a escrita em braille s era realizada com a reglete pois a m quina braille come ou a ser produzida em 1946 Esses dois importantes instrumentos representam para os cegos o mesmo que a caneta ou l pis re
143. escrita em braille Se um c digo mant m o princ pio b sico da univocidade ou seja para cada som uma nica letra e para cada letra um nico som O braille portanto n o um c digo pois nesse sistema de escrita n o h univocidade isto podemos representar os sons por mais de uma letra bem como uma letra pode representar mais de um som da mesma forma que ocorre na escrita convencional A pesquisadora afirmou tamb m que num c digo h rela es est veis entre um sinal e sua interpreta o N o h sinais amb guos que possam ser interpretados s vezes de uma maneira e s vezes de outra mas no Sistema Braille embora cada letra seja representada por uma determinada combina o de pontos pode ocorrer varia es de um pa s para outro na representa o de alguns sinais Por exemplo no Brasil a letra e com acento agudo representada pelos pontos 1 2 3 4 5 6 na Espanha a representa o dessa mesma letra feita pelos pontos 2 3 4 6 De acordo com Borges 2009 p 60 17 Trecho da palestra de Emilia Ferreiro na 1 Semana de Educa o em outubro de 2006 Dispon vel em lt http Awnww youtube com watch v ImQa0t qVm4 gt Acesso em 4 jun 2011 8 Trecho da palestra de Emilia Ferreiro na 1 Semana de Educa o em outubro de 2006 a Informa o dispon vel no site lt www once es gt 76 Poucos sabem entretanto que o Sistema Braille n o universal o
144. estoavam dessa regra geral A crian a rabiscava tra os n o diferenciados e sem sentido mas ao reproduzir as frases parecia que estava lendo Ao se reportar a determinados rabiscos indicava sem errar o rabisco que representava cada frase Surgia portanto uma nova rela o para tais rabiscos pois pela primeira vez os tra os tornavam se s mbolos mnemot cnicos O est gio mnemot cnico considerado por Vigotski 2007 como o primeiro precursor da futura escrita Gradualmente as crian as transformam esses tra os indiferenciados em pequenas figuras e desenhos e estes por sua vez s o substitu dos pelos signos De acordo Luria 2006 e Vigotski 2007 a introdu o de conte do e forma nas frases quebram pela primeira vez a aus ncia de sentido nas nota es gr ficas Por exemplo ao introduzir a no o de quantidade nas frases a nota o gr fica de uma crian a de quatro ou cinco anos reflete essa quantidade Vigotski salienta que poss vel que a necessidade de registrar quantidades historicamente tenha dado origem escrita Segundo os autores a introdu o das no es de cor e forma tamb m contribuem para que as crian as descubram o princ pio da escrita favorecendo que mudem rapidamente de uma escrita que funciona como gestos indicativos para uma escrita que cont m os rudimentos da representa o 54 A crian a deve compreender a cria o de sinais escritos representativos dos s mbolos falados das pal
145. estudante de pedagogia saber como trabalhar as quest es relativas escrita dito de outro modo al m de incentivar o estudo das teorias os cursos de forma o de professores devem se preocupar tamb m com a dimens o t cnica do ensinar Acerca desse aspecto Morais 2010 p 26 alerta sobre o quanto a did tica geral ainda hoje t o influente no Brasil assumiu a partir dos anos 1980 em muitos centros acad micos uma preocupa o quase exclusiva com a dimens o pol tico ideol gica da educa o escolar desprezando qualquer iniciativa que pudesse remeter a receitas sobre como ensinar que eram sumariamente enquadradas sob a pecha de consequ ncias do tecnicismo O outro aspecto a ser considerado na forma o dos docentes se refere ao preparo para lecionar para a diversidade em sala de aula isto os estudantes de pedagogia precisam ser preparados para lidar com as diferen as devem conhecer ao m ximo as singularidades de cada defici ncia para que possam planejar situa es did ticas que atendam s necessidades de cada um E no que se refere cegueira desfavor vel o fato de ainda n o existir nenhuma pol tica que garanta o ensino do Sistema Braille nos cursos de forma o de professores A inclus o dos alunos com defici ncia e outras necessidades especiais est prevista desde a LDB 9394 1996 e vem ocorrendo com cada vez mais frequ ncia nas escolas das redes p blicas e particulares Dessa
146. etende levar o aluno a dominar a norma culta padr o e ensinar a variedade escrita da l ngua O ensino descritivo objetiva demonstrar como uma determinada l ngua funciona N o pretende alterar as habilidades lingu sticas j adquiridas pelo aluno por m indica como podem ser usadas Essa modalidade de ensino trata de todas as variedades lingu sticas e trabalha com as gram ticas descritivas e normativas Enquanto na gram tica normativa a descri o feita apenas da l ngua padr o a gram tica descritiva trata de todas as variedades da l ngua Travaglia 2008 afirma que com esse tipo de ensino poss vel levar o aluno ao conhecimento da institui o social que a l ngua representa sua estrutura e funcionamento sua forma e fun o e ensinar o aluno a pensar a raciocinar a desenvolver o racioc nio cient fico a capacidade de an lise sistem tica dos atos e fen menos que encontra na natureza e na sociedade O ensino produtivo tem como objetivo o ensino de novas habilidades lingu sticas Sem alterar os padr es adquiridos pelo aluno essa modalidade de ensino pretende auxiliar na amplia o do uso de sua l ngua materna aumentando os recursos que possui para que de modo adequado o aluno tenha a seu dispor as potencialidades de sua l ngua nas situa es em que necessitar delas O ensino produtivo tamb m contempla o desenvolvimento da norma culta e o da variante escrita da l ngua Concordamos com Travaglia 2008 que es
147. etens o de esgotar esse debate contudo n o poder amos deixar de discutir a pol mica em torno das tradu es das obras de Vigotski em raz o de sua atualidade pois al m desses autores que citamos h outros que igualmente questionam tais tradu es Acreditamos que o mais importante por m a ess ncia do conceito de zona de desenvolvimento proximal e sua import ncia para o mbito educacional seja no espa o escolar ou fora dele Concordamos com Pimentel 2009 que no conceito de zona de desenvolvimento proximal Vigotski envolve dois aspectos do desenvolvimento o j alcan ado pelo sujeito que ele denomina de desenvolvimento real DR e o que pode ser alcan ado com assist ncia de outros sujeitos mais capazes o desenvolvimento potencial Desse modo esse conceito vigotskiano une o desenvolvimento psicol gico da crian a ao processo pedag gico de ensino PIMENTEL 2009 p 68 O conceito de zona de desenvolvimento proximal instaurou a no o de que o que a crian a consegue fazer com a ajuda de outras pessoas pode ser muito mais indicativo de seu desenvolvimento mental do que o que consegue fazer sozinha VIGOTSKI 2007 Ensinar seria um processo de cria o de ZDPs atrav s do desenvolvimento de atividades intencionais que tragam para a crian a diferentes exig ncias e desafios Desse modo compreende se que no processo de ensino a ZDP um espa o que necessita ser socialmente constru do Quando essa
148. eto e permanente com a ortografia das palavras e com a estrutura do texto t tulo par grafo verso estrofe etc No entanto no Brasil um dos grandes problemas 85 enfrentados pelas pessoas com defici ncia visual o acesso ao conhecimento por meio da leitura j que existem poucos livros editados em braille devido ao seu alto custo de produ o e armazenagem Al m disso os livros did ticos s o os mais frequentemente impressos no sistema t til pois n o h suficiente capacidade instalada de produ o para o livro n o did tico Diante disso o uso das tecnologias e a pr tica da leitura em voz alta realizada por pessoas que enxergam os chamados ledores s o maneiras de suprir essas dificuldades de acesso informa o e ao conhecimento No que se refere s tecnologias os formatos acess veis pessoa cega s o o livro em udio o livro digital em texto e as linhas ou display braille O livro em udio pode ser gravado em fita magn tica CD DVD ou MP3 e possui baixo custo de produ o Esse formato apresenta como desvantagens o dif cil manuseio localizar uma p gina n o f cil ainda que a pessoa que tenha gravado o livro sinalize a numera o de todas elas algumas pessoas cegas afirmam que o livro sonoro pode causar um maior ndice de desconcentra o em compara o a outros tipos de leitura e a principal desvantagem a falta de acesso ortografia das palavras e estrutura do texto O livro dig
149. fica em via de efetiva o imediata o uso desse termo pode se tornar inapropriado j que a pr pria autora afirma em sua tese que a zona de desenvolvimento iminente tem como caracter stica essencial as possibilidades de desenvolvimento mais do que o imediatismo ou a obrigatoriedade 60 x da ocorr ncia Enfim as duas palavras se referem proximidade por isso a sugest o de Prestes 2010 quanto mudan a do termo proximal para iminente parece n o alterar o significado do que j atribu mos ao conceito de ZDP Prestes 2010 afirma tamb m que Vigotski n o se referiu ao n vel potencial De fato na tradu o para o portugu s do cap tulo Intera o entre aprendizado e desenvolvimento da obra A forma o social da mente onde o autor apresentou conceito de zona de desenvolvimento proximal identificamos apenas um momento em que o te rico citou o termo n vel de desenvolvimento potencial que foi na defini o de ZDP VIGOTSKI 2007 p 97 No decorrer do cap tulo observamos que Vigotski n o citou mais o termo n vel potencial ou n vel de desenvolvimento potencial mas se referiu diversas vezes ao n vel de desenvolvimento real e zona de desenvolvimento proximal Vigotski 2007 p 98 afirmou ainda que o estado de desenvolvimento mental de uma crian a s pode ser determinado se forem revelados os seus dois n veis o n vel de desenvolvimento real e a zona de desenvolvim
150. gar mas em sua pr pria trama na constitui o de um s tecido indissoluvelmente tecnossocial AUROUX 1998 A partir das considera es feitas por Auroux 1998 podemos relacion las com o uso do computador pelas pessoas cegas O leitor de tela um programa que interpreta os conte dos do c digo por tr s da tela e os apresenta por meio de um sintetizador de voz ou display braille Isto os leitores de tela n o possuem som ou n o s o em braille Na verdade eles somente carregam em uma rea tempor ria sua interpreta o do c digo e fica a 104 cargo dos sintetizadores de voz ou dos displays linhas braille que essa interpreta o se torne aud vel ou t til Os sintetizadores de voz identificam a pontua o por meio de pausas mas em alguns deles o sil ncio na voz quase impercept vel O ponto final tem um tempo maior de sil ncio at a leitura da pr xima palavra O tempo de sil ncio para a v rgula menor e tempos ainda mais fracionados para dois pontos e ponto e v rgula A exclama o a interroga o e a retic ncias possuem sonoridades semelhantes ao que representam Os primeiros sintetizadores de voz apresentavam uma fala artificial demasiado mec nica Entretanto com a tecnologia avan ada nesse aspecto j existem sintetizadores que reproduzem uma voz humana Desse modo os cegos devem ter igualmente o cuidado com a escrita realizada por meio do computador porque textos com
151. gias de ensino desenvolvidas pelas professoras n o ajudaram os alunos cegos e videntes a refletirem sobre os princ pios gerativos que nos permitem decidir em muitos casos quando utilizar uma letra e n o a outra As crian as cegas por n o terem seus livros e outros materiais transcritos para o Sistema Braille ficaram em uma situa o de desvantagem em rela o aos seus colegas videntes que embora tamb m tenham sido prejudicados pelas metodologias que n o favoreceram uma aprendizagem competente sobre as regras ortogr ficas ao menos tinham o contato direto com a grafia das palavras Pesquisas e estudos recentes CAGLIARI 2009 MORAIS 2003 2008 SMITH 1999 afirmaram ser importante a exposi o das crian as escrita para a aprendizagem da ortografia das palavras principalmente em casos que n o possuem regra expl cita para determin la 5 5 A MEDIA O DAS PROFESSORAS Acreditamos que o conceito de media o importante para qualquer situa o de aprendizagem inclusive para auxiliar uma pessoa na aprendizagem da ortografia Tal conceito relevante sobretudo para a pr tica pedag gica em classes com crian as com defici ncia Entretanto consideramos que as professoras n o estabeleceram uma media o adequada com seus alunos cegos e tamb m videntes Tr s aspectos podem ser citados a respeito dessa categoria a media o direta professor aluno a media o que acontece a partir da intera o com os pares
152. grafia em classes com crian as cegas inclu das O objetivo geral da pesquisa foi identificar como o professor ensina os conte dos de ortografia para crian as cegas em classes regulares Para alcan lo estabelecemos tr s objetivos espec ficos Y Descrever e analisar as metodologias utilizadas pelo professor para ensinar ortografia em classes com crian as cegas inclu das Y Descrever a media o realizada pelo professor nas aulas de ortografia v Discutir os aspectos que interferem no processo de aprendizagem da ortografia pelo aluno cego 2 Discutimos sobre essas maneiras de leitura no cap tulo 4 14 Para alcan ar os objetivos propostos realizamos um Estudo de Caso de natureza qualitativa em tr s classes das s ries iniciais do Ensino Fundamental com crian as cegas inclu das Para a coleta de dados fizemos dez observa es em cada classe e posteriormente entrevistamos as professoras regentes de cada uma delas O referencial te rico que embasa a an lise sobre o ensino de ortografia teve respaldo principalmente em autores como Cagliari 1997 2009 Kato 2000 Ferreiro 2001 Morais 2003 2008 Geraldi 2006a 2006b Nicolaiewsky 2008 al m dos documentos oficiais como os Par metros curriculares nacionais para a l ngua portuguesa publicado pela Secretaria de Educa o Fundamental do Minist rio da Educa o BRASIL 2000 Para discutir os aspectos relacionados ao Sistema Braille e cegueir
153. gram tica e ortografia parte para treinar as quest es ortogr ficas Morais 2003 chamou a aten o para um ponto que passa despercebido quando se utiliza esse tipo de material o trabalho cognitivo proposto ao aluno nessas atividades de treino ortogr fico muito pobre pois o aluno solicitado a preencher lacunas com alternativas que j lhe foram dadas Al m disso em algumas situa es o aluno pode responder corretamente sem ter que pensar sobre a escrita porque algumas estrat gias supostamente atrativas ou motivadoras permitem que a crian a responda ao exerc cio sem ler as palavras em quest o o caso do exemplo abaixo citado por Morais 2003 145 II Copie as palavras nos quadros abaixo Observe bem o formato careca socorro burro riacho cadeira carro a marido ratoeira r gua garrote Rita pirulito rabada cigarro parede Fonte Morais 2008 p 55 Para o autor quando o aluno consegue avan ar apesar do investimento excessivo do professor em atividades onde n o se discutem os porqu s das respostas dadas porque a crian a pensou por conta pr pria fazendo sozinha a reflex o de seus saberes sobre a ortografia Nas atividades de exposi o oral que foram bastante reduzidas os alunos receberam do professor as regras prontas que foram repetidas diversas vezes sem a realiza o de uma reflex o
154. gumas salas na escola que n o estavam sendo utilizadas mas sua solicita o n o foi atendida A sala de recursos possu a duas m quinas de datilografia braille utilizada pelas professoras para transcreverem os materiais para braille regletes inclusive algumas eram emprestadas aos alunos e dois sorob s A sala n o tinha computador impressora comum tampouco impressora braille Desse modo as duas professoras da sala de recursos tinham que adaptar todos os materiais manualmente de dezenove alunos Alan cursava o 4 ano do Ensino Fundamental A sala de aula era ampla e possu a trinta carteiras mesa e cadeira dois arm rios mesa e cadeira da professora um quadro uma televis o e dois ventiladores Elisa a professora da turma de Alan formou se apenas no magist rio conclu do em 1982 e lecionava h 28 anos Antes de Alan teve experi ncia com tr s alunos com defici ncia visual um tinha baixa vis o e dois eram cegos A primeira experi ncia com a defici ncia foi h dez anos Essa escola possui um v nculo com uma universidade estadual e com uma escola de Ensino M dio Desse modo as professoras da institui o onde Alan estudava recebiam estagi rios de pedagogia e do magist rio todos os anos A turma de Alan recebeu tr s estagi rios sendo um estudante do magist rio e duas estudantes de Pedagogia Elisa orientava os estagi rios nas aulas dadas por eles assim como informava o conte do para que fizessem o planejame
155. h 1999 p 150 acrescenta que as crian as que escrevem de ouvido s o as piores em ortografia importante que os professores saibam que no desenvolvimento individual acontece algo semelhante ao ocorrido na hist ria da humanidade isto os sistemas de escrita alfab tica surgiram antes das normas ortogr ficas Dada a natureza da conven o social o conhecimento ortogr fico algo que a crian a n o pode descobrir sozinha sem ajuda MORAIS 2003 p 20 A crian a domina a base alfab tica aos poucos num processo gradativo descrito pelas pesquisas da psicog nese da escrita FERREIRO TEBEROSKY 1985 Quando os alunos come arem a escrever seus textos e demonstrarem conhecimento da escrita alfab tica inevitavelmente aparecer o os erros de ortografia A partir desse momento ou seja depois que o educando alcan ou o n vel alfab tico o professor poder iniciar a explica o sobre o que a ortografia como funciona e quais os seus usos CAGLIARI 2009 porque o aluno j conhece as regras do sistema alfab tico e n o estar transgredindo as regras que regem o seu funcionamento a transgress o nesse caso da norma ortogr fica porque o aluno ainda n o a conhece MORAIS 2003 2008 Em nossa pesquisa entendemos erro como a aus ncia de conhecimento da norma A palavra erro n o se remete a equ voco e desacerto mas sim ideia de 38 priva o car ncia ou aus ncia O erro n o dev
156. huma realiza o fon tica das variedades lingu sticas do portugu s brasileiro O uso dos recursos tecnol gicos portanto n o garantem que a pessoa cega escrever sem erros de ortografia No primeiro cap tulo desse trabalho verificamos a import ncia da realiza o frequente de leituras e do contato com materiais impressos como auxiliares para que as pessoas videntes memorizem a escrita de palavras com ortografias irregulares Portanto apesar de todo o avan o tecnol gico e o aux lio dos recursos inform ticos para a leitura e a escrita acreditamos que o 38 Os sintetizadores de voz aos quais nos referimos produziam a fala de uma pessoa da cidade de S o Paulo 3 Em nossa experi ncia enquanto professora de um jovem cego de 14 anos que possui ampla experi ncia com a linguagem oral e com a escrita em braille verificamos que facilmente identificou o erro na pron ncia dessas palavras Entretanto tais erros poder o confundir uma crian a que estiver em processo de alfabetiza o 107 z Sistema Braille ainda o melhor meio para as pessoas cegas acessarem diretamente a ortografia das palavras principalmente para as crian as preciso garantir que realizem com autonomia e independ ncia a autocorre o de seus textos para que n o se tornem ref ns das m quinas at porque em algumas situa es como provas concursos etc o uso de corretores ortogr ficos n o permitido A frequente leitura em braille e
157. iferenciada pois situa a linguagem como lugar de constitui o de rela es sociais onde os falantes se tornam sujeitos A l ngua s tem exist ncia no jogo que se joga na sociedade ou seja na interlocu o Geraldi 2006a p 42 exemplifica Dado que algu m Pedro dirija a outro Jos uma pergunta como Voc foi ao cinema ontem tal fala de Pedro modifica suas rela es com Jos estabelecendo um jogo de compromissos Para Jos s h duas possibilidades responder sim ou n o ou p r em quest o o direito de Pedro em lhe dirigir tal pergunta fazendo de conta que n o ouviu ou respondendo o que voc tem a ver com isso No primeiro caso dir amos que Jos aceitou o jogo proposto por Pedro No 20 segundo caso Jos n o aceitou o jogo e p s em quest o o pr prio direito de jogar assumido por Pedro Para estudar a l ngua preciso identificar os compromissos criados atrav s da fala e as condi es para que um falante possa falar de determinada maneira em uma situa o de intera o Na concep o da linguagem como forma de intera o j n o suficiente realizar uma tipologia de frases afirmativas interrogativas imperativas optativas da maneira como prop e os manuais did ticos ou as gram ticas escolares pois essa perspectiva torna relevante o estudo das rela es que se constituem os sujeitos no momento em que falam As interfer ncias trazidas pelos avan os cient ficos nas re
158. inda que nunca tenham sido lidas ou escritas pela crian a Morais 2003 prop e atividades coletivas para desencadear a reflex o ortogr fica algumas delas tendo textos como suporte ditado interativo releitura com focaliza o e reescrita com transgress o O ditado interativo um novo tipo de ditado diferente do tradicional onde busca se ensinar ortografia refletindo sobre o que se est escrevendo Para isso utilizado um texto j conhecido pelos alunos Durante o ditado s o feitas diversas pausas nas quais os alunos s o convidados a focalizar e discutir certas quest es ortogr ficas previamente selecionadas ou levantadas durante a atividade conforme a solicita o dos alunos Na releitura com focaliza o feito um encaminhamento parecido com o ditado interativo realizada coletivamente a leitura de um texto j conhecido e s o feitas interrup es para debater sobre certas palavras lan ando quest es sobre sua grafia Na terceira proposta reescrita com transgress o ou corre o os alunos s o convidados a reescrever um texto para corrigi lo ou para errar de prop sito e posteriormente os alunos explicitar o o 45 porqu que consideram erradas a escrita das palavras que transgrediram O autor ressalta que n o est incentivando o erro a inten o discutir com os alunos os acertos ou erros que produzem descobrem At porque como demonstrou o autor em sua pesquisa para escrever errado de prop
159. inguagem como processo de intera o humana Partindo dessa perspectiva o ensino de leitura e escrita visto como processo de intera o autor leitor texto Nesse sentido importante considerar o contexto as condi es sociais e hist ricas de utiliza o da l ngua De um modo geral observamos o uso de frases descontextualizadas em detrimento do uso de textos al m de palavras pouco frequentes no vocabul rio das crian as ou at mesmo palavras que est o em desuso atualmente A seguir analisaremos os dados a partir das categorias descritas anteriormente 5 4 METODOLOGIAS PARA ENSINAR ORTOGRAFIA Diferente do que tem sugerido os estudos mais recentes verificamos que as principais metodologias utilizadas para o ensino de ortografia s o o ditado tradicional o treino ortogr fico e a c pia Breves exposi es orais eventualmente tamb m foram realizadas para trabalharem algumas quest es ortogr ficas Na entrevista questionamos as professoras se o fato de o aluno cego estar na classe regular ocasionou alguma altera o na sua pr tica pedag gica pra ensinar conte dos de ortografia As professoras afirmaram que N o n o N o criou muito problema n o primeiro porque ela interessada tamb m n E ela j veio alfabetizada foi o que me facilitou Ela j veio alfabetizada ent o facilitou todo o meu trabalho al m dela ser uma crian a interessada Tem dia que ela est mais pregui osinha sem querer fazer
160. inguisticamente v lidas desconhecer que a come ar do n vel mais elementar de rela es com o poder a linguagem constitui o arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder GNERRE 1978 apud GERALDI 2006a p 44 29 De acordo com Soares 1983 apud GERALDI 2006a h dois posicionamentos De um lado alguns consideram que a escola deve respeitar e preservar a variedade lingu stica das classes populares t o v lida e eficiente para a comunica o quanto a variedade lingu stica privilegiada socialmente H tamb m os que afirmam que as classes populares devem aprender a utilizar a variedade lingu stica considerada padr o e manter com a linguagem a rela o que as classes dominantes com ela mant m pois a posse dessa variedade lingu stica e dessa forma espec fica de rela o com a linguagem s o instrumentos fundamentais e indispens veis na luta pela supera o das desigualdades Retomando a reflex o de Gnerre 1978 citada anteriormente sendo a linguagem um dos caminhos para romper o bloqueio de acesso ao poder consideramos que o segundo posicionamento diante das variedades lingu sticas deve ser adotado pelo professor de l ngua portuguesa As atividades devem possibilitar aos alunos o dom nio do dialeto padr o sem depreciar a forma de falar predominante em seu grupo social O ensino de l ngua materna precisa comprometer se com a forma o plena do cidad o e contra toda forma de exclu
161. ional portanto impede a utiliza o de uma poss vel mem ria visual A partir desses estudos foi estabelecida como par metro a idade de cinco anos para se considerar a cegueira como cong nita ou adquirida para fins educacionais AMIRALIAN 1997 Amiralian 1997 alerta que esses dados devem ser considerados para a reflex o acerca do desenvolvimento e aprendizagem das crian as cegas no entanto preciso lembrar que uma crian a que nasce cega difere daquela que perde a vis o aos quatro ou at mesmo aos dois anos pois ainda que n o possam usar a mem ria visual todas as rela es objetais ocorreram por meio da vis o e principalmente o v nculo da m e com o beb 4 1 BREVE HIST RICO SOBRE A CEGUEIRA E O SISTEMA BRAILLE Por um longo per odo da hist ria as pessoas com defici ncia viveram um processo de desvaloriza o e exclus o social Na antiguidade o que ocorria com quem se afastava dos padr es desejados era a intoler ncia o abandono e a elimina o Nas sociedades primitivas pensava se que os cegos eram possu dos por esp ritos malignos As marcas corporais eram vistas como a evid ncia dos maus esp ritos Por isso acreditavam que se relacionar com essas pessoas significava 66 manter uma rela o com os maus esp ritos e dessa forma o cego era convertido em objeto de temor religioso Os primitivos tamb m achavam que a cegueira era um castigo aplicado pelos deuses Acreditava se portanto
162. ita para a esquerda A leitura feita do lado oposto do papel da esquerda para a direita Por isso para escrever com a reglete deve se inverter a ordem dos pontos da cela braille ou seja 4 l 5 2 6 3 O relevo baixo feito ao furar o papel com o pun o torna se relevo alto localizado no lugar correto quando o papel for virado para a realiza o da leitura Portanto com a reglete n o poss vel ler ao mesmo tempo o que foi escrito como ocorre quando os videntes escrevem tinta ou quando o cego escreve na m quina de braille 19 Para a escrita m o os pontos devem ser gravados ordenadamente j que a marca o n o ocorre simultaneamente como na m quina de braille A letra r por exemplo deve ser gravada no papel seguindo a ordem dos pontos 1 2 3 5 Todos os pontos devem ter relevo id ntico Para isso preciso adquirir grande precis o mec nica de forma que a press o exercida pelo pun o seja sempre a mesma em cada ponto CORBACHO PINERO OLIVA QUERO RODR GUEZ D AZ 2008 p 237 A m quina de datilografia braille permite uma escrita mais r pida e mais pr tica O primeiro modelo da atual m quina braille foi criado em 1939 nos Estados Unidos pelo professor David Abraham Somente em 1946 come ou a produ o oficial SIAULYS 1999 p 18 A m quina braille tem como fabricante principal a Perkins School for the Blind A Laramara Associa o Brasileira de Assist ncia ao Deficient
163. ital consiste na c pia do conte do de qualquer livro para um arquivo de computador que possibilite o reconhecimento por algum editor de texto A leitura realizada atrav s de leitores de tela que por meio de s ntese de voz leem o conte do do arquivo que se apresenta em formato de texto isto o sintetizador de voz n o l imagens mapas e gr ficos Diferente do braille esse formato n o permite que a pessoa cega tenha o contato direto e permanente com a ortografia das palavras mas possui a propriedade de soletr las Para isso a leitura interrompida para que o computador soletre as palavras Como desvantagem o livro digital exige sistema de criptografia para a garantia de respeito aos direitos autorais e pressup e um contrato entre editoras e livrarias j que essa ltima se torna uma deposit ria fiel do arquivo com o texto do livro para que seja vendido na forma da autoriza o concedida Borges 2009 p 241 cita o argumento dos editores segundo o diretor de uma livraria que afirmou 86 fundamental encontrar um sistema de DRM que realmente funcione antes que nosso acervo seja disponibilizado comercialmente para os cegos na Internet Sem essa tecnologia essa disponibiliza o uma porta aberta para a dissemina o milhares de vezes mais r pida do que a xerox fonte de enorme preju zo para n s editores Diante dessa dificuldade dificilmente esse formato de livro vendido no Brasil Uma solu
164. l gt Acesso em 26 jul 2007 BORGES J A dos S Do Braille ao Dosvox diferen as nas vidas dos cegos brasileiros 2009 Tese Doutorado Programa de P s Gradua o em Engenharia de Sistemas e Computa o COPPE Universidade Federal do Rio de Janeiro 2009 BOTELHO A R FARIAS R Consci ncia fonol gica e Sistema Braille reflex es sobre o tratamento da ortografia In DIAZ F BORDAS M GALVAO N MIRANDA T G Educa o Inclusiva defici ncia e contexto social quest es contempor neas Salvador EDUFBA 2009 BRASIL Lei n 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educa o nacional Dispon vel em lt http portal mec gov br seed arquivos pdf tvescola leis lein9394 pdf gt Acesso em 9 jun 2011 BRASIL Secretaria de Educa o Especial Nota t cnica SEESP GAB N 11 2010 Bras lia DF 2010 BRASIL Secretaria de Educa o Fundamental Educa o infantil estrat gias e orienta es pedag gicas para a educa o de crian as com necessidades especiais dificuldades de comunica o e sinaliza o defici ncia visual Bras lia DF 2002 Par metros curriculares nacionais l ngua portuguesa 2 ed Bras lia DF Secretaria de Educa o Fundamental Rio de Janeiro DP amp A 2000 v 2 Programa de capacita o de recursos humanos do ensino fundamental defici ncia visual Bras lia DF 2001 v 1 fasc culos 1 3 CAGLIARI L C Alfabetiza o
165. lar de grande import ncia As intera es com adultos e crian as videntes auxiliar o a crian a cega a criar os caminhos para a compensa o da sua defici ncia e dessa forma contribuir o para que desenvolva suas potencialidades 3 1 LINGUAGEM ESCRITA A aprendizagem da escrita j foi considerada simplesmente como uma complicada habilidade motora dando pouca aten o linguagem escrita como um sistema particular de s mbolos e signos cujo dom nio prenuncia um ponto cr tico em todo o desenvolvimento cultural da crian a Nas palavras de Vigotski 2007 p 126 a linguagem escrita constitu da por um sistema de signos que designam sons e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez s o signos das rela es e entidades reais Gradualmente esse elo intermedi rio a linguagem falada desaparece e a linguagem escrita converte se num sistema de signos que simboliza diretamente as entidades reais e as rela es entre elas Parece claro que o dom nio de um tal sistema complexo de signos n o pode ser alcan ado de maneira puramente mec nica e externa ao inv s disso esse dom nio o culminar na crian a de um longo processo de desenvolvimento de fun es comportamentais complexas A nica forma de nos aproximar de uma solu o correta para a psicologia da escrita atrav s da compreens o de toda a hist ria do desenvolvimento dos signos na crian a Para Vigotski 2007 a linha do desenvolviment
166. lariza o alterando a clientela da escola principalmente da escola p blica Ou seja as salas de aula come aram a receber alunos das camadas populares trazendo para o espa o escolar padr es culturais e variantes lingu sticas diferentes daquelas que estavam habituadas a conviver As condi es culturais e lingu sticas para o ensino do portugu s tornaram se outras Al m disso nos anos 60 o regime militar autorit rio implantado no Brasil buscava desenvolver o capitalismo por meio da expans o industrial e foi atribu do escola o papel de fornecer recursos humanos para tornar poss vel tal expans o A qualifica o para o trabalho foi introduzida no 1 e 2 graus atualmente denominados como Ensino Fundamental e M dio e com isso os conte dos curriculares receberam um car ter instrumental alterando seus objetivos inclusive o ensino de l ngua materna que obteve nova denomina o no antigo 1 grau Portugu s ou L ngua Portuguesa foi chamada de Comunica o e Express o nas quatro primeiras s ries e Comunica o em L ngua Portuguesa nas quatro ltimas s ries desse mesmo grau O nome da disciplina L ngua Portuguesa se manteve no 2 grau e foi acrescentado o termo Literatura Brasileira L ngua Portuguesa e Literatura Brasileira Soares 1998 p 57 alerta que A lei que criou o novo sistema de ensino Lei n 5692 71 estabelecia que l ngua nacional se deveria dar especial relevo como instru
167. las professoras com seus alunos cegos devido ao fato principalmente de n o lerem pelo Sistema Braille As professoras pareciam desconhecer a real import ncia da aprendizagem da ortografia para a inclus o social das pessoas com ou sem defici ncia e a relev ncia do papel do professor como mediador desse processo Certamente tal situa o reflexo da fr gil forma o inicial e continuada das professoras Verificamos um processo de desbrailliza o ocorrendo nas escolas pesquisadas mas n o pelo uso das tecnologias em detrimento do braille pois as crian as que estudavam nas escolas participantes deste estudo n o tinham condi es financeiras para adquirirem um computador de uso pessoal e essa ferramenta tampouco estava presente nas institui es Consideramos que tais crian as est o sendo v timas de uma desbrailliza o involunt ria j que gostariam de obter os livros e outros materiais transcritos para braille por m esses n o estavam dispon veis para que fossem verdadeiramente inclu das nas situa es de Isso pode ser relido na folha 119 159 ensino Acreditamos que incentivar a frequente leitura em braille favorece que a crian a cega apreenda a ortografia das palavras e inclusive possibilita que compense na concep o vigotskiana a impossibilidade de contato incidental com a escrita como ocorre com as crian as videntes O estudo de caso n o tem como objetivo generalizar os resultados
168. lunos videntes porque com as crian as cegas n o identificamos nem mesmo um trabalho de verifica o e avalia o de suas escritas Verificamos que o trabalho sistem tico com a ortografia aconteceu apenas na classe da escola particular Rosa a nica professora participante da pesquisa a fazer planos de aula permitiu que consult ssemos o seu planejamento Vimos que toda sexta feira realizava ditados de palavras ou de textos com a turma mas a professora n o autoriza o a observa es nesse dia da semana para que 52 O planejamento das aulas ser discutido na categoria de an lise espec fica sobre o tema 141 pud ssemos saber como conduz os ditados Na entrevista perguntamos para essa professora que tipo de atividades ela usa para ensinar ortografia Deixa eu lembrar Agora assim Ai N o t N o consigo lembrar nenhuma Voc me pegou num dia assim n Agora a gente est trabalhando outros assuntos n o est trabalhando ortografia foi mais para o meado do ano Rosa professora de Sara Possivelmente ela n o quis contar que utilizava os ditados j que seria dif cil n o se lembrar uma vez que eram realizados todas as semanas conforme vimos em seu planejamento L dke e Andr 1986 p 48 alertam que um ponto importante a considera o tanto do conte do manifesto quanto do conte do latente do material E preciso que a an lise n o se restrinja ao que est expl cito no material
169. m 4 ed S o Paulo Martins Fontes 1997 Unidades b sicas do ensino de portugu s In O texto na sala de aula 4 ed S o Paulo tica 2006b GIL A C Estudo de caso S o Paulo Atlas 2009 GRUPO BRASIL Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao M ltiplo Deficiente Sensorial 200 Dispon vel em lt http www grupobrasil org br gt Acesso em 22 set 2007 GUTI RREZ RODR GUEZ M TORO BUENO S DELGADO COBO A Personalidade e auto imagem do cego In BUENO MARTIN M B TORO BUENO S Coord Defici ncia visual aspectos psicoevolutivos e educativos S o Paulo Santos 2008 HORTON J K Educa o de alunos deficientes visuais em escolas regulares Tradu o de Jorge Casimiro 1988 Dispon vel em lt http deficienciavisual com sapo pt txt educacaoescolasregulares htm gt Acesso em 14 jun 2006 KATO M A No mundo da escrita uma perspectiva psicolingu stica 7 ed S o Paulo tica 2000 LAJOLO M Livro did tico e l ngua portuguesa parceria antiga e mal resolvida In Do mundo da leitura para a leitura do mundo 6 ed S o Paulo tica 2008 Livro did tico um quase manual de usu rio Em Aberto Bras lia DF ano 16 n 69 p 3 9 jan mar 1996 LEAL T F RAOZZI A A crian a pensa e aprende ortografia In MORAIS A G Org O aprendizado da ortografia 2 ed Belo Horizonte Aut ntica 2000 166 LENDO vozes Dire o Luciene Maria da Silva Salvador
170. m ocorre atrav s de uma constru o individual e a interven o pedag gica tem muito para contribuir nesse processo BRASIL 2000 MORAIS 2003 Al m desse posicionamento de que a aprendizagem da ortografia se d por meio de memoriza o e treino h tamb m professores que concebem que tal aprendizagem ocorra unicamente atrav s da intera o com o material escrito e com a leitura sem a necessidade de ensino sistem tica do conte do Para esses educadores ensinar ortografia sinal de conservadorismo Estudos recentes LEAL ROAZZI 2000 MORAIS 2003 2008 REGO BUARQUE 2000 apontam que o ensino e a aprendizagem da ortografia devem Em castelhano por exemplo as palavras falta e erro s o usadas com frequ ncia para se referir s transgress es ortogr ficas Alguns autores consideram que mais adequado o uso do termo falta de ortografia porque falta se remete mais a ideia de aus ncia priva o e car ncia MORAIS 2008 39 ocorrer por meio de um processo que se desenvolve atrav s de atividades que possibilitem a formula o e a explicita o de hip teses das crian as propiciando a constru o de conhecimento acerca do objeto estudado O ensino de ortografia deve acontecer de forma sistem tica ancorando se em teorias que enfoquem a constru o do conhecimento por meio da intera o do indiv duo com o objeto de sua aprendizagem preciso portanto investir no ensino de ortografia atrav s de
171. mais aprofundada Morais 2003 sinaliza e n s tamb m observamos que embora os alunos reproduzissem tais regras em voz alta isso n o garantiu real compreens o uma vez que as crian as continuaram sentindo d vidas ou escolheram a op o errada por exemplo nas atividades que solicitavam o preenchimento das lacunas com m ou n r ou rr No caso do uso de m ou n al m da regra contextual geralmente explicada pelos professores m s se escreve antes p e b interessante cnamar a aten o dos alunos para observarem a motiva o fon tica que leva as palavras campo e tamb m a serem escritas com m e n o com n De acordo com Kato 2000 a escolha de n para a palavra canto e de m para campo se deve ao fato de n e t serem linguoalveolares e m e p serem bilabiais A ortografia em casos como esses representa a qualidade da nasaliza o que precede consoantes de tra os semelhantes mas n o s o distintivas e sim determinadas pelo contexto Por isso 146 ainda que um estrangeiro pronuncie a nasal de campo de forma n o bilabial o significado da palavra n o ser alterado por n o ser um tra o distintivo como em cama e cana Os alunos podem ser convidados a falar essas palavras para perceberem o uso dos l bios ao falarem palavras com m antes de p e b Cagliari 2009 escreve sobre a import ncia de permitir que os alunos pronunciem as palavras em voz alta nas aulas de ditado para observarem aspectos como esse As metodolo
172. mas ela ajuda Rosa professora de Sara N o Eu n o tenho uma programa o pra Alan O pessoal da sala de recursos que vai saber te responder melhor Eu realmente n o me programo pra Alan Elisa professora de Alan As metodologias s o as mesmas e trabalho oralmente Com ela eu n o trabalho porque eu n o entendo realmente s oralmente Jaciete professora de Bruna 139 A fala da professora Rosa responsabiliza a pregui a da aluna em alguns momentos por n o querer fazer a atividade Entretanto conforme relato anterior sobre a aula de produ o de texto foi poss vel perceber que a crian a se sentia desestimulada para escrever j que a professora n o sabia ler suas produ es escritas De fato nas observa es das aulas de Elisa vimos que a professora n o planejava para atender s necessidades do aluno cego Na entrevista Elisa responsabilizou o comportamento de Alan que era diferente em rela o ao comportamento das crian as com defici ncia visual que j atendeu Segundo a professora os outros alunos eram mais interessados n o ficavam de cabe a baixa durante a aula e utilizavam reglete para escrever considerada pela professora mais positiva que o uso da m quina de braille Al m disso afirmou que n o sabe como trabalhar com o aluno cego que n o foi oferecida nenhuma forma o para atend lo que os encontros que ocorrem na institui o especializada n o contribu ram para a sua p
173. mento de comunica o e como express o da cultura brasileira As novas condi es sociopol ticas trouxeram uma nova concep o de linguagem para o ensino de l ngua portuguesa A linguagem passou a ser concebida como instrumento de comunica o Os objetivos para o ensino da l ngua det m se no instrumental s o pragm ticos e utilit rios Trata se da necessidade de desenvolver e aperfei oar os comportamentos dos alunos como emissores codificadores e como receptores decodificadores de mensagens para a utiliza o e compreens o dos diversos c digos verbais e n o verbais Ou seja essa concep o de linguagem n o pretende levar o aluno ao conhecimento do sistema lingu stico ao saber a respeito da l ngua mas pretende desenvolver habilidades de express o e compreens o de mensagens ao uso da l ngua A principal fun o da linguagem era a transmiss o de informa es Enfim a concep o de linguagem como 3 De acordo com Geraldi 2006a a concep o de que a linguagem instrumento de comunica o est relacionada teoria da comunica o e compreende a l ngua como um c digo capaz de transmitir ao receptor certa mensagem 19 instrumento de comunica o relega em segundo plano a aprendizagem da estrutura e funcionamento da l ngua como sistema e d nfase a aprendizagem dos elementos do processo de comunica o Soares 1998 aponta que a concep o de linguagem como instrumento de
174. methodologies used by teachers to teach orthography in classrooms which include blind children to describe teachers mediation in orthography classes to discuss aspects which influence orthographic learning process by blind student Qualitative case study was carried out in this research In order to collect data observations were made in three regular elementary classes of Salvador county After that those teachers were interviewed While observing we identified that predominant teaching methodologies were orthographic training traditional dictation copy and oral language exposure The outcomes showed that teachers were too much supported by mnemonic ability which meant that they only encouraged students to memorize the words orthography without helping them to understand orthographic rules thus not favoring blind and sighted children learning process It was also observed that teachers did not establish a proper mediation among blind students especially because they could not read what children wrote in Braille We highlight aspects which interfered in orthographic learning process of blind student a non adaptation of supporting material teachers lack of knowledge of Braille System lack of classes planning little dialogue between regular school and specialized educational service and teachers formation Based on the outcome and analysed data proposals were presented in order to favor a truly orthographic learning process and writing domai
175. modo que assim a professora tivesse contato direto com a escrita da aluna Ao receber esse texto transcrito Jaciete afirmou estou precisando trabalhar ortografia com Bruna Aula 4 A professora pediu que os alunos lessem um texto do livro did tico e respondessem s quest es de interpreta o Bruna no entanto realizou outra atividade nesse momento A menina trouxe da institui o especializada uma lixa de parede e mostrou para a professora que estava aprendendo a assinar o nome De acordo com a professora a institui o especializada pediu que Bruna treinasse tamb m na escola a assinatura do nome Enquanto os colegas de Bruna faziam a atividade do livro ela tentava escrever o pr prio nome com uma folha de papel para braille por cima da lixa Ela teve dificuldades pois tinha come ado a aprender a assinar o nome naquela semana A professora Jaciete tampouco sabia orientar A diretora da escola chegou sala de aula da professora Jaciete e ficou auxiliando Bruna incentivando a a escrever buscando ajud la a fazer o movimento com as m os para escrever a letra B A professora Jaciete iniciou a corre o da atividade e Bruna continuou treinando a escrita tinta do seu nome N o participou da aula de portugu s desse dia Para ensinar uma pessoa cega a escrever o nome em tinta necess ria uma t cnica espec fica e a professora da classe regular n o conhecia essa t cnica Na verdade Jaciete nos informou
176. mpresso pois o software permite folhear o livro ir diretamente para uma p gina navegar pelo ndice ir diretamente para um cap tulo acrescentar anota es marcar um determinado trecho e ler notas de rodap Digital rights management ger ncia de direitos digitais um processo automatizado que inibe a c pia de textos e diversas formas de material multim dia sem pagamento de direitos BORGES 2009 p 241 2 O Livresco uma lista de discuss o hospedada pelo Yahoo contando atualmente com mais de seis mil livros digitalizados em todas as reas do conhecimento 87 A metodologia para a gera o dos livros no padr o Daisy est dispon vel gratuitamente no portal do MECZ Machado 2009 afirma que qualquer pessoa com o m nimo de conhecimento em computa o pode produzir livros digitais falados no entanto ressaltamos que al m dos conhecimentos em computa o necess rio um cuidado na produ o desses livros principalmente no que se refere a realiza o de descri es adequadas dos gr ficos tabelas e imagens apresentadas no texto para que de fato a pessoa com defici ncia visual possa compreender os conte dos lidos por meio do formato Daisy preciso garantir que os livros nesse A formato ofere am todas as informa es presentes nos livros impressos tinta para as pessoas videntes Em 2011 o Mecdaisy come ou a fazer parte do curr culo escolar para alunos matriculados
177. n among blind children Key words Blind child Teaching and learning process Orthography Braille System Figura 1 Figura 2 Figura 3 Foto 1 Foto 2 Foto 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 LISTA DE ILUSTRA ES COluaBralo sas sas ren aaa PELE aaa cadeia 74 Representa o de na Espanha 76 Representa o de no Brasil 76 Reglete zaen a RD RR RR RE 78 A E o ERROR E NR RD E RR 78 M quina de bralos sa a a a dE 80 Linha ou Display Bral ssa srs aras leds nRoraNS gde Es ad 88 Representa o de a aaa 115 Representa o de dias ensaia pasa inata 115 Representa o de ee 115 4 2 4 3 4 5 5 1 5 2 5 3 5 3 1 5 3 2 5 3 3 5 4 5 5 5 6 5 6 1 5 6 2 5 6 3 5 6 4 5 6 5 SUM RIO INTRODU O errors A L NGUA PORTUGUESA E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA ORTOGRAFIA ci CONCEP ES DE LINGUAGEM E O ENSINO DE L NGUA PORTUGUESA aereas ao amar ee Gra Rad Can Da asa PRINCIPIOS PARA O ENSINO DE ORTOGRAFIA AS CONTRIBUI ES DE VIGOTSKI PARA A EDUCA O DAS PESSOAS CEGAS eeemaeeereeeeereeeerrreers LINGUAGEM ESCRITA ER OR S A IMPORT NCIA DA MEDIA O PARA A APRENDIZAGEM O SISTEMA BRAILLE ATRAV S DOS TEMPOS BREVE HISTORICO SOBRE A CEGUEIRA E O SISTEMA BRL ea a ea RO o O a SISTEMA BRAILLE
178. nhecimentos acerca da escrita Enfim essas s o apenas algumas sugest es que podem contribuir para uma pr tica pedag gica mais inclusiva nas aulas de ortografia baseadas no que vimos nas classes observadas Acreditamos que mais pesquisas precisam investigar como cada conte do est sendo trabalhado nas salas de aulas inclusivas para identificar se a pr tica pedag gica desenvolvida est atendendo diversidade presente nas escolas Consequentemente necess rio haver mais di logo entre pesquisadores e educadores para que o conhecimento produzido na academia e a experi ncia com 162 a pr tica possam auxiliar mutuamente na constru o de novos saberes a respeito de pr ticas pedag gicas inclusivas 163 REFER NCIAS ALMEIDA M da G Alfabetiza o uma reflex o necess ria 1997 Dispon vel em lt http www ibc gov br itemid 394more gt Acesso em 10 abr 2006 AMIRALIAN M L T D Compreendendo o cego uma vis o psicanal tica da cegueira por meio de desenhos est rias S o Paulo Casa do Psic logo 1997 AUROUX S A filosofia da linguagem Campinas SP Ed Unicamp 1998 AZEREDO J C Org Escrevendo pela nova ortografia como usar as regras do novo acordo ortogr fico da l ngua portuguesa Instituto Ant nio Houaiss Rio de Janeiro Publifolha 2008 BAPTISTA J A O sistema braille e a sua import ncia na vida dos cegos 2000 Dispon vel em http www lerparaver com braille invencao htm
179. nte n o s o transcritos Esse fato coloca o aluno cego em desvantagem em rela o aos seus colegas videntes 3 A denomina o ledor habitual entre as pessoas com defici ncia visual e diz respeito ao indiv duo que l para o outro que n o enxerga Este por sua vez mesmo n o fazendo o uso dos olhos para ler tamb m um leitor LENDO 2007 31 A pesquisa desenvolvida por Luciene M Silva LENDO 2007 investigou a pr tica da leitura feita por ledores e suas dimens es subjetivas Al m das prefer ncias discutiu acerca das intera es motiva es perda de autonomia e outras quest es que emergem dessa rela o entre ledor e leitor cego 90 A leitura braille aquilo que Rosane disse a gente mergulhar no texto sem interfer ncia afetiva sem interfer ncia de interpreta o de entona o s a gente e o texto mesmo lracema leitora Eu esperei O C digo da Vinci em braille porque muito melhor a gente ler em braille a gente viaja a gente volta quando quer a gente l o livro at quando a gente est deitado a gente coloca o livro em cima da nossa barriga ele aberto e l tranquilamente as vezes eu cochilo o livro cai A gente aprende mais at hoje tira certas d vidas de palavras como escreve Esqueci at que essa palavra era com dois s com sc com e agora estou recordando Isso lhe d oportunidade o braille de voc ler com as pr prias m os E a pessoa lendo pra voc Voc tem
180. nto O aluno do magist rio passou uma semana observando as aulas da professora Elisa e nas semanas subsequentes ele ministrou a maioria das aulas J as alunas de Pedagogia iam escola duas vezes por semana para observarem a maioria das 123 aulas e ministrarem somente algumas delas a quantidade era estabelecida pela universidade Elisa chegava escola geralmente com uma hora de atraso Antes de iniciar a aula escrevia no quadro alguns vers culos da b blia e pedia que os alunos se levantassem para fazer uma ora o Isso acontecia todos os dias No primeiro dia de observa o verificamos que Alan n o se levantou e a professora tampouco solicitou que ele ficasse de p para fazer a ora o com os demais alunos O mesmo aconteceu nas outras observa es Alan sempre sentava na primeira carteira da primeira fila do lado oposto mesa da professora Ao iniciar a aula percebemos que a professora n o se dirigia crian a cega e esse foi o procedimento de todas as aulas Quando falava com Alan geralmente era para pedir que colocasse a m quina de braille em cima da mesa que entregasse as atividades de casa para ela e muitas vezes solicitava que o pr prio aluno fosse sala de recursos pedir as transcri es de exerc cios de braille para tinta e de tinta para braille retirando o da sala de aula em momentos de exposi o de conte dos de exerc cios de classe e de corre es de atividades Em diversas ocasi e
181. o tornando se apenas uma parte da hist ria da escrita e leitura para pessoas com defici ncia visual Esse aspecto merece uma reflex o mais aprofundada 91 4 5 A ESCRITA E AS TR S REVOLU ES TECNOLINGU STICAS AINDA H LUGAR PARA O SISTEMA BRAILLE O avan o tecnol gico propiciou tanto o desenvolvimento de tecnologias tais como sintetizadores de voz gravadores cada vez menores e softwares de reconhecimento de textos possibilitando a digitaliza o quanto automa o dos processos de impress o em braille ampliando as condi es para a produ o de textos nesse formato de forma mais f cil e mais r pida Para Sousa 2001 estamos vivendo um per odo paradoxal relativo ao Sistema Braille e s interfaces tecnol gicas pois as ferramentas que permitem a leitura atrav s da audi o deveriam ser somadas ao uso do braille para facilitar o acesso informa o no entanto Sousa 2001 e Oliveira 2009 apontam que esse sistema de escrita vem sendo usado com menos frequ ncia e mais precariedade Esse fen meno foi denominado por pesquisadores como desbrailliza o OLIVEIRA 2009 SOUSA 2001 2004 Muitos livros est o deixando de ser impressos em braille retirando das pessoas cegas em todo o mundo o direito experi ncia direta com a leitura braille e assim com todas as informa es que a mesma propicia ao leitor do ponto de vista da gram tica da ortografia entre tantas outras de ordem mais subjetiva
182. o Universidade de Bras lia 2010 REGO L L B BUARQUE L L Algumas fontes de dificuldade na aprendizagem de regras ortogr ficas In MORAIS A G Org O aprendizado da ortografia 2 ed Belo Horizonte Aut ntica 2000 REILY L Escola inclusiva linguagem e media o Campinas SP Papirus 2004 Educa o Especial SIAULYS M O de C Ler e escrever em braille S o Paulo Laramara 1999 SILVA M B da Leitura ortografia e fonologia S o Paulo tica 1981 SMITH F Leitura significativa 3 ed Porto Alegre Artmed 1999 SOARES M Concep es de linguagem e o ensino de l ngua portuguesa In BASTOS N B Org L ngua portuguesa hist ria perspectivas ensino S o Paulo EDUC 1998 SOUSA J B Aspectos comunicativos da percep o t til a escrita em relevo como mecanismo semi tico da cultura 2004 Tese Doutorado Programa de P s Gradua o em Comunica o e Semi tica Pontif cia Universidade Cat lica de S o Paulo 2004 s novas tecnologias e a desbrailiza o mito ou realidade Palestra proferida por ocasi o do Il Semin rio Nacional de Bibliotecas Braille no per odo de 7 a 11 de maio de 2001 Dispon vel em lt http intervox ufr br joana textos tecniO8 html gt Acesso em 6 maio 2009 SURDI M Gram tica normativa movimentos e funcionamentos do diferente no mesmo 2010 Disserta o Mestrado Programa de P s Gradua o em Letras Universid
183. o ga man 4 Complete as palavras com a souss bado pen ar b moun ca painha li peza e xada de te aniver rio 128 _ uor man o armaz _ o a ca po pol _ a jo Novamente Elisa n o ditou para Alan o que havia copiado no quadro e o aluno mais uma vez n o participou da aula Observamos que a regente copiou em uma folha de of cio o que registrou no quadro e quando a professora da sala de recursos passou na classe de Alan Elisa pediu que ela transcrevesse para braille Quando a atividade em braille chegou foi entregue Alan Verificamos que n o estava completa pois Elisa diminuiu a quantidade de quest es para o aluno cego Ainda assim quando ele recebeu o exerc cio j havia sido corrigido pela professora As corre es ocorreram com pouca reflex o sobre a escrita das palavras As regras de ortografia que foram ditadas pela professora e n o constru das pelos alunos j no in cio da atividade a professora escreveu a regra para o uso de mantes de pe b eram repetidas sempre que os alunos erravam na escolha entre mou n sou ss Aula 3 Elisa 129 A professora copiou no quadro a atividade de casa sobre ortografia Depois disso explicou a atividade informando as regras sobre o uso de r e do d grafo rr sem permitir qualquer reflex o por parte dos alunos Ortografia Honrado Rei Sou usado no in cio ou no meio das palavras depois de consoante
184. o citamos anteriormente o planejamento das outras professoras baseava se somente no ndice do livro did tico Embora planejasse as aulas previamente inclusive com um m s de anteced ncia verificamos que o planejamento da professora da escola particular apresentava apenas os conte dos a serem trabalhados em cada dia da semana sem determinar os objetivos as estrat gias did tico pedag gicas o desenvolvimento da aula o tempo estimado e os recursos necess rios O plano de aula era estruturado do seguinte modo Sexta feira data Agenda Corre o Revis o de adi o Lanche Leitura Palavras com s ss Ditado Sa da 153 Sobre o planejamento das aulas de ortografia Morais 2003 aponta a import ncia de se estabelecer metas que o professor espera que os alunos alcancem pois muitas vezes s o ensinados os mesmos conte dos todos os anos independente do fato de os estudantes j terem aprendido ou n o Segundo o autor os livros did ticos geralmente repetem os mesmos conte dos de ortografia todos os anos e muitos professores se fundamentam apenas no livro para ensinar sem observarem as reais necessidades dos alunos tornando a aprendizagem da ortografia em algo repetitivo e desinteressante 5 6 4 Atendimento Educacional Especializado Outro aspecto que nos chamou aten o foi o pouco di logo estabelecido entre as professoras das classes regulares e as professoras especializadas seja da sala de re
185. o da escrita uma linha descont nua contrapondo a vis o ing nua anteriormente concebida de que o desenvolvimento um processo puramente evolutivo A investiga o cient fica realizada pelo autor revelou a pr hist ria da linguagem escrita mostrando o que leva a crian a a escrever os pontos importantes pelos quais passa esse desenvolvimento pr hist rico e qual a sua rela o com o aprendizado escolar 51 Vigotski aponta que essa hist ria se inicia com surgimento do gesto como um signo visual para a crian a Os gestos s o a escrita no ar e os signos escritos frequentemente s o gestos que foram fixados Vigotski afirma que existem dois dom nios em que os gestos est o ligados origem dos signos escritos os rabiscos e os jogos das crian as Em um de seus experimentos para estudar o ato de desenhar Vigotski observou que as crian as utilizavam a dramatiza o demonstrando por gestos o que deveriam mostrar nos desenhos Por exemplo quando uma crian a tinha que desenhar o ato de pular sua m o fazia os movimentos referentes ao pular e o que aparecia no papel eram tra os e pontos Elas n o desenham elas indicam e o l pis meramente fixa o gesto indicativo VIGOTSKI 2007 p 129 Acerca dos jogos das crian as Vigotski evidencia o desenvolvimento do simbolismo no brinquedo Para as crian as alguns objetos podem denotar outros substituindo os e tornando se seus signos O grau de similaridade entre a coisa
186. o dada pela professora universit ria acerca da postura que as estudantes deveriam ter diante da inclus o de um aluno cego na classe A professora avisou que elas deveriam fazer o mesmo que a professora regente fizesse As alunas disseram para a professora da universidade que a regente deixava o aluno cego sem fazer nada a aula toda A professora da faculdade ent o afirmou que tamb m n o deveriam fazer nada com o aluno cego porque elas n o teriam condi es de buscar informa es na institui o especializada para saber como trabalhar com as crian as com defici ncia visual Mais uma vez a professora da universidade demonstrou o desconhecimento em rela o ao trabalho desenvolvido pela escola onde as estudantes de Pedagogia estagiavam pois a professora da sala de recursos poderia orient las sobre a 125 defici ncia visual e contribuir para que pudessem incluir o aluno cego nos momentos de pr tica do est gio Sabendo disso sugerimos que enquanto uma das duas estivesse dando aula a outra poderia sentar se ao lado de Alan e ler para ele o que estava sendo escrito no quadro ler as atividades que n o estivessem em braille pedir que respondesse os exerc cios perguntar se o aluno tinha alguma d vida quanto aos conte dos explicados Al m disso sugerimos que elas poderiam conversar com a professora da sala de recursos para obterem mais informa es Desse modo Maiana e Viviane n o seguiram a orienta o dada pela pr
187. o encontrada para esse problema a digitaliza o de livros a partir da utiliza o de scanners e softwares de reconhecimento tico de caracteres OCR Diante dos obst culos vivenciados para terem acesso leitura os cegos trocam livros pela internet formando uma esp cie de banco de dados entre grupos de amigos como mostra o depoimento de uma pessoa com defici ncia visual citado na pesquisa de Borges 2009 p 242 Recebi como doa o um CD com cerca de 6000 t tulos gravados Praticamente nenhum deles de dom nio p blico muitos deles foram obtidos atrav s da lista Livresco e diretamente de outros cegos do Brasil e de Portugal que fazem escaneamento e os divulgam para um grupo seleto de amigos Em 2009 o Minist rio da Educa o em parceria com o N cleo de Computa o da Universidade Federal do Rio de Janeiro lan aram no Brasil uma nova tecnologia que permite a produ o de livros em formato digital acess vel com base no padr o internacional DAISY Digital Accessible Information System O Mecdaisy denomina o da vers o brasileira possibilita a transforma o de textos dispon veis no computador em texto digital falado e sua reprodu o em udio gravado ou sintetizado al m de permitir a amplia o de caracteres para pessoas com baixa vis o e oferecer a op o para a impress o em braille Ap s a convers o em formato Daisy poss vel manusear o texto sonoro de modo semelhante ao manuseio do texto i
188. ofessora da universidade de n o fazer nada com o aluno cego Observamos que em algumas aulas tentaram incluir o aluno nas atividades seguindo as sugest es da pesquisadora Quando Maiana dava aula Viviane sentava ao lado de Alan e vice versa A es como essa por m n o ocorreram nas aulas de Elisa e Saulo As estagi rias poderiam ter tomado essas iniciativas nas aulas da regente e do estagi rio mas se restringiram aos dias de aulas delas As tentativas de fazer com que Alan participasse das aulas no entanto se modificaram no dia que Maiana decidiu pedir que ele ficasse em p durante a ora o feita no in cio da aula Alan fez que n o com a cabe a o aluno pouco falava parecia ser t mido a estagi ria insistiu para que ele se levantasse e mais uma vez ele gesticulou que n o Minutos depois Maiana se aproximou da pesquisadora e disse a partir desse momento eu n o vou mais me esfor ar para fazer com que ele participe da aula E assim aconteceu Maiana e Viviane n o se aproximaram mais do aluno com defici ncia visual e come aram a agir como se ele n o estivesse presente na sala de aula question vel a realiza o de qualquer manifesta o religiosa nas escolas principalmente na rede p blica de ensino j que a educa o no Brasil laica Desse modo um aluno jamais deve ser exclu do das aulas por n o querer participar de uma ora o feita em sala de aula A professora da sala de recursos ia
189. onema s apresenta uma realiza o poss vel O b por exemplo s se realiza da mesma forma em portugu s isto como b Kato 2000 acrescenta que a maioria das nossas consoantes tem apenas uma realiza o fon tica o que leva a aceitar que a escrita alfab tica essencialmente fon mica fon tica 40 poss vel observar a motiva o fon tica quando a escolha da ortografia for foneticamente motivada Por exemplo a escolha de n para a palavra canto e de m para campo se deve ao fato de n e t serem linguoalveolares e m e p serem bilabiais A ortografia em casos como essa representa a qualidade da nasaliza o que precede consoantes de tra os semelhantes mas n o s o distintivas e sim determinadas pelo contexto Por isso ainda que um estrangeiro pronuncie a nasal de campo de forma n o bilabial o significado da palavra n o ser alterado por n o ser um tra o distintivo como em cama e cana KATO 2000 A motiva o lexical leva em considera o n o s a motiva o hist rica como tamb m a fam lia da palavra Por exemplo na palavra medicina usa se c e n o ss porque outras palavras da mesma fam lia lexical s o escritas com c m dico medicar medicamento medicinal Ou seja essas palavras partilham do mesmo radical e por isso s o ortografadas de forma invariante Segundo Kato 2000 h ainda casos de motiva o lexical menos evidente como nos pares capaz capacidade feroz ferocidade veloz v
190. ordo com o documento publicado pelo MEC A nova Grafia Braille da L ngua Portuguesa o espa o ocupado pelo sinal braille foi classificado como cela ou c lula braille Os seis pontos que originam as letras e os demais sinais gr ficos em relevo foram classificados como sinal fundamental 74 Figura 1 C lula Braille 1004 2005 3006 O Sistema Braille portanto uma representa o em relevo do alfabeto dos numerais dos sinais de pontua o etc que s o representados pela escrita z convencional ou em tinta Para isso utilizada a escrita pontogr fica j que a representa o em relevo linear n o facilmente percept vel pelo tato Em livros artigos e trabalhos acad micos poss vel observar que alguns autores referem se ao Sistema Braille como c digo braille No entanto em nosso trabalho optamos por n o utilizar essa denomina o para o Sistema Para explicar essa op o apresentaremos algumas reflex es de Em lia Ferreiro na palestra que proferiu no 1 semin rio Victor Civita de Educa o em outubro de 2006 abordando entre outros aspectos as diferen as entre escrita e c digo A escrita apenas uma t cnica de transcri o de sons e letras ou seja um c digo O que um c digo Exemplos de c digos conhecidos no ocidente o c digo ASCII usado nos computadores que com uma s rie de s mbolos 1 e O identifica de maneira un voco cada um dos caracteres do teclado Outro e
191. orfol gico gramaticais necess rio recorrer gram tica e mais especificamente morfologia Por exemplo utiliza se o sufixo esa para adjetivo derivado de substantivo francesa inglesa e o sufixo eza utilizado em casos de substantivo derivado de adjetivo beleza pobreza MORAIS 2003 Somente nos casos de irregularidades da ortografia Morais 2003 afirma que preciso memorizar e ou consultar modelos autorizados como o dicion rio j que n o existe uma regra que leve o aluno a inferir qual a grafia correta da palavra O professor deve colaborar para que o aluno memorize inicialmente as palavras que realmente s o importantes isto que aparecer o com frequ ncia em suas escritas como exemplo hora homem A esse respeito os Par metros curriculares nacionais para a l ngua portuguesa tamb m defendem que as formas ortogr ficas mais frequentes na escrita devem ser aprendidas o quanto antes A proposta n o definir de maneira r gida um conjunto de palavras a ensinar e desconsiderar todas as outras Palavras como quando e hoje por exemplo devem ser automatizadas o mais cedo poss vel em compara o s palavras questi ncula e homilia devido ao uso mais frequente das primeiras As palavras mais infrequentes podem ser objeto de consulta ao dicion rio BRASIL 2000 Para Cagliari 2009 a explica o sobre a ortografia poder ficar mais atraente se for ilustrada com a hist ria d
192. ormas de comunica o humana s o muito diferentes A intelig ncia humana feita de artif cios ela n o um dado bruto da natureza ela social e amplamente externa ao indiv duo ela n o defin vel pela compet ncia de um sujeito abstrato AUROUX 1998 De acordo com Auroux 1998 uma interpreta o forte da automatiza o sup e que se possa estender suas performances at que um aut mato simule o comportamento lingu stico humano ou seja isso quer dizer funcionar quanto linguagem como um ser humano mesmo sem a interven o de um ser humano Auroux 1998 considera que conceber essa mudan a qualitativa como poss vel n o teoricamente muito diferente do fato de conceber como poss vel que se possa aprender a falar uma l ngua estrangeira com a ajuda somente de gram ticas e dicion rios ou ainda de conceber como poss vel que uma gram tica de uma determinada l ngua possa predizer todos os acontecimentos lingu sticos futuros que afetar o essa l ngua Segundo o autor tudo deixa pensar que se trata de uma utopia que repousa sobre concep es err neas A interpreta o forte sugere que um mundo de rob s poderia ser uma sociedade humana em contrapartida a hist ria das t cnicas mostra que a evolu o das sociedades se constitui pela inven o de novos instrumentos e sua integra o em comportamentos e rela es humanas complexas A exist ncia desses instrumentos se situa n o fora das sociedades e em seu lu
193. ormou que n o encaminhava para a institui o especializada as atividades feitas por Bruna para que fossem transcritas de braille para tinta e desse modo n o tinha acesso escrita da aluna para identificar os erros de ortografia em sua produ o escrita A professora acrescentou que n o enviava porque no ano anterior havia feito isso e com a exce o das avalia es as atividades n o retornavam transcritas Ap s a corre o do ditado portanto Jaciete arquivou a atividade de Bruna numa pasta Nessa aula ap s o ditado Jaciete poderia ter entregado para Bruna as palavras escritas em braille Dessa forma a professora iria auxiliar a memoriza o t til da crian a cega assim como contribui para a memoriza o visual dos demais alunos ao escrever as palavras no quadro Aula 2 A professora Jaciete leu para toda a turma o texto Desespero e escurid o do livro did tico e pediu que os alunos videntes respondessem as quest es de interpreta o Para Bruna pediu que escrevesse o que entendeu sobre a leitura A menina produziu o texto abaixo 135 Desesperu e escuritj Uqui eu entende foi qui ele sperdeu nu camimnho Andou 15 minutos i n o achou nimgei andou mas meia ora i n o achou ningei foi pelo camimnho srocura um riachu para troca de agua i quandu qui olho para uriacho iquandu viu sdispero com uqui viu perdeu ainosensas i bateu a cabeja na paredi i caiu num labiritu idismaho Ao perceber que Bruna havia con
194. ortografia correta das palavras Al m disso todas as atividades feitas pelos alunos cegos devem ser encaminhadas para o atendimento especializado para serem transcritas Consideramos que o professor precisa investir na elabora o de atividades e sequ ncias did ticas que auxiliem os alunos a tratarem o que est o aprendendo de maneira reflexiva sem se apoiarem demasiadamente nas habilidades mnem nicas dos alunos a memoriza o das palavras deve ocorrer nos casos de ortografias irregulares Por exemplo se o professor quiser trabalhar com o uso de r ou do d grafo rr e solicitar uma pesquisa em jornais ou revistas necess rio que antes tenha algumas p ginas impressas em braille para que o pr prio aluno possa ler e buscar as palavras Nesse tipo de atividade n o faria sentido se uma pessoa lesse para o cego as palavras encontradas De um modo geral as atividades propostas por Morais 2003 s o sugest es relevantes tamb m para a pr tica em sala de aula com crian as cegas inclu das Entretanto se o professor ainda n o souber ler em braille seria mais interessante que na atividade de reescrita com transgress o intencional ou seja quando os alunos s o convidados a escreverem errado de prop sito o professor fosse o escriba Cada aluno seria convidado a dizer uma ortografia incorreta para determinada palavra soletrando a Por meio da soletra o os alunos cegos e videntes iriam trocar informa es e construir co
195. ortugu s a ZDP definida como a dist ncia entre o n vel de desenvolvimento real que se costuma determinar atrav s da solu o independente de problemas e o n vel de desenvolvimento potencial determinado atrav s da solu o de problemas sob a orienta o de um adulto ou em colabora o com companheiros mais capazes VIGOTSKI 2007 p 97 Ainda neste livro Vigotski 2007 p 98 acrescenta que A zona de desenvolvimento proximal define aquelas fun es que ainda n o amadureceram mas que est o em processo de matura o fun es que amadurecer o mas que est o presentemente em estado embrion rio Essas fun es poderiam ser chamadas de brotos ou flores do desenvolvimento em vez de frutos do desenvolvimento Vigotski 2007 acrescenta que s pode determinar o estado de desenvolvimento mental de uma crian a se forem revelados os seus dois n veis O n vel de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento proximal aquilo que zona de desenvolvimento proximal hoje ser o n vel de desenvolvimento real amanh VIGOTSKI 2007 p 98 isto o que uma crian a consegue realizar com assist ncia hoje ela ser capaz de fazer sozinha amanh Para D az Rodr guez 2011 h tr s zonas potencial proximal e real A zona de desenvolvimento potencial descreve as fun es e capacidades que est o se formando ou seja ainda n o apresentam maturidade necess ria para poder
196. os alunos para trabalhar as quest es ortogr ficas entretanto em seu planejamento identificamos que tamb m se baseava nos t picos apresentados no ndice do livro did tico para escolher os conte dos de ortografia a serem ensinados Em seu planejamento vimos m antes de p e b d grafos s laba t nica uso da cedilha uso do til acento agudo e circunflexo palavras com s e ss palavras terminadas em I e u etc todos esses itens acompanhados de suas p ginas no livro did tico N o podemos afirmar se nos ditados realizados nas sextas feiras a professora trabalhava realmente dificuldades trazidas pelos alunos ou somente os t picos abordados pelos livros pois como afirmamos anteriormente a professora n o autorizou as observa es nesse dia da semana 150 Jaciete a professora da escola municipal afirmou que estabelecia os conte dos de ortografia a serem trabalhados a partir do livro did tico Embora ela tenha dito que faz o planejamento pedimos para v lo e ela disse que n o tinha mas que poderia conseguir um para nos mostrar Atrav s da resposta de Elisa a professora da escola estadual foi poss vel perceber que na sua concep o n o era necess rio pensar sobre os conte dos a serem trabalhados porque j possu a muita experi ncia e afirmou que seu planejamento se baseava no livro did tico Al m da informa o obtida pela entrevista podemos acrescentar o que vimos nas obser
197. os de correto ou incorreto fala do povo Os aspectos acima citados referentes s diferen as entre l ngua oral e l ngua escrita nem sempre foram compreendidos adequadamente pelos especialistas inclusive os educadores Tal incompreens o deu origem a distor es que por desconsiderar que a linguagem oral e a linguagem escrita possuem normas diferentes procuraram encontrar ou uma ortografia realista da linguagem que se fala ou levar os alunos a falarem como escrevem Como sinaliza Morais 2008 ensinar a falar como se escreve revela um grande preconceito com rela o variabilidade do oral H professores que consideram as variedades dialetais como maus h bitos dos alunos e se esfor am para evitar que eles se enganem ao escrever artificializando a pron ncia na hora de fazer os ditados Alguns professores inclusive explicam que determinadas 36 dificuldades ortogr ficas acontecem pelo fato de n o pronunciarmos as palavras como dever amos isto da maneira como s o escritas Querer ensinar os alunos a falar tal como se escreve pode gerar s rios equ vocos como demonstra a pesquisa realizada por Blanche Benveniste 1993 apud MORAIS 2008 que entrevistou crian as de oito a dez anos acerca do tema dos franceses que falam bem ou que falam mal Algumas crian as responderam que pertenciam ao grupo dos que falavam mal porque falavam com erros d
198. os que a maneira como a professora solicitou o texto n o foi a mais adequada e estimulante para os alunos Em primeiro lugar ela pediu uma reda o sobre a vov citando os adjetivos com que a qualificava Desse modo a professora desviou a aten o dos alunos somente para os adjetivos Em segundo lugar se ela tivesse pedido que escrevessem uma carta para as av s possivelmente as crian as ficariam mais interessadas em produzi la pois de fato o texto teria um verdadeiro leitor e n o seria apenas uma situa o artificial criada pela professora para demonstrarem o conhecimento adquirido sobre adjetivos Depois que escrevessem a carta os alunos poderiam ler para os colegas e a sim a professora poderia perguntar se apareceu algum adjetivo no texto Sobre a quest o acerca da produ o de textos na escola Geraldi 2006b p 64 denuncia O exerc cio de reda o na escola tem sido um mart rio n o s para os alunos mas tamb m para os professores Os temas propostos t m se repetido de ano para ano e o aluno que for suficientemente vivo perceber isso Se quiser poder guardar reda es feitas na quinta s rie para novamente entreg la ao professor da sexta na poca oportuna no in cio do ano o t tulo infal vel Minhas f rias em maio O dia das m es em julho S o Jo o em setembro Minha P tria e assim por diante Tais temas al m de ins pidos s o 121 repetidos todos os anos d
199. para as pessoas que enxergam OLIVEIRA 2009 Enfim apesar das especificidades do Sistema Braille e de algumas dificuldades inerentes ao sistema atrav s dele constitui se ainda o melhor meio para alfabetizarmos as crian as cegas pois as tecnologias contribuem e muito nos processos educacionais profissionais e de intera es sociais mas ainda n o Assim como as tr s revolu es tecnolingu sticas convivem harmonicamente inven o da escrita gramatiza o das l nguas e mecaniza o da linguagem 108 superam os benef cios trazidos pela escrita pontogr fica Como afirma o tifl logo Pedro Zurita 1999 apud OLIVEIRA 2009 no dia que for inventado um sistema que de fato supere o braille certamente todos n s nos alegraremos 109 5 O ENSINO DE ORTOGRAFIA NAS CLASSES PESQUISADAS Para investigar Como os professores est o ensinando ortografia em classes com crian as cegas inclu das a pesquisa realizou um estudo de caso atrav s de uma abordagem qualitativa Yin 2005 p 32 aponta que um Estudo de Caso uma investiga o emp rica que investiga um fen meno contempor neo dentro de seu contexto da vida real especialmente quando os limites entre o fen meno e o contexto n o est o claramente definidos Al m disso acrescenta que o estudo de caso como estrat gia de pesquisa compreende um m todo que abrange tudo tratando da l gica de planejamentos das t cnicas de coleta de
200. parte desse sistema Enfim as l nguas s o da maneira como s o em virtude da utiliza o de seus falantes e n o de acordos de grupos ou decretos de governo 35 menores Os estudiosos que acreditam numa abordagem distinta D Biber C Blanche Benveniste F Desbordes R Harris entre outros argumentam que a l ngua escrita adquiriu uma relativa autonomia em rela o l ngua oral no decorrer da hist ria Questionam as rela es diretas entre ortografia e linguagem oral Pensamos como Blanche Benveniste 1994 que as rela es entre linguagem oral e ortografia tornam se dif ceis porque se trata de dois n veis diferentes um n vel mais concreto e individual muito pr ximo dos enunciados reais e o outro muito mais abstrato e social pr ximo da l ngua como sistema tal como ela se encontra no dicion rio MORAIS 2008 p 66 Al m disso as formas orais dos falantes variam de acordo com o tempo o espa o o grupo sociocultural e as situa es comunicativas J as formas escritas se cristalizam A cristaliza o do escrito pode contribuir no aumento da nossa consci ncia sobre a variabilidade do que falado ou lido por m n o podemos aplicar os crit rios de avalia o da norma escrita s formas orais Segundo Morais 2008 p 66 67 poss vel falar de forma adequada inadequada normal ou anormal em rela o a um grupo ou em rela o a um tempo mas n o podemos aplicar sem preconceitos o qualificativ
201. penas uma parte do que pretend amos para n o provocar altera es no ambiente e no comportamento das pessoas observadas Como afirmamos anteriormente no cap tulo que discutimos as quest es acerca da ortografia muitos professores destinam pouco tempo para o ensino das regras ortogr ficas e geralmente para trabalhar ortografia utilizam metodologias que se destinam verifica o e avalia o do conhecimento que os alunos possuem sobre o conte do Desse modo embora quest es ticas estejam envolvidas no tipo de observa o que realizamos preferimos ocultar que o foco das observa es eram os professores e as metodologias utilizadas para o trabalho com a ortografia com o objetivo de n o provocar muitas altera es na rotina das aulas Foram realizadas 30 observa es no total 10 em cada classe A dura o m nima de cada observa o foi de 50 minutos e a m xima de 1 hora e 30 minutos Na escola particular conclu mos as 10 observa es em 3 meses nas escolas municipal e estadual conclu mos em 4 meses devido s paralisa es ocorridas durante o per odo da pesquisa As crian as das escolas particular e municipal estudavam no turno vespertino As professoras informaram que as aulas de Portugu s aconteciam nas segundas e quartas feiras no primeiro hor rio A professora da escola municipal concordou com a observa o nesses dois dias da semana a professora da escola particular por m s autorizou a observa
202. pesquisa uma vez que a ortografia um dos aspectos da linguagem escrita e portanto objeto de ensino da l ngua portuguesa As reflex es acerca das concep es de linguagem do para que ensinar portugu s para falantes dessa l ngua e do livro did tico iluminam toda a atua o do professor para ensinar qualquer conte do de l ngua portuguesa 2 2 PRINC PIOS PARA O ENSINO DE ORTOGRAFIA A primeira reflex o a ser feita portanto sobre o Para que ensinamos ortografia H pessoas que acreditam que a ortografia uma imposi o in til e pensam que seria mais f cil se cada um escrevesse as palavras ao seu modo flexibilizando a maneira de graf las Entretanto preciso lembrar que na l ngua oral as palavras s o pronunciadas de diversas formas sejam por diferen as regionais ou s cio culturais Essa variedade nas formas de pron ncia n o devem ser classificadas como certas ou erradas sendo poss vel apenas verificar a adequa o ao contexto onde s o empregadas A determina o de uma nota o escrita nica para as palavras sempre foi fonte de dificuldades devido varia o da l ngua oral Na Gr cia e Roma antigas esse dilema j era visto do seguinte modo buscar a aproxima o de uma forma onde as letras corresponderiam regularmente a uma maneira de pronunciar 34 entretanto qual dialeto oral seria o eleito conservar os tra os que as palavras tinham em suas l nguas de origem Es
203. possibilidades de atua o dos cegos nos processos de ensino e aprendizagem O uso do sintetizador de voz trouxe muitos benef cios para a vida da pessoa cega Al m da possibilidade de fazer a leitura a pessoa com defici ncia visual poder escrever e ter acesso ao que escreveu por meio da audi o ou se preferir e tiver a oportunidade poder imprimir o que escreveu em uma impressora braille Outra importante vantagem favorecida pelos sintetizadores de voz a possibilidade que a pessoa cega passou a ter de consultar um dicion rio instalado no computador ao mesmo tempo em que estiver lendo ou escrevendo para verificar o significado das palavras e a ortografia correta Esse suporte portanto foi o Confira informa o dispon vel em lt http www bancodeescola com acplivro htm gt Informa es retiradas do site lt http intervox nce ufrj br dosvox intro htm gt 89 primeiro a permitir que o cego pudesse obter obras de refer ncia como enciclop dias e dicion rios completos pois esses instrumentos impressos em braille ocupam muitos volumes tornando se impratic vel o armazenamento em uma casa Outra importante vantagem trazida pelos sintetizadores de voz o uso da internet oportunizando a visita aos diversos sites bem como o acesso ao correio eletr nico No entanto o acesso tecnologia ainda n o foi democratizado no Brasil e muitas pessoas cegas ainda n o t m a oportunidade de utilizarem os recursos tecnol
204. presentam para os videntes z A escrita no Sistema Braille mais r pida do que a leitura al m de apresentar menos dificuldade Para a realiza o da escrita m o necess ria uma reglete Esse material composto por uma prancha de madeira uma r gua dupla e um pun o A prancha de madeira retangular e possui orif cios nas laterais com espa os determinados para que a reglete possa ser encaixada Na parte de cima da prancha encontra se um dispositivo para prender o papel A r gua dupla unida esquerda por uma dobradi a pode ser de metal ou de pl stico A parte superior da r gua possui pequenos ret ngulos vazados que correspondem ao tamanho da c lula braille dispostos em toda a linha Na parte inferior encontram se as depress es que formam as c lulas braille que ficam dispostas em toda a linha A r gua dupla pode possuir quatro seis ou mais linhas O 2 Al m dessas possibilidades h tamb m a impressora braille No entanto trataremos aqui das caracter sticas da produ o escrita sem a utiliza o do computador 78 papel deve ser colocado entre a r gua superior e a r gua inferior com o pun o pequena haste de metal presa a um punho de pl stico que os pontos devem ser gravados no papel um a um Foto 1 Reglete Foto 2 Pun o Fot grafa Amanda Martinez Fot grafa Amanda Martinez Quando a escrita realizada com a reglete e com o pun o escreve se da dire
205. que at o seu nome e o nome da escola estavam sendo escritos com erros de ortografia a aluna cega escrevia Gasete para Jaciete Nesse momento a professora afirmou Estou precisando trabalhar ortografia com Bruna at o meu nome ela est escrevendo errado A professora da escola estadual obtinha as atividades transcritas por meio da professora da sala de recursos Entretanto essa professora pouco interagia com o aluno cego como demonstramos na descri o das aulas 54 Por raz es ticas substitu mos o nome real da professora Entretanto utilizamos o mesmo tipo de erro ortogr fico para reproduzir o erro de ortografia na escrita da aluna Descrevemos essa situa o na aula 3 148 A professora da escola particular tinha acesso escrita de sua aluna cega atrav s das transcri es realizadas pela m e da menina No entanto observamos que algumas transcri es n o eram feitas de forma fidedigna isto alguns erros da crian a eram corrigidos no momento da transcri o Por exemplo vimos o cabe alho de alguns exerc cios feitos pela crian a cega e a palavra aluna foi escrita alona mas na transcri o foi registrado aluna Observamos que isso ocorreu na transcri o de mais algumas palavras Como a professora n o sabia o Sistema Braille n o tinha conhecimento de que tais palavras estavam sendo escritas com erros ortogr ficos impedindo que auxiliasse a crian a cega na aprendizagem da ortografia dessa
206. r tica pedag gica e que a professora da sala de recursos s vai sala de aula para perguntar se tem atividade para transcrever mas n o oferece outro tipo de ajuda n o sugere uma maneira de trabalhar um conte do com a crian a cega Se houvesse mais intera o entre a professora de apoio e a professora da classe regular iria favorecer o desenvolvimento adequado do processo de ensino aprendizagem uma vez que os professores de apoio geralmente recebem forma o espec fica na educa o de pessoas com defici ncia visual A pouca intera o entre os professores da sala regular e sala de recursos tamb m foi observada na pesquisa de Paim 2002 Sobre esse aspecto a autora ressaltou que O professor de apoio n o deve ficar limitado ao espa o da sala de recursos transcrevendo material para o Braille ele precisa ir para a sala de aula regular para observar a pr tica de ensino do professor regular e intervir nos problemas detectados prestando orienta o e apoio necess rios PAIM 2002 p 74 Elisa solicitou que n o realiz ssemos a grava o da entrevista e s aceitou responder depois de ter lido o roteiro de perguntas 51 Esse fato evidenciou a desinforma o da professora a respeito das vantagens da m quina de braille em rela o reglete e o pun o conforme explicitamos em cap tulo anterior 140 A professora da escola municipal ensina ortografia oralmente porque n o sabe ler por meio do Sistema Braille e
207. ra linguagem linguagem objeto Portanto antes do nascimento das ci ncias da linguagem nascem as artes da linguagem Nas sociedades orais por exemplo h poetas narradores e oradores ainda que n o possuam artes po ticas ou ret ricas Do mesmo modo h int rpretes que aprenderam as l nguas estrangeiras por imers o Em muitas escolas a l ngua estrangeira ensinada a partir dos tratados de gram tica Auroux 1998 alerta por m que as habilidades puramente t cnicas n o devem ser subestimadas e exemplifica que a arte musical de algumas sociedades orais extremamente sofisticada mesmo n o dispondo de nenhum saber expl cito e coerente para se guiar O nascimento das ci ncias da linguagem a passagem de um saber epilingu stico a um saber metalingu stico AUROUX 1998 p 77 Geraldi 1997 p 20 faz uma distin o til para compreendermos as a es que se fazem com a linguagem as a es que se fazem sobre a linguagem e as a es da linguagem Tratam se das atividades lingu sticas das atividades epilingu sticas e das atividades metalingu sticas que representam n veis distintos de reflex es e podem ocorrer em qualquer tipo de a es com sobre e da linguagem As atividades lingu sticas segundo o autor s o aquelas que praticadas nos processos interacionais referem ao assunto em pauta v o de si permitindo a progress o do assunto Todo e qualquer tipo de reflex o que acontece no mbito
208. redom nio de um enfoque fundamentado na tradi o lingu stica saussureana que prioriza a linguagem oral como objeto de estudo subordinando as explica es acerca da linguagem escrita e da ortografia ao estudo da l ngua oral De acordo com Morais 2008 algumas orienta es da psicolingu stica contempor nea tendo como representantes M Colthert Mattingly P Bryant e J Morais entre outros buscam relacionar o conhecimento da escrita durante o processo de alfabetiza o com o conhecimento oral mais especificamente com a capacidade de segmentar as palavras orais em unidades Em 2009 entrou em vigor no Brasil o Acordo ortogr fico da l ngua portuguesa aprovado por oito pa ses lus fonos em 16 de dezembro de 1990 Azeredo 2008 ressalta que a unifica o ortogr fica n o tem rela o com a uniformiza o da l ngua A ortografia da l ngua consiste na padroniza o da forma gr fica para fins de intercomunica o social universalista Em casos excepcionais s o permitidas duas grafias para a mesma palavra Na tradi o brasileira as normas ortogr ficas propostas pelas comiss es de especialistas e aprovadas no Congresso Nacional entram em vigor por ato do poder executivo federal Ou seja ao poder p blico compete oficializar mudan as nas conven es ortogr ficas no entanto tais altera es n o representam mudan as lingu sticas j que apesar de refletir em parte o sistema de sons da l ngua a ortografia n o faz
209. rma correta de grafar as palavras MORAIS 2003 Interessante observar que somente as preocupa es com normas n o bastam para uma comunica o efetiva pois muitos alunos escrevem textos ortogr fica e gramaticalmente corretos por m suas ideias n o se apresentam de maneira clara BOTELHO FARIAS 2009 A distor o entre compet ncia textual e rendimento ortogr fico pode trazer s rias consequ ncias Muitas pessoas se sentem constrangidas quando solicitadas a redigir textos pelo medo de errar Cagliari 1997 Morais 2003 e Nicolaiewsky e Correa 2008 alertam que o professor precisa mudar a postura diante dos erros dos alunos para que eles mesmos n o se percebam de maneira negativa enquanto aprendizes A import ncia da revis o de textos foi ressaltada por Morais 2008 como um dos fatores que explicam a aprendizagem da ortografia As crian as ainda menores n o incorporaram a preocupa o de revisar seus textos e os professores que possuem a pr tica de corrigillos na aus ncia da crian a tampouco favorecem a implanta o de uma atitude de autocorre o ou revis o t pica de um escritor experiente Para Cagliari 2009 a corre o feita pelo professor n o mais importante que a corre o que o pr prio aluno faz de seus trabalhos Al m disso a possibilidade de corrigir erros tamb m influenciada pela autoria do texto pois de acordo com Morais 2008 tal possibilidade torna se mais evidente quando se trata de um
210. rnautas cegos mesmo dispondo de recursos tecnol gicos para corrigir a ortografia das palavras n o fazem a autocorre o de seus escritos Essa pesquisa realizou um estudo sobre a escrita dos cegos na lista de discuss o do DOSVOX e analisou os tipos de erros de ortografia e gram tica produzidos em suas mensagens Os erros referentes ortografia que apareceram nas cinco mensagens analisadas foram subistitui substitui menss gens mensagens citua o situa o diser dizer apertace apertasse vizualizar visualizar disendo dizendo foce fosse alcilhar auxiliar ouvido ouvindo de mais demais mais mas v s voz imeio e mail contruiram constru ram fala se falasse col ga colega atraveis atrav s telivis o televis o localisado localizado localisada localizada intendeu entendeu porfavor por favor sonhor sonho disp o despe o eletronico eletr nico enovando inovando Na coleta de dados Duarte 2010 recolheu 150 mensagens e analisou apenas 5 delas No entanto a pesquisadora n o buscou informa es acerca da 7 Os exemplos citados s o denominados hom nimos hom fonos que possuem o mesmo som mas grafias diferentes 106 escolaridade e a idade dos participantes da pesquisa Somente em uma das cinco mensagens analisadas um dos participantes cujos erros ortogr ficos foram registrados em negrito informou sua idade 24 anos para os usu rios da lista de discuss o
211. rtografia para crian as cegas que usam o Sistema Braille para a leitura e a escrita O objetivo geral foi identificar como o professor ensina os conte dos de ortografia para crian as cegas em classes regulares Os objetivos espec ficos foram descrever e analisar as metodologias utilizadas pelo professor para ensinar ortografia em classes com crian as cegas inclu das descrever a media o realizada pelo professor nas aulas de ortografia discutir os aspectos que interferem no processo de aprendizagem da ortografia pelo aluno cego A pesquisa foi desenvolvida por meio de um estudo de caso de natureza qualitativa Para coletar os dados foram realizadas observa es em tr s classes regulares das s ries iniciais do Ensino Fundamental do munic pio de Salvador Bahia Ap s esse per odo as professoras regentes das classes foram entrevistadas Nas observa es identificamos que as metodologias de ensino predominantes foram treino ortogr fico ditado tradicional c pia e exposi o oral Os resultados evidenciaram que as professoras se apoiavam sobremaneira nas habilidades mnem nicas isto incentivavam apenas que os alunos memorizassem a ortografia das palavras sem auxil los a compreender as regras ortogr ficas n o favorecendo portanto a aprendizagem de crian as cegas e videntes Observamos ainda que as professoras n o estabeleceram uma media o adequada com seus alunos cegos sobretudo porque n o sabiam ler o que as cri
212. rulhentos ajitados agitados desobediente fiel saldaval saud vel calmos ajel gil corajopa corajosa afeto docil d cil O erro na palavra corajosa n o se refere a um erro de ortografia e sim a um erro de braille pois a letra s representada pelos pontos 2 3 4 e a letra p representada pelos pontos 1 2 3 4 119 aborrecido rasa ra a livre Uma atividade como o bingo requer principalmente o sentido da vis o e como a professora n o pensou na aluna cega antes de fazer o planejamento tornou se dif cil inclu la de fato nessa aula Aula 4 Rosa estava trabalhando adjetivos nas duas semanas anteriores a essa aula Nesse dia 26 7 dia das av s pediu que os alunos produzissem uma reda o sobre a vov dizendo todas as suas qualidades Acrescentou que deveriam circular todos os adjetivos escritos no texto A aluna cega como n o poderia circular iria escrever embaixo do texto os adjetivos que nele aparecessem Sara se mostrou resistente para escrever a reda o disse que n o sabia que n o se lembrava o que era adjetivo A professora insistiu para que fizesse a atividade e ficou sentada ao lado dela Sara tamb m insistiu dizendo que n o ia fazer e acrescentou Professora para que vou escrever se voc n o sabe ler o que eu escrevo Rosa respondeu Voc vai ler para seus colegas depois que fizer o texto Sara enfim escreveu a reda o Durante a pro
213. rumento para auxiliar nessa aprendizagem principalmente nos casos em que as palavras apresentam ortografias irregulares Entretanto n o vimos em 149 nenhum momento as crian as videntes utilizarem esse instrumento tampouco as crian a cegas que dificilmente possuem essa material dispon vel em braille Um dado que apareceu fortemente em nossa pesquisa nas tr s escolas observadas foi o lugar de destaque ocupado pelo livro did tico Perguntamos para as professoras como planejavam as aulas de ortografia e como determinavam os conte dos de ortografia a serem ensinados Eu vejo as dificuldades A partir do momento que eu vou fazendo as atividades e vou vendo as dificuldades por exemplo engole um r engole um n a eu volto pra fazer atividade em cima daquela dificuldade ali Rosa professora de Sara Eu trabalho assim pego o planejamento do m s e vou colocando os t picos de acordo com o livro E Bruna como n o tem o livro ela tem que acompanhar realmente oralmente Jaciete professora de Bruna A professora da escola estadual enquanto lia o roteiro da entrevista comentou Voc acha que uma pessoa com 28 anos de profiss o vai fazer isso Elisa professora de Alan Sobre o que a senhora est se referindo pesquisadora Sobre o planejamento e sobre a escolha dos conte dos Eu uso o livro did tico Elisa professora de Alan Rosa a professora da escola particular afirmou que observava as dificuldades d
214. s Carro corrida Somos usados entre vogais 1 Complete as palavras com r ou rr e copie na coluna correta Aten o No in cio da palavra s se usa r ua hon ado fe adura _ oda a oz _ aiz to esmo _ apadura maca o ciga a ba aca _ el gio _ dio apaz rr 2 Separe as s labas das palavras Aten o os dois rr ficam separados r r assim car ro 130 Aula 4 Viviane Viviane come ou a aula escrevendo o vers culo da b blia e fazendo a ora o com os alunos da mesma maneira como a professora regente iniciava Possivelmente essa foi uma solicita o de Elisa Em seguida pediu que os alunos prestassem aten o para a explica o sobre o uso dos porqu s medida que explicava copiava no quadro A estagi ria Maiana sentou se ao lado de Alan e leu para ele o que Viviane escreveu Usos dos porqu s Por que Perguntas diretas Ex Por que o copo quebrou Perguntas indiretas Ex Gostaria de saber por que n o veio Por qu Nas perguntas junto ao ponto de interroga o Ex Voc s n o comeram tudo Por qu Porque Nas respostas para explicar um fato qualquer Ex N o fui ao cinema porque n o tinha dinheiro Porqu substituir porqu pela palavra motivo Ex Diga me um porqu para n o fazer o que devo Vem acompanhado do artigo masculino Em seguida distribu ram para a turma uma atividade xerocada para responderem
215. s o social pela linguagem Al m das quest es discutidas at o momento o ensino de l ngua portuguesa mais especificamente os professores de l ngua portuguesa ainda se deparam com outro problema as cr ticas relacionadas aos livros did ticos Diversas pesquisas t m questionado a qualidade dos manuais did ticos para o ensino dessa disciplina Lajolo 2008 investigou as rela es entre o livro did tico e o ensino de l ngua portuguesa e atrav s de depoimentos de alguns legisladores educadores e intelectuais dos s culos XIX e XX evidenciou que de fato houve e ainda h inadequa es nesta antiga parceria livro did tico e l ngua portuguesa em nosso pa s A autora enfatiza a forma inapropriada que a escola lidava lida com a l ngua materna Alguns autores citados por Lajolo 2008 atribu ram grande responsabilidade ao livro did tico e pol tica educacional isentando os professores outros confirmaram o desencontro entre m todos objetivos e clientela da disciplina L ngua Portuguesa 30 Al m disso foram demonstrados atrav s dos relatos de Raul de Pomp ia e Graciliano Ramos os modos pouco ortodoxos de produ o do livro did tico como exemplo o Bar o de Maca bas que inundava as escolas p blicas com seus livros elementares e fabricados s pressas os percal os de uma meninice sofrida na qual os livros escolares s o lembran a dolorida LAJOLO 2008 p 59 No fim do
216. s por meio da qual uma pessoa cega pode esbo ar rapidamente seus pensamentos de maneira clara e precisa Eu n o temo em dizer que uma pessoa vidente jamais poderia ter inventado essa escrita porque ela desagrad vel vista que nunca pode l la t o rapidamente quanto a ponta do dedo Ela foi descoberta pelo dedo e n o pelo olho a pessoa vidente a teria descartado por ser insatisfat ria a pessoa cega a adotou jubilosamente porque ela apropriada a sua natureza CERQUEIRA 2009 A difus o do Sistema Braille pelo mundo ocorreu lentamente mas com solidez atrav s da a o de ex alunos do Instituto de Paris provenientes de diversos pa ses por profissionais que buscavam novos conhecimentos na Fran a em raz o de sua vasta aplicabilidade em diferentes reas do saber l nguas ci ncias m sica e principalmente pela efici ncia de seus resultados diante dos sistemas lineares anteriormente utilizados A aus ncia de uma organiza o internacional capacitada para coordenar a propaga o do Sistema Braille orientar seu uso e evitar conflitos levou a que os valores dos sinais braille fossem modificados em diferentes pa ses afastando se do chamado Braille Franc s original CERQUEIRA 2009 O primeiro pa s do mundo a aceitar oficialmente o Braille como sistema de leitura e escrita para cegos foi o Brasil no ano de 1854 ORGANIZACI N NACIONAL DE CIEGOS ESPANOLES 200 p 14 71 Jos lvares de Azevedo en
217. s cegas com a ortografia podem perdurar por mais tempo Sendo a aprendizagem da ortografia um dos fatores que propiciam a plena participa o no mundo letrado nesse sentido torna se evidente a necessidade de investimento em pesquisas acerca do ensino e aprendizagem da ortografia para crian as cegas uma vez que o ensino desse conte do ainda um campo de tens es e pol micas entre os educadores no que se refere ao ensino para crian as sem a defici ncia visual apesar das evid ncias cient ficas Portanto preciso investigar de que modo os professores est o desenvolvendo o ensino de ortografia para crian as que utilizam um sistema de leitura e escrita diferente do convencional 48 3 AS CONTRIBUI ES DE VIGOTSKI PARA A EDUCA O DAS PESSOAS CEGAS Dentre as diversas contribui es de Vigotski para a educa o poss vel destacar os estudos realizados no in cio do s culo XX na rea da defectologia termo usado para a ci ncia que estudava crian as surdas cegas e com defici ncia intelectual anteriormente denominada como defici ncia mental Os escritos de Vigotski sobre essa tem tica apresentaram como caracter stica central a nfase dada educa o social de crian as com defici ncia e ao potencial dessas crian as para o desenvolvimento normal Para Vigotski todas as defici ncias afetavam antes as rela es sociais das crian as e n o suas intera es diretas com o ambiente O defeito se manifestav
218. s dos alunos com defici ncia visual que acontece uma sexta feira por m s Saulo estava participando dessas oficinas e come ou a aprender o Sistema Braille Entretanto n o percebemos uma aproxima o do estagi rio com Alan no sentido de buscar colocar em pr tica durante suas aulas os conhecimentos que estava adquirindo nas oficinas As estagi rias de Pedagogia Viviane e Maiana observavam as aulas de Elisa e do estagi rio do magist rio nas segundas e quartas feiras Depois de um determinado n mero de observa es estabelecido pela universidade as alunas se revezavam para ensinar as disciplinas cujos conte dos eram informados pela regente da classe Por exemplo Viviane ensinava Portugu s na segunda e Maiana ensinava a mesma disciplina na quarta ou lecionavam disciplinas diferentes Matem tica e Portugu s no mesmo dia Antes de iniciarem o momento de pr tica do est gio perguntamos para Maiana e Viviane se tinham uma professora da universidade que orientava o est gio e informaram que sim Esta visitava a escola em um dia surpresa para observar como estava acontecendo o est gio e se as futuras pedagogas estavam realmente realizando tal atividade Questionamos se a professora sabia que a escola inclu a alunos com defici ncia visual e as alunas de Pedagogia disseram que a professora n o sabia sobre a inclus o na escola e foi atrav s delas que obteve essa informa o Indagamos ent o qual foi a orienta
219. s dos tempos todas as tentativas para ler com os dedos todas as letras que os olhos tinham inventado REINO 2000 apud SOUSA 2004 p 49 O Sistema Braille foi o primeiro sistema de escrita que permitiu ao cego ler escrever e ter acesso ao que escreveu de forma independente O surgimento da pontografia representa portanto um salto qualitativo nas rela es das pessoas cegas com o mundo e abriu caminhos para compartilharem de modo mais abrangente esferas comuns de realidade com os demais indiv duos da cultura SOUSA 2004 4 2 SISTEMA BRAILLE SISTEMA DE ESCRITA OU SISTEMA DE C DIGO O Sistema Braille considerado como o m todo natural de leitura e escrita para as pessoas cegas A matriz ou c lula braille composta por seis pontos dispostos em duas colunas paralelas de tr s pontos cada Os pontos da 1 coluna s o os pontos 1 2 e 3 e os da 2 coluna s o os pontos 4 5 e 6 Atrav s desta c lula b sica cujo tamanho perfeitamente abrang vel pela rea da polpa de um dedo podem se construir 63 combina es para a forma o das letras e sinais de pontua o Entretanto alguns autores consideram que a representa o do espa o vazio entre as palavras pode ser considerada como a sexag sima quarta combina o Para representar a simbologia das ci ncias exatas da musicografia bem como a representa o da letra mai scula foram criadas combina es compostas utilizando se duas ou mais c lulas braille 5 De ac
220. s palavras Al m da aus ncia de conhecimentos acerca do braille o pouco conhecimento sobre a ortografia da l ngua portuguesa tamb m n o contribuiu para a realiza o de media es adequadas por parte das professoras Na descri o da aula 2 da professora da escola particular demonstramos essa situa o folha 116 Um dado preocupante que surgiu em nossa pesquisa foi a aus ncia de atividades realizadas em grupos ou duplas nas tr s classes observadas Em nenhum momento as professoras favoreceram o interc mbio de informa es entre os alunos j que todos os exerc cios feitos em sala eram individuais Possibilitando a aprendizagem cooperativa as professoras poderiam ter organizado atividades em grupos para trabalharem alguma das quest es de ortografia unindo alunos com dificuldade em determinado aspecto da escrita com alunos mais habilidosos no assunto Desse modo os alunos trabalhariam juntos para alcan arem os mesmos objetivos Por meio desse tipo de atividade as crian as melhorariam suas atitudes diante das dificuldades dos colegas Ainda que os alunos videntes n o soubessem o Sistema Braille a troca de informa es entre os pares ainda que oralmente seria de grande valia para as crian as com ou sem defici ncia inclusive para respeitarem a diversidade O uso de mediadores secund rios D AZ RODR GUEZ BEGROW 2009 tamb m n o foi favorecido No trabalho com a ortografia o dicion rio um importante inst
221. s palavras de Fonseca e Fonseca 1977 apud TRAVAGLIA 2008 p 18 grifos do autor necess rio realizar a abertura da aula pluralidade dos discursos nica forma al m disso de realizar a t o falada abertura da escola vida a integra o da escola comunidade Na segunda resposta s o inclu dos dois objetivos de ensino de portugu s que de acordo com Travaglia 2008 s o preocupa es frequentes dos professores de l ngua materna Esses objetivos se referem ao dom nio da norma culta e da 23 l ngua padr o por parte dos alunos e ensino da variedade escrita da l ngua Tais objetivos se justificam e s o relevantes inclusive por quest es de natureza pol tica social e cultural No entanto esse objetivo atende somente a determinados tipos de intera o comunicativa e por isso s o mais restritos que o objetivo contemplado na primeira resposta pois a compet ncia comunicativa pretende que o usu rio da l ngua seja capaz de utiliz la adequadamente nas diversas situa es de comunica o Portanto o segundo objetivo est inserido na primeira resposta Os objetivos do ensino de l ngua materna de acordo com a terceira resposta levar o aluno ao conhecimento da institui o lingu stica da institui o social que a l ngua ao conhecimento de como est institu da e de como funciona sua forma e fun o Travaglia 2008 afirma que para alguns essas informa es s o importantes para o
222. s transtornos Salvador EDUFBA 2011 BEGROW D A import ncia da media o na aprendizagem numa vis o vigotskiana In TENORIO R LORDELO J A Org Educa o b sica contribui es p s gradua o e da pesquisa Salvador EDUFBA 2009 DUARTE A G P Estudo sobre a escrita dos cegos nas listas de discuss o do DOSVOX 2010 Monografia Especializa o Programa de P s Gradua o Lato Sensu em Tecnologias da Informa o Aplicadas Educa o Universidade Federal do Rio de Janeiro 2010 FERNANDES J O braille e as TIC est o as TIC a aniquilar o braille 2010 Dispon vel em lt http ebraille blogspot com 2010 08 0 braille e as tic estarao as tic html gt Acesso em 23 out 2010 FERREIRO E Com todas as letras Tradu o de Maria Zilda da C Lopes 14 ed S o Paulo Cortez 2007 165 FERREIRO E Cultura escrita e educa o conversas de Em lia Ferreiro com Daniel Goldin e Rosa Mar a Torres Porto Alegre Artmed 2001 TEBEROSKY A Psicog nese da l ngua escrita Porto Alegre Artes M dicas 1985 FRANCO J R DIAS T R da S A pessoa cega no processo hist rico um breve percurso Benjamin Constant Rio de Janeiro v 30 p 3 9 2005 Dispon vel em lt http Awww ibc gov br catid 4 amp itemid 10028 gt Acesso em 26 jun 2007 GERALDI J W Concep es de linguagem e ensino de portugu s In O texto na sala de aula 4 ed S o Paulo Atica 2006a Portos de passage
223. s vimos Elisa explicar os assuntos copiar atividades no quadro pedir que a turma fizesse os exerc cios no livro mas n o ditava o que havia escrito no quadro para Alan copiar n o sentava ao lado do aluno para perguntar se compreendeu os conte dos e se ficou com alguma d vida nem solicitava que respondesse as quest es do livro Alan n o tinha os livros em braille mas observamos que quando Elisa eventualmente pedia a transcri o com anteced ncia a professora da sala de recursos entregava o material em braille para Alan No entanto essas situa es foram raras pois na verdade Elisa preocupava se apenas em solicitar as avalia es em braille Alan passava a manh toda sentado em sua carteira geralmente de cabe a baixa Muitas vezes parecia estar dormindo mas quando algo que acontecia na sala chamava a sua aten o ele levantava a cabe a e logo depois abaixava novamente Saulo aluno do magist rio estagiava todos os dias Observamos que o estagi rio reproduzia a pr tica da professora Elisa Durante suas aulas n o se dirigia ao aluno com defici ncia visual a n o ser para cumpriment lo Assim como Elisa explicava os conte dos passava atividades corrigia os exerc cios como se 124 Alan n o estivesse presente na sala de aula O que percebemos de positivo na postura de Saulo foi o interesse em aprender o Sistema Braille A institui o especializada frequentada por Alan oferece uma oficina para os professore
224. scrita muito cedo antes mesmo de iniciar o processo de alfabetiza o As crian as com vis o normal podem ver os pais lendo jornal podem ver os s mbolos escritos enquanto passeiam quando assistem televis o e brincam no computador Desse modo descobrem desde cedo que a escrita existe ainda que n o se d em conta disso Caneta l pis e papel estimulam a curiosidade das crian as ainda pequenas e atrav s da imita o reproduzem atos incorporam atitudes formando ju zos a partir do comportamento e da observa o dos h bitos dos adultos ALMEIDA 1997 A crian a vidente incorpora assistematicamente h bitos de escrita e de leitura desde muito cedo No entanto a crian a cega demora muito tempo a entrar no universo do ler e escrever O Sistema Braille n o faz parte do dia a dia como um objeto socialmente estabelecido porque somente os cegos se utilizam dele A descoberta das propriedades e fun es da escrita tornam se impratic veis para ela caso n o tenha acesso a essa comunica o alternativa Infelizmente as crian as cegas s tomam contato com a escrita e a leitura no per odo escolar Esse impedimento sabe se pode trazer preju zos e atrasos no processo de alfabetiza o A educa o precisa cumprir com seus reais objetivos abrir frentes de conhecimento suprir lacunas e minimizar car ncias BRASIL 2001 p 28 As crian as que n o enxergam portanto n o t m as mesmas possibilidades de contato
225. se dilema persiste atualmente quando necess rio incorporar palavras estrangeiras ortografia de um idioma A solu o hist rica para tal problema foi a conjuga o dos princ pios fonogr fico e ideogr fico O princ pio fonogr fico aproxima a nota o escrita de uma pron ncia idealizada entre as diversas variedades utilizadas pelos falantes J no princ pio ideogr fico a op o foi manter os tra os etimol gicos que as palavras possu am nas respectivas l nguas de origem ou mantidos pela tradi o do uso ainda que questionassem determinadas regularidades do princ pio fonogr fico MORAIS 2008 Morais 2008 afirma que tal dilema n o foi resolvido de imediato e durante muito tempo foram admitidas varia es na nota o escrita relativamente recente a ideia de ortografia como uma norma imut vel Essa ideia foi resultado de fatores sociais como a divulga o da imprensa a escolariza o universal e os meios de comunica o de massa Se a fixa o de uma ortografia para o castelhano aconteceu no s culo XVIII no portugu s a fixa o de uma ortografia ainda mais recente uma vez que ocorreu no s culo XX e somente no presente s culo adotaram uma normativa ortogr fica para os pa ses em que se fala portugu s No que se refere an lise a respeito das rela es entre a linguagem oral e a escrita o autor aponta que historicamente definiram se duas perspectivas At recentemente foi poss vel observar o p
226. se tipo de ensino o mais adequado para o desenvolvimento da compet ncia comunicativa do aluno Nas palavras do autor Esses tr s tipos de abordagem do ensino da l ngua n o s o mutuamente excludentes e podemos em nosso trabalho lan ar m o de todos eles de acordo com nossos objetivos Todavia tem sido consenso entre os estudiosos das quest es ligadas ao ensino de l ngua materna que o ensino descritivo e o produtivo sobretudo o segundo s o muito teis para aluno mas que o prescritivo tem sido hipervalorizado e muito mais praticado nas aulas de l ngua materna em detrimento dos outros dois tipos causando preju zos na forma o do aluno em termos do conhecimento lingu stico de que dispor em sua vida sobretudo no que diz respeito obten o de uma compet ncia comunicativa mais ampla que fundamental para viver melhor Mesmo porque o ensino prescritivo que tem sido feito n o tem conseguido levar os alunos a terem uma compet ncia que se considere satisfat ria no uso das variedades culta e escrita da l ngua TRAVAGLIA 2008 p 40 25 Ao conceber a linguagem como processo de intera o humana e partindo da perspectiva que as aulas de portugu s devem oportunizar aos alunos o dom nio do dialeto padr o preciso reconsiderar o que vamos ensinar pois essa op o representa parte da resposta do para que ensinamos Nas palavras de Geraldi 2006a p 45 uma diferente concep o de linguagem cons
227. sina o Sistema Braille Ad le Sigaud filha cega do Dr Xavier Sigaud m dico do Pa o e logo Ad le levada presen a de D Pedro Il pelo Dr Sigaud e pelo Bar o do Bom Retiro para apresentar suas id ias de ter se no Brasil um col gio onde as pessoas cegas pudessem estudar A concretiza o desse ideal se consubstanciou na cria o do Imperial Instituto dos Meninos Cegos a 17 de setembro 1854 hoje Instituto Benjamin Constant BRASIL 2001 p 27 O Instituto Benjamin Constant foi a primeira escola para cegos na Am rica Latina e a nica institui o federal destinada a promover a educa o de pessoas com defici ncia visual no Brasil Essa institui o criou a primeira Imprensa Braille do pa s em 1926 e tem se dedicado a capacita o de recursos humanos a publica es cient ficas e a inser o de pessoas com defici ncia visual no mercado de trabalho Ainda a respeito da difus o do Sistema Braille Cerqueira 2009 aponta que o per odo 1860 a 1880 foi denominado de per odo de experimenta o do braille Ocorreu em Paris de 23 a 30 de setembro de 1878 o Congresso Internacional para a Melhoria da Situa o dos Cegos e dos Surdos Mudos Nesse evento estavam representados os Estados Unidos os Pa ses Baixos Alemanha Austro Hungria B lgica Dinamarca Fran a Gr Bretanha It lia Su cia e Su a Uma comiss o de especialistas estava encarregada de apresentar um parecer conclusivo acerca da an lise
228. sos internos sejam desafiados para que conquistas sejam feitas no desenvolvimento do sujeito PIMENTEL 2009 p 69 Diaz Rodr guez e Begrow 2009 afirmam que para aprender o sujeito pode receber media es diretas pessoa pessoa ou indiretas por meio das produ es de outra pessoa livros softwares instrumentos filmes etc Ainda de acordo com Diaz Rodr guez e Begrow 2009 a bibliografia aponta que os meios did ticos tamb m s o elementos mediadores No entanto os autores consideram que tais materiais em geral pela sua natureza resultam mediadores secund rios utilizados pelo mediador principal que o adulto ou outro que sabe mais pois os mesmos ou s o constru dos pelo sujeito mediador ou s o selecionados organizados planejados estruturados facilitados doseados e controlados por ele em sua fun o do ensino por isso podemos consider los como indiretos contudo as pessoas resultam mediadores diretos DIAZ RODRIGUEZ BEGROW 2009 p 340 Nesse sentido a inclus o escolar deve se basear sobremaneira no princ pio da aprendizagem atrav s da media o e da coopera o em sala de aula Para os 63 alunos cegos a troca de experi ncias com o professor e com os colegas videntes al m de constitu rem ricas oportunidades para a constru o do conhecimento s o de fundamental import ncia para o desenvolvimento e para a aprendizagem 64 4 O SISTEMA BRAILLE ATRAV S DOS TEMPO
229. stionados perderam a vis o antes de se alfabetizarem e afirmaram que surgem d vidas quanto ortografia no momento de grafar as palavras Um dos adultos perdeu a vis o aos doze anos e tamb m afirmou que sente d vidas quanto escrita de algumas palavras mesmo j tendo enxergado porque o vocabul rio que utilizava na poca em que perdeu a vis o era muito reduzido e as d vidas se referiam principalmente as palavras aprendidas posteriormente O outro adulto perdeu a vis o aos dezoito anos e afirmou n o ter dificuldade para ortografar as palavras Questionamos se fez muitas leituras atrav s da escrita convencional tinta e informou que sempre foi um leitor ass duo acrescentando que antes de perder a vis o leu toda a cole o de livros publicados por sua autora favorita Os quatro adultos possu am o n vel superior como escolaridade m nima 1 uma defici ncia singular que apresenta perdas auditivas e visuais concomitantes em diferentes graus levando a pessoa surdocega a desenvolver diferentes formas de comunica o para entender e interagir com as pessoas e o meio ambiente proporcionando lhes o acesso a informa es uma vida social com qualidade orienta o mobilidade educa o e trabalho GRUPO BRASIL 200 A crian a em quest o apresentava cegueira e defici ncia auditiva severa Usava o tadoma para se comunicar Como adquiriu a linguagem oral n o utiliza a l ngua de sinais 13 O fato de terem po
230. stos e que at mesmo podem conservar um suporte udio oral transposi o em linguagem assobiada O ponto essencial a possibilidade de transposi es que n o utilizem mais o corpo humano como a linguagem tamborilada os sinais de fuma a ou os sem foros Atualmente o mundo disp e de diversos suportes transpostos com o objetivo de estabelecer a comunica o dist ncia Auroux 1998 afirma que incontestavelmente o suporte transposto mais importante o suporte gr fico n o somente porque ele utiliza a bidimensionalidade do espa o plano mas ainda porque o primeiro suporte que permitiu fala humana subsistir sem a presen a de som emissor AUROUX 1998 p 64 O autor considera a inven o da escrita como a primeira revolu o tecnolingu stica na hist ria da humanidade Esse invento ocorreu tardiamente em rela o ao aparecimento da linguagem tendo surgido ap s a sedentariza o do 33 Para as pessoas cegas o acesso primeira revolu o tecnolingu stica aconteceu ainda mais tardiamente pois foi necess rio o invento de uma escrita tridimensional o Sistema Braille para representar tudo o que a linguagem escrita bidimensional representa 99 homem e da cria o de t cnicas essenciais tais como a agricultura a domestica o de animais a cer mica e a tecelagem A linguagem est presente em todas as sociedades humanas a escrita por m s est em algumas delas As civiliza
231. tores a linguagem n o pode ser compreendida sem considerar o seu v nculo com a situa o concreta de produ o No decorrer do Ensino Fundamental espera se que os alunos adquiram progressivamente uma compet ncia em rela o linguagem que lhes possibilite resolver problemas na vida cotidiana ter acesso aos bens culturais e alcan ar a participa o plena no mundo letrado BRASIL 2000 p 41 grifos nossos Para isso o ensino de l ngua portuguesa deve ser organizado de modo que os aprendizes sejam capazes de expandir o uso da linguagem sabendo produzir textos orais ou escritos adequados aos seus destinat rios utilizar os diferentes registros at mesmo os mais formais da variedade lingu stica valorizadas socialmente adequando os s diferentes circunst ncias de situa o comunicativa conhecer e respeitar as diferentes variedades lingu sticas do portugu s falado 22 compreender os diversos textos orais e escritos interpretando os corretamente e inferindo as inten es do autor valorizar a leitura como fonte de informa o e recorrer aos materiais escritos em fun o de diferentes objetivos utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem e saber como proceder para ter acesso compreender e fazer uso das informa es contidas nos textos valer se da linguagem para melhorar a qualidade de suas rela es pessoais usar os conhecimentos adquiridos por meio da pr tica de reflex o sobre a l ngua
232. tr i n o s uma nova metodologia mas principalmente um novo conte do de ensino Entretanto o autor aponta que o mais ca tico na atual situa o do ensino de l ngua portuguesa nas escolas de Ensino Fundamental o ensino de uma metalinguagem de an lise da variedade culta para alunos que nem sequer dominam essa variedade S o propostos aos educandos frequentes exerc cios de descri o gramatical estudo de regras e an lises de problemas que mesmo especialistas n o est o seguros de como resolver conjuga es verbais em todos os tempos e modos sem o aluno suspeitar o que de fato significa indicativo subjuntivo e mais que perfeito Muitos professores acreditam que o ensino da l ngua o ensino da metalinguagem e destinam grande parte do tempo utilizado nas aulas de portugu s a aprendizagem da metalinguagem de an lise da l ngua No entanto principalmente no Ensino Fundamental as atividades desenvolvidas devem preocupar se em levar os alunos ao dom nio das habilidades de uso da l ngua em situa es concretas de intera o O apelo metalinguagem deve ocorrer quando a descri o da l ngua for necess ria para alcan ar o objetivo final de seu dom nio na variedade padr o importante tamb m que o professor esteja atento diferen a entre saber uma l ngua e saber analisar uma l ngua Na primeira situa o a pessoa domina as habilidades de uso da l ngua em situa es concretas de intera o entend
233. trav s desse sistema e colaboravam para a realiza o das atividades escolares A partir dos dados obtidos coube nos questionar como as pessoas cegas que nasceram com a defici ncia ou perderam a vis o na inf ncia ou no in cio da adolesc ncia se apropriam da ortografia Que estrat gias utilizaram para essa aprendizagem Como a fam lia contribui nessa aprendizagem Qual a natureza e frequ ncia dos erros de ortografia presentes na escrita da crian a cega Al m disso a influ ncia da leitura pelo computador na escrita do cego deve ser rigorosamente investigada 160 As crian as cegas aprendem a escrita alfab tica de modo similar s crian as videntes A partir dos dados da pesquisa de Nicolaiewsky 2008 citados no cap tulo dois verificamos que os erros de ortografia produzidos por crian as cegas s o similares aos que ocorrem na escrita de crian as videntes Al m disso preciso lembrar que o braille representa as letras do alfabeto por meio da pontografia por isso n o se trata de um c digo mas de um sistema notacional t til Dessa maneira consideramos que a pr tica desenvolvida com os alunos videntes tamb m pode ser til para os alunos cegos desde que atendam s suas necessidades A partir disso sugerimos algumas a es que o professor da classe regular pode desenvolver para incluir as crian as cegas nas aulas de ortografia a Planejar as aulas com anteced ncia para que as trans
234. u que precisar fazer um rascunho corrigir melhorar o texto para depois passar a limpo Com o decorrer do tempo as crian as 44 j estar o mais ntimas das pr ticas de leitura e escrita produzindo textos espont neos e a partir desse momento o educador poder explicar sobre a necessidade de revisar o texto levando em conta a ortografia e sobretudo a estrutura o do conte do Sobretudo no per odo de alfabetiza o ao ver por exemplo uma crian a escrever disi disse o professor n o deve considerar um erro absurdo pois a crian a fez uma transcri o fon tica ou seja escreveu a palavra segundo o modo como pronuncia O professor deve compreender que as crian as analisam a fala e com muita compet ncia e que suas escritas refletem essa percep o CAGLIARI 1997 necess rio mostrar aos alunos a fun o da ortografia e n o simplesmente considerar erradas as escritas fora desse padr o De um modo geral os estudos sobre a aprendizagem da ortografia t m demonstrado um consenso de que para compreender as regras ortogr ficas o aprendiz precisa refletir sobre tais regras Aprender ortografia n o depende meramente de habilidades mnem nicas como em outrora se pensava CAGLIARI 1997 2009 CAVALCANTE 2007 MORAIS 2003 2008 REGO BUARQUE 2000 A ortografia portanto deve ser tratada como objeto de reflex o j que em muitos casos h um princ pio gerativo para inferir a ortografia das palavras a
235. ual nasceu no dia 4 de janeiro de 1809 em Coupvray pequena cidade francesa localizada a 45 quil metros de Paris Em 1812 Braille se acidentou na oficina de seu pai onde costumava brincar Feriu um dos olhos com um objeto pontiagudo causando uma hemorragia grave Como n o tinha ajuda m dica capaz de eliminar a infec o esta progrediu e atingiu o outro olho alguns meses depois A cegueira total veio quando Louis Braille tinha 5 anos Quando completou 10 anos de idade Braille conseguiu uma bolsa de estudos no Instituto Real para Jovens Cegos Desde cedo Braille se preocupou em criar um sistema de leitura e escrita para os cegos em virtude das dificuldades que ele pr prio enfrentou na institui o O m todo de ensino era constitu do da repeti o de explica es dos professores e dos textos lidos por outra pessoa Al m da leitura suplementar realizada pelos pr prios alunos atrav s dos poucos livros existentes impressos pelo m todo oficial da poca de Valentin Hauy A cria o de Hauy foi muito interessante por iniciar a mudan a na hist ria social e educacional at ent o vivenciada pelos cegos No entanto o sistema de leitura por ele proposto apresentava dois grandes inconvenientes n o permitia a realiza o da escrita e a leitura era muito trabalhosa j que utilizavam se letras grandes em relevo linear para serem percebidas pelo tato requerendo o lento reconhecimento de cada letra antes de passar para a seguinte
236. ual para explorar o ambiente conhecer o mundo e aprender a ler e escrever BRASIL 2002 p 13 As crian as com baixa vis o se diferenciam nas suas possibilidades visuais Al m de utilizar a vis o da melhor forma poss vel podem tamb m usar os demais sentidos para aprendizagem para a aquisi o de conceitos e constru o do conhecimento Do ponto de vista educacional necess rio tamb m considerar a poca da incid ncia da cegueira Nas palavras de Amiralian 1997 p 32 65 Sem d vida o sujeito que nasce cego que estabelece as suas rela es objetais estrutura o seu ego e organiza toda a sua estrutura cognitiva a partir da audi o do tato da cinestesia do olfato e da gusta o difere daquele que perde a vis o ap s seu desenvolvimento j ter ocorrido Estudos indicam que as pessoas que perdem a vis o antes dos cinco anos n o ret m qualquer imagem visual e quem perde a vis o posteriormente pode reter uma estrutura de refer ncia visual til tornando se capaz de visualizar LOWENFELD 1950 apud AMIRALIAN 1997 As pesquisas de Swallow 1976 e Hall 1981 reportando se aos estudos piagetianos apontam que as imagens cin ticas e transformacionais ocorrem ap s o per odo das opera es concretas Desse modo a crian a de seis anos na fase pr operacional forma apenas imagens est ticas insuficientes para representar ou antecipar processos desconhecidos A cegueira adquirida antes do per odo operac
237. uatro crian as duas inclu das em duas escolas particulares duas inclu das em escolas p blicas uma da rede municipal e a outra da rede estadual Uma das escolas particulares entretanto n o autorizou a realiza o da pesquisa ainda que a fam lia da crian a tivesse concordado Antes de nos indicar as escolas regulares com alunos cegos inclu dos a institui o especializada entrou em contato primeiramente com os pais das crian as para verificar se concordavam com a realiza o da pesquisa nas classes onde seus filhos estudavam 111 Concordaram em participar da pesquisa portanto tr s professoras sendo uma da rede particular de ensino uma da rede municipal e uma da rede estadual Os alunos cegos s o considerados sujeitos secund rios neste estudo uma vez que n o desenvolvemos nenhuma investiga o espec fica com eles No entanto a participa o dos estudantes com defici ncia visual foi fundamental para a realiza o das observa es das aulas nas classes regulares 5 2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Para responder o problema levantado nesta pesquisa Como os professores est o ensinando ortografia em classes com crian as cegas inclu das a observa o roteiro dispon vel no Ap ndice A foi utilizada como o principal instrumento para coletar os dados uma vez que possibilitou o contato direto com o fen meno pesquisado As entrevistas semi estruturadas roteiro dispon vel no Ap ndice B realizadas
238. uco contato com a escrita em braille tanto pela dificuldade em conseguirem materiais transcritos para o sistema quanto pela prefer ncia a outras maneiras de leitura em udio pelo computador ou por meio de um ledor tem sido apontado por professores e pesquisadores em todo o mundo como a causa para as dificuldades da maioria dos cegos em aprenderem a ortografia das palavras Para auxiliar o aluno surdocego com o qual trabalh vamos buscamos pesquisas nacionais que abordassem a aquisi o da escrita ortogr fica pela crian a que utiliza o Sistema Braille e percebemos a escassez de estudos acerca do tema Na verdade dificilmente encontramos pesquisas nacionais que objetivem analisar o desenvolvimento da escrita alfab tica em crian as cegas ainda mais raro encontrar pesquisas que forne am dados acerca da natureza e frequ ncia dos erros de ortografia na escrita dessas crian as e sobretudo como mediar para que apreendam as regras ortogr ficas z A ortografia relevante para todas as pessoas independente de terem defici ncia ou n o uma vez que a sua aprendizagem um dos fatores que permite a plena participa o no mundo letrado Sendo a inclus o do aluno cego na escola regular um fato relativamente recente e o ensino de ortografia ainda gerar d vidas entre os professores sobre as metodologias a serem utilizadas para ensinarem crian as videntes surgiu a seguinte quest o Como os professores est o ensinando orto
239. uer considera o espec fica acerca das atividades de sala de aula os conte dos trabalhados o enfoque que se d a eles as estrat gias de ensino a bibliografia utilizada o sistema de avalia o a rela o professor aluno necess rio que o educador tenha consci ncia que toda e qualquer metodologia de ensino se articula a uma op o pol tica Segundo Geraldi 2006a ao falar em ensino as quest es Para que ensinamos o que ensinamos e sua correlata Para que as crian as aprendem o que aprendem s o esquecidas em benef cio das discuss es sobre o como quando e o que ensinar a resposta ao para que entretanto que dar as diretrizes b sicas de tais respostas Em se tratando do ensino de l ngua portuguesa a resposta ao para que envolve uma concep o de linguagem e uma postura em rela o educa o uma vez que as duas se fazem presentes na articula o metodol gica Geraldi 2006a aponta tr s possibilidades distintas de se conceber a linguagem a linguagem a express o do pensamento a linguagem instrumento de comunica o a linguagem uma forma de intera o Soares 1998 realizou uma breve an lise hist rica do ensino da l ngua portuguesa no Brasil e relacionamos com as tr s concep es de linguagem citadas por Geraldi 2006a 2 1 CONCEP ES DE LINGUAGEM E O ENSINO DE L NGUA PORTUGUESA De acordo com Soares 1998 at a d cada de 50 o ensino era destinado s cam
240. uso adequado da l ngua Por fim a quarta resposta refere se a um objetivo que prop e ensinar o aluno a pensar a ensinar o racioc nio cient fico Travaglia 2008 aponta que tais habilidades s o importantes n o apenas para o campo de estudos da linguagem mas para os v rios campos do conhecimento humano Para Travaglia 2008 p 17 as duas ltimas respostas da quest o Para que se d aulas de Portugu s para falantes nativos de Portugu s respondem menos a esta quest o e est o mais ligadas quest o do ensino de teoria gramatical e das atividades metalingu sticas Al m dessas reflex es Halliday e colaboradores 1974 apud TRAVAGLIA 2008 descreve que para o ensino de uma l ngua poss vel estabelecer tr s modalidades prescritivo descritivo e produtivo O ensino prescritivo tem como objetivo evitar que o aluno cometa erros de linguagem Para isso interfere nas habilidades lingu sticas trazidas pelo aluno desconsiderando as variantes n o formais da l ngua Desse modo o ensino prescritivo inclui o proscritivo j que afirmar o que o aluno deve fazer corresponde ao que n o pode ser feito Essa modalidade de ensino est relacionada primeira concep o de linguagem que citamos anteriormente e gram tica normativa TRAVAGLIA 2008 O ensino prescritivo n o atende a todos os objetivos propostos pelos Par metros curriculares nacionais para l ngua portuguesa pois essa 24 modalidade s pr
241. va es Presenciamos mais de uma vez Elisa folhear o livro did tico para escolher uma atividade e pedir que os alunos respondessem sem ter elaborado um planejamento pr vio Desse modo podemos considerar que nas classes que observamos sobretudo na escola municipal e estadual h uma depend ncia excessiva das professoras em rela o ao livro did tico A partir dessa perspectiva podemos afirmar que identificamos em nossa pesquisa a media o mec nica com o uso do livro did tico e sem o uso do livro did tico A media o mec nica aquela que se d sem que o mediador no caso o docente se d conta da intencionalidade de suas a es Produz efeitos pouco significativos na constitui o do processo de aprendizagem dos educandos TEIXEIRA 2001 p 279 Nas ocasi es em que o manual se sobrep e media o do docente TEIXEIRA 2001 p 280 denominou de eclipse did tico O que se pode depreender do eclipse did tico que o manual se incumbe de dar a dire o para o ensino obscurecendo o Neste caso o professor reproduz acriticamente sem dar se conta de suas inten es pol tico sociais as prescri es pedag gicas constantes do manual O eclipse did tico ocorreu por meio do livro did tico dos alunos bem como pelo uso de outros livros did ticos n o adotados para as turmas observadas pois muitas das atividades de treino ortogr fico foram retiradas desses outros livros Ou seja o livro did
242. xemplo o c digo de barras impresso nos produtos comerciais e que serve para identificar cada um deles Outro exemplo um pouco mais hist rico o c digo Morse que se utilizava nas comunica es dist ncia no qual cada letra e n mero resulta numa configura o nica de pontos e tra os Outro exemplo conhecido o c digo braille utilizado pelas pessoas cegas em que cada letra e n mero tem uma configura o de pontos em relevo Todos s o exemplos de c digos e todos s o constru es racionais inven es que s vezes levam o nome de seus criadores como Morse e Braille Aten o Nenhum desses c digos tem ortografia Isso n o acontece com a escrita que uma constru o coletiva e n o individual que resultado de s culos de desenvolvimento e de m ltiplos e variados usu rios Esses m ltiplos e variados usu rios foram deixando suas marcas nos sinais gr ficos Num c digo h rela es est veis entre um sinal e sua interpreta o N o h sinais amb guos que possam ser interpretados s vezes de uma maneira e s vezes de outra Por isso quando os linguistas tentavam escrever os sons das l nguas nativas da Africa e Am rica que nada tinham de comum com o latim descobriram que o alfabeto tal como era usado em qualquer l ngua europeia n o v deo disponibilizado pela revista Nova Escola da Editora Abril atrav s do site lt http www youtube com watch v ImQa0t qVm4 gt Acesso em 4 jun 201
243. z n o saber portugu s As atividades epilingu sticas devem ser compreendidas portanto como condi o para a busca significativa de outras reflex es sobre a linguagem como uma ponte para a sistematiza o metalingu stica Dito de outro modo o professor precisa investir primeiramente em atividades epilingu sticas Assim como aconteceu na hist ria do nascimento das ci ncias da linguagem em que o saber epilingu stico surgiu antes do saber metalingu stico No que se refere pr tica da an lise lingu stica ao trabalhar conte dos de ortografia Geraldi 2006b sugere que o professor pode usar reda es produzidas pelos alunos e marcar na margem de cada linha quando houver algum problema com a ortografia Os alunos poder o se organizar em grupos e com o aux lio do dicion rio tentar o corrigir os erros sinalizados pelo professor O ensino de ortografia a partir de regras do tipo a palavra se grafa com j e n o com g porque 28 de origem tupi guarani GERALDI 2006b p 78 n o auxiliar muito o aluno que desconhece tal origem Al m dos aspectos at aqui citados o ensino da l ngua na perspectiva da linguagem como forma de intera o humana lan a nos para o estudo da linguagem em funcionamento Essa nova perspectiva obriga a um novo posicionamento acerca das variedades lingu sticas regionais ou sociais enfrentadas pelo professor no cotidiano da sala de aula frequente o questionamento dos educ

Amanda B. C Martinez - RI UFBA

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